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Por ser um dialogo a oração é uma meditação na qual eu reflito sobre algumas coisas,
na qual tento esvaziar-me de mim mesmo ou discernir as paixões e estados da minha
alma.
Antes de tudo a oração é um dialogo com alguém, um outro que está em mim.
Alguém que me olhe, me fala, me escuta.
A oração é um face a face o Deus que me criou, que me ama e me salva. O nosso
mundo corre o risco de andar a deriva em relação a oração: o risco de confundi-la
com praticas meditativas.
O homem que é feito para Deus, quando é ferido por sua experiência de vida
centraliza-se naturalmente em si mesmo, fecha-se. A oração corre o risco de
transformar-se em um dialogo consigo mesmo, entre dias partes de si:
- aquela que tem sede de algo mais, de libertar-se de suas preocupações e andar nos
caminhos de Deus;
- e aquela que vive debaixo da influencia das paixões desordenadas.
Este tipo de dialogo não é ainda o contato com Deus, o qual exige uma saída de si
mesmo.
A oração é um Olhar
A verdadeira oração não fica somente no nível emocional. Apesar da oração implicar
o corpo inteiro, a afetividade e as emoções que existem em cada um de nós, a oração
fica, no entanto, essencialmente no nível da alma espiritual, ou seja, da inteligência e
da vontade nas quais se encontram a fé, a esperança e a caridade.
A fé nos permite conhecer a Deus na verdade. A esperança e a caridade aperfeiçoam
a nossa vontade e a torna capaz de nos unir a Deus. Por isso, quando decidimos rezar
precisamos ficar debaixo do olhar de Deus, tal como Ele se revela a nós na fé da
igreja e não tal como O imagino ou O sinto.
Esta dimensão de fe é fundamental na oração. Só podemos tocar Deus através dos
dons da fé, da esperança e da caridade, que são chamadas de virtudes teologais.
O ato da fé é o coração da oração. Ele permite colocar em ordem as nossas emoções:
podemos ter a impressão de que o Senhor está ausente, posso sentir-me tal como um
galho seco esquecido num lugar perdido, pouco importa. A fé nos faz acreditar que
Deus está presente, que Ele me olha e me ama.
“TU ÉS PRECIOSO AOS MEUS OLHOS, ÉS HONRADO E EU TE AMO” me
diz a Palavra de Deus. O escudo da fé e a espada da Palavra serão nossa defesa contra
todos os ataques do demônio na nossa imaginação e na nossa memória.
Este Deus que me ama e sob o olhar do qual eu fico, eu quero ama-lo. Entro num
Dialogo de Amor com Ele. Eu quero amar este outro que está em mim e que ao
mesmo tempo é mais intimo do que eu sou de mim mesmo. Por isso eu me decido a
amá-lo. Por mais fraco que seja, não importa. Quando uma mãe se debruça sobre o
seu filho e ele sorri balbuciando, isto basta para faze-la feliz. Ela ficará à espera de
uma outra resposta de amor quando ele tiver 5, 10, ou 20 anos. Deus também não
espera de nos uma resposta perfeita, mas proporcional ao que possamos dar hoje.
Aquela resposta de amor jorra da nossa vontade livre, não dos nossos sentimentos.
Na oração, eu posso sentir uma grande paz, ou, ao contrario, ficar inquieto, disperso.
Novamente, vamos ter a certeza de que, apesar das nossas emoções, do que posso
estar sentindo, Deus age em nossos corações de dissermos SIM a ELE.
Deus não fixa um encontro de amor sem operar uma transformação em nossa alma.
Assim acontece a obra da sua graça.
A oração é então este momento abençoado no qual Deus nos transforma com a sua
graça sobrenatural, libertando-nos de nós mesmos e levando cada um de nos no seu
coração. A oração é assim a linguagem da esperança.
Alguns conselhos