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Controle Populacional de Cães e Gatos no Brasil

Nome: Giovanna Botelho Carneiro

O Brasil enfrenta o desafio da superpopulação de animais de companhia, com mais de 139,3 milhões de animais
de estimação registrados, de acordo com dados do IBGE de 2018. Como agravante, estima-se que 75% da
população de cães e gatos no mundo estejam nas ruas e esse número está em crescimento. Em 2018 chegou a
3,9 milhões no país, e em 2020 esse número saltou para 8,8 milhões. Essa situação acarreta problemas de saúde
e segurança pública, uma vez que os animais de rua podem transmitir zoonoses e causar acidentes. Além disso,
representa uma questão relacionada à proteção e bem-estar animal, já que esses animais vivem em condições
inadequadas e são frequentemente vítimas de maus-tratos. Animais errantes também estão associados à
propagação de doenças como raiva e leishmaniose em cães, e a esporotricose em gatos. Além disso, a presença
desses animais nas ruas pode causar danos à vida silvestre e aumentar os riscos de acidentes de trânsito. É
crucial, portanto, adotar medidas de controle que visem reduzir a população desses animais. De acordo com o
guia prático de Políticas de Manejo Ético populacional de Cães e Gatos em Minas Gerais, as estratégias
propostas preveêm: estimativa de populações de cães e gatos; legislação específica; identificação e registro
individual dos animais; centros de acolhimento transitório e adoção; controle de acesso aos recursos (água,
abrigo e alimento nas ruas); eutanásia em situações em que o procedimento é necessário; educação; cuidados
básicos de saúde que incluem o controle reprodutivo, a vacinação e o controle parasitário e, a regularização do
comércio de animais. A estimativa é necessária para avaliar e planejar a necessidade de uma intervenção, se
unindo ao reconhecimento, registro e identificação dos animais, que permite um maior controle, tanto animal
quanto sanitário. O método de identificação deve ser o mais efetivo possível, com respeito ao bem-estar dos
animais, considerando a população-alvo, as condições locais e os recursos disponíveis. Alguns deles são a
tatuagem, microchip, corte ou remoção de parte da orelha, colares, brincos, e tinta ou corante. Após
identificação, exame clínico e identificação de possíveis zoonoses, deve ser realizado o controle reprodutivo
pela esterilização, sendo uma medida essencial e a mais recomendada. A esterilização, além de impedir a
reprodução desses animais e com isso reduzir o crescimento descontrolado das populações de cães e gatos,
reduz o abandono, previne a ocorrência de zoonoses relacionadas a essas espécies, e diminui as agressões
desses animais contra as pessoas. Para facilitar o acesso a serviços de castração, especialmente em áreas onde
fatores socioeconômicos e geográficos dificultam o alcance das unidades fixas de castração, a Unidade Móvel
de Esterilização e Educação em Saúde (UMEES), também conhecida como "castramóvel", desempenha um
papel crucial. A UMEES consiste em um veículo adaptado para oferecer serviços de castração em diferentes
bairros, priorizando áreas de maior vulnerabilidade social. Essa ação aumenta a adesão da comunidade aos
programas de controle populacional, pois leva os serviços de esterilização mais próximos das pessoas,
facilitando o acesso e a conscientização sobre a importância do controle reprodutivo de cães e gatos. Outro fator
importante é o encaminhamento para os centros de acolhimento transitório e adoção, abrigos voltados ao
controle populacional animal, mas que devem ser vistos como um local de passagem buscando a recolocação
desses animais, e não como a solução para o abandono, já que muitas vezes torna-se inviável a manutenção dos
mesmos a longo prazo, devido à lotação excessiva. Já nos casos graves, para as quais normativas do Ministério
da Saúde definam a necessidade da eutanásia do animal, deve ser seguido as normas do conselho federal de
Medicina Veterinária, levando em consideração o bem estar animal e a saúde coletiva. Porém, medidas como
castrações e eutanásia, mesmo que importantes, não são suficientes para resolução, por isso é imprescindível
associar tais medidas à conscientização e apoio da população e dos tutores.
Referências

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Políticas de Manejo Ético Populacional de


Cães e Gatos em Minas Gerais. 1ª edição. Belo Horizonte: PGJMG, 2019. Autores: Nunes, A.B.V.; Santos,
A.G.R.C.; Teixeira, G.N.R.F.; Morais, M.H.F.; Carvalho, P.C.F.B.; Carvalho, A.M.D.; Santos, M.; Bastos,
A.L.F.; Nunes, V.F.P.; Soares, D.F.M.; Silveira, E.M.; Xaulim, G.M.D.R.; Martins, L.C.F.; Paiva, M.T.;
Ferreira, G.S.; Verazani, T.D.; Pagano, K.M.; Alves, L.A.; Silva, S.C.P.F.; Brandão, S.T.; Lanzetta, V.A.S.
Número ISBN: 978-85-61532-25-3. 272 p.

OMES, Fabrício Antônio Palmeira; MONTEIRO, Keice Monnya da Silva; SOUZA, Samara Silva de.
Gerenciamento populacional de cães e gatos através do castramóvel no município de Manaus no ano de
2022. Brazilian Journal Of Health Review, [S.L.], v. 6, n. 2, p. 7575-7583, 13 abr. 2023. South Florida
Publishing LLC. http://dx.doi.org/10.34119/bjhrv6n2-245.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2018. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/

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