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O Reavivamento

de que Precisamos

Oswald J. Smith
(1958)
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O Reavivamento De Que Precisamos

(1958)
(The Revival We Need)

(Pastor da “People Church”) Toronto, Canadá


Prefácio do REV. JONATHAN GOFORTH, D.D.
Tradução do DR. JUVENAL RICARDO MEYER

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PREFÁCIO 5

O REAVIVAMENTO DE QUE PRECISAMOS 7

RESPONSABILIDADE PELO REAVIVAMENTO 12

ANGÚSTIA PELAS ALMAS 18

A CONCESSÃO DO PODER 24

CONVICÇÃO 31

OBSTÁCULOS 37

FÉ 41

ANSEIO DO CORAÇÃO EM FAVOR DE REAVIVAMENTO 44

MANIFESTAÇÕES DO PODER DE DEUS 51

REALIDADES ESPIRITUAIS DE VALOR INCALCULÁVEL 56

SEDE DE REAVIVAMENTO 62

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PREFÁCIO

“O Reavivamento de que Precisamos”, livro do Dr. Smith, pela sua classificação, é o


argumento mais poderoso que já li sobre o reavivamento. Seu autor foi
verdadeiramente guiado pelo Espírito de Deus para escrevê-lo. Quanto à ênfase que
ele dá à necessidade de um reavivamento vindo do Espírito Santo, posso dar o mais
sincero amém. O que vi sobre o reavivamento na Coréia e na China está em perfeito
acordo com o reavivamento referido neste livro.
É muito oportuno o fato de o Dr. Smith ter esclarecido sobre o tipo de reavivamento
moderno que é o resultado dos esforços e métodos humanos.
Se todos nós tivéssemos fé para perseverar em oração intensa a Deus haveria então um
reavivamento espiritual e genuíno, e o Deus vivo receberia toda a glória. Em Manchúria
e na China quando nada mais fiz senão apresentar uma pequena palestra e deixar o
povo orar, ficando eu completamente fora de qualquer evidência, vimos as mais
poderosas manifestações do poder divino.
Tivesse eu a riqueza de um milionário colocaria este livro em todos os lares cristãos e
esperaria confiantemente por um reavivamento que percorreria todo o mundo.
REV.  JONATHAN GOFORTH, D.D.
Toronto, Canadá
APRESENTANDO O AUTOR
OSWALD J. SMITH, litt. D.
Pastor, Evangelista, Missionário, Autor, Poeta-Escritor de Hinos, Editor e Viajante
Mundial.
Como Pastor, ele tem exercido o seu ministério em Toronto desde 1915 — na Igreja
Presbiteriana em Dale e no Tabernáculo Aliança, e, desde 1928 na grande igreja do
Povo que tem 3.000 membros arrolados.
Como Evangelista, já pregou no Tabernáculo de Spurgeon e na Capela de Westminster,
Londres, na Igreja Moody, Chicago e outros cantos na Grã-Bretanha, nos Estados
Unidos e Nova Zelândia.
Como um Homem de Grande Visão Missionária, dirige em sua igreja um programa que
rende cerca de 3.000 dólares para Missões e está agora contribuindo para o sustento
de 350 missionários. O Jornal «Church Herald» o considera como «o Pastor da principal
Igreja Missionária na face da terra».
Como Autor, tem escrito muitos livros os quais têm tido uma circulação de cerca de um
milhão de cópias em 25 línguas diferentes.
Como Poeta e Escritor de Hinos, escreveu cerca de 600 hinos, poemas e cânticos
evangélicos incluindo alguns números famosos tais como «Quando Jesus vier»,
«Compreende Deus», «A Presença Gloriosa», etc. Ele é o escritor de hinos mais prolífico
do Canadá.
Como Editor, publicou uma revista que já tem 35 anos de existência e cuja circulação é
mundial.
Como Viajante Mundial, tem percorrido 53 países – Grã-Bretanha, Europa, Ásia, África,
índia Central e Ocidental, Alasca, México, Ilhas Salomão, Austrália, Nova Zelândia,
Canadá, Estados Unidos e recentemente diversos países da América Latina inclusive o
Brasil.

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A Publicadora Fleming H. Revell diz a respeito dele: «Há um fogo em seus ossos.
Aqueles que o ouvem vêem fogo em seu coração, em seus olhos e nas suas palavras —
um fogo que é transmissível aos que o ouvem. Ele começou em nosso mundo uma
grande chama de Esperança».
Billy Graham escreve: «O nome Oswald J. Smith simboliza evangelização mundial. Seus
livros têm sido usados pelo Espírito Santo para penetrar no mais profundo de minha
alma e têm tido uma influência extraordinária na minha vida pessoal e no meu
ministério».

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CAPÍTULO 1
O REAVIVAMENTO DE QUE PRECISAMOS

Foi em 1904. Todo o país de Gales estava como que em chamas. A nação tinha-se
afastado de Deus.
As condições espirituais eram de nível bastante baixo. A frequência dos fiéis na igreja,
medíocre. O pecado grassava por todos os lados.
De repente, como se fosse um tornado que ninguém esperava, o Espírito de Deus
varreu aquela região. As igrejas começaram a encher-se de tal modo que as multidões
não podiam entrar. As reuniões começavam às dez e meia da manhã e iam até meia-
noite. O instrumento humano dessas manifestações era Evan Roberts, apesar de pregar
muito pouco. O trabalho consistia principalmente em cânticos, testemunhos e oração.
Também não havia livros de hinos, porque os cânticos tinham sido aprendidos na
infância. Não havia necessidade de coro porque todos cantavam. Não havia coleta e
não se faziam anúncios.
Jamais havia ocorrido qualquer coisa assim, com resultados de tão grande alcance, no
País de Gales. Os infiéis convertiam-se, pessoas dominadas pelo hábito da embriaguez,
gatunos eram salvos; milhares de pessoas se reabilitavam, passando a viver
respeitavelmente. Pagavam-se dívidas antigas. Até os animais nas minas de carvão
mostravam comportamento diferente, por não estarem acostumados aos bons tratos.
Dentro de cinco semanas 20.000 pessoas se uniram às igrejas.
Em 1835 Tito Coan desembarcou numa das praias de Havaí. Por ocasião de sua
primeira viagem as multidões humanas se aglomeravam para o ouvirem. Procuravam-no
com tanta insistência que ele mal tinha tempo para comer. Certa ocasião teve de pregar
três vezes antes de tomar a primeira refeição. Ele sentia que Deus estava agindo de
modo fora do comum.
Em 1837 o fogo hesitante passou a arder com grande intensidade. Quase que toda a
população do lugar se reunia para ouvi-lo. Falava a 15.000 pessoas. Não podendo
procurar as massas, eram essas que o procuravam em reuniões ao ar livre, durante dois
anos. Não havia, quer fosse nos cultos do dia quer nos da noite, uma hora sem que
multidões de 2.000 a 6.000 pessoas não se reunissem ao sinal de um sino.
Havia choro, soluços, calafrios e súplicas pedindo misericórdia, às vezes em voz alta que
quase não se ouvia a do pregador; centenas de vezes os ouvintes caíam desmaiados.
Alguns exclamavam: “A espada de dois gumes me está despedaçando”. O zombador
malicioso que veio para se divertir à custa dos outros caiu como um cão e gritou “Deus
me feriu!” Uma vez, quando pregava para 2.000 pessoas, um homem exclamou, “Que
devo fazer para me salvar?”, repetindo a pergunta do publicano, enquanto toda a
congregação se levantou pedindo misericórdia. Durante meia hora Coan não pôde
retomar a palavra, tendo que permanecer de pé contemplando o trabalho de Deus.
Por esse tempo muitas “questões litigiosas se resolveram amigavelmente, muitas vítimas
da embriaguez foram restauradas a uma vida normal e muitos adúlteros se
converteram. Assassinos se restauravam e eram perdoados. Gatunos restituíam o que
tinham furtado e renunciavam o que vinham praticando durante a vida inteira. Num ano
entraram para a Igreja 5.244 pessoas. Num domingo houve 1.705 batismos. Nada me-
nos de 2.400 pessoas tomaram parte na ceia do Senhor, as quais agora estavam salvas,

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depois de uma vida dos mais negros pecados. Ao regressar, Coan tinha batizado
11.960 pessoas.
Um jovem advogado, na pequena cidade de Adams, em 1821, dirigiu-se a um local
retirado da mata, a fim de orar. Deus foi a seu encontro nesse local e ali ele se converteu
de modo portentoso, recebendo o Espírito Santo em toda a plenitude. Esse homem foi
Charles G. Finney.
A população ouviu a seu respeito e ficou profundamente interessada e, como que
tomando uma decisão comum, à noite reuniu-se na casa de cultos. Finney estava
presente. O Espírito de Deus desceu sobre todos com Seu poder e Sua forca para
convencer, dando início a um Reavivamento.
O movimento espalhou-se pelas regiões circunvizinhas até que todos os Estados do
Leste ficaram firmemente tomados por um poderoso despertamento. Quando Finney
pregava, o Espírito era derramado. Frequentemente ele era precedido por Deus, de
modo que, ao chegar ao local, já encontrava o povo a chorar pedindo a misericórdia de
Deus.
Algumas vezes a convicção de pecado era tão grande e ‘provocava gemidos tão
intensos que Finney tinha de interromper a pregação e esperar que o ambiente
acalmasse. Convertiam-se Ministros e membros de igrejas. Os pecadores se
regeneravam aos milhares. Durante anos o poderoso trabalho da graça continuou ope-
rando. Nunca se tinha visto coisa semelhante.
Acabo de relembrar apenas três acontecimentos históricos sobre o Derramamento do
Espírito Santo. Poderiam ser citados centenas de outros. Mas, estes bastam para mostrar
o que quero dizer. É isto o que carecemos hoje, mais do que qualquer outra coisa,
Quando me lembro que tais derramamentos ocorreram na China, Índia, Coréia, África,
Inglaterra, País de Gales, Estados Unidos, nas Ilhas dos Mares e em muitos outros lu-
gares, e que o Canadá, nosso Domínio, nosso próprio país tão amado, na sua história
ainda não experimentou um Reavivamento Nacional, meu coração clama a Deus
pedindo uma Manifestação assim de Sua Própria Pessoa.
Será que necessitamos? Ouvi apenas isto! Quantas de nossas igrejas estão com menos
da metade dos seus auditórios ocupados, domingo após domingo? Não é numerosa a
multidão de pessoas que não entra na casa de Deus? Quantas são as reuniões de
oração realizadas no meio da semana que se caracterizam pela sua vida e prosperidade
espiritual? Onde é que está a fome pelas coisas espirituais?
E, a respeito de Missões das terras longínquas, de além-mar, das trevas do paganismo –
o que é que estamos fazendo? Porventura as multidões que estão perecendo
despertam em nós alguma ansiedade? Será que nos tornamos egoístas?
E que dizer a propósito das riquezas tremendas que Deus nos concedeu? Tomai os
Estados Unidos como exemplo, a nação mais rica do mundo moderno, tendo a maior
parte de seus bens nas mãos de cristãos professos. No entanto, em um ano os Estados
Unidos gastaram mais em goma de mascar do que com o trabalho das Missões.
Quantos são os cristãos que estão dando a Deus a décima parte do que Deus lhes dá?
Tomai, agora, nossos institutos e seminários, em nossa terra e no campo missionário,
onde se ensina a alta crítica. Ousam dizer que Jesus nunca fez milagres, nunca

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ressuscitou dos mortos e não nasceu de uma virgem, não morreu como nosso
Substituto e que não vai voltar outra vez.
Quantos são os cristãos professos que estão vivendo uma vida semelhante à de Cristo
diante dos homens? Como nos estamos tornando semelhantes ao mundo!
Como é pequena a oposição que encontramos! Onde estão as perseguições que eram
desencadeadas contra a Igreja Primitiva? Como é fácil ser cristão hoje em dia!
Que dizer sobre o ministério? Porventura o ministro faz sentir, converte e salva por meio
de suas mensagens? Quantas são as almas que se salvam pela pregação da Palavra? Ah,
meus amigos, estamos oprimidos com um sem número de atividades eclesiásticas, en-
quanto a verdadeira tarefa da Igreja, que é evangelizar o mundo e salvar os perdidos,
está quase completamente negligenciada!
Onde está a convicção de pecado que costumamos conhecer? Será alguma coisa do
passado? Reparemos numa das reuniões de Finney. Ah, se pudéssemos repeti-las hoje!
Conta-nos ele que certa vez, quando estava dirigindo reuniões em Antuérpia, um velho
convidou-o para pregar numa pequena casa de escola que ficava perto. Ao chegar, a
casa estava tão cheia de gente que ele dificilmente conseguiu um lugar para ficar de pé
perto da porta. Dali Finney falou durante muito tempo. Finalmente começou a mostrar-
lhes que eram uma comunidade que não se preocupava com Deus, pois era gente que
não mantinha serviços religiosos no distrito. Imediatamente foram tomados pelo
sentimento da convicção. O Espírito de Deus caiu sobre eles como uma onda elétrica.
Uma por uma das pessoas foi-se ajoelhando ou prostrando-se no chão, rogando por
misericórdia. Dentro de dois minutos estavam todos prostrados e Finney teve de
interromper a pregação, pois que não conseguia fazer-se ouvir. Por fim ele conseguiu
prender a atenção do velho que o convidara e que sentado no meio do recinto e
olhando em volta de si atônito, tendo que gritar com todo o poder de seus pulmões
para pedir que ele orasse. E, então, tomando-os um por um apontou-lhes Jesus. O
velho encarregou-se da reunião enquanto ele se dirigia a todos de um em um, durante
a noite inteira, tão intensa e profunda era a convicção de pecado. Os resultados
permaneceram e um dos jovens que se converteram, tornou-se um ministro eficiente do
evangelho.
Ah, sim, os homens esqueceram-se de Deus. O pecado prolifera por todos os lados. Os
ouvintes não são mais arrebatados pelos que falam do púlpito. E eu não sei de outra
coisa a não ser o Derramamento do Seu Espírito que possa vir de encontro a essa
situação. Dezenas e centenas de comunidades foram transformadas pelos
Reavivamentos desse tipo e eles poderão transformar as nossas.
Agora, se me perguntardes como conseguir tal Derramamento do Espírito, vos
responderei: Mediante a oração. É verdade, porém, que é necessário algo antes da
oração. Teremos primeiro de tudo de tratar da questão do pecado; porquanto, a menos
que nossas vidas sejam retas aos olhos de Deus, a menos que o pecado seja banido, se
quisermos, poderemos orar, até o dia do juízo, mas o Reavivamento não se realizará.
“Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.” (Isaías 59:2).
Provavelmente a melhor orientação que temos a este respeito é a profecia de Joel.
Vejamos o que diz. É unir apelo ao arrependimento. Deus está ansioso para abençoar

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Seu povo, porém, o pecado retém a bênção. E, assim, em Seu amor e compaixão, Deus
procede o severo julgamento que é descrito nos capítulos um e dois desse livro.
Esse julgamento já está quase às portas da cidade. Reparai, porém, como o Seu amor é
grande! Notai os versículos de doze a catorze do segundo capítulo, os quais dizem: “…
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com
pranto. E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor
vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande
em beneficência, e Se arrepende do mal. Quem sabe se Se voltará e Se arrependerá, e
deixará após Si uma bênção…”.
Agora, meu amigo, não sei qual é o teu pecado. Tu o conheces e Deus o conhece.
Quero que penses nele, porque é melhor que pares de orar e te levantes dos teus
joelhos enquanto não resolveres o teu caso, e não deixares o teu pecado.
“Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá.” (Salmo
66:8).
Deixa que Deus sonde o teu coração e revele o teu impedimento. O pecado tem que
ser confessado e deixado.
Pode ser que tenhas que abandonar algum ídolo acariciado. Pode ser que tenhas de
fazer alguma restituição. Talvez estejas retendo e tirando de Deus aquilo que Lhe
pertence. Mas, isso é contigo, e não comigo. É uma questão entre ti e Deus.
Notai agora os versículos quinze a dezessete do capítulo dois de Joel. O profeta
convocou uma reunião de oração. O pecado foi confessado e deixado. Agora já estão
em condições de orar e de implorar a Deus em Seu próprio nome, para que os povos
não digam: “Onde está o seu Deus?” Agora estão morrendo de angústia e por isso sua
oração vai prevalecer. Ouve! “Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um
dia de proibição. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos,
congregai os filhinhos… Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor entre o alpendre e
o altar, e digam: Poupa a Teu povo, ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao
opróbrio para que as nações façam escárnio dele; porque diriam entre os povos: onde
está o seu Deus?”
Ah! Meus irmãos será que estais orando como devíeis? Estais intercedendo junto a
Deus em favor desta cidade? Estais suplicando dia e noite por um Derramamento do
Seu Espírito? Pois a hora que estamos vivendo é própria para a oração. Somos
informados que durante certo tempo na vida de Finney, o Reavivamento estava
esmorecendo. Por essa ocasião, ele fez um pacto com os moços, pelo qual todos se
comprometeram a orar, ao nascer do sol, ao meio-dia e ao pôr do sol, em seus apo-
sentos, durante uma semana. O Espírito foi derramado outra vez com abundância e,
antes de terminar essa semana, as reuniões eram de novo formadas por multidões de
pessoas sedentas de evangelho.
É claro que essas orações têm de ser orações cheias de fé, orações que esperem pelos
resultados. Se Deus desperta nos corações dos fiéis o desejo de orar em favor de um
Reavivamento, é sinal que Deus está desejoso de concedê-lo, e Deus sempre cumpre a
Sua palavra. “Haverá chuvas de bênçãos”. Suas promessas não falham. Será que temos
fé? Será que de fato esperamos por um Despertamento?

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Notemos agora a resposta rápida no versículo dezoito do capítulo acima citado de Joel.
”Então!” Isto é, depois de terem deixado o pecado e orado a Deus. “Então o Senhor terá
zelo da Sua terra, e se compadecerá do Seu povo.” A resposta não tarda em vir, desde
que as condições sejam preenchidas. Temos essa verdade claramente exposta nos
versículos vinte e oito e vinte e nove: “E há de ser que, depois, derramarei o meu
Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos
terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as
servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.” Ó, meus irmãos, a dificuldade não está
com Deus. Está em nós mesmos. Ele está querendo, mais do que querendo. Nós,
porém, não estamos prontos. Ele está à nossa espera. Será que ainda o vamos fazer
esperar por muito tempo?


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CAPÍTULO 2
RESPONSABILIDADE PELO REAVIVAMENTO

Tanto quanto posso lembrar-me, o meu coração, durante minha vida, sempre sentiu
ardor todas as vezes que ouvi ou li sobre os feitos realizados pelo poderoso trabalho de
Deus, nos grandes Reavivamentos ocorridos no passado. Constituíram uma inspiração
indizível para a minha existência os missionários heróicos que levaram a mensagem da
Cruz às terras estranhas e os homens de Deus que ao nosso redor constituíram centros
dessas Visitações da Graça Divina. David Brainerd, Adoniran Judson, Charles G. Finney,
Robert Murray McCheyne e outros têm sido meus companheiros espirituais constantes
e amigos do meu íntimo.
Eu os tenho estudado, observado, ouvido e tenho vivido tanto com eles a ponto de
quase sentir o espírito do ambiente que os cercava. Suas dificuldades e provações, suas
orações e lágrimas, suas alegrias e tristezas, seus triunfos gloriosos e suas realizações
vitoriosas vibraram em minha própria alma, fazendo-me prostrar sobre meu rosto e
exclamar, como o profeta do passado: (Isaías 64:1) “Oh, se fendesses os céus, e
descesses…!”.
O grande despertamento do século dezoito, com John Wesley, a tremenda
Manifestação Irlandesa de 1859, a Visitação Americana tão gloriosa do século de-
zenove, sob Charles G. Finney, e, em nossos dias, o poderoso Reavivamento Welch de
1904 e 1905 — manifestações como estas têm sido, por assim dizer minha comida e
bebida durante muitos anos. Ouvi novamente os soluços e gemidos dos convictos de
seus pecados, o choro amargo do penitente, e a expressão indescritível de alegria que
raiava no rosto dos que eram libertados de suas culpas. Por isso, no meu íntimo, tenho
suspirado sempre com o desejo de presenciar uma outra Manifestação da presença e
do poder de Deus. Desde a minha meninice sempre foi um prazer para eu ler a respeito
de Deus dessa natureza, entretanto, ultimamente deixei todas as outras leituras de lado,
para ler tudo que minhas mãos alcançassem a propósito do trabalho de Reavivamento.
Estudando a vida daqueles a quem Deus apontou através dos séculos, especialmente a
obra dos Puritanos, dos Metodistas primitivos, e de outros que vieram posteriormente,
foi-me possível perceber como esses homens eram admiravelmente possuídos por
Deus, como eles trabalhavam, esperavam e conseguiam o que buscavam. Com isso fui
compelido a admitir que atualmente eu não encontraria nada de semelhante no meu
próprio ministério ou no ministério de outros. A igreja no geral não cogita de tais
resultados. Os pregadores pregam e nem sequer sonham que enquanto pregam está
acontecendo alguma coisa admirável. Oh, como nos distanciamos da finalidade da
pregação! Como nos tornamos destituídos do poder!
Lê-se num relatório que, durante um ano inteiro, 7.000 igrejas não ganharam uma alma
sequer para Jesus Cristo. Isso quer dizer que durante um ano inteiro 7.000 ministros
pregaram sem alcançar uma só alma perdida. Supondo-se que pregaram pelo menos
em quarenta domingos, o que é média baixa, sem contar outras reuniões, isso significa
que os 7.000 ministros pregaram pelo menos 560.000 sermões num só ano. Considerai
o trabalho, o esforço e o dinheiro gasto em salários, etc., para tornar possível essa
pregação. Não obstante os 560.000 sermões pregados em 7.000 igrejas a dezenas de

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milhares de ouvintes, durante um período de doze meses, nem uma alma sequer para
Cristo! É doloroso!
Agora, meus irmãos, é preciso dizer que está ha vendo qualquer coisa muito errada em
algum lugar. Há algo de anormal ou com esses 7.000 ministros ou com os seus 560.000
sermões ou com ambas as coisas.
Ao ler todas as Doze Regras da Igreja Metodista primitiva fiquei impressionado com o
fato de que eles almejavam e tinham em vista a salvação de almas como a sua tarefa
suprema. Permiti que vos mencione uma dessas regras: “Não tendes nada mais a fazer
senão salvar almas. Por isso gastai e gastai-vos neste trabalho. Não é vosso dever pregar
tantas vezes; mas, salvardes tantas almas quantas for possível; trazerdes tantos
pecadores ao arrependimento quantos puderdes e edificá-los com todas as vossas
forças na vida de santidade, sem a qual não poderão ver o Senhor”. Das Doze Regras  –
John Wesley.
A vida de G. Bramwell é uma demonstração prática da aplicação desta regra. “Ele não
era, no sentido comum da expressão, um grande pregador. Mas, se o homem que
consegue maior número de curas é o médico melhor, pregador é aquele que serve de
instrumento para trazer o maior número de almas para Deus; e sob este ponto de vista
Bramwell está destinado a figurar entre os maiores e melhores ministros cristãos” –
Memória de G. Bramwell.
John Oxtoby era tão usado por Deus que podia dizer: “Diariamente eu presencio a
conversão de pecadores e raramente saio a serviço sem que Deus me dê alguns frutos”.
Disseram-me que John Smith, um dos homens mais admiravelmente ungidos, e pai
espiritual de milhares de criaturas, “deixara de avaliar toda a pregação e todo o trabalho
do ministério a não ser pelos efeitos produzidos na salvação”. “Pela graça de Deus eu
estou resolvido a buscar almas”, exclamou ele em certa ocasião. ” O ministro do
Evangelho é enviado para tirar os homens das trevas e levá-los à luz e para arrancá-los
do poder de Satanás, para o poder de Deus!”
Para essa espécie de pregação que produz apenas prazer intelectual, ele consagrava
um sagrado desprezo.
Nada é mais característico desse homem do que a sua observação a um amigo, a
respeito de sermões em que a força do intelecto e da imaginação é o que predomina:
“esses sermões não produzem nada, senhor” – Vida de John Smith.
“Não posso dizer como é que empregam o seu tempo aqueles que se arrastam e não
produzem frutos. Se isso acontecesse em minha vida, estaria pronto a concluir que eu
estava deslocado.” – T. Taylor.
“Se os vossos corações não estiverem voltados para os vossos labores e não quiserdes
profundamente ver a conversão e a edificação dos vossos ouvintes, e não estudardes e
não pregardes com esperança, correis o risco de não verdes muitos frutos do vosso
trabalho. Será um mau sinal de um coração falso e vaidoso que se contenta em
prosseguir sem ver os frutos do seu esforço.” – Richard Baxter.
Fiz uma comparação entre os resultados do meu ministério com as promessas de Deus.
Em Jer. 23:29 eu li: “Não é a minha palavra como o fogo, diz o Senhor; e como um
martelo que esmiúça a penha?”. Em Efésios 6:17: “… a espada do Espírito, que é a
Palavra de Deus.” Quanto mais eu considerei o assunto mais me convenci que em meu

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ministério a Palavra de Deus não foi Fogo, Martelo ou Espada, pois, não queimou, não
despedaçou, nem penetrou. Não houve execução. Hb. 4:12 declara que “…a Palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e pene-
tra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração.” Nunca a vi assim. John Wesley viu. John Smith
foi um observador constante desses fatos. David Brainerd testemunhou sua acuidade; e
eu não. “Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia,
antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” (Isaías 55:11). Eu
sabia que esta promessa admirável não se havia cumprido em minha pregação. Não
estava de posse da evidência de Paulo, de G. Bramwell e C. G. Finney, segundo a qual
ela não voltaria vazia e eu tinha direito de ter evidência. Seria, pois, de admirar que eu
começasse a desafiar minha própria pregação!
E não só minha pregação, mas a minha vida de oração também. Esta também tinha que
ser posta à prova pelos resultados. Fui assim forcado a admitir que a confiante asserção
de Jeremias 33:3: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e fir-
mes, que não sabes”, não se estava realizando em minha experiência. As “coisas
grandes e firmes” eram observadas quase diariamente por Evan Roberts, Jonathan
Goforth e outros, porém, não por mim. Daí as expressões de João 14:13,14: ” E tudo
quanto pedirdes em Meu nome eu O farei… Se pedirdes alguma coisa em meu nome,
eu o farei”, não serem reais no meu caso. Para mim essas palavras não tinham vitalidade
pois eu já havia pedido muitas coisas sem as receber e este fato estava em contradição
com a promessa.
“Assim cheguei à conclusão de que havia qualquer coisa radicalmente errada na minha
vida de oração.
Lendo a autobiografia de C. G. Finney, vi que ele também havia experimentado o
mesmo fracasso. “Fiquei particularmente impressionado”, ele relata, “com o fato das
orações que eu tinha feito e ouvido semana após semana não terem sido respondidas”,
como acontecia comigo. Na verdade, compreendi, pelos pedidos expressos e por
outras observações, que aqueles que oravam não tinham obtido resposta.
“Exortavam-se mutuamente a se despertarem e a se empenharem em orar
fervorosamente em favor de um Reavivamento religioso, afirmando que se fizessem o
que deviam se orassem pelo Derramamento do Espírito, e o fizessem com intenso
desejo de coração, o Espírito de Deus seria derramado, teriam o reavivamento da reli-
gião e os impenitentes se converteriam. No entanto, em suas orações e reuniões
confessavam continuamente que não estavam fazendo progresso no sentido de
conseguirem o reavivamento desejado.
Esta situação pouco consistente de orarem tanto e não serem atendidos constituía uma
pedra de tropeço para mim. Não sabia o que fazer. Em minha mente permanecia a
questão de saber se estas pessoas não eram verdadeiramente cristãs, se era por isso
que seus pedidos não prevaleciam diante de Deus; ou era eu que não estava
compreendendo as promessas e ensinos da Bíblia sobre o assunto; ou então se eu
devia concluir que a Bíblia não dizia a verdade. Para mim o caso tinha qualquer coisa de
inexplicável. Durante algum tempo quase que fui arrastado para o ceticismo. Queria

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parecer-me que os ensinamentos da Bíblia não estavam absolutamente de acordo com
os fatos que eu tinha diante dos olhos.
Em certa ocasião, estando presente num culto de oração, perguntaram-me se eu não
desejava que orassem por mim. Disse-lhes que não, porque eu não via Deus responder
suas orações. Foram estas as minhas palavras: Suponho que eu preciso que orem por
mim, pois eu tenho consciência de que sou pecador; porém não sei se vai adiantar que
oreis por mim, porquanto estais pedindo continuamente e não recebeis o que pedis.
Tendes orado em favor de um reavivamento religioso desde que vim para Adams e
ainda não o tivestes”!
Quando John Wesley terminou de proferir sua mensagem, chorou diante de Deus
pedindo que “confirmasse Sua Palavra” que “a selasse” e que “desse testemunho dela”.
Deus o atendeu. Os pecadores foram tocados imediatamente, e começaram a chorar
pedindo misericórdia, sentindo tremenda convicção de pecado. Logo depois, dentro
de um instante, sentiam-se libertados, e tomados de uma alegria inexprimível na
certeza da Salvação recebida naquele momento.   Em seu admirável diário, ele registra
o que seus olhos viram e o que seus ouvidos ouviram, com as seguintes palavras: “Nós
percebemos que muitos ficaram ofendidos com as exclamações daqueles que foram
tocados pelo poder de Deus; entre eles havia um médico, que temia que houvesse
fraude ou mistificação naquela ocorrência. Hoje, um daqueles a quem tinha conhecido,
há muitos anos, foi a primeira pessoa a gritar muito alto e a derramar lágrimas. Mal ele
podia acreditar no que seus olhos estavam vendo e seus ouvidos ouvindo. Dirigiu-se
para perto dela e de pé se pôs a observar cuidadosamente os sintomas, não tardando
em verificar grandes gotas de suor correndo pela sua face e em ver que os seus
membros tremiam. Foi então que ficou sem saber o que pensar, convencendo-se
definitivamente de que não havia fraude, nem qualquer anormalidade. E, quando o
corpo e a alma daquela mulher repentinamente experimentaram a cura, esse médico
reconheceu que tudo fora operado pelo dedo de Deus”.
A experiência da Igreja primitiva também foi assim. “E, ouvindo eles isto, compungiram-
se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões
irmãos!” (Atos 2:37). “Detiveram-se pois muito tempo, falando ousadamente acerca do
Senhor, o qual dava testemunho à Palavra da Sua graça, permitindo que por suas mãos
se fizessem sinais e prodígios.” (Atos 14:3). Oravam para que sinais e prodígios
pudessem “ser operados” (Atos 4:30). Paulo declarava que o Evangelho é “o poder de
Deus para salvação” (Romanos 1:16). Entretanto, tudo isso era sobremaneira estranho
ao meu ministério.
No Reavivamento da Irlanda em 1859, “sinais e prodígios” foram vistos de todos os
lados. Entre os Metodistas primitivos eram ocorrências diárias. Para mim, contudo, o
Evangelho não era “o poder de Deus para salvação”. Deus não “confirmava Sua Palavra”,
não “imprimia o Seu selo”, nem “dava testemunho da Sua Palavra”, quando eu pregava.
Eu sabia que tinha o direito de esperar, pois o próprio Jesus prometera essas coisas. “…
Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço”, Jesus declarou, “e as fará
maiores do que estas…” (João 14:12).
Foi então que, certo dia, lendo o livro de Atos dos Apóstolos, descobri que os servos de
Deus na Igreja Primitiva tinham sempre resultados onde quer que, fossem. Verifiquei,

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quando lia, que eles almejavam, trabalhavam, esperavam e nunca deixaram de
conseguir esses frutos. No dia de Pentecostes, Pedro pregou e 3.000 pessoas
atenderam ao seu primeiro apelo. Foi um resultado nítido. Com Paulo deu-se a mesma
coisa. Seguindo-o, de lugar a lugar, vemos que por onde ele passa surgem igrejas.
Reparemos como os resultados do esforço se repetem por todo o livro de Atos.
“Agregaram-se quase três mil almas” (2:14). “Muitos daqueles que ouviram a Palavra
creram, e se voltaram ao Senhor” (11:24). “E, uma grande multidão creu” (11:1). “E
alguns deles creram… e também uma multidão de religiosos, e não poucas mulheres
principais.” (17:4). “Muitos creram” (17:34). “Alguns creram” (27:24).
E por isso, Paulo pôde declarar “as quais coisas Deus operou pelo Seu
ministério” (21:19).
Oh, como estamos longe desse objetivo! Como é triste o meu fracasso! Falhei
exatamente naquilo que Deus me chamou fazer em favor do Ministério. Quão raras
foram as vezes em que, depois de pregar ou de escrever, foi-me possível afirmar que
“grande número creu e se voltou para o Senhor”, ou pelo menos que “alguns creram”.
Também não me foi possível dizer, como Paulo, que coisas extraordinárias Deus operou
pelo meu ministério.
Deus afirma clara e enfaticamente que é de Sua vontade que todo o Servo Seu produza
fruto. “… Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei”, Ele afirma, “para que vades e deis
fruto…” (João 15:16).
Por um tempo demasiadamente longo, contentei-me em semear e evangelizar, dando a
desculpa que deixava os resultados com Deus, certo de que já tinha cumprido meu
dever. Quando as pessoas se convertem e se sentem grandemente abençoadas, elas
dizem o que experimentaram, e se não dizem, temos razões para duvidar do resultado.
Jorge Whitetield algumas vezes recebeu centenas de cartas narrando conversões e
bênçãos recebidas depois dele ter pregado.
“Ide para a assembléia pública com o propósito de atingir e persuadir algumas almas
ao arrependimento e à salvação. Ide com o fim de abrir os olhos que não vêem, de
desobstruir os ouvidos que não ouvem, de fazer os mancos andarem, e de tornar sábios
os que são insensatos, de levantar os que estão mortos em seus delitos e pecados, para
a vida divina e celestial, e trazer os culpados e rebeldes ao amor e à obediência ao seu
Autor, mediante Jesus Cristo, o grande Reconciliador, para que sejam perdoados e
salvos. Ide para que todos sintam o sabor do evangelho, sintam a influência de Cristo e
para que as almas sejam atraídas pela Sua graça e pela Sua Glória”. Dr. Watts.
Há homens que sentem possuir um dom especial para a edificação dos crentes, e por
isso se entregam ao fortalecimento da Fé Cristã. Foi com isso que me desviei da
verdadeira rota. Sentia que tinha vocação especial para ensinar e falar aos jovens
cristãos sobre a Vida Mais Profunda e com esse desejo preparei algumas palestras,
tendo o intuito de consagrar meu tempo a esse serviço, até que, um dia, Deus
misericordiosamente abriu meus olhos e me mostrou quanto estava longe do caminho.
Não há nada que aprofunde tanto a experiência crista, edifique tanto os crentes e os
fortaleça tanto na Fé, tão rápida e completamente, como ver almas se salvando.
Reuniões com um senso profundo do Espírito Santo, em que o poder de Deus esteja
operando intensamente na convicção e salvação de pecadores, farão mais para os

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cristãos do que anos de ensino sem esse auxílio. Foi essa experiência de David
Brainerd. Escrevendo acerca dos hindus, entre os quais trabalhava, diz: “Muitas destas
pessoas adquiriram mais conhecimento doutrinário sobre as verdades divinas desde
que os visitei pela primeira vez, no último mês de junho, do que poderia ser instalado
em suas mentes pelos processos de instrução mais eficazes durante anos de esforço,
sem a influência divina”.
G. Brannvell relata o seguinte incidente: “Vários pregadores de certo local tinham
afirmado que sua vocação não era despertar e levantar pecadores descuidados e
impenitentes, mas, fortalecer os crentes em sua Fé. Bramwell procurou demonstrar que
essa maneira de ver freqüentemente era usada como desculpa para explicar a ausência
da vida e do poder de Deus. Se bem que alguns pregadores tenham dom especial para
confortar e edificar os crentes, contudo, os verdadeiros servos de Cristo, aqueles a
quem Ele mandou para a vinha, podiam fazer todo o tipo de trabalho. Podiam arar,
cavar, plantar, semear, aguar, etc., e ele insistia com ênfase a fim de que os pregadores
não se satisfizessem sem ver os frutos do seu trabalho, no despertamento e na
conversão de pecadores”.
“O fortalecimento dos crentes na sua Fé, por mais Santa que fosse, era o objetivo
principal do ministério de Smith; entretanto ele nunca encarou esta espécie de trabalho
como eficiente se seus resultados não se manifestassem na conversão de pecadores”. —
Vida de John Smith.
“Todo aquele zelo ardoroso e esforço de acordo com as escrituras que anseia pela
conversão de pecadores, também edifica os crentes com perfeição”. — Vida de John
Smith.
O trabalho entre os crentes em si mesmo não basta.
Não importa o grau de espiritualidade pretendido por uma igreja. Se as almas não se
salvam em seu seio é porque há alguma coisa radicalmente errada e a pretendida
espiritualidade não passa de uma experiência falsa, de uma ilusão do diabo. Os que se
contentam em se reunir simplesmente para passarem uma hora agradável estão longe
de Deus. A verdadeira espiritualidade sempre traz resultados. Com ela coexistem o
anseio e o amor pelas almas. Já estivemos em lugares que se jactavam de ser
profundamente espirituais e muitas vezes descobrimos que tudo o que aí se passava
dizia respeito só à cabeça, nada havendo que alcançasse o coração. Não raro esses
lugares coincidiam com a presença de pecados que não eram confessados. “Tinham
uma espécie de Piedade, mas, negavam o seu poder”. Como tudo isso é patético!
Desafiemos, portanto, nossa espiritualidade e indaguemos sobre o que é que ela está
produzindo. Jamais se produzirá um reavivamento entre ímpios, que satisfaça a Deus, se
não houver operação do poder que produz conversões.

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CAPÍTULO 3
ANGÚSTIA PELAS ALMAS

Em Isaías 66:8, lemos estas palavras: “… Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos.”
Estas palavras dão idéia da realidade mais fundamental no trabalho de Deus.
Perguntemos logo de início se é possível a uma criança vir ao mundo por parto natural
sem que a mãe experimente dores. Não. Sem trabalho de parto não pode haver
nascimento natural. Não obstante, no reino espiritual há muitos que esperam o que não
é possível. Ah! Meus irmãos, nada, absolutamente nada menos que um sofrimento
comparável ao de um parto, pode-se esperar para que haja o nascimento dos filhos
espirituais! Finney, por exemplo, conta-nos que quando intercedia junto a Deus em
favor de uma alma perdida sua agonia era tão grande que não podia articular uma
palavra, tendo que expressar seu pedido gemendo e chorando. Esse o verdadeiro
trabalho.
Podemos fazer tudo por uma criança que está prestes a se asfixiar e nada por uma alma
que perece? Não é difícil chorar quando vemos o pequenino que vai definhando e
desaparecendo e a quem vemos pela última vez. Nesses casos a nossa angústia é
espontânea. Não é difícil que a agonia se apodere de nós, ao contemplarmos o caixão
contendo o corpo daquele pequeno ente que era tudo quanto amávamos e que agora
vai ser arrancado do nosso lar. Ah, não! Nesses momentos as lágrimas são as coisas
mais naturais do mundo! Entretanto, sabermos e compreendermos que almas eternas e
preciosas estão perecendo a nosso redor, a caminho das trevas e do desespero,
perdidas para sempre, e não sentirmos angústia, não derramarmos lágrimas, não
sofremos com isso… Não é abominável? Come é pouco o que conhecemos da
compaixão de Jesus! Deus pode nos conceder essa forma de sensibilidade, e se não a
temos a culpa é nossa.
Como vos lembrais, Jacó lutou até prevalecer. E, no entanto, quem é que está fazendo
como ele em nossos dias? Quem é que está agonizando em oração ? Quantos, mesmo
entre os nossos guias cristãos mais espirituais, estão contentes por gastarem meia hora
por dia sobre seus joelhos, orgulhando-se do tempo que consagram a Deus?! Sim.
Esperamos resultados incomuns e os resultados incomuns são inteiramente possíveis;
sinais e prodígios poderão seguir-se, porem somente por meio de esforços incomuns
no reino espiritual. Assim sendo nada menos que a intercessão agonizante e contínua
em favor de almas, nada menos que horas seguidas de suplicas, dias e noites de oração
ininterrupta poderá dar resultados. Portanto. “Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes;
gemei ministros do altar; entrai e passai, vestidos de sacos, durante a noite, ministros do
meu Deus; porque a oferta de manjares e a libação cortadas foram da casa de vosso
Deus. Santificai um jejum, apregoai um dia de proibição, congregai os anciãos, e todos
os moradores desta terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor.” (Joel
1:13-14.) Ah, sim, Joel sabia o segredo. Coloquemos então tudo de lado, e “clamemos
ao Senhor”.
“Nas biografias dos nossos antepassados que eram muito mais eficientes do que nós
em ganhar almas, lê-se que eles costumavam orar secretamente durante horas. E assim
surge a pergunta: Será que nós conseguiremos os mesmos resultados sem seguir o seu
exemplo? Se for possível, então, provemos ao mundo que encontramos um método

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melhor; mas se “for impossível, então, em nome de Deus, principiemos a imitar aqueles
que pela fé e paciência obtinham as promessas. Nossos antepassados choravam,
oravam e sentiam agonia diante do Senhor, suplicando que os pecadores fossem salvos
e não descansavam enquanto estes não fossem tocados pela Espada da Palavra de
Deus. Era esse o segredo do seu êxito portentoso; quando as coisas esmoreciam e não
progrediam, eles lutavam em oração enquanto Deus não derramasse o Seu Espírito
sobre o povo e os pecadores não se convertessem”. (Do livro — “Para aqueles que
buscam”.)
Todos os homens de Deus tornaram-se homens poderosos na oração. Dizem-nos que,
na China, o sol nunca se levantou sem encontrar Hudson Taylor sobre os joelhos, em
oração. Não é de admirar que a Missão do Interior da China tenha sido tão
admiravelmente usada por Deus!
A conversão é a operação do Espírito Santo e a oração é a forca que garante essa
operação. As almas não são salvas pelos homens, mas por Deus, e, uma vez que Deus
atua em resposta à oração, não podemos deixar de seguir o plano divino. A oração põe
em movimento o braço que move o mundo.
A oração que prevalece não é fácil. Só aqueles que lutaram contra as das trevas sabem
como ela é difícil. Paulo diz que “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas
contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século,
contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12). Também
é Paulo quem declara que quando o Espírito Santo intercede por nós, Ele o faz com
“gemidos inexprimíveis” (Romanos 8:26).
Como são poucos os que encontram tempo para orar! Há tempo para tudo o mais,
tempo para dormir e comer, tempo para ler o jornal e a novela, tempo para visitar
amigos, tempo para tudo o que há debaixo do sol — só não há tempo para orar, a mais
importante de todas as coisas, o único esforço que é essencial na vida!
Consideremos o caso de Suzana Wesley que, apesar de ter dezenove filhos, encontrava
tempo para se fechar em seu quarto durante uma hora inteira de oração, diariamente,
ficando a sós com Deus. Afirmo-vos, meus amigos, que não é tanto questão de se
arranjar tempo, como é de se fazer o tempo. Se nós quisermos faremos o tempo que for
preciso.
Os apóstolos consideravam esse assunto tão importante que não organizavam horários
para essa atividade, mas diziam: “… nós perseveraremos na oração e no ministério da
palavra”. (Atos 6:4)
Contudo, como são numerosos os ministros sobrecarregados com o lado financeiro do
trabalho, e como é grande o número de oficiais de igreja que deixam tal encargo aos
ministros! Não admira que nos tempos que correm o trabalho espiritual seja tão
insignificante!
“E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a
Deus”, (Lucas 6:12). Eis o que está registrado a respeito do Filho de Deus; se era preciso
que Ele fizesse isso, quanto mais nós! Consideremos bem: “passou a noite em oração.”
Quantas vezes seria possível dizer-se a mesma coisa a nosso respeito? Daí a Sua força!
Daí a nossa fraqueza!

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Com que frequência os profetas do passado insistem sobre a vida de oração! Ouçamos
Isaías quando exclama: “… ó vós, os que fazeis menção do Senhor, não haja silêncio em
vós. Nem estejais em silêncio, até que confirme, e até que ponha a Jerusalém por
louvor na terra.” (Isaías 62:6-7).
“Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa
a teu povo, ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao opróbrio, para que as nações
façam escárnio dele; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?” (Joel 1:17)
E eles não se limitavam a insistir sobre a oração, mas eles mesmos oravam. Daniel diz:
“E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para O buscar com oração e rogos, com jejum,
e saco e cinza. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei…” (Daniel 9:3-4). Esdras também
manejou a mesma arma poderosa em todas as ocasiões difíceis. “… E me pus de
joelhos”, diz ele, “e estendi as minhas mãos para o Senhor meu Deus.” (Esdras 9:5).
Segue-se então a sua oração mais notável. Neemias empregava o mesmo método. “E
sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei”, disse ele, “e lamentei
por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos Céus.” (Neemias 1:4).
Tal era também a prática da Igreja Primitiva. Quando Pedro estava na prisão, afirma-se
que “a Igreja fazia contínua oração por ele a Deus” e “muitos estavam reunidos e
oravam”.
Agora, para concluir, vejamos o arquivo em que se registra a maneira como Deus tratou
Seus servos honrados, e ouçamos o que Eles nos dizem sobre o segredo dos
resultados. E oxalá que Ele também coloque sobre nós o mesmo fardo da oração e da
súplica que Ele colocou sobre esses gigantes espirituais, concedendo-lhes tão grande
trabalho.
“Toda a noite anterior do dia 21 de junho de 1630, John Livingstone a empregou
orando, sendo designado para pregar no dia seguinte. Depois de ter falado durante
uma hora e meia algumas gotas de chuva iam atrapalhando o povo, mas Livingstone
lhes perguntou se já tinham algum abrigo para se refugiarem da tempestade da ira de
Deus e continuou a pregar por mais uma hora. Houve cerca de 500 sermões naquele
lugar.” (Do livro — Livingstone, de Shotts)
“Conheci um ministro que teve um reavivamento durante catorze invernos consecutivos.
Eu não conseguia explicar como isso fora possível, até o dia em que vi um dos seus
companheiros levantar-se numa reunião de oração e fazer uma confissão. “Irmãos”,
disse ele, “há muito tempo tenho o hábito de orar os sábados à noite até a madrugada,
pedindo a descida do Espírito Santo sobre nós. E, agora, irmãos”, e ele começou a
chorar, “confesso que negligenciei nesse esforço durante duas ou três semanas. O
segredo estava exposto. Aquele ministro tinha uma igreja que orava.” (C. G. Finney)
“Oração eficiente ou que prevalece é a oração que alcança as bênçãos procuradas. É
aquela oração que de fato comove a Deus. A idéia de oração profícua é a da “oração
que tem efeito sobre seus objetivos”. (C. G. Finney)
“Em certa cidade durante muitos anos não tinha havido reavivamento; a Igreja estava
quase extinta; a mocidade não era convertida e a desolação persistia inquebrantável.
Num subúrbio da cidade vivia um velho ferreiro que gaguejava tanto ao falar que era
penoso ouvi-lo. Numa sexta-feira, estando a trabalhar só em sua oficina, seu
pensamento ficou profundamente impressionado com o estado da Igreja e dos

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impenitentes que a freqüentavam. Sua agonia foi tão intensa que foi induzido a deixar
de lado o trabalho, trancar a porta e gastar aquela tarde em oração.
Ele prevaleceu e no dia seguinte, que era sábado, procurou o ministro, desejoso de que
este convocasse uma série de conferências. Depois de hesitar, o ministro concordou,
dizendo, contudo, que receava que não houvesse assistência. Ele marcou-a para a
mesma noite numa casa particular. Ao anoitecer a casa estava repleta. Durante algum
tempo todos ficaram silenciosos, mas não tardou que um pecador rompesse em
lágrimas, pedindo que todos os que pudessem orar orassem em seu favor. Seguiu-se
outro, outro, mais, e outro ainda, até se perceber que pessoas de diferentes partes da
cidade estavam tomadas por um senso profundo de convicção de seus pecados. E o
mais notável de tudo era o fato de todos eles indicarem que principiaram a se
convencer de seus pecados exatamente na hora em que o velho estivera orando em
sua oficina. Seguiu-se um Reavivamento poderoso. E assim prevaleceu este velho que
gaguejava e que como um príncipe desfrutava de grande poder vindo de Deus”. (C. G.
Finney)
“Hoje intercedi junto a Deus durante várias horas dentro da mata, tendo em vista a
salvação de almas. Ele mas dará. Conheço o indício de que Ele mas dará. Sei que nesta
noite eu as terei. Confio que a vossa será uma delas. Veio a noite e, com ela, um poder
como nunca senti. Por toda a igreja havia pedidos de misericórdia em altas súplicas.
Antes de terminar o sermão, eu e muitos outros ficamos de joelhos para rogar que
houvesse salvação.” (Um dos Convertidos de T. Collins)
“Fui para o meu retiro solitário entre os rochedos e chorei muito enquanto pedia a Deus
que me desse almas”. (T. Collins)
“Empreguei a sexta-feira jejuando, meditando e pedindo auxílio para o trabalho do
domingo. Mais ou menos no meio do sermão um homem gritou; diante disso minha
alma parece ter fugido. Caí sobre meus joelhos em oração e não pude continuar a
pregar por causa das súplicas e lágrimas que se ouviam por toda a capela.
Continuamos intercedendo e houve salvação.” (T. Collins)
“Ele se entregou à oração. O local era representado ora pelas matas, ora pelas estradas
ermas. Nesses exercícios o tempo passava rapidamente. Nos lugares solitários ele
parava para orar, e o Céu parecia vir a ele, de modo que as horas corriam sem que ele
as percebesse. Fortalecido pelo poder desses batismos, tornou-se ousado em
apresentar a cruz e desejoso de carregá-la”. (Vida de T. Collins)
“Fui tomado por profunda agonia. Ao voltar para meu quarto, sentia-me desfalecer
como que sob o peso de um grande fardo que estava em meu pensamento; continuei
lutando e gemendo em agonia, sem poder expressar a Deus com palavras aquilo que
eu desejava; gemer e derramar lágrimas era o que eu fazia. O espírito lutava dentro de
mim com gemidos inexprimíveis” (C. G. Finney)
“Propus que fizéssemos um concerto íntimo de oração, pedindo pelo reavivamento do
trabalho de Deus; que orássemos ao amanhecer, ao meio-dia e ao anoitecer, em nossos
quartos, durante uma semana, depois disso devíamo-nos reunir para vermos o que
deveria ser feito. Não foi usado nenhum outro meio para o reavivamento do trabalho de
Deus. O espírito de oração, porém, derramou-se poderosamente sobre os jovens
convertidos. Antes de terminar a semana soube que alguns deles, quando procuravam

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tomar parte neste esforço de oração, perdiam completamente as forças, incapazes de
ficar de pé, ou mesmo de se manter ajoelhados em seus quartos; que alguns se
prostravam sobre o solo e oravam com gemidos inexprimíveis em favor do
derramamento do Espírito de Deus. O Espírito foi derramado e em menos de uma
semana. Todas as reuniões estavam repletas. Havia tanto interesse religioso como
sempre houve em qualquer época de reavivamento.” (C. G. Finney)
“Vi-o muitas vezes descer para o andar térreo, pela manhã, depois de passar várias
horas em oração, tendo os olhos tumefatos por ter chorado. Não tardava em se explicar,
dizendo: Estou com o coração quebrantado; sim, um infeliz; não por mim, mas por
causa dos outros. Deus me concedeu uma visão do grande valor das almas preciosas, e
eu não poderei viver enquanto não vir que elas se salvam. Qh! Dá-me almas ou eu
morro”. (Vida de John Smith)
“Deus permitiu que agonizasse em oração, tendo eu ficado banhado em suor, apesar
de estar na sombra e exposto a um vento frio. Minha alma afastou-se muito deste
mundo, pedindo em favor de multidões de almas.” (David Brainerd)
“Pelo meio da tarde Deus permitiu que eu lutasse intercedendo em favor de meus
amigos e, à noite daquele mesmo dia, o Senhor visitou-me de modo maravilhoso
quando eu orava. Penso que minha alma anteriormente nunca experimentara tanta
agonia. Não senti o menor constrangimento; os tesouros da graça Divina tinham-se
aberto e posto à minha disposição. Lutei em favor de meus amigos, para as conquistas
de almas, em favor das multidões de almas que me pareciam tão pobres e em favor de
muitas pessoas das mais diversas localidades, que eu pensava fossem filhos de Deus.
Desde meia hora depois do meio-dia até o anoitecer, fui tomado por tão grande agonia
que transpirei abundantemente.” (David Brainerd)
“Retirei-me para orar, esperando receber força do alto. Durante a oração senti-me
excessivamente elevado e minha alma tão transportada como nunca me lembro de tê-la
sentido em minha vida. Meu estado era tão angustioso e eu suplicava com tanta
insistência e anseio de alma que ao me levantar senti meus joelhos extremamente
fracos e vencidos. Dificilmente consegui andar; minhas articulações pareciam desfeitas;
o corpo parecia dissolver-se.” (David Brainerd)
“A oração precisa levar nosso trabalho para adiante, assim como a pregação. Aquele
que não ora com todo o coração para o seu povo, não lhes pode pregar com o coração.
Se não prevalecermos diante de Deus rogando que lhes conceda o arrependimento e a
fé, é pouco provável que prevaleçamos perante eles para que se arrependam e creiam.
Paulo dá-nos com frequência esse exemplo, orando dia e noite em favor de seus ou-
vintes.” (Richard Baxter)
“Diversos membros da igreja de Jonathan Edwards passavam a noite toda em oração
antes de ele pregar o sermão, memorável sermão, intitulado: “Os Pecadores nas Mãos
de um Deus Irado”. O Espírito Santo se derramou tão poderosamente e Deus
manifestou Sua santidade e majestade durante a pregação daquele sermão, de tal
modo que os anciãos lançaram seus braços ao redor das colunas da igreja, gritando:
“Salva-nos, Senhor, pois, estamos escorregando para o inferno!”
“Quase todas as noites havia tremor entre o povo; e eu vi cerca de vinte pessoas postas
em liberdade. Creio que devia ver muito mais, porém não encontrei ainda os que lutam

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com Deus. Em dois ou três lugares ouvimos exclamações pedindo por misericórdia,
tendo alguns ficado em estado de profundo desespero”. (G. Bramwell)
“Nos locais em que os resultados desejados não se seguiam ao seu ministério, ele
passava dias e noites em oração constante, de joelhos, chorando e intercedendo
perante Deus; especialmente deplorando a própria deficiência para o grande trabalho
de salvar almas. Por vezes, era literalmente tomado de agonia para que as almas
nascessem, até ver Cristo magnificado na salvação daqueles em favor dos quais
suplicava”. (Vida de John Smith)
“Se gastardes várias horas em oração diária, haveis de ver grandes coisas”. (John
Nelson).
“Estabeleceu a regra de se levantar cerca da meia-noite e ficar acordado até as duas
para orar e falar com Deus; depois dormia até as quatro, quando se levantava
regularmente.” (Vida de John Nelson)
“Seja constante em instar em oração. Estudo, livros, eloqüência, belos sermões não são
nada sem oração. A oração traz o espírito, a vida, o poder”. (Memória sobre David
Stoner)
“Acho necessário começar às cinco da manhã e orar em todas as ocasiões até dez ou
onze da noite.” (G. Bramwell)
Mas será preciso ir à busca daqueles homens de Deus e tão poderosos do passado?
Será que hoje não existe alguém que peça a Deus para pôr o fardo seus ombros? Será
que nesta geração, mesmo, não conseguiremos um reavivamento em resposta ao
trabalho fiel e confiante da oração que prevalece? Seja esta, então, a nossa súplica:
“Ensina-nos, Senhor, como orar e não a orar”.

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CAPÍTULO 4
A CONCESSÃO DO PODER

Espírito Santo é capaz de fazer a Palavra tão poderosa nos dias de hoje como o fazia no
tempo dos apóstolos. Pode trazer almas a Cristo às centenas e aos milhares, como de
uma em uma ou de duas em duas. A razão de não sermos tão prósperos no trabalho é
que não temos o Espírito Santo na plenitude de Sua força e de Seu poder como
acontecia nos tempos primitivos.
“Se tivéssemos o selo do Espírito em nosso ministério, com o Seu poder, os nossos
talentos pouco importariam. Os homens poderiam ser pobres e indoutos, suas palavras
poderiam ser difíceis ou desprovidas de gramática; se a força do Espírito as
acompanhasse, o mais humilde evangelista poderia ser mais eficiente que os mais
eruditos teólogos ou do que os pregadores mais eloqüentes.
É o poder extraordinário de Deus, e não o talento, que ganha o dia. É a unção
extraordinária do Espírito, e não a capacidade mental fora do comum, o que carecemos.
O poder mental pode atrair congregações enormes, porém, é o poder espiritual que
salva. O que precisamos é de poder espiritual (C. H. Spurgeon)
“Se o Espírito estiver faltando poderá haver palavras sábias, porém, sem a sabedoria de
Deus, poderá haver o poder da oratória, mas não o poder de Deus; a argumentação
que procura demonstrar é a lógica da escolástica, nunca, porém, a demonstração do
Espírito Santo, nem a lógica irresistível como a que convenceu Paulo à porta da cidade
de Damasco. Ao ser derramado o Espírito, os discípulos foram revestidos com o poder
do alto, e as línguas menos doutas podiam fazer calar os mais céticos, removendo os
maiores obstáculos, do mesmo modo que as matas seculares são arrasadas pelas
chamas levadas pelos ventos impetuosos”. (Artur T. Pierson)
“Os ministros do Evangelho precisam ter este poder do Espírito Santo, porque de outro
modo não serão suficientes com os seus próprios recursos para o ministério. Pois
ninguém com as suas próprias possibilidades naturais, com a sua educação e com os
seus conhecimentos se basta para o trabalho do ministério. Só o poder do Espírito
Santo é o que importa; enquanto não dispuser dessa força, apesar de todas as suas
realizações, o ministro será totalmente insuficiente. Foi por isso que até os próprios
apóstolos tiveram de se manter em silencio, enquanto não lhes fosse concedido o
poder; por isso, tiveram de esperar em Jerusalém, até receberem a promessa do
Espírito, sem abrir a boca para pregar”.
“Se não possuírem esse poder do Espírito Santo, não disporão de força alguma. E,
assim, vendo que os ministros do Evangelho não recebem poder daqui de baixo, é
absolutamente indispensável que obtenham o poder do alto; vendo que nada vale o
poder carnal, vendo que é necessário que disponham de poder espiritual; vendo que
não adiantam os recursos da terra e dos homens, é preciso que tenham o poder do céu
e de Deus; isto é, que o poder do Espírito Santo desça sobre eles, se não for assim não
terão força alguma”. (G. Dell)
Quem é que hoje em dia tem a Unção? Quem é que a experimentou? Ela é prometida,
é indispensável e, no entanto, nós nos esforçamos sem ela, trabalhando na carne, como
os discípulos trabalharam toda a noite com as redes sem nada apanhar! É isso que
acontecerá conosco. Uma única hora de esforço com o Espírito conseguirá muito mais

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do que um ano de esforço baseado na carne. E o fruto obtido com o Espírito
permanecerá.
“O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita” (João 6:63). “… o que é nascido
do Espírito é espírito.” (João 3:6). São os frutos do Espírito que carecemos, ouro puro,
sem liga, e nada mais. Não o inacabado, mas o artigo genuíno que resiste à prova do
tempo e da eternidade; aquele tipo que se encontra tanto nas reuniões de oração
como nas reuniões de domingo. É esta a qualidade de fruto que estamos produzindo?
Está havendo convicção, e as almas que a experimentam estão sentindo a liberdade
gloriosa que caracteriza os filhos de Deus?
Mas, será que já tivemos a Concessão do Poder? Não estou perguntando se já
“clamamos por isso”, mas, se de fato, já a experimentamos. Se não virmos os resultados,
podemos dizer que ainda não tivemos. Se estivermos repletos do Espírito, os frutos do
Espírito Santo manifestar-se-ão. As criaturas humanas ficarão quebrantadas em nossas
reuniões, soluçando por causa de seus pecados, diante de Deus. Procuremos os frutos
se quisermos crer na unção. “Recebereis poder”. E quando Pedro o recebeu três mil
almas se salvaram. O mesmo se deu com John Smith, Samuel Morris, C. G. Finney e
outros. Houve frutos. O sinal é esse e é essa a prova, e somente essa. Se eu for um
homem de Deus, dotado com o poder do alto, as almas ficarão quebrantadas, quando
eu pregar; se eu não for, nada mais ocorrerá, além do que é ordinário.    Que essa seja a
prova para o pregador. Com isso nós permaneceremos firmes ou cairemos.
“Fui poderosamente convertido, na manhã de 10 de outubro de 1821”, escreve C. G.
Finney. “A noite, desse mesmo dia, recebi o batismo arrebatador do Espírito Santo, o
qual me deu a impressão de ter atravessado o meu corpo e a minha alma.
Imediatamente me senti possuidor de tal poder vindo do alto que poucas palavras aqui
e ali, pronunciadas para pessoas que eu encontrava, era o bastante para produzirem
sua conversão imediata. Minhas palavras pareciam atravessar as almas e nelas se
fixarem como setas providas de farpas. Cortavam como espada. Parecia que
despedaçavam o coração como o martelo despedaça as pedras. Esse fato pode ser
atestado por multidões. Muitas vezes, uma palavra proferida, sem que dela eu me
lembrasse depois, ia produzir convicção e freqüentemente conversão quase imediata.
Algumas vezes eu me senti bastante desprovido deste poder e quando eu falava não
produzia impressões que salvassem. Exortava e orava, com os mesmos resultados.
Então, separava um dia para fazer em secreto um jejum acompanhado de oração,
temendo que este poder me tivesse deixado, eu indagava cuidadosamente sobre a
razão desse vácuo aparente. Depois de me humilhar e de chorar pedindo auxílio, o
poder voltava sobre mim com toda a sua frescura e pujança. Foi essa a experiência da
minha vida.
“Este poder é uma grande maravilha. Muitas vezes vi pessoas que eram incapazes de
suportar a Palavra. As afirmações mais simples e comuns tirariam homens de seus
lugares como se fossem espadas, tirariam sua força, fazendo-os ficar completamente
largados e como mortos. Várias vezes em minha existência não me foi possível proferir
uma só palavra ao ter de orar ou de exortar, a não ser com voz fraquíssima. Esse poder
às vezes parece espalhar-se pelo ambiente daquele que está tomado por essa força.
Muitas vezes, numa comunidade, muitas pessoas ficarão revestidas por este poder, en-

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quanto que a atmosfera do lugar, onde estão, parece carregada com a vida de Deus.
Pessoas de fora, entrando nesse ambiente, ficam repentinamente tomadas pela con-
vicção de pecado e em muitos casos convertidas a Cristo. Quando os cristãos se
humilham e se consagram de novo a Cristo, e pedem esse poder, recebem tal batismo
que se tornam instrumentos para a conversão de maior numero de almas, num só dia,
do que em toda a sua vida. Enquanto os cristãos se humilham o quanto é necessário
para manterem este poder, o trabalho de conversão prossegue até que comunidades e
regiões inteiras do país se convertam a Cristo. O mesmo se pode dizer em relação ao
ministério.
Onde está àquela angústia de almas dos dias passados, a consciência ferida, as noites
sem sono, os gemidos e os gritos, a terrível convicção de pecado, os soluços e as
lágrimas dos perdidos? Permita Deus que possamos ver as mesmas coisas nesta
geração!
E de quem é a culpa? Do povo! Será que é a sua dureza de coração? Será aí que está a
causa? Não, meus irmãos, a falta é nossa: nós é que somos culpados. Se fôssemos o
que deveríamos ser, os mesmos sinais se manifestariam como nos dias do passado. Se
fôssemos o que deveríamos ser, todo o nosso fracasso, todo o sermão que, não
prostrasse o povo sobre seus joelhos, nos levaria a prostrarmo-nos para sondar
cuidadosamente o nosso coração e para nos humilharmos. Não nos queixemos nunca
do povo. Se nossas igrejas são frias e não reagem, é porque nós é que somos frios.  Tal
pastor tal povo.
Quantos são aqueles que foram roubados do seu testemunho ou que jamais
conheceram o poder do Espírito Santo em seu trabalho! Seu serviço é ineficiente e seu
testemunho nulo vazio realizando pouco para Deus. Sim, movem-se de um lado para
outro e às vezes chegam a ser muito ativos, mas toda essa energia é da carne e não se
segue de resultados espirituais. As almas não são salvas nem os crentes edificados e
fortalecidos na Fé. Sua pregação não produz fruto e seu Ministério é um fracasso
fantástico. Que experiência desconcertante!
Mas, graças a Deus, é preciso que seja assim, pois está escrito “Recebereis poder”. É
isso que nos foi prometido e a ordem de Deus é esta: “Esperai até que vos seja
concedido o poder do Alto”. A passagem em Atos 1:8 diz assim: “Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós”. Assim é que a unção ou Concessão
de Poder, constitui àquela experiência que resulta da vinda do Espírito Santo sobre o
crente para o serviço.
Tal unção só será recebida mediante as agonias da oração intensa e profunda. Serão as
noites e os dias de oração ansiosa pelas almas humanas, as horas sem conta de
intercessão que encontramos na vida de David Brainerd, as lutas poderosas contra as
forças espirituais das trevas, que fazem o corpo ficar banhado em suor, como era tão
comum na vida de John Smith – eis alguma coisa que vai muita além, do ensino de hoje.
Eis o que constitui o único recurso que produzirá fruto e que fará o trabalho de que
estamos falando.
É graças a estas horas de oração, que prevalece, que prosseguimos para o trabalho da
Unção, manejando a espada do Espírito com efeito mortal sobre o pecado. O segredo é
a oração. Não há substituto. Para cada serviço deve haver um tipo de Unção. Não é

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meramente “questão de alguém se entregar e crer. Ah, não! Os resultados
sobrenaturais e maravilhosos não são conseguidos tão facilmente. Custam e custam
tremendamente.
Perseveremos unânimes em oração e súplica. Oração ansiosa, unânimes em orarão,
oração perseverante, eis as condições; com estas condições preenchidas, nós também
receberemos o Poder do Alto. Nunca deveríamos esperar que o Poder caísse sobre nós
apenas porque uma vez aconteceu de despertarmos e de o pedirmos. Do mesmo
modo nenhuma comunidade cristã tem o direito de esperar uma grande manifestação
do Espírito, se os seus membros não estiverem todos prontos para se unirem unânimes
na oração, esperando e pedindo, considerando esse o dever de cada um.
Só seremos dotados com o Fogo Sagrado, esperando diante do trono dá graça. Aquele
que espera cheio de fé por um tempo suficientemente longo, ficará aquecido por esse
fogo e sairá dessa comunhão com Deus, trazendo os sinais do local onde esteve. O
crente individualmente e sobretudo todo aquele que trabalha na vinha do Senhor, só
adquire este poder espiritual pelo batismo, quando permanece secretamente no trono
de Deus.
“Se tu quiseres ter tua alma saturada com o Fogo de Deus, de modo que os que se
aproximarem de ti sintam alguma influência misteriosa irradiada pela Sua presença, é
necessário que te aproximes da fonte de onde emana esse Fogo, do trono de Deus e
do Cordeiro, afastando-te do mundo gélido que tão suavemente faz esse Fogo se ex-
tinguir. Entra no teu quarto, fecha a tua porta e, aí, a sós diante do trono, espera pelo
Batismo. E então o fogo descerá sobre ti e quando saíres estarás provido com o Santo
Poder, para trabalhares não com tuas próprias forças, mas na demonstração do Espírito
e do Poder.” – G. Arthur
Muitos existem que, baseados numa experiência falsa, pensam que têm a Unção,
quando na verdade não a têm. A única coisa que posso dizer é que o sinal, a prova
dessa Unção, não existe. Se de fato a tivessem, com eles aconteceria o mesmo que
testemunharam aqueles que foram verdadeiramente ungidos. Se todos os pretensos
Batismos e Recebimentos do Espírito Santo de que se tem notícia em convenções
modernas fossem reais, todo o país estaria em fogo. Não. Se apenas um homem ou
uma mulher recebesse a unção, as cidades e vilas a seu redor, num perímetro de muitos
quilômetros, poderiam ser tomadas por um poderoso reavivamento e milhares
haveriam de ser trazidos à convicção de seus pecados, suplicando com lágrimas pela
misericórdia de Deus. A prova da unção é o resultado. O sinal de que o espírito de Elias
caira sobre Eliseu foi o fato desse ultimo ter feito as águas do Jordão se dividirem
quando as tocou.
“Por que é tão difícil de obter?” Perguntareis. Porque Deus não derrama o Seu Espírito
sobre a carne. É preciso que primeiro Ele faça o Seu trabalho em nós e isso geralmente
requer tempo, uma vez que nós não deixamos que Ele faça em nós aquilo que Ele quer.
A preciosidade do nosso próprio nome, o amor e o louvor que almejamos, ou outro
obstáculo pecaminoso, bloqueiam a cada passo a nossa natureza, impedindo a atuação
de Deus. Ele não nos pode humilhar.    Ele seria incapaz de despedaçar os nossos
corações porque não nos entregamos.

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Talvez seja porque Ele não nos pode confiar uma honra tão grande. Ele sabe que nós
naufragaríamos com ela. Como são dolorosos os incidentes havidos com certos
homens e mulheres usados em certos reavivamentos, os quais, sob a Unção do Espírito,
trouxeram centenas de almas para Deus e que depois perderam essa bênção tão
propícia, trabalhando apenas na carne e assim conseguindo tão pouco ou não
conseguindo nada. É que eles se consideraram demasiadamente grandes, ficaram
cheios de si mesmos, e se deixaram tomar pelo orgulho, consentindo que algum
pecado se apoderasse deles. Com isso o Espírito Santo se afastou magoado, e, como
Sansão viram-se destituídos de sua forca. Antes houve épocas em que, quando
pregavam, as almas clamavam chorando a implorar misericórdia, tomadas de convicção
profunda. Agora, rogam, insistem; as reuniões são frias e mortas, sendo reduzido o
número dos que respondem ao seu apelo, e estes não são frutos do Espírito Santo.
Resta-nos apenas incluir o testemunho de alguns que receberam a Concessão do Poder
para nos convencermos da realidade dessa experiência. Se Deus concedeu essa dádiva
a uma dúzia de pessoas, Ele o poderá conceder a todos.
“Durante trinta anos”, escreve Evan Roberts, “orei pedindo o espírito; e este foi o
caminho que me levou a pedir. G. Davis, disse uma noite em nossa sociedade: “Lembre-
se de ser fiel. O que seria se o Espírito descesse e você estivesse ausente? Lembre-se
de Tomé! Que perda grande!”
Nessa ocasião eu disse a mim mesmo:” Eu terei o Espírito”. E fizesse o tempo que
fizesse, houvesse a dificuldade que houvesse, assistia a todas as reuniões. Muitas vezes
vendo outros com seus barcos na água, eu me sentia tentado a unir-me a eles. Mas, não.
Dizia a mim mesmo: ”Lembre-se do que você resolveu”. E assim eu prosseguia. Durante
dez ou onze anos inteiros assisti a todas as reuniões de oração pedindo em favor de um
reavivamento. Era o Espírito que me fazia pensar e agir assim”.
Em certa manhã, numa reunião a que Evan Roberts assistia, o evangelista numa de suas
petições rogou que o Senhor “nos prostrasse”. Parecia que o Espírito dizia a Roberts: “É
isso que você precisa, prostrar-se”. E, assim, ele descreve sua experiência: “Senti uma
força viva que chegava a meu íntimo. Esta crescia cada vez mais e parecia que ia
explodir. Sentia que qualquer coisa dentro de mim parecia ferver. E, de fato, o que
estava em ebulição dentro de mim era o versículo: “Deus recomenda o Seu amor”. Caí,
então, sobre os joelhos com os braços apoiados no banco que ficava à minha frente,
enquanto lágrimas e gotas de suor corriam livremente. Parecia-me estar vertendo
sangue. Alguns amigos se aproximaram dele para enxugar seu rosto. Enquanto isso, ele
exclama: ”Ó Senhor, prostra-me! Prostra-me!” Repentinamente raiou a glória.
Roberts acrescenta: “Depois de me ter curvado, invadiu-me uma onda de paz e os
presentes cantaram o hino que diz: “Ouço Tua voz bendita”. Enquanto cantavam, eu
pensava na prostração do Dia de Juízo e me sentia tomado de grande compaixão por
aqueles que teriam de se prostrar naquele dia, e por isso eu chorava.”
“Daí por diante, conheci a necessidade de salvação das almas e esta começou a pesar
sobre mim como um fardo. Desde esse tempo fiquei inflamado com o desejo de
percorrer o País de Gales e, se fosse possível, eu pagaria a Deus o privilégio de me
permitir que eu fosse.”

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Tal foi à experiência de Evan Roberts, o instrumento honrado para o grande
reavivamento Welsch. Ouçamos agora os testemunhos de John Wesley e de Christmas
Evans.
“Cerca das três horas da madrugada, enquanto persistíamos em oração constante, o
poder de Deus veio poderosamente sobre nós, e de tal maneira que muitos choravam
de intensa alegria e muitos caíam no chão. Logo que nos restabelecemos um pouco da
surpresa e da admiração de que fomos tomados pela presença da Majestade de Deus,
começamos a cantar uníssonos o hino “Louvamos-Te, ó Deus”. — John “Wesley.
“Eu me sentia com o coração atribulado perante Cristo e Seu sacrifício e o trabalho do
Seu Espírito — tendo o coração frio, tanto no púlpito como na oração e no estudo. Há
quinze anos eu tinha sentido meu coração abrasado como o dos dois companheiros de
Jesus na entrada de Emaus.
“Em certo dia, do qual sempre me lembrarei, estava subindo a Cader Idris, quando senti
que devia orar, apesar de parecer que isso me seria difícil e não obstante as
preocupações temporais que preocupavam meu pensamento. Tendo começado a orar
em nome de Jesus, logo comecei como que a sentir as cadeias se desprendendo e a sé
amolecer aquela espécie de rigidez que se apoderava do meu coração, dando a
impressão que montanhas de gelo e de neve se dissolviam e derretiam dentro de mim.
”Isto fez nascer a confiança em minha alma sobre a promessa do Espírito Santo. Senti
toda a minha mente aliviada de um juízo enorme que a tomava e as lágrimas correram
copiosamente, obrigando a clamar para que Deus me visitasse com a Sua Graça,
restaurando as alegrias de minha salvação; pedindo que visitasse as igrejas dos santos
e os ministros que eu citava pelo nome.
“Esta luta continuou durante duas horas em surtos que se tornavam cada vez maiores,
como ondas que se sucedessem ou como uma inundação provocada por um vento
muito forte, a ponto de eu ficar prestes a desmaiar no meu clamor e no meu pranto.
Assim eu me entreguei inteiramente a Cristo, de corpo e alma, com os meus dons e
trabalhos — toda a minha vida — todos os dias e toda hora que me sobrasse; confiando
todos os meus cuidados a Cristo.
“Desde esse tempo pude esperar a bondade de Deus em favor das igrejas e em meu
favor. Nas primeiras reuniões que se seguiram, depois desse fato, senti-me como que
transportado das regiões frias e estéreis de uma geleira espiritual para os campos
viventes das promessas divinais. O primeiro esforço com Deus em oração e a
preocupação ansiosa pela conversão de pecadores, que eu havia sentido em Leyn,
estavam restaurados. Eu agora estava de posse das promessas de Deus.
”O resultado foi que, quando voltei para casa, a primeira coisa que prendeu minha
atenção foi o Espírito que estava operando contemporaneamente entre os irmãos de
Anglesea, induzindo-os à oração, especialmente dois diáconos que insistiam
continuamente com Deus, pedindo-lhe que nos visitasse em Sua misericórdia e tor-
nasse a Palavra de Sua graça eficiente na conversão de pecadores, entre nós.
“Agora, aparentemente fortalecidos como que por um espírito novo, com “o vigor do
homem interior”, ele se pôs a trabalhar com zelo e energia renovados, vendo bênçãos
novas e singulares a descer sobre seus labores. Em dois anos, dez lugares de Anglesea,

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onde ele pregava, foram aumentados para vinte e seiscentos convertidos acrescentados
à igreja que estava sob seus cuidados imediatos.” — Christmas Evans.
Que o Espírito bondoso Nos traga a celeste Unção!
E que o Todo Poderoso Encha o nosso coração.
A maior necessidade, Que nos vem fortalecer
É a unção que com bondade Deus irá nos conceder.
Nossas faltas confessemos Com franqueza e submissão
Na certeza que teremos As bênçãos da salvação.
Entreguemo-nos à prece Para termos o Poder.
Pois, preparação carece Quem boa obra quer fazer.
Então ao calvário aflito, Os pecadores irão.
E seus corações contritos Á graça de Deus terão!


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CAPÍTULO 5
CONVICÇÃO

Há uma coisa que sempre foi proeminente nos grandes Reavivamentos espirituais do
passado, a saber: uma convicção verdadeira e profunda de pecado. É esse um dos
elementos vitais que está faltando hoje em dia.
Como é desapontador o método empregado por uma grande parte do Evangelismo
atual. Como é razo e fictício quando comparado com o trabalho genuíno do Espírito!
Toda pressão, insistência e instância; o ficar de pé, o levantar a mão, o ato de vir para
frente, etc., todas essas demonstrações publicas, assim como são levadas a efeito nas
campanhas modernas, podem ser puramente carnais.
Isso não quer dizer que instar com os homens seja contrário às Escrituras. Praza a Deus
que não! É que quando não há convicção tudo isso é inútil. O Evangelismo moderno
com sua irreverência, com a sua linguagem de salão e com a frivolidade que entristece
o espírito, sem considerarmos o profissionalismo lamentável, não pode conduzir à
convicção de pecado, dando resultado espiritual.
Onde há convicção genuína de pecado, não há necessidade de instar, de insistir e de
fazer pressão com o poder da carne; os pecadores virão sem serem forçados; virão por
sentirem necessidade de vir. Aqueles que voltam para casa sem poderem dormir ou
comer, por terem uma convicção profunda de que são pecadores, não precisam de que
se insista com eles para procurarem alivio.
Na campanha moderna os evangelistas pedem ao povo que aceite Cristo e fazem bem.
Mas, se pudessem ver os pecadores pedindo a Deus que os aceitasse, seria melhor! O
povo, hoje, recebe a salvação com tanta frieza, formal e corriqueira, e com tanta
indiferença que dá a impressão de estar fazendo um favor a Deus ao receber o seu
oferecimento de redenção. O povo tem os olhos secos e o senso de seus pecados não
existe; não se vê o menor sinal de penitência nem de contrição. Consideram os que se
decidem que essa atitude revela varonilidade. Mas que engano! Se houvesse
convicção, se os que se convertem viessem com o coração humilhado! Sim, humilhado
e contrito, se viessem com o clamor próprio da alma carregada de culpas, dizendo:
“Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque sou pecador!” — se viessem tremendo com a
consciência diante da questão de vida ou morte, dizendo como o carcereiro de Filipos:
“Que é necessário para me salvar?” — que convertidos haveriam de ser!
Mas, em nosso Evangelismo do século vinte não é esse o caso. Os homens são instados
a se salvar antes de saberem que estão perdidos, a crer antes de se convencerem de
sua necessidade. O fruto é colhido antes de estar maduro e é claro que, assim, o
trabalho está sujeito a não ficar completo. Se quisermos colher os frutos do Espírito
Santo, é preciso que Deus prepare o terreno; o Espírito Santo pode convencer os
homens do pecado antes que eles creiam de verdade. É certo dizer ao povo para crer
quando Deus já operou em seu coração, porém é preciso que primeiramente sintam a
sua necessidade de crer.
Esperemos que o Espírito de Deus tenha feito Sua parte antes de dizermos: “Crê no
Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” Vejamos primeiramente os sinais de convicção, a
ponto de ele exclamar: “Que é necessário para que eu seja salvo?”; saberemos que ele
já está pronto para ser exortado a crer e exercitar a fé em Cristo, não antes.

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“Há um outro Evangelho, muito popular nos dias que correm e que parece excluir a
convicção de pecado e de arrependimento do plano de Salvação, exigindo apenas que
concorde intelectualmente com o fato de sua culpa e pecaminosidade, aceitando
também intelectualmente, como fato, a suficiência do sacrifício expiatório de Cristo.
Uma vez concedida essa aceitação, esse tipo de evangelismo manda que o pecador
volte em paz e se sinta feliz na certeza de que o Senhor Jesus já endireitou a situação
entre sua alma e Deus, clamando assim paz, paz, quando não há paz.
“As conversões fraquíssimas e falsas deste tipo podem ser uma das razões que levam
muitos a admitir que a profissão Cristã desonra a Deus e acarreta reprovação da Igreja
por falta de vidas consistentes, cheias de quedas e de recrudescências numa vida
mundana e de pecado. A recomendação de Deus deve ser exposta com toda a clareza.
“Pela lei é que vem a noção de pecado.” É preciso primeiro que o pecado seja sentido e
depois lamentado. É preciso que os pecadores se entristeçam antes de serem
confortados. A grande necessidade do momento são conversões verdadeiras.
Conversões como aquelas que haviam e que tornarão a haver quando a igreja sacudir
sua letargia, apoderar-se do poder de Deus! Fazendo baixar o antigo poder. Então,
como no passado os pecadores hão de desmaiar diante do terror da perdição eterna,” –
J. H. Lord
Seria o caso de chamar o médico antes de adoecermos? Porventura instamos com o
povo que se sente forte e bem disposto a que se apresse em recorrer ao médico?
Porventura o homem que está nadando sem dificuldade pede socorro ao que está na
praia para que o vá salvar? Certamente que não. Mas, deixe a doença chegar, logo que
sentirmos necessidade, o médico é chamado. Sabemos que carecemos de remédio.
Quando sentimos que vamos afundando e percebemos que nos estamos afogando,
então pedimos socorro. Ah! Como é grande a agonia quando vemos que vamos indo
para o fundo e percebemos que, se alguém não vier em nosso auxílio, pereceremos e
estaremos perdidos!
Assim também é com a alma que perece. Quando uma pessoa se convence de que está
perdida, grita com a angústia de seu coração: “Que hei de fazer para me salvar?”. Não
será preciso instar, nem insistir com ela; é questão de vida e morte para ela e ela fará
qualquer coisa para se salvar.
Vedes, assim, que não estou falando a respeito de campanha evangelística.
Freqüentemente esse serviço tem de ser feito individualmente e só assim. Mas neste
reavivamento — qual é a gloria que o caracteriza? Tudo, tudo de Deus? Não há lugar
para a honra do homem nesse caso. Enquanto se fizerem esses serviços evangelísticos
— como eles são diferentes! Grande excitação, muita exteriorização de alegria, vintenas
de convertidos citados e, depois, um resultado espúrio, um estado de coisas
inteiramente falso. Esta teoria de “aceitar Cristo“ sem convicção, essa crença só com a
cabeça, sem Novo Nascimento, sem a experiência do “Renascer”, que zombaria!
É desta falta de convicção que resulta o reavivamento espúrio, e o trabalho incompleto.
Uma coisa é levantar a mão e assinar um cartão e outra coisa muito diferente ser salvo.
Se quisermos que o trabalho dure, é preciso que as almas sejam trazidas com liberdade
bem definida. Uma coisa é ter centenas de convertidos professos durante a excitação

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de uma campanha e outra voltar cinco anos mais tarde para ver quantos perma-
neceram.
Quando John Bunyan representou o cristão com um grande fardo de pecados nas
costas, mostrou que compreendia bem o problema, descrevendo os esforços da alma
até se libertar da sua carga ao pé da Cruz.
Deus colocou o Seu próprio valor em Sua Palavra. Ele a designa com o nome de “Fogo”,
“Martelo” e “Espada”. É que o fogo queima; um golpe de martelo machuca; e um
ferimento produzido por uma espada, na verdade, produz dor. Quando a Palavra de
Deus é proclamada com o poder da unção, ela queima como o fogo, quebra como o
martelo e penetra como a espada, sendo que o sofrimento espiritual ou mental é tão
penoso como o sofrimento físico. E se não for, é sinal de que há qualquer coisa errada
em relação ou ao mensageiro ou à mensagem.
“Se uma pessoa tivesse cometido um crime nefando e fosse subitamente presa, sua
culpa exposta à sua consciência por algum representante da justiça na linguagem das
Santas Escrituras dizendo — “És tu o culpado”, seria muito natural que o acusado
empalidecesse e apresentasse todos os sintomas de agonia e de mal-estar. Quando o
orgulhoso monarca assírio Belsazar viu aquela espécie de mão que escrevia sobre a
argamassa da parede “seu rosto mudou de aspecto e seus pensamentos o perturbaram
tanto que as juntas do seu corpo pareíciam afrouxar-se e os joelhos começaram a bater
um contra outro”. Ninguém pensou que tais efeitos não fossem naturais. Porque, então,
considerar estranho que os pecadores não fiquem poderosamente despertados pelo
Espírito de Deus e que se sintam profundamente convencidos da enormidade de seus
crimes, antecipando no mesmo instante o perigo de serem lançados no lago de fogo, e
vendo o inferno mover-se a seu encontro? Não é natural que essas criaturas apresentem
os sintomas de um mal-estar alarmante com agitação que sentem em seu íntimo?” —
Memórias de G. Bramwell
Foi essa a experiência dos servos de Deus através dos séculos. Em todos os
reavivamentos tem havido profunda convicção de pecado. Alguns dos registros até pa-
recem estranhos para aqueles que só conhecem e estudam o Evangelismo do vigésimo
século. Incidentes como os que se seguem eram comuns na vida desses homens.
“Mais ou menos na metade do sermão um homem gritou. Eu caí em oração e não
pudemos pregar mais por causa dos gritos e lágrimas em todo o recinto.” — T. Collins.
“O sermão terminou com uma vitória. Os que procuravam salvação desciam de seus
lugares e abarrotavam os degraus e passagens, apertando-se sem constrangimento e
se ajoelhando sob a grade que cercava.” — T. Collins.
“Um, Quaker que ficara em pé ao lado, sentiu-se bastante aborrecido diante da
assimilação destas criaturas, e estava mordendo os lábios e torcendo as sobrancelhas,
quando caiu como que fulminado por um raio. A agonia de que se sentiu tomado ainda
era mais terrível de se ver. Nós pedimos a Deus que não o acusasse e logo ele levantou
a cabeça chorando e dizendo em voz alta: “Agora sei que és um profeta do Senhor.” —
John Wesley.
“J. H. era homem de vida regular e de boa conversação. Assistia constantemente às
orações públicas e aos sacramentos, e tinha zelo pela igreja e era contra os dissidentes
de qualquer denominação. Sendo informado de que as pessoas caíam com

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manifestações estranhas nas sociedades, ele se chegou para presenciar o fato com os
próprios olhos. Porém estava menos satisfeito do que antes; por isso fora até lá para ver
um por um dos seus conhecidos, esforçando-se até uma hora da manhã e além das
medidas para convencê-los que aquilo era uma ilusão do diabo.
“Estávamos indo para casa quando alguém se encontrou conosco na rua e nos
informou que J. H. estava caído e estrebuchando como louco. Parece que ele se tinha
sentado para jantar, resolvido a terminar primeiro a leitura do sermão sobre Salvação
pela fé, que havia tomado por empréstimo. Ao ler a última página começou a mudar de
cor, caiu da cadeira e começou a gritar terrivelmente, batendo a cabeça contra o solo.
“Os vizinhos ficaram alarmados e correram para o lugar onde estava. Entre uma e duas
horas também fui, encontrando-o no chão. O quarto estava literalmente cheio de
pessoas que sua esposa não conseguiu manter fora do aposento, enquanto ele gritava.
— “Não, deixa todos entrarem, para que todo o povo presencie o justo julgamento de
Deus.” Dois ou três homens o estavam segurando da melhor maneira que conseguiam.
Imediatamente ele fixou os olhos sobre mim, e estendendo a mão gritou: “Sim, é este
aquele de quem eu falei que era enganador do povo. Mas, Deus prevaleceu.   Eu disse
que tudo era ilusão.  Mas, não é ilusão.” E, então, falou com voz estertorosa. “Ó tu,
diabo! tu demônio maldito! Sim, tu legião de diabos! Não podeis ficar onde estais.
Cristo vos expulsará! Sei que o trabalho Dele já começou. Despedaçai-me se quiserdes,
mas não me podereis fazer mal!” Começou a se bater contra o solo outra vez, tendo o
peito arquejante, como que tomado pelos estertores da morte, e grandes gotas de suor
a escorrerem pelo rosto.
“Todos nós nos entregamos à oração. Os estertores cessaram e tanto o seu corpo como
a sua alma foram libertados. — John Wesley.
“O poder de Deus estava presente. Vieram para se salvar e não ficaram desapontados.
Os soluços e prantos eram admiráveis. Parecia que Deus tinha descido com terror e
poder; como se o Espírito estivesse passando e se difundindo por todas as regiões e
em cada alma, estava lançando a luz à compreensão, assaltando e submetendo as
fortalezas do pecado existentes nos corações, revelando-se como antagonista do
pecado, perturbando-o, seguindo-o em todos seus esconderijos, abalando as almas
nos seus alicerces, atraindo-a lentamente, mas com segurança, à uma crise, acumulando
as sentenças de condenação, uma após outra; fazia-o que toda a alma, reunindo as
energias de que dispunha em um grito, pedindo misericórdia, exclamava: “Deus! Tem
misericórdia de mim pecador! Que devo fazer para me salvar? Salva-me, Senhor, se não
eu pereço! Oh, salva-me, se não eu me afundo no inferno. Cura a minha alma, porque
pequei contra Ti.” — James Caughey.
“Parecia que o poder de Deus estava descendo sobre a congregação como um vento
forte e impetuoso, derrubando tudo diante de si com uma energia espontânea. Fiquei
de pé, admirado com aquela influência que se apoderava de quase todo o auditório;
não podia haver comparação melhor ao que se passava do que a força irresistível de
uma correnteza poderosa, de uma enchente, que, como um dilúvio, derriba e arrasta
com o seu peso enorme tudo quanto se antepõe a seu caminho. Quase todas as
pessoas, de todas as idades, estavam curvadas por assentimento comum, sendo
dificilmente possível resistir ao impacto desta operação surpreendente, junto a velhos e

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mulheres, que tinham sido alcoólatras inveterados durante muitos anos, e também
algumas crianças pequenas, não tendo mais que seis ou sete anos de idade, todos
pareciam aflitíssimos com a condição de suas almas.
“Os corações mais endurecidos foram obrigados a se curvar. O homem que era chefe
dos índios, este mesmo que antes pensava ser o mais reto de todos os seres humanos,
e cuja condição ele considerava mais favorável porque sabia um pouco mais que seus
patrícios, ele que no dia anterior me dissera, confiante, que fora cristão durante mais de
dez anos, agora estava preocupadíssimo com a sua alma, chorando amargamente.
Outro homem avançado em anos e que tinha sido assassino, e célebre pelo vício da
embriaguez, também fora levado agora a derramar muitas lágrimas suplicando por
misericórdia e lamentando que por tanto tempo não se incomodasse mais com os
perigos tão grandes que corria em sua vida.
Quase todos estavam chorando e clamando por misericórdia em todo o recinto,
enquanto muitos, do lado de fora, nem podiam ir nem permanecer de pé. A angústia
era tão grande que nem sequer viam os que estavam a seu redor, cada um orando
independentemente.” — David Brainerd.
“A igreja estava excessivamente cheia de gente. A palavra era “viva e poderosa” e
muitos eram atingidos no próprio coração. Tomados pela agonia resultante da
convicção de seus pecados, clamavam em voz alta pedindo misericórdia. Chegou à
meia-noite e os penitentes ainda estavam ajoelhados, resolvidos a instar perante Deus
até prevalecerem. Enquanto um ou outro se retirava, depois de ter encontrado paz
mediante a fé, outros, com o coração atingido, permaneciam em seus lugares. O
Despertamento era tão intenso que, apesar de Squire já se ter retirado, o povo,
despertado e entristecido, não queria deixar o recinto, durante a noite toda, por todo o
dia e a noite seguintes, realizando uma grande reunião de oração contínua e sem
intermitência. Supõe-se que cerca de cem pessoas se converteram, enquanto muitos
professos, já velhos, eram despertados e se entregaram a Deus para uma vida de mais
consagração.” — Memória de Squire Brooke.
“Enquanto entregue à oração, dois daqueles que entraram, foram despertados e
começaram a clamar pedindo misericórdia.” — G. Carvosso.
“Nem bem ela havia comunicado as notícias, sua irmã, como que tendo o coração
cortado, começou a chorar pedindo misericórdia.” — G. Carvosso.
“Enquanto eu estava orando, desceu o poder de Deus e ele com o seu companheiro
penitente foram como que cortados em seu coração pelo que choraram alto, sentindo a
culpa de seus pecados.” — G. Carvosso.
“Quando eu conversava com uma senhora idosa com mais de sessenta anos, ela sentiu
o seu coração cortado, e logo o Senhor libertou a sua alma.” — G. Carvosso.
“Quando a convicção atinge o seu auge, como acontece com o seu processo mental, a
pessoa, pela fraqueza, não se pode sentar ou ficar de pé e, por isso, ou se ajoelha ou cai
por terra. Grande número de pessoas convictas nesta cidade e em suas vizinhanças, e
agora eu creio também que em todas as direções no norte, onde prevalece o
Reavivamento, são “postas por terra” tão rapidamente como quando caem como se
estivessem destituídas de nervos, paralisadas e sem forças, dando a impressão de
terem sido abatidas por um tiro. Caem com um gemido profundo, e alguns com um

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grito selvagem de horror, e a grande maioria se prostra com este apelo intensamente
ansioso: “Senhor Jesus, tem misericórdia de minha alma!”.  Todo o corpo treme como se
fosse uma vara verde e como que um peso intolerável é sentido sobre o peito, ficando a
pessoa tomada por uma sensação de asfixia da qual se livra somente com a sua urgente
súplica em voz alta, pedindo libertação. Via de regra o sofrimento corporal e a angústia
continuam até que a pessoa encontre um alto grau de confiança em Cristo. Então, o
olhar, o tom de voz e os gestos mudam instantaneamente. O aspecto angustioso e de
desespero são substituídos pelo aspecto de gratidão e de adoração. A linguagem, e as
expressões fisionômicas, as lutas terríveis e a depreciação própria são expressas em voz
alta e desesperada, traduzindo, convincentemente, o que as pessoas declaram depois.
O conflito mortal que estava havendo entre elas e a velha serpente é o que sentem
nessas condições. O suor corre pelo corpo das vítimas angustiadas, molhando sua
roupa e seus cabelos. Alguns experimentam esse conflito exaustivo várias vezes; outros,
uma só. Não têm desejo de comer durante vários dias.    Não dormem, mesmo que se
deitem, esforçando-se para o fazerem.” — O Reavivamento Irlandês de 1859.
“O poder do Espírito do Senhor tornou-se tão forte sobre suas almas a ponto de
arrastar tudo diante de si, como o vento impetuoso do Pentecostes. Alguns gritavam em
agonia; outros, e entre eles alguns homens fortes, caíam no chão como mortos. Fui
obrigado a repetir um salmo em voz alta, confundindo suas palavras com as
lamentações e gemidos de muitos daqueles que se sentiam presos, suplicando sua
libertação.” — G. Burns.
“Um Reavivamento sempre inclui convicção de pecado por parte da igreja. Crentes
professos, que se tenham desviado, não podem levantar-se e principiar imediatamente
uma vida de serviços a Deus, sem sondar profundamente o coração. É preciso alcançar
e destruir as fontes de pecado. Num verdadeiro Reavivamento, os cristãos são sempre
trazidos a essa convicção, à esperança de que Deus os aceite. Nem sempre a sua expe-
riência chega a esse ponto, no entanto, sempre que há um Reavivamento genuíno, há
convicções profundas de pecado e muitos casos de pessoas que perdem toda a
esperança.” — C. G. Finney.
Ó, salva-os, Senhor, Te peço Da culpa do seu pecado!
Ilumina o impenitente Para que veja o seu estado…
Derrama, Senhor, o Espírito Sobre todo arrependido
Seja pobre ou abastado Que não quer morrer perdido!
Que o que está em agonia, De suas culpas convicto,
Em tua misericórdia Encontre o perdão bendito!
Pois no sangue derramado Em nosso favor por Cristo
O resgate já foi pago No plano por Deus previsto!
Que a morte não os surpreenda.
Numa vida impenitente Que com Teu poder ungidos Vivam como vive o crente!

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CAPÍTULO 6
OBSTÁCULOS

Existe apenas um obstáculo que pode impedir caminho e impedir o poder de Deus – é
o pecado.
O pecado e a grande barreira. Só ele pode prejudicar o trabalho do Espírito e impedir
um Reavivamento. “Se eu atender à iniquidade no meu coração”, disse Davi, “o Senhor
não me ouvirá.” (Salmo 66:18). Em Isaías 59:1-2, encontramos estas palavras
significativas: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar;
nem o seu ouvido agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem
divisão entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós,
para que vos não ouça.” O pecado é, então, a grande barreira, e deve ser removido.
Não há alternativa. Não pode haver compromisso. Deus não operará enquanto houver
iniquidade encoberta.
Em Oséias 10:12, lemos: “Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia,
lavrai o campo de lavoura, porque é tempo de buscar ao Senhor, até que venha e chova
a justiça sobre vós.” Em II Crônicas 7:14, a promessa de bênção é concedida tendo por
base a condição inalterável: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome”, diz o
Senhor, “se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus ca-
minhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”
Assim, vemos que a não ser um coração quebrantado por causa do pecado, que
confesse, restitua, nada mais satisfará a Deus. É necessário que o pecado seja deixado
para sempre.
E não basta que se sinta tristeza resultante das consequências e do castigo do pecado,
mas por causa do próprio pecado que é uma ofensa contra Deus. O inferno está cheio
de remorso, mas esse remorso é produzido por causa dos castigos infligidos. Não há
contrição verdadeira. O rico da parábola (Lucas 16:29-30) não proferiu nem sequer uma
palavra de tristeza por seus pecados contra Deus. Entretanto, Davi quando se sentiu cul-
pado, não só do homicídio como de adultério, encarou o seu pecado como falta
cometida contra Deus somente (Salmo 51:4). O simples remorso não é tristeza genui-
namente vinda de Deus para o arrependimento. Ainda que cheio de remorso, Judas
nunca se arrependeu.
É somente Deus quem nos concede um coração contrito e quebrantado com aquela
tristeza que resulta em confissão e abandono do pecado. Nenhum outro meio vale. “Os
sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito
não desprezarás, ó Deus” (Salmo 51:17). “O que encobre as suas transgressões, nunca
prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13).
“Reconhece a tua iniquidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste” (Jer. 3:13).
Há três espécies de confissões a serem consideradas:
1° – Confissão Individual — pois, quando o pecado tiver sido cometido contra Deus
somente, não precisará ser confessado a ninguém, a não ser a Deus (I João 1:9 e Salmo
32:5).
2° – Confissão Pessoal — quando o pecado tiver sido cometido contra outra pessoa, ele
deverá ser confessado não somente a Deus, mas também àquele que foi ofendido. De

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outro modo não haverá paz enquanto a confissão não for feita e o perdão não for
procurado (Mateus 5:23-24).
3° – Confissão Pública — deverá ser feita quando o pecado tiver sido cometido contra a
igreja, isto é, contra toda a congregação, contra uma classe, ou organização de pessoas;
assim como foi contra essas entidades que se pecou, assim é a essas entidades que
deve ser feita a confissão.
Enquanto a iniquidade existente entre o povo de Deus for encoberta e não for
confessada, o Espírito de Deus não poderá trazer Reavivamento. Os homens precisam
acertar suas relações mútuas se quiserem acertar suas relações com Deus.
Certa noite, depois de ouvir uma mensagem que fez com que os ouvintes sondassem o
próprio coração, um moço foi para frente e, voltando-se para a congregação, fez a
inesperada confissão de que tinha furtado e usado dinheiro que não lhe pertencia; logo
depois entrou na sala de orientação para acertar suas relações com Deus. Havia sido
tesoureiro de duas organizações importantes e tinha desbaratado quase todos os
fundos que lhe foram confiados.
É comum encontrarmos pessoas que se ajoelham e suplicam a Deus, aparentando
sentir grande angústia de coração e que nada recebem. Assim também é comum a
certos grupos de pessoas que se reúnem durante noites seguidas em oração em prol
do Reavivamento e ainda não obter resposta às suas orações. Qual é a causa? Que a
própria Palavra de Deus responda: “vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o
vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça.”
Por isso, a primeira coisa a fazer é por a descoberto o nosso pecado; endireitemos os
caminhos tortuosos, removamos os obstáculos e, só depois, peçamos as chuvas de
bênçãos com fé e expectação.
Tomemos, agora, nossos pecados um a um e consideremos cada transgressão
separadamente. Façamos a nós mesmos estas perguntas. Pode ser que sejamos cul-
pados e Deus falará conosco.
(1) Já perdoamos a todos? Há qualquer malícia, despeito, ódio ou inimizade em nosso
coração? Será que alimentamos rixas contra alguém e que nos recusamos a fazer
reconciliação?
(2) Será que nós nos zangamos? Há alguma revolta dentro de nós? Será verdade que
costumamos perdera calma? Será que o ódio nos domina com suas garras, uma vez ou
outra?
(3) Estará havendo algum sentimento de ciúme? Quando outro recebe preferência, isso
porventura nos aborrece e nos provoca inveja? Teremos ciúme daqueles que oram,
falam e fazem as coisas melhor do que nós?
(4) Será que nos impacientamos ou nos irritamos? As coisas sem importância nos
incomodam e amolam? Ou será que nos mantemos dóceis, calmos e corteses sob
qualquer circunstância?
(5) Ficamos ofendidos com facilidade? Quando alguém deixa de notar nossa presença
e passa por nós sem nos falar, isso nos magoa. Se os outros são tão considerados e nós
negligenciados, como é que nos sentimos nessa situação?
(6) Existe algum orgulho em nosso coração? Fazemos juízo muito favorável a nosso
próprio respeito? Será que pensamos muito em nossa posição e em nossos feitos?

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(7) Será que temos sido desonestos? Nossas transações estão acima de qualquer
crítica? Será que nosso metro tem cem centímetros e nosso quilo, mil gramas?
(8) Teremos falado mal dos outros? Caluniamos o caráter alheio? Será que somos
intrigantes e faladores?
(9) Criticamos sem consideração, com grosseria e severidade? Estamos procurando
falhas e olhando os defeitos alheios?
(10) Estamos roubando a Deus? Estamos usando para outros fins o tempo que pertence
a Ele?   Estamos com o dinheiro que lhe pertence?
(11) Somos mundanos? Gostamos do brilho, da pompa e da exibição?
(12) Temos furtado? Apossamo-nos de pequenos objetos que não nos pertencem?
(13) Abrigamos o espírito de amargura contra alguém? Existe ódio em nosso coração?
(14) Estaremos vivendo com leviandade e frivolidade? Nossa conduta estará sendo
equívoca?   Será que pelos nossos atos o mundo nos considera como sendo dele?
(15) Será que nos apropriamos de alguma coisa e não fizemos restituição? Ou será que
o espírito de Zaqueu se apossou de nós? Já pusemos em ordem uma série de coisas
erradas que Deus nos revelou?
(16) Estamos contrariados ou ansiosos? Não conseguimos confiar em Deus quanto às
nossas necessidades temporais e espirituais? Será que estamos antecipando
dificuldades antes que elas surjam?
(17) Estaremos tendo pensamentos lascivos? Permitimos que nossa mente imagine
coisas impuras e condenáveis?
(18) Costumamos falar sempre a verdade em nossas afirmações ou temos o hábito de
exagerar, dando impressões falsas? Mentimos?
(19) Somos culpados do pecado da incredulidade? A despeito de tudo que Deus fez
por nós, ainda persistimos em não crer nas promessas de Sua Palavra?
(20) Temos cometido o pecado de não orar como devíamos? Somos intercessores?
Oramos!   Quanto tempo estamos gastando de joelhos? Será que eliminamos a oração
de nossa vida?
(21) Estamos negligenciando a Palavra de Deus? Quantos capítulos lemos diariamente?
Estamos estudando a Bíblia? Recorremos às Escrituras quando carecemos de poder?
(22) Temos deixado de confessar a Cristo abertamente? Temos vergonha de Jesus?
Ficamos calados quando nos cercam pessoas mundanas? Estamos dando testemunho
todos os dias?
(23) Estamos preocupados e ansiosos com a salvação de almas? Temos amor pelos
perdidos?  Há em nosso coração compaixão por aqueles que estão perecendo?
São estas as coisas negativas e positivas que impedem o trabalho de Deus no meio do
Seu povo. Sejamos honestos e apontemos o pecado dando a cada um o seu nome. Para
isso Deus emprega a palavra “PECADO”. Quanto mais cedo admitirmos que temos pe-
cado e estivermos prontos a confessar e abandonar, tanto mais depressa podemos
esperar que Deus nos ouça e opere seu poder. Por que enganarmos a nós mesmos?
Não é possível enganarmos a Deus. Removamos, então, o obstáculo, o impecilho que
não nos deixa dar outro passo “…se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados”. “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus”.

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Através dos séculos essa tem sido a história do Reavivamento. Noite após noite
pregam-se sermões sem se conseguirem resultados, até que, um dia, algum ancião ou
diácono é tomado por uma força que o faz sentir a agonia da confissão que o leva a ir
ter com alguém a quem ofendeu para lhe pedir perdão. Ou, então, é alguma mulher
ativa no trabalho a qual se prostra chorando e confessando publicamente que estivera
falando mal de alguma outra irmã ou que está de relações cortadas com alguma pessoa
que se senta de outro lado. E quando faz confissão e restituição, a terra sáfara se
esboroa, o pecado é descoberto e reconhecido, então, e só então, o Espírito de Deus
desce sobre o auditório e o Reavivamento se espalha pela comunidade.
Em geral só existe um pecado, um impecilho. Foi como um Acã dentro do
acampamento de Israel. Deus colocará o seu dedo diretamente sobre o mal e não o
retirará daí enquanto esse único obstáculo não for tomado em consideração.
E, então, em primeiro lugar teremos que instar como Davi quando pediu em sua
oração: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e vê se há em mim
algum caminho mau.” E logo que o obstáculo do pecado for removido, Deus virá com
grande poder de Reavivamento.
Pregadores eruditos! Mil igrejas na cidade!
Se fracassarem, então? Que há de ser na eternidade?
Há obreiros preparados, Há um esforço vigoroso!
Mas, onde o Poder invicto Do Deus Todo poderoso?
Educação, sapiência, O melhor que houver de tudo,
Planos grandes deste mundo, Saídos de muito estudo,
São usados com desvelo, Mas, tudo falha, no entanto,
Porque falta o principal, — Ação do Espírito Santo!
Não valem tempo ou dinheiro Nem inteligência humana,
Isso é apenas aparência, É tudo ilusão que engana!
O que Deus quer é Evangelho Com pureza, só, pregado.
Este, sim, salva o perdido Do castigo e do pecado!
Somente de Deus o Espírito Vivifica a alma nossa!
Homem nenhum neste mundo Há, contra Deus, que possa
Fazer valer seus recursos De arte e imaginação,
Trazendo o arrependimento Quebrantando o coração!
Retórica a mais perfeita, Hinos muito bem cantados,
Outros meios mais existem Precários em resultados.
Deus prefere servos puros Que tenham lábios ungidos,
Servos fiéis, abrasados, Realmente convertidos!
Tuas mãos são tão perfeitas! Valem sempre, sem cessar.
Na vida de quem, humilde, Seus pecados confessar.
Vem, ó Deus, e nos concede Teu poder, constantemente.
Com Tua Graça soberana Bom fruto dará a semente!
Nota do tradutor: – tradução de uma poesia de Samuel Stevenson

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CAPÍTULO 7

A chave que dá acesso ao poder de Deus é a fé. “Pela fé caíram às paredes de Jerico.”
No trabalho de reavivamento a fé viva e intensa é um requisito indispensável. “Todas as
coisas são possíveis àquele que crê.”
A pessoa que deve ser usada pelo Senhor terá que ouvir o que o Céu lhe diz. Deus lhe
dará uma promessa. Não dessas promessas gerais da Palavra que se aplicam a tantos
de Seus filhos, mas uma determinada mensagem definida e inconfundível a seu próprio
coração. Pode ser que seja uma promessa familiar que dele se apodere de tal maneira
que conheça ter sido Deus Quem lhe falou. Assim, se eu tiver de iniciar um novo
trabalho para Deus, que antes de mais nada eu faça estas perguntas: “Deus já me falou!
Já sei qual é Sua promessa!”.
Foi essa certeza divina que fez com que os profetas do passado fossem ao povo e
declarassem: “Assim diz o Senhor.” Enquanto o Senhor não nos enviar, é melhor
permanecermos com a nossa face voltada para Deus em oração, para que Ele não diga:
“Ai dos profetas que correm sem que eu os tenha enviado!” Mas, quando uma pessoa
ouve a voz de Deus, então, “ainda que demore, espere porque certamente acontecerá.”
Ainda que anos se passem, Deus cumprirá Sua Palavra.
Que alegria ouvir e reconhecer Sua voz! Que encorajamento! Que fé! Como o coração
pulsa dentro de vós! Cessa a hesitação. Depois disso não haverá mais dúvida nem
incerteza. Pode ser que, durante dias ou semanas, tenha havido orações ansiosas,
suplicando a manifestação da vontade de Deus. Pela Sua Palavra ou pelo Espírito Santo,
vem à mensagem, e tudo se transforma em serenidade perfeita. Não que a tarefa tenha
sido terminada ou a expectação satisfeita; mas se Deus falou, não pode mais haver
dúvida. “Ele fará com que o prometido se realize.”
Em dias passados tive visão de um grande trabalho na cidade de Toronto que me levou
a orar pedindo ficasse eu sabendo qual era a vontade do Senhor. Afinal, certo dia Ele
falou. Pela segunda vez veio a Sua Palavra decisiva. Esperei e esperei orando cheio de
fé, sabendo com toda a segurança que Ele iria fazer o que prometera. Passaram-se três
anos, anos de dura provação. Se não fosse a Sua promessa, teria desanimado e minhas
esperanças se teriam desfeito. Mas Deus tinha falado e eu apenas tinha de orar. “Faze
como disseste.” Finalmente, depois de três anos inteiros se passarem, Ele estabeleceu o
trabalho sobre o qual tinha falado.
Conta-se um caso que se passou numa localidade chamada Filey, nos dias do
Metodismo primitivo. Pregadores após pregadores tinham sido mandados para esse
lugar, mas tudo sem nenhum resultado. Aquela vila era um reduto do poder satânico e
todos os enviados tiveram que sair até que, por fim, decidiram desistir considerando a
tarefa irrealizável.
Contudo, antes que fosse adotada uma decisão final, o agora famoso John Oxtoby,
conhecido por “o Johnny da oração”, pediu à Conferência que o mandasse para aquele
povo como mais uma oportunidade. A Conferência concordou e poucos dias mais tarde
John Oxtoby partiu. No caminho alguém perguntou para onde ia. “A Filey”, respondeu
“onde o Senhor vai revificar Seu trabalho.”

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Aproximando-se do lugar, subindo a colina que fica entre Muston e Filey,
repentinamente se descortinou o panorama da aldeia diante de seus olhos. Sua
emoção foi tão intensa que caiu sobre os joelhos ao lado de uma cerca viva e começou
a chorar, enquanto orava pedindo bom êxito para sua missão. Contam que do outro
lado a cerca viva, sem ser visto, estava um moleiro que, ouvindo aquela voz parou para
escutar melhor, quando ouviu John Oxtoby dizer: ”Não me deixes fracassar! Não me
deixes fracassar! Eu disse a eles, lá em Bridlington, que Tu ias revificar Teu trabalho, e Tu
tens que revificá-lo, senão nunca mais poderei aparecer diante eles e o que é que o
povo irá dizer sobre a oração e sobre a crença?”
Continuou a pedir durante horas. A luta foi dura e difícil, mas ele não se dispersara, ele
fez com que sua própria fraqueza e incapacidade fossem assunto de súplica.
Finalmente as nuvens dispersaram-se, e sua alma se encheu de glória e ele levantou-se
exclamando: “Está pronto, Senhor. Já está pronto! Filey será tomada! Filey já é tomada!”
E de fato o foi. Filey inteira. Fora de qualquer dúvida. Recém saído do ambiente da
Misericórdia Divina, Oxtoby entrou naquele lugar e começou a cantar nas ruas da aldeia
o hino que diz: “Voltai-vos a Deus e buscai a salvação”. Um grupo grande reuniu-se ao
seu redor. Sua mensagem foi acompanhada de poder fora do comum; pecadores
inveterados começaram a chorar, homens fortes tremiam e, enquanto ele orava, mais de
doze se ajoelharam e principiaram a clamar, encontrando misericórdia.
Pois bem. Será que sabemos realmente o que significa empregar a oração com a
devida Fé? Será que já oramos assim? “Conheci um pai”, escreve C. G. Finney, “que era
um bom homem, mas alimentava idéias errôneas sobre a oração de fé; e todos os filhos
já eram grandes e não se tinham convertido. Depois de certo tempo seu filho ficou
doente dando a impressão de que ia morrer. O pai orou, mas o filho piorou, parecendo
muito próximo do fim. O pai tornou a orar até sentir uma angústia que o impedia de se
expressar. Mas continuou orando (Não havia esperanças de que seu filho vivesse) de
modo que verteu sua alma como se o seu pedido não lhe fosse negado, até que
finalmente sentiu a certeza não só de que seu filho viveria, mas também se converteria;
e não só ele, mas toda a família se converteria a Deus. Foi para casa e disse que seu
filho não morreria. Todos se espantaram. “Eu digo”, afirmou, “que ele não morrerá e que
nenhum dos meus filhos morrerá em seus pecados”. De fato todos os filhos desse
homem se converteram”.
“Um ministro certa vez contou-me de um reavivamento ocorrido entre a sua gente, o
qual teve início com uma senhora zelosa e devota da sua igreja. Começou a se sentir
muito preocupada com os pecadores. Orava, mas seu sofrimento aumentava.
Finalmente procurou o ministro e lhe falou pedindo que reunisse todos os interessados
ansiosos, porque ela sentia que isso era necessário. O ministro não a atendeu por pen-
sar que isso não fosse preciso. Na semana seguinte ela voltou e pediu-lhe outra vez
para marcar essa reunião. Sabia que alguém haveria de vir, pois sentia que Deus ia
derramar o Seu Espírito. O ministro tornou a deixar de atendê-la. Por fim, ela lhe disse:
“Se o senhor não marcar essa reunião eu morro, pois tenho a certeza de que vai haver
um reavivamento.” No domingo seguinte, ele marcou a reunião dizendo que se
houvesse alguém que quisesse falar com ele acerca da salvação de suas almas ele os
esperaria em determinada noite. De fato ele não sabia de ninguém em tais condições,

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entretanto, quando chegou ao local, para seu espanto, encontrou grande número de
pessoas interessadas e ansiosas pela salvação”. — C. G. Finney.
“O primeiro raio de luz que brilhou sobre as trevas da meia-noite, que envolviam as
Igrejas do Condado de Oneida, no outono de 1825, partiu de uma senhora que estava
com a saúde bastante abalada, a qual, creio eu, nunca assistira a um reavivamento
poderoso. Sua alma estava exercitada a respeito de pecadores.
Ela se sentia muito angustiada para a conversão do País. Não sabia qual a causa que a
fazia sofrer, mas continuou orando cada vez mais, até lhe parecer que aquela agonia ia
dar fim à sua existência. Certo tempo depois, sentindo-se cheia de regozijo, exclamou:
“Deus chegou! Deus chegou! Não há dúvida a esse respeito”. E, na realidade, a obra
começara. Toda a sua família se converteu, e o trabalho se estendeu por todo
Condado.” — C. G. Finney.
Conta-se que um homem inválido adquirira o hábito de orar diariamente pedindo um
Reavivamento, em favor de umas trinta cidades e comunidades, e de que tempos a
tempos escrevia assim no seu diário: “Hoje me foi possível orar a oração da fé em favor
de…”. Depois de sua morte processaram-se Reavivamentos em cada uma dessas trinta
localidades, quase na mesma ordem em que ele as tinha registrado. Deus falava e, não
obstante ele não estivesse vivo para ver as respostas, a certeza lhe foi dada de que suas
orações seriam ouvidas.
O segredo é — a Fé. Á Fé descrita no capítulo onze de Hebreus, a dádiva de Deus,
baseada em Sua Palavra e concedida diretamente ao coração do Seu servo. A Fé desse
tipo remove montanhas e realiza o impossível. Não a fé presunçosa que crê sem ter a
evidência do Espírito e que nada custa e que desaparece quando o tempo passa e as
coisas não acontecem; mas, a Fé que é de Deus, que nasce na agonia da oração, que
prevalece do trabalho intenso da alma. Essa fé sobrepuja as tempestades do ` e da
adversidade, triunfa sobre o tempo, e continua a arder com brilho refulgente enquanto
espera pelo advento de seu objetivo. Queira Deus que hoje também haja uma fé assim!
Fé poderosa que antevê a promessa, Fé que somente em Ti, meu Deus, confia.
Fé que as mais densas sombras atravessam, Vendo a vitória e a vida de alegria!
Quando parece à vista que é possível, A mão de Deus que tudo realiza
Com energia sábia e infalível, Dá-nos aquilo que se mais precisa.
Concede-nos o crermos com firmeza, Faze-nos saber a bênção que teremos,
Para que contigo, sempre, na certeza, Antegozemos tudo o que já vemos!


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CAPITULO 8
ANSEIO DO CORAÇÃO EM FAVOR DE
REAVIVAMENTO

Talvez a maneira mais proveitosa para contar o que Deus começou a fazer em nosso
meio seja citar alguns trechos do meu diário. A exigüidade de espaço impede uma
exposição completa. Só nos é possível escolher alguns pedaços aqui e ali, os quais,
creio, serão suficientes para despertar o espírito do Reavivamento que glorifique o
Senhor.
16 de Agosto
Deve chegar o reavivamento pelo qual tenho orado há tanto tempo. Como Deus me
quebrantou esta manhã! Como é doce a oração! Louvado seja Seu nome! Oh! A
convicção produzida pelo Espírito Santo e os frutos do Espírito Santo! Só eles é que
resistirão à ação destruidora do tempo e da eternidade. Deus abalou o meu coração de
modo fora do comum. Como Ele é indizível e precioso. Oh, a convicção, a velha
convicção de pecado!
Graças a Deus por estes livros admiráveis! Como me fizeram bem! Revolucionaram a
minha maneira de pregar. Estive lendo-os durante horas. Nunca encontrei nada assim
em toda a vida: “Um alarme para os Pecadores Não Convertidos”, por Joseph Alleine;
“Inquiridor Ansioso Em Busca da Salvação”, por John Angel James; e “Um chamado
Para os Não Convertidos”, por Richard Baxter. São esses os livros. Como são claras e
bem definidas suas mensagens sobre o Pecado, sobre a Salvação, sobre o Céu e o
Inferno. No entanto, verifico que mesmo estas mensagens podem ser proclamadas sem
produzir resultados, se não houver o poder do Espírito. Ele convence. “Não pela força,
nem pelo poder, mas pelo Meu Espírito”, diz o Senhor dos Exércitos. Talvez seja esta a
razão de tanto fracasso. A verdade muitas vezes é pregada com toda a ansiedade e com
toda a fidelidade, sem que nada aconteça. Qual é a causa? Falta de poder.
Durante minha intercessão, esta manhã, li alguns capítulos das “Memórias de John
Smith”, por Richard Treffry, e isso me levou a orar. Durante algum tempo Deus me
concedeu um desembaraço admirável na oração, talvez durante uma hora ou pouco
menos. Não sei por que perdi por completo a noção do tempo. Primeiro Ele me levou a
confessar. Como eu tinha fracassado! Fracassado na oração, pois, até então, apenas
tinha gasto poucos minutos nesse esforço quando deveria ter gasto horas e horas.
Fracassei no estudo da Bíblia, pois não perlustrei as páginas sagradas como devia.
Fracassei no emprego do tempo, pois consenti que Satanás enchesse a minha vida com
outras coisas, não dando tempo nem lugar a Deus. Fracassei no serviço, pois não
distribuí folhetos evangélicos aos perdidos, nem preguei nas esquinas às centenas de
pessoas que não iam à igreja. Oh, sim, fracassei miseravelmente! Quero ser sincero e
fiel. Peço em favor de almas, porém meus olhos não choram como os olhos de Jesus
choravam.
Mas, glória a Deus! Creio que Ele me está conduzindo a experiências mais profundas
com as quais considerarei tudo como perda, menos a Cristo. Essas experiências me
farão sofrer, sacrificar-me, orar, estudar e servir como nunca o fiz antes. Há de haver uma
época quando só existirá uma coisa em minha vicia e esta há de ser conseguir o

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reavivamento que desejo tanto. Ele fará correr o Seu Espírito. As almas se convencerão
do seu pecado e se salvarão. Que Deus me ouça e responda graciosamente! Preciso
não fracassar de novo, Deus me ajude a prosseguir mais e mais.
25 de Agosto
Durante a leitura, nesta manhã, minha atenção foi atraída especialmente para o verso
seguinte: “Porque Herodes temia a João, sabendo que era um varão justo e
santo” (Marcos 6:20). Como é grande o poder de uma vida santa! Os homens maus
temem e tremem diante da santidade. Que Deus faça deste fato um incentivo para mim.
Estou lendo todo o Novo Testamento, às pressas, com o propósito de escolher aquelas
verdades que trazem convicção quando pregadas com poder do Espírito Santo. Deus
está concedendo uma mensagem penetrante sobre Pecado, Salvação, Céu e Inferno.
Gastei uma hora em oração e senti a doce impressão de Sua presença. Que Ele
continue a me dirigir. Quero saber mais e ter mais experiência. Não me satisfarei
enquanto Deus (não trabalhar com poder de convicção, fazendo com que homens e
mulheres busquem o caminho da Cruz, chorando.
26 de Agosto
A mensagem que Ele me enviou esta manhã foi esta: “… tudo é possível ao que crê”, e
aquela que diz: “… Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e
jejum.” (Marcos 9:23 e_29). Tanto a oração como a fé são necessárias para se obter
resultados. Só assim é que o poder de Satanás será despedaçado nos corações
humanos e produzidos os frutos do Espírito. “Senhor, eu creio; ajuda a minha
incredulidade.”
Esta noite estiveram três pessoas reunidas no meu escritório. Esperei outros, mas não
vieram. Falei-lhes durante perto de uma hora. Encontrei muita simpatia e muita vontade
de cooperar, mas também ignorância quase completa sobre os frutos do Espírito Santo
e derramamento do Espírito de Deus. Resolvi que nos encontrássemos de novo,
juntamente com outros, para nos instruirmos, de modo que quando orássemos,
orássemos inteligentemente. Voltei para casa regozijando-me, pois creio firmemente
que Deus comoverá os corações do povo como resposta à oração que prevalece.
31 de Agosto
Hoje à noite reuniram-se oito pessoas no escritório da igreja e falamos sobre a oração
até as dez horas. Tinham sido feitas muitas orações, pedindo que o Espírito abrisse os
seus olhos e lhes mostrasse a sua necessidade e a sua responsabilidade. Se Deus os
tinha escolhido, que eles ficassem a meu lado; se não, que me deixassem só. Decidimos
fazer reuniões de oração em casas particulares, uma por semana para começar. Ao
terminar, citei-lhes este versículo pelo qual tinha orado: “E se o meu povo, que se
chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos
seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei
a sua terra” (II Cron. 7:14).
2 de Setembro
Preguei hoje à noite. Falei com desembaraço e um pouco de poder. O povo estava
tomado de grande tensão. Procurei no rosto dos que me ouviam, e em vão, sinais de
angústia e de sofrimento. Olhos secos. Nenhum indício de convicção. Certamente ainda
não fui dotado com poder do alto. Se fosse, haveria frutos do Espírito.

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7 de Setembro
“… havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos” (Lucas 5:5 e 6). Mas ao
lançarem suas redes sob a orientação Divina, “colheram uma grande quantidade de
peixes.” Foi esta a minha experiência ou será que me esforço apenas na carne em vez
de me esforçar no Espírito? Na verdade, eu tenho trabalhado a noite inteira e nada
apanhei. Se os homens não tremem e não sofrem e nem se humilham, eu é que tenho a
culpa. Quando eu agonizo e me esforço em favor de almas, só então é que os
resultados aparecem, não antes. Portanto, que eu dobre meus joelhos e me prostre
sobre meu rosto, até que o poder venha e Deus se manifeste. Orei quase toda à tarde,
mas não com muita liberdade. Os céus pareciam de bronze.
9 de Setembro
“Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da Palavra.” (Atos 6:4). Aconteceu
mais uma vez ter eu pregado na carne e não no espírito. Falei com desembaraço e
poder e senti que havia considerável estado de convicção. O povo ouvia com a maior
atenção, seguindo-se depois muita discussão.
Contudo nada aconteceu de notável. Ninguém se humilhou. Não houve manifestação
de sofrimento; não houve angústia de alma; não houve lágrimas. Ah, se houvesse o
poder de Deus (Lucas 24:49; Zac. 4:6; João 6:23). Ele me escolheu para que eu desse
fruto, isto é, fruto que permaneça para a vida eterna (João 15:16). E, no entanto, não
estou fazendo isso. Os frutos têm sido poucos. Isso me leva a dobrar meus joelhos,
esperando em Deus, durante horas. O preço terá que ser pago. Quando o Espírito
descer sobre mim em sua plenitude, eu o saberei pelo aparecimento dos frutos.
Enquanto não for assim, não ousarei descansar.
10 de Setembro
Glória a Deus! Finalmente houve comoção. Isto se deu na reunião de oração numa casa
particular, nesta noite. A princípio o culto estava frio e ninguém parecia reagir. Falei
sobre a oração que prevalece, terminei de falar e encerrei a reunião. Mas, antes que o
pessoal se dispersasse uma senhora gritou de repente: “Orem por mim, sou membro
da igreja…”. Os que estavam presente foram como que afogados numa torrente de
lágrimas e soluços fortíssimos sacudiam todo o seu corpo. Não havia interrupção e
ninguém podia falar. A senhora soluçava como se o seu coração se fosse despedaçar.
Ajoelhamo-nos e começamos a orar um após outro. Depois, entoamos o hino: “Tal qual
estou” e, dentro de quinze ou vinte minutos, aquela mulher se levantou gloriosamente
salva. Bendito seja o nome do Senhor!
Oh, como os nossos corações palpitavam de alegria! Mal se podia pronunciar uma
palavra.    Durante todo o trajeto para minha casa foi difícil me conter. Duas reuniões
apenas e Deus tinha vindo. A oração fora respondida. O Espírito Santo tinha começado
a operar e uma alma pelo menos tinha sido quebrantada. Um membro de igreja que
ainda não se tinha salvado! Eu gostaria de saber quantos outros estavam nas mesmas
condições.
12 de Setembro
Deus está operando, não resta dúvida. Outra jovem se sentiu convencida de pecado;
levantou-se, esta noite, e deu seu testemunho, dizendo que encontrara salvação no dia
anterior, quando trabalhava e quando sentiu plena certeza de que estava salva no dia

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de hoje, pela manhã. Louvado seja Deus! Ele tornou a responder às orações. Essa jovem
relata que durante toda a semana, quase que não fez outra coisa senão orar. Assim, já
temos duas pessoas trazidas somente pelo poder de Deus. Por isso é que tenho estado
preocupado, pela vinda do Espírito Santo com poder tão convincente que as almas
clamem por misericórdia sem mesmo ser preciso que se as convide. Deus está
honrando a Sua verdade. Senhor me mantenha humilde e me ensine qual é a Tua
vontade.
16 de Setembro
Falei esta noite com desembaraço e poder fora do comum. O povo escutou
atentamente.        Muitos olhos se encheram de lágrimas, mas não houve
quebrantamento. Contudo, estou certo de que Deus está preparando Seus servos e que
Ele manifestará Seu poder na conversão de outros. Isso significa apenas que eu preciso
dedicar maior número de horas à oração nesta semana, mais do que fiz na semana
passada.
18 de Setembro
Poderosa reunião de oração numa residência particular. Casa cheia, orações fervorosas.
Muitas manifestações sobre Deus. A reunião se prolongou até perto de dez horas, sem,
contudo haver nenhum sinal visível. Preciso experimentar o poder de Deus, sem me
importar com o que isso custe. Como seria bom se Ele me quebrantasse e me fizesse
chorar pela Salvação de almas!
19 de Setembro
Outro surto nesta noite. Uma pessoa desviada procurou orar na reunião, porém,
humilhou-se e, chorando, fez sua confissão. Ela continuou orando, interrompendo as
sílabas por causa da emoção que a fazia chorar. Graças a Deus, por esse efeito tão
intenso! Ainda estou longe de estar satisfeito.
Outra pessoa, que estivera numa luta tremenda, perguntou-me esta noite se precisava
confessar que furtava.
Assim, Deus está operando.
21 de Setembro
Recebi uma carta, esta manhã, de alguém que estava tendo grande atribulação e fui
imediatamente procurar à senhora que a escrevera. Encontrei-a chorando em grande
angústia, sendo-me grato notar a expressão de alegria que ela irradiava quando me
despedi; Deus está operando em sua vida. Louvado seja Seu nome! Sinto cada vez mais
a necessidade da oração.
22 de Setembro
Acabei de ler o livro “Momentos da vida no Trabalho de Ganhar Almas”, por James
Caughey. Que paixão, que devoção, e anseio de coração tão profundo e que arquivo
de almas salvas! Meses de batalha em oração, seguidos de vitória. Não creio que exista
força suficiente na terra e no inferno para impedir um reavivamento, se eu estiver
disposto a pagar o preço.
23 de Setembro
Depois do culto desta manhã, fui procurado por uma senhora que queria ser cristã.
Conversamos e oramos juntos. Ela saiu com esperança, porém, eu quero dar um pouco
de tempo para ver. Não sei ainda se é ou não um fruto do Espírito Santo.

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24 de Setembro
Hoje fui à casa de meu amigo Dr. E. Ralph Hooper, o médico amado. Passei com ele
umas duas horas em oração. Estava muito desanimado por causa do culto que tivemos
na noite anterior. As coisas pareciam inertes como uma pedra. Nem desembaraço ao
pregar nem poder. Tudo parecia difícil. Minha sensação é a de que estava brincando
com a oração. Preciso gastar mais tempo intercedendo.
25 de Setembro
Reunimo-nos em número de três durante esta manhã e oramos por quatro horas.
Experimentei grande bênção. Contudo, no culto da residência particular, à noite,
parecia não haver qualquer emoção. Duas ou três pessoas confessaram seus pecados e
um moço chorou e orou.
Fiquei profundamente impressionado com a passagem de Joel 2:18 e 28-29. Aí estão a
necessidade, o método e depois os resultados. Porém, eu mesmo nada poderei fazer.
Meu coração está frio e insensível. Não choro, nem me lamento. Que Deus me humilhe
e me quebrante e só assim é que eu trabalharei poderosamente entre o povo. Em Jer.
5:14 encontrei uma promessa grande e preciosa, baseado na qual orei sobre meus
joelhos “… converterei as minhas Palavras na tua boca em fogo, e a este povo em lenha,
e eles serão consumidos”. Que Deus permita que seja assim.
26 de Setembro
Surto glorioso nesta noite. A reunião de oração parecia fria e morta. Eram poucos os
que oravam. Falei e encerrei a reunião, desapontado. Então uma mulher começou a
chorar. Outra logo depois, não tardou que uma terceira também caísse em pranto, pelo
poder de Deus. Todos se reuniram ao redor e oraram. As duas primeiras não cessavam
de soluçar como se seus corações se estivessem rompendo, e cada uma por sua vez
confessava suas faltas. Foi glorioso o que vi. Deus operava poderosamente. Uma delas
que teimosamente não quisera orar em público na primeira noite e que durante toda a
reunião permanecera sentada e indiferente, agora chorava tão amargamente que quase
não podia falar. Finalmente todos foram para suas casas cheios de alegria, tendo os
rostos iluminados pela luz do céu.
Vi outra senhora que, sob o efeito do acontecido, também estava sentindo a convicção
de seus pecados. Essa senhora é uma das mais proeminentes do lugar. Limitei-me a
cumprimentá-la com um aperto de mão, sentindo que seria melhor deixá-la só e aos
cuidados do Espírito Santo para que Ele mesmo fizesse a sua obra. Quando ela me
cumprimentou, percebi uma expressão de angústia em sua face e seu aperto de mão
contou-me sua história. Como Deus se vale maravilhosamente da conversão das
criaturas para trazer o senso da convicção de pecado sobre outras. Será que o
reavivamento começou?
3 de Outubro
Outra vez tenho motivo para dar glória a Deus. Ele concedeu outro sinal de Sua
presença e poder. Outra pessoa se sentiu convicta e salva pelo que, hoje, já está livre de
suas culpas. Deus concedeu-lhe libertação clara e permanente. Na reunião desta noite
ela deu seu testemunho, e o seu rosto, outrora deprimido, brilhava com a luz do céu,
enquanto contava como havia encontrado a paz que ultrapassa o entendimento,

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dizendo que valera a pena sustentar a luta. Louvado seja Deus! Creio que o trabalho é
genuíno.
Outra também deu testemunho, porém, confessou que tinha titubeado e esfriado. Ela
sabia que não estava agindo direito e pediu que se orasse a seu favor. No entanto não
conseguiu sobrepujar sua dificuldade. É preciso que haja uma convicção mais profunda
de seus pecados. Ao que parece, sua experiência era falsa e por isso o trabalho do
Espírito Santo não foi realizado.
4 de Outubro
Prostrado sobre o meu rosto empreguei toda à tarde de hoje em oração. Fui depois
para a casa do Dr. Hooper para orar e assim fizemos até um quarto para a meia-noite.
Oh, como carecemos do poder de Deus! Como carecemos. Como Ele abriu Sua Palavra
tão maravilhosamente a nós enquanto orávamos. Lemos também o capítulo nono de
Daniel. Oramos diante do Senhor todo esse capítulo, sentença por sentença. Estamos
cercados por montanhas de incredulidade e vemos a oposição por todos os lados.
Somente o poder de Deus é que as poderá remover. “Tende fé em Deus”. Quero ser
inteiramente absorvido por Ele. Uma paixão apenas — Cristo.
Por último, estive lendo Robert Murray McCheyne, George Fox, Billy Bray, C. G. Finney,
Henry Moorhou-se, John Fletcher, George Whitefield, David Stoner, Henry Martyn, John
Wesley, John Bunyan, T. Collins, James Caughey, John Smith, David Brainerd. Que ho-
mens de Deus! Que exemplos de devoção, de zelo e de piedade! Pudesse eu ser como
eles! Que maravilha era W. Bramwell! B eu, onde é que estou? Abrasar-se por Deus!
Tudo, tudo para Ele! Só Jesus! Almas! Almas! Almas! Estou resolvido a ser um ganhador
de almas. Deus me ajude.
5 de Outubro
Mais uma vez, graças a Deus, houve outra conversão. Desta vez um homem. Procurou-
me, em meu escritório, esta noite, e disse-me que se sentira convicto numa das reuniões
anteriores, sentindo-se miseravelmente. Tinha tomado resoluções por várias vezes e até
experimentado a religião, mas não estava salvo, apesar de já ser membro de igreja.
Ontem abandonou o cachimbo e o pôs fora. Orei com ele e fomos juntos ao culto.
Quase no fim da reunião, ele se levantou e relatou a todos o que me havia contado.
Seus olhos encheram-se de lágrimas. Entretanto, a despeito disso, não se libertou
definitivamente, instando perante Deus para que lhe permitisse ver a luz e o capacitasse
para crer.
A fé está se tornando certeza. Deus está operando. Profunda convicção já se operou em
muitos. Oh, se tivéssemos um surto poderoso! Hoje achei preciosíssimas as passagens
de Marcos 11:22-24; Joel 1:13,14,16; Capítulo 2:11-18,25,28,29. Fiz de cada um desses
trechos uma oração pessoal.
8 de Outubro
Oposição muito forte. Alguns dos oficiais principais se estão opondo publicamente às
reuniões. Membros mundanos estão revoltados. Satanás está começando a dar
evidências de que se interessa pelo que está acontecendo. Levei o assunto a Deus, em
oração. Continuei intercedendo esta noite, desde as oito horas até um quarto para uma
da madrugada, com o Dr. Hooper.
10 de Outubro

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O Dr. Hooper e eu gastamos o dia todo esperando em Deus e, como resultado tivemos
uma boa reunião à noite. Muitos deram testemunho de modo esplêndido durante meia
hora. Realmente tive de fazer restrições para que tivéssemos tempo de orar. Deus está
operando, a convicção se está tornando mais profunda e as almas estão sentindo
alegria intensa e liberdade gloriosa.
11 de Outubro
A Palavra de Deus se está mostrando tão preciosa. Estamos ouvindo Sua voz através dos
profetas do Velho Testamento. Nosso método consiste em ler um pouco e depois orar
as palavras que lemos, perante Deus, encerrando o trabalho com a súplica para que Ele
manifeste, em nossa vida, aquilo que diz em Sua Palavra.
“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” (João 3:6).
Se trabalharmos na carne, nossos frutos serão desse tipo e as almas serão conduzidas a
uma experiência falsa. Dá-nos, Senhor, os frutos do Espírito. Adotamos o método de
oração ordenado pela Palavra de Deus. Qualquer outro método já foi experimentado,
mas os resultados não satisfazem. Por isso, agora, se não prevalecermos na oração,
tornar-nos-emos censuráveis e a oração perderá o seu crédito. Não podemos fracassar.
Temos que nos entregar continuamente à oração e ao ministério da Palavra. Se pelas
nossas vidas não conseguirmos convencer o povo do pecado é que há qualquer coisa
errada. Como foi diferente a fé manifestada pela mulher siro-fenícia! Ela não admitia a
palavra “Não” como resposta (Marcos 7:24-30).
14 de Outubro
Preguei pela manhã e à noite com liberdade e desembaraço, mas sem resultados
aparentes. Ainda não estou satisfeito. Entretanto, Deus está agindo até certo ponto. Um
homem devolveu o dinheiro furtado ao patrão e uma mulher restituiu uma importância
pertencente à Escola Dominical, como resultado do poder que o Espírito tem de
convencer do pecado. Contudo, estou orando para que esse poder do Espírito se
espalhe e se aprofunde. Que haja almas quebrantadas! Estive lendo o diário de David
Brainerd. Meses e meses de oração angustiosa e depois o grande poder de Deus
atuando entre os índios. Preciso conseguir frutos do Espírito, nada mais.

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CAPÍTULO 9
MANIFESTAÇÕES DO PODER DE DEUS

17 de Outubro
Como de costume, dia após dia, temos tido reuniões de oração. Hoje começamos às
nove e trinta da manhã e continuamos até depois das três. Por várias semanas temos
pedido a Deus que nos humilhe. Cerca das duas horas, eu estava orando quando,
repentinamente, parei e comecei a louvar a Deus. As lágrimas corriam copiosamente.
Não podia fazer outra coisa senão soluçar, exclamando “Eles estão perdidos! Eles estão
perdidos”! E, nesse estado, chorando, intercedi pelo povo.
Na reunião da noite uma mulher que manifestara sinais de convicção, mas que não se
salvara, tendo a face radiante, deu seu testemunho. Agora, via-se claramente que estava
salva e que tinha sentido a alegria abundante vinda do Senhor.
21 de Outubro
Durante os últimos dias a carga pareceu bem pesada. Há muita oposição, mas, nós nos
empenhamos com ardor na oração e algumas lágrimas foram derramadas, em
particular, pelas almas que perecem. Não obstante, como está frio o meu coração e
como é pequeno o meu fervor. Que Deus me conceda a demonstração do Seu poder
em maior grau, que me conceda maior manifestação de Sua presença!
10 de Novembro
Hoje passei algumas horas preciosas com o Dr. Hooper. Como meu coração está
sedento. Os capítulos oito e nove de Esdras foram preciosíssimos. Deus abriu meus
olhos para algumas das abominações da Igreja. Mas, quem me dará um realce sobre o
meu próprio coração! Quanta abominação não estará aí escondida! Que Deus me
ensine a suspirar e chorar; pois os gentios ainda não estão no gozo da Sua herança, os
Cananitas ainda não entraram no santuário.
Tudo parece estar parado. Não há mais surtos. Parece que o trabalho cessou. Mas vou
dobrar os joelhos. Os resultados têm de vir. Por que devo pregar se não ganho almas?
Senhor, cumpre á Tua Palavra. Começa com alguém, ó Deus! Permite que aconteça
alguma coisa. Revela-nos o que está impedindo a Tua presença, ó Espírito de Deus.
14 de Novembro
Deus principiou a agir com algumas outras pessoas. Depois de minha mensagem nesta
noite, quando orávamos, duas pessoas se humilharam e oraram. Uma salvou-se, creio
eu. A outra sentiu a convicção de seus pecados.
16 de Novembro
Outra pessoa deu testemunho na noite de hoje. Por várias semanas estivera sob a
influência de profunda convicção, mas somente agora é que ela se sente feliz, porque
sabe que está salva.
19 de Novembro
A fé cresce. Os céus antes pareciam de bronze, mas nesta tarde, enquanto orávamos,
nada parecia impossível. Deus está permitindo que eu creia. Ó Senhor, dá-me almas.
Que adianta pregar se as almas não são salvas?
Parecia impossível pedir por alguma coisa na tarde de hoje. A mim só era possível
louvá-lo e agradecê-lo por tudo o que Ele iria fazer. Nunca tinha tido essa experiência. A
certeza de que Ele está operando é maravilhosa.

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O superintendente da Escola Dominical da minha igreja acabou de me telefonar para
dizer que, ao pedir a certa pessoa para ensinar numa classe, ela rompeu em pranto,
pois que não o podia fazer porque não estava vivendo retamente. Ele orou com ela,
mas sem que a pessoa obtivesse paz. Agora ele me pede que me una a ele para pedir
em favor dessa criatura. Por diversas semanas ela confessou que estava sob o efeito da
convicção de que pecava.
20 de Novembro
Estou achando a Palavra de Deus preciosíssima. Como ela me revela as abominações
do meu próprio coração! — dúvida, descrença, orgulho espiritual, frieza, falta de oração,
falta de poder e indiferença, assim como as destoantes abominações da Igreja — falta
de separação do mundo, mundanismo dos membros, coros com “pessoas impiedosas,
métodos mundanos para levantar dinheiro, divertimentos, etc., a falta de diferençar
entre o que é santo e o que é profano, o que é puro e o que é impuro. Será que
carecemos de reavivamento? Deus sabe que sim. Não importa o quanto uma igreja é
santa nem a sua fama como força espiritual se as almas não se salvam, se os pecadores
não são despertados nem convencidos de que são pecadores. Isso significa que há al-
guma coisa muito errada.
21 de Novembro
As duas jovens, em favor de quem estávamos orando, vieram definitivamente. Deram
testemunhos esplêndidos e oraram bastante. Como nós O louvamos e Deus está
operando, convencendo e salvando. Toda a honra seja dada ao Seu nome!
12 de Dezembro
Ambas as pessoas que sentiram a convicção no último culto testemunharam nesta noite
com toda a clareza. Sentem-se salvas e felizes. Uma delas esteve em nossa lista de
oração durante sete dias. Louvado seja Deus!
Hoje gastei cerca de três horas em oração com o Dr. Hooper com muito proveito.
19 de Dezembro
Eu e Dr. Hooper nos encontramos às onze horas da manhã e continuamos orando até as
três horas da tarde. À noite Deus operou. Um moço que eu pensava já estar salvo
entrou em meu escritório e me espantou afirmando que nunca nascera de novo. Isso foi
no domingo. Hoje à noite, ele veio e se sentou no último lugar. O Dr. Hooper e eu
intercedemos por ele durante muito tempo em oração. Pedimos a Deus que o
convencesse, e o fizesse voltar como devia e que o induzisse a sentir seus pecados.
Coloquei três cadeiras em frente ao povo para os penitentes. Ao convite, ele veio para
frente e logo se ajoelhou. Não tardou em ficar com o corpo todo tomado de soluços
convulsivos. Nada os podia impedir. Ele pedia por misericórdia, não tardando sentir
que os seus pecados foram perdoados. Com lágrimas correndo pela face, levantou-se
e, enfrentando o povo, contou-lhes que estava salvo. Foi para casa regozijando-se em
seu Salvador. Louvado seja Deus! Ele responde à oração. Que alegria ganhar almas! A
música mais suave que já ouvi é o pranto do pecador penitente chegando para Deus.
Estou resolvido a deixar de lado o comodismo e a me entregar sem reservas a este
grande trabalho.
9 de Janeiro

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Depois de muita meditação e súplica, escolhi esta semana para oração e anunciei uma
reunião durante todas as noites com exceção de sábado. A reunião desta noite foi
maravilhosa. O Espírito Santo tomou uma das senhoras de tal maneira que, pela
primeira vez em sua vida, ela fez uma oração em público. Todos nós sentimos o poder
de Deus. O povo não queria voltar para casa, e assim a reunião se prolongou até as
onze horas.
11 de Janeiro
Esta semana foi a mais maravilhosa de toda. Raramente terminávamos nossas reuniões
antes das dez horas. O povo não queria sair. Deus derramou o Seu Espírito. A convicção
foi real. Muita angústia de alma. Vistas espirituais que estavam cegas se abriram,
pecados foram confessados e abandonados. Muitos que antes nunca tinham orado em
público, e alguns que pensavam que nunca o poderiam fazer, romperam em pranto e
oraram. O fardo sentido em favor de almas pesou sobre diversos moços e velhos. Que
cânticos! A presença de Deus foi mais do que real. Não eram apenas expressões de
lábios, mas de oração.
Ao terminar o culto desta noite, as dez e um quarto, perguntei ao povo — que era
grande — o que é que queria fazer no futuro. Foram unânimes em responder que
queriam a continuação das reuniões. Por isso, na próxima semana teremos de
comparecer todas as noites. Glória a Deus! Como Ele nos respondeu tão
generosamente! Não vem dos homens. É resposta das orações.
Foi muito difícil orar durante a semana inteira, apesar das bênçãos de Deus. Parece que
Satanás não cessa de nos atacar continuamente. Os céus estiveram como bronze. Esta
tarde fui ao meu escritório e procurei orar. Foi impossível. Fui atacado tão severamente
que acabei atirando-me ao solo, cessando a luta, mas, ao me levantar, resolvi vencer. A
vitória foi ganha. O poder das trevas pareceu abandonar a luta e eu prevaleci orando
por mais de uma hora.
20 de Janeiro
Passou-se mais outra semana admirável. As reuniões cresceram em profundidade e em
poder. Houve mais pessoas salvas.
23 de Janeiro
Chuvas afinal. Louvado seja Deus! O recinto repleto. Durante o culto, tinha a impressão
que ia explodir, tanta era a angústia e o peso que eu sentia dentro de mim. No fim fiz
um apelo. Cantamos duas estrofes, mas ninguém veio. Depois cantamos o hino “Assim
Como o Poderoso Mar”. Era o nosso hino favorito. Durante os dois primeiros versos
ainda estava tomado pela agonia. O peso como que foi tirado ao cantarmos o terceiro
verso. Como o cantamos bem! De todo o coração e com toda a nossa alma. Tinha
perdido a esperança quanto aos resultados. De repente uma mulher veio para frente e
se ajoelhou. Seguiu-se uma segunda. Depois duas ou três outras. Dei um passo para
uma quarta que estava sob profunda convicção e disse-lhe apenas uma ou duas
palavras. Quase que imediatamente seus olhos se encheram de lágrimas, baixou a
cabeça e num momento estava prostrada sobre sua face, diante de Deus. Houve seis ao
todo. Oh, que noite! Finalmente despedi o povo e disse-lhes que fossem para casa,
mas, permaneceram, sem desejo de deixar o recinto. As lágrimas corriam livremente.
Os soluços se ouviam enquanto choravam, confessando seus pecados. Deus estava

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operando e não tardou que muitos se levantassem para testemunhar que sentiam seus
pecados perdoados. Oh, que alegria aquela que enchia nossos corações!
6 de Março
O trabalho de Deus continua prosperando.    Durante toda a semana há almas que se
salvam.    O culto desta noite foi admirável. Na última quinta-feira, à noite, um jovem
aluno da universidade foi salvo. Tinha vindo, havia algumas semanas, e saíra resolvido a
nunca mais voltar. Na semana seguinte achou-se de novo na reunião muito a
contragosto. Durante semanas, lutou, mas continuou vindo. Na última quinta-feira,
entretanto, entregou-se. Outro homem que estava de pé à sua frente levantou-se de
modo a impedir que ele saísse do lugar mas, ele empurrou a cadeira para a frente,
afastou o homem que estava de pé, veio, ajoelhou-se diante de todos. Deus o salvou e
nós como de costume rompemos no cântico do hino “Foi feita, a grande transação foi
feita”. Hoje esse moço deu seu testemunho glorioso.
7 de Março
Outra pessoa salvou-se na noite de hoje. Era a primeira reunião a que assistia. Fez sua
oração soluçando. Que trabalho glorioso! A Deus seja dado o louvor!
13 de Março
Mais dois. Um membro proeminente de igreja exclamou: “Eu pensava que era crente,
fui membro da igreja durante muito tempo, mas, hoje, nesta noite, senti-me pecador
culpado.” A outra era uma mulher em favor de quem tínhamos orado durante muito
tempo e que, sob o senso de convicção, se sentia miserável, e por isso veio em busca
de perdão. Ambos foram salvos. De minha parte sempre pensei que ela fosse crente.
Oh, como Deus opera! Que Ele possa fazer sentir sua influência sobre muitos
27 de Março
Hoje à noite tivemos uma demonstração muito clara do poder de Deus. Um moço que
estava de pé na porta do fundo gritou. O auditório espantou-se. Disse que tinha
professado havia dois anos, mas que o pecado se infiltrava sorrateiramente em sua
existência e que ele não estava vivendo uma vida reta diante de Deus. Tinha passado
uma semana medonha, mas estava resolvido a normalizar sua situação perante Deus
antes de sair. Veio para frente e se ajoelhou diante de todos. Deus o ouviu e o atendeu.
Que Deus conceda mais frutos como esse!
2 de Maio
Foi a mais difícil e desencorajadora das reuniões que tivemos. Se um homem que não
crê na existência de um diabo real e pessoal, que comece a orar e trabalhar em favor de
um reavivamento que logo encontrará o inimigo e ficará conhecendo a resistência de
suas forças. Não há dúvida que ele esteve presente ontem à noite. Tudo parecia morto e
gélido.  Nem as orações nem os testemunhos pareciam produzir efeito. Tinha
preparado uma mensagem, mas, não me foi possível transmiti-la. A única coisa que
pude fazer foi gemer e chorar em oração.    Ao terminar a reunião, anunciei que ia
retirar-me para o escritório a fim de orar.  Não sabia quem iria acompanhar-me, pois, eu
estava comprometido com Deus. No entanto, depois percebi que pelo menos umas
doze pessoas estavam orando ao meu redor. Orei e caí em pranto, soluçando a ponto
de quase desfalecer. Estava determinado a orar até o fim, para descobrir o que estava
acontecendo. Uma por uma das pessoas que ali se encontravam foram saindo, até

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ficarem apenas duas. Pouco depois da meia-noite, a luz de Deus raiou, revelando-nos
muita coisa.    Meus próprios fracassos tornaram-se evidentes. A fé principiou a crescer
e às três da madrugada, saímos perfeitamente satisfeitos, fracos no corpo, porém, fortes
na fé. A batalha fora ganha, e Satanás derrotado.
A noite de hoje foi como o céu. Como os nossos corações cantavam de alegria e como
Deus estava perto de nós! O céu parecia aberto e a fé ao alcance de nossa mão.
Ganhamos grande altura como as águias. Deus nos concedeu plena segurança. Nada
nos parecia impossível. Orei quatro vezes durante a reunião e sobre todos pairava um
espírito de oração admirável. Cantamos muitas vezes aquelas palavras gloriosas de
Wesley:
“Fé; poderosa fé no prometido
Que sempre espera tudo o que é perfeito
Que do impossível ri; e o vê cumprido
Clamando vitoriosa: já foi feito!”
17 de Maio
Em minha leitura desta manhã, Deus me mostrou as palavras preciosas de Deut. 2:25.
Temo-nos reunido para orar das cinco ou seis até dez horas da noite, mas vejo que
Satanás está agindo como um anjo de luz. Que Deus nos faça prudentes como as
serpentes. Estive lendo o diário de David Stoner. Como agradeço a Deus por ele. É
outro Brainerd. Fui grandemente auxiliado, (mas como me sinto envergonhado e
humilde à medida que o leio. Como ele estava sedento de Deus. Como ele se
angustiava e se esforçava! Morreu quando tinha trinta e dois anos.
Que espécie de experiência é a minha. Estou sentindo o peso da responsabilidade
pelas almas perdidas? Gosto de orar? O meu desejo pelas coisas do mundo já não
existe? Odeio o pecado? Sinto-me cheio do amor de Deus? Vejo minhas orações
atendidas? Há alguma coisa oculta, qualquer pecado secreto, ou vivo uma vida santa?
Tenho discernimento espiritual? Sou capaz de discernir um sermão cheio de Espírito
Santo? Posso reconhecer quando as pessoas são espirituais? Minha religião é real?
Estou representando Cristo dignamente? Minha vida está fazendo com que os que me
vêem tenham uma idéia correta a respeito Dele? Consinto que Deus sonde e ponha a
minha vida em prova? Há alguma coisa falsa em minha experiência? Tenho o
testemunho claro do Espírito Santo? Será que estou magnificando Jesus Cristo?  Preciso
orar a esse respeito.

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CAPíTULO 10
REALIDADES ESPIRITUAIS DE VALOR
INCALCULÁVEL

22 de Maio
DIA a dia estou cada vez mais levado a acusar o meu trabalho e a pôr tudo à prova.
Estou inteiramente certo de que uma das razões maiores de fracasso está no fato de
não fazermos o juízo exato que devíamos fazer sobre nós mesmos.
Preciso examinar melhor a minha pregação.  Deus assegura que Sua Palavra é fogo,
martelo e espada. Se não estiver sendo, há qualquer coisa errada. Deus prometeu
frutos. Tem que haver resultados. Ele tem que cumprir o que disse a respeito de Sua
Palavra.
Examino a minha vida de oração. Tenho forças para prevalecer junto a Deus? Se não
tenho, o que está havendo? Porventura Deus não afirmou com ênfase que “Ele fará tudo
o que diz”? Se eu oro e não consigo resultados, deve haver qualquer coisa errada.
Preciso examinar minha experiência de crente. Sinto, às vezes, má vontade para com
alguém ou costumo perder a calma? Haverá qualquer coisa em meu coração contrária
ao amor? Estou crescendo na graça e andando com Deus? Já me libertei
completamente do pecado? Os que me são mais próximos e caros crêem na religião
em que creio? Julga-me Senhor, e eleva-me a um grau mais alto de espiritualidade.
Há algumas semanas Deus me concedeu o dom da fé, e eu tive a certeza de que Ele iria
agir, porém, dentro de poucas horas perdi essa bênção. Passaram-se diversas semanas
e numa quinta-feira à tarde, finalmente, Ele me concedeu de novo a mesma dádiva
admirável e de maneira muito mais gloriosa. Durante uma semana eu me mantive em
graça, com alegria consciente, e, depois, tornei a perdê-la. Como eu sou falho! Por que
será que não posso crer em Deus? Então Ele não disse que “todas as coisas são
possíveis para aquele que crê”? Foi nesse ponto que David Stoner fracassou. Aumenta a
minha fé, Senhor.
“Oh, dá-me aquela poderosa fé
Que nada pede em vão!
Que me domine, e não
Te deixe ir Sem dar o meu quinhão.”
24 de Maio
Gastei o dia orando e jejuando. Anunciei, na quarta-feira à noite, durante a reunião de
oração, que nós empregaríamos o feriado, quando quase todos vão para os parques e
lugares de diversões, como um dia de oração e de jejum perante Deus. Sendo assim,
reunimo-nos às nove da manhã e oramos o dia todo até as nove da noite. O tempo
passou rapidamente e resultou em grande bênção para muitos. Nossas orações
visavam o derramamento do Espírito de Deus. Como o povo orava! “O que Deus
operou!”
Fui grandemente abençoado com a leitura da história do glorioso reavivamento
irlandês de 1859.
26 de Maio

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Hoje à noite preguei sobre o juízo. Deus me concedeu desembaraço admirável para
falar. Deve ter havido cerca de mil pessoas presentes. A esposa de um dos principais
homens de negócios ficou grandemente impressionada. Usou seu lenço sem se
constranger e, por fim, baixou o véu do chapéu sobre o rosto para esconder as
lágrimas. A nossa solista principal, em favor de quem tínhamos estado orando muito,
conservou a cabeça abaixada, durante todo o sermão, parecendo estar profundamente
tocada. Outros também ficaram tomados pelo senso da convicção de pecados.
Louvado seja Deus pelas orações respondidas! Que continuemos a manter o forte em
nosso poder, até que Ele venha!
27 de Maio
Cheguei ao ponto em que verifico que não conheço quase nada acerca de religião
experimentada. Estou de posse apenas da “forma exterior da piedade”, mas não do
“poder”. Minha cabeça é que está no gozo dessa posse, não o meu coração. Minha
religião é mais teórica do que experimental. John Fletcher, W. Bramwell e John Smith
possuíam alguma coisa à qual sou completamente estranho. Como resultado de minhas
leituras, estou certo de que os metodistas primitivos estavam mais próximos da
experiência apostólica do que qualquer outro grupo de pessoas que conheço.
Prouvesse a Deus que nunca perdessem o seu poder! Quanto Deus ainda tem
armazenado para Seus santos! Tenho de experimentar a mesma força do alto custe o
que custar. Que o Espírito Santo seja o meu mestre enquanto leio, oro e medito. Que
maravilha a fé para crer! A fé que demonstravam aqueles homens e mulheres de um ou
dois séculos atrás.
29 de Maio
Reunião admirável! Manifestação maravilhosa do poder de Deus! Não consegui
transmitir a mensagem que tinha preparado, mas falei desembaraçadamente à medida
que Deus me guiava. Convicção muito profunda. Seis pessoas vieram e se ajoelharam
na frente, sem serem convidadas. Uma mulher que antes tinha ficado muito zangada
porque oramos em seu favor, ficou profundamente comovida nesta noite. Tinha jurado
que nunca haveria de vir como penitente, e que jamais curvaria sua cabeça vinda à
frente. Apesar de tudo, ela veio. Aleluia!
2 de Junho
Sábado foi o nosso segundo dia de oração e de jejum. Instamos com Deus durante oito
horas, tendo tido uma abençoada experiência.
Estivemos lendo a história maravilhosa da Sra. Fletcher. Como ela andava com Deus.
Como ela sofreu. Que paciência e que confiança! Isso me leva a me pôr de joelhos
chorando, ao perceber minha indignidade. Livra-me, Senhor, de tudo quanto não
contribua para Tua glória. Mantém cada momento dentro de Tua vontade. “Dá-me um
pouco do que John Fletcher possuía! Oh, como eu almejo ter mais da Tua graça. Como
o meu coração tem sede de retidão.
5 de Junho
À noite tivemos uma reunião admirável. Quatro desviados vieram ajoelhar-se à frente.
Todos receberam o que buscavam. O povo começou a dar testemunho e o cântico se
mostrou profundamente espiritual. Finalmente eu perguntei se não queriam ir para
casa. “Não”, responderam de todos os lados. “Pois bem”, repliquei, “faltam vinte minutos

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para onze horas”. Espantaram-se e perguntaram: “Será possível!”, continuei, “que isto já
seja o Reavivamento?” A alegria era muito intensa em inúmeros corações. A Ele seja
dada toda a glória!
Verifico que estamos progredindo espiritualmente e que estamos deixando de cantar
os hinos mais populares e superficiais tendo cada vez mais gosto pelos velhos padrões
tão grandemente usados por Deus em outros  tempos. Cantamos e tornamos a cantar
os seguintes hinos: “Vinde Pobres Pecadores”, “Ah! Se Eu Pudesse Falar do Valor Sem
Igual”, “Levanta-te, Minha alma levanta-te”. “Ó Coração, Louva a Meu Deus”, “Divino
Amor” e “Fé, Poderosa Fé”.
9 de Junho
Enquanto ia para casa, hoje de manhã, senti meu coração tomado de paz
transbordante. Uma após outra, muitas passagens das Escrituras vieram à minha
lembrança enquanto eu cantava de modo especial aquele verso que diz:
“Jesus é o nome mais louvado no inferno, terra e céu
Por anjos e homens respeitados Terror de Satanás!”
Sentindo essa presença de Deus tão incomum, eu gostaria de saber e por isso
perguntei se uma paz assim poderia perdurar em ocasiões de atribulação e de difi-
culdade. Depois do culto fui muito encorajado por duas pessoas que me contaram ter
sentido que se quebraram as cadeias que as prendiam e que por isso receberam
grandes bênçãos. Seguiu-se oposição amarga. Satanás ainda está agindo.” Mesmo
alguns dos melhores membros da igreja estão servindo de instrumentos nas mãos dele
para impedirem o trabalho e para colocarem obstáculos no caminho.
18 de Junho
Enquanto estava transmitindo a mensagem desta noite, um homem levantou-se
subitamente do seu lugar e, com um gemido profundo, foi para frente, prostrando-se
sobre os joelhos. A luz não tardou em raiar. Voltando-se para os presentes, disse: “Bem,
irmãos! Achei Jesus! Achei Jesus”! Como é maravilhoso o poder de Deus! Como Ele
opera admiravelmente em resposta à oração de fé.
Esta manhã deixei minha casa às seis e trinta. Fui a pé para a igreja e comecei a orar as
seis e quarenta e cinco. Sentia-me tão esgotado, cansado e sonolento que me deitei.
Depois de ter tentado em vão ficar em contato com Deus, dormi durante uma hora e
meia. As oito e trinta comecei a orar de novo, e, durante uma hora e meia, tive uma
sensação de liberdade admirável e uma grande bênção. Senti a presença de Deus
muito perto e creio que estive em condições de prevalecer. Depois como que me senti
num banquete, lendo a Palavra, quando experimentei o que significa o poder de uma
vida reta e santa.
19 de Junho
Hoje pela manhã, quatro de nós nos reunimos para orar, desde as oito até as doze
horas, tendo sido muito abençoados. Na reunião da última quinta-feira alguns não
concordaram com tudo aquilo que eu disse e mentiram que eu estava repreendendo e
criticando o povo, insistindo para que orassem mais. À noite, porém, reunimo-nos com
uma nova consagração, vendo que havia grande alegria em muitas faces. Apesar de
tudo, foi-me mostrado que é inútil tentar trabalhar na carne e que somente Deus pode
fazer nascer nos outros a responsabilidade de orar e que por isso eu devo deixar essa

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questão com Ele. Quando o povo está realmente tocado pelo Espírito Santo, não é
preciso nenhuma insistência. Graças a Deus, Ele me galardoou com grandes auxiliares
para o trabalho de oração.
21 de Junho
Há dois, versículos que ultimamente foram uma bênção para mim. O primeiro é este:
”Clama a Mim, e eu responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não
sabes.” (Jer. 33:3). Senhor, torna-me capaz de apreender a verdade desse versículo,
pela fé, e concede-me as “Coisas grandes e firmes”. O segundo “E eles tendo partido,
pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a Palavra
com os sinais que se seguiram.” (Marcos 16:20). Estou bem certo de que o Senhor está
trabalhando comigo? Que prova tenho eu se não vejo a Palavra que prego confirmada
por sinais que se seguem? Fico satisfeito em prosseguir sem ter a certeza? Preciso ver
convicção de pecado, culminando na salvação de almas.
1 de Julho
Gastei o dia em oração e jejum com cinco ou seis pessoas cujos corações tinham sido
tocados por Deus. A resistência de Satanás foi grande; não fomos capazes de orar até o
fim e prevalecer.
5 de Agosto
O diabo mais de uma vez esteve ocupado conosco. Um homem está resolvido a fazer
com que sua esposa não assista às reuniões. Ele estava furioso e ameaçava fazer muitas
coisas. Entretanto, foi marcada uma reunião em casa, a convite de sua esposa, na qual
ele sentiu a convicção de seus pecados, sendo levado a ver seu erro, estando certo,
agora, de que não tinha o direito de proceder assim. Satanás não se importa que as
pessoas assistam aos cultos ordinários da igreja, mas, logo que seu reino é invadido, ele
imediatamente se preocupa. Diversos homens proibiram suas esposas de freqüentarem
nossas reuniões.
16 de Agosto
Voltando para trás o meu diário, noto que hoje faz um ano que começamos a nos
preocupar de modo especial por um reavivamento. Tivemos no dia de hoje um dia de
oração e fizemos uma recordação do trabalho do ano, perante Deus. Alguns dos
convertidos professos retrocederam, ainda que a maioria permaneça firme. Que
espécie de filhos tivemos! Temos que fazer distinção entre os genuínos e os
contraventores, entre o trabalho do Espírito e o trabalho da carne. Que as nossas ora-
ções prevaleçam mais que nunca. Não se deve apanhar o fruto antes de estar maduro.
Queremos filhos que amem seus pais, que amem sua casa, o lugar do seu nascimento,
e que estejam sempre presentes na hora das refeições. Os outros não são legítimos.
Alguns estão prosseguindo admiravelmente e se tornando excelentes auxiliares na
oração.
24 de Agosto
Deus ainda está operando e respondendo a nossos pedidos. Estamos presenciando
coisas poderosas. Os convertidos estão sendo chamados a sofrerem perseguição. Uma
convertida conta como as pessoas da casa vizinha, desde que houve a transformação
de sua vida, haviam-se tornado tão mesquinhas, a ponto de atirarem água suja e lixo no
caminho dela, fazendo tudo para que ela se zangasse. Ela nunca disse nada, tratando-as

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com bondade como sempre as tratara. Colocou um dos nossos folhetos na caixa do
correio dos vizinhos e crê que eles o leram, pois, no dia seguinte, a mulher parecia
apunhalá-la com o olhar. Pois bem, no outro dia a vizinha foi levada às pressas ao
hospital para ser operada. Nossa convertida foi procurar o marido que ficou surpreso e,
no dia imediato, foi fazer uma visita à doente no hospital, orando com ela. A mulher
arrependeu-se e soluçou. No outro dia o marido veio e lhe perguntou: “A senhora crê
que o Senhor pode perdoar-me por todo o que eu fiz”?
26 de Agosto
Na semana passada escrevi a George Stenton, de Peterborough, insistindo para que ele
viesse auxiliar-me na oração. Ele veio e esta tarde passamos um período de tempo
admirável. Quando anunciei que o jantar estava pronto, ele levantou a cabeça, tendo na
face um ar de surpresa. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Parecia ter estado no
céu, sendo repentinamente arrebatado para a terra, pois estava desfeito e humilhado.
Deus lhe havia concedido uma grande fé e ele sabe como perseverar em oração. As
respostas que Ele recebe são surpreendentes. Tem o dom de inspirar fé nos outros, por-
que vive com Deus.
9 de Setembro
A Palavra se está tornando cada vez mais preciosa. Delicio-me em ler os capítulos que
tratam dos velhos profetas. Meu coração anseia por ter uma experiência de salvação de
Deus e por um contacto mais íntimo com Jesus Cristo. Quero ser separado do mundo e
de tudo o que ele contém. Quanto mais oro, mais gosto de orar. Deus é a minha
porção.
15 de Setembro
Hoje à noite Deus imprimiu Seu selo, deu testemunho da verdade e confirmou Sua
Palavra. Enquanto eu pregava, uma moça, estranha em nosso meio, levantou-se e ficou
de pé por algum tempo até que eu a visse. Parei de pregar, louvado seja Deus, e
perguntei se ela tinha se decidido por Cristo. Pela resposta que deu, parecia que não
lhe fora possível esperar até o fim do culto, tão profunda tinha sido a convicção que
experimentara. Continuei, então, com meu coração. O efeito foi admirável. Um ai se
espalhou pelo auditório inteiro e vintenas de pessoas ficaram profundamente abaladas.
À medida que eu prosseguia, três homens e duas mulheres foram vistos a chorar. Um
homem soluçava alto. A moça, que tinha ficado de pé, veio ao meu escritório, depois do
culto, e, tanto quanto me é possível dizer, era claro que estava de posse do perdão.
Como nós louvamos a Deus!
23 de Setembro
Deve haver mais angústia de alma e convicção de pecado mais profunda, porém, isto
está inteiramente no âmbito da operação do Espírito Santo. Por isso, nada valerá senão
a oração de fé. É Deus quem salva as almas. O trabalho de Deus é a operação do
Espírito Santo em resposta da oração de fé. Tornei a ler a vida de John Smith. Como ele
era homem de oração e de fé! E como ele procurava almas! Há muitos livros que des-
crevem reavivamentos e relatam os resultados do trabalho de Deus, porém, John Smith
conta como consegui-los, como fazer, o método, o único método que produz os frutos
do Espírito Santo e que produz resultados para a glória de Deus.

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Estou lendo o diário de John Wesley, pela primeira vez. Quatro volumes grandes. Será
que os lerei até o fim? Penso que sim, pois os acho muito interessantes e úteis. Que
homem! E como proclamava a grande doutrina fundamental da salvação pela fé!
Continua a operar, Tu Espírito de Poder, e levanta de novo um povo para Teu nome!
Concede-me de novo a visitação do Alto, a volta dos dias apostólicos, pois é isso
seguramente que significa realização do céu aqui em baixo! E em tudo isso seja Jesus
Cristo glorificado! Amem!
Teu trabalho reaviva! E demonstra Teu poder. Vem com força rediviva Conceder-nos Teu
perdão.
Teu trabalho reaviva! Ouvindo nossa oração Acende em nós a fé viva
Que transforma o coração. Teu trabalho, ó Deus bendito,
Seja a nossa inspiração. Faze o nosso “eu” contrito! Eis, a nossa petição.
Dá-nos outro pentecostes, Repleto de animação
Prá vencer do mal as hostes E trazer convicção!
Faze os servos Teus ousados! Faze-os ter maior ardor!
Confessando seus pecados Mostrarão Teu esplendor
Vem cumprir Tua promessa! Esperamos Tua vitória.
Vem, Senhor, ó vem depressa! Vem com Teu poder e glória!

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CAPíTULO 11
SEDE DE REAVIVAMENTO

Por ocasião de minhas visitas aos Campos Missionários da Europa, tive oportunidade de
ver Deus operando da maneira mais notável. O povo viria de quase 50 quilômetros a
pé, ou andaria a cavalo e carroça cerca de 380 quilômetros, para assistir aos cultos. As
reuniões duravam três horas ou mais e, algumas vezes, eram em número de três por dia.
Apesar disso, o povo se queixava de que não era o bastante. Em certa localidade
reuniam-se por sua própria iniciativa, nas primeiras horas, antes mesmo dos obreiros
aparecerem em cena, completando desse modo quatro cultos diários.
Não havia necessidade de gastar dinheiro com anúncios. Uma pessoa contava a outra e
todos vinham, abarrotando o recinto, ocupando todos os lugares, corredores e
plataforma, nos maiores salões, a ponto de dificilmente poder entrar outra pessoa.
Lembro-me bem de ter pregado a três mil pessoas numa igreja luterana. Como ouviam
com atenção! Nas reuniões ao ar livre era a mesma coisa. Vi-os permanecer de pé, sob a
chuva, durante três horas — homens mulheres, crianças — tanta era a sua sede do
evangelho.
E como Deus operou! Desde o início, sentia-se no ar o espírito de reavivamento.
Oravam, cantavam, davam testemunhos. As lágrimas corriam pelas suas faces. Ouviam
as mensagens com o coração contrito, e quando se fazia o convite, vinham em grande
número para frente, prostrando-se sobre os joelhos, com lágrimas transbordando dos
olhos, clamavam a Deus, suplicando por misericórdia. É assim que diz o meu diário – é
melhor ilustrar o que relato:
“Seria absolutamente impossível descrever as cenas desempenhadas pelo Espírito
Santo: o que Deus operou não foi nada menos que miraculoso. Todas as noites o
grande auditório ficava literalmente repleto, além de sua capacidade, com as galerias,
plataforma e tudo ocupado com pessoas de pé, por toda a parte. Noite após noite, as
almas vinham para frente em busca de salvação, e o altar ficava cada vez mais cheio.
Grande foi o número dos que aceitaram a Cristo pela primeira vez. Quantos, eu não sei.
“A reunião das dez horas da manhã era a ocasião da grande festa. Na primeira manhã, o
grande auditório de baixo estava cheio, com uns poucos nos lugares do coro. No
segundo dia. o número era maior, e no terceiro, ainda maior, quando teve início o
glorioso surto. Na quarta manhã, não havia mais espaço. Todos os lugares do coro
estavam ocupados. Onde houvesse espaço, colocavam cadeiras avulsas que eram
ocupadas imediatamente. O povo continuava a afluir, até que, por último, muitos foram
obrigados a ficar de pé pelas passagens. Foi então que o poder de Deus caiu sobre o
auditório. Homens e mulheres se ajoelhavam por toda a parte, e, ah, que orações! Que
lágrimas! Que penitência e que confissões! Que alegria e que paz! Que testemunho! E
como cantavam! Verdadeiramente aquilo parecia o céu na terra.
“Ao terminar a reunião, houve um pedido para outra, extra, às quatro horas da tarde.
Perguntaram-me se eu poderia tornar a pregar. Assentei e às quatro horas estavam de
volta. Mais uma vez o poder de Deus esteve presente. As lágrimas corriam livremente.
Em muitas faces estavam impressos os sinais de uma alegria inexprimível. Ajoelhamo-
nos diante de Deus em silêncio e o Espírito Santo desceu sobre muitas pessoas. As seis
e trinta preguei outra vez e também às oito horas, pregando assim quatro vezes ao dia.

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“Logo que fui para o meu quarto ouvi que bateram à porta. Era um estudante, ele
entrou. Disse-me que Deus lhe falara e me descreveu a sede intensa de algo superior
que sentia em seu coração. Disse-me que estava resolvido a orar durante toda a noite e
que não cessaria de orar enquanto não sentisse o poder do Espírito Santo em sua vida.
Oramos juntos e ele soluçou muito. Havia começado o movimento.
“Minutos depois ouvi outra batida. “Poderia eu ir ter com alguém no quarto vizinho”?
Quando entrei, dei com um grupo de pessoas no escritório, todas prostradas sobre
seus rostos. Deus também lhes tinha falado. Outras orações, em agonia, orações
definidas que subiam ao trono de Deus. O pecado tinha sido considerado e deixado de
lado, com submissão completa, pois o Espírito Santo tinha atuado de novo.
“Reuni todos os estudantes num grupo, e todos se ajoelharam e abriram seu coração
perante Deus, orando em russo, alemão, leto e inglês. Que horas extraordinárias! Como
choravam diante do Senhor! Que prazer estar nesse ambiente de reavivamento e ver o
próprio Espírito Santo a operar. Afinal retiraram-se para continuar em oração em seus
quartos. Às doze horas, voltei para meu escritório e com minha alma cheia de gratidão e
de alegria, fui para a cama. Como aquele dia tinha sido abençoado!
“Fomos obrigados a ir juntos para o auditório, na manhã seguinte, onde se reuniam
mais de mil e duzentas pessoas. O altar também fora inteiramente tomado. Louvado
seja Deus! Com as mãos levantadas todos cantaram o hino que diz: “Bendito o Nome”.
Às quatro horas preguei de novo. Agora para um auditório tendo mais de mil e
quinhentas pessoas, muitas obrigadas a ficar de pé. Mais uma vez ficou forrado de
almas. Depois, tive de enfrentar o meu terceiro auditório, as sete horas da noite. O
poder do Espírito foi realíssimo. No grande auditório notava-se como que um silêncio
profundo, de modo que ao terminar, foram tantos os que vieram para frente que a
reunião, após o culto, durou mais de uma hora. Esta reunião realizou-se no salão de
baixo. Às oito horas subi e encontrei uma multidão de mil e trezentas pessoas
esperando por mim. Tornei a proclamar a mensagem e fiz um convite. Imediatamente
uma fila longa de pessoas foi para a frente. Homens, mulheres, moços e velhos ficaram
em volta do altar com alegria e contrição, aceitando a Cristo. Era a minha quarta reunião
naquele dia e eu pensava que fosse a última, porém, ao chegar à Casa da Missão,
encontrei um quarto cheio de russos, todos com a face voltada para Deus, orando
silenciosamente e ardorosamente, como só os russos sabem orar. Juntei-me com eles
por um pouco, depois os deixei, e às doze horas fui para o leito. Que conversões
maravilhosas! Que alegria! Que poder! Em minha existência toda, nunca preguei para
tais congregações, nem no Canadá nem nos Estados Unidos.
“O domingo de páscoa foi um dia inesquecível. O primeiro culto realizou-se às seis
horas da manhã. Na véspera eu tinha assistido ao serviço à meia-noite, na igreja
ortodoxa. Tinha visto o povo com velas e reparado os sacerdotes com suas vestes
alegres dando três voltas, em marcha, ao redor da igreja e pelo lado de fora. O cântico
do coro era esplêndido. O arcebispo fez um sermão sobre a Ressurreição. Eram duas
horas quando fui deitar-me. Por isso não foi fácil pregar às seis. Havia mil e duzentas
pessoas presentes. Muitos atenderam ao convite e aceitaram Cristo.

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“Às dez horas, tornei a pregar a uma congregação de mil e seiscentas pessoas. Até as
passagens e galerias estavam repletas, com gente de pé por toda a parte. Foi uma cena
maravilhosa. A reunião durou quatro horas.
“Depois de jantar deitei-me e adormeci, acordando para o outro culto às quatro horas.
Havia mil e quatrocentas pessoas presentes. Grande número foi para frente à medida
que o Espírito de Deus os comovia com poder inspirador. Muitas faces estavam
banhadas de lágrimas. Homens levantaram-se enxugando os olhos tumefeitos. Muitos
corações tinham encontrado salvação e com alegria nos seus rostos apertavam minha
mão calorosamente, à medida que eu caminhava ao longo da comprida fila dos
convertidos. Havia moços e moças. Velhos também e muitos com cabelos grisalhos.
Entre eles havia algumas crianças. Todos tinham procurado e encontrado o Salvador.
Que alegria sem limites!
“Na segunda-feira estive numa igreja russa onde, há cinco anos, eu já tinha pregado o
Evangelho. Ah! encontrei o recinto repleto, às dez horas. Pessoas comprimindo-se nas
galerias, pessoas de pé por toda parte, e, atrás de mim, um coro muito grande e uma
banda de música. Falei com toda a convicção a respeito da vitória sobre o pecado, e ao
terminar, dezenas e dezenas de pessoas se ajoelharam enquanto o bendito Espírito
Santo penetrava em suas vidas e tornava real a transação. Deus operou poderosamente.
Muitos apresentavam traços verdadeiramente gloriosos em suas faces, tal sua alegria.
“Noutra cidade russa, o culto foi feito na igreja local que tinha cerca da metade do
recinto ocupado, mas, logo começou a se fazer notar o surto de reavivamento. Muitos
oraram com lágrimas. No culto seguinte a igreja estava repleta e com muita gente de
pé. Esta terceira reunião realizou-se num recinto que comportava três mil pessoas
sentadas, diziam, mas esse recinto foi demasiadamente pequeno. A multidão de
ouvintes era tal e tão profundo o seu interesse que foi grande o número dos que
tiveram de ficar de pé pelas passagens. Apesar da grande quantidade de pessoas que
se comprimiam, muitos foram para frente e se ajoelharam diante do altar, aceitando
Cristo. Na congregação havia um profundo sentimento de pecado.
“Surge à noite de segunda-feira. Será que aquela multidão volta? Ou seria como
acontece na América, às segundas-feiras? A pergunta iria ser respondida logo, pois, ao
chegar à igreja, encontramo-la repleta, com um número enorme de pessoas enchendo
os bancos e corredores. Que espetáculo! Duas galerias, uma bem no fundo, por cima
da primeira. Faces tendo traços de grande tensão nervosa e olhando para baixo em
nossa direção. Como minha alma ficou comovida ao ver aqueles rostos! E com que
atenção me ouviam! Ao terminar, convidei-os para uma reunião depois do culto. Cerca
de quinhentas pessoas saíram, o resto permaneceu. E, assim, com cerca de mil e
trezentas pessoas presentes tive de prosseguir. Logo os lugares da frente foram to-
mados pelos que procuravam salvação. Expliquei-lhes o Evangelho cuidadosamente.
Enquanto eu falava, suas lágrimas corriam. Logo se ajoelharam. Os pecados foram
confessados e perdoados, Cristo aceito, e expressões de louvor oferecidas a Deus.
Como a expressão de suas faces estava transformada quando se levantaram! Como a
alegria fazia seus olhos brilharem!  Depois deram testemunho, um por um, até uns vinte
terem contado como haviam experimentado ali mesmo o novo nascimento. Dois

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estavam duvidosos. Tornei a falar com eles, e não tardou que experimentassem grande
alegria, chorando, e adorando a Deus.
“Assim terminou uma das mais admiráveis séries de reuniões de avivamento que
realizei. Na América jamais tive essa experiência. Nem me esquecerei das cenas
gloriosas em que tomei parte. Que sede espiritual de Deus! Em que parte do Canadá
poder-se-á ter alguma coisa assim? Toda a minha alma vai ter com aquelas multidões.
Como Deus as visitou poderosamente! E como e O louvo, por isso! Ele ainda é o
mesmo. O Deus de Wesley e Finney, o Deus de Moody e Evan Roberts, este Deus é
nosso para todo o sempre. Ainda é o Deus de Reavivamento. Sua mão nunca se
encolheu e Seu ouvido jamais se agravou. Ele ouve, Ele responde à oração. Aleluia!
“Quanto a mim, sinto-me profundamente humilhado. Deus abençoou ricamente minha
própria alma. Isto significa uma crucificação nova, uma experiência mais profunda e um
andar mais íntimo com Ele. Meu coração se desfez muitas vezes. Daqui por diante,
como nunca aconteceu antes, é preciso que “Deus esteja em primeiro lugar.” Deixei de
lado meus próprios planos e desejos; os Dele eu aceito. O que o futuro me reserva eu
não sei; porém todo o meu tempo está em Suas mãos. Se Ele quiser condescender em
me usar para um trabalho de reavivamento espiritual novo e profundo, ficarei mais do
que satisfeito; não importa onde, aqui ou na minha terra. Seguirei para onde Ele me
guiar. Desejo entregar-me inteiramente a Deus e viver todos os instantes de minha vida
num reino muito mais acima deste mundo e desta carne em que habito, e em
comunhão ininterrupta com o meu bendito Senhor!”
Portanto, que nós, que sentimos essa sede, e, graças a Deus, existem alguns aqui e ali
que a sentem, nos levantemos em oração pelo nosso povo e por todos os crentes no
mundo, e peçamos a Deus que faca nascer essa sede, seja pela catástrofe, seja pela
guerra, seja pela inflação, seja pelo que for, faça nascer aquela sede a qual não pode
haver reavivamento genuíno.

fonte:
http://www.levandoapalavra.com/123/?p=1316 acessado em 13/09/2018

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