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OS TEMPERAMENTOS E A VIDA ESPIRITUAL

O anseio por Deus está inscrito em nossos coraçõ es. Fomos criados por Ele e para Ele.
Desta forma, o homem jamais será verdadeiramente feliz se seu coraçã o nã o estiver
centrado em Deus: “Nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti, ó
Senhor” (Sto. Agostinho)

O Homem embarca na incrível jornada de encontro com o Senhor. Nessa jornada, trazemos
conosco nosso temperamento – com suas vantagens e desvantagens. A graça de Deus irá
suprir o que venhamos precisar. A Graça Divina, jamais destró i a natureza, em vez disso, a
reconstró i e aperfeiçoa. Por isso, é preciso compreender que nosso temperamento afeta
nosso crescimento na vida espiritual: positiva ou negativamente.

A natureza humana criada por Deus à sua imagem e semelhança, é essencialmente boa. No
entanto, enquanto a Criaçã o ferida pelo pecado original, estiver em estado de caminhada
em direçã o à perfeiçã o, nossos temperamentos estarã o limitados da mesma forma que
toda a nossa natureza é limitada. É importante esclarecer que as fraquezas espirituais de
nosso temperamento, nã o sã o por si só pecado. Podem vir a ser se conscientemente nã o
lutarmos em busca das virtudes que somos capazes de atingir em nossa vida humana e
espiritual.

Para as pessoas batizadas em estado de graça, os dons do Espirito Santo completam as


virtudes naturais e as virtudes adquiridas. Todo cristã o é chamado a santidade. Jesus nos
deu o novo mandamento, amar uns aos outros como Ele nos amou. Seu amor é uma doaçã o
radical e desta forma precisamos também nos doarmos ao seu amor. Porém, jamais
conseguiremos sem a sua Graça e misericó rdia nos tornar pedras vivas de sua Igreja
terrena e Celestial. Portanto, é bastante claro que todos nó s somos chamados a viver a
plenitude da vida cristã e à perfeiçã o do amor através da nossa vivência humana.
PECADOS CAPITAIS

LUXÚRIA GULA AVAREZA PREGUIÇA IRA


INVEJA SOBERBA
SANGUINEO SANGUINEO SANGUINEO SANGUINEO COLÉRICO MELANCÓLICO
SANGUINEO

FLEUMÁTICO FLEUMÁTICO
FLEUMÁTICO

COLÉRICO
COLÉRICO

MELANCÓLICO
MELANCÓLICO

VIRTUDES
CASTIDADE TEMPERANÇA GENEROSIDADE DILIGÊNCIA PACIÊNCIA
CARIDADE HUMILDADE

Mesmo sabendo que cometemos todos os pecados capitais, cada temperamento tem uma
certa tendência maior a alguns deles como retrata a imagem acima. Desta forma a
vigilâ ncia e determinaçã o no cultivo das virtudes é imprescindível.

O crescimento da vida espiritual nã o é apenas uma questã o de acrescentar virtudes ou


descartar vícios. Nã o se trata de aproveitar um temperamento virtuoso, buscando a auto
perfeiçã o. Em vez disso, é uma rendiçã o completa a Cristo: uma jornada que nos aproxima
mais Dele. É necessá ria uma transformaçã o de nó s mesmos, de nossas vontades, sem
perder nossa essência. Perceber que mesmo sendo homens e mulheres, nos unimos pela
graça santificante ao Cristo através no esvaziamento de nó s mesmos.
Saber nossas fraquezas e potencialidades nos ajuda a desenvolver um plano para
aproveitar nossas forças e evitar nossas fraquezas. A fonte é o Cristo! Precisamos
autenticamente orientar nossas tendências naturais para o serviço a Ele e a sua Igreja.
É muito tentador nos redermos aos nossos pró prios caprichos e desejos naturais de nos
colocar no centro do universo. Mas o crescimento espiritual exige que sigamos a vontade
de Deus em vez da nossa pró pria. E muitas vezes é preciso de ajuda para discernir isso. O
discernimento é uma tarefa difícil e exigente, em qualquer que seja o temperamento. É
preciso ter cuidado para nã o aceitar alegremente ou ingenuamente todas as inspiraçõ es
como uma revelaçã o de Deus.
Nã o existe temperamento mais adequado à santidade. Todos sã o capazes de progredir
rumo a santificaçã o, desde que tenhamos a clareza de nosso papel nessa jornada. É muito
importante lembrar que, nã o nos basta apenas uma luta humana para “cortar” defeitos de
nosso temperamento, mas a vida de oraçã o, que gera o discernimento é componente vital
para o crescimento de nossa espiritualidade.
Cada temperamento pode mostrar algumas preferencias por uma forma de oraçã o. Como
amadurecimento espiritual aprenderemos que nossas preferencias sã o o que menos
importa. Vamos verificar brevemente cada temperamento do ponto de vista espiritual:

Colérico: Movendo a fé da cabeça para o coração.


Dons espirituais: zelo pelas almas, fortaleza e conhecimento.
Fraquezas espirituais: vontade pró pria, controle, raiva, arrogâ ncia,
superioridade, ansiedade.
Santo que compartilha seu temperamento: Sã o Paulo, Sã o Tiago.

Sanguíneo: Alegrai-vos sempre no Senhor!

Dons espirituais: alegria, misericó rdia, magnanimidade, gratidã o.


Fraquezas espirituais: amor-pró prio, inveja, busca por estima e respeito humano,
dispersã o, inquietaçã o, desatençã o.
Santo que compartilha seu temperamento: Sã o Pedro, Sã o Filipe Neri.
Melancólico: Ansiando pelo Céu.

Dons espirituais: piedade, longanimidade, sabedoria.


Fraquezas espirituais: timidez, escupulosidade, julgamento, desespero,
dispersã o.
Santo que compartilha seu temperamento: Santa Teresa Benedita da Cruz,
Santa Teresinha do menino Jesus.

Fleumático: Bem-aventurados os mansos.

Dons espirituais: paz, entendimento, conselho, mansidã o.


Fraquezas espirituais: sensualidade, preguiça, complacência, dú vidas.
Santo que compartilha seu temperamento: Santo Tomaz de Aquino.

O crescimento espiritual sempre implica uma vida de oraçã o profunda e uma vida humilde
de submissã o à vontade de Deus, vivida na caridade. A santidade está na vontade, porque
se amamos a Deus, iremos certamente terminar com Ele. Mas seremos capazes de amar a
Deus se nó s o conhecermos e nos conhecermos.

Deus é constante, e nó s nã o somos. Se estamos cientes dos nossos pró prios pontos fracos e
tendências naturais, seremos capazes de impedir essas falhas e tendências ao pecado que
brotam de nossas pró prias inclinaçõ es. Quanto maior for a compreensã o de nossa
realidade, entenderemos a nó s mesmos, aos outros e ao pró prio Senhor.

CONCLUSÃO

Nenhum destes temperamentos existe em estado


“quimicamente puro”. O leitor que tenha
percorrido estas pá ginas poderá nã o ter
encontrado em nenhuma delas os traços completos
de sua particular fisionomia. Contudo, é
indubitável que em cada indivíduo predominam
certos traços temperamentais que permitem
catalogá -lo, com as devidas reservas e precauçõ es,
em algum dos quadros tradicionais.
Se quisermos estabelecer, em sintética visã o de conjunto, as características do
temperamento ideal, tomaríamos algo de cada um dos que acabamos de descrever. Ao
sanguíneo pediríamos sua simpatia, seu grande coraçã o e sua vivacidade; ao
melancó lico, a profundidade e a delicadeza de sentimentos; ao colérico, sua atividade
inesgotável e sua tenacidade; ao fleumá tico, o domínio de si mesmo, a prudência e a
perseverança.

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