Você está na página 1de 7

Luiz Gonzaga de Carvalho Neto

Comentários reunidos sobre as narrativas de uma vida com sentido

Atualizado em 7 de junho de 2020


Documento não revisado pelo professor

A NARRATIVA EM GERAL

A aula mais recente (uma das) sobre o tema:


Concepção tradicional do sentido da vida - Palestra para a Liga Patriótica Universitaria -
Paraguay

[Aluna] Dá pra ter duas narrativas? Dinheiro e sabedoria


ABSOLUTAMENTE NÃO! Se a pessoa realmente se vê dividida entre essas duas é
geralmente porque a narrativa é de sabedoria e a pessoa está com medo da pobreza ou de não ter
confortos. Diga para a pessoa se conformar e aprender técnicas artísticas para criar beleza e assim
compensar o medo das privações materiais

[Aluna] Há a possibilidade desta analise produzir um falso resultado por conta de falta de auto-
conhecimento ou por histeria? Teria um melhor momento (psicológico) para realiza-lo?
Olha, possibilidade sempre tem. Tenta fazer o exercício em tempos espaçados e entre uma
tentativa e outra começa a praticar a narrativa como se fosse definitiva.
Se a dúvida permanecer, pode marcar uma consulta.

[Aluno] É ruim ter o interesse nas 3 narrativas e saber que não é o rei Salomão, rs.
Não, é só normal mesmo. Mas tem que escolher uma que você vai agarrar com todas as
forças. Uma que você vai ter que tomar do mundo.

A NARRATIVA E A CASTA

Aviso geral:
Não se pode determinar a casta pelo mapa. Não se pode determinar sua casta nem mesmo
por sua escolha narrativa.
Todo brasileiro é chandala (pária). Temos que tentar encontrar a melhor narrativa que nos
for possível e esculpir a vida para corresponder a ela. Se fizermos isso e casamentos adequados por
umas três gerações nossos bisnetos vão começar a nascer com casta definida.
[Aluno] Isso implica, necessariamente, em inferioridade? (e.g. É mais sábio um sábio puro
sangue, vindo de gerações de sábios)
Depende. Como todos os brasileiros, também sou um chandala. Mas escolhi esculpir minha
vida segundo a melhor narrativa que pude. Não me sinto realmente inferior a brahmanes puros e
perfeitos (que conheci em pessoa), mas enfrento dificuldades que para eles seriam brincadeira de
criança.
[Aluno] Não sei se a melhor palavra seria inferioridade, e sim uma forte instabilidade
devido a desejos e ambições conflitantes. (O que não deixa de ser um estado inferior, claro).
Exato.
A sabedoria não se mede pelo sangue.
No Brasil, estamos todos na mesma latrina. Agora vamos fazer o melhor, escolher o melhor
e assim, melhorar.

[Aluno] O brasileiro ser chandala é consequência da grande miscigenação ou coincide com a


destruição cultural do país?
Resulta de processos que podemos retraçar até a Idade Média, mas que são provavelmente
mais antigos que isso.

[Aluna] Mas professor, para quem já está dando o melhor de si, seguindo seus conselhos e
tentando ir pra frente, qual seria a relevância de saber a que casta pertence? Ou mais, mesmo
que fosse para massagear o ego, já não seria evidente a diferença de uma pessoa de casta
superior?
Depende, se alguém se dedica por alguns anos a narrativa de sábio, estudar as características
e deveres de um brahmane na India tradicional e tentar corresponder a isso no seu contexto real pode
ajudar muito a corrigir erros que poderiam não ser evidentes sem essas considerações.
Se já faz anos que a pessoa persegue essa narrativa, agir como se fosse um brahmane pode
contribuir para se tornar um.

[Aluno] Professor, então podemos dizer que as castas, para nós do ocidente, são só uma
disposição simbólica dos sentidos de narrativas possíveis?
Sim!

A NARRATIVA E A MULHER

Existe uma diferença [entre homens e mulheres] para descobrir sua narrativa.
Geralmente, o primeiro instinto da mulher é agradar a tribo para não perder a chance de
sobreviver e arrumar um “bom homem”. Por isso fica mais difícil para a mulher ter convicção e
certeza de sua narrativa. Além disso, muitas mulheres (não todas, mas com certeza muitas)
espontaneamente preferem uma atitude mais passiva diante da vida em geral e isso complica a escolha
consciente e acertada de uma narrativa.
Um exercício que toda mulher devia fazer é o seguinte:
Imagine que você nasceu na Mongólia medieval ou na Roma antiga. Legalmente e
socialmente você é uma propriedade material do seu pai, que vai te “vender” para um homem assim
que você chegar à puberdade. Você não tem nenhuma escolha.
Mas seu pai decide ser legal e te dá três escolhas. Você olha os três candidatos e nenhum
deles é repulsivo, mas também nenhum te encanta. Todos os três te dão a impressão de “Ehh... pode
ser... mas num sei não...”
A única diferença entre eles é que o primeiro é um rico negociante, o segundo é um grande
herói e o terceiro é um grande sábio.
Isso foi só o cenário, agora vem a parte mais importante do exercício:
Lembra que homem em geral NÃO gosta de conversar.
Se você se casar com o negociante rico, ele só vai ficar animado de conversar com você
sobre negócios. Quanto ele lucrou, como ele fez uma boa venda, como ele ludibriou um competidor,
etc.
Se você se casar com o herói, ele só vai se alegrar de conversar sobre os inimigos que ele
venceu, sobre como ele se destacou e sobre como todos agora respeitam ele.
Se você se casar com o sábio, ele só vai se animar de conversar dos estudos, do
conhecimento, da filosofia, de religião e das artes.
Agora se pergunte: Qual dessas três conversas REALMENTE te interessa,
independentemente de ter que agradar o marido? Qual TE interessa? Essa é a sua narrativa (e esse é
o marido que você deve procurar).

[Aluna] Já que a mulher é passiva por definição, conhecimento e sabedoria pode vir a ser a
narrativa que lhe cabe por excelência?
De modo algum, tem mulheres que só querem saber do marido quanto ele lucrou e como ele
conseguiu isso. Isso é um indicador real de que a narrativa dela é a do rico.
E tem mulher que só quer saber da honra do marido e de como ele conquistou essa honra.
Isso é um indicador real de que a narrativa dela é a do herói.
O grau de participação ATIVA da mulher no processo de conquista, seja da riqueza, da honra
ou da sabedoria, vai depender exclusivamente das capacidades e preferências individuais dessa
mulher. Se ela se interessar realmente pelo ASSUNTO narrativo do marido e só quiser entender do
assunto, conversar com o marido e aplaudir os sucessos dele, a narrativa dela ainda é a mesma que a
dele, só que de modo inteiramente passivo. Se ela ao contrário quiser participar ativamente na
conquista do mesmo objetivo, quer dizer que individualmente ela é uma pessoa mais ativa e vai
perseguir mais ativamente sua narrativa.
Não é que a mulher seja passiva por definição, é que nela NÃO é um defeito ser
RECEPTIVA. Ela precisa REALMENTE amar o assunto da narrativa por si mesma, não “para
agradar o marido”.
E não é um defeito para a mulher ser receptiva porque, se ela é honesta consigo mesma, ELA
QUER um homem MAIS competente que ela na busca de sua própria narrativa.

Aluna] Não vi essa aula ainda, mas acredito que tenham mulheres que se encontram em outras
narrativas (enfermeiras, psicólogas, empreendedoras) [...]
PROFISSÃO NÃO É NARRATIVA!
Desculpe se falei alto demais. É que já repeti isso 3600 vezes.
[Aluno] Esse exercício pode ser inversamente feito pro homem?
ABSOLUTAMENTE NÃO! Você tem que pensar no pedaço de mundo que você quer pegar,
tomar. Para VOCÊ, não para sua mulher

[Aluno] Gugu, se a mulher não gosta de nenhuma das três, ela é doida?
Tem duas possibilidades. Ou ela nunca pensou realmente nisso desse jeito que eu expliquei,
ou ela é shudrah ou chandala (não tem narrativa integral).

[Aluna] Parece que eu procuro uma fusão de herói e sábio, mas nunca vi um homem assim e
acho que nunca vou ver. Nunca achei um homem com uma narrativa parecida com a minha e
só tive um namorado até hoje. É complicado.
Tá procurando o rei filosofo do Platão? Vai ser difícil. Ele disse que mesmo os melhores dos
melhores só alcançam esse estado depois dos 55 anos. E tem 99,99% de chance de ele nem querer
olhar para você.
[Aluna] Exatamente. Eu sempre fui apaixonada por homens de 30-40 anos, desde sempre,
com raras exceções -- aliás, meu único namorado foi um nerd das exatas que dava explicação pra
turma antes das provas. Fico caidinha é por homi inteligente e sério, daquele tipo bem analista e
enigmático. Nunca gosto dos bonzinhos, só dos coléricos ou melancólicos, não sei porque. No ensino
médio, lembro que tive uma paixonite pelo professor de História. Ele era um sonho.
Resumindo, você não está escolhendo um homem com uma narrativa determinada e
consciente. Na prática você se sente atraída por carinhas tipo “nerd” ou “intelectual” mas se frustra
com a fraqueza deles. Tome jeito na vida e assuma você conscientemente a narrativa apropriada e
depois só procure homens com narrativa determinada, consciente e consolidada. Somente esses
homens se provarão fortes.

[Aluna] O fato de estarmos interessados nesses assuntos significa que nossa narrativa é o
Conhecimento e Sabedoria?
Não. Significa que vocês são legais e curiosos. Possivelmente inteligentes e CAPAZES de
uma narrativa de sabedoria.

[Aluna] Queria saber se o exercício para as mulheres é “infalível”, pois sem ele fico dividida em
honra x sabedoria. Certa honra e prestígio social me parece importante em um marido, mas
acharia enfadonho conversar sobre. Só me interesso por assuntos relativos à narrativa da
sabedoria, mas geralmente me atraio por homens de honra.
Se você não ama a conversação dele, você não ama a essência do que ele é.
Dizer que ele precisa ter algum prestígio corresponde exatamente a um homem dizer que ela
tem que ter alguma beleza física. Quem está procurando esse prestígio aí é a Fifi. Nada de errado em
tentar contentar o instinto, mas se você usar isso como critério de escolha, vai se dar muito mal.
São Tomás dizia: “Falar é o ato mais próprio e mais característico do ser dotado de intelecto.”
O que quero dizer é que o “prestígio” faz parte do tipo humano naturalmente buscado pela
mulher, assim como a “beleza” faz parte do tipo humano naturalmente buscado pelo homem. Para
escolher seu pool de pretendentes, a mulher deve esquecer todos os outros fatores exceto a
conversação do coração do homem. Depois, para escolher dentro do pool de pretendentes, ela pode
usar suas preferências naturais. Estas podem girar em torno de um tipo físico, de uma característica
social (como o prestigio) ou de qualquer outra coisa. Mas é a conversação, e nada mais, que determina
a narrativa. Se a mulher tentar levar em conta quem está tendo essa conversação, ela normalmente
vai desviar para o tipo heroico, assim como o homem vai desviar para a mais bela.
Trata-se de uma confusão sobre os graus do amor que é muito frequente nos dias de hoje.
Vou tentar escrever um post sobre os graus do amor para esclarecer o assunto.
A conversação livre e franca de uma pessoa indica o seu coração, o que há de mais central
na vida dessa pessoa, se eu não amo isso, eu não amo essa pessoa. Amo somente as vantagens que
ela traz para mim, mas esse mero interesse e atração instintivos é o que passa por “amor” nos dias de
hoje.
Todo homem conversa sobre o que ama fazer. A conversação do tipo heroico naturalmente
versa sobre suas lutas, suas vitorias e derrotas, suas estratégias, seus aliados e inimigos, sobre as
intrigas, sobre sua dignidade respeitada ou ofendida. E assim vai.

[Aluna] E quando a mulher reconhece a superioridade do homem, mas por causa disso sente-
se incapaz de acompanhá-lo?
Se ela ama a conversação dele sobre sua narrativa e participa vivamente dela, não se
preocupe com superior e inferior. Quem ama a sabedoria ama conversar com quem é mais sábio,
mesmo que seja só para ouvir. E quem é mais sábio ama conversar com quem é potencialmente sábio,
para ensinar ou inspirar. Saiba que este tipo de amor transforma uma pessoa. Jesus Cristo disse que o
que sai da boca do homem vem do seu coração. E quem ama se torna aquilo que ama.

CASAMENTO E NARRATIVA

Num interessante post da [aluna] aqui no grupo, tocamos no assunto casamento. Eu gostaria de
lembrar que três coisas são necessárias para um excelente e duradouro casamento:
1) A mulher não pode aceitar um homem que não tem a mesma narrativa dela. Nem um
homem que, tendo a mesma narrativa, seja menos competente na narrativa do que ela mesma. Já o
homem, este não pode nem pensar em casar antes de firmar-se numa narrativa consciente. Esse ponto
é importante por três motivos principais:
1a) A longo prazo, narrativas diferentes VÃO implicar em desejos e escolhas
DIVERGENTES e serão um fator de separação.
1b) A curto prazo. Toda relação humana normal precisa de uma base de amizade. A base da
amizade feminina é conversar e compartilhar segredos, a base da amizade masculina são os feitos e
façanhas. Para que a conversa seja realmente bilateral ela precisa girar em torno de feitos, façanhas e
segredos que determinem um assunto comum realmente interessante para os dois.
1c) Seus filhos nascerão com disposições interiores mais homogêneas e harmoniosas, o que
vai facilitar imensamente a vida deles.
2) Cuidar diariamente e bem da Fifi e do Totó. De nada adianta a amizade de marido e mulher
se dentro de cada um deles vive um animal frustrado, acuado e sedento de vingança.
3) Como criar o verdadeiro amor. Disso eu ainda não falei em aula, só em consultas privadas
com casais seriamente comprometidos um com o outro e que JÁ estavam praticando os itens 1 e 2.

Alguém perguntou algo como: “E quando a mulher cuida de casa e tem a narrativa de sabedoria
e o marido tem a narrativa de prosperidade?” mas apagou a pergunta.
Mas aqui vai a minha resposta:
E do que eles vão conversar? E quando a busca de sabedoria dela começar a custar muito
caro? E quando ele só quiser conversar de dinheiro? E quando ela começar a ficar deprimida porque
ele só pensa em dinheiro?
Resposta: O marido vai preferir gastar dinheiro com a amante que admira sua capacidade de
ganhar dinheiro. E a esposa vai encontrar um malandrão de papo cabeça que vai comer ela.
Ou vão ser “morais” e evitar o adultério, mas vão odiar um ao outro.

[Aluno] E quando os dois casaram novos e com a maturidade, o homem quer sabedoria e a
mulher quer viver uma narrativa de beleza e prosperidade?
Os dois sifu. Infelizmente.

[Aluno] De que forma o homem pode ajudar sua esposa a encontrar uma narrativa?
O instinto de agradar os mais fortes é muito profundo na mulher. Então fica difícil saber se
ela está se esforçando desesperadamente para agradar o marido ou para invocar de dentro de si
dimensões há muito tempo enterradas e esquecidas. Seja paciente e não tente forçar demais,
especialmente se houver o risco da verdadeira narrativa dela ser superior à do marido.
Mas saiba que, enquanto ela não tiver narrativa compatível, ela não é realmente esposa, é
concubina.

[Aluna] Para mulher nessa narrativa [da prosperidade] é importante que o homem ganhe mais
dinheiro do que ela por exemplo?
Não. É preciso que ele seja realmente mais capaz do que ela na tarefa do enriquecimento.
Que ele tenha mais inciativa, mais tino comercial e mais determinação de enriquecer. Senão ela vai
sentir (com razão) que ele a arrasta para baixo.
Tenho um parente meio distante que (sendo da minha família) era pobre, mas totalmente
consciente de sua narrativa de prosperidade desde a adolescência. Ele pulou de emprego três vezes
até conseguir emprego numa dessas companhias milionárias. Subiu, subiu, subiu e por fim casou com
a filha do dono da empresa, uma união verdadeiramente abençoada. Ela era muito mais rica do que
ele, mas ele era muito mais capaz de gerar riqueza do que ela.

[Aluno] Há algum modo de compatibilizar narrativas distintas dentro de um relacionamento


ou o casal vai se f...?
Se a mulher tem uma narrativa só um grau abaixo da narrativa do homem, o estrago é só
parcial, não total.
O cara vai ter que engolir e aceitar a responsabilidade de ter só uma concubina e estar privado
de esposa.
Se a narrativa dela estiver mais de um grau abaixo da dele, sifu. Se estiver acima da dele e
eles não tiverem filhos, converse com ela e se separe antes de ter filhos. Se já tiver filhos, todo mundo
sifu.
Uma concubina não é alguém só para sexo. Mas é alguém com quem uma relação integral e
perfeita NÃO é possível.
No caso [da narrativa da mulher ser do herói, e do homem for da sabedoria], você sempre
vai ter que fazer um esforço extra para ser e parecer mais heroico (e tentar convencer ela que o maior
heroísmo é transmitir o conhecimento da verdade). Entendeu? Tem algo mais do que sexo aí, mas
com dificuldades e frustrações a mais.

[Aluno] Desde muito cedo o senhor sabia disso e soube ser seletivo quanto às namoradinhas e
daí achou a narrativa perfeita para se casar? Ou sofreu? De onde saiu esse negócio das
narrativas, professor?
Conhecimento relevante sai de sangue, suor e lágrimas.

[Aluno] Professor, sabe explicar as partes de que " quem casa com mulheres maiores(...) está
em grande perigo" e " quem tem mulher tem o que há de melhor "
A mulher naturalmente procura um homem MAIS capaz do que ela, se ela é humanamente
maior do que o marido, vai sentir frustração e acabar se apaixonando por outro homem. O marido
está em grande perigo de ser corno.
Ora, mulher é a melhor coisa deste mundo rapaz.

Você também pode gostar