Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O presente trabalho investigação visa abordar assuntos ligados com a cadeira de fundamentos de
teologia católica, onde far-se-ia a contextualização dos seguintes itens refentes a bioética e o seu
desenvolvimento.
O método usado para a elaboração deste trabalho foi de pesquisa através de referências
bibliográficas
4
Conceito da bioética e sua origem
Segundo Segre e Cohen (1995), a bioética é o ramo da ética que enfoca questões relativas à vida
e à morte, propondo discussões sobre alguns temas, entre os quais: prolongamento da vida,
morrer com dignidade, eutanásia e suicídio assistido.
A Bioética (“ética da vida”) é a ciência “que tem como objectivo indicar os limites e as
finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência
racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações” (LEONE;
PRIVITERA; CUNHA, 2001).
Segundo Reich (1978) citado por Ludwing et al. (2007) a Bioética se constitui como um estudo
sistemático da conduta humana, na área das ciências da vida e nos cuidados da saúde a partir de
valores morais. Ela surge como uma adaptação aos novos tempos, para dar uma melhor resposta
aos desafios éticos surgidos com as mudanças sociais e a evolução do conhecimento e da
tecnologia (MUÑOZ, 2004).
Segundo a Encyclopedia of Bioethics citado por Garrafa (2005), a bioética abarca a ética médica,
mas não limitando-se a ela. É estendido muito além dos limites tradicionais que tratam dos
problemas deontológicos que ocorrem das relações entre profissionais de saúde e seus pacientes.
A discussão bioética contribui na procura de respostas equilibradas ante os conflitos atuais e os
das próximas décadas.
Bioética, vem da palavra ética e de bios (vida, em grego). Pode designar, então, ou uma reflexão
sobre os valores subordinada a bios, a vida, ou então uma meta moral que se interessa pelos
desafios e as repercussões da Biologia e Medicina. Eis pois algumas definições:
5
A bioética é a ciência normativa do comportamento humano aceitável no campo da vida e da
morte (Pierre Deschamps – jurista);
A bioética é o estudo interdisciplinar do conjunto das condições que uma gestão responsável da
vida humana (ou da pessoa humana) exige, no quadro dos progressos rápidos e complexos do
saber e das tecnologias biomédicas (David Roy);
Essas diferentes definições, revelam que há uma dupla óptica da bioética: de um lado, científica
e preocupada com a eficácia; de outro, centrada no debate ético, a responsabilidade e os valores.
Eutanásia
Eutanásia (do grego- eu "bom", tanasia "morte") é a prática pela qual se abrevia a vida de um
enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista.
A eutanásia representa actualmente uma complicada questão de bioética e bio direito, pois
enquanto o Estado tem como princípio a protecção da vida dos seus cidadãos, existem aqueles
que, devido ao seu estado precário de saúde, desejam dar um fim ao seu sofrimento antecipando
a morte.
6
Maneiras acessíveis e prático para análise de conflitos
Segundo Muñoz (2004) a Bioética possui 4 maneiras como um instrumento acessível e prático
para análise dos conflitos surgidos no campo bioético.
São elas:
Beneficência: é o (fazer o bem), o qual enfatiza a necessidade de buscar sempre o bem-estar dos
enfermos.
Não maleficência: é o princípio de (em primeiro lugar não lesar), que alude ao cuidado nas
intervenções.
Justiça: é o princípio formal de eqüidade, no qual os iguais devem ser tratados de modo igual,
cada um deve receber o que lhe é proporcional, o que merece, aquilo a que tem direito.
para Garrafa (2005) está equivocado aquele que reduzir a Bioética aos quatro princípios
mencionados. É necessário ver o contexto cultural, social e econômico do povo. Li certa vez, um
artigo chamado Problemas éticos do determinismo genético o qual problematizava o
reducionismo dos genes, o qual afirma que os genes são determinantes na saúde e na maioria dos
comportamentos humanos com pouco ou nenhum efeito do ambiente externo.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a eutanásia pode ser dividida em dois grupos: a
"eutanásia activa" e a "eutanásia passiva". Embora existam duas “classificações” possíveis, a
eutanásia em si consiste no acto de facultar a morte sem sofrimento a um indivíduo cujo estado
de doença é crónico e, portanto, incurável, normalmente associado a um imenso sofrimento
físico e psíquico. A eutanásia activa conta com o traçado de acções que têm por objectivo pôr
término à vida, na medida em que é planeada e negociada entre o doente e o profissional que vai
levar e a termo o acto.
A eutanásia passiva por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar
do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos,
7
farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. São cessadas todas e quaisquer acções que
tenham por fim prolongar a vida. Não há por isso um acto que provoque a morte (tal como na
eutanásia activa), mas também não há nenhum que a impeça (como na distanásia).
Para Garrafa (2005) a distanásia defende que devem ser utilizadas todas as possibilidades para
prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento
se torne demasiadamente penoso.
Aborto
O aborto consiste na expulsão ou extracção de um feto pesando menos de mil gramas, ou com
uma idade gestacional inferior a vinte e oito semanas completas.
Esta definição é geralmente utilizada nos países menos desenvolvidos, nos quais é rara a
sobrevivência de fetos pesando menos.
Nos países mais desenvolvidos, em que os fetos pesando quinhentos a mil gramas muitas vezes
sobrevivem, utiliza-se a definição recomendada pela Organização Mundial da Saúde: “a
extracção ou expulsão de um feto pesando menos de quinhentas gramas ( o que equivale
aproximadamente a 22 semanas completas de gestação. Os tipos e graus de aborto forma já
classificados de muitas maneiras.
Induzido profissionalmente;
Induzido não profissionalmente.
Ameaça de abordo;
Aborto inevitável;
Aborto incompleto;
Aborto completo.
8
Classificação em função das complicações:
Aborto espontâneo é aquele que ocorre sem intervenção humana deliberada. As causas são: mal
nutrição, infecções, anomalias de desenvolvimento do embrião, perturbações metabólicas (por
exemplo: diabetes, hipertiroidismo), alterações da parede uterinas (por exemplo: malformações,
miomas).
Aborto não profissional é induzido por meios alheios aos métodos médicos modernos. Os
métodos e os seus efeitos são vários: substâncias de medicina tradicional, medicamentos
modernos, instrumentação uterina, cáusticos intravaginais e massagem uterina.
Desenvolvimento da bioética
Princípios da bioética
Beneficência/não maleficência
Princípio da autonomia.
De acordo com este princípio, as pessoas têm “liberdade de decisão” sobre sua vida. A
autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o quanto ela pode
gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras pessoas.(Junqueira,2006, p226).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adoptada pela Assembleia Geral das
Nações Unidas de 1948, manifesta logo no seu início que as pessoas são livres.
Princípio de justiça.
Se refere à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a
pesquisa etc. Costumamos acrescentar outro conceito ao de justiça: o conceito de equidade que
representa dar a cada pessoa o que lhe é devido segundo suas necessidades, ou seja, incorpora-se
a ideia de que as pessoas são diferentes e que, portanto, também são diferentes as suas
necessidades.
De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada
um. Não seria ética uma decisão que levasse uma das personagens envolvidas (profissional ou
10
paciente) a se prejudicar. É também a partir desse princípio que se fundamenta a chamada
objecção de consciência, que representa o direito de um profissional de se recusar a realizar um
procedimento, aceito pelo paciente ou mesmo legalizado.
Os profissionais que se baseiam nessa postura paternalista são aqueles que não respeitam a
autonomia de seus pacientes, não permitem que o paciente manifeste suas vontades. Por outro
lado, também alguns pacientes não percebem que podem questionar o profissional e aceitam tudo
o que ele propõe, pois consideram que “o doutor é quem sabe”.
O cartesianismo
Estabelecido por René Descartes no século XVII, o método cartesiano (ou cartesianismo), ao
propor a fragmentação do saber (com a divisão do “todo” “em partes” para estudá-las
isoladamente), sem dúvida contribuiu para o desenvolvimento da ciência.
11
No século XIX, com a evolução dos microscópios, os cientistas Louis Pasteur e Robert Koch
iniciaram uma nova fase na evolução da ciência: a descoberta e o estudo dos microrganismos.
Até aquela época, não se sabia o que causava a maioria das doenças, pois esses seres diminutos
não podiam ser observados. A partir das descobertas desses cientistas, a ciência na área da saúde
começou a caminhar a passos largos
Individualismo
No seu formato mais radical, o individualismo propõe que a atitude mais importante para
tomarmos uma decisão seja a reivindicação da liberdade, expressa na garantia incondicional dos
espaços individuais.
Obviamente todos concordam que a liberdade é um bem moral que precisa ser defendido. Mas,
nesse caso, trata-se de uma liberdade que se resume à busca de uma independência total.
Contudo, essa independência não é possível, pois nós somos seres sociais, frutos de relações
familiares e dependentes de vínculos sociais. Essas relações determinam limites às liberdades
individuais e impõem responsabilidades diante das consequências dos actos individuais na vida
dos outros. Os vínculos nos fortalecem, a independência nos fragiliza. Não podemos falar de
“liberdade” sem considerar a “responsabilidade” dos nossos actos. Muitas vezes, definimos
liberdade como na seguinte frase: “Minha liberdade termina quando começa a liberdade do
outro”. Entretanto, ao limitarmos a compreensão do conceito de liberdade a essa frase, quem for
mais “forte” determinará quem será “mais livre”. Nessa lógica, o conceito de autonomia fica
enfraquecido, pois só os “mais fortes” conseguirão exercer a sua liberdade. Para que todos
tenham o direito de expressar a sua liberdade, é preciso atrelar esse conceito ao de
responsabilidade, pois todos os nossos actos têm alguma consequência para outras pessoas.
12
Hedonismo
Na reflexão ética, o predomínio dessa lógica hedonista faz com que o conceito de “vida” fique
reduzido a essas expressões sensoriais de dor e prazer. Logo, para o hedonismo, uma vida que
ainda não tem ou que já perdeu “qualidade de vida” não seria uma vida digna de se levar em
consideração, não seria uma vida digna de ser vivida.
Utilitarismo
A terceira corrente cultural (e social) que nos influencia é o utilitarismo. Nessa perspectiva, as
nossas acções se limitam a uma avaliação de “custos e benefícios”. O referencial “ético” para as
decisões é ser bem-sucedido; o insucesso é considerado um mal. Só o que é útil tem valor .Em
princípio, valoriza-se algo positivo: o justo desejo de que nossas acções possam ser frutíferas.
Mas o problema desse raciocínio utilitarista é que, com facilidade, pode-se entender que “só o
que é útil tem valor”. (MEDEIROS, 2002, p. 32).
Em uma sociedade capitalista, nossas acções são determinadas pelo mercado. Isso significa que
aquelas pessoas consideradas improdutivas, aquelas que representam um custo para a sociedade,
aquelas que perderam (ou que nunca tiveram) condições físicas ou mentais para participar do
sistema de produção de bens e valores de forma eficiente, são classificadas como “inúteis”
Nessa lógica utilitarista, não vale mais a pena – ou é muito oneroso – defendê-los, ampará-los,
incentivá-los. Contudo, não é ético que nossas acções fiquem restritas a essa correlação entre
custos e benefícios. Pessoas com necessidades especiais e aquelas consideradas vulneráveis
devem ser consideradas dignas de respeito; são pessoas humanas, e isso é condição suficiente
para que sejam respeitadas.
13
Conclusão
Em jeito de conclusão, conclui que, a “Bioética é o estudo sistemático tidas dimensões morais –
incluindo visão moral, decisões, condutas e políticas – das ciências da vida e atenção à saúde,
utilizando uma variedade de metodologias é um cenário interdisciplinar
As condutas humanas, são dependentes das normas morais que existem na consciência de cada
um. Como consequência, diferentes pontos de vista determinam as diversas respostas das pessoas
frente aos semelhantes.
O nascimento da Bioética tem suas raízes ideológicas nas ruínas da 2ªGuerra Mundial quando se
estimulou a consciência dos homens a uma profunda reflexão,com o intuito de se estabelecer
uma fronteira entre a ética e o comportamento
Bibliografia
14
Albom, M. (1997).A última grande lição. O sentido da vida. Rio de Janeiro: Sextante.
Anjos, M. F. (2002). Bioética e teologia. Bioética - Uma perspectiva brasileira [número especial.
Mundo da Saúde, 26(1), 40-50.
Canetto, S. S, & Hollenshead, J. D. (1999). Gender and physician assisted suicide: An analysis
of the Kervokian cases, 1990-1997. Omega, Journal of Death and Dying, 40(1), 165- 208.
Garrafa, V., & Porto, D. (2002). Bioética, poder e injustiça: Por uma ética de intervenção.
Bioética - Uma perspectiva brasileira [número especial]. Mundo da Saúde, 26(1), 6-15.
LEONE, S.; PRIVITERA, S.; CUNHA, J.T. (Coords.). Dicionário de bioética. Aparecida:
Editorial Perpétuo Socorro/Santuário, 2001.
FORTES, P. A. C.; ZOBOLI, E. L. C. P. Bioética e saúde pública. São Paulo: Loyola, 2003.
15