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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO

INTRODUÇÃO

Área nova da veterinária, envolve medicina veterinária preventiva, Saúde coletiva, saúde
pública, maus tratos, controle populacional etc. essa área veio para preencher uma lacuna que
existia entre saúde pública e bem-estar animal. Dentro da área teremos:

 Manejo e monitoramento animal


 Medicina populacional
 Bem-estar animal 0
 Saúde pública veterinária
 Programas de vigilância sanitária
 Epidemiologia e bioestatística
 Controle de zoonoses
 Educação em saúde
 Vulnerabilidade social

Necessário trabalhar em conjunto com outras áreas: saúde, educação, meio ambiente,
assistência social, polícia civil (maus tratos), ministério publico e organizações não
governamentais (ONGs).

Abordagem de saúde única  tanto para pessoas quanto animais. Medicina veterinária
comunitária.

HISTÓRICO

Século XIX início do alojamento de cães para controle da raiva, na época existia
superpopulação de animais. As técnicas de controle afetavam o bem-estar desses animais
(envenenamento, afogamento, eletrocussão, câmara de gás). No brasil, houve a carrocinha.

2005 A ONU se posicionou sobre isso em 2005 dizendo não haver evidências de que isso
contribuiu para a densidade de raiva e que a população de cães que ficou se reproduziu ainda
mais, e a remoção de animais é inaceitável perante a sociedade. A partir de 2006 vários
estados proibiram a carrocinha. Mudança de paradigma  respeito a vida. Porém, houve
impactos negativos os abrigos de animais sofreram com superlotação, aumento de tempo de
permanência dos animais, aumento da transmissão de doenças, brigas, ectoparasitas, animais
abandonados medrosos e agressivos, em condições ruins de saúde e nutricional, estado
sanitário precário, falta de recursos do local, falta de necessidades básicas, gatil sem
verticalização, estruturas inadequadas, sem área de quarentena.

A partir disso, houve necessidade do conhecimento para cuidar dos animais em coletivo e
aumentar a qualidade de vida. Clínica médica individual  clínica médica coletiva. Cuidados
básicos, prevenção de doenças, diminuir o tempo de permanência, destinar adequadamente
(adoção), compreender aspectos comportamentais e psicológicos.
MPCG: manejo populacional de cães e gatos

Qual a melhor solução? Deve ser multifatorial.

MEDICINA DE ABRIGOS: combina estratégias e da saúde individual com as necessidades da


saúde do coletivo

A medicina de abrigo engloba toda a política interna doa abrigos mas que tem relação direta e
sofrem as consequências das politicas externas de MPCG e deve incluir conhecimentos
técnicos para que os animais sejam reintroduzidos na sociedade.
OBJETIVOS

 Ser refúgio seguro para animais


 Funcionar como local de passagem, reabilitar animais na sociedade por meio da
adoção
 Fluxo: Resgate seletivo recuperação  ressocialização  reintrodução na sociedade
 Núcleo de referência em programas de saúde veterinários, controle, bem-estar animal,
projetos etc.
 Implementar saúde e bem-estar.

ABRIGOS

 Devem possuir políticas internas rígidas


 Estrutura adequada
 Recursos humanos capacitados
 Investimento nas ações preventivas
 Promoção da adoção

Podem ser:

Públicos  centros de triagem, unidades de vigilância de zoonoses, canis municipais. Tem


sofrido mudanças com relação aos cuidados dos animais para melhor, muitos abrigos estão
passando para setor meio ambiente.

Privados  protetores independentes, lares transitórios. Via de regra, abrigos privados e de


ongs tem objetivos mais focados no bem-estar, resgatando de maus-tratos, doentes etc

Terceiro setor  ONGS

PLANEJAMENTO

 Metas e objetivos definidos, quais animais resgatar? Qual meta?


 Políticas rigorosas  limpeza/desinfecção, qual número de animais é permitido, qual
forma de captura, recursos, local para castração.
 Protocolos para cada etapa do processo
 Levar em consideração o bem-estar animal mesmo que seja no abrigo de zoonoses
 Estrutura adequada
 Otimizar o gerenciamento de recursos
 Capacitação da equipe envolvida

CAPACIDADE DE PROVER CUIDADOS (CPC)

O atendimento as necessidades de todos os animais admitidos, independente de quando


chegaram, como chegaram, idade, estado de saúde e personalidade.
ESTRUTURA ADEQUADA PARA

espécie

Número de animais

Tempo de permanência no abrigo

Bem-estar

Porcentagem que devem ser separadas no abrigo para cada uma das áreas

Fluxo de animais

Protocolos de entrada e saída

Registrar individualmente os animais  documentos, registros, prontuários.


HIGIENIZAÇÃO

Deve haver protocolos

Fluxos (em sequência)

PROTOCOLO DE VACINAÇÃO/VERMIFUGAÇÃO

Devem ser personalizados para cada instalação.

Imunidade coletiva/ proteção individual

Deve acontecer independente da saúde/ condição corporal (prenhas, animais doentes etc.
devido o risco de ter doença e contaminar pode ser maior do que o risco de baixar um pouco a
imunidade do anima).

Protocolo preconizado pela literatura internacional, sendo essencial a vacinação na entrada do


abrigo.
MANUTENÇÃO

Funcionários capacitados e em número adequado

Nutrição adequada espécie, idade, estado de saúde ou fisiológico

Fornecimento de água

Avaliação de saúde geral  periodicamente

Necessidades comportamentais

DESTINAÇÃO DOS ANIMAIS

Adoção  serão destinados animais saudáveis, castrados, reabilitados/ ressocializados,


selecionar famílias, monitorar os animais com a família

Eutanásia  ??, é proibida, mas é uma porta de saída para abrigos dos estados unidos em
animais que não serão adotados (comportamentos inadotáveis).

Portaria 1.138/2014 definiu quais animais são de relevância para a saúde pública, incluindo
animais com risco de transmissão zoonótica, peçonhentos e venenosos e que eles podem ser
recolhidos pelas unidades de vigilância de zoonoses. Essas unidades estão alocadas nas
secretárias de saúde.

IMPORTÂNCIA DOS ABRIGOS

 Animais agressivos e problemáticos


 Crueldade animal ou negligência
 Quarentena zoonoses
 Recuperação dos animais abandonados
 Adoção
 Podem auxiliar nas ações de educação da comunidade

Abrigo é a solução?

O abrigo trata a consequência do abandono, mas não a causa do abandono. É uma solução
temporária.

Pode fomentar o problema abandono na porta de abrigos

Pode ser oneroso e demandar tempo para administrar

Isoladamente não irá solucionar a situação a longo prazo

Abrigos são caros e requerem organização.

Lares temporários

Espaços domésticos onde o animal ficará e posteriormente será encaminhado para adoção.

Alternativa para criação de novos abrigos

Parceria entre pode publico e ongs

Melhora bem-estar animal

Pode ser mais efetivo


MANEJO POPULACIONAL DE CÃES E GATOS

Para solucionar essa questão é necessário implantar um programa de manejo população nos
municípios. Mantendo-os em bom nível de bem-estar, minimizar riscos para saúde humana etc
a medicina de abrigos pode funcionar como estratégia dentro dos programas de manejo
população, mas sozinha ela não resolve influencia diretamente os abrigos (superlotados).

PROBLEMÁTICA

Grande número de cães e gatos soltos nas ruas.

Causas guarda irresponsável, manutenção de ambiente favorável (eles conseguem


sobreviver as ruas), insensibilização, falta de educação e desrespeito, alto potencial
reprodutivo, proles numerosas, rápida maturidade sexual, gestação curta,

Consequência abandono, doenças, maus tratos, desnutrição ferimentos

Qual a melhor solução? Atuar na causa do problema: procriação sem controle e


irresponsabilidade humana (abandono). Atividades isoladas de recolhimento não são efetivas

A OMS reconheceu 3 métodos efetivos em 2005:

Restrição de movimento – não deixar animais terem acesso as ruas

Controlar o habitat - água e comida.

Controle reprodutivo

Manejo populacional de C/G: O manejo populacional e reprodutivo de cães e gatos foi definido
como um conjunto de estratégias desenvolvidas para prevenir a falta de controle e o abandono
animal, promovendo a guarda responsável, facilitando a promoção da saúde da comunidade, o
bem-estar animal e o equilíbrio ambiental.

OBJETIVOS

ETAPAS
Dinâmica populacional  entender e conhecer essa dinâmica e o vínculo com os animais,
causas do problema, atitudes comportamentais dos humanos daquela população, de onde vem
os animais, número de animais nas ruas, o ambiente permite a sobrevivência? Quais
problemas eles enfrentam?

Fazer levantamento e definir indicadores que serão utilizados para monitoramento e avaliação
do programa  número de animais nas ruas, taxa de mortalidade, morbidade, natalidade,
interações humano-animal, indicadores relativos ao serviço público, e relativos a zoonoses.

Registro e identificação  diferencia animais com e sem dono, essa etapa permite rápida
devolução dos animais perdidos, reconhecer o abandono- aplicar legislação, fomenta a cultura
de guarda responsável, não existe banco de dados unificado nacionalmente, dificilmente
consegue-se cruzar informações. Estratégias: permanentes (microchip ou tatuagem) ou visual
(plaquinha na coleira)

A educação em guarda responsável permite:

Conscientização

Empoderamento da comunidade

Conhecimento da dinâmica populacional

Prevenção do abandono, zoonoses

Melhora qualidade de vida dos humanos e animais

Promove valores humanos, saúde da comunidade, aquisição responsável.

Intersetorialidade, a medicina veterinária do coletiva precisa trabalhar com outros setores,


principalmente o setor educação.

Guarda responsável é o conjunto de regras básicas que deve ser seguido pela família que
decide ter um animal de estimação a fim de garantir a saúde física e mental, ambiental, a
segurança e o bem-estar do novo membro da família.

Prevenção do abandono

 Refletir antes de adquirir um animal


 Esterilizar para evitar crias indesejadas que não poderá cuidar
 Identificar para localizar quando se perde um animal
 Educar para modular o comportamento para melhorar a interação
 Adotar animais abandonados para que outros possam ser resgatados e abrigados

Envolvimento da comunidade
Controle reprodutivo

Evita abandono, acesso a pessoas de baixa renda, acesso geográfico (pessoas que tem
impossibilidade de levar), tem mais eficiencia em femeas em idade reprodutiva, melhor
tecnica é a do gancho, em 4- 5 anos se observa o impacto do controle reprodutivo.

Resolução 962 de 2010 do CFMV: Normatiza os Procedimentos de Contracepção de Cães e


Gatos em Programas de Educação em Saúde, Guarda Responsável e Esterilização Cirúrgica com
a Finalidade de Controle Populacional.

Art. 4º Os Programas com a finalidade de controle populacional deverão ter por base a
Educação em Saúde e Guarda Responsável, e não apenas o fluxo de esterilizações.

Art. 6º Os procedimentos de contracepção em cães e gatos também poderão ser realizados em


Unidade Móvel de Esterilização e Educação em Saúde (UMEES), devidamente regularizada
perante o CRMV e demais órgãos competentes, tais como registro no Departamento de
Trânsito e Prefeitura Municipal.

Castração pediátrica castração antes da maturidade sexual. Entre 6 e 16 semanas. Beneficios


superam os riscos.

Manejo ambiental controle de residuos do habitat de coisas que mantem o animal na rua
(agua, abrigo, acasalamento, alimento)

Recolhimento e destinação adequada tratamento, castração, adoção ou eutanásia.

Adoção feiras, lares temporários.

Cãoes comunitários recebem tratamento pelo poder publico, microchipados, castrados e


vivem na comunidade. Evita que se tenhaa superpopulação, servem como sentinela de
doenças.

Promoção da saude dos animais disponibilizar atendimentos de baixa complexidade,


orientações basicas e etc para pessoas de baixa renda.

Fiscalização de maus tratos  criar estrategia visando guarda responsável.

Controle do comércio  fiscalizar canis clandestinos.

Vulnerabilidade social  acumuladores de animais, animais de moradores de rua, animais de


familias em sistuação de vulnerabilidade social.

Legislação

Fiscalizar programas de manejo e penalizar se não estão nas normas.

Lei 13.426 de 30 de março de 2017

Dispõe sobre a política de controle da natalidade de cães e gatos e dá outras providências.

Art. 1º O controle de natalidade de cães e gatos em todo o território nacional será regido de
acordo com o estabelecido nesta Lei, mediante esterilização permanente por cirurgia, ou por
outro procedimento que garanta eficiência, segurança e bem-estar ao animal.
art. 2º A esterilização de animais de que trata o art. 1º desta Lei será executada mediante
programa em que seja levado em conta:

I - o estudo das localidades ou regiões que apontem para a necessidade de atendimento


prioritário ou emergencial, em face da superpopulação, ou quadro epidemiológico;

II - o quantitativo de animais a serem esterilizados, por localidade, necessário à redução da


taxa populacional em níveis satisfatórios, inclusive os não domiciliados; e

III - o tratamento prioritário aos animais pertencentes ou localizados nas comunidades de baixa
renda.

Art. 3º O programa desencadeará campanhas educativas pelos meios de comunicação


adequados, que propiciem a assimilação pelo público de noções de ética sobre a posse
responsável de animais domésticos.

RESOLUÇÃO Nº 962, DE 27 DE AGOSTO DE 2010 Normatiza os Procedimentos de


Contracepção de Cães e Gatos em Programas de Educação em Saúde, Guarda Responsável e
Esterilização Cirúrgica com a Finalidade de Controle Populacional

Art. 8º Todo Programa deve contemplar o projeto elaborado pelo Responsável Técnico, a ser
apresentado ao CRMV da jurisdição com antecedência mínima de 60 (sessenta) dias do início
da execução. Parágrafo único. O projeto de execução deve contemplar, no mínimo, os seguintes
itens:

I - Orientação sobre os cuidados pré e pós-operatórios aos responsáveis pelos animais;

II - Transporte dos animais;

III - equipamentos e materiais necessários;

IV - Equipe de trabalho;

V - Procedimentos pré, trans e pós-operatórios;

VI - Sistema de triagem;

VII - identificação e registro dos animais; e

VIII - atividades de educação sanitária, bem-estar animal e de guarda responsável, se possível


inseridos no ensino básico municipal.

Monitoramento e avaliação do programa:

avaliar indicadores levantados relacionados com o objetivo do programa, posteriormente a


implantação.

Monitoramento deve ser contínuo

Avaliação a cada 6 meses

Estratégias que não são eficazes serão redefinidas

responsabilidade

É de responsabilidade nacional, estadual e municipal.  necessário uma política unificada


nacional
Setor privado parcerias.

Resumindo

MAUS TRATOS

Constituição federal/88

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
(Regulamento)

Lei 9605/98 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e


atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos  este artigo deixa amplo, não especifica quais situações
são considerados maus tratos.

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos

§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste
artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Devido a falta de clareza do artigo 32 foram criadas leis estaduais e municipais que especificam
os maus tratos. E o CFMV também tem uma resolução.
Resolução CFMV Nº 1236 DE 26/10/2018

O médico veterinário deve reportar casos de maus tratos.

Negligência: ato de omissão que significa falta de cuidado, falha em fornecer as necessidades
físicas e emocionais, como água, comida, sombra, medicamentos, cuidados veterinários,
compaixão e afeição.

Crueldade: comportamento intencional que causa dor desnecessária, sofrimento, angústia ou


morte de um animal, incluindo o abuso físico, emocional/ psicológico ou sexual.

Abuso: qualquer ato intencional, comissivo ou omissivo, que implique no uso despropositado,
indevido, excessivo, demasiado, incorreto de animais, causando prejuízos de ordem física ou
psicológica, incluindo os atos caracterizados como abuso sexual.

Maus tratos: pode ser passivo (negligência) ativo (crueldade) ou ambos.

Maus tratos  as ocorrências podem ser tratadas em esfera administrativas, civil e criminal.

Essencial  MV habilitados para identificar maus tratos, deliberação das punições, e


adequações necessárias em casos de negligência.

Vínculo humano-animal- seres sencientes

Conceito de bem-estar animal necessidades físicas, mentais e comportamentais atendidas.

5 liberdades do BEA

Liberdade nutricional  acesso a água e alimentação, livre de fome

Liberdade ambiental  livre de desconforto

Liberdade sanitária livre de dor, doenças e ferimentos

Liberdade psicológica livre de medo e estresse

Diagnostico de maus tratos: perícia de bem-estar animal, se baseia com indicadores.

O grau varia de muito baixo a muito alto.

Conjunto de indicadores for regular  recomendações ao proprietário

Se for inadequado animal em maus tratos e deve ser notificado.

Notificação auto de infração (perda do animal, multa, pena educativa) boletim de


ocorrência  encaminhamento ao MP
Lei 5517/68 regulamenta profissão do MV

Dispõe sobre o exercício da profissão de médico-veterinário e cria os Conselhos Federal e


Regionais de Medicina Veterinária.

Perícia: esclarece fatos do interesse da justiça.

a peritagem sobre animais, identificação, defeitos, vícios, doenças, acidentes, e exames


técnicos em questões judiciais competência privativa do MV

deve ter conhecimento suficiente medicina veterinária legal.

TEORIA DO ELO

Conexão que existe entre a crueldade contra animais de companhia e a violência


interpessoal. A ocorrência de maus tratos não é fator isolado, e pode ser entendido como
sinalizador de problemas dentro daquela família.

O que embasa a teoria do elo:

Crianças que sofrem de violência doméstica ou que não são corrigidas ao maltratar animais,
tendem a reproduzir comportamentos violentos contra animais e se tornarem potenciais
agressores ou criminosos quando adultos.

A crueldade animal infantil é um alerta de lar desestruturado e sinalizador de potencial


comportamento agressivo no futuro.

Crianças que possuíam histórico familiar de violência ou presenciaram maus tratos aos
animais, como negligência ou abandono, tendem a maltratar animais de companhia.

A vivência de punições físicas, violência, alcoolismo dos pais foram relacionados a


comportamentos agressivos posteriores.

A violência doméstica contra mulheres, deve ser detectada pelo profissional de saúde e
atualmente tem sido encarada como problema de saúde pública. Mulheres vítimas dessas
violências relatam que frequentemente os animais de companhia eram maltratados,
ameaçados, feridos, sofriam violência sexual ou eram mortos. Essa violência acontecia como
forma de controlar psicologicamente a vítima/disciplinar/. Em residências onde se tem
violência contra mulher tanto os animais como as crianças correm maior riscos de serem
violentados.

Crueldade animal indicador de violência familiar

Quando pessoas são abusadas animais estão em risco, e quando animais estão em risco as
pessoas também.

Código de ética do MV denunciar às autoridades

Animais e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Indicações de negligência contra animais sinalizadores de vulnerabilidade de seres humanos.

Dilema

Necessidades de estratégias alternativas

Abordagem multidisciplinar  assistência social, secretaria da saúde, conselho tutelar,


conselho dos direitos do idoso, vigilância ambiental, proteção animal.

Inclusão de MV nas equipes de consultório na rua é um tema abordado.

Acumulação de animais situação de maus tratos aos animais, mas se trata de transtorno
mental associado a angústia da pessoa não querer se desfazer dos animais. Desorganização
doméstica e acumulação de multas.

As vezes situações de violências ou trauma desencadeiam em acumulação de animais para


preencher vazio que se criou pela violência  fator desencadeante.

A pessoa tem incapacidade de reconhecer a problemática e nega.

Terceira dimensão do abuso animal.

3 tipos de acumuladores segundo literatura internacional

Cuidador sobrecarregado- protetor de animais, socialmente isolado

Resgatador – compulsão, com sentido de missão

Explorador – não demonstra empatia pelos animais, com objetivos de lucro.

Problemática  Questões sociais, assistenciais, sanitárias e ambientais = impactos negativos


na saúde e bem-estar: acumulador, vizinho, familiares, comunidade e animais

Necessidade de ações colaborativas, novas estrategias e mudança de paradigmas.


Estratégias de intervenção

Ações isoladas tem recidiva de 100%

Somente aplicar a lei não resolve

Multiprofissional  GTI

Garantir a saúde e qualidade de vida

Planejamento estratégico situacional

Criação de vínculo

Encaminhamentos em consenso

Política pública

ZOONOSES

Ocorrem devido as inter-relações entre animais e humanos.

Fatores que favorecem surgimento: alterações climáticas, desmatamento, extinção da fauna


(perda do habitat), poluição, crescimento populacional humano.

Importância na saúde pública:

Tríade epidemiologica:

Balões amarelos  fatores que influenciam na infecção, deve haver convergência desses
fatores relacionados ao agente, hospedeiro e ambiente para que a doença aconteça ou não
em determinada comunidade de animais ou pessoas.
História natural das doenças transmissíveis:

Conceito de iceberg em doenças infecciosas

Cadeia epidemiológica: uma série de eventos necessários para que a doença ocorra em um
indivíduo, a identificação desses mecanismos torna possível a adoção de medidas sanitárias
capazes de impedir a disseminação de doenças.

Agente infeccioso: pode ser um MO, uma forma de radiação ou uma substância química.
Podem ser biológicos ou não biológicos.
Agentes zoonóticos

Fontes de infecção: pessoa, animal, objeto ou substância

Doentes (com sintomas) / portadores (sem sintomasassintomáticos, em incubação ou


convalescente- que já teve a doença, mas ainda apresenta o agente)

Reservatório: humano, solo, animal, artrópode, planta ou matéria inanimada.

Vias de eliminação: conjunto de vias no animal ou pessoa em que o agente é eliminado no


ambiente. Depende da doença uma via pode ser mais importante que a outra.

Modo de transmissão:

Direta – contato direto entre animal/pessoa e fonte de infecção

Indireto- por meio de veículos (qualquer elemento que transporte o agente infeccioso) ou
vetores (biológicos- o agente desenvolve parte do seu ciclo reprodutivo- ou mecânicos-
apenas carreadores e não sofrem modificação biológica, ex: moscas-). Tendo intervalo maior
entre a eliminação e a penetração do agente.

Vias de penetração: relação sexual, placenta, pele ou secreções corporais, através de


mordedura de animais ou picadas de insetos.

Hospedeiro: é um organismo que abriga outro em seu interior ou o carrega sobre si, seja este
um parasita, um comensal ou um mutualista

Definitivo: aloja o parasita em sua fase de maturidade ou em fase de reprodução sexuada


hospedeiro intermediário: é aquele que aloja o parasita em sua fase de larvária ou de
reprodução assexuada

Acidental: alberga o agente, porém não transmite a outros animais, não faz parte da cadeia
de transmissão obrigatoriamente

Intermediário: apresenta o agente em sua fase larvária, podendo ser vertebrado ou


invertebrado

Hospedeiro amplificador: onde agente se multiplica e intensifica sua infecção

Sentinelas: sinalizadores para eventual risco do aparecimento da doença em seres humanos

Ex: macacos na febre amarela.


Classificações das zoonoses

Zoonoses direta: o agente pode persistir com passagens sucessivas por uma única espécie do
animal vertebrado. Ex: raiva

Ciclozoonoses: o agente necessita obrigatoriamente passar por duas espécies distintas de


animais vertebrados para que o seu ciclo se complete. Ex: complexo teníase-cisticercose

Metazoonoses: o agente necessita passar por hospedeiro invertebrado para que o seu ciclo
se complete. Exemplos, Febre Maculosa, doença de chagas, febre amarela.

Saprozoonose: o agente necessita passar por transformações que ocorrem no ambiente


externo em ausência de parasitismo. Exemplos, Toxoplasmose, Toxocaríase, criptococose.

Classificação das zoonoses segundo o sentido da transmissão:

Antropozoonoses: doenças primárias de animais. Agentes de doenças que são perpetuados


pela transmissão entre animais, porém que podem eventualmente acometer seres humanos.
Exemplo: Raiva.

Zooantroponoses: Agentes de doenças que são perpetuados pela transmissão entre seres
humanos, porém que podem eventualmente acometer animais. Exemplo: Tuberculose em
animais pelo Mycobacterium tuberculosis, bacilo do tipo humano.

Anfixenoses: Agentes de doenças que se transmite com igual intensidade entre animais,
entre os seres humanos e entre animais e seres humanos. Exemplo: COVID-19,
Estafilococose.

PORTARIA Nº 1.138, DE 23 DE MAIO DE 2014

Define as ações e os serviços de saúde voltados para vigilância, prevenção e controle de


zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância
para a saúde pública.

Art. 3º São consideradas ações e serviços públicos de saúde voltados para a vigilância, a
prevenção e o controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e
venenosos, de relevância para a saúde pública:

I - Desenvolvimento e execução de atividades, ações e estratégias relacionadas a animais de


relevância para a saúde pública;

II - Desenvolvimento e execução de ações, atividades e estratégias de educação em saúde


visando à guarda ou à posse responsável de animais para a prevenção das zoonoses;

III - coordenação, execução e avaliação das ações de vacinação animal contra zoonoses de
relevância para a saúde pública, normatizadas pelo Ministério da Saúde, bem como
notificação e investigação de eventos adversos temporalmente associados a essas
vacinações;

IV - Realização de diagnóstico laboratorial de zoonoses e identificação das espécies de


animais, de relevância para a saúde pública;

V - Recomendação e adoção de medidas de biossegurança que impeçam ou minimizem o


risco de transmissão de zoonoses e da ocorrência de acidentes causados por animais
peçonhentos e venenosos relacionados à execução das atividades de vigilância de zoonoses
dispostas neste artigo;

VI - Desenvolvimento e execução de ações, atividades e estratégias de controle da população


de animais, que devam ser executadas em situações excepcionais, em áreas determinadas,
por tempo definido, para o controle da propagação de zoonoses de relevância para a saúde
pública;

VII - coleta, recebimento, acondicionamento, conservação e transporte de espécimes ou


amostras biológicas de animais para encaminhamento aos laboratórios, com vistas à
identificação ou diagnóstico laboratorial de zoonoses de relevância para a saúde pública;

VIII - gerenciamento de resíduos de serviços de saúde gerados pelas ações de vigilância de


zoonoses de relevância para a saúde pública;

IX - Eutanásia, quando indicado, de animais de relevância para a saúde pública;

PORTARIA Nº 758, DE 26 DE AGOSTO DE 2014

§1º Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) é a estrutura física e técnica, vinculada ao


Sistema Único de Saúde, responsável pela execução de parte ou da totalidade das atividades
referentes à vigilância, prevenção e controle de zoonoses, previstas nos Planos de Saúde e
Programações Anuais de Saúde, podendo estar organizada de forma municipal, regional e/ou
estadual.

§2º Fica definido que as UVZs são estabelecimentos de saúde exclusivos da esfera pública.

Portaria Nº 52, de 26 setembro de 2002. – Estabelece diretrizes para projetos físicos de


unidades de zoonoses e fatores biológicos de risco

Portarias de notificação compulsória-

Portaria de consolidação número 4- dentro dessa portaria tem a Portaria 1.061 de 2020 –

Agravo qualquer dando a integridade física ou mental do indivíduo, provocado por


circunstâncias nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de
drogas ou lesões decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus tratos, e
lesão autoprovocada.

Doença enfermidade ou estado clínico, independente da origem ou fonte, que represente


ou possa representar um dano significativo para os seres humanos.
Lista nacional de notificação compulsória de doenças e agravos e eventos de saúde pública-
semanal e Lista nacional de notificação compulsória de doenças e agravos e eventos de
saúde pública- imediata.

PORTARIA Nº 782, DE 15 DE MARÇO DE 2017

Define a relação das epizootias de notificação compulsória e suas diretrizes para


notificação em todo o território nacional.
Também existe a ficha de notificação de epizootias.

QUESTÕES COMENTADAS
ZOONOSES- RAIVA

Antropozoonose

Transmitida para o homem através de secreções pela inoculação do vírus. Principalmente por
mordedura e lambedura.

Encefalite progressiva e aguda.

Letalidade de até 100%

Agente etiológico: RNA vírus, família rhabidoviridae, se multiplica pelos neurônios, aspecto
de projétil, tropismo pelas células do SNC.

Apresenta dois antígenos principais: a glicoproteína (antígeno de superfície, responsável pela


formação dos anticorpos neutralizantes e pela adsorção do vírus na celula) e um antígeno
interno que é construído por uma nucleoproteína (considerada grupo-específico). O vírus
apresenta pouca resistência ao ambiente.

O gênero lyssavirus apresenta 8 genótipos

1 e 2- hospedeiros naturais cães


3- Morcegos hematófagos

4 e 6- morcegos insetívoros

Apenas mamíferos transmitem e são acometidos. No brasil, caninos e felinos são os


principais transmissores nas áreas urbanas.

Quirópteros (morcegos)- mantem a cadeia na área silvestre

Na zona rural também afeta animais de produção

Transmissão- contato direto, arranhadura, lambedura. Multiplica-se no ponto de inoculação


atinge o SNP e a partir disso o SNC,

Ciclo epidemiológico é dividido em 4 ciclos de transmissão, o ciclo urbano é passível de


eliminação.

Período de incubação – variável, relacionado com o local da mordedura, concentração, cepa


etc.

Adultos- 45 dias

Crianças- período menor

Cães- 40-120 dias

Herbívoros- 25-90

Morcegos- não foi muito bem estabelecido, mas pode ser maior

Período de transmissibilidade

Cães e gatos- 2 a 5 dias antes dos sinais clínicos e pode persistir durante toda a evolução da
doença, a morte pode ser após 7 dias dos aparecimentos dos sintomas,

Morcegos- pode abrigar o vírus sem sintomas por longo período [

Susceptibilidade e imunidade

Todos os mamíferos são acometidos, imunidade é pela vacinação.

Manifestações clínicas

Homem- dois períodos principais:


1- Pródromos: sintomas inespecíficos antes da encefalite de 2 a 10 dias mal-estar,
febre, anorexia, dor de cabeça, dor de garganta, linfadenopatia, hiperestesia,
parestesia próximo ao local da mordedura e alterações de comportamento. A partir
disso a infecção progride surgindo manifestações de encefalite: hiperexcitabilidade,
agressividade, confusão mental, febre elevada. Delírios, convulsões, dificuldade de
deglutir, sialorreia, espasmos musculares, paralisia. O paciente pode estar consciente
com período de alucinações até o óbito geralmente de 2 a 7 dias.
2- Cães e gatos – depende se infectou com variante canina ou variante de morcego.

Bovinos

Forma paralítica- decorrente da transmissão através dos morcegos hematófagos, sinal


inicial: isolamento do rebanho, perda do apetite, cabeça baixa e indiferente.
Incoordenação, paralisia, decúbito esternal, atonia do rumem, opistotono, paralisia
calda, diminuição do reflexo, ataxia e morte )3 a 6 dias) após sinais podendo chegar até
10 dias. Saliva do bovino raivoso pode transmitir.

Quirópteros (morcegos): pouco se sabe ainda. Morcegos encontrados em horário não


habitual podem ser suspeitos. Fase de excitabilidade e paralisia (deixam de voar). Podem
apresentar a doença de 3 formas:

Raiva furiosa típica, paralisia e morte

Raiva sem paralisia e morte

Raiva paralítica típica e morte.

Podem inocular a doença na saliva por mais tempo.

Diagnóstico laboratorial

Raiva humana-

diagnostico ante-mortem- imunofluorescência direta- mais recomendado, sensibilidade


limitada

reação em cadeia de polimerase (PCR).

Diagnostico post-mortem- realizado em fragmentos do SNC e isolamento viral (prova


biológica, inoculação em camundongos ou cultivo celular)..

Imunofluorescência direta
Tratamento- quase sempre fatal

Protocolo de recife- indução do coma, antivirais e reposição de enzimas.

Prevenção- vacinação.

Características epidemiológicas-

a raiva ocorre em todos os continentes com exceção da Oceania e Antártida

é endêmica na maioria dos países africanos e asiáticos

no brasil, a raiva é endêmica com várias variações entre regiões do país

a distribuição da raiva não é uniforme, podendo haver áreas livres e outras de alta ou baixa
endemicidade, apresentando, em alguns momentos, formas epizoóticas.

Até 2005, dezenas de casos de raiva humana eram registrados anualmente no país

A partir de 2006, o número de casos caiu para 1 dígito e vem se mantendo nessa faixa

De 2010 a 2020 foram registrados 38 casos de raiva humana, sendo que, em 2014 não
houve caso.

20 casos- morcego

9 casos -cão

4 casos- primatas

4 casos- felinos

1 caso- não identificado

Atendimentos antirrábicos- quando procura atendimento pois acabou exposta

Nos últimos 5 anos: 676.000

Casos de raiva em animais no brasil em 2010-2019: 1047, foi reduzindo com o passar dos
anos.

É importante saber a variante para medidas profiláticas diferentes.

Vigilância epidemiológica da raiva- investigar todos os casos e pessoas expostas, determinar


áreas de risco, realizar bloqueios de foco, medidas de controle, ações educativas, monitorar
as notificações. Existem duas modalidades de notificação: os casos humanos suspeitos (deve
ser compulsória e imediata até 24h) e notificação de acidente por animal potencialmente
transmissor da raiva, (imediata e compulsória, registrada no SINAN também, mas em outra
ficha, ficha de investigação de atendimento antirrábico).
Medidas de prevenção e controle-

Vacina inativada-

pré exposição: pessoas de risco

Pós-exposição: indivíduos expostos por mordedura etc.

Soro heterólogo: solução concentrada de anticorpos proveniente dos equinos feito na local
da lesão, impede disseminação para terminações nervosas, aplicado até 7 dias após aplicação
da primeira dose da vacina. Não é necessário se a pessoa recebeu pré-exposição.

soro homologo- imunoglobulina humana- baixa disponibilidade e alto custo, utilizado em


pacientes com hipersensibilidade ao soro heterólogo.

Profissões que recebem a vacina na pré-exposição.

Recebem 3 doses, nos dias 0, 7 e 28, após 14 dias se faz a titulação. E deve ser refeita a cada
6 meses em profissionais com alto risco.

Profilaxia pós-exposição: notificada e iniciada o mais rápido possível, a primeira medida é


limpeza da ferida com água e sabão, não se recomenda sutura, anamnese completa da
situação na ficha de atendimento antirrábico humano para definir qual protocolo que vai
depender do tipo de exposição, características do ferimento e características do animal
envolvido

. Recomendação mais atual: nota informativa número 26/2017 4 doses de vacina.

EM CASOS DE ACIDENTES LEVES- Ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente


únicos, em tronco e membros (exceto mãos e polpas digitais e planta dos pés); podem
acontecer em decorrência de mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente. •
Lambedura de pele com lesões superficiais.

Definir animal:

Cão ou gato sem suspeita da raiva no momento da agressão- observar animal durante 10 dias
após exposição, se permaneceu sadio encerrar caso. Se o animal morreu, desapareceu ou se
tornou raivoso administrar 4 doses da vacina nos dias 0, 3, 7 e 14.

Cão ou gato clinicamente suspeito de raiva no momento da agressão- iniciar esquema com 2
doses no dia 0 e 3 e observar animal 10 dias. Se permaneceu sadio encerrar caso, se morreu,
desapareceu ou se tornou raivoso, completar esquema com mais 2 doses no dia 7 e 14.

Cão ou gato raivoso, desaparecido, silvestre (inclusive domiciliados), animais de interesse


econômico ou de produção- iniciar esquema com 4 doses nos dias 0, 3,7 e 14.

EM CASOS DE ACIDENTES GRAVES- Ferimentos na cabeça, face, pescoço, mãos, polpas


digitais e/ou planta do pé. • Ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer
região do corpo. • Lambedura de mucosas. • Lambedura de pele onde já existe lesão grave. •
Ferimento profundo causado por unha de animal.

Definir animal:

Cão ou gato sem suspeita de raiva no momento da agressão- iniciar esquema profilático com
duas doses, uma no dia 0 outra no dia 3. Observar o animal durante 10 dias após exposição,
Se o animal permanecer sadio no período de observação, encerrar o caso. • Se o animal
morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, dar continuidade ao esquema profilático,
administrando o soro3, 4 e completando o esquema até 5 (cinco) doses. Aplicar uma dose
entre o 7º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28

Cão ou gato clinicamente suspeito de raiva no momento da agressão- Iniciar o esquema


profilático com soro ou imunoglobulina e 5 doses de vacina nos dias 0, 3, 7, 14 e 28. •
Observar o animal durante 10 dias após a exposição. • Se a suspeita de raiva for descartada
após o 10º dia de observação, suspender o esquema profilático e encerrar o caso

Cão ou gato raivoso, desaparecido ou morto Animais silvestres5 (inclusive os domiciliados)


Animais domésticos de interesse econômico ou de produção- Iniciar imediatamente o
esquema profilático com soro3 e 5 (cinco) doses de vacina administradas nos dias 0, 3, 7, 14
e 28.

Nas agressões por morcegos ou qualquer mamífero silvestre, deve-se inciar sorovacinação
independente da gravidade da lesão.

Sobre a observação do animal- avaliar hábitos e cuidados.

Podem ser dispensadas do esquema profilático pessoas agredidas por animais que não tem
risco de contrair a raiva como:

Animais que vivem dentro de casa, não tem contato com animais desconhecidos, só saem
acompanhados, vive em área de raiva controlada.

A vacinação de cães e gatos controlou a raiva urbana no país.

sucesso da vacinal canina  + de 80% da população canina

a partir de 2010 vacina de cultivo celular

gratuita pelo SUS

medidas de prevenção e controle- bloqueio de foco, quando for identificado casos de raiva
canina

notificar imediatamente a SMS, agir em até 72h após a notificação


Controle de morcegos- exige intervenção específica.

Fundamental participação da comunidade, estimular vacinação, interinstitucional,


intersetorial e multidisciplinar.

QUESTÕES COMENTADAS
A detecção dos corpúsculos de Négri estão nas células do cerebelo do animal afetado pela
raiva e são patognomonicas, porém a ausência dos corpúsculos não invalida o diagnóstico.
Por isso não é recomendação oficial.

- A raiva é uma zoonose viral que se caracteriza por encefalite progressiva aguda e letalidade
de aproximadamente 100%, considerando casos raros de cura. Com relação a essa zoonose
de grande relevância para a saúde pública, assinale a alternativa correta.

a) A eliminação do vírus pela saliva de cães, morcegos e gambás infectados ocorre entre dois
e cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da
doença.

b) A morte do animal infectado ocorre, em média, entre dez a quinze dias após a
apresentação dos sintomas, com exceção dos quirópteros, os quais podem albergar o vírus
por longo período.

►c) O vírus da raiva (RABV) apresenta sete características antigênicas (AgV) distintas no
Brasil, sendo duas encontradas principalmente em cães, três em morcegos e outras duas em
reservatórios silvestres.

d) As variantes de morcego estão relacionadas à raiva furiosa, apresentando, assim, alto


potencial de disseminação.

e) Em gatos, independentemente da variante envolvida, o potencial de disseminação, quanto


à epizootia urbana, é alto, uma vez que esses animais normalmente possuem acesso à rua.

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA

Leishmaniose tegumentar americana – LTA

Infecciosa, não contagiosa

Causada por protozoário do gênero leishmania

Acomete pele e mucosas

Transmissão vetorial

No brasil existem 3 espécies principais

Leishmania (leishmania) amazonensis – distribuídas pelas florestas da amônia legal podendo


se ampliar para nordeste, sudeste, sul, centro-oeste.

Leishmania (Viannia) guyanensis – limitada ao norte acre, amapa, Roraima, amazonas e para

Leishmania (Viannia) Braziliensis – mais importante no brasil e américa latina com ampla
distribuição desde a américa central até a norte da argentina

Agente etiológico.

Considerada parasita intracelular obrigatório, se apresenta em duas formas principais:

forma promastigota- flagelada com mobilidade encontrada principalmente no tubo digestivo


do inseto vetor

forma amastigota- sem flagelos e sem mobilidade encontrada nos tecidos dos hospedeiros
vertebrados.
Hospedeiros e reservatórios

Infecções por leishmania que causam a LTA foram descritas em várias espécies:

Animais silvestres

Sinantrópicos

Domésticos (em canídeos o papel na manutenção d parasita ainda não foi esclarecido). 
são considerados hospedeiros acidentais, a LTA nesses animais se apresenta como doença
crônica com manifestações parecidas com a LT humana (úlcera cutânea em orelhas, focinho,
bolsa escrotal). Sendo diagnósticos diferencial neoplasias, piodermites e nos gatos
sporotricose,

Vetores

Conhecidos como mosquito palha de corpo e asa peludas, cor marrom encontrados em
regiões tropicais. Se alimentam de sangue durante a noite. As larvas se desenvolvem em
áreas silvestres ou peri-domiciliadas.

Modo de transmissão

picada da femea

Incubação: 2 meses geralmente, mas varia de 1 semana a 2 anos.

Manifestações clínicas

Forma cutânea – lesões indolores, redondas ou ovaladas com base eritematosa, consistência
firme, bordas elevadas, com granulações

Forma muco cutânea- lesões destrutivas na mucosa das vias aéreas superiores, edema nasal
ou edema nasal com áreas de ulceração e edema em lábio superior.

Diagnostico laboratorial

Parasitológico- Pesquisa de amastigotas em esfregaço da lesão ou imprint

Imunológico- IDRM, IFI, ELISA

Molecular- PCR

Tratamento

Medicamentos leishmanicidas

Principal- antimonial pentavalente- glucantime

Segunda escolha- afonterecina B e azentionato de pentamidina

Características epidemiológicas

Antigamente era uma doença estrita de animais silvestres que acometia ocasionalmente as
pessoas em contato com florestas, mas começou a ocorrer em regiões peri-urbanas.

Vigilância epidemiológica: identificar e monitorar áreas de relevância, investigar os surtos,


monitorar formas graves, identificar casos autóctones, adotar medidas de controle
pertinentes, monitorar efeitos adversos dos medicamentos, reduzir número de casos em
áreas de transmissão domiciliar.

Doença de notificação compulsória. A partir disso definir se é autóctone ou importado e


monitorar caso
.
Vigilância

No entanto, em áreas de transição ou áreas concomitantes de LTA e LV é necessário fazer


identificação na espécie do parasito que está envolvido nos casos de animais domésticos

Controle

Atividades educativas, tratamento adequado, diagnóstico precoce. em áreas endêmicas


adotar ações de controle.

Controle químico de vetores combate do inseto adulto

Inseticidas com ação residual

A indicação do controle químico deve ser avaliada com levantamento de dados, vigilância
entomológica.

Não há indicação em ambiente silvestre

Deve fazer raio de 500m entorno de domicílios

Borrifadas paredes internas e externas e anexos.

Deve acontecer antes ou após as chuvas

Controle aos reservatórios

Reservatórios silvestres – não são recomendadas ações

Reservatórios domésticos – não são recomendadas ações em LTA. Pode acontecer a


eutanásia em agravamento se for levar ao sofrimento.

Porém, o tratamento de animais doentes com LTA não é recomendado- resistência do


parasito.

Prevenção

Repelentes, evitar exposição nos horários de mosquito, mosquiteiro, telagem, poda de


arvores, destino adequado ao lixo, limpeza dos abrigos de animais, em áreas potenciais de
transmissão construir as residências com faixa de segurança das áreas de mata

Educação em saúde- estratégias

Implantadas com atividades de educação.


LEISHMANIOSE VISCERAL

Evolução crônica e sistêmica, óbito em + de 90% dos casos se não tratada.

Outros nomes: calazar, splenomegalia tropical, febre do

Protozoários do gênero leishmania

Espécie de importância nas regiões das américas chagasi ou infantum

Agentes etiológicos de duas formas principais da mesma maneira da LTA

Amastigotas flageladas e promastigotas aflageladas

Vetores

Mosquito palha

Flebotomíneos gênero lutzomya

Na LV a espécie de importância na transmissão é a lutzomya longipalpis, ela se adapta


facilmente aos peri-domicilios e várias temperaturas, atividade noturna, encontrada próximo
a fontes de alimentos

Reservatórios

Na área urbana principalmente cães

A doença nos animais precede a ocorrência de casos humanos

Insetos preferem cães

Ambiente silvestre- raposas e marsupiais

LV canina- adoecem como as pessoas com principais sinais clínicos emagrecimento,


onicogrifose, paralisia membros posteriores, desnutrição, adenopatia linfoide,
ceratoconjutivite, úlceras, hiperqueratoses.

Modo de transmissão

Picada das femeas em cães infectados

Não há transmissão de pessoa para pessoa

Incubação

Homem- 10 dias- 24 meses média de 2-6 meses

Cao- media de 3 a 7 meses pode durar anos

Manifestações nas pessoas- é uma doença crônica com repercussão em órgãos internos,
como fígado, baço, gânglios e medula óssea hepatoesplenomegalia em crianças. Febre de
longa duração, emagrecimento, anemia, hemorragias, imunodeficiências, óbito em 90% dos
casos se não tratado

Crianças e idosos susceptíveis agravada por desnutrição


Diagnóstico

Deve ser precoce-

Parasitológicos- encontro de formas amastigotas através de punção da medula óssea, baço

Imunológicos – IFI, testes rápidos, ELISA (não tem no SUS).

Molecular- PCR

Tratamento

Antimonial pentavalente, anfotericina B

Características epidemiológicas

Endêmica em 76 países e no continente americano

Na américa latina, 90% dos casos acontecem no brasil sendo maioria na região nordeste.

3.500 casos anualmente

Letalidade vem aumentando nos últimos anos sendo 7,1% em 2012

Frequente em crianças e sexo masculino

Vigilância epidemiológico- diagnostico precoce, tratamento adequado, reduzir fontes de


infecção e contato com hospedeiros, promover ações de educação a saúde, notificação
compulsória semanal. Preenchimento de ficha de investigação.

Vigilância entomológica

Levantamento, investigação e monitoramento

Vigilância nos cães- em primeiro caso canino, realizar busca ativa de cães sintomáticos até
100 metros e testa-los

Então se deve realizar monitoramento dos cães e inquérito sorológico amostral


Diagnostico nos cães

Devem ser realizados de forma sequencial nesses inquéritos

Teste imunocromatográfico rápido- TR  triagem

ELISA confirmatório

Todo caso suspeito de LV canina deve ser atendido pelo MV e notificado ao SMS, a
confirmação deve ser por laboratórios públicos ou privados credenciados.

Casos em que proprietário recusa colheita do exame deve preencher termo

Se ele apresentar dúvida pode ser feita nova coleta

Sacrifício recomendado para todos os sacrifícios, a não ser que proprietário arque com
tratamento e responsabilidade. E ele deve assinar termo de recusa de sacrifício.

Caso haja sacrifício, o MV deve preencher termo também.

Em virtude das características epidemiológicas da LV, as estratégias de controle sã pouco


efetivas.

Controle do vetor  apenas para inseto adulto

Depende das características de cada lugar

Inseticida nas paredes e anexos  em áreas com elevado número de casos/ municípios com
surto

Desenvolvimento de ações de manejo ambientais para destruir ovos e larvas

Controle do reservatório canino eutanásia dos positivos

Portaria interministerial 1.426/2008 proíbe tratamento de cães com medicamentos de


uso humano ou que não sejam registrados no MAPA

Nos cães o tratamento pode curar sintomas, mas continuar sendo fontes de infecção para
vetor constituindo risco para humanos.  O tratamento gera risco para saúde pública/ cepas
resistentes.

Os medicamentos disponíveis hoje para LV não eliminam por completo o parasita nas
pessoas também, mas o homem não tem importância como reservatório

Nota técnica número 001/ 2016 MAPA/MS autoriza registro do milteforan da virbac
indicado para tratamento da LVC, a miltefosina é o princípio ativo e não é usada para
tratamento em humanos. Ele proporciona melhora clínica com redução da carga parasitária,
porém os animais precisam ser reavaliados a cada 4 meses e pode ser indicado novo ciclo de
tratamento.

Fator limitante alto custo

Nota técnica 11/2016  reforça a necessidade de cumprir o tratamento correto, e que não é
medida de saúde pública é somente escolha do proprietário. O CFMV defende cumprimento
da portaria interministerial.

Prevenção

Proteção individual--. Mosqueteiro, repelentes, telagens, não se expor a noite, roupas


compridas, atividades de educação e saúde.

Controle da população canina errante, realizar exame sorológico antes de ações, utilizar telas
em canis, coleiras com deltrametrina 4%, vacinação (não confere 100% de proteção, só pode
ser vacinados animais sem sinais clínicos e com teste sorológico negativo, não existem
estudos que comprovem proteção aos humanos, somente aos cães).

QUESTÕES COMENTADAS

Eles são flebotomíneos e a leishmania é a infantum ou chagasi


4 - A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose crônica, sistêmica, caracterizada em pessoas
por febre de longa duração, perda de peso, astenia e anemia, entre outras manifestações.
Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. Em relação ao tema,
assinale a alternativa correta.

a) No cão, principal reservatório e fonte de infecção no meio urbano, a doença se


manifesta sob a forma de alterações dermatológicas, sendo comum o crescimento
exagerado das unhas, porém sem comprometimento sistêmico.
b) ►b) A enzootia canina tem precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção
em cães tem sido mais prevalente que no homem.
c) c) No Brasil duas espécies de flebotomíneos, até o momento, são consideradas
vetores da doença: Lutzomya longipalpis e Lutozomya maruaga.
d) d) A LV no Brasil ocorre de forma epidêmica, com abrangência em praticamente
100% dos municípios brasileiros, e a forma de transmissão é por meio das picadas
dos vetores infectados por Leishmania chagasi.
e) As medidas de prevenção dirigidas aos cães envolvem a utilização de coleiras
impregnadas com deltametrina a 4% e a vacinação dos animais.

TOXOPLASMOSE

Doença provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii, é transmitida aos seres humanos
através das fezes de diversos animais contaminados pelo agente transmissor.

Distribuição mundial

Prevalência em imunossuprimidos

Agente etiológico

Toxoplasma gondii, parasita intracelular obrigatório, um protozoário coccídio intracelular,


pertencente à familia Sarcocystidae, na classe Sporozoa. Filo apicomplexa.

Podem assumir 3 formas infecciosas:

taquizoitos (formas livres no organismo do animal) - presentes na fase aguda ou na


reagudização da doença, capazes de atravessar placenta e infectar feto. São mais frágeis e
sobrevivem até 1 dia nos fluidos corporais, após essa fase pode persistir por toda vida dos
hospedeiros sobre a forma de cisto teciduais (podendo ter ou não repercussão clínica) e
podem permanecer infecciosos por semanas em fluidos do corpo, na carne não cozida. Esses
cistos contêm os bradizoitos

bradizoitos (cistos teciduais- presentes nos tecidos humanos e de todos os animais infectados
sobre a forma de cistos

esporozoitos (estão dentro dos oocistos que são liberados no ambiente).- forma de
resistência do parasito no meio ambiente, formado no intestino dos felinos, permanecendo
por ate 18 meses na agua e solo quente (se estiverem esporulados) não sobrevivem bem em
climas frios.os esporozoítos estão presentes dentro dos oocitos,

hospedeiros definitivos- felinos


São os únicos capazes de excretar os oocistos. 1 gato pode eliminar milhões de oocistos que
podem sobreviver em condições ideais até 18 meses. No período de eliminação raramente
eles vão apresentar sintomas, e não apresentam anticorpos nesse período.

Soroprevalência em gatos 10,2% a 84% (variável). Estima-se que 1% da população geral


elimina os oocistos no ambiente, o período de eliminação vai de 1 a 2 semanas e acontece só
uma vez na vida dos gatos.

Esporulação- demora de 1 a 5 dias. Para que aconteça precisa de alta umidade temperatura.

Baratas e moscas podem carrear essas fezes e espalhar em alimentos.

Os gatos são assintomáticos, porém sinais clínicos podem acontecer se estiverem sendo
submetidos a tratamento com corticoide e em animais com fiv/felv, se os sintomas aparecem
são inespecíficos mais relacionados ao sistema respiratório, digestório, uveíte, anorexia,
febre, dispneia.

Hospedeiros intermediários

animais homeotérmicos oedores, pássaros, animais silvestres, mamíferos (caprinos,


bovinos, ovinos, humanos)

grande parte dos animais domésticos criados no brasil apresentam anticorpos para o t. gondii

Dentre as carnes dos HI a suína é a principal fonte de infecção de t.gondii para humanos.

Modo de transmissão

Via oral  ingestão de oocistos esporulados no ambiente, solo, água, areia. Cistos teciduais
na carne

Via transplacentária, transfusão, transplante de órgãos.

O contato com gatos não causa a doença. O perigo está em contato com fezes, agua
contaminada, carnes mal cozidas, solo etc.

Ciclo epidemiológico

Oocistos eliminados nas fezes dos gatos, se tornando infectantes após esporulação (1-5 dias),
gatos também podem ser reinfectados ao consumir alimentos infectados com oocistos.
Outros animais podem consumir esses oocistos, e pouco depois eles liberam os taquizoitos
que são as formas que podem se locomover e se disseminam pelo corpo do animal e formam
cistos com bradizoitos no tecido nervoso e muscular. Os gatos podem ser infectados após
comer animais com cistos teciduais e pessoas também podem ao consumir essas carnes mal-
passadas. Em casos raros são infectadas ao fazer transfusão sanguínea transplante e mãe-
feto.

Nas pessoas os parasitos formam cistos teciduais também principalmente nos olhos,
músculo, coração e cérebro. As pessoas podem ficar sem sintomas ou se os cistos se
tornarem ativos pode ter sintomas (geralmente em imunossuprimidos).

Manifestações clínicas nos humanos

Geralmente pessoas infectadas pela primeira vez não apresentam sintomas

São variáveis e associados ao estágio, geralmente leves febre, dor muscular, mal-estar,
linfoadenomegalia, lesões oculares, coriorretinite  cegueira.

Toxoplasmose congênita- consequencia nos fetos

85% dos casos não apresentam sinais ao nascimento, porém alguns sinais indicam infecção
 restrição do crescimento, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas

Crianças com sinais clínicos

Neurológicos 35%  Tétrade de Sabin corioretinite, calcificações cerebrais, retardo mental,


alteração do volume intracraniano

oculares 80%

auditivos 40%

nos primeiros meses de vida sintomas são mais graves, as vezes os sintomas aparecem
apenas na adolescência ou idade adulta.

No primeiro trimestre a transmissão é mais difícil, porém com sintomas mais graves ao feto

Nos últimos meses infecção mais fácil, porém sintomas menos graves ao feto

Diagnostico
Tratamento

Recomenda-se de maneira geral coccidiostaticos, a espiramicina é recomendado as gestantes

Esquema tríplice indicado para gestantes com diagnósticos a partir das 18 semanas.

Características epidemiológicas

Brasil tem uma das maiores incidências do mundo

soroprevalência varia de 40 a 84% nas gestantes entre 36 a 92% e em crianças de 0 a 5 anos


ate 32% de 6 a 11 anos 19 a 59% 11 a 15 28 a 84

As crianças brasileiras apresentam 4x mais risco de ter a toxoplasmose severa do que as


europeias

Indivíduos com baixa renda são mais vulneráveis

28,4% das gestantes afetadas

A maior parte dos infectados não apresentam sinais clínicos

Fatores de risco para homem


Carne crua, mal passada

Jardinagem no solo

Água potável q não seja pública

Gênero masculino

Gravidez/ viagens na gestação

Nível socioeconômico e educacional básico

Maioridade

HIV  toxoplasmose neurológica

Vigilância epidemiológica ainda em fase de estruturação, o MS vem estudando desde


2015.

A indisponibilidade das informações prejudica a análise e tomadas de decisões para auxiliar


nas medidas de controle e prevenção. Existe ausência de diretrizes e protocolos
padronizados, falta de orientações o que prejudica as ações.

O que se tem de mais padronizado é o manual de protocolo de notificação e investigação da


toxoplasmose gestacional e congênita.

Investigação epidemiológica

É o trabalho de campo que identifica o modo de transmissão, focos, grupos vulneráveis na


localidade, fatores de risco para doença, confirmar diagnostico, determinar características
epidemiológicas, orientar medidas de prevenção e controle

De maneira geral, algumas atividades: buscar fontes de transmissão, conhecer número de


casos suspeitos e buscar vínculo entre eles, caso haja vínculo realizar busca ativa e busca de
dados para entender o evento, atualização aos profissionais de saúde. A notificação desses
casos agudos em gestantes viabiliza a identificação de surtos, bloqueio da fonte de
transmissão, e tomada de medidas, intervenção terapêutica adequada, diminuição dos
óbitos.

A investigação em recém-nascidos permite investigação precoce em casos confirmados

A notificação compulsória em casos da toxoplasmose gestacional e congênita- semanal

Casos isolados não são de notificação compulsória

Não se tem ficha de notificação específica para doença. A recomendação é a utilização de


ficha genérica. Com informações mais gerais. Devem ser registradas no SINAN

Ocorrência de no mínimo 2 casos após ingestão do mesmo alimento ou água da mesma


origem- caracteriza surto e desencadeia as medidas de vigilância de surto

Epidemiológica- investiga casos, agentes, vias de transmissão

Sanitária- rastreia cadeia de produção dos alimentos, identificar pontos do processo


produtivo

Laboratorial- identificar agente etiológico


Atenção básica- acompanhar evolução do quadro clínico e identificar casos novos.

Instrução normativa número 50/2013 MAPA  notificação de casos confirmados de


toxoplasmose em animais para serviço veterinário oficial – notificação mensal.

Prevenção e controle [promoção de ações de educação em saúde principalmente para


mulheres em idade fértil, gestantes

Medidas de higiene

Alimentar os gatos com ração ou carne bem cozida, bem alimentados para que ele não caçe

Manter o gato em casa sem acesso a ratos e pássaros

Cuidado na manipulação do solo

Lavar bem frutas e vegetais, esfregando mecanicamente

Limpar caixas de areia diariamente (gestantes não devem realizar essa tarefa)

Realizar monitoramento sorológico nos 3 trimestres da gestação.

QUESTÕES COMENTADAS

Na carne crua não existe oocistos e sim cistos teciduais contendo bradizoítos.
Primo-infecção- infecção nos primeiros trimestres

Nos gatos o ciclo é intestinal

LEPTOSPIROSE

Doença infeciosa de caráter febril, início rápido, bactéria aeróbica e aspecto clínico variável
podendo levar a IRA

Doença negligenciada e de distribuição mundial

Agente etiológico

Bactéria helicoidal (espiroqueta), móvel, flexível, aeróbica, alta capacidade de sobreviver no


ambiente (até 180 dias)

O gênero leptospira pode ser dividido em 2 grupos

Patogênicas – 14 espécies conhecidas, mas a mais importante é a leptospira interrogans

não patogênicas (saprófitas)- essas espécies não causam doença, a espécie mais relevante é a
leptospira biflexa.

Pode ser individualizada em sorotipos/ sorovares (unidade taxonômica básica)

Classificações sorológicas: 2 ou mais sorovares formam sorogrupos, se tem


aproximadamente 24 sorogrupos patogênicos e 6 soprófitas, no total existem mais de 300
sorovares conhecidos cada um com seus hospedeiros preferenciais. Os sorovares
icterohaemorragiae e Copenhageni estão relacionados aos casos mais graves.

Alguns sorovares patogênicos e seus reservatórios


Os reservatórios são animais sinatrópicos, domésticos ou selvagens

Os ratos reservatórios não têm sinais clínicos/ não desenvolvem doença e alojam a leptospira
nos rins eliminando-a viva no ambiente.

O homem é hospedeiro acidental e terminal, e resulta da exposição a urina, pelas mucosas


ou pele íntegra. Em casos mais raros, contato com sangue, tecidos e órgãos de animais
infectados e transmissão de pessoa para pessoa que pode acontecer ao ter contato com
urina e sangue de outro humano.

A leptospira sobrevive em ambientes úmidos e água doce.

Ciclo de transmissão

Roedores eliminam urina (eles podem eliminar a leptospira durante toda sua vida ou meses),
contamina água ou solo (risco maior em locais com enchente, esportes aquáticos, sem
saneamento básico, outros animais reservatórios podem também eliminar a leptospira em
órgãos então abatedouros são locais de risco).

Principais sintomas hemorragia pulmonar, disfunção renal e hepática.

Incubação- 1 a 30 dias (média 5 a 14)

Imunidade pós infecção sorovar específica, então pode pegar doença de novo por outro
sorovar

Manifestação clínicas formas assintomáticas ou graves

Fase precoce ou fase leptospirêmica (leptospira em grande quantidade no sangue) - 80 a 95%


das formas clínicos  febre, dor muscular, dor de cabeça, anorexia, náusea e vômitos,
diarreia, hemorragia, dor ocular, tosse, exantema (10 a 20% dos casos) hepatomegalia,
esplenomegalia, linfadenopatia (-20% dos casos) – poucos casos são notificados/identificados
nessa fase, pelos sinais inespecíficos. Costuma ser diagnosticada como dengue ou influenza.
Pode ser autolimitada e regride de 3 a 7 dias. Sufusão conjuntival é um achado característico
da leptospirose e é observado em cerca de 30% dos pacientes. Esse sinal aparece no final da
fase precoce da doença e é caracterizado por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das
fissuras palpebrais. Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver
petéquias e hemorragias conjuntivais. Geralmente, a leptospirose é associada à intensa
mialgia, principalmente em região lombar e nas panturrilhas. Entretanto, nenhum desses
sinais clínicos da fase precoce da doença é suficientemente sensível ou específico na
diferenciação da leptospirose de outras causas de febre aguda

Fase tardia, ocorre em cerca de 10% a 15% dos pacientes com leptospirose - se iniciam após
a primeira semana de doença.

Síndrome de weil icterícia, insuficiência renal e hemorragias.

A icterícia rubínica em geral aparecendo entre o 3o e o 7o dia da doença. A presença de


icterícia é frequentemente usada para auxiliar no diagnóstico da leptospirose, sendo um
preditor de pior prognóstico devido à sua associação com a síndrome de Weil.

O comprometimento pulmonar da leptospirose apresenta-se com tosse seca, dispneia,


expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca
denota extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando à insuficiência
respiratória (síndrome da hemorragia pulmonar aguda e Síndrome da Angústia Respiratória
Aguda – SARA) e ao óbito

Síndrome da hemorragia pulmonar- lesão pulmonar aguda e sangramento maciço.

Fase da convalescença

Por ocasião da alta do paciente, astenia e anemia podem ser observadas. A eliminação de
leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por uma semana ou, mais raramente,
por vários meses após o desaparecimento dos sintomas. A icterícia desaparece lentamente,
podendo durar dias ou semanas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes
sorológicos, diminuem progressivamente, mas, em alguns casos, permanecem elevados por
vários meses.

Diagnostico

Suspeitas clínicas, exames gerais laboratoriais que dependem da fase evolutiva

Fase precoce- leptospiras visualizadas no sangue por exame direto, cultura, inoculação em
ratos, PCR

Fase tardia- leptospiras encontradas na urina, como a cultura demora os métodos sorológicos
são mais escolhidos ELISA, MAT. (microaglutinação, padrão ouro reação de aglutinação
das leptospiras presente no sangue e antígeno O) outra amostra deve ser coleta a partir do
dia 7 após início dos sintomas, o resultado negativo de qualquer exame sorológico realizado
antes do sétimo dia após o início dos sintomas não descarta a doença.

Tratamento

Medidas de suporte para evitar complicações renais, cuidados médicos iniciais

Hospitalização em casos graves e atendimento ambulatorial

Indicada antibioticoterapia, porém, eficácia é maior na primeira semana do início dos


sintomas

Indicados: doxiciclina, amoxilina (pode ser usado em crianças com menos de 9 anos e
mulheres grávidas).

Fase tardia: penicilina, ampicilina, ceftrioxona

Características epidemiológicas

Distribuição universal
Doença endêmica no brasil

Epidêmica em períodos chuvosos principalmente onde tem enchentes, aglomerados de baixa


renda sem saneamento básico, alta infestação de roedores. Zoonose de grande importância
social e econômica com elevada incidência, alto custo hospitalar, letalidade de 40 a 50% nos
casos graves, média geral de 9%

Nos últimos 10 anos: 375 óbitos, 3.600 casos.

Sudeste e sul com maior número de casos

Sexo masculino entre 20 e 49 anos mais atingidos, mas não existe predisposição de gênero
para atrair infecção, essas pessoas se expõem mais aos fatores de risco

Profissões de risco

Trabalhadores da limpeza, garis, agricultores, veterinários, laboratoristas, bombeiros,


militares,

Sazonalidade  é notável maior concentração de casos em meses quentes e chuvosos,


dezembro janeiro e fevereiro.

Vigilância epidemiológica  reduzir letalidade em formas graves, monitorar ocorrência de


surtos, identificar sorovares da região, doença de notificação compulsória imediata tanto de
casos isolados como de surtos, para desencadeamento de ações. Ficha de investigação
registrada no SINAN,
Prevenção e controle

Controle dos roedores atenção ao armazenamento e descarte do lixo, evitar proliferação,


manutenção de terrenos públicos ou privados, manter imóveis livres de entulho objetos em
desuso, materiais de contrução, ações programadas de desratização

Intensificar promoção da educação em saúde

Desratizar bocas de lobo

Prevenção aos outros animais que são fontes de infecção

Destinação adequada dos cadáveres, limpeza de canis, não deixar alimentos dos animais
expostos por longos períodos

Vacinação animais domésticos e de produção. Possui os sorovares mais comuns. Previne a


doença e não estado de portador dos animais.

Medidas de prevenção relativas às fontes de infecção

Relativa as vias de transmissão


Relativas ao saneamento ambiental e habitação

QUESTÕES COMENTADAS
FEBRE AMARELA

Doença infecciosa febril aguda

Considerada arbovirose capaz de ser transmitida por artrópodes

É imunoprevinível – tem vacina

Existe dois ciclos: o ciclo silvestre e o urbano

Agente etiológico

Gênero flavivírus da família flaviviridae, RNA de fita simples, arbovírus, envelopado.

Hospedeiros

Febre amarela silvestre  primatas hospedeiros naturais e humanos hospedeiros acidentais

Febre amarela urbana humanos como principal hospedeiros

Vetores são os verdadeiros reservatórios do vírus

Uma vez que insetos estão infectados permanecem toda a vida e com capacidades de
transmitir, as fêmeas que têm essa capacidade e pode ocorrer de forma vertical nos
mosquitos transmitindo para sua prole. Isso favorece a manutenção do vírus e não há
necessidade de entrar em contato com primata ou humano infectado para se infectar

Vetores principais

Ciclo silvestre (FAS) - Haemagogus e Sabethes

febre amarela urbana (FAU) - Aedes aegypti

transmissão

picada das fêmeas infectadas, sem transmissão direta de pessoa para pessoa na FAS e na
FAU.

Incubação: 3 a 6 dias, podendo se estender até 15 dias.


No ciclo silvestre, existe o intermédio desses mosquitos do gênero Haemagogus e Sabethes,
mantido através da infecção de macacos e transmissão vertical para mosquitos bebês. A
infecção humana acontece quando alguém entra em área de mata sem estar vacinada, ao
retornar para cidade pode servir de fonte de infecção para aedes aegypti que está envolvido
no ciclo urbano. No ciclo urbano a doença é considerada antroponose onde não existem
outros reservatórios animais envolvidos, seres humanos são fontes e não há participação de
nenhum outro animal.

Ciclo silvestre

No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais
hospedeiros e amplificadores do vírus e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente
silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina.
Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata.

No ciclo urbano

o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a


partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.

Período de transmissibilidade

Homem, viremia dura em torno de 7 dias e vai de 24 a 48 h antes do aparecimento dos


sintomas ATÉ 3 A 5 dias depois do inicio da doença.

Primatas período transmissibikidade similar ao homem

Mkosquito- 8 a 12 dias de incubação após repasto sanguíneo no infectado, depois desse


período transmite por toda sua vida

Sinais clínicos

3 períodos distintos

Infecção primeiros 3 dias, sintomas inespecíficos como febre súbita, calafrios, dor de
cabeça, dor nas costas, dor no corpo, náuseas, vômitos e fraqueza.

Remissão declínio da febre com sensação de melhora durando 1 ou 2 dias.

Toxêmico febre reaparece, sinal de faget bem característico (pulso lento e temperatura
elevada), diarreia, vomito borra de café, insuficiência hepatorenal, sangramento, prostração,
apatia, comprometimento sensorial, tribulação mental podendo evoluir para coma e óbito.

Diagnostico laboratorial

Levar em consideração histórico e sintomatologia

MAC- ELISA – captura de anticorpos e IGM, considerando possibilidade de reação cruzadas


com outros flavivírus

PCR

Imuno-histoquímica – antígeno viral em amostra de tecidos principalmente do fígado.

Prova de função renal e hepáticas – inespecíficos

Tratamento

Sem tratamento específico, apenas sintomático

Vigilância epidemiológicas

Impedir a transmissão urbana da doença e diminuir a incidência da transmissão silvestre.

Detectar oportunamente a circulação viral para orientar as medidas de controle.

Todo caso suspeito deve ser investigado

Notificação compulsória e imediata em até 24h

A partir da notificação, a ficha é preenchida.


Vigilância de epizootias

A partir de 1999, com a observação da morte de macacos por febre amarela silvestre e o
subsequente aparecimento da doença na população, tais eventos passaram a ser vistos como
sinalizadores de eventual risco de casos humanos de febre amarela silvestre.

Ocorrência de epizootias- evento sentinela

Macacos não transmitem a febre amarela, são vítimas da doença.


A vigilância de epizootias de primatas visa a detecção da circulação viral e mapeia áreas para
ações de vigilância e controle, delimita áreas de transmissão

Definição de caso epizootia- qualquer primata não humano encontrado morto ou doente em
qualquer lugar do território nacional.

Servindo como alerta ao risco de transmissão silvestre da FAS

Todo caso suspeito de epizootia deve ser notificado utilizando ficha de notificação de
epizootia

As epizootias de notificação compulsória estão previstas na portaria MS 782/2017

Ferramenta utilizada na vigilância de epizootias SISS-GEO - Sistema de Informação em Saúde


Silvestre

É possível qualquer um registrar animais mortos ou doentes pelo celular. os registros de


macacos mortos são informados imediatamente aos órgãos responsáveis, que investigam
adequadamente esses eventos e, assim, subsidia a tomada de decisão para a adoção de
medidas preventivas. Notificados por cidadão comuns ou pesquisadores.

Quando há notificação de epizootias, as amostras de tecidos devem ser coletadas in loco até
24h da morte do animal. Após esse período a coleta pode ser feita se o animal não estiver
em estado avançado de decomposição. Coleta feita pelo MV necropsista. Obs.: o animal não
é removido do local.

Além disso, coletar informações da área e entorno do local que o animal foi encontrado

Material de eleição para diagnostico:

Em primatas doentes: sangue/ soro

Em animais mortos: fígado, baço, rim, pulmão, coração e linfonodos.

Realizar coleta do cérebro para diagnóstico diferencial da raiva, principalmente em animais


de vida livre.

Vigilância entomológica

Objetivos:

Contribuir na determinação da causa de casos humanos e epizootias em primatas suspeitos


de febre amarela.

Fazer isolamento do vírus em amostras de vetores coletadas nas áreas de ocorrências dos
eventos suspeitos, a partir desse isolamento podemos confirmar vínculo epidemiológico
entre caso suspeito e vetor que foi coletado naquele local.

Atribuições de causa de eventos suspeitos principalmente em:

Casos humanos ou epizootias em primatas em que não foi possível coleta da amostra

Quando não houve coleta oportuna de amostra, quando há resultado laboratorial não
conclusivo para febre amarela.

Características epidemiológicas

Ciclo silvestre endêmicos em regiões tropicais da África e américas

Apresenta-se sobre forma de surtos com intervalo de tempos irregulares de 3 a 7 anos


alternados por períodos com menor número de casos.

Casos na população humana tem sido prescindido das epizootias em primatas não humanos

Desde 1942 não há registro de febre amarela pelo aedes aegypti

Processos de reemergência do vírus da febre amarela produziram importante impacto na


saúde pública, representado pelos mais extensos surtos em humanos e epizootias em PNH
pela doença das últimas décadas, sendo que os mais recentes ocorreram na região Centro-
Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Ente 200 e 2008 observou-se uma expansão viral na direção leste e sul do país em áreas
silenciosas, o caráter dinâmico da doença tem exigido uma avaliação periódica das áreas de
risco

Sazonalidade: dentro de um mesmo ano apresenta uma sazonalidade em meses quentes e


chuvosos com aumento de casos a partir de dezembro até março. Momento em que a
vigilância necessita estar mais sensível a notificações de febre amarela.

Maior índice pluviométrico densidade vetorial elevada, época de maior atividade agrícola.

As epizootias acontecem em períodos não sazonais, precedendo o momento de casos


humanos.

No período de 2016/2017 ocorreu em áreas onde o vírus não era registrado a décadas. Foi
registrado um dos eventos mais expressivos da história da FA no Brasil. Com 1.412 epizootias,
777 casos humanos, 261 óbitos humanos.

A FA acomete mais:

Sexo masculino, idade +15 anos (faixa etária economicamente ativa), pessoas não vacinadas
e que residem próximas aos ambientes silvestres, turistas e imigrantes que adentram esses
ambientes sem estar imunizados

Fatores de risco para reurbanização da FA (adentrar na área urbana): expansão territorial da


infestação dos aedes egypiti, áreas infestadas pelo aedes egypit superpostas as áreas de
circulação da FA, áreas urbanas infestadas pelo Aedes Egypt próximas as áreas de risco pra FA
silvestre, intenso processo imigratório no sentido rural-urbano, áreas de circulação do vírus
FA com baixas coberturas vacinais

Medidas de prevenção e controle

Vacina disponível no SUS  previne epidemias, vírus vivo atenuado, anticorpos protetores
aparecem no sétimo ao décimo dia de aplicação da vacina. Recomendado ocorrer 10 dias
antes da pessoa entrar em área de risco

No brasil desde 2017 é adotado o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda sua
vida, antes de 2017 se repetia a dose em 10 anos.

Controle vetorial evitar o acesso dos mosquitos urbanos ou silvestres a pessoa confirmada
com FA mediante utilização de tela no seu local de permanência, pois ela pode se constituir
um potencial fonte de infecção aos vetores

Adotar ações emergências de eliminação do aedes egypti principalmente ao redor de casos


confirmados ou hospitalizados

Fortalecer as ações de combate vetorial nos municípios situados próximos as áreas de


transmissão

Ações de controle vetorial devem seguir as recomendações da dengue

Proteção individual  usar roupas compridas, repelentes etc.

Estratégias de prevenção da reurbanização da FA alta taxa de cobertura vacinal, orientar a


proteção individual em pessoa que entram em áreas de mata, eliminar o aedes egypti em
cada território ou manter índices próximo de 0, isolar casos suspeitos durante período de
viremia em áreas infestadas pelo aedes egypti , realizar a identificação oportuna de casos
para pronta investigação pela vigilância epidemiológica, notificar casos a partir da suspeita e
a partir dessas notificar desencadear as ações de vigilância epidemiológica, entomológica,
epizootia, laboratorial. Monitorar portos, aeroportos e fronteiras.

QUESTÕES COMENTADAS

13 - São vetores da febre amarela:

a) macacos silvestres, principalmente o bugio.

b) macacos silvestres, principalmente o macaco-prego

. ►c) mosquitos, principalmente o Aedes aegypti.

d) macacos silvestres, principalmente o sagui-de-tufo-branco.

e) animais silvestres, principalmente preguiças e tatus.

14- A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida por vetores
artrópodes, que têm dois ciclos epidemiológicos distintos. Possui importância epidemiológica
por sua gravidade clínica e elevado potencial de disseminação em áreas urbanas. Quanto a
essa patologia, sabe-se que, na febre amarela silvestre:

(A) o homem também pode ser um hospedeiro com importância epidemiológica, e a


transmissão se dá a partir de vetores urbanos infectados, cujo principal vetor é o Aedes
aegypti.
(B) os transmissores são mosquitos com hábitos urbanos e diurnos, sendo os gêneros
Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina e representados pelo vetor
Aedes aegypti.

(C) os primatas não humanos são os principais hospedeiros do vírus, e a transmissão ocorre a
partir de vetores silvestres, em que o homem participa como um hospedeiro acidental.

(D) a transmissão ocorre pela picada do Aedes aegypti e, embora de forma rara, pode ser
transmitida de uma pessoa a outra, no período de três a cinco dias, após o início da doença

44. A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, febril, não contagiosa, de curta duração
e de gravidade variável. Recentemente, no Brasil, ampliou-se a frequência de notificação de
epizootias de primatas e, em diversas circunstâncias, foi detectada a circulação do vírus da
febre amarela na população de símios, precedente à ocorrência de casos humanos. Nesse
contexto, é correto afirmar:

A) no ciclo urbano, a febre amarela é uma antroponose, não se reconhecendo reservatórios


animais de importância epidemiológica. O Aedes albopictus é seu principal artrópode,
incriminado como vetor na América do Sul. X é o aedes aegypit

B) a investigação entomológica é de caráter passivo, pois compreende a realização da


investigação de campo voltada para a identificação de possíveis vetores e pesquisa viral.

C) no ciclo silvestre, a febre amarela é uma zoonose transmitida por mosquitos de dois
gêneros, Haemagogus spp e Culex spp, tendo como principal fonte de infecção primatas não
humanos, os macacos. X gênero errado.

D) o aumento do número de casos de febre amarela silvestre, a alta densidade de infestação


pelo Haemagogus spp e a baixa cobertura vacinal são fatores que favorecem o risco da
reurbanização da febre amarela no Brasil. X seria correto se fosse alta infestação pelo aedes
aegypti

21. A reemergência da Febre Amarela reacendeu a preocupação das autoridades de saúde


com a expansão das áreas de circulação viral no Brasil. Sobre essa doença, considere as
afirmativas abaixo.

I A ocorrência de casos de febre amarela em humanos geralmente é precedida da


transmissão entre macacos e vetores silvestres.

II A transmissão do vírus dá-se, geralmente, pelo ciclo silvestre, que envolve primatas não
humanos e mosquitos do gênero Anopheles. X o gênero está errado, anopheles é o mosquito
envolvido no ciclo da malária.

III Os primatas desenvolvem viremia no período de uma semana a 15 dias após a picada do
mosquito infectado, apresentando febre e apatia. X a viremia humana acontece em torno de
7 dias, 24 a 48h antes do início dos sintomas e dura até 3 a 5 dias após início dos sintomas. A
viremia nos primatas acontece de forma similar.

IV A circulação viral deve ser investigada, rotineiramente, por meio da vigilância


entomológica, com realização de captura de vetores silvestres em locais com ocorrência de
epizootias. Sobre a febre amarela, estão corretas as afirmativas
A) III e IV.

B) II e III.

C) I e II.

D) I e IV.

FEBRE MACULOSA

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode
variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de
letalidade.

Agente etiológico

A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada
do carrapato. No Brasil, duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos da
Febre Maculosa.

Intracelulares obrigatórias.

Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada a
doença grave, registrada no norte do estado do Paraná e nos Estados da Região Sudeste.

Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves.

Vetores

No Brasil, os principais vetores são os carrapatos do gênero Amblyomma, tais como A.


sculptum (ou A. cajennense) conhecido como carrapato estrela, A. aureolatum e A. ovale.
Entretanto, potencialmente, qualquer espécie de carrapato pode albergar (ser reservatório) a
bactéria causadora da Febre Maculosa, como por exemplo, o carrapato do cachorro
(riphicephalus sanguineus)

Reservatórios principais

Equídeos, gambas, capivaras e cães representam importante participação no ciclo de


transmissão da doença e servem como amplificadores da riquétsia, assim como
transportadores de carrapatos infectados principalmente equinos e capivaras. São capazes de
manter bactéria circulante em níveis plasmáticos suficientes de infectar vetor, alta taxa dde
renovação po´pulacional de sua espécie, abundantes de áreas endêmicas, bons hospedeiros
do vetor em condições naturais dos carrapatos, por isso são considerados amplificadores.

Transmissão

Em humanos picada do carrapato infectado, geralmente acontece quando carrapato está


aderido por período de 4 a 6 horas. Transmite bactéria por meio da saliva, e não causa dor.

Incubação: 2 a 14 dias.

Nos carrapatos, a perpetuação das riquétsias é possibilitada por meio da transmissão vertical
transovariana, transestadial (entre estádios), cópula, possibilidade de alimentação
simultânea em animais que apresentam riquetsemia suficiente para infectar todos. Os
carrapatos permanecem infectados durante toda sua vida (18 a 36 meses).

SINTOMAS

Curso clínico variável, início abrupto e sintomas iniciais inespecíficos

Os principais sintomas da Febre Maculosa são:

 Febre

 Dor de cabeça intensa.

 Náuseas e vômitos.

 Diarreia e dor abdominal.

 Dor muscular constante.

A partir disso aparece: exantema máculo-papular inchaço e vermelhidão nas palmas das
mãos, sola dos pés, pulsos e antebraços. São lesões que não coçam.

Casos graves: inchaço de membros inferiores, com evolução subsequente do quadro clínico
para danos hepáticos

hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço), insuficiência renal, infiltrado alveolar


com derrame, meningoencefalite com liquor claro, ictericia, etc, confusao mental estado de
coma.

, edema pulmonar, convulsões e morte.

 Gangrena nos dedos e orelhas.

 Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando
paragem respiratória.

Nestes casos se não receber tratamento a letalidade chega a 80%

Diagnóstico diferencial

Leptospirose, febre tifoide, septicemias, infecções por arbovírus e enterovírus, dengue,


toxoplasmose etc.

Em cães erlichiose

Diagnostico laboratorial

Alinhar com achados clínicos e epidemiológicos na região e histórico de contato com


carrapatos

Padrão ouro:

teste de reação de imunofluorescência indireta  anticorpos aparecem de 7 a 10 dias do


início dos sinais clínicos, positivos títulos maiores de 6:4, a confirmação deve ser feita no
aumento 4x nesse título em amostras pareadas, então se coleta primeira amostra na suspeita
e partir de 2 a 4 semanas coleta nova amostra e verifica se houve aumento na titulação, esse
aumento deve ser de 4x para ser positivo.

Pesquisa direta da riquétsia por imuno-histoquímica realizada em tecidos

Cultura com isolamento  sangue, fragmentos de tecidos, órgãos (necropsia post-mortem),


carrapatos retirados do paciente

PCR

Tratamento

Antibióticos iniciados imediatamente sem esperar confirmação laboratorial, durante 7 dias e


manter 3 dias após término da febre

Sucesso do tratamento depende de precocidade

Recomendados doxiciclina, cloranfenicol se não se pode usar doxi

A febre pode desaparecer em 24h após os antibióticos se o tratamento for iniciado nos
primeiros 5 dias da doença, evolução benigna.

Caracyeristas epidemiológicas

Registros em áreas rurais e urbanas do Brasil, sendo maior concentração no Sudeste e sul do
país

Pessoas do sexo masculino de 20 a 49 anos que relatam exposição a mata, rio, cachoeira

Sazonalidade: maior incidência outubro, período de maior densidade das linfas da doença

10% dos registros são em crianças menores que 9 anos

Incidência maior em pessoas de áreas rurais que tem contato com cavalos, vacas e cachorros.

Regiões do Brasil

Concentração em sudeste e sul, sendo que no sul a doença tende a ser mais amena, pode
estar relacionado a uma cepa da mata atlântica Rickettsia parkeri que leva uma resolução
melhor da doença. No entanto, no norte do parana foram registrados casos fatais causados
pela Rickettsia rickettsii que é a espécie que apresenta casos mais graves

Vigilância epidemiológica

Detectar e tratar casos suspeitos com precocidade, investigar e controlar surtos, conhecer
distribuição da doença, identificar locais prováveis de infecção, recomendar medidas de
controle e prevenção.

Notificação compulsória e obrigatória registrada no SINAN através do preenchimento da ficha


de investigação.
Prevenção e controle

Ações educativas as pessoas e profissionais de saúde, controle de animais em área urbana,


capacitação dos profissionais da saúde, orientação técnica para MV, profissionais do turismo
e agropecuária.

Orientações para áreas de foco roupas claras para visualizar os carrapatos ao adentrar
áreas de mata, calça com parte interior dentro das meias e vedada com fita, sapatos
fechados e de cor clara. Evitar sentar-se e se deitar em gramados, examinar corpo com
frequência (lembre-se que precisam estar aderidos de 4 a 6 horas para infectar com a
doença), proteção individual, manter áreas públicas limpas.

Utilizar carrapaticidas em cães e cavalos, vistoriar corpo a cada 3 horas, caso haja carrapato
retirar e não esmagar pois pode liberar as bactérias e contaminar partes do corpo com
lesões. Girar levemente corpo do carrapato para que se desprenda.

QUESTÕES COMENTADAS

3- A febre maculosa brasileira é uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade


variável, cuja evolução clínica pode ocorrer desde as formas leves e atípicas até sob
formas graves, com elevada taxa de letalidade. Ela é causada por uma bactéria do
gênero Rickettsia e transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma. Essa doença:

A) possui início abrupto, com febre baixa, cefaleia e mialgia, seguida de vermelhidão
pelo corpo, predominantemente nas regiões facial e torácica, que pode evoluir para
exantema máculo-papular. X é uma febre alta, e o exantema acontece nos membros da
mão e pés, pulsos, antebraço.

B) pode ser transmitida de pessoa a pessoa, após instalada no homem, principalmente


quando a evolução clínica do caso cursa de forma grave com riquetisemia em alta
concentração. X não há transmissão pessoa-pessoa, necessita de vetor.

C) é mais comumente transmitida pela forma adulta do carrapato, pois nesta fase do
desenvolvimento o hospedeiro possui maior volume sanguíneo e, durante a picada,
inocula uma quantidade elevada de Rickettsia. x Não é o hospedeiro que inocula uma
quantidade elevada, é o carrapato. E a doença pode ser transmitida tanto pelo adulto
quanto a linfa.

D) é adquirida pela picada do carrapato infectado e a transmissão, geralmente, ocorre


quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por um período de quatro a seis
horas.
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4- A febre maculosa é uma doença infecciosa febril aguda, causada por Rickettsia rickettsii,
uma bactéria gramnegativa intracelular obrigatória. Sobre Febre Maculosa Brasileira (FMB),
assinale o que for correto.

01) A gravidade da doença é variável, podendo cursar de formas leves até formas graves com
elevada taxa de letalidade, quando não ocorrer o tratamento adequado, porém não é uma
doença de notificação obrigatória devido a sua baixa frequência. X é uma doença de
notificação obrigatória.

02) A respeito das características epidemiológicas, a Febre Maculosa Brasileira acomete


principalmente pessoas do sexo masculino, na faixa etária economicamente ativa e as regiões
do Brasil que apresentam a maior concentração de casos são Sul e Sudeste.

04) O teste sorológico considerado Padrão Ouro para o diagnóstico da Febre Maculosa
Brasileira é a Soroaglutinação Microscópica, sendo que a presença de um aumento de quatro
vezes nos títulos de anticorpos, observado em amostras pareadas de soro, é o requisito para
confirmação diagnóstica pela sorologia. Não, essa técnica é utilizada para leptospirose, o
resto está correto.

08) A febre maculosa é adquirida pela picada do carrapato infectado com riquétsia e a
transmissão geralmente ocorre quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro.

DOENÇA DE CHAGAS

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