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ETIOLOGIA DE DOENÇAS DE

PLANTAS: conceitos gerais


Prof. Dr. Waldir Cintra de Jesus Junior
1- Introdução

Etiologia: conceito

• Doenças de plantas é uma atividade


fisiológica injuriosa, causada pela
irritação contínua de um agente causal
primário, exibida por meio da atividade
celular anormal e expressa através das
condições patológicas características,
chamadas de sintomas (Whetzel, 1935).
1- Introdução
Etiologia: conceito
Ambiente
“Aetia”= causa;
“Logos “= estudo;
Etiologia: Estudo das causas

Patógeno Hospedeiro

Qual a importância de se estudar a etiologia?


1- Introdução
A etiologia aborda:
As características do agente causal como o
modo de penetração, crescimento e multiplicação
no interior dos tecidos do hospedeiro.
2 - Principais agentes causais
Bióticos: agentes patogênicos ou infecciosos,
transmissíveis de uma planta doente para outra
sadia, por meio de diferentes agentes de
disseminação.

 Abióticos: não são transmissíveis de uma


planta doente para outra sadia (não-infecciosos).
Em geral decorrem das intempéries, condições
inadequadas de manejo da cultura ou da ação
momentânea de fatores físicos e ou químicos
adversos.
2 - Principais agentes causais
Doenças bióticas(infecciosas) são resultantes da interação entre
patógeno, hospedeiro e ambiente ao longo do tempo(processo
contínuo ou dinâmico)

Representação clássica de uma doença


biótica:
Ambiente
(favorável)
Triângulo da
doença

Doença

Patógeno Hospedeiro = patógeno


planta onde o
se
(agente causal) (suscetível) estabelece.
Principais agentes causais de doenças de plantas

● Fungos
● Bactérias
● Vírus e viróides

Bióticos ● Nematóides
● Fitoplasmas e Espiroplasmas
● Protozoários
● Plantas parasitas
● Certos insetos

● Excesso de umidade no solo


● Toxidez de Al, Fe, Mn
● Excesso de nutrientes
● Deficiências nutricionais
● Alta e baixa temperatura
● Período longo de estiagem
Abióticos ● Ventos frios
● Geada
● Raio
● Compactação do solo

Figura 2: Diagrama esquemático do tamanho e forma de ● Raízes tortas


certos patógenos em relação a célula da planta ● Queima por pesticidas
Morfologia e Multiplicação dos patógenos de plantas

Fungos

Bactéria

Fitoplasmas e
espiroplasmas

Plantas
parasíticas

Vírus e Viróides
viróides

Nematóides

adultos ovos juvenil Protozoários


2 - Principais agentes causais
Oomycota Zygomycota

2.1 - Fungos:

Organismo eucarioto,
Ascomycota

aclorofilado
filamentoso,
Mitospóricos

multicelular e que
Fungos

normalmente se
Basidiomycota

reproduzem por
meio de esporos.
2 - Principais agentes causais

2.2 - Bactérias:
Organismos
procariotas,
aclorofilado
unicelular, e que
normalmente se
reproduzem por
fissão binária.
2 - Principais
agentes
causais
2.3 - Vírus:
Parasita intracelular
obrigatório, constituído
por uma ou mais
molécula de ácido
nucléico (DNA ou RNA),
geralmente envoltos por
uma capa protéica.
2 - Principais
agentes
causais
2.4 - Viróides:
São os menores e mais
simples agentes
fitopatogênicos;
São constituídos de RNA
fita simples;
Sem capa protéica;
normalmente circulares;
2 - Principais agentes causais

2.5 - Nematóide:

Organismo vermiforme de
vida livre ou parasita. Os
fitopatogênicos são todos
parasitas obrigatórios e, para
se nutrirem dos hospedeiros,
introduzem estilete nos
tecidos da planta para
sucção.
2 - Principais agentes causais

2.6 - Fitoplasmas:

Organismo procariota; unicelular;


desprovido de parede celular
rígida(podendo assumir diferentes
formas - pleiomórficos);
não cultivável em meio de cultura;
sensível ao antibiótico tetraciclina.
2 - Principais agentes causais
2.7 - Espiroplasmas:
Organismos procarióticos de morfologia helicoidal, sem
parede celular, com apenas uma membrana unitária
envolvendo o citoplasma. São encontrados restritos ao floema
de plantas.
2 - Principais agentes causais
2.8 – Protozoários:
Organismos microscópicos unicelulares,
fusiformes e torcido duas ou três vezes
em relação ao eixo longitudinal do
corpo. Apresenta flagelo na parte
anterior da cabeça. Movimentam-se por
contrações do corpo e flagelo.
Reproduzem-se por bipartição das
células no sentido longitudinal do seu
eixo dando origem a duas células filhas
2 - Principais agentes causais

2.9 – Certos insetos: Fitotoxemias

Doença/Problema: Galha Foliar

Agente: Família Cecidomyiidae


(Nematocera/Diptera)

Local: Campo Mourão, Paraná, Brasil

Descrição:
Estruturas arredondadas (galhas) na
superfície da folha; o inseto se
desenvolve no interior.
http://www.ufrgs.br/agrofitossan/galeria/tipos_doencas.asp?
2 - Principais agentes causais

2.10 – Plantas parasitas:


Erva de passarinho: Struthanthus flexicaulis (Mart.) Mart.
Planta parasita aderida ao ramo.

Sementes
germinando
sobre a folha
http://www.ufrgs.br/agrofitossan/galeria/tipos_detalhes.asp?
id_registro=655&id_nome=44
2 - Principais agentes causais
Causas abióticas:
● Excesso de umidade no solo
● Toxidez de Al, Fe, Mn
Sintomatologia geral:
● Excesso de nutrientes
- Declínio de plantas
● Deficiências nutricionais
● Alta e baixa temperatura
- Seca de ramos e ponteiros

● Período longo de estiagem - Murcha


● Ventos frios - Amarelecimento
● Geada - Queda de flores
● Raio - Queda de frutos
● Compactação do solo - Deficiência nutricional
● Raízes tortas
- Crescimento reduzido
● Queima por pesticidas
3 – Estudo dos Patógenos
Parasitismo

Parasita: termo que se refere a um organismo


que é parcialmente ou totalmente dependente
de outros organismos vivos para sua
existência.

Patógeno: Todo organismo capaz de causar


doença. Qualquer organismo ou unidade
biológica capaz de multiplicar-se na planta de
modo a interferir em seus processos
fisiológicos normais, ou seja causar doença.
3 – Estudo dos Patógenos
Ciclo de vida
O desenvolvimento do patógeno compreende fases ativas e
inativas. As fases ativas são patogênese e saprogênese. A
fase inativa é chamada de dormência.

 1.1. Patogênese: é a fase em que o patógeno está


associado ao tecido vivo do hospedeiro. Compreende três
fases: pré-penetração, penetração e colonização. Ocorre nos
parasitas obrigatórios e facultativos.

 1.2. Saprogênese: é a fase em que o patógeno não está


associado ao tecido vivo do hospedeiro, ele encontra-se em
atividade saprofítica sobre restos de cultura ou sobre a
matéria orgânica do solo. Não ocorre nos parasitas
obrigatórios.
3 – Estudo dos Patógenos
Ciclo de vida
Infecção em vários órgãos e plantas
Germinação do conidio
e penetração

Ascósporo fruto
Ramos Bulbo Hastes
Folhas
Infecção inicial e
Ascos invasão dos tecidos
Conidio

Setas Morte dos tecidos e


Micélio
formação de lesão deprimida
Peritécio Acérvulo
Acérvulo com massa de
Fruto apodrecido
conidios de coloração rósea
Cancro Semente Acérvulo

Sobrevivência em cancros, frutos Lesão vagem


apodrecidos, sementes e
restos culturais
Lesão ramos Acérvulos dispostos em
Lesão
anéis concêntricos
semente

Tombamento
Podridão amarga Lesão fruto Antracnose do trigo
(feijão) Necrose nervura
da maçã tomate Necrose na folhaMancha bulbo
3 – Estudo dos Patógenos
Ciclo de vida
 1.3. Dormência: fase em que as condições não são favoráveis
a atividade do patógeno, achando-se este com metabolismo
reduzido. Produzem, normalmente, órgãos consistentes e
ricos em reservas, tais como esclerócios(ou escleródios),
clamidosporos e micélio dormente em sementes e mudas.
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
a) quanto ao ciclo de vida.

a1) - Parasitas Obrigatórios: Crescem e sobrevivem


somente em tecido vivo do hospedeiro. Ex.:
(vírus e viróides; nematóides; procariotos como Xylella, fitoplasmas e
espiroplasmas; protozoários; plantas parasíticas; fungos causadores
de ferrugens, oídios , míldios verdadeiros e ferrugem branca) e alguns
membros de Oomycota.

Normalmente por necessitarem do


hospedeiro vivo, os parasitas obrigatórios
não matam o hospedeiro rapidamente.
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
a) quanto ao ciclo de vida.

A B

Meloidogyne incognita dentro da raiz. A) Juvenil do segundo estádio logo


após a penetração na raiz; B) Fêmeas se alimentando das células gigantes.
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
a) quanto ao ciclo de vida.
a2) – Não Obrigatórios: podem crescer e multiplicar na
ausência do hospedeiro vivo (bactérias e a maioria dos
fungos).

Patogênese Saprogênese

Saprogênese Patogênese

Parasitas Facultativos Saprófitas Facultativos


3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
a) quanto ao ciclo de vida.
a2) – Não Obrigatórios:
 Parasita facultativo: são aqueles organismos que passam
a maior parte do ciclo de vida como saprófitas e
facultativamente parasitam as plantas.

 Saprófita facultativo: são aqueles organismos que


passam a maior parte do ciclo de vida como parasitas e
facultativamente são saprófitas. Em outras palavras
crescem como parasitas mas podem viver saprofiticamente
sob certas condições.
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
b) quanto a forma de obtenção de nutrientes
b1)- Parasitas biotróficos – são organismos que obtém seu
alimento somente a partir de células vivas do hospedeiro.
Estes organismos desenvolveram requerimentos nutricionais
específicos, o que os tornaram inteiramente dependentes de
seus hospedeiros vivos.
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
b) quanto a forma de obtenção de nutrientes

b2) - Parasitas Hemibiotróficos – são organismos que


infectam tecidos vivos , assim como os biotróficos, mas
sobrevivem e esporulam no tecido morto, em competição com
os saprófitas.

Tem vantagens sobre estes uma vez que ocuparam o substrato


antes que eles se tornassem acessíveis a outros organismos.
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
b) quanto a forma de obtenção de nutrientes
b3) - Parasitas Necrotróficos – são organismos que
infectam o tecido do hospedeiro após enzimas e toxinas
terem destruídos os tecidos. Eles matam o tecido pela
rapidez de penetração, e esse mesmo tecido fornece a
base alimentar para o avanço do
patógeno.
(Matam as células do hospedeiro para
fazer dela seu alimento).
Colletotrichum destructivum - antracnose do fumo
3 – Estudo dos Patógenos
Classificação dos patógenos:
b) quanto a forma de obtenção de nutrientes
Para pensarmos:

• Qual a importância em saber se um


patógeno é parasita obrigatório ou não-
obrigatório?

Manejo de restos culturais e da pratica de


rotação de cultura

Essas medidas de manejo seriam igualmente


eficientes para doenças causadas por
patógenos parasitas obrigatórios ou
facultativos?
3 – Estudo dos Patógenos
Taxonomia e Classificação

• Nome do Patógeno: recebe nomes específicos de acordo


com normas internacionais.
A exceção dos vírus, todos seguem Sistema Internacional
de Nomenclatura Botânica:
Binômio latim (nome genérico e específico).
Devem ser sublinhados quando escritos a mão ou
grafados em itálico quando impressos.

Ex.: Puccinia psidii


3 – Estudo dos Patógenos
Taxonomia e Classificação

• Classificação: ex.Puccinia psidii


Dominio: Eucarya
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Classe: Teliomycetes
Ordem: Uredinales
Família: Pucciniaceae
Gênero: Puccinia
Espécie: Puccinia psidii
3 – Estudo dos Patógenos
Patogenicidade

CONCEITO:
É o atributo de uma espécie em causar doença numa outra
espécie.

No caso de plantas, refere-se a capacidade que um


organismo, quando associado ao hospedeiro, tem de
causar doença.
3 – Estudo dos Patógenos
Patogenicidade

Postulados de Koch:
1) Associação constante do organismo com a doença.

2) Isolamento do organismo dos tecidos afetados em cultura pura.

3) Inoculação do organismo obtido em cultura pura num


hospedeiro sadio suscetível para reprodução de sintomas.

4) Reisolamento do organismo do hospedeiro suscetível doente


inoculado e comparação da cultura com a cultura pura original.
3 – Estudo dos Patógenos
Patogenicidade

Postulados de Koch:

Como seria a execução dos


postulados de Koch para um
organismo que é parasita
obrigatório??
3 – Estudo dos Patógenos
Patogenicidade
Etiologia Sequencial: conceitos
Existem muitas doenças nas quais as relações causais envolvem mais
de um agente ou fator patogênico, que atuam sequencial ou
concomitantemente, podendo estes serem fatores bióticos(infecciosos)
ou abióticos.
Um patógeno ou fator primário muda a reação do hospedeiro de tal
forma que outro patógeno ou fator secundário possa atacá-lo.
Ex.: variedades de algodoeiro resistentes a murcha de fusarium
Algodoeiro resistente fica
predisposto a murcha de fusarium

Meloidogyne incognita Galhas típicas nas


= agente causal raízes
primário

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