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Artigos sobre Historicidade do Processo Saúde-Doença

Laura

Artigo: Conceito Saúde e Doenças ao longo da história sob um olhar epidemiológico e


antropológico. BACKES et al., 2008.

Violência de Gênero e o processo de Saúde-Doenças das mulheres. GUEDES et al., 2009.

 Subjetividade na descrição do que é doença, por meio das palavras gera o significado;
 Qualidade de vida e saúde: Fatores condicionantes no viés político, acesso a saúde,
assistência, alimentação, laser e bem estar....
 OMS: Completo bem-estar físico, social e mental e não somente a ausência de doença ---
resiliência, capacidade de solucionar problemas e demandas do dia a dia, flexibilidade,
além de condições e e fatores favorecedores para que isso seja atingido (pode se utópico,
100% não existe);
 Processo histórico: 1º Galeno dividiu saúde entre três pontos: saúde, estado neutro e má
saúde, causas eram advindas do ambiente, astros, insetos, animais ou mediante
explicação filosofia religiosa. 2º século XIX causas são descritas como agentes etiológicos
combatidos com produtos químicos e vacinas, biologia cientifica. 3º Século XX homem
biopsicossocial, valorização de fatores psíquicos e sociais, além dos biológicos como
causas. 4º Contemporaneidade foco na promoção de saúde, envolvendo valores e
processo não mensuráveis, considerando diferença, subjetividade e a singularidade do que
acontece no individual ou coletivo, normal e patológico varia por conta da subjetividade.
 Olhar da epidemiologia: foca no quesito biológico, precisam diagnostica, investiga, busca
identificar as causas das doenças, controle do contagio e redução de riscos.
 Olhar da antropologia: cultura, crenças, história de vida, viés social e afins, são
determinantes do processo de desenvolvimento das doenças ou saúde. “O que é incomum
nem sempre é negativo ou anormal”. Investir na promoção de saúde é um desafio, ainda
mantemos foco em ações preventivas. Profissionais ir além do quadro nosológico.
 Mulher e Gênero: Sem entender contexto, não entende dinâmica do sujeito, assim não
existe um padrão para descrever o que normal dentro de uma individualidade;
 Mulheres que sofrem violência acabam tendo mais problemas de saúde, por
consequência tendo mais contato com unidades de saúde, assim um olhar direcionado a
elas, bem como manejo e promoção de saúde agem como redutores de casos de
violência;
 Profissionais especializados com humanização e acolhimento as vítimas.
 Desenvolvimento de programas de saúde para mulheres.
Fernanda

Artigo: A HISTORICIDADE DAS TEORIAS INTERPRETATIVAS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

OLIVEIRA, M.A.C.; EGRY, E.Y. A historicidade das teorias interpretativas do processo saúde-doença.
Rev.Esc.Enf.USP, v. 34, n. 1, p. 9-15, mar. 2000.

Ao longo da história surgiram diferentes teorias interpretativas sobre o processo saúde-


doença. A concepção de `doença' existente em uma determinada época é um instrumento de
trabalho historicamente apropriado para a reprodução daquela articulação na estrutura social
particular analisada.

Até o século XIX, as formas de representação da doença podiam ser sintetizadas em 2


vertentes fundadas na unicausalidade: a ontológica e a dinâmica.

Na antiguidade a concepção ontológica atribuía à enfermidade um estatuto de causa única


e de entidade, sempre externa ao ser humano e com existência própria - um mal, sendo o doente,
o ser humano ao qual essa entidade-malefício se agregou: o corpo humano é tomado com
receptáculo de um elemento natural ou espírito sobrenatural que, invadindo-o, produz a 'doença';
sem haver qualquer participação ou controle desse organismo no processo de causação. Essa
concepção "organicista, localizante e mecanicista em termos de causalidade", ainda subsiste no
pensamento contemporâneo, apesar das transformações históricas de que foi alvo e se faz
presente nas interpretações da doenças carenciais, infecciosas e parasitárias.

Nas antigas medicinas hindu e chinesa a doença era vista como o produto do desequilíbrio
ou desarmonia entre os princípios ou forças básicas da vida. Hipócrates, o pai da medicina
moderna, reconhecia a doença como parte da natureza, dando prosseguimento à vertente
dinâmica. Para ele a saúde era a expressão de uma condição de equilíbrio do corpo humano,
obtida por um modo de vida ideal, que incluía nutrição, excreção, exercício e repouso adequados.
A medicina hipocrática dos séculos V e IV a.C. valorizava a prática clínica e a observação da
natureza, à qual atribuía grande importância na causação das doenças, nela podendo ser
encontradas as origens da corrente ecológica moderna.

Durante a Idade Média, a medicina ocidental experimentou um relativo retrocesso pois,


ainda que mantidos os princípios hipocráticos, o Cristinianismo levou ao progressivo abandono da
prática clínica em favor de uma maior preocupação com a salvação do espírito. Mas já ao final do
Medievo, as frequentes guerras e o aumento das epidemias na Europa trouxeram de volta a
preocupação com as formas de transmissão das doenças, então atribuídas a influências cósmicas,
à bruxaria ou ao envenenamento da água e do ar por grupos estigmatizados.

Posteriormente houve um progresso com o desenvolvimento da Anatomia Humana,


Fisiologia, Patologia, Epidemiologia, Infectologia, etc. Todas essas áreas contribuíram para o
melhor entendimento da relação entre saúde-doença.

Os paradigmas sócio-ambientais predominavam como forma de explicação para a origem


das doenças. Miséria e miasmas eram invocados para explicar a disseminação das enfermidades,
ou seja, causas sociais. Esboçavam-se as primeiras evidências da determinação social do processo
saúde-doença e os primeiros modelos estatais de interferência na saúde das coletividades, a saúde
pública. Em seguida veio a reforma sanitária, como movimento político, assim como a saúde
pública, e seu projeto técnico de ação.

Foi somente após a II Guerra Mundial, quando já se havia conseguido um controle relativo
das principais doenças transmissíveis, que a abordagem social dos fenômenos de saúde-doença foi
reincorporada. Os interesses voltaram-se gradativamente para as enfermidades crônicas e para as
não-infecciosas, frente às mudanças demográficas e ao envelhecimento da população dos países
desenvolvidos. A prática médica havia se deslocado quase que exclusivamente para o hospital, daí
a necessidade de melhor conhecê-lo.

Vê-se, portanto, que as concepções sobre a saúde e a doença são limitadas pelo
desenvolvimento teóricoconceitual da ciência e, sobretudo, por condicionantes ideológicos que
tornam determinadas opções conceituais mais legítimas e mais potentes que outras. Retratam a
diversidade conceitual e metodológica resultante das transformações dos marcos de inferência
causal ao longo da história da constituição desses saberes.

Na atualidade, a saúde é frequentemente pensada em termos negativos, como a ausência


de doença. A OMS, ao definir a saúde como "o completo bem-estar físico, mental e não apenas a
ausência de doença", propôs-se justamente a superar essa negatividade através de um conceito
integrador que, mais que um conjunto de negativas, pretende designar a inexistência de qualquer
condição indesejável. Alguns autores identificam na atualidade o predomínio do modelo da
determinação multicausal, que atribui a gênese da doença a múltiplos fatores interrelacionados
em redes de causalidade. Consideram também a teoria dos estilos de vida, na qual a gênese da
doença aparece associada ao modo de vida das pessoas, seus hábitos e os comportamentos de
risco a que se submetem, como o estresse, a vida sedentária, a alimentação inadequada, etc.
Dentro dessa concepção, a informação e os programas de educação, mais gerais ou mais
específicos, aparecem como uma alternativa importante de intervenção no processo saúde-
doença. Consideram ainda a teoria do germe, a teoria ambiental e a teoria genética.

Faz-se necessário incorporar a dimensão coletiva do fenômeno saúde-doença, através de


modelos interativos que incorporem ações individuais e coletivas. Uma nova maneira de pensar a
saúde e a doença deve incluir explicações para os achados universais de que a mortalidade e a
morbidade obedecem a um gradiente que atravessa as classes sócio-econômicas, de modo que
menores rendas ou status social estão associados a uma pior condição em termos de saúde. Tal
evidência constitui-se em um indicativo de que os determinantes da saúde estão localizados fora
do sistema de assistência à saúde.

Os autores concluem que a compreensão acerca dos determinantes da saúde das


populações, assim como a discussão e a formulação de políticas de saúde têm sido grandemente
prejudicadas pela perpetuação de instrumentos de interpretação incompletos, obsoletos ou
equivocados. Citam a forma sistematizada para captar, interpretar e intervir no fenômeno, no caso
o processo saúde-doença, tendo em vista suas manifestações nas dimensões singular, particular e
estrutural da realidade.
Vanessa

Artigo: SAÚDE COLETIVA E HISTORICIDADE DO CONHECIMENTO: TEORIA,


INTERDISCIPLINARIDADE E O SUJEITO CONTEMPORÂNEO.

IANNI, A. M. Z. Saúde Coletiva e Historicidade do Conhecimento: teoria, interdisciplinaridade e o


sujeito contemporâneo. DEBATE • Cad. Saúde Pública 37
(12) • 2021 • https://doi.org/10.1590/0102-311X00227521 .
 O conceito de determinação social aplicado no processo saúde-doença aborda questões
complexas e tem contribuição da sociologia na sua problematização;
 Destaca-se o papel da Epidemiologia, como responsável pelo estudo sobre a temática,
trazendo importantes conhecimentos sobre os aspectos biológicos e sociais.
 Importância da interdisciplinaridade para a construção desse conhecimento: contribuição
de diferentes áreas teórico-práticas, visão crítica e reflexiva, atualização constante
(levando em consideração época, cultura e afins), permitindo importantes avanços sobre a
compreensão do processo saúde-doença;
 Crítica acerca do produtivismo acadêmico: “necessidade” de produzir artigos (mérito pela
quantidade de publicações e não qualidade), que faz com que sejam feitas pesquisas
“mais do mesmo” e presas em áreas restritas de conhecimento ao invés de inovar e
abranger conhecimentos interdisciplinares: Justifica-se pelo fato de que o entendimento
de saúde-doença atravessa diversas áreas;
 Ressalta-se que o trabalho para obter conhecimento interdisciplinar requer esforço e
dedicação, pois abrange as ciências humanas/sociais e biológicas;
 Crítica sobre o constante distanciamento entre o conhecimento teórico e prático: é dado
uma importância maior para o conhecimento prático (a aplicabilidade da teoria) que se
tornou conhecimento técnico. Essa prática é interdisciplinar, porém, há pouca crítica “o
confronto da coisa com seu próprio conceito”, a reflexão da prática com a saúde em si;
 Já o sujeito/cidadão/ator politico, se relaciona com a visão positivista, inclusive nos
debates interdisciplinares sobre saúde. A explicação gira em torno da relação causa e
consequência, em que seu contexto social é apresentado como fundo dos seus problemas,
trazendo inúmeras explicações/teorias e pouca objetividade científica;
 Ainda, há a problematização sobre sua liberdade e autonomia, em que o entendimento do
sujeito com funcionamento normal (em saúde física, psicológica, financeira, familiar e etc),
perpassa sua inserção no mercado de trabalho. É considerada uma forma de integrar a
pessoa na sociedade;
 Ainda, essa compreensão de saúde-doença deve considerar o processo de globalização e a
desconstrução de sistemas tradicionais da sociedade, que geram insegurança, dúvidas,
preconceito, afetando a subjetividade de cada um, gerando uma crise de: “afinal, quem
somos nós?” – “quem é o sujeito social de agora?”
Thiago

HISTORICIDADE E OLHARES SOBRE O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: UMA NOVA PERCEPÇÃO

Everaldo de Santana Silva, Gustavo Aveiro Lins, Elza Maria Neffa Vieira de Castro

Revista SUSTINERE, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 171-186, jul-dez, 2016

O artigo direciona seus estudos para o um paradigma da medicina cientificista do século


XX no Brasil, com práticas sobre o exercício na formação do profissional da saúde. Fica evidenciado
como uma relação entre ambiente natural e ambiente social na sociedade ocidental.
De acordo com Rosen (2000), Na história das sociedades, os maiores flagelos associados à
vigilância em saúde decorreram de fatores intrínsecos à construção das comunidades, o que
evidencia sua íntima relação com as condições ambientais, a falta de planejamento sanitário,
afetada as comunidades pela precariedade dos cuidados sanitários com resultados de proliferação
de doenças e sua transmissão. São exemplos dos termos de endemia e pandemia, historicamente
os primeiros achados foram na Grécia com Hipócrates, que relatório de modo simplório a
enfermidade do paciente e também as interferências das mudanças atmosféricas na evolução das
doenças e sua transmissão.
Exemplos na história de proliferação das doenças ocorreu com a colonização dos povos
pré colombianos, com o falecimento de 95% da população por surtos na dimensão epidêmica de
gripe e também o sarampo, visto que a população não tinha relação ou imunidade para novas
doenças, ocorrendo uma rápida proliferação e causas mortis. (ALMEIDA FILHO, 2009)
“Nos séculos XVI e XVII, a teoria miasmática, formulada por Thomas Sydenham e Giovanni
Maria Lancisi, postulava que as doenças resultavam de miasmas (contaminação no grego antigo) -
odores fétidos provenientes de matéria orgânica em putrefação nos solos e nos lençóis freáticos
contaminados e transportados pelos ventos. Apoiada neste pressuposto, a teoria contagionista
admitia a transmissão de enfermidades por contato físico, cujo material infeccioso associado a
microrganismos contaminava o ar, a água, as roupas ou pertences do enfermo. As políticas
preventivas da primeira relacionavam-se à limpeza de edifícios públicos e pântanos. A segunda
defendia uma ação radical de isolamento e reclusão do enfermo”. (LEWINSOHN, 2003).
De acordo com a passagem de Lewinsohn (2003), que comentou a teoria miasmática que
o foco das doenças, ou a contaminação das doenças, estava na matéria orgânica como dejetos
humanos que iam para os rios e lençóis freáticos, pelas vestimentas e depois pela contaminação
do ar.
Os desafios contemporâneos, pautados nos estudos de historicidade, aponta que para
produzir mais conhecimento, deve ampliar o olhar para uma visão complexa, de múltiplos fatores
que podem ocorrera a proliferação, buscando soluções na história e avaliando as complicações do
mundo e suas relações inter, intra e multiculturais, assim como os espaços estão conceituados
como territórios e a diversidade de pessoas em locais públicos possibilitam a transmissão e
evolução de vírus ou bactérias que podem disseminar doenças e estas evoluírem ou mutarem-se.
E os cuidados com os quesitos sanitários devem ser mantidos, e aprimorados como formas
de soluções e extinção de doenças, até mesmo pelas teorias iniciais como a teoria miasmática que
a falta de soluções pode causar transmissões e aumento de enfermidades em níveis locais,
regionais, nacionais até mundiais, como exemplo da COVID-19, que chegou à sua dimensão
pandêmica.

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