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As práticas de saúde

Professor Ms: Marcelo Lassala


1 – Introdução

As práticas de saúde estão intimamente associadas às


estruturas sociais de uma nação em um dado período do
tempo. Cada período histórico, por sua vez é determinado por
uma formação social específica, trazendo consigo uma
caracterização própria que engloba sua filosofia, sua política,
sua economia, suas leis e sua ideologia
2 – Conceitos

Práticas de saúde são práticas terapêuticas que tem como


objetivo a promoção da saúde. Tais práticas podem ser
convencionais, alternativas ou complementares.
3 – Tipos de práticas de saúde
1 – As práticas de saúde convencionais ou alopáticas são aquelas
desenvolvidas junto às escolas de formação de profissionais de saúde. São
práticas ditas oficiais, desenhadas e fundamentadas no arcabouço da
técnica e do cientificismo, amparadas por evidências clínico-
epidemiológicas.

Exemplo: antibioticoterapia, imunização, cirurgias, transplante de órgãos,


fisioterapia, estomaterapia.

2 - Uma prática de saúde é considerada “alternativa” quando é baseada em


princípios, métodos ou conhecimentos não testados, não tradicionais ou
não científicos.

Exemplo: aromoterapia, iridologia, cromoterapia, biodança.


3 - Uma prática terapêutica é considerada complementar quando faz
emprego de métodos terapêuticos não convencionais, de forma
complementar à medicina convencional. Aqui se empregam métodos
terapêuticos baseados em técnicas seguras e consolidadas, com o pleno
conhecimento e consentimento do cliente.

Exemplo: Medicina biomolecular, fitoterapia, homeopatia, acupuntura.


4 – O desenvolvimento
histórico das práticas de saúde
4.1 – Práticas de saúde instintivas

4.1.1 – Grupos nômades primitivos e


o estabelecimento em áreas
produtivas.

4.1.2 – Funções patriarcais: homens X


mulheres

4.1.3 – Práticas de saúde e


manutenção de saúde.
4.2 – Práticas de saúde mágico-sacerdotais

Séc V a.C – Fase do empirismo.

Sempre em articulação com as


estruturas sociais das diferentes
civilizações, as práticas de saúde
foram-se difundindo e se
diferenciando e é, a partir da
Grécia clássica, que vamos
encontrar dados relevantes que
permitem a compreensão da sua
evolução.
A Grécia clássica


Temos a influência da religião nas práticas de saúde

Nos templos de Esculápio existem divisões de trabalho (trabalhos
manuais e intelectuais).

A cura era um jogo entre a natureza e a doença, e o sacerdote nesta


luta desempenhava o papel de intérprete dos deuses e aliado da natureza
contra a doença. Quando o doente se recuperava, o fato era tido como
milagroso. Se morresse, era por ser indigno de viver, ou seja, havia total
isenção de responsabilidade do sacerdote nos resultados das ações de
saúde.
Sob a influência do Renascimento tivemos:


Multiplicação das Universidades pela Europa;

A Universidade aparece como mantenedora dos privilégios das
castas superiores com o exercício do pensar.

O Status intelectual é hipervalorizado pela classe dominante
para sua ascensão ao poder;

Divisão hierárquica nas práticas de saúde:

1. Assistência aos nobres e ricos = médicos graduados;


2. Assistência aos burgueses e artesãos = médicos e cirurgiões
com formação técnica razoável;
3. Assistência aos pobres = curandeiros e barbeiros
4.6 – As práticas de saúde na modernidade

A doença torna-se um
obstáculo à força produtiva do
trabalhador e representa, não
só a diminuição da produção,
como também transtornos
econômicos e políticos. Existe
interesse em manter a saúde,
não como uma necessidade
básica do indivíduo, mas como
um modo da manutenção da
produtividade.
4.7 – As pŕaticas de saúde na contemporaneidade
“Em trinta anos, grande parte das
doenças que afligem a humanidade
estará controlada por tratamentos de
saúde. Novas técnicas aumentarão a
qualidade de vida e também
aperfeiçoarão alguns sentidos humanos,
como a visão. Além disso, a medicina
do futuro terá um enfoque preventivo
com ênfase em aprimoramento
genético”, prevê Rubens Belfort
Junior, presidente da Associação
Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina e membro da Academia
Brasileira de Ciências .
Na contemporaneidade encontramos:

A imposição de um corpo magro, que é o considerado saudável.


Entretanto, não basta ser somente um corpo magro, é preciso que
não contenha resquícios de gordura. A gordura, nesse contexto, é a
grande vilã, uma inimiga interna que deve ser eliminada a todo
custo por meio das práticas de gerenciamento corporal, como por
exemplo, a musculação.

Assistimos uma banalização de antidepressivos e medicamentos usados


para disfunções sexuais. Tal banalização está associada às noções de
“qualidade de vida” e “estilo de vida” saudável, valores veiculados tanto
pela mídia como pelo discurso biomédico, nos quais, toda “doença”
deve ser tratada imediatamente.
Nessa conjuntura os “medicamentos” passam a ser “acessórios” para um
estilo de vida saudável, exigência que engloba uma série de conhecimentos
para a gerência dos corpos como a nutrição, a educação física e a medicina.

Os significados atribuídos a saúde ultrapassam os limites dos estados


considerados normais e/ ou patológicos, uma vez que estão relacionados à
qualidade de vida e à doença, como no caso da obesidade, que foge dos
padrões estéticos corporais aceitáveis.
5 – O modelo biomédico hegemônico


No decorrer de toda a história da ciência ocidental, o
desenvolvimento da Biologia caminhou juntamente com o da
Medicina. Estabelecida firmemente em Biologia, a concepção
mecanicista da vida dominaria a atitude dos profissionais em relação
à saúde e à doença (Miotto & Barcellos, 2009).

O modelo de atuação em saúde hegemônico adota o modelo biomédico que
sustenta que a doença sempre tem causas biológicas, o que por sua vez
determina modos de tratamentos.

Trata-se de um modelo reducionista com as seguintes características:
individualismo; saúde-doença como mercadoria; ênfase no biologismo;
medicalização dos problemas; estimulo ao consumo médico e passividade
dos usuários.
Acupuntura
Rezadeira
Cura xamântica

Ritual de cura no candomblé


Alopatia ou fitoterapia?

Cuidar da saúde de alguém, no caso da saúde, é mais do que
fabricar ou produzir e administrar
medicamentos e promover seu uso racional.

Para se cuidar há que sustentar, ao longo do tempo, uma relação
entre a matéria , o corpo e a mente, moldados a partir de uma forma
que o sujeito quer opor-se à dissolução (Ayres, 2001), Ou seja, é
preciso considerar o outro em sua complexidade e não simplesmente
em seu aspecto biológico “anormal”.


Fica pois a pergunta: “Que lugar podemos ocupar na construção
dos projetos de felicidades das pessoas, que vez por outra são
ameaçados pela doença?
8 – Referências bibliográficas

AYRES, J. R. C. M. Sujeito, intersubjetividade e práticas de saúde. Ciência


& Saúde Coletiva, v.6, n.1, p. 63-72, 2001.
BARBOSA, M. A.; SIQUEIRA, K. M.; BRASIL, V. V.; BEZERRA, A. L.
Q. Crenças Populares e Recursos Alternativos como Práticas de Saúde.
Revista de Enfermagem da UERJ, n. 12, p. 38-43, 2004.
HEIDEGGER M. Ser e Tempo I. Vozes, Petrópolis. 2012. 600p.
LAPLANTINE, F. Antropologia da doença; tradução Valter Lellis
Siqueira. – 4. ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. 281p.
MIOTTO, M. M. B & BARCELLOS, L. A. Contribuição das Ciências
Sociais nas práticas de Saúde Pública. Revista Brasileira de Pesquisa em
Saúde, v. 11, n. 2, p. 43-48, 2009.

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