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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC

CURSO DE PSICOLOGIA
MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

Visão da sociedade sobre a AIDS com base no conceito de Representações


Sociais

Alunos: Annyleide Priscila de Melo Pereira, Evelyne Leão Murilo, Juliane Aparecida
Rezende da Silva, Lucas Santos Vicente, Lucas Sol Vidal, Maicon Adriano dos Santos,
Maria Beatriz Jardim Rodrigues de Castro, Sarah das Graças Rocha e Willian
Cristiano Martins do Nascimento.
Orientadora: Professora Carla Cristina Soares de Oliveira do Vale

INTRODUÇÃO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (conhecida mundialmente como AIDS ou


SIDA) é uma doença que sempre gerou estigmas e conotações negativas, tanto para a
patologia em si quanto para as pessoas acometidas pela doença. Por ser uma
enfermidade que se enquadra no grupo das Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST), é natural que a AIDS seja perpetuada pelas representações que associam as
DST como doenças derivadas de atos promíscuos e imorais.
É válido discorrer que a AIDS, atualmente, é um grave problema de saúde pública,
pois ainda é alarmante o crescimento no número de casos, haja vista que a AIDS,
atualmente, acomete com maior frequência adolescentes e jovens, através do contato
sexual ou uso de determinadas drogas; e no caso de crianças – população também
bastante atingida – a AIDS é adquirida por transmissão vertical, isto é, passada da
mãe para o filho durante a gravidez ou o parto.

OBJETIVOS DO TRABALHO

Dentre os principais objetivos atribuídos a este trabalho, pode-se situar como objetivo
geral articular considerações sobre o modo como a AIDS é vista na sociedade, com
base nos pressupostos teóricos que conceituam as Representações Sociais. Como
objetivos específicos, incluem-se: o aprendizado sobre a Teoria das Representações
Sociais, a descrição das principais representações formuladas pela sociedade acerca
da AIDS, a relação entre elementos históricos da AIDS e a criação das principais
representações, e o entendimento sobre como estas representações repercutem no
psiquismo dos soropositivos.

JUSTIFICATIVA
A relevância deste trabalho se dá através da necessidade de conhecer as atribuições
formuladas nos meios sociais e culturais acerca da AIDS, e a partir das
representações sociais sobre a AIDS, é cabível a estruturação de análises sobre a
influência destas representações para o modo com que os soropositivos são vistos na
sociedade. Formular este tipo de conhecimento é uma maneira de compreender o
modo como as Representações Sociais sobre as doenças contribuem para a inclusão
ou a discriminação do indivíduo na comunidade em que vive, fator que exerce
bastante influência nas condições de saúde das pessoas. A análise das
Representações Sociais sobre alguma doença requer um olhar amplificado acerca dos
processos de saúde.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Busca-se em Moscovici (2007) o arcabouço teórico necessário para o entendimento


das Representações Sociais. O psicólogo romeno é o grande responsável pela
formulação dos conceitos que regem a Teoria das Representações Sociais, e esta
teoria surgiu mediante o interesse do autor em ampliar o entendimento sobre o modo
com que as pessoas compartilham conhecimentos e constroem sua realidade social,
de modo a entender o funcionamento dos sistemas de comunicação social para a
difusão dos saberes populares.
A definição de Representações Sociais criado por Moscovici diz que estas são “um
conjunto de conceitos, proposições e explicações originado na vida cotidiana no curso
de comunicações interpessoais. Elas são equivalentes, em nossa sociedade, aos
mitos e sistemas de crença das sociedades tradicionais: podem também ser vistas
como a versão contemporânea do senso comum.” (MOSCOVICI, 1981, apud.
OLIVEIRA; WERBA, 2013, p. 106).
As Representações Sociais visam destacar que nenhum indivíduo é dissociado de seu
meio social. Sobre isso, Jodelet (2002) formula o seguinte conceito: “As
representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente elaborado e
compartilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma
realidade comum a um conjunto social.” (JODELET, 2002, p. 22).
Oliveira e Werba (2013) também oferecem considerações relevantes sobre a
importância de se estudar as Representações Sociais. Segundo as autoras, as
Representações Sociais (RS) são campos de estudo dedicados à análise crítica sobre
os saberes populares e o senso comum, de modo a compreender o complexo de
valores e fenômenos culturais que favorecem a produção e a difusão destes saberes.
Elas consolidam a maneira com que o indivíduo interage com a sociedade, de forma a
refletir a interpretação dos sujeitos a respeito da realidade social.
METODOLOGIA

Foram realizadas várias pesquisas em meios eletrônicos, como Google Acadêmico,


Scielo e Pepsic, a respeito do tema “Representações Sociais sobre a Aids”.
Encontraram-se inúmeros materiais a respeito desta temática, incluindo artigos,
dissertações e trabalhos de conclusão de curso, geralmente relacionados a áreas da
Saúde, como Psicologia e Enfermagem.

ANÁLISE DA METODOLOGIA

A partir do tema “Representações Sociais sobre a Aids”, foram utilizadas várias


produções bibliográficas a respeito da Psicologia Social que tratavam,
especificamente, do conceito de Representações Sociais. Moscovici (2007), por
exemplo, foi o criador da Teoria das Representações Sociais; e Jodelet (2002) se
aprofundou no conceito de Moscovici (2007) de modo a atribuir as representações
como interpretações que as pessoas fazem sobre a realidade. Com relação às
Representações Sociais sobre a AIDS, os conteúdos descritos nos livros e artigos
utilizados apontaram que as representações surgiram através de várias tentativas de
entender melhor aquela nova doença e aquele novo fenômeno social. O fenômeno da
AIDS gerou reações de espanto e perplexidade nos meios sociais, e mediante as
dificuldades de compreender e definir a incidência daquele fenômeno, o senso comum
definiu aquela ameaça iminente como uma “nova peste”, mencionando a relação feita
entre AIDS e homossexualidade, AIDS e comportamentos de risco, AIDS e
vulnerabilidade, AIDS e responsabilidade individual.

CONCLUSÃO

O sofrimento que permeia a AIDS possui um duplo potencial. De um lado, existe o


sofrimento físico, causado pelos sintomas da doença e dos efeitos adversos do
tratamento retroviral; e de outro lado, há o sofrimento social, que evidencia a exclusão
e o preconceito sofridos por pessoas soropositivas. Este sofrimento social acontece
através do medo do abraço e da aproximação para com os soropositivos, além do fato
de pessoas muitas vezes não relatarem que possuem a AIDS ou o vírus HIV, seja
para parceiros amorosos ou em contextos de convívio social, por temerem ou se
defenderem do preconceito e do desamparo afetivo-social.
O preconceito contra soropositivos também faz com que a adesão ao tratamento
contra a evolução do vírus HIV seja prejudicada, pois muitas pessoas têm receio ou
vergonha de assumir a realidade do HIV. Para superar a incidência de ideias
discriminatórias, é fundamental que sejam propagadas maiores informações acerca da
doença, das formas de contágio e dos métodos de prevenção, de modo a reduzir as
representações errôneas e equivocadas que geram a discriminação e a
marginalização da população soropositiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, L.; CAMARGO, B.V.; BOUSFIELD, A.B.S. Representações sociais e


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BARBARÁ, A.; SACHETTI, V.A.R.; CREPALDI, M.A. Contribuições das
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da família sobre o princípio da equidade no cuidado em saúde aos portadores de
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