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CARVALHO, A. I., and BUSS, P. M. Determinantes Sociais na Saúde, na Doença e na Intervenção. In: GIOVANELLA, L.,
ESCOREL, S., LOBATO, L. V. C., NORONHA, J. C., and CARVALHO, A. I., eds. Políticas e sistemas de saúde no Brasil [online].
2nd ed. rev. and enl. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2012, pp. 121-142. ISBN: 978-85-7541-349-4.
https://doi.org/10.7476/9788575413494.0007.
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121
A busca da saúde é tema do pensar e do fazer humano desde tempos imemoriais. A luta
contra a dor, o sofrimento, a incapacidade e, sobretudo, contra a morte sempre mobilizou
as energias humanas, as suas capacidades racionais, as suas emoções, para explicar e assim
intervir nesses fenômenos, sempre fugazes em seu hibridismo de manifestações objetivas
e sensações subjetivas. Ao longo da história humana, sucederam-se marcos explicativos de
tais fenômenos, sempre nos limites da compreensão humana sobre si e sobre o mundo, e
sempre na busca, às vezes dramática, de ações práticas para neles intervir, seja no mundo
físico, seja no mundo metafísico.
Há muito a luta contra a doença e a busca da saúde saíram do âmbito privado de vidas
individuais e do emprego empírico de conhecimentos primitivos. Hoje mobilizam progressi-
vamente refinados saberes, produzem e distribuem em larga escala conhecimentos científicos
e tecnológicos, em busca de desvendar os complexos processos biológicos e sociais envolvidos.
Seguramente o tema da saúde situa-se hoje no topo da agenda pública global. No
centro desse processo, está o conceito da saúde como uma complexa produção social, em
que os resultados para o bem-estar da humanidade são cada vez mais o fruto de decisões
políticas incidentes sobre os seus determinantes sociais.
uma ‘entidade’ que se apossava do corpo), ora uma visão funcionalista (doença como um
desequilíbrio interno ou externo ao corpo). Ao longo da história e dos sucessivos modelos de
civilização, combinaram-se de forma variada esses diversos conceitos, em consonância com
os padrões vigentes de conhecimento e organização social. Diversas tipologias e periodizações
podem ser adotadas, dependendo do aspecto que se quer enfatizar. Curioso e obrigatório
é constatar que o desenvolvimento dos conhecimentos e práticas de saúde não seguiu uma
sequência linear, cumulativa, ao longo da história, havendo avanços e retrocessos, idas e
vindas das crenças e dos modelos dominantes. A título de ilustração, vale lembrar alguns
momentos típicos desse processo.
Na Antiguidade Clássica, a vigência da explicação metafísica para os fenômenos da
Na mitologia grega, Hi-
geia e Panaceia eram fi- doença (vontade dos deuses) levava à busca de terapêuticas mágicas (oferendas, poções,
lhas de Asclepius. Higeia, sacrifícios), ao mesmo tempo que tinham grande prestígio as práticas de recolhimento, re-
deusa da saúde e da higie-
ne (e, depois, da lua), era laxamento, em geral buscadas nos templos de Asclepius, verdadeiros hospitais do espírito,
associada à prevenção das com ambiente de penumbra, banhos, repouso e outras medidas em busca de paz e equilíbrio,
doenças e à manutenção
num insuspeitado holismo à procura do reencontro de sua physis que, mais do que ausência
da saúde, enquanto o cul-
to de Panaceia vinculava- de doença, significava integração com a natureza, beleza exterior e interior, ideal de estética.
se à busca da cura, com
Mas é ainda na Idade Clássica, com Hipócrates, que tem início a lógica do pensamento
a intervenção ativa no
processo da doença por científico, baseado na observação clínica e da natureza, fundando a tradição da medicina
meio de poções etc. ocidental.
Hipócrates
Quem quiser prosseguir no estudo da ciência da medicina deve proceder assim. Primeiro deve
considerar que efeitos cada estação do ano pode produzir, porque as estações não são iguais, dife-
rem muito entre si mesmas e nas suas modificações. Tem que considerar em outro ponto os ventos
quentes e os frios, em particular aqueles que são universais, mostrando bem aqueles peculiares
a cada região. Deve também considerar as propriedades das águas, pois estas diferem em gosto
e peso, de modo que a propriedade de uma difere muito de qualquer outra. Usando esta prova,
deve examinar os problemas que surgem. Porque, se um médico conhece essas coisas bem, de
preferência todas elas, de qualquer modo a maior parte, ele, ao chegar a uma cidade que não
lhe é familiar, não ignorará as doenças locais ou a natureza daquelas que comumente dominam.
Fonte: Hipócrates, 2005.
Na baixa Idade Média, com o advento do monoteísmo cristão, a ação divina (agora
vingativa e corretiva, não mais dialógica) era responsabilizada pelos males e doenças, consi-
derados como punições por pecados, afrontas e infrações cometidos por pessoas e coletivi-
dades perante os rígidos mandamentos divinos. A terapêutica então era a penitência, eram
os castigos, até a fogueira, por meio dos quais as pessoas deveriam obter a cura expurgando
seus erros. As epidemias eram combatidas com a busca de bodes expiatórios individuais e
sociais. Esse tipo de obscurantismo certamente significou um estacionamento – até um re-
trocesso – do conhecimento e das práticas sanitárias, que se prolongou até o Renascimento.
Na Europa, com o avanço do Renascimento e com o impulso do pensamento racional
inspirado na desnaturalização do mundo, as grandes epidemias, inicialmente consideradas
pragas divinas, passaram a ser objeto de observação e reflexão sistemáticas. Embora ainda
muito longe do conhecimento de microrganismos, a reflexão sobre a causalidade das doen-
ças passou a se concentrar nos fatores externos. Desenvolveram-se então diversas teorias na
tentativa de explicar o fenômeno do contágio e da disseminação das doenças, principalmente
das epidemias. A mais importante delas foi a teoria dos miasmas, que, embora inconsistente
do ponto de vista científico, atribuía à insalubridade (pestilências) de ambientes físicos a
origem dos fenômenos de contágio e difusão de epidemias. Esse é o momento em que se
dá a base de evidência para as primeiras policies de saúde, dirigidas a medidas coletivas e
individuais de proteção à saúde, ou seja, defesa contra os miasmas.
O advento da modernidade, com seus avanços epistemológicos na desnaturalização
do mundo, com a emergência das trocas mercantis e a respectiva reestruturação das classes
e dos segmentos sociais – e, sobretudo, com a organização de Estados Nacionais sob a égide
da mediação interna e da defesa externa dos interesses das sociedades nacionais –, trouxe
consigo as políticas públicas, ou seja, as ações coercitivas e regulatórias do Estado sobre a
sociedade, visando ao bem comum.
Prevenção primária
Compreende a aplicação de medidas de saúde que evitem o aparecimento de doenças. As ações de
promoção à saúde visam a estimular, de forma ativa, a manutenção da higidez, como os cuidados
com a higiene corporal e a prática de atividades físicas, a fluoretação da água, a implementação
de políticas voltadas para o saneamento básico e a prevenção do uso de drogas, por exemplo. As
ações de proteção específica são conduzidas de modo a inibir o aparecimento de determinadas
doenças, como a imunização de crianças contra poliomielite, sarampo e tétano.
Prevenção secundária
Compreende o diagnóstico precoce das doenças, permitindo o tratamento imediato, diminuindo
as complicações e a mortalidade. Neste caso, a doença já está presente, muitas vezes de forma
assintomática. Exemplos: as dietas para controlar a progressão de determinadas doenças, como
diabetes ou hipertensão arterial; a realização de mamografia e de exame preventivo para detecção
do câncer do colo uterino.
Prevenção terciária
Nesse momento, a doença já causou o dano, compreendendo, então, prevenção da incapacidade
total, seja por ações voltadas para a recuperação física, como a reabilitação, seja por medidas de
caráter psicossocial, como a reinserção do indivíduo na força de trabalho. Exemplos: o tratamento
fisioterápico após o surgimento de moléstias que causam incapacidade física.
Promoção da saúde
Proteção específica
Diagnóstico precoce
Educação sanitária Reabilitação
Bom padrão de nutrição,
Uso de imunizações e pronto atendimento Limitação da
específicas
ajustado às fases de Medidas individuais e invalidez Prestação de serviços
desenvolvimento da vida Atenção à higiene pessoal coletivas para a hospitalares e comunitários
Atenção ao Hábito de saneamento descoberta de casos Tratamento adequado para reeducação e
desenvolvimento da do ambiente para interromper o treinamento, a fim de
Pesquisas de triagem
personalidade processo mórbido e possibilitar a utilização
Proteção contra riscos Exames seletivos evitar futuras máxima das capacidades
Moradia adequada, ocupacionais complicações e sequelas restantes
recreação e condições
• Objetivos
Proteção contra acidentes Curar e evitar o Provisão de meios para Educação do público e
agradáveis de trabalho
Uso de alimentos processo da doença limitar a invalidez e indústria, no sentido de
Aconselhamento evitara morte que empreguem o
específicos Evitar a propagação de
matrimonial e educação reabilitado
sexual Proteção contra doenças contagiosas
Emprego tão completo
substâncias carcinogênicas Evitar complicações e
Genética quanto possível
sequelas
Evitação contra alérgenos Colocação seletiva
Exames seletivos Encurtar o período de
periódicos Terapia ocupacional em
invalidez
hospitais
Utilização de asilos
Nas décadas de 1950 e 1960, por exemplo, as principais doenças registradas entre
trabalhadores brasileiros eram as intoxicações e as dermatoses profissionais. Nos dias de
hoje, com as mudanças decorrentes dos processos de trabalho e da própria organização eco-
nômica do país, as lesões por esforços repetitivos (LER) e as perdas auditivas ocupacionais
prevalecem (Wünsch Filho, 2004).
Nessa linha de pensamento, há uma dimensão estrutural que se caracteriza pelo mo-
delo econômico de desenvolvimento da sociedade, isto é, o modo de produção – capitalista,
socialista. Os autores consideram também uma dimensão particular, na qual operam os
processos de reprodução social, ditados pelo trabalho e pelo consumo, que são particulares
de cada classe social, e ainda uma terceira dimensão individual.
Esses diferentes enfoques sobre os determinantes das doenças remetem a uma reno-
vação e complexificação dos conceitos de saúde e doença. Afinal, para promover a saúde e
prevenir as enfermidades, curar e reabilitar os doentes, é necessário perguntar: existe uma
fronteira clara entre esses dois estados do indivíduo?
As diferentes visões sobre saúde – e sobre o que é estar sadio – não são apenas oriundas
das necessidades físicas e mentais que cada um requer durante sua respectiva etapa no ciclo
biológico, mas agregam valores culturais que, em nossa sociedade contemporânea, são cada
vez mais difundidos pelos meios de comunicação de massa.
Dessa forma, as ideias sobre saúde e doença, sejam do ponto de vista individual das
pessoas, sejam na ótica dos profissionais que trabalham na área, são mediadas por diferentes
disciplinas do conhecimento, tais como:
• o patrimônio biológico;
Biologia humana
Serviços de saúde
20 Estilo de vida
10 Ambiental
51
Assistência médica
19
Biológico
O campo biológico inclui aspectos físicos e mentais de base biológica, como patrimô-
nio genético, os processos físicos e mentais de desenvolvimento e amadurecimento e toda a
fisiopatologia do organismo humano.
O segundo grupo consiste nas condições sociais, econômicas e ambientais nas quais
fomos criados e vivemos, que reúnem um conjunto de fatores de expressão mais coletiva
como acesso à educação, aos serviços urbanos, e toda uma gama de agentes externos, cujo
controle individual é mais restrito. Por exemplo, a qualidade do abastecimento de água e
dos produtos alimentares, a poluição atmosférica, entre muitos outros.
A categoria ‘estilo de vida’ compreende fatores sob maior controle dos indivíduos,
como hábitos pessoais e culturais (fumo, dieta, exercícios físicos etc.), cuja incorporação à
vida da pessoa depende, em grande medida, da decisão de cada um.
No quarto conjunto de situações, encontra-se o sistema que a sociedade organiza para
cuidar da saúde de seus cidadãos e responder às suas necessidades. Compreende os serviços
de saúde, os hospitais e centros de saúde, os profissionais, o conjunto dos equipamentos e
tecnologias. Tradicionalmente, é onde os governos aplicam mais recursos financeiros, sem
que se possa identificar, na maior parte das vezes, um retorno em termos de mudança dos
níveis de saúde da população como um todo (Lalonde, 1974).
Essa concepção parte, assim, do reconhecimento de que o adoecimento e a vida saudá-
vel não dependem unicamente de aspectos físicos ou genéticos, mas são influenciados pelas
relações sociais e econômicas que engendram formas de acesso à alimentação, à educação,
ao trabalho, renda, lazer e ambiente adequado, entre outros aspectos fundamentais para a
saúde e a qualidade de vida. Tem como principal atributo uma abordagem mais abrangente
e integrada dos quatro grupos, permitindo a inclusão de todos os diversos campos de res-
ponsabilidade pelas questões de saúde, como autoridades (dentro e fora do setor saúde),
pacientes, profissionais de saúde, proporcionando, ainda, uma análise interativa do impacto
de cada grupo em um determinado problema de saúde.
Como causas subjacentes à mortalidade por acidentes de trânsito, por exemplo,
podem-se considerar os riscos assumidos pelos indivíduos (como não usar cinto de segu-
rança, dirigir alcoolizado, em velocidade excessiva), os riscos socioambientais (como a pa-
vimentação das ruas, a manutenção de semáforos, sinalizações) e os riscos decorrentes da
qualidade da organização de serviços de saúde (disponibilidade de serviços de emergência
e unidade de terapia intensiva – UTI – para os primeiros cuidados). Note-se que o grupo
de fatores biológicos não está considerado no presente exemplo. Essa abordagem permite
definir políticas voltadas para a diminuição da mortalidade por acidentes de trânsito e que
inclui ações de prevenção primária, secundária e terciária, orientando os diversos agentes
responsáveis por sua implementação – governo, sociedade.
Os quatro grupos de determinantes podem ser analisados como resultantes de um
acúmulo histórico de interações recíprocas, em que a dominância de cada um deles, no tem-
po, leva a uma previsão de futuras vantagens ou desvantagens (Blane, 1999). Por exemplo,
o prognóstico de vida de crianças nascidas no sertão nordestino difere do prognóstico de
crianças de classe média alta, nascidas na cidade de São Paulo – a esperança de vida de uma
criança nascida na região Nordeste, em 2000, era de 65,8 anos, enquanto a de uma criança
nascida na região Sudeste era de 69,6 anos. Experiências de má nutrição na infância, baixo
aprendizado escolar, trabalho infantil, trabalho adulto sub-remunerado e outros condicio-
nantes consistem em acúmulo de desvantagens que podem conduzir a um estado de saúde
de maior precariedade.
Para refletir
Identifique uma doença de alta prevalência em sua área de atuação e analise seus determinantes
sociais.
• a saúde é um investimento para a sociedade como um todo, e que a diminuição das Para saber mais sobre os
desigualdades em saúde no país resulta não apenas na efetivação de um compromisso diferentes sistemas de
ético, mas também em elemento de desenvolvimento e progresso para toda a nação saúde e suas reformas,
consulte os capítulos 3
(Canadá, 1994). e 25.
Para refletir
Quais os principais campos de intervenção para incidir sobre os determinantes econômicos e sociais
das doenças de maior prevalência em seu município? Quais seriam os setores governamentais
responsáveis por essas intervenções?
atividades físicas, alimentação). Mesmo nesse terreno, hoje se considera que medidas edu-
cativas e legislativas são insuficientes para enfrentar com efetividade alguns desses grandes
problemas. Sendo fruto dos complexos e mórbidos processos sociais e culturais da huma-
nidade contemporânea (industrialização predadora, saturação urbana, cultura consumista
de massas), esses riscos e doenças precisariam ser enfrentados não apenas com políticas de
saúde produtoras de atenção, educação etc., mas também por meio de políticas reguladoras
da própria atividade econômica. Assim como a adição compulsória de iodo ao sal marinho
comercializado acabou com o hipotireoidismo endêmico (bócio) e a adição de cloro e – mais
recentemente – flúor aos sistemas de abastecimento de água permitiu a redução drástica
da ocorrência de doenças de veiculação hídrica e da cárie dental, é possível pensar que o
controle da epidemia da obesidade, da hipertensão, das doenças cardiovasculares e do dia-
betes, por exemplo, exija políticas de industrialização de alimentos que regulem e moderem
a presença de patógenos nos alimentos industrializados, como gorduras insaturadas, sal,
açúcar refinado etc. (Kickbush, 2003).
Na América Latina, as ideias do movimento da promoção da saúde encontraram uma
realidade de pobreza e desigualdade que, desde logo, impôs um deslocamento do foco para
as questões estruturais. Mais do que práticas educativas voltadas para mudanças compor-
tamentais, a promoção da saúde na América Latina priorizou os processos comunitários
voltados para mudanças sociais. Ademais, desde os anos 70 desenvolvia-se na região um
movimento crítico ao modelo médico hegemônico que, com base numa abordagem estrutu-
ralista e numa pedagogia libertadora, foi refinando um campo de pensamento e prática que
viria a se consolidar no Brasil como o campo da saúde coletiva. Nos anos 80, tal movimento
plasmou o programa da Reforma Sanitária brasileira, orientado pelo princípio da constru-
ção social da saúde, da universalização e equalização do acesso não só aos serviços, mas aos
demais meios de obtenção de saúde (Carvalho, Westphal & Lima, 2007). Por isso foi cunhada
a expressão ‘promoção da saúde radical’ para expressar que o movimento canadense aqui,
na América Latina e no Brasil, deve aplicar-se de forma associada à perspectiva da mudança
social (Buss, 2003). Apesar da existência de uma variedade de tendências, seja na promoção
da saúde, seja na saúde coletiva, pode-se considerar que elas apresentam uma convergência
estratégica como projetos de construção social da saúde (Carvalho, 2005).
No Brasil, o Grupo de Trabalho sobre Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social
da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) define a sua agenda
em três planos da determinação do processo saúde-doença:
PIB total ou PIB per capita bem superior a outros que, apesar disso, apresentam indicadores
de saúde muito mais satisfatórios.
Nos últimos anos, aumentaram também em quantidade e qualidade os estudos sobre
as relações entre a saúde das populações, as desigualdades nas condições de vida e o grau de
desenvolvimento da trama de vínculos e associações entre indivíduos e grupos. Tais estudos
permitem constatar que, uma vez superado um determinado limite de crescimento econômico
de um país, um crescimento adicional da riqueza não se traduz em melhorias significativas
das condições de saúde. A partir desse nível, o fator mais importante para explicar a situa-
ção geral de saúde de um país não é sua riqueza total, mas a maneira como ela se distribui.
Em outras palavras, a desigualdade na distribuição de renda não é somente prejudi-
cial à saúde dos grupos mais pobres, mas é também prejudicial à saúde da sociedade em
seu conjunto. Grupos de renda média em um país com alto grau de iniquidades de renda
apresentam uma situação de saúde pior que a de grupos com renda inferior, mas que vi-
vem em uma sociedade mais equitativa. Um estudo comparativo entre os estados dos EUA
revelou que os indivíduos que vivem em estados com grandes desigualdades de renda têm
pior saúde que aqueles com renda semelhante, mas que vivem em estados mais igualitários
(CNDSS, 2006). O Japão não é o país com maior expectativa de vida do mundo apenas por
ser um dos países mais ricos ou porque os japoneses fumam menos ou fazem mais exercício,
mas porque é um dos países mais igualitários do mundo.
Um dos principais mecanismos pelos quais as iniquidades de renda produzem um
impacto negativo na situação de saúde é o desgaste do chamado capital social, ou seja, das
relações de solidariedade e confiança entre pessoas e grupos (CNDSS, 2006). O desgaste do
capital social em sociedades iníquas explicaria em grande medida por que sua situação de
saúde é inferior à de sociedades em que as relações de solidariedade são mais desenvolvidas.
A debilidade dos laços de coesão social ocasionada pelas iniquidades de renda corresponde
a baixos níveis de capital social e de participação política. Países com grandes iniquidades
de renda, escassos níveis de coesão social e baixa participação política são os que menos
investem em capital humano e em redes de apoio social fundamentais para a promoção e
a proteção da saúde individual e coletiva.
No caso do Brasil, o fardo é duplo, pois além de apresentar graves iniquidades na
distribuição da riqueza, há grandes setores de sua população vivendo em condições de
pobreza que não lhes permitem ter acesso a mínimas condições e bens essenciais à saúde.
Além de a renda dos 20% mais ricos ser 26 vezes maior que a renda dos 20% mais pobres,
24% da população economicamente ativa possui rendimentos inferiores a dois dólares por
dia (CNDSS, 2006). Com um maior debate sobre as desigualdades sociais, o entendimento
sobre a pobreza também tem mudado. Entende-se que a pobreza não é somente a falta de
acesso a bens materiais, mas é também a falta de oportunidades e de possibilidades de opção
entre diferentes alternativas. Pobreza é também a falta de voz ante as instituições do Estado
e da sociedade e uma grande vulnerabilidade diante de imprevistos. Nessa situação, a capa-
cidade dos pobres de atuar em favor de sua saúde e da coletividade está bastante diminuída.
Para ser coerente com essa nova maneira de entender a pobreza, as estratégias para
combatê-la devem incluir tanto a geração de oportunidades econômicas como medidas que
favoreçam a construção de redes de apoio e o aumento das capacidades desses grupos para
melhor conhecer os problemas locais e globais, para estreitar suas relações com outros gru-
pos, para fortalecer sua organização e participação em ações coletivas, para se constituírem,
enfim, em atores sociais e ativos participantes das decisões da vida social.
A maneira mais moderna de explicar as determinações do processo saúde-doença, e
assim conceber os diversos planos de intervenção, é expressa na Figura 3.
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PRODUÇÃO Proximais
AGRÍCOLA E DE E FATORES
ALIMENTOS HEREDITÁRIOS HABITAÇÃO
Enfrentar as causas das causas, as determinações econômicas e sociais mais gerais dos
processos saúde-enfermidade, envolve, portanto, ações não apenas no sistema de atenção
à saúde, com mudanças nos modelos assistenciais e ampliação da autonomia dos sujeitos,
mas também intervenções nas condições socioeconômicas, ambientais e culturais por meio
de políticas públicas intersetoriais. E sobretudo em políticas de desenvolvimento, voltadas
para a distribuição mais equânime dos recursos socialmente produzidos, subordinando a
economia ao bem-estar social.
O fato de o Brasil ser o primeiro país a criar sua própria comissão, integrando-se
precoce e decisivamente ao movimento global em torno dos determinantes sociais da saúde
(DSS) desencadeado pela OMS, responde a uma tradição do sanitarismo brasileiro. De fato,
desde o início do século passado os sanitaristas brasileiros vêm se dedicando a aprofundar Mais informações sobre
os temas e deliberações da
o conhecimento das relações entre os determinantes socioeconômicos e a situação de saúde
8ª Conferência Nacional
e a desenvolver ações concretas, baseadas nesse conhecimento. Mais recentemente, inspi- de Saúde você encontra
rados por essa tradição, diversos setores da sociedade se articularam em um movimento de nos capítulos 11 e 12.
Reforma Sanitária, que consolidou sua força política e sua agenda de mudanças na memo-
rável 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, com a presença de mais de quatro mil
representantes de diversos setores da sociedade. Tal movimento contribuiu decisivamente
para a inclusão na Constituição de 1988 do reconhecimento da saúde como um direito de
todo cidadão e um dever do Estado, assim como para a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS), fundado nos princípios de solidariedade e universalidade.
A criação da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde se inscreveu
nesse processo de desenvolvimento da Reforma Sanitária. Integrada por 16 expressivas li-
deranças de nossa vida social, cultural, científica e empresarial, sua constituição diversificada
é uma expressão do reconhecimento de que a saúde é um bem público construído com a
participação solidária de todos os setores da sociedade brasileira.
No início de 2008, a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde apre-
sentou o seu relatório final, contendo diversas recomendações com ênfase na necessidade da
criação de espaços institucionais para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde,
sobretudo visando a integrar a ação de diversos setores governamentais e da sociedade.
Segundo o relatório, as intervenções sobre os DSS com o objetivo de promover a equi-
dade em saúde devem contemplar os diversos níveis assinalados no modelo de Dahlgreen e
Whitehead (1991), ou seja, devem incidir sobre os determinantes ‘proximais’, vinculados aos
comportamentos individuais, ‘intermediários’, relacionados às condições de vida e trabalho,
e ‘distais’, referentes à macroestrutura econômica, social e cultural.
São exemplos dessas intervenções:
• políticas macroeconômicas e de mercado de trabalho, de proteção ambiental e de
promoção de uma cultura de paz e solidariedade que visem a promover um desenvol-
vimento sustentável, reduzindo as desigualdades sociais e econômicas, as violências, a
degradação ambiental e seus efeitos sobre a sociedade;
• políticas que assegurem a melhoria das condições de vida da população, garantindo
a todos o acesso à água limpa, a esgoto, habitação adequada, ambientes de trabalho
saudáveis, serviços de saúde e de educação de qualidade, superando abordagens
setoriais fragmentadas e promovendo uma ação planejada e integrada dos diversos
níveis da administração pública;
• políticas que favoreçam ações de promoção da saúde, buscando estreitar relações
de solidariedade e confiança, construir redes de apoio e fortalecer a organização e a
participação das pessoas e das comunidades em ações coletivas para melhoria de suas
condições de saúde e bem-estar, especialmente dos grupos sociais vulneráveis;
• políticas que favoreçam mudanças de comportamento para a redução de riscos e para
o aumento da qualidade de vida mediante programas educativos, comunicação social,
Para que as intervenções nos diversos níveis do modelo de Dahlgren e Whitehead (1991)
sejam viáveis, efetivas e sustentáveis, devem estar fundamentadas em três pilares básicos: a
intersetorialidade, a participação social e as evidências científicas (Figura 3).
Uma vez que a atuação sobre os diversos níveis dos DSS extrapola as competências e
atribuições das instituições de saúde, torna-se obrigatória a ação coordenada dos diversos
setores e instâncias governamentais. Com vistas a institucionalizar um processo sustentável
de coordenação das ações intersetoriais sobre os determinantes sociais da saúde que permita
superar os problemas de baixa articulação anteriormente mencionados, a CNDSS recomenda
estabelecer no âmbito da Casa Civil da Presidência da República uma Câmara de Ações Inter-
setoriais para Promoção da Saúde e Qualidade de Vida com a responsabilidade de realizar o
seguimento e a avaliação de projetos, programas, intervenções ou políticas relacionadas aos
DSS desenvolvidas pelas diversas instâncias nela representadas. Deverá também propor à
Casa Civil mecanismos de coordenação das ações em curso, constituindo-se numa instância de
revisão e aprovação dessas ações, segundo seu impacto na saúde, além de elaborar projetos
e captar recursos para a implantação de novas intervenções intersetoriais sobre os DSS de
caráter estratégico. A câmara seria coordenada pela Casa Civil da Presidência da República
e o Ministério da Saúde, devendo funcionar como a sua Secretaria Técnica/Executiva.
Recomendou-se, num primeiro momento, prioridade às ações intersetoriais relaciona-
das à promoção da saúde na infância e na adolescência – respondendo à atual mobilização
da sociedade com relação ao tema – e ao fortalecimento das redes de municípios saudá-
veis já existentes no país, por meio de um programa continuado de disseminação seletiva
de informações, capacitação de gestores municipais e criação de oportunidades e espaços de
interação entre gestores para intercâmbio e avaliação de experiências relacionadas aos DSS.
Ademais, foi proposto o fortalecimento de duas outras estratégias da promoção da saúde,
experimentadas com sucesso em diferentes contextos: as escolas promotoras da saúde e os
ambientes de trabalho saudáveis.
Para a produção regular de evidências científicas sobre os DSS, sugeriu-se a criação
de um programa conjunto do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério da Saúde
para apoio, por meio de editais periódicos, de projetos de pesquisa sobre DSS e estabele-
cimento de redes de intercâmbio e colaboração entre pesquisadores e gestores, visando ao
seguimento dos projetos e à utilização de resultados. Sugeriu-se também estabelecer no
nível da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) um capítulo sobre dados
e informações relativos aos DSS, incluindo um conjunto de indicadores para monitoramento
das iniquidades de saúde e para avaliação de impacto de ações intersetoriais sobre a saúde.
Para a promoção da participação social, com vistas a conferir a necessária base de
apoio político às ações sobre os determinantes sociais da saúde e para ‘empoderar’ os gru-
pos populacionais vulneráveis, de maneira que possam participar das decisões relativas à
sua saúde e bem-estar, foi reiterada a necessidade de fortalecer os mecanismos de gestão
participativa, principalmente os Conselhos Municipais de Saúde, por meio de ações de
disseminação intensiva de informações pertinentes e capacitação de lideranças comunitá-
rias com relação aos DSS, além de fortalecer as ações de comunicação social referentes aos
determinantes sociais da saúde.
Iniciativas como essas da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde
contribuem para a ação coordenada dos diversos setores governamentais com participação
social, condição necessária para enfrentar as determinações econômicas e sociais mais gerais
dos processos saúde-enfermidade.
Contudo, o processo de estabelecimento de uma agenda internacional sobre DSS não
estancou. Em maio de 2009, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou proposta da delega-
ção brasileira de convocação de uma Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da
Saúde (WHO, 2009), que se realizou no Rio de Janeiro, de 19 a 21 de outubro de 2011, sob
os auspícios da Organização Mundial da Saúde e do governo brasileiro.
Na Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde (CMDSS) estiveram
presentes 125 países, dos quais mais de sessenta foram representados por seus próprios
ministros da Saúde e os demais por altos funcionários deste e de outros ministérios, como
de Relações Exteriores ou Desenvolvimento. Outras agências das Nações Unidas e centenas
de organizações não governamentais (ONGs) e ativistas do mundo todo também se fizeram
presentes.
Uma série de documentos foi elaborada e difundida em preparação à Conferência
(WHO, 2011a, 2011b, 2011c; Blas & Kurup, 2010). Consultas regionais e nos países foram
organizadas para mobilizar a participação e colher subsídios para a Conferência. Na região
das Américas, por exemplo, a consulta regional foi feita na Costa Rica, em junho de 2011;
a consulta nacional brasileira foi realizada no Rio de Janeiro, em agosto de 2011, com mais
de duzentos participantes presenciais e com centenas de participantes via virtual, por meio
do Canal Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Por ocasião da CMDSS, o Brasil esteve representado por numerosa delegação gover-
namental e da sociedade civil, liderada pelo vice-presidente da República e pelos ministros
da Saúde e das Relações Exteriores. Outros ministros e funcionários de alto nível de outros
ministérios, assim como autoridades estaduais e municipais, participaram do evento.
Uma série de plenárias centrais e paralelas simultâneas abordou as mais diversas di-
mensões dos determinantes sociais da saúde, retratadas no Informe Final da Conferência
e num sumário dela (WHO, 2011d). Também foram realizados diversos vídeos disponíveis
no site da CMDSS, no portal da OMS (WHO, 2012a).
Um site sobre a CMDSS está disponível no portal da Organização Mundial da Saúde: <www.who.
int/sdhconference/en>. A Declaração da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da
Saúde e todos os demais documentos essenciais da Conferência estão disponíveis em português
no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) sobre Determinantes Sociais da Saúde: <http://
dssbr.org/site/>. Consulte os documentos e acompanhe o debate sobre determinantes sociais da
saúde no Brasil.
• a atual crise econômica e financeira global demanda a adoção urgente de medidas para
reduzir as crescentes iniquidades em saúde e para prevenir a piora nas condições de
vida e a deterioração de sistemas universais de saúde e de seguridade social;
• a ação sobre os determinantes sociais da saúde deve ser adaptada aos contextos na-
cionais e subnacionais de cada país e região para que sejam levados em consideração
os diferentes sistemas sociais, culturais e econômicos, mas assinalam que evidências
resultantes de pesquisas e experiências têm mostrado características comuns nas po-
líticas e ações bem-sucedidas sobre os determinantes sociais da saúde.
Global Closing the Gap in a Generation. Os próximos passos nesse processo implicam a
implementação das decisões políticas tomadas, incluindo a imprescindível articulação da
questão dos DSS por ocasião da avaliação das metas do milênio, em 2015, e quando da ela-
boração dos objetivos do desenvolvimento sustentável, processo que se iniciou por ocasião
da Rio + 20 em 2012.
Leituras recomendadas
COMISSÃO DE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (CDSS). Redução das Desigualdades no Período
de uma Geração: igualdade na saúde através da ação sobre os seus determinantes sociais. Relatório Final da
Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 2010.
Disponível no site da Organização Mundial da Saúde/Commission on Social Determinants of Health
em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789248563706_por_contents.pdf>.
CZERESNIA, D. & FREITAS, C. M. (Orgs.) Promoção da Saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.
MARMOT, M. & WILKINSON, R. (Eds.) Social Determinants of Health. Londres: Oxford University
Press, 1999.
McKEOWN, T. & LOWE, C. R. Introducción a la Medicina Social. México, D.F.: Siglo Veintiuno, 1986.
ROSEN, G. Da Polícia Médica à Medicina Social. Rio de Janeiro: Graal, 1980.
Sites de Interesse
Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde: <www.who.int/sdhconference/en/>
Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) sobre Determinantes Sociais da Saúde do Brasil: <http://
dssbr.org/site/>
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