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Sumário
1- introdução .............................................................................................................................. 3
2- justificativa ............................................................................................................................ 4
3- a Astrocaracterologia e seus três grandes pilares ...................................................................... 6
3.1- o caráter e as direções da atenção ...................................................................................... 6
3.2 - as direções da atenção e as casas astrológicas ................................................................ 10
3.3 - as faculdades cognitivas e os corpos celestes ................................................................. 12
3.4 - a biografia ....................................................................................................................... 15
4- limite e valor do diagnóstico astrocaracterológico ................................................................. 19
5 - bibliografia ............................................................................................................................. 20
2
1- introdução
Várias contribuições foram feitas neste sentido, como, por exemplo: Piaget e os
processos da Assimilação e da Acomodação; Viktor Frankl e a Logoterapia; William
Stern e sua Psicologia Cognitiva; Gordon Allport e sua noção de proprium; Ludwig
Klages e sua noção de caráter; Maurice Pradines e as relações que ele estabelece entre
consciência e espírito. No panorama ainda recente, as teorias sobre a natureza das
inteligências pessoais despertaram também enorme interesse: Howard Gardner e a Teoria
das Inteligências Múltiplas; Daniel Goleman e a Teoria da Inteligência Emocional.
A Astrologia não poderia deixar de dar a sua contribuição a este tema, visto que
durante os séculos XII e XIII os planetas astrológicos já eram associados às faculdades
cognitivas, tal como podemos depreender da obra do filósofo e astrólogo árabe
Mohieddin Ibn’ Arabi; faculdades que, por sua vez, foram bastante discutidas pelo
filósofo Alberto Magno. Aliás, foi partindo destes estudos e da noção de caráter, definida
por Klages como direção da atenção, que se construiu uma teoria extremamente original,
a Astrocaracterologia1, proposta por Olavo de Carvalho em torno de 1989 e que constitui
propriamente uma teoria astrológica de fundamento cognitivo.
1
CARVALHO, Olavo de. O Caráter como Forma Pura da Personalidade. Rio de Janeiro: Astrocientia Editora,
1992.
3
própria teoria: “diga-me como vês, que eu te direi quem és”. Ou o inverso: “diga-me quem
és, que eu te direi como vês.”
Vemos, assim, pelo rumo que os estudos e as pesquisas estão tomando, como é de
capital importância o entendimento da cognição para compreender melhor os
comportamentos humanos – e a contribuição que a Astrocaracterologia pode dar a este
tema, se tornando por isso mesmo um grandioso instrumento para psicólogos, pedagogos
e para os próprios astrólogos.
2- justificativa
4
divulgo este trabalho porque ele é o testemunho de que o saber astrológico pode, deve –
e já está – sendo tratado de uma maneira bastante rigorosa, contrastando em muito com a
abordagem superficial e leviana que habitualmente lhe é dada e que impede que a
sociedade reconheça o seu valor e dele faça um justo uso.
Se a divulgação deste trabalho contribuir para que o tema astrológico deixe de ser
visto como mais uma opção de divertimento e devaneio e possa ser encarado com um
campo de estudo fértil na compreensão da relação do Homem com o Mundo, creio que
fiz a minha parte.
5
3- a Astrocaracterologia e seus três grandes pilares
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um retrato da diferença e da singularidade humana e dos fatores responsáveis por
tal diferenciação.
2
ALLPORT, G. Desenvolvimento Da Personalidade, pp. 39, 47, 60, 61, 73, 85, 86, 89, 94,120, 122, 123,
124.
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É desse modo que Allport explica a influência que os ideais e os valores exercem
sobre o processo de desenvolvimento psicológico. No entanto, ele esclarece que estes
fatores são os extremos cobiçados por nossas intenções e que nunca os atingiremos
completamente. Aliás, segundo Allport, alguns autores consideraram este ponto de suma
importância: Jung, por exemplo, definiu a personalidade em termos do estágio ideal de
integração a que o indivíduo tende. Neste caso, a personalidade não seria então o que
alguém possui, mas o resultado projetado do seu crescimento. Spranger, por sua vez,
considera a personalidade de um indivíduo em termos de sua aproximação a um tipo ideal.
De qualquer modo, o que se revela importante é a orientação e a posição que o indivíduo
toma perante um futuro que pretende atingir, por maiores que sejam as tensões que daí
advenham.
E um dos fatores mais elementares para o bom funcionamento da psique e que nos
coloca na condição de fundar uma verdadeira psicologia do futuro é chamado de caráter.
8
Ele é definido por Ludwig Klages3 como "uma unidade viva, ou a qualidade distintiva
essencial de uma alma individual. Afinal, todo homem é dotado de uma alma, mas possui,
além disso, um espírito, quer dizer: ele é um eu ou um si”. Por isso, num sentido muito
específico, o caráter é, como o próprio Klages define, “a qualidade da vontade pessoal” e
assinala, como ele continua explicando, as condições constantes que revelam a direção
preferencial de um eu ou de uma consciência, determinando assim as metas às quais
alguém se sente impelido.
Para o próprio Allport, esta unidade pode ser representada por um foco que confere
um sentido de importância a algumas experiências, relegando as restantes a condições
secundárias. Isto porque os problemas da vida reclamam escolha e sistematização
segundo a relativa importância de cada um. São estes problemas ou experiências que o
mundo nos reserva que exigem um planejamento e orientação a longo prazo e que acabam
3
KLAGES, Ludwig. Los Fundamentos de La Caracterologia. 1965, p. 17.
4
do vocábulo grego charakter, que significa impressão, gravação; do verbo grego charassein, designando
o ato de agudizar, riscar, esculpir, o que se aplicava a princípio a todo signo (de escrita, astronômico),
sendo utilizado depois para designar coisas muito especiais. Representa, portanto, signos distintivos, mas
que geralmente parecem ter vida própria e uma certa importância mágica. Isto nos conduz, por graus, ao
emprego atual desta palavra: cunho, marca, especificidade; propriedade ou qualidade inerente a um ente
e que o distingue dos demais; a forma específica de cada coisa.
9
revelando um centro de referência a partir do qual o indivíduo se autodetermina e faz suas
escolhas.
A este centro de referência Allport chama de proprium, muito embora ele chegue
a compará-lo ao caráter5, na medida em que ambos designam um foco seletivo. O caráter
– o nosso foco seletivo – concentra-se assim no aspecto a longo prazo de nossa
experiência emocional e se revela na capacidade de adiar uma satisfação imediata em
troca de um bem futuro. Isto porque, da confusão de sentimentos em que todos estamos
mergulhados, procuramos salvar e manter alguns - aqueles que expressam os nossos
valores mais caros. São estes sentimentos “altamente valorizados” que sustentam a nossa
personalidade e que lhe dão feitio e forma.
Allport ainda acrescenta que estes “sentimentos altamente valorizados” não são
infinitos em número: são poucos. E que eles são diferentes para cada pessoa. Ademais,
que uma situação como esta deveria estimular os profissionais envolvidos com
psicodiagnósticos a seguirem uma linha de pesquisa em que finalmente se conseguisse
constatar estas unidades fundamentais ao desenvolvimento psicológico. Mas para
realizarmos o que Allport sugere, seria necessário, primeiro, reconhecermos a existência
de algumas experiências humanas que fossem altamente valorizadas e, segundo,
detectarmos o quanto elas estão ou não sob o foco da atenção de um indivíduo, de modo
que pudéssemos ainda verificar o quanto estes focos ou direções da atenção foram
fundamentais ou não para determinar o seu comportamento ao longo da sua história.
5
ALLPORT, G. Desenvolvimento Da Personalidade, p. 120; Personalidade, p. 329.
10
existente entre um posto de observação na Terra e a esfera celeste, demarcando as
perspectivas que se abrem entre o observador e o mundo em torno e designando, portanto,
certos campos da atenção. Esta é, aliás, uma das premissas da teoria astrocaracterológica:
o sistema das Casas Astrológicas descreve os campos de atenção individual, isto é,
aquelas experiências que o mundo nos reserva e para as quais a nossa atenção se dirige e
se volta.
Mas que experiências são estas que roubam e tomam por completo nossa atenção
e que, por sua vez, nos levam a enxergar e entender o mundo através de uma perspectiva
muito particular?
CASA 1:
a auto-imagem, isto é, a imagem que uma pessoa passa de si mesma – uma imagem
que pode ser autêntica ou falsa.
CASA 2:
as propriedades físicas das coisas que causam prazer ou dor, bem-estar ou mal-
estar.
CASA 3:
as palavras, sinais e símbolos que foram bem ou mal-empregados e interpretados.
CASA 4:
os desejos que ora são satisfeitos, ora frustrados, gerando felicidade ou
infelicidade.
CASA 5:
as ações bem ou mal executadas que levam ao sucesso ou ao fracasso.
CASA 6:
a ordem ou a desordem existente entre as partes que mantém o todo equilibrado
ou desequilibrado, harmônico ou desarmônico.
CASA 7:
a permeabilidade ou impermeabilidade à existência alheia que permite ou não a
troca e a reciprocidade.
CASA 8:
as propriedades reativas das coisas que geram uma mudança radical e efetiva ou
cria uma situação muito pior.
CASA 9:
os princípios sobre os quais as pessoas fundamentam suas condutas e crenças –
princípios que podem estar certos ou errados.
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CASA 10:
a posição que o indivíduo ocupa ou não dentro da estrutura hierárquica e o poder
que obtém.
CASA 11:
as perspectivas futuras que ora são otimistas, ora pessimistas.
CASA 12:
as forças enormes e inomináveis que nos cercam e que imprimem a nossa vida um
determinado fim que se cumpre ou permanece em aberto.
Mas se as posições destes sete planetas dentro de uma das doze casas determinam
as experiências que estão sob o foco da atenção individual, resta saber a natureza desse
enfoque - o que pode ser compreendido através das faculdades cognitivas, sobretudo
porque elas já haviam sido associadas aos planetas astrológicos.
“A visão não é o sol; nem ela e nem a parte onde ela se encontra e que chamamos olho. Mas de
todos os órgãos do sentido, parece-me ser o olho o que tem mais afinidade com o sol”
Platão, República, 508-b
6
Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
12
O primeiro estudo se refere aos tratados do escolástico Alberto Magno 7 (1193-
1280) sobre o funcionamento da alma humana que, segundo ele, se dava e se articulava
em sete funções distintas, indicando os modos como o indivíduo percebia, sentia e lidava
com as circunstâncias aos seu redor. O segundo estudo se refere aos tratados do filósofo
árabe Mohieddin Ibn’Arabi8 (1165-1240) que associava certas funções da alma a alguns
planetas celestes. Apesar destes dois autores nunca terem dialogado entre si, vemos que
as afirmações que ambos fazem sobre as funções psicológicas são em muito parecidas, se
tornando, por isso mesmo, extremamente importantes para compreendermos o
significado que carregam os planetas astrológicos.
No entanto, não podemos fazer vista grossa à recente contribuição dada pela
psicologia cognitiva que, durante toda a sua existência, contribuiu em muito para
esclarecer as atribuições de cada uma dessas faculdades, revelando o papel de cada uma
delas na integração da personalidade do indivíduo. O quadro de correspondência abaixo
tenta ilustrar todo esse conhecimento que assim pode ser resumido e sintetizado:
SOL = INTUIÇÃO
percepção imediata que o sujeito tem de determinada experiência tão logo ela se
manifeste e se apresente
LUA = SENTIMENTO
alteração emocional – ora agradável, ora desagradável - que determinada
experiência provoca no sujeito
MERCÚRIO = PENSAMENTO
associação que o sujeito faz de determinada experiência com outras experiências
já conhecidas
VÊNUS = FANTASIA
imaginação das infinitas possibilidades que determinada experiência permite e
oferece, vislumbradas pelo sujeito
MARTE = ESTIMATIVA
reação instintiva que o sujeito tem perante determinada experiência
JÚPITER = VONTADE
expressão da liberdade que o sujeito se dá perante a experiência, moldando-a de
acordo com sua vontade
7
MICHAUD-QUANTIN, Pierre. La Psychologie de L’activité chez Albert le Grand. Paris, J. Vrin, 1966.
8
ARABI, Ibn. A Alquimia da Felicidade Perfeita. Ed Landy, SP, 2002.
13
SATURNO = RAZÃO
formulação de regras e leis que o sujeito constrói a partir de determinada
experiência e com as quais compõe o seu entendimento de mundo
Considerando as posições que estes planetas tomam dentro das casas astrológicas,
compreendemos as experiências humanas para as quais cada uma das faculdades
cognitivas está direcionada e, assim, como o indivíduo, percebe, sente e lida com o mundo
que o cerca.
Devo, portanto, lembrar que ao vislumbrarmos esse projeto de vida, boa parte do
quadro de referência que fomos construindo ao longo da nossa existência é
imediatamente requisitado para analisá-lo e julgá-lo, de modo que todos os nossos
conceitos, idéias e valores são postos imediatamente em ação para esclarecer sua
natureza, para entender cada vez mais o seu perfil e o seu contorno, dando forma,
portanto, a algo que até então se mantinha nebuloso e informe. Imaginem então o desastre
que é caso este império intelectual esteja cheio de noções distorcidas ou de lacunas: a
psique não vai encontrar as condições necessárias para entender esse projeto de vida e,
diante desta situação, ele pode acabar continuando nebuloso e informe – ou até mesmo
cada vez mais deformado.
3.4 - a biografia
"Compreender um drama é a mesma operação mental que compreender uma existência, uma
biografia, um homem: é obrigar o pássaro a voltar para seu ovo, a planta para a sua semente, e constituir
toda a gênese do ser em questão. A arte não é senão o ato de por em relevo o pensamento obscuro da
natureza; é a simplificação das linhas e o desprendimento dos grupos invisíveis. O fogo da inspiração faz
ressaltarem os desenhos traçados a tinta simpática: o misterioso torna-se evidente, o confuso torna-se
claro, o complicado torna-se simples, o fortuito torna-se necessário. Em uma palavra, a arte revela a
natureza traduzindo as suas intenções e formulando as suas vontades – o ideal. Cada ideal é a solução de
um grande enigma. O grande artista é um simplificador".
Henry Amiel
• pela sua presença e pelo seu modo de ser, sempre de difícil tradução, mas que
só poderiam ser captados por alguém que o conhecesse diretamente;
• pelas peculiaridades dos atos tomados em um ou outro momento e que
expressam a sua tentativa de resolver certos impasses que a vida lhe apresenta;
• por certa linha de continuidade que ele foi imprimindo a própria vida, ou
melhor, pela fisionomia e pelo contorno que uma vida toma por estar submetida
a realização de um projeto vital.
Para o psicólogo peruano, a fórmula máxima com que se poderia conhecer uma
pessoa é aquela que se encontra expressa no terceiro item, a que ele dá o nome de
biografia. Esta seria não somente a fonte mais preciosa, mas também o único acesso para
9
DELGADO, Honorio. De la Cultura y sus Artífices, capítulo Em Torno a Alma Alheia.
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um contato realmente revelador, suscetível de dar vislumbres sobre o que há de mais
característico e singular num indivíduo.
Não podemos nos esquecer também que a biografia é definida como "o desenho,
a grafia da vida". E isto porque cada vida humana toma um desenho, uma forma, sendo
tal forma descrita por uma equação que sintetiza as maneiras como um indivíduo viveu e
experimentou tudo que se colocou a sua frente e diante do quê procurou de agir de acordo
com a sua consciência e vontade. Se soubermos analisar uma vida através desta dimensão
biográfica e detectarmos as coordenadas preferenciais da ação individual, procurando
entender as direções para as quais o sujeito levou a própria vida e acabou escrevendo a
sua própria história, compreenderemos as experiências humanas que ele mesmo elegeu
para a edificação do seu projeto vital – compreendendo, assim, as Casas Astrológicas
onde os sete planetas pessoais se encontram em seu mapa.
• Fernando Pessoa teve toda uma vida voltada para salvar a sua pátria da grande
derrocada histórica na qual havia entrado depois da expansão marítima. Disse
que faria isto através da escrita. Para isso, multiplicou-se em vários poetas, pois
para persuadir os portugueses que estava ocorrendo uma verdadeira revolução
cultural em seu país – ou seja, para persuadir a coletividade e os muitos – ele
teve que se tornar vários, escrevendo sob o pseudônimo de inúmeros poetas e
intelectuais. Esse fenômeno, chamado de heteronímia, deixa a entrever uma
fórmula curiosa, muito bem expressa no ditado “uma andorinha só não faz
verão”: a de que um indivíduo, por si só, não tem poder para fazer frente à
coletividade e à nação;
• Adolph Hitler teve toda a sua trajetória de vida voltada para se adequar ao papel
que o Estado Alemão necessitava: a de um porta-voz que pudesse levar a
Alemanha a categoria de império. Papel de que ele se investiu e que lhe
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conferiu o poder que sempre desejou, dado que já havia confidenciado em seu
diário que não sentia ter poder algum;
• Oscar Wilde teve a sua vida quase que completamente absorvida por um
episódio: a prisão na Inglaterra, sob a acusação de homossexualidade. Uma
prisão que muitos dos seus contemporâneos diziam que ele poderia ter evitado.
No entanto, não evitou. E por quê? Porque, de acordo com o pensamento da
sua mãe irlandesa, um verdadeiro irlandês jamais se deixaria abater e se
humilhar por uma acusação feita por ingleses e que, independentemente da
veracidade da acusação, o filho teria de levar esse julgamento até o fim,
assumindo a sua condição de irlandês, isto é, daquele que jamais se curva
perante a um inglês. Este episódio mostra claramente que o escritor assumiu
um papel muito específico, sob a pressão maternal: o de representante de uma
nação.
O que percebemos nestas três vidas? Na primeira, o sujeito agiu como se um único
indivíduo não tivesse poder sobre a nação; o segundo conquistou o poder individual que
tanto ansiava à medida que se tornava representante de uma nação, afundando com seu
poder outras nações; o terceiro também assumiu o papel de representante de uma nação,
mas não afundou outras nações e, sim, a própria vida.
Três vidas, como se vê, em muito diferentes. Mas apesar de serem histórica e
materialmente diferentes, elas possuem algo em comum: um drama de natureza
hierárquica e social, perante o qual cada um dos seus autores deu uma resposta e uma
resolução bastante diferenciada. No entanto, eles não são iguais somente por
compartilharem um drama biográfico cuja natureza é igual, pois quando levantamos os
seus mapas, percebemos que todos possuem uma mesma configuração astrológica:
saturno na casa dez.
É esta configuração astrológica que nos revela a experiência humana que fundou,
para estes indivíduos, a base das suas generalizações mais importantes e duradouras, isto
é, as crenças e idéias que desenvolveram em relação a uma experiência muito particular:
a posição do indivíduo dentro da estrutura hierárquica e o poder que se obtém através
dela. Por certo, como diz o próprio Olavo, “partindo de uma experiência estreita e de
generalizações mal embasadas, um indivíduo poderá depois, quer pela constante
autocorreção do pensamento racional, quer pelo apoio das demais faculdades, corrigir
essas generalizações e, artificialmente, ir ampliando sua visão do mundo. Mas os dados
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iniciais que fundaram as primeiras generalizações estarão sempre presentes, corno origem
superada, mas não revogada - de uma imagem do mundo.”10
Afinal, uma teoria pode ser bastante coerente e estar fundada em premissas muito
sólidas. No entanto, é necessário ter um método que permita verificar suas assertivas. E
o método do qual a Astrocaracterologia lança mão é esse, a biografia.
10
CARVALHO, Olavo de. O Caráter como Forma Pura da Personalidade, p. 31.
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4- limite e valor do diagnóstico astrocaracterológico
Vemos, assim, que esta determinação de base e inata nem sempre se torna a
expressão final e literal de uma vida e de um destino humano. Isto só acontece em casos
muito privilegiados, em que o indivíduo se torna o autor dos acontecimentos, pela força
da sua vontade; é auxiliado pelas circunstâncias momentâneas e históricas; é auxiliado
pela sorte. Desse modo, entre aquilo que é ditado pela própria natureza caracterológica e
as circunstâncias pode se estabelecer tanto uma zona de atrito como de harmonia. Por
isso, todo ser humano deve encontrar um encaixe entre as circunstâncias externas e a
forma individual interna; deve encontrar uma resolução dialética entre o que se é e as
circunstâncias, sendo um destino a resultante de ambos os fatores.
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5 - bibliografia
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