O documento discute os programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Saúde da Família (PSF) no Brasil. O PACS foi criado na década de 1990 para fornecer assistência básica por meio de agentes comunitários. O PSF, criado em 1994, substituiu o PACS e envolve equipes multiprofissionais que fornecem assistência primária integral às famílias. O objetivo do PSF é reorganizar a prática de saúde com foco na família e comunidade.
Descrição original:
Título original
Saúde coletiva - aula 8 - Programas de atenção básica ampliada
O documento discute os programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Saúde da Família (PSF) no Brasil. O PACS foi criado na década de 1990 para fornecer assistência básica por meio de agentes comunitários. O PSF, criado em 1994, substituiu o PACS e envolve equipes multiprofissionais que fornecem assistência primária integral às famílias. O objetivo do PSF é reorganizar a prática de saúde com foco na família e comunidade.
O documento discute os programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Saúde da Família (PSF) no Brasil. O PACS foi criado na década de 1990 para fornecer assistência básica por meio de agentes comunitários. O PSF, criado em 1994, substituiu o PACS e envolve equipes multiprofissionais que fornecem assistência primária integral às famílias. O objetivo do PSF é reorganizar a prática de saúde com foco na família e comunidade.
Professor: Enfermeiro Guilherme Leandro de Oliveira
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Existente desde o início dos anos 90, foi efetivamente instituído e regulamentado em 1997, quando se iniciou o processo de consolidação da descentralização de recursos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
O PACS, importante estratégia no aprimoramento e na consolidação do Sistema
Único de Saúde, a partir da reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar, é hoje compreendido como estratégia transitória para o Programa Saúde da Família (PSF). Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) O programa foi inspirado em experiências de prevenção de doenças por meio de informações e de orientações sobre cuidados de saúde. Sua meta se consubstancia na contribuição para a reorganização dos serviços municipais de saúde e na integração das ações entre os diversos profissionais, com vistas à ligação efetiva entre a comunidade e as unidades de saúde. Agentes Comunitários de Saúde (ACS) O desenvolvimento das principais ações deste programa se dá por meio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pessoas escolhidas dentro da própria comunidade para atuarem junto à população. O ACS deverá atender entre 400 e 750 pessoas, dependendo das necessidades locais, e desenvolverá atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde por meio de ações educativas individuais e coletivas, nos domicílios e na comunidade. Ações do ACS ● visitar no mínimo uma vez por mês cada família da sua comunidade; ● identificar situação de risco e encaminhar aos setores responsáveis; ● pesar e medir mensalmente as crianças menores de dois anos e registrar a informação no Cartão da Criança; ● incentivar o aleitamento materno; ● acompanhar a vacinação periódica das crianças por meio do cartão de vacinação e de gestantes; ● orientar a família sobre o uso de soro de reidratação oral para prevenir diarréias e desidratação em crianças; ● identificar as gestantes e encaminhá-las ao pré-natal; ● orientar sobre métodos de planejamento familiar; ● orientar sobre prevenção da aids; Ações do ACS ● orientar a família sobre prevenção e cuidados em situação de endemias; ● monitorar dermatoses e parasitoses em crianças; ● realizar ações educativas para a prevenção do câncer cérvico-uterino e de mama; ● realizar ações educativas referentes ao climatério; ● realizar atividades de educação nutricional nas famílias e na comunidade; ● realizar atividades de educação em saúde bucal na família, com ênfase no grupo infantil; ● supervisionar eventuais componentes da família em tratamento domiciliar e dos pacientes com tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas; ● realizar atividades de prevenção e promoção da saúde do idoso; ● identificar portadores de deficiência psico-física com orientação aos familiares para o apoio necessário no próprio domicílio. Ações do ACS ● Cadastramento/diagnóstico ● Mapeamento ● Identificação de microáreas de risco ● Realização de visitas domiciliares ● Ações coletivas ● Ações intersetoriais Programa Saúde da Família – PSF O Programa de Saúde da Família também conhecido como PSF foi criado em 1994, como conseqüência de uma ação da sociedade organizada, o programa passou a receber um tratamento exclusivo do Ministério da Saúde e do Governo Federal a partir de 1996, mas foi em 1998 que a conta foi agregada ao Orçamento da União, com verbas regulares e crescentes. Há que se registrar, como fato histórico, que foi no exercício do ministro da saúde José Serra que o PSF se converteu em base política de reestruturação da saúde adotada pelo governo federal. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Programa Saúde da Família – PSF Desse modo, observa-se que a verdadeira origem do programa está nos movimentos reformistas das décadas de 1970 e 1980, que visavam à substituição do modelo tradicional de saúde, baseado na valorização do hospital e da doença, por um novo modelo que priorizasse a prevenção e promoção da saúde, com a participação da população. (REVISTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Objetivo do PSF O objetivo da Saúde da Família é a reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional da assistência, orientado para a cura de doenças e hospital. A atenção está centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social, o território, o que vem possibilitando às Equipes de Saúde da Família (ESF) uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade de intervenções que vão além de práticas curativas Programa Saúde da Família – PSF Programa Saúde da Família propõe a criação de equipes de profissionais composta por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e cinco a seis agentes comunitários de saúde. A equipe é responsável por uma população de determinado território com abrangência de 600 mil famílias por equipe, o que corresponde entre 2.400 a 2.700 habitantes. PSF e ESF Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. O PSF é uma estratégia de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização. Consolidação Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade – mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. Características e composição Do ESF De acordo com a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, além das características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica ficou definido as características do processo de trabalho da Saúde da Família:
● Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos e utilizar, de
forma sistemática, os dados para a análise da situação de saúde considerando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território; ● Definição precisa do território de atuação, mapeamento e reconhecimento da área adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com atualização contínua; Características e composição Do ESF ● Diagnóstico, programação e implementação das atividades segundo critérios de risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde mais freqüentes; ● Prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias que visa propor intervenções que influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias e da própria comunidade; ● Trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações; ● Promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde, de acordo com prioridades e sob a coordenação da gestão municipal; Características e composição Do ESF ● Valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com ética, compromisso e respeito; ● Promoção e estímulo à participação da comunidade no controle social, no planejamento, na execução e na avaliação das ações; e ● Acompanhamento e avaliação sistematica das ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho. Equipe Para a implantação das Equipes de Saúde da Família deva existir (entre outros quesitos) uma equipe multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000 habitantes, sendo que a média recomendada é de 3.000. A equipe básica composta por minimamente médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem (ou técnico de enfermagem) e Agentes Comunitários de Saúde, deve ter uma jornada de trabalho de 40 horas semanais para todos os integrantes. Inúmeras cidades brasileiras contratam outros profissionais como farmacêuticos, nutricionistas, educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, etc. Atribuições da equipe – Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis com ênfase nas suas características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas;
– Identificar os problemas de saúde e situações de risco mais comuns aos quais
aquela população está exposta;
– Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o
enfrentamento dos problemas de saúde e fatores que colocam em risco a saúde;
– Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos
de vigilância e de vigilância epidemiológica, nas diferentes fases do ciclo de vida;
– Valorizar a relação com o usuário e com a família, para a criação de vínculo de
confiança, de afeto, de respeito; Atribuições da equipe
– Realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento;
– Resolver os problemas de saúde do nível de atenção básica;
– Garantir acesso à continuidade do tratamento dentro de um sistema de
referência e contra-refência para os casos de maios complexidade ou que necessitem de internação hospitalar;
– Prestar assistência integral à população adscrita, respondendo à demanda de
forma contínua e racionalista;
– Coordenar, participar de e/ou organizar grupos de educação para a saúde;
Atribuições da equipe
– Promovendo ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e
informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas identificados;
– Fomentar a participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de
cidadania, de direitos à saúde e suas bases legais;
– Incentivar a formação e/ou participação ativa da comunidade nos conselho locais
de saúde e no conselho Municipal de Saúde;
– Auxiliar na implantação do cartão Nacional de Saúde.
Atribuições específicas do enfermeiro – Realizar cuidados diretos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas, fazendo a indicação para a continuidade da assistência prestada;
– Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares,
prescrever/transcrever medicações, conforme protocolos estabelecidos nos Programas do Ministério da Saúde e as Disposições legais da profissão;
– Planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a USF;
– Executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida:
criança, adolescente, mulher, adulto, e idoso;
– No nível de suas competência, executar assistência básica e ações de vigilância
epidemiológica e sanitária; Atribuições específicas do enfermeiro – Realizar ações de saúde em diferentes ambientes, na USF e, quando necessário, no domicílio;
– Realizar as atividades corretamente às áreas prioritárias de intervenção na
Atenção Básica, definidas na Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS 2001;
– Aliar a atuação clínica à prática da saúde coletiva;
– Organizar e coordenar a criação de grupos de patologias específicas, como de
hipertensos, de diabéticos, de saúde mental, etc;
– Supervisionar e coordenar ações para capacitação dos Agentes Comunitário de
Saúde e de auxiliares de enfermagem, com vistas ao desempenho de sua funções. Atribuições específicas do técnico de enfermagem – Realizar procedimento de enfermagem dentro das suas competência técnicas e legais;
– Realizar procedimentos de enfermagem nos diferentes ambientes, UFS e nos
domicílios, dentro do planejamento de ações traçado pela equipe;
– Preparar o usuário para consultas médicas e de enfermagem, exames e
tratamentos na USF;
– Zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamento e de dependências da
USF, garantindo o controle de infecção;
– Realizar busca ativo de casos, como tuberculose, hanseníase e demais doenças
de cunho epidemiológico; Atribuições específicas do técnico de enfermagem – No nível de suas competência, executar assistência básica e ações de vigilância epidemiológica e sanitária;
– Realizar ações de educação em saúde aos grupos de patologias específicas e às
família de risco, conforme planejamento da USF. Atribuições específicas do agente comunitário de saúde O agente comunitário é alguém que se destaca na comunidade, pela capacidade de se comunicar com as pessoas, pela liderança natural que exerce. O ACS funciona como elo entre e a comunidade. Está em contato permanente com as famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e promoção da saúde, realizado por toda a equipe. É também um elo cultural, que dá mais força ao trabalho educativo, ao unir dois universos culturais distintos: o do saber científico e o do saber popular. Atribuições específicas do médico I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua responsabilidade;
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito Federal), observadas as disposições legais da profissão;
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados para as pessoas
que possuem condições crônicas no território, junto aos demais membros da equipe; Atribuições específicas do médico IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsabilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a
responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS e ACE em
conjunto com os outros membros da equipe; e
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade na sua área de
atuação. Programas aplicados pelo ESF ● Programa Nacional de Imunização - oferece gratuitamente todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. ● Programa Mais Médicos - atender a uma demanda emergencial de ausência ou escassez de profissionais da saúde em regiões prioritárias para o SUS. ● Programa Farmácia Popular do Brasil - fornece à população medicamentos considerados essenciais para hipertensão, diabetes e asma e desconto para medicações para colesterol alto, rinite, Parkinson, osteoporose e glaucoma através de farmácias credenciadas. Programas aplicados pelo ESF ● Prevenção e controle HIV/AIDS - campanhas de prevenção e uso de preservativos associados aos tratamentos universais. Prevenção por PrEP – Profilaxia Pré-Exposição e PEP – Profilaxia Pós-Exposição Acolhimento O acolhimento é uma das principais diretrizes éticas, estéticas e políticas da Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Definido em documentos oficiais como a recepção do usuário no serviço de saúde, compreende a responsabilização dos profissionais pelo usuário, a escuta qualificada de sua queixa e angústias, a inserção de limites, se for preciso, a garantia de assistência resolutiva e a articulação com outros serviços para continuidade do cuidado quando necessário. Acolhimento As ações de acolhimento fazem parte do processo de trabalho da ESF e são essenciais para a construção de um vínculo entre o profissional de saúde e o usuário/família. O vínculo pode ser caracterizado como uma relação de cumplicidade entre usuários e profissionais, concretizando-se no âmbito do acolhimento e sendo ponto de partida para a construção de confiança entre os envolvidos. Para haver vínculo, é indispensável que haja empatia e respeito. Os elementos que denotam a formação do vínculo baseiam-se no reconhecimento mútuo entre serviço e comunidade, pois não se estabelece vínculo sem a condição de sujeito, sem a livre expressão do usuário, por meio da fala, julgamento e desejo Acolhimento O vínculo permite a construção de confiança, capaz de estimular o autocuidado, favorecendo a compreensão da doença, a assimilação e seguimento correto das orientações terapêuticas pelos usuários, com destaque aos portadores de tuberculose e de diabetes, além de propiciar um diálogo mais franco com mulheres portadoras de HIV/AIDS, levando-as ao desejo de revelar seu diagnóstico aos profissionais de saúde.