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História Natural da Doença

Considerações Iniciais

Conjunto de processos interativos compreende “as inter-relações do agente, do susceptível e do meio


ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento.

Desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente ou qualquer outro lugar,
passando pela resposta do homem ao estímulo até as alterações que levam a um defeito, invalidez,
recuperação ou morte”.

Resgate histórico → Processo Saúde-Doença

A saúde e a doença sempre fizeram parte da realidade e das preocupações humanas.

Ao longo da história, os modelos de explicação da saúde e da doença sempre estiveram vinculados aos
diferentes processos de produção e reprodução das sociedades humanas.

Desde a visão mágica dos caçadores-coletores até a perspectiva individualizante do capitalismo


concorrencial, a diversidade de práticas que procuram promover, manter ou recuperar a saúde tem
estreita relação com as formações sociais e econômicas, os significados atribuídos e o conhecimento
disponível em cada época.

As Interpretações Mágico – Religiosas

 Responsável pela manutenção da coesão social e desenvolvimento inicial da prática médica;

 Sacerdotes incas, xamãs e pajés entre os indígenas brasileiros; as benzedeiras e os curandeiros na


África;

 Encarregados de realizar a cura, erradicando o mal e reintegrando o doente;

As Primeiras Explicações Racionais: a medicina hipocrática

 Rompe co a superstição e as práticas mágicas e surgimento de explicações racionais;

 Hygeia (de onde deriva “higiene”) e Panacea (deusa da cura);

 A relação com o ambiente é um traço característico da compreensão hipocrática; Doença


“desequilíbrio dos quatro humores fundamentais do organismo: sangue, linfa, bile amarela e bile
negra”;

 Teoria dos miasmas surgimento das doenças a partir da emanação do ar insalubre;

Império Romano → engenharia sanitária e a administração → notável desenvolvimento.

Saúde e Doença na Idade Média: entre o castigo e a redenção

 Doenças → castigo de Deus, expiação dos pecados ou possessão do demônio;

 Prática de cura: Médicos → Atribuição de religiosos;

 Inúmeras epidemias: varíola, difteria, sarampo, influenza, tuberculose, escabiose, lepra e peste
bubônica → maior importância e preocupação;
 Algumas ações de saúde pública → sanear as cidades medievais;

Surgem os primeiros hospitais → acolher os pobres e doentes; Instituição da prática da quarentena →


deter a propagação das doenças.

Renascimento: novos olhares

 Persistência do misticismo + ciência moderna não havia nascido;

 Intuição – transmissão de doenças de pessoa a pessoa → partículas imperceptíveis “germes”;

 A afirmação de um novo tipo de conhecimento se dava principalmente por meio da publicação de


inúmeros tratados técnicos, favorecendo o contato entre o saber cientifico e o saber técnico-
artesanal;

 “Contagionistas” → Identificar um principio causal para cada doença;

 Defensores da “constituição epidêmica” → Epidemias – conseqüência de desequilíbrios de uma


constituição atmosférica e corporal;

Surgimento da Medicina Social

 Surgem as primeiras regulações visando à saúde nas fábricas - ↓ da excessiva CH de trabalho;

 A medicina passa a considerar os aspectos econômicos, sociais e culturais envolvidos na


saúde/doença da população;

Medicina de Estado Medicina urbana Desenvolvimento do


proletariado industrial na
Organização de um sistema Métodos de vigilância e Inglaterra – “Lei dos
de observação da morbidade. hospitalização. pobres”

Métodos de vigilância e
hospitalização; Controle do
corpo da classe trabalhadora
por meio da vacinação.

A Era Bacteriológica e a Discussão da Causalidade

 No final do século XIX ocorreu a identificação de diversos microrganismos patogênicos;

 Boa parte das questões relativas às doenças infecciosas respondida – doenças contagiosas;

 Persistiam algumas interrogações sobre a origem de doenças em que novos casos surgiam sem
qualquer contato direto com os indivíduos enfermos;

 Início do século XX: A participação de vetores ou hospedeiros intermediários na transmissão/


Imunidade ativa e passiva.

A Unicasualidade

 Modelo unicausal de compreensão da doença → existência de apenas uma causa (Agente);

 Essa concepção permitiu o sucesso na prevenção de diversas doenças → reduzindo a ação única de
um agente específico.
Busca de uma causa verdadeira e específica da doença;
Estudar a predisposição do corpo e do ambiente para o surgimento da doença.

O Modelo de Explicação Multicausal

A debilidade do modelo unicausal na explicação de doenças associadas a múltiplos fatores de risco


favoreceu o desenvolvimento dos modelos multicausais.

 A doença seria resultante de um desequilíbrio nas auto regulações existentes no sistema;

 Possibilitar a proposição de barreiras à evolução da doença mesmo antes de sua manifestação clínica
(pré-patogénese);

 Avançou no conhecimento dos fatores condicionantes da saúde e da doença.

A Produção Social da Saúde e da Doença

 A década de 1960 foi bastante rica em análises que criticavam o modelo da história natural da
doença abordagem mais ampla, considerando as relações da saúde com a produção social e
econômica da sociedade.

 O modelo da determinação social da saúde/doença procura articular as diferentes dimensões da vida


envolvidas nesse processo.

Aspectos históricos, econômicos, sociais, culturais, biológicos, ambientais e psicológicos que


configuram uma determinada realidade sanitária.

A noção de 'causalidade' é substituída, do ponto de vista analítico

pela noção de 'determinação'.


Considerações Iniciais

História natural da doença

 É o curso da doença desde o início até sua resolução, na ausência de intervenção;

 Em outras palavras é o modo próprio de evoluir que tem toda doença ou processo, quando se deixa
seguir seu próprio curso.

INÍCIO Com a exposição de um hospedeiro suscetível a um agente causal → TÉRMINO Com a


recuperação, deficiência ou óbito.
Período de pré-patogênese

Primeiro período

É a própria evolução das inter-relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais
e ambientais e

Do outro, os fatores próprios do susceptível, até que se chegue a uma configuração favorável à
instalação da doença.

Fatores Sociais que influenciam o período de pré-patogênese

Grupos sociais economicamente privilegiados


estão sujeitos à ação dos fatores ambientais
Fatores socioeconômicos
estimulam a ocorrência de certas doenças com
incidência nos economicamente desprivilegiados.

Decisão política; Participação consentida e


valorização da cidadania; Participação
Fatores sociopolíticos
comunitária efetivamente exercida; Transparência
das ações e acesso à informação.

Preconceitos e hábitos culturais, crendices,


comportamentos e valores, valendo como fatores
Fatores socioculturais
pré-patogênicos contribuintes para a difusão e
manutenção de doenças.

Marginalidade, falta de apoio no contexto social,


condições de trabalho, promiscuidade,
Fatores psicossociais transtornos econômicos, falta de cuidado materno
na infância, carência afetiva de ordem geral, e
outros.

Fatores Ambientais que influenciam o período de pré-patogênese

Fatores Genéticos e Multifatorialidade que influenciam o período de pré-patogênese

Provavelmente determinam a maior ou menor suscetibilidade da pessoa quanto à aquisição de doenças.


Período de patogênese - Implantação e evolução no homem.

Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogénicos exercem sobre o ser afetado.

Seguem-se as perturbações bioquímicas em nivel celular, continuam com as perturbações na forma e


na função, evoluindo para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura.

Níveis de evolução da doença no período de patogênese

1 Interação estimulo-susceptivel;
2 Alterações bioquímicas, fisiológicas histológicas;
3 Sinais e sintomas;
4 Defeitos permanentes, cronicidade, cura.

Prevenção de Doenças

Níveis de Prevenção

Prevenir e prever antes que algo aconteça ou mesmo cuidar para que não aconteça.
Questões –História Natural da Doença

1. (SABESP/FCC/2014) A história natural da doença refere-se a uma descrição da progressão


ininterrupta de uma doença em um indivíduo desde o momento da exposição aos agentes causais até a
recuperação ou a morte. Pode-se afirmar que

a) as fases de evolução da doença são 4: de susceptibilidade, patologica pré-clínica, clínica e de


incapacidade residual.
b) as medidas preventivas podem ser iniciadas a partir da fase patológica pré-clínica.
c) as medidas preventivas na fase clínica são denominadas prevenção terciária.
d) os fatores gerais envolvidos no processo saúde e doença são agente e hospedeiro.
e) tratamento adequado para interromper o processo mórbido e evitar futuras complicações e sequelas
denomina-se prevenção primária.

2. (Residência Médica/Hospital Universitária São Francisco de Paula/2014) Com relação aos níveis de
prevenção de doenças, primariamente estabelecidos por Leavell & Clark (1976), as ações realizadas com
o intuito de remoção de causas e fatores de risco de um determinado problema de saúde individual ou
coletivo, antes do desenvolvimento da condição clínica, pode ser definido como nível de prevenção:

a) primordial.
b) primária.
c) secundária.
d) terciária.
e) quaternária.

3. (Residência Médica/PROPESP/UFPA/2012) São exemplos de prevenção primária, secundária e


terciária, respectivamente:

a) água tratada; fluoretação da água; readaptação funcional.


b) autoexame da mama; colecistectomia; órtese.
c) vacinação antiamarílica; exame médico periódico; dentadura.
d) PCCU; prevenção de queda em idosos; piso sem obstáculos.
e) mamografia; promoção do envelhecimento saudável; cirurgia de catarata.

4. (Prefeitura São José do Rio Preto/ VUNESP/2012) Em face da elevação preocupante dos casos de
tuberculose, optou-se por realizar a pesquisa de BK no escarro em todo atendimento ambulatorial com
história de tosse há mais de 3 semanas. Esse nível de prevenção, segundo a história natural da doença
(Leavell e Clark), é o:

a) primário.
b) secundário.
c) terciário.
d) de proteção.
e) pré-patogênico.

5. (FAFIPA/2009) A expressão “história natural da doença”, refere-se a um conjunto de relações


específicas existentes entre três elementos, que são

a) agente causador, o suscetível, e o meio ambiente.


b) agente causador, vetor e homem.
c) vetor, homem e o ambiente.
d) homem, agente causador e a patologia.
e) o trabalho, o homem e a patologia.

6. (Pref. de Fortaleza-CE/IMPARH/2014) Em relação à concepção da História Natural da Doença de


Leavell & Clark (1965), na explicação da causalidade do Processo saúde/doença, analise os itens abaixo
e a seguir assinale a alternativa CORRETA:

a) Os autores destacam a abordagem médico-social do processo saúde-doença e que consideram os


determinantes sociais de saúde e a crítica ao modo de produção capitalista.
b) A história natural da doença parte dos determinantes econômicos onde estão inseridos os sujeitos,
colocando a importância do empoderamento como dimensão essencial.
c) O processo saúde/doença trabalha na perspectiva do modelo médico hegemônico aplicado às
questões sanitárias e às práticas clínicas da atenção médica, desconsiderando a dimensão biológica do
processo saúdedoença.
d) Os autores destacam a história natural da doença, em três níveis de prevenção: prevenção primária
(promoção da saúde), prevenção secundária e terciária.

GABARITO

1. A
2. B
3. C
4. B
5. A
6. D

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