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anual d CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS – AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE

‘’’1 - Atenção primária de saúde/atenção básica à saúde: estratégia de saúde da família; Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF); Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD)
Acolhimento e vínculo, trabalho em equipe.
- estratégia de saúde da família
A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os do Sistema Único de Saúde, e
é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção
básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e
fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de
propiciar uma importante relação custo-efetividade. Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional
(equipe de Saúde da Família – eSF) composta por, no mínimo: (I) médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico
de Família e Comunidade; (II) enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou técnico de enfermagem; e
(IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista
generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal.
Mais informações sobre as atribuições das equipes de Saúde da Família, assim como de cada profissional, você encontra nos itens 4.3
e 4.4 da Política Nacional de Atenção Básica. É prevista, ainda, a implantação da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde nas
Unidades Básicas de Saúde como uma possibilidade para a reorganização inicial da atenção básica com vistas à implantação gradual
da ESF ou como uma forma de agregar os agentes comunitários a outras maneiras de organização da atenção básica.
Cada equipe de Saúde da Família (eSF) deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000
pessoas, respeitando critérios de equidade para essa definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe considere o grau
de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade
de pessoas por equipe.
- NÚCLEO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF)
As situações de saúde e adoecimento nesse nosso país continental são díspares e, assim, a par das doenças definidas
pelo perfil epidemiológico da população e outras que, frente à globalização, emergem e reemergem fazendo com que a
população apresente uma pluralidade de agravos à saúde, surgem os problemas de violência, de saúde mental, pobreza,
uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas, acidentes externos, entre outros. Essa realidade tão complexa necessita de um
olhar multifacetado, em que diferentes profissionais possam apoiar a inserção da Estratégia Saúde da Família na rede de
serviços, garantindo a continuidade e a integralidade da atenção. Dentro desse escopo foram criados os Núcleos de Apoio
à Saúde da Família – NASF, compostos por profissionais de diferentes áreas de conhecimento que atuam de maneira
integrada com as Equipes de Saúde da Família, com as equipes de Atenção Básica para populações específicas e com o
Programa Academia da Saúde, sendo o objetivo deste último a implantação de polos para a orientação de práticas
corporais e atividade física e de lazer e modos de vida saudável (BRASIL, 2011).
A integralidade se materializa principalmente pelo aumento da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e
necessidades de saúde – tanto clínicos quanto sanitários –, por meio da responsabilização compartilhada entre a equipe
do NASF e as Equipes de Saúde da Família e de populações específicas, garantindo-lhes encaminhamento, com base
nos processos de referência e contra referência, e atuando no fortalecimento do seu papel de coordenação do cuidado
nas redes de Atenção à Saúde. Inúmeras e complexas são as responsabilidades atribuídas aos profissionais do NASF,
entre elas: a definição de indicadores e metas que avaliem suas ações; a definição de uma agenda de trabalho que
privilegie as atividades pedagógicas e assistenciais; e ações diretas e conjuntas com a ESF no território (BRASIL, 2011).
É importante refletir que cada ação ou todas elas, analisadas no conjunto da obra, pressupõem ações a serem
desenvolvidas em parceria com as Equipes de Saúde da Família e a comunidade, com vista à vigilância à saúde.
O NASF está organizado em duas modalidades: NASF 1 e NASF 2, e a composição de cada uma delas deverá ser definida
pelos gestores municipais, a partir dos dados epidemiológicos e das necessidades locais e das equipes de saúde que
serão apoiadas. Os profissionais que compõem o NASF 1 e 2, segundo o Código Brasileiro de Ocupações – CBO, são:
Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta;
Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico
Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico Internista (clínica médica); Médico do Trabalho; Médico
Veterinário; profissional com formação em arte e educação (arte-educador); e profissional de saúde sanitarista, ou seja,
profissional graduado na área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em
uma dessas áreas. (BRASIL, 2011). É importante observar que não há diferença entre o NASF 1 e 2 quanto aos
profissionais que os compõem, diferindo apenas na carga horária semanal e no número de equipes de Saúde da Família
e/ou equipes de Atenção Básica para populações específicas. Esses núcleos devem funcionar em horário de trabalho
coincidente com o das referidas equipes que apoiam, além de estar vinculados aos polos do Programa Academia da Saúde
de seu território de abrangência
- Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) surgiu como uma forma de complementar o Programa de Agentes Comunitários
de Saúde (PACS). O PACS contava apenas com ACS, sendo esses coordenados por um enfermeiro. O enfermeiro além
de coordenar as ações dos ACS, também é responsável por capacitá-los. Essa capacitação é realizada de acordo com as
necessidades identificadas na comunidade (BRASIL, 2001). A ESF é composta por uma equipe mínima, sendo esta
formada por um médico, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e até 12 agentes comunitários de saúde.
Cada ACS, pode ser responsável por no máximo 750 pessoas. A ESF, ainda pode ser integrada à uma equipe de saúde
bucal (BRASIL, 2009). A inserção da Saúde Bucal no PSF, afirma a proposta de mudança no modelo de saúde. A saúde
bucal, deve ser incorporada a saúde geral do indivíduo (PALÚ, 2004). O ACS, deve residir dentro da própria comunidade,
ter idade superior a 18 anos, o perfil social deve prevalecer sobre o perfil técnico, deve estar disponível para realizar o
trabalho em tempo integral (KLUTHCOVSKY; TAKAYANAGUI, 2006). O ACS, veio para contribuir para a mudança de
paradigmas. O antigo modelo de assistência a saúde, focado no curativo, onde o usuário procurava o sistema de saúde,
ou melhor atendimento a saúde somente quando estava doente. Não existia um cuidado continuado, isso só foi possível,
com o surgimento do PACS, que serviu como transição para o PSF, que posteriormente passou a ser ESF. A ESF é uma
nova forma de fazer saúde, com foco na prevenção. Trouxe consigo uma mudança de locus centrado no hospital, para um
modelo que valoriza a prevenção de enfermidades focando a família. A ESF articula técnicas e conhecimentos de várias
áreas como clínica, epidemiologia, planejamento social orientando ações multiprofissionais e integradas (JORGE et al ,
2007). Apesar do PACS e da ESF, contar com o ACS inserido como membro da equipe de saúde, e nas suas respctivas
portarias constar as responsabilidades e atribuições, o ACS, só foi reconhecido como profissional em 2002, com a Lei nº
10.507 de 10 de Julho de 2002. Em 2006 esta Lei é revogada pela Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006 e os ACS
retornam à executores de “atividades”.
A inserção do ACS, no serviço de saúde tornou-se uma política estrutural para a saúde pública no Brasil (QUEIRÓS; LIMA,
2012). De acordo com Seabra et al ( 2008), o trabalho do ACS dentro do PCS e da ESF, é de mediador entre comunidade
e serviço e mediador de diferentes saberes. Possuem uma identidade comunitária, realizando tarefas que vão além do
campo da saúde. Podem dar suporte a comunidade em causas sociais e culturais. O trabalho do ACS no PSF, veio como
uma proposta para organizar a atenção à saúde, incorporando aos determinantes sociais do processo saúde/doença,
práticas de prevenção, promoção e recuperação da saúde em grupos adstritos, contribuindo para a construção de um
novo modelo de atenção (JORGE et al, 2007). O antigo modelo de atenção à saúde, o modelo biomédico, tem como foco
técnicas relacionadas a proteção específica, com um atendimento médico prescritivo, reducionista, bem diferente do que
é proposto pelo PSF. O modelo biomédico limita-se ao atendimento individual e prescrição de medicamentos,
desconsiderando aspectos sócio culturais e a família onde o individuo está inserido. Os pacientes são percebidos pelos
profissionais médicos como seres sem instrução (MORETTI-PIRES, 2009). Ainda de acordo com Moretti-Pires (2009), a
ESF caracteriza-se por um modelo de atenção primária que tem uma visão complexa do indivíduo, cujo compromisso é
prestar uma atenção pautada no atendimento integral e contínuo, com equidade e resolutividade, 17 por meio da
humanização, procurando desenvolver ações de prevenção e promoção à saúde. Para que as ações de saúde aconteçam
faz-se necessário que os princípios básicos do SUS sejam cumpridos, mesmo que sua operacionalização apresente
realidades diferentes, sejam essas diferenças locais, municipais e regionais (BRASIL, 2009). O grande aliado da equipe
da ESF para sanar essas diferenças e focar as particularidades é o ACS. Para Silva e Ribeiro (2009), é importante que as
famílias assistidas pela ESF, conheçam a importância do profissional ACS, pois ele identifica situações que possam
comprometer direta ou indiretamente a saúde das famílias. Portanto, sua função não se limita a facilitar o acesso ao serviço
de saúde e a relação com outros profissionais da ESF. O ACS é segundo Seabra et al (2008), como um termômetro para
a equipe de saúde. Ele consegue enxergar aos olhos da população o papel que a equipe de saúde representa na
comunidade permitindo que as ações exercidadas possam ser avaliadas. Porém, o trabalho do ACS só será satisfatório
quando realizado em conjunto com outros profissionais da equipe. O trabalho do ACS, também é muito importante no
planejamento das ações da equipe da ESF, pois é ele o reponsável pela produção dos dados, que futuramente servirão
como base para criação de indicadores. É ele quem conhece a realidade da comunidade para discutir junto a equipe
possíveis estratégias para melhorias de indicadores
- Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) Acolhimento e vínculo, trabalho em equipe.
Constitui um recorte da atenção domiciliar que ocorre no âmbito da atenção básica, inserindo-se no processo de trabalho
das equipes de saúde. Na atenção básica, várias ações são realizadas no domicílio, como o cadastramento, busca ativa,
ações de vigilância e de educação em saúde. Cabe destacar a diferença desses tipos de ações, quando realizadas
isoladamente, daquelas destinadas ao cuidado aos pacientes com impossibilidade/dificuldade de locomoção até a Unidade
Básica de Saúde (UBS), mas que apresentam agravo que demande acompanhamento permanente ou por período
limitado. É desse recorte de cuidados no domicílio de que trata este material e que a Portaria GM/MS nº 2.527, de 27 de
outubro de 2011, classifica como modalidade AD1 de atenção domiciliar, isto é, aquela que, pelas características do
paciente (gravidade e equipamentos de que necessita), deve ser realizada pela atenção básica (equipes de atenção básica
– eAB e Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF), com apoio eventual dos demais pontos de atenção, inclusive, os
Serviços de Atenção Domiciliar (compostos por equipes especializadas – EMAD e EMAP – cujo público-alvo é somente
os pacientes em AD). Contempla as seguintes características:
• Ações sistematizadas, articuladas e regulares;
• Pauta-se na integralidade das ações de promoção, recuperação e reabilitação em saúde;
• Destina-se a responder às necessidades de saúde de determinado seguimento da população com perdas funcionais e
dependência para a realização das atividades da vida diária;
• Desenvolve-se por meio do trabalho em equipe, utilizando-se de tecnologias de alta complexidade (conhecimento) e
baixa densidade (equipamento). Na atenção domiciliar, a equipe deve respeitar o espaço da familiar, ser capaz de
preservar os laços afetivos das pessoas e fortalecer a autoestima, ajudando a construir ambientes mais favoráveis à
recuperação da saúde. Essa assistência prestada no ambiente privado das relações sociais contribui para a humanização
da atenção à saúde por envolver as pessoas no processo de cuidado, potencializando a participação ativa do sujeito no
processo saúde-doença. A organização da atenção domiciliar deve estruturar-se dentro dos princípios da atenção
básica/SUS. As diferenças locais devem ser observadas uma vez que o número de profissionais que atuam o número de
famílias sob a responsabilidade de cada equipe, bem como o aporte de referência e contra referência do sistema de saúde,
pode ser determinante da qualidade da atenção. Compete à gestão municipal a organização do sistema de saúde para a
efetivação da atenção domiciliar na atenção básica, considerando os princípios e diretrizes propostas neste documento
como norteadores dessas ações.
2.3 PRINCÍPIOS DA ATENÇÃO DOMICILIAR A atenção domiciliar potencializa o resgate dos princípios doutrinários do
SUS (integralidade – universalidade – equidade) se assumida como prática centrada na pessoa enquanto sujeito do seu
processo de saúde–doença. Para nortear a atenção domiciliar realizada na atenção básica, propõem-se os fundamentos
descritos a seguir, que se estendem para as modalidades AD2 e AD3:
2.3.1 Abordagem Integral à Família Abordagem integral à pessoa em seu contexto socioeconômico e cultural, dentro de
uma visão ética compromissada com o respeito e a individualidade. Assistir com integralidade inclui, entre outras questões,
conceber o homem como sujeito social capaz de traçar projetos próprios, intervindo dinamicamente nos rumos do
cotidiano. A assistência no domicílio deve conceber a família em seu espaço social privado e doméstico, respeitando o
movimento e a complexidade das relações familiares. Ao profissional de saúde que se insere na dinâmica da vida familiar
cabe uma atitude de respeito e valorização das características peculiares daquele convívio humano. A abordagem integral
faz parte da assistência domiciliar por envolver múltiplos fatores no processo saúde–doença da família, influenciando as
formas de cuidar. A construção de ambientes mais saudáveis para a pessoa em tratamento envolve, além da tecnologia
médica, o reconhecimento das potencialidades terapêuticas presentes nas relações familiares. Os conflitos, as interações
e as desagregações fazem parte do universo simbólico e particular da família, intervindo diretamente na saúde de seus
membros. Assistir no domicílio é cuidar da saúde da família com integralidade e dinamicidade, reconstruindo relações e
significados.
2.3.2 Consentimento da Família, Participação do Usuário e Existência do Cuidador A primeira condição para que ocorra a
assistência domiciliar (AD) é o consentimento da família para a existência do cuidador. A assistência prestada no domicílio
não pode ser imposta, já que o contexto das relações familiares é sempre mais dinâmico que as ações desenvolvidas
pelos profissionais, comprometendo a eficácia terapêutica proposta. Recomenda-se que toda família esteja ciente do
processo de cuidar da pessoa assistida, comprometendo-se junto com a equipe na realização das atividades a serem
desenvolvidas. É de suma importância a formalização da assinatura do termo de consentimento informado por parte da
família e/ou do usuário (se consciente) ou de seu representante legal.
2.3.3 Trabalho em Equipe e Interdisciplinaridade Para impactar sobre os múltiplos fatores que interferem no processo
saúde–doença, é importante que a assistência domiciliar esteja pautada em uma equipe multiprofissional e com prática
interdisciplinar. A interdisciplinaridade pressupõe, além das interfaces disciplinares tradicionais, a possibilidade da prática
de um profissional se reconstruir na prática do outro, transformando ambas na intervenção do contexto em que estão
inseridas. Assim, para lidar com a dinâmica da vida social das famílias assistidas e da própria comunidade, além de
procedimentos tecnológicos específicos da área da saúde, a valorização dos diversos saberes e práticas da equipe
contribui para uma abordagem mais integral e resolutiva.
2.3.4 Estímulo a Redes de Solidariedade A participação do usuário em seu processo saúde–doença faz parte da conquista
da saúde como direito de cidadania. Trata-se, pois, de investir no empoderamento de sujeitos sociais, potencializando a
reordenação das relações de poder, tornando-as mais democráticas e inclusivas. O estímulo à estruturação de redes de
solidariedade em defesa da vida, articulando a participação local da sociedade civil organizada (ONGs, movimentos
sociais, grupos de voluntários, associações, igrejas etc.), potencializa a ação da coletividade na busca e consolidação da
cidadania. A assistência domiciliar é uma modalidade de atenção à saúde integrada aos projetos sociais e políticos da
sociedade, devendo estar conectada aos movimentos de lutas por melhorias na área da saúde. No âmbito de atuação
local, a equipe de atenção básica deve identificar parcerias na comunidade (seja com igrejas, associações de bairro,
clubes, ONGs, entre outros) que viabilizem e potencializem a assistência prestada no domicílio ao usuário/família.
A Estratégia Saúde da Família (ESF) foi implantada em 2002 e con- figura o modelo assistencial da
Atenção Primária à Saúde (APS). A ESF é formada por equipesde Saúde da Família (eSF), nas quais o agente
comunitário de saúde (ACS) é um dos integran-tes e possui função primordial para integração entre o serviço de
saúde e a comunidade. O trabalho do ACS destaca-se pela importância na efetivação das diretrizes
assistenciais do Sistema Único de Saúde (SUS), tais como: coordenação do cuidado, vigilância em saúde,
diagnóstico das necessidades do território e gestão da equidade. Além disso, possui relevante contribuição nas
ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, por meio de ações educativas que podem ser realizadas
em domicílios ou em espaços coletivos do Centro de Saúde (CS) ou da comunidade. A profissão do ACS está
regulamentada pela lei n.° 10.507, de julho de 2002 e deve ser su-pervisionada, acompanhada e coordenada
pelo enfermeiro, conforme portaria do Ministério daSaúde (MS) n° 2.436, de 21 de setembro de 2017.
O ACS promove integração entre a eSF e a comunidade do território sob sua responsabilida-de e obtém
informações essenciais para o planejamento das ações em saúde, com base nas necessidades da população.
Entre suas ações incluem-se o cadastramento das famílias e dosdomicílios; colaborar na identificação de fatores
de risco e condições de saúde na população cadastrada, no levantamento das necessidades da população,
considerando a complexidade ou gravidade das situações encontradas. Espera-se com este manual, contribuir
para que o ACS atue de maneira ética, crítica, reflexiva e seja capaz de transformar-se e de transformar a
realidade a sua volta. Tem como objetivo aprimorar as competências para que o profissional possa desenvolver
ações de integração social, vigilância, promoção da saúde e prevenção de eventos e agravos na família e na
comu- nidade, em conjunto com os demais profissionais da eSF e equipe multiprofissional ampliada. Este
documento, elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte, será um norteador da
prática profissional do ACS na busca pela melhoria contínua na qualida-de do cuidado ofertado. Sua construção
deu-se de maneira coletiva e participativa, a partir de uma comissão constituída por equipe multiprofissional
com representações dos níveis: central,regional e local.

Competências e atribuições do ACS


O trabalho do ACS deverá estar fundamentado em duas dimensões principais de atuação: uma política,
representada pela inserção da temática saúde nos espaços coletivos de discus- sões visando transformar os
fatores determinantes e condicionantes de saúde presentes na região; e outra mais técnica, relacionada à sua
atuação direta junto aos usuários e suas famí- lias, realizando intervenções para promover saúde e prevenir
agravos a partir da vigilância dos grupos mais vulneráveis e de condições clínicas específicas (SILVA e
DALMASO, 2002; PUPINe CARDOSO, 2008). As atribuições do ACS da rede SUS-BH estão fundamentadas
na Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde (MS), que estabelece a revisão das
diretrizes daPolítica Nacional de Atenção Básica (PNAB) e no Decreto Municipal n° 13.090, de março de 2008,
que cria o cargo e define as atribuições. O livro “Avanços e Desafios na Organização daAtenção Básica à Saúde
em Belo Horizonte” de 2007 e o Manual da Enfermagem da APS de BH de 2016 são instrumentos utilizados
para direcionar as ações desses profissionais. Os agentes comunitários de saúde do município de Belo Horizonte
são empregados públicosceletistas vinculados à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) orientados pela Lei
nº 13.595,de 5 de janeiro de 2018 e regidos pelos dispositivos desta lei e das demais legislações pertinentes.Os ACS
são pessoas selecionadas dentro do próprio contexto comunitário para atuar junto à população, conforme
preconizado pela Lei 10.671, de 25 de outubro de 2013: "Art.2º- residir naárea da comunidade distrital em que
atuar, desde a data da publicação do edital do processoseletivo público, salvo nos casos em que adquirir imóvel
residencial, até que surja vaga em suaárea de residência, ou nas hipóteses de haver conflítos com a comunidade
na área de sua atua-ção que possa colocar em risco sua vida e/ou incolumidade física". Acredita-se que, por ser
parte da comunidade em que vive e para quem trabalha, o ACS compartilha o mesmo contexto social e cultural
e, desta forma, conhece melhor as suas necessidades (SILVA e DALMASO, 2002). O ACS está sujeito aos
direitos e deveres do regime disciplinar previsto na Lei municipal nº 7.169/96 no que for compatível com o
regramento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme disposto no parágrafo único, do art. 1° do
Decreto Municipal nº 13.090, de março de 2008, que regulamenta a Lei municipal nº 9.490, de janeiro de 2008,
que instituiu o emprego público efetivo de agente comunitário de saúde.O cumprimento de horário,
subordinação à chefia, compromisso com a guarda de docu- mentos e responsabilidade na veracidade das
informações registradas nos instrumentos de trabalho são alguns dos deveres do ACS e a inconformidade é
passível de sanções legais, competindo à Corregedoria-Geral do Município coordenar e executar as atividades
relativas à disciplina desse empregado público.

As competências e atribuições do ACS noestão descritas a seguir:

• Realizar visitas domiciliares regulares às famílias e indivíduos com referência média


de uma visita/família/mês e minimamente 10 visitas à casas aberta/dia. O intervalo das
visitas pode ser diminuído de acordo com o planejamento da eSF em casos de agravos
de saúde, maior vulnerabilidade social e condições que necessitem de acompanhamen-
to sistemático, inclusive acamados.
• Realizar visita domiciliar compartilhada com outros profissionais, com membros da eSF,
NASF-AB e saúde mental conforme pactuado nas reuniões de matriciamentos.
• Nas microáreas de baixo risco não vinculadas às eSF, realizar visitas aos domicílios
com indivíduos em condições de vulnerabilidade de acordo com o planejamento do
Centro de Saúde a partir das necessidades identificadas.
• Realizar visitas regulares aos pacientes que necessitem de insumos fornecidos pela
SMSA, com olhar crítico para utilização e armazenamento adequado desses materiais
no domicílio informando à eSF qualquer anormalidade.
• Cadastrar e manter atualizado os dados de saúde das famílias e dos indivíduos de sua micro-
área nos formulários e nos sistemas de informação vigentes como: nascimentos, óbitos, do-
enças e outros agravos à saúde, para fins de planejamento das eSF, garantindo o sigilo ético.
• Registrar a visita domiciliar das famílias e dos indivíduos de sua microárea nos formulá-
rios e nos sistemas de informação vigentes para fins de planejamento das eSF, garan-
tindo o sigilo ético.
• Utilizar as informações sistematicamente para diagnóstico situacional, planejamento,
organização e avaliação das ações em conjunto com a eSF, considerando as caracte-
rísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território.
• Elaborar o croqui com a delimitação de sua microárea, em conjunto com o enfermeiro
da equipe.
• Construir o mapa vivo da microárea, destacando as instituições ou estabelecimentos
como creches, abrigos, escolas, igrejas, presídios, ILPI da área de abrangência e ou-
tros, atualizando-o sempre que necessário.
• Participar efetivamente das reuniões de equipe, matriciamentos, atividades de educa-
ção permanente, promoção e prevenção à saúde.
• Participar efetivamente da supervisão desenvolvida pelo enfermeiro, fornecendo infor-
mações relacionadas às suas atividades, esclarecendo as inconformidades de cadas-
tros e dificuldades de execução de visitas domiciliares.
• Registrar, atualizar e acompanhar as ações de vigilância em saúde.
• Orientar indivíduos, famílias e grupos sociais quanto aos fluxos, rotinas e ações e o
funcionamento dos serviços ofertados pelo Centro de Saúde como: vacina, curativos,
farmácia, aferição de sinais vitais, coleta de exames laboratoriais, agendamentos de
consultas entre outros. É importante que o ACS informe ainda sobre o horário de fun-
cionamento dos setores, documentação necessária para acessar os serviços e as espe-
cificidades como, por exemplo, o dia de inventário e de recebimento de medicamentos
na da unidade.
• Identificar os usuários que não aderiram às atividades programadas, ações de vigilância
epidemiológica ou outras que tenham sido previstas pela eSF, convidando e estimulan-
do a sua participação e comunicando aos outros membros da equipe os casos em que
a sensibilização não foi suficiente.
• Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejo am-
biental e outras formas de intervenção no ambiente para o controle de vetores, realizan-
do o apoio no bloqueio de transmissão de doenças infecciosas e agravos.
• Colaborar no controle e combate as arboviroses, conforme orientação da nota técnica
01/2019 - Gerência de Atenção Primária à Saúde /Diretoria de Zoonoses e do Ministério
da Saúde.
• Informar aos usuários sobre a marcação de consultas e exames especializados, caso o
Centro de Saúde não consiga realizar o contato telefônico com o usuário.
• Comunicar ao usuário sobre a visita domiciliar, primeiro agendamento de atendimento
individual/coletivo do NASF-AB e da Equipe de Saúde Mental e remarcações excepcio-
nais, preferencialmente dentro da rotina de trabalho do ACS.
• Acompanhar o Tratamento Diretamente Observado (TDO) e registrar em formulário próprio.
• Estimular a autonomia e o autocuidado, de acordo com o planejamento da equipe, res-
peitando as escolhas do usuário.
• Estimular a participação da comunidade em ações que busquem melhoria das condi-
ções de vida e saúde, identificando parceiros e recursos existentes na comunidade que
possam potencializar as ações intersetoriais.
• Incentivar a comunidade a atuar em espaços de participação popular e controle social,
bem como no planejamento, acompanhamento e avaliação das ações locais de saúde.
• Acompanhar e registrar nos sistemas de informação e no mapa de acompanhamento
do Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros programas sociais equivalentes, às con-
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias.
• Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação específica da cate-
goria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal, estadual ou municipal (Portaria
n° 2.436, de 21 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde).
• Informar à recepção os óbitos da microárea para que os prontuários físicos dos usuários
possam ser arquivados.
• Organizar e arquivar no Centro de Saúde as fichas de visita domiciliar e cadastral por
família, em ordem alfabética tendo como referência o nome do responsável familiar.

Aspectos éticos no trabalho do ACS


O trabalho do ACS deverá ser pautado nos princípios constitucionais que regem a adminis-
tração pública, segundo Art. 37 da Constituição Federal, no qual destacamos os princípios da
legalidade, moralidade e eficiência.
Pelo princípio da legalidade, o ACS atuará conforme a legislação vigente, caso contrário,
será responsabilizado pelos seus atos. O princípio da moralidade pressupõe que a conduta do
ACS deverá ser realizada com ética e boa fé, e o princípio da eficiência qualifica as atribuições
dentro da responsabilidade, respeito e humanização otimizando tempo e custos.
Em resumo, o trabalho do ACS envolve uma diversidade de relações estabelecidas com
as famílias, nas quais os problemas como doenças, desemprego, pobreza, confidências que
exigem sigilo profissional, implicações legais, violência intrafamiliar, problemas relacionadosà
moradia, ameaça pelo crime organizado, uso/abuso de drogas lícitas e ilícitas, convivência com
pessoas que vivem na ilegalidade, constituem um genuíno desafio do cuidado continuado à
saúde (VIDAL, 2015).
Diante desse desafio, faz-se necessária a sistematização de normas que orientem a relação
entre o ACS e usuários/famílias, pautada na ética. Dentre os princípios éticos mais relevantes
para a relação entre o ACS e o usuário incluem-se o sigilo, o direito à privacidade, à confiden-
cialidade e o respeito à autonomia (FORTES, 2004; SIQUEIRA-BATISTA et al., 2015; RIBEIRO
et al., GOUVEA; CASOTTI, 2017).

3.1 Sigilo, direito à privacidade e confidencialidade


As informações coletadas dentro do domicílio são privadas dos indivíduos e de suas famílias
e deverão ser tratadas de maneira ética, resguardando o sigilo e a confidencialidade assim
como toda informação que o ACS venha a conhecer no exercício de suas atividades.
Durante as visitas domiciliares, nas quais existe uma maior dificuldade do usuário em manter
a sua privacidade, o ACS deverá ter especial atenção na obtenção de informações, pois nem
sempre existe um espaço reservado para a conversa. Estar atento a outros indivíduos que
estão por perto e intervir, se necessário, com uma mudança de ambiente ou até mesmo inter-
rompendo a visita, é de extrema importância.
A equipe deverá definir com precisão quais informações o ACS coletará nos casos de vigi-
lância de agravos à saúde, para além dos dados presentes no formulário de acompanhamento.
Diante das atribuições do ACS, fica claro que sua atuação não contempla acesso ou registro
ao prontuário clínico do usuário. Contudo, informações relevantes trazidas em reunião deverão
ser discutidas nas reuniões de eSF, garantindo a continuidade do cuidado.

3.2 Respeito à autonomia do usuário


Autonomia relaciona-se com tomada de decisão. Uma pessoa autônoma é capaz de de-
liberar, decidir entre as alternativas que lhe são apresentadas, podendo atuar conforme sua
escolha. Para o ACS, respeitar o usuário como agente autônomo significa ser capaz de acatar
o seu direito de opinião própria, de fazer escolhas e agir de acordo com seus valores e crenças,
mesmo que suas opções possam discordar das indicações técnicas.
A mudança de estilo de vida pressupõe previamente uma tomada de decisão que é sempre
pessoal. Os profissionais de saúde precisarão compreender este limite e aceitar a liberdade de
escolha das pessoas, mas sempre estimulando a reflexão do usuário em relação aos potenciais
ganhos com a implementação de mudanças.
É necessário que o ACS esteja sempre atento para o limite entre a desejável postura persua-
siva nas suas orientações, na qual tenta mudar a prática ou hábito de vida do usuário por meio
do diálogo e compartilhamento de decisões, e uma indesejável postura coercitiva, que tenta
obrigar o usuário a adotar determinada prática ou estilo de vida, sem levar em consideração o
necessário protagonismo do usuário e sua autonomia.
Na abordagem persuasiva, será importante escutar as justificativas do usuário por não se-
guir o recomendado; orientar que situações de excesso no trabalho, comida inadequada, fumo
e problemas familiares poderão ocasionar adoecimento e oferecer alternativas disponíveis na
APS ou em outros equipamentos sempre considerando a limitação do usuário de horário ou o
deslocamento no território.

Conhecendo o território
O território é um espaço dinâmico, em constante construção e transformação, que promove
condições para o desenvolvimento de saúde ou doença. É caracterizado pelo conjunto de si-
tuações históricas, ambientais, sociais, culturais, geopolíticas, ideológicas e econômicas, onde
as pessoas e as famílias residem, circulam, trabalham e constroem seus hábitos de vida.
O conhecimento do território é o ponto de partida para a organização das ações do ACS nas
práticas de promoção e vigilância em saúde.

O setor censitário é a unidade territorial estabelecida para fins de controle cadastral pelo Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cada setor possui um código de identificação
e é classificado de acordo com o Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVS).
O IVS é um indicador sintético que agrega dados relacionados ao saneamento, habitação,
escolaridade, renda e à pavimentação, e tem por objetivo analisar as características de grupos
populacionais vivendo em determinadas áreas geográficas. Quanto mais elevado IVS, maior é
a vulnerabilidade daquele setor censitário, em relação ao adoecimento e risco de morte.
A área de abrangência é definida como o conjunto de microáreas sob responsabilidade de
um Centro de Saúde e são delimitadas por ruas, rios, avenidas, travessas, becos, praças e
barreiras geográficas.
Para fins de georreferenciamento, o setor censitário não pode ser dividido entre Centro de
Saúde e as eSF; já a microárea pode fazer parte de um ou mais setores censitários, desde que
estes estejam em uma mesma eSF.
As microáreas, por sua vez, são definidas pela SMSA a partir da caracterização de um es-
paço urbano delimitado. O tamanho da microárea pode variar de acordo com a concentração
populacional e com a vulnerabilidade da população, levando em consideração a homogeneida-
de socioeconômica sanitária, isto é, reúne espaços onde se concentram grupos populacionais
com características semelhantes.
Dentro de uma microárea, a moradia é o menor espaço de agregação social familiar ou de
grupos de indivíduos em um território, sendo o local nos quais estão estabelecidas as rela- ções
cotidianas familiares. Existem diversos tipos de moradia como, por exemplo, domicílios,
pensões, abrigos, repúblicas, ILPI, espaços nos quais vivem população em situação de rua e
populações privadas de liberdade.
4.1 Planejamento do percurso
Planejar o percurso é uma etapa essencial do processo de trabalho do ACS, deverá ser feito
semanalmente com o enfermeiro durante a supervisão utilizando o Instrumento de planejamen-
to de visitas do ACS (anexo 02). É um processo dinâmico e contribui para a organização do
serviço, determinando o número de visitas por dia e qual o local. O objetivo é otimizar o traba-
lho do ACS possibilitando que os usuários que necessitem mais recebam um número maior de
visitas e com maior agilidade.
A realização da visita domiciliar (VD) para o reconhecimento do território e das necessidades
de saúde da população adscrita é organizada atualmente na microárea por quarteirão ou por
arruamento. O que se preconiza neste documento é o uso da metodologia por quarteirão.

4.2 Metodologia de trabalho


A metodologia de trabalho por quarteirão consiste no acompanhamento das pessoas por
quadras. Os dados codificados por quarteirões permitem que se faça o georreferenciamento,
com utilização de bases geográficas processadas pela Empresa de Informática e Informação
do Município de Belo Horizonte (Prodabel), possibilitando a análise espacial das ações e dos
indicadores epidemiológicos e operacionais, instrumentos balizadores para tomadas de deci-
sões. Essa lógica otimiza o tempo para identificação de agravos prevalentes e problemas na
comunidade. Os quarteirões podem ser regulares, quando é circundado totalmente, ou irregu-
lares, quando não é possível circundá-lo totalmente. Todas as quadras possuem um código ge-
rado pela Prodabel e fornecido para as unidades de saúde através de mapas produzidos pela
Gerência de Assistência, Epidemiologia e Regulação (GAERE). Esse código é essencial para
a lógica de trabalho na metodologia do quarteirão.
Para as equipes que trabalham na visita por arruamento, a transição para a organização por
quarteirão deve seguir os seguintes passos:

• A gerência da unidade deverá pactuar com a eSF da unidade essa mudança.


• As ações deverão ser planejadas entre o gerente da unidade, o enfermeiro, o ACS e o
encarregado da zoonoses.
• Obter o mapa da área de abrangência com representação dos quarteirões (caso a eSF
não disponha desse mapa, solicitar cópia junto à GAERE; em áreas com quarteirões
irregulares (vide figura 4), o ACS descreverá o perímetro do entorno do conjunto de do-
micílios que corresponderá a um quarteirão incluindo a barreira geográfica.
• Elaborar o croqui da área de abrangência (vide detalhamento abaixo sobre a elaboração
do croqui).
• Reconhecer famílias e número de pessoas em cada quarteirão.
• Encaminhar para a GAERE o levantamento do número de pessoas e famílias por quar-
teirão para a redefinição das microáreas de acordo com os critérios de risco.
• Solicitar ao gerente da unidade a mudança de percurso dos ACS que encaminhará a
solicitação para a GAERE que seguirá o fluxo da SMSA.
• Solicitar que todos os ACS representem o seu percurso no croqui, seguindo a lógica de
quarteirão da direita para esquerda.
• Atualizar o cadastramento dos usuários, em consonância com as alterações feitas no
percurso, a partir das visitas regulares aos domicílios de sua área de abrangência.
• Transpor usuários do Programa Bolsa Família afetados pela mudança de microárea
para sua nova equipe.
Figura 4 - Representação geográfica do quarteirão.

Rua C

Fonte: SMSA-PBH.

Figura 5 - Representação geográfica do quarteirão regular.


Figura 6 - Representação geográfica de quarteirões irregulares.

Figura 7 - Representação geográfica de quarteirões irregulares – aglomerados

Fonte: SMSA-PBH.
A visita domiciliar no território
A visita domiciliar é um instrumento de intervenção fundamental da estratégia de saúde da
família que possibilita ao profissional conhecer o contexto de vida do usuário e a constatação
”in loco” das reais condições de habitação, bem como a identificação das relações familiares.
Além disso, facilita o planejamento da assistência por permitir o reconhecimento dos recursos
que a família dispõe.
Os agentes comunitários de saúde constroem o elo entre os usuários e o CS por meio da
visita domiciliar (VD). É um momento importante e estratégico para se estabelecer e fortalecer a
relação de vínculo com usuários e famílias (BARALHAS e PEREIRA, 2011; SANTOS e MORAIS,
2011). A VD é a oportunidade para que o profissional conheça as necessidades da família, atra-
vés da escuta ativa, e os auxilie na resolução dos problemas evidenciados (CARLI et al., 2014).
A VD precisa ser devidamente planejada para que alcance os objetivos. Quando o ACS sai
da unidade, é necessário ter um direcionamento de onde, porque, o que levar e como abordar
os usuários na comunidade. Deverá usar sempre trajes adequados, abolindo o uso de short,
bermudas, camisetas, minissaias e roupas decotadas.
O objetivo é obter o máximo de informações úteis que possibilite descobrir as reais neces-
sidades de saúde da população da área de abrangência e garantir a vigilância em saúde. É
importante ressaltarmos que a visita realizada poderá ser o primeiro contato da população com
o serviço de saúde, por este motivo é de suma importância ser bem realizada. A explicação aos
moradores sobre o objetivo da visita, a frequência, como são ofertados os serviços no CS, deve
ser sempre realizada e com o cuidado para não invadir a privacidade das pessoas.
No cotidiano do ACS é comum encontrar, práticas culturais como: uso de chás, rezas, ben-
zeduras, simpatias, oferendas, ritos de purificação, entre outros. Assim, é fundamental que o
profissional respeite essas crenças e práticas, para que possa conferir maior efetividade às
ações em saúde realizadas pela eSF.
Durante a VD o ACS deverá estar atento e sensibilizado a situações de riscos e vulnerabili-
dades em todos os ciclos de vida (quadro 2).

Quadro 2 - Situações de riscos e vulnerabilidades em todos os ciclos de vida para visita domiciliar.
CRIANÇAS GESTANTES ADULTOS IDOSOS
Portadoras de doença Acamados/ restritos ao
crônicas não infeccio- leito ou ao domicílio.
sas: Diabetes Mellitus, Dependentes de vida
Bebês que nasceram Hipertensão Arterial Sis- Portadores de doenças diárias.
com menos de dois qui- têmica, obesidade, com crônicas: Diabetes Melli- Risco de queda.
los e meio. Beneficiá- transtornos mentais. tus, Hipertensão Arterial Déficit cognitivo.
rias do programa Bolsa Tabagistas, etilistas Sistêmica, obesidade, Portadores de doenças
Família. e usuárias de drogas transtornos mentais. crônicas: Diabetes, Melli-
ilícitas. tus, Hipertensão Arterial
Beneficiárias do progra- Sistêmica, obesidade,
ma Bolsa Família. transtornos mentais.
Sem adesão ao tra- Sem adesão ao trata-
Que não iniciaram ou tamento de doenças mento ou com dificulda-
Faltosos na puericultura Faltosas no pré-natal. crônicas. des para adesão.
e/ou vacinações. Não imunizadas. Em uso de algum tipo Em uso de algum tipo
Em uso de algum tipo Em uso de algum tipo de insumos fornecidos de insumos fornecidos
de insumos fornecidos de insumo fornecido pela PBH. pela PBH.
pela PBH.
pela PBH. Pessoas com deficiên- Pessoa com deficiência
cia e BPC. e BPC.
Quadro 2 - Situações de riscos e vulnerabilidades em todos os ciclos de vida para visita domiciliar.
(continuação)
Pessoas com sobrepe-
Desnutridas e obesas. Desnutridas e obesas. so e com estilo de vida Desnutridos e obesos.
sedentário.
Necessitados de cui-
Atraso no crescimento
e/ou desenvolvimento, dadores, mas que não
Faltosas no pré natal de Pessoas em uso do possuem alguém que
criança com deficiên- alto risco, pessoa com tabaco, álcool e drogas exerça essa função e
cia e com Benefício de deficiência e BPC. ilícitas. insuficiência familiar
Prestação Continuada e/ou insuficiência de
(BPC).
cuidado.
Situações de violências Situações de violências Situações de violências Situações de violências
em suas múltiplas for- em suas múltiplas for- em suas múltiplas for- em suas múltiplas for-
mas e em situações de mas e em situações de mas e em situações de mas e em situações de
violação de direitos. violação de direitos. violação de direitos. violação de direitos.
Em uso de vários medi- Em uso de vários medi- Em uso de vários medi- Em uso de vários medi-
camentos ou que tenha camentos ou que tenha camentos ou que tenha camentos ou que tenha
várias doenças. várias doenças. várias doenças. várias doenças.
Baixa escolaridade da Baixa escolaridade e Baixa escolaridade e Baixa escolaridade e
mãe e falta de acesso a falta de acesso a rede falta de acesso a rede falta de acesso a rede
rede de apoio social. de apoio social. de apoio social. de apoio social.
Pessoa com doenças Pessoas com deficiên-
Gestante com doenças
Filhos de mães tabagis- infectocontagiosas (Sifi- cia e/ou com algum tipo
infecciosas (Sífilis, HIV,
tas, etilistas, usuárias lis, HIV, hepatites virais, de restrição que não
toxoplasmose, hepatites
de drogas ilícitas na tuberculose, hansení- têm acesso às ações e
virais, leishmaniose,
gravidez. ase, esquistossomose, serviços de saúde.
esquistossomose).
leishmaniose, outros). BPC.
As atividades coletivas e orientações aos usuários pelo telefone não devem ser considera-
das como visita domiciliar.

5.1 Abordagem familiar


A família é o ponto de partida para o trabalho do ACS na comunidade e, por isso, é preciso
identificar e compreender os formatos e a dinâmica das famílias da sua área de abrangência.
Podemos chamar de família um grupo de pessoas com vínculos afetivos, de consanguinida-
de e de convivência (MS, 2002). Existem várias formas de organização familiar e esta ajuda a
definir valores, costumes e o comportamento do indivíduo no enfrentamento de sua condição
de saúde, por meio de apoio, flexibilidade, paciência e cuidado, ou ausência destes. O ACS
deverá observar os integrantes e a história familiar e identificar situações que apontem a neces-
sidade de intervenção pela equipe, refletindo a partir das visitas nos seguintes pontos:

• Quem faz parte desse núcleo familiar?


• Quem é o responsável por essa família economicamente?
• Quantas pessoas compõem este núcleo familiar?
• Quem cuida dessa família?
• Os indivíduos praticam alguma atividade física regular?
• Qual o horário das refeições?
• Há indivíduos que fumam? Fumam o quê? Qual a quantidade por dia? Sabe dos male-
fícios do fumo à sua saúde?
• Há indivíduos que fazem uso de bebida alcoólica? Com qual frequência?
• As crianças e adolescentes estão frequentando a escola?
• Existem situações de vulnerabilidades ou de violência?

Durante a visita domiciliar, pode ocorrer do ACS não encontrar alguém na residência; para
estes casos a SMSA padronizou um instrumento denominado “comunicado de visita domiciliar”
que o ACS deverá deixá-lo na residência após o preenchimento.

5.2 Registros na Ficha de visita domiciliar e territorial e


sistema do e-SUS
A Ficha de visita domiciliar e territorial é um instrumento de registro individual, para acompa-
nhamento das famílias adstritas no território, que agrega importantes informações ao histórico
de saúde de cada usuário possibilitando assim a vigilância em saúde na comunidade.
Durante a visita domiciliar, o ACS deverá preencher toda a ficha de visita domiciliar e territo-
rial (anexo 1) com caneta esferográfica na cor azul ou preta e com letra legível. Esta ficha é um
instrumento de registro individual para acompanhamento e vigilância em saúde das famílias, do
histórico de saúde de cada usuário, assim como da produção. Estas informações devem ser di-
gitadas no sistema e-SUS, até o quinto dia útil do mês subsequente, o que permite a integração
com diversos sistemas de informações oficiais existentes. O gerente da unidade deve garantir
espaço físico e tecnológico para a realização dos registros nos sistemas de informação.
No mês em que o ACS se afastar por motivo de doença ou férias, suas fichas de produção
deverão ser digitadas até o quinto dia útil do mês subsequente ao retorno de suas atividades la-
borativas. No caso de 2 ou mais ACS realizarem visita domiciliar juntos, o registro só poderá ser
realizado pelo profissional responsável pela microárea, para não ter duplicidade da informação.
O registro deverá ser realizado de forma clara e sem rasuras, não sendo permitido o uso de
corretivo nas fichas utilizadas pelo ACS. Em caso de erro, a orientação é circular a informação
marcada ou escrita e proceder com registro correto. Este procedimento deverá ser validado
pelo enfermeiro através da rubrica, carimbo e data.
A distribuição das fichas de visita domiciliar e territorial ocorrerá das seguintes formas:

Distribuição semestral
A GEAPS encaminhará até o 5º dia útil dos meses de maio e novembro relatório com o
número de famílias cadastradas por Centro de Saúde acrescido de 10% para o almoxarifado
central e respectivas regionais para solicitarem via Sistema Integrado de Gerenciamento de
Estoque– SIEST. Feito isso o almoxarifado realizará a distribuição para os Centros de Saúde
de acordo com o número encaminhado pela GEAPS.

Distribuição eventual
No caso de intercorrências, como incremento populacional, o Centro de Saúde encaminhará
documento para a GAERE solicitando as fichas de visitas com a justificativa da necessidade
e o quantitativo. GAERE realiza a avaliação do documento. Em caso de deferimento, a solici-
tação será encaminhada ao responsável na DRES que lançará no Sistema Integrado de Ge-
renciamento de Estoque– SIEST o pedido. Nos casos de indeferimento a GAERE encaminha
resposta ao Centro de Saúde.

Seguem orientações referentes ao registro dos campos para preenchimento na ficha de visi-
ta domiciliar e territorial do ACS (anexo 1).

• CNS do profissional: Deverá ser registrado o CNS do ACS.


• Número da Família: Deverá ser registrado o número da família, quando esta possuir
cadastro prévio no SUS-BH.
• Profissional responsável: Deverá ser registrado o nome completo do ACS.
• Nome social do profissional responsável: Deverá ser registrado o nome social do
profissional. Não devendo ser confundido com o nome de registro e com ‘’apelidos’’.
• Relação dos Cidadãos: registrar o nome completo (minimamente o primeiro e o últi-
mo nome), data de nascimento, sexo, Cartão Nacional de Saúde (CNS) e nome social
(caso necessário) de todos os usuários que compõe o núcleo familiar até completar o
total de campos disponíveis. O nome social não deverá ser confundido com o nome de
registro e com ‘’apelido’’. Para núcleo familiar com mais de oito integrantes deverá ser
utilizada uma nova ficha para o registro dos demais componentes.
• Datas da visita domiciliar e da digitação no e-SUS: Registrar na ficha as datas em
que foi realizada a VD e a digitação no e-SUS. No e-SUS a data de digitação da VD é
gerada automaticamente.
• Turno em que a visita foi realizada: informar em qual turno foi realizado a visita, de-
vendo ser preenchido: ‘’M’’ para manhã, ‘’T’’ para tarde ou ‘’N’’ para noite.
• Microárea de residência do paciente: Preencher o código da microárea onde está
situado o domicílio do usuário visitado, utilizando dois dígitos. Na digitação no E-SUS:
MA 1, digitar 01. Se o domicílio visitado pertencer a uma MA descoberta ou MA coberta
por outro ACS, dentro da área de abrangência do centro de saúde, deve-se inserir a MA
do usuário. Excepcionalmente, caso o domicílio visitado localizar-se fora da área de
abrangência do Centro de Saúde, deve-se preencher ‘’FA’’.
• Tipo de imóvel visitado: preencher com o número correspondente ao imóvel: 01 (Do-
micilio), 02 (Comércio), 03 (Terreno baldio), 04 (Cemitério, borracharia, ferro-velho, de-
pósito de sucata ou materiais de construção, garagem de ônibus ou veículo de grande

porte), 05 (Escola), 06 (Creche), 07 (Abrigo), 08 (Instituição de Longa Permanência para


Idosos), 09 (Unidade prisional), 10 (Unidade de medida socioeducativa), 11 (Dele-
gacia), 12 (Estabelecimento religioso), 99 (Outros).

Os campos de motivo de visita podem variar de acordo com a opção selecionada no campo
tipo de imóvel no sistema do e-SUS.

• Visita Compartilhada com outro Profissional: campo destinado para o preenchi-


mento nos casos em que o ACS realizar a visita com outros profissionais, exceto com
outro ACS. É uma visita multiprofissional em que o ACS deverá ofertar ações em saúde
conforme a rotina do seu trabalho.
• Motivo da visita: a visita domiciliar deverá ser realizada de acordo com o preconizado,
lembrando que o núcleo familiar é dinâmico e a qualquer momento poderá apresentar
mudanças no motivo da visita. Muitas vezes, pode ocorrer do motivo não ser tão claro,
mas, ainda assim, o ACS deverá realizar uma visita por família ao mês. No quadro 4
está descrito como deve ser assinalada cada opção.

Quadro 4 - Motivos de Visitas Domiciliares do ACS.


OPÇÃO QUANDO SELECIONAR
MOTIVO DA VISITA

Visita para o cadastramento de um núcleo familiar/membro novo no territó-


rio. Quando o cadastramento for da família deverá ser preenchido o CNS de
todos os membros. Quando o cadastramento for de apenas novos integran-
CADASTRAMENTO/
tes da família, deverá ser preenchido o CNS apenas dos novos membros.
ATUALIZAÇÃO
Em toda visita o ACS deverá verificar a necessidade de atualização cadas-
tral e realizar o processo quando houver necessidade, inclusive a retirada
de pessoas que não compõem o núcleo familiar
Quadro 4 - Motivos de Visitas Domiciliares do ACS (continuação).
É a visita realizada para o núcleo familiar (coletivo) em que as famílias
não apresentam situações de saúde (doenças crônicas, fases da vida -
gestante, criança, idoso). Essa visita não é sinônimo de visita de rotina.
Não deverá ser registrado simultaneamente com os seguintes campos:
“Busca Ativa”, “Acompanhamento”, “Egresso de Internação” e ‘’outros’’ (es-
tes campos não poderão ser assinalados).
VISITA PERIÓDICA Poderá ser registrado simultaneamente com os seguintes campos:
“Cadastramento/Atualização’’, ‘’Controle ambiental/vetorial’’, ‘’Convite ati-
vidades coletivas/Campanha de saúde’’ e ‘’Orientação/Prevenção’’, quan-
do essas atividades forem direcionadas para a coletividade e não para o
indivíduo. Na visita periódica deverá ser registrado apenas o CNS e data
de nasci- mento do responsável pelo núcleo familiar, mesmo que outros
membros estejam no domicílio.
Ação voltada para os usuários que:
• Faltaram à consulta, exames
BUSCA ATIVA
• Vacinas atrasadas ou campanha de vacinação (a partir da identificação de
pessoas que não vacinaram durante o período da campanha).
MOTIVO DA VISITA

É a visita realizada para o usuário (individual) nos quais os motivos de


acompanhamento são: gestante, puérpera, RN, criança, pessoa com des-
nutrição, pessoa em reabilitação ou deficiência, pessoa com HAS, pessoa
com DM, pessoa com asma, pessoa com DPOC/enfisema, pessoa com
câncer, pessoa com outras doenças crônicas, pessoa com hanseníase,
pessoa com tuberculose, sintomáticos respiratórios, tabagista, domicilia-
dos/acamado, condições de vulnerabilidade social, condicionalidades do
Bolsa Família, saúde mental, usuário de álcool, usuário de outras drogas.
Esse motivo de visita não deverá ser registrado simultaneamente com
o motivo ‘’Visita periódica’’.
Poderá ser registrado simultaneamente com os seguintes motivos: ‘’Ca-
dastramento/atualização’’, ‘’Controle ambiental/vetorial’’, ‘’Egresso de in-
ACOMPANHAMENTO ternação’’, ‘’Convite atividades coletivas/Campanha de saúde’’ e ‘’Orien-
tação/Prevenção’’, quando essas atividades forem direcionadas para o
indivíduo e não para a coletividade.
Quando todos os membros da família estiverem presentes durante a visita
e a todas forem direcionadas alguma ação, deverão ser registrados o CNS
e o motivo de acompanhamento de todas as pessoas presente.
Quando um único membro da família estiver presente durante a visita e
ação for direcionada exclusivamente para ele, deverá ser registrado o CNS
e o motivo de acompanhamento dessa única pessoa presente.
Quando o único membro da família estiver presente durante a visita e o
ACS obtiver informações dessas pessoas ou realizar ações (Ex.: Orienta-
ções) direcionadas a todos os membros, deverão ser registrados o CNS e
o motivo de acompanhamento de todas as pessoas.
É quando a visita realizada for por motivo voltado para avaliação de riscos
ambientais.
Registrar o campo ‘’ação educativa’’ quando for realizada orientações.
O campo “imóvel com foco” nos casos em que sejam identificados algum
CONTROLE
foco no domicílio ou peridomicílio e o campo “ação mecânica” quando o
AMBIENTAL/
ACS auxiliar o morador na remoção de um foco de fácil acesso.
VETORIAL Todos os campos podem ser assinalados simultaneamente, quando for o
caso. O campo ‘’tratamento focal’’ disponível no sistema do e-SUS não
deverá ser registrado pelo ACS. O ACS deve registrar o CNS de todos os
moradores que foram alvo das ações desta visita.
Quadro 4 - Motivos de Visitas Domiciliares do ACS (continuação).
Visita no qual o motivo é o acompanhamento de usuário após a alta hospitalar.
Registrar este campo quando o ACS fizer a primeira visita ao usuário após
a alta hospitalar (independente do tempo entre a alta e a visita).
EGRESSO DE
O ACS deverá registrar o CNS deste usuário quando as ações forem vol-
INTERNAÇÃO
tadas apenas para ele. Nos casos em que as ações forem direcionadas
também a outros membros, o ACS deverá registrar o CNS e o motivo de
visita de todas as outras pessoas.
MOTIVO DA VISITA

Visita destinada ao convite da família ou de um determinado membro fami-


CONVITE PARA
liar para participar de atividade coletiva ou campanhas.
ATIVIDADES
Neste caso deverá ser registrado individualmente o CNS do usuário a quem
COLETIVAS/
for direcionado o convite ou de todos os membros da família que tenham
CAMPANHAS
sido convidados.
Visita destinada à orientação aos usuários da família sobre tema relaciona-
do à promoção da saúde e prevenção de doenças.
ORIENTAÇÃO E
Neste caso se a orientação for destinada especificamente a um indivíduo,
PREVENÇÃO
apenas o CNS dele deverá ser registrado. Caso a orientação destinar-se à
toda família, deverão ser registrados os CNS de todos os membros.
Visita com outros motivos não especificados acima.
OUTROS Neste caso deverá ser registrado individualmente o CNS de todos os indi-
víduos da família que forem identificados outros motivos.
Fonte: BRASIL, 2018

• Antropometria: Os campos ‘’peso’’ e ‘’altura’’ estão disponíveis no sistema do e-SUS e


não deverão ser registrados pelo ACS.
• Desfecho:
• Visita realizada: Este campo deverá ser registrado sempre que o ACS for rece-
bido no domicílio e algum motivo de visita for identificado ou a visita for compar-
tilhada com outro profissional.
• Visita recusada: Este campo deverá ser registrado sempre que o ACS não for
recebido ou quando não houver a oportunidade de identificar o motivo de visita
(ex.: quando o morador abre a porta ou atende o interfone e não aceita a visita).
Neste caso o ACS deverá registrar os seguintes campos: Turno de realização da
visita, microárea, tipo de imóvel, CNS da pessoa que recusou a visita, data de
nascimento e sexo. No campo de observações da ficha de visita o ACS deverá
registrar o horário de realização da VD.
• Ausente: Este campo deverá ser registrado sempre que o ACS não encontrar
alguém no domicílio. O ACS deverá registrar os seguintes campos: Turno de rea-
lização da visita, microárea, tipo de imóvel, CNS do responsável familiar, data de
nascimento e sexo. No campo de observações da ficha de visita o ACS deverá
registrar o horário de realização da VD.

Nas situações nas quais o usuário ainda não for cadastrado e o desfecho da visita for visita
recusada ou ausente, o ACS deverá registrar na ficha de visita domiciliar e territorial no campo
observações o endereço completo do usuário e horário de realização da visita. No e-SUS de-
verá registrar: Turno de realização da visita, microárea, tipo de imóvel, CNS (caso tenha essa
informação), data de nascimento e sexo.

• Campo de assinatura: Ao final da visita o ACS deverá solicitar a assinatura de pelo


menos uma pessoa do núcleo familiar. Será considerada assinatura válida quando a
pessoa for maior de 12 anos de idade com o cognitivo preservado.
Quando o usuário não assinar, por não saber escrever, e for o único presente no domicílio
durante a VD, o ACS deverá no campo destinado à assinatura registrar: ‘’NÃO ASSINA’’, deven-
do o enfermeiro validar essa informação.
Se o único usuário no domicílio durante a VD for adolescente, o ACS deverá avaliar a viabi-
lidade de realizar ou não a visita. Essa informação deverá ser discutida na reunião de equipe
e de supervisão.
Nos casos de rubricas só serão válidas aquelas que possuírem pelo menos parte do nome
do usuário que o identifique.
Quadro 5 - Situações possíveis no cotidiano do ACS.
SITUAÇÃO CONDUTA
Durante a VD o ACS identifica que na residên- cia Registrar ‘’Visita periódica’’ e ’orientações’’ como
moram cinco pessoas hígidas, porém apenasuma motivos da visita. No desfecho registrar visita re-
pessoa está presente e recebeu o ACS. Na alizada. Apenas o CNS e data de nascimento do
oportunidade o ACS orientou sobre os fluxos do responsável pelo núcleo familiar deverá ser regis-
Centro de Saúde. trado. No desfecho registrar visita realizada.
Registrar o motivo da visita como ‘’gestante’’ e
Durante VD de um casal previamente hígido o ‘’orientações’’ para a mulher. Para o esposo regis-
ACS identifica que a mulher engravidou e o espo- trar apenas o campo orientações (neste caso a vi-
so continua hígido. O ACS realizou orientações sita não é visita periódica).
para o casal. O ACS deverá registrar o CNS do casal.
No desfecho registrar visita realizada.
Registrar o motivo da visita como ‘’pessoa com hi-
Durante a VD o usuário hipertenso queixou ao
pertensão’’, ‘’orientações’’ e ‘’ outros’’.
ACS que estava com dor de dente.
Neste caso o motivo ‘’outros’’ se refere à dor de
O ACS orientou o usuário a procurar atendimento
dente. O ACS deverá registrar o CNS do usuário.
no CS e nenhuma outra ação foi realizada.
No desfecho registrar visita realizada.
Durante uma VD, o ACS foi recebido por um mo-
rador hígido. No entanto, na casa reside uma Registrar o motivo da visita como: Para pessoa hí-
pessoa portadora de diabetes que não se encon- gida: motivo de visita (orientação).
trava no local. Para a pessoa diabética: Motivo da visita ‘’pessoa
O ACS perguntou sobre a situação de saúde da com diabetes’’. O ACS deverá registrar o CNS de
pessoa diabética e a pessoa presente soube dar todos os usuários. No desfecho registrar visita re-
informações. À pessoa hígida foi direcionada alizada.
orientação referente à imunização.
Não registrar motivo de visita. Registrar nome com-
ACS chegou na residência e foi recebido por um
pleto, data de nascimento, sexo e CNS.
morador que apenas abriu a porta e informou que
No desfecho registrar visita recusada.
não poderia conversar naquele momento.
No campo observações registrar o horário da visita.

As fichas de visitas domiciliar deverão ser retiradas nos Centros de Saúde somente para
a realização da visita domiciliar. Recomenda-se que as fichas em uso sejam organizadas por
quarteirão e sejam retiradas diariamente para a realização das visitas do dia e guardadas nos
Centros de Saúde no fim do expediente do ACS.
O ACS ao identificar dificuldade de registro no sistema de informação deve comunicar ao ge-
rente da unidade, ao enfermeiro supervisor e registrar no livro de ocorrências do Centro de Saúde.
5.3 Cadastro de usuários, família e domicílio no SUS
5.3.1 Cadastro de usuários
O cadastro de usuários no SUS-BH tem como objetivos prover informações para a identifica-
ção dos usuários por meio do Sistema de Informação Saúde em Rede (SISREDE) e apoiar as
eSF no mapeamento das características sociais, econômicas e de saúde da população adscrita
ao território.
Cadastros qualificados contendo o máximo de informações, percursos atualizados e aten-
dimentos informatizados possibilitam a segurança do registro das informações, impactando
positivamente no acompanhamento dos indicadores epidemiológicos e assistenciais das eSF,
dos CS, das regionais e do município.
O cadastro é realizado pelo ACS a partir do preenchimento do Formulário de Cadastro de
Pessoa Física (anexo 4) na VD, que alimenta o SISREDE e automaticamente o e-SUS, no
sistema de coleta de dados simplificada. O registro das informações em saúde é realizado de
forma individualizada, permitindo o acompanhamento do histórico de atendimentos de cada
usuário, assim como a produção de todo profissional da APS.
Os dados dos usuários também podem ser inseridos na própria recepção da unidade de
saúde mediante apresentação de documento de identificação e comprovante de endereço. Se
o usuário alegar que não há nenhum comprovante em seu nome, deverá ser solicitado ao mes-
mo que assine o Formulário de Autodeclaração de Endereço Residencial (formulário próprio da
PBH - anexo 6).
Nas situações que forem identificadas a necessidade de cadastro no território, por solicita-
ção do usuário no Centro de Saúde ou pelo preenchimento do Formulário de Autodeclaração
de Endereço Residencial, o ACS deverá realizar o cadastro ou a vinculação no prazo máximo
de dez dias úteis. Em situações de ausência de ACS na microárea (ex.: férias, licença médica,
etc), o prazo máximo deverá ser pactuado com o enfermeiro.
Para a qualificação do cadastro, a SMSA desenvolveu instrumentos que normatizam o ca-
dastramento: Normatização do Cadastro de Usuários na Rede SUS-BH (link de acesso: ht-
tps://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/cadastro-usuario-no-
-centro-de-saude.pdf) e o documento de perguntas e respostas mais frequentes relacionadas
ao cadastro (FAQ). Esses instrumentos padronizam, qualificam e respaldam os profissionais
assegurando maior veracidade às informações relacionadas ao cadastro do usuário e contem-
plam diversas situações específicas, como o cadastramento para atendimento de populações
residentes em microáreas de baixo risco e também populações de maior vulnerabilidade social.
A identificação de cada usuário no SUS é realizada por meio do Cartão Nacional de Saúde
(CNS) fornecendo informações sobre um usuário em qualquer ponto do país. Ele vincula todos
os procedimentos realizados no SUS ao usuário/profissional e à unidade.
O número do CNS é um dado obrigatório para o cadastramento de uma família no SISREDE
e para preenchimento na ficha de visita domiciliar e territorial do ACS (anexo 1). Em BH, o CNS
é gerado e fornecido aos usuários em todos os CS pelo sistema CADSUS WEB.
Para ter acesso ao CADSUS WEB é necessário que o profissional realize o auto cadas-
tramento e seja autorizado pelo administrador do sistema na unidade, geralmente o gerente.
Existem penalidades sobre a inserção de dados falsos, alteração e exclusão de dados corretos
com o fim de obter vantagem indevida ou causar dano ao banco de dados.
Destaca-se as atribuições do ACS especificamente em relação ao cadastro quanto às infor-
mações de usuários e famílias no SISREDE.

• Cadastrar todas as pessoas e domicílios de sua microárea utilizando o Formulário de


Cadastro de Pessoa Física (anexo 4) e Formulário de Cadastro da Família (anexo 05).
Inserir o usuário no SISREDE, consultando as bases a fim de evitar as duplicidades.
• Realizar busca qualificada do “consultar ou cadastrar” o usuário no CADSUS WEB, ge-
rando o CNS que deverá ser inserido no campo indicado na aba cadastro do usuário no
SISREDE. Realizar a sincronização de cadastrados.
• Manter atualizado o cadastro de domicílios/famílias sempre que houver alteração no
contexto domiciliar e familiar, como nascidos vivos, novos moradores, mudança de en-
dereço de usuários e famílias e excluir do cadastro da família os usuários por óbito ou
por mudança de endereço.
• Identificar, em conjunto com a equipe, as instituições ou estabelecimentos como ILPI, cre-
ches, abrigos, escolas, população privada de liberdade, medidas socioeducativas, realizan-
do o cadastramento daqueles indivíduos que lá residem permanente ou temporariamente.
• Solicitar à GAERE a inclusão e/ou exclusão de logradouros e de numerações do per-
curso de sua microárea.
• Realizar a validação de usuários com endereços não vinculados ao domicílio/família
cadastrado.
• Identificar as duplicidades de cadastros, observando os critérios de unicidade (nome do
usuário, nome da mãe, data de nascimento, sexo e naturalidade) e realizar as altera-
ções necessárias incluindo-o na família.
• Utilizar o relatório de usuários por microárea para monitoramento dos usuários vincula-
dos e não vinculados ao domicílio/família de sua área de abrangência.

5.3.2 Cadastro de domicílio/família


O cadastro de domicílio/família é realizado por meio do módulo do SISREDE - Cadastro de
Família. Este cadastro é feito para toda a população residente nas áreas com cobertura da ESF
e para pessoas vulneráveis que residam em áreas de baixo risco (de acordo com o IVS) por
meio do Formulário de Cadastro da Família (anexo 5). O cadastro deve ser feito pelo ACS
durante a visita domiciliar.
As etapas para cadastramento do usuário no domicílio/família no SISREDE estão apresen-
tadas abaixo:

• Ter em mãos a ficha de cadastro da família (anexo 5) com os campos devidamente pre-
enchidos obtidos durante a visita domiciliar.
• Iniciar o cadastramento do domicílio preenchendo todos os campos da tela de domicílio/
família (domicílio, endereço e membros).
• Informar na aba domicílio todas as características do domicílio a ser cadastrado, lem-
brando que todos os campos são obrigatórios para preenchimento.
• Informar na aba de endereço o logradouro da família. Neste momento, o sistema abrirá
a tela ‘’pesquisar CEP’’. Esta pesquisa é muito importante, pois cada logradouro possui
um código que o identifica. Outra informação obrigatória nessa aba é se essa família
está em situação de rua, caso positivo o ACS deverá registrar o endereço de referência/
fixação informado pelo usuário.
• Iniciar o cadastramento pelo responsável familiar, na aba membros, que será eleito pela
própria família, sendo necessário que tenha idade mínima de 16 anos. É importante
uma busca qualificada desse usuário no SISREDE observando os cinco critérios de
unicidade (nome do usuário, nome da mãe, data de nascimento, sexo e naturalidade)
para não ocorrer à duplicidade de cadastro.
• Prosseguir o cadastramento do usuário, preenchendo todos os campos existentes na
tela de cadastro de pessoa física (dados pessoais, dados complementares e documen-
tos/observações).
• Inserir o CNS do usuário na aba documentos/observação.
• Solicitar o documento de identificação, conforme preconizado nas diretrizes da “Nor-
matização do Cadastro” que são: documento de identidade ou carteira de habilitação
ou passaporte ou registro profissional e/ou certidão de nascimento para menores de 12
anos. Em situações em que o nascido vivo ainda não possui a certidão de nascimento,
utiliza-se temporariamente a declaração de nascidos vivos (DNV).
• Qualificar as informações sobre a identificação do usuário. Além dos documentos obri-
gatórios deverão ser incluídos nos devidos campos a certidão de casamento, Cadastro
de Pessoa Física (CPF), número da carteira de trabalho.
• Os campos número de família, ACS e microárea são preenchidos automaticamente,
quando o cadastramento da família é concluído.
• Lembrar que o SISREDE não permite avançar no cadastramento caso a numeração do
domicílio não esteja no percurso da microárea.

Vigilância em saúde e coordenação do cuidado


A vigilância acompanha os indicadores de saúde oficiais em âmbito federal, estadual e muni-
cipal, por exemplo: taxa de mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade materna, cobertura
vacinal, acompanhamento de usuários com doenças crônicas, etc.
Existem também os indicadores de monitoramento do trabalho do ACS, como: número de
visitas domiciliares realizadas, número de beneficiários acompanhados no Programa Bolsa Fa-
mília, gestantes captadas precocemente, cadastros de crianças menores de um ano na área de
abrangência, usuários com endereço vinculado ao domicílio e a qualidade do cadastro.
A vigilância em saúde propõe uma observação constante de riscos e fatores determinantes do
processo saúde-doença. Tem o objetivo de fazer intervenções que protejam a população, preve-
nindo agravos e ao mesmo tempo promovendo a saúde da população de um determinado território.
O processo de saúde e doença dos indivíduos e do coletivo podem apresentar várias causas
e dependem de elementos chamados determinantes sociais da saúde. Estes repercutem dire-
tamente na saúde da população, como fator de risco ou como proteção. Os riscos podem ser
traduzidos como situações que aumentam a chance de ocorrência de uma doença ou agravo à
saúde, exemplo: inatividade física, tabagismo, ambiente degradado, hábitos alimentares inade-
quados, comportamento sedentário, uso prejudicial de álcool e outras drogas. Já os fatores de
proteção são aqueles que dão condições ao indivíduo de se proteger contra determinada do-
ença, como: peso adequado, participação social, lazer, alimentação balanceada, convívio em
ambiente saudável, cultura da paz, aleitamento materno, autonomia para o autocuidado, parto
normal e atividade física. Essas condições deverão ser o foco constante das ações dos ACS.
Figura 12 - Determinantes sociais da saúde.

Condições de vida
e de trabalho
Ambientes Desemprego
de trabalho

Água e esgoto
Educação

Serviços
IDADE, SEXO sociais
E FATORES de saúde
Produção
Agrícola e de
alimentos

Ações para o ACS em vigilância à saúde:

• Orientar usuários, famílias e grupos sociais quanto aos fluxos, rotinas e ações e servi-
ços disponíveis no CS.
• Orientar o comparecimento a consultas e procedimentos agendados.
• Realizar busca ativa de faltosos às consultas, exames, curativos, imunização, dentre outros.
• Realizar ações educativas na comunidade.
• Fazer pelo menos uma VD ao mês para o paciente e sua família.
• Desenvolver ações educativas e mobilizar a comunidade e equipamentos sociais para
enfrentamento de problemas locais.
• Orientar sobre a adoção de hábitos saudáveis de vida e higiene geral do domicílio e
do ambiente.

6.1 Vigilâncias no pré-natal, puerpério e ações do 5º dia


Antes da gravidez, o ACS deverá estar atento e convidar as mulheres em idade fértil a parti-
ciparem das consultas individuais e atividades coletivas de saúde sexual e reprodutiva.
O planejamento sexual e reprodutivo constitui-se uma estratégia para prevenir uma gravidez
indesejada ou de alto risco, permitindo que a mulher ou o casal escolha o método que lhe seja
mais conveniente.
O pré-natal compreende o acompanhamento da gestante durante todo o período gestacio-
nal. Quanto mais cedo o pré-natal se iniciar, mais precocemente serão identificadas as situa-
ções de risco materno-infantil, permitindo realizar intervenções necessárias, assegurando uma
gestação saudável.
Uma das principais atribuições dos profissionais da ESF, e principalmente do ACS, é o re-
gistro, atualização e acompanhamento das ações de vigilância do pré-natal, por meio das se-
guintes ações:

MULHER
• Orientar a mulher quanto à necessidade de realizar o exame ginecológico regularmente
de acordo com os protocolos da SMSA.
• Identificar mulheres que desejam engravidar ou que estejam com atraso menstrual.
• Observar situações de vulnerabilidade e/ou violência.
• Estimular as mulheres para a importância do planejamento familiar.
• Verificar sinais de climatério complicado, tais como: ondas de calor, variações frequen-
tes no humor, dentre outros.

GESTANTES
• Captar a gestante o mais rápido possível, idealmente, até 12 semanas de gestação (até o
terceiro mês de gravidez), identificando-a na comunidade e vinculando-a ao pré-natal no CS.
• Estimular a realização do pré-natal do parceiro.
• Incentivar o parto vaginal.
• Realizar busca ativa das gestantes e puérperas faltosas e/ou com exames alterados.
• Promover a aproximação da gestante com a eSF e eSB, favorecendo a criação do vínculo
e incentivando a realização de pelo menos uma consulta odontológica durante a gestação.
• Identificar as angústias, medos e dúvidas orientando-as e encaminhando as demandas
para a eSF sempre que necessário.
• Estimular as gestantes a participarem de ações coletivas ofertadas pelo CS.
• Informar e orientar as gestantes sobre os agendamentos e periodicidade das consultas
e exames especializados.
• Observar situações de vulnerabilidade e/ou violência.
• Conferir o cartão de vacina e orientar a procurar o CS para atualização, quando necessário.
• Acompanhar as gestantes encaminhadas ao pré-natal de alto risco (PNAR) estimulando
seu acompanhamento também pela eSF.
• Incentivar a amamentação exclusiva pelo menos até o 6º mês de vida do bebê.
• Incentivar a coleta de leite humano para doação, orientando sobre as unidades de saú-
de que possuem pontos de armazenamento (Unidades de Coleta de Leite Humano).
• Realizar visita domiciliar à puérpera e ao seu recém nascido (RN), preferencialmente, até 72
horas após a alta hospitalar, com o objetivo de verificar condições gerais da mãe e do bebê.
• Verificar se a puérpera apresenta preocupações e relata dificuldades na amamentação,
cicatrização cirúrgica, sinais de depressão, entre outros.
• Orientar a puerpera sobre a primeira consulta de puerpério e as ações do 5º dia, bem
como, o agendamento da segunda consulta entre 30 a 42 dias após o parto.

RN
• Realizar o cadastro do RN no CS e atualizar com o nome da criança logo após o registro
no cartório.
• Informar a eSF sobre o nascimento do bebê o mais precocemente possível.

A visita domiciliar do ACS deverá ser planejada juntamente com o enfermeiro, de acordo com
a vulnerabilidade clínica e social. Recomenda-se, portanto, que as visitas domiciliares sejam
realizadas da seguinte forma:
• Para mulheres com gestação de risco habitual, uma visita mensal até a 36ª semana.
• Para gestantes em situação de vulnerabilidade pessoal e risco social, uma visita quin-
zenal até a 36ª semana.
• Para gestantes encaminhadas ao PNAR, uma visita quinzenal até a 36ª semana.
• Para mulheres com mais de 36 semanas de gestação, uma visita semanal até o parto.
• Para mulheres que o parto ocorreu, realizar uma visita em até 72 horas após a alta hos-
pitala e outra visita até 15 dias após o parto.

6.2 Vigilância relacionada à imunização


Desde o nascimento ao envelhecimento é imprescindível que as vacinas estejam atualiza-
das, pois a imunização ajuda a prevenir doenças graves que podem colocar a vida em risco.
Incentivar o cumprimento do calendário vacinal e realizar busca ativa dos faltosos são ações
prioritárias que contribuem para diminuir doenças e mortes por causas infecciosas e preveníveis.

Ações para o ACS em vigilância à imunização:


• Verificar o cartão de vacina da população durante a visita domiciliar, avaliando a existên-
cia de algum agendamento ou vacina pendente e orientar a procurar pela sala de vacina
e compartilhando as informações com a eSF para os devidos registros em prontuário.
• Orientar o usuário que estiver com vacina em atraso ou dúvida a procurar o CS.
• Estimular o usuário a concluir seu esquema vacinal.
• Realizar busca ativa das crianças com vacina em atraso.
• Orientar o usuário sobre a importância de preservar o cartão de vacina.
• Orientar a procurar o CS: os usuários que não tiverem o registro (cartão ou caderneta
de vacinação) da aplicação das vacinas.
• Apoiar a realização de campanhas de vacina.
• Divulgar campanhas de vacinação nos lugares mais frequentados da comunidade, para
que alcance o maior número de pessoas.
• Identificar as dúvidas, as crenças, os mitos, os tabus e os preconceitos sobre as vacinas, es-
timulando a reflexão sobre os benefícios para a saúde da comunidade e desfazendo mitos.
• Identificar pessoas vítimas de agressão por animal e encaminhá-las ao CS para avalia-
ção e profilaxia da raiva humana, quando necessário.
• Orientar os donos de cães e gatos sobre a importância da vacinação antirrábica canina
e felina.

6.3 Vigilância à saúde da criança


Consiste no acompanhamento sistemático do crescimento e desenvolvimento infantil carac-
terizado por um conjunto integrado de ações direcionadas à promoção, prevenção e proteção
da saúde da criança e de sua família.
As eSF desenvolverão ações que assegurem as seguintes práticas: vacinação, orientações às
mães/famílias sobre prevenção de acidentes, aleitamento materno, higiene individual e ambiental
e, também, pela identificação precoce dos agravos, com vista à intervenção efetiva e apropriada.
Ações para o ACS em vigilância à saúde da criança:
• Cadastrar, atualizar e acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as crianças resi-
dentes em sua microárea e manter as informações atualizadas em formulários próprios.
• Realizar visitas mensais a todas as famílias com crianças até 2 anos.
• Orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis, relacionados
à atenção à criança.
• Verificar se existem pendências registradas no cartão de vacina.
• Incentivar a realização de puericultura.
• Acompanhar os demais profissionais da eSF nas atividades direcionadas às crianças.
• Incentivar alimentação saudável, com variedade e qualidade de alimentos.
• Verificar o registro dos marcos de desenvolvimento e crescimento na caderneta da
criança, atentando para os sinais de desnutrição e obesidade e levar para discussão na
reunião de equipe.
• Verificar alterações no comportamento da criança, como: agitação, apatia, timidez ex-
cessiva, agressividade etc, e levar para discussão na reunião de equipe.
• Atentar para situações que apontam dificuldades no cuidado com a criança, como: lim-
peza do ambiente, higiene pessoal, violência, situações de vulnerabilidade, falta de
estimulo para a criança, frequência escolar, risco de acidentes domésticos.

6.4 Vigilância à saúde do adolescente


A adolescência é considerada a etapa de transição entre a infância e a idade adulta. É mar-
cada por significativas mudanças e transformações biológicas, psíquicas e sociais. O Ministério
da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definem a adolescência como a faixa
etária entre 10 e 19 anos.
Ações para o ACS em saúde do adolescente:
• Acompanhar periodicamente as famílias de risco, identificando o adolescente vulnerável.
• Criar vínculo com o adolescente para que possa ter maior sucesso na abordagem dele
e de seus familiares, fortalecendo o elo com o serviço de saúde.
• Incentivar os adolescentes a participarem de ações coletivas, como planejamento re-
produtivo e sexual.
• Propor atividades coletivas nas escolas municipais para este público.
• Identificar e notificar à equipe os problemas observados.
• Realizar ações educativas durante a visita domiciliar.
• Encaminhar para consulta médica, de enfermagem e/ou odontológica, conforme a ne-
cessidade observada.
• Incentivar alimentação saudável, com variedade e qualidade de alimentos.
• Verificar o registro dos marcos de desenvolvimento e crescimento na caderneta da
criança, atentando para os sinais de desnutrição e obesidade e levar para discussão na
reunião de equipe.
• Verificar alterações no comportamento da criança, como: agitação, apatia, timidez ex-
cessiva, agressividade etc, e levar para discussão na reunião de equipe.
• Atentar para situações que apontam dificuldades no cuidado com a criança, como: lim-
peza do ambiente, higiene pessoal, violência, situações de vulnerabilidade, falta de
estimulo para a criança, frequência escolar, risco de acidentes domésticos.

6.5 Vigilância a saúde do adulto


O ACS deverá incentivar os cuidados de saúde na população adulta e identificar os princi-
pais agravos à saúde do adulto. Essa abordagem tem como propósito promover a melhoria das
condições de saúde da população adulta no território e facilitar o acesso às ações e aos
serviços de assistência integral à saúde.
Na vigilância à saúde da população adulta, a população masculina, tem ganhado destaque
tendo em vista que os estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato
de que o sexo masculino é mais vulnerável às enfermidades, sobretudo às graves e crônicas,
morrendo mais precocemente que as mulheres.
O Sistema Único de Saúde entende que a qualidade de vida do homem jovem e adulto exige
cuidados com a saúde. São muitos desafios a serem enfrentados, principalmente em relação
às doenças que são mais frequentes entre os homens. O reconhecimento de que os homens
adentram o sistema de saúde por meio da atenção especializada tem como consequência o
agravo da morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo para o SUS. É necessário
fortalecer e qualificar a atenção primária garantindo, assim, a promoção da saúde e a preven-
ção aos agravos evitáveis (BRASIL, 2009).
Os principais agravos evitáveis estão entre os seguintes eixos: saúde sexual, reprodutiva e
paternidade, violências e acidentes em geral e o acesso/acolhimento dos homens na atenção
básica, porta de entrada prioritária na Rede SUS. (BRASIL, 2009).
Nesse contexto, torna-se de extrema importância que o ACS tenha conhecimento dos as-
pectos que perpassam a saúde do homem, e, devem ficar atentos as particularidades que tor-
nam essa população mais suscetível a determinados tipos de doenças, são elas:
• Os homens têm mais doenças do coração, cânceres, colesterol elevado, diabetes, hi-
pertensão e maior tendência de obesidade do que as mulheres.
• Praticam atividade física com menor regularidade.
• Muitas vezes acham que não vão adoecer, por isso não se cuidam.
• Geralmente têm medo de descobrir doenças.
• Não procuram regularmente os serviços de saúde quando procuram, na maioria das
vezes, não seguem os tratamentos recomendados.
• Os homens estão mais expostos aos acidentes de trânsito e de trabalho.
• Utilizam álcool e outras drogas em maior quantidade.
• Estão envolvidos na maioria das situações de violência.
• Vivem em média 7 anos a menos que as mulheres.

Durante a visita domiciliar é importante que o ACS desenvolva as seguintes ações:


• Estimular o acompanhamento periódico da saúde, reforçando essa necessidade para o
público masculino.
• Estimular a participação nos grupos de promoção à saúde.
• Estimular hábitos de vida saudáveis, tais como: prática regular de atividade física, ali-
mentação saudável, lazer, cultura, convívio social, dentre outros.
• Observar e comunicar a eSF condições precárias de higiene, atraso vacinal, uso pre-
judicial de álcool e outras drogas, armazenamento e uso incorreto de medicamentos e
prática de sexo inseguro.
• Identificar pessoas com transtorno de acumulação e comunicar à eSF.
• Atentar para as principais situações de saúde que acometem esse público, tais como:
obesidade, DM, HAS, IST, TB, Hanseníase.
• Atentar para sinais de alertas, tais como: perda e ganhos significativos de peso, tristeza
profunda, apatia extrema, sinais de violência, dentre outros.
• Identificar situações de violação de direitos e acionar a eSF.
• Orientar sobre as testagens rápidas realizadas na rede SUS-BH.

6.6 Vigilância em saúde mental


De acordo com a OMS, não existe saúde sem saúde mental, dada a prevalência dos trans-
tornos mentais propriamente ditos, bem como a presença do componente mental nos agravos
de saúde em geral.
Os transtornos mentais são caracterizados por uma perturbação clinicamente significativa
na regulação emocional, no comportamento ou na cognição (capacidade de adquirir conheci-
mento) e estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade que afetam ativida-
des sociais ou profissionais.
As VD são uma oportunidade para o ACS realizar a vigilância e criar vínculo com os usuários
que apresentam transtornos mentais, uso abusivo de álcool e outras drogas, estabelecendo
uma relação de confiança mútua. O profissional deverá registrar os usuários com tais quadros
na sua microárea e informar na reunião de eSF. Os casos que necessitarem deverão ser dis-
cutidos regularmente no matriciamento com a equipe de Saúde Mental que poderá ajudar na
estratificação da gravidade e definição de prioridades.
Ações para o ACS em vigilância a saúde mental:
• Identificar as pessoas em sofrimento mental (sofrimento ou incapacidade que afetam
atividades sociais ou profissionais), uso abusivo de álcool e outras drogas e registrar na
ficha de visita domiciliar e territorial e discutir na reunião de eSF.
• Identificar situações de riscos, tais como: cárcere privado, isolamento social, egresso hos-
pitalar, histórico familiar ou tentativa de autoextermínio, situação de rua, violação de direi-
tos civis, uso incorreto de medicação, sinais de violência física e psicológica, dentre outros.
• Realizar busca ativa de pessoas em sofrimento mental que perderam ou abandonaram
o acompanhamento.
• Conhecer os equipamentos existentes na rede como: Profissionais que compõem a
equipe de saúde mental no Centro de Saúde, Centro de Referência em Saúde Men-
tal - CERSAM, Centro de Referência em Saúde Mental de Álcool e Outras Drogas
- CERSAM-AD, Centro de Referência em Saúde Mental Infantil - CERSAMi, Centro
de Convivência, Unidade de Acolhimento - UA, Unidade de Acolhimento infantil - UAI,
Consultório de Rua, Equipe Complementar, Arte na Saúde e Residências Terapêuticas.
• Identificar os portadores de transtorno mental, uso abusivo de álcool e outras drogas e
informar na reunião de eSF.

6.7 Vigilância à saúde da pessoa idosa


Considera-se pessoa idosa a pessoa com 60 anos ou mais. O envelhecimento está associa-
do a um maior risco de vulnerabilidade física, cognitiva e social. É importante o ACS identificar
sinais de fragilidade da pessoa idosa e informar à eSF.
As principais situações que indicam a necessidade de avaliação do usuário e que o ACS
deve ficar atento são: ter alguma dificuldade para se cuidar (tomar banho, comer, vestir-se, sair
da cama, caminhar dentro de casa); usar 4 ou mais medicamentos; ter mais de duas doenças
crônicas; morar sozinho; não ter renda própria; ter tido alguma queda ou internação nos últimos
seis meses; pessoa que fica sozinha a maior parte do tempo e que tem várias doenças crôni-
cas; pessoa que considera o seu estado de saúde como ruim ou muito ruim; pessoas acama-
das ou com dificuldade de se locomover até o Centro de Saúde.
O instrumento de monitoramento à saúde da pessoa idosa é a CADERNETA DE SAÚDE DA
PESSOA IDOSA.
Ações para o ACS em vigilância a Saúde a Saúde da Pessoa Idosa:
• Verificar se a pessoa idosa já possui a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, caso não
tenha, levá-la na próxima visita ou agendar o seu preenchimento junto à eSF.
• Estimular os usuários a levarem a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa nos atendi-
mentos em todos os serviços de saúde.
• Orientar usuários, famílias e grupos sociais quanto aos fluxos, rotinas e ações e servi-
ços disponíveis no CS e na rede SUS-BH.
• Orientar o comparecimento a consultas e procedimentos agendados.
• Realizar busca ativa de faltosos às consultas, exames, curativos, imunização, dentre outros.
• Orientar sobre a adoção de hábitos saudáveis de vida e higiene geral do domicílio e do ambiente.
• Conversar diretamente com a pessoa idosa, mesmo que ela tenha dificuldades de co-
municação, buscando a valorização da sua fala; certificar se está escutando e enten-
dendo o que está sendo falado.
• Procurar informações complementares junto à pessoa que cuida.
• Perguntar se a pessoa idosa consegue dar conta de alimentar-se, vestir-se, tomar ba-
nho, fazer higiene pessoal, ir ao banheiro, sem precisar de ajuda.
• Perguntar se a pessoa consegue sozinha fazer compras, utilizar meios de transporte,
manipular medicamentos, utilizar telefone, preparar refeição, receber e administrar a
própria renda, ir ao banco.
• Identificar pessoas idosas com risco de quedas: dificuldades de locomoção uso de re-
médios para dormir, uso de remédios para pressão, idosos com problemas de visão e
de audição, e identificar ambientes que favorecem quedas e orientar.
• Identificar sinais de conflitos entre os membros da família: histórias diferentes para uma
mesma situação, a pessoa se cala diante de quem cuida, tom agressivo na fala, sinais
de agressão física (hematomas, lesões), higiene precária.
• Identificar pessoas com transtorno de acumulação.
• Atentar para situações de alteração da rotina que precisam ser imediatamente comuni-
cadas à eSF: sonolência excessiva; pessoa sem vontade de participar de nada; confu-
são mental; agitação; agressividade; pessoa com febre.
• Orientar a família a ter sempre o número dos telefones de ajuda e socorro em lugar de
fácil acesso (SAMU 192).

6.8 Vigilância em saúde relacionada à tuberculose


A tuberculose é uma doença infecto contagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium tubercu-
losis, acometendo principalmente os pulmões, mas pode afetar qualquer parte do corpo.
A doença pode acometer qualquer indivíduo, contudo sua transmissão é favorecida em situ-
ações de maior vulnerabilidade social e na vigência de outras condições de saúde, tais como:
desnutrição, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas ilícitas, doenças psiquiátricas, diabetes,
HIV/AIDS, doenças renais crônicas, câncer e outras.
A tosse é uma das principais manifestações da doença, podendo ser acompanhada por fe-
bre baixa, sudorese noturna, emagrecimento, fraqueza e redução do apetite.
Ações para o ACS em vigilância à tuberculose:
• Identificar os sintomáticos respiratórios na comunidade (pessoas com tosse por duas
semanas ou mais) e encaminhar ao CS para avaliação.
• Levar para discussão na reunião de equipe e supervisão do enfermeiro o nome e quan-
tidade dos sintomáticos respiratórios identificado no território.
• Acompanhar os pacientes em tratamento.
• Identificar os contatos domiciliares e orientá-los a procurar o CS.
• Realizar a busca ativa de faltosos e de abandono do tratamento.
• Acompanhar a tomada da medicação durante o Tratamento Diretamente Observado
(TDO) no domicílio do doente ou outro local combinado previamente.
• Orientar quanto à importância da coleta de escarro, quando solicitado pela equipe.
• Sensibilizar os familiares e usuário quanto ao tratamento.

6.9 Abordagem ao tabagismo


O tabagismo ativo é a principal causa evitável de adoecimento e morte, pois aumentam o
risco de câncer, doenças do coração, da circulação, do sangue e dezenas de outras doenças.
Está relacionado a aproximadamente 63% dos óbitos por doenças crônicas. Anualmente, mor-
rem cerca de 6 milhões de fumantes no mundo, sendo quase 200 mil no Brasil (mais de 400
pessoas por dia). O tabaco é a única droga legal que mata dois a cada três dos seus usuários
regulares. A cessação do tabagismo é uma das intervenções de saúde que apresenta melhor
relação custo-benefício. É menos oneroso auxiliar as pessoas a abandonarem o hábito de fu-
mar do que tratar as doenças que ocorrem em consequência do mesmo.
O tabagismo passivo é a 3ª causa evitável de morte (atrás do tabagismo ativo e alcoolismo),
sendo responsável por mais 600 mil óbitos por ano no mundo, sendo mais de ¼ em crianças.
A exposição de não fumantes à poluição do ambiente causada pelo fumo também aumenta
o risco de diversas doenças, como o câncer, infarto agudo do miocárdio e enfermidades pul-
monares. As crianças que convivem com fumantes têm maior risco de apresentar infecções
respiratórias, asma brônquica e de morrer em consequência das mesmas. A gestante que fuma
tem um risco aumentado de complicações na gravidez, como abortos, sangramentos, partos
prematuros, entre outras. Pode haver danos para o bebê, como baixo peso de nascimento, au-
mento do risco de morte súbita infantil, de morte por doenças respiratórias nos primeiros anos
de vida e comprometimento da inteligência e do comportamento.
Cerca de 80% dos fumantes querem parar de fumar, mas somente 3% conseguem a cada
ano, sem ajuda profissional. Boa parte dos tabagistas apresenta graus leves de dependência
à nicotina, com a possibilidade de cessar o tabagismo com o apoio da “Abordagem Breve do
Fumante”, o que é comprovado por diversos estudos. Essa abordagem dura de 3 a 10 minutos
e pode ser realizada pelos profissionais do Centro de Saúde.
É atribuição dos ACS a identificação dos tabagistas que residem ou trabalham na área de
abrangência do Centro de Saúde. Esta atividade pode ser realizada durante as visitas domici-
liares e demais rotinas de trabalho.
Os usuários devem ser sensibilizados quanto à importância da cessação, utilizando prefe-
rencialmente a “Abordagem Breve do Fumante”. Há uma cartilha elaborada pelo Programa de
Controle do Tabagismo de Belo Horizonte (link de acesso: https:// prefeitura.pbh.gov.br/saude/in-
formacoes/atencao-a-saude/promocao-da-saude/controle-do-tabagismo) com as orientações ne-
cessárias para a realização dessa abordagem, que é composta de 7 passos, resumidos a seguir:

1º ao 4º passo
Incentivar o fumante a estabelecer uma data para parar de fumar nas próximas duas sema-
nas e o método a ser utilizado: gradual ou abrupto para a cessação do tabagismo. A decisão
deve ser compartilhada com familiares, amigos e colegas de trabalho.

5º passo
Orientar a respeito do processo da falta da droga no organismo, conhecido como abstinên-
cia. Durante essa fase, podem ocorrer: cefaléia, ansiedade, insônia, pensamentos negativos,
fome, fissura, entre outros. O ACS deve orientar o fumante a buscar estratégias de novos esti-
los de vida para o enfrentamento dos sintomas e dificuldades do cotidiano, tendo como maior
aliado o foco na melhoria da qualidade de vida.

6º e 7º passo
Motivar o usuário a repensar a rotina sem o cigarro, encontrando formas de substituição da
droga por algo prazeroso (como a alimentação saudável, atividade física, Academia da Cidade,
Lian Gong, lazer), e evitando situações de estresse.
Os usuários com graus mais elevados de dependência à nicotina ou aqueles que não conse-
guiram parar de fumar com a “Abordagem Breve” necessitarão de um acompanhamento espe-
cializado, por profissional de nível superior, por meio da Terapia Cognitiva Comportamental re-
alizada em grupos de 10 a 15 pessoas ou individualmente, com a duração de 06 meses. Muitos
fumantes demandam um apoio medicamentoso, durante os 03 primeiros meses. É importante
que eles também sejam aconselhados a mudar o seu estilo de vida, com a prática de exercícios
físicos e alimentação saudável.
A Lei Federal 12.546, de dezembro, de 2011, que está em vigor desde 03 de dezembro de
2014, proíbe o fumo em locais total ou parcialmente fechados de uso coletivo e os fumódromos
não são mais permitidos. Essas medidas protegem os não fumantes das doenças provocadas
pela fumaça presente nos ambientes onde há pessoas fumando (tabagismo passivo) e dificul-
ta a iniciação dos jovens no tabagismo. Não é permitido o fumo dentro dos serviços de saúde
(Centro de Saúde, por exemplo). É fundamental que haja coerência desses serviços com o seu
papel de vitrine de hábitos e estilos de vida saudáveis. Esses locais devem tornar-se livres da
poluição do tabaco e os seus profissionais fumantes serem estimulados e apoiados para deixa-
rem de fumar (BRASIL, 2001a).

6.10 Vigilância em saúde relacionada à hanseníase


O agente etiológico da hanseníase é o Mycobacterium leprae, um bacilo que acomete princi-
palmente a pele e os nervos periféricos. Locais com pouca aeração e pouca luminosidade são
favoráveis à transmissão da doença.
As principais características da doença são manchas na pele de cor clara, acastanhadas ou
avermelhadas, em sua maioria, com alteração da sensibilidade.
Para todo caso positivo de hanseníase, os contatos deverão ser examinados no CS. Define-
-se contato como toda pessoa que convive ou conviveu com o paciente anteriormente ao diag-
nóstico e ao tratamento nos últimos cinco anos.
Ações para o ACS em vigilância a hanseníase:
• Identificar usuários com sinais e sintomas suspeitos de hanseníase e orientar a procu-
rara eSF.
• Identificar os contatos domiciliares e orientá-los a procurar o CS.
• Acompanhar os pacientes em tratamento.
• Realizar a busca ativa de faltosos e de abandono do tratamento.
• Supervisionar a tomada do medicamento mensal, TDO, de acordo com o planejamento
da equipe.

6.11 Vigilância em saúde relacionada às arboviroses


(Dengue, Chikungunya, Zika, Febre Amarela, etc)
O ACS e o Agente de Controle de Endemias (ACE) devem atuar de maneira conjunta no
enfrentamento desses problemas na comunidade, identificando os pontos de conexão e as
especificidades de atuação de cada um.
Ações para o ACS em vigilância a arboviroses:
• Orientar os usuários com suspeita de dengue ou outras arboviroses a procurarem o CS.
• Orientar sinais de alarme e coleta de sorologia a partir do 6º dia nos casos de dengue.
• Preencher a ficha de visita domiciliar e territorial e registrar no sistema de informação.
• Atuar junto aos domicílios informando aos moradores sobre a doença, sintomas, riscos,
medidas de prevenção.
• Informar ao morador sobre a importância de verificar possíveis criadouros do mosquito
no domicílio ou peridomicílio.
• Informar aos moradores sobre o agente transmissor e as doenças transmitidas.
• Vistoriar os cômodos da casa, acompanhado pelo morador, para identificar locais de
existência de larvas ou mosquitos.
• Orientar e acompanhar o morador na remoção, destruição ou vedação de objetos que
possam se transformar em criadouros de mosquitos.
• Realizar a remoção mecânica dos ovos e larvas do mosquito.
• Avisar ao ACE os casos de verificação de criadouro ou focos de difícil acesso, necessi-
dade do uso de larvicidas; imóveis fechados e recusas de visitas.
• Promover reuniões com a comunidade e realizar atividades de salas de espera no Cen-
tro de Saúde com o objetivo de mobilização para as ações de prevenção e controle da
dengue, bem como conscientizar quanto à importância de que facilitem a entrada do
ACE no domicílio.

6.12 Vigilância em saúde relacionada às Infecções


Sexualmente Transmissíveis
As infecções sexualmente transmissíveis IST são doenças causadas por vírus, bactérias ou
outros micro-organismos que são transmitidos, principalmente, através das relações sexuais
sem o uso de preservativo com uma pessoa infectada. Geralmente se manifestam por meio de
feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas (BRASIL, 2015).
Ações para o ACS em vigilância a IST:
• Orientar os usuários, principalmente os adolescentes, sobre a importância do sexo seguro.
• Orientar o usuário a procurar o CS em caso de queixas em região genital ou anal.
• Estimular o uso do preservativo.
• Orientar o paciente em tratamento de IST para que o seu parceiro também seja testado
e tratado.
• Informar aos pacientes sobre a disponibilidade na unidade de testes rápidos para detec-
ção de HIV, Hepatites B e C e Sífilis, estimulando a testagem.

6.13 Vigilância em Saúde Bucal


As demandas de Saúde Bucal identificadas pelo ACS durante a visita domiciliar deverão ser
informas à eSF e eSB. As principais situações que indicam a necessidade de avaliação do usuá-
rio são: rosto inchado; dentes escuros; dentes quebrados; dentadura mal adaptada ou quebrada e
ausência de dentes na boca, principalmente as que causam dificuldade para falar, sorrir e comer.
Ações para o ACS em vigilância à Saúde Bucal:
• Desenvolver ações de promoção em Saúde Bucal.
• Identificar as necessidades, as barreiras e os riscos em relação à Saúde Bucal junto às famílias.
• Orientar a higiene bucal adequada e das próteses bucais.
• Orientar sobre alimentação saudável, bem como os riscos do uso do fumo e bebida alcoólica.
• Orientar sobre a prevenção de traumatismo dentário e condutas iniciais antes do enca-
minhamento para o cirurgião dentista.
• Identificar usuários que necessitem de visita domiciliar da eSB (pessoas acamadas ou
com dificuldades de locomoção), bem como acompanhar os profissionais nas visitas.
• Orientar sobre fluxos e horários para acessar o serviço e os grupos de promoção da
Saúde Bucal do Centro de Saúde.

As principais situações de urgência em Saúde Bucal são:


• Quedas e traumas que afetam o rosto com edema, hematoma, sangramento, dente
quebrado, etc.
• Feridas nos lábios e na boca, que o usuário relata que não cicatrizam há mais de 15 dias.
• Rosto inchado, vermelhidão ou presença de secreção e/ou sangramento no rosto ou na
boca (mesmo sem dor).
• Dor de dente.
Nos horários em que a unidade estiver fechada, o ACS deve orientar o usuário a se dirigir às
UPAS: Norte e Oeste (Horário de Atendimento Odontológico: de segunda a sexta de 7h às 19h) e
ao Hospital Odilon Behrens – HOB (Horário de Atendimento Odontológico diariamente 24 horas).

Estratifi cação de risco e gestão da equidade


7.1 Estratificação de risco
Para o adequado planejamento das ações, a eSF precisa estratificar o risco da sua popula-
ção adscrita para priorizar ações. A figura 13 ilustra um exemplo de estratificação da população
em diferentes níveis de complexidade da condição de saúde (condições agudas, crônicas ou
eventos agudos).
Figura 13 - Modelo de atenção às condições crônicas
Parte da população com condições de saúde
Nível 5 GESTÃO DE CASO de muito elevado risco

Nível 4 GESTÃO DA CONDIÇÃO Parte da população com condições de


saúde de alto risco

Nível 3 GESTÃO DA CONDIÇÃO Parte da população com condições


de saúde de baixo médio risco

Parte da população com


Nível 2
fatores de risco

Nível 1 População geral

Fonte: MENDES, 2015.

Observa-se que no nível 1, os profissionais poderão identificar todos os problemas sociais


que afetam a comunidade, tais como: violência, vulnerabilidades sociais, problemas relaciona-
dos ao álcool, drogas, educação, emprego, habitação, saneamento básico, limpeza urbana,
renda, entre outros. Muitas vezes, essas demandas sociais se misturam com as demandas de
saúde e não ficam bem delimitadas, sendo necessárias a construção de políticas públicas e
estratégias de intervenção intersetoriais.
O Programa Bolsa Família desenvolve ação intersetorial, sendo constituído pela transferên-
cia direta de renda a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza com a finalidade de
promover o acesso aos direitos sociais básicos e romper com o ciclo intergeracional da pobre-
za. É coordenado pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais que visa o atendimento/apoio
intensivo às famílias em situação de maior risco social.
A equipe de Saúde da Família possui papel fundamental no acompanhamento das famí- lias
beneficiárias do Programa Bolsa Família, por serem consideradas população prioritária. O
acompanhamento realizado por todos os membros da equipe, juntamente com os ACS, facilita
o acesso desta população aos serviços de saúde, a gestão do cuidado e ações de vigilância
em saúde. As informações levantadas pelos ACS durante o acompanhamento dos beneficiários
do seu território serão registradas manualmente em mapas de acompanhamento com posterior
digitação em sistema próprio do Ministério da Saúde (e-GESTOR AB), que será alimentado
durante os períodos de vigência preconizados nas diretrizes nacionais do programa. As infor-
mações lançadas no sistema asseguram o direito de permanência do beneficiário no programa.
Estes mapas deverão ser validados, assinados e carimbados pelo enfermeiro durante o mo-
mento de supervisão, devendo ser arquivados conforme orientação da Secretaria Municipal de
Saúde, ainda que tenham sido lançados em sistema de informação.
É importante destacar em relação ao programa que a transferência de renda é uma contraparti-
da à implicação das famílias inscritas no cumprimento das condicionalidades da saúde e educação.
Há inúmeros relatos e estudos de melhoria do estado de saúde da população associado ao
Programa Bolsa Família. Portanto, o acompanhamento das famílias beneficiárias do programa
deve ser realizado de forma ampla, cuidadosa e intersetorial. O papel do ACS é primordial na
articulação com a equipe para captação precoce das gestantes e realização de todas as con-
sultas de pré-natal. São ações fundamentais a realização de puericultura para acompanhamen-
to do crescimento e desenvolvimento e monitoramento da vacinação.
O nível 2 corresponde a uma parte da população do território que possui fatores de risco mo-
dificáveis, relacionados ao comportamento e escolhas associadas à saúde. Entre esses fatores
de risco destaca-se: alimentação inadequada; tabagismo, inatividade física; sobrepeso; uso
abusivo de drogas lícitas ou ilícitas; estresse ligado a perdas afetivas (morte de entes queridos,
separações), laborativas e financeiras; abusos (físicos e emocionais); fatores relacionados à
saúde sexual e reprodutiva; incapacidade para o autocuidado; graves problemas familiares; au-
sência ou fragilidade de redes de suporte social; situações de negligência, abuso ou violência;
vulnerabilidade socioeconômica. Nesse nível, o modo de intervenção é a prevenção das condi-
ções de saúde, por meio de ações ligadas à educação e promoção da saúde para a mudança
de comportamento dos usuários para um estilo de vida saudável.
No nível 3, encontram entre 70 a 80% dos usuários que apresentam condições crônicas, as
intervenções de saúde devem estar pautadas no cuidado centrado no usuário e no desenvol-
vimento de sua autonomia para o autocuidado. Essas intervenções exigem ações de saúde
multidisciplinares, coletivas e individuais.
O nível 4 corresponde a subpopulação de alto risco. Nesse nível, além do autocuidado apoia-
do e do cuidado multiprofissional da APS, poderão ser necessárias intervenções conjuntas à
atenção secundária a partir de consultas especializadas com endocrinologistas, cardiologistas,
neurologistas, ortopedistas, geriatras, etc. A gestão do cuidado e a longitudinalidade são estra-
tégias deste nível.
Por fim, o nível 5 destina-se à atenção às condições crônicas complexas, graves e proble-
mas sócio-sanitários de extrema vulnerabilidade e/ou que implicam em risco pessoal e social.
Essas condições estão presentes em 1 a 5% da população e causam sofrimento aos usuários
e familiares. Nesse nível, as intervenções de saúde necessitam de cuidado multiprofissional,
podendo envolver todos os níveis de atenção à saúde (APS, secundária e terciária). É funda-
mental a escuta qualificada do usuário, cuidadores ou responsáveis pela atenção domiciliar
para a elaboração e implementação do plano de cuidados do usuário (BRASIL, 2008).
O ACS encontra neste nível, usuários que apresentam condições muito complexas, como
portadores de múltiplas comorbidades, a utilização de mais de cinco medicamentos (polifarmá-
cia); indivíduos que se encontram na transição de cuidados entre diferentes níveis de atenção à
saúde; a baixa adesão ao plano de cuidado; a falta de condições para o autocuidado; pessoas
que estão relacionadas a eventos-sentinela; graves problemas familiares ou econômico-sociais;
insuficiência de rede de suporte familiar e/ou social; acometimento por danos catastróficos (ex.
enchentes, deslizamentos), entre outros.
Algumas indicações adicionais podem ser feitas:
• Idosos frágeis.
• Pessoas com internações hospitalares frequentes.
• Pessoas portadoras de distúrbios mentais graves.
• Pessoas que vivenciam algum tipo de violência.
• Pessoas em situação de rua.
• Pessoas abaixo da linha de pobreza e em situação de miséria.
• Gestantes em extrema vulnerabilidade e risco social.
• Beneficiários do Programa Bolsa Família.
• Beneficiários do Programa Bolsa Família.
• Famílias que possuem crianças classificadas como código 3 pela eSB.
• Comunidades quilombolas.
• População privada de liberdade.

7.2 Gestão da Equidade


Na equidade, prioriza-se aqueles usuários, famílias e comunidades que mais necessitam e não
igualmente a toda comunidade. A figura abaixo permite ampliar a compreensão sobre esta diferença.
Figura 14 - Igualdade x equidade.

A gestão da equidade é a identificação das situações de desigualdades pela eSF e imple-


mentação de ações para enfrentá-las.
O ACS é o profissional que traz para equipe as condições de vida relacionadas, principal-
mente, ao suporte familiar e social.
Ações do ACS na gestão da equidade:
• Promover a inclusão das pessoas e/ou famílias mais vulneráveis, melhorando sua con-
dição de vida e de saúde.
• Identificar e priorizar nos territórios as vulnerabilidades sócio/sanitárias, implementando
plano de ação junto à eSF para o cuidado aos usuários com maior necessidade.

É importante destacar o conceito de população em situação de rua (PSR), que necessita de


um olhar diferenciado e cuidado oportuno, devido a suas vulnerabilidades e especificidades.
Para qualificar melhor o cuidado e cadastro dessa população, a Política Nacional para Inclu-
são Social define a população em situação de rua (PSR) como grupo populacional heterogêneo
que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados,
a inexistência de moradia convencional regular e que utiliza os logradouros públicos e as áreas
degradadas como espaço de moradia e sustento, de forma temporária ou permanente, bem
como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.
É um desafio para a eSF realizar a vigilância em saúde das pessoas em situação de rua,
tendo em vista as peculiaridades deste público.
A itinerância deste público, algumas vezes, compromete o acompanhamento e vigilância à
saúde, porém esse fato não pode ser impedimento para que o ACS realize seu trabalho.
Para o atendimento e acompanhamento destas pessoas por toda a eSF é necessário organi-
zar o processo de trabalho de forma especifica, com uma perspectiva de atendimento oportuno,
buscando flexibilizar as agendas, fornecer a medicação observando a singularidade, otimizar
as consultas especializadas e coleta de exames, entre outros. A eSF deve articular ações com
o Consultório de Rua, POP Rua, BH de Mãos Dadas contra a AIDS, Abordagem de Rua, CRAS/
CREAS e rede social do território para viabilizar o acompanhamento mais efetivo, com encon-
tros regulares para elaboração do Projeto Terapêutico Singular. Muitas ações devem ser em
loco, respeitando aquelas que requerem privacidade.
Principalmente nesta população, a ausência da documentação não pode ser impeditiva para
o acesso ao serviço e devem ser observadas as regras para o cadastro contidas no documento
‘’Normatização do Cadastrado e Perguntas Frequentes - FAQ’’ da SMSA.
Na rotina de trabalho do ACS também é necessário que as visitas ocorram de forma regular
e se faça a pactuação com o usuário do dia e horário para as próximas visitas. É importante
que o ACS estimule as pessoas em situação de rua a participarem das atividades do centro
de saúde (consultas, coletas, grupos, testagens rápidas, entre outros) e inclusive do controle
social, para contribuir nas formulações de ações e organização de processo de trabalho que
contemplem suas demandas.

Ações e ferramentas direcionadas para as


populações mais vulneráveis e de maior risco
Para as famílias com estruturas muito complexas ou em condições de vulnerabilidade social,
o genograma e o ecomapa são instrumentos que facilitam o entendimento da dinâmica familiar
(PEREIRA, 2009; MOIMAZ, 2011). Cabe à equipe conhecer estas ferramentas de trabalho e
fazer a escolha daquela que auxiliará mais em cada caso.

8.1 Genograma
É uma ferramenta que poderá ser utilizada pela eSF para demonstrar esquematicamente
problemas biomédicos, genéticos, comportamentais e sociais que envolvem a família estuda-
da. Poderá ser usada como fator educativo, permitindo ao paciente e sua família ter a noção
das repetições dos processos que vêm ocorrendo, facilitando o entendimento da dinâmica fa-
miliar e podendo ser usada pelo ACS.
O genograma deverá ser anexado no início do prontuário, com um sumário dos problemas
prévios, ações preventivas e medicamentos em uso, acontecimentos importantes com datas,
pois estes dados são essenciais para atender ao usuário com maior resolutividade.

8.1.1 Como elaborar um genograma


Na parte estrutural, colocar nome, idade, profissão, situação laboral, mortes na família citan-
do datas e causas, doenças, cuidador principal e informante (assinalado); e na parte funcional,
complementar as informações mostrando a interação entre os membros da família dando uma
visão dinâmica ao instrumento (CURRA e FERNANDES, 2006). É importante que todas as
informações lançadas no genograma estejam de forma resumida e de fácil entendimento para
manter o caráter esquemático da ferramenta.
O genograma deve conter minimamente as seguintes informações:
• Três ou mais gerações.
• Nomes de todos os membros.
• Idade ou ano de nascimento.
• Mortes, incluindo idade ou data em que ocorreu e a causa.
• Doenças ou problemas significativos.
• Indicação dos membros que vivem juntos na mesma casa.
• Datas de casamentos e divórcios.
• Lista de primeiros nascimentos de cada família à esquerda, com irmãos relacionados
sequencialmente à direita.
• Um código explicando todos os símbolos utilizados.
• Símbolos selecionados por sua simplicidade e visibilidade máxima.
• Relações familiares.

Figura 15 - Símbolos utilizados no Genograma.


Figura 16 - Modelo de Genograma.
José Maria
1915-1965 1930
50 89
c50

Manuel Nelsa Tânia Alberto Magali Ana


1950-1999 1952 1954 1956 1957 1966
49 67 65 63 62 53
c76 s80

c81

Roberta Cristiana Miguel


1982 1984 1988
37 35 31
Fonte: MINAS GERAIS, 2011.

8.1.2 Ecomapa

O ecomapa é um instrumento que complementa o genograma, consiste na representação


gráfica dos contatos dos membros da família com os outros sistemas sociais, das relações
entre a família e a comunidade. Ajuda a avaliar os apoios, os suportes disponíveis, sua utiliza-
ção pela família e pode apontar a presença de recursos, sendo o retrato de um determinado
momento da vida dos membros da família, portanto, ele é bem dinâmico. Uma família que tem
poucas conexões com a comunidade e entre seus membros necessita de maior investimento
da equipe de saúde para melhorar seu bem-estar.
O ecomapa deve incluir informações acerca das relações da família com o ambiente externo:
• A vizinhança.
• Serviços da comunidade.
• Grupos sociais.
• Educação.
• Relações pessoais significativas (amigos, vizinhos, família mais afastada, etc.).
• Trabalho.
• Outras.

8.1.3 Como elaborar um Ecomapa


Forma de representação: No ecomapa, a família apresenta-se dentro de um círculo, enquan-
to que os contatos da família com a comunidade ou com pessoas e grupos significativos, são
representados em círculos externos.
O que deve-se incluir no Ecomapa: Serviços da comunidade (Creche, escolas, Unidade de
Saúde, etc.) - Grupos sociais (Igrejas, Associação de Moradores do Bairro, etc.). Relações
significativas (amigos, vizinhos, família, etc) - Trabalho - Outras (Lazer, etc.)
Uma família que tem poucas conexões com a comunidade, e também entre seus membros,
necessita de maior investimento para melhorar seu bem-estar.
Figura 17 - Modelo de Ecomapa.

do peso

Maria
42 João 40

Ana Rita
Igreja
12 7 1

Fonte: MINAS GERAIS, 2011.

Promoção da saúde e educação em saúde


A promoção à saúde se refere às ações individuais, coletivas e ambientais que modificam
fatores associados ao processo saúde-doença, reduzindo vulnerabilidades, empoderando so-
cialmente a comunidade e melhorando a qualidade de vida.
A promoção à saúde é de responsabilidade de toda a equipe e deverá ser intermediada pelo
ACS em parceria com as lideranças comunitárias, escolas, ONGs, igrejas, associações,
movimentos sociais, empresas, clubes de serviços e outros, relacionadas a emprego e renda,
habitação, segurança alimentar, saneamento, esporte e lazer, educação, assistência social,
defesa social, meio ambiente, infraestrutura, cultura e outros.
A Portaria 1.886, de dezembro de 1997, do MS esclarece o papel dos ACS como educado-
res, permitindo que esse profissional realize atividades educativas, desde que o mesmo esteja
capacitado para tal.
A educação em saúde é um elemento importante da promoção à saúde e tem como princi-
pal objetivo estimular o autocuidado. A prática deve ser conduzida de forma a permitir que os
indivíduos expressem suas necessidades, apresentem suas preocupações e se envolvam na
tomada de decisão, entendendo as consequências de suas escolhas. O autocuidado está rela-
cionado com as escolhas que os usuários tomam em relação à sua saúde e a seu bem-estar.
É a capacidade de assumir responsabilidades por sua saúde, de forma a aumentar a sua con-
fiança e as habilidades para gerenciar seus próprios problemas.
Para apoiar o autocuidado dos indivíduos de sua área de abrangência, o ACS tem como função:
• Apoiar os usuários na aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades
para a resolução dos seus problemas de saúde.
• Auxiliar o usuário na identificação dos problemas vivenciados, que podem ou não ser
relacionados à doença.
• Aumentar a confiança do usuário na sua capacidade de implementar mudanças de vida
que levem a melhores resultados.
• Corresponsabilizar os usuários pelo seu plano de cuidados.
Atividades coletivas e de apoio
É importante lembrar que além das atividades coletivas já consolidadas pelo SUS-BH, como
a Academia da Cidade, Lian Gong e abordagem ao tabagismo, vários outros grupos são desen-
volvidos no cotidiano dos serviços de saúde.
Esses grupos podem reunir crianças, adolescentes, jovens, idosos, mulheres, gestante, en-
fim, pessoas com necessidades de saúde semelhantes. Resgatar e manter esses grupos é um
desafio e os serviços de saúde contam com os ACS para superá-lo, pois estão mais próximos
dos problemas que afetam a comunidade (KODA, 2012).
Ações dos ACS para o fortalecimento e integração das ações coletivas de educação em saúde:
• Divulgar para população a realização de todas as atividades coletivas propostas, levan-
do em consideração o público alvo e os temas a serem discutidos.
• Identificar crenças, conhecimentos e valores do grupo, levando-os a reflexão sobre o
impacto no processo saúde doença.
• Discutir a importância do autoconhecimento e do autocuidado na contribuição da ativi-
dade coletiva.
• Favorecer a expressão de sentimentos, experiências e dúvidas, gerando vínculo e con-
fiança dos usuários para participarem desses momentos.
• Contribuir na coordenação de grupos quando se sentir seguro, fazendo com que as pes-
soas reflitam e tomem consciência de seu papel na resolução dos problemas comuns.

Estar sempre atualizado quanto aos fluxos, dias e horários de realização das principais ativi-
dades coletivas existente na sua área de abrangência.

10.1 Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção


Básica (NASF-AB)
Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) foi criado pelo Minis-
tério da Saúde em 2008 para fortalecer a APS, com a inserção de novas categorias profissio-
nais para atuar de maneira integrada e apoiando as eSF na resposta às demandas de seus
usuários, de todas as idades, incluindo desde a promoção à saúde, à prevenção de agravos e
tratamento (BRASIL, 2014).
Em Belo Horizonte, todos os CS possuem uma equipe de NASF-AB para apoiar as eSF que
pode ser compostas por: assistentes sociais, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física.
É importante ressaltar que o NASF-AB trabalha dentro de uma lógica chamada “apoio ma-
tricial” (BRASIL, 2014). Esta lógica aposta nas ações de assistência diretas aos usuários e de
apoio educativo para as equipes de Saúde da Família. As “reuniões de matriciamento” têm
periodicidade média mensal, nas quais é fundamental a presença e participação do ACS, junto
aos outros membros da eSF, para discussão das demandas de cada território e a construção
de estratégias para alcançarmos a melhoria das condições de saúde da população.

10.2 Academia da Cidade


As Academias da Cidade são locais para prática da atividade física ministrada por profis-
sionais de educação física, têm como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população,
construindo no dia a dia da cidade a possibilidade de modos de vida mais saudáveis.
O ACS contribui com a Academia da Cidade divulgando a proposta na comunidade, realizan-
do orientações aos usuários infrequentes e apoiando ações de promoção e prevenção realiza-
das nestes equipamentos, em parceria com a equipe de saúde.
As atividades são gratuitas e destinadas preferencialmente às pessoas acima de 18 anos.
Os encaminhamentos para as Academias da Cidade podem ser feitos por qualquer profissional
do Centro de Saúde, ou o usuário pode procurar um dos equipamentos por demanda espon-
tânea. Após a inscrição na Academia da Cidade, todo usuário passa por uma avaliação física
com o profissional, e se estiver apto para a prática, poderá participar das aulas três vezes por
semana, durante uma hora, sendo estas realizadas de acordo com a necessidade e condição
física de cada pessoa.

10.3 Atividades coletivas em sala de espera


A sala de espera é um espaço coletivo enquanto se aguarda pelo atendimento dos profissio-
nais na unidade de saúde. A espera pode gerar ansiedade, angústia, mas quando bem apro-
veitado, este espaço pode ser transformado em um local de aprendizagem, agregando valores,
promovendo qualidade de vida aos usuários/familiares. Todos os profissionais, bem como os
ACS, estando aptos poderão utilizar este momento para educação em saúde.
Os temas devem ser pontuais, atuais e relevantes a prevenção e promoção da saúde. O
momento também pode ser utilizado para esclarecer aos usuários o funcionamento, o fluxo da
unidade e a oferta de serviços.

10.4 Violência no território e Cultura da Paz


Sabemos que a preservação da paz é um processo que tem relação com a forma como a
sociedade se organiza e como a riqueza é distribuída entre a população. As desigualdades so-
ciais e econômicas e a falta de políticas sociais justas e adequadas podem favorecer o desen-
volvimento da violência. Cabe à humanidade se esforçar para promover justiça social e reduzir
iniquidades para que a paz seja preservada.
O SUS-BH busca esses mesmos objetivos e adota os princípios fundamentais da tolerância,
solidariedade, respeito à vida, aos direitos individuais e ao pluralismo. É preciso que os trabalha-
dores da saúde, incluindo o ACS, identifiquem e denunciem situações de violação de direitos e que
sejam também defensores da paz em casa, no trabalho ou no lazer, procurando também manter
a cultura da paz no convívio entre pessoas, os animais e o ambiente (MOREIRA et al.,2014; BRA-
SIL, 2001b). Desenvolver uma escuta atenta e buscar compreender melhor as pessoas, com suas
diferenças e posicionamentos, pode ajudar no estabelecimento da cultura de paz.
A Secretaria Municipal de Saúde desenvolveu formulário no qual todos os episódios de vio-
lência no trabalho podem ser registrados para fins de análises quantitativa e qualitativa e para
desenvolvimento de estratégias de enfrentamentos. O formulário poderá ser acessado por
qualquer servidor municipal por meio do link: https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/
gestao-de-pessoas, na aba Episódios de Violência no Trabalho-SMSA, e o conteúdo de registro
deve referir-se a episódios de violência vivenciado nas unidades de saúde de Belo Horizonte.
Supervisão do ACS pelo enfermeiro
A supervisão é considerada como algo inseparável de qualquer processo de trabalho realiza-
do coletivamente, no qual estão presentes diferentes profissionais, com distintas formações e
qualidade de atendimento, podem e devem servir de reforço e estímulo às diversas atividades,
entre elas o planejamento, a organização interna dos serviços e a qualificação profissional.
A supervisão, o acompanhamento e a coordenação do trabalho do ACS é uma atividade que
deverá ser realizada pelo enfermeiro, regulamentada pela portaria do Ministério da Saúde, n°
2.436, de 21 de setembro de 2017. Essa atividade deve ser realizada sistematicamente em
horários protegidos na agenda do enfermeiro e do ACS semanalmente, e visa também o plane-
jamento das visitas a serem realizadas com a utilização do formulário do Anexo 2 deste manual.
Para a supervisão é importante que o ACS apresente o relatório de visitas realizas com os
respectivos desfechos de visita e juntamente com o enfermeiro façam uma reflexão crítica so-
bre o processo de trabalho, as visitas domiciliares realizadas e não realizadas, as famílias visi-
tadas, o processo saúde-doença das pessoas no território, gestantes com pré-natal em atraso,
crianças com vacinação em atraso, famílias vulneráveis, idosos frágeis dentre outras situações
elencadas pela eSF.
Na contínua e importante atividade de supervisão do trabalho do ACS, existem aspectos a
serem discutidos, destaca-se aqui:
• Qualidade e quantidade das visitas realizadas.
• Registros da visita domiciliar nos sistemas de informação.
• Validação das fichas de visitas domiciliares, cadastros e mapa de acompanhamento do
programa Bolsa Família com assinatura e carimbo do enfermeiro supervisor.
• Realização de busca ativa, conforme definição da equipe.
• Mapeamento, dinamicidade e desafios do território.
• Planejamento mensal do percurso e das visitas domiciliares a serem realizadas pelo ACS.
• Conhecimento dos recursos/dispositivos da comunidade.

• Atualização e cadastramentos dos usuários no sistema de informação em saúde.


• Mapeamento de situações prioritárias e de elevada vulnerabilidade da população ads-
crita à sua microárea.
• Identificação dos desafios e potencialidades da família e da comunidade percebidos
durantes as visitas domiciliares.
• Participação em espaços coletivos (reunião de equipe, grupos operativos, sala de espera,
colegiado gestor, conselho local).
• Levantamento das necessidades de capacitações.
• Discussão da necessidade de ações intersetoriais.

O registro da atividade de supervisão do trabalho do ACS deve ser realizado pelo enfermeiro
no SISREDEWEB, módulo atividade coletiva, colocando o nome dos ACS que participaram,
horário de início, horário de término e dia em que foi realizada a atividade.
Durante a atividade de supervisão é importante que o enfermeiro tenha em mãos: relatórios
de visitas domiciliares realizadas por ACS, com o desfecho das visitas e total de usuários visi-
tados de acordo com a situação de saúde, assim como os cadastros realizados e as devidas
atualizações, as glosas apuradas pelo Mistério da Saúde e o Instrumento de registro das ati-
vidades do ACS (anexo 03) realizadas durante a semana. O enfermeiro deverá realizar uma
leitura criteriosa utilizando os instrumentos como apoio para a supervisão.
Com isso, a organização dos instrumentos de trabalho do ACS a partir da supervisão é fun-
damental para detectar as dificuldades em acompanhar as famílias, auxiliando no planejamen-
to e intervenções de gestão em saúde.
Espaços de discussão, gestão e de controle social
13.1 Reuniões de equipe
Devem acontecer semanalmente de acordo com a SMSA-BH, pactuadas com todos os tra-
balhadores do CS para assegurar retaguarda aos casos agudos. Essas reuniões devem servir
para avaliação e planejamento, informações dos ACS, discussão de problemas no processo de
trabalho da equipe, discussão de casos prioritários de usuários e/ou famílias, definição de
planos de trabalho e ações.

13.2 Matriciamento
Aplicado à atenção primária, o apoio matricial é uma estratégia de organização do trabalho
em saúde que acontece a partir da integração de eSF com equipes ou profissionais de outros
núcleos de conhecimento. São ações de apoio matricial os atendimentos e grupos compartilha-
dos, a discussão de casos e a construção de projeto terapêutico singular.
O matriciamento possui duas possibilidades de apoio às eSF: clínico assistencial e técnico
pedagógico. O apoio clínico assistencial ocorre quando, a partir da discussão do caso, a equipe
assiste diretamente o usuário, seja na forma de atividade coletiva, atendimento individual ou vi-
sita domiciliar. O apoio técnico pedagógico, por sua vez, é a construção de conhecimento entre
as equipes de apoio e eSF, empoderando as condutas dos profissionais.
Dentro dessa estratégia, as reuniões de matriciamento são importantes dispositivos para
discussão de casos ou temas entre os profissionais que compõem as diferentes equipes envol-
vidas, obtendo-se um diagnóstico de necessidades e o levantamento/planejamento de ações
que possam ser desenvolvidas para atendê-las da melhor maneira possível (BRASIL, 2014).
A frequência deve ser periódica e programada, a fim de que as eSF sempre tenham oportu-
nidade de discutirem suas demandas com os profissionais de apoio. A presença do ACS junto
aos demais profissionais nas reuniões de matriciamento, assim como a presença dos profissio-
nais de apoio, é de grande relevância para construção da assistência ao usuário em discussão,
não havendo perda de informações relevantes e garantindo a responsabilização do caso para
com todos participantes.

O que é importante se observar para uma discussão de casos no matriciamento?

• Fragilidade dos laços familiares e sociais.


• Situações de violência doméstica (física, psicológica, negligência).
• Isolamento social.
• Abuso de álcool e outras drogas.
• Alterações drásticas no humor, com dificuldade para controlar emoções e afetos.
• Dificuldade para realização de atividades de vida diária (higiene, alimentação, tarefas
rotineiras).
• Perda de mobilidade (mudanças de postura, andar).
• Necessidade de meios auxiliares de locomoção, ou dificuldades de adaptação no uso
desses recursos.
• Dificuldade para alimentar e/ou engolir.
• Alimentação por via alternativa.
• Perda ou ganho de peso significativos.
• Comprometimento das funções cognitivas e motoras.
• Risco de desequilíbrio ou quedas.
• Autocuidado precário.
• Dificuldade de adesão a tratamentos e orientações previamente propostas.
• Alteração ou atraso de fala e linguagem.

13.3 Colegiado Gestor


“A criação do Colegiado Gestor é uma diretriz adotada pela SMSA-BH por ser um dispositivo
potente de democratização, propiciando a construção coletiva e objetivando a estruturação de
uma assistência de qualidade, equânime e integral, baseada nos princípios do SUS” (SILVANA,
Benjamim Guimarães/GERASA-Norte).
O colegiado gestor é formado por representantes de todas as categorias profissionais do
CS. Seu papel na gestão é propor ações para enfrentar dificuldades, buscando
solucionar osproblemas internos por meio da participação responsável dos seus
representantes.
Tem por finalidade:
• Atuar no processo de trabalho da unidade.
• Elaborar projetos de ação da instituição.
• Buscar soluções para os problemas internos.
• Sugerir e elaborar propostas de intervenção.
• Na ausência da Gerência, o Colegiado Gestor deve se reunir para
tomada de decisõesque envolvam conflítos.

A pauta deve ser flexível e adaptada às necessidades do momento, podendo


ocorrer reuni-ões extraordinárias. É fundamental a presença de todos com a
organização prévia da agenda dos integrantes, inclusive comunicar ao ACS.
Recomenda-se realizar reuniões mensais, sendo que qualquer representante
pode solicitar reuniões fora do cronograma. Toda reunião deve serregistrada em
ata.

13.4 Comissão Local de Saúde


Em 1991 foi sancionada a Lei n° 8.142, de dezembro de 1990, que prevê a
formação dos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de saúde,
possibilitando a participação organiza-da da população na administração dos
serviços prestados pelo SUS.
A Comissão Local de Saúde confere participação popular no âmbito local,
através dela os conselheiros fiscalizam e avaliam serviços da unidade de saúde
da sua área de abrangência, visando à melhoria da qualidade de vida individual
e coletiva e tornando o Centro de Saúde um espaço para o exercício da
cidadania.
O conselheiro é o representante eleito em reunião organizada para este fim.
O número de conselheiros é variável, mas deve ser composto por metade de
representantes de usuários (50%), 25 % de trabalhadores e 25 % de gestores e
prestadores de serviço. As funções do con-selheiro são: discutir demandas da
comunidade e do CS em busca de soluções; ser o elo entre o conselho,
comunidade e demais organizações do bairro; conhecer e acompanhar a
execuçãodas decisões da política de saúde. As reuniões têm uma periodicidade
mensal.
O ACS tem um importante papel de liderança e mobilização (SILVA et al.,
2014) e, portanto,suas contribuições para o fortalecimento do controle social,
abrangem:
• Participar da organização, além promover a mobilização coletiva no
processo de eleiçãodos conselheiros.
• Identificar líderes na comunidade para que possam fazer parte da Comissão Local.
• Conscientizar a população sobre a importância da Comissão Local e da sua participação.
• Levar as demandas da comunidade
43
1 - DE ONDE VEM O SUS?

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988
para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde.
Anteriormente, a assistência médica estava a cargo do Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), ficando restrita às pessoas que
contribuíssem com a previdência social. As demais eram atendidas apenas em
serviços filantrópicos.
A Constituição Federal é a lei maior de um país, superior a todas as outras leis.
Em 1988, o Brasil promulgou a sua 7ª Constituição, também chamada de Constituição
Cidadã, pois na sua elaboração houve ampla participação popular e, especialmente,
porque ela é voltada para a plena realização da cidadania. É a leique tem por
finalidade máxima construir as condições políticas, econômicas, sociais e culturais
que assegurem a concretização ou efetividade dos direitos humanos,num regime
de justiça social.
A Constituição Brasileira de 1988 preocupou-se com a cidadania do povo
brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais, como o direito à educação, à
saúde, ao trabalho, ao lazer e à aprendizagem.
Em relação à saúde, a Constituição apresenta cinco artigos – os de nº 196 a 200.
O artigo 1961 diz que:
1. A saúde é direito de todos.
2. O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado. Aqui, deve-se entender Estado
como Poder Público: governo federal, governos estaduais, o governo do Distrito
Federal e os governos municipais.
3. Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e econômicas com
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção
e recuperação e para reduzir o risco de doença e de outros agravos.

1 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado


Federal, 2005.
Políticas sociais e econômicas são aquelas que vão contribuir para que o cidadão
possa ter com dignidade: moradia, alimentação, habitação, educação, lazer, cultura,
serviços de saúde e meio ambiente saudável.
Conforme está expresso na Constituição, a saúde não está unicamente
relacionada à ausência de doença. Ela é determinada pelo modo que vivemos, pelo
acesso a bens e consumo, à informação, à educação, ao saneamento, pelo estilo de
vida, nossos hábitos, a nossa maneira de viver, nossas escolhas. Isso significa dizer
que a saúde é determinada socialmente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), saúde é “um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doenças”.
O artigo 198 da Constituição define que as
ações e serviços públicos de saúde integramuma
rede regionalizada e hierarquizada e devem
constituir um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes:
1. Descentralização, com direção única em cada
esfera de governo;
2. Atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dosserviços
assistenciais;
3. Participação da comunidade.
Em dezembro de 1990, o artigo 198 da Constituição Federal foi regulamentado
pela Lei nº 8.080, que é conhecida como Lei Orgânica de Saúde ou Lei do Sistema
Único de Saúde (SUS). Essa lei estabelece como deve funcionar o sistema de saúde
em todo o território nacional e define quem é o gestor em cada esfera de governo. No
âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde;
no Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, o Secretário
Municipal de Saúde. As competências e responsabilidadesde cada gestor também
foram definidas.
Outra condição expressa no artigo 198 é a participação popular, que foi detalhada
posteriormente pela Lei nº 8.142, de dezembro de 1990.

45
Apesar de ser um sistema de serviços de saúde em construção, com problemas
a serem resolvidos e desafios a serem enfrentados para a concretização dos seus
princípios e diretrizes, o SUS é uma realidade.
Faz parte do processo de construção a organização e a reorganização domodelo
de atenção à saúde, isto é, a forma de organizar a prestação de serviços e as ações
de saúde para atender às necessidades e demandas da população, contribuindo,
assim, para a solução dos seus problemas de saúde.
Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde, como direito de todos e
dever do Estado, garantindo atenção contínua e com qualidade aos indivíduos e às
coletividades, de acordo com as diferentes necessidades.

1.1 - Princípios e diretrizes do Sistema Único de


Saúde (SUS)
Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a saúde, o SUS precisa
se organizar conforme alguns princípios, previstos no artigo 198 da Constituição
Federal de 1988 e na Lei nº 8.080/1990, em que destacamos:
Universalidade – significa que o SUS deve atender a todos, sem distinções ou
restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. Todos os
cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nos serviços de
saúde, públicos ou privados, contratados pelo gestor público.
A universalidade é princípio fundamental das mudanças previstas pelo SUS, pois
garante a todos os brasileiros o direito à saúde.
Integralidade – pelo princípio da integralidade, o SUS deve se organizar de forma
que garanta a oferta necessária aos indivíduos e à coletividade, independentemente
das condições econômicas, da idade, do local de moradia e outros, com ações e
serviços de promoção à saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação. A
integralidade não ocorre apenas em um único local, mas no sistema como um todo e
só será alcançada como resultado do trabalho integrado e solidário dos gestores e
trabalhadores da saúde, com seus múltiplos saberes e práticas, assim como da
articulação entre os diversos serviços de saúde.
Equidade – o SUS deve disponibilizar serviços que promovam a justiça social,
que canalizem maior atenção aos que mais necessitam, diferenciando as
necessidades de cada um.

47
Na organização da atenção à saúde no SUS, a equidade traduz - se no tratamento
desigual aos desiguais, devendo o sistema investir mais onde e para quem as
necessidades forem maiores. A equidade é, portanto, um princípio de justiça social,
cujo objetivo é diminuir desigualdades.
Participação da comunidade – é o princípio que prevê a organização e a
participação da comunidade na gestão do SUS.
Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos Conselhos e
Conferências de Saúde, na esfera nacional, estadual e municipal. O Conselho de
Saúde é um colegiado permanente e deve estar representado de forma paritária, ou
seja, com uma maioria dos representantes dos usuários (50%), mas também com os
trabalhadores (25%), gestores e prestadores de serviços (25%). Sua função é formular
estratégias para o enfrentamento dos problemas de saúde, controlar a execução das
políticas de saúde e observar os aspectos financeiros e econômicos do setor,
possuindo, portanto, caráter deliberativo.
A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a representação dos
vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para
a formulação da política de saúde. É convocada pelo Poder Executivo (Ministério da
Saúde, Secretaria Estadual ou Municipal de Saúde) ou, extraordinariamente, pela
própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde.
Descentralização – esse princípio define que
o sistema de saúde se organize tendo uma única
direção, com um único gestor em cada esfera de
governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o
Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário
Estadual de Saúde; no Distrito Federal/DF, o
Secretário de Saúde do DF; e, no município, o
Secretário Municipal de Saúde. Cada gestor, em
cada esfera de governo, tem atribuições comuns e
competências específicas.
O município tem papel de destaque, pois é lá
onde as pessoas moram e onde as coisas
acontecem. Em um primeiro momento, a
descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela organização da
oferta de todas as ações e serviços de saúde. Com o passar do tempo, após
experiências de implantação, percebeu-se que nem todo município, dadas suas
características sociais, demográficas e geográficas, comportariam assumir a oferta de
todas as ações de saúde, e que há situações que devem ser tratadas no nível estadual
ou nacional, como é o caso da política de transplantes.
Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e atribuições das três
esferas de gestão (municípios, estados e união) resultantes da implementação do
SUS, houve um processo evolutivo de adaptação a esses novos papéis, traduzidos
nas Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS 01/01 e NOAS 01/02). Mais
recentemente as referidas Normas formam substituídas por uma nova lógica de
pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser desempenhado, definido no
chamado “Pacto pela Saúde”.
Regionalização – orienta a descentralização das ações e serviços de saúde, além
de favorecer a pactuação entre os gestores considerando suas responsabilidades.
Tem como objetivo garantir o direito à saúde da população, reduzindo desigualdades
sociais e territoriais.
Hierarquização – é uma forma de organizar os serviços e ações para atender às
diferentes necessidades de saúde da população. Dessa forma, têm-se serviços
voltados para o atendimento das necessidades mais comuns e frequentes
desenvolvidas nos serviços de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de
Saúde da Família. A maioria das necessidades em saúde da população é resolvida
nesses serviços. Algumas situações, porém, necessitam de serviços com
equipamentos e profissionais com outro potencial de resolução. Citamos como
exemplo: as maternidades, as policlínicas, os prontos-socorros, hospitais, além de
outros serviços classificados como de média e alta complexidade, necessários para
situações mais graves.
Esses diferentes serviços devem possuir canais de comunicação e se relacionar
de maneira que seja garantido o acesso a todos conforme a necessidade do caso,
regulado por um eficiente sistema de regulação.
Todas as pessoas têm direito à saúde, mas é importante lembrar que elas
possuem necessidades diferentes. Para que se faça justiça social, é necessário um
olhar diferenciado, por meio da organização da oferta e acesso aos serviços e ações

49
de saúde aos mais necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das
desigualdades sociais.
O SUS determina que a saúde é um direito humano fundamental e é uma
conquista do povo brasileiro.

2 – ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS)

A Atenção Primária à Saúde (APS), também conhecida no Brasil como Atenção


Básica (AB), da qual a Estratégia Saúde da Família é peça fundamental, caracteriza-
se pelo desenvolvimento de um conjunto de ações de promoção e proteção da saúde,
prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde.
Essas ações, desenvolvidas por uma equipe de saúde, são dirigidas a cada
pessoa, às famílias e à coletividade ou conjunto de pessoas de um determinado
território.
Bem estruturada e organizada, a Atenção Primária à Saúde (APS) resolve os
problemas de saúde mais comuns / frequentes da população, reduz os danos ou
sofrimentos e contribui para uma melhor qualidade de vida das pessoas
acompanhadas.
Além dos princípios e diretrizes do
SUS, a APS orienta-se também pelos
princípios da acessibilidade, vínculo,
continuidade do cuidado
(longitudinalidade), responsabilização,
humanização, participação social e
coordenação do cuidado. Possibilita uma
relação de longa duração entre a equipe
de saúde e os usuários,
independentemente da presença ou
ausência de problemas de saúde, o que
chamamos de atenção longitudinal. O
foco da atenção é a pessoa, e não a doença.
Ao longo do tempo, os usuários e a equipe passam a se conhecer melhor,
fortalecendo a relação de vínculo, que depende de movimentos tanto dos usuários
quanto da equipe.
A base do vínculo é o compromisso do profissional com a saúde daqueles que o
procuram. Para o usuário, existirá vínculo quando ele perceber que a equipe contribui
para a melhoria da sua saúde e da sua qualidade de vida. Há situaçõesque podem
ser facilitadoras ou dificultadoras. Um bom exemplo disso pode ser o horário e dias de
atendimento da Unidade Básica de Saúde (UBS), a sua localização, ter ou não acesso
facilitado para pessoas com deficiência física, entre outras coisas.
As ações e serviços de saúde devem ser pautados pelo princípio da humanização,
o que significa dizer que as questões de gênero (feminino e masculino), crença,
cultura, preferência política, etnia, raça, orientação sexual, populações específicas
(índios, quilombolas, ribeirinhos etc.) precisam ser respeitadas e consideradas na
organização das práticas de saúde. Significa dizer que essas práticas devem estar
relacionadas ao compromisso com os direitos do cidadão.
O acolhimento é uma das formas de concretizar esse princípio e se caracteriza
como um modo de agir que dá atenção a todos que procuram os serviços, não só
ouvindo suas necessidades, mas percebendo aquilo que muitas vezes não é dito.
O acolhimento não está restrito a um espaço ou local. É uma postura ética. Não
pressupõe hora ou um profissional específico para fazê-lo, implica compartilhamento
de saberes, necessidades, possibilidades, angústias ou formas alternativas para o
enfrentamento dos problemas.
O ACS tem um papel importante no acolhimento, pois é um membro da equipe
que faz parte da comunidade, o que ajuda a criar confiança e vínculo, facilitando o
contato direto com a equipe.
A APS tem a capacidade de resolver
O agente deverá identificar o que
grande parte dos problemas de saúde da pode estar dificultando ou
população, mas em algumas situações facilitando o acesso do usuário na
unidade de saúde em que trabalha.
haverá a necessidade de referenciar o
usuário a outros serviços de saúde. Mesmo

nesses momentos, a APS tem um importante papel ao desempenhar a função de

51
coordenação do cuidado, que é entendido como a capacidade de responsabilizar-se
pelo usuário (saber o que está acontecendo com ele) e apoiá-lo, mesmo quandoeste
está sendo acompanhado em outros serviços de saúde.
É na APS em que acontece o trabalho do agente comunitário de saúde (ACS).

Para refletir: Como


o ACS pode tornar
o trabalho mais
humanizado?
3 – APS/SAÚDE DA FAMÍLIA

O Ministério da Saúde definiu


a Saúde da Família como
estratégia prioritária para a
organização e fortalecimento da
APS no País.
Por meio dessa estratégia, a
atenção à saúde é feita por uma
equipe composta por profissionais
de diferentes categorias
(multidisciplinar) trabalhando de
forma articulada (interdisciplinar), que considera as pessoas como um todo, levando
em conta suas condições de trabalho, de moradia, suas relações com a família e com
a comunidade.
Cada equipe é composta, minimamente, por um médico, um enfermeiro, um
auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e ACS, cujo total não deve
ultrapassar 12 ACS. Essa equipe pode ser ampliada com a incorporação de
profissionais de Odontologia: cirurgião-dentista, auxiliar de saúde bucal e/ou técnico
em saúde bucal. Cabe ao gestor municipal à decisão de incluir ou não outros
profissionais às equipes.
Além disso, com o objetivo de ampliar a abrangência das ações da APS, bem
como sua capacidade de resolução dos problemas de saúde, foram criados em 2008
os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf). Eles podem ser constituídos por
equipes compostas por profissionais de diversas áreas do conhecimento
(nutricionista, psicólogo, farmacêutico, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta
ocupacional, fonoaudiólogo, médico acupunturista, médico ginecologista, médico
homeopata, médico pediatra e médico psiquiatra) que devem atuar em parceria com
os profissionais das ESF. Logo, é importante que o agente, saiba se a sua equipe está
vinculada a algum Nasf e, em caso positivo, como se dá a articulação entre a ESF e
este Nasf.
É necessário que exista entre a comunidade e os profissionais de saúde relação
de confiança, atenção e respeito. Essa relação é uma das principais características

53
da reorganização do processo de trabalho por meio da Saúde da Família e se dá na
medida em que os usuários têm suas necessidades de saúde atendidas.
A população sob responsabilidade da equipe deve ser cadastrada e
acompanhada, entendendo-se suas necessidades de saúde como resultado também
das condições sociais, ambientais e econômicas em que vive.
Equipe e famílias devem compartilhar responsabilidades pela saúde. Isso é
particularmente importante na adequação das ações de saúde às necessidades da
população e é uma forma de controle social e participação popular.
A participação popular e o controle social devem ser estimulados na ação cotidiana
dos profissionais que atuam na APS.
4 – AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: VOCÊ É “UM AGENTE DE
MUDANÇAS”!

O trabalho do ACS é considerado uma extensão dos serviços de saúde dentro


das comunidades, já que ele é um membro da comunidade e possui um envolvimento
pessoal.
É um personagem fundamental, pois é quem está mais próximo dos problemas
que afetam a comunidade, é alguém que se destaca pela capacidade de se comunicar
com as pessoas e pela liderança natural que exerce.
A ação do ACS favorece a transformação de situações- problema que afetam a
qualidade de vida das famílias, como aquelas associadas ao saneamento básico,
destinação do lixo, condições precárias de moradia, situações de exclusão social,
desemprego, violência intrafamiliar, drogas lícitas e ilícitas, acidentes etc.
O trabalho do ACS tem como principal objetivo contribuir para a qualidade de vida
das pessoas e da comunidade. Para que isso aconteça, o ACS deve estar alerta. Tem
que estar sempre “vigilante”.

19
Todas as famílias e pessoas do território de cada ACS devem ser acompanhadas
por meio da visita domiciliar, na qual se desenvolvem ações de educação em saúde.
Entretanto, a atuação não está restrita ao domicílio, ocorrendo também nos diversos
espaços comunitários.
Todas essas ações que estão voltadas para a qualidade de vida das famílias
necessitam de posturas empreendedoras por parte da população e, na maioria das
vezes, é o ACS que exerce a função de estimular e organizar as reivindicações da
comunidade.

4.1 Detalhando um pouco mais as ações do ACS

O ACS deve estar sempre atento ao que acontece com as famílias do território,
identificando com elas os fatores socioeconômicos, culturais e ambientais que
interferem na saúde. Ao identificar ou tomar conhecimento da situação-problema,
precisa conversar com a pessoa e/ou familiares e depois encaminhá-la (los) àunidade
de saúde para uma avaliação mais detalhada. Caso a situação-problema seja difícil
de ser abordada ou não encontre abertura das pessoas para falar sobre o assunto,
deve-se relatar a situação para a equipe.
Os diferentes aspectos de um problema deverão ser examinados cuidadosamente
com as pessoas, para que sejam encontradas as melhores soluções. Orientações de
prevenção de doenças, promoção à saúde, entre outras estabelecidas pelo
planejamento da equipe. Todas as pessoas da comunidade deverão ser
acompanhadas, principalmente aquelas em situação de risco.
Há situações em que será necessária a atuação de outros profissionais da equipe,
sendo indicado o encaminhamento para a unidade de saúde. O ACS deverá
comunicar à equipe quanto à situação encontrada, pois, caso não ocorra o
comparecimento à unidade de saúde, deverá ser realizada busca-ativa ou visita
domiciliar.
Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica o trabalho. No entanto
é fundamental compreender a importância da
participação popular na construção da saúde,
estimulando assim as pessoas da comunidade
a participarem das discussões sobre sua saúde
e o meio ambiente em que vivem, ajudando a
promover a saúde e a construir ambientes
saudáveis.
Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de pessoas “corre
perigo”, isto é, tem maior possibilidade ou chance de adoecer ou até mesmo de
morrer.

21
Nesses casos, as pessoas têm mais chance de adoecer e morrer se não forem
tomadas as providências necessárias.

A situação de risco pode ser agravada por obstáculos ou fatores que dificultam
ou impedem as pessoas de terem acesso às unidades de saúde, como:
• Localização do serviço com barreiras geográficas ou distante da
comunidade;
• Ausência de condições para acesso das pessoas com deficiência física: falta
de espaço para cadeira de rodas, banheiros não adequados;
• Serviços de transporte urbano insuficientes;
• Horários e dias de atendimento restritos ou em desacordo com a
disponibilidade da população;
• Capacidade de atendimento insuficiente;
• Burocratização no atendimento;
• Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais, entre outros.
Haverá acessibilidade quando esse conjunto de fatores contribuir para o acesso
do usuário aos serviços de saúde.
Existem situações de risco que afetam a pessoa individualmente e, portanto, têm
soluções individuais. Outras atingem um número maior de pessoas em uma mesma

23
comunidade, o que irá exigir uma mobilização coletiva, por meio da participação da
comunidade integrada às autoridades e serviços públicos. Os Conselhos de Saúde
(locais, municipais, estaduais e nacional) e as Conferências são espaços que
permitem a participação democrática e organizada da comunidade na busca de
soluções.
É importante ressaltar que essa participação não deve restringir apenas aos
Conselhos e Conferências, podendo se dar de outras formas – reunião das equipes
de saúde com a comunidade e associação de moradores, caixas de sugestões,
ouvidoria, disque-denúncia, entre outras.
5 O PROCESSO DE TRABALHO DO ACS E DESAFIO DE TRABALHO EM
EQUIPE

O processo de trabalho, respondendo aos seguintes objetivos:


• Compreender o processo de trabalho na sua totalidade e a inter-relação dos
seus elementos;
• Identificar as especificidades de cada elemento do processo de trabalho e suas
implicações práticas;
• Perceber o funcionamento do processo de trabalho numa perspectiva dinâmica
e reiterativa;
• Compreender a importância da avaliação constante no processo de trabalho.
O modo como desenvolvemos nossas atividades profissionais, o modo como
realizamos o nosso trabalho, qualquer que seja, é chamado de processo de trabalho.
Dito de outra forma, pode-se dizer que o trabalho, em geral, é o conjunto de
procedimentos pelos quais os homens atuam, por intermédio dos meios deprodução,
sobre algum objeto, é fundamental que os profissionais das Estratégia de saúde da
família e Unidades Básicas de saúde aí inseridos desenvolvam habilidades para a
aplicação de instrumentos que possibilitem a reflexão crítica e atransformação do seu
processo de trabalho.
Todo processo de trabalho é realizado para se atingir alguma(s) finalidade(s)
determinada(s) previamente. O objetivo do processo de trabalho é a produção de um
dado objeto ou condição que determina o produto específico de cada processo de
trabalho. Com esse produto, por sua vez, pretende-se responder a alguma
necessidade ou expectativa humanas, as quais são determinadas ou condicionadas
pelo desenvolvimento histórico das sociedades.
Trabalhar na área da saúde é atuar em um mundo onde um conjunto de
trabalhadores diversos se encontram para produzir cuidado à saúde da população. Se
pensarmos no conjunto de trabalhadores de uma unidade de saúde, poderemos
observar que cada trabalhador atua em um certo lugar, tem determinadas
responsabilidades e produz um conjunto de ações para que esse objetivo seja
alcançado. Além disso, para cada ação e responsabilidade, o trabalhador precisa
contar com uma série de conhecimentos, saberes e habilidades para conseguir
executar da melhor forma possível a sua função.

25
É muito comum na área da saúde utilizar instrumentos e equipamentos para
apoiar a realização das ações de cuidado.
Exemplo: o médico da unidade de saúde tem como uma de suas ações a
realização de consultas. O que ele precisa ter
para realizar bem essa ação? Para fazer uma
boa anamnese (entrevista que busca levantar
todos os fatos referentes à pessoa e à doença
que ela apresenta) e um bom exame físico, ele
precisa contar com conhecimentos técnicos que
adquiriu durante a sua formação e durante a sua
vida. Nessa atividade, ele provavelmente vai
utilizar também alguns instrumentos, como um
roteiro/questionário, um estetoscópio (aparelho
para escutar o coração, pulmões e abdome),
aparelho para medir a pressão, entre outros.
Além disso, ele vai precisar ter outra
habilidade, que é a das relações, que se mostra no modo como ele consegue interagir
com as pessoas atendidas.
Vamos ver então dois exemplos diferentes de como esse médico poderia realizar
essa consulta:
1ª situação – mobilizando mais os conhecimentos técnicos e os instrumentos:
nesta situação o médico cumprimenta o usuário já olhando para a sua ficha/prontuário
e começa a fazer perguntas seguindo o roteiro/questionário, anotando as respostas e
agindo de modo formal e objetivo. Realiza o exame físico enquanto termina as
perguntas do questionário e faz a prescrição e/ou encaminhamento. A consulta
termina rapidamente.
2ª situação – mobilizando os conhecimentos, os instrumentos e a habilidade das
relações: nesta outra situação o médico cumprimenta o usuário, utiliza o
roteiro/questionário como guia, mas incentiva e abre espaço para a fala e a escutado
usuário sobre aspectos que não estão no roteiro. Nesse caso, ocorre umaconversa
com o usuário para deixá-lo mais à vontade, a fala não se restringe às perguntas do
questionário, existe troca de olhares e discussão dos problemas percebidos. O exame
físico é realizado e, após todos os esclarecimentos de dúvidas
que o profissional e o usuário julgaram necessários, a prescrição e/ ou
encaminhamento é realizado e a consulta é finalizada.
O que vimos acima foram dois exemplos de processo de trabalho diferenciados:
um que privilegia os conhecimentos técnicos e os instrumentos, sem dar muita
atenção para a relação de cuidado com o usuário (situação 1), e outro em que o
profissional utilizou seus conhecimentos técnicos em uma interação que valorizou o
aspecto relacional e o cuidado com o usuário (situação 2). Verificamos também, nessa
segunda situação, que o instrumento roteiro/questionário serviu como apoio ao
processo, e não como elemento central.

Agora pense no processo de trabalho. Qual é o papel do ACS na unidade e na


equipe de saúde? O ACS é um membro da equipe e essencial para o desenvolvimento
das ações da Atenção Primária à Saúde.
É de fundamental importância lembrar que o trabalho em saúde tem uma
dimensão de cuidado humanizado insubstituível, que ocorre no momento da interação
com o usuário nesse encontro programado para produzir cuidado.

O trabalho em equipe

A equipe de saúde é formada por pessoas com histórias, formações, saberes e


práticas diferentes. É um conjunto de pessoas que se encontram para produzir o
cuidado de uma população. Nessa equipe há sempre movimentos permanentes de
articulação/ desarticulação, ânimo/desânimo, invenção/resistência à mudança,
crença/descrença no seu trabalho, pois a equipe é viva, está sempre em processo de
mudança.
No entanto, somente o fato de as pessoas trabalharem juntas não constitui uma
equipe: as pessoas precisam aprender a “ser equipe”. Ou seja: a equipe precisa ser
construída.

27
Para essa construção acontecer, os trabalhadores precisam aprender um “modo-
equipe” de trabalhar, reorganizando-se em torno de projetos terapêuticos para assistir
os usuários em sua integralidade. É importante que toda a equipe assuma a tarefa de
cuidar do usuário, reconhecendo que, para abordar a complexidade do trabalho em
saúde, são necessários diferentes olhares, saberes e fazeres.

O seu lugar na equipe de saúde

Para cuidar da saúde da população de um determinado território, a unidade de


saúde deve estar organizada de um modo que seus trabalhadores estejam divididos
em funções e assumam responsabilidades diferentes e complementares.
Vamos pensar no caso de uma enfermeira da unidade de saúde. Uma de suas
atribuições é realizar consultas de enfermagem, no entanto, ela compartilha com o
ACS e com os demais membros da equipe uma série de outras responsabilidades e
objetivos.
Veja a seguir o quadro com algumas ações que são específicas e outras que são
comuns aos profissionais da equipe da unidade de saúde.
Observando o quadro, percebemos que há muitas atividades que são comuns a
todos da equipe, afinal, todos atuam no mesmo campo da saúde. Um exercício
importante ao olhar para esse quadro é avaliar se aquelas atividades comuns aos
diversos trabalhadores estão acontecendo de forma articulada. Isso é um bom
indicador de trabalho em equipe, pois quando realizadas em conjunto trazem
benefícios para todos.
Como podemos observar no quadro, as atividades de planejamento e avaliação
são comuns a todos os trabalhadores e, se realizadas em conjunto, trarão benefícios
tanto aos trabalhadores quanto ao trabalho da equipe como um todo.
* Enfermeiro – pode prescrever observando a legislação vigente.
** Cirurgião-dentista – pode prescrever observando a legislação vigente.
*** Realizar cadastramento das famílias é uma atribuição do ACS, mas pode ser
desenvolvida pelos demais membros da equipe de saúde.
Semelhantes aos agentes
comunitários de saúde (ACS) há os
agentes indígenas de saúde (AIS) e os
agentes indígenas de saneamento
(AISAN), que atuam nos Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI)
compondo as equipes
multidisciplinares de saúde indígena
(EMSI), cuidando da saúde indígena
nas aldeias no âmbito da APS.

29
A equipe de saúde precisa conhecer a realidade da comunidade e para tal deverá
reunir informações identificando suas principais necessidades em saúde. Com essas
informações, será realizado o diagnóstico de saúde da comunidade, o planejamento
e a execução das ações.
Há diversos instrumentos que podem ser utilizados para a coleta dos dados e
cada um deles tem um objetivo. A soma de todos ajuda na construção do diagnóstico.
Cadastro das famílias;
Mapa da comunidade;
Visita domiciliar/ entrevista;
Reuniões são alguns exemplos.

30
5.1 Cadastramento das famílias

A etapa inicial do trabalho do ACS é o cadastramento das famílias do seu território


de atuação (micro área) com, no máximo, 750 pessoas. Para realizar o
cadastramento, é necessário o preenchimento de fichas específicas.

O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições de vida das famílias


residentes na área de atuação da equipe, tais como a composição familiar, a
existência de população indígena, quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso
ao saneamento básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da
habitação, o desemprego, as doenças referidas etc.
É importante identificar os diversos estabelecimentos e instituições existentes no
território, como escolas, creches, comércio, praças, instituições de longa permanência
(ILP), igrejas, templos, cemitério, depósitos de lixo/aterros sanitários etc.
Ao identificar a população indígena, o ACS deve levar em consideração que,
mesmo residindo no espaço urbano ou rural, longe de sua aldeia de origem ou em
aldeamento não reconhecido oficialmente, o indígena possui o direito de ser
acompanhado, respeitando-se as diferenças culturais.
É necessário considerar que o indígena nem sempre tem domínio da língua
portuguesa, podendo entender algumas palavras em português, sem compreender a
informação, a explicação dada ou mesmo a pergunta realizada. É importante observar
e tentar perceber se estão entendendo e o que estão entendendo, cuidando para não
constrangê-los. O esforço de comunicação deve ser mútuo de modo a promover o
diálogo.
Ainda como informações importantes para o diagnóstico da comunidade, vale
destacar a necessidade de identificar outros locais onde os moradores costumam ir
para resolver seus problemas de saúde, como casa de benzedeiras ou rezadores,

31
raizeiros ou pessoas que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de
remédio para algumas doenças, bem como saber se procuram serviços (pronto-
socorro, hospitais etc.) situados fora de sua área de moradia ou fora do seu município.
Também é importante o ACS saber se as pessoas costumam usar remédios caseiros,
chás, plantas medicinais, fitoterapia e/ou se utilizam práticas complementares como a
homeopatia e acupuntura, e saber se existe disponível na região algum tipo de serviço
de saúde que utilize essas práticas.
Ao realizar o cadastramento e identificar os principais problemas de saúde, o
trabalho do ACS contribui para que os serviços possam oferecer uma atenção mais
voltada para a família, de acordo com a realidade e os problemas de cada
comunidade.
Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de toda a equipe de
saúde.

5.1.1 Dando um exemplo

Em uma comunidade, muitos casos de diarreia começaram a acontecer. As


pessoas procuravam o posto de saúde ou iam direto ao hospital para se tratar. Eram
medicadas, mas pouco tempo depois estavam doentes de novo. Essa situação alertou
a equipe de que algo não estava bem.
O ACS, por meio das visitas domiciliares, observou a existência de esgoto a céu
aberto próximo a tubulações de água. Além disso, as pessoas daquela comunidade
costumavam não proteger adequadamente suas caixas d’água.
A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os casos de diarreia
estavam relacionados aos hábitos de vida daquelas pessoas.
Observa-se que um mesmo problema de saúde pode estar relacionado a
diferentes causas e que o olhar dos diversos membros da equipe pode contribuir para
a resolução do problema.

O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo a lógica da saúde,


não é apenas um espaço delimitado geograficamente, mas sim um espaço onde as
pessoas vivem, estabelecem relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e
cultura.
Trabalhar com território implica processo de coleta e sistematização de dados
demográficos, socioeconômicos, políticoculturais, epidemiológicos e sanitários,
identificados por meio do cadastramento, que devem ser interpretados e atualizados
periodicamente pela equipe.
É importante a elaboração de mapa que retrate esse território com a identificação
de seus limites, população, número de famílias e outras características.

5.2 Mapeamento da área de atuação

Trabalhar com mapas é uma forma de retratar e aumentar conhecimentos sobre


a comunidade. O mapa é um desenho que representa no papel o que existe naquela
localidade: ruas, casas, escolas, serviços de saúde, pontes, córregos e outras coisas
importantes. O mapa deve ser uma ferramenta indispensável para o trabalho. É o
desenho de toda a área/território de atuação.
O mapa pode ajudar a organizar melhor o trabalho.
O conjunto dos mapas produzido pelos ACS formará um grande mapa da área
de atuação da equipe de Saúde da Família (eSF).
Esse mapa mais abrangente, feito com todas as informações sobre a área, pode
dar origem a outros mais específicos. Como exemplos:
Podemos ter mapas de territórios feitos manualmente com auxílio da
33
comunidade e fotos de territórios utilizando recursos de informática ou internet.

Podem-se destacar as informações das ruas, caminhos e as linhas de ônibus de


uma comunidade, desenhando um mapa específico. Em uma região que chove muito,
é importante conhecer bem os rios, açudes, lagos, lagoas da região e locais propensos
à inundação.
É necessário identificar no território da equipe quais os riscos da micro área.
Como já foi dito anteriormente, o mapa retrata o território onde acontecem
mudanças, portanto, ele é dinâmico e deve ser constantemente atualizado. O ACS
deve sempre ter a cópia do mapa da micro área para facilitar o acompanhamento das
mudanças na comunidade.

Figura 1 - Foto ilustrativa de um mapa, construído com o auxílio da comunidade.


Com o mapa o ACS pode:
• Conhecer o caminho mais fácil para chegar aos locais de visitas;
• Marcar as barreiras geográficas que dificultam o caminho das
pessoas ate os serviços de saúde (rios, morros, mata cerrada, etc.);
• Conhecer a realidade da comunidade e planejar como resolver
os problemas de saúde com mais eficácia;
• Planejar as visitas de cada dia sem perder tempo;
• Marcar as micro áreas de risco;
• Identificar com símbolos as situações de risco;
• Identificar com símbolos os grupos prioritários: gestantes,
idosos, hipertensos, diabéticos, pessoas acamadas, crianças menores
de cinco anos, pessoas com deficiência, usuário de drogas, pessoas
com hanseníase, pessoas com tuberculose, etc.

35
O mapa, juntamente com as informações coletadas no cadastramento das
famílias, vai ajudar toda a equipe no diagnóstico de saúde da área.

5.3 Visita domiciliar

A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo de trabalho do agente


comunitário de saúde. Ao entrar na casa de uma família, o ACS entra não somente
no espaço físico, mas em tudo o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma
família, com seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua própria
história.
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo e a maneira
adequada de se aproximar e estabelecer uma relação
de confiança é uma das habilidades mais importantes
do ACS. Isso ajudará a construir o vínculo necessário
ao desenvolvimento das ações de promoção,
prevenção, controle, cura e recuperação.
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia
de um idoso ou de uma pessoa deprimida sem
extrapolar os limites de suas atribuições. O ACS
pode orientar como trocar a fralda de um bebê e pode ser o amigo e conselheiro da
pessoa ou da família. Nem sempre é fácil separar o lado pessoal do profissional e os
limites da relação ACS/família. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo de
trabalho e a forma como se vincula à família. Recomenda-se que o ACS estabeleça
um bom vínculo com a família, mas saiba dissociar a sua relação pessoal do seu papel
como agente comunitário de saúde.
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as modificações na
estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos tempos, fica cada vez mais difícil

classificá-la num modelo único. Essas


particularidades – ou características próprias –
fazem com que determinada conduta ou ação
por parte dos agentes e equipe de saúde tenha
efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto,
com maior ou menor intensidade, as diversas
famílias assistidas.
O ACS, na função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, passa a exercer
também o papel de educador. Assim, é fundamental que sejam compreendidas as
implicações que isso representa.
Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao planejar, utiliza-se
melhor o tempo e respeita-se também o tempo das pessoas visitadas.
Para auxiliar no dia a dia do trabalho, é importante que o ACS tenha um roteiro de
visita domiciliar, o que vai ajudar muito no acompanhamento das famílias da sua área
de trabalho. Também é recomendável definir o tempo de duração da visita, devendo
ser adaptada à realidade do momento.
A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da importância da visita.
Chamá-las sempre pelo nome demonstra respeito e interesse por elas.
Na primeira visita, é indispensável que você diga seu nome, fale do seu trabalho, o
motivo da visita e sempre pergunte se pode ser recebido naquele momento.
Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, é fundamental que tanto
o ACS quanto os demais profissionais aprendam a interagir com a comunidade, sem
fazer julgamentos quanto à cultura, crenças religiosas, situação socioeconômica,
etnia, orientação sexual, deficiência física etc.
Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças entre as pessoas,
adotando uma postura de escuta, tolerância aos princípios e às distintas crenças e
valores que não sejam os seus próprios, além de atitudes imparciais.

37
Após a realização da visita, é
importante verificar se o objetivo dela foi
alcançado e se foram dadas e colhidas as
informações necessárias. Enfim, deve-se
avaliar e corrigir possíveis falhas. Esse é
um passo muito importante que
possibilitará planejar as próximas visitas.
Da mesma forma, é necessário
partilhar com o restante da equipe essa
avaliação, expondo as eventuais
dúvidas, os anseios, as dificuldades
sentidas e os êxitos.
Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamento da equipe,
pautado na identificação das necessidades de cada família. Pode ser que seja
identificada uma situação de risco e isso demandará a realização de outras visitas
com maior frequência.
Por meio da visita domiciliar, é possível:
• Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressaltando situações como
gravidez, desnutrição, pessoas com deficiência etc.;
• Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de trabalho, os hábitos, as
crenças e os costumes;
• Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores da comunidade;
• Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam ter para cuidar
melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de vida;
• Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saúde;
• Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento mais frequente ou
especial;
• Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e quais as atividades
disponíveis;
• Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a
população do território de abrangência da unidade de saúde;
• Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saúde, como os cuidados
de higiene com o corpo, no preparo dos alimentos, com a água de beber e com a casa,
incluindo o seu entorno;
• Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamentos e a verificação da
validade deles;
• Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém-nascidos, idosos,
acamados e pessoas portadoras de deficiências;
• Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim como outros dados
relevantes, para os sistemas nacionais de informação disponíveis para o âmbito da
Atenção Primária à Saúde.

5.4 Trabalhando educação em saúde na comunidade

5.4.1 Como trabalhar educação em saúde na


comunidade

As ações educativas fazem parte do dia a dia e têm como objetivo final contribuir
para a melhoria da qualidade de vida da população. O desenvolvimento de ações
educativas em saúde pode abranger muitos temas em atividades amplas e
complexas, o que não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas.
Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar.
Segundo o educador Paulo Freire (1996)1, ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na qualidade da atenção
prestada em saúde.
Educar é um processo de construção permanente.
As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas podem ser realizadas
em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de saúde e nos diversos espaços sociais
existentes na comunidade. O trabalho em grupo reforça a ação educativa aos
indivíduos.
A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe.

39
Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos. O ACS e a equipe
devem avaliar a que melhor se adapte às suas disponibilidades e dos demais

membros da equipe, de tempo e de espaço, assim como as características e as


necessidades do grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples
e precisa.
É importante considerar o conhecimento e experiência dos participantes
permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa a construir um processo decisório
autônomo e centrado em seus interesses.
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cuidado de si mesmo,
fortalecendo a autoestima, a autonomia e também os vínculos de solidariedade
comunitária, contribuindo para o pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua
saúde.

5.4.2 Recomendações gerais para atividades


educativas

Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o trabalho do ACS com
grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião definindo objetivos, local, dia e
horário que facilitem a acomodação e a presença de todos. É importante garantir as

condições de acessibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na


comunidade e pensar estratégias que facilitem a comunicação no caso de deficiente
visual ou auditivo. Não deve esquecer-se de providenciar o material que será utilizado
durante a atividade e, se necessário, convidar com antecedência alguém para falar
sobre algum assunto específico de interesse da comunidade.
No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimentos, as pessoas têm
a oportunidade de ter um olhar diferente das suas dificuldades. A forma de trabalhar
com o grupo (também conhecida como dinâmica de grupo) contribui para oindivíduo
perceber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando sua
participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes.
Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de trabalho de todos
os membros da equipe.
Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-se:
• Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar a notícia para o maior
número de pessoas, elaborar cartazes com letras grandes, de forma criativa, e
divulgar a reunião nos lugares mais frequentados da comunidade fazem parte desse
processo;
• Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos participantes e integração
do grupo, quebrando a formalidade inicial;
• Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposição das necessidades e
expectativas de todos. A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada
às necessidades do momento;
• Estimular a participação de todos;

41
• Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo, bem como os mitos, tabus
e preconceitos, estimulando a reflexão sobre eles. A discussão não deve ser
influenciada por convicções culturais, religiosas ou pessoais;
• Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado, que contribuirão para
uma melhor qualidade de vida;
• Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo grupo;
• Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturalidade durante os
questionamentos, favorecendo o vínculo, a
confiança e a satisfação das pessoas;
• Neutralizar delicada e firmemente as pessoas
que, eventualmente, queiram monopolizar a
reunião, pedindo a palavra o tempo todo e a
utilizando de forma abusiva, além daqueles que
só comparecem às reuniões para discutir seus
problemas pessoais;
• Utilizar recursos didáticos disponíveis como
cartazes, recursos audiovisuais, bonecos, balões
etc.;
• Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos
assuntos discutidos e os pontos-chave, abrindo a
possibilidade de esclarecimento de dúvidas.
Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve buscar desenvolver,
estão:
• Ter boa capacidade de comunicação;
• Usar linguagem acessível, simples e precisa;
• Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
• Acolher o saber e o sentir de todos;
• Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os
seus próprios;
• Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser debatido;
• Ter conhecimentos técnicos;
• Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber responder a alguma
pergunta.
Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser oferecidos, se possível,
materiais impressos e explicar a importância do acompanhamento contínuo na UBS,
assim como o funcionamento dos serviços disponíveis.
Sempre que possível envolver os participantes do grupo no planejamento,
execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso estimula a participação e o
interesse das pessoas na medida em que se sentem capazes, envolvidos e
responsáveis pelo sucesso do trabalho.

43
5.5 Participação da comunidade

Participação quer dizer tomar parte, partilhar, trocar, ter influência nas decisões
e ações. Isso significa que você não trabalha sozinho, nem a equipe de saúde é a
única responsável pelas ações de saúde.
É importante participar e auxiliar na
organização dos Conselhos Locais de Saúde e
estimular as pessoas da comunidade a
participarem de todos os Conselhos de Saúde.
Também é possível recomendar aos
representantes da comunidade a conversarem
com os conselheiros sobre as ações de saúde que já estão sendo desenvolvidas e
estratégias para enfretamento dos problemas que ainda existem.
Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa, sabe fazer alguma coisa e
sabe dizer alguma coisa diferente. São os saberes, os fazeres e os dizeres da
comunidade. A comunidade funciona quando existe troca de conhecimentos entre
todos. Cada um tem um jeito de contribuir, e toda contribuição deve ser considerada
e valorizada. Deve se estar muito atento a tudo isso.
A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunidade faz parte de
um processo de educação para a participação em saúde.

5.6 Atuação intersetorial

Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não só empenho por


parte de profissionais e gestores de
saúde, mas também o empenho e
contribuição de outros setores. Quandose
trabalha articuladamente com outros
setores da sociedade, aumenta-se a
capacidade de oferecer uma resposta
mais adequada às necessidades de saúde
da comunidade.
Por exemplo, o ACS pode suspeitar
de um caso de maus-tratos com uma criança após verificar que há marcas e
hematomas na pele dela. Partilhando esse caso com a equipe, um dos profissionais
de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quando comparece às
consultas na unidade e há relato de problemas com o desenvolvimento dela. Sente-
se a necessidade de uma visita à casa daquela família e o auxílio de outros
profissionais (psicólogo, serviço social etc.). Se constatado algum indício de maus
tratos, será necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da saúde
com o envolvimento de órgãos de outras áreas, como o Conselho Tutelar e/ou Juizado
da Infância.

45
Faz parte do ACS o acompanhamento de todas as gestantes e
crianças menores de sete anos de idade contempladas com o
benefício do programa.
Os compromissos dos beneficiários são:
Gestante:
• Fazer inscrição do pré-natal e comparecer às consultas,
conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde;
• Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno,
orientação para uma alimentação saudável da gestante e preparo
para o parto.
Mãe ou responsável pelas crianças menores de sete anos:
• Levar a criança à unidade de saúde para a realização do
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, de acordo
com o preconizado pelo Ministério da Saúde;
• Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno
e cuidados gerais com a alimentação e saúde da criança;
• Cumprir o calendário de vacinação da criança, de acordo com o
preconizado pelo Ministério da Saúde.
As ações de saúde que fazem parte das condicionalidades do
Programa Bolsa-Família, descritas acima, são universais, ou seja,
devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o Sistema
Único de Saúde (SUS).
6 PLANEJAMENTO DAS AÇÕES

Já falamos muito sobre planejamento, e o que é isso?


Planejar não é improvisar. É preparar e organizar bem o que se irá fazer,
acompanhar sua execução, reformular as decisões já tomadas, redirecionar sua
execução, se necessário, e avaliar o resultado ao seu término.
No acompanhamento da execução das ações, verifica-se se os objetivos
pretendidos estão sendo alcançados ou não, para poder intervir a tempo de modificar
o resultado final, alcançando assim seu objetivo.
Quanto mais complexo for o problema, maior é a necessidade de planejar as
ações para garantir melhores resultados.
Existem várias formas de fazer planejamento. O centralizado é aquele que não
garante a participação social e normalmente não reflete as reais necessidades da
população. Já no planejamento participativo, garante-se a participação da população
junto à equipe de saúde discutindo seus problemas e encontrando soluções. A
população participa na tomada de decisão, assumindo as responsabilidades que lhe
cabem. As respostas aos problemas identificados devem ser explicitadas a partir da
análise e reflexão entre técnicos e população sobre a realidade concreta, seus
problemas, suas necessidades e interesses na área de saúde.
De modo geral, o planejamento é um instrumento de gestão que visa promover o
desenvolvimento institucional, objetivando melhorar a qualidade e efetividade do
trabalho desenvolvido.
No que se refere às ações de saúde, o planejamento participativo é o mais
adequado, na medida em que envolve diversos atores/participantes, permitindo
realizar um diagnóstico mais fidedigno da realidade local. A partir daí, torna-se mais
fácil uma atuação mais adequada voltada para a melhoria das condições de saúde
com o comprometimento de todos com o trabalho.
Planejar bem, portanto, é condição necessária, porém não é suficiente para que
as ações de saúde sejam implementadas de forma qualificada, gerando benefícios
efetivos para a população em geral.
O ACS de forma sintonizada com a equipe pode planejar o seu trabalho, dando
prioridade para aquelas famílias que necessitam ser acompanhadas com maior
frequência.

47
Portanto, as famílias em risco e as que pertencem aos grupos prioritários precisam
ser acompanhadas mais de perto. Esse diagnóstico é um ponto de partida para o ACS
e equipe organizarem o calendário de visitas domiciliares e demais atividades.

6.1 Etapas do planejamento

O planejamento pressupõe passos, momentos ou etapas básicas estabelecidos


em uma ordem lógica. De forma geral, seguem- se as seguintes etapas:

6.1.1 Diagnóstico
É a primeira etapa do planejamento para quem busca conhecer as características
socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, entre outras.
As fontes de dados podem ser fichas, bem como anotações próprias, relatórios,
livros de atas, aplicação de questionário, entrevistas, dramatização e outras fontes à
disposição.
O diagnóstico se compõe de três momentos específicos: levantamento, análise e
reflexão dos dados, e priorização das necessidades.
O diagnóstico da comunidade nada mais é do que uma leitura da realidade local.
É o momento da identificação dos problemas, suas causas e consequências e
principais características da comunidade. É o momento em que também se buscam
explicações para os problemas identificados.
6.1.2 Plano de ação

Nesse momento a equipe de saúde, grupos e população interessada definem,


entre outros problemas identificados,
aqueles que são passíveis de intervenção O diagnóstico vai mostrar a
e que contribuem para a melhoria da importância do trabalho do ACS,
porque ele vai descrever como
saúde da comunidade. Deve-se sempre estava a situação de saúde antes e
conhecer a capacidade de realização do como ficou depois de algum tempo
trabalho pela equipe e as condições da de trabalho desenvolvido na
comunidade.
unidade de saúde. Assim, evitam-se
definir objetivos que não têm a execução viável.
O plano de ação que viermos a estabelecer deve ser bem claro e preciso, pois é
ele que irá apontar a direção do nosso trabalho.

6.1.2.1 Meta
A meta tem como foco o alcance do trabalho. A meta estabelece concretamente
o que se pretende atingir.

6.1.2.2 Estratégia
Na estratégia, são definidos os passos a serem seguidos, os métodos e as
técnicas a serem utilizadas nas atividades e as responsabilidades de cada um.

6.1.2.3 Recursos

É o levantamento de tudo que é necessário para realizar a atividade. Recursos


humanos, recursos físicos, recursos materiais e recursos financeiros.

6.1.2.4 Cronograma
Cronograma e estratégia estão intimamente ligados. O cronograma organiza a
estratégia no tempo.

49
6.1.3 Execução

Implica operacionalização do plano de ação, ou seja, colocar em prática o que


foi planejado.

6.1.4 Acompanhamento e Avaliação

A avaliação deve acompanhar todas as fases do planejamento. Quando realizada


após a execução, identifica os resultados alcançados e fornece auxílio para a
reprogramação das ações, além de indicar a necessidade de novo diagnóstico ou
reformulação do já existente.
7 FERRAMENTAS DE TRABALHO

Todas as informações que o ACS, conseguir sobre a comunidade ajudará na


organização do seu trabalho. Algumas dessas informações o agente anota em fichas
próprias para compor o Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab).
O agente comunitário de saúde utiliza quatro fichas: Ficha A – cadastramento das
famílias; Ficha B – acompanhamento de gestantes; Ficha C – Cartão da Criança; e
Ficha D – registro das atividades diárias do ACS.

7.1 Orientações para preenchimento da ficha


de cadastramento – Ficha A

As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, pois, se o agente


errar ou necessitar atualizar, é só apagar.
No alto, à esquerda, está identificada a Ficha A. Depois vem a referência à
Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab, sistema de informação nacional que
constitui ferramenta importante para monitoramento da Estratégia Saúde da Família,
para juntar todas as informações de saúde das micro áreas dos municípios brasileiros
onde atuam os agentes comunitários de saúde. Assim, as informações registradas na
Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do município, desta, para a Secretaria de
Saúde do Estado e, posteriormente, para o Departamento de Atenção Básica do
Ministério da Saúde. É uma forma de o governo federal saber a realidade da saúde
das pessoas nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortalecera Política
Nacional de Atenção Básica.
No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da Federação), há dois
quadrinhos que devem ser preenchidos com as duas letras referentes à sigla do
Estado. Por exemplo: PB para Paraíba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco;
GO para Goiás; RS para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim por diante.
Logo abaixo, encontra-se o espaço para escrever o endereço da família, com o
nome da rua (ou avenida, praça, beco, estrada, fazenda, ou qualquer que seja a
denominação), o número da casa, o bairro e o CEP, que é a sigla para Código de
Endereçamento Postal.
Na linha de baixo, estão os espaços que devem ser preenchidos com números

51
fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o código do

município; pela Secretaria Municipal de Saúde – segmento e área; ou pela equipe de


saúde – micro área. A equipe de saúde fornece esses números e explica o que eles
significam.
Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comunitário de saúde
registrar o número da família na ficha. A primeira família será a de número 001, a
décima será 010, a décima terceira será 013, a centésima será 100, e assim por
diante. Por fim, o espaço para a data, onde o ACS deve colocar o dia, o mês e o ano
em que está sendo feito o cadastramento daquela família.
Vamos, agora, continuar a orientação para preencher o cadastro da família:
Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para cada pessoa da casa
(inclusive os empregados que moram ali) que tenha 15 anos ou mais. À direita, na
continuação de cada linha, estão os espaços (campos) para dizer o dia, mês e ano do
nascimento, a idade e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F parafeminino).
Caso não tenha informação sobre a data do nascimento, anotar a idade que a pessoa
diz ter.
O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e escrever, ou não.
Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever o nome. Se é alfabetizada, um X
na coluna “sim”. Se não é alfabetizada, um X na coluna “não”. Para ser considerada
alfabetizada ela deve saber escrever um bilhete simples.
Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um. É muito importante
que se registre com cuidado essa informação. Ocupação é o tipo de trabalho que a
pessoa faz. Se a pessoa estiver de férias, licença ou afastada temporariamente do
trabalho, o ACS deve anotar a ocupação mesmo assim. O trabalho doméstico é uma
ocupação, mesmo que não seja remunerado. Se a pessoa tiver mais de uma
ocupação, registre aquela a que ela dedica mais horas de trabalho.
Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do emprego e não
está fazendo qualquer atividade, como prestação de serviços a terceiros, “bicos” etc.
Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou condições em que se
encontra a pessoa. Não se deve solicitar comprovação de diagnóstico e não se deve
registrar os casos que foram tratados e já alcançaram cura.

Os campos para “nome, data de nascimento, idade e sexo” devem ser


preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15 anos e mais. No campo
destinado a informar se frequenta a escola, marcar com um X se ela está indo ou
não à escola. Se ela estiver de férias, mas for continuar os estudos no período
seguinte, marcar o X para “sim”.
Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante no cadastramento,
pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar as autoridades competentes sobre os
direitos da criança e do adolescente, para medidas que possam protegê-los contra
violência e exploração.
Veja a situação descrita que serve de exemplo:

53
A família cadastrada na Ficha A é a família do sr. Nelson, que é composta de sete
pessoas: ele, a esposa, três filhos, D. Umbelina (sua mãe) e Ana Rosa (empregada
doméstica que mora com eles).
O ACS registrou na ficha os dados de idade, sexo, escolaridade, ocupação e
ocorrência de doenças ou condições referidas de todas as pessoas da família.
A data de nascimento de D. Umbelina não foi anotada, porque ela não sabia
informar. Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos. Então o ACS anotou no campo
“idade”, o número 63.
Cristina tem sete meses, menos de um ano de idade. Assim, o ACS registrou 0
(zero).
Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras informações importantes
acerca da família.
Repare que há um quadrado para o tipo de casa, com quadrinhos para assinalar com X o material usado na construção. Se o
material não é nenhum dos referidos, você tem um espaço para explicar o que foi usado na construção da moradia. É ali onde está
escrito “outro – especificar”.
.

55
Logo abaixo, contem o lugar onde se informa o número de cômodos. Uma casa
com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro cômodos. Se só há um quarto e uma
cozinha, são dois cômodos. Atenção para o que não é considerado cômodo: corredor,
alpendre, varanda aberta e outros espaços que pertencem a casa, mas que são
utilizados mais como área de circulação.
Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia elétrica, mesmo que a
instalação não seja regularizada. Em seguida, o destino do lixo.
No lado direito da ficha, estão os quadros para informar sobre o tratamento da
água na casa, a origem do abastecimento da água utilizada e qual o destino das fezes
e urina.
Na metade de baixo da ficha, estão os quadros para outras informações. Primeiro,
há um quadrinho (sim ou não) para dizer se alguém da família possui plano de saúde
e outro para informar quantas pessoas são cobertas pelo plano. Logo abaixo, existem
quadrinhos para cada letra do nome do plano.
Depois, o ACS deve anotar que tipo de socorro aquela família está acostumada
a procurar em caso de doença e quais os meios de comunicação mais utilizados na
casa.

56
À direita, estão os quadros para anotar se aquela família participa de grupos comunitários e para informar que meios de
transporte mais utiliza.
Para completar, vem o espaço para registro das observações que considerar importantes a respeito da saúde daquela família.

57
7.2 Cadastramento e acompanhamento da Ficha B

Na Ficha B-GES o ACS cadastra e acompanha mensalmente o estado de saúde das gestantes. A cada visita, os dados da
gestante devem ser atualizados nessa ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida mensalmente com o enfermeiro
instrutor/supervisor.

58
A Ficha B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos hipertensos.
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de hipertensão ou pressão arterial acima dos padrões de normalidade) devem ser encaminhados
imediatamente à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica. Só após esse procedimento, com o diagnóstico
médico estabelecido, é que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso.

59
A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos diabéticos.
Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido.
Os casos suspeitos (referência de diabetes) devem ser encaminhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta
médica. Só após esse procedimento é que o ACS cadastra e acompanha o diabético. Os casos de diabetes gestacional não devem
ser cadastrados nessa ficha.

60
A Ficha B-TB serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de
pessoas com tuberculose. A cada visita os dados dessa ficha devem ser atualizados.
Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro
instrutor/supervisor.
A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de
pessoas com hanseníase.
Assim como na ficha B da gestante, o ACS deve atualizar os dados específicos
de cada ficha a cada visita realizada por ele. Esta ficha permanece com o ACS, pois
é de sua responsabilidade, e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro
instrutor/supervisor.
Deve-se lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo, seja de gestante,
hipertenso, diabético, seja de pacientes com tuberculose ou hanseníase, o agente
comunitário de saúde deve discutir com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando
auxílio para o preenchimento e acompanhamento deles.

7.3 Orientações para preenchimento da


Ficha C – cópia das informações
pertinentes da Caderneta da Criança

Ficha C – é o instrumento utilizado para o acompanhamento da criança. A Ficha


C é uma cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança, padronizada
pelo Ministério da Saúde e utilizada pelos diversos serviços de saúde. Essa Caderneta
é produzida em dois modelos distintos: um para a criança de sexomasculino e outro
para a criança de sexo feminino. Toda família que tenha uma criança menor de cinco
anos deve possuir essa caderneta, que servirá como fonte de dados que serão
coletados pelos ACS.
O ACS deverá transcrever para o seu cartão sombra/cartão espelho os dados
registrados na Caderneta da Criança.
Caso a família não a tenha, o ACS deverá preencher o cartão sombra com base
nas informações referidas e orientar a família a procurar à unidade de saúde em que
realizou as vacinas para providenciar a 2ª via.
No Guia Prático do ACS, contem as informações sobre esquema vacinal da
criança e sobre o correto preenchimento das curvas de crescimento.
62
7.4 Orientações para preenchimento da
Ficha D – registro de atividades,
procedimentos e notificações
A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de saúde. Cada
profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final do mês. O preenchimento desse
instrumento deve ser diário, considerando-se os dias efetivos de trabalho em cada
mês.

O primeiro quadro da ficha, onde estão os espaços para município, segmento,


unidade etc., será preenchida pelo ACS com a ajuda do enfermeiro de sua unidade
de saúde, que é o responsável pelo seu trabalho e que realizará a orientação e
a supervisão.
Como a ficha é única para todos os profissionais, o ACS só irá anotar o que é
específico do seu trabalho, que está no verso da Ficha D.
No quadro destinado a informar sobre os “Procedimentos”, você vai registrar nas
duas últimas linhas: “Reuniões e Visita Domiciliar”.
Reuniões – o ACS vai registrar o número de reuniões realizadas por ele, que
contaram com a participação de 10 ou mais pessoas, com duração mínima de 30
minutos e com o objetivo de disseminar informações, discutir estratégias de superação
de problemas de saúde ou de contribuir para a organização comunitária.
Visita domiciliar – o ACS vai registrar todas as visitas domiciliares realizadas,
por qualquer que seja a finalidade.
Logo no início do quadro “Notificações”, há três linhas onde o ACS deve anotar as
notificações feitas por ele sobre as crianças menores de dois anos que tiveram diarreia
e infecções respiratórias agudas.

< 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia – registrar o número de


crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um ou mais episódios de
diarreia, nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.
< 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia e usaram terapia de
reidratação oral (TRO) – registrar o número de crianças com idade de até 23 meses
e 29 dias que tiveram diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar e usaram
solução de reidratação oral (soro caseiro ou soro de reidratação oral – SRO –
distribuído pela Unidade de Saúde ou comprados na farmácia). Não anotar ascrianças
que utilizaram somente chás, sucos ou outros líquidos.

63
< 2a – Menores de dois anos que tiveram infecção respiratória aguda –
registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram infecção
respiratória aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.
Hospitalizações – o ACS deve preencher esse quadro cada vez que tomar
conhecimento de qualquer caso de hospitalização de pessoas da comunidade onde
ele atua, no mês de referência ou no mês anterior:
Data – registre dia e mês da hospitalização.
Nome – anote o nome completo da pessoa que foi hospitalizada.
Endereço – anote o endereço completo da pessoa que foi hospitalizada.
Sexo – marque F para feminino e M para masculino.
Idade – anote a idade em anos completos. Se a pessoa for menor de um ano,
registrar a idade em meses.
Causa – registre a causa da hospitalização informada pela família ou obtida por
meio de laudos médicos.
Nome do hospital – anote o nome do hospital onde a pessoa foi internada.

Veja uma situação que serve de exemplo:


Valéria, agente comunitária de saúde, ao realizar as visitas domiciliares no mês
de outubro, soube da ocorrência de três internações na sua micro área. A primeira, de
dona Marta Pereira de Alencar, ocorreu no mês de setembro, em data posterior à visita
que a ACS realizou à família de dona Marta, devendo ser então registrada na ficha de
outubro. Os outros dois casos ocorreram ainda no mês de outubro. Observe como o
exemplo foi registrado na ficha.
Óbitos – o ACS deve anotar todo óbito ocorrido no mês de referência e no
anterior:
Data – registrar dia e mês da ocorrência do óbito.
Nome – anote o nome completo da pessoa que faleceu.
Endereço – anote o endereço completo da pessoa que faleceu.
Sexo – marque F para feminino e marque M para masculino.
Idade – anote a idade em anos completos. Se a pessoa for menor de um ano,
registre a sua idade em meses.
Causa – registre a causa do óbito, segundo as informações da família ou obtida
por meio de atestado de óbito.

8 SAÚDE NOS CICLOS DE VIDA

A Estratégia de Saúde da Família busca o cuidado dos indivíduos e das famílias


ao longo do tempo e para promover a operacionalização das ações definiu-se como
áreas estratégicas para atuação em todo o território nacional a eliminação da
hanseníase, o controle da tuberculose, o controle da hipertensão arterial, o controle
do diabetes mellitus, a eliminação da desnutrição infantil, a saúde da criança, a saúde
da mulher, a saúde do idoso, a saúde bucal e a promoção da saúde. Outras áreas
foram definidas ao longo do tempo de acordo com prioridades e pactuações.
É comum dividir o ciclo da vida em fases que o individuo experimenta entre o
nascimento e a morte. Elas estão dispostas em uma sequência que acompanha a
idade da pessoa e apresenta algum grau de previsibilidade quanto ao seu inicio e/ou
encerramento e, consequentemente, quanto a sua duração..
A ideia em se dividir a atuação da atenção primária por ciclos de vida se remete
ao princípio da integralidade, visto que em uma família pode ter adultos, adolescentes,
idosos e crianças. Não se tem dúvida de que a divisão do ciclo devida em fase é
de grande utilidade metodológica.
Segue os principais ciclos de vida:

65
8.1 Saúde da criança
Para o Agente Comunitário de Saúde o
acompanhamento de crianças é uma etapa fundamental
e prioritária de seu trabalho, desenvolvendo ações de
prevenção de doenças e agravos e de promoção à
saúde.
Entre as ações de prevenção das doenças e
promoção à saúde, está o incentivo ao cumprimento do
calendário vacinal, a busca ativa dos faltosos às vacinas
e consultas, a prevenção de acidentes na
infância, o incentivo ao aleitamento materno, que é uma das estratégias mais eficazes
para redução da morbimortalidade (adoecimento e morte) infantil, possibilitando um
grande impacto na saúde integral da criança.
Dentre essas, destacamos:

8.1.1 Triagem neonatal


O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho fazem parte do Programa Nacional
de Triagem Neonatal (recém-nascido), criado em 2001 pelo Ministério da Saúde,
com objetivo de diagnosticar diversas doenças a tempo de fazer o tratamento
precocemente, reduzindo ou eliminando sequelas, como o retardo mental, surdez e
cegueira.

8.1.1.1 Teste do pezinho


O teste do pezinho deve ser realizado imediatamente entre o terceiro e o sétimo
dia de vida do bebê. A partir desse prazo, oriente para
fazer o exame o mais cedo possível, preferencialmente
dentro de 30 dias após o nascimento.
O exame revela doenças que podem causar graves
problemas ao desenvolvimento e crescimento do bebê, que
são irreversíveis se não diagnosticadas e logo tratadas. Por
isso a importância da sua realização o mais cedo possível.

8.1.1.2 Teste da orelhinha


É um exame que pode detectar precocemente se o bebê tem algum problema de
audição. Ele é realizado no próprio berçário, quando o bebê está quieto dormindo,
de preferência nas primeiras 48 horas de vida, mas pode ser feito após alguns meses
de vida, em outro serviço de saúde conveniado, se a maternidade não tiver
fonoaudiólogos para realizar o exame.
O exame não dói, não incomoda, não acorda o bebê, é barato, fácil de ser
realizado, não tem contraindicação e é eficaz para detectar problemas auditivos.

8.1.1.3 Teste do olhinho


Também conhecido como exame do reflexo vermelho, ele pode detectar diversos
problemas nos olhos, o mais importante é a catarata congênita.
Deve ser realizado de preferência ainda na maternidade, mas pode ser feito na
UBS/USF pelo médico treinado, nos três primeiros anos de vida.

8.1.2 Acompanhamento do crescimento e


desenvolvimento da criança
O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança, também
conhecida como puericultura, faz parte das prioridades de equipe na unidade de
saúde e também deve ser acompanhado pelo ACS durante a visita domiciliar (VD).
Na rede de atenção primária, existe o cronograma de acompanhamento periódico
com equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, nutricionista) desde o nascimento
até 10 anos de idade. A avaliação do CD (Crescimento e Desenvolvimento) é
realizada em todas as consultas realizadas pela equipe.
Crescimento
É o aumento do corpo como um todo. A altura faz parte do crescimento, que é a
medida em centímetros, e o peso, em quilogramas.
Desenvolvimento
É o amadurecimento das funções do corpo. É o que faz com que a criança aprenda

67
a segurar objetos, relacionar sons e comportamentos, falar, andar, coordenar seus
movimentos e ações, sentir, pensar e se relacionar com os outros e com o meio a sua
volta.

8.2 Caderneta de saúde da criança


A Caderneta de Saúde da Criança existe para acompanhar e avaliar o crescimento
e desenvolvimento até os 10 anos. Existe uma caderneta para meninas e outra para
meninos porque o seu crescimento é diferente.
A unidade de saúde e o agente comunitário de saúde devem ter uma cópia da
ficha vacinal e do gráfico de crescimento de cada criança, essa cópia é conhecida
como cartão sombra ou cartão espelho. Isso ajudará no acompanhamento sobre a
saúde e o crescimento e desenvolvimento da criança.

Calendário Vacinal
O calendário vacinal contém as vacinas obrigatórias na infância. Doses que
devem sem obedecidas e seguidas. O cumprimento deste previne doenças graves
na infância.
Segue esquema em quadro para melhor visualização:

69
CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

Idade vacina dose Indicação (prevenção)


BCG - ID dose única Formas graves de tuberculose
Ao nascer
Vacina contra hepatite B (1) 1ª dose Hepatite B
1 mês Vacina contra hepatite B 2ª dose Hepatite B

Difteria, tétano, coqueluche,


Vacina tetravalente (DTP + Hib) meningite e outras infecções
1ª dose
(2) causadas pelo Haemophilus
influenza e tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 1ª dose Poliomielite (paralisia infantil)


2 meses VORH (Vacina Oral de Rotavírus
1ª dose Diarréia por Rotavírus
Humano) (3)

Pneumonia, otite, meningite e


Vacina Pneumocócica 10
1ª dose outras doenças causadas pelo
(conjugada)
pneumococo

Doença invasiva causada por


Vacina meningocócica C
3 meses 1ª dose Neisseria Meningitidis do
(conjugada)
Sorogrupo C
Difteria, tétano, coqueluche,
meningite e outras infecções
Vacina tetravalente (DTP + Hib) 2ª dose
causadas pelo Haemophilus
influenza e tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 2ª dose Poliomielite (paralisia infantil)


4 meses
VORH (Vacina Oral de Rotavírus
2ª dose Diarréia por Rotavírus
Humano) (4)

Pneumonia, otite, meningite e


Vacina Pneumocócica 10 2ª dose outras doenças causadas pelo
pneumococo

Doença invasiva causada por


5 meses Vacina Meningocócica C 2ª dose Neisseria Meningitidis do
Sorogrupo C

Difteria, tétano, coqueluche,


meningite e outras infecções
Vacina tetravalente (DTP + Hib) 3ª dose
causadas pelo Haemophilus
influenza e tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 3ª dose Poliomielite (paralisia infantil)


6 meses
Vacina contra hepatite B 3ª dose Hepatite B

Pneumonia, otite, meningite e


Vacina Pneumocócica 10 3ª dose outras doenças causadas pelo
pneumococo

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9 meses Vacina contra febre amarela (5) dose inicial Febre amarela
SRC (tríplice viral) dose única Sarampo, rubéola e caxumba

12 meses Pneumonia, otite, meningite e


Vacina Pneumocócica 10 reforço outras doenças causadas pelo
pneumococo
VOP (vacina oral contra pólio) reforço Poliomielite (paralisia infantil)
DTP (tríplice bacteriana) 1º reforço Difteria, tétano e coqueluche
15 meses
Doença invasiva causada por
Vacina Meningocócica C reforço Neisseria Meningitidis do
Sorogrupo C

DTP (tríplice bacteriana) 2º reforço Difteria, tétano e coqueluche


4 - 6 anos
SRC (tríplice viral) reforço Sarampo, rubéola e caxumba
Vacina contra Reforço a cada 10
10 anos Febre amarela
febre amarela anos
8.3 Orientações alimentares para a criança
Nos primeiros seis meses, o bebê só deve receber o leite materno. Ele deve ser
oferecido todas as vezes que o bebê quiser, inclusive à noite. Após os seis meses,
introduzir novos alimentos, continuando com o aleitamento materno até os dois anos
ou mais.
A partir dos seis meses, as papas de frutas, legumes, carnes e cereais podem ser
feitas com alimentos da região. No início o bebê come em pouca quantidade e coloca
parte da comida para fora, até aprender a engolir e se acostumar com ogosto do
novo alimento. É importante orientar os cuidadores do bebê a terempaciência em
caso de resistência na aceitação de um novo alimento. Insistir naoferta de oito a
dez vezes e quantas vezes julgar necessário.
Nas visitas domiciliares, o ACS reforça as orientações quanto ao aleitamento
materno exclusivo, alimentação, a manter o esquema de vacinação sempre
atualizado, medidas para higiene e cuidado com a criança, acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento, sinais de violência e maus tratos.
Assim estará contribuindo para a manutenção e promoção à saúde das crianças
das famílias que moram na área de atuação.

9 SAÚDE DO ADOLESCENTE

A lei brasileira considera adolescente a faixa etária de 12 a 18 anos como


adolescência, os direitos desse grupo são
assegurados pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei nº 8.069, de 13/7/1990.
Porém, os serviços de saúde consideram
adolescência a fase entre 10 e 19 anos, pois
considera a adolescência uma etapa da vida
compreendida entre a infância e a fase adulta, marcada por um complexo processo
de crescimento e desenvolvimento físico, moral e psicológico.
Atualmente existe um programa voltado para escolares, chamado Programa
Saúde nas Escolas (PSE). O profissional que trabalha com adolescentes deve
entendê-los, estar disponível para ouvi-los, dentro da sua realidade, respeitar a
73
diversidade de ideias, sem julgar. A promoção à saúde e prevenção de agravos para
o adolescente deve ser desenvolvida pela equipe em integração com diferentes
instituições na comunidade, como a escola, ação social, cultura, grupos de jovens,
de arte, capoeira, hip hop, entre outros. Deve-se aproveitar para divulgar informações,
ajudando no esclarecimento de dúvidas e na sensibilização da comunidade.

10 SAÚDE DO ADULTO

Atualmente, a ciência tem avançado através de descobertas que vem


proporcionando ao homem oportunidades de prolongar, consideravelmente, seu
tempo vital, refletindo-se na sua expectativa de vida. O homem vem perseguindo essa
intenção desde a era primitiva, buscando entender as questões de vida e morte como
inquietações fundamentais. Diante disto, a investigação sobre doenças passaa ser
necessidade essencial para a sobrevivência dos homens.
Muitas investigações em torno da saúde do adulto (entende-se por adulto idade
entre 20 e 59 anos) tem como objetivo compreender o processos saúde-doença,
sendo que alguns contemplam a situações crônicas de saúde, especificamente; dentro
desse esforço de ampliar a discussão sobre o processo saúde-doença, busca-se
compreender a condição crônica de saúde do adulto numa perspectiva de viver com
saúde, uma vez que as pessoas nessa condição buscam promover adaptações, de
modo a equilibrar os danos e limitações causados pelas doenças, ou situações de vida
ou com medidas de promoção de saúde.
Os programas que envolvem a saúde do adulto são: Saúde do Homem, Saúde da
Mulher e doenças mais incidentes neste grupo (hanseníase, tuberculose, diabetes
mellitus, hipertensão arterial).

10.1 Saúde do homem


Diferentemente das mulheres, os homens não costumam procurar os serviços de
saúde. A baixa procura tem o fator cultural como uma das explicações: o homem é
criado para ser provedor, ser forte, não chorar, não adoecer. Para muitos, doençaé
sinal de fragilidade, de fraqueza. Isso faz com que não busquem antecipadamente
ajuda nos serviços de saúde, levando-os à morte por doenças que, se diagnosticadas
mais cedo, poderiam ser evitadas.
Os homens estão mais expostos aos riscos de adoecerem por problemas
relacionados à falta de exercícios físicos, alimentação com excesso de gordura,
aumento de peso e à violência por causas externas (brigas, acidentes no trânsito,
assassinatos, homicídios etc.).
É importante reverter o preconceito e sensibilizar os homens para a mudança
dessa forma de pensar e agir, por isto, é necessário que seja dado um direcionamento
para que o homem procure a unidade básica de saúde buscando a prevenção e o
tratamento das doenças.
Os problemas mais comuns que afetam a saúde dos homens são: disfunção erétil,
câncer de próstata e de pênis.
Disfunção erétil
A disfunção erétil é popularmente conhecida como impotência sexual, pode ser
de grande importância, pois esta repercute na vida familiar e no convívio social do
indivíduo, muitas vezes sendo causa de sofrimento psíquico para ele. A disfunção
erétil afeta principalmente homens de faixa etária mais elevada, mas pode também
estar presente em indivíduos mais jovens.
A disfunção erétil pode estar relacionada a causas orgânicas e psicológicas dentro
destas destacamos:
• Psicológicas: ansiedade, depressão, culpa.
• Orgânicas: hipertensão, diabetes, alterações hormonais, uso de drogas (fumo,
álcool, antidepressivos, maconha, heroína, cocaína e outros).
Câncer de próstata
O câncer de próstata surge quando, por razões ainda não conhecidas pela ciência,
as células da próstata (glândula que se localiza na arte baixa do abdômen no
homem) passam a se dividir e se multiplicar de forma desordenada, levando à
formação de um tumor. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida,
espalhando-se para outros órgãos do corpo e podendo levar à morte. Uma grande
maioria, porém, cresce de forma tão lenta que não chega a dar sintomas durante a
vida e nem a ameaçar a saúde do homem. A prevalência de câncer de próstata se
dá em homens com idade superior a 50 anos e naqueles com historia de pai ou irmão
com câncer de próstata antes dos 60 anos.

75
Sabe-se que a adoção de hábitos saudáveis de vida é capaz de evitar o
desenvolvimento de certas doenças, entre elas o câncer, no entanto, não são
conhecidas formas especificas de prevenção do câncer de próstata.
Câncer de pênis
O câncer de pênis é um tumor raro, com maior incidência em indivíduos a partir
de 50 anos de idade, muito embora tumores malignos do pênis podem ser
encontrados em indivíduos jovens. Este câncer atinge o pênis (órgão sexual
masculino) e está muito ligado às condições de higiene intima do individuo e as baixas
condições socioeconômicas e de instrução, e à má higiene íntima de indivíduos não
circuncidados (fimose).
Outros problemas comuns que afetam a saúde dos homens, mais que não são
exclusivamente relacionados a ele, são:
• Alcoolismo
• Tabagismo
• Drogas ilícitas
• Violência
• Hipertensão arterial e
• Diabetes mellitus

10.2 Saúde da mulher


O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher envolve ações que abrangem
a assistência em todas as fases da vida, clínico ginecológico, no campo da
reprodução (planejamento familiar, pré-natal, parto e puerpério) como nos casos de
doenças crônicas ou agudas (câncer de colo de útero e mama). O conceito de
assistência reconhece o cuidado médico e de toda a equipe de saúde com alto valor
às praticas educativas, entendidas como estratégia para a capacidade crítica e a
autonomia das mulheres.

10.2.1 Planejamento familiar

O planejamento familiar no Brasil é regulamentado pela lei


9.263 de 12 de janeiro de 1996, baseia-se no respeito aos
direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. Consiste em refletir
sobre o desejo de ter ou não ter filhos, decidir e escolher a forma de realizá-lo. Pode
ser feito pelo homem, pela mulher ou pelo casal – adolescente, jovem ou adulto –,
independentemente de terem ou não uma união estável ou de constituírem uma
família convencional.

10.2.2 Pré-natal

O pré-natal possibilita prevenir, identificar precocemente e tratar os problemas que


possam afetar a saúde do bebê
a da mulher, e quanto mais cedo for
realizado o diagnóstico de gravidez,
melhor será o acompanhamento do
desenvolvimento do bebê e das
alterações que ocorrem no corpo da
mulher.
O pré-natal é o primeiro passo
para cuidar da saúde da gestante e do
bebê. A mulher deve receber o cartão
da gestante ao iniciar o
acompanhamento do pré-natal. Esse cartão é um documento que acompanha toda
essa importante fase na vida mulher e da família e serve como apoio e referência
aos serviços de saúde e diferentes profissionais que atenderão a gestante, inclusive
na maternidade.
Recomenda-se que a mulher faça no mínimo 06 consultas durante o pré-natal e
uma de puerpério (após o parto) até 42 dias.

10.2.3 Prevenção do câncer de mama e de


colo de útero
As alterações na mama podem ser detectadas precocemente na unidade de
saúde por meio da realização do exame clínico das mamas pelo médico e/ou
enfermeiro. O Agente Comunitário de Saúde pode orientar a mulher a realização do
autoexame das mamas. O autoexame das mamas deve ser realizado uma vez por
mês, a melhor época é uma semana após a menstruação. Para as mulheres que
77
não menstruam (menopausadas ou que fazem uso de anticoncepcionais sem
interrupção), o autoexame deve ser feito em um mesmo dia de cada mês à sua livre
escolha, por exemplo, todo dia 15.

O câncer de colo de útero pode ser detectado precocemente por meio do exame
preventivo do câncer cérvico uterino (PCCU), também conhecido como exame
citopatológico de colo uterino ou Papanicolau. O exame é realizado nas unidades de
saúde.
Quem deve fazer o Papanicolau?
• Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame
preventivo, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 64 anos de idade;
• Mulheres grávidas podem fazer tranquilamente o preventivo sem prejuízo para
si ou para o bebê.
Inicialmente, o exame deve ser feito uma vez por ano. Se em dois anos seguidos,
o exame apresentar resultado normal poderá ser repetido a cada três anos.
Para realização do exame, são necessários alguns cuidados:
• Não ter relações sexuais com penetração vaginal, nem mesmo com
camisinha, 48 horas antes do exame;
• Não usar duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais 48
horas antes do exame;
• Não deve ser feito quando estiver menstruada, pois a presença de sangue
pode alterar o resultado.

10.3 Hanseníase
10.3.1 Conceito

A hanseníase, conhecida também como Lepra, doença de Hansen, é uma doença


infecciosa crônica, causada pela bactéria
denominada de Mycobacterium leprae e afeta
predominantemente a pele (com aparecimento de
manchas com alteração de sensibilidade), nervos
periféricos e membranas mucosas.
É uma doença bastante antiga, sua existência
data de 600 a.C. e atinge vários países, sendo
considerada uma das endemias deprioridade pela
Organização Mundial da Saúde

79
(OMS), pois se não for descoberta e tratada precocemente causa incapacidades no
homem, levando-o a marginalização e interrupção de sua capacidade produtiva.
A hanseníase é fácil de diagnosticar, tratar e tem cura, no entanto, quando
diagnosticada e tratada tardiamente pode trazer graves consequências para os
portadores e seus familiares, pelas lesões que os incapacitam fisicamente.

10.3.2 Prevenção
As incapacidades físicas nos olhos, nas mãos e nos pés podem ser evitadas ou
reduzidas, se os portadores de hanseníase forem identificados e diagnosticados o
mais rápido possível, tratados com técnicas simplificadas e acompanhados nos
serviços de saúde do SUS.

10.3.3 Modo de Transmissão (como se pega)


O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. O contágio se
dá através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que
o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas com baixa imunidade, passando
de uma pessoa para outra por meio das secreções das vias respiratórias e pelas
gotículas de saliva. O contato direto e prolongado com o doente em ambiente fechado,
com pouca ventilação e pouca luz solar, aumenta as chances de a pessoa se infectar
com bacilo de hanseníase. A maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não adoece.
A doença progride lentamente. Entre o contato com a pessoa doente eo aparecimento
dos primeiros sinais, pode levar de 2 a 5 anos.
Quando a pessoa doente inicia o tratamento para hanseníase, ela deixa de ser
transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos,
torna-os incapazes de infectar outras pessoas.

10.4 Tuberculose

10.4.1 Conceito
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por uma
bactéria. O termo tuberculose se origina do fato de a doença causar lesões chamadas
tubérculos. Ela atinge os pulmões, podendo também se localizar em

outros órgãos. Nos pulmões se denomina tuberculose pulmonar e, nos outros


órgãos tuberculose extra pulmonar.

10.4.2 Transmissão (como se pega)


É facilmente transmitida de pessoa para pessoa. Quando uma pessoa com
tuberculose tosse ou espirra, a bactéria é expelida no ar, podendo assim, contaminar
outras pessoas. Por essa razão a transmissão da tuberculose para outros membros
da família, vizinhos e para colegas de trabalho é muito fácil se o ambiente não tiver
boa ventilação. A ventilação constante e a luz solar direta removem as partículas e
matam rapidamente os bacilos.
A tuberculose pode acometer qualquer um, sendo favorecida por fatores como
precárias condições de vida, desnutrição, alcoolismo, tabagismo e doenças como
Aids, diabetes, doenças renais crônicas, câncer e pelo enfraquecimento do sistema
imunológico.

10.4.3 Prevenção
O doente com tuberculose deve ter o cuidado ao tossir ou espirrar, de cobrir a
boca e o nariz e nunca escarrar no chão. Deve manter o ambiente limpo e arejado.
A investigação e acompanhamento dos contatos.
Todos os contatos dos doentes de tuberculose, especialmente os que moram
dentro do mesmo domicilio, devem comparecer a unidade de saúde para exame:
- os sintomáticos respiratórios (apresentam algum sintoma ex.: tosse há mais de

81
três semanas com presença de secreção purulenta) deverão submeter-se à exame de
escarro para o diagnóstico de tuberculose;

10.4.3.1 os assintomáticos (sem sintomas) deverão realizar radiografia de tórax.

Vacinação BCG

A vacina BCG confere poder protetor às formas graves. No Brasil, a vacina BCG
é prioritariamente indicada para as crianças de 0 a 4 anos de idade, sendo obrigatória
para menores de um ano.

10.5 Diabetes mellitus


10.5.1 Conceito
É uma disfunção causada pela deficiência total ou parcial da produção de insulina,
hormônio produzido pelo pâncreas. Como consequência, a glicose (açúcar do sangue)
não é aproveitada adequadamente pelas células provocando sua elevação no sangue,
ultrapassando as taxas normais (70 a 110 mg/dl). A diabetes pode ter como
complicações: mau funcionamento e insuficiência de vários órgãos, especialmente
olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos.

10.5.2 Classificação do diabetes


10.5.2.1 Tipos de diabetes
Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, compreende cerca
de 10% do total de casos, e o diabetes tipo 2, compreende cerca de 90% do total de
casos.
Diabetes tipo 1
Pode ocorrer de forma rapidamente progressiva, principalmente, em crianças
e adolescentes, ou de forma lentamente progressiva, geralmente em adultos.
Necessita de uso diário de insulina para se manter controlado.
Diabetes tipo 2
O termo tipo 2, normalmente ocorre após os 40 anos e, usualmente se controla
apenas com dieta, atividade física e/ou medicamento oral.
10.5.3 Prevenção
Alguns fatores contribuem para a redução dos casos novos de diabetes como:
• Manter peso ideal;
• Alimentação adequada (aumento da ingestão de fibras, restrição energética
moderada, restrição de gorduras, especialmente as saturadas);
• Atividade física regular;
• Pessoas com histórico familiar de diabetes e mulheres que tiveram diabetes
gestacional devem fazer exames laboratoriais periodicamente e ficar atento aos
fatores de prevenção.

10.6 Hipertensão arterial


10.6.1 Conceito

É quando a pressão que o sangue exerce na parede das artérias para se


movimentar é muito forte, ficando acima dos valores considerados normais.
A pessoa é considerada hipertensa quando a sua pressão arterial estiver maior
ou igual a 140mmHg x 90mmHg, popularmente conhecida por 14 por 9.
E uma doença crônica que, se não controlada, pode ser causa de várias doenças,
principalmente o acidente vascular cerebral (derrame) e o infarto. Pode também afetar
os rins, a visão, o cérebro, os membros inferiores, ter complicações graves e até levar
à morte.
Para detectar se uma pessoa está com hipertensão arterial, é importante que a
verificação seja feita varias vezes, de forma correta, com aparelhos calibrados e
profissionais capacitados.
Geralmente a hipertensão não tem causa conhecida ou definida, no entanto,
existem fatores considerados de risco que podem favorecer o seu aparecimento.

10.6.2 Fatores de risco que podem


levar a pessoa a se tornar
hipertensa:
83
• Excesso de peso;
• Alimentação inadequada (rica em gorduras, excesso de sal, baixo consumo
de frutas, verduras e legumes);
• Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso;
• Uso do cigarro;
• Falta de atividade física;
• Diabetes;
• Familiares hipertensos.

10.6.3 Forma de prevenção:


• Controle de peso;
• Adoção de hábitos alimentares saudáveis;
• Redução do consumo de bebidas alcoólicas;
• Abandono do tabagismo;
• Prática de atividade física regular.

10.7 Saúde do idoso


Sabe-se que as pessoas estão vivendo mais e o fenômeno do envelhecimento
populacional, entre outros aspectos está diretamente relacionado aos avanços da
saúde pública. As vacinas, a melhoria de condições de saneamento ambiental, o maior
acesso da população aos serviços de saúde, a maior cobertura da atenção primaria à
saúde em estados e municípios são algumas das conquistas alcançadas ao longo dos
últimos anos.
O Programa Saúde do Idoso tem por alvo, todo cidadão brasileiro com 60 anos ou
mais de idade e, tem por objetivo recuperar, manter e promover a autonomia e a
independência dos indivíduos idosos, direcionando ações coletivas e individuais de
saúde para esse fim. Esse programa visa estimular a prevenção de doenças comuns
ao envelhecimento, prevenção de quedas, e ao mesmo tempo o diagnóstico precoce
de determinadas limitações próprias desse processo natural do indivíduo.
As principais ações que envolvem a saúde do idoso concentram-se em:
• Caderneta do Idoso;
• Vacinação;
• Promoção de hábitos saudáveis;
• Orientações quanto ao ambiente seguro e prevenção de quedas;
• Uso correto de medicamentos;
• Saúde Bucal e,
• Política de Assistência Social.

85
11 VIGILÂNCIA EM SAÚDE

A Vigilância em Saúde remete inicialmente a palavra “VIGIAR”, que de acordo


com o Dicionário Aurélio significa observar atentamente. No campo da saúde a
Vigilância tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde da
população, organização e execução de práticas de saúde adequadas ao
enfrentamento dos problemas existentes.
É composta pelas ações de:
• Vigilância;
• Promoção;
• Prevenção;
• Controle de doenças e agravos à saúde.
A articulação de conhecimentos e técnicas vindos da epidemiologia, do
planejamento e das ciências sociais em saúde tornou-se um referencial para o
processo de mudança no modelo de atenção e se expressou na utilização do termo
Vigilância em Saúde. É uma proposta de reorganização das práticas de saúde que
leva em conta por um lado a busca da integralidade do cuidado a saúde e, por outro,
a necessidade de adequar as ações e serviços à situação concreta da população de
cada área territorial definida em função das características sociais, epidemiológicas
e sanitárias de um município.
ÁREAS QUE COMPÕEM A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
A Vigilância em Saúde inclui:
• Vigilância epidemiológica;
• Vigilância sanitária;
• Vigilância ambiental em saúde;
• Vigilância da saúde do trabalhador.

11.1 Vigilância epidemiológica


Vigilância Epidemiológica é um “conjunto de ações que proporciona o
conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”.
11.2 V igilância sanitária
A Vigilância Sanitária é entendida como um conjunto de ações capazes de
eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de
serviços de interesse da saúde. (BRASIL, 1990)
A vigilância sanitária busca garantir a qualidade de serviços, meio ambiente de
trabalho e produtos (alimentos, medicamentos, cosméticos, saneamento dos
domicílios, agrotóxicos e outros), mediante a identificação o controle ou a eliminação
de fatores de risco á saúde, neles eventualmente presentes. São exemplo de serviços
sujeitos á vigilância sanitária: unidade de saúde, restaurantes, academias de
ginásticas, instituto de belezas, piscinas públicas, etc.
No meio ambiente, a vigilância sanitária procura evitar ou controlar a poluição do
ar, do solo, da água, a contaminação por agrotóxicos, o uso do mercúrio nosgarimpos,
etc. Nos locais de trabalho, a vigilância sanitária preocupa-se, por exemplo em
assegurar condições ambientais satisfatórias (iluminação, temperatura, umidade,
ventilação, nível sonoro) adequação ergométrica de máquinas, equipamentos e
móveis e eliminação de substâncias e produtos que podem provocar doenças
ocupacionais.

11.3 Vigilância ambiental em saúde

As ações de vigilância ambiental tomam como ponto de partida o entendimento


do ambiente físico, psicológico e social como espaço de produção da saúde-doença
no plano individual e coletivo. Especificamente em nosso meio, estas ações tem
privilegiado o controle da água de consumo humano (VIGIAGUA), o controle de
resíduos e o controle de vetores de transmissão de doenças – especialmente insetos
e roedores, promoção à saúde ambiental, prevenção e controle dos fatores de risco
relacionados às doenças e outros agravos à saúde decorrentes da contaminação por
substâncias químicas no solo (VIGISOLO) e; promover a saúde da população
exposta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes atmosféricos -
provenientes de fontes fixas, de fontes móveis, de atividades relativas à extração
mineral, da queima de biomassa ou de incêndios florestais -contemplando estratégias
de ações intersetoriais (VIGIAR).
87
11.4 Vigilância da saúde do trabalhador

É o conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância


epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo entre outros: assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
ou portador de doença profissional e do trabalho; participação em estudos, pesquisas,
avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo
de trabalho; informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às
empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho,
bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde,
de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional.

11.5 Integração das ações na atenção primária e da vigilância em saúde.

As equipes Saúde da Família, a partir das ferramentas da vigilância,desenvolvem


habilidades de programação e planejamento, de maneira a organizar ações
programadas e de atenção a demanda espontânea, que garantam o acesso da
população em diferentes atividades e ações de saúde e, desta maneira,
gradativamente impacta sobre os principais indicadores de saúde, mudando a
qualidade de vida daquela comunidade.
Os diferentes profissionais das equipes de Saúde da Atenção Primária/Saúde da
Família tem um papel importante no desenvolvimento das ações de vigilância em
saúde, com algumas funções comuns e outras especificas a cada um.
Para melhor compreensão podemos citar o trabalho desenvolvido pelos agentes
comunitário de saúde (ACS) e o controle de endemias (ACE), estes profissionais
desempenham papeis fundamentais, pois são a ligação entre a comunidade e o
serviço de saúde.
Devem atuar de maneira integrada de forma a potencializar o resultado do
trabalho, evitando duplicidade de ações. Juntos, enfrentam os principais problemas
de saúde-doença da comunidade.
Durante uma visita domiciliar, o ACS ao identificar uma caixa d’água de difícil
acesso ou um criadouro que não consiga destruir e que precisa da utilização do
larvicida, deverá contatar o agente de controle de endemias (ACE) para planejamento
das ações. Para o sucesso do trabalho, é fundamental a integração desses
profissionais.
A integração das ações é importante e devem estar inseridas cotidianamente na
prática das equipes de saúde de Atenção Primária dando um direcionamento para
mudanças no modelo de atenção. Os diferentes profissionais das equipes de Saúde
da Atenção Primária/Saúde da Família têm um papel importante no desenvolvimento
das ações de vigilância em saúde, com algumas funções comuns e outras específicas
a cada um.

11.6 Sistema de informação em saúde

O Sistema de Informação é instrumento essencial para a tomada de decisões,


tornando-se uma ferramenta imprescindível à Vigilância em Saúde, por ser o fator
desencadeador do processo “informação-decisão-ação”.
Principais Sistemas de Informação em Saúde
USOS (ALGUNS)
de Base Nacional

SIM – Sistema de Informação sobre Estudos de mortalidade, Vigilância de óbitos


Mortalidade. (infantil, materno, etc.)

SINASC – Sistema de Informação sobre Notificação de nascimentos por características


Nascidos Vivos. da mãe e condição do nascimento.
SINAN – Sistema de Informação de Agravos Acompanhamento dos agravos sob notificação,
de Notificação. surtos, epidemias, suspeitos ou confirmados.
Acompanha as condições de nutrição e
SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e alimentação de toda população inclusive dos
Nutricional. beneficiários do Bolsa Família.

Registra por faixa etária as doses de


SIS API – Sistema de Avaliação de Doses
imunobiológicos aplicadas por unidade
Aplicadas de Vacinas.
básica/município e regional.
Para coletar dados de produção, realizado pela
SIAB – Sistema de Informação da Atenção equipe das Unidades de Saúde, e sistematizar dados
Básica. coletados nas visitas às comunidades, realizadas
pelos agentes comunitários de saúde.

89
11.7 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi desenvolvido no


início da década de 90, com objetivo de padronizar a coleta e processamento dos
dados sobre agravos de notificação obrigatória em todo território nacional.
Este sistema é um dos principais sistemas de informação da Vigilância em Saúde,
deve ser atualmente alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de
casos de doenças e agravos que constam da Lista Nacional de Doenças de
Notificação Compulsória em todo Território Nacional - LDNC, conforme Portaria
SVS/MS nº. 05, de 21/02/2006, podendo os estados e municípios incluir outros
problemas de saúde pública, que considerem importantes para a sua região.
Segue abaixo a:

Lista das doenças de notificação compulsória:

1. Acidentes por animais peçonhentos;


2. Atendimento antirrábico;
3. Botulismo;
4. Carbúnculo ou Antraz;
5. Cólera;
6. Coqueluche;
7. Dengue;
8. Difteria;
9. Doença de Creutzfeldt-Jakob;
10. Doença Meningocócica e outras Meningites;
11. Doenças de Chagas Aguda;
12. Esquistossomose;
13. Eventos Adversos Pós-Vacinação;
14. Febre Amarela;
15. Febre do Nilo Ocidental;
16. Febre Maculosa;
17. Febre Tifóide;
18. Hanseníase;
19. Hantavirose;
20. Hepatites Virais;
21. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana-HIV em gestantes e
crianças expostas ao risco de transmissão vertical;
22. Influenza humana por novo subtipo;
23. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos,
gases tóxicos e metais pesados);
24. Leishmaniose Tegumentar Americana;
25. Leishmaniose Visceral;
26. Leptospirose;
27. Malária;
28. Paralisia Flácida Aguda;
29. Peste;
30. Poliomielite;
31. Raiva Humana;
32. Rubéola;
33. Sarampo;
34. Sífilis Adquirida;
35. Sífilis Congênita;
36. Sífilis em Gestante;
37. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS;
38. Síndrome da Rubéola Congênita;
39. Síndrome do Corrimento Uretral Masculino;
40. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV);
41. Tétano;
42. Tuberculose;
43. Tularemia;
44. Varíola;
45. Violência doméstica, sexual e/ou outras violências.

Lista de Notificação Compulsória Imediata – LNCI

Caso suspeito ou confirmado de:


1. Botulismo;

91
2. Carbúnculo ou Antraz;
3. Cólera;
4. Dengue nas seguintes situações:
Dengue com complicações (DCC);
Síndrome do Choque da Dengue (SCD);
Febre Hemorrágica da Dengue (FHD);
Óbito por Dengue;
Dengue pelo sorotipo DENV4 nos estados sem transmissão endêmica
desse sorotipo;
5. Doença de Chagas Aguda.

Lista de Notificação Compulsória em Unidades Sentinelas LNCS

1. Acidente com exposição a material biológico relacionado ao trabalho;


2. Acidente de trabalho com mutilações;
3. Acidente de trabalho em crianças e adolescentes;
4. Acidente de trabalho fatal;
5. Câncer Relacionado ao Trabalho;
6. Dermatoses ocupacionais;
7. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)
8. Influenza humana;
9. Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao trabalho;
10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho;
11. Pneumonias;
12. Rotavírus;
13. Toxoplasmose adquirida na gestação e congênita;
14. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho.
11.8 Zoonoses

Zoonoses são doenças de animais transmissíveis ao homem, bem como aquelas


transmitidas do homem para os animais. Os agentes que desencadeiam essas
afecções podem ser microorganismos diversos, como bactérias, fungos, vírus,
helmintos e protozoários.

11.8.1 Dengue

11.8.1.1 Conceito

É uma doença infecciosa, febril aguda causada pelo mosquito Aedes aegypti.
No seu ciclo de vida, o mosquito apresenta quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto.
O mosquito adulto vive em média de 30 a 35 dias. A sua fêmea põe ovos de quatro a
seis vezes durante sua vida e, em cada vez, cerca de 100 ovos, em locais com água
limpa e parada.
Um ovo de Aedes aegypti pode sobreviver por até 450 dias (aproximadamente um
ano e dois meses), mesmo que o local onde ele foi depositado fique seco. Se esse
recipiente receber água novamente, o ovo volta a ficar ativo (vivo), podendo se
transformar em larva e atingir a fase adulta depois de, aproximadamente, dois ou três
dias. Quando não encontra recipientes apropriados (criadouros), a fêmea do Aedes
aegypti, em casos raros, pode voar a grandes distâncias em busca de outros locais
para depositar seus ovos.

11.8.1.2 Como se pega

Nas casas, o Aedes aegypti é encontrado normalmente em paredes, móveis,


peças de roupas penduradas e mosquiteiros. A fêmea do Aedes aegypti costuma picar
as pessoas durante o dia. Não se pega dengue no contato de pessoa a pessoa e nem
por meio do consumo de água e de alimentos.
Alguns sintomas:
Pessoas com febre até sete dias acompanhadas de pelo menos dois dos
seguintes sintomas: dor de cabeça, dor por trás dos olhos, dores musculares e
articulações, prostração ou manchas pequenas e vermelhas pelo corpo com ou sem
hemorragia.

93
11.8.1.3 Prevenção

• Escorrer a água dos pratinhos dos vasos de plantas, lavar com uma escova e
colocar areia grossa até a borda;
• Manter sempre limpos e vedados as caixas d’águas e poços;
• Verificar se calhas de água de chuva não estão entupidas, remover folhas que
possam impedir o escoamento da água;
• Guardar pneus velhos e abandonados em local coberto e abrigado da chuva;
• Guardar garrafas de plástico e de vidro em local protegido da chuva,
tampadas ou com a boca para baixo;
• Retirar sempre a água acumulada das lajes e;
• Manter os locais de lixo sempre limpos, evitando que se acumulem.

11.8.2 Malária

11.8.2.1 Conceito

É uma doença infecciosa causada por protozoário (Plasmodium). Também é


conhecida como paludismo, impaludismo, febre palustre, febre intermitente, febre
terçã benigna, febre terçã maligna, além dos nomes populares: maleita, sezão,
tremedeira, batedeira ou febre.
Alguns sintomas:
• mal-estar;
• dor de cabeça;
• cansaço;
• dor muscular;
• náuseas e
• vômitos, que acontecem antes da febre da malária – febre alta podendo
atingir 41° C.

11.8.2.2 Como se pega

Por meio da picada da fêmea do mosquito infectada com o Plasmodium. Como o


mosquito tem hábito alimentar ao entardecer e ao amanhecer e em algumas regiões
da Amazônia tem hábitos noturnos, pica as pessoas durante todas as horas desde o
entardecer até o amanhecer. A doença não passa de pessoa para pessoa.

11.8.2.3 Como suspeitar da doença

Suspeita-se em área onde é comum acontecer muitos casos (mais comum na


região Amazônica), toda pessoa que apresentar febre, que seja residente ou que
tenha se deslocado por lugares onde têm malária. O indivíduo pode apresentar os
sintomas no período de 8 a 30 dias anteriores a ter os primeiros sintomas.
Em áreas onde não é comum acontecer casos, toda pessoa que apresentar febre
com os sintomas: calafrios, tremores, cansaço, dor muscular e que tenha vindode um
lugar onde tem malária no período de 8 a 30 dias anteriores ao aparecimento dos
primeiros sintomas.

11.8.2.4 Prevenção

Em zona urbana – na cidade:


• Promover o acompanhamento dos pacientes em tratamento, reforçando a
importância de concluí-lo;
• Investigar a existência de casos na comunidade, a partir das pessoas que
apresentem algum sintoma da doença;
• Preencher e encaminhar para a Unidade Básica de Saúde a ficha de
notificação dos casos ocorridos.
Em zona rural – no campo:
Além das ações citadas anteriormente:
• Proceder à aplicação de imunotestes, conforme orientação da Coordenação
Municipal da Atenção Básica;
• Receber o resultado dos exames e providenciar o acesso ao tratamento
imediato e adequado, de acordo com as orientações da Secretaria Municipal de Saúde
e do Programa Nacional de Malária.
Prevenção individual
• Uso de mosqueteiros impregnados ou não com inseticidas;
• Roupas que protejam pernas e braços;
• Telas em portas e janelas;
95
• Uso de repelentes e;
• Evitar locais de transmissão ao anoitecer.
Coletar lâmina:
• De pessoas que apresentem sinais e sintomas e enviá-la ao profissional
responsável para leitura (microscopista). Quando não for possível essa coleta,
encaminhar as pessoas para a UBS ou para o microscopista;
• Para verificação de cura (L VC) após o término do tratamento e encaminhá-la
para leitura de acordo com estratégia local.

11.8.3 Leptospirose

11.8.3.1 Conceito

A doença é causada por uma bactéria presente na urina de ratos, ratazanas e


camundongos, presente na água das enchentes, lama e esgoto.

11.8.3.2 Como se pega

A transmissão acontece pelo contato da urina com a pele ou mucosas (boca,


olhos, nariz e etc.). Contato direto ou indireto com a urina de animais infectados,
penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões,longos
períodos em água contaminada, contato com sangue, tecidos e órgãos de animais
infectados, transmissão acidental em laboratórios e ingestão de água ou alimentos
contaminados. A transmissão entre humanos é muito rara e de pouca importância
epidemiológica, podendo ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreção e tecidos
de pessoas infectadas.

11.8.3.3 Como se previne

• Evitar o contato com a água e a lama das enchentes ou esgoto. Impedir que
crianças nadem ou brinquem nesses locais que podem estar contaminados com a
urina de roedores;
• Após as águas baixarem, retire a lama e desinfete o local. Devem-se lavar
pisos, paredes e bancadas, desinfetando com água sanitária. Use duas xícaras de
chá (400 ml) do produto em um balde de 20 litros de água, e deixe agir por 15 minutos.
Só depois disso, faça a limpeza;
• Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulho e esgoto devem usar botas
e luvas de borracha para evitar o contato da pele com a água e lama contaminados
(se isto não for possível, usar plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés);
• Para evitar a presença de roedores, deve-se manter os alimentos guardados
em recipientes bem fechados, resistentes e distantes do chão; manter a cozinha limpa
e sem restos de alimentos; retirar as sobras de alimento ou ração dos animais
domésticos antes de anoitecer; evitar o acúmulo de entulhos e objetos sem uso no
quintal e dentro da cozinha; manter os terrenos baldios e margens dos rios limpos e
capinados; guardar o lixo em sacos plásticos bem fechados e em locais altos até
ocorrer.

11.8.4 Leishmaniose

11.8.4.1 Conceito

A Leishmaniose é uma doença causada por um parasita (protozoário Leishmania),


é uma doença que pode se manifestar de duas formas: tegumentar (também
conhecida como cutânea - sobre a pele) e visceral (também conhecida como calazar
- fígado, baço e medula óssea).

11.8.4.2 Como se pega

Sua transmissão se dá através de pequenos mosquitos que se alimentam de


sangue. São mais comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas
plantas.

11.8.4.3 Prevenção

A melhor forma de se prevenir contra esta doença é evitar residir ou permanecer


em áreas muito próximas à mata, evitar banhos em rio próximo a mata, sempre utilizar
repelentes quando estiver em matas, etc.

97
11.8.5 Febre amarela

11.8.5.1 Conceito

É uma doença provocada por um tipo de vírus (flavivírus). Este vírus pode ser
transmitido aos seres humanos de duas formas:
• pela picada da fêmea do mosquito conhecido por “Aedes Aegypti”, desde que
o inseto esteja contaminado (após picar um ser humano com a doença). Esta é
conhecida como Febre Amarela Urbana (FAU);
• através da picada do mosquito Haemagogus, o que denomina Febre Amarela
Silvestre (FAS).

11.8.5.2 Como se pega

Após ser picado pelo mosquito, a pessoa contaminada começa a apresentar uma
série de sintomas: febre alta (podendo chegar a 40°C ou 41°C), fortes dores de
cabeça, vômitos, problemas no fígado e hemorragias.

11.8.5.3 Prevenção

A vacina é a mais importante medida de controle. Não existe tratamento antiviral


específico. A vacina deve ser realizada aos nove meses de idade com reforço a
cada 10 anos.

11.8.6 Doença de chagas

11.8.6.1 Conceito

A doença de chagas é uma doença transmitida pelo inseto conhecido como


barbeiro. O barbeiro é de hábitos noturnos, se alimenta exclusivamente do sangue
de animais vertebrados e vive dentro de casas, principalmente as de barro nas
rachaduras das casas, embaixo de colchões, depósitos, ninhos de aves, trocos de
árvores e mesmo casas de pau-a-pique.
11.8.6.2 Como se pega

A transmissão ocorre noite. O inseto sai e pica as pessoas passando-lhe a doença. Não se dá
pela picada e sim pelas fezes deixadas pelo barbeiro na pele da vítima, e vai atacar o aparelho
digestivo como o fígado e principalmente o coração.
Ao picar o homem o barbeiro suga o sangue cheio de tripanossomos que vão causar a doença.

11.8.6.3 Prevenção

Construir casas de tijolos e rebocar, cobrir com telhas ou lajes, pulverizar a casa limpar atrás
dos móveis, evitar lugar esburacados para não abrigar o barbeiro.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS AGENTE COMBATE A ENDEMIAS

Agente de Combate a Endemias


Agente de Combate a Endemias
No cenário atual o desafio de combate endemias é uma forma importantíssima para
evitar a emergência e reemergência de doenças, através das ações que devem ser
desenvolvidas com a participação da população. Por meio de informações e trabalhos
educativos praticados pelos agentes de endemias com vistas a difundir junto aos moradores e
comunidades, tendo como papel fundamental o elo entre o conhecimento do processo saúde e
doença.
A situação epidemiológica atual das endemias no país caracteriza-se pelas condições
favoráveis para seu desenvolvimento e distribuição, ocorrendo à vulnerabilidade para a
população em algumas regiões.
Mas através de esforços de instituições de ensino, órgãos públicos na prevenção e
controle de doenças são maneiras de evitar e diminuir os índices de infestação.
Com esse propósito que o material do Agente de combate a endemias, possibilitará a
ampliação do processo de conhecimento sobre as principais endemias de interesse em saúde
pública
Anotações
Agente de Combate a Endemias

Sumário

Unidade 1
QUE É SAÚDE PÚBLICA? ................................................................................................................... 7
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? .............................................................................. 7
Como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS)?. .........................................................................8
Nossa o que é uma endemia? .............................................................................................................. 8
Então o que é epidemia? ....................................................................................................................... 8
O que será uma pandemia? .................................................................................................................. 9
A epidemiologia ....................................................................................................................................... 9
Doenças emergentes e reemergentes ............................................................................................. 10
Questões Para Facilitar a Aprendizagem ........................................................................................ 10
Referências bibliográficas .................................................................................................................. 10
Unidade 2
Vigilância Sanitária ........................................................................................................................ 12
Qual é a missão da vigilância sanitária? .......................................................................................... 13
O que faz a vigilância sanitária? ........................................................................................................ 13
Quem é responsável de organizar o trabalho da vigilância sanitária? ........................................ 13
Quais os riscos à saúde que a vigilância sanitária combate?....................................................... 13
Quais são os públicos que fazem vigilância sanitária? .................................................................. 14
Quais as áreas de atuação da vigilância sanitária? ....................................................................... 14
O que compete ao estado na vigilância sanitária? ......................................................................... 15
O que compete ao município na vigilância sanitária? .................................................................... 15
Quais são os poderes da vigilância sanitária? ................................................................................ 15
Questões para Facilitar a Aprendizagem ......................................................................................... 16
Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 16
Unidade 3
DOENÇAS DE INTERESSE PARA A SAÚDE PÚBLICA: NOÇÕES BÁSICAS, PREVENÇÃO,
SINTOMAS, CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TRANSMISSORES E CAUSADORES DAS
ENDEMIAS. ................................................................................................................................... 17
Cólera.............................................................................................................................................. 17
O que é cólera? .................................................................................................................................... 17
Qual é o agente causador da cólera?. .............................................................................................. 17
Como é o modo de transmissão? ...................................................................................................... 17
Qual é o período de incubação? ........................................................................................................ 18
Quais são os aspectos clínicos?. ...................................................................................................... 18
Existe alguma vacina para cólera? .............................................................................................. 18
A cólera pode ser tratada? .......................................................................................................... 18
Quais são as maneiras de prevenção? ....................................................................................... 18
Quais são os procedimentos utilizados para tratar a água para o consumo? ............................... 19
Quais são as etapas utilizadas para desinfetar as verduras e frutas? ........................................... 19
Questões para facilitar a aprendizagem ..................................................................................... 19
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ............................................................ 19
Referências Bibliográficas............................................................................................................ 20
Unidade 4
DENGUE ........................................................................................................................................ 21
O que é dengue? ............................................................................................................................ 21
Porque a dengue se espalha e agrava-se pelo Brasil?.............................................................. 21
Qual é o agente etiológico? .......................................................................................................... 22
Como ocorre a transmissão? ....................................................................................................... 22
Quais são as fases do desenvolvimento do mosquito? ............................................................. 23
Quais são as etapas das fases do desenvolvimento do Aedes aegypti? ....................................... 23
Ovo .................................................................................................................................................. 23
Larva ............................................................................................................................................... 24
Pupa ................................................................................................................................................ 24
Adulto .............................................................................................................................................. 25
Quais são os sintomas? ................................................................................................................ 25
Dengue clássica ............................................................................................................................ 25
Dengue hemorrágica .................................................................................................................... 25
Síndrome do choque da dengue. ................................................................................................. 26
Quais remédios deve se evitar com suspeita de dengue?............................................................... 26
Quando houver suspeita de dengue? ......................................................................................... 26
Porque não existe vacina contra a dengue? ............................................................................... 27
Qual é o tratamento para o paciente com dengue?.................................................................... 27
O que fazer para prevenir-se contra a dengue? ......................................................................... 27
Porque atualmente as epidemias de dengue vêm aumentando? .................................................. 28
As atribuições dos agentes no combate aos vetores são? .............................................................. 28
Questões para facilitar a aprendizagem ..................................................................................... 28
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ............................................................ 29
Referências Bibliográficas............................................................................................................ 29
Unidade 5
ESQUISTOSSOMOSE ................................................................................................................ 32
Onde se encontra a esquistossomose?. ....................................................................... 32
Quais os nomes populares? ............................................................................................ 32
Como ocorre á transmissão? .......................................................................................... 33
Quando estou em área de risco podendo ser contaminado? .......................................... 33
Quais são os hospedeiros no ciclo de desenvolvimento da esquistossomose? .......... 34
Qual é o período de incubação? .................................................................................... 34
CICLO DE VIDA DA ESQUITOSSOMOSE ........................................................................... 34
Quais são os sintomas aparentes?. ............................................................................... 35
Quando achar que tem esquistossomose o que devo fazer? .......................................... 35
As medidas de prevenção e controle da esquistossomose: ............................................ 35
Atribuições dos agentes de combate as endemias no controle da esquistossomose:35
Questões para facilitar a aprendizagem ..................................................................... 36
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ........................................... 36
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 36

Unidade 6
DOENÇA DE CHAGAS ........................................................................................................ 38
O que é a doença de chagas?. ........................................................................................ 39
Como é a transmissão?.................................................................................................... 40
Vetorial ............................................................................................................................. 40
Trasnfusional/transplante ............................................................................................ 40
Vertical ou Congênita ..................................................................................................... 40
Acidental ........................................................................................................................... 41
Oral .................................................................................................................................... 41
Qual é o período de incubação? .................................................................................... 41
Quais são os reservatórios? ........................................................................................... 41
Qual é o quadro clínico de um paciente infectado? .................................................. 41
Algumas situações abaixo reforçam as suspeitas de doença de chagas? ..................... 42
O que fazer se você estiver doente? ............................................................................ 42
Como é feito o diagnóstico? ........................................................................................... 42
Maneiras de controle e prevenção da doença de chagas? .............................................. 42
Quais as maneiras e prevenção no controle da doença de chagas? .............................. 43
Atribuições e objetivos da vigilância epidemiológica da doença de chagas ............... 43
Questões para facilitar a aprendizagem ..................................................................... 44
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ........................................... 44
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 44

Unidade 7
FEBRE AMARELA............................................................................................................... 47
O que é febre amarela? ........................................................................................................ 47
Porque a doença chama-se febre amarela? .................................................................... 47
Transmissão da febre amarela? .................................................................................... 48
Qual é o período de incubação? .......................................................................................... 48
Quanto tempo após a picada do mosquito infectado é possível manifestar os
sintomas? ................................................................................................................................. 48
Sintomas aparentes da febre amarela .............................................................................. 49
Qual é a melhor maneira de evitar a doença? ................................................................. 49
Podem ocorrer reações adversas da vacina na pessoa? ............................................... 49
Fatores de risco para o aparecimento de epidemia ...................................................... 49
Prevenção ......................................................................................................................... 50
Como prevenir ou tratar? ..................................................................................................... 50
Questões para facilitar a aprendizagem .......................................................................... 50
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ........................................ 51
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 51

Unidade 8
LEISHMANIOSE.................................................................................................................. 52
O que é leishmaniose tegumentar americana?. ............................................................. 52
Distribuição da leishmaniose tegumentar americana .................................................. 52
Qual é o vetor? ........................................................................................................................ 53
A transmissão da leishmaniose tegumentar americana? .............................................. 53
Só a fêmea do flebótomos transmite a doença?. ............................................................ 53
O que é a leishmaniose visceral americana? ................................................................... 53
Qual é o agente etiológico?.................................................................................................. 54
Qual é o reservatório?........................................................................................................... 54
Quais são os sintomas da leishmaniose? ........................................................................... 54
Sintomas em seres humanos ............................................................................................... 54
Sinais aparentes em cães infectados ................................................................................ 55
Há tratamento para a leishmaniose? ................................................................................. 55
Algumas medidas preventivas ............................................................................................ 55
Quais as medidas de controle?............................................................................................ 56
Dirigidas aos casos humanos ............................................................................................... 56
Dirigidas ao controle do vetor............................................................................................. 56
O que deve ser realizado pelo programa de vigilância sobre a leishmaniose? ....... 56
Questões para facilitar a aprendizagem .......................................................................... 56

Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ........................................ 57


Referências Bibliográficas ................................................................................................... 57

Unidade 9
LEPTOSPIROSE ................................................................................................................. 59
O que é leptospirose? ............................................................................................................ 59
Qual é o reservatório da leptospirose? ............................................................................. 59
Como é transmitida a leptospirose? .................................................................................. 60
Qual é o agente etiológico?.................................................................................................. 60
Qual o principal transmissor? .............................................................................................. 60
Qual é o período de incubação? .......................................................................................... 61
Quais os procedimentos a ser realizado após ocorrer uma enchente para evitar a
leptospirose?.................................................................................................................... 61
Quais são os sintomas que são causados nos seres humanos pela leptospirose? ... 62
Medidas preventivas no combate da leptospirose ......................................................... 62
O cives recomenda que sejam observados os seguintes cuidados ............................ 62
Questões para facilitar a aprendizagem .......................................................................... 63
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ........................................ 63
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 63

Unidade 10
MALÁRIA ............................................................................................................................ 65
O que é malária? ..................................................................................................................... 66
Como ocorre a transmissão da malária? ........................................................................... 66
Reservatório..................................................................................................................... 66
Período de incubação ........................................................................................................... 66
Quais são os sintomas da doença no ser humano? ......................................................... 67
Área de risco ........................................................................................................................... 67
Objetivos da vigilância sanitária ........................................................................................ 67
Medidas adotadas a pacientes com suspeita de malária .............................................. 67
Assistência ao paciente ........................................................................................................ 67
Qualidade da assistência ...................................................................................................... 67
Confirmação diagnóstica ...................................................................................................... 68
Proteção da população ......................................................................................................... 68
Maneiras de prevenção e combate a malária. ................................................................ 68
Controle vetorial .................................................................................................................... 68
Ações de educação em saúde. ............................................................................................ 68
Estratégia de prevenção ...................................................................................................... 68

Questões para facilitar a aprendizagem ..................................................................... 68


Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo ........................................... 69
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 69
Unidade 1
O QUE É SAÚDE PÚBLICA?

De acordo com JUNIOR (1982) é a ciência e arte de promover, proteger e recuperar a


saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. A saúde pública tem
principal função de educar e prevenir, além de conservar e melhorar a saúde se encarregade
prevenir a doença, orientando não apenas o homem doente, mas também o homem são e
investigando as causas das doenças que existem no ambiente que rodeia, sendo principais
colaboradores da saúde pública a medicina preventiva e social e o saneamento do meio.

A medicina preventiva, que se distingue da medicina curativa, atua por meio de


exames periódicos da imunização, da educação sanitária e de outras medidas7.

A atividade de promoção e manutenção da saúde pública requer maneiras adequadas


de coletas de informações epidemiológicas, com o levantamento dos dados obtidos na pesqui-
sa é possível descrever e explicar a distribuição e ocorrência de doença numa população,
podendo ser evitadas através da medicina preventiva.
Favorecendo a detecção precoce de doenças que anteriormente assolavam várias
regiões, tendo como principal finalidade a medicina preventiva evitar o surgimento e dispersão
das doenças, tanto individual ou coletivo

Na constituição federal de 1988 no artigo 196: A saúde é direito de todos e


dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Com as novas maneiras atuais de prevenção e controle são fundamentais para


evitar a ocorrência de endemias, epidemias e pandemias.

O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)?

É formado pelo conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e


instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das

O sistema Único de Saúde (SUS) resultou de um processo de lutas mobilização,


participação e esforços desenvolvidos por um grande número de indivíduos.

7
Unidade 1
Como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS)?

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema público, organizado e orientado no


sentido do interesse coletivo, e todas as pessoas, independente de raça, crenças, cor, situação
de emprego, classe social, local de moradia, a ele têm direito.

O SUS determina que a saúde seja um direito humano fundamental e é uma


conquista do povo brasileiro.
Nossa o que é uma endemia?
A endemia é a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente
populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período
(temporalmente ilimitada), e que mantêm uma incidência relativamente constante, favorecendo
variações cíclicas e sazonais9.

Observação para entender melhor: endemia são qualquer doença que ocorre
apenas em um determinado local ou região, não atingindo nem se espalhando para
outras comunidades.
Exemplo: É a ocorrência da febre amarela, comum na Amazônia.
A dengue é outro exemplo porque os registros de focos da doença em um espaço
limitado, ou seja, ela não se espalha por toda região, ocorre onde há incidência do mosquito
transmissores da doença.
As endemias ocorrem de varias maneiras sua transmissão, podendo ser contaminação
direta através de contato com o parasita no meio, ou por veiculação através de outros
organismos vivos.

As endemias humanas são responsáveis pela perda potencial de vida saudável9.


Então o que é epidemia?

A epidemia é a ocorrência em uma comunidade ou região, de casos de uma mesma


doença, ultrapassando a incidência esperada. As epidemias presentes desde o inicio da historia
do homem, fenômeno que atinge grupos de indivíduos provocando alterações no modo de
vida1.
Exemplos: Gripe aviária, poliomielite

As doenças possuem formas variadas, e os casos notificados e confirmados


podem ser provocados tanto por uma enfermidade antiga quanto por um novo vírus.

Antigamente, como é relatado por vários historiadores, as populações foram


devastadas por grande ocorrência de epidemias provocando muitas mortes em grande escala.
Porém as epidemias que ocorrem na atualidade são realizadas campanhas de prevenção e

8
controle, já antigamente as pessoas não tinham conhecimento das causas de muitas doenças.
O que será uma pandemia?

É quando uma doença ultrapassa as fronteiras de uma nação transforma-se em


pandemia. Podendo espalhar-se por mais continentes ou por todo mundo, causando inúmeras
mortes.

Exemplos: Aids, tuberculose, peste, gripe asiática, gripe espanhola.

Uma pandemia ocorre quando uma nova cepa do vírus que causa a doença facilmente
transmissível ao ser humano contra a qual a maioria das pessoas não tem imunidade.

Devido à ocorrência da globalização que vem favorecendo doenças


transformarem em uma pandemia, devido aos novos meios de transportes e
circulação da população.
A epidemiologia

A epidemiologia originou-se das observações de Hipócrates feitas há mais de 2000


anos de que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças3.

É a ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de


saúde em populações humanas.

A epidemiologia tem a preocupação com a evolução histórica das doenças nos


indivíduos no coletivo3. Assim a epidemiologia oferece à saúde pública explicações para os
problemas de saúde das populações, permitindo aos divisores optarem em função de
diferentes pressupostos na hora de tomada decisões5.
De acordo com TORRES (2009), quando as ações de vigilâncias foram
descentralizadas surgiu os agentes conhecidos como guarda sanitários, supervisores, guardas
de endemias ou mata mosquitos.
Mas atualmente são conhecidos como agente de combate a endemias com atividades
fundamentais tendo como atribuições o exercício de atividades de vigilância, prevenção e
controle de doenças endêmicas e infecto-contagiosas e promoção da saúde, mediante ações
de vigilância de endemias e seus vetores, inclusive, se for o caso, fazendo uso de substancias
químico, abrangendo atividades de execução de programas de saúde, desenvolvidas em
conformidade com as diretrizes do SUS e sob orientação do gestor.

9
Doenças emergentes e reemergentes

As doenças emergentes são as que surgem com impacto significativo sobre o ser
humano².
São denominadas de reemergentes aquelas doenças bastante conhecidas, que
estavam controladas, ou eliminadas de uma determinada região, e que vieram a ser
reintroduzidas4.
Esses fenômenos vêm sendo associados a fatores demográficos, ecológicos
ambientais, resistência e seleção de agentes aos antimicrobianos, resistência dos vetores aos
inseticidas rapidez e intensidade de mobilização das populações no processo de globalização,
desigualdades sociais, precárias condições de saneamento que favorecem a disseminação de
doenças, entre outros

Questões Para Facilitar a Aprendizagem

1. O que é Saúde Pública?


2. Qual a importância da medicina preventiva?
3. Explicar o que é endemia, epidemia e pandemia, e citar exemplos de cada um?
4. O que é epidemiologia?
5. Diferenciar doenças emergentes e reemergentes?
6. Qual é a importância da Saúde pública para população?
Unidade 2 - Vigilância Sanitária
Breve histórico

Pode-se afirmar que a vigilância sanitária originou-se na Europa dos séculos XVII e
XVIII e no Brasil dos séculos XVIII e XIX, com o surgimento da noção de “política sanitária”,
que tinha como funções regulamentam o exercício da profissão combater o charlatanismo e
exercer o saneamento da cidade, fiscalizar as embarcações, os cemitérios e o comércio de
alimentos, com o objetivo de vigiar a cidade para evitar a propagação das doenças3.
As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de doenças
desenvolvidas sob bases cientificas modernas datam do inicio do século XX e foram
orientados pelo avanço da era bacteriológica e pela descoberta dos ciclos epidemiológicos
de algumas doenças infecciosas e parasitárias2.

Surgindo a expressão vigilância sanitária epidemiológica passou a ser aplicada


ao controle das doenças transmissíveis na década de 50.
A constituição brasileira por meio da lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme
o art. 6°, parágrafo 1°, a seguinte: “Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações
capazes de eliminar diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitárias
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse da saúde abrangendo:
I - O controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionem com a
saúde, compreendidas todas as etapas e processos da produção ao consumo.
II - O controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com
saúde.

Com a formação dos aglomerados urbanos novos padrões de vida


acompanhados por hábitos diferentes da população ocasionaram-se o surgimento
de vários problemas sanitários e ambientais.

Ocorreu a implantação da vigilância sanitária com regras sanitárias para monitorar, por
exemplo, à água fornecida para a população, com fiscalização no gerenciamento e métodos de
manejo e destino dos resíduos sólidos, com essas medidas de prevenção para finalmente
minimizar a dispersão das epidemias.
Essas preocupações com a saúde das populações, e especialmente com as ações de
vigilância sanitária, emergiram do poder público desde os tempos mais remotos. Ao longo dos
tempos, o governo também se desenvolvia e se tornava complexo, diversificado em suas
atribuições. De quem governa uma aldeia para quem governa um estado nos dias de hoje vai
uma grande diferença1.
Unidade 2
Qual é a missão da vigilância sanitária?

Promover e proteger a saúde da população por meio de ações integradas e articuladas de


coordenação, normatização, capacitação, educação, informação, apoio técnico, fiscalização,
supervisão e avaliação em vigilância sanitária.

O que faz a vigilância sanitária?

A vigilância sanitária é um conjunto de ações capazes de eliminar diminuir ou prevenir


riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.

Quem é responsável de organizar o trabalho da vigilância sanitária?

I. Universalidade de acesso à saúde.


II. Integralidade de assistência.
III. Igualdade de assistência.
IV. Preservação da integridade física e moral.
V. Direito à informação.
VI. Divulgação sobre o potencial dos serviços.
VII. Utilização da epidemiologia.
VIII. Participação da comunidade
IX. Descentralização político-administrativa.
X. Integração das ações de saúde, meio ambiente e saneamento
XI. Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos entre
união, estado e municípios.
XII. Resolutividade dos serviços.
XIII. Sem duplicidade alheia serviços.

Quais os riscos à saúde que a vigilância sanitária combate?

Riscos ambientais: surge quando o esgoto o lixo e a água usada em locais públicos
não têm um destino adequado, com a presença de vetores como ratos, baratas e insetos.
Riscos ocupacionais: observados em processos de produção e comercialização de
alimentos e outros produtos, por exemplo, desenvolvidos em locais insalubre; falta de
equipamentos de proteção individual (goros, botas, aventais e mascaras) para profissionais.
Riscos sociais: quando, por exemplo, ocorre a comercialização de alimentos sem
padrão de identidade de qualidade; isto resulta no não atendimento das necessidades básicas
de alimentação de quem compra o produto.

Riscos Institucionais: quando um local público apresenta riscos à saúde individual e


coletiva em função de seus aspectos físicos, higiênicos e sanitários.

Quais são os públicos que fazem vigilância sanitária?

A vigilância é executada por um conjunto de órgãos que compõem o sistema nacional


de vigilância – SNVS, coordenada pela agência nacional de vigilância – ANVISA, ligada
diretamente ao ministério da saúde – MS/SVS.

Quais as áreas de atuação da vigilância sanitária?

 Locais de produção e comercialização de alimentos: fábricas restaurantes,


bares, produtores de laticínios, mercados, frutaria, açougue, peixaria, matadouro,
frigorífico etc.
 Áreas de lazer: shopping, cinemas, clubes, ginásios de esportes, óticas, postos de
gasolina, estádios, piscinas etc.
 Saneamento básico: redes de esgoto, fornecimento de água etc.
 Locais públicos: escolas, cemitérios, presídios, hospitais, clínicas, farmácias,
portos, aeroportos, área de fronteira etc.
 Fábricas: medicamentos, produtos químicos, de agrotóxicos, de cosméticos, de
perfume etc.

Estas definições denotam a abrangência das ações de Vigilância Sanitária – VISA e sua
natureza essencialmente preventiva, contendo especificidades que a diferenciam de outras
ações e serviços de saúde, devido ao vínculo estreito com os setores econômico, jurídico,
público e privado e com a organização econômica da sociedade e seu desenvolvimento
tecnológico e cientifico que abrangem um amplo espectro dos elementos determinantes do
processo saúde-doença-qualidade de vida e que podem ser entendidos como riscos
relacionados à produção circulação e consumo de bens e serviços4.
Unidade 2
O que compete ao estado na vigilância sanitária?

 Coordenar o sistema estadual de VISA;


 Legislar em caráter suplementar;
 Orientar os municípios na elaboração de atos normativos e legais para implantação
do serviço de VISA;
 Legislar em caráter suplementar;
 Orientar os municípios na elaboração de atos normativos e legais para implantação
do serviço de Vigilância Sanitária;
 Capacitar, planejar, programar e exeAs caixas d'água e cisternas dos prédios devem
ser limpas com freqüênciascutar, em caráter complementar, as ações de VISA;
 Monitorar e avaliar o processo de descentralização das ações de VISA;

O que compete ao município na vigilância sanitária?

 Planejar, implementar e executar ações de vigilância sanitária com a cooperação


técnica e financeira da união e do estado;
 Normatizar em caráter suplementar, observado o critério interesse local;
 Gerenciar o sistema de informação em vigilância sanitária;

É importante ressaltar que todos os componentes do Sistema Nacional de


Vigilância Sanitária (SNVS) têm atribuições de normatizar e fiscalizar em caráter
complementar e dentro dos princípios da hierarquização e descentralização das
ações, de acordo com modelo de organização proposto pelo SUS.

Quais são os poderes da vigilância sanitária?

Educando e orientando: é o poder pedagógico e educacional, ou seja, é a capacidade


que os profissionais da vigilância sanitária possuem para orientar e educar em vigilância
sanitária.
Reprimindo e impedindo irregularidades: é o poder de polícia, exclusivo do estado,
executado quando ocorrem fiscalizações, aplicações de intimações e infrações, interdição de
estabelecimentos, apreensão de produtos e equipamentos etc.

De acordo com a lei 8.080/90, art. 15; a união, os estados o distrito federal e os
municípios cada um tem suas atribuições quando o assunto é vigilância sanitária com
fundamental importância cabe aos municípios a execução de todas as ações de vigilância,
desde que assegurados nas leis.
Questões para Facilitar a Aprendizagem

1. Definição de vigilância sanitária?


2. Qual é a missão da vigilância sanitária?
3. Quais são princípios do SUS?
4. Citar os riscos à saúde que a vigilância sanitária combate?
5. Quais órgãos públicos que compões a vigilância sanitária?
6. Quais são as áreas de atuação da vigilância sanitária?
7. Quais os poderes da vigilância sanitária?

Referências Bibliográficas

6. ANVISA. Cartilha de vigilância sanitária. 2ª edição – Brasília, 2002.


7. BRASIL. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Ministério da
Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – 4ª edição – Brasília, 2004. 332p.
8. EDUARDO, M. B. P.; MIRANDA, I. C. S. Vigilância Sanitária. São Paulo:
Faculdade de saúde pública da Universidade de São Paulo. Série Saúde & Cidadania, vol.8,
1998
9. SUVISA. Guia para implantação da vigilância sanitária municipal. Uma
orientação aos gestores. 1ª edição – Natal-RN, 2007. 124p.
10. S E C R E TA R I A D A S A Ú D E D E S A N TA C ATA R I N A . D i s p o n í v e l :
<http://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/cartilha_visa/index.htm>. Acesso
em 28 dezembro 2011.

Anotações
Anotações
Unidade 3
DOENÇAS DE INTERESSE PARA A SAÚDE PÚBLICA: NOÇÕES BÁSICAS,
PREVENÇÃO, SINTOMAS, CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TRANSMISSORES E
CAUSADORES DAS ENDEMIAS.
Cólera
A História da doença sempre esteve associada à Índia, ficou conhecida pelos navegado-
res árabes e europeus nos séculos XV e XVI, em suas viagens pelos grandes deltas da Ásia
meridional, sendo o primeiro registro de difusão da doença para outros continentes ocorreu em
18172.

A primeira pandemia, ocorrida no período de 1817 a 1823, estendeu-se do vale


do Rio Ganges a outras regiões da Ásia e ao Norte da África.

O que é cólera?

A cólera é uma doença infecciosa intestinal aguda causada pelo Vibrio cholerae.

A cólera é uma doença típica de regiões que sofrem problemas de


abastecimento de água tratada; a sujeira e os esgotos a céu aberto influenciam no
aumento de casos de doenças1

Qual é o agente causador da cólera?

É uma bactéria chamada de Vibrio Cholerae, microorganismo aquático é autóctone


natural do ecossistema aquático e pode ser encontrado em forma livre na água2.

Vibrio Cholerae
Fonte: Cultura mix

O microorganismo é sensível ao dessecamento, exposição ao sol, cloro e


outros desinfetantes, fervura, pH menor do que 5 e à competição com outros

Como é o modo de transmissão?

A transmissão ocorre através do consumo de água e alimentos contaminados por


bactérias Vibrio Cholerae.
17
Unidade 3
Qual é o período de incubação?

É o tempo transcorrido entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas, que varia


de algumas horas a cinco dias.

Quais são os aspectos clínicos?

As manifestações mais freqüentes são diarréia e vômitos, quando na ocorrência de


casos mais graves apresentando diarréia aquosa, com inúmeras evacuações diárias, as fezes
têm aparência amarelo-esverdeada, sem pus, muco ou sangue.

Quando os aspectos clínicos são, mas graves ocorre perda de muito liquido
provocando uma intensa desidratação podendo levar a morte

Existe alguma vacina para cólera?

Há uma vacina oral, para cólera que se pode administrar a indivíduos com mais de 2
anos de idade.

A cólera pode ser tratada?

Sim, as formas leves e moderadas da doença devem ser tratadas através de


reidratarão oral, quando nas formas graves deve ser instituída, a hidratação venosa ou o
tratamento médico terapêutico que tem por base o uso de antibióticos baseados na
sintomatologia do paciente.

Quais são as maneiras de prevenção?

Lavar as mãos com água e sabão antes de comer e preparar alimentos e após usar o
banheiro; beber somente água tratada ou de qualidade; consumir somente frutas e verduras
desinfetadas.

Muito cuidado: A água talvez apresente uma aparência de limpa e transparente,


porém pode estar contaminada com Vibrio cholerae

18
Quais são os procedimentos utilizados para tratar a água para o consumo?

 Ferver a água durante 5 minutos.


 Filtre a água podendo usar pano limpo ou filtro de barro e depois adicione 2 gotas de
hipoclorito de sódio a 2,5% para cada 1 litro de água e espere 35 minutos para beber.

Fervendo a água.
Fonte: Ciência hoje

Quais são as etapas utilizadas para desinfetar as verduras e frutas?

 Desfolhar as verduras, como alface e couve.

Procedimento: Mergulhar as folhas e frutas em solução de hipoclorito de sódio


2,5%, na proporção de 1 colher das de sopa para cada 1 litro de água, e deixar agir
por 30 minutos.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. O que é cólera?
2. Quais são os sintomas aparentes?
3. Como se pega cólera?
4. Citar algumas maneiras de prevenção da cólera?
5. Quais são os cuidados com água de beber?
6. Qual a maneira correta do tratamento da água para consumo?
7. Citar algumas maneiras utilizadas para desinfetar as verduras e frutas para o
consumo?

Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Elaborar as possíveis condições que ocorre em seu município que possa favorecer a
entrada e disseminação da cólera?

19
Unidade 3
2. Realizar a produção de um panfleto sobre campanha de conscientização contra a
cólera?
3. Assistir um vídeo sobre a cólera?

Referências Bibliográficas

1. FILHO, P. M. Doença negligenciada. 1ª edição. Rio de Janeiro, 2008. 11p.


2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual integrado de vigilância epidemiológica da
cólera. Brasília, 2008. 165p.

Anotações

20
Unidade 4
DENGUE

Aedes Aegypti
Fonte: MS

O que é dengue?

Atualmente é a mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério
problema de saúde publica no mundo. É originário do Egito espalhou-se pelo mundo pelo
oeste da África5. Sendo disseminado por meio de embarcações nas colonizações, na
atualidade o meio de dispersão é através de automóveis aviões, caminhões entre outros;
principalmente quando um criadouro e transportado de uma determinada região para outro
lugar; devido a grande resistência a dessecação, ou seja, quantidade de tempo que o ovo
resiste sem contato com a água.

Com maior ocorrência em países tropicais devido às condições climáticas e


ambientais beneficiando a proliferação do vetor da dengue.

Porque a dengue se espalha e agrava-se pelo Brasil?

A organização mundial da saúde (OMS) estima que 2,5 bilhões de pessoas, ou seja, 2/5
da população mundial estão sob risco de contrair dengue e que tem registro de ocorrência de 50
milhões de casos.
Na atualidade a proliferação do vetor da dengue nas Américas tem apresentado um
quadro crescente, com a ocorrência de milhares de casos de dengue nos referentes países,
pelo Brasil, Colômbia, Venezuela, Costa Rica e Honduras.
No Brasil, há referências de epidemias por dengue desde 1923 no Rio de Janeiro mas
sem confirmação laboratorial. Sendo que a primeira epidemia com confirmação laboratorial em Boa
Vista (RR), no período de 19823.

21
Unidade 4
A expansão da dengue no Brasil deu-se por meio das condições favoráveis que o
vetor encontrou que surgiu com crescimento das cidades, devido precárias,
condicionando a formação de criadouros facilitando à circulação do vírus da dengue

Quando o Aedes aegypti encontra condições ideais para seu desenvolvimento e


proliferação, ocorre uma grande infestação do mosquito, como é o caso dos estados que estão
infestados, conforme demonstra o mapa abaixo, a distribuição dos municípios infestados pelo
Aedes aegypti,2009:

Fonte: SES

Qual é o agente etiológico?

Tem como agente etiológico um arbovírus do gênero flavivírus da família flaviridae do


qual existem quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.

Anteriormente ocorria a manifestação dos vírus DEN-1, DEN-2, DEN-3, sendo


introduzido no Brasil DEN-4; podendo espalhar-se pelas regiões do país, esse vírus
é comum na América Central, na Ásia e na África. O problema com a introdução da
DEN-4, é que pessoas que já contraíram algum tipo de vírus da dengue e o sistema
imunológico de quem já tiveram a doença fica comprometido caso seja
contaminado novamente por outro tipo de vírus, podendo manifestar-se com uma
maior gravidade
Porém quando a pessoa é infectada por um deles, adquirir proteção permanente para o
mesmo sorotipo e imunidade parcial.

Como ocorre a transmissão?

A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea da espécie vetora do Aedes aegypti.

22
Quando contaminado o mosquito ao picar uma pessoa infectada que se apresenta na fase virê-

23
Unidade 4
mica da doença, apto após um período de 10 a 14 dias, hábil em transmitir o vírus no decorrer de
sua vida através de suas picadas; figura ilustrando abaixo mostrando a picada do mosquito:

Mosquito Aedes aegypti


Fonte: ISP

Não há transmissão por contato direto com um doente ou suas secreções com uma
pessoa sadia nem fonte de água ou alimento1.

Quais são as fases do desenvolvimento do mosquito?

O desenvolvimento ocorre através de metamorfose completa, compreendendo 4


fases: ovo, larva, pupa e adulto.

Fases do desenvolvimento do mosquito.


Fonte: Professor Interativo

Quais são as etapas das fases do desenvolvimento do Aedes aegypti?

Ovo
Na postura dos ovos as fêmeas depositam nas
paredes internas dos objetos que propicia as condições
adequadas, vindo a transformar-se em criadouros sendo
postos em ambientes escuros, úmidos e bem próximo da
superfície da água.
No instante que ocorre a postura dos ovos são Ovo do Aedes aegypti
Fonte: ISP

brancos, mas rapidamente adquirem a cor negra brilhante3; como ilustra figura acima:

22
Unidade 4
Os ovos do Aedes aegypti são capazes de resistir a longos períodos de
dessecação, podendo prolongar-se por, mas de 365 dias, quando em contato com a
água vindo a eclosão3

Devido a essa resistência a dessecação, ocasiona um grande problema no combate ao


Aedes; pela facilidade que os ovos podem ser transportados a grandes distâncias sendo uma
principal forma de dispersão.
Larva
A fase larvária é a fase que ocorre a alimentação e o crescimento, essa fase acontece
em recipientes com água que venham a se transformar em criadouros.
Tendo uma intensa alimentação de partículas orgânicas, porém não resistem
ambientes poluídos.
A larva é composta de cabeça, tórax e abdômen possuem um sifão para sua respiração,
quando necessita respirar vem à superfície, tendo um movimento em “S” em seu deslocamento,
como ilustra figura abaixo:

Fonte: SAM - IEC/LRS

É nessa fase que ocorre maior vulnerabilidade, favorecendo as ações de prevenção e


erradicação do Aedes aegypti3

É fundamental combater a larva para diminuir a infestação de mosquitos


através de eliminação de criadouros, por exemplo: manter garrafas de boca para
baixo, vasos de flores secos, caixa d’água fechada etc.

Pupa
Nesta fase as pupas não se alimentam, ocorrendo a transformação do estágio larval
para o adulto; ficam na superfície da água facilitando o surgimento do inseto3.
Este estágio de dois a três dias, como ilustra a figura abaixo:

Fonte: DIVE/SC

24
Adulto
Após emergir do estágio pupal, fica um período de várias horas em repouso sobre
as paredes internas dos recipientes para endurecimento do esqueleto externo e das asas.
Após 24 horas da emersão, podem acasalar abrigam-se nas partes externas nas
habitações, preferencialmente em locais úmidos sombreados e na vegetação 4.

Fonte: ISP/PR

A dispersão do Aedes aegypti a grandes distâncias se dá, geralmente, como


resultado do transporte dos ovos e larvas em recipientes.

Os adultos de Aedes aegypti, podem permanecer vivos em laboratório durante meses,


mas, na natureza, vivem em média de 30 a 35 dias; com uma mortalidade diária de 10% a
metade dos mosquitos morre durante a primeira semana de vida e 95% durante o primeiro mês3.

Quais são os sintomas?


Os primeiros sintomas é febre alta de 39°C a 40°C, sendo apresentado de três
formas: Dengue Clássica; Dengue Hemorrágica; Síndrome do choque da dengue.

Dengue clássica: em primeiro momento ocorre a manifestação de febre alta variando


de (39°C a 40°C), seguida de cefaléia, mialgia, prostação, artralgia, anorexia, astenia, dor
abdominal, náuseas, vômitos, com duração de cerca de 5 a 7 dias2.

Paciente com dengue clássica


Fonte: Dr. Karl

Dengue hemorrágica: os sintomas iniciais são semelhantes aos do dengue clássica,


porém há um agravamento do quadro no terceiro ou no quarto dia de evolução, com
aparecimento de manifestações hemorrágicas e colapso circulatório em diversos órgãos1.

25
Unidade 4

Manifestação cutânea: dengue Hemorrágica


Fonte: Portal de Saúde/portal. saude.gov.br

Síndrome do choque da dengue: nos casos graves de febre hemorrágica da dengue


(FHD), o choque ocorre geralmente, entre o 3 e o 7 dias de doença, frequentemente precedido
por dor abdominal. O choque ocorre devido ao aumento da permeabilidade vasculares seguida
de hemoconcentração e falência circulatória. A sua duração é curta e pode levar a óbito em 12 a
24 horas ou à recuperação rápido frente terapia antichoque e apropriada.

Quais remédios deve se evitar com suspeita de dengue?

A pessoa com suspeita de dengue não pode tomar remédios a base de ácido-acetil
salicílico, como por exemplo: aspirina, AAS, melhoral, doril, sonrisal, engov dentre outros, pois
esses remédios podem favorecer o aparecimento de hemorragias.

Esses medicamentos têm efeito anticoagulante, diminui a ação das plaquetas,


ocasionando o risco de hemorragia.

Quando houver suspeita de dengue?


A pessoa suspeita de dengue deve de inicio receber soro de hidratação oral; ser
encaminhada ao centro de saúde mais próximo para realização da consulta médica, todas
as pessoas com suspeita de dengue devem beber muita água, mesmo na espera para ser
atendido.
Nunca, ou seja, já mais deve tomar medicamentos sem orientação médica.

26
Porque não existe vacina contra a dengue?
Ainda não existe vacina contra a dengue.

É muito complexo desenvolver a vacina contra a dengue, porque possuem


quatro vírus identificados, uma vacina para um tipo não ocorre imunização para o
outro. É necessário fazer uma combinação de todos os vírus, para elaborar uma
imunização contra a doença.

Qual é o tratamento para o paciente com dengue?


A pessoa deve repousar e ingerir muito liquida, evitando refrigerantes. O tratamento vai
depender do tipo de manifestação da doença, podendo variar de intensidade e gravidade.Em
relação dengue clássica não há tratamento específico para o paciente, o médico deve tratar os
sintomas, como as dores no corpo, cabeça.

É fundamental que o paciente fique em repouso e tomando bastante líquido.

Já os pacientes com Febre hemorrágica da dengue (FHD) é necessário realizar uma


avaliação rigorosa com muito cuidado para que sejam combatidos os primeiros sintomas de
choque por dengue, como a queda da pressão, que é o quadro mais complicado, podendo ser
repentino.

EO período crítico acontece na transição da fase febril para a sem febre, sendo
observado lá pelo terceiro dia da doença, risco é o de uma falsa sensação de
melhora, o paciente descuida do repouso, ocasionando um agravamento repentino.

O que fazer para prevenir-se contra a dengue?


É fundamental a participação da população na prevenção e controle do Aedes aegypti
vetor da dengue.
A prevenção e controle da dengue é uma tarefa que exige um esforço em conjunto de
todos, através de simples medidas como, por exemplo:
 Vasos de flores ou plantas, manter o mato seco com areia.
 Recipientes plásticos devem ser furados antes do descarte.
 Fechar bem os sacos plásticos e manter lixeiras tampadas.
 Garrafas e baldes vazios devem ser guardados de cabeça para baixo.
 Guardar pneus velhos em local coberto.
 Manter sempre fechadas as tampas de vasos sanitários.
 Deixar caixas d'água sempre fechadas.
 Realizar limpeza das calhas.
 As caixas d'água e cisternas dos prédios devem ser limpas com freqüências.

27
Unidade 4
É importante evitar o contato do mosquito com o ser humano, mas como é
impossível eliminar o mosquito, tendo como método de prevenção a eliminação das
larvas, antes de transformarem em mosquito, sendo a fase mas vulnerável do ciclo
ocorrendo maior êxito na eliminação do vetor.

Porque atualmente as epidemias de dengue vêm aumentando?


Devido o crescimento populacional com condições sanitárias inadequadas favorece o
aumento da reprodução de mosquitos devido a:
 Fornecimento inadequado de água.
 Práticas tradicionais irregulares no armazenamento de água.
 Falta de coleta de lixo (favorecendo o surgimento de criadouros de mosquitos).
 Novos meios de transporte, ocorrendo à movimentação de pessoas infectadas.
 A resistência que o mosquito adquiriu aos inseticidas.

EO vetor realiza adaptação ao ambiente urbano, principalmente aos criadouros


artificiais produzidos na atividade diária da população facilitando a ocorrência de
epidemias.

As atribuições dos agentes no combate aos vetores são?


 Realizar pesquisa larvária em imóveis para levantamento de índices.
 Descobrimento de focos e eliminação; tendo como método controle mecânica
(remoção, destruição, vedação, etc.).
 Orientar a população com relação aos meios de evitar a proliferação dos vetores.
 Repassar as informações coletadas no trabalho de campo para seu supervisor.
 Executar tratamento focal em recipientes que não podem ser eliminado.

O agente de combate a endemias é fundamental no desenvolvimento de ações


como educação em saúde, mobilização comunitária com a finalidade a prevenção e
combate a endemias.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. Qual é o transmissor da dengue?


2. Quais os tipos de dengue?
3. Quais são as etapas do ciclo do desenvolvimento do Aedes aegypti?
4. Citar maneiras de prevenção e controle da dengue?

28
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Distribuir panfletos educativos aos alunos, após a leitura do informativo proceder


com a discussão sobre o assunto?
2. Após a leitura do panfleto, analisar sua importância como meio de informação à
comunidade?
3. Realizar a produção de um panfleto educativo na divulgação da campanha de
prevenção e controle da dengue em sua cidade?
4. Dividir os alunos em grupos e orientá-los para realizar o levantamento do
ambiente interno e externo da instituição de ensino:
5. Para monitorar os objetos e situações que possa transformar-se em criadouros.
6. Desenvolver maneiras e medidas de prevenção que devem ser realizadas.
7. Quando terminado a pesquisa em sala de aula os grupos realizar troca de
informações.

Proposta educativa
1. Assistir um filme sobre a dengue para enfatizar o aprendizado no
desenvolvimento do Aedes aegypti e na prevenção e controle.

Referências Bibliográficas

1. BRASIL. Guia de vigilância epidemiológica. Ministério da Saúde, Secretaria


de Vigilância em Saúde. 6ª edição – Brasília, 2005. 816p.
2. BRASIL. Doenças infecciosas e parasitarias: guia de bolso. Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 6ª edição – Brasília, 2005. 317p.
3. FUNASA. Dengue instruções para pessoal de combate ao vetor: manual de
normas técnicas. Ministério da Saúde. 3ª edição revisada – Brasília, 2001. 84p.
4. SANTA CATARINA. Guia de orientação para treinamento de técnicos de
laboratório de entomologia. Secretaria de Estado da Saúde. Gerência de Vigilância de
zoonoses e entomologia. 2008. 73p.
5. TIMERMAN, A.; NUNES, E. P.; NETO, J. L. A. LUZ, K. G.; HAYDEN, R. L. Primeiro
painel de atualização em dengue. Revista Panam Infectol, vol. 11, n.1, p. 44-51, 2009.

29
Anotações

30
Unidade 5
ESQUISTOSSOMOSE

É uma doença infecciosa parasitaria causada por um verme muito pequeno denomina-
do schistosoma mansoni (figura abaixo ilustrada):

Schistosoma mansoni
Fonte: Portal São Francisco

A esquistossomose é um dos maiores problemas de saúde pública nas regiões tropical


e subtropical. Originou-se provavelmente no Egito a esquistossomose mansônica espalho-se
por vasta área do território africano, seguindo os cursos dos grandes rios1.
Chegou ao Brasil com os escravos africanos trazidos pela colônia portuguesa, mas há
referências da doença muito antes dessa época; ovos do esquistossomo que causa essa
endemia foram encontrados em múmias chinesas de mais de dois mil anos3.
A espécie existente no Brasil foi descrita em 1907, pelo inglês Sambon, que a
nomeou Schistosoma mansoni em homenagem a Manson.

No Brasil estima-se que cerca de 6 milhões de indivíduos estejam infectados e


25 milhões, expostos aos riscos de contrair a doença.

Onde se encontra a esquistossomose?


A esquistossomose mansônica é encontrada na África, Ásia e na América do Sul. No
Brasil áreas endêmicas importantes abrangem os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais4.

Quais os nomes populares?


É também conhecida como “doenças dos caramujos”, “Barriga d'água” ou “Xistosa”.
esquistossomose mansônica é encontrada na África, Ásia e na América do Sul.

31
Unidade 5
Como ocorre á transmissão?
É uma doença de veiculação hídrica, cuja transmissão ocorre quando os indivíduos
susceptíveis entram em contato com águas superficiais onde existam caramujos que liberam
cercárias, (como ilustra a figura abaixo da transmissão):

Ciclo de vida da esquistossomose.


Fonte: DEMSUR

Pessoas doentes defecam as margens de lagos rios, quando ocorre a chuva arrasta as
fezes contaminadas com ovos do verme, os ovos eclodem e viram larvas que penetram no
caramujos que liberam as cercárias que penetram através da pele nas pessoas que banham
nessa água.

A partir de 5 semanas após a infecção a pessoa já elimina os ovos nas fezes, e


permanece assim durante vários anos.

Quando estou em área de risco podendo ser contaminado?


Observarem-se em lagos, lagoas, represas, rios que pretende entrar caso seja
encontrado caramujos podendo ocorrer risco de ser parasitado por cercárias.

Pessoas em risco de contaminação.


Fonte: Laboratório de ecoepidemiologia/FIOCRUZ

32
A suscetibilidade ao verme é geral sendo independente a pessoa, quando em
contato com as cercárias, contraí a doença.

Quais são os hospedeiros no ciclo de desenvolvimento da esquistossomose?


No ciclo da doença, estão relacionados dois hospedeiros, o definitivo (homem) e o
intermediário (caramujo aquático).

Qual é o período de incubação?


O período de incubação ocorre em média de 1 a 2 meses após a infecção.

A pessoa pode estar contaminada mesmo sem ter a barriga d' água nome
popular da doença.

CICLO DE VIDA DA ESQUITOSSOMOSE

No ciclo da esquistossomose hospedeiro intermediário e definitivo.


Fonte: Portal São Francisco.

 Pessoa infectada defeca na água em rios, lagos, represas etc.


 Os ovos quando em contato com a água eclodem e liberam as larvas chamadas de
miracídios, que penetram nos caramujos.
 Após o caramujo ser um hospedeiro intermediário, liberam larvas chamadas
cercárias; que penetram nas pessoas através da pele, quando entram em contato
com a água.
 Quando em contato com a pele da pessoa as cercárias caem na corrente sanguínea,
sendo o fígado o órgão preferencial.
No fígado, as formas jovens se diferenciam sexualmente e crescem alimentando-se de
sangue, migram para as veias do intestino onde alcançam a forma adulta acasalam-se
2
e iniciam a postura de ovos recomeçando o ciclo .

33
Unidade 5
Quais são os sintomas aparentes?
 Primeiramente ocorre a presença de sangue na urina.
 Ocorrência de coceiras na pele, febre, tosse, diarréia, enjôos, aumento do tamanho
do fígado e do baço, emagrecimento.
 Evoluindo para um quadro crônico com diarréia alternada com pressão-de-ventre,
hemorrágicas etc.

Caso a infecção não é descoberta e devidamente tratada os sintomas


aparecem e a doença evolui.

Quando achar que tem esquistossomose o que devo fazer?


Imediatamente procurar o centro de saúde, para serem realizados os procedimentos,
em primeiro momento o caso suspeito deve ser submetidos a exame parasitológico de fezes
caso seja confirmado a suspeita o paciente deve ser tratado.

Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e tratamento


cirúrgico.

As medidas de prevenção e controle da esquistossomose:


 A pessoa infectada não defecar próximos a corpos hídricos, sempre em sanitários ou
privadas.
 Não entrar em lagos, rios, lagoas, represas que possuem caramujo; reduzindo o
contato da pessoa com o agente etiológico.
 Desenvolver ações de educação em saúde para prevenção e controle.
 Monitoramento de corpos hídricos, para avaliar se à ocorrência e possibilidade de
transmissão.
 Controle biológico por meio de inimigo naturais dos moluscos.
 Realização da coleta e tratamento de dejetos gerados pela população.

Não existem vacinas contra a esquistossomose; a prevenção consiste em


evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários
liberando cercárias.

Atribuições dos agentes de combate as endemias no controle da esquistossomose:


 Quando surgem casos suspeitos identificando sinais e sintomas da
esquistossomose devem ser encaminhados os casos suspeitos para as unidades de
saúde, mas próximas.
 Realizar o acompanhamento do tratamento dos portadores de Schistosoma
Mansoni.

34
 Monitorar os corpos hídricos através de levantamento de áreas que venha trazer
risco as pessoas na possível transmissão.
 Orientar a comunidade através do desenvolvimento de ações educativas no controle
de esquistossomose.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. O que é esquistossomose?
2. Como se adquiri esquistossomose?
3. Quais os sintomas aparentes?
4. Qual é o hospedeiro intermediário e definitivo?
5. Quando uma pessoa suspeita com esquistossomose, quais os procedimentos
a ser tomados?
6. Elaborar uma lista de maneiras de prevenção no combate a esquistossomose?

Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Distribuir panfletos educativos sobre campanhas de prevenção e combate entre


os alunos e realizar uma analise e trocar informações?

2. Elaboração de um panfleto educativo para campanha de prevenção e controle


com informações sobre esquistossomose.

3. Assistir algum vídeo sobre esquistossomose e seu ciclo de desenvolvimento


completo.

DOENÇA DE CHAGAS

De acordo com KROPF & MASSARANI (2009), o médico pesquisador mineiro Carlos Chagas
em abril de 1909, notificou a descoberta de uma nova doença tropical que ficou conhecida como a
doença de chagas, levando o sobrenome do pesquisador; sendo uma contribuição fundamental para o
cenário cientifico internacional sobre as doenças tropicais.

35
Unidade 5

Carlos Ribeiro Justiniano Chagas


Fonte: IVFRJ

Na América Latina essa doença é uma das principais endemias, sendo um dos seus
maiores problemas sanitários1. Este fato reforça a importância de garantir a sustentabilidade
das ações voltadas para seu enfrentamento5.
Segundo ARGOLO et al. (2008), uma das dificuldades em se combater os insetos
vetores da doença (barbeiro), é o fato de novas espécies ocuparem nichos que eram antes
ocupados por outras, além de passarem a habitar o interior dos domicílios chegando as
residências através dos animais ou por moradores que trazem algum material para dentro das
casas, como por exemplo lenha, palha etc.; sendo principalmente encontradas em casas de
zonas rurais.

Barbeiro
Fonte: Revista Veterinária

O risco de contrair o mal de chagas está associado às precárias habitações nas áreas rurais,
pois este inseto se aloja nas frestas das paredes de barro das casas da população menos favorecidas3.

Estima-se que existam no Brasil em torno de dois milhões de indivíduos


infectados, em razão da interna transmissão vetorial do passado6.

36
Unidade 6
No período de 2000 a 2009, no Brasil registrou-se casos isolados e surtos de doença de
chagas aguda, com maior freqüência na região da Amazônia legal e alguns registros de
episódios nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Santa Catarina e São Paulo, sendo distribuídos
entre 87 municípios brasileiros, como indica o mapa abaixo a distribuição do número de casos
de doença de chagas:

Distribuição dos casos da doença de chagas aguda, Brasil, 2000 a 2009.


Fonte: Sinan/SVS/MS.

Segundo ARGOLO et al. (2008), as alterações ocorridas pelas atividades


desenvolvidas pelo homem influenciaram a distribuição do barbeiro, como por exemplo o
desmatamento para implantação da agricultura favorecendo a ocorrência do desequilíbrio do
ecossistema, surgindo novo comportamento dos vetores.
Para melhor conhecimento a respeito da doença de chagas e seu desenvolvimento e
sua transmissão ao homem, foi desenvolvido alguns conceitos fundamentais.

O que é a doença de chagas?


A doença de chagas também é conhecida como tripanossomíase americana. A doença
de chagas é uma das conseqüências da infecção humana produzida pelo protozoário flagelado
Trypanossoma cruzi3.

38
Trypanossoma cruzi
Fonte: Aprender Ciências

Como é a transmissão?
Em geral, é transmitida quando um inseto barbeiro infectado com o protozoário
Trypanossoma cruzi suga o sangue de uma pessoa, elimina fezes com parasitas próximo do
lugar onde sugou, penetrando no orifício da picada ou por coceira.

Este animal “barbeiro” tem hábito noturno, alimenta-se exclusivamente do


sangue de animais vertebrados, tendo como seu ambiente de vivência em frestas
de casas a pau a pique, camas e colchões, depósitos, ninhos de aves, tronco de
árvores, dentre outros locais, preferência em lugares mais próximos à sua fonte de
alimento.

Modo que ocorre a transmissão.


Fonte: Portal São Francisco

A transmissão do Trypanossoma cruzi para o ser humano pode ocorrer por diversas,
formas de acordo com Organizações Pan Americana da Saúde, (2009): vetorial; transfusional;
vertical ou congênita; acidental; oral.
Vetorial: ocorre por meio das fezes dos “barbeiros” ou “chupões” após o repasto
sanguíneo defecam, junto com as fezes são eliminados formas infectantes de tripomastigotas
metacíclicos.
Trasnfusional/transplante: ocorre pela passagem por transfusão de sangue ou
hemocomponentes ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptoras sadios.
Vertical ou Congênita: é a passagem de parasitas de mulheres infectadas pelo
trypanossoma cruzi, para seus bebês durante a gestação ou o parto.

39
Unidade 6
Acidental: ocorre pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material
contaminado durante manipulação em laboratório, sem o uso adequados de EPI'S.
Oral: através da ingestão de alimentos contaminados com parasitas provenientes de
triatomíneos infectados.

No Brasil, foram registrados casos da infecção transmitida por via oral nas
pessoas que tomaram caldo-de-cana.

Quando o inseto suga o sangue de um animal com a doença, este inseto


passa a carregar consigo o protozoário. Porém ao se alimentar através da picada
em uma pessoa saudável pode transmitir o parasita.

Qual é o período de incubação?


Na fase aguda acostuma aparecer 5 a 14 dias após a picada do inseto vetor. Quando
adquirida por transfusão de sangue o período de incubação varia de 30 a 40 dias. Em geral as
formas crônicas da doença se manifestam mais de 10 anos após a infecção inicial2.

Quais são os reservatórios?


São mamíferos silvestres, como o gambá, tatu, tamanduá, quati, porco espinho,
roedores, além de animais domésticos como cão, gato e rato.

Fontes de alimentação silvestres de triatomíneos.


Fonte: FIOCRUZ.

Qual é o quadro clínico de um paciente infectado?


Nos primeiros dias após a picada a pessoa pode apresentar os seguintes sintomas:

40
 Febre
 Falta de apetite
 Mal – estar
 Inflamação leve no local da picada são sintomas comuns no momento da infecção
chamada fase aguda.

A manifestação da doença ocorrerá mesmo depois de muitos anos depois, na fase


crônica, quando o coração já este gravemente comprometido.
Os sintomas em um indivíduo infectado vão apresentar varias manifestações clínicas,
como a falta de ar, tonturas, taquicardia, braquicardia e inchaço nas pernas, além do parasita
lecionar o fígado e no sistema nervoso e linfático1.

EO sintoma não sempre perceptível o indivíduo pode saber que tem a doença
de 20 a 30 anos após ter sido infectado, através da realização do exame de sangue.

Algumas situações abaixo reforçam as suspeitas de doença de chagas?


 Residente/visitante de área com ocorrência de triatomíneos.
 Tenha sido recentemente transfundido/transplantado.
 Tenha ingerido alimento suspeito de contaminação pelo Trypanossoma cruzi.
 Seja recém-nascido de mãe infectada.

O que fazer se você estiver doente?


Procure um posto de saúde imediatamente da sua cidade para receber orientações.

Como é feito o diagnóstico?


O diagnóstico é realizado por métodos sorológicos são aqueles que buscam identificar,
no sangue do indivíduo, a presença de anti-corpos produzidos pelo organismo contra o
trypanossoma cruzi, evidenciando desta forma a contaminação pelo parasita.

Não há vacina e nem remédio para prevenir a doença.

Maneiras de controle e prevenção da doença de chagas?


Para o adequado desenvolvimento controle da doença de chagas, é fundamental que as
equipes de saúde, com ênfase nas equipes de atenção primária, incorpore, em seu processo de
trabalho, ações de vigilância que integrem a questão ambiental envolvendo reservatórios, vetores
e população humana5.

41
Unidade 6 Com a interrupção da transmissão vetorial da doença de chagas pelo triatoma infestans
é necessário fortalecer a vigilância nas áreas consideradas de risco, para impedir a sua
introdução6.
De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), um primeiro desafio para
enfrentar a doença de chagas e outras enfermidades negligenciadas é criar uma estrutura que
permita o tratamento; essa situação é bem complexa e difícil devido a maioria das pessoas
infectadas ou em lugares de difícil acessos, não ocorrendo atendimento adequado.

Quais as maneiras e prevenção no controle da doença de chagas?


 Aplicação de inseticidas, o inseto não possui grande resistência.
 Melhoria nas habitações.
 Não deixar animais domésticos ficar entrando em casa.
 Orientar população em áreas de risco, por meio de educação e informação sobre o
barbeiro.
 Desenvolver ações sobre as fontes de infecção.
 Evitar consumo de carne de caça.
 Manter a casa e os quintais limpos.

A prevenção da doença de chagas baseia-se fundamentalmente em medidas de


controle do barbeiro, dificultando ou Impedindo a sua proliferação nas residências.

Atribuições e objetivos da vigilância epidemiológica da doença de chagas:


 Detectar todos os casos agudos (por transmissão vetorial, transfusional ou outras
formas para a adoção das medidas de controle adequadas.
 Realizar inquéritos escolares visando o conhecimento de áreas onde continua
ocorrendo a transmissão vetorial.
 Dar continuidade ao programa de controle de vetores domiciliares, que deve
priorizar a vigilância entomológica exercida pela própria população, de forma
continua e controlada pela rede de serviços de saúde.
 Impedir a transmissão transfusional.
 Impedir a expansão da doença.

42
Questões para facilitar a aprendizagem

1. Qual foi o pesquisador que descobriu a doença de chagas?


2. Como é realizada a transmissão para o homem?
3. Quais as formas de contágio da doença de chagas?
4. Qual é o protozoário que infecta o homem da doença de chagas?
5. Quais são os reservatórios?
6. Quais são os sintomas?
7. O que devo fazer se tiver doente?
8. Onde ficam os barbeiros?
9. A doença de chagas é transmitida pelo contato de pessoa para pessoa?
10. Citar maneiras de prevenção da doença de chagas?

Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Elaborar uma campanha por meio de confecção de cartazes no combate e


prevenção da doença de chagas.

2. Assistir filme sobre a doença de chagas no Brasil.

45
Unidade 7
Unidade 7
FEBRE AMARELA

A primeira epidemia de febre amarela descrita no Brasil ocorreu em 1685, em Recife,


atual capital do Estado de Pernambuco1.
Segundo FUNASA (1999), a partir do século XVII a febre amarela dizimou vidas em
extensas epidemias que ocorreu em vastas zonas das regiões tropicais da África e das
Américas. De acordo com FERREIRA et al. (2011), a doença ocorre principalmente no
continente africano onde se concentram mais de 90% das notificações anuais no continente
americano,as áreas de maior incidência de febre amarela concentram-se no Peru, Bolívia,
Colômbia, Equador, Venezuela e Brasil.

Para VASCONCELOS (2002), o vírus da febre amarela no Brasil está presente


principalmente nas regiões norte e centro-oeste, e na parte pré-Amazônica do
Maranhão, sendo estas regiões endêmicas, com uma população sob risco de
aproximadamente 30 milhões de pessoas.

O que é febre amarela?


A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa, que se mantém endêmica
nas florestas tropicais da América e África causando surtos isolados ou epidemias de maior ou
menor impacto em saúde pública5.
Sendo uma doença de curta duração cujo agente etiológico é um flavivírus encontrado
principalmente entre os primatas, sendo principais hospedeiros do vírus amarílico.

Existem dois tipos de febre amarela silvestre e urbana.

Mosquito Haemagogus
Fonte: acesso.org

Porque a doença chama-se febre amarela?


A pessoa que é infectada com a doença aparece uma coloração amarelada na pele e
nos olhos, sendo uma característica fundamental da doença.

46
Transmissão da febre amarela?
A transmissão da febre amarela ao homem se dá pela picada do mosquito da família Culicidae,
sendo a espécie Aedes aegypti o principal vetor da febre amarela urbana e o Haemagogus, o principal
vetor da febre amarela silvestre2.

Transmissão da Febre Amarela.


Fonte: acesso.org

De acordo com FUNASA (1999), na febre amarela silvestre, o vírus circula entre os
macacos que, no período de viremia, ao serem picadas pelos mosquitos silvestres lhe
repassam o vírus.

O homem susceptível infecta ao penetrar na mata e ao ser picado


acidentalmente por mosquitos infectados e desta forma é inserido no ciclo de
transmissão.

Ciclo epidemiológico da febre amarela silvestre e urbana.


Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde/MS.

Qual é o período de incubação?


Tendo um período de incubação que varia de 3 a 6 dias após a picada do mosquito
infectante. Quando o mosquito é infectado ele transmiti o vírus por toda sua vida.

Quanto tempo após a picada do mosquito infectado é possível manifestar os


sintomas?
A transmissão é feita pela picada do mosquito Haemagogus contaminado; quando a
47
Unidade 7
pessoa é infectada os sintomas como febre e dor de cabeça é de três a seis dias depois da
picada.

Sintomas aparentes da febre amarela


 Febre alta repentina.
 Dores no corpo
 Pele e olhos amarelados
 Mal-estar e vômitos

Qual é a melhor maneira de evitar a doença?


É a vacinação; a vacina contra a febre amarela é (17DD) é elaborada com o vírus vivo
atenuado.

Podem ocorrer reações adversas da vacina na pessoa?


Sim, a vacina pode ocasionar reações no organismo humano, provocando dor de
cabeça, febre e mal-estar em algumas pessoas.

Fatores de risco para o aparecimento de epidemia


De acordo com a FUNASA (1999), em relação à febre amarela urbana, constituem
condições favoráveis para a ocorrência de epidemias:
 Alta infestação (superior a 5%) por Aedes aegypti;
 Presença de uma quantidade suficiente de pessoas susceptíveis;
 Proximidade de um foco enzoótico, particularmente se está ativo de onde o vírus
possa deslocar-se para a área urbana;
 Melhoria dos meios de transporte, favorecendo o rápido deslocamento de
pessoas infectadas para áreas com a presença do Aedes aegytpti.

Em relação à febre amarela silvestre as condições favoráveis para o aparecimento


de surtos são:
 Deslocamento, por motivos diversos, de pessoas susceptíveis para a área
endêmica de febre amarela silvestre;
 Condições meteorológicas favoráveis relacionadas com abundância de vetores;
 Porcentagem baixa da vacinação da população residente nas áreas endêmicas e
de transição para febre amarela silvestre.
 Presenças de primatas favorecem disseminação do vírus;
 Observação do aparecimento de macacos mortos sem causa determinada;
48
Prevenção
Segundo a FUNASA (1999), é de fundamental importância no controle de todos os agravos. No
que diz respeito à febre amarela. Este componente permeia todas as atividades, visando a difundir e
informar sobre prevenção, ressaltando a importância da vacinação e outras medidas de proteção
individual. Além de ação especialmente à população residente nas áreas endêmicas, à população
migrante e a grupos de risco em seus locais de procedência, antes do deslocamento para essas áreas.

A participação da comunidade no controle efetivo da febre amarela,


sensibilizando-a sobre o impacto social e a magnitude do dano sanitário que essa
doença representa.

Como prevenir ou tratar?


A febre amarela urbana encontra-se erradicada de nosso país desde 1942. Não é
possível erradicar a febre amarela silvestre, porque a doença tem um importante ciclo natural de
circulação entre os primatas não humanos das florestas tropicais.

Não existem mecanismos possíveis de controlar a doença nas matas, onde o


vírus circula naturalmente. A única forma de prevenção eficaz é a vacinação.

Todos devem ser vacinados, brasileiros e estrangeiros, especialmente que residem em


áreas endêmicas: Acre, Amapá, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal,
Maranhão, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, nas áreas de transição (extremo-oeste
de Santa Catarina) e para o exterior.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. O que é a febre amarela?


2. Qual a diferença entre a febre amarela silvestre e urbana?
3. Como se pega febre amarela?
4. Sabe-se existem ocorrência da casos de febre amarela urbana no Brasil?
5. Quais são os sintomas?
6. Quando surgir sintomas da doença o que fazer?
7. Qual lugar ocorre febre amarela silvestre?
8. Qual é a maneira eficaz para evitar a doença?
9. Quais são as principais reações adversas após tomar a vacina da febre
amarela?

47
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Elaborar uma lista de fatores de risco a uma pessoa que vai deslocar-se para
área de risco?

2. Realizar o levantamento da distribuição da febre amarela no Brasil?

3. Elaborar uma lista de maneiras de prevenção para evitar a febre amarela?

49
Unidade 8
LEISHMANIOSE

As leishmanioses constituem um crescente problema de saúde pública, não somente


no Brasil, onde é considerada uma das endemias de interesse prioritário, como em grande parte
dos continentes americano, asiático, europeu e africano4.
A importância das leishmanioses (tegumentar e visceral) entre os problemas de saúde
pública em geral nos países endêmicos incluindo o Brasil é difícil de ser avaliada, em função da
deficiência de registros oficiais da maioria dos casos.

A leishmaniose é uma doença que se apresenta em leishmaniose tegumentar


Americana e Leishmaniose Visceral.

O que é leishmaniose tegumentar americana?


A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de evolução crônica que
acomete, isoladamente ou em associação, a pele e as mucosas do nariz, boca, faringe e
laringe5. É uma doença infecciosa, não contagiosa.

Distribuição da leishmaniose tegumentar americana


A leishmaniose tegumentar tem ampla distribuição mundial e no continente americano
há registro de casos desde o extremo sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, com
exceção do Chile e Uruguai.

Densidade de casos (2004) e circuitos de leishmaniose tegumentar americana por município, Brasil.
Fonte: Brasil, 2007.
Unidade 8
Nas últimas décadas, as analises epidemiológicas da leishmaniose tegumentar
americana (LTA), têm sugerido mudanças no padrão de transmissão da doença, inicialmente
considerada zoonoses de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em
contato com as florestas3.
A leishmaniose tegumentar constitui um problema de saúde pública em 88 países,
distribuídos em quatro continentes (Américas, Europa, África e Ásia), com registro anual de 1 a
1,5 milhões de casos3.

Qual é o vetor?
Os vetores da LTA são insetos denominados Flebotomíneos, pertencentes à ordem
Díptera, Família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero lutzomyia, conhecidos
popularmente, dependendo da localização geográfica, como mosquito palha, tatuquira, birigui,
entre outros.

Fêmea de flebotomíneo ingurgitada


Fonte: Brasil, 2007.

A transmissão da leishmaniose tegumentar americana?


É transmitida através da picada de insetos vetores chamados de flebotomíneos.
No Brasil a leishmaniose tegumentar americana acomete principalmente as
populações rurais do norte, nordeste e centro oeste5.

Só a fêmea do flebótomos transmite a doença?


Ambos os sexos se alimentam do néctar das plantas, mas somente as fêmeas se
alimentam de sangue para postura dos ovos.

O que é a leishmaniose visceral americana?


Doença infecciosa que afeta o homem e vários animais; é causada por um protozoário
do gênero leishmania.
No Brasil a leishmaniose visceral americana (LVA), também conhecida como
calazar, comporta-se como uma zooantroponose rural, peri-urbana mas que nas
duas últimas décadas atingiu áreas urbanas4.

Qual é o agente etiológico?


Os agentes etiológicos da leishmaniose visceral são protozoários tripanosomatídeos
do gênero leishmania, parasita intracelular obrigatório das células do sietma fagocítico mono-
nuclear, com uma forma flagelada2.

Forma flagelada
Fonte: BRASIL, 2006.

Qual é o reservatório?
Na área urbana, o cão (canis familiaris) é a principal fonte de infecção. A enzootia
canina tem precedido a ocorrência de caos humanos e a infecção em cães tem sido mais
prevalente que no homem. No ambiente silvetre os reservatorios são as raposas e os
marsupiais1, como ilustra a figura abaixo.

Fonte: BRASIL,2006

Quais são os sintomas da leishmaniose?


Sintomas em seres humanos:
 Febre irregular de longa duração
 Falta de apetite, emagrecimento e fraqueza
 Barriga inchada
 Feridas na pele
Unidade 8
Sinais aparentes em cães infectados:
 Lesões na pele
 Crescimento exagerado das unhas
 Que de pelos, com inicio ao redor dos olhos e nas orelhas
 Emagrecimento
 Lacrimejamento

Os cães podem ficar infectados por vários anos sem apresentarem sinais clínicos.

Sinais aparentes em seres humanos e animal doméstico


Fonte: Saúde & força.

Há tratamento para a leishmaniose?


Apesar de ser uma doenças grave, a leishmaniose visceral tem tratamento para os
humanos.

É realizado na rede de serviço do Sistema Único de Saúde inteiramente


gratuito.

Algumas medidas preventivas


Para minimizar o risco de transmissão, algumas medidas preventivas de ambientes
individuais ou coletivos devem ser estimuladas, tais como:
 Utilização de repelentes
 Manter a casa e o quintal sempre limpos
 Depositar o lixo adequadamente
 Uso de mosquiteiras
 Poda de árvores, de modo a aumentar a insolação, para diminuir o
sombreamento do solo e evitar as condições favoráveis
 Realizar limpeza dos ambientes que ficam animais domésticos
O cidadão tem o dever de evitar a criação e proliferação do inseto vetor da
doença, que se reproduz no meio de matéria orgânica e em criadouros de animais;
evitando a criação de porcos e galinhas em perímetro urbano; manter sempre limpo
o quintal.

Quais as medidas de controle?


Dirigidas aos casos humanos: organização de serviços de saúde para atendimento
precoce dos pacientes, visando diagnostico, tratamento adequado e acompanhamento.
Dirigidas ao controle do vetor: O controle químico imediato está indicado para as
áreas com registro de 1ª caso autóctone em áreas de surto.

O que deve ser realizado pelo programa de vigilância sobre a leishmaniose?


 Identificar e monitorar unidades territoriais de relevância epidemiológica;
 Investigar e caracterizar surtos;
 Identificar precocemente os casos autóctones em áreas consideradas não-
endêmicas.
 Reduzir o número de casos em áreas de transmissão domiciliar;
 Adotar medidas de controle pertinentes, após investigação epidemiológica, em
áreas de transmissão domiciliar.
 Monitorar os eventos adversos aos medicamentos.

A crescente urbanização da doença coloca em pauta a discussão das


estratégicas de controle até agora empregadas para prevenção e controle evitando
a ocorrência de novas epidemias.

Em algumas situações o desequilíbrio ambiental criado pela invasão do homem às


florestas forçou uma adaptação dos vetores e reservatórios silvestres da doença a um ambiente
Peri - domiciliar ou mesmo domiciliar4.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. O que é leishmaniose?
2. Quem transmite a leishmaniose ao ser humano?
3. Quais são os sintomas?
4. Todos os flebótomos transmitem leishmaniose?
5. Quais são os reservatórios?
6. Quais são medidas fundamentais para prevenção da leishmaniose?
7. Citar medidas fundamentais para prevenção da leishmaniose?
Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Elaborar um material informativo na íntegra na prevenção da leishmaniose.

2. Realizar leitura de panfletos educativos que permita uma visão geral do


material.

3. O docente responsável passar um filme sobre a leishmaniose para os alunos.


Unidade 9
LEPTOSPIROSE

A leptospirose é conhecida desde Hipócrates, quem primeiro descreveu a icterícia


infecciosa. Em 1800 no Cairo, a doença foi determinada e diferenciada de outras por Larrey.
Mas foi a partis da primeira guerra mundial que o estudo da leptospirose teve um grande desen-
volvimento, quando se sucederam vários surtos da moléstia entre as tropas que se encontra-
vam nas frentes de batalha.

Rato
Fonte: Diário Brasil.

A leptospirose é um importante problema de saúde pública no Brasil, e em


outros países tropicais em desenvolvimento, devido à alta incidência nas
populações que vivem aglomerações urbanas sem adequada infra-estrutura
sanitárias e com infestações de roedores3.

Esses fatores, associados às estações chuvosas e às inundações, favorecem a


disseminação e a existência e continuidade da leptospirose no ambiente, surgindo a ocorrência
de surtos através das águas contaminadas.

O que é leptospirose?
É uma doença infecciosa febril de inicio abrupto, cujo espectro pode variar desde um
processo inaparente até formas graves.

Trata-se de zoonose de grande importância social e econômica por apresentar


elevada incidência em determinadas áreas, alto custo hospitalar e perdas de dias
de trabalho bem como por sua letalidade, que pode chegar a até 40% dos casos
mais graves2.

Qual é o reservatório da leptospirose?


O principal reservatório é constituído pelos roedores sinantrópicos (domésticos) das espécies
Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus
musculus (camundongo ou catita)5.
Unidade 9
Como é transmitida a leptospirose?
A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais
infectados. A penetração do microrganismo da-se através da pele lesada ou das mucosas da
boca, narinas e olhos.

Pode também ocorrer através da pele íntegra quando imersa em água por
longo tempo2.

A transmissão da leptospirose no ser humano.


Fonte: DIVE/SC.

Qual é o agente etiológico?


Bactéria aeróbica obrigatória do gênero Leptospira, do qual se conhecem atualmente
sete espécies patogênicas sendo a mais importante a L. interrogans.

Qual o principal transmissor?


O rato é o principal transmissor da leptospirose, isso ocorre devido à urina do rato
contaminar esgotos, córregos, água de chuva e lixo.
Enchentes e chuvas fortes contribuem nos países tropicais e subtropicais para o
contato do homem com águas e lama contaminadas pela urina do roedor, favorecendo o
aparecimento de surtos da doença humana1.
Ratos no meio de uma enchente.
Fonte: Ubirajando.blogspot.com

Qual é o período de incubação?


O período de incubação é em média de dois a cinco dias e as leptospiras são eliminadas
na urina de animais infectados4.

Quais os procedimentos a ser realizado após ocorrer uma enchente para evitar a
leptospirose?
Realizar a limpeza retirando a água e lama, e depois desinfectar com água sanitária ou utilizar
hipoclorito de sódio.

Se o contato com a água contaminada for inevitável, a única forma de reduzir


riscos à saúde é permanecer o menor tempo possível em contato com essas águas.
Se a enchente inundar as residências, após as águas baixarem será necessário
lavar e desinfetar o chão, as paredes, os objetos caseiros e as roupas atingidas
com água sanitária, na proporção de 4 xícaras de café deste produto para um balde
de 20 litros de água. Depois, enxaguar o ambiente e objetos com água limpa. Todo
alimento que teve contato com água contaminada deve ser jogado fora, pois pode
transmitir a doença.
É fundamental a realização da limpeza e desinfetar a caixa d' água com uma
solução de água sanitária da seguinte forma:

Esvaziar a caixa d' água e realizar a limpeza das paredes e fundo do recipiente,
após a limpeza adicione 1 litro de água sanitária para cada 1000 litros de água no
reservatório.
Posteriormente encha a caixa d' água, deixando o registro fechado por 35
minutos, em seguida abra as torneiras por alguns segundos para essa água
misturar-se com a água sanitária entre nas tubulações; aguardando um período de
1 hora e 20 minutos para que ocorra a desinfecção da caixa.
Depois abra as torneiras para escoar toda a água, podendo ser utilizada para
limpeza de chão e de paredes.
Finalmente após esses procedimentos pode encher novamente a caixa com
água para o consumo.
Unidade 9
Quais são os sintomas que são causados nos seres humanos pela leptospirose?
 Febre alta
 Calafrios
 Dores de cabeça
 Dores musculares
 Náuseas
 Vômitos
 Olhos avermelhados

Quando a pessoa possuir esses sintomas pode ser sinais de leptospirose, de


imediato deve-se procurar um médico ou unidade básica de saúde.

Medidas preventivas no combate da leptospirose


 Armazenar o lixo em sacos plásticos e em recipientes bem tampados, para a coleta;
 Realiza sempre limpeza dos quintais;
 Armazenar os alimentos em lugares protegidos dos ratos;
 Evitar contato com águas provenientes de enchentes e esgotos;
 Fechar os buracos existentes entre paredes;

O cives recomenda que sejam observados os seguintes cuidados:


 Ao escolher um local para residir, informar-se sobre a freqüência de inundações.
Evitar locais sujeitos a inundações freqüentes.
 Em caso de utilização de água de poços ou coletada diretamente de rios ou lagoas,
estabelecer (com supervisão técnica especializada) uma infra-estrutura domiciliar
mínima que permita o tratamento (cloração) da água utilizada para consumo e
preparo de alimentos.
 Seguir os cuidados de preparação higiênica de alimentos, incluindo o tratamento
com água clorada. Os alimentos devem ser acondicionados em recipientes e locais à
prova de ratos.
 Acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa. Se
não houver serviço de coleta, deve ser escolhido um local adequado para o destino
final do lixo que permita o aterramento ou a incineração periódica. O acúmulo de lixo
e entulho em quintais e terrenos baldios leva à proliferação de ratos. O despejo de
lixo em córregos ou rios facilita a ocorrência de inundações.
 Em caso de inundações, evitar a exposição desnecessária à água ou à lama.
 Se a residência for inundada, desligar a rede de eletricidade para evitar acidentes.
 Descartar alimentos que entraram em contato direto com água de enchentes e não
possam ser fervidos.
 Utilizar luvas e calçados impermeáveis quando for:
 Inevitável, nas enchentes, a exposição à água ou à lama.
 Realizada a limpeza da residência após uma inundação
 Feita a limpeza de fossas e bueiros.
 Efetuada a remoção de fezes e urina de animais de estimação.
 Empregar hipoclorito de sódio a 2-2,5% (água sanitária), segundo as
recomendações do fabricante, para limpeza de:
 Locais onde são criados animais de estimação.
 Residências, após uma inundação.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. O que é a leptospirose?
2. Qual é o principal reservatórios da leptospirose?
3. Quais são principais sintomas da leptospirose?
4. Quais são os fatores que colabora para a incidência dessa doença?
5. Qual é o período de incubação?
6. Como a leptospirose é transmitida para o homem?
7. Quais são as pessoas mais susceptível à doença?
8. Como é realizado o manejo para evitar leptospirose?

Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Através do conhecimento adquirido na sala de aula realizar o levantamento dos


possíveis ambientes que venham a favorecer a proliferação de roedores?

2. Elaboração de cartazes para divulgação de campanha na prevenção e combate


a leptospirose?
Unidade 9
Unidade 10
MALÁRIA

A malária sempre foi, desde a antiguidade, um dos principais flagelos da humanidade.


Atualmente, pelo menos 300 milhões de pessoas contraem malária por ano em todo o mundo2.
Nas Américas, a malária é transmitida em 21 países, onde é estimado que
aproximadamente 203 milhões de pessoas vivam em áreas com algum risco de transmissão,
sendo que no Brasil, a existência de malária é registrada desde 15873. No Brasil, a incidência
de malária vem aumentando progressivamente a partir de 1970; 99,8% da transmissão da
malária concentram-se na Amazônia legal, composta pelos estados do Acre, Amazonas,
Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
O controle da malária no Brasil tem uma historia remota. Em 1898, antes mesmo da
descoberta de que a transmissão da malária se fazia por mosquito do gênero Anopheles5.

A distribuição espacial do risco de transmissão da doença no Brasil.


Fonte: SVS/MS, 2009.
Atualmente, a doença concentra-se na região da Amazônia legal,
correspondendo a mais de 99% dos casos registrados são quase totalmente
importados da região Amazônica ou de outros países onde ocorre transmissão.

Anopheles darlingi
Fonte: ICB/USP

O que é malária?
A malária, também conhecida como paludismo, maleita, impaludismo e febre terçã ou
quartã, doença infecciosa febril aguda causada por parasita unicelular. É causada por
protozoários, do gênero Plasmodium, como o plasmodium vivax, Plasmodium falciparum,
Plasmodium malariae.

Como ocorre a transmissão da malária?


Os parasitas da Malária são transmitidos pela picada dos mosquitos fêmeas do gênero
Anofeles multiplicam-se dentro das células sanguíneas vermelha.

Transmissão da Malária.
Fonte: Só Biologia

Reservatório
O homem é o único reservatório com importância epidemiológica para a malária.

Período de incubação
O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de plasmódio. Para
P. falciparum, de 8 a 12 dias; P. vivax, 13 a 17 dias e P. malariae, 18 a 30 dias.
Unidade 10
Quais são os sintomas da doença no ser humano?
 Febre acompanhada de arrepios de frio, seguidos de calor intenso e suores
abundantes.
 Reaparecimento de febre com intervalos de 2 a 3 dias.
 Dor de cabeça
 Dores musculares
 Falta de força
 Falta de apetite
 Enjôos

Área de risco
As áreas de alto risco têm como características epidemiológicas floresta tropical úmida
que favorece a transmissão perene e focalmente intensa, principalmente em grupos de
trabalhadores expostos, alta prevalência de Plasmodium falciparum geralmente resistente a
antimaláricos e populações migrantes com escassa imunidade, expostas às altas densidades
de Anopheles darlingi, dentro e fora de moradias precárias que não oferecem proteção4.

Objetivos da vigilância sanitária


 Estimar a magnitude da morbilidade e mortalidade da malária
 Identificar tendências, grupos e fatores de risco
 Detectar surtos e epidemias
 Evitar o restabelecimento da endemia, nas áreas onde a transmissão já foi
interrompida
 Recomendar as medidas necessárias para prevenir ou controlar a ocorrência da
doença
 Avaliar o impacto das medidas de controle.

Medidas adotadas a pacientes com suspeita de malária


Assistência ao paciente - Atendimento ambulatorial ao paciente suspeito, para coleta
da amostra de sangue e exame parasitoscópico. O caso confirmado recebe tratamento, em
regime ambulatorial. O caso grave deverá ser hospitalizado de imediato. No paciente, com
resultado negativo para malária, outras doenças deverão ser pesquisadas.
Qualidade da assistência - Um dos indicadores, para se avaliar a qualidade da
assistência, é o tempo verificado entre a coleta da amostra de sangue para exame e o início do
tratamento, que não deve ser superior a 24 horas. Outra forma, de garantir boa assistência, é o
monitoramento do tratamento, por meio de visitas domiciliares, ou de comparecimento do paciente à
unidade de saúde, para assegurar a cura.
Confirmação diagnóstica - Coletar material para diagnóstico laboratorial, de acordo
com as orientações técnicas.
Proteção da população - Como medidas utilizadas para o controle da malária na
população, podemos destacar: Tratamento imediato dos casos diagnosticados; busca de casos
junto aos comunicantes; Investigação epidemiológica; orientação à população quanto à
doença, uso de repelentes, cortinados, roupas protetoras, telas em portas e janelas;
Investigação entomológica;

Maneiras de prevenção e combate a malária


Controle vetorial1: o controle vetorial da malária deve ser desenvolvido,
preferencialmente, ao nível municipal, com o objetivo de reduzir o risco de transmissão,
prevenindo a ocorrência de epidemias, com a conseqüente diminuição da morbimortalidade;
sendo os principais métodos empregados são controle dos mosquitos adultos e, quando viável,
de larvas.
Ações de educação em saúde1: a população deve ser informada sobre a doença da
necessidade de procurar-se a unidade de saúde dos primeiros sintomas, a importância do
tratamento, os cuidados com a proteção individual e coletiva.
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Estratégia de prevenção : evitar freqüentar os locais de transmissão à noite, utilizam-
se como medidas de prevenção individual: uso de mosquiteiras impregnados ou não com
inseticidas, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas, uso de repelentes.
As medidas de prevenção coletiva utilizadas são: drenagem, pequenas obras de
saneamento para eliminação de criadouros do vetor aterro, limpeza das margens dos
criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento da
moradia e das condições de trabalho, uso racional da terra.
No Brasil, a política adotada atualmente centra-se no diagnostico e tratamento
oportuno e adequado, pois existe estrutura na rede pública de saúde para diagnostico e
tratamento da malária.

Questões para facilitar a aprendizagem

1. O que é a Malária?
2. Como é transmitida Malária?
3. Quais são os sintomas da Malária?
4. Quais são as características de áreas de risco?
5. Qual período de incubação?
6. Qual é o principal Reservatório?
7. Citar medidas adotadas a pacientes com suspeita de Malária?

Proposta de aprendizagem de desenvolvimento em grupo

1. Levantamento das dificuldades enfrentadas pela população em área de risco na prevenção de Malária.

2. Analisar os programas de saúde no combate e prevenção a Malária, e citar alguns tópicos que seria importante para
diminuir casos.

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