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INTRODUÇÃO AO

ESTUDO DA SAÚDE
COLETIVA

Prof.ª Enf. Francimara Morais


 O que é saúde coletiva?
O conceito de saúde coletiva é o efeito das interações
socioeconômicas de uma sociedade com o ambiente
e o quanto isso pode influir a salubridade de uma
região ou comunidade. Ao contrário das demais áreas
de saúde que tendem a possuir um caráter de
tratamento, a saúde coletiva tem como objetivo
principal prevenir o desenvolvimento ou a
disseminação de patologias e demais problemas de
saúde por meio da implantação de perfis sanitários
condizentes com a cultura e a necessidade da região.
Concepção mágica do mundo...

Espíritos Doença
Demônios
malignos infecciosa
O OLHAR MÁGICO
 Para a maior parte das doenças é difícil

estabelecer relações de causa e efeito;

 POVOS PRIMITIVOS CONCEPÇÃO


MÁGICA

 Patologia como uma faceta da mitologia;

 Homem que se sentia enfeitiçado se deixava

definhar até morrer.


SCLIAR, 2005
Quem curava o doente, nesse caso?
 Feiticeiros ou xamãs;

 Reintegração do doente ao universo total, do

qual ele é parte – MICROSMO/MACROCOSMO;


 Tarefa do xamã: convocar espíritos capazes de

erradicar o mal;
 Canções xamanísticas e plantas alucinógenas.
E no Brasil...
• Pajé como curandeiro;

• Práticas mágicas dos negros – conhecimento de

medicina natural;
• Africanos, índios e mestiços : Curandeiros

• Chás, rezas, feitiços, benzeduras, rituais: Proibido pela

inquisição;
• Componente psicológico
Outros povos da antiguidade...
 Assírios e babilônios: visão mágico-religiosa da doença

Médico - sarcedote.

 Egito: exorcismo dos demônios com amuletos e rituais.

 Antigos hebreus: doença era sinal de cólera divina pelo

os pecados humanos.

 DOENÇA=DESOBEDIÊNCIA/PECADO

 Sinais visíveis do pecado: lepra


• Crenças e práticas mantinham a coesão e ter funcionado

na prevenção de doenças.
• Exemplo: Feridas na pele.

“Tratar a doença
dá poder”
Próximo passo da história...
O OLHAR EMPÍRICO

• Mudança no rumo da medicina – Grécia;

• O ser humano ideal era uma criatura equilibrada;

• Culto ao físico, exercícios;

• Culto dos Deuses

• Deuses podem curar tudo, mas a cura era resultado de

rituais + uso de plantas e métodos naturais.


Hipócrates: Pai da Medicina
• Visão racional

• “ A doença chamada sagrada... Não é, em minha opinião,

mais divina ou mais sagrada que qualquer outra doença,


tem uma causa natural e sua origem supostamente divina
reflete a ignorância humana.” ( corpus hipocraticus-Texto:
Doença Sagrada)
Asclepius – deus da medicina Hygeia – deusa da saúde
Início de valorização empírica...
• Casos clínicos: visão epidemiológica do
problema saúde-enfermidade.
• Análise do ambiente, multicausalidade de
doenças;
• Desconhecimento de anatomia, fisiologia,
patologia...
Romanos domínio do mundo...
• Sistemas de esgoto, banhos públicos,
inspeção de alimentos, leprosários.
• No entanto ainda NÃO se podia considerar
como Saúde Pública, pois a sociedade
ainda não era organizada para isso
( barreira entre as classes).
Idade Média: a era das trevas...
• Queda do império Romano e ascensão do
regime feudal Consequências na saúde,
prevenção e tratamento de doenças;
 Pestes, epidemias, miséria, promiscuidade, falta
de higiene, conflitos militares = SURTOS
EPIDÊMICO;
 Total despreparo para epidemias: causas e
mecanismo de transmissão das doenças
totalmente desconhecidos.
Idade média: A era das Trevas...

• Quarentena: medida puramente empírica

• Práticas supersticiosas

• Lepra: maldição, segregação

• Instituições de caridade: conforto espiritual


Fim da idade Média...

• Medicina leiga: evitar vinho e excesso de

comida, não se preocupar muito, levantar


cedo, evacuar logo que necessário.
• Sífilis começa a aterrorizar a Europa.
Era moderna...
• Desencanto com o universo místico.
• Dissociação alma e corpo/místico e real;
• Conceito de corpo social ganha força;
• Constante presença do Estado na vida das
pessoas.
• “Assim como o corpo deve ter ações integradas,
também devem ser integradas as ações sociais”
ESTADO
• Já se pode falar em Saúde Pública .
O OLHAR AUTORITÁRIO

• Quanto mais forte a autoridade do Estado, mais

atuante a Saúde Pública.

• Saúde é uma questão política;

• Revolução Industrial.
• As origens da Saúde Publica remetem a
atuação via autoridade governamental.
Assim é parte das atividades
primariamente confiadas ao Estado:
segurança pública, geração e distribuição
de energia, estradas, justiça.
•O modelo autoritário se torna
ultrapassado: o desenvolvimento da
ciência exigia novas formas de olhar
para o corpo social.
A saúde Pública e o
desenvolvimento da ciência
• Século XIX – características científicos
• Primeiros dados de expressão numérica (Olhar
Contábil)
• Saúde do corpo individual já tinha dados
numéricos (sinais vitais), era o momento do
corpo social ter seus (indicadores).
• Já se era possível conhecer mais sobre a
população, educação, produção e doenças.
A saúde Pública e o
desenvolvimento da ciência
• Além dos dados estatísticos...

• Entendimento da gênese e evolução das doenças;

• Olhar contábil olhar epidemiológico;


• Surgimento da epidemiologia: estudo dos fatores

que condicionam o surgimento e distribuição de


doenças e de agravos á saúde em populações.
A saúde Pública e o
desenvolvimento da ciência
• “Olhar armado” – popularização do
microscópio;
• Desenvolvimento da microbiologia: Pasteur
• Fermentação, pasteurização, isolamento
de germes na agricultura e finalmente,
doenças em seres humanos.
• Infecção.
A saúde Pública e o
desenvolvimento da ciência

Descoberta de causadores da febre


tifóide, hanseníase, lepra, malária,
tuberculose, cólera, difteria, cancro
mole, pneumonia, tétano, peste,
botulismo, disenteria.
A saúde Pública e o
desenvolvimento da ciência
 Avanços na medicina tropical: descoberta
de vetores de importantes doenças:
 Descoberta dos agentes imunizantes e
surgimento de vacinas no séc. XX;
 Avanços na bacteriologia e farmacologia.
“A revolução Industrial trouxe benefícios
para a saúde Pública mas acarretou
também enormes problemas. Problemas
que exigiram um novo olhar cada vez mais
complexo ao corpo social. Um olhar agora
fortemente crítico mas que não deixava de
buscar, soluções: o olhar social” (SCLIAR.
2005 p.79)
O OLHAR SOCIAL
 Mesmo com os avanços, a tuberculose,
cólera, peste, febre amarela e malária
ainda dizimavam populações.
 Revolução Industrial – crescimento das
cidades.
 O Estado já intervinha com a polícia
sanitária, mas a saúde já começava a ser
mais do que isso: um direito ao cidadão.
O que é Saúde Pública, afinal?
 É a aplicação de conhecimento com os
objetivos de...
 Organizar sistemas e serviços de saúde;
 Atuar em fatores condicionantes e
determinantes do processo saúde-doença;
 Controlar a incidência de doenças nas
populações através de ações de vigilância
e intervenções governamentais.
E a saúde Coletiva?

Estende esse conceito de saúde


pública, enfatizando a qualidade de
vida da população, promoção da
saúde e prevenção de doenças em
uma perspectiva mais holística.
Ou seja...
• Apenas saúde do corpo adequada não
basta.
• Condições de subsistência, educação e
hábitos sadios tem que estar presentes.
• Essa é a verdadeira medicina do corpo
social, pois enfatiza aspectos sociais e
comunitários.
Objetos de investigação e práticas da Saúde Coletiva

 O estado de saúde da população,

incluindo tendências gerais do ponto de


vista epidemiológico, demográfico,
socioeconômico e cultural;
Objetos de investigação e práticas da Saúde
Coletiva
 Os serviços de saúde, enquanto
instituições de diferentes níveis de
complexidade, abrangendo o estudo do
processo de trabalho em saúde, políticas
de saúde, bem como a avaliação de
planos, programas e tecnologias utilizadas
na atenção à saúde;
Objetos de investigação e práticas da Saúde
Coletiva
 O saber sobre a saúde, incluindo investigações

sobre a produção de conhecimentos nesse


campo e sobre as relações entre o saber “
científico” e as concepções e práticas populares
de saúde, influenciadas pelas tradições, crenças
e cultura de modo geral.
Métodos de trabalho e estratégias de intervenção
 Ação governamental ampla: verdadeira transformação
social, como forma decisiva de erradicação da miséria, da
desnutrição...
 Ação governamental restrita: exercida por setor
governamental, por exemplo um programa de saúde
materno-infantil.
 Ação profissional em relação ao paciente: consulta de
enfermagem.
 Ação auxiliar em relação à pessoa: ato de vacinar, por
exemplo.
 Ação individual: exercício físico, hábitos sadios.
E quem faz a Saúde Coletiva?
• Ação governamental ou ONGs;

• Linha de frente: equipe multiprofissional de saúde;

• Importância da interação com a comunidade organizada;

• Unidade de Saúde atende região geográfica bem


delimitada, com população definida;
• Não se pode aguardar que as pessoas venham em busca

de cuidados.
Bibliografia
 SCLIAR,M Do Mágico ao Social - trajetória da saúde
públicas. São Paulo/SP:Atheneu,2005
 ALMEIDA FILHO,N. A crise da Saúde Públicas e a utopia
da Saúde Coletiva. Salvador/BA, Casa da Qualidade,
2000.

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