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ANTROPOLÓGICOS E DA SAÚDE
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1 Conceito
“Saúde e doença não são estados ou condições estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos a constante avaliação e
Se saúde e doença são conceitos “sujeitos a constante avaliação e mudança”, significa que não são absolutos, isto
São as transformações nas condições sócio-históricas, tecnológicas, políticas, econômicas etc. que permitirão
lançar novos olhares sobre questões que envolvem os processos de saúde e doença:
“... A presença ou ausência de doença é um problema pessoal e social. É pessoal, porque a capacidade individual
para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se está relacionada com a saúde física e mental da pessoa. É social,
pois a doença de uma pessoa pode afetar outras pessoas significativas (ex.: família, amigos e colegas)”
Cada proposição (historicamente localizada) do que é saúde e doença permite a formulação de modelos
Falamos, então, de processos de significação da natureza, de funções e de estrutura do corpo e da relação homem
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2.1 Concepção fisiológica
Iniciada por Hipócrates, a concepção fisiológica sustenta que as doenças têm origem em um desequilíbrio entre
as forças da natureza. Estas forças estão dentro e fora do indivíduo. Temos aqui uma perspectiva centrada no
paciente.
Considera-se o sujeito como um todo, bem como seu ambiente. A doença é algo que fala de uma totalidade e não
Diferente da concepção fisiológica, a concepção ontológica “defende que as doenças são ‘entidades’ exteriores ao
organismo, que o invadem para se localizar em várias das suas partes (MYERS; BENSON, 1992 apud
Os significados destas “entidades” não são sempre os mesmos: poderão ser consideradas processos mágico-
A concepção ontológica busca um diagnóstico preciso, relacionando órgãos corporais e agentes perturbadores.
Para nossa discussão, é importante notar que tal concepção, embora frequentemente utilizada, é reducionista.
Isto porque não considera outras dimensões presentes no processo, tais como personalidade, modo de vida,
Período pré-cartesiano;
Marcado pela insistência no distanciamento das práticas médicas de concepções mágico-religiosas típicas da
Mesopotâmia e do Egito.
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A Grécia Antiga é o berço da ciência médica ocidental. Com Hipócrates (460 – 377 a.C., é considerado o “pai da
medicina”), as lógicas do racionalismo e do naturalismo, características dos filósofos da época, são postas a
serviço da compreensão dos processos de saúde e doença. Para ele, os procedimentos terapêuticos têm como
Para compreender os estados de saúde (bem-estar ou mal-estar), deve-se considerar as influências do ar, da
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A saúde era a expressão de um equilíbrio harmonioso entre os humores corporais, que eram
representados pelo sangue, pelas bílis negra e amarela e pela linfa ou fleuma”
(ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, p. 2).
A comida é a responsável pela renovação destes fluidos primários. A doença é resultante do
desequilíbrio destes quatro humores, influenciados por forças exteriores, como as estações do
ano.
Pois é, na verdade, não está associada a exercícios físicos ou “malhação”, mas à ideia do equilíbrio necessário
entre o estilo de vida e as leis naturais. A medicina hipocrática apoia-se na concepção de que a natureza é
formativa, construtiva e curativa: “O corpo humano tende a curar a si próprio” (ALBUQUERQUE; OLIVEIRA,
2002, p. 3).
Assim, não fazer mal (primum non nocere) é o princípio fundamental no tratamento das doenças. Este é um dos
quatro princípios fundamentais (o da não maleficência) da mais conhecida teoria bioética, chamada
principialismo.
Fique ligado
A importância da relação médico-doente já estava presente no pensamento hipocrático: esta
relação pode ter consequências sobre o bem-estar do doente. “Alguns pacientes, embora
conscientes de que o seu estado de saúde é precário, recuperam devido simplesmente ao seu
contentamento para com a humanidade do médico” (NULAND,1988, p. 59 apud
ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, p. 3).
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3.2 Período científico ou biomédico
Inspirado em filósofos como Galileu, Descartes, Newton, Bacon, dentre outros, apresenta uma concepção do
mundo, inclusive o mundo humano, como uma máquina, funcionando mecanicamente, a partir de leis próprias
da física.
Os seres vivos são constituídos e funcionam de forma semelhante às máquinas, das quais o relógio é o grande
modelo: formados por peças que se encaixam e podem ser decompostas, cada uma delas com uma função
própria e observável.
Para Descartes, sendo o corpo humano uma máquina, o homem doente seria um relógio avariado, assim como
um homem saudável seria um relógio funcionando perfeitamente. Assim, o funcionamento dos homens é regido
por uma natureza que lhe é externa. O modelo cartesiano ou mecanicista concebe o mundo (incluindo aí o
O modelo biomédico concebe a doença, a exemplo da lógica cartesiana, como uma avaria, temporária ou
permanente, de um dos componentes da “máquina”. Curar significaria consertar ou reparar esta máquina.
Para Ribeiro (1993 apud ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002), o modelo biomédico permitiu grande progresso na
“Tendência a reduzir os sistemas a pequenas partes, podendo cada uma delas ser considerada
separadamente” (p. 4). Esta perspectiva se opõe ao caráter totalizante do modelo pré-cartesiano;
“O indivíduo, com as suas características particulares e idiossincráticas (peculiar e pessoa), deixou de ser
o centro da atenção médica, sendo substituído pelas características universais de cada doença” (p. 4);
• 3 – GASTRITE
“Um forte materialismo substitui a tendência anterior de considerar significativos os fatores não
ambientais (morais, sociais, comportamentais)” (p. 4). Trabalha-se com uma perspectiva objetiva na
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4 Primeira revolução da saúde
É um desdobramento do modelo biomédico marcado pelo início da atenção à saúde pública.
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, que o mundo moderno passou por inúmeras transformações no
âmbito da saúde, precipitadas por desequilíbrios ecológicos e sociais: epidemias, insalubridade, alterações no
Para Ribeiro, o modelo biomédico aplicado à saúde pública, que se estende até a década de 1970, é marcado pelo
reconhecimento de que:
1 - ...as doenças infecciosas eram difíceis, senão impossíveis de curar e, uma vez instaladas no adulto, o seu
2 - ...os indivíduos contraíam doenças infecciosas em contato com o meio ambiente físico e social que continha o
agente patogênico;
3 - ...as doenças infecciosas não se contraíam, a não ser que o organismo hospedeiro fornecesse um meio
Por exemplo, através de medidas sanitárias como esgotamento e distribuição de água potável, bem como, já em
Podemos ver que, aos poucos, os conceitos de saúde e doença vão se encaminhando rumo à consideração de
Termo utilizado em 1979 por Julius Richmond, sublinha as mudanças necessárias para responder às novas
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REFLEXÃO
Conforme ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, p. 5
“Globalmente, pode afirmar-se que o desenvolvimento do modelo biomédico se centrara na
doença, que a primeira revolução da saúde se centrara na prevenção da doença, e que a
segunda revolução da saúde se centra na saúde”.
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Os principais conceitos presentes na segunda revolução da saúde estão contidos em importantes documentos,
como os produzidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS); a Declaração de Alma-Ata, de 1978; a Carta de
Todas estas iniciativas apontam para uma desconsideração da saúde como sendo ausência de doença e inovam
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu a necessidade de problematizar o conceito de saúde;
• Reconheceu a saúde como fenômeno multideterminado;
• Identificou os principais determinantes da saúde;
• Concebeu a saúde como fenômeno diferente de ausência de enfermidade.
Referências
ALBUQUERQUE, Carlos Manuel de Sousa; OLIVEIRA, Cristina Paula Ferreira de. Saúde e doença: significações e
perspectivas em mudança. Millenium. n. 25, jan./2002. Revista online do ISPV (Instituto Superior Politécnico de
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