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Saúde coletiva

Programas de atenção básica

Professor: Enfermeiro Guilherme Leandro de Oliveira


Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS)
Existente desde o início dos anos 90, foi efetivamente instituído e regulamentado
em 1997, quando se iniciou o processo de consolidação da descentralização de
recursos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O PACS, importante estratégia no aprimoramento e na consolidação do Sistema


Único de Saúde, a partir da reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar, é
hoje compreendido como estratégia transitória para o Programa Saúde da Família
(PSF).
Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS)
O programa foi inspirado em experiências de prevenção de doenças por meio de
informações e de orientações sobre cuidados de saúde. Sua meta se
consubstancia na contribuição para a reorganização dos serviços municipais de
saúde e na integração das ações entre os diversos profissionais, com vistas à
ligação efetiva entre a comunidade e as unidades de saúde.
Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
O desenvolvimento das principais ações deste programa se dá por meio dos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pessoas escolhidas dentro da própria
comunidade para atuarem junto à população. O ACS deverá atender entre 400 e
750 pessoas, dependendo das necessidades locais, e desenvolverá atividades de
prevenção de doenças e promoção da saúde por meio de ações educativas
individuais e coletivas, nos domicílios e na comunidade.
Ações do ACS
● visitar no mínimo uma vez por mês cada família da sua comunidade;
● identificar situação de risco e encaminhar aos setores responsáveis;
● pesar e medir mensalmente as crianças menores de dois anos e registrar a
informação no Cartão da Criança;
● incentivar o aleitamento materno;
● acompanhar a vacinação periódica das crianças por meio do cartão de
vacinação e de gestantes;
● orientar a família sobre o uso de soro de reidratação oral para prevenir
diarréias e desidratação em crianças;
● identificar as gestantes e encaminhá-las ao pré-natal;
● orientar sobre métodos de planejamento familiar;
● orientar sobre prevenção da aids;
Ações do ACS
● orientar a família sobre prevenção e cuidados em situação de endemias;
● monitorar dermatoses e parasitoses em crianças;
● realizar ações educativas para a prevenção do câncer cérvico-uterino e de
mama;
● realizar ações educativas referentes ao climatério;
● realizar atividades de educação nutricional nas famílias e na comunidade;
● realizar atividades de educação em saúde bucal na família, com ênfase no
grupo infantil;
● supervisionar eventuais componentes da família em tratamento domiciliar e
dos pacientes com tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes e outras
doenças crônicas;
● realizar atividades de prevenção e promoção da saúde do idoso;
● identificar portadores de deficiência psico-física com orientação aos familiares
para o apoio necessário no próprio domicílio.
Ações do ACS
● Cadastramento/diagnóstico
● Mapeamento
● Identificação de microáreas de risco
● Realização de visitas domiciliares
● Ações coletivas
● Ações intersetoriais
Programa Saúde da Família – PSF
O Programa de Saúde da Família também conhecido como PSF foi criado em 1994,
como conseqüência de uma ação da sociedade organizada, o programa passou a
receber um tratamento exclusivo do Ministério da Saúde e do Governo Federal a
partir de 1996, mas foi em 1998 que a conta foi agregada ao Orçamento da União,
com verbas regulares e crescentes. Há que se registrar, como fato histórico, que foi
no exercício do ministro da saúde José Serra que o PSF se converteu em base
política de reestruturação da saúde adotada pelo governo federal. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2007).
Programa Saúde da Família – PSF
Desse modo, observa-se que a verdadeira origem do programa está nos
movimentos reformistas das décadas de 1970 e 1980, que visavam à substituição
do modelo tradicional de saúde, baseado na valorização do hospital e da doença,
por um novo modelo que priorizasse a prevenção e promoção da saúde, com a
participação da população. (REVISTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Objetivo do PSF
O objetivo da Saúde da Família é a reorganização da prática assistencial em novas
bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional da assistência, orientado
para a cura de doenças e hospital. A atenção está centrada na família, entendida e
percebida a partir do seu ambiente físico e social, o território, o que vem
possibilitando às Equipes de Saúde da Família (ESF) uma compreensão ampliada
do processo saúde/doença e da necessidade de intervenções que vão além de
práticas curativas
Programa Saúde da Família – PSF
Programa Saúde da Família propõe a criação de equipes de profissionais
composta por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de
enfermagem e cinco a seis agentes comunitários de saúde. A equipe é
responsável por uma população de determinado território com abrangência de
600 mil famílias por equipe, o que corresponde entre 2.400 a 2.700 habitantes.
PSF e ESF
Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de
programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início,
desenvolvimento e finalização. O PSF é uma estratégia de reorganização da
atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização.
Consolidação
Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como
estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo
emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o
PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção
Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e
contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do
SUS: universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da
comunidade – mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários.
Características e composição Do ESF
De acordo com a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, além das
características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica ficou
definido as características do processo de trabalho da Saúde da Família:

● Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos e utilizar, de


forma sistemática, os dados para a análise da situação de saúde considerando
as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e
epidemiológicas do território;
● Definição precisa do território de atuação, mapeamento e reconhecimento da
área adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com
atualização contínua;
Características e composição Do ESF
● Diagnóstico, programação e implementação das atividades segundo critérios
de risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde mais
freqüentes;
● Prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da
estrutura e da funcionalidade das famílias que visa propor intervenções que
influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias e da
própria comunidade;
● Trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e
profissionais de diferentes formações;
● Promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e
integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da
saúde, de acordo com prioridades e sob a coordenação da gestão municipal;
Características e composição Do ESF
● Valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma
abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de
confiança com ética, compromisso e respeito;
● Promoção e estímulo à participação da comunidade no controle social, no
planejamento, na execução e na avaliação das ações; e
● Acompanhamento e avaliação sistematica das ações implementadas, visando
à readequação do processo de trabalho.
Equipe
Para a implantação das Equipes de Saúde da Família deva existir (entre outros
quesitos) uma equipe multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000
habitantes, sendo que a média recomendada é de 3.000. A equipe básica
composta por minimamente médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem (ou
técnico de enfermagem) e Agentes Comunitários de Saúde, deve ter uma jornada
de trabalho de 40 horas semanais para todos os integrantes. Inúmeras cidades
brasileiras contratam outros profissionais como farmacêuticos, nutricionistas,
educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas
ocupacionais, etc.
Atribuições da equipe
– Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis com ênfase nas
suas características sociais, econômicas, culturais, demográficas e
epidemiológicas;

– Identificar os problemas de saúde e situações de risco mais comuns aos quais


aquela população está exposta;

– Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o


enfrentamento dos problemas de saúde e fatores que colocam em risco a saúde;

– Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos


de vigilância e de vigilância epidemiológica, nas diferentes fases do ciclo de vida;

– Valorizar a relação com o usuário e com a família, para a criação de vínculo de


confiança, de afeto, de respeito;
Atribuições da equipe

– Realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento;

– Resolver os problemas de saúde do nível de atenção básica;

– Garantir acesso à continuidade do tratamento dentro de um sistema de


referência e contra-refência para os casos de maios complexidade ou que
necessitem de internação hospitalar;

– Prestar assistência integral à população adscrita, respondendo à demanda de


forma contínua e racionalista;

– Coordenar, participar de e/ou organizar grupos de educação para a saúde;


Atribuições da equipe

– Promovendo ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e


informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas
identificados;

– Fomentar a participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de


cidadania, de direitos à saúde e suas bases legais;

– Incentivar a formação e/ou participação ativa da comunidade nos conselho locais


de saúde e no conselho Municipal de Saúde;

– Auxiliar na implantação do cartão Nacional de Saúde.


Atribuições específicas do enfermeiro
– Realizar cuidados diretos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas,
fazendo a indicação para a continuidade da assistência prestada;

– Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares,


prescrever/transcrever medicações, conforme protocolos estabelecidos nos
Programas do Ministério da Saúde e as Disposições legais da profissão;

– Planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a USF;

– Executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida:


criança, adolescente, mulher, adulto, e idoso;

– No nível de suas competência, executar assistência básica e ações de vigilância


epidemiológica e sanitária;
Atribuições específicas do enfermeiro
– Realizar ações de saúde em diferentes ambientes, na USF e, quando necessário,
no domicílio;

– Realizar as atividades corretamente às áreas prioritárias de intervenção na


Atenção Básica, definidas na Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS
2001;

– Aliar a atuação clínica à prática da saúde coletiva;

– Organizar e coordenar a criação de grupos de patologias específicas, como de


hipertensos, de diabéticos, de saúde mental, etc;

– Supervisionar e coordenar ações para capacitação dos Agentes Comunitário de


Saúde e de auxiliares de enfermagem, com vistas ao desempenho de sua funções.
Atribuições específicas do técnico de
enfermagem
– Realizar procedimento de enfermagem dentro das suas competência técnicas e
legais;

– Realizar procedimentos de enfermagem nos diferentes ambientes, UFS e nos


domicílios, dentro do planejamento de ações traçado pela equipe;

– Preparar o usuário para consultas médicas e de enfermagem, exames e


tratamentos na USF;

– Zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamento e de dependências da


USF, garantindo o controle de infecção;

– Realizar busca ativo de casos, como tuberculose, hanseníase e demais doenças


de cunho epidemiológico;
Atribuições específicas do técnico de
enfermagem
– No nível de suas competência, executar assistência básica e ações de vigilância
epidemiológica e sanitária;

– Realizar ações de educação em saúde aos grupos de patologias específicas e às


família de risco, conforme planejamento da USF.
Atribuições específicas do agente
comunitário de saúde
O agente comunitário é alguém que se destaca na comunidade, pela capacidade
de se comunicar com as pessoas, pela liderança natural que exerce. O ACS
funciona como elo entre e a comunidade. Está em contato permanente com as
famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e promoção da saúde, realizado por
toda a equipe. É também um elo cultural, que dá mais força ao trabalho educativo,
ao unir dois universos culturais distintos: o do saber científico e o do saber popular.
Atribuições específicas do médico
I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua responsabilidade;

II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em


grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
espaços comunitários (escolas, associações entre outros); em conformidade com
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito Federal),
observadas as disposições legais da profissão;

III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados para as pessoas


que possuem condições crônicas no território, junto aos demais membros da
equipe;
Atribuições específicas do médico
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção,
respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsabilidade o acompanhamento
do plano terapêutico prescrito;

V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a


responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;

VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS e ACE em


conjunto com os outros membros da equipe; e

VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade na sua área de


atuação.
Programas aplicados pelo ESF
● Programa Nacional de Imunização - oferece gratuitamente todas as vacinas
recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.
● Programa Mais Médicos - atender a uma demanda emergencial de ausência
ou escassez de profissionais da saúde em regiões prioritárias para o SUS.
● Programa Farmácia Popular do Brasil - fornece à população medicamentos
considerados essenciais para hipertensão, diabetes e asma e desconto para
medicações para colesterol alto, rinite, Parkinson, osteoporose e glaucoma
através de farmácias credenciadas.
Programas aplicados pelo ESF
● Prevenção e controle HIV/AIDS - campanhas de prevenção e uso de
preservativos associados aos tratamentos universais. Prevenção por PrEP –
Profilaxia Pré-Exposição e PEP – Profilaxia Pós-Exposição
Acolhimento
O acolhimento é uma das principais diretrizes éticas, estéticas e políticas da
Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
Definido em documentos oficiais como a recepção do usuário no serviço de saúde,
compreende a responsabilização dos profissionais pelo usuário, a escuta
qualificada de sua queixa e angústias, a inserção de limites, se for preciso, a
garantia de assistência resolutiva e a articulação com outros serviços para
continuidade do cuidado quando necessário.
Acolhimento
As ações de acolhimento fazem parte do processo de trabalho da ESF e são
essenciais para a construção de um vínculo entre o profissional de saúde e o
usuário/família. O vínculo pode ser caracterizado como uma relação de
cumplicidade entre usuários e profissionais, concretizando-se no âmbito do
acolhimento e sendo ponto de partida para a construção de confiança entre os
envolvidos. Para haver vínculo, é indispensável que haja empatia e respeito. Os
elementos que denotam a formação do vínculo baseiam-se no reconhecimento
mútuo entre serviço e comunidade, pois não se estabelece vínculo sem a condição
de sujeito, sem a livre expressão do usuário, por meio da fala, julgamento e desejo
Acolhimento
O vínculo permite a construção de confiança, capaz de estimular o autocuidado,
favorecendo a compreensão da doença, a assimilação e seguimento correto das
orientações terapêuticas pelos usuários, com destaque aos portadores de
tuberculose e de diabetes, além de propiciar um diálogo mais franco com mulheres
portadoras de HIV/AIDS, levando-as ao desejo de revelar seu diagnóstico aos
profissionais de saúde.

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