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Epidemiologia Aplicada à Enfermagem

Docente: Me. Lauren


Discente: Iasmin Lais Bergati Ramos - Turma: ENF19AM-M
Síntese Reflexiva - Concepção de saúde-doença

Desde a Antiguidade já existiam modelos explicativos do processo saúde-doença, eles


eram baseados nos conhecimentos, culturas e valores de cada época; o modelo mágico-
religioso, também conhecido como xamanístico, era um dos mais predominantes na
Antiguidade, os povos acreditavam que as causas das doenças eram derivadas de elementos
naturais como espíritos sobrenaturais. Esse modelo de saúde-doença e cuidado está ligado as
crenças e a religião da época. O processo de adoecer era resultado de transgressões
individuais e/ou coletivas, onde para restabelecer a ligação com as divindades era necessário a
presença de algum líder espiritual (sacerdote, xamã, etc.).
O modelo holístico, também na Antiguidade, apresenta os conhecimentos das
medicinas hindu e chinesa. Nesse modelo a saúde era entendida como o equilíbrio entre os
elementos e humores que compõem o organismo humano, caso houvesse o desequilíbrio de
algum desses elementos ocorreria o aparecimento da doença. A causa do desequilíbrio estava
relacionada ao ambiente físico, tais como: os astros, o clima, os insetos etc. A forma de
cuidado nesse modelo está relacionada à busca do equilíbrio do corpo com os elementos
internos e externos.
O modelo empírico-racional (hipocrático) tentou achar explicações não sobrenaturais
para definir saúde e doença por meio dos primeiros filósofos no século VI a.C.; no mesmo
século Hipócrates desenvolveu a Teoria dos Humores (elementos água, terra, fogo e ar), onde
saúde, na concepção hipocrática, é fruto do equilíbrio dos humores; a doença é resultante do
desequilíbrio deles, e o cuidado depende de uma compreensão desses desequilíbrios para
buscar atingir o equilíbrio novamente.
O modelo de medicina científica ocidental ou biomédica é um dos mais predominantes
da atualidade, foi criado por Descartes e teve cada vez mais o foco de explicar as doenças e
passou a tratar o corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento
mecânico (o homem é visto como corpo-máquina; o médico, como mecânico; e a doença, o
defeito da máquina). Foi também nessa época do Renascimento que a explicação das doenças
foram associadas a possíveis fatores ambientais, ou seja, fatores externos e não somente
biológicos (internos) .O cuidado, na concepção biomédica, está focado, no controle do espaço
social, no controle dos corpos.
O modelo sistêmico como o próprio nome diz se trata de um conjunto de componentes
epidemiológicos, onde cada vez que um dos seus componentes sofre alguma alteração, esta
repercute e atinge as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. A
definição desse sistema faz lembrar da atuação da vigilância epidemiológica atráves do
conjunto de ações e serviços de saúde capaz de identificar as interações dos determinantes da
produção e reprodução das doenças e de atuar de forma efetiva no enfrentamento destes.
O modelo da história natural das doenças (modelo processual) ajuda a compreender os
diferentes métodos de prevenção e controle das doenças, pois acompanha o processo saúde-
doença em sua continuidade, entendendo as inter-relações do agente causador da doença, do
hospedeiro da doença e do meio ambiente e o processo de desenvolvimento de uma doença.
Se divide em dois momentos: o pré-patogênico (período epidemiológico) interação entre os
fatores do agente, do hospedeiro e do meio ambiente e o patogênico que corresponde ao
momento quando o homem interage com um estímulo externo, apresenta sinais e sintomas e
submete-se a um tratamento
Através da história podemos observar então a evolução dos modelos de processo
saúde-doença, ao chegar na atualidade ele é configurado como um processo dinâmico,
complexo e multidimensional por englobar dimensões biológicas, psicológicas, socioculturais,
econômicas, ambientais, políticas. A epidemiologia social procura caracterizar esse processo a
saúde e a doença como componentes integrados de modo dinâmico nas condições concretas
de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais. Ao longo das décadas tambem tivemos a
mudança do conceito de saúde, ele passou de ser uma ideia distante e inalcançada para a
promoção de um bem-estar biopsicosocial para a pessoa, ou seja, ter saúde deixou de ser
sinônimo de ausência de doença e passou a ser um conjunto de determinantes e
condicionantes que promovem um bem estar completo a pessoa.

Referência
CRUZ, Marly Marques da. Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde. In:
OLIVEIRA, Roberta Gondim de. GRABOIS, Victor. JÚNIOR, Walter Vieira Mendes.
organizadores. Qualificação dos Gestores do SUS. 2. ed. Rio de Janeiro:
Fiocruz/ENSP/EAD; 2011. p.21-33. Disponível em:
http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_14423743.pdf . Acesso em: 10 ago. 2022.

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