Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DA CRUZ
EDITH STEIN
Índice
PREFACIO
INTRODUÇAO: SIGNIFICADO, ORIGEM E BASE DA CIENCIA DA CRUZ
I. A MENSAGEM DA CRUZ
1. Primeiros encontros com a cruz
2. A mensagem da Sagrada Escritura
3. O Sacrifı́cio da Missa
4. Visõ es da Cruz
5. A mensagem da cruz
6. Conteú do da mensagem da Cruz
II. DOUTRINA DA CRUZ
Introduçã o: Sã o Joã o da Cruz como escritor
1. Cruz e noite (noite do signi icado)
Diferença no cará ter do sı́mbolo: simbolismo e sua expressã o
có smica
A Cançã o da Noite Escura
NOITE ESCURA
Noite escura dos sentidos
a) Introduçã o ao signi icado da noite
b) Entrada ativa à noite como seguimento da Cruz
c) A noite passiva como cruci icaçã o
2. Espı́rito e fé . Morte e Ressurreiçã o (Noite do Espı́rito)
1. Introduçã o: Desenvolvimento de Problemas
2. Despossessã o de forças espirituais na noite ativa
a) A noite da fé como caminho de uniã o
b) A nudez das forças espirituais como caminho e morte na
cruz
c) Incapacidade de tudo o que foi criado para servir de meio
de uniã o. Insu iciê ncia de conhecimento natural e
sobrenatural
d) Puri icaçã o de memó ria
e) Puri icaçã o da vontade
Paixõ es
Bens temporá rios
Ativos naturais
Bens sensı́veis
Bens morais
Bens espirituais
3. O Espı́rito e a Fé esclarecendo-se mutuamente
a) Retrospectiva e olhar em perspectiva
b) Atividade natural do espı́rito. A alma, suas partes e seus
poderes.
c) Elevaçã o da alma à ordem sobrenatural. Fé e vida de fé .
d) Comunicaçõ es extraordiná rias de graça e liberaçã o deles
4. Morte e ressurreiçã o
a) Noite passiva do espı́rito. Fé , contemplaçã o sombria, nudez
espiritual
In lamaçã o de amor e transformaçã o
A escala secreta
O vestido tricolor da alma
No escuro e escondido em profunda paz
b) A alma no reino do espı́rito e espı́ritos: Estrutura da
alma. Espı́rito de Deus e espı́ritos criados
Comunicaçã o da alma com Deus e com os espı́ritos criados
O centro mais profundo da alma e os pensamentos do
coraçã o
A alma, o eu e a liberdade
Vá rias espé cies de uniã o com Deus
Fé e contemplaçã o. Morte e ressurreiçã o
3. A gló ria da ressurreiçã o
1. Nas chamas do amor divino
a) No limiar da vida eterna
b) Uniã o com Deus, una e trina
c) Entre as labaredas da gló ria divina
d) Vida oculta de amor
e) Caracterı́sticas da chama, em relaçã o aos livros anteriores
da Santa
2. O câ ntico nupcial da alma
a) O Câ ntico Espiritual e sua relaçã o com os demais escritos
b) A ideia central, segundo a exposiçã o do Santo.
c) A imagem dominante e o seu valor no conteú do do Câ ntico
d) O sı́mbolo da esposa e os detalhes das outras imagens
e) O sı́mbolo da esposa e da cruz
III. O SEGUIMENTO DA CRUZ
CIÊNCIA DA CRUZ
EDITH STEIN
08/03/2012
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO: SIGNIFICADO, ORIGEM E BASE DA CIÊNCIA DA CRUZ
I. A MENSAGEM DA CRUZ
1. Primeiros encontros com a cruz
2. A mensagem da Sagrada Escritura
3. O Sacri cio da Missa
4. Visões da Cruz
5. A mensagem da cruz
6. Conteúdo da mensagem da Cruz
II. DOUTRINA DA CRUZ
Introdução: São João da Cruz como escritor
1. Cruz e noite (noite do significado)
Diferença no caráter do símbolo: simbolismo e sua expressão cósmica
A Canção da Noite Escura
NOITE ESCURA
Noite escura dos sen dos
a) Introdução ao significado da noite
b) Entrada a va à noite como seguimento da Cruz
c) A noite passiva como crucificação
2. Espírito e fé. Morte e Ressurreição (Noite do Espírito)
1. Introdução: Desenvolvimento de Problemas
2. Despossessão de forças espirituais na noite a va
a) A noite da fé como caminho de união
b) A nudez das forças espirituais como caminho e morte na cruz
c) Incapacidade de tudo o que foi criado para servir de meio de
união. Insuficiência de conhecimento natural e sobrenatural
d) Purificação de memória
e) Purificação da vontade
Paixões
Bens temporários
A vos naturais
Bens sensíveis
Bens morais
Bens espirituais
3. O Espírito e a Fé esclarecendo-se mutuamente
a) Retrospec va e visão prospec va
b) A vidade natural do espírito. A alma, suas partes e seus poderes.
c) Elevação da alma à ordem sobrenatural. Fé e vida de fé.
d) Comunicações extraordinárias de graça e liberação deles
4. Morte e ressurreição
a) Noite passiva do espírito. Fé, contemplação sombria, nudez espiritual
Inflamação de amor e transformação
A escala secreta
O ves do tricolor da alma
No escuro e escondido em profunda paz
b) A alma no reino do espírito e espíritos: Estrutura da alma. Espírito de Deus e
espíritos criados
Comunicação da alma com Deus e com os espíritos criados
O centro mais profundo da alma e os pensamentos do coração
A alma, o eu e a liberdade
Várias espécies de união com Deus
Fé e contemplação. Morte e ressurreição
3. A glória da ressurreição
1. Nas chamas do amor divino
a) No limiar da vida eterna
b) União com Deus, una e trina
c) Entre as labaredas da glória divina
d) Vida oculta de amor
e) Caracterís cas da chama, em relação aos livros anteriores da Santa
2. O cân co nupcial da alma
a) O Cân co Espiritual e sua relação com os outros escritos
b) A ideia central, segundo a exposição do Santo.
c) A imagem dominante e o seu valor no conteúdo do Cân co
d) O símbolo da esposa e os detalhes das outras imagens
e) O símbolo da esposa e da cruz
III. O SEGUIMENTO DA CRUZ
PREFÁCIO
Procuramos nestas pá ginas tentar compreender Sã o Joã o da Cruz na
unidade do seu ser, tal como se manifesta na sua vida e nos seus
escritos e isto de um ponto de vista que nos permite apreendê -lo
plenamente. Nã o pretendemos oferecer uma biogra ia do Santo, nem
dar uma exposiçã o completa de seus ensinamentos; mas
aproveitaremos os eventos de sua vida e o conteú do de seus escritos
para obter uma compreensã o mais profunda do signi icado dessa
unidade.
Daremos uma profusã o de testemunhos aos quais tentaremos dar uma
interpretaçã o que sirva para con irmar o que a autora, por meio de
esforços que perduram por toda a vida, acredita ter compreendido
sobre as leis do ser e da vida espiritual. Isto deve ser aplicado de modo
particular à s dissertaçõ es sobre o espı́rito, a fé e a contemplaçã o que se
inserem em diversos lugares e, sobretudo, na seçã o que leva o tı́tulo: “A
alma no reino do espı́rito e dos espı́ritos”. O que aı́ se a irma do "eu", da
"liberdade" e da "pessoa" nã o é extraı́do dos escritos do Santo, embora
nã o faltem em suas obras alguns pontos que poderiam servir de
suporte para isso. Uma exposiçã o detalhada desses problemas nã o
entrava em seus cá lculos nem estava de acordo com sua maneira de
pensar. Por outro lado, nã o podemos esquecer que a elaboraçã o de uma
iloso ia da pessoa, como aparece naqueles lugares, só foi realizada
recentemente pelos iló sofos.
Na apresentaçã o de testemunhos, fomos guiados pelos livros de nosso
Padre Bruno de Jesú s Maria Saint Jean de la Croix, Paris 1929 e Vie
d'amour de Saint Jean de la Croix, Paris, 1936, bem como o de Juan
Baruzi "Santo Jean de la Croix et le Problè me de l'Experience Mystique
", Paris 1931. A obra de Baruzi é rica em sugestõ es, mas nã o o
transcrevemos com frequê ncia porque nã o é fá cil con iar em suas
explicaçõ es sem antes ter passado por elas. peneira de uma crı́tica
severa, algo que nã o estava nos nossos planos ao escrever o livro. Para
quem conhece Baruzi, nã o será difı́cil descobrir os vestı́gios de sua
in luê ncia e mesmo os elementos que podem servir de base para uma
crı́tica de suas a irmaçõ es. No entanto, Baruzi tem um mé rito
incontestá vel, o do zelo incansá vel com que examinou e valorizou as
fontes. Mais discutı́vel é sua posiçã o com respeito à s duas redaçõ es do
manuscrito atravé s das quais O Câ ntico Espiritual e a Chama Viva do
Amor chegaram até nó s, a ú ltima das quais (possivelmente no caso da
Chama e com toda a probabilidade no Câ ntico), de acordo com para ele
deve ser considerado apó crifo, assim como sua a irmaçã o, contra o
sentimento unâ nime da tradiçã o, de que temos apenas uma versã o
apó crifa e truncada da Ascensã o e da Noite Negra.
INTRODUÇÃO: SIGNIFICADO, ORIGEM E
BASE DA CIÊNCIA DA CRUZ
No mê s de setembro ou outubro de 1568 o jovem carmelita Juan de
Yepes, até entã o conhecido pelo nome de Juan de Santo Matı́a com
quem havia professado no Carmelo, fez sua entrada na pobre casa da
fazenda de Duruelo, que serviria de fundaçã o e pedra angular da
Reforma Teresiana que entã o começou. Em 28 de novembro, junto com
outros dois companheiros, comprometeu-se com a observâ ncia da
regra primitiva e tomou o apelido da Cruz como tı́tulo de nobreza. Era
um sı́mbolo do que procurava ao deixar o Convento Carmelita de
Medina, afastando-se da mitigada Observâ ncia, que antes havia tentado
fazer vivendo de acordo com a regra primitiva, para a qual havia obtido
uma licença particular . Assim se manifestou a caracterı́stica especial da
Reforma: a vida dos Carmelitas Descalços devia basear-se no
seguimento de Cristo ao Calvá rio e na participaçã o da sua Cruz.
Como acabamos de notar, Juan de la Cruz nã o era novato na ciê ncia da
Cruz. O apelido que ele adotou na Ordem mostra que Deus se uniu à sua
alma para simbolizar um misté rio particular. Juan tenta indicar com sua
mudança de nome que a Cruz será doravante a marca registrada de sua
vida. Quando falamos aqui da ciê ncia da Cruz, nã o tomamos o nome de
ciê ncia em seu sentido comum: nã o é uma questã o de teoria pura, isto
é , de uma soma de sentenças verdadeiras ou reputadas como tais, nem
de uma edifı́cio ideal construı́do com pensamentos coerentes. E uma
verdade conhecida -a teologia da Cruz- mas uma verdade real e
operativa: como uma semente que, depositada no centro da alma,
cresce, imprimindo nela um selo caracterı́stico e determinando assim
os seus atos e omissõ es que por eles é que se manifesta e torna
cognoscı́vel. E neste sentido que se pode falar da ciê ncia dos santos e a
ele nos referimos quando falamos da ciê ncia da Cruz.
Nesta forma e força viva, brotam das profundezas do homem um
conceito de vida e uma visã o de Deus e do mundo, permitindo uma
forma particular de pensar que se presta a ser formulada numa
teoria. Temos essa cristalizaçã o na doutrina de nosso Santo Padre. E é o
que nos propomos buscar em sua vida e em seus escritos. Mas primeiro
devemos nos perguntar de que maneira podemos conceber uma ciê ncia
no sentido indicado acima.
Existem sintomas naturalmente detectá veis que mostram que a
natureza humana, como realmente é , está em um estado de
corrupçã o. Um desses sintomas é a incapacidade de avaliar as
circunstâ ncias dos atos de seu verdadeiro valor e de reagir a eles com
retidã o. Incapacidade que pode advir de um certo embotamento, já
congê nito, ou també m adquirido no decorrer da vida, ou inalmente, de
uma insensibilidade a certos estı́mulos em decorrê ncia da repetiçã o
rotineira. O que se ouve continuamente, o que se sabe de muito tempo
"nos deixa frios". Acrescente a tudo isso que, na maioria das vezes,
somos excessivamente afetados por nossas pró prias conveniê ncias,
embora permaneçamos impenetrá veis à s de nossos vizinhos. Sentimos
essa nossa insensibilidade como algo que nã o condiz com o que deveria
ser a realidade e nos faz sofrer. Mas é inú til pensar que obedece a uma
lei psicoló gica. Por outro lado, icamos felizes em ver por experiê ncia
que somos capazes de alegrias profundas e autê nticas, e mesmo de uma
dor verdadeira e ı́ntima que consideramos uma graça em comparaçã o
com a rigidez fria da insensibilidade. Isso é particularmente doloroso
no campo religioso. Muitos crentes se sentem atormentados, porque os
fatos da Salvaçã o ou nunca os impressionaram, ou eles nã o os
impressionam mais tanto quanto deveriam, e eles nã o mais retê m a
força formativa de outros tempos para suas vidas. Ler a vida dos santos
os faz voltar à realidade e ver que onde a fé é verdadeiramente viva, aı́ a
doutrina da fé e as grandes obras de Deus constituem o nú cleo da
vida; tudo o mais é adiado e só reté m seu valor assim que é informado
por aqueles. E o realismo dos santos, que nasce do sentimento ı́ntimo e
fundamental da alma que se sabe renascer do Espı́rito Santo. Por mais
que essa alma entre, acolhe-a de maneira adequada e na sua
correspondente profundidade, e com ela encontra uma força viva,
motriz e pronta a se deixar moldar, e nã o impedida por qualquer
obstá culo ou estorvo, que se permite seja moldado, dirigido com
facilidade e alegria pelo que você recebeu. Quando uma alma santa
assim aceita as verdades da fé , elas se tornam a Ciê ncia dos Santos. E
quando sua forma ı́ntima é constituı́da pelo misté rio da Cruz, entã o
essa ciê ncia se torna a Ciê ncia da Cruz.
Este realismo sagrado tem uma certa a inidade com o realismo da
criança que recebe suas impressõ es e reage a elas com uma força ainda
nã o enfraquecida e com uma vivacidade e engenhosidade livre de
inibiçõ es. E claro que tal reaçã o nem sempre está naturalmente de
acordo com a razã o. Ele nã o tem maturidade de inteligê ncia. E assim
que a inteligê ncia entra em açã o, ela se depara com fontes internas e
externas de erro e engano que a levam para os caminhos errados. A
in luê ncia relevante do meio ambiente pode atuar preventivamente. A
alma da criança é macia e dú ctil. O que a penetra pode informá -la para
o resto da vida. Quando os fatos da Salvaçã o penetrarem
apropriadamente na terna alma da criança, os alicerces para uma vida
santa podem ter sido lançados. As vezes també m encontramos uma
escolha precoce e extraordiná ria da Graça Divina, neste caso o realismo
infantil coincidindo com o realismo sagrado. Assim se fala de Santa
Brı́gida que, aos dez anos, ouviu pela primeira vez sobre a Paixã o e a
Morte de Jesus. Na noite seguinte, o Salvador apareceu a ele na cruz e a
partir de entã o nã o foi mais possı́vel meditar na Paixã o do Senhor sem
derramar lá grimas.
No caso de Sã o Joã o da Cruz, um terceiro aspecto deve ser levado em
consideraçã o: ele tinha a natureza de um artista. Entre os vá rios ofı́cios
e artes manuais em que se formou quando criança estã o os de escultor
e pintor. Mais tarde, os desenhos de suas mã os ainda sã o preservados
(seu desenho da Subida do Monte Carmelo é universalmente
conhecido). Sendo prior de Granada, traçou o projeto de um convento
para contemplativas. Mas, ao mesmo tempo que desenhista, é poeta. Ele
sentiu a necessidade de expressar em cançõ es o que vivia em sua
alma. Seus escritos mı́sticos nada mais sã o do que explicaçõ es
posteriores de suas expressõ es poé ticas imediatas. Por isso, no caso
dele, devemos atentar para o realismo do pró prio artista. O artista pela
força inabalá vel de sua sensibilidade se relaciona com a criança e o
santo.
Mas - ao contrá rio do que acontece no santo realismo - aqui nos
deparamos com uma impressionabilidade que contempla o mundo à
luz de uma determinada categoria de valores, em fá cil detrimento de
outras, e tem seu pró prio procedimento peculiar. E tı́pico do artista
representar em imagens o que o impressiona internamente e luta para
se manifestar no exterior. Quando falamos de imagens, nã o
pretendemos nos limitar à arte grá ica e representativa: qualquer
criaçã o artı́stica está incluı́da nesta expressã o, sem excluir as poé ticas
ou musicais. E, ao mesmo tempo, uma imagem que representa algo, e
uma criaçã o: algo criado e encerrado em si mesmo, formando seu
pró prio mundinho. Toda obra de arte genuı́na també m é um sı́mbolo,
quer o artista o tenha pretendido ou nã o, quer o artista seja um
naturalista ou um simbolista. Sı́mbolo: isto é , da in inita plenitude de
sentido em que necessariamente se depara todo o conhecimento
humano, ele capta algo e o faz manifestar e o exprimir; e, aliá s, de tal
forma que essa mesma plenitude de sentido, inesgotá vel para o
conhecimento humano, encontre no sı́mbolo uma ressonâ ncia
misteriosa. Assim entendida, toda arte autê ntica é uma revelaçã o e a
criaçã o artı́stica um serviço sagrado. Apesar de tudo, é verdade que em
toda criaçã o artı́stica se esconde um perigo, e isso nã o apenas quando o
artista nã o tem idé ia da santidade de sua missã o. E o perigo de se
contentar com a representaçã o externa da imagem, como se nã o
houvesse outras exigê ncias para ele.
O que a irmamos de maneira geral aparece com mais clareza no caso da
imagem da Cruz. Di icilmente há um artista cristã o que nã o se sinta
compelido a representar Cristo carregando a cruz ou pregado nela. Mas
o Cruci icado pede ao artista algo mais do que sua imagem do que uma
representaçã o. Exige dele, como de qualquer outro homem, a imitaçã o:
que ele mesmo se torne a imagem de Cristo carregando a cruz e
cruci icado e que se deixe modelar segundo ela. A mera representaçã o
externa pode ser um obstá culo à sua con iguraçã o pessoal, mas nã o
deveria ser assim; pode até servi-la, pois a mesma imagem interior,
projetada para o exterior, só a torna mais vividamente re letida e mais
assimilá vel internamente. Por isso, quando nenhum obstá culo cruza
seu caminho, torna-se uma forma interna que impulsiona a açã o, ou
seja, caminhar em sua perseguiçã o. Sim, a mesma imagem externa,
aquela criada por si mesmo, pode servir de incentivo à formaçã o da
pró pria pessoa. Tenemos motivos para a irmar que ası́ sucedió en el
caso de san Juan de la Cruz: el realismo del niñ o, del artista y del santo
se han unido en é l para preparar un terreno adecuado para el mensaje
de la Cruz, para permitirle progresar en la ciencia da Cruz. Já dissemos
que sua natureza artı́stica se manifestou desde a infâ ncia. També m nã o
faltam testemunhos que nos falam sobre a sua vocaçã o inicial à
santidade. Sua mã e mais tarde disse aos Carmelitas Descalços de
Medina que seu ilho durante sua infâ ncia se comportava como um
anjo. Esta piedosa mã e incutiu nela o mais terno amor pela Mã e de
Deus e sabemos de boa fonte que Maria, com a sua intervençã o pessoal,
por duas vezes libertou o ilho do afogamento. Tudo o mais que
sabemos de sua infâ ncia e juventude també m mostra que desde os
primeiros anos ele foi ilho da graça.
I. A MENSAGEM DA CRUZ
1. Primeiros encontros com a cruz
Agora nos perguntamos como a semente da mensagem da Cruz foi
plantada nesta terra fé rtil. Nã o temos nenhum testemunho que nos diga
quando Joã o viu a imagem do Cruci icado pela primeira vez. E prová vel
que sua mã e, uma crente fervorosa, o tenha levado com ela, quando ele
ainda era muito jovem, à igreja paroquial de Fontiveros, sua terra
natal. Ali pô de contemplar o Salvador na cruz, com o rosto des igurado
pela dor, com cabelos naturais que, descendo pelo rosto, chegavam à s
costas cobertos de feridas. E quando a jovem viú va, que teve de
suportar tantas necessidades e sofrimentos, falava ao ilho da Mã e do
cé u, ela o conduzia també m à Mã e Dolorosa aos pé s da cruz. Podemos
conjeturar, com todo o respeito pelos misté rios da graça, que foi Maria
quem doutrinou a sua protegida, desde tenra idade, na ciê ncia da
Cruz. Quem mais instruiu e penetrou na dignidade da cruz do que a
Virgem mais sá bia?
Juan també m encontrou, em todo caso, a imagem do Cruci ixo nas
o icinas onde trabalhou. E possı́vel que mesmo assim ele se divertisse
esculpindo cruzes, um trabalho que ele faria com tanto prazer mais
tarde. Se por todas essas a irmaçõ es devemos nos contentar com
conjecturas, temos bom respaldo para a hipó tese de um encontro
precoce com a Cruz, no fato certo de que muito em breve o amor à
penitê ncia e à morti icaçã o se manifestou nele. Quando ele ainda tinha
9 anos, ele desprezou sua cama e dormiu em uma cama de brotos de
videira. Alguns anos depois, ele nã o se permitiu mais do que algumas
horas de descanso nesta cama dura e passou boa parte da noite
estudando. Ainda estudante, pediu esmolas aos colegas mais pobres do
que ele e, mais tarde, aos pobres do hospital. Depois de vá rias
tentativas infrutı́feras em outras pro issõ es, dedicou-se ao á rduo
trabalho de enfermeiro e nele perseverou com total dedicaçã o; segundo
o depoimento do irmã o Francisco era o "hospital dos bubõ es". També m
foi levantada a hipó tese de que os pacientes atendidos neste hospital
eram si ilı́ticos. Verdade ou nã o, a certeza é que a criança aprendeu a
conhecer entre seus pacientes nã o só as enfermidades do corpo, mas
també m a sentir pena das da alma e da moral, e o iel cumprimento de
seu dever exigia os puros. , coraçã o profundo e terno da criança, muitas
vezes datas de vencimento dolorosas. Quem te deu força para isso? Sem
dú vida o amor do Cruci icado, que ele quis percorrer por um caminho
á rduo, ı́ngreme e estreito. O desejo de conhecê -lo mais de perto e
conformar-se mais perfeitamente com a sua imagem levou Sã o Joã o da
Cruz a frequentar o estudo no colé gio jesuı́ta em preparaçã o para a sua
vocaçã o sacerdotal. Para ouvir melhor a mensagem da Cruz, rejeitou a
lucrativa oferta de um capelã o no hospital onde servia, preferindo a
pobreza da Ordem. Este mesmo desejo o levou a nã o encontrar
descanso na observâ ncia mitigada dos Carmelitas daquela é poca e a se
refugiar na Reforma.
2. A mensagem da Sagrada Escritura
E possı́vel que, como aluno dos Jesuı́tas, Sã o Joã o da Cruz tenha se
iniciado no manejo da Sagrada Escritura. Mais cedo, sem dú vida, teve
oportunidade de ouvir as palavras de Cristo e, entre elas, a mensagem
da Cruz, nos sermõ es e instruçõ es e na Liturgia. De resto, o estudo
diá rio das Sagradas Escrituras é uma coisa comum entre os
Carmelitas. Quando, como jovem carmelita, foi enviado para estudar em
Salamanca, o exame do texto sagrado, sob a direçã o de exegetas
competentes, constituiu a parte essencial de sua obra, e temos a notı́cia
de que, anos depois, viveu completamente imerso. na meditaçã o. da
escrita. A Bı́blia foi um dos poucos livros que ele sempre teve em sua
cela. As palavras da Escritura sã o insepará veis de seus escritos, elas se
tornaram a expressã o natural de sua experiê ncia e luem
espontaneamente de sua pena. Seu secretá rio e con idente nos ú ltimos
anos, Padre Juan Evangelista, testemunha que Sã o Joã o da Cruz
di icilmente precisava consultar a Escritura porque a sabia quase de
cor. De tudo isso podemos concluir que a mensagem da Cruz, contida
nas Cartas Sagradas, deve penetrar cada vez mais intimamente em seu
coraçã o ao longo de sua vida. E-nos impossı́vel examinar
exaustivamente esta primeira fonte da sua ciê ncia da Cruz, porque nã o
podemos esquecer que toda a Sagrada Escritura, tanto o Antigo como o
Novo Testamento, foram o seu pã o de cada dia. As citaçõ es da Sagrada
Escritura sã o tã o numerosas em suas obras que nã o interessa citá -las
todas. De resto, nã o seria razoá vel limitarmo-nos a eles e ingir que
outras expressõ es, que nã o sã o mencionadas por ele, també m nã o
tiveram uma in luê ncia vital em sua alma. Por isso, devemos limitar-nos
a mostrar, com outra sé rie de casos, a sua penetraçã o na mensagem da
Cruz.
O pró prio Salvador, em diferentes ocasiõ es e com diferentes sentidos,
falou da Cruz: quando ele previu sua Paixã o e Morte, ele tinha
literalmente diante de seus olhos a estaca de ignomı́nia em que sua vida
iria terminar. Mas quando ele diz "... quem nã o leva a sua cruz e me
segue nã o é digno de mim" ou "quem quer vir apó s mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me", a cruz é a sı́mbolo de tudo o que é
difı́cil e pesado, e que é tã o oposto à natureza que, ao assumir esse
fardo, tem a sensaçã o de caminhar para a morte. E este é o fardo que o
discı́pulo de Cristo deve carregar diariamente. O anunciador da morte
colocou diante de seus discı́pulos a imagem do Cruci icado e o faz hoje
em todos os que lê em ou ouvem o Evangelho. Há nisso uma sugestã o
silenciosa de responder de maneira conveniente. O convite a seguir a
Cristo pela Via Cruzada da vida dá -nos a resposta adequada e, ao
mesmo tempo, faz-nos compreender o sentido da morte na Cruz, visto
que estas palavras sã o imediatamente seguidas da advertê ncia: “Quem
quiser Para salvar a vida dele, perca-a, mas quem perder a vida por
minha causa vai salvá -la. " Cristo ofereceu sua vida para abrir aos
homens as portas da vida eterna. Mas, para ganhar essa vida eterna,
você precisa renunciar à vida terrena. Devemos morrer com Cristo e
com ele ressuscitar: morrer com a morte do sofrimento que dura a vida
toda, com a negaçã o diá ria de si mesmo e, se necessá rio, com a morte
sangrenta do martı́rio pelo Evangelho.
As narrativas evangé licas da Paixã o pintam extensa e
circunstancialmente esta imagem do Cristo doente e cruci icado,
aludida nas palavras do Senhor. O coraçã o puro e terno de uma criança
e a fantasia de um artista que Juan de Yepes possuı́a deveriam icar
indelevelmente impressionados por essas imagens. Alé m disso,
devemos ter em mente que a criança compareceria e até atuaria como
acó lita nos serviços da Semana Santa. Todos os anos, no Domingo de
Ramos e durante os dias da Semana Santa, a Igreja, atravé s da Liturgia,
apresenta aos ié is os ú ltimos dias da vida de Cristo, a sua morte e
sepultamento com dramá tica vivacidade e com palavras e melodias tã o
emocionantes que o convidam irresistivelmente para participar
deles. Se mesmo os homens frios e incré dulos que vivem envoltos na
vida mundana nã o pudessem permanecer indiferentes a eles, qual seria
o efeito que eles teriam sobre o jovem santo de quem sabemos que nos
ú ltimos anos de sua vida ele di icilmente poderia falar de coisas
espirituais sem estar em ê xtase e bastava ele ouvir uma mú sica para
entrar em ê xtase?
Estudiando la Sagrada Escritura, ademá s de los datos de los Evangelio,
se encontró con las profecı́as del Antiguo Testamento y, ante todo, con
la descripció n que del siervo de Dios hace Isaı́as y que e joven Carmelita
podı́a haber conocido por las lecciones del breviario en a semana
Santa. Aqui ele pode encontrar nã o apenas a Paixã o retratada com
realismo implacá vel, mas també m o grande pano de fundo histó rico,
sagrado e profano, sobre o qual o drama do Gó lgota se
desenvolveu; Deus Criador, Todo-Poderoso e Senhor do mundo - que
derruba os povos como uma panela de barro e é ao mesmo tempo Pai
que circunda o seu povo com o mais terno cuidado - que, atravé s dos
sé culos, corteja sua esposa Israel, e o tempo e mais uma vez, ele é
desprezado e esquecido, como canta Sã o Joã o da Cruz em seu Câ ntico
do Pastor. Os Profetas e os Evangelhos se esclarecem quando pintam o
retrato do Messias que, obediente a seu Pai, vem resgatar sua esposa e
que, para libertá -la, leva o jugo sobre seus ombros e nã o desiste da
morte para dar. ele vida. Um eco de tudo isso ressoa em seus
Romances. Nos Profetas, as relaçõ es de amor de Israel estendem-se a
toda a humanidade e, portanto, existe uma correspondê ncia entre o
anú ncio do reino de Deus pelos Profetas e pelos Evangelhos.
Há ainda outra coisa que deveria parecer clara para Joã o nos livros
profé ticos: a relaçã o que o pró prio Profeta tinha com Deus: a vocaçã o e
a segregaçã o de um homem sobre quem o Todo-Poderoso havia posto
as mã os. Uma relaçã o que fará deste homem amigo e con idente de
Deus, conhecedor e mensageiro dos decretos divinos, e exige, por outro
lado, dele uma dedicaçã o incansá vel e uma vontade ilimitada de afastá -
lo da comunidade dos homens que pensa da mesma forma, natural e
torna-o um sinal de contradiçã o. Por tudo isso, ele nã o só faz uso
imediato da Sagrada Escritura, mas també m de sua interpretaçã o na
tradiçã o da Ordem. No Carmelo - mesmo sob o regime mitigado - a
memó ria do Profeta Elias "Guia e Pai dos Carmelitas" foi mantida
viva. O Institutio primorum monachorum o apresenta aos jovens
carmelitas como um modelo de vida contemplativa. O Profeta a quem
Deus ordena que se retire para o deserto e se esconda no riacho Karith,
em frente ao Jordã o, e beba a á gua do riacho e se alimente da comida
que Deus lhe enviar, é o modelo de todos aqueles que, retirando-se para
a solidã o, eles se livram do pecado e de todos os gostos sensı́veis (é
assim que ele interpreta a frase "na frente do Jordã o") e se escondem
no amor de Deus (Karith é interpretado como rostinhos): a torrente da
graça dará ele uma bebida deliciosa e a doutrina dos Padres para
oferecer a sua alma alimento só lido: o pã o do arrependimento e da
penitê ncia e a carne da verdadeira humildade. Sã o Joã o da Cruz nã o
encontrou aqui a chave para explicar o que Deus faz em sua pró pria
alma? Os planos salvı́ icos de Deus realizam-se na humanidade e, por
meio dele, no seu povo eleito. Mas dentro dele ele tem que lidar com
cada uma das almas. Cada um deve estar rodeado por ele com solı́cito
afeto e cuidado paternal. Encontra-se na Sagrada Escritura,
especi icamente no Câ ntico dos Câ nticos, um exemplo de como o sentir-
se amado se torna um espinho para a alma que já nã o lhe permite icar
calma. O Câ ntico Espiritual é o eco de tudo isso. Mais tarde,
mostraremos em que medida é o motivo da Cruz que se repete
continuamente nele.
Se o poeta encontra ricas inspiraçõ es nas imagens plá sticas do Antigo
Testamento, o teó logo pode encontrá -las em outras fontes fecundas. A
alma, feita uma com Cristo, vivendo de sua vida - mas somente por
causa de seu abandono no Cruci icado, somente quando ele percorreu
todo o caminho até o Calvá rio com ele -: em nenhum lugar isso é tã o
clara e impressionantemente expresso como no mensagem de Sã o
Paulo que constitui uma ciê ncia da cruz bem desenvolvida, uma
teologia da cruz, vivida na alma.
“Cristo me enviou ... para evangelizar e nã o com palavras arti iciais para
que a Cruz de Cristo nã o seja distorcida. Porque a doutrina da Cruz de
Cristo é loucura para quem está perdido, mas é o poder de Deus para
quem sã o salvos. "; “... os judeus pedem sinais, os gregos buscam
sabedoria, enquanto pregamos Cristo cruci icado, um escâ ndalo para os
judeus, uma loucura para os gentios, mais poder e sabedoria de Deus
para os chamados, sejam judeus ou gregos. Porque a loucura de Deus é
mais sá bia do que a sabedoria dos homens, e a fraqueza de Deus mais
poderosa do que a força dos homens. "
A doutrina da Cruz constitui o "Evangelium Pauli", a mensagem que
deve anunciar aos judeus e gentios. E uma mensagem simples, sem
adornos, sem qualquer pretensã o de persuadir com argumentos
racionais. Ele tira todas as suas forças do testemunho que anuncia e
esta é a Cruz de Cristo, ou seja, a morte de Cristo na Cruz e de si mesmo
Cruci icado. Cristo é a força de Deus e a sabedoria divina, nã o apenas
como enviado por Deus, o Filho de Deus e o pró prio Deus, mas como
cruci icado. E é que a morte de Cruz é o meio de salvaçã o escolhido pela
in inita sabedoria. E para demonstrar que a força e a sabedoria
humanas sã o incapazes de alcançar a Redençã o, a força salvadora foi
dada à quilo que, segundo as medidas humanas, parece fraco e louco:
aquele que nã o quer ser nada por si mesmo, mas se permite ser A força
de Deus opera só nele, aquele que se esvaziou e "se tornou obediente
até a morte e morte na cruz".
A segunda apariçã o aconteceu em Segó via no inal de sua vida. Ele tinha
chamado o irmã o Francisco lá , que é quem nos transmitiu o fato. “Fui
vê -lo e depois de dois ou trê s dias lá , pedi licença para vir. Ele me disse
para icar mais uns dias, porque nã o sabia quando nos verı́amos de
novo . Esta foi a ú ltima vez que o vi. Uma tarde. Depois do jantar ele me
pegou pela mã o e me levou para o jardim e quando está vamos sozinhos
ele me disse: "Eu quero te contar uma coisa que aconteceu comigo com
o nosso Senhor. Tı́nhamos um cruci ixo no convento e um dia, enquanto
estava diante dele, parecia-me que estaria mais decente na Igreja, e com
o desejo de que nã o só os religiosos o reverenciassem, mas també m os
de fora , Fiz o que achei melhor. Depois de tê -lo colocado na Igreja da
maneira mais decente que pude, estando um dia em oraçã o diante dele,
ele me disse: Irmã o Juan, peça-me o que quiser, que lhe concederei por
este serviço que você tem me fez. "Eu disse a ele:" Senhor, o que eu
quero que você me dê sã o trabalhos para fazer por você , e para que eu
seja desprezado e desprezado "
Quando Juan expressou esse desejo, as circunstâ ncias de sua vida eram
tais que poderiam ser facilmente satisfeitas sem intervir mais do que
causas naturais. O senhor foi o superior provincial do Carmelo
reformado, padre Nicolá s Doria, exaltado guardiã o da observâ ncia, que
quis modelar a Reforma de Teresa segundo suas pró prias idé ias. Juan
defendeu decididamente a herança da Santa Madre e das vı́timas do
fanatismo: Padre Graciá n e as Carmelitas. Em 30 de maio de 1591, foi
inaugurado em Madrid o Capı́tulo Geral dos Descalços. Antes de partir
para ele, o Santo dos Descalços de Segó via despediu-se. A Prioresa
Marı́a de la Encarnació n exclamou, vivamente impressionada: «Padre,
quem sabe se nã o retribuir a vossa veneraçã o como Provincial desta
Provı́ncia» e a Santa respondeu: «Se eu soubesse, ilho, quã o diferente
penso o que acontecerá no Capı́tulo ! saber que enquanto em oraçã o
con iava seus acontecimentos a Deus, parecia-me que eles estavam me
pegando e me jogando em um canto ”. E assim realmente aconteceu. Ele
nã o recebeu nenhum cargo e foi enviado para a solidã o de La
Peñ uela. Lá , chegou a notı́cia da humilhaçã o a que as mulheres
Descalças foram submetidas. Foi feito um comunicado para reunir
materiais contra o Santo. Motivos foram procurados para expulsá -lo da
Ordem. Pouco depois, devido a sua doença, foi forçado a deixar La
Peñ uela, onde nã o tinha assistê ncia mé dica. assim ele chegou à ú ltima
estaçã o de sua Via Crucis: Ubeda. Coberto de feridas purulentas, ele
encontrou aqui no Padre Prior, Francisco Crisó stomo, um inimigo feroz
que fez mais do que o su iciente para satisfazer seu desejo de ser
desprezado. Ele havia alcançado o topo do Gó lgota.
5. A mensagem da cruz
Ainda temos um terceiro testemunho que prova que Sã o Joã o da Cruz
recebeu uma in luê ncia incomum da imagem do Cruci icado. E é fá cil
que tenha acontecido com muito mais frequê ncia do que
sabemos. Consideramos todas essas in luê ncias como mensagens que o
encorajam e o preparam para carregar a cruz. Mas també m tudo o que
entendemos simbolicamente sob o nome da Cruz, todos os fardos e
sofrimentos da vida, podem ser considerados como mensagens da Cruz,
pois é precisamente por meio dela que esta ciê ncia pode ser melhor
aprendida. O Santo teve a oportunidade, desde os primeiros anos, de
conhecer a dor e a necessidade. A morte prematura do pai, a luta que a
mã e teve de empreender para ganhar o pã o para os ilhos, os pró prios
esforços, sempre malsucedidos, para ajudar no sustento da famı́lia -
tudo isso deve ter causado uma profunda impressã o em seus tenros
anos-; mas nã o sabemos nada sobre isso. Tampouco sabemos muito
sobre o efeito que as crises dos primeiros anos de sua vida religiosa
tiveram em sua alma.
Mais tarde, preservam-se notı́cias que revelam melhor sua vida
interior. Uma tarde em Avila, depois de ouvir as con issõ es, voltava do
Mosteiro da é poca do Angelus pelo caminho que conduzia à casinha
onde vivia com o seu companheiro, o Padre Germá n. De repente, um
homem correu para ele e o derrubou no chã o e o derrubou. (Era a raiva
de um amante cuja presa foi tomada). Quando Joã o contava essa
aventura, ele costumava acrescentar que nunca experimentou tanto
conforto, porque ele mesmo foi tratado como o Salvador e pô de
saborear a doçura da Cruz.
A prisã o de Toledo també m lhe ofereceu muitas oportunidades para
isso. O Santo havia começado a Reforma em Duruelo e foi transferido
para Mancera à medida que a Comunidade crescia; Posteriormente
trabalhou no noviciado de Pastrana e, inalmente, dirigiu o Colé gio da
Ordem em Alcalá . Em 1572, a Santa Mã e chamou Avila para ajudá -la em
sua difı́cil missã o. Recebera a ordem de retornar como prioresa ao
Mosteiro da Encarnaçã o de onde partira. Deveria, sob a observâ ncia da
regra mitigada, suprimir os abusos que ali haviam sido introduzidos e
conduzir a numerosa Comunidade a uma verdadeira vida
espiritual. Para isso, parecia fundamental ter bons
confessores. Ningué m conseguiu encontrar mais propositalmente do
que Juan, cuja experiê ncia na vida interior ele conhecia muito bem. De
1572 a 1577 ele trabalhou aqui para o grande benefı́cio das
almas. Enquanto ele trabalhava tã o silenciosamente, a Reforma havia
feito um grande progresso. A Santa Mã e viajou de um mosteiro para
outro. També m surgiram novos conventos de frades. Grandes
personalidades entraram na Ordem e assumiram as ré deas de seu
governo. Entre eles os mais importantes foram o padre Geró nimo
Graciá n e Ambrosio Mariano. O calçado, nã o sem culpa, sentiu-se
prejudicado e organizou uma poderosa contraofensiva. Nã o vamos
investigar aqui porque eles dirigiram seus tiros principalmente, e com
particular dureza, contra Padre Juan, cuja atividade era puramente
espiritual. Na noite de 3 a 4 de dezembro de 1577, alguns sapatos com
seus cú mplices entraram na casa onde viviam os dois padres confessos
e os levaram como prisioneiros. Desde entã o, todos os vestı́gios do
Padre Juan desapareceram. A Santa Madre soube que o Padre
Maldonado o levara.
Apenas nove meses depois, apó s sua libertaçã o, soube-se onde ele havia
estado. De olhos vendados foi conduzido, por bairros isolados, ao
Convento de Nossa Senhora de Toledo, o mais famoso dos conventos
que mitigava a observâ ncia sustentada em Castela. Uma declaraçã o foi
tirada dele e, como ele se recusou a abandonar a Reforma, ele foi
tratado como um rebelde. Ele foi servido como uma prisã o por uma sala
estreita, de trê s metros de comprimento por um metro e oitenta de
largura, na qual ele mal cabia no "quã o pequeno ele é ", como Teresa
escreveu mais tarde. Esta sala nã o tinha janela ou outro respiradouro,
mas uma curva aberta na parede. O prisioneiro para rezar seu breviá rio
teve que se sentar em uma cadeira e esperar até que o sol nascesse. A
porta estava trancada com um cadeado. Quando, em março de 1578, a
notı́cia da fuga do padre Germá n foi ouvida, a porta do quarto em frente
à cela foi fechada. No inı́cio todas as tardes e depois trê s vezes por
semana - na ú ltima apenas à s sextas-feiras - o recluso era levado ao
refeitó rio onde, sentado no chã o, levava apenas pã o e á gua para a
alimentaçã o. No mesmo refeitó rio recebeu disciplina. Ele se ajoelhou,
nu da cintura para cima e com a cabeça baixa, e todos os religiosos
passaram diante dele e o espancaram com disciplina. Como ele
carregava tudo com paciê ncia, o chamavam de mosca morta, mate-os
icando em silê ncio. Para mantê -lo longe da Reforma, eles lhe
ofereceram um priorado como isca, mas ele estava imó vel como uma
rocha. Em seguida, ele abriu os lá bios que permaneceram selados e
garantiu que nã o voltaria, mesmo que isso lhe custasse a vida. Os jovens
noviços, testemunhas das injú rias e dos maus tratos, choraram de
compaixã o e, admirados com a sua paciê ncia, disseram: “Ele é um
santo”. Seu manto estava encharcado com o sangue dos cı́lios. Mas ele
nã o podia trocá -lo e teve que usá -lo durante os nove meses que durou
sua prisã o. Você pode imaginar o que ele deve ter suportado assim nos
meses quentes de verã o. A comida que serviram a ele causou-lhe tantos
distú rbios que ele pensou que eles queriam matá -lo. Ele teve que fazer
um ato de amor a cada mordida para resistir à tentaçã o.
Sabemos o quã o intimamente ligado estava com os outros
companheiros da Reforma aos quais se entregou com toda a alma: a
Santa Mã e e os outros que continuaram a se identi icar com ele para
este grande empreendimento e que, como ele, consagraram os seus.
vidas inteiras - em grande parte sob sua direçã o - ao ideal do Carmelo
primitivo. Mais tarde, quando suas obrigaçõ es o mantiveram por muito
tempo na Andaluzia, ele disse à s pessoas que con iava em sua nostalgia
por Castela. "Que depois que aquela baleia me engoliu e me vomitou
neste porto estranho, eu nunca mais mereci ver isso, ou os santos
lá ." Agora ele estava tã o separado de todos eles que nã o podia lhes dar
nenhuma notı́cia durante todos aqueles meses. "As vezes me preocupo
com o pensamento de que possam pensar que voltei ao que comecei e
lamento a dor da Santa Mã e."
Ele ainda teve que suportar privaçõ es mais severas. Em 14 de agosto de
1578, o padre Maldonado, prior, entrou em sua cela com outros dois
frades. O prisioneiro estava tã o fraco que mal conseguia se mover. Ele
nã o o viu e pensou que fosse seu carcereiro. O prior o chutou e
perguntou por que ele nã o tinha se levantado em sua presença. Pedindo
perdã o e assegurando-lhe que nã o sabia quem ele era, o Padre
Maldonado perguntou-lhe: “Bem, no que está s a pensar agora?” Muito
que dizer missa ”. Quanto deve ter sofrido por nã o poder rezar missa
nem uma vez nos nove longos meses de prisã o! No Corpus Christi, dia
em que costumava passar longas horas em oraçã o ajoelhado diante do
Santı́ssimo, tinha que icar sem rezar missa e sem receber a comunhã o.
Sentindo-se desamparado, entregue ao mal dos amargos inimigos,
sofredor de corpo e alma, separado de todo consolo humano e até
mesmo da fonte de energia da vida sacramental da Igreja, poderia haver
uma escola mais dura da Cruz? E, no entanto, esses nã o foram os
sofrimentos mais profundos. Nada disso poderia separá -lo da fonte
trinitá ria de cuja existê ncia ele tinha plena certeza pela fé . Seu espı́rito
nã o estava preso na prisã o, ele poderia subir à quela fonte que sempre
lui e corre e mergulhar em suas profundezas insondá veis, naquela
torrente que enche tudo o que foi criado e até mesmo seu pró prio
coraçã o. Nenhum poder humano poderia separá -lo de Deus. Mas o
pró prio Deus poderia escapar dele. E o prisioneiro experimentou as
noites mais sombrias aqui na prisã o.
NOITE ESCURA
1. Em uma noite escura,
com desejo de amores in lamados,
Boa sorte!
Saı́ sem ser notado,
sendo minha casa já calma.
2. No escuro e seguro
pela escala secreta disfarçada,
Boa sorte!
no escuro e em uma armadilha,
sendo minha casa já calma.
3. Na noite feliz
em segredo, que ninguem me viu,
Eu nem olhei para nada
sem outra luz, ou guia,
mas aquele que ardeu no coraçã o.
7. O ar da ameia
quando seu cabelo já estava espalhado,
com sua mã o serena
no meu pescoço doeu,
e todos os meus sentidos suspensos.
8. Fique e esqueça,
Eu reclinei meu rosto no Amado,
tudo parou e eu me deixei,
deixando meu cuidado
entre os lı́rios esquecidos.
Já avisamos antes que a entrada da alma na Noite Escura só é possı́vel
porque a graça divina preveniente a empurrou e apoiou ao longo do
caminho. Mas esta graça preveniente e auxiliar ainda nã o tem o cará ter
de Dark Night em iniciantes. Estes sã o tratados por Deus mais como
crianças por uma mã e amorosa, que os carrega nos braços e os
alimenta com leite doce. Em todos os exercı́cios espirituais - oraçã o,
meditaçã o, morti icaçã o - ele comunica abundantemente alegria e
conforto. Para eles, essa alegria se torna um motivo para se entregar a
exercı́cios espirituais. Eles nã o percebem a imperfeiçã o que isso
implica, nem percebem as muitas faltas que cometem na prá tica das
virtudes.
O Santo demonstra com exemplos vı́vidos que os sete pecados capitais
sã o encontrados nos iniciantes, transferidos para o reino espiritual:
orgulho espiritual, com alguma satisfaçã o das pró prias graças e
virtudes e desprezo pelos outros, preferindo ensinar a ser
ensinado; ganâ ncia espiritual, nã o farto de livros, cruzes, rosá rios,
etc. Para nos livrarmos dessas faltas temos que ser desmamados do
leite de consolaçã o e alimentados com casca só lida "já que se
exercitaram por algum tempo no caminho da virtude, perseverando na
meditaçã o e na oraçã o, nisso com o conhecimento e o sabor que há Eles
descobriram que se tornaram insatisfeitos com as coisas do mundo e
ganharam alguma força espiritual em Deus, com a qual restringiram um
pouco os apetites das criaturas, com as quais serã o capazes de sofrer
por Deus um pouco de peso e secura. sem voltar ao melhor tempo; ao
seu gosto e paladar eles caminham nestes exercı́cios espirituais, e
quando o sol dos favores divinos brilha mais forte, Deus obscurece toda
esta luz e fecha a porta e fonte da doce á gua espiritual que eles estavam
desfrutando em Deus em todos os momentos e em todos os momentos
que quiseram ... e assim os deixa tã o no escuro que nã o sabem para
onde ir com o sentido da imaginaçã o e da palavra ”. Todos os exercı́cios
espirituais agora parecem insı́pidos ou nojentos para a alma.
Por trê s sinais sabe-se que isso nã o é consequê ncia do pecado ou
imperfeiçõ es, mas apenas da pura aridez da Noite Escura:
1. Que a alma nã o encontra gosto nas criaturas.
2. "Que ordinariamente traz a memó ria de Deus com esmerado cuidado
e solicitude, pensando que nã o serve a Deus, mas retrocede, como se vê
com aquele desgosto pelas coisas de Deus."
Ela nã o se importaria se sua secura fosse baseada em calor. Na
puri icaçã o da secura, ao contrá rio, predomina sempre o desejo de
servir a Deus, e o espı́rito se fortalece enquanto a parte sensı́vel
adormece e se sente impotente por falta de paladar, "porque a causa
desta secura é porque Deus muda os bens e força dos sentidos para o
espı́rito, cujo sentido e força natural permanecem jejuando, secos e
vazios, porque a parte sensı́vel nã o tem habilidade para o que é puro
espı́rito, e assim, gostando do espı́rito, a carne se abre e se solta para
agir . Mas o espı́rito que está recebendo a delicadeza, anda forte e mais
alerta e solı́cito do que antes no cuidado de nã o perder Deus ”. Mas, uma
vez que ele nã o está acostumado com a doçura espiritual, a princı́pio
ele nã o experimenta nada alé m de secura e nojo.
3. A secura puri icadora é conhecida por "nã o poder mais meditar ou
desenvolver-se no sentido da imaginaçã o como costumava fazer,
mesmo que faça mais por sua parte. Porque, como aqui Deus começa a
comunicar-se com ele, nã o mais pelo sentido, como fazia antes. por
meio do discurso que compô s e dividiu a notı́cia, mas pelo puro
espı́rito, em que o discurso nã o cai sucessivamente, comunicando-se
com um ato de simples contemplaçã o, que nã o chega os sentidos do
inferior exterior ou interior ". Essa contemplaçã o sombria e seca para
os sentidos é algo oculto e misterioso até mesmo para aqueles que a
possuem. “Normalmente junto com essa aridez e vazio que faz sentido
dá inclinaçã o à alma e quer icar sozinha e em quietude, sem poder
pensar em uma coisa particular ou ter vontade de pensar sobre isso ...”
e se a alma permanece nessa quietude "entã o naquele descuido e
ociosidade ela encontraria delicadamente aquele re lexo interior. Que é
tã o delicado que, ordinariamente, se ela quer sentir ou se preocupa em
senti-lo, ela nã o o sente: porque como eu digo ela trabalha no maior
lazer ou descuido da alma: que é como o ar, que ao querer cerrar o
punho sai ... porque assim Deus põ e a alma neste estado, por um
caminho tã o diferente que ele percorre ela, que se quiser trabalhar com
suas potê ncias antes de atrapalhar a obra que Deus está fazendo nela
”. A paz que Deus quer conceder atravé s da aridez do sentido "... é
espiritual e delicada" e "funciona tranquila e delicada, solidá ria,
satisfató ria e pacı́ ica, e muito alheia a todos esses outros primeiros
sabores que eram muito palpá veis e sensı́vel ".
Assim, entende-se que apenas a morte do homem sensı́vel é percebida
sem traçar o rompimento de uma nova vida que está oculta nessa
morte.
Portanto, nã o há exagero quando chamamos os sofrimentos da alma
neste estado de cruci icaçã o. Eles se encontram presos em sua
incapacidade de usar sua pró pria força. Somando-se à secura está o
tormento do medo de errar. "Pensar que seu bem espiritual acabou e
que Deus os deixou." Eles insistem em agir como antes e nã o fazem
nada alé m de perturbar a paz que Deus está colocando neles. Nessas
circunstâ ncias, a alma nã o deve fazer mais nada a nã o ser "... ser
paciente e perseverar na oraçã o sem fazer nada. Só o que eles tê m que
fazer aqui é deixar a alma livre e livre e descansada de todas as notı́cias
e pensamentos, nã o sendo cuidado com o que pensarã o ou meditarã o,
contentando-se apenas com uma advertê ncia amorosa e serena em
Deus e icando sem cuidado, sem e icá cia e sem desejo de buscá -la ou
senti-la ”.
Quando carecem de um Diretor experiente, em vez disso, cansam-se
incansavelmente, ainda se atormentando com o pensamento de que na
oraçã o estã o apenas perdendo seu tempo e que devem abandoná -lo. Se
tivessem se entregado à contemplaçã o das trevas, logo teriam notado o
que diz o segundo verso da Cançã o da Noite: "a in lamaçã o do
amor". Porque a contemplaçã o nada mais é do que uma infusã o secreta,
pacı́ ica e amorosa de Deus, que, se permitida, in lama a alma em um
espı́rito de amor. ”No inı́cio, essa in lamaçã o do amor é , em geral,
imperceptı́vel para a alma. sente secura e vazio, angú stia dolorosa e
preocupaçã o, e quando algo disso se traça nada mais é do que um
desejo doloroso que o leva a Deus, uma ferida dolorosa de amor. Só
mais tarde compreenderã o que Deus tenta puri icá -lo à noite de o
sentido e de submeter o sentido ao espı́rito. Entã o exclame: O feliz
sorte! e para parecer claro, o ganho que signi icou para ela "sair sem ser
notada": ela se libertou da escravidã o em que os sentidos teve ela, suas
inclinaçõ es foram se afastando progressivamente de tudo o que foi
criado e se apegando aos bens eternos. A Noite do Signi icado foi para
ela a porta estreita (Mt 7,15) que conduz à vida.
Agora, você deve trilhar o caminho estreito da Noite do
espı́rito. Certamente, poucos sã o os que chegam até aqui, mas mesmo
as vantagens que a alma obté m na Noite do Signi icado sã o
extraordiná rias: ela adquire conhecimento de si mesma, consegue
penetrar em sua pró pria misé ria, nã o encontra mais nada de bom em si
e aprende com ela. ... para lidar com Deus com maior temor e
reverê ncia. Sim, agora você percebe a grandeza e sublimidade
divinas. Sentir-se precisamente liberado de obstá culos sensı́veis
permite que ela receba as ilustraçõ es e a torne acessı́vel à verdade. Por
isso diz no salmo «na terra desé rtica, sem á gua, seca e sem vereda,
apareci perante vó s para ver a vossa virtude e gló ria» (62,3). "... O que é
uma coisa admirá vel que Davi nã o implica aqui que os detalhes
espirituais e muitos gostos que ele teve foram uma disposiçã o e um
meio para ele conhecer a gló ria de Deus, mas sim a aridez e o desâ nimo
dos sensı́veis papel." Por "terra sem caminho" o Santo entende a
incapacidade de formar um conceito de Deus com base na palavra ou
com o pensamento auxiliado pela imaginaçã o.
També m na aridez e no vazio a alma humilde se torna. A arrogâ ncia
anterior desaparece, porque ele nã o encontra nada em si mesmo que
possa servir de suporte para desprezar os outros: ao contrá rio, os
outros parecem muito mais perfeitos e, conseqü entemente, o amor e o
apreço por eles nasce em seu coraçã o. Ele tem muito a ver com sua
pró pria misé ria para se preocupar com os outros. Por causa de seu
desamparo, a alma se torna submissa e obediente: ela deseja ser
doutrinada para encontrar o caminho certo. A ganâ ncia espiritual foi
radicalmente curada. A alma tornou-se frugal e moderada, tudo o que
faz é apenas para cumprir a vontade divina, sem buscar nela a pró pria
satisfaçã o. O mesmo acontece com as imperfeiçõ es. Com eles, toda
confusã o e inquietaçã o desaparecem. Em seu lugar é estabelecida uma
paz profunda e uma lembrança permanente de Deus. Sua ú nica
preocupaçã o é saber o que você pode nã o gostar. The Dark Night se
torna uma escola para todas as virtudes; ele exerce resignaçã o e
paciê ncia, pois permanece iel à vida espiritual, apesar de nã o
encontrar conforto ou revigoramento; atinge um alto grau de amor a
Deus, pois só trabalha movido por ele. A perseverança nas contradiçõ es
lhe dá energia e força. A puri icaçã o perfeita de todas as inclinaçõ es e
apetites sensı́veis conduz à liberdade de espı́rito na qual os doze frutos
do Espı́rito Santo amadurecem. Tenha con iança contra os trê s
inimigos, diabo, mundo e carne, que nada podem fazer contra o
espı́rito. També m em relaçã o a eles pode ser aplicado o "Saı́ sem ser
notado". E agora que as paixõ es foram acalmadas e os sentidos
adormecidos, a "casa pacı́ ica" permanece.
A alma escapou e alcançou o caminho do espı́rito, o dos aproveitadores
ou a via iluminativa, na qual o pró prio Deus quer ser seu mestre sem
que a atividade da alma intervenha. Isso agora está em um estado de
trâ nsito. A contemplaçã o traz alegrias puramente espirituais, nas quais
també m participam os sentidos, eles pró prios espiritualizados. Mas à s
vezes ele ainda retorna à meditaçã o, e alegrias se misturam a a liçõ es
dolorosas. Antes que a Noite do Espı́rito entrasse na aridez e no vazio,
provaçõ es mais duras e dolorosas foram acrescentadas, consistindo em
tentaçõ es dolorosas; o espı́rito de impureza e de blasfê mia se fortalece
com a força da imaginaçã o e o espı́rito de vertigem o mergulha em mil
escrú pulos, em desordem e perplexidade. Em meio a essas
tempestades, as almas sã o testadas e fortalecidas. Muitos nã o
conseguem passar por esse perı́odo de transiçã o, mas aqueles que
chegam ao im devem sofrer muito. Quanto mais alto o grau de uniã o
com Deus ao qual Deus deseja elevá -los, mais profunda e duradoura
deve ser a puri icaçã o. Mas os pró prios tomadores ainda retê m muitas
imperfeiçõ es comuns, das quais eles devem ser libertados na Noite
Escura. Junto com o espı́rito, os sentidos devem ser totalmente
puri icados, pois as imperfeiçõ es estã o enraizadas neles.
A exposiçã o dos caminhos da puri icaçã o mostra claramente que a luz
nã o está faltando completamente nesta noite, embora os olhos da alma
ainda nã o estejam acomodados a ela e nã o possam vê -la. Nas
explicaçõ es relativamente breves que a Santa dedica aos sentidos,
destacam-se energeticamente os frutos muito apreciados da Noite. Mas
isso nã o está em con lito com a mensagem da Cruz. Já recordamos
como o Salvador concluiu o anú ncio da sua Paixã o e morte na Cruz com
a alegre mensagem da Ressurreiçã o. A liturgia da Igreja recorda o "per
passionem et cruci ix ad resurrectionis gloriam". Com a morte do
homem animal, o homem espiritual começa a dar seus primeiros
passos. Até agora, mal aludimos a esse renascimento maravilhoso. Juan
se deteve muito pouco na exposiçã o da primeira noite, porque tinha
pressa em chegar à Noite do Espı́rito, que é o objeto fundamental de
seu estudo. Portanto, é melhor lidarmos com as relaçõ es de morte e
ressurreiçã o imediatamente apó s a Noite Negra do Espı́rito.
2. Espírito e fé. Morte e Ressurreição (Noite
do Espírito)
1. Introdução: Desenvolvimento de Problemas
Sã o Joã o da Cruz chama a Noite Escura do Espı́rito de Caminho
Estreito. Anteriormente, ele o chamara de Caminho da Fé e comparara
sua escuridã o com a da meia-noite. A fé , portanto, deve desempenhar
um papel importante na ciê ncia do Espı́rito. Para ver isso com clareza,
devemos entender corretamente o que o Santo entende por espı́rito e
por Fé . Nã o é uma tarefa fá cil. No fundo de tudo o que ele escreve está
uma ontologia do espı́rito. Mas ele nã o nos deixou nenhum tratado com
esse propó sito e é possı́vel que ele mesmo nã o tenha se importado em
transformar em teoria o que nele vivia como conhecimento habitual e
que, circunstancialmente, se expressou no exterior. Para o seu
propó sito, nã o era importante esclarecê -lo. Uma investigaçã o mais
aprofundada desses problemas histó ricos e espirituais nos levaria
muito longe de nosso esforço. Mas nã o devemos esquecer as questõ es
fundamentais - o que o Santo entende por espı́rito e por fé . Essas
questõ es devem ser resolvidas com base no que ele nos contou sobre a
Noite do Espı́rito.
Uma certa di iculdade surge do fato de que ele lidou com a Noite Escura
duas vezes - na Ascensã o e na Noite - e que esses dois tratados foram
deixados incompletos.
2. Despossessão de forças espirituais na noite
ativa
E possı́vel perceber aqui como batia o coraçã o do nosso Santo. Ele fala
de grandes verdades que conheceu e em cuja difusã o consiste a sua
missã o; nosso objetivo é a uniã o com Deus, nossa forma de Cristo
cruci icado. O ú nico meio apropriado para isso é a fé . Isso pode ser
provado mostrando que nada real ou imaginá rio fora dela pode nos
servir para essa uniã o. Todo meio deve corresponder ao seu
im; conseqü entemente, somente "aquele mé dium que se une a ele e
tem a maior semelhança com ele pode ser apenas um meio de uniã o
com Deus". Isso nã o pode ser a irmado de nenhuma coisa
criada. Embora todas as coisas tenham uma certa relaçã o com Deus e
contenham um certo traço dele, nã o há nenhum respeito ou
semelhança essencial de Deus com elas; Antes, a distâ ncia entre o seu
ser divino e o deles é in inita, por isso é impossı́vel que o entendimento
possa dar perfeitamente a Deus atravé s das criaturas, ora sã o celestiais,
ora terrenas, pois nã o há proporçã o de semelhança. "Os pró prios anjos
e santos estã o tã o distantes da essê ncia divina que o entendimento nã o
pode ser perfeitamente unido a Deus por meio deles." E o mesmo pode
ser dito de "tudo o que a imaginaçã o pode imaginar e o entendimento
recebe e compreende nesta vida". O mundo natural é conhecido pela
alma por meio de formas e iguras que ela recebe por meio de
signi icados, e estas nã o servem para avançar no caminho que conduz a
Deus. E mesmo o que você pode saber sobre o mundo sobrenatural aqui
na terra nã o é su iciente para ajudá -lo a conhecer a Deus de uma
maneira precisa. O entendimento com sua pró pria capacidade nã o pode
formar um conceito adequado de Deus, nem a imaginaçã o com sua
fantasia criar formas ou imagens que possam representá -lo, nem a
vontade inalmente pode saborear qualquer prazer ou gosto
semelhante à quele que é Deus. Por isso, para chegar a Deus, o homem
«deve primeiro ir sem compreender do que querer compreender; e
antes cegando-se e pondo-se nas trevas, do que abrindo os olhos para
alcançar mais do Raio Divino ...». Por isso o Areopagita clama pela
Teologia da contemplaçã o mı́stica, isto é , sabedoria secreta de Deus e
raio de escuridã o.
Essa escuridã o que conduz a Deus é , como já sabemos, fé . E o ú nico
meio que nos leva à uniã o, porque coloca Deus diante de nossos olhos
tal como ele é : in inito e triuno. A fé é como Deus porque cega o
entendimento e aparece para ele nas trevas. Portanto, a alma está mais
intimamente unida a Deus quanto mais ela está cheia de fé . Sua
escuridã o é representada pela Sagrada Escritura na imagem da Nuvem
sob a qual Deus estava escondido nas revelaçõ es do Antigo Testamento:
antes de Moisé s na Montanha; no templo de Salomã o. Nesta escuridã o,
a luz da verdade se esconde. Para ser descoberto e irradiar assim que a
fé desaparecer no inal da vida. Mas, entretanto, precisamos dela. O que
ela nos dá - a contemplaçã o - é um conhecimento escuro e geral; a fé
nã o está apenas acima da capacidade natural, mas també m alé m das
vá rias maneiras pelas quais o conhecimento sobrenatural pode ser
clara e particularmente comunicado ao entendimento: visõ es
sobrenaturais, revelaçõ es e sentimentos. Figuras de outro mundo, anjos
ou santos, ou um brilho extraordiná rio podem ser mostrados aos olhos
do corpo. Palavras incomuns podem ser ouvidas, cheiros agradá veis
percebidos, sabores sensı́veis sentidos ou grandes sensaçõ es de prazer
ao ser tocado.
Tudo isso tem que ser descartado sem investigar se é bom ou
ruim. Corresponde a Deus mais propriamente comunicar-se com o
espı́rito do que com os sentidos, e nisso a alma encontra maior
segurança e faz maior progresso, ao passo que, aos fenô menos
sensı́veis, geralmente estã o associados grandes perigos. Porque neste
sentido os sentidos procuram julgar as coisas espirituais que sabem tã o
pouco, como um burro das coisas da razã o. Neste campo o diabo
també m pode exercer suas artes, pois exerce in luê ncia sobre o
corpó reo. E embora as iguras venham de Deus, sã o tã o inú teis para o
espı́rito que, quanto mais se baseia nas aparê ncias externas, menos
estı́mulo tem para a oraçã o, e dá a sensaçã o de que tê m mais
importâ ncia para ele e ele se permite ser guiado melhor por eles do que
pela fé , e també m levar a alma a pensar mais alto sobre si mesma. E por
isso que o diabo os usa com tanta complacê ncia para perder almas. Por
todas essas razõ es, é melhor rejeitar essas imagens. Se sã o de Deus, a
alma nã o perde nada nela, pois toda comunicaçã o que vem de Deus ",
neste mesmo ponto que parece ou sente, faz seu primeiro efeito sobre o
espı́rito, sem dar tempo à alma para deliberar. ou nã o querer ". E ao
contrá rio do que acontece com as visõ es do Diabo “que só pode colocar
os primeiros movimentos na vontade e nã o pode movê -la mais se nã o
quiser”. Apesar destes efeitos salutares, a alma nã o deve de forma
alguma desejar tais aparê ncias: 1) "porque causam dano à fé que é
antes de tudo a apreensã o dos sentidos e assim separam a alma do
ú nico meio de uniã o com Deus. 2) Eles param o espı́rito e impedem que
ele suba ao invisı́vel. 3) Eles nã o permitem que a alma alcance o
verdadeiro abandono e nudez do espı́rito. 4) Permanecendo apegado ao
sensı́vel, torna-se menos permeá vel ao espı́rito de piedade . 5) Por
buscar visõ es egoisticamente, ela perde a graça que Deus queria
conceder a ela. 6) Com isso ela dá lugar ao diabo para enganá -la com
tais visõ es. Porque se a alma nã o rejeita e é desfavorá vel a tais
apariçõ es, o demô nio deixa de ver que nã o faz mal; e Deus, ao contrá rio,
está aumentando e excedendo os favores naquela alma humilde e
despossuı́da, constituindo-a e colocando-a sobre o muito, como o servo
iel no pouco ... ( Mt. 25,21) no qual misericó rdia se ele ainda é um Que
o Senhor seja iel e retraı́do, o Senhor nã o se deterá até que a eleve de
grau em grau à uniã o e transformaçã o divina ”.
Da mesma forma que as apreensõ es dos sentidos devem rejeitar
també m as imagens dos sentidos internos, imaginaçã o e fantasia. O
primeiro forja imagens, o outro fantasia sobre o imaginado. Ambos sã o
ú teis para meditaçã o relacionada a tais imagens. (Por exemplo, Cristo
pode ser representado na Cruz, ou na coluna do açoite, ou Deus no
trono da gló ria). Todas essas imagens servem tã o pouco de meio
imediato para a uniã o quanto os objetos dos sentidos externos, "porque
a imaginaçã o nã o pode fabricar ou imaginar coisas diferentes daquelas
que ela experimentou com os sentidos externos ... ou no má ximo
colocando semelhanças de outras coisas vistas, ouvidas ou sentidas
"; porque estes nã o pertencem a uma categoria mais elevada do que os
sensı́veis, "na medida em que todas as coisas criadas ... nã o podem ter
qualquer proporçã o com o ser de Deus", nã o pode servir como meio
seguinte de uniã o com Deus, aquele cuja semelhança nó s pode nos
representar de acordo com nosso capricho. Para os iniciantes, pode ser
necessá rio imaginar Deus como um grande fogo ou brilho ou algo
semelhante para que a alma se acenda ou se mova para o amor atravé s
do sensı́vel. Mas essas imagens servirã o apenas como um meio remoto
... As almas "normalmente tê m que passar por elas para chegar ao im e
permanecer no descanso espiritual". Mas deve ser de tal forma que
“eles passem por eles e nã o estejam neles, porque assim nã o
alcançariam o im ...”.
O momento apropriado para deixar o está gio da meditaçã o terá
chegado quando os trê s sinais que já conhecemos da Noite Escura do
Signi icado se reunirem; que a alma nã o encontra mais prazer, nem
suco na oraçã o sensı́vel; que você també m nã o se sente inclinado a
cuidar de outras coisas; que ele gosta de ser entretido calmamente com
Deus em notı́cias amorosas em geral. Esse conhecimento amoroso é
normalmente fruto de meditaçõ es anteriores obtidas por meio de
penosas consideraçõ es, re lexõ es e notı́cias particulares, que com o
longo exercı́cio se tornaram um há bito. Por mais que à s vezes Deus
produza esse estado na alma sem muito exercı́cio, "entã o, colocando-os
em contemplaçã o e amor". Este conhecimento amoroso geral nã o
permite mais novidades nem particularidades, "para as quais, ao
colocar a alma em oraçã o, e como quem está perto da á gua bebe sem
trabalhar com doçura, sem que seja necessá rio retirá -la. atravé s das
arcadas das consideraçõ es, formas ou iguras passadas. Para que depois
de colocar a alma diante de Deus, ela seja posta em ato de uma notı́cia
confusa, amorosa, pacı́ ica e calma em que a alma está bebendo
sabedoria, amor e sabor ”. Toda inquietaçã o e tormento vê m de nã o
compreender este estado e da determinaçã o de voltar à meditaçã o que
já se tornou infrutı́fera.
Na contemplaçã o, os poderes da alma, da memó ria, do entendimento e
continuarã o a estar unidos. Mas, na meditaçã o e na consideraçã o, o
Santo també m vê uma atividade dos poderes dos sentidos. Quanto mais
puro, simples e perfeito e mais espiritual e interior é o noticiá rio geral, -
e isso acontece quando é derramado em uma alma completamente
pura, livre de todas as outras impressõ es e conhecimentos particulares
- o ser mais livre e delicado e todos os mais em breve poderá escapar da
percepçã o. A alma está em profundo esquecimento e vive como
abstraı́da do tempo. A oraçã o parece muito curta para ele, embora
tenha durado horas. E a oraçã o curta que “penetra nos cé us porque tal
alma está unida na inteligê ncia celestial”. Deixa na alma como efeito
uma elevaçã o da mente à inteligê ncia celestial e alienaçã o e abstraçã o
de todas as coisas, formas e iguras. Ao mesmo tempo, na maioria das
vezes a vontade també m é afetada, submersa no deleite do amor, sem
saber qual é o objeto particular desse amor. A atividade da alma neste
estado consiste simplesmente em receber "o que é dado a ela, como
ocorre nas iluminaçõ es, ilustraçõ es e inspiraçõ es de Deus". E uma luz
lı́mpida e serena que se infunde nela e nada pode ser semelhante a ela,
por isso o recurso a objetos ou consideraçõ es particulares "impediria a
luz geral sutil e simples do espı́rito, colocando aquelas nuvens no
meio". "Esta luz nunca falta na alma; mas pelas formas e vé us das
criaturas com as quais a alma está velada e grá vida ela nã o está
infundida, que se eu remover esses impedimentos e vé us
completamente ... permanecendo na nudez pura e na pobreza do
espı́rito, entã o a alma simples e pura seria transformada na sabedoria
divina simples e pura, que é o ilho de Deus ”. E a alma se infunde de
"divina calma e paz ... com admirá veis ... notı́cias de Deus, envoltas no
amor divino". Nesse alto estado de uniã o de amor, Deus nã o se
comunica mais com a alma "atravé s de algum disfarce de visã o
imaginá ria ou semelhança ou igura ... mas de boca em boca (nº 12, 6 e
segs.); Isto é , em essê ncia puro e Nu de Deus, que é como a boca de
Deus, no amor, com a essê ncia pura e nua da alma, pela vontade, que é a
boca da alma, no amor de Deus ”.
Para chegar aqui é preciso caminhar muito. Deus gradualmente guia a
alma até este pico. Ela acomoda sua natureza e comunica-lhe o
espiritual a princı́pio por meio de coisas compreensı́veis e a leva
instruindo-a "por formas, imagens e caminhos sensı́veis ao seu modo
de compreensã o, ora natural, ora sobrenatural e por discursos a esse
espı́rito supremo de Deus " As visõ es do imaginativo també m tê m seu
lugar neste plano de educaçã o divina. Mas neles a alma nã o deve
atender a nada mais, a nã o ser "o que Deus pretende e quer, que é o
espı́rito de devoçã o, uma vez que ele nã o os dá para outro propó sito
principal; e ele deixa o que Ele deixaria de dar se pudesse. receber em
espı́rito sem ele ..., que é o exercı́cio e a apreensã o do sentido ”.
No Antigo Testamento era permitido, de acordo com a ordenaçã o
divina, desejar visõ es e revelaçõ es e ser guiado por elas, porque assim
Deus descobriu os segredos da fé e manifestou a sua vontade. E é que “o
que ele falou antes em partes aos profetas, ele já falou nele tudo, dando-
nos tudo que é seu Filho”. Antes, Deus falou para nos prometer
Cristo. Agora ele nos deu tudo nele e nos disse: "Ouvi-o" (Mt.
17,5). Desejar agora revelaçõ es implicaria falta de fé , uma vez que "Nele
estã o escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento de
Deus" (Colossenses 2,3). “E assim em tudo falamos em ser guiados pela
doutrina de Cristo Nosso Senhor, homem, e de sua Igreja e de seus
ministros, humana e visivelmente, e assim remediar nossas ignorâ ncias
e fraquezas espirituais. E nã o é para ser acreditou. por meios
sobrenaturais, mas somente o que é o ensinamento de Cristo homem,
como eu disse, e de seus ministros, os homens ... Tudo o mais é nada e
nã o se deve acreditar, exceto de acordo com isso ”. Nem na Lei Antiga
era lı́cito que algué m questionasse a Deus e ele nã o respondia mais do
que aos sacerdotes e profetas. “Porque Deus é tã o amigo que o governo
e tratamento dos homens é també m por outros homens semelhantes a
ele e que por uma razã o natural o homem é governado e governado,
que deseja totalmente que as coisas que ele nos comunica
sobrenaturalmente nã o nos façamos entendam ... nem nos tornam
fortes e seguros até que passem por esta arcaducidade humana da boca
do homem. E entã o sempre que ele diz algo ou revela a alma ... isso
"imprime" um caminho de inclinaçã o colocado no a pró pria alma à qual
diga-se a quem se deve falar. Porque naqueles que se reú nem para
discutir a verdade, ele se reú ne para esclarecê -la e con irmá -la neles
”. Ao que o entendimento entende com a ajuda dos sentidos externos ou
internos, devemos adicionar comunicaçõ es puramente
espirituais; Estes sã o comunicados ao entendimento sem a intervençã o
dos sentidos externos ou internos e sem sua pró pria açã o "sã o
oferecidos ao entendimento de forma clara e distinta por via
passivamente sobrenatural; que é sem colocar a alma algum ato e
trabalho de sua parte, em menos ativamente e como o seu ".
O Santo distingue visõ es espirituais, revelaçõ es, locuçõ es e sentimentos,
e agrupa os quatro sob a denominaçã o geral de visõ es intelectuais,
porque em todos eles há de alguma forma uma visã o da alma. No
sentido mais estrito, reserva esse nome ao que é visto espiritualmente
na forma de visã o corporal. Por sua vez, a revelaçã o pode ser chamada
de "o que a alma recebe ao aprender e compreender coisas novas ..."; e
o que a alma recebe por meio da audiçã o, chamamos de fala e o que ela
recebe por meio dos outros sentidos ... chamamos de sentimentos
espirituais, por obras e meios sobrenaturais.
Embora essas apreensõ es sejam maiores e mais proveitosas do que as
recebidas pelos sentidos ou pela imaginaçã o, nã o se deve esquecer que
també m neste caso pode acontecer que você perca a
compreensã o. “Porque, engravidar e icar ridı́culo com eles, o caminho
da solidã o e da nudez nã o se impede ...”. As visõ es podem representar
diante dos olhos da alma tanto seres corpó reos quanto
desencarnados. A alma pode contemplar sob uma certa luz
sobrenatural todas as coisas corpó reas que estã o no cé u ou na terra. Os
seres incorpó reos (Deus, anjos, alma) só podem ser vistos com a luz da
gló ria, e nem mesmo esta na vida presente. "Porque se Deus quisesse
comunicá -los à alma essencialmente, como sã o, entã o ele sairia da
carne e seria libertado da vida mortal." Essas visõ es só podem ser
concedidas excepcionalmente a algué m, "Deus arranjando e salvando a
condiçã o da vida natural, abstraindo totalmente o espı́rito dela. Como
Sã o Paulo em sua visã o do terceiro cé u, ele foi arrebatado da vida
natural" (2Cor. 12, 2). Essas visõ es ocorrem muito raramente e apenas
em homens como Moisé s, Elias e Paulo, "que sã o fontes do espı́rito da
Igreja e da lei de Deus". “Mas as substâ ncias espirituais nã o podem ser
nuas lei ordiná ria e claramente vistas nesta vida com o entendimento;
podem ser sentidas na substâ ncia da alma, poré m, atravé s de uma
notı́cia amorosa com toques muito suaves e juntos”. Esta “notı́cia escura
e amorosa - que é a fé - serve nesta vida para a uniã o divina, como a luz
da gló ria serve como um meio no outro para uma visã o clara”.
Aqui está algo à nossa frente para discutir em detalhes mais tarde. Vale,
acima de tudo, lançar luz sobre as visõ es espirituais das coisas
corporais. Isso pode ser visto pelo entendimento sob uma luz
sobrenatural, assim como os olhos vê em as coisas sob a luz natural. Mas
a visã o espiritual é mais sutil e clara do que a corporal. E como o clarã o
de um relâ mpago que, na noite escura, de repente e por um instante, faz
com que as coisas vejam com clareza e nitidez. Devido à in luê ncia da
luz espiritual, as coisas estã o tã o profundamente gravadas na alma que,
cada vez, iluminada por Deus, ela as percebe, as vê novamente como
antes. Essas visõ es produzem na alma quietude, iluminaçã o, alegria
celestial, amor puro, humildade e elevaçã o do espı́rito. Por esses efeitos,
eles se distinguem das imitaçõ es diabó licas. Apesar de tudo, a alma
deve rejeitá -los, porque se a alma quisesse preservá -los como um
tesouro, “seria para estar com aquelas formas, imagens e personagens
que residem grá vidas do interior, e nã o passaria por negaçã o de todas
as coisas a Deus. " E verdade que com a memó ria de tais visõ es um
certo grau de amor pode ser alcançado, mas pode ser alcançado ainda
mais alto por meio da fé pura, quando pela nudez, escuridã o e pobreza
de espı́rito está enraizado na alma, é infundido com esperança e amor,
um amor que nã o se manifesta por nenhum sentimento de ternura na
alma, mas se manifesta por um espı́rito maior e por uma força
desconhecida. Deus é incompreensı́vel e é acima de tudo, e por isso
"nos convé m ir a ele negando tudo".
Com o nome de revelaçõ es, Sã o Joã o da Cruz designa dois tipos de
comunicaçõ es espirituais: o conhecimento intelectual, no qual se
descobrem verdades ocultas - podem referir-se a coisas materiais ou
espirituais - e as revelaçõ es em sentido pró prio e estrito, atravé s das
quais sã o revelado. segredos. O conhecimento das verdades puras é
completamente diferente das visõ es corporais das quais falamos
antes. Eles podem ser verdades sobre o Criador e a criatura. Eles sã o
acompanhados por um deleite inigualá vel e inefá vel. “Porque esta
notı́cia acontece diretamente sobre Deus, sentindo-se altı́ssimo de
algum atributo de Deus, ora de sua onipotê ncia, ora de sua força, ora de
sua bondade e doçura, etc., e cada vez que é sentida, atinge a alma que
que se sente. Por ser pura contemplaçã o, a alma vê claramente que nã o
há como dizer algo sobre isso, se nã o fosse para dizer alguns termos
gerais; mas nã o para que neles se possa terminar de compreender o
que a alma ali gostava e senti ". Se for o conhecimento do pró prio Deus,
eles nã o se referem a nada em particular. “Essas altas notı́cias de amor
só podem ser recebidas pela alma que atinge a uniã o de Deus, porque
sã o a mesma uniã o; porque consiste em tê -las em um certo toque que
se faz da alma à divindade”. De algumas "notı́cias e toques destes que
Deus faz na substâ ncia da alma, um deles é su iciente para remover da
alma de uma vez todas as imperfeiçõ es que ela nã o tinha sido capaz de
remover em toda a sua vida, mas a deixa cheia de bens e virtudes E
esses toques sã o tã o saborosos e de tã o ı́ntimo deleite para a alma, que
com um deles ele se considerará bem pago por todos os trabalhos que
sofreu em sua vida, mesmo que fossem inú meros. ” A alma nã o pode
chegar a este alto conhecimento por nenhum esforço pró prio. Só Deus
trabalha nela sem sua colaboraçã o, à s vezes quando ela menos pensa
ou quer. E visto que eles vê m a ele tã o repentinamente e sem sua
cooperaçã o, "a alma nã o tem que fazer neles, querendo ou nã o
querendo, mas antes humilde e resignadamente com eles, que Deus fará
sua obra quando e como ele quiser."
Em relaçã o a estas notı́cias, o Santo nã o pensa que devam ser
descartadas como as anteriores, porque fazem parte da uniã o para a
qual pretende dirigir a alma. Por isso deve separar-se de todos os
outros e sofrer com humildade, resignaçã o e desinteresse em toda
retribuiçã o. Porque essas concessõ es nã o sã o feitas para a alma
proprietá ria, porque sã o feitas com um amor muito particular a Deus,
que ele tem com essa alma, porque a alma també m é muito mal
apropriada para ele. "E assim que Deus se manifesta à alma que se
aproxima dEle e O ama de verdade."
Esses danos, no caso de uma puri icaçã o perfeita, sã o trocados pelos
respectivos benefı́cios. A tranquilidade e paz que o despojamento das
apreensõ es naturais já traz consigo, é adicionado que eles estã o livres
da preocupaçã o de se essas comunicaçõ es sobrenaturais serã o boas ou
má s ", e do trabalho e tempo que teve que ser gasto com o mestres
espirituais., querendo que você descubra se eles sã o bons ou maus ...
bem, você nã o deve prestar atençã o a nenhum deles. com Deus, e no
cuidado de buscar a nudez e a pobreza espiritual e sensı́vel ", isto é ,
digamos, que ele se preocupa seriamente em sair de tudo sem prestar
atençã o aos consolos e apreensõ es. Essa negaçã o das comunicaçõ es
divinas nã o signi ica extinguir o espı́rito. A alma com sua pró pria força
é capaz apenas de atividade natural, sem poder fazer nada na ordem
sobrenatural: só Deus a move para isso. Por isso, «se a alma quer agir
por si mesma, pela força ... deve com o seu trabalho ativo impedir o
passivo que Deus lhe comunica, que é o espı́rito, porque se põ e no seu
pró prio trabalho, que é de outra espé cie. e inferior à comunicada por
Deus, porque Deus é passivo e sobrenatural e o da alma é ativo e
natural e isso seria apagar o espı́rito ”.
"Os poderes da alma nã o podem, por si pró prios, fazer re lexã o e
operaçã o exceto em alguma forma ou igura ou imagem, e esta é a
crosta e acidente da substâ ncia e do espı́rito que está sob essa crosta e
acidente. Que substâ ncia e espı́rito nã o se une aos poderes da alma
nesta verdadeira inteligê ncia e amor, mas somente quando a operaçã o
dos poderes cessa. Porque a reivindicaçã o e o propó sito de tal operaçã o
nada mais é do que vir a receber na alma a substâ ncia entendida e
amada . Portanto, a diferença entre operaçã o ativa e passiva, e a
vantagem, é que entre o que está sendo feito e o que já foi feito, ou seja,
entre o que se pretende alcançar e alcançar, e entre o que já foi
alcançado e alcançado " Fazer uso ativo dessas apreensõ es
sobrenaturais da alma "nã o seria menos do que deixar o que foi feito e
fazer de novo". A alma deve colocar todo o seu esforço "em todas as
apreensõ es que vieram de cima ... ignorando a letra e o latido (isto é , o
que signi ica ou representa ou implica) para avisar apenas em ter o
amor de Deus que eles causam ele interiormente em sua alma. E desta
forma ele tem que prestar atençã o aos sentimentos, nã o de gosto,
suavidade ou iguras, mas aos sentimentos de amor que eles lhe
causam. E apenas para este efeito ele pode muito bem se lembrar disso
imagem e apreensã o causadas pelo amor, para colocar o espı́rito em
motivos de amor. Porque embora nã o surta tanto efeito depois quando
é lembrado como da primeira vez que foi comunicado ..., o amor se
renova e há um levantamento do mente em Deus, principalmente
quando se trata da lembrança de algumas imagens, iguras ou
sentimentos sobrenaturais, que geralmente icam selados ou impressos
na alma, de forma que duram muito tempo, e alguns nunca sã o
retirados da alma ”. Tais lembranças “quase todas as vezes que a alma
percebe nelas produzem efeitos divinos de amor, suavidade, luz, etc., à s
vezes mais, à s vezes menos; porque para estas foram impressas e por
isso é uma grande graça a quem Deus o faz. porque signi ica ter uma
sé rie de ativos ". Essas imagens "estã o vividamente assentadas na alma
de acordo com sua memó ria inteligı́vel, que nã o sã o como outras
imagens e formas que sã o preservadas na fantasia". Ela nã o precisa da
alma da fantasia para se lembrar deles, "porque ela vê que os tem em si
mesma como se vê na imagem no espelho". E se neles se lembra de
despertar o amor, deixam de ser um impedimento, "porque nã o o
impedirã o de unir o amor na fé , pois ele nã o quer mergulhar na igura,
mas aproveitar o amor".
Essas imagens formais sã o bastante raras e, para quem nã o tem
experiê ncia, é difı́cil distingui-las daquelas que só vê m da fantasia. "Mas
agora sejam estes, agora aqueles, é bom para a alma nã o querer
entender nada, mas a Deus pela fé na esperança."
A memó ria preserva nã o apenas imagens, mas també m notı́cias
espirituais. “Porque depois de ter caı́do na alma alguns deles, é possı́vel,
quando se quiser lembrar deles”, porque a notı́cia deixa na alma uma
forma, imagem ou conceito espiritual. E, como já advertimos, o
conhecimento de in initas perfeiçõ es ou coisas criadas. Você pode se
lembrar das notı́cias do segundo tipo, para abanar o amor; "Mas se
lembrar delas nã o te causa um bom efeito, nunca mais quero passá -las
pela memó ria. Mais das coisas nã o criadas, eu digo que você tenta se
lembrar quantas vezes puder, porque ... sã o toques e sentimentos de
uniã o em Deus, que é para onde vamos à alma ”. A memó ria nã o é
provocada aqui por meio de formas e iguras, pois nada deve se
assemelhar a elas, mas apenas pelos efeitos: luz, amor, deleite,
renovaçã o espiritual. E cada vez que ele se lembra deles, "algo disso se
renova".
Em suma, a Santa recorda mais uma vez que só assim a memó ria pode
ser levada à uniã o com Deus. Como apenas o que nã o é possuı́do pode
ser esperado, quanto mais perfeita a esperança, menos a alma
possui. "Quanto mais a alma despoja a memó ria de formas memorá veis
e coisas que nã o sã o de Deus, mais ela colocará a memó ria em Deus e
mais vazia terá que esperar que Ele seja preenchido com sua
memó ria." Quantas vezes certos nú meros ou notı́cias sã o oferecidos a
ele, ele deve rejeitá -los para se voltar para Deus. A alma só deve fazer
uso das memó rias tã o logo seja necessá rio para o cumprimento de suas
obrigaçõ es. E mesmo assim, sem estar apegado a eles, para que nã o
levem completamente a alma com eles. "
e) Puri icação da vontade
"Nã o terı́amos feito nada para puri icar o entendimento para fundá -lo
em virtude da fé , e a memó ria da esperança, se nã o tivé ssemos també m
purgado a vontade sobre a terceira virtude, que é a caridade." Tudo o
que se pode dizer sobre a informaçã o deste poder pelo amor de Deus
está perfeitamente expresso nas palavras do Deuteronô mio: "ama o teu
Senhor Deus de todo o teu coraçã o, de toda a tua alma e de todas as
tuas forças" (Dt 6, 5). "A força da alma consiste em seus poderes,
paixõ es e apetites, todos os quais sã o governados pela vontade. Pois
quando essas paixõ es e poderes e apetites endireitam a vontade para
Deus, e os desvia de tudo o que nã o é Deus, entã o guarda as forças da
alma para Deus e assim passa a amar a Deus com todas as suas forças ”.
Paixões
Por bens sensuais o Santo entende tudo o que pode ser percebido pelos
sentidos externos ou fabricado pelo interior. Visto que Deus nã o pode
ser percebido pelos sentidos, “seria pelo menos vaidade” buscar alegria
em objetos sensı́veis: “porque entã o ele faria a vontade nã o ser usada
em Deus, colocando sua alegria nEle”.
Mas se ele nã o para, mas, assim que experimenta a alegria nessas
coisas, coloca sua alegria em Deus, nã o precisa renunciar a essas
impressõ es, “porque há almas que se movem muito para Deus atravé s
dos objetos sensı́veis. " Em muitos casos, parece que a intençã o é
dirigida a Deus, mas na realidade “o efeito que causam é para recreaçã o
sensı́vel, na medida em que trazem mais fraqueza da imperfeiçã o do
que para avivar a vontade e entregá -la a Deus”. Quem, pelo contrá rio,
assim que sente os primeiros movimentos põ e toda a sua alegria em
Deus, "nã o é pedido por eles e quando lhe sã o oferecidos, entã o passa ...
A vontade deles deixa-os e coloca-se em Deus".
O abandono dos bens sensı́veis, alé m dos danos comuns a toda alegria
nas coisas criadas, causa outros danos particulares. A alegria dos bens
sensı́veis produz "vaidade da mente, distraçã o da mente, ganâ ncia
desordenada, desonestidade, decomposiçã o interna e externa,
impureza de pensamentos e inveja. Da alegria de ouvir coisas inú teis
corretamente nasce a distraçã o da imaginaçã o, conversaçã o e inveja e
julgamentos. incerteza e variedade de pensamentos, e desses outros
muitos e perniciosos danos. Do regozijo em odores suaves, nasce a
repulsa dos pobres, que é contra a doutrina de Cristo, inimizade à
servidã o, pouca atuaçã o do coraçã o nas coisas humildes e
insensibilidade espiritual, pelo menos de acordo com a proporçã o de
seu apetite. Da alegria no sabor das iguarias, gula e embriaguez, raiva,
discó rdia, falta de caridade com os outros e os pobres nascem; daı́ a
falta de temperamento corporal, doenças , maus movimentos nascem,
porque os incentivos da luxú ria crescem. També m dessa alegria,
distraçã o dos outros sentidos e do coraçã o e descontentamento com
tantas coisas., Da alegria do toque, nas coisas suaves nascem muitos
mais danos, e mais perniciosos e que mais cedo transvertem o
signi icado e prejudicam o espı́rito, e extinguir sua força e vigor. Daqui
nasce o vı́cio abominá vel das molicias ... A luxú ria se eleva, torna a
criança afeminada e tı́mida, e o sentido ... pronta para pecar e fazer o
mal. Ele infunde alegria e alegria vã s no coraçã o, e gera tranquilidade
de lı́ngua e liberdade de olhos, e os outros sentidos arrebatadores e
embotados de acordo com o grau de tal apetite. Ele condescende com
seu julgamento, sustentando-o na insipiê ncia e na tolice espiritual, e
moralmente gera covardia e inconstâ ncia; e com escuridã o na alma e
fraqueza de coraçã o, nos faz temer mesmo onde nã o há necessidade de
temer. Crie este espı́rito de alegria de confusã o à s vezes e
insensibilidade, sobre consciê ncia e espı́rito; porque enfraquece
sobremaneira a razã o e faz com que nã o saiba aconselhar nem dar, e a
torna incapaz de bens espirituais e morais, inú til como vaso partido ”.
Todos esses danos causam danos maiores ou menores, de acordo com a
intensidade da alegria e a sensibilidade dos diferentes
sujeitos. “Admirá veis sã o os benefı́cios que a alma tira da renú ncia desta
alegria ...; ela se restaura da distraçã o ..., reunindo-se em Deus; e o
espı́rito e as virtudes que adquiriu podem ser preservados e aumentam
e vá de novo. ganhando ". Entã o ocorre uma alta transformaçã o: “que
podemos verdadeiramente dizer que do sensual ele se torna espiritual,
e do animal ele se torna racional, e do homem ele caminha para a
porçã o angelical; e que do temporal e humano ele se torna divino e
celestial”; Já nesta vida é dada à vontade a recompensa de cem por
aquele que o Salvador prometeu (Mt 19:29). Troque alegrias sensı́veis
pelas espirituais e você já estará unido a Deus. Como nossos primeiros
pais no Paraı́so, as impressõ es dos sentidos servem para aumentar a
contemplaçã o. Finalmente, na vida gloriosa, eles receberã o o prê mio
com o qual Deus os recompensará por tê -los negado aqui; “Os dons
corporais de gló ria, como agilidade e clareza, serã o muito mais
excelentes do que aqueles que nã o recusaram; assim, o aumento da
gló ria essencial da alma que responde ao amor de Deus”.
Bens morais
O espı́rito em sua atividade natural está ligado aos sentidos. Ele aceita o
que lhe oferecem, preserva o que recebeu e quando surge a ocasiã o
volta a re letir sobre isso, compara com outras coisas, modi ica e, ao
comparar, universalizar, deduzir, etc., consegue chegar ao conhecimento
abstrato, julgamento e julgamento, raciocı́nio, atos propriamente
intelectuais. Uma atividade semelhante exerce naturalmente sobre o
que os sentidos lhe apresentam, nela encontra sua alegria, se esforça
para possuı́-la, sente que a está perdendo, aguarda sua posse e teme
sua perda.
Mas o destino do espı́rito nã o era principalmente conhecer as coisas
criadas para desfrutá -las. Isso se deve a uma perturbaçã o de seu ser
primitivo e adequado, que por isso foi perturbado. Desse
constrangimento, ele deve ser liberado e elevado ao seu verdadeiro eu,
para o qual foi criado. Seu olhar deve ser dirigido ao seu Criador e a Ele
deve ser abandonado com todas as forças do seu ser. Isso é conseguido
atravé s de um trabalho gradual e progressivo que compreende duas
partes: educaçã o e purgaçã o. Deus dá o impulso para iniciá -lo e
executá -lo, mas exige a colaboraçã o do homem com a sua pró pria açã o
espiritual. O espı́rito deve se despojar de tudo o que naturalmente o
preocupa, e da mesma forma deve aprender a conhecer a Deus e se
alegrar apenas nele.
Para que isso aconteça, é necessá rio que os poderes naturais sejam
oferecidos algo que os atraia e os satisfaça mais do que aquilo que eles
podem conhecer e gostar naturalmente. A fé mostra ao entendimento o
Criador, cuja onipotê ncia deu existê ncia a todas as coisas e é em si
mesmo maior, mais elevado e mais digno de amor do que todas
elas. Ilustra isso nos atributos divinos e em tudo o que Deus fez pelo
homem e no que ele deve a Deus.
O que estamos tentando expressar com este conjunto de verdades de
fé ? Evidentemente o que nos é proposto acreditar, o conteú do de todas
as verdades reveladas, pregadas pela Igreja: ides quae creditur. Quando
o entendimento aceita o que lhe é proposto, mas nã o pode saber por
sua pró pria visã o, dá o primeiro passo em direçã o à Noite Negra da
fé . Mas isso ainda nã o é mais do que a fé em que se crê , uma atividade
viva do espı́rito e o há bito que lhe corresponde ou virtude da fé ; a
convicçã o de que Deus existe (credere Deum) e a aceitaçã o convicta do
que Deus ensina por meio de sua Igreja (credere Deo). Com esta vida de
fé , o espı́rito se eleva acima de sua atividade natural, sem se separar
dela de forma alguma. Em vez disso, os poderes da alma recebem no
novo mundo que a fé os apresenta com uma nova quantidade de
material sobre o qual agir.
Essa atividade pela qual o espı́rito torna intimamente seu o conteú do
da fé é a meditaçã o. Nele, a imaginaçã o apresenta os acontecimentos da
Histó ria Sagrada diante dos olhos em imagens vı́vidas e tenta captá -los
com todos os sentidos, re lete com a compreensã o sobre o seu
signi icado e as demandas que surgem para a pró pria pessoa; e assim a
vontade se move para o amor e decide transformar sua vida vivendo
pela fé .
O Santo conhece outra forma superior de meditaçã o. Um espı́rito de
natureza viva e dotada pode penetrar profundamente com
compreensã o nas verdades da fé e, dialogando consigo, examiná -las em
todos os seus aspectos, desenvolvendo suas consequê ncias e
descobrindo suas relaçõ es ı́ntimas. Essa atividade é ainda mais fá cil e
frutı́fera quando o Espı́rito Santo lhe dá asas e o impulsiona. Nesse
caso, ele se sente nas mã os de um poder superior e iluminado por ele a
tal ponto que lhe parece que nã o é ele mesmo quem trabalha, mas que é
ensinado pelo pró prio Deus.
O que o espı́rito desta ou daquela maneira elaborou torna-se sua posse
duradoura. E é mais do que um tesouro de verdades armazenadas,
capaz de ser recuperado quando necessá rio. O espı́rito - e tomamos
esta palavra aqui em seu sentido amplo que inclui nã o apenas o
entendimento, mas també m o coraçã o - por meio dessa atençã o
duradoura a Deus se tornou familiar com ele, o conhece e o ama. Esse
conhecimento e amor tornaram-se parte constitutiva de seu ser, algo
como a relaçã o com um homem com quem ela viveu por muito tempo e
com quem se tornou ı́ntima. Essas pessoas nã o precisam se informar ou
conversar para se entender e demonstrar afeto, nem precisam de
palavras entre elas. E verdade que cada nova entrevista faz com que o
amor desperte e cresça novamente e até proporciona o conhecimento
de novos aspectos de cada um, mas isso vem por si só , sem ter que se
preocupar com isso. Algo semelhante passou a ser as relaçõ es da alma
com Deus apó s uma longa prá tica de vida espiritual. Você nã o precisa
mais da alma da meditaçã o para conhecer e amar a Deus. Este caminho
foi deixado para trá s e a alma descansa no termo. Assim que começa a
rezar, já está com Deus e permanece em santo abandono em sua
presença. Seu silê ncio é mais gentil com Deus do que muitas palavras. E
o que hoje se conhece como "contemplaçã o adquirida". (O Santo nã o
usa esta expressã o mas conhece muito bem a coisa).
Já sabemos pela Noite do Signi icado que chega um momento em que a
alma perde o gosto por todos os exercı́cios espirituais, bem como por
todas as coisas terrenas. Está em completa escuridã o e vazio. Nã o há
mais nada em que se apegar, exceto a fé . A fé apresenta Cristo diante de
seus olhos: pobre, humilhado, cruci icado e na mesma cruz abandonado
por seu Pai. A alma em sua pobreza e abandono encontra a pobreza e
abandono de Cristo. Aridez, relutâ ncia, cansaço sã o "as cruzes
espirituais puras" que lhe sã o oferecidas. Se ele os aceitar, sentirá que
sã o um jugo suave e um fardo leve. Eles servirã o de cajado para subir
rapidamente a montanha. Quando ela sabe que Cristo em sua maior
humilhaçã o e aniquilaçã o na cruz foi justamente quando realizou sua
maior façanha, a Redençã o e a uniã o do homem com Deus, desperta
nela o pensamento daquele aniquilamento també m para ela, que é “um
viver a morte sensı́vel e espiritual na cruz "a leva à uniã o com Deus. Da
mesma forma que Cristo, no seu abandono na cruz, se entregou nas
mã os do Deus invisı́vel e incompreensı́vel, ela també m deve se
abandonar nas trevas da meia-noite da fé , ú nica via para chegar ao
Deus incompreensı́vel.
Para este im, a contemplaçã o mı́stica é comunicada a ele, o "raio das
trevas", a sabedoria oculta de Deus, a escuridã o e o conhecimento
geral; Isso corresponde apenas à incompreensibilidade divina, que cega
o entendimento e se apresenta a ele como nas trevas. Esta
contemplaçã o penetra na alma como um riacho com tanto maior
pureza quanto mais livre está de outras impressõ es. E algo mais puro,
delicado, espiritual e interior do que todo o conhecimento que vem
naturalmente do espı́rito e se eleva acima de tudo o que é temporal,
constituindo em nó s um verdadeiro inı́cio de vida eterna. Nã o se trata
apenas de aceitar a mensagem de fé percebida pelos ouvidos, nem
mesmo de um simples retorno a Deus que só se conhece por ouvir
dizer, mas de um toque interior de divindade, de perceber Deus com
força su iciente para desligá -la de todas as coisas criaram e a elevaram,
imergindo-a em um amor de natureza desconhecida. Nã o queremos
decidir agora se este conhecimento escuro e amoroso, em que a alma é
intimamente tocada por Deus de "boca em boca", de substâ ncia em
substâ ncia, ainda pode ser considerado como fé . Consiste no abandono
da alma, por sua vontade (que é sua boca) em Deus que amorosamente
a encontra ainda oculta: amor, que nã o é sentimento, mas açã o e
disposiçã o para o sacrifı́cio, conformidade da pró pria vontade com o
divino, para ser dirigido apenas por ele.
A medida que iluminaçõ es, revelaçõ es e consolaçõ es sã o agora
novamente comunicadas à alma - como costuma ser o caso na
geralmente duradoura Noite do Espı́rito - a alma está disposta a nã o se
demorar nelas. Deixe Deus fazer o que pretende por meio dessas
comunicaçõ es sobrenaturais, mas ela permanece nas trevas da fé ,
porque nã o só ela aprendeu, mas també m sabe por experiê ncia, que
nada disso é Deus ou dá a Deus e que na fé ele tem tudo ele precisa: o
pró prio Cristo verdade eterna e, nele, o Deus incompreensı́vel. Quanto
mais pronto para estar para essa desapropriaçã o e para a perseverança
na fé , mais ela se puri ica atravé s da Noite Escura.
Já apontamos vá rias vezes como a alma, mesmo depois de uma longa
prá tica de vida espiritual, ainda está cheia de imperfeiçõ es e precisa de
uma puri icaçã o mais profunda para se preparar para a uniã o. També m
vimos como essas imperfeiçõ es podem estar intimamente relacionadas
com comunicaçõ es sobrenaturais de todos os tipos, de modo que em
uma alma nã o completamente puri icada, os dons de Deus podem dar
origem a imperfeiçõ es, particularmente orgulho, vaidade e gula
espiritual. Todas essas fraquezas sã o curadas por Deus atravé s da
desapropriaçã o que ele realiza durante a Noite Escura “deixando na
escuridã o o entendimento e a vontade, e esvazia a memó ria e os
passatempos da alma em extrema a liçã o, amargura e angú stia”. Aqui o
espı́rito e os sentidos passam pela ú ltima puri icaçã o juntos depois
daquela na primeira Noite do Sentido, a transformaçã o e o domı́nio dos
apetites e o trato com Deus os fortaleceram a ponto de serem capazes
de suportar o fardo deste penetrante. segunda puri icaçã o. Essa
puri icaçã o també m é obra da contemplaçã o das trevas.
Até agora consideramos a contemplaçã o principalmente a partir do
ganho que a alma proporciona, fazendo-a colocar todas as suas forças
em Deus e desligando-a de todas as coisas criadas.
Esse ganho já parecia claro nas explicaçõ es da Ascensã o da Noite Ativa
do Espı́rito. Mais uma vez o Santo o resume na nova exposiçã o que faz
da primeira estrofe da Noite, no inı́cio do tratado sobre a Noite Escura
do Espı́rito: “Na pobreza, desamparo e desordem de todas as
apreensõ es de minha alma, que é , na escuridã o do meu entendimento e
aperto da minha vontade, na a liçã o e angú stia do memorial deixando-
me em pura fé , que é Noite Negra para os ditos poderes naturais,
apenas a vontade tocada pela dor e a liçõ es e anseio pelo amor de Deus,
Abandonei-me, isto é , meu baixo modo de compreensã o, e minha pobre
sorte de amar, e meu escasso e pobre jeito de gostar de Deus, sem a
sensualidade nem o demô nio me atrapalhando, o que foi uma grande
alegria ... para mim; porque quando os poderes, paixõ es, apetites e
hobbies da alma tinham acabado de ser aniquilados e acalmados, com
os quais eu sentia e gostava de Deus, deixei o tratamento e pouca
operaçã o humana minha para operar e lidar com Deus., meu
entendimento foi fora de si, tornando-se humano e natural em
divino; porque, unindo-se por meio desta purgaçã o a Deus, ele nã o
entende mais pelo seu vigor natural, mas pela Sabedoria divina com a
qual estava unido. E minha vontade saiu de si mesma tornando-se
divina; porque unida ao amor divino, ela nã o ama mais humildemente
com sua força natural, mas com a força e pureza do Espı́rito Santo ..., e
nem mais nem menos a memó ria se transformou em eternas
apreensõ es de gló ria ... Todas as forças e os afetos da alma, nesta noite e
na puri icaçã o do velho, todos se renovam com templos e delı́cias
divinas ”.
A puri icaçã o nã o é apenas noite, mas també m dor e tortura, e isso por
duas razõ es: "a primeira se deve à alteza da Sabedoria Divina, que
ultrapassa o talento da alma e, dessa forma, sã o as trevas. Sua baixeza e
impureza, e desta forma, é doloroso e a litivo para ele, e també m
escuro. " Por meio dessa luz extraordiná ria e sobrenatural, "o ato de sua
inteligê ncia natural a priva e a escurece". Daı́ resulta que "ao derivar
Deus de si mesmo para a alma, que ainda nã o foi transformada, este
raio iluminado de sua sabedoria secreta se torna trevas negras em seu
entendimento". A dor e a tortura da alma vê m do fato de que "esta
divina contemplaçã o infusa tem muitas excelê ncias que sã o
extremamente boas, e a dona que as recebe, por nã o ser purgada, tem
muitas misé rias que també m sã o extremamente ruins; portanto, nã o
sendo capaz de encaixar dois opostos em um assunto, “a alma se sente
em meio a esta luz clara tã o impura e miserá vel que lhe parece que
Deus é contra ela, e que ela é contrá ria a Deus ...; que é de tanto
sentimento e tristeza para a alma, porque lhe parece aqui que Deus o
lançou. ”Ela vive atormentada pelo medo de que nunca será digna de
Deus e de que tenha perdido todos os tesouros da graça. a luz negra
revela claramente sua misé ria e pecados e a alma "vê claramente como
nã o pode ter mais nada pró prio."
Caso contrá rio, a alma sofre por causa de sua fraqueza natural, moral e
espiritual. “Como esta divina contemplaçã o ataca a alma com alguma
força, a im de fortalecê -la e domesticá -la, de tal forma que dó i sua
fraqueza, que ela desmaia um pouco menos; especialmente à s vezes
quando com um pouco mais de força ela ataca; porque o sentido e o
Espı́rito, como se estivesse sob algum fardo imenso e escuro, está
sofrendo e morrendo. " Nessas circunstâ ncias, desejaria a morte como
um alı́vio e um favor. Espanto "que a fraqueza e a impureza da alma
estejam tanto aqui, que sendo a mã o de Deus pró pria tã o macia e suave,
a alma a sente aqui tã o grave e contrá ria, sem cobrar nem acalmar, mas
apenas tocar, e que misericordiosamente ..., para dar favores à alma e
nã o puni-la ".
Quando os dois extremos, divino e humano, se unem, a contemplaçã o
que vem de Deus e da mesma alma, "esmaga e desfaz a substâ ncia
espiritual, absorvendo-a em uma escuridã o profunda e profunda ... Ela
ataca a alma de tal maneira que parece estar se desfazendo e se
derretendo diante do rosto e da vista de suas misé rias, com a morte de
um espı́rito cruel ”. Mas o que é mais doloroso aqui para a alma
perturbada "é parecer claro para ela que Deus o rejeitou, e odiando-o
lançado na escuridã o ... Sombra da morte e gemidos de morte e dores
do inferno a alma se sente muito viva, que consiste em sentir-se sem
Deus, ser punido e atirado ...; e mais, que lhe parece uma apreensã o
terrı́vel, que já dura para sempre ”.
Finalmente, devido a esta grandeza e magnitude da contemplaçã o, a
alma adquire consciê ncia de sua profunda pobreza e extrema
misé ria. Ela sente um profundo vazio e pobreza de bens temporais,
naturais e espirituais e se vê envolvida nos males opostos: "misé rias
das imperfeiçõ es, aridez e vazio das apreensõ es das potestades e
desamparo do espı́rito nas trevas ..., como se a um suspenso ou parado
no ar (que ele nã o respirou). Mas ele també m está purgando a alma,
aniquilando, esvaziando ou consumindo nela (assim como o fogo faz a
ferrugem e a ferrugem do metal), todos os afetos imperfeitos e há bitos
que contraiu Todas as suas vidas. Por estarem profundamente
enraizados na substâ ncia da alma, costumam sofrer grande seriedade,
anulaçã o e tormento interior, mais do que dita pobreza e vazio natural e
espiritual ”.
Para tirar e tirar a ferrugem de suas inclinaçõ es é necessá rio que a alma
"de certa maneira ... se aniquile e se desfaça, pois se conaturaliza nessas
paixõ es e imperfeiçõ es"; e ela "sente esse desfazer na pró pria
substâ ncia da alma com extrema pobreza em que está quase
terminando ... Nisso Deus muito humilha a alma para exaltá -la muito
mais tarde", e se esse estado durasse muito tempo, "abandonaria o
corpo em dias muito breves; mas os tempos em que sua ı́ntima vileza é
sentida sã o interpolados. Que à s vezes parece tã o vivo, que parece à
alma que vê o inferno aberto ... Destes sã o aqueles que realmente
descer ao inferno vivendo, porque aqui eles se puri icam da mesma
maneira que ali ... E entã o a alma que passa por aqui ou nã o entra
naquele lugar, ou para ali muito pouco, porque demora mais tempo aqui
do que muita ali. "
O sofrimento é exacerbado pela lembrança de felicidades passadas, pois
tais almas para "quando entram esta noite, já provaram muitos gostos
de Deus e lhe prestaram muitos serviços", e agora estã o longe desses
bens e sem poder obter nada disso. Alé m disso, a contemplaçã o deixa a
alma em tamanha solidã o e desamparo que ela nã o pode "encontrar
consolo ou apoio em nenhuma doutrina ou mestre espiritual. Porque
embora de muitas maneiras ateste as causas do consolo que possa ter
..., ela parece que como Eles nã o veem o que ela vê e sente, nã o
entendendo, eles dizem que, e em vez de conforto, ela primeiro recebe
uma nova dor, parecendo-lhe que nã o é o remé dio para seu mal, e na
verdade é . Porque até que o Senhor termine de puri icá -la da maneira
que ele ou quer fazer, nenhum meio ou remé dio serve ou tira proveito
da sua dor ”. Isso dura "até que aqui o espı́rito seja abrandado,
humilhado e puri icado, e se torne tã o sutil, simples e sutil, que possa se
tornar um com o espı́rito de Deus na medida em que sua misericó rdia
lhe conceda a uniã o de amor". De acordo com este grau, a puri icaçã o
será forte e longa. Geralmente dura anos, embora com intervalos, “nos
quais pela dispensaçã o de Deus, saindo desta contemplaçã o sombria de
carregar de forma purgativa e iluminadora, ataca com amor e
iluminando, em que a alma, seja como saı́da de tal masmorra e tais
prisõ es, e colocadas em recriaçã o de amplitude e liberdade, sentem e
gostam de grande suavidade de paz e amizade amorosa com Deus com
abundâ ncia fá cil de comunicaçã o espiritual ”. Entã o a alma pensa que
suas obras estã o terminadas para sempre, como pensava antes que
suas dores nunca cessariam. A razã o para isso é , "por causa dessa
qualidade sã o as coisas espirituais no amor, quando sã o mais
puramente espirituais; que quando as obras voltam, parece à alma que
nunca as deixará ..., porque a posse atual de um contrá rio no espı́rito,
por si mesmo remove a posse e o sentimento atual do outro contrá rio; o
que nã o acontece assim na parte sensı́vel da alma, porque sua
apreensã o é fraca. Mas como o espı́rito ainda nã o está aqui bem
purgado e limpo dos passatempos que contraiu da parte inferior,
embora como espı́rito nã o se mova, assim que for afetado por eles
poderá mover-se com dor ”.
Mas nã o é sempre que a alma pensa que as dores acabaram, "porque
até que a purgaçã o espiritual seja concluı́da, muito raramente a
comunicaçã o suave é tã o abundante que esconde a raiz que permanece,
de modo que deixe a alma sentir lá dentro de um eu faço nã o sabe o que
lhe falta ..., que nã o se permite gozar plenamente desse alı́vio, sentindo-
se aı́ dentro como um inimigo seu, que embora esteja tã o calmo e
adormecido, descon ia que voltará a reviver e fazer deles. E assim é , que
quando é mais seguro e menos saboreado, ele volta a engolir e absorver
a alma em outro grau pior e mais difı́cil e mais escuro e mais lamentá vel
do que no passado, que durará mais uma temporada de sorte do que a
primeira . " E novamente a alma acredita que a plenitude dos bens está
acabada para sempre, porque "a presente apreensã o do espı́rito ...
aniquila nele tudo o que é contrá rio a ele." Por isso as almas do
purgató rio duvidam que seus sofrimentos acabarã o. Certamente eles
tê m virtudes teoló gicas e sabem que amam a Deus, mas nã o encontram
consolo nisso, "porque nã o lhes parece que Deus as quer ou que sejam
dignas de tal coisa ...; e assim a alma aqui nesta purgaçã o, embora veja
que ama bem a Deus, e que por Ele daria mil vidas ..., mas isso nã o é um
alı́vio para ela, antes que lhe cause mais dor; porque ela o ama tanto,
porque ela nã o tem mais nada para cuidar dela, Já que ela parece tã o
miserá vel, nã o sendo capaz de acreditar no que Deus quer dela, nem
que ela tem ou terá por quê , mas sim que ela tem que ser odiada nã o só
por Ele, mas por todas as criaturas para sempre, iquei desapontado ao
ver em Sim você causa porque ela merece ser rejeitada de quem ela
tanto deseja e deseja. "
Os poderes també m sã o impedidos neste estado doloroso, porque a
alma nã o pode mais elevar o coraçã o e a mente a Deus como antes. Si
ora es "con tanta sequedad y sin jugo que le parece que no le oye Dios
ni hace caso de ella... A la verdad no es este tiempo de hablar con Dios,
sino de poner... su boca en el polvo. .., sufriendo con paciencia su
purgació n. Dios es el que anda haciendo su obra en el alma; por eso ella
no puede nada..., ni rezar ni asistir con mucha advertencia a las cosas
divinas puede, ni menos a las demá s cosas y tratos temporales. Ni tiene
só lo esto, sino tambié n muchas veces tales enajenamientos, y tan
profundos olvidos en la memoria, que se le pasan muchos ratos sin
saber lo que se hizo ni pensó , ni qué es lo que hace ni qué es lo que vá
fazer".
E isso acontece com ele, porque a memó ria també m deve ser puri icada
de todos os discursos e notı́cias. A alienaçã o e a frieza vê m da
lembrança ı́ntima em que a contemplaçã o absorve a alma com todos os
seus poderes e a abstrai de todo gosto pela criaçã o e de toda
imaginaçã o das criaturas. Isso dura mais ou menos tempo dependendo
da intensidade da contemplaçã o. Quanto mais pura e clara a luz divina
assalta a alma, mais ela escurece, esvazia e aniquila. “E deixando-a
assim vazia e na escuridã o a purga e ilumina o raio divino da
contemplaçã o”, sem que a alma se dê conta de que recebe esta luz
divina. Em vez disso, permanece na escuridã o, como o raio do sol, "que
embora esteja no meio da sala, se for puro e nã o tiver nada para onde
correr, nã o pode ser visto, mas com esta luz espiritual que a alma é
acusado de, quando tem o que reverberar, isto é , quando ele oferece
algo para entender a perfeiçã o espiritual ..., ou julgamento do que é
falso ou verdadeiro, entã o ele vê e entende muito mais claramente do
que antes nestas trevas. menos ele conhece a luz espiritual que possui,
para conhecer facilmente a imperfeiçã o que lhe é oferecida ”.
“Onde, porque esta luz espiritual é tã o simples, pura e geral, nã o
afetada ou particularizada por nenhum particular ..., a partir daqui é
que com grande generalidade e facilidade ela conhece e penetra na
alma qualquer coisa de cima ou de baixo que seja oferecida. O espiritual
penetra todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus (1Cor. 2,
10). E o Sá bio diz que toca em todos os lugares por sua pureza (Seiva. 7,
24): isto é , porque nã o se particulariza a nenhum inteligı́vel particular
ou afeiçã o. E esta é a propriedade do espı́rito purgado e aniquilado
sobre todos os hobbies e inteligê ncias particulares, que por nã o gostar
de nada ou compreender nada em particular, habitando em seu vazio,
escuridã o e escuridã o, abraça tudo com grande disposiçã o ".
Assim, entã o, esta noite feliz nã o tem outro propó sito em escurecer o
espı́rito senã o para "iluminar todas as coisas", e se ela o humilha e o
torna miserá vel, é apenas para exaltá -lo e levantá -lo, embora o
empobrece e oscila de toda posse e afeiçã o natural, é somente para que
possa se estender divinamente para desfrutar e saborear todas as
coisas acima e abaixo, estando com liberdade de espı́rito geral em tudo
”.
Visto que o entendimento natural é incapaz de captar a luz divina, ele
deve ser colocado nas trevas. "Qual escuridã o deve durar o tempo que
for necessá rio para expulsar e aniquilar o há bito que há muito está em
seu caminho de compreensã o." A destruiçã o do entendimento natural é
profunda, horrı́vel e dolorosa, "porque, conforme sã o sentidos na
substâ ncia profunda do espı́rito, parecem trevas substanciais".
A vontade també m deve ser puri icada e aniquilada a im de alcançar
aquele amor divino e espiritual mais elevado e puro por meio da uniã o
do amor que supera todas as inclinaçõ es, sentimentos e desejos da
vontade ", deixando-a seca e em angú stia tanto quanto for apropriado
segundo o há bito que tinha de gostos naturais, tanto pró ximos do
divino como do humano ”.
Para que “exaustos, esguios e excê ntricos no fogo desta negra
contemplaçã o de todo tipo de demô nio ..., tenham uma disposiçã o pura
e simples, e o paladar puri icado e saudá vel para sentir os toques
elevados e peregrinos do amor divino ... Porque para tal uniã o ... a alma
deve ser preenchida e dotada de uma certa magni icê ncia gloriosa na
comunicaçã o com Deus, que conté m em si inú meros bens e delı́cias que
excedem toda a abundâ ncia que a alma pode possuir naturalmente, por
ser tã o fraca e Naturalmente impuro nã o pode recebê -lo ... E
aconselhá vel que a alma seja colocada primeiro no vazio e na pobreza
de espı́rito ..., para que seja esvaziada, pobre de espı́rito e nua do velho
homem, para viver aquele novo e abençoado vida ..., que é o estado de
uniã o com Deus ... A alma tem que vir a ter um sentido divino muito
generoso e saboroso e uma notı́cia de todas as coisas divinas e
humanas ..., porque as olha com indiferença. olhos do que antes, como a
luz e a graça de l Espı́rito Santo de signi icado, e o divino do humano ".
Por esta razã o, també m deve ser liberada a memó ria, que deve
permanecer "com um sentido e temperamento interior de peregrinaçã o
e estranheza de todas as coisas, em que lhe parece que todas sã o
estranhas e de uma forma diferente do que costumavam ser. . " "Porque
nesta noite ele está tirando o espı́rito de seu sentimento comum e
comum das coisas, para trazê -lo ao sentido divino, que é estranho e
estranho em todos os sentidos humanos, tanto que parece à alma que
anda fora de si. Outras vezes pensa se é encantamento que tem ou
encantamento, e maravilha-se com as coisas que vê e ouve, que lhe
parecem muito estranhas e estranhas, sendo as mesmas que costumava
tratar ".
“Todas essas a liçõ es e expurgos do espı́rito para engendrá -lo na vida
espiritual ... a dona sofre, e com essas dores vem o espı́rito da saú de dar
à luz ... Mais disso, porque atravé s dessa Noite Contemplativa é
disponı́vel a alma para chegar à tranquilidade e à paz interior, que é tal
... que ... ultrapassa todos os sentidos (Fil. 4, 7), convé m à alma que toda
a primeira paz saia (que porque foi envolto de imperfeiçõ es nã o era
paz, embora lhe parecesse ... que era paz duas vezes. "
E é que ela adquiriu a paz do conhecimento sensı́vel e espiritual e se viu
no sentido e no espı́rito rodeado pela plenitude desta paz. Mas antes
disso, a alma teve que passar por uma limpeza. Essa paz teve que ser
tirada e destruı́da para experimentar o cumprimento dessa palavra:
"tirada e despedida é a minha alma de paz" (Thren 3, 17). A alma sofre
de muitos medos, lutas e imaginaçõ es. Tem a sensaçã o de estar perdido
para sempre. “A partir daqui é que uma dor e um gemido tã o profundos
entraram no espı́rito que provoca fortes rugidos e foles espirituais,
pronunciando-os à s vezes pela boca, e desmoronando em lá grimas,
quando há força e virtude para poder fazê -lo; embora nas menos vezes
haja esse alı́vio. " Como as avenidas das á guas, «assim este rugido e
sentimento da alma à s vezes crescem tanto, que afogando-o e
penetrando-o a tudo, o preenche de angú stias e dores espirituais todas
as suas profundas afeiçõ es e forças, sobretudo as que podem ser
tornou-se mais caro. Tal é o trabalho que faz desta noite um
encobrimento das esperanças da luz do dia ”.
També m a vontade é perfurada com dor, dú vidas e medos que nã o tê m
im. “Esta guerra e combate sã o profundos, porque a paz que espera
deve ser muito profunda; e a dor espiritual é ı́ntima e tê nue e
apressada, porque o amor que deve possuir també m deve ser muito
ı́ntimo e apressado. Porque quanto mais Intimo e cuidadoso e puro o
trabalho deve ser e permanecer, muito mais ı́ntimo, cuidadoso e puro o
trabalho deve ser ... E nem mais nem menos, porque a alma tem que vir
a possuir e gozar no estado de perfeiçã o, porque por meio de esta noite
purgativa ela caminha, de inú meros bens de dons e virtudes ", primeiro
deve-se ver claro ..." vazia e pobre deles; e parece-lhe que está tã o longe
deles que nã o pode ser persuadida de que ele nunca virá a eles. "
In lamação de amor e transformação
Mas o crente també m sabe que existe Um, cujo olhar nã o se limita a
nenhum horizonte, mas na verdade tudo envolve e tudo penetra.
Quem vive com a certeza dessa crença nã o pode mais descansar na
consciê ncia do pró prio conhecimento. Portanto, você deve se esforçar
para saber o que é justo e verdadeiro aos olhos de Deus. (Esta é a razã o
pela qual a atitude religiosa é a ú nica verdadeiramente é tica. Claro, há
um desejo e impulsos naturais de buscar o bem e a justiça, e ainda é
possı́vel que algué m tenha a felicidade de encontrá -los, mas somente
quando um busca. A vontade de Deus é quando esse desejo e essas
tentativas se encontram e encontram satisfaçã o). Aquele a quem o
pró prio Deus deu a graça de o introduzir no seu pró prio interior e a Ele
se doou inteiramente na uniã o do amor, este resolveu o problema de
uma vez por todas; Ele nã o tem mais que deixar-se guiar e ser levado
pelo espı́rito de Deus que o empurra sensivelmente, e ele tem em todo
lugar e momento a consciê ncia de fazer o que deve. Na grande decisã o
que ele tomou em um ato de liberdade suprema, estã o incluı́das todas
as decisõ es subseqü entes, que serã o produzidas em cada caso por seus
passos naturais. Mas, desde simplesmente buscar uma decisã o justa em
um determinado caso até chegar a esse ponto, há um longo caminho a
percorrer, se é que existe algum caminho que leve a eles.
Aquele que nã o busca a justiça senã o esporadicamente e isoladamente
e decide o seu caso concreto como pensa que o conhece melhor a cada
vez, també m este homem está a caminho do encontro com Deus e
consigo mesmo, mesmo que o ignore. Mas ele ainda nã o se tornou tã o
senhor de si mesmo como somente aquele que domina as ú ltimas
camadas internas de sua pró pria alma o faz; portanto, nã o pode dispor-
se totalmente de si mesmo, nem possui liberdade total e perfeita em
face das coisas. Aquele que busca seriamente o bem, isto é , aquele que
está pronto para fazê -lo em todos os momentos, já se posicionou a seu
lado e colocou sua vontade na vontade divina, mesmo quando nã o tem
consciê ncia clara de que o bem se identi ica com o que Deus quer. Mas,
sem essa clareza, ele ainda nã o tem os meios seguros de acertar o
bem; e ele se dispõ e a si mesmo como se já o possuı́sse, embora as
ú ltimas profundezas de seu pró prio interior ainda nã o lhe tenham sido
abertas.
A ú ltima decisã o livre nã o será possı́vel, exceto no encontro face a face
com Deus. Mas se algué m avançou tanto na vida de fé que já tomou
plena e decididamente o partido de Deus e nã o deseja nada alé m do que
Deus deseja, será que ainda nã o atingiu o seu mais ı́ntimo e falta algo
para alcançar o mais alto grau de uniã o de amor? E muito difı́cil traçar
aqui uma linha divisó ria clara, ainda mais difı́cil reconhecer aquela que
nos foi traçada por nosso pai Sã o Joã o da Cruz; E, apesar de tudo,
parece-me necessá rio, tendo cuidado da realidade e da pró pria mente
do Santo, reconhecer a existê ncia de uma linha divisó ria e destacá -
la. Aquele que realmente deseja apenas o que Deus deseja, portanto,
com uma fé cega e absoluta, conquistou o cume mais alto que o homem
pode alcançar com a graça divina; sua vontade é inteiramente
puri icada e livre de todos os laços com os estı́mulos terrenos; é , em
razã o de sua entrega gratuita, unida à vontade de Deus. E, no entanto,
algo mais decisivo está faltando para o mais alto grau de uniã o de amor,
que é o Casamento Espiritual.
Várias espécies de união com Deus
Devemos lembrar aqui que Sã o Joã o da Cruz distingue trê s formas de
uniã o com Deus: pela primeira, Deus se faz essencialmente presente em
todas as coisas e as manté m no ser; pelo segundo é entendida a
presença de Deus na alma pela graça, e pelo terceiro, a uniã o
transformadora e divinizadora, pelo amor perfeito. Sã o Joã o da Cruz
parece estabelecer na passagem citada apenas uma diferença de grau
entre a segunda e a terceira forma de uniã o. Mas se formos a outros
textos e examiná -los cuidadosamente, parece que temos uma diferença
especı́ ica e dentro de cada espé cie uma sé rie de graus. No Câ ntico
Espiritual, por exemplo, o Santo alude a esta divisã o tripartida, sem
mencionar a dita simples diferença de grau entre a presença da graça e
a presença ou uniã o do amor, antes enfatizando o sentimento da
presença do Bem Superior em. a uniã o do amor e seu efeito: o desejo
ardente de ver Deus face a face e, assim, consumar sua felicidade.
Santa Madre Teresa de Jesus també m aborda esta questã o mais de uma
vez. Ela diz nas Moradas que a oraçã o de uniã o foi o que a levou ao
conhecimento da presença divina em todas as coisas por essê ncia,
presença e potê ncia. Anteriormente, ele só conhecia a presença de Deus
na alma pela graça. Mais tarde, para buscar clareza sobre o que havia
descoberto, ele consultou vá rios teó logos. Um "mé dium letrado"
també m falhou em dar-lhe outra razã o alé m da habitaçã o ou presença
de Deus na alma pela graça. Mas outros a tranquilizaram, garantindo
como artigo de fé o que ela deduzira de suas pró prias experiê ncias na
oraçã o de uniã o. Talvez um esforço para harmonizar as duas descriçõ es
aparentemente divergentes dos dois Padres da reforma carmelita ajude
a lançar mais luz sobre o assunto.
Ambas as descriçõ es estã o de acordo quanto a uma verdade de fé que
para Sã o Joã o da Cruz, como teó logo, era familiar, enquanto o Santo
devia primeiro descobri-la: Deus criador está presente em todas as
coisas e as preserva no seu ser; ele tinha cada um deles em mente antes
de criá -los e os conhece perfeitamente com todas as mudanças e
destinos que podem executar. Ele pode, em virtude de sua onipotê ncia,
fazer o que quiser com cada ser em todos os momentos. Você pode
deixar as coisas à mercê de suas pró prias leis, permitindo que sigam o
curso normal dos eventos. També m pode atuar com intervençõ es
extraordiná rias. E assim que Deus habita e també m assiste em cada
alma, conhece cada uma desde toda a eternidade, com todos os
segredos da sua existê ncia e todos os ritmos da sua vida. Cada alma
depende Dele; Ele é livre para abandoná -los a si mesmos e deixá -los
seguir seu pró prio curso, ou intervir com uma mã o poderosa em seu
destino. Um desses milagres de sua onipotê ncia é o novo nascimento de
uma alma, quando ela é vivi icada pela graça santi icadora.
Mais uma vez Juan e Teresa estã o em perfeita concordâ ncia ao a irmar
que a habitaçã o divina pela graça nas almas é algo diferente da
presença divina, comum a todos os seres, pela qual Deus os preserva
em seu ser. Deus pode habitar na alma “por essê ncia, presença e
potê ncia”, sem que ela o saiba ou o queira, mesmo quando, endurecida
no pecado, vive na maior distâ ncia de Deus: é possı́vel que ela nã o
tenha a menor suspeita. da presença divina dentro. A habitaçã o pela
graça só é possı́vel em seres pessoais e espirituais, pois supõ e a livre
aceitaçã o da graça santi icadora em quem a recebe. (No baptismo de
crianças, esta livre aceitaçã o dá -se atravé s da mediaçã o de um adulto
que assume a representaçã o da criança, aceitaçã o que mais tarde será
rati icada pelo baptizado, tá cita com a sua vida de fé e expressamente
pela renovaçã o do promessas de batismo.). Isso implica que Deus nã o
pode habitar desta forma em nenhuma alma pecadora que vive de
costas para Deus. A graça santi icadora també m é chamada, porque
apaga o pecado.
Que Deus nã o pode habitar pela graça em seres impessoais e
subumanos, é algo que se deduz da pró pria natureza nesta forma de
presença divina. Implica uma in luê ncia permanente, um
derramamento contı́nuo de vida e ser divino na alma graciosa. Bem,
este ser de Deus é vida pessoal e só pode extravasar onde é dado acesso
por um ato pessoal. Esta é a razã o pela qual a recepçã o da graça é
impossı́vel se nã o for aceita pessoalmente. O resultado é uma fusã o de
duas vidas e dois seres, o que nã o é possı́vel exceto onde há um ser que
tem uma vida espiritual interior. Só um ser que vive pelo espı́rito pode
receber em si uma vida espiritual.
A alma, na qual Deus habita pela graça, nã o é simplesmente uma tela
impessoal na qual a vida divina se re lete, mas ela mesma está dentro
dessa vida. A vida divina é uma vida trinitá ria e tripessoal: é o amor
transbordante com o qual o Pai gera o Filho e lhe dá o seu ser, e com o
qual o Filho recebe esse ser e o devolve ao Pai, o amor no qual o Pai e o
Filho é a mesma coisa e ambos exalam como seu Espı́rito comum. Por
meio da graça, esse espı́rito, por sua vez, é derramado sobre as
almas. Resulta assim que a alma vive a sua vida de graça por meio do
Espı́rito Santo, ama Nele o Pai com o amor do Filho e o Filho com o
amor do Pai.
Esta participaçã o na vida trinitá ria pode ser realizada sem que a alma
experimente em si a presença das pessoas divinas. Na verdade, apenas
um pequeno nú mero de eleitos sã o aqueles que vê m à percepçã o
experimental do Deus triú no nas profundezas ı́ntimas de suas
almas. Mais numerosas sã o as almas que, guiadas por uma fé iluminada,
chegam a um conhecimento vivo e caloroso daquela presença e a uma
relaçã o de amor com as trê s pessoas divinas. Quem nã o atingiu este
grau elevado pode, no entanto, unir-se a Deus pela fé , esperança e amor,
mesmo quando nã o estã o cientes de que Deus vive dentro deles e que
podem encontrá -lo ali, que toda a sua vida de graça e o exercı́cio das
virtudes é o efeito desta vida divina que ele entesoura em si mesmo e
da qual ele mesmo participa.
A vida de fé pressupõ e uma irme convicçã o de que Deus existe, é
acreditar em tudo o que Deus revelou e, por amor, estar preparada para
deixar-se governar pela vontade divina. Como conhecimento
sobrenatural e inspirado por Deus das coisas divinas, é um "começo da
vida divina em nó s", mas apenas um começo. Foi depositado em nó s
junto com a graça santi icante, como a semente que é depositada no
campo; toque-nos com o nosso cuidado para que brote e se desenvolva
até formar uma grande á rvore com abundâ ncia de frutos. Este é o
caminho que nos levará , já nesta vida, à uniã o com Deus, embora a
ú ltima consumaçã o desta uniã o esteja reservada para a outra vida. E
agora temos a tarefa de esclarecer como a uniã o do amor e a presença
de Deus na alma pela graça diferem uma da outra. E um ponto onde o
Santo Padre e a Santa Mã e se explicam de maneira diferente.
O Santo parece ter querido ver na oraçã o de uniã o uma primeira forma
de presença diferente da presença da graça, enquanto, de acordo com a
Ascensã o, a uniã o do amor deve ser considerada como um grau
superior de uniã o pela graça. De resto, o Santo conhece també m uma
uniã o com Deus, que deve ser alcançada simplesmente atravé s da
cooperaçã o constante e assı́dua com a graça, a morti icaçã o dos apetites
naturais e o exercı́cio perfeito do amor a Deus e ao pró ximo. Ele coloca
grande ê nfase nisso para o consolo daqueles que nã o alcançam a
chamada oraçã o de uniã o. Mas, antes disso, ele a irmou com a má xima
clareza desejá vel e com nã o menos ê nfase que nã o é de forma alguma
possı́vel realizar a oraçã o da uniã o pela pró pria diligê ncia.
Esta oraçã o é como Deus arrancando a alma de si mesma, tornando-a
insensı́vel à s coisas do mundo, enquanto a deixa completamente
desperta para Deus. “Porque na verdade continua tã o sem sentido ...
que nã o há nem poder pensar, mesmo que queira ... Mesmo amando, se
quiser, nã o entende como, ou o que é que ama ou o que iria querer ...
Tudo o que o seu entendimento serviria para compreender algo do que
sente ... para que, se nã o estiver completamente perdido, nã o abane o
pé nem a mã o ". Deus trabalha nela, “sem ser impedido por ningué m,
nem mesmo por nó s”. E o que Deus opera nela "é sobre todas as alegrias
da terra e sobre todas as delı́cias e sobre todo o conteú do". Essa uniã o
dura pouco tempo, pouco mais de meia hora. Mas o modo como Deus
permanece durante ela na alma é de tal natureza "que, quando ela
retorna a si mesma, em nada pode duvidar que estava com Deus e Deus
nela. Esta verdade permanece tã o irme que, mesmo se anos se passam
sem que Deus volte para fazer aquela misericó rdia, nem é esquecido,
nem pode duvidar que esteve lá .
Enquanto o misterioso fenô meno durou, ela nã o o percebeu. Mais tarde,
poré m, ele experimenta e reconhece bem sua realidade. Ele nã o viu isso
com clareza, mas "uma certeza permanece na alma que só Deus pode
colocar". Nã o se trata de uma presença sentida "em forma corporal,
como o Corpo de nosso Senhor Jesus Cristo está no Santı́ssimo
Sacramento ..., mas da divindade somente. Bem, como é que o que nã o
vimos permanece com isso certeza? Eu sei disso, sã o as suas obras; mas
eu sei que digo a verdade ... Basta ver que quem o faz é todo-poderoso;
e porque nã o estamos em lugar nenhum com diligê ncia, fazemos para o
conseguir , mas é Deus quem o faz, nã o nó s queremos ser para
compreendê -lo. "
Sem sua proposta, no entanto, a Santa Mã e fez algumas tentativas de
explicaçã o. Ela já nos deu alguns, quando concebeu a presença divina,
que sentiu com certeza irrefutá vel, como a presença comum a todos os
seres criados. També m temos uma explicaçã o nesta a irmaçã o: “Quem
nã o ica com esta certeza, eu nã o diria que é a uniã o de toda a alma com
Deus, mas de alguma força, e muitas outras formas de favores que Deus
dá aos alma." Na verdadeira uniã o, Deus está unido à substâ ncia da
alma.
O que é de extraordiná rio valor para nó s é que Santa Teresa nos
descreve com toda a simplicidade e ingenuidade o que ela viveu, sem se
preocupar com uma possı́vel explicaçã o teó rica de sua experiê ncia, sem
se preocupar com o julgamento ou censura que sua explicaçã o possa
merecer. Sua descriçã o simples e iel pode nos ajudar a descobrir que
tipo de presença e habitaçã o se dá aqui, e ao mesmo tempo nos
fornecer um juı́zo sobre a mesma tentativa de explicaçã o que ela faz. A
alma tem a certeza de que estava em Deus e de Deus nela, certeza que
icou da experiê ncia de sua uniã o com Deus. Ao reconstruı́-lo e
descrevê -lo, chega a colocar essa experiê ncia como um elemento
essencial dela, embora só depois que o fenô meno tenha passado é que
se dá conta dele. A consciê ncia da uniã o nã o é algo externo
superadicionado à pró pria uniã o, mas pertence a ela. Onde tal
consciê ncia e subsequente certeza sã o impossı́veis, como em pedras ou
plantas, essa forma de uniã o també m nã o pode ocorrer.
E, portanto, de fato, uma uniã o ou presença diferente daquela comum a
todos os seres criados que Teresa experimentou na oraçã o de uniã o. E
essa nova forma de presença nem sempre existe de fato, nem mesmo
onde poderia ocorrer em princı́pio. A pró pria Santa o insinua
claramente quando assegura que a alma tem a certeza de que esteve
com Deus e Deus com ela. E uma situaçã o passageira e
passageira; enquanto a presença divina "por essê ncia, presença e
potê ncia" nã o é interrompida em nenhum momento, enquanto um ser
subsiste. A cessaçã o dessa presença seria o seu afundamento no nada
para o ser criado.
Assim, podemos assegurar com Sã o Joã o da Cruz que a presença que
ocorre na uniã o do amor é diferente daquela que preserva todas as
coisas em seu ser.
Por outro lado, resulta das explicaçõ es da Santa Mã e que se trata de
uma presença e de uma habitaçã o diferente da presença da graça, nã o
só em grau, mas em espé cie. Ela exorta suas ilhas com muito fervor e
insistê ncia a tender com todas as suas forças para os mais altos nı́veis
de perfeiçã o alcançá veis com a cooperaçã o iel com a graça, para a
uniã o total da vontade humana com a divina atravé s da prá tica mais
perfeita do amor de Deus. vizinho. Mas com igual urgê ncia e insistê ncia,
é considerado tolice lutar para alcançar aquela outra uniã o que só Deus
pode dar. Ningué m jamais se esforçará , nem mesmo amparado pela
graça, para experimentar como realidade viva a presença divina dentro
de si e o sentimento de uniã o com Deus. Jamais o esforço da vontade,
nem com a ajuda da graça, alcançam os efeitos maravilhosos que
ocorrem nos momentos fugazes de uma uniã o: transformar a alma de
tal maneira que ela nã o se reconheça mais, faça a lagarta, esse verme
feio, uma linda borboleta. O esforço pró prio levaria muitos anos de
á rdua luta para conseguir algo assim.
A oraçã o de uniã o ainda nã o é a uniã o que Sã o Joã o da Cruz sempre
aponta como objetivo da Noite Escura. E um pré -anú ncio e um primeiro
passo para isso. Serve como disposiçã o da alma para a entrega perfeita
a Deus e como despertar das ansiedades impacientes porque se repete
a misericó rdia da uniã o e porque a sua posse é permanente. Isso é visto
claramente nas Moradias V e VI do Castelo Interior, onde a preparaçã o e
consumaçã o do noivado espiritual sã o descritas. Uma descriçã o
semelhante é encontrada no Câ ntico Espiritual na declaraçã o dos
câ nticos XIII e XIV. Nesses lugares, Sã o Joã o da Cruz e Santa Teresa
declaram conjuntamente que o casamento se realiza em meio a um
arrebatamento. Deus puxa a alma para si com força, de modo que a
natureza quase sucumbe sob o peso da açã o de Deus. A Santa ressalta
que é preciso muito cuidado para aceitar este Noivado. E no Câ ntico
Espiritual os lá bios da esposa tı́mida e assustada pedem
suplicantemente ao Amado que retire os olhos, assim que de repente
ele lhe concedeu a graça do olhar tã o esperado e solicitado.
O que lemos em outra passagem de San Juan nã o está em perfeita
concordâ ncia com isso, segundo o qual a posse pela graça e a posse pela
uniã o estã o relacionadas entre si como noivado e casamento. O um
signi icaria algo que o homem poderia alcançar com sua vontade e o
auxı́lio da graça, isto é , a total conformidade da vontade humana com a
divina por meio da perfeita puri icaçã o da alma; o outro suporia a
rendiçã o mú tua e a uniã o total. Essa aparente contradiçã o admite em
parte uma explicaçã o simplesmente terminoló gica: a palavra noivado
nã o é usada em ambas as passagens no mesmo sentido. Mas, alé m
disso, há uma diferença real em ambas as passagens: o propriamente
mı́stico parece aderir aos mais altos graus em uma, enquanto na outra
começa mais cedo.
Mas no problema que procuramos elucidar com todas estas
consideraçõ es, o decisivo é que, em todo o caso, Sã o Joã o da Cruz já
estabelece nos ú ltimos graus uma diferença fundamental entre o
má ximo que pode ser alcançado com a ajuda do só vontade, graça e
casamento espiritual. Assim, aquela a irmaçã o da Ascensã o que queria
ver apenas uma diferença de grau entre a uniã o pela graça e a uniã o
mı́stica é evidentemente superada. Alé m disso, em todos os livros do
Santo há passagens que mostram claramente que o inı́cio do
propriamente mı́stico deve ser colocado em graus muito mais
interiores. Precisamos apenas nos lembrar daqueles toques na
substâ ncia da alma, dos quais se fala na subida. A irma-se que quando
sã o dados, o entendimento entende de forma mais eminente e
saborosa, que nã o dependem do que a alma faz, que a ú nica coisa que
ela pode fazer é dispor-se a recebê -los, mas nã o a faça com que eles nã o
recebam senã o passivamente, e que sejam ordenados a se unir a
Deus. Tudo isso indica algo que está fora do caminho normal da graça:
uma uniã o atual e transitó ria, que é uma antecipaçã o do usual e
permanente.
Como é possı́vel que Juan de la Cruz nã o se tenha de inido clara e
inequivocamente sobre esta importante questã o? Para dar uma
resposta decisiva a esta pergunta, seria necessá rio conhecermos da
vida ı́ntima deste santo silencioso algo mais do que ele nos faz
adivinhar por meio de seus escritos e do que seus contemporâ neos nos
transmitiram. Só hipoteticamente diremos algo sobre o que sugere a
histó ria de seu tempo e as novas pesquisas sobre o texto de seus
escritos. As grandes lutas religiosas de seu tempo, as heresias sempre
crescentes, os perigos de um misticismo mó rbido deram origem a uma
severa vigilâ ncia sobre os escritos de natureza religiosa.
Qualquer pessoa que escrevesse sobre questõ es da vida interior
precisava contar com a Inquisiçã o para colocar as mã os sobre ele e seus
escritos. Nã o seria temerá rio pensar que, diante disso, Sã o Joã o da Cruz
també m tomaria cuidado para nã o confundir seus ensinamentos com
os dos Illuminati (o que ele evidentemente faz em muitos lugares) e
tentaria abrir o caminho mı́stico por uma linha o mais pró ximo possı́vel
do caminho normal da graça.
Que tal propó sito presidiu, com efeito, a publicaçã o de seus escritos, foi
demonstrado pelo exame de suas primeiras ediçõ es e a comparaçã o de
alguns manuscritos com outros. A Chama Viva do Amor e o Câ ntico
Espiritual chegaram até nó s em dois ensaios escritos à mã o. As
modi icaçõ es introduzidas posteriores evidenciam, pela atenuaçã o de
expressõ es mais ousadas e os esclarecimentos acrescentados, o esforço
para evitar falsas interpretaçõ es. Essas modi icaçõ es sã o devidas ao
pró prio Santo, ou sã o obra da mã o de outrem? The Rise and the Night
foram transmitidos para nó s em uma ú nica redaçã o. Mas as diferenças
entre esses manuscritos e as ediçõ es anteriores até a ediçã o crı́tica do
Padre Gerardo (bem como as diferenças entre as primeiras ediçõ es do
Llama e sua primeira redaçã o manuscrita, na qual se baseiam) sã o tã o
notá veis que aqui E evidente e inegá vel a intervençã o de alguma mã o
estrangeira. A Ascensã o e a Noite, da forma como chegaram até nó s, sã o
partes que faltam. Em ambos os casos faltam as partes em que deveria
ter havido atentado ao sindicato, e em que as questõ es que aqui nos
interessam teriam encontrado esclarecimento.
Será que essas partes nunca foram escritas ou foram suprimidas nas
có pias? (Das quatro obras temos apenas có pias, e de nenhuma delas o
original; apenas uma das có pias do Câ ntico tem correcçõ es da Santa). E
tal supressã o, se houve, obedeceu à indicaçã o do Autor ou foi imposta
por testamento estrangeiro? Essas sã o perguntas para as quais nã o
encontramos uma resposta.
Com o desejo de iluminar, recorremos à s descriçõ es naturais e ingê nuas
de nossa santa Mã e. Eles vê m para nos dar segurança, onde as vá rias
formulaçõ es que encontramos em S. Joã o da Cruz suscitam
dú vidas. Eles, como dados autê nticos de valor incalculá vel, nã o nos
fornecem apenas uma base para uma formulaçã o teó rica. També m
temos o direito de supor que os dois santos, apesar da diferença de
cará ter e mesmo do tipo de santidade e da diferente valorizaçã o das
graças mı́sticas nã o essenciais, sã o da mesma opiniã o quanto à
concepçã o fundamental da vida interior.
O Castelo Interior, assim como os escritos do Santo, foram compostos
apó s ambos terem vivido alguns anos em Avila numa troca ı́ntima de
ideias. Desde entã o, a Santa Madre chamava seu jovem colaborador de
"Pai de sua Alma", e Juan ocasionalmente fazia alusã o aos escritos da
Santa, para evitar maiores explicaçõ es, que poderiam ser encontradas
neles. Se, entã o, nas explicaçõ es que o Santo dá sobre os diferentes
graus da uniã o mı́stica encontrarmos algo que claramente tem que ser
especi icamente diferente da uniã o pela graça, podemos estar
convencidos de que estamos na presença de algo que tem a aprovaçã o
de Sã o Joã o da Cruz. Coordenando, entã o, os ensinamentos de ambos os
reformadores carmelitas, chegamos a nos con irmar na opiniã o de que
as trê s formas mencionadas de presença e habitaçã o de Deus na alma
nã o apenas supõ em diferenças de grau, mas sã o especi icamente
diferentes. Vamos ver para esclarecer melhor essas diferenças reais.
E o mesmo Deus, uma em cada trê s pessoas, que se faz presente em
cada uma dessas formas de presença, e sua essê ncia imutá vel é a
mesma em todas elas. E, no entanto, sua presença é diversa, porque o
ser no qual essa divindade ú nica e imutá vel vem habitar é em cada caso
modi icado em seu ser, e isso modi ica a dita presença.
A primeira forma de presença nada mais faz do que deixar aquele em
quem Deus se faz presente, sujeito à sabedoria e poder divinos e
dependente da existê ncia de Deus. Tudo isso é comum a todos os seres
criados. O ser de Deus e o da criatura permanecem nesta forma de
presença totalmente separados; Entre eles nã o há senã o uma relaçã o,
por uma das partes, de dependê ncia da outra no seu ser e existê ncia, o
que nã o implica qualquer entendimento mú tuo nem, portanto, uma
uniã o propriamente dita. Porque para que haja habitaçã o ou uniã o,
ambas as partes precisam de uma natureza dotada de interioridade, ou
seja, um ser que se volte a si e se compreenda e seja capaz de receber
em si outro, para que surja uma unidade que nã o anule o autonomia de
quem é recebido ou de quem recebe.
Isso nã o se encaixa, mas entre seres espirituais; apenas um ser
espiritual está dentro de si e pode receber dentro dele outro, que por
sua vez é espı́rito. Só assim existe uma verdadeira uniã o. A uniã o pela
graça já é algo dessa natureza. Aquele que se submete ao ser, à
sabedoria e vontade ou poder divinos, para que tal dê lugar a Deus em
si mesmo, e seu ser seja penetrado pelo ser de Deus. Mas essa
penetraçã o nã o é total e completa. Nã o vai tã o longe quanto a
capacidade de recebimento do contê iner permite. Para ser totalmente
penetrada pelo ser divino (esta é a uniã o perfeita do amor), a alma deve
libertar-se de todos os outros seres: esvaziar-se de todas as criaturas e
de si mesma, como o fez Sã o Joã o da Cruz tã o insistentemente e feito
insistentemente. declarado e testado. Amar em sua mais alta realizaçã o
é tornar-se um amante com o amado em uma entrega mú tua livre: essa
é a vida divina no seio da Trindade. Para esta realizaçã o plena, aspiram
o amor ansioso e obstinado da criatura (amor, eros) e o amor
misericordioso de Deus que desce até ela (caritas, agape). Onde quer
que esses dois amores se encontrem, aı́ a uniã o vai se realizando
progressivamente à custa de tudo que se opõ e ao seu caminho e na
medida em que tudo isso é aniquilado. Isso é feito, como já sabemos, ao
longo da Noite Escura de forma ativa e passiva. Mediante a puri icaçã o
ativa, a vontade humana torna-se cada vez mais unida à divina, mas de
forma que a vontade divina nã o seja percebida como uma realidade
presente, mas seja acolhida nas trevas da fé . Aqui, na realidade, há
apenas uma diferença de grau entre a presença da graça e a uniã o do
amor. Ao contrá rio, na puri icaçã o passiva causada pelo fogo
consumidor do amor divino, a vontade divina penetra
progressivamente até ser sentida como uma realidade presente.
E aqui já estamos na minha opiniã o, diante de uma nova presença com
diferença mais do que grau da presença geral de Deus pela graça. Esta
diferença torna-se mais evidente, se a olharmos à luz da interpretaçã o
que Santo Agostinho dá das palavras do Evangelho de Sã o Joã o: «Muitos
acreditaram no seu nome ..., mas Jesus nã o se entregou a eles."
Santo Agostinho aplica estas palavras aos catecú menos: eles acreditam
e se declaram ié is a Cristo, mas Cristo ainda nã o se entregou a eles no
Santı́ssimo Sacramento. Podemos aplicá -los à s duas formas de presença
cuja diferença procuramos esclarecer, bem como à diferença entre fé e
contemplaçã o. A presença pela graça nos é dada em virtude da fé , isto é ,
aquela faculdade de aceitar como real o que nã o vemos presente e de
tomar como verdadeiro e verdadeiro o que nã o é rigorosamente
demonstrá vel com argumentos da razã o. E como se houvesse um
homem de quem já tivé ssemos ouvido coisas boas e maravilhosas; Ele
até nos fez favores e recebemos grandes presentes dele; Por tudo isso
nos sentimos possuı́dos de gratidã o e amor por ele, e dentro de nó s
nasce um desejo, que vai ganhando proporçõ es crescentes, de conhecê -
lo pessoalmente. Mas ele ainda nã o se con ia ao seu protegido; nã o lhe
concede nem a mı́nima satisfaçã o de uma entrevista pessoal, e muito
menos lhe abriu seu interior e lhe deu seu coraçã o.
Pois bem, todos esses favores que Deus faz ao homem em graus
sucessivos por meio da terceira via de sua presença, a da escolha
mı́stica: Deus lhe concede uma entrevista pessoal por meio de um
contato ou toque no centro ou substâ ncia da alma; abre seu pró prio
interior para ele, concedendo-lhe ilustraçõ es especiais sobre a natureza
de Deus e seus julgamentos secretos e misté rios; Ele dá a ela o presente
de seu pró prio Coraçã o, primeiro por meio de uma entrevista pessoal
que acontecerá em um arrebatamento momentâ neo (na oraçã o de
uniã o), depois na posse duradoura e permanente, no noivado mı́stico e
no casamento espiritual. Tudo isso nã o é , entretanto, a visã o face a
face; aqui, a comparaçã o ou sı́mile da aproximaçã o progressiva entre os
homens falha. Mas é um encontro pessoa a pessoa e, portanto, um
conhecimento experimental já desde os primeiros graus ı́ntimos da
uniã o. Deus toca com a sua pró pria divindade nas profundezas da alma
(designada també m pelo Santo como a substâ ncia da alma). A
Divindade nada mais é do que a mesma essê ncia Divina, é o mesmo
Deus em pessoa; seu ser em um ser pessoal; e a profundidade ou centro
da alma é , por sua vez, o centro e o princı́pio de sua atividade pessoal,
bem como seu ponto de contato com outra vida pessoal. Um contato
pessoal só é possı́vel nas profundezas; com tal contato é como uma
pessoa faz outra sentir sua pró pria presença. Quando, portanto, algué m
se sente tocado dessa forma em seu ser mais ı́ntimo, ele estabeleceu um
contato vivo com outra pessoa. Este ainda nã o é o sindicato, mas um
ponto de contato para estabelecê -lo.
Quanto à uniã o pela graça, já é como uma lacuna que se abre para algo
novo; é uma participaçã o da natureza divina, mas o fundo, como se diz,
pessoal de Deus ainda nã o está aberto à alma, como se nã o entrasse
naquela comunicaçã o da natureza. Aqui, nesta outra uniã o, o pró prio
princı́pio da vida divina (se assim se pode falar) é aquele que entra em
contato substancial com a profundidade ı́ntima ou substâ ncia da alma,
e se faz sentir presente, embora em um caminho escuro e
velado. Atravé s das ilustraçõ es sobre os misté rios divinos que o interior
fechado de Deus está se abrindo. Se a alma, quando lhe é comunicada a
graça, recebe uma corrente de vida divina e assim se eleva acima de seu
ser, aqui, na uniã o mı́stica, é ela quem se introduz na pró pria vida e ser
de Deus. Nessa uniã o, em seus diversos graus, se faz um entendimento
mú tuo com um movimento que parte do inı́cio de ambas as vidas
pessoais, e termina em uma entrega mú tua de pessoa a pessoa.
Ainda temos que fazer vá rias observaçõ es aqui: o ú nico contato de Deus
na substâ ncia da alma nã o pressupõ e necessariamente a presença
divina pela graça. Pode ser concedido a almas totalmente in ié is como
meio de excitar a fé e como preparaçã o para receber a graça
santi icadora. També m pode ser um meio de treinar um incré dulo para
ser um instrumento adequado para certos propó sitos. O mesmo pode
ser dito de certas ilustraçõ es particulares. A uniã o, ao contrá rio, como
entrega mú tua que é , nã o pode ocorrer sem fé e sem amor, isto é , sem
graça santi icadora. Para estabelecê -lo em uma alma que nã o estava na
graça, ele teria que ser concedido, junto com um princı́pio dele, a graça
santi icadora e, como sua pré -condiçã o, a contriçã o perfeita. Essas
vá rias possibilidades sã o uma con irmaçã o da distinçã o radical entre a
uniã o pela graça e a uniã o mı́stica e entre as formas correspondentes da
presença divina na alma. Estas sã o duas faixas diferentes
escalonadas. Isso nã o signi ica negar que a vida comum da graça
prepara o caminho para a uniã o mı́stica.
Se o centro ou a substâ ncia da alma é , em princı́pio, o ponto onde se dá
a uniã o e o contato de pessoa a pessoa, entende-se, na medida em que
se possa dizer o entendimento ao falar dos misté rios da divindade, que
Deus escolheu esse centro. como o lugar de sua habitaçã o. Se a uniã o é
o im para o qual as almas foram criadas e destinadas, pelo mesmo fato
devem existir as circunstâ ncias e condiçõ es que tornam essa uniã o
possı́vel.
Entende-se també m que este centro mais profundo da alma está ao seu
alcance e livre disposiçã o, uma vez que a entrega do amor só é possı́vel
entre seres livres. E esta entrega de amor, que se realiza no casamento
mı́stico, també m por parte da alma, algo diferente da entrega
incondicional que faz de sua vontade à vontade divina? Obviamente
sim.
E algo diferente pelo conhecimento que atua sobre ele; Quando Deus se
entrega à alma no casamento espiritual, ele passa a conhecer a Deus de
uma forma que nã o o conhecia antes, com um conhecimento que de
outra forma nã o poderia adquirir; antes ele nem mesmo conhecia sua
pró pria profundidade. Conseqü entemente, ela nã o sabia antes, como
sabe agora, a quem estava dando sua vontade, ou o que estava dando,
ou que tipo de entrega a vontade divina exigia dela. E diferente por
parte da vontade: é diferente por causa de seu objeto, pois a entrega da
vontade visa a uniã o da pró pria vontade com o divino, e nã o a uniã o
com o pró prio coraçã o de Deus, nem com o pessoas divinas; E por causa
de seu ponto de partida, já que só agora atua a substâ ncia ou o centro
interior da alma, só agora a vontade engloba tudo em si,
compreendendo a pessoa inteira a partir do centro de sua pró pria
personalidade; E por causa de seu prazo: já que na entrega matrimonial
a alma nã o só endireita e subordina sua pró pria vontade à divina, mas
també m recebe Deus que se entrega a ele; portanto, esta dedicaçã o da
pró pria pessoa é ao mesmo tempo a mais audaciosa conquista e ganho
acima de qualquer consideraçã o humana. Sã o Joã o da Cruz o expressa
muito claramente quando diz que a alma pode dar a Deus mais do que
possui e é em si mesma; que Deus dá o mesmo Deus em Deus. Estamos,
portanto, aqui na presença de algo que difere fundamentalmente da
uniã o pela graça; porque estamos diante da mais profunda imersã o da
alma na essê ncia divina, que a deixa divinizada; uma uniã o e
identi icaçã o de duas pessoas que nã o anula a sua independê ncia, mas
justamente a supõ e; uma relaçã o só superada e intensi icada pela
circuncisã o das pessoas divinas, que é o seu protó tipo. Esta é a uniã o
que Sã o Joã o da Cruz sempre teve em mente como a meta inal a que
deseja conduzir em seus livros, embora muitas vezes tenha usado o
termo em outro sentido e nã o tenha especi icado teoricamente suas
caracterı́sticas em relaçã o a os outros, maneiras de aderir tã o
claramente como foi tentado fazer aqui.
Já dissemos: o casamento mı́stico é a uniã o com as trê s pessoas
divinas. Enquanto Deus nã o toca a alma exceto no meio da escuridã o e
como se estivesse se escondendo, ela nã o pode sentir o contato pessoal
divino exceto confusamente, sem perceber se é uma Pessoa que a toca
ou se há vá rias. Mas quando, na perfeita uniã o do amor, a alma é
introduzida na corrente da vida divina, nã o se pode mais esconder que
esta vida é uma vida tripessoal e que entra em contato experimental
com todas as trê s Pessoas divinas.
Fé e contemplação. Morte e ressurreição
II
Oh, gentil cauté rio!
Oh ferida talentosa!
Oh mã o macia! Oh toque delicado
que gosto de vida eterna
e todas as dı́vidas pagam!
Matando, morte em vida você mudou.
III
Oh lâ mpadas de fogo,
em cujos brilhos
as cavernas profundas dos sentidos,
que estava escuro e cego,
com belezas estranhas
dê calor e luz ao seu ente querido!
4
Que manso e amoroso
eles lembram no meu seio
onde você só mora secretamente:
e no seu há lito saboroso,
de boa e plena gló ria,
com que delicadeza me fazes apaixonar!
A alma saiu da noite. O que o espera agora excede qualquer coisa que
possa ser expressa em palavras. As exclamaçõ es oh! e como! eles
tentam expressar o que sentem. Por isso o Santo acatou o pedido de sua
ilha espiritual Ana de Peñ alosa para que declarasse estes quatro
cantos. Ele sentiu a iné pcia da linguagem para declarar tais coisas
espirituais e cativantes. Mas depois de algum tempo pareceu-lhe "que o
Senhor abriu um pouco a notı́cia e deu um pouco de carinho", e ele
decidiu levar a cabo este empreendimento.
"! Um pouco de calor! "De fato, dá a impressã o de que nã o apenas as
quatro estrofes da cançã o, mas todo o comentá rio nada mais é do que
uma incessante chama da" Chama Viva do Amor ". Por isso, somente
com um respeito sagrado. ousamos nos aproximar desses segredos
divinos que acontecem nas profundezas de uma alma escolhida. Mas
uma vez que o vé u foi levantado, o silê ncio nã o é permitido. Temos
diante de nó s o que o Ascensã o e a Noite nos prometeram: a alma que
Apó s o longo caminho para o Calvá rio, ele atingiu o im da uniã o
desejada.
Já avisamos antes, que també m os primeiros escritos mostram ter sido
compostos por algué m que já atingiu a meta. Caso contrá rio, A Cançã o
da Noite Escura di icilmente seria compreensı́vel. Mas, ao declarar as
estrofes, ele voltou ao tempo em que a Noite ainda estava passando e a
descreveu como se ainda estivesse aprisionado nela. Olhando para o
futuro, você nos disse algo sobre o seu mandato. Mas agora ele está
imerso na luz radiante da manhã da Ressurreiçã o. Se ele ainda fala da
cruz e à noite é como uma memó ria. E verdade que este olhar
retrospectivo dá maior signi icado a esta obra como um todo: a vida
nova nasceu da morte, a gló ria da Ressurreiçã o é a recompensa de ter
suportado ielmente a Noite e a Cruz. E assim que "todas as dı́vidas sã o
pagas".
A alma "sente como rios de á gua viva luem de seu seio", e lhe parece,
"que porque com tanta força se transforma em Deus, e tã o possuı́da por
ele, e com tã o ricas riquezas de dons e virtudes inundadas, que está tã o
perto da bem-aventurança que é dividido apenas por um pano leve e
delicado. " Cada vez que esta delicada chama de amor a ataca, que arde
nela "é como a glori icá -la com uma gló ria suave e forte" e parece-lhe
que vai rasgar o tecido da sua vida e que ela pouco tem a obter a posse
da felicidade e da vida eterna. Assim, ela está cheia de grandes desejos e
implora para ser libertada do invó lucro mortal.
A Chama viva do amor é o Espı́rito Santo, "que a alma já sente em si
mesma, como fogo que a consumiu e transformou em amor suave", e
també m "como fogo, que nela arde e queima a chama ..., e essa chama,
cada vez que arde, banha a alma de gló ria e a refresca no templo da vida
divina ”. O Espı́rito Santo causa na alma in lamaçõ es de amor, nas quais
a alma faz o mesmo amor com a chama divina. A transformaçã o em
amor é o há bito, um estado duradouro, para o qual a alma é
transportada, o fogo que nela arde permanentemente. Seus atos “sã o a
chama que nasce do fogo do amor, que sai tã o veementemente quanto
mais intenso é o fogo da uniã o”. Nesse estado, a alma nã o é capaz de
agir por si mesma. Todos os atos sã o dados e realizados pelo Espı́rito
Santo e, por isso, sã o todos divinos. Por isso, cada vez que esta chama
acende, a alma tem a impressã o de que a vida eterna lhe está sendo
dada: "porque a eleva para a operaçã o de Deus em Deus". Nesta
transformaçã o em chama de amor, o Pai, o Filho e o Espı́rito Santo sã o
comunicados a ele, e ele se aproxima de Deus tanto que percebe um
vislumbre da vida eterna e tem a impressã o de tê -la alcançado.
A chama do amor divino toca a alma com a ternura da vida divina e
fere-a tã o fortemente nas suas entranhas mais profundas que se
desmancha com o amor. Mas como falar de feridas aqui? De facto, estas
feridas sã o "como labaredas muito ternas de amor delicado", fogos de
Sabedoria eterna, "labaredas de toques ternos que à s vezes tocam a
alma, desde o fogo do amor que nã o está ocioso ...".
Isso acontece no centro mais profundo da alma, onde nem os sentidos
nem o demô nio podem penetrar e, conseqü entemente, em completa
segurança, substancial e deliciosamente "Quanto mais agradá vel e
interior, mais puro: e quanto mais pureza, tanto Deus se comunica com
mais abundâ ncia, frequê ncia e generosidade, e com isso o deleite e o
gozo da alma cada vez mais ..., porque Deus é o operador de tudo, sem
que a alma faça nada de seu ”. A alma nã o pode fazer nada por si mesma
se nã o for com a ajuda dos sentidos corporais, dos quais neste estado
está completamente separada, e assim "seu negó cio é apenas receber
de Deus, que pode apenas no fundo da alma ..., sem a ajuda dos
sentidos, trabalhe e mova a alma nele ”. Assim, todos os movimentos da
alma sã o divinos, atos de Deus, mas també m atos da mesma
alma. "Porque Deus os faz nela com ela, que dá a sua vontade e
consente."
Quando a alma a irma que o Espı́rito Santo a feriu em seu centro mais
profundo, isso signi ica que há outros pontos menos profundos nela,
que correspondem aos graus do amor divino: mas agora é tocado e
atingido em sua substâ ncia, em seu operaçã o e em sua força. Ele nã o
quer dizer com isso "que isso é tã o substancial e inteiramente quanto a
visã o beatı́ ica de Deus na vida apó s a morte ..."; diga-lhe apenas "para
implicar a abundâ ncia e abundâ ncia de deleite e gló ria que nesta forma
de comunicaçã o o Espı́rito Santo sente: cujo deleite é maior e mais
terno, mais forte e substancialmente a alma é transformada e
concentrada em Deus...
Mas isso nã o acontece tã o perfeitamente como na vida eterna. “Embora
por acaso o há bito da caridade possa ter a alma nesta vida tã o perfeita
como na outra: mas nã o a operaçã o e o fruto ...”. Mas o seu estado é tã o
semelhante ao da vida futura, aquele sentimento da alma de ser assim,
ousa a irmar: da minha alma no centro mais profundo. Aqueles que nã o
tê m experiê ncia irã o julgá -lo exagerado. Mas nã o é "incrı́vel que o pai
das luzes, cuja mã o nã o é abreviada e com abundâ ncia se difunda ... a
uma alma já dirigida e provada e puri icada no fogo das tribulaçõ es ..., e
achada iel no amor, Este alma iel deixa de se cumprir nesta vida o que
o Filho de Deus prometeu, convé m saber: que se algué m o amasse, a
Santı́ssima Trindade viria nele e nele habitariam (Jn, XIV, 23), o que
está ilustrando seu entendimento divinamente na sabedoria do Filho, e
sua vontade se deleitando no Espı́rito Santo, e o Pai absorvendo-o
poderosa e fortemente no abismo de sua doçura. " Mas na alma em que
arde a chama viva, o Espı́rito Santo faz muito mais do que comunicar e
transformar o amor. "Porque um é como uma brasa ardente: o outro,
como uma brasa em que o fogo é tã o forte, que nã o só se acende, mas
també m apaga uma chama viva."
A uniã o simples é comparada ao “fogo de Deus que está em Siã o” (Is
31,9), isto é na Igreja militante, onde o fogo do amor nã o é
extremamente aceso e a uniã o do amor com a in lamaçã o do amor , "na
fornalha de Deus, que está em Jerusalé m", uma visã o de paz na igreja
triunfante, na qual este fogo como em uma fornalha é aceso na
perfeiçã o do amor. A alma ainda nã o atingiu a perfeiçã o do cé u, mas
arde como uma fornalha de fogo em contemplaçã o pacı́ ica, gloriosa e
radiante de amor. Ele experimenta como "esta chama viva de amor
comunica vividamente todos os bens a ele". E por isso que ele exclama:
"Oh, chama viva de amor, que você feriu ternamente." Como se dissesse:
"O amor ardente, que com tais movimentos amorosos você está me
glori icando, de acordo com a maior capacidade e força de minha alma!
Isto é , dando-me inteligê ncia divina, de acordo com toda a capacidade e
capacidade de meu entendimento, e comunicando-me o amor, de
acordo com a maior força de minha vontade, e deliciando-se na
substâ ncia da alma com a torrente de seu deleite em seu contato divino
e uniã o substancial, de acordo com a maior força de minha substâ ncia e
capacidade e amplitude da minha memó ria ".
Quando a puri icaçã o de todas as potê ncias foi completada, "a
Sabedoria Divina ... profunda e sutilmente e sutilmente com sua chama
divina a absorve em si mesma, e nessa absorçã o da alma em sabedoria,
o Espı́rito Santo exerce as gloriosas vibraçõ es de seu chama ". E o
mesmo fogo que na puri icaçã o era escuro e doloroso para a alma e que
agora a ilumina com amor e beati icaçã o. E por isso que a alma diz:
"Bem, você nã o é mais esquivo!" Anteriormente, a luz divina permitia
que ele nã o visse nada alé m de sua pró pria escuridã o. Agora, como já
está iluminado e transformado, contempla a luz em si. Antes era a
chama terrı́vel para a vontade, porque o fazia sentir dolorosamente sua
dureza e secura, e ele nã o podia rastrear a ternura e delicadeza da
chama ou saborear sua doçura, porque seu gosto por inclinaçõ es
bastardas era extraı́do. A alma nã o podia apreciar as imensas riquezas
ou o deleite da chama do amor e sentia sob sua in luê ncia apenas sua
pró pria pobreza e misé ria. Ele pensa em tudo isso como algo do
passado e com essas breves palavras ele quer dizer: "Você nã o só nã o é
escuro para mim como antes, mas você é a luz divina do meu
entendimento, com a qual posso olhar para você : e nã o só nã o desmaias
a minha fraqueza, mas diante de ti está a força da minha vontade com a
qual posso amá -lo e desfrutá -lo, estando tudo convertido em amor
divino; e você nã o é mais um fardo e um fardo para a substâ ncia da
minha alma , mas antes de você estã o a gló ria, o deleite e a amplitude
dele ". E como já está tã o perto da meta, pede inalmente: "Termine
agora, se quiser."
E pedir um casamento espiritual perfeito na visã o beatı́ ica. Como a
alma neste estado elevado está completamente abandonada em Deus e
sem seu pró prio desejo, ela nã o pode pedir mais nada. Mas como ainda
vive na esperança e nã o tem a plena iliaçã o divina, anseia pela
consumaçã o, e tanto mais porque experimentou a gravidez e o gozo
dela, na medida do possı́vel na terra. Esse grau é tã o alto que ele passa a
acreditar que sua natureza se dissolve, porque a parte inferior é
incapaz de suportar um fogo tã o alto e poderoso. E assim realmente
aconteceria se Deus nã o viesse em auxı́lio da fraqueza de sua natureza
e a sustentasse com sua mã o direita.
De resto, esses breves lampejos de contemplaçã o sã o de tal sorte, "que
antes seria pouco amor nã o pedir a entrada nessa perfeiçã o e
realizaçã o do amor". A alma vê aı́ que o pró prio Espı́rito Santo a
convida a essa gló ria imensa e que, como o Noivo no Câ ntico dos
Câ nticos, a chama: "Levanta-te, minha amiga, minha graciosa, e minha
pomba e, vem ... "(Qtde 2, 10 e segs.). "Termine agora se quiser"; com
isso a alma pede aqueles dois pedidos que ele nos ensinou no
Evangelho, a saber: "Adveniat Regnun tuum; iat voluntas tua". Para que
a uniã o perfeita aconteça, todos os panos que separam a alma de Deus
devem ser removidos. Pode haver trê s desses tecidos: "temporal, em
que se entendem todas as criaturas; natural, em que se entendem as
operaçõ es e inclinaçõ es puramente naturais ...; sensı́vel, em que se
entende apenas a uniã o da alma com o corpo, que é sensı́vel e a vida
animal ... ”. A primeira e a segunda tiveram que ser quebradas para se
chegar à uniã o na qual a alma já se encontra. Isso foi feito "pelos
encontros evasivos dessa chama, quando ela era evasiva". Agora apenas
o terceiro tecido da vida sensı́vel permanece, e este com esta uniã o com
Deus é tã o sutil e ino quanto um vé u. E quando se rompe, a alma pode
falar de um doce encontro. Porque a morte natural desta alma é muito
diferente da de outras, mesmo que as circunstâ ncias da morte sejam
semelhantes. “Porque mesmo que morram na doença ou em plena
idade, a alma nã o os arranca mas sim algum ı́mpeto e encontro de amor
muito superior ao passado e mais poderoso e corajoso, pois poderia
rasgar o tecido e tirar a joia do alma. E assim A morte de tais almas é
muito suave e muito doce, mais do que sua vida espiritual foi toda a sua
vida, pois morrem com maior ı́mpeto e eu os acho saborosos de amor,
sendo eles como o cisne, que canta mais suavemente quando morre.
Por isso Davi disse que a morte do justo era preciosa na obediê ncia de
Deus (Salmo 115,15), porque aqui todas as riquezas da alma vê m em
uma, e eles encontrarã o os rios do amor da alma no mar, que já estã o lá
tã o largos e represados que já parecem mar ”.
A alma é vista na soleira da entrada para a felicidade eterna e "entã o a
ponto de sair para possuir seu reino acabado e perfeitamente ...; ela se
conhece rica e pura e cheia de virtudes e pronta para isso, porque em
neste estado Deus deixa a alma ver sua beleza ...; porque tudo se
transforma em amor e louvor, sem um toque de presunçã o ou vaidade,
nã o há mais fermento de imperfeiçã o ...; e como a alma vê que só
precisa quebrar esse tecido magro da vida natural ..., querendo se ver
desamarrada e ver Cristo, fazendo-a sentir pena que uma vida tã o baixa
e magra a impeça de outra tã o alta e forte, ela pede que seja rompida
dizendo: “Quebre o tecido deste doce encontro ".
Como agora, “a alma sente a força da outra vida, vê a fraqueza do
estotra, e parece uma teia muito ina e até uma teia de aranha (Salmo
89,9) e é muito menos ainda”. Porque agora ele conhece as coisas como
Deus; "Todas as coisas nã o sã o nada para ela, e ela nã o é nada aos olhos
dele. Só o seu Deus é tudo para ela."
A alma pede que se rompam o pano, nã o que o tribunal: primeiro,
porque o rompimento é mais tı́pico do encontro; alé m disso, “porque o
amor é amigo da força do amor e de um toque forte e impetuoso
...”. Terceiro, porque o amor deseja que o ato seja muito breve. “Porque
tem muito mais força e valor quando é mais rá pido e espiritual, porque
a virtude unida mais forte é aquela dispersa”. Os atos que sã o feitos em
um instante na alma sã o antes desejos arti iciais e nunca se tornam atos
perfeitos de amor, mas quando, como dissemos, à s vezes "Deus os
forma e os aperfeiçoa com grande gravidade no espı́rito".
“O ato de amor à s vezes entra na alma querendo, porque a faı́sca a cada
toque apanha o pavio, e assim a alma apaixonada mais deseja a
brevidade do rompimento”. Ele nã o admite procrastinaçã o nem espera
que a vida termine naturalmente. "Porque a força do amor e a
disposiçã o que ela vê em si mesma a fazem querer e pedir que sua vida
seja quebrada mais tarde por algum encontro ou impulso sobrenatural
de amor." A alma sabe "que é condiçã o de Deus trazer consigo antes do
tempo as almas que ele tanto ama", consumindo-as brevemente com
este amor.
"Por isso é grande negó cio para a alma exercer atos de amor nesta vida,
porque, consumindo-se em pouco tempo, nã o se demore aqui ou ali
sem ver Deus."
A alma chama de encontro este impetuoso ataque interior do Espı́rito
Santo. Deus o empreende com esse ı́mpeto sobrenatural, para elevá -lo
acima da carne e conduzi-lo à desejada perfeiçã o. Sã o encontros
verdadeiros: o Espı́rito Santo penetra no ser da alma, clari ica-a e
diviniza-a, «no qual absorve a alma sobretudo sendo o ser de Deus». A
alma gosta muito de Deus aqui, e chama esse encontro de doce acima
de todos os outros toques e encontros, porque ultrapassa todos os
outros. Assim, Deus prepara a alma para a glori icaçã o perfeita e
concede-lhe o pedido de romper o vé u, para que doravante possa amar
a Deus sem barreiras, sem im na plenitude e saciedade que tanto
ansiava.
“Em cuja aspiraçã o, cheia de bem e de gló ria e delicado amor de Deus
pela alma, eu nã o gostaria de falar, nem de falar, porque vejo claramente
que nã o sei dizer, e pareceria menos, se eu dissesse ... aspiraçã o que
Deus faz à alma, na qual o Espı́rito Santo a aspira com a mesma
proporçã o que era a inteligê ncia e a notı́cia de Deus, na qual está
profundamente absorvida no Espı́rito Santo por aquela memó ria do
alto conhecimento da divindade, apaixonando-se pelo amor e pelo
amor. delicadeza divina, segundo o que viu em Deus. Porque a aspiraçã o
sendo cheia de bem e de gló ria, nela o Espı́rito Santo encheu a alma
com o bem e a gló ria, na qual ele caiu apaixonado por ele sobre cada
linguagem e sentido nas profundezas de Deus; isso, aqui o deixo. "
II
(13)
Deixe-os de lado, amado,
Estou indo em um vô o
Esposo
Vire-se, mergulhe,
que o cervo violou
atravé s da colina parece,
para o ar de seu vô o, e fresco.
Esposa
(14)
Meu amado as montanhas,
os vales nó rdicos solitá rios,
as ilhas estranhas,
os rios sonoros,
o assobio de ares amorosos.
(quinze)
A noite tranquila
mesmo ao amanhecer,
a musica calma,
a solidã o sonora,
jantar, que se recria e se apaixona.
(16)
Nosso canteiro lorido. Caça-nos as raposas,
de cavernas de leõ es atadas, que nosso vinhedo já está lorido,
esticado em roxo, enquanto em rosas
de paz construı́da, fazemos um abacaxi,
de mil escudos de ouro coroados. e nã o se pareça com ningué m na
montanha.
(17)
Atrá s de sua pegada, pare, vento mortal,
As moças correm para a estrada, vem, austro, que te lembres dos
amores,
com o toque do brilho, respire meu jardim,
ao vinho marinado, e seus cheiros correm,
emissõ es de bá lsamo divino. e o Amado pasta entre as lores.
(18)
Dentro da adega Oh ninfas da Judé ia,
Eu bebi do meu amado e quando saı́ enquanto nas lores e roseiras
em todo este vale, perfumes de â mbar,
Eu nã o sabia de nada, eu morri no subú rbio,
e o gado que perdi antes seguiu. e nã o quero tocar nossos limites.
(19)
Lá ele me deu seu seio, Hide Carillo,
Lá ele me ensinou ciê ncia muito saborosa, e olha com sua viga para as
montanhas,
e eu dei de fato e você nã o quer dizer;
pra mim, sem sair de nada, mas olha as empresas
lá eu prometi ser sua esposa. dos quais passam por ilhas estranhas.
Esposo
(vinte)
Minha alma foi empregada, Para iluminar pá ssaros,
e toda a minha riqueza em seus leõ es de serviço, veados, veados
saltadores,
Eu nã o tenho mais gado, montanhas, vales, bancos,
nem tenho outro emprego, á guas, ares, ardor
que só amar é meu exercı́cio. e medos das noites vigilantes:
(vinte e um)
Bem, se na é gide das liras agradá veis,
de hoje mais nã o será visto ou encontrado, e eu canto de serenidade, eu
te conjuro,
Você dirá que eu me perdi; deixe sua raiva cessar,
que andar apaixonado, e nã o tocar na parede,
Eu me perdi e fui vencido. Porque a Esposa dorme mais segura.
III
(22)
De lores e esmeraldas, a Esposa entrou
Nas manhã s frescas escolhidas, no agradá vel pomar desejado,
faremos as guirlandas e seu sabor descansa,
no teu amor loresceu, o pescoço reclinou
e em um cabelo meu entrelaçado. nos doces braços do Amado.
(2,3)
Em apenas aquele cabelo sob a macieira,
que você considerou voar no meu pescoço, aı́ você se casou comigo,
você olhou para o meu pescoço, aı́ eu apertei sua mã o,
e nele permaneceste prisioneiro e foste reparado
e em um dos meus olhos você estava dolorido. Onde sua mã e foi
estuprada
Esposa
(24)
Quando você olhou para mim, nosso canteiro lorido
sua graça em mim seus olhos impressionados; de cavernas de leõ es
ligados
é por isso que você me adamadas, roxo esticado
e nisso eles mereciam a paz construı́da
os meus adoram o que viram em você . de mil escudos de ouro coroados.
(25)
Nã o quero me desprezar, por trá s de sua pegada
que, se você encontrar uma cor marrom em mim, as jovens correm para
a estrada
você pode olhar para mim com o toque de um raio
depois que você olhou para mim, a marinada veio;
que graça e beleza você deixou em mim. emissõ es de bá lsamo divino.
(26)
Nos pegue as raposas, Dentro do porã o
que nossa vinha já está em lor, bebi do meu amado, e quando
enquanto rosas por todo este vale
a gente faz um abacaxi nao sabia de uma coisa
e nã o se pareça com ningué m na montanha. E o gado que eu perdi antes
seguiu.
(27)
Pare, vento morto; Lá ele me deu o peito
Venha, austro, você lembra dos amores, aı́ ele me ensinou ciê ncia bem
gostosa
ele aspira pelo meu jardim e eu dei a ele de fato
e passe seus cheiros para mim, nã o deixando nada para trá s;
e o Amado pasta entre as lores. Lá eu prometi ser sua esposa.
Esposo
(28)
A esposa entrou Minha alma foi empregada
no agradá vel pomar desejado e toda minha riqueza a seu serviço;
o sabor dele descansa, eu nã o tenho mais gado
o pescoço reclinado nem tenho outro emprego,
nos doces braços do Amado. Que só amar é meu exercı́cio.
(29)
Debaixo da macieira Bem, sim, no ejido
lá você estava prometido a mim; hoje mais nao sera visto ou achado,
aı́ eu apertei sua mã o, você vai dizer que eu me perdi;
e você foi consertado isso, andando em amor,
onde sua mã e foi estuprada. Eu me perdi e fui vencido.
(30)
Para iluminar pá ssaros, De lores e esmeraldas
leõ es, veados, gamos, saltadores, nas manhã s frescas escolhidas
montanhas, vales, bancos, faremos as guirlandas
á guas, ares, ardor, em seu amor lorido
e temores das noites vigilantes: e em um cabelo meu entrelaçado.
(31)
para as liras agradá veis Em apenas aquele cabelo
e cançã o de serena eu te conjuro a considerar voar no meu pescoço
deixe sua raiva cessar, pegue-o no meu pescoço
e nã o toque na parede e nela você permaneceu um prisioneiro
porque a esposa dorme mais segura. e em um dos meus olhos você
estava dolorido.
Esposa
(32)
O ninfas da Judé ia! Quando você olhou para mim
enquanto seus olhos impressionaram nas lores e roseiras sua graça em
mim;
Perfumes de â mbar, é por isso que você costumava me amar
morrer no subú rbio e nisso eles mereciam
e nã o quero tocar nossos limites. Os meus adoram o que viram em você .
(33)
Esconda-se, Carillo, nã o queira me desprezar,
e olhe com seu feixe para as montanhas que se você encontrasse uma
cor marrom em mim,
e nao quer decillo, voce pode olhar pra mim
mas olhe para as empresas depois que você olhou para mim,
dos quais passam por ilhas estranhas. que graça e beleza você deixou
em mim.
Esposo
(3. 4)
A pomba branca
para a arca com o galho que virou,
e já a tortolica,
para o parceiro desejado
nas margens verdes que ele encontrou.
(35)
Eu morava sozinho
e na solidã o ele já colocou seu ninho,
e sozinho o guia
sozinho seu querido,
també m na solidã o do amor ferido.
Esposa
(36)
Regozijemo-nos, amado,
e vamos ver sua beleza
para a montanha e para a colina
luxos de á gua pura;
vamos nos aprofundar no matagal.
(37)
E entã o para as subidas
cavernas de pedra iremos,
que estã o bem escondidos,
e lá vamos entrar,
e vamos provar o mosto das romã s.
(38)
Lá você me mostraria
o que minha alma queria,
e entã o você me daria
ai voce, minha vida,
o que você me deu outro dia.
(39)
Sugando o ar,
a cançã o da doce Filomena,
o soto e sua graça,
na noite serena
com uma chama que consome e nã o dá dor.
(40)
Que ningué m estava olhando para ele,
Aminadab també m nã o parecia,
e a cerca se acalmou,
e a cavalaria
à vista das á guas desceu.
Este poema, composto na prisã o, é de uma riqueza incompará vel de
imagens e conceitos. E é isso que o distingue notavelmente das estrofes
da Noite Escura e da Chama. Nestes, temos em cada caso uma ú nica
imagem que domina o todo: a noite fora, o fogo que arde com sua pluma
de chamas. E verdade que també m no Câ ntico há um io condutor que
dá unidade ao todo; vamos voltar a eles; mas embutidas nela estã o uma
in inidade de imagens que se sucedem e mudam constantemente. Lá
vemos simplicidade e descanso; aqui a alma e toda a criaçã o em
movimento variado. Nã o se trata de simples diversidade de estilo
poé tico; a diferença de estilo é consequê ncia de outra diferença mais
profunda de experiê ncias que lhe servem de fundamento.
A Noite e a Chama dã o, por assim dizer, um per il da vida mı́stica num
determinado momento do seu processo, numa altura em que a alma,
deixando para trá s todas as coisas criadas, só se preocupa com
Deus. Apenas em retrospecto é que sua relaçã o com as coisas do mundo
é mencionada. O Câ ntico Espiritual reproduz, nã o só na explicaçã o, mas
nas pró prias estrofes, todo o processo mı́stico e foi escrito por uma
alma profundamente afetada e presa de todos os encantos da criaçã o
visı́vel. Sobre aquele prisioneiro de uma cela escura, que é o nosso
poeta e artista, tã o sensı́vel ao encanto da mú sica, o mundo exterior do
qual está separado parece precipitar-se com todas as suas imagens
maravilhosas e as suas harmonias encantadoras. Claro, ele nã o ica nas
imagens nem nas harmonias. Para ele, sã o como uma chave
criptografada com a qual pode percorrer e ser capaz de se fazer
entender sobre o que está acontecendo secretamente em sua alma.
E, de fato, uma chave misteriosa tã o rica em signi icado que o pró prio
Santo acha impossı́vel encontrar palavras adequadas para declarar
tudo o que o Espı́rito Santo com gemidos indizı́veis fez sua alma
ouvir. Porque é ao Espı́rito Santo a quem essas estrofes sã o
devidas. eles sã o compostos "por amor à abundante inteligê ncia
mı́stica". O Espı́rito de Deus inspirou-os à alma em que habitou, e nem
mesmo o pró prio gracioso poderia fazê -los compreender ou declará -los
aos justos. O poeta, pelo mesmo motivo, renuncia antecipadamente a
declarar tudo. Sua intençã o é "apenas dar uma luz geral" e, alé m disso,
deixar esses ditos de amor "em toda a sua amplitude para que um deles
possa aproveitá -la de acordo com seu caminho e luxo de espı́rito". O
Santo avalia que a sabedoria mı́stica "nã o precisa ser entendida
distintamente para ter um efeito de amor e carinho na alma".
E assim que o Espı́rito Santo, que infundiu esta alma com o seu amor,
facilita outras almas amorosas na forma misteriosa de expressar este
amor. Por isso, ele alerta que nã o há necessidade de se vincular a si
mesmo ou à sua pró pria interpretaçã o. Depois de ler seus comentá rios,
agradecemos sinceramente por este aviso; porque o contraste entre o
vô o poé tico-mı́stico e o entusiasmo do poema e o estilo muito diferente
de sua declaraçã o é aqui muito mais profundo e notá vel do que no
Subida y en la Noche. Temos aqui o pó lo oposto da Chama, embora
ambos os escritos cronoló gica e ideologicamente sejam muito
pró ximos. Nã o só acontece aqui o que nos outros tratados anteriores,
isto é , que o pensador e o professor se encontrem diante do poema
como diante de uma realidade passada e quase alheia. (Para isso
contribuiu a distâ ncia do tempo em cada caso: a maioria das cançõ es
data de 1578 em Toledo, a primeira versã o das declaraçõ es foi redigida
em Granada em 1584). E que, alé m disso, tem-se a impressã o de que,
alé m da tentativa principal de decifrar e explicar o simbolismo do
poema para ins doutriná rios, alguma outra consideraçã o estava em
operaçã o no autor. Parece que atrá s de seus ilhos e ilhas espirituais,
para os quais escreve em primeiro plano, o Santo tinha em mente outro
pú blico menos disposto e menos dó cil.
Já quando está vamos tentando entender e explicar a Ascensã o e a Noite
Escura, surgiu a suspeita de que talvez, na importante questã o dos
limites entre a vida estritamente mı́stica e a da graça ordiná ria, a
explicaçã o nã o seja inteiramente franca, mas parece in luenciado pela
preocupaçã o do olhar atento da Inquisiçã o e pela descon iança do
Iluminismo, a que tudo o que era mı́stico foi exposto de antemã o. O
Câ ntico Espiritual parece ainda mais in luenciado por essa
consideraçã o e preocupaçã o. As modi icaçõ es da segunda redaçã o
parecem ser basicamente impostas por eles. E mesmo essas
modi icaçõ es nã o se limitam a a irmaçõ es, mas tê m um impacto
profundo no pró prio poema.
Deixe-nos aqui primeiro apontar quatro fatos que parecem estar
intimamente relacionados:
1 ° A segunda composiçã o conté m um verso ou mú sica que faltava no
inı́cio. (E verdade que esta estrofe já apareceu em algumas ediçõ es
impressas, que nas demais saı́ram de acordo com a primeira versã o,
mas provavelmente foi retirada de um manuscrito da segunda).
2 ° A segunda redaçã o divide o Câ ntico em trê s partes: I, II, III.
3 ° Introduz uma alteraçã o na ordem das estrofes, alterando a estrutura
inicial do poema.
4 ° Inserir apó s o poema, antes de iniciar o enunciado da primeira
cançã o, um argumento, um breve resumo da ideia geral. De acordo com
esse resumo, as cançõ es tratam do caminho que uma alma segue desde
o momento em que começa a se entregar a Deus até atingir o mais alto
grau de perfeiçã o no casamento espiritual; Assim, sã o mencionados os
trê s estados ou caminhos que levam a esses picos: o caminho purgativo,
iluminativo e unitivo, ou os estados de iniciante, lucrativo (em que se
realiza o casamento espiritual) e perfeito (onde se celebra o
casamento). As ú ltimas cançõ es, por sua vez, tratam do estado beatı́ ico,
a que já aspiram os perfeitos.
A este argumento, aqui acrescentado e que recorda a actual divisã o das
trê s vias, corresponde a consequente divisã o do Câ ntico em trê s
partes. (De acordo com isso, ao fazer um resumo retrospectivo do
caminho percorrido no decorrer da obra, haverá uma alusã o aos trê s
caminhos).
O canto 11, que foi acrescentado, expressa o anseio da alma pela visã o
clara e direta de Deus na vida eterna e provoca a nova explicaçã o dos
cantos 36-39 (35-38): cantos, que na primeira redaçã o evidentemente
referem-se ao estado de casamento espiritual, mas à queles que, no
segundo, por algumas variaçõ es e acré scimos feitos à declaraçã o,
receberam o cará ter de uma descriçã o antecipada da vida eterna.
Todo esto acusa la existencia de un propó sito unitario en la segunda
redacció n: el de presentar el proceso mı́stico en una forma la má s
tradicional y menos sospechosa posible y de limitar el matrimonio
espiritual al perı́odo má s pró xima a la ú ltima perfecció n y consumació n
del alma en la vida eterna. Em breve teremos que examinar se a
alteraçã o na ordem das cançõ es també m serviu ao mesmo propó sito.
Se o retrabalho dos primeiros enunciados se deve a uma tentativa de
esclarecer e especi icar tudo o que pode suscitar suspeitas e ser mal
interpretados, parece que este cuidado també m nã o esteve ausente da
primeira redaçã o.
Já nos pró logos da Ascensã o e da Chama, o Santo fez a sua habitual
declaraçã o de que em tudo se submeteu ao julgamento da Santa Madre
Igreja, referindo-se també m à doutrina das Sagradas Escrituras. Mas
aqui ele faz a mesma coisa com uma insistê ncia ainda mais
esmagadora. Ele garante no inal do pró logo que nã o a irma algo de sua
autoria ou con ia em sua pró pria experiê ncia ou no que conheceu em
outras almas, ao contrá rio, deseja que tudo seja con irmado e declarado
com autoridades da Escritura, pelo menos no que parece mais difı́cil de
entender. Mas no Câ ntico as citaçõ es das escrituras nem sempre
aparecem tã o naturalmente como na Chama, em particular os textos
paralelos do Câ ntico dos Câ nticos. Muitas vezes dã o a impressã o de um
esforço estudado para provar que certas expressõ es ousadas se fundam
na maneira de falar dos Livros Sagrados e sã o utilizadas no mesmo
sentido que neles. Em ú ltima aná lise, este propó sito pode també m
explicar a inegá vel distâ ncia no tempo entre a composiçã o do Câ ntico e
o seu enunciado, embora outras circunstâ ncias certamente tenham
contribuı́do para isso.
Já vimos que este poema se distingue dos outros que o Santo comentou
em seus escritos, pela abundâ ncia e variedade de imagens. Os
comentá rios aqui quase se revelam uma chave de dicioná rio para
decifrar essas imagens, cuja interpretaçã o é em parte sugerida pela
propriedade delas, que, no entanto, nã o tê m uma relaçã o de unidade
natural com o que representam, como sı́mbolos no sentido estrito e
pró prio: por exemplo, os sı́mbolos da Noite e da Chama. E verdade que
há certa semelhança entre a imagem e o que ela representa e, portanto,
certa base objetiva para a representaçã o simbó lica ou signi icativa. Mas
essa base nã o é su iciente para entender o signi icado das imagens sem
mais delongas. E necessá rio aprender sua linguagem, que é , aliá s, muito
mais arbitrá ria na escolha de suas expressõ es do que a linguagem
natural das palavras, embora nã o tã o arbitrá ria como uma linguagem
arti icial, nem como um sistema de signos escolhido por capricho. Essa
liberdade de escolha e a relaçã o mú tua pouco ou fracamente objetiva
trazem como consequê ncia que as imagens nã o sã o unı́vocas, mas
causadas a vá rias interpretaçõ es; inversamente, o que signi icam
també m admite outra expressã o, na medida em que nã o signi icam
necessariamente uma ú nica coisa.
Todas essas notas descrevem o que é chamado de alegoria. Isso, ao
gosto da é poca, era uma caracterı́stica da poesia barroca. Juan conhecia
perfeitamente os procedimentos poé ticos de sua é poca e se deixou
formar por eles. Assim, o uso de tais procedimentos artı́sticos veio
naturalmente para ele e ele os manipulou com maestria em sua obra
poé tica. Mas quando em seus comentá rios ele en ia glosa apó s glosa,
dando vá rias explicaçõ es diferentes para a mesma igura muitas vezes,
(por exemplo, em Song II os pastores já signi icam os desejos e afeiçõ es
da alma, e os anjos), entã o já é do que a alegoria como tal exige, e isso
resulta em detrimento do efeito poé tico, por destruir a unidade antes
da multiplicaçã o dos detalhes e por insistir nas raras e caprichosas
sugestõ es das imagens. Por trá s desse acú mulo de explicaçõ es e
signi icados, haverá també m alguma tentativa de proteçã o contra
interpretaçõ es duvidosas ou perigosas? Nesse caso, o coraçã o do poeta
mais de uma vez teve que protestar contra os procedimentos do
comentarista. Em qualquer caso, sua a irmaçã o de que, com sua pró pria
interpretaçã o, ele nã o pretendia limitar a respiraçã o do espı́rito na
alma abreviando as palavras de amor a um signi icado, pode ser
tomada como um requisito ou convite para nos atermos primeiro ao
poema.
Esta visã o rá pida e sumá ria nã o teve outro objetivo senã o tentar
descobrir o signi icado do todo e nela quase nã o houve lugar a nã o ser
fazer alguma alusã o à abundâ ncia e variedade dos detalhes. Quem
quiser estudá -los, deve esforçar-se por decifrar a linguagem igurativa
do poema. Nessa empreitada, o guia mais indicado será o dicioná rio do
pró prio Santo, embora seja necessá rio nã o segui-lo com demasiada
servidã o.
A nota dominante do Câ ntico é a de uma forte tensã o a que a alma está
sujeita entre o tormento de uma busca ansiosa e a satisfaçã o e
felicidade do encontro. Esta nota dominante encontrou a sua expressã o
na imagem, que ao mesmo tempo domina o conjunto acima da multidã o
de vá rias imagens, que se agrupam em torno dela: é a imagem da
esposa, que suspira pelo Amado, que se desfaz olhando para ele, e que
inalmente o encontra para sua imensa satisfaçã o.
Isso nã o é novidade para nó s. Já à noite vimos a esposa sair de casa
para se lançar em busca do Amado; da mesma forma, na Chama, a
vemos marchando atrá s do Noivo. Mas aı́ o relacionamento com a
esposa nã o é central, ao contrá rio, permanece em segundo plano como
algo compreendido. Tudo gira em torno de você aqui. Esta imagem nã o
é puramente alegó rica. Quando chamamos a alma de noiva de Deus, nã o
estamos apenas diante de uma relaçã o de semelhança entre dois
objetos, o que nos permite caracterizar um pelo outro. Em vez disso,
existe entre a imagem e o imaginado uma unidade tã o ı́ntima que
di icilmente há espaço para falar de dualidade. Essa é a caracterı́stica da
relaçã o simbó lica em sentido estrito e pró prio.
O relacionamento da alma com Deus, como Deus previu desde a
eternidade, di icilmente pode ser caracterizado melhor e com mais
precisã o do que um relacionamento matrimonial, de marido para
mulher. Por sua vez, a ideia de casamento em nenhum lugar é cumprida
de forma tã o adequada e perfeita como na uniã o amorosa de Deus com
a alma. Uma vez compreendido isso, há uma troca exata de papé is entre
a imagem e seu objeto: entende-se que Deus é o pró prio marido natural
de cada um, e todas as relaçõ es conjugais humanas sã o vistas como
reproduçõ es imperfeitas daquele primeiro e original tipo. maneira que
a paternidade de Deus é o protó tipo de toda paternidade terrena. Por
causa da relaçã o que a có pia tem com seu original, as relaçõ es humanas
entre esposa e marido podem servir para expressar simbolicamente as
relaçõ es de Deus com a alma de sua esposa; e por causa dessa funçã o, o
que na vida real é considerado uma relaçã o puramente humana é
relegado a segundo plano. Esta relaçã o humana tem sua razã o de ser e
seu signi icado mais elevado em sua capacidade de ser a expressã o de
um misté rio divino.
Esta morte nã o tem alguma semelhança com a liberdade divina com a
qual Cristo curvou sua cabeça na cruz? E assim como naquela primeira
Sexta-feira Santa os pressá gios e milagres anunciaram que era
realmente o Filho de Deus que havia morrido na cruz, també m nesta
ocasiã o o cé u deu testemunho de que um servo bom e iel havia entrado
na gló ria de seu Senhor.
Entre nove e dez da noite, enquanto a maior parte dos religiosos,
segundo a vontade do santo, se retirava para descansar, Francisco
Garcı́a aproximou-se da cabeceira da cama, ajoelhando-se entre ela e a
parede para rezar o seu terço. Entã o lhe ocorreu que talvez tivesse a
felicidade de ver algo do que o Santo estava contemplando. Enquanto os
padres recitavam os salmos, ele de repente viu um globo de luz entre o
teto da cela e os pé s da cama. Ela brilhou com tal brilho que obscureceu
as quatorze ou quinze lâ mpadas religiosas e as velas do altar. Quando o
Santo expirou, o irmã o Diego o segurou nos braços e viu uma luz que
envolvia a cama. "Brilhava como o sol e a lua e as luzes do altar e as
duas velas pareciam estar envoltas em uma nuvem e nã o brilharem." Só
entã o o irmã o Diego percebeu que o santo estava sem vida em seus
braços. “O nosso Pai subiu ao cé u com esta luz”, disse aos que o
cercavam, e quando mais tarde, junto com o Padre Francisco e o irmã o
Mateo, izeram o corpo do Santo, perceberam que saı́a um suave
perfume. .