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O que é saúde?
A expressão saúde surge da ideia de um estado de “integridade do corpo”. Na sociedade atual, tende-se a categorizá-la como falta de doenças.
Ainda assim, há de se considerar que se trata de uma definição fragmentária, já que a saúde abrange muito mais do que o bem-estar físico.
Visões Antigas
Medicina pré-histórica
Encarava o adoecimento como fruto de uma fraqueza a uma força mais forte, feitiçaria ou possessão por um espírito do mal. O tratamento consistia
rituais de feitiçaria, exorcismo e uma forma primitiva de cirurgia chamada trepanação (perfuração de partes do corpo para que os demônios que causavam a
doença deixassem o paciente). Posteriormente, notaram o papel da higiene para o estabelecimento da saúde, buscando melhorar a higiene pública, como no
caso dos egípcios. Na Mesopotâmia, fabricava-se sabão, instalações sanitárias rudimentares e sistemas para o tratamento de esgotos públicos.
Medicina não-ocidental
Em outras culturas também foram desenvolvidos outros sistemas de cura. A medicina chinesa tradicional fundamentava-se na harmonia interna, ou
seja, na energia vital ou força de vida que oscila com as mudanças do bem-estar mental, físico e emocional de cada pessoa. A acupuntura, terapia com ervas,
a meditação eram alternativas para o desenvolvimento dessa harmonia. Na Índia, desenvolvia-se a ideia do ayurveda, baseada na crença de que o corpo
humano representa o universo inteiro em um microcosmo e que a chave para a saúde é manter um equilíbrio entre o corpo micro e o mundo macro.
O racionalismo da pós-Renascença
A teoria hipocrática deu lugar à teoria anatômica da doença, ou seja, que afirmava a origem das doenças nos órgãos internos, musculatura e sistema
esquelético humano. O uso clínico da termometria (a mensuração da temperatura), a partir de avanços químicos, se disseminou. Foi também inventado o
microscópio, podendo-se observar células sanguíneas e a estrutura básica dos músculos. Observou-se também que as plantas também possuíam células,
tornando-se fundamento da teoria do século XIX de que a célula era a unidade básica de todos os organismos vivos.
Medicina psicossomática
A medicina construída até então não era capaz de tratar efetivamente toda patologia que se apresentava na realidade. Freud, ao estudar a histeria,
começou a conceber uma nova categoria de doença. Alexander ajudou a estabelecer a medicina psicossomática, que diz respeito ao diagnóstico e ao
tratamento de doenças físicas originadas naquilo que é psíquico. Esta recebeu algumas críticas, como a metodologia pautada apenas em estudos de caso, a
arbitrariedade de categorização, além de não pensar na interação existente entre o psíquico e o somático, e ao privilegiar apenas o primeiro, seria também
reducionista. Entretanto, a medicina psicossomática é quem dá início a tendência contemporânea de ver a doença e saúde como algo multifatorial.
Medicina Comportamental
Em resposta direta ao Behaviorismo, a medicina começou a explorar o papel do condicionamento clássico e operante na saúde e na doença.
✔ Estudar de forma científica as causas e origens de determinadas doenças, ou seja, sua etiologia. Comprometidos com as origens psicológicas,
comportamentais e sociais da doença para entender comportamentos que comprometem a saúde;
✔ Promover a saúde, para que as pessoas se comportem com tal intuito;
✔ Prevenir e tratar doenças através de programas;
✔ Promover políticas de saúde pública e o aprimoramento do sistema de saúde pública.
Perspectiva sociocultural
O foco da perspectiva sociocultural é a maneira como fatores sociais e culturais (valores, comportamentos e costumes transmitidos) contribuem
para a saúde/doença. Dentro de uma cultura, podem existir um ou mais grupos étnicos, ou seja, grandes grupos de pessoas que, por compartilharem certas
características, tendem a ter valores e experiências semelhantes. Em culturas multiétnicas existem indicativos mais desiguais quanto a saúde. Isso pode
decorrer da variação econômica que afeta de maneiras diferentes grupos específicos, das diferentes crenças e comportamentos relacionados à saúde
compartilhadas por pequenos grupos sociais.
Perspectiva de gênero
A partir dessa perspectiva concebe-se que homens e mulheres possuem problemas de saúde específicos de seu gênero. Foi observada uma
tendência, por exemplo, de que mulheres tendem a responder de forma mais ativa do que os homens a sintomas de doenças e a buscar tratamento precoce. A
medicina tem histórico de tratar homens e mulheres de maneira diferente, como diagnósticos, procedimentos e medicações influenciados pelo gênero do
paciente. Problemas como esse, somados à sub-representação em pesquisas, levaram à críticas contra o preconceito de gênero no conhecimento científico.
“Sistemas” biopsicossociais
O modelo biopsicossocial enfatiza as influências mútuas entre os contextos biológicos, psicológicos e sociais da saúde. Também se fundamenta na
teoria sistêmica do comportamento, ou seja, compreende cada um de nós como um sistema, um in – um corpo formado por sistemas biológicos que se
subdividem e interagem ao mesmo tempo, r também somos parte de muitos sistemas maiores como a família, a sociedade. Conceituar a saúde e a doença
conforme a abordagem sistêmica permite que compreendamos o indivíduo de forma integral.
CARVALHO
Acerca da inserção da psi no contexto hospitalar no Brasil a principal corrente é a formação profissional, além de construções de modelos e
estratégias de práticas psicológicas. Estudos afirmam que a psi hospitalar se configura como uma área de atuação ainda que os recursos teórico-
metodológicos não se difiram de outros contextos, decorrente da formação generalista da psicologia. Alguns argumentam que o hospital é um local e não
uma área de atuação e que a identificação por local de atuação tende a fragmentar ainda mais o reconhecimento de classe para esse profissional. Considera-se
que a psicologia hospitalar deve ser inserida na área ampla de psicologia da saúde, se utilizando de conhecimentos das ciências biomédicas, da psi clínica e
comunitária. Atualmente, existem, pelo menos, duas perspectivas no campo da saúde: uma psicologia da saúde tradicional e uma psicologia da saúde crítica.
A primeira se refere a um modelo biopsicossocial da saúde a partir de metodologias quantitativas de investigação para constatar um valor preditivo para
definir os determinantes do processo saúde-doença. Já o segundo trabalha com um modelo de produção social da saúde, com uma metodologia qualitativa
considerando o processo saúde doença a partir do estudo de suas significações sociais.
Marks propõe a integração entre as quatro abordagens de forma que se estruture da seguinte forma: Na primeira esfera, estariam fatores biológicos
de saúde, pautado no sistema biomédico. Neste, apareceriam fatores individuais relacionados ao estilo de vida. Na segunda, haveria o predomínio de
influência social e comunitária. Na terceira instância, estariam as condições de vida e trabalho. Por último estariam condições ambientais, econômicas,
sociais, culturais e políticas. A ética e a comunicação seriam fundamentais ao todos subsistemas.
Alguns autores discordam da colocação da psicologia da saúde crítica como abordagem, uma vez que pode ser aplicada em qualquer uma das
outras. Saforcada oferece uma alternativa a esse impasse no desenvolvimento daquilo que considera Psicologia Sanitária. Organiza a psicologia da saúde a
partir de perspectivas de saúde tradicional e crítica e de abordagens: Psicologia da saúde clínica, psicologia da saúde pública, psicologia da saúde
comunitária e psicologia sanitária.
A organização grupal diz da forma como grupo atua frente aos objetivos. Esse texto apresenta as estruturas que os grupos podem assumir e que
possuem diferentes potencialidades a serem utilizadas na área da saúde. Existem grupos com nomes diferenciados, como “grupo de apoio”, “grupo de
reflexão”, etc. Esses nomes se referem à função e não à estrutura do grupo. Esse texto apresenta as estruturas que os grupos podem apresentar: “focal”,
“socioeducativos”, “psicoeducativos”, “operativos” e de “terapia”. Não se pretende delimitar categorias rígidas acerca dessas estruturas, mas sim orientar o
pesquisador em saúde:
Grupos que têm por objetivo apenas conhecer (e/ou pesquisar) crenças, ideias e sentimentos de seus participantes.
O grupo é criado por uma demanda externa a ele, por objetivo de coletar informações e não efetivamente para mudar ideias, crenças e sentimentos
ou ainda para se trabalhar as relações entre os participantes. O grupo é exposto a um tema e a um roteiro de perguntas para orientar a discussão. Podem ser
usadas técnicas de dinamização (como o brainstorm, frases inacabadas que os participantes completam, quadros de ideias convergentes e divergentes a
respeito do tema) a fim de levantar as percepções do grupo acerca daquele tema. Esse tipo de grupo pode ser denominado grupo focal e utilizado
principalmente em problemáticas correlacionadas com o contexto sociocultural. Geralmente possui entre 5 e 12 pessoas e dura entre 5 e 12 sessões. O grupo
possui pouca ou nenhuma autonomia frente ao curso do encontro, que é definido pelo pesquisador ou coordenador.
1 O modelo biopsicossocial faz referência a um produto de uma combinação de diferentes fatores. Para Marks, este não constitui de fato um modelo, mas sim a descrição de
um conjunto de crenças sobre a saúde e doença presentes na cultura e na ciência que não atinge exatamente como processos psicossociais influenciam o processo saúde-
doença.
Grupos que tem por objetivo conhecer crenças, ideias e sentimentos de seus participantes visando à reflexão, adaptação e/ou mudança, e
estimulando novas aprendizagens, para o enfrentamento de dada problemática
O objetivo desse tipo de grupo se relaciona à necessidade de esclarecer e trabalhar aspectos de uma questão de saúde/doença em âmbito
psicossocial e cultural. Espera-se uma reorganização da prática cotidiana dos sujeitos atendidos nesse grupo para que, consequentemente, seja
qualitativamente transformada a relação com saúde dessa população. Assim sendo, pressupõe aspectos educativos e reflexivos do grupo, melhorando a
comunicação e aprendizagem nele. Esse tipo de grupo poder ser tanto socioeducativo, ou seja, relacionado aos aspectos socioculturais/psíquicos que
envolvem a temática ali abordada, quanto pode ser psicoeducativo, que envolve a reflexão do sujeito acerca da própria experiência com o problema em
questão. Apesar de haver essa diferenciação, não existe uma fronteira rígida de classificação, uma vez que depende da implicação pessoal do sujeito no
grupo. O tema é previamente definido. Geralmente possui até 20 pessoas, podendo funcionar com um número pequeno ou grande de sessões dependentes da
demanda específica que se procura atender, sendo possível também que permaneçam abertos e com certa rotatividade dos participantes, mesmo mantendo o
foco da reflexão. Esse grupo deve ser capaz de elucidar dúvidas, mitos, preconceitos acerca da problemática nos participantes, bem como promover uma
mudança na representação que estes possuem do tema, estimulando novas práticas. O coordenador assume papel semelhante ao de um educador, utilizando-
se de recursos como materiais acessíveis aos participantes, jogos educativos, etc para aumentar a compreensão e motivação dos sujeitos nesse grupo. Esse
tipo de organização é preferível quando o tempo é curto e as condições de realização é limitada É possível tecer críticas acerca dessa intervenção na medida
em que o coordenador centralizaria o conhecimento em si, levando os participantes a ocuparem um papel passivo, como receptores de informação, tornando
a autonomia do grupo relativa. Assim sendo, pode resultar em um impasse maior na conquista de novos hábitos, que pressupõem um papel ativo no
autocuidado dos participantes.
Grupos que tem por objetivo conhecer crenças, ideias e sentimentos de seus membros visando à reflexão e mudança, estimulando novas
aprendizagens em sua realidade, como realidade compartilhada no contexto sociocultural, bem como estimulando a operatividade, autonomia e
mobilização dos participantes
O grupo operativo incentiva a maior comunicação entre os pares, a criatividade e autonomia do grupo e dos participantes, implicando em um
maior comprometimento pessoal e interpessoal no enfrentamento da problemática. Compartilha de um “foco”, mas a definição da temática e eixos
secundários a serem trabalhados é uma construção conjunta entre os participantes e o coordenador. Visa não apenas compreender condições da saúde/doença,
mas também dar respostas criativas a suas necessidades, em seu cotidiano e contexto. A aprendizagem, nesse nível, estaria correlata à (re)elaboração de
significados, sentimentos e relações, que estaria necessariamente vinculada a uma nova experiência. A “estrutura” do grupo operativo busca equilibrar o
envolvimento do grupo com a tarefa combinada e sua criatividade na realização da tarefa e reflexão a partir desta. Constitui-se com até 12 participantes, sem
alta rotatividade de membros, o que diminuiria a operatividade e independência do grupo. Ainda assim, a flexibilidade e heterogeneidade são características
desejáveis para esse tipo de grupo já que pode trabalhar com as diferenças e com a criatividade a partir delas. A duração pode ser variável, sendo que quanto
maior o tempo, mais profundas as exigências e questionamentos. Um grupo operativo pode, por exemplo, se tornar, um grupo terapêutico com o passar do
tempo. No contexto do serviço de saúde é sugerida uma duração de 7 a 15 encontros.
Grupos que trabalham sobre os conflitos psíquicos de seus membros, considerando ideias, crenças e sentimentos, conscientes e inconscientes,
visando à reflexão e mudança, estimulando a elaboração de problemas psíquicos, emocionais e relacionais, buscando promover a mudança da
problemática psíquica e/ou da própria estrutura psíquica de seus membros e ajudá-los a construir formas de lidar com angústias e conflitos
psíquicos e relacionais
Esse grupo corresponde a uma terapia, dando maior ênfase aos aspectos psíquicos e relacionais do que aos educativos. Caso possua um “foco”, ou
seja, um problema específico a ser tratado, pode ser chamado de terapia breve. Entretanto, em geral a estrutura de cada sessão fica em aberto, ou seja, o
material a ser trabalhado emerge do grupo. Nesse sentido, sua “estrutura” garante autonomia para os participantes, enquanto o coordenador é mais terapeuta
do que educador. Possui geralmente em torno de 5 e 6 participantes, baixa rotatividade de membros, podendo abarcar alta heterogeneidade entre eles e tem
duração variável.
A oficina
Considera-se que a oficina em saúde não se situa como “grupo focal” e nem “grupo de terapia”. Sua melhor definição é de “grupo operativo”. Usa
informação e reflexão, mas se distingue de um projeto apenas pedagógico, porque trabalha também com os significados afetivos e as vivências relacionadas
com o tema discutido. E ainda que busque a elaboração da experiência se diferencia da terapia uma vez que se limita a um foco e não pretende a análise
psíquica profunda de seus participantes. Define-se a oficina como uma prática de intervenção psicossocial, seja em contexto pedagógico, clínico,
comunitário ou de política social.
Refletindo acerca dos processos de ensino-aprendizagem as metodologias pedagógicas participativas valorizam a participação ativa do educando
no processo de aprendizagem, possibilitando maior desenvolvimento de habilidades.