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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

Ana Marcia Araújo Braga Batistele


Giovanna da Silva Donato
Iandra Mara de Melo Resende
Mayara Eduarda de Souza Gama
Pedro Henrique Araújo Nogueira Nascimento

TRABALHO DE NUTRIÇÃO

JUIZ DE FORA
2023
SUMÁRIO

1. CONCEITOS DE SAÚDE E DOENÇA ...................................................... 3

2. PROCESSO SAÚDE E DOENÇA ............................................................. 5

3. DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE ................................................... 6

4. DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE ................................................ 7

5. REFLEXÃO/DISCUSSÃO ......................................................................... 7

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 8
CONCEITOS DE SAÚDE E DOENÇA

O estado de saúde ideal vai além da simples ausência de doença ou


enfermidade, sendo essencial para que as pessoas possam desfrutar da vida e
cumprir suas atividades diárias. Por isso, é fundamental levar em consideração
diversos fatores que influenciam a saúde, como a genética, o meio ambiente, o
comportamento e o acesso aos serviços de saúde, para alcançar um estado de saúde
ótimo. A definição de saúde proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em
1948 é amplamente utilizada na área da saúde, e define a saúde como um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, que é um direito humano fundamental.
Assim, é importante entender que a saúde é influenciada por diversos fatores e que
alcançar um estado de saúde ideal é crucial para o bem-estar e qualidade de vida das
pessoas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1946).

Embora a falta de uma definição precisa sobre o que é doença possa gerar
alguma controvérsia, há algumas definições que podem ser úteis para entendermos o
conceito. O Mini Aurélio, por exemplo, define a doença como "falta ou perturbação da
saúde" (FERREIRA, 2004). Já a OMS caracteriza a doença como uma condição que
afeta o funcionamento normal do corpo ou da mente e pode causar desconforto, dor
ou incapacidade. Essas condições podem ter diferentes causas, como infecções,
traumas, doenças crônicas, fatores genéticos ou ambientais, e podem ser agudas ou
crônicas, podendo, em alguns casos, levar à morte. É importante lembrar que a
doença não afeta somente o indivíduo doente, mas também pode impactar seus
familiares e a sociedade como um todo. Além disso, o significado da doença pode ter
como influência o "estilo de pensamento" predominante em determinado período ou
cultura. A história mostra que há diversas concepções e representações da doença,
cada uma delas ligada a atributos específicos que foram atribuídos ao longo do tempo
por diferentes povos e épocas. No cotidiano, a doença pode ser vista como um estado
subjetivo associado a desconforto físico ou mental, levando ao pedido de ajuda
médica (HEGENBERG, 1998).

A relação entre saúde e doença é complexa e depende de diversos fatores


interligados. Embora a ausência de doença seja um elemento crucial para uma boa
saúde, não é o único. Além disso, a saúde é influenciada por outros fatores, tais como
um estilo de vida saudável, uma alimentação adequada, a prática regular de
exercícios físicos e cuidados preventivos. Caso ocorra alguma doença, é essencial
buscar cuidados médicos e tratamentos específicos para restaurar a saúde ideal. Em
vista disso, torna-se evidente que adotar um estilo de vida saudável e prevenir
doenças é crucial para manter a saúde e o bem-estar geral (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1946; HEGENBERG, 1998).
PROCESSO SAÚDE E DOENÇA

O termo "processo saúde-doença" é utilizado para descrever todas as variáveis


que afetam a saúde e a doença de um indivíduo ou uma população. Esse conceito
considera que saúde e doença estão interconectadas e são resultado dos mesmos
fatores. Dessa forma, determinar o estado de saúde de alguém é um processo
complexo que leva em conta diversos fatores (FIOCRUZ, 2020).

A saúde muitas vezes passa despercebida, sendo percebida em sua totalidade


apenas quando adoecemos. É uma experiência vivida internamente, no cerne do
nosso corpo. Ouvir o nosso próprio corpo é uma estratégia importante para garantir
uma saúde de qualidade, uma vez que não há uma fronteira clara entre saúde e
doença, mas sim uma relação mútua entre ambas, entre normalidade e patologia. Os
mesmos fatores que nos permitem viver, como alimentação, água, ar, clima,
habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais, podem causar doenças
se atuarem com intensidade inadequada, em excesso ou escassez, ou sem controle.
Essa relação é influenciada pela forma de vida que levamos, bem como pelos fatores
biológicos, psicológicos e sociais que nos afetam. Essa constatação nos leva a refletir
que o processo de saúde, doença e adoecimento ocorre de forma desigual entre os
indivíduos, classes sociais e povos, sendo influenciado diretamente pelo lugar que
ocupamos na sociedade. É necessário entender a saúde a partir da dimensão do ser,
uma vez que é nele que ocorrem as definições do que é considerado normal ou
patológico. O que é considerado normal em um indivíduo pode não ser o mesmo em
outro, não havendo rigidez nesse processo. Portanto, é essencial que o ser humano
se conheça, saiba avaliar as transformações que ocorrem em seu corpo e identificar
os sinais expressos por ele. Esse processo é possível apenas na perspectiva
relacional, uma vez que o normal e o patológico só podem ser compreendidos em
relação ao contexto em que ocorrem (BRÊTAS; GAMBA, 2006).
DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE
A partir da observação do processo saúde-doença, é possível identificar as
condições de saúde de um grupo em relação às condições sociais, tendo influencia
na prática sanitária. A determinação social de saúde implica a abrangência do coletivo
e do caráter histórico-social do processo saúde-doença, evidenciando a relação entre
o biológico e o social, sendo diferente do conceito de determinantes sociais do
processo saúde (ROCHA E DAVID, 2014).

É divido a determinação social do processo saúde-doença em determinação


estrutural e determinação estrutural-relacional. A determinação estrutural envolve a
estruturação das classes sociais, a reprodução social, modo de produção e formação
social. Já a determinação estrutural-relacional apresenta uma estrutura social
moldada pelo contexto econômico, sociopolítico e relações biopsicossociais
(BORGHI, OLIVEIRA E SEVALHO, 2017).

A questão da determinação social implica analisar que saúde-doença possui


duas visões, social e biológica, admitindo a questão social sobre o biológico. No
modelo socioeconômico do Capitalismo, os princípios são voltados para a
propriedade, lei da oferta e procura, acúmulo de riqueza, tendo assim, uma influência
sobre a saúde do indivíduo, já que o objetivo principal é o lucro e não o bem estar
social. A partir de um estudo, circunstâncias podem determinar o adoecimento do
povo, sendo o modo de vida, o local onde o indivíduo está inserido e não tem muito
controle sobre, o estilo de vida, em que há uma falsa liberdade de escolhas, podendo
ser determinadas socialmente, e o corpo biológico, em que já há uma determinação
biológica do indivíduo (BASTOS, FERNANDES E MORELLI, 2013).Sendo assim, no
contexto do sistema capitalista, os fenômenos saúde-doença são caracterizados
como processos socialmente determinados, para além de fenômenos exclusivamente
biológicos (FIOCRUZ, 2020).
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE

Os determinantes sociais da saúde (DSS) são fatores que podem influenciar a


ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. O conceito
foi difundido globalmente pela OMS no início do século 21 como uma explicação para
as desigualdades em saúde, que são agravadas pelas diferenças nas condições de
vida e trabalho, acesso a serviços de saúde e distribuição de recursos de saúde entre
os diferentes grupos sociais. As abordagens aos determinantes sociais da saúde se
concentram principalmente em fatores que explicam as diferenças evitáveis nas
condições de saúde relacionadas à posição social e aos fatores de risco e
vulnerabilidades associadas às circunstâncias de vida. Esses fatores podem variar
desde o impacto das políticas públicas até os comportamentos e estilos de vida dos
indivíduos.

Em geral, entende-se que os DSS são as relações entre as condições de vida


e trabalho dos indivíduos com sua situação de saúde. Sendo assim, a definição de
DSS, abrange as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. O debate
sobre os determinantes sociais da saúde tem forte influência da Epidemiologia, que
produz variáveis e indicadores para monitorar as iniquidades em saúde (FIOCRUZ,
2020; ROCHA E DAVID, 2014).
REFLEXÃO/DISCUSSÃO

É evidente que, quando se trata de saúde, há uma complexidade e


interconexão extrema entre suas diversas facetas e conceitos. No entanto, conceitos
gerais como os de determinação e determinantes de saúde não conseguem abranger
completamente todos os grupos sociais.
Quando falamos de povos indígenas brasileiros, por exemplo, suas visões
sobre o que é saúde e doença são complexas e singulares, pois consideram o ser
humano em sua totalidade, incluindo seu vínculo com o meio ambiente, as relações
sociais e culturais, além do corpo e da mente. Para esses povos, a saúde não é uma
condição individual, mas sim coletiva, que se relaciona com a harmonia entre a
comunidade e a natureza. Por outro lado, a doença é vista como um desequilíbrio na
relação entre o ser humano e o meio ambiente, que afeta não apenas o corpo físico,
mas também a alma e o espírito.

Em se tratando das concepções convencionais de determinação e


determinantes de saúde, também faz-se necessário o englobamento das
especificidades dessas comunidades no processo de entendimento e estudo desses
fatores, para que seja possível aplicá-los de forma eficaz e benéfica.

A determinação de saúde dos povos indígenas está intimamente relacionada à sua


história, cultura e tradições. E por isso, os conceitos de saúde vão se distinguir. Apesar
de enfrentarem constantes ameaças, sua resistência e resiliência ao manterem-se
conectados com seus costumes e tradições, como as práticas de cura, é um fator
extremamente importante para seu bem estar, e, logo, saúde.

Seguindo o mesmo raciocínio, os determinantes de saúde também terão aspectos


atrelados à comunidade. A violência, exploração e opressão cultural vinda
colonizadores europeus, e que perpetua de diferentes formas até os dias presentes,
a perda de seus territórios e os conflitos com os interesses políticos, sociais e
econômicos correlacionados com o capitalismo, por exemplo, afetaram
profundamente manutenção/restauração da saúde desses povos.

Prova extremamente recente de que o acesso dessas comunidades à saúde


básica está precarizado e da negligência governamental frente a esses fatores, é a
crise sanitária dos Yanomami, onde também grande fator agravante foi o garimpo
ilegal.
A imposição da medicina ocidental e a perda da cultura indígena na área da saúde
representam uma grande impacto para esses povos. No passado, as epidemias e
doenças desconhecidas causaram a morte de grande parte da população indígena,
que não tinha imunidade contra essas enfermidades. A medicina ocidental, então, foi
se impondo como única forma de cuidado em saúde, e a cultura indígena foi perdendo
espaço.

Todavia, atualmente, a valorização dos saberes e práticas tradicionais dos


povos indígenas em relação à saúde e doença está crescendo. Esse movimento
reconhece que a medicina ocidental não é suficiente para atender a todas as
necessidades de saúde das pessoas e grupos sociais, e que é importante valorizar e
respeitar a diversidade cultural. Assim, a valorização da medicina indígena é uma
forma de resgatar a cultura e a história desses povos.

Em conclusão, é fundamental reconhecer e compreender às variáveis entre as


relações de determinação e determinantes de saúde e conceitos de saúde e doença.
Principalmente em se tratando de povos indígenas, a associação entre as medicinas
indígena e ocidental é imprescindível para tratamentos que sejam de fato eficazes
para esses povos, de forma mais ampla, holística e intercultural. É também
extremamente necessário garantir a proteção de seus territórios e direitos, a fim de
que possam viver em equilíbrio e manter suas tradições. Além disso, o
reconhecimento da importância da cultura e diversidade indígena é o primeiro passo
para a criação de uma melhor sociedade não apenas para eles, mas para todos nós.
REFERÊNCIAS
BORGHI, C. M. S. O. , OLIVEIRA, R. M. , SEVALHO, G. DETERMINAÇÃO OU
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE: TEXTO E CONTEXTO NA AMÉRICA
LATINA. Trabalho, Educação e Saúde, v. 16, n. 3, p. 869–897.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Míni Aurélio: O dicionário da língua


portuguesa. 6 Curitiba: Editora Positivo Ltda, 2004, 895 p.

FIOCRUZ: Processo saúde-doença. [S. l.]. Disponível em:


https://dssbr.ensp.fiocruz.br/glossary/processo-saude-
doenca/#:~:text=O%20processo%20sa%C3%BAde%2Ddoen%C3%A7a%20%C3%
A9. Acesso em: 19 abr. 2023.

FIOCRUZ: Qual a diferença entre os conceitos de “determinantes sociais da saúde” e


de “determinação social da saúde”?. [S. l.]. Disponível em:
https://dssbr.ensp.fiocruz.br/faqconc/qual-a-diferenca-entre-os-conceitos-de-
determinantes-sociais-da-saude-e-de-determinacao-social-da-saude/. Acesso em:
19 abr. 2023.

HEGENBERG, L. Doença: um estudo filosófico [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1998.
137 p. ISBN: 85-85676-44-2. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.

MORELLI, T. C., FERNANDES, M E BASTOS, J. Determinação social do processo


saúde-doença: conceito para uma nova prática em saúde. Revista da Coordenação
de Educação em Saúde - DENEM, v. 1, 2013..

ROCHA, P. R. DA; DAVID, H. M. S. L. Determination or determinants? A debate based


on the Theory on the Social Production of Health. Revista da Escola de Enfermagem
da USP, v. 49, n. 1, p. 129–135, fev. 2014.

World Health Organization – Constitution of the World Health Organization. Disponível


em: https://apps.who.int/gb/bd/PDF/bd47/EN/constitution-en.pdf Acesso em
19/04/2023

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