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Índice

Introdução...................................................................................................................................................2
1. Etimologia e Conceito de Andragogia.................................................................................................3
2. Os princípios da Andragogia...............................................................................................................4
3. A diferença entre a Pedagogia e Andragogia.......................................................................................5
4. Métodos de Alfabetização...................................................................................................................7
5. Dialogicidade : essência da educação como prática da liberdade.........................................................8
6. Educação Dialógica e Diálogo.............................................................................................................8
7. O Diálogo começa na busca do conteúdo do programático...............................................................10
7.1. A relação homens-mundo: os temas geradores e o conteúdo programático desta educação...........10
7.2. A investigação dos temas geradores e sua metodologia.................................................................11
7.3. A significação conscietizadora da investigação dos temas geradores. Os vários momentos da
investigação...............................................................................................................................................12
Conclusão..................................................................................................................................................14
Bibliografia................................................................................................................................................16

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Introdução
Neste trabalho procuramos trazer o pensamento de Paulo Freire no que tange à Andragogia, que
é uma ciência que estuda o aprendizagem do adulto, tendo como princípio norteador a
experiência prévia, e a sua motivação, diferenciando – se da pedagogia e destacando-se com a
necessidade de se rever a formação daquele que pretende dedicar-se à educação de adultos.

O presente trabalho busca compreender a aprendizagem dos adultos, principalmente, na visão de


Paulo Freire. no início do século XX, surgiram as primeiras contribuições sobre as características da
aprendizagem de adultos. Contudo, a Andragogia ainda não havia 4 recebido a atenção devida. A história
nos revela que os “grandes mestres dos tempos antigos foram professores de adultos” Knowles, (2009, p.
39), citado por Preto (2012) . Em 1970, foi popularizado por Malcon Knowles com a publicação de seu
livro The modern pratctice of adult education, no qual o autor apresenta o conceito como a arte e a ciência
de orientar os adultos à aprender.

O presente trabalho portanto, objetiva buscar uma melhor compreensão sobre a aprendizagem
dos adultos, levando em conta quais os métodos e didáticas mais adequados, a fim de,
condicionar um processo de melhoria na aprendizagem desse sujeito, tornando-os interessados,
motivados e partícipes em seus cursos, explicitando a importância da aprendizagem para uma
efetiva definição de suas metas, bem como, para tornar maiores suas possibilidades de melhoria
de qualidade de vida através de realizações profissionais futuras. A base para este trabalho foi a
pesquisa qualitativa fundamentada em um levantamento bibliográfico, de forma analítica e
documental, visando o embasamento teórico que suportam as considerações deste estudo.
Apresentamos então, um breve histórico da Andragogia.

O trabalho também traz as necessidades e o perfil dos alunos adultos no processo de ensino-
aprendizagem, tecendo um paralelo entre Pedagogia e Andragogia, percebendo o enfoque de
cada metodologia enfatizando os métodos andragógicos no intuito de motivar os alunos para o
desenvolvimento de suas atividades levando a uma aprendizagem mais efetiva e significativa

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1. Etimologia e Conceito de Andragogia

Etimologicamente, a andragogia tem origem grega, vindo a se originar em total oposição termo-
pedagogia- onde, enquanto esta, visa estudar a ciência de educação às crianças; a andragogia
detém em seu seio, directamente o contrário, onde visa abarcar a educação aos adultos.

Vogt e Alves (2005) citado por Schmit (2016, p.3) afirmam que o termo andragogia foi
formulado originalmente por Alexander Kapp, professor alemão em 1833; caiu em desuso e
reapareceu em 1921, no relatório de Rosenstock, sinalizando que a educação de adulto requer
professores, métodos e filosofia diferenciados. (…) O vocábulo andragogia foi utilizado
amplamente, (…) para se referir à disciplina que estuda o processo e instrução de adulto ou a
ciência da educação de adulto. E para Márquez, (1998) citado por Marques, (2007) citado por
Mota (2012) a andragogia é a disciplina educativa que tenta compreender o adulto a partir de
todos os componentes humanos, quer dizer, como um ser biológico e social.

Andragogia: é a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender (Knowles, 1973) citado por Mota
(2012) a educação de adultos é complexa de descrever devido a abrangência do tema e a variação
de acções, em geral o termo educação de adultos é também usado para designar todas as
actividades de ensino destinado especialmente as pessoas adultas (Verner, Booth, 1971 apud
Vogt, 2005) citado por (idem, p. 69). Na mesma linha de ideia (Calvacanti, 2005) citado por
Oliveira (2009) afirma que o, termo andragogia está relacionado com educação de adultos com
aplicações em educação continuada e na graduação universitária). Andragogia é um caminho
educacional para compreender o adulto, é o ensino para adultos.

Andragogia para Madeira, (1999, p.7) ibidem (p.70-71) se apresenta como: a)” uma visão clara e
objectiva das especificidades da natureza do processo de adultos distinguindo-se das finalidades
e objectivos de uma educação de crianças e adolescentes; b) uma consideração do perfil mais
determinado das características bibliográficas (psico-emocionais, económicas, sociais e politicas
dos adultos; c) uma atenção especial; às circunstancias e condições de vida, das experiências e
das vivências dos adultos homens e mulheres trabalhadores no processo educacional.”

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Paulo Freire conhecido como o pai da Andragogia, foi um dos seus iniciadores no Brasil,
reconhecido pelo seu trabalho com alfabetização de adultos. “A educação segundo Paulo Freire
tem como objectivo promover a aplicação da visão do mundo e isso só acontece quando essa
relação é mediatizada pelo diálogo “Knowles, (2012, p.6).

Face as definições acima apresentadas, compreendemos que Andragogia nos remete a ideia de
aprendizagem para os adultos, ou seja, ou destinado especialmente na aprendizagem dos adultos.
E distingue-se das finalidades e objectivos de uma educação de crianças e adolescentes.
Compreendendo o processo e instrução de adulto ou a ciência da educação de adulto, na sua
complexidade, ou diversidade., é um caminho educacional para compreender o adulto, é o ensino
para adultos. Enquanto a pedagogia é o ensino centrado nas crianças e adoslecentes.

2. Os princípios da Andragogia

Andragogia é a arte e ciência de auxiliar o adulto a aprender. O modelo andragógico baseia-se


em seis suposições: Actualmente, apresenta seis os principais centras da andragogia que são :

De acordo Chesbro e Davis 2002; Holton e Swanson, (2001) citados por Mota (2012) são: “1.
Adultos precisam entender por que precisam aprender sobre determinado assunto antes de
aprendê-lo; isso é importante na medida em que o indivíduo racionaliza o que está sendo
explicado, e transfere o conhecimento para aplicações práticas para a sua vida. 2. O auto conceito
dos adultos é fortemente dependente de um movimento para a auto direcção, isto quer dizer
como se espera que adultos sejam indivíduos independentes em muitos aspectos de suas vidas,
na educação não pode ser diferente os adultos devem, conforme a sua capacidade, sair da
condição de dependentes do professor para então gerir o seu próprio aprendizado. 3. As
experiências a priori do aprendiz são um recurso rico para a aprendizagem: aqui, além de levar
em conta as preferências dos alunos, o facilitador deve levar em conta as experiências de vida
que o aluno traz sobre o objecto de ensino, e não o que já foi estudado ou não, os adultos
precisam que se atribua valor a suas experiencias prévias sob pena de serem rejeitados como
pessoas. 4. Os adultos geralmente tornam-se prontos para aprender quando vivem experiências

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que podem relacionar com as suas situações de vida ou desempenhar uma tarefa. 5. A orientação
dos adultos para a aprendizagem é centrada na vida, e eles vêm a educação como um processo de
elevação dos seus níveis de competência a fim de atingir seu máximo potencial. 6. A motivação
para os alunos adultos é mais interna do que externa. A motivação interna (intrínseca) é aquela
que leva o indivíduo a procurar alguma actividade por vontade própria.

Conforme os princípios apresentados, os adultos devem transferir o conhecimento aprendido


para aplicações práticas na sua vida, uma vez que a orientação para a sua aprendizagem, cinge-se
na via porque estes são independentes na medida que não dependem do professor para
aprenderem. Estes (adultos) trazem consigo um conhecimento prévio, tornando-os prontos para
adquirirem novas experiências, deste modo a motivação torna-se intrínseca.

3. A diferença entre a Pedagogia e Andragogia

A primeira cinge-se no professor e a segunda no aprendiz segundo Knowles (1988) citado por
Motta (2012, s/p)

Conceito de aluno: pedagogia: o aluno é um dependente. É esperado pela sociedade que o


professor assuma total responsabilidade pelo que deve ser aprendido, quando e como é para ser
aprendido e se foi aprendido. Anadragogia: é um processo normal de maturação em que uma
pessoa sai da dependência para uma crescente auto-direcção do conhecimento, mas em diferentes
níveis, para diferentes pessoas e diferentes aspectos da vida. Aqui os professores têm a
responsabilidade de incentivar e proporcionar essa mudança, embora os alunos possam ser
dependentes em situações transitórias.

O papel do aluno: Pedagogia: o que o aluno traz previamente é menos importante utilizado,
mas muito mais como ponto de partida. O principal meio de aprendizado são as técnicas de
transmissão do professor, o escritor de livros, o audiovisual de auxílio, as leituras atribuídas e
apresentações. Andragogia: conforme as pessoas crescem e se desenvolvem, acumulam
experiências que se tornam recursos de aprendizagem para si e para os outros. Alem disso,
adultos atribuem maior valor ao que aprendem por meio de experiências do que o conhecimento
adquirido passivamente. As técnicas princípios de educação são as experiências em laboratório,

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simulação de solução de problemas, discussão e experiência e campo (Conaway,2005) citado por
por Mota (2012).
Aptidão para aprendizagem: Pedagogia: as pessoas estão prontas para aprender o que o meio
social (especialmente escola), diz que devem aprender. A maioria das pessoas da mesma idade
está pronta para aprender as mesmas coisas. Portanto o ensino deve ser organizado em um
currículo padrão, como uma progressão relativamente uniforme para todos os alunos.
Andragogia: as pessoas se tronam prontas quando sentem necessidade de aprender alguma
coisa, com a finalidade de lidar mais satisfatoriamente com problemas reais e cotidianos. O
educador deve criar situações e fornecer ferramentas para que o aprendiz descubra seu “preciso
saber”. Os programas de aprendizado devem ser organizados conforme as aplicações práticas, e
sequenciados de acordo com a prontidão do aluno para aprender Holton; Swanson (2001) idem
(s/ p)

Orientação para a aprendizagem: Pedagogia: alunos veem a educação como aquisição de


conhecimento em determinado assunto, mas entendem a aplicabilidade desse conhecimento
apenas em sua vida futura. Assi, o currículo deve ser organizado em unidades de conhecimento
(p.e. matérias). Andragogia: os alunos veem a educação como um processo de desenvolvimento
de competências para alcançar seu pleno potencial na vida. Querem ser capazes de aplicar
qualquer conhecimento e habilidade que adquiriram hoje para viverem melhor amanhã. De
acordo co isso, as experiências de aprendizado devem ser organizadas em métodos de
desenvolvimento de competências, já que os adultos são centrados na melhora de sua
competência em sua orientação para o aprendizado Nogueira (2004), ibidem (s/p).

Na visão de Pinto (1993) citado por Freitas (2018), a educação dos adultos é um processo
qualitativamente distinto da infantil, porque o que distingue uma da outra não é necessariamente
o conteúdo, os métodos, as técnicas de instruir, mas sim os motivos, os interesses no qual o
contexto sócio-politico-cultural, como um todo, tem quando educa a criança ou o adulto.

Com base com nas diferenças entre a pedagogia e a andragogia, notamos que os pressupostos
que devem ser assumidos nas práticas de ensino com adultos são diferentes de quando o trabalho
é feito com crianças, os adultos tendem a ser mais independentes em seu processo de

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aprendizagem. O aprendiz sai da postura de dependência, para se tornar gestor de seu
conhecimento, o professor é facilitador.

Como sustenta o texto acima mencionado, na pedagogia a experiência daquele que aprende é
considerada de pouca utilidade. O que é importante, é a experiência do professor. Os adultos têm
o controle sobre grande parte da sua experiência de aprendizagem (dentro e fora da sala de aula)
e devem serem motivados a aprenderem. Muitas vezes podem buscar experiência de
aprendizagem por vontade própria, mesmo fora da instituição, o que é muito comum quando um
aluno adulto não enxerga significado naquilo que está sendo transmitido pelo educador.

4. Métodos Freirianos de Alfabetização

Em seu livro Educação como Prática da Liberdade Freire (1993), citado por Feitosa (1999,p.51-
52) propõe a execução prática do Método em cinco fases, a saber: “1ª Fase: levantamento do
universo vocabular dos grupos com quem se trabalhará. Essa fase se constitui num importante
momento de pesquisa e conhecimento do grupo, aproximando educador e educando numa
relação mais informal e portanto mais carregada de sentimentos e emoções. É igualmente
importante para o contato mais aproximado com a linguagem, com os falares do povo. 2ª Fase:
escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado. Como já afirmamos
anteriormente, esta escolha deverá ser feita sob os critérios: a) da riqueza fonêmica; b) das
dificuldades fonéticas, numa seqüência gradativa dessas dificuldades; c) do teor pragmático da
palavra, ou seja, na pluralidade de engajamento da palavra numa dada realidade social, cultural,
política etc... 3ª Fase: criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai
trabalhar. São situações desafiadoras, codificadas e carregadas de elementos que serão
descodificados pelo grupo com a mediação do educador. 4ª Fase: Elaboração de fichas-roteiro
que auxiliem os coordenadores de debate no seu trabalho. São fichas que deverão servir como
subsídios, mas sem uma prescrição rígida a seguir. 5ª Fase: Elaboração de fichas com a
decomposição das famílias fonêmicas correspondentes aos vocábulos geradores”.

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No nosso entender, a proposta de utilização da metodologia na alfabetização de jovens e adultos
foi completamente inovadora e diferente das técnicas até então utilizadas que eram, na maioria
das vezes, resultado de adaptações simplistas das cartilhas, com forte tônica infantilizante. Foi
diferente por possibilitar uma aprendizagem libertadora, não mecânica, mas uma aprendizagem
que requer uma tomada de posição frente aos problemas que vivemos.

É importante que o educador mostre aos educandos a articulação oral dos valores das vogais nos
fonemas para facilitar o reconhecimento sonoro de cada uma das vogais.

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5. Dialogicidade: essência da educação como prática da liberdade

dialogicidade é a essência da educação como prática da liberdade. O diálogo é tratado como um


fenômeno humano “se nos revela como algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: a palavra.
Mas, ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para que
ele se faça, se nos impõe buscar, também seus elementos constitutivos” (Pedagogia do Oprimido,
2005, p.89), citado por Soares (2006,p.35). Não há palavra que não seja práxis, ou que não surja
da práxis, quando pronunciamos a palavra, estamos pronunciando e transformando o mundo. Na
dialogicidade estão sempre presentes as dimensões da acção e da reflexão. Deste modo ao
pronunciar o mundo mostramos que humanamente existimos, se existimos, agimos e
modificamos o mundo dado. Quando não há verdadeiro diálogo, não há encontro, amorosidade e
respeito.

Podemos sintetizar isso expondo que:

O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo


mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na
relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o diálogo
entre os que querem a pronúncia do mundo e os que não
querem; entre os que negam aos demais o direito de dizer a
palavra e os que se acham negados deste direito” Freire,
(1987, p. 50-51).

Dai que podemos concluir, que o diálogo é uma exigência existencial, é este encontro dos
homens, mediatizados pelo mundo, não somente na relação eu-tu, e o diálogo constituem uma
exigência existencial, desta forma o diálogo não constitui uma discussão entre os homens que,
não querem se comprometer com a busca da verdade.

Educação Dialógica e Diálogo: uma educação pautada na dialogicidade, fundada no diálogo, é


que se dá numa relação de humildade, encontro e solidariedade, ou seja, numa relação horizontal,
de muita confiança. O diálogo leva os homens e mulheres a serem mais homens e mulheres, pois
é sempre gerador de esperança. Na questão da educação, ou melhor, da escola, a opção pelo
conteúdo programático deve dar-se no diálogo o qual se insere em todos os segmentos sociais,
portanto devemos nos preparar para essa ação mediatizada entre todos os segmentos, na visão

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Freiriana (1987). O diálogo leva os homens e mulheres a serem mais homens e mulheres, pois é
sempre gerador de esperança, a educação deve ser pautada na dialogicidade, indo ao encontro de
uma relacao de humildade, solidadriedade, mas numa relação horizontal . Desse diálogo, irá
culminar com os temas geradores, componentes do conteúdo programático.

Segundo Freire idem (p.51) “É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos
educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação. O momento deste
buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da liberdade. É o momento em que
se realiza a investigação do que chamamos Universo Temático do povo ou o conjunto de seus
temas geradores” . Daqui entendemos, que o diálogo é a actividade pedagógica por excelência,
mas que já começa mesmo antes da acção pedagógica, propriamente dita, e é na investigação
temática e na busca dos conteúdos programáticos que a acção dialógica na qual se faz presente.

Paulo Freire propõe em Educação como Prática da Liberdade:

E que é o diálogo? “É uma relação horizontal de A com B


[...]. Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da
confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os dois
pólos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança,
com fé um no outro, se fazem críticos na busca de algo.
Instala-se, então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí
há comunicação”. Freire, (1985, p. 107) citado por Soares
(2006, p.37)

“O diálogo é, portanto, e indispensável não somente nas questões vitais para a nossa ordenação
política, mas em todos os sentidos do nosso ser. Somente pela virtual da crença, contudo, tem o
diálogo estímulo e significação: pela crença no homem e nas suas possibilidades, pela crença de
que somente chego a ser eles mesmos” idem (p.38). Então podemos dizer que o diálogo consiste
numa relação horizontal e não vertical entre as pessoas implicadas e entre as pessoas em relação.
No seu pensamento, a relação homem/mulher/mundo são indissociáveis. Nós, homens e
mulheres, nos educamos juntos, em solidariedade e diálogo, na transformação e modificação do
mundo dado. O saber de todos deve ser valorizado., no entender de Freire (1987).

O diálogo produz a conscientização libertadora e transformadora, ou seja, dialógica. Muito unida


a dialogicidade está a politica. “Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e
aos homens, se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não é possível o

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diálogo. Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade.” ibidem, (p.52). E na Perspectiva
de Vieira Pinto (1996) citado Freitas (2018) na sua obra as sete lições da educação de jovens e
adultos, baseia-se na teoria de reciprocidade, enfatizando o uso do diálogo e compreensão no
aprendizado, no que concerne a alfabetização de jovens e adultos.

Como pudemos perceber que, o diálogo é fundamentado no amor e na humildade. Significa uma
relação horizontal instaurado na fé e na esperança. O amor, a humildade, e a fé nos homens, o
diálogo constitue uma ponte. Só há diálogo verdadeiro se há sujeitos com pensamento crítico, e
para o nosso autor a fé constitui um mecanismo para o diálogo, no entanto que o homem deve
pautar nela, de modo que não se baseie na falsidade. E o diálogo começa na busca do conteúdo
programático, e a fé não pode ser farsa. o diálogo é a actividade pedagógica por excelência, mas
inicia antes da ação pedagógica, propriamente dita, e é na investigação.

5.1. A relação homens-mundo: os temas geradores e o conteúdo programático desta


educação

As relações homens-mundo, os temas geradores e o conteúdo programático desta educação


libertadora e essencialmente dialógica é o conjunto de aspirações do povo a partir da situação
histórica de opressão. O conteúdo programático para a acção apresenta-se como uma abstração
da realidade midiatizada e da consciência que impregnou a escolha dos elementos numa selecção
significativa por parte dos educadores e do povo. “ O momento deste buscar, é o que inaugura o
diálogo da educação como prática da liberdade. É o momento em que se realiza a investigação
do que chamamos de universo temático do povo ou o conjunto de seus temas geradores ”. Freire,
(1987, p. 50). A investigação busca respaldo numa metodologia dialógica e conscientizadora que
propicia “a apreensão dos “temas geradores” e a tomada de consciência dos indivíduos em torno
dos mesmos” idem (p. 50).

A acção investigadora transita primordialmente pela premissa de que os homens são seres
históricos inconclusos, com o objetivo de compreender o poder criativo e transformador dos
homens na materialidade e no campo das ideias, da consciência. Tudo isso possibilita aos

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homens enquanto seres histórico-sociais, que realizem uma ação transformadora sobre a
realidade objetiva baseada na relação do tempo (passado-presente-futuro). “os “temas geradores”
partem do mais geral ao mais particular” envolvidos com as “situações-limites”, que
potencializadas são as tarefas, que exige o cumprimento para a constituição dos “atos-limites”.
Ibidem (p. 54).

Neste sentido o nosso autor menciona , que os temas são denominados geradores à medida que
implicam no desenvolvimento de outros temas e na resolução de novas tarefas que devem serem
cumpridas. Portanto, para atingir a humanização nos oprimido e opressores, é necessário
enveredamos na superação das “situações-limites”. Desta forma, os temas geradores só podem
ser identificados depois de um processo de investigação a respeito da maneira pela qual os
educandos vêem o mundo que os envolve, ou que estão inseridos. Portanto, diferente dos animais
que são inacabados, e não históricos, o sujeito que tem consciência de sua incompletude, e por
isto, se conhece como um ser inacabado, em constante construção.

5.2. A investigação dos temas geradores e sua metodologia

Segundo o autor a significação conscientizadora da investigação dos temas geradores se


consolida por vários momentos da investigação. Isso pressupõe que o eixo central da
investigação reside na temática significativa. “ Por isto é que a investigação se fará tão mais
pedagógica quanto mais crítica e tão mais critica se fixe na compreensão da totalidade .Por seu
envolvimento histórico-cultural” Freire (1987, p. 57). Em outras palavras, a representação das
situações existenciais que implicam em codificações de natureza simples na imensidão da
complexidade que envolve a oferta de probabilidades plurais de análise na sua descodificação.
“As codificações , são objetos cognoscíveis, desafios sobre que deve incidir a reflexão crítica dos
sujeitos descodificadores” .Idem, ( p. 31). Desse modo, a codificação deve por excelência refletir
a objetividade de uma totalidade. Nesse sentido, como garantia cada “círculo de investigação”
deve conter até vinte pessoas, havendo tantos círculos quantos for necessário para que seus
participantes sejam atingidos com o estudo.

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Portanto, o desenvolvimento de conscientização da situação histórica é o único viés a ser
orientado neste caso, à medida que “conscientização, é óbvio, que não pára, estoicamente, no
reconhecimento puro, de caráter subjetivo, da situação, mas, pelo contrário, que prepara os
homens, no plano da acção, para a luta contra os obstáculos à sua humanização”. Ibidem, (p. 65).
Segundo Freire, o desenvolvimento da última etapa começa quando os investigadores dão início
ao estudo sistemático e interdisciplinar de seus encontrados por meio das gravações, isso após o
término das descodificações nos círculos.

5.3. A significação conscietizadora da investigação dos temas geradores. Os vários


momentos da investigação para Freire (1987, p. 57-70)

Tanto os investigadores profissionais como o povo são sujeitos do processo de investigação do


tema gerador. E este é o risco da investigação que, ao invés de se focar na temática geradora
foca-se, no homem como objecto de investigação: “1. A superação não se faz no acto de
consumir ideias, mas no acto de transformá-las em acção e comunicação. 2. O investigador não é
o único sujeito da investigação. 3. A investigação da temática inclui investigar o pensamento do
povo, por isso esta investigação deve ser feita com o povo. 4. A significação (o número
significativo de pessoas que aceitem falar com os investigadores) ou (quanto mais investigo mais
educamos juntos) conscietizadora (aprofundamento da tomada de consciência) da investigação
dos temas geradores. Os vários momentos da investigação. 5. Prática bancária da educação-anti-
dialógica, ao contrário, na dialogicidade o conteúdo "organiza-se e constitui-se na visão do
mundo dos educandos, em que se encontram seus temas geradores". 6. A conscientização baseia-
se no desenvolvimento crítico na tomada de consciência. Por isso, a conscientização não pode
em algum momento pautar sem o acto acção reflexiva, de modo que constitua a forma de
transformar o mundo que caracteriza os homens, portanto o objectivo da consciência crítica é
levar os homens a assumirem seu papel e também conhecerem a desumanização, pode se
verificar no mundo e com o mundo onde o homem busca consciencializar-se.

Segundo Pinto (1993, p.48) citado por Freitas (2018, p.130) dá primazia no conceito crítico de
educação como diálogo entre alfabetizadores e alfabetizandos, obtendo um encontro de
consciências na qual o alfabetizador deve ser portador da mesma.

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O educador deve ser o portador da consciência mais
avançada de seu meio, necessita possuir antes de
tudo a noção crítica de seu papel, isto é, reflectir
sobre o significado de sua missão profissional,
sobre as circunstâncias que a determinam e a
influenciam, e sobre as finalidades de sua acção.

A “codificação” e a descodificação” permitem ao alfabetizado cingir-se naquilo que é a


significação das respectivas palavras geradoras no seu contexto existencial num mundo
expressado em seu comportamento.

6. Etapas de Investigação
6.1. Etapa da investigação: delimitar a área que se vai trabalhar "Temas geradores". Os
investigadores devem trabalhar com as pessoas da área (local) e procurar saber delas quais são as
suas necessidades de aprendizagem e ter o máximo de informação possível. Depois desta
recolha, parte-se para o momento de descodificação na reunião de seminário avaliativo, onde
cada investigador apresenta aquilo que é a sua visão diferente particular. Daí faz-se uma outra
reunião avaliativa já com as ideias de todos organizadas junto com os representantes populares
para chegarem à um consenso. É resultado desta discussão conjunta o conteúdo programático,
que reflectindo as contradições e acções propostas constitui-se a temática significativa da área
que levar ao desenvolvimento de temas e tarefas. Etapa da investigação - apreensão do
conjunto de contradições. É a fase de codificação, onde se codifica o que se descodificou para se
encontrar a temática significativa. Daqui parte-se á fase de investigação temática. Á medida que
se faz a análise crítica das codificações deve-se observar certos princípios a saber: 1. A temática
que se busca deve representar situações conhecidas pelos indivíduos. 2. Evitar temas
enigmáticos, as codificações devem ser simples na sua complexidade.

Segundo Freire (1987) a educação libertadora apresenta as seguintes características para que a
educação se concretize (colaboração: que é a acção dialógica que se dá de forma colectiva entre
os sujeitos. A União: a classe popular deve estar unida e não dividida; organização: é a fase
pedagógica, na qual a liderança e o povo fazem juntos as aprendizagens; e a Síntese cultural,
que consiste na acção histórica. O objectivo da alfabetização de adultos é promover a
conscientização acerca dos problemas quotidianos, tendo em conta a compreensão do mundo e o
conhecimento da realidade social na qual se encontram inseridos. O diálogo é fundamental na

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construção da educação do homem, para a sua compreensão, o alfabetizar não é aprender a ler e
escrever através de repetição de palavras, mas sim dizer sua palavra criadora de sua própria
cultura, isto no entender de Dreyer (2011).

Um professor não deve pressupor que por ser iletrado, um adulto, da cidade ou mesmo do
campo, não possua inteligência, ou mesmo conhecimentos valiosos, experiências entre outros.
Mas deve partir da realidade do aluno, usando as palavras do quotidiano dele para melhor
alfabetizá-lo, e aprendendo com ele o que não se sabe.

Conclusão

Apresentamos a andragogia na visão de Paulo Freire, considerado pai da andragogia, este


conceito é entendido como conjunto de princípios de aprendizagem de adultos, e com esta
abordagem procuramos compreender sobre aprendizagem dos adultos, tendo em conta os
métodos a serem desenvolvidos, didácticas com o objectivo de melhorar na aprendizagem
efectiva e significativa. É necessário que os adultos sejam motivados na sua aprendizagem.
Freire cinge-se no método dialógico, em superação ao método antidialógico. A pedagogia de
Freire é uma pedagogia do sujeito, do diálogo e da liberdade, ou seja, é uma educação como
prática da liberdade, opondo-se à educação bancária, antidialógica.

A educação é um direito fundamental, e este tema é de extrema importância na medida que


contribui, ou traz bases no que concerne à educação dos adultos. O processo educativo deve
basear-se num carácter transformador na vida do indivíduo, garantindo que ele participe
activamente e de forma crítica na gestão do seu conhecimento.

No nosso trabalho notamos que os adultos tendem a ser mais independentes, diferente das
crianças, que requerem uma direcção, ainda são dependentes no seu processo de ensino-
aprendizagem, e o professor deve servir de “vigia” do aluno, ou mesmo, e um gestor do seu
conhecimento, é onde se verifica a educação bancária na perspectiva de Freire, enquanto para o
adulto é mais uma educação dialógica, emancipatória.

Vale ressaltar que é necessário olhar a vivência, as experiências na educação do adulto, olhando
para a sua diversidade, os adultos possuem autonomia, ele determina o seu próprio ritmo de

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absorção de conhecimento. Há uma educação compartilhada, ou seja, tanto o aluno adulto como
o professor possuem deveres recíprocos em prol da aquisição de novos conhecimentos. Freire
critica a educação bancária e propõe uma educação que constitua instrumento de transformações
sociais e que leve a conscientização. Os adultos estão engajados na aprendizagem ao longo de
suas vidas, sobre si mesmos, outras pessoas e o mundo.

Referências Bibliográficas

Dreyer, L. (2011). Alfabetização: O Olhar de Paulo Freire. X Congresso Nacional de Educação


Educere. I Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjectividade e Educação.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná Curitiba, 7 a 10 de Novembro.

Feitosa, S. (1999). MÉTODO PAULO FREIRE Princípios e Práticas de uma Concepção


Popular de Educação. Dissertação apresentada à Comissão Julgadora da Faculdade de Educação
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