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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA SAÚDE E DOENÇA

Introdução: Nos últimos anos, as mudanças que vêm ocorrendo em todos os


setores da sociedade humana são invisíveis, afetam os paradigmas culturais e
científicos, e nos forçam a transformar pensamentos e conceitos. A tecnologia e
o desenvolvimento acontecem, de maneira que torna o mundo um só, como uma
aldeia global. A própria religião, mercados financeiros e os seres humanos
começam a rever suas opiniões. Assim, cria-se a consciência do homem quanto
à realidade biopsíquico-mental que o integra. Nesse sentido, o conceito de saúde
pode variar de acordo com o contexto social, além de sofrer variações ao longo
do tempo. Na Grécia antiga, os homens utilizavam os mitos para explicar os
fenômenos naturais e a origem da doença. O xamanismo era um dos rituais
desenvolvidos para lidar com a doença e consistia em uma pessoa (o xamã),
que era capaz de fazer adivinhações, diagnósticos de doenças e realizações de
curas, por meio da comunicação com os espíritos. Para a filosofia chinesa, a
saúde é vista como um equilíbrio, apenas existe doença quando há a perda
desse equilíbrio e a energia não circula apropriadamente. O desequilíbrio pode
ocorrer quando a dieta é sofrível, há falta de sono ou de exercício, existe
desarmonia na família ou na sociedade e quando há um desequilíbrio emocional.
A medicina científica apenas foi sistematizada com Hipócrates, no século 5 a.C,
para ele, a saúde era dada aos fatores ambientais e sociais. A saúde era a
harmonia entre os hábitos físicos e mentais, e a inter-relação destes com o
ambiente. Objetivo: Compreender como as representações (biopsicossociais e
espirituais) influenciam o processo saúde-doença da população. Resultados e
Discussão: Nos dias atuais, segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde
é definida não apenas como ausência de doença, como se pensava há algum
tempo, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. A
saúde e a doença podem estar associadas a uma construção social. Isso
depende de como a doença é classificada segundo a sua sociedade e de acordo
com critérios e modalidades que ela fixa. Isso significa que o saber médico está
totalmente articulado com o social, já que ele constrói um diagnóstico a partir das
sensações descritas pelo paciente, ou seja, pelos sintomas. Para isso, a saúde
vai depender do nível de vida da população, que é influenciada pelos fatores
socioeconômicos e socioculturais, que qualificam o desenvolvimento. Outro fator
é o nível de instrução do povo que reflete nas atividades de educação sanitária,
que são fundamentais em saúde. Porém, a saúde também influencia o nível de
vida do povo. Mais recentemente, em alguns meios específicos dos saberes
sobre o humano, surge a utilização do termo psicossocial, tentando dar conta de
responder a outras ordens de insatisfação com aquela categorização. Na
tradição médico-filosófica, utilizava a expressão físico-moral para caracterizar
perturbações que fizessem parte dos dois planos. A saúde no mundo ocidental
passa a ser vista como mercadoria e reproduz o modo de produção capitalista,
tornando-se um bem de consumo. Nesse sentido, a saúde pode ser adquirida a
partir da compra de produtos, como a simbologia e o ideário de bem-estar físico,
psíquico e outros. Tem-se os medicamentos, os produtos dietéticos e outros
tantos produtos e serviços oferecidos pela mídia contemporânea. Assim, para
que o indivíduo seja saudável, conforme o modo capitalista, é necessário que
ele consuma esses tipos de produtos que estão na mídia. A prevenção é deixada
para um segundo plano, já que as influências naturais e sociais deixam de ser
abordadas. Dessa forma, os indivíduos mais atingidos, geralmente, desprovidos
socioeconômica e culturalmente, que são os mais enfermos, acabam
influenciados pelas propagandas e acreditam que podem ter saúde, enganados
pelo marketing farmacêutico. Porém, essas pessoas fazem esse tipo de
investimento e, por outro lado, não possuem os bens necessários à higienização
mental, social e física, nem ao menos têm um saneamento básico ou nutrição
adequados, fatores que podem deixá-las em um permanente estado de doença.
As representações que os indivíduos têm em relação à doença estão
diretamente relacionadas com os usos sociais do corpo em seu estado normal.
Se existe qualquer tipo de alteração na qualidade de vida, como não conseguir
trabalhar, comer, dormir ou realizar atividades cotidianas, isso pode sugerir uma
doença no indivíduo. As sensações desagradáveis que apontam um estado
doentio no indivíduo são descritas como fraqueza, cansaço e mal-estar. Estes
são percebidos como sintomas. Já, sob uma abordagem antropológica do
processo saúde-doença, coloca-se a importância que têm os cultos religiosos na
interpretação e no tratamento da doença, além de ressaltar os aspectos positivos
do tratamento religioso quando comparados aos serviços oferecidos pela
medicina oficial. Para chegar à saúde, ao passar pela doença, corresponde-se a
uma reorientação mais completa do comportamento do doente, transformando a
expectativa que o sujeito percebe seu mundo e relaciona-se com os outros.
Realiza-se uma reorganização da experiência de mundo do sujeito doente.
Assim, a cura aparece como realidade, necessitando-se continuamente de
confirmação no cotidiano do doente e dos membros do seu círculo de apoio.
Essa percepção parte de uma condição que ultrapassa a situação de saúde de
uma mera aferição do estado de adoecimento. Existe uma investigação do corpo
em sua dimensão biopsicossocial e seu portador passa a ser visto com totalidade
dinâmica e integrada ao ambiente que o cerca. Considerações finais: Portanto,
o nível de vida e saúde dos brasileiros é influenciado pelo estágio de
desenvolvimento econômico do ambiente em que estão inseridos. Dessa forma,
podemos facilmente entender por que o nordestino vive em um meio mais
contaminado que o habitante da região Sudeste brasileiro, que possui quatro
vezes mais residências ligadas à rede de esgotos que a região Nordeste. A
saúde e a doença tiveram algumas maneiras de serem analisadas, de acordo
com a época e o contexto inserido. Podem ser vistas sob vários olhares e pontos
de vista. Ainda hoje, existem algumas maneiras de ver a saúde e a doença, que
serão trabalhadas no decorrer da nossa disciplina.
Palavras-chave: Doença. Saúde. Sociedade.

Referências
ABRIC, J. C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA,
A. S. P.; OLIVEIRA, D.C. (Orgs.). Estudos interdisciplinares de representação
social. Goiânia: AB, 1998. p. 27-46.

JODELET, D. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET,


D. (Org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2001. p. 17-44.

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