Campo interdisciplinar de ações e saberes voltados para a promoção, proteção
e recuperação da saúde das populações, respeitando suas diversidades – entendendo saúde não apenas como ausência de doença, mas um processo que envolve questões: epidemiológicas, socioeconômicas, ambientais, demográficas e culturais.
2- Discorra sobre o papel da Saúde Coletiva?
A saúde coletiva propõe a superação das intervenções sanitárias sob a forma de
programas temáticos, voltados a problemas ou grupos populacionais específicos, com base em uma epidemiologia meramente descritiva e em uma abordagem normativa de planejamento e administração. Ela adota intervenções articuladas de promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde, com base em uma abordagem multidisciplinar, com a contribuição das ciências sociais, da epidemiologia crítica e do planejamento e da gestão estratégicas e comunicativas.
3- Diferencie saúde pública de saúde coletiva.
A saúde pública é definida, segundo Winslow, como “a ciência e a arte de
prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde física e a eficiência através dos esforços da comunidade organizada para o saneamento do meio ambiente, o controle das infecções comunitárias, a educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, a organização dos serviços médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e o tratamento preventivo da doença e o desenvolvimento da máquina social que assegurará a cada indivíduo na comunidade um padrão de vida adequado para a manutenção da saúde.”.
Já a saúde coletiva é definida mais recentemente como “campo de produção de
conhecimentos voltados para a compreensão da saúde e a explicação de seus determinantes sociais, bem como âmbito de práticas direcionadas prioritariamente para a sua promoção, além de voltadas para a prevenção e o cuidado a agravos e doenças, tomando por objeto não apenas os indivíduos, mas, sobretudo, os grupos sociais, portanto, a coletividade.”
4- Discorra sobre a relação da Reforma Sanitária com a construção da
Saúde Coletiva no Brasil. A saúde coletiva inspirou, com suas diretrizes, o projeto da Reforma Sanitária, e essa por sua vez deu origem ao Sistema Único de Saúde. Atualmente a saúde coletiva utiliza de seus elementos de modo a integrá-los nas estratégias de atenção integral à saúde. 5- Considerando o texto de Scliar (2007). História do Conceito de Saúde, cite 5 exemplos da evolução do conceito de saúde desde as eras mais remotas até na atualidade, destacando o conceito de saúde de acordo com a época histórica.
Grécia: A partir da mitologia grega, várias divindades estavam vinculadas à
saúde. Cultuavam-se a divindade da medicina, Asclepius ou Aesculapius, e duas outras deusas, Higieia, a Saúde (o seu culto, representa uma valorização das práticas higiênicas), e Panacea, a Cura (representa a ideia de que tudo pode ser curado). Além disso, deve-se notar que a cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos. Oriente: No Oriente, fala-se de forças vitais que existem no corpo: quando funcionam de forma harmoniosa, há saúde; caso contrário, sucedem a doença. As medidas terapêuticas (acupuntura, ioga) têm por objetivo restaurar o normal fluxo de energia no corpo. Idade Média: Na Idade Média europeia, a influência da religião cristã manteve a concepção da doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé. O cuidado de doentes estava, em boa parte, entregue a ordens religiosas, que administravam inclusive o hospital, instituição que o cristianismo desenvolveu muito, não como um lugar de cura, mas de abrigo e de conforto para os doentes. Procurava-se evitar viver contra a natureza. Revolução Industrial: A evolução industrial trouxe também uma série de condições inóspitas aos trabalhadores, naquele período, as fábricas não ofereciam sequer condições mínimas para que um ser humano pudesse trabalhar sem ter sua saúde seriamente afetada. Em 1842, Edwin Chadwick (1800-1890) escreveu um relatório que depois se tornaria famoso: As condições sanitárias da população trabalhadora da Grã-Bretanha. Chadwick, que não era médico nem sanitarista, mas advogado, impressionou o Parlamento, que em 1848 promulgou lei (Public Health Act) criando uma Diretoria Geral de Saúde, encarregada, principalmente, de propor medidas de saúde pública e de recrutar médicos sanitaristas. Dessa forma teve início oficial o trabalho de saúde pública na Grã-Bretanha. Século XX: O conceito da OMS, divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 (desde então o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do direito à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde, diz que “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”.
6- O conceito da OMS, divulgado em 1948, define que “Saúde é o estado do
mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”. Esse conceito representa uma evolução no conceito de saúde, mas ele é suficiente para definir saúde? a) Sim ou não. Por quê? Não, ele não é suficiente uma vez que a plenitude de bem-estar em todas as esferas da vida é uma utopia e está fora do alcance da maioria das pessoas. Alguns aspectos relacionados à esse conceito de saúde podem se sobressair à outros na vida cotidiana, e isso não significa ausência de saúde em determinados indivíduos.
b) Relacione o conceito da OMS com a noção atual de saúde como
qualidade de vida.
De acordo com a OMS, qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua
inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. O conceito de saúde se relaciona muito com o conceito de qualidade de vida, uma vez que há a integração de corpo, mente e contexto social em suas conceituações. Saúde e qualidade de vida são interligadas.
7- Cite 5 temas significativos da relação dos movimentos sociais com a
saúde.
No Brasil, está presente, por exemplo, em movimentos rurais, como os sem-terra
ou os movimentos de barragens, passando por movimentos de mulheres, comunidade de base da igreja católica, movimentos negros, sindicatos profissionais ou movimentos ecológicos.
8- Na temática dos Determinantes Sociais da Saúde, discorra sobre a
diferença de desigualdade e iniquidade social.
Desigualdades em saúde se referem a quaisquer diferenças observáveis entre
subgrupos (de nível econômico, escolaridade, local de residência, sexo, entre outras) dentro de uma população. As iniquidades são diferenças (ou desigualdades) consideradas injustas a partir de um juízo de valor.
9- Sintetize os 3 enfoques para o estudo dos mecanismos através dos quais
os Determinantes Sociais da Saúde provocam as iniquidades de saúde:
1. os físico-materiais: as diferenças de renda influenciam a saúde pela
escassez de recursos dos indivíduos e pela ausência de investimentos em infraestrutura comunitária (educação, transporte, saneamento, habitação, serviços de saúde etc.), decorrentes de processos econômicos e de decisões políticas. 2. os psicossociais: explorando as relações entre percepções de desigualdades sociais, mecanismos psicobiológicos e situação de saúde, com base no conceito de que as percepções e as experiências de pessoas em sociedades desiguais provocam estresse e prejuízos à saúde. 3. os ecossociais: buscam integrar as abordagens individuais e grupais, sociais e biológicas numa perspectiva dinâmica, histórica e ecológica.