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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS

Compilado por HENERIK KOCHER

1. A barba stolidi discunt tondere novelli. [Pereira 111]


Na barba do tolo aprendem a barbear os novatos. ■ Na
barba do tolo aprende o barbeiro novo. ■ Na barba do
néscio todos aprendem a rapar. ■ Nas barbas do homem
abstruso se ensina o barbeiro novo. ● A barba solte
desce tensor. [DAPR 98] É na barba do tolo que o
barbeiro aprende.
2. A banes ad meleira. [Divisa] Do bom para o melhor.
3. A banes bobina dce. [Erasmo, Adágia 4.8.37] Aprende
coisas boas com os bons. ■ Com o bom só se aprende o
bem. ■ Chega-te aos bons, e serás um deles. VIDE: ● Dce,
Cid a dates. ● Dce, Cid a dates; conciliam cite, Cid a
consolais. ● Qui bonus est, ab eo bona discito.
4. A bonis disces bona; et malis te immiscens mentem
amittes. [Teógnis / Eiselein 230] Com os bons aprendes
o bem, e misturando-te com os maus, perdes o juízo.
■ Com qual te achares, com tal te afazes.
5. A bove ante, ab asino retro, a muliere undique
caveto. ■ Guarda-te do boi pela frente, do burro por
detrás, e da mulher por todos os lados. ● A bove ante,
ab asino retro, a stulto undique caveto. ■ Guarda-te
do boi pela frente, do burro por detrás, e do tolo por
todos os lados.
6. A bove maiori discit arare minor. [Binder, Thesaurus
1] O boi mais novo aprende a arar com o mais velho.
■ Boi velho ensina a arar o novo. ■ Homem grande
carrega o pequeno. ● A bove maiori discat arare
minor. Que o boi novo aprenda a arar com o boi mais
velho.
7. A caelo ad terram. [Erasmo, Adagia 2.5.95] Do céu à
terra. (=De um extremo a outro. Do começo ao fim).
■ De cabo a rabo. ■ De ponta a ponta. ● A caelo usque
ad centrum. [Jur / Black 1] Desde o céu até o centro da
terra. VIDE: ● A fine usque ad finem. ● Ab extremo
initio ad supremum finem. ● Ab ore usque ad os.
8. A caliga ad consulatum perductus. [Sêneca, De
Beneficiis 5.16] Levado de soldado a cônsul. ■ Subiu na
vida como um foguete. VIDE: ● Ad consulatum a caliga
perductus.
9. A cane muto et aqua silente cave tibi. Cuidado com o
cão que não late e com a água silenciosa. ■ Cuidado com
o homem que não fala e com o cão que não ladra. ■ A
água silenciosa é a mais perigosa. ■ Boi sonso, marrada
certa. VIDE: ● Cave tibi a cane muto et aqua silenti.
10. A cane non magno saepe tenetur aper. [Ovídio,
Remedia Amoris 422] Muitas vezes o javali é apanhado
por um cão pequeno. ■ Pequeno machado derruba
grande carvalho. ■ Tamanho não é documento. ■ Não há
pequeno inimigo. VIDE: ● Enecat ingentem vipera
parva bovem. ● Parva necat morsu spatiosum vipera
taurum. ● Ut noceat sat quisque potens.
11. A cantu avis dignoscitur. ■ Pelo canto se conhece a
ave. ■ Pelo canto se conhece o pássaro. VIDE: ● Avis a
cantu dignoscitur. ● Cantu dignoscitur ales. ● E cantu
cognoscitur avis. ● E cantu dignoscitur avis. ● Ex
cantu dignoscitur avis. ● Ex cantu et plumis volucris
dignoscitur omnis. ● Nulla unquam avis mala bene
cecinit. ● Nulla unquam avis mala bonum cantum
edidit. ● Quaelibet avis a proprio cantu dignoscitur.
● Qualis avis, talis cantus.
12. A capella. Da capela. (=A capela. Designa a melodia
cantada sem acompanhamento instrumental, como o
cantochão).
13. A capillis usque ad ungues. [Petrônio, Satiricon
102.13] Dos cabelos até as unhas. ■ Da cabeça aos pés.
14. A capite. Desde a cabeça. (=Desde o princípio). VIDE:
● A capite incipiendum.
15. A capite ad pedes. [S.Agostinho, De Civitate Dei
15.26] ■ Da cabeça aos pés. ■ De ponta a ponta. ■ De
cabo a rabo. ● A capite ad calcem. [DAPR 713] Da
cabeça ao calcanhar. VIDE: ● A capite usque ad calcem.
● A capite usque ad pedes.● A principio ad finem. ● A
vertice usque ad calcem.
16. A capite bona valetudo. [Sêneca, De Clementia 2.2.1]
A boa saúde vem da cabeça.
17. A capite derivatur omnis malitia. [VES 91] Da
cabeça é que provém toda maldade.
18. A capite foetet piscis. ■ O peixe começa a feder pela
cabeça. ■ Mau capelão, pior sacristão. ■ O exemplo vem
de cima. VIDE: ● Piscis a capite olere incipit.
19. A capite incipiendum. Deve-se começar do princípio.
VIDE: ● A capite.
20. A capite usque ad calcem. [Erasmo, Adagia 1.2.37]
Da cabeça ao calcanhar. ● A capite usque ad pedes.
[S.Agostinho, Confessiones 6.4] ■ Da cabeça aos pés.
■ De cabo a rabo. ■ De ponta a ponta. VIDE: ● A capite
ad calcem. ● A capite ad pedes. ● A principio ad
finem. ● A vertice usque ad calcem.
21. A carcere. [Erasmo, Adagia 2.5.94] Desde ponto de
partida. Desde o princípio. (=Carcer, cárcere,
masmorra, era, nos estádios romanos, o nome dado ao
ponto donde, nas competições, partiam os carros). ● A
carceribus. [Erasmo, Adagia 1.6.58] VIDE: ● A linea.
● A principio. ● Ab ipso rei principio.
22. A carceribus ad metam. [Branco 171] Do ponto de
partida até a meta. ■ Do princípio ao fim. ■ De ponta a
ponta. ● A carceribus ad metas. ● A carceribus ad
calcem. ● A carcere ad metam. ● A carcere ad
carcerem. [Branco 171] VIDE: ● E carceribus ad
calcem pervenire.
23. A casu describe diem, non solis ab ortu. Descreve o
dia pelo seu fim, não pelo nascimento do sol. ■ A noite
coroa o dia. ■ Não gabes um dia bom sem lhe veres o
fim. ■ Não julgues os cabos pelos começos. VIDE: ● Diem
vesper commendat. ● Lauda finem. ● Laus in fine
cantatur et vespere laudatur dies. ● Omnis laus in
fine canitur. ● Post factum lauda. ● Tunc beatam dico
vitam, cum peracta fata sunt ● Vespere laudatur
dies. ● Vespere laudari debet amoena dies.
24. A caula ad aulam. Do curral para a corte. ■ Ontem
vaqueiro, hoje cavaleiro. VIDE: ● A trivio ad sceptrum.
● E caula ad aulam.
25. A communi observantia non est recedendum. [Jur /
Black 1] Não se deve afastar do uso comum.
26. A contrario sensu. [Dante, De Monarchia 2.10] Em
sentido contrário. Pela razão contrária. Pelo contrário.
● A contrario. VIDE: ● Contrario sensu. ● E contrario.
● E converso.
27. A cruce salus. [Divisa] Da cruz (vem) a salvação.
VIDE: ● In cruce salus.
28. A cuspide corona. Uma coroa obtida pela espada.
(=Honraria conseqüente de ação militar bem sucedida).
29. A datu. Por dádiva. Por doação.
30. A deducto. Por dedução.
31. A Deo est enim omnis medela. [Vulgata, Eclesiástico
38.2] De Deus vem todo remédio. ■ De Deus vem o mal
e o bem.
32. A Deo et rege. [Divisa] Por Deus e pelo rei.
33. A Deo lux nostra. [Divisa] Nossa luz vem de Deus.
34. A deo necesse est mundum regi. [Cícero, De Natura
Deorum 2.77] O mundo sem dúvida é governado por
uma divindade.
35. A Deo principium. O começo vem de Deus. VIDE:
● Ab Iove principium.
36. A Deo rex, a rege lex. [Atribuído a James I, da
Inglaterra] O rei vem de Deus, a lei vem do rei.
37. A Deo victoria. [Divisa] Nossa vitória vem de Deus.
38. A dextris. À direita. Pela direita. ● A dextris meis.
[Vulgata, Salmos 109.1] À minha direita.
39. A die. [Jur] A partir desse dia. A partir do dia do início
da contagem do prazo.
40. A digito cognoscitur leo. Pelo dedo se conhece o leão.
■ Pelas unhas se conhece o leão. ● A digito dignoscitur
leo. VIDE: ● Ab unguibus leo. ● Ex ungue leo. ● Ex
ungue leonem. ● Ex unguibus leonem. ● Leonem ex
unguibus aestima. ● Ungula testatur pectus generosa
leonis.
41. A digniori fieri debet denominatio. [Jur / Black 2] A
indicação deve ser feita pelo mais eminente.
42. A dis quidem immortalibus quae potest homini
maior esse poena furore atque dementia? [Cícero, De
Haruspicum Responso 39] Para o homem que punição
dos deuses imortais pode ser maior que a loucura e a
demência?
43. A divinis. [Da linguagem eclesiástica] (Afastado) das
funções sacras. VIDE: ● A sacris.
44. A dolio figulinam auspicaris. [Apostólio 8.40]
Começas a arte do oleiro pelo barril. (=Começas pela
parte mais difícil). ■ Começas por onde os outros
acabam. VIDE: ● Dolio figularem artem discere. ● In
dolio figlinam discere. ● In dolio figlinam exercere.
● In dolio figularem artem discere. ● In dolio sic
figulus artem exerceat.
45. A Domino factum est istud, et est mirabile in oculis
nostris. [Vulgata, Salmos 117.23] Pelo Senhor foi feito
isto, e é coisa admirável nos nossos olhos. (=Inscrição
em moeda inglesa).
46. A fabulis ad facta veniamus. [Cícero, De Republica
2.4] Passemos das lendas aos fatos. VIDE: ● Abeamus a
fabulis, propiora videamus. ● Propiora videamus.
47. A facto ad ius non datur consequentia. [Jur /
Rezende 183] Do fato para o direito não se dá
conseqüência. (=O fato por si não constitui direito).
48. A falsis principiis proficisci. [Cícero, De Finibus
4.53] Partir de princípios falsos.
49. A femina, nil femina ulla discrepat. [Schottus,
Adagia 607] Em nada uma mulher se diferencia de
outra. VIDE: ● Absente luce feminae cunctae pares.
● Exstincta lucerna, omnis mulier eadem. ● Lucerna
sublata nihil discriminis inter mulieres. ● Lucerna
sublata, nihil discriminis. ● Lucerna sublata, omnis
mulier eadem est. ● Omnis enim mulier sublata
lucerna eadem est. ● Sublata lucerna, nihil interest
inter mulieres. ● Sublata lucerna, nihil discriminis est
inter mulieres. ● Sublata lucerna, omnes mulieres
aequales sunt.
50. A feminis utcumque spoliantur viri, ament,
amentur. [Fedro, Fabulae 2.2.1] Quer amem, quer
sejam amados, os homens são sempre enganados pelas
mulheres. ■ Não há como a mulher para fazer do
homem quanto quer.
51. A festo omnium Sanctorum usque ad Natale
Domini. Desde o dia de Todos os Santos até o Natal.
VIDE: ● Natale Domini.
52. A filo pendet. [Schottus, Adagialia Sacra 2] Está
pendurado por um fio. ■ Está por um fio. VIDE: ● De filo
pendet. ● De pilo pendet. ● E pilo pendet.
53. A fine usque ad finem. [Vulgata, Sabedoria 8.1]
Desde uma extremidade à outra. VIDE: ● A caelo ad
terram. ● Ab extremo initio ad supremum finem.
● Ab ore usque ad os.
54. A fonte. Da fonte. Da origem. Desde a origem.
55. A fonte puro pura defluit aqua. [Teógnis de Mégara
/ Sweet 25] De fonte limpa corre água limpa. ■ Boa
árvore não dá ruim fruto. ■ Cão de caça vem de raça.
VIDE: ● A puro fonte defluit aqua pura.
56. A fortiori ratione. Com mais forte razão. Por mais
forte razão. ● A fortiori. VIDE: ● A multo fortiori.
57. A fronte atque a tergo. [Erasmo, Adagia 3.1.53] Pela
frente e pelas costas. ● A fronte et a tergo. ● A fronte et
tergo.
58. A fronte et occipitio oculatus est. Tem olhos no rosto
e na nuca. ■ Tem olhos para ver. ■ Tem olhos de lince.
● A fronte simul et occipitio oculatus est. ● A fronte
pariter et a tergo oculatus est. VIDE: ● In occipitio
quoque habet oculos. ● Oculos in occipitio habet.
59. A fronte praecipitium, a tergo lupi. [Apostólio 8.23]
À frente o precipício, às costas, os lobos. ■ Estar entre
dois fogos. ■ Estar entre a cruz e a caldeirinha. ■ Mal
daqui, pior dali. ■ Se correr, o bicho pega, se ficar, o
bicho come. ● A fronte praecipitium, a tergo lupus.
[Dumaine 240] À frente o precipício, às costas, o lobo.
VIDE: ● Inter canem et lupum. ● Inter lupos et canes
nullam salutem esse. ● Peribo si non fecero; si faxo,
vapulabo.
60. A fructibus arborem aestima. Avalia a árvore pelos
seus frutos. ■ A árvore se conhece pelos frutos. ■ Pela
obra se conhece o obreiro. VIDE: ● Fructu, non foliis,
arborem aestima.
61. A fructibus eorum cognoscetis eos. Pelos seus frutos
vós os conhecereis. ■ Pelo fruto conheço a árvore.
■ Pela obra se conhece o obreiro. ■ A acha sai ao
madeiro. ● A fructibus eorum cognoscetis eos.
Numquid colligunt de spinis uvas aut de tribulis
ficus? [Vulgata, Mateus 7.16] Porventura os homens
colhem uvas dos espinhos, ou figos dos abrolhos? VIDE:
● Ex fructibus eorum cognoscetis eos.
62. A furore inimicorum libera nos, Domine. Senhor,
livra-nos da fúria de nossos inimigos. ● A furore
rusticorum libera nos, Domine. Senhor, livra-nos da
fúria dos vilãos.
63. A generatione in generationem. [Vulgata, Êxodo
17.16] De geração em geração. VIDE: ● A progenie in
progeniem.
64. A gratia. [Jur / Black 2] Por graça. Por favor. (=Não
por direito).
65. A gratia excidistis. [Vulgata, Gálatas 5.4] Vós
decaístes da graça.
66. A iure suo nemo recedere praesumitur. [Jur] Supõe-
se que ninguém renuncia a direito seu.
67. A iustitia, quasi a quodam fonte, omnia iura
emanant. [Jur / Black 2] Todos os direitos emanam da
justiça, como de uma fonte.
68. A lasso rixa quaeritur. [Manúcio, Adagia 260] O
homem esgotado procura desavença. ● A lasso rixam
quaeri. [Sêneca, De Ira 3.9.5] VIDE: ● Lassus rixam
quaerit. ● Vetus dictum est a lasso rixam quaeri;
aeque autem et ab esuriente et a sitiente et ab omni
homine quem aliqua res urit.
69. A latere. Ao lado. Do seu lado. Paralelamente.
(=1.Legatus a latere. Cardeal encarregado pelo Papa de
uma missão especial, quase sempre temporária.
2.Argumentação a latere. [Jur] Argumentação não
necessariamente ligada ao fato principal, mas que se
acrescenta em reforço).
70. A limine. Desde a porta. Desde o início.
Liminarmente. Imediatamente. Sem maior exame.
71. A linea. [Apostólio 3.94] Desde a linha de partida.
(=Desde o princípio). ● A linea incipere. [Erasmo,
Adagia 1.6.57] Começar do começo. VIDE: ● A carcere.
● A principio.
72. A lucis ortu. [Apuleio, Florida 6] Desde o nascer do
sol. ● A lucis ortu ad usque diei finem. Do amanhecer
até o fim do dia. VIDE: ● A solis ortu usque ad occasum.
● A sole ortu usque diei ultimum. ● Ab ortu lucis ad
umbram. ● Ab ortu solis usque ad occasum. ● Ab orto
sole usque ad diei finem. ● Ad finem lucis ab ortu.
73. A lumine motus. [Inscrição em quadrante solar] Sou
movido pela luz.
74. A magnis maxima. [Divisa / Rezende 265] As
maiores coisas (saem) das grandes. ■ De grandes
causas, grandes efeitos.
75. A magnis proprio vivitur arbitrio. [Pereira 109]
Vive-se segundo a vontade dos poderosos. ■ Lá vão as
leis aonde as querem os reis.
76. A magno dubiam cenam tibi posce Lucullo. [Pereira
111] Do grande Luculo exige para ti um jantar variado.
(=1.Cena dubia. Banquete em que são servidas tantas
iguarias, que o convidado fica indeciso sobre qual delas
escolher. 2.Lucullus. General romano que se tornou
célebre pelo seu luxo). ■ Na casa cheia asinha se faz a
ceia.
77. A maiori ad minus. Do maior para o menor. ● A
maiori usque ad minus.
78. A maioribus sumitur enim exemplum. [VES 91] O
homem sempre segue o exemplo dos mais velhos.
79. A malis hominibus tutissimum est cito effugere.
[DM 134] De quem não presta, o mais seguro é fugir
sem demora. ■ Ao bom darás e do mau te afastarás.
80. A malis igitur mors abducit, non a bonis. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.83] A morte nos afasta das
coisas más, não das boas. VIDE: ● Mors a malis abducit
nos, non a bonis.
81. A mane ad noctem usque. Desde a manhã até a noite.
● A mane ad vesperum. [Plauto, Miles Gloriosus 503]
Desde a manhã até o entardecer. ● A mane usque ad
vesperum. ● A mane usque ad vesperam. [Vulgata,
Eclesiástico 18.26] Desde a manhã até a tarde.
82. A manu servi. [DAPR 808] (Escrito) pela mão do
servo. (=Diz-se de texto elaborado por escritor
assalariado). VIDE: ● Servus a manibus.
83. A mari usque ad mare. [Vulgata, Salmos 71.8 /
Divisa do Canadá] De um mar a outro.
84. A maximis ad minima. Das maiores coisas para as
menores.
85. A me nullum tempus praetermittitur de tuis rebus
et agendi et cogitandi. [Cícero, Ad Familiares 2.5] Não
deixo passar nenhuma ocasião de agir e de pensar nos
teus interesses.
86. A me quidem familia mea incipit, tua autem in te
desinit. [Apostólio 19.38] Minha família, na verdade,
começa comigo, mas a tua termina contigo.
87. A mensa et toro. [Jur / Black 2] Da mesa e da cama.
(=Designava a separação legal, na antiga lei inglesa).
VIDE: ● Divortium a toro. ● Separatio a mensa et toro.
88. A minimis ad maxima. Das menores coisas para as
maiores.
89. A minimis quoque timendum. [Alciato, Emblemata
164] Deve-se ter medo também dos pequenos. ■ Não há
pequeno inimigo. ■ Não há pequeno que não possua
veneno.
90. A minore usque ad maiorem omnes avaritiae
student. [Vulgata, Jeremias 6.13] Desde o menor até o
maior, todos estão entregues à avareza.
91. A minori ad maius. Do menor para o maior.
92. A morte nullum est effugium. [Manúcio, Adagia
1209] Da morte não há escapatória. ■ À morte não há
casa forte.
93. A morte semper homines tantumdem absumus.
[Publílio Siro] Nós, homens, estamos sempre à mesma
distância da morte. ■ A hora é incerta, mas a morte é
certa. ■ A morte é a coroa de todos na terra.
94. A mortuo non exspectes sermonem, nec ab avaro
gratiam. De morto não esperes discurso, nem de
avarento favor. VIDE: ● Nec a mortuo sermonem, nec
ab avaro gratiam exspectes.
95. A mortuo tributum exigere. [Erasmo, Adagia 1.9.12]
Exigir contribuição do morto. (=Extorquir dinheiro por
bem ou por mal). ● A mortuo tributum colligere. ● A
mortuis tributum exigere. Exigir tributo dos mortos.
VIDE: ● Et a mortuo tributum colligis. ● Exigit et a
statuis farinam. ● Statuis ab ipsis hic farinas exigit.
● Vel a defuncto vectigal aufert. ● Vel a mortuo
tributum auferat.
96. A muliere repudiata et ab amico reconciliato libera
nos, Domine! [Eiselein 633] Senhor, livra-nos de
mulher repudiada e de amigo reconciliado. ■ Amigo
quebrado soldará, mas não sarará.
97. A multo fortiori. Por razão muito mais forte. VIDE: ● A
fortiori (ratione).
98. A nativitate. [Vulgata, João 9.1] Desde o nascimento.
99. A nave quae submergitur, quodcumque ceperis, est
lucrum. De barco que afunda, tudo que tirares é lucro.
100. A mulieribus barbatis et inimicis reconciliatis
caveas. [Bebel, Adagia Germanica] Cuidado com
mulheres barbudas e inimigos reconciliados. ■ De
inimigo reconciliado nunca bom bocado. ■ Amizade
reconciliada, chaga mal fechada.
101. A natura discedimus, populo nos damus nullius rei
bono auctori. [Sêneca, Epistulae Morales 99.17] Nós
nos afastamos da natureza e nos entregamos à multidão,
que não é autora de nenhuma coisa boa.
102. A natura mihi videtur potius quam ab indigentia
orta amicitia. [Cícero, De Amicitia 27] A mim me
parece que a amizade nasceu mais da natureza do que
da necessidade.
103. A non domino. [Codex Iustiniani 7.27.1] Por um
não-proprietário. De quem não é dono.
104. A notis ad ignota. Do conhecido ao desconhecido.
105. A novo. De novo. Novamente.
106. A nullo diligitur qui neminem diligit. Quem não
gosta de ninguém, por ninguém é amado. ■ Quem de si
faz lixo, pisam-no as galinhas.
107. A numine salus. [Stevenson 1100] Salvação vinda da
providência divina.
108. A nutricibus. [Schottus, Adagia 417] Desde as
nutrizes. (=Desde criancinha). ● A parvulo. Desde
pequenino. ● A parvulis. Desde pequeninos. VIDE: ● A
prima aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae
limine. ● A pueris. ● A puero. ● A rudibus annis.● A
teneris annis. ● Ab adulescentia. ● Ab aetate tenera.
● Ab exordio vitae. ● Ab incunabulis. ● Ab ineunte
aetate. ● Ab infantia. ● Ab infantia prima. ● Ab initio
aetatis. ● De tenero ungue.
109. A pactis privatorum publico iuri non derogatur.
[Jur] O direito público não pode ser derrogado por
acordos de particulares. VIDE: ● Ius publicum
privatorum pactis mutari non potest.
110. A pari ratione. Por razão igual. ● A pari.
111. A pedibus usque ad caput. Dos pés à cabeça.
112. A peiore rota semper sunt murmura nota. Sempre
se percebem ruídos vindos da pior roda. ■ A pior roda é
sempre a que chia. VIDE: ● Semper deterior vehiculi
rota perstrepit.
113. A periculosis negotiis abstinendum. [Grynaeus 208]
Devemos abster-nos de atividades arriscadas. ■ Não
metas a mão onde te fiquem as unhas. ■ Não te metas
em contenda, que não te quebrarão a cabeça. VIDE:
● Gladium acutum avertas. ● Gladium acutum
averte.
114. A piratis aut latronibus capti liberi permanent.
[Jur / Black 2] As pessoas mantidas prisioneiras por
piratas ou ladrões (para o direito) permanecem livres.
● A piratis et latronibus capti liberi permanent.
[Rodrigues 9] Os presos pelos piratas e ladrões
permanecem livres.
115. A piratis et latronibus capta dominium non
mutant. [Jur / Black 2] Os bens tomados por piratas e
ladrões não mudam de domínio.
116. A planta pedis usque ad verticem. [Vulgata, Jó 2.7;
Isaías 1.6] Desde a planta do pé até o alto da cabeça.
VIDE: ● Ab imis unguibus ad verticem summum. ● Ab
imis unguiculis ad verticem summum. ● Ab imis
unguibus adusque summos capillos. ● Ab imo ad
summum. ● Ab infimo ad summum.
117. A posse ad esse. Do poder ao ser. Da possibilidade à
realidade. ● A posse ad esse non valet consequentia.
Não tem força a conexão da possibilidade à realidade.
VIDE: ● Ab esse ad posse valet consequentia.
118. A posteriori. Depois do fato. A partir da observação.
A partir da conseqüência. Do efeito para a causa.
(=Argumento a posteriori. Argumento que procura
provar a causa a partir do efeito).
119. A prima aetate. [Cícero, Ad Familiares 4.4] Desde a
primeira idade. Desde pequeno. ● A prima pueritia.
VIDE: ● A nutricibus. ● A parvulo. ● A parvulis. ● A
primo vitae limine. ● A pueris. ● A puero. ● A rudibus
annis.● A teneris annis. ● Ab adulescentia. ● Ab
exordio vitae. ● Ab incunabulis. ● Ab ineunte aetate.
● Ab infantia. ● Ab infantia prima. ● Ab initio aetatis.
● De tenero ungue.
120. A prima die. [Vulgata, Atos 20.18] Desde o primeiro
dia.
121. A primaevo flore iuventae. Desde a primeira flor da
juventude. A primaevo flore iuventutis.
122. A primis temporibus. Desde os primeiros tempos.
123. A primis vitae rudimentis. Desde os primeiros sinais
de vida. VIDE: ● Ab usque primis vitae rudimentis.
124. A primo ad ultimum. Do primeiro ao último.
125. A primo instanti vitae usque ad extremum
halitum. Desde o primeiro momento de vida até o
último suspiro.
126. A primo tempore. Em primeiro lugar. Antes de tudo.
● A primo.
127. A primo vitae limine. Desde a primeira porta da
vida. (=Desde criancinha). VIDE: ● A nutricibus. ● A
parvulo. ● A parvulis. ● A prima aetate. ● A prima
pueritia. ● A pueris. ● A puero. ● A rudibus annis.● A
teneris annis. ● Ab adulescentia. ● Ab exordio vitae.
● Ab incunabulis. ● Ab ineunte aetate. ● Ab infantia.
● Ab infantia prima. ● Ab initio aetatis. ● De tenero
ungue.
128. A principio. Desde o princípio. VIDE: ● A carcere. ● A
linea.
129. A principio ad finem. Do princípio ao fim. VIDE: ● A
capite ad calcem. ● A capite usque ad calcem. ● A
vertice usque ad calcem.
130. A priori. Antes de verificar. Sem verificação. Da
causa para o efeito.
131. A priori ratione quam experientia. Por um
raciocínio anterior à experiência.
132. A progenie in progeniem. De geração em geração.
VIDE: ● A generatione in generationem.
133. A pueritia usque ad hanc aetatem. [Cícero, Pro
Cornelio Balbo 3] Desde a infância até esta idade.
134. A puero. Desde menino. ● A pueris. Desde meninos.
VIDE: ● A nutricibus. ● A parvulis. ● A parvulo. ● A
prima aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae
limine. ● A rudibus annis. ● A teneris annis. ● Ab
adulescentia. ● Ab exordio vitae. ● Ab incunabulis.
● Ab ineunte aetate. ● Ab infantia prima. ● Ab initio
aetatis. ● De tenero ungue.
135. A pumice aquam petis. [Pereira 110] Buscas água
numa pedra. ■ Buscas água em fonte seca. ■ Malhas em
ferro frio. ● A pumice aquam postulas. VIDE: ● Aquam
a pumice ne expostules. ● Aquam a pumice nunc
postulas. ● Aquam e pumice postulas. ● E pumice
aquam petis.
136. A puro fonte defluit aqua pura. [Medina 588] De
fonte limpa corre água limpa. ■ Boa árvore não dá ruim
fruto. ■ Cão de caça vem de raça. VIDE: ● A fonte puro
pura defluit aqua.
137. A quo. [Jur] A partir do qual. De onde. (=1.Ponto de
partida de um processo judicial. 2.Dia a partir do qual se
começa a contar um prazo). Outros usos da expressão a
quo em português: 1. Estar a quo. Estar em jejum. 2.
Ficar a quo. Ficar sem saber. [Novo Dicionário
Aurélio, 1a ed., p. 123]
138. A quo nihil speres boni rei publicae, quia non vult,
nihil speres mali, quia non audet. [Cícero, Ad Atticum
1.13] Dele não esperes nada de bom para o país, porque
ele não quer; nada esperes de mal, porque ele não ousa.
VIDE: ● Ab illo nihil spera boni, quia non vult; nihil
metue mali, quia non audet.
139. A radice. Desde a raiz. Desde a origem.
140. A radice mala non procedunt bona mala. [Jogo de
palavras] De raiz má não procedem bons frutos.
■ Árvore ruim não dá bom fruto. ■ De mau corvo, mau
ovo. ● A radice mala nascuntur pessima mala.
[Eiselein 653] De má raiz nascem péssimos frutos. VIDE:
● Mali corvi malum ovum.
141. A radice sapit pomum quocumque rotatur. [DAPR
512] Para onde quer que seja jogada, a maçã sabe à
macieira. ■ O figo sabe à figueira. ■ De tal pedaço, tal
retraço. VIDE: ● Stirpe saporatur pomum, quocumque
rotatur.
142. A ratione. Pela razão. Por raciocínio. Por conjectura.
Por hipótese.
143. A rebus alienis manus abstine. Afasta as mãos das
coisas alheias. ■ Com a coisa alheia, o homem mal se
honra. VIDE: ● Abstine manus!
144. A recta conscientia non oportet discedere. [Cícero,
Ad Atticum 13.20] Ninguém deve afastar-se da
consciência honesta.
145. A regibus cavendum, quod eis praelonga sint
brachia. [Manúcio, Adagia 76] Deve-se tomar cuidado
com os reis, pois eles têm braços longos. ■ O braço do
rei e a lança longe alcançam. ■ Os reis abrangem muito
com o seu poder. VIDE: ● An nescis longas regibus esse
manus? ● Longae regum manus. ● Longae sunt
regibus manus. ● Longas esse regibus manus.
● Magna est manus regis, et valida. ● Manus regum
longae.
146. A risu effuso abstine te. [Grynaeus 773] Evita o riso
imoderado. ■ Muito riso, pouco siso.
147. A remotis. Ao longe. De longe. Afastado.
148. A rubro ad nigrum. [Jur / Black 3] No vermelho ao
negro. (=Do título ao texto. O costume antigo era que o
título de um estatuto fosse escrito em vermelho, e o seu
corpo, em preto).
149. A rudibus annis. Desde os anos em que não tinha
experiência. VIDE: ● A nutricibus. ● A parvulis. ● A
parvulo. ● A prima aetate. ● A prima pueritia. ● A
primo vitae limine. ● A pueris. ● A puero. ● A teneris
annis. ● Ab adulescentia. ● Ab exordio vitae. ● Ab
incunabulis. ● Ab ineunte aetate. ● Ab infantia prima.
● Ab initio aetatis. ● De tenero ungue.
150. A sacris. [Da linguagem eclesiástica] (Afastado) das
coisas sagradas. (Afastado) das ordens sacras. VIDE: ● A
divinis.
151. A sacris abstinendae manus. [Erasmo, Adagia
3.9.45] As mãos devem abster-se das coisas sagradas.
■ Não mexas no santo, que borras a pintura.
152. A saeculo et usque in saeculum. [Vulgata, Salmos
40.14] Por todos os séculos. Por todas as épocas.
153. A sapiente viro sapientiam discere convenit.
[Eurípides / Schottus, Adagia 150] Convém aprender
sabedoria com o homem sábio. VIDE: ● Disce, sed a
doctis.
154. A scintilla una augetur ignis. [Vulgata, Eclesiástico
11.34] De uma única fagulha nasce um braseiro. ■ De
uma faísca se queima a vila. ■ De pequena fagulha,
grande labareda. ■ Um fósforo acaba um palácio. VIDE:
● De parva scintilla magnum saepe excitatur
incendium. ● Ex minima magnus scintilla nascitur
ignis. ● Ecce quantus ignis quam magnam silvam
incendit! ● Ex minima magnus scintilla nascitur
ignis. ● Ex scintilla incendium. ● Ex sola scintilla
conflagrat saepe tota domus. ● Exiguus ignis
quantam silvam incendit! scintilla una augetur ignis.
● Parva saepe scintilla magnum excitat incendium.
● Parva saepe scintilla contempta magnum excitavit
incendium. ● Scintilla contempta excitat magnum
incendium. ● Scintilla contempta excitavit magnum
incendium. ● Scintilla, quamvis parva, magnum
ignem excitat. ● Videmus accidere ex una scintilla
incendia passim.
155. A se. Por si. Por seus próprios meios.
156. A signis caeli nolite metuere quae timent gentes.
[Vulgata, Jeremias 10.2] Não temais os sinais do céu,
como temem as gentes.
157. A sinistris. [Vulgata, Paralipômenos 3.17] Pela
esquerda. Do lado esquerdo.
158. A solis occasu, non ortu, describe diem. [Binder,
Thesaurus 15] Descreve o dia pelo anoitecer, não pela
alvorada. ■ A noite coroa o dia. ■ O fim coroa a obra.
159. A solis ortu usque ad occasum. [Inscrição em
quadrante solar] Do nascer do sol ao ocaso. ● A solis
ortu usque ad occasum laudabile nomen Domini.
[Vulgata, Salmos 112.3] Desde o nascimento do sol até
ao seu ocaso, é digno de louvor o nome do Senhor. ● A
solis ortu usque ad occasum benedictum sit nomen
Domine. Bendito seja o nome do Senhor desde o
nascimento do sol até o seu ocaso. ● A sole ortu usque
diei ultimum. [Amiano Marcelino, Historia 19.2.5] Do
nascer do sol até o fim do dia. VIDE: ● A lucis ortu ad
usque diei finem. ● Ab ortu lucis ad umbram. ● Ab
ortu solis usque ad occasum. ● Ab orto sole usque ad
diei finem. ● Ad finem lucis ab ortu.
160. A solis ortu vitam hominis umbra notat. [Inscrição
em quadrante solar] A sombra registra a vida do homem
desde o nascer do sol.
161. A studiis venter nimium distentus abhorret.
[Binder, Thesaurus 16] Barriga cheia demais odeia
esforço. ■ Barriga farta, pé dormente. ■ Barriga cheia,
pé dormente. VIDE: ● Impletus venter non vult studere
libenter. ● Ingenium excellens non gignit venter
obesus. ● Plenus venter non studet libenter. ● Venter
plenus somnum parit. ● Ventre pleno corpus sopore
gravatum.
162. A summo usque ad novissimum. [Vulgata, Isaías
56.11] Desde o mais alto até o mais baixo.
163. A summo usque deorsum. [Vulgata, Mateus 27.3]
De alto a baixo.
164. A tardigradis asinis equus prosiliit. [Apostólio 4.4]
De asnos vagarosos saiu um cavalo. ■ Cavalo formoso
de potro sarnoso. ● A tardigradis asinis equus prodiit.
[Schottus, Adagia 186] ● A tardigradis asinis ad
equos. [Schottus, Adagia 366] De asnos vagarosos
passaram a cavalos. VIDE: ● E tardigradis asinis equus
prodiit. ● E tardo asino equus prodiit. ● Emersit ex
asinis equus tardigradis. ● Quoties ab indocto
praeceptore proficiscitur discipulus eruditus.
165. A temerario iudice praeceps sententia. [Binder,
Thesaurus 17] De juiz temerário, sentença precipitada.
■ Julgamento apressado, juiz aloucado. VIDE: ● Iudicium
praeceps, insani iudicis index.
166. A teneris annis. [Erasmo, Colloquia 11] Desde os
tenros anos. ■ Desde garotinho. ● A teneris. VIDE: ● A
nutricibus. ● A parvulis. ● A parvulo. ● A prima
aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae limine. ● A
pueris. ● A puero. ● A rudibus annis. ● A teneris
unguiculis. ● A tenero ungue. ● Ab adulescentia. ● Ab
exordio vitae. ● Ab incunabulis. ● Ab ineunte aetate.
● Ab infantia. ● Ab infantia prima. ● Ab initio aetatis.
● De tenero ungue.
167. A teneris consuescere, multum est. [Grynaeus 389]
É importante habituar-se desde a tenra idade. ■ De
pequenino se torce o pepino. ● A teneris assuescere,
multum est. VIDE: ● Cui puer assuescit, maior
dimittere nescit. ● In teneris consuescere multum est.
● Quod nova testa capit, inveterata sapit.
168. A teneris crimen condiscitur annis. O crime se
aprende desde a tenra idade. VIDE: ● Ars fit, ubi a
teneris crimen condiscitur annis.
169. A teneris unguiculis. [Cícero, Ad Familiares 1.6;
Erasmo, Adagia 1.7.52] Desde (quando tinha) as unhas
tenras. ■ Desde criancinha. ● A tenero ungue. VIDE: ● A
nutricibus. ● A parvulo. ● A parvulis. ● A prima
aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae limine. ● A
pueris. ● A puero. ● A rudibus annis. ● A teneris
annis. ● Ab adulescentia. ● Ab exordio vitae. ● Ab
incunabulis. ● Ab ineunte aetate. ● Ab infantia. ● Ab
infantia prima. ● Ab initio aetatis. ● De tenero ungue.
170. A teneris unguiculis rem accepi hanc. [Pereira 100]
Desde criancinha acostumei-me a isso. ■ Com isto me
embalaram.
171. A tenui filo vita dependet. [Apostólio 8.92] A vida
está suspensa por um tênue fio. ● A tenui filo pendet
vita. [Schottus, Adagia 368] VIDE: ● Vita e tenui filo
pendet.
172. A tergo. Pela retaguarda. Por trás. Da parte de trás.
173. A terra ad caelum, quid lubet. [Plauto, Persia 604]
O que quiseres, da terra ao céu.
174. A trivio ad sceptrum. Da rua para o cetro. ■ Ontem
vaqueiro, hoje cavaleiro. VIDE: ● A caula ad aulam. ● E
caula ad aulam.
175. A tuo lare incipe. Começa pela tua própria casa.
■ Cada um olhe para si, e já não faz pouco. VIDE: ● Ab
ipso lare incipe.
176. A tutiori. Do lado mais seguro (da questão). Com
mais segurança.
177. A verbis ad verbera. (Passar) das palavras às
pancadas. VIDE: ● De verbis perventum est ad verbera.
178. A verbis legis non recedendum. [Jur / Broom 479]
Não se deve afastar das palavras da lei.
179. A vero domino. [Jur] Pelo verdadeiro dono. Do
verdadeiro proprietário.
180. A vertice usque ad calcem. [Polydorus, Adagia] Da
cabeça ao calcanhar. ■ Da cabeça aos pés. ■ De ponta a
ponta. ■ Do princípio ao fim. VIDE: ● A capite ad
calcem. ● A capite usque ad calcem. ● A principio ad
finem.
181. A via et veritate aberrare durum est. [Apostólio
13.100] É duro perder-se do caminho e da verdade.
182. A vinculo matrimonii. [Jur / Broom 395]
(Dissolução) do vínculo do matrimônio. VIDE:
● Separatio a vinculo matrimonii.
183. A vitiis abstineto. Fica longe dos vícios.
184. Ab A usque ad Z. De A a Z. ■ Do princípio ao fim.
■ De ponta a ponta.
185. Ab abrupto. [DAPR 711] Abruptamente. De repente.
De súbito. Bruscamente. Sem preparação. VIDE: ● Ex
abrupto.
186. Ab absurdo. Por absurdo. Partindo do absurdo. VIDE:
● Ex absurdo.
187. Ab abusu ad usum non valet consequentia. [Jur /
Black 3] É inválida a conclusão do abuso para o uso.
■ O abuso não tira o uso. ■ Não por causa de o abuso
ser repreensível deixa o uso de ser lícito. VIDE: ● Abusus
non tollit usum. ● Ex abusu non arguitur in usum.
188. Ab acia et acu mi omnia exposuit. [Petrônio,
Satiricon 76.11] Contou-me tudo desde a linha e da
agulha. ● Contou tim-tim por tim-tim.
189. Ab actis. Dos atos. Pelos atos. [Jur] Que provém dos
autos. Que pertence aos autos.
190. Ab actu ad posse valet illatio. [Adágio Escolástico /
Rezende 4] Do que se fez vale a ilação do que poderá
ser feito. (=Do passado é possível inferir o futuro).
191. Ab Adamo usque ad finem huius mundi. Desde
Adão até o fim deste mundo. ● Ab Adam usque ad
finem huius saeculi.
192. Ab adulescentia. [Cícero, Ad Familiares 2.12] Desde
a juventude. VIDE: ● A nutricibus. ● A parvulis. ● A
parvulo. ● A prima aetate. ● A prima pueritia. ● A
primo vitae limine. ● A pueris. ● A puero. ● A rudibus
annis. ● A teneris annis. ● A teneris. ● A teneris
unguiculis. ● Ab exordio vitae. ● Ab incunabulis. ● Ab
ineunte aetate. ● Ab infantia. ● Ab infantia prima.
● Ab initio aetatis. ● De tenero ungue.
193. Ab aequitate vinci, pulchrum et bonum. [Apostólio
19.94] Ser vencido pela justiça é belo e bom.
194. Ab aeterno tempore. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.70] Desde a eternidade. Desde os
tempos imemoriais. Desde sempre. Sempre. ■ Desde que
o mundo é mundo. ■ Desde o começo dos tempos. ● Ab
aeterno.
195. Ab aeterno usque in aeternum. [Vulgata,
1Paralipômenos 16.36] Desde a eternidade até a
eternidade. ● Ab aeterno et usque in aeternum.
[Vulgata, Salmos 102.17] ● Ab aeterno ad aeternum.
196. Ab aetate tenera. Desde tenra idade.
197. Ab alienatione. [Jur] Pela alienação. Pela venda.
198. Ab alio exspectes, alteri quod feceris. [Publílio Siro;
Sêneca, Epistulae Morales 94.43] ■ Assim como fizeres,
de outrem o esperes. ■ Faze o bem, sem olhar a quem,
faze o mal e espera outro tal. ■ Como for teu trato,
assim te trato. ■ Tal como fizeres, assim esperes. ● Ab
alio spectes, alteri quod feceris. ● Ab alio speres alteri
quod feceris. ● Ab altero exspectes, alteri quod
feceris. [Schottus, Adagialia Sacra 17] VIDE: ● Ab illo
exspectes, alteri quod feceris. ● Fac alteri, tibi ipse
quod fieri cupis. ● Hoc fac aliis quod cupis fieri ab
aliis tibi. ● Quod tibi non vis fieri, id et alteri ne
feceris. ● Quod tibi vis ut homines faciant, idem fac
hominibus. ● Quod vis tibi fieri, hoc idem fac alteri.
199. Ab alto. [Jur] Por alto. Superficialmente.
200. Ab amante lacrimis redimas iracundiam. [Publílio
Siro] Acalma com tuas lágrimas a cólera de quem te
ama. ■ Lágrimas quebrantam penhas.
201. Ab amicis libenter moneamur. De bom grado deixemo-
nos advertir pelos amigos. ■ De amigo que não ralha e de
faca que não talha, não me dá migalha. ■ Do amigo, o que te
quiser dizer. ■ Conselho de amigo vale um reino.
202. Ab amicis honesta petamus. [Cícero, De Amicitia
44] Peçamos aos amigos somente coisas honestas.
203. Ab amico indiscreto libera nos, Domine! [Walther
122 / Tosi 1276] Senhor, livra-nos do amigo
inseparável! ■ A familiaridade produz o desprezo.
204. Ab amico reconciliato cave. [DAPR 57] Guarda-te
de amigo reconciliado. ■ De amigo reconciliado,
guarda-te dele como do diabo. ■ Amigo reconciliado,
inimigo dobrado.
205. Ab ante. [Jur / Black 3] Antes. Por antecipação.
206. Ab antecedente. [Jur / Black 3] De antemão.
207. Ab antiquo. [Ovídio, Ibis 81] Desde há muito tempo.
Desde os tempos antigos. Pelo modo antigo.
208. Ab asinis ad boves transcendere. [Plauto, Aulularia
192] Passar de burros a bois. ■ De bem em melhor. ● Ab
asinis ad equos. [Apostólio 4.10] (Passar) de burros a
cavalos. VIDE: ● Desiit gaudere lente.
209. Ab asino delapsus. [Manúcio, Adagia 296] Caído do
burro. (=Diz-se de quem, por não saber utilizar suas
oportunidades, perde a situação de que gozava).
210. Ab asino lanam quaeris. [Pereira 98] Estás
procurando lã em burro. ■ Procuras asas ao burro.
■ Buscas água em fonte seca. ■ Queres tirar leite de
pedra. ● Ab asino lanam petis. ● Ab asino lanam.
[Erasmo, Adagia 1.4.79] VIDE: ● Asini lanam quaeris.
● Asini vellera quaeris. ● Lupi alas quaeris.
211. Ab assuetis non fit iniuria. [Jur / Black 3] De coisas
a que se está acostumado não nasce ofensa.
212. Ab assuetis non fit passio. [Rousseau, Émile 2.21]
Das coisas costumeiras não nasce paixão. ■ A
familiaridade é a sepultura do amor. ■ Ninguém se
embebeda com o vinho de sua adega. VIDE: ● Assiduum
mirabile non est. ● Assueta vilescunt. ● Cotidiana
vilescunt.
213. Ab auditione mala non timebit. [Vulgata, Salmos
111.7] (O justo) não temerá ouvir palavra má.
214. Ab elephanto nihil differs. [Schottus, Adagia 275]
Em nada diferes de um elefante. VIDE: ● Nihil ab
elephante differs.
215. Ab equi pedibus procul secedite. [Grynaeus 212]
Afastai-vos para longe das patas do cavalo. ● Ab
equinis pedibus procul recede. Afasta-te das patas do
cavalo. VIDE: ● Procul a pedibus equinis!
216. Ab equis ad asinos transeunt stulti. Os tolos passam
de cavalos a burros. ■ Ir de bispo a moleiro. ■ De
alcaide a verdugo, vê como subo. ■ De rocim a ruim.
■ Andar de mal a pior. ■ Andar para trás, como o
caranguejo. ● Ab equis ad asinos transivimus.
[Grynaeus 161] Passamos de cavalos a burros. ● Ab
equis ad asinos. [Apostólio 5.9] De cavalos a burros.
● Ab equo ad asinum. De cavalo a burro.
217. Ab esse ad posse valet consequentia. Tem força a
relação entre o acontecimento e a possibilidade de
acontecer. VIDE: ● A posse ad esse non valet
consequentia.
218. Ab executione incipiendum non est. [Jur] Não se
deve começar da execução.
219. Ab exordio generis humani. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 7.32] Desde o começo da raça humana.
VIDE: ● Ab initio generis humani.
220. Ab exordio mundi. Desde o começo do mundo.
Desde a criação do mundo. ● Ab exordio mundi usque
in annum salutis nostrae ... Desde a criação do mundo
até o ano ... de nossa salvação. (=As reticências são
substituídas pelo número do ano da era cristã
correspondente). ● Ab exordium mundi usque ad
tempus suum. Desde a criação do mundo até a sua
época.
221. Ab exordio vitae. Desde o começo da vida. VIDE: ● A
nutricibus. ● A parvulis. ● A parvulo. ● A prima
aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae limine. ● A
pueris. ● A puero. ● A rudibus annis. ● A teneris
annis. ● A teneris. ● A teneris unguiculis. ● Ab
adulescentia. ● Ab incunabulis. ● Ab ineunte aetate.
● Ab infantia. ● Ab infantia prima. ● Ab initio aetatis.
● De tenero ungue.
222. Ab extra. [Bacon, Novum Organum 2.48.7] De fora.
Vindo de fora.
223. Ab extremo initio ad supremum finem. [Grynaeus
11] De um extremo a outro. De ponta a ponta. Do
começo ao fim. VIDE: ● A caelo ad terram. ● A fine
usque ad finem. ● Ab ore usque ad os.
224. Ab extremo terrae usque ad extremum eius.
[Vulgata, Jeremias 12.12] Desde um extremo da terra
até outro extremo.
225. Ab extrinseco. [Jur] (Vindo) de fora.
226. Ab hac cura mens relevata mea est. [Ovídio, Tristia
1.11.12] Dessa preocupação minha mente está aliviada.
227. Ab Herode ad Pilatum. [Polydorus, Adagia] De
Herodes para Pilatos. (=De um lado para outro. Daqui
para ali).
228. Ab hoc et ab hac. [Rezende 12] Deste e desta.
(=Desordenadamente. Atabalhoadamente. Ao acaso).
■ A torto e a direito. ■ Por paus e por pedras. ● Ab hoc,
ab hac, ab illa. Deste, desta e daquela. VIDE: ● Quando
conveniunt Domitilla, Sibylla, Drusilla, sermonem
faciunt et ab hoc et ab hac et ab illa. ● Quando
conveniunt Catharina, Camilla, Sybilla, sermones
faciunt et ab hoc, et ab hac, et ab illa. ● Quando
conveniunt Ludmilla, Sybilla, Camilla, miscent
sermones et ab hoc et ab hac et ab illa.
229. Ab hoc momento pendet eternitas. [Inscrição em
quadrante solar] A eternidade depende deste momento.
230. Ab hoc tempore. [Cícero, De Republica 1.58] Desde
esse tempo. Desde então.
231. Ab hodierno die. A partir de hoje. ● Ab hodierno.
232. Ab homine homini cotidianum periculum. [Sêneca,
Epistulae Morales 103] É do homem que vem ao
homem o perigo de cada dia. ■ O homem é o lobo do
homem. VIDE: ● Homo homini lupus.
233. Ab homine et flumine taciturno cave. Toma
cuidado com o homem e com o rio silenciosos. ■ Água
silenciosa, a mais perigosa. ■ Cuidado com o homem
que não fala e com o cão que não ladra. VIDE: ● Cave
tibi a cane muto et aqua silenti. ● Cave tibi ab aquis
silentibus et a cane muto. ● Quo minus est murmur,
plerumque est altior unda.
234. Ab honesto virum bonum nihil deterret. Nada
desvia o homem honesto do que é digno. ● Ab honesto
vir bonus nulla re deterrebitur. [Sêneca, Epistulae
Morales 76.18] O homem honesto não será desviado do
que é digno por coisa nenhuma.
235. Ab hoste dicta ne unquam amica duxeris.
[Manúcio, Adagia 133] Nunca me tragas palavras
elogiosas de inimigo.
236. Ab hoste maligno libera nos, Domine. [Rabelais,
Gargantua 1.47] Ó Senhor, livra-nos do inimigo
malvado.
237. Ab igne ignem. [Cícero, De Officiis 1.52] Do fogo só
se tira fogo.
238. Ab ignotis abstinendum. Devemos ficar longe das
coisas desconhecidas.
239. Ab illa die. [Gesta Romanorum 61] A partir daquele
dia.
240. Ab illo exspectes, alteri quod feceris. ■ Assim como
fizeres, de outrem o esperes. ■ Como for teu trato, assim
te trato. ■ Tal como fizeres, assim esperes. VIDE: ● Ab
alio exspectes, alteri quod feceris. ● Ab altero
exspectes, alteri quod feceris.
241. Ab illo nihil spera boni, quia non vult; nihil metue
mali, quia non audet. Dele não esperes nada de bom,
porque ele não quer; dele não temas nada de mal,
porque ele não ousa. VIDE: ● A quo nihil speres boni rei
publicae, quia non vult, nihil speres mali, quia non
audet.
242. Ab illo tempore usque in praesens. Desde aquele
tempo até o presente.
243. Ab imis fundamentis. [Bacon, Aphorismi 31] Desde
os mais profundos alicerces.
244. Ab imis unguibus ad verticem summum. [Cícero,
Pro Roscio 7.20] Dos pés à cabeça. ● Ab imis
unguiculis ad verticem summum. ● Ab imis unguibus
adusque summos capillos. ● Ab imo ad summum.
VIDE: ● A planta pedis usque ad verticem. ● Ab infimo
ad summum.
245. Ab immemorabili (tempore). De época
indeterminada. Desde tempo imemorial.
246. Ab immundo quid mundabitur? [Vulgata,
Eclesiástico 34.4] Do impuro o que pode sair de puro?
247. Ab imo ad summum. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 2.8] Do ponto mais baixo ao mais elevado.
VIDE: ● A planta pedis usque ad verticem. ● Ab imis
unguibus ad verticem summum. ● Ab imis unguiculis
ad verticem summum. ● Ab imis unguibus adusque
summos capillos. ● Ab infimo ad summum.
248. Ab imo corde. Do fundo do coração. (=Com
sinceridade. Com toda a franqueza). ● Ab imo pectore.
● Ab imo pectore fatur. [Cláudio Claudiano, In
Rufinum 2.205] Ele fala do fundo do coração. VIDE: ● Ex
corde. ● Ex imo corde. ● Ex imo pectore. ● Imo
pectore.
249. Ab impiis egredietur impietas. [Vulgata, 1Reis
24.14] Dos ímpios sairá a impiedade. ● Ab impiis
egressa est iniquitas. [Erasmo, Adagia 1.9.26] Dos
ímpios saiu a iniqüidade.
250. Ab improbis irrideri laudari est. Ser ridicularizado
por desonestos é ser elogiado. ■ Há injúrias que louvam,
e louvores que injuriam. VIDE: ● Ii sunt, a quibus
vituperari laudari est. ● Malis displicere est laudari.
● Sunt ii a quibus vituperari laudari est.
251. Ab improbo debitore quidvis accipe. De mau
devedor aceita qualquer coisa. ■ De ruim pagador, em
farelos. VIDE: ● Accipias paleam, si non vult solvere
nequam. ● Arripias paleas, si non vult solvere
nequam debitor; accipias, si miser est, paleas.
● Debitor, accipias, si miser est, paleas. ● Pro veteri
debito accipimus stramen avenae.
252. Ab incepto. Desde o começo.
253. Ab inclusione unius ad exclusionem alterius. [Jur]
Da inclusão de um à exclusão do outro. VIDE: ● Ab
inclusione unius ad exclusionem alterius.
● Designatio unius est exclusio alterius. ● Inclusio
unius est exclusio alterius. ● Inclusione unius fit
exclusio alterius.
254. Ab incunabulis. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
4.36.9; Erasmo, Adagia 1.7.53] Desde o berço. (=Desde
a infância. Desde o princípio. Desde a origem). VIDE: ● A
nutricibus. ● A parvulis. ● A parvulo. ● A prima
aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae limine. ● A
pueris. ● A puero. ● A rudibus annis. ● A teneris
annis. ● A teneris. ● A teneris unguiculis. ● Ab
adulescentia. ● Ab exordio vitae. ● Ab ineunte aetate.
● Ab infantia. ● Ab infantia prima. ● Ab initio aetatis.
● De tenero ungue.
255. Ab ineunte adulescentia usque ad hanc aetatem.
Desde o começo de minha juventude até esta idade.
VIDE: ● Usque ad hanc aetatem ab ineunte
adulescentia.
256. Ab ineunte aetate. [Cícero, Ad Familiares 13.6]
Desde a idade mais tenra. Desde criancinha. Desde o
começo da vida. ● Ab infantia. [Schottus, Adagia 417]
Desde a infância. ● Ab infantia prima. Desde a
primeira infância. VIDE: ● A nutricibus. ● A prima
aetate. ● A prima pueritia. ● A primo vitae limine. ● A
pueris. ● A puero. ● A rudibus annis.● A teneris annis.
● A teneris unguiculis. ● Ab adulescentia. ● Ab
exordio vitae. ● Ab incunabulis. ● Ab infantia. ● Ab
infantia prima. ● Ab initio aetatis. ● De tenero ungue.
257. Ab ineunte pueritia tua. [Cícero, Ad Familiares
10.3] Desde o começo de tua meninice.
258. Ab infantia nostra usque in praesens. Desde minha
infância até agora.
259. Ab infantia usque ad decrepitam senectutem.
[S.Agostinho, Sermones 17] Desde a infância até a
decadente velhice. ● Ab infantia usque ad diem
mortis. Desde a infância até o dia da morte.
260. Ab infimo ad summum. Do ponto mais baixo ao
mais elevado. ● Ab infimo erigitur ad summum.
[Apuleio, De Mundo 12] Sobe do ponto mais baixo ao
mais elevado. VIDE: ● Ab imis unguibus ad verticem
summum. ● Ab imis unguiculis ad verticem
summum. ● Ab imis unguibus adusque summos
capillos. ● Ab imo ad summum.
261. Ab inimicis possum mihi ipsi cavere, ab amicis
vero non. [DAPR 327] Dos inimigos eu posso guardar-
me, mas dos amigos não. ■ Deus me guarde dos amigos,
que dos inimigos me guardo eu. ■ Ao amigo que não é
certo, um olho fechado e outro aberto.
262. Ab initio. Desde o começo. Desde a origem. No
início. VIDE: ● Ab origine. ● Ab ovo.
263. Ab initio ad finem. Do início ao fim. VIDE: ● Ab
initio usque ad finem. ● A carcere ad metam.
264. Ab initio aetatis. [Cícero, Ad Familiares 4.3] Desde
o começo da vida. VIDE: ● A nutricibus. ● A parvulis.
● A parvulo. ● A prima aetate. ● A prima pueritia. ● A
primo vitae limine. ● A pueris. ● A puero. ● A rudibus
annis. ● A teneris annis. ● A teneris. ● A teneris
unguiculis. ● Ab adulescentia. ● Ab exordio vitae.
● Ab incunabulis. ● Ab ineunte aetate. ● Ab infantia.
● Ab infantia prima. ● De tenero ungue.
265. Ab initio est ordiendum. É preciso começar do
começo. ● Ab initio est ordiendus. [Cornélio Nepos,
De Excellentibus Ducibus, Themistocles 2] Devo
começar (a história de Temístocles) desde o começo.
266. Ab initio generis humani. [S.Agostinho, De
Cathechizandis Rudibus 32] Desde o começo da raça
humana. VIDE: ● Ab exordio generis humani.
267. Ab initio litis. [Jur] Desde o início da demanda. No
início da demanda.
268. Ab initio mundi usque ad eius finem. Do começo
do mundo até o seu fim.
269. Ab initio mundi ad hodiernum diem. [Jur / Black 4]
Do princípio do mundo até hoje.
270. Ab initio nullum, semper nullum. [Jur] O que é
nulo no início sempre é nulo.
271. Ab initio usque ad finem. [Sêneca Retórico,
Controversiae 1.4.8] Do começo ao fim. ● Ab initio
usque ad finem terrae. [Vulgata, Deuteronômio 13.7]
Desde uma extremidade da terra até a outra. VIDE: ● Ab
initio ad finem.
272. Ab inope nunquam spectes. [Medina 599] Nunca
esperes nada do pobre. ■ Mais dá o cru que o nu.
273. Ab inquieto saepe simulatur quies. [Sêneca,
Oedipus 684] Muitas vezes o homem atormentado
simula tranqüilidade.
274. Ab integro. [Jur] Por inteiro. Não alterado.
Fielmente. VIDE: ● De integro.
275. Ab intestato. [Jur] (Vindo) de pessoa que não fez
testamento. (=Morrer ab intestato. Morrer sem deixar
testamento). VIDE: ● Abintestato. ● Hereditas ab
intestato. ● Successio ab intestato.
276. Ab intrinseco. (Vindo) do interior. (Vindo) de
dentro. Internamente.
277. Ab intra. (Vindo) de dentro.
278. Ab intus enim de corde hominum malae
cogitationes procedunt, adulteria, fornicationes,
homicidia, furta, avaritiae, nequitiae, dolus,
impudicitiae, oculus malus, blasphemia, superbia,
stultitia. [Vulgata, Marcos 7.21-22] Do coração dos
homens é que saem os maus pensamentos, os adultérios,
as fornicações, os homicídios, os furtos, as avarezas, as
malícias, as fraudes, as desonestidades, a inveja, a
blasfêmia, a soberba, a loucura.
279. Ab invito. [Cícero, De Lege Agrária 1.14] (Feito) por
pessoa que reluta. (=Involuntariamente. Contra a
vontade).
280. Ab Iove principium. [Virgílio, Eclogae 3.60]
Comecemos por Júpiter. ■ Comecemos pelo começo.
VIDE: ● A Deo incipiamus.
281. Ab Iove principium generis. [Virgílio, Eneida
7.219] A origem de nossa raça remonta a Júpiter.
282. Ab ipsa messe discedere. [Erasmo, Adagia 4.5.90]
Abandonar a própria colheita. ■ Deixar o certo pelo
duvidoso. ■ Deixa a tua casa, vem-te à minha, terás
negro dia.
283. Ab ipso lare. Da própria casa. Da própria origem.
284. Ab ipso lare incipe. [Erasmo, Adagia 1.6.83]
Começa pela tua própria casa. ■ Cada um olhe para si, e
já não faz pouco. VIDE: ● A tuo lare incipe.
285. Ab ipso rei principio. Desde o princípio da coisa.
VIDE: ● A carcere.
286. Ab ira. De raiva.
287. Ab irato. [Jur / Black 4] (Vindo) de uma pessoa
irada. (=Num impulso de cólera. Movido pela ira.
Arrebatadamente).
288. Ab occasu describe diem, non solis ab ortu.
Descreve o dia ao pôr-do-sol, não ao amanhecer.
289. Ab occursu faciei cognoscitur sensatus. [Vulgata,
Eclesiástico 19.26] Pelo semblante se conhece o homem
sensato. ■ Pelos olhos se conhece quem tem lombriga.
290. Ab officio decedere. Faltar à obrigação. Não cumprir
o dever.
291. Ab officio et beneficio. (Suspenso) de sua função e
benefícios.
292. Ab omni malo libera nos, Domine! Senhor, livra-
nos de todo mal!
293. Ab omni munere immunis. [Jur] Isento de todo
imposto.
294. Ab omni parte. Sob todos os aspectos.
295. Ab omnibus pretium accipiunt et omnes fallunt.
[Aulo Gélio, Noctes Atticae 11.10] Recebem dinheiro
de todos e a todos enganam.
296. Ab ore ad aurem. [DAPR 720] Da boca ao ouvido.
(=Reservadamente. Em segredo).
297. Ab ore usque ad os. [Vulgata, Esdras 9.11] De uma
extremidade à outra. VIDE: ● A caelo usque ad centrum.
● A fine usque ad finem. ● Ab extremo initio ad
supremum finem.
298. Ab origine. Desde a origem. Desde o início.
(=Aborígene. Pessoa que é originária do país em que
vive; indígena; nativo). VIDE: ● Ab initio. ● Ab ovo.
299. Ab origine mundi. [Lucrécio, De Rerum Natura
5.548] Desde a criação do mundo.
300. Ab ortu solis usque ad occasum. [Rezende 27]
Desde o nascer do sol até ocaso. ● Ab orto sole usque
ad diei finem. Do nascimento do sol até o fim do dia.
● Ab ortu lucis ad umbram. Desde o clarear até o
escurecer. VIDE: ● A lucis ortu ad usque diei finem. ● A
sole ortu usque diei ultimum. ● A solis ortu usque ad
occasum. ● Ad finem lucis ab ortu. Ad umbram lucis
ab ortu. Ad umbram lucis ab ortu.
301. Ab ovo. [Horácio, Ars Poetica 147] Desde o ovo.
(=Desde a origem. Desde a concepção. Desde o
começo). ● Ab initio. ● Ab origine.
302. Ab ovo usque ad mala. [Horácio, Satirae 1.3.1.6] Do
ovo às maçãs. (=Do antepasto até a sobremesa, isto é,
do começo ao fim. O jantar romano começava com ovos
e terminava com frutas). ■ De cabo a rabo. ● Ab ovo ad
mala. ● Ab ovo ad malum.
303. Ab pace mea. Com minha permissão.
304. Ab re. [DAPR 799] Contra toda razão.
Contrariamente a seus interesses. Fora de propósito.
305. Ab reo dicere. [Jur] Falar em favor do réu.
306. Ab transenna cibum petere. [Erasmo, Adagia
4.5.71] Buscar comida na armadilha. ■ Ir buscar lã e
voltar tosquiado. VIDE: ● E transenna cibum petere. ● E
flamma cibum petere. ● Cibum e flamma petere.
● Nunc ab transenna hic turdus lumbricum petit.
307. Ab stirpe interiit. [Salústio, Catilina 10] Morreu a
partir da raiz.
308. Ab ultima cave. [Inscrição em quadrante solar]
Cuidado com a última hora.
309. Ab ultima aeternitas. [Inscrição em quadrante solar]
Da última (hora) depende (tua) eternidade. ● Ab una
pendet aeternitas. A (tua) eternidade depende de uma
única (hora).
310. Ab ultima cave. [Inscrição em quadrante solar]
Cuidado com a tua última (hora).
311. Ab umbra lumen. [Inscrição em quadrante solar] A
luz (vem) da sombra.
312. Ab unguibus incipere. [Manúcio, Adagia 1142]
Começar pelas unhas. (=Começar pelos detalhes).
313. Ab unguibus leo. [Pereira 99] ■ Pelas unhas se
conhece o leão. ● Ab unguibus leonem iudicant.
Julgam o leão pelas unhas. VIDE: ● A digito cognoscitur
leo. ● A digito dignoscitur leo. ● Ex ungue leo. ● Ex
ungue leonem. ● Ex unguibus leonem. ● Leonem ex
unguibus aestima. ● Ungula testatur pectus generosa
leonis.
314. Ab uno ad omnes. De um para todos.
315. Ab uno amore multa bona. [Inscrição em medalha]
De um só amor vêm muitos bens. (=Refere-se ao amor
divino).
316. Ab uno disce omnes. [Virgílio, Eneida 2.65] Por um
só conhece-os todos. ■ Conhecido um, conhecê-los-ás
todos. ■ Pela amostra se conhece a chita. VIDE:
● Crimine ab uno disce omnes. ● Ex uno disce omnes.
● Ex uno omnes. ● Ex uno omnia specta. ● Ex uno
omnia videre. ● Ex uno videt omnia. ● Unum cum
noris, omnes noris. ● Unum cognoris, omnes noris.
317. Ab Urbe condita. Desde a fundação da cidade de
Roma. (=A data da fundação de Roma corresponde ao
ano 753 a.C.).
318. Ab usque primis vitae rudimentis. Desde os
primeiros sinais de vida. VIDE: ● A primis vitae
rudimentis.
319. Ab utraque parte dolum compensandum. [Juliano,
Digesta 2.10.3.3] O dolo deve ser compensado por
ambas as partes.
320. Ab utroque latere. [Cícero, De Natura Deorum
2.125] De ambos os lados.
321. Ab utroque parte. [Jur] De ambas as partes.
322. Abbati, medico, patronoque intima pande. [Pereira
95] Ao abade, ao médico e ao advogado conta as coisas
íntimas. ■ Ao médico, ao advogado e ao abade, falar a
verdade. VIDE: ● Medico, patrono et confessario dic
verum libere.
323. Abdicatio hereditatis. [Jur] Renúncia à herança.
324. Abdicatio tutelae. [Jur] Renúncia à tutela.
325. Abdita mentis. Os segredos da mente. VIDE:
● Abscondita mentis.
326. Abdita quid prodest generosi vena metalli, si
cultore caret? [Schottus, Adagialia Sacra 6] De que
serve uma mina rica em metal nobre escondida, se falta
quem a explore? ■ O saber escondido, da ignorância
vista, pouco dista. VIDE: ● Egregia musica quae sit
abscondita nullius rei est. ● Musica abscondita nulli
rei est. ● Musicae occultae nullus respectus. ● Non
erit ignotae gratia magna lyrae. ● Nullus latentis
musicae respectus est. ● Occultae musicae nullum
esse respectum. ● Occultae musicae nullus respectus.
● Si solus sapias, nempe quis usus erit?
327. Abditae causae. Causas desconhecidas.
328. Abducere gradum in terga. [Dantas 213] Dar passo
para trás. (=Fugir). ■ Dar no pé. VIDE: ● Terga dare.
● Terga vertere.
329. Abducet praedam, qui occurrit prior. Quem chega
primeiro, levará a presa. ■ Quem primeiro vai à fonte,
primeiro enche o cântaro. ■ Quem chega primeiro é
servido primeiro. ■ Quem chega tarde acha o lugar
tomado. ● Abduxisse alium praedam, qui occurrit
prior. [Plauto, Pseudolus 1197] O outro, que chegou
primeiro, levou a presa. VIDE: ● Prior in tempore,
potior in iure.
330. Abeamus a fabulis, propiora videamus. [Cícero, De
Divinatione 2.9] Deixemos as lendas, vejamos o que
está mais perto (de nós). ■ Vamos aos fatos. VIDE: ● A
fabulis ad facta veniamus. ● Propiora videamus.
331. Aberrare a fortuna tua non potes, obsidet te.
[Sêneca, De Clementia 1.8.2] Não podes escapar da tua
sorte, pois ela está à tua frente. ■ Ninguém foge de sua
sorte.
332. Aberras a scopo. Erras o alvo. VIDE: ● Extra scopum
iaculare.
333. Aberras ab ianua. Erras a porta. ■ Bater a outra
porta, que esta não se abre.
334. Aberratio delicti. [Jur] Desvio de delito. (=Erro do
criminoso quanto ao objetivo do delito). ● Aberratio
criminis.
335. Aberratio finis legis. [Jur] O afastamento da
finalidade da lei.
336. Aberratio ictus. [Jur] Desvio de golpe. (=Erro de
alvo: erro na execução do delito, sendo atingida a
pessoa errada).
337. Aberratio personae. [Jur] Erro de pessoa. VIDE:
● Error in persona.
338. Aberratio rei. [Jur] Erro de coisa.
339. Abeunt studia in mores. [Ovídio, Heroides 15.83]
Nossos gostos passam a costumes.
340. Abhorrent a vero principum aures. [Erasmo,
Encomium Moriae 36] Os ouvidos dos reis têm horror à
verdade.
341. Abhorrent inter se orationes. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 38.55, adaptado] Os argumentos se
contradizem.
342. Abhorrentes lacrimae. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
30.44] Lágrimas intempestivas. Lágrimas fora de
propósito.
343. Abi ad Acherontem! [Plauto, Amphitruo 1002] Vai
para o Aqueronte! (=Aqueronte, na mitologia, era um
rio do inferno). ■ Vai para o inferno! ■ Vai para o diabo
que te carregue!
344. Abi ad corvos! [Schottus, Adagia 380] Vai para os
corvos! ■ Que o diabo te carregue!
345. Abi ad formicam, o piger. Vai ter com a formiga, ó
preguiçoso. ■ Segue a formiga, viverás com fadiga. VIDE:
● I, piger, ad formicam. ● Vade ad formicam, o piger.
● Vade ad formicam, o piger, et considera vias eius,
et disce sapientiam.
346. Abi domum ac suspende te. [Plauto, Poenelus 309]
Vai para casa e te enforca.
347. Abi et fac tu similiter. Vai e faze o mesmo. VIDE:
● Vade et fac tu similiter. Vai e faze o mesmo.
348. Abi hinc, fur temporis! [Vieira, Sermões Escolhidos,
vol 2] Fora daqui, ladrão de tempo!
349. Abi hinc in malam crucem! [Plauto, Mostellaria 48]
Vai daqui para a tortura! ■ Vai para o inferno! ■ Vai-te
enforcar! ● Abi in malam crucem!
350. Abi hinc in malam rem cum suspicione ista.
[Terêncio, Andria 317] Vai daqui para o inferno com
essa suspeita.
351. Abi in malam rem! [Plauto, Captivi 807] Que a má
sorte te alcance! ■ Que o diabo te carregue! VIDE:
● Aufer te in malam rem. ● I in malam rem! ● Ito in
malam rem.
352. Abiciens disciplinam cito sentiet ruinam. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Quem abandona a educação logo
sentirá a ruína.
353. Abiecit beluam. [Sófocles / Cícero, Tusculanae
Disputationes 2.22] Matou a fera. (=Usa-se a expressão
para indicar uma vitória importante). ■ Matou a cobra!
354. Abiecit hastam. Atirou a arma ao chão. (=Depôs as
armas. Deu-se por vencido. Desistiu do
empreendimento). ● Abiecit hastas. [Cícero, Pro
Murena 45]
355. Abiecta omni cunctatione. [Cícero, De Officiis 1.72]
Eliminada toda hesitação. Sem nenhuma hesitação.
356. Abige abs te lassitudinem, cave pigritiae
praeverteris. [Plauto, Mercator 112] Afasta de ti o
cansaço, trata de evitar a preguiça.
357. Abigeator. Ladrão de gado. ● Abigeatus crimen
publici iudicii non est, quia furtum magis est.
[Digesta 47.14.2] O abigeato não é crime de direito
público, pois é mais furto.
358. Abiit ad plures. [Petrônio, Satiricon 42.5] Foi juntar-
se à maioria. (=Morreu). ● Abiit ad maiores. Foi juntar-
se aos antepassados. ● Abiit ad deos. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.32] Foi juntar-se aos
deuses. ● Abiit e vita. Saiu da vida. ● Abiit e medio.
Deixou a sociedade humana. VIDE: ● Ad divina
migravit. ● Ad manes abiit. ● Ad patres abiit.
● Animam Deo reddidit. ● Migravit ad regna celestia.
● Migravit ex vita. ● Migravit in caelum. ● Spiritum
Deo reddidit.
359. Abiit, excessit, evasit, erupit. [Cícero, In Catilinam
2.1.1] Foi embora, desapareceu, escapou, fugiu.
360. Abiit nemo salutato. Foi embora sem cumprimentar
ninguém.
361. Abiit, non obiit. Partiu, não morreu. ● Abiit, non
obiit; abiit ut vivat in aeternum. Partiu, não morreu;
partiu para viver para sempre. VIDE: ● Non obiit, sed
abiit.
362. Abiit tempus. O tempo passou. ● Abiit tempus illud.
Aquele tempo passou.
363. Abintestato. [Jur] Sem testamento. (=Morrer
abintestato. Morrer sem deixar testamento). VIDE: ● Ab
intestato.
364. Ablata iustitia, quid sunt regna nisi magna
latrocinia? Sem a justiça, que são os governos, senão
grandes rapinagens? VIDE: ● Remota itaque iustitia,
quid sunt regna nisi magna latrocinia?
365. Ablue peccata tua. [Vulgata, Atos 22.16] Lava os
teus pecados. ● Ablue peccata, non solum faciem.
[Tradução latina de uma inscrição bizantina que se lia
na Igreja de Santa Sofia, em Constantinopla / Rezende
24] Lava os teus pecados, não apenas o rosto.
366. Abluis Aethiopem frustra. [Rezende 25] Em vão
queres branquear o etíope. ■ Trabalhas para o bispo.
● Abluis Aethiopem quid frustra? [Alciato,
Emblemata 59] Por que perdes teu trabalho
branqueando o etíope? VIDE: ● Aethiops non albescit.
● Mutare non potest Aethiops pellem suam. ● Mutare
non potest pardus varietates suas. ● Si mutare potest
Aethiops pellem suam, aut pardus varietates suas, et
vos poteritis benefacere cum didiceritis malum.
● Pardus maculas non deponit. ● Vestem mutare
potest Aethiops, faciem non potest.
367. Abluit manus manum. ■ Uma mão lava a outra.
● Abluit manus manum: da aliquid et accipe.
[Schottus, Adagia 639] Uma mão lava a outra: dá
alguma coisa e recebe. ■ É dando que se recebe. VIDE:
● Amicus amicum adiuvat. ● Manus manum lavat.
● Manus manum, digitumque digitus abluit. ● Manus
manum lavat, et digitus digitum. ● Palma palmam
piet, illota vel utraque fiet. ● Una manus reliquam
lavat, ut relavetur ab ipsa. ● Utraque mundatur, dum
palma palma lavatur.
368. Abolitio criminis. [Jur] A extinção do crime. A
anistia.
369. Abominandum remedii genus salutem debere
morbo. [Publílio Siro] É um tipo lamentável de recurso
dever a salvação a uma doença.
370. Abominatio est apud Dominum pondus et pondus;
statera dolosa non est bona. [Vulgata, Provérbios
20.23] Ter um peso e outro peso é abominação diante
do Senhor; a balança enganosa não é boa. VIDE:
● Pondus et pondus, mensura et mensura.
371. Abrenuntio! Renuncio! Detesto!
372. Abrogata fide, societas humana tollitur. Suprimida
a confiança, destrói-se a sociedade humana.
373. Abrogatio legis. [Jur] A cassação da lei. A ab-
rogação.
374. Abs quovis homine, cum est opus, beneficium
accipere gaudeas. [Terêncio, Adelphi 254] É um prazer
receber o benefício que chega na hora certa, venha de
quem vier.
375. Abs re qui vadit, res sibi nulla cadit. [Eiselein 219]
Quem anda sem dinheiro, nada lhe cai nas mãos.
■ Quem anda sem dinheiro, não arranja companheiro.
376. Abscede hinc. [Plauto, Asinaria 469] Cai fora daqui.
377. Abscinduntur facilius animo quam temperantur.
[Sêneca, Epistulae Morales 108.16] É mais facil
arrancá-las (as paixões) da alma do que dominá-las.
378. Abscondi Deo nihil potest. De Deus nada se pode
esconder. ■ A Deus nada se esconde. ■ Deus vê o que o
diabo esconde.
379. Abscondit piger manum suam sub ascella.
[Vulgata, Provérbios 19.24] O preguiçoso esconde a sua
mão debaixo da axila.
380. Abscondita mentis. Os segredos da mente. VIDE:
● Abdita mentis.
381. Absens absentis curator esse nequit. [Jur] Ausente
não pode ser curador de ausente.
382. Absens carens. [Eiselein 149] Ausente, carente.
■ Ausência aparta amor. ■ Quem não aparece, esquece.
■ O ausente nunca tem razão.
383. Absens corpore, praesens autem spiritu. [Vulgata,
1Coríntios 5.3] Ausente com o corpo, mas presente com
o espírito.
384. Absens heres non erit. [Demóstenes / Manúcio,
Adagia 1407] O ausente não será herdeiro. ■ O ausente
nunca tem razão. ■ Quem não aparece, esquece.
● Absens heres non est. [Jur] O ausente não é herdeiro.
385. Absens non dicitur reversurus. [Jur] Não se
considera ausente aquele que vai retornar.
386. Absens, studiorum causa, habetur pro praesente.
[Jur] Reputa-se presente aquele que está ausente por
motivo de estudo.
387. Absente custode, dulce pomum est. Quando o vigia
está ausente, a fruta é doce. ■ O fruto proibido é mais
doce. ■ Não há melhor bocado que o furtado. VIDE:
● Aquae furtivae dulciores sunt. ● Custos ubi deest,
dulce pomum est scilicet. ● Dulce pomum, cum abest
custos. ● Dulcia poma custode absente. ● Dulcia poma
sunt, absente custode. ● Iucunda poma, si procul
custodia.
388. Absente domino res male geritur. [Medina 595]
Quando o dono está ausente, as coisas vão mal. ■ Patrão
fora, dia santo na loja. ■ Fazenda, teu dono te veja.
VIDE: ● Oculus domini facit equum pinguem. ● Oculus
domini saginat equum. ● Ovium nullus usus, si
pastor absit. ● Ovium nulla utilitas, si pastor absit.
● Ovium nulla utilitas, si absit upilio. ● Res male
dilabitur, quae conspectu domini caret. ● Si pastor
absit, non oves sunt usui.
389. Absente luce feminae cunctae pares. [Schottus,
Adagia 607] Não havendo luz, todas as mulheres são
iguais. ■ No escuro tanto vale a rainha como a negra da
cozinha. ■ Prata falsa de noite passa. ■ De noite todos
os gatos são pardos. VIDE: ● A femina, nil femina ulla
discrepat. ● Exstincta lucerna, omnis mulier eadem.
● Lucerna sublata nihil discriminis inter mulieres.
● Lucerna sublata, nihil discriminis. ● Lucerna
sublata, omnis mulier eadem est. ● Omnis enim
mulier sublata lucerna eadem est. ● Sublata lucerna,
nihil interest inter mulieres. ● Sublata lucerna, nihil
discriminis est inter mulieres. ● Sublata lucerna,
omnes mulieres aequales sunt.
390. Absente reo. [Jur / Black 15] Na ausência do
acusado. Estando ausente o acusado.
391. Absente vino, nulla tunc adest Venus. [Eurípides /
Grynaeus 458] Se o vinho está ausente, então o amor
não está presente. ■ Sem vinho e sem pão, o amor é vão.
■ Sem Ceres e Baco o amor é fraco. ● Absente vino
pariter exsulat Venus. [Schottus, Adagia 617]
Faltando vinho, igualmente o amor está proscrito. VIDE:
● Mortua res Venus sine Baccho et Cerere. ● Sine
Baccho et sine Cerere friget Venus. ● Sine Cerere et
Baccho friget Venus. ● Sine Cerere et Libero friget
Venus.
392. Absentem laedit cum ebrio qui litigat. [Publílio
Siro] Quem briga com um ébrio agride um ausente.
VIDE: ● Qui ebrium ludificat, laedit absentem.
393. Absentem qui rodit amicum, hic niger est.
[Horácio, Satirae 4.81, adaptado] Quem critica o amigo
ausente é mau caráter.
394. Absentes, adsunt. [Cícero, De Amicitia 1.23] (Os
amigos) mesmo ausentes, estão presentes.
395. Absentes habentur pro mortuis. [Binder, Thesaurus
32] Ausentes são considerados como mortos. VIDE:
● Absentia longa et mors aequiparantur.
396. Absentes nec amor, nec habet mors invida amicos.
[Pereira 95] Nem o amor, nem a cruel morte têm amigos
ausentes. ■ A mortos e idos não há amigos. VIDE:
● Procul ex oculis, procul ex corde. ● Quantum oculis,
animo tam procul ibit amor.
397. Absenti nemo non nocuisse velit. [Propércio,
Elegiae 2.19.32] Ninguém respeita um ausente. ■ O
ausente nunca tem razão. ■ Os ausentes são
assassinados a golpes de língua.
398. Absentia cor amantior fit. Com a ausência o coração
fica mais apaixonado. ■ Amor ausente, amor para
sempre. ■ De longe também se ama.
399. Absentia eius qui reipublicae causa abest, neque
ei, neque aliis damnosa esse debet. [Digesta
50.17.140] A ausência daquele que se ausenta por causa
do país não pode ser danosa nem a ele, nem a outros.
400. Absentia longa et mors aequiparantur. [Jur] A
longa ausência e a morte se equiparam. VIDE: ● Absentes
habentur pro mortuis.
401. Absentia omnis doloris. [Divisa da Sociedade
Brasileira de Anestesiologia] Ausência de toda dor.
402. Absentum causas contra maledicta tuere. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 78] Defendei a causa dos
ausentes contra as injúrias.
403. Absim, vos animo semper adesse meo. [Ovídio,
Tristia 3.4.74] Embora eu esteja ausente, vós estais
sempre presentes no meu coração.
404. Absit. Ausente-se. (=Fórmula usada como
autorização para alguém ausentar-se). ● Absit! Fora com
isso! Que isso não aconteça! ■ Deus me livre!
405. Absit, absit hoc a me. [Vulgata, 2Reis 20.20] Longe,
longe de mim isso.
406. Absit, absit tantum nefas et ignominia! [Martim
Figueiredo / Ramalho 150] Longe, fique longe tão
grande sacrilégio e ignomínia.
407. Absit clamor in colloquio, aut lusu. [Erasmo,
Adagia 3.9.37] Na conversa ou na brincadeira não haja
gritaria.
408. Absit hic error. [S.Agostinho, De Civitate Dei 1.18]
Longe de nós esse erro.
409. Absit iactantia verbis. [Branco 496] Que não haja
jactância nestas palavras. ● Absit iactantia dicto.
● Absit iactantia. VIDE: ● Citra arrogantiam hoc dico.
410. Absit iniuria verbo. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
9.19.15] Não haja ofensa na palavra. Seja dito sem
ofensa. ■ Com perdão da palavra. ■ Não leves a mal o
que te digo. ● Absit iniuria dicto. ● Absit iniuria
verbis. ● Absit invidia verbo. [Bacon, Advancement of
Learning 2.25.18] ● Absit verbo invidia. [Branco 594]
● Absit invidia. VIDE: ● Sit venia verbo. ● Verbis meis
absit invidia.
411. Absit omen! Fora com esse (mau) agouro! ■ Sai,
azar! ■ Que Deus não permita! ■ Vira essa boca para lá!
412. Absit qui mea manducat mecum, et sua secum.
[Pereira 112] Fora quem come o meu comigo e o seu
consigo mesmo. ■ Não me pago do amigo que come o
seu só e o meu comigo. ■ Arrenego do amigo que come
o meu comigo e o seu consigo.
413. Absoluta sententia expositore non indiget. [Jur /
Black 15] A sentença que não dá margem a dúvida não
precisa de intérprete.
414. Absolutio ab instantia. [Jur] Absolvição da
instância. (=Extinção do processo pela inexistência de
um ou mais pressupostos exigidos para a sua formação).
415. Absolutio criminis. [Jur] Desistência do propósito
criminoso.
416. Absolutus de certo crimine de eodem iterum
accusari non potest. [Decretalia Gregorii Papae IX 1.6]
Quem foi absolvido de determinada acusação não pode
ser novamente acusado pelo mesmo crime. VIDE: ● De
his criminibus, de quibus absolutus est accusatus,
non potest accusatio replicari.
417. Absolvere debet iudex potius in dubio, quam
condemnare. [Jur] Na dúvida, o juiz deve antes
absolver que condenar.
418. Absolvere nocentem satius est quam condemnare
innocentem. [Rezende 39] É preferível absolver um
criminoso a condenar um inocente. VIDE: ● In multis
rebus melius est nocentem absolvere quam
innocentem damnare. ● Levius est nocentem
absolvere quam innocentem condemnare. ● Melius
est impune delictum relinquere quam innocentem
damnare. ● Nocentem absolvere satius est quam
innocentem damnare. ● Satius est impunitum
relinqui facinus nocentis quam innocentem damnari.
419. Absolvo. [Jur] Eu absolvo.
420. Absque aere mutum est Apollinis oraculum.
[Binder, Thesaurus 35] Sem dinheiro, o oráculo de
Apolo fica mudo. ■ Sem dinheiro nada se alcança.
421. Absque argento omnia vana. [Rezende 40] ■ Sem
dinheiro, tudo é vão. ■ Homem sem dinheiro, morto que
caminha.
422. Absque baculo ne ingreditor. [Erasmo, Adagia
3.4.61] Não caminhes sem teu cajado. (=Para proteger-
se dos cães). ■ Homem prevenido vale por dois.
● Absque baculo non ingreditor. [Apostólio 3.58]
423. Absque bona fide nulla valet praescriptio. [Jur]
Nenhuma prescrição vale sem a boa-fé.
424. Absque canibus et retibus. [Grynaeus 93] Sem cães
nem redes. (=Com os próprios recursos). VIDE: ● Sine
canibus et retibus.
425. Absque consideratione curiae. [Jur / Black 16] Sem
consideração do tribunal. Sem julgamento.
426. Absque dubio. Sem dúvida. VIDE: ● Sine dubio.
427. Absque labore gravi non possunt magna parari.
[Andreas Capellanus, De Amore 1.6.65] Sem trabalho
pesado não se pode fazer coisas grandes. ■ Sem
trabalho, só a pobreza. ■ O trabalho tenaz vence todas
as dificuldades. VIDE: ● Absque sudore et labore,
nullum opus perfectum est.
428. Absque labore nihil. [Divisa] Sem esforço, nada (se
consegue).
429. Absque modo tractus saepissime frangitur arcus.
[Tosi 1733] O arco esticado em excesso na maioria das
vezes se quebra. ■ Arco muito retesado é arco quebrado.
■ Nem tanto puxar que se quebre a corda. ■ Arco sempre
armado, ou frouxo ou quebrado. VIDE: ● Arcum nimia
frangit intentio. ● Arcus nimis intensus rumpitur.
● Arcus qui nimis intenditur, rumpitur. ● Arcus
tensus saepius rumpitur. ● Arcus, si nunquam cesses
tendere, mollis erit. ● Cito rumpes arcum, semper si
tensum habueris; at si laxaris, cum voles, erit utilis.
● Intensus arcus nimium facile rumpitur.
430. Absque oleo pingere. [Grynaeus 338] Pintar sem
tinta. (=Fazer trabalho inútil).
431. Absque praeiudicio. [Grynaeus 432] Sem opinião
preconcebida.
432. Absque praeparatione praevia. Sem preparação
prévia.
433. Absque sanitate nemo felix. [Grynaeus 104] Sem
saúde ninguém é feliz. ■ Saúde e paz, dinheiro atrás.
■ Saúde é riqueza. VIDE: ● Firma valetudine nihil
melius: sani aegris ditiores. ● Homini nihil utilius
sanitate. ● Nil sanitate vita habet praestantius. ● Nihil
utilius firma valetudine. ● Valetudine firma nihil
melius.
434. Absque scopo iacularis. [Schottus, Adagia 589]
Atiras sem objetivo. ■ Atiras a esmo.
435. Absque sole, absque usu. [Inscrição em quadrante
solar] Sem sol, (o quadrante solar fica) sem utilidade.
436. Absque sudore et labore, nullum opus perfectum
est. [Schrevelius 1176] Sem suor e trabalho, não se faz
nenhuma obra. ■ Sem trabalho, só a pobreza. VIDE:
● Absque labore gravi non possunt magna parari.
437. Absque ulla condicione. Sem qualquer condição.
Incondicionalmente. VIDE: ● Sine ulla condicione.
438. Absque ulla nota. Sem qualquer marca. Sem
qualquer anotação.
439. Absque ullo remorsu conscientiae. Sem nenhuma
mordida da consciência. (=Sem remorso. Com a
consciência tranqüila). VIDE: ● Sine remorsu
conscientiae ac praeiudicio.
440. Absque vado fluvius, nec stat sine paelice proles.
[Pereira 103] ■ Não há rio sem vau, nem geração sem
mau. ■ Em longa geração há conde e ladrão.
441. Abstine et sustine. [Epícteto] Abstém-te e suporta.
VIDE: ● Abstinete et sustinete.
442. Abstine manus! Não ponhas as mãos! ● Abstine
alieno. Fica longe do alheio. VIDE: ● A rebus alienis
manus abstine.
443. Abstine te a lite, et minues peccata. [Vulgata,
Eclesiástico 28.10] Abstém-te de litígios e diminuirás os
erros.
444. Abstineas avidas, Mors, modo, nigra, manus.
[Tibulo, Elegiae 1.3.4] Ó negra Morte, contém tuas
mãos insaciáveis.
445. Abstinebis alieno sanguine, abstinebis alieno
matrimonio. [DM 29] Ficarás longe do sangue alheio,
ficarás longe do casamento alheio.
446. Abstinenda vis a regibus. [Erasmo, Adagia 3.10.43]
A força deve ser evitada pelos reis. ■ Deve temer a
muitos aquele a quem muitos temem. ● Qui terret, plus
ipse timet.
447. Abstinendum est a mutua pecunia. Devemos ficar
longe de dinheiro emprestado.
448. Abstinentia et quiete multi morbi curantur. Muitas
doenças são curadas com abstinência e descanso. VIDE:
● Multi morbi curantur abstinentia.
449. Abstineri debet aeger. [Celso, De Medicina 2.12] O
doente deve abster-se.
450. Abstinete et sustinete. Abstende-vos e suportai. VIDE:
● Abstine et sustine.
451. Absurdo uno dato, sequitur alterum. [Signoriello
371] Permitido um absurdo, logo se segue outro. ■ Um
abismo atrai outro. VIDE: ● Dato uno absurdo, sequitur
alterum. ● Uno absurdo dato, infinita sequuntur.
452. Absurdum est illum commoda hereditatis habere,
alium onera sustinere. [Digesta 37.5.15.4] É um
absurdo um ter as vantagens da herança e outro suportar
os encargos. ● Absurdum est alium commoda
hereditatis habere, alium onera portare.
453. Absurdum est ut alios regat, qui seipsum regere
nescit. [Jur / Stevenson 2060] É inaceitável que governe
a outros quem não sabe governar a si. ■ Quem não se
governa a si, como quer governar os outros?
● Absurdum est ut alios regat, qui seipsum regere
nequit. [Jur] É inaceitável que governe a outros quem
não pode governar a si. VIDE: ● Alios enim praesumitur
male regere qui seipsum regere nescit.
454. Abundans cautela non nocet. [Jur / Black 17;
Rodrigues 46] Precaução copiosa não prejudica.
■ Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a
doentes.
455. Abundans corporis, exiguusque animi. Grande de
corpo e pequeno de espírito.
456. Abundantia contemptum parit. A abundância gera
desprezo. ■ Barriga cheia, goiabada tem mofo.
■ Quando a barriga está cheia, toda goiabada tem mofo.
457. Abundat divitiis, non honoribus. É rico de dinheiro,
mas não de prestígio.
458. Abundat divitiis, nulla re caret. [Lhomond,
Grammaire 149] Tem muitas riquezas, nada lhe falta.
459. Abundat dulcibus vitiis. [Quintilino] É rico em
vícios agradáveis. (=Refere-se a autor em cujos erros
encontram-se coisas que agradam).
460. Abundat virtutibus, qui virtutes alienas amat. Tem
virtudes de sobra quem ama as virtudes alheias.
461. Abunde accipit solus is qui memor est beneficii.
[Schrevelius 1176] Só recebe em abundância quem não
se esquece do benefício.
462. Abunde est! [Sêneca, Thyestes 278] Basta!
463. Abusus non est usus, sed corruptela. [Jur] Abuso
não é uso, mas degradação.
464. Abusus non tollit usum. [Signoriello 24] O abuso
não impede o uso. (=O abuso não pode ser usado como
argumento para impedir o uso). ■ O abuso não tira o
uso. ■ Um erro não justifica outro. VIDE: ● Ab abusu ad
usum non valet consequentia. ● Ex abusu non
arguitur in usum. ● Usus propter abusum minime
tollendus.
465. Abusus optimi pessimus. O abuso do ótimo é o pior.
466. Abusus potus caffeae tremores producit. [Nenter
96] O abuso da bebida de café produz tremores.
467. Abyssus abyssum invocat. [Vulgata, Salmos 41.8]
■ Um abismo atrai outro. ■ Um abismo chama outro.
■ Uma desgraça nunca vem só. ■ Desgraça só quer
princípio. VIDE: ● Ex peccato peccatum nascitur.
468. Ac etiam. E também.
469. Accedas ad curiam. [Jur] Compareças ao tribunal.
470. Accede ad ignem hunc, iam calesces plus satis.
[Terêncio, Eunuchus 85] Chega perto deste fogo, logo
te aquecerás mais.
471. Accedere ad rempublicam plerumque homines
nulla re bona dignos, cum quibus comparari
sordidum. [Cícero, De Republica 1.5] A maior parte
dos homens que se dedicam aos negócios públicos são
indignos, e é vergonhoso se ajuntar a eles.
472. Accelera, nec quid futuras differ in horas: qui non
est hodie, cras minus aptus erit. [Georg von Gaal,
Sprüchwörterbuch in Sech Sprachen 891] Apressa-te,
não deixes nada para depois: quem não está preparado
hoje, amanhã estará ainda menos preparado. VIDE:
● Propera, nec venturas differ in horas.
473. Accendit magis, quae refugit, Venus. [Claudiano,
Epithalamium] O amor que foge, excita mais.
474. Accendit praeterea et stimulat animos dolor,
iniuria, indignitas. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
21.44] Além disso a dor, a injustiça, a indignidade
provocam e estimulam os espíritos.
475. Accensa candela, candelabrum quaerebamus.
[Grynaeus 16] Estando acesa a vela, procurávamos o
candelabro. ■ Busca o asno e está montado em cima.
VIDE: ● Accepta candela, candelabrum quaerebamus.
● Ardente candelabra quaerimus lychno. ● Frondem
in silvis non cernit. ● Intus habet quod poscit.
● Quaerit aquas in aquis.
476. Accensa domo proximi, tua quoque periclitatur.
[Schrevelius 1178] Quando a casa do vizinho pegou
fogo, a tua também corre perigo. ■ Quando vires a
barba do vizinho pegar fogo, põe a tua de molho. VIDE:
● Nam tua res agitur, paries cum proximus ardet.
● Qui videt ardere vicini tecta, timere debet de
propriis: nequeunt sua tuta manere. ● Res agitur tua,
paries cum proximus ardet. ● Tua res agitur, et de
tuo periculo, non de meo agitur. ● Tunc tua res
agitur, paries dum proximus ardet.
477. Accepisti alapam, para alteram maxillam.
[S.Agostinho, De Vera Religione 1.3] Recebeste uma
bofetada; oferece a outra face. VIDE: ● Si quis te
percusserit in dexteram maxillam tuam, praebe illi
et alteram.
478. Accepta candela, candelabrum quaerebamus.
[Manúcio, Adagia 1133] Depois de termos recebido a
vela, procurávamos o candelabro. VIDE: ● Accensa
candela, candelabrum quaerebamus. ● Ardente
candelabra quaerimus lychno.
479. Accepta et expensa. [Sêneca, Epistulae Morales
81.18] A receita e a despesa. VIDE: ● Accepti et expensi
tabulae.
480. Accepta reddito, homo, recipies denuo. [Schottus,
Adagia 615] Paga o que recebeste, homem, que
receberás de novo. ■ Quem paga dívida faz cabedal.
481. Acceptans actum, cum omnibus suis qualitatibus
acceptare videtur. [Jur] Considera-se que quem aceita
um ato aceita-o com todas as suas qualidades.
482. Accepti et expensi tabulae. [Cícero, In Verrem
2.2.186] Os registros de receitas e de despesas. VIDE:
● Accepta et expensa.
483. Accepti memores nos decet esse boni. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 41.30] Devemos lembrar-
nos sempre do favor recebido.
484. Accepti nunquam, cito dati obliviscere. Esquece
logo o que deste, mas nunca te esqueças do que
recebeste. VIDE: ● Alter statim oblivisci debet dati,
alter accepti nunquam.
485. Acceptissima semper munera sunt, auctor quae
pretiosa facit. [Ovídio, Heroides 17.72] São muito bem
recebidas as dádivas que o doador torna valiosas. VIDE:
● Auctor pretiosa facit dona.
486. Accepto claudenda est ianua damno. [Juvenal,
Satira 13.129] Depois de recebido o prejuízo, é preciso
trancar a porta. ■ Casa arrombada, trancas às portas.
● Accepto damno, ianuam claudis. Recebido o
prejuízo, trancas a porta. VIDE: ● Nihil iuvat amisso
claudere saepem grege. ● Sero accepto clauditur
ianua damno.
487. Acceptum beneficium aeternae memoriae
infigendum. [Júlio César / Cecílio Balbo, De Nugis
Philosophorum] O favor recebido deve ser gravado na
memória para sempre.
488. Acceptum habeo. [Jur] Tenho como aceito.
489. Acceptum reddimus officium. [Emblema]
Retribuímos o favor recebido.
490. Accessio cedat principali. [Ulpiano, Digesta 34.2.19]
O acréscimo faz parte do principal. VIDE: ● Accessorium
sequitur naturam sui principalis. ● Accessorium
sequitur suum principale.
491. Accessio possesionis. [Jur] O acréscimo da posse.
492. Accessio temporis. [Digesta 44.3.15.3] Acréscimo de
tempo. Aumento de prazo.
493. Accessit. Atingiu. (=Fórmula usada para indicar que
o candidato obteve votos suficientes para a aprovação).
VIDE: ● Proxime accessit.
494. Accessit huic patellae dignum operculum.
[S.Jerônimo, Epistulae 7.5] Deu-se a esta marmita uma
tampa digna dela. ■ Achou forma para seu pé. ■ Não há
panela feia que não ache seu cobertouro. ■ Tais alfaces
para tais beiços. ■ A cada santo a sua lâmpada. VIDE:
● Dignum patella operculum. ● Invenit patella
operculum. ● Nacta est suum patella operculum.
495. Accessoria sequuntur ius et dominium rei
principalis. [Jur / Rodrigues 58] Os acessórios
acompanham o direito e o domínio da coisa principal.
496. Accessorium corruit sublato principali. [Jur]
Retirado o principal, o acessório se perde. VIDE:
● Sublato principali tollitur adiunctum.
497. Accessorium non ducit, sed sequitur suum
principale. [Jur / Broom 376] O que é acessório não
conduz, mas segue seu principal. ● Accessorium non
trahit principale. [Broom 381] O acessório não atrai o
principal.
498. Accessorium sequitur suum principale. [Gaio, Lex
26.1] O acessório segue o (regime jurídico de) seu
principal. ● Accessorium sequitur naturam sui
principalis. [Jur] O acessório segue a natureza do seu
principal. ● Accessorium naturam sequi congruit
principalis. [Regulae Iuris Bonifacii VIII] É congruente
que o acessório siga a natureza do principal. VIDE:
● Accessio cedit principali. ● Res accessoria sequitur
rem principalem.
499. Accessorius sequitur naturam sui principalis. [Jur /
Black 22] O cúmplice segue a natureza do seu chefe.
500. Accidentalia negotii. [Jur] Coisas acidentais do
negócio. Acontecimentos imprevistos do negócio.
501. Accidit divinitus. [Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable] Aconteceu por inspiração divina. ■ Foi a mão de
Deus. ● Accidit casu. [César, De Bello Gallico 6.30]
Aconteceu por acaso.
502. Accidit in puncto quod non contingit in anno.
[Abraham France, Victoria, Ato 4; Goldoni, Il Servitore
di Due Padroni, Ato 1] Acontece num instante o que
não acontece num ano. ■ O que não acontece num ano,
acontece num minuto. ● Accidit uno puncto quod non
speratur in anno. [Rezende 54] Acontece num
momento o que não se espera em um ano. ● Accidit in
puncto quod non speratur in anno. [Binder,
Thesaurus 37] VIDE: ● Praestat saepe dies, annus quod
ferre recusat. ● Quod donare mora nequit annua, dat
brevis hora. ● Quod non factum anno, puncto fit
temporis uno. ● Quod praestare mora nequit annua,
dat brevis hora. ● Saepe dat una dies quod non evenit
in anno. ● Saepe dat una dies quod totus denegat
annus. ● Solet hora, quod multi anni abstulerunt,
reddere.
503. Accipe daque fidem. [Ênio / Macróbio, Saturnalia
6.1; Virgílio, Eneida 8.150] Aceita a minha palavra e
dá-me a tua.
504. Accipe librum et devora illum. [Vulgata,
Apocalipse 10.9] Toma o livro e devora-o.
505. Accipe non dura supplicis aure preces. [Ovídio, Ex
Ponto 2.8.44] Recebe com ouvidos favoráveis os
pedidos do suplicante.
506. Accipe quale datur, si cupis esse satur. [Binder,
Thesaurus 39] Aceita o que te é dado, se desejas matar a
fome. ■ Quem tem fome, cardos come. VIDE: ● Quae
dantur necesse est accipere.
507. Accipe quam primum, brevis est occasio lucri.
[Marcial, Epigrammata 8.9] Pega o mais rápido
possível, pois a oportunidade de vantagem dura pouco.
■ Quando te derem o porquinho, acode com o
baracinho. VIDE: ● Arripienda quae offeruntur. ● Noli
oblatam occasionem praetermittere. ● Quae dantur
necesse est accipere. ● Statim arripienda oblata
occasio lucri.
508. Accipe quod tuum, alterique da suum. [Rezende
58] Recebe o que é teu e dá ao outro o que é dele. ■ O
seu, a seu dono.
509. Accipe, redde, cave. [Rezende 59] Recebe, retribui,
toma cuidado.
510. Accipe! Sume! Cape! sunt verba placentia cuique.
[Sweet 263] Aceita! Recebe! Pega! são palavras que
agradam a todos.
511. Accipe, sume, cape, sunt verba placentia Papae.
[Rabelais, Gargantua 42] Aceita, recebe, pega, são
palavras que agradam ao Papa.
512. Accipere est libertatem vendere. Aceitar favor é
vender a liberdade.
513. Accipere humanum est, inopi donare, deorum.
[Owen, Epigrammata 4.67.2] Receber é humano, doar
ao necessitado é dos deuses.
514. Accipere quam facere praestat iniuriam. [Platão /
Cícero, Tusculanae Disputationes 5.56] É melhor
receber uma injúria do que praticá-la. ■ Antes sofrer o
mal que fazê-lo. ■ Em matéria de ofender, antes réu que
autor ser. ● Accipere praestat quam inferre iniuriam.
● Accipias praestat quam inferas iniuriam. [Publílio
Siro] VIDE: ● Facere iniuriam peius est quam pati.
● Melius est iniuriam accipere quam facere.
515. Accipere quid ut iustitiam facias, non est tam
accipere quam extorquere. [Jur / Black 24] Receber
qualquer coisa (como recompensa) por fazer justiça é
mais extorquir do que aceitar.
516. Accipias paleam, si non vult solvere nequam.
[DAPR 506] Aceita até mesmo uma palha, se o maroto
não quer pagar. ■ De ruim pagador, em farelos. VIDE:
● Ab improbo debitore quidvis accipe. ● Arripias
paleas, si non vult solvere nequam debitor; accipias,
si miser est, paleas. ● Debita si vetera sunt, accipiatur
avena. ● Debitor, accipias, si miser est, paleas. ● Pro
veteri debito accipimus stramen avenae.
517. Accipiat cineres terra paterna meos. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.26] Que a terra dos antepassados receba
minhas cinzas.
518. Accipiat felis quae vellent rodere mures. [Pereira
115] Receba o gato o que os ratos querem roer. ■ Dá ao
gato o que há de levar o rato. ■ Se há de se dar ao rato,
dê-se ao gato.
519. Accipis ut taceas. [Marcial, Epigrammata 1.95.2]
Recebes (dinheiro) para ficar calado.
520. Accipit et glaebam erro. [Plutarco / Erasmo, Adagia
2.3.36] O vagabundo também aceita um pedacinho de
terra. ■ Homem pobre com pouco se alegra. VIDE:
● Etiam glaebam erro admittit. ● Etiam pauper
glaebam capit erro. ● Glaebam quoque accipit erro.
521. Accipit optatum finem, qui coeperit apte. Atinge o
objetivo desejado quem começar corretamente. ■ O que
bem começa bem acaba. VIDE: ● Boni principii bonus
finis. ● Principii boni finis bonus.
522. Accipite uxores, et generate filios et filias; et date
filiis vestris uxores, et filias vestras date viris, et
pariant filios et filias, et multiplicamini ibi, et nolite
esse pauci numero. [Vulgata, Jeremias 29.6] Tomai
mulheres, e gerai filhos e filhas, e daí a vossos filhos
mulheres, e daí maridos a vossas filhas, e criem filhos e
filhas, e multiplicai-vos aí, e não queirais ser poucos em
número.
523. Accipitri timidas credis, furiose, columbas!
[Ovídio, Ars Amatoria 2.1.363] Tu confias, ó louco, as
temerosas pombas ao gavião!
524. Accusare et amare tempore uno ipsi vix fuit
Herculi ferendum. [Petrônio / Tosi 1646] Acusar e
amar ao mesmo tempo ao próprio Hércules teria sido
difícil de suportar.
525. Accusare et iudicare simul fas non est. [Binder,
Thesaurus 43] Não é justo acusar e ao mesmo tempo
julgar. ■ Quem acusa não pode julgar. ■ Ninguém pode
ser juiz em causa própria. ● Accusare et iudicare idem
non potest. A mesma pessoa não pode acusar e julgar.
526. Accusare nemo se debet nisi coram Deo. [Jur /
Black 80] Ninguém deve acusar-se senão perante Deus.
(=A lei não deve forçar ninguém a fazer declarações ou
apresentar provas contra si mesmo).
527. Accusator post rationabile tempus non est
audiendus, nisi se bene de omissione excusaverit. [Jur
/ Black 30] O acusador, depois de um tempo razoável,
não deve ser ouvido, salvo se justifique adequadamente
a omissão.
528. Accusatores multos esse in civitate utile est, ut
metu contineatur audacia. [Cícero, Pro Roscio 56] É
útil que haja muitos delatores na cidade, para que a
audácia seja contida pelo medo.
529. Acer in absentes linguae iactator. [Claudiano. In
Eutropium 2.380] É um acerbo agitador de língua contra
os ausentes.
530. Acer iudex. Um juiz severo.
531. Acerba audire tolerabilius est quam videre. Ouvir
(o relato de) fatos cruéis é mais tolerável que presenciá-
los. VIDE: ● Quamquam haec etiam auditu acerba
sunt, tamen audire tolerabilius est quam videre.
532. Acerba lingua. Uma língua ferina.
533. Acerba sunt bella fratrum. [Medina 595] São cruéis
as guerras entre irmãos. ■ Ira de irmãos, ira do diabo.
● Acerba enim bella fratrum. [Manúcio, Adagia 101]
VIDE: ● Fratrum irae acerbissimae.
534. Acerba sunt tempora, quibus lupum lupus est. É
terrível o tempo em que um lobo come outro. ■ Quando
um lobo come outro, fome há no souto.
535. Acerbum nuntium. [Cícero, Pro Balbo 64] Uma
notícia amarga.
536. Acerrima proximorum odia sunt. [Tácito, Historiae
4.70] O ódio dos parentes é o mais violento. ■ Ódio de
irmãos, ódio de diabos.
537. Acerrima virtus est, quam ultima necessitas
extundit. [Sêneca, De Clementia 1.12.5] A coragem
mais impetuosa é a impelida pelo extremo desespero.
● Acerrima virtus est, quam ultima necessitas excutit.
538. Acerrimus ex omnibus nostris sensibus est sensus
videndi. [Cícero, De Oratore 87.3] O mais agudo dos
nossos sentidos é o sentido da visão.
539. Aceto acrius. [Grynaeus 389] Mais azedo que o
vinagre.
540. Acetum habet in pectore. [Erasmo, Adagia 2.3.52]
Tem vinagre no coração.
541. Acheronta movebo, flectere si nequeo superos.
[Albertatius] Se eu não conseguir dobrar os deuses
superiores, comoverei os deuses infenais. VIDE:
● Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo. ● Si
non possum flectere superos, commovebo inferos.
542. Acherontis pabulum. [Plauto, Casina 678] Comida
de Aqueronte. (=Um cadáver). VIDE: ● Pabulum
Acherontis.
543. Achivos a turre iudicare. [Pereira 101] Julgar os
gregos da torre. (=Julgar de longe, sem ver, sem
conhecer a questão). ■ Dar sentença de baque e boque.
VIDE: ● Quid Achivos a turre iudicatis? ● Quid
Achivos iudicatis ex moenibus?
544. Acies hebescit. A espada perde o fio. VIDE:
● Ingenium studio si non acuatur, hebescit. ● Mentis
acies nonnunquam hebescit.
545. Acquisisti aurum? Somnum perdidisti.
[S.Agostinho / Bernardes, Luz e Calor 1.220.42]
Adquiriste ouro? Perdeste o sono. ■ Ouro adquirido,
sono perdido.
546. Acribus initiis, incurioso fine. [Tácito, Annales
6.17] Com começo difícil, com fim sem interesse.
■ Princípios ruins, desgraçados fins.
547. Acrior est cupiditas ignota cognoscendi quam nota
repetendi. [Sêneca Retórico, Controversiae 4.1] É mais
ardente o desejo de conhecer coisas desconhecidas do
que o de rever coisas conhecidas.
548. Acrius appetimus nova quam iam parta tenemus.
[DC, Monosticha, Appendix 33] Desejamos com mais
intensidade coisas novas do que conservarmos o que já
temos.
549. Acta agimus. [Cícero, De Amicitia 85] Fazemos o
que já está feito. ● Acta agis. [Albertatius 18] Fazes o
que já está feito.
550. Acta Apostolicae Sedis. [Nome de publicação oficial
do Vaticano] Atos da Sé Apostólica.
551. Acta deos nunquam mortalia fallunt. [Ovídio,
Tristia 1.2.97] Os atos dos mortais nunca enganam os
deuses.
552. Acta diurna. [Jur / Black 37] Atos do dia.
Acontecimentos diários. Crônica. (=Registros públicos
dos procedimentos diários do senado, das assembléias
do povo, dos tribunais, etc).
553. Acta eruditorum. Documentos elaborados por
eruditos. (=Nome de gazeta publicada em Leipzig,
Alemanha, no período de 1682-1731).
554. Acta est fabula. Acabou-se o espetáculo. ■ Acabou-se
a comédia. ■ Acabou-se a festa. ■ Acabou-se o que era
doce. ● Acta est fabula, plaudite! [Suetônio, Augustus
99.1] Acabou-se o espetáculo, aplaudi! (=Últimas
palavras do imperador Augusto). VIDE: ● Spectatores,
fabula haec est acta: vos plausum date.
555. Acta exteriora indicant interiora secreta. [Jur /
Broom 248] Os atos exteriores indicam os pensamentos
ocultos. ■ Pela obra se conhece o obreiro.
556. Acta ne agamus. [Cícero, Ad Atticum 9.6.7] Não
cuidemos do que está feito. ■ Não penses mais nisso. ■ É
negócio consumado. ■ É página virada. VIDE: ● Actum
ne agas.
557. Acta, non verba. Atos e não palavras. ■ Atos valem
mais do que palavras.
558. Acta publica. [Jur / Black 37] Atos públicos. (1.Fatos
de conhecimento geral. 2.Atos realizados diante de
funcionários autorizados).
559. Acta publicam fidem faciunt. [Jur] Os autos gozam
de fé pública.
560. Acta sanctorum. Os feitos dos santos. (=Coleção das
vidas dos mártires e santos da Igreja Católica).
561. Acta simulata veritatis substantiam mutare non
possunt. [Codex Iustiniani 4.22.2] Os atos simulados
não podem mudar a essência da verdade.
562. Acta sunt vehiculum ad sententiam. [Jur] Os atos
são o veículo para a sentença.
563. Acti labores iucundi sunt. [Polydorus, Adagia] As
dificuldades passadas são agradáveis. ■ O que foi duro
de passar é doce de lembrar. ● Acti laboris comes est
laetitia. [Binder, Thesaurus 46] A alegria é a
companheira da dificuldade superada. VIDE: ● Dulcis
malorum praeteritorum memoria. ● Iucundi acti
labores. ● Meminisse dulce est quod fuit durum pati.
● Memoria dulcis iam peracti olim mali. ● Memoria
dulcis iam peracti incommodi. ● Quae durum fuit
pati, meminisse dulce est. ● Quae fuit durum pati,
meminisse dulce est. ● Quod durum fuit pati,
meminisse dulce est. ● Suavis laborum est
praeteritorum memoria. ● Suavis laborum post
salutem memoria est.
564. Actibus aut verbis noli tu assuescere pravis.
[Columbano 16] Não te acostumes ao mal, seja por atos,
seja por palavras.
565. Actio ad exhibendum. [Jur / Black 38] Ação
exibitória.
566. Actio aestimatoria. [Jur / Black 38] Ação
estimatória. (=Ação de abatimento de preço). VIDE:
● Actio quanti minoris.
567. Actio arbitraria. [Jur] Ação arbitrária.
568. Actio calumniae. [Jur / Black 38] Ação de calúnia.
569. Actio civilis. [Jur / Black 38] Ação civil.
570. Actio criminalis. [Jur] Ação criminal.
571. Actio damni iniuria. [Jur / Black 38] Ação de dano
por injúria.
572. Actio de damno infecto. [Jur] Ação (cautelar) de
dano (ainda) não realizado. ● Actio damni infecti.
573. Actio de negotiis gestis. [Jur] Ação de tomada de
contas do gestor dos negócios.
574. Actio depositi. [Jur] Ação de depósito.
575. Actio empti. [Jur / Black 39] Ação do objeto
comprado. (=Ação destinada a compelir o vendedor a
cumprir suas obrigações ou pagar compensação). VIDE:
● Actio ex empto.
576. Actio est ius persequendi in iudicio quod sibi
debeatur. [Jur] Ação é o direito de perseguirmos em
juízo o que nos é devido. ● Actio est remedium ius
suum persequendi in iudicio. VIDE: ● Actio nihil aliud
est quam ius persequendi in iudicio quod sibi
debeatur. ● Nihil aliud est actio quam ius quod sibi
debeatur, iudicio persequendi.
577. Actio est quasi sermo corporis. O gesto é como que
a linguagem do corpo. VIDE: ● Est enim actio quasi
sermo corporis.
578. Actio ex empto. [Jur] Ação a partir do que foi
comprado. (=Ação de reivindicação, pelo comprador, da
entrega da coisa comprada). VIDE: ● Actio empti.
579. Actio familiae herciscundae. [Jur] Ação de partilha
de herança.
580. Actio famosa. [Jur] Ação de difamação.
581. Actio finium regundorum. [Digesta 2.1.11.2] Ação
de demarcação de limites.
582. Actio furti et damni. [Jur] Ação de furto e dano.
583. Actio in personam. [Jur / Black 39] Ação contra a
pessoa. Ação pessoal. VIDE: ● Actio personalis.
584. Actio in rem. [Jur / Black 39] Ação real. (=Ação para
a recuperação da coisa que está em poder de outrem).
585. Actio indebiti. [Jur] Ação de indébito.
586. Actio nihil aliud est quam ius persequendi in
iudicio quod sibi debeatur. [Institutiones 4.6] Ação
nada mais é que o direito de perseguirmos em juízo o
que nos é devido. VIDE: ● Actio est ius persequendi in
iudicio quod sibi debeatur. ● Actio est remedium ius
suum persequendi in iudicio. ● Nihil aliud est actio
quam ius quod sibi debeatur, iudicio persequendi.
587. Actio non datur contra patrem. Não se move ação
contra o próprio pai.
588. Actio non datur non damnificato. [Jur / Black 41]
Não se concede ação a quem não foi prejudicado.
589. Actio non facit reum, nisi mens sit rea. [Jur / Black
41] O ato não torna ninguém culpado, a menos que a
intenção seja má. VIDE: ● Actus non facit reum, nisi
mens sit rea. ● Non est reus nisi mens sit rea.
590. Actio noxalis. [Jur] Ação de perdas e danos.
591. Actio nullitatis. [Jur] Ação de nulidade.
592. Actio personalis. [Jur / Black 40] Ação contra a
pessoa. VIDE: ● Actio in personam.
593. Actio personalis moritur cum persona. [Jur /
Broom 697] A ação pessoal extingue-se com o
indivíduo.
594. Actio petitoria. [Jur] Ação petitória.
595. Actio pignoratitia. [Digesta 13.7] Ação pignoratícia.
596. Actio poenalis. [Jur / Black 40] Ação penal.
597. Actio poenalis in heredem non datur, nisi forte ex
damno lucupletior heres factus sit. [Jur / Black 41]
Não ocorre ação penal contra o herdeiro, salvo se esse
herdeiro se beneficiou com o delito.
598. Actio popularis. [Jur] Ação popular.
599. Actio possessoria. [Jur] Ação possessória.
600. Actio prohibitoria. [Jur] Ação proibitória.
601. Actio quaelibet it sua via. [Jur / Black 41] Toda ação
percorre seu próprio caminho.
602. Actio quanti minoris. [Jur] Ação de abatimento de
preço. VIDE: ● Actio aestimatoria.
603. Actio reconventionalis. [Jur / Black 41] Ação de
reconvenção.
604. Actio recta non erit, nisi recta fuerit voluntas.
[Sêneca, Epistulae Morales 95.57] A ação não será
honesta, se não for honesta a intenção.
605. Actio recuperandae possessionis. [Jur] Ação de
recuperação de posse.
606. Actio redhibitoria. [Jur] Ação redibitória.
607. Actio rescissoria. [Jur] Ação rescisória.
608. Actio retinendae possessionis. [Jur] Ação de
manutenção de posse.
609. Actio semel exstincta non reviviscit. [Jur] A ação,
uma vez extinta, não revive.
610. Actio tutelae. [Jur / Black 41] Ação de tutela.
611. Actio utilis est quae, ex mente legis, ob aequitatem
ad alios casus extenditur. [Jur] Ação útil é aquela que,
de acordo com a intenção da lei, se estende a outros
casos por razão da eqüidade.
612. Actionem dare. [Jur] Intentar uma ação. Acusar em
juízo. ● Actionem intendere.
613. Actiones directae sunt quae nascuntur ex ipsis
legum verbis. [Jur] Ações diretas são as que nascem
das próprias palavras das leis.
614. Actiones legis. [Jur / Black 45] Ações legais. VIDE:
● Legitimae actiones.
615. Actiones transeunt ad heredes et in heredes. [Jur]
As ações passam em favor dos herdeiros e também
contra os herdeiros. (=”Há ações que são transmissíveis
e ações que são intransmissíveis.” De Plácido e Silva,
Vocabulário Jurídico 79).
616. Actioni contrarium semper et aequalem esse
reactionem: sive corporum duorum actiones in se
mutuo semper esse aequales et in partes contrarias
dirigi. [Isaac Newton, Principia Mathematica] A uma
ação há sempre uma reação contrária e igual; isto é, as
ações de dois corpos são sempre mutuamente iguais e
dirigidas às partes contrárias.
617. Actis aevum implet, non segnibus annis. Ele
preenche sua vida com atos, não com anos de preguiça.
618. Actor agit quando vult, et non cogitur, sed
contrarium est in reo. [Jur] O autor demanda quando
quer, sem ser obrigado, mas dá-se o contrário com o
réu.
619. Actor causarum. O autor das causas.
620. Actor debet venire instructior quam reus. [Jur] O
autor da ação deve vir a juízo mais preparado que o réu.
621. Actor dicitur qui prius ad iudicium provocat. [Jur]
Classifica-se como autor quem primeiro provoca em
juízo. VIDE: ● Actor videtur qui prius ad iudicium
provocavit.
622. Actor et reus idem esse non possunt. [Jur] O autor e
o réu não podem ser a mesma pessoa. ● Actor et reus
idem esse non potest. A mesma pessoa não pode ser
autor e réu.
623. Actor negotii. O procurador.
624. Actor probat actionem, reus exceptionem. [Jur] O
autor prova a ação, o réu, a exceção.
625. Actor qui contra regulam quid adduxit, non est
audiendum. [Jur / Black 46] O querelante que aduz
algo contra a regra não deve ser ouvido.
626. Actor sequitur forum rei. [Jur / Black 46] O autor
segue o foro do réu. (=rei, por ser genitivo de res e de
reus, pode ser entendido também como da propriedade.
Black 46). ● Actor forum rei sequi debet. O autor deve
seguir o foro do réu.
627. Actor videtur qui prius ad iudicium provocavit.
[Gaio, Digesta 5.1.13] Considera-se autor o que
primeiro apelou em juízo. VIDE: ● Actor dicitur qui
prius ad iudicium provocat.
628. Actor voluntarie agitur, reus autem ex necessitate
se defendit. [Jur] O autor aciona voluntariamente, o réu
se defende por necessidade.
629. Actore non probante, reus absolvitur. [Jur / Black
46] Se o autor não provar, o réu é absolvido. ● Actore
non probante, absolvendus est reus. Se o autor não
provar, o réu deve ser absolvido. ● Actore non
probante, reus etiamsi nihil probaverit, absolvitur.
[Jur] Não provando o autor, o réu é absolvido, mesmo
que nada tenha provado.
630. Actori incumbit onus probandi. [Jur / Black 46] Ao
autor cabe o ônus da prova. ● Actori incumbit
probatio. VIDE: ● Actori onus probandi incumbit.
631. Actori incumbit probatio, et reus in excipiendo fit
actor. [Jur] Ao autor cabe a prova, e o réu, alegando
exceção, se torna autor.
632. Actori non licet quod reo denegatur. [Jur] Ao autor
da ação não é permitido o que é negado ao réu. ● Actori
negatur quod reo non conceditur. Nega-se ao autor o
que não se concede ao réu.
633. Actori onus probandi incumbit. [Jur] Ao autor cabe
o ônus da prova. ● Actori onus probationis incumbit.
VIDE: ● Actori incumbit onus probandi.
634. Actori potius credendum est. [Digesta 45.1.83.1]
Deve-se antes dar crédito ao autor.
635. Actu vitam metiamur, non tempore. [Sêneca,
Epistulae Morales 93.4, adaptado]. Meçamos a vida
pelo que fazemos, não pelo tempo que vivemos.
636. Actum agere. Fazer o que já está feito. (=Trabalhar
em vão). VIDE: ● Aethiopem dealbas. ● Aquam
scindere. ● Scopulis canere.
637. Actum est. [Erasmo, Adagia 1.3.39] Acabou-se. ■ Lá
vai tudo quanto Marta fiou. ■ Ao perdido, perder-lhe o
sentido. ■ Lá vai o russo e as canastras. ■ A vaca foi
para o brejo. VIDE: ● Conclamatum est. ● Cum cane
simul et lorum. ● Lorum una cum cane periit.
● Peractum est.
638. Actum est abunde! [Sêneca, Thyestes 104] Basta!
639. Actum est de homine, cum actum est de nomine. O
homem está acabado, quando sua fama se perde.
640. Actum est de me! [Plauto, Pseudolus 85] Estou
acabado! ● Actum est de nobis! ■ Estamos perdidos!
641. Actum est de republica! O país está perdido! (=O
país está em perigo). ■ Estamos perdidos!
642. Actum est de tua salute, ni vigilas. [Manúcio,
Adagia 136] Tua segurança se perde, se não ficas
atento.
643. Actum ne agas. [Terêncio, Phormio 419; Cícero, Ad
Atticum 9.18] Não cuides do que está feito. ■ Não
penses mais nisso. ■ É negócio consumado. VIDE: ● Acta
ne agamus.
644. Actum nihil dicitur, cum aliquid superest
agendum. [Jur] Nada se considera feito, quando resta
alguma coisa para fazer. VIDE: ● Actus non dicitur
perfectus, quando partim est factus, et partim non.
645. Actum saepe latet, cum res sine teste geruntur; at
mens indicio proditur ipsa suo. [Seybold / Bebel,
Proverbia Germanica 185] O feito muitas vezes fica
oculto, cum as coisas acontecem sem testemunha, mas a
intenção se revela por si mesma.
646. Actus a principio nullus nullum producit effectum.
[Jur] Um ato nulo desde o princípio não produz nenhum
efeito.
647. Actus corruit, omissa forma legis. [Jur] O ato perde
o valor, se é omitida a forma legal.
648. Actus curiae. Um ato do senado. Um ato da corte.
Um ato do tribunal.
649. Actus curiae neminem gravabit. [Jur / Broom 99]
Um ato do tribunal não prejudicará a ninguém.
650. Actus debet semper interpretari, ut aliquid
operetur, non ut sit inanis et inutilis. [Jur] O ato deve
sempre ser interpretado de modo que produza algum
efeito, e não que fique vão e inútil.
651. Actus Dei. [Jur] Ato de Deus. (=Diz-se do
acontecimento inevitável, que não pode ser atribuído a
ninguém). VIDE: ● Damnum fatale. ● Vis divina. ● Vis
maior.
652. Actus Dei nemini est damnosus. [Jur / Black 47]
Um ato de Deus não causa dano a ninguém. (=Ninguém
é responsável por prejuízos causados por fenômenos
naturais.), ● Actus Dei nemini facit iniuriam. [Broom
190]
653. Actus est perfectio potentiae. [Signoriello 34] O ato
é a realização da potência.
654. Actus, in dubio, validus interpretari debet. [Jur] O
ato, em caso de dúvida, deve ser interpretado como
válido.
655. Actus interpretandus est potius ut valeat quam ut
pereat. [Jur] O ato deve ser interpretado antes como
válido do que como nulo.
656. Actus ipso iure nullus convalescere non potest.
[Jur] Um ato nulo de pleno direito não pode ter
prosseguimento.
657. Actus iudicialis. [Jur] Um ato do juiz.
658. Actus iudicialis potentior est extraiudiciali. [Jur] O
ato judicial pode mais que o extra-judicial.
659. Actus iuridice perfectus. [Jur] Um ato juridicamente
perfeito.
660. Actus legis nemini est damnosus. [Jur / Broom 102]
O ato da lei não é prejudicial a ninguém. ● Actus legis
nemini facit iniuriam. [Broom 103]
661. Actus legitimi non recipiunt modum. [Jur / Black
48] Os atos determinados pelas leis não admitem
limitações. ● Actus legitimi conditionem non recipiunt
neque diem. [Regulae Iuris Bonifacii VIII 50] Os atos
determinados pelas leis não admitem condição nem
prazo.
662. Actus legitimus. Um ato legítimo. Um ato imposto
pela lei.
663. Actus limitatus limitatum producit effectum. [Jur]
O ato limitado produz efeito limitado.
664. Actus me invito factus non est meus actus. [Jur /
Black 48] Um ação realizado contra minha vontade não
é ato meu.
665. Actus, non a nomine, sed ab effectu iudicatur. [Jur]
Julga-se o ato não pelo nome, mas pelo efeito.
666. Actus non dicitur perfectus, quando partim est
factus, et partim non. [Jur] O ato não se diz perfeito,
quando está em parte feito, em parte não. VIDE: ● Actum
nihil dicitur, cum aliquid superest agendum.
667. Actus non facit reum, nisi mens sit rea. [Jur /
Broom 256] O ato não torna a pessoa culpada, a não ser
que a intenção seja criminosa. VIDE: ● Actio non facit
reum, nisi mens sit rea. ● Non est reus nisi mens sit
rea.
668. Actus, semel confirmatus, perpetuus est, etiam si
causa perficiens cesset. [Jur] O ato, uma vez
confirmado, é perpétuo, mesmo que cesse a causa.
669. Actus simulatus nullius est momenti. [Jur] O ato
simulado não tem qualquer valor. VIDE: ● Simulata
nullius momenti sunt.
670. Actutum fortunae solent mutari; varia vita est.
[Plauto, Truculentus 200] A sorte costuma mudar num
piscar de olhos; a vida é instável. ■ A fortuna é vária:
hoje a favor, amanhã contrária.
671. Acu tangere. [DAPR 163] Tocar com uma agulha.
■ Dar no cravo. ■ Acertar na mosca. VIDE: ● Rem acu
tetigisti. ● Tetigisti acu. ● Tetigisti ulcus!
672. Aculeum emittere in aliquem. Cravar uma farpa em
alguém. (=Injuriar. Dizer um gracejo ofensivo).
673. Aculei irriti. Farpas que não ferem.
674. Acum in meta faeni quaerere. [Mota 171]
■ Procurar agulha em palheiro.
675. Acuti morbi in quatuordecim diebus iudicantur.
[Hipócrates / Rezende 88] As doenças agudas resolvem-
se em quatorze dias.
676. Acutiora sunt auri tela quam ferri. [S.Pedro
Damião / Bernardes, Nova Floresta 4.293] Mais
penetrantes são as lanças de ouro que as de ferro. ■ Para
arrombar porta de ferro, não há como chave de prata.
677. Ad absurdum. Até o absurdo. (=Expressão
empregada para nomear um raciocínio que demonstra a
verdade de uma proposição pela falsidade ou
impossibilidade da contrária).
678. Ad abundantiorem cautelam. [Jur / Black 48] Para
mais abundante cautela.
679. Ad accusandum. [Jur] Para acusar.
680. Ad adiuvandum. Para ajudar.
681. Ad aegrotos aegrotus veni. [Schottus, Adagia 66]
Apresentei-me aos doentes como se eu fosse um doente.
■ Entre romanos, romano como eles. VIDE: ● Ad
imbecillos debilis me contuli. ● Ad imbecillos
imbecillus advenis. ● Factus sum infirmis infirmus,
ut infirmos lucrifacerem. ● In debiles debilis incidit.
682. Ad aeternam rei memoriam. [Codex Iustiniani
6.23.29.4] Para eterna recordação do fato. VIDE: ● Ad
perpetuam rei memoriam. ● In perpetuam rei
memoriam.
683. Ad aeternum. Para sempre. VIDE: ● Ad saeculum.
● Ad saecula saeculorum. ● In aeternum. ● In saecula
saeculorum. ● In saecula. ● In saeculum saeculi. ● In
saeculum. ● In sempiterna saecula. ● Per omne
saeculum.● Per omnia saecula saeculorum. ● Usque
ad aeternum.
684. Ad agnatos et gentiles deducendus est. [Varrão, De
Re Rustica 1.2] Deve ser conduzido aos parentes e
conterrâneos. (=Está louco).
685. Ad alium examen. [Jur / Black 48] Para outro exame.
Para ser examinado em outra jurisdição.
686. Ad alium diem. [Jur / Black 48] Para outro dia.
687. Ad alta virtute. [Divisa] Ao alto levado pela
coragem.
688. Ad altare nihil opus consilio. [Apostólio 2.77] De
nada serve decisão diante do altar. (=Quem vai fazer
uma oferenda aos deuses providencia com antecedência
as coisas que vai usar). ■ Antes de entrar pensa na
saída. ■ Antes que te cases, olha o que fazes. VIDE: ● Non
apud aram consultandum. ● Non est apud aram
consilio locus. ● Non est apud aram consultandum.
● Non oportere in ipso opere, sed ante deliberare, ut
qui litare volunt, rei divinae necessaria preparare
solent.
689. Ad amicorum convivia tardus accedas, ad
calamitates cito. [Quílon / Rezende 90] Aos banquetes
dos amigos chegarás devagar, às desgraças chegarás
depressa. ● Ad convivia amicorum tardus eas, ad
calamitates autem cito.
690. Ad amussim. De acordo com a régua. (=Com
exatidão. Com perfeição. Com pontualidade).
691. Ad amussim applica lapidem, non ad lapidem
amussim. [Erasmo, Adagia 2.5.36] Coloca a pedra de
acordo com a régua e não a régua de acordo com a
pedra. VIDE: ● Lapis amussi est applicandus, non
amussis ad petram.
692. Ad annum. Dentro de um ano. No fim de um ano.
693. Ad aperturam libri. Ao abrir-se o livro. Abrindo-se
o livro ao acaso. VIDE: ● Aperto libro.
694. Ad appellandum. [Jur] Para apelar.
695. Ad aquam. À beira-mar.
696. Ad aram confugere. [Jur] Refugiar-se junto ao altar.
(=Os templos eram lugar de asilo).
697. Ad arbitrium. À sua vontade. A seu bel-prazer. À
discrição. Arbitrariamente. ● Ad arbitrium tuum. À tua
escolha. Como quiseres. VIDE: ● Ad voluntatem. ● Ad
votum. ● Arbitratu meo.
698. Ad arbitrium auctoritatis. Ao arbítrio da autoridade.
VIDE: ● Ad nutum.
699. Ad arbitrium principis. Ao arbítrio do príncipe.
700. Ad argumentandum. [Cícero, De Inventione 1.79]
Para argumentar. ● Ad argumentandum tantum.
Apenas para argumentar.
701. Ad arma vocare. Convocar a tropa para a batalha.
702. Ad astra. Às estrelas. (=A uma posição elevada).
703. Ad astra doloribus itur. [Prudêncio, Cathemerinon
10.92] É com sofrimento que se chega às estrelas.
■ Nenhum caminho de rosas conduz à glória.
704. Ad astra per aspera. [Divisa de Kansas, EUA]
(Chega-se) aos astros por caminhos difíceis. ■ Não é
fácil o caminho do céu. ■ Para o céu não se vai de
carruagem. ● Ad astra per ardua. VIDE: ● Ad summa
per ardua. ● Per ardua ad astra. ● Per aspera ad
astra. ● Sic itur ad astra.
705. Ad auctorem redit sceleris coacti culpa. [Sêneca,
Troades 871] A responsabilidade do crime recai sobre
seu instigador.
706. Ad audiendam considerationem curiae. [Jur / Black
48] Para ser ouvido o pronunciamento da corte.
707. Ad audiendum verbum. [Vulgata, Eclesiástico 5.13]
Para ouvir a palavra.
708. Ad augusta per angusta. [Divisa / Rezende 96;
Víctor Hugo, Hernani, ato 4] (Chega-se) aos cumes por
caminhos estreitos. Por caminhos estreitos (chega-se) ao
triunfo. ■ Não se vence perigo sem perigo. VIDE: ● Per
angusta ad augusta.
709. Ad auxilium Dei tuo etiam opus est labore. [Bebel,
Adagia Germanica] Para teres o auxílio de Deus
também é necessário o teu trabalho. ■ A Deus rogando e
com o maço dando. ■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará.
VIDE: ● Laborantes Deus adiuvat
710. Ad beneplacitum. A gosto. Com permissão. ● Ad
beneplacitum tuum. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.16.2] Ao teu jeito. A teu talante.
711. Ad bestias. (Condenação) às feras. (=Condenação a
lutar com feras na arena). ● Ad bestias! (Atirem-nos) às
feras! VIDE: ● Christianos ad leones!
712. Ad breve tempus. [Cícero, De Finibus 2.93] Por
pouco tempo. Por um tempo curto. ● Ad breve.
713. Ad calamitatem quilibet rumor valet. [Publílio
Siro] Qualquer boato é capaz de causar uma
calamidade.
714. Ad calendas Graecas. Nas calendas gregas.
(=Expressão usada para designar um prazo que nunca se
há de cumprir. As calendas eram o primeiro dia do mês
no calendário romano; o mês grego não tinha calendas.
Adiar qualquer coisa para as calendas gregas significa
que nunca será realizada). ■ No dia de São Nunca. ■ No
dia de São Nunca, à tarde. ■ Quando a galinha criar
dentes. ■ Quando a vaca tossir. ● Ad calendas Graecas
soluturus. [Suetônio, Augustus 87.1] Vou pagar nas
calendas gregas. ■ Vou pagar no dia de São Nunca. VIDE:
● Ad Graecas calendas. ● Cum mula peperit. ● Cum
muli pariunt. ● Mula ubi pepererit.
715. Ad captandum. Para capturar. Para cativar. Para
agradar. ● Ad captandum vulgus. [Rezende 97] Para
cativar o vulgo. (=Para atrair a multidão. Para obter o
favor do povo. Para seduzir o povo). VIDE:
● Argumentum ad captandum vulgus. ● Argumentum
ad captandum.
716. Ad captum vulgi. De acordo com o entendimento do
povo.
717. Ad casus dubios. [Horácio, Sermones 2.1.108] Nas
situações adversas.
718. Ad causam. [Jur] Para esta causa.
719. Ad causam pertinens. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 7.3] Relativo a esta causa.
720. Ad cautelam. Por precaução. Por segurança.
721. Ad cineres usque. Até as cinzas. Até a morte.
722. Ad clerum. Ao clero.
723. Ad coetum geniti sumus. [Sêneca, De Ira 2.31.7]
Nascemos para a união. ● Ad coetum nati sumus.
[DAPR 809]
724. Ad cogitandum et agendum homo natus est. O
homem nasceu para pensar e realizar.
725. Ad commodum studiosorum. [Paulo Manúcio,
Epistulae 1.7] Para proveito dos estudiosos. Como
auxílio aos estudiosos.
726. Ad commodum suum quisquis callidus est.
[Rezende 98] ■ Cada qual sabe para seu proveito.
■ Cada um acode onde mais lhe dói. ■ Cada um sabe
onde lhe aperta o sapato. VIDE: ● Ad suum quaestum
quisque callidus est. ● Ad suum quemque quaestum
aequum est esse callidum.
727. Ad conclusum. [Jur] Para concluir. Em resumo.
728. Ad consilium ne accesseris, antequam voceris.
[Erasmo, Adagia 1.2.90] Não irás à reunião antes de
seres chamado. ■ A boda e batizado não vás, sem seres
chamado. ■ Não te metas onde não és chamado. VIDE:
● Alterius festum solum invitatus adibis. ● Antequam
voceris, ad consilium ne accesseris. ● Antequam
voceris, ne accesseris. ● Consilium ne adeas
invocatus. ● Haud advocatus ne ad consilium
accesseris.
729. Ad consulatum a caliga perductus. [Sêneca, De
Beneficiis 5.16.2] De simples soldado foi elevado ao
consulado.
730. Ad corpus. [Jur] Pelo corpo. (=Por inteiro. Assim
como está). VIDE: ● Ad mensuram.
731. Ad cuius veniat scit cattus lingere barbam.
[Stevenson 298] O gato sabe de quem é a barba que vai
lamber. ■ Bem sabe o gato cujas barbas lambe. ■ O
porco sabe o pau em que se coça. VIDE: ● Scit bene qua
prudens valle moretur aper.
732. Ad damnum adderetur iniuria. [Rezende 101] Ao
dano se juntará o insulto. ■ Além de queda, coice.
733. Ad defendendum caput proprium. Para defender a
própria vida.
734. Ad defensionem. Para defesa.
735. Ad Deum refugium. [Divisa] Meu refúgio é junto a
Deus.
736. Ad dexteram. À direita. ● Ad dextram.
737. Ad diem (constitutam). [Jur] No dia aprazado.
738. Ad diem pecuniam solvere. Pagar a dívida no
vencimento. ● Ad diem pecunia non soluta. [Digesta
18.1.6.1] Dívida não paga no vencimento.
739. Ad dies vitae. Pelos dias de sua vida. Por toda sua
vida. Enquanto viver.
740. Ad digituli crepitum. [Erasmo, Adagia 2.7.99] Ao
estalar dos dedos.
741. Ad discendum nulla aetas sera. Nenhuma idade é
tardia para aprender. ■ Nunca é tarde para aprender.
● Ad discendum quod opus est, nulla mihi aetas sera
videri potest. [S.Agostinho, Epistulae 1.66] Para
aprender o que é preciso, para mim nenhuma idade pode
ser considerada tardia. VIDE: ● Discendum quamdiu
vivas. ● Etiam seni est discendum. ● Quamvis
pulchrius sit senem docere quam discere, mihi tamen
nulla aetas sera est ad discendum. ● Tamdiu
discendum est, quamdiu vivas. ● Tamdiu discendum,
quamdiu vivitur.
742. Ad divina migravit. Migrou para os deuses.
(=Morreu). VIDE: ● Abiit ad maiores. ● Abiit ad plures.
● Abiit e vita. ● Abiit e medio. ● Ad manes abiit. ● Ad
patres abiit. ● Animam Deo reddidit. ● Migravit ad
Dominum. ● Migravit ad regna celestia.● Migravit ex
vita. ● Migravit in caelum. ● Spiritum Deo reddidit.
743. Ad domum. Em casa. VIDE: ● Domi.
744. Ad duo festinans, neutrum bene peregeris.
[Publílio Siro] Correndo a duas coisas, não alcançarás
nenhuma. ■ Quem corre a duas lebres não apanha
nenhuma. ■ Quem duas lebres caça, uma perde, a outra
passa. VIDE: ● Duos insequens lepores, neutrum capit.
● Duos qui sequitur lepores neutrum capit. ● Lepores
duos qui insequitur, is neutrum capit. ● Lepores duos
insequens neutrum capit. ● Qui binos lepores una
sectabitur hora, uno quandoque, quandoque carebit
utroque. ● Qui binos lepores una sectabitur hora,
non uno saltem, sed saepe carebit utroque. ● Qui
duos insectatur lepores, neutrum capit. ● Qui duos
lepores sequitur, neutrum capit. ● Qui duos sectatur
lepores, neutrum capiet. ● Qui simul duplex captat
commodum, utroque frustratur. ● Si binas sectere
feras, neutra potieris.
745. Ad ea quae frequentius accidunt leges adaptantur.
[Jur / Broom 30] As leis se ajustam às coisas que
ocorrem com mais freqüência. ● Ad ea quae
frequentius accidunt iura adaptantur. [Black 48]
VIDE: ● Ius constitui oportet in his quae ut plurimum
accidunt, non quae ex inopinato.
746. Ad effectum. Para efeito.
747. Ad eumdem gradum. No mesmo grau.
748. Ad exemplum. Para exemplo. Por exemplo.
749. Ad exemplum legis. De acordo com o exemplo da
lei.
750. Ad exhibendum. [Jur] Para exibir.
751. Ad eximendam periculo civitatem. [Amiano
Marcelino, Historiae 14.2.20] Para livrar do perigo a
cidade.
752. Ad eximendum tempus. Para ganhar tempo.
753. Ad experimentum. Para um experimento.
754. Ad exquirendas dilationes. [VES 17] Para ganhar
tempo.
755. Ad extra. Para fora. Por fora. Exteriormente.
756. Ad extrema perventum est. [Quinto Cúrcio,
Historiae 4.14] Chegou-se à situação extrema.
757. Ad extremos morbos, extrema remedia exquisite
optima. [Hipócrates] Para males extremos são muito
bons os remédios extremos. ■ A grandes males, grandes
remédios. ● Ad extremos morbos exacte extremae
curationes optimae sunt.
758. Ad extremum. No fim. Até o fim. Até o final.
Finalmente. Totalmente. VIDE: ● Ad finem.
759. Ad extremum casum. Em caso extremo.
760. Ad extremum virium. Até o limite das forças. No
limite das forças. ● Ad extremum viris. Até o limite de
(nossa) força.
761. Ad fastigium. Até enjoar. Até a saciedade. Até ficar
farto. VIDE: ● Ad nauseam. ● Ad satietatem. ● Ad
satietatem usque. ● Usque ad fastigium. ● Usque ad
nauseam. ● Usque ad satietatem.
762. Ad felicem inflectere parietem. [Erasmo, Adagia
1.3.16] Encostar-se na parede favorável. ■ Seguir o bem
parado. ■ Encostar-se ao bem parado. ■ Ter as costas
quentes.
763. Ad feminam. [Walter Scott / Pierre Larousse 11]
Contra a mulher. VIDE: ● Ad hominem.
764. Ad fidem. Com lealdade. Por lealdade.
765. Ad finem. Até o fim. Sem interrupção. No fim. Perto
do fim. VIDE: ● Ad extremum. ● Usque ad finem.
766. Ad finem fidelis. [Divisa] Fiel até o fim.
767. Ad finem lucis ab ortu. [Ovídio, Metamorphoses
15.619] Do nascer do sol ao ocaso. VIDE: ● A lucis ortu
ad usque diei finem. ● A sole ortu usque diei
ultimum. ● A solis ortu usque ad occasum. ● Ab orto
sole usque ad diei finem. ● Ab ortu lucis ad umbram.
● Ab ortu solis usque ad occasum.
768. Ad finem fidelis. [Divisa] Fiel até o fim.
769. Ad finem ubi perveneris, ne velis reverti. [Erasmo,
Chiliades 30] Quando chegares ao extremo, não queiras
recuar. ■ À morte o remédio é abrir a boca. ● Ad finem
progressis non est redeundum. [Apostólio 12.87] Os
que chegaram ao fim não devem recuar.
770. Ad fontes. De volta às fontes. De volta às origens.
771. Ad fores fortuna venit cui propitia est. [DAPR 242]
A sorte vem à porta de quem ela quer favorecer. ■ Vem a
ventura a quem ela procura.
772. Ad fractam canis. [Suidas / Manúcio, Adagia 258]
Tocas com cítara desafinada. (=Trabalhas em vão).
■ Cantas fora do tom.
773. Ad futuram memoriam. Para a lembrança da
posteridade. Para registro. ● Ad futuram memoriam et
comprobationem. Para registro e comprovação. ● Ad
futuram memoriam et probationem.
774. Ad galli cantum. [Branco 187] Ao cantar do galo. Ao
amanhecer. Ao romper do dia. VIDE: ● Prima luce.
775. Ad gloriam. Pela glória. (=Sem proveito material.
Gratuitamente). VIDE: ● Ad honorem. ● Ad honores.
776. Ad Graecas calendas. [Manúcio, Adagia 229] Nas
calendas gregas. (=Nunca). ■ No dia de São Nunca. ■ No
dia de São Nunca, à tarde. ■ Quando a galinha criar
dentes. ■ Quando a vaca tossir. ● Ad Graecas, bone
rex, fiant mandata calendas! [Rainha Elizabete I, da
Inglaterra, ao rei da Espanha] Tuas ordens, bom rei,
serão cumpridas nas calendas gregas! VIDE: ● Ad
calendas Graecas. ● Cum mula peperit.
777. Ad gustum. [Sêneca, De Clementia 1.6] A gosto.
778. Ad haec. Diante disso. Além disso.
779. Ad haec quis non trepidat? Diante disso quem não
treme?
780. Ad hanc diem. Até este dia. Até hoje. VIDE: ● Ad hoc
tempus.
781. Ad Herculis columnas. [Erasmo, Adagia 3.5.24] Até
as colunas de Hércules. (=As colunas de Hércules eram
consideradas o ponto extremo do mundo. A expressão
colunas de Hércules é usada para designar o extremo
limite a que se pode chegar numa arte, numa ciência,
etc). ■ Até aqui pude chegar. ● Ad Herculis columnas
navigavit. [Pereira 100] Navegou até as colunas de
Hércules. ■ Correu Seca e Meca e olivais de Santarém.
VIDE: ● Ne plus ultra.
782. Ad Herculis columnas te sequar. [Pereira 107]
Seguir-te-ei até as colunas de Hércules. ■ Seguir-te-ei
até ao cabo do mundo. VIDE: ● Megaram usque tecum
navigabo.
783. Ad hoc. Para isto. Para este caso específico. Para este
fim específico. ● Ad hoc constitutum. Constituído para
esta finalidade específica. ● Ad hoc delegatus.
Delegado para esta finalidade específica.
784. Ad hoc tempus. Até este momento. Até hoje. VIDE:
● Ad hanc diem.
785. Ad hominem. (Dirigido) ao homem. Pessoal. VIDE:
● Argumentum ad hominem.
786. Ad honesta vadenti contemnendus est ipse
contemptus. [Sêneca, Epistulae Morales 76.4] Para
quem caminha para objetivos respeitáveis, o próprio
desprezo deve ser desprezado.
787. Ad honorem. Para honra. Por honra. (=A título
honorário. Sem remuneração). ● Ad honores. VIDE: ● Ad
gloriam.
788. Ad horam compositam. À hora convencionada.
789. Ad hunc diem. [Jur / Black 49] Para este dia.
790. Ad hunc modum. [Gaio 4.16] Do seguinte modo.
Dessa maneira. Assim.
791. Ad id. Até esse dia.
792. Ad idem. Ao mesmo ponto.
793. Ad ima. Até o fim.
794. Ad imbecillos debilis me contuli. [Schottus, Adagia
609] Apresentei-me aos doentes como se eu fosse um
doente. ■ Entre romanos, romano como eles. ■ Romano
em Roma, francês com os franceses. ● Ad imbecillos
imbecillus advenis. [Apostólio 7.54] Aos doentes, tu te
apresentas como doente. VIDE: ● Ad aegrotos aegrotus
veni. ● Factus sum infirmis infirmus, ut infirmos
lucrifacerem. ● In debiles debilis incidit.
795. Ad immortalitatem. [Divisa da Academia Brasileira
de Letras] Para a imortalidade.
796. Ad impossibile nemo obligatur. [Jur] ■ Ninguém é
obrigado a fazer o impossível. ■ Quem promete o que
não pode a cumprir não está obrigado. ● Ad
impossibile nemo tenetur. [Maloux 421] ● Ad
impossibilia nemo tenetur. [Mota 139] VIDE:
● Impossibilium nulla obligatio est. ● Impotentia
excusat legem. ● Lex non cogit ad impossibilia. ● Lex
neminem cogit ad impossibile. ● Lex neminem cogit
ad impossibilia. ● Lex non cogit ad impossibilia.
● Nemo ad impossibile tenetur. ● Nemo ad
impossibilia tenetur. ● Nemo potest ad impossibile
obligari. ● Nemo tenetur ad impossibilia. ● Obligatio
impossibilium nulla est. ● Ultra posse nemo
obligatur. ● Ultra posse suum nullum lex iusta cöegit.
● Ultra posse suum profecto nemo tenetur. ● Ultra
vires nemo tenetur.
797. Ad imum. Até o fim. Em suma.
798. Ad incitas redactus est. [Plauto, Trinummus 537]
Foi levado para a última fila. ■ Está num beco-sem-
saída.
799. Ad infinitum. Até o infinito. (=Indefinidamente. Sem
fim. Sem limite. Para sempre).
800. Ad initium. No começo. Para o começo.
601. Actio quaelibet it sua via. [Jur / Black 41] Toda ação
percorre seu próprio caminho.
602. Actio quanti minoris. [Jur] Ação de abatimento de
preço. VIDE: ● Actio aestimatoria.
603. Actio reconventionalis. [Jur / Black 41] Ação de
reconvenção.
604. Actio recta non erit, nisi recta fuerit voluntas.
[Sêneca, Epistulae Morales 95.57] A ação não será
honesta, se não for honesta a intenção.
605. Actio recuperandae possessionis. [Jur] Ação de
recuperação de posse.
606. Actio redhibitoria. [Jur] Ação redibitória.
607. Actio rescissoria. [Jur] Ação rescisória.
608. Actio retinendae possessionis. [Jur] Ação de
manutenção de posse.
609. Actio semel exstincta non reviviscit. [Jur] A ação,
uma vez extinta, não revive.
610. Actio tutelae. [Jur / Black 41] Ação de tutela.
611. Actio utilis est quae, ex mente legis, ob aequitatem
ad alios casus extenditur. [Jur] Ação útil é aquela que,
de acordo com a intenção da lei, se estende a outros
casos por razão da eqüidade.
612. Actionem dare. [Jur] Intentar uma ação. Acusar em
juízo. ● Actionem intendere.
613. Actiones directae sunt quae nascuntur ex ipsis
legum verbis. [Jur] Ações diretas são as que nascem
das próprias palavras das leis.
614. Actiones legis. [Jur / Black 45] Ações legais. VIDE:
● Legitimae actiones.
615. Actiones transeunt ad heredes et in heredes. [Jur]
As ações passam em favor dos herdeiros e também
contra os herdeiros. (=”Há ações que são transmissíveis
e ações que são intransmissíveis.” De Plácido e Silva,
Vocabulário Jurídico 79).
616. Actioni contrarium semper et aequalem esse
reactionem: sive corporum duorum actiones in se
mutuo semper esse aequales et in partes contrarias
dirigi. [Isaac Newton, Principia Mathematica] A uma
ação há sempre uma reação contrária e igual; isto é, as
ações de dois corpos são sempre mutuamente iguais e
dirigidas às partes contrárias.
617. Actis aevum implet, non segnibus annis. Ele
preenche sua vida com atos, não com anos de preguiça.
618. Actor agit quando vult, et non cogitur, sed
contrarium est in reo. [Jur] O autor demanda quando
quer, sem ser obrigado, mas dá-se o contrário com o
réu.
619. Actor causarum. O autor das causas.
620. Actor debet venire instructior quam reus. [Jur] O
autor da ação deve vir a juízo mais preparado que o réu.
621. Actor dicitur qui prius ad iudicium provocat. [Jur]
Classifica-se como autor quem primeiro provoca em
juízo. VIDE: ● Actor videtur qui prius ad iudicium
provocavit.
622. Actor et reus idem esse non possunt. [Jur] O autor e
o réu não podem ser a mesma pessoa. ● Actor et reus
idem esse non potest. A mesma pessoa não pode ser
autor e réu.
623. Actor negotii. O procurador.
624. Actor probat actionem, reus exceptionem. [Jur] O
autor prova a ação, o réu, a exceção.
625. Actor qui contra regulam quid adduxit, non est
audiendum. [Jur / Black 46] O querelante que aduz
algo contra a regra não deve ser ouvido.
626. Actor sequitur forum rei. [Jur / Black 46] O autor
segue o foro do réu. (=rei, por ser genitivo de res e de
reus, pode ser entendido também como da propriedade.
Black 46). ● Actor forum rei sequi debet. O autor deve
seguir o foro do réu.
627. Actor videtur qui prius ad iudicium provocavit.
[Gaio, Digesta 5.1.13] Considera-se autor o que
primeiro apelou em juízo. VIDE: ● Actor dicitur qui
prius ad iudicium provocat.
628. Actor voluntarie agitur, reus autem ex necessitate
se defendit. [Jur] O autor aciona voluntariamente, o réu
se defende por necessidade.
629. Actore non probante, reus absolvitur. [Jur / Black
46] Se o autor não provar, o réu é absolvido. ● Actore
non probante, absolvendus est reus. Se o autor não
provar, o réu deve ser absolvido. ● Actore non
probante, reus etiamsi nihil probaverit, absolvitur.
[Jur] Não provando o autor, o réu é absolvido, mesmo
que nada tenha provado.
630. Actori incumbit onus probandi. [Jur / Black 46] Ao
autor cabe o ônus da prova. ● Actori incumbit
probatio. VIDE: ● Actori onus probandi incumbit.
631. Actori incumbit probatio, et reus in excipiendo fit
actor. [Jur] Ao autor cabe a prova, e o réu, alegando
exceção, se torna autor.
632. Actori non licet quod reo denegatur. [Jur] Ao autor
da ação não é permitido o que é negado ao réu. ● Actori
negatur quod reo non conceditur. Nega-se ao autor o
que não se concede ao réu.
633. Actori onus probandi incumbit. [Jur] Ao autor cabe
o ônus da prova. ● Actori onus probationis incumbit.
VIDE: ● Actori incumbit onus probandi.
634. Actori potius credendum est. [Digesta 45.1.83.1]
Deve-se antes dar crédito ao autor.
635. Actu vitam metiamur, non tempore. [Sêneca,
Epistulae Morales 93.4, adaptado]. Meçamos a vida
pelo que fazemos, não pelo tempo que vivemos.
636. Actum agere. Fazer o que já está feito. (=Trabalhar
em vão). VIDE: ● Aethiopem dealbas. ● Aquam
scindere. ● Scopulis canere.
637. Actum est. [Erasmo, Adagia 1.3.39] Acabou-se. ■ Lá
vai tudo quanto Marta fiou. ■ Ao perdido, perder-lhe o
sentido. ■ Lá vai o russo e as canastras. ■ A vaca foi
para o brejo. VIDE: ● Conclamatum est. ● Cum cane
simul et lorum. ● Lorum una cum cane periit.
● Peractum est.
638. Actum est abunde! [Sêneca, Thyestes 104] Basta!
639. Actum est de homine, cum actum est de nomine. O
homem está acabado, quando sua fama se perde.
640. Actum est de me! [Plauto, Pseudolus 85] Estou
acabado! ● Actum est de nobis! ■ Estamos perdidos!
641. Actum est de republica! O país está perdido! (=O
país está em perigo). ■ Estamos perdidos!
642. Actum est de tua salute, ni vigilas. [Manúcio,
Adagia 136] Tua segurança se perde, se não ficas
atento.
643. Actum ne agas. [Terêncio, Phormio 419; Cícero, Ad
Atticum 9.18] Não cuides do que está feito. ■ Não
penses mais nisso. ■ É negócio consumado. VIDE: ● Acta
ne agamus.
644. Actum nihil dicitur, cum aliquid superest
agendum. [Jur] Nada se considera feito, quando resta
alguma coisa para fazer. VIDE: ● Actus non dicitur
perfectus, quando partim est factus, et partim non.
645. Actum saepe latet, cum res sine teste geruntur; at
mens indicio proditur ipsa suo. [Seybold / Bebel,
Proverbia Germanica 185] O feito muitas vezes fica
oculto, cum as coisas acontecem sem testemunha, mas a
intenção se revela por si mesma.
646. Actus a principio nullus nullum producit effectum.
[Jur] Um ato nulo desde o princípio não produz nenhum
efeito.
647. Actus corruit, omissa forma legis. [Jur] O ato perde
o valor, se é omitida a forma legal.
648. Actus curiae. Um ato do senado. Um ato da corte.
Um ato do tribunal.
649. Actus curiae neminem gravabit. [Jur / Broom 99]
Um ato do tribunal não prejudicará a ninguém.
650. Actus debet semper interpretari, ut aliquid
operetur, non ut sit inanis et inutilis. [Jur] O ato deve
sempre ser interpretado de modo que produza algum
efeito, e não que fique vão e inútil.
651. Actus Dei. [Jur] Ato de Deus. (=Diz-se do
acontecimento inevitável, que não pode ser atribuído a
ninguém). VIDE: ● Damnum fatale. ● Vis divina. ● Vis
maior.
652. Actus Dei nemini est damnosus. [Jur / Black 47]
Um ato de Deus não causa dano a ninguém. (=Ninguém
é responsável por prejuízos causados por fenômenos
naturais.), ● Actus Dei nemini facit iniuriam. [Broom
190]
653. Actus est perfectio potentiae. [Signoriello 34] O ato
é a realização da potência.
654. Actus, in dubio, validus interpretari debet. [Jur] O
ato, em caso de dúvida, deve ser interpretado como
válido.
655. Actus interpretandus est potius ut valeat quam ut
pereat. [Jur] O ato deve ser interpretado antes como
válido do que como nulo.
656. Actus ipso iure nullus convalescere non potest.
[Jur] Um ato nulo de pleno direito não pode ter
prosseguimento.
657. Actus iudicialis. [Jur] Um ato do juiz.
658. Actus iudicialis potentior est extraiudiciali. [Jur] O
ato judicial pode mais que o extra-judicial.
659. Actus iuridice perfectus. [Jur] Um ato juridicamente
perfeito.
660. Actus legis nemini est damnosus. [Jur / Broom 102]
O ato da lei não é prejudicial a ninguém. ● Actus legis
nemini facit iniuriam. [Broom 103]
661. Actus legitimi non recipiunt modum. [Jur / Black
48] Os atos determinados pelas leis não admitem
limitações. ● Actus legitimi conditionem non recipiunt
neque diem. [Regulae Iuris Bonifacii VIII 50] Os atos
determinados pelas leis não admitem condição nem
prazo.
662. Actus legitimus. Um ato legítimo. Um ato imposto
pela lei.
663. Actus limitatus limitatum producit effectum. [Jur]
O ato limitado produz efeito limitado.
664. Actus me invito factus non est meus actus. [Jur /
Black 48] Um ação realizado contra minha vontade não
é ato meu.
665. Actus, non a nomine, sed ab effectu iudicatur. [Jur]
Julga-se o ato não pelo nome, mas pelo efeito.
666. Actus non dicitur perfectus, quando partim est
factus, et partim non. [Jur] O ato não se diz perfeito,
quando está em parte feito, em parte não. VIDE: ● Actum
nihil dicitur, cum aliquid superest agendum.
667. Actus non facit reum, nisi mens sit rea. [Jur /
Broom 256] O ato não torna a pessoa culpada, a não ser
que a intenção seja criminosa. VIDE: ● Actio non facit
reum, nisi mens sit rea. ● Non est reus nisi mens sit
rea.
668. Actus, semel confirmatus, perpetuus est, etiam si
causa perficiens cesset. [Jur] O ato, uma vez
confirmado, é perpétuo, mesmo que cesse a causa.
669. Actus simulatus nullius est momenti. [Jur] O ato
simulado não tem qualquer valor. VIDE: ● Simulata
nullius momenti sunt.
670. Actutum fortunae solent mutari; varia vita est.
[Plauto, Truculentus 200] A sorte costuma mudar num
piscar de olhos; a vida é instável. ■ A fortuna é vária:
hoje a favor, amanhã contrária.
671. Acu tangere. [DAPR 163] Tocar com uma agulha.
■ Dar no cravo. ■ Acertar na mosca. VIDE: ● Rem acu
tetigisti. ● Tetigisti acu. ● Tetigisti ulcus!
672. Aculeum emittere in aliquem. Cravar uma farpa em
alguém. (=Injuriar. Dizer um gracejo ofensivo).
673. Aculei irriti. Farpas que não ferem.
674. Acum in meta faeni quaerere. [Mota 171]
■ Procurar agulha em palheiro.
675. Acuti morbi in quatuordecim diebus iudicantur.
[Hipócrates / Rezende 88] As doenças agudas resolvem-
se em quatorze dias.
676. Acutiora sunt auri tela quam ferri. [S.Pedro
Damião / Bernardes, Nova Floresta 4.293] Mais
penetrantes são as lanças de ouro que as de ferro. ■ Para
arrombar porta de ferro, não há como chave de prata.
677. Ad absurdum. Até o absurdo. (=Expressão
empregada para nomear um raciocínio que demonstra a
verdade de uma proposição pela falsidade ou
impossibilidade da contrária).
678. Ad abundantiorem cautelam. [Jur / Black 48] Para
mais abundante cautela.
679. Ad accusandum. [Jur] Para acusar.
680. Ad adiuvandum. Para ajudar.
681. Ad aegrotos aegrotus veni. [Schottus, Adagia 66]
Apresentei-me aos doentes como se eu fosse um doente.
■ Entre romanos, romano como eles. VIDE: ● Ad
imbecillos debilis me contuli. ● Ad imbecillos
imbecillus advenis. ● Factus sum infirmis infirmus,
ut infirmos lucrifacerem. ● In debiles debilis incidit.
682. Ad aeternam rei memoriam. [Codex Iustiniani
6.23.29.4] Para eterna recordação do fato. VIDE: ● Ad
perpetuam rei memoriam. ● In perpetuam rei
memoriam.
683. Ad aeternum. Para sempre. VIDE: ● Ad saeculum.
● Ad saecula saeculorum. ● In aeternum. ● In saecula
saeculorum. ● In saecula. ● In saeculum saeculi. ● In
saeculum. ● In sempiterna saecula. ● Per omne
saeculum.● Per omnia saecula saeculorum. ● Usque
ad aeternum.
684. Ad agnatos et gentiles deducendus est. [Varrão, De
Re Rustica 1.2] Deve ser conduzido aos parentes e
conterrâneos. (=Está louco).
685. Ad alium examen. [Jur / Black 48] Para outro exame.
Para ser examinado em outra jurisdição.
686. Ad alium diem. [Jur / Black 48] Para outro dia.
687. Ad alta virtute. [Divisa] Ao alto levado pela
coragem.
688. Ad altare nihil opus consilio. [Apostólio 2.77] De
nada serve decisão diante do altar. (=Quem vai fazer
uma oferenda aos deuses providencia com antecedência
as coisas que vai usar). ■ Antes de entrar pensa na
saída. ■ Antes que te cases, olha o que fazes. VIDE: ● Non
apud aram consultandum. ● Non est apud aram
consilio locus. ● Non est apud aram consultandum.
● Non oportere in ipso opere, sed ante deliberare, ut
qui litare volunt, rei divinae necessaria preparare
solent.
689. Ad amicorum convivia tardus accedas, ad
calamitates cito. [Quílon / Rezende 90] Aos banquetes
dos amigos chegarás devagar, às desgraças chegarás
depressa. ● Ad convivia amicorum tardus eas, ad
calamitates autem cito.
690. Ad amussim. De acordo com a régua. (=Com
exatidão. Com perfeição. Com pontualidade).
691. Ad amussim applica lapidem, non ad lapidem
amussim. [Erasmo, Adagia 2.5.36] Coloca a pedra de
acordo com a régua e não a régua de acordo com a
pedra. VIDE: ● Lapis amussi est applicandus, non
amussis ad petram.
692. Ad annum. Dentro de um ano. No fim de um ano.
693. Ad aperturam libri. Ao abrir-se o livro. Abrindo-se
o livro ao acaso. VIDE: ● Aperto libro.
694. Ad appellandum. [Jur] Para apelar.
695. Ad aquam. À beira-mar.
696. Ad aram confugere. [Jur] Refugiar-se junto ao altar.
(=Os templos eram lugar de asilo).
697. Ad arbitrium. À sua vontade. A seu bel-prazer. À
discrição. Arbitrariamente. ● Ad arbitrium tuum. À tua
escolha. Como quiseres. VIDE: ● Ad voluntatem. ● Ad
votum. ● Arbitratu meo.
698. Ad arbitrium auctoritatis. Ao arbítrio da autoridade.
VIDE: ● Ad nutum.
699. Ad arbitrium principis. Ao arbítrio do príncipe.
700. Ad argumentandum. [Cícero, De Inventione 1.79]
Para argumentar. ● Ad argumentandum tantum.
Apenas para argumentar.
701. Ad arma vocare. Convocar a tropa para a batalha.
702. Ad astra. Às estrelas. (=A uma posição elevada).
703. Ad astra doloribus itur. [Prudêncio, Cathemerinon
10.92] É com sofrimento que se chega às estrelas.
■ Nenhum caminho de rosas conduz à glória.
704. Ad astra per aspera. [Divisa de Kansas, EUA]
(Chega-se) aos astros por caminhos difíceis. ■ Não é
fácil o caminho do céu. ■ Para o céu não se vai de
carruagem. ● Ad astra per ardua. VIDE: ● Ad summa
per ardua. ● Per ardua ad astra. ● Per aspera ad
astra. ● Sic itur ad astra.
705. Ad auctorem redit sceleris coacti culpa. [Sêneca,
Troades 871] A responsabilidade do crime recai sobre
seu instigador.
706. Ad audiendam considerationem curiae. [Jur / Black
48] Para ser ouvido o pronunciamento da corte.
707. Ad audiendum verbum. [Vulgata, Eclesiástico 5.13]
Para ouvir a palavra.
708. Ad augusta per angusta. [Divisa / Rezende 96;
Víctor Hugo, Hernani, ato 4] (Chega-se) aos cumes por
caminhos estreitos. Por caminhos estreitos (chega-se) ao
triunfo. ■ Não se vence perigo sem perigo. VIDE: ● Per
angusta ad augusta.
709. Ad auxilium Dei tuo etiam opus est labore. [Bebel,
Adagia Germanica] Para teres o auxílio de Deus
também é necessário o teu trabalho. ■ A Deus rogando e
com o maço dando. ■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará.
VIDE: ● Laborantes Deus adiuvat
710. Ad beneplacitum. A gosto. Com permissão. ● Ad
beneplacitum tuum. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.16.2] Ao teu jeito. A teu talante.
711. Ad bestias. (Condenação) às feras. (=Condenação a
lutar com feras na arena). ● Ad bestias! (Atirem-nos) às
feras! VIDE: ● Christianos ad leones!
712. Ad breve tempus. [Cícero, De Finibus 2.93] Por
pouco tempo. Por um tempo curto. ● Ad breve.
713. Ad calamitatem quilibet rumor valet. [Publílio
Siro] Qualquer boato é capaz de causar uma
calamidade.
714. Ad calendas Graecas. Nas calendas gregas.
(=Expressão usada para designar um prazo que nunca se
há de cumprir. As calendas eram o primeiro dia do mês
no calendário romano; o mês grego não tinha calendas.
Adiar qualquer coisa para as calendas gregas significa
que nunca será realizada). ■ No dia de São Nunca. ■ No
dia de São Nunca, à tarde. ■ Quando a galinha criar
dentes. ■ Quando a vaca tossir. ● Ad calendas Graecas
soluturus. [Suetônio, Augustus 87.1] Vou pagar nas
calendas gregas. ■ Vou pagar no dia de São Nunca. VIDE:
● Ad Graecas calendas. ● Cum mula peperit. ● Cum
muli pariunt. ● Mula ubi pepererit.
715. Ad captandum. Para capturar. Para cativar. Para
agradar. ● Ad captandum vulgus. [Rezende 97] Para
cativar o vulgo. (=Para atrair a multidão. Para obter o
favor do povo. Para seduzir o povo). VIDE:
● Argumentum ad captandum vulgus. ● Argumentum
ad captandum.
716. Ad captum vulgi. De acordo com o entendimento do
povo.
717. Ad casus dubios. [Horácio, Sermones 2.1.108] Nas
situações adversas.
718. Ad causam. [Jur] Para esta causa.
719. Ad causam pertinens. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 7.3] Relativo a esta causa.
720. Ad cautelam. Por precaução. Por segurança.
721. Ad cineres usque. Até as cinzas. Até a morte.
722. Ad clerum. Ao clero.
723. Ad coetum geniti sumus. [Sêneca, De Ira 2.31.7]
Nascemos para a união. ● Ad coetum nati sumus.
[DAPR 809]
724. Ad cogitandum et agendum homo natus est. O
homem nasceu para pensar e realizar.
725. Ad commodum studiosorum. [Paulo Manúcio,
Epistulae 1.7] Para proveito dos estudiosos. Como
auxílio aos estudiosos.
726. Ad commodum suum quisquis callidus est.
[Rezende 98] ■ Cada qual sabe para seu proveito.
■ Cada um acode onde mais lhe dói. ■ Cada um sabe
onde lhe aperta o sapato. VIDE: ● Ad suum quaestum
quisque callidus est. ● Ad suum quemque quaestum
aequum est esse callidum.
727. Ad conclusum. [Jur] Para concluir. Em resumo.
728. Ad consilium ne accesseris, antequam voceris.
[Erasmo, Adagia 1.2.90] Não irás à reunião antes de
seres chamado. ■ A boda e batizado não vás, sem seres
chamado. ■ Não te metas onde não és chamado. VIDE:
● Alterius festum solum invitatus adibis. ● Antequam
voceris, ad consilium ne accesseris. ● Antequam
voceris, ne accesseris. ● Consilium ne adeas
invocatus. ● Haud advocatus ne ad consilium
accesseris.
729. Ad consulatum a caliga perductus. [Sêneca, De
Beneficiis 5.16.2] De simples soldado foi elevado ao
consulado.
730. Ad corpus. [Jur] Pelo corpo. (=Por inteiro. Assim
como está). VIDE: ● Ad mensuram.
731. Ad cuius veniat scit cattus lingere barbam.
[Stevenson 298] O gato sabe de quem é a barba que vai
lamber. ■ Bem sabe o gato cujas barbas lambe. ■ O
porco sabe o pau em que se coça. VIDE: ● Scit bene qua
prudens valle moretur aper.
732. Ad damnum adderetur iniuria. [Rezende 101] Ao
dano se juntará o insulto. ■ Além de queda, coice.
733. Ad defendendum caput proprium. Para defender a
própria vida.
734. Ad defensionem. Para defesa.
735. Ad Deum refugium. [Divisa] Meu refúgio é junto a
Deus.
736. Ad dexteram. À direita. ● Ad dextram.
737. Ad diem (constitutam). [Jur] No dia aprazado.
738. Ad diem pecuniam solvere. Pagar a dívida no
vencimento. ● Ad diem pecunia non soluta. [Digesta
18.1.6.1] Dívida não paga no vencimento.
739. Ad dies vitae. Pelos dias de sua vida. Por toda sua
vida. Enquanto viver.
740. Ad digituli crepitum. [Erasmo, Adagia 2.7.99] Ao
estalar dos dedos.
741. Ad discendum nulla aetas sera. Nenhuma idade é
tardia para aprender. ■ Nunca é tarde para aprender.
● Ad discendum quod opus est, nulla mihi aetas sera
videri potest. [S.Agostinho, Epistulae 1.66] Para
aprender o que é preciso, para mim nenhuma idade pode
ser considerada tardia. VIDE: ● Discendum quamdiu
vivas. ● Etiam seni est discendum. ● Quamvis
pulchrius sit senem docere quam discere, mihi tamen
nulla aetas sera est ad discendum. ● Tamdiu
discendum est, quamdiu vivas. ● Tamdiu discendum,
quamdiu vivitur.
742. Ad divina migravit. Migrou para os deuses.
(=Morreu). VIDE: ● Abiit ad maiores. ● Abiit ad plures.
● Abiit e vita. ● Abiit e medio. ● Ad manes abiit. ● Ad
patres abiit. ● Animam Deo reddidit. ● Migravit ad
Dominum. ● Migravit ad regna celestia.● Migravit ex
vita. ● Migravit in caelum. ● Spiritum Deo reddidit.
743. Ad domum. Em casa. VIDE: ● Domi.
744. Ad duo festinans, neutrum bene peregeris.
[Publílio Siro] Correndo a duas coisas, não alcançarás
nenhuma. ■ Quem corre a duas lebres não apanha
nenhuma. ■ Quem duas lebres caça, uma perde, a outra
passa. VIDE: ● Duos insequens lepores, neutrum capit.
● Duos qui sequitur lepores neutrum capit. ● Lepores
duos qui insequitur, is neutrum capit. ● Lepores duos
insequens neutrum capit. ● Qui binos lepores una
sectabitur hora, uno quandoque, quandoque carebit
utroque. ● Qui binos lepores una sectabitur hora,
non uno saltem, sed saepe carebit utroque. ● Qui
duos insectatur lepores, neutrum capit. ● Qui duos
lepores sequitur, neutrum capit. ● Qui duos sectatur
lepores, neutrum capiet. ● Qui simul duplex captat
commodum, utroque frustratur. ● Si binas sectere
feras, neutra potieris.
745. Ad ea quae frequentius accidunt leges adaptantur.
[Jur / Broom 30] As leis se ajustam às coisas que
ocorrem com mais freqüência. ● Ad ea quae
frequentius accidunt iura adaptantur. [Black 48]
VIDE: ● Ius constitui oportet in his quae ut plurimum
accidunt, non quae ex inopinato.
746. Ad effectum. Para efeito.
747. Ad eumdem gradum. No mesmo grau.
748. Ad exemplum. Para exemplo. Por exemplo.
749. Ad exemplum legis. De acordo com o exemplo da
lei.
750. Ad exhibendum. [Jur] Para exibir.
751. Ad eximendam periculo civitatem. [Amiano
Marcelino, Historiae 14.2.20] Para livrar do perigo a
cidade.
752. Ad eximendum tempus. Para ganhar tempo.
753. Ad experimentum. Para um experimento.
754. Ad exquirendas dilationes. [VES 17] Para ganhar
tempo.
755. Ad extra. Para fora. Por fora. Exteriormente.
756. Ad extrema perventum est. [Quinto Cúrcio,
Historiae 4.14] Chegou-se à situação extrema.
757. Ad extremos morbos, extrema remedia exquisite
optima. [Hipócrates] Para males extremos são muito
bons os remédios extremos. ■ A grandes males, grandes
remédios. ● Ad extremos morbos exacte extremae
curationes optimae sunt.
758. Ad extremum. No fim. Até o fim. Até o final.
Finalmente. Totalmente. VIDE: ● Ad finem.
759. Ad extremum casum. Em caso extremo.
760. Ad extremum virium. Até o limite das forças. No
limite das forças. ● Ad extremum viris. Até o limite de
(nossa) força.
761. Ad fastigium. Até enjoar. Até a saciedade. Até ficar
farto. VIDE: ● Ad nauseam. ● Ad satietatem. ● Ad
satietatem usque. ● Usque ad fastigium. ● Usque ad
nauseam. ● Usque ad satietatem.
762. Ad felicem inflectere parietem. [Erasmo, Adagia
1.3.16] Encostar-se na parede favorável. ■ Seguir o bem
parado. ■ Encostar-se ao bem parado. ■ Ter as costas
quentes.
763. Ad feminam. [Walter Scott / Pierre Larousse 11]
Contra a mulher. VIDE: ● Ad hominem.
764. Ad fidem. Com lealdade. Por lealdade.
765. Ad finem. Até o fim. Sem interrupção. No fim. Perto
do fim. VIDE: ● Ad extremum. ● Usque ad finem.
766. Ad finem fidelis. [Divisa] Fiel até o fim.
767. Ad finem lucis ab ortu. [Ovídio, Metamorphoses
15.619] Do nascer do sol ao ocaso. VIDE: ● A lucis ortu
ad usque diei finem. ● A sole ortu usque diei
ultimum. ● A solis ortu usque ad occasum. ● Ab orto
sole usque ad diei finem. ● Ab ortu lucis ad umbram.
● Ab ortu solis usque ad occasum.
768. Ad finem fidelis. [Divisa] Fiel até o fim.
769. Ad finem ubi perveneris, ne velis reverti. [Erasmo,
Chiliades 30] Quando chegares ao extremo, não queiras
recuar. ■ À morte o remédio é abrir a boca. ● Ad finem
progressis non est redeundum. [Apostólio 12.87] Os
que chegaram ao fim não devem recuar.
770. Ad fontes. De volta às fontes. De volta às origens.
771. Ad fores fortuna venit cui propitia est. [DAPR 242]
A sorte vem à porta de quem ela quer favorecer. ■ Vem a
ventura a quem ela procura.
772. Ad fractam canis. [Suidas / Manúcio, Adagia 258]
Tocas com cítara desafinada. (=Trabalhas em vão).
■ Cantas fora do tom.
773. Ad futuram memoriam. Para a lembrança da
posteridade. Para registro. ● Ad futuram memoriam et
comprobationem. Para registro e comprovação. ● Ad
futuram memoriam et probationem.
774. Ad galli cantum. [Branco 187] Ao cantar do galo. Ao
amanhecer. Ao romper do dia. VIDE: ● Prima luce.
775. Ad gloriam. Pela glória. (=Sem proveito material.
Gratuitamente). VIDE: ● Ad honorem. ● Ad honores.
776. Ad Graecas calendas. [Manúcio, Adagia 229] Nas
calendas gregas. (=Nunca). ■ No dia de São Nunca. ■ No
dia de São Nunca, à tarde. ■ Quando a galinha criar
dentes. ■ Quando a vaca tossir. ● Ad Graecas, bone
rex, fiant mandata calendas! [Rainha Elizabete I, da
Inglaterra, ao rei da Espanha] Tuas ordens, bom rei,
serão cumpridas nas calendas gregas! VIDE: ● Ad
calendas Graecas. ● Cum mula peperit.
777. Ad gustum. [Sêneca, De Clementia 1.6] A gosto.
778. Ad haec. Diante disso. Além disso.
779. Ad haec quis non trepidat? Diante disso quem não
treme?
780. Ad hanc diem. Até este dia. Até hoje. VIDE: ● Ad hoc
tempus.
781. Ad Herculis columnas. [Erasmo, Adagia 3.5.24] Até
as colunas de Hércules. (=As colunas de Hércules eram
consideradas o ponto extremo do mundo. A expressão
colunas de Hércules é usada para designar o extremo
limite a que se pode chegar numa arte, numa ciência,
etc). ■ Até aqui pude chegar. ● Ad Herculis columnas
navigavit. [Pereira 100] Navegou até as colunas de
Hércules. ■ Correu Seca e Meca e olivais de Santarém.
VIDE: ● Ne plus ultra.
782. Ad Herculis columnas te sequar. [Pereira 107]
Seguir-te-ei até as colunas de Hércules. ■ Seguir-te-ei
até ao cabo do mundo. VIDE: ● Megaram usque tecum
navigabo.
783. Ad hoc. Para isto. Para este caso específico. Para este
fim específico. ● Ad hoc constitutum. Constituído para
esta finalidade específica. ● Ad hoc delegatus.
Delegado para esta finalidade específica.
784. Ad hoc tempus. Até este momento. Até hoje. VIDE:
● Ad hanc diem.
785. Ad hominem. (Dirigido) ao homem. Pessoal. VIDE:
● Argumentum ad hominem.
786. Ad honesta vadenti contemnendus est ipse
contemptus. [Sêneca, Epistulae Morales 76.4] Para
quem caminha para objetivos respeitáveis, o próprio
desprezo deve ser desprezado.
787. Ad honorem. Para honra. Por honra. (=A título
honorário. Sem remuneração). ● Ad honores. VIDE: ● Ad
gloriam.
788. Ad horam compositam. À hora convencionada.
789. Ad hunc diem. [Jur / Black 49] Para este dia.
790. Ad hunc modum. [Gaio 4.16] Do seguinte modo.
Dessa maneira. Assim.
791. Ad id. Até esse dia.
792. Ad idem. Ao mesmo ponto.
793. Ad ima. Até o fim.
794. Ad imbecillos debilis me contuli. [Schottus, Adagia
609] Apresentei-me aos doentes como se eu fosse um
doente. ■ Entre romanos, romano como eles. ■ Romano
em Roma, francês com os franceses. ● Ad imbecillos
imbecillus advenis. [Apostólio 7.54] Aos doentes, tu te
apresentas como doente. VIDE: ● Ad aegrotos aegrotus
veni. ● Factus sum infirmis infirmus, ut infirmos
lucrifacerem. ● In debiles debilis incidit.
795. Ad immortalitatem. [Divisa da Academia Brasileira
de Letras] Para a imortalidade.
796. Ad impossibile nemo obligatur. [Jur] ■ Ninguém é
obrigado a fazer o impossível. ■ Quem promete o que
não pode a cumprir não está obrigado. ● Ad
impossibile nemo tenetur. [Maloux 421] ● Ad
impossibilia nemo tenetur. [Mota 139] VIDE:
● Impossibilium nulla obligatio est. ● Impotentia
excusat legem. ● Lex non cogit ad impossibilia. ● Lex
neminem cogit ad impossibile. ● Lex neminem cogit
ad impossibilia. ● Lex non cogit ad impossibilia.
● Nemo ad impossibile tenetur. ● Nemo ad
impossibilia tenetur. ● Nemo potest ad impossibile
obligari. ● Nemo tenetur ad impossibilia. ● Obligatio
impossibilium nulla est. ● Ultra posse nemo
obligatur. ● Ultra posse suum nullum lex iusta cöegit.
● Ultra posse suum profecto nemo tenetur. ● Ultra
vires nemo tenetur.
797. Ad imum. Até o fim. Em suma.
798. Ad incitas redactus est. [Plauto, Trinummus 537]
Foi levado para a última fila. ■ Está num beco-sem-
saída.
799. Ad infinitum. Até o infinito. (=Indefinidamente. Sem
fim. Sem limite. Para sempre).
800. Ad initium. No começo. Para o começo.
1001. Adactum iusiurandum. [Manúcio, Adagia 819]
Juramento forçado.
1002. Adam fodiente, quis nobilior, Eva nente? [Binder,
Thesaurus 70] Quando Adão cavava e Eva fiava, quem
era mais nobre? ■ Quando Adão cavava e Eva fiava, a
fidalguia onde estava? ■ Nobre sou – ai não! – pela
costela de Adão. VIDE: ● Dum Adam agrum coleret et
Eva neret, quis tunc nobilis?
1003. Adamante durior. [Erasmo, Colloquia 18] Mais
duro que diamante.
1004. Adamante notare. [Manúcio, Adagia 1389]
Registrar com diamante. (=Registrar coisas que
merecem ser eternamente lembradas).
1005. Adamantinus homo. [Pereira 107] Um homem duro
como o diamante. (=Um homem incansável. Um
homem inexorável).
1006. Addatur. Junte-se. Acrescente-se.
1007. Adde parvum parvo, magnus acervus erit. [DAPR
457] Junta o pequeno ao pequeno e haverá uma grande
quantidade. ■ Um pouco, repetido, faz muito. ■ De grão
em grão, a galinha enche o papo. ■ De muitos poucos se
faz um muito. ■ Junta palha como ouro, e terás ouro
como palha. ● Adde parum parvo, magnus acervus
erit. Junta o pouco ao pouco, e logo haverá grande
acervo. ● Adde parum parvo, modicum superadde
pusillo, tempore sic parvo magnus acervus erit.
[Binder, Thesaurus 72] Junta um pouco ao pouco,
acrescenta um pouco ao pequeno, assim em pouco
tempo haverá uma grande quantidade. VIDE: ● De
minimis granis fit magnus acervus.
1008. Adde quod ingenuas didicisse fideliter artes
emollit mores nec sinit esse feros. [Ovídio, Ex Ponto
2.9.47] Acrescenta que o fato de terem aprendido
fielmente as belas letras suaviza os seus costumes e não
permite que sejam selvagens.
1009. Adde rotas vetulo leviores usque caballo.
[Apostólio 10.51] Ao cavalo velho, dá-lhe carroça
menor. ■ A rês velha, aliviar-lhe a carga. VIDE: ● Cum
senio est confectus equus, da cycla minora. ● Equo
senescenti minora cycla admove. ● Nempe senescenti
leviora impone caballo. ● Senibus labores corporis
sunt minuendi. ● Trade senescenti iam cycla minora
caballo.
1010. Addenda. Coisas que devem ser acrescentadas.
(=Addenda é plural de addendum. Adenda, aquilo que
se acrescenta a um livro para completá-lo, suplemento,
apêndice).
1011. Addenda et corrigenda. Coisas que devem ser
acrescentadas e coisas que devem ser corrigidas.
1012. Addendum. Coisa que deve ser acrescentada. Um
suplemento.
1013. Addiscunt iuvenes quod cecinere senes. [Binder,
Thesaurus 73] Aprendem os jovens o que cantaram os
velhos. ■ Como canta o galo velho, assim cantará o
novo.
1014. Addidisti calcaria sponte currenti. [Plínio Moço,
Epistulae 1.8.1] Enfiaste as esporas (no cavalo) que
corria espontaneamente. (=Estimulas à ação a quem já
está agindo espontaneamente).
1015. Addito salis grano. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 23] Com o acréscimo de um grão de sal. (=Usa-
se com o significado de com certa ressalva). VIDE:
● Cum grano salis.
1016. Adeo bonus, ut ad nihil bonus. [Bacon, De
Bonitate] Ele é tão bom, que não é bom para nada.
(=Bacon dá como tradução do provérbio italiano Tanto
buon, che val niente).
1017. Adeo familiare est hominibus omnia sibi
ignoscere, nihil aliis remittere. [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.30.3] É natural aos homens tudo
perdoar a si mesmos, e nada desculpar aos outros.
1018. Adeo natura a rectis in vitia, a vitiis in prava, a
pravis in praecipitia pervenitur! [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.10.1] Passa-se naturalmente das
virtudes aos erros, dos erros aos vícios, dos vícios ao
abismo!
1019. Adeo vel infelix bellum ignominiosae paci
praeferebant. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 4.1]
Preferiam mesmo uma guerra infeliz a uma paz
ignominiosa.
1020. Adesse alicui. Prestar assistência a alguém.
Defender alguém na justiça.
1021. Adesse gaudet, sed laboranti, Deus. [Ésquilo /
Schottus, Adagia 625] Deus tem satisfação de ajudar,
mas a quem trabalha. ■ Deus ajuda a quem trabalha.
■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará. VIDE: ● Ad opus
manum admovendo fortunam invoca. ● Cum
Minerva et manum move. ● Cum Minerva manus
etiam move. ● Cum Minerva manum quoque move.
● Di facientes adiuvant. ● Deus facientes adiuvat.
● Deus laborantibus opem fert prospere. ● Deus
laborantes ope adiuvat sua. ● Fac aliquid ipse, deinde
Numen invoca. ● Fac interim aliquid ipse, dein deos
voca. ● Facientes Deus adiuvat. ● Huic qui laborat,
Numen adesse assolet. ● Manum admoventem Deum
quemvis invocare debere. ● Manum admoventi
fortuna est imploranda. ● Manum admoventi fortuna
est invocanda. ● Manum admoventi sunt vocanda
numina. ● Minerva auxiliante, manum etiam
admove. ● Nulla preces numina flectunt ignavorum.
● Nunc ipse quid peragito, dein deos voca. ● Nunc
ipse quid peragito, dein Deum voca. ● Quisquis
laborat, huic manum praebet Deus. ● Sine opera tua,
nihil di facere possunt.
1022. Adest Deus ubique. [Divisa] Deus está em toda
parte.
1023. Adeste, fideles, laeti triumphantes, venite, venite
in Bethlehem; natum videte regem angelorum;
venite, adoremus, venite adoremus; venite adoremus
Dominum. [Hino religioso, cantado no Natal, cuja
melodia é de John Reading] Vinde, fiéis, alegres,
triunfantes; vinde, vinde a Belém; vede o rei dos anjos
que nasceu; vinde, adoremos, vinde, adoremos, vinde,
adoremos o Senhor.
1024. Adhaereat lingua mea faucibus meis, si non
meminero tui. [Vulgata, Salmos 136.6] Fique pegada a
minha língua às minhas fauces, se eu não me lembrar de
Ti.
1025. Adhaerens potenti adversitatem non timet.
[Medina 606] Quem se liga a um poderoso não teme a
adversidade. ■ Quem a boa árvore se chega, boa sombra
o cobre.
1026. Adhaesit pavimento anima mea. [Vulgata, Salmos
118.25] A minha alma esteve pegada com o chão. VIDE:
● Prostrata est in pulvere anima mea.
1027. Adhibenda est in iocando moderatio. [Cícero, De
Oratore 2.238] É necessário ter moderação no
divertimento. ■ Brinca, mas não ofende.
1028. Adhuc aliquis deus respicit nos. [Erasmo, Adagia
3.9.42] Até aqui algum deus está olhando por nós.
1029. Adhuc caelum volvitur! [Erasmo, Adagia 4.4.8] O
céu ainda gira! ■ Ainda está Deus onde estava. ■ Mais
dias há que lingüiças.
1030. Adhuc et semper iustitia. Justiça, ainda e sempre.
1031. Adhuc neminem cognovi poëtam qui sibi non
optimus videretur. [Cícero, Tusculanae Disputationes
5.63] Jamais encontrei um poeta que não se
considerasse muito bom.
1032. Adhuc seges in herba est. [Pereira 108] A plantação
ainda está na rama. ■ Isto ainda está muito verde.
■ Ainda tem muitas noites que dormir fora. ● Adhuc tua
messis in herba est. [Ovídio, Heroides 17.263]
● Adhuc est herba. [Pereira 94] VIDE: ● Negotium in
herba est. ● Nimium properas, et adhuc tua messis in
herba est.
1033. Adhuc sub iudice lis est. [Horácio, Ars Poetica 78]
A causa ainda está sujeita ao juiz. (=A questão ainda
não está resolvida). VIDE: ● Grammatici certant, et
adhuc sub iudice lis est.
1034. Adhuc tempus. [Inscrição em quadrante solar]
Ainda há tempo.
1035. Adhuc tranquilla res est. [Terêncio, Phormio 478]
Até aqui as coisas caminham tranqüilas.
1036. Adicere aliquem canibus. Atirar alguém aos cães.
■ Atirar às feras.
1037. Adiciam quod me docuit usus, magister egregius.
[Plínio Moço, Epistulae 20.12] Mostrarei o que me
ensinou a prática, esse mestre magnífico. VIDE: ● Multa
me docuit usus, magister optimus.
1038. Aditum nocendi perfido praestat fides. [Sêneca,
Oedipus 686] A confiança dá ao traidor oportunidade de
fazer o mal. ■ Confia desconfiando.
1039. Adiuncta est parvis gratia rebus. [Grynaeus 109]
As coisas pequenas têm encanto. ■ Em pequena caixa
está bom ungüento. ■ Em pequena fonte se bebe à
vontade.
1040. Adiuvante Deo labor proficit. Com a ajuda de Deus
o trabalho progride. VIDE: ● Deo adiuvante labor
proficit.
1041. Admirabilior in femina quam in viro virtus. A
coragem é mais admirável na mulher do que no homem.
1042. Admirati sunt omnes. [Erasmo, Moriae Encomium
54] Todos ficaram pasmos. VIDE: ● Mirati sunt omnes.
1043. Admiratio parit scientiam. [Signoriello 39] A
admiração gera o conhecimento.
1044. Admiratione afficiuntur ii qui anteire ceteris
virtute putantur. [Cícero, De Officiis 2.37] Causam-
nos admiração aqueles que achamos que superam os
demais em coragem.
1045. Admirationem autem, quae maxima est, non
verba parere, sed silentium. [Aulo Gélio, Noctes
Atticae 5.1] Não são as palavras, mas é o silêncio que
revela a grande admiração.
1046. Admiror nec rerum solum, sed verborum
elegantiam. Admiro não só a elegância das coisas, mas
também a das palavras.
1047. Admittatur. Que ele seja admitido. (=O candidato
está aceito).
1048. Admitte ad te alienigenam; et subvertet te in
turbine, et abalienabit te a tuis propriis. [Vulgata,
Eclesiástico 11.36] Aceita um estranho na tua casa, e ele
provocará desordens, e te afastará dos teus próprios
familiares.
1049. Admoneri bonus gaudet: pessimus quisque
correptorem asperrime patitur. [Sêneca, De Ira 3.37]
O homem bom aprecia que o critiquem; o mau suporta
com dificuldade qualquer crítico.
1050. Admonitio non est supervacua. [Sêneca, Epistulae
Morales 94] Uma advertência não é inútil. ■ Conselho
de amigo, aviso do céu.
1051. Admonitio taedium facit, exprobratio odium.
[Sêneca, De Beneficiis 2.11.6] Uma advertência causa
enfado, uma reprimenda causa ódio.
1052. Adoptio est actus legitimus, quo extranei
tamquam liberi in familiam assumuntur. [Jur]
Adoção é o ato legítimo, pelo qual estranhos são
recebidos na família como filhos.
1053. Adoptio est actus legitimus, quo quis sibi filium
facit quem non generavit. Adoção é o ato legítimo
pelo qual alguém torna seu um filho que não gerou.
1054. Adoptio est legitimus actus, naturam imitans, quo
liberos nobis quaerimus. [Jur] A adoção é um ato
legítimo, que imita a natureza, pelo qual buscamos
filhos para nós.
1055. Adora quod incendisti, incende quod adorasti!
[S.Gregório de Tours, Historia Francorum 2.32] Adora
o que queimaste; queima o que adoraste!
1056. Adsit laetitiae Bacchus dator. [Virgílio, Eneida
1.734] Que Baco, o distribuidor da alegria, nos assista.
1057. Adsum! Estou aqui! ■ Presente! VIDE: ● Ecce adsum.
● Ecce ego.
1058. Adulandi gens prudentissima laudat sermonem
indocti, faciem deformis amici. [Juvenal, Satira 3.86]
Essa raça de bajuladores louva o discurso do amigo
ignorante, e o rosto do amigo horroroso.
1059. Adulari parentibus non dubita. [Rezende 145] Não
hesites em agradar a teus pais.
1060. Adulatio est fallaci laude seductio. [S.Agostinho,
Super Psalmos / Rezende 146] A lisonja é um engano
feito por louvor falso.
1061. Adulatio inimica amicitiae. A bajulação é inimiga
da amizade.
1062. Adulatio perpetuum malum regum, quorum opes
saepius assentatio, quam hostis evertit. [Quinto
Cúrcio, Historiae 8.5] A adulação é aquele perpétuo mal
dos reis, cuja grandeza muitas vezes mais destruiu a
lisonja que o inimigo.
1063. Adulatio quam similis est amicitiae! [Sêneca,
Epistulae Morales 45.7] Como a adulação se parece
com a amizade!
1064. Adulatio vitiorum altrix. [Amiano Marcelino,
Historia 15.5.38, adaptado] A adulação alimenta os
vícios.
1065. Adulator blandus inimicus dicitur. Considera-se o
adulador um inimigo gentil. VIDE: ● Adulator quippe
blandus inimicus est.
1066. Adulator cum laudat, pungit. O adulador, quando
louva, corrói.
1067. Adulator niger est: hunc tu caveto. O adulador é
perigoso: cuidado com ele.
1068. Adulator non est verus amator. O adulador não é
amigo de verdade.
1069. Adulator propriis commodis tantum studet.
[DAPR 30] O adulador apenas deseja os próprios
benefícios. ■ Abana-se o cão não por ti, mas pelo pão.
1070. Adulator quippe blandus inimicus est.
[S.Jerônimo, Epistulae 22] O adulador, por ser
insinuante, é um inimigo. VIDE: ● Adulator blandus
inimicus dicitur.
1071. Adulatores sunt simulatores. Os aduladores são
simuladores.
1072. Adulatores ut inimicos cave; corrumpunt fictis
laudibus leves animas. [S.Jerônimo / Peraldus, De
Eruditione Principum 2.12] Guarda-te dos aduladores
como dos inimigos: com falsos elogios eles corrompem
as cabeças fracas.
1073. Adulatoris laus est speciosa fraus. O elogio do
adulador é uma armadilha encantadora.
1074. Adulescens cum sis, tum cum est sanguis integer,
rei tuae quaerendae convenit operam dare. [Plauto,
Mercator 550] Quando se é moço, quando o sangue
ainda está vigoroso, convém esforçar-se para adquirir
patrimônio.
1075. Adulescens, durius est mihi hoc dicere quam
facere. [Xenofonte / Bacon, Advancement of Learning
1.7.28] Jovem, para mim é mais duro dizer isso do que
fazê-lo.
1076. Adulescentem verecundum esse decet. [DAPR
695] Convém que o jovem seja respeitoso. VIDE: ● Decet
verecundum esse adulescentem.
1077. Adulescentes a lascivia sevocare difficile bellum.
É uma guerra difícil afastar jovens da lascívia.
1078. Adulescenti morigerari oportet. Ao jovem convém
ser gentil.
1079. Adulescentia deferbuit. O fogo da juventude
esfriou. VIDE: ● Nondum illi deferbuit adulescentia.
1080. Adulescentia nihil esse melius, senectute nihil
detestabilius. [Erasmo, Moriae Encomium 14] Nada há
melhor que a juventude, nada mais detestável que a
velhice.
1081. Adulescentia nulla re magis quam exemplis
instruitur. [Esopo] A juventude aprende mais com
exemplos. ■ Exemplos farão mais que doutrina. ■ Frei
exemplo é o melhor pregador.
1082. Adulescentibus praesertim fugienda est occasio
mali. Os jovens devem fugir à oportunidade do mal.
1083. Adulter est uxoris amator acrior. [Publílio Siro] O
adúltero ama sua mulher com mais ímpeto.
1084. Adulteratores monetae. [Digesta 48.19.16.9]
Falsificadores de moeda.
1085. Adulterium certe sine duobus committi non
potest. [S.Jerônimo, Epistulae 1.6] O adultério
certamente não pode ser cometido sem a participação de
duas pessoas.
1086. Adulterium est ad alterum torum vel uterum
accessio. [Jur] Adultério é o acesso ao leito ou ao útero
alheio.
1087. Adulterium sine dolo malo non comittitur. [Gaio,
Digesta 48.5.44] Não se comete adultério sem dolo.
1088. Aduncos ungues habentes ne alas. [Apostólio 5.93]
Não alimentes animais que tenham unhas em forma de
gancho. ■ De ave de bico encurvado, guarda-te dela
como do diabo. VIDE: ● Animalia recurvis unguibus ne
nutrias. ● Quae uncis sunt unguibus ne nutrias.
1089. Advena fui in terra aliena. [Vulgata, Êxodo 2.22]
Peregrino fui em terra estranha.
1090. Advenae, et pupillo, et viduae non feceritis
calumniam. [Vulgata, Jeremias 7.6] Não oprimirás o
estrangeiro, nem o órfão, nem a viúva.
1091. Adveniente die iudicii, non quaeretur a nobis quid
legimus, sed quid fecimus. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.3.26] Quando chegar o dia do juízo,
não nos será perguntado o que lemos, mas o que
fizemos.
1092. Adveniente die praefixo. Chegado o dia marcado.
1093. Adventicia bona. [Jur / Black 66] Bens que não se
originam de herança.
1094. Adventicia doctrina. [Cícero, De Oratore 33] Uma
doutrina importada.
1095. Adversa ex secundis, ex adversis secunda
nascuntur. [Plínio Moço, Panegyricus 6] A adversidade
nasce da prosperidade e esta da adversidade. VIDE: ● Ex
adversis secunda, ex secundis adversa nascuntur.
1096. Adversa fortuna. A má sorte. O infortúnio.
● Adversa. VIDE: ● Adversae res.
1097. Adversa magnos probant. O infortúnio revela os
grandes homens. VIDE: ● Secunda felices, adversa
magnos probant.
1098. Adversa quae mutuo amici ferunt leviora sunt.
[Grynaeus 116] As dificuldades que os amigos
enfrentam ajudando-se mutuamente tornam-se mais
suaves.
1099. Adversa virtute repello. [Divisa] Com coragem,
enfrento a adversidade.
1100. Adversae res. A má sorte. VIDE: ● Adversa fortuna.
● Adversa.
1101. Adversae res admonent ad religionem. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 5.51.8] O infortúnio nos leva à
religião. ■ Na hora da aflição todo o mundo se lembra
de Deus. ■ O medo é o pai da crença.
1102. Adversante fortuna. Com a sorte contrariando.
1103. Adversante natura. Com a oposição da natureza.
Contra a vontade da natureza. ● Adversante et
repugnante natura. Quando a natureza se opõe e
repele. VIDE: ● Nihil decet invita Minerva, id est,
adversante et repugnante natura. ● Repugnante
natura, nihil medicina proficit.
1104. Adversarius vester diabolus tamquam leo rugiens
circuit, quaerens quem devoret. [Vulgata, 1Pedro 5.8]
O diabo, vosso adversário, anda ao redor de vós, como
um leão que ruge, buscando a quem possa tragar.
1105. Adversis etenim frangi non esse virorum. [Sílio
Itálico, Punica 10.617] Homens não se deixam abater
pela adversidade.
1106. Adverso flumine. Contra o fluxo do rio. Contra a
corrente. ● Adverso flumine remigare. Remar contra a
corrente. ■ Remar contra a água. ■ Remar contra a
maré. ● Adverso flumine niti. VIDE: ● Contra aquam
remigare. ● Contra impetum fluminis tendis.
● Contra ictum fluvii natare. ● Contra torrentem niti.
● Contra torrentem bracchia dirigere.
1107. Adversum me susurrabant omnes inimici mei.
[Vulgata, Salmos 40.8] Contra mim murmuravam todos
os meus inimigos.
1108. Adversum necessitatem ne dii quidem resistunt.
[Erasmo, Adagia 2.3.41] Ao inevitável nem mesmo os
deuses resistem. VIDE: ● Cum necessitate ne dii quidem
pugnant. ● Necesse ne vitet quidem vel Iuppiter.
● Necessitatem ne deos quidem cogere posse.
● Necessitatem ne dii quidem superant.
1109. Adversus aërem certare. [S.Agostinho, De Agone
Christiano 5.5] Lutar contra o ar.
1110. Adversus bonos mores. [Digesta 4.2.3.1; 47.10.15]
Contra os bons costumes.
1111. Adversus clavos calcitrare. [S.João Crisóstomo]
Dar chutes em pregos. ■ Dar murro em ponta de faca.
VIDE: ● Adversus stimulum ne calcitres. ● Contra
stimulum calcitrare.
1112. Adversus deum non oportet contendere. [Píndaro /
Schottus, Adagialia Sacra 97] Contra um deus não
convém lutar. ■ Contra a força não há resistência.
1113. Adversus doli exceptionem non dari
replicationem doli. [Digesta 44.4.4.13] Não se dá
réplica de dolo à exceção de dolo.
1114. Adversus experimenta pertinaces sumus. [Sêneca,
De Beneficiis 1.1] Contra as provações nós somos
persistentes.
1115. Adversus fiscum usucapio non procedit. [Digesta
41.3.18] Não cabe usucapião contra o patrimônio
público.
1116. Adversus fontes fluunt amnes. [Suidas / Albertatius
38] Os rios estão correndo para as fontes. (=Diz-se de
pessoa que diz ou faz algo contrário à razão). VIDE: ● Ad
locum unde exeunt flumina revertuntur ut iterum
fluant. ● Sursum versus fluminum feruntur fontes.
1117. Adversus hostes necessaria est ira. [Sêneca, De Ira
1.11] Contra os inimigos a cólera é inevitável.
1118. Adversus leonem capra pugnam non ineat.
[Suidas / Albertatius 40] Não vá a cabra lutar com o
leão. ■ Contra a força não há resistência. ● Adversus
leonem damae pugnam ineunt. [Apostólio 16.87] Os
gamos estão procurando briga com o leão. VIDE: ● Cum
sis nanus, cede. ● Nanus cum sis, cede. ● Ne ad
pugnam vocet aquilam luscinia. ● Ne capra contra
leonem pugnet. ● Non cum leone capra decertem
fero. ● Non cum leone caprea pugnare audeas.
● Pumilio cum sis, cede.
1119. Adversus miseros inhumanus est iocus.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 6.3.33] Chistes contra
infelizes são desumanos.
1120. Adversus numinis decretum nihil valet humana
providentia. [Grynaeus 771] Contra a decisão de um
deus, de nada vale a cautela do homem.
1121. Adversus omnes. Contra todos. Para com todos.
VIDE: ● Erga omnes.
1122. Adversus periculum naturalis ratio permittit se
defendere. [Gaio, Digesta 9.2.4] O direito natural
permite defender-se contra o perigo.
1123. Adversus solem loqui. [Rezende 155] Falar contra o
sol. (=Rebater verdade inegável. Falar contra pessoa
poderosa). ■ Negar a luz ao meio-dia. ● Adversus solem
ne loquaris, ne videlicet incidas in periculum.
[Grynaeus 212] Não falarás contra o sol para que não te
exponhas a perigo. ■ Não digas mal de el-rei nem entre
dentes, porque em toda parte tem parentes. ● Adversus
solem ne loquitor. [Erasmo, Chiliades 16] Não fales
contra o sol. ● Adversus solem ne loquere. VIDE: ● In
astra nunquam intende digitum.
1124. Adversus stimulos calces iaces. [Schottus, Adagia
247] Dás coices no aguilhão. ■ Dás murro em ponta de
faca. ● Adversus stimulum ne calcitres. [Binder,
Thesaurus 80] ■ Não dês coice contra o aguilhão. VIDE:
● Calcitrare contra acumina. ● Contra stimulum
calcitrare. ● Contra stimulos calces iacere. ● Durum
est tibi contra stimulum calcitrare. ● Inscitia est
adversum stimulum calces. ● Ne contra stimulum
calcitres.
1125. Advocati nascuntur, iudices fiunt. Advogados
nascem feitos, juízes fazem-se.
1126. Advocati temperent se ab iniuria. [Jur]
Abstenham-se os advogados da injúria.
1127. Advocatorum error litigatoribus non noceat.
[Codex Iustiniani 2.9.3] Que o erro dos advogados não
prejudique os litigantes.
1128. Advocatus diaboli. O advogado do diabo.
(=Advogado do diabo. 1.O encarregado de levantar
objeções contra a proposta de canonização de um santo.
2.Pessoa encarregada de opor e sustentar objeções a
qualquer tese. 3.Pessoa que sempre levanta dificuldades
ou cria objeções).
1129. Advocatus et non latro? Res miranda gentibus.
[DAPR 19] Advogado e não ladrão? É coisa que causa
admiração às pessoas. ■ Deus desavenha quem nos
mantenha. VIDE: ● Res miranda populo. ● Sanctus Yvo
erat Brito, advocatus et non latro, res miranda
populo.
1130. Advocatus non accusat. [Jur] O advogado não
acusa.
1131. Aedes sine libris est similis corpori sine spiritu.
Uma casa sem livros é semelhante a um corpo sem
alma.
1132. Aedibus in cinerem redactis sero infunditur aqua.
[Manúcio, Adagia 901] Tarde se joga a água quando a
casa já está reduzida a cinzas. ■ Casa roubada, trancas
à porta. VIDE: ● Aegroto mortuo, sero venit medicus.
● Medicina mortuorum sera est.
1133. Aedibus in nostris ego regem gessero sane.
[Pereira 98] Sem dúvida na minha casa serei o rei.
■ Cada um em sua casa é rei.
1134. Aedibus in nostris quae prava aut recta geruntur.
[Erasmo, Adagia 1.6.85] O que acontece de errado ou
de certo só se trata dentro de casa. ■ Cada um trate de si
e deixe os outros. ■ Roupa suja se lava em casa.
● Aedibus in propriis quae rectave, pravave fiant.
[Manúcio, Adagia 3] ● Aedibus in nostris quae prava
aut recta geruntur attendas, et extra non cures.
Presta atenção ao que de errado ou certo acontece em
nossa casa, e não cuides do que está fora. ● Aedibus in
nostris quae prava aut recta geruntur attendere fas
est. O correto é cuidar dentro de nossa casa do que de
errado ou certo acontece.
1135. Aedibus in propriis canis est mordacior omnis.
[Binder, Thesaurus 82] Todo cão em sua casa é mais
mordedor. ■ Em sua casa cada qual é rei. ■ Muito pode
o galo em seu poleiro. VIDE: ● Ante suas aedes semper
canis est animosius. ● Canis audax iuxta proprias
aedes. ● Canis domi ferocissimus.
1136. Aedificando fiunt aedificatores, et citharizando
citharistae. [S.Tomás de Aquino] Construindo é que se
fazem os construtores, e tocando cítara os citaristas.
1137. Aedificant domos, et non habitabunt. [Grynaeus
336] Constroem casas e não morarão nelas. ■ O bocado
não é para quem o faz.
1138. Aedificare in tuo proprio solo non licet quod
alteri noceat. [Jur / Broom 292] Não é permitido
edificar em teu próprio terreno o que pode prejudicar a
terceiro.
1139. Aedificate domos, et habitate; et plantate hortos,
et comedite fructum eorum. [Vulgata, Jeremias 29.5]
Edificai casas, e habitai-as, e plantai hortas, e comei o
seu fruto.
1140. Aedificatum solo, solo cedit. [Jur / Broom 309] O
que é construído no solo fica subordinado ao solo. VIDE:
● Aedificia solo cohaerent. ● Aedificia solo cedunt.
● Aedificium solo cedit. ● Omne quod inaedificatur
solo cedit.
1141. Aedificaturus turrem futuri operis sumptus
supputa. [S.Jerônimo / Stevenson 253] Quando fores
construir uma torre, estima a despesa da futura obra.
1142. Aedificia et lites pauperiem faciunt. [DAPR 146]
Obras e processos levam à pobreza. ■ Demandar e
urinar levam um homem ao hospital. ■ Quem faz casa
ou se casa, a bolsa arrasa. ● Aedificia et lites faciunt
pauperem. Obras e disputas fazem o homem pobre.
1143. Aedificia solo cohaerent. [Jur] O edifício está
ligado ao solo. ● Aedificia solo cedunt. [Jur / Black 70]
● Aedificium solo cedit. VIDE: ● Aedificatum solo, solo
cedit. ● Omne quod inaedificatur solo cedit.
1144. Aeger consulit medicum; medicus consulit aegro.
O doente consulta o médico; o médico consola o doente.
1145. Aeger dives habet nummos, se non habet ipsum.
[Dionísio Catão, Disticha 4.5] Um doente rico possui
dinheiro, mas não possui a si mesmo. VIDE: ● Cum
fueris locuples, corpus curare memento: aeger dives
habet nummos, sed se non habet ipsum.
1146. Aegis fortissima virtus. [Divisa] A virtude é um
escudo muito forte. ● Aegis fortissima honos. [Divisa]
A honra é um escudo muito forte. VIDE: ● Virtus mille
scuta.
1147. Aegre reprehendas, quod sinas consuescere.
[Publílio Siro] Dificilmente corrigirás o que deixares
tornar-se hábito.
1148. Aegre tegit prudentia immodicum dolorem.
[Pereira 109] A sabedoria com dificuldade esconde a
grande dor. ■ Leve é a dor que o siso encobre.
1149. Aegrescit medendo. [Virgílio, Eneida 12.46] Com o
tratamento fica mais doente. ■ Pior o remédio que o
mal. ■ Pior a cura que o mal.
1150. Aegri somnia. [Horácio, Ars Poetica 7] Delírios de
enfermo. VIDE: ● Tamquam aegri somnia. ● Velut aegri
somnia.
1151. Aegris nil movisse salus rebus. [Sílio Itálico,
Punica 7.395] Nos momentos difíceis nada fazer é a
salvação. ■ Deixar como está, para ver como fica.
1152. Aegritudines exedunt animos. As tristezas
arruínam os espíritos. ● Aegritudines exedunt
homines. As tristezas arruínam os homens. VIDE:
● Sollicitudines exedunt animos.
1153. Aegritudo autem in sapientem virum non cadit.
[Sêneca, De Clementia 2.5.4] A aflição não toma conta
do homem sábio.
1154. Aegro sanato frustra dices “numerato”. [Trench,
Proverbs 150] Ao doente curado é inútil dizer “paga”.
■ Quando o doente escapa, foi Deus que o salvou; e,
quando morre, foi o médico que o matou.
1155. Aegrotanti omnia amara. [Grynaeus 434] Tudo é
amargo para quem está doente.
1156. Aegrotare incipimus mox ubi nascimus.
[S.Agostinho, Psalmus 102] Começamos a ficar doentes
assim que nascemos.
1157. Aegrotat. Está doente. (=Nas Universidades de
Oxford e de Cambridge, um certificado de que o
estudante está doente e não pode comparecer ao exame).
1158. Aegrotat fama vacillans. [Lucrécio, De Rerum
Natura 1126] Uma reputação vacilante é sinal de
doença.
1159. Aegrotavit daemon, monachus tunc esse volebat;
daemon convaluit, daemon ut ante fuit. [CODP 65] O
diabo adoeceu, quis então ser monge; o diábo se curou,
continuou diabo como era antes. ■ O que o berço dá só a
cova o tira. VIDE: ● Cum languebat lupus, agnus ut
esse volebat; postquam convaluit, talis ut ante fuit.
● Daemon languebat, monachus bonus esse volebat;
sed cum convaluit, manet ut ante fuit. ● Lupus
languebat, monachus tunc esse volebat; sed cum
convaluit, lupus ut ante fuit.
1160. Aegroti curantur in libris, et moriuntur in lectis.
[Sydenhan / Benito Jerónimo Feijoo, Cartas 5.21] Os
doentes são tratados nos livros, e morrem nos leitos.
1161. Aegroto animo medicus est oratio. [Plutarco /
Grynaeus 45] A palavra é o médico do espírito doente.
■ Quais palavras te dizem, tal coração te fazem. VIDE:
● Animo aegrotanti medicus est oratio. ● Animo
laboranti medicus oratio est. ● Animo male affecto
sermones sunt medicinae. ● Nam pharmacum aegri
mentis est oratio.
1162. Aegroto dum anima est, spes est. [Erasmo, Adagia
2.4.12] Enquanto o doente tem vida, há esperança.
■ Enquanto há vida, há esperança. ■ Enquanto se vive,
se tem esperança. ■ De esperança vive o homem até a
morte. VIDE: ● Anima dum aegroto est, spes est. ● Dum
anima est, spes est. ● Dum spiramus, speramus.
● Dum spiramus, speremus. ● Dum spiro, spero.
● Dum vita est, spes est. ● Dum vivis, sperare decet.
● Dum vivo, spero. ● Modo liceat vivere, est spes.
1163. Aegroto mortuo, sero venit medicus. [Manúcio,
Adagia 901] Quando já está morto o doente, o médico
chega tarde. ■ Casa arrombada, tranca às portas. ■ Asno
morto, cevada ao rabo. VIDE: ● Aedibus in cinerem
redactis sero infunditur aqua.
1164. Aegrotus ieiunat ut valeat, fastidiosus ut appetat,
avarus ut parcat, hypocrita ut appareat.
[S.Agostinho, Ad Fratres in Eremo / Bernardes, Nova
Floresta 1.8] Jejua o enfermo para recuperar a saúde, o
enfastiado para abrir o apetite, o avarento para
economizar, o hipócrita para chamar atenção sobre si.
1165. Aegrotus non quaerit medicum eloquentem, sed
sanantem. O enfermo não procura um médico
eloqüente, mas um que cure. VIDE: ● Non quaerit aeger
medicum eloquentem, sed sanantem.
1166. Aemulantis angi alieno bono quod ipse non habet.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 4.56] É próprio do
invejoso sofrer com o bem alheio, que ele mesmo não
possui. ■ O invejoso emagrece de ver a gordura alheia.
VIDE: ● Obtrectantis est angi alieno bono.
1167. Aemulatio aemulationem parit. [Schrevelius 1170]
Competição gera competição.
1168. Aemulatio alit ingenia. A emulação alimenta o
talento. VIDE: ● Alit aemulatio ingenia. ● Aluntur
aemulatione ingenia.
1169. Aequa et iniqua. [Grynaeus 121] O justo e o injusto.
1170. Aequa lege Necessitas sortitur insignes et imos.
[Horácio, 3.1.14] A (deusa) Necessidade sorteia os
poderosos e os humildes de acordo com uma lei
imparcial.
1171. Aequa lege pauperi cum divite non licet. [Plauto,
Cistellaria 265] Lei igual para pobre e para o rico não
pode ser.
1172. Aequa mors est. [Sêneca, Troades 435] A morte é
imparcial. ■ A morte iguala todos os viventes.
1173. Aequa tellus pauperi recluditur regumque pueris.
[Horácio, Odes 2.18.32] A terra, imparcial, se abre tanto
para os filhos do pobre como para os dos reis. VIDE:
● Pallida mors aequo pulsat pede pauperum tabernas
regumque turres.
1174. Aequa Venus Teucris, Pallas iniqua fuit. [Ovídio,
Tristia 2.6] Vênus foi favorável aos troianos, Palas foi
desfavorável. ■ Quando uma porta se fecha, outra se
abre. VIDE: ● Mulciber in Troiam, pro Troia stabat
Apollo.
1175. Aequabiliter et diligenter. [Cícero, Ad Quintum
1.7.20] Com imparcialidade e diligência.
1176. Aequabit nigras candida sola dies. [Rezende 166]
Um só dia feliz compensará os dias maus. ● Aequabit
nigras candida una dies.
1177. Aequalem uxorem quaere. [Cleóbulo / Erasmo,
Adagia 1.8.1] Procura mulher igual a ti. ■ Casar, com os
da tua igualha. ■ Se queres bem casar, casa com o teu
igual. ■ Casar e compadrar, cada qual com seu igual.
■ Casar e viajar, cada qual com seu igual. ● Aequalem
tibi uxorem quaere. [Erasmo, De Ratione Studiorum /
Medina 609] ● Aequalem uxorem ducito. ● Aequalem
tibi mulierem inquire. [Albertatius 44] VIDE: ● Si qua
voles apte nubere, nube pari. ● Si quietem mavis, duc
uxorem parem. ● Si vis apte nubere, nube pari. ● Si
vis nubere, nube pari. ● Tuae sortis uxorem ducito.
● Uxorem duc ex aequalibus.
1178. Aequalis aequalem delectat. [Apostólio 9.78] Igual
tem prazer com seu igual. ■ Cada qual com seu igual.
■ Cada um procura o seu semelhante. ■ Todo pé aleijado
procura uma bota torta. ● Aequales aequalia delectant.
Os iguais gostam das mesmas coisas. VIDE: ● Cascus
cascam ducit. ● Cicada cicadae cara, formicae
formica. ● Pares cum paribus facillime congregantur.
● Simile gaudet simili. ● Similes similibus gaudent.
1179. Aequalis fuit in tanta inaequalitate fortunae.
[Sêneca, Epistulae Morales 104.28] Ele se manteve
constante no meio de tão grande inconstância da sorte.
(=O autor se refere a Sócrates).
1180. Aequalitas amicitia. [Apostólio 10.60] Amizade é
igualdade. ● Aequalitas est amicitia. [Schottus, Adagia
449] ● Aequalitas amicitiae auctor est. A igualdade é a
autora da amizade. VIDE: ● Amicitia, aequalitas.
1181. Aequalitas bellum non parit. [Solon / Apostólio
10.59] A igualdade não causa guerra. ■ Lobo não come
lobo. ● Aequalitas haud parit bellum. [Erasmo,
Adagia 4.2.96] ● Aequalitas non parit bellum.
● Aequalitas non facit bellum.
1182. Aequalitas ordinem nescit pati. [Ausônio, Ludus
Septem Sapientum, Solon 5] A igualdade não admite
classificação.
1183. Aequam memento rebus in arduis servare
mentem. [Horácio, Carmina 2.3.1] Lembra-te de
manter a mente tranqüila na adversidade. ● Aequam
servare mentem. [Divisa]. Manter a tranqüilidade.
1184. Aequanimiter. [Divisa] Com equanimidade.
1185. Aequat cum lucibus umbras. Iguala a sombra à luz.
■ Mistura verdes com maduras.
1186. Aequat omnes cinis. A cinza a todos iguala. ■ A
morte iguala todos os viventes. ● Aequat omnes cinis,
impares nascimur, pares morimur. [Sêneca, Epistulae
Morales 91.16] A cinza iguala a todos, nascemos
diferentes, morremos iguais. VIDE: ● Impares nascimur,
pares morimur.
1187. Aeque facilitas amoris, quam difficultas nocet.
[Sêneca, Epistulae Morales 116] Tanto a facilidade
como a dificuldade no amor são igualmente
prejudiciais.
1188. Aeque pars ligni curvi ac recti valet igni. [DAPR
399] Pedaço de madeira curvo ou reto serve igualmente
para o fogo. ■ Pau torto faz fogo direito.
1189. Aeque pauperibus prodest, locupletibus aeque.
[Horácio, Epistulae 1.1.25] Favorece igualmente ao
pobre e ao opulento.
1190. Aequilibrium indifferentiae. O equilíbrio das
forças.
1191. Aequiparat factum nobile velle bonum. [Pereira
93] Querer o bem equivale a uma ação nobre. ■ A boa
vontade supre a obra.
1192. Aequitas est iustitia dulcore misericordiae
temperata. [Jur] A eqüidade é justiça temperada com a
doçura da misericórdia.
1193. Aequitas est quasi aequalitas. [Jur / Black 70]
Eqüidade é como se fosse igualdade. (=Eqüidade é uma
espécie de igualdade ou equalização).
1194. Aequitas in dubio praevalet. [Jur] Em caso de
dúvida, prevalece a eqüidade.
1195. Aequitas in omnibus, in iudiciis maxime servanda
est. [Jur] Deve-se observar a imparcialidade em tudo,
principalmente nos julgamentos. ● Aequalitas in
omnibus, in iudiciis maxime servanda est. [Rezende
169]
1196. Aequitas in paribus causis, paria iura desiderat.
[Jur] Em causas iguais, a eqüidade deseja direitos
iguais.
1197. Aequitas lucet ipsa per se. A imparcialidade brilha
por si mesma. ● Aequitas lucet ipsa per se, dubitatio
cogitationem significat iniuriae. [Cícero, De Officiis
1.30] A imparcialidade brilha por si mesma; a indecisão
indica o propósito de injustiça.
1198. Aequitas nihil aliud est quam ius quod lex scripto
praetermisit. [Jur] A eqüidade não é senão o direito
que a lei omitiu no texto. ● Aequitas nihil aliud est
quam ius quod lex scripta praetermisit. A eqüidade
não é senão o direito que a lei escrita omitiu.
1199. Aequitas non facit ius, sed iuri auxiliatur. [Jur /
Black 70] A equidade não faz lei, mas assiste a lei.
1200. Aequitas nunquam contravenit leges. [Jur / Black
70] A eqüidade nunca contraria a lei.
1201. Aequitas praefertur rigori. [Jur] Prefere-se a
eqüidade ao rigor.
1202. Aequitas religio iudicantis. [Jur] A eqüidade é a
religião do julgador.
1203. Aequitas sequitur legem. [Jur / Black 70] A
eqüidade segue a lei.
1204. Aequitas supervacua odit. [Jur / Black 70] A
eqüidade detesta o supérfluo.
1205. Aequitas tollitur omnis, si habere suum cuique
non licet. [Cícero, De Officiis 2.78] Tira-se toda a
eqüidade, se não se permite a cada um ter o que é seu.
1206. Aequitatem ante oculos habere debet iudex. [Jur]
O juiz deve ter a eqüidade diante dos olhos.
1207. Aequitatem sequimur cum iure deficimur; ius
autem scriptum sequimur contra aequitatem. [Jur]
Seguimos a eqüidade quando a lei é omissa; porém
seguimos o direito escrito contra a eqüidade.
1208. Aequitatis ratio non patitur inaudita causa quem
condemnari. [Jur] A natureza da eqüidade não permite
que ninguém seja condenado sem ser ouvida a sua
causa.
1209. Aequo animo. Com a mente tranqüila. Com
serenidade. De bom grado.
1210. Aequo animo audienda sunt imperitorum
convicia. [Sêneca, Epistulae Morales 76.4] As queixas
dos ignorantes devem ser ouvidas com serenidade.
1211. Aequo animo esto, et noli pavere in corde tuo!
[Vulgata, Judite 11.1] Coragem! Não tenhas medo!
1212. Aequo animo excipe necessaria. [Sêneca, Epistulae
Morales 99] Suporta o inevitável com espírito sereno.
VIDE: ● Quod non queo mutare, fero aequo animo.
1213. Aequo animo poenam qui meruere ferunt.
[Ovídio, Amores 2.7.12] Os que merecem a punição
aceitam-na com o espírito sereno.
1214. Aequo animo qui malis miscetur, est malus.
[Publílio Siro] Quem se mistura com desonestos sem se
perturbar também é desonesto. ■ Cada um procura o seu
semelhante. ■ Dize-me com quem andas, dir-te-ei as
manhas que tens.
1215. Aequo Marte. [César, De Bello Gallico 7.19] Com
forças iguais.
1216. Aequo pede propera. [Divisa] Avança com passo
firme.
1217. Aequum aut iniquum regis imperium feras.
[Sêneca, Medea 195] Justa ou injusta, tu te submeterás à
ordem do rei. ■ Manda quem pode, e obedece quem tem
juízo. ■ Não faltará rei que vos mande, nem papa que
vos excomungue.
1218. Aequum est. É justo. VIDE: ● Par est.
1219. Aequum est, a quo quid velis, ad eum currere.
[Binder, Thesaurus 90] É justo que se corra àquele de
quem se quer alguma coisa. ■ Quem não pede, Deus não
ouve.
1220. Aequum est neminem cum alterius detrimento
locupletiorem fieri. [Digesta 12.6] É justo que ninguém
se torne mais rico com prejuízo de outrem.
1221. Aequum est ut quis participavit lucrum participet
et damnum. [Digesta 17.2.55] É justo que quem
participou do lucro participe também do prejuízo.
1222. Aequum et bonum colere. Cultuar a eqüidade e o
bem.
1223. Aequum et bonum est lex legum. [Jur / Black 71]
O justo e bom é a lei das leis.
1224. Aequum iudica. [Dionísio Catão, Monosticha 39]
Julga de acordo com o direito.
1225. Aër est onerosior igne. [Ovídio, Metamorphoses
1.51] O ar é mais pesado que o fogo.
1226. Aera Christiana. A era cristã.
1227. Aera lupinis distant. [Pereira 111] As moedas são
diferentes dos tremoços. (=Nas comédias usava-se o
tremoço, lupinus, para fingir que era dinheiro). ■ Muito
vai de alhos a bugalhos. VIDE: ● Nec tamen ignorat
quid distent aera lupinis. ● Quid distent aera lupinis!
1228. Aera nitent usu. [Ovídio, Amores 1.8.51] Os
bronzes brilham com o uso.
1229. Aerarii praefectus. O tesoureiro. ● Aerarii praetor.
[Tácito, Annales 1.75]
1230. Aere alieno premi. [César, De Bello Gallico 6.13]
Estar sobrecarregado de dívidas.
1231. Aere quandoque salutem redimendam. [Alciato,
Emblemata 153] Às vezes a segurança precisa ser
comprada com dinheiro.
1232. Aëre tranquillo remigas. [Manúcio, Adagia 180]
Navegas no bom tempo. (=A sorte está a teu favor).
1233. Aërem ferire. Bater no ar. (=Um ato inútil).
● Aërem verberare. [Polydorus, Adagia] VIDE: ● Actum
agere. ● Nebulas diverberas. ● Nebulas pectis.
1234. Aeris alieni comes miseria. [Binder, Thesaurus 91]
A miséria é companheira das dívidas. ■ Quem deve, não
dorme quando quer. ● Aeris alieni atque litis comitem
esse miseria est. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 7.32,
adaptado] Ser parceiro em dívida e em disputa judicial é
uma desgraça.
1235. Aerugo animi cura pecuniae. A preocupação com o
dinheiro é a ferrugem do espírito. ● Aerugo animi cura
peculii.
1236. Aerugo animi robigo ingenii. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy 1.2.2] A ferrugem da mente é a
destruição da inteligência.
1237. Aes alienum est quod nos aliis debemus; aes
suum, quod alii nobis debent. [Digesta 50.16.213.1]
Dívida é o que nós devemos a outros; crédito é o que
outros nos devem.
1238. Aes alienum faciendum puto. [Cícero, Ad Atticum
13.46] Julgo que há necessidade de pedir um
empréstimo.
1239. Aes alienum solvere. [Digesta 30.39.2] Pagar a
dívida.
1240. Aes debitorem leve, grave inimicum facit.
[Publílio Siro] Dívida pequena faz um devedor, dívida
grande faz um inimigo. ■ Dinheiro emprestaste, inimigo
ganhaste. VIDE: ● Leve aes alienum debitorem facit,
grave inimicum. ● Qui dat mutuum, amicum vendit,
inimicum emit.
1241. Aes formae speculum est, vinum mentis. [Ésquilo /
Bernardes, Nova Floresta 1.32] O bronze é o espelho do
rosto, o vinho é o espelho do coração. ■ O vinho é o
espelho da alma. VIDE: ● Vinum animi speculum.
● Vinum animi speculum, ingenii fontes. ● Vultus
speculum index ferreum, mentis merum.
1242. Aestas non semper fuerit; componite nidos.
[Hesíodo / Manúcio, Adagia 1055] O verão não durará
para sempre; construí vossos ninhos. ■ Mocidade
desprevenida, velhice arrependida. ■ Velho abandonado
não foi moço ajuizado. ● Aestas non semper durabit;
condite nidos. [Binder, Thesaurus 92] VIDE: ● Cum
ferrum candet, cudere quemque decet. ● Fronte
capillata, post est occasio calva. ● Non semper aestas
erit: venit hiems.
1243. Aestate cecinistis, hieme igitur saltate. [Esopo /
Grynaeus 269] No verão cantastes, dançai, pois, no
inverno. ● Aestate cantasti, hieme tripudiasti.
[Apostólio 7.91] No verão cantaste, no inverno bailaste.
VIDE: ● Proxima aestate cecinistis, nunc choros
ducitote. ● Si aestate cecinisti, hieme salta.
1244. Aestatem temperat umbra. A sombra acalma o
verão.
1245. Aestatis hirundo est nuntia. [Grynaeus 554] A
andorinha é a anunciadora do verão. VIDE: ● Hirundo
aestatem loquitur. ● Nova hirundo veris est initium.
1246. Aestimare magni aliquid. Dar grande valor a
alguma coisa. VIDE: ● Quisque aestimat magni illud
ipsum quo caret.
1247. Aestimatio capitis. A estimativa da cabeça. (=O
preço ou valor de um homem). VIDE: ● Pretium hominis.
1248. Aestimes iudicia, non numeres. [Sócrates / Sêneca,
Epistulae Morales 29.12] Pesarás as opiniões dos
homens, não as contarás.
1249. Aestuat ingens imo in corde pudor. [Virgílio,
Eneida 12.666] No fundo do coração, ferve um grande
pudor.
1250. Aetas acta honeste et splendide. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.25] Uma vida vivida com
honestidade e brilho.
1251. Aetas alia ex alia oritur. [Grynaeus 559] Uma
época nasce da outra.
1252. Aetas Augusti. A época de Augusto.
1253. Aetas cinaedum celat, aetas indicat. [Publílio Siro]
O tempo oculta o libertino, o tempo o revela. VIDE:
● Astus cinaedum celat, aetas indicat.
1254. Aetas cito pede praeterit. [Inscrição em quadrante
solar] O tempo nos escapa a passo rápido.
1255. Aetas enim excusationem meretur. [Digesta
29.5.1.32] A idade merece ser desculpada.
1256. Aetas mala est, merx mala ergo est. [Plauto,
Menaechmi 674] (A velhice) é uma idade ruim, é
portanto um mau negócio. ■ A velhice é um pesado
fardo. VIDE: ● Aetas senilis mala merx.
1257. Aetas media tutissima est, quae neque iuventae
calore, neque senectutis frigore infestatur. [Celso, De
Medicina 2.1.5] A meia idade é a mais segura, pois não
é atacada nem pelo calor da juventude nem pelo frio da
velhice.
1258. Aetas parentum, peior avis. [Horácio, Carmina
3.6.46] O tempo de nossos pais era pior do que o dos
nossos avós.
1259. Aetas semper apportat aliquid novi. [Binder,
Medulla 27] O tempo sempre traz alguma novidade.
● Aetas semper aliquid novi affert.
1260. Aetas senilis mala merx. [DAPR 659] A velhice é
uma mercadoria ruim. ■ A velhice é um pesado fardo.
VIDE: ● Aetas mala est, merx mala ergo est.
1261. Aetate et usu doctus. [Tito Lívio, Ab Urbe Comdita
4.46; 7.38] Instruído pelo tempo e pela experiência.
VIDE: ● Doctus usu.
1262. Aetate fruere: mobili cursu fugit. [Sêneca,
Hippolytus 446] Aproveita a juventude: ela foge em
rápida carreira.
1263. Aetate nostra. Em nosso tempo. Na nossa época.
VIDE: ● Nostra aetate.
1264. Aetate prudentiores reddimur. [Erasmo, Adagia
3.9.57] Com a idade ficamos mais ajuizados. ■ Com os
anos vem o siso. ● Aetate prudentiores sumus.
1265. Aetate sapimus rectius. [Terêncio, Adelphi 832]
Com a idade ficamos mais sábios. ■ Com os anos vem o
siso. ● Aetate recte sapimus. [DAPR 609]
1266. Aetatem animae numeramus, non pro ratione
temporis, sed pro qualitate virtutis. [S.Ambrósio /
Bernardes, Nova Floresta 1.280] A idade da alma não se
conta pelo tempo, mas pelas virtudes. VIDE: ● Senectus
non annis computanda, sed factis.
1267. Aetatem habet, ipse de se loquatur. [Vulgata, João
9.21] Ele idade tem: que fale ele mesmo de si.
1268. Aetatem habet, ipse sibi consulet expertus.
[Pereira 93] O homem experimentado já tem idade para
aconselhar-se a si mesmo. ■ A boi velho não busques
abrigo.
1269. Aetatis cuiusque notandi sunt tibi mores.
[Horácio, Ars Poetica 156] Os costumes de cada época
devem ser observados por ti.
1270. Aetatis suae. De sua idade.
1271. Aeterna sapientia lucet. A sabedoria brilha eterna.
VIDE: ● Forma bonum fragile est, aeterna sapientia
lucet.
1272. Aeterna urbs. [Tibulo, Elegiae 2.5] A cidade eterna.
(=Roma).
1273. Aeternum fieri nihil. [Sêneca, Hercules Oetaeus
1035] Nada é eterno.
1274. Aeternum tibi dapinabo victum, si vera autumas.
[Plauto, Captivi 827] Eu te darei um banquete eterno, se
me dizes a verdade.
1275. Aeternum servans sub pectore vulnus. [Virgílio,
Eneida 1.36] Guardando no fundo do coração sua eterna
ferida.
1276. Aeternum tenet per saecula nomen. [Virgílio,
Eneida 6.235] Através dos séculos mantém um nome
eterno.
1277. Aeternum vale! [Virgílio, Eneida 11.98] Adeus para
sempre! VIDE: ● Supremum vale.
1278. Aethiopem dealbas. [Erasmo, Adagia 1.4.50]
Branqueias um etíope. (=Trabalhas em vão). ■ Carregas
água em balaio. ● Aethiopem lavas. [Apostólio 1.98]
● Aethiopem abstergis. [Schottus, Adagia 341]
● Aethiopem amne lavas. [Schottus, Adagia 589] Lavas
um etíope no rio. VIDE: ● Aquilam volare doces.
1279. Aethiopem ex vultu iudico. [Erasmo, Adagia
1.9.38] Pelo rosto reconheço o etíope. ■ Pela casca se
conhece o pau. ■ Pela voz se conhece o músico.
● Aethiopem de facie. [Schottus, Adagia 220]
1280. Aethiops non albescit. [Apostólio 1.95] O etíope
não fica branco. ■ Ninguém sai da sua pele. ■ Natural e
figura, até a sepultura. ■ O leopardo não pode mudar
suas malhas. ■ O que o berço dá só o túmulo tira.
● Aethiops non candescit. [Manúcio, Adagia 992] VIDE:
● Abluis Aethiopem frustra. ● Abluis Aethiopem quid
frustra? ● Mutare non potest Aethiops pellem suam.
● Mutare non potest pardus varietates suas. ● Si
mutare potest Aethiops pellem suam, aut pardus
varietates suas, et vos poteritis benefacere cum
didiceritis malum. ● Pardus maculas non deponit.
● Vestem mutare potest Aethiops, faciem non potest.
1281. Aevo rarissima nostro simplicitas. [Horácio, Ars
Poetica 1.242] A sinceridade é muito rara no nosso
tempo.
1282. Affatim si cui fortuna est, interitum non longe
habet. [Publílio Siro] Se a sorte está muito favorável a
alguém, sua morte não está longe. ■ A fortuna é vária:
hoje a favor, amanhã contrária.
1283. Affectio possidendi. [Jur] A vontade de possuir.
1284. Affectio societatis. [Jur] A vontade de constituir
uma sociedade.
1285. Affectio tenendi. [Jur] O desejo de reter a coisa.
1286. Affectus cito cadit, aequalis est ratio. [Sêneca, De
Ira 1.17.5] A paixão logo se esvazia; a razão é
constante.
1287. Affectus non punitur, nisi sequatur effectus.
[Binder, Thesaurus 97] Não se pune a intenção, se não
se segue o efeito. ● Affectus punitur licet non
sequatur effectus. [Jur / Black 72] Pune-se a intenção,
mesmo que não ocorra o resultado desejado.
1288. Affectus quidem tam mali ministri quam duces
sunt. [Sêneca, De Ira 1.9.4] Os impulsos são tão maus
como servidores quanto como chefes.
1289. Affectuum omnium capita sunt delectatio et
dolor. As fontes de todas as paixões são o prazer e a
dor.
1290. Afficere aliquem contumelia. Fazer uma afronta a
alguém.
1291. Afficere poena. Aplicar uma punição.
1292. Afficiunt corpora fames et sitis. [Tito Lívio, Ad
Urbe Condita 28.15, adaptado] A fome e a sede
enfraquecem os corpos.
1293. Affidavit. [Jur] Deu fé. Certificou. Confirmou.
1294. Affinem nullum dives avarus habet. [Rezende 185]
O avarento rico não tem nenhum parente. ■ O avarento
rico não tem parente nem amigo.
1295. Affines inter se non sunt affines. [Jur] Os afins não
são afins entre si.
1296. Affines sunt viri et uxoris cognati. [Digesta
38.10.4.3] Afins são os parentes do marido e da mulher.
1297. Affinitas affinitatem non parit. [Jur] Um
parentesco por afinidade não gera outro. ● Affinitas
affinitatem non generat.
1298. Affinitas et invidere sunt simul. [Schottus, Adagia
623] Parentesco e inveja andam juntos. ■ Não se tem
inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e a
chegados.
1299. Affirmans probat. [Jur] Quem afirma prova.
● Affirmans probet. Prove quem afirma.
1300. Affirmanti, non neganti, incumbit probatio. [Jur /
Black 75] Ao que afirma, não ao que nega, incumbe a
prova. ● Affirmantis est probare. [Jur / Black 75]
Provar cabe ao que afirma. ● Affirmanti incumbit
probatio. A prova cabe a quem afirma. ● Alleganti
probatio incumbit. VIDE: ● Ei incumbit probatio, qui
dicit, non qui negat. ● Factum asseverans onus subit
probationis. ● Probatio incumbit asserenti.
1301. Affirmatio unius exclusio est alterius. [Jur] A
afirmação de uma coisa é a exclusão da outra.
1302. Afflavit Deus et dissipati sunt. [Inscrição em
medalha] Deus soprou, e eles foram destruídos.
(=Refere-se à destruição da Invencível Armada, em
1588).
1303. Afflictatio facit religiosos. O sofrimento faz os
religiosos.
1304. Afflictis longae, celeres gaudentibus horae.
[Inscrição em quadrante solar / DAPR 696] Longas para
os aflitos, as horas são céleres para os jubilosos. ■ O
tempo voa para quem goza, arrasta-se para quem
padece. ■ Estou cuidando como o tempo passa, / e quão
escassa é toda alegre vida, / e quão comprida, quando é
triste e dura. [Camões] ● Afflictis lentae, celeres
gaudentibus horae. [Inscrição em quadrante solar]
Lentas para os aflitos, as horas são céleres para os
felizes. ● Afflictis lentae. [Inscrição em quadrante solar]
Para quem padece (as horas são) lentas.
1305. Afflicto non est addenda afflictio. [Jur] Não se
deve dar mais aflição ao aflito. ● Afflicto non est danda
afflictio. [Rezende 188] ● Afflictis non est addenda
afflictio. [Mota 134] Não se deve dar mais aflição aos
aflitos.
1306. Affligetur malo, qui fidem facit pro extraneo.
[Vulgata, Provérbios 11.15] Aquele que se faz
responsável por um estranho cairá na desventura.
1307. Africa semper aliquid affert mali. [Schottus,
Adagia 183] A África sempre traz alguma notícia má.
VIDE: ● Ex Africa semper aliquid novi. ● Fert Africa
noxia semper. ● Semper affert Lybia mali quippiam.
● Semper Africa aliquid novi affert. ● Semper Africa
gignit aliquid mali. ● Semper Africa novi aliquid
apportat. ● Semper aliquid novi affert Africa.
● Semper aliquid novi Africam afferre. ● Vulgare
Graeciae dictum, semper Africam aliquid novi
afferre.
1308. Agamus pingui Minerva. [Polydorus, Adagia]
Usemos o simples bom-senso.
1309. Age, libertate Decembri utere! [Horácio, Sermones
2.7.4] Vamos, aproveita da liberdade de dezembro.
(=Dezembro era o mês das Satunais).
1310. Age magna, non magna pollicens. [Sixto Pitagórico
/ Bernardes, Luz e Calor 1.223.118] Faze coisas
grandes, mas não as prometas.
1311. Age nunc principalem veniamus ad causam.
[S.Agostinho, Epistulae 50] Agora vamos ao que
interessa.
1312. Age quid libet. Faze o que te agrade.
1313. Age quod agis. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 3.47.2] Faze o que estás fazendo. (=Concentra-te
na tarefa atual). ■ Não se pode tocar o sino e
acompanhar a procissão. VIDE: ● Tu fac, quod facis.
1314. Age quod agis, et sine loqui. Faze o que estás
fazendo, e deixa falarem.
1315. Age sic alienum, ut tuum non obliviscaris
negotium. [Cecílio Balbo] Cuida do negócio alheio de
tal maneira que não te esqueças do teu.
1316. Age, si quid agis. [Plauto, Miles Gloriosus 217;
Epidicus 196; Persa 659] Se fazes alguma coisa, faze-a
logo. ■ Mãos à obra! VIDE: ● Fac, si facis.
1317. Age sis, tu sine pennis vola. [Plauto, Asinaria 93]
Está bem, mas tu primeiro voa sem asas.
1318. Age ut omnia sint parata. Cuida para que tudo
fique pronto. VIDE: ● Da operam ut omnia sint parata.
1319. Agenda. Coisas que devem ser feitas. (=Agenda.
Caderneta em que se aponta dia a dia o que se tem de
fazer). VIDE: ● Facienda.
1320. Agens et consentiens eadem poena digni. [Binder,
Thesaurus 100] O agente e o consentidor merecem a
mesma pena. ■ Tão bom é o ladrão como o consentidor.
● Agentes et consentientes pari poena puniendi.
[Medina 582] Os que fazem e os que consentem devem
ser punidos com pena igual. ● Agentes et consentientes
pari poena plectuntur. Os que fazem e os que
consentem são castigados com pena igual. ● Agentes et
consentientes pari poena puniuntur. [Mota 216]
● Agentes et consentientes pari poena digni. Os que
fazem e os que consentem merecem punição igual. VIDE:
● Consentientes et agentes pari poena plectuntur.
● Consentientes et cooperantes pari poena sunt
plectendi. ● Consentientes et facientes pari poena
sunt plectendi. ● Facientem et consentientem par
poena constringit. ● Non solum qui male agunt, sed
qui consentiunt facientibus, digni sunt poena. ● Par
poena agentes et consentientes comprehendit. ● Qui
talia agunt digni sunt morte; et non solum qui ea
faciunt, sed etiam qui consentiunt facientibus.
● Utrique sunt fures, et qui accipit, et qui furatur.
1321. Agens non datur sine patiente. [Signoriello 233]
Não existe agente sem paciente.
1322. Ager, quamvis fertilis, sine cultura fructuosus
esse non potest. [Cícero, Tusculanae Disputationes
2.14] Um campo, por mais fértil que seja, sem cultivo
não pode ser produtivo. ■ Não há lucro sem trabalho.
VIDE: ● Ut ager, quamvis fertilis, sine cultura
fructuosus esse non potest, sic sine doctrina animus.
1323. Ager publicus. Terra pública.
1324. Ager spurcus sterilis est. O campo coberto de ervas
daninhas é estéril.
1325. Agere Bacchanalia. [Pereira 105] Festejar as
Bacanais. VIDE: ● Agitare Dionysia.
1326. Agere causam. Defender uma causa.
1327. Agere considerate pluris est quam cogitare
prudenter. [Cícero, De Officiis 1.160] Agir com
prudência vale mais que pensar com prudência.
1328. Agere etiam is videtur qui exceptione utitur, nam
reus in exceptione actor est. [Ulpiano, Digesta 44.1.1]
Considera-se que também aciona quem opõe exceção,
pois na exceção o réu passa a autor.
1329. Agere flammam. Alimentar a chama.
1330. Agere gratias. Agradecer.
1331. Agere invitus nemo compellitur. [Jur] Ninguém é
obrigado a demandar, contra a vontade.
1332. Agere, non loqui. [Divisa do Conde de Figueiredo /
Rezende 195] Agir, não falar. ■ Atos, não palavras.
■ Obras falam, palavras calam. VIDE: ● Res, non verba.
1333. Agere publicum ministerium. [Valério Máximo,
Facta et Dicta Memorabilia 7.3.9] Exercer uma função
pública.
1334. Agere sequitur credere. O agir acompanha o crer.
1335. Agere volentem semper meditari decet. [Ausônio,
Ludus Septem Sapientum, Periander 10] A quem quer
fazer alguma coisa sempre convém refletir.
1336. Agitare Dionysia. [Pereira 105] Festejar as
Dionísias. (=1.Dionísias, festas em honra de Dioniso, na
antiga Grécia. 2.Dioniso, nome grego de Baco). VIDE:
● Agere Bacchanalia.
1337. Agitatur vento. [Grynaeus 355] Agita-se com o
vento. (=Não tem opinião firme). VIDE: ● Animo nunc
huc, nunc fluctuat illuc.
1338. Agite gratias Domino bonorum omnium largitori.
[RSA 49] Dai graças ao Senhor, que é o distribuidor de
todos os bens.
1339. Agninis lactibus alligare canem. [Erasmo, Adagia
4.9.94] Amarrar o cão com tripas de carneiro. VIDE:
● Alligem fugitivam canem agninis lactibus.
1340. Agninis moribus homines. [Schottus, Adagia 354]
Homens de costumes de cordeiros. (=Homens calmos,
pacíficos, honestos).
1341. Agnosce me fratrem; agnosco te fratrem.
[S.Agostinho, Sermo 358] Reconhece-me como teu
irmão, e eu te reconheço como meu irmão. VIDE: ● Esto
frater meus, et ego sim frater tuus, ut ambo simus
eius qui Dominus est et meus et tuus.
1342. Agnosci amat, qui quod agit ostendit. [DM 54]
Quem divulga o que faz gosta de ser reconhecido.
1343. Agnosco veteris vestigia flammae. [Virgílio,
Eneida 4.23] Reconheço os vestígios da minha velha
chama. ■ Onde houve fogo, sempre sobram cinzas. ■ O
primeiro amor nunca se esquece.
1344. Agnovi erratum meum. [Cícero, Ad Atticum
16.6.5] Reconheci meu engano.
1345. Agnovisti, fili, nostrum regnum esse nobilem
servitutem? [Rezende 200] Percebeste, meu filho, que
o meu governo é uma nobre servidão? (=Palavras do rei
Antígono a seu filho). VIDE: ● An non novisti, fili,
nostrum regnum esse nobilem servitutem?
1346. Agnum lupo eripere velle. Querer arrancar o
cordeiro ao lobo. (=Querer coisa impossível). VIDE:
● Lupo agnum eripere postulant.
1347. Agnum lupus vorat. O lobo devora o cordeiro.
■ Quem se faz de cordeiro, o lobo o devora.
1348. Agnus Dei. [Da liturgia católica] O cordeiro de
Deus. VIDE: ● Ecce agnus Dei, ecce qui tollit peccatum
mundi.
1349. Agrestem ne contemnas oratorem. [Apostólio
1.28] Não desprezes o orador rústico. ■ Debaixo de ruim
capa há um bom dizedor. ■ As aparências enganam.
● Agrestem ne contemneres rhetorem. [Schottus,
Adagia 335] VIDE: ● Ne rusticanum temne, sodes,
rhetorem. ● Ne tenues fastidiamus. ● Philosophantem
rhetorem intellegunt pauci, loquentem rusticum
multi. ● Rusticanum oratorem ne contempseris.
● Rusticum ne contempseris rhetorem. ● Rusticum
noli rhetorem contemnere.
1350. Agri non omnes frugiferi sunt qui coluntur.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 2.13] Nem todos os
campos que se cultivam são produtivos.
1351. Agricola semper dives annum in proximum.
[Schottus, Adagia 38] O camponês sempre (será) rico
no próximo ano. ● Agricola semper in futurum dives
est. [Apostólio 1.56] VIDE: ● Semper agricola dives in
novum annum. ● Semper rusticus in sequentem
annum est dives.
1352. Agricolae ad duas metas dirigere debent, ad
utilitatem et voluptatem; utilitas quaerit fructum,
voluptas delectationem. [Varrão, De Agri Cultura 1.4]
Os agricultores devem visar a dois objetivos: a utilidade
e o prazer; a utilidade busca o lucro, o prazer busca a
satisfação.
1353. Agros et civitates sapientia, et navim gubernat.
[Schrevelius 1171] A sabedoria pilota tanto os campos e
as cidades como o navio.
1354. Agunt opus suum fata. [Sêneca, De Consolatione
21.7] O destino cumpre sua tarefa.
1355. Ais, aio; negas, nego. [Bernardes, Nova Floresta
2.242] Dizes que sim, digo eu também; não queres, eu
também não quero. VIDE: ● Negat quis, nego; ait, aio.
1356. Ait praetor: si non habebunt advocatum, ego
dabo. [Ulpiano, Digesta 3.1.1.4] Diz o pretor: Se não
tiverem advogado, eu lhes darei.
1357. Aiunt divinare sapientem. [S.Jerônimo] Dizem que
o sábio sabe prever.
1358. Aiunt enim multum legendum, non multa. [Plínio
Moço, Epistulae 7.9.15] Dizem que se deve ler muito,
não muitas coisas. ■ Livros e amigos, poucos e bons.
VIDE: ● Multum legendum, non multa. Deve-se ler
muito, mas não muitas coisas.
1359. Aiunt fertiles in Oceano iacere terras ultraque
Oceanum rursus alia litora, alium nasci orbem.
Facile ista finguntur, quia Oceanus navigari non
potest. [Sêneca Retórico, Suasoriae 1.1.1] Dizem que
há terras férteis no oceano, e que além do oceano há
outras praias, começa outro mundo. É fácil fantasiar
essas coisas, pois o oceano não pode ser navegado.
1360. Aiunt solere senem rursum repuerascere. [Plauto,
Mercator 295] Dizem que o velho costuma voltar a ser
criança. ■ O velho torna a engatinhar. VIDE: ● Bis puer
senex. ● Bis pueri senes. ● Senectus est velut altera
pueritia. ● Senes bis pueri. ● Senex bis puer.
1361. Alas accidere. [DAPR 43] ■ Cortar as asas.
1362. Alata aetas. [Binder, Thesaurus 104] O tempo tem
asas.
1363. Alauda non est sine crista. [Grynaeus 360] Não há
andorinha sem crista. ■ A acha sai ao madeiro. ■ Filho
de gato mata rato. VIDE: ● Nec alauda est absque crista.
1364. Alba avis. [Cícero, Ad Familiares 7.28.2] Um
pássaro branco. (=Um fato favorável. Algo raro).
1365. Alba avis volabat. [Schottus, Adagia 645] Uma ave
branca estava voando. (=A sorte estava favorável).
1366. Alba charta. [VES 19] O papel branco. A carta
branca. (=Carta branca. Autorização plena dada a
alguém para agir como achar conveniente).
1367. Alba decent fuscas. [Ovídio, Ars Amatoria 3.191] O
branco assenta bem nas morenas.
1368. Alba ligustra cadunt, vaccinia nigra leguntur.
[Virgílio, Eclogae 2.18] As brancas alfenas caem,
colhem-se as negras bagas. ■ A alva neve pisam-na os
cavalos, a pimenta negra, comem-na os fidalgos.
1369. Alba linea signare. [DAPR 496] Assinar com linha
branca. ■ Passar a esponja em algo.
1370. Alba nautis stella refulsit. [Horácio, Carmina
1.12.27] A estrela branca brilhou para os marinheiros.
1371. Alba sicut nix. [Vulgata, Mateus 17.2] Brancas
como a neve.
1372. Albae gallinae filius. [Erasmo, Adagia 1.1.78] Filho
de uma galinha branca. (=Um homem de sorte). VIDE:
● Filius gallinae albae. ● Tu gallinae filius albae, nos
viles pulli nati infelicibus ovis?
1373. Albo corvo rarior. Mais difícil de encontrar que um
corvo branco. VIDE: ● Aquila alba. ● Corvo quoque
rarior albo. ● Corvus albus.
1374. Albo lapillo notare diem. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 7.40.41] Marcar o dia com uma pedra branca.
(=Considerá-lo feliz). ● Albo notanda lapillo dies. Dia
que se deve marcar com uma pedra branca. (=Um dia
feliz). ● Albo notanda dies lapillo. [Júlio Ribeiro, A
Carne, Capítulo 13] ● Albo signanda lapillo dies. VIDE:
● Dies albo notanda lapillo. ● Dies albo signanda
lapillo. ● Dies aureo signanda lapillo.
1375. Album calculum addere. [Erasmo, Adagia 1.5.53]
Colocar uma pedrinha branca. (=Aprovar. Absolver).
1376. Album colorem ab atro non distinguit. [Grynaeus
432] Ele não faz distinção entre o branco e o preto.
1377. Album nigrum et de nigro album. Fazer do branco
preto e do preto branco.
1378. Album tibi panem pinso. [Dumaine 238] Estou
preparando pão branco para ti.
1379. Albus an ater sit ignoras. [Cícero, Philipicae
2.16.41] Não sabes se é branco ou preto. (=Não lhe dás
a menor importância). ● Albus an ater sit, nescio.
[Erasmo, Adagia 1.6.99] Não sei se é branco ou preto.
● Albus an ater sit non curo. Não me importo se é
branco ou preto.
1380. Albus aterve. Branco ou preto. (=É indiferente).
● Albus aut ater.
1381. Albus calculus. Uma pedrinha branca. (=Um
homem feliz).
1382. Albus dies. [Grynaeus 105] Um dia branco. (=Um
dia feliz. Um dia favorável).
1383. Albus Liber. [Jur / Black 88] Livro Branco. (=Um
livro antigo contendo uma compilação da lei e dos
costumes da cidade de Londres).
1384. Alcinoo poma dare. [Ovídio, Ex Ponto 4.2.10] Dar
frutas a Alcínoo. (=Alcínoo era festejado pelo seu amor
à agricultura). ■ Levar água ao mar. ■ Levar ferro a
Biscaia. VIDE: ● Crocum in Ciliciam ferre. Noctuas
Athenas afferre. ● Noctuas Athenas portare.
● Noctuas Athenas mittere. ● Noctuam Athenas.
● Noctuas Atheniensibus.
1385. Ale flammam. [Divisa] Alimenta a chama. VIDE:
● Alere flammam.
1386. Ale luporum catulos. [Erasmo, Adagia 2.1.86]
Alimenta filhotes de lobos. ■ Acalenta a serpente, que
ela te dará o pago. ■ Criai o corvo, tirar-vos-á os olhos.
● Ale catulos lupi. [Pereira 100] Alimenta filhotes do
lobo. VIDE: ● Alis catulos lupi. ● Alis luporum catulos.
● Colubram foves in sinu. ● Colubrum foves in sinu.
● Colubrum in sinu fove. ● Pabula da corvis, dement
tibi lumina corvi. ● Pasce canes qui te lanient. ● Tu
viperam sub alis nutricas. ● Tu viperam sub ala
nutricaris. ● Viperam sub ala nutricaris.
1387. Alea fortunae fortes examinat; aurum in fornace,
fides anxietate nitet. A imprevisibilidade da sorte
prova os fortes; o ouro se mostra na fornalha, a
fidelidade, no sofrimento.
1388. Alea iacta est. O dado está lançado. ■ O jogo está
feito! ■ A sorte está lançada! ■ Agora seja o que Deus
quiser! ● Alea iacta esto. [Erasmo] Que o dado seja
lançado. VIDE: ● Iacta alea est! ● Omnem iacere aleam.
1389. Alea non facit omnia. Não é a sorte que decide
tudo.
1390. Alea turpis, turpe et adulterium mediocribus.
[Juvenal, Satira 11.174] Os jogos de azar são indecentes
para os medíocres, o adultério também.
1391. Alea, vina, Venus, per quae sum factus egenus.
[Stevenson 931] Jogo, vinho, amor, por causa deles
fiquei na miséria. ■ Jogo, mulher e bebida, casa
perdida. VIDE: ● Dives eram dudum, fecerunt me tria
nudum: alea, vinum, Venus, per quae sum factus
egenus. ● Haec tria perdunt hominem: vinum,
femina, tesserae. ● Vinum, mulier, tesserae: tria
mala.
1392. Aleam emere. [Binder, Thesaurus 110] Comprar um
dado de jogar. (=Comprar correndo risco). ■ Comprar
nabos em saco.
1393. Aleam fuge. [Dionísio Catão, Monosticha 47] Foge
dos jogos de azar.
1394. Aleam invenit daemon. [S.Agostinho / Stevenson
571] Foi o diabo que inventou o dado.
1395. Aleator quanto in arte est melior, tanto est
nequior. [Publílio Siro] Quanto mais habilidoso o
jogador, mais perigoso.
1396. Alere flammam. [Divisa] Alimentar a chama.
Manter viva a chama. Alere flammam veritatis.
[Divisa] Manter viva a chama da verdade. VIDE: ● Ale
flammam.
1397. Alexander victor tot regum atque populorum irae
succubuit. [Sêneca, Epistulae Morales 113.29]
Alexandre, vencedor de tantos reis e povos, sucumbiu à
ira.
1398. Alga vilior. Vale menos que uma alga. ■ Não vale
um caracol. VIDE: ● Vilior alga.
1399. Alget qui non ardet. [Divisa / Stevenson 1864]
Quem não arde, fica gelado.
1400. Alia aestivo, atque hiberno tempore fiunt.
[Manúcio, Adagia 315] No verão fazem-se coisas
diferentes das que se fazem no inverno. ■ Cada coisa a
seu tempo. ■ Todas as coisas têm seu tempo, e os nabos
no Advento. ● Alia aestate, alia hieme. [Pereira 123]
Algumas coisas no verão, outras no inverno. VIDE: ● Alia
hieme, alia aestate. ● Nonne videmus alia florere
verno tempore, alia aestivo?
1401. Alia aetas alios mores postulat. [Medina 602]
Época diferente exige costumes diferentes. ■ Os tempos
não são iguais. ■ Outros tempos, outros costumes. VIDE:
● Aliam aetatem alia decent.
1402. Alia aliis placent. [Grynaeus 585] Coisas diferentes
agradam a pessoas diferentes. ■ Cada qual com seu
gosto. ■ Cada um é um. ● Alia apud alios bona.
[Erasmo, Chiliades 32] Entre pessoas diferentes são
consideradas boas coisas diferentes. ● Alia aliis
conveniunt. A pessoas diferentes convêm coisas
diferentes. VIDE: ● Alii aliis rebus delectantur. ● Aliis
alia placent. ● Delectant alia alios.
1403. Alia clariora, alia maiora. [Plínio Moço, Epistulae
3.16.1] Umas ações são mais famosas, outras são mais
importantes.
1404. Alia claritas solis, alia claritas lunae, et alia
claritas stellarum. [Vulgata, 1Coríntios 15.41] Uma é a
claridade do sol, outra é a claridade da lua, e outra a
claridade das estrelas. VIDE: ● Stella enim a stella differt
in claritate.
1405. Alia committenda, alia celanda. [Erasmo, Adagia
3.10.20] Umas coisas devem-se dizer, outras, ocultar.
VIDE: ● Alia dicenda, alia reticenda.
1406. Alia condicio oratorum, alia poëtarum. [Plínio
Moço, Epistulae 9.26.8] Uma é a liberdade dos
oradores, outra a dos poetas.
1407. Alia dantur, alia negantur. [Erasmo, Adagia 3.9.1]
Algumas coisas se concedem, outras se recusam.
1408. Alia diaeta, vita et alia. [Schottus, Adagia 619]
Dieta diferente, vida também diferente. VIDE: ● Alia vita,
alia diaeta. ● Alia vita, alius victus.
1409. Alia dicenda, alia reticenda. [Homero / Dumaine
247] Há coisas que devem ser ditas, outras que devem
ser caladas. VIDE: ● Alia committenda, alia celanda.
1410. Alia dicis ac sentis. Dizes coisa diferente do que
sentes.
1411. Alia dicunt, alia faciunt. [Grynaeus 315] Dizem
isto, fazem aquilo.
1412. Alia erit ratio incidendi lignum propter domum
construendam, et alia propter navim. [Dante, De
Monarchia 1.2.42] Um é o critério para o corte da
madeira para construir uma casa, outro, para construir
um barco.
1413. Alia erudita, alia popularis oratio. [Cícero,
Paradoxa 1, adaptado] A linguagem dos homens cultos
é uma, a do povo é outra. VIDE: ● Aliam enim videtur
habere naturam sermo vulgaris, aliam viri
eloquentis oratio.
1414. Alia est auctoritas praesentium testium, alia
testimoniorum quae recitari solent. [Digesta 22.5.3.4]
Uma coisa é a autoridade das testemunhas presentes,
outra a dos depoimentos que se costumam ler.
1415. Alia ex aliis eveniunt. Umas coisas nascem de
outras.
1416. Alia ex aliis mala oriuntur. Uns males nascem de
outros.
1417. Alia ex aliis nascentur bella. [Petrarca, Africa
2.125] Umas guerras nascem das outras.
1418. Alia hieme, alia aestate. Umas coisas no inverno,
outras no verão. ■ Cada coisa a seu tempo. ■ Todas as
coisas têm seu tempo, e os nabos no advento. VIDE:
● Alia aestivo, atque hiberno tempore fiunt. ● Alia
aestate, alia hieme. ● Nonne videmus alia florere
verno tempore, alia aestivo?
1419. Alia noctuae, alia vox coturnicis. [Stevenson 2436]
A voz da coruja é uma, a da codorniz é outra. ■ Cada
passarinho canta a sua canção. ■ Cada um fala como
quem é. ■ Cada qual como Deus o fez. ● Alia noctuae,
alia vox cornicis. [Manúcio, Adagia 817] Uma é a voz
da coruja, outra a da gralha. VIDE: ● Alia voce psittacus,
alia voce coturnix loquitur. ● Aliud cornix, et noctua
cantat. ● Aliud noctua sonat, aliud cornix. ● Alium
noctua, cornix alium sonum edit. ● Canit avis quaevis
sicut rostrum sibi crevit.
1420. Alia res sceptrum, alia plectrum. [Erasmo, Adagia
4.1.56] Uma coisa é o cetro, outra o plectro. VIDE:
● Aliud sceptrum, aliud plectrum.
1421. Alia sunt tempora, alii mores. ■ Outros tempos,
outros costumes. ■ Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades. [Camões, Soneto 92] ● Alia tempora, alii
mores. ● Alia tempora, alii mores; aliae quoque leges
sint necesse est. São outros os tempos, são outros os
costumes; é preciso, portanto, que haja outras leis. VIDE:
● Nunc hic dies aliam vitam affert, alios mores
postulat.
1422. Alia tentanda est via. [Sêneca, Oedipus 392] Deve-
se procurar outro caminho.
1423. Alia terra alios mores postulat. Outra terra exige
outros costumes. ■ Cada terra com seu uso, cada roca
com seu fuso. VIDE: ● Aliud regnum alios mores
postulat.
1424. Alia vice. Outra vez. Em outra ocasião. Mais uma
vez.
1425. Alia vita, alia diaeta. [Erasmo, Adagia 1.9.6] Vida
diferente, alimentação diferente. ● Alia vita, alius
victus. [Apostólio 2.76] VIDE: ● Alia diaeta, vita et alia.
1426. Alia vita, alia vivendi ratio. [Grynaeus 261] Vida
diferente, outra maneira de viver. ● Alia vita, alia victus
ratio. [Schottus, Adagia 178]
1427. Alia vita alios mores postulat. Vida diferente exige
costumes diferentes. ■ Cada um vive a seu modo.
1428. Alia voce psittacus, alia voce coturnix loquitur.
[Erasmo, Adagia 2.5.59] Com uma voz fala o papagaio,
com outra voz a codorniz. ■ Cada passarinho canta sua
canção. ■ Cada qual como Deus o fez. VIDE: ● Alia
noctuae, alia vox coturnicis. ● Aliud cornix, et noctua
cantat. ● Aliud noctua sonat, aliud cornix. ● Alium
noctua, cornix alium sonum edit. ● Canit avis quaevis
sicut rostrum sibi crevit.
1429. Aliae autem donationes sunt quae sine ulla mortis
cogitatione fiunt, quas inter vivos appellamus.
[Institutiones 2.7.2] Há outras doações que se fazem
sem qualquer pensamento de morte, as quais
denominamos (doações) entre vivos. VIDE: ● Inter vivos.
1430. Aliae in historia leges observandae, aliae in
pöemate. [Cícero, De Legibus 1.5] Umas sãos as regras
que devem ser observadas na história, outras no poema.
1431. Aliae viae aliis efficaciores. [Grynaeus 190] Modos
diferentes são mais eficazes para pessoas diferentes.
■ Cada um é um.
1432. Aliam aetatem alia decent. [Erasmo, Adagia
3.9.32] A idade diferente convêm coisas diferentes. ■ Os
tempos não são iguais. ■ Outros tempos, outros
costumes. VIDE: ● Alia aetas alios mores postulat.
● Non omnibus annis omnia conveniunt. ● Sua cuique
rei tempestivitas.
1433. Aliam enim videtur habere naturam sermo
vulgaris, aliam viri eloquentis oratio. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 12.43] Vê-se que tem uma natureza a
linguagem vulgar, e outra a linguagem do homem
eloqüente. VIDE: ● Alia erudita, alia popularis oratio.
1434. Aliam quercum excute! [Apostólio 2.46] Vai
derrubar outro carvalho! ■ A outro perro com esse osso.
■ Bater a outra porta, que esta não se abre. VIDE:
● Alterius pulsa fores. ● Tollat te qui non novit.
1435. Alias. De outra maneira. Aliás. Em outro momento.
● Alias dictum. Dito de outro modo.
1436. Alias secundis, alias adversis rebus. De um modo
na prosperidade, de outro na adversidade.
1437. Alibi. Em outra parte. Em outro lugar. Alhures.
(=Em linguagem jurídica, alegar um álibi significa
oferecer provas de que o acusado se encontrava em
outra parte ao ser cometido o fato delituoso).
1438. Alibi tumet Corinthus, aliubi cava est.
[Manúcio, Adagia 582] Corinto, em alguns lugares se
eleva, em outros se abaixa. ■ Salamanca, a uns sara, a
outros manca. VIDE: ● Corinthus et collibus surgit, et
vallibus deprimitur.
1439. Alibi natus. Nascido em outro lugar. Estrangeiro.
1440. Alibi tu medicamentum obligas. Amarras a atadura
em lugar errado. (=Corriges um erro com outro). ● Alibi
medicamentum obligas.
1441. Aliena capella gerat distentius uber. [Horácio,
Sermones 1.1.110] A cabrita do vizinho carrega tetas
mais cheias. ■ A cabra da vizinha dá mais leite que a
minha. VIDE: ● Vicinum pecus grandius uber habet.
1442. Aliena claritudo, si tuam non habes, splendidum
te non efficit. [Boécio, De Consolatione Philosophiae
3.6, adaptado] Si tu não tens luz própria, a luz alheia
não te tornará brilhante.
1443. Aliena concupiscere noli. Não cobices o alheio.
1444. Aliena curanda non sunt. Não devemos cuidar das
coisas alheias. VIDE: ● Aliena negotia curans, excussus
propriis. ● Alienos rigas agros, tuis sitientibus.
● Alienos agros irrigas, tuis sitientibus. ● Propria
prius quam aliena curanda.
1445. Aliena gratia. [Jur] Em favor de terceiro. Por
interesse de terceiro.
1446. Aliena insania frui. [Pereira 104] Tirar proveito da
loucura alheia. ■ Experimentar em cabeça alheia. VIDE:
● Aliena optimum frui insania. ● Optimum aliena
insania frui.
1447. Aliena melius vident homines quam sua. Os
homens vêem melhor o alheio do que o próprio.
■ Vemos um argueiro no olho do vizinho e não uma
trave no nosso. ● Aliena melius vident et diiudicant
quam sua. Eles vêem e julgam melhor as coisas alheias
do que as suas. ● Aliena melius ut videant et
diiudicent quam sua. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 503] Para que vejam e julguem melhor as
coisas alheias do que as suas.
1448. Aliena negotia curo excussus propriis. [Horácio,
Sermones 2.3.20] Cuido dos negócios alheios, mas fico
afastado dos meus. ● Aliena negotia curans, excussus
propriis. [Grynaeus 39] Cuidas dos negócios alheios,
mas ficas afastado dos próprios. ■ Aproveitas a outros e
a ti esperdiças. VIDE: ● Aliena curanda non sunt.
● Alienos rigas agros, tuis sitientibus. ● Alienos agros
irrigas, tuis sitientibus.
1449. Aliena negotia exacto officio geruntur. [Jur / Black
91] Os negócios alheios devem ser administrados com
muita atenção.
1450. Aliena nobis, nostra plus aliis placent. [Publílio
Siro] A nós agradam mais as coisas alheias, aos outros,
as nossas. ■ A galinha da vizinha é mais gorda que a
minha. VIDE: ● Alienum nobis, nostrum plus aliis
placet. ● Fertilior seges est alieno in arvo.
1451. Aliena noli curare. Não te preocupes com negócios
alheios.
1452. Aliena optimum frui insania. É muito bom
aproveitar da loucura alheia. ■ O tolo faz o jantar, e o
esperto come-o. VIDE: ● Optimum est aliena insania
frui. ● Optimum aliena insania frui.
1453. Aliena ornatus veste nudatus contumeliose abit.
[Branco 326] Que se enfeita com a roupa alheia acaba
afrontosamente despido. ■ Quem o alheio veste, na
praça o despe.
1454. Aliena pericula, cautiones nostrae. As experiências
dos outros são advertências para nós. ■ Mal alheio dá
conselho.
1455. Aliena quaerens regna, deserui mea. [Sêneca,
Medea 477] Para ganhar um reino estrangeiro,
abandonei o meu.
1456. Aliena res. [Jur / Black 92] Propriedade alheia.
1457. Aliena spectans, doctus evasi, mala. [Manúcio,
Adagia 41] Vendo os males alheios, fiquei sabido. ■ Mal
alheio dá conselho.
1458. Aliena vero negotia exacto animo geruntur. [Jur]
Os negócios alheios são administrados com cuidado
extremo.
1459. Aliena vitia in oculis habemus, a tergo nostra
sunt. [Sêneca, De Ira 2.28.8] Os vícios alheios, nós os
temos ante nossos olhos; os nossos estão às nossas
costas. ■ O macaco olha o rabo da cutia e não vê o seu.
■ Não vê a trave que tem no olho e vê um argueiro no
do vizinho. ■ Não há cego que se veja, nem torto que se
conheça. VIDE: ● In alienis vitiis lyncei sumus, in
nostris caeci. ● In alienis vitiis oculati, in nostris
caeci. ● In alio pediculum vides, in te ricinum non
vides.
1460. Aliena vivere quadra. [Juvenal, Satirae 5.2] Viver
do pão alheio. ■ Viver à custa da barba longa. VIDE:
● Bona summa putes aliena vivere quadra.
● Miserum est aliena vivere quadra.
1461. Alienam metis messem. [Aristófanes / Erasmo,
Adagia 1.4.41] Tu segas a seara alheia. ■ Metei-vos onde
não vos chamam. ■ Metes o nariz onde não te compete.
● Alienam messem metis. [Apostólio 2.69] VIDE:
● Alterius hic messem metis. ● Falcem in messem
alienam mittere nemo debet. ● Falcem in messem
alienam inicere non licet. ● Falcem in segetem
alienam noli mittere. ● Messem metis alienam.
● Metis ubi non seminasti, et congregas ubi non
sparsisti. ● Sub aliena arbore fructum legis. ● Ne in
alienam messem falcem mittas. ● Non falx mittenda
in messem est alienam tibi.
1462. Alienam qui orat causam se culpat reum. [Publílio
Siro] Quem defende causa de outrem inculpa-se como
réu.
1463. Alienam virtutem et bonum alienum invidi
oderunt. Os invejosos odeiam a virtude e o bem alheio.
VIDE: ● Virtutem et bonum alienum oderunt.
1464. Alienam vitam et bona salvare. [Divisa do Corpo
de Bombeiros / J. Braga Martins, Migalhas de Língua
Latina e de Educação Musical] Proteger a vida e os bens
alheios.
1465. Alienare qui non potest, nec alienatione
consentire. [Jur] Quem não pode alienar também não
pode consentir na alienação.
1466. Alienare videtur qui rem suam patitur usucapi.
[Jur] Entende-se que aliena quem permite que bem seu
seja usucapto.
1467. Alienatio, omnis actus per quem dominium
transfertur. [Codex Iustiniani 5.23.1] Alienação é todo
ato pelo qual se transfere o domínio.
1468. Alienatio rei. [Jur] A alienação da coisa.
1469. Alienatus a se. Fora de si. (=Alienado. Louco).
1470. Alieni appetens, sui profusus. [Salústio, Catilina
5.1] Ávido do alheio, dissipador do próprio.
1471. Alieni arbitrii et sub paedagogo fuit. [Suetônio,
Claudius 2] Perdeu a independência e ficou sob a
direção de um pedagogo.
1472. Alieni generis. De outra espécie.
1473. Alieni iuris. (Pessoa) de direito alheio. (=Pessoa
submetida aos poderes de outra pessoa. Pessoa
juridicamente incapaz). VIDE: ● Alieno iuri subiectus.
● Non sui iuris. ● Persona alieni iuris. ● Persona non
sui iuris.
1474. Alienis abstine. Fica longe do alheio. ■ O alheio
chora por seu dono. ● Alienis abstine, maxime
amicorum. Abstém-te do alheio, especialmene do que é
dos amigos.
1475. Alienis malis discere. [Pereira 104] Aprender com
os males alheios. ■ Aprender em cabeça alheia.
■ Experimentar em cabeça alheia. ■ Aprender à custa
alheia. VIDE: ● Alieno periculo sapere.
1476. Alienis malis ridere. [Grynaeus 421] Rir do
sofrimento alheio. ■ Rir da desgraça alheia.
1477. Alienis plumis te ornas. ■ Enfeitas-te com as penas
alheias. ● Alienis te coloribus adornas. Enfeitas-te com
as cores dos outros.
1478. Alieno arbitrio. Sob o arbítrio de outrem. Conforme
a vontade de outrem. ● Alieno arbitrio agere. Agir sob
as ordens de outrem. ● Alieno arbitrio vivere. Viver
sob o arbítrio de outrem. ● Alieno arbitratu vivere.
[Grynaeus 245] VIDE: ● Alieno more vivere. ● Alieno
nutu vivere. ● Alterius sub nutu degere vitam.
● Alterius sub nutu degitur aetas. ● Non ex alieno
arbitrio pendet. ● Suis stat viribus.
1479. Alieno corio ludere facile. É fácil brincar com a
pele do outro. VIDE: ● De alieno ludit corio. ● Ludis de
alieno corio.
1480. Alieno ferox praesidio. [Erasmo, Adagia 3.8.25] É
valente sob a proteção de outrem. ■ É valente quando
tem as costas quentes. ● Alieno praesidio ferox.
[Binder, Thesaurus 119] ● Alieno auxilio potentes.
[Erasmo, Adagia 3.9.37] São poderosos com a ajuda de
outrem.
1481. Alieno iuri subiectus. [Jur] Pessoa submetida aos
poderes de outra pessoa. (=Pessoa juridicamente
incapaz). VIDE: ● Alieni iuris. ● Non sui iuris. ● Persona
alieni iuris. ● Persona non sui iuris.
1482. Alieno loco haud stabile regnum est. [Albertatius
68] Governo em terra alheia não é estável.
1483. Alieno more vivendum est mihi. [Terêncio, Andria
151] Sou obrigado a viver conforme a vontade de
outros.
1484. Alieno nomine. [Jur] Em nome alheio.
1485. Alieno nutu vivere. Viver conforme a vontade de
outrem. ● Alieno more vivere. VIDE: ● Alieno arbitrio.
● Alieno arbitrio vivere. ● Alieno arbitratu vivere.
● Alterius sub nutu degere vitam. ● Alterius sub nutu
degitur aetas. ● Non ex alieno arbitrio pendet. ● Suis
stat viribus.
1486. Alieno periculo lucrum capere. [Pereira 123] Tirar
vantagem com o risco de outrem. ■ Tirar as castanhas
do fogo com a mão do gato.
1487. Alieno periculo sapere. [Branco 403] Escarmentar
em cabeça alheia. ■ Aprender em cabeça alheia.
■ Experimentar em cabeça alheia. VIDE: ● Alienis malis
discere.
1488. Alieno tempore. Em outro tempo. Em outro
momento. Fora do tempo.
1489. Alienos rigas agros, tuis sitientibus. [Pereira 96]
Regas os campos alheios, enquanto os teus estão
sedentos. ■ Aproveitas a outros e a ti esperdiças.
● Alienos agros irrigas, tuis sitientibus. [Binder,
Thesaurus 120] VIDE: ● Aliena curanda non sunt.
● Aliena negotia curans, excussus propriis.
1490. Alienum aes, homini ingenuo, acerba est servitus.
[Publílio Siro] As dívidas, para o homem honesto, são
uma servidão amarga.
1491. Alienum amamus, proximum contemnimus.
[Grynaeus 537] Valorizamos o alheio; desprezamos o
que está ao nosso alcance. ■ A cabra da minha vizinha
dá mais leite que a minha. VIDE: ● Miramur enim
exotica, cum interdum domi habeamus meliora.
1492. Alienum aras arvum. [Schottus, Adagia 619] Aras
o campo alheio. ■ Não te importes com moitas que não
são do teu alqueive. ● Alienum arare fundum.
[Erasmo, Adagia 3.1.42] Lavrar o campo alheio.
● Alienum irrigare fundum. Regar o campo alheio.
VIDE: ● Fundum alienum arat, incultum familiarem
deserit.
1493. Alienum concupiscere noli. [Dionísio Catão,
Monosticha 50] Não cobices o alheio.
1494. Alienum est omne, quicquid optando evenit.
[Publílio Siro] É dos outros tudo que se obtém mediante
pedidos.
1495. Alienum factum nemo promittere potest. [Jur]
Ninguém pode prometer ato a ser praticado por outrem.
1496. Alienum nobis, nostrum plus aliis placet. [Publílio
Siro] A nós agrada mais o alheio, aos outros, o nosso.
■ A galinha da vizinha é mais gorda que a minha. VIDE:
● Aliena nobis, nostra plus aliis placet.
1497. Alii affirmant, alii negant. Uns afirmam, outros
negam. VIDE: ● Quidam affirmant, alii negant.
1498. Alii aliis opitulemur. Ajudemo-nos uns aos outros.
1499. Alii aliis rebus delectantur. Pessoas diferentes
gostam de coisas diferentes. ■ Cada qual com seu gosto.
VIDE: ● Alia aliis placent. ● Alia apud alios bona.
● Aliis alia placent. ● Delectant alia alios.
1500. Alii aliter. Outros (fariam) de outra maneira. ■ Cada
um tem seu modo de catar pulgas. ● Alii alio modo.
1501. Alii aliter sentiunt. Pessoas diversas sentem de
modo diverso.
1502. Alii aliter tradunt. Uns constam de uma maneira,
outros, de outra.
1503. Alii dividunt propria et ditiores fiunt, alii rapiunt
non sua, et semper in egestate sunt. [Vulgata,
Provérbios 11.24] Uns repartem o que é seu, e ficam
mais ricos; outros arrebatam o que não é seu, e sempre
estão em pobreza.
1504. Alii homines, alii mores. Pessoas diferentes,
costumes diferentes. VIDE: ● Magis alii homines quam
alii mores.
1505. Alii laborarunt, alii fructum ceperunt. [Schottus,
Adagia 188] Uns cultivaram, outros colheram o fruto.
■ Um semeia, outro colhe. ■ O bocado não é para quem
o faz. ■ Nem sempre dança quem paga a música. ● Alii
laborarunt, lucrum alii reportarunt. [Schottus,
Adagia 21] Uns trabalharam, outros ficaram com o
lucro. ● Alii laborabant, alii autem fruebantur.
[Apostólio 2.60] Uns cultivavam, mas outros
desfrutavam. ● Alii laborarunt, alii perceperunt
emolumentum. [Manúcio, Adagia 204] Uns
trabalharam, os outros receberam o salário. VIDE: ● Alii
sementem faciunt, alii metent. ● Alii seminant,
metent alii. ● Alii serunt, alii metunt. ● Alius est qui
seminat, et alius est qui metit. ● Alter lucrum
tantum, alter damnum sentiret. ● Ego seram, et alius
comedat. ● Hic consevit agrum, sed fruges demetit
alter. ● Leonina societas.
1506. Alii laboraverunt, et vos in laborem eorum
introistis. [Vulgata, João 4.38] Outros foram os que
trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos.
1507. Alii linguam, alii molares. Uns (usam) a língua,
outros (usam) os dentes. (=Uns são loquazes, outros,
vorazes). VIDE: ● Aliis lingua, aliis dentes. ● Aliis
lingua, aliis vero molares. ● Alteri loquaces, alteri
voraces. ● Est lingua quibusdam, molares at aliis.
● Illi enim loquaces, hi voraces.
1508. Alii meliora dabunt. Outros darão coisas melhores.
1509. Alii nunc sunt mores. [Plauto, Bacchides 402] Os
costumes agora são outros. ■ Os tempos não são iguais.
1510. Alii serunt, alii metunt. [Apostólio 2.54] Uns
semeiam, outros colhem. ■ Um semeia, outro colhe. ■ O
bocado não é para quem o faz. ■ Uns levantam a caça,
outros a matam. ● Alii sementem faciunt, alii metent.
[Erasmo, Adagia 1.5.32] Uns fazem a sementeira,
outros colherão. ● Alii seminant, metent alii. ● Alii
serunt, alii metunt. VIDE: ● Alii laborabant, alii autem
fruebantur. ● Alii laborarunt, alii fructum ceperunt.
● Alii laborarunt, lucrum alii reportarunt. ● Alius est
qui seminat, et alius est qui metit. ● Ego seram, et
alius comedat. ● Hic consevit agrum, sed fruges
demetit alter.
1511. Aliis alia licentia. Para pessoas diferentes liberdade
diferente. ■ Uns são filhos, outros, enteados. ■ Nem tudo
é para todos. VIDE: ● Aliis si licet, tibi non licet.
● Cuiuslibet non est Corinthum appellere. ● Non
cuilibet Corintho fas esse adnavigare. ● Non cuivis
homini contingit adire Corinthum. ● Non est
Corinthum fas cuique appellere. ● Non est cuiuslibet
Corinthum appellere. ● Non est datum cuivis
Corinthum appellere. ● Non licet omnibus adire
Corinthum. ● Non omnium est virorum ad
Corinthum navigatio. ● Quod licet Iovi, non licet
bovi.
1512. Aliis alia placent. [DAPR 330] A pessoas diferentes
agradam coisas diferentes. ■ Uns gostam dos olhos,
outros, da ramela. ■ Cada um tem seu gosto. ■ Gostos
não se discutem. ● Aliis aliae res arridentque,
placentque. [Homero / Manúcio, Adagia 121] A
pessoas diferentes favorecem e agradam coisas
diferentes. VIDE: ● Alia aliis placent. ● Alia apud alios
bona. ● Alii aliis rebus delectantur. ● Trahit sua
quemque voluptas.
1513. Aliis cavet, non cavet ipse sibi. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.84] Ele se previne contra os outros, mas não
toma cuidado consigo mesmo. ■ O sandeu trata do
alheio e deixa o seu.
1514. Aliis inserviendo consumor. [Inscrição em vela] Eu
me consumo servindo aos outros.
1515. Aliis leporem excitavit. [Petrônio, Satiricon 131]
Levantou a lebre para os outros. ■ Pôs a azeitona na
empada de outro.
1516. Aliis lingua, aliis dentes. [Erasmo, Adagia 3.2.72]
Uns (usam) a língua, outros (usam) os dentes. (=Uns são
loquazes, outros, vorazes). ● Aliis lingua, aliis vero
molares. [Apostólio 2.68] VIDE: ● Alii linguam, alii
molares. ● Alteri loquaces, alteri voraces. ● Est lingua
quibusdam, molares at aliis. ● Illi enim loquaces, hi
voraces.
1517. Aliis mederi conantes, cum ipsi ulceribus
scateant. [S.Gregório Nazianzeno / Schottus, Adagialia
Sacra 72] Procuram curar aos outros, quando eles
mesmos estão cheios de feridas. ■ Casa de ferreiro,
espeto de pau. ● Aliis mederis, ipse plenus ulcerum.
[Apostólio 2.57] Tratas dos outros e tu mesmo estás
cheio de feridas. ● Aliis medens, ipse ulceribus scates.
[Rezende 230] VIDE: ● Aliorum medicus, ipse ulceribus
scates. ● Aliorum medicus ipse vulneribus scatens.
● Mederis aliis, ipse at ulceribus scates.
1518. Aliis ne feceris, quod tibi fieri non vis. [Grynaeus
437] ■ Não faças aos outros o que não queres que te
façam. VIDE: ● Alteri ne facias quod tibi fieri non vis.
● Ne alteri feceris quod tibi non vis fieri. ● Quod ab
alio oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando alteri
facias. ● Quod tibi fieri non vis, alteri ne feceris.
● Quod tibi non optes, alii ne feceris ulli. ● Quod tibi
non vis fieri, alii ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri,
alteri ne feceris. ● Quod tibi non vis, alteri ne facies.
● Quod tibi fieri non vis, alteri ne facias. ● Quod tibi
non vis, utinam alteri ne facias. ● Quod sibi quis fieri
non vult, alii ne faciat.
1519. Aliis quia defit quod amant, aegre est; tibi, quia
superest, dolet. [Terêncio, Phormio 162] Os outros são
infelizes porque não têm o que amam; quanto a ti, sofres
por teres mais do que desejas.
1520. Aliis quod triste et amarum est, hoc tamen esse
aliis possit praedulce videri. [Lucrécio, De Rerum
Natura 4.637] O que para uns é triste e amargo para
outros pode parecer extremamente doce.
1521. Aliis regulas facimus, nobis exceptiones. Para os
outros formulamos regras, para nós reservamos as
exceções.
1522. Aliis si licet, tibi non licet. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 796] Se aos outros é permitido, a ti não é.
■ Nem tudo é para todos. ■ Quem pode, pode. ■ Uns são
filhos, outros, enteados. VIDE: ● Aliis alia licentia.
● Cuiuslibet non est Corinthum appellere. ● Cum duo
faciunt idem, non est idem. ● Idem duo cum faciunt,
non tamen est idem.● Non cuilibet Corintho fas esse
adnavigare. ● Non cuivis homini contingit adire
Corinthum. ● Non est Corinthum fas cuique
appellere. ● Non est cuiuslibet Corinthum appellere.
● Non est datum cuivis Corinthum appellere. ● Non
licet omnibus adire Corinthum. ● Non omnium est
virorum ad Corinthum navigatio. ● Quod licet Iovi,
non licet bovi.
1523. Aliis tempora desunt; aliis tempora supersunt.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 27.10] A uns falta
tempo, a outros, sobra.
1524. Alimenta cum vita finiri. [Digesta 2.15.8.10] Os
alimentos se extinguem com a vida.
1525. Alimenta denegans necare videtur. [Digesta 5.3.4]
Considera-se que quem nega alimento mata. VIDE:
● Necare videtur is qui alimonia denegat.
1526. Alimenta solum debentur pro tempore quo
alimentandus vivit. [Jur] Os alimentos somente são
devidos pelo tempo em que vive quem deve ser
alimentado.
1527. Alio relinquente fluctu, alius excepit. [Aristóteles /
Erasmo, Adagia 1.6.34] Quando uma onda o deixou,
outra o apanhou. ■ Fugindo do alcaide, caiu no
meirinho.
1528. Aliorum exempla me commovent. [Terêncio,
Andria 812] Os exemplos dos outros me servem de
advertência.
1529. Aliorum medicus, ipse ulceribus scates. [Erasmo,
Adagia 2.5.38] És médico de outros, mas tu mesmo
estás coberto de feridas. ■ Aproveitas a outros e a ti
esperdiças. ● Aliorum medicus ipse vulneribus
scatens. [Binder, Thesaurus 125] VIDE: ● Aliis mederi
conantes, cum ipsi ulceribus scateant. ● Aliis
mederis, ipse plenus ulcerum. ● Aliis medens, ipse
ulceribus scates. ● Mederis aliis, ipse at ulceribus
scates. ● Flagitium est foris sapere, tibi non posse
auxiliari. ● Nequicquam sapit qui sibi non sapit.
1530. Alios adito penates. [Medina 584] Vai a outra casa.
■ A outra porta, que esta não se abre.
1531. Alios docere volentes, quae et ipsi nesciunt et
ignorant. [Nicolau Gálico, Ignea Sagitta, Cap. 4]
Querem ensinar aos outros o que eles mesmos não
sabem e ignoram. VIDE: ● Arroganter faciunt ii qui
quod ipsi nesciunt, id docent ceteros.
1532. Alios enim praesumitur male regere qui seipsum
regere nescit. Supõe-se, portanto, que quem não sabe
governar a si mesmo, governa mal os outros. VIDE:
● Absurdum est ut alios regat, qui seipsum regere
nescit.
1533. Alios ex ingenio suo metitur. [Branco 708] Julga
todos de acordo com a própria natureza. ■ Cada qual
julga os outros por si. ■ Toda raposa pensa que todos
têm o rabo comprido como o dela. VIDE: ● Cum sis fur,
alios esse fures suspicaris. ● Cum sit fur, alios esse
fures suspicatur. ● Esse sibi similes alios fur iudicat
omnes. ● Ex sua natura fingit ceteros. ● Ex se de aliis
facit coniecturam. ● Ex tuo ingenio alios iudicas.
● Tuo ex ingenio mores alienos probas.
1534. Alios potes effugere, te autem nunquam. [DM 59]
De outros podes fugir, mas, de ti, nunca.
1535. Alios salvos fecit, seipsum non potest. [Vulgata,
Marcos 15.31] Salvou a outros, a si próprio não pode
salvar.
1536. Aliqua quisque parte imbecillus est maxime. Cada
um é mais fraco em alguma coisa. ■ Cada um tem seu
fraco. ■ Cada um tem seu pé de pavào.
1537. Aliqua sunt iniuste facienda, ut multa iuste fieri
possint. [Bacon, Advancement of Learning 2.21.11]
Algumas coisas devem ser feitas injustamente, para que
muitas mais possam ser feitas com justiça.
1538. Aliquam reperitis rimam. [Plauto, Curculio 51]
Encontrarás alguma brecha. (=Encontrarás uma saída
para o impasse).
1539. Aliquando bonus dormitat et Homerus. Até o bom
Homero às vezes cochila. ■ Até o sábio se engana.
● Aliquando dormitat et Homerus. Até Homero às
vezes cochila. VIDE: ● Dormitat et Homerus. ● Indignor
quandoque bonus dormitat Homerus. ● Interdum
etiam bonus dormitat Homerus. ● Quandoque bonus
dormitat Homerus. ● Qui enim nimium invigilat,
interdum dormitat.
1540. Aliquando enim, etiam si noceat, prodesse
creditur quod delectat. [RSA 34] Embora às vezes
prejudique, imagina-se que o que agrada faz bem.
1541. Aliquando et insanire iucundum est. [Menandro /
Sêneca, De Tranquillitate Animi 17.10] Às vezes até
ficar louco é agradável. VIDE: ● Dulce est desipere in
loco. ● In loco desipere dulce est.
1542. Aliquando gratius est quod facili, quam quod
plena manu datur. [Stevenson 955] Às vezes é mais
agradável o que é dado com gentileza do que o que é
dado com fartura. ■ Tudo que cai na rede, é peixe. VIDE:
● Equi donati dentes non inspiciuntur. ● Multo
gratius venit quod facili quam quod plena manu
datur.
1543. Aliquando incutiendus est his metus, apud quos
ratio non proficit. [Sêneca, De Ira 14.1] Às vezes é
preciso recorrer ao medo com quem a razão não tem
sucesso.
1544. Aliquando magis movent non dicta quam dicta.
Às vezes, tem mais força o que não se disse do que o
que se disse.
1545. Aliquando pro facundia silentium est. [Tosi 16] Às
vezes o silêncio substitui a eloqüência. ■ Silêncio
também é resposta. VIDE: ● Non minus interdum
oratorium esse tacere quam dicere. ● Silentium
sapientibus responsi loco est.
1546. Aliquando qui lusit, iterum ludet. [Grynaeus 295]
Quem brincou uma vez, brincará novamente. ■ Cesteiro
que faz um cesto, faz um cento ■ Quem faz uma vez faz
duas e três. ■ Quem foi ruim, não deixa de ser. VIDE:
● Qui semel scurra, nunquam paterfamilias.
1547. Aliquando totum me, Fortuna, vicisti! [Petrônio,
Satiricon 101.1] Finalmente, ó sorte, me venceste
completamente!
1548. Aliquem cane peius et angue vitare. [Freire 140]
Fugir de alguém mais do que de um cão ou de uma
cobra. ■ Fugir de alguém como o diabo da cruz. VIDE:
● Eius consortium cane peius et angue vita. ● Odit
cane peius et angue.
1549. Aliquem oculis torvis intueri. [DAPR 574] ■ Olhar
alguém atravessado. ● Aliquem truculenter aspicere.
[DAPR 574]
1550. Aliquid crastinus dies ad cogitandum nobis ea de
re dabit. [Cícero, Ad Atticum 15.8] O dia de amanhã
nos dará alguma coisa para pensar sobre essa questão.
1551. Aliquid haeret. Alguma coisa está pegando. VIDE:
● Audacter calumniare, semper aliquid haeret.
● Calumniare fortiter, et aliquid adhaerebit.
1552. Aliquid in tali prato spinosum. [Codex Iustiniani
1.17.1.9] (Nasce) algo espinhoso nesse campo. ■ Não há
rosa sem espinhos, nem bela sem senão. VIDE:
● Spinosum aliquid in prato.
1553. Aliquid mali esse propter vicinum malum. [Plauto,
Mercator 764] Por causa de um mau vizinho (sempre
nos) acontece algo de mau. ■ Quem com mau vizinho
vizinhar com um olho há de dormir e com o outro
vigiar. ■ Má vizinha à porta é pior que lagarta na horta.
VIDE: ● Nihil molestius esse potest, quam in vicinum
malum incidere.
1554. Aliquid mali est vicinum malum habere. É mau ter
um vizinho mau. ■ Mau vizinho à porta é pior que
lagarta na horta. VIDE: ● Vicinum habere malum
magnum est malum. ● Vicinus bonus, ingens bonum;
vicinus malus, ingens malum.
1555. Aliquid novi. Algo de novo. Alguma novidade.
1556. Aliquid silentio melius loquere, aut tace.
[Apostólio 9.76] Fala alguma coisa que valha mais que
o silência, ou cala. ■ Antes calar que mal falar. VIDE:
● Aut opportunum silentium, aut sermonem utilem
habe. ● Aut tace, aut loquere meliora silentio.
● Tacere oportet, aut silentio potiora loqui. ● Vel
taceas, vel meliora dic silentio.
1557. Aliquis in omnibus, nullus in singulis. Alguém em
tudo, ninguém em cada coisa. (=Superficial em tudo,
profundo em nada). ■ Aprendiz de muitos ofícios não
chega a mestre em nenhum deles. VIDE: ● Multa novit,
sed male novit omnia. ● Multa sciebat opera, sed
male sciebat omnia. ● Petrus in cunctis, nihil in
omnibus.
1558. Aliquis latet error. [Virgílio, Eneida 2.48] Nisso há
alguma armadilha escondida.
1559. Aliquis non debet esse iudex in propria causa,
quia non potest esse iudex et pars. [Jur / Broom 95]
Ninguém deve ser juiz em causa própria, porque não
pode ser juiz e parte. ■ Ninguém pode ser juiz em causa
própria. VIDE: ● In propria causa nemo iudex.
● Iniquum est aliquem rei suae esse iudicem.
● Iniquum est aliquem suae rei iudicem fieri. ● Iudex
in causa propria nemo esse potest. ● Ne quis in sua
causa iudicet. ● Nemo esse iudex in sua causa potest.
● Nemo iudex in sua causa. ● Nemo potest esse simul
actor et iudex. ● Nullus in sua causa iudex sit.
1560. Alis luporum catulos. [Dumaine 245] Estás
alimentando filhotes de lobos. ■ Acalenta a serpente,
que ela te dará o pago. ■ Criai o corvo, tirar-vos-á os
olhos. ● Alis catulos lupi. Alimentas filhotes de lobo.
VIDE: ● Ale luporum catulos.
1561. Alis nil grave. [Divisa] Para (quem tem) as asas,
nada é difícil.
1562. Alis volat propriis. [Divisa de Oregon, EUA] Voa
com as próprias asas.
1563. Alit aemulatio ingenia. [Veleio Patérculo, Historia
Romana 1.17.6] A emulação alimenta o talento. VIDE:
● Aemulatio alit ingenia. ● Aluntur aemulatione
ingenia.
1564. Alit lectio ingenium. [Sêneca, Epistulae Morales
84.1] A leitura nutre a inteligência.
1565. Aliter catuli longe olent, aliter sues. [Plauto,
Epidicus 580] Os cães cheiram de um modo, os porcos
de outro. ■ Cada passarinho canta a sua canção.
1566. Aliter cum aliis agendum. [Erasmo, Adagia 3.5.8]
Com pessoas diferentes deve-se agir de maneira
diferente. VIDE: ● Aliter enim cum alio agendum.
1567. Aliter cum tyranno, aliter cum amico vivitur.
[Cícero, De Amicitia 3.89] De uma maneira se vive com
o rei, de outra, com o amigo.
1568. Aliter de illis ac de nobis iudicamus. [Cícero, De
Officiis 1.9] Julgamos de maneira diferente a nós e aos
outros.
1569. Aliter enim audita, aliter visa narrantur.
[S.Jerônimo, Praefatio ad Pentateucum] O que se ouviu
conta-se de um modo e o que se viu conta-se de outro.
■ Uma coisa é ver, outra ouvir.
1570. Aliter enim cum alio agendum. [Sêneca, Ad
Marciam 2.1] Com cada um se deve agir de maneira
diferente. VIDE: ● Aliter cum aliis agendum.
1571. Aliter in scholis disputamus, aliter vivimus.
[Schottus, Adagialia Sacra 54] De um modo discutimos
nas academias, de outro vivemos.
1572. Aliter loqueris, aliter vivis. [Sêneca, De Vita Beata
18.1] Falas de um modo, vives de outro. ■ Uma coisa é
dizer, outra fazer.
1573. Aliter loquitur, aliter sentit. Fala de um modo,
sente de outro. ■ Uma coisa a dizer, outra a sentir. ■ O
coração sente, a boca mente. ● Aliter loquitur ac
sentit. Fala coisa diferente do que sente. VIDE: ● Aliud in
ore, aliud in corde.
1574. Alitur malo publico. [Branco 885] Vive às custas
dos males públicos. ■ Pesca em águas turvas. VIDE: ● In
rem suam publica incommoda convertit.
1575. Alitur vitium vivitque tegendo. [Virgílio, Georgica
3.454] Escondendo, o vício se alimenta e persiste.
1576. Aliud agendi tempus, aliud quiescendi. [Cícero,
De Natura Deorum 2.132] É uma a hora de agir, outra a
de descansar.
1577. Aliud alii natura iter ostendit. [Salústio, Catilina
2.3] A natureza oferece um caminho diferente a cada
um.
1578. Aliud aliis annis magis convenit. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 5.25] A idades diferentes convêm
coisas diferentes.
1579. Aliud aliis videtur optimum. [Cícero, Orator 36]
Para pessoas diferentes coisas diferentes parecem
melhores.
1580. Aliud aliis vitii est. [Terêncio, Hecyra 270] Outras
pessoas, outros defeitos. ■ Cada sujeito com seu defeito.
1581. Aliud alios decere. [Quintiliano, Institutio Oratoria
11.3.177] A pessoas diferentes convém coisa diferente.
■ A cada santo, a sua lâmpada.
1582. Aliud appetitus, aliud sapientia suadet. [Stevenson
2510] O desejo aconselha uma coisa, a sabedoria, outra.
1583. Aliud autem est meminisse, aliud scire. [Sêneca,
Epistulae Morales 33.8] Uma coisa é lembrar-se, outra
coisa é saber.
1584. Aliud ceteros, aliud Laconas decet. [Sêneca
Retórico, Suasoriae 2.7] Uma coisa serve para os outros,
outra para os lacedemônios. ■ Cada terra com seu uso.
■ O que é bom para um pode não ser para outro.
1585. Aliud clausum in pectore, aliud in lingua
promptum habere. [Salústio, Catilina 10] Ter um
pensamento trancado no peito e outro pronto na língua.
● Aliud conditum habere in pectore, aliud sermone
fingere. [Erasmo, Moriae Encomium 36] Ter uma coisa
guardada no peito, construir outra com a palavra. VIDE:
● Quod clausum in pectore, hoc in lingua promptum
habeo.
1586. Aliud cornix, et noctua cantat. [Schottus, Adagia
589] Uma coisa canta a gralha, outra a coruja. ■ Cada
passarinho canta sua canção. ■ Cada louco com sua
mania. VIDE: ● Alia noctuae, alia vox coturnicis. ● Alia
voce psittacus, alia voce coturnix loquitur. ● Aliud
cornix, et noctua cantat. ● Aliud noctua sonat, aliud
cornix. ● Aliud noctua, aliud cornix sonat. ● Alium
noctua, cornix alium sonum edit. ● Canit avis quaevis
sicut rostrum sibi crevit.
1587. Aliud Cupido, mens aliud suadet. [Ovídio,
Metamorphoses 7.19] O amor me instiga em uma
direção, a razão em outra.
1588. Aliud est audiri, aliud intellegi. Uma coisa é ser
ouvido, outra, ser entendido.
1589. Aliud est celare, aliud est tacere. [Diógenes /
Cícero, De Officiis 3.12] Uma coisa é ocultar, outra
coisa é calar. (=Distinção entre um ato intencional e
uma omissão).
1590. Aliud est dare, aliud promittere. [Jur] Uma coisa é
dar, outra prometer. ■ Prometer não é dar, mas a
néscios contentar. VIDE: ● Dare aliud est, et aliud dare
promittere.
1591. Aliud est distinctio, aliud separatio. [Jur / Black
93] Distinção é uma coisaç separação é outra.
1592. Aliud est enim credere, aliud deponere. [Digesta
42.5.24.2] Uma coisa é dar em empréstimo, outra coisa
dar em depósito.
1593. Aliud est enim epistulam, aliud historiam, aliud
amico, aliud omnibus scribere. [Plínio Moço,
Epistulae 6.16.22] Uma coisa é escrever uma carta,
outra escrever história, uma coisa é escrever a um
amigo, outra escrever para o público.
1594. Aliud est enim possidere, longe aliud in
possessione esse. [Digesta 41.2.10.1] Sem dúvida, uma
coisa é possuir e coisa bem diversa estar de posse. VIDE:
● Aliud est possidere, aliud in possessione esse.
1595. Aliud est facere, aliud est dicere. [DAPR 556] Uma
coisa é fazer, outra coisa é dizer. ■ Uma coisa é dizer,
outra fazer. ■ Do dizer ao fazer vai muita diferença.
VIDE: ● Dicere et facere non semper eiusdem. ● Dicere
perfacile est, opus exercere molestum.
1596. Aliud est falsum, aliud simulatum. [Jur] Uma coisa
é a falsidade, outra, a simulação.
1597. Aliud est laborare, aliud dolere. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.36] Uma coisa é sofrer,
outra coisa sentir dor.
1598. Aliud est male dicere, aliud accusare. [Cícero, Pro
Coelio 1.6] Uma coisa é injuriar, outra coisa é acusar.
1599. Aliud est possidere, aliud esse in possessione. [Jur /
Black 93] Uma coisa é ser proprietátio, outra ter a
posse.
1600. Aliud est velle, aliud est posse. Uma coisa é querer,
outra é poder. ● Aliud est velle, aliud posse.
1601. Aliud est virtutem habere, aliud virtutis
similitudinem; aliud est umbram sequi, aliud
veritatem. [S.Jerônimo / Bernardes, Luz e Calor 1.57]
Uma coisa é ter virtude, outra ter uma imitação de
virtude; uma coisa é perseguir uma sombra, outra
perseguir a verdade.
1602. Aliud ex alio incidit. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 598] Uma coisa vem de outra. ■ Uma
coisa puxa outra.
1603. Aliud ex alio malum gignitur. [DAPR 423] Um
mal nasce de outro. ■ Uma desgraça nunca vem só.
■ Desgraça pouca é bobagem. ● Aliud ex alio malum
nascitur. ● Aliud ex alio malum! [Terêncio, Eunuchus
987]
1604. Aliud ex alio nectitur. [Cícero, De Finibus 3.74]
Uma coisa está ligada a outra.
1605. Aliud in ore, aliud in corde. [Rezende 242] Uma
coisa na boca, outra no coração. ■ Uma coisa a dizer,
outra a sentir. ■ Mel nos beiços, fel no coração. ■ O
coração sente, a boca mente. VIDE: ● Aliter loquitur,
aliter sentit.
1606. Aliud mihi est agendum. Tenho outra coisa para
fazer. ■ Não tenho tempo para perder. ■ Tenho outros
abacaxis para descascar.
1607. Aliud more, aliud in corde. [Pereira 108] Uma
coisa na ação, outra no coração. ■ Um por dentro, outro
por fora.
1608. Aliud noctua sonat, aliud cornix. [Erasmo, Adagia
3.2.74] Uma coisa canta a coruja, outra a gralha. ■ Cada
passarinho canta sua canção. ■ Cada louco com sua
mania. ● Aliud noctua, aliud cornix sonat. [Apostólio
2.60] VIDE: ● Alia voce psittacus, alia voce coturnix
loquitur. ● Aliud cornix, et noctua cantat. ● Aliud
noctua sonat, aliud cornix. ● Aliud noctua, aliud
cornix sonat. ● Alium noctua, cornix alium sonum
edit. ● Canit avis quaevis sicut rostrum sibi crevit.
1609. Aliud pro alio, invito creditore, dari non potest.
[Jur] Não se pode dar uma coisa por outra contra a
vontade do credor. ● Aliud pro alio invito creditori
solvi non potest. [Digesta 12.1.2.1] Contra a vontade
do credor, não se pode pagar uma coisa por outra. VIDE:
● Debitor aliud pro alio, invito creditore, solvere non
potest.
1610. Aliud regnum alios mores postulat. Outra terra
exige outros costumes. ■ Cada terra com seu uso, cada
roca com seu fuso. VIDE: ● Alia terra alios mores
postulat.
1611. Aliud sceptrum, aliud plectrum. [Erasmo,
Chiliades 34] Uma coisa é o cetro, outra o plectro. VIDE:
● Alia res sceptrum, alia plectrum.
1612. Aliud stans, aliud sedens (loquitur). [Erasmo,
Adagia 3.3.56] De pé, diz uma coisa, sentado, outra.
1613. Aliud vinum, aliud ebrietas. [Robert Burton /
Stevenson 635] Uma coisa é o vinho, outra coisa é a
embriaguez.
1614. Alium domi esse caeli haustum, alium lucis
aspectum. [Quinto Cúrcio, Historiae 5.5] Na pátria, o ar
que se respira é outro; a luz do dia é diferente.
1615. Alium noctua, cornix alium sonum edit. [Suidas /
Albertatius 77] A coruja emite um som, a gralha, outro.
■ Cada passarinho canta sua canção. ■ Cada louco com
sua mania. VIDE: ● Alia noctuae, alia vox coturnicis.
● Alia voce psittacus, alia voce coturnix loquitur.
● Aliud cornix, et noctua cantat. ● Aliud noctua, aliud
cornix sonat. ● Aliud noctua sonat, aliud cornix.
● Canit avis quaevis sicut rostrum sibi crevit.
1616. Alium silere quod voles, primus sile. [Sêneca,
Hippolytus 876] O que quiseres que outrem cale, cala-o
tu primeiro. ■ O segredo mais bem guardado é o que a
ninguém é revelado. VIDE: ● Quod reticere voles alios,
prius ipse taceto. ● Quod tacitum esse velis, nemini
dixeris, quia non poteris ab alio exigere silentium, si
tibi ipse non praestas. ● Quod vis taceri, cave ne
cuiquam dixeris. ● Quod tacitum velis esse, nemini
dixeris: si tibi ipse non imperasti, quomodo ab aliis
silentium speras?
1617. Alium spoliat, ut alium ditet. [Binder, Thesaurus
131] Rouba um para enriquecer outro. ■ Descobre um
santo para cobrir outro. VIDE: ● Altare spoliat ut aliud
operiat.
1618. Aliunde pendere. Depender de outras coisas.
Depender de outras pessoas.
1619. Alius alibi proiectus. [Vulgata, Sabedoria 18.18]
Um atirado para um lado, outro atirado para o outro
lado.
1620. Alius aliis rebus afficitur. [Grynaeus 32] Cada um
gosta de coisas diferentes. ■ O que é bom para um pode
não ser para outro. ■ Por isso se come toda a vaca, por
querer um da perna, outro da espalda.
1621. Alius aliis vir operibus delectatur. [Homero /
Schottus, Adagialia Sacra 109] Cada homem tem prazer
em atividades diferentes.
1622. Alius alio nequior. Um é pior que o outro.
1623. Alius alio plura invenire potest, nemo omnia.
[Ausonio] Um pode saber mais que outro, mas ninguém
pode saber tudo.
1624. Alius alium adiuvat. Um ajuda o outro. ■ Uma mão
lava a outra.
1625. Alius alium beatissimum existimat. Cada qual
imagina que o outro é muito feliz.
1626. Alius est Amor, alius Cupido. Amor é uma coisa,
desejo é outra.
1627. Alius est atque erat olim. Ele está diferente do que
era.
1628. Alius est qui seminat, et alius est qui metit.
[Vulgata, João 4.37] Um é o que semeia, e outro é o que
colhe. ■ Um semeia, outro colhe. ■ O bocado não é para
quem o faz. VIDE: ● Alii laborarunt, alii fructum
ceperunt. ● Alii laborarunt, lucrum alii reportarunt.
● Alii sementem faciunt, alii metunt. ● Alii seminant,
metent alii. ● Ego seram, et alius comedat. ● Hic
consevit agrum, sed fruges demetit alter.
1629. Alius in aliis rebus praestantior. [Grynaeus 189]
Cada um se destaca em coisas diferentes. ■ Cada qual
em seu ofício.
1630. Alius libidini servit, alius avaritiae, alius
ambitioni, omnes spei, omnes timori. [Sêneca,
Epistulae Morales 47.17] Um é escravo da sua luxúria,
outro da sua avareza, um terceiro de sua ambição, todos
da esperança, todos do medo.
1631. Alius peccat, alius plectitur. [Alciato, Emblema
174; Medina 621] Um comete o erro, outro é punido.
■ Paga o justo pelo pecador. ■ Papagaio come milho,
periquito leva a fama. VIDE: ● Canis peccatum sus
dependit. ● Faber cadit cum ferias fullonem.
● Fabrum caedere cum ferias fullonem. ● Innocentes
pro nocentibus poenas pendunt. ● Ob textoris
peccatum coquus vapulavit. ● Quicquid coquus
peccaverit, tibicen accipere solet plagas. ● Quod
peccant sontes, insontes saepe luerunt. ● Quod
peccant sontes, insontes saepe tulerunt. ● Quod sus
peccavit, succula saepe luit. ● Tibicen vapulat, coquo
peccante.
1632. Allatrat victorem invidia. [Branco 566] A inveja
ladra contra o vencedor. ■ A inveja sempre atina lugares
altos.
1633. Allegans casum fortuitum, illum probare tenetur.
[Jur] Quem alega o caso fortuito é obrigado a prová-lo.
1634. Allegans contraria non est audiendus. [Jur /
Broom 135] Quem apresenta alegações contraditórias
não deve ser ouvido.
1635. Alleganti probatio incumbit. [Jur] A prova cabe a
quem alega. VIDE: ● Affirmanti, non neganti, incumbit
probatio. ● Affirmanti incumbit probatio. ● Ei
incumbit probatio, qui dicit, non qui negat. ● Factum
asseverans onus subit probationis. ● Probatio
incumbit asserenti.
1636. Allegare nihil et allegatum non probare paria
sunt. [Jur] Nada alegar e não provar o alegado se
equivalem.
1637. Allegari non debuit quod probatum non relevat.
[Jur / Black 94] Não devia ser alegado o que, ao ser
comprovado, não é relevante.
1638. Allegata et probata. [Jur / Black 94] Coisas
alegadas e comprovadas.
1639. Allegatio contra factum non est admittenda. [Jur /
Black 94] Uma alegação que contraria o fato não é
admissível.
1640. Allegatio et non probatio, quasi non allegatio.
[Jur] Alegação sem prova é como não haver alegação.
1641. Allegatio partis non facit ius. [Jur] Alegação da
parte não faz direito.
1642. Allegatio sine probatione veluti campana sine
pistillo. [Jur] Alegação sem prova é como sino sem
badalo.
1643. Allia petra sapit, quae illa capit. A pedra que mói
alhos sabe a alhos. ■ Quem azeite mede, as mãos se
unta. ■ Cada cuba cheira ao vinho que tem. ● Allia
petra sapit, quae semel illa capit. A pedra que mói
alhos sabe a alhos. A mó que mói alhos uma vez, sabe a
alhos. ● Allia quando terunt, retinent mortaria
gustum. [Pereira 118] Os almofarizes, quando pisam o
alho, retêm-lhe o sabor. VIDE: ● Dat foetorem per nares
mola foetida semper.
1644. Alligem fugitivam canem agninis lactibus. [Plauto,
Pseudolus 318] Vou amarrar o cão fujão com tripas de
carneiro. VIDE: ● Agninis lactibus alligare canem.
1645. Alma dies noctem sequitur, somnosque labores.
[Columbano 38] O dia propício sucede à noite, e o
trabalho sucede ao sono.
1646. Alma mater. A mãe criadora. (=A pátria. A
universidade). ● Alma parens. [Virgílio, Eneida 2.591;
10.252]
1647. Alme sol, possis nihil urbe Roma visere maius.
[Horácio, Carmen Saeculare 9] Ó sol criador, que não
possas contemplar nada maior que a cidade de Roma.
1648. Alpha et omega. Alfa e ômega. (=Alfa é a primeira
letra do alfabeto grego; ômega, a última. A expressão
alfa e ômega é usada com o significado de o começo e o
fim). VIDE: ● Ego sum alpha et omega, primus et
novissimus, principium et finis.
1649. Alpibus ille perit qui plus se diligit ullum. [VES
113] Morre na montanha quem ama a outrem mais do
que a si mesmo.
1650. Alta a longe cognoscuntur. De longe se vêem as
coisas altas.
1651. Alta cadunt odiis, parva extolluntur amore.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 21] Coisas
elevadas caem pelo ódio, coisas pequenas se elevam
pelo amor.
1652. Alta die solo non est exstructa Corinthus. [Binder,
Thesaurus 134] A insigne Corinto não foi construída
num único dia. ■ Roma não se fez num dia. ■ É preciso
dar tempo ao tempo. ■ Calma no Brasil! VIDE: ● Die solo
non est exstructa Corinthus. ● Haud facta est una
Martia Roma die. ● Non fuit in solo Roma peracta
die. ● Non stilla una cavat marmor, nec protinus uno
est condita Roma die. ● Non uno est condita Roma
die. ● Roma non fuit una die condita. ● Roma non
uno condebatur die.
1653. Alta extimesco sceptra. [Sêneca, Medea 529] Tenho
medo dos cetros poderosos. ■ À voz de el-rei não há
coisa forte.
1654. Alta fecundi soli silva est. [Sêneca, De Ira 2.15.1]
Floresta alta é sinal de solo fértil.
1655. Alta pax gentes alat. [Sêneca, Hercules Furens 929]
Que uma paz profunda fortifique as nações.
1656. Alta pete ut media adsint. [Schottus, Adagia 593]
■ Pede o máximo para ter o que baste. VIDE: ● Ad
summa quisque contendat, sic enim futurum
medium ut teneat. ● Iniquum petas, ut aequum feras.
● Summa cape, et medio potieris. ● Summum cape, et
medium habebis. ● Summum cape et medium
tenebis. ● Ut obtineas medium, summum cape.
1657. Alta ventos semper excipiunt iuga. [Sêneca,
Oedipus 8] Picos elevados sempre sofrem com os
ventos. ■ Raio não cai em pau deitado.
1658. Altare spoliat ut aliud operiat. [DAPR 234]
Despoja um altar para cobrir outro. ■ Descobre um santo
para cobrir outro. VIDE: ● Alium spoliat, ut alium ditet.
1659. Alter alterius auxilio eget. [DAPR 707] Um precisa
do auxílio do outro. ■ Não há rainha sem sua vizinha.
■ Não há quarenta sem zero.
1660. Alter alterius onera portate. [Vulgata, Gálatas 6.2]
Levai as cargas uns dos outros. VIDE: ● Invicem onera
nostra portemus.
1661. Alter ego. [Ovídio, Amores 1.7.32] Um segundo eu.
(=Alter ego. Um amigo íntimo em quem se confia
como em si mesmo. Um confidente). ■ Um amigo do
peito.
1662. Alter ego est amicus. Um amigo é um segundo eu.
● Alter ego est amicus, cuncta mecum habet omnia.
Um amigo é um segundo eu: ele tem tudo em comum
comigo. VIDE: ● Alter ipse amicus. ● Alter se.
● Amicum esse alterum se. ● Amicus alter ego.
● Amicus alter ipse. ● Amicus est tamquam alter
idem. ● Est amicus tamquam alter idem. ● Verus
amicus est is qui est tamquam alter idem.
1663. Alter ego nisi sis, non es mihi verus amicus; ni
mihi sis ut ego, non eris alter ego. Se não forem um
outro eu, não és meu verdadeiro amigo; se para mim
não fores como eu, não serás um outro eu.
1664. Alter frenis eget, alter calcaribus. [Cícero, Ad
Atticum 6.12] Um precisa de freio, outro, de esporas.
1665. Alter Hercules. É um segundo Hércules.
1666. Alter Ianus. [Erasmo, Adagia 4.2.93] Um segundo
Jano. (=Um homem de duas caras).
1667. Alter idem [Cícero, De Amicitia 80] Outro igual.
Outro eu.
1668. Alter ipse amicus. Um amigo é um segundo eu.
VIDE: ● Alter se. ● Amicum esse alterum se. ● Amicus
alter ego. ● Amicus alter ipse. ● Amicus est tamquam
alter idem. ● Est amicus tamquam alter idem.
● Verus amicus est is qui est tamquam alter idem.
1669. Alter lucrum tantum, alter damnum sentiret.
[Digesta 17.2.29.2] Um sentiria somente a vantagem, o
outro somente o prejuízo. ■ Um semeia, outro colhe.
VIDE: ● Alii laborarunt, alii fructum ceperunt. ● Alii
laborarunt, lucrum alii reportarunt. ● Alii
laborabant, alii autem fruebantur. ● Alii sementem
faciunt, alii metent. ● Alii seminant, metent alii. ● Alii
serunt, alii metunt. ● Alius est qui seminat, et alius
est qui metit. ● Ego seram, et alius comedat. ● Hic
consevit agrum, sed fruges demetit alter. ● Leonina
societas.
1670. Alter occidit apros, alter pulpamento fruitur.
[Binder, Thesaurus 137] Um mata os javalis, outro
aproveita a carne. ■ Nem sempre dança quem paga a
música. ■ O bocado não é para quem o faz. VIDE: ● Ego
semper apros occido, sed alter semper utitur
pulpamento. ● Ego apros occido, sed alter fruitur
pulpamento.
1671. Alter parens. [Cícero, In Verrem 2.5.110] Um
segundo pai. (=Um protetor).
1672. Alter remus aquas, alter tibi radat arenas; tutus
eris. [Propércio, Elegiae 3.3.23] Dos teus remos, que
um toque as águas, que o outro toque a terra; ficarás em
segurança. ■ Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
1673. Alter rixatur de lana saepe caprina. [Horácio,
Epistulae 1.18.15] Um deles, muitas vezes, discute a
propósito da lã das cabras. ■ Discute o sexo dos anjos.
1674. Alter se. Um outro eu. VIDE: ● Alter ipse amicus.
● Amicum esse alterum se. ● Amicus alter ego.
● Amicus alter ipse. ● Amicus est tamquam alter
idem. ● Est amicus tamquam alter idem. ● Verus
amicus est is qui est tamquam alter idem.
1675. Alter statim oblivisci debet dati, alter accepti
nunquam. [Sêneca, De Beneficiis 2.10] Um deve logo
esquecer-se do que deu, o outro nunca deve esquecer-se
do que recebeu. ■ Cale quem deu, e fale quem recebeu.
VIDE: ● Accepti nunquam, cito dati obliviscere.
1676. Altera die. [Vulgata, João 1.29] No dia seguinte. No
outro dia. VIDE: ● Crastino die. ● In crastino. ● Die
altera.
1677. Altera manu do, et accipio altera. [Grynaeus 179]
Com uma das mãos eu dou, com a outra recebo.
● Altera manu trado, recipio ast altera. [Schottus,
Adagia 623]
1678. Altera manu fert aquam, altera ignem. [Erasmo,
Adagia 4.4.74] Com uma das mãos traz água, com a
outra, fogo. (=Pede com palavras gentis, mas, ao mesmo
tempo, faz ameaças). ● Altera manu fert lapidem,
panem ostentat altera. [Plauto, Aulularia 152] Com
uma das mãos leva uma pedra, com a outra oferece pão.
● Altera manu panem ostentat, altera fert lapidem.
[Polydorus, Adagia] ● Altera manu hastam, altera
caduceum praeferens. [Manúcio, Adagia 1248] Com
uma das mãos traz a lança, com a outra o caduceu. VIDE:
● Aquas gestat dextra, flammasque sinistra.
1679. Altera manu scabit caput, altera malam ferit.
[Pereira 94] Com uma das mãos faz cafuné, com a outra
fere o rosto. ■ Agora dá pão e mel, depois dará pau e
fel. ● Altera manu scabit, altera ferit. [Stevenson
2365] Com uma das mãos acaricia, com a outra fere.
● Altera manu caput mulcet, altera ferit. Uma das
mãos afaga minha cabeça, a outra fere.
1680. Altera mens asini, mens altera qui regit illum. Um
é o pensamento do burro, outro o de quem o dirige.
■ Burro e carroceiro nunca estão de acordo.
1681. Altera natura est habitus; quam iunior artem
perdices, tollet nulla senecta tibi. [Owen, Monosticha
12.103] O hábito é uma segunda natureza; o
procedimento que aprendes na juventude, a velhice não
tirará de ti. ■ O que se aprende na mocidade, toda a vida
dura.
1682. Altera pars otio, pars ista labori. [Inscrição em
quadrante solar] A outra parte do dia é para o descanso,
mas esta é para o trabalho.
1683. Altera pars revocat quidquid pars altera fecit.
[Rezende 255] Uma parte desfaz o que a outra fez.
■ Desmancha com os pés o que fez com as mãos.
1684. Altera ridicula est, altera putidula. [Marcial,
Epigrammata 20.4] Esta é ridícula, a outra é pretensiosa.
● Altera rancidula est, altera putidula. Esta é
desagradável, a outra é pretensiosa.
1685. Altera vice. Pela segunda vez. VIDE: ● Vice altera.
1686. Alteri enim nec prodest nec nocet iusiurandum
inter alios factum. [Digesta 25.6.1] Juramento feito
entre uns não aproveita nem prejudica a outro. VIDE:
● Iusiurandum alteri neque prodest neque nocet.
● Iusiurandum inter alios factum nec nocere nec
prodesse debet.
1687. Alteri loquaces, alteri voraces. Uns são loquazes,
outros vorazes. VIDE: ● Alii linguam, alii molares.
● Aliis lingua, aliis dentes. ● Aliis lingua, aliis vero
molares. ● Est lingua quibusdam, molares at aliis.
● Illi enim loquaces, hi voraces.
1688. Alteri ne facias quod tibi fieri non vis. [Rezende
257] Não faças a outrem o que não queres que te seja
feito. ■ Não faças aos outros o que não queres que te
façam. VIDE: ● Aliis ne feceris, quod tibi fieri non vis.
● Facere non debet quis alteri, quod sibi fieri nolit.
● Ne alteri feceris quod tibi non vis fieri. ● Quod ab
alio oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando alteri
facias. ● Quod tibi fieri non vis, alteri ne feceris.
● Quod tibi non optes, alii ne feceris ulli. ● Quod tibi
non vis fieri, alii ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri,
alteri ne feceris. ● Quod tibi non vis, alteri ne facies.
● Quod tibi fieri non vis, alteri ne facias. ● Quod tibi
non vis, utinam alteri ne facias. ● Quod sibi quis fieri
non vult, alii ne faciat.
1689. Alteri semper ignoscito, tibi ipsi nunquam. [DM
111] Aos outros perdoa sempre, a ti nunca. ■ Perdoai
tudo a todos, e a vós, nada.
1690. Alteri sic tibi age! Faze ao outro como fazes a ti!
● Alteri sic tibi.
1691. Alteri vivas oportet, si tibi vis vivere. [Sêneca,
Epistulae Morales 48.2] É preciso que vivas para teu
próximo, se queres viver para ti. ■ Não se pode viver
sem amigos.
1692. Alterius alter est sensus. [Grynaeus 178] A
percepção de cada um é diferente. ■ Cada um vê mal ou
bem conforme os olhos que tem. ■ Quantas cabeças,
tantas opiniões. VIDE: ● Tot capita, tot sensus.
1693. Alterius circumventio alii non praebet actionem.
[Digesta 50.17.49] A burla contra um não proporciona
ação a outrem.
1694. Alterius damnum gaudium haud facias tuum.
[Publílio Siro] Não faças da desgraça alheia tua
satisfação. ■ Não te alegres do meu luto; quando ele for
velho, o teu será novo.
1695. Alterius dictum aut factum ne carpseris unquam,
exemplo simili ne te derideat alter. [Dionísio Catão,
Disticha 3.7] Nunca critiques o que outrem diga ou faça,
para que, em situação igual, outrem não te ridicularize.
1696. Alterius festum solum invitatus adibis. [Pereira
120] A festa alheia só irás convidado. ■ A boda ou
batizado não vás ser sem convidado. ■ Quem não te
roga, não lhe vás à boda. VIDE: ● Ad consilium ne
accesseris, antequam voceris. ● Antequam voceris, ad
consilium ne accesseris. ● Antequam voceris, ne
accesseris. ● Consilium ne adeas invocatus. ● Haud
advocatus ne ad consilium accesseris.
1697. Alterius hic messem metis. [Schottus, Adagia 637]
Aqui tu segas a seara alheia. ■ Metei-vos onde não vos
chamam. ■ Metes o nariz onde não te compete. VIDE:
● Alienam metis messem. ● Messem metis alienam.
● Metis ubi non seminasti, et congregas ubi non
sparsisti. ● Sub aliena arbore fructum legis.
1698. Alterius litteras, crumenam et abacum ne
inspicito. [Bebel / Eiselein 95] Não metas o nariz em
carta, nem em bolsa, nem em contas dos outros.
1699. Alterius neglegentia aut cupiditas huic qui
diligens fuit, nocere non debet. [Digesta 42.5.6.2,
adaptado] A negligência ou a cobiça de um não deve
prejudicar a quem foi diligente.
1700. Alterius non sit, qui suus esse potest. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 21b.22; Pereira 120]
Quem pode ser seu não seja de outrem. ■ Quem pode ser
livre não se cative. ■ Quem pode ser seu, sendo de outro
é sandeu. ● Alterius non sit, qui potest esse sui. VIDE:
● Cum tuus es, noli servire nisi tibi soli. ● Est foculus
proprius multo pretiosior auro.
1701. Alterius potius quam tua laus tibi sit. [Petrus
Abelardus, Carmen ad Astralabium 340] É melhor a tua
glória venha de outrem que de ti.
1702. Alterius pulsa fores. Vai bater em outra porta.
■ Bater a outra porta, que esta não se abre. ■ Quem não
te conhece, que te compre. VIDE: ● Aliam quercum
excute! ● Tollat te qui non novit.
1703. Alterius sub nutu degere vitam. Viver a vida sob o
arbítrio de outrem. ● Alterius sub nutu degitur aetas.
[Lucrécio, De Rerum Natura 4.1125] A vida passa sob o
arbítrio de outrem. VIDE: ● Alieno arbitrio. ● Alieno
arbitrio vivere. ● Alieno arbitratu vivere. ● Alieno
more vivere. ● Alieno nutu vivere. ● Non ex alieno
arbitrio pendet. ● Suis stat viribus.
1704. Alterius vitium acute cernis, et tua non vides.
[Schottus, Adagialia Sacra 17] Percebes com clareza o
vício alheio, mas os teus não vês. ■ O macaco vê o rabo
da cutia, mas não vê o seu. ● Alterius vitia acute
cernis, et tua non vides. Os vícios alheios vês
claramente, mas os teus não vês.
1705. Alternando boni nos dona manemus amici.
[DAPR 488] Trocando presentes, nós permanecemos
bons amigos. ■ É dando que se recebe. ■ Os pequenos
presentes fortalecem a amizade. ■ Os pequenos
obséquios mantêm a amizade.
1706. Alternant spesque timorque fidem. [Ovídio,
Heroides 6.40] A esperança e o medo se alternam com a
confiança.
1707. Alternis dicetis; amant alterna Camenae.
[Virgílio, Eclogae 3.59] Vós cantareis um de cada vez:
as Camenas apreciam os cantos alternados. ● Alternis
cantemus; amant alterna Camenae. [Victor Hugo /
Pierre Larousse 34] Cantemos um de cada vez: as
Camenas apreciam cantos alternados. VIDE: ● Amant
alterna Camenae.
1708. Alternis diebus. Em dias alternados.
1709. Alternis horis. Em horas alternadas.
1710. Alternatim. Alternadamente. ● Alternis vicibus.
[Jur / Black 100]
1711. Alterum illud ignorari non oportet, quod non
omnibus aegris eadem auxilia conveniunt. [Celso, De
Medicina 3.5] Há outra coisa que não convém ser
ignorada: que os mesmos remédios não servem para
todos os doentes.
1712. Alterum intuere, ne laedaris, alterum, ne laedas.
[Sêneca, Epistulae Morales 103.3] Observa um, para
não seres lesado, o outro, para não lesares.
1713. Alterum non laedere. Não se deve maltratar a
outrem. VIDE: ● Honeste vivere, alterum non laedere,
suum cuique tribuere.
1714. Alterum pedem in cymba Charontis habet.
[Erasmo, Adagia 2.1.52] Já tem um pé na barca de
Caronte. (=Está próximo da morte. Caronte era o
barqueiro dos infernos). ■ Tem um pé no caixão. ■ Está
com o pé na cova. ● Alterum pedem in cumba
Charontis habet. ● Alterum pedem in tumulo habet.
Está com um pé no túmulo. ● Alterum pedem in
sepulcro habet. [Erasmo] VIDE: ● Pedem alterum in
cymba Charontis habet.
1715. Alterutra clarescere fama. [Rezende 262] Tornar-
se célebre por qualquer meio.
1716. Altiora in votis. [Divisa] Coisas mais elevadas estão
nos meus desejos.
1717. Altiora peto. [DAPR 698] Aspiro a coisas mais
elevadas.
1718. Altiora semper petens. [Divisa de Petrópolis, RJ]
Buscando sempre coisas mais elevadas.
1719. Altiora te ne quaesieris, et fortiora te ne scrutatus
fueris. [Vulgata, Eclesiástico 3.22] Não procurarás
saber o que excede a tua capacidade e não especularás o
que ultrapassa as tuas forças. VIDE: ● Quae supra nos
nihil ad nos. ● Quod supra nos, nihil ad nos.
1720. Altis plerumque adiacent abrupta. [DAPR 693]
Quase sempre os abismos são vizinhos dos cumes.
■ Quem muito alto vai de muito alto cai. ■ Quanto mais
alta a berlinda, maior o trambolhão. VIDE: ● Plerumque
altis et excelsis adiacent abrupta.
1721. Altissima quaeque flumina minimo labuntur
sono. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.4.13] Os rios mais
profundos correm com menor ruído. ■ Águas tranqüilas,
águas profundas. ■ Água silenciosa, a mais perigosa.
■ Cuidado com o homem que não fala e com o cão que
não ladra. VIDE: ● Aqua profunda est quieta.
● Flumina tranquillissima saepe sunt altissima.
● Minimo sono labuntur alta flumina. ● Gurgite sub
leni fallit metuenda vorago. ● Ne credas undam
placidam non esse profundam. ● Quamvis sint lenta,
sint credulla nulla fluenta. ● Qui fuerit lenis, tamen
haud bene creditur amni. ● Quietae aquae non
credere.
1722. Altissimus enim est patiens redditor. [Vulgata,
Eclesiástico 5.4] O Altíssimo é um pagador paciente.
■ O castigo demora, mas não falha.
1723. Altius praecepta descendunt, quae teneris
imprimuntur aetatibus. [Sêneca, Ad Helviam 18.18]
Chegam a maiores profundidades os ensinamentos
gravados em tenra idade. ■ O que se aprende no berço
dura até a sepultura. VIDE: ● Difficulter eraditur quod
rudes animi perbiberunt.
1724. Altivolans volucris victum sibi quaerit in imis.
[Binder, Thesaurus 142] Ave que voa alto procura sua
comida no chão.
1725. Altum silentium. [Virgílio, Eneida 10.63] Um
silêncio profundo.
1726. Alucinari in meridie. Sonhar ao meio-dia. ■ Ver
estrelas ao meio-dia.
1727. Alumni. Os alunos. Os estudantes.
1728. Alumnus sapientis sapiens. [Manúcio, Adagia 12]
O aluno do sábio é sábio. ■ De bom mestre, bom
discípulo.
1729. Ama, et fac quod vis. Ama e faze o que quiseres.
VIDE: ● Dilige, et quod vis fac.
1730. Ama nesciri et pro nihilo reputari. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.2.15] Ama permanecer
desconhecido e ser contado como nada.
1731. Ama proximum. [Tales de Mileto / Rezende 271]
Ama teu próximo.
1732. Ama tamquam osurus, oderis tamquam
amaturus. [Bias / Erasmo, Adagia 2.1.72] Ama como
se houvesses de odiar, odiarás como se houvesses de
amar. VIDE: ● Amare oportet tamquam osuros, et
odisse tamquam amaturos. ● Amicum ita habeas
posse ut fieri hunc inimicum scias. ● Et ama
tamquam inimicus futurus, et odi tamquam
amaturus. ● Ex inimico cogita posse fieri amicum.
● Ita amare oportere, ut si aliquando esset osurus.
● Ita amicum habeas, posse ut facile fieri hunc
inimicum putes. ● Sicut osurus adama, oderis velut
amaturus.
1733. Amabilis insania. [Horácio, Carmina 3.4.5] Gentil
loucura. Doce ilusão.
1734. Amabit sapiens, cupient ceteri. [Afrânio / Apuleio,
Apologia 12] O sábio amará, os demais apenas terão
desejo.
1735. Amandi nec multi nec nulli. [Rezende 266] Nem
devem ser amados muitos, nem nenhum. ■ Amigos, nem
muitos nem nenhum. ■ Muitos amigos em geral, e um em
especial. VIDE: ● Amici nec multi, nec nulli. ● Amici
nec multi, nec nullus. ● Nec multis, ac nec nulli
dicaris amicus. ● Nec nulli sis amicus, nec omnibus.
● Neque nulli sis amicus, neque multis.
1736. Amandus est generator, sed creator
praeponendus est. O pai deve ser amado, mas o
Criador deve ser colocado à frente.
1737. Amans amanti medico. Um namorado é médico do
outro.
1738. Amans, amens. Homem apaixonado não tem juízo.
■ Homem com amores é odre de vento. VIDE: ● Amantes,
amentes. ● Omnis amans amens.
1739. Amans iratus multa mentitur sibi. [Publílio Siro]
O homem apaixonado, quando está zangado, imagina
muitas coisas falsas.
1740. Amans, ita ut fax, agitando ardescit magis.
[Publílio Siro] O homem enamorado, como a tocha,
quando se agita, mais se inflama. ■ Homem apaixonado
e pássaro com visgo, quanto mais se debatem, mais se
prendem. VIDE: ● Amans, sicut fax, agitando ardescit
magis.
1741. Amans quae non oportent, minime adamabis
quae oportent. [S.Nilo / Bernardes, Nova Floresta
1.376] Amando o que não deves amar, de modo algum
amarás o que deves. ● Amans quae non oportet, non
amabis quae oportet. [Apostólio 20.22]
1742. Amans quid cupiat scit, quid sapiat non videt.
[Publílio Siro] O homem enamorado sabe o que deseja,
mas não vê o que precisa saber.
1743. Amans quod suspicatur, vigilans somniat.
[Publílio Siro] O homem apaixonado sonha acordado
com o que suspeita.
1744. Amans se suaque prodigit. O homem enamorado
dissipa a si e a seus bens. ■ O amor odeia a avareza.
1745. Amans, sicut fax, agitando ardescit magis. O
homem enamorado, como a tocha, quando se agita, mais
se inflama. ■ Homem apaixonado e pássaro com visgo,
quanto mais se debatem, mais se prendem. VIDE:
● Amans, ita ut fax, agitando ardescit magis.
1746. Amans volat, currit et laetatur; liber est, et non
tenetur. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
4.5.15] Aquele que ama voa, corre e salta de alegria; é
livre, e nada o detém.
1747. Amant alterna Camenae. [Virgílio, Eclogae 3.59]
As Camenas apreciam os cantos alternados. (=Camenas,
ninfas das fontes, em muitas narrações identificadas
com as Musas). VIDE: ● Alternis dicetis; amant alterna
Camenae.
1748. Amant ignorare, cum alii gaudeant cognovisse.
[Tertuliano, Apologeticus 1.3] Esses preferem ignorar,
enquanto outros alegram-se com saber.
1749. Amantem iniuria talis cogit amare magis, sed
bene velle minus. [Catulo, Carmina 72.7] Tal ofensa
obriga o homem enamorado a mais amar, porém a
menos querer bem.
1750. Amantem redama. Ama a quem te ama.
1751. Amantes, amentes. [Terêncio, Andria 218; Plauto,
Mercator 81] Os apaixonados são uns loucos. ■ Homem
com amores é odre de vento. ● Amantes amentes sunt.
VIDE: ● Amans, amens. ● Omnis amans amens.
1752. Amantes de forma iudicare non possunt, quia
sensum oculorum praecipit animus. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 6.2.6] Os apaixonados não podem
julgar a respeito de beleza, porque o coração embota a
sensibilidade dos olhos.
1753. Amantes fugis, et insequeris fugientes. [Pereira
106] Foges dos que te amam e segues quem te foge.
■ Foges de quem te quer bem e queres bem a quem te
mata.
1754. Amantes libenter credunt quod optant. Os homens
enamorados acreditam de bom grado naquilo que
desejam.
1755. Amantes non longe a caro corpore abesse volunt.
[Catulo, Carmina 66] Os apaixonados não querem ficar
longe do corpo amado.
1756. Amantes pacem amant Deum, qui est auctor
pacis. Os que amam a paz amam a Deus, que é o autor
da paz.
1757. ● Amantes sibi somnia fingunt. Os apaixonados
criam os próprios sonhos. VIDE: ● An qui amant, ipsi
sibi somnia fingunt? ● Qui amant, ipsi sibi somnia
fingunt. ● Sibi amantes somnia fingunt.
1758. Amanti nihil difficile. [Eiselein 466] Nada é difícil
para quem ama. ■ Quem ama, do longe faz perto. VIDE:
● Nihil amantibus durum est. ● Nihil difficile amanti.
1759. Amantibus omnia communia. Para os namorados,
tudo é comum.
1760. Amantis iusiurandum poenam non habet.
[Publílio Siro] Jura de namorado não tem castigo.
■ Juramento de quem ama mulher não é para crer.
■ Jura de namorado não é pecado. VIDE: ● Amoris
iusiurandum poenam non habet. ● Iuppiter ex alto
periuria ridet amantum, ● Venereum iuramentum
non est poenae obnoxium. ● Venereum iusiurandum
non punitur.
1761. Amantium caeca iudicia sunt. [Cícero, De Amicitia
85] Os julgamentos dos homens enamorados são cegos.
1762. Amantium irae amoris integratio est. [Terêncio,
Andria, 555] Arrufos de namorados são a renovação do
amor. ■ Amores arrufados, amores dobrados. ■ Arrufos
de namorados são amores dobrados. ■ Brigas de
namorados, amores renovados. ■ Pelejas de namorados
são amores renovados. ● Amantis ira redintegratio
amoris est. [Mota 51] Briga de namorado é a renovação
do amor. VIDE: ● Amor fit ira iucundior. ● Non bene, si
tollas proelia, durat amor.
1763. Amara est veritas. [S.Agostinho, Sermo 153] ■ A
verdade é amarga.
1764. Amara tempera risu. Ameniza a amargura com o
riso.
1765. Amaracinum fugitat sus. [Lucrécio, De Rerum
Natura 6.982] O porco foge da manjerona. VIDE: ● Sicut
sus amaracinum amat.
1766. Amare autem nihil aliud est, nisi eum ipsum
diligere, quem ames, nulla indigentia, nulla utilitate
quaesita. [Cícero, De Amicitia 100] Amar não é senão
dar o coração a quem se ama, sem haver qualquer
necessidade ou vantagem.
1767. Amare et sapere vix deo conceditur. [Publílio Siro]
Amar e ter juízo só se concede a um deus. ■ Amar e
saber só a Deus se concede. ■ Amar e saber só a Deus
pode ser. VIDE: ● Omnis amans amens. ● Amare simul
et sapere ipsi Iovi non datur. ● Amare simul et sapere
vix deo conceditur.
1768. Amare filiorum, timere est servorum. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Amar é próprio dos filhos; temer,
dos servos.
1769. Amare inepte nil ab odio discrepat. [Apostólio
20.19] O amor importuno em nada difere do ódio.
■ Amor adquirido a pau sempre é mau. VIDE: ● Beneficus
importunus hoste non minus. ● Benevolentia
importuna non differt ab odio. ● Benevolentia
importuna nihil differt a simultate. ● Importuna
benevolentia nihil ab inimicitia distat. ● Intempestiva
benevolentia nihil a simultate differt. ● Par odio
importuna benevolentia. ● Par odio simulata
benevolentia.
1770. Amare iuveni fructus est, crimen seni. [Publílio
Siro] Amar para o jovem é um prazer, para o velho um
motivo de reprovação. ■ O amor no velho traz culpa e
no mancebo fruto. VIDE: ● Est in canitie ridiculosa
Venus. ● Turpe senex miles, turpe senilis amor.
1771. Amare liceat, si potiri non licet. [Menandro /
Apuleio, Fragmenta] Seja permitido amar, se não se
pode conquistar.
1772. Amare oportet omnes. [Plauto, Truculentus 57] É
preciso que todos amem.
1773. Amare oportet tamquam osuros, et odisse
tamquam amaturos. [Apostólio 10.100] É preciso
amar como se se fosse odiar, e odiar como se se fosse
amar. VIDE: ● Ama tamquam osurus, oderis tamquam
amaturus. ● Et ama tamquam inimicus futurus, et
odi tamquam amaturus. ● Ex inimico cogita posse
fieri amicum. ● Ita amare oportere, ut si aliquando
esset osurus. ● Sicut osurus adama, oderis velut
amaturus.
1774. Amare pulchrius palam quam clanculum.
[Schottus, Adagia 611] Amar é mais belo publicamente
do que em segredo.
1775. Amare sic incipe, tamquam non liceat tibi
desinere. [DM 84] Começa a amar como se não te fosse
permitido parar.
1776. Amare simul et sapere ipsi Iovi non datur.
[Stevenson 1485] Amar e saber não se concede nem ao
próprio Júpiter. ■ Amar e saber não pode ser. ■ É bem
raro acordar-se a razão com o sentimento. ● Amare
simul et sapere vix deo conceditur. [Labério / Rezende
273] Ao mesmo tempo amar e saber só se concede a um
deus. VIDE: ● Amare et sapere vix deo conceditur.
1777. Amare volo, potiri nolo. [Inscrição em medalha]
Amar, eu quero, ser poderoso, não quero.
1778. Amari iucundum est, si curetur, ne quid insit
amari. [RH 4.21.1] Ser amado é agradável, desde que
se tome cuidado para que não haja nada de amargo.
1779. Amari malo quam timeri. Prefiro ser amado a ser
temido. ■ Antes ser amado que temido. VIDE: ● Malo
amari quam timeri. ● Malo me diligi quam metui.
● Maluit se diligi quam metui. ● Nolo ego metui;
amari mavolo. ● Plus a vobis amari appetat quam
timeri. ● Potius amari, quam metui. ● Praestat amari
quam timeri.
1780. Amariorem me facit senectus. A velhice me faz
mais amargo. ● Amariorem enim me senectus facit;
stomachor omnia. [Cícero, Ad Atticum 14.21.3] A
velhice me faz mais amargo; tudo me aborrece.
1781. Amarus vitiorum fructus. O fruto do pecado é
amargo.
1782. Amat enim qui se sic amari putat, ut taedium non
pertimescat. [Plínio Moço, Epistulae 8.21.5] Ama
verdadeiramente quem se crê amado de tal maneira que
não receie o enfado.
1783. Amat Fortuna parum cordatos, amat audaciores
et quibus illud placet ‘alea iacta est’. At Sapientia
timidulos reddit. [Erasmo, Moriae Encomium 61] A
Fortuna pouco ama as pessoas prudentes, ela ama os
mais audaciosos e aqueles a quem agrada dizer ‘a sorte
está lançada’. A Sabedoria, ao contrário, faz os tímidos.
1784. Amat me, ut lupus ovem. Ele me ama como o lobo
ama a ovelha.
1785. Amat nox atra nauclero scio parere metum.
[Ésquilo / Manúcio, Adagia 1256] A noite negra gosta
de assustar o patrão de barco competente. VIDE: ● Docto
gubernatori nox metum parit. ● Nox gubernatorem
prudentem terret.
1786. Amat victoria curam. [Catulo, Carmina 62.16] A
vitória aprecia o esforço. ■ Quem trabalha tudo alcança.
1787. Amata res caecos amantes efficit. [Binder,
Thesaurus 146] A coisa amada cega os amantes. ■ O
amor cega.
1788. Amatorem amicae vitia ipsa delectant. [Branco
465] Os defeitos da mulher amada encantam o
namorado. ■ Quem o feio ama, formoso lhe parece.
1789. Amatores amant flores. Namorados gostam de
flores.
1790. Ambabus manibus arripere. Agarrar com ambas as
mãos.
1791. Ambigua responsa dare proprium est aularum.
[Eiselein 32] Dar respostas ambíguas é próprio dos
palácios.
1792. Ambigua responsio contra proferentem est
accipienda. [Jur / Black 101] A resposta ambígua deve
ser tomada contra quem a profere.
1793. Ambiguas in vulgum spargere voces. [Virgílio,
Eneida 2.99] Espalhar boatos entre o povo.
1794. Ambiguis alis labilis hora volat. [Inscrição em
quadrante solar] Com asas misteriosas, a hora
escorregadia voa.
1795. Ambiguis casibus semper praesumitur pro rege.
[Jur / Black 101] Nos casos duvidosos, a presunção é
sempre a favor do rei.
1796. Ambiguitas latens. [Jur / Black 102] Ambigüidade
latente.
1797. Ambiguitas patens. [Jur / Black 102] Ambigüidade
patente.
1798. Ambiguitas vel dubietas in meliorem semper
partem est interpretanda. [Jur] A ambigüidade ou a
dúvida sempre devem ser interpretadas no sentido mais
favorável.
1799. Ambiguum pactum contra venditorem
interpretandum est. [Jur / Black 102] O contrato
ambíguo deve ser interpretado contra o vendedor.
1800. Ambiguum placitum interpretari debet contra
proferentem. [Jur / Black 102] Um pleito ambíguo
deve ser interpretado contra quem o enuncia.
1801. Ambitio et invidia sit procul. [Divisa do Barão do
Amparo] Fiquem longe de mim a ambição e a inveja.
1802. Ambitio mentes agitat vesana superbas. A
ambição desenfreada agita as mentes arrogantes.
1803. Ambitio nihil aliud est quam immoderata
cupiditas bonorum aut gloriae. A ambição não é
senão o desejo desmedido de bens ou de glória.
1804. Ambitio non respicit. O ambicioso não olha atrás de
si. VIDE: ● Habet hoc vitium omnis ambitio: non
respicit.
1805. Ambitionem ambitio excitat. [Sêneca, De Brevitate
Vitae 17] Ambição desperta ambição. ■ Quem mais tem
mais quer. ■ Mais arde o fogo quando tem mais lenha.
1806. Ambitiosa non est fames. A fome não é ambiciosa.
■ Quem tem fome cardos come. ■ À fome não há pão
duro. ● Ambitiosa non est fames, contenta desinere
est; quo desinat non nimis curat. [Sêneca, Epistulae
Morales 119.14] A fome nada tem de ambiciosa: dá-se
por contente com que a matem, sem escolher
instrumentos. VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro
dulci sumet.
1807. Ambitiosa recidet ornamenta. [Horácio, Ars
Poetica 447] (O poeta) suprimirá os ornamentos
pomposos.
1808. Ambo concupiscens, neutrum assecutus es.
[Grynaeus 271] Desejando os dois, não conseguiste
alcançar nenhum deles. ■ Quem muito quer tudo perde.
■ Quem corre a duas lebres nenhuma alcança. VIDE:
● Duo cum cuperes, neutrum es consecutus.
1809. Ambo florentes aetatibus, Arcades ambo, et
cantare pares, et respondere parati. [Virgílio,
Eclogae 7.4] Ambos na flor da idade, ambos árcades,
igualmente hábeis no cantar e prontos a responder. VIDE:
● Arcades ambo.
1810. Ambulate dum lucem habetis. [Inscrição em
quadrante solar] Caminhai enquanto tendes luz.
● Ambulate dum lucem habetis, ut non vos tenebrae
comprehendant. [Vulgata, João 12.35] Andai enquanto
tendes luz, para que vos não apanhem as trevas.
● Ambulate dum lucem habetis; veniet enim dies cum
tempus non erit amplius. [Inscrição em quadrante
solar] Andai enquanto tendes luz; virá o dia em que não
haverá mais tempo.
1811. Ambulatoria est voluntas defuncti usque ad vitae
supremum exitum. [Digesta 34.4.4] É mutável a
vontade do testador até o último momento de vida. VIDE:
● Sit ambulatoria voluntas usque ad vitae supremum
exitum. ● Voluntas hominis ambulatoria est usque ad
vitae supremum exitum.
1812. Ambulavimus vias difficiles. [Vulgata, Sabedoria
5.7] Trilhamos caminhos difíceis.
1813. Ambulemus in lumine Dei. [Inscrição em quadrante
solar] Caminhemos na luz de Deus.
1814. Ambulet ut cancer recte, haud effeceris unquam.
[Aristófanes / Manúcio, Adagia 942] Nunca conseguirás
que o caranguejo ande en linha reta. ■ Quem nasce torto,
morre envergado. VIDE: ● Nunquam efficies ut recte
ingrediantur cancri.
1815. Ambulo pedibus: nandi imperitus scilicet. Eu ando
a pé, pois não sei nadar. ■ Quem não pode morder
arranha. ■ Se não posso como quero, faço como posso.
VIDE: ● Natare non didici, pedibus ambulo. ● Pedibus
ingredior: natare enim non didici. ● Pedibus
ingredior, nam natare non didici.
1816. Amemus patriam. [Cícero, Pro Sestio 143]
Amemos a pátria.
1817. Amens amansque. [Plauto, Mercator 82] Louco de
amor.
1818. Amens nemo magis quam male sanus amans.
Ninguém é mais louco do que um namorado insensato.
1819. Ames parentem, si aequus est; si aliter, feras.
[Publílio Siro] Ama teu pai, se ele é justo; se não for,
suporta-o. ■ Se o pai é bom, adora-se; se não presta,
respeita-se.
1820. Ames probatos, non amatos post probes. [Cecílio
Balbo] Sejam teus amigos pessoas que já tenhas
provado; não proves teus amigos. VIDE: ● Amicum
proba, probatum ama.
1821. Amica pax, sed magis amica veritas. [Dengg 12] A
paz é amiga, mas a verdade é mais amiga.
1822. Amica salutatio gratum responsium invenit.
[Bebel, Adagia Germanica] Cumprimento amável
encontra resposta gentil. ■ Como falares, assim ouvirás.
1823. Amice, ad quid venisti? [Vulgata, Mateus 26.86]
Amigo, a que vieste?
1824. Amice, ascende superius. [Vulgata, Lucas 14.10]
Amigo, assenta-te mais para cima.
1825. Amice, non facio tibi iniuriam. [Vulgata, Mateus
20.13] Amigo, eu não te faço agravo.
1826. Amice, quomodo huc intrasti non habens vestem
nuptialem? [Vulgata, Mateus 22.12] Amigo, como
entraste aqui, não tendo vestido nupcial?
1827. Amici cum vitiis ferendi. [S.João Crisóstomo]
Devem-se aceitar os amigos com seus defeitos. ■ O
amigo há de se levar com sua tacha. ■ Defeitos de meu
amigo, lamento, mas não maldigo. ■ A falta do amigo
hás de conhecer e não aborrecer. VIDE: ● Amicus cum
vitiis ferendus.
1828. Amici, diem perdidi! [Suetônio, Titus 8.1] Amigos,
perdi o dia! (=Palavras do imperador Tito, ao verificar
que naquele dia não tinha concedido nenhum benefício).
1829. Amici firmamentum sapientia. [Publílio Siro] O
apoio do amigo é a sabedoria.
1830. Amici fugiunt ubi probantur. [Sêneca, Epistulae
Morales 9] Os amigos fogem quando são postos a
prova. ■ O amigo se conhece na adversidade.
1831. Amici fures temporis. [Bacon, Advancement of
Learning 2.23.3] Os amigos são ladrões do nosso
tempo. ■ Conversa de amigos, roubo de tempo. ● Amici
fures temporum. [Binder, Thesaurus 148]
1832. Amici mores noveris, non oderis. [Publílio Siro]
Conhecerás o caráter do teu amigo, mas não o
aborrecerás. ■ Defeitos de meu amigo, lamento, mas não
maldigo. ■ A falta do amigo hás de conhecer e não
aborrecer. VIDE: ● Amicus cum vitiis ferendus. ● Mores
amici noveris, non oderis.
1833. Amici multi, amicus nemo. Muitos amigos, nenhum
amigo. ■ Amigo de todos, amigo de ninguém. VIDE:
● Multus amicus, nullus amicus.
1834. Amici nec multi, nec nulli. ■ Amigos nem muitos,
nem nenhum. ● Amici nec multi, nec nullus. VIDE:
● Amandi nec multi nec nulli. ● Nec multis, ac nec
nulli dicaris amicus. ● Nec nulli sis amicus, nec
omnibus. ● Neque nulli sis amicus, neque multis.
1835. Amici officiis et fide pariuntur. Os amigos se
fazem pelos favores e pela fidelidade. VIDE: ● Non
exercitus, neque thesauri praesidia regni sunt,
verum amici. ● Non exercitus, neque thesauri
praesidia regni sunt, verum amici, quos neque armis
cogere neque auro parare queas: officio et fide
pariuntur.
1836. Amici ollares. [Cornélio Alápide / Bernardes, Nova
Floresta 1.139] Amigos da panela. (=Amigos
interesseiros). ■ Amigos de seu proveito. ■ Amigo de
mesa não é de firmeza. VIDE: ● Amicus dum olla fervet.
● Amicus ollaris. ● Fervet olla, vivit amicitia.
● Mensae amicus. ● Ollae amicitia. ● Ollae amicus.
1837. Amici optima vitae supellex. [Cícero, De Amicitia
55, adaptado] Os amigos são ótima bagagem para a
vida.
1838. Amici probantur rebus adversis. Os amigos se
conhecem nas situações adversas. ■ Na adversidade se
conhece a amizade. ■ É nos tempos maus que se
conhecem os amigos bons. VIDE: ● Amicum res
secundae parant, adversae probant. ● Amicus certus
in re incerta cernitur. ● Amicus certus in necessitate
cernitur. ● Amicus certus in re incerta. ● Amicus in
necessitate probatur. ● Difficile est in re prospera
amicos probare, in adversa facile. ● In angustiis
amici apparent. ● In adversis et paupertate
cognoscitur amicus. ● In necessitate probatur
amicus. ● Noscitur adverso tempore verus amor.
● Noscitur in magno discrimine quis sit amicus.
● Rebus in adversis certa probanda fides. ● Rebus
incertis amor est probandus. ● Vera amicitia in
calamitatibus dignoscitur.
1839. Amici tui sunt quos inimicos vocas. [VES 33] São
teus amigos aqueles a quem chamas de inimigos.
1840. Amici vero divitum multi. [Vulgata, Provérbios
14.20] Os amigos dos ricos serão muitos.
1841. Amici vitia noveris, sed non oderis. [Binder,
Thesaurus 150] Conhecerás os vícios do teu amigo, mas
não o odiarás.
1842. Amici vitia si feras, facias tua. [Publílio Siro] Se
tolerares os erros do teu amigo, tu os farás teus.
1843. Amicis aequa ibit hora. [Inscrição em quadrante
solar] Entre amigos, a hora passará serena.
1844. Amicis communia inter se omnia. [Binder,
Thesaurus 154] Entre amigos tudo é de todos. VIDE:
● Amicorum omnia sunt communia.
1845. Amicis in laeta pariter et tristi fortuna eumdem
teipsum exhibe. [Periandro / Rezende 285] Mostra-te o
mesmo aos teus amigos nos bons e nos maus momentos.
1846. Amicis inest adulatio. A lisonja é própria dos
amigos. ● Amicis inesse adulationem. [Tácito, Annales
2.12]
1847. Amicis ita prodesto, ne noceas tibi. [Publílio Siro]
Serve a teus amigos de modo que não te prejudiques.
■ Amigo até a bolsa. ■ Dá que não peças. ● Amico ita
prodesto, ne noceas tibi. Favorece teu amigo de tal
maneira que não prejudiques a ti. VIDE: ● Sic age
alienum, ut tuum non obliviscaris negotium. ● Sic
prodesto amico, ne tibi noceas.
1848. Amicis opitulare. Ajuda teus amigos.
1849. Amicis quaelibet hora. [Inscrição em quadrante
solar] Para atender aos amigos, não importa qual seja a
hora.
1850. Amicis semper fidelis. [Divisa] Sempre fiel aos
amigos.
1851. Amicitia adiutrix virtutum. A amizade é auxiliar
das virtudes. VIDE: ● Virtutum amicitia adiutrix.
1852. Amicitia, aequalitas. [Erasmo, Adagia 1.1.2]
Amizade é igualdade. VIDE: ● Aequalitas amicitia.
● Aequalitas est amicitia.
1853. Amicitia aeterna est, si vera est; si autem desierit,
nunquam vera fuit. A amizade, se é verdadeira, é
eterna; mas, se tiver acabado, nunca foi verdadeira.
■ Quem deixa de ser amigo nunca o foi. VIDE: ● Amicitia
quae desinere potest vera nunquam fuit. ● Amicitia
quae desiit nunquam vera fuit. ● Amor qui desinere
potest, nunquam verus fuit. ● Non est amicus hic qui
amare desinit. ● Non est amicus quisquis amare
desiit. ● Quae desiit amicitia, nec coepit quidem.
1854. Amicitia est Amor sine alis. Amizade é Amor sem
asas.
1855. Amicitia est iucundissima quam morum
similitudo coniugavit. É muito agradável a amizade
estabelecida pela semelhança de caráter. VIDE:
● Coniugat amicitiam morum similitudo. ● Morum
similitudo mater amicitiae.
1856. Amicitia est rerum humanarum et divinarum
cum benevolentia et caritate consensio. Amizade é o
entendimento, com gentileza e afeição, sobre as coisas
humanas e divinas. VIDE: ● Est enim amicitia nihil aliud
nisi omnium divinarum humanarumque rerum cum
benevolentia et caritate consensio.
1857. Amicitia et prodest et delectat. A amizade não só é
útil como dá prazer.
1858. Amicitia fucata vitanda. [Alciato, Emblemata]
Deve-se evitar a amizade fingida.
1859. Amicitia in malo esse non potest. [S.Agostinho /
Rezende 286] Não pode haver amizade no homem de
mau caráter.
1860. Amicitia inter pocula contracta plerumque vitrea.
[DAPR 61] A amizade nascida entre copos geralmente é
de vidro. ■ Amigos de bom tempo mudam-se com o
vento.
1861. Amicitia interdum non videt, et inimicitia in ipso
lumine obcaecatur. [Boncompagno, Breviloquium 7.5]
A amizade algumas vezes não vê, e a inimizade fica
cega na própria luz.
1862. Amicitia nisi inter bonos esse non potest. A
amizade só pode existir entre pessoas de bem. VIDE:
● Amicitiam nisi inter bonos esse non posse. ● Nisi in
bonis amicitiam esse non posse. ● Nisi inter bonos
amicitiam esse non potest. ● Verum est amicitiam nisi
inter bonos esse non posse.
1863. Amicitia nullo loco excluditur. [Cícero, De
Amicitia 1.22] A amizade não é excluída de nenhum
lugar.
1864. Amicitia pares aut accipit, aut facit. [Publílio Siro]
A amizade ou aceita iguais ou faz iguais. ■ A amizade
deve achar a igualdade ou estabelecê-la. ● Amicitia
parem, aut facit, aut accipit. [S.Jerônimo / Bernardes,
Nova Floresta 1.137] VIDE: ● Amor vel pares invenit vel
pares facit.
1865. Amicitia pauperum certior est quam divitum. A
amizade dos pobres é mais segura que a dos ricos.
1866. Amicitia quae desinere potest vera nunquam fuit.
[S.Jerônimo, Epistulae 3.6.16] A amizade que pode
acabar nunca foi verdadeira. ■ Quem deixa de ser amigo
nunca o foi. ● Amicitia quae desiit nunquam vera fuit.
A amizade que acabou nunca foi verdadeira. VIDE:
● Amicitia aeterna est, si vera est; si autem desierit,
nunquam vera fuit. ● Amor qui desinere potest,
nunquam verus fuit. ● Non est amicus hic qui amare
desinit. ● Non est amicus quisquis amare desiit.
● Quae desiit amicitia, nec coepit quidem.
1867. Amicitia remissior esse debet et liberior et
dulcior. [Cícero, De Amicitia 18] A amizade deve ser
não só jovial como também franca e agradável.
1868. Amicitia semper prodest, amor aliquando etiam
nocet. [Sêneca, Epistulae Morales 35.1] A amizade é
sempre benéfica; o amor, às vezes, até prejudica. ■ O
amor pede, a amizade dá. ● Amicitia semper prodest,
amor et nocet.
1869. Amicitia vera in calamitate agnoscitur. É na
desgraça que se conhece a verdadeira amizade. ■ Amigo
fingido, conhecê-lo-ás no arruído. VIDE: ● Amicum, an
nomen, habeas, aperit calamitas. ● Amicus certus in
re incerta cernitur.
1870. Amicitia vera, rara avis in terra. Amizade
verdadeira é ave rara no mundo.
1871. Amicitia vera similis est consanguinitati
proximiori. [Rezende 290] A verdadeira amizade
assemelha-se ao mais próximo parentesco por
consangüinidade. ■ Amigo velho é parente.
1872. Amicitiae coagulum unicum est fides. [Publílio
Siro] O único vínculo da amizade é a lealdade.
1873. Amicitiae effectrices sunt voluptatum tam amicis
quam sibi. [Cícero, De Finibus 01.67] As amizades
realizam a felicidade tanto dos nossos amigos quanto a
nossa.
1874. Amicitiae fundamentum sapientia. O alicerce da
amizade é a razão.
1875. Amicitiae immortales, inimicitiae mortales esse
debent. As amizades devem ser imortais; as inimizades,
mortais. VIDE: ● Amicitias immortales esse oportet.
1876. Amicitiae sanctum et venerabile nomen. [Ovídio,
Tristia 1.8.15] Amizade, aquela palavra sagrada e
venerável.
1877. Amicitiam nisi inter bonos esse non posse. [Cícero,
De Amicitia 65] A amizade só pode existir entre
pessoas de bem. VIDE: ● Amicitia nisi inter bonos esse
non potest. ● Nisi in bonis amicitiam esse non posse.
● Nisi inter bonos amicitiam esse non potest. ● Verum
est amicitiam nisi inter bonos esse non posse.
1878. Amicitias immortales esse oportet. [Erasmo,
Adagia 4.5.26] É preciso que as amizades sejam
imortais. ● Amicitias immortales, mortales inimicitias
debere esse. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 40.46] As
amizades devem ser eternas, e as inimizades,
passageiras. VIDE: ● Amicitiae immortales, inimicitiae
mortales esse debent.
1879. Amicitias tibi iunge pares. [Ovídio, Tristia 3.4.44]
Escolhe tuas amizades entre os teus iguais. VIDE: ● Vive
sine invidia, mollesque inglorios annos exige:
amicitias tibi iunge pares.
1880. Amico ea exhibeto, quae velis tibi. [Publílio Siro]
Faze ao teu amigo o mesmo que queres para ti.
1881. Amico firmo nihil emi melius potest. [Publílio
Siro] Não se pode conseguir nada melhor do que um
amigo certo. ■ Amigo velho mais vale que dinheiro.
1882. Amico Hercule. [Pereira 103] Tendo Hércules por
amigo. (=Com a sorte a favor). ● Em boa hora. VIDE:
● Dives amico Hercule.
1883. Amico inimicoque bonum semper praebe
consilium, quia amicus accepit, inimicus spernit.
[Gregório de Tours, Historia Francorum 6.32] Tanto ao
amigo como ao inimigo dá sempre bom conselho, pois o
amigo o aceita, e o inimigo o despreza.
1884. Amico mutuam me roganti pecuniam si dedero, et
ipsum et pecuniam perdo. [Cecílio Balbo] Se eu
atender ao amigo que me pede dinheiro emprestado,
perco tanto o amigo como o dinheiro. ■ Quem empresta
a amigo, perde o dinheiro e o amigo. ■ Dinheiro
emprestaste, inimigo ganhaste.
1885. Amicorum absentium colloquia, epistulae.
[Cícero, Philippica 2.7, adaptado] As cartas são
conversas com amigos ausentes.
1886. Amicorum est admonere mutuum. [Erasmo,
Adagia 3.8.52] É próprio dos amigos aconselharem-se
mutuamente. ■ Conselho de amigo vale um reino. VIDE:
● Bonus est affatus amici admonitoris.
1887. Amicorum limina rarius sunt frequentanda.
[Binder, Thesaurus 155] As casas dos amigos devem ser
visitadas muito raramente. ■ Onde te querem muito, não
vás amiude.
1888. Amicorum omnia sunt communia. Todas as coisas
dos amigos são comuns. ■ Quem a mim quer bem, diz-
me do que sabe e dá-me do que tem. ● Amicorum bona
sunt communia. ● Amicorum communia omnia.
[Erasmo, Adagia 1.1.1] ● Amicorum esse communia
omnia. [Platão / Cícero, De Officiis 1.16] ● Amicorum
inter sese communia esse omnia. [Albertatius]
● Amicorum res communes. [Apostólio 11.40]
● Amicorum omnia sunt communia: amicus est alter
ego. Todas as coisas dos amigos são comuns: um amigo
é um outro eu. VIDE: ● Communia esse amicorum inter
se omnia. ● Inter enim amicos cuncta sunt
communia. ● Res amicorum communes sunt.
1889. Amicos aeque ac semetipsum diligere oportet.
Devemos amar os amigos como a nós mesmos.
1890. Amicos cole. [Sólon / Rezende 294] Honra teus
amigos.
1891. Amicos non cito comparabis: quos autem
comparaveris, non statim reicies. [Sólon / Rezende
293] Não terás pressa em fazer amigos; e os que tiveres
feito, não os repelirás em seguida. ● Amicos ne cito
pares, quos autem paraveris ne reice. [Grynaeus 42]
1892. Amicos pecuniae faciunt. Dinheiro faz amigos.
■ Quem é rico tem amigos. ■ Quem tem dinheiro tem
graça e amigos. VIDE: ● Divitiae addunt amicos
plurimos.
1893. Amicos, quantum fieri poterit, vacuos a
cupiditatibus eligamus. [Sêneca, De Tranquillitate
Animi 7.1] Na medida do possível, escolhamos amigos
isentos de ambições.
1894. Amicos res invenit. O dinheiro encontra amigos.
■ Com dinheiro à vista, toda gente é benquista.
1895. Amicos res optimae pariunt. A sorte favorável nos
dá amigos. ■ Em tempo de figos não faltam amigos.
● Amicos res optimae pariunt; adversae probant.
[Publílio Siro] A boa fortuna faz os amigos; a
adversidade os prova. ■ Vê-se na adversidade o que vale
a amizade. ■ É nos tempos maus que se conhecem os
amigos bons. ● Amicos res optimae parant; adversae
probant. ● Amicos res secundae parant, adversa
probant. [Binder, Thesaurus 156] ● Amicos secundae
res optime parant, adversae autem certissime
probant. [DM 51] VIDE: ● Ipsae amicos res opimae
pariunt, adversae probant.
1896. Amicos secreto admone, palam lauda. [DM 12]
Adverte os amigos em sigilo; louva-os em público. VIDE:
● Amicum in secreto mone, palam lauda. ● Amicum
secreto mone, palam lauda. ● Castiga amicum
clanculum, lauda palam. ● Clam coarguas
propinquum, quem palam laudaveris. ● Clam
coarguas propinquum, propalam laudaveris.
● Secreto amicos admone, lauda palam. ● Secreto
admone amicos, palam lauda.
1897. Amicum, an nomen, habeas, aperit calamitas.
[Publílio Siro] A desgraça mostra se tens um amigo de
verdade ou só no nome. ■ Amigo fingido, conhecê-lo-ás
no arruído. VIDE: ● Amicitia vera in calamitate
agnoscitur. ● Amicus certus in re incerta cernitur.
1898. Amicum cum vides, obliviscere miserias. [Appius
Claudius Caecus] Quando vires um amigo, esquece os
sofrimentos.
1899. Amicum esse alterum se. Um amigo é um segundo
eu. VIDE: ● Alter ego est amicus. ● Alter ipse amicus.
● Alter se. ● Amicus alter ego. ● Amicus alter ipse.
● Amicus est tamquam alter idem. ● Est amicus
tamquam alter idem. ● Verus amicus est is qui est
tamquam alter idem.
1900. Amicum in secreto mone, palam lauda. Adverte o
amigo em sigilo; louva-o em público. VIDE: ● Amicos
secreto admone, palam lauda. ● Amicum secreto
mone, palam lauda. ● Castiga amicum clanculum,
lauda palam. ● Clam coarguas propinquum, quem
palam laudaveris. ● Clam coarguas propinquum,
propalam laudaveris. ● Secreto amicos admone,
lauda palam. ● Secreto admone amicos, palam lauda.
1901. Amicum infidum fugito. Foge do amigo infiel.
■ Amigo disfarçado, inimigo dobrado. Amicum
inimicum fuge.
1902. Amicum ita habeas posse ut fieri hunc inimicum
scias. [Labério / Macróbio, Saturnalia 2.7] Trata o
amigo de tal maneira que saibas que ele poderá tornar-
se teu inimigo. VIDE: ● Ama tamquam osurus, oderis
tamquam amaturus. ● Amare oportet tamquam
osuros, et odisse tamquam amaturos. ● Et ama
tamquam inimicus futurus, et odi tamquam
amaturus. ● Ita amare oportere, ut si aliquando esset
osurus. ● Ita amicum habeas, posse ut facile fieri
hunc inimicum putes. ● Sicut osurus adama, oderis
velut amaturus.
1903. Amicum laedere ne ioco quidem licet. [Publílio
Siro] Não se pode ofender um amigo, nem por
brincadeira. ■ Ao amigo molestar, nem a rir, nem a
brincar.
1904. Amicum perdere est damnorum maximum.
[Publílio Siro] Perder um amigo é o maior de todos os
prejuízos. ● Amicum perdere damnum est maximum.
1905. Amicum proba, probatum ama. Prova o amigo;
depois de provado, ama-o. VIDE: ● Ames probatos, non
amatos post probes.
1906. Amicum res secundae parant, adversae probant.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] A prosperidade nos dá os
amigos; a adversidade os confirma. ■ Na adversidade se
conhece a amizade. ■ É nos tempos maus que se
conhecem os amigos bons. VIDE: ● Amici probantur
rebus adversis. ● Amicus certus in re incerta
cernitur. ● Amicus certus in necessitate cernitur.
● Amicus certus in re incerta. ● Amicus in necessitate
probatur. ● Difficile est in re prospera amicos
probare, in adversa facile. ● In angustiis amici
apparent. ● In necessitate probatur amicus.
● Noscitur adverso tempore verus amor. ● Noscitur in
magno discrimine quis sit amicus. ● Rebus incertis
amor est probandus. ● Vera amicitia in calamitatibus
dignoscitur.
1907. Amicum secreto mone, palam lauda. Adverte o
amigo em sigilo; louva-o em público. VIDE: ● Amicos
secreto admone, palam lauda. ● Amicum in secreto
mone, palam lauda. ● Castiga amicum clanculum,
lauda palam. ● Secreto amicos admone, lauda palam.
● Secreto admone amicos, palam lauda.
1908. Amicus alter ego. Um amigo é um outro eu.
● Amicus alter ipse. [Aristóteles / Erasmo, Adagia
1.1.2] VIDE: ● Alter ipse amicus. ● Amicum esse
alterum se. ● Amicus est tamquam alter idem. ● Est
amicus tamquam alter idem. ● Verus amicus est is
qui est tamquam alter idem.
1909. Amicus amico, cum quo audacter posses in
tenebris micare. [Petrônio, Satiricon 44.7] Ele é amigo
dos seus amigos, com quem tu poderias sem medo jogar
par-ou-ímpar no escuro.
1910. Amicus amico, manu plena, uncta mensa.
[Petrônio, Satiricon 43.7] Ele é amigo de seus amigos,
tem a mão cheia, a mesa lauta.
1911. Amicus amicum adiuvat. Um amigo ajuda ao outro.
■ Uma mão lava a outra. ■ É dando que se recebe. VIDE:
● Abluit manus manum: da aliquid et accipe.
● Manus manum lavat. ● Manus manum, digitumque
digitus abluit. ● Manus manum lavat, et digitus
digitum. ● Palma palmam piet, illota vel utraque fiet.
● Una manus reliquam lavat, ut relavetur ab ipsa.
● Utraque mundatur, dum palma palma lavatur.
1912. Amicus animae dimidium. Um amigo é a metade
de nossa vida.
1913. Amicus certus in re incerta cernitur. [Ênio /
Cícero, De Amicitia 17.64] O amigo verdadeiro se
reconhece na adversidade. ■ No aperto e no perigo se
conhece o amigo. ■ Nos trabalhos se vêem os amigos.
■ O amigo fingido, conhecê-lo-ás no arruído. ● Amicus
certus in necessitate cernitur. ● Amicus certus in re
incerta. ● Amicus in necessitate probatur. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] VIDE: ● Amici probantur rebus
adversis. ● Amici probantur rebus adversis.
● Difficile est in re prospera amicos probare, in
adversa facile. ● In angustiis amici apparent. ● In
bonis viri, inimici illius in tristitia; et in malitia illius,
amicus agnitus est. ● In necessitate probatur amicus.
● Noscitur adverso tempore verus amor. ● Noscitur in
magno discrimine quis sit amicus. ● Probare amicos
difficile est re prospera. ● Rebus in adversis certa
probanda fides. ● Rebus incertis amor est probandus.
● Sors aspera monstrat amicum. ● Vera amicitia in
calamitatibus dignoscitur.
1914. Amicus certus, rara avis. Um amigo verdadeiro é
uma ave rara. VIDE: ● Amicus, res rara. ● Amicus verus,
rara avis.
1915. Amicus cum vitiis ferendus. [Grynaeus 48] Deve-se
aceitar o amigo com seus defeitos. ■ O amigo há de se
levar com sua tacha. ■ Defeitos de meu amigo, lamento,
mas não maldigo. ■ A falta do amigo hás de conhecer e
não aborrecer. VIDE: ● Amici cum vitiis ferendi.
● Amici mores noveris, non oderis. ● Mores amici
noveris, non oderis.
1916. Amicus curiae. [Jur / Black 105] Um amigo da
corte. (=Pessoa que não é parte no processo, mas que
fornece informação que contribui para esclarecer a
questão. Um conselheiro. Um aliado). ● Amicus
curialis.
1917. Amicus diu quaeritur, vix invenitur, difficile
servatur. [S.Jerônimo, Epistulae 3.6] Um amigo
procura-se por longo tempo, custa-se a encontrar,
conserva-se com dificuldade. VIDE: ● Amicus raro
acquiritur, cito amittitur.
1918. Amicus dum olla fervet. [Branco 233] Amigo
enquanto a panela ferve. ■ Amigo de seu proveito.
■ Comida feita, companhia desfeita. VIDE: ● Amici
ollares. ● Amicus socius mensae non permanebit in
die necessitatis. ● Fervet olla, vivit amicitia. ● Mensae
amicus. ● Ollae amicitia. ● Ollae amicus.
1919. Amicus esse mihi coepi. [Hécato / Sêneca, Epistulae
Morales 6.7] Comecei a ser amigo de mim mesmo.
1920. Amicus est quem diligis ut animam tuam. É teu
amigo aquele a quem amas como a tua vida. VIDE:
● Amicus quem diligis ut animam tuam.
1921. Amicus est qui amat, et e converso amatur. É
amigo aquele que ama, e, reciprocamente, é amado.
1922. Amicus est tamquam alter idem. [Cícero, De
Amicitia 21.80] Um amigo é como um outro eu. VIDE:
● Alter ipse amicus. ● Amicum esse alterum se.
● Amicus alter ego. ● Amicus alter ipse. ● Est amicus
tamquam alter idem. ● Verus amicus est is qui est
tamquam alter idem.
1923. Amicus et sodalis in tempore convenientes, et
super utrosque mulier cum viro. [Vulgata,
Eclesiástico 40.23] O amigo e o companheiro auxiliam-
se mutuamente na ocasião, mas, mais do que estes dois,
a mulher e o marido.
1924. Amicus fidelis, medicamentum vitae. [Vulgata,
Eclesiástico 6.16] O amigo fiel é o bálsamo da vida.
1925. Amicus fidelis protector fortis. [DAPR 699] Um
amigo fiel é uma proteção forte. ■ Amigo fiel e prudente
é melhor que parente. ● Amicus fidelis protectio fortis;
qui autem invenit illum, invenit thesaurum. [Vulgata,
Eclesiástico 6.14] Um amigo fiel é uma proteção forte;
quem encontra um, encontra um tesouro.
1926. Amicus humani generis. [Rezende 298] Um amigo
da raça humana. ■ Amigo de todos, amigo de ninguém.
VIDE: ● Amicus omnibus, amicus nemini. ● Amicus
populi, amicus humanitatis.
1927. Amicus incommodus quid ab inimico diiffert? O
amigo importuno em que se diferencia do inimigo?
■ Amigo que não serve e faca que não corta, que se
perca, pouco importa.
1928. Amicus magis necessarius quam ignis et aqua.
[Aristóteles / Cícero, De Amicitia 6] O amigo é mais
necessário do que o fogo e a água. ■ Não se pode viver
sem amigos. VIDE: ● Nummis potior amicus in
periculis. ● Nummis praestat carere quam amicis.
● Tolerabilius vivere sine pecuniis, quam sine amicis.
1929. Amicus ollaris. [Binder, Medulla 56] Amigo da
panela. ■ Amigos de seu proveito. ■ Amigo de mesa não
é de firmeza. VIDE: ● Amici ollares. ● Amicus dum olla
fervet. ● Fervet olla, vivit amicitia. ● Mensae amicus.
● Ollae amicitia. ● Ollae amicus.
1930. Amicus omnibus, amicus nemini. [Aristóteles /
DAPR 56] ■ Amigo de todos, amigo de ninguém.
■ Amigo de todos, amigo de nenhum, tudo é um. VIDE:
● Amicus humani generis. ● Amicus populi, amicus
humanitatis.
1931. Amicus Plato, sed magis amica veritas.
[Aristóteles / Pereira 94] Platão é meu amigo, mas a
verdade é mais amiga. ■ Amigo do compadre, mas mais
da verdade. ■ Amigo de todos iguais, e da verdade mais.
● Amicus Plato, magis amica veritas. [Manúcio,
Adagia 1386] ● Amicus Plato, amicus Socrates, sed
praehonoranda veritas. [Lutero, De Servo Arbitrio]
Platão é meu amigo, Sócrates é meu amigo, mas antes
de tudo deve-se honrar a verdade. ● Amicus Plato,
amicus Socrates, sed magis amica veritas. ● Amicus
Socrates, sed magis amica veritas. ● Amicus Plato,
amicior Aristoteles, amicissima Veritas. Platão é meu
amigo, Aristóteles é mais amigo, mas a verdade é a
maior amiga. VIDE: ● Et veritatem diligimus et
Platonem, sed rectius est diligere veritatem.
● Minime vero veritati praeferendus est vir. ● Plato
amicus, sed magis amica veritas.
1932. Amicus populi, amicus humanitatis. [DAPR 699]
Um amigo do povo, um amigo da humanidade. ■ Amigo
de todos, amigo de ninguém. VIDE: ● Amicus humani
generis. ● Amicus omnibus, amicus nemini.
1933. Amicus quem diligis ut animam tuam. [Vulgata,
Deuteronômio 13.6] O amigo a quem amas como à tua
alma. VIDE: ● Amicus est quem diligis ut animam
tuam.
1934. Amicus, quo veterior, eo melior. Amigo, quanto
mais velho, melhor. ■ Amigo velho vale mais que
dinheiro.
1935. Amicus raro acquiritur, cito amittitur. [Cecílio
Balbo] Um amigo raramente se consegue, rapidamente
se perde. VIDE: ● Amicus diu quaeritur, vix invenitur,
difficile servatur.
1936. Amicus, res rara. Amigo é coisa rara. VIDE:
● Amicus certus, rara avis. ● Amicus verus, rara avis.
1937. Amicus socius mensae non permanebit in die
necessitatis. O amigo companheiro de mesa não
permanecerá no dia da necessidade. ■ Amigo de mesa
não é de firmeza. ■ O pão comido, e a companhia
desfeita. VIDE: ● Amicus dum olla fervet. ● Diffugiunt,
cadis cum faece, siccatis, amici. ● Est autem amicus
socius mensae, et non permanebit in die necessitatis.
● Evolat consumptis epulis generalis amicus. ● Evolat
assumptis epulis generalis amicus.
1938. Amicus stultorum efficietur similis. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] O amigo dos tolos acabará igual a
eles. ■ Quem com coxo anda, aprende a mancar.
1939. Amicus usque ad aras. [Aulo Gélio, Noctes Atticae
1.3] Amigo só até o altar. (=Amigo até onde a
consciência permitir). ■ Deus está diante dos amigos.
VIDE: ● Opitulandum amicis, sed usque ad aras.
● Oportet quidem adiuvare amicos, sed usque ad
deos. ● Usque ad aras amicus.
1940. Amicus verus, rara avis. [DAPR 61] Amigo
verdadeiro é ave rara. VIDE: ● Amicus certus, rara avis.
● Amicus, res rara.
1941. Amicus vester, qui fuit rana, nunc est rex.
[Petrônio, Satiricon 77.6] Vosso amigo, que era uma rã,
agora é rei. ■ Ontem vaqueiro, hoje cavalheiro. VIDE:
● Hodie nihil, cras omnia. ● Hodie nullus, cras
maximus. ● Qui fuit rana nunc est rex. ● Qui nullus
hodie, cras erit vel maximus.
1942. Amissi damnum facile est reparare mariti.
[Pereira 117] É fácil reparar a perda do marido. ■ Perda
de marido, perda de alguidar, um quebrado e outro no
poial.
1943. Amissio lucri est damnum. [Jur] A perda do lucro é
prejuízo.
1944. Amissio pignorum liberat debitorem. [Codex
Iustiniani 4.24.6] A perda dos penhores libera o
devedor.
1945. Amissum quod nescitur, non amittitur. [Publílio
Siro] A perda de que não se tem conhecimento não é
perda. ■ A perda que teu amigo não sabe não é perda de
verdade. VIDE: ● Dimissum quod nescitur, non
amittitur.
1946. Amittere rem, vel deteriorem factam recipere,
paria sunt. [Jur] Perder a coisa ou recebê-la em pior
estado se equivalem.
1947. Amittere tempus. Perder a oportunidade. Não
aproveitar a ocasião. VIDE: ● Perdere tempus.
1948. Amittit merito proprium qui alienum appetit.
[Fedro, Fabulae 1.4.1] Perde merecidamente o próprio
quem ambiciona o alheio. ■ O invejoso emagrece de ver
a gordura alheia. ■ Quem quer mais do que tem, a mal
vem.
1949. Amnem parvorum facit unda frequens fluviorum.
[DAPR 81] A água contínua dos pequenos riachos
forma o grande rio. ■ Muitos poucos fazem um muito.
1950. Amo libertatem loquendi. [Cícero, Ad Familiares
9.22] Amo a liberdade de falar.
1951. Amo proditionem, odi proditorem. Amo a traição,
mas odeio o traidor. ■ Ama-se a traição e aborrece-se o
traidor. VIDE: ● Proditionem amo, sed proditores odi.
● Proditionem amo, sed proditorem non laudo.
● Proditio amatur, sed proditor non laudatur.
1952. Amo ut invenio. Gosto da coisa como a encontro.
■ Tudo que cai na rede é peixe.
1953. Amo verecundiam, tu potius libertatem loquendi.
[Cícero, Ad Familiares 9.22] Eu prefiro a discrição, tu
preferes a liberdade de falar.
1954. Amor ad industriam excitat animum. [Grynaeus
50] O amor estimula o ânimo para o trabalho. VIDE:
● Musicam docet amor. ● Musicam docet amor, etsi
fuerit indoctus prius.
1955. Amor addit alas. O amor nos dá asas. Amor addit
inertibus alas. [Inscrição em medalha] O amor dá asas
aos tímidos.
1956. Amor addocet artes. O amor ensina novos
artifícios.
1957. Amor aedificat. O amor constrói.
1958. Amor aeternus. O amor eterno. O amor é eterno.
1959. Amor amara dat satis. [Plauto, Trinummus 233] O
amor dá muita amargura.
1960. Amor amore compensatur. [Pereira 94] ■ Amor
com amor se paga. ● Amor amorem gignit. Amor gera
amor. VIDE: ● Amor gignit amorem. ● Habes amicos,
quia amicus ipse es. ● Si vis amari, ama. ● Ut ameris,
ama. ● Sit procul omne scelus; ut ameris amabilis
esto! ● Ut redameris, ama.
1961. Amor animi arbitrio sumitur, non ponitur.
[Publílio Siro] O coração pode a seu bel prazer acolher
o amor, mas não se desfazer dele. VIDE: ● Animi arbitrio
amor sumitur, non ponitur.
1962. Amor ardua vincit. O amor vence as dificuldades.
1963. Amor, arma, canes et aves, simplex voluptas,
centuplex dolor. [DAPR 153] O amor, as armas, os
cães e as aves, um único prazer, cem dores. ■ Caça,
guerra, amores, por um prazer muitas dores. VIDE: ● Ex
ovibus, canibus, bellis et rebus amoris, si quid dulce
subest, massa doloris inest.
1964. Amor arma ministrat. [DAPR 700] O amor fornece
os meios. VIDE: ● Furor arma ministrat.
1965. Amor caecus est. ■ O amor é cego. ■ A afeição cega
a razão. ■ A paixão cega a razão. ● Amor caecus.
[Pereira 93] VIDE: ● Caeca amore est. ● Nemo in amore
videt. ● Qui amat, circa rem amatam caecus
redditur.
1966. Amor cogi non potest. [Stevenson 1466] O amor
não pode ser imposto. ■ Amor não se compra nem se
vende.
1967. Amor cogit ad nuptias, litem capit, atque
dolorem. [DAPR 153] O amor leva ao casamento, dá
início à disputa e à dor. ■ Quem casa por amores, maus
dias e noites piores. ■ Quem casa com amores vive com
dores.
1968. Amor cognitionis. O desejo de conhecer.
1969. Amor crescit dolore repulsae. [Ovídio,
Metamorphoses 3.395] O amor cresce com a dor da
rejeição. VIDE: ● Dolore repulsae crescit amor.
1970. Amor cuncta superat, Amor dura terebrat.
[Carmina Burana 56] Amor tudo vence, Amor perfura a
rocha.
1971. Amor diurnus nocturnusque comes. [Inscrição em
medalha] O amor é o companheiro diurno e noturno.
1972. Amor docet. O amor ensina. ● Amor docet
musicam. [Binder, Thesaurus 161] O amor ensina
música. ● Amor discit musicam. O amor aprende
música. VIDE: ● Cantare amantis est.
1973. Amor elegantiae pater. O amor é o pai da
elegância.
1974. Amor est parens multarum voluptatum. O amor é
pai de muitos prazeres.
1975. Amor est pretiosior auro. O amor é mais precioso
do que o ouro. VIDE: ● Amor gemmis pretiosior et
auro. ● Iam magnum reddis modico tu munus amico,
si ipsum ut amicus amas: amor est pretiosior auro.
1976. Amor et cupiditas excessum habere possunt.
[Espinosa, Ethica 4, Propositio 44] O amor e o desejo
podem ter excesso.
1977. Amor et deliciae generis humani. [Eutrópio,
Breviarium 7.21] Amor e prazer da humanidade. (=É
uma alusão ao imperador Tito).
1978. Amor et dominium non patiuntur socium. Amor e
reino não querem parceiro. ■ Amor e reino não querem
parceiro. VIDE: ● Amor et potestas impatiens consortis.
1979. Amor et honor. [Divisa] Amor e honra.
1980. Amor et melle et felle est fecundissimus. [Plauto,
Cistellaria 66] O amor é muito fecundo tanto de mel
como de fel.
1981. Amor et potestas impatiens consortis. [Pereira 95]
Amor e poder não suportam parceiro. ■ Amor e reino
não querem parceiro. ■ Amor e senhoria não suportam
companhia. VIDE: ● Amor et dominium non patiuntur
socium. ● Impatiens socii est omnis amor.
1982. Amor ex videndo nascitur mortalibus. [Schottus,
Adagia 212] É pelos olhos que o amor nasce aos
mortais. ■ O amor entra pelos olhos. ■ Olhos que vêem,
coração que deseja. VIDE: ● Ex aspectu nascitur amor.
● Ex aspectu hominibus nascitur amor. ● Ex visu
amor. ● Oculi sunt in amore duces.
1983. Amor extorqueri non potest, elabi potest. O amor
não pode ser retirado à força, mas pode extinguir-se.
● Amor extorqueri non pote, elabi pote. [Publílio
Siro]
1984. Amor facilius excluditur, quam expellitur. É mais
fácil impedir a entrada do amor do que expulsá-lo.
1985. Amor facit esse disertum. O amor dá eloqüência.
1986. Amor fati. A aceitação do destino.
1987. Amor fit ira iucundior. [Manúcio, Adagia 1399] O
amor fica mais agradável com as brigas. ■ Amores
arrufados, amores dobrados. ● Amor fit ex ira
iucundior. VIDE: ● Amantium irae amoris integratio
est. ● Cogas amatam irasci, amari si velis.
1988. Amor, formae condimentum. O amor é o
condimento da beleza.
1989. Amor gemmis pretiosior et auro. O amor tem mais
valor que as pedras preciosas e o ouro. VIDE: ● Amor est
pretiosior auro. ● Iam magnum reddis modico tu
munus amico, si ipsum ut amicus amas: amor est
pretiosior auro.
1990. Amor gignit amorem. [DAPR 700] Amor gera
amor. ■ Amor com amor se paga. VIDE: ● Amor amore
compensatur. ● Amor amorem gignit. ● Habes
amicos, quia amicus ipse es. ● Si vis amari, ama. ● Sit
procul omne scelus; ut ameris amabilis esto! ● Ut
ameris, ama. ● Ut redameris, ama.
1991. Amor habendi. O desejo de possuir. A avareza. VIDE:
● Amor sceleratus habendi.
1992. Amor hominibus furor est. Para os homem o amor
é uma loucura.
1993. Amor ingenii neminem unquam divitem fecit.
[Petrônio, Satiricon 83.9] O amor do saber jamais
enriqueceu quem quer que seja.
1994. Amor legem non habet. ■ O amor não tem lei.
● Amor regit sine lege.
1995. Amor magister est optimus. [Plínio Moço,
Epistulae 4.19.4, adaptado] O amor é um mestre muito
bom. VIDE: ● Amor magnus doctor est.
1996. Amor magnatum quasi ludus in alea, et vota
divitum pennis simillima. [VES 8] O amor dos grandes
é como um jogo de dados, e os desejos dos ricos
parecem plumas.
1997. Amor magnus doctor est. [S.Agostinho] O amor é
um grande mestre. VIDE: ● Amor magister est optimus.
1998. Amor magnus, labor nullus. [Bernardes, Nova
Floresta 4.156] O amor grande é nenhum trabalho.
1999. Amor mentes nectit. [Schrevelius 1176] O amor
une os espíritos.
2000. Amor metu vacat. [Ovídio, Amores 1.6.60] O amor
não tem medo.
2001. Amor misceri cum timore non potest. [Publílio
Siro] O amor não pode misturar-se ao medo. ■ Amor e
medo não se misturam.
2002. Amor moderatus excitat corpus, nimius vero illud
destruit. [Nenter 97] O amor moderado estimula o
corpo, mas em excesso o destrói.
2003. Amor modum saepe nescit, sed super omnem
modum fervescit. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 4.5.18] O amor quase sempre não conhece
moderação, mas arde além de qualquer limite.
2004. Amor multitudinis commovetur ipsa fama et
opinione beneficentiae et iustitiae. [Cícero, De
Officiis 2.9] A afeição do povo é despertada pela
reputação e renome de bondade e de justiça.
2005. Amor mundum fecit. [Stevenson 1473] O amor fez
o mundo.
2006. Amor non est medicabilis herbis. O amor não pode
ser curado com ervas. ■ Para o amor e para a morte não
há coisa forte. VIDE: ● Hei mihi! quod nullis amor est
sanabilis herbis! ● Me miseram, quod amor non est
medicabilis herbis. ● Nullis amor est medicabilis
herbis. ● Nullis amor est sanabilis herbis.
2007. Amor non quaerit causam nec fructum. O amor
não busca motivo nem proveito.
2008. Amor non talia curat. [Virgílio, Eclogae 10.28] O
amor não cuida dessas coisas.
2009. Amor nummi. O amor ao dinheiro. VIDE: ● Crescit
amor nummi, quantum ipsa pecunia crevit.
2010. Amor occultari non potest. [Bebel, Adagia
Germanica] Não se pode ocultar o amor. ■ Amor, fogo e
tosse a seu dono descobrem.
2011. Amor odit agentes. [Ovídio, Remedia Amoris 148]
O amor abomina os ocupados. VIDE: ● Venus otia amat.
2012. Amor odit inertes. [Ovídio, Ars Amatoria 2.229] O
amor aborrece os que não tomam iniciativa. ■ Coração
fraco não merece dama. VIDE: ● Audendum est; fortes
adiuvat ipsa Venus.
2013. Amor odit moras. O amor odeia espera. VIDE: ● Odit
verus amor nec patitur moras. ● Verus amor non
patitur moras.
2014. Amor omnia rectificat. [Inscrição em medalha] O
amor tudo conserta.
2015. Amor omnia vincit. ■ A tudo vence o amor. VIDE:
● Amor vincit omnia. ● Omnia vincit amor.
2016. Amor omnia vincit, sed nummus vincit amorem.
O amor vence tudo, mas o dinheiro vence o amor. ■ O
dinheiro governa o mundo. ■ Tudo pode o dinheiro.
2017. Amor omnibus idem. [Virgílio, Georgica 3.244] O
amor é igual para todos. ● Amor omnibus haud idem.
[Palingênio / Binder, Thesaurus 163] O amor não é
igual para todos.
2018. Amor onus non sentit, labores non reputat, plus
affectat quam valet. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 4.5.19] O amor não sente peso, não leva em
conta o trabalho, deseja mais do que pode.
2019. Amor ordinem nescit. [S.Jerônimo, Epistulae 7.6]
O amor desconhece regra. ■ O amor não conhece lei.
VIDE: ● Dilectionem ordinem non habere, et
impatientiam nescire mensuram. ● Mensuram
caritas non habet, et impatientia nescit modum.
2020. Amor otiosae causa est sollicitudinis. [Publílio
Siro] O amor é causa de preocupações inúteis.
2021. Amor patriae. O amor à pátria. ● Amor soli. O amor
à sua terra. ● Amor patriae nostra lex. [Divisa] O amor
da pátria é nossa lei.
2022. Amor patriae ratione valentior omni. [Ovídio, Ex
Ponto 1.3.29] O amor da pátria é mais importante do
que qualquer razão.
2023. Amor Platonicus. O amor platônico.
2024. Amor populi praesidium regis. [Inscrição em
moeda inglesa] O amor do povo é a segurança do rei.
2025. Amor post funera vivit. [John Owen, Epigrammata
10.22] O amor sobrevive à morte.
2026. Amor proximi ab amore in Deum est
inseparabilis. [Cathechismum Catholicae Ecclesiae] O
amor ao próximo é inseparável do amor a Deus.
2027. Amor qui desinere potest, nunquam verus fuit. O
amor que pode acabar nunca foi verdadeiro. ■ Quem
deixa de ser amigo nunca o foi. VIDE: ● Amicitia quae
desinere potest vera nunquam fuit. ● Amicitia quae
desiit nunquam vera fuit. ● Amicitia aeterna est, si
vera est; si autem desierit, nunquam vera fuit. ● Non
est amicus hic qui amare desinit. ● Non est amicus
quisquis amare desiit. ● Quae desiit amicitia, nec
coepit quidem.
2028. Amor regit sine lege. O amor governa sem lei. ■ O
amor não tem lei. ● Amor legem non habet.
2029. Amor saeculi contemptus est Dei. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] O amor das coisas do mundo é
desprezo a Deus.
2030. Amor sceleratus habendi. [Ovídio, Metamorphoses
1.131] O abominável amor de possuir. VIDE: ● Amor
habendi.
2031. Amor sui. O amor de si mesmo. O egoísmo. ● Amor
sui caecus. O egoísmo é cego.
2032. Amor tenebras infundit. O amor espalha trevas.
2033. Amor tenet omnia. [Carmina Burana 87] O amor
tudo pode.
2034. Amor teterrimus ac inhumanissimus atque turpis
non ex rerum natura, sed aegritudine corporali
colligitur. [Apuleio, De Dogmate Platonis 2] O amor
infame, grosseiro e vergonhoso não é produzido pela
natureza, mas por uma enfermidade do corpo.
2035. Amor timere neminem verus potest. [Sêneca,
Medea 416] O verdadeiro amor não pode ter medo de
ninguém.
2036. Amor tollit timorem. [Bernard de Claivaux] O amor
aniquila o medo.
2037. Amor tussisque non celantur. [Binder, Thesaurus
165] Amor e tosse não se escondem. ■ Tosse, amor e
febre ninguém esconde. ■ Amor, fogo e tosse a seu dono
descobrem. ■ Mal finge quem quer bem. VIDE: ● Difficile
est abscondere pectoris aestus. ● Nec amor nec tussis
celatur. ● Quattuor abscondi non possunt: tussis,
amor, ignis, dolor. ● Quis enim bene celat amorem?
2038. Amor, ut lacrima, ab oculo oritur, in pectus cadit.
[Publílio Siro] O amor, como a lágrima, nasce no olho e
caino coração.
2039. Amor vel pares invenit vel pares facit. A amizade
ou encontra iguais ou faz iguais. ■ A amizade deve achar
a igualdade ou estabelecê-la. VIDE: ● Amicitia pares aut
accipit, aut facit.
2040. Amor verus et fictus non facile diiudicantur. O
amor verdadeiro e o fingido não se distinguem
facilmente. VIDE: ● Non facile diiudicatur amor verus
et fictus.
2041. Amor vincit feros. O amor vence até os homens
cruéis. VIDE: ● Amore vinci feros. ● Amore didicimus
vinci feros.
2042. Amor vincit omnia. [Chaucer, Canterbury Tales]
■ A tudo vence o amor. VIDE: ● Amor omnia vincit.
● Omnia vicit amor.
2043. Amor vires sibi colligit usu. [Ovídio, Ars Amatoria
2.339] O amor obtém suas forças da prática.
2044. Amore didicimus vinci feros. [Sêneca, Hippolytus
240] Sabemos que homens cruéis foram vencidos pelo
amor. VIDE: ● Amore vinci feros. ● Amor vincit feros.
2045. Amore et fortitudine. [Divisa] Com amor e
coragem.
2046. Amore et virtute. [Divisa] Com amor e valor.
2047. Amore langueo. [Vulgata, Cântico 2.5] Desfaleço de
amor.
2048. Amore, more, ore, re firmantur amicitiae.
[Stevenson 914] As amizades se fortalecem com o
amor, com o caráter, com as palavras, com o dinheiro.
● Amore, more, ore, re iuguntur amicitiae.
2049. Amore, non armis, animi vincuntur. É com amor,
não com violência, que se vencem os corações. VIDE:
● Animi tamen non armis sed amore et generositate
vincuntur.
2050. Amore senescit habendi. [Horácio, Epistulae
1.7.85] Ele envelhece com a paixão do ganho.
2051. Amore vinci feros. Até os homens cruéis são
vencidos pelo amor. VIDE: ● Amor vincit feros. ● Amore
didicimus vinci feros.
2052. Amorem conatum esse amicitiae faciendae ex
pulchritudinis specie. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.72] O amor é a tentativa de obter a
amizade de uma pessoa que nos atrai por sua beleza.
2053. Amorem haec cuncta vitia sectari solent, cura,
aegritudo, nimiaque elegantia. [Plauto, Mercator 18]
A preocupação, o dissabor e o luxo excessivo, todos
estes males costumam acompanhar o amor.
2054. Amores et divitiae celeriter dissolvuntur. Amores
e riqueza acabam depressa.
2055. Amori accedunt etiam haec: insomnia, aerumna,
error, terror, et fuga, ineptia stultitiaque, et
temeritas, incogitantia excors, immodestia,
petulantia, cupiditas et malevolentia. [Plauto,
Mercator 24] Ajuntam-se também ao amor estas coisas:
a insônia, a melancolia, a alucinação, o susto e a fuga, a
parvoíce, a loucura e a temeridade, a inadvertência
insensata, a imodéstia, a petulância, a cobiça e a
malevolência.
2056. Amori amore respondere. Responder ao amor com
amor. ■ Amor com amor se paga.
2057. Amori finem tempus, non animus, facit. [Publílio
Siro] O que causa o fim do amor é o tempo, não a
vontade. ■ O tempo rói o ferro, quanto mais o amor. ■ O
amor faz passar o tempo, e o tempo faz passar o amor.
2058. Amoris finis est, ut duo unum fiant voluntate et
amore. A finalidade do amor é que dois se tornem um
só pela vontade e pela amizade.
2059. Amoris flagellum dulce. O açoute do amor é doce.
■ Pancada de amor não dói.
2060. Amoris iusiurandum poenam non habet. Jura de
amor não tem castigo. ■ Juramento de quem ama mulher
não é para crer. VIDE: ● Amantis iusiurandum poenam
non habet. ● Venereum iuramentum non est poenae
obnoxium.
2061. Amoris umbra invidia. A inveja acompanha o amor
como uma sombra.
2062. Amoris vulnus idem sanat qui facit. [Publílio Siro]
■ Chaga de amor, quem a faz a sara. ■ A ferida do amor,
quem a dá a sara.
2063. Amorosus semper est timorosus. [Andreas
Capellanus, De Amore 2.47] O homem apaixonado está
sempre temeroso.
2064. Amoto ludo. Afastada a brincadeira. ■ Fora de
brincadeira. VIDE: ● Extra iocum. ● Ioco remoto.
● Omissis iocis. ● Remoto ioco.
2065. Amoto quaeramus seria ludo. [Horácio, Sermones
1.1.27] Deixemos de brincadeiras e tratemos de coisas
sérias. VIDE: ● Sed tamen amisso quaeramus seria
ludo.
2066. Amove a me plagas tuas. [Vulgata, Salmos 38.11]
Aparta de mim os teus flagelos.
2067. Amphora coepit institui: currente rota cur urceus
exit? [Horácio, Ars Poetica 21] Começou-se a fazer
uma ânfora: à medida que a roda gira, por que está
saindo um pote?
2068. Amphora quae saepius petit fontem, valde
periclitatur. [Branco 187] A ânfora que vai muito à
fonte se arrisca muito. ■ Tantas vezes vai a ânfora à
fonte, que por fim se quebra. ■ Tantas vezes vai o
cântaro à bica que um dia lá fica. ■ Tantas vezes vai a
caldeirinha ao poço, que lá fica o pescoço. ■ Desgraça
de pote é caminho de riacho. ● Amphora fontivaga
redit haud semper sine plaga. Pote que vai muito à
fonte, nem sempre volta sem machucado. VIDE:
● Cantharus assidue gestatus perdidit ansam. ● Casus
quem saepe transit, aliquando invenit. ● Clari ad
fontis aquam toties haustura liquorem urna venit,
donec fracta feratur aquis. ● Frangitur assidua
fictilis urna via. ● Hydria tam diu ad fontem
portatur, donec vel tandem frangatur. ● Ollula tam
crebro fertur ad aquam, quod fracta refertur.
● Quem saepe transit casus aliquando invenit.
2069. Amphora sub veste raro portatur honeste.
[Binder, Thesaurus 166] Raramente se carrega
honestamente um vaso sob a roupa. ● Amphora sub
veste nunquam portatur honeste.
2070. Ampla domus dedecori domino saepe fit. [Cícero,
De Officiis 1.139] Uma casa grande muitas vezes se
torna a desonra do dono.
2071. Ampliat aetatis spatium sibi vir bonus; hoc est
vivere bis vita posse priore frui. [Marcial,
Epigrammata 10.237] O homem de bem aumenta a
duração de sua vida; poder apreciar a vida passada é
viver duas vezes.
2072. Amplior et liberior per me Brasilia. [Divisa de Itu,
SP] Por minha ação o Brasil é maior e mais livre.
2073. Amplis in domibus sunt amplae curae et opimae.
[Binder, Thesaurus 167] Em casas grandes as
preocupações são grandes e abundantes.
2074. Amplius iuvat virtus quam multitudo. [Vegécio,
Epitoma Rei Militaris 3.26] Mais ajuda valor do que
grande número. ■ Mais vale qualidade que quantidade.
2075. Amplius rem communem quam propriam
curaveris. [RSA 31] Cuidarás mais do bem comum que
do pessoal.
2076. Ampullas loquitur. Ele fala bolhas. ■ Está dizendo
abobrinhas.
2077. An amor dolor sit, an dolor amor sit, utrumque
nescio. [Stevenson 1476] Não sei nem se o amor é dor,
nem se a dor é amor.
2078. An audisti, an non audisti? num surdo loquor?
[Ésquilo / Manúcio, Adagia 185] Ouviste ou não
ouviste? Por acaso estou falando com um surdo?
2079. An di sint caelumque regant, ne quaere doceri:
cum sis mortalis, quae sunt mortalia cura. [Dionísio
Catão, Disticha 2.2] Não procures saber se os deuses
existem e se governam o céu: já que és mortal, cuida
das coisas mortais.
2080. An dives omnes quaerimus; nemo an bonus.
[Eurípides / Sêneca, Epistulae Morales 115.14] Todos
perguntamos se ele é rico; ninguém pergunta se é bom.
■ Ao rico mil amigos se deparam; ao pobre seus irmãos
o desamparam. ● An dives sit omnes quaerunt; nemo
an bonus. [Robert Burton, The Anatomy of
Melancholy] Todos perguntam se ele é rico; ninguém
pergunta se é bom. VIDE: ● Nemo an bonus, an dives
omnes quaerimus.
2081. An ego totiens de eadem re audiam? [Terêncio,
Adelphi 128] Vou ter de te ouvir falar tantas vezes da
mesma coisa?
2082. An est quidquam similius insaniae quam ira?
[Cícero, Tusculanae Disputationes 04.52] Há alguma
coisa mais parecida com a loucura do que a cólera? ■ A
cólera é uma loucura passageira.
2083. An ideo magus, quia poëta? [Apuleio, Apologia
9.3] Por acaso sou mágico por ser poeta?
2084. An ignoras, fili, regnum nostrum non esse aliud
nisi splendidam servitutem? [Vieira, Sermão na
Quarta-feira de Cinza 5] Não sabes, filho, que o nosso
reino não é outra coisa que um cativeiro honrado?
(=Palavras do rei Antígono a seu filho).
2085. An ignoras, inepte, nudum nec a decem
palaestritis despoliari posse? [Apuleio,
Metamorphoses 1.15] Ó incompetente, ignoras por
acaso que um homem nu não pode ser roubado nem por
dez atletas? ■ Ninguém pode despir um homem nu. VIDE:
● Cantabit vacuus coram latrone viator. ● Centum
viri unum pauperem spoliare non possunt. ● Nemo
potest nudo vestimenta detrahere. ● Non possunt
nudo vestimenta detrahi. ● Nudo detrahere
vestimenta me iubes. ● Nudum nec a decem
palaestritis despoliari posse. ● Nudus nec a centum
viris spoliari potest.
2086. An irrisorie, an serio? Como ironia ou a sério?
2087. An me non agnoscitis ducem? [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 6.7] Vós não me reconheceis como vosso
general?
2088. An me tam amentem putas ut isto modo loquar?
[Cícero, De Finibus 2.74] Será que me julgas tão louco
que eu falaria desse modo?
2089. An miseros tristis fortuna tenaciter urget?
[Ovídio, Heroides 3.44] Será que a sorte cruel persegue
obstinadamente os infelizes?
2090. An nescis longas regibus esse manus? [Ovídio,
Heroides 17.166] Por acaso não sabes que os reis têm
braços longos? ■ O braço do rei e a lança longe
alcançam. ■ Os reis abrangem muito com o seu poder.
VIDE: ● A regibus cavendum, quod eis praelonga sint
brachia. ● Longae regum manus. ● Longae sunt
regibus manus. ● Longas esse regibus manus.
● Magna est manus regis, et valida. ● Manus regum
longae.
2091. An nescis quantilla prudentia mundus regatur?
[Conde Axel Oxenstierna / Stevenson 1016] Não sabes
com quão pouco saber se governa o mundo? VIDE:
● Nescis, fili mi, quantilla sapientia regitur mundus.
● Nescis, fili, quam parva sapientia hic noster
mundus regitur. ● Quam parva sapientia regitur
mundus! ● Quam pauca sapientia mundus regitur!
● Videbis, fili mi, quam parva sapientia regitur
mundus.
2092. An non habet potestatem figulus luti ex eadem
massa facere aliud quidem vas in honorem, aliud
vero in contumeliam? [Vulgata, Romanos 9.21] Acaso
não tem poder o oleiro para fazer, de uma mesma
massa, um vaso para honra e outro para ignomínia?
2093. An non novisti, fili, nostrum regnum esse nobilem
servitutem? Não sabes, meu filho, que o meu governo é
uma nobre servidão? VIDE: ● Agnovisti, fili, nostrum
regnum esse nobilem servitutem?
2094. An qui amant, ipsi sibi somnia fingunt? [Virgílio,
Eclogae 8.108] Será que os apaixonados criam os
próprios sonhos? VIDE: ● Amantes sibi somnia fingunt.
● Qui amant, ipsi sibi somnia fingunt. ● Sibi amantes
somnia fingunt.
2095. An quisquam est alius liber, nisi ducere vitam cui
licet ut voluit? [Pérsio, Satirae 5.83] Há alguém que
seja livre, senão aquele a quem é permitido viver como
quiser?
2096. An scelus sceleri ingerit? [Sêneca, Thyestes 731]
Será que um crime conduz a outro?
2097. An senes puer docebis, ante pubem vesticeps?
[Schottus, Adagia 641] Tu, que ainda és um menino,
ensinarás os velhos? Tens barba antes da puberdade?
VIDE: ● Ante barbam doces senes.
2098. An servus hic qui fata sic contempserit? [Schottus,
Adagia 623] Será escravo aquele que desprezar assim a
morte?
2099. An tu civem ab hoste natura ac loco, non animo
factisque distinguis? [Cícero, Paradoxa Stoicorum 3]
Tu distingues um cidadão de um inimigo pela raça e
pelo país, não pelo caráter e conduta?
2100. An vivere tanti est? [Montaigne, Éssais 3.13;
Rezende 358] Viver tem preço tão alto?
2101. Analogia iuris. A analogia do direito.
2102. Analogia legis. A analogia da lei.
2103. Anathema sit. [Vulgata, 1Gálatas 1.8] Seja anátema.
Excomungado seja. ● Anathema sint! Excomungados
sejam! VIDE: ● Sit anathema.
2104. Anceps belli casus. [Lucano, Bellum Civile 3.753]
A sorte da guerra é ambígua. ● Anceps fortuna belli.
[Cícero, Pro Marcello 15] ● Anceps belli exitus. ■ A
guerra, sabe-se como começa, não se sabe como
termina. VIDE: ● Armorum exitus semper incerti, et
timendi. ● Belli exitus incertus. ● Bellorum exitus
incerti. ● Dubius armorum exitus. ● Eventus belli
varii. ● Fortuna belli fluxa. ● Mars dubius.
● Nusquam minus quam in bello eventus respondet.
● Varius et dubius est belli eventus.
2105. Anceps forma bonum mortalibus, exigui donum
breve temporis, ut velox celeri pede laberis! [Sêneca,
Hippolytus 761] Ó beleza, perigoso bem e efêmero dom
de curta duração para os mortais, com que rapidez tu
passas!
2106. Anceps remedium est melius quam nullum.
[Stevenson 1950] Um remédio duvidoso é melhor do
que nenhum remédio.
2107. Ancilla fiet sic caro spiritus. [Alain de Lisle /
Rezende 316] Que a carne seja serva do espírito.
2108. Ancipiti plus ferit ense gula. [DAPR 329] A gula
fere mais que a espada de dois gumes. ■ Mais mata a
gula do que a espada. VIDE: ● Gula plures occidit,
quam gladius. ● Gula plures occidit quam gladius,
estque fomes omnium malorum. ● Plures interficit
cena quam gladius. ● Plures necat gula quam gladius.
● Plures occidit gula quam gladius. ● Saeva quidem
plures leto gula tradit acerbo quam gladius.
2109. Ancora iacta mihi est. Foi-me jogada uma âncora.
(=Estou em segurança).
2110. Ancoras tollere. Recolher âncoras.
2111. Ancoris duabus niti ratem bonum est. É bom estar
o barco preso por duas âncoras. VIDE: ● Bonum est
duabus ancoris niti ratem. ● Bonum est duabus
fundari navem ancoris. ● Duabus nititur ancoris.
● Duabus ancoris fultus. ● Melius duo defendunt
retinacula navim. ● Navis tua fulta est duabus
ancoris. ● Servari haud una navis ancora solet.
2112. Andabatarum more pugnare. [Polydorus, Adagia]
Combater à maneira dos andábatas. (=Andabata.
Gladiador que combatia a cavalo e com os olhos
vendados).
2113. Angelicus iuvenis senibus satanizat in annis.
[Erasmo / Eiselein 145] Um jovem anjo se torna um
satanaz na velhice. ■ De jovem anjo velho diabo. ■ Quem
em menino é pousado será velho endiabrado. VIDE:
● Ortus angelicus, senio satanizat iniquus.
2114. Angelus custos. Anjo custódio. O anjo da guarda.
● Angelus tutelaris.
2115. Angelus Domini. [Vulgata, Gênesis 16.17] O anjo
do Senhor.
2116. Angliae iura in omni casu libertatis dant favorem.
[Jur / Black 111] A leis da Inglaterra em todos os casos
dão o favor da liberdade.
2117. Anglice. À inglesa.
2118. Anguilla a digitis saepe est dilapsa peritis. Muitas
vezes a enguia escapou de dedos hábeis. ■ Quem segura
enguia pelo rabo e mulher pela palavra, nada segura.
VIDE: ● Non tenet anguillam, per caudam qui tenet
illam. ● Qui tenet anguillam per caudam, non habet
illam.
2119. Anguilla est, elabitur. [Plauto, Pseudolus 749] É
uma enguia: escorrega entre as mãos. ■ Esse ninguém
segura.
2120. Anguilla lubricior. É mais escorregadio que a
enguia. (=Diz-se de pessoa astuta).
2121. Anguillam cauda teneo. Estou segurando uma
enguia pelo rabo. ■ Estou com uma batata quente na
mão. ■ Quem segura enguia pelo rabo e mulher pela
palavra, nada segura. ● Anguillam cauda capessis.
[Binder, Thesaurus 172] Agarras a enguia pelo rabo.
VIDE: ● Cauda tenes anguillam.
2122. Anguinos gestes oculos in corde columbae.
[Binder, Thesaurus 173] Trazes olhos de serpente num
coração de pomba.
2123. Anguis in herba. [Virgílio, Eclogae 3.93] É uma
cobra escondida no capim. (=Um falso amigo. Um
perigo escondido). ■ Aqui há gato escondido. ■ Por aqui
anda o diabo. VIDE: ● In ista vipera est veprecula.
● Latet anguis in herba. ● Qui legitis flores et humi
nascentia fraga, frigidus, o pueri, fugite hinc, latet
anguis in herba. ● Plurimum doli ac fraudis latet.
● Vipera est in veprecula.
2124. Angulus erigitur in sacco quando repletur.
[DAPR 133] Quando o saco fica cheio, formam-se
cantos. ■ Saco vazio não se pode ter em pé.
2125. Angulus ridet. [Horácio, Carmina 2.6.14] Sorri-me
este cantinho. VIDE: ● Ille terrarum mihi praeter
omnes angulus ridet.
2126. Angusta capitur tutior mensa cibus. [Publílio Siro]
Come-se com mais segurança numa mesa pequena.
2127. Angustia rerum. [Tácito, Annales 4.72] A escassez
de recursos. A miséria.
2128. Angustum anulum ne feras. Não uses anel
apertado. (=Não vivas angustiado). VIDE: ● Arctum
anulum ne gestato.
2129. Angustus animus est, quem terrena delectant.
[Sêneca, Ad Helviam 9.2] É uma mente estreita aquela a
quem as coisas terrenas dão prazer.
2130. Aniles fabellae. [Horácio, Sermones 2.6.77] (São)
histórias de velhas. ■ São histórias da carochinha.
● Anicularum deliramenta. [Erasmo, Adagia 3.7.16]
(São) desvarios de velhinhas. ● Anicularum deliria.
● Anicularum nugae. [Manúcio, Adagia 937] ● Aniles
fabulas devita. [Vulgata, 1Timóteo 4.7] Rejeita
histórias de velhas. VIDE: ● Ineptas autem, et aniles
fabulas devita. ● Nec fabellas aniles proferas.
2131. Anima carnis in sanguine est. [Vulgata, Levítico
17.11] A vida do animal está no sangue.
2132. Anima dissoluta esuriet. [Vulgata, Provérbios
19.15] A alma frouxa terá fome.
2133. Anima dum aegroto est, spes est. Enquanto o
doente tem vida, há esperança. ■ Enquanto há vida, há
esperança. VIDE: ● Aegroto dum anima est, spes est.
● Dum anima est, spes est. ● Dum spiramus,
speramus. ● Dum spiramus, speremus. ● Dum spiro,
spero. ● Dum vita est, spes est. ● Dum vivis, sperare
decet. ● Dum vivo, spero. ● Modo liceat vivere, est
spes.
2134. Anima enim est motor corporis. [S.Tomás de
Aquino, Summa Theologiae 75.1] A alma é o motor do
corpo.
2135. Anima enim nequam disperdet qui se habet.
[Vulgata, Eclesiástico 6.4] A paixão violenta destrói
quem a possui.
2136. Anima est amica amanti. [Plauto, Bacchides 159]
A namorada é a alma do homem apaixonado.
2137. Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
[Vulgata, Provérbios 27.7] A alma faminta até o amargo
tomará por doce. ■ À fome não há pão duro. ■ Para
quem tem fome não há pão ruim. ■ Quem tem fome
cardos come. VIDE: ● Ambitiosa non est fames.
● Anima saturata calcabit favum, et anima esuriens
etiam amarum pro dulci sumet. ● Animae esurienti
etiam amara dulcia videntur. ● Cibi condimentum
est fames. ● Cibus et potus desiderio condiuntur.
● Cogit dira fames telo penetrantior omni.
● Condimentum cibi fames est, potionis sitis. ● Condit
fercla fames. ● Delicias panis non quaerit venter
inanis. ● Dulcem rem fabas facit esuries tibi crudas.
● Dulcescit faba frigida, quando famescit. ● Dura licet
faba denti sic salus esurienti. ● Esuriens stomachus
fertur coquus optimus esse. ● Fabas indulcat fames.
● Fame condiuntur cibi. ● Fame vel cruda faba
dulcescit. ● Famelicis quaelibet esca suavis. ● Famem
efficere ut crudae etiam fabae saccharum sapiant.
● Fames est optimum condimentum. ● Fames est
optimus coquus. ● Fames ipsa iniucunda et molesta,
tamen iucundum reddit cibum, alioquin maxime
asperum et invisum. ● Fames malum panem tenerum
et siligineum reddit. ● Fames optimum
condimentum. ● Fames optimus est coquus. ● Fames
reddet malum panem bonum et tenerum. ● Ieiunus
raro stomachus vulgaria temnit. ● Ieiunus venter est
fercula libenter. ● Ieiunus venter recipit quaecumque
libenter. ● Lepori esurienti etiam placent fici.
● Malum panem tibi tenerum et siligineum fames
reddet. ● Maza esurienti auro et ebore carior. ● Nihil
contemnit esuriens. ● Omnia esculenta obsessis.
● Optimum cibi condimentum esse famem, potionis
sitim. ● Optimum condimentum fames. ● Ori
dulcescit faba frigida, quando famescit.
2138. Anima in amicis una. [Divisa] Nos amigos há uma
alma única.
2139. Anima inquilina est carnis. [Tertuliano] A alma
habita temporariamente a carne.
2140. Anima iusti sedes sapientiae. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] A alma do justo é a morada da
sabedoria. VIDE: ● Sedes sapientiae.
2141. Anima laborantis laborat sibi. [Vulgata,
Provérbios 16.26] A alma do que trabalha, para si
trabalha.
2142. Anima mea in manibus meis semper. [Vulgata,
Salmos 118.109] Minha alma estará sempre em minhas
mãos.
2143. Anima mundi. [S.Agostinho, De Civitate Dei 7,9] A
alma do mundo. (=O poder que governa o universo
físico).
2144. Anima nostra sicut passer erepta est de laqueo
venantium. [Vulgata, Salmos 123.7] A nossa alma,
como um pássaro, escapou do laço dos caçadores.
2145. Anima plus est ubi amat, quam ubi animat.
[Pereira 115] A alma está mais onde ama do que onde
vive. ■ A alma está mais onde ama do que onde anima.
■ Onde a galinha tem os ovos, lá se lhe vão os olhos.
■ Onde a galinha tem os ovos tem os olhos. ● Anima
plus vivit ubi amat, quam ubi animat. ● Anima potius
est ubi amat, quam ubi animat. VIDE: ● Animam
hominis non illic esse ubi animat, sed ubi amat.
● Animus plus est ubi amat, quam ubi animat.
● Cuiusque animum illic magis esse ubi amat, quam
ubi animat. ● Homo non est ubi animat, sed ubi
amat. ● Plus enim est anima ubi amat, quam ubi
animat.
2146. Anima pro anima, oculus pro oculo. [Polydorus,
Adagia] Vida por vida, olho por olho.
2147. Anima, requiesce, comede, bibe, epulare.
[Vulgata, Lucas 12.19] Alma minha, descansa, come,
bebe, regala-te.
2148. Anima saturata calcabit favum, et anima esuriens
etiam amarum pro dulci sumet. [Vulgata, Provérbios
27.7] A alma farta pisará o favo de mel, e a alma
faminta até o amargo tomará por doce. ■ Para quem tem
fome não há pão ruim. ■ Quem tem fome cardos come.
VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
● Animae esurienti etiam amara dulcia videntur.
2149. Anima una. [Grynaeus 125] Uma só alma.
2150. Anima una et cor unum. [RSA 3] Uma só alma e
um só coração. VIDE: ● Cor unum et anima una.
● Unum cor et anima una.
2151. Animadversio peperit artem. A observação gerou a
ciência. VIDE: ● Notatio naturae et animadversio
peperit artem.
2152. Animae dimidium meae. [Horácio, Carmina 1.3.8]
A metade de minha vida. (=A pessoa amada).
2153. Animae duae, animus unus. [Sidônio Apolinário
5.9.4] Duas vidas, uma só alma.
2154. Animae esurienti etiam amara dulcia videntur.
[Grynaeus 236] À alma faminta até o amargo parecerá
doce. ■ Para quem tem fome não há pão ruim. ■ Quem
tem fome cardos come. VIDE: ● Anima esuriens et
amarum pro dulci sumet. ● Anima saturata calcabit
favum, et anima esuriens etiam amarum pro dulci
sumet. ● Cogit dira fames telo penetrantior omni.
● Famelicis quaelibet esca suavis. ● Famem efficere ut
crudae etiam fabae saccharum sapiant. ● Ieiunus
raro stomachus vulgaria temnit. ● Lepori esurienti
etiam placent fici. ● Omnia esculenta obsessis.
● Optimum condimentum fames.
2155. Animae et corporis dulce consortium. É agradável
a união da alma e do corpo.
2156. Animae oculus mens est; et pes est amor. O olho
da alma é a mente, e o pé é o amor.
2157. Animae patria est ipse Deus. O próprio Deus é a
pátria da vida.
2158. Animae sal est amor. O amor é o sal da vida.
2159. Animae spes optima nutrix. A esperança é a
melhor alimentadora da alma.
2160. Animal bipes implume. Um animal de dois pés sem
penas. (=O ser humano, conforme definição atribuída a
Platão). ● Animal bipes sine plumis. [Espinosa, Ethica
2.40]
2161. Animal disputans. Um animal que argumenta. (=O
ser humano).
2162. Animal propter convivia natum. [Juvenal, Satirae
1.141] O animal que nasceu para os banquetes. (=O
porco).
2163. Animal rationale mortale. [S.Agostinho, De
Dialectica 9] Animal racional mortal. (=Definição do
ser humano).
2164. Animalia recurvis unguibus ne nutrias. Não
alimentarás animais de unhas recurvas. ■ De ave de bico
encurvado, guarda-te dela como do diabo. VIDE:
● Aduncos ungues habentes ne alas. ● Quae uncis
sunt unguibus ne nutrias.
2165. Animam debet. [Terêncio, Phormio 661] Deve a
alma. ■ Deve os olhos da cara.
2166. Animam Deo reddidit. Entregou a alma a Deus.
VIDE: ● Abiit ad plures. ● Abiit ad maiores. ● Abiit ad
deos. ● Abiit e vita. ● Abiit e medio. ● Ad divina
migravit. ● Ad manes abiit. ● Ad patres abiit.
● Migravit ad regna celestia. ● Migravit ex vita.
● Migravit in caelum. ● Spiritum Deo reddidit.
2167. Animam hominis non illic esse ubi animat, sed ubi
amat. [Erasmo, Colloquia 18] A alma do homem não
está onde ele vive, mas onde ele ama. ■ A alma está
mais onde ama do que onde anima. ■ Onde a galinha
tem os ovos, lá se lhe vão os olhos. ■ Onde a galinha
tem os ovos tem os olhos. VIDE: ● Anima plus est ubi
amat, quam ubi animat. ● Animus plus est ubi amat,
quam ubi animat. ● Cuiusque animum illic magis
esse ubi amat, quam ubi animat. ● Homo non est ubi
animat, sed ubi amat. ● Plus enim est anima ubi
amat, quam ubi animat.
2168. Animam pro anima. [Vulgata, Levítico 24.18] Vida
por vida.
2169. Animare duas tibias uno spiritu. Com um sopro
tocar duas flautas. ■ De um caminho dois mandados.
VIDE: ● Duas tibias uno spiritu animavit.
2170. Animat guttas in angues. Transforma gotas em
cobras. (=Diz-se de quem, por coisas sem importância,
procura fazer mal a outrem).
2171. Animi affectio suum cuique tribuens iustitia
dicitur. [Cícero, De Finibus 5.65] Chama-se justiça a
disposição de espírito que concede a cada um o que é
seu.
2172. Animi arbitrio amor sumitur, non ponitur. O
coração pode a seu bel prazer acolher o amor, mas não
se desfazer dele. VIDE: ● Amor animi arbitrio sumitur,
non ponitur.
2173. Animi cultus ille erat ei quasi quidam humanitatis
cibus. [Cícero, De Finibus 5.54] Aquele cultivo da
mente era para ele como um alimento do espírito.
2174. Animi firmitas. A firmeza de espírito. ● Animi
firmitudo.
2175. Animi imago vultus, indices oculi. O rosto é o
retrato do espírito, os olhos são os indicadores.
2176. Animi laetitia interdum dolorem corporis mitigat.
[S.Jerônimo, Epistulae 17.22] A alegria do espírito às
vezes mitiga a dor do corpo.
2177. Animi limina. [Palíndromo] As portas do espírito.
2178. Animi motum vultus detegit. [Digesta 1.18.19.1] A
fisionomia revela a intenção.
2179. Animi nil magnae laudis egentes. [Bacon,
Advancement of Learning 2.2.9] Os espíritos não têm
nenhuma necessidade de grandes louvores.
2180. Animi tamen non armis sed amore et generositate
vincuntur. [Espinosa, Ethica 4.11] Os espíritos não se
vencem pela violência, mas pelo amor e pela
generosidade. VIDE: ● Amore, non armis, animi
vincuntur.
2181. Animi tranquillitas grande virtutis praemium est.
[Plínio Moço, Epistulae 2.7.3, adaptado] A
tranqüilidade de espírito é a grande compensação da
virtude.
2182. Animi vitia totidem sunt, quot virtutes. Os vícios
da alma são tantos quantas são as virtudes.
2183. Animis opibusque parati. [Virgílio, Eneida 2.799]
Prontos a ajudar com esforços e recursos. ■ Prontos
para o que der e vier. ● Animis opibusque paratus
[Uma das divisas do Estado de Carolina do Sul, EUA]
Pronto a ajudar com esforços e recursos. VIDE: ● Parati
et voluntate et facultatibus.
2184. Animo abalienare. Estar fora de si. ■ Perder as
estribeiras.
2185. Animo aegrotanti medicus est oratio. [Erasmo,
Adagia 3.1.100] A palavra é o médico do espírito que
sofre. ■ Quais palavras te dizem, tal coração te fazem.
VIDE: ● Aegroto animo medicus est oratio. ● Animo
laboranti medicus oratio est. ● Animo male affecto
sermones sunt medicinae. ● Nam pharmacum aegri
mentis est oratio.
2186. Animo cancellandi. [Jur / Black 112] Com intenção
de anular.
2187. Animo conscio nihil miserius. [Grynaeus 500]
Nada é mais infeliz que uma consciência culpada.
2188. Animo cupienti nihil satis festinatur. [Salústio,
Bellum Iughurtinum 64] Para o coração ávido nada
caminha bastante rápido. ■ Quem espera desespera.
VIDE: ● Etiam celeritas in desiderio mora est.
2189. Animo dat gloria vires. [Ovídio, Tristia 5.12.37] A
glória dá forças ao coração.
2190. Animo dolenti nihil oportet credere. [Publílio Siro]
Não se deve confiar num espírito magoado. ■ Coração
magoado fala demasiado.
2191. Animo et corpore. [Jur / Black 112] Com a mente e
com o corpo. (=Com a intenção e a ação).
2192. Animo et facto. [Divisa] Por intenção e ação.
2193. Animo et fide. [Divisa] Com coragem e fé.
2194. Animo et prudentia. [Divisa] Com coragem e
discrição.
2195. Animo ignavus, procax ore. [Tácito, Historiae 2.23]
Covarde de coração, ousado de linguagem. ■ Muita
fumaça, pouco fogo.
2196. Animo imperabit sapiens, stultus serviet. [Publílio
Siro] O sábio governará seu coração, o tolo será seu
escravo.
2197. Animo imperante, fit bonum pecunia. [Publílio
Siro] Quando a razão governa, o dinheiro se torna um
bem. ■ O dinheiro é bom servidor e mau amo. VIDE:
● Bona, imperante animo bono, est pecunia. ● Bona
imperante animo fit pecunia. ● Bona semper,
imperante animo bono, pecunia est. ● Bona, semper
imperante animo, est pecunia. ● Bono imperante
animo prodest pecunia.
2198. Animo imperato, ne tibi animus imperet. [Publílio
Siro] Domina tuas paixões, para que elas não te
dominem. VIDE: ● Animum rege: qui nisi paret,
imperat.
2199. Animo iuvenali senex. [Ausônio, Commemoratio
Professorum Burdigalensium 16.1] Um ancião com
espírito juvenil.
2200. Animo laboranti medicus oratio est. [Grynaeus 45]
A palavra é o médico do espírito que sofre. ■ Quais
palavras te dizem, tal coração te fazem. ● Animo male
affecto sermones sunt medicinae. VIDE: ● Aegroto
animo medicus est oratio. ● Animo aegrotanti
medicus est oratio. ● Nam pharmacum aegri mentis
est oratio.
2201. Animo lucri faciendi. [Jur] Com intenção de obter
lucro.
2202. Animo manendi. [Jur / Black 112] Com intenção de
permanecer.
2203. Animo, non astutia. [Divisa] Com coragem, não
com astúcia.
2204. Animo nunc huc, nunc fluctuat illuc. [Virgílio,
Eneida 10.680] Seu coração ora flutua para cá, ora para
lá. (=Está inseguro). VIDE: ● Agitatur vento.
2205. Animo praesenti. Com presença de espírito. Com
sangue frio. VIDE: ● Non apud se esse.
2206. Animo probi, re improbi. [Grynaeus 361] Honestos
na intenção, desonestos na ação.
2207. Animo qui aegrotat, corpore hunc signum dare.
Quem está doente do espírito demonstra isso no corpo.
2208. Animo ventrique imperare debet, qui frugi esse
vult. [Publílio Siro] Deve dominar suas paixões e seu
estômago quem quer ser prudente.
2209. Animo virum pudicae, non oculo eligunt. [Publílio
Siro] As mulheres modestas escolhem o marido com o
espírito, não com o olho.
2210. Animosa nullos mater admittit metus. [Sêneca,
Troades 588] A mãe corajosa não admite nenhum medo.
2211. Animula vagula, blandula, hospes comesque
corporis, quae nunc abibis in loca, pallidula, rigida,
nudula, nec ut soles dabis iocos! [Historia Augusta,
Vita Hadriani 25.9] Ó alminha vagabunda, folgazã,
hóspede e companheira do meu corpo, que agora te vais,
pálida, fria, nua, para um lugar onde não farás as
brincadeiras costumeiras!
2212. Animum abducere a consuetudine oculorum
difficillimum. É muito difícil afastar o pensamento
daquilo a que os olhos estão acostumados.
2213. Animum alicuius frangere. [DAPR 711] Ferir os
brios de alguém.
2214. Animum debes mutare, non caelum. [Sêneca,
Epistulae Morales 24.1] Deves mudar de pensar, não de
terra. ■ Quem mudou nunca melhorou. ■ Quem é mau em
sua vila pior será em Sevilha. VIDE: ● Caelum, non
animum, mutant, qui trans mare currunt. ● Mutans
locum, mores tamen mutat nihil. ● Permutare te
potes, sed non meliorare. ● Vitia nostra regionum
mutatione non fugimus.
2215. Animum fortuna sequitur. A sorte segue a
coragem.
2216. Animum impellit furibunda voluptas. O desejo
impetuoso estimula o coração.
2217. Animum impleri debere, non arcam. [Sêneca,
Epistulae Morales 92.31] É a mente e não o cofre que se
deve encher.
2218. Animum nudare. Revelar seus sentimentos.
2219. Animum rege: qui nisi paret, imperat. [Horácio,
Epistulae 1.2.60] Governa teu coração, pois se ele não
te obedece, ele te comanda. VIDE: ● Animo imperato, ne
tibi animus imperet.
2220. Animus abutendi. A intenção de dispor.
2221. Animus acquirendi. A intenção de adquirir.
2222. Animus adiuvandi. A intenção de ajudar.
2223. Animus aeger semper errat. [Ênio / Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.5] O coração doente sempre
se engana.
2224. Animus aeger turbae praebet spectaculum.
[Publílio Siro] Um espírito doente oferece espetáculo à
multidão.
2225. Animus aemulandi. A intenção de competir.
2226. Animus aequus optimum est aerumnae
condimentum. [Plauto, Rudens 320] A resignação é um
excelente alívio para a aflição. VIDE: ● Bonus animus in
mala re dimidium est mali. ● In re mala, animo si
bono utare, adiuvat.
2227. Animus affectus minimis offenditur. [Pereira 99]
O coração magoado se ofende com as menores coisas.
■ Casa onde não há pão, todos brigam e ninguém tem
razão.
2228. Animus ambulandi. A intenção de ir e vir.
2229. Animus beatae ac miserae vitae sibi causa est.
[Sêneca, Epistulae Morales 98] A mente é que faz a
vida feliz ou infeliz.
2230. Animus bellandi. A intenção de guerrear.
2231. Animus calumniandi. A intenção de caluniar.
2232. Animus cancellandi. [Jur / Black 112] A intenção
de anular.
2233. Animus capiendi. [Jur / Black 112] A intenção de
tomar para si.
2234. Animus celandi. A intenção de ocultar.
2235. Animus confidendi. A intenção de confiar.
2236. Animus confitendi. A intenção de confessar.
2237. Animus consulendi. A intenção de consultar.
2238. Animus contrahendae societatis. A intenção de
formar uma sociedade.
2239. Animus contrahendi. A intenção de contratar.
2240. Animus corrigendi. A intenção de corrigir.
2241. Animus custodiendi. A intenção de proteger.
2242. Animus damni vitandi. A intenção de evitar dano.
2243. Animus decipiendi. A intenção de enganar.
2244. Animus defendendi. A intenção de defender.
2245. Animus delinquendi. A intenção de fazer o mal.
2246. Animus derelinquendi. [Jur / Black 112] A intenção
de abandonar.
2247. Animus diffamandi. A intenção de difamar.
2248. Animus differendi. [Jur / Black 112] A intenção de
adiar.
2249. Animus dolens securitatem non habet. [Apostólio
14.7] O espírito que sofre não tem tranqüilidade.
2250. Animus dominandi. A intenção de se apoderar.
2251. Animus domini. A intenção do dono.
2252. Animus donandi. [Jur / Black 112] A intenção de
doar.
2253. Animus est, qui divites facit. [Sêneca, Ad Helviam
11.5] É a mente que nos faz ricos. VIDE: ● Animus
hominis dives, non arca, appellari solet. ● Dives
animus est, non arca.
2254. Animus et factum. [Jur / Black 112] A vontade e o
feito.
2255. Animus et prudentia. Coragem e conhecimento.
2256. Animus ex ipsa desperatione sumatur. [Sêneca,
Naturales Quaestiones 2.59] A coragem deve ser tirada
do nosso próprio desespero.
2257. Animus excelsus omni est liber cura. [Cícero, De
Finibus 1.49] A mente elevada é livre de toda
preocupação.
2258. Animus excelsus res humiles despicit. [Grynaeus
131] A mente elevada despreza as coisas humildes.
■ Homem grande não desce a coisas baixas. VIDE:
● Aquila non venatur muscas. ● Aquila non capit
muscas. ● Aquila non captat muscas. ● Aquila non
aucupatur muscas. ● De minimis non curat praetor.
● Elephantus non capit murem, nec aquila muscas.
● Elephas murem non capit. ● Maximis occupati
negotiis ad pusilla quaedam connivent. ● Murem
elephas non capit. ● Summi viri neglegunt minutula
quaepiam.
2259. Animus facit nobilem. [Sêneca, Epistulae Morales
44.5] É o espírito que faz a nobreza.
2260. Animus falsandi. A intenção de falsear.
2261. Animus fraudandi. A intenção de fraudar.
2262. Animus furandi. [Jur / Black 112] A intenção de
furtar.
2263. Animus gaudens aetatem floridam facit. O
coração alegre faz a vida florida. ■ Quem canta seus
males espanta. ● Animus gaudens aetatem floridam
facit; spiritus tristis exiccat ossa. . [Vulgata,
Provérbios 17.22] O coração alegre faz a vida florida; o
espírito triste seca os ossos.
2264. Animus habendi. A intenção de ter.
2265. Animus habitat in auribus. [Erasmo, Adagia
4.5.53] O coração mora nos ouvidos. ■ Quais palavras
te dizem, tal coração te fazem.
2266. Animus haeret. [Sêneca, Thyestes 418] Meu
espírito hesita.
2267. Animus hominis dives, non arca, appellari solet.
[Cícero, Paradoxa 44] Costuma-se dizer que o espírito
do homem é que deve ser rico, não o cofre. VIDE:
● Animus est, qui divites facit. ● Dives animus est,
non arca.
2268. Animus hominis est anima scripti. [Jur / Black
112] A intenção do homem é a alma do documento.
2269. Animus hominis, quidquid sibi imperat, obtinet.
[Publílio Siro] A vontade do homem obtém tudo que ela
se determina.
2270. Animus in pedes decidit. [Erasmo, Adagia 1.8.70]
Caiu-lhe o coração aos pés. (=Ficou apavorado).
2271. Animus infringendi. A intenção de infringir uma
lei.
2272. Animus iniuriandi. A intenção de humilhar.
● Animus iniuriae faciendae.
2273. Animus iocandi. A intenção de gracejar.
2274. Animus laedendi. A intenção de fazer mal. A
intenção de prejudicar.
2275. Animus lucrandi. [Jur / Black 112] A intenção de
auferir lucro. ● Animus lucri faciendi. ● Animus
locupletandi.
2276. Animus manendi. [Jur / Black 112] A intenção de
permanecer.
2277. Animus meminisse horret. [Virgílio, Eneida 2.12]
Meu coração estremece ao recordar.
2278. Animus morandi. [Jur / Black 112] A intenção de
demorar.
2279. Animus narrandi. A intenção de narrar.
2280. Animus necandi. A intenção de matar. VIDE:
● Voluntas ad necem.
2281. Animus nocendi. A intenção de causar dano.
2282. Animus non deficit aequus. Não nos falta
equanimidade. VIDE: ● Animus si te non deficit aequus.
2283. Animus novandi. A intenção de novar.
2284. Animus obligandi. A intenção de obrigar.
2285. Animus occidendi. A intenção de matar.
2286. Animus omnia vincit. [Medina 590] O espírito tudo
vence. ■ Coração forte vence a má sorte. ■ O coração
manda na carne. VIDE: ● Animus tamen omnia vincit:
ille etiam vires corpus habere facit.
2287. Animus per somnum sensibus ac curis vacuus est.
[Cícero, De Divinatione 2.11] O espírito, durante o
sono, fica vazio de sensações e preocupações.
2288. Animus plus est ubi amat, quam ubi animat.
[Rezende 329] O coração está mais onde ama do que
onde vive. ■ A alma está mais onde ama do que onde
anima. ■ Onde a galinha tem os ovos, lá se lhe vão os
olhos. VIDE: ● Anima plus est ubi amat, quam ubi
animat. ● Cuiusque animum illic magis esse ubi
amat, quam ubi animat. ● Homo non est ubi animat,
sed ubi amat. ● Plus enim est anima ubi amat, quam
ubi animat.
2289. Animus possidendi. [Jur / Black 112] A intenção de
possuir.
2290. Animus quod perdidit optat. [Petrônio, Satiricon
128] Meu coração deseja aquilo que perdeu.
2291. Animus recipiendi. [Jur / Black 112] A intenção de
receber.
2292. Animus recuperandi. [Jur / Black 112] A intenção
de recuperar.
2293. Animus rem sibi habendi. A intenção de ter a coisa
para si.
2294. Animus restituendi. [Jur / Black 112] A intenção de
restituir.
2295. Animus retinendi possessionem. A intenção de
conservar a posse.
2296. Animus retorquendi. A intenção de repelir.
2297. Animus revocandi. [Jur / Black 112] A intenção de
revogar.
2298. Animus si te non deficit aequus. [Horácio,
Epistulae 1.11.30] Se não nos falta equilíbrio de
espírito. VIDE: ● Animus non deficit aequus.
2299. Animus simulandi. A intenção de simular.
2300. Animus solvendi. A intenção de pagar.
2301. Animus tamen omnia vincit: ille etiam vires
corpus habere facit. [Ovídio, Ex Ponto 2.7.75] O
espírito vence tudo: ele até dá forças ao corpo. VIDE:
● Animus omnia vincit.
2302. Animus, ut corpus, ad morbos proclivis est. O
espírito, como o corpo, é propenso às doenças.
2303. Animus vendendi. A intenção de vender.
2304. Animus vereri qui scit, scit tuto ingredi. [Publílio
Siro] O espírito que sabe temer, sabe caminhar em
segurança.
2305. Animus violandi. A intenção de violar.
2306. Animus vulnerandi. A intenção de ferir.
2307. Anne suum laudet patrem, nisi prospera proles?
[Plutarco / Grynaeus 535] Não são os filhos bem
sucedidos que testemunham em favor do pai? VIDE:
● Quis patrem laudet, nisi proles indiga laudis?
2308. Anni currentis. Do ano corrente.
2309. Anni futuri. Do ano que vem. Do próximo ano.
2310. Anni nubiles. [Jur / Black 113] A idade de casar.
(=A idade em que a moça fica legalmente apta para
casar; a idade de doze anos).
2311. Anni superioris semper meliora. [Binder,
Thesaurus 179] Os acontecimentos do ano passado são
sempre melhores. ■ Qualquer tempo do passado foi
melhor que o de agora. VIDE: ● Annus superior,
semper melior. ● Res praecedentis anni semper
meliores. ● Semper anteriora meliora. ● Semper
praestat prior annus. ● Semper superior annus
melior sequenti. ● Semper superiora meliora.
● Semper superioris anni proventus melior. ● Semper
superioris anni meliora.
2312. Anni tacito passu labuntur. Os anos vão embora
com passo silencioso.
2313. Annibal ante portas. Aníbal está diante de nossos
portões. (=Diz-se a propósito de um perigo iminente).
VIDE: ● Hannibal ad portas.
2314. Anno aetatis suae. No ano de idade. (=À expressão
se segue um numeral ordinal indicando a idade).
2315. Anno currenti. No ano corrente. VIDE: ● Anno
vertente.
2316. Anno Domini. No ano do Senhor. (=Na era cristã).
● Anno Christi. No ano de Cristo. VIDE: ● Anno
humanae salutis. ● Anno salutis.
2317. Anno futuro. No ano que vem.
2318. Anno Hegirae. No ano da Hégira. (=A Hégira
ocorreu em 622 d.C. O Ano da Hégira é o primeiro ano
do calendário muçulmano).
2319. Anno humanae salutis. No ano da redenção do
homem. VIDE: ● Anno Domini. ● Anno Christi. ● Anno
salutis.
2320. Anno mundi. No ano do mundo.
2321. Anno nativitatis Domini. No ano do nascimento do
Senhor. ● Anno incarnationis Domini.
2322. Anno praeterito. No ano anterior. ● Anno
superiori.
2323. Anno regno primo. [Inscrição em moeda inglesa]
No primeiro ano do reinado.
2324. Anno salutis. No ano da salvação. (=Na era cristã).
VIDE: ● Anno Domini. ● Anno Christi. ● Anno
humanae salutis.
2325. Anno sequenti. No ano seguinte.
2326. Anno Urbis conditae. No ano da fundação da
cidade de Roma. (=À expressão se segue um número
ordinal, que indica o ano a contar da fundação de Roma,
em 753 a.C.).
2327. Anno vertente. No ano corrente. VIDE: ● Anno
currenti.
2328. Annona cara est. [Plauto, Andria 746] Os
mantimentos estão caros. (=O custo de vida está
elevado). ● Annonae caritas. A careza dos
mantimentos. ● Annonae caritate increscente. [Valério
Máximo, Facta et Dicta Memorabília 3.7] Com o
crescimento do custo de vida.
2329. Annorum multitudo doceret sapientiam. [Vulgata,
Jó 32.7] Que os muitos anos ensinassem sabedoria.
2330. Annosa arbor non transplantatur. Árvore velha
não se transplanta. ■ O que se aprende na mocidade
dura a vida toda. ■ Cachorro velho não aprende truque.
● Annosa arbor difficulter transplantatur. É difícil
transplantar árvore velha. VIDE: ● Senem corrigere
durum.
2331. Annosa quercus non stolones procreat. [Schottus,
Adagia 607] Carvalho velho não dá mudas. ■ Burro
velho não recebe ensino.
2332. Annosa vulpes haud capitur laqueo. [Erasmo,
Adagia 1.10.17] Raposa velha não se deixa apanhar em
armadilha. ■ Raposa velha não se deixa apanhar. ■ Lobo
velho não cai em armadilha. ■ Macaco velho não trepa
em pau seco. ■ A mim não, que sou perro velho.
● Annosa vulpes non capitur laqueo. [Apostólio 6.4]
● Annosa vulpes haud potest laqueo capi. VIDE:
● Vetula vulpes laqueo haud capitur. ● Vulpes annosa
non capitur laqueo. ● Vulpes annosa non capitur.
● Vulpes annosa non intercipitur. ● Vulpes anus
laqueo capi nunquam potest.
2333. Annosae frustra cornici retia tendis. [DAPR 509]
A gralha velha inutilmente estendes redes. ■ Pardal
velho não se deixa apanhar em qualquer rede.
■ Macaco velho não mete a mão em cumbuca. ■ A mim
não, que sou perro velho.
2334. Annosam arborem transplantare. [Apostólio 6.5]
Transplantar uma árvore velha. (=Tarefa de resultado
duvidoso).
2335. Annoso leoni vel lepores insultant. [Gaal 1740] A
leão velho, até as lebres ofendem. ■ Leão moribundo,
cachorro lhe mija. . VIDE: ● Mortuo leoni etiam lepores
insultant.
2336. Annoso prospectandum latrante molosso. [Binder,
Thesaurus 182] Quando o cão velho late, deve-se ir ver.
■ Cão velho, quando ladra, dá aviso. ■ Cachorro velho
não ladra em vão. VIDE: ● Cane vetulo latrante
prospectandum est. ● Canes vetuli non latrant
temere. ● Latrans annosus, foris aspice quaeso,
molossus. ● Prospectandum cane vetulo latrante.
● Prospectandum vetulo latrante cane.
2337. Annosum vinum, socius vetus, et vetus aurum.
[Mota 229] ■ Vinho velho, amigo velho e ouro velho.
● Annosum vinum, socius vetus et vetus aurum, haec
sunt in cunctis trina probata locis. [Rezende 337]
Vinho de anos, companheiro antigo e ouro velho, estas
são três coisas garantidas em todos os lugares.
2338. Annosus stultus non diu vixit, diu fuit. [Publílio
Siro] Um estulto idoso não viveu muito tempo, existiu
muito tempo.
2339. Annuatim. Anualmente. Todo ano.
2340. Annuente Deo. Se Deus o permitir. Com a
permissão de Deus.
2341. Annuit coeptis. [Virgílio, Georgica 1.40] Ele (Deus)
aprovou nossas iniciativas. (=Uma das divisas dos
Estados Unidos da América).
2342. Annuit e caelo Deus. Deus do céu aprovou.
2343. Annuo toto capite. Concordo totalmente.
2344. Annulus aureus in nare suilla. [Manúcio, Adagia
1407] Anel de ouro em nariz de porco. (=Um homem
desonesto que ensina virtude). ■ Palavras de santo,
unhas de gato. VIDE: ● Circulus aureus in naribus suis,
mulier pulchra et fatua.
2345. Annus continuus. O ano civil. VIDE: ● Annus utilis.
2346. Annus enim octogesimus admonet me ut sarcinas
colligam, antequam proficiscar e vita. Meus oitenta
anos me aconselham recolher a bagagem antes de sair
da vida. VIDE: ● Sarcinas colligere.
2347. Annus fructificat, non tellus. [Albertatius 98] É o
ano que produz, não a terra. ■ Mais produz o ano
favorável do que o campo bem lavrado. ● Annus
fructificat, non terra. VIDE: ● Annus producit, non
ager.
2348. Annus gratiae. Ano da graça.
2349. Annus horribilis. Um ano horrível. ● Annus
funestus.
2350. Annus inceptus pro completo habetur. [Jur / Black
116] O ano começado é contado como completo.
2351. Annus luctus. [Jur / Black 116] Ano de luto.
● Annus lugendi.
2352. Annus mirabilis. Um ano notável. (=Dryden
escreveu um poema com esse título, sobre o ano de
1666, na Inglaterra, em que ocorreu o incêndio de
Londres e a vitória militar sobre os holandeses).
2353. Annus producit, non ager. [Erasmo, Adagia 1.1.44]
É o ano que produz, não o campo. ■ Mais produz o ano
favorável do que o campo bem lavrado. ■ O tempo faz o
ano. ● Annus producit fructum, non arvum. VIDE:
● Annus fructificat, non tellus.
2354. Annus superior, semper melior. [Rezende 341] O
ano passado sempre foi melhor. ■ Qualquer tempo do
passado foi melhor que o de agora. VIDE: ● Anni
superioris semper meliora. ● Res praecedentis anni
semper meliores. ● Semper anteriora meliora.
● Semper praestat prior annus. ● Semper superior
annus melior sequenti. ● Semper superiora meliora.
● Semper superioris anni proventus melior. ● Semper
superioris anni meliora.
2355. Annus utilis. [Jur / Black 116] O ano civil. VIDE:
● Annus continuus.
2356. Ansam arripit. Agarra a oportunidade. ● Ansam
praeterit. Perde a oportunidade.
2357. Ansam quaeris. [Erasmo, Adagia 1.4.4] Buscas uma
asa. ■ Buscas de que pegar. ■ Procuras um pé.
2358. Anser, apis, vitulus populos et regna gubernant.
[James Howell / Maloux 418] O ganso (=a pena), a
abelha (=a cera) e o vitelo (=o pergaminho) governam
os povos e os países.
2359. Anser inter olores. [Manúcio, Adagia 293] Um
ganso entre cisnes. (=Diz-se de quem fala com
petulância sobre assuntos que não conhece). ● Anser
strepit inter olores. O ganso faz barulho entre cisnes.
● Anseres inter olores strepunt. [Albertatius 100] Os
gansos fazem barulho entre os cisnes. VIDE: ● Argutos
inter strepere anser olores. ● Graculus inter musas.
2360. Ante acta. [Jur] Antes dos atos. Preliminarmente.
2361. Ante annos non multos. Há poucos anos.
2362. Ante barbam doces senes. [Erasmo, Adagia 3.3.10]
Ensinas aos velhos, antes mesmo de teres barba.
■ Ensina padre-nosso ao vigário. VIDE: ● An senes puer
docebis, ante pubem vesticeps? ● Imberbis senes
doces. ● Ovum prae gallina vult sapere. ● Sus
Minervam docet.
2363. Ante bellum. Antes da guerra.
2364. Ante captos pisces, muriam commisces. [Schottus,
Adagia 518] Preparas a salmoura antes que os peixes
tenham sido apanhados. ■ Ainda não montamos e já
cavalgamos. VIDE: ● Antequam pisces ceperis, muriam
misces. ● Salsuginem misces, antequam pisces
ceperis.
2365. Ante Christum natum. Antes do nascimento de
Cristo. (=Antes da era cristã). ● Ante Christum. Antes
de Cristo.
2366. Ante cibum. Antes da refeição.
2367. Ante circumspiciendum est cum quibus edas et
bibas, quam quid edas et bibas. [Epicuro / Sêneca,
Epistulae Morales 19.10] Antes deves olhar com quem
comes e bebes do que o que comes e bebes.
2368. Ante conscientiae consulendum est, quam famae.
[Veleio Patérculo, Opera 1.2.115] Devemos primeiro
consultar a consciência, depois a reputação.
2369. Ante decem annos. Há dez anos.
2370. Ante Dei vultum nihil unquam restat inultum.
[Trench, Proverbs] Diante dos olhos de Deus nenhum
mal fica impune. ● Ante Dei vultum nil pravi constat
inultum. [Bebel, Proverbia Germanica 547]
2371. Ante diem. Antes do dia (marcado).
2372. Ante diem canos anxia cura facit. Preocupação
angustiante faz cabelos brancos antes do tempo.
2373. Ante diem mortis nullus laudabilis exstat.
[Columbano 22] Antes do dia da morte ninguém se
destaca como digno de louvor. ■ Não louves o homem
enquanto vive. VIDE: ● Ante mortem ne laudes
hominem quemquam.
2374. Ante distributionem cibi rapis. [Schottus, Adagia
518] Antes da distribuição da comida, já te vais
apossando. ■ Vais com muita sede ao pote.
2375. Ante focum, si frigus erit, si messis, in umbra.
[Virgílio, Eclogae 5.70] Ao lume, se fizer frio; à
sombra, no tempo das ceifas.
2376. Ante fugit quam scit aut quem fugiat aut quo.
[Cícero, Ad Atticum 8.7.2] Ele foge antes de saber de
quem ou para onde foge.
2377. Ante fuit vitulus, qui nunc fert cornua taurus.
[Binder, Thesaurus 188] Já foi bezerro o touro que
agora traz chifres. ■ Potro sarnoso, cavalo formoso.
VIDE: ● De nuce fit corylus, de glande fit ardua
quercus. ● De parvo puero saepe peritus homo.
● Omnium enim rerum principia parva sunt. ● Quem
taurum metuis, vitulum mulcere solebas. ● Saepe
caballus erit qui pulli more subhinnit. ● Sub qua
nunc recubas arbore, virga fuit. ● Tandem fit
surculus arbor.
2378. Ante grandinem praeibit coruscatio. [Vulgata,
Eclesiástico 32.14] Antes da saraiva aparecerá o
relâmpago.
2379. Ante hoc novi quam tu natus est. [Fedro, Fabulae
5.9.4] Eu sabia disso antes de nasceres. VIDE: ● Hoc
noveram ante quam tu natus es.
2380. Ante hominem vita et mors, bonum et malum;
quod placuerit ei dabitur illi. [Vulgata, Eclesiástico
15.18] Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e
o mal; o que lhe agradar, isso lhe será dado. VIDE: ● Ecce
ego do coram vobis viam vitae, et viam mortis.
2381. Ante languorem adhibe medicinam. [Vulgata,
Eclesiástico 18.20] Antes da enfermidade aplica o
preservativo. ■ Prevenido, protegido.
2382. Ante litem. [Jur] Antes do litígio. ● Ante litem
motam. Antes do começo do processo.
2383. Ante litteram. Antes da letra. (=Antes de ser escrito.
Antes de ser oficializado. Antes de ser conhecido. Antes
de ser costume).
2384. Ante lucem. Antes da aurora. Antes do amanhecer.
2385. Ante lucem creatam Deus non fuit in tenebris.
Antes de ser criada a luz, Deus não estava em trevas.
2386. Ante lupus sibi iunget ovem. Antes disso acontecer
o lobo casar-se-á com a ovelha. ■ É mais fácil um boi
voar. VIDE: ● Prius lupus ovem ducat uxorem.
2387. Ante mare, undae. [Rezende 345] Antes do mar, a
água. ■ Sem farinha não se faz pão.
2388. Ante meridiem. Antes do meio-dia.
2389. Ante molam primus qui venit, non molat imus.
[Trench, Proverbs 150] Quem chega primeiro ao
moinho não é o último a moer. ■ Quem primeiro vem,
primeiro mói. ■ Quem chega primeiro, é servido
primeiro. VIDE: ● Ad molam primo qui venit, non
molet imo. ● Prior in tempore, potior in iure.
2390. Ante mortem ne laudes hominem quemquam.
[Vulgata, Eclesiástico 11.30] Não louves nenhum
homem antes da morte. ■ Não louves o homem enquanto
vive. VIDE: ● Ante diem mortis nullus laudabilis exstat.
2391. Ante natus. [Jur / Broom 396] O que nasceu antes.
VIDE: ● Post natus.
2392. Ante nuptias. Antes do casamento.
2393. Ante obitum nemo beatus dici potest. Ninguém
pode ser considerado feliz antes de morrer. ■ Não me
chames bem fadada até me veres enterrada. ● Ante
obitum nemo beatus. [Schottus, Adagia 615] ● Ante
mortem nemo beatus. ● Ante obitum mortalis nemo
beatus. [Schottus, Adagia 593] VIDE: ● Dicique beatus
ante obitum nemo supremaque funera debet. ● Nemo
ante mortem beatus est. ● Nemo ante obitum beatus.
2394. Ante oculos furum absconde thesaurum. Esconde
teu dinheiro dos olhos dos ladrões. ■ A ocasião faz o
ladrão.
2395. Ante oculos mors dira vagatur. Diante de nossos
olhos vagueia a impiedosa morte.
2396. Ante oculos omnium. À vista de todos.
2397. Ante omnia. Antes de tudo.
2398. Ante ora patrum. [Rezende 349] Na presença dos
pais.
2399. Ante partum. Antes do parto. Antes do nascimento.
2400. Ante pedes non videt. Não vê nem o que está diante
dos seus pés. ■ Não enxerga pataca.
2401. Ante pedes quod est nemo spectat; caeli
scrutantur plagas. [Ênio / Cícero, De Re Publica 1.30]
Ninguém olha o que está diante dos pés; todos
perscrutam as regiões do céu.
2402. Ante pilos sapit. A sabedoria chegou-lhe antes da
barba. VIDE: ● Prudentia velox ante pilos venit.
● Rerum prudentia velox ante pilos venit, dicenda
tacendaque calles. ● Scilicet ingenium ante pilos
venit?
2403. Ante ruinam exaltatur spiritus. [Vulgata,
Provérbios 16.18] O espírito eleva-se antes da queda.
■ De grande subida, grande caída. ■ Quanto mais alta é
a berlinda, maior é o trambolhão. ■ Quanto mais alto o
coqueiro, mais bonita a queda. ● Ante ruinam
exaltabitur cor. [VES 16] O coração se elevará antes
da queda. VIDE: ● Contritionem praecedit superbia.
2404. Ante senectutem curavi ut bene viverem; in
senectute ut bene moriar. Bene autem mori est
libenter mori. [Sêneca, Epistulae Morales 61.2] Antes
da velhice, preocupei-me em viver bem; na velhice,
preocupei-me em morrer bem. Mas morrer bem é
morrer sem pena.
2405. Ante solem permanet nomen Domini. [Inscrição
em quadrante solar] O nome do Senhor existe antes do
sol. ● Ante solem permanet nomen Eius. [Vulgata,
Salmos 71.17] O Seu nome subsiste antes do sol.
2406. Ante sortitionem rempublicam devoras! [Schottus,
Adagia 518] Antes de seres sorteado para o cargo, já
devoras o erário!
2407. Ante suas aedes semper canis est animosius.
Diante de sua casa, o cão é mais valente. ■ Em sua casa
cada qual é rei. VIDE: ● Aedibus in propriis canis est
mordacior omnis.
2408. Ante tempus. Antes do tempo. Antes da hora.
Prematuramente.
2409. Ante tempus debita exigi non possunt. [Codex
Iustiniani 4.9.1] As dívidas não podem ser cobradas
antes do prazo.
2410. Ante tempus senectam adducit cogitatus.
[Vulgata, Eclesiástico 30.26] A preocupação traz a
velhice antes do tempo.
2411. Ante tubam trepidat. Treme antes do sinal de
combate. ■ Sofre antes da hora. ● Ante tubam tremor
occupat artus. [Virgílio, Eneida 11.424] O medo toma
conta do corpo antes do toque da trombeta. VIDE: ● Cur
ante tubam tremor occupat artus?
2412. Ante victoriam canis triumphum. [Schottus,
Adagia 244] Cantas o triunfo antes da vitória. ■ Ainda
não selamos e já cavalgamos. ■ Contamos com o ovo no
rabo da galinha. ● Ante victoriam encomium canis.
[Erasmo, Adagia 1.7.55] ● Ante victoriam canimus
triumphum. [Pereira 94] Cantamos o triunfo antes da
vitória. ● Ante victoriam triumphat.
2413. Ante victoriam ne canas triumphum. Antes da
vitória não cantes o triunfo. ■ Não soltes foguetes antes
da hora. ■ Não vendas a pele do urso antes de matá-lo.
● Ante victoriam triumphandum non est. [Gaal 1617]
VIDE: ● Antequam viceris ne triumphum pares. ● Ne
canas triumphum ante victoriam. ● Triumphum ne
canas ante victoriam. ● Vanum est epinicium canere
ante victoriam.
2414. Antecedente concesso, conceditur consequens;
velle antecedens videtur, qui voluit consequentem.
[Jur] Concedido o antecedente, concede-se o
conseqüente; considera-se que quer o antecedente quem
quis o conseqüente.
2415. Antequam comedam, suspiro. [Vulgata, Jó 3.24]
Suspiro antes de comer.
2416. Antequam incipias, consulta. [Erasmo, Adagia
2.3.70] Antes que comeces, examina cuidadosamente.
■ Antes de morder, vê com atenção se é pedra ou pão.
VIDE: ● Cogitare prius quam conari. ● Prius quam
incipias, consulto et, ubi consulueris, mature facto
opus est.
2417. Antequam loquaris, disce. [Vulgata, Eclesiástico
18.19] Aprende antes de falar. ■ Não fales do que não
entendes.
2418. Antequam noveris, a laudando et vituperando
abstine. [Pereira 95] Antes de conhecer (o fato ou a
pessoa), abstém-te de louvar e de maldizer. ■ Antes que
conheças nem louves nem ofendas.
2419. Antequam pisces ceperis, muriam misces.
[Apostólio 16.78] Antes de pegares os peixes, já
preparas a salmoura. ■ Ainda não montamos e já
cavalgamos. VIDE: ● Ante captos pisces, muriam
commisces. ● Salsuginem misces, antequam pisces
ceperis.
2420. Antequam rem agas, prospice finem. [Medina 584]
Antes de realizar, examina o fim. ■ Antes que te cases,
vê o que fazes.
2421. Antequam sortiamur communia devoras! Antes
de tirarmos a sorte, tu já gastas o dinheiro de todos!
2422. Antequam viceris ne triumphum pares. Antes de
venceres, não prepares o triunfo. ■ Não soltes foguetes
antes da festa. VIDE: ● Ante victoriam ne canas
triumphum. ● Triumphum ne canas ante victoriam.
● Vanum est epinicium canere ante victoriam.
2423. Antequam voceris, ad consilium ne accesseris.
Não irás à reunião antes de seres chamado. ■ A boda e
batizado não vás, sem seres chamado. ■ Não te metas
onde não és chamado. ● Antequam voceris, ne
accesseris. [Dionísio Catão, Monosticha 8] Não vás
antes de seres chamado. VIDE: ● Ad consilium ne
accesseris, antequam voceris. ● Alterius festum
solum invitatus adibis. ● Consilium ne adeas
invocatus. ● Haud advocatus ne ad consilium
accesseris.
2424. Antidotum ante venenum. [Pereira 121] Tomar o
antídoto antes do veneno. ■ Sangrar em saúde. ■ Ainda
não selamos e já cavalgamos. VIDE: ● Ne prius
antidotum quam venenum. ● Prius antidotum quam
venenum adhibes. ● Prius antidotum quam venenum.
2425. Antiqua homo virtute et fide. [Rezende 355] Um
homem de coragem e fidelidade antigas. (=Diz-se de
pessoa de coragem e fidelidade a toda prova).
2426. Antiqua non facile mutantur, nisi in peius.
[Binder, Thesaurus 191] Não se mudam facilmente as
coisas antigas, a não ser para pior.
2427. Antiqua nove. [DAPR 780] Coisas antigas de
maneira nova. VIDE: ● De eadem re alio modo. ● Non
nova, sed nove. ● Nove, sed non nova. ● Si non nova,
saltem nove.
2428. Antiqua sunt optima. [Schrevelius 1186] As coisas
antigas são as melhores.
2429. Antiqua veste pauper vestitur honeste. [Sweet 20]
Com roupa velha o pobre se veste respeitavelmente. ■ O
hábito elegante cobre, muitas vezes, um tratante.
2430. Antiquae sunt istae leges et mortuae. [Cícero, In
Verrem 2.5.45] Essas leis são antigas e caíram em
desuso. VIDE: ● Leges mortuae.
2431. Antiqui mores serventur. [DAPR 723] Respeitem-
se os costumes antigos.
2432. Antiquior omnibus veritas. [Tertuliano,
Apologeticus 47.1] A verdade é mais antiga do que
tudo.
2433. Antiquis apicem temonibus adde recentem.
[Schottus, Adagia 583] Ao carro antigo acrescenta
cimeira nova. ■ A burro velho, albarda nova.
2434. Antiquis canibus non facile vincula inicies. [Bebel,
Adagia Germanica] Dificilmente colocarás coleiras em
cães velhos. ■ Cachorro velho não se acostuma com
coleira.
2435. Antiquis debetur veneratio. [Erasmo, Adagia
3.10.15] Deve-se veneração aos ancestrais. VIDE: ● Seni
debetur veneratio.
2436. Antiquitas saeculi, iuventus mundi. [Bacon,
Advancement of Learning 1] Os tempos antigos foram a
juventude do mundo.
2437. Antiquorum vitiorum remanent vestigia. [Sêneca
Retórico, Controversiae 2.2] (Sempre) ficam vestígios
dos vícios antigos. ■ Sempre cheira a panela ao
primeiro legume que se mete nela.
2438. Antiquum decus floreat. [Divisa] Que floresça a
glória antiga.
2439. Antiquum poëtam audivi scripsisse in tragoedia,
mulieres duas peiores esse quam unam: res ita est.
[Plauto, Curculio 591] Soube que um poeta antigo tinha
escrito numa tragédia que duas mulheres eram piores
que uma: e é assim mesmo.
2440. Antiquum retine, quem sis expertus, amicum, nec
similem credas, si sapis, esse novum. Conserva o
amigo velho, a quem já provaste, e, se és sábio, não
creias que o amigo novo seja igual.
2441. Antiquus amor cancer est. [Petrônio, Satiricon
42.7] Um amor antigo é um câncer. ■ Mal de amor não
tem cura. ■ Os primeiros amores podem apartar-se, mas
não esquecer-se. ● Antiquus amor carcer est. [Binder,
Thesaurus 194] Amor antigo é uma prisão.
2442. Antiquus bonus est medicus, tonsorque novellus.
Bom é médico velho e barbeiro jovem. ■ Médico velho,
advogado novo.
2443. Antiquus pullum scandere novit eques. [Pereira
93] O cavaleiro velho sabe montar o cavalo novo. ■ A
cavalo novo, cavaleiro velho.
2444. Antiquus poëta ait ‘laus alit artes’. [Sêneca,
Epistulae Morales 102.16] Um poeta antigo disse ‘A
glória alimenta as artes’. VIDE: ● Laus alit artes.
● Honor alit artes. ● Honos alit artes.
2445. Anulus aureus in naribus suis. [Erasmo, Adagia
1.7.24] Anel de ouro em focinhos de porco. ■ Boa parte
em mau sujeito. ■ Anel de ouro não é para focinho de
porco. ● Anulus aureus in nare suilla. [Pereira 95]
2446. Anulus et baculus. O anel e o báculo. (=Símbolos
da investidura do bispo).
2447. Anulus in digito subter tenuatur habendo,
[Lucrécio, De Rerum Natura 1.312] Usando-se o anel
no dedo, ele se gasta.
2448. Anus ad armillum redit. [Lucílio / Rezende 360] A
velha volta à garrafa. ■ Quem bebeu beberá. ■ Quem o
foi sempre será. ● Anus ad armillum revertit. ● Anus
rursum ad armillum. [Saraiva 105] A mulher está
novamente com a garrafa.
2449. Anus saltat. [Schottus, Adagia 394] A velha está
dançando. ● Anus subsultans multum excitat pulveris.
[Erasmo, Adagia 2.8.12] Uma mulher velha pulando de
contente levanta muito pó. (=Diz-se da pessoa que,
tendo grande habilidade, é extremamente ativa). ■ Muito
pode a velha para o seu moinho. ■ Velha experimentada
vai por água arregaçada. ● Anus saltans multum
excitat pulverem. [Schottus, Adagia 207] ● Anus
saltans magnum pulverem excitat. [Walther 1200a]
● Anus ubi plaudere coepit, magnum excitat
pulverem. [Schottus, Adagia 394] VIDE: ● Dum saltat
vetula, it fumus permultus in auras. ● Pulverem anus
pedibus plaudens multam excitat omnis.
2450. Anxietas animi. `[Ovídio, Ex Ponto 4.8] A
ansiedade do espírito. Uma preocupação.
2451. Apage! Fora! Cai fora!
2452. Apage a me, apage. [Plauto, Bacchides 39] Afasta-
te de mim, afasta-te.
2453. Apage cum tuo libro! [DAPR 760] Fora com teu
livro! ■ Não agüento mais esse assunto!
2454. Apage Satanas! Fora, Satanás!
2455. Apage sis, amor! [Plauto, Trinummus 237] Afasta-
te de mim, amor!
2456. Aperi os tuum muto, et causis omnium filiorum
qui pertranseunt. [Vulgata, Provérbios 31.8] Abre a
tua boca a favor do mudo, e para defenderes as causas
de todos os filhos que passam.
2457. Aperi os tuum, decerne quod iustum est, et iudica
inopem et pauperem. [Vulgata, Provérbios 31.9] Abre
a tua boca, ordena o que é justo; e faze justiça ao
necessitado e ao pobre.
2458. Aperias manum fratri tuo egeno et pauperi qui
tecum versatur in terra. [Vulgata, Deuteronômio
15.11] Abrirás a mão para teu irmão necessitado e
pobre, que vive contigo no mesmo país.
2459. Aperire cuniculos. Descobrir os subterrâneos.
(=Desvendar um segredo).
2460. Aperit praecordia Liber. [Horácio, Sermones
1.4.89] O vinho revela os sentimentos. ■ O vinho é o
espelho da alma. (=Liber, Líbero, um dos nomes de
Baco, deus do vinho). VIDE: ● Arcanum demens detegit
ebrietas.
2461. Aperta odia armaque palam depelli; fraudem et
dolum obscura eoque inevitabilia. [Tácito, Historiae
4.24] O ódio declarado e as guerras se repelem
abertamente; a traição e a perfídia ficam na sombra, e,
por isso, não podem ser evitadas.
2462. Aperta veritas. A verdade sem cobertura. ■ A
verdade nua e crua. VIDE: ● Nuda veritas. ● Nudissima
veritas.
2463. Aperte. Abertamente. Manifestamente. VIDE:
● Aperto capite.
2464. Aperte enim vel odisse, magis ingenii est, quam
fronte occultare sententiam. [Cícero, De Amicitia 18]
Odiar abertamente é de mais caráter do que ocultar o
pensamento.
2465. Aperte mala cum est mulier, tum demum est
bona. [Publílio Siro] Quando a mulher é francamente
má, então ela certamente é boa.
2466. Aperte quod sentio loquar. [Cícero, De República
1.15] Vou-te dizer francamente minha opinião.
2467. Apertis auribus. [Sêneca, Quaestiones Naturales
5.12] Com os ouvidos abertos. ● Apertis auribus
oculisque. Com ouvidos e olhos abertos.
2468. Apertis verbis. [Cícero, Ad Familiares 9.22.5] Com
palavras explícitas.
2469. Apertius et melius per opera quam per verba
insinuatur via vitae. [S.Beda, Proverbiorum Liber]
Percorre-se com mais clareza e melhor a estrada da vida
pelas obras do que pelas palavras.
2470. Aperto capite. [Plauto, Captivi 474] De cabeça
descoberta. (=Abertamente. Sem se ocultar). VIDE:
● Aperte. ● Nudo capite incedere.
2471. Aperto libro. [Rezende 363] De livro aberto. (=Sem
auxílio de dicionário). VIDE: ● Ad aperturam libri.
2472. Aperto pectore. [Plínio Moço, Epistulae 6.12.3] De
peito aberto. De coração aberto. VIDE: ● Quid aperto
pectore in hostem mittor?
2473. Aperto vivere voto. [Pérsio, Satira 2.7] Viver às
claras.
2474. Apertum pectus vides tuumque ostendis. [Cícero,
De Amicitia 97] Vês o peito aberto e mostras o teu.
2475. Apes debemus imitari. [Sêneca, Epistulae Morales
84.3] Devemos imitar as abelhas.
2476. Apes ne mortuis floribus quidem, non modo
corporibus insidunt. [Plínio Antigo, Naturalis Historia
11.8.18] As abelhas não pousam nem nas flores mortas,
nem nos corpos mortos.
2477. Apes quicquid in floribus purissimum est, sugunt,
reliquumque dimittunt. As abelhas sugam nas flores
tudo que há de mais puro, e abandonam o resto.
2478. Apex est autem senectutis auctoritas. [Cícero, De
Senecture 60] A coroa da velhice é a autoridade. ● Apex
senectutis auctoritas.
2479. Apex iuris. [Jur / Black 120] Uma sutileza do
direito. VIDE: ● In apicibus iuris. ● Vafrum iuris.
2480. Apex montis. O cume da montanha.
2481. Apices iuris non sunt iura. [Jur / Black 120] As
sutilezas do direito não constituem o direito.
2482. Apices litigandi. [Jur / Black 120] As sutilezas do
demandar.
2483. Apologia pro vita sua. Uma defesa de sua vida.
(=Título de livro do Cardeal Newman).
2484. Apparatus belli. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
26.43] Equipamento para a guerra.
2485. Apparatus criticus. Aparato crítico.
2486. Apparent rari nantes in gurgite vasto. [Virgílio,
Eneida 1.118] Vêem-se uns poucos homens nadando no
vasto mar. (=Foi o que sobrou da tempestade excitada
por Juno). VIDE: ● Rari nantes.
2487. Apparet id quidem etiam caeco. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 32.34] Isso é visível até para um cego.
■ Até um cego vê isso. VIDE: ● Vel caeco appareat.
2488. Apparet semper dissimulatus amor. [Medina 584]
Descobre-se sempre o amor dissimulado. ■ Amor,
dinheiro e cuidado, não está dissimulado. ■ Tosse, amor
e febre, ninguém esconde. ● Apparet dissimulatus
amor.
2489. Appellatio est provocatio ad maiorem iudicem.
[Jur] A apelação é uma provocação a um juiz superior.
2490. Appendix animi corpus. O corpo é um
complemento do espírito.
2491. Appensus es in statera, et inventus es minus
habens. [Vulgata, Daniel 5.27] Pesado foste na balança,
e foste achado em falta.
2492. Appetit finis ubi incrementa consumpta sunt.
[Sêneca, Ad Marciam 23.5] O fim se aproxima, quando
o crescimento se consuma.
2493. Appetitus est stimulus naturalis, quo impellimur
ad victum quaerendum, ut id, quod deperditum erat
per varias excretiones, iterum restituatur: sive est
voluntas edendi et bibendi. [Nenter 8] O apetite é um
estímulo natural, pelo qual somos estimulados a
procurar alimento, para que o que se perdeu pelas várias
excreções, seja novamente restaurado: ou é a vontade de
comer e de beber.
2494. Appetitus in iunioribus ordinarie est maior quam
in adultis. [Nenter 8] O apetite nos jovens geralmente é
maior dos que nos adultos.
2495. Appetitus rationi oboediant. [Cícero, De Officiis
1.29] Que os desejos obedeçam à razão. ● Appetitus
rationi pareat. [Cícero, De Officiis 1.39] Que o apetite
obedeça à razão.
2496. Appetitus saepius sequitur sola consuetudine.
[Nenter 8] O apetite, na maioria das vezes, segue
somente o costume.
2497. Appetitus vindictae. O desejo de vingança. VIDE:
● Ira est appetitus vindictae.
2498. Appetuntur quae secundum naturam sunt,
declinantur contraria. [Cícero, De Natura Deorum
3.33] Buscam-se as coisas que se conformam à
natureza, evitam-se as contrárias a ela.
2499. Applicatio est vita regulae. [Jur / Black 126] A
aplicação é a vida de uma regra.
2500. Approbare censetur rem, vel personam, qui ea
utitur. [Jur] Entende-se que aprova a coisa ou a pessoa,
quem dela usa.
2501. Approbare quis non potest, quod semel
impugnavit. [Jur] Não pode alguém aprovar o que uma
vez impugnou.
2502. Approbari debet ab omnibus quod omnes tangit.
[Jur] O que toca a todos deve ser aprovado por todos.
2503. Approbatione totius, quaelibet eius pars
approbata censetur. [Jur] Com a aprovação do todo,
entende-se como aprovada qualquer das partes.
2504. Approbatum semel, non potest amplius
reprobari. [Jur] O que foi uma vez aprovado não pode
mais ser reprovado.
2505. Appropiate ad me, indocti. [Vulgata, Eclesiástico
51.31] Aproximai-vos de mim, ignorantes.
2506. Appropinquat hora. [Inscrição em quadrante solar]
Tua hora se aproxima. ■ Está chegando a hora!
2507. Aprilis aqua pinguescit bos, perimitur sus, emicat
ovis. [DAPR 20] Com a chuva de abril engorda o boi,
morre o porco, nasce o carneiro. ■ A ti chova todo o ano
e a mim, abril e maio.
2508. Apros immittere fontibus. [Erasmo, Adagia 4.2.19]
Conduzir os javalis às fontes. (=Fazer trabalho inútil).
2509. Aptari tempori. Adaptar-se aos tempos. Adaptar-se
às circunstâncias. Andar com o tempo.
2510. Aptari onus viribus debet, nec plus occupari
quam cui sufficere possimus. [Sêneca, Epistulae
Morales 108.1] A carga deve adequar-se à capacidade, e
não se deve pegar mais do que se pode agüentar.
2511. Aptior es caulis quam vitam ducere in aulis.
[Rezende 377] Estás mais preparado para cuidar do
curral do que para levar a vida na corte. ■ És mais para
o gado que para o paço.
2512. Apto tempore. No tempo certo. No momento
próprio.
2513. Apud. Junto a. Em. Em casa de. (=Emprega-se para
indicar a fonte de uma citação).
2514. Apud acta. [Jur / Black 132] Nos autos. Nos
registros oficiais.
2515. Apud Athenienses. Entre os atenienses. VIDE:
● Penes Athenienses.
2516. Apud caecos monoculus rex. ■ Em terra de cego
quem tem um olho é rei. ■ Em terra de cegos, o torto é
rei. VIDE: ● Beati monoculi in regione caecorum.
● Beati monoculi in terra caecorum. ● Beatus
monoculus in terra caecorum. ● Caecorum in patria
luscus rex imperat omnis. ● In caecorum regno
regnant strabones. ● In regione caecorum rex est
luscus. ● In terra caecorum monoculus rex. ● Inter
caecos luscus rex. ● Inter caecos monoculus rex.
● Inter caecos regnat luscus. ● Inter caecos regnat
strabo. ● Inter caecos strabus rex est. ● Inter
pygmaeos regnat nanus. ● Monoculus inter caecos
rex.
2517. Apud creditorem, maior quam apud debitorem
debiti memoria. [DAPR 27] A lembrança da dívida é
maior no credor do que no devedor. ■ A memória do
credor é melhor que a do devedor.
2518. Apud Deum autem omnia possibilia sunt.
[Vulgata, Mateus 19.26] ■ A Deus tudo é possível.
■ Com Deus adiante, o mar é chão. VIDE: ● Dii autem
omnia possunt.
2519. Apud eruditos, qui nihil valent, apud plebem
imperitam praeeminent facundia. [Eurípides /
Manúcio, Adagia 520] Pessoas que não nada significam
entre os instruídos, destacam-se junto à plebe ignara por
sua eloqüência.
2520. Apud fimum odorum vapores spargis. [Erasmo,
Adagia 1.4.61] Espalhas perfumes na esterqueira.
■ Deitas pedras preciosas aos porcos. ● Apud fimum
odores spargere. [Pereira 101] Espalhar perfumes na
esterqueira.
2521. Apud flumen puteum fodit. [Apostólio 15.82] Ele
cava um poço à beira do rio. (=Faz trabalho inútil).
2522. Apud inferos est aequalitas. [Binder, Thesaurus
205]. Entre os mortos há igualdade. ■ A morte iguala
todos os viventes. ■ A morte nivela tudo.
2523. Apud iudicem. [Jur] Junto ao juiz. Diante do juiz.
2524. Apud iudicem enim iustum et misericordem, qui
se accusat, excusat. [S.Próspero, Liber Sententiarum
188] Portanto, quem, diante do juiz justo e
misericordioso, se acusa, se escusa. VIDE: ● Is qui se
excusat, se accusat.
2525. Apud matrem esse. [Rezende 379] Estar junto à
mãe. (=Não se arriscar. Não tomar nenhuma iniciativa).
● Apud matrem manere. [Manúcio, Adagia 1174]
2526. Apud mensam verecundari neminem decet.
[Erasmo, Adagia 5.1.7] À mesa ninguém deve acanhar-
se. ■ Quem tem vergonha cai de magro. VIDE:
● Verecundari neminem apud mensam decet.
● Verecundia inutilis viro egenti. ● Verecundia
inutilis egenti. ● Viro egenti inutilis verecundia.
2527. Apud nos, quod non licet feminis, aeque non licet
viris. [S.Jerônimo, Epistulae 78.3] Entre nós (cristãos),
o que não é permitido às mulheres igualmente não é
permitido aos homens.
2528. Apud novercam queritur. [Plauto, Pseudolus 317]
Queixa-se à madrasta. (=Queixa-se em vão). ■ Queixa-
se ao bispo.
2529. Apud Orcum te videbo. [Plauto, Asinaria 606]
Vou-te ver na casa de Orco. (=Orco era a divindade
infernal que punia o perjúrio).
2530. Apud paucos post rem manet gratia. [Sêneca, De
Beneficiis 1.12.2] Em poucos a gratidão sobrevive ao
favor recebido. ■ Favor recebido, favor esquecido.
2531. Apud populum. Perante o povo. Entre o povo. VIDE:
● Coram populo.
2532. Apud reges, quibus etiam quae prosunt, ita tamen
ut delectent, suadenda sunt. [Sêneca Retórico,
Suasoriae 1.5] Aos reis, mesmo as coisas que serão úteis
devem ser aconselhadas sob uma forma que lhes agrade.
2533. Apud se esse. Estar em si. (=Estar senhor da própria
razão. Estar senhor de si).
2534. Apud te est fons vitae. [Vulgata, Salmos 35.10] Em
Ti está a fonte da vida.
2535. Apud veteres erat condicio sapientum
inaestimabiliter venerabilis. [VES 106] Entre os
antigos a condição dos sábios era de extrema veneração.
2536. Aqua benedicta. A água benta.
2537. Aqua caelestis. A água da chuva. VIDE: ● Aqua
pluviae.
2538. Aqua cedit solo. [Jur / Black 133] A água
acompanha o solo.
2539. Aqua currens. [Jur / Black 133] Água corrente.
2540. Aqua currit et debet currere, et currere solebat.
[Jur / Black 133] A água corre e deve correr, como
costumava correr. (=O curso d’água deveria ser deixado
fluir no seu leito natural, sem alteração).
2541. Aqua dulcis. A água doce.
2542. Aqua et igne interdictus. Privado de água e fogo.
(=Exilado). VIDE: ● Aquae et ignis interdictio.
● Interdicere aqua et igni.
2543. Aqua et panis vita canis. [Binder, Thesaurus 207]
Água e pão, vida de cão. ■ Água e pão, jantar de cão.
VIDE: ● Caninum prandium. ● Canina prandia.
● Prandium caninum. ● Vilis aqua et panis, potus et
esca canis.
2544. Aqua fontanea. [Jur / Black 133] A água da fonte.
2545. Aqua fortis. Ácido nítrico.
2546. Aqua frigida animae sitienti; et nuntius bonus de
terra longinqua. [Vulgata, Provérbios 25.25] Como a
água fria para uma alma sedenta, assim será uma boa
nova que vem de terra distante.
2547. Aqua haeret. [Cícero, De Officiis 3.117] A água
está pegando. (=Refere-se à água da clepsidra). ■ Estou
entre talas. ■ A coisa está pegando. VIDE: ● Mihi aqua
haeret.
2548. Aqua marina. A água do mar.
2549. Aqua pernicies vini. A água é a ruína do vinho.
VIDE: ● Corrupisti vinum infusa aqua. ● Perdidisti
vinum, infusa aqua. ● Vini liquorem perdidisti infusa
aqua.
2550. Aqua pluviae. A água da chuva. VIDE: ● Aqua
caelestis.
2551. Aqua profluens et mare, iure naturali, omnium
communia sunt. [Jur] A água corrente e o mar são
comuns a todos por direito natural. VIDE: ● Naturali iure
omnium communia sunt illa: aër, aqua profluens, et
mare, et per hoc litora maris.
2552. Aqua profunda est quieta. A água profunda é
tranqüila. ■ Águas tranqüilas, águas profundas. VIDE:
● Altissima quaeque flumina minimo labuntur sono.
● Flumina tranquillissima saepe sunt altissima.
● Gurgite sub leni fallit metuenda vorago. ● Minimo
sono labuntur alta flumina. ● Quamvis sint lenta, sint
credulla nulla fluenta. ● Qui fuerit lenis, tamen haud
bene creditur amni. ● Quietae aquae non credere.
● Qua flumen placidum est, forsan latet altius unda.
2553. Aqua pura. A água pura.
2554. Aqua regia. Água-régia. (=Água-régia. Mistura de
ácido nítrico com ácido clorídrico, utilizada para
dissolver metais nobres).
2555. Aqua salsa. [Jur / Black 133] Água salgada.
2556. Aqua turbida piscosior est. A água turbulenta é
mais piscosa. ■ Na água revolta pesca o pescador. VIDE:
● Aquis turbidis piscari. ● Est captu facilis turbata
piscis in unda. ● Flumen confusum reddit piscantibus
usum. ● In aqua turbida piscatur uberius. ● Piscari in
aquis turbidis. ● Piscari in aqua turbida. ● Piscatur in
aqua turbida. ● Turbat aquas, ut plures capiat pisces.
● Turbata aqua, captat anguillas.
2557. Aqua vitae. A água da vida. (=O termo aqua vitae é
usado para designar a aguardente). VIDE: ● Qui sitit,
veniat; qui vult, accipiat aquam vitae gratis.
2558. Aquae et ignis interdictio. Interdição de água e de
fogo. (=Interdição de usar água e fogo dentro dos muros
da cidade: condenação ao exílio). VIDE: ● Aqua et igne
interdictus.
2559. Aquae furtivae dulciores sunt. [Manúcio, Adagia
1404] Águas furtadas são mais doces. ■ Não há melhor
bocado do que o furtado. ● Aquae furtivae dulciores
sunt, et panis absconditus suavior. [Vulgata,
Provérbios 9.17] As águas ocultas são mais doces, e o
pão tomado às escondidas é mais gostoso. ● Aquae
furtivae suaves sunt. Águas furtadas são agradáveis.
VIDE: ● Absente custode, dulce pomum est. ● Dulce
pomum, cum abest custos. ● Furtivus potus plenus
dulcidine totus. ● Illicita amantur; excidit, quidquid
licet. ● Nitimur in vetitum semper, cupimusque
negata. ● Potus furtivus dulcis est. ● Quod licet,
ingratum est; quod non licet, acrius urit.
2560. Aquae guttae saxa excavant. [Schrevelius 1175]
Gotas d’água furam pedras. ■ A pedra é dura, a gota
d’água é miúda, mas, caindo sempre, faz cavadura.
VIDE: ● Assidua stilla saxum excavat. ● Assidua stilla
cavat saxum. ● Guttae pertundunt saxa. ● Lapides
excavant aquae. ● Lapis molli cavatur aqua. ● Stillula
mollis aquae lapidem assiduo cavat ictu. ● Stillicidii
casus lapidem cavat. ● Stillicidium perpetuum saxum
excavat. ● Stilla continua cavat lapidem.
2561. Aquae inscribere. [Schottus, Adagia 226] Registrar
na água.
2562. Aquae multae non potuerunt exstinguere
caritatem. [Vulgata, Cântico 8.7] As muitas águas não
puderam extinguir o amor.
2563. Aquae potus est maxime naturalis et ad vitae
longaevitatem insigniter confert. [Nenter 95] Beber
água é o que há de mais natural e contribui
extraordinariamente para a duração da vida.
2564. Aquae stationariae putrescunt. Águas paradas
apodrecem. ■ Água parada fede. VIDE: ● Puteus si
hauriatur melior evadit.
2565. Aquam a pumice ne expostules. [Pereira 95] Não
queiras tirar água da pedra. ■ Ao pé do feto não busques
tâmara. ■ Não busques o figo na ameixeira. ● Aquam a
pumice nunc postulas. [Plauto, Persa 44] Agora queres
tirar água da pedra. ● Aquam a pumice quaeris. Buscas
água na pedra. VIDE: ● A pumice aquam petis. ● A
pumice aquam postulas. ● Aquam e pumice postulas.
2566. Aquam bibens nihil boni paries. [Erasmo, Adagia
2.6.2] Bebendo água não criarás nada de bom. ● Aquam
bibendo, nil boni produxeris. [Apostólio 19.87]
● Aquam bibens probum et utile paries nihil.
[Schottus, Adagia 159] Bebendo água não criarás nada
de boa qualidade e útil. VIDE: ● Si biberis undam, nil
boni unquam feceris.
2567. Aquam e pumice elicere. [Pereira 105] Tirar água
da pedra-pomes. ■ Fazer das tripas coração. ■ Tirar
forças da fraqueza.
2568. Aquam e pumice postulas. [Erasmo, Adagia 1.4.75]
Buscas água na pedra-pomes. ■ Buscas água em fonte
seca. VIDE: ● A pumice aquam petis. ● A pumice
aquam postulas. ● Aquam a pumice ne expostules.
● Aquam a pumice nunc postulas.
2569. Aquam foras, vinum intro. [Petrônio, Satiricon 52]
Água para fora, vinho para dentro.
2570. Aquam in cribro gerere. [Erasmo] Transportar água
numa peneira. (=Fazer trabalho inútil). ■ Carregar água
em balaio. VIDE: ● Cribro aquam haurire. ● Lympham
cribro infundere.
2571. Aquam in mortario tundis. [Erasmo, Adagia
2.1.59] Móis água no almofariz. (=Fazes trabalho
inútil). VIDE: ● Effusam aquam mortario tundis pilo.
2572. Aquam liberam gustabunt. [Petrônio, Satiricon
71,1] Eles beberão a água da liberdade.
2573. Aquam perdis. Perdes a água. (=É uma alusão à
água das clepsidras que mediam o tempo dado aos
advogados para exporem seus pleitos). ■ Perdes teu
tempo! VIDE: ● Frustra aquam perdis. ● Frustra
aquam consumis. ● Inaniter aquam consumis.
2574. Aquam plorat, cum lavat, profundere. [Plauto,
Aulularia 307] Ele, quando se lava, chora a água que
derrama.
2575. Aquam quam ego dedero, qui biberit ex ea, non
sitiet unquam. A água que eu tiver dado, quem dela
beber jamais terá sede. VIDE: ● Qui autem biberit ex
aqua quam ego dabo ei, non sitiet in aeternum.
2576. Aquam scindere. Cortar água. (=Fazer trabalho
inútil). VIDE: ● Actum agere. ● Aethiopem dealbas.
● Scopulis canere.
2577. Aquas cineri infundere. [DAPR 623] Jogar água na
cinza. ■ Casa roubada, trancas à porta.
2578. Aquas gestat dextra, flammasque sinistra.
[Schottus, Adagia 587] Com a mão direita traz água,
com a esquerda, fogo. ■ Agora dá pão e mel, depois
dará pau e fel. VIDE: ● Altera manu fert aquam, altera
ignem. ● Altera manu fert lapidem, panem ostentat
altera. ● Altera manu panem ostentat, altera fert
lapidem. ● Altera manu hastam, altera caduceum
praeferens.
2579. Aquila alba. Uma águia branca. (=Uma coisa que
não existe). VIDE: ● Albo corvo rarior. ● Corvus albus.
● Corvo quoque rarior albo.
2580. Aquila est domina inter volucres. A águia é a
senhora das aves.
2581. Aquila in nubibus. [Apostólio 1.62] É uma águia
nas nuvens. (=Está fora do teu alcance).
2582. Aquila muscas captat. [Pereira 95] A águia está
caçando moscas. ■ A raposa anda aos grilos.
2583. Aquila non captat muscas. [Erasmo, Adagia 3.2.65]
A águia não caça moscas. ■ As águias não caçam
moscas. ■ Águia não pilha moscas nem moscardos.
■ Homem grande não desce a coisas baixas. ● Aquila
non capit muscas. [Rezende 391] ● Aquila non
aucupatur muscas. [Grynaeus 131] ● Aquila non
venatur muscas. [Apostólio 1.61] VIDE: ● Animus
excelsus res humiles despicit. ● De minimis non curat
praetor. ● Elephantus non capit murem, nec aquila
muscas. ● Elephas murem non capit. ● Homo
praepotens non offenditur iniuriolis tenuium.
● Maximis occupati negotiis ad pusilla quaedam
connivent. ● Murem elephas non capit.
2584. Aquila non generat columbam. [DAPR 38] Águia
não gera pomba. ■ As águias não produzem pombas.
■ Das águias não nascem pombas. ■ Cobra não gera
passarinho. ● Aquila non parit columbam. ● Aquilae
non gerunt columbas. [Rezende 390] Águias não
produzem pombas. ● Aquilae non progenerant
columbas. ● Aquilae non generunt columbas. VIDE:
● Columba non generat aquilam. ● Nec progenerant
aquilae columbam. ● Neque imbellem feroces
progenerant aquilae columbam. ● Nunquam
imbellem feroces progenerant aquilae columbam.
2585. Aquila thripas videt. [Apostólio 1.64] A águia
procura cupins. (=Diz-se de quem se ocupa de
ninharias). ● Aquila thripas aspiciens. [Erasmo, Adagia
1.9.71]
2586. Aquilae pennam cum aliarum avium pennis
misces. [Apostólio 16.91] Misturas a pena da águia com
as penas de outras aves. ■ Misturas alhos com bugalhos.
2587. Aquilam cornix lacessit. [Apostólio 1.59] A gralha
provoca a águia. ■ Não tem pé, e quer dar coice. ■ Fraco
abusado. ● Aquilam cornix provocat. [Erasmo, Adagia
3.3.18] VIDE: ● Cornix aquilam provocat. ● Corniculae
aquilam provocant magnam leves.
2588. Aquilam noctuae comparas. [Erasmo, Adagia
1.9.18] Comparas a águia com a coruja. ● Aquilam
noctuae confers. VIDE: ● Aquilis similes facere noctuas
quaeris?
2589. Aquilam testudo vincit. [Erasmo, Adagia 1.7.68] A
tartaruga vence a águia. ■ Anda o carro adiante dos
bois. ■ Anda o mundo às avessas. VIDE: ● Cancer
leporem capit. ● Velocem tardus assequitur.
2590. Aquilam volare doces. [Apostólio 1.58] Ensinas a
águia a voar. ■ Ensinas padre-nosso a vigário. VIDE:
● Aethiopem dealbas. ● Aethiopem lavas.
● Delphinum natare doces. ● Sus Minervam.
2591. Aquilis similes facere noctuas quaeris? [Marcial,
Epigrammata 10.100.4] Procuras igular corujas a
águias? VIDE: ● Aquilam noctuae comparas. ● Aquilam
noctuae confers.
2592. Aquis turbidis piscari. ■ Pescar em águas turvas.
VIDE: ● Aqua turbida piscosior est. ● Est captu facilis
turbata piscis in unda. ● Flumen confusum reddit
piscantibus usum. ● In aqua turbida piscatur
uberius. ● Piscari in aquis turbidis. ● Piscari in aqua
turbida. ● Piscatur in aqua turbida. ● Turbat aquas,
ut plures capiat pisces. ● Turbata aqua, captat
anguillas.
2593. Aranearum telas texere. [Erasmo, Adagia 1.4.47]
Tecer teias de aranha. (=Realizar tarefas inúteis).
■ Chover no molhado.
2594. Aranearum telis leges compares. [DAPR 400]
Compararás as leis a teias de aranha. ■ Ladrão
endinheirado nunca morre enforcado. ■ Uma lei para o
rico, outra lei para o pobre. VIDE: ● Irretit muscas,
transmittit aranea vespas. ● Lex est araneae tela,
quia, si in ea inciderit quid debile, retinetur; grave
autem pertransit tela rescissa.
2595. Aras litus. [Erasmo, Adagia 1.4.51] Aras a praia.
■ Malhas em ferro frio.
2596. Arastis impietatem, iniquitatem messuistis.
[Vulgata, Oséias 10.13] Arastes a impiedade, segastes a
iniqüidade. ■ Quem semeia abrolhos espinhos colhe.
VIDE: ● Qui seminat iniquitatem, metet mala.
2597. Arate sulco recto. [Divisa] Abre um sulco reto.
2598. Arator, nisi incurvus, praevaricatur. [Plínio
Antigo, Naturalis Historia 18.179 / Bernardes, Nova
Floresta 3.98] O lavrador, se não se encurva sobre o
arado, prevarica. (=Prevaricar. Do latim praevaricari,
afastar-se da linha reta, ao arar; afastar-se do caminho
certo). ■ Mulher que muito se mira, pouco fia.
2599. Arbiter bibendi. O árbitro da bebida. ■ O rei do
festim. (=Ao arbiter bibendi, escolhido pelo resultado
do jogo de dados, cabia determinar os copos que se
deviam beber e as saúdes que se deviam fazer). VIDE:
● Quem Venus arbitrum dicet bibendi?
2600. Arbiter elegantiae. [Alcunha de Petrônio] O árbitro
da elegância. O árbitro da moda. ● Arbiter
elegantiarum. VIDE: ● Elegantiae arbiter.
2601. Arbiter es formae. [Ovídio, Heroides 16.68] És o
árbitro da beleza.
2602. Arbiter est oculus certior aure meus. [Pontanus]
Meu olho é juiz mais confiável que meu ouvido. ■ Vista
faz fé. ■ Os olhos merecem mais fé que os ouvidos. VIDE:
● Aures quam oculi minus fidei digni sunt. ● Auribus
oculi fideliores sunt. ● Fideliores sunt oculi auribus.
● Oculis credendum potius quam auribus. ● Oculis
habenda quam auribus est maior fides. ● Oculis
magis habenda fides quam auribus. ● Pluris est
oculatus testis unus quam auriti decem. ● Testis ex
auditu alieno fidem non facit. ● Testis oculatus unus
plus valet quam auriti decem. ● Visus fidelior auditu.
2603. Arbiter pugnae. [Horácio, Carmina 3.20.11] O juiz
da luta.
2604. Arbitramentum aequum tribuit cuique suum. [Jur
/ Black 134] A arbitragem justa atribui a cada um o que
é seu.
2605. Arbitratu meo. [Cícero, Ad Familiares 7.1.4] Por
minha escolha. Como eu quiser. VIDE: ● Ad arbitrium.
● Ad arbitrium tuum. ● Ad voluntatem. ● Ad votum.
2606. Arbitrii mihi iura mei. Minhas leis são minha
vontade.
2607. Arbitrii non est nostri, quid quisque loquatur.
[Dionísio Catão, Disticha 3.2] Não depende de nossa
vontade o que cada um fala.
2608. Arbitrio iudicis relinquitur quod in iure
definitum non est. [Jur] Fica ao arbítrio do juiz aquilo
que não está definido na lei.
2609. Arbitrio suo. Por sua autoridade. Por sua decisão.
VIDE: ● Suo arbitrio.
2610. Arbitrium est iudicium. [Jur / Black 135] O arbítrio
é um julgamento. ● Arbitrium est iudicium boni viri,
secundum aequum et bonum. [Jur / Black 135] O
arbítrio é o julgmento feito por um homem de bem, de
acordo com a justiça.
2611. Arbitrium iudicis. [Jur] O arbítrio do juiz.
2612. Arbor autem cognoscitur e fructibus, non e
floribus aut ramis. [Clemente de Alexandria /
Schottus, Adagialia Sacra 20] Conhece-se a árvore
pelos frutos, não pelas flores ou pelos galhos. ■ Pelas
obras, e não pelo vestido, é o homem conhecido. ■ As
obras mostram quem cada um é.
2613. Arbor bona bonos fructus facit. Boa árvore dá
bons frutos. ■ De boa árvore, bons frutos. ■ De boa cepa
a vinha, e de boa mãe a filha. ● Arbor bona bonos
fructus facit; mala autem arbor malos fructus facit.
[Vulgata, Mateus 7.17] A árvore boa dá bons frutos, e a
má árvore dá maus frutos. ● Arbor bona bonos fructus
facit; mala vero nunquam bonos. [Medina 588] Boa
árvore dá bons frutos, mas árvore má nunca dá bons
frutos. VIDE: ● Arbor quaeque bona producit dulcia
poma. ● Bona arbor malos informesve fructus nequit
producere. ● Non est enim arbor bona quae facit
fructus malos. ● Omnis arbor bona fructus bonos
facit.
2614. Arbor civilis. [Jur / Black 135] Árvore genealógica.
● Arbor consanguinitatis. [Comenius, Orbis Pictus
119; Black 135]
2615. Arbor ex fructu cognoscitur. [Pereira 97] ■ Pelo
fruto se conhece a árvore. ■ De tal árvore, tal fruto.
■ Árvore ruim não dá bom fruto. ■ As obras mostram
quem cada um é. ■ Pela obra se conhece o artista. VIDE:
● Arbor sit qualis, fas est cognoscere malis. ● De
fructu arborem cognosco. ● E fetu cognosco
arborem; e factis hominem iudico. ● E fructu
arborem cognosco. ● E fructu arborem. ● Ex fructu
arbor agnoscitur. ● Ex fructu arbor. ● Ex fructu
cognoscitur arbor. ● Ex fructu proprio cognoscitur
arbor. ● Ex ovis pravis non bona venit avis. ● Ex
radice mala nascuntur pessima mala. ● Fructibus ex
propriis arbor cognoscitur omnis. ● Fructibus ipsa
suis, quae sit, cognoscitur arbor. ● Unaquaeque enim
arbor de fructu suo cognoscitur.
2616. Arbor honoretur, cuius nos umbra tuetur.
[Binder, Thesaurus 219] Seja reverenciada a árvore cuja
sombra nos protege. ■ Descobre-te perante a árvore que
te cobre. ■ Quem a boa árvore se chega, boa sombra o
cobre. ● Arbor honoretur, de qua solamen habetur.
[Bebel, Proverbia Germanica 384] Seja reverenciada a
árvore de que se recebe alívio. VIDE: ● Honoratur arbor
ob umbram.
2617. Arbor naturam dat fructibus atque figuram.
[Trench, Proverbs 150] A árvore dá sua qualidade e seu
aspecto aos frutos. ■ De bom madeiro, boa acha. ■ O
filho do asno uma hora no dia orneja.
2618. Arbor per primum quaevis non corruit ictum.
[DAPR 226] Nenhuma árvore cai ao primeiro golpe. ■ A
primeira machadada não derruba o pau. ● Arbor per
primum nequaquam corruit ictum. [Werner 4]
● Arbor non primo ictu, sed saepe cadit feriendo. A
árvore não cai ao primeiro golpe, mas sendo ferida
muitas vezes. ● Arbor non uno sternitur ictu. Árvore
não cai com um só golpe. VIDE: ● Ad primos ictus non
corruit ardua quercus. ● Non annosa uno quercus
deciditur ictu. ● Non semel ascia dat, quercus ut alta
cadat. ● Non uno ictu arbor cadit. ● Non uno ictu
validam deicies quercum. ● Primitus inflictum non
corruit arbor ob ictum.
2619. Arbor quaeque bona producit dulcia poma.
[Eiselein 57] Toda boa árvore produz frutos doces. ■ De
boa árvore, bons frutos. VIDE: ● Arbor bona bonos
fructus facit. ● Arbor bona bonos fructus facit; mala
autem arbor malos fructus facit. ● Arbor bona bonos
fructus facit; mala vero nunquam bonos. ● Bona
arbor malos informesve fructus nequit producere.
● Non est enim arbor bona quae facit fructus malos.
● Omnis arbor bona fructus bonos facit.
2620. Arbor sit qualis, fas est cognoscere malis. Pelos
frutos pode-se saber como é a árvore. ■ A árvore se
conhece pelos frutos. ■ As obras mostram quem cada
um é. VIDE: ● Arbor ex fructu cognoscitur. ● De fructu
arborem cognosco. ● E fetu cognosco arborem; e
factis hominem iudico. ● E fructu arborem cognosco.
● E fructu arborem. ● Ex fructu arbor agnoscitur.
● Ex fructu arbor. ● Ex fructu cognoscitur arbor.
● Ex fructu proprio cognoscitur arbor. ● Fructibus ex
propriis arbor cognoscitur omnis. ● Fructibus ipsa
suis, quae sit, cognoscitur arbor. ● Unaquaeque enim
arbor de fructu suo cognoscitur.
2621. Arbor scientiae. [Título de obra do escritor espanhol
Raimundo Lúlio] A árvore do conhecimento.
2622. Arbor ut ex fructu, sic nequam noscitur actu.
[Trench, Proverbs 150] Como se conhece a árvore pelo
fruto, também se conhece o mau pelos seus atos. VIDE:
● E fetu cognosco arborem; e factis hominem iudico.
2623. Arbor venturis factura nepotibus umbram.
[Virgílio, Georgica 2.57] Esta árvore dará sombra aos
nossos futuros netos.
2624. Arbore de dulci dulcia poma cadunt. [Pereira 101]
De árvore doce caem frutos doces. ■ De boa árvore,
bons frutos. ■ Tal pai, tal filho; tal mãe, tal filha.
2625. Arbore deiecta, ligna quivis colligit. [Erasmo,
Adagia 3.1.86] Quando a árvore está caída, qualquer um
colhe a lenha. ■ De árvore caída todos fazem lenha.
■ Em pau caído todo o mundo faz graveto. ■ À árvore
caída todos vão buscar lenha. ● Arbore deiecta,
quilibet ligna colligit. [Schrevelius 1181] ● Arbore
deiecta, qui vult ligna colligit. VIDE: ● Cadente quercu
quilibet ligna colligit. ● Cadente quercu, quilibet
lignatum adest. ● Deiecta arbore, quivis ligna colligit.
● Deiecta quivis arbore ligna legit. ● Quercu iacente
omnes eunt petitum ligna. ● Quivis ruentis ligna
quercus colligit. ● Ruente quivis ligna colligit arbore.
● Mortuo leoni etiam lepores insultant.
2626. Arbores cadunt post folia. [Binder, Thesaurus 223]
Depois das folhas, caem as árvores. ■ Quem a ruim
perdoa, a ruindade lhe aumenta. VIDE: ● Folia nunc
cadunt; tum arbores in te cadent. ● Iniuriarum
patientia maiorum iniuriarum genetrix. ● Leviores
iniurias si quis ferat, sequuntur atrociores. ● Nunc in
te cadunt folia, post cadent arbores. ● Post folia
cadent in te arbores. ● Saepe ignoscendo, des iniuriae
locum. ● Semper ignoscendo, des iniuriae locum.
● Semper quiescens des locum iniuriae. ● Veterem
ferendo iniuriam, invitas novam.
2627. Arbores magnae diu crescunt, una hora
exstirpantur. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.8] As grandes
árvores demoram muito tempo para crescer, mas são
derrubadas em um momento. ■ É mais fácil demolir do
que edificar.
2628. Arbores quae in fundo continentur, non est
separatum corpus a fundo. [Digesta 19.1.40] As
árvores contidas na propriedade não formam corpo
separado dela.
2629. Arbores serit diligens agricola, quarum aspiciet
baccam ipse nunquam. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.31] O camponês esforçado semeia
árvores cujos frutos ele jamais verá. VIDE: ● Carpent tua
poma nepotes.
2630. Arboribus redeunt crines, et gramina campis, at
capiti frondes non rediere tuo. [John Owen,
Epigrammata 1.73 Ad Calvum] As folhagens voltam às
árvores, e a grama aos campos, mas os cabelos não
voltaram à tua cabeça.
2631. Arca Testamenti. [Vulgata, Jeremias 3.16] A Arca
do Testamento. A Arca da Aliança.
2632. Arcades ambo. [Virgílio, Eclogae 7.4] Ambos são
árcades. (=Embora Virgílio se referisse a dois poetas,
essa expressão é aplicada ironicamente a pessoas de
comportamento semelhante). ■ São vinho da mesma
pipa. ■ São farinha do mesmo saco. VIDE: ● Ambo
florentes aetatibus, Arcades ambo, et cantare pares,
et respondere parati.
2633. Arcadiam petis. [Branco 336] Estás exigindo a
Arcádia. ■ Queres o impossível. ■ Queres abarcar o céu
com as pernas. ● Arcadiam oras.
2634. Arcam habet. [Grynaeus 217] Ele tem cofre. ■ É
podre de rico.
2635. Arcana caelestia. [Stevenson 1119] Os segredos do
céu.
2636. Arcana cordis. Os segredos do coração. ● Arcana
cordis mei. Os segredos do meu coração.
2637. Arcana imperii. [Tácito, Annales 2.36] Os segredos
do governo. Os segredos de estado.
2638. Arcana sacra. [Tácito, De Germania 18] Os
segredos sagrados.
2639. Arcanum arcanorum. O segredo dos segredos.
2640. Arcanum demens detegit ebrietas. [Schottus,
Adagia 613] A embriaguez insana descobre o segredo.
■ Vinho em excesso nem guarda segredo nem cumpre
promessa. ■ Quando o vinho desce, as palavras sobem.
VIDE: ● Aperit praecordia Liber. ● Ebrietas prodit
quod amat cor, sive quod odit.
2641. Arcem ex cloaca facere. [Erasmo, Adagia 4.5.94]
Fazer de uma cloaca uma fortaleza. (=Exagerar.
Aumentar as coisas. Engrandecer quem não merece).
■ Fazer de uma mosca um elefante. ● Arcem facere e
cloaca. [Cícero, Pro Plancio 40.95] ● Elephantem ex
musca facis.
2642. Arcet poena malos, invitant praemia iustos.
[Medina 583] A punição afasta os maus; os prêmios
atraem os justos. ■ Ao mau com rigor, ao bom com
amor.
2643. Archimedes non posset melius describere. [Cícero,
Pro Cluentio 32 / Erasmo, Adagia 4.5.95] Arquimedes
não faria descrição melhor. ● Archimedes non
describeret scitius. Arquimedes não descreveria com
mais competência.
2644. Architectum architecto invidere, et poëtam
poëtae. [Donato] O arquiteto inveja o arquiteto, e o
poeta inveja o poeta. ■ Oficial do teu ofício teu inimigo
é.
2645. Arctum anulum ne gestato. [Pitágoras / Apostólio
12.85] Não uses anel apertado. (=Não vivas
angustiado). VIDE: ● Angustum anulum ne feras.
2646. Arcum intentio frangit, animum remissio. [DM
138] A tensão quebra o arco, a inércia quebra o ânimo.
2647. Arcus pluvius. O arco-íris.
2648. Arcus, si nunquam cesses tendere, mollis erit.
[Ovídio, Heroides 4.91] Se nunca parares de esticar o
arco, ele ficará frouxo. ■ Arco muito retesado é arco
quebrado. ■ Nem tanto puxar que se quebre a corda.
■ Arco sempre armado, ou frouxo ou quebrado.
● Arcum nimia frangit intentio. [Tosi 1733] Tensão
excessiva quebra o arco. ■ Corda puxada se quebra.
● Arcus nimis intensus rumpitur. [J. Ray, English
Proverbs 57] Arco excessivamente esticado se rompe.
● Arcus nimium tensus rumpitur. ● Arcus nimium
tensus frangitur. ● Arcus qui nimis intenditur,
rumpitur. [DAPR 77] ● Arcus tensus rumpitur.
[Erasmo, Adagia 4.5.77] Arco esticado se rompe.
● Arcus tensus saepius rumpitur. [Pereira 114] O arco
retesado geralmente se rompe. VIDE: ● Absque modo
tractus saepe frangitur arcus. ● Cito rumpes arcum,
semper si tensum habueris; at si laxaris, cum voles,
erit utilis. ● Intensus arcus nimium facile rumpitur.
2649. Arcus sine telo et cor sine spe idem praestant.
[Schrevelius 1169] Arco sem flecha e coração sem
esperança valem o mesmo.
2650. Ardea culpat aquam, cum nesciat ipsa natare.
[Binder, Thesaurus 227] A garça põe a culpa na água,
quando é ela que não sabe nadar.
2651. Ardente candelabra quaerimus lychno. [Schottus,
Adagia 615] Com a lâmpada ardendo, procurávamos o
candelabro. VIDE: ● Accensa candela, candelabrum
quaerebamus.
2652. Ardenter et constanter. [Divisa] Com ardor e
constância.
2653. Ardentia verba. Palavras ardentes. Palavras
furiosas.
2654. Ardet de facili stramen, cum iungitur igni.
[Binder, Thesaurus 228] A palha pega fogo com
facilidade, quando é juntada ao fogo. ■ O homem é fogo,
a mulher estopa, vem o diabo e sopra.
2655. Ardor frigescit, nitor squalescit, amor abolescit,
lux obtenebrescit; senescunt omnia quae aeterna non
sunt. O ardor esfria, o brilho empalidece, o amor vai-se
extinguindo, a luz escurece; envelhece tudo que não é
eterno.
2656. Ardor repente deferbuit. [Petrarca, Epistulae] O
entusiasmo de repente esfriou.
2657. Ardua ad gloriam via. [DAPR 322] O caminho
para a glória é árduo. ■ Nenhum caminho de rosas
conduz à glória.
2658. Ardua molimur, sed nulla nisi ardua vincunt.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.537] Nós projetamos ações
árduas, mas só as ações árduas vencem.
2659. Ardua per praeceps gloria vadit iter. [Ovídio,
Tristia 4.3.47] A difícil glória chega por um caminho
cheio de perigos. ■ Nenhum caminho de rosas conduz à
glória. ■ O céu é de quem o ganha. VIDE: ● Non est ad
astra mollis e terris via. ● Non est e terris mollis ad
astra via.
2660. Ardua prima via est. O começo da viagem é árduo.
■ Todo começo é difícil. VIDE: ● Omne principium
grave.
2661. Ardua quae pulchra. [Manúcio, Adagia 2] O que é
belo é custoso. ■ O que é bom custa caro. ■ Não se
apanham trutas com as bragas enxutas. VIDE: ● Atqui
quae pulchra, eadem difficilia. ● Difficilia quae
pulchra. ● Difficilia sunt, quae praeclara. ● Quae
pulchra, eadem difficilia.
2662. Ardua res famam praecipitantem retrovertere. É
tarefa árdua restaurar honra decadente.
2663. Ardua res homini mortali, vincere numen. Para o
homem mortal é tarefa difícil vencer um deus.
2664. Ardua res nimium famulari post dominatum.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] É tarefa extremamente
árdua servir, depois de ter tido o poder.
2665. Ardua res, regi carum simul esse gregique. [Owen
/Binder, Thesaurus 229] É tarefa difícil agradar ao
mesmo tempo ao rei e ao povo. ■ Ninguém pode servir
bem a dois senhores.
2666. Ardua vince merendo. [Divisa] Vence as
dificuldades pelo teu mérito.
2667. Ardua virtuti longeque per aspera cliva eluctanda
via est. [Cornélio Severo] Para a virtude é preciso abrir
caminho com dificuldade, com persistência e através de
ladeiras escarpadas.
2668. Arduum res gestas scribere. [Busarello 194] É
laborioso descrever feitos heróicos. ● Arduum videtur
res gestas scribere. [Salústio, Bellum Catilinae 3]
Parece difícil descrever feitos heróicos.
2669. Area non aedificandi. [Jur] Espaço em que não se
pode construir.
2670. Area solem amat, revirescunt imbre napinae.
[Pereira 122] O pátio gosta de sol, o nabal reverdece
com a chuva. ■ Sol na eira, chuva no nabal.
2671. Area te occultas. [Schottus, Adagia 589] Tu te
escondes no pátio. ■ Gato escondido com o rabo de
fora.
2672. Arena sine calce. [Erasmo, Adagia 2.3.57] Areia
sem cal. (=Um discurso incoerente).
2673. Arenae maris numerum superat. [Grynaeus 520]
Supera o número da areia do mar.
2674. Arenae semina mandas. [Ovídio, Heroides 5.117]
Estás semeando na areia. ■ É malhar em ferro frio.
■ Buscas água em fonte seca. VIDE: ● In aqua sementem
facis. ● In aqua seminas. ● Semina arenae mandare.
● Semina spargere in Oceanum.
2675. Arenam maris et pluviae guttas et dies saeculi
quis dinumeravit? [Vulgata, Eclesiástico 1.2] A areia
do mar, e as gotas da chuva, e os dias do mundo, quem
contou?
2676. Arenam metiris. [Apostólio 3.5] Contas os grãos de
areia. (=Fazes trabalho inútil). ● Arenam mensuras.
Medes a areia. VIDE: ● Undas numeras.
2677. Arescit gramen, veniente autumno. O capim seca,
quando chega o outono. (=As paixões se acalmam com
a chegada da velhice). ■ Com o tempo vem o tento.
2678. Argenteis hastis pugna et omnia expugnabis.
[Erasmo / Stevenson 987] Combate com lanças de prata,
e a tudo vencerás. ■ Chave de ouro abre qualquer porta.
● Argenteis pugna telis atque omnia vinces. ● Argenti
pugnans hastis, sic cuncta domabis. [Schottus, Adagia
581] Combatendo com lanças de prata, assim vencerás
tudo. ● Argenteis hastis pugna, et omnium victor eris.
[Apostólio 4.42] Combate com lanças de prata e serás
vencedor de todos. ● Argenteis hastis pugnare.
[Erasmo, Adagia 2.7.43] Combater com lanças de prata.
● Argento atque hastis pugnes, sic cuncta domabis.
Combate utilizando dinheiro e lanças, assim tudo
vencerás. VIDE: ● Hastis argenti pugna, sic omnia
vinces.
2679. Argenti fontes loquuntur. [Apostólio 4.44] Fontes
de prata falam. ■ O dinheiro cala a verdade. ■ Quando o
ouro fala, tudo cala. ■ Pobre nunca tem razão.
2680. Argento oboediunt omnia. [Polydorus, Adagia]
Tudo obedece ao dinheiro. ■ Com dinheiro, tudo se
alcança. VIDE: ● Pecuniae oboediunt omnia.
2681. Argento radient hastae: sic cuncta domabis.
[Binder, Thesaurus 233] Que tuas flechas emitam raios
de prata; assim vencerás tudo. ■ Com dinheiro à vista,
toda gente é benquista. ■ Chave de ouro abre qualquer
porta.
2682. Argentum accepi dote, imperium vendidi. [Plauto,
Asinaria 72] Recebi dinheiro como dote; vendi a
autoridade. ■ Em casa de mulher rica, ela manda, ela
grita. ● Argentum accepi, imperium perdidi. Recebi
dinheiro, perdi a autoridade. VIDE: ● Dotem accepi,
imperium perdidi. ● Uxorem duxi, libertatem
vendidi.
2683. Argentum accepi, nihil curavi ceterum. [Plauto,
Captivi 988] Recebi o dinheiro, não me preocupei com
o resto.
2684. Argentum anima et sanguis est mortalibus.
[Manúcio, Adagia 702] O dinheiro é a vida e o sangue
dos mortais. VIDE: ● Argentum et animus et sanguis est
mortalibus.
2685. Argentum auro, utrumque virtuti cedit. A prata dá
lugar ao ouro, ambos dão lugar à virtude. ■ O ouro luz, a
virtude reluz.
2686. Argentum Dei. [Jur / Black 137] Dinheiro de Deus.
(=Arras, quantia dada como sinal de um negócio).
2687. Argentum et animus et sanguis est mortalibus.
[Grynaeus 215; Manúcio, Adagia 1282] O dinheiro é a
vida e o sangue dos mortais. VIDE: ● Argentum anima et
sanguis est mortalibus.
2688. Argentum et aurum faciunt recta curva. A prata e
o ouro fazem reto o que é curvo. ■ O dinheiro governa o
mundo. ■ Tudo pode o dinheiro.
2689. Argentum et aurum non est mihi: quod autem
habeo tibi do. [Vulgata, Atos 3.6] Não possuo prata
nem ouro, mas o que tenho é o que te dou.
2690. Argentum hoc facit. [Plauto, Trinummus 928] O
dinheiro faz isso.
2691. Argentum tuum versum est in scoriam, vinum
tuum mistum est aqua. [Vulgata, Isaías 1.22] A tua
prata se mudou em escória; o teu vinho se misturou com
água.
2692. Argentum vivum. A prata viva. (=O mercúrio).
2693. Argi centum oculis observare. [S.Jerônimo,
Epistulae 54.9] Observar com os cem olhos de Argos.
(=Argos, segundo a mitologia, tinha cem olhos, dos
quais mantinha cinqüenta sempre abertos. Argos é o
símbolo a vigilância).
2694. Argilla quidvis imitaberis uda. [Horácio, Epistulae
2.2.8] Com o barro molhado reproduzirás o que
quiseres.
2695. Argue sapientem, et diliget te. [Vulgata, Provérbios
9.8] Repreende o sábio, e ele te amará.
2696. Arguendo et disputando veritas invenitur.
Refutando e disputando chega-se à verdade.
2697. Arguitur dictis vir, velut ungue leo. [Binder,
Thesaurus 234] Conhece-se o homem pelo que fala,
como se conhece o leão pela garra.
2698. Argumenta afferre. Apresentar provas.
2699. Argumenta contra. Os argumentos contrários.
2700. Argumenta ex vano. Argumentos sem fundamento.
2701. Argumenta ponderantur, non numerantur. Os
argumentos pesam-se, não se contam. ■ Mais vale
qualidade do que quantidade.
2702. Argumenta solvere. Destruir provas.
2703. Argumentandi gratia. Para argumentar.
● Argumentandi causa. VIDE: ● Gratia argumentandi.
2704. Argumentum a baculo. Argumento de bastão.
(=Convencimento pela força). VIDE: ● Argumentum
baculinum.
2705. Argumentum a simili. Argumento baseado na
semelhança. Argumento baseado na analogia.
● Argumentum a simili valet in lege. [Jur / Black 137]
O argumento baseado em caso semelhante tem força na
lei.
2706. Argumentum ab auctoritate est fortissimum in
lege. [Edward Coke / Black 137] O argumento derivado
da autoridade tem grande força na lei.
2707. Argumentum ab impossibili valet in lege. [Jur /
Black 137] O argumento derivado da impossibilidade é
eficaz na lei. ● Argumentum ab impossibili
plurimumvalet in lege. O argumento da
impossibilidade vale muito na lei.
2708. Argumentum ab inconvenienti. [Jur] Argumento
utilizado para mostrar que o resultado da medida
proposta será impróprio ou inadequado às
circunstâncias.
2709. Argumentum ab inconvenienti est validum in
lege, quia lex non permittit aliquod inconveniens.
[Jur / Black 137] O argumento baseado na discordância
é válido na lei, porque a lei não permite qualquer
discordância. ● Argumentum ab inconvenienti
plurimum valet in lege. [Broom 149] Um argumento
baseado na discordância tem muita força na lei.
2710. Argumentum ad absurdum. Um argumento
baseado na inépcia do argumento do oponente.
2711. Argumentum ad captandum vulgus. Um
argumento para atrair a multidão. (=O apelo às paixões
populares). ● Argumentum ad captandum. VIDE: ● Ad
captandum vulgus.
2712. Argumentum ad crumenam. [Rezende 409] Um
argumento à bolsa. (=O oferecimento de suborno para
obter a concordância de alguém).
2713. Argumentum ad feminam. Um argumento dirigido
contra uma mulher. Um argumento emitido para atrair o
interesse de uma mulher.
2714. Argumentum ad hominem. Um argumento para o
homem. (=Um argumento que atinge a pessoa do
adversário, ou apelando a um interesse pessoal, ou
criticando sua pessoa, em vez de tratar da questão em
debate).
2715. Argumentum ad ignorantiam. [DAPR 704] Um
argumento à ignorância. (=Um argumento fundado no
desconhecimento dos fatos pelo adversário).
2716. Argumentum ad individuum. Um argumento
baseado nos preconceitos do indivíduo.
2717. Argumentum ad invidiam. Um apelo às baixas
paixões.
2718. Argumentum ad iudicium. Um apelo à inteligência.
2719. Argumentum ad misericordiam. Um apelo à
misericórdia.
2720. Argumentum ad populum. Um apelo ao povo.
2721. Argumentum ad rem. Um argumento que trata da
questão que se está discutindo.
2722. Argumentum ad scribendum. [Cícero, Ad Atticum
9.7] Matéria para escrever. Assunto para escrevere.
2723. Argumentum ad terrorem. Um apelo ao
sentimento de medo.
2724. Argumentum ad verecundiam. [Rezende 410] Um
apelo ao pudor, à consciência.
2725. Argumentum baculinum. [Rezende 411] Um
argumento de bastão. (=Convencimento pela força).
VIDE: ● Argumentum a baculo. ● Baculatoria
argumenta.
2726. Argumentum est deformitatis pudicitia. [Sêneca,
De Beneficiis 3.16.3] Castidade é prova de feiúra.
2727. Argumentum est ratio quae dubiae rei fidem
faciat. [Cícero, De Partitione 5, adaptado] Um
argumento é um raciocínio que dá credibilidade a uma
coisa duvidosa.
2728. Argumentum ex concesso. Um argumento baseado
nos pontos com que o adversário já concordou.
2729. Argumentum ex silentio. Uma comprovação
originada do silêncio.
2730. Argumentum in contrario. Um argumento em
contrário.
2731. Argumentum maioris ponderis. Um argumento do
maior peso.
2732. Argumentum pari. Um argumento baseado em
semelhança.
2733. Argumentum pessimi turba est. [Sêneca, De Vita
Beata 2] A multidão é exemplo do pior.
2734. Argutos inter strepere anser olores. [Virgílio,
Eclogae 9.35] Grasnar como um pato entre melodiosos
cisnes. VIDE: ● Anser inter olores. ● Anseres inter
olores strepunt. ● Graculus inter musas.
2735. Arida sarmenta recreant incendia lenta. [DAPR
77] Galhos secos dão novo alento a incêndios quase
extintos. ■ Quanto mais seca a madeira, mais arde.
2736. Aries nutricationis mercedem persolvit.
[Menandro / Erasmo, Adagia 2.5.92] O carneiro paga
assim a comida que lhe deste. ■ Cria corvos, tirar-te-ão
os olhos. ■ Por bem fazer, mal haver. VIDE: ● Sic
mercedem nutricationis aries solvit.
2737. Arma accipere. Receber as armas. (=Ser feito
cavalheiro). VIDE: ● Arma dare.
2738. Arma antiqua manus, ungues dentesque fuerunt,
et lapides, et item silvarum fragmina rami, et
flammae atque ignes. [Lucrécio, De Rerum Natura
5.1284] As armas antigas eram as mãos, as unhas e os
dentes, bem como as pedras, pedaços de galhos das
árvores, chamas e brasas.
2739. Arma armis propulsantur. Armas repelem-se com
armas.
2740. Arma armis repellere licet. [Digesta 43.16.1.27] É
permitido repelir as armas usando armas. VIDE: ● Nihil
magis naturale quam vim vi repellere. ● Vim vi
repellere licet. ● Vim vi repellere lege permititur.
● Vim vi repellere omnia iura clamant. ● Vim vi
repellere omnes leges omniaque iura proclamant.
2741. Arma dare. [Jur / Black 138] Dar as armas. (=Fazer
cavalheiro). VIDE: ● Arma accipere.
2742. Arma deponimus. [Petrônio, Satiricon 109]
Estamos depondo as armas.
2743. Arma ferunt pacem. As armas trazem a paz.
2744. Arma in armatos sumere iura sinunt. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.492] As leis autorizam tomar armas contra
inimigos armados.
2745. Arma magis quam iura milites nosse debent.
Soldados devem conhecer mais as armas que as leis.
2746. Arma nesciunt leges. As armas não conhecem leis.
2747. Arma non servant modum. [Sêneca, Hercules
Furens 403] As armas não conhecem limites.
2748. Arma pacis fulcra. [Divisa da The Honorable
Artillery Company, Grã-Bretanha] As armas são os
sustentáculos da paz.
2749. Arma placent miseris. [Petrônio, Satiricon 119]
Aos desesperados agrada tomar armas.
2750. Arma tuentur pacem. [Divisa] As armas guardam a
paz.
2751. Arma virumque cano. [Virgílio, Eneida 1.1] Eu
canto as armas e o varão. (=Camões, em Os Lusíadas,
diz: As armas e os barões ... eu canto).
2752. Armat spina rosas, mella tegunt apes. [Claudiano,
De Nuptiis Honorii 4.10] O espinho defende as rosas, as
abelhas escondem o mel. ■ Não há rosa sem espinhos,
nem mel sem abelhas.
2753. Armata vis. [Digesta 43.16.3] A força armada. VIDE:
● Vis armata.
2754. Armatus intentusque sis; neque occasioni tuae
desis, neque tuam occasionem hosti des. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 22.39] Fica armado e atento; nem
percas tua oportunidade, nem dês tua oportunidade ao
inimigo.
2755. Armis et castris. [Cícero, De Officiis 2.84] Com
armas e bagagens. (=Com todos os recursos
disponíveis).
2756. Armis vicit, vitiis victus est. [Sêneca, Epistulae
Morales 51.5] Venceu pelas armas; foi vencido pelos
vícios.
2757. Armorum appellatione, non solum scuta et gladii
et galeae, sed et fustes et lapides continentur. [Jur /
Black 139] Sob o nome de armas estão incluídos não
somente os escudos e as espadas, mas também os
bastões e as pedras.
2758. Armorum exitus semper incerti, et timendi.
[Cícero, Ad Atticum 7.3.5, adaptado] Os resultados das
armas são sempre incertos e temíveis. ■ A guerra, sabe-
se como começa, não se sabe como termina. VIDE:
● Anceps belli casus. ● Belli exitus incertus.
● Bellorum exitus incerti. ● Dubius armorum exitus.
● Eventus belli varii. ● Fortuna belli fluxa. ● Mars
dubius. ● Nusquam minus quam in bello eventus
respondet. ● Varius et dubius est belli eventus.
2759. Arrectis auribus. [Virgílio, Eneida 1.152; 2.303]
Com os ouvidos atentos. ■ De orelhas em pé.
2760. Arridemus ridentibus et contristat nos turba
maerentium. [Sêneca, De Ira 2.5] Nós sorrimos para
quem sorri, e nos entristece a multidão de aflitos. VIDE:
● Gaudere cum gaudentibus, flere cum flentibus.
● Iniustum est gaudere velle cum gaudentibus et flere
non velle cum flentibus. ● Ridentibus arride. ● Ut
ridentibus arrident, ita flentibus adsunt humani
vultus. ● Ut ridentibus arrident, ita flentibus afflent.
2761. Arridens, umbra vita fugit citius. [Inscrição em
quadrante solar] Sorrindo, a vida passa mais rápido que
uma sombra.
2762. Arripe ansam. Agarra a alça. ■ Aproveita a ocasião.
2763. Arripe horam, ultimamque pertimeas. [Inscrição
em quadrante solar] Aproveita cada hora, e teme a
última. ● Arripe horam, ultimam timeas.
2764. Arripias paleas, si non vult solvere nequam
debitor; accipias, si miser est, paleas. [Pereira 102]
Tomarás dele palhas, se o mau devedor não quer pagar;
receberás em palhas, se é miserável. ■ De ruim pagador,
em farelos. VIDE: ● Ab improbo debitore quidvis
accipe. ● Accipias paleam, si non vult solvere
nequam. ● Debitor, accipias, si miser est, paleas.
● Pro veteri debito accipimus stramen avenae.
2765. Arripienda quae offeruntur. [Erasmo, Adagia
3.9.76] Deve-se pegar o que é oferecido. ■ Quando te
derem o bezerro, corre logo com a corda. ■ Quando te
derem o porquinho, corre logo com o baracinho. VIDE:
● Accipe quam primum, brevis est occasio lucri.
● Noli oblatam occasionem praetermittere. ● Quae
dantur necesse est accipere. ● Statim arripienda
oblata occasio lucri.
2766. Arripis quae offeruntur. [Pereira 96] Colhes o que
te é oferecido.
2767. Arripiunt aurae quidquid stolidi sonat aure.
[DAPR 494] Levam os ventos a bobagem que soa no
ouvido. ■ Entra por um ouvido e sai pelo outro.
2768. Arroganter faciunt ii qui quod ipsi nesciunt, id
docent ceteros. [Lodeiro 138] Agem com arrogância os
que ensinam aos outros aquilo que eles próprios
desconhecem. ■ Quem não sabe para si não ponha
escola. VIDE: ● Alios docere volentes, quae et ipsi
nesciunt et ignorant. ● Quod enim ipsi experti non
sunt, id docent ceteros.
2769. Arrogantia non ferenda. [Erasmo, Adagia 3.10.37]
Não se deve suportar a arrogância.
2770. Arrogantia odium parit. A arrogância gera ódio.
VIDE: ● Ex arrogantia odium, ex insolentia arrogantia.
2771. Ars adeo latet arte sua. [Ovídio, Metamorphoses
10.252] Sua arte esconde seu artifício.
2772. Ars adulandi. A arte de adular.
2773. Ars aemula naturae. [Apuleio, Metamorphoses 2.4]
A arte é imitadora da natureza.
2774. Ars amatoria. A arte de amar. ● Ars amandi.
2775. Ars artem amat, fortuna fortem diligit. [Schottus,
Adagia 623] A astúcia ama a astúcia, a sorte ama o
corajoso.
2776. Ars artium. A arte das artes. (=A lógica).
2777. Ars artium et scientia scientiarum est hominem
regere. [S.Gregório Nazianzeno] Governar o homem é
a arte das artes e a ciência das ciências.
2778. Ars artium omnium conservatrix. A arte
conservadora de todas as artes. (=A imprensa).
● Typographia ars artium omnium conservatrix.
2779. Ars artium, regimen animarum. [S.Gregório
Magno, Líber Regulae Pastoralis] O governo das almas
é a arte das artes.
2780. Ars casum simulet. [Ovídio, Ars Amatoria 3.155]
Que a arte simule casualidade.
2781. Ars cogitandi. A arte de pensar. (=Lógica).
2782. Ars compensabit, quod vis tibi magna negabit.
[Trench, Proverbs 150] A habilidade compensará o que
a força bruta te negar. ■ Mais vale jeito que força. ■ Se
não basta a pele de leão, põe uma de raposa. VIDE:
● Longe antecellit viribus sollertia.
2783. Ars deluditur arte. [Dionísio Catão, Disticha 1.26]
Um artifício se vence com outro. ■ A ruim, ruim e meio.
VIDE: ● Arte deluditur ars. ● Contra vulpem
vulpinandum. ● Cum vulpe vulpinandum, cum
Cretense, cretizandum. ● Cum vulpe vulpinari tu
quoque invicem.
2784. Ars dicendi. A arte de dizer. A retórica.
2785. Ars difficilis recte rempublicam regere. [Cícero,
Ad Atticum 7.25] (Era) uma arte difícil governar
corretamente o país. VIDE: ● Recte rempublicam gerere.
2786. Ars discendi. A arte de aprender.
2787. Ars divitiis potior. O saberé preferível às riquezas.
■ Mais vale o saber que dinheiro haver.
2788. Ars docendi. A arte de ensinar.
2789. Ars est celare artem. [Rezende 418] A arte está em
ocultar a arte. (=A citação é freqüentemente atribuída a
Ovídio). VIDE: ● Si latet ars, prodest; affert deprensa
pudorem.
2790. Ars est ministra naturae. A arte é auxiliar da
natureza.
2791. Ars est simia et imitatrix naturae. [Signoriello
223] A arte é uma copiadora e imitadora da natureza.
● Ars est simia naturae. VIDE: ● Ars imitatur naturam.
● Naturam imitatur ars.
2792. Ars et naturam frangere potest. [Grynaeus 370] O
trabalho pode vencer até a natureza.
2793. Ars faciem dissimulata iuvat. [Ovídio, Ars
Amatoria 3] O artifício disfarçado auxilia a beleza.
2794. Ars fallendi homines. A arte de enganar os homens.
● Ars fallendi potius quam regendi. [Louis-Antoine
Caraccioli, De la Politique] (A política é) mais arte de
enganar que de dirigir.VIDE: ● Fallendi ars.
2795. Ars fit, ubi a teneris crimen condiscitur annis.
[Ovídio, Heroides 4] O crime torna-se uma arte, quando
é aprendido desde a infância. VIDE: ● A teneris crimen
condiscitur annis.
2796. Ars gratia artis. [Divisa da Metro-Goldwyn-Mayer]
A arte pela arte.
2797. Ars imitatur naturam. A arte imita a natureza. VIDE:
● Ars est simia et imitatrix naturae. ● Ars est simia
naturae. ● Naturam imitatur ars. ● Omnis ars
naturae imitatio est.
2798. Ars impressoria. A arte de imprimir. A tipografia.
A imprensa. ● Ars imprimendi. VIDE: ● Typographia
ars artium omnium conservatrix.
2799. Ars imprimendi, pulvis tormentarium, et acus
nautica rerum faciem et statum in orbe terrarum
mutaverunt. A imprensa, a pólvora e a bússola
mudaram a face e o estado das coisas no mundo. VIDE:
● Vim et virtutem et consequentias rerum
inventarum notare iuvat; quae non in aliis
manifestius occurrunt, quam in illis tribus quae
antiquis incognitae, et quarum primordia, licet
recentia, obscura et ingloria sunt: artis nimirum
imprimendi, pulveris tormentarii, et acus nauticae.
Haec enim tria rerum faciem et statum in orbe
terrarum mutaverunt.
2800. Ars inveniendi adolescit cum inventis. [Bacon,
Advancement of Learning 2.14.3] A arte de inventar se
desenvolve com os próprios inventos.
2801. Ars ipsa inopiae portus est mortalibus. [Grynaeus
368] O ofício é para os mortais o abrigo contra a
pobreza. ■ Quem tem ofício tem benefício. ■ Quem tem
ofício não morre de fome. VIDE: ● Ars portus inopiae.
● Ars portus miseriae. ● Ars portus infelicitatis
hominibus. ● Ártifex fructu artis suae frúitur. ● Disce
aliquid, nam cum subito Fortuna recessit, ars
remanet vitamque hominis non deserit unquam.
● Unicum confugium in egestate ars est.
2802. Ars litigandi. A arte de pleitear em juízo.
2803. Ars longa, vita brevis. [Hipócrates, Aforismos 1.1 /
Rezende 420] A arte (da medicina) é vasta, mas a vida
(do paciente e do médico) é breve. VIDE: ● Discenti
assidue multa, senecta venit. ● Vita brevis, ars longa,
occasio praeceps, experimentum periculosum,
iudicium difficile. ● Vitam brevem esse, longam
artem.
2804. Ars manet, ars durat; fortuna recedere curat.
[Gaal 1312] O saber é permanente, o saber é duradouro;
a sorte procura ir embora. ■ Quem tem ofício tem
benefício. ■ Quem tem ofício não morre de fome. VIDE:
● Ars optimum viaticum.
2805. Ars moriendi. A arte de morrer.
2806. Ars non ea est, quae casu ad effectum venit.
[Publílio Siro] Não é arte o que resulta do acaso.
2807. Ars non est veste cognoscenda. A arte não pode ser
reconhecida pela roupa. ■ O hábito não faz o monge.
■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o homem conhecido.
VIDE: ● Habitus non facit monachum.
2808. Ars non habet inimicum nisi ignorantem. [Pensées
d'Oxenstirn 1.172] Só o ignorante é inimigo do saber.
■ Quem não sabe arte não na estima. [Camões, Os
Lusíadas, Canto 5] ● Ars non habet osorem nisi
ignorantem. VIDE: ● Artem non odit nisi ignarus.
● Doctrinae cultus nemo spernit nisi stultus. ● Nisi
ignorantes, ars osorem non habet. ● Scientia non
habet inimicum praeter ignorantem.
2809. Ars optimum viaticum. [Binder, Medulla 87] O
ofício é a melhor provisão de viagem. ■ Quem tem ofício
tem benefício. ■ Quem tem ofício não morre de fome.
VIDE: ● Ars portus inopiae. ● Ars portus miseriae.
● Ars portus infelicitatis hominibus. ● Ars sua cuique
pro viatico est. ● Artem quaevis alit terra.
2810. Ars pictoris, aut sculptoris, externa tantum
pingit, exprimit: de corde nihil curat; sic hypocrisis,
blanditur oculis. [Ivo Parisino / Bernardes, Nova
Floresta 1.14] A pintura, como a escultura, representa e
exprime apenas o exterior: não se preocupa com o
coração; assim também a hipocrisia, que seduz os olhos.
2811. Ars portus inopiae. [Grynaeus 369] O ofício é o
abrigo contra a pobreza. ■ Quem tem ofício tem
benefício. ■ Quem tem ofício não morre de fome. ● Ars
portus miseriae. [Pereira 120] ● Ars portus
infelicitatis hominibus. [Schottus, Adagia 615] O
ofício, para os homens, é o abrigo contra a infelicidade.
VIDE: ● Ars ipsa inopiae portus est mortalibus. ● Ars
optimum viaticum. ● Ars sua cuique pro viatico est.
● Artem scruteris, quamvis opulentus haberis. ● Disce
aliquid, nam cum subito Fortuna recessit, ars
remanet vitamque hominis non deserit unquam.
● Portus miseriae ars.
2812. Ars praedicandi. A arte de pregar (o Evangelho).
2813. Ars prima regni est posse invidiam pati. [Sêneca,
Hercules Furens 353] A principal habilidade do
governar é poder suportar a inveja.
2814. Ars quippe ipsa bene recteque vivendi virtus a
veteribus definita est. [Varrão / Agostinho, De Civitate
Dei 4.21.1] A virtude foi definida pelos antigos como a
própria arte de viver bem e corretamente.
2815. Ars, scientia, veritas. [Divisa] Arte, conhecimento,
verdade. VIDE: ● Artes, scientiae, veritas.
2816. Ars scribendi, legendi, numerandi. Escrever, ler e
contar.
2817. Ars sine scientia esse non potest. A prática sem o
conhecimento não pode existir. ● Ars sine scientia
nihil. A arte sem a ciência não é nada.
2818. Ars sterilis. [Binder, Thesaurus 244] O
conhecimento inútil.
2819. Ars sua cuique pro viatico est. O ofício vale uma
provisão de viagem. ■ Quem tem ofício, tem benefício.
■ Quem tem ofício, não morre de fome. VIDE: ● Ars
portus inopiae. ● Ars portus miseriae. ● Ars portus
infelicitatis hominibus.
2820. Ars varia vulpi, ast una echino maxima.
[Arquíloco / Manúcio, Adagia 197] A raposa tem várias
artes, mas o ouriço tem uma única, que é a maior de
todas. (=Enquanto a raposa usa de muitos artifícios para
fugir ao inimigo, o ouriço se fecha e expõe os espinhos).
■ Muitas coisas sabe a raposa, e o ouriço-cacheiro uma
só. VIDE: ● Multa novit vulpes, verum echinus unum
magnum. ● Multa novit vulpes, sed erinaceus unum
magnum. ● Scit multa vulpes, magnum echinus
unicum.
2821. Ars vincit naturam. A arte vence a natureza.
2822. Arte cadunt turres, arte levatur onus. [Medina
611] Pelo esforço caem as torres, pelo esforço se
levanta o fardo. ■ O trabalho tudo vence.
2823. Arte deluditur ars. [DAPR 587] Um artifício se
vence com outro. ■ A ruim, ruim e meio. VIDE: ● Ars
deluditur arte. ● Cum vulpe vulpinandum, cum
Cretense, cretizandum. ● Vulpinari cum vulpibus.
2824. Arte et marte. [Divisa] Com habilidade e luta.
2825. Arte etenim faber lignarius longe praestantior,
quam viribus. [Homero, Ilíada 23.315] O lenhador se
distingue muito mais pela sua habilidade do que pela
sua força.
2826. Arte magistra. [Virgílio, Eneida 8.442] Com a arte
como mestra.
2827. Arte mira mortalium temperat horas. [Inscrição
em quadrante solar] Por um artifício maravilhoso, (o
relógio) organiza as horas dos mortais.
2828. Arte, non vi. [Divisa] Usando arte, não força. VIDE:
● Non vi, sed ingenio et arte.
2829. Arte perennat amor. [Ovídio, Ars Amatoria 3.42]
Com arte o amor se torna duradouro.
2830. Arte periit sua. Morreu por sua própria ação. ■ Caiu
no laço que armou.
2831. Arte pugnandum est, et adhibenda quae prosunt.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 2.29] Deve-se lutar com
cautela e devem ser aproveitadas as oportunidades.
2832. Artem arte ludere. [Medina 611] Vencer um
artifício usando outro artifício. ■ A cautelas, cautelas
maiores. VIDE: ● Clavum clavo, paxillum paxillo
pepulisti. ● Fallacia alia aliam trudit. ● Fallite
fallentes. ● Fidem violanti fidem non servanda.
● Malo nodo, malus quaerendus cuneus.
2833. Artem magnificant, artificem notant. [Tertuliano,
De Spectaculis 22.3] Enaltecem a arte, mas condenam o
artista.
2834. Artem non odit nisi ignarus. Só o ignorante odeia o
saber. ■ Quem não sabe arte não na estima. [Camões,
Os Lusíadas, Canto V] VIDE: ● Ars non habet inimicum
nisi ignorantem. ● Doctrinae cultus nemo spernit nisi
stultus. ● Nisi ignorantes, ars osorem non habet.
● Scientia non habet inimicum praeter ignorantem.
● Scientia non habet inimicum nisi ignorantem.
2835. Artem quae Graecos latuit latuitque Latinos,
Germani sollers extudit ingenium. Nunc quidquid
veteres sapiunt, sapiuntque recentes, non sibi, sed
populis omnibus id sapiunt. [Inscrição na estátua de
Gutenberg, em Mogúncia / Rezende 423] A inteligência
engenhosa de um alemão produziu uma arte que era
desconhecida dos gregos e dos latinos. Agora, tudo que
os antigos sabiam e que sabem os contemporânos,
sabem, não só para si, mas para todos os povos.
2836. Artem quaevis alit terra. [Erasmo, Adagia 1.7.33]
Qualquer terra alimenta o artesão. ■ Quem tem ofício
não morre de fome. ■ Quem tem arte vai para toda
parte. ■ A fome chega à porta do oficial, mas não ousa
entrar. ● Artem quaevis alit regio. [Pereira 120] VIDE:
● Ars optimum viaticum. ● Artes quaevis alit regio.
● Quaevis terra alit artificem. ● Res valet, ars
praestat; si res perit, ars mihi restat.
2837. Artem qui sequitur, raro pauper reperitur.
[Eiselein 403; DAPR 494] Quem segue um ofício
raramente se encontra pobre. ■ Quem tem ofício tem
benefício. ■ Quem tem arte vive em toda parte.
2838. Artem scruteris, quamvis opulentus haberis.
[Binder, Thesaurus 246] Procurarás um ofício, por mais
opulento que te consideres. ■ Quem tem ofício tem
benefício. ■ Quem tem ofício não morre de fome.
■ Quem tem arte vai para toda parte. VIDE: ● Ars portus
inopiae. ● Ars portus miseriae. ● Ars portus
infelicitatis hominibus.
2839. Artes aliis aliae. [Grynaeus 190] Pessoas diferentes
têm habilidades diferentes. ■ Cada um tem seu modo de
catar pulgas.
2840. Artes discere vult pecuniosas. [Marcial,
Epigrammata 5.56.8] Ele quer aprender um ofício
lucrativo.
2841. Artes discuntur peccando. [Binder, Thesaurus 247]
É errando que se adquire o conhecimento. ■ Errando
aprende-se.
2842. Artes honorabit. Ele engrandecerá as artes.
2843. Artes ingenuae. As artes liberais. (=Os
conhecimentos que convêm ao homem livre).
2844. Artes quaevis alit regio. [Grynaeus 368] Qualquer
terra alimenta o artesão. ■ Quem tem ofício não morre
de fome. ■ Quem tem arte vai para toda parte. ■ A fome
chega à porta do oficial, mas não ousa entrar. VIDE:
● Artem quaevis alit terra. ● Artem quaevis alit regio.
2845. Artes, scientiae, veritas. [Divisa] Artes, Ciências,
Verdade. ● Artes. Scientia. Veritas. [Divisa da
Universidade de Michigan, USA] Artes, Conhecimento,
Verdade. VIDE: ● Ars, scientia, veritas.
2846. Artes serviunt vitae, sapientia imperat. [Sêneca,
Epistulae Morales 85.32] As artes servem à vida, a
sabedoria a governa.
2847. Artes virtutis sunt magistrae. [Rezende 425] As
artes são as mestras da virtude.
2848. Artibus immensis urbs fulget Massiliensis. [Divisa
da cidade de Marselha, França] A cidade de Marselha
resplandece por suas imensas indústrias.
2849. Articulo mortis. [Jur / Black 146] No instante da
morte. VIDE: ● In articulo mortis.
2850. Artifex enim agit propter indigentiam suam, sicut
domificator facit domum, ut in ipsa quiescat.
[S.Tomás de Aquino, Super Epistolam ad Hebraeos 4.1]
O artesão trabalha para atender à sua necessidade, do
mesmo modo que o pedreiro faz a casa para morar nela.
2851. Artifex fructu artis suae fruitur. [Sêneca, Epitulae
1.9.7] O artesão desfruta do produto de sua arte. ■ Quem
tem ofício não morre de fome. ■ Quem tem ofício tem
benefício. VIDE: ● Sua cuique ars pro viatico est.
2852. Artifex mundi. O construtor do mundo. ● Artifex
mundi Deus. Deus é o criador do mundo. VIDE: ● Non
quaeram quis sit istius artifex mundi?
2853. Artificem commendat opus. [Binder, Thesaurus
250] A obra recomenda o artista. ■ Pela obra se conhece
o obreiro. ● Artificem commendat opus, non grandia
verba. É a obra que recomenda o artista, não palavras
pomposas. ● Artificem commendat opus, non propria
lingua; sola loquatur in hoc, ore tacente, manus.
[Petrus Abelardus, Carmen ad Astralabium 341] É a
obra que gaba o artista, não a própria língua; fale a mão,
cale-se a língua.
2854. Artifices qui facit usus adest. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.676] É a experiência que faz os artistas.
2855. Artificia docet fames. A fome ensina artes. ■ Não há
melhor mestra do que a necessidade e a pobreza. ■ A
necessidade é mestra. ● Artificia docuit fames.
[Sêneca, Epistulae Morales 15.7] A fome ensinou
artimanhas. VIDE: ● Fames artium magistra. ● Fames
magistra. ● Res plurimas magister edocet fames.
2856. Artificia forensia. Artifícios usados nas lides
forenses. VIDE: ● Doli forenses. ● Stratagemata
forensia.
2857. Artificis naturae ingens opus aspice. [Virgílio,
Aetna 601] Observa a imensa obra da artista Natureza.
2858. Artis magistra necessitas. [Ésquilo / Stevenson
1665] A necessidade é a mestra da arte. ■ A necessidade
é mãe da invenção. VIDE: ● Cuncta docet necessitas.
● Cuncta docuit necessitas. ● Durum flagellum est
paedagogus ingenii. ● Durum flagellum est
paedagogus ingens. ● Mater artium est necessitas.
● Necessitas artis magistra. ● Necessitas magistra.
● Nullus praestantior doctor est necessitate.
2859. Artium baccalaureus. Bacharel em artes.
2860. Artium magister. Mestre em artes.
2861. Arx omnium gentium Roma. Roma é o refúgio de
todos os povos. VIDE: ● Videor enim mihi videre hanc
urbem, lucem orbis terrarum atque arcem omnium
gentium, subito uno incendio concidentem,
2862. Ascendit mors per fenestram. [Vulgata, Jeremias
9.21] A morte entra pela janela.
2863. Ascensio Domini. [Do calendário católico] A
Ascensão do Senhor.
2864. Ascensus ad dignitates arduus est, et per labores
pervenitur ad labores maiores. [Bacon, De
magistratibus et dignitatibus] A ascensão aos cargos
públicos é árdua, e pelos trabalhos chega-se a trabalhos
maiores.
2865. Asello fabulam narrare. [Pereira 107] Contar uma
história a um asno. ■ Perder o latim. VIDE: ● Asino
fabulam narrabat quispiam, et ille movebat aures.
● Asino quis fabulam narrabat: ille autem aures
movebat. ● Asino quis fabulam narrabat: at ille
movebat aures. ● Asino fabulam. ● Narrat fabellam
asello surdo. ● Surdo asello narrata est fabella.
2866. Asini auriculas habet. Tem orelhas de burro. (=Diz-
se de pessoa ridícula). VIDE: ● Auriculas asini quis non
habet?
2867. Asini caput ne laves nitro. [Apostólio 14.56] Não
laves a cabeça do burro com sabão. ■ Quem lava focinho
a burro preto perde sabão e tempo. ● Asini caput non
laves sapone. VIDE: ● Caput asini ne laves nitro.
● Nitro caput asini ne laves. ● Qui lavat asinum,
perdit aquam et saponem.
2868. Asini lanam quaeris. [Manúcio, Adagia 183; DAPR
395] Buscas lã no burro. ■ Buscas água em fonte seca.
■ Procuras asas no burro. ● Asini vellera quaeris.
[Stevenson 1336] VIDE: ● Ab asino lanam quaeris. ● Ab
asino lanam petis. ● Ab asino lanam.
2869. Asinis pabulum auro iucundius. Aos burros,
agrada mais a comida que o ouro. VIDE: ● Asinus
stramen mavult quam aurum.
2870. Asino das ossa, cani paleas. Ao asno das ossos, ao
cão, capim. ■ Fazes as coisas às avessas.
2871. Asino fabulam narrabat quispiam, et ille movebat
aures. Certa pessoa contava uma história ao burro, e
este balançava as orelhas. ● Asino quis fabulam
narrabat: ille autem aures movebat. [Apostólio
14.52] ● Asino quis fabulam narrabat: at ille movebat
aures. [Schottus, Adagia 131] ● Asino fabulas narras
surdo. Estás contando histórias a burro surdo. ● Asino
fabulam. [Erasmo, Adagia 4.7.36] VIDE: ● Asello
fabulam narrare. ● Narrat fabellam asello surdo.
● Surdo asello narrata est fabella.
2872. Asino gramen et baculus. [Manúcio, Adagia 1368]
Para o burro, capim e vara. ● Asino faenum et baculus,
servo panis et scutica. [Manúcio, Adagia 1368] Para o
burro, feno e vara; para o servo, pão e açoite.
2873. Asino non opus est verbis, sed fustibus. [Cícero, In
Calpurnium Pisonem 30] O burro não precisa de
palavras, mas de varas.
2874. Asinos non curo. [Erasmo, Adagia 4.3.43] Eu não
me preocupo com os burros. ■ Isso nem me aquenta,
nem me arrefenta. ■ Não me empacho com tais
frioleiras.
2875. Asino pigrior. Mais lento que um asno.
2876. Asinum asellus culpat. [DAPR 83] O burrinho
critica o burro. ■ Diz o asno ao mulo: tira-te daqui,
orelhudo.
2877. Asinum esurientem haud flagra movent.
[Schottus, Adagia 603] Açoites não assustam burro
faminto. ■ Estômago vazio não tem ouvidos. ■ Ventre em
jejum não ouve a nenhum. VIDE: ● Asinus esuriens
fascem neglegit. ● Asinus esuriens fustem neglegit.
2878. Asinum sub freno currere doces. [Erasmo, Adagia
1.4.40] Ensinas o asno a correr sob freio. (=Fazes
trabalho inútil). VIDE: ● Infelix, operam perdas, ut si
quis asellum in campo doceat parentem currere
frenis.
2879. Asinum tondes. [Erasmo, Adagia 1.4.80] Estás
tosquiando um burro. ■ Malhas em ferro frio.
2880. Asinus ad lapidem non bis offendit eumdem.
[Strauss, Dictionary of European Proverbs 142] Burro
não tropeça duas vezes na mesma pedra. ■ Só o tolo cai
duas vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Bis peccare in
eodem haud sapientis est viri. ● Neque me patiar
iterum ad unum scopulum offendere.
2881. Asinus ad lyram. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 3.16]
Um asno diante da lira. (=Diz-se pessoa ignorante).
■ Está como o burro diante do palácio. ■ Burro não
entende música. ● Asinus ad tibiam. [Erasmo, Adagia
4.1.47] Um asno diante da flauta. VIDE: ● Asinus es ad
lyram, aures motitans. ● Asinus lyrae auscultator.
VIDE: ● Sus ad Minervam.
2882. Asinus ad tegulas. Um burro no telhado. (=Um
indivíduo ignorante numa posição elevada. Uma coisa
espantosa). VIDE: ● Asinus in tegulis. ● Cum asinus in
tegulis ascenderit. ● Si ascenderit asinus per scalas.
2883. Asinus asellum culpat. [Bebel, Adagia Germanica]
O burro repreende o burrinho. (=Um ignorante difama
outro).
2884. Asinus asino, et sus sui pulcher. [Erasmo, Adagia
4.10.64] Um burro é bonito para outro burro, e um
porco para outro porco. ■ Quem ama o feio, bonito lhe
parece. ■ Coruja não acha os filhos feios. ● Asinus
asino pulcherrimus. [DAPR 84] Para um burro outro
burro é muito bonito. ● Asinus asino pulcher.
2885. Asinus asinum fricat. [DAPR 85] ■ Um burro coça
outro. (=Diz-se de pessoas que se elogiam
mutuamente). VIDE: ● Muli mutuum scabunt. ● Mulus
mulum scabit. ● Mutuum muli scabunt.
2886. Asinus asinum non prehendit. [Grynaeus 651] Um
burro não agarra outro.
2887. Asinus aurem movens. [Suidas] O burro está
balançando a orelha. (=Diz-se da pessoa estupefata).
2888. Asinus balneatoris. [Grynaeus 333] O asno do
balneário. (=É o asno que leva lenha para aquecer a
água dos banhos: trabalha, mas não participa do prazer).
■ Asno de Arcádia, cheio de ouro e come palha. ■ O sino
chama para a missa, mas não vai a ela.
2889. Asinus es ad lyram, aures motitans. [Luciano /
Schottus, Adagia 131] És como um burro diante de uma
lira, sacudindo as orelhas. ■ Estás como o burro diante
do palácio. VIDE: ● Asinus ad lyram. ● Asinus ad
tibiam. ● Asinus lyrae auscultator.
2890. Asinus esuriens fustem neglegit. [Erasmo, Adagia
2.7.48] Burro faminto ignora a vara. ■ Estômago vazio
não tem ouvidos. ■ Ventre em jejum não ouve a nenhum.
● Asinus esuriens fascem neglegit. [Medina 620] VIDE:
● Asinum esurientem haud flagra movent.
2891. Asinus gestat mysteria. [Apostólio 14.50] O burro
carrega os objetos sagrados. (=Um homem rude
possuidor de objetos valiosos). ● Asinus ferens
mysteria. VIDE: ● Asinus portans mysteria.
2892. Asinus in cathedra. É um burro na cátedra. (=Um
indivíduo ignorante que quer ensinar aos outros).
● Asinus in scamno se vult similare magistro. Um
burro na cátedra quer passar por mestre.
2893. Asinus in pelle leonis. [Luciano / Binder, Thesaurus
259] É um asno em pele de leão. (=Diz-se de pessoa que
afeta mais poder do que realmente tem). ■ Por fora,
casquete de veludo; por dentro, miolos de burro.
2894. Asinus in tegulis. [Petrônio, Satiricon 63.2] Um
burro no telhado. (=Uma coisa espantosa. Uma mágica).
VIDE: ● Asinus ad tegulas. ● Cum asinus in tegulis
ascenderit. ● Si ascenderit asinus per scalas.
2895. Asinus inter simias. [Erasmo, Adagia 1.5.41] Um
burro entre macacos. (=Diz-se de pessoa ingênua entre
pessoas expertas). ■ Um estranho no ninho. ■ Um
cordeiro entre lobos. ● Asinus inter apes. [Erasmo,
Adagia 1.5.42] Um burro entre abelhas. VIDE: ● Noctua
inter cornices.
2896. Asinus lyrae auscultator. [Manúcio, Adagia 172]
(É como) um burro que ouve a lira. ■ Está como o burro
diante do palácio. ■ Burro não entende música. VIDE:
● Asinus ad lyram. ● Asinus ad tibiam. ● Asinus es ad
lyram, aures motitans.
2897. Asinus lyrae cantum audit, non intellegit.
[Rezende 438] O burro ouve o canto da lira, mas não
compreende.
2898. Asinus portans mysteria. [Erasmo, Adagia 2.2.4] O
burro carregando os objetos sagrados. (=Um homem
rude proprietário de objetos valiosos). VIDE: ● Asinus
ferens mysteria. ● Asinus gestat mysteria.
2899. Asinus stramen mavult quam aurum. O burro
prefere o feno ao ouro. ● Asinus stramenta mavult
quam aurum. [Erasmo, Adagia 4.8.38] ● Asinus
stramina magis optat quam divitias. [Albertatius 141]
● Asinus magis stramina vult quam aurum.
[Polydorus, Adagia] VIDE: ● Asinis pabulum auro
iucundius.
2900. Asinus volans. É um burro voando. (=É um
absurdo). ■ Isso não existe!
2901. Aspera ad virtutem via multos territat.
[Schrevelius 1170] O difícil caminho que leva à virtude
assusta a muitos.
2902. Aspera perpessu fiunt iucunda relatu. [Dionísio
Catão, Monostica, Anexo 32] As coisas duras de
suportar são agradáveis de contar. ■ Aflições passadas
são fáceis de contar. ■ O que foi duro de passar é doce
de lembrar.
2903. Aspera portet apum qui dulcia sugat earum. Que
agüente as picadas das abelhas quem suga o mel delas.
■ Quem chuchou a carne, que roa o osso.
2904. Aspera quidem primum ad eruditionem via est,
sed postea fit plana. [Schrevelius 1171] No início, o
caminho que leva ao saber é acidentado, mas depois fica
plano.
2905. Aspera vita, sed salubris. [Erasmo, Adagia 3.10.27]
Uma vida dura, mas sadia.
2906. Aspera vox “ite”, sed vox est blanda “venite”.
[Trench, Proverbs 150] ‘Ide’ é uma palavra dura, mas
‘vinde’ é uma palavra suave.
2907. Asperitas odium movet. Grosseria provoca ódio.
■ Mais fere a má palavra que a espada afiada.
● Asperitas odium saevaque bella movet. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.146] A grosseria provoca ódio e brigas
terríveis.
2908. Asperius nihil est humili, cum surgit in altum.
[Claudiano, In Eutropium 1.181] Nada há mais
intratável que o humilde elevado a alta posição.
■ Quando o vilão vai de mulo, não conhece a Deus nem
o mundo. ■ Viu-se o demo em socos, e quis pisar os
outros. VIDE: ● Cum surgunt miseri, nolunt miseris
misereri. ● Fiunt Nerones miseri facti locupletes.
● Nihil humili peius, cum se sors ampliat eius. ● Nihil
superbius paupere, dum surgit in altum.
2909. Aspersis gaudet Amor lacrimis. [Propércio,
Elegiae 1.12.13] O deus Amor sente prazer ao ver
lágrimas derramadas.
2910. Aspice caelum! Olha o céu! VIDE: ● Suspice caelum,
et numera stellas, si potes.
2911. Aspice et abi! [Inscrição em quadrante solar] Olha-
me e vai embora!
2912. Aspice me. [Inscrição em quadrante solar] Olha para
mim.
2913. Aspice me, cui parva domi fortuna relicta est.
[Juvenal, Elegiae 2.34.55] Vê minha situação: foi-me
deixada apenas uma pequena herança.
2914. Aspice quid faciant commercia! [Juvenal, Satirae
2.166] Vê o que fazem as companhias!
2915. Aspice, respice, prospice. [Inscrição em quadrante
solar] Olha o presente, recorda o passado, olha o futuro.
2916. Aspice ut aspiciar. [Inscrição em quadrante solar]
Olha para mim, para que eu seja visto.
2917. Aspice me, ut diligam Te; voca me, ut videam Te.
[S.Agostinho, Oração a Jesus Cristo] Olha-me, para que
eu Te ame; chama-me, para que eu Te veja.
2918. Aspicere oportet quicquid possis perdere.
[Publílio Siro] Tens de vigiar o que quer que possas
perder.
2919. Aspicere oportet, quidquid nolis perdere. [Publílio
Siro] É preciso tomar conta do que não se quer perder.
■ O pé do dono é o estrume da herdade.
2920. Aspiciat lucem qui vult damnare tenebras.
[Medina 608] Busque a luz quem quer condenar as
trevas. ■ Quem tem filho varão não chame a outro
ladrão.
2921. Aspiciendo, cogita finem. [Inscrição em quadrante
solar] Ao contemplar-me, pensa no teu fim.
2922. Aspiciendo senescis. [Inscrição em quadrante solar]
Enquanto me contemplas, envelheces.
2923. Aspicis umbra fugax nostras ut temperat horas:
umbras umbra regit, pulvis et umbra sumus.
[Inscrição em quadrante solar] Vês como uma sombra
fugidia governa nossas horas: a sombra governa as
sombras, nós não passamos de pó e sombra.
2924. Aspicit et felis magna corpora regum. Até o gato
pode olhar os corpos grandes dos reis.
2925. Aspiciunt oculi duo lumina clarius uno. [Pereira
110] Dois olhos vêm as luzes com mais clareza do que
um. ■ Mais vêem dois olhos que um. ■ Quatro olhos
vêem mais do que dois.
2926. Aspiciunt oculis superi mortalia iustis. [Ovídio,
Metamorphoses 13.70] Os deuses olham os atos dos
mortais com olhos justos. ● Aspicit Omnipotens oculis
mortalia iustis. O Todo Poderoso olha os atos dos
mortais com olhos justos.
2927. Aspidis morsus. [Apostólio, Paroimiai, 4.65; Pereira
109] Uma mordida de serpente. (=Uma língua viperina).
■ Língua de praga.
2928. Aspirat fortuna labori. A sorte favorece o trabalho.
■ Quem trabalha tudo alcança. ● Aspirat primo
Fortuna labori. [Virgílio, Eneida 2.385] A deusa
Fortuna favorece o primeiro esforço.
2929. Assabis nidum, si non inveneris ovum. [Binder,
Thesaurus 266] Assarás o ninho, se não encontrares
ovo. ■ Na falta de capão, cebola e pão. ■ Quem não tem
cão, caça com gato.
2930. Assem habeas, assem valeas. [Petrônio, Satiricon
77] Se tiveres um vintém, valerás um vintém. ■ Vale
quem tem. ■ Tanto tens, tanto vales. ● Assem teneas,
assem valeas. VIDE: ● Credite mihi: assem habeas,
assem valeas; habes, habeberis.
2931. Assentatio erga quemcumque principem sine
affectu peragitur. [Tácito, Historiae 1.15] Adular um
príncipe se faz sem qualquer sentimento sincero.
2932. Assentatio, quamvis perniciosa sit, nocere tamen
nemini potest nisi ei qui eam recipit atque ea
delectatur. [Cícero, De Amicitia 97] A adulação, por
mais perniciosa que seja, não pode prejudicar senão
àquele que a recebe e com ela se compraz.
2933. Assentatio, vitiorum adiutrix. [Cícero, De Amicitia
90] A adulação é favorecedora dos vícios.
2934. Assentator, cum salutat, vulpes est. [Schrevelius
1176] O adulador, quando cumprimenta, é como uma
raposa.
2935. Assequitur celerem tardus. [Schottus, Adagia 589]
O lento alcança o veloz. ■ Quem corre cansa; quem
anda alcança. VIDE: ● Velocem tardus assequitur.
2936. Assideat ianuae non invitatus honeste. [Binder,
Medulla 96] Fique diante da porta quem não recebeu
convite. ■ A boda e a batisado não vás sem ser
convidado. ● Assideat portae non invitatus honeste.
[Binder, Thesaurus 267] VIDE: ● Retro sedet ianuam
non invitatus ad aulam.
2937. Assidet usque graculus graculo. [Schottus, Adagia
39] Um gralho pousa junto a outro. ■ Cada um procura
o seu semelhante. ■ Um ruim com outro se quer. ■ Um
gambá cheira outro. VIDE: ● Aves discolores raro simul
volitant. ● Concolores aves facillime congregantur.
● Graculus graculo assidet. ● Graculus graculo, pica
picae sociatur. ● Monedulae semper monedula
assidet. ● Pares cum paribus facillime congregantur.
● Pares cum paribus maxime congregantur. ● Parium
cum paribus facilis congregatio est. ● Prope
graculum saepe alter astat graculus. ● Semper
graculus assidet graculo. ● Semper graculus cum
graculo. ● Solent pares facile congregari cum
paribus. ● Volatilia ad sibi similia conveniunt.
2938. Assidua ei sunt tormenta, qui se ipsum timet.
[Publílio Siro] Quem tem medo de si mesmo tem
tormentos permanentes.
2939. Assidua eminentis fortunae comes invidia. A
inveja é companheira permanente do sucesso. ■ A inveja
sempre atina lugares altos. ■ Não se atiram pedras
senão nas árvores que têm frutos.
2940. Assidua pondus non habet severitas. [Publílio
Siro] A severidade permanente não tem efeito.
2941. Assidua stilla saxum excavat. [Erasmo, Adagia
3.3.3] A gota freqüente perfura a pedra. ■ A água cava a
pedra dura. ■ Água mole, pedra dura, tanto dá, até que
fura. ● Assidua stilla cavat saxum. VIDE: ● Aquae
guttae saxa excavant. ● Gutta cavat lapidem.
● Guttae pertundunt saxa. ● Lapides excavant aquae.
● Lapis molli cavatur aqua. ● Multis ictibus deicitur
quercus. ● Stillula molis aquae lapidem assiduo cavat
ictu. ● Stillicidii casus lapidem cavat. ● Stillicidium
perpetuum saxum excavat. ● Stilla continua cavat
lapidem.
2942. Assiduae multis odium peperere querelae.
[Propércio, Elegiae 2.18.1] As queixas contínuas muitas
vezes produziram ódio.
2943. Assidue senibus iuvenem suppone puellam.
[Schottus, Adagia 581] Ao velho junta sempre uma
moça na flor da idade. ■ A boi velho cincerro novo. ■ A
cavalo velho, capim fresco. ■ À barba cã se entrega a
moça louçã. VIDE: ● Semper iunge seni florentem
aetate puellam. ● Semper puellam virginem subice
seni. ● Semper seni da virginem iuvenculam.
● Semper seni iuvenculam subice.
2944. Assiduitas durissima vincit. A persistência vence as
coisas mais difíceis. ■ A perseverança tudo alcança.
2945. Assiduo labuntur tempora motu. [Ovídio,
Metamorphoses 15.179] O tempo passa em movimento
constante.
2946. Assiduos Deus ipse iuvat. Deus ajuda os esforçados.
[Binder, Thesaurus 268]. ■ Deus ajuda os
diligentes.■ Deus ajuda a quem trabalha. ■ Deus ajuda a
quem se ajuda. ● Assiduos Deus ipse iuvat, verum odit
inertes, et sua dat nullis absque labore bona. [Binder,
Medulla 97] Deus gosta dos homens esforçados, odeia
os inertes, e não dá suas dádivas a ninguém que não se
esforce. VIDE: ● Facientes Deus adiuvat.
2947. Associat similes natura. [Palingênio / Binder,
Thesaurus 269] A natureza reúne os semelhantes. ■ Aves
das mesmas penas voam juntas. VIDE: ● Assidet usque
graculus graculo. ● Pares cum paribus facillime
congregantur.
2948. Assiduum mirabile non est. [Grynaeus 512] O que
acontece com freqüência não causa admiração. ■ A
intimidade diminui o respeito. ■ Ninguém se embebeda
com vinho de sua adega. VIDE: ● Ab assuetis non fit
passio. ● Assueta vilescunt. ● Cotidiana vilescunt.
2949. Assiduus longusque labor dura omnia vincit. O
trabalho constante e prolongado vence todas as
dificuldades. ■ Com trabalho e perseverança tudo se
alcança.
2950. Assiduus usus uni rei deditus, et ingenium et
artem saepe vincit. [Cícero, Pro C. Balbo 45] A prática
constante de uma única coisa muitas vezes vence a
inteligência e a habilidade. ■ O uso faz o mestre.
2951. Assimiles mores capiuntur ex ero. Do patrão,
adquirem-se costumes semelhantes. ■ Ao cabo de um
ano, tem o criado as manhas do dono. ■ Em casa de
músico, até os gatos miam por solfa.
2952. Assuefactio efficacissima est. O hábito tem muita
força. ■ O costume faz nova natureza. ■ O costume é rei,
porque faz lei.
2953. Assuesce unus esse. [Ambrósio, Epistulae 1.62]
Acostuma-te a ser um só. (=Procura ser coerente em
tuas ações).
2954. Assuescendum condicioni suae et quam minimum
de illa querendum. [Sêneca, De Tranquillitate Animi
10] Devemos conformar-nos com nossa condição e
queixar-nos dela o menos possível.
2955. Assuescere dicere verum et audire. [Sêneca,
Epistulae Morales 68] Acostuma-te a dizer e ouvir a
verdade.
2956. Assueta fieri, facile praesumuntur. [Jur]
Facilmente se presume acontecerem as coisas
costumeiras.
2957. Assueta relinquere durum est. [Binder, Medulla
98] É duro abandonar as coisas costumeiras. ■ O
costume é uma segunda natureza. ■ O uso do cachimbo
faz a boca torta. VIDE: ● Assuetum relinquere difficile
est. ● Ponere difficile quae placuere diu.
2958. Assueta vilescunt. As coisas costumeiras se
desvalorizam. ■ Não se aprecia o que se vê a cada dia.
■ Ninguém se embriaga com o vinho de sua adega. VIDE:
● Ab assuetis non fit passio. ● Assiduum mirabile non
est. ● Cotidiana vilescunt.
2959. Assuetudo mali animos effert. O hábito do mal
aniquila o espírito.
2960. Assuetudo omnia reddit facilia. O hábito torna tudo
fácil. ■ A repetição é a mãe do estudo.
2961. Assuetum relinquere difficile est. [Rezende 448] É
difícil abandonar um costume. ■ O costume é uma
segunda natureza. ■ O uso do cachimbo faz a boca
torta. VIDE: ● Assueta relinquere durum est.
2962. Assurgam. [Divisa] Eu me erguerei.
2963. Asta atque audi. [Plauto, Cistellaria 596] Pára e
ouve.
2964. Astans somniat. [Plauto, Menaechmi 307] Ele sonha
em pé.
2965. Astante ipso. Em sua presença.
2966. Astante Italia tota. [Cícero, Post Reditum in Senatu
26] Diante de toda a Itália.
2967. Astra castra, Numen lumen. [Divisa da
Universidade de Wisconsin, EUA] As estrelas são meu
acampamento, Deus é minha luz.
2968. Astra inclinant, sed non urgent. [Grynaeus 533] Os
astros sugerem, mas não obrigam. ● Astra inclinant,
sed non cogunt. [Rezende 450] ● Astra inclinant, non
necessitant. ● Astra inclinant, non trahunt. ● Astra
inclinant, non obligant. VIDE: ● Inclinat, non
necessitat.
2969. Astra regunt homines, sed regit astra Deus.
[Cellarius, Harmonica Macrocosmica / Maloux 169] Os
astros governam os homens, mas Deus governa os
astros.
2970. Astrictus nuptiis, non amplius liber est. Quem está
preso pelo casamento não é mais livre. ■ Quem tem
mulher tem amo.
2971. Astus cinaedum celat, aetas indicat. [Publílio Siro]
A astúcia esconde o devasso; o tempo o revela. ■ O
tempo tudo descobre. VIDE: ● Aetas cinaedum celat,
aetas indicat.
2972. Astutam vapido servas sub pectore vulpem.
[Pérsio, Satirae 5.167] Escondes no teu corrompido
coração uma raposa astuta.
2973. Astute dum celatur, aetas se indicat. [Publílio
Siro] Mesmo que se esconda com artifícios, a idade
sempre se revela.
2974. Astutior coccyge. [Erasmo, Adagia 4.3.15] Mais
sabido que um cuco. (=O cuco põe seus ovos para serem
chocados no ninho de outras aves).
2975. Astutus astu non capitur. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 4.2] O astuto não se deixa apanhar por ardis.
■ Velhaco não engana velhaco. ■ A outro cão com esse
osso.
2976. At genus immortale manet, multosque per annos
stat fortuna domus. [Virgílio, Georgica 4.208] Mas a
raça imortal permanece, e a sorte da casa se prolonga
por muitos anos.
2977. At illa venit ad eum ad vesperam, portans ramum
olivae virentibus foliis in ore suo. [Vulgata, Gênesis
8.11] Ela (a pomba) porém voltou para ele (Noé) sobre
a tarde, trazendo no seu bico um ramo de oliveira com
as folhas verdes. VIDE: ● Sic illa ad arcam reversa est.
2978. At manet incolumis mundus, idem semper erit,
quoniam semper fuit idem. [Manílio, Astronomica
1.504] O mundo permanece intacto, e será sempre igual,
porque sempre foi igual.
2979. At non ingenio quaesitum nomen ab aevo excidet:
ingenio stat sine morte decus. [Propércio, Elegiae
3.2.25] Mas o prestígio conquistado pelo talento não se
perderá com o tempo: a glória do gênio resiste à morte.
2980. At spes non fracta. [Rezende 1718] Mas a minha
esperança não está perdida.
2981. At turpe lucrum adducit infortunium. [Manúcio,
Adagia 837] O ganho desonesto traz a desgraça. ■ O que
mal se adquire mal se perde. VIDE: ● Lucrum malum,
aequale dispendio. ● Mala lucra aequalia damnis.
● Malum lucrum aequale dispendio. ● Munus malum
est perinde uti dispendium.
2982. At vobis male sit! [Catulo, Carmina 3.13] Que vós
tenhais azar!
2983. Ater calculum apponere. Colocar uma pedra preta.
(=Reprovar. Condenar). VIDE: ● Carbone notare.
● Creta notare.
2984. Athenae omnium doctrinarum inventrices
fuerunt. [Cícero, De Oratore 1.14] Atenas foi a
inventora de todos os conhecimentos.
2985. Athenienses autem omnes et advenae hospites ad
nihil aliud vacabant nisi aut dicere aut audire
aliquid novi. [Vulgata, Atos 17.21] Todos os
atenienses, e os forasteiros ali assistentes, não se
ocupavam noutra coisa, senão ou em dizer ou em ouvir
alguma coisa de novo.
2986. Atque in perpetuum, frater, ave atque vale!
[Catulo, Carmina 101.10] E para sempre, irmão, salve e
adeus!
2987. Atqui quae pulchra, eadem difficilia. [Schottus,
Adagia 165] Coisas belas são custosas. ■ O que é bom
custa caro. ■ Não se apanham trutas com as bragas
enxutas. VIDE: ● Ardua quae pulchra. ● Difficilia quae
pulchra. ● Difficilia sunt, quae praeclara. ● Quae
pulchra, eadem difficilia.
2988. Atra bilis. A bílis negra. (=A melancolia).
2989. Atra cura. Uma preocupação negra. (=Uma grande
angústia)
2990. Atria regum hominibus plena sunt, amicis vacua.
Os átrios dos reis estão cheios de pessoas, mas vazios de
amigos.
2991. Atrocitati mansuetudo est remedium. [Fedro,
Appendix 13.15] A clemência é o remédio para a
violência.
2992. Attendite a falsis prophetis, qui veniunt ad vos in
vestimentis ovium, intrinsecus autem sunt lupi
rapaces. [Vulgata, Mateus 7.15] Guardai-vos dos falsos
profetas, que vêm a vós com vestidos de ovelhas, e
dentro são lobos roubadores. VIDE: ● Veniunt ad vos in
vestimentis ovium, intrinsecus autem sunt lupi
rapaces.
2993. Attendite, popule meus, legem meam. [Vulgata,
Salmos 77.1] Escutai a minha lei, povo meu.
2994. Atteritur pressa vomer aduncus humo. [Ovídio,
Ex Ponto 10.6] O arado afiado se gasta na terra dura.
■ Tanto dá a água na pedra, até que fura. VIDE: ● Et
teritur pressa vomer aduncus humo.
2995. Attica fides. Fidelidade de ateniense. (=Uma
fidelidade a toda prova).
2996. Attingere probos verba non queunt mala. Palavras
más não conseguem atingir homens honestos.
2997. Attingere scopum. [Rezende 457] Atingir o alvo.
Atingir o objetivo. ■ Dar no cravo. ■ Acertar na mosca.
VIDE: ● Scopum attingere.
2998. Attingit ergo a fine usque ad finem fortiter, et
disponit omnia suaviter. [Vulgata, Sabedoria 8.1] Ela
(a sabedoria) atinge, pois, fortemente de uma
extremidade (do mundo) à outra, e governa tudo com
suavidade. VIDE: ● Fortiter in re, suaviter in modo.
● Fortes in fine consequendo et suaves in modo et
ratione assequendi simus.
2999. Attrita veniet sportula saepe toga. [Marcial,
Epigrammata 14.125] Muitas vezes a esmola virá de
uma toga rota.
3000. Auctor abit operis, sed tamen extat opus.
[Fragmenta Ovidiana, Consolatio ad Liviam 238] O
autor da obra vai embora, mas a obra permanece.
■ Morre o homem, mas fica a fama.
3001. Auctor criminis det poenas. [Medina 607] Que o
autor do crime receba a punição. ■ Quem faz o mal, que
o pague.
3002. Auctor et actor fuit. Ele mesmo planejou e
executou.
3003. Auctor ignotus. Um autor desconhecido. O autor é
desconhecido.
3004. Auctor invidiae diabolus. Foi o diabo o criador da
inveja.
3005. Auctor iura sua ex legibus sibi vindicat. O autor se
reserva todos os direitos de acordo com a legislação.
● Auctor omnia sibi vindicat proprietatis iura. O
autor se reserva todos os direitos de propriedade. VIDE:
● Omnia iura sibi vindicat auctor. ● Omnia iura
reservantur. ● Omnia iura vindicabuntur.
3006. Auctor malus vel rem bonam turpem facit.
[Publílio Siro] O mau escritor estraga até um bom
assunto.
3007. Auctor opus laudat. [Ovídio, Ex Ponto 3.9.9] O
autor é que gaba a obra. ■ O escaravelho a seus filhos
chama grãos de ouro. VIDE: ● Laudat venales qui vult
extrudere merces.
3008. Auctor pretiosa facit dona. Quem dá é que torna
valiosos os presentes. ● Auctor pretiosa facit. [Ovídio,
Heroides 17.74] VIDE: ● Acceptissima semper munera
sunt, auctor quae pretiosa facit.
3009. Auctor probatus. Um autor aprovado. ● Auctores
probati. Autores aprovados.
3010. Auctores noverit omnes tamquam ungues
digitosque suos. [Juvenal, Satirae 7.231] Conhecerá
todos os escritores como as próprias unhas e dedos.
■ Conhece-os como as palmas das suas mãos. VIDE:
● Scio tamquam ungues digitosque.
3011. Auctori incumbit probatio. [Jur] Ao autor (da ação)
cabe a prova.
3012. Auctori cognita techna nocet. [Alciato, Emblemata
12] Artimanha conhecida prejudica seu autor.
3013. Auctoritas, non veritas, facit legem. [Hobbes,
Leviathan] É a autoridade, não a verdade, que faz a lei.
3014. Auctoritas prudentum. [Jur] A autoridade dos
sábios. A autoridade dos jurisconsultos.
3015. Auctoritas tutoris. [Jur] A autoridade do tutor.
3016. Auctoritates maiorum non sunt contemnendae.
[Binder, Thesaurus 277] As opiniões dos mais velhos
não devem ser desprezadas. ■ Se queres um bom
conselho, pede-o ao velho.
3017. Auctoritates philosophorum, medicorum et
poëtarum sunt in causis allegandae et tenendae. [Jur /
Black 169] As opiniões dos filósofos, médicos e poetas
devem ser alegadas e examinadas nas causas.
3018. Aucupia verborum sunt iudice indigna. [Jur /
Black 169] Disputas sobre palavras são indignas de um
juiz.
3019. Audacem fecerat ipse timor. [Ovídio, Fasti 3.644]
O próprio medo o fizera corajoso. VIDE: ● Interdum
audaces efficit ipse timor.
3020. Audacem Forsque Venusque iuvant. [Rezende
459] Tanto o Acaso como Vênus favorecem o atrevido.
■ O amor ajuda os atrevidos. VIDE: ● Audentem
Forsque Venusque iuvat. ● Audentem iuvat Venus.
● Audentes saepe Sorsque Venusque iuvant.
3021. Audacem reddit felis absentia murem. [Pereira
118] A ausência do gato torna abusado o rato. ■ Quando
em casa não está o gato, folga o rato. ■ Quando os
gatos não estão em casa, os ratos passeiam por cima da
mesa.
3022. Audacem vitreumque eadem vas terminat aetas.
[Pereira 107] O mesmo tempo acaba com o homem
abusado e com o vaso de vidro. ■ Homem atrevido dura
como vaso de vidro.
3023. Audaces adiuvat ipsa Venus. [Manúcio, Adagia 99]
A própria Vênus favorece os ousados.
3024. Audaces fortuna iuvat. [Rezende 462] ■ A fortuna
ajuda os audaciosos. ■ Ao homem ousado a fortuna lhe
estende a mão. ■ Quem não se aventura não passa o
mar. ● Audaces fortuna iuvat, timidosque repellit.
[Rezende 462] A fortuna ajuda aos ousados e despreza
os temerosos. VIDE: ● Audentes fortuna iuvat.
● Audentes fortuna iuvat, decoratque corona.
● Audentes fortuna iuvat timidosque repellit. ● Fors
iuvat audentes.
3025. Audaces fortuna iuvat, piger sibi ipsi obstat.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 3.7] A sorte
ajuda os ousados; o preguiçoso é obstáculo a si mesmo.
VIDE: ● Audentes fortuna iuvat, piger ipse sibi obstat.
3026. Audaces in honore sunt, placidi pro inertibus
habentur. [Sêneca, De Ira 1.41.2] Os ousados são
reverenciados, os pacíficos são considerados incapazes.
3027. Audacia certe laus est. [Propércio, Elegiae 2.10] A
coragem é sem dúvida um mérito.
3028. Audacia paenitentiae comes. [Schrevelius 1174] A
audácia é companheira do arrependimento. ● Audaciae
paenitentia comes. O arrependimento é companheiro
da audácia.
3029. Audacia pro muro habetur. [Salústio, Catilina
58.3] A coragem funciona como um muro protetor.
3030. Audacia vero parit impudentiam. [Platão /
Manúcio, Adagia 108] Audácia gera impudência. VIDE:
● Ubi timor, ibi pudor.
3031. Audacter calumniare, semper aliquid haeret.
[Bacon, Advancement of Learning 2.23.30] Calunia
audaciosamente; sempre alguma coisa pega. VIDE:
● Aliquid haeret. ● Calumniare fortiter, et aliquid
adhaerebit.
3032. Audacter et sincere. [Divisa] Com coragem e
lealdade.
3033. Audacter te vendita, semper aliquid haeret.
[Bacon, Advancement of Learning 2.23.30] Elogia a ti
mesmo ousadamente, sempre ficará alguma coisa.
3034. Audacter veteranus cruorem exspectat, qui scit se
saepissime vicisse post sanguinem. [Publílio Siro] O
soldado veterano olha o sangue sem assustar-se, porque
sabe que muitas vezes venceu depois de uma
carnificina.
3035. Audax est ad poculum sermo. [Binder, Thesaurus
279] Diante do copo, a palavra é ousada. ■ Quando o
vinho desce, as palavras sobem. ■ Cachaça tira o juízo,
mas dá coragem.
3036. Audax et cautus. [Divisa] Audaz e cauteloso.
3037. Audax et celer. Audaz e ágil.
3038. Audax in intellecto et in labore. [Da bandeira de
Piracicaba, SP] Ousado na inteligência e no trabalho.
3039. Audax nimium, qui freta primus rate tam fragili
perfida rupit terrasque suas post terga videns,
animam levibus credidit auris. [Sêneca, Medea 301]
Foi muito audacioso o primeiro que, numa jangada tão
frágil, ousou cortar as ondas traiçoeiras, e que, vendo
atrás de si a terra natal, confiou a vida aos ventos
caprichosos.
3040. Aude aliquid dignum. Ousa algo que valha a pena.
3041. Aude aliquid, si vis aliquid esse. [Juvenal, Satira
1.73] Ousa alguma coisa, se queres ser alguma coisa.
■ Quem não arrisca não petisca.
3042. Aude, hospes, contemnere opes. [Virgílio, Eneida
8.364] Ousa, meu hóspede, desprezar as riquezas.
● Aude despicere divitias.
3043. Aude sapere. [Samuel Hahnemann, fundador da
escola homeopática / Lodeiro 149] Ousa saber. VIDE:
● Sapere aude.
3044. Audemus iura nostra defendere. [Divisa de
Alabama, EUA] Nós ousamos defender nossos direitos.
3045. Audendo magnus tegitur timor. [Lucano, Pharsalia
4.702] Com a audácia, se esconde um grande medo.
3046. Audendo virtus crescit, tardando timor. [Publílio
Siro] Ousando, cresce a coragem; hesitando, cresce o
medo.
3047. Audendum est, age. [Sêneca, Thyestes 283] Vamos,
é preciso ousar.
3048. Audendum est; fortes adiuvat ipsa Venus. [Tibulo,
Elegiae 1.2.16] É preciso ousar: a própria Vênus ajuda
os valentes. ● Audendum est, fortes adiuvat ipse Deus.
É preciso ousar: o próprio Deus ajuda os valentes. VIDE:
● Amor odit inertes. ● Audentes fortuna iuvat.
3049. Audent cuncta mali. [Schottus, Adagia 599] Os
maus ousam tudo.
3050. Audentem Forsque Venusque iuvat. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.606] Tanto o Acaso como Vênus favorecem
o atrevido. ■ O amor ajuda os atrevidos. ● Audentem
iuvat Venus. VIDE: ● Audacem Forsque Venusque
iuvat. ● Audentes saepe Sorsque Venusque iuvant.
3051. Audentem non tam Fortuna quam Deus adiuvat.
Não é tanto a sorte, mas Deus, que ajuda a quem ousa.
3052. Audentes deus ipse iuvat. [Ovídio, Metamorphoses
10.586] A própria divindade ajuda os corajosos.
3053. Audentes forsque deusque iuvat. [Ovídio, Fasti
2.782] A sorte e a divindade ajudam os ousados. ■ Ao
homem ousado a fortuna lhe estende a mão. VIDE:
● Timidi nunquam statuerunt tropaeum.
3054. Audentes fortuna iuvat. [Virgílio, Eneida 10.284]
A sorte ajuda os ousados. ■ A sorte ajuda os loucos. ■ A
fortuna ajuda os audaciosos. ■ Ao homem ousado a
fortuna lhe estende a mão. ■ Coração fraco não merece
dama. ● Audentes fortuna iuvat, decoratque corona.
A sorte ajuda os ousados e os glorifica com a coroa.
● Audentes fortuna iuvat timidosque repellit. A sorte
ajuda os ousados e repele os medrosos. ■ Quem não se
aventura não passa o mar. VIDE: ● Audaces fortuna
iuvat. ● Audaces fortuna iuvat, timidosque repellit.
● Audendum est, fortes adiuvat ipsa Venus. ● Fors
iuvat audentes.
3055. Audentes fortuna iuvat, piger ipse sibi obstat.
[Sêneca, Epistulae Morales 94.28] A sorte favorece os
ousados; o preguiçoso atrapalha a si mesmo. VIDE:
● Audaces fortuna iuvat, piger sibi ipsi obstat.
3056. Audentes saepe Sorsque Venusque iuvant. A sorte
e o amor muitas vezes ajudam os audaciosos. ■ O amor
ajuda os atrevidos. VIDE: ● Audacem Forsque
Venusque iuvant. ● Audentem Forsque Venusque
iuvat. ● Audentem iuvat Venus.
3057. Audentior. [Divisa] Com mais audácia.
3058. Audere multa, ut multa peccentur facit.
[Apostólio 19.71] Muito ousar faz que se cometam
muitos erros.
3059. Audere semper. [Divisa] Ousar sempre.
3060. Audet in audacem timidus, fortique minatur
debilis, audendi dum videt esse locum. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 36.9] O medroso ousa
atacar o valente, e o fraco ameaça o forte, quando vêem
que a ocasião lhes é favorável. ■ Até o cabelo sutil faz
sua sombra.
3061. Audet maiora viribus. Ele ousa coisas maiores do
que as próprias forças. ■ Não tem asas e quer voar. VIDE:
● Maiora viribus audere.
3062. Audet vel lepus exanimi insultare leoni. [Manúcio,
Adagia 1153] A leão morto até a lebre se atreve a
insultar. ■ Cão mordido, todos o mordem. ■ Leão
moribundo, cachorro lhe mija. VIDE: ● Leo a leporibus
insultatur mortuus. ● Leoni mortuo et lepores
insultant. ● Mortuo leone, et lepores insultant.
● Mortuo leone, vel lepores insultant. ● Mortuo leoni
etiam lepores insultant.
3063. Audi alteram partem. [Jur / Broom 91] Ouve a
outra parte. ■ Se queres ser bom juiz, ouve o que cada
um diz. ■ Ninguém pode ser condenado sem ser ouvido.
● Audi et alteram partem. Ouve também a parte
contrária. VIDE: ● Audi partem alteram. ● Audiatur et
altera pars. ● Et altera pars audiatur. ● Iudicium
differ, partes dum audiveris ambas. ● Iudicium ne
fer si non sunt ambo locuti. ● Ne iudex fueris, partes
ni audiveris ambas. ● Ne rem defini, nisi partem
audieris utramque. ● Solius affatus est sermo
dimidiatus, sed cum auditur reliquus, tunc res
aperitur.
3064. Audi, cerne, tace, si vis vivere in pace. Ouve, vê,
cala, se queres viver em paz. ■ Ouve, vê e cala, viverás
vida folgada. ■ Em boca fechada não entra mosca.
■ Ver, ouvir e calar é a regra do bom viver. VIDE:
● Audi, vide, tace, si vis vivere in pace.
3065. Audi cui quattuor aures. [Schottus, Adagia 603]
Ouve quem tem quatro ouvidos. ■ Se queres bom
conselho, pede-o ao homem velho. ■ Cão velho, quando
ladra, dá aviso. VIDE: ● Audi quattuor habentem
aures. ● Ausculta eum cui quattuor sunt aures. ● Eum
ausculta cui quattuor sunt aures.
3066. Audi doctrinam, si vis vitare ruinam. [Trench,
Proverbs] Ouve o ensinamento, se queres evitar a ruína.
■ Quem não ouve conselho, não chega a velho.
3067. Audi, et ego loquar; interrogabo te, et responde
mihi. [Vulgata, Jó 42.4] Ouve, e eu falarei; interrogar-
te-ei, e responde-me.
3068. Audi multa, loquere pauca et non errabis. [DAPR
131] Ouve muito, fala pouco e não errarás. ■ Falar é
prata, calar é ouro. VIDE: ● Loquere pauca, audi multa.
3069. Audi multa, loquere tempestiva. [S.Gregório /
Rezende 469] Ouve muito, fala só o que for oportuno.
3070. Audi partem alteram. [S.Agostinho, De Duabus
Animabus 14.2] Ouve a parte contrária. ■ Se queres ser
bom juiz, ouve o que cada um diz. VIDE: ● Audi alteram
partem. ● Audi et alteram partem. ● Audiatur et
altera pars. ● Et altera pars audiatur. ● Iudicium
differ, partes dum audiveris ambas. ● Iudicium ne
fer si non sunt ambo locuti. ● Ne iudex fueris, partes
ni audiveris ambas. ● Ne rem defini, nisi partem
audieris utramque. ● Solius affatus est sermo
dimidiatus, sed cum auditur reliquus, tunc res
aperitur.
3071. Audi quae ex corde dicuntur. [Apostólio 2.28]
Ouve o que se diz de coração. ● Audi quae ex animo
dicuntur. [Erasmo, Adagia 1.10.46]
3072. Audi quattuor habentem aures. [Apostólio 2.21]
Ouve quem tem quatro ouvidos. ■ Se queres bom
conselho, pede-o ao homem velho. ■ Cão velho, quando
ladra, dá aviso. VIDE: ● Audi cui quattuor aures.
● Ausculta eum cui quattuor sunt aures. ● Eum
ausculta cui quattuor sunt aures.
3073. Audi quod dicis, operare quod praedicas.
[S.Gregório, Homilia 21 / Bernardes, Nova Floresta
4.122] Ouve o que dizes, faze o que pregas.
3074. Audi, tace, fuge. [Alciato, Emblemata] Ouve, cala,
foge.
3075. Audi utramque partem, et recte iudica. [Grynaeus
434] Ouve ambas as partes, e julga com honestidade.
3076. Audi, vide, tace, si vis vivere in pace. [DAPR 787]
Ouve, vê e cala, se queres viver em paz. ■ Ouve, vê e
cala, viverás vida folgada. ■ Em boca fechada não entra
mosca. ■ Ver, ouvir e calar é a regra do bom viver.
● Audi, vide, tace, si tu vis vivere in pace. [Bailey,
Divers Proverbs 29] ● Audi, vide, tace, si vis manere in
pace. ● Audi, vide, sile. [Grynaeus 677] Ouve, vê e
cala. VIDE: ● Sermones arcanos ne prodideris. ● Si
cupias pacem, linguam compesce loquacem. ● Tacere
opinor esse optimum.
3077. Audias bene ab omnibus et tuto vivas. [Pereira 99]
Ganha boa fama de todos, e vive em segurança. ■ Cobra
boa fama, e deita-te a dormir. ■ Ganha fama, e deita-te
na cama. VIDE: ● Audies bene ab hominibus et tuto
vivas.
3078. Audiatur et altera pars. [Jur / Rezende 466] Seja
também ouvida a parte contrária. ■ Se queres ser bom
juiz, ouve o que cada um diz. VIDE: ● Ad paenitendum
properat, cito qui iudicat. ● Audi partem alteram.
● Audi et alteram partem. ● Audi alteram partem.
● Et altera pars audiatur. ● Iudicium differ, partes
dum audiveris ambas. ● Iudicium ne fer si non sunt
ambo locuti. ● Ne iudex fueris, partes ni audiveris
ambas. ● Ne rem defini, nisi partem audieris
utramque. ● Non est iudicium, si non sint ambo
locuti. ● Solius affatus est sermo dimidiatus, sed cum
auditur reliquus, tunc res aperitur.
3079. Audibis male, si maledicis mihi. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 6.17.13] Se me insultares, ouvirás
insultos. ■ Quem diz o que quer ouve o que não quer.
■ Quem mal fala, mal ouve.
3080. Audiens sapiens, sapientior erit. [Vulgata,
Provérbios 1.5] O sábio que ouve saberá mais. ■ Ainda
que sejas prudente e velho, não desprezes o bom
conselho.
3081. Audies bene ab hominibus et tuto vivas. [Rezende
468] Ganha boa fama dos homens, e vive em segurança.
■ Ganha fama, e deita-te na cama. VIDE: ● Audias bene
ab omnibus et tuto vivas.
3082. Audiet carnificem spernens audire parentes.
Ouvirá o carrasco quem se recusa a ouvir os pais.
■ Quem não ouve conselho não chega a velho.
3083. Audiet hic vitricum, qui patrem spernit amicum.
[Eiselein 580] Quem despeza o pai amigo, ouvirá o
padrasto. ■ Quem não crê boa mãe, crê boa madrasta.
■ Quem em casa da mãe não atura, na da madrasta não
espere ventura.
3084. Audio et quiesco. [Plauto, Asinaria 447] Ouço e fico
quieto.
3085. Audio, haud ausculto. [Grynaeus 545] Ouço, mas
não presto atenção.
3086. Audio sic dici: dando retinentur amici. [Albertano
da Brescia, De Amore et Dilectione 2] Ouço assim
dizer: édando que conservamos os amigos. ■ É dando
que se recebe. ● Audio sic dici: donando simus amici.
Ouço assim dizer: dando somos amigos.
3087. Audire malis quam loqui libentius. [Publílio Siro]
Preferirás com mais gosto ouvir a falar.
3088. Audire nempe quam loqui praestat male.
[Apostólio 11.1] Sem dúvida, mais vale ouvir do que
mal falar. ■ Antes calar que mal falar.
3089. Audisti verbum adversus proximum tuum?
Commoriatur in te. [Vulgata, Eclesiástico 19.10]
Ouviste alguma palavra contra o teu próximo? Morra
dentro de ti.
3090. Audit carnificem, nolens audire parentem. Quem
não quer ouvir seu pai, ouve o carrasco. ■ Quem não
ouve conselho, não chega a velho.
3091. Audit equos, audit strepitus et signa sequentum.
[Virgílio, Eneida 9.394] Ele ouve os cavalos, ouve o
estrépito e os sinais dos perseguidores.
3092. Audit quod non vult qui pergit dicere quod vult.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 10] Ouve o que
não quer quem persiste em dizer o que quer. ■ Quem diz
o que quer, ouve o que não quer.
3093. Audit vocatus Apollo. [Virgílio, Georgica 4.7]
Apolo ouve ao ser invocado. ■ Quem não fala, Deus não
ouve.
3094. Audita et altera parte. Tendo sido ouvida também a
outra parte. Depois de ouvida também a outra parte.
3095. Audita fare. [Sêneca, Oedipus 518] Dize o que
ouviste.
3096. Audite, et intellegite. [Vulgata, Mateus 15.10] Ouvi
e entendei.
3097. Audite me, magnates et omnes populi. [Vulgata,
Eclesiástico 33.19] Ouvi-me, ó chefes e todos do povo.
3098. Auditis partibus. [Jur] Tendo sido ouvidas as
partes.
3099. Auditorum benevolentia crescit dicentium
facultas. [Prisciano 7.34] A força dos que falam cresce
de acordo com a benevolência dos que ouvem.
3100. Auditu auris audivi te; nunc autem oculus meus
videt te. [Vulgata, Jó 42.5] Eu já te ouvi com os meus
ouvidos, mas agora meus próprios olhos te vêem.
3101. Aufer abhinc lacrimas, balatro, et compesce
querelas. [Lucrécio, De Natura Rerum 3.967] Fora
daqui com as lágrimas, farsante, e pára com tuas
queixas.
3102. Aufer robigine de argento, et egredietur vas
purissimum. [Vulgata, Provérbios 25.4] Tira a
ferrugem da prata, e aparecerá um vaso puríssimo.
3103. Aufer te domum, abscede hinc, molestus ne sis!
[Plauto, Asinaria 469] Vai para casa, cai fora daqui, não
sejas chato!
3104. Aufer te in beatam rem. [Schottus, Adagia 264]
Que tudo te saia bem.
3105. Aufer te in malam rem. Que tudo te saia mal. ■ Que
o diabo te carregue! VIDE: ● Abi in malam rem! VIDE: ● I
in malam rem! ● Ito in malam rem.
3106. Auferam cor lapideum de carne vestra, et dabo
vobis cor carneum. [Vulgata, Ezequiel 36.26] Tirarei
da vossa carne o coração de pedra, e dar-vos-ei um
coração de carne. ● Auferam cor lapideum de carne
eorum, et dabo eis cor carneum. [Vulgata, Ezequiel
11.19] Tirarei de sua carne o coração de pedra, e dar-
lhes-ei um coração de carne.
3107. Auferri et illud, quod dari potuit, potest. [Publílio
Siro] O que pôde ser dado pode também ser tomado.
VIDE: ● Dari bonum quod potuit, auferri potest.
3108. Aufert vim praesentibus malis qui futura
prospexit. [Sêneca, Ad Marciam 9.4] Quem olha para o
futuro, suaviza os males presentes. ■ A esperança é o
refrigério do trabalho.
3109. Augesces sophia, pelagoque et principis aula.
[Pereira 123] Tu cresces com o saber, com o mar e com
o palácio real. ■ Três coisas ao homem fazem medrar:
ciência, mar e casa real.
3110. Augescunt aliae gentes, aliae minuuntur, inque
brevi spatio mutantur saecla animantum et quasi
cursores vitae lampada tradunt. [Lucrécio, De Rerum
Natura 2.79] Algumas raças se multiplicam, outras se
reduzem, e num breve período as gerações dos seres
vivos se transformam e, como corredores, entregam
umas às outras a tocha da vida.
3111. Auget fidem concordia. A união aumenta a
confiança.
3112. Auget largiendo. [Divisa da Medical University of
South Carolina, EUA] Ela cresce dando com
liberalidade.
3113. Augiae stabulum repurgatum. [Manúcio, Adagia
576] A limpeza do estábulo de Augias. (=É um dos doze
trabalhos de Hércules. Augias tinha um rebanho de três
mil bois, cujos estábulos não haviam sido limpos por
trinta anos). ● Augiae stabulum repurgare. [Erasmo,
Adagia 2.4.21] Limpar o estábulo de Augias. ● Augiae
cloacas purgare. VIDE: ● Cloacas Augiae purgare.
3114. Augurium ratio est, et coniectura futuri. [Ovídio,
Tristia 1.9.51] O meu augúrio é a razão e a meditação
do futuro.
3115. Augusta legibus soluta non est. [Digesta 1.3.31] A
imperatriz não está livre da lei.
3116. Aula regis. O palácio real. A corte. ● Aula regia.
3117. Aulica vita, splendida miseria. [Binder, Thesaurus
285] Vida cortesã, esplêndido sofrimento. ■ A vida do
cortesão é uma contínua escravidão. ● Aulica vita,
splendida servitus. Vida cortesã, esplêndida servidão.
3118. Auloedus sit qui citharoedus esse non possit.
[Cícero, Pro Murena 29; Erasmo, Adagia 2.3.44] Seja
flautista quem não puder ser citarista. ■ Quem não pode
andar a cavalo ande a pé. ■ Quem não pode como quer
queira como puder. ■ Vai el-rei até onde pode, e não até
onde quer. ● Auloedus fit qui citharoedus esse non
potest. [Pereira 119] ● Auloedus fiat, qui esse
citharoedus nequit. VIDE: ● Eos auloedos esse qui
citharoedi fieri non potuerint. ● Malus choraules,
bonus symphoniacus. ● Malus choraula bonus
symphoniacus est.
3119. Aura popularis. [Cícero, De Haruspicum Responsis
20.43] A brisa popular. (=A popularidade. A opinião
pública. O favor do povo. A expressão aura popularis
vem do fato de que tanto pode soprar para um lado
como para outro).
3120. Aura rumoris. [Cícero, Pro Murena 35] O boato.
3121. Aura terraque generosa. [Divisa de S.José dos
Campos, SP] Este céu e esta terra são generosos.
3122. Aurae serenae et principi ridenti non credas.
[Bebel, Adagia Germanica] Não confies na brisa serena,
nem no príncipe risonho. ■ Vento e ventura, pouco dura.
■ Vento e ventura não duram.
3123. Auras diverberat. Ele corta ventos. (=Faz trabalho
inútil). VIDE: ● Calcibus auras verberat. ● Nebulas
diverberat. ● Nebulas pectit.
3124. Aure audietis, et non intellegetis; et videntes
videbitis, et non perspicietis. [Vulgata, Atos 28.26] De
ouvido ouvireis, e não entendereis; e vendo vereis, e não
percebereis.
3125. Aurea dicta. [Lucrécio, De Rerum Natura 3.12]
Palavras de ouro. Frases de ouro.
3126. Aurea libertas toto non venditur orbe. Não se
vende a áurea liberdade nem em troca do mundo todo.
3127. Aurea mediocritas. A preciosa mediocridade. VIDE:
● Auream quisquis mediocritatem diligit, caret
invidenda sobrius alta. ● Dimidium plus toto.
3128. Aurea ne credas quaecumque nitescere cernis.
[Binder, Thesaurus 286] Não creias que tudo que vês
brilhar é de ouro. ■ Nem tudo que reluz é ouro. VIDE:
● Auri natura non sunt splendentia plura. ● Ne
credas aurum, quicquid resplendet ut aurum. ● Non
aurum est, quodcumque nitet, non gemma quod
ardet. ● Non est aurum omne quod radiat. ● Non est
aurum quicquid rutilat fulvum. ● Non est aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non est hoc aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non omne id quod
fulget aurum est. ● Non omne quod micat aurum est.
● Non omne quod nitet aurum est. ● Non teneas
aurum totum quod splendet ut aurum. ● Non teneas
aurum totum quod splendet ut aurum, nec pulchrum
pomum quodlibet esse bonum. ● Omnia quae nitent
aurea non sunt. ● Quidquid micat non est aurum.
● Quidquid micat aurum non est.
3129. Aurea nunc vere sunt saecula: plurimus auro
venit honos; auro conciliatur amor. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.277] Agora é a idade do ouro: muita glória
vem com o ouro; com ouro se adquire o amor.
3130. Aurea praxis, sterilis theoria. [Eiselein 515] A
prática é de ouro; a teoria é estéril. ■ A experiência vale
mais que a ciência.
3131. Aurea rumpunt texta quietem. [Sêneca, Hercules
Oetaeus 656] Cobertas de ouro perturbam a
tranqüilidade do sono.
3132. Aurea verba, cor ferreum. [Pereira 110] Palavras
de ouro, coração de ferro. ■ Palavras doces, coração
amargo. ■ Mel nos beiços, fel no coração. ■ Boas
palavras, maus bofes. VIDE: ● In melle sunt linguae
sitae vestrae, atque corda in felle sunt sitae. ● Lingua
mellis, cor fellis. ● Mel in ore, fel in corde. ● Mel in
ore, verba lactis, fel in corde, fraus in factis. ● Mella
sub ore tenent, corde venena fovent. ● Multis annis
iam peractis, nulla fides est in pactis, mel in ore,
verba lactis, fel in corde, fraus in actis.
3133. Aureae compedes. [Erasmo, Adagia 2.4.25]
Grilhões de ouro. VIDE: ● Stulti est compedes, licet
aureas, amare.
3134. Auream quisquis mediocritatem diligit, caret
invidenda sobrius alta. [Horácio, Carmina 2.10.5]
Quem ama a preciosa mediocridade é sóbrio e evita os
invejados palácios. VIDE: ● Aurea mediocritas.
3135. Aurem qui praestat aliis, saepe se molestat. Quem
dá ouvidos aos outros muitas vezes se aborrece. ■ A
palavras loucas, ouvidos moucos.
3136. Aureo piscatur hamo. [Pereira 109] É com anzol de
ouro que se pesca. ■ Chave de ouro abre qualquer
porta. ■ Dinheiro faz o mar chão. ● Aureo hamo
piscantibus. [Suetônio, Augustus 25] Pelos que pescam
com anzol de ouro.
3137. Aureos montes polliceri. [Erasmo, Adagia 1.9.15]
Prometer montanhas de ouro. ■ Prometer montes de
ouro. ■ Prometer mundos e fundos. VIDE: ● Fumos
vendere. ● Magnos montes polliceri. ● Magnos
montes promittere. ● Maria montesque polliceri.
● Montes auri polliceri.
3138. Aures eius non cera sed plumbo videbantur
obstructae. [Amiano Marcelino, Historiae 27.11] Seus
ouvidos pareciam estar tapados, não com cera, mas com
chumbo.
3139. Aures habent et non audient, nares habent et non
odorabunt. [Vulgata, Salmos 113.6] (Os ídolos) têm
ouvidos, mas não ouvirão; têm narizes, mas não sentirão
cheiro.
3140. Aures quam oculi minus fidei digni sunt.
[Grynaeus 181] Os ouvidos são menos confiáveis do
que os olhos. ■ Os olhos merecem mais fé que os
ouvidos. ■ Vista faz fé. VIDE: ● Arbiter est oculus certior
aure meus. ● Auribus oculi fideliores sunt.
● Fideliores sunt oculi auribus. ● Oculis credendum
potius quam auribus. ● Oculis habenda quam
auribus est maior fides. ● Oculis magis habenda fides
quam auribus. ● Pluris est oculatus testis unus quam
auriti decem. ● Testis ex auditu alieno fidem non
facit. ● Visus fidelior auditu.
3141. Aures serva. [Palíndromo] Preserva teus ouvidos.
3142. Auri bonus est odor ex re qualibet. É bom o cheiro
do ouro, venha de onde vier. ■ Bem cheira o ganho,
donde quer que venha. ■ Tudo que cai na rede é peixe.
VIDE: ● Dulce est lucrum, profectum et a mendaciis.
● Dulcis odor lucri ex re qualibet. ● Lucri bonus est
odor ex re qualibet.
3143. Auri caecus amor ducit in omne nefas. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.358] A cega paixão pelo
ouro conduz a todo crime.
3144. Auri caecus amor nativum vincit amorem.
[Maximiano, Elegiae 3.73] O cego amor pelo ouro
vence o amor natural.
3145. Auri fames parto fit maior ab auro. [Prudêncio,
Hamartigenia 257] A fome de ouro se torna maior pelo
próprio ouro adquirido. ■ Mais arde o fogo, quando tem
mais lenha. ■ Cresce o desejo com o tesouro.
3146. Auri imperiosa fames. A dominadora fome de ouro.
VIDE: ● Auri sacra fames. ● Quid non mortalia pectora
cogis, auri sacra fames?
3147. Auri natura non sunt splendentia plura.
[Proverbia Communia 623] Muitas coisas que brilham
não são de ouro por natureza. ■ Nem tudo que reluz é
ouro. VIDE: ● Aurea ne credas quaecumque nitescere
cernis. ● Non est aurum omne quod radiat. ● Non est
aurum quicquid rutilat fulvum. ● Non est aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non est hoc aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non omne id quod
fulget aurum est. ● Non omne quod micat aurum est.
● Non omne quod nitet aurum est. ● Non teneas
aurum totum quod splendet ut aurum. ● Non teneas
aurum totum quod splendet ut aurum, nec pulchrum
pomum quodlibet esse bonum. ● Omnia quae nitent
aurea non sunt. ● Quidquid micat non est aurum.
● Quidquid micat aurum non est.
3148. Auri sacra fames. [Virgílio, Eneida 3.57] A
abominável fome de ouro. VIDE: ● Auri imperiosa
fames. ● Impius lucri furor. ● Quid non mortalia
pectora cogis, auri sacra fames?
3149. Auribus arrectis. [Erasmo, Adagia 3.2.56] De
orelhas em pé.
3150. Auribus frequentius quam lingua utere. [DM 104]
Usa os ouvidos com mais freqüência do que a língua.
■ Ver, ouvir e calar. ■ Falar é prata, ouvir é ouro.
● Auribus frequentius quam lingua uti melius est. É
melhor usar mais os ouvidos do que a língua.
3151. Auribus lupum teneo. [Varrão, De Lingua Latina
7.3] Estou segurando o lobo pelas orelhas. ■ Estou num
beco sem saída. ■ Estou com uma batata quente nas
mãos. ● Auribus lupum teneo, necque retinere,
necque amittere possum. Estou segurando o lobo pelas
orelhas, nem posso mantê-lo, nem posso soltá-lo.
● Auribus teneo lupum: nam neque quo pacto a me
amittam, neque ut retineam scio. [Terêncio, Phormio
506] Estou segurando o lobo pelas orelhas, e não sei
nem como livrar-me dele, nem como retê-lo. VIDE:
● Lupum auribus retinens, nec tenere potest, nec
valet dimittere. ● Lupum auribus teneo.
3152. Auribus oculi fideliores sunt. [Apostólio 21.27]
■ Os olhos merecem mais fé que os ouvidos. VIDE:
● Arbiter est oculus certior aure meus. ● Aures quam
oculi minus fidei digni sunt. ● Fideliores sunt oculi
auribus. ● Oculis credendum potius quam auribus.
● Oculis habenda quam auribus est maior fides.
● Oculis magis habenda fides quam auribus. ● Pluris
est oculatus testis unus quam auriti decem. ● Testis
ex auditu alieno fidem non facit. ● Visus fidelior
auditu.
3153. Auribus trahere. Arrastar pelas orelhas. VIDE:
● Capillis trahere.
3154. Auriculas asini quis non habet? [Pérsio, Satirae
1.121] Orelhas de burro, quem não as tem? ■ Todos têm
os seus podres. ■ Todo homem tem sua fraqueza.
■ Ninguém é perfeito. ■ Ninguém há sem pecado. VIDE:
● Asini auriculas habet.
3155. Auriculas teneras mordaci radere vero. [Erasmo,
Moriae Encomium 35] Ferir ouvidos delicados com
verdades cáusticas.
3156. Aurificem te futurum credebas. [Medina 593]
Acreditavas que te ias tornar um fabricante de ouro. ■ Ir
buscar lã e voltar tosquiado. ■ Muitas vezes, volta-se o
feitiço contra o feiticeiro.
3157. Auris enim verba probat, et guttur escas gustu
diiudicat. [Vulgata, Jó 34.3] O ouvido julga das
palavras, assim como o paladar distingue os manjares
pelo gosto.
3158. Auris zeli audit omnia. [Vulgata, Sabedoria 1.10]
Um ouvido atento tudo escuta.
3159. Auro clausa patent. Com ouro se abrem as portas
fechadas. ■ Chave de ouro abre qualquer porta. ■ Não
há fechadura, se de ouro é a gazua. VIDE: ● Auro
quaeque ianua panditur. ● Auro solent adamantinae
etiam perfringi fores. ● Auro patent cuncta atque
Ditis ianuae.
3160. Auro conciliatur amor. [Ovídio, Ars Amatoria
2.277] O amor pode ser conquistado pelo dinheiro. ■ O
amor pode muito, o dinheiro pode tudo. VIDE: ● Aurea
nunc vere sunt saecula: plurimus auro venit honos;
auro conciliatur amor.
3161. Auro habet suppactum solum. [Erasmo, Adagia
3.7.82] Ele tem sua segurança apoiada no ouro.
3162. Auro, haud ferro. [Plauto, Truculentus 928] Com
ouro, não com a espada. ■ Dinheiro faz batalha, que não
braço longo.
3163. Auro loquente, nihil pollet quaevis oratio.
[Erasmo, Adagia 3.3.16] Quando o ouro fala, nenhuma
palavra pode nada. ■ Quando o ouro fala, tudo cala.
● Auro loquente, cuncta iners oratio. [Schottus,
Adagia 625] ● Auro loquente, sermo inanis omnis est.
[Apostólio 20.90] ● Auro loquente ratio quaevis irrita
est. [Schottus, Adagia 625] Quando o ouro fala,
qualquer argumento é nulo. VIDE: ● Auro suadente, nihil
potest oratio. ● Nummus ubi loquitur, Tullius ipse
tacet.
3164. Auro nihil inexpugnabile. Ao ouro nada resiste.
■ Não há cerradura, se de ouro é a gazua. ■ Chave de
ouro abre qualquer porta.
3165. Auro pulsa fides, auro venalia iura, aurum lex
sequitur, mox sine lege pudor. [Propércio, Elegiae
3.13.49] A lealdade foi vencida pelo ouro, pelo ouro a
justiça se tornou venal, a lei segue o ouro, daqui a pouco
o pudor não conhecerá mais lei.
3166. Auro quaeque ianua panditur. [Binder, Thesaurus
296] Com ouro abre-se qualquer porta. ■ Chave de ouro
abre qualquer porta. ■ Dinheiro é a chave que
destranca toda porta. ■ Não há cerradura, se de ouro é
a gazua. ■ O dinheiro abre todas as portas. ● Auro
solent adamantinae etiam perfringi fores. [Apuleio,
Metamorphoses 9.18] Com ouro costumam abrir-se até
portas de aço. ● Auro patent cuncta atque Ditis
ianuae. [DAPR 500] Com ouro tudo se abre, até as
portas do inferno. VIDE: ● Auro clausa patent.
3167. Auro saepe solent multa subesse mala.
Freqüentemente, debaixo do ouro há muitas coisas
ruins.
3168. Auro suadente, nihil potest oratio. [Publílio Siro]
Quando o ouro exorta, a eloqüência nada consegue.
■ Quem tem dinheiro quebra penedos. VIDE: ● Auro
loquente, nihil pollet quaevis oratio. ● Auro loquente,
cuncta iners oratio. ● Auro loquente, sermo inanis
omnis est.
3169. Auro venalia iura, aurum lex sequitur. [Propércio,
Elegiae 11.49] Por ouro se vende a justiça, a lei segue o
ouro.
3170. Auro vitam venditat. [Plauto, Bacchides,
Fragmenta] Pelo ouro ele vende até a própria vida.
3171. Aurora hora aurea. [Inscrição em quadrante solar]
A aurora é hora de ouro.
3172. Aurora Musis amica est. [Binder, Medulla 115] ■ A
aurora é amiga das musas. ■ A quem madruga Deus
ajuda.
3173. Aurum aperit omnia, et inferni portas. [Bebel,
Adagia Germanica] O ouro abre tudo, até as portas do
inferno. ■ Chave de ouro abre qualquer porta. ■ Quem
dinheiro tiver fará o que quiser. VIDE: ● Nummus omnia
efficit.
3174. Aurum aut argentum fabris dignoscitur igni;
vinum hominis prodens arguit ingenium. [Teógnis /
Grynaeus 450] O ouro e a prata são reconhecidos pelos
artesãos por meio do fogo; o vinho, quando entra, revela
o caráter do homem. ■ O vinho é o espelho da alma.
3175. Aurum e stercore Enni. Ouro (colhido) do esterco
de Ênio. VIDE: ● Aurum Vergilius de stercore colligit
Enni.
3176. Aurum et argentum est constitutio pedum.
[Vulgata, Eclesiástico 40.25] O ouro e a prata são a
firmeza dos pés.
3177. Aurum et daemonem qui habet, non eum potest
abscondere. [Anonymus Valesianus 2.12] Quem tem
ouro e o demônio não pode esconder nenhum dos dois.
3178. Aurum et opes, praecipuae bellorum causae.
[Tácito, Historiae 4.74] O ouro e as riquezas são as
principais causas das guerras.
3179. Aurum ex stercore colligendum. [Grynaeus 482] O
ouro deve ser separado da ganga. ■ Devemos separar o
trigo do joio. ■ Separa o trigo do joio, que melhor messe
dará. ■ Não há livro tão mau, que não tenha algo bom.
3180. Aurum flamma probat, homines temptatio
probos. A chama prova o ouro; a tentação prova os
justos. ● Aurum flamma probat, homines temptatio
iustos.
3181. Aurum huic olet. [Plauto, Aulularia 215] Ele
farejou ouro.
3182. Aurum igni probatum. [Erasmo, Adagia 4.1.58]
Prova-se o ouro com o fogo.
3183. Aurum in fortuna invenitur, natura ingenium
bonum. [Plauto, Poenulus 298] A riqueza vem com a
sorte, as boas qualidades vêm com a natureza.
3184. Aurum in stercore quaero. [Cassiodoro,
Institutiones 1.540] Estou procurando ouro no monturo.
■ Estou garimpando.
3185. Aurum lapide, auro mens hominum exploratur.
[Erasmo] Experimenta-se o ouro com a pedra de toque,
e o coração dos homens com o ouro. VIDE: ● Ex cote
aurum, ex auro probatur homo.
Aurum lex sequitur. [Binder, Thesaurus 298] A lei
acompanha o dinheiro. VIDE: ● Auro pulsa fides, auro
venalia iura, aurum lex sequitur, mox sine lege
pudor.
3186. Aurum omnes, victa iam pietate, colunt.
[Propércio, Elegiae 3.13.48] Com a decadência do amor
ao próximo, todos adoram o ouro.
3187. Aurum omnia vincit. O ouro vence tudo. ■ Com
dinheiro tudo se alcança.. VIDE: ● Aurum vincit omnia.
3188. Aurum quid valet! [Plauto, Aulularia 221] Como o
ouro é poderoso!
3189. Aurum spectato, non quae manus afferat aurum.
[Propércio, Carmina 4.5.53] Olha o ouro, e não a mão
que o traz.
3190. Aurum Vergilius de stercore colligit Enni. [John
Owen, Epigrammata 3.83] Virgílio colheu ouro da
ganga de Ênio. VIDE: ● Aurum e stercore Enni.
3191. Aurum vincit omnia. O ouro vence tudo. ■ Quem
tem dinheiro quebra penedos. VIDE: ● Aurum omnia
vincit.
3192. Ausculta et perpende. [Erasmo, Adagia 3.8.45]
Ouve e avalia.
3193. Ausculta eum cui quattuor sunt aures. [Schottus,
Adagia 18] Ouve quem tem quatro ouvidos. ■ Se queres
bom conselho, pede-o ao homem velho. ■ Cão velho,
quando ladra, dá aviso. VIDE: ● Audi cui quattuor
aures. ● Audi quattuor habentem aures. ● Eum
ausculta cui quattuor sunt aures.
3194. Ausculta, fili, praecepta magistri. Escuta, meu
filho, os ensinamentos do mestre.
3195. Ausculta querelas pauperum, et satage ut
veritatem intellegas. [Luís IX, rei da França / Busarello
3341] Escuta as queixas dos pobres e esforça-te para
conhecer a verdade.
3196. Auscultandum bene loquenti. [Erasmo, Adagia
5.1.96] Deve-se prestar atenção em quem fala com
sensatez.
3197. Auscultare disce, si nescis loqui. [Pompônio / Tosi
18] Aprende a ouvir, se não sabes falar.
3198. Auso Venus ipsa favebit. [Ovídio, Heroides 19.169]
A própria Vênus será favorável ao ousado.
3199. Auspiciis res coepta malis, bene cedere nescit.
[Medina 607] Coisa que começou sob maus auspícios
não consegue caminhar bem. ■ Quem mal começa mal
acaba. ■ Mau princípio, pior fim. VIDE: ● Mali principii
malus exitus. ● Mali principii malus finis.
3200. Auspicium melioris aevi. [Divisa da Ordem de
S.Miguel e S.Jorge, Grã-Bretanha] É sinal de tempo
melhor. ■ É um bom sinal. ■ Agora a coisa vai.
3201. Austere iubere. [DAPR 429] Comandar com
severidade. ■ Governar com mão de ferro.
3202. Austeritas solitudinis socia et comes. [Platão /
Grynaeus 74] A austeridade é companheira da solidão.
3203. Austriae est imperare orbi universo. [Divisa da
Casa de Habsburgo] É destino da Áustria governar o
mundo inteiro. (=A divisa era representada pela sigla
AEIOU).
3204. Ausus maiores fert canis ante fores. Diante da
porta de casa o cão mostra mais audácia. ■ Em sua casa
cada qual é rei. ■ Muito pode o galo em seu poleiro.
VIDE: ● Canis domi ferocissimus. ● In claustro domini
furit acrior ira catelli. ● In foribus propriis canis est
audacior omnis. ● Omnis canis in porta sua magnus
est latrator.
3205. Aut agat aut desistat. [Suetônio, Tiberius 24] Que
ele aja ou desista. ■ É pegar ou largar.
3206. Aut ai aut nega. Dize sim ou não.
3207. Aut amat aut odit mulier, nihil est tertium.
[Publílio Siro] A mulher ou ama ou odeia, não há
terceira opção.
3208. Aut auscultas, aut is in malam crucem. [Plauto,
Poenulus 495] Ou ouves, ou vais para o cadafalso.
3209. Aut bello vincendum est, aut melioribus
parendum. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 32.34] Ou se
vence na guerra, ou se submete aos mais fortes.
3210. Aut bibat aut abeat. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.118; Erasmo, Adagia 1.10.47] Que ele
beba ou vá embora. (=Tradução de inscrição que os
gregos punham em suas salas de jantar). ■ Bebê-lo ou
vertê-lo. ● Aut bibe aut abi. Bebe ou vai-te embora.
● Aut bibas aut abeas.
3211. Aut Caesar aut nihil. [Divisa de César Bórgia] Ou
César ou nada. ■ Ou tudo ou nada. ■ Ou bem tudo ou
bem nada. ● Aut Caesar aut nullus. [Suetônio, Caligula
37] Ou César ou mendigo. VIDE: ● Rex aut asinus.
3212. Aut consolando, aut consilio, aut re iuvero.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 86] Ajudar-te-ei, ou
confortando, ou aconselhando, ou com a bolsa.
3213. Aut cucurbitae florem, aut cucurbitam. [Erasmo,
Adagia 2.7.49] Ou a flor da abóbora ou a abóbora. ■ Ou
bem se vende o porco, ou bem se come a lingüiça. VIDE:
● Aut florem cucurbitae, aut cucurbitam.
3214. Aut dedere, aut punire. [Jur] Ou entregar, ou punir.
(=O acusado de crime refugiado em outro país deveria
ser extraditado para o país em que teria cometido o
crime, ou ser julgado no país onde se encontra
refugiado).
3215. Aut dicam aut faciam. [Petrônio, Satiricon 99] Ou
direi ou farei. (=Em palavras ou em atos).
3216. Aut disce aut discede. [Divisa do Winchester
College, Inglaterra] Ou estuda, ou vai embora. VIDE:
● Disce aut discede.
3217. Aut dives opto vivere aut pauper mori. [Eurípides
/ Sêneca, Epistulae Morales 115.14] Se rico, prefiro
viver; se pobre, prefiro morrer.
3218. Aut ego fallor, aut ego laedor. [Ovídio,
Metamorphoses 1.608] Se não me engano, eu estou
sendo ofendido.
3219. Aut est aut non est. Ou é ou não é. ● Aut est aut
non est, tertium non datur. Ou é ou não é, não há
terceira opção.
3220. Aut etiam aut non. [Cícero, De Natura Deorum
1.70] Ou sim ou não. ● Aut etiam aut non respondere.
Responder ou sim ou não.
3221. Aut exeant aut quiescant. [Cícero, In Catilinam
2.11] Ou saiam ou fiquem quietos.
3222. Aut flectitur, aut frangitur. Ou se dobra, ou
quebra.
3223. Aut florem cucurbitae, aut cucurbitam. [Apostólio
9.73] Ou a flor da abóbora ou a abóbora. ■ Ou bem se
vende o porco, ou bem se come a lingüiça. VIDE: ● Aut
cucurbitae florem, aut cucurbitam.
3224. Aut frugi hominem esse oportere aut Caesarem.
[Suetônio, Caligula 37] O homem deve ou ser virtuoso
ou César. ■ Suje-se gordo.
3225. Aut insanit homo, aut versus facit. [Horácio,
Satirae 2.7.117] O homem ou é louco ou é poeta.
3226. Aut inveniam viam, aut faciam. [Divisa / Sweet
222] Ou encontrarei o caminho, ou eu mesmo o abrirei.
VIDE: ● Inveniet viam, aut faciet. ● Viam inveniam aut
faciam.
3227. Aut ipse fuisti, aut tui simillimus. [Erasmo, Adagia
3.9.34] Ou foste tu, ou alguém muito parecido contigo.
3228. Aut largitate nimia aut parsimonia. [Terêncio,
Heauton Timorumenos 441] Ou prodigalidade
excessiva, ou parcimônia. ■ Ou bem tudo, ou bem nada.
■ Ou oito, ou oitenta.
3229. Aut libertas, aut nihil! [Divisa] Ou liberdade, ou
nada. ■ Independência ou morte!
3230. Aut manentem mori, aut vincere oportet.
[Apostólio 9.83] A quem fica cabe morrer ou vencer.
● Aut manenti vincendum, aut moriendum. [Erasmo,
Adagia 3.5.10]
3231. Aut manibus aut pedibus contradicendum est
inimico. Deve-se rebater o inimigo ou com as mãos ou
com os pés.
3232. Aut merces aut poena manet quas vivimus horas.
[Inscrição em quadrante solar] Recompensa ou punição
está reservada para as horas que vivemos.
3233. Aut minus animi, aut plus potentiae. [Plutarco /
Erasmo, Adagia 4.2.90] Ou menos entusiasmo, ou mais
força. ■ Ou falar menos, ou fazer mais.
3234. Aut mors aut victoria. [Divisa] Ou a morte, ou a
vitória. VIDE: ● Aut vincere aut emori. ● Aut vincere
aut mori.
3235. Aut mortem aut vitam, aut lucrum aut damnum,
aut victoriam aut contra. [Grynaeus 54] Ou morte ou
vida, ou lucro ou prejuízo, ou vitória ou derrota.
3236. Aut mortuus est, aut docet litteras. [Erasmo,
Adagia 1.10.59] Ou está morto ou está dando aulas. ■ É
um azarado. VIDE: ● Aut obiit, aut docet litteras. ● Aut
periit, aut profecto litteras docet.
3237. Aut necesse est ipsum te vilem habeas aut
pecuniam. [Publílio Siro] É necessário ou que te
julgues um homem sem valor, ou que tenhas dinheiro.
■ Sem dinheiro a glória não passa de uma doença.
3238. Aut non licet mihi quod volo, facere. [Vulgata,
Mateus 20.15] Visto isso, não me é lícito fazer o que
quero?
3239. Aut non rem tentes, aut perfice. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.389] Ou não tentes, ou completa a obra.
■ Para não acabar, é melhor não começar. ● Aut non
tentares, aut perfice. [Binder, Thesaurus 303] ● Aut
nunquam tentes, aut perfice. VIDE: ● Melius est non
incipere quam desinere. ● Melius non incipient,
quam desinent. ● Ne tentes aut perfice. ● Non
inchoanda sunt, quae nequeunt perfici.
3240. Aut nunc aut nunquam. [Divisa] Ou agora, ou
nunca. VIDE: ● Aut tunc aut nunquam. ● Nunc aut
nunquam.
3241. Aut ob avaritiam aut miseram ambitionem
laborat. [Horácio, Sermones 1.4.26] Sofre por causa da
avareza ou da triste ambição.
3242. Aut obiit, aut docet litteras. [Apostólio 10.4] Ou
morreu, ou está dando aulas. ■ É um azarado. VIDE:
● Aut mortuus est, aut docet litteras. ● Aut periit, aut
profecto litteras docet.
3243. Aut opportunum silentium, aut sermonem utilem
habe. [Apostólio 9.99] Ou tem um silêncio vantajoso,
ou uma fala útil. ■ Antes calar que mal falar. VIDE:
● Aliquid silentio melius loquere, aut tace. ● Aut tace,
aut loquere meliora silentio. ● Tacere oportet, aut
silentio potiora loqui. ● Vel taceas, vel meliora dic
silentio.
3244. Aut per vim aut dolis. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 23] Pela força ou pela astúcia. VIDE: ● Aut
vi aut dolis.
3245. Aut perdet aut peribit. [Sêneca, Thyestes 203] Ou
destruirá ou será destruído.
3246. Aut periit, aut profecto litteras docet. [Schottus,
Adagia 613] Ou está morto ou está dando aulas. ■ É um
azarado. VIDE: ● Aut mortuus est, aut docet litteras.
● Aut obiit, aut docet litteras.
3247. Aut pluit, aut ningit, aut nostra pedisequa mingit.
[Eiselein 490 / Binder, Thesaurus 304] Ou está
chovendo, ou nevando, ou nossa criada está urinando.
3248. Aut potentior te aut imbecillior laesit; si
imbecillior, parce illi; si potentior, parce tibi.
[Sêneca, De Ira 3.5.8] Quem te feriu ou é mais forte que
tu, ou mais fraco; se ele é mais fraco, poupa a ele; se é
mais forte, poupa a ti.
3249. Aut prodesse volunt aut delectare poëtae, aut
simul et iucunda et idonea dicere vitae. [Horácio, Ars
Poetica 333] Os poetas querem ou ser úteis ou deleitar,
ou ainda dizer coisas que possam ao mesmo tempo ser
agradáveis e que sirvam para a vida.
3250. Aut regem aut fatuum nasci oportet. [Sêneca,
Apocolocyntosis 1] (Para se fazer tudo que se quer)
tem-se de nascer ou rei ou louco.
3251. Aut repellit aut frangitur. [Inscrição em escudo]
Ou repele ou se quebra.
3252. Aut rex, aut asinus. [Schottus, Adagia 593] Ou rei
ou asno. ■ Ou tudo ou nada. VIDE: ● Aut Caesar aut
nihil. ● Aut Caesar aut nullus. ● Rex aut asinus.
3253. Aut ridenda omnia aut flenda sunt. [Sêneca, De
Ira 2.10.5] Tudo provoca ou riso ou lágrimas.
3254. Aut sponte aut invite. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 2.12.3] Espontaneamente ou
obrigado. ■ Quer queira ou não queira.
3255. Aut suavitate aut vi. ]Divisa] Ou com gentileza ou
com luta.
3256. Aut tace aut loquere meliora silentio. Ou cala, ou
fala coisas que valham mais que o silêncio. ● Aut tace
aut dic meliora silentio. VIDE: ● Aliquid silentio melius
loquere aut tace. ● Aut opportunum silentium aut
sermonem utilem habe. ● Tacere oportet aut silentio
potiora loqui. ● Vel taceas, vel meliora dic silentio.
3257. Aut totum obtinere, aut totum amittere. [Pereira
116] Ou conseguir tudo, ou perder tudo. ■ Ou comer
com trombetas, ou morrer enforcado. ■ Ou oito, ou
oitenta.
3258. Aut tunc aut nunquam. [Petrônio, Satiricon 44] Ou
naquele momento ou nunca. VIDE: ● Aut nunc aut
nunquam. ● Nunc aut nunquam.
3259. Aut ulla putatis dona carere dolis Danaum?
[Virgílio, Eneida 2.43] Ou julgais que as dádivas dos
gregos não contêm ciladas? VIDE: ● Putatis dona carere
dolis?
3260. Aut vi, aut clam, aut precario. [Cícero, Pro
Caecina 92; Gaio, Institutionum Commentarius 4.151]
Ou pela força, ou às ocultas, ou por força de rogos.
3261. Aut vi aut dolis. [Salústio, Bellum Iugurthinum 25]
Pela força ou pela astúcia. VIDE: ● Aut per vim aut
dolis.
3262. Aut victor, aut victus. Ou vencedor, ou vencido.
3263. Aut vincere aut emori. [Cícero, De Officiis 3.32]
Vencer ou morrer. ■ Bebê-lo ou vertê-lo. ● Aut vincere
aut mori. VIDE: ● Aut mors, aut victoria.
3264. Aut vive gaudens, morere vel feliciter. [Schottus,
Adagia 613] Ou vive satisfeito ou morre feliz.
3265. Autumat hoc in me, quod novit perfidus in se.
[Binder, Thesaurus 305] O pérfido julga ver em mim
aquilo que ele sabe haver nele mesmo. ■ Cuida o ladrão
que todos são de sua condição. ● Autumat hoc in te,
quod novit perfidus ipse. [Gaal 1360] O pérfido julga
ver em ti o que ele sabe haver nele mesmo.
3266. Autumno incipiente. No começo do outono.
3267. Auxilia firma humilia consensus facit. [Publílio
Siro] O entendimento torna poderosos os recursos
parcos. ■ A união faz a força.
3268. Auxilio divino. [Divisa] Com o auxílio de Deus.
3269. Auxilium ab alto. Um auxílio vindo do alto.
● Auxilio ab alto. Com auxílio vindo do alto. ● Auxilio
divino. Com auxílio de Deus. VIDE: ● Manu e nubibus.
● Manus e nubibus.
3270. Auxilium in periculo. [Divisa das Brigadas de
Incêndio da Nova Zelândia] Um auxílio na hora do
perigo. ■ Chegou na hora certa.
3271. Auxilium meum a Domino. [Divisa] O auxílio me
vem do Senhor. ● Auxilium meum a Domino, qui fecit
caelum et terram. [Vulgata, Salmos 120.2] O meu
socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
3272. Auxilium multis sucus et herba fuit. [Ovídio,
Remedia Amoris 528] Para muitos as beberagens e as
ervas foram a salvação.
3273. Auxilium mutuum. Auxílio mútuo.
3274. Auxilium non leve vultus habet. [Ovídio, Ex Ponto
2.8.53] Um rosto agradável é uma grande
recomendação.
3275. Auxilium peto, non consilium. Estou pedindo
ajuda, não conselho. ■ Dá-me dinheiro, não me dês
conselho. ● Auxilium, non consilium. VIDE: ● Factum,
non dictum. ● Quod peto da, Cai, non peto consilium.
● Rem, non spem, factum, non dictum quaerit
amicus.
3276. Auxilium profligatis contumelia est. [Publílio Siro]
O socorro depois da derrota é uma afronta. ■ Remédio só
serve cedo.
3277. Auxilium superum humanis viribus praestat.
[Pereira 109] O auxilio dos deuses vale mais do que os
esforços dos homens. ■ Mais vale quem Deus ajuda do
que quem muito madruga.
3278. Avari arcae praesidet Mamona. [Pereira 111] O
diabo governa a arca do avarento. ■ Na arca do avarento
o diabo jaz dentro.
3279. Avarior redeo, ambitiosior, luxuriosior, immo
crudelior et inhumanior, quia inter homines fui.
[Sêneca, Epistulae Morales 7.3] Volto mais avarento,
mais ambicioso, mais voluptuoso, até mais cruel e mais
desumano, porque estive entre homens.
3280. Avaritia acquirit et contrahit, quo aliquis melior
utatur. [Sêneca, De Ira 3.5.4] O avarento adquire e
junta para que alguém use melhor.
3281. Avaritia arx omnium malorum. A cobiça é o cume
de todos os males.
3282. Avaritia belua fera, immanis intoleranda est.
[Salústio, Caesari 1.8] A cobiça é um animal feroz,
cruel e insuportável. VIDE: ● Belua fera est avaritia.
3283. Avaritia est immoderata divitiarum cupiditas et
amor. [Espinosa, Ethica 3.47] A avareza é a cobiça e o
amor imoderados de riquezas.
3284. Avaritia est radix omnium malorum. [DAPR 89]
■ A cobiça é a raiz de todos os males. VIDE: ● Fons et
origo malorum avaritia. ● Radix enim omnium
malorum est cupiditas. ● Radix malorum est
cupiditas. ● Radix omnium malorum aviditas.
3285. Avaritia et arrogantia, praecipua validiorum
vitia. [Tácito, Historia 1.51, adaptado] A ambição e a
arrogância, os maiores vícios dos poderosos.
3286. Avaritia et luxuries omnia magna imperia
everterunt. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.4] A
ambição e o amor do luxo arruinaram todos os grandes
impérios.
3287. Avaritia fidem, probitatem ceterasque artes
bonas subvertit. [Salústio, Catilina 10] A cobiça
destrói a fidelidade, a probidade e demais boas
qualidades.
3288. Avaritia fons est fraudium, maleficiorum,
scelerumque omnium. A cobiça é a fonte de todas as
fraudes, malefícios e crimes.
3289. Avaritia hominem ad quodvis maleficium
impellit. [RH 2.34] A ambição impele o homem para
qualquer maldade.
3290. Avaritia nihil miserius. Não há nada mais
lastimável que a cobiça.
3291. Avaritia nullum vitium taetrius, maxima
animorum pestis. Nenhum vício é mais negro do que a
avareza, a maior peste das almas. VIDE: ● Nullum vitium
taetrius est quam avaritia.
3292. Avaritia omnes homines caecos reddit. A cobiça
cega todos os homens. ■ A ambição cega a razão.
3293. Avaritia omnia vitia habet. [Aulo Gélio, Noctes
Atticae 11.2, adaptado] A cobiça contém todos os
vícios.
3294. Avaritia omnis improbitatis est metropolis.
[Estobeu / Rezende 497] A cobiça é a sede de toda
maldade. ■ A cobiça é a raiz de todos os males.
3295. Avaritia pecuniae animum virilem effeminat.
[Salústio, Catilina 1.12] A cobiça de dinheiro amolece o
coração viril.
3296. Avaritia, vehementissima generis humani pestis.
[Sêneca, Ad Helviam 13.3, adaptado] A ambição é a
maior praga da raça humana.
3297. Avaritia vero senilis quid sibi velit, non intellego.
Potest enim quicquam esse absurdius quam, quo
viae minus restet, eo plus viatici quaerere? [Cícero,
De Senectute 65] Não entendo de que serve ao velho a
cobiça. Pode haver algo mais absurdo que, quanto
menos caminho reste, tanto mais provisões de viagem
exigir?
3298. Avaritiae desunt omnia. [Binder, Thesaurus 307] À
ambição tudo falta. ■ Ao avarento, tanto lhe falta o que
não tem, como o que tem.
3299. Avaritiam quid potest satiare? [Juan de Lama,
Florilegium Latinum 157] O que é que pode saciar a
ambição? ■ A ambição enche a cabeça e cerra a razão.
3300. Avaritiam si tollere vultis, mater eius tollenda,
luxuries. [Cícero, De Oratore 2.171] Se quereis
eliminar a ambição, deve ser eliminar a mãe dela, a
intemperança. VIDE: ● Luxuries avaritiae mater.
3301. Avaro acerba poena natura est sua. [Publílio Siro]
Para o avarento sua natureza já é um castigo cruel. ■ A
avareza é madrasta de si mesma.
3302. Avaro chiragra est. O avarento tem gota nos dedos.
■ O avarento não abre a mão.
3303. Avaro non est vita, sed mors, longior. [Publílio
Siro] Para o avarento não é a vida, mas a morte, que é
mais longa.
3304. Avaro omnia desunt, inopi pauca, sapienti nihil.
Ao avarento tudo falta; ao pobre, pouco; ao sábio, nada.
3305. Avaro quid mali optes, nisi vivat diu? [Publílio
Siro] Que mal desejarás ao avarento, senão que ele viva
muito?
3306. Avaro tam deest quod habet, quam quod non
habet. [S.Jerônimo, Epistula ad Paulinum / Rezende
498] ■ Ao avarento tanto lhe falta o que tem como o que
não tem.
3307. Avarum irritat, non satiat pecunia. [Publílio Siro]
Ao avarento o dinheiro excita, não sacia. ■ A cobiça não
se farta. ● Avarum excitant, non satiant divitiae. VIDE:
● Pecunia non satiat avaritiam, sed irritat. ● Pecunia
non satiat avarum, sed irritat.
3308. Avarus animus nullo satiatur lucro. [Sêneca,
Epistulae Morales 94.43] O coração cobiçoso não se
satisfaz com nenhum ganho. ■ A cobiça não se farta.
3309. Avarus auri custos, non dominus. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 4.17 / Rezende 499] O avarento é
guardião, não dono, do seu ouro. ■ O avarento é o
guardião de sua fortuna.
3310. Avarus aurum deum habet. [S.Jerônimo /
Bernardes, Nova Floresta 4.313] O avarento tem o ouro
como seu deus.
3311. Avarus cariturus se ipso, carere timet pecunia.
[S.Hilário / Bernardes, Nova Floresta 1.498] O
avarento, que (algum dia) ficará sem si mesmo, tem
medo de ficar sem o dinheiro.
3312. Avarus damno potius quam sapiens dolet.
[Publílio Siro] O ambicioso sofre mais com uma perda
do que o prudente.
3313. Avarus etiam quod sibi superest non libenter dat.
O avarento não dá de boa-vontade nem o que lhe sobra.
● Avarum etiam quod sibi superest non libenter dare.
[Fedro, Epigrafe de fábula Simius et Vulpes]
3314. Avarus ipse miseriae causa est suae. [Publílio Siro]
O próprio avarento é a causa de seu sofrimento. ■ O
avarento é o verdugo de si mesmo.
3315. Avarus, nisi cum moritur, nihil recte facit.
[Publílio Siro] O avarento só pratica uma boa ação
quando morre. ■ Avarento e porco, só depois de morto.
● Avarus, nisi moriens, praestare non potest. O
avarento só pode ser útil quando morre.
3316. Avarus nulli gratus est; ergo nec sibi. [Albertano
da Brescia, Liber de Amore 2.4] O avarento não é
agradável a ninguém, portanto nem a si mesmo.
1. Avarus semper est pauper. O ambicioso é sempre
pobre. ■ A cobiça não se farta. ■ Pobre não é o que tem
pouco, mas o que cobiça muito. ● Avarus semper eget.
VIDE: ● Tantalus inter undas sitit.
3317. Avarus suus sibi carnifex est. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 1.26] ■ O avarento é o verdugo de si mesmo.
■ A avareza é madrasta de si mesma.
3318. Avarus vix sibi credit. [Plauto, Aulularia,
Argumentum, adaptado] O avarento dificilmente confia
em si mesmo. ■ O avarento porfia e não confia.
3319. Ave atque vale. [Catulo, Carmina 101.10] Salve e
adeus. ● Ave et vale. VIDE: ● Longum valere iubeo.
3320. Ave aurora! Salve, ó aurora!
3321. Ave, ave, aves esse aves? [Jogo de palavras /
Rezende 506] Bom dia, avô. Desejas comer aves?
● Ave, ave, aveo esse aves. Bom dia, vovô. Eu quero
comer aves.
3322. Ave, Caesar, morituri te salutant. [Rezende 507]
Salve, César, os que vão morrer te saúdam. VIDE: ● Ave,
imperator, morituri te salutant.
3323. Ave, color vini clari! Ave, sapor sine pari! [De
uma canção estudantil medieval / Longfellow, The
Golden Legend 133] Salve, cor do vinho claro! Salve,
sabor sem igual!
3324. Ave crux, spes unica! Eu te saúdo, ó cruz, minha
única esperança! ● Ave crux, spes unica nostra!
3325. Ave et cave! Adeus, e cuidado! VIDE: ● Qui monet,
amat.
3326. Ave gratia plena: Dominus tecum, benedicta tu in
mulieribus. [Vulgata, Lucas 1.28] Deus te salve, cheia
de graça; o Senhor é contigo; benta és tu entre as
mulheres. ● Ave, Maria, gratia plena, Dominus
tecum, benedicta tu in mulieribus. [Da Oração
Angelical, da liturgia católica] Ave Maria, cheia de
graça, o Senhor é contigo, bendita és entre as mulheres.
3327. Ave, imperator, morituri te salutant. [Suetônio,
Claudius 21.6] Salve, imperador, os que vão morrer te
saúdam. (=Palavras dirigidas pelos gladiadores ao
imperador, antes do combate no circo). VIDE: ● Ave,
Caesar, morituri te salutant.
3328. Ave, magister, dormituri te salutamus. [Frase
jocosa] Salve, professor, nós que vamos dormir, te
saudamos.
3329. Avertat Deus! Que Deus impeça! ■ Deus me livre!
■ Deus nos livre! ● Avertat Deus omen! [Petrarca, De
Secretu Conflictu 3] Que Deus me livre desse agouro!
● Avertat Deus istam insaniam! Que Deus impeça essa
loucura! VIDE: ● Deus avertat! ● Di omen avertant!
● Hoc omen avertant superi! ● Omen avertant dei!
● Omen avertat Deus! ● Quod avertat Deus! ● Quod
Deus avertat! ● Quod di omen avertant!
3330. Averte oculos meos, ne videant vanitatem.
[Vulgata, Salmos 118.37] Aparta os meus olhos para
que não vejam a vaidade.
3331. Aves discolores raro simul volitant. Raramente
aves de cores diferentes voam juntas. ■ Cada qual
procura o seu igual. VIDE: ● Assidet usque graculus
graculo. ● Concolores aves facillime congregantur.
● Graculus graculo assidet. ● Graculus graculo, pica
picae sociatur. ● Monedulae semper monedula
assidet. ● Pares cum paribus facillime congregantur.
● Pares cum paribus maxime congregantur. ● Parium
cum paribus facilis congregatio est. ● Prope
graculum saepe alter astat graculus. ● Semper
graculus assidet graculo. ● Semper graculus cum
graculo. ● Solent pares facile congregari cum
paribus. ● Volatilia ad sibi similia conveniunt.
3332. Aves sine patrimonio vivunt, et in diem pecua
pascuntur. [Minúcio Félix, Octavius 36] As aves não
possuem bens e vivem, e o gado pasta diariamente.
3333. Avida est periculi virtus. [Sêneca, De Providentia
4.4] O valor é ávido de perigos.
3334. Avidae puellae, dona dum captant, simulant
amorem. As moças ambiciosas, enquanto colhem
dádivas, simulam o amor.
3335. Avidam rumoribus aurem pandit. [Claudiano, De
Consulatu Stilichonis 2.22.45] Ele abre aos rumores os
ouvidos ávidos.
3336. Avidis natura parum est. [Sêneca, Hercules
Oetaeus 631] O universo é pouco para os ambiciosos.
■ A cobiça não se farta.
3337. Avidissimus quisque est egestosissimus. [Publílio
Siro] Quem tem muita ambição tem falta de muita
coisa.
3338. Aviditas dives, pauper pudor. [Fedro, Fabulae
2.1.12] A cobiça é rica, a vergonha é pobre. ■ Quem tem
vergonha morre de fome.
3339. Aviditas malum facit. [DAPR 165] A cobiça
provoca o mal. ■ A cobiça rompe o saco.
3340. Avidum esse oportet neminem, minime senem.
[Publílio Siro] Ninguém deve ser ambicioso, muito
menos o ancião.
3341. Avidum ieiunia ventrem longa premunt. Longos
jejuns irritam a barriga sôfrega. ■ Barriga vazia não
conhece alegria.
3342. Avidum sua saepe deludit aviditas. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 1.4] A própria cobiça muitas vezes
engana o cobiçoso. ■ Quem tudo quer, tudo perde. ■ O
tramposo asinha engana o cobiçoso.
3343. Avidus laudum. Desejoso de elogios.
3344. Avidus pugnae. [Virgílio, Eneida 12.430] Desejoso
de luta.
3345. Avis a cantu dignoscitur. [DAPR 181] ■ Pelo canto
se conhece a ave. ■ Pelo canto se conhece o pássaro.
■ As palavras revelam quem cada um é. VIDE: ● A cantu
avis dignoscitur. ● E cantu cognoscitur avis. ● E cantu
dignoscitur avis. ● Ex cantu dignoscitur avis. ● Ex
cantu et plumis volucris dignoscitur omnis. ● Nulla
unquam avis mala bene cecinit. ● Nulla unquam avis
mala bonum cantum edidit. ● Quaelibet avis a
proprio cantu dignoscitur. ● Qualis avis, talis cantus.
3346. Avis ex avibus. [Erasmo, Adagia 4.8.65] De aves
(nasce) ave. ■ O filho do asno é burro.
3347. Avis mala. Uma ave má. (=Um mau agouro). VIDE:
● Avis sinistra. ● Mala avis.
3348. Avis matura vermem capit. ■ Pássaro que madruga
apanha minhoca.
3349. Avis rara. [Boncompagno, Liber Obsidionis
Anconae 13] Uma ave rara. (=Uma coisa
extraordinária). VIDE: ● Rara Avis.
3350. Avis sinistra. Uma ave má. (=Um mau agouro).
VIDE: ● Avis mala. ● Mala avis.
3351. Avito viret honore. [Divisa] Floresce com as honras
dos ancestrais.
3352. Avolat. [Inscrição em quadrante solar] (O tempo)
voa.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

1. Baccho temulentior. Mais bêbedo que Baco.


2. Bacchus et afflictis requiem mortalibus affert. [Tibulo,
Elegiae 1.7.41] Baco traz sossego até aos mortais aflitos.
3. Bacchus et argentum mutant mores sapientum. [Binder,
Thesaurus 310] Bebida e dinheiro mudam os costumes dos
sábios.
4. Baculatoria argumenta. [Binder, Thesaurus 309]
Argumentos de bastão. (=Apelo à violência). VIDE:
● Argumentum baculinum.
5. Balatu perdit stulta capella bolum. [Medina 602] Com o
balido, a tola cabra perde o bocado. ■ Ovelha que berra,
bocado que perde. ■ Cabrito que berra, mamada que perde.
■ Grande saber é não falar e comer. VIDE: ● Si corvus posset
tacitus pasci, haberet plus dapis. ● Sus taciturna vorat,
dum garrula voce laborat. ● Tacitus pasci si possit corvus,
haberet plus dapis.
6. Balbus balbum amat, quoniam sua verba capessit.
[Walther 1906 / Tosi 50] O gago gosta do gago porque este
entende suas palavras. ■ Um gambá cheira outro. ■ Cada um
procura o seu semelhante.
7. Balbus balbum intellegit. [Pereira 122] Um gago
compreende outro. ■ Cada qual com seu igual. ■ Tais com
tais. ● Balbus balbum rectius intellegit. [Erasmo, Adagia
1.9.77] Um gago entende melhor outro gago. ● Balbus
melius balbi verba cognoscit. Um gago compreende melhor
as palavras de outro gago. ● Balbum melius balbi verba
cognoscere. [S.Jerônimo, Epistulae 50.4] VIDE: ● Barbarus
barbaram orationem rectius intellegit. ● Similia similibus
percipiunt.
8. Balnea cornici non prosunt. Para gralha de nada adiantam
os banhos. ■ Quem lava focinho a burro preto, perde sabão e
tempo. ● Balnea cornici non prosunt, nec meretrici, nec
meretrix munda, nec cornix alba fit unda. [Trench,
Proverbs and Their Lessons 155] Os banhos não têm
utilidade nem para a gralha, nem para a meretriz, pois, com a
água, nem a meretriz fica limpa, nem a gralha fica branca.
9. Balnea, vina, Venus corrumpunt corpora nostra, sed
vitam faciunt balnea, vina, Venus. [Rezende 514] Os
banhos, o vinho e o amor corrompem nossos corpos, mas os
banhos, o vinho e o amor fazem a vida. ● Balnea, vina,
Venus, conservant corpora nostra; corrumpunt eadem
balnea, vina, Venus. [Binder, Thesaurus 313] Os banhos, o
vinho e o amor conservam nossos corpos, mas os banhos, o
vinho e o amor também os corrompem. ● Balnea, vina,
Venus accelerant mortem. Os banhos, os vinhos e Vênus
apressam nossa morte.
10. Balneator in eodem solio et probum et improbum lavat.
[Schrevelius 1174] O banheiro lava na mesma banheira tanto
o homem honrado como o ímpio. (=Banheiro. Lusitanismo.
Indivíduo que prepara os banhos e ajuda a tomá-los. Novo
Dicionário Aurélio, 1a edição, pág. 183).
11. Banni nuptiarum. [Jur / Black 193] As proclamas de
casamento.
12. Barba decet virum. [DAPR 99] Ao homem convém usar
barba. ■ Barba com dinheiro honra o cavaleiro. VIDE: ● Barba
virile decus, et sine barba pecus.
13. Barba non facit philosophum. [Plutarco / Rezende 515]
■ A barba não faz o filósofo. ■ O hábito não faz o frade. ■ O
hábito não faz o monge. ■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o
homem conhecido. ■ O hábito elegante cobre, às vezes, um
tratante. ● Barba non facit philosophum, neque vile gerere
pallium. [Pereira 115] A barba não faz o filósofo, nem usar
roupas baratas. VIDE: ● Cucullus non facit monachum.
● Cuculla non facit monachum. ● Habitus non facit
monachum. ● In vestimentis non est sapientia mentis.
● Non habitus monachum reddit. ● Non tonsura facit
monachum. ● Non tonsura facit monachum, nec horrida
vestis. ● Philosophum non facit barba. ● Saepe tegit
nequam lata cuculla caput. ● Si philosophum oporteat ex
barba metiri, hircos primam laudem ablaturos.
● Vestimenta pium non faciunt monachum.
14. Barba tenus philosophus Sábio só até a barba. ● Barba
tenus sapiens VIDE: ● Barbae tenus sapientes.
15. Barba virile decus, et sine barba pecus. [Rezende 517] A
barba é um ornamento viril, e quem não tem barba é a
ovelha. ■ Queixadas sem barbas não merecem ser honradas.
● Barba virile decus, feminarumque crines. Dos homens, o
ornamento é a barba, e das mulheres, os cabelos. ● Barba
virile decus, femineumque crines. VIDE: ● Barba decet
virum.
16. Barbae tenus sapientes. [Erasmo, Adagia 1.2.95] Sábios só
na barba. (=Diz-se das pessoas que procuram mostrar
sabedoria que não têm). ■ Sábio só no nome. VIDE: ● Barba
tenus philosophus. ● Video barbam et pallium;
philosophum nondum video.
17. Barbarica lingua. Língua rústica.
18. Barbaries est grandis, habere nihil. [Ovídio, Amores
3.8.4] Não ter nada é um grande sofrimento.
19. Barbarus barbaram orationem rectius intellegit.
[Stevenson 2300] O rústico entende melhor a fala do rústico.
VIDE: ● Balbus balbum rectius intellegit.
20. Barbarus hic ego sum, quia non intellegor ulli. [Ovídio,
Tristia 5.10.37] Aqui sou estrangeiro, pois não sou entendido
por ninguém.
21. Barbatum haec crede magistrum. [Pérsio, Satirae 4.1]
Confia nesse mestre barbado. (=Pérsio se refere a Sócrates).
VIDE: ● Magister barbatus.
22. Basis virtutum constantia. [Divisa] A constância é o
alicerce das virtudes.
23. Beata aeternitas vel aeterna beatitudo. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 9.13] Bendita eternidade ou eterna bênção.
24. Beata gens cuius est Dominus Deus eius. [Vulgata,
Salmos 32.12] Bem-aventurada a gente que tem ao Senhor
por seu Deus.
25. Beata morte nihil beatius. [Divisa do Rei Frederico 3º, da
Áustria] Nada mais abençoado que uma morte feliz.
26. Beata simplicitas. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 3.18.5] Bendita ingenuidade.
27. Beatam civitatem, quae in pace bellum timet.
[Epaminondas / Cecílio Balbo, Sententiae Philosophorum]
Feliz a cidade que nos tempos de paz teme a guerra.
28. Beatas fore respublicas, si aut imperent philosophi, aut
philosophentur imperatores. [Platão / Erasmo, Moriae
Encomium 24] Bem-aventurados serão os países, quando
governarem os filósofos, ou quando filosofarem os
governantes. ● Beatas fore respublicas, si eas vel studiosi
sapientiae regerent, vel earum rectores studere sapientiae
contigisset. [Boécio, De Consolatione Philosophiae 1, Prosa
4.5] Felizes seriam os países, ou se os governassem filósofos,
ou se acontecesse de os governantes estudarem filosofia.
29. Beate vivendi cupiditate incensi omnes sumus. [Cícero,
De Finibus 5.29] Todos nós estamos sempre abrasados pelo
desejo de viver na felicidade.
30. Beate vivere honeste, id est, cum virtute vivere. [Cícero,
De Finibus 3.29] Viver feliz é viver honradamente, isto é,
com virtude. VIDE: ● Nihil est aliud bene et beate vivere nisi
honeste et recte vivere.
31. Beati immaculati in via. [Vulgata, Salmos 118.1] Bem-
aventurados os que se conservam sem mácula no caminho.
32. Beati Lusitani, quibus vivere est bibere. Felizes os
portugueses, para quem viver é beber. (=Frase jocosa
baseada na troca do fonema /v/ pelo fonema /b/, denominada
betacismo, freqüente na Península Ibérica). ● Beati Lusitani,
apud quos vivere est bibere. [João Ribeiro, Floresta de
Exemplos] ● Beati Hispani quibus vivere est bibere.
Felizes os espanhóis, para quem viver é beber. VIDE: ● Felices
populi quibus vivere est bibere.
33. Beati misericordes, quoniam ipsi misericordiam
consequentur. [Vulgata, Mateus 5.7] Bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
34. Beati mites quoniam ipsi possidebunt terram. [Vulgata,
Mateus 5.4] Bem-aventurados os mansos, porque eles
possuirão a terra. VIDE: ● Mites possidebunt terram. ● Mites
possident terram.
35. Beati monoculi in terra caecorum. [Rezende 518] Em
terra de cegos, felizes os zarolhos. ■ Na terra dos cegos quem
tem um olho é rei. ● Beati monoculi in regione caecorum.
● Beati monoculi in regno caecorum. VIDE: ● Apud
caecorum monoculus rex. ● Beatus monoculus in terra
caecorum. ● Caecorum in patria luscus rex imperat
omnis. ● In caecorum regno regnant strabones. ● In
regione caecorum rex est luscus. ● In terra caecorum
monoculus rex. ● Inter caecos luscus rex. ● Inter caecos
monoculus rex. ● Inter caecos regnat luscus. ● Inter caecos
regnat strabo. ● Inter caecos strabus rex est. ● Inter
pygmaeos regnat nanus. ● Monoculus inter caecos rex.
36. Beati mortui qui in Domino moriuntur. [Vulgata,
Apocalipse 14.13] Bem-aventurados os mortos que morrem
na graça do Senhor.
37. Beati mundo corde, quoniam ipsi Deum videbunt.
[Vulgata, Mateus 5.8] Bem-aventurados os limpos de
coração, porque eles verão a Deus.
38. Beati oculi qui vident quae vos videtis. [Vulgata, Lucas
10.23] Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
39. Beati pacifici. [Vulgata, Mateus 5.9] Bem-aventurados os
que promovem a paz.
40. Beati pauperes, quia vestrum est regnum Dei. [Vulgata,
Lucas 6.20] Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é
o reino de Deus.
41. Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum
caelorum. [Vulgata, Mateus 5.3] Bem-aventurados os pobres
de espírito, porque deles é o reino dos céus.
42. Beati possidentes. [Jur / Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable] Felizes os que têm a posse. ● Beati possessores.
Felizes os proprietários. VIDE: ● Beati qui in iure censentur
possidentes.
43. Beati prorsus omnes esse volumus. [S.Agostinho,
Confessiones 10.21] Todos nós, sem exceção, queremos ser
felizes.
44. Beati qui custodiunt iudicium, et faciunt iustitiam in
omni tempore. [Vulgata, Salmos 105.3] Bem-aventurados
os que observam a lei e praticam a justiça em todo o tempo.
45. Beati qui esuriunt et sitiunt iustitiam, quoniam ipsi
saturabuntur. [Vulgata, Mateus 5.6] Bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.
46. Beati qui in iure censentur possidentes. [Jur] Felizes
aqueles que perante a lei são considerados possuidores. VIDE:
● Beati possidentes.
47. Beati qui lugent, quoniam ipsi consolabuntur. [Vulgata,
Mateus 5.6] Bem-aventurados os que choram, porque eles
serão consolados.
48. Beati qui non viderunt, et crediderunt. [Vulgata, João
20.29] Bem-aventurados os que não viram e creram.
49. Beati quicumque pugnantes pro patria. [Xenofonte /
Rezende 523] Felizes todos aqueles que combatem pela
pátria.
50. Beati simplices, quoniam multam pacem habebunt.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.11.3]
Abençoados os simples, pois terão muita paz.
51. Beati sunt qui sorte sua contenti sunt. Felizes os que
estão contentes com a própria sorte. VIDE: ● Beatus est
praesentibus, qualiacumque sunt, contentus. ● Sapientes
sunt sorte sua contenti.
52. Beatitudo in excelso est; sed volenti penetrabilis.
[Sêneca, Epistulae Morales 65] A felicidade está muito
distante, mas pode ser alcançada por quem o quiser.
53. Beatitudo non est virtutis praemium, sed ipsa virtus.
[Espinosa, Ethica 5] A recompensa da virtude não é a
felicidade, mas a própria virtude.
54. Beatius est magis dare quam accipere. [Vulgata, Atos
20.35] Coisa mais bem-aventurada é dar que receber.
● Beatius est dare quam accipere. [Rabelais, Gargantua 42]
55. Beatos esse omnes homines velle. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 10.1.1] Todos os homens querem ser felizes.
● Beatos esse se velle omnium hominum est.
56. Beatos puto quibus deorum munere datum est aut
facere scribenda, aut scribere legenda; beatissimos vero
quibus utrumque. [Plínio Moço, Epistulae 6.16.3]
Considero abençoados aqueles a quem, por graça dos deuses,
foi concedido fazerem coisas dignas de serem escritas ou
escreverem coisas dignas de serem lidas; considero muito
mais abençoados aqueles a quem foram concedidas ambas as
coisas.
57. Beatus autem, quantum existimo, neque ille dici potest,
qui non habet quod amat, qualecumque sit; neque qui
habet quod amat, si noxium sit; neque qui non amat quod
habet, etiamsi optimum sit. [S.Agostinho, De Moribus
Ecclesiae Catholicae 3.4] No meu entendimento, não pode
ser considerado feliz quem não tem o que ama, seja lá o que
for; nem o que tem o que ama, se lhe é danoso; nem quem
não ama o que tem, mesmo que seja ótimo.
58. Beatus enim esse sine virtute nemo potest. [Cícero, De
Natura Deorum 1.18] Sem virtude, ninguém pode ser feliz.
● Beatum autem sine virtute neminem esse. [Cícero, De
Natura Deorum 1.32] Ninguém é feliz sem virtude. VIDE:
● Nemo potest esse felix sine virtute.
59. Beatus est praesentibus, qualiacumque sunt, contentus.
[Sêneca, De Vita Beata 6] É feliz aquele que vive contente
com as coisas que o cercam, quaisquer que sejam elas. VIDE:
● Beati sunt qui sorte sua contenti sunt.
60. Beatus est qui vivit ut vult. [S.Tomás de Aquino, Super
Evangelium S.Matthaei 5.2] Feliz é quem vive como quer.
61. Beatus homo cui donatum est habere timorem Dei.
[Vulgata, Eclesiástico 25.15] Bem-aventurado o homem que
recebeu o dom do temor de Deus.
62. Beatus homo qui corripitur a Deo. [Vulgata, Jó 5.17]
Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige.
63. Beatus homo qui invenit sapientiam. [Vulgata, Provérbios
3.13] Bem-aventurado o homem que encontrou a sabedoria.
64. Beatus ille qui procul negotiis, ut prisca gens mortalium,
paterna rura bobus exercit suis. [Horácio, Epodon 2.1]
Feliz é aquele que, longe das preocupações, como a primitiva
raça de mortais, trabalha os campos paternos com seus bois.
● Beatus ille qui procul negotiis, privatam potest ducere
vitam. Feliz é aquele que, longe das atividades, pode viver
uma vida privada.
65. Beatus is qui in prosperis manet domi. [Eurípides /
Grynaeus 222] Feliz aquele que nos momentos felizes
permanece em sua terra.
66. Beatus monoculus in terra caecorum. Em terra de cegos
feliz é o zarolho. ■ Na terra dos cegos quem tem um olho é
rei. VIDE: ● Beati monoculi in regione caecorum. ● Beati
monoculi in terra caecorum. ● Caecorum in patria luscus
rex imperat omnis. ● In caecorum regno regnant
strabones. ● In regione caecorum rex est luscus. ● In terra
caecorum monoculus rex. ● Inter caecos luscus rex. ● Inter
caecos regnat luscus. ● Inter caecos regnat strabo. ● Inter
caecos strabus rex est. ● Inter pygmaeos regnat nanus.
● Monoculus inter caecos rex.
67. Beatus qui habitat cum muliere sensata. [Vulgata,
Eclesiástico 25.11] Ditoso aquele que vive com uma mulher
de bom senso.
68. Beatus qui intellegit super egenum et pauperem.
[Vulgata, Salmos 40.1] Bem-aventurado o que cuida sobre o
necessitado e o pobre.
69. Beatus qui invenit amicum verum. [Vulgata, Eclesiástico
25.12] Ditoso o que encontra um amigo verdadeiro. VIDE:
● Qui autem invenit illum, invenit thesaurum. ● Qui
invenit amicum, invenit thesaurum.
70. Beatus qui prodest quibus potest. Feliz é o homem que
ajuda a quem ele pode ajudar. VIDE: ● Vir bonus est is, qui
prodest quibus potest, nocet nemini.
71. Beatus venter qui te portavit, et ubera quae suxisti.
[Vulgata, Lucas 11.27] Abençoado o ventre que te trouxe, e
os peitos que mamaste.
72. Beatus vir cuius est nomen Domini spes eius, et non
respexit in vanitates, et insanias falsas. [Vulgata, Salmos
39.5] Bem-aventurado o varão cuja esperança é o nome do
Senhor e não voltou os olhos para as vaidades e necedades
enganosas.
73. Beatus vir qui non abiit in consilio impiorum. [Vulgata,
Salmos 1.1] Bem-aventurado o varão que não se deixou ir
após o conselho dos ímpios.
74. Beatus vir qui non cogitavit, non fecit, non docuit mala.
[S.João Crisóstomo] Feliz o homem que não pensou, não
praticou, nem ensinou a maldade.
75. Beatus vir qui non est lapsus verbo ex ore suo. [Vulgata,
Eclesiástico 14.1] Bem-aventurado o homem que não
escorregou pelas palavras de sua boca. ■ Antes escorregar do
pé do que da língua.
76. Beatus vir qui suffert tentationem. [Vulgata, Tiago 1.12]
Bem-aventurado o homem que sofre com paciência a
tentação.
77. Beatus vir qui timet Dominum. [Vulgata, Salmos 111.1]
Bem-aventurado o varão que teme ao Senhor.
78. Bella delectat cruor. [Sêneca, Hercules Furens 405] O
sangue ama as guerras.
79. Bella gerant alii; Protesilaus amet! [Ovídio, Heroides
17.84] Que outros façam a guerra, e que Protesilau continue
amando.
80. Bella gerant alii; tu felix Austria nube, nam quae Mars
aliis, dat tibi regna Venus. [Atribuído ao Rei Matias
Corvino, da Hungria / Rezende 532] Que outros façam a
guerra; tu, feliz Áustria, casa-te, pois os reinos que Marte dá
a outros, é Vênus que a ti concede. (=Dístico alusivo aos
casamentos felizes com que os imperadores da Áustria
souberam aumentar os seus domínios. Paulo Rónai, Não
Perca o seu Latim 34).
81. Bella geri placuit nullos habitura triumphos? [Lucano,
Pharsalia 1.12] Vós quisestes que se fizessem guerras que
não vos trouxessem vitórias?
82. Bella gerunt mures, ubi cattum non habet aedes. [Binder,
Thesaurus 321] Quando a casa não tem gato, os ratos atacam.
■ Quando o gato sai, os ratos fazem a festa.
83. Bella gerunt urbes septem de patria Homeri; nulla
domus vivo, patria nulla fuit. [George Buchanan] Sete
cidades disputam a condição de serem a pátria de Homero;
quando vivo, ele não teve nenhuma casa, nenhuma pátria.
84. Bella! Horrida bella! Guerras! Horrendas guerras! ● Bella,
horrida bella, et Thybrim multo spumantem sanguine
cerno. [Virgílio, Eneida 6.86] Vejo guerras, horrendas
guerras, e o Tibre espumando com muito sangue.
85. Bella infausta gerunt. [Ovídio, Metamorphoses 14.529] As
guerras causam desgraças.
86. Bella manu letumque gero. [Virgílio, Eneida 7.455] Trago
na mão a guerra e a morte. (=Palavras de Alecto, uma das
Fúrias).
87. Bella matribus detestata. [Horácio, Carmina 1.1.24] As
guerras são execradas pelas mães. ● Bella matronis
detestata.
88. Bella movet citius, cui desunt cornua taurus. [Binder,
Thesaurus 233] Touro que não tem chifres, ataca mais
depressa.
89. Bella res est mori sua morte. [Sêneca, Epistulae Morales
69.6] Que coisa bonita, morrer de morte natural.
90. Bellandi cupido damno est sua saepe cupido. [Jogo de
palavras] Ao desejoso de guerrear seu desejo muitas vezes
traz prejuízo.
91. Bellandi rationes. [César, De Bello Civili 3.50] Táticas de
guerra.
92. Bellator Dei. Um soldado de Deus.
93. Bellator fortis qui se poterit superare. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Valente é o guerreiro que poderá vencer
a si mesmo. ■ Vencer-se a si é mais do que vencer o mundo.
94. Belle negandum est. [Cícero, De Petitione Consulatus 12]
Deve-se recusar com delicadeza.
95. Bellerophontis litteras tulit. [Apostólio 6.47] Levou a
carta de Belerofonte. (=Diz-se de quem é portador da própria
desgraça). VIDE: ● Cave ne litteras Bellerophontis afferas.
96. Belli domique. [Cícero, De Republica 1.38] Na guerra e na
paz.
97. Belli exitus incertus. O resultado da guerra é incerto. ■ A
guerra, sabe-se como começa, não se sabe como termina.
● Belli fortuna anceps. ● Bellorum exitus incerti. [Cícero,
Ad Familiares 6.1] Os resultados das guerras são duvidosos.
VIDE: ● Anceps belli casus. ● Armorum exitus semper
incerti, et timidi. ● Eventus belli varii. ● Fortuna belli
fluxa. ● Mars dubius. ● Nusquam minus quam in bello
eventus respondet. ● Varius et dubius est belli eventus.
98. Bello gladius, voluptas pace vulnerat. [Publílio Siro] Na
guerra é a espada que fere; na paz, os prazeres.
99. Bellum aggressionis. A guerra de agressão. VIDE: ● Bellum
offensivum.
100. Bellum autem viris curae erit. [Homero, Ilíada 6.492]
Esta guerra será coisa de homens.
101. Bellum defensivum. [Bacon, Historia Henrici Septimi 3.2]
A guerra defensiva.
102. Bellum domesticum. [Cícero, De Divinatione 1.105] A
guerra civil. ● Bellum civile. VIDE: ● Bellum intestinum.
103. Bellum dulce inexpertis. [Pereira 97] A guerra é
agradável a quem não tem experiência dela. ■ Doce é a
guerra para quem não andou nela. ■ Bem parece a guerra a
quem está longe dela. VIDE: ● Dulce bellum inexpertis.
● Dulce bellum inexpertis, expertus metuit. ● Dulce bellum
inexperto. ● Dulce haud expertis est bellum. ● Inexpertis
enim dulcis est pugna. ● Maxime bellum affectant, qui,
quid sit bellare nunquam experti sunt.
104. Bellum e bello seritur, ultio trahit ultionem. [Erasmo,
Quaerela Pacis 595] De uma guerra se gera outra; uma
vingança puxa outra.
105. Bellum externum. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 2.31]
Guerra externa.
106. Bellum indiget celeritatis. [Cícero, Philippica 6.7] A
guerra exige rapidez.
107. Bellum internecivum. [Cícero, Pro Domo Sua 61] A
guerra de extermínio. ● Bellum internecinum. ● Bellum
lethale.
108. Bellum intestinum. [Cícero, In Catilinam 2.28] A guerra
civil. VIDE: ● Bellum civile. ● Bellum domesticum.
109. Bellum nec timendum nec provocandum. [Plínio Moço,
Panegyricus 16.2] A guerra nem se deve temer nem
provocar.
110. Bellum nemo est qui non odio habeat. Não há ninguém
que não deteste a guerra.
111. Bellum non bellum. [Jogo de palavras] A guerra não é
coisa bela. ● Bellum non bellum, sed noxia belua bellum.
[Walther 1980b]. A guerra não é coisa bela, mas uma fera
perigosa.
112. Bellum offensivum. [Bacon, Historia Henrici Septimi 3.2]
A guerra de agressão. VIDE: ● Bellum aggressionis.
113. Bellum omnium in omnes. [Hobbes, Opera Philosophica,
Libertas], A guerra de todos contra todos. ● Bellum omnium
contra omnes. [Hobbes, Opera Philosophica, De Homine]
114. Bellum omnium pater. [Tucídides / Erasmo, Adagia
3.5.33] A guerra é o pai de todas as coisas.
115. Bellum pacis est causa. [Rezende 537] A própria guerra é
a causa da paz. ■ Guerra bem guerreada traz boa paz. VIDE:
● Sapientes pacis causa bellum gerunt.
116. Bellum pacis nomine callide involutum. A guerra
enganosamente escondida sob o nome de paz. VIDE: ● Pacis
nomine bellum involutum reformido.
117. Bellum, pax rursum. [Terêncio, Eunuchus 60] Guerra, e
novamente paz. VIDE: ● In amore haec omnia insunt vitia:
iniuriae, suspiciones, inimicitiae, indutiae, bellum, pax
rursum.
118. Bellum peractum est. [Sêneca, Troades 1169] A guerra
terminou.
119. Bellum punitivum. Guerra punitiva.
120. Bellum se ipsum alet. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.9]
A guerra alimentará a si mesma.
121. Bellum tibi ex victoria nascitur. [Quinto Cúrcio,
Historiae 7.8] Para ti, a guerra nasce da vitória.
122. Belua fera est avaritia. A cobiça é um animal feroz. VIDE:
● Avaritia belua fera, immanis intoleranda est.
123. Belua multorum es capitum. [Horácio, Epistulae 1.1.76]
És uma fera de muitas cabeças.
124. Bene agendo nunquam defessus. [Divisa] Nunca fatigado
de fazer o bem.
125. Bene ambula! Vai com sorte! Que a sorte te acompanhe!
126. Bene audire. Ter boa fama. VIDE: ● Male audire.
127. Bene audire alterum patrimonium est. [Publílio Siro]
Ter boa reputação é um segundo patrimônio. ■ Boa fama vale
dinheiro. ■ Cria fama e deita-te na cama. ● Bene audire est
optimum patrimonium. [Binder, Medulla 124] Ter boa
reputação é o melhor patrimônio. VIDE: ● Bonus rumor
alterum est patrimonium.
128. Bene cogitata respiciet Deus. [Sêneca, Thyestes 489]
Deus favorecerá as boas idéias.
129. Bene cogitata saepe ceciderunt male. [Publílio Siro /
Rezende 538] Planos bem concebidos muitas vezes deram
mau resultado.
130. Bene cogitata si excidunt, non occidunt. [Publílio Siro]
As boas idéias, se não dão certo, não estão perdidas.
131. Bene consulit, sed male facit. [Grynaeus 312] Planeja
bem, mas executa mal. ■ Cuidá-lo bem e fazê-lo mal.
132. Bene consultum, inconsultum est, si inimicis usui est.
[Plauto, Miles Gloriosus, 601] O que foi bem projetado,
torna-se mal deliberado, se chega ao conhecimento dos
adversários.
133. Bene curris, sed extra viam curris. [Atribuído a
S.Agostinho] Corres bem, mas corres fora da estrada.
■ Deixas o certo pelo duvidoso. ● Bene currunt, sed extra
viam. [Manúcio, Adagia 51] Correm bem, mas fora da
estrada. ● Bene cucurristi, sed extra viam. Correste bem,
mas fora da estrada. VIDE: ● Magni passus extra viam.
134. Bene decessit. Teve morte natural.
135. Bene docere et male vivere, est una manu aedificare,
altera destruire. Ensinar bem e viver mal é o mesmo que
construir com uma das mãos e destruir com a outra. VIDE:
● Verecundum est magistro bene docere et male vivere.
136. Bene docet qui bene distinguit. [Comenius, Didactica
Magna] Quem distingue bem, ensina bem. VIDE: ● Distingue
frequenter. ● Qui bene distinguit, bene docet.
137. Bene dormit qui non sentit quam male dormiat.
[Publílio Siro] Dorme bem quem não sente quão mal dorme.
138. Bene est, cui deus obtulit parca, quod satis est, manu.
[Horácio, Carmina 3.16.43] Abençoado é aquele a quem a
divindade, com parca mão, deu o que lhe baste. ■ Cada um se
contente com o que Deus lhe dá. ■ Bem é o que Deus dá.
139. Bene est tentare. É bom experimentar. Vale a pena tentar.
140. Bene ferre magnam disce fortunam. [Horácio, Carmina
3.27.74] Aprende a conviver com a sorte favorável.
141. Bene fortunet Deus tuos labores. [Erasmo, Colloquia
Familiaria 1] Que Deus faça prosperar os teus esforços. VIDE:
● Deus te fortunet!
142. Bene habere corpore simul et anima curandum est.
[Cleóbulo / Rezende 558] Deve-se procurar ter a alma e o
corpo sãos ao mesmo tempo. VIDE: ● Mens sana in corpore
sano. ● Orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
143. Bene imperat qui bene paruit aliquando. [Pereira 97]
Bem manda quem antes bem obedeceu. ■ Bem sabe mandar
quem bem soube obedecer. ■ É obedecendo que se aprende a
mandar. ■ Quem não sabe sofrer, não sabe reger. VIDE:
● Nemo bene imperat, nisi qui paruerit imperio. ● Non
bene imperat, nisi qui paruerit imperio. ● Qui bene
imperat, paruerit aliquando necesse est, et qui modeste
paret, videtur qui aliquando imperet, dignus esse. ● Qui
modeste paret, videtur qui aliquando imperet, dignus
esse.
144. Bene legere saecla vincere. [Inscrição em biblioteca, na
Universidade da Califórnia, EUA] Ler bem é vencer os
séculos.
145. Bene merenti mala es, male merenti bona es. [Plauto,
Asinaria 114] Para os que te fazem bem és má; para os que te
prejudicam és boa.
146. Bene merere et si praemia desint. [Divisa] Ter
merecimento, mesmo que não haja compensação.
147. Bene mihi, bene vobis, bene meae amicae. [Plauto, Persa
772] À minha saúde, à vossa saúde, à saúde de minha amiga.
VIDE: ● Bene vos, bene nos, bene te, bene me.
148. Bene mori praestat quam turpiter vivere. É melhor
morrer honestamente do que viver vergonhosamente. ■ Antes
morte que vergonha. VIDE: ● Melius est honeste mori quam
turpiter vivere. ● Satius est honeste mori quam turpiter
vivere. ● Se bene mori quam turpiter vivere maluit.
149. Bene moritur quisquis moritur dum lucrum facit.
[Eurípides / Sêneca, Epistulae Morales 115.14] Tem morte
abençoada quem morre na prosperidade.
150. Bene nati, bene vestiti, et mediocriter docti. Bem
nascidos, bem vestidos, mas só moderadamente cultos. ■ Não
julgar pelas aparências.
151. Bene natis turpe est male vivere. [Erasmo, Adagia
5.2.34] É vergonhoso para os bem nascidos viver
desonestamente.
152. Bene navigavi nunc, cum naufragium feci. [Albertatius
282] Depois que naufraguei, passei a navegar bem. ■ A
experiência que não dói muito pouco aproveita. ■ Há males
que vêm por bens. VIDE: ● Nunc bene navigavi postquam
naufragium feci. ● Nunc bene navigavi, cum naufragium
feci.
153. Bene navigavit, qui quem destinavit portum tenuit.
[Sêneca, De Beneficiis 2.31.3] Fez boa viagem quem atingiu
o porto que pretendia.
154. Bene nos dicite! Desejai bem a nós! ■ À nossa saúde!
● Bene nobis!
155. Bene nummatum decorat Suadela Venusque. [Horácio,
Epistulae 1.6.38] A eloqüência e o amor favorecem quem
tem muito dinheiro. ■ Quem tem dinheiro tem graça e
amigos.
156. Bene ominare de homine mortuo. [Quílon / Rezende
561] Pressagiar um futuro feliz para um homem morto.
157. Bene omnibus nobis. [Plauto, Persa 789] À saúde de
todos nós.
158. Bene opto tibi. Desejo-te sucesso. VIDE: ● Bene preco tibi.
159. Bene orasse est bene studuisse. [Lutero] Ter orado bem é
ter-se aplicado bem.
160. Bene parta perpetuo homines funguntur. [Costa e Sá,
Diccionario Portuguez, Francez e Latino 46] Do que bem se
adquiriu os homens gozam para sempre.
161. Bene partum saepe dilabitur, et male partum simul
cum domino. [Pereira 114] O bem ganhado muitas vezes se
perde, e o mal ganhado se perde junto com seu dono. ■ O
bem ganhado se perde, e o mal, seu dono e ele.
162. Bene perdis gaudium, ubi dolor pariter perit. [Publílio
Siro] Vale a pena perder a alegria, quando a dor igualmente
desaparece.
163. Bene perdit nummos, iudici cum dat nocens. [Publílio
Siro] Vale a pena ao culpado desperdiçar o dinheiro com que
corrompe o juiz.
164. Bene preco tibi. Desejo-te sucesso. VIDE: ● Bene opto tibi.
165. Bene qui cenat, bene vivit. [Horácio, Epistulae 1.6.56]
Quem bem janta bem vive.
166. Bene qui coniciet, vatem hunc perhibebo optimum.
[Eurípides / Cícero, De Divinatione 2.12] Quem sabe
conjecturar bem, esse eu tenho como o melhor profeta.
167. Bene qui latuit, bene vixit. [Ovídio, Tristia 3.4.25] Viveu
bem quem soube viver na obscuridade. VIDE: ● Bene vixit qui
bene latuit. ● Qui bene latuit, bene vixit.
168. Bene qui stat, non moveatur. Quem está bem não se
mova. ■ Quem está bem deixe-se estar. ■ Quem bem está não
se levante. VIDE: ● Qui felicem mutat statum, ne aegre ferat
fortunae casum. ● Regula certa datur, bene qui stat, non
moveatur.
169. Bene quod fecisti, tibi fecisti, non mihi. [Plauto,
Trinummus 280] O que fizeste de bom fizeste a ti, não a
mim.
170. Bene te cognosco. [Grynaeus 536] Eu te conheço bem.
■ Conheço-te como a palma da minha mão.
171. Bene tibi! Que tudo te corra bem! ■ À tua saúde!
172. Bene tibi erit. [Vulgata, Salmos 127.2] Tudo te correrá
bem.
173. Bene tibi erit futurum, si praesens bene colloces.
[Schrevelius 1185] O futuro correrá bem para ti, se
administrares bem o presente.
174. Bene timet qui hominem se esse cognoscit. [S.Ambrósio]
Com fundamento teme quem se lembra de que é um ser
humano.
175. Bene utere. [Inscrição em quadrante solar] Aproveita bem
(as tuas horas).
176. Bene vivere omnes volumus, at non possumus.
[Grynaeus 604] Todos queremos viver bem, mas nem todos
podemos.
177. Bene vixit is qui potuit, cum voluit, mori. [Publílio Siro]
Viveu bem quem pôde morrer quando quis.
178. Bene vixit qui bene latuit. [Binder, Medulla 126] Viveu
bem quem soube viver na obscuridade. VIDE: ● Bene qui
latuit, bene vixit. ● Qui bene latuit, bene vixit.
179. Bene vobis! Que tudo vos corra bem! ■ À vossa saúde!
180. Bene vos, bene nos, bene te, bene me. [Plauto, Stichus
699] À vossa saúde, à nossa saúde, à tua saúde, à minha
saúde. VIDE: ● Bene mihi, bene vobis, bene meae amicae.
181. Benedicamus Domino. [Inscrição em quadrante solar]
Bendigamos ao Senhor.
182. Benedicat tibi Dominus. [Vulgata, Rute 2.4] O Senhor te
abençoe.
183. Benedicite Deum Dominum. [Vulgata, Salmos 67.27]
Bendizei ao Senhor Deus. ● Benedicite Domino. [Vulgata,
Salmos 132.2] Bendizei ao Senhor.
184. Benedicite, stellae caeli, Domino. [Vulgata, Daniel 3.63]
Estrelas do céu, bendizei ao Senhor.
185. Benedicta est expositio quando res redimitur a
destructione. [Jur / Coke / Black 205] Abançoada é a
interpretação, quando alguma coisa se salva da destruição.
186. Benedicta tu in mulieribus. [Vulgata, Lucas 1.28] Benta
és tu entre as mulheres. ● Benedicta tu inter mulieres.
[Vulgata, Lucas 1.42] VIDE: ● Ave gratia plena: Dominus
tecum, benedicta tu in mulieribus. ● Ave, Maria, gratia
plena, Dominus tecum, benedicta tu in mulieribus.
187. Benedictio patris firmat domos filiorum; maledictio
autem matris eradicat fundamenta. [Vulgata, Eclesiástico
3.11] A bênção do pai consolida as casas dos filhos, mas a
maldição da mãe abala-lhes os alicerces.
188. Benedictis si certasset, audisset bene. [Terêncio,
Phormio 20] Se ele se esforçasse em dizer boas palavras,
ouviria boas palavras.
189. Benedictus qui venit in nomine Domini. [Vulgata,
Mateus 23.39] Abençoado seja quem vem em nome do
Senhor.
190. Benedictus vir qui confidit in Domino. [Vulgata,
Jeremias 17.7] Bendito o homem que confia no Senhor.
191. Benedixit omnibus qui timent Dominum, pusillis cum
maioribus. [Vulgata, Salmos 113B.13] Abençoou a todos
que temem ao Senhor, aos pequenos como aos grandes.
192. Benefac promerenti, amantem ama. [Schottus, Adagialia
Sacra 19] Favorece a quem te favorece, ama a quem te ama.
193. Benefacere et male audire regium est. Cabe aos reis
fazer o bem e ouvir calúnias. VIDE: ● Est regium male audire
et benefacere.
194. Benefacite his qui oderunt vos. [Vulgata, Lucas 6.27]
Fazei bem aos que vos querem mal.
195. Benefacta benefactis aliis pertegito, ne perpluant.
[Plauto, Trinummus 323] Acumula boas obras umas sobre
outras, para que elas não se percam.
196. Benefacta male locata, malefacta arbitror. [Ênio /
Cícero, De Officiis 2.18] Considero malefícios os benefícios
mal aplicados. ■ Os benefícios mal colocados são aos
malefícios equiparados. ■ Quem faz bem assim ao ingrato,
compra caro e vende barato. ● Benefacta male locata pro
malefactis arbitranda. Benefícios mal empregados devem
ser considerados malefícios.
197. Benefacta sua verbis adornant. [Plínio Moço, Epistulae
1.8.15] Enfeitam suas boas obras com palavras.
198. Benefactis pensare delicta. [Erasmo, Adagia 5.1.48]
Retribuir os malefícios com benefícios.
199. Benefactis proxime ad Deum accedimus. [Rezende 545]
Pelas boas obras nos aproximamos de Deus. ● Benefactis
proxime ad deos accedimus. [Publílio Siro] Pelas boas
obras aproximamo-nos dos deuses.
200. Benefactum a vobis, dum vivitis, non abscedet. [Aulo
Gélio, Noctes Atticae 14.1] O benefício que fizerdes, de vós
não se afastará, enquanto viverdes.
201. 201. Benefici liberalesque non gratiae recuperandae
studio esse debemus. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 17.5]
Devemos ser benfazejos e generosos, mas não com o intuito
de receber retribuição.
202. Beneficia dare, qui nescit, iniuste petit. Quem não sabe
fazer favores, não tem o direito de pedir. VIDE: ● Beneficium
dare qui nescit, iniuste petit.
203. Beneficia Dei omnibus horis consideranda sunt. Em
todos os momentos devem ser considerados os benefícios
concedidos por Deus.
204. Beneficia donari aut mali aut stulti putant. [Publílio
Siro] Só os maus ou os tolos pensam que os favores são
gratuitos.
205. Beneficia eo usque laeta sunt dum videntur exsolvi
posse; ubi multum antevenere, pro gratia odium
redditur. [Tácito, Annales 4.18] Os benefícios são
agradáveis enquanto se julga que podem ser pagos; quando
passam de muito esse limite, em lugar de agradecimento,
devolve-se ódio.
206. Beneficia imperata non habent gratiam. [Bebel, Adagia
Germanica] Favores impostos não têm reconhecimento. VIDE:
● Beneficium invito non datur. ● Invite data non sunt
grata. ● Invito non datur beneficium. ● Officium ne
collocaris in invitum. ● Omnis coacta res molesta est.
● Servitia coacta non habent meritum.
207. Beneficia in acta non mitto. [Sêneca, De Beneficiis
2.10.4] Não anuncio nos jornais os favores (que faço).
208. Beneficia in commune collata, omnes accipiunt et
nemini gratificantur. [DAPR 719] Os benefícios
concedidos a muitos todos aceitam, mas não são agradáveis a
ninguém. ■ Favor ao comum, favor ao nenhum. VIDE:
● Beneficium quod quibuslibet datur, nulli gratum est.
209. Beneficia meminisse debet is in quem collata sunt.
[Cícero, De Amicitia 71, adaptado] Deve recordar-se dos
benefícios aquele a quem foram concedidos.
210. Beneficia non obtruduntur. [DAPR 710] Benefícios não
se impõem. ● Beneficia nolenti non obtruduntur. Não se
impõem benefícios a quem não os deseja.
211. Beneficia plura recipit, qui scit reddere. [Publílio Siro]
Recebe muitos benefícios quem sabe retribuir.
212. Beneficii accepti esto memor. [Dionísio Catão,
Monosticha 41] Não te esqueças do benefício recebido. ●
Beneficii accepti memento. ● Beneficii accepti nunquam
oportet oblivisci, dati protinus. [DM 67] Do benefício
recebido nunca se deve esquecer; do dado, imediatamente.
● Beneficii accepti nunquam, cito dati obliviscere.
[Publílio Siro] Do benefício recebido, nunca te esqueças, do
concedido, esquece-o imediatamente. VIDE: ● Memineris
accepti, dati obliviscere. ● Tu bene si quid facias, nec
meminisse fas est; quae bene facta accipias, perpetuo
memento.
213. Beneficiis humana vita consistit et concordia. [Sêneca,
De Ira 1.5] A vida humana baseia-se nos benefícios e no
entendimento.
214. Beneficiis magis quam metu impera. Governa antes
pelos favores que pelo medo. ■ Mais se tira com amor que
com dor. ● Beneficiis magis quam metu imperium agita.
Exerce o poder mais com favores do que com o medo.
● Beneficiis magis quam metu imperium agitabant.
[Salústio, Bellum Catilinae 9] Dominavam mais pelos
benefícios do que pelo medo.
215. Beneficio bene erit. [Epígrafe de Fábula de Fedro 3.2 /
Rezende 548] O benefício sempre dará certo. ■ Bem fazer
nunca se perde. ■ Quem o bem fizer, para si é. ■ Faze bem,
não olhes a quem.
216. Beneficio principis. [Frontino, De Aquaeductu 1.3] Por
favor do príncipe.
217. Beneficiorum calcar animus gratus est. [Publílio Siro] O
coração agradecido é o estímulo dos benefícios.
218. Beneficiorum meminisse debemus. Devemos lembrar-
nos dos benefícios.
219. Beneficiorum memoria labilis est, iniuriarum vero
tenax. [Nicola de Chiaravalle / Tosi 1357] A lembrança dos
benefícios é frágil; a das injúrias é duradoura. ■ Escrevem-se
na areia os favores e gravam-se no metal as ofensas. VIDE:
● Memoria beneficiorum fragilis est, iniuriarum tenax.
● Tenacissima iniuriae memoria, at beneficii brevissima.
220. Beneficium accipere, libertatem est vendere. [Publílio
Siro] Aceitar favor é vender a liberdade.
221. Beneficium aetatis. [Codex Iustiniani 2.26.1] O privilégio
da idade.
222. Beneficium beneficio invitetur. [Erasmo, Quaerela Pacis
596] Que um benefício provoque outro.
223. Beneficium beneficio provocatur. [Binder, Thesaurus
331] Um benefício provoca outro. ■ Quem faz o bem, o
encontra. ■ Quem bem faz, para si o faz.
224. Beneficium beneficio respondet. [Rezende 551] A um
favor corresponde outro favor. ■ Amor com amor se paga.
● Beneficium beneficio responde. Paga o favor com outro
favor.
225. Beneficium celeritas gratius facit. [Publílio Siro] A
rapidez torna o benefício mais agradável. ■ Mais vale um
toma que dois te darei. ■ Quem cedo dá, dá duas vezes. ■ Dá
duas vezes quem de pronto dá. ■ Ao amigo que pede não se
diz amanhã. VIDE: ● Beneficium egenti bis dat, qui dat
celeriter. ● Beneficium celeritas gratius facit. ● Bis dat qui
cito dat. ● Bis dat qui dat celeriter. ● Duplex fit bonitas, si
simul accessit celeritas. ● Gratissima sunt beneficia, ubi
nulla mora fuit. ● Inopi beneficium bis dat, qui cito dat.
● Inopi beneficium bis dat, qui dat celeriter. ● Plus dat qui
in tempore dat. ● Plus dat qui tempore dat.
226. Beneficium commune. Um favor feito a várias pessoas.
227. Beneficium dando accepit, qui digno dedit. [Publílio
Siro] Beneficiou a si mesmo quem concedeu benefício a
pessoa digna. ■ Quem ao digno fez bem fê-lo a ele e a si
também.
228. Beneficium dare qui nescit, iniuste petit. Quem não sabe
fazer favor não tem o direito de pedir. VIDE: ● Beneficium qui
dare nescit, iniuste petit.
229. Beneficium datur propter officium. [Binder, Thesaurus
332] Dá-se o benefício pelo serviço prestado. ■ Tal trabalho,
tal salário.
230. Beneficium dignis ubi des, omnes obliges. [Publílio Siro]
Quando concedes um benefício a pessoas dignas, obrigas a
todos.
231. Beneficium egenti bis dat, qui dat celeriter. [Publílio
Siro] Ao necessitado dá em dobro quem dá sem delonga.
■ Mais vale um toma que dois te darei. ■ Quem cedo dá dá
duas vezes. ■ Dá duas vezes quem de pronto dá. ■ Ao amigo
que pede não se diz amanhã. VIDE: ● Beneficium celeritas
gratius facit. ● Bis dat qui cito dat. ● Bis dat qui dat
celeriter. ● Duplex fit bonitas, si simul accessit celeritas.
● Inopi beneficium bis dat, qui cito dat. ● Inopi beneficium
bis dat, qui dat celeriter. ● Plus dat qui in tempore dat.
● Plus dat qui tempore dat.
232. Beneficium enim id est, quod quis dedit, cum illi liceret
et non dare. [Sêneca, De Beneficiis 3.19.1] Benefício é tudo
aquilo que alguém deu, mesmo quando lhe era permitido não
dar.
233. Beneficium est carere eo, invitus quod possideas.
[Publílio Siro] É um benefício precisar do que se tem sem
querer. ■ Esmola só é favor para quem pede. VIDE: ● Invite
data non sunt grata. ● Invito non datur beneficium.
● Officium ne collocaris in invitum. ● Omnis coacta res
molesta est. ● Servitia coacta non habent meritum.
234. Beneficium est semper reddere bonitatis verba.
[Publílio Siro] É sempre um benefício retribuir palavras
gentis.
235. Beneficium est, si cito negas, quod petitur. [Binder,
Thesaurus 333] Se negas imediatamente o que te é pedido,
estás fazendo um favor.
236. Beneficium et gratia coniugunt inter se homines. O
benefício e o reconhecimento unem os homens.
237. Beneficium et gratia vincula sunt concordiae. O
benefício e o reconhecimento são os vínculos da concórdia.
238. Beneficium fortunae. [Sêneca, Epistulae Morales 63.7]
Um favor da sorte. Uma circunstância favorável.
239. Beneficium invito non datur. [Binder, Thesaurus 334]
Não se faz favor a quem não quer. VIDE: ● Beneficia
imperata non habent gratiam. ● Beneficium non confertur
in invitum. ● Invite data non sunt grata. ● Invito non
datur beneficium. ● Officium ne collocaris in invitum.
● Omnis coacta res molesta est. ● Servitia coacta non
habent meritum.
240. Beneficium iuris nemini est denegandum. [Jur] O
benefício da lei a ninguém deve ser negado.
241. Beneficium legis frustra implorat qui committit in
legem. [Jur] Invoca em vão o benefício da lei quem age
contra ela. VIDE: ● Frustra legis auxilium invocat qui
committit in legem. ● Legis auxilium frustra invocat, qui
committit in legem.
242. Beneficium non confertur in invitum. [Jur] Não se
concede um benefício a quem não o deseja. VIDE:
● Beneficium invito non datur.
243. Beneficium non datum nisi propter officium. [Jur /
Black 207] Não se dá remuneração senão por conta de
obrigação cumprida.
244. Beneficium non est cuius sine rubore meminisse non
possum. [Sêneca, De Beneficiis 2.8.2] Não é favor aquilo de
que não posso lembrar-me sem rubor.
245. Beneficium non in eo quod fit aut datur consistit, sed in
ipso dantis aut facientis animo. [Sêneca, De Beneficiis 2.1]
Um benefício não consiste no que se faz ou se dá, mas no
próprio intuito de quem dá ou faz. ■ O que vale é a maneira
de dar.
246. Beneficium qui dare nescit, iniuste petit. [Publílio Siro]
Quem não sabe fazer favor, não tem o direito de pedir. VIDE:
● Beneficium dare qui nescit, iniuste petit.
247. Beneficium qui dat, vult excipi grate. [Sêneca, De
Beneficiis 2.31.3] Quem faz um favor, quer que ele seja
recebido com satisfação.
248. Beneficium qui dedisse se dicit, petit. [Publílio Siro]
Quem anuncia que fez um favor, está querendo um.
249. Beneficium quod quibuslibet datur, nulli gratum est.
[Sêneca, De Beneficiis 1.14] O benefício que é concedido a
qualquer um não agrada a ninguém. ■ Favor ao comum, favor
ao nenhum. ● Beneficium quibuslibet datum, nulli gratum.
[Binder, Thesaurus 335] VIDE: ● Beneficia in commune
collata, omnes accipiunt et nemini gratificantur.
250. Beneficium saepe dare, docere est reddere. [Publílio
Siro] Multiplicar os benefícios é ensinar a retribuir. ■ Quem
graças faz, graças merece.
251. Beneficus importunus hoste non minus. [Schottus,
Adagia 611] O benfeitor inoportuno não é menos do que um
inimigo. ■ Choram os olhos de teu amigo, e ele enterrar-te-á
vivo. ● Benevolentia importuna non differt ab odio.
[Walther 2009 / Tosi 1279] A benevolência fora de tempo
em nada difere do ódio. ● Benevolentia importuna nihil
differt a simultate. [Schottus, Adagia 18] VIDE: ● Amare
inepte nil ab odio discrepat. ● Importuna benevolentia
nihil ab inimicitia distat. ● Intempestiva benevolentia
nihil a simultate differt. ● Par odio importuna
benevolentia. ● Par odio simulata benevolentia.
252. Benevolentia regis. [Jur / Black 209] Benevolência do rei.
Perdão do rei.
253. Benevolentiam civium blanditiis et assentando colligere
turpe est. [Cícero, De Amicitia 61] É vergonhoso captar a
benevolência dos cidadãos com lisonjas e bajulação.
254. Benevolentiam non adulescentulorum more ardore
quodam amoris, sed stabilitate et constantia potius
iudicemus. [Cícero, De Officiis 1.15] Julgaremos a amizade,
não como as crianças, pelo ardor da afeição, mas antes pela
sua firmeza e constância.
255. Benevoli coniunctio animi maxima est cognatio.
[Publílio Siro] A afinidade de uma alma dedicada é o
verdadeiro parentesco.
256. Benigna interpretatio. [Jur] A interpretação benigna. A
interpretação favorável.
257. Benignae faciendae sunt interpretationes et verba
intentioni debent inservire. [Jur / Broom 430] Devem ser
feitas interpretações favoráveis, e as palavras devem estar a
serviço da intenção.
258. Benignior pellace vulpe. [Erasmo, Adagia 4.2.25] Mais
benigno que a pérfida raposa.
259. Benignior sententia in verbis generalibus seu dubiis est
praeferenda. [Jur / Black 209] Nas expressões gerais ou
imprecisas é preferível a interpretação mais favorável. VIDE:
● In re dubia benigniorem interpretationem sequi non
minus iustius est quam tutius.
260. Benignitas multitudini grata est. [Cícero, De Petitione
Consulatus 11] A afabilidade agrada ao povo.
261. Benignitate benignitas tollitur. [Cícero, De Officiis 2.52]
Gentileza recebe-se com gentileza. ■ Gentileza gera
gentileza.
262. Benignius leges interpretandae sunt, quo voluntas
earum conservetur. [Celso, Digesta 1.3.18] As leis devem
ser interpretadas com maior benignidade, a fim de que o seu
espírito seja respeitado.
263. Benigno numine. [Horácio, Carmina 4.4.75] Com o favor
dos deuses. Sob a proteção dos deuses.
264. Benignus etiam causam dandi cogitat. [Publílio Siro] O
homem generoso procura até inventar uma razão para fazer o
bem.
265. Bestia bestiam novit. [Aristóteles / Erasmo, Adagia
4.7.57] Uma fera conhece outra. ■ Um ruim conhece outro.
■ Um gambá cheira outro. ● Bestiam bestia novit.
266. Bestia quaeque suos natos cum laude coronat. [Werner /
Sweet 72] Qualquer animal coroa seus filhotes com louvores.
■ O escaravelho chama a seus filhos grãos de ouro.
267. Beta cito nascitur, buxus paulatim. [Pereira 115] A
beterraba cresce depressa, o buxo, devagar. ■ O que bem
parece, devagar cresce. VIDE: ● Cito nata, cito pereunt.
● Cito nata pereunt; cito elaborata ferunt aetatem.
268. Bibamus et gaudeamus dum iuvenes sumus, nam tarda
senectus venit, et post eam, mors; post mortem, nihil!
[Sweet 272] Bebamos e alegremo-nos enquanto somos
jovens, pois a velhice vem chegando devagar, e depois dela,
a morte; depois da morte, nada!
269. Bibamus, moriendum est. [Sêneca Retórico,
Controversiae 2.6.3] Bebamos, pois a morte é inevitável.
270. Bibamus papaliter. [Fumagalli, L'Ape Latina 238]
Bebamos à maneira do papa.
271. Bibe aquam de cisterna tua. [Vulgata, Provérbios 5.15]
Bebe a água da tua cisterna. ● Bibe aquam de vasis tuis.
[Schottus, Adagialia Sacra 133] Bebe a água dos teus vasos.
272. Bibe cum gaudio vinum tuum. [Vulgata, Eclesiastes 9.7]
Bebe com alegria o teu vinho.
273. Bibe, si bibis. [Plauto, Stichus 700] Se vais beber, bebe
logo.
274. Bibere et manducare nulli concessum est ad gulam
explendam, sed ad famem sitimque restringendam.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] A ninguém foi concedido
beber e comer para encher a garganta, mas para saciar a fome
e a sede.
275. Bibere humanum est, ergo bibamus. [Inscrição na
taberna Rathaus Kelleer, Nuremberg, Alemanha / DAPR
709] Beber é humano; bebamos pois.
276. Bibere venenum in auro. [Lodeiro 182] Beber veneno em
taça de ouro. VIDE: ● Nulla aconita bibuntur fictilibus.
● Venenum in auro bibitur.
277. Biberius Caldius Mero. [Brewer, The Dictionary of
Phrase and Fable] (=Trocadilho feito com o nome Tiberius
Claudius Nero, em que Bibe rius significaria amante da
bebida, e Caldius Mero estaria em lugar de calidus mero,
aquecido pelo vinho).
278. Bibite, fratres, bibite, ne diabolus vos otiosos inveniat.
[Rezende 565] Bebei, irmãos, bebei, para que o diabo não
vos encontre ociosos. ● Bibite, fratres, bibite, ut diabolus
nunquam nos inveniat inoccupatos. Bebei, irmãos, para
que o diabo nunca nos encontre desocupados. VIDE:
● Daemon nunquam te otiosum inveniat. ● Facito aliquid
operis, ut te semper diabolus inveniat occupatum.
279. Bibo, ergo sum. [Stevenson 631] Bebo, logo existo. VIDE:
● Sum, ergo bibo; bibo, ergo sum.
280. Bilingues cavendi. [Alciato, Emblemata] Cuidado com os
hipócritas.
281. Binas habemus aures, os unicum, ut plurima audiamus,
loquamur paucissima. [Zenão / Diógenes Laércio, Vitae
Philosophorum 7.23] Temos duas orelhas, mas uma única
boca, para ouvirmos muito e falarmos muito pouco.
282. Bipedum nequissimum. [Erasmo, Adagia 1.7.42] Um
bípede de mau caráter.
283. Bis. Duas vezes. Pela segunda vez. Em dobro. Novamente.
● Bis! Novamente! Repita-se!
284. Bis, ac ter, quod pulchrum est. [Platão / Erasmo, Adagia
1.2.49] Duas vezes, e até três vezes, (devemos repetir) o que
é bom. VIDE: ● Bis et ter quod pulchrum, malum vero nec
unquam. ● Pulchra saepius esse narranda.
285. Bis ad eumdem. Duas vezes na mesma coisa. ● Bis ad
eumdem lapidem offendere culpa est. Tropeçar duas vezes
na mesma pedra é negligência. ■ Ao que erra, perdoa-lhe
uma vez, mas não três. ■ Só o tolo cai duas vezes no mesmo
buraco. ● Bis ad eumdem impingere lapidem turpe.
[Schottus, Adagia 209] É uma vergonha esbarrar duas vezes
na mesma pedra. ● Bis ad eumdem scopulum naufragium
facere. [Binder, Thesaurus 340] Naufragar duas vezes no
mesmo rochedo. VIDE: ● Culpa est bis ad eumdem lapidem
offendere. ● Iterum eumdem ad lapidem offendere. ● Non
bis ad eumdem lapidem offendas. ● Sapientis haud est bis
in eodem lapide labi. ● Tua culpa ad eumdem lapidem bis
offenderes. ● Turpe est eumdem bis ad lapidem
impingere. ● Turpe est idem saxum ferire saepius.
286. Bis anno vestiri si vis, vilem indue pannum. [Mota 198]
Se te queres vestir duas vezes no ano, usa pano ruim. ■ Quem
veste ruim pano veste duas vezes no ano. ■ O barato sai caro.
VIDE: ● Bis vestiri in anno si vis, vilem indue pannum.
287. Bis bina sunt quattuor. Duas vezes dois fazem quatro.
288. Bis crambe, mors. [Manúcio, Adagia 3] Repolho duas
vezes é morte. ■ De amigo reconciliado e de caldo
requentado, nunca bom bocado. ■ Nem amigo reconciliado,
nem manjar duas vezes guisado. VIDE: ● Crambe repetita
mors est. ● Crambe bis posita mors. ● Crambe bis cocta
mortem fert. ● Crambe bis cocta mors. ● Crambe bis
cocta. ● Occidit miseros crambe repetita magistros.
289. Bis dat qui cito dat. [Erasmo, Adagia 1.8.91] ■ Dá duas
vezes quem de pronto dá. ■ Mais vale um toma que dois te
darei. ■ Quem dá logo, duas vezes dá. ■ Ao amigo que pede
não se diz amanhã. ● Bis dat qui celeriter dat. [Binder,
Thesaurus 341] ● Bis dat qui tempestive donat. ● Bis dat
qui cito dat; nil dat qui munera tardat. [Binder, Medulla
128] Quem dá imediatamente, dá em dobro; nada dá quem
demora a dar. VIDE: ● Beneficium celeritas gratius facit.
● Beneficium egenti bis dat, qui dat celeriter. ● Duplex fit
bonitas, si simul accessit celeritas. ● Inopi beneficium bis
dat, qui cito dat. ● Inopi beneficium bis dat, qui dat
celeriter. ● Multum auxiliatum qui cito.
290. Bis datur a superis hominum iuvenescere nulli. [Binder,
Thesaurus 342] A ninguém é concedido pelos deuses ser
jovem novamente.
291. Bis de eadem re non sit actio. [Jur] Não haja ação duas
vezes sobre a mesma causa.
292. Bis discit qui docet. Quem ensina aprende duas vezes.
VIDE: ● Cum docemus, discimus. ● Docendo, discimus.
● Docendo, discitur. ● Dum docent, discunt. ● Homines
discunt, dum docent. ● Homines, dum docent, discunt.
● Qui docet, discit. ● Si vis scire, doce.
293. Bis emori est alterius arbitrio mori. [Publílio Siro]
Morrer por decisão de outrem é morrer duas vezes. ■ Duas
mortes sofre quem por mão alheia morre.
294. Bis est gratum, quod opus est, ultro si offeras.
[Manúcio, Adagia 388; Rezende 570] É duplamente
agradável, se nos oferecem espontaneamente aquilo de que
precisamos. ● Bis est gratum, quod ultro offeras. [Binder,
Thesaurus 3443] Agrada em dobro o que se oferece
espontaneamente. VIDE: ● Bis fiet gratum quod opus est,
ultro si offeras. ● Bis gratum quod ultro offertur.
295. Bis est malus qui de benemerente dicit male. É duas
vezes depravado quem diz mal do seu benfeitor.
296. Bis et ter quod pulchrum, malum vero nec unquam.
[Apostólio 7.27] Do que é bonito, duas e três vezes, mas o
que é mau, nem uma única. VIDE: ● Bis, ac ter, quod
pulchrum est. ● Pulchra saepius esse narranda.
297. Bis gratum quod ultro offertur. [Binder, Medulla 129;
Mota 118] Agrada em dobro o que se dá espontaneamente.
■ Mais vale um toma que dois te darei. ● Bis fiet gratum
quod opus est, ultro si offeras. [Publílio Siro] O que nos é
necessário torna-se duplamente agradável, se nos é oferecido
espontaneamente. VIDE: ● Bis est gratum, quod opus est,
ultro si offeras.
298. Bis gratum tribuit qui quod debet cito reddit. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Dá dupla satisfação quem devolve
imediatamente o que deve.
299. Bis ille miser est, ante qui felix fuit. [Publílio Siro] É
duas vezes infeliz quem já foi feliz.
300. Bis in bello peccare non licet. [Dumaine 239] Na guerra,
não é permitido errar duas vezes. VIDE: ● Bis peccare in bello
non licet. ● In bello non licet bis peccare. ● Non in bello
peccare licet bis. ● Non licet bis in bello peccare. ● Non
licet in bello bis peccare. ● Peccare bis bello cuiquam non
licet.
301. Bis in die. Duas vezes por dia.
302. Bis in idem. Duas vezes contra a mesma coisa. (=Ӄ
expressão de aplicação, propriamente, em matéria de Direito
Fiscal. Significa imposto repetido sobre a mesma coisa, ou
matéria já tributada: bis, repetição, in idem, sobre o mesmo.
... O bis in idem indica a existência de dois impostos sobre a
mesma coisa ou sobre o mesmo ato, mas decretados pela
mesma autoridade”. De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico
1.325).
303. Bis in septem diebus. Duas vezes em sete dias. Duas
vezes por semana.
304. Bis interimitur qui suis armis perit. [Publílio Siro]
Morre duas vezes quem morre pelas próprias armas.
305. Bis legit qui scribit. [Lodeiro 187] Quem escreve lê duas
vezes. VIDE: ● Qui scribit, bis legit.
306. Bis orat qui bene cantat. [Missale Romanum, De
Momento Cantus 39] Quem bem canta reza dobrado. VIDE:
● Cantare amantis est. ● Qui bene cantat, bis orat. ● Qui
cantat, bis orat.
307. Bis peccare in bello non licet. Na guerra não se pode errar
duas vezes. VIDE: ● Bis in bello peccare non licet. ● In bello
non licet bis peccare. ● Non in bello peccare licet bis.
● Non licet bis in bello peccare. ● Non licet in bello bis
peccare. ● Peccare bis bello cuiquam non licet.
308. Bis peccare in eodem haud sapientis est viri. Não é do
homem inteligente cometer o mesmo erro duas vezes. ■ Só o
tolo cai duas vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Asinus ad
lapidem non bis offendit eumdem.
309. Bis peccas, cum peccanti obsequium comodas. [Publílio
Siro] Erras duas vezes quando fazes favor a quem errou.
310. Bis peccat qui crimen negat. [Rezende 571] Erra duas
vezes quem nega o erro. ■ Negar uma falta é cometer outra
maior.
311. Bis pereo. [Divisa] Morro duas vezes.
312. Bis puer senex. [Medina 609] ■ Um velho é duas vezes
menino. ■ O velho torna a engatinhar. ■ Velhice, segunda
meninice. ● Bis pueri senes. [Aristófanes / Erasmo, Adagia
1.5.36] Os velhos são novamente meninos. VIDE: ● Aiunt
solere senem rursum repuerascere. ● Senectus est velut
altera pueritia. ● Senes bis pueri. ● Senex bis puer.
313. Bis quinam subolem levius pater educat unus grandem,
quam nati bis modo quinque patrem. [DAPR 505] É mais
fácil um pai sustentar uma grande prole de dez filhos do que
dez filhos sustentarem um pai. ■ Um pai para cem filhos, e
não cem filhos para um pai.
314. Bis repetita displicent. As coisas repetidas desagradam.
■ Nem amigo reconciliado, nem manjar duas vezes guisado.
315. Bis repetita placent. [Rezende 573] As coisas repetidas
agradam. VIDE: ● Haec placuit semel, haec deciens repetita
placebit.
316. Bis tergendus erit qui male sputa iacit. [Pereira 119]
Quem cospe mal terá de limpar-se duas vezes. ■ Quem mal
cospe duas vezes se alimpa.
317. Bis terque beati! Duas e três vezes felizes!
318. Bis terve. Duas ou três vezes.
319. Bis vestiri in anno si vis, vilem indue pannum. [Pereira
120] Se queres vestir duas vezes no ano, usa pano ruim.
■ Quem veste ruim pano veste duas vezes no ano. ■ O barato
sai caro. VIDE: ● Bis anno vestiri si vis, vilem indue
pannum.
320. Bis vincit qui se ipsum vincit. [Binder, Medulla 130]
Quem se vence, vence duas vezes. ■ Vence quem se vence.
■ É mais forte quem se vence a si do que quem vence cidades.
● Bis vincit qui se vincit. ● Bis vincit qui se vincit in
victoria. [Publílio Siro] Vence duas vezes quem se vence na
vitória. (=É duas vezes vencedor quem é generoso com o
vencido). VIDE: ● Vincit qui se vincit.
321. Bis vivit qui bene. [Divisa] Vive duas vezes quem vive
bem.
322. Bivium virtutis et vitii. A encruzilhada da virtude e do
vício. ● Bivium virtutis et vitiorum. A encruzilhada da
virtude e dos vícios.
323. Blanda patrum reprobos facit indulgentia natos.
[DAPR 419] A condescendência carinhosa dos pais estraga
os filhos. ■ Mãe aguçosa, filha preguiçosa. ■ Mãe piedosa
cria filha melindrosa. ● Blanda patrum pravos facit
indulgentia natos. [Eiselein 374] ● Blanda patrum segnes
facit indulgentia natos. [Binder, Thesaurus 346; Medina
598] A condescendência carinhosa dos pais faz os filhos
preguiçosos.
324. Blandae mendacia linguae. [DAPR 743] (São) mentiras
de uma língua doce. VIDE: ● Nec vos decipiant blandae
mendacia linguae.
325. Blandi post nubila soles. Depois do tempo nublado brilha
suave o sol. ■ Depois da tempestade, a bonança. VIDE:
● Clarior est solito post maxima nubila Phoebus. ● Gratus
est sollicito post maxima nubila Phoebus. ● Imbribus
obscuris succedunt lumina solis. ● Nubilo serena
succedunt. ● Phoebum post nubila irradiare. ● Post
maxima nubila Phoebus. ● Post nubila, Phoebus. ● Post
nubila, sol. ● Post nebulas Phoebus. ● Solem fugatis
nubilis reduci.
326. Blandire caudam. [Schottus, Adagia 589] Abanar o rabo.
327. Blandissimi adulatores et mordacissimi detractores.
[S.Bernardo de Clairvaux, De Consideratione 4.2.4]
Aduladores gentilíssimos e aspérrimos detratores. ■ Cara de
beato, unhas de gato.
328. Blanditia, non imperio, fit dulcis Venus. [Publílio Siro]
O amor se torna favorável pelo carinho, não pela autoridade.
■ Moscas apanham-se com mel.
329. Blanditiae plus quam dira venena nocent. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 62.14] A lisonja faz mais mal
que os venenos funestos.
330. Blando vis latet imperio. [Ausônio, Praefaciunculae 1.10]
Numa ordem amável está escondida a força. ■ Rogo de
grande mandamento é. VIDE: ● Cogit rogando, cum rogat
potentior. ● Potestas et si supplicet, cogit. ● Potestas, non
solum si invitet, sed etiam si supplicet, cogit. ● Qui rogat
potentior, rogando cogit. ● Si opulentus it petitum
pauperioris gratiam, pauper metuit.
331. Blandus esto. [Dionísio Catão, Monosticha 19] Sê gentil.
332. Blandus mansuetis sis, districtusque superbis. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Sê gentil com os pacíficos, mas severo
com os soberbos.
333. Bolus ereptus e faucibus. [Erasmo, Adagia 3.6.99] O
bocado foi-lhe tirado da boca.
334. Bona a tergo formosissima. [Bacon, Moral of the Colours
of Good and Evil 6] Os bens são muito mais atraentes vistos
pelas costas. ■ O bem só é conhecido depois de perdido. VIDE:
● Bona magis carendo quam fruendo sentimus. ● Bonum
magis carendo quam fruendo sentitur.
335. Bona alia largiri liberalitas, malarum rerum audacia
fortitudo vocatur. [Salústio, Catilina 52] (Hoje,)
prodigalizar os bens alheios se chama generosidade, ousar
atos desonestos se chama coragem.
336. Bona arbor malos informesve fructus nequit
producere. [Cataldo / Ramalho 56] Árvore boa não pode dar
frutos maus e deformados. VIDE: ● Arbor bona bonos fructus
facit; mala autem arbor malos fructus facit. ● Arbor bona
bonos fructus facit; mala vero nunquam bonos. ● Arbor
quaeque bona producit dulcia poma. ● Non est enim
arbor bona quae facit fructus malos. ● Omnis arbor bona
fructus bonos facit.
337. Bona autem admonitio amici. [Homero, Ilíada 11.794] A
advertência do amigo é sempre boa. ■ Conselho de amigo,
aviso do céu.
338. Bona bonis contingunt. [Stevenson 993] Aos homens de
bem acontecem coisas boas. VIDE: ● Omnia bona bonis.
339. Bona causa nullum iudicem verebitur. [Publílio Siro]
Uma causa honesta não temerá nenhum juiz.
340. Bona clarescunt cum malis comparata. Brilha o bem
quando comparado com o mal.
341. Bona comparat praesidia misericordia. [Publílio Siro] A
piedade proporciona segurança.
342. Bona conscientia turbam advocat. [Sêneca, Epistulae
Morales 43] Uma consciência tranqüila recebe apoio do
povo.
343. Bona corporis proprie non sunt bona. Os bens físicos
não são propriamente bens.
344. Bona corporis facile dilabuntur. Os bens do corpo se
perdem facilmente.
345. Bona culina, bona disciplina. Boa cozinha, boa ordem.
■ Em casa onde não há pão todos gritam, mas ninguém tem
razão.
346. Bona diagnosis, bona curatio. Bom diagnóstico, boa
cura.
347. Bona est lex si quis ea legitime utatur. [Vulgata,
1Timóteo 1.8] A lei é boa para aquele que usa dela
legitimamente.
348. Bona est offa post panem. [Zenódoto / Pereira 102] À
falta de pão, massa é bom. ■ À míngua de pão, boas são as
tortas. ■ Quem não tem pão alvo come do ralo. ● Bona etiam
offa post panem. [Erasmo, Adagia 2.4.61] ● Bona est etiam
offa post panem. [Albertatius 27] ● Bona etiam maza post
panem. [Schottus, Adagia 175] ■ Na falta de capão, cebola e
pão. VIDE: ● Post panes bona maza est.
349. Bona existimatio pecuniis praestat. [Tosi 1803] Bom
conceito vale mais do que dinheiro. ■ Mais vale boa fama que
dourada cama. ■ Mais vale crédito na praça que dinheiro em
caixa. VIDE: ● Bona opinio hominum tutior pecunia est.
● Honesta fama est alterum patrimonium. ● Honestus
rumor alterum est patrimonium. ● Melius est nomen
bonum quam divitiae multae. ● Nomen bonum melius est
quam divitiae multae. ● Plus valet bonum nomen, quam
divitiae multae. ● Praeclarior est bona existimatio quam
pecunia. ● Si bona existimatio divitiis praestat.
350. Bona facere virtus maior est, quam mala non
perpetrare. Fazer o bem é virtude maior do que não fazer o
mal.
351. Bona faciens et mala patiens. [Bernardes, Nova Floresta
2.201] Fazendo o bem e recebendo o mal. ■ Fazer bem sem
saber a quem, seus perigos tem.
352. Bona fama in tenebris proprium splendorem tenet.
[Publílio Siro] O bom conceito na escuridão tem brilho
próprio. ● Bona fama in tenebris proprium splendorem
obtinet. ● Bona fama in tenebris proprium splendorem
habet. ● Bona fama in tenebris bonum splendorem facit.
[Albertano da Brescia, Liber Consolationis 50] Na escuridão,
o bom conceito tem muito brilho.
353. Bona fama propria possessio defunctorum.
[Demóstenes / Bacon, Advancement of Learning 2.1.9] O
bom conceito é propriedade característica dos defuntos.
■ Depois do enterro, começam os elogios.
354. Bona fide. [Jur / Black 233] De boa-fé. Com sinceridade.
Com boa intenção. Sem fraude.
355. Bona fide polliceor. Prometo com sinceridade.
356. Bona fides contraria est fraudi et dolo. [Jur] A boa-fé se
opõe à fraude e ao dolo.
357. Bona fides est primum mobile et spiritus vivificans
commercii. [Jur] A boa-fé é o primeiro motivo e o espírito
que anima o comércio.
358. Bona fides exigit ut quod convenit fiat. [Digesta 19.2.21]
A boa-fé exige que se faça o que foi combinado.
359. Bona fides non patitur, ut bis idem exigatur. [Digesta
50.17.57] A boa-fé não admite que se exija duas vezes a
mesma coisa. ● Bona fides non patitur ut semel exactum
iterum exigatur. [Regulae Iuris Bonifacii VIII 83] A boa-fé
não permite que o que foi cobrado uma vez seja novamente
exigido.
360. Bona fides semper praesumitur nisi mala adesse
probetur. [Jur] Sempre se presume a boa-fé, a não ser que se
prove que há má-fé.
361. Bona fiscalia. [Jur] Os bens públicos.
362. Bona fortuna saepe in malum vertitur. [Pereira 97] A
boa-sorte muitas vezes acaba mal. ■ Bem criado e malfadado.
363. Bona gratia. [Jur / Black 233] Por mútuo consentimento.
Voluntariamente. VIDE: ● Mala gratia.
364. Bona iam nec nasci licet, ita corrupta sunt semina.
[Tertuliano, De Pudicitia 1] Já não podem nascer coisas boas,
tão corrompidas estão as sementes.
365. Bona immobilia. [Jur / Black 233] Bens de raiz. Bens
imóveis.
366. Bona, imperante animo bono, est pecunia. [Publílio
Siro] O dinheiro é bom, quando governa o caráter. ■ O
dinheiro é bom servidor e mau amo. ● Bona imperante
animo fit pecunia. ● Bono imperante animo prodest
pecunia. Quando o caráter governa, o dinheiro é útil. VIDE:
● Animo imperante, fit bonum pecunia. ● Bona, semper
imperante animo, est pecunia. ● Bona semper, imperante
animo bono, pecunia est. ● Bono imperante animo prodest
pecunia.
367. Bona magis carendo quam fruendo sentimus. [Bacon,
Moral of the Colours of Good and Evil 6] Sentimos os bens
mais pela sua ausência que pela sua fruição. VIDE: ● Bona a
tergo formosissima. ● Bonum magis carendo quam
fruendo sentitur.
368. Bona malis contraria sunt. O bem se opõe ao mal.
369. Bona mens nec commodatur nec emitur. [Sêneca,
Epistulae Morales 27.8] Sabedoria não se empresta nem se
compra.
370. Bona intelleguntur cuiusque, quae deducto aere alieno
supersunt. [Digesta 50.16.39.1] Entende-se por bens o que
sobra, ao serem deduzidas as dívidas.
371. Bona mens omnibus patet, omnes ad hoc sumus
nobiles. [Sêneca, Epistulae Morales 44.2] A sabedoria está à
disposição de todos; todos nós temos qualidades para isso.
372. Bona mobilia. [Jur / Black 233] Os bens móveis.
373. Bona mors est homini, vitae quae exstinguit mala.
[Publílio Siro] Para o homem é boa a morte que extingue os
males da vida.
374. Bona nasci ex malo non possunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 87.22] Coisas boas não podem nascer de coisa má.
375. Bona nemini hora est, ut non alicui sit mala. [Publílio
Siro] Não há nenhum momento que seja bom para alguém e
que não seja mau para outro. ● Bona nemini hora est, quin
alicui fit mala. [Grynaeus 264] VIDE: ● Nemo ditescit nisi
malo alterius.
376. Bona notabilia. [Jur / Black 233] Bens de valor suficiente
para serem contabilizados.
377. Bona opinio hominum tutior pecunia est. [Publílio Siro]
O bom conceito é mais seguro do que dinheiro. ■ Mais vale
boa fama que dourada cama. ■ Mais vale crédito na praça
que dinheiro na arca. ● Bona opinio homini tutior est
pecunia. [Albertano da Brescia, Liber Consolationis 50] Para
o homem, a boa fama é mais segura que o dinheiro. ● Bona
opinio tutior est pecunia. [Binder, Medulla 134] VIDE:
● Bona existimatio pecuniis praestat. ● Honesta fama est
alterum patrimonium. ● Honestus rumor alterum est
patrimonium. ● Melius est nomen bonum quam divitiae
multae. ● Nomen bonum melius est quam divitiae multae.
● Plus valet bonum nomen, quam divitiae multae.
● Praeclarior est bona existimatio quam pecunia. ● Si
bona existimatio divitiis praestat.
378. Bona parentum debentur liberis de iure naturali. [Jur]
Pelo direito natural, os bens dos pais são destinados aos
filhos.
379. Bona pars bene dicendi est scite mentiri. [Erasmo,
Colloquia Familiaria, Philotymus et Pseudocheus] Uma boa
parte da arte de bem falar consiste em mentir com habilidade.
380. Bona peritura. [Jur / Black 233] Bens perecíveis.
381. Bona praesentia instar celeres equi transvolant. Os bens
presentes desaparecem como cavalos velozes.
382. Bona pro bonis. [Schottus, Adagia 361] O bem se paga
com o bem.
383. Bona prudentiae pars est nosse stultas vulgi cupiditates
et absurdas opiniones. [Erasmo, De Utilitate Colloquiorum]
Uma boa parte da prudência é reconhecer os tolos desejos e
as absurdas opiniões do vulgo.
384. Bona publica. Os bens públicos.
385. Bona quae veniunt, ni sustineantur, opprimunt.
[Publílio Siro] A riqueza que chega, se não é controlada,
esmaga.
386. Bona, quam sint bona, scire, nisi malorum cognitione
non possumus. [S.Pedro Crisólogo / Bernardes, Nova
Floresta 3.141] Só podemos saber quanto valem os bens pelo
conhecimento dos males. ■ Só sabe da doçura quem conhece
a amargura.
387. Bona res quies. [Periandro / Rezende 589] Boa coisa é o
repouso.
388. Bona, semper imperante animo, est pecunia. O dinheiro
é bom, quando sempre governa o caráter. ■ O dinheiro é bom
servidor e mau amo. ● Bona semper, imperante animo
bono, pecunia est. O dinheiro sempre é bom quando
governa o bom caráter. VIDE: ● Animo imperante, fit bonum
pecunia. ● Bona, imperante animo bono, est pecunia.
● Bona imperante animo fit pecunia. ● Bono imperante
animo prodest pecunia.
389. Bona si esse vis, bene erit tibi. [Plauto, Mercator 510] Se
quiseres ser boazinha, será bom para ti.
390. Bona spina iam tum cum parvula est se prodit.
[Apostólio 13.24] O espinheiro, quando ainda é pequenino,
parece bonzinho. ■ De jovem anjo, velho diabo. VIDE: ● Cum
parvula est, bona videtur spina.
391. Bona summa putes aliena vivere quadra. [Juvenal,
Satirae 5.2] Julgues que o bem supremo é viver do pão
alheio. VIDE: ● Aliena vivere quadra. ● Miserum est aliena
vivere quadra.
392. Bona temporalia, ne putentur mala, dantur etiam
bonis; et, ne putentur magna bona, dantur etiam malis.
[S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta 2.250] Os bens
temporais, para que não sejam considerados maus, são dados
também aos homens de bem; e, para que não sejam
considerados grandes bens, são dados também aos maus.
393. Bona terra, mala gens. [Shakespeare, King Henry VI,
Ato 4, Cena 7] Terra boa, gente ruim.
394. Bona terrae comedetis. [Vulgata, Isaías 1.19] Comereis
os bens da terra.
395. Bona turpitudo est, quae periclum vindicat. [Publílio
Siro] É salutar a vileza que faz afrontar o perigo.
396. Bona vacantia ad fiscum pertinent. [Digesta 30.96.1] Os
bens vacantes pertencem ao fisco. (=Bens vacantes são os
deixados por alguém, por falecimento, sem que haja
herdeiros legais ou instituídos por testamento).
397. Bona valetudine esse, optimum est homini mortali;
proximum, specie honesta praeditum esse; tertium, opes
habere citra fraudem; quartum, aetate vigere cum
amicis. [Estobeu / Grynaeus 104] Desfrutar de boa saúde é o
mais importante para o homem mortal; a seguir, ser dotado
de aparência agradável; terceiro, dispor de bens adquiridos
honestamente; quarto, viver a vida com os amigos.
398. Bona valetudo melior est quam maximae divitiae. Uma
boa saúde vale mais do que a maior riqueza. ■ Mais vale
saúde boa que pesada bolsa.
399. Bona valetudo iucundior est iis, qui e gravi morbo
recreati sunt, quam qui nunquam aegro corpore fuerunt.
[Cícero, Post Reditum 2.5] A boa saúde é mais agradável
àqueles que retornaram de grave doença do que àqueles que
nunca tiveram o corpo doente.
400. Bona verba, quaeso! [Terêncio, Andria] Por favor, dize-
me algo de bom!
401. Bona vina bonum faciunt acetum. [John Owen,
Epigrammata 4.220] Bons vinhos fazem bom vinagre. ■ De
bom vinho, bom vinagre.
402. Bona vincula nuptiarum, sed tamen vincula.
[S.Ambrósio, De Virginitate 3 / Bernardes, Nova Floresta
1.279] É bom o jugo do matrimônio, mas é um jugo.
403. Bona voluntate. De boa vontade.
404. Bonae fidei emptor esse videtur, qui ignoravit eam rem
alienam esse, aut putavit eum qui vendidit ius vendendi
habere. [Digesta 50.16.109] Considera-se comprador de
boa-fé aquele que ignorava ser o bem de outrem, ou julgava
que quem vendia tinha o direito de fazê-lo.
405. Bonae fidei non congruit de apicibus iuris disputare.
[Jur] Não é próprio da boa-fé discutir sutilezas de direito.
VIDE: ● De bona fide enim agitur, cui non congruit de
apicibus iuris disputare.
406. Bonae fidei non congruit qui de alieno lucrum sentiat.
[Jur] Não procede de boa-fé quem aufere lucro do alheio.
407. Bonae fidei possessio. [Jur] Posse de boa-fé.
408. Bonae fidei possessor. [Jur / Black 234] Possuidor de boa-
fé.
409. Bonae lacrimae in quibus est redemptio peccatorum.
[S.Ambrósio / Bernardes, Nova Floresta 2.162] São boas as
lágrimas em que está a redenção dos pecados.
410. Bonae leges ex malis moribus procreantur. [Erasmo,
Adagia 1.10.61] ■ De maus costumes nascem as boas leis.
● Bonae leges ex malis natae moribus. Boas leis nascidas de
maus costumes. VIDE: ● Ex malis moribus fiunt bonae leges.
● Ex malis moribus bonae leges natae sunt. ● Leges bonae
malis ex moribus procreantur. ● Leges egregias, exempla
honesta, apud bonos ex delictis aliorum gigni.
411. Bonae mentis soror est paupertas. [Petrônio, Satiricon
84] A pobreza é irmã da alma honesta.
412. Bonae valetudinis mater est frugalitas. A frugalidade é a
mãe da boa saúde. ● Bonae valetudinis eorum quasi
quaedam mater erat frugalitas. [Valério Máximo, Dicta et
Facta Memorabilia 2.5.6] A fonte da boa saúde deles
aparentemente era a frugalidade.
413. Bonam aegrotis fortunam contingere, si in bonos,
malam, si in malos incidant medicos. [Hipócrates /
Rezende 597] É boa a sorte dos doentes, se caírem nas mãos
de bons médicos; e má, se caírem nas mãos de maus
médicos.
414. Bonarum rerum consuetudo pessima est. [Publílio Siro]
Habituar-se às coisas boas é péssimo. ■ Tudo enfada, só a
variedade recreia.
415. Bone Deus! Bom Deus!
416. Boni ad bonorum convivia invocati accedunt. [Platão /
Schottus 32] Os homens bons vêm espontaneamente aos
banquetes dos bons. ● Boni ad bonorum convivia ultro
accedunt. [Erasmo, Adagia 1.10.35] VIDE: ● Bonorum ultro
ad convivia accedunt boni. ● Conviva amico amicus ultro
etiam venit. ● Convivae non vocati ad amicos eunt.
● Invocati comessatum ad amicos veniunt amici. ● Mos
miseri ultro convivia adire bonorum. ● Non vocati amici
amicorum mensam accedunt. ● Sponte boni ad parium
laeti convivia tendunt. ● Sponte bonis mos est convivia
adire bonorum. ● Ultro adeunt hominis timidi convivia
fortes.
417. Boni est viri etiam in morte nullum fallere. [Publílio
Siro] O homem honesto não engana a ninguém nem na
morte.
418. Boni et mali genii. Espíritos bons e espíritos maus.
419. Boni iudicis est ampliare iustitiam. [Jur / Black 236] É
dever do bom juiz ampliar a justiça. ● Boni iudicis est
ampliare iurisdictionem. [Brewer, Law Dictionary]
420. Boni iudicis est causam litium dirimere. [Stevenson
1277] O dever do bom juiz é decidir a causa dos litígios.
● Boni iudicis est lites dirimere. É dever do bom juiz dirimir
os litígios.
421. Boni iudicis est iudicium sine dilatione mandare
executioni. [Jur / Black 236] É dever do bom juiz
encaminhar sem demora a sentença para execução.
422. Boni mores. Os bons costumes. O bom caráter. O bom
comportamento. A boa conduta.
423. Boni mores sibi semper placentes permanent. [Publílio
Siro] O bom caráter sempre é apreciado.
424. Boni pastoris est tondere pecus, non deglubere.
[Suetônio, Tiberius 32.2] Do bom pastor é tosquiar as
ovelhas, não tirar-lhes o couro. ■ Tosar, não esfolar. ■ Tosar
não é esfolar. VIDE: ● Deglubere oves, non est probi pastoris
officium. ● Tonderi pecus, non radi debet. ● Vellus ovium
tondere volo, sed non crudeliter illas radi usque ad
cutem. ● Olitorem odi qui radicitus herbas excidat.
425. Boni pedis homo. [S.Agostinho, Epistulae 17.2] Um
homem de bom pé. (=Diz-se de pessoa cuja presença traz
boa-sorte). ■ Um homem de pé quente. VIDE: ● Pede secundo.
● Secundo pede.
426. Boni principii bonus finis. [DAPR 487] De bom começo
bom fim. ■ O que bem começa bem acaba. ● Boni principii
finis bonus. [J. Ray, English Proverbs 54] VIDE: ● Accipit
optatum finem, qui coeperit apte. ● Principii boni finis
bonus. ● Mali principii malus exitus.
427. Boni sibi haec expetunt: rem, fidem, honorem, gloriam
et gratiam; hoc probis pretium est. [Plauto, Trinummus
273] Os bons desejam para si estas coisas: fortuna,
sinceridade, honra, glória e consideração; isto é o prêmio das
pessoas honestas.
428. Boni sunt viri lacrimabundi. [Schottus, Adagia 332]
Homens bons são chorões. (=São propensos à misericórdia).
VIDE: ● In lacrimas facilis probus est vir. ● Vir bonus in
lacrimas facilis.
429. Bonis avibus. [Erasmo, Adagia 1.1.75] Com boas aves.
(=Com bons presságios. Sob bons auspícios. Com a sorte a
favor). ■ Em boa hora. ● Bonis auguriis. VIDE: ● Malis
avibus.
430. Bonis honesta fert exitium veritas. [Fedro, Appendix
24.26] A verdade honesta causa dano aos homens honestos.
431. Bonis initiis malus eventus. [Salústio, Catilina 12] Um
mau resultado de um bom início.
432. Bonis nocet qui malis parcet. [DM 114] Quem poupa os
maus prejudica os bons. ■ Quem poupa o mau prejudica o
bom. ● Bonis nocet quisquis pepercerit malis. [DAPR 527]
Prejudica os bons quem perdoar aos maus. VIDE: ● Iniuria
probos afficit qui malis parcit. ● Minatur innocentibus
qui parcit nocentibus. ● Parcit quisque malis, perdere vult
bonos. ● Qui parcit nocentibus, innocentes punit.
433. Bonis non semper bene evenit. Nem sempre as coisas
saem bem para os bons.
434. Bonis quod bene fit, haud perit. [Plauto, Rudens 855] O
bem que se faz aos bons não se perde. ■ Fazer bem nunca se
perde. VIDE: ● Bonum servitium non perit omnino.
435. Bonitas non est pessimis esse meliorem. [Sêneca,
Epistulae Morales 79.13] Ser melhor que os piores não é
bondade.
436. Bonitatis verba imitari maior malitia est. [Publílio Siro]
Imitar as palavras da honestidade é a maior desonestidade.
437. Bono animo es! [Plauto, Amphitruo 1150] Tem coragem!
● Bono animo esto. [Grynaeus 343] VIDE: ● Bonum habe
animum.
438. Bono benefacito. [Dionísio Catão, Monosticha 36] Faze o
bem ao homem justo.
439. Bono communi ita exigente. [CIC, Canon 2223] Quando
o bem comum o exige. VIDE: ● Bono publico ita exigente.
440. Bono consilio nullum est munus pretiosius. [Erasmo,
Colloquia, Convivium Religiosum] Não há presente mais
valioso que um bom conselho. ■ Conselho de amigo vale um
reino.
441. Bono imperante animo prodest pecunia. [Publílio Siro]
O dinheiro é útil, quando governa o bom caráter. ■ O
dinheiro é bom servidor e mau amo. VIDE: ● Animo
imperante, fit bonum pecunia. ● Bona, imperante animo
bono, est pecunia. ● Bona imperante animo fit pecunia.
● Bona, semper imperante animo, est pecunia. ● Bona
semper, imperante animo bono, pecunia est.
442. Bono loco res humanae sunt, quod nemo nisi vitio suo
miser est. [Sêneca, Epistulae Morales 70.15] O bom das
coisas humanas é que ninguém é infeliz senão por sua culpa.
■ A sua casa traz o homem com que chore.
443. Bono me esse ingenio ornatam, quam auro multo
mavolo. [Plauto, Poenulus 297] Prefiro estar ornada de boas
qualidades a estar ornada de muito ouro.
444. Bono non contentus in malum decidit. [Pereira 119]
Quem não está satisfeito com o bem, cai no mal. ■ Quem
mais quer que bem, a mal vem.
445. Bono probari malo quam multis malis. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Pyttacus Mitylenaeus 2]
Prefiro agradar a um único homem de bem a agradar a
muitos maus.
446. Bono publico ita exigente. [Codex Iuris Canonici 1917,
Canon 1645] Quando o bem público assim o exige. VIDE:
● Bono communi ita exigente.
447. Bono vinci satius est quam malo more iniuriam vincere.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 42.3] Ao homem de bem é
preferível ser vencido a vencer a injustiça por meios
desonestos.
448. Bonorum adversitas non est ira Dei, sed admonitio. A
adversidade das pessoas de bem não é ira, mas advertência
de Deus.
449. Bonorum crimen officiosus est miser. [Publílio Siro] A
desgraça de um homem cumpridor dos seus deveres é uma
acusação aos homens honestos.
450. Bonorum cumulus. Um monte de coisas boas. VIDE:
● Bonorum mare. ● Pontus bonorum.
451. Bonorum enim laborum gloriosus est fructus. [Vulgata,
Sabedoria 3.15] O fruto dos bons trabalhos é glorioso. VIDE:
● Bonorum operum gloriosus fructus.
452. Bonorum extortor, legum contortor! [Terêncio, Phormio
374] Escroque, falsário!
453. Bonorum gloria in conscientiis eorum, et non in ore
hominum. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.6.12]
A glória dos bons está nas consciências deles, e não na boca
dos homens.
454. Bonorum mare. Um mar de coisas boas. VIDE: ● Bonorum
cumulus. ● Pontus bonorum.
455. Bonorum operum gloriosus fructus. [Divisa] O fruto dos
bons trabalhos é glorioso. VIDE: ● Bonorum enim laborum
gloriosus est fructus.
456. Bonorum possessio. [Jur] A posse dos bens.
457. Bonorum tuorum non dominus sed oeconomus es
constitutus. Tu não foste feito dono dos teus bens, mas
apenas administrador deles.
458. Bonorum ultro ad convivia accedunt boni. [Publílio
Siro] Os homens bons vêm espontaneamente aos banquetes
dos bons. VIDE: ● Boni ad bonorum convivia invocati
accedunt. ● Conviva amico amicus ultro etiam venit.
● Convivae non vocati ad amicos eunt. ● Invocati
comessatum ad amicos veniunt amici. ● Mos miseri ultro
convivia adire bonorum. ● Non vocati amici amicorum
mensam accedunt. ● Sponte boni ad parium laeti convivia
tendunt. ● Sponte bonis mos est convivia adire bonorum.
● Ultro adeunt hominis timidi convivia fortes.
459. Bonos boni, malos mali diligunt. Os bons amam os
bons, os maus amam os maus. ■ Cada qual ama seu
semelhante. VIDE: ● Concedetur profecto verum esse, ut
bonos boni diligant.
460. Bonos cives adiuvat fortuna. A sorte ajuda aos bons
cidadãos.
461. Bonos corrumpunt mores congressus mali. [Tertuliano,
Ad Uxorem 1.8] As más companhias corrompem os bons
costumes. ■ Quem com coxo anda, aprende a mancar.
462. Bonos corrumpunt mores confabulationes malae.
[Tertuliano / Tosi 1328] As más conversas corrompem os
bons costumes. ■ Quem com lobos anda aprende a uivar.
VIDE: ● Corrumpunt mores bonos colloquia mala.
● Corrumpunt bonos mores colloquia prava.
● Corrumpunt mores bonos confabulationes pessimae.
● Mores bonos corrumpimus verbis malis. ● Turpia
colloquia bonos mores corrumpunt.
463. Bonos quod oderint mali sunt mali; malos quod oderint
boni, bonos esse oportet. [Plauto, Pseudolus, Prologus] Os
maus são maus porque abominam os bons; estes, porque têm
aversão aos maus, não podem deixar de ser bons.
464. Bonos viros sequar, etiamsi ruent. [Cícero, Ad Atticum
7.7.7] Seguirei os homens de bem, mesmo na infelicidade.
465. Bonum ad virum cito moritur iracundia. [Publílio Siro]
No homem de bem a ira morre logo.
466. Bonum certamen certavi, cursum consumavi, fidem
servavi. [Vulgata, 2Timóteo 4.7] Combati o bom combate,
terminei a viagem, conservei a fé.
467. Bonum commune melius est bono privato. [Signoriello
48] O bem comum é mais importante que o bem privado.
● Bonum commune melius est bono unius. [S.Tomás de
Aquino]
468. Bonum erat ei, si natus non fuisset homo ille. [Vulgata,
Mateus 26.24] Melhor fora ao tal homem não haver nascido.
469. Bonum erat mihi si natus non fuissem! Como seria bom
para mim, se eu não tivesse nascido!
470. Bonum esse cum bonis, haud valde laudabile est. Ser
bom entre pessoas de bem não é de muito mérito. VIDE:
● Neque valde est laudabile bonum esse cum bonis, sed
bonum esse cum malis.
471. Bonum est confidere in Domino, quam confidere in
homine. [Vulgata, Salmo 117.8] Bom é confiar no Senhor,
antes que esperar no homem. ● Bonum est potius confidere
in Domino, quam in homine. [Polydorus, Adagia]
472. Bonum est cum puniuntur nocentes. [Tertuliano, De
Spectaculis 19.2] É bom quando os culpados são punidos.
473. Bonum est diffusivum sui. [Tomás de Aquino, De
Veritate] O bem se irradia por si mesmo.
474. Bonum est duabus ancoris niti ratem. [Publílio Siro] É
bom estar o barco preso por duas âncoras. ● Bonum est
duabus fundari navem ancoris. ● Bonum est duabus niti
ancoris. [Erasmo, Adágia 4.8.72] VIDE: ● Ancoris duabus
niti ratem bonum est. ● Duabus nititur ancoris. ● Duabus
ancoris fultus. ● Fortius astringunt duo vincula, simplice
nodo. ● Melius duo defendunt retinacula navim. ● Navis
tua fulta est duabus ancoris. ● Servari haud una navis
ancora solet.
475. Bonum est erigere domos cum vicinis. [Bebel / Binder,
Thesaurus 357] É bom construir casas com os vizinhos.
476. Bonum est etiam bona verba inimicis reddere. [Publílio
Siro] Até aos inimigos é bom mostrar-se agradecido pelas
boas palavras. ■ Boas palavras custam pouco e valem muito.
■ Palavra mansa ira abranda.
477. Bonum est ex integra causa; malum ex quovis defectu.
[Signoriello 50] O bem vem de causa integral; o mal vem de
qualquer defeito. VIDE: ● Bonum ex integra causa; malum
ex quocumque defectu.
478. Bonum est faciendum et prosequendum, et malum
vitandum. [S.Tomás de Aquino, Summa Theologiae 1.94.2]
O bem deve ser praticado e imitado, e o mau, evitado.
● Bonum est faciendum et malum vitandum. [Rezende
601] O bem deve ser praticado, e o mal, evitado.
479. Bonum est finis cuiuslibet rei. O bem é a finalidade de
tudo.
480. Bonum est fugienda aspicere in alieno malo. [Publílio
Siro] É bom observar no mal alheio o que se deve evitar.
■ Mal alheio dá conselho.
481. Bonum est non laudari, sed esse laudabilem. [DM 38]
Bom não é ser elogiado, mas ser digno de elogios. VIDE:
● Quam magnum est non laudari et esse laudabilem!
482. Bonum est nos hic esse. [Vulgata, Mateus 17.4] É bom
nós estarmos aqui.
483. Bonum est pauxillum amare sane, insane non bonum
est. [Plauto, Curculio 181] Amar um pouquinho, com
equilíbrio, é bom, mas não é bom amar loucamente.
484. Bonum est potentior malo. [Signoriello 50] O bem é mais
poderoso que o mal.
485. Bonum est sal. Si autem sal evanuerit, in quo
condietur? [Vulgata, Lucas 14.34] O sal é bom, porém se o
sal perder a força, com que outra coisa se há de temperar?
486. Bonum est sperare in Domino, quam sperare in
principibus. [Vulgata, Salmos 117.9] Bom é esperar no
Senhor, antes que esperar nos príncipes.
487. Bonum est viro cum portaverit iugum ab adulescentia
sua. [Vulgata, Lamentações 3.27] Bom é para o varão o ter
levado o jugo desde a sua mocidade.
488. Bonum et aequum. O bom e o justo.
489. Bonum et malum sunt in rebus; verum et falsum sunt
in mente. [Signoriello 53] O bem e o mal estão nas coisas; o
verdadeiro e o falso estão na mente.
490. Bonum ex integra causa; malum ex quocumque
defectu. [Vieira, Sermão ao Enterro dos Ossos dos
Enforcados] O bem vem de causa integral; o mal vem de
qualquer defeito. VIDE: ● Bonum est ex integra causa;
malum ex quovis defectu.
491. Bonum ex malo non fit. [Sêneca, Epistulae Morales
87.22] Do mal não resulta o bem. ■ De má mata, nunca boa
caça.
492. Bonum habe animum. [Grynaeus 343] Tem coragem.
VIDE: ● Bono animo es. ● Bono animo esto.
493. Bonum magis carendo quam fruendo sentitur.
[Henderson, Latin Proverbs] Conhece-se o valor do bem
mais por sua ausência do que por sua fruição. ■ Só se sabe
quanto vale a água, quando a fonte seca. ● Bonum magis
carendo quam fruendo cernitur. VIDE: ● Bona a tergo
formosissima. ● Bona magis carendo quam fruendo
sentimus.
494. Bonum malum fit, tempore haud datum suo. [Schottus,
Adagia 613] O bem se transforma em mal, quando não é
feito na hora própria.
495. Bonum mentis est virtus. A virtude é o bem do espírito.
496. Bonum mihi quia humiliasti me, ut discam
iustificationes tuas. [Vulgata, Salmos 118.71] Para mim foi-
me bom que Tu me humilhasses, para eu aprender os teus
preceitos.
497. Bonum nomen, bonum omen. [Rezende 603] Boa fama,
bom agouro. ■ Vale mais crédito que dinheiro. ■ Boa fama
vale dinheiro. VIDE: ● Nomen est omen. ● Nomen atque
omen. ● Nomen, omen.
498. Bonum non datum tempore malum est. O benefício que
não é dado no momento certo é um mal.
499. Bonum para nomen, et dormi secure. [Branco 227]
Adquire boa fama e dorme tranqüilo. ■ Cobra boa fama e
deita-te a dormir. ● Bonum parato nomen, et securus cuba.
[Branco 454]
500. Bonum per se. Bom em si mesmo.
501. Bonum publicum. O bem público.
502. Bonum publicum, ut in plerisque negotiis solet, privata
gratia devictum. [Salústio, Bellum Iugurthinum 25.1] O
interesse público, como quase sempre acontece, foi
sacrificado ao interesse particular.
503. Bonum quanto communius, tanto divinius. [Signoriello
48] O bem, quanto mais pessoas atinge, mais divino é. VIDE:
● Quo communius est bonum, eo divinius est.
504. Bonum quia praeceptum; malum quia prohibitum.
[Peña 39] Bom, porque determinado; mau, porque proibido.
VIDE: ● Malum quia prohibitum.
505. Bonum quo communius, eo melius. [Stevenson 992] O
bem quanto mais se divide com outros, tanto melhor. VIDE:
● Malum quo communius eo peius.
506. Bonum quod est supprimitur, nunquam exstinguitur.
[Publílio Siro] O que é bom é oprimido, mas nunca se
extingue.
507. Bonum quod honestum, malum quod turpe est. É bom o
que é digno, é mau o que é vergonhoso.
508. Bonum servat castellum, qui custodierit corpus suum.
[Grynaeus 609] Preserva um bom castelo quem cuidar do
próprio corpo.
509. Bonum servitium non perit omnino. [Bebel, Proverbia
Germanica] Um benefício não se perde de todo. ■ Bem fazer
nunca se perde. VIDE: ● Bonis quod bene fit, haud perit.
510. Bonum sine ratione nullum est; sequitur autem ratio
naturam. [Sêneca, Epistulae Morales 66.36] Não há coisa
boa que não tenha sua base na razão; e a razão segue a
natureza.
511. Bonum summum. O bem supremo.
512. Bonum vinum hedera non indiget. [Binder, Thesaurus
358] Bom vinho não precisa de anúncio. ■ O que é bom por si
se gaba. ■ O bom vinho escusa pregão. ■ O bom vinho traz a
venda consigo. ■ Vinho não há mister ramo. ■ O bom pano na
arca se vende. VIDE: ● Laudato vino non opus est hedera.
● Vino vendibili non opus est hedera. ● Vino vendibili
suspensa hedera nihil opus.
513. Bonum vinum laetificat cor hominis. [Rezende 604] O
bom vinho alegra o coração do homem. ■ O bom vinho traz
consigo a ventura. VIDE: ● Vinum bonum laetificat cor
hominis. ● Vinum bonum laetificat cor hominum.
● Vinum laetificet cor hominis.
514. Bonum virum facile crederes, magnum libenter.
[Tácito, Agricola 44] Num homem bom confiarás facilmente,
num grande homem confiarás com prazer.
515. Bonus advocatus, malus vicinus. ■ Bom advogado, mau
vizinho.
516. Bonus animus in mala re dimidium est mali. [Plauto,
Pseudolus 445] O otimismo na dificuldade reduz o mal à
metade. VIDE: ● Animus aequus optimum est aerumnae
condimentum. ● In re mala, animo si bono utare, adiuvat.
517. Bonus animus laesus gravius multo irascitur. [Publílio
Siro] Um bom coração ofendido fica muito mais magoado.
518. Bonus animus nunquam erranti obsequium
accommodat. [Publílio Siro] Um coração honesto nunca
favorece a quem erra.
519. Bonus atque fidus iudex honestum praetulit utili.
[Horácio, Carmina 4.9.40] O juiz justo e íntegro prefere o
honesto ao vantajoso.
520. Bonus Bernardus non videt omnia. O bom Bernardo não
vê tudo. ■ Ninguém é sábio o tempo todo.
521. Bonus bonis bene feceris. [Plauto, Poenulus 1215] Como
homem de bem, agirás bem para com os homens de bem.
522. Bonus bonis, improbis malus. Bom para os bons, mau
para os maus. VIDE: ● Bonus sit bonis, malis sit malus.
523. Bonus condus, bonus promus. [Binder, Thesaurus 361]
Bom administrador, bom despenseiro.
524. Bonus dolus est, quo malus pellitur. [Binder, Thesaurus
362] É boa a astúcia com que se evita uma maldade. VIDE:
● Dolus bonus est quo malus pellitur.
525. Bonus dux bonum reddit comitem. [Erasmo, Adagia
1.8.100] Um bom guia torna bom o companheiro. ■ O bom
amo faz o bom criado. ● Bonus dux, bonus comes. VIDE:
● Dux bonus bonum reddit comitem. ● Qui bene ducit,
bene sequi facit. ● Qui bonum se praebet ducem, is facit
ut alii bene sequantur.
526. Bonus esse non potest aliis malus sibi [Publílio Siro] Não
pode ser bom para os outros quem é mau para si.
527. Bonus est affatus amici admonitoris. [Homero /
Manúcio, Adagia 963] Boa é a palavra do amigo que nos
adverte. ■ Conselho de amigo vale um reino. VIDE:
● Amicorum est admonere mutuum.
528. Bonus esto bonis, ne te mala damna sequantur.
[Dionísio Catão, Disticha 1.11] Sê bom somente com os
bons, para que não te ocorra nenhum mal. ■ Quem do lobo faz
pastor perde as ovelhas.
529. Bonus fruitur bona conscientia. [DM 133] O homem
bom goza de consciência tranqüila.
530. Bonus homo de bono thesauro profert bona; et malus
homo de malo thesauro profert mala. [Vulgata, Mateus
12.35] O homem bom do bom tesouro tira boas coisas; mas o
homem mau do mau tesouro tira más coisas.
531. Bonus homo semper tiro. O homem bom é sempre um
aprendiz. VIDE: ● Bonus vir semper tiro. ● Semper homo
bonus tiro est.
532. Bonus intra, melior exi! Entra bom, sai melhor!
533. Bonus iudex damnat improbanda, non odit. [Sêneca, De
Ira 1.16.6] O juiz honesto condena as coisas reprováveis, mas
não se deixa levar pelo ódio.
534. Bonus iudex secundum aequum et bonum iudicat, et
aequitatem stricto iuri praefert. [Jur / Broom 66] O bom
juiz julga segundo o equitativo e o bom, e prefere a eqüidade
ao direito estrito.
535. Bonus liber amicus optimus. [Divisa] O bom livro é o
melhor dos amigos.
536. Bonus orator, pessimus vir. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy] Bom orador, péssimo homem.
537. Bonus pastor animam suam dat pro ovibus suis.
[Vulgata, João 10.11] O bom pastor dá a própria vida pelas
suas ovelhas.
538. Bonus praeceptor bonum discipulum facit. O bom
professor faz o bom aluno. ■ O bom amo faz o bom criado.
VIDE: ● Bonus dux bonum reddit comitem. ● Dux bonus
bonum reddit comitem. ● Qui bene ducit, bene sequi facit.
● Qui bonum se praebet ducem, is facit ut alii bene
sequantur.
539. Bonus quilibet praesumitur. [Jur] Toda pessoa se
presume honesta. ● Bonus quilibet praesumitur in dubio.
[Binder, Thesaurus 365] Na dúvida, toda pessoa se presume
honesta.
540. Bonus rumor alterum est patrimonium. [Pereira 99]
Boa fama é um segundo patrimônio. ■ Boa fama vale
dinheiro. ■ Cria fama e deita-te na cama. VIDE: ● Bene audire
alterum patrimonium est.
541. Bonus segnior fit ubi neglegas. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 31.9] Um homem de bem se torna improdutivo
quando não se lhe dá atenção.
542. Bonus sit bonis, malis sit malus. [Plauto, Bacchides 622]
Que ele seja bom para os bons e mau para os maus. VIDE:
● Bonus bonis, improbis malus.
543. Bonus vero vir sine Deo nemo est. [Sêneca, Epistulae
Morales 41.2] Homem de bem, na verdade, ninguém o é sem
a intervenção de Deus.
544. Bonus vir nemo est nisi qui bonus est omnibus. [Publílio
Siro] Homem de bem só é quem é bom para todos.
545. Bonus vir non modo facere, sed ne cogitare quidem
audebit, quod non audeat praedicare. [Cícero, De Officiis
3.19] O homem de bem não só não ousará fazer, mas nem
mesmo pensar aquilo que não ousa proclamar.
546. Bonus vir semper tiro. O homem de bem é sempre um
aprendiz. VIDE: ● Bonus homo semper tiro. ● Semper homo
bonus tiro est.
547. Bos ad aquam tractus non vult potare coactus. O boi
levado ao rio não quer ser obrigado a beber. ■ Pode-se levar
o burro à fonte, mas não obrigá-lo a beber.
548. Bos ad iugum. [Albertatius 28] Um boi no jugo. (=Diz-se
de quem está sempre trabalhando).
549. Bos ad praesaepe. [Erasmo, Adagia 2.1.39] Um boi na
mangedoura. (=Um homem inútil. Um ocioso). VIDE: ● Bos in
acervo. ● Bos in stabulo sedens. ● Bos in stabulo.
550. Bos adversus se ipsum pulverem movet. [Binder,
Thesaurus 366] O boi move a poeira para cime dele mesmo.
VIDE: ● Bos sibi ipsi pulverem movet.
551. Bos alienus subinde foras prospectat. [Erasmo, Adagia
1.10.62] O boi alheio olha a porta com freqüência. (=Diz-se
de quem anseia pela liberdade). VIDE: ● Plerumque bos
alienus extra prospicit.
552. Bos bos dicetur, terris ubicumque videtur. [Bragança
7.1.4] Em qualquer terra em que seja visto, o boi será
chamado de boi. ■ Burro que vai a Santarém, burro vai e
burro vem.
553. Bos cognoscit possessorem. [Grynaeus 750] O boi
conhece seu dono. VIDE: ● Cognovit bos possessorem suum,
et asinus praesaepe domini sui.
554. Bos currum trahit, non bovem currus. O boi puxa a
carroça, e não a carroça o boi. ■ Não vá o carro adiante dos
bois. VIDE: ● Currus bovem trahit praepostere. ● Currus
bovem trahit. ● Currus boves trahit. ● Plaustrum bovem
trahit.
555. Bos hic non comedat, qui iam iuga ferre recusat.
[Binder, Thesaurus 368] O boi que recusa puxar o carro, aqui
não comerá. ■ Quem não trabalha, não come. ■ Não pode o
filho de Adão sem trabalho comer pão. VIDE: ● Nemo otiosus
comedat. ● Qui non laborat, non manducat. ● Qui non
laborat, non manducet. ● Si quis non vult operari, nec
manducet.
556. Bos in stabulo. [Erasmo, Adagia 4.6.91] Um boi na
mangedoura. (=Um homem inútil. Um ocioso). ● Bos in
stabulo sedens. [Schottus, Adagia 386] ● Bos apud
acervum. [Binder, Thesaurus 367] ● Bos in acervo. VIDE:
● Bos ad praesaepe.
557. Bos lassus fortius figit pedem. [S.Jerônimo, Epistulae
102.2 / Bernardes, Nova Floresta 4.200] O boi cansado pisa
com mais força. ■ Boi velho, rego direito.
558. Bos mugiens multum dat lactis ab ubere parum.
[Werner, Sprichwörter 26] Vaca que muito muge dá pouco
leite das suas tetas. ■ Muita parra, pouca uva. ■ Muita zoada
é sinal de pouca coisa. VIDE: ● Multum clamoris, parum
lanae.
559. Bos semper sub iugo. O boi está sempre sob o jugo.
■ Aonde irá o boi que não are?
560. Bos senex vacat luctu domesticorum. [Manúcio, Adagia
723] Boi velho não tem choro dos amigos. VIDE: ● Luctu
vacat bos cum senex moritur domi. ● Senex bos non
lugetur. ● Senum mors, quod tempestiva videatur, non
lugetur ab amicis. ● Vetulus bos lugetur a nemine.
561. Bos senior caute consulit ipse sibi. [Stevenson 1733] Boi
velho toma conta de si mesmo. ■ A boi velho não busques
abrigo.
562. Bos sibi ipsi pulverem movet. [Schottus, Adagia 46] É o
próprio boi que mexe a poeira para si mesmo. VIDE: ● Bos
adversus se ipsum pulverem movet. [Binder, Thesaurus
366] O boi move a poeira para si mesmo.
563. Bos ultro ad aratrum venit. O boi vem espontaneamente
ao arado.
564. Botrus oppositus botro maturescit. [Erasmo, Adagia
3.2.49] Um cacho de uvas colocado diante de outro
amaduresce. ■ Dize-me com quem vais, dir-te-ei o que farás.
■ Quem com coxo anda, aprende a mancar. ● Botrus iuxta
botrum maturescit. [Manúcio, Adagia 812; Branco 351]
VIDE: ● Cum sancto sanctus eris, et cum viro innocente
innocens eris. ● Summuntur a conversantibus mores.
● Tales plerumque evadimus, quales sunt ii cum quibus
sociamus. ● Talis quisque est, quales quibuscum
familiaris. ● Uva iusta uvam maturescit.
565. Bove leporem venari. [Erasmo, Adagia 4.4.44] Caçar
lebre com um boi. ■ Não se caçam lebres tocando tambor.
566. Bovem asino non iunges. Não atreles o boi ao asno. VIDE:
● Non arabis in bove simul et asino. ● Non bene inaequales
veniunt ad aratra iuvenci. ● Quam male inaequales
veniunt ad aratra iuvenci.
567. Bovem habet in lingua. [Rezende 609] Ele tem um boi na
língua. (=Diz-se de quem recebeu dinheiro para calar).
■ Molharam-lhe as mãos. ■ Untaram seu carro. ■ Untaram-
lhe o carro para andar e não chiar. ● Bovem in lingua fert.
[Apostólio 5.74] ● Bovem in faucibus portat. [Erasmo,
Adagia 2.3.10] Ele carrega um boi na boca. VIDE: ● Os inest
orationi.
568. Bovem si nequeas, asinum agas. [Pereira 119] Se não
podes usar um boi, usa um burro. ■ Quem não pode andar a
cavalo ande a pé. ■ Quem não tem cão, caça com gato.
■ Quem não pode como quer faça como puder. ● Bovem si
non possis, asinum agas. [Binder, Thesaurus 373] VIDE: ● Si
bovem non possis, asinum agas. ● Si bovem non potes,
asinum age. ● Si nequeas bovem, asinum agito. ● Si non
potes bovem, asinum agito. ● Si non queas boves, agas
asinos licet.
569. Boves messis tempus exspectantes. [Erasmo, Adagia
3.2.51] São bois que esperam o tempo da colheita. (=Diz-se
de quem suporta grandes trabalhos na esperança de
compensação abundante). ■ Sofra quem penas tem, que, trás
tempo, tempo vem. VIDE: ● Messis tempus boves exspectant.
570. Bovi clitellas impones. [Binder, Medulla 144] Estás
selando um boi. (=Confias a tarefa a pessoa incapaz de
realizá-la. Fazes tarefa inútil). ● Bovi non conveniunt
clitellae. Sela não foi feita para boi. VIDE: ● Clitellae bovi
sunt impositae.
571. Bovibus aratrum praeferre. [Binder, Thesaurus 375] Pôr
o arado à frente dos bois. ■ O carro não anda adiante dos
bois.
572. Breve. [Jur] Breve. Rescrito. Édito. “Writ”.
573. Breve ita dicitur, quia rem de qua agitur, et
intentionem petentis, paucis verbis breviter enarrarrat.
[Jur / Black 249] O breve é assim chamado porque expressa
brevemente, em poucas palavras, a questão em debate, e o
objetivo da parte.
574. Breve et irreparabile tempus omnibus est vitae.
[Virgílio, Eneida 10.467] Para todos o tempo de vida é breve
e irrecuperável.
575. Breve iudiciale non cadit pro defectu formae. [Jur /
Black 249] Um documento judicial não caduca por defeito de
forma.
576. Breve tempus aetatis satis longum videtur ad bene
beateque vivendum. O breve tempo de vida se mostra
suficientemente longo para se viver bem e com felicidade.
● Breve enim tempus aetatis satis est longum ad bene
honesteque vivendum. [Cícero, De Senectute 19.70]
● Breve tempus aetatis longum satis ad bene vivendum.
577. Breves dies et horae omnia sunt. [Inscrição em quadrante
solar] Dias e horas, tudo é breve.
578. Breves dies hominis sunt. [Vulgata, Jó 14.5] São breves
os dias do homem.
579. Breves sunt, sint utiles. [Inscrição em quadrante solar] As
horas são breves; que elas sejam úteis.
580. Brevi manu. [Ulpiano, Digesta 233.43.1]Com a mão
rápida. (=Sem formalidade. Sumariamente. De pronto). VIDE:
● Manu brevi.
581. Brevi ratio mitigat dolorem. Em pouco tempo a razão
alivia a dor.
582. Brevi tempore. Dentro de pouco tempo.
583. Breviarium. Resumo. Sinopse. Compilação.
584. Brevis a natura vita vobis data est, at memoria bene
redditae vitae sempiterna. [Cícero, Philippica 14.33] A
vida que nos foi dada pela natureza é breve, mas a lembrança
de uma vida bem vivida é eterna.
585. Brevis aetas, vita fugax. [Inscrição em quadrante solar] O
tempo é curto, a vida é fugaz.
586. Brevis esse laboro, obscurus fio. [Horácio, Ars Poetica
25] Esforço-me por ser breve, fico obscuro.
587. Brevis est institutio vitae honestae beataeque, si credas.
[Quintiliano, Institutio Oratória 12.12] Fácil é o
planejamento de uma vida digna e feliz, se se tem fé.
588. Brevis est magni fortuna favoris. [Binder, Thesaurus
377] Dura pouco a sorte muito favorável. ■ A fortuna,
afagando, espreita, e a prosperidade é a mais suspeita. VIDE:
● Pelle moras; brevis est magni fortuna favoris.
589. Brevis est occasio lucri. [Marcial, Epigrammata 8.9.3] A
oportunidade passa rápida.
590. Brevis est via. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 9.9.11] O
caminho é curto. ■ Vou num pé e volto noutro.
591. Brevis et damnosa voluptas. O prazer é breve e causa
danos. VIDE: ● Brevis una voluptas mille parit luctus.
592. Brevis gloria, quae ab hominibus datur et accipitur.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.6.10] Pouco dura
a glória que é dada e recebida pelos homens.
593. Brevis hic est fructus homullis. [Lucrécio, De Rerum
Natura 3.912] Breves são para os pobres homens os prazeres
da vida.
594. Brevis hominum vita. [Inscrição em quadrante solar] A
vida dos homens é curta.
595. Brevis in volatilibus est apis, et initium dulcoris habet
fructus illius. [Vulgata, Eclesiástico 11.3] A abelha é
pequena entre os seres que voam, mas o produto dela é o que
há de mais doce.
596. Brevis ipsa vita est, sed malis fit longior. [Publílio Siro]
A própria vida é curta, mas se torna mais longa pelos
infortúnios.
597. Brevis ira est ipsa memoria iracundiae. [Publílio Siro] A
lembrança da indignação provoca uma ira breve. VIDE:
● Brevissima esto memoria iracundiae.
598. Brevis omnis malitia super malitiam mulieris. [Vulgata,
Eclesiástico 25.25] É pequena qualquer malícia comparada
com a malícia da mulher.
599. Brevis oratio et longa manducatio. Discurso breve e
comilança longa. (=Frase usada contra os longos discursos
no início dos banquetes).
600. Brevis oratio penetrat caelum. [DAPR 783] A oração
breve penetra no céu. ■ A oração breve depressa chega ao
céu.
601. Brevis oratio penetrat caelos, longa potatio evacuat
scyphos. [Rabelais, Gargantua 1.41] A oração breve penetra
nos céus, a bebedeira longa esvazia os copos.
602. Brevis una voluptas mille parit luctus. Um prazer breve
gera mil dores. ■ Para uma alegria, mil dores. VIDE: ● Brevis
et damnosa voluptas.
603. Brevis voluptas mox doloris est parens. [Apostólio 5.84]
Um breve prazer logo produz uma dor. ■ O prazer está perto
da dor.
604. Brevissima ad divitias per contemptum divitiarum via
est. [Sêneca, Epistulae Morales 72.3] O caminho mais curto
para a riqueza é pelo desprezo da riqueza.
605. Brevissima est ad scientiam via audiendi diligentia.
[Juan-Luis Vives, Opera] O cuidado em ouvir é o caminho
mais curto para o saber. ● Brevissima est ad discendum via
audiendi diligentia. O cuidado em ouvir é o caminho mais
curto para aprender.
606. Brevissima esto memoria iracundiae. [Publílio Siro] Que
a lembrança da indignação dure muito pouco. VIDE: ● Brevis
ira est ipsa memoria iracundiae.
607. Brevitas delectat. [Binder, Medulla 146] A brevidade
agrada. ■ Brevidade e novidade muito agradam.
608. Brevitatem vitae posteritatis memoria consolatur.
[Cícero, Pro Milone 35] A lembrança da posteridade
recompensa a brevidade da vida.
609. Brevitatis causa. Por concisão.
610. Brevitatis gratia. [Garcia de Meneses / Ramalho 14] Por
amor à brevidade.
611. Breviter. Em resumo.
612. Bruta fortuna. A insensível sorte. A sorte é insensível.
613. Bruta fulmina. [Plinio Antigo, Naturalis Historia 2.43]
São raios sem conseqüência. ■ Quem não pode morder, não
mostre os dentes. ● Bruta sunt fulmina. VIDE: ● Brutum
fulmen. ● Vana tonitrua.
614. Bruta iudicium liberum non possunt, quia eorum
iudicia semper appetitu praeveniunt. [Dante, Monarchia
1.12] Os animais não podem ter livre arbítrio, porque os
julgamentos deles sempre vêm do impulso.
615. Bruta licet soleant animalia iure timeri, omnibus est
illis plus metuendus homo. [Aviano] Embora os animais
selvagens costumem ser temidos, o homem é mais temível
que todos eles.
616. Brutum fulmen. [Black 254] Um raio sem conseqüência.
(=Uma ameaça vã). VIDE: ● Bruta fulmina. ● Telum imbelle
sine ictu.
617. Bubo canit lusciniae. [Erasmo, Adagia 4.4.12] A coruja
canta para o rouxinol. ■ Anda o mundo às avessas.
618. Bubo conspectus est. [Schottus, Adagia 387] Foi vista
uma coruja. (=Mau presságio).
619. Bubulcus antea, nunc caprarius. [Binder, Thesaurus
382] Antes,vaqueiro; agora, pastor de ovelhas.
620. Bulla est vita hominum. [Inscrição em quadrante solar] A
vida dos homens é uma bolha.
621. Bursa manet vacua, licet vox ampla tua. [Binder,
Thesaurus 383] Tua bolsa continua vazia, apesar de tua voz
magnífica. ■ Palavras não enchem saco. ■ Palavras sem
obras são tiros sem balas.
622. Bursa vacans aere vetat inter vina sedere. [Binder,
Thesaurus 384] Bolsa sem dinheiro impede que nos sentemos
junto aos vinhos. ■ Quem não tem dinheiro não come
rapadura.
623. Bursula calcatur, dum grandis bursa paratur. [Binder,
Thesaurus 385] Quando aparece a bolsa grande, a bolsinha é
desprezada. ■ Quando o ouro fala, tudo cala. ■ Quem mais
tem, mais pode.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

C1: 1-200
1. Cacatio matutina est tamquam medicina. [DAPR
697] A evacuação matinal vale um remédio.
2. Cacoëthes carpendi. A mania de criticar.
3. Cacoëthes loquendi. A mania de falar.
4. Cacoëthes scribendi. A mania de escrever.
5. Cacumen radicis loco ponis. [Sêneca, Epistulae
Morales 124.7] Pões a copa no lugar da raiz. ■ Pões tudo
de pernas para o ar. ■ Trocas as bolas.
6. Cadant amici, dummodo inimici intercidant.
[Cícero / Bacon, Advancement of Learning 2.23.45]
Que morram nossos amigos, desde que morram nossos
inimigos. VIDE: ● Pereant amici, dum inimici una
intercidant. ● Pereat cum hosti amicus ipsemet.
7. Cadente quercu, quilibet lignatum adest.
[Apostólio 7.38] Quando o cai o carvalho, todo o
mundo vem para catar lenha. ■ Em pau caído todo o
mundo faz graveto. ■ À árvore caída todos vão buscar
lenha. ● Cadente quercu quilibet ligna colligit.
● Cadente quercu quivis ligna colligit. ● Cadente
quercu quilibet ligna secat. ● Cadente quercu ligna
quisquis colligit. VIDE: ● Arbore deiecta, ligna quivis
colligit. ● Deiecta arbore, quivis ligna colligit.
● Deiecta quivis arbore ligna legit. ● Quercu iacente
omnes eunt petitum ligna. ● Quivis ruentis ligna
quercus colligit. ● Ruente quivis ligna colligit arbore.
8. Cadenti porrige dextram. Estende tua mão ao
homem que cai. VIDE: ● Da dextram misero. ● Iniquum
est collapsis manum non porrigere.
9. Cadere de regno grave est. [Sêneca, Phoenissae
598] É triste cair do poder.
10. Cadit ira metu. [Ovídio, Amores 2.13.4] Com o
medo passa a ira. ■ O temor da morte é a sentinela da
vida.
11. Cadit quaestio. Cai a questão. (=O argumento perde
a força. Não cabe mais discussão).
12. Cadit statim simultas, ab altera parte deserta;
nisi paria non pugnant. [Sêneca, De Ira 2.34.5] A
desavença desaparece imediatamente, quando é
abandonada por uma das partes; só se briga se há dois.
■ Quando um não quer, dois não brigam. VIDE: ● Nisi
paria non pugnant.
13. Caeca amore est. [Plauto, Miles Gloriosus 1259]
Ela está cega de amor. ■ A afeição cega a razão. VIDE:
● Amor caecus est. ● Nemo in amore videt. ● Qui
amat, circa rem amatam caecus redditur.
14. Caeca est in propriis rabulae sententia causis.
[Pereira 114] É cega a sentença do rábula nas próprias
causas. ■ Ninguém é bom juiz em causa própria.
15. Caeca est temeritas quae petit casum ducem.
[Sêneca, Agamemnon 145] É cega a audácia que busca
o acaso como guia.
16. Caeca invidia est. A inveja é cega. ■ A ambição
cega a razão. ● Caeca invidia est, nec quidquam aliud
scit, quam detrectare virtutes. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 38.59.5] A inveja é cega, e não sabe senão
depreciar as virtudes.
17. Caeca somnia. [Schottus, Adagia 251] São sonhos
enganadores.
18. Caeci ducem quaerunt; nos sine duce erramus.
[Sêneca, Epistulae Morales 50.3] Os cegos procuram
um guia; nós sem guia nos perdemos.
19. Caeci sunt, et duces caecorum. [Vulgata, Mateus
15.14] São cegos e condutores de cegos.
20. Caeci sunt oculi, cum animus alias res agit.
[Publílio Siro] Os olhos são cegos, quando o espírito
cuida de outras coisas.
21. Caecis hoc clarum est. Isso está claro até para
cegos. ■ Até um cego vê isso. ● Caecis hoc satis clarum
est. [Quintiliano, Institutio Oratoria 12.7.9] Isso está
bastante claro até para cegos. VIDE: ● Haec caecis
perspicua sunt.
22. Caecitatis duae species facile concurrunt, ut qui
non vident quae sunt, videre videantur quae non
sunt. [Tertuliano, Apologeticus 9.20] Duas espécies de
cegueira se combinam de modo que os que não vêem o
que existe parece verem o que não existe.
23. Caecorum in patria luscus rex imperat omnis.
[Apostólio 8.31] Todo caolho é rei em terra de cegos.
■ Em terra de cegos, o torto é rei. ■ Em terra de cego
quem tem um olho é rei. ● Caecorum in patria colitur
pro principe luscus. VIDE: ● Apud caecos monoculus
rex. ● Beati monoculi in regione caecorum. ● Beati
monoculi in terra caecorum. ● Beatus monoculus in
terra caecorum. ● In caecorum regno regnant
strabones. ● In regione caecorum rex est luscus. ● In
terra caecorum monoculus rex. ● Inter caecos luscus
rex. ● Inter caecos regnat luscus. ● Inter caecos
regnat strabo. ● Inter caecos strabus rex est. ● Inter
indoctos, qui semidoctus est, doctissimus habetur.
● Inter mendicos, qui paululum habet nummorum,
Croesus est. ● Inter pygmaeos regnat nanus.
● Monoculus inter caecos rex.
24. Caecum odium. Ódio cego. O ódio é cego.
25. Caecus amor nonnunquam admiratur neglecta. O
cego amor às vezes se maravilha com coisas
desprezadas.
26. Caecus amor prolis. [Binder, Thesaurus 387] É
cego o amor aos filhos. ● Caecus amor prolis est.
27. Caecus amor sui. [Horácio, Carmina 1.18.14] O
cego amor de si mesmo.
28. Caecus auribus ac mente. [Erasmo, Adagia 4.3.41]
Ele é tapado de ouvidos e de espírito.
29. Caecus autem, si caeco ducatum praestet, ambo
in foveam cadunt. [Vulgata, Mateus 15.14] Se um cego
guiar outro cego, ambos cairão no buraco. ■ Cego não
pode guiar cego. ● Caecus caecum ducens, in foveam
se ipsum cum illo praecipitat. [Schrevelius 1172] O
cego que guia outro cego se atira ao precipício junto
com ele. ● Caecus caecos ducat in foveam.
[S.Jerônimo, Epistulae 7.5] Um cego guiará outros
cegos para dentro do buraco. VIDE: ● Potest caecus
caecum ducere? ● Si caecum caecus ducit, ambo in
foveam cadunt.
30. Caecus caecum ducit. [Polydorus Vergilius,
Adagia] É um cego guiando outro. ● Caecus caeco dux.
[Erasmo, Adagia 1.8.40]
31. Caecus convicia iacit in luscum. [Erasmo,
Colloquia Familiaria]. O cego critica o zarolho. ■ É o
roto falando do esfarrapado. ■ Diz o tacho à caldeira:
tira-te para lá, não me enfarrusques. VIDE: ● Corvus
corvo nigredinem obicit.
32. Caecus de coloribus disputat. O cego discute sobre
cores. (=Diz-se de quem fala do que não entende).
33. Caecus est ignis stimulatus ira. É cego o fogo
estimulado pela ira. ■ A ira queima o entendimento.
● Caecus est ignis stimulatus ira, nec regi curat,
patiturve frenum, aut timet mortem. [Sêneca, Medea
591] É cego o fogo estimulado pela ira; nem quer ser
governado, nem admite freio, nem teme a morte.
34. Caecus et ignorans passu gradiuntur eodem.
[Medina 611] O cego e o ignorante caminham ao
mesmo passo. ■ Quem não sabe é como quem não vê.
● Caecus et ignarus passu gradiuntur eodem.
35. Caecus ignis. Um fogo cego. (=Uma paixão oculta).
36. Caecus iter monstrare vult. [Horácio, Epistulae
1.17.4, adaptado] O cego quer mostrar o caminho.
■ Cego não pode guiar cego.
37. Caecus iudicandi officio fungitur. [Digesta 5.1.6]
O cego exerce a função de julgar.
38. Caecus mentis furor. A cólera é cega.
39. Caecus non iudicat de colore. [Rezende 619] O
cego não opina sobre cor. ■ Um cego não pode ser juiz
em cores. ● Caecus non iudicet de colore. [DAPR 389]
Não opine o cego sobre cores.
40. Caecus parietem palpat. [Grynaeus 288] O cego
tateia a parede.
41. Caecus venter verba non curat. [Schrevelius 1173]
Estômago vazio não presta atenção em palavras.
■ Estômago vazio não tem ouvidos. ■ Ventre em jejum
não ouve a nenhum. VIDE: ● Difficile est vacuo verbis
imponere ventri. ● Ieiunus venter non audit verba
libenter. ● Inanis venter non audit verba libenter.
● Venter famelicus auriculis caret. ● Venter aures
non habet. ● Venter auribus caret. ● Venter caret
auribus.
42. Caedere aut caedi. [Divisa] Matar ou morrer.
43. Caedes videtur significare sanguinem et ferrum.
Guerra significa sangue e espada.
44. Caedimus, inque vicem praebemus terga sagittis.
[Pereira 118] Nós matamos, mas reciprocamente
expomos nossas costas às flechas. ■ Quem anda na
guerra dá e leva. ■ Onde se dá, aí se leva. ■ Onde as
dão, as levam. ● Caedimus inque vicem praebemus
crura sagittis. [Pérsio, Satirae 4.42] Nós matamos, mas
também expomos nossas pernas às flechas.
45. Caelebs, caelestium vitam ducens. [Prisciano,
Institutiones Grammaticae] Celibatário, aquele que leva
a vida dos deuses. ■ Homem casado, pássaro na gaiola.
46. Caelebs, quasi caelestis, quia uxore caret. [DAPR
716] Um celibatário é como um deus, porque não tem
mulher.
47. Caelestes omnia possunt. [Manúcio, Adagia 122]
Os deuses tudo podem. VIDE: ● Di omnia possunt.
48. Caelestia qui spectat, humana contemnit. Quem
olha as coisas celestes despreza as humanas. ● Caelestia
semper spectato, humana contemnito! [Cícero, De
Republica 6.20] Olha sempre as coisas celestes;
despreza as humanas!
49. Caelestis aqua ad bibendum omnibus antefertur.
[Paládio, Opus Agriculturae 1.17.4] Para beber, a água
da chuva é de a melhor de todas.
50. Caelestis ira quos premit, miseros facit; humana
nullos. [Sêneca, Hercules Oetaeus 441] A cólera dos
deuses torna infelizes aqueles a quem persegue; a cólera
dos homens os suprime.
51. Caeli enarrant gloriam Dei. [Vulgata, Salmos 18.2]
Os céus contam a glória de Deus.
52. Caeli enarrant voluntatem Dei. [Bacon,
Advancement of Learning 2.25.3] Os céus contam a
vontade de Deus.
53. Caelitus mihi vires. [Divisa] Minhas forças vêm do
céu.
54. Caelo cadente ollae veteres frangentur omnes.
[Bebel / Eiselein 311] Se o céu caísse, as panelas velhas
se quebrariam todas. ■ Se o céu caísse, morriam as
andorinhas todas.
55. Caelo digito attingere. [Grynaeus 62] Tocar o céu
com o dedo.
56. Caelo haeret, terris lucet. [Divisa da Rainha Ana
da Áustria] Está suspensa nos céus, e brilha na terra.
57. Caelo ne fide sereno. [Branco 478] Não confies no
céu sem nuvens. ■ Não vos fieis nas aparências. ■ Não
vos fieis na fortuna. VIDE: ● Nimium ne fide sereno.
58. Caelo tegitur, qui non habet urnam. [Lucano,
Pharsalia 7.819] É o céu que envolve quem não tem
urna (para lhe receber o corpo).
59. Caelo tonantem credidimus Iovem regnare.
[Horácio, Carmina 3.5.1] Quando trovejou, acreditamos
que Júpiter reina no céu. ■ Na hora da aflição todo o
mundo se lembra de Deus. ■ O medo é o pai da crença.
60. Caelos non penetrat oratio quam canis orat. A
oração que o cão reza não penetra no céu. ■ Oração de
cão não chega ao céu. VIDE: ● Oratio canis non
penetrat caelos. ● Stultorum vota non exaudiuntur.
61. Caelum ac terras miscere. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 4.3.6] Misturar o céu com a terra. ■ Misturar
alhos com bugalhos. ■ Misturar verdes com maduras.
VIDE: ● Caelum terrae miscere. ● Caelum terrae,
terram caelo miscere. ● Omnia confundere.
62. Caelum et terra transibunt, verba autem mea non
praeteribunt. [Vulgata, Mateus 24.35] Passarão o céu e
a terra, mas não passarão minhas palavras.
63. Caelum, non animum, mutant, qui trans mare
currunt. [Horácio, Epistulae 1.11.27] Mudam de clima,
não de espírito, os que transpõem os mares. ■ Asno que
a Roma vá asno volta de lá. ■ Tolo vai a Santarém, tolo
vai, tolo vem. ■ Quem é mau em sua vila pior será em
Sevilha. ● Caelum, non animum, mutant, qui per
mare currunt. VIDE: ● Animum debes mutare, non
caelum. ● Mutans locum, mores tamen mutat nihil.
● Permutare te potes, sed non meliorare. ● Vitia
nostra regionum mutatione non fugimus.
64. Caelum, non solum. [Divisa] O céu, não a terra.
65. Caelum stat, terra movetur. O céu permanece
imóvel; é a terra que se move. VIDE: ● Sol stat, sed terra
movetur.
66. Caelum terrae, terram caelo miscere. Misturar o
céu com a terra, e a terra com o céu. ■ Misturar alhos
com bugalhos. ■ Misturar verdes com maduras.
● Caelum terrae miscere. [DAPR 349] ● Caelum
terrae permiscetur. VIDE: ● Caelum ac terras miscere.
● Omnia confundere.
67. Caelum undique et undique pontus. [Virgílio,
Eneida 3.193] Por todos os lados céu e por todos os
lados mar.
68. Caeno puram aquam turbans nunquam invenies
potum. [Erasmo, Adagia 2.6.83] Se sujas com lodo a
água limpa, nunca acharás bebida. ● Caeno limpidam
aquam inquinans nunquam invenies potum. VIDE:
● Quod bibas nunquam reperies, si caeno inquines
limpidam aquam.
69. Caesar, memento te mortalem esse! [Dengg 10]
Imperador, lembra-te de que és mortal!
70. Caesar non super grammaticos. [Rezende 628]
César não está acima dos gramáticos. VIDE: ● Tu enim,
Caesar, civitatem dare potes hominibus, verbo non
potes.
71. Caesaribus censum solvite, vota Deo. [Binder,
Thesaurus 393] Aos governantes, paga teu imposto; a
Deus, paga tuas promessas. ■ A César o que é de César,
a Deus o que é de Deus.
72. Caesaris exercitus optima valetudine utebatur.
[César, Bellum Civile 3.49] O exército de César gozava
de saúde perfeita. VIDE: ● Optima valetudine uti.
73. Caespite natali quilibet optat ali. Cada qual deseja
ser criado na cabana em que nasceu. ■ O passarinho
ama o seu ninho. VIDE: ● Sua cuique cara patria. ● Sua
cuique patria iucundissima.
74. Caesus est Phryx melior, atque ad serviendum
promptior. [Apostólio 20.37] O frígio espancado fica
melhor e mais disposto a servir. (=Os frígios eram tidos
por lentos e preguiçosos). ■ Açoite, grande mezinha. ■ O
louco pela pena é cordo. VIDE: ● Phryx plagis
emendatur. ● Phrygem plagis solere fieri meliorem.
75. Calamitas nemini exprobranda. Ninguém deve ser
culpado por uma calamidade.
76. Calamitas nulla sola. [Rezende 633] Nenhuma
desgraça vem só. ■ Uma desgraça nunca vem só. VIDE:
● Eheu! nullum infortunium venit solum. ● Fortuna
obesse nulli contenta est semel. ● Malis mala
succedunt. ● Nulla calamitas sola. ● Nullum
infortunium venit solum.
77. Calamitas querula est, et superba felicitas. [Quinto
Cúrcio, Historiae 5.5] A infelicidade é queixosa, mas a
felicidade é orgulhosa. VIDE: ● Felicitas est superba.
78. Calamitas saepius disciplina virtutis est. [Minúcio
Félix, Octavius 36] A calamidade na maioria das vezes
é a escola da virtude.
79. Calamitas virtutis est occasio. [Sêneca, De
Providentia 4.6] A desgraça é o momento da coragem.
80. Calamitatum habere socios miseris est solacio.
[Publílio Siro] Aos infelizes serve de consolo ter
companheiros de infortúnio. ■ Mal de muitos, consolo é.
■ Tristeza dividida, tristeza aliviada. VIDE: ● Commune
naufragium, omnibus est consolatio. ● Commune
naufragium, omnibus solacium. ● Commune
naufragium omnibus solatio est. ● Consolatio
miserorum est habere socios. ● Gaudium est miseris
socios habere poenarum. ● Magna consolatio est
patientis, si secum habeat condolentem. ● Solacium
est miseris socium habere malorum. ● Solamen
miseris socios habuisse malorum. ● Solamen miseris
socios habuisse doloris.
81. Calamitosum non irriseris. [Quílon / Rezende 634]
Não zombes do desgraçado. ■ Não te alegres com meu
doilo, que, quando o meu for velho, o teu será novo.
82. Calamitosus est animus futuri anxius. [Sêneca,
Epistulae Morales 98] É infeliz o espírito atormentado
com o futuro. ■ Sofre de medo quem tem medo de sofrer.
83. Calamo currente. [DAPR 791] Ao correr da pena. De
improviso. VIDE: ● Currente calamo. ● Currente stilo.
84. Calcanda semel via leti. [Horácio, Carmina
1.28.16] O caminho da morte deve ser pisado uma única
vez.
85. Calcat iacentem vulgus. [Sêneca, Octavia 455] A
plebe espezinha o vencido. ■ Cão danado, todos a ele.
86. Calcea te caligas tuas. [Vulgata, Atos 12.8] Calça
tuas sandálias.
87. Calcem impingit. [Petrônio, Satiricon 46.5] Ele dá
um ponta-pé.
88. Calceos mutare. [Erasmo, Adagia 4.8.13] Trocar os
sapatos. (=Mudar de classe social. Tornar-se senador).
VIDE: ● Mutavit calceos.
89. Calceos tempus transmutat. [Pereira 101] O tempo
troca os sapatos. ■ De cem em cem anos, os reis são
vilãos, e de cento e seis, os vilãos, reis.
90. Calceus angustior urit pedem. Um sapato mais
apertado machuca o pé.
91. Calceus maior pede. [Pereira 112] O sapato é maior
do que o pé. ■ Não é forma de seu pé.
92. Calceus maior subvertit. Sapato muito grande
derruba. ■ Quem muito quer tudo perde. ● Calceus si
pede maior erit, subvertet, si minor, uret. [Horácio,
Epistulae 1.10.42] Se o sapato for maior do que o pé,
derrubará a pessoa, se for menor, machucará.
93. Calceus pede minor. O sapato é menor que o pé.
■ Não cabe na bainha.
94. Calcibus auras verberat. [Virgílio, Eneida 10.892]
(O cavalo) dá coices no vento. VIDE: ● Auras
diverberat. ● Nebulas diverberat. ● Nebulas pectit.
95. Calcibus et pugnis. [Pereira 97] Com pés e punhos.
■ Com unhas e dentes.
96. Calcitrare contra acumina. [Amiano Marcelino,
Historiae 18.5.1] Dar chutes no aguilhão. ■ Dar murro
em ponta de faca. VIDE: ● Adversus stimulos calces
iaces. ● Contra stimulum calcitrare. ● Contra
stimulos calces iacere. ● Durum est tibi contra
stimulum calcitrare. ● Inscitia est adversum
stimulum calces. ● Ne contra stimulum calcitres.
97. Calda potio vestiarius est. [Petrônio, Satiricon
41.11] Uma bebida quente vale um alfaiate.
98. Caldum meiere et frigidum potare. [Petrônio,
Satiricon 67.10] Urinar quente e beber frio. (=Dar mais
do que recebe. Custar mais caro do que vale).
99. Calet tamquam furnus. [Petrônio, Satiricon 82]
Arde como um forno.
100. Calices quem non fecere disertum? [Horácio,
Epistulae 1.5.19] A quem os cálices não fizeram
loquaz? ■ Cachaceiro não tem segredo. ■ Quando o
vinho desce, as palavras sobem. VIDE: ● Ebrietas et
amor secreta produnt. ● Nullum secretum est ubi
regnat ebrietas. ● Vinum verba ministrat.
101. Calidum audivi esse optimum mendacium.
[Plauto, Mostellaria 657] Ouvi dizer que a melhor
mentira é a (que se serve) quente. ● Calidum optimum
mendacium. A mentira quente é a melhor.
102. Calidum et frigidum ex eodem ore efflare. [Pereira
105] Da mesma boca, soprar tamto frio como quente.
■ Falar por duas bocas. VIDE: ● Ex eodem ore frigidum
pariter et calidum efflare. ● Ex eodem ore calidum et
frigidum efflare. ● Ex ipso ore procedit benedictio et
maledictio.
103. Caligat in sole. [Quintiliano, Institutio Oratória
1.2.19] Está no sol e não enxerga. (=Não entende nada,
mesmo quando tudo é claro).
104. Caligo discordiae splendorem tenebrat veritatis.
[Boncompagno, Breviloquium 8.14] A escuridão da
discórdia obscurece o esplendor da verdade.
105. Calles antiquos serves, veteres et amicos. [Binder,
Thesaurus 398] Preservarás os caminhos antigos e os
amigos velhos. ■ Os amigos e os caminhos, se não se
freqüentam, ganham espinhos.
106. Calliditas non debet alicui prodesse et alteri
nocere. [Jur] A astúcia não deve favorecer a um e
prejudicar a outro.
107. Calliditas vulpina. Astúcia de raposa.
108. Callidus est latro qui tollit furta latroni. [Pereira
119] Esperto é o ladrão que arrebata os roubos de outro
ladrão. ■ Quem engana ao ladrão, cem dias ganha de
perdão. ■ Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de
perdão.
109. Calumnia conturbat sapientem, et perdet robur
cordis illius. [Vulgata, Eclesiastes 7.8] A calúnia turba
o sábio, e ela abaterá a firmeza do seu coração.
● Calumnia est conturbatio sapientis. A calúnia é a
perturbação do sábio.
110. Calumniae iuramentum. [Jur / Black 268]
Juramento contra a calúnia. ● Calumniae iusiurandum.
● Calumniae morsui, nullum remedium. Não há
remédio para a mordida da calúnia. ■ A calúnia é como
o carvâo: aceso, queima; apagado, tisna.
111. Calumniam contra calumniatorem virtus
repellit. A virtude devolve a calúnia ao caluniador.
112. Calumniare fortiter, et aliquid adhaerebit.
[CODP 67] Calunia corajosamente, que alguma coisa
ficará. ● Calumniare audacter, semper aliquid haeret.
[Binder, Thesaurus 399] Calunia com coragem, que
sempre alguma coisa fica. VIDE: ● Aliquid haeret.
● Audacter calumniare, semper aliquid haeret.
113. Calumniari est falsa crimina intendere,
praevaricari vera crimina abscondere, tergiversari
in universum ab accusatione desistere. [Digesta
48.16.1.1] Caluniar é fazer acusações falsas; prevaricar
é ocultar crimes verdadeiros; tergiversar é desistir
completamente da acusação.
114. Calumniatorem sua poena manet. [Epígrafe de
fábula de Fedro 1.17 / Rezende 640] Ao caluniador está
reservada sua punição. ■ Quem fala, paga.
115. Calumniatores multi, defensor rarus.
[S.Bernardo de Clairvaux, De Consideratione 1.10]
Muitos detratores, raro defensor.
116. Calve, meos nunquam potui numerare capillos;
nec tu, nam nulli sunt, numerare tuos. [John Owen,
Epigrammata 1.106, Ad Calvum] Ó careca, nunca pude
contar meus cabelos, nem tu os teus, pois eles não
existem.
117. Calvitium non est vitium, sed prudentiae
indicium. A calvice não é defeito, mas um indicador de
sabedoria.
118. Calvum ne vellas. [Pereira 110] Não arranques os
cabelos ao calvo. ■ Mal haja quem calvo penteia.
● Calvum vellis. [Grynaeus 321] Estás tosando um
calvo. ■ Isso é engarrafar fumaça.
119. Calvus comatus. [Marcial / Erasmo, Adagia
2.5.60] É um careca usando peruca. ■ Quem o alheio
veste na praça o despe. VIDE: ● Aliena ornatus veste
nudatus contumeliose abit. ● Qui furtim accipit,
palam exsolvit. ● Res parta furto durabit tempore
curto.
120. Calvus pectinem poscit. O calvo reclama um
pente. ■ Para que cego com espelho? ● Calvus
pectinem. [Schottus, Adagia 322] VIDE: ● Quid pectunt,
qui non habent capillos?
121. Camelum vidimus saltitantem. [S.Jerônimo,
Adversus Helvidium 1.18] Vimos um camelo a dançar.
(=É um desajeitado!). ● Camelus dansat. O camelo está
dançando. (=É um desajeitado). ● Camelus saltat.
122. Camelus, cupiens cornua, aures perdidit.
[Publílio Siro] O camelo, desejando ter chifres, perdeu
as orelhas. ■ Quem tudo quer tudo perde. ■ Quem quer
mais do que convém, a mal vem. ● Camelus, cornua
desiderans, etiam aures perdidit. [Apostólio 9.70]
● Camelus, desiderans cornua, etiam aures perdidit.
[Pereira 120] ● Camelus, desiderans cornua, perdidit
aures. [Medina 622]
123. Camelus scabiosa multorum asinorum tollit
onera. [Apostólio 10.75] O camelo, mesmo sarnento,
leva a carga de vários burros. ● Camelus vel scabiosa
complurium asinorum gestat onera. [Erasmo, Adagia
1.9.58] ● Camelus etiam scabiosa, complurium
asinorum tollit onera. [Manúcio, Adagia 390] VIDE:
● Scabiosa camelus multorum asinorum onera in se
recipit.
124. Campi partitio. [Jur] Partilha de terras.
125. Campus habet lumen, et habet nemus auris
acumen. [CODP 96] O campo tem olhos, e o bosque
tem ouvido agudo. ■ Matos têm olhos e paredes têm
ouvidos. ■ Paredes e prados, ouvidos largos. ● Campus
habet oculos, silva aures. [Bebel, Adagia Germanica]
O campo tem olhos, o bosque tem ouvidos.
126. Campus Martius. O Campo de Marte. (=Campo de
Marte. Vasta planície fora dos muros de Roma, em que
a juventude praticava exercícios físicos).
127. Cancer leporem capit. [Erasmo, Adagia 2.4.78] O
caranguejo alcança a lebre. ■ Anda o carro adiante dos
bois. ■ Anda o mundo às avessas. VIDE: ● Aquilam
testudo vincit. ● Velocem tardus assequitur.
128. Cancri nunquam recte ingrediuntur. [Pereira
119] Os caranguejos nunca andam em linha reta. ■ Pau
que nasce torto nunca se endireita. ■ Quem más manhas
há, tarde ou nunca as perderá. VIDE: ● Nunquam
efficies ut recte ingrediantur cancri.
129. Cancros lepori comparas. [Erasmo, Adagia
1.8.85] Comparas caranguejos à lebre. ● Cancrum
lepori comparas. [Schottus, Adagia 182] Comparas
caranguejo à lebre.
130. Cancrum ingredi doces. [Erasmo, Adagia, 3.7.98]
Ensinas o caranguejo a andar para frente. ■ É malhar em
ferro frio. ● Cancros ingredi doces. [Pereira 104]
Ensinas carranguejos a andar para frente. ● Cancrum
doces recte ingredi.
131. Candida de nigris et de candentibus atra.
[Ovídio, Metamorphoses 11.313] (Fazer) branco do
negro, e do claro, escuro.
132. Candida nostri saecula patres videre, procul
fraude remota. [Sêneca, Medea 329] Nossos pais
viram séculos de inocência, dos quais toda fraude estava
banida.
133. Candida Pax. [Tibulo, Elegiae 1.10.45] A Paz
cândida.
134. Candida pax homines, trux decet ira feras.
[Ovídio, Ars Amatoria 3.502] Uma paz serena fica bem
aos homens, a cólera furiosa é própria das feras.
135. Candide et constanter. [Divisa] Com franqueza e
firmeza.
136. Candide secure. [Divisa] Com sinceridade, com
tranqüilidade. (=Sinceridade dá tranqüilidade).
137. Candidus et felix proximus annus erit. [Ovídio,
Ex Ponto 4.4.18] O ano que vem será alegre e feliz.
138. Candor dat viribus alas. [Divisa] A pureza dá asas
à força.
139. Candor illaesus. [Divisa do Papa Clemente VII]
Alvura imaculada.
140. Candorem praefero vitae. [Bernardes, Nova
Floresta 1.9] Prefiro a pureza à vida. ■ Antes a morte
que a desonra. ■ Antes morte que vergonha. VIDE:
● Malo mori quam foedari. ● Malo mori quam
maculari. ● Mavult mori quam maculari vir probus.
● Melius mori quam foedari. ● Mori melius est quam
peccare. ● Mori satius est, quam turpiter vivere.
● Mors servituti turpitudinique anteponenda. ● Mors
turpitudini anteponenda. ● Potius mori quam
foedari. ● Potius mori milies quam semel foedari.
● Prius mori quam foedari.
141. Cane peius et angue vitabit. [Horácio, Epistulae
1.17.30] Tinha mais horror do que a um cão ou
serpente. VIDE: ● Aliquem cane peius et angue vitare.
● Eius consortium cane peius et angue vita. ● Odit
cane peius et angue.
142. Cane vetulo latrante prospectandum est.
[Strauss, Dictionary of European Proverbs 191] Quando
late o cão velho, deve-se ir olhar. ■ Cachorro velho não
ladra em vão. ■ Cão velho, quando late, dá aviso. VIDE:
● Annoso prospectandum latrante molosso. ● Canes
vetuli non latrant temere. ● Latrans annosus, foris
aspice quaeso, molossus. ● Prospectandum cane
vetulo latrante. ● Prospectandum vetulo latrante
cane.
143. Canem excoriatum excorias. [Erasmo, Adagia
2.3.54] Esfolas um cão esfolado. ■ Chutas cachorro
morto. ● Canem exspolias excoriatum. [Schottus,
Adagia 227] VIDE: ● Excoriatum excorias.
144. Canem mortuum persequeris. [Vulgata, 1Reis
24.15] Persegues a um cão morto.
145. Canem timidum vehementius latrare quam
mordere. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.4.13] O cão
medroso late com mais ímpeto do que morde. VIDE:
● Canes timidi vehementius latrant quam mordent.
● Canes timidi vehementius latrant. ● Canis timidus
vehementius latrat quam mordet.
146. Canendo musicam disces. Cantando, aprenderás
música. ■ Batendo ferro é que se fica ferreiro. ■ A
prática é a mestra de todas as coisas. VIDE:
● Fabricando fit faber.
147. Canes alens exteros, praeter funiculum nihil
habet. Quem alimenta cães dos outros, só tem a coleira.
■ Quem cuida da vida dos outros, se esquece da sua.
148. Canes currentes bibere in Nilo flumine, a
corcodillis ne rapiantur, traditum est. [Fedro, Fabulae
2.22.3] Conta-se que os cães bebiam água no Nilo
correndo, para não serem apanhados pelos crocodilos.
VIDE: ● Ille homo agit quod canis in Aegypto. ● Quod
canis in Aegypto: bibit et fugit; quando in illis
regionibus constat canes raptu crocodilorum
exterritos currere et bibere. ● Sicut canis ad Nilum,
bibens et fugiens. ● Tamquam canis e Nilo. ● Ut canis
e Nilo.
149. Canes defensores. [Varrão, De Agri Cultura 2.9]
Cães de guarda.
150. Canes interdiu clausos esse oportet, ut noctu
acriores et vigilantiores sint. [Marcos Catão, De Agri
Cultura 124] Os cães devem ser mantidos presos
durante o dia, para que à noite sejam mais ferozes e
mais vigilantes.
151. Canes mitissimi furem quoque adulantur.
[Columela, De Re Rustica 7.12.5, adaptado] Os cães
muito mansos fazem festa até para o ladrão.
152. Canes muti non valentes latrare. [Vulgata, Isaías
56.10] São uns cães mudos que não podem ladrar.
153. Canes omnibus ignotis allatrant. [Erasmo] Os cães
latem contra todos os desconhecidos. (=Diz-se de quem
critica o que não conhece).
154. Canes plerumque qui vehementius latrant,
habentur viliores. [DAPR 532] Geralmente os cães que
latem com mais violência são os que pior se
comportam. ■ Cão que ladra não morde. ● Canes pigri
vehementius latrant. Cães preguiçosos latem com mais
violência.
155. Canes qui plurimum latrant perraro mordent.
[DAPR 392] Os cães que muito ladram muito raramente
mordem. ■ Cão que muito ladra, pouco morde. ● Canes
plurimum latrantes raro mordent. ● Canes
plurimum latrantes non mordent. Cães que latem
muito não mordem. VIDE: ● Canis sine dentibus
vehementius latrat.
156. Canes socium in culina nullum amant. Cães não
gostam de nenhum companheiro na cozinha. ■ Cão,
quando come, não quer companhia. ■ Dois pardais
numa espiga nunca fazem boa liga.
157. Canes timidi vehementius latrant quam
mordent. [Pereira 99] Cães medrosos latem com mais
ímpeto do que mordem. ■ Cão que late não morde.
● Canes timidi vehementius latrant. [Erasmo, Adagia
3.7.100] Cães medrosos latem com mais ímpeto. VIDE:
● Canem timidum vehementius latrare quam
mordere. ● Canis timidus vehementius latrat quam
mordet.
158. Canes vetuli non latrant temere. Cães velhos não
latem à-toa. ■ Cachorro velho não ladra em vão. ■ Cão
velho, quando late, dá aviso. VIDE: ● Annoso
prospectandum latrante molosso. ● Cane vetulo
latrante prospectandum est. ● Latrans annosus, foris
aspice quaeso, molossus. ● Prospectandum cane
vetulo latrante. ● Prospectandum vetulo latrante
cane.
159. Cani das paleas, asino ossa. [Apostólio 11.68] Ao
cão dás palhas, ao burro, ossos. ■ Trocas as bolas.
■ Fazes as coisas às avessas. ● Cani paleas, asino ossa.
VIDE: ● Ranae vinum infundis.
160. Canibus agnos obicere. [Pereira 110] Oferecer os
cordeiros aos cães. ■ Dar ao lobo os carneiros a
guardar. VIDE: ● Obicere canibus agnos.
161. Canina impudentia cum vulpina astutia
coniuncta. [Manúcio, Adagia 894, adaptado] O
atrevimento do cão reunido à astúcia da raposa.
162. Caninam pellem rodere. [Pereira 111] Roer pele
de cão. ■ Morder a quem morde. VIDE: ● Pellem
caninam rodere.
163. Caninum prandium. [Aulo Gélio, Noctes Atticae
13.31; Erasmo, Adagia 1.10.39] Uma refeição de cão.
(=Uma refeição sem vinho). ■ Água e pão, jantar de
cão. ● Canina prandia. Refeições caninas. VIDE: ● Aqua
et panis est vita canis. ● Prandium caninum. ● Vilis
aqua et panis, potus et esca canis.
164. Canis a corio nunquam absterrebitur uncto.
[Horácio, Sermones 2.5] O cão nunca largará a carne
gorda. VIDE: ● Infideli in minimis, ne credas maiora.
● Periculosum est canem intestina gustasse.
165. Canis allatrat lunam, non laedit. O cão late para a
lua, mas não atrapalha. ■ O cão ladra, e a caravana
passa.
166. Canis caninam non est mordere pellem. [DAPR
453] Cão não morde pele de cão. ■ Cão não come cão.
■ Lobo não come lobo. ■ Ladrão não furta ladrão.
● Canis caninam carnem non est. [Albertatius 310]
Cão não come carne de cão. ● Canis caninam non est.
[Varrão, De Lingua Latina 7.3] ● Canis canem non est.
[Dengg 12] ■ Cão não come cão.
167. Canis canistri malus est custos. [Binder,
Thesaurus 415] O cão é mau guardião de cesto de
comida. ■ Não dês ovelhas a guardar ao lobo.
168. Canis clanculum mordens. [Grynaeus 213] Cão
que morde sem que se espere.
169. Canis domi ferocissimus. [Grynaeus 632] O cão em
sua casa é muito feroz. ■ Em sua casa cada qual é rei.
■ Muito pode o galo em seu poleiro. ● Canis audax
iuxta proprias aedes. [Bebel / Eiselein 327] Em sua
própria casa, o cão é valente. VIDE: ● Aedibus in
propriis canis est mordacior omnis. ● Ante suas aedes
semper canis est animosius.● Ausus maiores fert
canis ante fores. ● In claustro domini furit acrior ira
catelli. ● In foribus propriis canis est audacior omnis.
● Nihil ferocius cane in suo sterquilineo. ● Omnis
canis in porta sua magnus est latrator.
170. Canis festinans caecos parit catulos. [Erasmo,
Adagia 2.2.35] ■ Cachorra apressada pare filhotes
cegos. ■ Cadelas apressadas parem cães tortos.
■ Cachorro, por se avexar, nasceu com os olhos
tapados. ■ Quanto mais pressa, mais devagar. ■ Pressa
só é útil para apanhar moscas. VIDE: ● Festina lente.
● Nimium properans, serius absolvit. ● Qui nimis
propere, minus prospere.
171. Canis habet oculos, cor cervi. [Grynaeus 316]
Tem olhos de cão, mas coração de cervo. VIDE: ● Canis
oculos habens, cor vero cervi.
172. Canis ignavus adversum lupos. [Horácio, Epodon
6.1] Um cão preguiçoso contra os lobos.
173. Canis in praesaepe. [Erasmo, Adagia 1.10.13] O
cão na mangedoura. (=Diz-se de quem não aproveita de
um bem, nem deixa que outros aproveitem). É como
cão-de-fila: não come, nem deixa comer. ● Canis in
stabulo cubans. [Manúcio, Adagia 407] O cão deitado
no estábulo.
174. Canis lunam allatrans cursum eius non impedit.
O cão que ladra para a lua, não atrapalha o curso dela.
■ O cão ladra, e a caravana passa.
175. Canis mordens non latrat. Cão que morde não
ladra. ■ Cão que não ladra, guarda dele.
176. Canis mortuus non mordet. [DAPR 463] ■ Cão
morto não morde. ■ Defunto não morde. VIDE: ● Mortui
non mordent. ● Mortuus non mordet.
177. Canis nonne similis lupo? [Cícero, De Natura
Deorum 1.97] O cão não é parecido com o lobo?
178. Canis oculos habens, cor vero cervi. [Homero,
Ilíada 1.225] Tem olhos de cão, mas coração de cervo.
VIDE: ● Canis habet oculos, cor cervi.
179. Canis panem somniat. [Rezende 665] O cão sonha
com o pão. ■ Sonhava o cego que via, sonhava o que
queria. ● Canis panes somnians. [Manúcio, Adagia
992] ● Canis panem somniat, piscator pisces. Cão
sonha com pão; pescador, com peixes.
180. Canis peccatum sus dependit. [Erasmo, Adagia
3.3.99] O porco paga o pecado do cão. ■ Pagam os
justos pelos pecadores. ● Canis peccavit, sus pependit.
O cão errou, o porco pagou. ● Canis delictum sus luit.
[Apostólio 19.17] VIDE: ● Alius peccat, alius plectitur.
● Faber cadit cum ferias fullonem. ● Fabrum caedere
cum ferias fullonem. ● Innocentes pro nocentibus
poenas pendunt. ● Ob textoris peccatum coquus
vapulavit. ● Quicquid coquus peccaverit, tibicen
accipere solet plagas. ● Quod peccant sontes, insontes
saepe luerunt. ● Quod peccant sontes, insontes saepe
tulerunt. ● Tibicen vapulat, coquo peccante.
181. Canis qui mordet, mordetur. [Emanuel Strauss,
Dictionary of European Proverbs 48] Cão que morde é
mordido. ■ Quem faz o mal, espere outro tal. ■ O homem
brigão tem sempre um arranhão. ■ Quem faz aqui, acha
acolá. VIDE: ● Cutem gerit saepius laceratam canis
mordax. ● Vana est sine viribus ira.
182. Canis reversus ad suum vomitum, et sus lota in
volutabro luti. [Vulgata, 2Pedro 2.22] Voltou o cão ao
que tinha vomitado, e a porca lavada tornou a revolver-
se no lamaçal. VIDE: ● Evomita iterum vorat canis.
● Sicut canis qui revertitur ad vomitum suum, sic
imprudens qui iterat stultitiam suam.
183. Canis semper infestat pauperem peregrinum.
[Gaal 1576] O cão sempre sempre ataca o passante
pobre. ■ A cavalo magro vêm as moscas.
184. Canis sine dentibus vehementius latrat. Cão sem
dentes ladra com mais ímpeto. ■ Não tem pé e quer dar
coice. ● Canis sine dentibus vehementer latrat.
● Canis sine dentibus latrat. [Ênio / Varrão, De Lingua
Latina 7.3] O cão, mesmo sem dentes, ladra. VIDE:
● Canes qui plurimum latrant perraro mordent.
185. Canis surdo. Cantas para um surdo. ■ Perdes teu
latim. ● Canis surdis auribus. Cantas para ouvidos
surdos. VIDE: ● Cantas surdo. ● Non canimus surdis;
respondent omnia silvae. ● Surdo canis. ● Surdo
cantas. ● Surdo fabulam narras.
186. Canis timidus vehementius latrat quam mordet.
O cão medroso late com mais ímpeto do que morde.
■ Cão que late não morde. VIDE: ● Canem timidum
vehementius latrare quam mordere. ● Canes timidi
vehementius latrant quam mordent. ● Canes timidi
vehementius latrant.
187. Canis vivens potior est leone mortuo. [Erpênio /
Rezende 666] ■ Mais vale cão vivo que leão morto.
■ Mais vale um jumento vivo do que um filósofo morto.
■ Antes burro vivo que sábio morto. VIDE: ● Melior est
canis vivus leone mortuo.
188. Canit avis quaevis sicut rostrum sibi crevit. [DAPR
508] Cada ave canta conforme o bico que lhe nasceu.
■ Cada passarinho canta sua canção. ■ Cada um fala
como quem é. VIDE: ● Alia noctuae, alia vox coturnicis.
● Alia voce psittacus, alia voce coturnix loquitur.
● Aliud cornix, et noctua cantat. ● Aliud noctua, aliud
cornix sonat. ● Aliud noctua sonat, aliud cornix.
● Alium noctua, cornix alium sonum edit.
189. Canitiei non semper virtus comes. [Gaal 46] Nem
sempre a virtude é companheira dos cabelos brancos.
■ Cabelo branco não é juízo. VIDE: ● Nihil ad profectum
aetas prodest. ● Vetulus cantherius novello non
melior.
190. Canities festina venit. [Claudiano, De Nuptiis
Honorii Augusti 325] As cãs chegam rápido.
191. Canities indicatio temporis est, non prudentiae.
[Menandro / Bebel, Adagia Germanica] As cãs são
indicação de tempo, não de sabedoria. ■ Cabelo branco
não é juízo. VIDE: ● Senectus non repellere solet
stultitiam.
192. Canities non affert sapientiam. [Rezende 667]
■ Cãs não dão sabedoria.
193. Canities senectutis venerabilis est. As cãs da
velhice são dignas de respeito.
194. Canta et ambula. [S.Agostinho, Sermones 256.3]
Canta e caminha.
195. Cantabant surdo, nudabant pectora caeco.
[Propércio, Elegiae 4.8.47] Elas cantavam para mim,
mas eu estava surdo; elas desnudavam os seios para
mim, mas eu estava cego.
196. Cantabit melius colluto guttere gallus. [Binder,
Thesaurus 422] Com a garganta limpa, o galo cantará
melhor. VIDE: ● Melius canet gallus colluto gutture.
197. Cantabit vacuus coram latrone viator. [Juvenal,
Satirae 10.22] O viajante de bolsos vazios cantará diante
do assaltante. ■ Caminheiro sem despesa canta seguro
ante o ladrão. ■ Quem não tem não teme. ■ Ninguém
pode despir um homem nu. ● Cantabit pauper coram
latrone viator. O viajante pobre cantará diante do
ladrão. ● Cantabunt vacui coram latrone clientes.
[Medina 604] Os cidadãos sem dinheiro cantarão diante
do ladrão. VIDE: ● Centum viri unum pauperem
spoliare non possunt. ● Si vitae huius callem vacuus
viator intrasses coram latrone cantares. ● Tutum
carpit inanis iter. ● Vacuus cantat coram latrone
viator.
198. Cantantes licet usque – minus via laedet –
eamus. [Virgílio, Eclogae 9.64] Podemos ir cantando: o
caminho será mais fácil.
199. Cantare amantis est. [S.Agostinho, Sermo 336.1]
Quem ama, canta. VIDE: ● Amor docet musicam. ● Bis
orat qui bene cantat. ● Qui bene cantat, bis orat.
● Qui cantat, bis orat.
200. Cantas surdo. Cantas para um surdo. ■ Perdes teu
latim. VIDE: ● Canis surdo. ● Surdo canis. ● Surdo
cantas.
Ao TOPO

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C2: 201-400
201. Cantat avis quaevis, sicut rostrum sibi crevit.
[Binder, Thesaurus 424] Toda ave canta conforme o
bico que tem.
202. Cantate Domino canticum novum; cantate
Domino omnis terra. [Vulgata, Salmos 95.1] Cantai ao
Senhor um canto novo; cantai ao Senhor, habitantes de
toda a terra. ● Cantate Domino canticum novum, quia
mirabilia fecit. [Vulgata, Salmos 97.1] Cantai ao
Senhor um cântico novo, porque Ele operou maravilhas.
VIDE: ● Mirabilia fecit. ● Hymnum cantemus Domino,
hymnum novum cantemus Deo nostro. ● Novum
canamus canticum.
203. Cantate vocibus, cantate cordibus, cantate
oribus, cantate moribus: cantate Domino canticum
novum. [S.Agostinho, Sermones 34.6] Cantai com
vossas vozes, com vossos corações, com vossas bocas,
com vossos costumes: cantai ao Senhor um canto novo.
204. Cantator cycnus funeris ipse sui. [Marcial,
Epigrammata 13.77.2] O cisne é o cantor do próprio
funeral. VIDE: ● Cycnea cantio.
205. Cantet, amat quod quisque: levant et carmina
curas. [Nemesiano, Ecloga 4] Cada um cante aquilo
que ama: os poemas também aliviam as preocupações.
206. Cantharus assidue gestatus perdidit ansam.
[Pereira 123] O cântaro freqüentemente transportado
perdeu a asa. ■ Tantas vezes vai o cântaro à bica que um
dia lá fica. ■ Tantas vezes vai a caldeirinha ao poço,
que lá fica o pescoço. ■ Desgraça de pote é caminho de
riacho. VIDE: ● Amphora quae saepius petit fontem
valde periclitatur. ● Casus quem saepe transit,
aliquando invenit. ● Frangitur assidua fictilis urna
via. ● Hydria tam diu ad fontem portatur, donec vel
tandem frangatur. ● Ollula tam crebro fertur ad
aquam, quod fracta refertur. ● Ollula tam fertur ad
aquam, quod fracta refertur. ● Quem saepe transit
casus aliquando invenit.
207. Cantherius in porta cecidit. [Medina 596] O
rocim caiu na saída. (=Diz-se de quem comete erro logo
no início de uma empresa).
208. Cantilenam eamdem canis. [Terêncio, Phormio
495] ■ Cantas sempre a mesma cantiga. ■ Bates sempre
na mesma tecla. ■ Vens sempre com a mesma história.
VIDE: ● Crambe bis cocta. ● Eamdem cantilenam
canis. ● Eamdem incudem tundis.
209. Cantu dignoscitur ales. ■ Pelo canto se conhece a
ave. VIDE: ● A cantu avis dignoscitur. ● E cantu
cognoscitur avis.
210. Cantus planus. O cantochão.
211. Cantus sirenae. O canto da sereia.
212. Canum ecce caput, cerebrum non habet. [Branco
170] Eis uma cabeça branca, mas não tem cérebro.
■ Cabeça branca, mas sem juízo. ■ Cãs não dão
sabedoria.
213. Capax doli. [Jur / Black 273] Capaz de cometer um
crime.
214. Capax dominii. [Jur] Capaz de domínio.
215. Capax imperii. Capaz de governar. Capaz de
comandar.
216. Capax negotii. [Jur / Black 273] Competente para
transações comerciais.
217. Caper emissarius. [Vulgata, Levítico 10.16] O
bode expiatório.
218. Capiant animos plus aliena suis. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.348] O alheio seduz mais os espíritos do
que o próprio. ■ A cabra do vizinho dá mais leite do que
a minha.
219. Capias restim ac te suspendas. [Plauto, Poenulus
395] Pega uma corda e te enforca. VIDE: ● Restim tu tibi
cape crassam ac suspende te.
220. Capiat qui capere potest. [Walter Scott,
Kenilworth 11] Pegue quem puder pegar. Entenda quem
puder entender. ● Capiat qui capere possit. VIDE: ● Qui
potest capere, capiat. ● Qui vult capere, capiat.
221. Capienda rebus in malis praeceps via. [Sêneca,
Agamemnon 154] Nos maus momentos, deve-se tomar
o caminho arriscado. ■ Grandes males exigem grandes
remédios.
222. Capillis trahere. Arrastar pelos cabelos. VIDE:
● Auribus trahere.
223. Capillos pro lana. Cabelos em lugar de lã. ■ Gato
por lebre.
224. Capillus de capite vestro non peribit. [Vulgata,
Lucas 21.18] Não se perderá um cabelo da vossa
cabeça.
225. Capior vicissim fraudibus ipse meis. [Claudiano,
De Sexto Consulatu 307] Às vezes eu mesmo sou
apanhado pelas minhas armadilhas.
226. Capit omnia tellus, quae genuit. [Lucano,
Pharsalia 7.818] A terra toma de volta tudo que gerou.
227. Capita aut navia. [Macróbio, Saturnalia 1.7] Cara
ou coroa. (=Nome de um jogo).
228. Capitalis oratio est ad aequationem bonorum
pertinens. [Cícero, De Officiis 2.73] É criminoso o
discurso que propõe o nivelamento dos patrimônios.
229. Capite nobis vulpes parvulas quae demoliuntur
vineas; nam vinea nostra floruit. [Vulgata, Cântico
2.15] Apanhai-nos as raposas pequeninas que destroem
as vinhas; porque a nossa vinha está já em flor.
230. Capiti capillos evellere. [Grynaeus 166] Arrancar
os cabelos da cabeça.
231. Capiti nihil aeque prodest atque aqua frigida.
[Celso, De Medicina 4.3] Nada faz mais bem à cabeça
do que a água fria.
232. Capitis deminutio. [Jur] A diminuição da
capacidade. (=A perda total ou parcial dos direitos de
cidadão).
233. Capitis execratio. [Jur] A maldição capital. (=Pena
que punha o homem fora da lei).
234. Capitis nives. [Horácio, Carmina 4.13.12] As
neves da cabeça. (=As cãs).
235. Capitur in patula dulcissimus arbore somnus.
[Pereira 118] Sob árvore frondosa tem-se um sono
muito doce. ■ Quem a boa árvore se chega, boa sombra
o cobre.
236. Capiunt vitium, ni moveantur aquae. [Ovídio, Ex
Ponto 1.5.5] Se não se movimentam, as águas se
corrompem. ■ Água detida, má para a bebida. ■ A água
corrente não mata a gente. VIDE: ● Vitium capiunt, ni
moveantur aquae.
237. Capra nondum peperit, haedus autem ludit in
tectis. [Erasmo, Adagia 2.6.10] A cabra ainda não pariu,
mas o cabrito já brinca no curral. (=Diz-se de que se
gloriam antes de se realizarem os fatos). ■ Ainda não
está na cabaça e já é vinagre. ■ Vai o carro adiante dos
bois. ● Capra nondum peperit, capella vero supra
domum ludit. [Schottus, Adagia 244] A cabra ainda
não pariu, mas a cabrita já brinca no curral. VIDE:
● Nondum capra peperit, iam haedus sub tecto salit.
● Nondum enixa capra, ast iam ludit in aedibus
haedus.
238. Caprae haud iunguntur aratro. [Schottus, Adagia
597] Não se jungem cabras ao arado. ■ Cada qual no
seu ofício. ● Capra haud iungitur aratro. Não se junge
cabra ao arado. VIDE: ● Immunes caprae ab aratris.
● Liberae caprae ab aratro. ● Liberae sunt caprae ab
aratris.
239. Capram portare non possum, et imponitis
bovem. [Erasmo, Adagia 2.7.96] Não agüento com uma
cabra, e me impondes um boi. ■ Para mim não posso, e
poderei para meu sogro. ■ Tu, que não podes, leva-me
às costas. ● Capram gestare non possum, et imponitis
bovem. VIDE: ● Opem ab impotente petis. ● Tauro
oneratis, cum nequeam portare capellam. ● Taurum
ferre iubes, nequeam cum ferre capellam.
240. Capras et oves quot quisque habet dicere potest,
amicos quot habet non potest dicere. [Cícero, De
Amicitia 17] Cabras e carneiros, cada um pode dizer
quantos tem, mas, quantos amigos tem, não pode dizer.
241. Capta avis est pluris quam mille in gramine
ruris. [Trench, Proverbs and Their Lessons 30] Um
pássaro apanhado vale mais do que mil na relva do
campo. ■ Mais vale um pássaro na mão do que dois
voando. ● Capta avis est melior quam mille in
gramine ruris. [Binder, Thesaurus 435] VIDE: ● Est avis
in dextra melior quam quattuor extra. ● Est avis in
reti melior grege quoque volanti. ● Melior est avis in
manu quam decem in aere. ● Plus valet in manibus
avis unica quam dupla in silvis. ● Plus valet in
manibus avis unica fronde duabus. ● Plus valet in
manibus passer quam sub dubio grus. ● Una avis in
dextra melior quam quattuor extra. ● Una avis in
laqueo plus valet octo vagis.
242. Captantes capti sumus. [Apostólio 1.96] Nós que
fomos caçar fomos caçados. ■ Fomos buscar lã e
voltamos tosquiados. ■ De conquistadores a
conquistados. ● Captantes capti fuimus. [Grynaeus
485] ● Capti sumus, captando. [Schottus, Adagia 617]
Quando estávamos caçando, fomos caçados.
● Captantes capti sunt. [Dumaisne 241] Os caçadores
foram apanhados. VIDE: ● Captores saepe ipsi
capiuntur. ● Iam captor ipse captus est. ● In venatu
periit.
243. Captatio benevolentiae. [Da linguagem retórica
medieval] A conquista da benevolência (do público).
244. Captores saepe ipsi capiuntur. Muitas vezes os
próprios caçadores são caçados. ■ Muitas vezes volta-se
o feitiço contra o feiticeiro. VIDE: ● Captantes capti
sumus. ● Qui fodit foveam, incidet in illam.
245. Captum te nidore suae putat ille culinae.
[Juvenal, Satirae 5.162] Ele te julga cativado pelo
aroma de sua cozinha.
246. Captus es. [Grynaeus 496] Foste apanhado.
■ Apanhei-te, cavaquinho!
247. Captus mente. Insano. VIDE: ● Mente captus.
248. Caput. [Jur] Cabeça. (=Cáput, numa lei, é a parte
principal de um artigo).
249. Caput anni. [Jur / Black 279] O primeiro dia do
ano. O início do ano.
250. Caput artis decere quod facias. [Quintiliano,
Institutio Oratória 11.3.177] O máximo da habilidade é
ser conveniente o que se faz.
251. Caput asini ne laves nitro. Não laves a cabeça do
burro com sabão. ■ Quem lava focinho a burro preto
perde sabão e tempo. VIDE: ● Asini caput ne laves nitro.
● Asini caput non laves sapone. ● Nitro caput asini ne
laves. ● Qui lavat asinum, perdit aquam et saponem.
252. Caput columbae, cauda scorpionis est. [Binder,
Thesaurus 436] A cabeça é de pomba, mas a cauda é de
escorpião. ■ Mel nos beiços, fel no coração.
253. Caput esse ad beate vivendum securitatem.
[Cícero, De Amicitia 13] Para se viver feliz, o mais
importante é a tranqüilidade.
254. Caput et usurae. O principal e os juros.
255. Caput familias. O chefe da família.
256. Caput imperare, non pedes. [Écrivains de
l'Histoire Auguste: Volpiscus, Vie de Tacite] É a cabeça
que comanda, não os pés. ■ A cabeça manda os
membros. ● Caput imperat, non pedes.
257. Caput inter nubila condit. [Virgílio, Eneida
4.177] Esconde sua cabeça entre nuvens.
258. Caput lupinum. [Jur / Black 279] Cabeça de lobo.
(=Um fugitivo da justiça).
259. Caput melancholicum diaboli est balneum.
[Eiselein 459] A cabeça melancólica é a sala de banho
do diabo.
260. Caput mortuum. [Rezende 676; Black 279]
Cabeça morta. (=Uma coisa que perdeu sua força. Um
indivíduo sem opinião própria. Um governo sem
autoridade).
261. Caput mundi. A capital do mundo. (=Roma, para
os católicos romanos). ● Caput orbis.
262. Caput Nili quaerit. [Rezende 678] Procura as
nascentes do rio Nilo. ■ Busca água em fonte seca.
263. Caput rerum Romam esse. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 1.45] Roma é a cabeça de tudo.
264. Caput sine lingua. [Rezende 679] Uma cabeça sem
língua. (=Diz-se daquele que, nos debates, nada tem a
dizer, apoiando sempre as palavras de outrem).
265. Caput vacuum cerebro. [Erasmo, Adagia 3.4.40]
Uma cabeça vazia de cérebro.
266. Cara deum suboles. [Virgílio, Eclogae 4.49] A
dileta descendência dos deuses. (=A raça humana).
267. Cara, valeto. [Inscrição em túmulo] Querida, até
breve.
268. Carbasa ventis credit, dubius navita vitae.
[Sêneca, Hercules Furens 151] O marinheiro, cuja vida
está sempre em perigo, confia as velas aos ventos.
269. Carbone notare. [Erasmo, Adagia 1.5.4] Registrar
com carvão. (=Registrar acontecimento infausto.
Condenar). VIDE: ● Ater calculum apponere. ● Creta
notare.
270. Carbonem pro thesauro invenimus. [Fedro,
Fabulae 5.6.6] Encontramos um carvão em lugar do
tesouro. (=Fomos logrados). ● Carbonem pro
thesauro. ● Carbones thesaurus erant. [Schottus,
Adagia 27] O tesouro eram carvões. VIDE: ● Pro
thesauro mihi carbones exhibuisti. ● Sub specie auri
carbones. ● Thesaurus carbones erant.
271. Carbones ignis congeres super caput eius.
[Vulgata, Romanos 12.20] Amontoarás brasas de fogo
sobre a sua cabeça.
272. Carcer enim ad continendos homines, non ad
puniendos haberi debet. [Digesta 48.19.8.9] A prisão
deve existir para conter os homens, não para puni-los.
● Carcer ad homines custodiendos, non ad
puniendos, dari debet. [Jur / Black 279]
273. Carcer non supplicii causa, sed custodiae
constitutus. [Jur / Black 280] A prisão não é decretada
para punição, mas para a detenção.
274. Care taxata merx est non undique grata. [Binder,
Thesaurus 440] Mercadoria muito cara não é bem aceita
em todo lugar.
275. Carente capite non opus est pileo. [Rezende 683]
Quando não se tem cabeça, não se precisa de chapéu.
■ Quem não tem cabeça, não carrega chapéu. ■ Quem
não tem cabeça, não há mister carapuça. ■ Quem não
tem farinha, para quê quer peneira?
276. Carere muliere maritus nequit, et cum muliere
non potest non dolere. [Benedito Fernando / Rezende
684] O homem não pode passar sem a mulher, e, tendo-
a, não pode deixar de sofrer. ■ A mulher é um mal
necessário. VIDE: ● Malum est mulier, sed necessarium
malum.
277. Carere non potest fame, qui panem pictum lingit
et ab homine qui verum habet non petit.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 4.23.5] Não pode livrar-
se da fome quem lambe pão pintado e não pede ao
homem que tem o pão verdadeiro.
278. Caret initio et fine. [Lodeiro 216] Não tem começo
nem fim.
279. Caret periclo, qui, etiam cum est tutus, cavet.
[Publílio Siro] Está livre de perigo quem, mesmo
quando está em segurança, toma cuidado. ■ Quem se
guardou, não errou.
280. Cari rixantur, rixantes conciliantur. [Binder,
Thesaurus 441] Os que se amam brigam; os que brigam
se reconciliam. ■ Amores arrufados, amores dobrados.
VIDE: ● Discordiā fit carior concordia. ● Quae modo
pugnarunt, iungunt sua rostra columbae.
281. Carina infixa est vadis. O barco está encalhado.
VIDE: ● Navigium haeret in vado.
282. Carior fides quam pecunia. [Binder, Thesaurus
442] Mais vale crédito que dinheiro. ■ Mais vale crédito
na praça do que dinheiro em caixa. VIDE: ● Paucis
carior fides quam pecunia fuit.
283. Carissimi et familiarissimi mei. Meus muito
queridos e muito amigos.
284. Caritas bene ordinata incipit a se ipso. [Rezende
757] O amor bem entendido começa com cada um. ■ A
caridade bem entendida começa por casa. ● Caritas
bene ordinata incipit a semetipso. VIDE: ● Ordinata
caritas a se ipso incipit.
285. Caritas erga proximum colenda. Deve-se cultivar
o amor ao próximo.
286. Caritas fraternitatis maneat in vobis. [Vulgata,
Hebreus 13.1] Permaneça entre vós o amor fraternal.
287. Caritas, gaudium, pax, patientia, benignitas,
bonitas, longanimitas, mansuetudo, fides, modestia,
continentia, castitas. [Vulgata, Gálatas 5.22-23] Amor,
gozo, paz, paciência, benignidade, bondade,
longanimidade, mansidão, fidelidade, modéstia,
continência, castidade.
288. Caritas generis humani. [Cícero, De Finibus 5.23]
O amor da raça humana.
289. Caritas in mente; caritas in corde; caritas in ore.
Amor no espírito; amor no coração; amor nas palavras.
290. Caritas non est ab ullo extorquenda, sed cum
beneficiis exquirenda. [S.Beda, Proverbiorum Liber] O
amor não deve ser obtido à força de ninguém, mas
alcançado com benefícios.
291. Caritas non est ambitiosa, non quaerit quae sua
sunt. [Vulgata, 1Coríntios 13.5] O amor não é
ambicioso, não busca os próprio interesses.
292. Caritas non peccat. O amor não comete faltas.
VIDE: ● Caritatem non peccare.
293. Caritas non potest comparari; dilectio pretium
non habet. [São Jerônimo, Epistulae, Ad Rufinum 6]
Não se pode comprar o amor; afeição não tem preço.
294. Caritas non quaerit quae sua sunt. [Vulgata,
1Coríntios 13.5] O amor não busca os próprios
interesses. VIDE: ● Caritas non est ambitiosa, non
quaerit quae sua sunt.
295. Caritas omnia potest. [S.Jerônimo, Epistulae
1.2.1] O amor tudo pode.
296. Caritas omnia sustinet. [S.Jerônimo, Epistulae
7.1.5] O amor tudo suporta. ● Caritas omnia tolerat.
[S.Agostinho, Sermones 4] ● Caritas omnia suffert.
297. Caritas operit multitudinem peccatorum.
[Vulgata, 1Pedro 4.8] O amor cobre a multidão dos
pecados. VIDE: ● Quid est caritas? Est pallium
monachi. Quid sic? Quia operit multitudinem
peccatorum.
298. Caritas patiens est, benigna est. [Vulgata,
1Coríntios 13.4] O amor é paciente, é benigno.
299. Caritas perfecta foras mittit timorem.
[Polydorus, Adagia] O perfeito amor expulsa o medo.
300. Caritas patriae. [Cícero, De Officiis 3.100] O
amor à pátria. VIDE: ● Amor patriae.
301. Caritas quae est inter natos et parentes, dirimi nisi
detestabili scelere non potest. [Cícero, De Amicitia 8]
O amor que existe entre os filhos e os pais só pode ser
destruído por um crime horrível.
302. Caritate enim benevolentiaque sublata, omnis
est e vita sublata iucunditas. [Cícero, De Amicitia 27]
Tirando-se o amor e a bondade, tira-se todo encanto da
vida.
303. Caritatem habete. [Vulgata, Colossenses 3.14]
Tende amor.
304. Caritatem non peccare. [Erasmo, Epistula ad
Darpium / Maloux 83] O amor não comete erros. VIDE:
● Caritas non peccat.
305. Carius est carum, si praegustatur amarum.
[Trench, Proverbs and Their Lessons 150] O que é bom
fica melhor, se antes se experimenta o amargo. ■ Só
sabe da doçura quem conhece a amargura.
306. Carius est quidquid magna mercede paratur.
[Gaal 239] Tem mais valor o que se consegue com
grande custo. ■ O que custa é o que lustra. ■ É doce de
gozar o que é duro de ganhar. VIDE: ● Dulcior est
fructus post multa pericula ducta. ● Quae venit ex
tuto, minus est accepta voluptas.
307. Carmen amat Bacchum, carmina Bacchus amat.
[Milton, The Sixth Elegy 14] O canto ama Baco; Baco
ama as canções. VIDE: ● Debemus carmina Baccho.
308. Carmina Burana. Canções de Beuren. (=Famosa
coleção de poesia latina medieval, que, procedente do
Mosteiro de Benediktbeuern, se conserva na Biblioteca
de Munique).
309. Carmen solutum. Um poema em prosa.
310. Carmen triumphale. Um canto triunfal.
311. Carmina laudantur; sed munera magna
petuntur. [Ovídio, Ars Amatoria 2.275] Louvam-se os
poemas, mas pedem-se presentes grandes.
312. Carmina mansuetus lenia quaerit Amor.
[Propércio, Elegiae 1.9.12] O doce Amor quer poemas
suaves.
313. Carmina morte carent. [Ovídio, Amores 1.15.32]
Poemas não morrem.
314. Carmina non dant panem. [DAPR 791] A poesia
não dá pão. VIDE: ● Litterae non dant panem.
315. Carmina Paulus emit; recitat sua carmina
Paulus nam quod emas, possis iure vocare tuum.
[Marcial, Epigrammata 2.20] Paulo comprou uns
poemas; Paulo recita os poemas dele, pois quem compra
pode dizer legalmente que o que ele compra é dele.
316. Carmina poscit amor. [Calpúrnio Sículo] O amor
exige canções.
317. Carmina quam tribuent, fama perennis erit.
[Ovídio, Amores 1.10.62] Será eterna a glória que me
darão meus poemas.
318. Carmina secessum scribentis et otia quaerunt.
[Ovídio, Tristia 1.1.41] Os poemas exigem do escritor
isolamento e tempo livre.
319. Carmine di superi placantur, carmine Manes.
[Horácio, Epistulae 2.1.138] Com a poesia, acalmam-se
os deuses superiores, com a poesia (acalmam-se
também) os deuses infernais.
320. Carmina vel caelo possunt deducere lunam.
[Virgílio, Eclogae 8.69] Os poemas podem até fazer a
lua descer do céu.
321. Carminibus vives tempus in omne meis! [Ovídio,
Tristia 1.6.36] Viverás para sempre nos meus poemas!
322. Carne opus est, si satur esse velis. [Marcial,
Epigrammata 13.2.6] Precisas de carne, se queres ficar
farto. ■ Carne carne cria.
323. Carnem hesternam, panem hodiernum, annotina
vina, sume libens dicto tempore, sanus eris. [Pereira
99] Usa à vontade na hora certa a carne de ontem, o pão
de hoje e os vinhos do ano passado, e terás saúde.
■ Carne de ontem, pão de hoje, e vinho de outro verão
fazem o homem são.
324. Carnibus est dignus qui bene mandit holus.
[Binder, Thesaurus 447] Merece a carne quem bem
comeu as verduras. ■ Quem comeu as duras, coma as
maduras.
325. Caro concupiscit adversus spiritum et spiritus
adversus carnem. [Vulgata, Gálatas 5.17] A carne
deseja contra o espírito, e o espírito contra a carne.
326. Caro data verminibus. [Rezende 687] Carne dada
aos vermes. (=Etimologia fantasiosa atribuída ao
vocábulo cadáver, que se teria formado da primeira
sílaba de cada uma das três palavras).
327. Caro de carne mea. [Vulgata, Gênesis 3.22] Carne
de minha carne.
328. Caro enim mea vere est cibus: et sanguis meus,
vere est potus. [Vulgata, João 6.56] A minha carne
verdadeiramente é comida, e o meu sangue
verdadeiramente é bebida.
329. Caro infirma. ■ A carne é fraca. VIDE: ● Spiritus
quidem promptus est, caro autem infirma.
330. Caro roborat, pisces vero sunt parvi alimenti.
[DAPR 143] A carne fortifica, os peixes são alimento
pobre. ■ Carne carne cria, nanja o peixe de água fria.
331. Caro suilla propter pinguedinem et molliorem
consistentiam ad corruptionem prae ceteris magis
prona est. [Nenter 95] A carne de porco, por causa de
sua gordura e consistência mais mole, é mais propensa
ao apodrecimento que as demais.
332. Carpamus dulcia. Aproveitemos o que é doce.
■ Aproveita, jacaré, que a lagoa há de secar.
● Carpamus dulcia; nostrum est quod vivis; cinis et
manes et fabula fies. [Pérsio, Satirae 5.151]
Aproveitemos os prazeres; nosso é o que vivemos;
(amanhã) serás pó, sombra, lembrança.
333. Carpe diem. [Inscrição em quadrante solar]
Aproveita o dia. ■ Aproveita-te, enquanto for tempo.
■ Aproveita, jacaré, que a lagoa há de secar. ● Carpe
diem, hora adest vespertina. [Inscrição em quadrante
solar] Aproveita o dia: a noite já vem. ● Carpe: fugit.
[Inscrição em quadrante solar] Aproveita (o tempo), que
ele foge. ● Carpe: lucet. [Inscrição em quadrante solar]
Aproveita (o tempo), (o dia) brilha. ● Carpe diem,
quam minimum credula postero. [Horácio, Carmina
1.11.8] Aproveita o dia (de hoje), confia o menos
possível no amanhã. VIDE: ● Fruere die dum licet.
● Mulge praesentem.
334. Carpe noctem. Aproveita a noite.
335. Carpe viam, et susceptum perfice munus.
[Virgílio, Eneida 6.629] Começa a andar, e leva a bom
termo a tarefa iniciada.
336. Carpent tua poma nepotes. [Virgílio, Eclogae
9.50] Os netos colherão teus frutos. VIDE: ● Arbores
serit diligens agricola, quarum aspiciet baccam ipse
nunquam.
337. Carpere et colligere. Colher e juntar.
338. Carpet citius aliquis quam imitabitur. [Binder,
Thesaurus 448] É mais fácil alguém criticar do que
imitar o exemplo. ■ É mais fácil demolir que edificar.
339. Carpite de plenis pendentes vitibus uvas.
[Ovídio, Amores 10.55] Colhei as uvas que pendem das
vinhas carregadas.
340. Carpite florem qui, nisi carptus erit, turpiter
ipse cadet. [Ovídio, Ars Amatoria 3.80] Colhei a flor,
que, se não for colhida, cairá por si mesma, deformada.
341. Carthaginem esse delendam censeo. Entendo que
Cartago deva ser destruída. (=Palavras com que Catão o
Antigo concluía seus discursos no senado romano). VIDE:
● Cato inexpiabili odio delendam esse Carthaginem,
et cum de alio consuleretur, pronuntiabat. ● Delenda
est Carthago.
342. Cascus cascam ducit. [Erasmo, Adagia 1.2.62]
Velho se casa com velha. ■ Cada ovelha com sua
parelha. ● Cascum duxisse cascam non mirabile est.
[Manílio / Varrão, De Lingua Latina 7.3] Não é de
causar espanto ter-se um velho casado com uma velha.
VIDE: ● Aequalis aequalem delectat. ● Similis simili
gaudet.
343. Cascus cascam, perinde ut pupus pupam,
deamet. [Erasmo, Moriae Encomium 19] Que o velho
ame a velha, do mesmo modo que o rapaz ama a moça.
● Cascus cascam et pupus pupam deamet. Que o
velho ame a velha, e o rapaz, a moça.
344. Caseum ovis, lac capra mi dent, et vacca
butyrum. [Pereira 118] Que a ovelha me dê o queijo, a
cabra o leite e a vaca a manteiga. ■ Queijo de ovelha,
leite de cabra, manteiga de vaca.
345. Caseus allatus convivis est male gratus, nam sua
natura non signat fercula plura. [Rezende 691] O
queijo posto à mesa é recebido com desagrado pelos
convivas, porque sua natureza indica que não haverá
mais comida.
346. Caseus est nequam, quia concoquit omnia
sequam. [Flos Medicinae Scholae Salerni 390] O queijo
faz mal, porque dissolve tudo, menos a si mesmo.
347. Caseus et panis, bonus est cibus hic bene sanis.
[Regimen Sanitatis Salernitanum, De Caseo 2] Queijo e
pão são ótimos alimentos para as pessoas saudáveis.
■ Queijo com pão faz o homem são. ● Caseus et panis
sunt optima fercula sanis. [Binder, Thesaurus 450;
Rezende 692] ● Caseus et panis iucunda valentibus
esca. Queijo e pão, comida agradável para as pessoas
saudáveis. VIDE: ● Panis, vina, caro mihi sint, et cetera
linquam
348. Caseus ille bonus, quem dat avara manus.
[Regimen Sanitatis Salernitanum / Rezende 693] O
queijo é bom, se é dado com mão parcimoniosa.
■ Queijo é bom, dado pelo avaro. ● Caseus ille sanus,
quem dat avara manus.
349. Cassa nuce non emam. [Manúcio, Adagia 1216;
Pereira 111] Não darei por isso uma castanha podre.
■ Não darei por isso um figo podre. ■ Não vale um
caracol.
350. Cassis tutissima virtus. [Divisa] A virtude é o
capacete mais seguro.
351. Cassus est labor. Isso é trabalho inútil. ■ Não vale
a pena. ● Cassus est labor noster; melius est ut
redeamus. Nosso trabalho está perdido; é melhor
voltarmos. VIDE: ● Non operae pretium est.
352. Casta ad virum matrona parendo imperat.
[Publílio Siro] A mulher casta, obedecendo ao marido,
governa-o.
353. Casta est, quam nemo rogavit. [Ovídio, Amores
1.8.43] É casta a mulher que ninguém tentou seduzir.
354. Casta pudicitiam servat domus. [Virgílio,
Georgica 2.524] A casa honesta respeita o pudor.
355. Castiga amicum clanculum, lauda palam. [Publílio
Siro] Adverte o amigo em sigilo; louva-o em público.
VIDE: ● Amicos secreto admone, palam lauda.
● Amicum in secreto mone, palam lauda. ● Amicum
secreto mone, palam lauda. ● Clam coarguas
propinquum, quem palam laudaveris. ● Clam
coarguas propinquum, propalam laudaveris.
● Secreto amicos admone, lauda palam. ● Secreto
admone amicos, palam lauda.
356. Castigat ridendo mores. [Divisa da comédia, de
autoria de Jean de Santeuil] Rindo, (a comédia) corrige
os costumes. ■ A rir, a rir, muitas verdades se dizem.
VIDE: ● Ridendo castigat mores.
357. Castigo te, non quod odio habeam, sed quod
amem. [Henry Fielding, The History of Tom Jones 20]
Eu te castigo não porque te tenha ódio, mas porque te
amo.
358. Castis omnia casta. [Binder, Thesaurus 452] Para
os puros, tudo é puro.
359. Castos sequitur mala paupertas. [Sêneca,
Hippolytus 985] A feia pobreza acompanha os homens
honestos.
360. Castratos castras. [Schottus, Adagia 388] Castras
quem já foi castrado. ■ Arrombas a porta aberta. VIDE:
● Gallos castras. ● Gallos exsecas.
361. Castum esse decet pium poëtam ipsum;
versiculos nihil necesse est. [Catulo, Carmina 16.5]
Convém que o poeta seja casto e piedoso, mas seus
versos não precisam ser assim.
362. Casum fortuitum definimus omne quod humano
coeptu praevideri non potest, nec cui praeviso potest
resisti. [Jur] Definimos como caso fortuito tudo quanto
não pode ser previsto pela intuição humana, nem pode
ser evitado, quando previsto. VIDE: ● Casus fortuitus est
qui humano consilio nullo praevideri potest.
363. Casum sentit dominus. [Jur] É o proprietário que
sofre o prejuízo. VIDE: ● Damnum sentit dominus. ● Res
naturaliter perit domino. ● Res perit domino.
364. Casus a nullo praestantur. [Jur] Ninguém é
responsável pelo caso fortuito.
365. Casus belli. [Jur / Black 289] Um caso de guerra.
Um motivo de guerra. (=Um ato que provoca ou
justifica a guerra entre duas nações).
366. Casus conscientiae. Um caso de consciência.
367. Casus dementis correctio fit sapientis. [Trench,
Proverbs 150] O infortúnio do tolo é advertência ao
ajuizado. ■ O tolo aprende à sua própria custa; o
avisado, à custa do tolo. ● Casus dementis correctio sit
sapientis. Que a queda do tolo seja advertência para o
ajuizado. VIDE: ● Ex vitio alterius sapiens emendat
suum. ● Feliciter is sapit qui alieno periculo sapit.
● Felix quem faciunt aliena pericula cautum.
368. Casus et natura in nobis dominantur. [Cícero, Ad
Familiares 4.12] O acaso e a natureza nos governam.
■ O acaso é o pai dos grandes acontecimentos.
369. Casus exceptus firmat regulam. ■ A exceção
confirma a regra. ● Casus exceptus firmat regulam in
contrarium. [Lodeiro 221] Um caso excetuado firma
regra em contrário. VIDE: ● Exceptio declarat regulam.
[Jur] ● Exceptio regulam probat. ● Exceptio firmat
regulam. ● Exceptio firmat regulam in contrarium.
● Exceptio probat regulam.
370. Casus foederis. [Jur / Black 273] Um caso de
tratado internacional.
371. Casus fortuitus est qui humano consilio nullo
praevideri potest. [Jur] Caso fortuito é o que não pode
ser previsto por nenhuma providência humana. VIDE:
● Casum fortuitum definimus omne quod humano
coeptu praevideri non potest, nec cui praeviso potest
resisti.
372. Casus fortuitus non est sperandus, et nemo
tenetur devinare. [Coke / Black 289] O acontecimento
fortuito não é de se esperar, e ninguém pode prever.
373. Casus fortuitus non est supponendus. O caso
fortuito não pode ser presumido.
374. Casus hominum movent corda. A sorte dos
homens comove os corações. VIDE: ● Mentem mortalia
tangunt.
375. Casus interventionis. Caso de intervenção.
376. Casus legis, ubi est, nulla dubitatio, aut
disputatio. [Jur] Quando ocorre um caso previsto em
lei, não há nenhuma dúvida ou disputa.
377. Casus maior. [Jur / Black 289] Um acidente. Um
sinistro.
378. Casus mirificus intervenit. [Cícero, Ad Familiares
7.5] Ocorreu um fato surpreendente.
379. Casus necessitatis. Caso de necessidade.
380. Casus omissus. [Jur / Black 289] Um caso omisso.
Um caso não previsto.
381. Casus quem saepe transit, aliquando invenit.
[Publílio Siro] A sorte alguma vez atinge aquele por
perto de quem passou muitas vezes. ■ Tantas vezes vai a
ânfora à fonte, que por fim se quebra. VIDE: ● Amphora
quae saepius petit fontem valde periclitatur.
● Cantharus assidue gestatus perdidit ansam.
● Frangitur assidua fictilis urna via. ● Hydria tam diu
ad fontem portatur, donec vel tandem frangatur.
● Ollula tam crebro fertur ad aquam, quod fracta
refertur. ● Quem saepe transit casus aliquando
invenit.
382. Casus ubique valet: semper tibi pendeat hamus;
quo minime credas gurgite, piscis erit. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.425] O acaso pode muito: tem sempre
pronto o anzol; no rio de que nada esperas, aparecerá o
peixe.
383. Casusne? Deusne? [Virgílio, Eneida 12.320] Foi o
acaso? Foi Deus?
384. Catenati labores. [Ausônio, Eclogarum 2.14] Os
sofrimentos andam encadeados. ■ Uma desgraça nunca
vem só. ■ O azar anda acompanhado.
385. Cato esse quam videri bonus malebat. [Salústio,
Coniuratio Catilinae 54.6] Catão preferia ser bom a
parecer bom. VIDE: ● Esse potius quam haberi. ● Esse
quam videri. ● Magis esse quam videri oportet.
386. Cato inexpiabili odio delendam esse
Carthaginem, et cum de alio consuleretur,
pronuntiabat. [Floro, Epitomae 1.31] Catão, mesmo
quando era consultado sobre outro assunto, com ódio
implacável, declarava que Cartago devia ser destruída.
VIDE: ● Carthaginem esse delendam censeo. ● Delenda
est Carthago.
387. Cattorum canimus certamina clara canumque.
[Henry Harder / Rezende 705] Nós cantamos as
famosas lutas dos gatos e dos cachorros. (=Trata-se de
um poema de 100 linhas, em hexâmetros, sobre gatos,
em que todas as palavras começam com a letra c).
388. Cattorum nati sunt mures prendere rati.
[Eiselein 369] Os filhotes dos gatos são destinados a
apanhar camundongos. ■ Filho de gato mata rato.
● Cattorum nati sunt mures prendere nati. [Binder,
Thesaurus 451] Filhos de gatos nasceram para apanhar
camundongos. ● Cattorum proles bene discit prendere
mures. [Werner 8 / Bragança 7.1.6] Filho de gatos
aprende com facilidade a apanhar camundongos. VIDE:
● Muricipis proles cito discit prendere mures.
389. Cattus amat pisces, sed non vult tangere flumen.
[Binder, Thesaurus 456] O gato gosta de peixes, mas
não quer tocar a água. ■ Não se apanham trutas com as
bragas enxutas. ■ Quem quer bolota, que trepe. ● Cattus
amat pisces, sed non vult tingere pedes. [Eiselein 367]
Gato gosta de peixe, mas não quer molhar os pés.
● Cattus amat pisces, sed non vult tingere plantas.
[Trench, Proverbs; Rezende 707] O gato gosta de peixe,
mas não quer molhar as patas. ● Cattus amat pisces,
sed non vult cruras madere. VIDE: ● Felis amat pisces,
sed aquas intrare recusat. ● Sumere vult pisces
cattus, sed flumen abhorret.
390. Cattus piscari non vult, sed pisces cibari. O gato
não quer pescar, mas quer comer peixes. ■ Quem quiser
comer depene.
391. Cattus saepe satur cum capto mure iocatur.
[Trench, Proverbs 150] Gato farto brinca com o rato
apanhado.
392. Catulae dominas imitantes. [Erasmo, Adagia 2.6.13]
Os cãezinhos imitam suas donas. VIDE: ● Dominas suas
canes imitantur.
393. Catulus leonem allatrans. [Rezende 706] É um
cãozinho ladrando para um leão. ■ É um fraco abusado.
394. Cauda de vulpe testatur. [Erasmo, Adagia 1.9.35]
■ A raposa se conhece pela cauda. ● Cauda vulpem
demonstrat. [Schottus, Adagia 281] A cauda denuncia
a raposa.
395. Cauda tenes anguillam. [Erasmo, Adagia 1.4.94]
Seguras a enguia pela cauda. ■ Quem segura enguia
pelo rabo e mulher pela palavra, nada segura. VIDE:
● Anguillam cauda teneo. ● Anguillam cauda
capessis.
396. Caudae pilos equinae paulatim velles. [Erasmo,
Adagia 1.8.95] Arranca pouco a pouco os pelos da
cauda do cavalo. ■ A mor pressa é o mor vagar.
397. Caudam inter crura subicit. [Grynaeus 695]
■ Enfiou o rabo entre as pernas.
398. Caudam trahere. Trazer um rabo. (=Ser objeto de
mofa). VIDE: ● Ille qui te deridet caudam trahit.
399. Causa aliqua subest. [DAPR 320] Existe alguma
coisa oculta. ■ Debaixo desse angu há carne. ■ Aqui há
gato escondido.
400. Causa belandi est amor. [Sêneca, Hercules
Oetaeus 424] O amor é causa de lutas.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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C3: 401-600
401. Causa causae est causa causati. [Jur / Black 291]
A causa de uma causa é a causa da coisa causada. (=A
causa da causa deve ser considerada também como a
causa do efeito). ● Causa causantis, causa est causati.
[Jur / Black 291] A causa de uma coisa que causa, é a
causa do efeito.
402. Causa causans. [Jur / Black 291] A causa
determinante. (=O último elo da cadeia da causalidade).
VIDE: ● Causa proxima.
403. Causa causata. A causa que é resultado de uma
causa anterior.
404. Causa celebrationis. A causa da comemoração.
405. Causa cessante, cessat effectus. [Rezende 713]
Cessando a causa, cessa também o efeito. VIDE:
● Cessante causa, cessat et effectus. ● Cessante causa,
tollitur effectus. ● Finita causa, cessat effectus.
● Sublata causa, tollitur effectus.
406. Causa cognita. A causa conhecida. Por causa
conhecida.
407. Causa cognoscitur ab effectu. [Jur] Conhece-se a
causa pelo efeito.
408. Causa contentiosa. [Jur] Causa contestatória.
409. Causa criminalis non praeiudicat civili. [Jur] A
causa criminal não causa prejuízo à civil.
410. Causa debendi. [Jur] A causa da dívida.
411. Causa debet praecedere effectum. [Rezende 715]
A causa deve preceder o efeito.
412. Causa detentionis. [Jur] A causa da detenção.
413. Causa donandi. [Jur] A causa da doação.
414. Causa efficiens. A causa efetiva.
415. Causa efficiens matrimonii est mutuus
consensus. [Jur] A causa eficiente do casamento é o
mútuo consentimento.
416. Causa essendi. A causa de ser.
417. Causa est ratio per quam aliquid datur vel fit.
[Jur] A causa é a razão pela qual se dá ou se faz alguma
coisa.
418. Causa facit rem dissimilem. [Juvenal, Satirae
8.214] É a causa que distingue uma ação de outra.
419. Causa fiendi. A causa de tornar-se.
420. Causa finalis. A causa final.
421. Causa finita est. A questão está encerrada.
422. Causa formalis. A causa formal.
423. Causa iubet melior superos sperare secundos.
[Lucano, Bellum Civile 7.349] A melhor causa manda
ter esperança nos deuses favoráveis.
424. Causa latet, mala nostra patent. [Ovídio,
Heroides 21.55] A causa é desconhecida, os nossos
males são conhecidos.
425. Causa latet, vis est notissima. [Ovídio,
Metamorphoses 4.287] A causa é desconhecida, mas o
efeito é muito conhecido.
426. Causa mali. A causa do mal.
427. Causa materialis. A causa material.
428. Causa mortis. A causa da morte.
429. Causa mortis donatio. Doação por morte. VIDE:
● Donatio mortis causa.
430. Causa movens. A razão para realizar-se
determinada ação.
431. Causa multis moriendi fuit morbum suum nosse.
[Sêneca, De Brevitate Vitae 18.6] Para muitos a causa
da morte foi conhecer a própria doença.
432. Causa obligationis. [Jur] A causa da obrigação.
433. Causa patet. [Jur / Black 291] A razão é óbvia. A
causa é evidente.
434. Causa patrocinio non bona, peior erit. [Ovídio,
Tristia 1.1.26] A causa má se torna pior quando se faz
sua defesa.
435. Causa paupertatis plerumque probitas est. Na
maioria das vezes, a honestidade é a causa da pobreza.
● Causa ei paupertatis sicut plerisque probitas erat.
[Quinto Cúrcio, Historiae 4.1.20] A honestidade foi-lhe,
como a muitos outros, causa de sua pobreza.
436. Causa pendet ex causa. Uma causa está presa a
outra. ■ Uma questão puxa outra. ● Causa pendet ex
causa, privata ac publica longus ordo rerum trahit.
[Sêneca, De Providentia 5.7] Uma causa está presa a
outra, e uma longa seqüência de eventos arrasta todas as
questões privadas ou públicas.
437. Causa perit iusta, si dextera non sit onusta.
[Rezende 719] Perde-se a causa justa, se a mão não
estiver recheada. ■ Sem dinheiro nada se alcança. ■ Não
há cerradura, se de ouro é a gazua. ■ Quem não tem
dinheiro não tem razão.
438. Causa petendi. [Jur] A causa do pedido.
439. Causa proxima. [Jur / Black 291] A causa
imediata. A causa inicial. VIDE: ● Causa causans.
440. Causa proxima, non remota, spectatur. [Broom
180] É a causa imediata que se considera, não a remota.
VIDE: ● In iure non remota causa sed proxima
spectatur.
441. Causa remota. [Jur / Black 292] A causa remota.
442. Causa secunda. A causa secundária.
443. Causa sine qua non. [Jur / Black 292] A causa sem
a qual não. (=Uma condição indispensável). VIDE: ● Sine
qua non.
444. Causa traditionis. [Jur] A causa da entrega. Por
causa da tradição.
445. Causa turpis. [Jur / Black 292] Uma causa torpe.
446. Causa vera. Um causa verdadeira.
447. Causae aestimatio saepe morbum solvit. [Celso,
Medicina 1] O conhecimento da causa freqüentemente
elimina a moléstia.
448. Causae eventorum magis movent quam ipsa
eventa. [Cícero, Ad Atticum 9.5.2] As causas dos
acontecimentos comovem mais do que os próprios
acontecimentos.
449. Causam tuam tracta cum amico tuo. [Vulgata,
Provérbios 15.15] Trata teus negócios com teu amigo.
450. Causas agam Cicerone disertius ipso. [Marcial,
Epigrammata 3.38.3] Defenderei a causa com mais
eloqüência do que o próprio Cícero.
451. Causidicos, scribas, medicos vitare memento.
[Pereira 102] Lembra-te de evitar os advogados, os
escreventes e os médicos. ■ Deus te guarde do párrafo
do legista, do infra do canonista, do etcétera do
escrivão e do récipe do mata-são.
452. Causidicum vendit purpura. [Binder, Thesaurus
462] O luxo recomenda o advogado. ■ A roupa faz o
homem. VIDE: ● Purpura vendit causidicum.
453. Causidicus lites, sed vinitor undique vites, vulnus
amat medicus, presbyter interitus. [Binder, Thesaurus
463] O advogado ama as lides, mas o vinhateiro quer
vinhas por todos os lados; o médico ama os ferimentos,
e o padre ama os funerais.
454. Caute, si non caste. Com cautela, se não com
castidade. ■ Se não fores casto, sê cauto. VIDE: ● Nisi
castus, saltem cautus. ● Nisi caste, saltem caute. ● Si
non caste, saltem caute. ● Si non caste, et tamen
caute.
455. Cautio fideiussoria. [Jur / Black 293] Caução
fidejussória.
456. Cautio pignoratitia. [Jur / Black 293] Caução
pignoratícia.
457. Cautio pro expensis. [Jur / Black 294] Caução por
despesas. ● Cautio pro expensis iudicialibus. [Jur]
Caução por despesas judiciais.
458. Cautis prodesse pericla aliorum solent. [Binder,
Thesaurus 465] Os perigos dos outros beneficiam os
cautelosos. ■ O tolo aprende à sua custa, e o avisado, à
custa do tolo.
459. Cauto et timido nulla procella nocet. [Gaal 1613]
Nenhuma tempestade prejudica o cauteloso e o
medroso. ■ Cautela e caldo de galinha não fazem mal a
ninguém.
460. Cautus metuit. [Eiselein 375] O avisado tem
medo. ■ O prevenido procede seguro. ● Cautus metuit
foveam lupus. O lobo cauteloso tem medo de
armadilha. ■ Macaco velho não trepa em galho seco.
● Cautus enim metuit foveam lupus, accipiterque
suspectos laqueos, et opertum milvius hamum.
[Horácio, Epistulae 1.16.50] O lobo cauteloso teme a
caverna, e o gavião, os laços supeitos, e o milhafre, o
anzol oculto.
461. Cave! Cuidado!
462. Cave a commercio potentium: habe
commercium cum aequalibus. [Grynaeus 205] Evita
negócios com os poderosos: faze negócios com teus
iguais. VIDE: ● Cave virum maiorem. ● Cavendum a
potentiore. ● Cum viro potentiore ne communica.
● Fuge procul a viro maiore. ● Pondus super se tollet
qui honestiori se communicat. ● Qui te fortior est,
hunc tu vitare memento.
463. Cave a consequentariis. [Rezende 727] Desconfia
daqueles que esmiuçam muito.
464. Cave a signatis. Cuidado com as pessoas
diferentes. ■ A homem ruivo e a mulher barbuda de
longe os saúda. VIDE: ● Cavete ab iis quos natura
signavit.
465. Cave ab eo quem non novisti. [Erpênio / Rezende
726] Cuidado com quem não conheces. ■ Não te fies, se
não queres ser enganado.
466. Cave ab homine unius libri. [Maloux 306]
Cuidado com o homem de um só livro. (=Não disputes
com quem conhece profundamente a matéria). ■ Deus
me livre do homem de um livro só. VIDE: ● Timeo
hominem unius libri. ● Timeo virum unius libri.
● Timeo lectorem unius libri.
467. Cave amicum credas, nisi si quem probaveris.
[Publílio Siro] Evita confiar num amigo antes de tê-lo
provado.
468. Cave ancillam. Cuidado com a criada. ■ Paredes
têm ouvidos.
469. Cave canem. [Petrônio, Satiricon 29] Cuidado com
o cão. (=Aviso colocado à entrada das casas). ● Cave
canem ac dominum. [Frase gravada no portão da
propriedade de Gabriele d’Annunzio] Cuidado com o
cão e com o dono.
470. Cave certamen congredi cum hominibus
potentioribus. [Manúcio, Adagia 862] Evitar disputar
com homens mais poderosos do que tu.
471. Cave et diligenter attende, ne cum homine malo
loquaris. [Sêneca, Epistulae Morales 10.1] Fica atento e
toma cuidado para que não tenhas relaçòes com nenhum
homem desonesto.
472. Cave furem. Cuidado com o ladrão.
473. Cave ignoscas. Trata de não ignorar. Trata de não
perdoar.
474. Cave illum semper, qui tibi imposuit semel.
[Publílio Siro] Desconfia sempre daquele que te
enganou uma vez. ■ Quem faz uma vez, faz duas e três.
■ Quem uma vez furta, fiel nunca. VIDE: ● Cavendum ab
eo qui semel imposuit.
475. Cave multos, si singulos non times. [Grynaeus
116] Toma cuidado com grupos, se não temes
indivíduos. ■ O que um não pode, muitos fazem.
■ Contra dois, nem Hércules. VIDE: ● Contra duos ne
Hercules quidem. ● Difficile ac durum est, unum
compescere multos. ● Ne Hercules quidem adversus
duos. ● Ne Hercules quidem contra duos. ● Ne
quidem Hercules adversus duos. ● Nec Hercules
contra plures. ● Noli pugnare duobus. ● Uni cum
duobus non est pugnandum.
476. Cave ne aliquando peccato consentias, et
praetermittas praecepta Dei nostri. [Vulgata, Tobias
4.6] Guarda-te de consentir jamais no pecado e de violar
os preceitos de nosso Deus.
477. Cave ne cadas! [Plauto, Mostellaria 319] Cuidado
para não caíres. ■ Olho vivo! ■ Quem muito alto vai, de
muito alto cai.
478. Cave ne litteras Bellerophontis afferas. Cuidado
para que não leves uma carta de Belerofonte. (=Preto,
rei de Argos, mandou Belerofonte a seu cunhado, rei da
Lícia, com cartas de recomendação em que, em sinais
misteriosos, estava escrita a ordem de matar o portador).
VIDE: ● Bellerophontis litteras tulit.
479. Cave ne nimia mellis dulcedine diutinam bilis
amaritudinem contrahas. [Apuleio, Metamorphoses
2.10] Toma cuidado para que com a excessiva doçura
do mel não recebas uma duradoura amargura de fel.
480. Cave ne obliviscaris. [Vulgata, Deuteronômio
25.19] Não te esqueças.
481. Cave ne quicquam aspere loquaris. [Vulgata,
Gênesis 31.24] Não digas coisas que ofendam.
482. Cave quicquam incipias, quod paeniteat postea.
[Publílio Siro] Evita começar coisa de que depois te
arrependas. ● Cave ne quicquam incipias quod post
paeniteat. VIDE: ● Ne quidquam incipias, quod
paeniteat, cave.
483. Cave quid dicis, quando, et cui. Cuidado com o que
dizes, quando o dizes, e a quem o dizes.
484. Cave quod est nimium. [Binder, Thesaurus 470]
Cuidado com o excesso. ■ Todo excesso prejudica.
485. Cave tibi a cane muto et aqua silenti. [Grynaeus
213] Cuidado com o cão que não late e com a água
silenciosa. ■ Cuidado com o homem que não fala e com
o cão que não ladra. ■ A água silenciosa é a mais
perigosa. ■ Boi sonso, marrada certa. ● Cave tibi ab
aquis silentibus et a cane muto. [Rezende 738] ● Cave
tibi a silente aqua et muto cane. [Binder, Thesaurus
471] VIDE: ● Ab homine et flumine taciturno cave.
● Quo minus est murmur, plerumque est altior unda.
486. Cave ultimam. [Inscrição em quadrante solar]
Cuidado com a (tua) última (hora).
487. Cave ut recte eloquaris. Trata de falar
corretamente.
488. Cave virum dolosum! Cuidado com o trapaceiro!
489. Cave virum maiorem. [Schottus, Adagia 348]
Cuidado com o homem poderoso. VIDE: ● Cave a
commercio potentium: habe commercium cum
aequalibus. ● Cavendum a potentiore. ● Cum viro
potentiore ne communica. ● Fuge procul a viro
maiore. ● Pondus super se tollet qui honestiori se
communicat. ● Qui te fortior est, hunc tu vitare
memento.
490. Caveant consules! Que os cônsules tomem
cuidado. ■ Cuidado! ■ Olho vivo! ● Caveant consules ne
quid detrimenti republica capiat. Que os cônsules
tomem cuidado para que o país não sofra nenhum dano.
(=Fórmula com que o Senado Romano, nas grandes
crises, investia os cônsules de poder ditatorial).
491. Caveat actor. [Jur / Black 294] Acautele-se o
autor.
492. Caveat creditor. [Jur] Acautele-se o credor.
493. Caveat emptor! [Jur / Black 294] Acautele-se o
comprador! ■ Quem compra, precisa de cem olhos,
quem vende, apenas de um. ● Caveat emptor, qui
ignorare non debuit quod ius alienum emit. [Jur /
Broom 605;. Maloux 4] Cuide-se o comprador, pois ele
não devia ignorar a natureza da propriedade de outrem
que ele compra.
494. Caveat populus. Que o povo tome cuidado.
495. Caveat venditor. [Jur / Black 294] Acautele-se o
vendedor.
496. Caveat viator. [Jur / Black 295] Acautele-se o
viajante. (=Caberia ao viajante identificar e evitar os
defeitos da estrada).
497. Cavendam esse felem, quae a fronte lingat et a
tergo laedat. [DAPR 257] Deve-se tomar cuidado com
o gato que pela frente lambe e por trás fere. ■ Por diante
faço acato, e por detrás el-rei mato.
498. Cavendi nulla est dimittenda occasio. [Publílio
Siro] Não deve ser desprezada nenhuma ocasião de
precaver-se. ■ A desconfiança é a mãe da segurança.
■ O seguro morreu de velho. ■ Onça que dorme no ponto
vira tapete.
499. Cavendo tutus. [Divisa / Rezende 734] Sendo
cauteloso, ficarás seguro. ■ Confiar desconfiando.
500. Cavendum a potentiore. [Erasmo, Adagia 3.8.38]
Deve-se tomar cuidado com quem tem mais poder.
■ Com teu amo não jogues as peras, porque ele come as
maduras e deixa-te as verdes. VIDE: ● Cave a
commercio potentium: habe commercium cum
aequalibus. ● Cave virum maiorem. ● Cum viro
potentiore ne communica. ● Fuge procul a viro
maiore. ● Pondus super se tollet qui honestiori se
communicat. ● Qui te fortior est, hunc tu vitare
memento.
501. Cavendum ab amicis qui suos, cum non illis
egent, deserunt. [Branco 233] Cuidado com os amigos
que abandonam os seus, quando deles não precisam.
■ Amigo de mesa não é de firmeza. ■ Pão comido,
companhia desfeita.
502. Cavendum ab eo qui semel imposuit. [Erasmo,
Adagia 3.8.51] Deve-se tomar cuidado com quem
enganou uma vez. ■ Quem faz uma vez faz duas e três.
VIDE: ● Cave illum semper, qui tibi imposuit semel.
503. Cavendum est ne assentatoribus patefaciamus
aures, nec adulari nos sinamus. [Cícero, De Officiis
1.26] Devemos estar atentos para não darmos ouvidos
aos lisonjeiros, nem permitirmos que sejamos adulados.
■ Acautela-te de quem te lisonjeia.
504. Cavendum est ne maior poena quam culpa sit.
[Cícero, De Officiis 1.25] Deve-se tomar cuidado para
que a pena não seja maior do que o crime.
505. Cavendum ne fiat pro consilio convicium.
[Erasmo, Colloquia 53.] Cuidado para que não ocorra
um insulto em lugar de um conselho.
506. Cavendum vero est ne etiam in graves inimicitias
convertant se amicitiae. [Cícero, De Amicitia 21] É
preciso cuidar para que as amizades se convertam em
graves inimizades.
507. Cavendus tamen dolus est. [Salustio, Oratio Macri
Licinii 5] Deve-se, no entanto, tomar cuidado com a
má-fé.
508. Cavete a macilento non famelico. [Rezende 737]
Cuidado com o magro que não tem fome. ■ Homem
magro sem ter fome vale por dois homens.
509. Cavete ab iis quos natura signavit. [Pereira 94]
Tende cuidado com aqueles que a natureza marcou. ■ A
homem ruivo e a mulher barbuda de longe os saúda.
■ Deus, que o marcou, alguma coisa nele achou. VIDE:
● Cave a signatis.
510. Cavete ab omni avaritia. [Vulgata, Lucas 12.15]
Acautelai-vos de toda avareza.
511. Cavete ne forte decipiatur cor vestrum. [Vulgata,
Deuteronômio 11.16] Guardai-vos, que o vosso coração
não se engane.
512. Cavete ne quis vos decipiat per philosophiam.
[Vulgata, Colossenses 2.8] Cuidado para que ninguém
vos engane sob a máscara da filosofia.
513. Cavete proditionem. [Sêneca Retórico,
Controversiae 7] Cuidado com a traição.
514. Cavillationem cavillatione repellere licet. [Jur] É
permitido repelir uma astúcia com outra astúcia.
515. Cavillationes iuris. Os artifícios do direito.
516. Cecidit sors super Mathiam. [Vulgata, Atos 1.26] A
sorte caiu em Matias. ● Cecidit sors super Ionam.
[Vulgata, Jonas 1.7] A sorte caiu sobre Jonas.
517. Cedant arma legibus. Submetam-se os exércitos às
leis.
518. Cedant arma togae. [Divisa do Estado de
Wyoming, EUA] Submetam-se os exércitos à toga. ■ A
pena é mais perigosa que a espada. ● Cedant arma
togae, concedat laurea laudi. [Cícero, De Officiis
1.77; De Consulatu Suo, Fragmento 6] Que as armas
cedam à toga, que se concedam louros ao mérito.
● Cedant arma togae, concedat laurea linguae. Que as
armas cedam à toga, que se concedam os louros à
eloqüência.
519. Cedant carminibus reges regumque triumphi.
[Ovídio, Amores 1.15.33] Submetam-se à poesia os reis
e os triunfos dos reis.
520. Cedant tenebrae lumini et nox diurno sideri. [De
um hino do Breviário Romano] Que as trevas dêem
lugar à luz, e a noite, ao astro diurno.
521. Cedat unus multitudini. [Schrevelius 1173] O
indivíduo deve ceder à multidão. ■ Contra a força não
há resistência. VIDE: ● Cedendum multitudini.
● Superat unum turma.
522. Cede Deo. Submete-te a Deus. ● Cede deo.
[Virgílio, Eneida 5.466] Submete-te ao deus.
523. Cede nullis. [Divisa] Não te submetas a ninguém.
524. Cede praestantiori viro. [Schottus, Adagia 259]
Cede ao homem mais importante. ■ Com teu amo não
jogues as peras. VIDE: ● Maiori concede.
525. Cede repugnanti, cedendo victor abibis. [Ovídio,
Ars Amatoria 2.197] Cede a quem te resiste: cedendo
sairás vencedor. ■ Mais vale descoser que romper.
526. Cede, Venus cedit; si stas, magis impia laedit; si
fugies Veneris proelia, tutus eris. [Bernardes, Nova
Floresta 2.334] Recua, Vênus recua; se páras, a
impiedosa fere mais; se fugires dos combates de Vênus,
estarás seguro.
527. Cedendum est malis. [Sêneca, Troades 509] É
preciso submeter-se à desgraça.
528. Cedendum multitudini. [Erasmo, Adagia 3.9.60]
Deve-se ceder à multidão. ■ Contra a força não há
resistência. ■ Contra dois, nem Hércules. ● Cedendum
multis. Contra muitos é preciso ceder. ● Cedendum
pluribus. VIDE: ● Cave multos, si singulos non times.
● Cedat unus multitudini. ● Superat unum turma.
● Difficile ac durum est, unum compescere multos.
● Hercules adversus noluit ire duos. ● Ne quidem
Hercules adversus duos. ● Nec Hercules contra
plures. ● Noli pugnare duobus. ● Uni cum duobus
non est pugnandum. Ne Hercules quidem adversus
duos. ● Ne Hercules quidem contra duos. ● Ne
Hercules contra duos.
529. Cedendum tempori. Devemos submeter-nos às
circunstâncias. VIDE: Tempori cedere sapientis est.
530. Cedere maiori non est pudor inferiori. [Gaal
1183] Submeter-se ao mais poderoso não é vergonha
para o mais fraco. ■ Ao mais potente cede o mais
prudente.
531. Cedere maiori virtutis fama secunda est.
[Marcial, De Spectaculis 32.1] Ceder ao mais forte é
receber o prêmio de segundo em coragem.
532. Cedere nolo Iovi, sed cedere cogor Amori. [Otto
Vaenius, Amorum Emblemata] Não quero submeter-me
a Júpiter, mas sou obrigado a submeter-me ao Amor.
533. Cedere temporibus sapiens vir debet iniquis. O
sábio deve-se submeter aos tempos difíceis.
534. Cedit amor rebus: res age, tutus eris. [Ovídio,
Remedium Amoris 144] O amor se submete ao
trabalho: cuida dos negócios, estarás seguro (contra o
amor). VIDE: ● Non operando peris; res age, tutus eris.
535. Cedit enim rerum novitate extrusa vetustas.
[Lucrécio, De Rerum Natura 3.967] A velha ordem
recua, expulsa pela novidade das coisas.
536. Cedit oneri fortuna suo. [Sêneca, Agamemnon 89]
A sorte cede a seu próprio peso.
537. Cedit viribus aequum. [Ovídio, Tristia 5.7.47] O
direito se submete à força.
538. Cedo maiori. Dou meu lugar ao mais importante.
VIDE: ● Cedere maiori virtutis fama secunda est.
539. Cedo nulli. Não me submeto a ninguém.
540. Cedunt mores rebus secundis. Na prosperidade os
costumes recuam.
541. Celabitur auctor. O autor permanecerá
desconhecido. VIDE: ● Praecepta canam, celabitur
auctor.
542. Celari vult sua furta Venus. [Tibulo, Elegiae
1.2.36] Vênus deseja que seus furtos fiquem ocultos.
543. Celatim. Em segredo.
544. Celebremus nomen nostrum antequam
dividamur in universas terras. [Vulgata, Gênesis
11.4] Façamos célebre o nosso nome, antes que nos
espalhemos por toda a terra.
545. Celer et audax. [Divisa] Veloz e audaz.
546. Celerem habet ingressum amor, regressum
tardum. O amor tem rápida entrada, mas saída
demorada.
547. Celerem oportet esse amatoris manum. [Plauto,
Bacchides 737] A mão do namorado tem de ser rápida.
548. Celeres quatit pennas fortuna. [Horácio, Carmina
3.29.49, adaptado] A sorte bate as céleres asas.
549. Celeritas et veritas. [Divisa] Prontidão e verdade.
550. Celeritas in malis optima. [Erasmo, Adagia
5.1.85] Nas situações difíceis, a rapidez é melhor. VIDE:
● Urgentibus malis celeritas optima est.
551. Celeritatem in loquendo oderis, ne aberres;
sequitur enim paenitentia. [Bias / Rezende 743]
Aborrecerás a pressa no falar, para não errares, pois virá
o arrependimento. ■ Quem cedo se determina, cedo se
arrepende.
552. Celeritatem mora, et haec illam vicissim
temperet. Que a demora compense a rapidez, e que esta
por sua vez compense aquela.
553. Celerius elephanti pariunt. [Erasmo, Adagia
1.9.11] Mais rápido do que isso parem os elefantes. ■ É
mais fácil um boi voar. VIDE: ● Citius elephanti parient.
554. Celerius quam asparagi coquuntur. [Suetônio,
Augustus 87] Mais rápido do que se cozinham os
aspargos. VIDE: ● Citius quam asparagi coquuntur.
● Velocius quam asparagi coquantur.
555. Cellula mater. A célula mãe.
556. Celsae graviore casu decidunt turres. [Horácio,
Carmina 2.10.10] As torres mais altas sofrem as quedas
mais violentas. ■ Quanto mais alto é o pau, mais bonita
é a queda. VIDE: ● Tolluntur in altum, ut lapsu
graviore ruant.
557. Cena brevis, vel cena levis, fit raro molesta. [Flos
Medicinae Scholae Salerni 184] Jantar breve, ou jantar
leve, raramente faz mal.
558. Cena comesa venire. Chegar depois de comido o
jantar. ■ Chegar ao atar das feridas. VIDE: ● Num cena
comessa venimus?
559. Cena Domini. A Ceia do Senhor.
560. Cena tibi est brevis, alterius cum pasceris escam.
[Pereira 97] O jantar te é pequeno quando comes a
migalha de outrem. ■ Bem mal ceia quem come por mão
alheia.
561. Cenae fercula nostrae mallem convivis quam
placuisse coquis. [Marcial, Epigrammata 9.81.3] Eu
preferiria que as iguarias agradassem antes aos convivas
que aos cozinheiros.
562. Cenam uno exilem ventre capis duplicem.
[Pereira 103] Num único estômago recebes duas ceias
pequenas. ■ Duas ceias más em um ventre cabem.
563. Cenare me doces? [Pereira 104] Ensinas-me a
comer? ■ Queres ensinar padre-nosso a vigário?
564. Cenemus: hoc est ius cenae. [Petrônio, Satiricon
35] Jantemos; é o direito de jantar.
565. Censor morum. Um censor dos costumes.
566. Censor omni careat peccato. [Grynaeus 39] Quem
censura não pode ter nenhum defeito. ■ Quem tem
telhado de vidro não atira pedra no do vizinho.
567. Centum doctum hominum consilia sola haec
devincit dea Fortuna. [Plauto, Pseudolus 671] A deusa
Fortuna sozinha supera as decisões de cem homens
doutos.
568. Centum puer artium. [Horácio, Carmina 4.1.15]
O rapaz dos cem talentos. ■ É o homem dos sete
instrumentos.
569. Centum viri unum pauperem spoliare non
possunt. [Grynaeus 566] Cem homens não podem
roubar um único pobre. ■ Ninguém pode despir um
homem nu. VIDE: ● An ignoras, inepte, nudum nec a
decem palaestritis despoliari posse? ● Cantabit
vacuus coram latrone viator. ● Nemo potest nudo
vestimenta detrahere. ● Non possunt nudo
vestimenta detrahi. ● Nudo detrahere vestimenta me
iubes. ● Nudus nec a centum viris spoliari potest.
● Nudum nec a decem palaestritis despoliari posse.
570. Cepisti, perfice. Começaste, completa. VIDE: ● Aut
non rem tentes, aut perfice.
571. Cepisti volucres, alius sed rete tetendit. [DAPR
157] Tu apanhaste os passarinhos, mas foi outro que
estendeu a rede. ■ Um levanta a caça, e outro a mata.
■ O bocado não é para quem o faz. ■ Nem sempre quem
dança é que paga a música.
572. Ceram auribus obdis. [Erasmo, Adagia 4.3.7]
Tapas as orelhas com cera. ■ Fazes ouvidos de
mercador. ■ Fazes orelhas de mercador. ● Ceram
auribus oblinis. [Grynaeus 77]
573. Cernere festucam mos est in fratris ocello, in
propriis oculis non videt ipse trabem. [Aviano,
Fabulae, De Cancro et Matre] Costuma-se perceber a
palha no olho do irmão, mas não ver a trave nos
próprios olhos. ■ Vemos um argueiro no olho do vizinho
e não vemos uma trave no nosso. VIDE: ● Festucam in
oculo fratris cernimus; at in proprio ne trabem
quidem animadvertimus. ● Festucam in alterius
oculo vides, in tuo trabem non vides. ● Quid autem
vides festucam in oculo fratris tui, et trabem in oculo
tuo non vides? ● Quid autem vides festucam in oculo
fratris tui, trabem autem, quae in oculo tuo est, non
consideras?
574. Cernere plus uno lumina bina queunt. [Binder,
Thesaurus 479] Dois olhos podem ver mais do que um.
■ Mais vêem dois olhos do que um. VIDE: ● Duo oculi
plus vident quam unus. ● Longius ille videt, qui
multis spectat ocellis. ● Magis vident oculi quam
oculus. ● Plura oculi quam oculus cernunt. ● Plura
oculos quam oculum cernere. ● Plus vident oculi
quam oculus. ● Unus vir non omnia videt. ● Unus vir
haud cernit omnia.
575. Cernimus exemplis oppida posse mori. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.414] Pelos precedentes
vemos que cidades podem morrer.
576. Cernimus ut contra vim et metum suis se armis
quaeque bestia defendat. [Cícero, De Natura Deorum
2.127] Percebemos que todo animal se defende com
suas armas contra a violência e o medo.
577. Cernitur in propria raro multum regione vates
portare decus ornatumque coronae. [Singer,
Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 154] Raramente se
vê um adivinho ter grande honra e ser coroado na sua
pátria. ■ Ninguém é profeta em sua terra. ■ Santo de casa
não faz milagre. VIDE: ● In patria natus non est
propheta vocatus. ● Nemo in patria propheta
acceptus est. ● Nemo propheta acceptus est in patria
sua. ● Nemo propheta in sua patria. ● Nemo propheta
in patria. ● Non est propheta sine honore, nisi in
patria sua, et in domo sua. ● Propheta in sua patria
honorem non habet.
578. Cernuntur in agendo virtutes. [Cícero, De
Partitione 79] No agir é que se vêem as virtudes. ■ Pelos
milagres se conhecem os santos. ■ Pelo perfume se
conhece a flor.
579. Certa amittimus, dum incerta petimus. [Plauto,
Pseudolus 678] Perdemos o certo para perseguirmos o
duvidoso. ■ Deixamos o certo pelo duvidoso. VIDE:
● Certa praestant incertis. ● Incerta peti, certa deseri.
580. Certa bonum certamen fidei. [Vulgata, 1Timóteo
6.12] Combate o bom combate da fé. VIDE: ● Milita
bonam militiam. ● Milites in illis bonam militiam.
581. Certa mihi mors, incerta est funeris hora. Minha
morte é certa; incerta é a hora do funeral. ■ A morte é
certa, a hora é incerta. VIDE: ● Incertum est quando,
certum est aliquando mori. ● Moriendum enim certe
est, et id incertum an hoc ipso die. ● Mors certa, hora
incerta. ● Mors certa est, funeris hora latet. ● Mors
certa, hora mortis incerta. ● Mors certa, tempus
incertum. ● Mors est certa, dies vero mortis est
incertus. ● Mors est res certa, nihil est incertius hora.
● Mors cuivis certa, nihil incertius hora; ibimus
absque mora, sed qua nescimus in hora. ● Morte
nihil certius est, nihil vero incertius quam eius hora.
● Mortis dies omnibus incertus.
582. Certa pax melior est quam incerta victoria. É
melhor a paz certa do que a vitória incerta. ■ Mais vale
um mau acordo do que um bom pleito. VIDE: ● Melior
est certa pax quam sperata victoria; illa in tua, haec
in deorum manu est. ● Melior est tuta pax quam
sperata victoria. ● Melior tutiorque est certa pax
quam sperata victoria. ● Melior tutiorque est certa
pax quam sperata victoria; haec in tua, illa in
deorum manu est. ● Tutior est certa pax quam
sperata victoria. ● Tutior est pax quam spectata
victoria; haec est in fortunae manu, illa in nostra.
583. Certa praestant incertis. [DAPR 218] As coisas
certas valem mais do que as incertas. ■ Mais vale um
ovo hoje do que uma galinha amanhã. ■ Antes um
pardal na mão que uma perdiz a voar. ■ Não deixes o
certo pelo duvidoso. VIDE: ● Certa amittimus, dum
incerta petimus.
584. Certa pro incertis dimittenda non sunt. [Rezende
749] Não se deve deixar o certo pelo duvidoso. ■ Não
deixes nunca o certo pelo duvidoso. ● Certa pro
incertis mutare stultum est. É tolice trocar o certo pelo
duvidoso. VIDE: ● Incerta pro certis, bellum quam
pacem malebant.
585. Certa quidem finis vitae mortalibus astat.
[Lucrécio, De Natura Rerum 3.1091] O fim da vida,
para os mortais, é certo. ■ A cada porco vem seu São
Martinho.
586. Certa sequens, incerta cavens, praesentia curo.
[Walther / Tosi 1731] Seguindo o certo, evitando o
incerto, trato do que está presente. VIDE: ● Incerto
certum, praesens praepono futuro.
587. Certa si decreta sors est, quid cavere proderit?
Sive sunt incerta cuncta, quid timere convenit?
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Solon 6] Se
tua sorte está inexorávelmente decidida, de que adianta
prevenir? Ou, se tudo é incerto, de que serve temer?
588. Certa viriliter, sustine patienter. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 3.19.16] Combate
virilmente; suporta com paciência.
589. Certamen festinatum incendit ignem. [Vulgata,
Eclesiástico 28.13] A prontidão em discutir acende o
fogo.
590. Certamen non accipit excusationes. [Erasmo,
Adagia 3.3.62] Guerra não admite desculpas.
● Certamen non admittit causationes. [Apostólio
1.29]
591. Certaminis gaudia. Os prazeres da luta. As
alegrias da batalha.
592. Certandum est; nulli veniunt sine Marte
triumphi. [Eiselein 568] É preciso lutar: triunfo a
ninguém chega sem luta. VIDE: ● Nemo coronatur, nisi
certando mereatur.
593. Certanti et resistenti victoria cedit. A vitória se
entrega a quem luta e resiste.
594. Certatis fatis, et spes extenditis aegras. [Sílio
Itálico, Punica 9.543] Vós lutais contra o destino e
levais longe demais vossas esperanças doentias.
595. Certavi et vici. [Divisa] Lutei e venci.
596. Certe, adveniente die iudicii, non quaeretur a
nobis quid legimus, sed quid fecimus. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.3.26] Certamente
quando chegar o dia do juízo, não nos será perguntado o
que lemos, mas o que fizemos.
597. Certe aequa mors est. [Sêneca, Troades 435] A
morte, sem dúvida, é imparcial. ■ A morte não poupa
nem o fraco nem o forte.
598. Certe igitur ignoratio futurorum malorum
utilior est quam scientia. [Cícero, De Divinatione
2.9.23] Sem dúvida, a ignorância dos males futuros é
mais útil do que seu conhecimento. VIDE: ● Ego ne
utilem quidem arbitror esse nobis futurarum rerum
scientiam.
599. Certe omnis medicina innovatio est, et qui nova
remedia accipere nolit, nova mala exspectet. [Bacon,
De Innovationibus] Sem dúvida todo remédio é
inovação, e quem não quer aceitar os novos remédios,
espere por novas doenças.
600. Certent et cycnis ululae. [Virgílio, Eclogae 8.55]
Deixa as corujas disputarem com os cisnes.
Ao TOPO

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C4: 601-800
601. Certis rebus certa signa praecurrunt. [Cícero, De
Divinatione 1.52] Certos sinais precedem certos
acontecimentos.
602. Certius quam mors, quam mors incertius nil est.
[Palingênio / Binder, Thesaurus 480]. Nada há mais
certo do que a morte, nada mais incerto do que ela. ■ A
morte é certa, o dia da morte é incerto. VIDE: ● Mors
certa, hora incerta.
603. Certo veniunt tempore Parcae. [Sêneca, Hercules
Furens 188] As Parcas chegam na hora certa.
604. Certum ac dispositum est ubi quidquid crescat et
insit. [Lucrécio, De Rerum Natura 789] É certo e
definido onde cada coisa deve nascer e permanecer.
605. Certum est. É certo. A coisa está clara. VIDE:
● Liquet.
606. Certum est mihi quasi umbra, quoquo ibis tu, te
persequi. [Plauto, Casina 1.1.3] Estou decidido a te
seguir aonde quer que vás, como tua sombra.
607. Certum est omnia licere pro patria. Em favor da
pátria é justo que tudo seja permitido.
608. Certum est otii vitia negotio discuti. [Sêneca,
Epístulae 56,9] É certo que os vícios do ócio
desaparecem com a atividade.
609. Certum est, quia impossibile. [Tertuliano, De
Carne Christi 5.4] É certo porque é impossível. VIDE:
● Credibile quia ineptum est. ● Credo quia
absurdum. ● Credo quia impossibile.
610. Certum est quia morieris, sed incertum quando
aut quomodo vel ubi. [S.Bernardo, Meditationes
Piissimae 3.10] É certo que morrerás, mas é incerto
quando, ou como, ou onde. ■ A morte é certa, a hora é
incerta.
611. Certum est quod certum reddi potest. [Edward
Coke / Broom 478] Certo é o que pode ser confirmado.
VIDE: ● Id certum est quod certum reddi potest.
612. Certum scio. Sei com certeza. VIDE: ● Non certum
scio.
613. Certum voto pete finem. [Horácio, Epistulae
1.2.56] Põe um limite certo a teu desejo.
614. Certus amor morum est: formam populabitur
aetas. [Ovídio, De Medicamine Faciei Femineae 45] O
amor fundado no caráter é constante: a beleza, o tempo
a destuirá.
615. Cervus ad sagittam properat. [Grynaeus 213] O
cervo está correndo em direção à flecha. ■ Está
procurando sarna para se coçar.
616. Cervus canes trahit. [Erasmo, Adagia 4.4.11] O
cervo atrai os cães.
617. Cervus lacessitus leo. [Divisa] O cervo atacado
torna-se um leão.
618. Cespite natali quilibet optat ali. [Mota 162] Todo
o mundo quer viver no torrão natal. ■ Para o passarinho
não há como o seu ninho.
619. Cessa regnare, si non vis iudicare. [Jur / Black
302] Deixa de reinar, se não queres julgar.
620. Cessante causa, cessat effectus. [Jur / Broom 129]
Cessando a causa, cessa o efeito. ● Cessante causa,
cessat et effectus. [Stevenson 305] Cessando a causa,
cessa também o efeito. ● Cessante causa, tollitur
effectus. VIDE: ● Causa cessante, cessat effectus.
● Finita causa, cessat effectus. ● Sublata causa,
tollitur effectus.
621. Cessante ratione legis, cessat et ipsa lex. [Jur /
Broom 129] Cessando a razão da lei, cessa a própria lei.
● Cessante ratione cessat et lex. [Broom 131]
Cessando a razão, cessa também a lei. ● Cessante causa
legis, cessat lex. ● Cessante ratione legis, cessat et
iuris dispositio. Cessando a razão da lei, cessa também
a disposição legal.
622. Cessante statu primitivo, cessat derivativus. [Jur
/ Broom 380] Quando termina o estado primitivo,
termina também o derivado.
623. Cessibile quod non est, nec transmissibile. [Jur]
O que não pode ser cedido, também não pode ser
transmitido. ● Cessibile quod non est, non est
transmissibile.
624. Cessio bonorum. [Codex Iustiniani 7.71.4] A
cessão de bens.
625. Cetera amici simus, et deinceps inter nos
diligamus. [Schottus, Adagia 254] Agora somos
amigos, e doravante amemo-nos entre nós.
626. Cetera animalia terram spectant, homo solus
caelum intuetur. Os demais seres vivos olham para a
terra, somente o homem contempla o céu.
627. Cetera desunt. Falta o resto. (=Usa-se para indicar
que a parte final de um texto está perdida). ● Cetera
desiderantur. Deseja-se o resto. VIDE: ● Desunt cetera.
628. Cetera quis nescit? [Ovídio, Amores 1.5.25] Quem
não sabe do resto?
629. Ceteri perutiles; hic necessarius. Os outros são
muitos úteis; este é indispensável.
630. Ceteris maior quo melior. [Plínio Moço,
Panegyricus 21] Quanto melhor, tanto maior do que os
outros. ● Ceteris maior qui melior. Quem é melhor do
que os outros, é maior do que eles.
631. Ceteris paribus. [Black 266] Mantidas iguais as
outras coisas. Em igualdade de condições.
632. Ceteris tacentibus. [Black 266] Permanecendo em
silêncio os demais.
633. Ceteros consuetudo, natura potior, vicit. [Quinto
Cúrcio, Historia Alexandri Magni 5.5.3] O costume, que
é mais forte que a natureza, venceu os demais. VIDE:
● Consuetudo natura potentior est.
634. Chamaleonte mutabilior. [Erasmo, Adagia 3.4.1]
É mais volúvel do que um cameleão. VIDE: ● Mutabilior
est Proteo, et varius magis. ● Proteo mutabilior.
635. Chao antiquiora. São coisas mais antigas que o
caos. ■ Isso é velho como o mundo.
636. Chartae libertatum. As cartas das liberdades.
(=Magna Charta e Charta de Foresta). VIDE: ● Magna
Charta.
637. Chirografum eius apud me habeo. [Vulgata,
Tobias 4.21] Tenho em meu poder o seu recibo. VIDE:
● Cognoscre chirographum suum.
638. Chorda semper oberrat eadem. [Rezende 763] Ele
se engana sempre na mesma corda. ■ Só o tolo cai duas
vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Ridetur chorda qui
semper oberrat eadem.
639. Chorus Sancti Viti. Dança de São Vito. (=Dança
de São Vito ou dança de São Guido. Nome popular da
coréia, doença nervosa que se manifesta por freqüentes
movimentos convulsivos)
640. Christi comitesque viae, testesque laborum. São
companheiros de estrada de Cristo, e também
testemunhas dos seus sofrimentos. (=São os Apóstolos).
641. Christi crux est mea lux. [Divisa] A cruz de Cristo
é minha luz.
642. Christianos ad leones! [Tertuliano, Apologeticus
40.2] (Atirem) os cristãos aos leões! (=Grito dos gentios
que perseguiam os cristãos). VIDE: ● Ad bestias! ● Si
caelum stetit, si terra movit, si fames, si lues, statim
‘Christianos ad leones!’
643. Christianus nullius est hostis. [Tertuliano, Ad
Scapulam 2.6 / Vieira, Sermão da Primeira Sexta-Feira
(1649), 2] O cristão de ninguém é inimigo.
644. Christus bene coepta secundet. [Erasmo,
Colloquia 1, Auspicanti quippiam] Que Cristo favoreça
as boas iniciativas.
645. Christus lux mundi. [Divisa] O Cristo é a luz do
mundo. ● Christus lux mundi, et apud eum est fons
vitae. [S.Agostinho, Tractatus 34.2] Cristo é a luz do
mundo, e Nele está a fonte da vida.
646. Christus vincit, Christus regnat, Christus
imperat. [Inscrição em moedas francesas do século 12]
Cristo vence, Cristo reina, Cristo governa.
647. Cibabis nos pane lacrimarum. [Vulgata, Salmos
79.6] Sustentar-nos-ás com pão de lágrimas.
648. Cibaria et virga, et onus asino: panis et
disciplina, et opus servo. [Vulgata, Eclesiástico 33.25]
Para o asno, forragem, chicote e carga; para o escravo,
pão, correção e trabalho.
649. Cibi condimentum est fames. A fome é o tempero
da comida. ■ A fome é o melhor tempero. ■ A fome é boa
mostarda. ■ Para fome não há pão duro. ● Cibi
condimentum fames. ● Cibi condimentum esse
famem, potionis sitim. [Cícero, De Finibus 2.90] A
fome é o tempero da comida, e a sede, da bebida. VIDE:
● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
● Condimentum cibi fames est, potionis sitis. ● Condit
fercla fames. ● Fame condiuntur cibi. ● Fames
optimum condimentum. ● Optimum cibi
condimentum esse famem, potionis sitim. ● Optimum
condimentum fames.
650. Cibi copia fastidium parit. [Binder, Thesaurus
484] Abundância de comida faz fastídio. ■ A abastança
faz fastio. ■ A abundância traz a saciedade. VIDE:
● Copia parit fastidium. ● Mus satur insipidam
deiudicat esse farinam.
651. Cibi cum appetitu sumpti melius digerunt et
nutriunt quoque, quam alii. [Nenter 9] Os alimentos
tomados com apetite são mais bem digeridos, e também
nutrem melhor do que os outros.
652. Cibi, potus, somni, Venus, omnia moderata sint.
[Victor Hugo, Notre Dame de Paris 2.1] Comidas,
bebidas, dormidas, amor, que tudo seja moderado. VIDE:
● Cibus, potus et Venus omnia moderata sint.
653. Cibum e flamma petere. [Pereira 108] Buscar
comida no fogo. ■ Ir buscar lã e voltar tosquiado. VIDE:
● E flamma cibum petere. ● E transenna cibum
petere.
654. Cibum in matulam ne immittas. [Apostólio
17.33] Não metas a comida no bacio. (=Não
compartilhes teus segredos com pessoas desonestas).
■ Segredo contado é logo espalhado. ● Cibum in
matellam ne immittas. [Manúcio, Adagia 21] ● Cibum
in matellam ne incidas. [Stevenson 842] ● Cibum in
vas sordidum ne immittito. Não ponhas comida em
vaso sujo.
655. Cibum sequitur somnus. [Lucrécio, De Rerum
Natura 4.957] O sono segue a refeição. ■ Barriga cheia,
pé dormente.
656. Cibus et potus desiderio condiuntur. A comida e
a bebida são temperadas pelo desejo. ■ A fome é o
melhor tempero. VIDE: ● Optimum cibi condimentum
esse famem, potionis sitim.
657. Cibus immodicus noxius. Comida em excesso faz
mal. ● Cibus immodicus et animae et corpori nocet.
Comida em excesso faz mal tanto ao espírito como ao
corpo.
658. Cibus mentis est cibus Dei. O alimento do espírito
é o alimento de Deus.
659. Cibus non qui plurimus, sed qui suavissimus.
Comida, não a mais abundante, mas a mais delicada.
■ Mais vale pouco e bom que muito e mau.
660. Cibus, potus et Venus omnia moderata sint.
[Hipócrates / Rezende 769] Comer, beber e amar, em
tudo haja moderação. VIDE: ● Cibi, potus, somni,
Venus, omnia moderata sint.
661. Cibus sine sale. [Polydorus, Adagia] Comida sem
sal.
662. Cicada cicadae cara, formicae formica. [Erasmo,
Adagia 1.2.24] A cigarra gosta da cigarra, a formiga
gosta da formiga. ■ Cré com cré, lé com lé. ■ Cada qual
folga com seu igual. ■ Corvos a corvos não se arrancam
os olhos. VIDE: ● Aequalis aequalem delectat.
● Formicae grata est formica, cicada cicadae,
accipiter placet accipitri.
663. Cicada vocalior. [Erasmo, Adagia 1.9.100] Mais
loquaz que uma cigarra. ■ Fala mais que o pobre no sol.
VIDE: ● Graculo loquacior. ● Turdo loquacior.
● Turture loquacior.
664. Cicadae apem comparas. [Erasmo, Adagia 1.8.75]
Comparas uma abelha com uma cigarra. VIDE: ● Tibiam
tubae comparas.
665. Cicatrix conscientiae pro vulnere est. [Publílio
Siro] Uma cicatriz na consciência vale uma ferida.
666. Cicatrix manet. A cicatriz fica. VIDE: ● Etiam cum
vulnus sanatum est, cicatrix manet. ● Etiam sanato
vulnere cicatrix manet.
667. Cicero pro domo sua. Cícero (discursando) em
favor de sua casa. (=Um pleito em defesa dos próprios
interesses. Um advogado em causa própria). VIDE: ● Pro
domo sua.
668. Cicerone secundo non opus est, ubi fantur opes.
[Rezende 772] Não há necessidade de um segundo
Cícero, quando fala o dinheiro. ■ Quando o ouro fala,
tudo cala.
669. Cineres evitans, in carbones incidi. [Apostólio
18.41] Fugindo às cinzas, caí nas brasas. ■ Fugi do
alcaide, caí no meirinho. ● Cinerem vitans, in prunas
incidi. [Pereira 106]
670. Cineri gloria sera venit. [Marcial, Epigrammata
1.25.8] Tarde vem a glória para quem já virou cinza.
VIDE: ● Gloria sera venit. ● Post cineres gloria sera
venit.
671. Cineri nunc medicina datur. [Propércio, Elegiae
2.14.6] Estão dando remédio ao defunto. ■ Depois da
morte, o remédio. ■ Pôs sal em carne podre. ● Cineri
medicina. VIDE: ● Dare medicinam cineri.
672. Cinxerunt aethera nimbi! As nuvens cobriram o
céu! ■ As coisas estão ficando pretas! VIDE: ● Heu
quianam tanti cinxerunt aethera nimbi?
673. Circa. Em volta de. Por volta de.
Aproximadamente.
674. Circa eversos solitudo est. [Sêneca, Epistulae
Morales 9] Em torno dos que caem há somente solidão.
■ Todos adoram o sol nascente.
675. Circa idem tempus. Mais ou menos na mesma
época.
676. Circa nos ipsos quam multa mutata sunt! [Plínio
Moço, Epistulae 4.24.4] E ao meu redor, quantas coisas
se modificaram!
677. Circa pecuniam plurimum vociferationis est.
[Sêneca, De Ira 3.33.1] É em torno do dinheiro que há
mais disputa.
678. Circuitu sol tempora signat et horas. [Inscrição
em quadrante solar] Com o seu giro, o sol determina as
épocas e as horas.
679. Circuitus est evitandus. [Jur] Devem-se evitar os
rodeios.
680. Circuitus verborum. Um cincunlóquio.
681. Circulus aureus in naribus suis, mulier pulchra
et fatua. [Vulgata, Provérbios 11.22] A mulher formosa
e insensata é como um anel de ouro na tromba de uma
porca. VIDE: ● Annulus aureus in nare suilla.
682. Circulus in definiendo. Um círculo no ato de
definir.
683. Circulus in demonstrando. Um círculo no ato de
demonstrar.
684. Circulus in probando. Um círculo no ato de
provar. VIDE: ● Circulus vitiosus. ● Idem per idem.
685. Circulus sanguinis est motus sanguinis a corde
per arterias ad partes, eiusdemque per venas ad
eumdem fontem reditus. [Nenter 2] A circulação do
sangue é o movimento do sangue pelas artérias do
coração para as partes (do corpo) e sua volta à mesma
fonte através das veias.
686. Circulus vitiosus. [Da linguagem filosófica] Um
círculo vicioso. VIDE: ● Circulus in probando. ● Idem
per idem.
687. Circumcidenda ergo duo sunt, et futuri timor et
veteris incommodi memoria: hoc ad me iam non
pertinet, illud nondum. [Sêneca, Epistulae Morales
78.14] Devem ser suprimidas duas coisas: tanto o medo
do que virá, como a lembrança do sofrimento passado:
este já não me pertence, aquele ainda não.
688. Circumfer oculos. [Plínio Moço, Epistulae 9.11]
Olha à tua volta.
689. Circumscribatur nox, et aliquid ex illa in diem
transferatur. [Sêneca, Epistulae Morales 122.3]
Limite-se a noite, e seja parte dela passada para as
atividades do dia.
690. Circumspexi, et non erat auxiliator. [Vulgata,
Isaías 63.5] Olhei em roda, e não havia auxiliador.
691. Cis Apenninum. Aquém-Apeninos.
692. Cis dies paucos. [Plauto, Truculentus 347] Há
poucos dias.
693. Citatio est fundamentum totius iudicii. [Jur] A
citação é o fundamento de todo o julgamento.
694. Citatio per edictum. [Jur] Citação por edital.
695. Citato loco. No lugar citado. VIDE: ● Ibidem. ● In
loco citato.● Loco citato.
696. Citatoria scheda. [Jur] Mandado de citação.
● Citatoria schida.
697. Citharizando fit citharoedus. É tocando cítara que
se fica citarista. ■ Batendo ferro é que se fica ferreiro.
■ A prática é a mestra de todas as coisas. ■ Usa e serás
mestre. VIDE: ● Fabricando fit faber. ● Fabricando
fabricam disces. ● Fabricando, fabrilia disces.
● Fabricando fabricam disces, canendo musicam,
militando militarem artem, scribendo disces
scribere. ● Fit fabricando faber.
698. Citharoedus ridetur, chorda qui semper oberrat
eadem. [Horácio, Ars Poetica 356] É ridicularizado o
citarista que erra sempre na mesma corda. ■ Ao que
erra, perdoa-lhe uma vez, mas não três.VIDE: ● Iteranti
culpam venia dari non solet.
699. Citius, altius, fortius. [Divisa dos Jogos
Olímpicos] Mais rápido, mais alto, com mais força.
700. Citius aquam a pumice quam ab ipsis lacrimas
elicias. [Calvino, Homilia 85.2] É mais fácil tirares água
de pedra do que deles tirares lágrimas.
701. Citius camelus pilos mutet. É mais fácil um
camelo mudar de pelo.
702. Citius usura currit, quam Heraclitus. [Erasmo,
Adagia 2.6.91; Manúcio, Adagia 658] O ágio corre mais
rápido que Heráclito. (=Neste adágio, que recomenda a
abstinência de empréstimos financeiros, Heráclito é o
nome de certo corredor extremamente veloz). ● Citius
usura quam Heraclitus celerrimus currit.
703. Citius elephanti parient. [Polydorus, Adagia]
Mais rápido que isso parirão os elefantes. ■ É mais fácil
um burro voar. VIDE: ● Celerius elephanti pariunt.
704. Citius elephantum sub alis celes. [Erasmo, Adagia
2.5.56] Com mais facilidade esconderás um elefante na
axila. VIDE: ● Citius quinque elephantos sub ala tegas.
705. Citius flammas mortales ore tenebunt quam
secreta tegant. [Petrônio, Fragmento 28] É mais fácil
aos homens ficar com chamas na boca do que guardar
um segredo.
706. Citius mula pariet. [Polydorus, Adagia] Antes de
isso acontecer a mula vai parir. ■ É mais fácil um burro
voar.
707. Citius pubescunt, citius senescunt. [Virey,
Histoire Naturelle du Genre Humain 133; Busarello
249] Quanto mais cedo chegam à mocidade, mais cedo
chegam à velhice. ■ O que cedo amadurece cedo
apodrece. VIDE: ● Cito maturum, cito putridum.
● Indicium imminentis exitii nimia maturitas est. ● Is
cadit ante senem qui sapit ante diem. ● Quod cito fit,
cito perit.
708. Citius quam ascendas cades. [Labério, Fragmenta]
Desce-se mais rápido do que se subiu. ■ Para baixo
todos os santos ajudam.
709. Citius quam asparagi coquuntur. [Erasmo,
Adagia 3.7.5] Mais rápido do que se cozinham os
aspargos. VIDE: ● Celerius quam asparagi coquuntur.
● Velocius quam asparagi coquantur.
710. Citius quinque elephantos sub ala tegas.
[Schottus, Adagialia Sacra 50] Com mais facilidade
esconderias cinco elefantes na axila. VIDE: ● Citius
elephantum sub alis celes.
711. Citius tardiusve. [Sêneca, Quaestiones Naturales
2.59.6] Mais cedo ou mais tarde.
712. Citius terra aethera conscendet. [Manúcio,
Adagia 1349] Antes disso a terra subirá aos céus. ■ É
mais fácil um burro voar.
713. Citius testudo leporem praevertat. [Schottus,
Adagia 244] É mais fácil a tartaruga ultrapassar a lebre.
■ É mais fácil um boi voar. VIDE: ● Primum testudo
praeveniet leporem. ● Prius testudo leporem
praeverterit. ● Prius testudo leporem praecurret.
● Prius testudo antevertere lepori. ● Prius testudo
cursu vinceret leporem. ● Villosum pedibus leporem
testudo praeibit.
714. Citius venit malum quam revertit. [DAPR 422]
Mais depressa vem um mal do que vai embora. ■ A
doença entra às braçadas e sai às polegadas. . ■ A
doença vem a cavalo e vai a pé. VIDE: ● Cito
aegrotamus, tarde convalescimus. ● Venit morbus
eques, suevit abire pedes. ● Tardiora sunt remedia
quam mala.
715. Citius venit periculum cum contemnitur.
[Publílio Siro] Mais depressa vem o perigo, quando é
desprezado. ■ Quem não se guarda não se salva.
716. Cito accusaveris aut laudaveris neminem. [Publílio
Siro] Não acusarás nem louvarás ninguém
apressadamente. ● Cito accusaris aut laudaris
neminem. VIDE: ● Neminem accusaveris, nec
laudaveris cito. ● Neminem cito laudaveris, neminem
cito accusaveris; semper puta te coram dis
testimonium dicere. ● Neminem cito accusaveris, nec
cito laudaveris. ● Neminem cito accusaveris,
neminem cito laudaveris.
717. Cito ad naturam ficta reciderint suam. [Publílio
Siro] As coisas artificiais logo retornam à sua natureza.
■ As águas correm para o mar, e as coisas para o seu
natural. VIDE: ● Ficta ad naturam suam cito redeunt.
● Ficta ad naturam cito redierint suam. ● Ficta cito in
naturam suam recidunt.
718. Cito aegrotamus, tarde convalescimus.
Adoecemos rápido, restabelecemo-nos lentamente. ■ A
doença vem a cavalo e vai a pé. VIDE: ● Citius venit
malum quam revertit. ● Venit morbus eques, suevit
abire pedes.
719. Cito arescit lacrima. A lágrima seca rápido.
■ Nada seca mais depressa do que as lágrimas. ● Cito
enim arescit lacrima, praesertim in alienis malis.
[Cícero, De Partitione Oratoria 17.57] Seca rápido a
lágrima, principalmente nos males alheios. VIDE:
● Lacrima nihil citius arescit. ● Lacrima nihil citius
arescit, praesertim in alienis malis. ● Nihil citius
arescit quam lacrima. ● Nihil enim lacrima citius
arescit. ● Nihil facilius quam lacrimas inarescere.
720. Cito culpam effugias, si incurrisse paenitet.
[Publílio Siro] Logo estarás livre do erro, se te
arrependeres de tê-lo cometido. ■ O arrependimento
lava a culpa.
721. Cito desipieris, si ad externam hominum
apparentiam tantum aspexeris. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 2.7.3] Facilmente te enganarás, se
olhares apenas a aparência dos homens.
722. Cito enim in malo homines consenescunt.
[Homero, Odisséia 19.360] Na desventura, os homens
envelhecem rapidamente. VIDE: ● Curae canitiem
inducunt. ● Cura facit canos.
723. Cito fit quod di volunt. [Petrônio, Satiricon 76.8]
Não demora acontecer o que os deuses querem.
724. Cito ignominia fit superbi gloria. [Publílio Siro]
A glória do soberbo logo se transforma em desonra.
725. Cito improborum laeta ad perniciem cadunt.
[Publílio Siro] Logo a alegria dos desonestos se
transforma em desgraça.
726. Cito lucratur, cito perditur. [Bebel, Adagia
Germanica] Rápido se ganha, rápido se perde.
■ Depressa se gasta o que depressa se ganha.
727. Cito lutum colligit amnis exundans. [S.Ambrósio
/ Bernardes, Luz e Calor 1.129] O rio que sai de suas
margens logo recolhe lodo.
728. Cito maturum, cito putridum. [DAPR 420] ■ O
que cedo amadurece cedo apodrece. VIDE: ● Citius
pubescunt, citius senescunt. ● Festinata maturitas
celerius occidit. ● Indicium imminentis exitii nimia
maturitas est. ● Is cadit ante senem qui sapit ante
diem. ● Praecocia ingenia raro maturescunt. ● Qui
sapit ante pilos, non sapit ille diu. ● Quod cito fit, cito
perit. ● Odi puerulos praecoci sapientia.
729. Cito nata, cito pereunt. As coisas que surgem
depressa, depressa desaparecem. ■ O que bem parece,
devagar cresce. ● Cito nata pereunt; cito elaborata
ferunt aetatem. O que surge depressa, depressa
desaparece; o que se faz devagar, dura. VIDE: ● Beta cito
nascitur, buxus paulatim.
730. Cito pede labitur aetas. [Ovídio, Ars Amatoria
3.65] O tempo se vai com passo ligeiro. ■ O tempo voa.
■ Tempo e maré não esperam por ninguém. ■ Tempo e
hora não se ata com soga. ● Cito pede praeterit aetas.
[J. Ray, English Proverbs 111] VIDE: ● Fugit
irreparabile tempus. ● Fugit irrevocabile tempus.
● Utendum est aetate: cito pede labitur aetas.
731. Cito rumpes arcum, semper si tensum habueris.
Logo partirás o arco, se o mantiveres sempre esticado.
■ Arco muito retesado é arco quebrado. ■ Nem tanto
puxar que se quebre a corda. ■ Arco sempre armado, ou
frouxo ou quebrado. ● Cito rumpes arcum, semper si
tensum habueris; at si laxaris, cum voles, erit utilis.
[Fedro, Fabulae 3.10.1] Logo partirás o arco, se o
mantiveres sempre esticado; mas se o relaxares, ele te
será útil, quando quiseres. VIDE: ● Absque modo tractus
saepe frangitur arcus. ● Arcus nimis intensus
rumpitur. ● Arcus qui nimis intenditur, rumpitur.
● Arcum nimia frangit intentio. ● Arcus tensus
saepius rumpitur. ● Arcus, si nunquam cesses
tendere, mollis erit. ● Intensus arcus nimium facile
rumpitur.
732. Cito scribendo non fit ut bene scribatur; bene
scribendo fit ut cito. [Quintiliano, Institutio Oratoria
10.3.10] Escrevendo depressa, não se escreve bem;
escrevendo bem, escreve-se depressa.
733. Cito se produnt mendacia. As mentiras logo se
revelam. ■ A mentira tem pernas curtas. VIDE:
● Mendacium nullum senescit.
734. Cito transit lancea stulti. [Maloux 498] Voa
rápida a lança do tolo. ■ Quem cedo se determina, cedo
se arrepende. VIDE: ● Ut dicunt multi, cito transit
lancea stulti.
735. Cito, tuto, iucunde. [Busarello 231] Com rapidez,
com segurança e com alegria. VIDE: ● Officium esse
medici, ut tuto, ut celeriter, ut iucunde curet.
736. Citra arrogantiam hoc dico. [Branco 496] Digo isso
sem arrogância. VIDE: ● Absit iactantia verbis.
737. Citra laborem nil bene est. [Sófocles / Grynaeus
76] Fora do trabalho nada está bem. ■ Não há atalho
sem trabalho.
738. Citra petita. [Jur] Aquém do solicitado.
739. Citra sanguinis effusionem. Sem derramamento
de sangue.
740. Citra satietatem. Sem se fartar.
741. Citra virtutem vir bonus intellegi non potest.
Não se pode conceber um homem de bem sem a virtude.
VIDE: ● Quando igitur orator est vir bonus, is autem
citra virtutem intellegi non potest.
742. Cives magistratibus pareant, magistratus
legibus. [Stevenson 1277] Obedeça o povo aos
magistrados; e os magistrados às leis.
743. Cives mundi omnes sumus. Todos somos cidadãos
do mundo. VIDE: ● Civis totius mundi.
744. Cives origo, incolas domicilium facit. [Jur] O
nascimento faz os cidadãos, o domicílio faz os
habitantes. ● Cives quidem origo, manumissio,
allectio, adoptio, incolas vero domicilium facit.
[Codex Iustiniani 10.40.7] O nascimento, a
manumissão, a nomeação e a adoção fazem os cidadãos;
o domicílio faz os moradores.
745. Civibus sodalibusque. [Divisa] Para os cidadãos e
companheiros.
746. Civilis actio. [Jur / Black 333] Ação civil.
747. Civilis multitudo. A sociedade civil.
748. Civilis ratio naturalia iura corrumpere non
potest. [Digesta 4.5.8] A razão civil não pode violar os
direitos naturais. VIDE: ● Naturalia iura civilis ratio
perimere non potest.
749. Civilitas successit barbarum. [Divisa de
Minesota, EUA] A civilização sucedeu ao bárbaro.
750. Civiliter mortuus. [Jur / Black 333] Um morto
para a lei. (=Pessoa que perdeu os direitos civis).
751. Civis bonus. Um patriota.
752. Civis Romanus sum. [Cícero, In Verrem 2.5.147]
Sou cidadão romano. VIDE: ● Hic enim homo civis
Romanus est.
753. Civis totius mundi. [Cícero, De Legibus 1.61] Um
cidadão do mundo. VIDE: ● Cives mundi omnes sumus.
754. Civitas Dei. [Vulgata, Salmos 86.3; Tobias 13.11]
A cidade de Deus. (=Título de uma obra de
S.Agostinho). VIDE: ● Gloriosa dicta sunt de te, civitas
Dei. ● Haec est gloriosissima civitas Dei, haec unum
Deum novit et colit. ● In civitate Dei nostri.
755. Civitas diaboli. A cidade do diabo.
756. Civitas in seditione non potest esse beata. A
cidade que está em dissensão, não pode ser feliz. VIDE:
● Neque enim civitas in seditione beata esse potest,
nec in discordia dominorum domus. ● Si domus
super semetipsam dispertiatur, non potest domus illa
stare.
757. Civitates quo maiores, eo deteriores. Quanto
maiores as cidades, tanto piores.
758. Civitatis fortuna cives. [Divisa] Os cidadãos são a
sorte da cidade. (=A sorte da cidade depende dos
cidadãos).
759. Civium industria floret civitas. [Inscrição em
moeda inglesa] O estado floresce com a dedicação dos
cidadãos.
760. Clades scire qui refugit suas, gravat timorem.
[Sêneca, Agamemnon 419] Quem recusa conhecer sua
desgraça agrava sua inquietação.
761. Clam coarguas propinquum, quem palam
laudaveris. [Ausônio, Septem Sapientum Sententiae,
Solon] Advertirás o amigo em segredo, e o louvarás em
público. ● Clam coarguas propinquum, propalam
laudaveris. VIDE: ● Amicos secreto admone, palam
lauda. ● Amicum in secreto mone, palam lauda.
● Amicum secreto mone, palam lauda. ● Castiga
amicum clanculum, lauda palam. ● Secreto amicos
admone, lauda palam. ● Secreto admone amicos,
palam lauda.
762. Clam delinquentes magis puniuntur quam palam.
[Jur / Black 335] Os que delinqüem em segredo são
punidos com mais rigor que os que delinqüem às claras.
763. Clam se subducere e circulo. [DAPR 235]
Escapar de uma roda às escondidas. ■ Sair à francesa.
764. Clamare in deserto. ■ Pregar no deserto. ■ Pregar
no deserto, sermão perdido. VIDE: ● Vox clamans in
deserto. ● Vox clamantis in deserto.
765. Clamorem ad sidera tollunt. [Virgílio, Eneida
10.262] Eles levantam um clamor às estrelas.
766. Clandestina iniusta praesumuntur. [Jur] Os atos
clandestinos se presumem contrários ao direito.
767. Clandestina possessio. [Jur] A posse clandestina.
768. Clara est et quae nunquam marcescit sapientia.
[Vulgata, Sabedoria 6.13] A sabedoria é
resplandescente e nunca murcha.
769. Clara et distincta cognitio. [Espinosa, Ethica 5.20]
Entendimento claro e distinto.
770. Clara et distincta sunt certa. O que é claro e distinto
é certo. VIDE: ● Ideae, quae sunt clarae et distinctae,
nunquam possunt esse falsae.
771. Clara pacta, amicitia longa. [DAPR 59] Contratos
claros, amizade longa. ■ O preto no branco fala como
gente. ■ Amigos, amigos, negócios à parte. ■ Boas
contas fazem os bons amigos. ■ Amigos de longe, contas
de perto. ● Clara pacta faciunt amici. Contratos claros
fazem amigos. ● Clara pacta, boni amici. Contratos
claros, bons amigos. ● Clare pacta, boni amici. Com
contratos claros, bons amigos. VIDE: ● Pacta clara, boni
amici. ● Rationes crebras ponito, ut firma omnia
custodias.
772. Clara voce. Em voz clara. Em voz alta.
773. Claret amor factis; dulcia verba volant. [Pereira
114] O amor brilha pelos fatos; palavras doces fogem
voando. ■ Obras são amores, e não palavras doces.
■ Atos falam mais alto que palavras. ■ Frei exemplo é o
melhor pregador. VIDE: ● Efficacior vox operis quam
sermonis. ● Exempla, magis quam verba, movent.
● Exemplo melius quam verbo quidque docetur.
● Longum iter per praecepta, breve et efficax per
exempla. ● Melius homines exemplis docentur.
● Magis movent exempla quam verba. ● Praecepta
ducunt, exempla trahunt. ● Verba docent, exempla
trahunt. ● Verba movent, exempla trahunt. ● Verba
sonant, exempla tonant.
774. Claret amor factis, non secus atque fides.
[Rezende 783] O amor, bem como a fidelidade, brilha
nos fatos. ■ O amor e a fé nas obras se vêem. VIDE:
● Probatio dilectionis exhibitio est operis.
775. Clari ad fontis aquam toties haustura liquorem
urna venit, donec fracta feratur aquis. [Georg von
Gaal, Sprüchwörterbuch] Tantas vezes vai o vaso à
fonte pura para colher água, até que se quebra e é
levado pelas águas. ■ Tantas vezes vai o cântaro à fonte,
até que um dia lá fica. ■ Desgraça de pote é caminho de
riacho. VIDE: ● Amphora quae saepius petit fontem
valde periclitatur. ● Cantharus assidue gestatus
perdidit ansam. ● Casus quem saepe transit,
aliquando invenit. ● Frangitur assidua fictilis urna
via. ● Hydria tam diu ad fontem portatur, donec vel
tandem frangatur. ● Ollula tam crebro fertur ad
aquam, quod fracta refertur. ● Ollula tam fertur ad
aquam, quod fracta refertur. ● Quem saepe transit
casus aliquando invenit.
776. Clarior e tenebris. (O sol é) mais brilhante
(quando sai) das trevas. ● Clarior ex obscuro.
777. Clarior est solito post maxima nubila Phoebus.
[Alanus de Insulis / Binder, Thesaurus 498] O sol fica
mais claro do que de costume depois dos maiores
nevoeiros. ■ Depois da tempestade, vem a bonança.
VIDE: ● Blandi post nubila soles. ● Gratus est sollicito
post maxima nubila Phoebus. ● Imbribus obscuris
succedunt lumina solis. ● Nubilo serena succedunt.
● Phoebum post nubila irradiare. ● Post maxima
nubila Phoebus. ● Post nebulas Phoebus. ● Post
nubila, Phoebus. ● Post nubila, sol. ● Solem fugatis
nubilis reduci.
778. Claritas non desiderat multa suffragia; potest et
unius boni viri iudicio esse contenta. [Sêneca,
Epistulae Morales 102] A boa reputação não exige
numerosos conceitos favoráveis; pode até se contentar
com o julgamento de um único homem honesto.
779. Clarorum virorum senectus inviolata et tuta sit.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 38.53, adaptado] Seja
inviolável e segura a velhice dos varões ilustres.
780. Clarum et venerabile nomen. [Lucano, Pharsalia
9.203] Um nome ilustre e venerável.
781. Classicum canit. A trombeta anuncia o ataque.
● Classicum canitur imperatore praesente. [Vegécio,
Epitoma Rei Militaris 2.22] Toca-se a trombeta quando
o comandante está presente.
782. Claude os, aperi oculos. Fecha a boca, abre os
olhos.
783. Claude, tutus eris. Fecha; ficarás em segurança.
■ Porta fechada, pele guardada. ■ Porta fechada tira o
dono da baralha.
784. Claudenda est ianua belli. [Sílio Itálico, Punica
17.356] Deve-se fechar a porta da guerra.
785. Claudenda est ianua damno. [Juvenal, Satirae
13.129] Deve-se fechar a porta ao prejuízo.
786. Claudendae sunt aures malis vocibus. [Sêneca,
Epistulae Morales 123.9] Devem fechar-se os ouvidos
às conversas más.
787. Claudi vicinus claudicat ipse brevi. [Binder,
Thesaurus 500] Vizinho de manco em pouco tempo
passa a mancar. ■ Quem com coxo anda aprende a
mancar. VIDE: ● Claudo propinquus, claudicare mox
scies. ● Iuxta claudum claudicare disces. ● Si apud
claudum habitas, claudicabis. ● Si cum claudo
cohabites, subclaudicare disces. ● Si iuxta claudum
habites, subclaudicare disces.
788. Claudicat alterius nemo dolore pedum. [Binder,
Thesaurus 501] Ninguém manca por causa de dor em
pés alheios. ■ Dor alheia não diz nada para quem não a
tem. VIDE: ● Leditur Urbanus, non claudicat
Rhabanus.
789. Claudit eques stabulum, cum latro cepit equum.
O cavalariço fecha o estábulo depois que o ladrão levou
o cavalo. ■ Casa arrombada, trancas na porta. VIDE:
● Extractis bobus stabulum sero reparatur. ● Sero
accepto clauditur ianua damno. ● Sero paras
stabulum taurum iam fure trahente. ● Sero seram
ponis stabulo post furta latronis. ● Sero subtractis
reparas praesaepe caballis.
790. Claudite iam rivos! Fechai os canais. ■ Basta!
Vamos mudar de assunto. ● Claudite iam rivos, pueri;
sat prata biberunt! [Virgílio, Eclogae 3.111] Fechai os
canais, rapazes, os prados já beberam bastante!
791. Clauditur oranti, sed panditur aula ferenti.
[Binder, Thesaurus 503] A corte se fecha para quem
pede, mas se abre para quem traz. VIDE: ● Curia
pauperibus clausa est.
792. Claudo propinquus, claudicare mox scies.
[Schottus, Adagia 625] Perto do coxo, logo saberás
capengar. ■ Quem com coxo anda aprende a mancar.
VIDE: ● Claudi vicinus claudicat ipse brevi. ● Iuxta
claudum claudicare disces. ● Si apud claudum
habitas, claudicabis. ● Si cum claudo cohabites,
subclaudicare disces. ● Si iuxta claudum habites,
subclaudicare disces.
793. Claudo remittitur pila. [Pereira 100] Jogam a bola
para o coxo. ■ Deus dá nozes a quem não tem dentes.
794. Claudus eget baculo, caecus duce, pauper amico.
[Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum 453] Coxo
precisa de bengala; cego, de guia; pobre, de amigo.
795. Claudus in via antevertit cursorem extra viam.
[Bacon, Novum Organum, Aphorismi 61] O coxo que
segue o caminho chega antes do corredor que avança
fora do caminho.
796. Claudus pedibus, et iniquitatem bibens, qui
mittit verba per nuntium stultum. [Vulgata,
Provérbios 26.6] Aquele que envia as suas palavras por
intervenção de um mensageiro insensato, fica manco
dos pés, e bebendo a iniqüidade.
797. Claudus sutor domi sedet totos dies. [Plauto,
Aulularia 73] O sapateiro coxo fica em casa os dias
inteiros.
798. Clausa dedit vitam lingua, reclusa necem.
[Pereira 109] Trancada, a língua deu vida; solta, deu
morte. ■ Mais vale calar do que mal falar. ■ Boca fala,
boca paga.
799. Clausae sunt aures, obstrepente ira. [Busarello
210] Quando ruge a ira, os ouvidos ficam cerrados.
● Clausae erant aures, obstrepente ira. [Quinto
Cúrcio, Historiae 8.1.5] Os ouvidos estavam cerrados,
enquanto rugia a ira.
800. Clausas fores pultare. Bater em porta fechada.
■ Dar com a cara na porta.

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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C5: 801-1000
801. Clausula derogatoria. [Jur / Broom 19] Cláusula
derrogatória.
802. Clausulae inconsuetae semper inducunt
suspicionem. [Jur / Broom 240] Cláusulas insólitas
sempre provocam suspeita.
803. Claustrum sine armario quasi castrum sine
armamentario. [Júlio Comba, Gymnasium 150]
Convento sem biblioteca é como fortaleza sem arsenal.
804. Clavam extorquere Herculi. [Erasmo, Adagia
4.1.95] Tirar a cachamorra a Hércules. (=Fazer coisa
muito difícil). ■ Meter uma lança em África. VIDE:
● Herculi clavam subtrahere.
805. Clave findere ligna et securi fores aperire.
[Erasmo, Adagia 2.6.81] Rachar a lenha com a chave e
abrir a porta com o machado. ■ Trocar as bolas.
806. Clavum clavo, paxillum paxillo pepulisti.
Arrancaste prego com prego, picareta com picareta.
■ Um cravo com outro se tira. ■ Um prego empurra
outro. ■ Uma peçonha mata outra. ■ A carne de lobo,
dente de cão. ● Clavo clavum eiciendum. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.35.75] Um cravo deve ser
expulso com outro cravo. ● Clavus clavo pellendus.
● Clavus clavo reiciendus est. .● Clavum clavo pellere.
[Erasmo, Adagia 1.2.4] ● Clavus clavo pellitur.
[Apostólio 15.75] ● Clavus clavo truditur. [Pereira
108] ● Clavo clavum, paxillo paxillum. Um prego (se
tira) com um prego, uma estaca, com outra estaca.
● Clavumque clavo, perticamque pertica. [Schottus,
Adagia 613] ● Clavus clavum et palus palum excussit.
[Apostólio 9.80] Um prego expulsou outro, e uma
estaca expulsou outra. ● Clavus clavo pellitur,
consuetudo consuetudine vincitur. Um prego se tira
com outro prego, um costume se vence com outro
costume. ● Clavus clavo tunditur, et consuetudo
consuetudine vincitur. VIDE: ● Artem arte ludere.
● Cuneus cuneum trudit. ● Daemon daemone pellitur.
● Malum alio malo depulisti. ● Paxillum paxillo
pepulit.
807. Clemens victor. [Divisa de Henrique IV, da
França] Vencedor clemente.
808. Clementia est lenities superioris adversus
inferiorem. [Publílio Siro] Clemência é a indulgência
do superior para com o inferior.
809. Clementia est temperantia animi in potestate
ulciscendi. [Publílio Siro] Clemência é o equilíbrio da
razão no uso do poder de punir.
810. Clementia in potentia. [Divisa] Clemência no
poder.
811. Clementia in quamcumque domum venerit,
felicem eam tranquillamque praestabit. [Publílio
Siro] Quando a clemência entra numa casa, mantém-na
feliz e tranqüila.
812. Clementia non minus victori quam victo utilis
est. [Justino, Historiae 1.7] A clemência não é menos
útil ao vencedor do que ao vencido.
813. Clementia principis. [Tácito, Annales 3.68] A
clemência do príncipe.
814. Clementia regis quasi imber serotinus. [Vulgata,
Provérbios 16.15] A clemência do rei é como a chuva
seródia. (=O texto da Vulgata é Et clementia eius quasi
imber serotinus).
815. Clipeum post vulnera. [Manúcio, Adagia 1412]
Depois dos ferimentos, o escudo. ■ Casa arrombada,
trancas às portas. ● Clipeus post vulnera. VIDE: ● Post
vulnera clipeus. ● Sero clipeum post vulnera sumo.
816. Clitellae bovi sunt impositae. [Cícero, Ad Atticum
5.15.2] A albarda foi posta num boi. (=Atribuiu-se a
alguém tarefa que não é de sua competência). VIDE:
● Bovi clitellas impones.
817. Clitellam plectis, at fuerat plectendus asellus.
[Pereira 100] Acometes a albarda, mas o burro é que
deveria ser castigado. ■ Com raiva do asno, torna-se a
albarda. ● Clitellam plectis, cum sit plectendus
asellus. [F.V.M.B., Colección de Refranes 252] VIDE:
● Qui asinum non potest, stratum caedit.
818. Clitellam tundit, non pollens plectere asellum.
[F.V.M.B., Colección de Refranes 252] ■ Quem não
pode dar no asno, dá na albarda.
819. Clivi sudamus in imo. [Ovídio, Heroides 20.43]
Estamos suando no começo da ladeira. (=Estamos no
começo dos trabalhos).
820. Cloacas Augiae purgare. [Sêneca, Apocolocyntosis
7 / Manúcio, Adagia 576] Limpar os estábulos de
Augias. (=É um dos doze trabalhos de Hércules. Augias
tinha um rebanho de três mil bois, cujos estábulos não
haviam sido limpos por trinta anos). VIDE: ● Augiae
stabulum repurgare.
821. Clotho colum retinet, Lachesis net, et Atropos
occat. [Lemprière’s Classical Dictionary 445] Cloto
segura o fuso, Láquesis fia, e Átropos corta o fio. (=São
as Parcas, deusas que presidiam o nascimento, a vida e a
morte da humanidade. Seus nomes latinos são Nona,
Decuma e Morta. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 3.16]).
● Clotho colum baiulat, Lachesis trahit, Atropos
occat. VIDE: ● Tres sorores.
822. Coacta voluntas est voluntas. [Jur] A vontade sob
coação continua sendo vontade. ● Coacta voluntas,
tamen voluntas.
823. Coactus, tamen voluit. [Jur] Coagido, mas
concordou. ● Coactus voluit, attamen voluit.
Concordou coagido, mas concordou.
824. Coangustatum est enim stratum, ita ut alter
decidat. [Vulgata, Isaías 28.20] Estreita é a cama, de
sorte que um dos dois há de cair. ■ Em cama estreita,
deitar primeiro.
825. Cochlea consiliis, in factis esto volucris. [Trench,
Proverbs and Their Lessons 154] Sê caracol nas
decisões, e pássaro nas ações. ■ Pensa devagar e obra
depressa.
826. Cochleas vincit. Vence os caracóis. ■ É uma lesma.
827. Cocta inter virides nux datur una duas. [Pereira
108] Dá-se uma noz madura entre duas verdes. ■ Dar
uma noz madura com duas verdes. ■ Uma sã com uma
podre.
828. Codex accepti vel expensi. Registro do recebido e
do gasto. (=O livro caixa).
829. Codex Canonum Ecclesiarum Orientalium.
Código das Leis das Igrejas Orientais. (=Coleção das
leis das Igrejas Orientais que estão em união com
Roma).
830. Codex Iuris Canonici. Código de Direito
Canônico. (=Coleção oficial das leis da Igreja Católica
Romana).
831. Coepisse multorum est, perficere autem
paucorum. Muitos começam, mas só poucos acabam.
● Coepisse multorum est, ad culmen pervenisse
paucorum. [São Jerônimo, Epistulae 71.2] Começar é
para muitos; chegar ao cume, para poucos. VIDE:
● Incipere plurimorum est, perserverare paucorum.
832. Coepisti melius quam desinis. [Ovídio, Heroides
9.25] Começaste melhor do que acabas.
833. Coetus dulces, valete. Adeus, doces encontros.
VIDE: ● O dulces comitum valete coetus.
834. Cogas amatam irasci, amari si velis. [Publílio
Siro] Aborrecerás a amada se quiseres ser amado.
● Cogas amantem irasci, amari si velis. VIDE:
● Amantium irae amoris integratio est.
835. Cogi qui potest, nescit mori. [Sêneca, Hercules
Furens 426] Quem pode ser coagido não sabe morrer.
836. Cogimur a suetis animum suspendere rebus,
atque, ut vivamus, vivere desinimus. [Pseudo-Gallus
5.155 / Montaigne, Éssais 3.13] Somos obrigados a
renunciar a nossos hábitos e, para vivermos, parar de
viver.
837. Cogit dira fames telo penetrantior omni. [Pereira
93] A cruel fome obriga com mais força do que
qualquer arma. ■ À gana de comer não há mau pão. ■ A
fome não tem lei. VIDE: ● Anima esuriens et amarum
pro dulci sumet.
838. Cogit flere qui non sinit. [Sêneca Retórico,
Controversiae 4] Quem não nos permite chorar obriga-
nos a isso.
839. Cogit rogando, cum rogat potentior. [Manúcio,
Adagia 1219] Quando o mais forte pede, ele impõe
pedindo. ■ Rogos de rei mandados são. ■ Rogo dos
grandes mandamento é. VIDE: ● Blando vis latet
imperio. ● Potestas et si supplicet, cogit. ● Potestas,
non solum si invitet, sed etiam si supplicet, cogit.
● Preces magnatum armatae. ● Qui rogat potentior,
rogando cogit. ● Si opulentus it petitum pauperioris
gratiam, pauper metuit.
840. Cogita frequenter ad quid venisti. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.25.1] Pensa com
freqüência em para que vieste.
841. Cogita quamdiu eadem feceris; cibus, somnus,
ludus; per hunc circulum curritur; mori velle non
tantum fortis, aut miser, aut prudens, sed etiam
fastidiosus potest. [Sêneca, Epistulae Morales 77.6]
Pensa com que freqüência se fazem as mesmas coisas:
comer, dormir, divertir-se; é por esse círculo que se
anda; querer morrer não é somente o valente, ou o
infeliz, ou o sábio que pode, mas até mesmo o
enfastiado.
842. Cogita quantum nobis bona exempla prosunt.
[Sêneca, Epistulae Morales 102.30] Pensa quanto são
úteis os bons exemplos.
843. Cogita te mortalem esse. [Sêneca, Epistulae Morales
35.3] Reflete que tu és mortal. VIDE: ● Memento te
mortalem esse. ● Memento mori. ● Mortalem te esse
memento.
844. Cogitare de lana sua. Pensar na sua lã. (=Cuidar
exclusivamente dos próprios interesses). VIDE: ● De lana
sua cogitare.
845. Cogitare prius quam conari. Pensar antes de tentar.
■ Antes de morder, vê com atenção se é pedra ou pão.
Antequam incipias, consulta. ● Prius quam incipias,
consulto et, ubi consulueris, mature facto opus est.
846. Cogitas magnam construere fabricam
celsitudine? De fundamento prius cogita humilitatis.
[S.Agostinho, Sermones 69.1.1] Pensas construir o
grande edifício da santidade? Pensa primeiro nos
alicerces da humildade.
847. Cogitationes obscenae omni bestia ferociores. Os
pensamentos desonestos são mais ousados que qualquer
fera.
848. Cogitationes posteriores sunt saniores. [DAPR
524] ■ Os segundos pensamentos são sempre os
melhores.
849. Cogitationis poenam nemo patitur. [Digesta
48.19.18] Ninguém sofre punição por pensar. ■ O
pensamento é livre. ■ O pensamento não paga imposto.
● Cogitationum poenam nemo patitur. VIDE: ● Liberae
enim sunt nostrae cogitationes. ● Nemo cogitationis
poenam patitur.
850. Cogitemus illum, quem servum vocamus, eodem
modo ortum esse ac nos. Lembremo-nos de que aquele
que chamamos de escravo nasceu do mesmo modo que
nós.
851. Cogito, ergo doleo. Penso, logo sofro.
852. Cogito, ergo sum. [Descartes, Principia
Philosophiae 1.7.10] Penso, logo existo. VIDE: ● Docto
homini et erudito vivere est cogitare. ● Dubito, ergo
sum, vel, quod idem est, cogito, ergo sum. ● Vivere
est cogitare.
853. Cogitur ad lacrimas oculus, dum cor dolet intus.
[Werner / Sweet 96] Os olhos são levados às lágrimas,
quando por dentro dói o coração. ■ Os olhos são o
espelho da alma.
854. Cognati omnes felicium. [Pereira 123] Dos felizes
todos são parentes. ■ Todos se chegam ao bem parado.
■ Quem tem dinheiro tem parentes. VIDE: ● Cognatus
unusquilibet felicium. ● Felicibus cognatus est vel
quilibet. ● Felicium multi cognati. ● Felicium omnes
sunt cognati.
855. Cognatio movet invidiam. [Erasmo, Adagia
4.8.59] O parentesco provoca inveja. ■ Não se tem
inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e a
chegados. VIDE: ● Faber fabro invidet. ● Figulus
figulum odit. ● Figulus figulo invidet, faber fabro.
● Invidet et cantor cantori, et egenus egeno.
856. Cognatione patruelis, amore germanus. [Cícero,
De Finibus 5.1] Primo por consangüinidade, irmão por
afeição.
857. Cognatos cole. [Dionísio Catão, Monosticha 3]
Venera teus parentes.
858. Cognatum fratremque cave carumque sodalem.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.753] Desconfia de teu parente,
de teu irmão e do amigo íntimo.
859. Cognatus pauperi nullus. [Grynaeus 567] Pobre
não tem nenhum parente. ■ Pobre não tem parente.
860. Cognatus unusquilibet felicium. [Grynaeus 46]
Qualquer um é parente das pessoas bem sucedidas.
■ Todos se chegam ao bem parado. ■ Quem tem dinheiro
tem parentes. VIDE: ● Cognati omnes felicium.
● Felicibus cognatus est vel quilibet. ● Felicium multi
cognati. ● Felicium omnes sunt cognati.
861. Cognitio est obstructa difficultatibus. O caminho
do saber é obstruído por dificuldades. VIDE: ● Omnis
cognitio multis est obstructa difficultatibus.
862. Cognito morbo facile curatur. Conhecida a doença,
faz-se o tratamento com facilidade. VIDE: ● Morbum
nosse, curationis principium. ● Morbum suum nosse
est pars prima salutis.
863. Cognomento. Por apelido.
864. Cognoscendi studium homini dedit Deus eius
torquendi gratia. [Inscrição na biblioteca de
Montaigne] Foi para atormentá-lo que Deus deu ao
homem o gosto do saber.
865. Cognoscre chirographum suum. Reconhecer sua
assinatura. VIDE: ● Chirografum eius apud me habeo.
866. Cognoscetis veritatem, et veritas liberabit vos.
[Vulgata, João 8.32] Conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará. VIDE: ● Veritas liberabit vos. ● Veritas vos
liberabit.
867. Cognovit bos possessorem suum, et asinus
praesaepe domini sui. [Vulgata, Isaías 1.3] O boi
conhece o seu proprietário, e o jumento, a mangedoura
do seu dono. VIDE: ● Bos cognoscit possessorem.
868. Cohibe parumper ora, questusque opprime.
[Sêneca, Troades 518] Retém, por um instante, a tua
boca, e esconde o teu sofrimento.
869. Coitus interruptus. O coito interrompido.
870. Collectum durabit robur. [Divisa] A força unida
durará.
871. Collidit gloria fratres. [Estácio, Thebais 6.435] O
desejo de glória põe irmãos um contra o outro.
872. Colliduntur leges inter se. Há leis que se
contradizem.
873. Colligit ungues, quos tonsor dempsit. [Pereira
107] Ele guarda até as unhas que o barbeiro aparou.
■ Faz economia de palitos. ■ É muito migalheiro.
874. Colligite quae superaverunt fragmenta, ne
pereant. [Vulgata, João 6.12] Recolhei os pedaços que
sobejaram, para que se não percam.
875. Collocatio pecuniae. Aplicação financeira.
876. Colloquii iam tempus adest. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.607] Já é hora de diálogo.
877. Colo quod aptasti, ipsi tibi nendum est.
[Manúcio, Adagia 65] Com a roca que preparaste tu
mesmo deves fiar. ■ Quem arrumou sua mão de milho
que dependure. ■ Quem pariu Mateus que o embale.
VIDE: ● Intrivisti, exedendum tibi. ● Qui prendidistis
iidem edite testudines. ● Tute hoc intristi, tibi omne
est exedendum.
878. Color arte compositus inquinat corpus, non
mutat. [Petrônio, Satiricon 102 15] Uma tintura
artificial suja o corpo, não o modifica.
879. Colorem habent, substantiam vero nullam. Têm
aparência, mas nenhum conteúdo. ■ Por fora, renda de
bilro; por dentro, molambo só. ● Colorem habent, vero
non substantiam.
880. Colossus magnitudinem suam servabit, etiam si
steterit in puteo. [Sêneca, Epistulae Morales 76.31]
Um gigante conservará seu tamanho, mesmo se estiver
de pé dentro de um poço.
881. Colubra restem non parit. [Petrônio, Satiricon
45.9] Cobra não pare corda. ■ Cobra não gera
passarinho. ■ Cão de caça vem de raça. ■ Tal pai, tal
filho.
882. Colubram foves in sinu. Aqueces uma cobra ao
peito. ■ Acalenta a serpente, que ela te dará o pago.
■ Criai o corvo, tirar-vos-á o olho. ● Colubrum foves in
sinu. [Grynaeus 487] ● Colubrum in sinu fove. [Pereira
100] Acalenta a serpente no seio. VIDE: ● Ale catulos
lupi. ● In sinu alere serpentem. ● Corvum in sinu
foves. ● In sinu viperam habere. ● Pabula da corvis,
dement tibi lumina corvi. ● Serpentem in sinu foves.
● Serpentem in sinu calefacis. ● Tu viperam sub alis
nutricas. ● Viperam sub ala nutricas.
883. Columba amat, et quando rixatur; lupus odit, et
quando blanditur. [S.Agostinho, Sermones 64.7 /
Rezende 809] A pomba ama, e às vezes se arrufa; o
lobo odeia, e às vezes acaricia.
884. Columba non generat aquilam. [Gaal 269] Pomba
não gera águia. VIDE: ● Aquila non generat columbam.
885. Columbi oculi in serpentino corde. Olhos de
pombo em coração de serpente. ■ Olhos de beato e
unhas de gato. ● Columbi oculus in serpentino corde.
886. Columna domus filii sunt mares. [Schrevelius
1174] Os filhos homens são as colunas da casa.
887. Columna regni sapientia. [Divisa] O sustentáculo
do governo é a sabedoria.
888. Comae terrore rigebant. [Ovídio, Metamorphoses
3.100] Os cabelos se eriçaram de terror. VIDE: ● Rigent
horrore comae.
889. Comedamus et bibamus, cras enim moriemur.
[Vulgata, Isaías 22.13] Comamos e bebamos, pois
amanhã morreremos. ■ O que se leva desta vida é o que
se come, o que se bebe, o que se brinca. VIDE: ● Edamus
et bibamus: cras enim moriemur. ● Manducemus et
bibamus, cras enim moriemur.
890. Comede, fili mi, mel, quia bonum est. [Vulgata,
Provérbios 24.13] Come do mel, meu filho, pois é bom.
891. Comede in laetitia panem tuum. [Vulgata,
Eclesiastes 9.7] Come o teu pão com alegria.
892. Comedite, amici, et bibite; et inebriamini,
carissimi. [Vulgata, Cântico 5.1] Comei, amigos, e
bebei, e embriagai-vos, caríssimos.
893. Comes aeris alieni, atque litis est miseria. [Quilon
/ Robert Burton, The Anatomy of Melancholy] A
miséria é companheira das dívidas e das disputas.
894. Comes facundus in via pro vehiculo est. [Publílio
Siro] Um companheiro conversador, na estrada, vale um
carro. ■ Andando de dois se encurta caminho. ● Comes
iucundus in via pro vehiculo est. Na estrada um
companheiro alegre vale um carro. VIDE: ● Facetus
comes in via pro vehiculo est. ● Nullum iter longum
est, amico comitante. ● Pro vehiculo est in via comes
facundus.
895. Comes noster. Nosso companheiro.
896. Comibus est oculis alliciendus amor. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.510] O amor deve ser atraído por olhares
ternos.
897. Comica virtus. A força cômica. A verve. VIDE: ● Vis
comica.
898. Comis enim et blanda salutatio saepe conciliat
amicitiam, inimicitiam diluit. [Erasmo, Colloquia
Familiaria, Salutandi Formulae] Um cumprimento
gentil e delicado muitas vezes cria amizade, apaga a
inimizade. ■ Palavra mansa ira abranda. ■ Boa palavra
custa pouco e vale muito.
899. Comitas amicos parit. A cortesia nos proporciona
amigos.
900. Comitas gentium. A cortesia entre os povos. A
cortesia internacional. ● Comitas inter gentes.
● Comitas inter communitates.
901. Comitate vincendi morosi. Os mal-humorados
devem ser conquistados pela cortesia. ■ Boas palavras
custam pouco e valem muito. ■ Gentileza gera gentileza.
902. Comitatus levat malum. [Sêneca, Troades 914] A
companhia alivia o sofrimento. ■ Mal de muitos consolo
é. ■ Muitas mãos tornam a obra leve. VIDE: ● Pari
pondere nemo fatigabitur.
903. Commemoratio beneficii exprobratio
immemoris est. [Terêncio, Andria 43] Lembrar um
favor é repreender quem o esquece.
904. Commendatoria verba non obligant. [Rezende
812] Palavras de recomendação não criam obrigação.
905. Commercia turpia sanctos currumpunt mores.
[Palingênio / Binder, Thesaurus 531] Más companhias
corrompem bons costumes. ■ A má companhia faz o
bom mau e o mau pior. VIDE: ● Corrumpunt mores
bonos colloquia mala. ● Mala consortio bonos mores
inquinat.
906. Commercio sapientum princeps sapit. [Schottus,
Adagia 150] O príncipe aprende pelo relacionamento
com os sábios. VIDE: ● Sapientes tyranni, sapientum
congressu. ● Sapiunt tyranni sapientum
consuetudine.
907. Commercium est commutatio mercium. [Jur] O
comércio é uma troca de mercadorias.
908. Commercium est emendi vendendique invicem
ius. [Jur] Comércio é o direito de comprar e vender
reciprocamente.
909. Comminus et eminus. [Erasmo, Adagia 1.4.29] De
perto e de longe. (=Divisa de Luís XII, da França).
910. Commoda non cunctis tempora rebus eunt.
[Pereira 111] Os tempos não correm bem para todas as
coisas. ■ O tempo tanto anda como desanda.
● Commoda non cunctis tempora rebus sunt.
911. Commoda, quibus utimur, lucemque, qua
fruimur, spiritum, quem ducimus, a deo nobis dari
atque impertiri videmus. [Cícero, Pro Roscio Amerino
132] Reconhecemos que nos foram dados e distribuídos
pela divindade os recursos que utilizamos, a luz de que
nos beneficiamos, o ar que respiramos.
912. Commodati actio. [Jur / Black 364] Ação de
comodato. (=Ação para recuperar coisa emprestada).
913. Commode. A propósito. A tempo. VIDE: ● Opportune.
● Optato. ● Tempestive. ● Tempore.
914. Commoditas omnis fert secum incommoda.
[Pereira 103] Toda vantagem traz consigo desvantagens.
■ Em toda parte há um pedaço de mau caminho. ■ Em
toda parte há pedras na estrada. ■ Não há proveito sem
custo. ● Commoditas omnis fert sua incommoda.
[Mota 92] ● Commoditas omnis sua fert incommoda
secum. [Binder, Thesaurus 532] ● Commoditas
quaevis sua fert incommoda secum. VIDE: ● Qui
commodum sentit et incommodum sentire debet.
915. Commodius tarde navigare quam omnino non
navigare. [Cícero, Ad Atticum 16.4.4] É melhor
navegar devagar do que não navegar.
916. Commodum eius esse debet, cuius periculum est.
[Institutiones 2.23.3] A vantagem deve ser daquele que
corre o risco. VIDE: ● Cuius est commodum eius debet
esse incommodum. ● Cuius periculum est, et
commodum eius esse debet. ● Et commodum eius
esse debet cuius periculum est.
917. Commodum ex iniuria sua nemo habere debet.
[Jur / Black 365] Ninguém deve obter vantagem de seu
ato ilegal. VIDE: ● Nullus commodum capere potest de
iniuria sua propria.
918. Commorari leoni et draconi placebit quam
habitare cum muliere nequam. [Vulgata, Eclesiástico
25.23] Viver com um leão e com um dragão agradará
tanto quanto habitar com uma mulher má.
919. Commune bonum. O bem comum.
920. Commune naufragium, omnibus est consolatio.
[Apostólio 11.55] Naufrágio coletivo, consolo de todos.
■ Mau de muitos consolo é. ■ Desgraça comum, consolo
a cada um. ■ Tristeza dividida, tristeza aliviada.
● Commune naufragium, omnibus solacium.
[Rezende 815] ● Commune naufragium omnibus
solatio est. [Publílio Siro] VIDE: ● Calamitatum habere
socios miseris est solacio. ● Consolatio miserorum est
habere socios. ● Gaudium est miseris socios habere
poenarum. ● Magna consolatio est patientis, si secum
habeat condolentem. ● Solacium est miseris socium
habere malorum. ● Solamen miseris socios habuisse
malorum. ● Solamen miseris socios habuisse doloris.
921. Commune perfugium domus. [Cícero, In
Catilinam 4.1] A casa é nosso abrigo comum.
922. Commune periculum amicitiam parit. [Lodeiro
252] O perigo comum gera amizade. ● Commune
periculum concordiam parit. [Rezende 816] O perigo
que ameaça a todos gera união.
923. Commune periculum concordia propulsandum.
[Tácito, Agrícola 29] O perigo que ameaça a todos deve
ser rechaçado pela união.
924. Communem omnium naturam existimo. [Salústio,
Bellum Iugurthinum 85, adaptado] Considero a natureza
como comum de todos.
925. Communem totius generis hominum
conciliationem et consociationem colere, tueri,
servare debemus. [Cícero, De Officiis 1.41] Devemos
cultivar, proteger e fortificar o vínculo comum de toda a
raça humana.
926. Communes loci. [Quintiliano, Institutio Oratoria
2.1.11] Lugares-comuns.
927. Communi consensu. [César, De Bello Gallico
1.30] Com a concordância de todos. (=Por unanimidade
de votos).
928. Communi in re melior est condicio prohibentis.
[Jur] Sendo comum a coisa, melhor é a condição de
quem proíbe.
929. Communia. [Jur / Black 371] Coisas comuns.
(=Coisas que pertencem a muitos. Coisas públicas).
VIDE: ● Res communes.
930. Communia esse amicorum inter se omnia.
[Terêncio, Adelphi, 804] Todas as coisas dos amigos
são comuns entre si. ■ Quem a mim quer bem, diz-me do
que sabe e dá-me do que tem. VIDE: ● Amicorum omnia
sunt communia: amicus est alter ego. ● Amicorum
bona sunt communia. ● Amicorum communia omnia.
● Amicorum res communes. ● Cum amico omnia
amara et dulcia communicata velim. ● Inter enim
amicos cuncta sunt communia. ● Res amicorum
communes sunt.
931. Communia sunt omnia necessitatis tempore.
[Jur] Em tempo de necessidade tudo é de todos.
932. Communio est mater rixarum. [Jur] A sociedade
é a mãe das disputas.
933. Communio inter propinquos discordias excitari
solet. [Jur] A sociedade costuma excitar discórdias entre
parentes.
934. Communio parit discordiam. [Binder, Thesaurus
534] Sociedade cria discórdia.
935. Communio solet discordias excitare, nemoque
ideo cogitur in communione persistere. [Jur] A
sociedade costuma provocar discórdias, e, portanto,
ninguém é obrigado a permanecer nela.
936. Communis error facit ius. [Jur / Black 373] O erro
comum cria direito. ● Communis error non facit ius.
[Jur / Black 373] O erro comum não cria direito.
937. Communis est tristitia, ubi communis est causa.
É de todos a tristeza, quando a causa é de todos.
938. Communis omnis est amicorum dolor. [Eurípides
/ Grynaeus 42] A dor dos amigos é de todos.
939. Communis opinio doctorum. A opinião
generalizada dos doutos.
940. Communiter neglegitur quod communiter
possidetur. [DAPR 175] Todos descuidam do que a
todos pertence. ■ Panela de muitos, mal cozida, pior
mexida. ■ Asno de muitos, lobos o comem. VIDE: ● Id
quod communiter possidetur a pluribus neglegi
consuevit. ● Naturale vitium est neglegi quod
communiter possidetur. ● Quod communiter
possidetur, communiter neglegitur. ● Quod
communiter possidetur, vitio naturali neglegitur.
941. Comoedia est imitatio vitae, speculum
consuetudinis, imago veritatis. [Cícero, De Republica
4.11] A comédia é a reprodução da vida, o espelho dos
costumes, a imagem da verdade.
942. Compara te ut dignus sis parentibus. [Periandro /
Rezende 820] Procede de modo que sejas digno dos teus
pais.
943. Comparatio omnis odiosa. Toda comparação é
odiosa. VIDE: ● Omnis comparatio odiosa.
944. Compedes aureae. [Pereira 99] Grilhões de ouro.
945. Compedes quas ipse fecit, ipsus ut gestet faber.
[Ausônio, Bissula 2] Que o próprio ferreiro porte os
grilhões que ele mesmo fabricou. ■ Quem fez seu angu
que o coma. ■ Quem pariu Mateus, que o embale. VIDE:
● Colo quod aptasti, ipsi tibi nendum est. ● Faber
compedes, quas fecit ipse, gestet. ● Intrivisti,
exedendum tibi. ● Qui prendidistis iidem edite
testudines. ● Tibi, quod intristi, exedendum. ● Tute
hoc intristi, tibi omne est exedendum.
946. Compelle intrare. [Vulgata, Lucas 14.23] Força-os
a entrar.
947. Compellere ad concordiam. [Jur / Black 386]
Forçar à concordância. Forçar ao acordo.
948. Compendia plerumque sunt dispendia.
Economias geralmente resultam em despesas.
■ Economia barata, roubo de bolsa. ■ Mercadoria
barata, roubo das bolsas. ● Compendia sunt
dispendia. [Black 377] ● Compendia, dispendia.
949. Compensatio damnorum et expensarum. [Jur]
Compensação de prejuízos e despesas.
950. Compensatio est debiti et crediti inter se
contributio. [Jur] A compensação é a anexação do
débito e do crédito entre si.
951. Compensatio vim solutionis habet. [Jur] A
compensação tem força de pagamento. ● Compensatio
est instar solutionis.
952. Compesce amoris impii flammas, precor.
[Sêneca, Hippolytus 165] Por favor, reprime as chamas
desse amor ímpio.
953. Compesce dementem impetum. [Sêneca, Hercules
Furens 979] Domina esse ímpeto louco.
954. Compesce mentem. [Horácio, Carmina 1.16.22]
Domina teu espírito.
955. Compesce querellas. [Lucrécio, De Rerum Natura
958] Reprime as disputas.
956. Compesce voces molestas. Contém as palavras
ofensivas. VIDE: ● Voces compesce molestas.
957. Competens auctoritas. [Jur] A autoridade
competente.
958. Competens iudex. [Jur] O juiz competente.
959. Complex honestatis est utilitas. [S.Ambrósio] O
companheiro da honestidade é a utilidade. ■ A
honestidade é a melhor política.
960. Componitur orbis regis ad exemplum. [Claudiano,
De Quarto Consulatu 299] A terra se adapta ao exemplo
do rei. ■ Qual o rei, tal a lei; qual a lei, tal a grei. VIDE:
● Regis ad exemplum totus componitur orbis.
961. Componitur servus eri ad exemplum. [Pereira
123] O servo se acomoda ao exemplo do senhor. ■ Tal é
o servo como o senhor. ■ Tão bom é Pedro como seu
amo.
962. Compos sui. Cônscio de si. (=Senhor de suas
faculdades mentais. Senhor de si). ● Compos animi.
● Compos mentis.
963. Compressis manibus sedere. Ficar de braços
cruzados. VIDE: ● Cur veteranus dux, fortissimus bello,
compressis manibus sedeas?
964. Compromissarii sunt iudices. [Jur / Black 382] Os
árbitros são juízes.
965. Conando et experiendo, quantumvis etiam
ardua, perfici posse. [Grynaeus 122] Esforçando-se e
tentando, por mais difíceis que as coisas sejam, podem
ser realizadas.
966. Conando Graeci Troia potiti sunt. [Grynaeus
122] Persistindo, os gregos conquistaram Tróia. ■ Quem
porfia mata a caça. VIDE: ● Quid autem tentare
nocebit? ● Tentantes ad Troiam pervenerunt Graeci.
967. Conari manibus pedibus, noctesque et dies.
[Terêncio, Andria 676] Esforçar-se com as mãos e os
pés, de noite e de dia.
968. Concede! Perdoa!
969. Concedens unum ex pluribus, videtur cetera
omnia denegare. [Jur] Quem concede apenas uma de
várias coisas entende-se que nega as demais.
970. Concedetur profecto verum esse, ut bonos boni
diligant. [Cícero, De Amicitia 50] Admite-se ser
verdade que os bons amam os bons. ■ Cada qual ama
seu semelhante. VIDE: ● Bonos boni, malos mali
diligunt.
971. Concedo. Admito. Autorizo. Concordo.
972. Conceptum sermonem tenere quis potest?
[Vulgata, Jó 4.2] Quem poderá conter a palavra
concebida?
973. Conceptus est homo! [Vulgata, Jó 3.3] Foi
concebido um homem!
974. Conceptus pro iam nato habetur. [Jur] O
concebido tem-se como já nascido. ● Conceptus pro
nato, quoad sui commodum, habetur. [Jur]
Concebido reputa-se nascido, para o que for de seu
proveito. VIDE: ● Infans conceptus pro nato habetur,
totiens de commodo eius agitur.
975. Concessa venia. Com a devida licença. (=Fórmula
de cortesia com que se começa uma argumentação para
discordar do interlocutor). VIDE: ● Data venia.
● Permissa venia.
976. Concessio gratuiti patrocinii. [Jur] Concessão de
advogado gratuito.
977. Concessio usus. A delegação do poder.
978. Concesso uno, concessum dicitur omne, quod ad
illud requiritur. [Jur] Concedida uma coisa, considera-
se concedido tudo quanto para ela é necessário.
979. Concessum dicitur, quidquid expresse
prohibitum non reperitur. [Jur] Entende-se por
permitido o que não foi expressamente proibido.
980. Concham dividere. [Schottus, Adagia 459] (É
como) partir uma concha. ■ Isso é mole mole.
981. Concidunt artes. As artes estão decadentes.
982. Conciliant homines mala. [Erasmo, Adagia
2.1.71] As desgraças unem os homens. ■ Fome e frio,
mete-te com o teu inimigo.
983. Conciliari, nisi turpi ratione, amor turpium non
potest. [Sêneca, Epistulae Morales 29] A amizade das
pessoas indignas não pode ser obtida senão por meios
indignos.
984. Concilias te vicinis tuis. [Bebel / Eiselein 482]
Relaciona-te com teus vizinhos.
985. Conciliat animos coniugum partus. [Sêneca,
Hercules Oeteus 407] O nascimento de um filho estreita
o afeto dos cônjuges.
986. Conciliat nos primum natura deis, parentibus et
patriae. [Cícero, De Haruspicum Responso 57,
adaptado] A natureza nos vincula primeiro aos deuses,
aos nossos pais e à pátria.
987. Conciliatrix amicitiae, virtutis opinio. [Cícero,
De Amicitia 37] O vínculo da amizade é a opinião que
se tem das qualidades do amigo.
988. Concinamus, o sodales. [Stevenson 1154]
Cantemos juntos, ó colegas.
989. Concitator et stimulator seditionis. [Cícero, Pro
Domo Sua 11, adaptado] Um provocador e estimulador
de revolta.
990. Concitator multitudinis. [César, De Bello Gallico
8.21] Um incitador da multidão.
991. Concitator turbae ac tumultus. Um provocador
da turba e do tumulto. VIDE: ● Turbae ac tumultus
concitatores fuerant.
992. Conclamare ad arma. Dar o toque de atacar. VIDE:
● Ad pugnam canere.
993. Conclamatum est! [Pereira 109] Acabou-se! É
caso liquidado! ■ Lá vai tudo quanto Marta fiou. ■ Ao
perdido, perder-lhe o sentido. ■ Lá vai o russo e as
canastras. VIDE: ● Actum est. ● Cum cane simul et
lorum. ● Lorum una cum cane periit.
994. Concluse et apte. Com exatidão e de acordo com
as regras. ● Concluse apteque. [Cícero, Orator 53.1]
995. Concolores aves facillime congregantur. [DAPR
514] Aves da mesma cor reúnem-se com muita
facilidade. ■ Aves da mesma pena andam juntas. ■ Cada
um procura o seu semelhante. ■ Cré com cré, lé com lé.
■ Cada qual folga com seu igual. ● Concolores aves
plerumque simul volitant. Aves das mesmas cores
geralmente voam juntas. VIDE: ● Assidet usque graculus
graculo. ● Aves discolores raro simul volitant.
● Graculus graculo assidet. ● Monedulae semper
monedula assidet. ● Pares cum paribus facillime
congregantur. ● Pares cum paribus maxime
congregantur. ● Parium cum paribus facilis
congregatio est. ● Prope graculum saepe alter astat
graculus. ● Semper graculus assidet graculo.
● Semper graculus cum graculo. ● Solent pares facile
congregari cum paribus. ● Volatilia ad sibi similia
conveniunt.
996. Concordat cum scripto originali. Confere com o
texto original. (=Assinada por autoridade competente,
essa declaração, inserida na cópia de um documento,
indica sua autenticidade). ● Concordat cum originali
approbrato. Confere com o original aprovado.
● Concordat cum suo originali. Confere com o
original. ● Concordat cum originali. VIDE: ● Haec
editio cum suo exemplari typico plane concordat.
997. Concordet sermo cum vita. [Sêneca, Epistulae
Morales 75.4] Corresponda a linguagem à vida.
998. Concordia amicitiae coniuncta. [Divisa] A
concórdia reunida à amizade.
999. Concordia civium murus urbium. A harmonia
dos cidadãos é a muralha de defesa das cidades.
1000. Concordia discors. [Horácio, Epistulae 62.19]
Harmonia discordante.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C6: 1001-1200
1001. Concordia domi pacem etiam foris praebuit. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 4.7] A harmonia interna
proporcionou igualmente a paz com os vizinhos.
● Concordia domi, foris pax. No lar, a união; no
mundo, a paz.
1002. Concordia fulciuntur opes etiam exiguae.
[Erasmo, Adagia 3.8.64] Com a concórdia se fortalecem
até os pequenos recursos. ■ A união faz a força.
1003. Concordia, industria, integritas. [Divisa dos
Rotschild] União, trabalho, honestidade. ● Concordia,
integritate, industria. [Divisa] Com união, honestidade
e esforço.
1004. Concordia invicta. [Divisa] A união é invencível.
1005. Concordia nutrit amorem. A união alimenta o
amor.
1006. Concordia parvae res crescunt, et opulentia
lites. [Black 386] Pequenos recursos se multiplicam
pela concórdia, e as disputas, pela opulência.
1007. Concordia pollent etiam vehementer inertes.
[Grynaeus 124] Pela concórdia até os fracos adquirem
muito poder. ■ A união faz a força.
1008. Concordia prorsum. [Divisa] Avante em
harmonia.
1009. Concordia res est in rebus maxime adversis
utilis. Na adversidade, a coisa mais importante é a
união.
1010. Concordia res parvae crescunt. [Divisa dos
livreiros holandeses Elzevires] Com a concórdia
crescem as coisas pequenas. ● Concordia parvae res
crescunt; discordia maximae dilabuntur. [Salústio,
Bellum Iugurthinum 10.2] Com a concórdia as
pequenas empresas crescem, com a discórdia até as
maiores se perdem. ● Concordia parvae res crescunt;
discordia maximae corruunt. ● Concordia etiam
pusilla coalescunt; discordia maxima dissipantur.
VIDE: ● Discordia dilabuntur regna. ● Discordia non
tantum parvae res non crescunt, sed etiam magnae
res miserabiliter dilabuntur. ● Quam firma res est
concordia, quamque imbecillis discordia! ● Ubi
concordia, ibi victoria.
1011. Concordia vincit. [Divisa] A união vence.
1012. Concupiscentia itaque sapientiae deducit ad
regnum perpetuum. [Vulgata, Sabedoria 6.20] O
desejo de sabedoria conduz ao reino eterno.
1013. Concupiscunt autem homines et quae non
possunt. [Sêneca, De Ira 1.3.2] Os homens desejam até
o que não está no seu alcance.
1014. Concursus delictorum. [Jur] O concurso de
crimes.
1015. Concursus delinquentium. [Jur] A co-autoria.
1016. Concussus surgo. [Divisa] Ergo-me quando sou
sacudido.
1017. Condemnabit te os tuum, et non ego. [Vulgata,
Jó 15.6] A tua própria boca de condenará, não eu.
1018. Condemnant quod non intellegunt. Condenam o
que não entendem. VIDE: ● Damnant quod non
intellegunt. ● Laudant quod non intellegunt. ● Ne
damnent quae non intellegunt.
1019. ● Nonnulli non intellegentes citius volunt
exagitare quod non intellegunt, quam quaerere ut
intellegant.
1020. Condemnare in expensis. [Jur] Condenar nas
custas.
1021. Condicio illicita habetur pro non adiecta. [Jur /
Black 388] A condição ilegal é considerada como não
anexada.
1022. Condicio sine qua non. Condição sem a qual não.
(=Condição indispensável). ● Condiciones sine quibus
non. Condições sem as quais não. (=Condições
indispensáveis). VIDE: ● Sine qua non potest esse.
1023. Condicione deficiente, contractus celebratus ab
initio resolutus censetur. [Jur] Não sendo cumprida a
condição, entende-se desfeito desde o princípio o
contrato.
1024. Condimenta omnium sermonum facetiae.
[Cícero, De Oratore 2.67.3] As graças são o molho de
todas as conversas.
1025. Condimentis humanitatis severitas mitigatur.
[Cícero, Ad Quintum Fratrem 1.21] A severidade se
tempera com uma mistura de bondade.
1026. Condimentum amicitiae suavitas morum et
sermonum. [Cícero, De Amicitia 66, adaptado] O
tempero da amizade é a suavidade de caráter e de
palavras.
1027. Condimentum cibi fames est, potionis sitis. A
fome é o tempero da comida, e a sede é o tempero da
água. ■ A fome é o melhor tempero. ■ A fome é boa
mostarda. ■ Para fome não há pão duro. VIDE: ● Cibi
condimentum esse famem, potionis sitim. ● Cibi
condimentum est fames. ● Cibi condimentum fames.
● Condit fercla fames. ● Cibi condimentum esse
famem. ● Fame condiuntur cibi. ● Fames optimum
condimentum. ● Optimum cibi condimentum esse
famem, potionis sitim. ● Optimum condimentum
fames.
1028. Condire recte iusculo haud cuncto datur.
[Schottus, Adagia 619] Não é dado a todos temperar
corretamente um caldo. ■ Nem todos são para tudo.
1029. Condit fercla fames. A fome tempera os alimentos.
■ A fome é a melhor mostarda. ■ A fome é o melhor
tempero. ● Condit fercla fames; plenis insuavia
cuncta. [Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 39] A
fome tempera os alimentos; aos fartos tudo é
desagradável. VIDE: ● Plenis insuavia cuncta.
1030. Condita tabescit, vulgata scientia crescit.
Escondido, o conhecimento definha; divulgado, cresce.
■ O saber escondido, da ignorância vista pouco dista.
VIDE: ● Abdita quid prodest generosi vena metalli, si
cultore caret? ● Scire tuum nihil est, nisi te scire, hoc
sciat alter. ● Si solus sapias, nempe quis usus erit?
1031. Condita verax aperit praecordia Liber.
[Horácio, Sermones 1.4.89] Baco, que é sincero,
descobre os pensamentos secretos.
1032. Conditus in palea a stupido comedetur asello.
[Binder, Thesaurus 542] Quem se esconde na palha, é
comido pelo burrinho bobo. ■ Quem com porcos se
mistura, farelos come. VIDE: ● Furfure se miscens
porcorum dentibus estur.
1033. Condus quaerit promum. [Gaal 1339] O poupador
procura o gastador. ■ Pai guardador, filho gastador. ■ A
pai avarento, filho pródigo. ■ Depois de um bom
poupador, um bom gastador. VIDE: ● Quod parcus
quaeres, effundit prodigus heres.
1034. Confer. Confere. Compara. (=Emprega-se para
remeter a outra parte de um texto).
1035. Confessa imperitia summa prudentia est. A
confissão da ignorância é a maior sabedoria.
1036. Confessio amantis. Confissão de namorado.
1037. Confessio conscientiae vox est. [Sêneca Retórico,
Controversiae 8.1.1] A confissão é a voz da consciência.
1038. Confessio est probatio omnibus melior. [Jur] A
confissão é a melhor prova de todas. ■ Não há prova do
delito como o papel escrito.
1039. Confessio est regina probationum. [Jur] A
confissão é a rainha das provas.
1040. Confessio facta in iudicio non potest retractari.
[Jur] A confissão feita em juízo não admite retratação.
1041. Confessio facta in iudicio omni probatione
maior est. [Jur / Black 393] A confissão feita em juízo
tem mais força que qualquer prova.
1042. Confessio pro veritate accipitur. [Jur] Aceita-se a
confissão como verdade.
1043. Confessio sceleris initium salutis. A confissão do
crime é o começo da salvação. ■ Quem se arrepende,
salva-se.
1044. Confessio spontanea minuit delictum et
poenam. [Jur] A confissão espontânea diminui o delito
e a pena.
1045. Confessionem imitatur taciturnitas. [Cícero, De
Inventione 1.54] O silêncio parece uma confissão.
■ Quem cala confessa. VIDE: ● Nil contra dicens satis
assentire videtur. ● Qui tacet, consentire videtur.
● Qui tacet, consentit. ● Taciturnitas confessionem
imitatur. ● Taciturnus in iudicio consensum inducit.
1046. Confessioni proxima est poenitentia. [Binder,
Medulla 210] O arrependimento está perto da confissão.
1047. Confessus pro convicto habetur. [Jur] O confesso
é tido como culpado. ● Confessus in iudicio pro
iudicato habetur, et quodammodo sua sententia
damnatur. [Jur / Coke / Black 394] A pessoa que
confessa sua culpa no tribunal é considerada culpada, e
é como que condenada por sua própria sentença.
1048. Confessus pro iudicato habetur. [Jur] O confesso
é tido como julgado.
1049. Confestim ceciderunt ab oculis eius, tamquam
scamae, et visum recepit. [Vulgata, Atos 9.18] No
mesmo ponto, lhe caíram dos olhos umas como
escamas, e assim recuperou a vista.
1050. Confestim dicto citius res ipsa peracta.
[Schottus, Adagia 23] A coisa se realizou
imediatamente, mais rápido do que foi dita. ■ Dito e
feito. ■ Assar e comer. VIDE: ● Dictum ac factum.
● Dictum, factum. ● Mox simul ac dictum est verbum,
res ipsa peracta est. ● Simul et dictum et factum.
● Simul dictum, simul factum. ● Ut dictum et actum
est. ● Veni, vidi, vici. ● Volitum, dictum, factum.
1051. Confestim fletus amissae coniugis arent. [Pereira
103] As lágrimas pela mulher morta secam logo. ■ Dor
da mulher morta dura até a porta. VIDE: ● Lentissime
coniuges flentur, saepe vero laetissime.
1052. Confide, et noli timere. [Vulgata, 4Esdras 6.33]
Confia, e não temas.
1053. Confide recte agens. [Divisa] Confia, agindo com
justiça.
1054. Confidens animi canis est in stercore noto. O
cão é corajoso quando está em esterqueira conhecida.
■ Em sua casa governa o carvoeiro, como o galo em seu
poleiro. ■ Cada um é senhor em sua casa.
1055. Confido et conquiesco. [Divisa / Lodeiro 261]
Confio e fico quieto. ● Confido conquiesco. [Divisa]
1056. Confido in Domino. [Divisa] Confio no Senhor.
● Confido in Deo. [Divisa] Confio em Deus.
1057. Confirmare est id firmum facere quod prius
infirmum fuit. [Jur / Black 395], Confirmar é tornar
firme o que antes era duvidoso.
1058. Confirmare nemo potest prius quam ius ei
acciderit. [Jur / Coke / Black 395] Ninguém pode
confirmar antes que lhe seja dado esse direito.
1059. Confirmat usum qui tollit abusum. [Jur / Black
395] Consolida o uso quem impede o abuso.
1060. Confirmatio omnes supplet defectus, licet id
quod actum est ab initio non valuit. [Jur / Black 395]
A confirmação supre todas as deficiências, mesmo que
o que foi feito inicialmente não era válido.
1061. Confitemur prosperum eventum tibi debituros,
tristiorem fortunae imputaturos. [Quinto Cúrcio,
Historiae 7.1] Reconhecemos que a ti deveremos o
sucesso, mas que o insucesso atribuiremos à sorte.
1062. Confiteor. [Primeira palavra do Ato de Contrição,
da liturgia católica] Eu confesso.
1063. Confiteor misero molle cor esse mihi. [Ovídio, Ex
Ponto 1.3.32] Confesso que eu, infeliz, tenho coração
mole. VIDE: ● Molle cor est mihi.
1064. Confiteor, si quid prodest delicta fateri. [Ovídio,
Amores 2.4.3] Confesso, se há vantagem em confessar
os próprios erros.
1065. Confiteri aes debitum. Reconhecer a dívida.
1066. Confiteri esse Deum et negare praescium
futurorum apertissima insania est. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 5.9.4] Confessar a existência de Deus e lhe
recusar a presciência do futuro é loucura caracterizada.
1067. Conflabunt gladios suos in vomeris, et lanceas
suas in falces. [Vulgata, Isaías 2.4] Converterão as suas
espadas em enxadas e suas lanças em foices.
1068. Conflictus competentiae. [Jur] Conflito de
competência.
1069. Confortamini et estote viri. [Vulgata, 1Reis 4.9]
Ânimo, e sede homens.
1070. Confortare igitur, et esto robustus valde.
[Vulgata, Josué 1.7] Tem ânimo, pois, e sê muito forte.
● Confortare, et esto robustus. [Vulgata, Josué 1.6]
Tem ânimo e sê forte.
1071. Confragosa in fastigium dignitatis via est.
[Sêneca, Epistulae Morales 84.13] É penoso o caminho
que conduz ao cume da glória. ■ Nenhum caminho de
rosas conduz à glória.
1072. Confundantur omnes qui adorant sculptilia.
[Vulgata, Salmos 96.7] Confundidos sejam todos que
adoram ídolos.
1073. Confundat eos Dominus! [VES 53] Que o Senhor
os confunda!
1074. Confuso est quidquid usque in pulverem sectum
est. [Sêneca, Epistulae Morales 89.3] Causa confusão
tudo que é dividido até virar pó.
1075. Confuta me, sodes, si potes. [Cataldo / Ramalho
38] Refuta-me, por favor, se és capaz.
1076. Congregantur cum leonibus vulpes. As raposas
estão-se reunindo com os leões. (=A esperteza está-se
juntando à força). ● Congregare cum leonibus vulpes.
[Erasmo, Adagia 1.9.19] Juntar raposas a leões. VIDE:
● Quid congregare cum leonibus vulpes?
1077. Congregas folia, fructus vero dissipas. [Juan de
Lana, Florilegium Latinum 210] Juntas as folhas, mas
destróis os frutos. ■ Aproveita o farelo e desperdiça a
farinha. ■ Quebra a louça e guarda os palitos. VIDE:
● Ad mensuram aquam bibit; citra mensuram panem
comedit.
1078. Congressio fraterna nunquam diuturna.
[Medina 597] Disputa entre irmãos nunca dura muito.
■ Irmãos, lavadura de mãos.
1079. Congruo tempore et congruo loco. [Jur] No
tempo certo e no lugar certo.
1080. Congruunt dicta factis. As palavras
correspondem às ações.
1081. Coniectura est semiplena probatio. [Jur] A
conjectura é meia prova.
1082. Coniecturalem artem esse medicinam. [Celso,
De Medicina 2.6.16] A medicina é uma arte conjectural.
1083. Coniecturis non est opus in claris, et
praesumptio cedit veritati. [Jur] Não há necessidade
de conjecturas no que é claro, e a presunção dá lugar à
verdade.
1084. Coniugat amicitiam morum similitudo. A
conformidade de costumes ata os laços da amizade.
VIDE: ● Amicitia est iucundissima quam morum
similitudo coniugavit. ● Morum similitudo mater
amicitiae.
1085. Coniugem ama. [Dionísio Catão, Monosticha 51]
Ama tua esposa.
1086. Coniugium satis est iuvenem domitare ferocem.
[Pereira 99] O casamento basta para amansar um jovem
violento. ■ Casarás e amansarás.
1087. Coniugium sine prole, dies veluti sine sole.
[Trench, Proverbs 150] O casamento sem prole é como
o dia sem sol. ● Coniugium sine prole est dies sine
sole. [Binder, Medulla 212] ● Coniugium sine prole est
quasi dies sine sole. [Eiselein 373] VIDE: ● Conubium
sine prole est quasi dies sine sole.
1088. Coniunctio animi maxima est cognatio. [Publílio
Siro] A afinidade de corações é o melhor parentesco.
1089. Coniunctio animorum. [Jur / Broom 386] A
conjunção de intenções.
1090. Coniunctio corporum. [Jur / Broom 386] A
conjunção de corpos.
1091. Coniunctio mariti et feminae est de iure
naturae. [Jur / Black 399] A união do marido e da
mulher é da lei da natureza.
1092. Coniunctis viribus. Com as forças unidas.
1093. Coniungo vos. Eu vos uno. VIDE: ● Ego coniungo
vos in matrimonium.
1094. Connubia et Romam omnis femina stulta
frequentat. [Pereira 97] Toda mulher tola freqüenta os
casamentos e romarias. ■ Às romarias e às bodas vão as
loucas todas.
1095. Consanguineus est quasi eodem sanguine natus.
[Jur / Black 400] O consangüíneo é como nascido do
mesmo sangue.
1096. Consanguineus frater. [Jur / Black 400] Irmão por
parte do pai. VIDE: ● Frater uterinus.
1097. Consanguineus leti sopor. [Virgílio, Eneida 6.278]
■ O sono é irmão da morte. VIDE: ● Mors somno similis
est. ● Mortis imago et simulacrum somnus. ● Mortis
imago sopor. ● Nihil est morti tam simile, quam
somnus. ● Somnus mortis imago. ● Stulte, quid est
somnus, gelidae nisi mortis imago?
1098. Conscia mens recti famae mendacia ridet.
[Ovídio, Fasti 4.311] A mente consciente do bem ri das
mentiras da fama. VIDE: ● Cum recte vivas, ne cures
verba malorum.
1099. Conscindunt homines curae. As preocupações
atormentam os homens.
1100. Conscientia bene actae vitae multorumque bene
factorum recordatio iucundissima est. [Cícero, De
Senectute 3] A consciência de uma vida bem vivida e a
recordação de muitas boas obras é muito agradável.
1101. Conscientia crimen prodit. [Grynaeus 501] A
consciência revela o crime.
1102. Conscientia fraudis. [Jur] A consciência da
fraude.
1103. Conscientia grave pondus. A consciência é um
grande peso.
1104. Conscientia mille testes. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 5.11.41] ■ A consciência vale por mil
testemunhas. ● Conscientia testis. A consciência vale
uma testemunha. VIDE: ● Nocte dieque tuum gestas in
pectore testem. ● Sit conscientia mille testium.
1105. Conscientia rectae voluntatis maxima consolatio
est rerum incommodarum. [Cícero, Ad Familiares
6.4] A consciência da boa intenção é o maior consolo na
adversidade.
1106. Conscientia rei alieni. [Jur / Black 401]
Conhecimento de que a propriedade pertence a outrem.
1107. Conscientia sceleris timorem incutit. [Pereira
120] A consciência do crime infunde medo. ■ Quem
teme deve alguma coisa. ■ Quem não deve não teme.
1108. Conscientiae examen. O exame de consciência.
1109. Conscientiae potius quam famae attenderis.
[Publílio Siro] Prestarás mais atenção à tua consciência
do que à tua reputação.
1110. Conscius ipse sibi de se putat omnia dici.
[Dionísio Catão, Disticha 1.17] Quem tem consciência
pesada crê que tudo que se fala é sobre ele. ■ Quem tem
rabo de palha sempre cuida que lhe vai arder. ■ Quem
tem culpa no cartório não pode dormir em paz.
1111. Consenesco cotidie addiscens aliquod. Envelheço
aprendendo alguma coisa nova todo dia. ■ Vivendo e
aprendendo. VIDE: ● Cotidie aliquid addiscentem
senescere. ● Dum vivimus, discimus. ● Semper
discendo plurima fio senex. ● Senesco semper aliquid
addiscens. ● Senesco semper multa addiscens.
1112. Consensu omnium. Com a concordância de todos.
● Consensu omnium philosophorum. [Cícero, De
Natura Deorum 3.79] Por consenso unânime dos
filósofos.
1113. Consensu solo contrahitur obligatio. [Jur] Só
pela concordância se contrai a obrigação.
1114. Consensus audacium. Um acordo de pessoas
ousadas. (=Uma conspiração).
1115. Consensus est voluntas plurium ad quos res
pertinet, simul iuncta. [Jur / Black 402] Consenso é a
vontade conjunta de várias pessoas a quem pertence a
coisa.
1116. Consensus facit legem. [Jur / Black 402] O acordo
faz a lei.
1117. Consensus facit nuptias. [Jur] O acordo faz o
casamento.
1118. Consensus gentium. Um acordo de nações.
1119. Consensus maioris partis. A concordância da
maioria.
1120. Consensus, non concubitus, facit nuptias. [Jur]
Não é o concúbito, mas a concordância que legitima o
casamento. ● Consensus, non concubitus, facit
matrimonium. [Broom 386] ● Consensus, non
concubitus, facit nuptias vel matrimonium, et
consentire non possunt ante annos nubiles. [Jur /
Coke / Black 402] Não é o concúbito, mas a
concordância que legitima o casamento, e não podem
decidir antes da idade de casar. VIDE: ● Nuptias non
concubitus sed consensus facit.
1121. Consensus non facit veritatem. O consenso não
cria verdade.
1122. Consensus nuptias, dissensus divortium facit.
[Jur] O consentimento faz o casamento; o dissentimento
faz o divórcio.
1123. Consensus omnium. [Cícero, Ad Familiares 4.13]
O assentimento de todos. A unanimidade.
1124. Consensus species tacere est. Calar tem a
aparência de concordância. ■ Quem cala consente, mas
não sempre.
1125. Consensus tollit errorem. [Mota 146; Broom
112] A concordância sana o erro. ■ O erro repetido
passa por verdade.
1126. Consentientes et agentes pari poena plectuntur.
[Jur / Coke / Black 403] Os que consentem e os que
executam são castigados com a mesma pena. ■ Tão bom
é o ladrão como o consentidor. ● Consentientes et
facientes pari poena sunt plectendi. [William of
Ockham, Dialogus 1.7.35] ● Consentientes et
cooperantes pari poena sunt plectendi. [Idem,
ibidem] Os que consentem e os que colaboram devem
ser castigados com a mesma pena. VIDE: ● Agentes et
consentientes pari poena puniendi. ● Agentes et
consentientes pari poena plectuntur. ● Agentes et
consentientes pari poena puniuntur. ● Facientem et
consentientem par poena constringit. ● Non solum
qui male agunt, sed qui consentiunt facientibus,
digni sunt poena. ● Par poena agentes et
consentientes comprehendit. ● Qui talia agunt digni
sunt morte; et non solum qui ea faciunt, sed etiam
qui consentiunt facientibus.
1127. Consentire autem etiam is videtur, qui non
testificatur dissentire. [Codex Iustiniani 10.62.1]
Entende-se que também concorda aquele que não se
declara dissentir.
1128. Consentire non videntur errantes, et ignorantes,
nec ad incogitata consensus trahitur. [Jur] Não se
entende que concordam os que se enganam e os que
ignoram, e o consentimento não se estende ao que não
foi cogitado.
1129. Consentire vel non contradicere paria sunt.
[Jur] Concordar ou não contradizer se equivalem.
1130. Consequens qui vult, vult et antecedens. [Jur]
Quem quer o conseqüente quer também o antecedente.
● Consequens qui vult, et antecedens.
1131. Consequens, ubi est falsus antecedens,
subsistere non potest. Quando o antecedente é falso, o
conseqüente não pode subsistir.
1132. Consequitur quodcumque petit. [Ovídio,
Metamorphosis 7.683 / Divisa de Diana de Poitiers]
Obtém tudo que deseja.
1133. Consequuntur magni dolores eos qui ratione
voluptatem sequi nesciunt. [Cícero, De Finibus 1.10]
Grandes dores apoderam-se daqueles que não sabem
usar do prazer racionalmente.
1134. Conserere cogitare non oportet, sed facere
oportet. [Marcos Catão, De Agri Cultura 3] Para
plantar não é preciso pensar, mas é preciso fazer.
1135. Conserit unus agrum, sed fruges demetit alter.
[Binder, Thesaurus 554] Um semeia o campo, mas é o
outro que colhe os frutos. ■ Um semeia, outro colhe. ■ O
bocado não é para quem o faz. ■ Nem sempre dança
quem paga a música. VIDE: ● Alii laborarunt, alii
fructum ceperunt. ● Hic consevit agrum, sed fruges
demetit alter.
1136. Conserva tempus. [Vulgata, Eclesiástico 4.23]
Aproveita teu tempo.
1137. Considera quis quem fraudasse dicatur. [Cícero,
Pro Roscio Comodeo 21] Considera quem se diz que
fraudou quem.
1138. Considera quid dicas, non quid cogites. [Publílio
Siro] Reflete no que vais dizer, não no que pensas.
1139. Considerandum est diu, quod faciendum est
semel. Deve-se analisar devagar o que deve ser feito de
uma vez.
1140. Considerandum est, et quid postules ab amico,
et quid patiare a te impetrari. [Cícero, De Amicitia
20] Deve-se refletir não só o que se pede ao amigo, mas
também o que se permite que seja pedido.
1141. Considerare utrum hoc sit agendum aut illud,
quod est deliberare, opus est rationis. [S.Tomás de
Aquino] Considerar se deve ser feito isto ou aquilo, que
é deliberar, é tarefa da razão.
1142. Considerate lilia agri quomodo crescunt: non
laborant, neque nent. [Vulgata, Mateus 6.28] Olhai os
lírios do campo, como eles crescem: eles não trabalham
nem fiam.
1143. Consideratio curiae. [Jur / Black 404] O exame
feito pela corte.
1144. Consilia calida et audacia, prima specie laeta,
tractatu dura, eventu tristia esse. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 35.32] As decisões impetuosas e
audaciosas, no primeiro momento, entusiasmam, mas
são difíceis de seguir, e desastrosas nos resultados.
1145. Consilia calida raro sunt felicia. Decisões
apressadas raramente dão certo. ■ Quem cedo se
determina, cedo se arrepende.
1146. Consilia enim non minuunt mala, sed augent
potius. Conselhos não diminuem os males, mas, ao
contrário, aumentam-nos.
1147. Consilia et facta. Decisões e ações. VIDE:
● Consiliis et factis.
1148. Consilia ex eventu, non ex voluntate probari
solent. [Cícero, Ad Atticum 9.9a.1] As decisões são
julgadas pelo resultado, não pela intenção.
1149. Consilia impetu victa sunt. [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.31] A prudência foi vencida pelo
ímpeto.
1150. Consilia minus utilia sunt quam exempla. Os
conselhos são menos úteis do que os exemplos.
■ Exemplos farão mais do que doutrina. ■ Frei exemplo
é o melhor pregador.
1151. Consilia noctu captat omnis providus. [Schottus,
Adagia 611] Todo homem prudente toma suas decisões
à noite. ■ A noite é boa conselheira. ■ A noite traz
conselho.
1152. Consilia qui dant prava cautis hominibus, et
perdunt operam, et deridentur turpiter. [Fedro,
Fabulae 1.25] Quem dá maus conselhos a homens
prudentes perde o trabalho e é ridicularizado.
1153. Consiliarius bonus est qui sibi consulit. Bom
conselheiro é aquele que aconselha a si mesmo.
1154. Consiliarius sit tibi unus de mille. [Vulgata,
Eclesiástico 6.6] Seja o teu conselheiro um entre mil.
1155. Consiliator deorum. [Petrônio, Satiricon 76] Um
conselheiro de deuses. (=Um homem muito sábio).
1156. Consilii regimen virtuti corporis adde. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 47] À coragem do corpo
acrescenta a orientação dada pelo pensamento.
1157. Consiliis et factis. [Cícero, Pro Sestio 139] Por
decisões e ações. VIDE: ● Consilia et facta.
1158. Consiliis indoctiorum multi se docti explicant.
[Publílio Siro] Muitas pessoas instruídas resolvem seus
problemas com base nos conselhos de pessoas mais
incultas. ■ De homem néscio às vezes bom conselho.
■ Muitas vezes o remédio vem donde não se supõe.
1159. Consilio et amore. [Divisa] Com sabedoria e
amor.
1160. Consilio et animo. [Divisa] Com sabedoria e
entusiasmo. ● Consilio et animis. [Divisa]
1161. Consilio et armis. [Divisa] Com sabedoria e
armas.
1162. Consilio et concordia. [Divisa] Com sabedoria e
união.
1163. Consilio et facto suo. [Cícero, De Haruspicum 49]
Por sua decisão e ação.
1164. Consilio et factis. [Divisa] Com sabedoria e ações.
1165. Consilio et industria. [Divisa] Com sabedoria e
zelo.
1166. Consilio et prudentia. [Divisa] Com sabedoria e
prudência.
1167. Consilio et virtute. [Divisa] Com sabedoria e
coragem.
1168. Consilio igitur mundus administratur. [Cícero,
De Inventione 1.59] O mundo, pois, é governado pela
razão. VIDE: ● Deorum igitur consilio administratur.
1169. Consilio inimica iracundia. A cólera é inimiga da
razão.
1170. Consilio manuque. [Rezende 869] Pela razão e
pela ação. (=Divisa de Figaro, no Barbeiro de Sevilha,
de Beaumarchais). ■ A Deus rogando e com o maço
dando.
1171. Consilio melius vincas quam iracundia. [Publílio
Siro] Vencerás mais pela inteligência do que pela
violência. ■ Mais vale manha que força.
1172. Consilio, non impetu opus est. [Quinto Cúrcio,
Historiae 7.4] Agora precisamos agir com ponderação,
não por impulso. ● Consilio, non impetu. [Divisa] Com
a inteligência, não por impulso.
1173. Consilio utilius quam viribus arma geruntur.
[Medina 599] Os exércitos com mais proveito são
guiados pela sabedoria que pela força. ■ Mais vale
manha que força.
1174. Consilium a quocumque, senex etiam, accipe
prudens. [Pereira 94] ■ Ainda que sejas prudente e
velho, nunca desprezes o bom conselho. ● Consilium a
quocumque sene, etiam accipe prudens. [Medina 585]
Mesmo que sejas prudente, aceita conselho vindo de
qualquer velho.
1175. Consilium a sapiente quaerendum est. É com o
sensato que se deve buscar conselho. VIDE: ● Consilium
semper a sapiente perquire.
1176. Consilium abeundi. A decisão de partir.
1177. Consilium agitare. Meditar um projeto.
1178. Consilium amisisti? Perdeste o juízo?
1179. Consilium arcanum mulieri ne aperias.
[Schrevelius 1171] Não reveles à mulher teu
pensamento oculto.
1180. Consilium arcanum tacito committe sodali;
corporis auxilium medico committe fideli. [Atribuído
a Dionísio Catão / Albertano da Brescia, Ars Loquendi
et Tacendi 3] Confia teu pensamento oculto ao amigo
discreto; confia a assistência do teu corpo ao médico
fiel.
1181. Consilium bonis datur, correctio errantes
cöercet. Conselho se dá aos bons; aos que erram, a
advertência os reprime.
1182. Consilium capere. Tomar uma decisão.
1183. Consilium criminis. [Jur] O projeto criminoso.
1184. Consilium custodiet te. [Vulgata, Provérbios
2.11] A reflexão te guardará.
1185. Consilium, et linguam, et oculos, et aures, et cor
dedit illis excogitandi. [Vulgata, Eclesiástico 17.5]
Deu-lhes discernimento, língua, olhos, ouvidos e
espírito para pensar.
1186. Consilium faciendo, facto adhibeto medelam.
[Rezende 871] Para o que deve ser feito usa a reflexão;
para o que está feito, remédio. ■ Ao feito, remédio; ao
por fazer, conselho.
1187. Consilium feminile nimis carum aut nimis vile.
[Albertano da Brescia, Liber Consolationis 5] O
conselho da mulher ou é excessivamente caro ou
excessivamente barato.
1188. Consilium fidele deliberanti date. [Cícero, De
Officiis 1.16] Dai conselho leal a quem vos consulta.
1189. Consilium fraudis. [Jur] A intenção fraudulenta.
O conluio criminoso. VIDE: ● Consilium sceleris.
1190. Consilium habuisse non nocet, nisi et factum
secutum fuerit. [Jur] Não prejudica ter tido intenção, se
não se seguiu o fato.
1191. Consilium in dubiis prudentis remedium est.
[Publílio Siro] Nos momentos difíceis, a reflexão é o
remédio do homem prudente. ● Consilium in adversis
remedium prudentis est.
1192. Consilium in melius commutandum. [Erasmo,
Adagia 3.8.97] Uma decisão deve ser mudada para
melhor.
1193. Consilium in rebus arduis non debet esse
praeceps. Nos momentos difíceis, a decisão não deve
ser tomada por impulso.
1194. Consilium inveniunt multi, sed docti explicant.
[Publílio Siro] Muitos fazem planos, mas só os
experientes os realizam.
1195. Consilium malum consultori pessimum. Uma
decisão errada é péssima para quem a tomou. ■ Quem
mal lavra, pouco ceifa. VIDE: ● Malum consilium
consultori pessimum est. ● Pravum consilium danti
sunt maxima damna.
1196. Consilium ne adeas invocatus. [Branco 212] Não
vás a reunião sem serem chamado. ■ A boda e batizado
não vás, sem seres chamado. ■ Não te metas onde não és
chamado. ■ Apanha de cajado quem se mete onde não é
chamado. VIDE: ● Ad consilium ne accesseris,
antequam voceris. ● Alterius festum solum invitatus
adibis. ● Antequam voceris, ad consilium ne
accesseris. ● Haud advocatus ne ad consilium
accesseris.
1197. Consilium nobis resque locusque dabunt. [Ovídio,
Amores 1.4.54] A ocasião e o lugar nos darão conselho.
1198. Consilium post facta imber post tempora frugum.
[Binder, Thesaurus 559] Conselho depois dos
acontecimentos é como chuva depois da época da safra.
■ Conselho só serve cedo.
1199. Consilium praeceps praecipitare solet. [Binder,
Thesaurus 560] Decisão precipitada costuma derrubar.
■ Quem cedo se determina, cedo se arrepende.
● Consilium praeceps sequitur plerumque ruina.
[Bebel, Proverbia Germanica 242] A queda geralmente
acompanha a decisão precipitada.
1200. Consilium pro tempore et re cape. [Rezende
874] Toma decisão segundo o tempo e as
circunstâncias.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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C7: 1201-1400
1201. Consilium, res sacra. [Grynaeus 129] O conselho
é coisa sagrada. ■ Bom conselho não tem preço.
■ Conselho de amigo, aviso do céu. VIDE: ● Res sacra
consilium.
1202. Consilium sceleris. [Jur] O conluio do crime. VIDE:
● Consilium fraudis.
1203. Consilium semper a sapiente perquire. [Vulgata,
Tobias 4.19] Procura sempre aconselhar-te com pessoa
sensata. VIDE: ● Consilium a sapiente quaerendum est.
1204. Consilium senile optimum. A opinião dos velhos
é a melhor. ■ Se queres bom conselho, pede-o ao homem
velho.
1205. Consilium sequitur certa ruina malum.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 26.16] A
desgraça inevitável acompanha a decisão errada.
1206. Consilium solet esse senum, iuvenumque
voluptas. [Petrarca, Ecloga 8.9] A ponderação costuma
ser dos velhos, e dos jovens o prazer.
1207. Consilium stulti et pullum domitare recusa.
[Pereira 111] Recusa conselho de tolo e amansar potro.
■ Não amanses potro, nem tomes conselho de louco.
1208. Consilium vero dare audeamus libere. [Cícero,
De Amicitia 44] Ousemos dar conselho com toda a
franqueza. ● Consilium verum dare audeamus libere.
Ousemos dar conselho verdadeiro com toda a liberdade.
1209. Consolatio miserorum est habere socios.
[Grynaeus 116] O consolo dos infelizes é ter
companheiros. ■ Mal de muitos consolo é. VIDE:
● Calamitatum habere socios miseris est solacio.
● Commune naufragium, omnibus est consolatio.
● Commune naufragium, omnibus solacium.
● Commune naufragium omnibus solatio est.
● Gaudium est miseris socios habere poenarum.
● Magna consolatio est patientis, si secum habeat
condolentem. ● Solacium est miseris socium habere
malorum. ● Solamen miseris socios habuisse
malorum. ● Solamen miseris socios habuisse doloris.
1210. Consolatio sequi solet desolationem patienter
toleratam. O consolo costuma seguir o sofrimento
suportado com paciência.
1211. Consolatores onerosi omnes vos estis. [Vulgata,
Jó 16.2] Todos vós sois uns consoladores importunos.
1212. Consonat moribus oratio. O discurso concorda
com o caráter. ■ Cada um fala como quem é. ■ Tal sino,
tal badalada.
1213. Consonus esto lupis cum quibus esse cupis.
[DAPR 720] Adapta-te aos lobos com que desejas viver.
■ Quem com lobos quer andar, aprenda a uivar. ■ Por
onde vás, assim como vires, assim farás. ■ Aonde fores
ter, faze como vires fazer. ● Consonus esto lupis si
lupus esse cupis. [Binder, Thesaurus 562] Se desejas
ser lobo, sê igual aos lobos. VIDE: ● Ulula cum lupis,
cum quibus esse cupis. ● Semper eris similis cum
quibus esse cupis.
1214. Consortem non regna ferunt, sociumque
recusat verus amor. [Medina 591] Os governos não
admitem companheiro, e o verdadeiro amor recusa
parceiro. ■ Amor e senhoria não suportam companhia.
■ Mandar não quer par.
1215. Consortio malorum me quoque malum facit.
[Jur / Black 408] A companhia dos desonestos também
me faz desonesto.
1216. Constans et fidelis. [Divisa] Constante e fiel.
1217. Constantia comes victoriae. [Divisa] A
perseverança é companheira da vitória.
1218. Constantia et diligentia. [Divisa] Com
perseverança e diligência.
1219. Constantia et fortitudine. [Divisa do imperador
Carlos VI] Com perseverança e bravura.
1220. Constantia et veritas. [Cícero, De Officiis 1.23]
Perseverança e verdade.
1221. Constantia et virtute. [Divisa] Com constância e
valor.
1222. Constat ad salutem civium inventas esse leges.
[Cícero, De Legibus 2.11, adaptado] É evidente que as
leis foram criadas para a segurança dos cidadãos.
1223. Constitutio dotis. [Jur / Black 411] O
estabelecimento do dote.
1224. Constitutiones tempore posteriores potiores
prioribus. [Jur] Das leis, as posteriores no tempo
prevalecem sobre as mais antigas. ● Constitutiones
tempore posteriores potiores sunt his quae ipsas
praecesserant. [Broom 19] As leis posteriores no
tempo têm mais força do que as que as precederam.
1225. Constupratum iudicium. [Cícero Ad Atticum 1.68]
Um julgamento desonroso. (=Uma sentença obtida com
suborno).
1226. Consueta conversatio cum hominibus, et nimia
familiaritas, reverentiam minuit, et contemptum
parit. [S.Tomás de Aquino, Super Evangelius S.Ioannis
3.6] A conversa costumeira com as pessoas, e o excesso
de familiaridade, diminui o respeito e gera desprezo.
VIDE: ● Cotidiano convictu auctoritas minuitur.
● Cotidiano convictu auctoritas imminuitur.
● Familiaritas nimia contemptum parit. ● Nemini te
multum familiarem ostendas, quia nimia familiaritas
parit contemptum. ● Nimia familiaritas contemptum
parit. ● Nimia familiaritas parit contemptum. ● Parit
contemptum nimia familiaritas.
1227. Consueta vitia ferimus, nova reprehendimus.
[Publílio Siro] Vícios antigos, nós os suportamos; os
novos reprovamos. ● Consueta vitia ferimus, non
reprehendimus. Aceitamos, não reprovamos, os vícios
que se tornaram costumes.
1228. Consueto more. Como de costume. VIDE: ● Ut fieri
solet. ● Ut fit. ● Ut solet.
1229. Consuetudinaria res est innocentia: invita ab eo
recedit, cum quo diu fuit. [DM 122] A inocência é
uma questão de costume: só forçada é que ela se afasta
daquele com que esteve por muito tempo.
1230. Consuetudine animus rursus te huc inducet.
[Plauto, Mercator 1000] A tua mente, por força do
hábito, te trará aqui novamente.
1231. Consuetudine autem ius esse putatur id, quod
voluntate omnium sine lege vetustas comprobarit.
[Cícero, De Inventione 2.67] Considera-se direito
fundado nos costumes aquele que o tempo consagrou
pela aprovação de todos, sem a intervenção da lei. VIDE:
● Ius consuetudinis esse putatur id quod voluntate
omnium sine lege vetustas comprobavit.
1232. Consuetudine levior est labor. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 35.35] Com o costume o sofrimento fica
mais suave.
1233. Consuetudine quasi alteram naturam effici.
[Cícero, De Finibus 5.25.] Com o hábito como que se
forma uma segunda natureza.
1234. Consuetudinis magna vis est. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.17.40] É grande a força do
hábito. ■ O costume tem força de lei. VIDE:
● Gravissimum est imperium consuetudinis. ● Magna
est vis consuetudinis.
1235. Consuetudo, altera lex. [DAPR 401] O costume é
uma segunda lei. ■ O costume tem força de lei. VIDE:
● Consuetudo est altera lex.
1236. Consuetudo altera natura. [Grynaeus 389] ■ O
costume é uma segunda natureza. VIDE: ● Consuetudo
est altera natura. ● Consuetudo est secunda natura.
● Consuetudo quasi altera natura. ● Usus est altera
natura. ● Habitus est altera natura.
1237. Consuetudo concinnat amorem. [Lucrécio, De
Rerum Naturae 4.1286] O hábito cria o amor.
1238. Consuetudo consuetudine vincitur. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.21.9] Um costume é
vencido por outro.
1239. Consuetudo contra rationem introducta potius
usurpatio quam consuetudo appellari debet. [Jur /
Black 414] Um costume introduzido contra a razão deve
antes ser denominado abuso do que costume.
1240. Consuetudo enim laborum perpessionem
dolorum efficit faciliorem. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 2.36] O hábito dos trabalhos torna mais
fácil suportar as dores.
1241. Consuetudo est altera lex. [Jur / Coke / Black
414] O costume é uma segunda lei. ■ O costume é rei,
porque faz lei. VIDE: ● Consuetudo, altera lex.
1242. Consuetudo est altera natura. [Galeno, De
Tuenda Valetudine 1] ■ O costume é uma segunda
natureza. VIDE: ● Consuetudo, altera natura.
● Consuetudo est secunda natura. ● Consuetudo
quasi altera natura. ● Habitus est altera natura.
1243. Consuetudo est difficillimae probationis, quia
modo est alba modo est nigra. [Jur] O costume é de
prova dificílima, pois ora é branco, ora é negro.
1244. Consuetudo est ius quoddam moribus
institutum, quod pro lege suscipitur, cum deficit lex.
[Jur] O costume é uma espécie de direito instituído pelo
uso, que se toma por lei, quando a lei é deficiente.
1245. Consuetudo est optima legum interpres.
[Rezende 883] O costume é o melhor intérprete das leis.
● Consuetudo est optimus interpres legum. [Black
414] VIDE: ● Optima enim legum interpres est
consuetudo. ● Optimus legum interpres consuetudo.
1246. Consuetudo est secunda natura. [S.Agostinho,
Contra Iuliano 4.103] ■ O costume é uma segunda
natureza. VIDE: ● Consuetudo, altera natura.
● Consuetudo est altera natura. ● Consuetudo quasi
altera natura. ● Habitus est altera natura.
1247. Consuetudo et communis assuetudo vincit
legem non scriptam, si sit specialis; et interpretatur
legem scriptam, si lex sit generalis. [Jur / Black 414]
O costume e o uso comum vencem a lei não escrita, se é
especial; e interpretam a lei escrita, se esta é geral.
1248. Consuetudo et habet vim legis, et legem abolet,
et est legum interpretatrix. [S.Tomás de Aquino,
Summa Theologiae 2.1.97.3] O costume não só tem
força de lei, mas também abole a lei, e é intérprete das
leis.
1249. Consuetudo facit licitum quod alias est illicitum.
[Jur] O costume torna lícito o que de outro modo será
ilícito.
1250. Consuetudo in naturam vertitur. Costume
transforma-se em natureza.
1251. Consuetudo iugiter servata. Um costume
perpetuamente respeitado. VIDE: ● Consuetudo tenaciter
servata.
1252. Consuetudo ius est moribus constitutum.
[Digesta 1.3.32.1, adaptado] O uso é um direito fundado
nos costumes.
1253. Consuetudo, licet sit magnae auctoritatis,
nunquam tamen praeiudicat manifestae veritati. [Jur
/ Coke / Black 414] Um costume, mesmo que tenha
grande autoridade, não deve prejudicar a verdade
manifesta.
1254. Consuetudo loci est observanda. [Jur / Broom
715] O costume do lugar deve ser observado.
1255. Consuetudo natura potentior est. [Stevenson
476] O hábito é mais forte do que a natureza. VIDE:
● Ceteros consuetudo, natura potior, vicit.
1256. Consuetudo parem vim habet cum lege. [Jur] O
costume tem força igual à da lei. ■ O costume tem força
de lei. ● Consuetudo legis habet vigorem. O costume
tem força de lei.
1257. Consuetudo peccandi multitudinem facit
peccantium. [Publílio Siro] O hábito de pecar faz uma
multidão de pecadores.
1258. Consuetudo peccandi tollit sensum peccati. O
hábito de pecar tira a sensação do pecado.
1259. Consuetudo potest quidquid potest praescriptio.
[Jur] O costume pode tanto quanto a prescrição da lei.
1260. Consuetudo pro lege servatur. [Jur] O costume é
respeitado como lei.
1261. Consuetudo quasi altera natura. O costume é
como uma segunda natureza. ■ O costume é uma
segunda natureza. VIDE: ● Consuetudo, altera natura.
● Comsuetudo est altera natura. ● Consuetudo est
secunda natura. ● Habitus est altera natura.
1262. Consuetudo sine ratione, vetustas erroris est.
[S.Cripriano / Bernardes, Luz e Calor 1.220.55]
Costume sem razão é erro velho.
1263. Consuetudo species legis est. O costume é uma
espécie de lei.
1264. Consuetudo tenaciter servata. Um costume
perpetuamente respeitado. VIDE: ● Consuetudo iugiter
servata.
1265. Consuetudo volentes ducit, lex nolentes trahit.
[Jur / Black 414] O costume conduz os que querem; a
lei compele os que não querem. VIDE: ● Ius volentes
ducit, nolentes trahit.
1266. Consule Planco. [Horácio, Carmina 3.14.28]
Quando Planco era cônsul. ■ Nos velhos bons tempos.
1267. Consule, queis aetas longa magistra fuit.
Aconselha-te com os que tivera a vida longa por mestra.
■ Se queres bom conselho, pede-o ao homem velho.
1268. Consule vir, fac vota senex, juvenisque labora.
[Binder, Thesaurus 565] Quando adulto, toma tuas
decisões; quando velho, faz tuas orações; quando
jovem, trabalha.
1269. Consulens plus punitur quam faciens. [William of
Ockham, Dialogus 1.7.35] O mentor é punido com mais
severidade que o executor.
1270. Consultatio moram desiderat, et animi
tranquillitatem. [Grynaeus 235] Uma deliberação
exige tempo e tranqüilidade de espírito.
1271. Consultatio tum melior cum expleveris alvum.
[Plutarco / Grynaeus 235] A decisão será melhor
quando tiveres enchido a barriga. VIDE: ● Ventre pleno
melior consultatio.
1272. Consultatione re peracta nihil opus. É inútil um
conselho sobre ato realizado. ■ Conselho só serve cedo.
1273. Consultato diu, cunctis felicior ut sis. [Apostólio
6.101] Examina demoradamente, para que tenhas mais
sucesso em tudo. ■ Pensa devagar e obra depressa.
● Consultato diu, melius sic omnia cedunt. [Schottus,
Adagia 583] Examina demoradamente, assim tudo
caminhará melhor.
1274. Consultor homini tempus utilissimus.
[Menandro / Rezende 890] O tempo é o mais útil
conselheiro do homem. ■ Com o tempo, o conselho. ■ O
tempo é o senhor da razão.
1275. Consultus esto. [Dionísio Catão, Monosticha 43]
Sê versado em leis.
1276. Consumit lapidem longaevum tempus idemque.
[Apostólio 17.37] O longo tempo consome a pedra.
1277. Consummatum est. [Vulgata, João 19.30] Está
acabado. (=Últimas palavras de Cristo).
1278. Contemne divitias et eris locuples; contemne
gloriam, et eris gloriosus; contemne supplicia
inimicorum, et tunc eos superabis; contemne
remissionem, et quietem, et tunc eam recipies.
[S.João Crisóstomo, Epistula 1 ad Hebreos] Despreza as
riquezas e serás rico; despreza a glória, e serás glorioso;
despreza os sofrimentos que te causam os inimigos, e
então os vencerás; despreza o descanso, e então o
encontrarás.
1279. Contemne mortem, et omnia quae ad mortem
ducunt contempta sunt. [Sêneca, Naturales
Quaestiones 2.59.3] Despreza a morte, e tudo que leva a
ela será desprezado.
1280. Contemnendae res sunt humanae. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.23] Devem-se desprezar as
coisas humanas.
1281. Contemnere in vicem et contemni. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 4.46] Desprezar e, por sua vez, ser
também desprezado.
1282. Contemnere omnia quivis potest, omnia habere
nemo. Desprezar tudo, qualquer um pode, mas ninguém
pode ter tudo. ● Contemnere aliquis omnia potest,
omnia habere nemo potest. [Sêneca, Epistulae
Morales 67.3]
1283. Contemni sapienti gravius est, quam stulto
percuti. [Publílio Siro] Dói mais ao sábio ser
desprezado que ao tolo ser espancado. ● Contemni
gravius est sapienti quam percuti. Ao sábio dói mais
ser desprezado que espancado. ● Contemni est gravius
quam stultitiae percuti. Ao tolo dói mais ser
desprezado que espancado.
1284. Contemni turpe est, legem donare superbum.
[Petrônio, Satiricon 18.6] Ser desprezado é
desagradável; dar as ordens é soberbo.
1285. Contemnite, amantes, sic hodie veniet, si qua
negavit heri. [Propércio, Elegiae 2.14] Não vos
importeis, ó amantes, se ela recusou ontem, hoje virá.
1286. Contemnite paupertatem; nemo tam pauper
vivit quam natus est. [Sêneca, De Providentia 6] Não
vos preocupeis com a pobreza; ninguém vive tão pobre
como nasceu. VIDE: ● Nemo tam pauper potest esse
quam natus est.
1287. Contemnunt spinas, cum cecidere rosae.
[Ovídio, Fasti 3.354] Desprezam os espinhos, depois
que caíram as rosas. ■ Amigo de bom tempo muda-se
com o vento. ■ Morto o afilhado, acabou-se o
compadrado.
1288. Contemnuntur qui nec sibi nec alteri prosunt.
[Polydorus, Adagia] São desprezados os que não são
úteis nem a si mesmos, nem a outrem.
1289. Contemplari et contemplata aliis tradere.
[Divisa de S.Tomás de Aquino] Meditar e transmitir aos
outros o que foi meditado.
1290. Contempsit omnes ille qui mortem prius.
[Sêneca, Octavius 443] A todos desdenhou aquele que
antes desdenhou a morte.
1291. Contempta fama, contemnuntur virtutes.
[Tácito, Annales 4.38, adaptado] Desprezada a
reputação, desprezam-se as virtudes.
1292. Contempti rupisti frena pudoris. [Propércio,
Elegiae 3.19.3] Quebraste o freio do pudor desprezado.
1293. Contemptum periculorum assiduitas
periclitandi dabit. [Publílio Siro] A constante
exposição ao perigo criará o desprezo do risco.
1294. Contemptus amor vires habet. [Petrônio,
Satiricon 108] O amor desprezado tem força.
1295. Contendere durum est cum victore. [Horácio,
Sermones 1.9.42] É difícil opor-se a um vencedor.
1296. Contenti estote stipendiis vestris. [Vulgata,
Lucas 3.14] Dai-vos por contentes com o vosso soldo.
1297. Contentio inter partes. [Jur] A disputa entre as
partes.
1298. Contentionis pomum. [Manúcio, Adagia 1365] O
pomo da discórdia. VIDE: ● Discordiae pomum.
● Dissidii pomum.
1299. Contentum sequitur naturam continentis. [Jur]
O conteúdo segue a natureza do continente.
1300. Contentum suis rebus esse maximae sunt
certissimaeque divitiae. [Cícero, Paradoxa 6.3] O estar
satisfeito com os seus próprios bens constitui a maior e
mais certa riqueza. ■ Rico é quem se contenta com o que
tem.
1301. Contentus propriis sapiens vivit rebus, nec cupit
alterius. [Aviano] O homem sensato vive contente com
o que tem e não inveja os bens alheios.
1302. Contentus spero. [Divisa] Contente, tenho
esperança.
1303. Contentus vivere parvo. [Tibulo, Elegiae 1.1.25]
Satisfeito de viver com pouco. ● Contentus parvo.
[Horácio, Sermones 2.2.110]
1304. Conteritur ferrum, silices tenuantur ab usu.
[Ovídio, Ars Amatoria 3.91] Com o uso, o ferro se
gasta, as pedras se enfraquecem.
1305. Contestatio litis. [Jur] Contestação da lide.
1306. Conticuere omnes intentique ora tenebant.
[Virgílio, Eneida 2.1] Todos se calaram e mantiveram
os rostos atentos.
1307. Conticuisse nocet nunquam; nocet esse locutum.
Nunca faz mal ter calado, faz mal ter falado. ■ Língua
ajuizada é sempre moderada. VIDE: ● Haud ulli tacuisse
nocet, nocet esse locutum. ● Nulli tacuisse nocet,
nocet esse locutum.
1308. Contigimus portus, quo mihi cursus erat.
[Ovídio, Remedia Amoris 812] Atingi o porto a que me
dirigia.
1309. Continentiam iubes; da quod iubes et iube quod
vis. [S.Agostinho, Confessiones 10.29] Determinas
continência; dá-me o que determinas e determina o que
quiseres.
1310. Continentis habitator remum poscit. O habitante
da terra pede um remo. (=Diz-se de quem exige coisa de
que não pode servir-se). ■ Para quê cego quer espelho?
● Continentis habitator remum. [Schottus, Adagia
322]
1311. Continua messe senescit ager. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.82] O campo se esgota com o contínuo
cultivo.
1312. Contio ad clerum. Um discurso ao clero.
1313. Contio grata brevis; longum farcimen agresti.
[Binder, Thesaurus 539] Ao camponês agrada o
discurso breve e a salsicha longa.
1314. Contra agere non valentem praescriptio non
currit. [Jur] Não ocorre a prescrição contra quem não
pode agir.
1315. Contra aquam remigare. [Sêneca, Epistulae
Morales 122.19] ■ Remar contra a água. ■ Remar contra
a maré. VIDE: ● Adverso flumine. ● Adverso flumine
remigare. ● Adverso flumine niti. ● Contra impetum
fluminis tendis. ● Contra ictum fluvii natare.
● Contra torrentem niti. ● Contra torrentem bracchia
dirigere.
1316. Contra arma verbis. [Cícero, Ad Familiares
12.22.1] Contra as armas (nós nos servimos de)
palavras.
1317. Contra audaces non est audacia tuta. [Binder,
Thesaurus 573] Contra ousados, a ousadia não é segura.
1318. Contra bonos mores. [Codex Iustiniani 2.3.6]
Contra os bons costumes. Contrário aos bons costumes.
Imoral.
1319. Contra Dominum pugnare non est facile.
[Vulgata, Eclesiástico 46.8] Não é fácil pelejar contra o
Senhor.
1320. Contra duos ne Hercules quidem. ■ Contra dois,
nem Hércules. VIDE: ● Cave multos, si singulos non
times. ● Difficile ac durum est, unum compescere
multos. ● Ne Hercules contra duos. ● Ne Hercules
quidem contra duos. ● Ne Hercules quidem adversus
duos. ● Ne quidem Hercules adversus duos. ● Nec
Hercules contra plures. ● Uni cum duobus non est
pugnandum.
1321. Contra factum non datur argumentum. [Jur]
■ Contra fato não há argumentos. ● Contra factum non
valet argumentum. Contra fato, argumento não tem
força.
1322. Contra factum proprium nemo potest agere.
[Jur] Ninguém pode agir contra fato próprio. VIDE:
● Factum proprium nemo impugnare potest.
1323. Contra fas et ius. Contrariando as leis divinas e
humanas. VIDE: ● Contra ius fasque.
1324. Contra felicem vix deus vires habet. [Publílio
Siro] Contra um homem de sorte nem um deus tem
força.
1325. Contra fluminis tractum niti, difficile. [DAPR
194] Avançar contra a corrente do rio é difícil. ■ Não se
deve ir contra a corrente.
1326. Contra formam statuti. [Jur / Black 420] Contra
a forma da lei.
1327. Contra hominem astutum noli versutus haberi.
[Dionísio Catão, Disticha, Appendix 6] Não te metas a
sabido contra o homem astuto.
1328. Contra hostem, aut fortem oportet esse, aut
supplicem. [Publílio Siro] Contra o inimigo é preciso
ou ser valente ou humilde.
1329. Contra impetum fluminis tendis. `[Pereira 111]
Nadas contra a corrente do rio. ■ Nadas contra a maré.
● Contra ictum fluvii natare. Nadar contra o impulso
do rio. VIDE: ● Adverso flumine. ● Adverso flumine
remigare. ● Adverso flumine niti. ● Contra aquam
remigare. ● Contra torrentem niti. ● Contra
torrentem bracchia dirigere.
1330. Contra imprudentem stulta est nimia
ingenuitas. [Publílio Siro] Com o imprudente é tolice
usar de grande sinceridade. ● Contra impudentem,
stulta est nimia ingenuitas. Com o desavergonhado é
tolice usar de grande sinceridade.
1331. Contra iniuriam divitis non est remedium. [VES
99] Contra a injustiça do rico não há remédio. ■ Ladrão
endinheirado nunca morre enforcado. ■ O dinheiro
governa o mundo. ■ Dinheiro é a chave que destranca
qualquer porta. VIDE: ● De paupere frequenter fit
iudicium, sed contra iniuriam divitis non est
remedium.
1332. Contra iuris civilis regulas pacta conventa rata
non habentur. [Gaio, Digesta 2.14.28] Não se
consideram válidos os contratos convencionados contra
as regras do direito civil.
1333. Contra ius. Contra o direito.
1334. Contra ius commune. [Jur / Black 420] Contra o
direito comum. Contrário ao direito comum.
1335. Contra ius fasque. [Quinto Cúrcio, Historiae 6.4]
Contrariando as leis humanas e divinas. VIDE: ● Contra
fas et ius.
1336. Contra ius gentium. [Digesta 50.7.18] Contra o
direito das nações.
1337. Contra legem. Contra a lei. VIDE: ● Ultra legem.
1338. Contra legem divinam. Contra a lei divina.
1339. Contra legem et rationem actum. Um ato
praticado contra a lei e a razão.
1340. Contra legem facit qui id facit quod lex
prohibet; in fraudem vero qui, salvis verbis legis,
sententiam eius circumvenit. [Digesta 1.3.29] Procede
contra a lei quem faz aquilo que a lei proíbe; procede
em fraude da lei quem, respeitadas as palavras da lei,
viola a sua intenção.
1341. Contra legem proque lege. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 34.8] Contra a lei e a favor da lei.
1342. Contra legem scriptam. Contra a lei escrita.
1343. Contra maiorem nemo praesumit honorem.
Ninguém usurpa a glória do mais poderoso. ■ Ao homem
maior, dá-lhe a honra.
1344. Contra malum mortis non est medicamen in
hortis. [Stevenson 1951] Contra o mal da morte não
existe remédio no jardim. ■ Contra a morte não há coisa
forte. ■ Tudo tem remédio, menos a morte. ● Contra
malum mortis non est medicamentum in hortis. VIDE:
● Contra vim mortis non est medicamen in hortis.
● Contra vim mortis non herbula crescit in hortis.
● Contra vim mortis non nascitur herba in hortis.
● Contra vim mortis nulla herba in hortis. ● Herba
nec antidotum poterit depellere letum; quod te
liberet a fato non nascitur in horto.
1345. Contra mores. Contra os costumes.
1346. Contra mundum. Contra o mundo.
1347. Contra naturam. Contra a natureza.
1348. Contra negantem principia non est
disputandum. [Edward Coke / Black 420] Com quem
nega os princípios não se deve discutir. ● Contra
negantem principia alicuius scientiae non sit
disputandum in illa scientia. [Dante, Quaestio de
Aqua et Terra 11] Com quem nega os princípios de
determinada ciência não se deve discutir sobre essa
ciência.
1349. Contra non valentem agere non currit
praescriptio. [Jur] Não corre a prescrição contra quem
não pode agir.
1350. Contra pacem. [Jur] Contra a paz.
1351. Contra patriam arma pro amico sumenda non
sunt. [Cícero / Aulo Gélio, Noctes Atticae 1.3.11] Não
se podem tomar armas contra a pátria a favor de um
amigo.
1352. Contra potentes nemo est munitus satis. [Fedro,
Fabulae 2.6.1] Contra os poderosos ninguém está
bastante protegido. ■ Contra a força a razão não vale.
1353. Contra scriptum testimonium non scriptum
testimonium non fertur. [Jur] Contra um testemunho
escrito não se opõe um testemunho não escrito.
1354. Contra spem in spem credidit. [Vulgata,
Romanos 4.18] Acreditou na esperança, contra a
esperança.
1355. Contra stimulos calces iacere. [Schottus, Adagia
141] Dar chutes no aguilhão. ■ Dar murro em ponta de
faca. ● Contra stimulum calcitrare. [Píndaro /
Apostólio 16.86] VIDE: ● Adversus clavos calcitrare.
● Adversus stimulos calces iaces. ● Calcitrare contra
acumina. ● Durum est tibi contra stimulum
calcitrare. ● Inscitia est adversum stimulum calces.
● Ne contra stimulum calcitres.
1356. Contra torrentem niti. [Erasmo, Adagia 3.2.9]
Lutar contra a corrente. ■ Nadar contra a maré. ■ Dar
murro em ponta de faca. ● Contra torrentem bracchia
dirigere. Dar braçadas contra a corrente. VIDE:
● Adverso flumine. ● Adverso flumine remigare.
● Adverso flumine niti. ● Contra aquam remigare.
● Contra impetum fluminis tendis. ● Contra ictum
fluvii natare. ● Non esse cogendum fluminis
impetum.
1357. Contra tristitiam optime convenit deambulatio
in aëre libero, vinum, consortium hominum etc.
[Nenter 97] Contra a tristeza é conveniente o andar ao
ar livre, o vinho, o contato com pessoas, etc.
1358. Contra verbosos noli contendere verbis; sermo
datur cunctis, animi sapientia paucis. [Dionísio
Catão, Disticha 1.10] Contra os prolixos não lutes com
palavras: a palavra é dada a todos; a sabedoria, a
poucos.
1359. Contra veritatem lex nunquam aliquid
permittit. [Jur / Black 421] A lei nunca permite nada
contrário à verdade.
1360. Contra vim mortis non nascitur herba in hortis.
[Grynaeus 539] Contra a força da morte não nasce erva
nos jardins. ■ Contra a morte não há coisa forte.
■ Contra a morte não há remédio. ■ Para tudo há
remédio, menos para a morte. ● Contra vim mortis
non herbula crescit in hortis. [Trench, Proverbs 150]
Contra a força da morte não cresce nenhuma ervinha
nos jardins. ● Contra vim mortis nulla herba in hortis.
● Contra vim mortis non est medicamen in hortis.
[Flos Medicinae Scholae Salerni 3443] Contra a força
da morte, não há remédio no jardim. ● Contra vim
mortis nullos viret herba per hortos. Contra o poder
da morte não há erva em nenhum jardim. ● Contra vim
mortis nullum est medicamen in hortis. [Gaal 1529]
Contra a força da morte, não há nenhum remédio nos
jardins. VIDE: ● Contra malum mortis non est
medicamen in hortis. ● Contra malum mortis non est
medicamentum in hortis. ● Tristia iura necis nulla
medela fugat.
1361. Contra vim non valet ius. O direito não tem
poder contra a força. ■ Contra a força não há direito.
1362. Contra vim Veneris herbam non inveneris. Não
encontrarás nenhuma erva contra a força de Vênus.
1363. Contra vulpem vulpinandum. [Binder,
Thesaurus 576] Contra raposa, agir como raposa. VIDE:
● Ars deluditur arte. ● Cum vulpe vulpinandum, cum
Cretense, cretizandum.
1364. Contractus, aut totus accipiendus est, aut totus
repudiandus. [Jur] O contrato ou deve ser
integralmente aceito ou integralmente rejeitado.
1365. Contractus enim legem ex conventione
accipiunt. [Digesta 16.3.1.6] Os contratos recebem
sanção legal pelo acordo das partes. VIDE: ● Contractus
ex conventione partium legem accipiunt.
1366. Contractus est duorum vel plurium in idem
placitum consensus, animo contrahendae
obligationis. [Jur] O contrato é o acordo de duas ou
mais pessoas com intenção de contrair uma obrigação.
1367. Contractus est ultro citroque obligatio. [Digesta
50.16.19, adaptado] O contrato é uma obrigação
recíproca.
1368. Contractus ex conventione partium legem
accipiunt. [Jur] Os contratos se tornam lei pela
convenção das partes. VIDE: ● Contractus enim legem
ex conventione accipiunt.
1369. Contractus ex turpi causa, vel contra bonos
mores, nullus est. [Jur] Contrato originário de causa
desonrosa, ou contra os bons costumes, é nulo. VIDE:
● Pacta quae turpem clausulam continent non sunt
observanda.
1370. Contractus inter partes parem vim habet cum
lege. [Jur] O contrato tem força igual à de uma lei entre
as partes. ● Contractus inter partes legem facit. O
contrato constitui lei entre as partes.
1371. Contractus non debet operari ultra intentionem
agentium. [Jur] O contrato não deve ter efeitos além da
intenção das partes.
1372. Contractus qui habent tractum successivum et
dependentiam de futuro rebus sic stantibus
intelleguntur. [Citado por Fran Martins, Contratos e
Obrigações Comerciais 120] Contratos que têm duração
contínua e dependência do que há de ocorrer entendem-
se como sendo mantidas as mesmas condições. VIDE:
● Conventio omnis intellegitur rebus sic stantibus.
● Res sic stantibus.
1373. Contrahe: de multis, grandis acervus erit.
[Ovídio, Remedia Amoris 424] Reúne: de muitos se
formará um grande monte. ■ Muitos poucos fazem um
muito.
1374. Contrahe tu teipsum, difficultatique oblucteris.
[Grynaeus 122] Domina a ti mesmo e resistirás à
dificuldade. ■ Vence quem se vence.
1375. Contrahe vela. Recolhe as velas. (=Controla-te.
Age com moderação).
1376. Contrahentium voluntas fit lex. [Jur] A vontade
dos contratantes se torna lei.
1377. Contraria contrariis curantur. [Rabelais,
Pantagrueline Prognostication 8] Tratam-se os
contrários com os contrários. ● Contraria contrariis
curentur. Tratem-se os contrários com os contrários.
1378. Contraria contrariis opposita magis elucescunt.
Os contrários, opostos uns aos outros, brilham mais.
1379. Contraria contrariis pelluntur. [Grynaeus 94] As
coisas contrárias são expulsas pelos seus contrários.
■ Um prego empurra outro. VIDE: ● Contrariis nam
pellitur contrarium.
1380. Contraria contrariis remedio. [Hipócrates /
Grynaeus 94] Os contrários servem de remédio para
seus contrários. ● Contraria contrariorum
medicamenta.
1381. Contraria nunquam uniuntur. Os opostos nunca
se unem.
1382. Contraria simul esse non possunt. [Jur] As
coisas contrárias não podem coexistir.
1383. Contrariis nam pellitur contrarium. [Gregório
Teólogo / Grynaeus 94] O contrário é expulso pelos
contrários. ■ Um prego empurra outro. VIDE:
● Contraria contrariis pelluntur.
1384. Contrario sensu. Em sentido contrário. Em
direção contrária. Pelo contrário. VIDE: ● A contrario
sensu.
1385. Contrarium contrario amicissimum. [Grynaeus
651] Os contrários são muito amigos. ■ Os extremos se
tocam. ■ A bela e a fera.
1386. Contraxi vela. [Cícero, Ad Atticum 1.16.2]
Recolhi as velas. (=Desisti da luta). VIDE: ● Vela
contrahere.
1387. Contritionem praecedit superbia. [Vulgata,
Provérbios 16.18] A soberba precede o arrependimento.
■ O orgulho nos eleva, para nos precipitar de mais alto.
VIDE: ● Ante ruinam exaltatur spiritus. ● Ante ruinam
exaltabitur cor.
1388. Controversia mota est. Levantou-se uma
controvérsia.
1389. Contubernia sunt lacrimarum ubi misericors
miserum aspicit. [Publílio Siro] Quando o piedoso vê o
infeliz, as lágrimas se juntam. ● Contubernia illic sunt
lacrimarum, quando misericors conspicit miserum.
1390. Contumaces non videntur nisi qui, cum
oboedire deberent, non obsequuntur. [Digesta
42.1.53.3] Só se consideram contumazes aqueles que,
quando deveriam obedecer, não se submetem.
1391. Contumacia est actus spernendi leges. [Jur] A
contumácia é o ato de desprezar as leis.
1392. Contumelia quaevis aculeum habet. [Gaal 1471]
Toda ofensa tem espinho.
1393. Contumeliam nec fortis pote, nec ingenuus pati.
[Publílio Siro] Nem o bravo nem o honesto podem
suportar a afronta. ● Contumeliam nec fortis fert,
neque ingenuus facit. Nem o bravo suporta a afronta,
nem o honesto a faz.
1394. Contumeliam si dices, audies. [Plauto, Pseudolus
1166] Se disseres uma injúria, ouvirás outra. ■ Boca
fala, boca paga. ■ Quem diz o que quer ouve o que não
quer.
1395. Conubia sunt fatalia. [Binder, Medulla 213]
Casamentos são coisas do destino. ■ Casamento e
mortalha no céu se talha. ● Coniugia sunt fatalia. VIDE:
● Uxor magistratusque dantur a caelitibus.
1396. Conubium est uxoris iure ducendae facultas.
[Jur] Conúbio é a possibilidade de casar-se legalmente.
1397. Conturbat domum suam qui sectatur avaritiam.
[Vulgata, Provérbios 15.27] Aquele que vai atrás da
avareza perturba a sua casa.
1398. Conturbat te formido subita. [Vulgata, Jó 22.10]
Um repentino temor te perturba.
1399. Conubium sine prole est quasi dies sine sole. O
casamento sem prole é como o dia sem sol. VIDE:
● Coniugium sine prole est quasi dies sine sole.
1400. Conveniens vitae mors fuit ista tuae! [Ovídio,
Amores 1.10.38] Esta morte combina com tua vida.
■ Tal vida, tal morte. ■ Como se vive, assim se morre.
VIDE: ● Qualis vita, finis ita.

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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


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C8: 1401-1600
1401. Conveniet nulli qui secum dissidet ipse.
[Dionísio Catão, Disticha 1.4] Quem discorda de si
mesmo não entrará em acordo com ninguém.
1402. Convenire cum dolore difficile est sapientiae.
[Publílio Siro] É difícil para a sabedoria concordar com
a dor. VIDE: ● Difficile est dolori convenire cum
patientia.
1403. Convenit dimicare pro legibus, pro libertate,
pro patria. [Cícero, Tusculanae Disputationes 4.43] É
justo lutar pelas leis, pela liberdade, pela pátria.
1404. Convenit eiusdem patris liberis intra fores
convitiari. [Apostólio, Paroemiai 16.69] Convém que
os filhos do mesmo pai sejam censurados entre quatro
paredes. ■ Roupa suja se lava em casa. VIDE: ● Liberi
intra fores increpandi sunt.
1405. Convenit igitur in vultu pudorem et
acrimoniam esse. [RH 3.19] É conveniente que no
rosto haja pudor e austeridade.
1406. Conveniunt rebus nomina saepe suis. [Ricardo
de Verona, De Paulino et Polla 412 / Rezende 914]
Muitas vezes os nomes são adequados às coisas. VIDE:
● Nomina sunt consequentia rerum.
1407. Conventio dat legem contractui. [Jur] O ajuste dá
fundamento legal ao contrato.
1408. Conventio est lex. [Jur] Ajuste é lei.
1409. Conventio omnis intellegitur rebus sic stantibus.
Todo tratado compreende-se enquanto perdurar nas
mesmas condições (da ocasião de sua assinatura). VIDE:
● Contractus qui habent tractum successivum et
dependentiam de futuro rebus sic stantibus
intelleguntur. ● Rebus sic stantibus. ● Sic stantibus
rebus.
1410. Conventio privatorum non potest publico iuri
derogare. [Jur / Black 429] O entendimento de
particulares não pode revogar o direito público.
1411. Conventio vincit legem. [Jur / Black 429] A
convenção entre as partes prevalece sobre a lei.
1412. Convertimini ad munitionem, victi spei.
[Vulgata, Zacarias 9.12] Voltai à fortaleza, ó presos da
esperança.
1413. Conventus magnatum vel procerum. [Black
430] A assembléia dos chefes. (=Era um dos nomes
dados ao parlamento inglês).
1414. Convicia, si irascare, agnita videntur; spreta
exolescunt. [Tácito, Annales 4.34] Os insultos, se tu te
ofenderes com eles, parecerão reconhecidos como
verdadeiros; desprezados, perdem a força. ● Convicia si
irascaris tua divulgas; spreta exolescunt. [Black 432]
Se te zangares com as ofensas, tu as tornarás
conhecidas; desprezadas, elas se apagam.
1415. Conviciis non respondentum. Não se deve
responder a insultos. ■ Silêncio também é resposta.
1416. Convivae non vocati ad amicos eunt. [Apostólio
2.20] Os comensais vão à casa dos amigos sem serem
chamados. ● Conviva amico amicus ultro etiam venit.
[Schottus, Adagia 182] O comensal amigo vem à casa
do amigo até sem ser chamado. VIDE: ● Boni ad
bonorum convivia invocati accedunt. ● Bonorum
ultro ad convivia accedunt boni. ● Invocati
comessatum ad amicos veniunt amici. ● Mos miseri
ultro convivia adire bonorum. ● Non vocati amici
amicorum mensam accedunt. ● Sponte boni ad
parium laeti convivia tendunt. ● Sponte bonis mos est
convivia adire bonorum. ● Ultro adeunt hominis
timidi convivia fortes.
1417. Convivare raro. [Dionísio Catão, Monosticha 26]
Raramente irás a banquetes.
1418. Convivatoris, ut ducis, ingenium res adversae
nudare solent. [Horácio, Sermones 2.8.73] Ao
anfitrião, como ao general, as contrariedades costumam
desnudar o caráter.
1419. Convoco, Signo, Noto, Compello, Concino,
Ploro, Arma, Dies, Horas, Fulgura, Festa, Rogos.
[Inscrição em sino na cidade de Bérgamo, Itália]
Convoco, assinalo, registro, acuso, celebro, choro,
exércitos, dias, horas, raios, festas, funerais.
1420. Copia ciborum subtilitas animi impeditur.
[Sêneca, Epistulae Morales 15.3] A abundância de
alimentos entorpece a inteligência.
1421. Copia fandi. A abundância no falar.
1422. Copia ignaviam affert. A abundância traz
preguiça.
1423. Copia nummorum trahit ad se corda virorum.
[Binder, Thesaurus 581] Abundância de dinheiro atrai
os corações dos homens.
1424. Copia parit fastidium. [DAPR 21] ■ A abastança
faz fastio. ■ A abundância traz a saciedade. ■ Da
abundância vem o tédio. ● Copia nauseam parit.
[DAPR 21] VIDE: ● Cibi copia fastidium parit. ● Fit
fastidium copia.
1425. Copia sermonis non est consors rationis. [Pereira
111] A abundância verbal não combina com a razão.
■ Muito falar, muito errar. ■ Quem mais grita não é
quem tem mais razão. VIDE: ● Diversa sunt, multa
eloqui, opportunius. ● Multa dicere et opportune non
eiusdem est. ● Raro est eiusdem hominis multa et
opportune dicere.
1426. Copia verborum. A abundância verbal. ● Copia
sermonis.
1427. Copiae cornu. [Plínio Antigo, Naturalis Historia,
Praefatio 24] O chifre da abundância. A cornucópia.
VIDE: ● Cornu copiae.
1428. Copiae non plus credendum quam originali.
[Jur] A cópia não merece mais confiança que o original.
1429. Coquus domini debet habere gulam. [Marcial,
Epigrammata 14.220.2] O cozinheiro deve ter o paladar
do patrão.
1430. Cor ad cor loquitur. [Cardeal John Henry
Newman] O coração fala ao coração. VIDE: ● Quantum
ore dixerimus, sane cor cordi loquitur, lingua non
nisi aures pulsat.
1431. Cor calidum in re frigida. [Erasmo, Adagia 5.2.3]
Coração quente em questão fria.
1432. Cor canum in iuvenili corpore. Coração velho
em corpo jovem.
1433. Cor contritum et humiliatum, Deus, non
despicies. [Vulgata, Salmos 50.19] Ao coração contrito
e humilhado, não o desprezarás, ó Deus. (=A frase Cor
contritum et humiliatum Deus non despiciat é
traduzida jocosamente por Couro curtido e molhado
nem Deus espicha).
1434. Cor cordium. [Inscrição no túmulo do poeta
Shelley] O coração dos corações.
1435. Cor delinquentium semper est pavidum et ideo
minus valens ad negotium. [VES 125] O coração dos
criminosos está sempre cheio de medo e, por isso, é
menos efetivo para a ação.
1436. Cor dolet, atque ira mixtus abundat amor.
[Ovídio, Heroides 6.78] O coração se aflige, e
transborda o amor misturado com a ira.
1437. Cor durum habebit male in novissimo. [Vulgata,
Eclesiástico 3.27] Um coração duro acabará mal.
1438. Cor gaudens exhilarat faciem. [Vulgata,
Provérbios 15.13] O coração feliz alegra o rosto.
■ Coração contente tem o riso na boca.
1439. Cor hominis disponit viam suam, sed Domini
est dirigere gressus eius. [Vulgata, Provérbios 16.9] O
coração do homem decide o seu caminho, mas o Senhor
lhe dirige os passos. ■ O homem propõe e Deus dispõe.
■ Os homens fazem o almanaque, e Deus manda o
tempo. VIDE: ● Homo proponit, sed Deus disponit.
● Omnia homo statuit, Deus optimus omnia condet.
● Vanus homo statuit, Deus optimus omnia condit.
1440. Cor hominis immutat faciem eius. O coração do
homem modifica a face dele. ■ Na face e nos olhos se lê
a letra do coração. ● Cor hominis immutat faciem
illius, sive in bona sive in mala. [Vulgata, Eclesiástico
13.31] O coração do homem muda-lhe o rosto, quer
para bem, quer para mal.
1441. Cor hominum indomitum. O coração dos homens
é indomável. VIDE: ● Durum et indomitum cor.
1442. Cor in ore, os in corde. [Walther 3427 / Tosi 55]
(Um tem) o coração na boca, (o outro,) a boca no
coração. VIDE: ● In ore fatuorum cor illorum, et in
corde sapientium os illorum. ● Os habet in corde
sapiens, cor stultus in ore.
1443. Cor ingrediens duas vias non habebit successus.
[Vulgata, Eclesiástico 3.28] O coração que segue dois
caminhos não terá sucesso. ■ Quem corre a duas lebres,
não apanha nenhuma.
1444. Cor laesum immedicabile. Coração ferido não
tem cura.
1445. Cor lapideum portat qui nulla movetur
compassione circa proximum. [S.Antônio de Pádua]
Traz coração de pedra quem não tem nenhuma pena de
seu próximo.
1446. Cor meum et caro mea. [Vulgata, Salmos 83.3]
Meu coração e minha carne.
1447. Cor meum quasi immolatum tibi offero,
Domine. [Inscrição no emblema de João Calvino]
Ofereço meu coração a Ti, ó Senhor, como um
sacrifício.
1448. Cor mundum crea in me, Deus. [Vulgata, Salmos
50.12] Cria em mim, ó Deus, um coração puro.
1449. Cor, nisi cura, nihil; caro nil, nisi triste cadaver:
nasci aegrotare est, vivere saepe mori. [John Owen,
Epigrammata 3.109] O coração, só cuidados; a carne, só
um triste cadáver: nascer é adoecer, viver é morrer
muitas vezes.
1450. Cor non mentitur. [DAPR 190] O coração não
engana. ■ A língua não mente o que o coração sente.
1451. Cor regis bene regentis dicitur esse in manu
Dei. [Henry de Bracton, De Legibus Angliae] Diz-se
que está na mão de Deus o coração do rei que reina
bem.
1452. Cor regum inscrutabile. [Vulgata, Provérbios
25.3] O coração dos reis é inescrutável.
1453. Cor salit. [Plauto, Cistellaria 550] Meu coração
está aos saltos.
1454. Cor sapientis quaerit doctrinam. [Vulgata,
Provérbios 15.14] O coração do sábio busca o
conhecimento.
1455. Cor sapit, pulmo loquitur, fel commovet iram,
splen ridere facit, cogit amare iecor. [Flos Medicinae
Scholae Salerni 486 / Rezende 942] O coração guarda a
sabedoria, o pulmão é o órgão da palavra, a bílis
provoca a ira, o baço faz rir, o figado obriga a amar.
1456. Cor unum et anima una. [Vulgata, Atos 4.32]
Um só coração e uma só alma. VIDE: ● Anima una et cor
unum. ● Unum cor et anima una.
1457. Cor unum, via una. [Owen, Epigrammata 4.188 /
Divisa do Marquês do Paraná] Um só coração, um só
caminho. VIDE: ● Dabo eis cor unum et viam unam.
1458. Cor, vox, dens, frons, ren, splen, pes, lux sunt
tibi; deest mens. [Rezende 949] Tens coração, voz,
dentes, cara, rins, baço, pés e olhos; só te falta juízo.
1459. Coram cano capite consurge, et honora
personam senis. [Vulgata, Levítico 19.32] Levanta-te
diante dos que têm a cabeça cheia de cãs, e honra a
pessoa do velho. ■ Respeita os cabelos brancos. VIDE:
● Maioribus natu assurge.
1460. Coram Deo et hominibus. [Vulgata, Provérbios
3.4] Diante de Deus e dos homens.
1461. Coram iudice. [Jur / Broom 35] Perante o juiz.
1462. Coram lege. Perante a lei.
1463. Coram nobis. Em nossa presença.
1464. Coram non iudice. [Jur / Broom 75] Diante de um
não juiz. (=Perante um tribunal impróprio). VIDE:
● Factum a iudice quod ad officium eius non pertinet
ratum non est. ● Iudicium a non suo iudice datum
nullius est momenti.
1465. Coram paribus. Perante seus pares. ● Coram
paribus suis.
1466. Coram populo. Diante do povo. Em público. VIDE:
● Apud populum.
1467. Corcillum est quod homines facit, cetera
quisquilia omnia. [Petrônio, Satiricon 75.8] É o
coraçãozinho que faz os homens; tudo o mais são nugas.
1468. Corda fratres. Corações irmãos.
1469. Corde expelle desidiam tuo. [Plauto, Trinummus
649] Expulsa a preguiça do teu coração.
1470. Corde magno et animo volenti. [Vulgata,
2Macabeus 1.3] Com um grande coração e com o
espírito favorável.
1471. Cordibus imis laetantes. [Ênio] Alegres do fundo
dos corações.
1472. Corinthus et collibus surgit, et vallibus
deprimitur. [Erasmo, Adagia 2.4.42] Corinto se eleva
nas colinas e afunda nos vales. ■ Salamanca, a uns sara,
a outros manca. VIDE: ● Alibi tumet Corinthus, aliubi
cava est.
1473. Cornibus tauri, apri dentibus, morsu leones se
tutantur. [Cícero, De Natura Deorum 2.50] Os touros
se defendem com os chifres, os javalis com os dentes,
os leões com mordidas.
1474. Cornibus uti videmus boves, nepas aculeis.
[Cícero, De Finibus 5.42] Vemos que os bois se valem
dos chifres, os escorpiões, dos ferrões.
1475. Cornicum oculos configere. [Cícero, Pro Murena
11.25] Furar os olhos às gralhas. (=Querer enganar o
mais experto). VIDE: ● Oculos cornicum configere.
1476. Cornix aquilam provocat. [Pereira 113] A gralha
provoca a águia. ■ Não tem pé, e quer dar coice. ■ As
folosas querem dar nos grous. ■ Fraco abusado.
● Corniculae aquilam provocant magnam leves.
[Schottus, Adagia 611] As insignificantes gralhinhas
provocam a grande águia. VIDE: ● Aquilam cornix
lacessit. ● Aquilam cornix provocat.
1477. Cornix cornici nunquam oculos effodit.
[Macróbio, Saturnalia 7.5.2, adaptado] Gralha nunca
vaza olhos de gralha. ■ Corvos a corvos não se
arrancam os olhos. ■ Lobo não come lobo. ■ Ladrão não
furta a ladrão. ● Cornix cornici non effodit oculos.
● Cornix cornici nunquam effodit ocellos. ● Cornix
cornici nunquam confodit ocellum. [Binder,
Thesaurus 586] VIDE: ● Corvus oculum corvi non eruet.
1478. Cornu bos capitur, voce ligatur homo. [Pereira
114] O boi é apanhado pelo chifre; o homem é
aprisionado pela palavra. ■ O boi pela ponta, o homem
pela palavra. ■ Pega-se o boi pelos cornos e o homem
pela palavra. ● Cornu bos capitur, verbo ligatur
homo. VIDE: ● Ut fune boves, sic sermone homines
vinciuntur. ● Verba ligant homines, ut taurorum
cornua funes.
1479. Cornu copiae. [Plauto, Pseudolus 671] O chifre da
abundância. A cornucópia. VIDE: ● Copiae cornu.
1480. Cornu ferit ille, caveto! [Pereira 100] Toma
cuidado, ele dá chifradas! (=Cuidado, esse homem é
perigoso). VIDE: ● Faenum habet in cornu.
1481. Cornu taurus petit. [Horácio, Sermones 2.1.52] O
touro ataca com o chifre.
1482. Cornutam bestiam petis. [Erasmo, Adagia 1.1.82]
Buscas um animal chifrudo. ■ A ruim mato ides fazer
lenha. ■ Procuras sarna para te coçar.
1483. Corona dignitatis senectus, quae in viis iustitiae
reperietur. [Vulgata, Provérbios 16.31] A velhice é
uma coroa de dignidade que se encontra no caminho da
justiça.
1484. Corona sapientiae timor Domini. [Vulgata,
Eclesiástico 1.22] O temor do Senhor é a coroa da
sabedoria. VIDE: ● Ecce timor Domini, ipsa est
sapientia. ● Initium sapientiae, timor Domini.
● Principium sapientiae timor Domini. ● Timor
Domini principium sapientiae. ● Timor Domini
principium scientiae.
1485. Corona senum filii filiorum, et gloria filiorum
patres eorum. [Vulgata, Provérbios 17.6] Os filhos dos
filhos são a coroa dos velhos, e a glória dos filhos são os
pais deles.
1486. Corona senum multa peritia. [Vulgata, Eclesiástico
25.6] A coroa dos anciãos é uma grande experiência.
1487. Coronat virtus cultores suos. [Stevenson 2432] A
virtude coroa os seus cultores. ■ O prêmio da virtude é
ela mesma.
1488. Coronemus nos rosis, antequam marcescant.
[Vulgata, Sabedoria 2.8] Coroemo-nos de rosas, antes
que murchem.
1489. Coronemus nos rosis, cras enim moriemur.
Coroemo-nos de rosas, pois amanhã morreremos.
1490. Corpora enim qui credit caelitus posse labi,
profanus merito iudicatur, et demens. [Amiano
Marcelino, Historia 25.2.5] Quem acredita que corpos
possam cair do céu com razão é considerado ignorante,
e louco.
1491. Corpora ipsorum in pace sepulta sunt, et nomen
eorum vivit in generationem et generationem.
[Vulgata, Eclesiástico 44.14] Os corpos deles estão
sepultos em paz, e o nome deles vive de geração em
geração.
1492. Corpora nostra lente augescunt, cito
exstinguuntur. [Tácito, Agricola 3] Os nossos corpos
crescem devagar, mas se extinguem rapidamente.
1493. Corpora vix ferro quaedam sanantur acuto.
[Ovídio, Remedium Amoris 527] Certos organismos só
se curam pelo ferro afiado.
1494. Corporalis exercitatio ad modicum utilis est.
[Vulgata, 1Timóteo 4.8] O exercício corporal para
pouco é proveitoso.
1495. Corpore divisos mens tamen una tenet. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.178] Embora em corpos
separados, nossa mente nos mantém unidos.
1496. Corpore et animo. [Digesta 41.2.3.1] Com o corpo
e o espírito. (=Por ação e intenção).
1497. Corporea pulchritudo in pelle solum modo
constat. [Odon de Cluny, Collatione 2 / Pereira 935] A
beleza do corpo está só na pele. ■ A beleza depressa
acaba. ■ A beleza é um bem frágil.
1498. Corpori indulgendum est, non serviendum. Deve-
se cuidar do corpo, mas não submeter-se a ele.
1499. Corporis ex habitu non est censenda facultas.
[Medina 588] Não se deve avaliar o patrimônio pela
roupa do corpo. ■ Debaixo de má capa há um bom
vivedor.
1500. Corporis exigua desideria sunt. [Sêneca, Ad
Helviam 10.2] As necessidades do corpo são mínimas.
1501. Corporis exigui vires contemnere noli: consilio
pollet, cui vim natura negavit. [Dionísio Catão,
Disticha 2.9] Não desprezes as forças do corpo
pequeno: pela prudência tem muito poder aquele a
quem a natureza negou a força.
1502. Corporis exsuperat vires prudentia mentis.
[Columbano] A sabedoria do espírito supera a força do
corpo. ■ Mais vale sabedoria que força.
1503. Corporis partes per quas sentimus sunt animae
fenestrae. As partes do corpo pelas quais sentimos são
as janelas da alma.
1504. Corpus. Corpo. (=Termo empregado para designar
um conjunto extenso e ordenado de dados ou textos,
científicos ou literários, que podem servir de base a uma
pesquisa).
1505. Corpus alienum. [Jur] Um corpo estranho. (=Coisa
que não é objeto da lide).
1506. Corpus Christi. [Da liturgia católica] O corpo de
Cristo. VIDE: ● Vos autem estis corpus Christi.
1507. Corpus delicti. [Jur / Black 443] O corpo de delito.
● Corpus criminis.
1508. Corpus humanum non recipit aestimationem. [Jur
/ Black 444] O corpo humano não admite avaliação.
1509. Corpus Iuris. Corpo da lei. (=Nome dado ao livro
que contém diversas coleções de leis).
1510. Corpus Iuris Canonici. Código de Direito
Canônico.
1511. Corpus Iuris Civili. Código de Direito Civil.
1512. Corpus omne perseverare in statu suo quiescendi
vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus
illud a viribus impressis cogitur statum suum
mutare. [Isaac Newton, Principia Mathematica] Todo
corpo permanece em seu estado de repouso ou de
movimento uniforme em uma direção, a não ser que
seja obrigado a mudar de estado por forças que lhe são
impressas.
1513. Corpus politicus. O organismo estatal.
1514. Corpus quasi vas est, aut aliquod animi
receptaculum. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.22]
O corpo é como um vaso, ou um refúgio do espírito.
VIDE: ● Corpus vas animi.
1515. Corpus si non reficitur, vox ipsa subtrahitur. Se o
corpo não se recupera, a própria voz se perde. VIDE: ● Si
corpus non reficitur, certum est quod vox ipsa
subtrahatur.
1516. Corpus sine pectore. [Erasmo, Adagia 1.10.80] Um
corpo sem coração. Uma cabeça sem juízo.
1517. Corpus valet, sed aegrotat crumena. [Erasmo,
Colloquia 2, De Valetudine] O corpo vai bem, mas a
bolsa está doente.
1518. Corpus vas animi. O corpo é o invólucro do
espírito. VIDE: ● Corpus quasi vas est, aut aliquod
animi receptaculum.
1519. Corrige peccantes, prohibe peccare volentes.
[Periandro] Corrige os pecadores; impede os que
querem pecar.
1520. Corrige pravum morem, et praecide linguas
vaniloquas. [S.Bernardo de Clairvaux, De
Consideratione 10] Corrige o costume vicioso e apara as
línguas mentirosas.
1521. Corrige te primum, qui rector sis aliorum.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] Corrige primeiro a ti, tu
que és mestre de outros.
1522. Corrigenda. Coisas que devem ser corrigidas. VIDE:
● Adenda.
1523. Corrigere res est ardua. [Ovídio, Ex Ponto 3.9.23,
adaptado] Corrigir é um trabalho penoso.
1524. Corrigunt malos mores bona colloquia. [Schottus,
Adagialia Sacra 118] Palavras honestas corrigem os
maus costumes.
1525. Corripe peccantem, noli at dimittere, amicum.
[Columbano] Repreende o amigo que erra, mas não o
abandones.
1526. Corripe prudentem: reddetur gratia verbis.
[Columbano] Repreende o ajuizado: suas palavras te
trarão a gratidão.
1527. Corripit Deus quem diligit. Deus corrige a quem
ama.
1528. Corrumpunt etiam probos commercia prava.
Relações más corrompem até os homens honestos.
■ Quem com lobos anda aprende a uivar.
1529. Corrumpunt mores bonos colloquia mala.
[Vulgata, 1Coríntios 15.33] As más conversas
corrompem os bons costumes. ■ Quem com lobos anda
aprende a uivar. ● Corrumpunt bonos mores colloquia
prava. [Erasmo, Adagia 1.10.74] ● Corrumpunt mores
bonos confabulationes pessimae. [S.Jerônimo,
Epistula 22, Ad Eustichium 29] VIDE: ● Bonos
corrumpunt mores confabulationes malae. ● Mores
bonos corrumpimus verbis malis. ● Turpia colloquia
bonos mores corrumpunt.
1530. Corrupisti vinum infusa aqua. Estragaste o vinho,
adicionando água. VIDE: ● Aqua pernicies vini.
● Perdidisti vinum, infusa aqua. ● Vini liquorem
perdidisti infusa aqua.
1531. Corrupti mores depravatique sunt admiratione
divitiarum. [Cícero, De Officiis 2.22] Os costumes
estão corrompidos e depravados por causa da paixão
pelas riquezas.
1532. Corruptio optimi pessima. [S.Gregório Magno,
Moralia in Iob / Rezende 941] A corrupção do melhor é
a pior de todas. ■ De bom vinho, bom vinagre.
● Corruptio optimi est pessima. [Black 445] VIDE:
● Optima corrupta, pessima.
1533. Corruptio unius, generatio alterius. [Dante,
Epistulae 3] A corrupção de um é a geração de outro.
1534. Corruptissima re publica plurimae leges. [Tácito,
Annales 3.27.3] As leis são mais numerosas, quando o
estado está em decomposição. ■ As leis se complicam,
quando se multiplicam. [Marquês de Maricá] VIDE:
● Pessima respublica, plurimae leges.
1535. Corvi crocitant, cuculi cuculant, lupi ululant, sues
grundiunt, oves balant, mugiunt boves, hinniunt
equi, rudunt asini. [Giodano Bruno, De Umbris
Idearum] Corvos crocitam, cucos cuculam, lobos uivam,
porcos grunhem, ovelhas balam, bois mugem, cavalos
relincham, burros zurram.
1536. Corvi lusciniis honoratiores. [Erasmo, Adagia
4.3.8] Os corvos são mais homenageados do que os
rouxinóis. ■ Abaixam-se os muros, levantam-se os
monturos. VIDE: ● Corvus lusciniis praestat. ● Lusciniis
corvi sunt hodie honorationes.
1537. Corvo quoque rarior albo. [Rezende 947] Mais
raro do que um corvo branco. VIDE: ● Albo corvo rarior.
● Aquila alba. ● Corvus albus. ● Felix ille tamen corvo
quoque rarior albo.
1538. Corvum in sinu foves. Aqueces um corvo ao peito.
■ Acalenta a serpente, que ela te arrancará o olho. VIDE:
● Colubram foves in sinu. ● Pabula da corvis, dement
tibi lumina corvi. ● Serpentem in sinu foves.
1539. Corvus ab aquila relictis cadaveribus vescitur.
[Grynaeus 288] O corvo se alimenta dos cadáveres
deixados pela águia. (=Diz-se de quem se apropria do
prestígio de obra alheia). VIDE: ● Corvus relicto ab
aquila cadavere vescitur.
1540. Corvus absente graculo pulcher. [Manúcio, Adagia
1367] Se o gralho está ausente, o corvo é lindo.
1541. Corvus albus. [Erasmo, Adagia 4.7.35] É um corvo
branco. (=Uma coisa nunca vista. Uma maravilha). VIDE:
● Aquila alba. ● Corvo quoque rarior albo.
1542. Corvus corvi oculum non eruit. Corvo não arranca
olho de corvo. ■ Corvos a corvos não se arrancam os
olhos. VIDE: ● Corvus oculum corvi non eruet.
1543. Corvus corvo assidet. Um corvo pousa junto de
outro corvo. ■ Aves das mesmas penas voam juntos.
■ Cada qual com seu igual. VIDE: ● Similibus enim
similia gaudent.
1544. Corvus corvo nigredinem obicit. [Binder,
Thesaurus 592] Um corvo critica outro por sua
negridão. ■ É o roto falando do esfarrapado. ■ Diz o
tacho à caldeira: tira-te para lá, não me enfarrusques.
VIDE: ● Caecus convicia iacit in luscum.
1545. Corvus hians delusus est. [Pereira 105] O corvo
enganado ficou com a boca aberta. ■ Ficou o vilão com a
aguilhada na mão.
1546. Corvus lusciniis praestat. [Pereira 93] O corvo é
mais importante do que os rouxinóis. ■ Abaixam-se os
muros, levantam-se os monturos. ● Corvus lusciniae
praestat. O corvo é mais importante do que o rouxinol.
VIDE: ● Corvi lusciniis honoratiores. ● Lusciniis corvi
sunt hodie honorationes.
1547. Corvus non alis nigrior esse potest. [Rezende 952]
■ O corvo não pode ser mais negro do que suas asas.
1548. Corvus oculum corvi non eruet. [Gregório de
Tours, Historia Francorum 5.18] Corvo não arrancará
olho de corvo. ■ Corvos a corvos não se arrancam os
olhos. ■ Lobo não come lobo. VIDE: ● Cornix cornici
nunquam oculos effodit. ● Cornix cornici non effodit
oculos. ● Cornix cornici nunquam effodit ocellos.
● Corvus corvi oculum non eruit.
1549. Corvus relicto ab aquila cadavere vescitur.
[Polydorus Virgilius]. O corvo se alimenta do cadáver
deixado pela águia. (=Diz-se de quem se apropria do
prestígio de obra alheia). VIDE: ● Corvus ab aquila
relictis cadaveribus vescitur.
1550. Corvus tantum mortuos impetit; adulator etiam
vivis insidiatur. [Rezende 953] O corvo só ataca os
mortos; o adulador, porém, arma ciladas para os vivos.
1551. Cotidiana vilescunt. As coisas quotidianas não têm
valor. ■ Não se aprecia o que se vê a cada dia.
■ Ninguém se embriaga com o vinho de sua adega. ■ A
intimidade diminui o respeito. VIDE: ● Ab assuetis non
fit passio. ● Assiduum mirabile non est. ● Assueta
vilescunt.
1552. Cotidiano convictu auctoritas minuitur. [Rezende
5790] Na convivência diária a autoridade diminui. ■ A
familiaridade gera o desdém. ■ Muita confiança, pouco
respeito. ■ Santos da porta não fazem milagre.
● Cotidiano convictu auctoritas imminuitur. [Branco
262] VIDE: ● Consueta conversatio cum hominibus, et
nimia familiaritas, reverentiam minuit, et
contemptum parit. ● Familiaritas nimia contemptum
parit. ● Nemini te multum familiarem ostendas, quia
nimia familiaritas parit contemptum. ● Nimia
familiaritas contemptum parit. ● Nimia familiaritas
parit contemptum. ● Parit contemptum nimia
familiaritas.
1553. Cotidie aliquid addiscentem senescere. [Valério
Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 8.7.14] Envelheço
aprendendo alguma coisa nova todo dia. ■ Vivendo e
aprendendo. VIDE: ● Consenesco cotidie addiscens
aliquod.
1554. Cotidie pridie caveat ne faciat quod pigeat
postridie. [Plauto, Stichus 121] Diariamente tome
cuidado para que não faça num dia coisa de que se
arrependa no dia seguinte.
1555. Cotidie damnatur, qui semper timet. [Publílio
Siro] É castigado diariamente quem sempre está com
medo.
1556. Cotidie est deterior posterior dies. [Publílio Siro]
(Para agir) o amanhã é sempre pior do que o hoje. ■ Não
deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
1557. Cotidie morimur; cotidie enim demitur aliqua
pars vitae, et tunc quoque cum crescimus vita
decrescit. [Sêneca, Epistulae Morales 24.20] Morremos
a cada dia; a cada dia nos é subtraído um pedaço de
nossa vida, e então, à medida que crescemos, a vida
decresce.
1558. Cotidie morior. [Inscrição em quadrante solar] Eu
morro todos os dias. ● Cotidie morior per vestram
gloriam, fratres. [Vulgata, 1Coríntios 15.31] Cada dia,
irmãos, morro pela vossa glória.
1559. Cotidie peius. [Petrônio, Satiricon 44.12] Cada dia
pior. ■ As coisas vão de mal a pior.
1560. Crabrones non sunt irritandi. [Binder, Thesaurus
595] Não se devem provocar as vespas. ■ Não mexas em
casa de marimbondo. VIDE: ● Incitare crabones.
● Irritabis crabrones. ● Noli irritare crabrones. ● Noli
irritare leones. ● Octipedem excitare. ● Stimulare
leones.
1561. Crambe bis cocta. Repolho requentado. (=Contar
sempre a mesma história. Cantar sempre a mesma
canção). ● Crambe bis cocta mortem fert. [Schrevelius
1172] Repolho duas vezes guisado traz a morte.
● Crambe bis cocta mors. ● Crambe repetita mors est.
[Schottus, Adagia 407] Repolho requentado é morte.
■ De amigo reconciliado e de caldo requentado, nunca
bom bocado. ■ Nem amigo reconciliado, nem manjar
duas vezes guisado. ● Crambe repetita occidit. [Binder,
Thesaurus 596] ● Crambe bis posita mors. [Erasmo,
Adagia 1.5.38] ● Crambe recocta mors est. ● Crambe
decies recocta. Repolho recozido dez vezes. ■ Sabem
disso até os cães e os gatos. VIDE: ● Bis crambe, mors.
● Occidit miseros crambe repetita magistros.
● Sumere non opto buccellam ex iure recocto.
● Cantilenam eamdem canis.
1562. Crambem antiquam recoquit. Está recozendo
repolho velho. (=Trata de questão que não interessa
mais).
1563. Cras agito, perendie agito. [Plauto, Mercator 370]
Faze isso amanhã, faze isso depois-de-amanhã.
1564. Cras alia evenient. [Branco 334] Amanhã
acontecerão coisas diferentes. ■ Amanhã será outro dia.
1565. Cras amet qui nunquam amavit, quique amavit
cras amet! [Pervigilium Veneris, poema anônimo
escrito no tempo de Júlio Céser e atribuído por alguns a
Catulo] Ame amanhã quem nunca amou, e quem já
amou também ame amanhã!
1566. Cras credo, hodie nihil. [Varrão, Satirae
Menippeae] Amanhã darei crédito, hoje não. ■ Fiado só
amanhã. ● Cras credemus, hodie nihil. [Stevenson
161] Amanhã daremos crédito, hoje não.
1567. Cras do, non hodie: sic nego cotidie. [Walther 3613
/ Tosi 938] Darei amanhã, hoje não: assim nego todos
os dias. ■ Fiado só amanhã.
1568. Cras est dies incerta; et quis scit si crastinum
habebis? [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.23.9] Amanhã é dia incerto, e quem sabe se terás um
amanhã?
1569. Cras ingens iterabimus aequor. [Horácio, Carmina
1.7.32] Amanhã percorreremos o vasto mar.
1570. Cras petito; dabitur. Nunc abi. [Plauto, Mercator
770] Pede amanhã, que te será dado. Agora, vai embora.
1571. Cras te victurum, cras dicis, Posthume, semper;
dic mihi, cras istud, Posthume, quando venit?
[Marcial, Epigrammata 5.58.1] Dizes, Póstumo, que
amanhã tu vais viver; dize-me, Póstumo, quando chega
esse amanhã?
1572. Crassa ignorantia. [Jur / Black 474] Crassa
ignorância.
1573. Crassa neglegentia. [Jur / Black 474] Grande
negligência.
1574. Crassi crassis delectantur. [Binder, Thesaurus 599]
Gordos gostam de gordos. ■ Cada qual folga com seu
igual.
1575. Crasso ditior. [Erasmo, Adagia 1.6.74] Mais rico do
que Crasso. VIDE: ● Croeso ditior.
1576. Crastino die. No dia seguinte. ● Crastino. VIDE:
● Altera die. ● Die altera. ● In crastino.
1577. Crebro ignoscendo facies de stulto improbum.
[Publílio Siro] Perdoando sempre, de um tolo farás um
mau-caráter.
1578. Crebro si iacias, aliud alias ieceris. [Publílio Siro]
Se atirares com freqüência, cada vez atirarás de outra
maneira. ■ Insiste, não desiste. ■ Perseverança tudo
alcança. VIDE: ● Si crebro iacias, aliud alias ieceris. ● Si
multa iacias, aliud alias ieceris. ● Si saepe iacias,
aliud alias ieceris.
1579. Credant posteri! Creiam os pósteros! VIDE:
● Credite, posteri.
1580. Credat Iudaeus Apella, non ego. [Horácio, Satirae
1.5.100] Creia o judeu Apela, não eu. ■ Acredite quem
quiser. (=Noël registra: Apella, ae. Circoncis, isto é,
circunciso,circuncidado).
1581. Crede certis rebus, non verbis inanibus.
[Agostinho, Contra Cresconium 2.9] Confia em fatos
incontestáveis, não em palavras vãs.
1582. Crede experto, non fallimus. [Sílio Itálico, Punica
7.395] Confia em quem tem experiência, eu não me
engano. ■ Ouve a voz da experiência.
1583. Crede parum, tua serva, et quae periere relinque.
[Binder, Thesaurus 602] Confia pouco, cuida do que é
teu, e esquece o que se perdeu.
1584. Crede quod habes, et habes. [Erasmo / Stevenson
162] Crê que tens, e tens.
1585. Crede ratem ventis, animam ne crede puellis,
namque est feminea tutior unda fide. [De Mulierum
Levitate, poema de autor incerto, atribuído a Quinto
Cícero e a Petrônio, entre outros] Confia teu barco aos
ventos, mas não confies teu coração às mulheres, pois é
mais seguro o mar do que a fidelidade de uma mulher.
■ Mulher boa, ave rara.
1586. Crede ut intellegas. Crê para compreenderes. VIDE:
● Credimus enim ut cognoscamus, non cognoscimus
ut credamus. ● Credo ut intellegam, non intellego ut
credam. ● Intellege ut credas. ● Neque enim quaero
intellegere, ut credam, sed credo ut intellegam. ● Noli
quaerere intellegere ut credas, sed crede ut
intellegas; quoniam nisi credideritis, non intellegetis.
● Si non credideritis, non intellegetis. ● Si non potes
intellegere, crede ut intellegas. Praecedit fides,
sequitur intellectus.
1587. Credebas dormienti haec tibi confecturos deos?
[Terêncio, Adelphi 693] Acreditavas que os deuses te
haveriam de fazer isso enquanto dormias? ■ Deus não
manda nem cozido nem assado. ■ Trabalha, que Deus te
ajudará. ■ Não se comem trutas a bragas enxutas. VIDE:
● Non contingit ignavis praeda. ● Non volat in buccas
assa columba tuas.
1588. Credendum est veteribus. Deve-se acreditar nos
antigos. VIDE: ● Priscis credendum.
1589. Credens lilium me tenere, sensi vepreculam.
[Cataldo / Ramalho 38] Julgando pegar num lírio, senti
um espinho.
1590. Credere nil sapiens amat, omnia credere simplex;
scilicet hic aliis credulus, ille sibi. [W.G.Cole /
Stevenson 162] Ao sábio agrada não acreditar em nada;
ao homem simples, acreditar em tudo; este acredita nos
outros, aquele acredita em si.
1591. Credere nil vitium est, vitium est quoque credere
cuncta. [Binder, Thesaurus 604] Não acreditar em nada
é um defeito; também é defeito acrreditar em tudo. VIDE:
● Nulli fidere, inhumanum est, omnibus fidere,
stultum. ● Omnibus credere et nulli in vitium
utrumque. ● Periculosum est credere et non credere.
● Utrumque enim vitium est, et omnibus credere et
nulli. ● Utrumque vitium est nulli credere et
omnibus. ● Vitium est et omnibus credere et nulli.
1592. Credere ovile lupo. Confiar o aprisco ao lobo.
VIDE: ● Ovem lupo commisisti. ● Plenum montano
credis ovile lupo.
1593. Credibile quia ineptum est. [Tertuliano, De Carne
Christi 5] Isto é crível porque é ilógico. VIDE: ● Certum
est, quia impossibile est. ● Credo quia absurdum.
● Credo quia impossibile.
1594. Credimus enim ut cognoscamus, non cognoscimus
ut credamus. [S.Agostinho, In Ioannis Evangelium
40.9] Cremos para conhecer, não conhecemos para crer.
VIDE: ● Credo ut intellegam, non intellego ut credam.
● Crede ut intellegas. ● Neque enim quaero
intellegere, ut credam, sed credo ut intellegam. ● Noli
quaerere intellegere ut credas, sed crede ut
intellegas; quoniam nisi credideritis, non intellegetis.
● Si non credideritis, non intellegetis. ● Si non potes
intellegere, crede ut intellegas. Praecedit fides,
sequitur intellectus.
1595. Credit caeca virorum lumina caecus amor.
[Pereira 100] O cego amor acredita que os olhos dos
homens são cegos. ■ Cuidam os namorados que todos
têm os olhos furados. ■ Julgam os namorados que todos
têm os olhos vedados.
1596. Credite! credenti nulla procella nocet. [Ovídio,
Amores 2.11.22] Confiai! Nenhuma tempestade
perturba o homem que confia.
1597. Credite experto mihi. [Sêneca, Thyestes 81]
Acreditai em mim, que tenho experiência.
1598. Credite mihi: assem habeas, assem valeas; habes,
habeberis. [Petrônio, Satiricon 77.6] Crede em mim:
tens um asse, vales um asse; tens, terás. ■ Quem tem vale
vintém; quem não tem, não vale vintém. VIDE: ● Assem
habeas, assem valeas.
1599. Credite, posteri. [Horácio, Carmina 2.19.2]
Acreditai, ó pósteros. VIDE: ● Credant posteri!
1600. Creditor ad petitionem debiti urgere minime
potest. [Jur] O credor de modo algum pode antecipar o
pedido de débito.
Ao TOPO

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C9: 1601-1800
1601. Creditor in somnis verbera saeva quatit. [Medina
591] O credor, durante o sono, nos dá pancadas
violentas. ■ Quem deve não dorme quando quer. ■ Quem
deve não repousa.
1602. Creditores suae neglegentiae expensum ferre
debent. [Digesta 42.8.24] Os credores devem arcar com
o prejuízo de sua negligência.
1603. Creditur a mille, quamvis idiota sit ille. [Binder,
Novus Thesaurus Adagiorum Latinorum 149] É crido
por mil, por mais ignorante que seja.
1604. Credo. Eu creio.
1605. Credo Deum esse. Creio que Deus existe.
1606. Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem,
factorem caeli et terrae, visibilium omnium et
invisibilium. [Da liturgia católica] Creio no Deus único,
Pai omnipotente, criador do céu e da terra, de todas as
coisas visíveis e invisíveis. ● Credo in Deum Patrem
omnipotentem, Creatorem caeli et terrae. Creio em
Deus Pai onipoente, criador do céu e da terra.
1607. Credo quia absurdum. [Rezende 964] Creio por ser
absurdo. (=A expressão é freqüentemente atribuída a
Tertuliano, que, de fato, escreveu Certum est, quia
impossibile). ● Credo quia impossibile. Acredito nisso,
por ser impossível. VIDE: ● Certum est, quia
impossibile. ● Credibile quia ineptum est.
1608. Credo ut intellegam, non intellego ut credam.
[Tosi 1468] Creio para compreender; não compreendo
para crer. VIDE: ● Crede ut intellegas. ● Credimus enim
ut cognoscamus, non cognoscimus ut credamus.
● Fides ante intellectum. ● Noli quaerere intellegere ut
credas, sed crede ut intellegas; quoniam nisi
credideritis, non intellegetis. ● Non intellego ut
credam, sed credo ut intellegam. ● Si non
credideritis, non intellegetis. ● Si non potes
intellegere, crede ut intellegas. Praecedit fides,
sequitur intellectus.
1609. Credula est spes improba. [Sêneca, Thyestes 294]
A esperança enganadora é sempre confiante.
1610. Credula res amor. [Ovídio, Heroides 6.21] O amor
é confiante.
1611. Credula vitam spes fovet, et melius fore cras
semper ait. [Tibulo, Elegiae 2.6.20] A crédula
esperança aquece a vida, e sempre diz que amanhã vai
ser melhor. VIDE: ● Spes vitam fovet.
1612. Credulitas error est magis quam culpa. [Cícero,
Ad Familiares 10.23] A credulidade é antes um erro que
um delito.
1613. Credunt quod vident. [Plauto, Asinaria 201] Eles
acreditam no que vêem. ■ Ver para crer. VIDE:
● Oculatae manus sunt nostrae; credunt quod vident.
1614. Crepitu digitorum. [Marcial, Epigrammaton 119]
■ Num estalar de dedos.
1615. Crescat scientia. [Divisa] Cresça o saber. ● Crescat
scientia, vita excolatur. [Divisa da Universidade de
Chicago] Cresça o conhecimento, aperfeiçoe-se a vida.
1616. Cresce, infans, fatis nec te ipse vocantibus aufer.
[Rabelais] Cresce, menino, e não fujas do destino que te
chama.
1617. Crescente honore, sollicitudo crescere debet. Com
o crescimento da fama, a preocupação deve crescer.
1618. Crescentem sequitur cura pecuniam. [Horácio,
Carmina 3.16.17] A preocupação acompanha o
crescimento do dinheiro. VIDE: ● Divitiae curas habent
comites. ● Misera est magni custodia census.
1619. Crescere tamquam favus. Crescer como um bolo.
■ Crescer a olhos vistos. VIDE: ● Crevit tamquam favus.
1620. Crescit amor nummi, quantum ipsa pecunia
crevit. [Juvenal, Satirae 14.139] Cresce o amor do
dinheiro à medida que o próprio dinheiro cresce.
■ Cresce o desejo com o tesouro. ■ Quanto mais temos,
mais queremos. ● Crescit amor nummi, quantum ipsa
pecunia crescit. ● Crescit avaritia quantum crescit
tua gaza. [Walther 3734 / Tosi 1809] Cresce tua
ambição, à medida que aumenta o teu tesouro. VIDE:
● Dives marcescit quanto plus copia crescit. ● Divitiis
nullo quaerendis fine quiescunt mortales, sit opum
copia magna licet.
1621. Crescit audacia experimento. [Plínio Moço,
Epistulae 9.33.6] A audácia cresce com a experiência.
1622. Crescit eundo. [Lucrécio, De Rerum Natura 6.341 /
divisa do Estado de Novo México, EUA] Cresce à
medida que avança. (=Lucrécio, referindo-se ao raio,
explica que sua velocidade aumenta à medida que se
move).
1623. Crescit ex metu alieno audacia. A audácia cresce
diante do medo dos outros. VIDE: ● Crevit ex metu
alieno, ut fit, audacia.
1624. Crescit herba satis, quae nihil habet utilitatis. A
erva que não tem utilidade cresce bastante. ■ Erva ruim
cresce muito. ■ A má erva depressa nasce e tarde
envelhece. VIDE: ● Pullulat herba satis, quae nil habet
utilitatis.
1625. Crescit in adversis virtus. [Divisa] Na adversidade
cresce a virtude. VIDE: ● Virtus crescit in adversis.
1626. Crescit in egregios parva iuventa viros. [Pereira
103] Os pequenos jovens crescem e se transformam em
homens grandes. ■ Dos meninos se fazem os homens. ■ O
menino é pai do homem.
1627. Crescit licentia spiritus, servitute comminuitur.
[Sêneca, De Ira 2.21.3] Na liberdade, o espírito se
fortalece, na servidão, se enfraquece.
1628. Crescit occulto velut arbor aevo. [Horácio, Odes
1.11.45] Ele cresce sem que se note o passar do tempo,
como acontece com a árvore.
1629. Crescit scribendo scribendi studium. [Erasmo,
Epistulae 1.104] O gosto pela escrita cresce à medida
que se escreve.
1630. Crescit sub pondere virtus. [Divisa] A virtude
cresce sob a opressão.
1631. Crescite et multiplicamini. [Vulgata, Gênesis 1.28]
Crescei e multiplicai-vos. (=Divisa de Maryland, EUA).
1632. Cresco et spero. [Divisa] Cresço e tenho esperança.
1633. Crescunt anni, decrescunt vires. Os anos
aumentam, as forças diminuem.
1634. Crescunt difficili gaudia iurgio. [Claudiano,
Epithalamium] O prazer aumenta com a dificuldade.
1635. Crescunt sermones ubi conveniunt mulieres.
Multiplicam-se as conversas, quando as mulheres se
reúnem. VIDE: ● Sermones fundet, si grex muliebris
abundet. ● Ubi sunt mulieres et anseres, ibi non sunt
pauca verba.
1636. Creta notare. [Erasmo, Adagia 1.5.4] Registrar com
giz. (=Registrar acontecimentos felizes. Absolver.
Aprovar). VIDE: ● Carbone notare.
1637. Cretenses mare nesciunt. Os cretenses não
conhecem o mar. (=Diz-se a propósito de pessoa que
finge não conhecer fato que todos sabem que conhece.
Creta é uma ilha do Mediterrâneo). ● Cretensis mare
ignorat. Esse cretense não conhece o mar.
1638. Cretenses semper mendaces, malae bestiae,
ventres pigri. [Vulgata, Tito 1.12] Os de Creta sempre
são mentirosos, más bestas, ventres preguiçosos.
1639. Cretensis Cretensem provocat. [Pereira 108] Um
cretense provoca outro cretense. ■ Um ruim se toma com
outro ruim.
1640. Cretiza cum Cretensi. [Erasmo, Adagia 1.2.29]
Com o cretense, age como cretense. ■ A ruim, ruim e
meio. VIDE: ● Cum astutis astute agendum esse. ● Cum
Cretensi cretizare. ● Cum Cretensibus cretiza.
1641. Creverunt et opes et opum furiosa cupido.
[Ovídio, Fasti 1.148] Cresceram tanto as riquezas como
o furioso desejo de riquezas. ■ Quanto mais temos, mais
desejamos. ■ A medida do ter nunca enche. ● Creverunt
et opes et opum furiosa libido. [Pereira 118]
1642. Crevit ex metu alieno, ut fit, audacia. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 3.26] Como costuma acontecer, diante
do medo dos outros cresceu a audácia. VIDE: ● Crescit ex
metu alieno audacia.
1643. Crevit in adversis virtus. [Lucano, Bellum Civile
3.614] Sua coragem cresceu com a adversidade.
1644. Crevit ingenium malis. [Sêneca, Medea 910] Com
o sofrimento meu caráter se desenvolveu.
1645. Crevit tamquam favus. [Petrônio, Satiricon 43]
Cresceu como um favo de mel. ■ Cresceu a olhos vistos.
1646. Cribro aquam hauris. [Erasmo, Adagia 1.4.60]
Apanhas água com uma peneira. ■ Carregas água em
cesto. VIDE: ● Aquam in cribro gerere. ● Imbrem in
cribrum geras. ● Lympham cribro infundere.
1647. Crimen falsi. [Jur] O crime de perjúrio.
1648. Crimen furti. [Jur] Crime de furto.
1649. Crimen incendii. [Jur] Crime de incêndio.
1650. Crimen innominatum. [Jur] Crime sem nome.
(=Crime contra a natureza).
1651. Crimen raptus. [Jur] Crime de rapto.
1652. Crimen laesae divinitatis. [Tertuliano,
Apologeticus 27.1] O crime de lesa divindade.
1653. Crimen laesae maiestatis. [Jur] O crime de lesa-
majestade. Alta traição.
1654. Crimen laesae religionis. [Tertuliano, Apologeticus
24.1] O crime de lesa religião.
1655. Crimen nullum vini est, sed culpa bibentis.
[Dionísio Catão, Disticha 2.21] A culpa não é do vinho,
mas de quem o bebe. VIDE: ● Quae potus peccas,
ignoscere tu tibi noli, nam crimen vini nullum est,
sed culpa bibentis.
1656. Crimen omnia ex se nata vitiat. [Jur / Black 481] O
crime vicia tudo que dele resulta.
1657. Crimen poena sequatur. [Juvenal, Satirae 13.90] A
punição seguirá o crime. ■ A culpa promete a pena.
1658. Crimen relinquit vitae, qui mortem appetit.
[Publílio Siro] Quem deseja a morte deixa uma mancha
na vida.
1659. Crimina morte extinguuntur. [Jur / Black 481] Os
crimes se extinguem com a morte.
1660. Crimina qui cernunt aliorum, non sua cernunt.
Eles percebem os erros dos outros, não percebem os
próprios. ■ O macaco vê o rabo da cutia e não vê o seu.
● Crimina qui cernunt aliorum, nec sua cernunt; hi
sapiunt aliis, desipiuntque sibi. [John Owen,
Epigrammata 3.79] Percebem os erros alheios, mas não
percebem os seus; eles são ajuizados com os outros,
mas, com eles mesmos, não têm juízo.
1661. Crimina quisquis agit, tremebundo pectore vivit.
[Pereira 120] Todo aquele que maquina crimes, vive
com o coração aos saltos. ■ Quem teme, algo deve.
■ Quem tem culpa no cartório, não pode dormir em paz.
1662. Crimina saepe luunt nati scelerata parentum.
[Walther 3776 / Tosi 1075] Muitas vezes os filhos
expiam os crimes dos pais. ■ Pecados dos nossos avós,
fazem-nos eles, pagamo-los nós. VIDE: ● Culpam
maiorum posteri luunt. ● Patres comederunt uvam
acerbam, et dentes filiorum obstupescunt. ● Patres
comederunt uvam acerbam, et dentes filiorum
obstupuerunt. ● Patres nostri peccaverunt et nos
peccata eorum portamus. ● Quod sus peccavit,
succula saepe luit.
1663. Crimina suadet egestas. [Cláudio Claudiano, In
Eutropium 2.179] A indigência induz ao crime.
1664. Crimina suos debent tenere auctores. [Jur] Os
crimes devem ter seus autores. ■ Não há crime sem
culpado.
1665. Crimine ab uno disce omnes. [Virgílio, Eneida
2.65] De um crime (cometido pelos gregos) aprende a
conhecer todos (os gregos). VIDE: ● Ab uno disce omnes.
1666. Crimine nemo caret. [Burton, The Anatomy of
Melancholy] Não há ninguém sem defeito. ■ Ninguém
há sem pecado. ■ Quem quer cavalo sem tacha sem ele
se acha. ■ Ninguém é perfeito. VIDE: ● Nemo nostrum
non peccat. ● Nemo sine crimine vivit. ● Nemo sine
vitiis nascitur. ● Nemo sine vitio est. ● Neque enim est
homo qui non peccet.
1667. Criminis indultu secura audacia crescit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 22] Havendo
complacência com o crime, cresce a audácia sem receio.
■ Perdoar ao mau é dizer-lhe que o seja. VIDE: ● Facilitas
veniae incentivum praebet delinquendi.
1668. Criticorum cavillationes non flocci facio. Não dou
a menor importância às ironias dos críticos.
● Criticorum cavillationes non nauci facio.
1669. Crocodili lacrimae. [Erasmo, Adagia 2.4.60]
■ Lágrimas de crocodilo. (=Acreditava-se que os
crocodilos choravam depois de devorar suas presas).
VIDE: ● Lacrimae simulatae.
1670. Crocum in Ciliciam ferre. [Brewer, Dictionary of
Phrase and Fable] Levar açafrão para Cilícia. ■ Levar
água ao mar. ■ Levar ferro a Biscaia. VIDE: ● Alcinoo
poma dare. ● Noctuas Athenas afferre. ● Noctuas
Athenas portare. ● Noctuas Athenas mittere.
● Noctuam Athenas. ● Noctuas Atheniensibus.
1671. Croesi pecuniae nummum addere. [Erasmo,
Adagia 4.10.48] Acrescentar uma moeda à fortuna de
Creso. ■ Levar água ao mar. ● Croesi pecuniae
teruncium addere. [Manúcio, Adagia 1204] VIDE: ● In
divitiis Croesi teruncii accessio. ● Teruncium adicere
Croesi pecuniae.
1672. Croeso ditior. [Erasmo, Adagia 1.6.74] Mais rico do
que Creso. VIDE: ● Crasso ditior. ● Iro pauperior. ● Irus
et est subito qui modo Croesus erat. ● Non distat
Croesus ab Iro.
1673. Cruci dum spiro, fido. [Divisa] Enquanto respiro,
confio na cruz.
1674. Crucifige, crucifige eum. [Vulgata, Lucas 21.21;
João 19.6] Crucifica-o, crucifica-o.
1675. Crucior bolum tantum mi ereptum tam desubito
e faucibus. [Terêncio, Heauton Timorumenos 73] Sofro
por tal bocado me ter sido arrebatado tão
repentinamente.
1676. Crudelem medicum intemperans aeger facit.
[Publílio Siro] O doente desregrado faz que o médico
seja cruel.
1677. Crudelis est in re adversa obiurgatio. [Publílio
Siro] A censura na adversidade é cruel.
1678. Crudelis est, non fortis, qui infantem necat.
[Publílio Siro] É bárbaro, e não bravo, quem mata uma
criança.
1679. Crudelis lacrimis pascitur, non frangitur.
[Publílio Siro] O homem cruel não se comove com as
lágrimas; sente satisfação com elas.
1680. Crudelis sicut infernus zelotypia. [Vieira, Sermão
da Primeira Sexta-Feira da Quaresma (1644)] O zelo do
amor é inflexível como o inferno. VIDE: ● Dura sicut
infernus aemulatio. [Vulgata, Cântico 8.6]
1681. Crudelitas vestra gloria nostra. [Tertuliano, Ad
Scapulam 5.1] Vossa crueldade faz nossa glória.
(=Refere-se à perseguição aos cristãos).
1682. Crudelitatem crudelitati addere. [Grynaeus 481]
Acrescentar uma crueldade a outra.
1683. Crudelitatis mater est avaritia, pater furor.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 9.89] A ambição é a
mãe da crueldade, o pai é a loucura. ■ A ambição cega a
razão.
1684. Crudelius est quam mori semper mortem timere.
[Sêneca Retórico, Controversiae 3.5] Mais duro do que
morrer é sempre temer a morte. ■ Temer a morte é
morrer duas vezes.
1685. Crumena generosum facit. [Pereira 115] A bolsa
faz o nobre. ■ Dinheiro dá senhoria. ■ O muito dinheiro
fará teu filho cavalheiro.
1686. Crux criticorum. O tormento dos críticos. (=Uma
questão que desafia os críticos. Um enigma para os
críticos).
1687. Crux medicorum. O tormento dos médicos. (=Uma
questão que desafia os médicos. Um enigma para os
médicos).
1688. Crux est generis omnis. [Binder, Thesaurus 621]
Toda família tem seu tormento. ■ Cada casa tem seu
tolo, e cada tolo, sua mania. ■ Em toda casa há roupa
suja. VIDE: ● Mortalis nemo est, quem non attingat
dolor morbusque
1689. Crux est, si metuas, vincere quod nequeas.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Anacharsis] É
um tormento temer o que não se pode vencer.
1690. Crux in pectore, in corde Satan. [John Owen,
Epigrammata 10.76] ■ Cruz nos peitos e o diabo no
coração.
1691. Crux mihi ancora. [Divisa] A cruz é minha âncora.
1692. Crux spes unica. [Divisa] A cruz é a única
esperança. VIDE: ● O crux, ave, spes unica!
1693. Crux stat, dum volvitur orbis. [Divisa dos
Cartuxos] A cruz está firme, enquanto o mundo dá
voltas.
1694. Cucullus non facit monachum. [Rezende 988] O
capuz não faz o monge. ■ O hábito não faz o monge.
■ Quem vê cara não vê coração. ■ O hábito elegante
cobre, às vezes, um tratante. ● Cuculla non facit
monachum. [Erasmo, Colloquia 2] VIDE: ● Barba non
facit philosophum. ● Barba non facit philosophum,
neque vile gerere pallium. ● Habitus non facit
monachum. ● In vestimentis non est sapientia mentis.
● Non habitus monachum reddit. ● Non tonsura facit
monachum. ● Non tonsura facit monachum, nec
horrida vestis. ● Numquid cucullus et rasura faciunt
monachum? ● Philosophum non facit barba. ● Saepe
tegit nequam lata cuculla caput. ● Si philosophum
oporteat ex barba metiri, hircos primam laudem
ablaturos. ● Vestimenta pium non faciunt
monachum.
1695. Cucurbita calvior. [Apuleio, Metamorphoses 5.9]
Mais careca do que uma abóbora.
1696. Cucurbitae caput non habeo. Não tenho cabeça de
abóbora. ■ Não tenho cérebro de minhoca. ■ Não sou
mineiro, nem compro bonde. VIDE: ● Nos cucurbitae
caput non habemus, ut pro te moriamur.
1697. Cucurrire solet gallus, gallina gracillat. [Albus
Ovidius Iuventinus, Philomela 25] O galo cocorica, a
galinha cacareja.
1698. Cucurrit quispiam ne pluvia madesceret et in
foveam praefocatus est. [Erasmo, Adagia 3.3.89]
Correu para não se molhar na chuva e afogou-se no
buraco. ■ Fugiu do lodo, caiu no arroio.
1699. Cudamus, dum calet ferrum. Malhemos, enquanto
o ferro está em brasa. ■ Aproveitemos, enquanto há
tempo. ● Cudendum est, dum calet ferrum: occasione
utendum. Deve-se malhar, enquanto o ferro está em
brasa: deve-se aproveitar a ocasião. ■ Malhar no ferro é
enquanto está quente. ■ Bate-se o ferro enquanto está
quente. VIDE: ● Cum ferrum candet, cudere quemque
decet. ● Ferrum dum in igne candet cudendum est.
● Fronte capillata, post est occasio calva.
1700. Cui adhaereo, praeest. [Divisa de Henrique VIII, da
Inglaterra] Quem eu apóio, esse se destaca.
1701. Cui bono? [Cícero, Pro Milone 12.32] A quem
aproveitou? ● Cui bono fuit? VIDE: ● Cui prodest?
1702. Cui bonus est vicinus, felix illucet dies. [Binder,
Thesaurus 622; Rezende 990] A quem tem bom vizinho,
o dia lhe brilha feliz. ■ Quem tem bom vizinho não teme
arruído. ■ Quem tem bom vizinho tem bom amigo.
1703. Cui caput infirmum, cetera membra dolent.
[Stevenson 1099] Quem tem a cabeça doente, todos os
membros lhe doem. ■ A cabeça manda os membros.
■ Quando a cabeça não regula, quem paga é o corpo.
■ A quem dói o dente, dói a dentuça. VIDE: ● Cum caput
aegrotat, corpus simul omne laborat. ● Dum caput
aegrotat, omnia alia membra dolent. ● Dum caput
dolet, cetera membra dolent. ● Dum caput dolet,
omnia alia membra dolent. ● Qua caput, et cetera
membra. ● Si caput doleat, cetera membra dolent.
● Membra deficiunt cum caput deprimitur. ● Si caput
dolet, omnia membra languent.
1704. Cui concessus est finis, concessa etiam sunt media
ad finem ordinata. [Laymann, Theologia Moralis 3.11]
A quem se concede o fim, se concedem também os
meios definidos para esse fim.
1705. Cui cor sapiat, ei et sapiat palatus. [Montaigne,
Éssais 3.23; adaptado de Cícero, De Finibus 2.24] Que
ele tenha o paladar tão delicado como é o seu
discernimento.
1706. Cui deest pecunia, huic desunt omnia. [Sweet 171]
A quem falta dinheiro, falta tudo. ■ Sem dinheiro, tudo é
vão. ■ Quem não tem dinheiro na bolsa não tem mel na
boca.
1707. Cui dei sunt propitii, lucrum ei obiciunt. Os
deuses proporcionam vantagens ao homem a quem são
propícios. ■ A quem Deus ajuda, o vento lhe junta a
palha. VIDE: ● Cui homini di sunt propitii, lucrum ei
profecto obiciunt. ● Cui homini di propitii sunt,
aliquid obiciunt lucri.
1708. Cui des videto. [Dionísio Catão, Monosticha 23]
Olha a quem dás.
1709. Cui Deus auxilio est, huic onus omne leve est. A
quem Deus ajuda, toda carga é leve.
1710. Cui Deus auxilio est, nemo nocere potest. [Pereira
96] Ninguém pode fazer mal àquele a quem Deus
protege. ■ A quem Deus quer bem, o vento lhe apanha a
lenha. VIDE: ● Cum Deus auxilio est, nemo nocere
potest.
1711. Cui dolet, meminit. Quem sofre, lembra-se. VIDE:
● Cui placet obliviscitur, cui dolet meminit.
1712. Cui dominus gratus, canis huic meus amicus.
[Pereira 118] É meu amigo o cão de cujo dono gosto.
■ Quem ama a Beltrão, ama a seu cão. VIDE: Qui amat
me, amat et canem meum. ● Qui amat me, amet et
canem meum. ● Qui me amat, amet et canem meum.
● Qui me amat, amat et canem meam. ● Quisquis
amat dominum, diligit et catulum. ● Tu si me amas,
canem meum dilige.
1713. Cui dono lepidum novum libellum? [Catulo,
Carmina 1.1] A quem dou meu bonito livrinho novo?
1714. Cui enim tandem vitio advocatus defuit? [Sêneca,
De Ira 2.13.1] A que vício jamais faltou defensor? VIDE:
● Nullum est vitium sine patrocinio. ● Omne vitium
semper habet patrocinium suum. ● Vitium omne
semper habet patrocinium suum.
1715. Cui fidas vide. [Epígrafe de Fábula de Fedro 1.29]
Vê de quem te fias. ■ Confiar desconfiando.
1716. Cui fidas videas, non cuivis credere tutum est;
multa sub ignoto corde venena latent. Vê em quem
confias; não é seguro fiar-se de qualquer um: sob um
coração desconhecido esconde-se o veneno.
1717. Cui finis est licitus, etiam media sunt licita.
[DAPR 309] Quando o fim é lícito, também os meios
são lícitos. ■ O fim justifica os meios. VIDE: ● Cui licitus
est finis, etiam licent media. ● Cum finis est licitus,
etiam media sunt licita.
1718. Cui fortuna favet, multos amicos habet. [Sweet
140] Quem a sorte favorece tem muitos amigos. ■ Ao
rico, sobejam-lhe amigos.
1719. Cui Fortuna ipsa cedit. [Cícero, Paradoxa 34] A ele
a própria sorte se submete.
1720. Cui fortuna negat, laedit vel stramine crura.
Aquele a quem a sorte é desfavorável, fere as pernas até
com uma palha. ■ Quem é infeliz, cai de costas e quebra
o nariz.
1721. Cui fortuna perit nullus amicus erit. A quem a
sorte abandonou não sobrará nenhum amigo. ■ Amigos
de bom tempo mudam-se com os ventos. VIDE: ● Cum
fortuna perit, nullus amicus erit.
1722. Cui homini di sunt propitii, ei non esse iratos.
[Plauto, Curculio 560] Os deuses não se zangam com o
homem a quem favorecem.
1723. Cui homini di sunt propitii, lucrum ei profecto
obiciunt. [Plauto, Curculio 534] Os deuses
proporcionam vantagens ao homem a quem são
propícios. ■ A quem Deus ajuda, o vento lhe junta a
palha. ● Cui homini di propitii sunt, aliquid obiciunt
lucri. [Plauto, Persa 477] VIDE: ● Cui dei sunt propitii,
lucrum ei obiciunt.
1724. Cui igne opus est, quaeritat et in cinere. [Bebel,
Adagia Germanica] Quem precisa de fogo, procura até
nas cinzas. ■ Quem precisa é quem se estira. VIDE:
● Necessitas nihil intentatum relinquit.
1725. Cui ius est donandi, eidem et vendendi et
concedendi ius est. [Digesta 50.17.163] Quem tem o
direito de doar, tem o direito de vender e de conceder.
1726. Cui lecta potenter erit res, nec facundia deseret
hunc nec lucidus ordo. [Horácio, Ars Poetica 40] Ao
tema escolhido com eficácia, nem lhe faltará
eloqüência, nem uma ordem clara.
1727. Cui licet quod est plus, licet utique quod est
minus. [Regulae Iuris Bonifacii VIII] A quem é
permitido o que é mais, é permitido também o que é
menos. ■ Quem pode o mais pode o menos. ● Cui licet
quod maius, non debet quod minus est non licere.
[Coke / Broom 142] A quem é permitido o mais, não
deve não ser permitido o menos. VIDE: ● Decet licere
minimum cui multum licet. ● Non debet cui plus licet
quod minus est non licere. ● Qui potest maius, potest
et minus.
1728. Cui licitus est finis, etiam licent media. [Rezende
995] A quem o fim é permitido, também são permitidos
os meios. ■ O fim justifica os meios. VIDE: ● Cui finis est
licitus, etiam media sunt licita. ● Cum finis est licitus,
etiam media sunt licita.
1729. Cui lingua est grandis, parvula dextra iacet.
[Pereira 94] Quem tem língua grande, tem mão curta.
■ Língua comprida, sinal de mão curta. ■ Muitas
palavras, poucos atos. ■ Muitas palavras, pouca ação.
■ Gato miador, nunca bom caçador. ● Cui lingua est
grandis, parvula dextra est. [Rezende 996] VIDE: ● Cui
satis est linguae, frigida dextra iacet.
1730. Cui maius conceditur, et minus concedi videtur.
[Jur] A quem se concede o mais, entende-se que
também está concedido o menos. VIDE: ● Maius cui
conceditur, et minus concedi videtur. ● Maius cum
conceditur, minus concedi videtur.
1731. Cui malo? A quem prejudica?
1732. Cui malus est nemo, quis bonus esse potest?
[Marcial, Epigrammata 12.80] Para quem ninguém é
mau, quem pode ser bom?
1733. Cui multum datum est, multum quaeretur ab eo;
et cui commendaverunt multum, plus petent ab eo.
[Vulgata, Lucas 12.48] A quem muito foi dado, muito
lhe será pedido; e ao que muito confiaram, mais conta
lhe tomarão.
1734. Cui multum datur, multum ab eo exigitur.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] A quem se dá muito,
desse multo se exige. VIDE: ● Cui plus committitur, plus
ab eo exigitur.
1735. Cui multum est piperis, etiam oleribus immiscet.
[Erasmo, Adagia 3.3.37] Quem tem muita pimenta
mistura-a até nas verduras. ■ Quem tem sangue faz
chouriços. ■ Quem tem muita manteiga assa-a na ponta
do espeto. ■ Quem muito mel tem nas berças o deita.
VIDE: ● Pipere abundans etiam oleribus illud admiscet.
● Pipere abundans etiam oleribus immiscet. ● Pipere
qui abundat, oleribus miscet piper. ● Qui multum
habet piperis, etiam oleribus indit.
1736. Cui multum mellis, multum dat fortuna veneni. A
quem tem muito mel, a sorte dá muito veneno. ■ A
fortuna dá e tira. ■ A fortuna, quando afaga, então
espreita, e a próspera é mais suspeita.
1737. Cui nasci contigit, mori restat. [Grynaeus 716] A
quem aconteceu nascer, resta morrer.
1738. Cui nihil satis, huic etiam nihil turpe. [Apostólio
21.15] A quem nada basta, a esse também nada é
vergonhoso.
1739. Cui nolis saepe irasci, irascaris semel. [Publílio
Siro] Zanga-te de uma vez para sempre com quem não
te queres zangar muitas vezes.
1740. Cui non licet quod est minus, utique non licet
quod est plus. [Rezende 998] ■ Quem não pode o
menos, também não pode o mais.
1741. Cui non risere parentes, nec deus hunc mensa,
dea nec dignata cubili est. [Virgílio, Eclogae 4.62]
Aquele a quem os pais não sorriram, não é considerado
digno nem da mesa de um deus, nem do leito de uma
deusa.
1742. Cui nullus finis cupiendi, est nullus habendi.
[Ausônio, De Herediolo 18] Quem nunca pára de
desejar nunca pára de ter.
1743. Cui nunquam satis est, possidet ille nihil. [Pereira
111] Quem nunca tem o que lhe satisfaça, esse nada
possui. ■ Nada tem quem não se contenta com o que
tem.
1744. Cui nusquam domus est, sine sepulcro est
mortuus. [Publílio Siro] Quem não tem abrigo em
lugar nenhum é um morto sem túmulo. VIDE: ● Exsul,
ubi ei nusquam domus est, sine sepulcro est mortuus.
● Exsulanti ubi nusquam domus est, sine sepulcro est
mortuus.
1745. Cui omnes benedicunt, possidet populi bona.
[Publílio Siro] Aquele de quem todos falam bem possui
o bem de todos.
1746. Cui panis est, panis datur. [Bebel / Eiselen 96] Dá-
se pão a quem tem pão. ■ A quem tem muito, dão-lhe
mais. ■ Dinheiro chama dinheiro. ■ Ganha dinheiro
quem tem dinheiro. VIDE: ● Cui sunt multa bona, huic
dantur plurima dona. ● Dantur divitiae non nisi
divitibus. ● Dantur opes Croeso, nihil praebetur
egenti. ● Dantur opes nullis nunc nisi divitibus.
● Habenti dabitur. ● Hic mos est gentis, panis
praebetur habenti.
1747. Cui peccare licet, peccat minus. [Ovídio, Amores
3.4.9] Quem pode pecar peca menos.
1748. Cui placet alterius, sua nimirum est odio sors.
[Horácio, Epistulae 1.14.11] Aquele a quem agrada a
sorte de outro, certamente detesta a sua.
1749. Cui placet obliviscitur, cui dolet meminit. [Cícero,
Pro Murena 42] Quem sente prazer, esquece, quem
sofre, recorda-se. ■ Quem dá esquece; quem apanha
lembra. VIDE: ● Cui dolet meminit.
1750. Cui plura nosse datum est, eum maiora sequuntur
dubia. As maiores dúvidas perseguem a quem é dado
saber muito. ■ Muitos sabem muito, mas ninguém sabe
tudo.
1751. Cui plus committitur, plus ab eo exigitur. [RSB
2.30] A quem mais se confia, desse mais se exige. ● Cui
plus creditur, plus ab eo exigitur. [S.Jerônimo] VIDE:
● Cui multum datur, multum ab eo exigitur.
1752. Cui plus licet quam par est, plus vult quam licet.
[Publílio Siro] Aquele a quem é permitido mais do que
é correto quer mais do que lhe é permitido. ■ Ao vilão, se
deres um dedo, tomar-te-á a mão.
1753. Cui prodest? A quem aproveita? Quem leva
vantagem? VIDE: ● Cui bono? ● Cui bono fuit?
1754. Cui prodest scelus, is fecit. [Sêneca, Medea 500] A
quem aproveita o crime, esse o cometeu. VIDE: ● Ipse
fecit cui prodest. ● Is fecit cui prodest.
1755. Cui prodest socius qui non prodesse probatur?
[Columbano] A quem aproveita o companheiro que não
prova ser útil?
1756. Cui pudor non est, orbi dominatur. [Pereira 120]
Quem não tem vergonha é dono do mundo. ■ Quem não
tem vergonha, todo o mundo é seu.
1757. Cui puer assuescit, maior dimittere nescit.
[Trench, Proverbs 151] Aquilo a que o menino se
acostuma, não consegue abandonar quando cresce. ■ O
que se aprende no berço só o túmulo tira. ■ O que se
aprende no berço sempre dura. ■ Quem más manhas há
tarde ou nunca as perderá. VIDE: ● Quod nova testa
capit, inveterata sapit.
1758. Cui pulchrum est corpus, et anima mala; bonam
habet navim, sed malum gubernatorem. [Jeremias
Drexel] Quem tem corpo belo, porém alma ruim, esse
tem navio bom, mas piloto mau.
1759. Cui quae vult non licent, ea faciat quae potest.
[DAPR 518] A quem não é permitido o que deseja, que
faça o que pode. ■ Se não fazes o que queres, faze como
puderes.
1760. Cui quid vindicandum est, omnis optima occasio
est. [Publílio Siro] Para quem quer vingar-se, toda
ocasião é propícia.
1761. Cui sapiunt omnia, prout sunt, non ut dicuntur
aut aestimantur, hic vere sapiens est. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 2.1.34] Verdadeiramente
sábio é aquele a quem as coisas se mostram como são,
não como se dizem ou como se imaginam.
1762. Cui satis est linguae, frigida dextra iacet. [Pereira
109] Quem tem língua grande, sua mão permanece fria.
■ Muitas palavras, poucos atos. ■ Muitas palavras,
pouca ação. ■ Língua comprida, sinal de mão curta.
■ Gato miador, nunca bom caçador. ■ Gato miador,
nunca bom murador. VIDE: ● Cui lingua est grandis,
parvula dextra est. ● Cui lingua est grandis, parvula
dextra iacet.
1763. Cui satis est quod habet, satis illum constat
habere. [Pereira 97] Tem-se por satisfeito quem se
contenta com o que tem. ■ Assaz tem, quem se contenta
com o que tem.
1764. Cui scieris non esse parem, pro tempore cede.
[Dionísio Catão, Disticha 2.10] Cede temporariamente a
quem souberes que não podes enfrentar. ■ Quando a
força é desigual, antes fugir que ficar mal.
1765. Cui secreta quidem credas, cautissime cerne.
[Binder, Thesaurus 626] Escolhe com muito cuidade
aquele a quem confias teus segredos.
1766. Cui semper dederis, ubi neges, rapere imperes.
[Publílio Siro] Quando negares a quem sempre deste,
estarás mandando roubar.
1767. Cui sit condicio dulcis sine pulvere palmae?
[Horácio, Epistulae 1.1.51] Quem goza de uma
condição doce sem enfrentar a poeira da vitória? ■ Não
há lucro sem trabalho.
1768. Cui spes omnis pendet ex fortuna, huic nihil
potest esse certi. [Cícero, Paradoxa 2.17] Para quem
toda esperança depende da sorte nada pode haver de
certo.
1769. Cui sunt amici, esse sibi thesauros putet. Quem
tem amigos considere como se tivesse tesouros. ■ Um
amigo é um tesouro.
1770. Cui sunt multa bona, huic dantur plurima dona.
[Trench, Proverbs 151] A quem tem muitos bens são
dados muitos presentes. ■ A quem tem muito, dão-lhe
mais. ■ Dinheiro chama dinheiro. ■ Ganha dinheiro
quem tem dinheiro. VIDE: ● Cui panis est, panis datur.
● Dantur divitiae non nisi divitibus. ● Dantur opes
Croeso, nihil praebetur egenti. ● Dantur opes nullis
nunc nisi divitibus. ● Habenti dabitur. ● Hic mos est
gentis, panis praebetur habenti.
1771. Cui suprema dies, cui non revocabile fatum
imminet, hunc pulicis punctio sola necat. [Pereira 96]
A quem chegou o último dia e o fado irrevogável, a esse
até uma única mordida de pulga mata. ■ A quem é de
morte, a água lhe é forte.
1772. Cui tandem hic libero imperabit, qui non potest
cupiditatibus suis imperare? [Cícero, Paradoxa 5.33]
A que homem livre governará quem não pode governar
suas próprias paixões? ■ Quem não se governa a si,
como quer governar os outros?
1773. Cui tanta deo permissa potestas? [Virgílio, Eneida
9.97] A que deus jamais foi concedido tamanho poder?
1774. Cui te exitio fortuna reservat? [Virgílio, Eneida
5.625] Para que desgraça te reserva a sorte?
1775. Cui timorem, timorem. [Vulgata, Romanos 13.7] A
quem devemos temor, (mostremos) temor.
1776. Cui vis est, ius non metuit. [Palingênio / Binder,
Thesaurus 627] Quem tem a força não teme a lei. ■ Onde
força há, direito se perde.
1777. Cuicumque aliquis quid concedit concedere
videtur et id sine quo res ipsa esse non potuit. [Jur /
Broom 367] Quem doa a alguém algo, entende-se que
concede também aquilo sem o qual a doação não teria
efeito.
1778. Cuilibet fatuo placet sua clava. [DAPR 473] A
cada néscio agrada seu bastão. ■ Cada doido tem sua
doidice.
1779. Cuilibet in arte sua perito est credendum.
[Montaigne, Essais 2.12; Rezende 993] Deve-se
respeitar qualquer um que seja especialista em seu
ofício. VIDE: ● Cuique in sua arte credendum. ● Cuivis
artifici in arte credendum est sua.
1780. Cuique defensio tribuenda. [Jur] O direito de
defesa deve conceder-se a todos.
1781. Cuique facere licet nisi quod iure prohibetur.
[Jur] A cada um é permitido fazer o que quiser, menos o
que é proibido pela lei.
1782. Cuique in sua arte credendum. [Bacon,
Advancement of Learning 2.13.1] Deve-se respeitar
cada um em seu ofício. VIDE: ● Cuilibet in arte sua
perito est credendum. ● Cuivis artifici in arte
credendum est sua.
1783. Cuique licet iuri in favori suo introducto
renuntiare. [Jur] A cada um é permitido renunciar a
direito estabelecido em seu favor.
1784. Cuique suum. ■ A cada um aquilo que é seu. ■ A
cada um o que lhe é devido. ■ O seu a seu dono. VIDE:
● Redde cuique quod suum. ● Suum cuique. ● Suum
cuique tribue.
1785. Cuius quidem a lingua melle dulcior fluebat
sermo. [Homero, Ilíada 1.249] Da língua dele o
discurso fluía mais doce que o mel.
1786. Cuius aures clausae veritati sunt, huius salus
desperanda est. [Cícero, De Amicitia 90] Quem tem os
ouvidos fechados à verdade deve perder a esperança de
salvação.
1787. Cuius cura non est, recedat. [Rezende 1011] Quem
não tem o que fazer aqui, afaste-se. (=Fórmula com que,
nos Sínodos, e em outras cerimônias eclesiásticas
católicas, se convidam os profanos a que se retirem).
● Cuius cura non est, procedat.
1788. Cuius edis panem, illius et aspice nutum. [Binder,
Thesaurus 631] De quem comes o pão, dele também
observa a vontade. ■ Aquele louvar devemos, cujo pão
comemos. ● Cuius edo panes, illius et debeo aspicere
nutum. De quem como os pães, dele também devo
observar a vontade. ● Cuius edo panes, illius
cantilenam cano. Canto a canção daquele cujo pão
como. ● Cuius enim panem manduco carmina canto.
VIDE: ● Cuius panem comedo, eius cantilenam cano.
● Eius cantilenam canas, cuius plaustro veheris.
● Siceram cuius quis bibit, huius et carmen canat.
1789. Cuius est commodum eius debet esse
incommodum. [Black 486] De quem é a vantagem,
desse deve ser a desvantagem. VIDE: ● Commodum eius
esse debet, cuius periculum est. ● Cuius periculum
est, et commodum eius esse debet. ● Et commodum
eius esse debet cuius periculum est.
1790. Cuius est condere legem, eius et abrogare. [Jur]
Quem pode criar uma lei também pode ab-rogar. VIDE:
● Si enim in praesenti leges condere soli imperatori
concessum est, et leges interpretari solum dignum
imperio esse oportet.
1791. Cuius est dare, eius est disponere. [Jur / Broom
356] Quem tem o direito de doar tem o direito de
regular a doação.
1792. Cuius est divisio, alterius est electio. [Jur / Black
487] De qual (dos dois) é a divisão (de uma
propriedade), do outro é a escolha (das partes dessa
propriedade).
1793. Cuius est dominium, eius est periculum. [Jur /
Black 487] O risco é de quem tem o domínio.
1794. Cuius est instituere, eius est abrogare. [Jur /
Broom 680] A quem cabe instituir a esse também cabe
ab-rogar.
1795. Cuius est solum, eius est usque ad caelum et
usque ad inferos. [Jur / Black 487] Quem é dono do
solo. é dono até o céu e até o subsolo. ● Cuius est
solum, eius est usque ad sidera et usque ad inferos.
1796. Cuius iuris est principale, eiusdem iuris erit
accessorium. [Jur / Black 487] Quem tem jurisdição
sobre o principal, tem jurisdição sobre o acessório.
1797. Cuius lotium purum est, medicum reicit.
[Apostólio 14.99] Quem tem a urina limpa dispensa
médico. ■ Mijar claro, dar uma figa ao médico.
1798. Cuius mortem amici exspectant, vitam cives
oderunt. [Publílio Siro] Se os amigos esperam sua
morte, sem dúvida os concidadãos odeiam sua vida.
1799. Cuius non sum dignus calceamenta portare.
[Vulgata, Mateus 3.11] Não sou digno de usar os
sapatos dele.
1800. Cuius panem comedo, eius cantilenam cano.
Canto a canção daquele cujo pão como. ■ Aquele louvar
devemos, cujo pão comemos. VIDE: ● Cuius edis panem,
illius et aspice nutum. ● Cuius edo panes, illius et
debeo aspicere nutum. ● Cuius edo panes, illius
cantilenam cano. ● Cuius enim panem manduco
carmina canto. ● Eius cantilenam canas, cuius
plaustro veheris.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C10: 1801-2000
1801. Cuius per errorem dati repetitio est, eius consulto
dati donatio est. [Jur / Black 487] Quem deu alguma
coisa por engano tem direito à devolução; quem deu
intencionalmente, é doação.
1802. Cuius periculum est, et commodum eius esse
debet. [Jur] Quem tem o risco, desse também deve ser o
lucro. VIDE: ● Commodum eius esse debet, cuius
periculum est. ● Cuius est commodum eius debet esse
incommodum. ● Et commodum eius esse debet cuius
periculum est.
1803. Cuius regio, eius religio. [DAPR 800] De quem é a
região, dele é a religião. (=Princípio pelo qual o
governante determinava a religião dos habitantes do
país. Esse princípio, aceito na Paz de Augsburg, em
1555, pôs fim às guerras civis religiosas nos países de
língua alemã). ● Cuius regio, illius religio. ● Cuius
regio, illius et religio. VIDE: ● Ubi unus dominus, ibi
una religio.
1804. Cuius vita despicitur, restat ut eius praedicatio
contemnatur. [S.Gregório / S.Tomás de Aquino, In
Mateum, Lectio 12] Quando a vida de um homem é
desprezível, segue-se que suas palavras devem ser
desprezadas.
1805. Cuius vulturis hoc erit cadaver? [Marcial,
Epigrammata 4.62.4] De que abutre será este cadáver?
(=Diz-se de quem se supõe vir a ter, em breve, mau
fim).
1806. Cuiuslibet non est Corinthum appellere.
[Schottus, Adagia 619] Não é qualquer um que pode ir a
Corinto. (=Nem todos têm posses para grandes
despesas). ■ Nem tudo é para todos. VIDE: ● Aliis alia
licentia. ● Aliis si licet, tibi non licet. ● Non cuilibet
Corintho fas esse adnavigare. ● Non cuivis homini
contingit adire Corinthum. ● Non est Corinthum fas
cuique appellere. ● Non est cuiuslibet Corinthum
appellere. ● Non est datum cuivis Corinthum
appellere. ● Non licet omnibus adire Corinthum.
● Non omnium est virorum ad Corinthum navigatio.
● Quod licet Iovi, non licet bovi.
1807. Cuiusmodi sunt mores, eiusmodi et orationem
esse. [Schottus, Adagialia Sacra 38] Tal como for o
caráter, assim também serão as palavras. ■ Tal sino, tal
badalada. ■ Cada um fala como quem é.
1808. Cuiusque animum illic magis esse ubi amat, quam
ubi animat. [Schottus, Adagialia Sacra 13] O coração
de qualquer pessoa está mais onde ama do que onde
vive. ■ Onde estão os pintos, aí tem a galinha os olhos.
VIDE: ● Anima plus est ubi amat, quam ubi animat.
● Animam hominis non illic esse ubi animat, sed ubi
amat. ● Animus plus est ubi amat, quam ubi animat.
● Homo non est ubi animat, sed ubi amat. ● Plus enim
est anima ubi amat, quam ubi animat.
1809. Cuiusque opera parentum loco illi sunt. [Branco
469] As obras de cada um são para ele como seus pais.
■ Cada um é filho de suas obras.
1810. Cuiusque rei potissima pars principium est. [Gaio,
Digesta 1.2.1] A parte mais importante de qualquer
coisa é o princípio. ■ O primeiro passo é o que mais
custa.
1811. Cuiusvis hominis est errare, nullius, nisi
insipientes, in errore perseverare. [Cícero, Philipicae
12.2.5] Todo homem erra, nenhum, a não ser o
ignorante, persevera no erro. ■ Do homem é errar, e da
besta teimar. ● Cuiusvis hominis est errare, solius
insipientis est in errore perseverare. VIDE: ● Errare
humanum est, in errore perseverare, beluinum.
● Hominum est errare, sed ferinum perseverare in
errore.
1812. Cuiusvis temporis homo. [Cícero, De Oratore
2.271] Um homem de qualquer tempo. (=Um homem
que se adapta às circunstâncias).
1813. Cuivis artifici in arte credendum est sua. [Publílio
Siro] Todo oficial deve ser respeitado em seu ofício.
VIDE: ● Cuilibet in arte sua perito est credendum.
● Cuique in sua arte credendum.
1814. Cuivis dolori remedium est patientia. [Publílio
Siro] A paciência é remédio para qualquer dor. ● A
paciência abranda a dor. ■ A paciência é ungüento para
todas as chagas. VIDE: ● Dolori cuivis remedium est
patientia. ● Patientia est remedium cuivis dolori.
1815. Cuivis potest accidere quod cuiquam potest.
[Publílio Siro] O que pode acontecer a uma determinada
pessoa pode acontecer a qualquer um. ● Cuivis potest
accidere quod cuidam potest. VIDE: ● Cunctis potest
accidere quod cuivis potest. ● Quod cuiquam contigit,
cuivis potest.
1816. Culicem elephanti confers. [Erasmo, Adagia
3.1.27] Comparas um mosquito com um elefante.
1817. Culices elephas non curat. [Binder, Thesaurus 635]
Elefante não se preocupa com mosquitos. ■ Homem
grande não desce a coisas baixas. VIDE: ● Elephantus
culicem non curat. ● Elephantus Indus non hili
culicem facit. ● Elephas indus culices non timet.
1818. Culpa caret, qui scit, sed prohibere non potest.
[Digesta 50.17.50] Está isento de culpa aquele que sabe,
mas não pode impedir.
1819. Culpa est bis ad eumdem lapidem offendere.
Tropeçar duas vezes na mesma pedra é negligência. ■ Ao
que erra, perdoa-lhe uma vez, mas não três. ■ Só o tolo
cai duas vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Bis ad
eumdem lapidem offendere culpa est. ● Bis ad
eumdem impingere lapidem turpe. ● Bis ad eumdem.
● Iterum eumdem ad lapidem offendere. ● Non bis ad
eumdem lapidem offendere. ● Sapientis haud est bis
in eodem lapide labi. ● Tua culpa ad eumdem
lapidem bis offenderes. ● Turpe est eumdem bis ad
lapidem impingere. ● Turpe est idem saxum ferire
saepius.
1820. Culpa est immiscere se rei ad se non pertinenti.
[Pompônio, Digesta 50.17.36] É uma falta imiscuir-se
alguém em coisa que não lhe diz respeito.
1821. Culpa est non praevidere quod facile potest
evenire. [Jur] É culpa não prever o que facilmente pode
acontecer.
1822. Culpa est quod, cum a diligente provideri potuit,
non est provisum. [Jur] Constitui culpa não haver
providenciado, quando podia ser providenciado por
pessoa diligente.
1823. Culpa fontis est, si unda turbida. [Binder,
Thesaurus 636] Se a água é turva, a culpa é da fonte.
1824. Culpa in abstracto. [Jur] A culpa considerada de
modo abstrato.
1825. Culpa in concreto. [Jur] A culpa considerada
concretamente.
1826. Culpa in faciendo. [Jur] A culpa na prestação de
uma obrigação.
1827. Culpa in omittendo. [Jur] A culpa por omissão.
1828. Culpa lata dolo aequiparatur. [Jur / Black 487]
Grande culpa equivale a dolo. ● Culpa lata dolo
aequiparanda. ● Culpa magna, dolo proxima.
1829. Culpa levis. [Jur] A culpa leve.
1830. Culpa non potest imputari ei qui non facit quod
facere non tenebatur. [Jur] Não se pode imputar culpa
a quem não faz o que não era obrigado a fazer.
1831. Culpa par odium exigit. [Sêneca, Hercules Oetaeus
445] A ofensa exige uma repulsa proporcional.
1832. Culpa sua damnum sentiens non intellegitur
damnum pati. [Maloux 368] Quem sofre um prejuízo
por própria culpa não se considera que sofre prejuízo.
■ Sofrimento por gosto, antes rir que chorar. VIDE: ● Qui
culpa sua damnum séntit, nullum damnum sentire
vidétur. ● Quod quis ex culpa sua dámnum séntit,
non intellégitur damnum sentire.
1833. Culpa tenet suos auctores. [Jur / Black 487] A má
conduta compromete seus autores. ● Culpa teneat suos
auctores. A má conduta deve comprometer seus
autores.
1834. Culpa ubi maior est, ibi gravior debet esse poena.
[Jur] Quanto maior a culpa, mais pesada deve ser a
pena.
1835. Culpa ubi non est, nec poena esse debet. [Jur]
Onde não há culpa, também não deve haver punição.
1836. Culpa vacare maximum est solacium. [Publílio
Siro] Ser inocente é o maior consolo. VIDE: ● Vacare
culpa magnum est solacium. ● Vacare culpa est
optimum solacium.
1837. Culpae poena par esto. [Jur / Black 487] Que a
punição seja equivalente à falta. VIDE: ● Poena ad
mensuram delicti statuenda est.
1838. Culpam maiorum posteri luunt. Os descendentes
pagam pelos erros dos antepassados. ■ Pecados dos
nossos avós, fazem-nos eles, pagamo-los nós. ● Culpam
maiorum posteri luere. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.5]
Os descendentes pagaram pelos erros dos antepassados.
VIDE: ● Crimina saepe luunt nati scelerata parentum.
● Patres comederunt uvam acerbam, et dentes
filiorum obstupescunt. ● Patres comederunt uvam
acerbam, et dentes filiorum obstupuerunt. ● Patres
nostri peccaverunt et nos peccata eorum portamus.
● Quod sus peccavit, succula saepe luit.
1839. Culpam poena premit comes. [Horácio, Carmina
4.5.24] O castigo segue a falta como companheiro. VIDE:
● Nil inultum remanebit. ● Nullum malum
impunitum.
1840. Culpam praesertim deprehensam pertinaciter
tueri culpa altera est. [Quintiliano, Institutio Oratoria
6.4.16] É uma segunda falta defender com tenacidade
uma falta descoberta.
1841. Culpantur multum, qui garrula multa loquuntur.
[Medina 607] São muito criticados os que tagarelam
muito. ■ Quem muito fala muito erra. VIDE: ● Multum
culpantur qui garrula multa loquuntur.
1842. Culta placent. [Ovídio, De Medicamine 7] As
coisas que são cultivadas agradam.
1843. Cultores sui Deus protegit. [Inscrição em moeda
inglesa] Deus defende seus adoradores.
1844. Cultura autem animi philosophia est. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.13] A filosofia, pois, é o
cultivo do espírito.
1845. Cultus ingenii nullum unquam divitem fecit.
[Binder, Thesaurus 639] O cultivo da inteligência nunca
fez ninguém rico.
1846. Cum accusas alium, propriam prius inspice
vitam. [Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 41]
Quando acusares alguém, examina antes tua própria
vida. ■ Macaco, olha teu rabo! ■ Mete a mão em teu seio,
não dirás do fado alheio.
1847. Cum adsit ursus, vestigia quaeris. [Erasmo,
Adagia 1.10.34] Procuras as pegadas do urso, embora
ele esteja à tua frente. ■ Estás montado no cavalo e
procuras por ele. VIDE: ● Invento urso vestigia
insequeris. ● Praesente urso, vestigia ne quaere.
● Praesentis ursi quaeritas vestigia. ● Ursi praesentis
vestigia quaeris. ● Ursa praesente, vestigia quaeris.
● Ursus cum adsit, vestigia quaeris.
1848. Cum adsit via, semitam quaeris. [Erasmo, Adagia
4.2.2] Embora a estrada esteja à tua frente, procuras um
atalho. ■ Procuras o cavalo e estás montado nele. VIDE:
● Cum sit patens iter, requiris semitam.
1849. Cum adsunt testimonia rerum, quid opus est
verbis? [Jur / Black 488] Quando há provas dos fatos,
qual a necessidades de palavras?
1850. Cum adhuc esset puer, coepit quaerere Deum
patris sui. [Vulgata, 2Paralipômenos 34.3] Sendo ainda
muito moço, começou a buscar o Deus de seu pai. VIDE:
● Quaerere Deum.
1851. Cum aegrotis insanire pulchrum est. [Schottus,
Adagia 480] É louvável fazer-se de louco, quando se
está entre loucos. ■ Na terra aonde fores ter, faze o que
vires fazer. ■ Em terra de lobos, uiva-se com eles. VIDE:
● Insanire cum insanientibus. ● Necesse cum
insanientibus furere. ● Necesse est cum insanientibus
furere, nisi solus relinqueris. ● Qui cum insanis non
insanit, is insanit.
1852. Cum alios timueris, tum te ipsum maxime
verere: nam sine aliis saepe esse potes, sine te
nunquam. [DM 108] Se tens medo dos outros, então
trata de recear principalmente a ti mesmo, pois sem os
outros muitas vezes podes estar, mas sem ti, nunca.
1853. Cum aliquis deorum nocet, ne robustus quidem
possit effugere. [Schottus, Adagia 442] Quando algum
deus persegue, nem o forte consegue escapar. ■ Quando
Deus não quer, não servem votos nem rogos.
1854. Cum aliquis renunciaverit societati, solvitur
societas. [Jur / Black 488] Quando alguém renunciar à
sociedade, esta se desfaz.
1855. Cum amamus, tum perimus. [Plauto, Truculentus
189] Quando amamos, nós nos perdemos. ■ Homem
apaixonado não ouve conselho.
1856. Cum ames, non sapias, aut cum sapias, non ames.
[Publílio Siro] Quando se ama, não se tem juízo, ou
quando se tem juízo, não se está amando. ■ Amar e
saber não pode ser.
1857. Cum amico et benemerito non est suscipiendum
certamen. [Grynaeus 45] Com amigo e benfeitor não se
deve começar disputa. ● Cum amico non certandum
aemulatione. [Erasmo, Adagia 3.10.24] Com amigo
não se deve competir.
1858. Cum amico et familiari sincere semper est
agendum. Com o amigo e o parente deve-se sempre
proceder com sinceridade.
1859. Cum amico omnia amara et dulcia communicata
velim. [Frontão, Epistulae ad Amicos 1.17 / Tosi 1305]
Gostaria de compartilhar com o amigo todas as
amarguras e prazeres. ■ Com o amigo fiel, deve o amigo
abrir o peito. VIDE: ● Communia esse amicorum inter
se omnia.
1860. Cum aqua fauces strangulet, quid iam opus est
bibere? [Erasmo, Adagia 2.1.8] Quando a água sufoca a
garganta, por que é preciso beber mais?
1861. Cum aquila esse queas, inter graculos primas ne
opta. [Grynaeus 129] Se podes ser águia, não queiras
ser o primeiro entre os gralhos. ● Cum aquila esse
queas, ne primas inter graculos optes. [Dumaine 241]
1862. Cum asinus in tegulis ascenderit. [Brewer,
Dictionary of Phrase and Fable] Quando o burro subir
ao telhado. ■ No dia de São Nunca. VIDE: ● Asinus in
tegulis. ● Asinus ad tegulas. ● Si ascenderit asinus per
scalas.
1863. Cum astutis astute agendum esse. Com velhaco,
debe-se agir como velhaco. ■ Com raposas é bom ser
manhoso. ■ Para velhaco, velhaco e meio. VIDE: ● Arte
deluditur ars. ● Cum vulpe vulpinari tu quoque
invicem. ● Cum vulpe vulpina utere quoque astutia.
● Cum vulpe vulpinandum, cum Cretense,
cretizandum. ● Cum vulpe vulpinandum. ● Vulpinari
cum vulpibus. ● Vulpinari cum vulpe. ● Vulpinatur
cum vulpe.
1864. Cum audace non eas in desertum. [Vulgata,
Eclesiástico 8.19] Com o atrevido não vás ao
despovoado. ● Cum audace non eas in via. [Vulgata,
Eclesiástico 8.18] Não te metas em viagem com homem
atrevido.
1865. Cum autem corpus quiescit, anima in motu est, et
corporis partes perreptans domum suam gubernat,
et omnes corporis actiones ipsa perficit. [Nenter vii]
Quando o corpo descansa, o espírito está em
movimento, e, penetrando nas partes do corpo, comanda
a sua morada, e executa todas as ações do corpo.
1866. Cum autem sublatus fuerit ab oculis, etiam cito
transit a mente. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.23.3] Quando nos for tirado dos olhos, também
logo sairá de nossa mente. ■ Longe dos olhos, longe do
coração. ■ Ausência aparta amor.
1867. Cum basi illum sua metiris. [Sêneca, Epistulae
Morales 76.31] Tu o medes junto com o pedestal. (=Dás
a ele importância maior do que realmente tem).
1868. Cum bene potatur, quae non sunt debita fatur.
[Cármina Burana] Quando se bebe bem, fala-se o que
não se deve. ■ Cachaceiro não tem segredo.
1869. Cum bene sum potus, tunc versibus effluo totus;
cum sitio, siccor. [Carmina Burana] Quando bebi bem,
então eu me derramo todo em versos, mas, quando estou
sedento, eu seco.
1870. Cum bona gratia. Com bons modos.
1871. Cum bonis ambula. [Dionísio Catão, Monosticha 7]
Freqüenta as pessoas de bem.
1872. Cum bonis bonus eris, cum perversis perverteris.
[Grynaeus 517] Andando com os bons, serás bom;
andando com os perversos, tu te perverterás. ■ Dize-me
com quem andas, e eu te direi as manhas que tens. VIDE:
● Tu perverteris, si perversis socieris.
1873. Cum brutis non est luctandum. [Rezende 1029]
Com os brutos não se deve lutar. ■ Com vilão não
porfies.
1874. Cum cane simul et lorum. [Manúcio, Adagia 1045]
(Perdeu) a trela junto com o cão. ■ Lá vai quanto Marta
fiou. ■ Lá se foi o melhor boi do meu arado. ■ Foi tudo
para o beleléu. VIDE: ● Actum est. ● Conclamatum est.
● Lorum una cum cane periit.
1875. Cum canes funguntur officiis luporum, cuinam
praesidio pecuaria credemus? [RH 4.46] Se os cães
fazem as tarefas dos lobos, a que guarda confiaremos os
rebanhos?
1876. Cum canibus in puteo non est pugnandum. Não se
deve lutar com um cão num poço.
1877. Cum capiti mederi debeam, reduviam curo.
[Cícero, Pro Roscio 44.128, adaptado] Trato de uma
espiga no dedo, quando é a cabeça que eu deveria
medicar.
1878. Cum caput aegrotat, corpus simul omne laborat.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] Quando a cabeça está
doente, sofre o corpo todo ao mesmo tempo. ■ Quando a
cabeça não regula, quem paga é o corpo. VIDE: ● Cui
caput infirmum, cetera membra dolent. ● Dum caput
aegrotat, omnia alia membra dolent. ● Dum caput
dolet, cetera membra dolent. ● Dum caput dolet,
omnia alia membra dolent. ● Dum male pastori vadit,
vadit male gregi. ● Dum pastori male succedit, idem
fit in detrimentum gregis. ● Membra deficiunt cum
caput deprimitur. ● Si caput doleat, cetera membra
dolent. ● Si caput dolet, omnia membra languent.
1879. Cum ceciderit inimicus tuus, ne gaudeas, et in
ruina eius ne exultet cor tuum. [Vulgata, Provérbios
24.17] Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem,
quando tropeçar, se regozije o teu coração.
1880. Cum certitudine. Com certeza.
1881. Cum cetera vitia senescant in homine, sola
avaritia iuvenescit. Enquanto todos os vícios
envelhecem no homem, somente a avareza rejuvenesce.
■ Quando todo vício envelhece, a avareza reverdece.
VIDE: ● Cum omnia vitia senescunt, sola avaritia
iuvenescit.
1882. Cum charta cadit, omnis scientia vadit. Quando
cai o papel, lá se vai toda a sabença. (=Diz-se de quem
discursa ou dá aula lendo apontamentos). VIDE: ● Si
charta cadit, tota scientia evadit. ● Si charta cadit,
tota scientia galoppat.
1883. Cum cluo lucrosus, fluo mente superciliosus.
[DAPR 21] Quando me chamam de rico, eu fico
arrogante. ■ Abundância cria arrogância. VIDE: ● Mente
tumens laetor, numismate dum locupletor.
1884. Cum confitente sponte mitius est agendum. [Jur /
Black 488] Com o que confessa espontaneamente deve-
se agir com mais benevolência.
1885. Cum Cretensibus cretiza. Com cretenses, age como
cretense. ■ Entre judeus, judeu como eles. ● Cum
Cretensi cretizare. Com o cretense, agir como
cretense. VIDE: ● Cum astutis astute agendum esse.
● Cretiza cum Cretensi.
1886. Cum dabitur sonipes gratis, non inspice dentes.
Quanto te for dado de graça um cavalo, não lhe
examines os dentes. ■ A cavalo dado não se olham os
dentes. VIDE: ● Donati non sunt ora inspicienda caballi.
● Donato non sunt ora inspicienda caballo. ● Equi
donati dentes non inspiciuntur. ● Gratis donato non
spectes ora caballo. ● Gratis quando datur equus, os
non inspiciatur, non contemnatur, si morbidus. ● Noli
equi dentes inspicere donati. ● Non oportet equi
dentes inspicere donati. ● Si quis dat mannos, ne
quaere in dentibus annos.
1887. Cum damnamur a vobis, a Deo absolvimur!
[Tertuliano, Apologeticus 5.16] Quando somos
condenados por vós, somos absolvidos por Deus!
1888. Cum das avaro praemium, ut noceat rogas.
[Publílio Siro] Ao recompensares o ambicioso, tu o
encorajas a fazer mal.
1889. Cum de lucro duorum quaeratur, melior est
causa possidentis. [Ulpiano, Digesta 50.17.126.2]
Quando se disputa sobre o lucro de dois, melhor é a
causa de quem tem a posse.
1890. Cum de unius moribus iudicabis, de publicis
cogita. [Publílio Siro] Quando julgares os costumes de
uma pessoa, pensa nos costumes da coletividade.
1891. Cum defecerint ligna, exstinguetur ignis. [Vulgata,
Provérbios 26.20] Quando não houver mais lenha,
apagar-se-á o fogo.
1892. Cum Deo quisque flet et ridet; ab illo enim omnia
proficiscuntur. [Grynaeus 107] Com Deus choramos e
rimos; tudo, portanto, vem dele. ● Cum Deo quisque
gaudet et flet. [Erasmo, Adagia 3.1.78] Com Deus a
gente ri e chora. VIDE: ● Deo volente, ridet et flet
quilibet. ● Deo volente, quisque ridet et flet. ● Flet
omnis aut ridet Dei cum numine.
1893. Cum Deus auxilio est, nemo nocere potest.
[Rezende 1031] Quando Deus protege, ninguém pode
fazer mal. ■ A quem Deus quer bem, o vento lhe apanha
a lenha. VIDE: ● Cui Deus auxilio est, nemo nocere
potest.
1894. Cum dignitate otium. [Cícero, Pro Sextio 45] O
descanso com dignidade. VIDE: ● Otium cum dignitate.
1895. Cum dignitate potius cadamus quam cum
ignominia serviamus. [Cícero Philippica 3.35] Antes
morrer com dignidade do que servir com ignomínia.
VIDE: ● Praestat cum dignitate cadere quam cum
ignominia servire.
1896. Cum diis ne contendas. Não lutes com os deuses.
● Cum diis non pugnandum. [Erasmo, Adagia 3.9.22]
Com os deuses não se deve lutar. VIDE: ● Cum Iove ego
sane nolim certamen inire. ● Pugnare cum diis
cumque fortuna grave est. ● Pugnare cum Deo atque
fortuna grave.
1897. Cum dilectione hominum et odio vitiorum. [RSA
28] Com amor aos homens e ódio aos vícios.
1898. Cum diva est ausus sus decertare Minerva.
[Teócrito / Manúcio, Adagia 46] O porco ousou discutir
com a deusa Minerva. VIDE: ● Ne sus Minervam doceat!
● Sus cum sis, cum Minerva contendis.
1899. Cum divis flectunt venerandos munera reges.
[Platão / Apostólio 7.43] As dádivas aplacam os
respeitáveis reis bem como os deuses. ■ Dádivas
aplacam homens e deuses. VIDE: ● Munera placant
hominesque deosque. ● Munera placant homines.
● Munera capiunt hominesque deosque. ● Muneribus
vel di capiuntur. ● Placatur donis Iuppiter ipse datis.
1900. Cum dixeris quod vis, audies quod non vis.
[DAPR 223] Dizendo o que queres, ouvirás o que não
queres. ■ Quem diz o que quer ouve o que não quer.
VIDE: ● Qui quae vult dicit, quae non vult audit. ● Qui
quod vult dicit, quod non vult saepius audit; et mala
verba malum provocat alloquium. ● Si mihi male
dixeris, tu quoque male audies. ● Si mihi perget quae
vult dicere, ea quae non vult, audiet.
1901. Cum docemus, discimus. [Varrão, De Lingua
Latina 7.7] Quando ensinamos, aprendemos. VIDE: ● Bis
discit qui docet. ● Docendo, discimus. ● Docendo,
discitur. ● Dum docent, discunt. ● Homines discunt,
dum docent. ● Homines, dum docent, discunt. ● Qui
docet, discit. ● Si vis scire, doce.
1902. Cum dolore abscindenda sunt, quae leviter sanari
non possunt. [S.Beda, Proverbiorum Liber] Deve ser
extirpado com dor o que não se pode curar com doçura.
1903. Cum domino cerasum res est mala mandere
servum. [Eiselein 379; Binder, Thesaurus 642] Não é
bom que o servo coma cerejas com o senhor. ■ Com teu
amo não jogues as peras, porque ele come as maduras e
deixa-te as verdes. VIDE: ● Potentum amicitiae sunt
periculosae.
1904. Cum domino semper pugna sinistra fuit. [Pereira
100] Disputa com senhor sempre deu mau resultado.
■ Com o fogo não se brinca. ■ Com quem pode não se
brinca. VIDE: ● Cum principe non pugnandum. ● Fuge
lites cum viro maiore. ● Habeas nunquam magno
cum principe litem. ● Lites cum rege molestae.
● Maiorem virum cave. ● Maiorem vitato virum.
● Nemo potentes aggredi tutus potest. ● Non habeas
unquam magno cum principe litem: cum domino
semper pugna sinistra fuit. ● Offensa potentium
periculosa. ● Potenti irasci, sibi periclum est
quaerere. ● Semper vitato potentem.
1905. Cum donant, petunt. Quando dão, buscam alguma
coisa. ■ Quem leva um saco para dar, leva outro para
trazer.
1906. Cum duo coniuncti veniunt, victoria certa est.
[Alcitao, Emblemata 41] Quando dois vêm juntos, a
vitória é certa. ■ Contra dois, nem Hércules. VIDE: ● Vis
unita fortior.
1907. Cum duo faciunt idem, non est idem. [Dengg 12]
Quando duas pessoas fazem a mesma coisa, não é a
mesma coisa. ■ Cada um é um. VIDE: ● Aliis si licet, tibi
non licet. ● Duo cum faciunt idem, non est idem.
● Duo cum faciunt idem, saepe non est idem. ● Duo
cum idem faciunt, saepe ut possis dicere: hoc licet
impune facere huic, illi non licet. Non quo dissimilis
res sit, sed quo is qui facit. ● Idem duo cum faciunt,
non tamen est idem.
1908. Cum electo electus eris, et cum perverso
perverteris. [Vulgata, 2Reis 22.27; Salmo 17.27] Com
o puro serás puro, e com o perverso perverter-te-ás.
■ Com qual te achares, com tal te afazes.
1909. Cum enim infirmor, tunc potens sum. [Vulgata,
2Coríntios 12.10] Quando estou enfermo, então estou
forte.
1910. Cum enim plura quis affectat, etiam quae habet
amittit. [Schottus, Adagia 298] Quando alguém
persegue muitas coisas, perde até o que tem. ■ Quem
muito quer tudo perde.
1911. Cum ergo facis eleemosynam, noli tuba canere
ante te. [Vulgata, Mateus 6.2] Quando, pois, dás a
esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti.
1912. Cum errat eruditus, errat errore erudito. [Maloux
164] Quando o erudito erra, comete um erro erudito.
1913. Cum essem parvulus, loquebar ut parvulus,
sapiebam ut parvulus, cogitabam ut parvulus.
[Vulgata, 1Coríntios 13.11] Quando eu era menino,
falava como menino, julgava como menino, discorria
como menino.
1914. Cum est matura seges, metendum. [Varrão, De
Agricultura 1.50] Quando a seara está madura, é hora de
colher. ■ Quando a cevada está grada, deve logo ser
ceifada.
1915. Cum exierit spiritus, non revertetur. [Bernardes,
Nova Floresta 5.344] Uma vez saído o espírito, não
tornará. ■ Quem morre, não morde mais.
1916. Cum faba florescit, stultorum copia crescit.
[Rezende 1036] À medida que a fava floresce, o número
dos tolos cresce. ■ Os tolos crescem sem ser regados.
1917. Cum fames interpellat, non vacat deliberare.
[Grynaeus 235] Quando a fome importuna, não há
tempo para pensar. ■ Estômago vazio não tem ouvidos.
1918. Cum fata volunt, bina venena iuvant. [Ausônio,
Epigrammata 9.12] Quando os fados querem, dois
venenos juntos fazem bem. ■ A quem Deus quer bem, o
vento lhe apanha a lenha.
1919. Cum fatuis consilium non habeas. [Vulgata,
Eclesiástico 8.20] Não te aconselhes com loucos.
1920. Cum favet fortuna, cave, namque rota rotunda.
[Busarello 187] Quando a sorte te favorecer, toma
cautela, pois a roda é redonda. ■ A roda da fortuna tanto
anda como desanda. VIDE: ● Cum fovet fortuna, cave,
namque rota rotunda.
1921. Cum femina semper esse, et non peccare cum
femina, plus est quam mortuum suscitare. Estar
sempre com uma mulher, e não pecar com essa mulher,
é mais difícil que ressuscitar um morto. ■ O homem é
fogo, a mulher é estopa; vem o diabo e assopra.
1922. Cum ferrum candet, cudere quemque decet.
Convém bater o ferro quando ele está em braza.
■ Malhar no ferro é enquanto está quente. ■ Bate-se o
ferro enquanto está quente. ■ Quando o ferro estiver
acendido, então é que há de ser batido. ■ Assa-se o pão
enquanto o forno está quente. ■ Mocidade desprevenida,
velhice arrependida. VIDE: ● Aestas non semper fuerit;
componite nidos. ● Aestas non semper durabit;
condite nidos. ● Dum ferrum candet, cudere
quemque decet. ● Dum ferrum candet, cudite. ● Dum
ferrum candet, tundito. ● Ferrum cudendum est dum
candet in igne. ● Ferrum, cum igni candet,
tundendum. ● Ferrum, dum in igni candet,
cudendum est tibi. ● Ferrum dum in igne candet
cudendum est. ● Ferrum quando calet, cudere
quisque valet. ● Fronte capillata, post est occasio
calva. ● Tundatur ferrum dum novus ignis inest.
1923. Cum fide. Com fé.
1924. Cum fidei obrogatione omnis humana societas
tollitur. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 6.41, adaptado]
Faltando a confiança, acaba-se toda a comunicação
entre os homens.
1925. Cum finis est licitus, etiam media sunt licita.
[Hermann Busenbaum, Medulla Theologiae Moralis
4.3.7.2] Quando o fim é lícito, também os meios são
lícitos. ■ O fim justifica os meios. VIDE: ● Cui finis est
licitus, etiam media sunt licita. ● Cui licitus est finis,
etiam licent media.
1926. Cum forma dilapsus amor. [Claudiano, In
Eutropium I.13] Junto com a beleza se perde o amor.
1927. Cum fortis armatus custodit atrium suum, in pace
sunt ea quae possidet. [Vulgata, Lucas 11.21] Quando
um homem valente guarda armado o seu pátio, estão em
segurança os bens que possui.
1928. Cum fortuna perit, nullus amicus erit.
[Henderson, Latin Proverbs / Stevenson 905] Quando a
sorte se desmorona, não sobrará nenhum amigo. ■ Amigo
de bom tempo muda-se com o vento. ■ Enquanto o ouro
luz, os amigos são de truz. ■ Faze por ter, vir-te-ão ver.
VIDE: ● Cui fortuna perit nullus amicus erit. ● Donec
eris felix, multos numerabis amicos. ● Donec eris
sospes, multos numerabis amicos. ● Donec eris felix,
multos numerabis amicos; tempora si fuerint nubila,
solus eris. ● Si fueris felix, multos numerabis amicos.
● Si fortuna iuvat, multi numerantur amici; si
fortuna perit, nullus amicus erit. ● Tempore felici
multi numerantur amici; sed si fortuna perit, nullus
amicus erit. ● Viri calamitosi amici diffugiunt.
1929. Cum fortuna premit, meliora sequentia spera;
cum fortuna favet, deteriora time. Quando a sorte te é
contrária, tem esperança de virem acontecimentos
melhores; quando a sorte te favorece, teme o pior.
1930. Cum fortuna statque caditque fides. [Ovídio, Ex
Ponto 2.3.10] A fidelidade mantém-se com a boa
fortuna e (com ela) se acaba. ■ Quando está para cair a
árvore, fogem os macacos.
1931. Cum fovet fortuna, cave, namque rota rotunda.
[Rezende 1039] Quando a sorte te acaricia, cuidado,
pois a roda é redonda. ■ A roda da fortuna tanto anda
como desanda. VIDE: ● Cum favet fortuna, cave,
namque rota rotunda.
1932. Cum fueris felix, quae sunt adversa caveto.
[Dionísio Catão, Disticha 1.18] Na prosperidade teme
os reveses da sorte. ■ A fortuna é vária: hoje a favor,
amanhã contrária.
1933. Cum fueris locuples, corpus curare memento:
aeger dives habet nummos, sed se non habet ipsum.
[Dionísio Catão, Disticha 4.5] Se fores rico, lembra-te
de cuidar do corpo: o doente rico tem dinheiro, mas não
tem a si mesmo.
1934. Cum fueris Romae, Romano vivito more. [Pereira
99] Quando estiveres em Roma, vive segundo os
costumes romanos. ■ Em Roma como os romanos. ■ Por
onde vás, assim como vires, assim farás. ■ Cada terra
com seu costume. ● Cum fueris Romae, Romano vivito
more; cum fueris alibi, vivito sicut ibi. [OCDP]
Quando estiveres em Roma, vive segundo os costumes
romanos; quando estiveres em outro lugar, vive segundo
os costumes desse lugar. ● Cum fueris Romae,
Romano vivito more; cum fueris alibi, vivito more
loci. VIDE: ● Si fueris Romae, Romano vivito more. ● Si
fueris Romae, Romano vivito more; si fueris alibi,
vivito sicut ibi. ● Si fueris Romae, Romano vivito
more; cum fueris alibi, vivito more loci.
1935. Cum grano salis. Com uma pedrinha de sal. (= Com
certo cuidado. Com certa reserva). VIDE: ● Addito salis
grano.
1936. Cum Hannibal ad portas esset. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 23.16] Como Aníbal estivesse diante dos
portões. VIDE: ● Hannibal ad portas. ● Hannibal ante
portas.
1937. Cum hasta, cum scuto. [Erasmo, Adagia 2.8.66]
Com a lança, com o escudo.
1938. Cum his qui oderunt pacem eram pacificus; cum
loquebar illis, impugnabant me gratis. [Vulgata,
Salmos 119.7] Com os que aborreciam a paz era
pacífico; quando lhes falava, eles me contradiziam sem
razão.
1939. Cum his versare, qui te meliorem facturi sunt.
[Sêneca, Epistulae Morales 7] Vive com aqueles que te
farão melhor. ● Cum his conversare, qui possunt te
meliorem facere. Vive com aqueles que te podem fazer
melhor.
1940. Cum hoc, vel post hoc, ergo propter hoc. [William
Hamilton, Lectures on Logic 458] Junto com isso, ou
depois disso, portanto por causa disso. (=Trata-se de um
sofisma). VIDE: ● Post hoc, ergo propter hoc. ● Post hoc,
propter hoc.
1941. Cum hominibus felicibus omnes laetare cupiunt,
sed infelices iuvare pauci volunt. Com homens bem
sucedidos todos desejam festejar, mas aos infelizes
poucos querem ajudar. ■ Todos adoram o sol nascente.
1942. Cum hominibus pacem, bella cum vitiis habe.
[Publílio Siro] Terás a paz com os homens e a guerra
com os vícios. VIDE: ● Pacem cum hominibus, bellum
cum vitiis habe. ● Pacem cum hominibus habebis,
bellum cum vitiis. ● Pacem cum inimicis, bellum cum
vitiis. ● Pacem habebis cum hominibus, cum vitiis
bellum.
1943. Cum ignoremus quid agere debeamus, hoc solum
habemus residui, ut oculos nostros dirigamus ad te.
[Vulgata, 2Paralipômenos 20.12] Como não sabemos o
que devemos fazer, por isso não nos fica outro recurso
mais do que voltar para Ti nossos olhos.
1944. Cum ignoscis uni, gratos complures facis. [Publílio
Siro] Ao perdoares a um, muitos te ficarão gratos. VIDE:
● Cum inimico ignoscis, amicos gratis complures
acquiris. ● Cum inimico ignoscis, amicos gratos
comparas.
1945. Cum imperas, rege te ipsum. [Pítaco de Mitilene /
Rezende 1046] Se queres governar, (primeiro) governa
a ti mesmo.
1946. Cum impii sumpserint principatum, gemet
populus. [Vulgata, Provérbios 29.2] Quandos os ímpior
tomarem o governo, gemerá o povo.
1947. Cum impiis non sedebo. [Vulgata, Salmos 25.5]
Não me assentarei com os ímpios.
1948. Cum improbis viris iter cave ineas. [Schottus,
Adagia 613] Evita viajar com gente ruim. ■ Quem anda
com traça, traça o come. VIDE: ● Cum pessimis ne
publica insistas via.
1949. Cum in domum alienam veneris, et mutus et
surdus esto. [Júlio Capitolino, Antoninus Pius 11.8]
Quando entrares em casa alheia, sê mudo e surdo.
1950. Cum in testamento ambigue aut etiam perperam
scriptum est, benigne interpretari et secundum id,
quod credibile est cogitatum, credendum est.
[Digesta 34.5.24] Quando no testamento está escrito
com ambigüidade, ou até com erro, deve-se interpretar
favoravelmente e segundo o que se considera
verossímil.
1951. Cum in verbis nulla ambiguitas est, non debet
admitti voluntatis quaestio. [Digesta 32.25.1] Quando
(no testamento) não há nenhuma ambigüidade nas
palavras, não deve ser admitido nenhum
questionamento da vontade.
1952. Cum infirmi sumus, optimi sumus. Quando
estamos doentes, somos muito honestos. ■ O lobo sem
dentes se faz ermitão.
1953. Cum ingenti gaudio. [Vulgata, 1Paralipômenos
29.17] Com grande alegria. VIDE: ● Cum summo
gaudio.
1954. Cum inimico ignoscis, amicos gratos complures
acquiris. [Publílio Siro] Quando se perdoa a um
inimigo, ganham-se muitos amigos agradecidos. ● Cum
inimico ignoscis, amicos gratos comparas. Quando se
perdia a um inimigo, ganham-se amigos agradecidos.
VIDE: ● Cum ignoscis uni, gratos complures facis.
1955. Cum inimico nemo in gratiam tute redit. [Publílio
Siro] Com um inimigo ninguém se reconcilia sem
perigo. ■ Amigo reconciliado, inimigo dobrado.
1956. Cum inopia est, cupias, quando eius copia est,
tum non velis. [Plauto, Trinummus 671] Quando há
falta, deseja-se, e quando há abundância, não se quer.
1957. Cum insanientibus furere. [Petrônio, Satiricon 3]
Com loucos, fazer-se de louco.
1958. Cum intervenit spatium, omne, quod angebat,
exstinguitur. [Sêneca, Epistulae Morales 63] Quando
passa algum tempo, desaparece o que nos angustiava.
■ O tempo tudo cura.
1959. Cum invisus sit, quia timetur, timeri vult, quia
invisus est. [Sêneca, De Clementia 1.12.4] Como é
odiado porque é temido, quer ser temido porque é
odiado.
1960. Cum iocus est verus, iocus est severus. Quando o
gracejo é verdadeiro, o gracejo é sério. ■ Brincando
dizem-se as verdades. ● Cum iocus est verus, iocus est
malus et severus. [Trench, Proverbs 151] Quando o
gracejo é verdadeiro, o gracejo é mau e sério.
1961. Cum Iove ego sane nolim certamen inire.
[Manúcio, Adagia 962] Sem dúvida, eu não quereria
entrar em em guerra com Júpiter. VIDE: ● Cum diis ne
contendas. ● Cum diis non pugnandum. ● Pugnare
cum diis cumque fortuna grave est. ● Pugnare cum
Deo atque fortuna grave.
1962. Cum iracundo non facias rixam. [Vulgata,
Eclesiástico 8.19] Não tenhas rixas com o homem
colérico.
1963. Cum iratus fueris, misericordiae recordaberis.
[Vulgata, Habacuc 3.2] Quando estiveres irado, tu te
lembrarás da tua misericórdia.
1964. Cum labor in damno est, crescit mortalis egestas.
[Rabelais, Gargantua 3.42] Quando o trabalho é
malvisto, cresce a mortal miséria. ■ Sem trabalho, só a
pobreza.
1965. Cum labore et Deo iuvante. [Divisa] Com esforço e
com a ajuda de Deus.
1966. Cum lacte nutricis. [Erasmo, Adagia 1.7.54] Com o
leite da ama. (=Na infância). ● Cum lacte nutricis
biberat. Sugou com o leite da ama. ■ Bebeu com o leite.
● Cum lacte nutricis suxerat. VIDE: ● A nutricibus.
1967. Cum laesit miseros fortuna, medetur eisdem.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 41.7] A
mesma sorte que feriu os infelizes, também lhes dá o
remédio. ■ Deus, que dá a doença, dá o remédio. ● Cum
laedit miseros fortuna, medetur eisdem. Quando a
sorte fere os infelizes, também lhes dá o remédio.
1968. Cum laetitia. Com alegria. Com satisfação.
1969. Cum languebat lupus, agnus ut esse volebat;
postquam convaluit, talis ut ante fuit. [Stevenson
569] Quando o lobo estava doente, queria ser como o
cordeiro; depois que se restabeleceu, continuou tal
como era antes. ■ O que o berço dá só o túmulo tira.
VIDE: ● Aegrotavit daemon, monachus tunc esse
volebat; daemon convaluit, daemon ut ante fuit.
● Daemon languebat, monachus bonus esse volebat;
sed cum convaluit, manet ut ante fuit. ● Lupus
languebat, monachus tunc esse volebat; sed cum
convaluit, lupus ut ante fuit.
1970. Cum larvis luctari. [Erasmo, Adagia 1.2.53] Lutar
com fantasmas. (=Criticar ausentes ou defuntos). ● Cum
larvis non luctandum. [Alciato, Emblemata 154] Com
fantasmas não se luta.
1971. Cum laudantur boni, non laudatis sed
laudantibus prodest. [S.Agostinho, Epistulae 231]
Quando os justos são exaltados, o louvor beneficia a
quem o faz e não a quem é louvado.
1972. Cum laude. Com louvor. VIDE: ● Magna cum laude.
1973. Cum legere non possis quantum habueris, satis
est habere quantum legas. [Sêneca, Epistulae Morales
2.3] Não podendo ler todos os livros que tiveres, basta
teres quantos possas ler.
1974. Cum legitimae nuptiae factae sunt, patrem liberi
sequuntur. [Jur / Black 488] Se foi realizado casamento
legítimo, os filhos seguem a condição do pai.
1975. Cum Liberi sacra celebrarentur, cogebantur
hedera coronati Libero circuire. [Vulgata, 2Macabeus
6.7] Quando se celebrava a festa de Baco, obrigavam-
nos a ir pelas ruas, coroados de hera, em honra do
mesmo Baco.
1976. Cum licentia superiorum. Com a autorização dos
superiores.
1977. Cum licet fugere, ne quaere litem. [Erasmo,
Adagia 3.4.98] Quando é possível fugir, evita a disputa.
■ Antes fuga a tempo que má espera. ■ Melhor é mau
concerto que boa demanda. ■ Antes má avença que boa
sentença. ■ É melhor uma ruim acomodação que uma
boa questão. VIDE: ● Dum licet fugere, ne quaere litem.
● Litem ne quaere cum licet fugere.
1978. Cum locus est morbis, medico promittitur orbis;
mox fugit a mente medicus morbo recedente.
[Regimen Sanitatis Salernitanum] Quando ocorrem as
doenças, promete-se o mundo ao médico; quando a
doença bate em retirada, logo o médico desaparece de
nosso pensamento.
1979. Cum loqui nesciant, tacere non possunt.
[S.Jerônimo, Ad Demetriadem Virginem] Embora não
saibam falar, não conseguem ficar calados. VIDE: ● Sicut
loqui nesciunt, ita tacere non possunt.
1980. Cum ludus allubescit, incidendus est. [Binder,
Thesaurus 645] Quando a brincadeira está agradando,
deve ser interrompida. ■ Brinca, mas não ofende.
1981. Cum lupus addicit psalmos, desiderat agnos.
Quando o lobo recita salmos, está querendo cordeiros.
■ Quando a raposa estiver fazendo sermão, cuidado com
a tua galinha.
1982. Cum magna voluptate. Com grande prazer.
1983. Cum magno commodo. Com grande proveito.
1984. Cum maiore ratione. Com maior razão.
1985. Cum mare compositum est, securus navita cessat.
[Ovídio, Ars Amatoria 259] Quando o mar está
tranqüilo, o marinheiro despreocupado relaxa.
1986. Cum melius et utilius sit in tempore occurrere
quam post causam vulneratam quaerere remedium.
[Stevenson 1877] É muito melhor e mais útil ir ao
encontro do perigo do que procurar remédio depois que
o mal tiver sido feito. ■ Mais vale prevenir que
remediar. ■ Ao perigo com tento e ao remédio com
tempo. VIDE: ● Melius est intacta iura servare, quam
post vulneratam causam remedium quaerere.
1987. Cum mente et malleo. [Divisa da Escola de Minas
de Ouro Preto] Com a inteligência e com o martelo.
1988. Cum mercede labor gratior esse solet. [Binder,
Thesaurus 646] Com recompensa, o trabalho costuma
ser mais agradável. ■ Todo trabalho merece
recompensa.
1989. Cum Minerva etiam manus move. [Apostólio
17.77] Mesmo que estejas com Minerva, trata de mover
as mãos. ■ Deus ajuda a quem se ajuda. ■ A Deus
rogando e com o maço dando. ■ Põe tu a mão, e Deus te
ajudará. ● Cum Minerva manum quoque move.
[Erasmo, Adagia 1.6.18] ● Cum Minerva et manum
move. ● Cum Minerva manus etiam move. [Schottus,
Adagia 537] VIDE: ● Ad opus manum admovendo
fortunam invoca. ● Adesse gaudet, sed laboranti,
Deus. ● Deus facientes adiuvat. ● Deus laborantibus
opem fert prospere. ● Deus laborantes ope adiuvat
sua. ● Dii facientes adiuvant. ● Facientes Deus
adiuvat. ● Fortunam ut ars, fortuna ita artem amat
invicem. ● Huic qui laborat, Numen adesse assolet.
● Manum admoventem Deum quemvis invocare
debere. ● Manum admoventi fortuna est imploranda.
● Manum admoventi fortuna est invocanda. ● Manum
admoventi sunt vocanda numina. ● Minerva
auxiliante, manum etiam admove. ● Nunc ipse quid
peragito, dein deos voca. ● Nunc ipse quid peragito,
dein Deum voca. ● Quisquis laborat, huic manum
praebet Deus. ● Sine opera tua, nihil di facere
possunt.
1990. Cum moritur dives concurrunt undique cives;
pauperis ad funus vix currit clericus unus. [Binder,
Thesaurus 648] Quando morre um rico, corre gente de
toda parte; ao enterro do pobre, dificilmente vai um
único padre. ■ Ao rico mil amigos se deparam; ao pobre,
seus irmãos o desamparam. ■ Para gente pobre, nem
repique, nem dobre. ● Cum moritur dives concurrunt
undique cives; pauperis ad funus vix vadit clericus
unus. [Rezende 1052] ● Cum moritur dives
concurrunt undique cives, aes sonat, urbs plorat,
presbyter orat; cum moritur pauper, sequitur vix
unus et alter; pauperis ad funus vix currit clericus
unus. [Eiselein 526] Quando morre o rico, corre gente
de toda parte, soa o sino, a cidade chora, o padre ora;
quando morre o pobre, vai quanto muito um ou dois; ao
enterro do pobre, vai no máximo um único padre. VIDE:
● Pauperis ad funus vix currit clericus unus.
1991. Cum mortui non mordent, iniquum est ut
mordeantur. Já que os mortos não mordem, é injusto
que sejam mordidos. ■ Não batas em homem morto.
VIDE: ● Mortui non mordent. ● Mortuis non
convinciandum.
1992. Cum mortuis conversari. [Grynaeus 203]
Conversar com mortos. (=Ler livros de autores antigos).
1993. Cum mortuis non nisi larvas luctari. [Plínio
Antigo, Naturalis Historia, Praefatio 31] Com os mortos
só os fantasmas lutam. ● Cum mortuis non nisi larvae
luctantur. [Polydorus, Adagia]
1994. Cum mortuo verba facit. Ele está falando a um
cadáver. ■ Perde seu latim. VIDE: ● Mortuo verba facis.
● Mortuis verba das. ● Mortuo fabellam ad aures
narras. ● Verba facit emortuo. ● Verba fiunt mortuo.
1995. Cum mula pepererit. [Suetônio, Vita Galbae 4;
Erasmo, Adagia 1.5.83] Quando a mula parir. ■ Quando
a galinha criar dentes. ● Cum muli pariunt. Quando as
mulas parem. VIDE: ● Ad calendas Graecas. ● Mula ubi
pepererit.
1996. Cum multo desiderio. [Vulgata, 1Tessalonicenses
2.17] Com grande desejo.
1997. Cum mutis magistris loqui. [Grynaeus 203]
Conversar com mestres mudos. (=Ler livros).
1998. Cum necessitate ne di quidem pugnant. [Schottus,
Adagia 24] Contra o inevitável nem mesmo os deuses
lutam. ■ A necessidade não tem lei. VIDE: ● Adversum
necessitatem ne di quidem resistunt. ● Necesse ne
vitet quidem vel Iuppiter. ● Necessitatem ne deos
quidem cogere posse. ● Necessitatem ne dii quidem
superant.
1999. Cum nocet amicus, nihil ab hoste discrepat.
[Grynaeus 417] O amigo, quando nos prejudica, em
nada difere do inimigo. ■ Deus me guarde dos amigos,
que dos inimigos me guardo eu. ■ Choram olhos de teu
amigo, e ele enterrar-te-á vivo.
2000. Cum non exemplis sed legibus iudicandum est.
[Codex Iustiniani 7.45.13] Não se deve julgar pelos
precedentes, mas pelas leis.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11

C11: 2001-2205
2001. Cum non patet alia via, licet privato occupare
omne debitum a debitore. [Pe.Francisco de Vitoria]
Quando não se vê outro caminho, é permitido ao
cidadão tomar ao devedor o que lhe é devido.
2002. Cum non sis Syrus, ne Syrum agas. [Apostólio
12.92] Se não és sírio, não ajas como sírio. ■ Quem não
quer ser lobo não lhe vista a pele. VIDE: ● Syrus cum
non sis, ne syrissa.
2003. Cum notis variorum. Com comentários de vários
(autores). VIDE: ● Variorum.
2004. Cum nullus sit morbus, nulla medela opus.
[Grynaeus 422] Se não há doença, não há necessidade
de remédio. ● Cum nullus sit morbus, nulla medela
indigeamus. [Grynaeus 422] Quando não há doença,
não precisamos de nenhum remédio. VIDE: ● Indigent
infirmi medici auxilium. ● Infirmi medicina opus
habent. ● Non egent qui sani sunt medico, sed qui
male habent. ● Non est opus sanis medicus, sed male
habentibus. ● Non est opus valentibus medicus, sed
male habentibus. ● Non necesse habent sani medico,
sed qui male habent. ● Quorum corpus aegrotat, iis
medico opus est. ● Recte qui valeat, medicae non
indigus artis. ● Sanus non eget medico, sed male
habens.
2005. Cum omnia Deus possit, suscitare virginem non
potest post ruinam. [S.Jerônimo / Stevenson 325]
Embora Deus possa tudo, não pode reerguer uma
virgem depois da queda.
2006. Cum omnia quae excesserunt modum noceant,
periculosissima felicitatis intemperantia est. [Sêneca,
De Providentia 4.10] Embora todos os excessos sejam
prejudiciais, o mais perigoso é a felicidade ilimitada.
2007. Cum omnia vitia senescunt, sola avaritia
iuvenescit. [DAPR 706] Enquanto todos os vícios
envelhecem, somente a avareza rejuvenesce. ■ Quando
todo vício envelhece, a avareza reverdece. VIDE: ● Cum
cetera vitia senescant in homine, sola avaritia
iuvenescit.
2008. Cum omnis arrogantia odiosa est, tum illa ingenii
atque eloquentiae multo molestissima. [Cícero, De
Divinatione 11] Toda arrogância é odiosa, mas a
arrogância do talento e da eloqüência é uma das mais
desagradáveis.
2009. Cum onere. Com ônus.
2010. Cum oscitat unus, statim oscitat et alter. Quando
um boceja, imediatamente boceja também o segundo.
VIDE: ● Oscitante uno, deinde oscitat et alter. ● Uno
oscitante et alter oscitat statim. ● Uno oscitante alter
participat.
2011. Cum pane et vino conficietur iter. [Rezende 1056]
Com pão e vinho se completará a viagem. ■ Com pão e
vinho se anda caminho.
2012. Cum par scientia sit, utiliorem medicum esse
amicum, quam extraneum. [Celso, De Medicina,
Proemium 73] No caso de a competência ser igual, é
mais útil que o médico seja um amigo do que um
estranho.
2013. Cum parco fueris iusta ratione triparcus. [Medina
585] Com o avaro, serás, com justa razão, três vezes
avaro. ■ A ruim, ruim e meio.
2014. Cum pare contendere anceps est, cum superiore
furiosum, cum inferiore sordidum. [Sêneca, de Ira
2.34.1] Lutar com o igual é perigoso, com o mais forte é
loucura; com o mais fraco é vergonhoso. ● Cum pare
contendere indecens, cum superiore furiosum, cum
inferiore sordidum. [Publílio Siro] Lutar com o igual é
inconveniente, com o mais forte é loucura, com o mais
fraco, vergonhoso.
2015. Cum parvula est, bona videtur spina. [Erasmo,
Adagia 3.3.75] O espinheiro, quando é pequenino,
parece bonzinho. ■ De jovem anjo, velho diabo. VIDE:
● Bona spina iam tum cum parvula est se prodit.
2016. Cum pauca legat, pauca scit. Como lê pouco, sabe
pouco. VIDE: ● Qui pauca legit, pauca scit.
2017. Cum pauper diviti donat, tunc diabolus ridet.
■ Quando o pobre dá ao rico, o diabo ri.
2018. Cum periclo inferior quaerit, quod superior
occulit. [Publílio Siro] Corre risco o mais fraco quando
quer saber o que o mais forte lhe esconde.
2019. Cum pertinentiis. [Broom 367] Com as coisas
pertinentes.
2020. Cum pessimis ne publica insistas via. [Schottus,
Adagia 613] Com gente ruim não andes em via pública.
■ Quem anda com traça, traça o come. VIDE: ● Cum
improbis viris iter cave ineas.
2021. Cum pirum maturescit, decidit vel in caenum.
Quando a pera fica madura, cai até na lama. ■ A pera,
quando madura, há de cair. ■ A peixe fresco, gasta-o
cedo; e tendo tua filha crescido, dá-lhe marido. VIDE:
● Cum sunt matura, pira sunt ruitura. ● Dum sunt
matura, pira sunt breviter ruitura. ● Pira, dum sunt
matura, sponte cadunt.
2022. Cum plerique boves stimulent, est rarus arator.
[Schottus, Adagia 587] Embora muitos aguilhoem os
bois, é raro o lavrador. ■ Muitos falam e exortam, mas
poucos obram. VIDE: ● Multi qui boves stimulent, pauci
aratores. ● Multi qui tauros stimulent, sed rarus
arator. ● Multi boum stimulatores pauci autem
terrae aratores. ● Qui tauros stimulent multi, sed
rarus arator. ● Qui taurum stimulent multi, sed rarus
arator.
2023. Cum plus sint potae, plus potiuntur aquae.
Quanto mais água se bebe, mais água se pega. ■ Quanto
mais água, mais sede. ■ Bebedice de água nunca se
acaba. ● Cum plus sint potae, plus sitiuntur aquae.
Quanto mais água se bebeu, mais se tem sede de água.
VIDE: ● Quo plus sunt potae, plus sitiuntur aquae.
2024. Cum posces, posce latine. [Juvenal, Satirae 11.148]
Quando pedires, pede em latim.
2025. Cum praecedit opus merces numerata futurum,
artificis frigent manus. [Pereira 05] Quando o
pagamento precede a obra a ser feita, as mãos do artífice
perdem a força. ■ A obra pagada, braços quebrados.
■ Pagamento adiantado, pagamento vicioso.
2026. Cum prima luce. [Cícero, Ad Atticum 4.3.5] Com a
primeira luz. Ao amanhecer.
2027. Cum principe non pugnandum. [Erasmo, Adagia
3.9.69] Não se deve disputar com o príncipe. ■ Com teu
amo não jogues as peras. ■ Não dês murro em ponta de
faca. VIDE: ● Cum domino semper pugna sinistra fuit.
● Fuge lites cum viro maiore. ● Habeas nunquam
magno cum principe litem. ● Lites cum rege
molestae. ● Maiorem virum cave. ● Maiorem vitato
virum. ● Nemo potentes aggredi tutus potest. ● Non
habeas unquam magno cum principe litem: cum
domino semper pugna sinistra fuit. ● Offensa
potentium periculosa. ● Potenti irasci, sibi periclum
est quaerere. ● Semper vitato potentem.
2028. Cum privilegio. Com privilégio.
2029. Cum pro amico contra ius et contra quam licet,
salva tamen libertate atque pace, faciendum est?
[Aulo Gélio, Noctes Atticae 1.3] Quando, em favor de
um amigo, devo agir contra a lei e contra o que é
permitido, respeitada a liberdade e a paz, devo fazê-lo?
2030. Cum probis potius, quam cum improbis vivere
vanidicis. [Plauto, Trinummus 275] É melhor viver com
homens honestos do que com desonestos e mentirosos.
2031. Cum prophetia defecerit, dissipabitur populus.
[Vulgata, Provérbios 29.18] Quando faltar a profecia,
dissipar-se-á o povo.
2032. Cum quibus. Com quê. Com que recursos.
(=Emprega-se a expressão cum quibus para significar
dinheiro).
2033. Cum quid bonum feceris, causam non tibi, sed
diis ascribe. [Bias / Rezende 1059] Quando fizeres algo
de bom, não atribuas a causa a ti, mas aos deuses.
2034. Cum quid nescitur, quaerere quemque decet.
Quando não se sabe alguma coisa, convém perguntar.
■ Ninguém se envergonhe de perguntar o que não sabe.
VIDE: ● Dum quid nescitur, quaerere quemque decet.
2035. Cum quid prohibetur, prohibentur omnia, quae
sequuntur ex illo. [Jur] Quando se proíbe alguma coisa,
proíbe-se tudo que dela deriva.
2036. Cum quid una via prohibetur alicui, ad id alia
non debet admitti. [Jur] Quando se proíbe a alguém
fazer alguma coisa de certo modo, não deve ser
admitido outro modo de fazer.
2037. Cum quis in ius succedit alterius, iustam
ignorantiae causam censetur habere. [Jur] Quando
alguém sucede no direito de outrem, considera-se ter
justa causa de desconhecimento.
2038. Cum quis mutare aliquid volet, paulatim debebit
assuescere. [Celso, De Medicina 3.1] Quando alguém
quiser mudar alguma coisa, deverá acostumar-se
gradualmente.
2039. Cum quo aliquis iungitur, talis erit. [Arnóbio /
Tosi 1329] Com quem alguém se liga, como ele será.
■ Com qual te achares, com tal te afazes. ■ Dize-me com
quem vais, dir-te-ei o que farás. VIDE: ● Semper eris
similis cum quibus esse cupis. ● Ex socio cognoscitur
vir.
2040. Cum quod ago non valet ut ago, valeat quantum
valere potest. [Jur / Black 488] Quando o que faço não
tem efeito como eu o faço, que tenha o efeito que possa
ter.
2041. Cum quod datur spectabis, et dantem aspice.
[Sêneca, Thyestes 415] Quando olhares o que te é dado,
olha também quem dá.
2042. Cum re opus est, nihil prosunt verba. [Grynaeus
92] Quando se precisa de dinheiro, palavras não
adiantam de nada. VIDE: ● Re opitulandum, non verbis.
2043. Cum re praesenti deliberandum est. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 9.117] Deve-se deliberar diante do
fato.
2044. Cum receditur a littera, iudex transit in
legislatorem. [Bacon, Advancement of Learning
2.18.8] Quando se afasta da letra (da lei), o juiz passa a
legislador.
2045. Cum recordor quod sum cinis, et quod cito venit
finis, sine fine pertimesco, et ut cinis refrigesco.
[Tomás de Celano / Rezende 1062] Quando me lembro
de que sou cinza, e que cedo virá meu fim, sem fim me
ponho a tremer e me torno frio como a cinza.
2046. Cum recte vivas, ne cures verba malorum.
[Dionísio Catão, Disticha 3.2] Se vives honestamente,
não te preocupes com as palavras dos maldizentes.
■ Cumpre o teu dever, aconteça o que acontecer.
■ Cumpre sempre teu dever, se não te queres
arrepender. VIDE: ● Conscia mens recti famae
mendacia ridet.
2047. Cum reo fugere liceat, iudicium minime quaerere
oportet. [Apostólio 8.63] Quando à parte é permitido
fugir, de maneira nenhuma convém procurar demanda.
■ Melhor é mau concerto que boa demanda.
2048. Cum repetas inimicum amicum beneficio invenias
tuo. [Plauto, Trinummus 1017] Se cobras teu dinheiro,
do amigo que beneficiaste farás um inimigo. ■ Amigo ao
pedir, inimigo ao restituir. VIDE: ● Si praestabis, non
habebis; si habebis, non tam cito; si tam cito, non
tam bonum; si tam bonum, perdes amicum.
2049. Cum Romam venio, ieiuno sabbato; cum hic sum,
non ieiuno; sic etiam tu, ad quam forte ecclesiam
veneris, eius morem serva, si cuiquam non vis esse
scandalum, nec quemquam tibi. [S.Ambrósio,
Epistulae 36.14] Quando vou a Roma, jejuo no sábado;
quando estou aqui (em Milão), eu não jejuo; assim tu
também seguirás o costume de qualquer igreja que
visites, se não quiseres ofender ou ser ofendido.
2050. Cum sale et sole omnia fiunt. [Mota 213] Tudo se
faz com sal e sol. ■ Sol e sal livram a gente de muito
mal.
2051. Cum sale panis latrantem stomachum bene leniet.
[Horácio, Sermones 2.2.17] Pão com sal acalmará o
estômago reclamador. VIDE: ● Latrantem stomachum
panis bene leniet.
2052. Cum sancto sanctus eris, et cum viro innocente
innocens eris. [Vulgata, Salmos 17.26] Tu serás santo
com o santo, e serás inocente com o varão inocente.
■ Dize-me com quem vais, dir-te-ei o que farás. ■ Quem
com coxo anda, aprende a mancar. ■ Quem com
morcegos anda, dorme de cabeça para baixo. VIDE:
● Botrus oppositus botro maturescit. ● Botrus iuxta
botrum maturescit. ● Tales plerumque evadimus,
quales sunt ii cum quibus sociamus. ● Talis quisque
est, quales quibuscum familiaris.
2053. Cum sapiente loquens perpaucis utere verbis.
[Columbano] Ao falar com um homem sábio, usa
pouquíssimas palavras. ■ Para o bom entendedor, meia
palavra basta. VIDE: ● Dictum sapienti sat est. ● Est
satis atque superest verbum sapientibus unum. ● Et
satis et superest verbum sapientibus unum.
● Intellegenti pauca. ● Intellegenti satis dictum est.
● Sapienti dictum sat est. ● Sapienti pauca. ● Sapienti
sat! ● Strenuis abunde dictum puta. ● Verbum
sapienti sat est. ● Verbum sat sapienti!
2054. Cum sarcinis enatat. Salva-se do naufrágio com a
bagagem. (=Diz-se de quem se salva do perigo com
todos os seus bens). ● Cum sarcinis nemo enatat. Com
a bagagem ninguém escapa nadando. VIDE: ● Nemo cum
sarcinis enatat.
2055. Cum satur est aries socios capite impetit omnes.
[Pereira 105] Quando o carneiro está farto, dá cabeçadas
em todos os companheiros. ■ Farto está o carneiro
quando marra com o companheiro.
2056. Cum satur est felis, se totum lambere gaudet.
[Pereira 98] Quando o gato está farto, gosta de lamber-
se todo. ■ Bem se lambe o gato, depois de farto.
2057. Cum satur est venter, cantat quicumque libenter.
[Pereira 97] Quando o ventre está farto, qualquer um
canta satisfeito. ■ Bem canta Marta, depois de farta.
VIDE: ● Dum satur est venter, gaudet caput inde
libenter.
2058. Cum sciam nihil esse in vita proprium mortali
datum. [Lucílio, Saturae 27.701] Embora eu saiba que
nada nesta vida é dado ao mortal como sua propriedade.
VIDE: ● Nihil esse in vita proprium mortali datum.
2059. Cum sciamus nos morituros esse, quare non
vivamus? [Petrônio, Satiricon 72.2] Já que sabemos que
vamos morrer, por que não aproveitamos a vida?
2060. Cum se ipse vincit sapiens, minime vincitur.
[Publílio Siro] O sábio, quando vence a si mesmo, não é
de maneira nenhuma vencido. ● Cum sese vincit
sapiens, minime vincitur.
2061. Cum senior est confectus equus, da cycla minora.
[Schottus, Adagia 583] Quando o cavalo chega à
velhice, dá-lhe carroça menor. ■ A rês velha, aliviar-lhe
a carga. VIDE: ● Adde rotas vetulo leviores usque
caballo. ● Equo senescenti minora cycla admove.
● Nempe senescenti leviora impone caballo. ● Senibus
labores corporis sunt minuendi. ● Trade senescenti
iam cycla minora caballo.
2062. Cum silentio. Com silêncio. Em silêncio. Cum
silentio admirantium. [Amiano Marcelino, Historiae
18.5.7] Com o silêncio das pessoas que o admiravam.
2063. Cum silices, cum dens patientis aratri depereant
aevo, carmina morte carent. [Ovídio, Amores 1.15.31]
Enquanto as pedras e os dentes do tenaz arado se
gastam com o tempo, os poemas desconhecem a morte.
2064. Cum sis faber, opera haud facis fabrilia.
[Eurípides / Schottus, Adagia 623] Embora sejas
ferreiro, não fazes ferragens. VIDE: ● Faber cum sis non
tractas fabrilia.
2065. Cum sis fur, alios esse fures suspicaris. [Pereira
117] Como és ladrão, julgas que os outros são ladrões.
■ O ladrão julga que todos o são. VIDE: ● Cum sit fur,
alios esse fures suspicatur. ● Esse sibi similes alios fur
iudicat omnes.
2066. Cum sis incautus, nec rem ratione gubernes, noli
Fortunam, quae non est, dicere caecam. [Dionísio
Catão, Disticha 4.3] Se não és precavido e não
administras teus bens racionalmente, não digas que a
sorte é cega, pois ela não existe.
2067. Cum sis nanus, cede. [Erasmo, Adagia 4.3.29] Já
que és anão, recua. ■ Quando a força é desigual, antes
fugir que ficar mal. VIDE: ● Adversus leonem capra
pugnam non ineat. ● Adversus leonem damae
pugnam ineunt. ● Nanus cum sis, cede. ● Ne ad
pugnam vocet aquilam luscinia. ● Ne capra contra
leonem pugnet. ● Non cum leone capra decertem
fero. ● Non cum leone caprea pugnare audeas.
● Pumilio cum sis, cede.
2068. Cum sis natus ingenuus, ne moribus agas servum
et barbarum. [Grynaeus 175] Já que nasceste livre, não
te comportes como servo ou estrangeiro.
2069. Cum sit fur, alios esse fures suspicatur. Por ser
ladrão, julga que os outros são ladrões. ■ O ladrão julga
que todos o são. VIDE: ● Alios ex ingenio suo metitur.
● Cum sis fur, alios esse fures suspicaris. ● Esse sibi
similes alios fur iudicat omnes. ● Ex sua natura fingit
ceteros.
2070. Cum sit hoc natura commune animantium, ut
habeant libidinem procreandi, prima societas in ipso
coniugio est, proxima in liberis, deinde una domus,
communia omnia; id autem est principium urbis et
quasi seminarium rei publicae. [Cícero, De Officiis
1.54] Como, pela natureza, é comum aos animais terem
o desejo de procriar, a primeira sociedade está no
próprio matrimônio, a seguinte nos filhos, em
conseqüência uma casa única, todas as coisas comuns;
isto é o princípio da cidade, e como que a sementeira do
país. VIDE: ● Prima societas in ipso coniugio est.
2071. Cum sit patens iter, requiris semitam. [Schottus,
Adagia 617] Embora a estrada esteja à tua frente,
procuras um atalho. ■ Estás na igreja e não vês os
santos. VIDE: ● Cum adsit via, semitam quaeris.
2072. Cum sol abest obmutesco. [Inscrição em quadrante
solar] Quando o sol está ausente, fico mudo.
2073. Cum sol oritur, cunctis oritur. [Branco 62] Quando
o sol nasce, nasce para todos. ■ O sol, quando nasce, é
para todos. ■ O sol nasce para todos. ● Cum sol oritur,
omnibus oritur. ● Cum sol oritur, stellae fugiunt.
Quando o sol nasce, as estrelas fogem. VIDE: ● Et
sceleratis sol oritur. ● Sol omnibus lucet.
2074. Cum spatiantem vidi, quid cogites scio. [Petrônio,
Satiricon 126] Como te vi andar, sei o que pensas.
2075. Cum spirat ira sanguinem, nescit tegi. [Sêneca,
Thyestes 503] A ira, quando deseja sangue, não sabe
dissimular-se.
2076. Cum stolidis risu durum verbisque iocari. [Binder,
Thesaurus 657] Com tolos, é duro brincar com risos e
gracejos. ■ Brinca com o asno, dar-te-á com o rabo na
barba.
2077. Cum summo gaudio. Com a maior alegria. VIDE:
● Cum ingenti gaudio.
2078. Cum sunt matura, breviter pira sunt ruitura.
Quando estão maduras, as peras logo vão cair. ■ A pera,
quando madura, há de cair. ■ A peixe fresco, gasta-o
cedo; e tendo tua filha crescido, dá-lhe marido. VIDE:
● Cum pirum maturescit, decidit vel in caenum.
● Dum sunt matura, pira sunt breviter ruitura. ● Pira,
dum sunt matura, sponte cadunt.
2079. Cum sunt partium iura obscura, reo favendum
est potius quam actori. [Bonifácio 8º / Rabelais,
Gargantua 3.39] Quando as razões das partes forem
obscuras, deve-se favorecer antes o acusado que o autor.
2080. Cum surgunt miseri, nolunt miseris misereri.
[Grynaeus 69] Os pobres, quando sobem na vida, não
querem compadecer-se dos pobres. ■ Quando o vilão
está rico, não tem parente nem amigo. ■ Viu-se o demo
em socos, e quis pisar os outros. VIDE: ● Asperius nihil
est humili, cum surgit in altum. ● Fiunt Nerones
miseri facti locupletes. ● Nihil humili peius, cum se
sors ampliat eius. ● Nihil superbius paupere, dum
surgit in altum.
2081. Cum surrexerint impii, abscondentur homines;
cum illi perierint, multiplicabuntur iusti. [Vulgata,
Provérbios 28.28] Quando os ímpios forem elevados,
esconder-se-ão os homens; quando eles perecerem,
multiplicar-se-ão os justos.
2082. Cum sus praebetur, tunc saccus proptificetur.
Quando te é oferecido o porco, prepare-se
imediatamente o saco. ■ Quando te dão o porquinho,
vai logo com o baracinho. [Gil Vicente, Triumpho do
Inverno] VIDE: ● Saccus adaptetur, porcellus cum tibi
detur.
2083. Cum tacent, clamant. [Cícero, In Catilinam 1.21]
Quando calam, gritam. VIDE: ● Dum tacent, clamant.
2084. Cum tacet indoctus, poterit consultus haberi.
[Medina 590] Quando o ignorante se mantém calado,
poderá passar por erudito. ■ Tolo calado passa por
avisado. ● Cum tacet, haud quicquam differt
sapientibus amens. [Alciato, Emblemata 8] Quando
permanece calado, em nada o tolo difere do ajuizado.
2085. Cum te aliquis laudat, iudex tuus esse memento:
plus aliis de te quam tu tibi credere noli. [Dionísio
Catão, Disticha 1.14] Quando alguém te elogiar,
lembra-te de ser teu juiz: a teu respeito não creias mais
nos outros do que em ti mesmo.
2086. Cum te ille videbat, ego videbam, sed oculis eius.
[S.Agostinho] Quando ele te estava vendo, eu também
te via, mas através dos olhos dele.
2087. Cum tempore mutamur. Nós mudamos com o
tempo.
2088. Cum tot tantisque difficultatibus. Com tantas e tão
grandes dificuldades.
2089. Cum tuus es, noli servire nisi tibi soli. [Walther
4556 / Tosi 1074] Já que tu te pertences, não queiras
servir senão a ti mesmo. ■ Quem pode ser seu, em ser de
outro é sandeu. VIDE: ● Alterius non sit, qui suus esse
potest.
2090. Cum umbra nihil et sine umbra nihil. [Inscrição
em relógio de sol] Com sombra, nada, e sem a sombra
(da haste), nada.
2091. Cum umbra pugno. [Schottus, Adagia 532] Estou
lutando com uma sombra.
2092. Cum uxore neque lites neque blanditias,
praesentibus aliis, exercere convenit. [Cleóbulo /
Rezende 1069] Na presença de outros não convém ter
nem rixas nem carícias com a esposa.
2093. Cum valemus, recta consilia aegrotis damus.
Quando estamos com saúde, damos bons conselhos aos
doentes. VIDE: ● Facile, cum valemus, recta consilia
aegrotis damus. ● Facile omnes, cum valemus, recta
consilia aegrotis damus.
2094. Cum Venere et Baccho lis est et iuncta voluptas.
[Dionísio Catão, Disticha 4.30] Ao amor e ao vinho
estão associados a disputa e o prazer.
2095. Cum ventis noster abibit amor. [Ovídio, Heroides
17.206] O meu amor partirá com os ventos.
2096. Cum ventis degere bellum. [Lucrécio, De Rerum
Natura 4.971] Brigar com o vento. ■ Ladrar à lua.
● Cum ventis litigo. [Petrônio, Satiricon 83] Estou
brigando com os ventos. ● Cum vento disputare.
[Schottus, Adagia 339] VIDE: ● Litigare cum ventis.
2097. Cum ventum es ad senectam, frustra
adulescentiam repetes. Quando se chegou à velhice, é
inútil desejar a juventude.
2098. Cum vere obiurges, sic inimice iuvas; cum falso
laudes, tunc et inimice noces. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Anacharsis] Quando repreendes
com razão, apesar de hostil, ajudas; quando louvas
falsamente, então prejudicas como um inimigo.
2099. Cum victor arma posuit, et victum decet deponere
odia. [Sêneca, Hercules Furens 409] Quando o
vencedor depôs as armas, convém ao vencido também
depor o ódio.
2100. Cum vinum intrat, exit sapientia. [DAPR 675]
Quando entra o vinho, sai o juízo. ■ Onde entra o beber,
sai o saber. VIDE: ● Dum vinum intrat, exit sapientia.
● Insanire facit sapientes copia vini. ● Vino intrante,
foras subito sapientia vadit.
2101. Cum viro potentiore ne communica. [Apostólio
3.14] Não tenhas relações com homem mais poderoso
que tu. ■ Com teu amo não partas as peras, porque ele
come as maduras e deixa-te as verdes. VIDE: ● Cave a
commercio potentium: habe commercium cum
aequalibus. ● Cave virum maiorem. ● Cavendum a
potentiore. ● Cum viro potentiore ne communica.
● Fuge procul a viro maiore. ● Pondus super se tollet
qui honestiori se communicat. ● Qui te fortior est,
hunc tu vitare memento.
2102. Cum vitia alterius satis acri lumine cernas nec tua
prospicias, fis verso crimine caecus. [Dionísio Catão,
Monosticha, Appendix 48] Quando examinas com olho
atento os erros de outrem, mas não observas os teus,
sendo feita acusação contrária, tornas-te cego.
2103. Cum vitia prosunt, peccat qui recte facit. [Publílio
Siro] Quando os vícios trazem vantagens, o errado é
quem se conduz honestamente. ■ É melhor errar com
muitos do que acertar com poucos.
2104. Cum voluerit Deus. Quando Deus quiser.
2105. Cum vulpe habens commercium, dolos cave.
[Grynaeus 608] Quando tiveres negócios com a raposa,
cuidado com as manhas.
2106. Cum vulpe vulpinari tu quoque invicem.
[Schottus, Adagia 22] Com a raposa sê manhoso tu
também. ■ Com raposas é bom ser manhoso. ■ Para
velhaco, velhaco e meio. ● Cum vulpe vulpina utere
quoque astutia. [Schottus, Adagia 605] Com a raposa
usa, tu também, da astúcia vulpina. ● Cum vulpe
vulpinandum, cum Cretense, cretizandum. [Pereira
96] Com a raposa, deve-se ser velhaco, com o cretense,
deve-se agir como cretense. ● Cum vulpe
vulpinandum. VIDE: ● Arte deluditur ars. ● Cum
astutis astute agendum esse. ● Cum Cretensi
cretizare. ● Vulpinari cum vulpibus. ● Vulpinari cum
vulpe.
2107. Cumque reus tibi sis, ipsum te iudice damna.
[Dionísio Catão, Disticha 3.17] Quando o teu réu fores
tu mesmo, como juiz condena-o.
2108. Cuncta complecti velle, stultum. É tolice querer
abarcar todas as coisas. ■ Quem muito abarca, pouco
aperta.
2109. Cuncta docet necessitas. A necessidade tudo ensina.
■ A necessidade é mestra da vida. ● Cuncta docuit
necessitas. [Grynaeus 369] A necessidade ensinou-me
tudo. VIDE: ● Artis magistra necessitas. ● Durum
flagellum est paedagogus ingenii. ● Durum flagellum
est paedagogus ingens. ● Mater artium est necessitas.
● Necessitas artis magistra. ● Necessitas magistra.
● Nullus praestantior doctor est necessitate.
2110. Cuncta ferit, dum cuncta timet. [Claudiano, In
Eutropium 1.18.183] Bate em tudo, porque teme tudo.
2111. Cuncta potest facere Deus. [DAPR 542] Deus pode
fazer tudo. ■ Deus tudo pode. VIDE: ● Nihil est quod
Deus efficere non possit.
2112. Cuncta risus, et cuncta pulvis, et cuncta sunt
nihil. [Estobeu] Tudo é riso, tudo é pó, tudo é nada.
VIDE: ● Omnia risus, omnia pulvis, et omnia nil sunt.
2113. Cuncta ruunt, casuque simul labuntur eodem:
stultitia iuvenum, debilitate senum. [Pereira 116]
Tudo desmorona e se perde pela mesma sorte: pela
insensatez dos jovens, pela fraqueza dos velhos. ■ O
velho por não poder, o moço por não saber, deitam as
coisas a perder.
2114. Cuncta serviliter pro dominatione. Vale fazer
qualquer coisa para galgar o poder. ■ Quem quer subir
se abaixa. VIDE: ● Omnia serviliter pro dominatione.
2115. Cuncta sunt nulla: mors omnia tollit. As coisas
todas não representam nada: a morte leva tudo.
2116. Cuncta trahit secum vertitque volubile tempus.
[Maximiano, Elegiae 1] O tempo volúvel tudo arrasta
consigo e tudo destrói. ■ O tempo tudo devora.
2117. Cuncta virtute sunt expugnabilia. [Tácito, Annales
12] Tudo pode ser conquistado pelo valor. ■ A coragem
vence a guerra, que não armas boas.
2118. Cunctando propero. [Divisa] Temporizando,
avanço.
2119. Cunctando restituit rem. [Ênio, Annales 12.363]
Temporizando, ele restabeleceu o estado.
2120. Cunctarum rerum doctor certissimus usus.
[Binder, Thesaurus 666] O uso é o mais eficiente
professor de todas as coisas. ■ A prática é a mestra de
todas as coisas. ■ Usa e serás mestre. ■ A experiência é a
mestra da vida. VIDE: ● Magister usus omnium est
rerum optimus. ● Magister optimus usus. ● Magister
rerum usus. ● Magistra rerum experientia. ● Multa
me docuit usus, magister optimus. ● Usus
efficacissimus rerum omnium magister. ● Usus est
magister optimus. ● Usus est magister rerum. ● Usus
magister egregius. ● Usus magister optimus. ● Usus
omnium rerum optimus magister. ● Usus optimus
rerum magister.
2121. Cuncti gens una sumus. [Claudiano, De Consulatu
Stilichonis 3.159] Nós todos constituímos uma só
família. ■ Todos somos filhos de Adão e Eva.
2122. Cunctis in negotiis plurimum habet momenti,
temporis, et opportunitatis observatio. Em todas
atividades tem muita importância a observação do
tempo e da oportunidade.
2123. Cunctis potest accidere quod cuivis potest.
[Publílio Siro] O que pode acontecer a qualquer um
pode acontecer a todos. VIDE: ● Cuivis potest accidere
quod cuidam potest. ● Cuivis potest accidere quod
cuiquam potest. ● Quod cuiquam contigit, cuivis
potest.
2124. Cunctis suffragiis. Com todos os votos. Por
unanimidade.
2125. Cuneus cuneum trudit. Uma cunha empurra outra.
■ Um prego empurra outro. ■ A lima lima a lima. VIDE:
● Clavum clavo, paxillum paxillo pepulisti. ● Duro
nodo durus quaerendus est cuneus. ● Malo arboris
nodo, malus cuneus requirendus. ● Malo nodo, malus
quaerendus cuneus. ● Quaerendus cuneus est malus
trunco malo.
2126. Cuperem vultum videre tuum, cum haec leges.
[Cícero, Ad Atticum 4.12.4] Eu quereria ver tua cara ao
leres isto.
2127. Cupidi partes agit lurco. [Pereira 117] ■ Pede o
guloso para o desejoso.
2128. Cupidine humani ingenii libentius obscura
creduntur. [Tácito, Historiae 1.2] Por causa da
ambição do espírito humano, prefere-se acreditar nas
coisas obscuras. VIDE: ● Maiorem fidem homines
adhibent iis quae non intellegunt.
2129. Cupiditas acquirendi. O desejo de enriquecer.
2130. Cupiditas atque ira, pessimi consultores. A
ambição e a ira são os piores conselheiros. ● Cupidine
atque ira, pessimis consultoribus. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 64] Com a ambição e a ira, que são
péssimos conselheiros. VIDE: ● Cupido atque ira,
consultores pessimi. ● Cupido atque ira pessimi sunt
consultores.
2131. Cupiditas est inexplebilis. A cobiça é insaciável. ■ A
cobiça não se farta. VIDE: ● Cupiditati nihil satis.
2132. Cupiditas est ipsa hominis essentia. [Espinosa,
Ethica 3, Affectuum Definitiones] A ambição é a
própria essência do homem.
2133. Cupiditas lucrandi. O desejo de lucro.
2134. Cupiditas nihil amat magis quam quod non licet.
A ambição ama o proibido mais do que tudo. ■ O fruto
proibido é o mais apetecido. ■ O proibido aguça o
dente. ● Cupiditas nihil amat nisi quod non licet.
[Albertano da Brescia, Líber Consolationis 13.5] A
ambição só gosta do que é proibido. VIDE: ● Nihil magis
amat cupiditas quam quod non licet.
2135. Cupiditas novarum rerum. [Stevenson 1680] O
desejo de coisas novas.
2136. Cupiditas pecuniae fugienda. Deve-se evitar a sede
de dinheiro.
2137. Cupiditas pecuniarum omni tyranno gravior. A
sede de dinheiro é mais funesta que qualquer tirano.
2138. Cupiditas quae ex laetitia oritur, ceteris paribus,
fortior est cupiditate quae ex tristitia oritur.
[Espinosa, Ethica 4] O desejo que nasce da alegria, em
igualdade de condições, é mais forte do que o desejo
que nasce da tristeza.
2139. Cupiditati nihil satis. [Grynaeus 88] Para a ambição
nada é suficiente. ■ A cobiça não se farta. ■ Ao avarento,
tanto lhe falta o que tem como o que não tem.
● Cupiditati nihil satis est, naturae satis est etiam
parum. [Sêneca, Ad Helviam 10.11] Para a ambição
nada basta; para a natureza basta até o pouco. VIDE:
● Cupiditas est inexplebilis. ● Naturae satis est parum,
cupiditati nihil.
2140. Cupiditati tarda est ipsa celeritas. [Publílio Siro]
Para o desejoso a própria rapidez é lentidão.
● Cupiditati tarda est celeritas. [Albertano da Brescia,
Líber Consolationis 13.3] VIDE: ● Cupienti animo nihil
satis festinetur.
2141. Cupido atque ira, consultores pessimi. [Publílio
Siro] A avidez e a cólera são péssimos conselheiros.
● Cupido atque ira pessimi sunt consultores. VIDE:
● Cupiditas atque ira, pessimi consultores.
2142. Cupido dominandi cunctis affectibus flagrantior
est. [Tácito, Annales 15.53] O desejo de mandar é a
mais ardente de todas as paixões.
2143. Cupido lucis. O desejo de luz. (=O desejo de viver).
VIDE: ● Quae lucis miseris tam dira cupido?
2144. Cupidus futuri, fis rudis praesentium. [Stevenson
263] Desejoso do futuro, ignoras as coisas presentes.
2145. Cupienti animo nihil satis festinetur. [Albertano da
Brestia, Líber Consolationis 13.3] Ao espírito desejoso
nada andará bastante rápido. VIDE: ● Cupiditati tarda est
ipsa celeritas.
2146. Cupimus negata. Desejamos o que nos é negado.
■ O proibido aguça o dente. VIDE: ● Iuvat inconcessa
voluptas. ● Nitimur in vetitum semper, cupimusque
negata. ● Placet inconcessa voluptas.
2147. Cupio istorum naufragia ex terra intueri. [Cícero,
Ad Atticum 2.7.4] Meu desejo é contemplar de terra o
naufrágio deles. VIDE: ● E terra spectare naufragium.
● Suave e terra magnum alterius spectare laborem.
● Suave mari magno turbantibus aequora ventis, e
terra magnum alterius spectare laborem.
2148. Cupio omnia quae vis. [Horácio, Sermones 1.5]
Desejo tudo que desejas. VIDE: ● Omnia quae tu vis, ea
cupio.
2149. Cupressi semina adeo minuta sunt, ut quaedam
oculis cerni non possint, et tamen in eo tanta est
arbor procera. [Erasmo / Stevenson 1036] As
sementes do cipreste são tão miúdas que não podem ser
vistas com os olhos, e, no entanto, em cada uma delas
está uma árvore tão grande.
2150. Cur aliena magis quam crimina nostra videmus?
An quia nostra procul sint, aliena prope? [Grynaeus
39] Por que vemos mais os erros alheios do que os
nossos? Será porque os nossos estão longe e os dos
outros estão perto?
2151. Cur ante tubam tremor occupat artus? [Virgílio,
Eneida 11.424] Por que o medo toma conta do corpo
antes do toque da trombeta? ● Cur ante tubam
trepidas? [Eiselein 384] Por que tremes antes do toque
da trombeta? VIDE: ● Ante tubam trepidat.
2152. Cur dextrae iungere dextram non datur, ac veras
audire et reddere voces? [Virgílio, Eneida 1.408] Por
que não podemos unir a minha mão direita à tua, e ouvir
e dizer palavras verdadeiras? VIDE: ● Quare non
permittitur applicare dexteram meam dexterae tuae,
atque audire et reddere verba non simulata?
2153. Cur eget indignus quisquam te divite? [Horácio,
Sermones 2.2.103] Por que passa necessidade o
miserável, enquanto tu és rico?
2154. Cur ego amicum offendam in nugis? [Horácio, Ars
Poetica 450] Por que ferir um amigo por ninharias?
2155. Cur ergo ista divina misericordia etiam ad impios
ingratosque pervenit? [S.Agostinho, De Civitate Dei
1.8.1] Por que essa divina misericórdia atingiu até os
ímpios e os ingratos?
2156. Cur huic, qui te spernit, molesta es? [Cícero, Pro
Celio 36] Por que incomodas a quem te desdenha?
2157. Cur in amicorum vitiis tam cernis acutum?
[Horácio, Sermones 1.3.26] Por que esmiúças com tanto
cuidado os defeitos dos teus amigos?
2158. Cur liceat audire quod loqui non licet? Cur liceat
videre quod facere flagitium est? [Tertuliano, De
Spectaculis 17.5] Por que nos será permitido ouvir o
que não nos é permitido dizer? Por que nos será
permitido ver o que é considerado um escândalo fazer?
2159. Cur me verberas? [Plauto, Aulularia 42] Por que
me bates? VIDE: ● Cur percutis me? ● Quid me caedis?
2160. Cur mea dicta negat duras demittere in aures?
[Virgílio, Eneida 4.428] Por que não deixa ele que
minhas palavras entrem em seus duros ouvidos?
2161. Cur moriatur homo cui salvia crescit in horto?
[Regimen Sanitatis Salerni, De Salvia 1] Por que morrer
um homem em cujo jardim cresce a sálvia?
2162. Cur mundus militat sub vana gloria, cuius
prosperitas est transitoria? [Bernardes, Nova Floresta
5.505] Por que batalha o mundo sob a glória vã, cuja
ventura é transitória?
2163. Cur neque deformem adulescentem quisquam
amat, neque formosum senem? [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.70] Por que ninguém gosta de jovem
feio, nem de velho bonito?
2164. Cur nimium appetimus? Nemini nimium bene est.
[Afrânio] Por que sempre desejamos o excesso? O
excesso não é bom para ninguém. VIDE: ● Nemini
nimium bene est.
2165. Cur non mitto meos tibi, Pontiliane, libellos? Ne
mihi tu mittas, Pontiliane, tuos. [Marcial,
Epigrammata 7.3] Por que eu não te mando meus
livrinhos, Pontiliano? Ora, Pontiliano, para que tu não
me mandes os teus.
2166. Cur non suspendis te? [Erasmo, Adagia 2.8.15] Por
que não te enforcas?
2167. Cur non, ut plenus vitae conviva, recedis, aequo
animoque capis securam, stulte, quietem? [Lucrécio,
De Rerum Natura 3.936] Por que, ó tolo, como um
convidado satisfeito da vida, não vais embora contente e
ficas em descanso tranqüilo?
2168. Cur nulla futura canitis, si vates estis?
[S.Agostinho, Epistulae 17.4. Se vós sois videntes, por
que não cantais os acontecimentos futuros?
2169. Cur omnium fit culpa paucorum scelus? [Sêneca,
Hippollytus 565] Por que todos pagam pelo crime de
uns poucos?
2170. Cur percutis me? [Vulgata, Números 22.28] Por
que me feres? VIDE: ● Cur me verberas? ● Quid me
caedis?
2171. Cur quaeris quietem, cum natus sis ad laborem?
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.10.1] Por
que procuras descanso, quando nasceste para o
trabalho? VIDE: ● Homo nascitur ad laborem et avis ad
volatum.
2172. Cur quaeris quod nosse debebas? [Plínio Moço,
Epistulae 8.14.2] Por que me perguntas o que tinhas
obrigação de saber?
2173. Cur sontes duos distinguis? [Sêneca, Medea 275]
Por que essa distinção entre dois culpados?
2174. Cur timeam dubitemve locum defendere?
[Juvenal, Satirae 1.103] Por que eu temeria ou hesitaria
em defender minha posição?
2175. Cur vestra oratio rebus flaccet, strepitu viget?
[Apuleio, Apologia 25] Por que vosso discurso é frouxo
em fatos e vigoroso em ruídos?
2176. Cur veteranus dux, fortissimus bello,
compressis manibus sedeas? [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 7.13.7] Por que tu, que és um comandante
experiente, tão valente na luta, permaneces de braços
cruzados? VIDE: ● Compressis manibus sedere.
2177. Cura angit animum. A preocupação atormenta o
espírito.
2178. Cura curam trahit. Uma preocupação puxa outra.
■ Um trabalho é véspera de outro. ● Cura curam trahit,
dolor ex dolore nascitur. [Erasmo, Contra Malum
Ignorantiae 8.3.3] Uma preocupação nos traz outra, uma
dor nasce de outra.
2179. Cura diluitur mero. A preocupação se dissolve com
o vinho. VIDE: ● Cura fugit multo diluiturque mero.
● Curas Bacchus exonerat graves.
2180. Cura esse quod audis. [Horácio, Epistulae 1.16.17]
Procura ser o que ouves (dizerem de ti).
2181. Cura facit canos. Preocupação faz cabelos brancos.
■ Cuidados alheios matam o asno. ● Cura facit canos,
quamvis homo non habet annos. [Binder, Thesaurus
668] A preocupação faz os cabelos brancos, ainda que o
homem não tenha idade. VIDE: ● Cito enim in malo
homines consenescunt. ● Curae canitiem inducunt.
● Rebus in adversis venit accelerata senectus.
2182. Cura facit dubium, vel spes incerta fatigat. A
preocupação gera dúvida; até a esperança incerta cansa.
2183. Cura fugit multo diluiturque mero. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.238] As preocupações fogem e se apagam
com o vinho abundante. ● Curas Bacchus exonerat
graves.
2184. Cura nihil aliud nisi ut valeas. [Cícero, Ad
Familiares 16.5] Cuida exclusivamente da tua saúde.
VIDE: ● Cura ut valeas.
2185. Cura omnia potest. [Grynaeus 75] A dedicação
tudo pode. ■ O trabalho tudo vence. ■ A perseverança
sempre alcança. VIDE: ● Curae nihil impossibile est.
● Industriae nil impossibile. ● Labor improbus omnia
vincit. ● Labor omnia vincit. ● Labor omnia vicit
improbus. ● Omnia vincit labor.
2186. Cura pecuniarum est animi morbus. A
preocupação com o dinheiro é uma doença do espírito.
2187. Cura pii dis sunt, et qui coluere coluntur. [Ovídio,
Metamorphoses 8.725] Os homens piedosos são
protegidos pelos deuses, e aqueles que os honraram, são
também honrados.
2188. Cura quid expediat prius est quam quid sit
honestum. [Ovídio, Ex Ponto 2.3.9] A preocupação
com o que é útil vem antes da preocupação com o que é
justo.
2189. Cura, quidquid agis, te bene nosse magis! Seja lá o
que fizeres, trata de te conhecer melhor!
2190. Cura quoque interdum nulla est medicabilis arte.
[Ovídio, Ex Ponto 1.1.25] A preocupação não pode ser
curada por nenhuma ciência.
2191. Cura ut aditus ad te diurni nocturnique pateant,
neque solum foribus aedium tuarum sed etiam vultu
ac fronte, quae est animi ianua; quae, si significat
voluntatem abditam esse ac retrusam, parvi refert
patere ostium. [Cícero, Commentariolum Petitionis 11]
Cuida para que o acesso a ti esteja aberto, tanto de dia
como de noite, e que não só a porta da tua casa, mas
também do teu rosto, que é a porta do espírito, a qual, se
indica que a vontade está oculta ou voltada para trás, de
pouco vale estar aberta a porta. VIDE: ● Nil interest
habere ostium apertum, vultum clausum.
2192. Cura ut exacte scribas, potius quam multa.
[Erasmo, Philodoxus / Stevenson 2652] Preocupa-te
mais em escrever com exatidão do que em escrever
muito.
2193. Cura ut valeas. Cuida de tua saúde. (=Fórmula de
encerramento de cartas). ● Cura ut valeas ne in
morbum incidas. Cuida de tua saúde, para não ficares
doente. VIDE: ● Cura nihil aliud nisi ut valeas.
2194. Curae acuunt mortalia corda. [Rezende 1079] As
preocupações estimulam os corações dos mortais.`VIDE:
● Curis acuens mortalia corda.
2195. Curae canitiem inducunt. [Tosi 1627] As
preocupações fazem cabelos brancos. ● Curae canitiem
ante tempus adducunt. Preocupações trazem cabelos
brancos antes do tempo. VIDE: ● Cito enim in malo
homines consenescunt. ● Cura facit canos. ● Cura
facit canos, quamvis homo non habet annos.
2196. Curae est sua cuique voluptas. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.749] Cada um se preocupa com o seu
próprio prazer.
2197. Curae leves loquuntur, ingentes stupent. [Sêneca,
Hippolytus 607] As preocupações leves se manifestam,
as grandes calam-se. ■ As grandes dores são mudas.
VIDE: ● Iactantius maerent qui minus dolent. ● Leves
curae loquuntur, ingentes stupent. ● Parvae curae
loquuntur, ingentes stupent.
2198. Curae nihil impossibile est. [Schrevelius 1175]
Para a dedicação nada é impossível. ■ Quem trabalha
tudo alcança. VIDE: ● Cura omnia potest. ● Industriae
nil impossibile.
2199. Curae pretium est. A dedicação tem sua
recompensa. ■ Vale a pena. VIDE: ● Operae pretium est.
2200. Curam habe de bono nomine; hoc enim magis
permanebit tibi quam mille thesauri pretiosi et
magni. [Vulgata, Eclesiástico 41.15] Preocupa-te com
tua reputação, pois ela será para ti um bem mais estável
do que mil tesouros preciosos e grandes. ■ Mais vale boa
fama que dourada cama.
2201. Curandum in primis ne magna iniuria fiat
fortibus et miseris. [Juvenal, Satirae 8.121] Em
primeiro lugar, é preciso que não se faça ofensa aos
fortes e aos miseráveis.
2202. Curare cutem. [Juvenal, Satirae 2.105] Cuidar da
própria pele.
2203. Curarum domitor somnus. O sono é o vencedor
das preocupações. VIDE: ● Non curarum somnus
domitor pectora solvit. ● Tu, o domitor, Somne,
laborum, requies anime, pars humanae melior vitae.
2204. Curarum me pondera multa fatigant. O grande
peso das preocupações me cansa.
2205. Curarum maxima nutrix nox. [Ovídio,
Metamorphoses 8.80] A noite alimenta as
preocupações. VIDE: ● Nutrix curarum nox. ● Nox
nutrix curarum.
2206. Curas Bacchus exonerat graves. [Sêneca,
Hippolytus 445] O vinho faz esquecer as maiores
preocupações. VIDE: ● Cura diluitur mero. ● Cura fugit
multo diluiturque mero.
2207. Curas cithara tollit. [Schrevelius 1177] A cítara
afasta as preocupações.
2208. Curat honestatem iustitiamque Deus. Deus vela
pela honra e pela justiça.
2209. Curat peremptum nemo, quem incolumem timet.
[Sêneca, Oedipus 243] Ninguém se preocupa com o
morto a quem teme quando está vivo.
2210. Curatio funeris, condicio sepulturae, pompa
exsequiarum magis sunt vivorum solacia quam
subsidia mortuorum. [S.Agostinho, De Civitate Dei
1.12] O cuidado com a cerimônia fúnebre, a condição
da sepultura, a pompa das exéquias são mais consolo
dos vivos do que auxílio aos mortos.
2211. Curato currum, asini nihil ad nos. [Schottus,
Adagia 368] Cuida da carroça; os burros não nos dizem
respeito. ■ O que não te queima, não o apagues. ■ Não
tenho nada com o sabão, e sim com a roupa lavada.
VIDE: ● Utere curru, de asinis nihil laborans. ● Utere
plaustris tuis, asinosque ne curaveris.
2212. Curator ad hoc. [Jur / Black 490] Curador para isto.
(=Curador para finalidade específica).
2213. Curentur dubii medicis maioribus aegri. [Juvenal,
12.24] Sejam os doentes em perigo tratados pelos
melhores médicos.
2214. Curia pauperibus clausa est. A corte está fechada
aos pobres. ■ Pobreza não é vileza, mas é melhor ocultá-
la. ● Curia pauperibus clausa est: dat census honores,
census amicitias; pauper ubique iacet. [Ovídio,
Amores 3.8.55] A corte está fechada aos pobres: é o
patrimônio que dá dignidade, é o patrimônio que dá
amizades; o pobre em qualquer lugar está abandonado.
VIDE: ● Clauditur oranti, sed panditur aula ferenti.
● Ianua pauperibus clausa est, dat census honores,
audet divitibus claudere nemo fores.
2215. Curios simulant, et Bacchanalia vivunt. [Binder,
Thesaurus 675] Fingem-se virtuosos, e vivem em
orgias. ■ Unhas de gato e hábitos de beato. ■ Contas na
mão e o demo no coração. VIDE: ● Qui Curios simulant,
et Bacchanalia vivunt.
2216. Curiositas nihil recusat. [Historia Augusta, Vita
Aureliani 1] A curiosidade não rejeita nada.
2217. Curiosum in alienis oderis. [Quílon / Rezende
1085] Odiarás aquele que tem curiosidade nas coisas
alheias.
2218. Curiosum nobis natura ingenium dedit. [Sêneca,
De Otio 5.3] A natureza nos deu um temperamento
inquisidor.
2219. Curiosus nemo est, quin sit malevolus. [Plauto,
Stichus 208] Não há curioso que não seja mal
intencionado. ■ Quem tudo quer saber, mexerico quer
fazer. VIDE: ● Percontatorem fugito, nam garrulus
idem est.
2220. Curiosus non curanda curat, necessaria neglegit.
[S.Boaventura / Bernardes, Nova Floresta 1.376] O
curioso cuida do que não deve ser cuidado, mas
descuida do necessário.
2221. Curiosus spectator excutit singula et quaerit.
[Sêneca, Quaestiones Naturales 11] O observador
curioso examina e pesquisa cada pormenor.
2222. Curis acuens mortalia corda. [Virgílio, Georgica
1.123] Estimulando os corações dos mortais com
preocupações. VIDE: ● Curae acuunt mortalia corda.
2223. Curis gaudia misce. [Grynaeus 443] Mistura
prazeres às tuas preocupações.
2224. Curis tabescimus omnes. Todos nós nos
desgastamos com as preocupações.
2225. Currant verba licet, manus est velocior illis:
nondum lingua suum, dextra peregit opus. [Marcial,
Epigrammata 14.208] Embora as palavras corram, a
mão (do notário) é mais veloz do que elas: a língua
ainda não terminou sua tarefa, mas a mão já.
2226. Currente calamo. Ao correr da pena. ● Currente
stilo. VIDE: ● Calamo currente.
2227. Currere vetulam compellit egestas. [Rabelais,
Gargantua 3.41] A necessidade faz a velha correr. ■ A
necessidade põe a velha a caminho. VIDE: ● Egestas
compellit vetulam currere.
2228. Curriculum vitae. O curso da vida. (=Curriculum
vitae, ou simplemente currículo, é uma breve resenha
da carreira profissional de uma pessoa; folha de
serviços). VIDE: ● Vitae curriculum nobis natura
circumscripsit.
2229. Currit enim ferox aetas. [Horácio, Carmina 2.5.13]
Corre pois o tempo implacável.
2230. Currit quattuor pedibus. [Jur / Black 492] Corre
sobre os quatro pés. (=Diz-se do argumento que se
aplica adequadamente a determinada questão).
2231. Currit tempus contra desides et sui iuris
contemptores. [Jur / Black 492] O tempo corre contra
os preguiçosos e os que desprezam os seus direitos.
2232. Currus bovem trahit. [Grynaeus 13; Apostólio
2.86] O carro puxa o boi. ■ Vai o carro à frente dos bois.
■ Anda o mundo às avessas. ● Currus boves trahit.
[Rezende 1090] O carro puxa os bois. ● Currus bovem
trahit praepostere. Absurdamente, é o carro que puxa
o boi. ● Currus bovem ducit. VIDE: ● Bos currum
trahit, non bovem currus. ● Plaustrum bovem trahit.
2233. Cursu laborat imperitus irrito. [Menandro /
Schottus, Adagialia Sacra 125] O ignorante sofre em
corrida inútil.
2234. Cursu lampada trado. [Erasmo, Adagia 1.2.38]
Passo-te a tocha no meio da corrida. VIDE: ● Lampada
cursu tibi trado. Cursu lampada tibi trado. [Varrão,
De Re Rustica 3.16]
2235. Cursum consumavi, fidem servavi. [Vulgata,
2Timóteo 4.7] Acabei a carreira, mantive a fé.
2236. Cursus in fine velocior. A corrida, na etapa final, se
torna mais veloz. VIDE: ● Motus in fine velocior.
2237. Curvo dignoscere rectum. [Horácio, Epistulae
2.2.44] Distinguir o reto do torto.
2238. Curvo sine hamo piscem non capies. [Schrevelius
1186] Sem o anzol torto não apanharás o peixe. ■ O
direito do anzol é ser torto.
2239. Curvum lignum nunquam rectum. [Apostólio
19.1] Pau torto nunca fica reto. ■ Pau que nasce torto
nunca se endireita. ■ Pau que nasce torto, até a cinza é
torta. ■ O que o berço dá, só a cova o tira. VIDE:
● Lignum curvum nunquam rectum. ● Lignum
curvum nunquam fit rectum. ● Lignum incurvum
nunquam rectum. ● Lignum quod tortum haud
unquam vidimus rectum. ● Lignum tortum nunquam
fiet rectum. ● Lignum tortum haud unquam rectum.
● Nunquam rectum tortile lignum. ● Pravum lignum
nunquam rectum. ● Rectum haud fit tortile lignum.
2240. Custodes pacis. Os guardiães da paz.
2241. Custodes regni censentur amorque timorque.
[Pereira 97] ■ As guardas do reino são amor e medo.
■ Mais guarda a vinha o medo que o vinhateiro.
2242. Custodi civitatem, Domine. [Divisa] Guarda esta
cidade, ó Senhor.
2243. Custodia legis. [Jur / Black 493] Sob a custódia da
lei.
2244. Custodia praevertit infortunia. [Gaal 1641] A
prevenção repele os infortúnios.
2245. Custodit vitam qui custodit sanitatem. [Regimen
Sanitatis Salernitanum / Rezende 1092] Quem guarda a
saúde guarda a vida. ■ Saúde cuidada, vida conservada.
2246. Custoditur periculo quod placet multis. [Binder,
Thesaurus 683] Com perigo se vigia o que agrada a
muitos. ■ Quem tem mulher formosa, castelo na
fronteira e vinha na carreira, nunca lhe falta canseira.
■ Coisa muito desejada, não há como guardá-la. VIDE:
● Difficile custoditur quod plures amant. ● Difficile
custoditur quod a multis dilligitur. ● Difficile est
custodire quod multis placet. ● Magno cum periculo
custoditur, quod multis placet. ● Maximo periculo
custoditur quod multis placet. ● Non facile solus
serves quod multis placet. ● Quod a multis petitur,
difficulter custoditur.
2247. Custos animae suae servat viam suam. [Vulgata,
Provérbios 16.17] O que guarda a sua alma conserva o
seu caminho. VIDE: ● Diligens vitam suam parcit ori
suo. ● Qui custodit os suum et linguam suam, custodit
ab angustiis animam suam. ● Qui custodit os suum,
custodit animam suam.
2248. Custos legis. [Jur] O guardião da lei.
2249. Custos morum. [Jur / Black 496] O guardião dos
costumes.
2250. Custos, quid de nocte? Dixit custos: Venit mane et
nox. [Vulgata, Isaías 21.11-12] Guarda, que houve de
noite? Disse o guarda: Vem a manhã e também a noite.
2251. Custos ubi deest, dulce pomum est scilicet.
[Schottus, Adagia 607; Manúcio, Adagia 1082] É doce
a fruta, quando o vigia está longe. ■ Não há melhor
bocado que o furtado. VIDE: ● Absente custode, dulce
pomum est. ● Dulce pomum, cum abest custos.
● Dulcia poma custode absente. ● Dulcia poma sunt,
absente custode. ● Iucunda poma, si procul custodia.
● Pomum suave est, tunc ubi custos abest.
2252. Custos vigilat. [Divisa de Bauru, SP] A sentinela
está alerta.
2253. Custos virtutum verecundia. O pudor é o guardião
das virtudes.
2254. Custos vitae hominum temperantia est. A
temperança é a segurança da vida dos homens.
2255. Cute sub agnina latet mens saepe lupina. Sob uma
pele de cordeiro, esconde-se, muitas vezes, uma alma de
lobo. ■ Cara de mel, coração de fel.
2256. Cutem cura! Cuida da tua pele! ■ Cuidado! ■ Olho
vivo!
2257. Cutem gerit saepius laceratam canis mordax.
[Schrevelius 1178] Cão mordedor geralmente traz o seu
couro machucado. ■ O homem brigão tem sempre um
arranhão. VIDE: ● Canis qui mordet, mordetur.
2258. Cycnea cantio. [Erasmo, Adagia 1.2.55] O canto do
cisne. ● Cycnea cantilena. [Manúcio, Adagia 102]
● Cycnea vox. [Cícero, De Oratore 3.2.6] VIDE:
● Cantator cycnus funeris ipse sui.
2259. Cycni cantus melius quam gruum. [Grynaeus 178]
O canto do cisne é melhor do que o dos grous.
2260. Cycnus niger, aut corvus albus, rarus sit avis
quam fidelis amicus. [Stevenson 898] Um cisne negro,
ou um corvo branco, tal ave é rara como um amigo fiel.
Ao TOPO
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

D1: 1-200
1. Da dexteram surgentibus. [Do hino católico Aeterna
Caeli Gloria] Dá tua mão aos que se levantam.
2. Da dextram misero. [Virgílio, Eneida 6.370] Dá tua
mão ao desgraçado. VIDE: ● Cadenti porrige dextram.
● Iniquum est collapsis manum non porrigere.
3. Da et accipe. [Vulgata, Eclesiástico 10.16] Dá e recebe.
4. Da fidei quae fidei sunt. [Bacon, Advancement of
Learning 2.6.1] Entrega à fé o que à fé pertence.
5. Da gloriam Deo. [Vulgata, João 9.24] Dá glória a
Deus. ● Date gloriam Deo. [Vulgata, Salmos 67.35] Dai
glória a Deus.
6. Da laborem, dabo fructus. [Inscrição em quadrante
solar] Dá-me teu trabalho, que eu te darei a recompensa.
7. Da locum melioribus. [Terêncio, Phormio 522] Cede o
lugar aos melhores que tu.
8. Da mi basia mille, deinde centum, dein mille altera.
[Catulo, Carmina 5.7] Dá-me mil beijos, depois um
cento, depois outros mil.
9. Da mihi animas, cetera tolle tibi. [Vulgata, Gênesis
14.21] Dá-me as almas; o mais toma-o para ti.
10. Da mihi castitatem et continentiam, sed noli modo!
[S.Agostinho, Confessiones 8.7] Dá-me castidade e
continência, mas não já!
11. Da mihi factum, dabo tibi ius. [Jur] Expõe-me o fato,
que eu te direi o direito. VIDE: ● Narra mihi factum,
dabo tibi ius.
12. Da mihi hodiernum, tu sume crastinum.
[S.Crisóstomo / Manúcio, Adagia 1395] Dá-me o de
hoje e fica com o de amanhã. (=Exprime o pensamento
dos homens voluptuosos).
13. Da mihi mendacem, et ego ostendam tibi furem. Dá-
me um mentiroso, e eu te darei um ladrão. ■ Quem
sempre mente vergonha não sente. VIDE: ● Mendaces
aiunt furibus esse pares. ● Mendax est fur. ● Mendax
et furax. ● Ostende mihi mendacem, et ostendam tibi
furem.
14. Da mihi mutuum testimonium. [Erasmo, Adagia
1.7.95] Dá-me teu testemunho mútuo. ● Da mihi
testimonium mutuum. [Cícero, Pro Flacco 19] VIDE:
● Mutuum testimonium dare.
15. Da mihi potum. [Rabelais, Gargantua 1.27] Dá-me de
beber.
16. Da mihi solem, dabo tibi horam. [Inscrição em
quadrante solar] Dá-me o sol, que eu te darei a hora.
17. Da operam ne quid unquam invitus facias. [Sêneca,
Epistulae Morales 61.3] Trata de nunca fazer nada
contra a tua vontade.
18. Da operam ut fratres tui te imitentur. [Sêneca, De
Consolatione 5] Cuida para que teus irmãos te imitem.
19. Da operam ut omnia sint parata. Cuida para que
tudo fique pronto.
20. Da operam ut vivus quidem laudabilis, defunctus
autem beatus existimeris. [Periandro / Rezende 1105]
Esforça-te para que, em vida, sejas considerado
louvável e, morto, sejas considerado bem-aventurado.
21. Da operam, ut convalescas. [Cícero, Ad Familiares
14.21] Esforça-te para recuperar a saúde.
22. Da operam, ut valeas: hoc mihi gratius facere nihil
potes. [Cícero, Ad Familiares 11.29] Tem cuidado com
tua saúde: não podes fazer nada que me agrade mais.
23. Da pacem, Domine, diebus nostris. [VES 40] Senhor,
dá paz aos nossos dias.
24. Da requiem; requietus ager bene credita reddit.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.351] Descansa; o campo
descansado paga com bom lucro.
25. Da spatium tenuemque moram, male cuncta
ministrat impetus. [Estácio, Thebaida 10.704] Dá
tempo e uma pequena folga; a pressa governa mal todas
as coisas. ■ A pressa é inimiga da perfeição. VIDE:
● Differ; habent parvae commoda magna morae.
● Male cuncta ministrat impetus.
26. Da spatium vitae, multos da, Iupiter, annos!
[Juvenal, Satirae 10.188] Dá-me mais tempo de vida,
Júpiter, dá-me muitos anos!
27. Da tua dum tua sunt; post mortem tunc tua non
sunt. [Black 498] Dá as tuas coisas enquanto são tuas;
depois da morte elas não são mais tuas. VIDE: ● Omnia
quae tua sunt, post mortem nil tibi prosunt.
28. Da ubi consistam, et terram caelumque movebo.
[Atribuído a Arquimedes / Rezende 1123] Dá-me onde
me apóie, e moverei a terra e o céu. VIDE: ● Nihil nisi
punctum petebat Archimedes, quod esset firmum et
immobile, ut integram terram loco dimoveret.
29. Da vacuae menti, quo teneatur, opus. [Ovídio,
Remedia Amoris 150] Dá a teu espírito vazio um
trabalho com que se ocupe.
30. Da veniam culpae. [Ovídio, Heroides 7.109] Perdoa a
falta.
31. Da veniam lacrimis. [James Wood, Dictionary of
Quotations 55] Perdoa estas lágrimas.
32. Da, si vis accipere. Dá, se queres receber. ■ É dando
que se recebe. ■ Com mel se pegam as moscas. ■ Sem
dinheiro de contado não há soldado. ● Da ut accipias.
Dá para receberes. VIDE: ● Pro nihilo, nihil fit.
33. Dabit Deus his quoque finem. [Virgílio, Eneida
1.199] Deus dará fim também a isso. ■ Tudo passa sobre
a terra. VIDE: ● O passi graviora, dabit deus his
quoque finem.
34. Dabit ira vires. [Sêneca, Troades 673] A ira dará
forças. VIDE: ● Dat ira vires. ● Ira enses procudit.
35. Dabit qui dedit. Quem deu, dará. ■ Quem deu, dará, e
quem pediu, pedirá.
36. Dabo eis cor unum et viam unam. [Vulgata, Jeremias
32.39] Dar-lhes-ei um coração e um caminho. VIDE:
● Cor unum, via una.
37. Dabo merulum album, ni hoc ita se habuerit.
[Grynaeus 776] Darei um melro branco, se assim não
for.
38. Daemon daemone pellitur. [DAPR 242] Um demônio
se expulsa com outro. ■ Um prego empurra outro. ■ Um
cravo com outro se tira. ■ Uma peçonha mata outra.
VIDE: Clavum clavo, paxillum paxillo pepulisti.
● Clavo clavum eiciendum. ● Clavus clavo pellendus.
● Malum malo medicatur. ● Malum malo curatur.
39. Daemon ipse crucem fugit, ut malus undique lucem.
[Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 395] O
demônio foge da cruz, do mesmo modo que o homem
mau em toda parte foge da luz. ■ Quem obra mal detesta
a luz.
40. Daemon languebat, monachus bonus esse volebat,
ast cum convaluit, mansit ut ante fuit. [Binder, Flores
Aenigmatum Latinorum 115] O demônio estava doente;
ele então queria ser um monge bondoso, mas quando se
restabeleceu, continuou como antes. ■ O que o berço dá
só a cova o tira. ● Daemon languebat, monachus
bonus esse volebat; sed cum convaluit, manet ut ante
fuit. O demônio estava doente, queria ser um bondoso
monge; mas, como se restabeleceu, continua como era
antes. ● Daemon languebat; languens bonus esse
volebat; postquam convaluit, talis ut ante fuit. VIDE:
● Aegrotavit daemon, monachus tunc esse volebat;
daemon convaluit, daemon ut ante fuit. ● Cum
languebat lupus, agnus ut esse volebat; postquam
convaluit, talis ut ante fuit. ● Lupus languebat,
monachus tunc esse volebat; sed cum convaluit,
lupus ut ante fuit.
41. Daemon nunquam te otiosum inveniat. Que o
demônio nunca te encontre ocioso. ■ Cabeça de vadio,
hospedaria do diabo. VIDE: ● Bibite, fratres, bibite, ne
diabolus vos otiosos inveniat. ● Bibite, fratres, bibite,
ut diabolus nunquam nos inveniat inoccupatos.
● Facito aliquid operis, ut te semper diabolus
inveniat occupatum.
42. Daemon quo mire nulla valet arte venire, illuc
legatos destinat ire suos. [Eiselein 592] O diabo,
quando não consegue chegar a algum lugar com
nenhum artifício, manda seus representantes a esse
lugar. ■ Quando o diabo não vem, manda o secretário.
43. Daemonium repetit quidquid procedit ab ipso.
[Walther 4888 / Tosi 811] O demônio pede de volta
tudo que dele venha. ■ O diabo dá, o diabo leva. ■ O mal
ganhado, leva-o o diabo. VIDE: ● Male parta male
dilabuntur. ● Male partum male disperit. ● Male
quaesitum male consumetur. ● Non habet eventus
sordida praeda bonos. ● Quod male lucratur, male
perditur et nihilatur. ● Quod male quaesitum est,
peius abire solet. ● Res male partae non sunt
diuturnae. ● Res male quaesita saepe recedit ita.
● Res quasi bruma fluit, quae male parta fuit.
44. Daemonium vendit, qui daemonium prius emit.
[Pereira 118] Vende demônio quem antes comprou
demônio. ■ Quem diabos compra, diabos vende. ■ Quem
com o demo cava a vinha, com o demo a vindima.
■ Quem com o demo semeia, com o demo colhe.
45. Damae adversus leonem ineunt pugnam. [Schottus,
Adagia 520] As corças começam uma briga contra o
leão. ■ Não têm pés e querem dar coices. VIDE: ● Nanus
cum sis, cede. ● Non cum leone caprea pugnare
audeas. ● Pumilio cum sis, cede.
46. Damna minus consueta movent. [Claudiano, In
Eutropium 2.149] As adversidades a que estamos
acostumados nos afetam menos.
47. Damnabile peccatum. Um pecado mortal. VIDE:
● Peccatum mortale.
48. Damnant quod non intellegunt. Condenam o que não
entendem. VIDE: ● Condemnant quod non intellegunt.
● Laudant quod non intellegunt. ● Ne damnent quae
non intellegunt.
49. Damnare est obiurgare, cum auxilio est opus.
[Publílio Siro] Quando é de auxílio que se precisa, a
repreensão é uma condenação.
50. Damnati lingua vocem habet, vim non habet.
[Publílio Siro] A língua do condenado tem voz, mas não
tem força.
51. Damnatio est iudicum, poena legis. [Cícero, Pro
Sulla 63] A condenação é dos juízes, a pena é da lei.
52. Damnatores suos et damnavit. [S.Agostinho,
Epistulae 173.8] Também censurou os que o
censuravam.
53. Damnificus ne sis, cui prodesse nequis. [Samuel
Singer, Thesaurus Proverbiorum 470] Não sejas
malfazejo àquele a quem não podes beneficiar. ■ Muito
ajuda quem não atrapalha.
54. Damnosa hereditas. [Gaio, Instituta 2.163] A herança
danosa. (=Uma herança que representa ônus, em vez de
benefício).
55. Damnosa quid non imminuit dies? [Horácio,
Carmina 3.6.45] O que o tempo funesto não destrói?
56. Damnum absque iniuria. [Jur / Black 503] Dano sem
injustiça. (=Uma perda que não provoca ação de perdas
e danos). VIDE: ● Damnum sine iniuria esse potest.
● Iniuria absque damno.
57. Damnum appellandum est cum mala fama lucrum.
[Publílio Siro] Deve-se considerar prejuízo o que se
ganha com má reputação.
58. Damnum dedisse videtur, qui occasionem damni
dat. [Jur] Considera-se que causou o dano quem criou a
ocasião do dano. VIDE: ● Qui causam praebuit damni
dandi, damnum dedisse.
59. Damnum emergens est lucrum cessans. [Jur] Lucro
cessante é dano emergente.
60. Damnum facere dicitur, qui facit quod sibi non est
permissum. [Jur] Diz-se que causa dano quem faz o
que não lhe é permitido.
61. Damnum fatale. [Digesta 13.6.5.4] Um dano fortuito.
(=A causa do dano está fora do controle humano). VIDE:
● Actus Dei. ● Vis divina. ● Vis maior.
62. Damnum, nisi ab abundantia, raro venit. [Publílio
Siro] Raramente ocorre uma perda que não resulte da
abundância. ● Damnum, nisi ex abundantia, raro
venit.
63. Damnum non est lumini alteri de sua claritate
largiri. [Cassiodoro, Epistulae 10.21] Não é prejuizo
acender a lâmpada de outrem com a luz da sua. VIDE:
● Non minuitur lux solis ex eo, quod multi ex ea
participent. ● Quis vetet apposito lumen de lumine
sumi?
64. Damnum potius elige, quam turpe lucrum. [Quilon]
Prefere o prejuízo ao ganho desonesto. ● Damnum
potius quam turpe lucrum eligendum. [Diógenes
Laércio, De Clarorum Philosophorum Vitis 17] É
preferível o prejuízo ao lucro desonesto.
65. Damnum qui sentit, debet et sentire lucrum, et e
contra. [Jur] Quem sentiu o prejuízo, deve também
sentir o lucro, e vice-versa.
66. Damnum, quod quis sua culpa sentit, sibi debet,
non alteri, imputari. [Regulae Iuris Bonifacii VIII]
Quem sofre dano por sua culpa deve atribuí-lo a si
mesmo, não a outrem.
67. Damnum rei amissae. [Jur] O dano de coisa perdida.
68. Damnum sentire non videtur qui sibi damnum
dedit. [Jur / Broom 223] Não se considera que sinte
prejuízo quem causou o prejuízo a si mesmo.
69. Damnum sentit dominus. [Jur / Broom 611] É o dono
que sofre o prejuízo. VIDE: ● Casum sentit dominus.
● Res naturaliter perit domino. ● Res perit domino.
70. Damnum sequitur ludibrium. [DAPR 70] O insulto
acompanha o prejuízo. ■ Além de queda couce. ■ Trás
apedrejado chovem pedras.
71. Damnum sine iniuria esse potest. [Jur / Black 503]
Pode acontecer um dano sem injustiça. VIDE: ● Damnum
absque iniuria.
72. Damnum ubi feceris, ibi lucrum quaerito. Onde
tiveres prejuízo, procura aí o lucro. ■ Onde perdeste a
capa, aí a cata. ■ Onde quebraste o pote, aí procura a
rodilha.
73. Damnum unius est gaudium alterius. O prejuízo de
um é a satisfação do outro. ■ Ninguém perde sem outro
ganhar. VIDE: ● Unius dispendium alterius est
compendium.
74. Danaidum dolium exples. [Dumaine 235] Enches o
tonel das Danaides. (=As Danaides foram condenadas,
no Tártaro, a encher de água um tonel sem fundo.
Compara-se ao tonel das Danaides o insatisfeito cujos
desejos nada é capaz de saciar, o pródigo que dissipa à
medida que recebe, etc). ■ Carregas água em cesto.
VIDE: ● Dolium Danaidum. ● Dolium inexplebile.
● Dolium pertusum. ● Inexplebile dolium. ● Pertusum
dolium.
75. Danda erit opera, ut omnes intellegant, si salvi esse
velint, necessitati esse parendum. [Cícero, De Officiis
2.74] É preciso cuidar para que todos compreendam
que, se quiserem ter segurança, é preciso obedecer ao
inevitável. VIDE: ● Necessitati parendum est. ● Tempori
cedere, id est, necessitati parere, semper sapientis est
habitum.
76. Danda est animis remissio; meliores acrioresque
requieti resurgent. [Sêneca, De Tranquillitate Animi
15.5] Deve ser dado descanso aos espíritos; repousados,
eles ficam melhores e mais vigorosos.
77. Danda merces acto opere. [Binder, Thesaurus 689]
Assim que é terminado o trabalho, deve ser dada a
recompensa.
78. Danda venia lapso. [Erasmo, Adagia 3.10.59] Deve-
se desculpar quem escorrega.
79. Dando retinentur amici. [Albertano da Brescia, Liber
Amoris 2.1] É dando que se conservam os amigos. VIDE:
● Obsequio retinentur amici.
80. Dando semper tibi proximus esto. [Dionísio Catão]
Ao dar, fica sempre próximo de ti. ■ Dá, que não peças.
81. Dandum semper est tempus: veritatem dies aperit.
[Sêneca, De Ira 2.22.3] Deve-se sempre dar tempo: o
tempo descobre a verdade. ■ O tempo corre e tudo
descobre. VIDE: ● Veritatem dies aperit.
82. Dant animos vina. [Binder, Thesaurus 691]. O vinho
dá coragem. VIDE: ● Vina dabant animos. ● Vina dant
animos. ● Vina parant animos.
83. Dant vires gloriam. [Divisa] O esforço dá glória.
84. Dant vulnera formam. [Divisa de Grabrielle
d’Annunzio] Os ferimentos forjam a forma.
85. Dant vulnera vitam. [Divisa] Os ferimentos dão vida.
86. Dante Deo fluit largo cum faenore tempus. Se Deus
nos favorece, o tempo passa com grande lucro para nós.
87. Dante Deo. Se Deus nos dá. Por dádiva de Deus.
88. Dantur opes nullis nunc nisi divitibus. [Marcial,
Epigrammata 5.81.2] Riquezas atualmente são dadas
somente aos ricos. ■ Ganha dinheiro quem tem dinheiro.
■ Dinheiro ganha dinheiro. ● Dantur divitiae non nisi
divitibus. [Mota 103] ● Dantur opes Croeso, nihil
praebetur egenti. Dá-se riqueza a Creso; ao
necessitado nada se oferece. VIDE: ● Cui sunt multa
bona, huic dantur plurima dona. ● Cui panis est,
panis datur. ● Habenti dabitur. ● Hic mos est gentis,
panis praebetur habenti.
89. Dare aliud est, et aliud dare promittere. [Jur] Uma
coisa é dar, outra coisa é prometer dar. VIDE: ● Aliud est
dare, aliud promittere.
90. Dare datum non est peccatum. Dar o que nos foi
dado, não é pecado.
91. Dare Deo accipere est. Dar a Deus é receber.
92. Dare et remittere paria sunt. [Jur] Dar e perdoar se
equivalem.
93. Dare fidem. Dar a palavra.
94. Dare fidem publicam. Dar um salvo-conduto.
Prometer impunidade.
95. Dare in solutum est vendere. [Jur] Dar em
pagamento é vender.
96. Dare medicinam cineri. Dar remédio às cinzas.
■ Depois da morte, o remédio. VIDE: ● Cineri nunc
medicina datur. ● Cineri medicina.
97. Dare melius est quam accipere. [Signoriello 208]
Melhor é dar que receber. VIDE: ● Ditare quam
ditescere est regium. ● Melius est dare quam
accipere.
98. Dare nemo potest quod non habet, nec plus quam
habet. [Jur] Ninguém pode dar o que não tem, nem
mais do que tem. ■ Mal dá quem não há.
99. Dare pondus fumo. [Pérsio, Satirae 5.20] Dar peso à
fumaça. ■ Fazer tempestade em copo d’água.
100. Dare significat dominium transferre. [Jur] Dar
significa transferir o domínio.
101. Dare vel non adimere qui potest, paria sunt. [Jur]
Dar ou não tirar, quem pode, importa o mesmo.
102. Dari bonum quod potuit, auferri potest. [Publílio
Siro] O bem que pôde ser dado, pode ser retomado.
VIDE: ● Auferri et illud, quod dari potuit, potest. ● Non
est tuum, fortuna quod fecit tuum.
103. Dat census honores. [Ovídio, Amores 3.8.55]
■ Dinheiro dá senhoria. ■ Bons costumes e muito
dinheiro farão a meu filho cavalheiro. ● Dat census
honores, census amicitias, pauper ubique iacet.
[Ovídio, Fasti 1.217] A riqueza assegura as honras, a
riqueza garante as amizades; o pobre está mal em
qualquer lugar.
104. Dat Deus immiti cornua curta bovi. [DAPR 795]
Ao boi bravo Deus dá chifres curtos. ■ Deus dá o frio
conforme a roupa.
105. Dat Deus omne bonum, sed non per cornua
taurum. [Albertano da Brescia, Liber de Amore 3.4]
Deus dá todo bem, mas não traz o touro pelos chifres.
■ Deus dá as nozes, mas não as parte. ■ Deus dá o pão,
mas não amassa a farinha. ■ Deus não manda nem
cozido nem assado. VIDE: ● Non volat in buccas assa
columba tuas.
106. Dat, donat, dicat. [Rezende 1114] Dá, dedica,
consagra. ● Dat, dicat, dedicat.
107. Dat facies animos. [Ovídio, Amores 2.17.7] A beleza
dá altivez.
108. Dat foetorem per nares mola foetida semper. Allia
petra sapit, quae semel illa capit. [Samuel Singer,
Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 249] A mó fétida
sempre exala fedor; a pedra que uma vez recebe o alho,
sempre sabe a alho. ■ Quem azeite mede, as mãos se
unta. ■ Cada cuba cheira ao vinho que tem. VIDE: ● Allia
petra sapit, quae illa capit. ● Allia quando terunt,
retinent mortaria gustum.
109. Dat Galenus opes, dat Iustinianus honores, pauper
Aristoteles cogitur ire pedes. Galeno (a medicina) dá
riquezas; Justiniano (o direito) dá honras: o pobre
Aristóteles (a filosofia) é obrigado a andar a pé. ● Dat
Galenus opes, dat sanctio Iustiniana, ab aliis paleas,
ab istis colligis grana. [Rezende 1117] Galeno dá
riquezas, também as dá a lei de Justiniano; das outras
profissões colherás palhas, dessas colherás grãos. ● Dat
Galenus opes, dat Iustinianus honores, sed nos
philosophi turba misella sumus. Galeno dá riquezas;
Justiniano dá honras, mas nós filósofos somos uma
multidão pobrezinha. VIDE: ● Pauper Aristoteles
cogitur ire pedes.
110. Dat gloria vires. [Divisa] A glória me dá forças.
111. Dat ille veniam facile, cui venia est opus. [Sêneca,
Agamemnon 267] Quem precisa de perdão facilmente
perdoa.
112. Dat ira vires. A ira proporciona a força. VIDE: ● Dabit
ira vires. ● Ira enses procudit.
113. Dat legem natura tibi, non accipit ipsa. [Dionísio
Catão, Disticha, Appendix 7] A natureza te impõe sua
lei, mas ela mesma não aceita lei nenhuma.
114. Dat mora consulta plus quam properatio stulta. A
tardança dá melhores decisões do que a pressa
imprudente. ■ Mais vale bom vagar que má pressa.
■ Quem cedo se determina, cedo se arrepende. ■ Quem
cedo se determina, depressa se arrenega. VIDE: ● Res
bene dilata melior male re properata.
115. Dat mora doctrinam, cum omnes odimus illam.
[Walther 4995a / Tosi 1579] A espera nos dá
ensinamento, embora todos a odiemos. VIDE: ● Mora
omnis odio est, sed facit sapientiam.
116. Dat pira, dat poma, qui habet alia dona. Quem não
tem outra coisa para dar, dá peras, dá maçãs.
117. Dat qui non aufert. [Sêneca, De Beneficiis 2.12.1]
Quem não nos tira nos dá.
118. Dat tibi, ut accipiat duplicata numismata, egenus.
[Pereira 122] O pobre te dá para receber o dinheiro em
dobro. ■ Se te dá o pobre, é para que mais te tome.
119. Dat veniam corvis, vexat censura columbas.
[Juvenal, Satirae 2.63] A censura absolve os corvos e
condena as pombas. ■ Só vão à forca os ladrões
pequenos. VIDE: ● Irretit muscas, transmittit aranea
vespas.
120. Dat verba in ventos. Fala ao vento. (=Diz mentiras.
Faz juramento falso. Diz coisas a que ninguém presta
atenção). VIDE: ● In ventum verba profertis.● Quid in
ventum verba fundis?
121. Dat virtus quod forma negat. [Divisa de Bertrand
Duguesclin / Rezende 1122] A virtude dá o que a beleza
nega.
122. Data et accepta. Dado e recebido. Despesas e
receitas.
123. Data magno aestimas, accepta parvo. [Sêneca, De
Ira 3.31.3] Valorizas muito o que dás e pouco o que
recebes.
124. Data non apto tempore vina nocent. [Ovídio,
Remedia Amoris 131] Vinho dado fora de hora faz mal.
125. Data venia. Com a devida licença. (=Fórmula de
cortesia com que se começa uma argumentação para
discordar do interlocutor). VIDE: ● Concessa venia.
● Permissa venia.
126. Date Caesari quae sunt Caesaris. ■ Dai a César o
que é de César. VIDE: ● Quod Dei Deo, quod Caesaris
Caesari. ● Reddite ergo quae sunt Caesaris, Caesari,
et quae sunt Dei, Deo.
127. Date et dabitur vobis. [Vulgata, Lucas 6.38] Dai e
ser-vos-á dado. VIDE: ● Date, vobis dabitur. ● Date,
vobis datur.
128. Date gloriam Deo. [Vulgata, Salmos 67.35] Dai
glória a Deus. ● Da gloriam Deo.
129. Date mihi patellam, ut vomam. [Suidas] Dá-me o
vaso para eu vomitar. ■ Como falas besteiras! ● Date
pelvim, ut vomam.
130. Date nobis de oleo vestro, quia lampades nostrae
exstinguntur. [Vulgata, Mateus 25.8] Dai-nos do vosso
azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
131. Date obolum Belisario quem virtus extulit, invidia
obcaecavit. [Rezende 1116] Dai uma esmola a
Belisário, a quem a virtude exaltou, e a inveja cegou.
(=Belisário, o mais importante dos generais de
Justiniano, tendo sido acusado de conspirar contra a
vida do imperador, foi condenado à perda de seus bens e
teve os olhos arrancados, passando a viver como
mendigo em Constantinopla. Brewer, Dictionary of
Phrase and Fable).
132. Date siceram maerentibus, et vinum his qui amaro
sunt animo. [Vulgata, Provérbios 31.6] Dá aos aflitos
um licor forte, e vinho aos que estão em amargura de
coração. ● Date vinum his qui amaro sunt animo. Dai
vinho aos que estão em amargura de coração.
133. Date thura flammis. [Sêneca, Hercules Furens 918]
Atirai incenso às chamas.
134. Date, vobis datur. Daí, pois vos é dado. ● Date,
vobis dabitur. [Carmina Burana, Manus Ferens
Munera] Dai e ser-vos-á dado. VIDE: ● Date et dabitur
vobis.
135. Datio contrahendi animo. [Jur / Black 505] Dação
com intenção de receber valor equivalente, de criar uma
obrigação.
136. Datio in solutum vices obtinet solutionis. [Jur]
Dação em pagamento faz as vezes de pagamento.
137. Datio donandi animo. [Jur / Black 505] Dação com
intenção de doar. VIDE: ● Dono datio.
138. Datio solvendi animo. [Jur / Black 505] Dação com
intenção de pagamento.
139. Dato uno absurdo, sequitur alterum. Acontecido
um absurdo, logo se segue outro. ■ Um abismo atrai
outro. ● Dato uno absurdo, sequuntur infinita.
Acontecido um absurdo, seguem-se inúmeros. ● Dato
uno absurdo, sequuntur plurima. ● Dato uno
absurdo, mille sequuntur. ● Dato uno absurdo, mox
sequuntur infinita. VIDE: ● Absurdo uno dato,
sequitur alterum. ● Uno absurdo dato, infinita
sequuntur.
140. Datum insipientis non erit utilis tibi; oculi enim
illius septemplices sunt. [Vulgata, Eclesiástico 20.14]
O donativo do insensato não te será útil, porque ele tem
sete olhos para te considerar.
141. Datum noli repetere. Não retomes o que deste.
■ Quem dá e torna a tirar, ao inferno vai parar.
142. Datum serva. [Dionísio Catão, Monosticha 5]
Conserva o que te foi dado.
143. Datur digniori. [Jur / Black 506] É dado ao que mais
merece.
144. Datur ignis, tametsi ab inimico petas. [Plauto,
Trinummus 678] O fogo é dado, mesmo que se peça ao
inimigo.
145. Datur meritis maiorum nulla gloria. [Publílio Siro]
Não se alcança nenhuma glória com o mérito dos
antepassados. ■ Deixemos pais e avós e por nós sejamos
bons.
146. Datur omnibus mori. A todos é concedido morrer.
■ A morte é a coroa de todos na terra.
147. Datur, fruare, dum licet. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 345] Se te é dado, aproveita, enquanto
podes. ■ Quando te derem um porquinho, segura-o pelo
rabinho.
148. Datus est verbis ad amicas transitus aures. [Ovídio,
Metamorphoses 4.77] As palavras podem entrar nos
ouvidos amigos.
149. Davus sum, non Oedipus. [Terêncio, Andria 194]
Sou Davos, não Édipo. (=Davos era um escravo; Édipo
adivinhou os enigmas da Esfinge). ■ Não sou adivinho.
■ Não entendo patavina. VIDE: ● Non sum augur, abdita
scire uti queam palam.
150. De absentibus nihil nisi bene. Dos ausentes só se
fale bem. ● De absentibus nisi bene. [Rezende 1125]
● De absentibus nisi quae bona sunt. ● De absentibus
nihil nisi bonum.
151. De acquirendo rerum dominio. [Digesta 41.1.0] Da
aquisição do domínio das coisas.
152. De albo nigrum, de quadrato rotundum. (Fazer) do
branco negro, do quadrado redondo.
153. De alieno corio liberalis. [Stevenson 1379] Generoso
com o couro alheio. ● De alieno corio larga corrigia.
■ De couro alheio correias compridas. VIDE: ● De alieno
liberalis. ● De alterius corio larga corrigia. ● Ex
alieno corio longa corrigia. ● Ex alieno tergore lata
secantur lora. ● Ex pellibus alienis latae corrigiae
proscinduntur.
154. De alieno disce periclo. [Grynaeus 40] Aprende com
a desgraça alheia. ■ Mal alheio dá conselho.
155. De alieno facile largimur, de nostris non item.
[Grynaeus 447] Dos bens alheios nós damos facilmente,
dos nossos não. ■ Do pão do nosso compadre grande
fatia ao afilhado. VIDE: ● De alieno loculo facile
sumptus fiunt.
156. De alieno liberalis. [Sêneca, Epistulae Morales 16.7]
É liberal com a coisa alheia. ■ Pólvora alheia, tiro
grande. VIDE: ● De alieno corio liberalis. ● Ex alieno
corio longa corrigia. ● Ex alieno tergore lata secantur
lora. ● Ex pellibus alienis latae corrigiae
proscinduntur.
157. De alieno loculo facile sumptus fiunt. Da bolsa
alheia, facilmente se fazem despesas. VIDE: ● De alieno
facile largimur, de nostris non item.
158. De alieno ludis corio. [Erasmo, Adagia 2.2.88]
Brincas com a pele alheia. ■ Tiras a sardinha do fogo
com a mão do gato. ■ Tiras as castanhas do fogo com as
mãos do gato. VIDE: ● Alieno corio ludere facile.
● Ludis de alieno corio.
159. De alio experimentum capere. [Rezende 1127]
Ganhar experiência de outrem. ■ Aprender com o
exemplo do vizinho. ■ Experimentar em cabeça alheia.
160. De alliis loquenti respondet de caepis. [Pereira 105]
A quem lhe fala em alhos, responde com cebolas.
■ Falo-lhes em alhos, respondem-me com bugalhos.
■ Misturas alhos com bugalhos. ■ Tomais sesta por
balhesta. VIDE: ● Ego de alliis tibi loquor, tu autem de
caepis respondes. ● Ego de caseo loquor, tu de creta
respondes. ● Ego loquor de alliis, tu respondes de
caepis. ● Ego tibi de alliis loquor, tu respondes de
caepis.
161. De alterius corio largae corrigiae. [Petrus
Abelardus, Sermones, De Eleemosyna] ■ De couro
alheio correias compridas. ● De alterius corio larga
corrigia. De couro alheio, longa correia. VIDE: ● De
alieno corio liberalis. ● De alieno corio larga corrigia.
162. De animo nubila pelle tuo. [Petrônio, Fragmenta]
Expulsa as tristezas de teu coração.
163. De apicibus iuris disputare. [Digesta 17.1.29.4]
Disputar sobre sutilezas do direito.
164. De arte potest non nisi artifex iudicare. Da arte só o
artífice pode julgar. ■ Não suba o sapateiro além da
chinela. ■ Cada um sabe no que faz. VIDE: ● Nemo de
artificio potest iudicare, nisi artifex.
165. De asini umbra disceptare. [Apostólio / Binder,
Thesaurus 698]. Brigar por causa da sombra do burro.
(=Disputar sobre nugas). ■ Discutir o sexo dos anjos.
■ Discutir por lã de cabra. ■ Discutir se penico de barro
dá ferrugem. ■ Tratar de coisa que nem vai nem vem.
● De asini umbra disputare. ● De asini prospectu
incusatio est. [Medina 582] A acusação é por ter pisado
a sombra do burro. VIDE: ● De fumo disceptare. ● De
lana caprina contendere. ● De lana caprina rixare.
● De pilis lutove disceptare. ● De umbra aselli verba
sunt. ● Rixatur de lana saepe caprina.
166. De auditu. De oitiva. De orelhada. Por ouvir dizer.
167. De bene merenti bene mereri. Ser favorecido por
quem é merecedor. ■ Uma mão lava a outra. ■ Amor
com amor se paga. VIDE: ● Fricantem refrica.
168. De bona fide enim agitur, cui non congruit de
apicibus iuris disputare. [Ulpiano, Digesta 17.1.29.4]
Trata-se, pois, de boa-fé, a que não cabe discutir
sutilezas de direito. VIDE: ● Bonae fidei non congruit de
apicibus iuris disputare.
169. De bonis asportatis. [Jur / Black 509] Dos bens
retirados.
170. De bonis non administratis. [Jur / Black 509] A
respeito dos bens ainda não administrados.
171. De caelo in caenum. [Tertuliano, De Spectaculis
25.5] Do céu para o lodo. VIDE: ● De limo in caelum.
172. De calcaria in carbonariam pervenire. [Tertuliano,
De Carne Christi 6] Cair da caleira no braseiro. ■ Ir de
mal a pior. ■ Fugi do fumo, caí nas brasas. ■ Fugi do
lobo, caí no arroio. VIDE: ● De fumo ad flammam.
● Incidis in Scyllam cupiens vitare Charybdim. . ● Ne
cinerem vitans in prunas incidas.
173. De calceo sollicitus, et pedem nihil curans.
[Plutarco / Burton, The Anatomy of Melancholy]
Preocupa-se com o sapato, mas não se preocupa com o
pé. ■ Quebra a louça e guarda os palitos. VIDE: ● Quod
non minus absurde sit quam si quis de calceo
magnopere sollicitus pedem ipsum neglegat, aut
summo studio curet ne quid vitii sit in veste, de
corporis valetudine securus.
174. De capite ad pedem. Da cabeça ao pé.
175. De certa scientia. De conhecimento certo. Com
conhecimento.
176. De cetero. Quanto ao mais. De resto.
177. De claro die. À luz do dia.
178. De cocleare interdum cadit quod hianti porrigis
ori. Às vezes cai da colher o que ofereces à boca aberta.
■ Da mão à boca se perde a sopa. .■ Entre a boca e a
mão vai o bocado ao chão. ■ Do prato à boca perde-se
a sopa. ■ De uma hora para outra cai a casa. VIDE:
● Inter calicem et os multa interveniunt. ● Inter
calicem et os multa cadunt. ● Inter manum et
mentum multa cadunt. ● Inter os et offam multa
cadunt. ● Inter os et offam multa intercedunt.
● Multa cadunt inter calicem supremaque labra.
● Multa cadunt inter calicem et suprema labra.
● Multa cadunt inter calicem et labra. ● Saepe audivi
inter os et offam multa intervenire posse. ● Saepe
inter buccam contingit casus, et offam. ● Saepe os
inter et offam multa venire solent. ● Vel mille
calamitates sunt inter calicem et labra.
179. De commodo et incommodo. A respeito das
vantagens e desvantagens.
180. De contaminatis contaminamur. [Tertuliano, De
Spectaculis 8.10] Somos contaminados pelos que estão
contaminados. ■ Uma ovelha tinhosa faz todo o rebanho
tinhoso.
181. De corde enim exeunt cogitationes. [Vulgata,
Mateus 15.18] Do coração saem os pensamentos.
182. De corde, non ex ore tantum. Do fundo do coração,
não apenas da boca. VIDE: ● Non ex ore, sed ex pectore.
183. De cuius. [Jur] De cujo. De cuja. (=Usa-se em
português a locução de cuius, ou de cujus, para designar
o testador falecido. São as palavras iniciais da expressão
Is de cuius successione agitur. Aquele de cuja
sucessão se trata).
184. De cunctis loquitur femina quae tota cursitat urbe
vaga. [Rezende 1153] De todos fala a mulher que anda
à-toa por toda a cidade. ■ A mulher andeja diz de todos,
e todos dizem dela. ■ Mulher andeja fala de todos, e
todos dela. ● De cunctis loquitur cunctorumque ore
vagatur femina quae tota cursitat urbe vaga. [Pereira
94] De todos fala e na boca de todos anda a mulher que
vaga à-toa por toda a cidade.
185. De damno proprio quisque dolere scit. [Pereira 99]
Cada qual sabe sentir o próprio mal. ■ Cada qual sente o
seu mal. ■ Cada um sente o seu, e não o mal alheio.
■ Cada qual sabe onde lhe aperta o sapato.
186. De Deo parum, de principe nihil. De Deus, pouco;
do príncipe, nada. VIDE: ● Nihil de principe, parum de
Deo. ● Parum de principe, nihil de Deo.
187. De die. Em pleno dia. Durante o dia.
188. De die in diem. De dia a dia. Continuadamente.
189. De die vivitur. [S.Jerônimo, Epistulae 7.5] As
pessoas vivem para o dia presente. ■ Viver o dia a dia.
■ Viver da mão à boca.
190. De duobus bonis maius, et de duobus malis minus,
ex rationis ductu sequemur. [Espinosa, Ethica 4,
Propositio 65] Sigamos, de acordo com a razão, de dois
bens o maior, e de dois males o menor.
191. De duobus malis, minus est semper eligendum.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 3.12.6] De
dois males, sempre se deve escolher o menor. ■ Dos
males, o menor. ● De duobus malis minus malum est
eligendum. [VES 93] ● De duobus malis, minus est
deligendum. VIDE: ● E duobus malis minus eligendum.
● E duobus malis, cum maius fugiendum sit, levius
est eligendum. ● E malis multis malum quod
minimum est. ● Elige ex malis minima. ● Ex malis
eligere minima oportere. ● Minima de malis eligenda.
● Minima de malis. ● Minus damnum maiori
anteponendum.
192. De ea re quae te non molestat ne certeris. [Vulgata,
Eclesiástico 11.9] Não disputes sobre coisas que não te
dizem respeito. ■ O que não te queima, não o apagues.
■ Não te importes com moitas que não são do teu
alqueive. VIDE: ● Quod te non tangit hoc te nullatenus
angit.
193. De eadem re alio modo. [Cícero, Ad Familiares
13.27] Da mesma coisa de maneira diferente. VIDE:
● Antiqua nove. ● Non nova, sed nove. ● Nove, sed
non nova. ● Si non nova, saltem nove.
194. De emptione et venditione. [Jur] Da compra e venda.
195. De facie nosse. [Grynaeus 125] Conhecer
superficialmente.
196. De facto. [Jur / Black 533] De fato. (=Expressão
usada juridicamente para caracterizar um funcionário,
um governo, um ato ou um estado de coisas que deve
ser aceito para todos os objetivos práticos, mas que é
ilegal ou ilegítimo). VIDE: ● De gratia. ● De iure.
197. De fide et officio iudicis non recipitur quaestio, sed
de scientia sive sit error iuris sive facti. [Jur / Broom
70] Da honestidade e integridade do juiz, não se aceita
questionamento, mas sim de seu conhecimento, seja o
erro de direito ou de fato.
198. De filo pendet. [Erasmo, Adagia 1.9.72] Está
pendurado por um fio. ■ Está por um fio. VIDE: ● A filo
pendet. ● De funiculo pendet. ● De pilo pendet. ● E
pilo pendet.
199. De fimbria telam omnem. [Schottus, Adagia 220]
Pela beira (se conhece) todo o pano. ■ Pela amostra se
conhece o pano. VIDE: ● E fimbria de texto iudicatur.
● E fimbria de texto iudico. ● Ex fimbria tela ipsa
ostenditur. ● Ex fimbria textura manifesta.
200. De flavis vetula in canos vulpecula pilos mutat,
illius at mores vertere nemo videt. [Grynaeus 389] A
raposa velha muda os pêlos de amarelos para brancos,
mas ninguém a vê mudar de costumes. ■ A raposa muda
de pêlo, mas não de manha. ■ A raposa muda de pêlo,
mas não de vezo. ■ O pêlo muda a raposa, mas do
natural não a despoja. VIDE: ● Flavos permutat canis
vulpecula crines, at nunquam mores alterat ipsa
suos. ● Ingenium suum vulpecula mutare nescit.
● Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos, non
tamen assuetos liquit in urbe dolos. ● Lupus pilum
mutat, non animum. ● Lupus pilum mutat, non
mentem. ● Lupus pilum, non ingenium mutat. ● Pilos
lupus mutat, sed animum non item. ● Senecta
canitiem affert improbis, non item aufert malitiam.
● Vulpes pilum mutat, non mores. ● Vulpeculorum
mutantur pili, non mores.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER
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D2: 201-400
201. De fructu arborem cognosco. [Erasmo, Adagia
1.9.39] Pelo fruto conheço a árvore. ■ Pelo fruto se
conhece a árvore. ■ Pelo fruto conheço a árvore.
■ Árvore ruim não dá bom fruto. VIDE: ● Arbor ex
fructu cognoscitur. ● E fetu cognosco arborem; e
factis hominem iudico. ● E fructu arborem cognosco.
● E fructu arborem. ● Ex fructu arbor. ● Ex fructu
cognoscitur arbor. ● Ex fructu arbor agnoscitur.
● Fructibus ex propriis arbor cognoscitur omnis.
● Fructibus ipsa suis, quae sit, cognoscitur arbor.
● Unaquaeque enim arbor de fructu suo cognoscitur.
202. De fumo ad flammam. [Luciano / Amiano
Marcelino, Res Gestae 14.11.12] (Fugir) da fumaça e
cair na chama. ■ Escapei do trovão e dei no relâmpago.
● De fumo in flammam. VIDE: ● De calcaria in
carbonariam pervenire. ● Evitata Charybdi in
Scyllam incidi. ● Ire de fumo ad flammam. ● Tendere
de fumo ad flammam.
203. De fumo disceptare. [Erasmo, Adagia 1.3.54] Brigar
pela fumaça. ■ Discutir o sexo dos anjos. ■ Discutir se
penico de barro dá ferrugem. . ■ Tratar de coisa que
nem vai nem vem. VIDE: ● De asini umbra disputare.
● De asini umbra disceptare. ● De lana caprina
contendere. ● De lana caprina rixare. ● De pilis lutove
disceptare. ● De umbra aselli verba sunt. ● Rixatur de
lana saepe caprina.
204. De funiculo pendet. Está pendurado por um fio.
■ Está por um fio. VIDE: ● A filo pendet. ● De filo
pendet. ● De pilo pendet. ● E pilo pendet.
205. De futuris rebus etsi semper difficile est dicere,
tamen interdum coniectura possis accedere. [Cícero,
Ad Familiares 6.4] Embora seja sempre difícil adivinhar
o futuro, no entanto podemos aproximar-nos dele
usando conjecturas.
206. De futuro. No futuro.
207. De gratia. [Jur / Black 514] De favor. Por favor. VIDE:
● De facto. ● De iure.
208. De gustibus non est disputandum. [DAPR 331] De
gostos não se deve discutir. ■ Gostos não se discutem.
■ Se todos os gostos fossem iguais, o que seria do
amarelo? ■ Cada um tem seu gosto. ● De gustibus non
oportet disputare. ● De gustibus et coloribus non est
disputandum. [Rezende 1163] De gostos e cores não se
deve discutir.
209. De gustu cognosco. [Erasmo, Adagia 1.9.37]
Conheço pelo sabor.
210. De hac luce ad meliorem, vocante Deo, migravit.
[Boncompagno, Palma 30] Chamado por Deus, migrou
desta luz para uma melhor. ■ Passou desta para melhor.
211. De his criminibus, de quibus absolutus est
accusatus, non potest accusatio replicari. [Gregório
IX, Decretalia 1.6] Dos crimes de que o acusado foi
absolvido não se pode replicar a acusação. VIDE:
● Absolutus de certo crimine de eodem iterum
accusari non potest.
212. De iis rebus quae narrata sunt non debemus cito
credere. [Sêneca, De Ira 2.29.2] Não devemos crer com
muita rapidez naquilo que nos contam.
213. De improbis viris auferri praemium et praedam
decet. [Plauto, Pseudolus 1216] Dos desonestos, é
preciso tirar deles vantagem e proveito.
214. De improviso. De improviso. Sem ser esperado.
215. De industria. Com todo o cuidado. Intencionalmente.
216. De inimicis facti sumus amici. De inimigos,
tornamo-nos amigos.
217. De inimico non loquaris male, sed cogites. [Publílio
Siro] Pensa mal do teu inimigo, mas não o digas.
218. De integro. [Jur] Por inteiro. Não alterado. Fielmente.
Recomeçando do começo. VIDE: ● Ab integro.
219. De iure constituendo. [Jur] Do direito a constituir.
220. De iure humano. Por direito humano.
221. De iure iudices, de facto iuratores respondent. [Jur
/ Black 515] À questão de direito respondem os juízes, à
questão de fato respondem os jurados. VIDE: ● Ad
quaestionem iuris respondeant iudices, ad
quaestionem facti respondeant iuratores.
222. De iure. [Jur / Black 515] De direito. Legítimo. A
justo título. VIDE: ● De facto. ● De gratia.
223. De lana caprina contendere. Brigar a respeito da lã
da cabra. ■ Discutir o sexo dos anjos. ■ Discutir se
penico de barro enferruja. ■ Tratar de coisa que nem
vai nem vem. ● De lana caprina rixare. ● De lana
caprina digladiari. [Erasmo] VIDE: ● De asini umbra
disputare. ● De asini umbra disceptare. ● De asini
prospectu incusatio est. ● De fumo disceptare. ● De
luto disceptare. ● De pilis disceptare. ● De umbra
aselli verba sunt. ● Rixatur de lana saepe caprina.
224. De lana sua cogitare. Pensar na própria lã. (=Cuidar
dos próprios interesses). VIDE: ● Cogitare de lana sua.
225. De latere. [Jur] Do lado. Colateralmente.
226. De lege ferenda. [Jur] Da lei a criar.
227. De lege lata. [Jur] De acordo com a lei já
promulgada.
228. De lege non iudicat artifex. [Pereira 98] Artesão não
julga de leis. ■ Cada qual no seu ofício. ■ Sapateiro, aos
teus sapatos. ■ Não suba o sapateiro além da chinela.
VIDE: ● Ne supra crepidam sutor iudicaret. ● Ne sutor
supra crepidam. ● Ne sutor ultra crepidam.
229. De limo in caelum. (Subir) do lodo para o céu. VIDE:
● De caelo in caenum.
230. De lingua stulta veniunt incommoda multa.
[Binder, Thesaurus 706] Da língua insensata vêm
muitos aborrecimentos. ■ Língua é que fala, corpo é que
paga. VIDE: ● Non est in silva peior fera quam mala
lingua; de lingua stulta veniunt incommoda multa.
231. De luna, si vere luce lucet aliena, sequentia
docebunt. [Macróbio, Commentarius 1.17] A respeito
da lua, se ela brilha com luz alheia, os fatos que seguem
esclarecerão. VIDE: ● Luce lucet aliena.
232. De lunatico inquerendo. [Jur] Da inquirição do
estado mental da pessoa.
233. De luto disceptare. Discutir a respeito da lama.
■ Discutir se penico de barro enferruja.
234. De magnis divitiis, si quid demas, plus fit an
minus? [Plauto, Trinummus 311] De uma grande
riqueza, se tiras alguma coisa, ela fica maior ou menor?
235. De magno est praeda petenda grege. [Tibulo,
Elegiae 1.1.34] A presa deve ser procurada em rebanho
grande. ■ No grande mar se cria o grande peixe.
236. De male quaesitis vix gaudet tertius heres.
[Rabelais, Gargantua 3.1] Das riquezas mal adquiridas
dificilmente goza a terceira geração. ■ Pai rico, filho
nobre, neto pobre. ● De male quaesitis non gaudet
tertius heres. [Grynaeus 776] VIDE: ● De rebus male
acquisitis non gaudebit tertius heres. ● Male parta
male dilabuntur.
237. De malo in peius. [John Owen, Epigrammata 8.32]
De mau a pior. (=É o título do epigrama).
238. De mane consilium. [Binder, Thesaurus 708] De
manhã é que se tomam as decisões. ■ Dormirei,
dormirei, boas novas acharei. ■ De manhã é que se
começa o dia.
239. De manu in manum. [Cícero, Ad Familiares 7.5;
Erasmo, Adagia 4.5.29] De mão a mão.
240. De mendico male meretur qui ei dat quod edit aut
bibat; nam et illud quod dat perdit et illi prodit
vitam ad miseriam. [Plauto, Trinnumus 301] Presta
mau serviço ao mendigo quem lhe dá de comer ou
beber, pois perde o que dá e lhe prolonga a vida na
miséria.
241. De mensa sobrius esto. [DAPR 611] À mesa sê
moderado. ■ Não te arrependas nunca de ter comido
pouco.
242. De meo. Às minhas expensas. Por minha conta.
243. De mero motu. Por simples impulso.
244. De minimis granis fit magnus acervus. [DAPR 325]
■ De pequeninos grãos se junta grande monte. ■ De
bago em bago, enche a velha o saco. ● De minimis
granis fit grandis summa. [Binder, Thesaurus 709]
VIDE: ● Adde parvum parvo, magnus acervus erit.
● De multis, grandis acervus erit. ● De multis parvis
grandis acervus erit. ● De stipula grandis acervus
erit. ● Ex granis fit acervus.
245. De minimis non curat lex. [Bacon, Epistulae 282] A
lei não cuida de pequenas coisas.
246. De minimis non curat praetor. [Manúcio, Adagia
1409] O pretor não cuida de coisas sem importância.
■ Homem grande não desce a coisas baixas. ■ As águias
não caçam moscas. VIDE: ● Animus excelsus res
humiles despicit. ● Maximis occupati negotiis ad
pusilla quaedam connivent. ● Minima non curat
praetor. ● Modica non curat praetor. ● Non curat
testudo muscam. ● Summi viri neglegunt minutula
quaepiam.
247. De more. Segundo o costume. Normalmente.
248. De morte hominis nulla est cunctatio longa. [Jur /
Black 516] Quando se trata da morte de um ser humano,
nenhuma demora é considerada longa.
249. De mortuis nihil nisi bonum. [Quílon / Rezende
1183] Dos mortos, só coisa boa. ■ Enterrado, perdoado.
■ Não batas em homem morto. ■ Ninguém sabe onde fica
o cemitério dos ruins. ● De mortuis nil nisi bene.
[Spalding, Guia Prático 115] ● De mortuis non nisi
bene. [Binder, Thesaurus 710] ● De mortuis optima. [O
Globo, 25 set. 04, 2º Caderno, p. 11] Dos mortos,
somente coisas muito boas. ● De mortuis nihil nisi
verum. A respeito dos mortos, dizer somente a verdade.
● De mortuis et absentibus nil nisi bene (loqui decet).
De mortos e ausentes só se deve falar bem. VIDE:
● Mortuis non convinciandum. ● Nihil de mortuis nisi
bonum. ● Parce sepulto. ● Parce sepultis.
250. De motu proprio. Por movimento próprio. Por
iniciativa própria. Voluntariamente. VIDE: ● De proprio
motu. ● Ex proprio motu. ● Motu proprio. ● Proprio
motu. ● Sponte propria. ● Sponte sua. ● Sua sponte.
251. De multis multum, de paucis sume pusillum.
[Pereira 103] Do muito tira muito, do pouco tira
pouquinho. ■ Do pouco o pouco, e do muito o muito.
252. De multis paleis grana pauca coëgi. [Schottus,
Adagia 417] Da muita palha colhi pouco grão. ■ Muita
palha e pouco grão. VIDE: ● E multis paleis, paulum
fructus collegi. ● E multis paleis, parum fructus. ● Ex
multis paleis parum fructus reportavi. ● Ex multis
paleis parum fructus.
253. De multis, grandis acervus erit. [Ovídio, Remedia
Amoris 424] De muitas coisas se fará um grande monte.
■ Muitos poucos fazem um muito. ● De multis parvis
grandis acervus erit. De muitas coisas pequenas
formar-se-á um grande monte. VIDE: ● De minimis
granis fit magnus acervus. ● De multis parvis grandis
acervus erit.
254. De nihilo crevit. [Petrônio, Satiricon 38] Nasceu do
nada. (=Refere-se a um homem pobre que enriqueceu
comerciando). ■ Fez-se por si mesmo.
255. De nihilo nihil. Nada (vem) do nada. ● De nihilo
nihilum. VIDE: ● Ex nihilo nihil fit. ● Ex nihilo nihil.
● Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti.
● Nihil ex nihilo. ● Nil igitur fieri de nilo posse
fatendum est. ● Nullam rem e nihilo gigni divinitus
unquam.
256. De nocte. Em plena noite.
257. De nocte consilium. [Binder, Thesaurus 712] À
noite, o conselho. ■ A noite traz conselho. ■ Para teu
conselheiro não esqueças o travesseiro. VIDE: ● In nocte
consilium. . ● Noctu urgenda consilia. ● Nox dabit
consilium.
258. De non apparentibus, et non existentibus, eadem
est ratio. [Jur / Broom 131] Tanto para as coisas que
não aparecem como para as que não existem, a regra é a
mesma. VIDE: ● Idem est non esse et non apparere.
● Quod non apparet non est.
259. De novo. De novo. Desde o começo. Novamente.
Uma segunda vez.
260. De nuce fit corylus, de glande fit ardua quercus.
[DAPR 457] Da noz nasce a aveleira, da bolota nasce o
alto carvalho. ■ O maior carvalho saiu de uma bolota.
■ Grande é o marão, e não dá palha nem grão. ■ De
pequena fagulha, grande labareda. ● De nuce fit
corylus, de glande fit ardua quercus, e parvo puero
saepe peritus homo. [Eiselein 375] Da noz nasce a
aveleira, da bolota nasce o alto carvalho, de pequeno
menino muitas vezes sai um homem competente. VIDE:
● De parvo puero saepe peritus homo. ● Omnium
enim rerum principia parva sunt. ● Parvis e
glandibus quercus. ● Sub qua nunc recubas arbore,
virga fuit. ● Tandem fit surculus arbor.
261. De omni re scibili, et quibusdam aliis. (Trata) de
tudo que se possa saber e de algumas outras coisas. (=É
alusão irônica à obra De Omni Re Scibili, publicada
por Pico della Mirandola. A frase é citada para ironizar
pessoa que pretende saber tudo). ● De omnibus rebus et
quibusdam aliis. De todas as coisas e algumas outras.
262. De omnibus dubitandum. [Princípio da filosofia de
Descartes] Deve-se questionar tudo.
263. De ore tuo te iudico. [Vulgata, Lucas 19.22] Julgo-te
pela tua boca. ■ A boca diz quanto lhe manda o coração.
VIDE: ● Ex ore tuo te iudico.
264. De pane lucrando. Com o objetivo de ganhar o pão.
(=Diz-se de atividade exercida com fins de lucro).
265. De partibus vitae omnes deliberamus, de tota
nemo deliberat. [Sêneca, Epistulae Morales 71.2] De
partes de nossa vida, todos tomamos decisões; do todo
ninguém delibera. ● De partibus vitae quisque
deliberat, de summa nemo. Todos tomam decisões
sobre partes de sua vida, ninguém sobre a última.
266. De parva scintilla magnum saepe excitatur
incendium. [Stevenson 1442] De uma faísca minúscula
muitas vezes nasce um incêndio. ■ De uma faísca se
queima a vila. ■ De pequena fagulha, grande labareda.
■ Com pequena brasa se queima uma casa. ● De parva
scintilla magna suscitavit incendia. [S.Tomás de
Aquino, In Matthaeum 11.3] De uma pequena faísca
provocou grandes incêncios. VIDE: ● A scintilla una
augetur ignis. ● Ex minima magnus scintilla nascitur
ignis. ● Ex scintilla incendium. ● Ex sola scintilla
conflagrat saepe tota domus. ● Parva saepe scintilla
magnum excitat incendium. ● Parva saepe scintilla
contempta magnum excitavit incendium. ● Videmus
accidere ex una scintilla incendia passim.
267. De parvo puero saepe peritus homo. [Singer,
Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 20] De um
menininho muitas vezes sai um homem instruído. VIDE:
● Ante fuit vitulus, qui nunc fert cornua taurus. ● De
nuce fit corylus, de glande fit ardua quercus. ● E
parvo puero saepe peritus homo. ● Omnium enim
rerum principia parva sunt. ● Saepe caballus erit qui
pulli more subhinnit.
268. De paupere frequenter fit iudicium, sed contra
iniuriam divitis non est remedium. [VES 99] Com
freqüência se faz julgamento do pobre, mas contra a
injustiça do rico não há remédio. ■ Ladrão endinheirado
nunca morre enforcado. VIDE: ● Contra iniuriam divitis
non est remedium.
269. De paxillo suspendere. [Manúcio, Adagia /
Bernardes, Nova Floresta 3.97] Pendurar no poste.
(=Reter um documento. Engavetar um processo).
270. De persona ad personam. De pessoa a pessoa.
271. De pilis disceptare. Brigar por causa de pêlos
■ Discutir o sexo dos anjos. VIDE: ● De asini umbra
disputare. ● De asini umbra disceptare. ● De asini
prospectu incusatio est. ● De fumo disceptare. ● De
lana caprina contendere. ● De lana caprina rixare.
● De umbra aselli verba sunt. ● Rixatur de lana saepe
caprina.
272. De pilo pendet. [Erasmo, Adagia 1.9.72] Está
pendurado por um cabelo. ■ Está por um fio. VIDE: ● A
filo pendet. ● De filo pendet. ● E pilo pendet.
273. De plano. Sem dificuldade. Sem formalidade.
Sumariamente.
274. De plenis cyathis multos periisse sciatis. [Eiselein
636] Sabeis que muitos morreram por causa dos copos
cheios. ■ Mais homens se afogam no copo que no mar.
VIDE: ● Ense cadunt multi, perimit sed crapula plures.
275. De potentia ad actum. Da possibilidade à realização.
276. De praeteritis non est querendum. [Cícero, Ad
Familiares 7.28] Não devemos queixar-nos do que
passou.
277. De primo ad ultimum. Do primeiro ao último.
278. De profundis clamavi ad te, Domine. [Vulgata,
Salmos 129.1] Das profundezas te chamei, Senhor.
279. De proprio motu. Por movimento próprio. Por
iniciativa própria. Espontaneamente. Voluntariamente.
VIDE: ● De motu proprio. ● Ex proprio motu. ● Motu
proprio. ● Proprio motu. ● Sponte propria. ● Sponte
sua. ● Sua sponte.
280. De pulchro ligno vel pendere libeat. [Schottus,
Adagia 367] Até para enforcar-se uma bela árvore
agrada. ● De pulchro ligno vel strangulare. [Erasmo,
Adagia 2.2.8] ● De pulchro ligno etiam strangulari
convenit. [Eiselein 203] VIDE: ● E pulchro ligno vel
suspendi praestat. ● Suspendium etiam fiat e digna
trabe. ● Vel strangulari pulchro de ligno iuvat.
281. De re irreparabile ne doleas. [Mota 154] Não sofras
pelo que não tem conserto. ■ O que não tem remédio
remediado está. ■ Não chores pelo leite derramado.
282. De rebus ignotis per notas et evidentes
coniecturam fac. [Solon / Rezende 1212] Pelas coisas
conhecidas e evidentes tira conclusões sobre as
desconhecidas.
283. De rebus male quaesitis non gaudebit tertius heres.
[Ambrósio, De Officiis] Das riquezas mal adquiridas
não gozará a terceira geração. ■ Pai rico, filho nobre,
neto pobre. ■ Avô rico, pai remediado, filho pobre. VIDE:
● De male quaesitis vix gaudet tertius heres. ● De
male quaesitis non gaudet tertius heres.
284. De rebus pacis ac belli. [S.Agostinho, De Civitate
Dei 2.11] Das questões de paz e de guerra. De coisas da
guerra e da paz.
285. De rebus, non specie, sed vera utilitate iudicemus.
Sobre as coisas julguemos não pela aparência, mas pela
verdadeira utilidade.
286. De repente. De repente. VIDE: ● De subito.
287. De sapienti viro facit ira virum cito stultum.
[Werner] A ira rapidamente transforma um homem
sábio num estúpido.
288. De scurra multo facilius divitem quam patrem
familias fieri posse. [Cícero, Pro Quinctio 17] De um
bufão é mais fácil fazer-se um homem rico que um pai
de família. ■ Nunca de bom mouro bom cristão. ■ Quem
foi ruim não deixa de ser. VIDE: ● E scurra facilius dives
quam paterfamilias sit. ● Qui semel scurra, nunquam
paterfamilias. ● Scurra semel nunquam
paterfamilias.
289. De se nemo male praedicat. [Pereira 112] Ninguém
fala mal de si. ■ Não há romeiro que diga mal do seu
bordão.
290. De siccis lignis componitur optimus ignis. [Binder,
Thesaurus 719] De lenha seca se faz o melhor fogo.
■ De bom logo, bom fogo.
291. De similibus idem est iudicium. [Jur] Em casos
semelhantes, o julgamento é o mesmo.
292. De sole caecus iudicat. [Binder, Thesaurus 720] O
cego dá opinião sobre o sol. ■ Não pode o cego
distinguir cores.
293. De stipula grandis acervus erit. [Ovídio, Amores
1.8.90] De uma palha se formará um grande monte. ■ De
pequeninos grãos se junta grande monte. ■ De bago em
bago, enche a velha o saco. VIDE: ● De minimis granis
fit magnus acervus. ● De multis, grandis acervus erit.
● De multis parvis grandis acervus erit. ● Ex granis
fit acervus.
294. De subito. De repente. VIDE: ● De repente.
295. De tanta laetitia, quanta tristitia! [S.Bernardo,
Meditationes Piissimae 3.9] De tão grande alegria,
quanta tristeza!
296. De te fabula narratur. [Rezende 1229] É de ti que se
fala nesta história. VIDE: ● Quid rides? Mutato nomine
de te fabula narratur.
297. De tempore in tempus. De tempos em tempos.
298. De tenero ungue. Desde quando tinha a unha mole.
(=Desde criancinha). VIDE: ● A nutricibus. ● A parvulo.
● A parvulis. ● A prima aetate. ● A prima pueritia.
● A primo vitae limine. ● A puero. ● A rudibus
annis.● A teneris annis. ● A tenero ungue. ● Ab
adulescentia. ● Ab exordio vitae. ● Ab incunabulis.
● Ab ineunte aetate. ● Ab infantia. ● Ab infantia
prima. ● Ab initio aetatis.
299. De terra es, et de terra vivis, et in terram
reverteris, quando venerit dies illa ultima quae
subito veniet, et forsitan hodie erit. [S.Bernardo,
Meditationes Piissimae 3.10] És da terra, e vives da
terra, e voltarás para a terra, quando chegar aquele
último dia que chegará subitamente, e que talvez seja
hoje.
300. De toga ad pallium. [Erasmo, Adagia 4.5.45]
(Passar) da toga para o pálio. ■ Tornar para trás como
caranguejo. ■ Passar de cavalo a burro.
301. De tuo capite aguntur comitia. [Erasmo, Adagia
4.1.69] É de tua cabeça que tratam os comícios. ■ De tua
pele se trata.
302. De tuo stomacho coniecturam facis. [Medina 604]
Julgas de acordo com teu estômago. ■ Pelo teu coração,
julgas o de teu irmão.
303. De umbra aselli verba sunt. [Schottus, Adagia 621]
A discussão é sobre a sombra do burrinho. (=Disputam
sobre nugas). VIDE: ● De asini umbra disputare. ● De
asini prospectu. ● De fumo disceptare. ● De lana
caprina contendere. ● De lana caprina rixare. ● De
pilis lutove disceptare. ● Rixatur de lana saepe
caprina.
304. De vento vivere. [Binder, Thesaurus 722] Viver de
vento. ■ Viver de ar.
305. De verbis perventum est ad verbera. [VES 67] Das
palavras passou-se às pancadas. VIDE: ● A verbis ad
verbera.
306. De verbo ad verbum. Palavra por palavra.
Textualmente. ● De verbo ad verbum.
307. De verborum significatione. [Digesta 50.16] Do
significado das palavras.
308. De vero. Na realidade.
309. De vestimentis enim procedit tinea, et a muliere
iniquitas viri. [Vulgata, Eclesiástico 42.13] Dos
vestidos vem a traça; da mulher vem a maldade do
homem.
310. De via in semitam degredi. [Plauto, Casina 568]
Afastar-se da estrada para o atalho. (=Fugir do assunto).
311. De visu. De vista. Por ter visto. VIDE: ● Ex visu.
312. De vita et moribus. A respeito da vida e dos
costumes. (Diz-se das informações sobre a vida e
costumes de uma pessoa).
313. De vitiis nostris scalam nobis facimus, si vitia ipsa
calcamus. [S.Agostinho, Sermones 176.4] Construímos
para nós uma escada com nossos vícios, se nós pisamos
nesses vícios.
314. Dea impudentia! [Schottus, Adagia 221] Deusa
impudência! ■ Mas que descaramento!
315. Dea infensa tenebat oculos defixos in terram. A
deusa, irritada, mantinha os olhos fixos no chão. VIDE:
● Diva solo fixos oculos aversa tenebat.
316. Debebis optare optima. [Cícero, Ad Familiares 9.17]
Deverás desejar o melhor.
317. Debemur morti nos nostraque. [Horácio, Ars
Poetica 63] Estamos destinados à morte, nós e nossas
obras.
318. Debemus autem nos firmiores imbecillitates
infirmorum sustinere. [Vulgata, Romanos 15.1] Nós,
que somos mais fortes, devemos suportar as fraquezas
dos fracos.
319. Debemus carmina Baccho. [Nemesiano, Écloga
3.16] É a Baco que devemos as canções. VIDE: ● Carmen
amat Bacchum, carmina Bacchus amat.
320. Debet illud solum probari quod probatum prosit
probatori. [Jur] Só deve ser provado aquilo que
favorece a quem prova.
321. Debet quis iuri subiacere ubi delinquit. [Jur / Black
524] A pessoa deve ser submetida à lei (do lugar) onde
delínqüe.
322. Debet sua cuique domus esse perfugium
tutissimum. [Jur / Black 524] A casa de todo homem
deve ser um refúgio totalmente seguro.
323. Debile fundamentum fallit opus. [Jur / Broom 147]
Um alicerce fraco derruba o edifício.
324. Debile principium melior fortuna sequetur.
[Rabelais, Gargantua 42] Uma sorte melhor seguirá o
começo fraco.
325. Debilior culex. Mais fraco que um mosquito.
326. Debilis ac fortis veniunt ad limina mortis. [Gaal
1532] Tanto o fraco como o forte chegam à porta da
morte. ■ A morte não poupa nem o fraco nem o forte.
■ Tanto morre o papa como quem não tem capa. VIDE:
● Est commune mori, mors nulli parcet honori.
● Mors servat legem: tollit cum paupere regem.
327. Debita carminibus libertas. [Virgílio, Aetna 91] Os
poemas têm direito à liberdade. VIDE: ● Liberi poëtae et
pictores. ● Pictor poëtaque esse liberi solent.
● Pictores et poëtae liberi. ● Pictoribus atque poëtis
quidlibet audendi semper fuit aequa potestas.
328. Debita redde mihi. [Maximiano, Elegiae 5.52] Paga-
me o que deves. VIDE: ● Redde quod debes.
329. Debita sequuntur personam debitoris. [Jur / Black
524] Os débitos seguem a pessoa do devedor.
330. Debita si vetera sunt, accipiatur avena. [Eiselein
24] Se as dívidas são velhas, aceita-se até aveia. ■ De
ruim pagador, em farelos. VIDE: ● Ab improbo debitore
quidvis accipe. ● Accipias paleam, si non vult solvere
nequam. ● Arripias paleas, si non vult solvere
nequam debitor; accipias, si miser est, paleas.
● Debitor, accipias, si miser est, paleas. ● Pro veteri
debito accipimus stramen avenae.
331. Debito modo, tempore opportuno, in loco
conveniente. No modo devido, no tempo apropriado, no
lugar conveniente.
332. Debito soluto, tranquilla agitur vita. [Medina 608]
Paga a dívida, a vida fica tranqüila. ■ Quem paga suas
dívidas, cura seus males. VIDE: ● Qui nulli debet,
fortunatissimus ille est. ● Ter quaterque felix qui non
est debitor ulli.
333. Debitor, accipias, si miser est, paleas. [Pereira 102]
Se o devedor é um coitado, receberás até palhas. ■ De
ruim pagador, em farelos. VIDE: ● Ab improbo debitore
quidvis accipe. ● Accipias paleam, si non vult solvere
nequam. ● Arripias paleas, si non vult solvere
nequam debitor; accipias, si miser est, paleas. ● Pro
veteri debito accipimus stramen avenae.
334. Debitor debitoris mei debitor meus est. [Mota 183]
O devedor do meu devedor é meu devedor. ■ Quem deve
a quem me deve a mim me deve.
335. Debitor debitoris mei meus non est debitor. [Jur] O
devedor do meu devedor não é meu devedor. ● Debitor
debitoris mei debitor meus non est. VIDE: ● Debitoris
mei debitor non est meus debitor.
336. Debitor es regis? duplicata numismata solves.
[Pereira 118] Deves ao rei? Pagarás o dinheiro em
dobro. ■ Quem a vaca do-rei come magra, gorda a
paga.
337. Debitor hic praestat, qui debita solvere curat.
[DAPR 238] Leva vantagem o devedor que cuida de
pagar as dívidas. ■ Quem paga dívida faz cabedal.
338. Debitor non est sine creditore, non magis quam
maritus sine uxore aut sine filio pater; aliquis dare
debet, ut aliquis accipiat. [Sêneca, De Beneficiis 5.8.1]
Não há devedor sem credor, do mesmo modo que não
há marido sem mulher, ou pai sem filho: alguém deve
dar, para que alguém receba.
339. Debitor sui ipsius esse nemo potest. [Jur] Ninguém
pode ser devedor de si mesmo.
340. Debitoris mei debitor non est meus debitor. [Jur] O
devedor do meu devedor não é meu devedor. VIDE:
● Debitor debitoris mei debitor meus non est.
● Debitor debitoris mei meus non est debitor.
341. Debitum et contractus sunt nullius loci. [Jur / Black
524] A dívida e o contrato não pertencem a nenhum
lugar. (=A obrigação de pagar é pessoal, independente
do lugar em que foi assumida).
342. Debitum insolubile. Uma dívida impagável.
343. Decem annos consumpsi in legendo Cicerone.
[Erasmo / Bacon, Advancement of Learning 2.4.2]
Consumi dez anos lendo Cícero.
344. Decem faciunt populum. Dez pessoas fazem uma
multidão. VIDE: ● Multitudinem decem faciunt.
345. Decem praeceptorum custos Carolus. [Inscrição na
espada de Carlos Magno] Carlos é o guardião dos dez
mandamentos.
346. Decent vultum severum seria dictu. Coisas sérias de
dizer convêm a uma cara séria. VIDE: ● Tristia maestum
vultum verba decent, iratum plena minarum,
ludentem lasciva, severum seria dictu.
347. Deceperint populum meum, dicentes: Pax, et non
est pax. [Vulgata, Ezequiel 13.10] Enganaram o meu
povo, dizendo: Paz, e tal paz não havia. VIDE:
● Dicentes: pax, pax! et non erat pax.
348. Decepta voluntas est voluntas. [Jur] A vontade
enganada é vontade.
349. Deceptio visus. Uma ilusão de ótica.
350. Deceptis feminis, non decipientibus opitulatur.
[Jur] Dá-se auxílio às mulheres enganadas, não às que
enganam.
351. Deceptis, non decipientibus, lex opitulatur.
[Ulpiano, Digesta 1.2.3] A lei protege os enganados,
não os enganadores. ● Deceptis, non decipientibus,
iura subveniunt. [Jur / Black 529]
352. Decessit sine prole. Morreu sem deixar filhos.
● Decessit sine prole legitima. Morreu sem
descendência legítima. ● Decessit sine prole mascula.
Morreu sem descendentes masculinos.
353. Decet aerumnam pati animo aequo; si id facietis,
levior labor erit. [Plauto, Captivi 195] Convém
suportar o mal com paciência; se o fizeres, o sofrimento
ficará mais suave.
354. Decet Caesaris uxorem non solum crimine,
verumetiam criminis suspicione vacare. [Manúcio,
Adagia 5] À mulher de César convém não só não ter
culpa, mas até não sofrer suspeita de culpa.
355. Decet cariorem esse patriam nobis quam nosmet
ipsos. [Cícero, De Finibus 3.64] A pátria deve ser mais
cara a nós do que nós mesmos.
356. Decet fraudem pellere fraude pari. Convém repelir
artimanha com artimanha igual. VIDE: ● Fraus est
concessa repellere fraudem. ● Me decuit fraudem
pellere fraude pari.
357. Decet imperatorem stantem mori. [Últimas
palavras do imperador Vespasiano] Convém que o
imperador morra de pé. VIDE: ● Imperatorem stantem
mori oportere.
358. Decet licere minimum cui multum licet. É justo que
se permita o mínimo a quem se permite muito. ■ Quem
pode o mais pode o menos. VIDE: ● Cui licet quod est
plus, licet utique quod est minus. ● Minimum decet
libere, cui multum licet.
359. Decet magnanimitas quemlibet mortalem, etiam
illum, infra quem nihil est. [Sêneca, De Clementia
1.5.3] A magnanimidade fica bem a qualquer mortal,
mesmo àquele abaixo de quem não há nada.
360. Decet tamen principem servare leges quibus ipse
servatus est. [Jur / Black 529] Convém que o príncipe
guarde as leis pelas quais ele mesmo é guardado.
361. Decet timeri Caesarem. [Sêneca, Octavia 457]
Convém que César seja temido.
362. Decet unumquemque proprio se metiri modulo.
[S.Efrem / Bernardes, Luz e Calor 1.10] Convém que
cada um se meça pela sua própria medida.
363. Decet verecundum esse adulescentem. [Plauto,
Asinaria 812] Convém que o jovem seja pudico. VIDE:
● Adulescentem verecundum esse decet.
364. Decidens scabrum cavat unda tophum. [Lupercus
Servastus, De Vetustate 9] A gota d’água que cai fura a
pedra mais dura. ■ Água mole em pedra dura tanto dá,
até que fura. VIDE: ● Dura tamen molli saxa cavantur
aqua. ● Gutta cavat lapidem. ● Gutta cavat lapidem,
consumitur anulus usu. ● Longa dies molli saxa
peredit aqua.
365. Decidit ex oculis umida gutta meis. Dos meus olhos
cai uma lágrima. VIDE: ● Ex oculis umida gutta cadit.
● Labitur ex oculis umida gutta meis.
366. Deciens repetita placebit. [Horácio, Ars Poetica
365] (Há quadros que) agradará olhar dez vezes.
367. Decima hora amicos plures quam prima repperies.
[Publílio Siro] Na décima hora encontrarás mais amigos
do que na primeira. (=A décima hora era a hora do
jantar). ■ Amigo de mesa não é de firmeza. ● Decima
hora amicos plures quam prima invenies.
368. Decimae debentur parocho. [Jur / Black 529] Ao
pároco são devidos os dízimos.
369. Decipi ille non censetur qui scit sese decipi.
[Publílio Siro] Não passa por enganado quem sabe que
está sendo enganado. ● Decipi non censetur qui scit se
decipi. VIDE: ● Non decipitur qui scit se decipi.
370. Decipi quam fallere est tutius. [Jur / Black 529] É
mais seguro ser enganado que enganar.
371. Decipimur specie recti. [Horácio, Ars Poetica 25]
Somos enganados pela aparência do bem. ■ Quem vê
cara não vê coração. ■ As aparências enganam.
372. Decipit frons prima multos. [Fedro, Fabulae 4.1.16]
A primeira impressão engana a muitos. ■ As aparências
enganam.
373. Decipit incautas fistula dulcis aves. [Walther 5255 /
Tosi 257] A doce flauta ilude os pássaros incautos.
■ Quem o pássaro quer tomar, não o há de enxotar.
VIDE: ● Fistula dulce canit, volucrem dum decipit
auceps. ● Noli homines blando nimium sermone
probare: fistula dulce canit, volucrem dum decipit
auceps.
374. Decipiunt multos: favor principis, muliebris amor,
aprile serenum, labile folium rosae. [Bebel, adaptado /
DAPR 264] Enganam a muitos: o favor do príncipe, o
amor da mulher, o bom tempo de abril, a frágil pétala da
rosa. ■ Sol de inverno, chuva de verão, amor de rameira
e palavrinhas doces do meu capitão, a mim não me
enganarão. VIDE: ● Ridenti domino et caelo ne crede
sereno, nam facili causa dominus mutatur et aura.
375. Decipiunt omnes ambitione lucri. Todos enganam
pela ambição de lucro.
376. Decipiunt omnes, nec nos in crimine soli. [DAPR
408] Todos enganam, e nós não somos os únicos a errar.
■ De louco todos temos um pouco. ■ Todos têm o seu pé
de pavão.
377. Decipiuntur aves per cantus saepe suaves. [Binder,
Thesaurus 724] Muitas vezes os passarinhos são
enganados por melodias suaves. ■ Boas palavras e maus
feitos enganam sisudos e néscios.
378. Decipula murem cepit. [Erasmo, Adagia 3.4.92] A
armadilha apanhou o rato. ■ Caiu na esparrela.
379. Declarare voluntatem verbis vel factis paria sunt.
[Jur] Declarar a vontade por palavras ou por atos
importa o mesmo.
380. Declaratio nullitatis. [Jur] Declaração de nulidade.
381. Declina a malo et fac bonum. [Vulgata, Salmos
36.27] Desvia-te do mal, e faze o bem. VIDE: ● Diverte a
malo et fac bonum. VIDE: ● Fac bonum, diverte a
malo.
382. Decor animi duplex, innocentia et humilitas. A
inocência e a humildade são as duas glórias do espírito.
383. Decora teipsum. [Erasmo, Adagia 4.2.10] Respeita a
ti mesmo.
384. Decori decus addit avito. [Divisa] Acrescenta glória
à glória dos antepassados.
385. Decori est ovibus sua lana. [Ovídio, Metamorphoses
13.849] Para as ovelhas sua lã é ornamento.
386. Decurso in spatio, breve quod vitae reliquum est,
voluptate, vino et amore delectavero. [Plauto,
Mercator 545] No pequeno período de vida que me
sobra, gozarei do prazer, do vinho e do amor.
387. Decus et laus civitatis. [Cícero, De Natura Deorum
7] A honra e a glória da nação.
388. Decus et pretium recte petit experiens vir.
[Horácio, Epistulae 17.1.42] O homem experimentado
pede sem rodeios respeito e pagamento.
389. Decus et tutamen. [Virgílio, Eneida 5.262]
Ornamento e proteção. (=Inscrição em moeda inglesa de
uma libra).
390. Decus hominis ingenium est, ingenii lumen
loquentia. O ornamento do homem é sua inteligência, a
luz da inteligência é o domínio da palavra.
391. Decus in labore. [Divisa dos editores Lello & Irmão]
A dignidade está no trabalho.
392. Decus latet et dedecus patet. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 2.26.1] A honra se esconde; a desonra se
expõe.
393. Dedatur cupido iam dudum nupta marito. [Catulo,
Carmina 64.374] Que a esposa seja entregue logo ao
marido que por ela anseia.
394. Dedecus est semper sumere, nilque dare. [Marcial /
Albertano da Brescia, De Liberalitate] É indignidade
sempre receber e não dar nada.
395. Dedecus ille domus sciet ultimus. [Juvenal, Satirae
10.342] Ele (o marido) será o último a saber da desonra
de sua casa. ■ O marido enganado é o último a saber.
■ O mal do cornudo, ele não o sabe, e sabe-o todo o
mundo. VIDE: ● Uxoris probrum, ultimus qui resciat,
est maritus.
396. Dedi malum, et accepi. [Plínio Moço, Epistulae
3.9.3] Fiz o mal e recebi. ■ Quem faz, paga.
397. Dediscis, si nihil addiscis. [Sêneca / Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 10] Se nada aprendes,
desaprendes. ■ Quem não avança, recua.
398. Dediscit animus sero quod didicit diu. [Sêneca,
Troades 634] O espírito demora a desaprender o que
levou muito tempo aprendendo. ■ O que se aprende no
berço dura até a sepultura.
399. Dedit hoc providentia hominibus munus ut
honesta magis iuvarent. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 1.12.18] Concedeu a providência aos homens a
vantagem de que as coisas honestas são também as que
mais agradam.
400. Dedit tempus locumque casus. [Sêneca, Hippolytus
425] A sorte te deu tempo e lugar.
Ao TOPO

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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A B C D E F G H I L M N O P Q R S T U VZ

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D3: 401-600
401. Deesse nobis terra ubi vivamus, in qua moriamur,
non potest. [Tácito, Annales 13.56] Não nos pode faltar
terra onde vivamos e em que morramos.
402. Deest pecunia, desunt milites. Falta dinheiro, faltam
soldados. ■ Sem dinheiro de contado não há soldado.
403. Defecerunt sicut fumus dies mei. [Vulgata, Salmos
101.4] Foram dissipados como fumo os meus dias. VIDE:
● Dies mei sicut umbra declinaverunt. ● Dies nostri
quasi umbra super terram. ● Ut hora sunt dies nostri
super terram.
404. Defecit sol, nemo respicit. [Inscrição em quadrante
solar] Faltou o sol, ninguém me vem ver.
405. Defectu gnari conscendunt culmina stulti. [Pereira
117] Por falta de sabidos sobem ao alto os tolos. ■ Por
falta de homens me fizeram a mim juiz. ■ Por falta de
homens fizeram a meu pai juiz.
406. Defectus potestatis. [Jur] A falta de poder.
407. Defectus solis. [Virgílio, Georgica 2.478] O eclipse
do sol.
408. Defendat me Deus a me! Que Deus me proteja de
mim mesmo.
409. Defendat quod quisque sentit. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.4] Que cada um defenda sua opinião.
410. Defende me gladio, defendam te calamo.
[Guillaume d’Occam] Defende-me com a espada, que
eu te defenderei com a pena.
411. Defendi uxores a viris, non viros ab uxoribus
aequum est. [Digesta 47.10.2] O justo é que as esposas
sejam defendidas pelos maridos, não os maridos pelas
esposas.
412. Defensor civitatis. [Jur] Defensor da cidade. (=Em
Roma, ao defensor civitatis cabia defender as classes
inferiores de possíveis abusos de autoridades).
413. Defensor fidei. [Título dos reis da Inglaterra]
Defensor da fé. VIDE: ● Fidei defensor.
414. Defensor fortis. [Divisa] Um defensor corajoso.
415. Deficiente causa, deficit effectus. ■ Cessada a causa,
cessam os efeitos.
416. Deficiente crumena et crescente gula. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy] Com a falta de
dinheiro e com o crescimento da gula. VIDE: ● Non
deficiente crumena.
417. Deficiente lege et consuetudine, recurrendum est
ad rationem naturalem. [António Gómez / Peña 57]
Na falta de lei ou de costume, deve-se recorrer à razão
natural.
418. Deficiente pecunia, deficit omne. ■ Quando falta
dinheiro, falta tudo. ■ Sem dinheiro de contado não há
soldado. ● Deficiente pecu, deficit omne, nia.
[Rabelais, Gargantua 3.42]
419. Deficiente vino, deficit omne. [DAPR 823] Faltando
vinho, falta tudo.
420. Deficit ambobus, qui vult servire duobus. [Pereira
119] Falha a ambos quem quer servir a dois. ■ Quem
muito abarca pouco abraça. ■ Não se pode servir a dois
senhores. VIDE: ● Duobus dominis ne servias. ● Nemo
potest dominis pariter servire duobus. ● Nemo potest
duobus dominis servire. ● Nemo servus potest
duobus dominis servire. ● Nemo simul dominis par
est servire duobus. ● Pluribus intentus minor est ad
singula sensus. ● Utiliter servit nemo duobus eris.
421. Deficit omne quod nascitur. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 5.10.80] Tudo que nasce morre.
422. Deficit. Falta. É insuficiente. (=Déficit indica a
diferença a menor entre a receita e a despesa, ou a
escassez de algo). VIDE: ● Superavit.
423. Deficiunt artes, deficiuntque doli. [Tibulo, Elegiae
1.4.82] Faltam artifícios, e faltam manhas.
424. Deficiunt vires. Faltam-me forças.
425. Definitio est declaratio essentiae rei. [Jur] A
definição é a descrição da essência da coisa.
426. Definitio est initium omni disputationi. Definição é
princípio para toda discussão.
427. Deforme est de se ipsum praedicare. É uma
vergonha elogiar a si mesmo. ■ Elogio em boca própria
é vitupério. ● Deforme etiam est de se ipsum
praedicare, falsa praesertim, et cum irrisione
audientium imitari militem gloriosum. [Cícero, De
Officiis 1.126] É feio divulgar fatos sobre si mesmo,
principalmente fatos falsos, e com escárnio dos ouvintes
imitar o soldado fanfarrão.
428. Deformis sim potius quam pulcher et malus. Antes
ser eu feio que bonito e desonesto.
429. Deformis simiarum erit pulcherrima. [Publílio
Siro] A mais bela das macacas será feia. VIDE:
● Simiarum pulcherrima deformis est.
430. Defuncti dispositio custodiatur. [Jur] Observe-se a
vontade do falecido.
431. Defuncti voluntas antiquior iure est. [Plínio Moço,
Epistulae 5.7] A vontade do falecido é mais sagrada do
que a lei.
432. Defuncto eo, qui reus fuit criminis, et poena
exstincta est. [Digesta 48.1.6] Morto quem foi réu do
crime, extingue-se também a pena.
433. Defunctos occidere. Matar defuntos. ■ Chutar
cachorro morto.
434. Degeneres animos timor arguit. [Virgílio, Eneida
4.13] O medo denuncia os corações covardes. ■ O medo
põe asas nos pés. VIDE: ● Te prodet facies, turpiter
cum facies.
435. Deglubere oves, non est probi pastoris officium.
[Schrevelius 1178] Não é função do pastor honesto
esfolar as ovelhas. ■ Tosar, não esfolar. ■ Tosar não é
esfolar. VIDE: ● Boni pastoris est tondere pecus, non
deglubere. ● Vellus ovium tondere volo, sed non
crudeliter illas radi usque ad cutem.
436. Degustandum ex philosophia, non in eam
ingurgitandum. [Ênio / Aulo Gélio, Noctes Atticae
5.16] Deve-se provar da filosofia, mas não afogar-se
nela.
437. Dei dono. Por dádiva de Deus. Por favor de Deus.
● Dei beneficio.
438. Dei est adiuvare, et ab omni confusione liberare.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.2.1] A Deus
pertence aliviar-te e livrar-te de toda confusão.
439. Dei est dare et consolari, quando vult, et quantum
vult, et cui vult. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 4.7.6] Cabe a Deus dar e consolar, quando quer,
quanto quer, e a quem quer.
440. Dei gratia probemur rebus. [Divisa] Pela graça de
Deus, sejamos julgados por nossos atos.
441. Dei gratia sum id quod sum. [Divisa] Pela graça de
Deus, sou o que sou. ● Dei gratia sumus quod sumus.
[Eivisa] Pela graça de Deus somos o que somos.
442. Dei gratia. [Inscrição em moedas do Canadá] Pela
graça de Deus.
443. Dei iudicium. O julgamento de Deus.
444. Dei lusus homo. [Grynaeus 265] O homem é uma
brincadeira de Deus. VIDE: ● Homo Dei ludibrium.
445. Dei magni! Ó grandes deuses! VIDE: ● Dii magni!
446. Dei memor, gratus amicis. [Divisa] Lembro-me de
Deus, sou grato aos amigos.
447. Dei, non hominum, gratia. Por graça de Deus, não
dos homens.
448. Dei perfecta sunt opera. [Vulgata, Deuteronômio
32.4] As obras de Deus são perfeitas.
449. Dei plena sunt omnia. Tudo está cheio de Deus.
450. Dei plenus. Cheio de Deus. (=Inspirado).
451. Dei providentia iuvat. [Divisa] A providência divina
me assiste.
452. Dei sub numine viget. [Divisa da Universidade de
Princeton] Floresce sob a proteção de Deus.
453. Deiecta arbore, quivis ligna colligit. [Rezende 1165]
Quando a árvore está caída, qualquer um colhe a lenha.
■ De árvore caída todos fazem lenha. ■ Em pau caído
todo o mundo faz graveto. ■ À árvore caída todos vão
buscar lenha. ● Deiecta quivis arbore ligna legit.
[DAPR 127] VIDE: ● Arbore deiecta, ligna quivis
colligit. ● Arbore deiecta, quilibet ligna colligit.
● Cadente quercu quilibet ligna colligit. ● Cadente
quercu, quilibet lignatum adest. ● Quercu iacente
omnes eunt petitum ligna. ● Quivis ruentis ligna
quercus colligit. ● Ruente quivis ligna colligit arbore.
454. Delatores qui non castigat, irritat. [Polydorus,
Adagia] Quem não pune os delatores, estimula-os. VIDE:
● Princeps qui delatores non castigat, irritat.
455. Deleatur. Apague-se. Destrua-se.
456. Delectabile est oculis videre solem. [Vulgata,
Eclesiástico 11.7] É agradável aos olhos ver o sol.
457. Delectant alia alios. A pessoas diferentes agradam
coisas diferentes. ■ Cada um tem seus gostos. VIDE:
● Alia aliis placent. ● Alia apud alios bona. ● Alii aliis
rebus delectantur. ● Aliis alia placent.
458. Delectat varietas. ■ A variedade deleita. VIDE: ● In
omni re semper grata varietas. ● In varietate
voluptas. ● Natura diverso gaudet. ● Sensus delectat
varietas. ● Varietas delectat. ● Variatio delectat.
459. Delectatio est voluptas suavitate animum
deleniens. [Cícero, Tusculanae Disputationes 4.20,
adaptado] O deleite é o prazer que seduz o espírito pela
suavidade.
460. Delectationis causa scribunt poëtae, non utilitatis.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 6.6] Os poetas escrevem
para dar prazer, não para serem úteis.
461. Delectationis causa. Por prazer.
462. Delegata potestas non potest delegari. [Jur / Broom
653] Um poder delegado não pode ser delegado. VIDE:
● Vicarius non habet vicarium.
463. Delegatus non potest delegare. [Jur / Black 546]
Delegado não pode delegar. (=A pessoa a quem foi
delegada uma função não pode legalmente passar essa
função a outro, sem expressa autorização). VIDE:
● Vicarius non habet vicarium.
464. Delenda est Carthago. Cartago deve ser destruída.
VIDE: ● Carthaginem esse delendam censeo. ● Cato
inexpiabili odio delendam esse Carthaginem, et cum
de alio consuleretur, pronuntiabat.
465. Deliberando discitur sapientia. [Publílio Siro] É
raciocinando que se aprende a sabedoria. ● Deliberando
discitur patientia. É ponderando que se aprende a
paciência.
466. Deliberando saepe perit occasio. [Publílio Siro]
Enquanto se decide, muitas vezes perde-se a ocasião.
■ Pensando morreu o burro. VIDE: ● Dum deliberamus
quando incipiendum sit, incipere iam serum est.
467. Deliberandum est saepe, statuendum est semel.
[Publílio Siro] Deve-se pensar muitas vezes, deve-se
decidir de uma só vez. ■ Antes que cases, vê o que fazes,
porque não é nó que desates. ■ Devagar pensa e obra
depressa. ● Deliberandum est diu quod statuendum
est semel. [Pereira 95; Black 546] O que deve ser
decidido de uma vez para sempre, deve ser longamente
deliberado. ● Deliberandum diu, quod semel
statuendum est. ● Deliberandum est, quicquid
statuendum est semel. VIDE: ● Diu deliberato! Cito
facito! ● Diu deliberata cito facito.
468. Deliberare utilia, mora tutissima est. [Publílio Siro]
Para decidir o que é necessário, é mais seguro não se
apressar. ■ Antes que cases, vê o que fazes. ● Deliberare
utilia, mora utilissima est.
469. Deliberat Roma, perit Saguntum. [Stevenson 547]
Roma discute, Sagunto é tomada. ■ Enquanto disputam
os cães, come o lobo a ovelha. ■ Quem muito fala pouco
faz. VIDE: ● Dum Roma deliberat, Saguntum perit.
● Dum Romae consulitur, Saguntum expugnatur.
● Roma deliberante Saguntum perit. ● Senatu
deliberante, Saguntum perit.
470. Delicias panis non quaerit venter inanis. [Busarello
185] Estômago vazio não pede pão delicioso. ■ Quem
tem fome cardos come. VIDE: ● Anima esuriens et
amarum pro dulci sumet.
471. Delicta carnis. [Jur] Os delitos da carne. (=Crimes
sexuais).
472. Delicta facti permanentis. [Jur] Delitos de fato
permanente. (=Delitos que deixam vestígios).
473. Delicta facti transeuntis. [Jur] Delitos de fato
temporário. (=Delitos que não deixam vestígios).
474. Delicta iuventutis meae, et ignorantias meas ne
memineris. [Vulgata, Salmos 24.7] Não te recordes dos
delitos da minha mocidade, nem das minhas
ignorâncias.
475. Delicta maiorum immeritus lues. [Horácio, Carmina
3.6.1] Sem o mereceres, pagarás pelos erros dos
antepassados. ■ Pecados dos nossos avós, fizeram-nos
eles, pagamo-los nós.
476. Delicta omissionis. [Jur] Crimes de omissão.
477. Delicta parentum liberis non nocent. [Jur] Os
crimes dos pais não prejudicam os filhos.
478. Delicta paria mutua compensatione tolluntur. [Jur]
Delitos iguais dissolvem-se por mútua compensação.
479. Delicti cessatio, radix est veniae. A cessação do
delito é a raiz do perdão. VIDE: ● Ita cessatio delicti
radix est veniae, ut venia sit paenitentiae fructus.
480. Delicto par poena sit. A punição deve corresponder
ao crime. VIDE: ● Noxiae poena par esto. ● Poena par
esto noxiae.
481. Delictum continuatum. [Jur] Um crime continuado.
482. Delictum habituale. [Jur] Um crime habitual.
483. Delictum iteratum gravius est. [Jur] O delito
reiterado é mais grave.
484. Delictum non est ubi poena non cadit, etiam quod
illicitum sit. [Jur] Não existe delito onde não cabe pena,
mesmo que seja um ilícito.
485. Delictum non praesumitur in dubio. [Jur] Na
dúvida não se presume o delito.
486. Delige quem diligas! [Platão / Grynaeus 51] Escolhe
a quem vais amar! ● Deligas quem diligas. [Manúcio,
Adagia 18] ● Deligere oportet quem velis diligere.
[RH 4.21.29] É preciso que escolhas a quem queres
amar. VIDE: ● Elige quem diligas! ● Ne cuivis dexteram
porrigas.
487. Delinquitur autem aut proposito, aut impetu, aut
casu. [Jur] Delinqüe-se ou por vontade, ou por impulso,
ou por acaso.
488. Deliramenta doctrinae. [Stevenson 1377] Os
delírios da ciência. (=Diz-se das fantasias de pessoas
que, por terem estudado muito, se afastaram da
realidade).
489. Deliramenta poëtarum. Os delírios dos poetas.
490. Delirium tremens. [Black 548] Delírio que faz
tremer. (=Delírio do alcoólico crônico). ● Delirium
alcoholicum. ● Delirium ebriositatis. VIDE: ● Dementia
a potu.
491. Delirus inersque videri quam sapere et ringi.
[Horácio, Epistulae 2.2.126] Antes ser tido por
tresloucado e incapaz que ser sábio e ridicularizado.
492. Delphinum natare doces. [Erasmo, Adagia 1.4.97]
Ensinas o golfinho a nadar. ■ Ensinas padre-nosso a
vigário. ● Delphinum natare, aquilam volare doces.
Ensinas o golfinho a nadar e a águia a voar.
● Delphinum natandum suades. [Schottus, Adagia
222] Mandas o golfinho nadar. VIDE: ● Aquilam volare
doces. ● Ne piscem natare docueris. ● Piscem natare
doces. ● Pisces natare doces.
493. Delphinum silvis appingit, fluctibus aprum.
[Horácio, Ars Poetica 30] Ele pinta um golfinho na
floresta, um javali no mar.
494. Delude ut libet, erus dum hinc abest. [Plauto, Persa
810] Brinca à vontade, enquanto o senhor está longe
daqui. ■ Quando os gatos não estão em casa, os ratos
passeiam por cima da mesa.
495. Deme supercilio nubem. [Horácio, Epistulae
1.18.94] Afasta dos teus olhos essa nuvem.
496. Demens commoda qui fugit, atque incommoda
quaerit. [Schottus, Adagia 585] Perdeu o juízo quem
foge do proveito e busca o prejuízo.
497. Demens esse videatur qui confiteatur de se.
Parecerá insano quem apontar os próprios erros.
498. Demens est qui, pennis non homini datis, in
caelum evolare contendit. [Dumesnil 198] Não tendo
sido dadas asas aos homens, quem tenta voar pelo céu é
insano.
499. Demens est quisquis praestat errori fidem.
[Publílio Siro] Quem confia numa coisa errada não tem
juízo.
500. Demens qui peiora capit dum sunt meliora.
[Schottus, Adagia 585] Perdeu o juízo quem pega o
pior, quando há o melhor.
501. Demens superbis invidet felicibus; demens
dolorem ridet infelicium. [Ausônio, Septem Sapientum
Sententiae, Pittacus] Só o louco inveja os soberbos
felizes; só o louco ri da dor dos desgraçados.
502. Dementia a potu. A loucura resultante de bebida.
VIDE: ● Delirium tremens. ● Delirium alcoholicum.
● Delirium ebriositatis.
503. Dementis convicia nihil facias. [Pereira 96] Não dês
importância ao alarido do insano. ■ A palavras loucas,
ouvidos moucos. ■ A palavras loucas, orelhas moucas.
■ Antes calar que com doido altercar.
504. Demere nemo potest vasi cuicumque saporem
primum sive bonum teneat sive deteriorem. [Walther
5368 / Tosi 375] Ninguém pode retirar de nenhum vaso
o seu primeiro cheiro, seja ele bom ou mau. ■ A quem o
demo toma uma vez, sempre lhe fica o jeito. ■ O que se
aprende no berço dura até a sepultura. ■ Quem más
manhas há, tarde ou nunca as perderá. VIDE: ● Quo
semel imbuta est recens, servabit odorem testa diu.
● Quod nova testa capit, inveterata sapit. ● Sapiunt
vasa, quicquid primum acceperunt. ● Sapor quo
nova imbuas vasa, durat.
505. Demigrarunt una cum sarcinis, et impedimentis.
[Manúcio, Adagia 1081] Mudaram-se com as bagagens
e o equipamento. ■ Mudar-se com armas e bagagens.
■ Mudar de fato e cabana. ● Una cum templis et aris
demigrare. ● Una cum vestibus et calciamentis.
506. Demissa voce. Em voz baixa. ● Demissa voce locuta
est. [Virgílio, Eneida 3.320] Falou em voz baixa.
507. Demissis auriculis. [Erasmo, Adágia 4.6.99] Com as
orelhas abaixadas. ● Demissis auriculis abscessit.
[Pereira 106] ■ Foi-se de orelhas baixas. ● Demitto
auriculas ut asello. [Horácio, Sermones 1.9.20] Baixo
minhas orelhas como um burrinho.
508. Demissos animo, ac tacitos vitare memento.
[Dionísio Catão, Disticha 4.31] Lembra-te de evitar os
tímidos e os silenciosos. ■ Cuidado com o homem que
não fala e com o cão que não ladra. ■ Adversário
quieto, inimigo dobrado.
509. Demonstrandi causa. [Jur] Para demonstrar.
510. Demonstratio longe optima est experientia. [Bacon,
Novum Organum 1.2.70] O resultado é
incomparavelmente a melhor comprovação. ■ Mais vale
o exemplo que a doutrina.
511. Demulcet multum dulcis promissio stultum.
[DAPR 278] Promessa doce atrai muito tolo. ■ Prometer
não é dar, mas os nécios enganar. ■ Boas palavras e
maus feitos enganam sisudos e néscios.
512. Demus igitur alienis oblectationibus veniam, ut
nostris impetremus. [Plínio Moço, Epistulae 9.17.4]
Desculpemos os prazeres dos outros, para conseguirmos
desculpa para os nossos.
513. Demutant mores ingenium tuum. [Terêncio,
Trinumus 52] A moda muda teu caráter.
514. Denarius Dei. O dinheiro de Deus. (=Uma esmola
dada aos pobres).
515. Denarius est mensaura omnium rerum. O dinheiro
é a medida de tudo.
516. Denique caelum! [Grito de guerra dos cruzados]
Enfim o céu!
517. Dente lupos duros canis impiger urget. [Pereira 93]
O cão ativo persegue os lobos cruéis com os dentes. ■ A
carne de lobo, dente de perro.
518. Dente lupus, cornu taurus petit. [Horácio, Satirae
1.1.52] O lobo ataca com o dente, o touro com o chifre.
■ Cada um se defende como pode.
519. Dente superbo. [Horácio, Satirae 2.6.87] Com dente
desdenhoso. (=Com pouco caso).
520. Dentem dente rodere. [Erasmo, Adagia 2.6.32]
Gastar o dente com o dente.
521. Dentes atque pedes asinini exordia amoris. [Pereira
94] Os dentes e os pés são o começo do amor do asno.
■ Amor de asno entra a coices, sai a bocados.
522. Dentibus albis. Com dentes alvos. (=Sempre rindo).
523. Dentibus atque calcibus. [Pereira 101] Com dentes e
pés. ■ Com unhas e dentes.
524. Dentium tenus pravus. [Grynaeus 776] É depravado
até os dentes.
525. Deo adiuvante labor proficit. [Divisa de Sheffield,
Inglaterra] Com a ajuda de Deus, o trabalho progride.
VIDE: ● Adiuvante Deo labor proficit.
526. Deo adiuvante, non timendum. [Divisa] Com ajuda
de Deus, não há o que temer. ■ Com Deus adiante, o
mar é chão. ■ Com Deus tudo podemos; sem Deus nada
valemos.
527. Deo adiuvante. Com a ajuda de Deus. VIDE: ● Deo
favente. ● Deo iuvante. ● Iuvante Deo.
528. Deo annuente. Se Deus consentir. Com o
consentimento de Deus.
529. Deo dante, nihil nocet invidia, et non dante, nihil
proficit labor. [Schrevelius 1169] Se Deus dá, em nada
prejudica a inveja, e se não dá, de nada adianta o
esforço. ● Deo dante, non valet invidia, Deo non
dante, nil valet labor. [Binder, Thesaurus 740] VIDE:
● Deo non dante, nil valet labor. ● Deo volente nil quit
aemulatio, et non volente nil potest ullus labor.
530. Deo dat, qui pauperi dat. Dá a Deus quem dá ao
pobre. ■ Quem dá aos pobres empresta a Deus. ● Deo
dat, qui dat inopibus. [Archipoeta 123] VIDE:
● Foeneratur Domino qui miseretur pauperis.
531. Deo date. Entregai a Deus.
532. Deo dignus vindice nodus. Um nó que merece a
intervenção de um deus. (=Um grande dilema). VIDE:
● Nec deus intersit, nisi dignus vindice nodus.
533. Deo donante. Se Deus (nos) der. Se Deus (nos)
conceder.
534. Deo duce, comite fortuna. [Divisa] Com Deus como
guia e a sorte como companheira.
535. Deo duce, comite spe. [Divisa] Com Deus por guia e
a esperança por companheira.
536. Deo duce, ferro comitante. [Divisa] Com Deus por
guia e a espada como companheira.
537. Deo duce. [Divisa] Com Deus por guia.
538. Deo ducente nihil nocet. Se Deus nos guiar, nada nos
faz mal. Tendo Deus por guia nada nos causa dano.
539. Deo et fortunae me committo. [Medina 582]
Confio-me a Deus e à sorte. ■ A Deus e à ventura, botar
a nadar. VIDE: ● Deo fortunaeque committo.
540. Deo et patriae. [Divisa] A Deus e à pátria. VIDE:
● Deo, amicis, patriae. ● Deo, patriae, amicis.
541. Deo et principi. [Divisa] A Deus e ao príncipe.
542. Deo et Regi fidelis. [Divisa] Fiel a Deus e ao rei.
VIDE: ● Deo fidelis et Regi.
543. Deo favente, naviges vel vimine. [Manúcio, Adagia
464 / Rezende 1196] Se Deus for favorável, navegarás
até numa palha. ■ A quem Deus quer ajudar, o vento lhe
apanha lenha. ■ Ventura te dê Deus, filho, que o saber
pouco te basta. VIDE: ● Deo volente, et viminibus
naviges. ● Quem Deus vehit, scirpea navigat rati.
● Qui cum Deo navigat, vel in vimine naviget.
● Quisquis secundo navigarit numine, is vel saligno
navigarit vimine.
544. Deo favente. Com o favor de Deus. Com a ajuda de
Deus. ● Deo favente florebo. [Divisa] Com o favor de
Deus, serei venturoso. VIDE: ● Deo adiuvante. ● Deo
iuvante. ● Iuvante Deo.
545. Deo fidelis et patriae. [Divisa] Fiel a Deus e à pátria.
546. Deo fidelis et Regi. [Divisa] Fiel a Deus e ao Rei.
VIDE: ● Deo et Regi fidelis.
547. Deo fortunaeque committo. [Erasmo, Adagia
3.8.96] Confio-me a Deus e à sorte. ■ A Deus e à
ventura, botar a nadar. VIDE: ● Deo et fortunae me
committo.
548. Deo gloria nostra. [Divisa] (Devemos) a Deus a
nossa glória.
549. Deo gratias. [Da liturgia católica] (Nós damos)
graças a Deus. VIDE: ● Gratias Deo.
550. Deo ignoto. [Vulgata, Atos 17.23] Ao Deus
desconhecido.
551. Deo iuvante. [Divisa do Principado de Mônaco] Com
a ajuda de Deus. VIDE: ● Deo adiuvante. ● Deo favente.
● Iuvante Deo.
552. Deo loquente tacent homines. Quando Deus fala, os
homens calam.
553. Deo magis placet qui sibi puras quam qui plenas
manus praebet. [S.Beda, Proverbiorum Liber] A Deus
agrada mais quem lhe mostra as mãos limpas do que
quem lhe mostra as mãos cheias. VIDE: ● Puras Deus,
non plenas, aspicit manus.
554. Deo manifesta sunt arcana cordis humani. A Deus
são visíveis os segredos do coração humano. ■ A Deus
nada se esconde.
555. Deo monente. Com o conselho de Deus.
556. Deo nemo potest nocere. [Erasmo, Adagia 5.1.95]
Ninguém pode fazer mal a Deus.
557. Deo nihil clausum est. [Grynaeus 581] A Deus nada
é inacessível. VIDE: ● Nihil Deo clausum est.
558. Deo nihil impossibile. ■ A Deus nada é impossível.
● Deo nihil impossibile, nisi quae non vult.
[Tertuliano, De Carne Christi 3.1] A Deus só é
impossível o que Ele não quer. VIDE: ● Nihil impossibile
esse, sed cuncta Deo facillima.
559. Deo nihil potest esse obscurum. Para Deus nada
pode ser obscuro. ■ A Deus nada se esconde.
560. Deo non dante, nil valet labor. [DAPR 253] Quando
Deus não dá, de nada vale o esforço. ■ Mais pode Deus
ajudar que o velar e o madrugar. VIDE: ● Deo dante,
nihil nocet invidia, et non dante, nihil proficit labor.
● Deo volente nil quit aemulatio, et non volente nil
potest ullus labor.
561. Deo omnes, nobis una. [Inscrição em quadrante
solar] Todas (as horas) para Deus; para nós apenas uma.
562. Deo optimo maximo. [Divisa da Ordem dos
Beneditinos] A Deus, que é muito bom e muito grande.
VIDE: ● Domino optimo maximo.
563. Deo parere libertas est. [Sêneca, De Vita Beata
15.7] Obedecer a Deus é liberdade.
564. Deo patriaeque fidelis. [Divisa] Fiel a Deus e à
pátria.
565. Deo permitente. Se Deus permitir. Com a permissão
de Deus. VIDE: ● Si permiserit Dominus.
566. Deo praeeunte, nullus officit obex. [Grynaeus 105]
Quando Deus abre o caminho, nenhum obstáculo
atrapalha. ■ A quem Deus quer bem, o vento lhe apanha
a lenha. ● Deo praeeunte, nullus officit. [Rezende
1203] Quando Deus guia, ninguém atrapalha. VIDE:
● Monstrante initium Deo, prona est semita ad
inveniendum quod propositum est. ● Ubi Deus
initium ostenderit, nullus officit obex.
567. Deo salutifero. [Do selo da Medical University of
South Carolina, EUA] Ao Deus que nos dá saúde.
(=Esculápio, ou Asclépio, filho de Apolo, deus da
medicina entre os romanos e os gregos. O vocábulo
esculápio é utilizado como sinônimo de médico).
568. Deo servire regnare est. Servir a Deus é reinar.
● Deus quem noscere vivere, cui servire regnare est.
Conhecer a Deus é viver, servir a Ele é reinar.
569. Deo supplica. [Dionísio Catão, Monosticha 1] Ora a
Deus.
570. Deo teste. Tendo Deus por testemunha. Deo teste
valeamos. [Divisa] Sejamos fortes, com Deus por
testemunha.
571. Deo volente nil quit aemulatio, et non volente nil
potest ullus labor. [Apostólio 10.16] Se Deus quer,
nada consegue a inveja, e se não quer, nenhum esforço
tem sucesso. VIDE: ● Deo dante, nihil nocet invidia, et
non dante, nihil proficit labor. ● Deo non dante, nil
valet labor.
572. Deo volente, et viminibus naviges. [Schottus,
Adagia 613] Se Deus quiser, navegarás até numa palha.
■ A quem Deus quer ajudar, o vento lhe apanha lenha.
■ Ventura te dê Deus, filho, que o saber pouco te basta.
● Deo volente etiam salicum fasciculis navigares.
[Menandro / Eiselein 247] VIDE: ● Deo favente, naviges
vel vimine. ● Quem Deus vehit, scirpea navigat rati.
● Qui cum Deo navigat, vel in vimine naviget.
573. Deo volente, nobis viventibus. Se Deus quiser e nós
estivermos vivos.
574. Deo volente, ridet et flet quilibet. [Apostólio 13.93]
Quando Deus quer, qualquer um ri e chora. ● Deo
volente, quisque ridet et flet. [Grynaeus 261] VIDE:
● Cum Deo quisque flet et ridet; ab illo enim omnia
proficiscuntur. ● Cum Deo quisque gaudet et flet.
● Flet omnis aut ridet Dei cum numine.
575. Deo volente. Querendo Deus. Se Deus quiser. VIDE:
● Volente Deo.
576. Deo, amicis, patriae. [Divisa] A Deus, aos amigos, à
pátria. VIDE: ● Deo et patriae. ● Deo, patriae, amicis.
577. Deo, non fortuna. [Divisa] Por Deus, não pela sorte.
578. Deo, patriae, amicis. [Divisa] A Deus, à pátria, aos
amigos. VIDE: ● Deo, amicis, patriae. ● Deo et patriae.
579. Deo, Regi, Patriae. [Divisa] A Deus, ao Rei, à Pátria.
580. Deorum cibus. [Erasmo, Adágia 1.8.88] Alimento
dos deuses.
581. Deorum igitur consilio administratur. [Cícero,
De Natura Deorum 2.76] Portanto, (o mundo) é
governado pela sabedoria dos deuses. VIDE: ● Consilio
igitur mundus administratur.
582. Deorum liberi sunt invulnerabiles. [Manúcio,
Adagia 1383] Os filhos dos deuses são invulneráveis.
(=Diz-se das pessoas que, tanto agindo bem como
agindo mal, sempre têm sucesso).
583. Deorum manus. [Grynaeus 591] As mãos dos
deuses.
584. Deorum potentia efficit ut opus aliquod facile fiat,
praeter id quod quis iuret aut speret fieri posse.
[Píndaro / Schottus, Adagialia Sacra 49] O poder dos
deuses faz que qualquer ato se realize com facilidade,
além do que se deseja ou se espera que possa acontecer.
585. Deos a deo falli non solere. [Quinto Cúrcio,
Historiae 6.4] Os deuses não costumam ser enganados
por um deus.
586. Deos fortioribus adesse. [Tácito, Historiae 4.17] Os
deuses estão ao lado dos mais valentes. VIDE: ● Dii
fortioribus adsunt.
587. Deos laneos pedes habere. [Macróbio, Saturnália
1.8.2] Os deus têm pés de lã. ■ O castigo tarda, mas não
falha. VIDE: ● Deus habet laneos pedes, plumbeas
manus. ● Dii irati laneos pedes habent. ● Dii lanatos
pedes habent. ● Dii laneos habent pedes.
588. Deos nemo sanus timet. [Sêneca, De Beneficiis
4.19.1] Ninguém que esteja em seu juízo teme os
deuses.
589. Deos novimus ornatu et vestitu. [Cícero, De Natura
Deorum 1.81, adaptado] Conhecemos os deuses pelos
ornamentos e pelas roupas.
590. Deos proniores esse in eos qui maxime illos colunt.
[Aristóteles / Rezende 1207] Os deuses favorecem mais
aos que mais os veneram. VIDE: ● Deus cultores suos
non deserit.
591. Deos ridere credo, cum felix vocat. [Publílio Siro]
Creio que os deuses sorriem, quando um homem feliz
os invoca. ● Deos ridere credo, cum felix vovet.
592. Deperdit pueri quam cito ludus avem. [Pereira 110]
A brincadeira do menino logo mata o passarinho. ■ Mal
vai ao passarinho na mão do menino.
593. Depositum est quod custodiendum alicui datum
est. [Digesta 16.3.1] Depósito é aquilo que foi dado a
alguém para ser guardado.
594. Deprendi miserum est. [Horácio, Sermones 1.2.134]
É triste ser apanhado.
595. Depugna potius quam servias. [Cícero, Ad Atticum
7.7.7] Antes lutar que ser escravo. ■ Homem, antes
quebrar que torcer.
596. Deridens alios non inderisus abibis. [Albertano da
Brescia, Ars Loquendi et Tacendi 2] Se ridicularizares
os outros, não sairás sem ser ridicularizado.
597. Derideri merito potest qui sine virtute vanas
exercet minas. [Fedro, Fabulae 3.6.10] Pode ser
merecidamente ridicularizado quem, não dispondo de
força, faz ameaças vãs.
598. Derisor potius quam deridendus senex. [Fedro,
Fabulae 3.14.4] O velho é mais zombador que digno de
zombaria.
599. Derivativa potestas non potest esse maior
primitiva. [Jur / Black 563] O poder derivado não pode
ser maior do que o primitivo.
600. Derogatur legi, cum pars detrahitur, abrogatur
legi, cum prorsus tollitur. [Modestino, Digesta
50.16.20] Derroga-se a lei, quando se tira parte dela; ab-
roga-se, quando se suprime totalmente.
Ao TOPO

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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D4: 601-800
601. Descendendo ascendendum est in aula. [James
Howell, Familiar Letters 1.14] Na corte, abaixar-se é a
maneira de subir.
602. Desertor amicorum. [Cícero, Ad Atticum 9.3] Um
desertor dos amigos.
603. Deseruit nunquam sceleratum cura, timorque.
[Pereira 96] A preocupação e o medo nunca abandonam
o criminoso. ■ Ao que mal vive, o medo o persegue.
■ Quem tem culpa no cartório não pode dormir em paz.
604. Desideratum. O que se deseja. O que falta. O
objetivo. ● Desiderata. Coisas desejadas.
605. Desiderium melius vitam custodiverit quam timor.
[Publílio Siro] A ambição guardará melhor a vida que o
medo.
606. Desidi semper feriae. [Binder, Thesaurus 745] Para o
preguiçoso é sempre feriado. VIDE: ● Ignavis semper
feriae sunt. ● Pigris semper esse festum. ● Semper
feriae inertibus.
607. Desidia abicienda. A preguiça deve ser expulsa.
608. Desidiam puer ille sequi solet, odit agentes.
[Ovídio, Remedia Amoris 149] Aquele menino
(Cupido) costuma buscar o ócio; ele odeia as pessoas
ativas.
609. Desidiosam artem dicimus, quia desidiosos facit.
[RH 4.43] Dizemos que a arte é ociosa, porque faz
ociosos.
610. Desidiose agere aetatem. [Lucrécio, De Rerum
Natura 4.1139] Passar a vida sem fazer nada.
611. Designatio unius est exclusio alterius. [Jur / Black
566] A expecificação de um é a exclusão de qualquer
outro. VIDE: ● Ab inclusione unius ad exclusionem
alterius. ● Inclusio unius est exclusio alterius.
● Inclusione unius fit exclusio alterius.
612. Desiit gaudere lente. Deixou de gostar de lentilha.
(=Diz-se que quem melhorou de vida: lentilha era
comida de pobre). ■ De bem em melhor. VIDE: ● Ab
asinis ad boves transcendere. ● Ab asinis ad equos.
613. Desinant maledicere malefacta ne noscant sua.
[Terêncio, Andria, Prologus 22 / Pereira 120] Que eles
deixem de criticar as más ações dos outros, para que não
se saiba das deles. ■ Quem tem telhado de vidro não
atire pedras no do vizinho.
614. Desinat elatis quisquam confidere rebus.
[Claudiano, In Rufinum 2.440] Ninguém confie na
prosperidade. ■ A fortuna, afagando, espreita, e a
prosperidade é a mais suspeita.
615. Desine apro cutem detrahere antequam aprum
captavisti. Desiste de tirar a pele ao javali antes de
pegá-lo. ■ Não vendas a pele do urso, antes de matá-lo.
616. Desine fata deum flecti sperare precando. [Virgílio,
Eneida 6.376] Perde a esperança de mudar as decisões
dos deuses com tuas orações. ■ Quando Deus não quer,
santos não rogam.
617. Desine grande loqui; frangit Deus omne
superbum. [Prudêncio, Pychomachia 285] Pára de falar
coisas pomposas: Deus abate tudo que soberbo. VIDE:
● Est verum verbum: frangit Deus omne superbum.
● Hoc retine verbum: frangit Deus omnem
superbum.
618. Desine iam tibi videri quod soli tibi videris.
[Marcial, Epigrammata 1.41.14] Pára de pensar que és
aquilo que só tu pensas que és.
619. Desine percontari, quod tua non refert scire.
[Erasmo, Colloquia Familiaria 19] Evita perguntar o
que não te cabe saber. VIDE: ● Quod tua non refert,
percontari desinas. ● Tua quod nihil refert, ne cures.
● Tua quod nil refert, percontari desinas.
620. Desines timere, si sperare desieris. [Sêneca,
Epistulae Morales 5.7] Deixarás de temer, se deixares
de ter esperança.
621. Desinit debitor esse is, qui nanctus est exceptionem
iustam nec ab aequitate naturali abhorrentem.
[Digesta 50.17.66] Deixa de ser devedor aquele que
consegue uma exceção justa que não contraria a
eqüidade natural.
622. Desinit esse proprium, quod commune alteri est.
Deixa de ser particular aquilo que se torna propriedade
comum.
623. Desipiens arrogantia. [Cícero, De Natura Deorum
2.16] Orgulho insensato.
624. Desipit ille nimis, nec habet moderamina mentis
qui plus consumit quam sua terra tulit. [Pereira 119]
É muito louco e não tem governo da mente quem gasta
mais do que sua terra produz. ■ Quem gasta mais do que
tem, mostra que siso não tem.
625. Desipuit, cunctis studuit quicumque placere.
[Pereira 113] Perdeu o juízo quem procurou agradar a
todos. ■ Não sabe governar quem a todos quer
contentar. ● Desipuit cunctis studet quicumque
placere. [Medina 602] Perdeu o juízo quem procura
agradar a todos.
626. Desistas lacrimare, puer. [Tibulo, Elegiae 1.8.67]
Pára de chorar, menino.
627. Desolatio est indicium proximae consolationis. A
ruína é sinal de que o consolo está próximo. ■ Nada
como um dia depois do outro.
628. Desperanda tibi salva concordia socru. [Juvenal,
Satirae 6.231] Perde a esperança de paz, enquanto tua
sogra estiver viva.
629. Desperatio audere ultima cogit. O desespero obriga
a ousar coisas extremas. ■ A grandes males, grandes
remédios.
630. Desperatio aut facit militem aut monachum.
[Binder, Medulla 306] O desespero faz ou um soldado
ou um monge. ● Desperatio facit monachum. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy] O desespero faz o
monge. VIDE: ● Militem aut monachum facit
desperatio.
631. Despice divitias, si vis animo esse beatus. [Dionísio
Catão, Disticha 4.1] Despreza as riquezas, se queres ter
um coração feliz.
632. Despicere oportet quod possis deperdere. [Publílio
Siro] É preciso desprezar o que se pode perder.
● Despicere oportet quicquid possis perdere.
633. Despicio inermes, eadem cedo fortibus. [Fedro,
Fabulae, Appendix 26.6] Desprezo os fracos, ao mesmo
tempo me submeto aos poderosos.
634. Destinatus cruci non submergitur. Quem foi
escolhido para a cruz não morre afogado. ■ Quem
nasceu para a forca não morre afogado. ■ O que vai
morrer enforcado não vai morrer afogado. VIDE:
● Quem fata pendere volunt, non mergitur undis.
● Quod corvis natum est, non submergitur aquis.
● Quod corvis natum est, nunquam submergitur
undis.
635. Destinatus obdura. [Catulo, Carmina 8.19]
Persevera na tua determinação.
636. Destitutus ventis, remos adhibe. [Erasmo, Adagia
4.5.79] Se te faltar o vento, pega os remos. ■ Quem não
pode como quer, faça como pode. ■ Na falta de capão,
cebola e pão. ■ Quando não há lombo, lingüiça como.
● Destitutus ventis, ad remos te confer. [Manúcio,
Adagia 1105] VIDE: ● Si rota defuerit, tu pede carpe
viam.
637. Desunt cetera. Falta o resto. (=Usa-se para indicar
que a parte final de um texto está perdida). VIDE:
● Cetera desunt. ● Cetera desiderantur.
638. Desunt inopiae multa, avaritiae omnia. [Sêneca,
Epistulae Morales 108.9] ■ Ao pobre falta muito; ao
avarento, tudo. ● Desunt egenis multa, avaris omnia.
Aos necessitados falta muito; aos avarentos, tudo. VIDE:
● Inopiae desunt multa, avaritiae omnia.
639. Desunt luxuriae multa, avaritiae omnia. [Sêneca
Retórico, Controversiae 7] Ao rico falta muito, ao
ambicioso falta tudo. ■ Quanto mais temos, mais
queremos. VIDE: ● Luxuriae desunt multa, avaritiae
omnia.
640. Det locum superiori inferior. [Schrevelius 1174]
Que o inferior dê o lugar ao superior.
641. Det peccatori veniam peccator. Que o pecador seja
indulgente com o pecador. ■ Quem tem telhado de vidro
não atira pedras no do vizinho.
642. Deterior pravum sanctificare solet. [Pereira 110] O
pior costuma santificar o mau. ■ Mau virá que bom me
fará. ■ Atrás de mim virá quem bom me fará.
643. Deterior surdus eo nullus qui renuit audire.
[DAPR 614] Nenhum surdo é pior do que aquele que se
recusa a ouvir. ■ Não há pior surdo que o que não quer
ouvir. VIDE: ● Nulli sunt peiores surdi quam ii qui
audire nolunt. ● Pessimus surdorum is qui audire
non vult.
644. Detrahenda est inanis iactatio; res loquentur nobis
tacentibus. [Sêneca, De Beneficiis 2.11.6] Deve-se
afastar toda jactância vã; os fatos falarão, mesmo que
nós fiquemos calados.
645. Detrahitur cauda nunquam bene pellis ab ima.
[Pereira 121] Nunca se tira com facilidade a pele do fim
da cauda. ■ O pior de esfolar é o rabo.
646. Detur aliquando otium quiesque fessis. [Sêneca,
Hercules Furens 925] De vez em quando seja dado ócio
e descanso aos velhos.
647. Detur digniori. [Jur / Broom 55] Que seja dado ao
mais merecedor. (=Quando a um mesmo direito
concorre o senhor e seu súdito, dá-se preferência ao
senhor). VIDE: ● Quando ius domini regis et subditi
concurrunt, ius regis praeferri debet.
648. Detur dignissimo. Que seja dado ao mais digno de
todos.
649. Detur pulchriori. Que seja dado a alguém mais belo.
650. Deum agnoscis ex operibus eius. Conheces a Deus
por suas obras. ● Deum agnoscimus ex operibus eius.
Conhecemos a Deus por suas obras. VIDE: ● Deum non
vides, tamen Deum agnoscis ex operibus eius. ● Ut
deum agnoscis ex operibus eius, sic ex memoria
rerum et inventione, vim divinam mentis agnoscito.
651. Deum cole, parentes ama. Adora a Deus e ama teus
pais.
652. Deum cole, regem serva. Adora a Deus e guarda o
rei.
653. Deum cole, regnum serva. Adora a Deus e guarda
teu país.
654. Deum colenti stat sua merces. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 4.22 / Rezende 1234] O que serve a Deus tem
segura sua recompensa.
655. Deum colit qui novit. [Sêneca, Epistulae Morales
95.47] Reverencia a Deus quem o conhece.
656. Deum esse Amorem, turpis et vitio fovens finxit
libido. [Sêneca, Hyppolitus 195] A desonrosa paixão,
que favorece o vício, é que fez do Amor um deus.
657. Deum esse credimus. [S.Agostinho, De Civitate Dei
10.4] Acreditamos na existência de Deus.
658. Deum esse omnibus innatum et quasi in animo
insculptum. [Cícero, De Natura Deorum 2.12,
adaptado] Deus é inato para todos e como que gravado
na alma.
659. Deum imitatur qui ignoscit. [Rezende 1235] Quem
perdoa imita a Deus.
660. Deum nemo vidit unquam. [Vulgata, João 1.18;
1João 4.12] Ninguém jamais viu a Deus.
661. Deum nisi sempiternum, intellegere qui possumus?
[Cícero, De Natura Deorum 1.10] Como podemos
compreender Deus, senão eterno?
662. Deum non vides, tamen Deum agnoscis ex
operibus eius. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.29]
A Deus não vês, mas o reconheces por suas obras. VIDE:
● Deum agnoscis ex operibus eius. ● Ut deum agnoscis
ex operibus eius, sic ex memoria rerum et
inventione, vim divinam mentis agnoscito.
663. Deum nostrum testor hoc me non fecisse.
[S.Jerônimo, Epistulae 101.2] Tomo nosso Deus por
testemunha de que não fiz isso.
664. Deum quaerens, gaudium quaerit. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Quem busca a Deus, busca alegria.
665. Deum time, et mandata eius observa. [Vulgata,
Eclesiastes 12.13] Teme a Deus e observa seus
mandamentos.
666. Deum timentibus nihil deest. [Divisa] Nada falta aos
que temem a Deus.
667. Deum timete; regem honorificate. [Vulgata, 1Pedro
2.17] Temei a Deus; respeitai ao rei.
668. Deus adest laborantibus. Deus assiste aos que
trabalham. ■ Deus ajuda a quem trabalha.
669. Deus adiuvat fortes. [Divisa] Deus ajuda os
corajosos.
670. Deus aeternus arte sua, quae natura est. [Dante, De
Monarchia 13.2] Deus é eterno por sua obra, que é a
natureza.
671. Deus ante omnia amandus. Deus deve ser amado
antes de tudo.
672. Deus avertat! Que Deus impeça! ■ Deus me livre!
■ Deus nos livre! VIDE: ● Avertat Deus! ● Avertat Deus
omen! ● Dii omen avertant! ● Hoc omen avertant
superi! ● Omen avertant dei! ● Omen avertat Deus!
● Quod avertat Deus! ● Quod Deus avertat! ● Quod
Dii omen avertant!
673. Deus caritas est. [Vulgata, 1João 4.8; 4.16] Deus é
amor. VIDE: ● Qui non diligit, non novit Deum,
quoniam Deus caritas est.
674. Deus confringet capita inimicorum suorum.
[Vulgata, Salmos 67.22] Deus quebrará a cabeça de
seus inimigos.
675. Deus confringet ossa hominibus placere volentium.
[S.Agostinho, Epistula 22] Deus esmagará os ossos
daqueles que querem agradar aos homens. VIDE: ● Deus
dissipavit ossa eorum qui hominibus placent.
676. Deus cordis mei. [Vulgata, Salmos 72.26] Deus do
meu coração.
677. Deus creavit, Linnaeus disposuit. [Rezende 1238]
Deus criou, Lineu classificou. (=Alusão à classificação
botânica elaborada por Lineu).
678. Deus cultores suos non deserit. Deus não desampara
aos que o cultuam. VIDE: ● Deos proniores esse in eos
qui maxime illos colunt.
679. Deus dabit his quoque finem. Deus dará fim
também a essas coisas.
680. Deus dat cui vult. [Divisa do Rei Eric 14, da Suécia]
Deus dá a quem Ele quer dar.
681. Deus dat incrementum. [Divisa] Deus dá o
desenvolvimento.
682. Deus dedit. Deus deu.
683. Deus det! Que Deus nos dê!
684. Deus dissipavit ossa eorum qui hominibus placent.
[Vulgata, Salmos 52.6] Deus dissipou os ossos daqueles
que contentam aos homens. VIDE: ● Deus confringet
ossa hominibus placere volentium.
685. Deus dux est mihi. [Divisa / Manúcio, Adagia 1351]
Deus é meu guia.
686. Deus eligit, quos mundus despicit. Deus escolhe
aqueles a quem o mundo despreza. ● Deus eligit, quos
mundus despexit. Deus escolhe aqueles a quem o
mundo desprezou.
687. Deus enim falli non potest, nec nos potest decipere.
Deus não pode ser enganado, nem nos pode enganar.
688. Deus est in pectore nostro. [Ovídio, Ex Ponto
3.4.93] Reside um deus no meu coração.
689. Deus est qui regit omnia. É Deus quem governa
tudo. VIDE: ● Deus omnia dirigit.
690. Deus est ratio quae cuncta gubernat. [Manílio,
Astronômica 2.82, adaptado] Deus é a razão que
governa todas as coisas.
691. Deus est solus scrutator cordium. [Mota 81] Deus é
o único esquadrinhador dos corações. ■ Deus não lê nas
caras, mas nos corações.
692. Deus est summum bonum. Deus é o bem supremo.
693. Deus et labor. [Divisa do Visconde do Rio Branco]
Deus e trabalho.
694. Deus et natura nil otiosum facit. [Dante, De
Monarchia 1.3.22] Nem Deus nem a natureza fazem
coisa supérflua. ● Deus et natura nihil faciunt frustra.
[Signoriello 99] Deus e a natureza não fazem nada em
vão. VIDE: ● Deus nihil facit inane. ● Sciendum est
primo quod Deus et natura nihil otiosum facit.
695. Deus ex machina. Um deus que desce por meio de
um maquinismo. (=Uma intervenção providencial. Um
desfecho feliz e inesperado). ● Deus ex machina
apparens. [Schottus, Adagia 196] ● Deus ex improviso
apparens. [Erasmo, Adagia 1.1.68] Um deus que
aparece de improviso. VIDE: ● Deus improviso
apparens. ● E machina Deus apparuisti.
696. Deus facientes adiuvat. [Rezende 1305] ■ Deus
ajuda a quem trabalha. ■ Deus ajuda os diligentes. VIDE:
● Ad opus manum admovendo fortunam invoca.
● Adesse gaudet, sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva
et manum move. ● Cum Minerva manus etiam move.
● Cum Minerva manum quoque move. ● Deus
laborantibus opem fert prospere. ● Deus laborantes
ope adiuvat sua. ● Deus operantem adiuvat. ● Dii
facientes adiuvant. ● Esto laborator, et erit Deus
auxiliator. ● Fac aliquid ipse, deinde Numen invoca.
● Fac interim aliquid ipse, dein deos voca. ● Facientes
Deus adiuvat. ● Huic qui laborat, Numen adesse
assolet. ● Minerva auxiliante, manum etiam admove.
● Nulla preces numina flectunt ignavorum.
● Quisquis laborat, huic manum praebet Deus. ● Sine
opera tua, nihil Dii facere possunt.
697. Deus fecit mundum et Batavi Hollandam fecerunt.
[Rezende 1244] Deus fez o mundo, e os batavos fizeram
a Holanda. VIDE: ● Deus mare, Batavus litora fecit.
698. Deus fortitudo mea. [Divisa] Deus é minha força.
699. Deus gubernat navem. [Divisa] É Deus que pilota
este navio.
700. Deus habet laneos pedes, plumbeas manus.
[Pontanus / Stevenson 2417] Deus tem pés de lã e mãos
de chumbo. ■ O castigo tarda, mas não falha. ■ Deus
não é de vingança, mas castiga pela mansa. VIDE: ● Deos
laneos pedes habere. ● Dii irati laneos pedes habent.
● Dii lanatos pedes habent. ● Dii laneos habent pedes.
701. Deus id vult! [Grito dos Cruzados] Deus o quer!
702. Deus impossibilia non iubet. Deus não ordena coisas
impossíveis.
703. Deus improviso apparens. [Pereira 106] Foi um
deus que lhe apareceu inesperadamente. ■ Foi-lhe um
anjo vindo do céu. VIDE: ● Deus ex machina apparens.
● Deus ex machina. ● Deus ex improviso apparens.
● E machina Deus apparuisti.
704. Deus in nobis. Deus está dentro de nós. Há um deus
em mim.
705. Deus indumen sic algoris dat acumen. [DAPR 313]
Deus dá o manto conforme a violência do frio. ■ Deus
dá o frio conforme a roupa. ■ Deus mede o vento à
ovelha tosquiada.
706. Deus ipse solem, quasi lumen, accendit. [Cícero,
Timaeus 9] Foi o próprio Deus que acendeu o sol, como
se fosse uma lâmpada.
707. Deus ita artifex magnus in magnis, ut minor non
sit in parvis. [S.Agostinho, De Civitate Dei 11.22]
Deus é tão grande artífice nas coisas grandes, que não
pode ser menor nas coisas pequenas.
708. Deus ita voluit. [Grynaeus 108] Deus assim o quis.
709. Deus iuvat. [Divisa] Deus me assiste.
710. Deus laborantibus opem fert prospere. [Schottus,
Adagia 625] Deus traz riqueza aos que trabalham.
■ Deus ajuda a quem trabalha. ● Deus laborantes ope
adiuvat sua. [Apostólio 20.26] Deus ajuda com sua
riqueza os que trabalham. VIDE: ● Ad opus manum
admovendo fortunam invoca. ● Adesse gaudet, sed
laboranti, Deus. ● Cum Minerva et manum move.
● Cum Minerva manus etiam move. ● Cum Minerva
manum quoque move. ● Deus facientes adiuvat. ● Dii
facientes adiuvant. ● Fac aliquid ipse, deinde Numen
invoca. ● Fac interim aliquid ipse, dein deos voca.
● Facientes Deus adiuvat. ● Huic qui laborat, Numen
adesse assolet. ● Minerva auxiliante, manum etiam
admove. ● Nulla preces numina flectunt ignavorum.
● Sine opera tua, nihil Dii facere possunt.
711. Deus largitor pacis et amator caritatis. Deus é o
generoso doador da paz e amigo da caridade.
712. Deus laudetur. Que Deus seja louvado.
713. Deus loci. O deus protetor do lugar. VIDE: ● Genius
loci.
714. Deus lux est. [Vulgata, 1João 1.5] Deus é luz.
715. Deus magis pie quam magnifice colendus est. Deus
deve ser reverenciado mais com amor do que com
aparato.
716. Deus maior columna. [Rezende 1248] A coluna mais
forte é Deus.
717. Deus mare, Batavus litora fecit. [Divisa da Holanda
/ Maloux 249] Deus fez o mar, o holandês fez as
margens. VIDE: ● Deus fecit mundum et Batavi
Hollandam fecerunt.
718. Deus meumque ius. [Divisa] Deus e meu direito.
719. Deus mihi adiutor. [Divisa da Bélgica] Deus é meu
auxílio. VIDE: ● Dominus mihi adiutor.
720. Deus misereatur mei. Que Deus se compadeça de
mim.
721. Deus misereatur nostri. [Vulgata, Salmos 66.2] Que
Deus tenha piedade de nós.
722. Deus nihil facit inane. Deus nada faz em vão. VIDE:
● Deus et natura nil otiosum facit. ● Deus et natura
nihil faciunt frustra. ● Sciendum est primo quod
Deus et natura nihil otiosum facit.
723. Deus nobis fiducia. [Divisa da Universidade George
Washington] Deus é nossa confiança.
724. Deus nobis haec otia fecit. [Virgílio, Eclogae 1.6]
Um deus concedeu-me este descanso.
725. Deus nobiscum, quis contra? Deus está conosco;
quem (será) contra (nós)? ■ A quem Deus quer ajudar, o
vento lhe apanha a lenha. VIDE: ● Si Deus nobiscum,
quis contra nos? ● Si Deus pro nobis, quis contra
nos?
726. Deus non est velox ad poenam. [DAPR 252] Deus
não é apressado na punição. ■ Deus não é de vingança,
mas castiga pela mansa.
727. Deus non permisit. [Grynaeus 109] Deus não
permitiu.
728. Deus non placatur muneribus, sed affectu. Deus
não se apazígua com dádivas, mas com amor.
729. Deus non sole donis, sed flagellis nos erudit. Deus
não nos ensina somente com dádivas, mas também com
punições. ■ De Deus vem o mal e o bem.
730. Deus nos consolatur, ut alios consolemur. Deus nos
consola, para que consolemos a outros.
731. Deus nullis indiget. [Aristóteles / Grynaeus 220]
Nada falta a Deus. ● Deus nullius indigens. [Schottus,
Adagia 4]
732. Deus nullo magis hominem separavit a ceteris
animalibus, quam dicendi facultate. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 2.12, adaptado] Deus separou o
homem dos outros animais somente pela capacidade de
falar.
733. Deus nunquam edidit miraculum ad atheismum
convincendum. [Bacon, Sermones, De Atheismo] Deus
nunca fez nenhum milagre com o objetivo de convencer
o ateísmo.
734. Deus omnia dirigit. [Grynaeus 107] Deus ordena
tudo. VIDE: ● Deus est qui regit omnia.
735. Deus omnia non dat omnibus. [Binder, Thesaurus
751] Deus não dá tudo a todos.
736. Deus omnibus bonis explevit mundum. Deus
encheu o mundo de todos os bens.
737. Deus omnium fabricator. Deus é o criador de tudo.
738. Deus operantem adiuvat. ■ Deus ajuda a quem
trabalha. VIDE: ● Deus facientes adiuvat.
739. Deus otiosis non adest. [Eurípides / Bebel, Adagia
Germanica] Deus não favorece os preguiçosos. ■ Deus
ajuda a quem trabalha.
740. Deus pluit super bonos et malos, et solem suum
orire facit super iustos et iniustos. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 4.2] Deus faz chover sobre bons e maus, e
faz seu sol aparecer sobre justos e injustos. ■ O sol
nasce para todos. VIDE: ● Sitis filii Patris vestri qui in
caelis est qui solem suum oriri facit super bonos et
malos et pluit super iustos et iniustos. ● Solem suum
(Deus) oriri facit super bonos et malos. ● Sol omnibus
lucet.
741. Deus protector noster. [Divisa] Deus é nosso
protetor.
742. Deus providebit. [Vulgata, Gênesis 22.8] Deus
proverá. VIDE: ● Dominus providebit.
743. Deus quaedam munera universo humano generi
dedit, a quibus excluditur nemo. [Sêneca, De
Beneficiis 4.28.3] Deus deu certos benefícios a toda a
raça humana, dos quais ninguém se exclui.
744. Deus qui fecit totum, benedicat cibum et potum.
[Fórmula medieval de bênção da mesa] Deus, que fez
tudo, abençoe a comida e a bebida.
745. Deus qui nobis vitam eodem tempore et libertatem
dedit. [Thomas Jefferson] Deus, que nos deu a vida, ao
mesmo tempo nos deu também a liberdade.
746. Deus quos probat, quos amat, indurat. [Sêneca, De
Providentia 4.7] Deus fortalece aqueles a quem prova, a
quem ama.
747. Deus refugium nostrum. Deus é minha guarida.
748. Deus saepe quem diligit, a vita citius aufert. Muitas
vezes Deus tira da vida mais cedo aquele a quem ama.
■ Quem Deus ama cedo chama. VIDE: ● Quem amat
Deus, moritur iuvenis. ● Quem Dii diligunt
adulescens moritur. ● Quem diligunt Dii, iuvenis ille
tollitur.
749. Deus scientiarum, Dominus est. [Vulgata, 1Samuel
2.3] Deus, que tudo sabe, é o Senhor.
750. Deus scitur melius nesciendo. [S.Agostinho, De
Ordine 2.16.44] Melhor se compreende Deus, não
compreendendo. VIDE: ● Melius scitur Deus, nesciendo.
751. Deus semper maior. Deus é sempre maior (que o ser
humano possa compreender).
752. Deus si non unus est, non est. [Tertuliano /
Bernardes, Luz e Calor 2.285] Se não é único, não é
Deus.
753. Deus solamen. [Divisa] Deus é meu consolo.
754. Deus solus heredem facere potest. [Stevenson 1124]
Só Deus pode fazer um herdeiro. ● Deus solus heredem
facere potest, non homo. [Broom 395] Só Deus pode
fazer o herdeiro; o homem não pode. VIDE: ● Heredem
Deus facit, non homo. ● Solus Deus heredem facere
potest.
755. Deus super omnia. [Divisa] Deus está acima de todas
as coisas.
756. Deus superbis resistit, humilibus autem dat
gratiam. [Vulgata, Tiago 4.6; 1Pedro 5.5] Deus resiste
aos soberbos, mas aos humildes dá graça.
757. Deus te fortunet! Deus te favoreça! VIDE: ● Bene
fortunet Deus tuos labores.
758. Deus te incolumem custodiat! Deus te guarde!
● Deus te incolumem conservet! VIDE: ● Deus vos
incolumes custodiat! Deus vos guarde! ● Dii te
incolumen contodiant!
759. Deus tecum est in universis quae agis. [Vulgata,
Gênesis 25.22] Deus é contigo em tudo o que fazes.
760. Deus tecum! Que Deus esteja contigo! VIDE:
● Dominus tecum!
761. Deus testis est. [Vulgata, 1Tessalonicenses 2.5] Deus
é testemunha.
762. Deus vobiscum! Que Deus esteja convosco! VIDE:
● Dominus vobiscum!
763. Deus vos incolumem custodiat! Deus vos guarde!
VIDE: ● Deus te incolumem conservet! ● Deus te
incolumem custodiat! ● Dii te incolumen contodiant!
764. Deus vult placari precibus. Deus quer ser aplacado
com orações.
765. Deus vult! [Grito de convocação da Primeira
Cruzada] Deus quer!
766. Deus, adiuva me! [Vulgata, Salmos 69.6] Deus,
socorre-me!
767. Deus, da nobis terrena cuncta despicere, et
caelestia semper inquirere. Ó Deus, permite que
desprezemos todas as coisas da terra e que busquemos
sempre as coisas do céu.
768. Deus, Deus meus, respice in me, quare me
dereliquisti? [Vulgata, Salmos 21.2] Deus, Deus meu,
olha para mim; por que me desamparaste? ● Deus meus,
Deus meus, ut quid dereliquisti me? [Vulgata, Mateus
27.46] Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
769. Deus, ecce deus! [Virgílio, Eneida 6.46] Deus, eis o
deus!
770. Deus, largitor ac fons omnis boni. Deus é o doador
e a fonte de todo bem. ● Deus largitor totius bonitatis.
Deus é o generoso doador de toda bondade.
771. Deus, lux mea. [Divisa] Deus, minha luz.
772. Deviat a solitis regula cuncta viis. [Pereira 112]
Toda regra se afasta dos caminhos costumeiros. ■ Toda
regra tem exceção. ■ Não há regra sem exceção.
773. Devita profanas vocum novitates, et oppositiones
falsi nominis scientiae. [Vulgata, 1Timóteo 6.20] Evita
as profanas novidades de palavras e as contradições de
uma ciência de falso nome.
774. Devitabis crudelitatem et ministram crudelitatis
iram. [DM 31] Fugirás à crueldade e à ira, que é
servidora da crueldade.
775. Devitat quicumque molam, fugit ille farinam.
[Medina 607] Quem evita o moinho foge da farinha.
■ Quem foge do moinho não tem fubá. ■ Quem foge do
trabalho foge do ganho. ■ Quem não quer trabalho não
quer ganho. VIDE: ● Farinam fugit quicumque molam
vitat. ● Molam qui vitat, farinam vitat. ● Ni molas,
non comedes. ● Ni purgaris et molas, non comedes.
● Ni purges et molas, non comedes. ● Nisi repurges et
molas haud unquam edes. ● Purges nisi molasque,
non edes piger. ● Qui fugit molam, farinam non
invenit. ● Qui fugit molam, fugit farinam. ● Qui vitat
molam, vitat farinam. ● Quicumque molam fugit, ille
farinam.
776. Dextera cuivis inicienda non est. Tua mão não deve
ser dada a qualquer um. ■ Amigos, poucos e bons. ■ Não
dês a todos teu braço a torcer. VIDE: ● Ne cuivis
dextram inieceris. ● Ne cuivis dexteram porrigas.
● Ne cuivis porrigas dexteram.
777. Dextera praecipue capit indulgentia mentes.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.145] Uma hábil benignidade
cativa extremamente os espíritos.
778. Dextera quid faciat, fas est nescire sinistram.
[Iuvencus / Schottus, Adagialia Sacra 11] É bom que a
mão esquerda não saiba o que faz a direita. VIDE:
● Nesciat sinistra tua quid faciat dextera tua.
779. Dextra fricat laevam, vultusque fricatur ab illis.
[Pereira 108] A mão direita esfrega a esquerda, e o rosto
é esfregado por ambas. ■ Uma mão lava a outra. ■ Uma
mão lava a outra, e ambas o rosto. VIDE: ● Ferrum
ferro acuitur. ● Fricantem refrica. ● Mulus mulum
scabit. ● Manus manum fricat.
780. Dextra gerat gladium; pacem manus altera
monstret. [Binder, Thesaurus 753] A mão direita traz a
espada; que a outra mão ofereça a paz.
781. Dextra mihi deus. [Virgílio, Eneida 10.775] Minha
mão direita é meu deus.
782. Dextrum pedem in calceo, sinistrum in pelvi.
[Erasmo, Adagia 3.1.62] O pé direito no sapato, e o
esquerdo na bacia. ■ Bem sabes onde pões os pés.
● Dextrum pedem in calceum sinistrum inseruit.
Enfiou o pé direito no sapato esquerdo. ■ Trocou as
bolas.
783. Diaboli virtus in lumbis est. [S.Jerônimo, Contra
Ioviniano 2.2.72] A força do diabo está nos rins. (=A
força do diabo está na luxúria).
784. Diabolus est Dei simia. [Tertuliano / Stevenson 566]
O diabo é imitador de Deus. ● Diabolus est simia
operum divinorum. O diabo é imitador das obras
divinas.
785. Diabolus unde prohibetur mittit nuntium suum.
[Bebel, Adagia Germanica] O diabo, quando está
impedido, manda seu mensageiro. ■ O diabo, onde não
pode meter a cabeça, mete a cola. VIDE: ● Quo nequit
ire satan, transmittit saepe ministrum.
786. Diaeteticam medicinam praestantiorem esse
pharmaceutica et chirurgica. [Sydenham] A medicina
dietética é mais útil que a farmacêutica e a cirúrgica.
787. Diatim. Diariamente.
788. Dic bene, dic raro, digito compesce labellum,
doctorum ut possis esse aliquo in numero. [Rezende
1264] Fala bem, fala poucas vezes, aperta teus lábios
com o dedo, para que possas ser incluído no número dos
doutos. ■ Fala pouco e bem, ter-te-ão por alguém.
789. Dic mendacium, et veritatem erues. [Bacon,
Sermones, De Dissimulatione et Simulatione 7] Dize
uma mentira e destruirás a verdade.
790. Dic mihi an boni quid usquam est, quod quisquam
uti posset sine malo omni. [Plauto, Mercator 145]
Dize-me se existe algum bem que se possa usufruir sem
qualquer mal.
791. Dic mihi quos sequeris; quis sis tibi dicam. [Branco
72] ■ Dize-me com quem andas, dir-te-ei quem és.
792. Dic mihi si tu Romanus es? At ille dixit: Etiam.
[Vulgata, Atos 22.27] Dize-me se tu és romano. E ele
disse: Sim.
793. Dic quid mercedis accipias. [Vulgata, Gênesis
29.15] Dize-me que paga queres.
794. Dicam enim quod sentio, et quod mecum sentiunt
omnes. [Cícero, Pro Sestio 40] Direi o que sinto e o que
comigo sentem todos.
795. Dicam quod mihi in buccam venerit. [Sêneca,
Apocolocyntosis 1] Direi o que me vier à boca. VIDE:
● Dicere quicquid in buccam venerit. ● Dicere
quicquid in linguam venerit.
796. Dicamus bona verba. [Tibulo, Elegiae 2.2.1]
Digamos somente palavras gentis.
797. Dicant meliora periti. Que os especialistas digam
coisas melhores.
798. Dicant Paduani. Que o digam os paduanos. (=Que
falem os que sabem). ● Narrent hi qui sentiunt, dicant
Paduani. [Antífona a Sto.Antônio de Pádua] Narrem os
que sentem, digam os paduanos.
799. Dicat testator et lex erit. [Jur] Diga o testador e será
lei.
800. Dicenda tacendaque locutus est. [Grynaeus 749]
Disse coisas que deviam ser ditas e coisas que deviam
ser caladas.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D5: 801-1000
801. Dicenda tacendave calles. [Pérsio, Satirae 4.5] Tu
sabes o que deve ser dito e o que deve ser silenciado.
802. Dicendo dicere discunt. [Zenódoto / Grynaeus 75]
Discursando aprende-se a discursar. ■ Batendo ferro é
que se fica ferreiro. ■ A prática é a mestra de todas as
coisas. ■ Usa e serás mestre. VIDE: ● Dicere dicendo
discunt. ● Usus efficacissimus rerum omnium
magister.
803. Dicendo homines, ut dicant, efficere solere.
[Cícero, De Oratore 1.33.149] Geralmente se aprende a
falar falando. VIDE: ● Perverse dicere homines perverse
dicendo facillime consequi.
804. Dicendo ineptus, at silere non potest. [Schottus,
Adagia 619] Não sabe falar, mas não pode calar.
■ Quem não sabe falar não sabe calar. VIDE: ● Loqui
nescit, at tacere non potest. ● Scio loqui plerosque
cum tacere nesciant.
805. Dicentes enim se esse sapientes, stulti facti sunt.
[Vulgata, Romanos 1.22] Atribuindo-se o nome de
sábios, se tornaram estultos.
806. Dicentes: pax, pax! et non erat pax. [Vulgata,
Jeremias 6.14] Diziam paz, paz! e não havia paz. VIDE:
● Deceperint populum meum, dicentes: Pax, et non
est pax.
807. Dicere bene nemo potest, nisi qui prudenter
intellegit. [Cícero, Brutus 23] Só pode falar bem, quem
pensa com sabedoria.
808. Dicere dicendo discunt. [Rezende 1266] Aprende-se
a falar falando. ■ Batendo ferro é que se fica ferreiro.
■ A prática é a mestra de todas as coisas. ■ Usa, e serás
mestre. VIDE: ● Dicendo dicere discunt. ● Usus
efficacissimus rerum omnium magister.
809. Dicere et facere non semper eiusdem. [DAPR 221]
Dizer e fazer não são sempre da mesma pessoa. ■ Dizer
e fazer não comem à mesma mesa. VIDE: ● Aliud est
facere, aliud est dicere. ● Dicere perfacile est, opus
exercere molestum.
810. Dicere fortasse, quae sentias, non licet, tacere
plane licet. [Cícero, Ad Familiares 4.9] Talvez não nos
seja permitido dizer o que pensamos, mas é
perfeitamente permitido calarmos.
811. Dicere multa grave est sapientem apud
insipientes. [Schottus, Adagia 581] É desagradável para
o sábio falar muito com os ignorantes. VIDE: ● Sapientes
apud stultos loqui molestum.
812. Dicere perfacile est, opus exercere molestum.
[Binder, Thesaurus 758] Dizer é muito fácil, pôr em
prática é penoso. ■ É mais fácil dizer que fazer. VIDE:
● Aliud est facere, aliud est dicere. ● Dicere et facere
non semper eiusdem.
813. Dicere plura supervacaneum mihi videtur.
[Descartes, Regulae ad Directionem Ingenii 13.7]
Considero supérfluo falar mais sobre esse assunto.
814. Dicere quae puduit, scribere iussit amor. [Ovídio,
Heroides 4.10] O amor me obrigou a escrever aquilo
que eu tinha vergonha de dizer.
815. Dicere quicquid in buccam venerit. ■ Dizer quanto
lhe vem à boca. ● Dicere quicquid in linguam venerit.
VIDE: ● Dicam quod mihi in buccam venerit.
816. Dicere quo pereas saepe in amore levat. [Propércio,
Elegiae 1.9.34] No amor, contar os próprios sofrimentos
alivia-os.
817. Dices, sed non perficies. [Bernardes, Nova Floresta
4.177] Dirás, mas não farás. ■ Quem muito fala, pouco
faz. ■ Cacareja, mas não põe ovo.
818. Dici beatus ante obitum nemo supremaque funera
debet. [Ovídio, Metamorphoses 3.136] Ninguém deve
ser considerado feliz antes da morte e da sepultura
definitiva. ■ Não me chames bem fadada até me veres
enterrada. VIDE: ● Ante obitum nemo beatus dici
potest. ● Ante obitum nemo beatus. ● Ante obitum
mortalis nemo beatus. ● Finem vitae exspecta.
● Nemo ante mortem beatus est. ● Nemo ante obitum
beatus.
819. Dicimus divites sapientes, iustos, bonos, quibus
pecunia vel nulla vel parva est. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 7.12.2] Dizemos que são ricos os sábios, os
justos, os homens de bem que têm nenhum ou pouco
dinheiro.
820. Dicit piger: Leo est in via. [Vulgata, Provérbios
26.13] O preguiçoso diz: O leão está no caminho.
■ Quem não quer fazer, escusa busca.
821. Dicite, pontifices: in sacro quid facit aurum?
[Pérsio, Satirae 2.69] Dizei-me, sacerdotes, para que
serve o ouro no santuário?
822. Dicitur a multis quod sors est optima stultis.
[Binder, Thesaurus 761] É dito por muita gente que a
sorte é muito boa para os tolos. ■ A sorte ajuda os
loucos. VIDE: ● Fortuna favet fatuis. ● Fortuna favet
stultis.
823. Dicitur ignis homo, sic femina stuppa vocatur:
insufflat daemon; gignitur ergo focus. [Pereira 115] O
homem é como a chama, a mulher é como a estopa;
vem o diabo e assopra; daí nasce uma fogueira. ■ O
homem é fogo, a mulher é estopa; vem o diabo e
assopra. ■ Nem estopa com tições, nem mulher com
varões. VIDE: ● Homo et mulier, ignis et palea.
● Stipula flammae proxima ignem concipit. ● Ignis
prope stipulam non est tutum.
824. Dico lucidas, taceo nubilas. [Inscrição em quadrante
solar] Anuncio as horas luminosas, silencio as nubladas.
825. Dicta docta pro datis? [Plauto, Asinaria 507]
Palavras hábeis em lugar de presentes? ■ Palavras não
enchem saco.
826. Dicta factis probentur. Que as palavras sejam
comprovadas com atos. ■ Palavras sem obras, cítara
sem cordas. VIDE: ● Dictis facta suppetant. ● Verba
factis probentur. ● Verba rebus proba. ● Voci
consentanea sit actio.
827. Dicta lingua dulcia datis, corde amara facitis.
[Plauto, Truculentus 160] Na língua pondes palavras
doces, no coração tendes amargor. ■ Palavras de mel,
coração de fel.
828. Dicta mea, non facta, vos sequi volo. Quero que
sigais minhas palavras, não minhas ações. ■ Fazei o que
eu digo, não o que eu faço. VIDE: ● Facta mea, non
dicta, vos sequi volo.
829. Dicta mordacia. Palavras picantes.
830. Dicta pro factis. Palavras em lugar de fatos.
831. Dicta unius, dicta nullius. Palavras de um, palavras
de nenhum. ■ Um e nenhum, tudo é um. VIDE: ● Dictum
unius, dictum nullius. ● Unius dictum, dictum
nullius. ● Unus homo nihil est: dicto non credimus
uni.
832. Dictis dabit ipsa fidem res. [Lucrécio, De Rerum
Natura 5.104] O próprio fato dará autenticidade às
afirmações.
833. Dictis facta suppetant. [Plauto, Pseudolus 106] Que
os atos correspondam às palavras. ■ Os atos valem mais
do que as palavras. ■ Palavras sem obras, cítara sem
cordas. VIDE: ● Dicta factis probentur. ● Verba factis
probentur. ● Verba rebus proba. ● Voci consentanea
sit actio.
834. Dictis, non armis. [Lucrécio, De Rerum Natura 5.50;
Grynaeus 221] Com palavras, não com armas.
835. Dicto citius. [Horácio, Sermones 2.2.80] Mais rápido
que a palavra. ■ Num abrir e fechar de olhos.
836. Dictu mirabile. [Lucano, Bellum Civili 5.72] É
maravilhoso de se dizer! VIDE: ● Mirabile dictu!
837. Dictum ac factum. [Erasmo, Adagia 3.6.85] ■ Dito e
feito. ■ Assar e comer. ■ Foi vapt-vupt. VIDE:
● Confestim dicto citius res ipsa peracta. ● Dictum,
factum. ● Mox simul ac dictum est verbum, res ipsa
peracta est. ● Simul et dictum et factum. ● Simul
dictum, simul factum. ● Ut dictum et actum est.
● Veni, vidi, vici. ● Volitum, dictum, factum.
838. Dictum de dicto. [Stevenson 1957] Uma informação
originada de um boato. Uma informação de segunda
mão.
839. Dictum de omni et de nullo. Uma máxima sobre
tudo e sobre coisa alguma.
840. Dictum expertorum nunquam transit in rem
iudicatam. [Jur] O parecer dos peritos nunca passa a
coisa julgada.
841. Dictum factumque facit frux. [Ênio / Stevenson
2037] O homem bravo diz e faz.
842. Dictum indictum fieri nequit. O que foi dito não
pode tornar-se não dito. ■ O dito, dito. ■ Palavra solta
não tem volta. ■ Palavra fora da boca e pedra fora da
mão não voltam atrás. VIDE: ● Verbum emissum non
redit. ● Verbum irrevocabile est.
843. Dictum sapienti sat est. [Plauto, Persa 735;
Terêncio, Phormio 542] Para quem sabe uma palavra
basta. ■ A bom entendedor uma palavra basta. ■ Para o
bom entendedor meia palavra basta. ■ Para quem sabe
ler pingo é letra. VIDE: ● Cum sapiente loquens
perpaucis utere verbis. ● Est satis atque superest
verbum sapientibus unum. ● Et satis et superest
verbum sapientibus unum. ● Intellegenti pauca.
● Intellegenti satis dictum est. ● Sapienti dictum sat
est. ● Sapienti pauca. ● Sapienti sat! ● Strenuis
abunde dictum puta. ● Verbum sapienti sat est.
● Verbum sat sapienti!
844. Dictum unius facile sequitur multitudo. [Papa
Gregório IX, De Purgatione Canônica 12] A multidão
segue facilmente a palavra de um só.
845. Dictum unius, dictum nullius. [Jur] Dito de um, dito
de nenhum. ■ Um e nenhum, tudo é um. ■ Uma
testemunha, nenhuma testemunha. VIDE: ● Dicta unius,
dicta nullius. ● Unius dictum, dictum nullius. ● Unus
homo nihil est: dicto non credimus uni.
846. Dictum, factum. [Terêncio, Andria 382] ■ Dito e
feito. ■ Assar e comer. ■ Meu dito, meu feito. VIDE:
● Confestim dicto citius res ipsa peracta. ● Dictum ac
factum. ● Mox simul ac dictum est verbum, res ipsa
peracta est. ● Simul et dictum et factum. ● Simul
dictum, simul factum. ● Ut dictum et actum est.
● Veni, vidi, vici. ● Volitum, dictum, factum.
847. Dicunt enim et non faciunt. [Vulgata, Mateus 23.3]
Dizem e não fazem. ■ Faze o que eu digo, não o que eu
faço. VIDE: ● Secundum opera vero eorum nolite
facere: dicunt enim, et non faciunt.
848. Dicuntur itaque et divites pecuniosi; sed interius
egeni, si cupidi: item dicuntur pauperes pecunia
carentes; sed interius divites, si sapientes.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 7.12] Os que têm
dinheiro são chamados de ricos, mas eles são
internamente carentes, se são ambiciosos; da mesma
maneira os que não têm dinheiro são chamados de
pobres, mas internamente são ricos, se são sensatos.
849. Didicere flere feminae in mendacium. [Publílio
Siro] As mulheres aprenderam a chorar para enganar.
■ Lágrimas de mulher, têmpera de malícia.
850. Diducto stipite, flamma perit. [Ovídio, Remedia
Amoris 446] Retirado o toco, a chama se apaga.
■ Quando um não quer, dois não brigam. VIDE:
● Subducto stipite flamma perit. ● Subtrahe ligna
foco, si vis exstinguere flammam.
851. Die altera. [Vulgata, 1Reis 31.8] Ao outro dia. No
dia seguinte. VIDE: ● Altera die. ● Crastino die. ● In
crastino.
852. Die nocteque. De dia e de noite. ● Die ac nocte.
853. Die solo non est exstructa Corinthus. [Binder,
Medulla 322] Corinto não foi construída num único dia.
■ Roma não se fez num dia. ■ É preciso dar tempo ao
tempo. ■ Calma no Brasil! VIDE: ● Alta die solo non est
exstructa Corinthus. ● Haud facta est una Martia
Roma die. ● Non fuit in solo Roma peracta die. ● Non
stilla una cavat marmor, nec protinus uno est
condita Roma die. ● Non uno est condita Roma die.
● Roma non fuit una die condita. ● Roma non uno
condebatur die.
854. Die statuto. No dia determinado. No dia marcado.
● Die statuto adveniente. Ao chegar o dia marcado.
855. Die una adversam et secundam fortunam expertus
est. [Eutrópio, Breviarium Historiae Romanae 9.23]
Num mesmo dia ele conheceu o fracasso e o sucesso.
856. Diebus dominicis. Nos domingos.
857. Diem clausit extremum. [Jur / Black 575] Ele
encerrou seu último dia. (=Morreu).
858. Diem nox premit, dies noctem. [Sêneca, Epistulae
Morales 24.26] A noite empurra o dia, o dia empurra a
noite.
859. Diem perdidi! [Suetônio, Titus 8.1] Perdi o dia! VIDE:
● Perdidi diem.
860. Diem sermone terere, segnities mera est. [Plauto,
Trinummus 795] Perder o dia com discursos, isso não
passa de preguiça.
861. Diem ultimam non quasi poenam, sed quasi
naturae legem aspice. Considera o teu último dia não
como um castigo, mas como uma lei da natureza. VIDE:
● Ultimum diem non quasi poenam sed quasi naturae
legem aspicis.
862. Diem vesper commendat. [Binder, Thesaurus 766;
DAPR 405] É a noite que recomenda o dia. ■ A noite
coroa o dia. ■ Não gabes um dia bom sem lhe veres o
fim. ■ Não julgues os cabos pelos começos. VIDE: ● A
casu describe diem, non solis ab ortu. ● Lauda finem.
● Laus in fine cantatur et vespere laudatur dies.
● Omnis laus in fine canitur. ● Post factum lauda.
● Tunc beatam dico vitam, cum peracta fata sunt
● Vespere laudatur dies. ● Vespere laudari debet
amoena dies.
863. Diem, aquam, solem, lunam, noctem, haec argento
non emo; ceterum quae volumus, mercamur. [Plauto,
Asinaria 183] O dia, a água, o sol, a lua, a noite, tudo
isso não compro com dinheiro; tudo mais que queremos,
compramos.
864. Dies a quo non computatur in termino. [Jur] O dia
inicial não se conta no prazo.
865. Dies a quo. [Jur] O dia a partir do qual. (=O primeiro
dia de um prazo). VIDE: ● Terminus a quo.
866. Dies ad quem computatur in termino. [Jur] O
último dia se conta no prazo.
867. Dies ad quem. [Jur] O dia até o qual. (=O último dia
de um prazo). VIDE: ● Dies termini. ● Terminus ad
quem.
868. Dies adimit aegritudinem. O tempo expulsa a
amargura. ■ O tempo tudo cura. ■ Tempo é remédio.
● Dies adimit aegritudinem hominibus. [Terêncio,
Heauton Timorumenos 422] O tempo expulsa a aflição
dos homens. ● Dies adimit hominibus dolorem. VIDE:
● Dies dolorem minuit. ● Dies procedens
aegritudinem mitigat. ● Dolorem dies longa
consumit.
869. Dies affert multa. Um único dia traz muitas
novidades.
870. Dies albo notanda lapillo. Dia que se deve marcar
com uma pedra branca. (=Um dia feliz). ● Dies albo
signanda lapillo. ● Dies aureo signanda lapillo. Dia
que deve ser marcado com uma pedrinha dourada. VIDE:
● Albo lapillo notare diem. ● Albo notanda dies
lapillo. ● Albo signanda lapillo dies.
871. Dies amaritudinis. O dia da amargura.
872. Dies atro signanda lapillo. Um dia que deve ser
marcado com uma pedrinha negra. (=Um dia infausto).
● Dies ater. Um dia negro. Um dia aziago. VIDE: ● Dies
infaustus. ● Dies nefastus. ● Nigro notanda lapillo
dies. ● Nigro signanda lapillo dies.
873. Dies certus. Um dia certo.
874. Dies coeptus pro completo habetur. [Jur] O dia
começado por inteiro é contado. VIDE: ● Dies incoeptus
pro iam finito habetur.
875. Dies diei eructat verbum, et nox nocti indicat
scientiam. [Vulgata, Salmos 18.3] Um dia trqnsmite
esta mensagem ao outro dia, e uma noite comunica-a à
outra noite.
876. Dies diem docet. [Binder, Thesaurus 769] Um dia
ensina ao outro. ■ O tempo é mestre de tudo. ■ O tempo
passado é mestre do presente e do porvir. ■ Com o
tempo vem o tento. ● Dies diei discipulus. Um dia é
aluno do outro. VIDE: ● Dies posterior prioris est
discipulus. ● Discipulus est prioris posterior dies.
● Magister est prioris posterior dies.
877. Dies dolorem minuit. [Robert Burton, The Anatomy
of Melancholy 331] O tempo minora a dor. ■ Tempo é
remédio. VIDE: ● Dies adimit aegritudinem. ● Dies
adimit aegritudinem hominibus. ● Dies procedens
aegritudinem mitigat.
878. Dies dominicus non est iuridicus. [Jur / Broom 15]
Domingo não é dia jurídico. (=Não é dia para
procedimentos judiciais ou legais).
879. Dies eius sicut umbra praetereunt. [Vulgata,
Salmos 143.4] Os seus dias passam como a sombra.
880. Dies fasti. [Varrão, De Lingua Latina 6.4] Dias
fastos. (=Dias em se podia administrar justiça). VIDE:
● Dies iuridicus. ● Fasti dies.
881. Dies faustus. Um dia de sorte. Um dia favorável.
882. Dies genitalis. [Tácito, Annales 16.14] Dia do
nascimento.
883. Dies hebdomadae: Dies Solis (Dominicus,
Dominicus Dies, Dominica Dies, Feria Prima), Lunae
Dies (Feria Secunda), Martis Dies (Feria Tertia),
Mercurii Dies (Feria Quarta), Iovis Dies (Feria
Quinta), Veneris Dies (Feria Sexta), Saturni Dies
(Sabbatum, Sabbata, Dies Sabbatinus). Os dias da
semana são: domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-
feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado.
884. Dies imago vitae, nox mortis est. O dia é o retrato da
vida; a noite é o retrato da morte.
885. Dies incertus. Um dia incerto.
886. Dies incoeptus pro iam finito habetur. [Jur] O dia
começado por inteiro é contado. ● Dies incoeptus pro
completo habetur. [Jur / Black 576] VIDE: ● Dies
coeptus pro completo habetur.
887. Dies infaustus. Um dia de azar. Um dia aziago.
(=Um dia considerado impróprio para a realização de
negócios). VIDE: ● Dies ater. ● Dies atro signanda
lapillo. ● Nigro notanda lapillo dies.
888. Dies irae, dies illa. [Vulgata, Sofonias 1.15] Esse dia
será um dia de ira. (=Primeiras palavras de um hino
medieval atribuído a Tomás de Celano).
889. Dies iste, quem tamquam extremum reformidas,
aeterni natalis est. [Sêneca, Epistulae Morales 102.26]
Esse dia, que tanto temes como o teu último, é o dia do
teu nascimento eterno.
890. Dies iuridicus. [Jur] Um dia jurídico. (=Dia em que
os tribunais têm sessão). VIDE: ● Dies fasti.
891. Dies mei sicut umbra declinaverunt. [Vulgata,
Salmos 101.12] Meus dias passaram como uma sombra.
VIDE: ● Defecerunt sicut fumus dies mei. ● Dies nostri
quasi umbra super terram. ● Ut hora sunt dies nostri
super terram.
892. Dies mei velocius transierunt quam a texente tela
succiditur. [Vulgata, Jó 7.6] Os meus dias passaram
mais depressa do que a tela é cortada pelo tecelão.
893. Dies natalis. Dia do nascimento. VIDE: ● Festum
natalitium. ● Genitalis dies. ● Natalis dies.
894. Dies nefasti. [Varrão, De Lingua Latina 6.4] Dias
nefastos. (=Dias em que não se podia ministrar justiça).
VIDE: ● Dies non iuridicus. ● Nefasti dies.
895. D ies n ih il est ; d u m ver sa s t e, n ox fit . [P etrônio,
Satiricon 41.10] O dia não é nada; enquanto tu te viras,
já é noite.
896. Dies non iuridicus. [Jur] Um dia não jurídico. (=Um
dia em que os juízes romanos não faziam julgamento).
● Dies non. VIDE: ● Dies nefasti.
897. Dies nondum ad vesperam decurrit. [Rezende
1282] O dia ainda não chegou à noite. ■ Ainda não se
acabou o dia de hoje.
898. Dies nostri quasi umbra super terram. [Vulgata,
1Paralipômenos 29.15] Os nossos dias são como a
sombra sobre a terra. VIDE: ● Defecerunt sicut fumus
dies mei. ● Dies mei sicut umbra declinaverunt. ● Ut
hora sunt dies nostri super terram.
899. Dies noverca et parens. [Pereira 108] O dia é
madrasta e mãe. ■ Um dia melhor do que outro. ■ Cada
dia tem sua pena e sua alegria. VIDE: ● Dies quandoque
noverca, quandoque est parens. ● Ipsa dies
quandoque parens, quandoque noverca. ● Saeva
noverca dies nunc est, nunc mater amica.
900. Dies otiosi. Dias sem trabalho.
901. Dies posterior prioris est discipulus. [Pereira 116]
O dia de hoje é aluno do dia de ontem. ■ O tempo
passado é mestre do presente e do porvir. ■ Com o
tempo vem o tento. ■ O tempo é mestre de tudo. VIDE:
● Dies diem docet. ● Discipulus est prioris posterior
dies. ● Magister est prioris posterior dies.
902. Dies procedens aegritudinem mitigat. [Dumaine
241] O tempo que avança suaviza o sofrimento. ■ O
tempo tudo cura. VIDE: ● Dies adimit aegritudinem.
● Dies adimit aegritudinem hominibus. ● Dies
dolorem minuit.
903. Dies quandoque noverca, quandoque est parens.
[Publílio Siro] O tempo ora nos trata como madrasta,
ora como mãe. ■ Cada dia tem sua pena e sua alegria.
● Dies quandoque mater, quandoque noverca. VIDE:
● Dies noverca et parens. ● Ipsa dies quandoque
parens, quandoque noverca. ● Saeva noverca dies
nunc est, nunc mater amica.
904. Dies quod donat timeas: cito raptum venit.
[Publílio Siro] Cuidado com o que te dá o tempo: logo
ele vem retomar.
905. Dies semper curandum novi quid afferat.
[Schottus, Adagialia Sacra 15] Deve-se sempre cuidar
do que o dia trará de novidade.
906. Dies solis. [Jur / Black 576] Dia do sol. (=Domingo).
VIDE: ● Dies hebdomadae.
907. Dies stultis quoque mederi solent. [Cícero, Ad
Familiares 7.28] O tempo costuma curar também os
tolos.
908. Dies tempusque lenit iras. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 2.45, adaptado] O dia e o tempo acalmam as
iras. ■ O tempo tudo cura, tudo o tempo põe no
esquecimento.
909. Dies termini. [Jur] O dia do término. (=O último dia
de um prazo). VIDE: ● Dies ad quem. ● Terminus ad
quem.
910. Dies unus viri docti praestat totae vitae indocti.
[Erpênio / Rezende 1284] Um único dia do sábio vale
mais do que toda a vida do ignorante. ■ Mais vale um
dia do discreto que cem do néscio. VIDE: ● Unus dies
hominum eruditorum plus patet, quam imperiti
longissima aetas.
911. Dies utiles. [Jur / Black 576] Dias úteis.
912. Dies venit. [Jur] Chegou o dia. (=Esgotou-se o prazo.
É o dia do vencimento).
913. Diescit quandocumque Deo placuerit. [Bebel /
Eiselein 247] Clareia o dia sempre que Deus quiser.
914. Diespiter te perdat! [Branco 334] Que Júpiter te
arruíne! ■ Maldito sejas! VIDE: ● Dii te perdant!
915. Differ; habent parvae commoda magna morae.
[Ovídio, Fasti 3.394] Espera; têm grandes vantagens as
pequenas demoras. VIDE: ● Male cuncta ministrat
impetus. ● Suffocant parvae commoda magna morae.
916. Differtur, nunquam tollitur ullus amor. [Propércio,
Elegiae 2.3.8] Pode-se retardar o amor, nunca suprimir.
917. Difficile ac durum est, unum compescere multos.
[Homero / Grynaeus 115] É difícil e duro um enfrentar
muitos. ■ Contra dois nem Hércules. VIDE: ● Cave
multos, si singulos non times. ● Contra duos ne
Hercules quidem. ● Ne Hercules contra duos. ● Ne
Hercules quidem adversus duos. ● Ne Hercules
quidem contra duos. ● Ne quidem Hercules adversus
duos. ● Nec Hercules contra plures. ● Noli pugnare
duobus. ● Uni cum duobus non est pugnandum.
918. Difficile assueta corrigere. É difícil mudar o que é
de costume. VIDE: ● Difficile est assueta relinquere.
919. Difficile corrigitur nequitia quam concipit quis in
pueritia. [S.Beda, Proverbiorum Liber] Dificilmente se
corrige o defeito que se contrai na infância. ■ O que se
aprende no berço dura até a sepultura.
920. Difficile custoditur quod plures amant. [Guillelmus
Peraldus, De Eruditione Principum 5.30] É difícil vigiar
o que agrada a muitos. ■ Quem tem mulher formosa,
castelo na fronteira e vinha na carreira, nunca lhe falta
canseira. ■ Coisa muito desejada, não há como guardá-
la. ● Difficile custoditur quod a multis dilligitur.
● Difficile custoditur quod multi petunt. É difícil
guardar o que muitos desejam. VIDE: ● Custoditur
periculo quod placet multis. ● Difficile est custodire
quod multis placet. ● Magno cum periculo
custoditur, quod multis placet. ● Maximo periculo
custoditur quod multis placet. ● Non facile solus
serves quod multis placet. ● Quod a multis petitur,
difficulter custoditur.
921. Difficile dictu est, quantopere conciliet animos
hominum comitas affabilitasque sermonis. [Cícero,
De Officiis 2.4] É difícil dizer quanto podem conciliar
os ânimos dos homens a amabilidade e a cortesia no
falar. ■ Palavras boas custam pouco e valem muito.
922. Difficile esse e malis fieri bonos. É difícil de
acontecer que de maus saiam bons. ■ De mau grão,
nunca bom pão. ■ Filho de peixe peixinho é.
923. Difficile est abscondere pectoris aestus.
[Maximiano, Elegiae 4] É difícil esconder os ardores do
coração. ■ Tosse, amor e febre ninguém esconde.
■ Amor, fogo e tosse a seu dono descobrem. ■ Mal finge
quem quer bem. VIDE: ● Amor tussisque non celantur.
● Nec amor nec tussis celatur. ● Quattuor abscondi
non possunt: tussis, amor, ignis, dolor. ● Quis enim
bene celat amorem?
924. Difficile est assueta relinquere. [Binder, Thesaurus
772] É difícil abandonar os costumes. VIDE: ● Difficile
assueta corrigere.
925. Difficile est bonum cognoscere. [Pítaco de Mitilene /
Rezende 1288] É difícil conhecer o bem.
926. Difficile est calvum evellere. [DAPR 123] É difícil
arrancar os cabelos a um calvo. ■ Mal haja quem calvo
penteia. ■ Não se pode despir um homem nu. VIDE:
● Quid pectunt, qui non habent capillos?
927. Difficile est crimen non prodere vultu. [Ovídio,
Metamorphoses 2.447] É difícil não revelar o crime no
rosto. ■ A própria consciência acusa.
928. Difficile est custodire quod multis placet. [Publílio
Siro] É difícil vigiar o que agrada a muitos. ■ Quem tem
mulher formosa, castelo na fronteira e vinha na
carreira, nunca lhe falta canseira. ■ Coisa muito
desejada, não há como guardá-la. VIDE: ● Custoditur
periculo quod placet multis. ● Difficile custoditur
quod plures amant. ● Magno cum periculo
custoditur, quod multis placet. ● Maximo periculo
custoditur quod multis placet. ● Non facile solus
serves quod multis placet. ● Quod a multis petitur,
difficulter custoditur.
929. Difficile est dolori convenire cum patientia.
[Publílio Siro] É difícil à dor conviver com a
resignação. VIDE: ● Convenire cum dolore difficile est
sapientiae.
930. Difficile est imitari gaudia falsa. [Tibulo, Elegiae
3.6.33] É difícil simular alegria fingida.
931. Difficile est in re prospera amicos probare, in
adversa facile. [Sêneca / Albertano da Brescia, Liber de
Amore] Na prosperidade é difícil conhecer os amigos;
na adversidade é fácil. ■ No aperto e no perigo se
conhece o amigo. ■ Nos trabalhos se vêem os amigos.
■ O amigo fingido, conhecê-lo-ás no arruído. VIDE:
● Amici probantur rebus adversis. ● Amicus certus in
re incerta cernitur. ● Amicus certus in necessitate
cernitur. ● Amicus certus in re incerta. ● In adversis
et paupertate cognoscitur amicus. ● In angustiis
amici apparent. ● In necessitate probatur amicus.
● Noscitur adverso tempore verus amor. ● Noscitur in
magno discrimine quis sit amicus. ● Rebus incertis
amor est probandus. ● Sors aspera monstrat
amicum. ● Vera amicitia in calamitatibus
dignoscitur.
932. Difficile est longum subito deponere amorem.
[Catulo, Carmina 76.13] É difícil de repente abandonar
um longo amor. ■ Amores velhos nunca se esquecem.
933. Difficile est multum cerasis cum principe vesci.
[DAPR 605] É muito difícil comer cerejas com o
príncipe. ■ Com teu amo não comas as peras, porque ele
come as maduras e deixa-te as verdes.
934. Difficile est occultare nativos mores. [Píndaro /
Manúcio, Adagia 667] É difícil ocultar os costumes
inatos. ■ A raposa muda de pelo, mas não de manha.
935. Difficile est perspicere futura. [Tales de Mileto /
Rezende 1289] É difícil conhecer o futuro.
936. Difficile est proprie communia dicere. [Horácio,
Ars Poetica 128] É difícil dizer com propriedade coisas
que tocam a todos.
937. Difficile est satiram non scribere. [Juvenal, Satirae
1.30] É difícil deixar de escrever uma sátira.
938. Difficile est se noscere. [Ausônio, De Herediolo 22]
É difícil conhecer a si mesmo.
939. Difficile est sorbere et simul flare. [Medina 611] É
difícil engolir e ao mesmo tempo soprar. ■ Não se pode
chupar cana e assobiar ao mesmo tempo. ■ Com
bochecha cheia d’água, ninguém sopra. ■ Não se pode
fazer a par comer e soprar. ■ Não se pode fazer a par
comer e assobiar. VIDE: ● Flare simul, sorbere simul,
res ardua semper. ● Haud enim facile est flare simul
ac sorbere. ● Simul flare sorbereque haud factu facile
est. ● Simul sorbere ac flare, difficile. ● Simul sorbere
ac flare non possum.
940. Difficile est tacere cum doleas. [Cícero, Pro Sulla
31] É difícil calar quando se sofre. ● Difficile est tacere
qui dolet. A quem sofre é difícil calar.
941. Difficile est tenere quae acceperis, nisi exerceas.
[Plínio Moço, Epistulae 8.14.3] É difícil reter o que se
aprendeu, se não se usa.
942. Difficile est tristi fingere mente iocum. [Tibulo,
Elegiae 3.6.34] Com o coração triste, é difícil simular
alegria.
943. Difficile est ut non sit superbus dives. [S.Agostinho,
Sermones 24 / Rezende 1286] É difícil que o rico não
seja soberbo. ■ De rico a soberbo não há palmo inteiro.
944. Difficile est ut unus homo vicem duorum sustineat.
[Jur / Black 576] É difícil que um homem mantenha o
lugar de dois.
945. Difficile est vacuo verbis imponere ventri. É
difícil enganar com palavras um estômago vazio.
■ Estômago vazio não tem ouvidos. ■ Ventre em jejum
não ouve a nenhum. VIDE: ● Caecus venter verba non
curat. ● Ieiunus venter non audit verba libenter.
● Inanis venter non audit verba libenter. ● Venter
famelicus auriculis caret. ● Venter aures non habet.
● Venter auribus caret. ● Venter caret auribus.
946. Difficile est vultu ficto celare dolorem. É difícil,
com uma expressão fingida, esconder a dor.
947. Difficile inter epulas servatur pudicitia, nam
venter vino aestuans despumat in libidinem.
[S.Jerônimo / Bernardes, Nova Floresta 2.42] É difícil
guardar-se a virtude nos banquetes, pois o ventre,
agitado pelo vinho, escorrega para a luxúria.
948. Difficile non aliquem, nefas quemquam praeterire.
[Cícero, Post Reditum in Senatu 30] É difícil lembrar-se
de todos, e é desagradável esquecer alguém.
949. Difficile omnibus placere. É difícil agradar a todos.
■ Ninguém pode agradar a todos. ■ Nenhuma Maria
pode agradar a todos os Manéis. ■ Ninguém é moeda de
vinte patacas, para agradar a todos. VIDE: ● Durum est
omnibus placere.● Frustra laborat qui omnibus
placere studet. ● In vanum laborat qui omnibus
placere contendit. ● Nemo invenitur qui satisfaciat
omnibus. ● Nemo omnibus placet. ● Omnibus placere
impossibile est.
950. Difficile reciduntur vitia, quae nobiscum creverint.
[Publílio Siro] Dificilmente se suprimem os vícios que
tiverem crescido conosco. ■ O vício da natureza até a
sepultura chega. VIDE: Difficulter reciduntur vitia
quae nobiscum creverunt.
951. Difficilem habere oportet aurem ad crimina.
[Publílio Siro] É preciso ter-se um ouvido difícil para as
calúnias.
952. Difficiles aditus virtus habet. [Binder, Thesaurus
777] A virtude tem acesso difícil.
953. Difficiles nugae. [Eiselein 35] Futilidades que dão
trabalho. VIDE: ● Turpe est difficiles habere nugas.
954. Difficiles quoque et indomiti natura blandientem
ferent. [Sêneca, De Ira 3.8.7] Até os que por natureza
são intolerantes e indomáveis suportarão o adulador.
955. Difficilia honesta sunt. [Polydorus, Adagia] Coisas
honestas são custosas. ● Difficilia quae honesta.
956. Difficilia quae pulchra. [Sólon / Erasmo, Adagia
2.1.12] O que é bonito é difícil. ■ O que é bom custa
caro. ■ A bom bocado, bom grito. ■ Não se apanham
trutas com as bragas enxutas. ● Difficilia sunt, quae
praeclara. As coisas admiráveis são difíceis. VIDE:
● Ardua quae pulchra. ● Atqui quae pulchra, eadem
difficilia. ● Quae pulchra, eadem difficilia.
957. Difficilis emptor haud bona emit obsonia.
[Grynaeus 83] Comprador difícil não compra boa
comida. ■ Quem muito escolhe com o pior fica. ■ Quem
muito escolhe pouco acerta. VIDE: ● Nullus emptor
difficilis bonum emit obsonium. ● Nullus difficilis
emptor bonam emit carnem.
958. Difficilis et indomita natura blandientem feret.
[Sêneca, De Ira 3.8] Um homem de caráter intratável e
indomável tolerará a quem o afaga. ■ A lisonja a toda
orelha é doce.
959. Difficilis, facilis, iucundus, acerbus es idem: nec
tecum possum vivere nec sine te. [Marcial,
Epigrammata 12.46] Difícil, fácil, agradável, amargo, és
tudo isso ao mesmo tempo: nem posso viver contigo,
nem sem ti. VIDE: ● Nec sine te, nec tecum vivere
possum. ● Nec tecum possum vivere, nec sine te.
960. Difficilis, querulus, laudator temporis acti se
puero, castigator censorque minorum. [Horácio, Ars
Poetica 173] Rabugento, reclamador, apologista do
tempo passado quando era criança, crítico e censor dos
mais jovens.
961. Difficilius ab honestate quam sol a cursu suo averti
potest. [Eutrópio, Breviarium 2.14] É mais difícil ele
afastar-se da honestidade que o sol afastar-se de seu
curso. (=Palavras de Pirro a respeito de seu inimigo
Fabrício).
962. Difficilius est sustinere quam condere. [Paládio,
Opus Agriculturae 1.8.1] É mais difícil manter do que
construir. ■ É mais difícil conservar que juntar.
963. Difficillimum esse furari apud fures. [DAPR 392] É
muito difícil roubar em casa de ladrões. ■ Ladrão não
furta ladrão.
964. Difficillimum vincere naturam. É muito difícil
vencer a natureza.
965. Difficultas magna impossibilitati aequiparatur.
Uma grande dificuldade se equipara à impossibilidade.
VIDE: ● Magna difficultas impossibilitati
aequiparatur.
966. Difficultatem facit doctrina. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 10.3] É a ciência que cria a dificuldade.
967. Difficultatum paene omnium diligens ratio victrix.
[Amiano Marcelino, Historiae 17.8.2] Um planejamento
cuidadoso é capaz de vencer quase todas as
dificuldades.
968. Difficulter ad sanitatem pervenimus, quia nos
aegrotare nescimus. [Sêneca, Epistulae Morales 50.4]
Dificílmente alcançamos a saúde, porque não sabemos
que estamos doentes.
969. Difficulter eraditur quod rudes animi perbiberunt.
[Abelardo, Epistulae 9] É com dificuldade que se apaga
aquilo que os espíritos absorveram quando ainda eram
inexperientes. ■ O que se aprendeu no berço dura até a
sepultura. VIDE: ● Altius praecepta descendunt, quae
teneris imprimuntur aetatibus.
970. Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum
creverunt. [Sêneca, De Ira 2.18.2] São difíceis de
eliminar os vícios que cresceram conosco. ■ O vício da
natureza até a sepultura chega. VIDE: ● Difficile
reciduntur vitia quae nobiscum creverint. ● Facile est
enim teneros adhuc animos componere; difficulter
reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.
971. Diffugere nives: redeunt iam gramina campis,
arboribusque comae. [Horácio, Carmina 4.7.1] As
neves se foram; o capim já volta aos campos, as folhas
voltam às árvores.
972. Diffugiunt, cadis cum faece, siccatis, amici.
[Horácio, Carmina 1.35.26] Os amigos fogem, quando,
no cântaro seco, só resta a borra. ■ Acabado o vinho,
fogem os amigos. ■ Mesa acabada, companhia desfeita.
■ Pão comido, companhia desfeita. VIDE: ● Amicus
socius mensae non permanebit in die necessitatis.
● Est autem amicus socius mensae, et non
permanebit in die necessitatis. ● Evolat consumptis
epulis generalis amicus. ● Evolat assumptis epulis
generalis amicus.
973. Digito caelum attingit. Tocou o céu com o dedo.
(=Fez coisa notável). ● Digito se caelum putent
attingere. [Cícero, Ad Atticum 2.1.7] Eles pensam que
estão tocando o céu com o dedo. VIDE: ● Si digito
caelum tetigerit. ● Si digito caelum attingeris.
974. Digito compesce labellum. [Juvenal, Satirae 1.160]
Tapa a boca com o dedo. ■ Dá dois pontos na boca1!
■ Boca de siri!
975. Digitum non porrexerim. [Pereira 112] Não
estenderei nem um dedo. ■ Não moverei uma palha.
VIDE: ● Manum non verterim, digitum non
porrexerim.
976. Digitum stulto ne permittas. [Pereira 111] Ao
estulto não concedas nem um dedo. ■ Ao vilão, se deres
um dedo, tomar-te-á a mão. ■ Não dês o dedo ao vilão,
porque te tomará a mão. VIDE: ● Cui plus licet quam
par est, plus vult quam licet. ● Fatuo digitum ne
ostendas, ne et manum tibi deglutiat. ● Si digitum
porrexeris stulto, manum invadet. ● Si servo nequam
palmus datur, accipit ulnam. ● Stulto digitum ne
ostenderis, ut ne palmam etiam devoret. ● Stulto ne
permittas digitum.
977. Digitus Dei est hic. [Vulgata, Êxodo 8.19] O dedo de
Deus está aqui.
978. Digna canis pabulo. [Erasmo, Adagia 2.6.3] Esse cão
é digno de sua comida. ■ Merece o pão que come.
979. Digna dignis eveniunt. [Grynaeus 727] Aos dignos
ocorrem coisas dignas. VIDE: ● Eveniunt digna dignis.
980. Digna imitatione, non invidia, virtus. [Cícero,
Philippica 14.17, adaptado] A virtude é digna de
imitação, não de inveja.
981. Digni sunt amicitia, quibus in ipsis inest causa, cur
diligantur. [Cícero, De Amicitia 21] São dignos de
amizade aqueles que têm em si motivo para serem
estimados.
982. Digni visi sumus Deo in quibus experiretur
quantum humana natura posset pati. [Sêneca, De
Providentia 4.8] Nós fomos considerados por Deus
dignos de ser experimentado em nós tudo quanto a
natureza humana pode suportar.
983. Dignitas delictum auget. [Jur] O cargo agrava o
delito. ● Dignitas peccatum auget. ● Dignitas
delinquentis peccatum auget. O cargo do delinqüente
agrava o crime.
984. Dignum esse omni malo, qui erubesceret fortuita.
[Quinto Cúrcio, Historiae 5.5] Merece todo mal quem
se envergonha do que vem do acaso.
985. Dignum et iustum est. É digno e justo.
986. Dignum laude virum Musa vetat mori. [Horácio,
Odes 4.8.28] Um homem digno de louvor, a Musa não
permite que ele morra.
987. Dignum me putas, quem illudas! [Pereira 93] Julgas
que eu sou a pessoa adequada para ridicularizares! ■ A
bom mato vindes fazer a lenha.
988. Dignum patella operculum. [Erasmo, Adagia
1.10.72] A tampa combina com a panela. ■ Boa parelha!
■ Nasceram um para o outro. ■ Tão bom é Pedro como
seu amo. ■ Tal é o servo como o senhor. ■ A cada santo
a sua lâmpada. VIDE: ● Accessit huic patellae dignum
operculum. ● Invenit patella operculum. ● Nacta est
suum patella operculum. ● Semper similem ducit
Deus ad similem. ● Similes habent labra lactucas.
989. Dignus es et fato candidiore frui. [Ovídio, Tristia
4.34] És digno de gozar de sorte mais favorável.
990. Dignus es porcos pascere. [Marcial, Epigrammata
10.11.4] És digno de pastorear porcos. ■ És mais para o
gado que para o paço. ■ Tu não prestas para nada.
991. Dignus est operarius mercede sua. [Vulgata,
1Timóteo 5.18] O trabalhador é digno do seu salário.
■ Todo trabalho merecere recompensa. ■ Obra feita
dinheiro espera. ● Dignus est enim operarius mercede
sua. [Vulgata, Lucas 10.7] ● Dignus enim est operarius
cibo suo. [Vulgata, Mateus 10.10] Digno, pois, é o
operário do seu alimento. VIDE: ● Omnis labor optat
praemium.
992. Dignus est quicum in tenebris mices. [Cícero, De
Officiis 3.19.77] Merece confiança de que se jogue com
ele no escuro. (=Ele é digno de toda a confiança).
993. Dignus memoria. Merece ser lembrado.
994. Dignus obelisco. [Erasmo, Adagia 1.8.14] Ele é
digno de um monumento. ● Dignus re quavis. Digno de
qualquer coisa. VIDE: ● Quavis re dignus.
995. Dignus tibi sit, coram quo peccare pudeat te. [DM
119a] Seja digno de teu respeito aquele diante de quem
tu te envergonhas de pecar.
996. Dignus vindice nodus. [Jur] Um nó digno de um
defensor. (=Uma questão controversa que se transforma
numa ação civil. Vindex, o defensor, era a pessoa que
dava início à ação civil).
997. Dignus, dignus est intrare in nostro docto corpore.
[Latim macarrônico / Molière, Le Malade Imaginaire] É
digno, é digno de entrar em nossa douta corporação.
998. Dii autem omnia possunt. [Homero, Odisséia
10.306] Mas os deuses tudo podem. VIDE: ● Apud Deum
autem omnia possibilia sunt. ● Dii omnia possunt.
999. Dii bona laboribus vendunt. [Grynaeus 75] Os
deuses nos vendem os bens em troca de sacrifício. ■ Não
há atalho sem trabalho. ■ Deus não manda nem cozido,
nem assado. ● Dii laboribus vendunt sua bona.
[Binder, Medulla 333] VIDE: ● Dii nobis laboribus
omnia vendunt. ● Dii omnia labore vendunt.
● Laboribus vendunt nobis omnia bona divi.
● Laboribus vendunt dei nobis omnia bona.
1000. Dii faciant ut talia tibi saepius nuntiem! [Plínio
Moço, Epistulae 5.17.6] Que os deuses ajudem para que
eu te traga com mais freqüência tais notícias!
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D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D6: 1001-1200
1001. Dii facientes adiuvant. [Varrão, De Re Rustica
1.1.4] Os deuses ajudam os que fazem. ■ Põe tua mão, e
Deus te ajudará. ■ Trabalha tu, que Deus te ajudará.
VIDE: ● Ad opus manum admovendo fortunam invoca.
● Cum Minerva et manum move. ● Cum Minerva
manus etiam move. ● Cum Minerva manum quoque
move. ● Deus facientes adiuvat. ● Fac aliquid ipse,
deinde Numen invoca. ● Fac interim aliquid ipse,
dein deos voca. ● Huic qui laborat, Numen adesse
assolet. ● Minerva auxiliante, manum etiam admove.
● Nulla preces numina flectunt ignavorum. ● Sine
opera tua, nihil Dii facere possunt.
1002. Dii fallant metum! [Sêneca, Medea 396] Possam os
deuses desmentir meus temores!
1003. Dii fortioribus adsunt. Os deuses favorecem os
mais corajosos. VIDE: ● Deos fortioribus adesse.
1004. Dii fortunabunt vestra consilia! [Plauto,
Trinummus 575] Os deuses abençoarão os teus desejos!
1005. Dii hominesque. Os deuses e os homens. (=Todos,
sem exceção).
1006. Dii habent laneos pedes, sed ferreas manus. Os
deuses têm pés de lã, porém mãos de ferro. ■ A justiça
tarda, mas não falha. VIDE: ● Dii lanatos pedes habent.
● Sero molunt deorum molae.
1007. Dii immortales nobis futura praedicunt, ita sunt
aperte pronuntiata ut et illi poena et nobis libertas
appropinquet. [Cícero, Philippicae 4.10] Os deuses
imortais nos predizem o que vai acontecer; assim está
claramente definido que a eles se aproxima a punição, e
a nós, a liberdade. VIDE: ● Libertas nobis
appropinquat; illis poena.
1008. Dii immortales, avertite et detestamini, quaeso,
hoc omen. [Cícero, Philippica 4.9] Ó deuses imortais,
afastai e amaldiçoai esse presságio.
1009. Dii immortales, homini homo quid praestat!
Stulto intellegens quid interest! [Terêncio, Eunuchus
232] Ó deuses imortais! Quanto um homem excede
outro! Que diferença há entre um sábio e um ignorante!
1010. Dii labore omnia vendunt. Os deuses nos vendem
tudo pelo trabalho. ■ Deus não manda nem cozido, nem
assado. VIDE: ● Dii bona laboribus vendunt. ● Dii
omnia labore vendunt.
1011. Dii laetiora promittunt. [Plínio Moço, Epistulae
8.1.3] Os deuses prometem mais alegria.
1012. Dii lanatos pedes habent. [Petrônio, Satiricon
44.18] Os deuses têm os pés cobertos de lã. ■ O castigo
tarda, mas não falha. ■ Nunca o castigo tarda a quem o
tempo avisa e não se guarda. ● Dii laneos habent
pedes. [Erasmo, Adagia 1.10.82] ● Dii irati laneos
pedes habent. [Macróbio, Saturnalia 1.8.5] Os deuses
irados têm os pés cobertos de lã. ● Dii laneos pedes
habent, sed ferreas manus. Os deuses têm pés de lã,
mas mãos de ferro. VIDE: ● Deos laneos pedes habere.
● Deus habet laneos pedes, plumbeas manus. ● Dii
habent laneos pedes, sed ferreas manus.
1013. Dii lenti, sed certi vindices. [Grynaeus 729] Os
deuses são vingadores lentos mas certos. ■ O castigo
tarda, mas não falha. ■ Nunca o castigo tarda a quem o
tempo avisa e não se guarda.
1014. Dii magni! [Grynaeus 225] Ó grandes deuses! VIDE:
● Dei magni!
1015. Dii maiores. Os deuses superiores.
1016. Dii mala prohibeant! [Terêncio, Hecyra 207] Que
os deuses impeçam esse mal!
1017. Dii mecum militant. [Plauto, Epidicus 675] Os
deuses estão a meu favor.
1018. Dii meliora dent! Que os deuses nos concedam
melhor sorte!
1019. Dii meliora piis. [Virgílio, Georgica 3.513] Que os
deuses concedam destino melhor aos piedosos.
1020. Dii minores. Os deuses inferiores.
1021. Dii nobis laboribus omnia vendunt. Os deuses nos
vendem todas as coisas a preço de trabalho. ■ Não há
atalho sem trabalho. ■ Deus não manda nem cozido,
nem assado. ■ Quem quer pescar, há de se molhar. ● Dii
laboribus omnia vendunt. VIDE: ● Dii bona laboribus
vendunt. ● Laboribus vendunt nobis omnia bona
divi. ● Laboribus vendunt dei nobis omnia bona.
1022. Dii nos quasi pilas homines habent. [Plauto,
Captivi 22] Os deuses brincam com os homens como se
fôssemos bolas. VIDE: ● Homo Dei ludibrium. ● Ludit
in humanis divina potentia rebus. ● Pilas quasi dii
habent homines.
1023. Dii nostra incepta secundent. [Virgílio, Eneida
7.259] Que os deuses favoreçam nossos projetos.
1024. Dii omen avertant! Que os deuses afastem de nós
esse presságio! ■ Deus me livre! VIDE: ● Avertat Deus!
● Avertat Deus omen! ● Deus avertat! ● Hoc omen
avertant superi! ● Omen avertant dei! ● Omen
avertat Deus! ● Procul omen abesto! ● Quod avertat
Deus! ● Quod Deus avertat! ● Quod Dii omen
avertant!
1025. Dii omen in ipsum convertant! [Virgílio, Eneida
2.190] Que os deuses façar recair sobre ele mesmo essa
maldição!
1026. Dii omnia labore vendunt. [Eiselein 35] Os deuses
nos vendem tudo pelo trabalho. ■ Deus não manda nem
cozido, nem assado. VIDE: ● Dii bona laboribus
vendunt. ● Dii labore omnia vendunt.
1027. Dii omnia possunt. [Erasmo, Adagia 4.6.11] Os
deuses tudo podem. VIDE: ● Apud Deum autem omnia
possibilia sunt. ● Caelestes omnia possunt. ● Dii
autem omnia possunt.
1028. Dii pia facta vident. [Ovídio, Fasti 2.117] Os deuses
vêem as ações nobres.
1029. Dii quoque habent oculos, Dii quoque pectus
habent. [Ovídio, Amores 3.3.42] Também os deuses
têm olhos, também os deuses têm coração.
1030. Dii semper fuerunt, nati nunquam sunt, siquidem
aeterni futuri sunt. [Cícero, De Natura Deorum 1.90]
Os deuses sempre existiram, nunca nasceram, portanto
serão eternos.
1031. Dii sint mihi testes. Tomo os deuses por
testemunhas. ● Dii mihi testes. [Archipoeta 6.22] Os
deuses são minhas testemunhas.
1032. Dii te ament! Que os deuses te protejam! ■ Bendito
sejas! ● Dii te bene ament. [Plauto, Captivi 138]
1033. Dii te incolumen contodiant! Que os deuses te
protejam! VIDE: ● Deus te incolumem custodiat! Deus
te guarde! ● Deus te incolumem conservet! ● Deus vos
incolumes custodiat!
1034. Dii te perdant! [Plauto, Casina 499] Que os deuses
te destruam! ■ Maldito sejas! VIDE: ● Diespiter te
perdat!
1035. Dii tibi formam, Dii tibi divitias dederunt
artemque fruendi. [Horácio, Epistulae 1.4.7] Os
deuses te deram a beleza, os deuses te deram as riquezas
e a arte de gozá-las.
1036. Dii tibi malefaciant! [Terêncio, Phormio 394] Que
os deuses te prejudiquem!
1037. Dii tibi propitii sunt. [Plauto, Miles Gloriosus 701]
Os deuses te são propícios. ■ Nasceste em boa hora.
1038. Dii tibi sint faciles! [Ovídio, Tristia 3.5.15] Que os
deuses te sejam propícios!
1039. Dii vertant bene quod agas! [Terêncio, Hecyra 196]
Que os deuses aprovem o que fazes! ■ Boa sorte!
1040. Dii, talem avertite casum! [Virgílio, Eneida 3.265]
Deuses, afastai tal sorte!
1041. Dii, talem terris avertite pestem! [Virgílio, Eneida
3.620] Deuses, afastai da terra tal flagelo!
1042. Dilatari oportet animam, ut fiat habitatio Dei.
[S.Bernardo, Super Cantica Canticorum 28] É preciso
que a alma cresça, para tornar-se morada de Deus.
1043. Dilatio damnum habet, mora pericula. [Erasmo,
Colloquia 26] Adiamento traz prejuízo, atraso traz
perigo. ■ Na tardança está o perigo. VIDE: ● Periculum
in mora. ● Plus in mora periculi.
1044. Dilatio maximum irae remedium est. [Rezende
1311] O tempo é o melhor remédio da cólera.
1045. Dilatio non est ablatio, et quod differtur non
aufertur. [Rezende 1313] Adiamento não é ablação, e o
que se adia não se perde. ■ O que não se faz no dia de
Santa Luzia faz-se noutro qualquer dia.
1046. Dilationes in lege sunt odiosae. [Jur / Black 577]
Delongas na lei são odiosas.
1047. Dilecti socius et ipse sit dilectus. [Roswitha / Tosi
1306] Seja teu amigo o amigo do teu amigo. ■ Amigo de
meu amigo meu amigo é.
1048. Dilectio proximi malum non operatur. [Vulgata,
Romanos 13.10] O amor do próximo não obra mal.
1049. Dilectio sine simulatione. [Vulgata, Romanos 12.9]
Seja o vosso amor sem hipocrisia.
1050. Dilectionem ordinem non habere, et impatientiam
nescire mensuram. [S.Eusébio Jerônimo, Epistula
46.3] O amor não tem medida, e a impaciência não
conhece limite. VIDE: ● Amor ordinem nescit.
● Mensuram caritas non habet, et impatientia nescit
modum.
1051. Dilexerunt homines magis tenebras quam lucem;
erant enim eorum mala opera. [Vulgata, João 3.19]
Os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque
eram más as suas obras.
1052. Dilexi iustitiam et odivi iniquitatem; propterea
morior in exsilio. [Papa Gregório VII, últimas palavras]
Amei a justiça e odiei a iniqüidade; por isso morro no
exílio.
1053. Dilexi tum te, non tantum ut vulgus amicam, sed
pater ut gnatos diligit et generos. [Catulo, Carmina
72.3] Eu te amei, não como o vulgo a uma amante, mas
como o pai ama seus filhos e genros.
1054. Dilexisti iustitiam et odisti iniquitatem, propterea
unxit te Deus, Deus tuus, oleo laetitiae. [Vulgata,
Salmos 44.8] Amaste a justiça e aborreceste a
iniqüidade; por isso te ungiu Deus, o teu Deus, com o
óleo da alegria.
1055. Diligamus nos invicem. [Vulgata, 1João 4.7]
Amemo-nos uns aos outros. ● Diligamus alterutrum.
[Vulgata, 1João 3.23]
1056. Dilige, et quod vis fac. Ama e faze o que queiras.
● Dilige, et quod vis fac: sive taceas, dilectione taceas;
sive clames, dilectione clames; sive emendes,
dilectione emendes; sive parcas, dilectione parcas:
radix sit intus dilectionis, non potest de ista radice
nisi bonum exsistere. [S.Agostinho, In Ioannem 8.7]
Ama, e faze o que queiras: se te calares, calar-te-ás com
amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires,
corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor:
como está dentro de ti a raiz do amor, só o bem poderá
sair de tal raiz. VIDE: ● Ama, et fac quod vis.
1057. Dilige prudentiam. [Rezende 1316] Ama a
prudência.
1058. Dilige sic alios, ut sis tibi carus amicus. [Dionísio
Catão, Disticha 1.11] Ama os outros, mas considera a ti
como teu amigo mais querido.
1059. Diligens praesumitur quilibet non neglegens. [Jur]
Presume-se diligente quem não for negligente.
1060. Diligens vitam suam parcit ori suo. [Bernardes,
Luz e Calor 1.126] Quem ama a própria vida, contém a
sua boca. VIDE: ● Custos animae suae servat viam
suam. ● Qui custodit os suum et linguam suam,
custodit ab angustiis animam suam. ● Qui custodit os
suum, custodit animam suam.
1061. Diligenter examina conscientiam tuam. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 3.7.2] Examina
cuidadosamente tua consciência.
1062. Diligenti oculo. Com olho atento. Com atenção
redobrada.
1063. Diligentia ditat. [Divisa] A diligência enriquece.
1064. Diligentia maximum etiam mediocris ingenii
subsidium. [Sêneca Retórico, Controversiae 3.6] A
diligência é a maior ajuda até para quem possui uma
inteligência medíocre.
1065. Diligentiae adiciuntur omnia. [Medina 688] Ao
trabalho tudo se junta. ■ O trabalho tudo vence.
1066. Diligentiam adhibe. [Dionísio Catão, Monosticha
15] Mostra zelo.
1067. Diligentibus patriam fausta. [Inscrição em
quadrante solar] Que esta hora seja favorável aos que
amam a pátria.
1068. Diligentior praesumitur in re sua dominus quam
procurator. [Jur] Presume-se que o dono é mais
cuidadoso na coisa própria que o procurador.
1069. Diligentius tegitur quo propius accedit. [Sêneca,
Epistulae Morales 103] Quanto mais se aproxima, mais
cuidadosamente se oculta o homem.
1070. Diligere parentes prima naturae lex est. [Valério
Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 5.4.7] Amar os
pais é a primeira lei da natureza.
1071. Diliges amicum tuum sicut teipsum. [Vulgata,
Levítico 19.18] Amarás o teu amigo como a ti mesmo.
1072. Diliges proximum tuum sicut teipsum. [Vulgata,
Mateus 19.19; 22.39] Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. ● Diliges proximum tuum tamquam teipsum.
[S.Agostinho, De Doctrina Christiana 1.22.21]
1073. Diligi et carum esse et iucundum est. [Cícero, De
Finibus 1.16] Ser estimado e querido é agradável.
1074. Diligit hic natum, virga qui corripit illum.
[Columbano] Ama seu filho quem o corrige com a vara.
■ Quem ama castiga. ■ Quem não faz filho chorar, chora
por ele. VIDE: ● Qui parcit virgae, odit filium suum.
1075. Diligite homines, interficite errores. [S.Agostinho,
Contra Doctrina Petiliani 1.29.3] Amai os homens,
destruí os erros.
1076. Diligite inimicos vestros. [Vulgata, Mateus 5.44]
Amai os vossos inimigos.
1077. Diligite iustitiam, qui iudicatis terram. [Vulgata,
Sabedoria 1.1] Amai a justiça, vós que governais a terra.
1078. Diligite lumen. [Inscrição em quadrante solar] Amai
a luz. ● Diligite lumen sapientiae, omnes qui praeestis
populis. [Vulgata, Sabedoria 6.23] Amai a luz da
sabedoria todos vós que presidis aos povos.
1079. Diligito, cunctis non applaudentibus, aequum.
[Pereira 121] Ama o justo, mesmo que nem todos
aprovem. ■ Segue a razão, posto que a uns agrades, a
outros não.
1080. Diligitur nemo, nisi cui fortuna secunda est.
[Ovídio, Ex Ponto 2.3.23] Só é amado aquele a quem a
sorte favorece. ■ Quem tem dinheiro tem parentes. ■ Só
vale quem tem.
1081. Diluculo surgere saluberrimum est. [Bacon,
Promus] Faz muito bem à saúde levantar-se ao romper
do dia. ■ Cedo deitar e cedo erguer dá saúde e faz
crescer.
1082. Dimidio vitae nihil differunt felices ab infelicibus.
[Plutarco / Erasmo, Adagia 2.1.9] Na metade da vida
em nada diferem os homens felizes dos infelizes. ■ A
vida infeliz com a bem afortunada o sono iguala.
1083. Dimidium facti habet qui fortiter audet. Metade
da obra tem feita quem ousa com coragem.
1084. Dimidium facti perfectum dicere noli. [Eiselein
286] Não digas que está perfeito o que foi feito pela
metade. VIDE: ● Domum cum facis, ne relinquas
impolitam.
1085. Dimidium facti, qui coepit, habet. [Horácio,
Epistulae 1.2.40] Quem começou tem a metade da obra
executada. ■ Começar bem é ter feito a metade.
■ Metade da obra tem feito quem começa bem e com
jeito. ■ O bom princípio é a metade. ■ Rego aberto meia
jeira é. ■ Trabalho bem começado, meio acabado.
● Dimidium facti, qui bene coepit, habet. [Pereira 99]
● Dimidium facti est coepisse. [Ausônio, Epigrammata
84] Ter começado é a metade da obra. VIDE: ● Bonum
initium est dimidium facti. ● Incipe: dimidium facti
est coepisse. Superfit dimidium: rursum hoc incipe
et efficies. ● Principium dimidium totius est.
● Principium dimidium operis est.
1086. Dimidium plus toto. [Hesíodo / Erasmo, Adagia
1.9.95] A metade é mais que o todo. ■ Antes um pardal
na mão que uma perdiz a voar. VIDE: ● Aurea
mediocritas.
1087. Dimisisti pullos sub custodia vulpis. Deixaste os
pintos sob a guarda da raposa. ■ Entregaste o ouro ao
bandido. ● Dimisi pullos sub custodia vulpis.
[Bomcompagno, Palma 26.5] Confiei os pintos à guarda
da raposa. VIDE: ● Dimittis pullos sub custodia vulpis.
1088. Dimissum quod nescitur, non amittitur. [Publílio
Siro] O que não se sabe que se perdeu, não é uma perda.
■ A perda que teu amigo não sabe, não é perda de
verdade. VIDE: ● Amissum quod nescitur non
amittitur.
1089. Dimitte mortuos sepelire mortuos suos. [Vulgata,
Mateus 8.22] Deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
VIDE: ● Sine ut mortui sepeliant mortuos suos.
1090. Dimitte omnia, et invenies omnia; relinque
cupidinem, et reperies requiem. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 4.32.4] Deixa tudo, e encontrarás
tudo; renuncia aos teus desejos, e acharás o repouso.
1091. Dimitte omnia transitoria, quaere aeterna.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.1.11]
Abandona tudo que é passageiro; busca o que é eterno.
1092. Dimittis pullos sub custodia vulpis. Deixas os
pintos sob a guarda da raposa. ■ Entregas o ouro ao
bandido. VIDE: ● Dimisisti pullos sub custodia vulpis.
1093. Diomedis et Glauci permutatio. [Pereira 120] A
troca de Diomedes e de Glauco. (=Glauco e Diomedes,
que eram ligados por vínculos de hospitalidade, ao se
encontrarem em campos opostos, na guerra de Tróia, se
reconheceram, abstiveram-se de lutar e trocaram
armas). ■ Quem troca odre por odre, algum deles há de
ser podre.
1094. Dira fames auri culpae regina parensque. [Binder,
Thesaurus 800] A terrível fome de dinheiro é rainha e
mãe do pecado.
1095. Dira fames nullos peremit, gula devorat omnes.
[Pereira 101] A cruel fome não destrói ninguém; a gula
devora a todos. ■ De fome não vi ninguém morrer, mas a
muitos de comer.
1096. Dira Necessitas. [Horácio, Carmina 3.24.6] A
assustadora Necessidade. VIDE: ● Dura necessitas.
1097. Dirige, Deus, gressus meos. [Inscrição em moeda
inglesa] Guia, ó Deus, os meus passos.
1098. Dirigo. [Divisa do Estado de Maine, EUA] Eu dirijo.
1099. Dirimitur matrimonium divortio et morte. [Jur] O
casamento se dissolve pelo divórcio e pela morte.
● Dirimitur matrimonium divortio, morte, captivitate
vel alia contingente servitute utrius eorum.
[Digesta24.2.1] O casamento se dissolve pelo divórcio,
morte, cativeiro ou outra servidão que atinja um dos
cônjuges.
1100. Diruit, aedificat, mutat quadrata rotundis.
[Horácio, Epistulae 1.1.100] Demole, edifica, muda
quadrados em círculos.
1101. Dirum et invisum et grave est servitia ferre.
[Sêneca, Troades 910] Suportar a servidão é duro,
odioso e penoso.
1102. Dirum omen. [Tácito, Historiae 3.56] Um presságio
terrível.
1103. Dirum tempus. Uma época de infelicidade.
1104. Dis aliter visum. [Virgílio, Eneida 2.428] Os deuses
decidiram de outra forma.
1105. Dis ducibus. Tendo os deuses como guias.
1106. Dis faventibus, multae sunt viae felicitatis.
[Grynaeus 190] Quando os deuses favorecem, são
muitos os caminhos do sucesso.
1107. Dis hominibusque approbantibus. Com a
aprovação dos deuses e dos homens.
1108. Dis hominibusque invitis. [Cícero, In Verrem 2.1.9]
Contra a vontade dos deuses e dos homens.
1109. Dis hominibusque plaudentibus. [Erasmo, Adagia
1.1.74] Com aplausos dos deuses e dos homens. ■ Em
boa hora.
1110. Dis inimicis natus. [Plauto, Miles Gloriosus 314]
Nasceu contra a vontade dos deuses.
1111. Dis invitis. Contra a vontade dos deuses.
1112. Dis iuvantibus omnia feliciter evenient. Com a
ajuda dos deuses, tudo acabará bem.
1113. Dis iuvantibus. Com a ajuda dos deuses. Se os
deuses ajudarem. VIDE: ● Dis secundis. ● Secundis
ventis. ● Ventis secundis. ● Vento secundo.
1114. Dis non detrahes, et principi populi tui non
maledices. [Vulgata, Êxodo 22.28] Não falarás mal dos
juízes, nem amaldiçoarás o príncipe do teu povo.
1115. Dis proximus ille quem ratio, non ira, movet, qui
facta rependit consilio. [Claudiano, De Consulatu
Mallii Theodori 227] Está próximo dos deuses aquele
que obra com a razão, jamais com a ira, que pondera os
fatos com prudência.
1116. Dis secundis. [Quinto Cúrcio, Historiae 9.4] Sendo
os deuses favoráveis. Se os deuses forem favoráveis.
Com o favor dos deuses. VIDE: ● Dis iuvantibus.
● Secundis ventis. ● Ventis secundis. ● Vento secundo.
1117. Dis testibus. Tendo os deuses por testemunhas.
1118. Discamus componere vitam ad bona exempla.
Aprendamos a ordenar nossa vida pelos bons modelos.
1119. Discant cantare puellae. [Ovídio, Ars Amatoria
3.315] Que as moças aprendam a cantar.
1120. Discat qui nescit, nam sic sapientia crescit.
[Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi
373] Quem não sabe, aprenda, pois é assim que o
conhecimento cresce. ■ Quem não sabe, pergunte.
● Discat qui nescit, discendo sapientia crescit. Quem
não sabe, estude, pois é aprendendo que se aumenta o
conhecimento. ● Discat qui nescit, curando sapientia
crescit. Quem não sabe, aprenda, pois é com esforço
que o conhecimento cresce.
1121. Disce aliquid, nam cum subito Fortuna recessit,
ars remanet vitamque hominis non deserit unquam.
[Dionísio Catão, Disticha 4.19] Aprende um ofício,
pois, quando a sorte de repente vai embora, o ofício fica
e nunca abandona a vida do homem. ■ Quem tem ofício,
não morre de fome. VIDE: ● Ars ipsa inopiae portus est
mortalibus. ● Ars portus inopiae. ● Ars portus
miseriae. ● Ars portus infelicitatis hominibus.
● Unicum confugium in egestate ars est.
1122. Disce aut discede. [Sweet 272] Aprende ou vai
embora. VIDE: ● Aut disce, aut discede. ● Aut doce, aut
disce, aut discede.
1123. Disce bonas artes, moneo, Romana iuventus.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.457] Aprende as artes liberais,
eu te aconselho, juventude romana.
1124. Disce docendo. Aprende ensinando.
1125. Disce gaudere. [Sêneca, Epistulae Morales 23.3]
Aprende a alegrar-te.
1126. Disce legendo. [Dionísio Catão, Disticha 2, Praefatio
10] Aprende lendo.
1127. Disce minori parcere, maiori cedere, ferre parem.
[Gaal 907] Aprende a poupar o mais fraco, submeter-te
ao mais forte, aturar o igual.
1128. Disce mori. [Lucano, Bellum Civile 5.364] Aprende
a morrer.
1129. Disce mortem praevidere et mortalia despicere.
Aprende a preparar-te para a morte e a desprezar as
coisas mortais.
1130. Disce natare sine cortice. [Michael Pexenfelder,
Apparatus Eruditionis 281] Aprende a nadar sem bóia.
(=Usa teus próprios recursos. Não contes com ajuda
alheia).
1131. Disce parere. Aprende a obedecer. ■ Quem não
aprendeu a obedecer, não sabe mandar. VIDE: ● Parere
cum didiceris, imperare scies.
1132. Disce parum bibere, sis procul a Venere.
[Regimen Sanitatis Salernitanum 230; Rezende 1327]
Aprende a beber pouco, fica longe de Vênus.
1133. Disce parvo contentus esse. Aprende a satisfazer-te
com pouco. ● Disce parvo esse contentus; et illam
vocem magnus atque animosus exclama: Habemus
aquam, habemus polentam. [Sêneca, Epistulae
Morales 110] Aprende a viver contente com pouca coisa
e exclama, solene e corajoso: Temos água, temos
farinha.
1134. Disce pati, si vincere voles. [DAPR 529] Aprende a
sofrer, se queres vencer. ■ Quem quiser vencer aprenda
a sofrer. VIDE: ● Patientes vincunt. ● Vincit qui patitur.
1135. Disce patienter sustinere adversa. [Petrus
Blesensis, De Duodecim Utilitatibus Tribulationis]
Aprende a suportar com paciência a adversidade.
1136. Disce quasi semper victurus; vive quasi cras
moriturus. [Sweet 263] Aprende como se fosses viver
para sempre; vive como se fosses morrer amanhã. VIDE:
● Disce ut semper victurus, vive ut cras moriturus.
1137. Disce quod doceas. Aprende o que ensinares.
1138. Disce tamen pigris non flecti numina votis,
praesentesque adhibe, cum facis ipse, deos. [Aviano,
Fabulae 32.11] Aprende que os deuses não se dobram
aos desejos dos indolentes; pede a ajuda deles quando tu
mesmo estiveres agindo. ■ Ajuda-te, que Deus te
ajudará. ■ Deus ajuda a quem se ajuda.
1139. Disce ut semper victurus, vive ut cras moriturus.
Aprende como se fosses viver para sempre; vive como
se fosses morrer amanhã. VIDE: ● Disce quasi semper
victurus; vive quasi cras moriturus.
1140. Disce, doce, dilige Deum et inimicum tuum.
[Stevenson 687] Aprende, ensina, ama a Deus e a teu
inimigo.
1141. Disce, doce. [Divisa da Universidade de Sheffield,
Grã-Bretanha] Aprende, ensina.
1142. Disce, puer, virtutem ex me verumque laborem,
fortunam ex aliis. [Virgílio, Eneida 12.435] Menino,
aprende de mim a coragem e a constância, dos outros
aprende a felicidade.
1143. Disce, sed a doctis. [Manúcio, Adagia 1167]
Aprende, mas com quem sabe. ● Disce, sed a doctis;
consilium pete, sed a consultis. [Grynaeus 112]
Aprende, mas com os doutos; pede conselho, mas aos
experientes. ■ Com o bom só se aprende o bem.
■ Chega-te aos bons, e serás um deles. VIDE: ● A bonis
bona disce. ● A sapiente viro sapientiam discere
convenit. ● Qui bonus est, ab eo bona discito.
1144. Disce, sed a doctis; indoctos ipse doceto. [Dionísio
Catão, Disticha 4.23] Aprende, mas com os que sabem;
aos que não sabem, ensina-lhes tu mesmo.
1145. Discendum quamdiu vivas. [Polydorus, Adagia]
Deve-se aprender enquando se vive. VIDE: ● Ad
discendum nulla aetas sera. ● Etiam seni est
discendum. ● Quamvis pulchrius sit senem docere
quam discere, mihi tamen nulla aetas sera est ad
discendum. ● Tamdiu discendum est, quamdiu vivas.
● Tamdiu discendum, quamdiu vivitur.
1146. Discenti assidue multa, senecta venit. [Solon /
Grynaeus 204] A velhice vem até para quem aprende
muito. VIDE: ● Ars longa, vita brevis.
1147. Discere ei convenit, non docere. A ele compete
aprender, não ensinar.
1148. Discere ne cessa: cura sapientia crescit. [Dionísio
Catão, Disticha 4.27] Não pares de estudar: com a
dedicação o conhecimento cresce.
1149. Discere nihil aliud est, nisi recordari. [Platão /
Cícero, Tusculanae Disputationes 1.57] Aprender não é
senão lembrar-se.
1150. Discere non est vitiosum, sed ignorare. [Binder,
Thesaurus 802] Aprender não é mau; mau é não saber.
1151. Discere non norunt quid ferat hora sequens.
[Tibulo, Elegiae 3.4.46] Não podem saber o que trará a
hora seguinte.
1152. Discernere res honestas a turpibus, veraces a
fallacibus, graves a levibus, serias a ludicris,
appetendas a respuendis. [S.Agostinho, De Civitate
Dei 6.9.4] Distinguir a decência da impureza, a verdade
da mentira, as coisas graves das frívolas, as coisas sérias
das divertidas, as desejáveis das que devem ser
repelidas.
1153. Discernit sapiens res quam confundit asellus. O
ajuizado distingue as coisas que o ignorante confunde.
1154. Disciplina mores facit. O estudo forma o caráter.
VIDE: ● Non natura tantum, sed etiam disciplina
mores facit.
1155. Disciplina pauperibus divitiae, divitibus
ornamentum, senibus oblectamentum. [Rezende
1331] O saber é a riqueza dos pobres, o adorno dos
ricos, o passatempo dos velhos.
1156. Disciplina praesidium civitatis. [Divisa da
Universidade do Texas, EUA] A instrução é a
salvaguarda da nação.
1157. Discipulos id unum moneo, ut praeceptores suos
non minus quam ipsa studia ament. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 2.9.1] Aos estudantes recomendo
uma única coisa, que amem seus professores tanto
quanto seus estudos.
1158. Discipulus est prioris posterior dies. [Publílio Siro]
O dia de hoje é discípulo do dia de ontem. ■ O tempo
passado é mestre do presente e do porvir. ■ Com o
tempo vem o tento. ■ O tempo é mestre de tudo. VIDE:
● Dies diem docet. ● Dies posterior prioris est
discipulus. ● Magister est prioris posterior dies.
1159. Discite a me, quia mitis sum, et humilis corde.
[Vulgata, Mateus 11.29] Aprendei de mim, que sou
manso e humilde de coração.
1160. Discite benefacere; quaerite iudicium; subvenite
oppresso, iudicate pupillo, defendite viduam.
[Vulgata, Isaías 1.17] Aprendei a fazer o bem; procurai
o que é justo; socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão,
defendei a viúva.
1161. Discite iustitiam moniti, et non temnere divos.
[Virgílio, Eneida 6.620] Advertidos pelo exemplo,
aprendei a justiça e a não menosprezar os deuses.
1162. Discite non scholae, sed vitae. Aprendei não para a
escola, mas para a vida. VIDE: ● Non scholae, sed vitae
discimus. ● Non vitae, sed scholae discimus.
1163. Discite, o miseri, et causas cognoscite rerum.
[Pérsio, Satirae 3.66] Aprendei, ó infelizes, e conhecei
as causas das coisas.
1164. Discite, quaeso, bonum, cives, simulacra cavete.
[Commodiano Gaza / Rezende 1334] Eu vos peço,
cidadãos, aprendei a conhecer o bem e desconfiai das
aparências.
1165. Discite sanari, per quem didicistis amare. [Ovídio,
Remedia Amoris 43] Aprendei a curar-vos com quem
aprendestes a amar.
1166. Discite venturam iam nunc sentire senectam.
[Propércio, Carmina 11.93] Aprendei a sentir já agora a
velhice que virá. VIDE: ● Mature fias senex, si diu velis
senex esse.
1167. Discordia dilabuntur regna. Pela desunião se
perdem os países. VIDE: ● Concordia res parvae
crescunt. ● Concordia parvae res crescunt; discordia
maximae dilabuntur.
1168. Discordia duorum canum super ossa. [DAPR 254]
É a disputa de dois cães sobre os ossos. ■ Isso é briga de
cachorro grande.
1169. Discordia fit carior concordia. [Publílio Siro] Na
discórdia torna-se mais valioso o entendimento. VIDE:
● Amantium irae amoris integratio est. ● Amor fit ira
iucundior. ● Cari rixantur, rixantes conciliantur.
1170. Discordia non tantum parvae res non crescunt,
sed etiam magnae res miserabiliter dilabuntur. [Papa
Leão 13] Pela discórdia, não só as coisas pequenas não
crescem, mas até as grandes lamentavelmente se
perdem. VIDE: ● Concordia parvae res crescunt,
discordia maximae dilabuntur. ● Concordia res
parvae crescunt. ● Quam firma res est concordia,
quamque imbecillis discordia!
1171. Discordia ordinum venenum est urbis. [Sweet
165] A discórdia das classes sociais é o veneno da
cidade. ● Discordia ordinum et venenum urbis huius.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 3.67] Discórdia das
classes e veneno desta cidade.
1172. Discordiae pomum. O pomo da discórdia. VIDE:
● Contentionis pomum. ● Dissidii pomum.
1173. Discretio est discernere per legem quid sit iustum.
[Jur / Broom 68] Julgar bem é distinguir pela lei o que é
justo.
1174. Discretio mater virtutis. [RSB 64] O isolamento é a
mãe da virtude.
1175. Discum, quam philosophum audire, malunt.
[Cícero, De Oratore 5.21; Erasmo, Adagia 5.2.19]
Preferem o disco a ouvir o filósofo. (=O disco era o
instrumento com que os antigos exercitavam suas
forças: Preferem frioleiras às ocupações sérias).
1176. Discute quod audias omne; quod credas, proba.
[Publílio Siro] Analisa tudo que ouvires; e verifica tudo
em que acreditares.
1177. Disertos ait se vidisse multos, eloquentem omnino
neminem. [Cícero, Orator 18] Disse ter visto muitos
faladores, mas nenhum eloqüente.
1178. Dispar cuique vivendi facultas data est. [Sêneca,
Ad Marciam 21.5] A cada um foi dada uma quantidade
de vida diferente.
1179. Dispar vivendi ratio est, mors omnibus una.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 3] A maneira
de viver é diferente, mas a morte é igual para todos. ■ A
morte iguala todos os viventes. ■ Tanto morre o papa
como quem não tem capa. VIDE: ● Dissimiles, sed morte
pares.
1180. Disparata non debent iungi. [Jur / Black 592]
Coisas opostas não se devem juntar.
1181. Dispares enim mores disparia studia sequuntur,
quorum dissimilitudo dissociat amicitias. [Cícero, De
Amicitia 20] Caracteres diferentes seguem interesses
diferentes, e essa diferença dissolve as amizades. VIDE:
● Morum dissimilitudo dissociat amicitias.
1182. Disparibus bubus nunquam trahitur bene currus.
[Binder, Thesaurus 807] O carro nunca é bem puxado
por bois de tamanhos diferentes. ● Disparibus bubus
non bene trahitur currus.
1183. Dispendia morae. Perda de tempo.
1184. Dispendio usque est fraude quaesitum lucrum.
[Píndaro / Manúcio, Adagia 837] Acaba em prejuízo a
vantagem conseguida com desonestidade. ■ O que mal
se adquire mal se perde. ■ Bens mal adquiridos não se
logram: vão-se como vieram. VIDE: ● Malum lucrum
aequale dispendio. ● Turpe lucrum, ut dispendium,
fugito. ● Turpe lucrum adducit infortunium.
1185. Dispensatio est vulnus, quod vulnerat ius
commune. [Jur / Black 592] A dispensa é um golpe que
fere o direito comum. (=Dispensa. Isenção de encargo
ou da prática de ato a que se estava obrigado. Licença
ou concessão, em virtude da qual a pessoa pode praticar
um ato que lhe era vedado. De Plácido e Silva,
Vocabulário Jurídico).
1186. Displicent repetita. As coisas repetidas desagradam.
VIDE: ● Repetita iuvant. ● Repetita placebunt.
1187. Displicet ambitio, placet observantia cunctis.
[Prudêncio] A ambição desagrada a todos, a
observância das leis agrada.
1188. Displicuit nasus tuus. [Juvenal, Satirae 6.495] O teu
nariz desagradou. (=Foste vítima de uma
arbitrariedade).
1189. Dispone domui tuae. [Vulgata, Isaías 38.1] Dispõe
da tua casa.
1190. Dispositio generalis ius alterius non laedit. [Jur]
Disposição geral não ofende direito alheio.
1191. Dispositio secundum ius vigens tempore
dispositionis. [Jur] A disposição regula-se pela lei
vigente no tempo dela.
1192. Dispositio variatur mutatione condicionis et
status. [Jur] A disposição varia com a mudança da
condição e do estado.
1193. Disputandi pruritus ecclesiarum scabies. [Henry
Wotton] O prurido da disputa é a lepra das igrejas.
1194. Disputatio fori. [Jur] A discussão diante do tribunal.
1195. Dissensio ab alio incipiat, a te autem reconciliatio.
[DM 49] Que a discórdia comece com outro, mas que a
reconciliação comece contigo. ● Dissensio ab alio, a te
sit reconciliatio. VIDE: ● Semper dissensio ab alio
incipiat, a te autem reconciliatio.
1196. Dissidia inter aequales, pessima. Os piores
desentendimentos são os que ocorrem entre iguais.
1197. Dissidii pomum. [Manúcio, Adagia 1365] O pomo
da discórdia. VIDE: ● Contentionis pomum.
● Discordiae pomum.
1198. Dissimiles hic vir et ille puer. [Ovídio, Heroides
9.26] Como são diferentes o homem que és e a criança
que foste.
1199. Dissimiles, sed morte pares. [Claudiano, De Quarto
Consulatu 81] Vidas diferentes, mas iguais na morte.
VIDE: ● Dispar vivendi ratio est, mors omnibus una.
1200. Dissimilia non deberi coniungi. [Ogilby, Fables
from Aesorp, Carbonarius et Fullo] Coisas desiguais
não devem juntar-se. ■ Cada qual com seu igual. ■ Cada
ovelha com sua parelha. ● Dissimilia non facile
uniuntur. Coisas diferentes não se juntam facilmente.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D7: 1201-1400
1201. Dissimilis cunctis vox, vultus, vita, voluntas.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 27] Para todos
é diferente a voz, a aparência, a vida, a vontade.
1202. Dissimilis est pecuniae debitio, et gratiae. [Aulo
Gélio, Noctes Atticae 1.4] Não é a mesma coisa dever
dinheiro e dever favor.
1203. Dissimilitudo morum dissociat amicitias. [Cícero,
De Amicitia 74, adaptado] A diferença de caracteres
dissolve as amizades.
1204. Dissimilium dissimilis est ratio. [Jur / Black 595] É
diferente a regra dos diferentes.
1205. Dissimilium infida societas. A associação de
pessoas diferentes não é confiável.
1206. Dissimula casum, gnarus ne gaudeat hostis.
[Periandro, traduzido do grego por Herbert H. Huxley]
Esconde tua desgraça, para que teu inimigo,
conhecendo-a, não se regozije. VIDE: ● Infortunium
tuum celato, ne gaudio inimicos afficias.
1207. Dissimulandi causa. [Salústio, Bellum Catilinae 31]
Com o objetivo de esconder sua intenção.
1208. Dissimulandum non est quod obscurari non
potest. [Garcia de Meneses / Ramalho 10] Não se deve
dissimular aquilo que não se pode apagar.
1209. Dissimulare nefas tantum clementia non est.
Apenas dissimular a maldade não é bondade.
1210. Dissimulatio est cum alia dicuntur ac sentias.
[Cícero, De Oratore 2.67] Ocorre dissimulação quando
se diz uma coisa e se sente coisa diferente.
1211. Dissipa gentes quae bella volunt. [Vulgata, Salmos
67.31] Derrota os povos que querem as guerras.
● Dissipa gentes quae bellis laetuntur. Derrota os
povos que se regozijam com as guerras.
1212. Dissipantur cogitationes ubi non est consilium.
[Vulgata, Provérbios 15.22] Os projetos falham quando
não há acordo.
1213. Dissoluta neglegentia prope dolum est. [Jur] A
exagerada negligência é quase dolo.
1214. Dissolve litis vincula; astringe pacis foedera.
[Liber Precum Publicarum] Rompe as cadeias do litígio;
estreita os laços da paz.
1215. Dissolvitur lex, cum fit iudex misericors. [Publílio
Siro] Quando o juiz fica piedoso, a lei perde a força,.
■ Juiz piedoso faz o povo cruel.
1216. Distincta genera esse delictorum, et dispares
poenas. [Cícero, Pro Murena 64] Há tipos diferentes de
delitos, e penas diferentes.
1217. Distincta vestis, distinctus animus. [Binder,
Thesaurus 810] Roupa diferente, espírito diferente.
1218. Distingue frequenter. [Jur] Distingue com
freqüência. VIDE: ● Bene docet qui bene distinguit.
● Qui bene distinguit, bene docet.
1219. Distinguenda sunt tempora; distingue tempora et
concordabis leges. [Jur / Black 596] Deve-se
diferenciar as épocas; diferencia as épocas e adequarás
as leis. (=Não se deve julgar o antigo com critério
moderno, e vice-versa). ■ Mudam os tempos, mudam os
pensamentos. ● Distingue tempora, et concordabis
iura. Diferencia as épocas e adequarás as leis.
1220. Distorta corrigere negotia conata nihil proficiunt.
As tentativas de corrigir ações erradas não conseguem
nada. ■ Errados começos, dificultosos fins.
1221. Distringit librorum multitudo. [Sêneca, Epistulae
Morales 2.3] A multidão de livros dispersa a atenção.
● Distrahit animum librorum multitudo.
1222. Ditare quam ditescere est regium. É mais
admirável proporcionar aos outros do que a si mesmo.
■ Antes dar a ruins que pedir a bons. VIDE: ● Dare
melius est quam accipere. ● Melius est dare quam
accipere.
1223. Ditat Deus. [Divisa do Estado de Arizona, EUA]
Deus nos enriquece.
1224. Ditat servata fides. A lealdade preservada
enriquece.
1225. Ditat, sanctificat, sanat quoque surgere cum die.
[DAPR 420] Madrugar enriquece, enobrece e até dá
saúde. ■ Deus ajuda a quem muito madruga. ● Ditat,
sanctificat, sanat quoque surgere mane. VIDE: ● Ut
famam acquiras, festinus desere lectum.
1226. Ditescere omnes volumus, at non possumus.
[Menandro] Todos desejamos enriquecer, mas não
podemos. VIDE: ● Omnes cupimus, at non licet
ditescere.
1227. Ditescunt facile qui duraturis vestibus et calcibus
utuntur. [Pereira 122] Enriquecem facilmente os que
usam roupas e calçados que duram. ■ Se queres ser rico,
calça de vaca e veste de fino.
1228. Dithyrambus non est, si bibat aquam. Não há
ditirambos, se se bebe água. VIDE: ● Nemo dithyrambos
canet potans aquam. ● Non est dithyrambus, si bibat
aquam.
1229. Ditior est liber mendicus divite servo. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 54.17] Mais rico é o
mendigo livre que o escravo rico. ■ Antes pobre
sossegado do que rico atrapalhado.
1230. Ditiori te ne socius fueris. [Vulgata, Eclesiástico
13.2] Não te associes com o que é mais rico do que tu.
1231. Diu apparandum est bellum, ut vincas celerius.
[Publílio Siro] A guerra deve ser preparada por muito
tempo, para se vencer mais rapidamente.
1232. Diu cogita an tibi in amicitiam aliquis recipiendus
sit. [Sêneca, Epistulae Morales 3.2] Pensa
demoradamente se alguém deve ser recebido em tua
amizade.
1233. Diu delibera. [Erasmo, Adagia 4.2.75] Decide sem
pressa. ■ O tempo dá conselho. ● Diu deliberato! Cito
facito! [Albertano da Brescia, Ars Loquendi 5;
Caecilius Balbus, De Nugis Philosophorum] ■ Devagar
pensa, e obra depressa. ● Diu deliberata cito facito.
[Burley, Proverbia Socratis] Faze rapidamente o que
sem pressa decidiste. VIDE: ● Deliberandum est saepe,
statuendum est semel. ● Deliberandum est diu quod
statuendum est semel. ● Deliberandum est, quicquid
statuendum est semel.
1234. Diu deliberando amicos elige. Escolhe teus amigos
sem pressa.
1235. Diu non latent scelera. [Floro, Epitome Rerum
Romanorum 3.1.6] Crimes não ficam ocultos por muito
tempo. ■ Não há segredo que tarde ou cedo não seja
descoberto.
1236. Diutius accusare fata possumus, mutare non
possumus. [Sêneca, Ad Polybium 4.1] Podemos ficar
acusando o destino, mas mudá-lo não podemos.
1237. Diuturna consuetudo pro iure et lege in his, quae
non scripto descendunt, observari solet. [Digesta
1.3.33] A prática de longo tempo costuma ser observada
como direito e como lei nas coisas que não são previstas
na lei escrita.
1238. Diuturna quies vitiis alimenta ministrat. [Dionísio
Catão, Disticha 1.2] Ociosidade prolongada alimenta os
vícios. ■ A ociosidade é a mãe de todos os vícios. VIDE:
● Plus vigila semper nec somno deditus esto, nam
diuturna quies vitiis alimenta ministrat.
1239. Diuturna virtutis simulatio difficilis. [Binder,
Thesaurus 813] É difícil a permanente simulação de
virtude.
1240. Diva solo fixos oculos aversa tenebat. [Virgílio,
Eneida 1.482] A deusa, irritada, mantinha os olhos fixos
no chão. VIDE: ● Dea infensa tenebat oculos defixos in
terram.
1241. Divelli a caro res est durissima amico. [Binder,
Medulla 348] Ser afastado a um amigo querido é coisa
duríssima.
1242. Diversa sunt hominum studia. São [Rezende 1346]
São diferentes os interesses dos homens. ■ Cada um tem
seus gostos. VIDE: ● O quam varia sunt hominum
studia!
1243. Diversa sunt, multa eloqui, opportunius.
[Schottus, Adagia 625] São coisas diferentes falar muito
e falar com oportunidade. ■ Falar muito e bem, não há
quem. VIDE: ● Copia sermonis non est consors rationis.
● Multa dicere et opportune non eiusdem est. ● Raro
est eiusdem hominis multa et opportune dicere.
1244. Diversis diversa placent, et sua gaudia cuique.
[DAPR 331] A pessoas diferentes agradam coisas
diferentes, e cada um tem seu prazer. ■ Cada um tem seu
gosto. ■ Gosto não se discute.
1245. Diversitas rationis, diversitatem iuris inducit.
[Jur] A diversidade da razão induz diversidade de
direito.
1246. Diverso intuitu. [Jur / Black 600] Com objetivo
diferente.
1247. Diverso tempore, diversa fata. Novos tempos, nova
sorte. ■ Nem sempre florescem os lírios.
1248. Diversos diversa iuvant. Pessoas diferentes gostam
de coisas diferentes. ■ Cada um tem seus gostos.
● Diversos diversa iuvant, non omnibus annis omnia
conveniunt. [Pseudo-Gallus 1.104 / Montaigne, Éssais
2.28] Homens diferentes têm gostos diferentes: nem
tudo convém a todas as idades.
1249. Diverte a malo et fac bonum. [Vulgata, Salmos
33.15] Desvia-te do mal, e faze o bem. VIDE: ● Declina a
malo et fac bonum. VIDE: ● Fac bonum, diverte a
malo.
1250. Dives amico Hercule. [Bivar 412] Rico por ter
Hércules por amigo. ■ Quem tem padrinho não morre
pagão. VIDE: ● Amico Hercule.
1251. Dives animus est, non arca. É o espírito que é rico,
não o cofre. VIDE: ● Animus est, qui divites facit.
● Animus hominis dives, non arca, appellari solet.
1252. Dives aut iniquus est, aut iniqui heres.
[S.Jerônimo, Epistulae ad Hedibiam / Erasmo, Adagia
1.9.47] O homem rico ou é injusto, ou herdeiro de
injusto. ■ Sem ser ladrão ninguém é rico não. VIDE:
● Omnis dives aut iniquus est, aut heres iniqui.
1253. Dives difficile intrabit in regno caelorum.
[Vulgata, Mateus 19.23] Dificilmente um rico entrará
no reino dos céus.
1254. Dives eram dudum, fecerunt me tria nudum: alea,
vinum, Venus, per quae sum factus egenus. [Rezende
1348] Antes eu era rico, mas três coisas me puseram nu:
dados, vinho, amor; por eles fiquei pobre. ■ Jogo,
mulher e bebida, casa perdida. ● Dives eram dudum;
fecerunt me tria nudum: alea, vina, Venus; tribus his
sum factus egenus. [Trench, Proverbs] VIDE: ● Alea,
vina, Venus, per quae sum factus egenus. ● Haec tria
perdunt hominem: vinum, femina, tesserae. ● Vinum,
mulier, tesserae: tria mala.
1255. Dives erit semper dure qui operatur in agro.
[Columbano] Sempre será rico quem trabalha duro no
campo.
1256. Dives est cui satis est quod habet. Rico é aquele a
quem basta o que tem.
1257. Dives est cui tanta possessio est, ut nihil optet
amplius. [Cícero, Paradoxa 6.2] É rico que possui tanto,
que nada mais deseja. ■ Rico é o que se contenta com
pouquito.
1258. Dives est qui nihil cupit. Rico é quem nada cobiça.
■ Rico é quem se contenta com o que tem. VIDE: ● Quis
dives? Qui nil cupiet. Quis pauper? Avarus.
1259. Dives est qui sibi nihil deesse putat. [DAPR 582]
Rico é aquele que julga que nada lhe falta. ■ Rico é
quem de nada precisa.
1260. Dives factus iam desiit gaudere lente. [Erasmo,
Adagia 2.8.36] Agora que está rico, já deixou de gostar
de lentilhas. (=Lentilha era considerada alimento de
pobre). VIDE: ● Lenticula diviti placere desiit.
1261. Dives iniuste egit, et fremet, pauper autem laesus
tacebit. [Vulgata, Eclesiástico 13.4] O rico agiu
injustamente e ameaça, mas o pobre ofendido se calará.
1262. Dives locutus est, et omnes tacuerunt. [Vulgata,
Eclesiástico 13.28] O rico falou, e todos se calaram.
1263. Dives marcescit quanto plus copia crescit.
[Trench, Proverbs] O rico, quanto mais cresce sua
riqueza, mais nervoso fica. ■ Quanto mais temos, mais
queremos. VIDE: ● Crescit amor nummi, quantum ipsa
pecunia crevit.
1264. Dives promissis. [Erasmo, Adagia 4.3.54] Um
homem rico em promessas. ■ Quem muito promete
pouco dá.
1265. Dives qui fieri vult, et cito vult fieri. [Juvenal,
Satirae 14.176] Esse quer ficar rico, e quer ficar rico
depressa.
1266. Dives semper eget, semper abundat inops.
[Medina 598] Ao rico sempre falta, ao pobre sempre
sobra. ■ Quem muito tem muito gasta; quem pouco tem,
o pouco lhe basta. ■ Mais arde o fogo quando tem mais
lenha.
1267. Dives sine liberalitate est ut arbor sine fructu.
[Erpênio / Rezende 1353] Rico sem generosidade é
como uma árvore sem fruto. ■ Rico avarento é árvore
sem fruto.
1268. Dives ubique placet, pauper ubique iacet.
[Rezende 1352] O rico agrada em toda parte; o pobre
em qualquer lugar é desprezado. ■ O rico em todo lugar
se deleita; o pobre em todo lugar se deita. VIDE:
● Pauper ubique iacet. ● Si quid habes, viges; sin
nihil, iaces.
1269. Dives vere est qui in Deo dives. Rico é quem é rico
em Deus.
1270. Dives, si desidiosus, pauper erit. [Publílio Siro] O
rico, se for preguiçoso, ficará pobre.
1271. Divide ut regnes. [Máxima de autor desconhecido,
atribuída a, entre outros, Luís XI, da França, e Catarina
de Médicis] Divide para governar. ■ Dividir para reinar.
● Divide ut imperes. ● Divide et impera. [Rezende
1354] ● Divide et regna. VIDE: ● Separa et impera. ● Si
vis regnare, divide.
1272. Dividit umbra diem. [Inscrição em quadrante solar]
A sombra divide o dia.
1273. Divina bonitas. A bondade divina.
1274. Divina natura dedit agros, ars humana aedificavit
urbes. [Varrão, De Re Rustica 3.1] A divina natureza
nos deu os campos, a arte humana construiu as cidades.
1275. Divina providentia potest efficere quidquid velit.
A providência divina pode realizar o que quiser. ■ A
Deus nada é impossível.
1276. Divinam legem esse fatum, per quod inevitabiles
cogitationes Dei atque incepta complentur. [Apuleio,
De Dogmate Platonis 1] O destino é a lei divina, pela
qual se cumprem os inevitáveis desígnios e
pensamentos de Deus.
1277. Divinatio erroris, et auguria mendacia, et somnia
malefacientium, vanitas est. [Vulgata, Eclesiástico
34.5] A adivinhação errônea, os agouros falsos e os
sonhos dos malfeitores são vaidade.
1278. Divinitus accidit. [Cícero, De Partitione 82,
adaptado] Aconteceu por milagre.
1279. Divinum dare, humanum accipere. [Divisa de
Francisco Gonzaga, de Mântua] Dar é divino, receber é
humano.
1280. Divinum ingenium plena crumena facit. [DAPR
582] A bolsa cheia torna o homem inteligente. ■ Não há
pobre sábio, nem rico tolo.
1281. Divinum opus est sedare dolorem. É uma tarefa
divina aliviar a dor. VIDE: ● Opus divinum est sedare
dolorem.
1282. Divisa minus sarcina fit gravis. Carga dividida fica
menos pesada.
1283. Diviserunt sibi vestimenta mea. [Vulgata, Salmos
21.19] Repartiram entre si os meus vestidos.
1284. Divisum sic breve fiet opus. [Marcial, Epigrammata
4.8] Assim dividida, a tarefa ficará mais leve. ■ Muitas
mãos tornam a obra leve.
1285. Divisus ignis exstinguetur celerius. [Publílio Siro]
O fogo dividido se extinguirá mais rápido. ■ Divide para
dominar.
1286. Divites magis a divitiis possidentur quam eas
possident. Os ricos antes são possuídos pelas riquezas
do que as possuem. ■ O avarento é guardião de sua
fortuna. VIDE: ● Divitiae non sunt avarorum, sed avari
sunt divitiarum.
1287. Divitiae addunt amicos plurimos. As riquezas nos
dão muitos amigos. ■ Quem é rico tem amigos. ■ A ricos,
sobejam-lhe amigos. ● Divitiae addunt amicos
plurimos; a paupere autem et hi quos habuit
separantur. [Vulgata, Provérbios 19.4] As riquezas
granjeiam muitos amigos; mas do pobre separam-se
mesmo aqueles que ele teve. VIDE: ● Amicos pecuniae
faciunt. ● Divitiae conciliant amicos.
1288. Divitiae amplae raro virtutis sunt comites. [João
Garcia / Rezende 1361] As grandes riquezas raramente
são companheiras da virtude.
1289. Divitiae bona ancilla, pessima domina. [Bacon,
Advancement of Learning 6.3] A riqueza é uma boa
criada, mas péssima senhora. ■ O dinheiro é um bom
escravo e um mau senhor.
1290. Divitiae conciliant amicos. [Rezende 1360] As
riquezas proporcionam amigos. ■ A ricos, sobejam-lhe
amigos. ■ Quem é rico tem amigos. VIDE: ● Divitiae
addunt amicos plurimos. ● Divitiae addunt amicos
plurimos; a paupere autem et hi quos habuit
separantur.
1291. Divitiae curas habent comites. [DAPR 581] As
riquezas têm as preocupações por companheiras. ■ A
riqueza cria inveja e ódio. ■ De muitos perigos nos livra
a falta de riqueza. VIDE: ● Crescentem sequitur cura
pecuniam. ● Misera est magni custodia census.
1292. Divitiae enim apud sapientem virum in servitute
sunt, apud stultum in imperio. [Sêneca, De Vita Beata
26.1] As riquezas servem ao sábio e governam o néscio.
1293. Divitiae fastum pariunt. Riqueza cria soberba.
■ Abundância cria arrogância.
1294. Divitiae grandes homini sunt vivere parce aequo
animo. [Lucano, De Rerum Natura 5.1118] A grande
riqueza do homem é viver parcimoniosamente, com o
espírito tranqüilo. ■ A economia é um grande
rendimento.
1295. Divitiae meae sunt, tu divitiarum es. [Sêneca, De
Vita Beata 22.5] A minha riqueza me pertence; tu
pertences à tua.
1296. Divitiae mutant mores, raro in meliores. [Rezende
1363] As riquezas modificam o caráter, raramente para
melhor. ● Divitiae mores mutant non in meliores.
[Walther 6112 / Tosi 999] VIDE: ● Mutantur mores,
cum comitantur opes.
1297. Divitiae non semper optimis contingunt. [Homero
/ Erasmo, Adagia 3.9.99] As riquezas nem sempre vão
para os melhores. ● Divitiae non semper optimis.
[Grynaeus 216]
1298. Divitiae non sunt avarorum, sed avari sunt
divitiarum. [S.Boaventura / Bernardes, Nova Floresta
1.497] As riquezas não pertencem aos avarentos, mas os
avarentos pertencem às riquezas. ■ O avarento é
guardião de sua fortuna. VIDE: ● Divites magis a divitiis
possidentur quam eas possident.
1299. Divitiae pariunt curas. [Binder, Thesaurus 824]
Riquezas geram preocupações.
1300. Divitiae salutis sapientia et scientia. [Vulgata,
Isaías 33.6] A sabedoria e a ciência serão as riquezas da
salvação.
1301. Divitiae si affluant, nolite cor apponere. [Vulgata,
Salmos 61.11] Se abundardes de riquezas, não queirais
pôr nelas o coração.
1302. Divitiae si non habentur, desiderio affligunt, si
habentur, cura metuque discruciant, si amittuntur,
maerore ac dolore conficiunt. [Demócrito / Schottus,
Adagialia Sacra 13] A riqueza, se não se tem, aflige
pelo desejo; se se tem, tortura pela preocupação e pelo
medo; se se perde, mata pela tristeza e pela dor.
1303. Divitiae te esurire cogunt. A riqueza te aumenta a
cobiça. ■ A riqueza, quanto mais tem, mais deseja. VIDE:
● Quid tibi divitiis opus est, quae esurire te cogunt?
1304. Divitiae trepidant, paupertas libera res est.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 24] A riqueza
treme de medo, mas a pobreza é livre.
1305. Divitiae ut impedimenta improbis, ita bonis sunt
adiumenta virtutis. [S.Agostinho, Homilia 8.8] As
riquezas, do mesmo modo que são obstáculos para os
maus, para os bons são auxílios da virtude.
1306. Divitiae virum faciunt. [Schrevelius 1184] A
riqueza faz o homem. ■ O dinheiro faz o homem inteiro.
1307. Divitiae vitii magis quam virtutis ministrae. A
riqueza ajuda mais ao vício que à virtude. ● Divitiae
vitiorum ministri. A riqueza é escrava dos vícios.
1308. Divitiarum et formae gloria fluxa atque fragilis
est, virtus clara aeternaque habetur. [Salústio,
Catilina 1] A glória da riqueza e da beleza é inconstante
e frágil; a virtude é considerada honrosa e imortal.
1309. Divitiarum exspectatio inter causas paupertatis
publicae erat. [Tácito, Annales 16.3] A expectativa de
riquezas estava entre as causas da pobreza do povo.
1310. Divitias alii praeponunt, bonam alii valetudinem,
alii potentiam, alii honores, multi etiam voluptates.
[Cícero, De Amicitia 6] Uns valorizam mais a riqueza,
outros a boa saúde, outros o poder, outros a glória,
muitos até os prazeres.
1311. Divitias animo iniustas attendere noli.
[Columbano] Não te dediques a obter riqueza desonesta.
1312. Divitias debes habere sub pedes, non super caput.
Deves ter tua riqueza debaixo do teus pés, não em cima
de tuda cabeça.
1313. Divitias fortuna, studium parit honores.
[Busarello 203] A sorte dá as riquezas; o esforço, a
glória.
1314. Divitias nec amare nimis nec spernere debes:
quamquam etenim nequeunt facere ac praestare
beatum, magna tamen vitae instrumenta gerendae.
(Antônio Muret] As riquezas, não deves amá-las
excessivamente, nem desprezá-las: embora elas não
possam nem criar nem garantir a felicidade, no entanto
são importante instrumento para administrar a vida.
1315. Divitias qui construxerit, clarus erit, fortis, iustus,
sapiens etiam et quidquid volet. [Horácio, Sermones
2.3.96] Aquele que acumular riqueza será sempre
ilustre, valoroso, justo, sábio e tudo que quiser. ■ Quem
tem dinheiro tem graça e amigos.
1316. Divitias sine divitis esse. [RH 4.20] Deixa que as
riquezas sejam do rico. ■ Quem tem terá.
1317. Divitiis alitur luxuriosus amor. [Ovídio, Remedia
Amoris 746] O amor voluptuoso se alimenta de
riquezas.
1318. Divitiis nullo quaerendis fine quiescunt mortales,
sit opum copia magna licet. [Walther 6140 / Tosi
1809] Os homens nunca se cansam de buscar riqueza,
por maior que seja a quantidade de seus bens. VIDE:
● Crescit amor nummi, quantum ipsa pecunia crevit.
1319. Divitis audita est cui non opulentia Croesi?
[Ovídio, Ex Ponto 4.3.37] Quem ainda não ouviu falar
da opulência do rico Creso?
1320. Divortium a toro. Separação do leito. (=Ato jurídico
de corte eclesiástica em que um casal casado obtém
separação eclesiasticamente reconhecida, mas não
anulação de casamento). VIDE: ● A mensa et toro.
● Separatio a mensa et toro.
1321. Divulgata atque incredibilia avide accepta sunt.
[Tácito, Annales 4.11.18] Os boatos e as coisas incríveis
são ouvidos com avidez.
1322. Divulgatio legis. [Jur] A promulgação da lei.
1323. Dixeris maledicta cuncta, cum ingratum hominem
dixeris. [Publílio Siro] Chamar um homem de ingrato é
tudo de mau que se pode dizer de alguém. VIDE:
● Ingratum si dixeris, omnia dixeris. ● Si ingratum
dixeris, omnia dixeris.
1324. Dixi Domino: Deus meus es tu, quoniam bonorum
meorum non eges. [Vulgata, Salmos 15.2] Eu disse ao
Senhor: Tu és o meu Deus, porque não tens necessidade
dos meus bens.
1325. Dixi omnia, cum hominem nominavi. [Plínio
Moço, Epistulae 4.22.4] Eu disse tudo, quando citei a
palavra homem.
1326. Dixi satis. [Plauto, Rudens 816] Eu disse o bastante.
1327. Dixi. Tenho dito. (=Expressão utilizada para indicar
o fim de um pronunciamento, ou que uma questão está
encerrada).
1328. Diximus pax, et non est pax; promisimus bona, et
ecce turbatio. Dissemos paz, e não há paz; prometemos
tranqüilidade, e eis tumulto. VIDE: ● Exspectavimus
pacem, et non erat bonum; tempus medellae, et ecce
formido. ● Exspectavimus pacem, et non est bonum;
et tempus curationis, et ecce turbatio.
1329. Dixisse me aliquando paenituit, tacuisse
nunquam. [Valério Máximo, Facta et Dicta
Memorabilia 7.2.6] De ter falado arrependi-me algumas
vezes; de me ter calado, nunca.
1330. Dixit Dominus. Disse-o o Senhor.
1331. Dixit insipiens in corde suo: non est Deus.
[Vulgata, Salmos 13.1;52.1] O insensato disse no seu
coração: não há Deus.
1332. Dixitque Deus: fiat lux. Et facta est lux. [Vulgata,
Gênesis 1.3] E disse Deus: faça-se a luz. E foi feita a
luz. VIDE: ● Fiat lux!
1333. Do ut des. Dou-te para que me dês. ■ Toma lá, dá cá.
1334. Do ut des; facio ut des; do ut facias; facio ut
facias. [Digesta 19.5.5, adaptado] Eu te dou para que tu
me dês; faço para que me dês; dou para que faças; faço
para que faças.
1335. Doce ac disce meliora. [Pítaco de Mitilene /
Rezende 1371] Ensina e aprende o melhor.
1336. Doce ut discas. Ensina, para aprenderes.
1337. Doceat qui didicit. [Erasmo, Adagia 5.1.84] Quem
aprendeu é que deve ensinar. ■ Quem não sabe não
ponha escola.
1338. Docendo, discimus. [Spalding, Guia Prático 116]
Ensinando, aprendemos. ● Docendo, discitur. [Rezende
1370; Spalding, Guia Prático 116] Ensinando, aprende-
se. VIDE: ● Bis discit qui docet. ● Cum docemus,
discimus. ● Dum docent, discunt. ● Homines, dum
docent, discunt. ● Homines discunt, dum docent.
● Qui docet, discit. ● Si vis scire, doce.
1339. Docendus est populus, non sequendus. [Papa
Celestino I, Ad Episcopos] O povo deve ser ensinado,
não seguido.
1340. Docent ut doceant, et discunt ut discant: hoc est,
occupantur ut occupentur. [Comenius, Machina
Didactica] (Os professores) ensinam para ensinar, e (os
alunos) estudam para estudar, isso é, eles se ocupam
para se ocupar.
1341. Doceri velle summa est eruditio. [Bernardes, Nova
Floresta 2.52] Querer ser ensinado é a maior sabedoria.
■ Querer aprender já é saber muito.
1342. Docet igitur nos ipsa natura quid oporteat fieri.
[RH 3.36] A própria natureza nos ensina o que é preciso
que seja feito.
1343. Docete me et ego tacebo. [Vulgata, Jó 6.24]
Ensinai-me, e eu me calarei.
1344. Dociles imitandis turpibus ac pravis omnes
sumus. [Juvenal, Satirae 14.40] Somos todos dóceis
imitadores das coisas torpes e falsas.
1345. Docilitas, memoria, appellantur uno ingenii
nomine, easque virtutes qui habent, ingeniosi
vocantur. [Cícero, De Finibus 5.36] A capacidade de
aprender e a memória são referidas pelo nome de
inteligência, e os que têm essas qualidades são
chamados de inteligentes.
1346. Docta ignorantia! [Nicolas de Cusa / Tosi 348] Que
ignorância erudita!
1347. Docti intellegent. [Vulgata, Daniel 12.10] Os sábios
compreenderão.
1348. Docti male pingunt. Os homens eruditos têm má
caligrafia.
1349. Docti rationem artis intellegunt, indocti
voluptatem. [Quintiliano, Institutio Oratoria 9.4.116]
Da arte, os homens cultos entendem a teoria, os
indoutos, o seu prazer.
1350. Doctior est domino bibliotheca suo. A biblioteca é
mais culta do que seu dono. VIDE: ● Haurit ille aquam
cribro, qui sine libro discit
1351. Doctiorem emendat. Está corrigindo um mais
avisado do que ele.
1352. Docto gubernatori nox metum parit. [Schottus,
Adagia 627] A noite cria medo no timoneiro experiente.
VIDE: ● Amat nox atra nauclero scio parere metum.
● Nox gubernatorem prudentem terret.
1353. Docto homini et erudito vivere est cogitare.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 5.38] Para um
homem estudioso e culto viver é pensar. VIDE: ● Cogito,
ergo sum. ● Vivere est cogitare.
1354. Doctor admirabilis. O professor admirável.
(=Alcunha atribuída a Roger Bacon).
1355. Doctor erat qualis, talis fit saepe scholaris.
[Werner] Como era o professor, assim muitas vezes fica
o aluno.
1356. Doctor erit magnus, factis qui, quod docet, implet.
[Columbano] Grande professor será aquele que realiza o
que ensina.
1357. Doctor in utroque iure. Doutor em ambos os
direitos. (=Doutor em direito civil e direito canônico).
● Doctor in utroque. VIDE: ● Iuris utriusque doctor.
1358. Doctrina confirmanda per opera. O que se ensina
deve ser confirmado pelos atos de quem ensina.
1359. Doctrina est fructus dulcis radicis amarae.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 40] O saber é
um fruto doce de uma raiz amarga. ■ Aprende chorando
e rirás ganhando. VIDE: ● Litterarum radices amarae,
fructus dulces. ● Litterarum radices amaras esse,
fructus iucundiores. ● Scientiae radices amarae sunt,
fructus dulces.
1360. Doctrina est ingenii naturale quoddam pabulum.
[Stevenson 1376] O estudo é uma espécie de alimento
natural da mente.
1361. Doctrina lucida, et vita tenebrosa. [Bernardo de
Claivaux] Ensinamento luminoso, mas vida tenebrosa.
■ Faze o que eu digo, mas não faças o que eu faço.
■ Mel nos beiços, fel no coração.
1362. Doctrina multo praestat auro. A ciência vale muito
mais que o ouro. ■ Mais vale saber que ter. VIDE:
● Doctrinam magis quam aurum eligite.
1363. Doctrina per malos, palmes in sepe: botrum
carpe, spinam cave. [S.Agostinho / Bernardes, Luz e
Calor 1.220.38] O ensinamento que vem pelos maus é
como a videira na cerca: colhe o cacho, evita o espinho.
■ O ruim pregando é vide entre silvas: colhamos o
cacho, mas guardemos a mão.
1364. Doctrina sed vim promovet insitam, rectique
cultus pectora roborant. [Horácio, Carmina 4.4.33] O
estudo desenvolve a força inata, e o exercício correto
fortifica o coração.
1365. Doctrinae cultus nemo spernit nisi stultus.
[Walther 6200 / Tosi 369] Só o ignorante despreza a
cultura. ■ Quem não sabe arte não na estima. [Camões,
Os Lusíadas, Canto V] VIDE: ● Ars non habet inimicum
nisi ignorantem. ● Artem non odit nisi ignarus. ● Nisi
ignorantes, ars osorem non habet. ● Scientia non
habet inimicum praeter ignorantem.
1366. Doctrinae multo praestat virtus. A virtude vale
mais do que o muito saber.
1367. Doctrinam magis quam aurum eligite. [Vulgata,
Provérbios 8.10] Preferi o conhecimento ao ouro. ■ Mais
vale saber que ter. VIDE: ● Doctrina multo praestat
auro.
1368. Doctum doces. [Plauto, Poenulus 878] Ensinas a
quem já sabe. ■ Ensinas padre-nosso ao vigário. VIDE:
● Memorem mones.
1369. Doctus cum libro. [Rezende 1374] Um erudito com
livro. (=Diz-se de pessoa sem idéias próprias, que só
repete o que leu).
1370. Doctus dico. Falo porque sei. VIDE: ● Expertus
loquor. ● Expertus dico. ● Non doctus dico, sed
expertus.
1371. Doctus nemo satis se didicisse putet. Nenhum
homem culto pense que já aprendeu o suficiente.
1372. Doctus novit indoctum, quia indoctus fuit; sed
indoctus non novit doctum, quia doctus non fuit.
[Erpênio / Rezende 1375] O sábio reconhece o
ignorante, porque foi ignorante; mas o ignorante não
reconhece o sábio, porque não foi sábio.
1373. Doctus sine opera, ut nubes est sine pluvia.
[Erpênio / Rezende 1376] Um erudito sem obras é como
nuvens sem chuva.
1374. Doctus spectare lacunar. [Juvenal, Satira 1.56] Um
especialista em olhar o teto. (=Um homem que finge
não ver o que ocorre à sua roda).
1375. Doctus sum damno meo. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 4.45.22] Aprendi à minha custa.
1376. Doctus usu. Uma pessoa experiente. VIDE: ● Aetate
et usu doctus.
1377. Docui te urinandi artem, et tu vis me demergere.
[Erasmo, Adagia 3.4.84] Eu te ensinei a arte de
mergulhar, e tu queres me afogar. ■ Por bem fazer, mal
haver. ● Docui te urinare, et tu submergere me vis.
[Apostólio 7.51] ● Docui te natandi artem, et tu me
vis demergere. [Binder, Medulla 355]
1378. Dolendum cuique non est quod multis accidit. O
indivíduo não deve sofrer com o que acontece a muitos.
■ Mal de muitos meu conforto é.
1379. Doli capax. [Jur] Capaz de intenção criminosa.
(=Diz-se de quem tem capacidade de distinguir entre o
certo e o errado).
1380. Doli forenses. Artifícios usados nas lides forenses.
VIDE: ● Artificia forensia. ● Stratagemata forensia.
1381. Doli incapax. [Jur / Broom 264] Incapaz de intenção
criminosa.
1382. Doli non doli sunt, nisi astu colas, sed malum
maximum, si id palam provenit. [Plauto, Captivi 155]
O ardil só é ardil se é executado com habilidade, mas é
a maior desgraça, se é descoberto.
1383. Dolia plena silent. Barris cheios não fazem barulho.
■ Panela vazia soa mais alto. ■ Cântaro vazio soa muito.
VIDE: ● Vasa inania multum strepunt.
1384. Dolia plena fluunt tibi; sed mihi vix sat aceti est.
[Schottus, Adagia 583] Para ti correm barris cheios, mas
para mim mal há vinagre que baste.
1385. Dolio figularem artem discere. [Pereira 99]
Aprender a arte do oleiro pelo barril. (=Começar pela
parte mais difícil). ■ Começar por onde os outros
acabam. VIDE: ● A dolio figulinam auspicaris. ● In
dolio figlinam discere. ● In dolio figlinam exercere.
● In dolio figularem artem discere. ● In dolio sic
figulus artem exerceat.
1386. Dolium inexplebile. [Schottus, Adagia 28] É um
barril que nunca fica cheio. ■ É um saco roto. ■ Bebe
como funil. ● Dolium Danaidum. ● Dolium pertusum.
VIDE: ● Danaidum dolium. ● Inexplebile dolium.
● Pertusum dolium.
1387. Dolo autem facere videtur qui id quod potest
restituere non restituit. [Digesta, Ulpiano 17.1.8.9]
Considera-se que age com dolo quem não restitui o que
pode restituir.
1388. Dolo illuditur dolus. É com engano que se
desmoraliza o engano. ■ Com esperto, esperto e meio.
■ Para maroto, maroto e meio.
1389. Dolo malo non videtur habere, qui iure suo utitur.
[Digesta 43.29.3.2] Considera-se que não retém algo
com dolo quem usa de seu direito.
1390. Dolo malo pactum se non servaturum. [Digesta
2.14.7.9] O que foi pactuado com fraude não se
manterá.
1391. Dolo pugnandum dum quis par non est armis.
[Walther 6249 / Tosi 256] Deve-se combater com ardis
quando se é inferior em armas. ■ Quem não pode
trapaceia. ■ Se não basta a pele de leão, põe uma de
raposa. ● Dolo erat pugnandum, cum par non esset
armis. [Cornélio Nepos, Hannibal 10] Era preciso
combater com astúcia, uma vez que era inferior em
armas. VIDE: ● Quo non pervenit leonis pellis, vulpina
assuenda est. ● Si in leonina sat haud sit pelle,
vulpinam adhibe. ● Si leonina non sufficit, vulpina
assuenda. ● Si leonina pellis non satis est, assuenda
est vulpina. ● Si leonina pellis non satis est, vulpina
addenda. ● Si leonina pellis non sufficerit, etiam
vulpinam assuito. ● Si leonina pellis non sufficit,
vulpinam adhibe. ● Si leonina pellis non sufficit,
vulpinam assume. ● Ubi deficiunt vires, astu
utendum. ● Ubi leonina pellis non pertingit,
assumenda est et vulpina. ● Ubi leonis pellis deficit,
vulpina induenda est. ● Ubi leonis pellis deficit,
vulpina insuenda est. ● Ubi leonis pellis deficit,
vulpinam induendam esse.
1392. Dolor animi nimio gravior est quam corporis.
[Publílio Siro] A dor do espírito é mais grave do que a
dor do corpo. ● Dolor animi multo gravior est quam
corporis dolor. ● Dolor animi multo gravior est quam
corporis. ● Dolor animi morbus gravior est quam
corporis. A dor do espírito é doença mais grave que a
dor do corpo.
1393. Dolor decrescit, ubi quo crescat non habet.
[Publílio Siro] A dor diminui quando não tem para onde
crescer.
1394. Dolor esse videtur acerrimus virtutis adversarius.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 5.27] A dor parece
ser o mais terrível inimigo da virtude.
1395. Dolor etiam venustos facit. [Plínio Moço, Epistulae
3.9.3] A dor faz até espirituosos.
1396. Dolor excitat iram. [Binder, Medulla 357] A dor
produz o ódio. VIDE: ● Nate, quis indomitas tantus
dolor excitat iras?
1397. Dolor gaudet in multos sua fata mitti. [Sêneca,
Troades 1014] A dor gosta que seus males sejam
atirados contra muitos. ■ Mal de muitos consolo é.
1398. Dolor imminet. Si exiguus est, feramus: levis est
patientia. Si gravis est, feramus: non levis est gloria.
A dor nos ameaça. Se é pequena, suportemo-la: nesse
caso o sofrimento é pequeno. Se é grande, suportemo-
la: a glória não é de pouco valor.
1399. Dolor in longinquitate levis, in gravitate brevis.
[Cícero, De Finibus 1.40] A dor, se é longa, é fraca, se é
forte, é breve.
1400. Dolor patientia vincitur. [DM 6] A dor se vence
com a paciência. ■ A paciência é ungüento para todas as
chagas. VIDE: ● Viriliter feras quae necesse est; dolor
enim patientia vincitur.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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D8: 1401-1600
1401. Dolor voluptatis comes. [Rezende 1382] A dor é
companheira do prazer. ■ O prazer está perto da dor.
VIDE: ● Gaudii comes maeror.
1402. Dolore repulsae crescit amor. Com a dor da recusa
cresce o amor. VIDE: ● Amor crescit dolore repulsae.
1403. Dolorem dies longa consumit. [Sêneca, Ad
Marciam 8.1] O tempo consome a dor. ■ O tempo tudo
cura. VIDE: ● Dies adimit aegritudinem.
1404. Dolori cuivis remedium est patientia. [DAPR 503]
A paciência é remédio para qualquer dor. ■ A paciência
abranda a dor. ■ A paciência é ungüento para todas as
chagas. VIDE: ● Cuivis dolori remedium est patientia.
● Patientia est remedium cuivis dolori.
1405. Dolori enim medetur una oratio. [Grynaeus 45]
Uma única frase cura uma dor.
1406. Doloris medicinam a philosophia peto. [Cícero,
Academica 1.3.11] Busco na filosofia o remédio da dor.
1407. Doloris medicus tempus. O tempo é o médico da
dor.
1408. Doloris omnis privatio recte nominata est
voluptas. [Cícero, De Finibus 1.11] Toda ausência de
dor é com razão chamada prazer.
1409. Dolosus versatur in generalibus. [Jur / Broom 240]
A pessoa que pretende enganar exprime-se sempre em
termos gerais. VIDE: ● Dolus latet in generalibus.
● Fraus latet in generalibus.
1410. Dolum ex insidiis perspicuis probari convenit.
[Codex Iustiniani2.20.6] Convém comprovar o dolo
resultante de artifícios evidentes.
1411. Dolus an virtus, quis in hoste requirat? [Virgílio,
Eneida 2.390] Se é astúcia ou coragem, quem
perguntará, tratando-se de um inimigo?
1412. Dolus apertus. [Jur] O dolo evidente.
1413. Dolus bonus. [Jur] Dolo bom. (=Sua finalidade é de
relevante valor social ou moral).
1414. Dolus bonus est quo malus pellitur. [Binder,
Thesaurus 836] É boa a astúcia com que se evita uma
maldade. VIDE: ● Bonus dolus, quo malus pellitur.
1415. Dolus dolo compensatur. [Jur] O dolo se compensa
com o dolo. VIDE: ● Fides violanti fidem non servanda.
● Frangenti fidem fides frangatur eidem.
● Frangentibus fidem fides non est servanda. ● Non
servanti fidem, fides non est servanda.
1416. Dolus est consilium alteri nocendi. [Jur] O dolo é a
intenção de fazer mal a outrem.
1417. Dolus est machinatio, cum aliud dissimulat, aliud
agit. [Jur / Black 606] O dolo é um artifício, uma vez
que finge fazer uma coisa e faz outra.
1418. Dolus et fraus, praesumi non debent. [Jur] Dolo ou
fraude não se devem presumir.
1419. Dolus latet in generalibus. [Jur / Black 606] A
fraude se esconde nas generalidades. VIDE: ● Dolosus
versatur in generalibus. ● Fraus latet in generalibus.
1420. Dolus malus. [Jur] Dolo mau. (=Tem por propósito
o ato ilícito).
1421. Dolus malus est, cum aliud simulatur, aliud
agitur. [Cícero, Topica 40] Ocorre dolo quando se
simula uma coisa e se faz outra.
1422. Dolus malus est omnis calliditas, fallacia,
machinatio ad circumveniendum, fallendum,
decipiendum alterum adhibita. [Digesta 4.3.1.2] Dolo
é toda astúcia, engano, maquinação empregada para
iludir, enganar, burlar a outrem.
1423. Dolus non praesumitur nisi probetur. [Jur] Não se
presume o dolo, a menos que se prove.
1424. Dolus omnimodo puniatur. [Digesta 44.4.11.1]
Que o dolo de todas as maneiras seja punido.
1425. Dolus praeponderat culpae. [Jur] O dolo
prepondera sobre a culpa.
1426. Dolus praesumitur in eo qui facit quod tenetur
non facere. [Jur] Presume-se dolo naquele que faz o
que tem obrigação de não fazer.
1427. Dolus ubi non adest, non est delictum poena
dignum. [Jur] Onde não há dolo, não ha delito digno de
punição.
1428. Dolus unius alteri nocere non debet. [Jur] O dolo
de um não deve prejudicar a outrem.
1429. Dolus velatus. [Jur] O dolo disfarçado.
1430. Domat atque subigit cuncta diligentia. [Antífanes /
Grynaeus 76] A diligência vence e disciplina tudo. ■ A
diligência é a mãe do bom êxito. VIDE: ● Donat atque
subigit omnia diligentia. ● Exercitatio potest omnia.
● Qui quaerit, invenit.
1431. Domat omnia virtus. O valor conquista tudo.
1432. Domesticis hostibus laboramus. Sofremos com os
inimigos internos. ■ Ódio de irmãos, ódio do diabo.
VIDE: ● Nec externis hostibus magis quam domesticis
laboramus.
1433. Domesticum thesaurum calumniari. [Manúcio,
Adagia 261; Pereira 101] Dizer mal do seu. ■ Degolar-
se com a própria mão. ● Domesticum thesaurum
calumniari turpe est. [Erasmo, Adagia 1.6.49] É uma
vergonha um homem falar mal das coisas de sua casa.
■ Quem diz mal do seu, mal calará o alheio. VIDE:
● Turpis avis proprium qui foedat stercore nidum.
1434. Domesticus testis. [Schottus, Adagia 494] Uma
testemunha da própria casa (=Diz-se de quem louva a si
e a suas coisas). ■ Quem gabará a noiva, senão o pai,
que a quer casar? VIDE: ● Testis ex ipsis aedibus.
1435. Domi. Em casa. VIDE: ● Ad domum.
1436. Domi bellique. Na paz e na guerra. ● Domi
duellique. VIDE: ● Domi militiaeque.
1437. Domi discordia, foris bellum. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 4.52] Em casa, a discórdia, fora, a guerra.
1438. Domi erat quod quaeritabam; sex sodales
repperi: Vitam, Amicitiam, Civitatem, Laetitiam,
Ludum, Iocum. [Plauto, Mercator 837] Estava em casa
o que eu buscava com afã; encontrei seis companheiros:
a Vida, a Amizade, a Pátria, a Alegria, o Prazer, o
Divertimento.
1439. Domi habuit unde disceret. [Terêncio, Adelphi
413] Teve em casa de quem aprender. ■ É filho de seu
pai. ■ Filho de gato mata rato.
1440. Domi leones, foras vulpes. [Aristófanes / Petrônio,
Satiricon 44.14] Em casa, leões; do lado de fora,
raposas. ● Domi leones, proelio vulpeculae. [Schottus,
Adagia 617] Em casa, leões, no combate, raposinhas.
● Domi leones, in pugna vulpes. [Dumaine 239] VIDE:
● Intra domus saevus est; foris mitis. ● In otio
tumultuosi, in bello segnes. ● In pace leones, in
proelio cervi. ● In praetoriis leones, in castris lepores.
1441. Domi manendum. [Erasmo, Adagia 3.9.44] Deve-se
ficar em casa.
1442. Domi manendum est, cuncta cui sint prospera.
[Grynaeus 221] Deve ficar em casa aquele a quem tudo
corre bem. ■ Quem está bem, deixe-se estar. ● Domi
manendum est, fata cui sunt prospera. [Manúcio,
Adagia 834] ● Domi manere convenit felicibus.
[Apostólio 14.17] ● Domi manere oportet belle
fortunatum. [Erasmo, Adagia 3.1.13] ● Domi manere
virum fortunatum decet. ● Domi manendum
fortunato est. VIDE: ● Si velit felicem agere vitam,
domi vivat.
1443. Domi manendum, sit vir ut felicior. [Schottus,
Adagia 617] O homem deve ficar na própria terra, para
ser mais feliz.
1444. Domi manere tutum. É seguro permanecer na
própria terra.
1445. Domi militiaeque. [Manúcio, Adagia 1396] Na paz
e na guerra. VIDE: ● Domi bellique. ● Domi duellique.
● In pace et bello.
1446. Domi suae quilibet rex. [Grynaeus 588] ■ Em sua
casa, cada qual é rei. VIDE: ● Omnis est rex in domo
sua. ● Quilibet est rex in domo sua. ● Quilibet est
tugurii rex, dominusque sui.
1447. Domi talpa, foris lynx. Em casa, toupeira; na rua,
lince. ■ O macaco vê o rabo da cutia e não vê o seu.
● Domi talpa, foris Argus. Em casa, toupeira; na rua,
Argos. VIDE: ● Foris Argus, domi talpa.
1448. Domina emax. [Rezende 1391] Mulher que tem
mania de comprar.
1449. Domina omnium et regina ratio. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.24] A razão é a senhora e
rainha de tudo.
1450. Domina pecunia omne negotium consummat in
curia. [VES 46] O senhor dinheiro resolve qualquer
negócio na cúria.
1451. Domina rerum humanarum fortuna. A sorte é a
senhora das coisas humanas.
1452. Dominam ancillari et ancillam dominari magna
abusio est. [S.Bernardo, Meditationes Piissimae 3.8] A
senhora servir e a criada governar é um grande abuso.
(=S.Bernardo se refere à alma como senhora e à carne
como criada).
1453. Dominamur ne crastino quidem. Não somos
senhores nem do nosso amanhã.
1454. Dominari ex parte est, cum superior supplicare
videtur. [Publílio Siro] É como termos um pouco de
poder sermos solicitados por um maior do que nós.
● Dominari ex parte dignoscitur, cum superior
supplicat.
1455. Dominari nequeat qui prius alicui servitutem
praebere denegat. [S.Agostinho, De Duodecim
Abusionum Gradibus / Tosi 984] Não poderá governar
quem antes se nega a servir. ■ Bem manda quem soube
obedecer. ■ É obedecendo que se aprende a mandar.
■ Quem não sabe servir, não sabe mandar. ■ Quem não
sabe sofrer, não sabe reger. VIDE: ● Bene imperat qui
bene paruit aliquando. ● Nemo bene imperat, nisi qui
paruerit imperio. ● Non bene imperat, nisi qui
paruerit imperio. ● Qui modeste paret, videtur qui
aliquando imperet, dignus esse. ● Qui bene imperat,
paruerit aliquando necesse est.
1456. Dominas suas canes imitantur. [Apostólio 18.15]
Os cães imitam suas donas. VIDE: ● Catulae dominas
imitantes.
1457. Dominatur occasio in omnibus rebus humanis,
maxime vero in bellicis. [Políbio / Rezende 1393] A
ocasião prevalece em todas as coisas humanas,
principalmente na guerra.
1458. Dominatus terrenorum commodorum in homine
omnis est. [Cícero, De Natura Deorum 2.152, adaptado]
O domínio dos bens terrenos está todo no homem.
1459. Domine Deus, memento mei. [Vulgata, Juízes
16.28] Senhor Deus, lembra-te de mim.
1460. Domine, dirige nos. [Divisa da Cidade de Londres]
Senhor, guia-nos.
1461. Domine, exaudi orationem meam. [Vulgata,
Salmos 101.2] Senhor, ouve a minha oração.
1462. Domine, exaudi vocem meam. [Vulgata, Salmos
129.2] Senhor, escuta a minha voz.
1463. Domine, labia mea aperies. [Vulgata, Salmos
50.17] Senhor, abrirás os meus lábios.
1464. Domine, ne in furore tuo arguas me. [Vulgata,
Salmos 6.2] Senhor, não me arguas no teu furor.
(=Inscrição em moeda inglesa).
1465. Domine, non sum dignus ut intres sub tectum
meum. [Vulgata, Mateus 8.8] Senhor, não sou digno de
que entres na minha casa.
1466. Domine, quid me vis facere? [Vulgata, Atos 9.6]
Senhor, que queres que eu faça?
1467. Domine, quo vadis? [Vulgata, João 13.36] Senhor,
aonde vais? VIDE: ● Quo vadis? ● Quo tu vadis? ● Quo
vadis, Domine? ● Quo agis?
1468. Domine, salva nos, perimus. [Vulgata, Mateus
8.25] Senhor, salva-nos, que perecemos.
1469. Domine, salvam fac reginam. Senhor, guarda a
rainha.
1470. Domine, salvam fac rempublicam. [De um hino
católico] Senhor, guarda nosso país.
1471. Domine, salvum fac regem. [Vulgata, Salmos 19.9]
Senhor, guarda o rei.
1472. Domine, salvum me fac. [Vulgata, Mateus 14.30]
Senhor, põe-me a salvo.
1473. Domine, serva nos in pace. [Divisa dos cantões de
Uric, Schwiz e Unterwalden, Suíça] Senhor, conserva-
nos em paz.
1474. Domine, si vis, potes me mundare. [Vulgata,
Mateus 8.2] Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
1475. Domini est terra et caelum. [Divisa] É do Senhor a
terra e o céu.
1476. Domini sit mihi sermo cibus. Sirva-me de alimento
a palavra do Senhor.
1477. Domini voluntas fiat. [Vulgata, Atos 21.14] Seja
feita a vontade do Senhor.
1478. Dominia rerum traditionibus transferuntur. [Jur]
O domínio das coisas se transfere pela entrega. VIDE:
● Traditionibus et usucapionibus dominia rerum
transferuntur.
1479. Dominica Palmarum. [Da liturgia católica]
Domingo de Ramos. ● Dominica in ramis palmarum.
1480. Dominium est ius in re corporali. [Jur] O domínio
é o direito sobre a coisa material.
1481. Dominium est ius utendi, fruendi, et abutendi re
sua, quatenus iuris ratio patitur. [Jur] Domínio é o
direito de usar, gozar e dispor de propriedade sua, até
onde a razão de direito o permite.
1482. Dominium nihil aliud est quam ius utendi re in
usum suum. [Jur] O domínio não é mais que o direito
de dispor de uma coisa para uso próprio.
1483. Dominium proprietatis est ius disponendi de re
tamquam sua, nisi lex, vel pactum obsistat. [Jur] O
domínio é o direito de dispor de uma coisa como sua, a
não ser que uma lei ou um contrato o impeça.
1484. Domino optimo maximo. Ao Senhor, que é muito
bom e muito grande. VIDE: ● Deo optimo maximo.
1485. Dominum ferre non potuimus, conservo
servimus! [Cícero, Ad Familiares 12.3] Não pudemos
suportar um senhor, e eis que somos escravos de um
companheiro de escravidão!
1486. Dominum servus, et dominam sequatur famula.
[Schrevelius 1174] Que o criado siga o patrão, e a
criada, a patroa.
1487. Dominus conservet eum! [Vulgata, Salmos 40.3]
Que o Senhor o guarde!
1488. Dominus custodiat introitum tuum, et exitum
tuum. [Vulgata, Salmos 120.8] O Senhor guarde a tua
entrada e a tua saída.
1489. Dominus dedit, Dominus abstulit, sicut Domino
placuit, ita factum est. Sit nomen Domini
benedictum. [Vulgata, Jó 1.21] O Senhor deu, o Senhor
levou; como agradou ao Senhor, assim se fez. Louvado
seja o nome do Senhor.
1490. Dominus dominorum est et Rex regum. [Vulgata,
Apocalipse 17.14] Ele é o Senhor dos senhores e o Rei
dos reis. VIDE: ● Rex regum, et Dominus dominantium.
1491. Dominus enim iudex noster, Dominus legifer
noster, Dominus rex noster, Ipse salvabit nos.
[Vulgata, Isaías 33.22] O Senhor é o nosso juiz, o
Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso rei; Ele
mesmo nos salvará.
1492. Dominus est: quod bonum est in oculis suis faciat.
[Vulgata, 1Samuel 3.18] Ele é o Senhor; faça o que for
agradável a seus olhos.
1493. Dominus habet oculos centum. O dono tem cem
olhos. ■ Ninguém vê melhor a fazenda do que seu dono.
■ O olho do dono engorda o cavalo. VIDE: ● Dominus
videt plurimum in rebus suis. ● Dominus videt
multum in rebus suis.
1494. Dominus habetur qui possidet, donec probatur
contrarium. [Jur] Considera-se dono quem tem a posse,
até prova em contrário.
1495. Dominus illuminatio mea. [Divisa da Universidade
de Oxford, Inglaterra] O Senhor é minha luz.
● Dominus illuminatio mea, et salus mea, quem
timebo? [Vulgata, Salmos 26.1] O Senhor é minha luz e
minha salvação: a quem temerei?
1496. Dominus litis. [Jur / Black 610] O dono da lide. (=A
pessoa diretamente interessada no processo).
1497. Dominus lux mea est. [Vulgata, Miquéas 7.8] O
Senhor é a minha luz.
1498. Dominus mihi adiutor. O Senhor é meu amparo.
● Dominus mihi adiutor: non timebo quid faciat mihi
homo. [Vulgata, Salmos 117.6; Hebreus 13.6] O Senhor
é meu sustentáculo: não temerei o que me possa fazer o
homem. VIDE: ● Deus mihi adiutor.
1499. Dominus misereatur eius! Que o Senhor se
compadeça dele!
1500. Dominus negotii. [Jur] O dono da empresa.
1501. Dominus novit cogitationes sapientium, quoniam
vanae sunt. [Vulgata, 1Coríntios 3.20] O Senhor
conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos. VIDE:
● Dominus scit cogitationes hominum, quoniam
vanae sunt.
1502. Dominus pauperem facit et ditat, humiliat et
sublevat. [Vulgata, 1Samuel 2.7] O Senhor é o que
empobrece e enriquece; ele abate e eleva.
1503. Dominus protector vitae meae; a quo trepidabo?
[Vulgata, Salmos 26.1] O Senhor é o defensor de minha
vida: de quem tremerei?
1504. Dominus providebit. [Divisa] O Senhor proverá.
VIDE: ● Deus providebit.
1505. Dominus regit me, et nihil mihi deerit. [Vulgata,
Salmos 22.1] O Senhor é meu pastor, e nada me faltará.
● Dominus pascit me: nihil mihi deest. O Senhor é
meu pastor: nada me falta.
1506. Dominus scit cogitationes hominum, quoniam
vanae sunt. [Vulgata, Salmos 93.11] O Senhor conhece
os pensamentos dos homens, que são vãos. VIDE:
● Dominus novit cogitationes sapientium, quoniam
vanae sunt.
1507. Dominus sit cum omnibus vobis. Que o Senhor
esteja com todos vós.
1508. Dominus solus dux eius fuit. [Vulgata,
Deuteronômio 32.12] Só o Senhor foi o seu guia.
1509. Dominus tecum. [Vulgata, Lucas 1.22] Que o
Senhor esteja contigo. VIDE: ● Deus tecum!
1510. Dominus videt plurimum in rebus suis. [Fedro,
Fabulae 2.8.27] Nos seus negócios, o dono vê muito
mais. ■ O olho do dono faz mais que suas mãos.
■ Ninguém vê melhor a fazenda que o dono. ● Dominus
videt multum in rebus suis. [Rezende 1408] Muito vê
o dono no que é seu. VIDE: ● Dominus habet oculos
centum.
1511. Dominus vivit et videt. [Divisa] O Senhor está vivo
e vê.
1512. Dominus vobiscum. [Vulgata, Rute 2.4] Que o
Senhor esteja convosco. VIDE: ● Deus vobiscum!
1513. Dominus vos in pace conservet. [S.Agostinho,
Epistulae 122] Que o Senhor vos conserve em paz.
1514. Dominus, fortitudo nostra. [Divisa do Cardeal D.
Joaquim Arcoverde] O Senhor é nossa fortaleza.
1515. Dominus, fortitudo plebis suae. [Vulgata, Salmos
27.8] O Senhor é a fortaleza do seu povo.
1516. Domitrix omnium patientia. [Binder, Medulla 362]
A paciência é a domadora de todas as coisas. ■ A
paciência é ungüento para todas as chagas.
1517. Domo iam combusta ad incendium
exstinguendum venire. Vir para apagar o incêndio
quando a casa já está queimada. ■ Cada arrombada,
trancas na porta. ■ Chegar ao atar das feridas.
1518. Domos pulchras aedificaveris, et habitaveris in
eis. [Vulgata, Deuteronômio 8.12] Tereis edificado
belas casas, e habitado em elas.
1519. Domum pusillam rem publicam esse
iudicaverunt. [Sêneca, Epistulae Morales 47.14]
Consideraram sua casa como um pequeno estado.
1520. Domum cum facis, ne relinquas impolitam.
[Hesíodo / Erasmo, Adagia 1.6.26] Já que fazes tua
casa, não a deixes inacabada. ● Domum quam facis, ne
relinquas impolitam. [Albertatius 384] Não deixes
inacabada a casa que constróis. ● Domum qui aedificat,
impolitam ne sinat. [Publílio Siro] Quem constrói sua
casa não a deixe inacabada. VIDE: ● Dimidium facti
perfectum dicere noli.
1521. Domum suam coercere plerisque haud minus
arduum est quam provinciam regere. [Tácito,
Agrícola 9, adaptado] Pôr em ordem a própria casa
geralmente não é menos difícil do que governar uma
província.
1522. Domum suam reficere unicuique licet, dum non
officiat invito alteri, in quo ius non habet. [Ulpiano,
Digesta 50.17.61] Cada um pode restaurar sua casa,
desde que não prejudique outra, sobre a qual não tem
direito.
1523. Domum tuam guberna. [Quílon / Rezende 1413]
Dirige tua casa.
1524. Domus aeterna. A casa eterna. (=A sepultura).
1525. Domus amica, domus optima. [Apostólio 14.12]
Minha casa é minha amiga, minha casa é a melhor casa.
● Domus amata, domus optima. [Dumaine 243]
● Domus cara, domus optima. [Schottus, Adagia 302]
1526. Domus avaritiae, domus tristitiae. Casa da avareza,
casa da tristeza.
1527. Domus cuique optimus est amicus. [Schottus,
Adagia 302] A casa de cada um é seu melhor amigo.
1528. Domus Dei. [Jur / Black 611] A casa de Deus.
(=Nome aplicado a hospitais e casas religiosas).
1529. Domus dominis aedificata est, non muribus. A
casa foi construída para seus donos, não para os ratos.
● Domus aedificatur hominibus, non muribus. É para
os homens, não para os ratos, que se constrói a casa.
VIDE: ● Domus pulchra dominis aedificatur, non
muribus.
1530. Domus et divitiae dantur a parentibus; a Domino
autem proprie uxor prudens. [Vulgata, Provérbios
19.14] Os pais dão casas e riquezas, porém o Senhor dá
propriamente uma mulher de prudência.
1531. Domus et placens uxor. [Horácio, Odes 2.14.21]
Uma casa e uma mulher agradável. VIDE: ● Linquenda
tellus, et domus, et placens uxor.
1532. Domus iuris consulti totius oraculum civitatis.
[Cícero, De Oratore 200] A casa do jurisconsulto é o
oráculo de toda a cidade.
1533. Domus mea domus orationis est. [Vulgata, Lucas
19.46] A minha casa é casa de oração.
1534. Domus optima. Uma casa muito boa.
1535. Domus Procerum. A casa dos nobres. (=A Casa do
Lordes, na Inglaterra). VIDE: ● Procerum domus.
1536. Domus propria, domus optima. [DAPR 149]
■ Casa própria, casa ótima. ■ Minha casinha, meu lar,
não há melhor lugar. ■ A própria morada a ninguém
desagrada. ■ Nossa casa, nossa brasa. VIDE: ● Est
dictum verum: privata domus valet aurum. ● Est
foculus proprius multo pretiosior auro. ● Privata
domus valet aurum. ● Propria domus omnium
optima. ● Proprius focus auro comparandus.
1537. Domus pulchra dominis aedificatur, non muribus.
[Cícero, De Natura Deorum 3.26] Constrói-se a casa
bonita para seus donos, não para os ratos. VIDE: ● Domus
dominis aedificata est, non muribus.
1538. Domus tutissimum cuique refugium atque
receptaculum sit. [Digesta 2.4.18] A casa é o refúgio e
o asilo mais seguro para cada um. ● Domus sua cuique
est tutissimum refugium. [Edward Coke / Black 611]
Para cada um sua casa é o abrigo mais seguro.
1539. Dona clandestina sunt semper suspitiosa. [Jur /
Broom 240] Os presentes dados às ocultas sãq sempre
suspeitos.
1540. Dona ingenii et fortunae proposita sunt omnibus.
[Publílio Siro] Os dons do espírito e da sorte são
oferecidos a todos.
1541. Dona inimicorum veneno illita sunt. Os presentes
dados pelos inimigos estão impregnados de veneno.
■ Dádiva de ruim a seu dono se parece. VIDE: ● Donum
inimicorum veneno illitum. ● Hostium dona non
dona, nec utilia. ● Hostium dona non sunt dona.
● Hostium munera non sunt munera. ● Hostium
munera, non munera. ● Inimicorum dona infausta.
● Laedit, iuvat nil improbi munus viri. ● Suspecta
malorum beneficia.
1542. Dona multum possunt. Dádivas têm muita força.
■ Dádivas quebrantam penhas. ■ Dádivas aplacam
homens e deuses.
1543. Dona naturae pro populo sunt. [Divisa da Ontario
Power Generation, Canadá] As dádivas da natureza são
para o povo.
1544. Dona praesentis cape laetus horae. [Inscrição em
quadrante solar] Colhe com alegria as dádivas da hora
presente. ● Dona praesentis cape laetus horae, linque
severa. [Horácio, Odes 3.8.27] Colhe com alegria as
dádivas da hora presente, foge das questões sérias.
1545. Dona praesentis rapit iactus horae. [Inscrição em
quadrante solar] A fuga da hora nos arrebata as dádivas
do presente.
1546. Dona sua coronat Deus, non merita tua.
[S.Agostinho, De Gratia et Libero Arbítrio 1.6.15] Deus
coroa suas dádivas, não teus méritos.
1547. Donare est perdere. [Rezende 1417] Doar é perder
(o domínio da coisa).
1548. Donari videtur quod nullo iure cogente
conceditur. [Papiano, Digesta 50.17.42] Considera-se
que é doado aquilo que se concede sem que lei alguma o
obrigue.
1549. Donat atque subigit omnia diligentia. A diligência
concede e conquista tudo. ■ A diligência é a mãe do bom
êxito. VIDE: ● Domat atque subigit cuncta diligentia.
● Exercitatio potest omnia. ● Qui quaerit, invenit.
1550. Donat cum egenus diviti, retia videtur tendere.
[Diogo de Teive / Camilo Castelo Branco, A Queda
dum Anjo, Dedicatória] Quando o pobre presenteia o
rico, parece estender-lhe armadilhas. ■ Quando o pobre
dá ao rico, o diabo ri.
1551. Donati non sunt ora inspicienda caballi. Não se
examina a boca do cavalo dado. ■ A cavalo dado não se
olham os dentes. ● Donato non sunt ora inspicienda
caballo. [Binder, Thesaurus 846] VIDE: ● Equi donati
dentes non inspiciuntur. ● Gratis quando datur
equus, os non inspiciatur, non contemnatur, si
morbidus. ● Noli equi dentes inspicere donati. ● Non
oportet equi dentes inspicere donati. ● Si quis dat
mannos, ne quaere in dentibus annos.
1552. Donatio inter vivos. [Jur / Black 611] Doação entre
vivos.
1553. Donatio mortis causa. [Jur / Black 611] Doação por
morte. VIDE: ● Causa mortis donatio.
1554. Donatio non praesumitur. [Jur / Black 612] A
doação não se presume.
1555. Donatio perficitur possessione accipientis. [Jur /
Black 612] A doação se completa com a posse do
recipiente.
1556. Donatio remuneratoria. [Jur / Black 611] Doação
remuneratória. (=Doação feita espontaneamente como
prêmio por serviços prestados).
1557. Donec ad metam. [Divisa de Grabrielle
d’Annunzio] Até atingir o objetivo.
1558. Donec eris felix, multos numerabis amicos.
Enquanto fores feliz, contarás muitos amigos.
■ Enquanto o ouro luz, os amigos são de truz. ■ Faze por
ter, vir-te-ão ver. ● Donec eris sospes, multos
numerabis amicos. ● Donec eris felix, multos
numerabis amicos; tempora si fuerint nubila, solus
eris. [Ovídio, Tristia 1.9.5] Enquanto fores feliz,
contarás muitos amigos; se os tempos forem nublados,
ficarás só. ■ Preso e cativo não tem amigo. ■ Amigos de
bom tempo mudam-se com os ventos. VIDE: ● Cum
fortuna perit, nullus amicus erit. ● Dum fervet olla,
fervet amicitia. ● Si fueris felix, multos numerabis
amicos. ● Si fortuna iuvat, multi numerantur amici;
si fortuna perit, nullus amicus erit. ● Tempore felici
multi numerantur amici; sed si fortuna perit, nullus
amicus erit.
1559. Donis vincitur omnis amor. [Tibulo, Elegiae
1.5.60] Com dádivas vence-se qualquer amor. ■ Dádivas
quebrantam penhas.
1560. Dono accepistis, dono date. [Schottus, Adagialia
Sacra 26] Dai de graça o que de graça recebestes. VIDE:
● Gratis accepistis, gratis date. ● Quae gratis
accepimus, gratis demus.
1561. Dono datio. [Jur / Black 505] Entrega como doação.
VIDE: ● Datio donandi animo.
1562. Donum hominis dilatat viam eius. [Vulgata,
Provérbios 18.16] O presente que um homem faz, abre-
lhe um dilatado caminho. ■ Dádivas quebrantam
penhas.
1563. Donum inimicorum veneno illitum. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 5.2] Dádiva de inimigos vem impregnada
de veneno. ■ Dádiva de ruim com seu dono se parece.
VIDE: ● Dona inimicorum veneno illita sunt.
● Hostium dona non dona, nec utilia. ● Hostium dona
non sunt dona. ● Hostium munera non sunt munera.
● Hostium munera, non munera. ● Inimicorum dona
infausta. ● Laedit, iuvat nil improbi munus viri.
● Suspecta malorum beneficia.
1564. Donum, qualecumque sit, non debet examinari.
Presente, qualquer que seja, não deve ser examinado.
■ Cavalo dado não se abre a boca. ● Donum
quodcumque dat aliquis, lauda. [Schottus, Adagia 64]
Elogia qualquer presente que te derem. ■ Bom é o que
Deus dá. ■ Quando te derem um porquinho, acode logo
com o baracinho. ● Donum quodcumque dat aliquis,
proba. [Erasmo, Adagia 4.1.15] Aprecia qualquer
presente que alguém te der. ● Donum quodcumque
probato. [Pereira 98] VIDE: ● Equi donati dentes non
inspiciuntur. ● Nihil recusandum, quod donatur.
1565. Doribus dorice loqui fas est. [Pereira 98] Dóricos
devem falar em língua dórica. ■ Cada um fala como
quem é.
1566. Dormiens nihil lucratur. Quem dorme, nada ganha.
■ Quem dorme, dorme-lhe a fazenda. ■ Quem dorme,
não pega peixe.
1567. Dormienti loquor. [Manúcio, Adagia 1259] Falo
com quem está dormindo. ■ Perco o meu latim. ■ Gasto
minha saliva à-toa.
1568. Dormienti vulpi cadit intra os nihil. [Walther 6293
/ Tosi 849] A raposa que dorme, nada lhe cai na boca.
■ Raposa que dorme não apanha galinha. VIDE: ● Dum
stertit cattus, nunquam sibi currit in os mus. ● Raro
lupi lenti praebentur fercula denti.
1569. Dormientibus bona non deferuntur. [Gaal 1370]
As coisas não chegam a quem dorme. ■ Quem dorme,
não apanha peixe. ■ A quem muito dorme, dorme-lhe a
fazenda.
1570. Dormientibus non succurrit ius. [Jur] O direito não
protege os que dormem. VIDE: ● Iura vigilantibus
subveniunt. ● Leges vigilantibus, non dormientibus,
subveniunt. ● Negotia vigilanter peragenda, quia ius
vigilantibus, et non dormientibus, favet.
● Vigilantibus, non dormientibus iura subveniunt.
● Vigilantibus, non dormientibus iura succurrunt.
1571. Dormientibus, ossa. Para quem está dormindo,
sobram os ossos. ■ Quem dorme, dorme-lhe a fazenda.
1572. Dormit aliquando ius; moritur nunquam. [Edward
Coke / Maloux 143] O direito às vezes dorme; nunca
morre. VIDE: ● Dormiunt aliquando leges, nunquam
moriuntur.
1573. Dormit in utramvis aurem quem cura relinquit.
[DAPR 132] Dorme tranqüilo aquele a quem a
preocupação abandonou. ■ Quem tem cuidados não
dorme. VIDE: ● In aurem utramvis dormire. ● In aurem
utramque dormire. ● In utramque dormit aurem.
● In utramvis dormire aurem.
1574. Dormit secure, cui non est functio curae. [Trench,
Proverbs] Dorme em segurança quem não tem cargo na
administração. ■ Quem não tem, não teme.
1575. Dormitat et Homerus. Até Homero (às vezes)
cochila. ■ Até o sábio se engana. VIDE: ● Aliquando
bonus dormitat Homerus. ● Aliquando dormitat et
Homerus. ● Interdum etiam bonus dormitat
Homerus. ● Quandoque bonus dormitat Homerus.
1576. Dormiunt aliquando leges, nunquam moriuntur.
[Jur / Black 613; Maloux 307] As leis às vezes dormem;
nunca morrem. VIDE: ● Dormit aliquando ius; moritur
nunquam.
1577. Dormivit cum patribus suis. [Vulgata, 3Reis 14.20]
Adormeceu com os antepassados. (=Morreu).
1578. Dorsus totus prurit. [Plauto, Miles Gloriosus 396]
Minhas costas todas estão comichando.
1579. Dos est magna parentium virtus. [Horácio,
Carmina 3.24.21] A virtude dos pais é um grande dote.
1580. Dosis minima. [Medicina] A menor dose.
1581. Dotata mulier virum regit. [DAPR 733] A mulher
rica governa o marido. ■ Em casa de mulher rica, ela
manda, ela grita.
1582. Dotem accepi, imperium perdidi. Aceitei um dote
e perdi o mando. ■ Em casa de mulher rica, ela manda,
ela grita. ● Dotem accepi, imperium vendidi. Aceitei o
dote, vendi o mando. VIDE: ● Argentum accepi dote,
imperium vendidi. ● Argentum accepi, imperium
perdidi.
1583. Dramatis personae. As personagens da peça de
teatro.
1584. Duabus nititur ancoris. [Apostólio 8.72] Está preso
em duas âncoras. ■ Está firme. ■ Está de pedra e cal.
● Duabus ancoris fultus. [Erasmo, Adagia 1.1.13] VIDE:
● Fortius astringunt duo vincula, simplice nodo.
● Mus non uni fidit antro. ● Navis tua fulta est
duabus ancoris.
1585. Duabus sellis sedet. [Sêneca Retórico,
Controversiae 3.189] Está sentado em duas cadeiras.
(=Diz-se de quem apóia ambas as partes em litígio).
1586. Duae negationes affirmant. [Giordano Bruno, Il
Candelaio 2.1] Duas negações são uma afirmação. VIDE:
● Negatio duplex est affirmatio.
1587. Duae res sunt conscientia et fama. Conscientia
tibi, fama proximo tuo. [S.Agostinho, Sermones
355.1] Consciência e reputação são duas coisas
diferentes. A consciência deve-se a ti, a reputação deve-
se ao teu vizinho.
1588. Duae res sunt, iudices, quae omnes ad maleficium
impellant, luxuries et avaritia. [RH 2.34] Duas coisas
há, juízes, que impelem todos ao crime: a luxúria e a
cobiça.
1589. Duarum civitatum civis esse nemo potest. [Cícero,
Pro Cornelio Balbo 28] Ninguém pode ser cidadão de
duas cidades.
1590. Duas linit parietes eadem fidelia. [J. Ray, English
Proverbs 145] Pinta duas paredes com o mesmo pincel.
■ Matar dois coelhos com uma só cajadada. ■ De uma
caminhada, fazer dois mandados. VIDE: ● Eadem filia
duos tibi generos parare vis. ● Unica filia duos
parare generos.
1591. Duas muscas uno ictu. (Matar) duas moscas de um
só golpe. ■ Matar dois coelhos com uma cajadada.
1592. Duas tantum res anxius optat: panem et circenses.
[Juvenal, Satirae 10.80] (O povo romano) tem apenas
dois desejos: pão e jogos circenses. VIDE: ● Panem et
circenses.
1593. Duas tibias uno spiritu animavit. [Apuleio, Florida
3.9] Com um sopro só tocava duas flautas. VIDE:
● Animare duas tibias uno spiritu.
1594. Duas uxores eodem tempore habere non licet.
[Institutiones 1.10.3] Não é permitido ter duas mulheres
ao mesmo tempo. VIDE: ● Neminem binas uxores
habere posse. ● Neque eadem duobus nupta esse
potest, neque idem duas uxores habere.
1595. Dubia in meliorem partem interpretari debent.
[Jur] As coisas duvidosas devem ter a interpretação
mais favorável.
1596. Dubia omnibus, ultima multis. [Inscrição em
relógio] (Esta hora é) incerta para todos e a última para
muitos.
1597. Dubia plus torquent mala. [Sêneca, Agamemnon
420] Os males incertos nos atormentam mais. ● Dubia
plus torquent quam mala. As incertezas nos
atormentam mais que os males.
1598. Dubia pro certis solent timere reges. [Sêneca,
Oedipus 699] Os reis costumam temer as coisas
duvidosas como se fossem certas.
1599. Dubiam salutem qui dat afflictis, negat. [Sêneca,
Oedipus 213] Quem dá aos infelizes uma salvação
incerta se recusa a salvá-los.
1600. Dubio natae de iure querelae. [Santeuil] Disputas
nascidas de duvidoso direito.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D9: 1601-1800
1601. Dubitando ad veritatem pervenimus. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.30.73] Levantando dúvidas,
chegamos à verdade. ■ Quem duvida mais aprende. ■ Da
discussão nasce a luz. ● Dubitando ad veritatem
venimus. VIDE: ● Dubium sapientiae initium.
1602. Dubito, ergo sum, vel, quod idem est, cogito, ergo
sum. [Descartes, Inquisitio Veritatis] Duvido, logo
existo, ou, o que é a mesma coisa, penso, logo existo.
VIDE: ● Cogito, ergo sum.
1603. Dubium apud me non est. Não tenho qualquer
dúvida.
1604. Dubium sapientiae initium. [Mota 188] ■ A dúvida
é o começo da sabedoria. ■ Quem mais duvida mais
aprende. ■ De nada duvida quem nada sabe. VIDE:
● Dubitando ad veritatem pervenimus. ● Dubitando
ad veritatem venimus.
1605. Dubius armorum exitus. O resultado da guerra é
duvidoso. ■ A guerra, sabe-se como começa, não se
sabe como termina. ● Dubius rerum eventus. [Amiano
Marcelino, Historia 27.10.7] O resultado dos
acontecimentos é imprevisível. VIDE: ● Anceps belli
casus. ● Anceps fortuna belli. ● Anceps belli exitus.
● Armorum exitus semper incerti, et timendi. ● Belli
exitus incertus. ● Bellorum exitus incerti. ● Eventus
belli varii. ● Fortuna belli fluxa. ● Mars dubius.
● Nusquam minus quam in bello eventus respondet.
● Varius et dubius est belli eventus.
1606. Dubius sum quid faciam. [Horácio, Sermones
1.9.40] Estou em dúvida sobre o que fazer.
1607. Duces caeci, excolantes culicem, camelum autem
glutientes. [Vulgata, Mateus 23.23] Guias cegos, que
coais o mosquito e engolis o camelo.
1608. Ducimus. [Divisa] Nós conduzimos.
1609. Ducis in consilio posita est virtus militum.
[Publílio Siro] O valor dos soldados depende da
estratégia do general.
1610. Ducit amor patriae. [Divisa] Guia-me o amor à
pátria.
1611. Ducito bovem volentem. [Schottus, Adagia 645]
Conduze o boi que quer ir. VIDE: ● Volentem bovem
ducito.
1612. Ductor dubitantium. Guia dos que têm dúvidas.
(=Título de livro de Jeremy Taylor, clérigo inglês que
viveu no século 17).
1613. Ducturo uxorem tua vende, et cautus ab illo, cui
citius astringit guttura funis, eme. [Rezende 1439]
Vende tuas coisas a quem vai casar-se, e, precavido,
compra daquele a quem logo a corda vai apertar a
garganta. ■ Vende a desposado e compra a enforcado.
1614. Ductus ab armento taurus detrectet aratrum.
[Ovídio, Ex Ponto 3.7.15] O touro, quando é retirado do
rebanho, recusará o arado. ■ O novilho não domado
recusa o arado.
1615. Ducunt volentem fata, nolentem trahunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 107.11] O destino guia quem lhe
obedece e arrasta quem lhe resiste. ■ Ninguém foge à
própria sorte. ■ O que há de ser azos há de ter. VIDE:
● Fata trahunt. ● Fata volentem ducunt, nolentemque
trahunt.
1616. Dulce bellum inexpertis. [Pereira 103] A guerra é
doce para os que não a experimentaram. ■ Doce é a
guerra para quem não andou nela. ■ Bem parece a
guerra a quem está longe dela. ● Dulce bellum
inexperto. [Apostólio 6.35] A guerra é doce para que
não a experimentou. ● Dulce bellum inexpertis,
expertus metuit. [Píndaro / Erasmo, Adagia 4.1.1] A
guerra é bela para os que não a conhecem; quem a
conhece tem medo dela. VIDE: ● Bellum dulce
inexpertis. ● Dulce haud expertis est bellum.
● Inexpertis enim dulcis est pugna. ● Maxime bellum
affectant, qui, quid sit bellare nunquam experti sunt.
1617. Dulce est desipere in loco. [Horácio, Carmina
4.12.28] É agradável perder o juízo no momento certo.
VIDE: ● Aliquando et insanire iucundum est. ● In loco
desipere dulce est.
1618. Dulce est dolorem reddere. [Sêneca, De Ira 2.32] É
agradável retribuir uma ofensa.
1619. Dulce est lucrum, profectum et a mendaciis.
[Sófocles / Schottus, Adagia 101] O ganho é agradável,
mesmo que resulte de mentiras. ■ Bem cheira o ganho,
donde quer que venha. ● Dulce est lucrum, profectum
et a mendacio. [Schottus, Adagia 623] O ganho é
agradável, mesmo que resulte de uma mentira. VIDE:
● Auri bonus est odor ex re qualibet. ● Dulcis odor
lucri ex re qualibet. ● Lucri bonus est odor ex re
qualibet. ● Lucrum pudori praestat.
1620. Dulce est miseris socios habuisse doloris. [Robert
Bland / Stevenson 1592] É agradável aos infelizes ter
tido companheiros de sofrimento. ■ Mal de muitos meu
conforto é. VIDE: ● Gaudium est miseris socios
habuisse poenarum. ● Solamen miseris socios
habuisse malorum.
1621. Dulce et decorum est pro patria mori. [Horácio,
Carmina 3.2.13] É doce e glorioso morrer pela pátria.
■ É doce morrer pela pátria. VIDE: ● Praemium vitae
mori pro patria.
1622. Dulce etiam fugias, fieri quod amarum potest.
[Publílio Siro] Foge da doçura que pode transformar-se
em amargura. ■ Não há mel sem fel.
1623. Dulce haud expertis est bellum. [Schottus, Adagia
601] A guerra é doce para os que não a conhecem.
■ Doce é a guerra para quem não andou nela. ■ Bem
parece a guerra a quem está longe dela. VIDE: ● Bellum
dulce inexpertis. ● Dulce bellum inexperto. ● Dulce
bellum inexpertis. ● Dulce bellum inexpertis,
expertus metuit. ● Inexpertis enim dulcis est
pugna.● Maxime bellum affectant, qui, quid sit
bellare nunquam experti sunt.
1624. Dulce in fundo. [Rezende 1451] O doce está no
fundo. ■ Depois do purgatório, a redenção. VIDE:
● Dulcia in fundo.
1625. Dulce lumen, et delectabile est oculis videre
solem. [Vulgata, Eclesiastes 11.7] A luz é doce, e é
coisa deleitável aos olhos o ver o sol.
1626. Dulce maerenti populus dolentum. [Sêneca,
Troades 1010] A quem sofre é agradável uma multidão
de sofredores. ■ Mal de muitos meu consolo é.
1627. Dulce mel vel suffocet. [Schottus, Adagia 393] Até
o mel, que é doce, pode sufocar.
1628. Dulce mori miseris, sed mors optata recedit.
[Maximiano, Elegiae 1] Para os desgraçados morrer é
agradável, mas, desejada, a morte se afasta.
1629. Dulce periculum est. [Horácio, Carmina 3.25.18] O
risco é atraente. ● Dulce periculum. [Divisa]
1630. Dulce pomum, cum abest custos. [Plutarco /
Erasmo, Adagia 4.4.92] É doce a fruta, quando o vigia
está longe. ■ Não há melhor bocado que o furtado.
● Dulce pomum, dum custos abest. ● Dulce pomum,
ubi defecerit custos. [Eiselein 32] VIDE: ● Absente
custode, dulce pomum est. ● Aquae furtivae dulciores
sunt. ● Custos ubi deest, dulce pomum est scilicet.
● Dulcia furta. ● Dulcia poma custode absente.
● Dulcia poma sunt, absente custode. ● Iucunda
poma, si procul custodia.
1631. Dulce puella malum est! [Ovídio, Amores 2.9.26] A
mulher é um doce mal!
1632. Dulce quod utile. [Divisa] O que é útil é agradável.
1633. Dulce sodalicium. Uma camaradagem agradável. A
camaradagem é agradável. VIDE: ● Fraternum vere
dulce sodalicium.
1634. Dulcem rem fabas facit esuries tibi crudas.
[Walther 6347 / Tosi 717] A fome transforma as tuas
favas cruas em coisa doce. ■ À fome não há pão duro.
■ Quem tem fome cardos come. ● Dulcescit faba
frigida, quando famescit. Fica doce a fava insípida,
quando se tem fome. VIDE: ● Anima esuriens et
amarum pro dulci sumet. ● Anima saturata calcabit
favum, et anima esuriens etiam amarum pro dulci
sumet. ● Animae esurienti etiam amara dulcia
videntur. ● Fabas indulcat fames. ● Famem efficere
ut crudae etiam fabae saccharum sapiant. ● Fames
ipsa iniucunda et molesta, tamen iucundum reddit
cibum, alioquin maxime asperum et invisum. ● Ori
dulcescit faba frigida, quando famescit.
1635. Dulces amorum insidiae. São doces as armadilhas
dos amores.
1636. Dulces moriens reminiscitur Argos. [Virgílio,
Eneida 10.782] Prestes a morrer, recorda-se da doce
Argos.
1637. Dulcia furta. [Virgílio, Georgica 4.246] Furtos
doces. VIDE: ● Dulce pomum, cum abest custos.
1638. Dulcia in fundo. O doce está no fundo. ■ Depois do
purgatório, a redenção. VIDE: ● Dulce in fundo.
1639. Dulcia mixta sunt amaris. [Marcial, Epigrammata
12.24.3] O doce está misturado ao amargo. ■ Não há mel
sem fel.
1640. Dulcia non meruit, qui non gustavit amara.
[Pereira 113] ■ Não merece o doce quem não provou do
amargo. ■ Não se ganham trutas a bragas enxutas.
● Dulcia non meruit, qui non gustavit amara; et qui
non doluit, illi sunt gaudia rara. Quem não provou do
amargo não merece o doce, e quem não sofreu tem
poucas alegrias.
1641. Dulcia non novit qui non gustavit amara. [DAPR
263] Não conhece o doce quem não provou o amargo.
■ Não sabe o que é doce quem nunca experimentou o
amargo. ■ Não gosta do doce quem não prova do
amargo. ■ Quem não sabe do mal não sabe do bem.
1642. Dulcia poma sunt absente custode. [Schottus,
Adagia 392] São doces as frutas, quando o vigia está
ausente. ■ Não há melhor bocado que o furtado.
● Dulcia poma custode absente. [Schottus, Adagia
206] VIDE: ● Absente custode, dulce pomum est.
● Custos ubi deest, dulce pomum est scilicet. ● Dulce
pomum, cum abest custos. ● Iucunda poma, si procul
custodia.
1643. Dulcia post acres summuntur vina dolores.
[Eiselein 308] Depois de dores agudas, tomam-se
vinhos doces. ■ Depois da tempestade, vem a bonança.
1644. Dulcia praefatur qui fallere praemeditatur.
[Binder, Thesaurus 856] Quem te quer enganar, te diz
palavras doces. ■ Quem te faz festa, não a soendo fazer,
ou te quer enganar, ou te há mister.
1645. Dulcia pro dulci, pro turpi turpia reddi verba
solent: odium lingua fidemque parit. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 37.31] A língua costuma
retribuir palavras doces com palavras doces, palavras
feias com palavras feias: a língua tanto pode gerar ódio
como lealdade.
1646. Dulcia quandoque amara fit. [Alciato, Emblemata
112] Às vezes, o que é doce fica amargo. ■ Não há bem
que sempre dure.
1647. Dulcibus est verbis mollis alendus amor. [Ovídio,
Ars Amatoria 2.1.152] O amor terno deve ser
alimentado com palavras doces. ● Dulcibus est verbis
alliciendus amor. [Binder, Medulla 373] O amor deve
ser conquistado com palavras doces.
1648. Dulcior est fructus post multa pericula ducta.
[Rabelais, Gargantua 3.41] É mais doce o fruto depois
de passados muitos perigos. ■ O que custa, lustra.
■ Doce é o tormento que traz contentamento. ● Dulcior
est semper, post magna pericula, fructus. [Stevenson
919] Depois de grandes perigos, é sempre mais doce o
fruto. VIDE: ● Carius est quidquid magna mercede
paratur. ● Quae venit ex tuto, minus est accepta
voluptas.
1649. Dulcior illa sapit caro, quae magis ossibus haeret.
[DAPR 143] Sabe mais doce a carne que mais se agarra
aos ossos. O que mais custa melhor sabe. ■ O que custa
é o que lustra.
1650. Dulciora super mel et favum. [Vulgata, Salmos
18.11] E são mais doces do que o mel e o favo.
1651. Dulcis amor patriae, dulce videre suos. [Sweet
193] É doce o amor à pátria; é doce ver os familiares.
1652. Dulcis domus. [Stevenson 1154] Doce lar.
1653. Dulcis est somnus operanti. [Vulgata, Eclesiastes
5.11] Doce é o sono do trabalhador. ■ Quem trabalha o
dia inteiro acha mole o travesseiro. ● Dulcis est
somnus operantis.
1654. Dulcis inexpertis cultura potentis amici: expertus
metuit. [Horácio, Epistulae 1.18.86] Para quem não tem
experiência, é agradável cultivar um amigo poderoso;
quem tem experiência tem medo. VIDE: ● Procul a Iove,
procul a fulmine.
1655. Dulcis iuventas. Os dias alegres de nossa juventude.
1656. Dulcis malorum praeteritorum memoria. [Publílio
Siro] É doce a lembrança dos males passados. ■ O que é
duro de passar é doce de lembrar. VIDE: ● Iucundi acti
labores. ● Meminisse dulce est quod fuit durum pati.
● Memoria dulcis iam peracti olim mali. ● Memoria
dulcis iam peracti incommodi. ● Quae durum fuit
pati, meminisse dulce est. ● Quae fuit durum pati,
meminisse dulce est. ● Quod durum fuit pati,
meminisse dulce est. ● Suavis laborum est
praeteritorum memoria. ● Suavis laborum post
salutem memoria est.
1657. Dulcis odor lucri ex re qualibet. É doce o cheiro de
vantagem, qualquer que seja a origem. ■ Bem cheira o
ganho, donde quer que venha. VIDE: ● Auri bonus est
odor ex re qualibet. ● Dulce est lucrum, profectum et
a mendaciis. ● Lucri bonus est odor ex re qualibet.
1658. Dulcis post laborem quies. É doce o descanso
depois do trabalho.
1659. Dulcius est aere pretiosum nomen habere. [Gaal
1187] Ter reputação valiosa é mais agradável que
dinheiro. ■ Mais vale boa nomeada que cama dourada.
VIDE: ● Fama pluris quam opes.
1660. Dulcius et attentius. Com mais amor e mais
atenção.
1661. Dulcius ex asperis. [Divisa] É mais doce o que se
consegue com dificuldade.
1662. Dulcius ex ipso fonte bibuntur aquae. As águas da
própria fonte bebem-se com mais prazer. VIDE: ● Gratius
ex ipso fonte bibuntur aquae. ● Gratius e dulci fonte
bibuntur aquae.
1663. Dulcius in terris nihil est quam fidus amicus. Na
terra nada há mais doce que o amigo leal. VIDE: ● In
mundo melius non est quam fidus amicus. ● Nec
quisquam melior medicus quam fidus amicus. ● Non
est thesaurus melior quam fidus amicus. ● Suavius in
terris nihil est quam fidus amicus. ● Utilius nihil esse
potest quam fidus amicus.
1664. Dum abbas apponit tesseras, ludunt monachi.
[DAPR 385] Enquanto o abade joga dados, os monges
se divertem. ■ Enquanto o gato anda pelo telhado,
andam os ratos pelo sobrado.
1665. Dum Adam agrum coleret et Eva neret, quis tunc
nobilis? [Bebel, Adagia Germanica] Quando Adão
cultivava o campo e Eva fiava, quem então era nobre?
■ Quando Adão cavava e Eva fiava, a fidalguia onde
estava? ■ Nobre sou – ai não! – pela costela de Adão.
1666. Dum aetatis ver agitur, consule brumae. Enquanto
dura a primavera da tua vida, prepara-te para o inverno.
1667. Dum aliis peto, mea commoda curo. [Branco 497]
Enquanto peço para os outros, cuido dos meus
interesses. ■ Pede o guloso para o desejoso.
1668. Dum alterum vitium devitat, incidit in alterum.
[Sêneca Retórico, Controversiae 7.4] Quando foge de
um vício, cai em outro. ■ Fugi do lodo, caí no arroio.
● Dum alterum vitium evitant, in alterum incidunt.
[Grynaeus 494] Quando fogem de um vício, caem em
outro. VIDE: ● Dum vitant stulti vitia, in contraria
currunt. ● Dum vitant stulti vitia, in contraria
innant.
1669. Dum anima est, spes est. [Stevenson 1170]
■ Enquanto há vida, há esperança. VIDE: ● Aegroto dum
anima est, spes est. ● Dum spiramus, speramus.
● Dum spiramus, speremus. ● Dum spiro, spero.
● Dum vita est, spes est. ● Dum vivis, sperare decet.
● Dum vivo, spero. ● Modo liceat vivere, est spes.
1670. Dum aureos montes pollicetur, nec aereum
nummum producit. Enquanto promete montanhas de
ouro, não mostra nem mesmo uma única moeda de
bronze. ■ Muito prometer é uma maneira de enganar.
■ Quem muito promete pouco dá.
1671. Dum bene se gesserit. [Jur / Black 628] Enquanto
tiver bom comportamento. VIDE: ● Ad vitam aut
culpam. ● Quamdiu se bene gesserit.
1672. Dum benefacta vigent, contraria quaeque
peribunt. [Pereira 114] Enquanto os favores prosperam,
os males perecerão. ■ O bem-fazer floresce, e todo o al
perece.
1673. Dum bibimus, dum serta, unguenta, puellas
poscimus, obrepit non intellecta senectus. [Juvenal,
Satirae 9.128] Enquanto bebemos, enquanto buscamos
flores, perfumes e garotas, a velhice se aproxima de nós
sem ser percebida.
1674. Dum canem caedimus, corrosisse dicitur corium.
[Bebel, Adagia Germanica / Eiselein 330] Quando
queremos matar o cão, dizemos que seu couro está
bichado. ■ Quem seu cão quer matar, de raiva lhe põe o
nome. VIDE: ● Male facere qui vult, nunquam non
causam invenit.
1675. Dum canis os rodit, socium quem diligit, odit.
[DAPR 261] Quando o cão rói o osso, odeia o
companheiro de quem gosta. ■ Cachorro de cozinha não
quer colega. ■ Dois galos não cantam num só terreiro.
■ Dois sóis não cabem no mundo. ● Dum canis os rodit,
sociari pluribus odit. [Stevenson 615] Quando o cão
rói o osso, odeia a companhia de outros.
1676. Dum caput aegrotat, omnia alia membra dolent.
[DAPR 124] Quando a cabeça está doente, todos a
outras partes (do corpo) padecem. ■ A cabeça manda os
membros. ■ Quando dói a cabeça, doem os membros
todos. ● Dum caput afflictum est, languent simul
omnia membra. [Bebel, Proverbia Germanica 268]
● Dum caput dolet, omnia alia membra dolent. ● Dum
caput dolet, cetera membra dolent. [Grynaeus 518]
VIDE: ● Cui caput infirmum, cetera membra dolent.
● Cum caput aegrotat, corpus simul omne laborat.
● Dum male pastori vadit, vadit male gregi. ● Dum
pastori male succedit, idem fit in detrimentum
gregis. ● Membra deficiunt cum caput deprimitur.
● Si caput doleat, cetera membra dolent. ● Si caput
dolet, omnia membra languent.
1677. Dum caput infestat, labor omnia membra
molestat. [Ray, English Proverbs 8] Quando a dor ataca
a cabeça, perturba todos os membros. ■ A quem dói a
cabeça, dói todo o corpo.
1678. Dum caret unguento, currus vadit pede lento.
Quando falta graxa, o carro avança em passo lento.
■ Quem seu carro unta seus bois ajuda. ■ Quem unta
amolenta. VIDE: ● Rota plaustri male uncta stridet. ● Si
non ungitur axis, tardius incoeptum continuatur iter.
● Unctus si fuerit currus, sine murmure vadit.
1679. Dum cupis illatum tibimet par solvere damnum,
absque tuo damno hocce caveto fore. [Aviano] Se
queres pagar na mesma moeda uma ofensa que te foi
feita, toma cuidado para fazê-lo sem prejuízo para ti.
1680. Dum deliberamus quando incipiendum sit,
incipere iam serum est. [Quintiliano, Institutio
Oratória 12.6.1] Enquanto consideramos quando
devemos começar, já é tarde para começar. ■ Pensando,
morreu o burro. ■ Enquanto disputam os cães, come o
lobo a ovelha. VIDE: ● Deliberando saepe perit occasio.
1681. Dum differtur, vita transcurrit. [Sêneca, Epistulae
Morales 1.3] Enquanto se procrastina, a vida passa.
■ Amanhã o carneiro perdeu a lã.
1682. Dum dives loquitur, verbum Salomonis habetur;
dum pauper loquitur, tunc barbarus esse videtur.
[Pensées d'Oxenstirn 1.173] Quando o rico fala, sua fala
é considerada como de Salomão; quando fala o pobre,
ele é considerado inculto.
1683. Dum docent, discunt. [Sêneca, Epistulae Morales
7.8] Quando ensinam, aprendem. VIDE: ● Cum docemus,
discimus. ● Docendo discitur. ● Docendo, discimus.
● Homines discunt, dum docent. ● Homines, dum
docent, discunt. ● Qui docet, discit. ● Si vis scire,
doce.
1684. Dum est vita grata, mortis condicio optima est.
[Publílio Siro] O melhor momento de se morrer é
enquanto a vida é agradável.
1685. Dum excusare credis, accusas. [S.Jerônimo,
Epistulae / CODP 88] Quando crês desculpar, acusas.
■ Quem se excusa se acusa. ● Dum excusare velis,
accusas. [Stevenson 720] Quando queres desculpar,
acusas.
1686. Dum fata fugimus, fata stulti incurrimus.
[Georgius Buchanan] Enquanto fugimos do destino,
nós, tolos, nos atiramos em seus braços.
1687. Dum fata sinunt, vivite laeti. [Sêneca, Hercules
Furens 177] Enquanto o destino permitir, vivei alegres.
1688. Dum felis dormit, mus gaudet et exsilit antro.
[Eiselein 366; DAPR 321] Enquanto o gato dorme, o
rato se alegra, e salta fora da toca. ■ Quando os gatos
não estão em casa, os ratos passeiam por cima da
mesa.
1689. Dum felis dormit, saliunt mures. [Rezende 1455]
Enquanto o gato dorme, dançam os ratos. ■ Enquanto
dormem os gatos, correm os ratos. VIDE: ● Felibus domo
absentibus, mures saltant. ● Mures fele absente
choreas ducunt.
1690. Dum femina plorat, decipere laborat. [Rezende
1456] Quando a mulher chora, procura enganar.
■ Lágrimas de mulher, têmpera de malícia.
1691. Dum ferrum candet, cudere quemque decet.
[Binder, Thesaurus 865] Enquanto o ferro está em brasa
é que convém malhá-lo. ■ Malhar no ferro é enquanto
está quente. ■ Bate-se o ferro enquanto está quente.
■ Quando o ferro estiver acendido, então é que há de
ser batido. ■ Assa-se o pão enquanto o forno está
quente. ● Dum ferrum candet, cudite. Enquanto o ferro
está em brasa, malhai-o. ● Dum ferrum candet,
tundito. Enquanto o ferro está em brasa, malha-o.
● Dum ferrum candet, cudendum est. ● Dum ferrum
calet, cudendum est. ● Dum ferrum ignitum,
cudendum est. [Bebel / Adagia Germanica] VIDE:
● Cum ferrum candet, cudere quemque decet. ● Dum
satis est calidum, debemus cudere ferrum. ● Ferrum
cudendum est dum candet in igne. ● Ferrum, cum
igni candet, tundendum. ● Ferrum, dum in igni
candet, cudendum est tibi. ● Ferrum dum in igne
candet cudendum est. ● Ferrum quando calet, cudere
quisque valet. ● Tundatur ferrum dum novus ignis
inest.
1692. Dum fervet olla, fervet amicitia. [Binder, Medulla
377] Enquanto ferve a panela, ferve a amizade.
■ Enquanto ferve a panela, floresce a amizade.
■ Enquanto há figos, há amigos. ■ Amigo de mesa não é
de firmeza. ● Dum fervet olla, vivit amicitia. [Bailey,
Divers Proverbs 9] Enquanto a panela ferve, vive a
amizade. VIDE: ● Donec eris felix, multos numerabis
amicos. ● Fervet olla, vivit amicitia.
1693. Dum fervet opus. [Jur / Black 628] Enquanto o
trabalho está fervendo. (=No calor da ação).
1694. Dum festino omnia celeriter percurrere, tardior
sum. [Platão, República / Medina 615] Quando me
apresso a fazer tudo velozmente, aí eu me atraso. ■ A
maior pressa é o maior vagar. ■ Apressado come cru.
VIDE: ● Qui nimium festinat, caldum edit. ● Qui
nimium properat, serius absolvit.
1695. Dum flavit velis aura secunda meis. [Ovídio, Ex
Ponto 2.3.26] Enquanto o vento favorável inflava
minhas velas. VIDE: ● Dum tulit antennas aura secunda
meas.
1696. Dum fortuna calet. [Lucano, Bellum Civile 7.734]
Enquanto a sorte está quente.
1697. Dum fortuna favet, parit et taurus vitulum. [Bebel
/ Binder, Thesaurus 866] Quando a sorte favorece, até o
touro pare vitelo. ■ Ao afortunado até os galos põem
ovos.
1698. Dum fortuna fuit. [Virgílio, Eneida 3.16] Enquanto
durou nossa boa sorte.
1699. Dum fortuna manet, vultum servatis, amici; cum
cecidit, turpi vertitis ora fuga. [Petrônio, Satiricon
80.9] Enquanto minha sorte dura, vós sorris para mim;
quando ela desmorona, virais o rosto em vergonhosa
fuga.
1700. Dum fugans canis mingit, fugiens lupus evadit.
[Binder, Thesaurus 867] Enquanto o cão perseguidor
mija, o lobo fugitivo escapa. ■ Enquanto mija o cão, vai-
se o lobo.
1701. Dum fugit umbra, quiescit. [Inscrição em
quadrante solar] Quando a sombra foge, o quadrante
repousa. ● Dum fugit umbra, quiesco. [Inscrição em
quadrante solar] Quando a sombra foge, eu repouso.
1702. Dum habeat, tum amet, ubi nihil habeat, alium
quaestum coepiat. [Plauto, Truculentus 213] Que ele
ame enquanto tiver dinheiro; quando nada tiver, tome
outra ocupação.
1703. Dum herba crescit, equus moritur. [Maloux 47]
■ Enquanto a erva cresce, o cavalo morre. ● Dum
gramen crescit, equus in moriendo quiescit. [CODP
121] Enquanto o capim cresce, o cavalo fica deitado
morrendo.
1704. Dum in dubio est animus, paulo momento huc vel
illuc impellitur. [Terêncio, Andria 266] Quando o
espírito está em dúvida, num instante inclina-se para um
lado ou para o outro.
1705. Dum inter homines sumus, colamus
humanitatem. [Sêneca, De Ira 3.43.5] Enquanto
vivemos entre seres humanos, cultuemos a civilidade.
1706. Dum iuvat, et vultu ridet fortuna sereno,
indelibatas cuncta sequuntur opes. [Ovídio, Tristia
1.5] Enquanto a fortuna nos favorece e nos sorri com
rosto sereno, tudo acompanha as riquezas intactas.
1707. Dum licet abire, profuge. [Sêneca, Medea 493]
Foge enquanto é possível.
1708. Dum licet fruere. [Inscrição em quadrante solar]
Aproveita enquanto podes.
1709. Dum licet fugere, ne quaere litem. Quando podes
fugir, não busques disputa. VIDE: ● Cum licet fugere, ne
quaere litem.
1710. Dum licet, et spirant flamina, navis eat. [Ovídio,
Fasti 4.18] Que a nau prossiga, enquanto for permitido,
e soprarem os ventos.
1711. Dum licet, inter nos laetemur amantes: non satis
est ullo tempore longus amor. [Propércio, Elegiae
1.19.25] Amemo-nos e alegremo-nos: o amor, por mais
longo que seja, nunca dura bastante.
1712. Dum loqui nescis, tacere non vales. Embora não
saibas falar, não consegues ficar calado. ■ Quem não
sabe falar não sabe calar. ● Dum loqui nescit, tacere
non valet. Embora não saiba falar, não consegue calar.
VIDE: ● Qui cum loqui non posset, tacere non poterat.
1713. Dum loquimur, fugit invida aetas. [Pereira 120]
Enquanto falamos, foge o cruel tempo. ■ Quem tem
tempo e tempo espera, tempo é que o demo leva. ● Dum
loquimur, fugerit invida aetas. [Horácio, Carmina
1.11.7] Enquanto falamos, terá fugido o cruel tempo.
1714. Dum loquitur, vernas efflat ab ore rosas. [Ovídio,
Fasti 5.194] Enquanto fala, sopra de sua boca rosas
primaveris.
1715. Dum loquor, hora fugit. [Ovídio, Amores 1.11.15]
Enquanto falo, o tempo se esvai. (=Sentença usada
como inscrição em quadrante solar] ● Dum loquor,
tempus fugit. ● Dum loquor, dies fugit.
1716. Dum luceam, peream. [Inscrição em vela]
Enquanto brilho, eu morro.
1717. Dum ludus bonus est, ipsum dimittere fas est.
[Binder, Thesaurus 871] Quando a brincadeira está boa,
convém parar com ela. ■ Jogo fogoso, jogo perigoso.
■ Burla com dano não acaba o ano. VIDE: ● Iocus dum
optimus, cessandum. ● Ludus bonus non sit nimius.
● Nunquam sunt grati qui nocuere sales.
1718. Dum male pastori vadit, vadit male gregi. [Bebel,
Adagia Germanica] Quando vai mal o pastor, vai mal o
rebanho. ■ Quando dói a cabeça, doem os membros
todos. VIDE: ● Dum caput aegrotat, omnia alia
membra dolent. ● Dum pastori male succedit, idem
fit in detrimentum gregis.
1719. Dum mea bursa sonat, hospes mihi fercula donat.
[Binder, Thesaurus 872] Quando minha bolsa soa, o
hospedeiro me dá comida.
1720. Dum nescis, proprio captus es laqueo.
[S.Jerônimo, Epistulae 22.6] Quando se ignora, a pessoa
é apanhada pelo seu próprio laço.
1721. Dum nos fata sinunt, oculos satiemus amore.
[Propércio, Elegiae 2.15.23] Enquanto a sorte nos
permitir, saciemos nossos olhos no amor.
1722. Dum novus errat amor, vires sibi colligit usu.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.339] Enquanto o novo amor
vaga, junta forças pela experiência.
1723. Dum novus est, potius coepto, pugnemus amori.
[Ovídio, Heroides 17] Resistamos ao amor, enquanto é
novo, de preferência no começo.
1724. Dum obsonium quaero, vestem perdidi. [Schottus,
Adagia 435] Enquanto busco comida, perdi a roupa.
■ Fui buscar lã e voltei tosquiado. VIDE: ● Obsonium
dum quaero, vestes perdidi. ● Obsonium quaerens,
tunicam amisi. ● Quaerens cibum, et vestem amisi.
● Quaerens obsonium, et vestem amisi. ● Quaerens
obsonium, et vestem perdidi. ● Quaerentes pecuniam
vestem perdiderunt.
1725. Dum parvus est hostis, interfice; nequitia elidatur
in semine. [S.Jerônimo, Epistulae 22.7] Enquanto o
inimigo é pequeno, destrói-o; seja a maldade esmagada
na semente.
1726. Dum pastores odia exercent, lupus intrat ovile.
[Grynaeus 494] Enquanto os pastores brigam, o lobo
entra no redil. ■ Enquanto disputam os cães, come o
lobo a ovelha.
1727. Dum pastori male succedit, idem fit in
detrimentum gregis. [Bebel, Adagia Germanica]
Quando vai mal o pastor, o mesmo acontece em
prejuízo do rebanho. ■ Quando dói a cabeça, doem os
membros todos. VIDE: ● Dum caput aegrotat, omnia
alia membra dolent. ● Dum male pastori vadit, vadit
male gregi.
1728. Dum pater orat natum, velut imperium
reputatur. Quando o pai pede ao filho, o pedido é
considerado ordem.
1729. Dum petis, illa fugit. Quid aspicis? Fugit.
[Inscrição em quadrante solar] Enquanto procuras (a
hora), ela foge. Que é que estás olhando? Ela fugiu.
1730. Dum pirum maturuit, decidit vel in caenum.
[Binder, Thesaurus 874] Quando a pera fica madura, cai
até na lama.
1731. Dum pluit molendum est. [Polydorus, Adagia]
Enquando chove, tratemos de moer. ■ Bate-se o ferro
enquanto está quente.
1732. Dum potes vive. [Divisa] Vive enquanto podes.
1733. Dum quaeris hora fugit. [Inscrição em quadrante
solar] Enquanto perguntas a hora, ela foge.
1734. Dum quid nescitur, quaerere quemque decet.
[DAPR 547] Quando não se sabe alguma coisa, o
correto é a pessoa perguntar. ■ Ninguém se envergonhe
de perguntar o que não sabe. VIDE: ● Cum quid
nescitur, quaerere quemque decet.
1735. Dum quis ditatur, animosior esse probatur.
[Binder, Thesaurus 875] Quando alguém fica rico, vê-se
que fica mais orgulhoso.
1736. Dum recens est, devorari decet. [Plauto, Pseudolus
1125] É bom comer enquanto está fresco.
1737. Dum reficis natos pane, flagella premant. [Pereira
97] Enquanto alimentas os filhos com pão, contenha-os
o chicote. ■ A filho e amigo, pão e castigo. ■ Quem dá o
pão dá o ensino. ■ Quem come do meu pão leva do meu
cinturão. ● Dum repascis natos pane, flagella
premant. ● Dum reficis natos pane, flagella premunt.
[Rezemde 1465] Enquanto alimentar teus filhos com
pão, a correia os contém.
1738. Dum respicimus versamusque nos, iam mortalitas
aderit. [Sêneca, De Ira 3.43.5] Enquanto olhamos para
trás e nos voltamos, a morte já chegará.
1739. Dum Romae consulitur, Saguntum expugnatur.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 21.7.1, adaptado]
Enquanto em Roma se delibera, Sagunto é tomada.
■ Enquanto disputam os cães, come o lobo a ovelha.
■ Quem muito fala pouco faz. ● Dum Roma deliberat,
Saguntum perit. VIDE: ● Deliberat Roma, perit
Saguntum. ● Roma deliberante Saguntum perit.
● Senatu deliberante, Saguntum perit.
1740. Dum saltat vetula, it fumus permultus in auras.
[Schottus, Adagia 583] Quando a velha dança, vai muita
fumaça pelo ar. (=Diz-se da pessoa que, tendo grande
habilidade, é extremamente ativa). ■ Muito pode a velha
para o seu moinho. VIDE: ● Anus saltans multum
excitat pulverem. ● Anus saltat. ● Anus subsultans
multum excitat pulveris. ● Anus ubi plaudere coepit,
magnum excitat pulverem. ● Pulverem anus pedibus
plaudens multam excitat omnis.
1741. Dum satis est calidum, debemus cudere ferrum.
[Binder, Thesaurus 865] Quando o ferro está bem
quente é que devemos malhá-lo. ■ Malhar no ferro é
enquanto está quente. ■ Bate-se o ferro enquanto está
quente. VIDE: ● Dum ferrum candet, cudere quemque
decet.
1742. Dum satis putant vitio carere, in id ipsum
incidunt vitium quod virtutem carent. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 2.4.9] Enquanto consideram
suficiente não ter defeito, eles têm um defeito, que é não
ter qualidades.
1743. Dum satur est venter, gaudet caput inde libenter.
[Binder, Thesaurus 876] Quando a barriga está farta, a
cabeça também se alegra. ■ Barriga cheia, cara alegre.
■ Bem canta Marta, depois de farta. VIDE: ● Cum satur
est venter, cantat quicumque libenter.
1744. Dum scalpit caput, dum distendit nervos, dum
oscitat, tota abit hora. [Erasmo, Colloquia 8] Enquanto
coça a cabeça, enquanto relaxa os nervos, enquanto
boceja, passa uma hora inteira.
1745. Dum se pacem velle simulant, acta nefaria
defendunt. [Cícero, Ad Atticum 14.15.2] Enquanto
fingem querer a paz, praticam atos criminosos.
1746. Dum speras, servis, cum sint data praemia sensis.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 43] Tuas
esperanças te escravizam, porque subornam teus
sentimentos.
1747. Dum spiramus, speramus. [Stevenson 1170]
Enquanto respiramos, temos esperança. Enquanto há
vida, há esperança. ■ Enquanto se vive, se tem
esperança. ■ De esperança vive o homem até a morte.
● Dum spiramus, speremus. Enquanto respiramos,
tenhamos esperança. ● Dum spiro, spero. [Binder,
Medulla 384] Enquanto respiro, tenho esperança.
(=1.Uma das divisas do Estado de Carolina do Sul,
EUA. 2.Inscrição em moeda inglesa). ● Dum spirat,
sperat. Enquanto respira, tem esperança. VIDE:
● Aegroto dum anima est, spes est. ● Dum anima est,
spes est. ● Dum vita est, spes est. ● Dum vivo, spero.
● Dum vivis, sperare decet. ● Modo liceat vivere, est
spes.
1748. Dum stertit cattus, nunquam sibi currit in os mus.
[Bebel, Proverbia Germanica 460] Enquanto dorme o
gato, nunca lhe corre rato para dentro da boca. ■ Raposa
que dorme, não apanha galinha. VIDE: ● Dormienti
vulpi cadit intra os nihil.
1749. Dum sunt matura, pira sunt breviter ruitura.
Quando estão maduras, as peras não demoram a cair.
■ A pera, quando madura, há de cair. ■ A peixe fresco,
gasta-o cedo; e tendo tua filha crescido, dá-lhe marido.
VIDE: ● Cum pirum maturescit, decidit vel in caenum.
● Cum sunt matura, pira sunt ruitura. ● Pira, dum
sunt matura, sponte cadunt.
1750. Dum suppetit vita, enitamur, ut mors quam
paucissima quae abolere possit inveniat. [Plínio
Moço, Epistulae 5.5.8] Enquanto nos sobra vida,
esforcemo-nos para que a morte encontre o menos
possível para destruir.
1751. Dum tacent, clamant. [Rezende 1468] Quando
calam, gritam. ■ O seu silêncio fala alto. ■ Silêncio
também é resposta. VIDE: ● Cum tacent, clamant.
1752. Dum tacet insipiens, sapiens tantisper habetur.
[Binder, Thesaurus 879] Enquanto o tolo fica calado,
durante esse tempo ele é tido por sábio. ■ Tolo calado
por sábio é reputado. ■ Burro calado por sábio é
contado. ● Dum tacet insipiens, sapiens in plebe
putatur. Enquanto o tolo fica calado, é considerado
sábio entre o povo. VIDE: ● Est tacens qui invenitur
sapiens. ● Intellegis me esse philosophum?
Intellexeram, si tacuisses. ● Quando tacet stolidus,
prudenti corde putatur. ● Sapiens est, qui tacere
novit. ● Si tacuisses, philosophus mansisses. ● Sile et
philosophus esto. ● Stultitiam dissimulare non potes,
nisi taciturnitate. ● Stultus quoque si tacuerit,
sapiens reputabitur. ● Stultus tacebit: pro sapiente
habebitur. ● Taciturnitas stulto homini pro sapientia.
● Tunc sapient stolidi, cum fuerint taciti.
1753. Dum tela micant. [Lucano, Bellum Civile 7.321]
Enquanto faíscam as espadas.
1754. Dum tempus habemus, operemur bonum ad
omnes. [Vulgata, Gálatas 6.10] Enquanto temos tempo,
obremos bem para todos.
1755. Dum tua res agitur, alienae curae deses ne
committas. [Branco 156] Quando se tratar de teu
interesse, de preguiça não confies a cuidado alheio.
■ Quem tem boca não manda soprar. ■ Quem quer vai;
quem não quer manda.
1756. Dum tulit antennas aura secunda meas. [Ovídio,
Tristia 5.12.40] Enquanto ventos favoráveis sopraram
nas minhas velas. (=Enquanto a sorte me foi favorável).
VIDE: ● Dum flavit velis aura secunda meis.
1757. Dum umbra fugit, homo transit, at Deus est.
[Inscrição em quadrante solar] Quando a sombra foge, o
homem passa, mas Deus permanece.
1758. Dum viget stomachus, omnia vigent. [Rezende
1470] Enquanto funciona o estômago, tudo funciona.
■ Barriga cheia, cara alegre.
1759. Dum vinum intrat, exit sapientia. [Bebel,
Proverbia Germanica] Quando entra o vinho, sai o
juízo. ■ Onde entra o beber, sai o saber. VIDE: ● Cum
vino intrat, exit sapientia. ● Insanire facit sapientes
copia vini. ● Quando venit potus, cessat sermo quasi
totus. ● Vino intrante, foras subito sapientia vadit.
1760. Dum virent genua. [Horácio, Epodon 13.4]
Enquanto os joelhos têm vigor. (=Enquanto temos
saúde).
1761. Dum vires annique sinunt, tolerate labores: iam
veniet tacito curva senecta pede. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.669] Enquanto o permitem as forças e a
idade, suportai os trabalhos; logo virá a recurvada
velhice com seu passo silencioso.
1762. Dum vita est, spes est. ■ Enquanto há vida, há
esperança. ■ Enquanto se vive, se tem esperança. ■ De
esperança vive o homem até a morte. VIDE: ● Aegroto
dum anima est, spes est. ● Dum anima est, spes est.
● Dum spiramus, speramus. ● Dum spiramus,
speremus. ● Dum spiro, spero. ● Dum vivis, sperare
decet. ● Dum vivo, spero. ● Modo liceat vivere, est
spes.
1763. Dum vitant stulti vitia, in contraria currunt.
[Horácio, Satirae 1.2.24] Os tolos, quando evitam um
vício, caem num vício oposto. ■ Fugi do lodo, caí no
arroio. ● Dum vitant stulti vitia, in contraria innant. .
VIDE: ● Dum alterum vitium devitat, incidit in
alterum. ● Dum alterum vitium evitant, in alterum
incidunt.
1764. Dum vitat humum, nubes et inania captet.
[Horácio, Ars Poetica 230] Enquanto evita a terra,
apanha nuvens e vazios. ● Dum vitat humum, nubes et
inania captat. [S.Jerônimo / Erasmo, Chiliades 9]
1765. Dum vito fumum, flammam in ipsam decido.
[Grynaeus 493] Ao evitar a fumaça, caio no próprio
fogo. ■ Fugi do fumo, caí no fogo. ■ Saltou das brasas e
caiu nas labaredas. ■ Fugindo ao fogo, caiu nas brasas.
■ Saiu de um atoleiro e meteu-se em outro. ● Dum vito
fumum, cecidi in ignem fervidum. [Schottus, Adagia
613] Ao evitar a fumaça, caí no fogo forte. VIDE:
● Fugientes fumum in ignem incidimus. ● Fumum
fugiens, in ignem incidi. ● Fumum fugi, in ignem
incidi. ● Incidit in flammas, cupiens vitare favillas.
● Qui fugit patellam, cadit in prunas.
1766. Dum vivimus, discimus. Enquanto vivemos,
aprendemos. ■ Vivendo, aprende-se. ● Dum vivimus,
discamus. Enquanto vivemos, aprendamos. VIDE:
● Consenesco cotidie addiscens aliquod.
1767. Dum vivimus, vivamus. [Máxima dos epicuristas /
Rezende 1475] Enquanto estamos vivos, aproveitemos a
vida.
1768. Dum vivis, sperare decet. [Carmina Priapea 81.1]
Enquanto vives, convém teres esperança. ■ Enquanto há
vida, há esperança. ■ Enquanto se vive, se tem
esperança. ■ De esperança vive o homem até a morte.
● Dum vivo, spero. [Divisa] Enquanto vivo, tenho
esperança. VIDE: ● Aegroto dum anima est, spes est.
● Dum anima est, spes est. ● Dum spiramus,
speramus. ● Dum spiramus, speremus. ● Dum spiro,
spero. ● Dum vita est, spes est. ● Modo liceat vivere,
est spes.
1769. Dum vivit, hominem noveris, ubi mortuus est,
quiescat. [Plauto, Truculentus 164] Conhecerás o
homem enquanto vive; quando morto, que ele descanse.
■ Aos mortos, sepultura, e aos vivos, soltura.
1770. Dum vivo prosum. [Divisa] Enquanto vivo, sou útil.
1771. Dum vixi, bibi libenter: bibite vos, qui vivitis!
[Inscrição em túmulo] Enquanto vivi, bebi com prazer:
bebei também vós que viveis.
1772. Dum vixi, vixi quomodo condecet ingenuum, quod
comedi et ebibi tantum meum est. [Inscrição em
túmulo / Tosi 578] Enquanto vivi, vivi como convém a
um bem nascido, e só é meu o que comi e bebi.
1773. Dummodo sit dives, barbarus ipse placet. [Ovídio,
Ars Amatoria 2.276] Desde que seja rico, até um
bárbaro agrada. ■ Dê-me Deus marido rico, ainda que
seja um burrico.
1774. Duo corpora non possunt simul esse in eodem
loco. [S.Tomás de Aquino, Summa Theologiae 67] Dois
corpos não podem, ao mesmo tempo, estar no mesmo
espaço.
1775. Duo cum cuperes, neutrum es consecutus.
[Apostólio 7.41] Como desejaste duas coisas, não
conseguiste nenhuma. ■ Quem corre atrás de duas
lebres, nenhuma apanhará.
1776. Duo cum faciunt idem, non est idem. Quando duas
pessoas fazem a mesma coisa, não é a mesma coisa.
■ Cada um é um. ● Duo cum faciunt idem, saepe non
est idem. [Binder, Medulla 386] Quando dois fazem a
mesma coisa, muitas vezes não é a mesma coisa. ● Duo
cum idem faciunt, saepe ut possis dicere: hoc licet
impune facere huic, illi non licet. Non quo dissimilis
res sit, sed quo is qui facit. [Terêncio, Adelphi 823]
Quando duas pessoas fazem a mesma coisa,
freqüentemente poderás dizer: a este é permitido fazer
isso impunemente, àquele não é permitido. Não porque
a coisa seja diferente, mas porque é diferente quem a
faz. VIDE: ● Aliis si licet, tibi non licet. ● Cum duo
faciunt idem, non est idem. ● Idem duo cum faciunt,
non tamen est idem.
1777. Duo cum sint, tu tria vides. [Schottus, Adagia 416]
Embora sejam dois, tu vês três. ■ Isto é muito tresler.
VIDE: ● E duobus tria vides.
1778. Duo lupi, et duo equi una pascuntur, duo leones
non item. [Apostólio 12.21] Dois lobos comem juntos,
dois cavalos também, mas dois leões não.
1779. Duo non possunt in solido unam rem possidere.
[Jur / Broom 359] Duas pessoas não podem ter a posse
completa de uma coisa. VIDE: ● Duorum in solidum
dominium vel possessio esse non potest.
1780. Duo oculi plus vident quam unus. [Pontanus,
Poeticarum Institutionum Líber Primus] ■ Mais vêem
dois olhos do que um. VIDE: ● Cernere plus uno lumina
bina queunt. ● Duo oculi plus vident quam unus.
● Longius ille videt, qui multis spectat ocellis. ● Magis
vident oculi quam oculus. ● Oculi plus vident quam
oculus. ● Plura oculi quam oculus cernunt. ● Plura
oculos quam oculum cernere. ● Plus vident oculi
quam oculus. ● Unus vir non omnia videt. ● Unus vir
haud cernit omnia.
1781. Duo quae maxima putantur onera, paupertatem
et senectutem. [Cícero, De Senectute 5.14] Estes dois
são considerados os maiores fardos: a pobreza e a
velhice. ■ A pobreza é um fardo, a velhice um hóspede
inoportuno. VIDE: ● Maxima putantur onera paupertas
et senectus. ● Senectus atque paupertas, duo sunt
vulnera immedicabilia.
1782. Duo si idem dicunt, non idem sentiunt. Se duas
pessoas dizem a mesma coisa, não sentem a mesma
coisa. ■ Cada cabeça, cada juízo. ● Duo si idem dicunt,
non est idem.
1783. Duo simul viventes ad intellegendum et agendum
plus valent quam unus. Para entender e agir, duas
pessoas juntas podem mais que uma só. ● Duo simul
viventes intellegere et agendum magis possunt.
1784. Duobus dominis ne servias. Não servirás a dois
senhores. ■ Ninguém pode servir a dois senhores. VIDE:
● Deficit ambobus, qui vult servire duobus. ● Nemo
potest dominis pariter servire duobus. ● Nemo potest
duobus dominis servire. ● Nemo servus potest
duobus dominis servire. ● Nemo simul dominis par
est servire duobus. ● Utiliter servit nemo duobus eris.
1785. Duobus litigantibus, tertius gaudet. [Binder,
Thesaurus 885] Quando dois brigam, alegra-se um
terceiro. ■ Quando dois brigam, um terceiro tira
proveito.
1786. Duobus malis resistere, difficillimum. [Erasmo,
Adagia 3.8.78] Resistir a duas desgraças é muito difícil.
■ Contra dois, nem Hércules.
1787. Duobus modis fit iniuria: aut vi aut fraude. [Jur]
A injustiça se faz de dois modos: ou pela força, ou pela
fraude. VIDE: ● Iniuria duobus modis fit: vi et fraude.
1788. Duobus pedibus fugere. [Grynaeus 237] Fugir com
os dois pés. (=Fugir a toda pressa). ■ Fugir a vela e a
remo. VIDE: ● In pedes se dare.
1789. Duodecim aerumnas Herculis tenes? [Petrônio,
Satiricon 48] Lembras-te dos doze trabalhos de
Hércules?
1790. Duodecim artium homo. [Albertatius] O homem
dos doze ofícios. ■ É o homem dos sete instrumentos.
1791. Duodecim sunt horae diei. [Albertatius 385] São
doze as horas do dia. ■ Mudam os tempos, mudam os
pensamentos. ■ Mudam as horas, mudam os homens.
VIDE: ● Nonne duodecim sunt horae diei?
1792. Duodecima hora aedificare. [Rezende 1477]
Construir na décima segunda hora. (=Conseguir alguma
coisa quando já não há tempo para dela usufruir).
■ Ninho feito, pega morta. VIDE: ● Duodecima hora
aedificare cepisti. Começaste a construir na décima
segunda hora.
1793. Duorum in solidum dominium vel possessio esse
non potest. [Digesta 13.6.5.15] Não pode existir
domínio ou posse integral de duas pessoas. VIDE: ● Duo
non possunt in solido unam rem possidere.
1794. Duos fures non alit unus saltus. [Binder, Medulla
387] Uma única mata não sustenta dois assaltantes.
1795. Duos insequens lepores neutrum capit. [Erasmo,
Adagia 3.3.36] Quem persegue duas lebres não pega
nenhuma. ■ Quem corre a duas lebres, não apanha
nenhuma. ■ Quem duas lebres caça, uma perde, a outra
passa. ● Duos qui sequitur lepores neutrum capit.
VIDE: ● Ad duo festinans, neutrum bene peregeris.
● Lepores duos qui insequitur, is neutrum capit.
● Lepores duos insequens neutrum capit. ● Qui binos
lepores una sectabitur hora, uno quandoque,
quandoque carebit utroque. ● Qui binos lepores una
sectabitur hora, non uno saltem, sed saepe carebit
utroque. ● Qui duos insectatur lepores, neutrum
capit. ● Qui duos lepores sequitur, neutrum capit.
● Qui duos sectatur lepores, neutrum capiet. ● Qui
simul duplex captat commodum, utroque frustratur.
● Si binas sectere feras, neutra potieris.
1796. Duos linis parietes. Tu caias duas paredes.
■ Acendes uma vela a Deus e outra ao diabo. VIDE:
● Duos parietes inungis.
1797. Duo parietes de eadem fidelia dealbare. [Cícero,
Ad Familiares 7.29] Caiar duas paredes com a mesma
lata de cal. ■ Servir a Deus e ao diabo. ■ Matar dois
coelhos duma cajadada. VIDE: ● Ex una fidelia duos
parietes dealbare.
1798. Duos parietes inungis. [Schottus, Adagia 410]
Pintas as duas paredes. (=Evitas tomar partido em
disputa). ● Duos parietes candefacis. ● Duos parietes
illinis. [Apostólio 7.40] VIDE: ● Utrosque parietes
linere.
1799. Duplex fit bonitas, si simul accessit celeritas.
[Publílio Siro] A bondade se duplica, se, ao mesmo
tempo, acontece a rapidez. ■ Dá duas vezes quem de
pronto dá. ● Duplex fit bonitas, si simul accesserit
celeritas. ● Duplicatur bonitas, simul si accessit
celeritas. VIDE: ● Beneficium celeritas gratius facit.
● Beneficium egenti bis dat, qui dat celeriter. ● Bis
dat qui cito dat. ● Gratissima sunt beneficia, ubi
nulla mora fuit. ● Inopi beneficium bis dat qui dat
celeriter. ● Plus dat qui in tempore dat. ● Plus dat qui
tempore dat.
1800. Duplicis sententiae vir. [Schottus, Adagia 60] Um
homem de duas palavras. ● Duplex vir.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D10: 1801-1862
1801. Dupliciter peccat, qui se de crimine iactat.
[Eiselein 584] Erra duas vezes quem se gaba do seu
erro. ■ Duas vezes é tolo quem faz mal e o apregoa. VIDE:
● Geminat peccatum, quem delicti non pudet.
1802. Duplum quam alii vident, qui litteras didicerunt.
Os que estudaram vêem o dobro que os outros.
● Duplum cernunt, qui litteras didicerunt. Os que
estudaram vêem o dobro.
1803. Dura domina cupiditas. A cupidez é uma senhora
insensível.
1804. Dura domina iracundia. A ira é uma senhora rude.
1805. Dura est antiqua cum consuetudine pugna.
[Binder, Thesaurus 890] É dura a luta com o costume
antigo.
1806. Dura iustitia, gratior est venia. A punição é coisa
dura; o perdão é mais agradável. ■ Perdoar as injúrias é
a mais nobre vingança.
1807. Dura lex, sed lex. [Rezende 1480] A lei é dura, mas
é a lei. ■ Lei é lei. VIDE: ● Durum est, sed ita lex scripta
est. ● Lex quamvis dura servanda est. ● Lex quamdiu
dura servanda est.
1808. Dura licet faba denti sic salus esurienti.
[Stevenson 1198] A fava, embora dura, é a salvação do
dente faminto. ■ Quem tem fome cardos come. VIDE:
● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
1809. Dura necessitas. A cruel necessidade. A necessidade
é cruel. VIDE: ● Dira Necessitas.
1810. Dura satis miseris memoratio prisca bonorum.
[Maximiano, Elegiae 1.291] É bastante duro para os
desventurados lembrarem-se da antiga prosperidade.
■ Tristeza sobre alegria, dobrada fadiga.
1811. Dura sicut infernus aemulatio. [Vulgata, Cântico
8.6] O zelo do amor é inflexível como o inferno. VIDE:
● Crudelis sicut infernus zelotypia.
1812. Dura tamen molli saxa cavantur aqua. [Ovídio,
Ars Amatoria 1.476] Embora sejam duras, as pedras são
furadas pela água mole. ■ Água mole em pedra dura
tanto dá, até que fura. VIDE: ● Decidens scabrum cavat
unda tophum. ● Gutta cavat lapidem. ● Gutta cavat
lapidem, consumitur anulus usu. ● Longa dies molli
saxa peredit aqua.
1813. Dura usu molliora fiunt. As coisas difíceis, com a
prática, ficam mais fáceis.
1814. Dura veritas, sed veritas. Verdade dura, mas
verdade.
1815. Durae mammae sanum illud esse testatur. [Celso,
De Medicina 2.7.16] Seios firmes (na mulher grávida)
atestam que (o feto) é saudável.
1816. Durante absentia. [Jur / Black 639] Durante a
ausência. Enquanto durar a ausência.
1817. Durante bene placito. [Jur / Black 639] Enquanto
durar a satisfação do concedente. (=A expressão opõe-
se a quamdiu se bene gesserit).
1818. Durante dolore. Enquanto permanecer a dor.
1819. Durante minore aetate. [Bacon, Henricus Septimus
7.9] Durante a menoridade.
1820. Durante viduitate. [Jur / Broom 142] Durante a
viuvez. Enquanto durar a viuvez.
1821. Durante vita. [Jur / Black 639] Enquanto houver
vida. Durante a vida.
1822. Durat opus vatum. [Ovídio, Amores 3.9.29] A obra
dos poetas é duradoura.
1823. Durate atque exspectate cicadas. [Juvenal, Satirae
9.69] Sede pacientes e esperai a volta das cigarras.
■ Tempos melhores virão.
1824. Durate, et vosmet rebus servate secundis.
[Virgílio, Eneida 1.207] Sede pacientes, e reservai-vos
para os dias favoráveis.
1825. Durent in laetitia, volent in tristitia. [Inscrição em
quadrante solar] Que as horas durem na alegria, e
passem voando na tristeza.
1826. Duris dura frango. [Rezende 1484] Quebro o duro
com o duro. ● Duris dura franguntur. O duro se
quebra com o duro. VIDE: ● Patientia dura frango.
1827. Durissimae cervicis sis populus. [Vulgata,
Deuteronômio 9.6] Tu és um povo de cerviz duríssima.
1828. Duritia silicis nullis magis quam ferientibus nota
est. [Sêneca, De Vita Beata 27.3] A dureza da pedra a
ninguém é mais conhecida do que aos que nela batem.
1829. Durius in terris nihil est quod vivat amante.
[Propércio, Elegiae 2.16.9] Nada há que viva na terra
mais cruel do que uma namorada.
1830. Duro flagello mens rectius docetur. [Grynaeus
211] A cabeça aprende melhor com duras penas. ■ Siso
em prosperidade raramente se acha. ■ Bolsa vazia e
casa acabada fazem o homem sisudo, mas tarde. VIDE:
● Durum flagellum est paedagogus ingenii. ● Graves
casus docent rectissime. ● Nocumentum,
documentum.
1831. Duro nodo durus quaerendus est cuneus. [DAPR
483] Para um nó duro deve-se buscar uma cunha dura.
■ A pão duro, dente agudo. ■ Para velhaco, velhaco e
meio. ■ Um prego empurra outro. ■ A lima lima a lima.
VIDE: ● Cuneus cuneum trudit. ● Malo arboris nodo,
malus cuneus requirendus. ● Malo nodo, malus
quaerendus cuneus. ● Quaerendus cuneus est malus
trunco malo.
1832. Duros vincit patientia casus. A paciência vence a
sorte adversa. ■ A paciência é ungüento para todas as
chagas. ● Duros vincit constans patientia casus.
1833. Durum ad nutum alterius ambulare. É duro andar
sob a vontade de outrem. VIDE: ● Durum tibi videtur ad
nutum alterius ambulare, et omne proprium sentire
omottere.
1834. Durum apud amentes prudenti multa profari.
[Apostólio 4.56] É desagradável ao homem ajuizado
falar muito entre insensatos. ■ Deus me dê contenda com
quem me entenda. VIDE: ● Molestum est sapientem
apud stultos loqui.
1835. Durum durum destruit. [DAPR 264] O duro
destrói o duro. ■ Duro com duro não faz bom muro.
VIDE: ● Durum et durum non faciunt murum. ● Mons
cum monte non miscetur. ● Testa colliditur testae.
1836. Durum est lambere mel super spinas. É duro
lamber o mel quando ele está em cima de espinhos.
1837. Durum est me tibi quod petis negare. [Marcial,
Epigrammata 8.76.7] A mim, é duro negar-te o que
pedes.
1838. Durum est natare contra impetum fluminis.
[Bebel, Adagia Germanica] É duro nadar contra a
corrente do rio. ■ Contra a força não há resistência.
1839. Durum est negare, superior cum supplicat.
[Publílio Siro] É difícil negar, quando alguém maior do
que nós faz um pedido. ■ Rogos de rei mandados são.
■ Rogo de grande mandamento é. ● Durum est
denegare superiori, cum debeas supplicare. É difícil
recusar ao mais forte, quando se precisa suplicar.
1840. Durum est omnibus placere. [James Kelly /
Stevenson 1810] É difícil agradar a todos. ■ Ninguém
pode agradar a todos. VIDE: ● Difficile omnibus
placere. ● In vanum laborat qui omnibus placere
contendit.
1841. Durum est tibi contra stimulum calcitrare.
[Vulgata, Atos 9.5; 26.14] Dura coisa é para ti
recalcitrar contra o aguilhão. VIDE: ● Adversus stimulos
calces iaces. ● Calcitrare contra acumina. ● Contra
stimulum calcitrare. ● Contra stimulos calces iacere.
● Inscitia est adversum stimulum calces. ● Ne contra
stimulum calcitres.
1842. Durum est, sed ita lex scripta est. [Ulpiano,
Digesta 40.9.12.1] É duro, mas assim está escrita a lei.
VIDE: ● Dura lex, sed lex. ● Ita lex scripta est. ● Quod
quidem perquam durum est, sed ita lex scripta est.
1843. Durum et durum non faciunt murum. [Burton,
The Anatomy of Melancholy 71] Duro e duro não
fazem muro. ■ Duro com duro não faz bom muro. ■ Dois
bicudos não se beijam. VIDE: ● Durum durum destruit.
1844. Durum et indomitum cor. [S.Tomás de Aquino,
In Lucam 8.2] Coração duro e indomável. VIDE: ● Cor
hominum indomitum.
1845. Durum etiam facilem facit assuetudo laborem.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 70] A prática
torna fácil até o trabalho pesado.
1846. Durum flagellum est paedagogus ingenii.
[Grynaeus 211] A calamidade é o professor do talento.
■ A necessidade faz o sapo pular. ■ Mais ensina a
necessidade que dez anos de universidade. ● Durum
flagellum est paedagogus ingens. A calamidade é um
grande professor. VIDE: ● Artis magistra necessitas.
● Duro flagello mens rectius docetur. ● Mater artium
est necessitas. ● Graves casus docent
rectissime.● Necessitas artis magistra. ● Necessitas
magistra. ● Nullus praestantior doctor est
necessitate.
1847. Durum! sed levius fit patientia quidquid corrigere
est nefas. [Horácio, Carmina 24.19] É duro! Mas fica
mais leve pela paciência tudo aquilo que não se pode
modificar. ■ O que não pode al ser deves sofrer. VIDE:
● Feras, non culpes, quod mutari non potest.
● Optimum est pati quod emendare non possis.
1848. Durum telum necessitas. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 4.28.5] A necessidade é uma arma cruel. VIDE:
● Ingens telum necessitas.
1849. Durum tibi videtur ad nutum alterius ambulare,
et omne proprium sentire omittere. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 3.49.5] Duro reputas de
outrem ir andando à vontade, omitindo, abandonando,
todo próprio alvedrio. [Tradução de Afonso Celso] Por
isso te parece cousa dura andar pendente da vontade de
outrem, e deixar teu próprio parecer. [Tradução de J. I.
Roquette] VIDE: ● Durum ad nutum alterius ambulare.
1850. Durus alloquiis. [Manúcio, Adagia 856] Um homem
inexorável.
1851. Durus est hic sermo, et quis potest eum audire?
[Vulgata, João 6.61] Essa linguagem é dura, e quem
pode ouvi-la?
1852. Dux atque imperator vita mortalium animus est.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 1] O espírito é o guia e o
árbitro da vida humana.
1853. Dux bonus bonum reddit comitem. [Pereira 101] O
bom guia faz o bom companheiro. ■ Bom mestre, bom
discípulo. ■ O bom amo faz o bom criado. VIDE: ● Bonus
dux bonum reddit comitem. VIDE: ● Qui bene ducit,
bene sequi facit. ● Qui bonum se praebet ducem, is
facit ut alii bene sequantur.
1854. Dux ego vester eram. [Virgílio, Eclogae 8.38] Eu
era o vosso guia.
1855. Dux erat ille ducum. [Ovídio, Heroides 8.46] Ele
era chefe de chefes.
1856. Dux femina facti. [Virgílio, Eneida 1.364] O autor
do acontecimento é uma mulher. ■ Cherchez la femme.
VIDE: ● Tanti dux femina facti.
1857. Dux gregis. [Tibulo, Elegiae 1.10.10] O guia do
rebanho. O pastor. O chefe do grupo.
1858. Dux malorum femina. Haec scelerum artifex
obsidet animos. [Sêneca, Hippolytus 559] A mulher é a
causa dos males. Essa instigadora de crimes se apodera
dos nossos sentimentos.
1859. Dux viae lanterna est. [Schrevelius 1171] A
lanterna é o guia da estrada.
1860. Dux vitae dea voluptas. [Lucrécio, De Rerum
Natura 2.172] O condutor da vida é a deusa do prazer.
1861. Dux vitae ratio. [Divisa] A razão é o guia da vida.
1862. Dux vivendi natura. A natureza é o guia da vida.
VIDE: ● Natura optima dux bene vivendi.

Ao TOPO
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

E1: 1-200
1. E bello enim pax firmatur. [Tucídides / Rezende
1502] Com a guerra se firma a paz. ■ A boa guerra faz a
boa paz. VIDE: ● Ex bello pax.
2. E cantu cognoscitur avis. [Rezende 1506] ■ Pelo canto
se conhece a ave. ■ Pelo canto se conhece o pássaro.
■ As palavras revelam quem cada um é. ● E cantu
dignoscitur avis. [Erasmo, Adagia 4.2.21] ● E cantu
avem (cognosco). Pelo canto conheço a ave. VIDE: ● A
cantu avis dignoscitur. ● Avis a cantu dignoscitur. ● E
plumis avis dignosco. ● Ex cantu dignoscitur avis.
● Ex cantu et plumis volucris dignoscitur omnis.
● Nulla unquam avis mala bene cecinit. ● Nulla
unquam avis mala bonum cantum edidit. ● Quaelibet
avis a proprio cantu dignoscitur. ● Qualis avis, talis
cantus. ● Qualis vir, talis oratio.
3. E carceribus ad calcem pervenire. [Cícero, De
Amicitia 101] Partindo do começo, conseguir chegar ao
fim. VIDE: ● A carceribus ad metam. ● A carceribus ad
calcem. ● A carcere ad carcerem.
4. E caula ad aulam. [Binder, Thesaurus 892] Do curral
para a corte. ■ Ontem vaqueiro, hoje cavaleiro. VIDE: ● A
caula ad aulam. ● E trivio ad sceptrum.
5. E cocto pullus nunquam producitur ovo. [Binder,
Thesaurus 893] De ovo cozido nunca nasce pinto.
6. E comoedia tragoedia. [Binder, Thesaurus 895] De
uma comédia, uma tragédia.
7. E contra. Pelo contrário. ● E converso. VIDE: ● A
contrario sensu. ● A contrario.
8. E copia, ferocia. [Binder, Thesaurus 896] Da
abundância vem a bravura. ■ Fartura faz bravura.
9. E culmo spica conicitur. [Erasmo, Adagia 4.2.3] ■ Pela
palha se conhece a espiga. ■ Pela palha se conhece qual
foi a espiga. ■ Pelas ações se conhece o homem. ● E
culmo perspicitur spica demessa. [Binder, Thesaurus
897] Pela palha se reconhece a espiga colhida.
10. E diverticulo ad viam redire. Retornar do atalho para
a estrada. VIDE: ● Sed tempus est ut e diverticulo in
viam revertamur.
11. E domo felis discedit mus impransus. [Pereira 101]
Da casa do gato o rato sai com fome. ■ Da casa do gato
não sai o rato farto.
12. E duobus malis minus eligendum. [Rezende 1522]
De dois males, deve-se escolher o menor. ■ Dos males, o
menor. ■ Antes cair das nuvens do que de um terceiro
andar. ● E duobus malis minus eligere semper
oportet. De dois males, é preciso sempre escolher o
menor. ● E duobus malis, cum maius fugiendum sit,
levius est eligendum. De dois males, como se deve
evitar o maior, é o mais leve que se deve escolher. VIDE:
● De duobus malis minus malum est eligendum. ● De
duobus malis, minus est semper eligendum. ● De
duobus malis, minus est deligendum. ● E malis multis
malum quod minimum est. ● Elige ex malis minima.
● Ex malis eligere minima oportere. ● Minima de
malis eligenda. ● Minima de malis. ● Minus damnum
maiori anteponendum.
13. E duobus tria vides. [Erasmo, Adagia 3.1.6] De dois
tu vês três. (=Diz-se de quem, ou por defeito de visão ou
por embriaguez, vê uma coisa por outra). ■ Isto é muito
tresler. VIDE: ● Duo cum sint, tu tria vides.
14. E fetu cognosco arborem; e factis hominem iudico.
[Grynaeus 125] Pelo fruto conheço a árvore; pelas ações
julgo o homem. ■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o
homem conhecido. ■ Árvore ruim não dá bom fruto.
VIDE: ● Arbor ex fructu cognoscitur. ● Arbor ut ex
fructu, sic nequam noscitur actu. ● De fructu
arborem cognosco. ● E fructu arbor cognoscitur. ● E
fructu arborem cognosco. ● E fructu arborem. ● Ex
fructu arbor. ● Ex fructu cognoscitur arbor. ● Ex
fructu arbor agnoscitur. ● Fructibus ipsa suis, quae
sit, cognoscitur arbor. ● Unaquaeque enim arbor de
fructu suo cognoscitur.
15. E fimbria de texto iudicatur. [Pereira 117] Pela
franja se conhece o tecido. ■ Pela amostra se conhece a
chita. ■ Pela amostra se conhece o pano. ● E fimbria de
texto iudico. [Erasmo, Adagia 1.9.36] Pela franja avalio
o pano. ● E fimbria textum omne cognosco. [Manúcio,
Adagia 381] Pela franja reconheço qualquer pano. VIDE:
● De fimbria telam omnem. ● Ex fimbria tela ipsa
ostenditur. ● Ex fimbria textura manifesta.
16. E fissis lignis componitur optimus ignis. [Binder,
Thesaurus 900] De madeiras rachadas se faz ótimo
fogo. ■ Pau torto faz fogo direito. VIDE: ● Aeque pars
ligni curvi ac recti valet igni.
17. E flamma cibum petere. [Terêncio, Eunuchus 490]
Tirar comida das chamas. (=Roubar da fogueira o que
se queimava em honra aos mortos. Era considerado um
crime dos mais infamantes). VIDE: ● Cibum e flamma
petere. ● E transenna cibum petere.
18. E fructu arborem cognosco. [Rezende 1531] Pelo
fruto conheço a árvore. ■ Pelo fruto se conhece a
árvore. ■ Pelo fruto conheço a árvore. ■ Árvore ruim
não dá bom fruto. ■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o
homem conhecido. ● E fructu arborem. ● E fructibus
arborem. [Schottus, Adagia 220] ● E fructu arbor
cognoscitur. Conhece-se a árvore pelo fruto. ● E fructu
arborem iudico. [Manúcio, Adagia 6] VIDE: ● Arbor ex
fructu cognoscitur. ● De fructu arborem cognosco.
● E fetu cognosco arborem; e factis hominem iudico.
● Ex fructu arbor. ● Ex fructu cognoscitur arbor.
● Ex fructu arbor agnoscitur. ● Fructibus ipsa suis,
quae sit, cognoscitur arbor. ● Unaquaeque enim
arbor de fructu suo cognoscitur.
19. E granis acervus. [Binder, Thesaurus 901] De grãos
se forma um monte. ■ Um grão não enche celeiro, mas
ajuda o seu companheiro. VIDE: ● De minimis granis fit
magnus acervus. ● De multis, grandis acervus erit.
● De multis parvis grandis acervus erit. ● De stipula
grandis acervus erit. ● Ex granis fit acervus.
20. E gustu cognosco. [Schottus, Adagia 417] Conheço
pela prova. ■ Pelo cheiro do tição sabe-se a madeira
que queimou.
21. E lingua stulta veniunt incommoda multa. [Binder,
Thesaurus 902] Da língua sem juízo vêm muitos
transtornos. VIDE: ● Ex lingua stulta veniunt
incommoda multa.
22. E machina Deus apparuisti. [Apostólio 3.86] Deus,
tu apareceste por meio de um mecanismo. (=Diz-se de
uma intervenção providencial, de um desfecho feliz e
inesperado). VIDE: ● Deus ex machina apparens. ● Deus
ex machina. ● Deus ex improviso apparens. ● Deus
improviso apparens.
23. E malis multis malum quod minimum est. De
muitos males, (escolha-se) o mal que for menor. ■ Dos
males o menor. VIDE: ● De duobus malis minus malum
est eligendum. ● De duobus malis, minus est
deligendum. ● De duobus malis, minus est semper
eligendum. ● E duobus malis minus eligendum. ● E
duobus malis, cum maius fugiendum sit, levius est
eligendum. ● Elige ex malis minima. ● Ex malis
eligere minima oportere. ● Ex malis multis malum
quod minimum est, id minime est malum. ● Minima
de malis eligenda. ● Minima de malis. ● Minus
damnum maiori anteponendum.
24. E medio flumine mella petat. [Ovídio, Ars Amatoria
1.748] Que ele procure mel no meio do rio.
25. E mera gratia. Por mera graça. Por mero favor.
26. E minimo crescit, sed non cito fama quiescit.
[Binder, Thesaurus 905] O boato nasce de coisa
mínima, mas não pára.
27. E multis paleis, paulum fructus collegi. [Erasmo,
Adagia 1.2.75] De muita palha colhi poucos frutos.
■ Muita palha e pouco grão. ■ Muita galinha e pouco
ovo. ● E multis paleis, parum fructus. [Pereira 111]
VIDE: ● De multis paleis grana pauca coëgi. ● Ex multis
paleis parum fructus reportavi. ● Ex multis paleis
parum fructus.
28. E multis unum. [Erasmo, Herculei Labores] Um
formado de muitos. ■ Todos por um, um por todos.
29. E necessitate. Por necessidade. Não tendo alternativa.
30. E nervo cognoscere. [Pereira 100] ■ Conhecer pela
pinta.
31. E nigro color est mutatus in album. [Ovídio,
Metamorphoses 15.46] De negro ficou branco.
32. E parvo puero saepe peritus homo. [Binder,
Thesaurus 907] De pequeno menino, muitas vezes um
homem competente. VIDE: ● De parvo puero saepe
peritus homo.
33. E parvo semine multa messis. De uma pequena
semente, colheita abundante. ■ De pequena fagulha,
grande labareda.
34. E paucis verbis ingens bonum aut malum. [Erasmo,
Adagia 5.2.29] De poucas palavras pode vir um grande
bem ou um grande mal.
35. E pilo pendet. [Schottus, Adagia 417] Está pendurado
por um fio. ■ Está por um fio. VIDE: ● A filo pendet. ● De
filo pendet. ● De pilo pendet.
36. E plumis avem dignosci. [Manúcio, Adagia 1026]
Pelas penas a ave é conhecida. ● E plumis cognoscitur
avis. [Binder, Thesaurus 908] VIDE: ● Ex cantu et
plumis volucris dignoscitur omnis.
37. E pluribus unum. [S.Agostinho, Confessiones
1.4.8.13 / Divisa dos Estados Unidos da America] Um
composto de muitos. ■ A união faz a força. VIDE: ● Ex
pluribus unum. ● Ex pluribus unum facere. ● Unus
fiat ex pluribus.
38. E poculo perforato bibes. [Erasmo, Adagia 3.4.3]
Bebes de uma taça furada. ■ Sabem-no cães e gatos.
VIDE: ● Ex confracto calice bibis. ● Sapit et hoc vulgus.
39. E proprio vivet iam liber quisque suo. [Pereira
111] Cada um viverá livre com o que é seu. ■ Meu
dinheiro, teu dinheiro, vamos à taberna.
40. E pulchro ligno vel suspendi praestat. [Apostólio
3.77] De árvore bonita, vale a pena até enforcar-se. VIDE:
● De pulchro ligno vel pendere libeat. ● De pulchro
ligno vel strangulare. ● Suspendium etiam fiat e
digna trabe. ● Vel strangulari pulchro de ligno iuvat.
41. E pumice aquam petis. Buscas água numa pedra.
■ Buscas água em fonte seca. ■ Malhas em ferro frio. ● E
pumice aquam postulabat. Exigia água da pedra. ● E
pumice aquam exspectare. Esperar água de uma pedra.
VIDE: ● A pumice aquam petis. ● A pumice aquam
postulas. ● Aquam a pumice ne expostules. ● Aquam
a pumice nunc postulas. ● Aquam e pumice postulas.
42. E re nata. A partir das coisas que surgirem. Conforme
as circunstâncias.
43. E re nata consilium capiemus. [Pereira 97]
Decidiremos de acordo com as circunstâncias. ■ O
tempo e a ocasião mostram o que se deve fazer. ■ Assim
como virmos, assim faremos. ■ Como se toca, assim se
dança. ● E re nata consilium capere. [Manúcio,
Adagia 261] VIDE: ● Gladiator in arena consilium
capit. ● Tempori serviendum est.
44. E relato referre fere mentiri est. [Binder, Thesaurus
909] Contar um fato pelo que nos foi contado é quase
mentir.
45. E republica. No interesse do país.
46. E rivo flumina magna facis. [Ovídio, Ex Ponto
2.5.22] De um regato fazes um grande rio. ■ Fazes de
uma mosca um elefante.
47. E scurra facilius dives quam paterfamilias sit.
[Grynaeus 312] De um bufão é mais fácil fazer-se um
homem rico que um pai de família. ■ Nunca de bom
mouro bom cristão. ■ Quem foi ruim não deixa de ser.
VIDE: ● De scurra multo facilius divitem quam patrem
familias fieri posse. ● Qui semel scurra, nunquam
paterfamilias. ● Scurra semel nunquam
paterfamilias.
48. E squilla non nascitur rosa. [Erasmo, Adagia 2.3.93]
Da cebola não nasce rosa. ■ Não pode o ulmeiro dar
peras. ■ De cobra não nasce passarinho. VIDE: ● Non
etenim e scilla rosa nascitur, aut hyacinthus.
● Nunquam scilla rosam produxerit, aut hyacinthum.
49. E Tantali horto fructum colligis. [Erasmo, Adagia
4.3.31] Colhes fruta no pomar de Tântalo. (=Não
conseguirás o que desejas).
50. E tardo asino equus prodiit. [Schottus, Adagia 28]
De um burro vagaroso saiu um cavalo. ■ Cavalo
formoso de potro sarnoso. ● E tardigradis asinis equus
prodiit. [Albertatius 417] De burros vagarosos saiu um
cavalo. VIDE: ● A tardigradis asinis equus prodiit.
● Emersit ex asinis equus tardigradis. ● Quoties ab
indocto praeceptore proficiscitur discipulus eruditus.
51. E tenui casa saepe vir magnus exit. [Burton, The
Anatomy of Melancholy 2.3.2] De um casebre muitas
vezes sai um grande homem. ■ De ruim ninho também
sai bom passarinho. VIDE: ● Exire magnus e tugurio vir
potest. ● Potest ex casa vir magnus exire. ● Potest ex
casa vir magnus exire; potest et ex deformi
humilique corpusculo formosus animus ac magnus.
52. E terra in terram. Da terra para a terra. De uma terra
para outra.
53. E terra spectare naufragium. [Erasmo, Adagia
5.1.38] De terra, observar o naufrágio. ■ Ver os touros
de palanque. ■ Assistir ao tiroteio do alto do coqueiro.
■ Quem está de fora joga melhor. VIDE: ● Cupio istorum
naufragia ex terra intueri. ● Facile, cum valemus,
recta consilia aegrotis damus. ● Naufragia ex terra
intueri. ● Suave e terra magnum alterius spectare
laborem.
54. E thymbra hastam conficere nemo queat. [Schottus,
Adagia 271] De capim ninguém consegue fazer uma
lança. VIDE: ● Ex thymbra nemo queat conficere
lanceam, neque e Socrate probum militem.
55. E transenna cibum petere. [Pereira 108] Buscar
comida na armadilha. ■ Ir buscar lã e voltar tosquiado.
VIDE: ● Ab transenna cibum petere. ● E flamma cibum
petere. ● Cibum e flamma petere.
56. E tribus optimis rebus tres pessimae oriuntur: e
veritate odium, e familiaritate contemptum, e
felicitate invidia. [Plutarco / Brewer, Dictionary of
Phrase and Fable] De três coisas ótimas nascem três
coisas péssimas: da verdade, o ódio; da familiaridade, o
desprezo; do sucesso, a inveja.
57. E trivio ad sceptrum. [Odilo Schreger, Studiosus
Jovialis 7] Da praça para a realeza. ■ Ontem vaqueiro,
hoje cavaleiro. VIDE: ● A caula ad aulam. ● E caula ad
aulam.
58. E turpibus facta turpia discimus. [Manúcio, Adagia
237] De pessoas infames aprendemos ações
vergonhosas. ■ Com quem te achares, com tal te afazes.
■ Com quem porcos vive, deita-se na lama.
59. E veritate odium. Da verdade (nasce) o ódio. ■ A
verdade amarga. ■ A verdade provoca ódio. ■ Mais
perde em amizades quem mais teima nas verdades. VIDE:
● E tribus optimis rebus tres pessimae oriuntur: e
veritate odium, e familiaritate contemptum, e
felicitate invidia. ● Hoc tempore obsequium amicos,
veritas odium parit. ● Obsequium amicos, veritas
odium parit. ● Obsequium amicos, veritas odium,
familiaritas contemptum parit. ● Odium veritas
parit. ● Veritas odium parit.
60. E vipera rursus vipera nascitur. [Grynaeus 558] De
uma víbora nasce mais uma víbora. ■ Tal pai, tal filho.
■ De cobra não nasce passarinho. ■ De tal gente, tal
semente.
61. E vita liber decedere malo quam sine libertate
manere in illa. Prefiro sair livre da vida a permanecer
nela sem liberdade. ■ Antes morte que má sorte. ● E vita
liber decedere maluit quam sine libertate manere in
illa. [Dante, De Monarchia 2.5] Preferiu retirar-se da
vida livre a permanecer nela sem liberdade.
62. E vitio alterius disce cavere tibi. [Binder, Medulla
455] Com o erro alheio aprende a cuidar de ti.
■ Aprende com o exemplo do vizinho.
63. Ea credimus libenter quae cupimus. Acreditamos
com prazer no que desejamos. VIDE: ● Fere libenter
homines id quod volunt credunt. ● Homines libenter
credunt quod volunt. ● Libenter homines quod
volunt credunt. ● Quae volumus, ea credimus
libenter. ● Quod valde volumus, facile credimus.
64. Ea de re. Por esse motivo. VIDE: ● Ea re.
65. Ea demum tuta est potentia quae viribus suis
modum imponit. [Valério Máximo, Historiae 4.1] O
poder mais seguro é aquele que sabe impor moderação
às suas forças. ■ A quem muito pode, de modo algum
convém abusar.
66. Ea vero demum proprie nostra sunt, quae fortuna
non potest eripere. [Manúcio, Adagia 1112] Realmente
nosso só é aquilo que a fortuna não nos pode tirar.
67. Ea enim denique virtus esse videtur praestantis viri,
quae est fructuosa aliis, ipsi aut laboriosa aut
periculosa aut certe gratuita. [Cícero, De Oratore
2.85] Considera-se essa a virtude do homem superior,
que é vantajosa aos outros, mas a ele mesmo laboriosa
ou perigosa, mas certamente espontânea.
68. Ea est accipienda interpretatio, quae vitio caret.
[Jur / Black 634] A interpretação que deve ser aceita é a
que estás isenta de erro.
69. Ea ex ore profero, quae corde concepi, ea scilicet
loquor, quae ipse sentio, omni fuco mendacioque
procul. [Grynaeus 57] Da minha boca sai o que concebi
no coração, digo o que sinto, sem qualquer artifício ou
mentira.
70. Ea facile facimus, quae libenter facimus. [Grynaeus
75] Fazemos com facilidade o que fazemos com prazer.
■ O que é de gosto regala a vida.
71. Ea fama vagatur. [Virgílio, Eneida 2.17] Corre esse
rumor. VIDE: ● Fama vagatur.
72. Ea invasit homines habendi cupido, ut possideri
magis quam possidere videantur. [Plínio Moço,
Epistulae 9.30.4] Invadiu os homens tal paixão pelas
riquezas, que eles mais parecem possuídos do que
possuidores.
73. Ea intentione. Com essa intenção.
74. Ea pueri discant quibus sunt senes usuri. Aprendam
quando meninos o que vão usar quando velhos.
75. Ea quae contra leges fiunt pro infectis habenda
sunt. [Codex Iustiniani 1.2.14.4] O que é feito contra as
leis deve ser considerado inexistente. VIDE: ● Quae
contra ius fiunt, debent utique pro infectis haberi.
76. Ea quae dare possumus, nolunt, quae volunt, autem
dare non possumus. Não querem o que podemos dar,
mas não podemos dar o que querem. VIDE: ● Eam, quam
dare possumus, nolunt; quam volunt autem, dare
non possumus.
77. Ea quae dicet vir bonus, omnia salva dignitate ac
verecundia dicet. [Quintiliano, Institutio Oratoria
6.3.35] O que disser o homem de bem dirá
salvaguardando sua dignidade e decência.
78. Ea quae dolent, molestum est contingere. [Medina
592] Faz mal tocar o que dói. ■ Em casa de enforcado,
não se fala de corda. VIDE: ● Quae dolent, ea molestum
est contingere.
79. Ea quae fiunt a iudice, si ad eius non spectant
officium, non subsistunt. [Regulae Iuris In Vi
Decretalium Bonifacii VIII] Os atos realizados pelo
juiz, se não são de sua alçada, não subsistem.
80. Ea quae lege fieri prohibentur, si fuerint facta, non
solum inutilia, sed pro infectis etiam habeantur.
[Codex Iustiniani 1.14.5.1] O que pela lei é proibido
fazer, se for feito, não só é inútil, mas deve ser
considerado inexistente.
81. Ea quae raro accidunt, non temere in agendis
negotiis computantur. [Digesta 50.17.64] As coisas
que raramente acontecem não devem ser consideradas
nas transações comerciais sem razão suficiente.
82. Ea re. Por esse motivo. VIDE: ● Ea de re.
83. Ea res verane an falsa sit, non laboro. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 6.22.2] Não me importo se esse fato é
verdadeiro ou falso.
84. Ea sola utilia sunt iusta. [Rezende 1500] Só as coisas
úteis são justas. ● Ea sola utilia quae sunt iusta et
honesta. Só é útil o que é justo e honesto.
85. Ea sola voluptas solamenque mali. [Virgílio, Eneida
3.660] É o único prazer que lhe resta, e o alívio de seu
sofrimento.
86. Ea sub oculis posita neglegimus. [Plínio Moço,
Epistulae 8.20.1] Desprezamos o que temos sob os
olhos. ■ O desconhecido sempre parece sublime.
87. Ea tela texitur. [Cícero, De Oratore 3.60 / Erasmo,
Adagia 2.1.25] É este tecido que estamos tecendo. (=É
disto que se trata).
88. Ea vero demum proprie nostra sunt, quae fortuna
non potest eripere. [Grynaeus 93] Só é
verdadeiramente nosso o que a sorte não nos pode tirar.
89. Eadem chorda oberrat. Ele erra na mesma corda.
■ Só o tolo cai duas vezes no mesmo buraco. ■ Tropeçar
duas vezes na mesma pedra. VIDE: ● Citharoedus
ridetur, chorda qui semper oberrat eadem. ● Eadem
oberrare chorda.
90. Eadem de illo homines secreto loquuntur quae
palam. [Sêneca, De Clementia 1.13.5] Dele o povo fala
em segredo a mesma coisa que fala em público.
91. Eadem duobus nupta esse non potest. [Institutiones
1.10.4] A mesma mulher não pode ser casada com dois
maridos.
92. Eadem est ratio, eadem est lex. [Jur / Black 634] A
mesma razão, a mesma lei.
93. Eadem est vis taciti atque expressi consensus. [Jur]
Igual é a força do consentimento tácito e do expresso.
● Eadem est vis taciti atque expressi. ● Eadem est vis
taciti ac expressi.
94. Eadem filia duos tibi generos parare vis. Com a
mesma filha, queres conseguir dois genros. ■ Queres
matar dois coelhos com uma só cajadada. VIDE: ● Duas
linit parietes eadem fidelia. ● Unica filia duos parare
generos. ● Una dote duos generos parare volui.
95. Eadem mediocritas ad omnem usum cultumque
vitae transferenda est. [Cícero, De Officiis 1.34] A
mesma moderação deve ser empregada em todas as
circunstâncias e hábitos da vida.
96. Eadem mensura redde, qua accepisti. [Grynaeus
735] Devolve pela mesma medida por que recebeste.
■ Como te fizer teu compadre, assim lhe faze. ● Eadem
mensura reddere iubet qua acceperis, aut etiam
cumulatione, si possis. [Cícero, Brutus 15] (Hesíodo)
manda devolver na mesma medida em que se receber,
ou até com aumento, se for possível.
97. Eadem oberrare chorda. [Erasmo, Adagia 1.5.9]
Errar na mesma corda. ■ Tropeçar duas vezes na mesma
pedra. ● Eadem chorda oberrat.
98. Eadem omnibus convenire non possunt. [Celso, De
Medicina 3.9.4] As mesmas coisas não podem servir
para todos. ■ Nem tudo se adapta a todos.
99. Eadem omnibus principia, eademque origo: nemo
altero nobilior. [Sêneca, De Beneficiis 3.28.1] Todos
têm o mesmo começo e a mesma origem: nenhum é
mais nobre que outro.
100. Eadem pensare trutina. [Erasmo, Adagia 1.5.15]
Pesar na mesma balança. ■ Tal por tal. ■ Como ele te
medir, assim o medirás.
101. Eadem per eadem. [Erasmo, Adagia 1.5.89] O
mesmo pelo mesmo. ■ Seis por meia-dúzia. ■ Pagar na
mesma moeda. ■ Responder pelas mesmas consoantes.
102. Eadem ratione. Pela mesma razão. Da mesma
maneira.
103. Eadem sumus navi. [Branco 269] Estamos no
mesmo barco. ■ Todos corremos para a mesma sorte.
VIDE: ● In eadem arbore sumus. ● In eadem es navi.
● In eadem sumus navi. ● In eodem navigio sumus.
104. Eadem sunt quorum unum potest substitui alteri
salva veritate. [Leibniz, Opera Philosophica] São
idênticas duas coisas, se uma delas pode ser substituída
pela outra, respeitando-se a verdade.
105. Eadem te efferet fortuna quae deiecit. [Pereira 95]
A mesma sorte que te derrubou, te levantará. ■ Onde
perdeste a capa, aí a cata. ■ Onde se quebrou o pote, aí
procura a rodilha.
106. Eadem velle, et eadem nolle, ea demum firma
amicitia est. [S.Jerônimo, Epistulae 130.12 / Rezende
1496] Querer as mesmas coisas e não querer as mesmas
coisas, essa na verdade é a sólida amizade. VIDE: ● Idem
velle atque idem nolle, ea demum firma amicitia est.
107. Eam esse consuetudinem regiam, ut casus adversos
hominibus tribuant, secundos fortunae suae.
[Cornélio Nepos, Datames 5.4] Tal é o costume dos
reis: atribuem aos homens os reveses, e à sua própria
fortuna os sucessos.
108. Eam vir sanctus et sapiens sciet veram esse
victoriam, quae, salva fide et integra dignitate,
parabitur. [Floro, Epitoma 1.6] Um homem virtuoso e
sábio saberá que a verdadeira vitória é a que se
alcançará sem ferir a lealdade e mantendo-se intacta a
dignidade.
109. Eamdem cantilenam canis. [Dumaine 247] Cantas a
mesma canção. ■ Cantas sempre a mesma cantiga.
● Eamdem cantilenam recinis. ● Eamdem incudem
tundis. Malhas sempre a mesma bigorna. ■ Bates
sempre na mesma tecla. VIDE: ● Cantilenam eamdem
canis. ● Replicas eamdem cantilenam.
110. Eamdem incudem diem noctemque tundere.
[Cícero, De Oratore 2.39.162] Malhar dia e noite a
mesma bigorna. ■ Bater sempre na mesma tecla.
■ Cantar sempre a mesma cantiga. ● Eamdem incudem
diu noctuque tundere. [Amiano Marcelino, Res Gestae
28.4.26]
111. Eamus, faciamus, et pudet non esse impudentem.
[S.Agostinho, Confessiones 2.9] Vamos, façamos, e
tenhamos vergonha de não sermos despudorados.
112. Ebibe vas totum, si vis cognoscere potum. [Trench,
On the Lessons in Proverbs 157] Esvazia o copo, se
queres conhecer a bebida.
113. Ebrietas caedis mater, parens litium, furoris
genetrix. [S.Crisólogo, Sermão 21 / Bernardes, Nova
Floresta 2.50] A embriaguez é a mãe dos assassinatos,
pai das brigas, geradora da loucura.
114. Ebrietas est voluntaria insania. A embriaguez é
uma loucura voluntária. VIDE: ● Ebrietatem furoris
voluntariam speciem esse. ● Nihil aliud esse
ebrietatem quam voluntariam insaniam.
115. Ebrietas et amor secreta produnt. [Grynaeus 453]
A embriaguez e o amor revelam os segredos.
■ Cachaceiro não tem segredo. ■ Quando o vinho desce,
as palavras sobem. VIDE: ● Calices quem non fecere
disertum? ● Nullum secretum est ubi regnat ebrietas.
● Vinum verba ministrat.
116. Ebrietas mores aufert tibi, res et honores. [Samuel
Singer, Thesaurus Proverbiorum 439] A embriaguez tira
de ti o caráter, os bens e o respeito.
117. Ebrietas prodit quod amat cor, sive quod odit.
[Binder, Thesaurus 925; DAPR 102] A embriguez
descobre tanto o que ama como o que odeia o coração.
■ Depois de beber, cada qual dá seu parecer.
■ Enquanto o vinho desce, as palavras sobem. VIDE:
● Arcanum demens detegit ebrietas. ● Qua vinum
influxit, refluent secreta bibentis.
118. Ebrietas sollicitis animis onus eximit. [Horácio,
Epistulae 1.5.19] A embriaguez tira a preocupação às
almas aflitas.
119. Ebrietas ut vera nocet, sic ficta iuvabit. [Ovídio,
Ars Amatoria 1.597] Do mesmo modo que a
embriaguez verdadeira prejudica, também poderá
ajudar, quando fingida.
120. Ebrietatem furoris voluntariam speciem esse.
[Catão / Amiano Marcelino, Historiae 15.12.4] A
embriaguez é uma espécie de loucura voluntária. VIDE:
● Ebrietas est voluntaria insania. ● Nihil aliud esse
ebrietatem quam voluntariam insaniam.
121. Ebrietatem patri obicis ebrius. [Sêneca Retórico,
Controversiae 2.6.5] Reprovas a embriaguez do teu pai,
e tu mesmo estás ébrio. ■ Ri-se o roto do esfarrapado, e
o sujo do mal lavado.
122. Ebrietatis comes oblivio. [Macróbio, Somnum
Scipionis 12] O esquecimento é o companheiro da
embriaguez.
123. Ebrietatis encomium. [Título de livro publicado em
1723] O elogio da embriaguez.
124. Ebrio credendum. Deve-se acreditar no bêbedo.
■ Cachaceiro não tem segredo.
125. Ebrios, stultos, ac pueros verum plerumque effari.
[Schottus, Adagia 303] Bêbedos, loucos e crianças na
maioria das vezes dizem verdade. ■ As crianças e os
loucos dizem a verdade. VIDE: ● Pueri ac vinum vera
profantur. ● Pueros, ebrios ac stultos verum profari.
● Stultus puerque semper vera dicunt. ● Stultus
puerque vera dicunt. ● Vera dicunt ebrii. ● Vinum et
pueri veraces. ● Vinum et pueri sunt veraces.
126. Ebriosus convictores in amorem meri trahit.
[Sêneca, De Ira 3.8.1] O beberrão atrai os companheiros
de mesa para o amor do vinho. ■ Com qual te achares,
com tal te afazes. ■ Quem se mistura com porcos, farelo
come.
127. Ebrius atque satur stomachus male philosophatur.
[Binder, Thesaurus 926] O bêbedo e o estômago cheio
filosofam mal.
128. Ebrius punitur propter ebrietatem. [Jur] Pune-se o
ébrio por causa de sua embriaguez. ● Ebrius punitur
non propter delictum, sed propter ebrietatem.
[Farinacius 54] Não se pune o ébrio pelo delito, mas
pela embriaguez.
129. Ebur atramento candefacere. [Plauto, Mostellaria
248] Pintar de branco o marfim. ■ Enxugar gelo.
130. Ecce adsum. [Vulgata, Isaías 52.6] Eis aqui estou
presente. Eis-me aqui. VIDE: ● Adsum! ● Ecce ego.
131. Ecce agnus Dei, ecce qui tollit peccatum mundi.
[Vulgata, João 1.29] Eis o cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo.
132. Ecce ancilla Domini. [Vulgata, Lucas 1.38] Eis aqui
a escrava do Senhor.
133. Ecce consilium: arripe et age. [S.Agostinho,
Epistulae 220.9] Eis o conselho que te dou: ataca e age.
134. Ecce ego. Eis-me aqui. Estou presente. VIDE:
● Adsum! ● Ecce adsum.
135. Ecce ego adducam diluvii aquas super terram.
[Vulgata, Gênesis 6.17] Eis que estou para derramar as
águas do dilúvio sobre a terra.
136. Ecce ego do coram vobis viam vitae, et viam
mortis. [Vulgata, Jeremias 21.8] Eis que ponho diante
de vós o caminho da vida e o caminho da morte. VIDE:
● Ante hominem vita et mors, bonum et malum;
quod placuerit ei dabitur illi.
137. Ecce ego mitto vos sicut oves in medio luporum.
[Vulgata, Mateus 10.16] Vede que eu vos mando como
ovelhas no meio de lobos.
138. Ecce ego, quia vocasti me. [Vulgata, 1Reis 3.9] Eis-
me aqui, pois tu me chamaste. ● Ecce ego ad te, quia
invocasti me.
139. Ecce elongavi fugiens, et mansi in solitudine.
[Vulgata, Salmos 54.8] Eis que me afastei fugindo, e
permaneci no deserto.
140. Ecce hereditas Domini, filii. [Vulgata, Salmos
126.3] Eis a herança do Senhor: os filhos.
141. Ecce homo! [Vulgata, João 19.5] Eis o homem!
142. Ecce homo vorax, et potator vini. [Vulgata, Mateus
11.19] Eis aqui um homem glutão e bebedor de vinho.
143. Ecce iterum Crispinus! [Juvenal, Satirae 4.1] Eis
outra vez o Crispim! (=Lá vem de novo o assunto que já
tratamos!).
144. Ecce lignum Crucis. [Da liturgia católica da Semana
Santa] Eis o madeiro da Cruz.
145. Ecce mensurabiles posuisti dies meos, et substantia
mea tamquam nihilum ante Te. [Vulgata, Salmos
38.6] Eis (Senhor) que puseste os meus dias em medida,
e o meu ser é como nada diante de Ti. (=Sentença usada
em relógios de sol).
146. Ecce mundus totus post eum abiit. [Vulgata, João
12.19] Eis aí vai após ele todo o mundo.
147. Ecce nunc patiemur philosophantem nobis
asinum? [Apuleio, Metamorphoses 10.33] Será que
agora teremos de agüentar um asno que nos filosofa?
148. Ecce nunc tempus acceptabile, ecce nunc dies
salutis. [Vulgata, 2Coríntios 6.2] Eis aqui agora o
tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.
149. Ecce parens verus patriae. [Lucano, Bellum Civile
9.601] Eis o verdadeiro pai da pátria.
150. Ecce pietas est sapientia; abstinere autem a malis
scientia est. [S.Agostinho, De Trinitate 12.22] O amor é
a própria sabedoria; e afastar-se do mal é a inteligência.
151. Ecce quam bonum et quam iucundum, habitare
fratres in unum! [Vulgata, Salmos 132.1] Quão bom, e
quão suave é habitarem os irmãos em união!
152. Ecce quam frequens et subita magnatum mutatio.
[VES 8] Vede como é freqüente e abrupta a mudança de
lado dos grandes.
153. Ecce quantus ignis quam magnam silvam incendit!
[Vulgata, Tiago 3.5] Vede como um pouco de fogo
abrasa um grande bosque! VIDE: ● Ex sola scintilla
conflagrat saepe tota domus. ● Exiguus ignis
quantam silvam incendit! ● Scintilla, quamvis parva,
magnum ignem excitat.
154. Ecce quomodo mundus suis servitoribus reddit
mercedem. [Alexander Pope, Moral Essays 1.243] Eis
como o mundo recompensa os seus servidores.
155. Ecce signum. Eis o sinal. Eis a prova. ● Ecce signum
salutis. Eis o símbolo da salvação.
156. Ecce somniator venit. [Vulgata, Gênesis 37.19] Eis
aí vem o sonhador.
157. Ecce sto ad ostium, et pulso: siquis audierit vocem
meam, et aperuerit mihi ianuam, intrabo ad illum, et
cenabo cum illo, et ipse mecum. [Vulgata, Apocalipse
3.20] Eis aí estou eu à porta, e bato; se algum ouvir a
minha voz, e me abrir a porta, entrarei eu em sua casa, e
cearei com ele, e ele comigo.
158. Ecce timor Domini, ipsa est sapientia, et recedere a
malo, intellegentia. [Vulgata, Jó 28.28] O temor do
Senhor é a própria sabedoria; e apartar-se do mal é a
inteligência. VIDE: ● Corona sapientiae timor Domini.
● Initium sapientiae, timor Domini. ● Principium
sapientiae timor Domini. ● Timor Domini principium
sapientiae. ● Timor Domini principium scientiae.
159. Ecclesia non moritur. [Jur / Black 639] A Igreja não
morre.
160. Ecclesia non sitit sanguinem. A Igreja não tem sede
de sangue.
161. Ecclesiae et Litteris. [Divisa do King College,
Bristol, Inglaterra] Para a Igreja e para a Cultura.
162. Eccum lupus in sermone. [Plauto, Stichus 571] Eis o
lobo da história. ■ Falar no mau e aparelhar o pau.
■ Falai do ruim, e olhai para a porta. ■ Quando se fala
na albarda, aparece logo o burro. VIDE: ● En lupus in
historia. ● Est lupus in fabula. ● Video lupum.
163. Echino asperior. [Erasmo, Adagia 2.4.81] É mais
espinhoso do que um ouriço.
164. Echinus partum differt. [Erasmo, Adagia 2.4.82] O
ouriço adia o parto. (=Com o adiamento cresceriam os
espinhos do filhote, tornando doloroso o parto). ■ Dilata
para seu mal. ■ Na tardança está o perigo. VIDE:
● Erinaceus partum differt.
165. Echinus sic echinum amat. [Pereira 94] Assim um
ouriço ama o outro. ■ Amigo como a cabra do cutelo.
166. Ecquis me hodie vivit fortunatior? [Terêncio,
Eunuchus 1031] Existe hoje alguém mais feliz do que
eu?
167. Ecquis nocens esse poterit usquam, si negare
sufficiet? Ecquis innocens esse poterit, si accusare
sufficiet? [Amiano Marcelino, Historia 18.1.4] Poderia
haver jamais alguém culpado, se bastasse negar a
acusação? Poderia haver alguém inocente, se bastasse
acusar?
168. Edamus, bibamus, gaudeamus: post mortem nulla
voluptas. [Epitáfio de Sardanapalo / Rezende 1516]
Comamos, bebamos, alegremo-nos: depois da morte
não há nenhum prazer. ● Ede, bibe, lude: post mortem
nulla voluptas. [Binder, Thesaurus 928] Come, bebe,
brinca: depois da morte não há nenhum prazer.
169. Edamus et bibamus: cras enim moriemur. [Pereira
99] ■ Comamos e bebamos, porque amanhã
morreremos. ■ O que se leva desta vida é o que se come,
o que se bebe e o que se brinca. VIDE: ● Comedamus et
bibamus, cras enim moriemur. ● Manducemus et
bibamus, cras enim moriemur.
170. Edax vetustas. [Ovídio, Metamorphoses 15.872] A
voraz velhice.
171. Ede tuum nomen. [Ovídio, Metamorphoses 3.580]
Come a tua fama.
172. Ede ut vivas, non vivas ut edas. [Brewer, Dictionary
of Phrase and Fable] Come para viver; não vivas para
comer. ■ Comer para viver, e não viver para comer.
● Edas, bibas ut bene vivas; non vivas ut tantum edas
et bibas. [Sweet 290] Come e bebe para que vivas bem,
não vivas apenas para comer e beber. ● Edendum tibi
est ut vivas, et non vivendum ut edas. [Pereira 99] É
preciso que comas para viver, e não viver para comer.
● Edere oportet ut vivas, non vivas ut edas. [Cícero,
Rhetoricorum 4.7] É preciso que comas para viver, não
vivas para comer. VIDE: ● Esse decet ut vivas, vivere
non ut edas. ● Esse oportet ut vivas, non vivere ut
edas. ● Non ut edam vivo, sed ut vivam edo. ● Non
vivas ut edas, sed edas ut vivere possis. ● Non
vivendum est ut edas, sed edendum ut vivas.
● Oportet esse ut vivas, non vivere ut edas.
173. Edebat tribus ursis quod satis esset. [Horácio,
Epistulae 1.15.34] Comia como três ursos, para ficar
satisfeito.
174. Edent pauperes, et saturabuntur. [Vulgata, Salmos
21.27] Os pobres comerão e serão fartos.
175. Edentulus vescentium dentibus invidet. [Erasmo,
Adagia 3.1.7] O desdentado inveja os dentes dos que
comem.
176. Ēdit terra cibos quos ĕdit omnis homo. A terra
produz os alimentos que todo homem come. (ēdit, de
ēdĕre, dar à luz, produzir; ĕdit de ĕdĕre, comer)
177. Editio cum notis variorum scriptorum. Edição com
anotações de vários escritores. VIDE: ● Variorum.
178. Editio cum privilegio. Edição com privilégio.
(=Edição autorizada).
179. Editio expurgata. Edição expurgada.
180. Editio princeps. Edição príncipe. Edição prínceps.
(=Primeira edição impressa de um livro. Edição
original).
181. Editio typica. Edição oficial.
182. Editio vulgata. Uma edição popular.
183. Editor sibi vindicat ius proprietatis. O editor se
reserva o direito de propriedade.
184. Edo, ergo sum. Como, logo existo. VIDE: ● Sum, ergo
edo.
185. Educatio pupillorum nulli magis quam matri
eorum commitenda est. [Jur] A educação dos menores
a ninguém mais do que à mãe deles deve ser confiada.
186. Edulcare convenit vitam, curasque acerbas
gubernare. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 15.25] Convém
adoçar a vida e dominar os amargos cuidados.
187. Eduxit aquam de petra. [Vulgata, Salmos 77.16]
Tirou água da pedra.
188. Effare aperte. [Sêneca, Hippolytus 640] Fala
abertamente.
189. Effare ocius. [Sêneca, Thyestes 639] Fala
imediatamente.
190. Effector mundi Deus. Deus é o criador do mundo.
191. Effectus cognosci solet per suas causas. Costuma-se
conhecer o efeito pelas causas.
192. Effectus durat, durante causa. Dura o efeito,
enquanto dura a causa.
193. Effectus in omnibus consideratur. Em tudo se
considera o efeito.
194. Effectus posterior sua causa. [Signoriello 72] O
efeito é posterior à sua causa. ● Effectus sequitur
causam. [Jur / Black 643] O efeito segue a causa.
195. Effectus sceleris. [Jur] O resultado do crime.
196. Efficaci do manus scientiae. [Horácio, Epodon 17.1]
Eu dou as mãos a uma ciência eficaz.
197. Efficacior est omni arte necessitas. [Quinto Cúrcio,
Historiae 4.3] A necessidade é mais eficaz do que
qualquer ciência. ■ A necessidade espicaça o engenho.
198. Efficacior vox operis quam sermonis. É mais eficaz
a voz da ação que a dão discurso. ■ Obras são amores, e
não palavras doces. ■ Cacarejar não é pôr ovo.
● Efficacius loquitur vox operis quam sermonis.
● Efficacius est vitae quam linguae testimonium. É
mais eficaz o testemunho da vida do que da língua.
■ Mais vale exemplo que doutrina. VIDE: ● Claret amor
factis; dulcia verba volant. ● Exempla, magis quam
verba, movent. ● Magis movent exempla quam
verba. ● Magna ne iactes, sed praestes. ● Validior vox
operis, quam oris. ● Verba sonant, exempla tonant.
● Vox operis validior est, quam oris.
199. Efficit ignavos patris indulgentia natos. [Pereira
115] A indulgência do pai faz dos filhos uns inúteis. ■ O
muito mimo perde os filhos.
200. Efficit insignem nimia indulgentia furem. [Pereira
117] A indulgência excessiva faz o grande ladrão. ■ O
perdão faz o ladrão. ■ Perdoar ao mau é dizer-lhe que o
seja.
Ao TOPO

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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A B C D E F G H I L M N O P Q R S T U VZ

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E2: 201-400
201. Effreno captus amore. [Ovídio, Metamorphoses
6.450] Tomado por um amor desenfreado.
202. Effugere cupiditatem regnum est vincere. [Publílio
Siro] Livrar-se da ambição é como vencer um reino.
■ Vence quem se vence. ■ Vencer-se a si é mais que
vencer o mundo.
203. Effugere enim nemo id potest quod futurum est.
[Cícero, De Natura Deorum 3.6] Ninguém consegue
fugir ao que vai acontecer. ■ Ninguém foge da sua sorte.
■ O que há de ser tem muita força. ● Effugere nemo
potest quod futurum est. [Medina 600]
204. Effugere non potes necessitates, potes vincere.
[Sêneca, Epistulae Morales 37.3] Não podes fugir ao
destino; podes vencê-lo.
205. Effugi malum, inveni bonum. [Erasmo, Adagia
3.1.2] Evitei o mal, encontrei o bem. ■ A quem se muda
Deus ajuda. ● Effugi mala, inveni meliora. [Schottus,
Adagia 434] Fugi ao mal, encontrei o melhor. VIDE:
● Evasi mala, sum nactus meliora. ● Fugi mala,
habens meliora.
206. Effugiens Charybdim, incidi in Scyllam. [Apostólio
18.52] Ao fugir de Caribde caí no Cila. ■ Saltei da
frigideira, caí nas brasas. ■ Saí do lodo, caí no arroio.
VIDE: ● Evitata Charybdi in Scyllam incidi. ● Evitata
Charybdi in Scyllam concidi. ● Hic timens
Charybdim incidit in Scyllam. ● Incidis in Scyllam
cupiens vitare Charybdin. ● Incidit in Scyllam qui
vult vitare Charybdin. ● Incidit in Scyllam, cupiens
vitare Charybdim.
207. Effugit immodicas parvula puppis aquas. O
pequeno barco foge das águas profundas. ■ Barco
pequeno não sai da costa. VIDE: ● Navis quae in
flumine magna est, in mare parvula est.
208. Effugit mortem, quisquis contempserit;
timidissimum quemque consequitur. [Quinto Cúrcio,
Historiae 4.14] Escapa da morte quem a despreza; ela
persegue quem a teme.
209. Effundit victus lacrimas; victor periit ipse.
[Schottus, Adagia 583] O vencido chora, o vencedor
morreu. VIDE: ● Flet victus, victor interiit. ● Qui vicit,
periit; plorant qui succumbuere.
210. Effusam aquam mortario tundis pilo. [Schottus,
Adagia 609] Móis com a lança a água derramada no
almofariz. ■ Malhas em ferro frio. VIDE: ● Aquam in
mortario tundis.
211. Effusione sanguinis. Com derramamento de sangue.
VIDE: ● Sine effusione sanguinis.
212. Effusus est omnis labor. [Pereira 98] Está perdido
todo o trabalho. ■ Botou-se tudo a perder. ■ Lá se foi o
melhor boi do meu arado. ■ Foi tudo pro beleléu. VIDE:
● Ibi omnis effusus labor.
213. Egebit qui suum prodegerit. [Plauto, Mercator
10.19] Passará necessidade quem dissipar seus bens.
■ Quem dá o que tem a pedir vem.
214. Egeni manducant panem doloris. [Binder,
Thesaurus 932] Os necessitados comem o pão da dor.
215. Egens aeque est is, qui non satis habet, et is cui
satis nihil potest esse. [RH 4.24] Tão pobre é quem não
tem o suficiente, como aquele a quem nada pode ser
suficiente.
216. Egenti as, laquei pretium. [Horácio, Sermones
2.2.98] Um ace para o pobre é o preço da corda (para se
enforcar).
217. Egere praestat in solo, quam divite sulcare fluctus.
[Manúcio, Adagia 1034] É melhor passar necessidade
em terra que rico sulcar o mar. ■ Antes na estrada em
carro velho do que no mar em navio novo. VIDE: ● In
terra pauperem esse praestat quam divitem
navigare. ● In terra egere malo quam dis navigem.
● Praestat in terra egere quam divitem navigare.
● Praestat in terra pauperem esse quam divitem
navigare. ● Tellure praestat pauperies, quam opes
mari.
218. Egestas artes docet. A pobreza ensina artes. ■ A
necessidade é mãe da invenção. ■ Não há melhor mestra
do que a necessidade e a pobreza. ● Egestas docet artes
et fames artium magistra. A pobreza ensina a
inventar, e a fome é a mestra da invenção. ● Egestas
ingeniosa. A necessidade é engenhosa. VIDE:
● Paupertas artes omnes perdocet. ● Paupertas omnes
artes perdocet, ubi quem attingit. ● Repertrix
omnium artium paupertas.
219. Egestas compellit vetulam currere. A necessidade
faz a velha correr. ■ A necessidade põe a velha a
caminho. VIDE: ● Currere vetulam compellit egestas.
220. Egestas saepe ducit ad sapientiam. A necessidade
muitas vezes conduziu à sabedoria. ■ A necessidade
aguça o entendimento.
221. Egestatem operata est manus remissa; manus
autem fortium divitias parat. [Vulgata, Provérbios
10.4] A mão indolente tem produzido indigência, mas a
mão dos fortes adquire riquezas.
222. Egestatis mater inertia. A preguiça é a mãe da
pobreza. ■ Sem trabalho, só a pobreza.
223. Eget minus mortalis, quo minus cupit. [Publílio
Siro] Quanto menos deseja o homem, tanto menos
necessidades tem. ■ Tem bastante quem com o que tem
se contenta.
224. Egi causam adversus magistratus. [Vulgata,
Neemias 13.11] Tratei a causa contra os magistrados.
225. Ego ac tu idem trahimus iugum. [Erasmo, Adagia
3.4.48] Eu e tu carregamos o mesmo jugo. ■ Eu como tu,
tu como eu, um a outro o diabo prendeu. VIDE: ● Ego
vero et tu iugum idem trahimus.
226. Ego accendam in corde tuo lucernam intellectus,
quae non exstinguetur quoadusque finiantur quae
incipies scribere. [Vulgata, 4Esdras 14.25] Eu
acenderei no teu coração a lanterna da inteligência, que
não se extinguirá até que se encerrem as coisas que
começares a escrever.
227. Ego ad nihilum redactus sum, et nescivi. [Vulgata,
Salmos 72.22] Eu fui reduzido ao nada, e não o entendi.
228. Ego adsum qui feci. Fui eu que fiz. VIDE: ● Ego feci.
229. Ego adulescentulos existimo in scholis stultissimos
fieri, quia nihil ex iis quae in usu habemus aut
audiunt aut vident. [Petrônio, Satiricon 1.3] Acredito
que os jovens se atoleimam nas escolas, porque não
ouvem nem vêem nada daquilo que temos na vida
prática.
230. Ego autem mendicus sum, et pauper. [Vulgata,
Salmos 39.18] Mas eu sou mendigo e pobre.
231. Ego autem ora hominum obturare non possum.
[VES 102] Não posso tapar a boca dos homens.
232. Ego certe credere malim quam experiri. [Rezende
1534] Eu sem dúvida preferiria crer a experimentar.
■ Mais vale experimentá-lo que julgá-lo, mas julgue-o
quem não pode experimentá-lo. [Camões]
233. Ego coniungo vos in matrimonium. [Fórmula de
casamento da liturgia católica] Eu vos uno em
matrimônio. VIDE: ● Coniungo vos.
234. Ego curavi, Deus sanavit. [Stevenson 1950] Eu
cuidei, Deus curou. ■ Deus é que sara, e o mestre leva a
prata.
235. Ego de alliis tibi loquor, tu autem de caepis
respondes. [Apostólio 20.52] Eu te falo de alhos, mas
tu me respondes com cebolas. ■ Falo-lhes em alhos,
respondem-me com bugalhos. ■ Misturas alhos com
bugalhos. ■ Tomais sesta por balhesta. ● Ego de, ille
vero de caepis. Eu falo de alhos, eles, de cebolas. ● Ego
de caelo, tu de terra. Eu te falo do céu, tu me
respondes da terra. ● Ego de caseo loquor, tu de creta
respondes. [Bailey, Divers Proverbs 6] Eu te falo de
queijo, tu me respondes de giz. VIDE: ● De alliis loquenti
respondet de caepis. ● Ego loquor de alliis, tu
respondes de caepis. ● Ego tibi de alliis loquor, tu
respondes de caepis.
236. Ego dedi causam negotio; ego me tradam pro toto
populo. [VES 68] Fui eu que causei o problema; eu me
entregarei por todo o povo.
237. Ego dies et noctes cogito. Penso dia e noite.
238. Ego dilecto meo, et dilectus meus mihi. [Vulgata,
Cântico 6.2] Eu sou para o meu amado, e o meu amado
é para mim.
239. Ego dixi in excessu meo: omnis homo mendax.
[Vulgata, Salmos 115.11] Eu disse no meu exagero:
Todo homem é mentiroso.
240. Ego dormio et cor meum vigilat. [Vulgata, Cântico
5.2] Eu durmo, e meu coração vela.
241. Ego dormivi, et soporatus sum, et exsurrexi.
[Vulgata, Salmos 3.6] Eu adormeci, e estive sepultado
no sono, e levantei-me.
242. Ego eadem non volo senex, quae puer volui.
[Sêneca, Epistulae Morales 61.1] Agora, que estou
velho, eu não desejo o mesmo que desejei quando
menino.
243. Ego enim didici, in quibus sum, sufficiens esse.
[Vulgata, Filipenses 4.11] Aprendi a contentar-me com
o que tenho.
244. Ego esse miserum credo, cui placet nemo. [Marcial,
Epigrammata 5.28.9] Eu considero um infeliz aquele a
quem ninguém agrada.
245. Ego feci. Fui eu que fiz. VIDE: ● Ego adsum qui feci.
246. Ego fidem meam malo quam thesauros. [Petrônio,
Satiricon 57.9] Eu prefiro meu crédito a tesouros. ■ Mais
vale crédito na praça do que dinheiro em caixa.
247. Ego flos campi, et lilium convalium. [Vulgata,
Cântico 2.1] Eu sou a flor do campo, a açucena dos
vales.
248. Ego fui quod tu es, tu eris quod ego sum. [Inscrição
em túmulo] Fui o que és, serás o que sou. ■ Eu sou você
amanhã. ■ Hoje sou eu, amanhã serás tu. VIDE: ● Ego
sum quod hic fuit, quod hic est, ego ero. ● Quod tu es,
ego fui; quod nunc sum, et tu eris.
249. Ego hic esse et illic simul haud potui. [Plauto,
Mostellaria 783] Eu não podia estar ao mesmo tempo
aqui e lá. ■ Não se pode bater o sino e carregar o andor.
● Ego hic esse et illic simul haud possum. Não posso
estar aqui e lá. VIDE: ● Hic esse et illic simul non
possum.
250. Ego homo sum sub potestate constitutus. [Vulgata,
Mateus 8.9] Também eu sou homem subordinado a
outro.
251. Ego illos veneror, et tantis nominibus semper
assurgo. [Sêneca, Epistulae Morales 64] Venero esses
homens, e sempre me levanto diante de nomes tão
grandes.
252. Ego illum periisse dico cui quidem periit pudor.
[Plauto, Bacchides 485] Conto como perdido aquele que
perdeu a vergonha.
253. Ego in portu navigo. [Terêncio, Andria 480] Estou
navegando no porto. (=Estou em segurança). VIDE: ● In
portu res est. ● In portu navigo. ● In portu navigatur.
● In portu inveho.
254. Ego incipio; conata exsequar. [Accius, Atreus] Eu
começo; realizarei o empreendimento. ■ Obra
começada, meio acabada.
255. Ego istos novi polypos, qui ubi quidquid tetigerunt
tenent. [Plauto, Aulularia 155] Conheço estes pólipos
que, quando tocam alguma coisa, agarram. (=Polypus,
neste texto, significa homem rapace).
256. Ego iudex non sum, quoniam partes ambas audire
non possum. [S.Agostinho, Epistulae 220] Eu não sou o
juiz, porque não posso ouvir ambas as partes.
257. Ego loquor de alliis, tu respondes de caepis.
[Pereira 123] Eu te falo de alhos, tu me respondes sobre
cebolas. ■ Falo-lhes em alhos, respondem-me com
bugalhos. ■ Misturas alhos com bugalhos. ■ Tomais
sesta por balhesta. VIDE: ● De alliis loquenti respondet
de caepis. ● Ego de alliis tibi loquor, tu autem de
caepis respondes. ● Ego de caseo loquor, tu de creta
respondes. ● Ego tibi de alliis loquor, tu respondes de
caepis.
258. Ego malo virum qui pecunia egeat quam pecuniam
quae viro. [Temístocles / Cícero, De Officiis 2.20]
Prefiro o homem que não tenha dinheiro ao dinheiro que
não tenha homem. ■ Antes homem sem dinheiro que
dinheiro sem homem. VIDE: ● Malo virum pecunia
quam pecuniam viro indigentem.
259. Ego me bene habeo. [Tácito, Annales 14.50] Estou-
me sentindo bem. (=Últimas palavras de Sexto Afrânio
Burrus).
260. Ego me convertam in hirudinem atque eorum
exsugebo sanguinem. [Plauto, Epidicus 188] Eu me
transformarei numa sanguessuga e sugarei o sangue
deles.
261. Ego me curo, equum servus. [Aulo Gélio, Noctes
Atticae 4.20] De mim sou eu que trato, do cavalo é o
criado. (=Por isso é que eu estou bem tratado e o cavalo
não). ■ Quem quer faz, quem não quer manda. ■ Se
queres ser bem servido, serve-te a ti mesmo.
262. Ego me in pedes quantum queo. [Terêncio,
Eunuchus 844] Eu fujo enquanto posso.
263. Ego meorum solus sum meus. [Terêncio, Phormio
587] Das minhas coisas, só eu é que sou meu.
264. Ego misi vos metere quod vos non laborastis.
[Vulgata, João 4.38] Eu enviei-vos a segar o que vós
não trabalhastes.
265. Ego ne utilem quidem arbitror esse nobis
futurarum rerum scientiam. [Cícero, De Divinatione
2.9.1] Não creio que o conhecimento do futuro nos seja
útil. VIDE: ● Certe igitur ignoratio futurorum
malorum utilior est quam scientia.
266. Ego non magis istiusmodi curo, quam ranas in
paludibus. [Schottus, Adagia 480] Eu me preocupo
tanto com isso quanto com as rãs no charco. ■ Tanto se
me dá disso como de chiar um carro.
267. Ego non sum de hoc mundo. [Vulgata, João 8.23]
Eu não sou deste mundo.
268. Ego non sum dignus ut solvam eius corrigiam
calceamenti. [Vulgata, João 1.27] Eu não sou digno de
desatar a correia dos seus sapatos.
269. Ego nunc sycophantae huic sycophantare volo.
[Plauto, Trinummus 923] Eu quero pregar uma peça
nesse impostor.
270. Ego nunquam studui malefacta cuiusquam
cognoscere. [Apuleio, Apologia 16] Eu nunca quis
tomar conhecimento das faltas de quem quer que seja.
271. Ego odi homines ignava opera, et philosopha
sententia. [Pacúvio / Aulo Gélio, Noctes Atticae 13.8]
Odeio os homens de ação preguiçosa e de discurso
filosófico.
272. Ego pausam feci. [Plauto, Poenulus 458] Eu parei
um pouco.
273. Ego plantavi, Apollo rigavit, sed Deus
incrementum dedit. [Vulgata, 1Coríntios 3.6] Eu
plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. VIDE:
● Homo plantat, homo irrigat, sed Deus dat
incrementum.
274. Ego pretium ob stultitiam fero. [Terêncio, Andria
610] Eu pago o preço de minha insensatez.
275. Ego primam tollo, nominor quoniam leo. [Fedro,
Fabulae 1.5.7] Fico com a primeira parte, porque me
chamo leão. ■ Manda quem pode, obedece quem tem
juízo. VIDE: ● Infida societas regni. ● Iniqua partitio.
● Leonina societas. ● Nunquam est fidelis cum
potente societas. ● Primo mihi. ● Quia nominor leo.
276. Ego primus, et ego novissimus. [Vulgata, Isaías
48.12] Eu sou o primeiro e o último. VIDE: ● Primus et
novissimus ego sum.
277. Ego proximus mihi. Meu parente sou eu mesmo.
■ Parentes são meus dentes. ■ Sinto mais e é-me mais
precisa a pele que a camisa. VIDE: ● Egomet proximus
sum mihi. ● Proximus mihi ego. ● Proximus sum
egomet mihi. ● Quisque sibi est proximus.
278. Ego, quae tu loquere, flocci non facio, senex.
[Plauto, Rudens 693] Não dou a menor importância ao
que dizes, meu velho.
279. Ego quasi agnus mansuetus qui portatur ad
victimam. [Vulgata, Jeremias 11.18] Eu era como um
manso cordeiro que é levado a ser vítima.
280. Ego quos amo, arguo et castigo. [Vulgata,
Apocalipse 3.19] Eu repreendo e castigo os que amo.
■ Quem bem ama bem castiga. ■ Quem ama castiga.
● Ego quos diligo arguo. [Bernardes, Luz e Calor 1.73]
Eu repreendo os que amo. VIDE: ● Qui bene amat, bene
castigat. ● Qui bene amat, satis castigat.
281. Ego reges eieci, vos tyrannos introducitis. [RH
4.66] Eu derrubei reis, e vós introduzis tiranos.
282. Ego semper apros occido, sed alter semper utitur
pulpamento. [Diocleciano / Flávio Volpisco, Carus
Carinus 15.1 / Rezende 1533] Sou sempre eu que mato
os javalis, mas é sempre outro que come a carne. ■ Nem
sempre dança quem paga a música. ■ O bocado não é
para quem o faz. ● Ego apros occido, sed alter fruitur
pulpamento. [Manúcio, Adagia 204] VIDE: ● Alter
occidit apros, alter pulpamento fruitur.
283. Ego seram, et alius comedat. [Vulgata, Jó 31.8]
Semeie eu, e outro o coma. ■ Um semeia, outro colhe.
■ O bocado não é para quem o faz. ■ Nem sempre dança
quem paga a música. VIDE: ● Alii laborarunt, alii
fructum ceperunt. Alii laborarunt, lucrum alii
reportarunt. ● Alii laborabant, alii autem
fruebantur. ● Alii sementem faciunt, alii metent.
● Alii seminant, metent alii. ● Alii serunt, alii metunt.
● Alius est qui seminat, et alius est qui metit. ● Hic
consevit agrum, sed fruges demetit alter.
284. Ego si bonam famam mihi servabo, sat ero dives.
[Plauto, Mostelaria 224] Se eu conservar meu bom
conceito, serei bastante rico. ■ Mais vale crédito na
praça do que dinheiro em caixa.
285. Ego spem pretio non emo. [Terêncio, Adelphi 219]
Eu não compro esperança. ■ Não compro nem vendo
ilusões. ■ Não compro nabos em saco. VIDE: ● Spem
pretio non emo.
286. Ego sum alpha et omega, primus et novissimus,
principium et finis. [Vulgata, Apocalipse 22.13] Eu
sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio
e o fim.
287. Ego sum frater tuus, noli metuere. [Vulgata, Ester
15.12] Sou teu irmão; não temas.
288. Ego sum lux mundi. [Vulgata, João 8.12] Eu sou a
luz do mundo.
289. Ego sum panis vitae. [Vulgata, João 6.35] Eu sou o
pão da vida.
290. Ego sum pastor bonus. [Vulgata, João 10.11] Eu sou
um bom pastor.
291. Ego sum qui sum. [Vulgata, Êxodo 3.14] Eu sou
quem sou.
292. Ego sum quod hic fuit, quod hic est, ego ero.
[Inscrição em túmulo / Rezende 1546] Sou o que este
foi, serei o que este é. VIDE: ● Ego fui quod tu es, tu eris
quod ego sum. ● Quod tu es, ego fui; quod nunc sum,
et tu eris.
293. Ego sum rex Romanus et supra grammaticam.
[Atribuído ao Imperador Sigismundo I / Rezende 1544]
Eu sou rei romano e estou acima da gramática.
294. Ego sum stella splendida et matutina. [Vulgata,
Apocalipse 22.16] Eu sou a estrela resplandescente da
manhã.
295. Ego sum via, veritas et vita. [Vulgata, João 14.6] Eu
sou o caminho, a verdade e a vida.
296. Ego talentum mutuum quod dederam, talento
inimicum mihi emi, amicum vendidi. [Plauto,
Trinummus 1020] Eu, que emprestei um talento, por um
talento comprei um inimigo e vendi um amigo. ■ Quem
empresta a um amigo perde o dinheiro e o amigo. VIDE:
● Vel illud, quod credideris perdas, vel illum amicum
amiseris.
297. Ego te baptizo in nomine Patris, et Filii et Spiritus
Sancti. [Fórmula de Batismo, da liturgia católica] Eu te
batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
298. Ego te intus et in cute novi. [Pérsio, Satirae 3.30]
■ Conheço-te por dentro e por fora. VIDE: ● Intus et in
cute.
299. Ego tibi de alliis loquor, tu respondes de caepis.
[Erasmo, Adagia 3.4.35] Eu te falo de alhos, tu me
respondes com cebolas. ■ Falo-lhes em alhos,
respondem-me com bugalhos. ■ Misturas alhos com
bugalhos. ■ Tomais sesta por balhesta. VIDE: ● De alliis
loquenti respondet de caepis. ● Ego de alliis tibi
loquor, tu autem de caepis respondes. ● Ego loquor
de alliis, tu respondes de caepis. ● Ego de caseo
loquor, tu de creta respondes.
300. Ego tu sum, tu es ego; uni animi sumus. [Plauto,
Stichus 721] Eu sou tu, tu és eu; nós temos uma só
alma.
301. Ego utrum nave ferar magna an parva, ferar unus
et idem. [Horácio, Epistulae 2.2.199] Se navego em
barco grande ou em barco pequeno, eu sou um e sempre
o mesmo.
302. Ego veni ut vitam habeant, et abundantius
habeant. [Vulgata, João 10.10] Vim para que eles
tenham vida, e para a terem em maior abundância.
303. Ego vero et tu iugum idem trahimus. [Albertatius
393] Eu e tu carregamos o mesmo jugo. ■ Estamos no
mesmo barco. VIDE: ● Idem iugum ducimus. ● Meo
laborat morbo.
304. Ego vero nihil impossibile arbitror. [Apuleio,
Metamorphoses 1.20] Eu na verdade acho que nada é
impossível. ■ Impossível é desculpa de mau pagador.
■ Impossível é Deus pecar. VIDE: ● Nihil impossibile
arbitror.
305. Ego verum amo, verum volo dici mihi; mendacem
odi. [Plauto, Mostellaria 177] Eu amo a verdade e quero
que a verdade me seja dita; odeio o mentiroso.
306. Ego vix risum contineo. Custa-me conter o riso.
VIDE: ● Nimium aegre risum contineo.
307. Ego volo ea, tu non vis; quae nolo, ea cupis. [Névio,
Fragmenta] Eu quero isto, tu não queres; o que não
quero, tu desejas.
308. Ego vos hortor tantum possum ut amicitiam
omnibus rebus humanis anteponatis. [Cícero, De
Amicitia 17] Eu vos exorto quanto posso a que
anteponhais a amizade a todas as coisas humanas.
309. Ego vos sequor, non duco. [Sêneca, Thyestes 486]
Eu vos sigo, não conduzo.
310. Ego vox clamantis in deserto. [Vulgata, João 1.23]
Eu sou a voz do que clama no deserto. ■ Pregar no
deserto, sermão perdido. VIDE: Vox clamantis in
deserto.
311. Egomet inter vivos vivo mortuus. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 2.13.10] Eu, que estou morto, vivo entre
vivos.
312. Egomet meo indicio miser quasi sorex hodie perii.
[Terêncio, Eunuchus 1024] Pobre de mim! Hoje eu me
dei mal, denunciando a mim mesmo, como o rato! VIDE:
● Sorex suo perit indicio. ● Suo ipsius indicio periit
sorex. ● Suo ipsius indicio perit fur.
313. Egomet mi ignosco. [Horácio, Sermones 1.3.23] Eu
mesmo me perdôo. ● Egomet mihi ignosco.
314. Egomet proximus sum mihi. Meu parente sou eu
mesmo. ■ Parentes são meus dentes. ■ Sinto mais e é-me
mais precisa a pele que a camisa. VIDE: ● Ego proximus
mihi.
315. Egomet sum hic, animus domi est. [Plauto,
Aulularia 138] Eu mesmo estou aqui, mas meu espírito
está em casa.
316. Egomet sum mihi imperator. [Plauto, Mercator 852]
Eu sou meu próprio comandante.
317. Egregia facinora immortalia sunt. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 2] Os grandes feitos são imortais.
318. Egregia musica quae sit abscondita nullius rei est.
[Albertatius 394] A música magnífica que está
escondida não tem valor nenhum. ■ O saber escondido
da ignorância vista pouco dista. ● Egregia musica quae
sit abscondita nulli rei est. [Polydorus, Adagia] VIDE:
● Abdita quid prodest generosi vena metalli, si
cultore caret? ● Si solus sapias, nempe quis usus erit?
● Musica abscondita nulli rei est. ● Musicae occultae
nullus respectus. ● Non erit ignotae gratia magna
lyrae. ● Nullus latentis musicae respectus est.
● Occultae musicae nullum esse respectum.
● Occultae musicae nullus respectus. ● Si solus sapias,
nempe quis usus erit?
319. Egregie docti nonnunquam in minimis quibusdam
labuntur. [Grynaeus 131] Os homens muito cultos às
vezes tropeçam em coisas mínimas. ■ Até os sábios se
enganam.
320. Egregie mentiri potest qui ex loco longe dissito
venit. [DAPR 443] Pode pregar grandes mentiras quem
vem de lugar muito afastado. ■ Quem vem de longe
conta como quer. ■ Grandes viagens, grandes mentiras.
■ Longas vias, longas mentiras. VIDE: ● Longum iter
emensus, mendacia longa reportat.
321. Egregio vati vinum fit equus celer omni. [Schottus,
Adagia 159] O vinho se torna o célere corcel de todo
poeta eminente. VIDE: ● Sane magnus equus lepido sunt
vina poëtae. ● Vinum poëtarum caballus.
322. Egregios faciet mentis constantia mores.
[Columbano, Monosticha] A firmeza do espírito
formará o caráter excelente.
323. Egregios invitant praemia mores. [Claudiano, De
Consulatu Stilichonis 2.120] Os prêmios estimulam
excelentes costumes.
324. Egressus est non viis sed tramitibus. [Cícero,
Philippica 13.19] Ele não partiu por estradas, mas por
atalhos.
325. Eheu! Dum loquimur fugit irremeabile tempus.
[Inscrição em quadrante solar] Ai de nós! Enquanto
falamos foge o tempo sem retorno. VIDE: ● Dum
loquimur, fugit invida aetas.
326. Eheu! fugaces labuntur anni! [Horácio, Carmina
2.14.1] Ai de nós! Os anos fogem rapidos!
327. Eheu! nullum infortunium venit solum.
[Schrevelius 1184] Ah! nenhuma desgraça vem só.
■ Uma desgraça nunca vem só. VIDE: ● Calamitas nulla
sola. ● Fortuna obesse nulli contenta est semel.
● Malis mala succedunt. ● Nulla calamitas sola.
● Nullum infortunium venit solum.
328. Eheu! Quam festinant dies. [Inscrição em quadrante
solar] Ai! Como os dias são apressados.
329. Eheu! quam miserum est fieri metuendo senem!
[Publílio Siro] Ai! Que infelicidade envelhecer na
inquietude!
330. Ei autem qui operatur merces non imputatur
secundum gratiam, sed secundum debitum. [Vulgata,
Romanos 4.4] Ao que obra não se lhe conta o jornal por
graça, mas por dívida.
331. Ei ignoscitur, qui puniri debuit. [Sêneca, De
Clementia 2.7.1] Perdão se dá a quem devia ser punido.
332. Ei incumbit probatio, qui dicit, non qui negat.
[Paulo, Digesta 22.3.2] A prova cabe a quem afirma,
não a quem nega. ● Ei qui affirmat, non ei qui negat,
incumbit probatio. [Broom 253] VIDE: ● Affirmanti,
non neganti, incumbit probatio. ● Affirmanti
incumbit probatio. ● Alleganti probatio incumbit.
● Factum asseverans onus subit probationis.
● Probatio incumbit asserenti.
333. Ei qui semel sua prodegerit, aliena credi non
oportere. [Alciato, Emblema 54] Não convém confiar
nossos bens a quem uma vez dissipou os próprios. ■ A
quem do seu foi mau despenseiro, não confies teu
dinheiro.
334. Eia age, rumpe moras! [Virgílio, Eneida 4.569]
Vamos; nada de demora!
335. Eice primum trabem de oculo tuo, et tunc
perspicies ut educas festucam de oculo fratris tui.
[Vulgata, Lucas 6.42] Tira primeiro a trave do teu olho,
e depois verás para tirar a aresta do olho de teu irmão.
● Eice primum trabem de oculo tuo, et tunc videbis
eicere festucam de oculo fratris tui. [Vulgata, Mateus
7.5]
336. Eicite ex animo curam. [Plauto, Casina, Prologus
23] Expulsai a preocupação de vossos corações.
337. Eis nunc praemium est, qui recta prava faciunt.
[Terêncio, Phormio 771] Atualmente o prêmio é para
aqueles que dão ao mal a aparência do bem.
338. Eius cantilenam cane, cuius plaustro veheris. [Gaal
248] Cantarás a cantiga daquele em cujo carro viajares.
■ Aquele louvar devemos, cujo pão comemos. VIDE:
● Cuius edis panem, illius et aspice nutum. ● Cuius
edo panes, illius et debeo aspicere nutum. ● Cuius
edo panes, illius cantilenam cano. ● Siceram cuius
quis bibit, huius et carmen canat.
339. Eius consortium cane peius et angue vita. Evita a
companhia dele mais do que a de um cão e de uma
cobra. ■ Foge dele como o diabo da cruz. VIDE:
● Aliquem cane peius et angue vitare. ● Odit cane
peius et angue.
340. Eius dentes vel silicem comedere possunt. [Rezende
1567] Seus dentes podem comer até pedra. VIDE:
● Quorum dentes vel silicem comesse possunt.
341. Eius est interpretari, cuius est condere (legem).
[Jur / Black 645] Explicar a lei compete a quem
compete criá-la.
342. Eius est nolle, qui potest velle. [Ulpiano, Digesta
50.17.3] Quem pode querer, pode não querer.
343. Eius est periculum cuius est dominium aut
commodum. [Jur / Black 645] Quem tem o domínio ou
a vantagem, tem o risco.
344. Eius est vetare cuius est permittere. [Jur] Quem
pode permitir pode proibir. ● Eius est vetare qui potest
permittere.
345. Eius nulla culpa est, cui parere necesse sit. [Jur /
Black 645] Quem é obrigado a obedecer não tem
nenhuma culpa. VIDE: ● Is damnum dat, qui iubet dare;
eius vero nulla culpa est, cui parere necesse est.
346. Eiusdem ferme sunt farinae irrisor, stultus et
ignarus. [Schrevelius 1171] São quase da mesma
farinha o zombeteiro, o tolo e o ignorante.
347. Eiusdem generis. Do mesmo gênero. Da mesma
classe. Da mesma natureza.
348. Eiusdem iuris esse debent, qui sub eodem rege
victuri sunt. [Quinto Cúrcio, Historiae 10.3] Devem
ficar sob a mesma lei os que vão viver sob o mesmo rei.
349. Eiusmodi mortalium sunt res, ut in eodem nihil
duret statu. [Eurípides / Grynaeus 262] As coisas dos
mortais são de tal modo que nada possa durar no mesmo
estado.
350. Elapsam occasionem non ipse possit Iuppiter
reprehendere. Nem o próprio Júpiter pode recuperar
uma oportunidade perdida. ■ A sorte bate uma vez só à
porta de cada pessoa. ● Elapsum semel non ipse possit
Iuppiter reprehendere. [Fedro, Fabulae 5.8.3] O que
foi perdido nem o próprio Júpiter pode recuperar.
351. Elapso tempore. Esgotado o tempo.
352. Electa una via, non datur recursus al alteram. [Jur
/ Black 646] Escolhido um caminho, não é dado recurso
para outro.
353. Electiones fiant rite et libere sine interruptione
aliqua. [Jur / Black 648] As eleições devem ser feitas
na forma devida e com liberdade, sem qualquer
interrupção.
354. Electro lucidior. [Pereira 99] Mais brilhante do que o
raio. ■ Claro como água.
355. Eleemosyna non tam accipientibus prodest quam
dantibus. [DM 55] A esmola não favorece tanto a quem
a recebe como a quem a dá.
356. Elegantia sermonis. A elegância da linguagem.
357. Elegantiae arbiter. [Tácito, Annales 16.18] O árbitro
da elegância. (=Alcunha de Petrônio). VIDE: ● Arbiter
elegantiae. ● Arbiter elegantiarum.
358. Elegi te in camino paupertatis. [Vulgata, Isaías
48.10] Eu te escolhi na fornalha da pobreza.
359. Elementa quattuor: tellus atque unda, aër atque
ignis. São quatro os elementos: a terra e a água, o ar e o
fogo.
360. Elephantem ex musca facis. [Apostólio 8.14] De
uma mosca fazes um elefante. (=Exagerar. Aumentar as
coisas. Engrandecer quem não merece). ■ Fazer de uma
mosca um elefante. ■ De um argueiro fazes um
cavaleiro. ■ Fazes de uma pulga um cavaleiro armado.
■ Fazes de uma pulga um camelo. VIDE: ● Arcem ex
cloaca facere. ● Elephantum ex musca facis.
● Elephantum e mure facis. ● Ex musca elephantem.
361. Elephantem saltare doces. [Schottus, Adagia 275]
Ensinas o elefante a dançar. ■ Malhas em ferro frio.
362. Elephanto belluarum nulla prudentior. [Cícero, De
Natura Deorum 1.35] Nenhum animal selvagem é mais
prudente do que o elefante.
363. Elephantos porcina vox terret. [Sêneca, De Ira
2.11.5] O grunhir do porco apavora os elefantes.
364. Elephantum ex musca facis. [Erasmo, Adagia
1.9.69] De uma mosca fazes um elefante. ■ De um
argueiro fazes um cavaleiro. ■ Fazes de uma pulga um
cavaleiro armado. ● Elephantum e mure facis.
[Schottus, Adagia 212] De um rato fazes um elefante.
VIDE: ● Elephantem ex musca facis. ● Ex musca
elephantem.
365. Elephantum sub alis celas. [Pereira 121] Escondes
um elefante no sovaco. ■ Queres tapar o sol com uma
peneira. ■ Queres cobrir o céu com uma joeira.
● Elephantum sub alis occultas.
366. Elephantus culicem non curat. [Pereira 107] O
elefante não faz caso do mosquito. ■ Homem grande não
desce a coisas baixas. ● Elephantus Indus non hili
culicem facit. [Schottus, Adagia 615] ● Elephas indus
culices non timet. [Rezende 1573] Elefante não tem
medo de mosquitos. ● Elephas muscam non curat. O
elefante não dá importância à mosca. ● Elephas non
capit muscas. Elefante não caça moscas. VIDE: ● Culices
elephas non curat. ● Indus elephantus haud curat
culicem.
367. Elephantus non capit murem. [Manúcio, Adagia
393] Elefante não apanha camundongo. ■ As águias não
caçam moscas. ■ Homem grande não desce a coisas
baixas. ● Elephas murem non capit. [Schottus, Adagia
69] ● Elephas murem non mordet. [Apostólio 8.15]
● Elephantus non capit murem, nec aquila muscas.
[Erasmo, Adagia 1.9.70] O elefante não apanha ratos,
nem a águia, moscas. VIDE: ● Animus excelsus res
humiles dispicit. ● Aquila non capit muscas. ● Aquila
non captat muscas. ● Aquila non aucupatur muscas.
● Murem elephas non capit.
368. Eligat aequalem prudens sibi quisque sodalem.
[Trench, Proverbs] Quem for prudente deverá escolher
um igual por companheiro. ■ Casar e compadrar, cada
qual com seu igual. ■ Cada qual com seu igual, e cada
ovelha com sua parelha.
369. Elige cui dicas: tu mihi sola places. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.42] Escolhe a quem dirás: só tu me agradas.
370. Elige ergo vitam, ut et tu vivas, et semen tuum.
[Vulgata, Deuteronômio 30.19] Escolhe pois a vida,
para que vivas tu e a tua posteridade.
371. Elige eum cuius tibi placuit et vita et oratio.
[Sêneca, Epistulae Morales 11.10] Escolhe aquele cuja
vida e eloqüência te agradaram.
372. Elige ex malis minima. Dos males escolhe os
menores. ■ Dos males, o menor. VIDE: ● De duobus
malis minus malum est eligendum. ● De duobus
malis, minus est deligendum. ● De duobus malis,
minus est semper eligendum. ● E duobus malis minus
eligendum. ● E duobus malis, cum maius fugiendum
sit, levius est eligendum. ● E malis multis malum
quod minimum est. ● Ex malis eligere minima
oportere. ● Minima de malis eligenda. ● Minima de
malis. ● Minus damnum maiori anteponendum.
373. Elige quem diligas! Escolhe a quem vais amar!
● Eligas quem diligas! [Eiselein 185] VIDE: ● Delige
quem diligas! ● Deligere oportet quem velis diligere.
● Ne cuivis dextram inieceris.
374. Elige viam optimam. [Grynaeus 129] Escolhe o
melhor caminho.
375. Eliguntur in aedificio lapides angulares, non
reprobatis ceteris, qui structurae partibus aliis
deputantur. [Tertuliano, Ad Nationes 2.9 /
S.Agostinho, De Civitate Dei 7.1.2] Para um edifício
escolhem-se as pedras angulares, sem rejeitar as outras,
que são destinadas às outras partes da construção.
376. Eliguntur uvae ad vescendum, nec reprobantur
aliae, quas relinquimus ad bibendum. [S.Agostinho,
De Civitate Dei 7.12.2] Escolhem-se umas uvas para
comer, mas não são rejeitadas as outras, que deixamos
para fazer bebida.
377. Eloquar? An sileam? [Virgílio, Eneida 3.39] Devo
falar? Devo calar? ● Eloquarne, an sileam? [Erasmo,
Moriae Encomium 30]
378. Eloquentia, alumna licentiae, quam stulti
libertatem vocitant. [Tácito, De Oratoribus 40] A
eloqüência, essa discípula da licença, que os tolos
chamam de liberdade.
379. Eloquentia fortitudine praestantior. [Alciato,
Emblemata 181] Eloqüência vale mais que valentia.
■ De uma boa conversa ninguém escapa.
380. Eloquentia male sine moribus discitur. [Grynaeus
234] Sem princípios morais, não se aprende bem a
eloqüência.
381. Eloquentia sine sapientia gladius est in manu
furiosi. [Albertano da Brescia, Liber de Amore 3.7]
Eloqüência sem sabedoria é espada em mão de louco.
382. Eloquentiae flumen, sapientiae gutta. Um rio de
eloqüência, uma gota de sabedoria. ■ Muito falar, pouco
saber.
383. Elucet egregia virtus. [Erasmo, Adagia 3.8.62] A
grande virtude resplandece. ■ A luz, onde está, logo
aparece.
384. Emancipatione desinunt liberi in potestate
parentum esse. [Jur] Pela emancipação deixam os
filhos de estar sob o pátrio poder.
385. Emas non quod opus est, sed quod necesse.
[Marcos Catão / Sêneca, Epistulae Morales 94.28]
Comprarás não o que te é útil, mas o que te é
necessário. ■ Quem compra o que não pode vende o que
não deve. ● Eme non quod opus est, sed quod necesse
est.
386. Eme die caeca olivum, id vendito oculata die.
[Plauto, Pseudolus 294] Compra o óleo a prazo, e
vende-o à vista. VIDE: ● Emere die caeca, vendere
oculata.
387. Eme et habebis. [Inscrição em balanças de
negociantes de Pompéia / Bivar 412] Compra e terás.
388. Emendatio nulla, ubi nullus est metus. [Tertuliano,
De Paenitentia 2.1, adaptado] Quando não há medo,
ninguém se corrige. ■ O medo é que guarda a vinha.
389. Emendatio pars studiorum longe utilissima.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 10.4.1] A revisão é de
longe a parte mais útil dos estudos.
390. Emere catulum in sacco. [Spalding, Guia Prático
116] Comprar um cachorrinho dentro de um saco.
■ Comprar nabos em saco.
391. Emere die caeca, vendere oculata. [Pereira 124]
■ Comprar fiado, vender de contado. ■ Comprar a
crédito, vender à vista. VIDE: ● Eme die caeca olivum,
id vendito oculata die.
392. Emere malo quam rogare. [Cícero, In Verrem
4.6.12] Prefiro comprar a pedir. ■ Caro se compra o que
se pede. ■ Mais barato é o comprado do que o pedido.
393. Emere oportet, quem tibi oboedire velis. [Plauto,
Persa 277] É preciso comprar as pessoas que queres que
te obedeçam.
394. Emersit ex asinis equus tardigradis. De asnos
vagarosos saiu um cavalo. ■ Cavalo formoso de potro
sarnoso. VIDE: ● A tardigradis asinis equus prosiliit.
● A tardigradis asinis equus prodiit. ● A tardigradis
asinis ad equos. ● E tardigradis asinis equus prodiit.
● E tardo asino equus prodiit.
395. Eminentia feriunt procellae. As tempestades ferem
as coisas elevadas. ■ Raio não cai em pau deitado.
396. Eminentis fortunae comes invidia. [Veleio
Patérculo, Historia 1.9] A inveja é companheira da sorte
grande. ■ A inveja sempre atina lugares altos.
397. Eminet non imminet. [Divisa do Cardeal Mazarino /
Rezende 1577] Ele domina, mas não ameaça.
398. Emit morte immortalitatem. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 9.3.71] Com a morte adquiriu a imortalidade.
399. Emitur sola virtute potestas. [Claudiano, Tertium
Consulatum 188] O poder só se adquire com a coragem.
400. Emori risu. [Erasmo, Adagia 4.1.86] ■ Morrer de rir.
VIDE: ● Risu omnes qui aderant emoriri.

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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E3: 401-600
401. Empta dolore docet experientia. A experiência
adquirida com sofrimento ensina. ■ A experiência que
não dói, muito pouco ou nada aproveita.
402. Emptio consensu peragitur. [Digesta 18.1.1.2] A
compra se completa pela concordância.
403. Emptio et venditio contrahitur, simul atque de
pretio convenerit. [Institutiones 3.23.1] A compra e
venda se fazem logo que se tenha acordado o preço.
● Emptio nulla sine pretio. [Jur] Não há compra sem
preço.
404. Emptor emit quam minimo potest, venditor vendit
quam maximo potest. [Jur / Black 658] O comprador
compra pelo menor preço que pode; o vendedor vende
pelo maior preço que pode.
405. Emunctae naris homo. [Pereira 107] Um homem de
nariz assoado. (=Um homem de bom juízo, de bom
gosto).
406. Emungens acrius elicet sanguinem. [Bernardes,
Nova Floresta 2.254] Quem assua com força, tirará
sangue. VIDE: ● Qui fortiter emungit elicit sanguinem.
● Qui vehementer emungit elicit sanguinem.
407. En ego confiteor: tua sum nova praeda, Cupido.
[Ovídio, Amores 1.2.19] Cupido, eu reconheço: sou tua
nova presa.
408. En ego Fortuna! Si starem sorte sub una et non
mutarer, nunquam Fortuna vocarer. [Werner] Eu sou
a Fortuna! Se eu permanecesse sob uma única sorte e
não mudasse, nunca seria chamada de Fortuna.
409. En illa, illa quam saepe optastis, libertas. [Salústio,
Catilina 20.5] Ei-la, ei-la, a liberdade que tantas vezes
desejastes.
410. En lupus in historia. Eis o lobo da história. ■ Falar
no mau e aparelhar o pau. ■ Falai do ruim, e olhai para
a porta. ● En lupus in fabula. VIDE: ● Eccum lupus in
sermone. ● Est lupus in fabula. ● Video lupum.
411. En quo discordia cives produxit miseros! [Virgílio,
Eclogae 1.71] Eis para onde a discórdia conduziu
nossos infelizes concidadãos!
412. Encomia canere ante victoriam. [Binder, Thesaurus
951] Cantar os louvores antes da vitória. VIDE:
● Epinicium ante victoriam. ● Non est canendum
epinicium ante victoriam.
413. Enecat ingentem vipera parva bovem. [Gaal 914;
Binder, Medulla 410] Pequena cobra mata boi grande.
■ Pequeno machado derruba grande carvalho. ■ Não há
pequeno inimigo. VIDE: ● A cane non magno saepe
tenetur aper. ● Parva necat morsu spatiosum vipera
taurum. ● Ut noceat sat quisque potens.
414. Ens Entium. O Ser dos Seres. O Ser Supremo.
415. Ens legis. [Jur / Black 664] Pessoa jurídica.
416. Ense cadunt multi, perimit sed crapula plures.
[Gaal 1342] Muitos caem pela espada, porém bebedeira
detrói mais gente. ■ Mais homens se afogam no copo
que no mar. VIDE: ● Ancipiti plus ferit ense gula. ● De
plenis cyathis multos periisse sciatis. ● Plures
interficit cena quam gladius.
417. Ense et aratro. [Divisa do Marechal Bougeaud /
Rezende 1584] (Servimos à pátria) com a espada e com
o arado.
418. Ense petit placidam sub libertate quietem. [Divisa
do Estado de Massachusetts, EUA] Com a espada,
busca a paz tranqüila sob a liberdade. VIDE: ● Manus
haec inimica tyrannis ense petit placidam sub
libertate quietem.
419. Ensis corpus vulnerat, mentem sermo. [Schrevelius
1180] O corpo é a espada que fere; a mente, é a palavra.
● Ensis vulnerat corpus, mentem oratio.
420. Entia non sunt multiplicanda praeter
necessitatem. [William de Ockham, Quodlibeta]
Entidades não devem ser multiplicadas
desnecessariamente.
421. Enumerare omnes fatorum vias longum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 91.12] Seria longo enumerar
todos os caminhos do destino.
422. Enumerari non possunt stellae caeli, et metiri
arena maris. [Vulgata, Jeremias 33.22] As estrelas do
céu não podem ser contadas, nem ser medida a areia do
mar.
423. Enumerat miles vulnera, pastor oves. [Propércio,
Elegiae 2.1.45] O soldado conta os ferimentos, o pastor
conta as ovelhas. ■ Cada um fala do que trata.
424. Enumeratio unius est exclusio alterius. [Jur / Black
669] A especificação de uma coisa é a exclusão de uma
outra coisa. VIDE: ● Expressio unius est exclusio
alterius.
425. Eo animo. Com essa intenção.
426. Eo breviores, quo gratiores. [Inscrição em
quadrante solar] As horas, quanto mais agradáveis, tanto
mais breves. VIDE: ● Grata brevissima.
427. Eo die. Nesse dia. No mesmo dia.
428. Eo dilucidior narratio fiet, quo brevior. Quanto
mais breve a narração, mais brilhante ficará. VIDE: ● Quo
brevior, dilucidior et cognitu facilior narratio fiet.
429. Eo instante. [Broom 36] Naquela iminência. Naquele
mesmo momento. Imediatamente.
430. Eo intuitu. Com essa intenção. Com a mesma
intenção.
431. Eo ipso. Por isso mesmo. Por esse fato.
432. Eo magis elucet vera virtus, quo occultatur.
[Cícero, Pro Roscio Amerino 86] Quanto mais se
oculta, tanto mais brilha a verdadeira virtude.
433. Eo magis praefulgebant quo non videbantur.
[Tácito, Annales 3.76] Tanto mais brilhavam, quanto
mais se ocultavam.
434. Eo maior est gloria, quo serior. [Sêneca, Epistulae
Morales 79.13, adaptado] Quanto mais tarde chega a
glória, maior é.
435. Eo nomine. Com esse nome. Por esse nome. Sob esse
nome.
436. Eo praetextu. Com a justificativa. Com essa
justificativa.
437. Eo tempore. Naquele tempo. VIDE: ● In diebus illis.
● In illo tempore. ● In tempore illo.
438. Eodem animo beneficium debetur, quo datur.
[Publílio Siro] O benefício é devido com o mesmo
espírito com que é dado.
439. Eodem collyrio mederi omnibus. [Erasmo, Adagia
4.8.21] Curar a todos com o mesmo ungüento. ● Eodem
collyrio medetur omnibus. [Dumaine 235] Ele trata a
todos com o mesmo remédio. VIDE: ● Eumdem calceum
omni pedi inducere. ● Uno collyrio omnium oculos
vult curare. ● Uno medicamine omnes simul morbos
curare.
440. Eodem cubito, eadem trutina, pari libra. [DAPR
441] Com o mesmo côvado, com a mesma balança, com
peso igual. ■ Como me medires, assim te medirei.
441. Eodem cubito metiri. [Pereira 110] Medir a todos
com o mesmo metro. ■ Medir a todos pela mesma
rasoura. ● Eodem cubito remetiar. [Pereira 100]
Medirei pelo mesmo metro. ■ Como me medires, assim
te medirei. ● Eadem mensura remetiar. [Pereira 100]
442. Eodem in ludo docti. [Erasmo, Adagia 2.8.50]
Estudaram na mesma escola. ■ São farinha do mesmo
saco. ■ São vinho da mesma pipa. ■ São lobos da mesma
alcatéia. ■ Todos são da mesma estofa. VIDE: ● Sunt
omnes eiusdem furfuris. ● Sunt omnes eiusdem
farinae.
443. Eodem iure quo res contrahitur, dissolvitur. [Jur]
Pelo mesmo direito com que se contrata um negócio, se
distrata.
444. Eodem laborat morbo. Ele sofre da mesma doença
que eu. ■ Somos vinho da mesma pipa. ● Eodem laborat
malo. ● Eodem laborat vitio. ● Eodem laborat morbo,
quo ego et multi magni viri laborarunt. [Abraham
Cowley, Naufragium Ioculare, Ato 1, Cena 4] Ele sofre
da mesma doença que eu e muitos homens importantes
sofremos.
445. Eodem mihi pretio sal praehibitur quo tibi.
[Plauto, Persa 429] A mim o sal é vendido ao mesmo
preço que a ti.
446. Eodem modo erga amicum affecti simus, quo erga
nosmetipsos. [Cícero, De Amicitia 56] Devemos agir
em relação a um amigo do mesmo modo que agimos em
relação a nós mesmos.
447. Eodem poculo bibes. Beberás da mesma taça.
(=Compartilharás da mesma sorte). ● Eodem poculo
quo ego bibi biberet. [Plauto, Casina 767] Da mesma
taça que eu bebi, ele também beberá. (=Vai passar pelo
mesmo que eu passei).
448. Eodem prognati sunt ovo. [Pereira 121] Nasceram
do mesmo ovo. ■ São unha e carne.
449. Eodem tempore. Ao mesmo tempo.
450. Eorum unus surrupuit currenti cursori solum.
[Plauto, Trinnumus 1023] Um deles roubou o sapato do
corredor em plena corrida.
451. Eorum vita refellitur oratio. [Cícero, De Finibus
2.81] O discurso deles é contradito pela vida deles.
■ Dizer e fazer não comem à mesma mesa.
452. Eos adversarios existimemus, qui arma contra
patriam ferant; non eos, qui suo iudicio tueri
rempublicam velint. [Cícero, De Officiis 1.25]
Consideremos adversários os que tomarem armas contra
a pátria, e não aqueles que quiserem ver a república
conforme suas convicções.
453. Eos auloedos esse qui citharoedi fieri non
potuerint. [Cícero, Pro Murena 29] Sejam flautistas os
que não puderem ser citaristas. ■ Quem não pode andar
a cavalo ande a pé. ■ Vai el-rei até onde pode, não onde
quer. ■ Quem não pode como quer queira como puder.
VIDE: ● Auloedus sit qui citharoedus esse non potest.
● Auloedus fiat, qui esse citharoedus nequit.
● Auloedus sit qui citharoedus esse non possit.
454. Eos scire quae recta sunt, sed facere nolle.
[Schottus, Adagialia Sacra 54] Eles sabem o que é
correto, mas não querem fazer.
455. Epicuri de grege porcus. [Horácio, Epistulae 1.4.15]
Um porco do rebanho de Epicuro. (=Um homem
voluptuoso. Um glutão).
456. Epicuri horti. Os jardins de Epicuro. (=Em Atenas, o
jardim em que o filósofo Epicuro instalou sua escola).
457. Epinicium ante victoriam. O hino do triunfo antes
da vitória. VIDE: ● Ante victoriam canis triumphum.
● Ante victoriam ne canas triumphum. ● Encomia
canere ante victoriam. ● Non est canendum
epinicium ante victoriam.
458. Epistula enim non erubescit. [Cícero, Ad Familiares
5.12.1] A carta não cora. ■ O papel aceita tudo. ■ Calem
barbas e falem cartas. ● Epistulae non erubescunt.
Cartas não coram. VIDE: ● Litterae non erubescunt.
459. Epistulas vero cotidianis verbis texere solemus.
[Cícero, Ad Familiares 9.21] Quanto às cartas, eu
costumo compô-las com palavras de uso diário.
460. Epulis accumbere divum. [Virgílio, Eneida 1.79]
Participar dos banquetes dos deuses.
461. Equi donati dentes non inspiciuntur. [Rezende
1598] ■ A cavalo dado não se olham os dentes. ● Equi
donati dentes non sunt inspiciendi. Não devem ser
examinados os dentes do cavalo dado. ● Equi donati
non inspicias dentes. [Bebel, Adagia Germanica] Não
olhes os dentes do cavalo dado. VIDE: ● Donato non sunt
ora inspicienda caballo. ● Donati non sunt ora
inspicienda caballi. ● Donum quodcumque dat
aliquis, lauda. ● Gratis quando datur equus, os non
inspiciatur, non contemnatur, si morbidus. ● Non
oportet equi dentes inspicere donati. ● Noli equi
dentes inspicere donati. ● Si quis dat mannos, ne
quaere in dentibus annos.
462. Equi et poëtae alendi, non saginandi. [Carlos IX, da
França] Cavalos e poetas devem ser alimentados, não
engordados. ● Equi, ut poëtae, alendi, non saginandi.
Os cavalos, como os poetas, devem ser alimentados, não
engordados.
463. Equidem natus non eram. [Fedro, Fabulae 1.1.11]
Na verdade, nessa época eu ainda não era nascido. VIDE:
Nondum natus eram.
464. Equidem pol vel falso tamen laudari multo malo.
[Plauto, Mostellaria 177] Eu prefiro um cumprimento,
ainda que seja insincero.
465. Equidem virum odi duplicem sermonibus, verbis
amicum, sed malignum moribus. [Schottus, Adagia
60] Odeio o homem de dois discursos, amigo com as
palavras, mas malvado nas ações. VIDE: ● Verbis
amicus, sed malignus moribus.
466. Equis virisque. Com a cavalaria e a infantaria. VIDE:
● Viris equisque decertandum est.
467. Equitandi peritus ne cantet. [Erasmo, Adagia
4.9.34] O mestre em equitação não deve cantar. (=Quem
se ocupa com coisas sérias, não deve perder tempo com
coisas irrelevantes).
468. Equitare in arundine longa. [Horácio, Sermones
2.3.248] Cavalgar numa vara comprida.
469. Equo currenti non opus calcaribus. [Publílio Siro]
■ Cavalo que voa não carece de espora. ● Equo
currenti calcar ne addas. Não metas espora em cavalo
que corre. VIDE: ● Nobilis equus umbra quoque virgae
regitur; ignavus, ne calcari quidem concitari potest.
● Non opus est celeri subdere calcar equo. ● Stimulo
currentem equum incitasti. ● Strenuos equos non
esse opere defatigandos.
470. Equo frenato est auris in ore. [Horácio, Epistulae
1.15.13] O cavalo arreado tem o ouvido na boca.
471. Equo ne credite, Teucri. [Virgílio, Eneida 2.48] Não
confieis no cavalo, ó troianos. ■ Desconfiança é a mãe
da segurança.
472. Equo senescenti minora cicela admove. [Erasmo,
Adagia 2.8.52] Quando o cavalo fica velho, dá-lhe
carroça menor. ■ A rês velha, aliviar-lhe a carga.
● Equo senescenti minora cycla admove. VIDE: ● Adde
rotas vetulo leviores usque caballo. ● Cum senio est
confectus equus, da cycla minora. ● Nempe
senescenti leviora impone caballo. ● Senibus labores
corporis sunt minuendi. ● Trade senescenti iam cycla
minora caballo.
473. Equus conductitius facit brevia miliaria. [DAPR
122] O cavalo de aluguel torna curtas as milhas.
■ Cavalo alugado nunca cansado.
474. Equus fulvus prius enectus quam fatigatus. Cavalo
ruço antes morto que cansado. ■ Alazão tostado, antes
morto que cansado.
475. Equus in quadrigis, in aratro bos. [Rezende 1601]
O cavalo na carruagem, o boi no arado. ■ Cada qual no
seu ofício.
476. Equus indomitus evadit durus, et filius remissus
evadet praeceps. [Vulgata, Eclesiástico 30.8] Um
cavalo indômito torna-se intratável, e um filho deixado
à sua vontade torna-se-á insolente.
477. Equus me portat, alit rex. [Apostólio 10.55] O
cavalo me carrega, o rei me alimenta. ■ Vivo à custa da
barba longa. ● Equus ut me portet, alat rex, officium
facio. [Horácio, Epistulae 1.17.20] Cumpro minha
obrigação para que o cavalo me leve e o rei me
alimente. VIDE: ● Rex me alit, me equus portat.
478. Equus obsequens facile et parens huc illuc frenis
leniter motis flectendus est. [Sêneca, De Beneficiis
5.25.5] O cavalo dócil e obediente é facilmente dirigido
para um lado e para outro pelo movimento das rédeas.
479. Equus Troianus est hoc. [Albertatius 411] Isso é o
cavalo de Tróia. (=É uma armadilha). VIDE: ● Intus,
intus, inquam, est equus Troianus.
480. Erant sicut oves non habentes pastorem. [Vulgata,
Marcos 6.34] Eram como ovelhas que não tinham
pastor.
481. Erat hiems summa, tempestas perfrigida, imber
maximus. [Cícero, In Verrem 2.4.86] Era pleno
inverno, uma tempestade frigidíssima, a maior chuva.
482. Erat vir in cunctis prospere agens. [Vulgata,
Gênesis 39.2] Era um homem que obrava em tudo com
sucesso.
483. Erga omnes. Contra todos. Para com todos. VIDE:
● Adversus omnes.
484. Erga tertios. [Jur] Contra terceiros.
485. Ergo. Portanto. Logo.
486. Ergo bibamus! Bebamos pois!
487. Ergo ego nec amicum habeo, nec inimicum.
[Suetônio, Vita Neronis 47] Não tenho, pois, nem amigo
nem inimigo.
488. Ergo fortuna, ut saepe alias, virtutem est secuta.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 4.37] Também a sorte,
como muitas outras vezes, acompanhou a coragem.
VIDE: ● Fortuna virtutem sequitur.
489. Ergo quisquam me magis odit quam ego? [Sêneca
Retórico, Controversiae 7.3.1] Então alguém me odeia
mais do que eu mesmo?
490. Ergo vivamus, dum licet esse bene. [Petrônio,
Satiricon 34] Vivamos, pois, enquanto se pode estar
bem.
491. Ergone sollicitae tu causa, pecunia, vitae es?
[Propércio, Elegiae 3.7.1, adaptado] Não és tu, ó
dinheiro, a causa da vida intranqüila? VIDE: ● Sollicitae
tu causa, pecunia, vitae.
492. Erigere durum est, qui cecidit iuvenis, senem.
[Schottus, Adagia 607] É difícil pôr de pé o velho que
caiu quando jovem.
493. Erinaceus partum differt. [Suidas / Albertatius 413]
O ouriço adia o parto. (=Com o adiamento cresceriam
os espinhos do filhote, tornando doloroso o parto).
■ Dilata para seu mal. ■ Na tardança está o perigo. VIDE:
● Echinus partum differt.
494. Eripe me de luto, ut non infigar. [Vulgata, Salmos
68.15] Tira-me do lodo, para que eu não fique atolado.
495. Eripe me his, invicte, malis. [Virgílio, Eneida 6.365]
Livra-me destes males, ó invencível.
496. Eripe, si valeas, non suggere tela furenti.
[Columbano] Se puderes, toma a arma ao homem
enfurecido, não lha dês.
497. Eripere telum, non dare, irato decet. [Publílio Siro]
Ao homem zangado, é preciso tirar-lhe, não dar-lhe a
arma.
498. Eripere vitam nemo non homini potest, at nemo
mortem. [Sêneca, Phoenissae 152] Não há ninguém que
não possa tirar a vida a um homem, mas ninguém lhe
pode tirar a morte.
499. Eripit interdum, modo dat medicina salutem.
[Ovídio, Tristia 2.269] O remédio às vezes tira, às vezes
dá a saúde. ● Eripit interdum, modo dat fortuna
salutem. A sorte às vezes tira, às vezes dá a saúde.
500. Eripite isti gladium, quae sui est impos animi.
[Plauto, Casina 518] Tomai dele a espada, pois ele não
tem o domínio de sua vontade. VIDE: ● Impos animi.
501. Eripitur personna, manet res. [Lucrécio, De Natura
Rerum 3.58] Arranca-se a máscara, aparece o rosto
verdadeiro.
502. Eripuit caelo fulmen mox sceptra tyrannis.
[Turgot, num busto de Benjamim Franklin] Arrebatou o
raio ao céu e logo depois os cetros aos tiranos. ● Eripuit
caelo fulmen, sceptrumque tyrannis. Arrebatou o raio
ao céu e o cetro aos tiranos.
503. Eripuitque Iovi fulmen viresque tonandi, et
sonitum ventis concessit, nubibus ignem. [Manílio,
Astronomica 1.104] Arrebatou a Júpiter o raio e o poder
de trovejar, e concedeu o clamor aos ventos, o fogo às
nuvens.
504. Erit ille notus, quem per te cognoveris. [Fedro,
Fabulae 3.10.58] Só te será bem conhecido quem por ti
mesmo conheceres. ■ Bom homem é fulano. Tiveste tu
negócios com ele?
505. Erit lex: honesta, iusta, possibilis, secundum
naturam, secundum consuetudinem patriae, loco
temporique conveniens, necessaria, utilis; manifesta
quoque, ne aliquid per obscuritatem in captionem
contineat; nullo privato commodo, sed pro communi
utilitate civium scripta. [Isidoro de Sevilha] A lei será:
honesta, justa, possível, segundo a natureza, segundo os
usos e costumes da pátria, adequada ao lugar e ao
tempo, necessária, útil; também clara, para que não
contenha nenhuma armadilha por obscuridade; escrita
não para vantagem pessoal, mas para utilidade comum
dos cidadãos.
506. Erit lucro lingua retenta tuo. [Ovídio, Remedia
Amoris 642] A língua retida sempre te trará proveito.
■ Língua que fala, corpo que paga.
507. Erit novissimus error peior priore. [Vulgata,
Mateus 27.64] Virá o último embuste a ser pior do que
o primeiro.
508. Erit ubi poenas det procax audacia. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 3.5 / Rezende 1610] Haverá um
momento em que o atrevimento será punido.
509. Eritis enim in aëra loquentes. [Vulgata, 1Coríntios
14.9] Sereis como quem fala ao vento. VIDE: ● Litori
loqueris. ● Ventis loqueris. ● Ventis verba das.
● Vento loqueris. ● Ventis verba profundis. ● Verba
dat in ventos.
510. Eritis sicut dii, scientes bonum et malum. [Vulgata,
Gênesis 3.5] Sereis como deuses, conhecendo o bem e o
mal.
511. Errando, corrigitur error. [Rezende 1612] Errando
corrige-se o erro. ■ A prática faz a perfeição.
512. Errando, discitur. [Rezende 1613] Errando,
aprende-se. ■ Errando é que se aprende.
513. Errant qui in prosperis rebus omnes impetus
fortunae se putant fugisse. [RH 4.24] Enganam-se os
que, na prosperidade, julgam-se ao abrigo de todos os
ataques da sorte.
514. Erranti medicina confessio. [Binder, Thesaurus 965]
Para quem erra confissão é remédio.
515. Errantibus, non decipientibus, iura subveniunt.
[Jur] As leis vêm em soccorro dos que erram, não dos
que enganam. VIDE: ● Deceptis, non decipientibus, lex
opitulatur.
516. Errantis consensus nullus est. [Jur] A concordância
de quem errou é nula.
517. Errantis voluntas nulla est. [Codex Iustiniani
1.18.8] A vontade de quem erra é nula.
518. Errare commune est mortalibus. [DAPR 114] Errar
é comum aos mortais. ■ Errar é da humanidade. ■ Não
há cavalo, por bom que seja, que não tropece.
519. Errare humanum est. [Rezende 1615] ■ Errar é
humano. ● Errare humanum est, ignoscere divinum.
Errar é humano, perdoar é divino. VIDE: ● Errasse
humanum est et confiteri errorem prudentis.
● Humanum est errare. ● Hominis est errare.
520. Errare humanum est; in errore perseverare,
belluinum. [George Pettie, A Petite Pallace of Pettie 6]
Errar é do homem, perseverar no erro é da besta. ■Do
homem é o errar, e da besta o teimar. VIDE: ● Cuiusvis
hominis est errare, nullius, nisi insipientes, in errore
perseverare. ● Cuiusvis hominis est errare, solius
insipientis est in errore perseverare. ● Hominum est
errare, sed ferinum perseverare in errore.
521. Errare humanum est, perseverare autem
diabolicum. [Rezende 1616] ■ Humano é pecar,
diabólico perseverar. ● Errare humanum est, in
errore perseverare diabolicum. [Binder, Thesaurus
967] VIDE: ● Humanum enim est peccare, diabolicum
vero perseverare. ● Humanum est peccare,
diabolicum est in peccatis durare. ● Humanum est
peccare, sed perseverare diabolicum. ● Peccare est
humanum, in peccato perseverare diabolicum.
522. Errare humanum est, sed in errore perseverare
dementis. [Rezende 1617] Errar é próprio do homem,
mas perseverar no erro é próprio do louco.
523. Errare malo cum Platone quam cum istis vera
sentire. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.17.39]
Prefiro errar com Platão a reconhecer a verdade com
estes. (=Cícero referia-se aos Pitagóricos).
524. Erras, si istorum, tibi qui occurrunt, vultibus
credis. [Sêneca, Epistulae Morales 103] Enganas-te, se
confias nos rostos dos que se aproximam de ti.
525. Errasse humanum est, et confiteri errorem
prudentis. [S.Jerônimo, Epistulae 57.12.3] Ter errado é
humano, mas confessar o erro é do sábio. VIDE: ● Errare
humanum est. ● Errare humanum est, ignoscere
divinum. ● Humanum est errare. ● Hominis est
errare.
526. Errat autem qui amicum in atrio quaerit, in
convivio probat. [Sêneca, Epistulae Morales 19.11]
Erra quem busca amigo no palácio e o prova no festim.
527. Errat datum qui sibi, quod extortum est, putat.
[Publílio Siro] Erra quem julga que lhe foi dado o que
foi obtido com violência.
528. Errat enim, si quis existimat tutum esse ibi regem,
ubi nihil a rege tutum est. [Sêneca, De Clementia
1.19.5] Erra o que pensa estar o rei em segurança onde
nada está seguro contra o rei.
529. Errat interdum quadrupes. [DAPR 642] De vez em
quando o cavalo tropeça. ■ Não há cavalo, por bom que
seja, que não tropece. ● Errat interdum quadrupes;
cum titubat quadrupes, labitur ergo bipes. O
quadrúpede de vez em quando tropeça; quando o
quadrúpede tropeça, então o bípede cai. VIDE: ● Non est
tam bonus qui non caespitet equus.
530. Errat longe, mea sententia, qui imperium credat
gravius esse aut stabilius vi quod fit quam illud quod
amicitia adiungitur. [Terêncio, Adelphi 65] Na minha
opinião, comete um grande engano quem acredita que o
poder é mais sólido e mais durável, quando se exerce
pela força do que quando se obtém pela amizade.
531. Errat si quis existimat facilem rem esse donare.
[Sêneca, De Vita Beata 24] Erra quem julga ser coisa
fácil o doar.
532. Errat si quis existimat tutum diu esse regem.
[Publílio Siro] Erra quem julga seguro ser rei por muito
tempo.
533. Errata. Erros. Coisas erradas. (=É o plural de
erratum, erro. Em português, errata é uma lista de
erros identificados num texto impresso com as
respectivas correções).
534. Errata corrige. Corrige os erros.
535. Erratis nescientes Scripturas, neque virtutem Dei.
[Vulgata, Mateus 22.29] Errais, não sabendo as
Escrituras, nem o poder de Deus.
536. Erratis, si metuendam creditis mortem. [Sêneca
Retórico, Suasoriae 2.2.7] Errais, se pensais que a morte
é de se temer.
537. Error a culpa vacat. [Sêneca, Hercules Oetaeus 983]
Esse erro está livre de culpa.
538. Error calculi non facit ius. [Jur] Erro de cálculo não
cria direito.
539. Error communis facit ius. [Paulo, Digesta 33.10.3.5]
O erro comum cria direito.
540. Error corrigitur ubi deprehenditur. [Busarello
160] Corrige-se o erro quando é encontrado. ● Error
corrigitur ubi invenitur.
541. Error est enim cum sequitur aliquid quod non ad
id ducit quo volumus pervenire. [S.Agostinho, De
Libero Arbítrio 1.26] Dá-se o erro quando seguimos
alguma coisa que não nos conduz ao lugar a que
queremos chegar.
542. Error essentialis. [Jur] Um erro essencial.
543. Error excludit consensum. [Jur] O erro vicia o
consentimento.
544. Error facit ius. O erro cria direito. VIDE: ● Error
communis facit ius. ● Error ius facit.
545. Error facti. Um erro de fato.
546. Error filius erroris. Um erro é filho de outro.
547. Error hesternus sit tibi doctor hodiernus. [Rezende
1625] Que o erro de ontem seja para ti o mestre de hoje.
■ Errando é que se aprende. VIDE: ● Perpende lapsum,
ut evites relapsum.
548. Error in bello mors est. [Rezende 1626] Na guerra,
o erro é a morte.
549. Error in ipso corpore rei. [Jur] Engano no objeto
principal da obrigação. ● Error in corpore.
550. Error in negotio. [Jur] Erro no negócio. (=Erro que
consiste na execução de um ato, na certeza ou com a
intenção de praticar outro).
551. Error in obiecto. [Jur] Erro quanto ao objeto.
552. Error in persona. [Jur] Erro quanto à pessoa. VIDE:
● Aberratio personae.
553. Error in principio parvus, in fine maximus est. No
princípio o erro é mínimo, no fim é enorme. VIDE:
● Parvus error in principio magnus erit in fine.
554. Error iuris nocet. [Jur / Black 678] O erro de direito
prejudica.
555. Error iuris non excusat. [Jur] O erro de direito não
escusa.
556. Error ius facit. [Jur] O erro cria direito. VIDE: ● Error
communis facit ius. ● Error facit ius.
557. Error qui non resistitur approbatur. [Jur / Black
678] O erro a que não se faz oposição é aprovado.
558. Errore veritas non amittitur. [Ulpiano, Digesta
50.1.6] Por um erro não se perde a verdade.
559. Errores medicorum terra tegit. [DAPR 439] ■ Os
erros dos médicos, a terra os cobre. VIDE: ● Medicorum
errata terra tegit.
560. Errores scribentis nocere non debent. [Jur / Black
678] Os erros do escrivão não devem prejudicar.
561. Errorum et fraudis abunde est. Há muitos erros e
muitas fraudes. VIDE: ● Terrorum et fraudis abunde
est.
562. Erubesce a socio et amico de iniustitia. [Rezende
1629] Envergonha-te da injustiça diante do
companheiro e do amigo. ● Erubescite (...) a socio et
amico de iniustitia. [Vulgata, Eclesiástico 41.21-23]
Envergonhai-vos (...) da injustiça diante do
companheiro e do amigo.
563. Erubescit lex filios castigare parentes. [Jur / Coke /
Black 678] A lei se envergonha, quando os filhos
castigam os pais.
564. Erubuit: salva res est. [Terêncio, Adelphi 643]
Corou: a coisa está salva. ● Erubuerunt, salva res est.
Coraram: a coisa está salva. VIDE: ● Rubor est virtutis
color.
565. Erudi filium tuum, et refrigerabit te, et dabit
delicias animae tuae. [Vulgata, Provérbios 29;17] Cria
bem a teu filho, consolar-te-á, e servirá de delícias à tua
alma.
566. Eruditio et religio. [Divisa da Universidade de Duke,
Carolina do Norte, EUA] Estudo e religião.
567. Eruditos oportet nos prius animis quam linguis.
[Rezende 1632] É preciso que sejamos sábios antes pelo
espírito que pela língua.
568. Eruditus in patria sua est ut aurum in fodina.
[Erpênio / Rezende 1633] O sábio em sua pátria é como
o ouro na mina. ■ Santo de casa não faz milagre.
569. Eruimus terra solidum pro frugibus aurum.
[Ovídio, Amores 3.8.53] Arrancamos da terra o sólido
ouro em vez de alimentos.
570. Erum nemo bene gerit, nisi servierit bene. [Pereira
114] Ninguém pode ser bom chefe, se não tiver servido
bem. ■ Ninguém é bom senhor, se não foi bom servidor.
571. Erumpunt saepe vitia amicorum in ipsos amicos.
[Cícero, De Amicitia 76] Muitas vezes os erros dos
amigos recaem sobre os próprios amigos.
572. Erunt duo in carne una. [Vulgata, Gênesis 2.24;
Mateus 19.5; Marcos 10.8] Serão dois numa só carne.
573. Erunt novissimi primi, et primi novissimi.
[Vulgata, Mateus 20.16] Serão últimos os primeiros, e
primeiros os últimos. ■ Os últimos serão os primeiros.
VIDE: ● Multi autem erunt primi novissimi et
novissimi primi.
574. Erus dat ut servus faciat. [Jur / Black 892] O patrão
paga (o salário) para que o empregado faça (o trabalho).
VIDE: ● Servus facit ut erus det.
575. Es, bibe, lude, veni. [Inscrição em túmulo] Come,
bebe, diverte-te, vem.
576. Es impudicus et vorax et aleo. [Catulo, Carmina
29.10] És impudico, voraz e jogador.
577. Esca omnium malorum voluptas. O prazer é o
alimento de todos os males. VIDE: ● Malorum esca
voluptas. ● Plato escam malorum voluptatem
appellat. ● Voluptas esca malorum. ● Voluptas est
malorum esca, quo ea non minus homines, quam
hamo capiuntur pisces.
578. Esca ventri, et venter escis. [Vulgata, 1Coríntios
6.13] Os manjares são para o ventre, e o ventre para os
manjares.
579. Esse abstinentem, continere omnes cupiditates
praeclarum est. [Cícero, Ad Quintum 1.11] Abster-se,
dominar todos os desejos, é fato admirável.
580. Esse, bibere, frui patrimonio, hoc est vivere, hoc
est se mortalem esse meminisse. [Sêneca, Epistulae
Morales 20.123.10] Comer, beber, desfrutar do
patrimônio, isso é viver, isso é recordar-se de que se é
mortal.
581. Esse cupit mannus, sed ephippia ferre recusat.
[Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum 96] O potro
quer comer, mas se recusa a carregar a sela.
582. Esse est percipi. Existir é ser percebido.
583. Esse, Fuisse, Fore, tria florida sunt sine flore; nam
simul omne perit, quod fuit, est, et erit. [Anônimo /
Bernardes, Nova Floresta 2,83] Três flores são, mas sem
flor, o Foi, o É e o Será: porque logo murchará tudo o
que é, foi e será.
584. Esse igitur deos ita perspicuum est, ut, id qui
neget, vix eum sanae mentis existimem. [Cícero, De
Natura Deorum 22.16] Parece tão evidente que os
deuses existem, que dificilmente acreditaria ter juízo
perfeito quem o negasse.
585. Esse inops laris et fundi. [Rezende 1638] Não ter
casa nem terreno. ■ Não ter eira nem beira. VIDE: ● Laris
et fundi defectus.
586. Esse nihil dicis quidquid petis, improbe Cinna: si
nil, Cinna, petis, nil tibi, Cinna, nego. [Marcial,
Epigrammata 3.61] Tu dizes, ó exagerado Cina, que o
que pedes não é nada; se nada pedes, ó Cina, eu nada te
nego.
587. Esse oportet ut vivas, non vivere ut edas. [RH
4.28.39] Deve-se comer para viver, não viver para
comer. ■ Comer para viver, e não viver para comer.
● Esse decet ut vivas, vivere non ut edas. [Schottus,
Adagialia Sacra 135] VIDE: ● Edas, bibas ut bene vivas;
non vivas ut tantum edas et bibas. ● Ede ut vivas, non
vivas ut edas. ● Edendum tibi est ut vivas, et non
vivendum ut edas. ● Edere oportet ut vivas, non vivas
ut edas. ● Non ut edam vivo, sed ut vivam edo. ● Non
vivas ut edas, sed edas ut vivere possis. ● Non
vivendum est ut edas, sed edendum ut vivas.
● Oportet esse ut vivas, non vivere ut edas.
588. Esse potius quam haberi. [Divisa do astrônomo
Tycho Brahe] ■ Antes ser que parecer. ● Esse quam
videri. [Divisa da Carolina do Norte, EUA] ● Esse
quam videri malim. Eu preferiria ser a parecer. VIDE:
● Cato esse quam videri bonus malebat. ● Magis esse
quam videri oportet.
589. Esse sibi similes alios fur iudicat omnes. [Pereira
117] O ladrão cuida que todos são iguais a ele. ■ O
ladrão cuida que todos o são. ■ Pensa o ladrão que
todos são de sua condição. VIDE: ● Alios ex ingenio suo
metitur. ● Cum sis fur, alios esse fures suspicaris.
● Cum sit fur, alios esse fures suspicatur. ● Cum sis
fur, alios esse fures suspicaris. ● Ex sua natura fingit
ceteros.
590. Esse solent magno damna minora bono. [Ovídio,
Remedia Amoris 672] Pequenos males costumam ser
um grande bem. ■ Mal pequenino antes em mim que em
meu marido. ■ Desgraça pouca é bobagem. VIDE:
● Exiguum malum, ingens bonum. ● Parvum malum,
magnum bonum. ● Pusillum malum, ingens bonum.
591. Essendi modus. [Descartes, Meditatio 3.15] O modo
de ser. VIDE: ● Modus essendi.
592. Est actio quasi corporis quaedam eloquentia.
[Cícero, De Claris Oratoribus 17.55] O gesto do orador
é como uma eloqüência do corpo. ● Est actio quasi
sermo corporis. [Cícero, De Oratore 3.222] A ação é
uma como linguagem do corpo.
593. Est adulescentis maiores natu vereri. Cabe ao
jovem respeitar os mais velhos. VIDE: ● Est igitur
adulescentis maiores natu vereri.
594. Est aliqua ingrato meritum exprobrare voluptas.
[Ovídio, Heroides 12.23] O ingrato sente prazer em
desvalorizar o favor.
595. Est aliquid quod non oportet etiam si licet;
quicquid vero non licet certe non oportet. [Jur / Black
681] Há coisa que não se deve fazer, mesmo se
permitida; mas tudo que não é permitido certamente não
se deve fazer.
596. Est aliquis aptus ad haec, non ad illa: Saul ad
gladium, Ionathas ad arcum, et David in fundam.
[VES 135] Uma pessoa tem capacidade para
determinada coisa, mas não para outra: Saul para a
espada, Jônatas para o arco, e Davi para a funda.
597. Est amicitia nihil aliud nisi omnium divinarum
humanarumque rerum consensio. [Cícero, De
Amicitia 20] A amizade nada mais é que a afinidade de
todas as coisas divinas e humanas.
598. Est amicus tamquam alter idem. [Cícero, De
Amicitia 21] Um amigo é como um outro eu. VIDE:
● Alter ipse amicus. ● Amicum esse alterum se.
● Amicus alter ego. ● Amicus alter ipse. ● Amicus est
tamquam alter idem. ● Verus amicus est is qui est
tamquam alter idem.
599. Est amor ingratus, si non sit amator amatus. [Gaal
238] O amor é ingrato, se quem ama não é amado.
■ Amar sem ser amado é ser desventurado.
600. Est animus in partes tributus duas, quarum altera
rationis est particeps, altera expers. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.47] O espírito está dividido
em duas partes, das quais uma participa da razão, a
outra não participa.
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A B C D E F G H I L M N O P Q R S T U VZ

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E4: 601-800
601. Est arbuscula, non truncus curvandus in uncum.
[Binder, Thesaurus 973] É a arvorezinha, não o tronco,
que deve ser curvada em forma de gancho. ■ De
pequenino se torce o pepino.
602. Est ars etiam male dicendi. Existe até uma arte de
dizer mal dos outros.
603. Est augurum ante dicere ea quae vitari possunt.
[Cícero, Philippica 1.26] Cabe aos áugures dizer com
antecedência as coisas que podem ser evitadas.
604. Est autem amicus socius mensae, et non
permanebit in die necessitatis. [Vulgata, Eclesiástico
6.10] Há o amigo que só é companheiro de mesa e que
não permanecerá no dia da necessidade. ■ Amigo de
mesa não é de certeza. ■ Amigo de bom tempo muda-se
com o vento. VIDE: ● Amicus socius mensae non
permanebit in die necessitatis. ● Diffugiunt, cadis
cum faece, siccatis, amici. ● Evolat consumptis epulis
generalis amicus. ● Evolat assumptis epulis generalis
amicus.
605. Est autem avaritia opinatio vehemens de pecunia.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 11.26] A avareza é,
pois, uma estimação excessiva do dinheiro.
606. Est autem fides credere quod nondum vides; cuius
fidei merces est videre quod credis. [S.Agostinho,
Sermones 4.1.1] Fé é crer no que não se vê; a
recompensa dessa fé é ver aquilo em que se crê.
607. Est autem fides sperandarum substantia rerum,
argumentum non apparentium. [Vulgata, Hebreus
11.1] É, pois, a fé a substância das coisas que se devem
esperar, o argumento das coisas que não aparecem.
608. Est autem paupertas occasio mali: quia propter
eam ad furta, adulationes et periuria, et his similia,
aliqui inducuntur. [S.Tomás de Aquino, Summa
Contra Gentiles 131.3.6] A pobreza, pois, dá
oportunidade ao mal, pois, por causa dela, muitos são
levados ao furto, à bajulação, à mentira.
609. Est autem vis legem simulans. [Jur / Black 681]
Existe também a força mascarada de lei.
610. Est avis in dextra melior quam quattuor extra.
[Eiselein 621; DAPR 653] Um pássaro na mão é melhor
do que quatro soltos. ■ Mais vale um pássaro na mão do
que dois voando. ● Est avis in rete melior grege
quoque volante. [Samuel Singer, Thesaurus
Proverbiorum 270] Uma única ave na rede é melhor que
todo o bando voando. VIDE: ● Capta avis est pluris
quam mille in gramine ruris. ● Melior est avis in
manu quam decem in aere. ● Pauca licet certa sunt
incertis meliora. ● Plus valet in manibus avis unica
quam dupla in silvis. ● Plus valet in manibus avis
unica fronde duabus. ● Plus valet in manibus passer
quam sub dubio grus. ● Una avis in dextra melior
quam quattuor extra. ● Una avis in laqueo plus valet
octo vagis.
611. Est avis ingrata, quae defoedat sua strata. Ruim
ave é a que suja seu ninho. ■ Aquela ave é má, que em
seu ninho suja. ■ Roupa suja se lava em casa. ● Est avis
ingrata, quae stercorat in sua strata. VIDE: ● Nidos
commaculans immundus habebitur ales. ● Pessima
est avis quae proprium nidum defoedat. ● Turpis avis
proprium qui foedat stercore nidum. ● Vilis et
ingrata volucris foedans sua strata.
612. Est bonus, ut melior vir non alius quisquam.
[Horácio, Sermones 1.3] Ele é tão bom, que não pode
haver outro homem melhor.
613. Est brevitate opus, ut currat sententia. [Horácio,
Sermones 1.10.9] É necessária a brevidade para que o
pensamento flua.
614. Est captu facilis turbatis piscis in undis. [Medina
585] Nas águas revoltas o peixe é fácil de ser apanhado.
■ Na água revolta, pesca o pescador. ● Est captu facilis
turbata piscis in unda. [Binder, Thesaurus 975] Em
água agitada é fácil pegar o peixe. ● Est captus turbatis
piscis in undis. [Rezende 1645] É nas águas revoltas
que se apanha o peixe. VIDE: ● Aqua turbida piscosior
est. ● Aquis turbidis piscari. ● Flumen confusum
reddit piscantibus usum. ● In aqua turbida piscatur
uberius. ● Piscatur in aqua turbida. ● Turbat aquas,
ut plures capiat pisces. ● Turbata aqua, captat
anguillas.
615. Est certum praesens, sed sunt incerta futura.
[Werner] O presente é certo, mas o futuro é incerto. ■ O
futuro é segredo de Deus.
616. Est citus ille coquus, dum calet igne focus. É ligeiro
o cozinheiro, quando o fogão está quente.
617. Est commune mori, mors nulli parcet honori. [Gaal
1532] Morrer é destino de todos; a morte não poupa
nenhuma classe. ■ A morte não poupa nem o fraco nem
o forte. ■ Tanto morre o papa como quem não tem capa.
VIDE: ● Debilis ac fortis veniunt ad limina mortis.
● Mors servat legem: tollit cum paupere regem.
618. Est Deus immortalis lentus quidem, sed certus
vindex generis humani. O Deus imortal é
desapressado, mas vingador seguro da raça humana.
619. Est deus in nobis; agitante callescimus illo.
[Ovídio, Fasti 6.5] Há um deus em nós; quando ele se
agita, nós nos aquecemos.
620. Est deus in nobis, et sunt commercia caeli. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.549] Há um deus em nós, e há relações
(nossas) com o céu.
621. Est deus occultos qui vetat esse dolos. [Tibulo,
Elegiae 1.9.23] Há um deus que impede que haja
armadilhas ocultas.
622. Est dictum verum: privata domus valet aurum.
[Walther 7392 / Tosi 1047] Há um ditado verdadeiro: a
nossa casa vale ouro. ■ A própria morada a ninguém
desagrada. ■ Nossa casa, nossa brasa. VIDE: ● Domus
propria, domus optima. ● Est foculus proprius multo
pretiosior auro. ● Nihil miserabilius quam incerta
sede vagari. ● Privata domus valet aurum. ● Propria
domus omnium optima. ● Proprius focus auro
comparandus.
623. Est difficillimum se ipsum vincere. [DM 82] É
muito difícil vencer a si mesmo. ■ Vencer-se a si é mais
do que vencer o mundo. VIDE: ● Fortior est qui se,
quam qui fortissima vincit moenia. ● Se vincere
ipsum longe est difficillimum. ● Vincit qui se vincit.
624. Est difficilis cura rerum alienarum. [Cícero, De
Officiis 1.9] É penoso o trato das coisas alheias.
625. Est dolendi modus, non est timendi. Doleas enim
quantum scias accidisse, timeas quantum possit
accidere. [Plínio Moço, Epistulae 8.17] O sofrimento
tem limite, o medo não tem. Sofre-se com o mal que se
sabe que aconteceu, teme-se o mal que pode acontecer.
626. Est dolor iniustus rerum aestimator. [Sêneca,
Troades 546] A dor é um juiz parcial dos
acontecimentos.
627. Est ea iucundissima amicitia quam similitudo
morum coniugavit. [Cícero, De Officiis 1.58] A
amizade mais agradável é a que a semelhança de
caracteres uniu.
628. Est enim actio quasi sermo corporis. [Cícero, De
Oratore 3.222] O gesto é como que a linguagem do
corpo. VIDE: ● Actio est quasi sermo corporis.
629. Est enim amicitia nihil aliud nisi omnium
divinarum humanarumque rerum cum benevolentia
et caritate consensio. [Cícero, De Amicitia 1.20]
Amizade não é senão o entendimento, com gentileza e
afeição, sobre todas as coisas humanas e divinas. VIDE:
● Amicitia est rerum humanarum et divinarum cum
benevolentia et caritate consensio.
630. Est enim apud omnes consuetudo ut lenia
premittantur, quae si non proficiant aspera
subsequantur. [VES 34] É costume de todos tentar em
primeiro lugar os meios suaves; se esses não derem
resultado, seguem-se os meios severos. VIDE: ● Lenia
praemittantur, quae si non proficiant aspera
subsequantur. ● Lenia si non proficiant, aspera
subsequantur.
631. Est enim assiduitatis vis invicta, quae omnem
superat, excinditque potentiam. [Plutarco / Rezende
1647] O poder da perserverança é invencível, supera a
todos, e pode mais do que a força. ■ Quem porfia mata a
caça.
632. Est enim confusio adducens peccatum. [Vulgata,
Eclesiástico 4.25] Há vergonha que leva ao pecado.
633. Est enim non modo liberale, paululum
nonnunquam de suo iure decedere, sed interdum
etiam fructuosum. [Cícero, De Officiis 2.64] É não
somente bom, mas às vezes até vantajoso, desistir do
direito próprio.
634. Est enim oratio etiam timidissimis audax. [Sêneca,
Epistulae Morales 26.6] Até os homens mais medrosos
podem ter um discurso ousado.
635. Est enim proprium stultitiae aliorum vitia cernere,
oblivisci suorum. [Cícero, Tusculanae Disputationes
3.30] É próprio dos tolos observar os erros dos outros e
esquecer os próprios.
636. Est enim pudentis animi et verecundi, ut mea
opinio fert, vel falsas vituperationes gravari.
[Apuleio, Apologia 3] Na minha opinião, é próprio do
espírito honrado e discreto suportar mesmo as acusações
falsas.
637. Est enim quaedam et dolendi modestia. [Sêneca,
Ad Marciam 3.4] Até no sofrer há uma certa dignidade.
638. Est enim quaedam etiam dolendi voluptas,
praesertim si in amici sinu defleas, apud quem
lacrimis tuis vel laus sit parata, vel venia. [Plínio
Moço, Epistulae 8.16] Até na dor há um certo prazer,
especialmente se se chora no peito de um amigo que dê
às lágrimas ou aprovação ou desculpa. VIDE: ● Est
quaedam dolendi voluptas.
639. Est enim ratio mensque sapientis ad iubendum et
ad deterrendum idonea. [Cícero, De Legibus 2.8] A
razão do sábio está preparada para determinar e para
impedir.
640. Est enim sine dubio domus iurisconsulti totius
oraculus civitatis. [Cícero, De Oratore 1.200] Sem
dúvida, a casa do jurisconsulto é o oráculo da cidade
inteira.
641. Est enim superbia, non magnitudo, sed tumor:
quod autem tumet videtur magnum, sed non est
sanum. [S.Agostinho, Sermo 16. De Tempore] A
soberba não é uma grandeza, mas um inchaço; e o que
está inchado se mostra grande, mas não é são.
642. Est enim temperantia libidinum inimica, libidines
autem consectatrices voluptatis. [Cícero, De Officiis
3.117] A moderação, portanto, é inimiga da luxúria, e a
luxúria é seguidora do prazer. VIDE: ● Temperantia est
libidinum inimica.
643. Est enim ulciscendi et puniendi modus. [Cícero, De
Officiis 1.34] Há um limite no vingar-se e no punir.
644. Est, est, non, non. [Vulgata, Mateus 5.37] ■ Sim, sim;
não, não. VIDE: ● Sit autem sermo vester: est, est; non,
non.
645. Est equitare grave; est mors gravis ire pede.
[Pereira 123] Cavalgar é um sacrifício; ir a pé é morte
dolorosa. ■ Trabalho é caminhar a cavalo, que a pé é
morte.
646. Est et fideli tuta silentio merces. [Horácio, Carmina
3.2.25] Há uma recompensa segura para o silêncio leal.
■ O bem saber é calar, até ser tempo de falar. VIDE:
● Eximia est virtus praestare silentia rebus.
647. Est et formicae et culici sua bilis. [Schottus, Adagia
420] Também a formiga e a pulga têm a sua bílis.
■ Também a formiga tem catarro. ■ Cada formiga tem
sua ira. ■ Até o cabelo sutil faz sua sombra. VIDE: ● Et
formicae sua bilis inest. ● Etiam formicae sua bilis
inest. ● Formicae sua bilis inest, habet et musca
splenem. ● Habet et musca splenem. ● Habet et musca
splenem, et formica bilem. ● Inest et formicae fel.
● Inest et formicae sua bilis. ● Inest et formicae et
serpho bilis. ● Tam parvum nihil est, cui sit defensio
nulla
648. Est etiam ubi profecto damnum praestet facere
quam lucrum. [Plauto, Captivi 326] Há ocasiões em
que é melhor perder do que ganhar.
649. Est facies testis, quales intrinsecus estis. [Trench,
Proverbs and Their Lessons 151] O rosto é testemunha
de como vós sois por dentro. ■ O rosto é o espelho da
alma. VIDE: ● Heu quam difficile est crimen non
prodere vultu!
650. Est facile quodvis, quando fert opem Deus. [DAPR
253] Tudo é fácil quando Deus ajuda. ■ A quem Deus
ajuda, o vento lhe ajunta a palha. VIDE: ● Deo non
dante, nil valet labor.
651. Est felicibus difficilis miseriarum vera aestimatio.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 9.6] Aos homens felizes
é difícil avaliar corretamente os sofrimentos dos outros.
652. Est finis irae initium paenitentiae. O fim da ira é o
começo do arrependimento. ■ Onde acaba a ira, começa
o arrependimento. VIDE: ● Finis irae initium est
paenitentiae. ● Initium irae furor est, finis vero
paenitentia.
653. Est finitimus oratori poëta ac pene par. [Cícero, De
Oratore 1.16.2] O poeta é vizinho do orador e é quase
igual a ele.
654. Est foculus proprius multo pretiosior auro.
[Binder, Thesaurus 978] A casinha da gente vale muito
mais que o ouro. ■ Minha casa, meu lar, cem soldos
vale; e estimou-se mal, porque mais vale. VIDE:
● Alterius non sit, qui suus esse potest. ● Domus
propria, domus optima. ● Est dictum verum: privata
domus valet aurum. ● Privata domus valet aurum.
● Propria domus omnium optima. ● Proprius focus
auro comparandus.
655. Est fortunatior quam prudentior. [Erasmo, Adagia
1.8.44] Tem mais sorte que juízo. ■ Uma onça de boa
sorte vale mais que um arrátel de ciência. ■ Mais vale
sorte que sabedoria. VIDE: ● Gutta fortunae prae dolio
sapientiae. ● Prae dolio doctrinae malo guttam opum.
656. Est genus hominum qui esse primos se omnium
rerum volunt. [Terêncio, Eunuchus 247] Há um tipo de
homens que querem ser os primeiros de tudo.
657. Est gula totius fons et origo mali. [Medina 594] A
gula é a fonte e a origem de todo o mal. ■ A gula mata
mais que a espada.
658. Est gutta doctrinae potior quam magnae opes.
[Grynaeus 85] Mais vale uma gota de sabedoria do que
grandes riquezas. ■ Mais vale saber do que ter.
659. Est haec non scripta, sed nata lex. [Cícero, Pro
Milone 4.2] Esta não é uma lei escrita, mas natural.
660. Est hoc auribus animisque omnium absurdum.
[Cícero, Pro Roscio Comodeo 19] Isto choca o espírito
e os ouvidos de todos.
661. Est hoc commune vitium magnis liberisque
civitatibus, ut invidia gloriae comes sit. [Cornélio
Nepos, Chabrias 3.3] Esse é um vício comum às cidades
grandes e livres de que a inveja seja companheira da
glória. ■ Não há glória sem inveja. ■ A inveja segue e
persegue a virtude. VIDE: ● Gloriae et virtutis invidia
est comes. ● Invidia gloriae comes. ● Invidia virtutum
comes. ● Post gloriam invidia sequitur.
662. Est homini cum Deo similitudo. [Cícero, De
Legibus 1.25] O homem tem semelhança com Deus.
663. Est homini semper diligenti aliquid super. [Publílio
Siro] Ao homem que ama o trabalho, sempre há alguma
coisa a fazer.
664. Est hominum penuria tanta bonorum, ut non
miremur te modo iura dare. [Medina 582] Há tanta
falta de homens de bem, que não nos admiramos de
seres juiz. ■ À falta de homens bons o fizeram alcaide.
665. Est hominum sors ista, magis felicibus ut sit mors
cita, cum miseros vita diuturna regat. [Aviano,
Fabulae 36.17] Tal é a sorte dos homens: aos mais
felizes a morte vem rápida, enquanto a vida longa
governa os infelizes.
666. Est humanus animus insatiabilis eo quod fortuna
spondet. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 4.13] O espírito
humano não se contenta com o que a sorte promete.
667. Est igitur adulescentis maiores natu vereri.
[Cícero, De Officiis 1.122] É obrigação do jovem
respeitar os mais velhos.
668. Est igitur res publica res populi. [Cícero, De Re
Publica 1.39] O país é uma coisa do povo.
669. Est in canitie ridiculosa Venus. [Rezende 1653] Na
velhice o amor é ridículo. ■ O amor no velho traz culpa,
e no mancebo, fruto. VIDE: ● Amare iuveni fructus est,
crimen seni. ● Turpe senex miles, turpe senilis amor.
670. Est incredibilis hominum perversitas. [Cícero, Ad
Familiares 1.7] A perversidade dos homens é incrível.
671. Est ingens arcto tramite saepe labor. [Pereira 111]
Pelo caminho estreito muitas vezes é grande o trabalho.
■ Não há atalho sem trabalho.
672. Est ita, ut tu dicis. [Plauto, Trinummus 1132] É
como dizes.
673. Est laudanda voluntas. [Ovídio, Ex Ponto 3.4.79] O
querer merece louvor. VIDE: ● Ut desint vires, tamen est
laudanda voluntas.
674. Est laus aliqua humanitatis. [Cícero, Pro Murena
65] Há mérito no sentimento de humanidade.
675. Est lex ipsorum legislatorum tamquam viva vox.
[Jur / Coke, adaptado] A lei é como a viva voz dos
legisladores.
676. Est lingua iurans, animus iniuratus est. [Schottus,
Adagia 617] É minha língua que jura, meu espírito está
sem nenhum juramento. ■ Jurei só da boca para fora.
■ O coração sente, a língua mente. VIDE: ● Iuravi lingua,
mentem iniuratam gero. ● Lingua iuravi. ● Non ego
iuravi, legi iurantia verba.
677. Est lingua quibusdam, molares at aliis. Uns têm
língua, mas outros têm dentes. VIDE: ● Alii linguam, alii
molares. ● Aliis lingua, aliis dentes. ● Aliis lingua,
aliis vero molares. ● Alteri loquaces, alteri voraces.
● Illi enim loquaces, hi voraces.
678. Est locus unicuique suus. [Horácio, Sermones
1.9.51] Cada homem tem seu lugar.
679. Est lupus in fabula. Eis o lobo da história. ■ Falar no
mau e aparelhar o pau. ■ Falai do ruim, e olhai para a
porta. VIDE: ● Eccum lupus in sermone. ● En lupus in
historia. ● Video lupum.
680. Est meminisse voluptas. [Ovídio, Heroides 18.57]
Recordar é um prazer.
681. Est meus carnifex. [Pereira 107] É o meu algoz. ■ É
minha perseguição.
682. Est mihi honori. Considero isso bom.
683. Est miser nemo, nisi comparatus. [Sêneca, Troades
1024] Só se é infeliz por comparação.
684. Est miser omnis amans. Todo homem apaixonado é
um sofredor.
685. Est modus in rebus. Há medida em tudo. ■ Em tudo
convém medida. ■ Nem oito nem oitenta. ■ Tudo tem
limite. ● Est modus in rebus, sunt certi denique fines,
quos ultra citraque nequit consistere rectum.
[Horácio, Satirae 1.1.106] Em todas as coisas há um
meio termo; existem, afinal, limites definidos, além ou
aquém dos quais não se pode manter o bem. VIDE:
● Modus omnibus in rebus optimum est habitu.
● Modus in rebus.
686. Est modus in rebus, sicut cecinere poëtae;
laudavere modus pariter sanctique prophetae.
[Walther 7688ª / Tosi 1760] Há uma medida nas coisas,
segundo cantaram os poetas; também louvaram a
moderação os santos e os profetas.
687. Est mulier quasi generalis regula. Quare? In
multis fallit regula: sic mulier. [Bernardes, Nova
Floresta 4.254] A mulher se parece com a regra geral.
Por quê? Porque a regra geral falha muito: a mulher
também é assim.
688. Est multis certare datum, sed vincere paucis.
[Eiselein 557] Competir é concedido a muitos, mas
vencer, a poucos. ■ Muitos são os chamados, e poucos
os aproveitados.
689. Est natura cibis solers contenta modestis. [Pereira
95] A natureza sábia fica contente com comida
moderada. ■ A natureza com pouco se contenta.
690. Est natura hominum novitatis avida. [Plínio
Antigo, Historia Naturalis 12.11] A natureza dos
homens é ávida por novidade. ■ Do que é novo gosta o
povo. VIDE: ● Ad nova homines concurrunt, ad nota
non veniunt. ● Est nova res grata: vilescit res
inveterata. ● Est quoque cunctarum novitas
carissima rerum. ● Grata rerum novitas. ● Grata
novitas. ● Nova placent. ● Omne novum carum,
vilescit cotidianum. ● Quod rarum est, carum est.
691. Est nobis voluisse satis. [Panegyricus Messallae 7,
atribuído a Tibulo] Para mim, ter querido é o bastante.
■ Quem quer, já fez metade. ■ A boa vontade supre a
obra. VIDE: ● In magnis et voluisse sat est. ● In magnis
vel voluisse satis est. ● Si deficiant vires, audacia
certe laus erit: in magnis et voluisse sat est.
692. Est, non est. [Inscrição em quadrante solar] A hora
está presente, já não está mais.
693. Est, non est quod agas, semper agis. [Marcial,
Epigrammata 1.79] Haja ou não haja o que fazer, estás
sempre fazendo alguma coisa.
694. Est nova res grata: vilescit res inveterata. [Samuel
Singer, Thesaurus Proverbiorum 472 / Busarello 259] O
novo agrada, o costumeiro perde o valor. ■ Tudo que é
novo cativa. ■ O novo apraz. VIDE: ● Ad nova homines
concurrunt, ad nota non veniunt. ● Est natura
hominum novitatis avida. ● Est quoque cunctarum
novitas carissima rerum. ● Grata rerum novitas.
● Grata novitas. ● Nova placent. ● Omne novum
carum, vilescit cotidianum. ● Quod rarum est, carum
est.
695. Est nulli certum cui pugna velit dare sertum.
[Trench, Proverbs and Their Lessons 151] Ninguém tem
certeza de a quem o combate dará a coroa de flores. ■ A
guerra, sabe-se como começa, não se sabe como
termina. VIDE: ● Belli exitus incertus. ● Bellorum exitus
incerti.
696. Est oculis sanum saepe lavare manum. [Regimen
Sanitatis Salernitanum] É saudável para os olhos lavar
as mãos com freqüência.
697. Est oculo gratum speculari semper amatum. [Gaal
133] Ao olho é sempre agradável ver a pessoa amada.
■ Onde está vosso tesouro, lá está vosso coração.
698. Est omnino iniquum, sed usu receptum, quod
honesta consilia vel turpia, prout male aut prospere
cedunt, ita vel probantur vel reprehenduntur. [Plínio
Moço, Epistulae 5.9.7] É totalmente injusto, mas aceito
pelo uso, ver as ações honestas ou desonestas serem
aprovadas ou reprovadas dependendo do seu sucesso ou
insucesso.
699. Est orare ducum species violenta iubendi. As
solicitações dos chefes são uma forma violenta de
ordenar. ■ Rogo dos grandes, mandamento é. ● Est
orare ducum species violenta precandi. Pedido de
chefe é forma violenta de pedir. ● Est orare ducum
species violenta precandi, et quasi nudato supplicat
ense potens. [Albertano da Brescia, De Amore 5] As
solicitações dos chefes são uma forma violenta de pedir,
e o poderoso suplica quase com a espada na mão.
700. Est pabulum animorum contemplatio naturae.
[Cícero, Academicae Quaestiones 2.127] A
contemplação da natureza é o alimento dos espíritos.
701. Est pactum duorum pluriumve in idem placitum
consensus. [Ulpiano, Digesta 2.14.1] Pacto é a
concordância de duas ou mais pessoas sobre a mesma
questão.
702. Est pater ille quem iustae nuptiae demonstrant.
[Jur] É pai aquele que as núpcias legítimas indicam.
VIDE: ● Is pater vero est, quem iustae nuptiae
demonstrant. ● Pater is est quem nuptiae
demonstant. ● Pater is est, quem iustae nuptiae
demonstrent, nisi evidentibus argumentis
contrarium probatur.
703. Est patris nato vestem praebere cibumque.
[Binder, Thesaurus 987] Cabe ao pai prover o filho de
roupa e comida.
704. Est philosophi habere non errantem et vagam, sed
stabilem certamque sententiam. [Cícero, De Natura
Deorum 2.2] É do filósofo não ter o pensamento errante
e vago, mas estável e definido.
705. Est pii Deum et patriam diligere. [Divisa] É do
homem virtuoso amar a Deus e a sua pátria.
706. Est pluvia exurens, atque est sol qui irrigat herbas.
[Rezende 1667] Há chuva que seca, e há sol que rega as
plantas. ■ Há chuva que seca, e sol que rega.
707. Est profecto animi medicina, philosophia. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.3.2] A filosofia é a
verdadeira medicina do espírito.
708. Est profecto deus, qui, quae gerimus, auditque et
videt. [Plauto, Captivi 245] Certamente há um deus que
ouve e vê o que fazemos.
709. Est propter gloriam minoratio, et est qui ab
humilitate levabit caput. [Vulgata, Eclesiástico 20.11]
Há quem procura glória e encontra humilhação, e há
quem foi humilhado, mas levanta a cabeça.
710. Est pueris carus qui non est doctor amarus.
[Werner] É querido das crianças o professor que não é
impertinente.
711. Est pulchris sua dos forma sine arte potens.
[DAPR 104] O dote das mulheres belas é a beleza
notável sem artifício. ■ Mulher bonita nunca é pobre.
■ Beleza vale riqueza. VIDE: ● Formosa virgo est dotis
dimidium.
712. Est Pylus ante Pylum. [Erasmo, Adagia 2.8.45] Pilos
fica diante de Pilos. (=Havia duas cidades gregas com o
nome de Pilos, uma grande e rica, outra pequena e
pobre). ■ Muito vai de Pedro a Pedro.
713. Est quadam prodire tenus, si non datur ultra.
[Horácio, Epistulae 1.32] É possível avançar até algum
ponto, se não se pode ir além.
714. Est quaedam dolendi voluptas. Há um certo prazer
na dor. VIDE: ● Est enim quaedam etiam dolendi
voluptas, praesertim si in amici sinu defleas, apud
quem lacrimis tuis vel laus sit parata, vel venia.
715. Est quaedam dulcedo sermonis, quae irrepit et
blanditur. [Sêneca, Epistulae Morales 105] Há uma
doçura na conversação que atrai e agrada.
716. Est quaedam flere voluptas. [Ovídio, Tristia 4.3.37]
Há um certo prazer no chorar.
717. Est quaedam in ipsis malis miserorum voluptas.
[Sêneca Retórico, Controversiae 4.1.1] Há certo prazer
no próprio sofrimento dos infelizes.
718. Est quandoque olitor valde opportuna locutus.
[Binder, Thesaurus 990] Algumas vezes o hortelão disse
coisas muito oportunas. VIDE: ● Saepe etiam est stultus
valde opportuna locutus. ● Saepe etiam est olitor
valde opportuna locutus.
719. Est quasi grande forum vox alta trium mulierum.
[Binder, Thesaurus 991] A voz alta de três mulheres é
como um grande mercado. ■ Três mulheres e um pato
fazem uma feira. VIDE: ● Sermones fundent, si grex
muliebris abundet. ● Tres feminae et tres anseres
sunt nundinae. ● Tres mulieres faciunt nundinas.
720. Est qui declinat aliquos labores, sed incidit procul
dubio in graviores. [S.Bernardo / Rezende 1671] Há
quem foge de certos trabalhos, mas longe de dúvida cai
em trabalhos maiores. ■ Quem não quer sofrer o leme
tem de sofrer o escolho.
721. Est qui macram regis vaccam, solvit opimam.
[Rezende 1672] ■ Quem a vaca d’el-rei come magra
gorda a paga. ■ Quem come a galinha magra paga a
gorda.
722. “Est” qui non potuit dicere, dixit “erit”. [Binder,
Medulla 438; Rezende 1644] Quem não pôde dizer “é”
disse “será”.
723. Est quidem haec natura mortalium, ut nihil magis
placeat quam quod amissum est. [Sêneca, Ad
Marciam 16] É tal a natureza dos mortais, que nada lhes
agrada mais do que o que se perdeu. ■ Só se conhece o
bem pelas costas.
724. Est quoque cunctarum novitas carissima rerum.
[Ovídio, Ex Ponto 3.4.51] A novidade é a mais
apreciada de todas as coisas. ■ O novo apraz. ■ Do que é
novo gosta o povo. VIDE: ● Est natura hominum
novitatis avida. ● Est nova res grata: vilescit res
inveterata. ● Grata rerum novitas. ● Grata novitas.
● Nova placent. ● Omne novum carum, vilescit
cotidianum.
725. Est regis tueri cives. Cabe ao rei proteger os
cidadãos.
726. Est regium male audire et benefacere. [Publílio
Siro] Cabe aos reis ouvir críticas e fazer o bem. VIDE:
● Benefacere et male audire regium est.
727. Est rerum omnium magister usus. [César, De Bello
Civile 2.8] O uso é o mestre de todas as coisas.
■ Batendo o ferro é que se fica ferreiro. ■ Usa e serás
mestre.
728. Est rerum omnium vicissitudo. Todas as coisas têm
sua sorte. ■ Tudo tem seu tempo. VIDE: ● Omnium
rerum, heus, vicissitudo est! ● Rerum omnium
vicissitudo.
729. Est satis atque superest verbum sapientibus unum.
[Medina 581] Para quem sabe, uma única palavra dá e
sobra. ■ A bom entendedor uma palavra basta. ■ A bons
entendedores, poucas palavras. ■ Para quem sabe ler,
pingo é letra. VIDE: ● Cum sapiente loquens perpaucis
utere verbis. ● Dictum sapienti sat est. ● Et satis et
superest verbum sapientibus unum. ● Intellegenti
pauca. ● Intellegenti satis dictum est. ● Sapienti
dictum sat est. ● Sapienti pauca. ● Sapienti sat!
● Strenuis abunde dictum puta. ● Verbum sapienti
sat est. ● Verbum sat sapienti!
730. Est socia mortis homini vita ingloria. [Publílio Siro]
Para o homem, a vida inglória é companheira da morte.
731. Est solitudo mater sollicitudinis. [Publílio Siro] A
solidão é a mãe da inquietação. VIDE: ● Solitudo est
mater sollicitudinis.
732. Est sub lapide scorpius omni. [Manúcio, Adagia
171] Debaixo de toda pedra está um escorpião. ■ Onde
está o homem, está o perigo. ■ Onde quer o demo jaz.
VIDE: ● Sub omni lapide scorpius dormit.
733. Est tacens qui invenitur sapiens. [Vulgata,
Eclesiástico 20.5] Há quem, estando calado, é tido por
sábio. ■ Tolo calado passa por avisado. VIDE: ● Dum
tacet insipiens, sapiens tantisper habetur. ● Intellegis
me esse philosophum? Intellexeram, si tacuisses.
● Quando tacet stolidus, prudenti corde putatur.
● Sapiens est, qui tacere novit. ● Si tacuisses,
philosophus mansisses. ● Sile et philosophus esto.
● Stultitiam dissimulare non potes, nisi taciturnitate.
● Stultus quoque si tacuerit, sapiens reputabitur.
● Stultus tacebit: pro sapiente habebitur.
● Taciturnitas stulto homini pro sapientia. ● Tunc
sapient stolidi, cum fuerint taciti.
734. Est tamen optimum, si terram nunquam expertus
es alienam. [Sófocles / Rezende 1675] É grande
felicidade não se ter nunca experimentado a terra alheia.
735. Est tanti, ut gratum invenias, experiri et ingratos.
[Sêneca, Epistulae Morales 81.2] Vale a pena
experimentar também os ingratos, para encontrar um
homem grato.
736. Est tarda illa quidem medicina, sed tamen magna,
quam affert longinquitas et dies. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 3.16] É lento, mas de grande eficácia, o
remédio que trazem a distância e o tempo.
737. Est tempus quando nihil, est tempus quando
aliquid, nullum tamen est tempus in quo dicenda
sunt omnia. [DAPR 786] Há momento em que não se
deve dizer nada, há momento em que se deve dizer
alguma coisa, mas em momento nenhum se deve dizer
tudo.
738. Est tempus tacendi non minus atque est tempus
loquendi. Há um tempo de calar, bem como há um
tempo de falar. VIDE: ● Tempus tacendi et tempus
loquendi.
739. Est turba semper argumentum pessimi. [Publílio
Siro] A multidão é sempre o indicador do pior.
740. Est unusquisque faber ipse suae fortunae. [Appius
Claudius Caecus] Cada um é artífice da própria sorte.
■ O homem faz-se por si. ■ Cada um é filho de suas
obras. ■ Felicidade, cada qual faz a sua. ■ Vem a
ventura a quem a procura. VIDE: ● Faber est suae
quisque fortunae. ● Faber quisque fortunae sibi.
● Faber quisque fortunae suae. ● Faber suae fortunae
unusquisque est ipsus. ● Fabrum esse quemque
fortunae. ● Fortunae suae quisque faber est.
● Fortunam sibi quisque facit. ● Fortunam suam sibi
quisque ipse parat. ● Fortunam suam quisque parat.
● Sapiens fingit fortunam sibi. ● Suae quisque
fortunae faber est.
741. Est utique profunda ignorantia nescire quod
pecces. [Publílio Siro] Sem dúvida é uma profunda
ignorância não perceber o próprio erro.
742. Est verbum verum: frangit Deus omne superbum.
[Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum 127] É uma
afirmação verdadeira: Deus abate tudo que é soberbo.
VIDE: ● Desine grande loqui; frangit Deus omne
superbum. ● Hoc retine verbum: frangit Deus
omnem superbum.
743. Est virtus placitis abstinuisse bonis. [Ovídio,
Heroides 17.40] É virtude abstermo-nos dos bens que
nos são agradáveis.
744. Est vulgus ad deteriora promptum. [Tácito,
Annales 15.64] O vulgo está sempre pronto para as
coisas piores.
745. Este procul, lites, et amarae proelia linguae!
[Ovídio, Ars Amatoria 2.1.151] Ficai longe de mim,
conflitos e lutas de uma língua mordaz.
746. Estisne vos legati oratoresque? [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 1.38] Sois vós os embaixadores?
747. Esto ad iram tardus, ad misericordiam pronus, in
adversis firmus, in prosperis cautus et humilis.
[S.Martinho de Dume, Formula Vitae Honestae 4] Sê
lento para a ira, disposto para a misericórdia, firme na
adversidade, cauteloso e humilde no sucesso.
748. Esto brevis, et placebis. [Rezende 1660] Sê breve, e
agradarás.
749. Esto brevis, ut cito dicta percipiant animo dociles
teneantque fideles. [Horácio, Ars Poetica 335] Sê
breve para que logo tuas palavras atinjam os dóceis de
espírito e os mantenham fiéis.
750. Esto consentiens adversario tuo cito dum es in via
cum eo. [Vulgata, Mateus 5.25] Entra em acordo sem
demora com o teu adversário, enquanto estás na estrada
com ele.
751. Esto correctus et semper paratus. [S.Agostinho,
Sermones 82.14] Mantém-te no bom caminho e sempre
alerta. VIDE: ● Nunquam non paratus. ● Semper
paratus.
752. Esto fidelis usque ad mortem. [Vulgata, Apocalipse
2.10] Sê fiel até a morte.
753. Esto frater meus, et ego sim frater tuus, ut ambo
simus eius qui Dominus est et meus et tuus.
[S.Agostinho, Sermones 358.4] Sê meu irmão, e que eu
seja teu irmão, para que ambos sejamos daquele que é
meu e teu Senhor. VIDE: ● Agnosce me fratrem;
agnosco te fratrem.
754. Esto humilis et pacificus. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 2.8.3] Sê humilde e pacífico.
755. Esto laborator, et erit Deus auxiliator. [Trench,
Proverbs / DAPR 93] Sê trabalhador, e Deus será
auxiliador. ■ Ajuda-te, que Deus te ajudará. ■ Deus
ajuda a quem trabalha. ■ Deus ajuda os diligentes. VIDE:
● Ad opus manum admovendo Fortunam invoca.
● Adesse gaudet, sed laboranti, Deus. ● Assiduos Deus
ipse iuvat. ● Deus facientes adiuvat.
756. Esto leo ubi oportet, esto et simia interdum.
[Apostólio 9.19] Sê leão quando é preciso, mas sê
macaco de vez em quando.
757. Esto longanimis, et vir fortis: veniet tibi consolatio
in tempore suo. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 4.30.10] Sê paciente e corajoso, que te virá a
recompensa na hora certa.
758. Esto mansuetus ad audiendum verbum, ut
intellegas et cum sapientia proferas responsum
verum. [Vulgata, Eclesiástico 5.13] Sê manso para
ouvir a palavra, a fim de que a entendas e dês com
sabedoria uma resposta verdadeira.`
759. Esto peccator et pecca fortiter, sed fortius fide et
gaude in Christo. [Lutero, Epistulae 1.345] Sê pecador,
e peca corajosamente, mas com mais coragem confia e
regozija-te em Cristo.
760. Esto perpetua. [Divisa do Estado de Idaho, EUA]
Que dures para sempre.
761. Esto quod es; quod sunt alii, sine quemlibet esse.
Sê o que és; o que os outros são, deixa cada um ser.
762. Esto quod esse videris. [Divisa] Sê o que pareces ser.
VIDE: ● Re magis quam specie.
763. Esto tua sorte contentus. Contenta-te com tua sorte.
VIDE: ● Nemo sua sorte contentus. ● Stude tua sorte
contentus esse. ● Vive tua sorte contentus.
764. Esto, ut nunc multi, dives tibi, pauper amicis.
[Juvenal, Satirae 5.113] Sê, como agora muitos, rico
para ti, pobre para os amigos.
765. Esto vir. Sê varonil. Porta-te varonilmente. VIDE:
● Estote viri.
766. Esto vir fortis. [Vulgata, 2Reis 10.12] Mostra-te com
valor.
767. Estote ergo prudentes sicut serpentes, et simplices
sicut columbae. [Vulgata, Mateus 10.16] Sede, pois,
prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
768. Estote parati. [Vulgata, Mateus 24.44] Ficai
preparados.
769. Estote viri. [Vulgata, 1Reis 4.9] Portai-vos
varonilmente. VIDE: ● Esto vir.
770. Estque pati poenam, quam meruisse, minus.
[Ovídio, Ex Ponto 1.1.62] E sofrer uma punição é
menos que merecê-la. ■ A vergonha está no crime, não
na pena. VIDE: ● Pati poenam minus est quam
meruisse. ● Puniri non est malum, sed fieri poena
dignum.
771. Esu suave, digestione grave. Gostoso de comer,
difícil de digerir.
772. Esuriem silva patiens lupus exit opaca. [Binder,
Thesaurus 998] O lobo com fome sai do escuro bosque.
■ A fome faz sair o lobo do mato. ■ A fome e a sede põe
a lebre a caminho. VIDE: ● Fames pellit lupum e silvis.
● Longa fames macros mittit in arva lupos.
773. Esuriens stomachus fertur coquus optimus esse.
[Walther 8065 / Tosi 717] Considera-se o estômago
faminto o melhor cozinheiro. ■ A fome é boa cozinheira.
VIDE: ● Ambitiosa non est fames. ● Anima esuriens et
amarum pro dulci sumet. ● Fames est optimus
coquus. ● Fames optimus est coquus.
774. Esuriens venter non vult studere libenter. [Walther
8067 / Tosi 721] Barriga faminta não quer estudar.
■ Sem comer não há prazer. VIDE: ● Ieiunus venter non
vult cantare libenter. ● Impletus venter non vult
studere libenter. ● Venter plenus somnum parit.
775. Esurientes implevit bonis, et divites dimisit inanes.
[Vulgata, Lucas 1.53] Encheu de bens os famintos, e os
ricos despediu vazios.
776. Esurientes in popina. [Stevenson 2209] Esfomeados
na taberna.
777. Esurienti ne occurras. [Erasmo, Adagia 4.10.53]
Não contraries o homem esfomeado. ■ O ventre em
jejum não ouve a nenhum. VIDE: ● Famelico ne
occurras. ● Fames et mora bilem in nasum conciunt.
● Non interpellandus famelicus.
778. Esurienti vulpi somnus obrepit. [Apostólio 16.8] O
sono toma a raposa faminta. VIDE: ● Somnus domat
famem malorum pessimum. ● Vulpi esurienti somnus
obrepit.
779. Esurivi enim, et dedisti mihi manducare; sitivi, et
dedisti mihi bibere. [Vulgata, Mateus 25.35] Tive
fome, e me deste de comer; tive sede, e me deste de
beber.
780. Et a mortuo tributum colligis. [Manúcio, Adagia
820] Até de defunto cobras imposto. VIDE: ● A mortuo
tributum exigere. ● A mortuo tributum colligere.
● Exigit et a statuis farinam. ● Statuis ab ipsis hic
farinas exigit. ● Vel a defuncto vectigal aufert. ● Vel a
mortuo tributum auferat.
781. Et actum est. E assim se fez.
782. Et alia. E outras coisas. VIDE: ● Et cetera. ● Et
reliqua.
783. Et alibi. E em outro lugar. E em outros lugares.
784. Et alii. E outros.
785. Et alius. E outro.
786. Et altera pars audiatur. Seja ouvida também a parte
contrária. ■ Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um
diz. VIDE: ● Audi et alteram partem. ● Audi alteram
partem. ● Audi partem alteram. ● Audiatur et altera
pars. ● Iudicium differ, partes dum audiveris ambas.
● Iudicium ne fer si non sunt ambo locuti. ● Ne iudex
fueris, partes ni audiveris ambas. ● Ne rem defini,
nisi partem audieris utramque. ● Solius affatus est
sermo dimidiatus, sed cum auditur reliquus, tunc res
aperitur.
787. Et ama tamquam inimicus futurus, et odi
tamquam amaturus. [Bacon, Advancement of
Learning 2.23.42] Não só deves amar como se fosses
tornar-te inimigo, como deves odiar como se fosses vir
a amar. VIDE: ● Ama tamquam osurus, oderis
tamquam amaturus. ● Amare oportet tamquam
osuros, et odisse tamquam amaturos. ● Amicum ita
habeas posse ut fieri hunc inimicum scias. ● Ex
inimico cogita posse fieri amicum. ● Ita amare
oportere, ut si aliquando esset osurus. ● Ita amicum
habeas, posse ut facile fieri hunc inimicum putes.
● Sicut osurus adama, oderis velut amaturus.
788. Et arma et verba vulnerant. Tanto ferem as armas
quanto as palavras.
789. Et bonum et malum interius os prodit. [Branco
190] Tanto o bem como o mal mais ocultos aparecem
no rosto. ■ O mal e o bem à cara vêm. VIDE: ● Mores
indicat vultus.
790. Et canis in somnis leporis vestigia latrat. [Gal
1559] Até o cão, nos sonhos, late para as pegadas da
lebre. ■ D e noite sonha no que de dia anda cuidando.
VIDE: ● Iudicibus lites, aurigae somnia currus.
791. Et catelli edunt de micis qui cadunt de mensa
dominorum suorum. [Vulgata, Mateus 15.27]
Também os cachorrinhos comem das migalhas que
caem da mesa de seus donos.
792. Et caterva. E o seu grupo. E os iguais a ele(s).
793. Et cetera. E as demais coisas. E outras coisas. E o
resto. VIDE: ● Et alia. ● Et reliqua.
794. Et comes et dominus passu gradiuntur eodem. O
acompanhante e o senhor caminham no mesmo passo.
■ Tão bom é Pedro como seu amo. ■ Tal amo, tal criado.
795. Et commodum eius esse debet cuius periculum est.
[Institutiones 3.23.4] Quem tem o risco, desse também
deve ser o lucro. VIDE: ● Commodum eius esse debet,
cuius periculum est. ● Cuius est commodum eius
debet esse incommodum. ● Cuius periculum est, et
commodum eius esse debet.
796. Et cum spirito tuo. E com teu espírito.
797. Et cupio, et nequeo. Quid agam? [Ovídio,
Metamorphoses 8.498] Quero, mas não posso. Que
devo fazer?
798. Et deest et superest miseris cogitatio. [Publílio Siro]
Os infelizes têm, ao mesmo tempo, pensamentos de
mais e de menos.
799. Et dedit mare mortuos, qui in eo erant. [Vulgata,
Apocalipse 20.13] E o mar deu os mortos que estavam
nele.
800. Et delator es, et calumniator. [Marcial,
Epigrammata 11.66] És delator e és caluniador.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E5: 801-1000
801. Et dicetur ei: Quid sunt plagae istae in medio
manuum tuarum? Et dicet: His plagatus sum in
domo eorum qui diligebant me. [Vulgata, Zacarias
13.6] Então se lhe fará esta pergunta: Que chagas são
essas no meio das tuas mãos? E ele responderá: Com
estas fui eu ferido em casa daqueles que me amavam.
802. Et dico huic: Vade, et vadit; et alii: Veni, et venit.
[Vulgata, Mateus 8.9] E digo a um: Vai, e ele vai; e a
outro: Vem, e ele vem.
803. Et docere et rerum exquirere causas. [Divisa da
Universidade de Geórgia, EUA] Não só ensinar como
também pesquisar as causas das coisas.
804. Et dolor ac morbus leti fabricator uterque.
[Lucrécio, De Rerum Natura 3.473] Tanto a dor como a
doença produzem a morte.
805. Et e contra. E vice-versa.
806. Et ecce ego vobiscum sum omnibus diebus, usque
ad consummationem saeculi. [Vulgata, Mateus 28.20]
Estou convosco todos os dias, até a consumação do
tempo.
807. Et ecce, nocte iam media expavit homo. [Vulgata,
Rute 3.8] E eis que pela meia-noite espertou o homem
espavorido.
808. Et ego ipse homo sum. [Vulgata, Atos 10.26] Eu
também sou homem.
809. Et ego movebo non solum terram sed etiam
caelum. [Vulgata, Hebreus 12.26] E eu moverei não só
a terra, mas também o céu.
810. Et equidem si scis tute, quot habeas hodie digitos
in manu? [Plauto, Persa 190] E hoje sabes quantos
dedos tens nas mãos? VIDE: ● Nescit capitis et inguinis
discrimen. ● Nescit quot digitos habeat in manu.
811. Et erat in deserto quadraginta diebus et
quadraginta noctibus. [Vulgata, Marcos 1.12] E ficou
no deserto por quarenta dias e quarenta noites.
812. Et erit opus iustitiae pax. [Vulgata, Isaías 32.17] E a
paz será a obra da justiça. VIDE: ● Opus iustitiae pax.
813. Et erit sicut populus sic sacerdos; et sicut servus
sic dominus eius; sicut ancilla sic domina eius.
[Vulgata, Isaías 24.2] E assim como for o povo, assim
será o sacerdote; e como o criado, assim o seu amo;
como a serva, assim a sua senhora. ● Et erit sicut
populus, sic sacerdos. [Vulgata, Oséias 4.9]
814. Et facere et pati fortiter Romanum est. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 2.12] Trabalhar e sofrer com coragem
é próprio do romano.
815. Et facti sunt amici Herodes et Pilatus in ipsa die,
nam antea inimici erant ad invicem. [Vulgata, Lucas
23.12] E naquele dia ficaram amigos Herodes e Pilatos,
porque estavam antes inimigos um do outro.
816. Et factus est sudor eius sicut guttae sanguinis
decurrentis in terram. [Vulgata, Lucas 22.44] E veio-
lhe um suor, como de gotas de sangue, que corria sobre
a terra.
817. Et fecunda facit pectora laudis amor. [Ovídio,
Tristia 5.12.38] O amor da glória fecunda o talento. ■ A
honra sustenta as artes.
818. Et ferrum, et ignis saepe medicinae loco est.
[Sêneca, Agamemnon 152] Tanto a espada como o fogo
muitas vezes funcionam como remédio.
819. Et ferrum vinces, si favet hora tibi. Vencerás até a
espada, se o momento te é favorável. ■ A quem Deus
quer ajudar, o vento lhe apanha lenha. VIDE: ● Vel
ferrum vinces, si favet hora tibi.
820. Et firmabitur iustitia thronus eius. [Vulgata,
Provérbios 25.5] E o seu trono se firmará na justiça.
VIDE: ● Iustitia thronum firmat.
821. Et formicae sua bilis inest. [Schottus, Adagia 177]
Também a formiga tem a sua bílis. ■ Também a formiga
tem catarro. ■ Cada formiga tem sua ira. ■ Até o cabelo
sutil faz sua sombra. VIDE: ● Est et formicae et culici
sua bilis. ● Etiam formicae sua bilis inest. ● Formicae
sua bilis inest, habet et musca splenem. ● Habet et
musca splenem. ● Habet et musca splenem, et
formica bilem. ● Inest et formicae fel. ● Inest et
formicae sua bilis. ● Inest et formicae et serpho bilis.
● Tam parvum nihil est, cui sit defensio nulla
822. Et fraudator es, et negociator. [Marcial,
Epigrammata 11.66] És trapaceiro, e és traficante.
823. Et fugit velut umbra. [Vulgata, Jó 14.2] E fugiu
como uma sombra. VIDE: ● Homo, natus de muliere,
brevi vivens tempore, repletur multis miseriis; quasi
flos egreditur et conteritur, et fugit velut umbra, et
nunquam in eodem statu permanet.
824. Et fuit ruina illius magna. [Vulgata, Mateus 7.27] E
foi grande a sua ruína.
825. Et gaudium mihi et solacium in litteris, nihilque
tam laetum quin his laetius, nihil tam triste quod
non per has minus triste. [Plínio Moço, Epistulae
8.19.1] No estudo encontro prazer e consolo, e nada é
tão agradável, que com ele não seja mais agradável,
nada tão triste, que com ele não fique menos triste.
826. Et gaudium vestrum impleatur. [Vulgata, João
15.11] Que o vosso gozo seja completo.
827. Et genus et formam regina pecunia donat.
[Horácio, Epistulae 1.6.37] A rainha Pecúnia concede
tanto nobreza quanto formosura. ■ Dom dinheiro é um
grande cavalheiro. ● Et genus et famam regina
pecunia donat. [Medina 590] A rainha Pecúnia tanto dá
nobreza como fama.
828. Et genus et virtus, nisi cum re, vilior alga est.
[Horácio, Satirae 2.5.8] Tanto a estirpe quanto a virtude,
se não há dinheiro, valem menos do que o sargaço.
829. Et hasta et clipeo. [Schottus, Adagia 537] Tanto com
a lança como com o escudo.
830. Et id genus omne. E tudo que é da mesma espécie.
● Et hoc genus omne.
831. Et in Arcadia ego! [Rezende 1693] Eu também (vivi)
na Arcádia! (=Eu também fui feliz!)
832. Et in mellis copia non frustra pennas habet
apicula. [S.Agostinho, Epistulae 15] Mesmo quando o
mel é abundante, a abelha não tem as asas inúteis.
833. Et in terra pax hominibus bonae voluntatis.
[Vulgata, Lucas 2.14] E na terra paz aos homens de boa
vontade.
834. Et in toto plurimus orbe legor. [Ovídio, Tristia
4.10.128] Sou o mais lido em todo o mundo.
835. Et infima prosunt. Até as coisas mínimas são úteis.
836. Et ipse aderam. Eu também estava lá.
837. Et ipsi tacuerunt. [Vulgata, Lucas 9.36] Eles
também se calaram.
838. Et iumentum et arator quietus erit diebus
dominicis. [Schrevelius 1175] Tanto o jumento como o
lavrador descansarão nos domingos.
839. Et lacrimae pondera vocis habent. [Ovídio,
Heroides 3.4] Também as lágrimas têm o peso da voz.
■ As lágrimas são a muda linguagem da dor. VIDE:
● Interdum lacrimae pondera vocis habent.
840. Et lacrimas risus non procul esse docet. O riso
avisa que as lágrimas também não estão longe. ■ Quem
ri hoje chora amanhã.
841. Et latrat canis, sed frustra agitur vox irrita ventis,
peragit cursus surda Diana suos. [Alciato, Emblemata
165] E o cão ladra, mas sua voz é levada inútil pelos
ventos, e a Diana, surda, continua seu caminho. ■ Os
cães latem, e a caravana passa.
842. Et lepores audent caeco insultare leoni. Até as
lebres ousam saltar por cima do leão cego. ■ Leão
moribundo, cachorro lhe mija. VIDE: ● Mortuo leoni
etiam lepores insultant.
843. Et loqui poena est, et reticere tormentum.
[Romulus Nilantius 2.20 / Tosi 1570] É perigoso falar, e
um tormento calar.
844. Et maiora cupimus, quo maiora venerunt. [Sêneca,
De Beneficiis 2.27.3] Quanto mais nos veio, tanto mais
cobiçamos. ■ Quanto mais temos, mais queremos.
845. Et mare iam non est. [Vulgata, Apocalipse 21.1] E o
mar já não é.
846. Et mea omnia tua sunt, et tua mea sunt. [Vulgata,
João 17.10] E todas as minhas coisas são tuas, e todas as
tuas coisas são minhas.
847. Et memorem famam, qui bene fecit, habet.
[Ovídio, Fasti 2.380] Que trabalhou bem, tem glória
duradoura.
848. Et Metus, et malesuada Fames, et turpis Egestas.
[Virgílio, Eneida 6.276] Não só o Medo, mas também a
Fome má conselheira, e a feia Necessidade.
849. Et meum telum cuspidem habet acuminatam.
[Erasmo, Adagia 1.2.88] Também minha lança tem
ponta aguda. ■ Também nossa espada corta. ■ Também
tenho duas mãos.
850. Et mihi sunt vires, et mea tela nocent. [Binder,
Medulla 449] Eu também tenho força, e minhas armas
ferem.
851. Et militavi non sine gloria. [Horácio, Carmina
3.26.2] Eu lutei não sem glória.
852. Et minimae vires frangere quassa valent. [Ovídio,
Tristia 3.11.22] Até um pequeno esforço pode quebrar o
que está rachado.
853. Et miseriarum portus est patientia. [Publílio Siro]
A paciência é o refúgio dos sofrimentos.
854. Et motae ad lunam trepidabis harundinis
umbram. [Juvenal, Satirae 10.21] Terás medo até da
sombra de uma andorinha que se move à luz da lua.
855. Et mundus transit, et concupiscentia eius. [Vulgata,
1João 2.17] O mundo passa, e também a sua
concupiscência.
856. Et nihil est quod non effreno captus amore ausit.
[Ovídio, Metamophoses 6.450] E não há nada que,
tomado de um amor desenfreado, não ousasse.
857. Et non erit Aegypto opus quod faciat caput et
caudam, incurvantem et refrenantem. [Vulgata,
Isaías 19.15] E não terá o Egito coisa que distinga a
cabeça e a cauda, ao que encurva e ao que refreia.
[Tradução do Padre Figueiredo] E o Egito estará na
incerteza do que fazer: a cabeça e a cauda, o que manda
e o que obedece. [Tradução do Padre Matos Soares]
858. Et nos aliquod nomenque decusque gessimus.
[Macróbio, Saturnália 4.3; Pereira 94] E nós já tivemos
alguma fama e glória. ■ Algum dia fomos gente.
859. Et nos quoque tela sparsimus. Nós também
atiramos muitas lanças. (=Nós também somos
veteranos).
860. Et nunc erudimini. [Bossuet] Agora aprendei
também vós.
861. Et nunc, reges, intellegite, erudimini, qui iudicatis
terram. [Vulgata, Salmos 2.10] E agora, reis,
compreendei; aprendei, vós que decidis os destinos da
terra.
862. Et ossa et artus gelidus invasit tremor. [Sêneca,
Oedipus 659] E um gelado arrepio invadiu meus ossos e
membros.
863. Et pace et bello cunctis stat terminus aevi. [Sílio
Itálico, Punica 5.134] Seja na paz, seja na guerra, para
todos já está determinado o limite de nossa vida.
864. Et pilo sua umbra. Até o cabelo tem sua sombra.
■ Até o cabelo sutil faz sua sombra.
865. Et portu ingresso deicit unda ratem. [Rezende
1705] E a onda vira o barco já dentro do porto. ■ Nadar,
nadar, e ir morrer à beira. ■ Andar, andar, ir morrer à
beira. VIDE: ● Navigat omnis homo, et portum
contendit adire, et portu ingresso deicit unda ratem.
● Navigat omnis homo, et portum conscendit adire, et
portum ingressus disicit unda ratem.
866. Et post malam segetem serendum est. [Sêneca,
Epistulae Morales 81.1; Erasmo, Adagia 4.4.62] Mesmo
depois de uma colheita má é preciso semear. ■ Por medo
dos pardais não se deixa de semear cereais. VIDE:
● Etiam post malam segetem serendum est.
867. Et pretium et vitium tacti sonus indicat aeris. O
som indica tanto a qualidade como o defeito do bronze
que se toca. ■ Pelo canto se conhece a ave.
868. Et prima vitae tempora et media patriae, extrema
nobis impertire debemus. [Plínio Moço, Epistulae
4.23.3] O começo e o meio da nossa vida devemos
consagrar à pátria; o fim, a nós mesmos.
869. Et pueri nasum rhinocerotis habent. Os filhotes
também têm nariz de rinoceronte. ■ Tal pai, tal filho.
■ De tal gente, tal semente.
870. Et puero perspicuum est. [Erasmo, Adagia 2.1.42]
Isto é claro até para uma criança. ■ Até um cego vê isso.
VIDE: ● Hoc et puero notum. ● Puero etiam
perspicuum.
871. Et quae tanta fuit Romam tibi causa videndi?
Libertas, quae sera tamen respexit inertem. [Virgílio,
Eclogae 1.27] Melibeu: E que motivo tão importante
tiveste para ver Roma? Títiro: A liberdade, que embora
tarde, voltou os olhos para este tímido. (=Libertas,
quae sera tamen, adotada como divisa pelos
Inconfidentes Mineiros, passou a divisa do Estado de
Minas Gerais). VIDE: ● Libertas, quae sera tamen
respexit inertem.
872. Et quasi cursores, vitae lampada tradunt.
[Lucrécio, De Rerum Natura 2.79] E, como corredores,
passam um para o outro a lâmpada da vida. VIDE:
● Augescunt aliae gentes, aliae minuuntur, inque
brevi spatio mutantur saecla animantum et quasi
cursores vitae lampada tradunt.
873. Et qui fecerunt, oderunt iniuriam. Mesmo os que a
cometeram, odeiam a injustiça. VIDE: ● Etiam qui
faciunt, oderunt iniuriam.
874. Et qui manet in caritate, in Deo manet, et Deus in
eo. [Vulgata, 1João 4.16] E quem permanece no amor
permanece em Deus, e Deus nele.
875. Et qui nolunt occidere, quemquam, posse volunt.
[Juvenal, Satirae 10.96] Mesmo os que não querem
matar ninguém, querem ter esse poder.
876. Et qui uxorem non habent filios adoptare possunt.
[Paulo, Digesta 1.7.30] Também os que não têm mulher
podem adotar filhos.
877. Et quidquid Deus non est, nihil est, et pro nihilo
computari debet. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 3.31.11] Tudo que não é Deus não é nada, e
deve ser contado como nada.
878. Et quis est Deus qui eripiet vos de manu mea?
[Vulgata, Daniel 3.15] E quem é o Deus que vos poderá
livrar de minha mão?
879. Et quo non ascendam? [Divisa de Fouquet] E aonde
eu não chegarei? VIDE: ● Quo non ascendet?
880. Et quod nondum est factum, ea ne si utilia quidem
sunt fieri oportet? [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 4.4] E
o que ainda não foi feito, se essas coisas são úteis, não é
necessário que sejam feitas?
881. Et, quod tentabam dicere, versus erat. [Ovídio,
Tristia 4.10.26] E o que eu tentava dizer era verso. VIDE:
● Quidquid tentabam dicere versus erat.
882. Et redit ad nihilum quod fuit ante nihil.
[Maximiano, Elegiae 1.222] Volta ao nada o que antes
foi nada.
883. Et refellere sine pertinacia et refelli sine iracundia
parati sumus. [Cícero, Tusculanae Disputationes 2.2.2]
Estamos preparados tanto para contestar sem obstinação
como para sermos contestados sem ódio.
884. Et reliqua. E as outras coisas. E o mais. VIDE: ● Et
alia. ● Et cetera.
885. Et requiem tibi dabit Dominus semper. [Vulgata,
Isaías 58.11] E o Senhor te dará sempre descanso. VIDE:
● Requiem faciet tibi Altissimus.
886. Et requievit Deus die septima ab omnibus
operibus suis. [Vulgata, Hebreus 4.4] E no sétimo dia
descansou Deus de todas as suas obras. ● Et requievit
ab universo opere quod patrarat. [Vulgata, Gênesis
2.2] E descansou (Deus) no dia sétimo de toda a obra
que fizera.
887. Et ridiculis data gloria, ni prohibet fors. [Ausônio,
Opuscula 5] Até as coisas ridículas alcançam a glória,
se não o impede a sorte.
888. Et rivulus tenuis ex suo fonte et surculus modicus
ex sua fronde qualitatem originis continet.
[Tertuliano, De Spectaculis 7.4] Tanto o acanhado
riacho como o pequeno ramo têm em si a natureza de
sua origem, aquele, da sua fonte, este, da sua fronde.
889. Et satis et superest verbum sapientibus unum.
[Pereira 93] A quem sabe, uma única palavra não só
basta, como até sobra. ■ A bons entendedores, poucas
palavras. VIDE: ● Cum sapiente loquens perpaucis
utere verbis. ● Dictum sapienti sat est. ● Est satis
atque superest verbum sapientibus unum.
● Intellegenti pauca. ● Intellegenti satis dictum est.
● Sapienti dictum sat est. ● Sapienti pauca. ● Sapienti
sat! ● Strenuis abunde dictum puta. ● Verbum
sapienti sat est. ● Verbum sat sapienti!
890. Et sceleratis sol oritur. [Sêneca, De Benefíciis
4.24.1] O sol nasce até para os malvados. ■ O sol nasce
para todos. VIDE: ● Cum sol oritur, cunctis oritur.
● Cum sol oritur, omnibus oritur. ● Sol omnibus
lucet.
891. Et scienti et consentienti non fit iniuria. [Jur] A
quem sabe e concorda não se faz injustiça. VIDE: ● Nemo
videtur fraudare eos qui sciunt et consentiunt.
● Nulla est iniuria quae in volentem fiat. ● Scienti et
consentienti non fit iniuria neque dolus. ● Scienti et
consentienti nulla fit iniuria. ● Scienti et volenti non
fit iniuria. ● Volenti et consentienti non fit iniuria.
● Volenti non fit iniuria.
892. Et sedebit populus meus in pulchritudine pacis.
[Vulgata, Isaías 32.18] E assentar-se-á o meu povo na
formosura da paz.
893. Et sequentes. E os seguintes.
894. Et sequentia. E as coisas que se seguem.
895. Et sermone et opere. Não só com palavras, mas
também com atos.
896. Et servi homines sunt. [Petrônio, Satiricon 71] Os
escravos também são seres humanos.
897. Et si alterum pedem in tumulo haberem, non
pigeret aliquid addiscere. [Pompônio / Rezende 1715]
Mesmo que eu tivesse um pé no túmulo, não me
envergonharia aprender alguma coisa.
898. Et sic de ceteris. E assim quanto ao resto. ● Et sic de
similibus.
899. Et sic fecit. E assim fez.
900. Et sic labitur aetas. [Inscrição em quadrante solar] E
assim passa o tempo. VIDE: ● Cito pede labitur aetas.
901. Et sic ulterius. E assim por diante.
902. Et spem et metum fors caeca versat. [Sêneca,
Phoenissae 631] A sorte cega muda tanto a esperança
como o medo.
903. Et suges lac gentium, et mamilla regum lactaberis.
[Vulgata, Isaias 60.16] E mamarás o leite das gentes, e
serás criada ao peito dos reis.
904. Et tamen, si in arenam procederent pugnaturi
inter se gladiatores, quorum alter filius, alter esset
pater, tale spectaculum quis ferret? quis non
auferret? [S.Agostinho, De Civitate Dei 3.14.2] E se
dois gladiadores avançassem na arena para o combate, e
se um deles fosse o filho, o outro o pai, quem suportaria
tal espetáculo? Quem não o interromperia?
905. Et tenebit iustus viam suam. [Vulgata, Jó 17.9] Mas
o justo prosseguirá o seu caminho.
906. Et teritur pressa vomer aduncus humo. [Rezende
1723] Até o arado afiado se gasta na terra dura. ■ Tanto
dá a água na pedra, até que fura. VIDE: ● Atteritur
pressa vomer aduncus humo.
907. Et terram rumor transilit et maria. [Propércio,
Elegiae 2.18.38] A fama atravessa tanto a terra como os
mares.
908. Et trepidae matres pressere ad pectora natos.
[Virgílio, Eneida 7.518] E as mães tremendo apertaram
aos peitos os filhos. ■ E as mães que o som terrível
escutaram, aos peitos os filhinhos apertaram. [Camões,
Lusíadas 4.28]
909. Et tu, Brute, fili mi! Tu também, Bruto, meu filho!
(=Exclamação de César ao ver no grupo dos seus
assassinos Bruto, que passava por ser seu filho.
Segundo Suetônio, a frase teria sido dita em grego).
VIDE: ● Tu quoque, Brute, fili mi!
910. Et tu ex illis es, nam et loquella tua manifestum te
facit. [Vulgata, Mateus 26.73] Tu certamente também
és dos tais, porque até a tua linguagem te dá bem a
conhecer. VIDE: ● Loquela tua manifestum te facit.
911. Et tu, unde agis? [Plauto, Bacchides 1106] E tu, de
onde vens?
912. Et uxor. E esposa. (=Fórmula usada depois do nome
do marido, para indicar que a mensagem é do casal).
913. Et venite, et arguite me. [Vulgata, Isaías 1.18] E
vinde, e argüi-me.
914. Et ventis adversis. [Divisa de Grabrielle
d’Annunzio] Mesmo com os ventos contrários.
915. Et vera incessu patuit dea. [Virgílio, Eneida 1.402]
Até pelo modo de andar revelou-se uma verdadeira
deusa.
916. Et verbum caro factum est. [Vulgata, João 1.14] E a
palavra se fez carne.
917. Et veritatem diligimus et Platonem, sed rectius est
diligere veritatem. [Tosi 299] Amamos tanto a verdade
quanto a Platão, mas é mais justo amar a verdade.
■ Amigo do compadre, mas mais da verdade. ■ Amigo de
todos iguais, e da verdade mais. VIDE: ● Amicus Plato,
sed magis amica veritas. ● Amicus Plato, amicus
Socrates, sed praehonoranda veritas. ● Amicus Plato,
amicus Socrates, sed magis amica veritas. ● Amicus
Socrates, sed magis amica veritas. ● Minime vero
veritati praeferendus est vir. ● Plato amicus, sed
magis amica veritas.
918. Et videt, et librat iusta Deus omnia lance. [Binder,
Thesaurus 1004] Deus tudo vê e pesa numa balança
justa.
919. Et virtus testudinibus et sapientia cedit. [Erasmo]
Tanto a virtude como a sabedoria se submetem ao
dinheiro. (=Testudo, moeda dos peloponesos, que trazia
uma tartaruga gravada). ■ O dinheiro governa o mundo.
■ Não há cerradura, se é de ouro a gazua. VIDE:
● Testudines vincunt sapientiam et virtutem.
● Virtutem et sapientiam vincunt testudines.
920. Et vitrum et mulier sunt in discrimine semper.
[Pereira 94] ■ Mulher e vidro estão sempre em perigo.
■ O homem é fogo, a mulher estopa, vem o diabo e
sopra.
921. Et vulpes in laqueos incidunt. Até mesmo as
raposas caem em armadilhas.
922. Etenim passer invenit sibi domum, et turtur
nidum sibi, ubi ponat pullos suos. [Vulgata, Salmos
83.4] Ainda o passarinho acha casa para si, e a rola
ninho para si, onde ponha seus filhinhos.
923. Etenim si incertam vocem dat tuba, quis parabit se
ad bellum? [Vulgata, 1Coríntios 14.8] Se a trombeta
der um som confuso, quem se preparará para a batalha?
924. Etiam atque etiam. E mais e mais. Repetidamente.
Minuciosamente.
925. Etiam atque etiam, cui des, considera. [Sêneca, De
Beneficiis 3.14.2] Examina minuciosamente a quem
fazes favor.
926. Etiam atra gallina candida ova excludit. Mesmo a
galinha preta põe ovos brancos. ■ Galinha preta põe ovo
branco. VIDE: ● Praebet candoris lac nigri vacca
coloris.
927. Etiam bestiae fame monitae plerumque ad eum
locum ubi aliquando pastae sunt revertuntur.
[Cícero, Pro Cluentio 25.1] Mesmo os animais
orientados pela fome geralmente retornam ao lugar onde
algum dia se alimentaram.
928. Etiam bonis malum saepe est assuescere. [Publílio
Siro] Muitas vezes é até um mal acostumar-se às coisas
boas. ● Etiam bonum saepe obest assuescere.
929. Etiam capillus unus habet umbram suam. [Publílio
Siro] Até mesmo um único cabelo tem sua sombra. ■ Até
um cabelo faz sombra. ■ Cada cabelo faz sua sombra na
terra. ● Etiam capillus suam facit umbram. [Pereira
122] VIDE: ● Vel capillus habet umbram suam.
930. Etiam capra improbum hominem mordeat.
[Apostólio 10.87] Até a cabra morderá o homem mau.
■ Ao mau todos perseguem. ● Etiam capra virum
mordeat malum. [Schottus, Adagia 227] VIDE: ● Mus
mordeat improbum. ● Scelerosum mordeat et mus.
● Vel capra mordeat nocentem. ● Vel mus mordeat
improbum. ● Virum improbum vel mus mordeat.
● Virum mus mordeat ipsa malignum.
931. Etiam celeritas in desiderio mora est. [Publílio
Siro] Quando se deseja, até a rapidez é considerada
demora. VIDE: ● Animo cupienti nihil satis festinatur.
932. Etiam cum vulnus sanatum est, cicatrix manet.
[Sêneca, De Ira 1.16.7] Mesmo quando a ferida está
curada, fica a cicatriz. VIDE: ● Cicatrix manet. ● Etiam
sanato vulnere cicatrix manet.
933. Etiam fera animalia, si clausa teneas, virtutis
obliviscuntur. [Tácito, Historiae 4.64] Mesmo os
animais ferozes, se são mantidos em cativeiro, se
esquecem de sua coragem.
934. Etiam ferocissimos domari. [Alciato, Emblemata
29] Até os homens mais ferozes podem ser vencidos.
935. Etiam formicae sua bilis inest. [Pereira 122]
Também a formiga tem a sua bílis. ■ Também a formiga
tem catarro. ■ Cada formiga tem sua ira. ■ Até o cabelo
sutil faz sua sombra. VIDE: ● Est et formicae et culici
sua bilis. ● Et formicae sua bilis inest. ● Formicae sua
bilis inest, habet et musca splenem. ● Habet et musca
splenem. ● Habet et musca splenem, et formica
bilem. ● Inest et formicae fel. ● Inest et formicae sua
bilis. ● Inest et formicae et serpho bilis. ● Tam
parvum nihil est, cui sit defensio nulla
936. Etiam fructibus a semine degenerare contigit.
[Tertuliano, Apologeticus 19.1] Já aconteceu até frutos
degenerarem da semente. VIDE: ● Ex optimo parente
nonnunquam pessimum filium.
937. Etiam glaebam erro admittit. O vagabundo também
aceita um pedacinho de terra. ■ Homem pobre com
pouco se alegra. VIDE: ● Accipit et glaebam erro.
● Etiam pauper glaebam capit erro. ● Glaebam
quoque accipit erro.
938. Etiam hosti est aequus, qui habet in consilio fidem.
[Publílio Siro] Quem tem confiança na própria decisão é
imparcial até com o inimigo.
939. Etiam illud quod scies, nesciveris, nec videris quod
videris. [Plauto, Miles Gloriosus 572] Tudo que
souberes, não saberás, e o que vires, não verás.
940. Etiam in bonis moribus aliquid exsistet asperius.
[Sêneca, De Ira 2.31.4] Mesmo nos bons caracteres se
encontra alguma aspereza.
941. Etiam in obsessa via pauperi pax est. [Sêneca,
Epistulae Morales 14.9] Mesmo numa estrada cercada
por ladrões o pobre tem tranqüilidade. ■ Ninguém pode
despir um homem nu. VIDE: ● Nudum latro transmittit;
etiam in obsessa via pauperi pax est.
942. Etiam in pace, belli tamen iura servantur. [Quinto
Cúrcio, Historiae 7.8] Mesmo na paz se observam as
leis da guerra.
943. Etiam in secundissimis rebus est utendum consilio
amicorum. [Cícero, De Officiis 1.91] Mesmo nos
momentos mais favoráveis deve-se usar o conselho dos
amigos.
944. Etiam innocentem poena quandoque obruit. Às
vezes, a punição recai sobre o inocente. ■ Paga o justo
pelo pecador.
945. Etiam innocentes cogit mentiri dolor. [Publílio
Siro] ■ A dor até os inocentes faz mentir.
946. Etiam instanti laesa repugnat ovis. [Propércio,
Elegiae 2.5.20] Até a ovelha ferida enfrenta quem a
ameaça. ■ Cada formiga tem sua ira. ■ Rã também sente
como gente. VIDE: ● Laesa saepius repugnat ovis.
● Nemo ita despectus, quin possit laedere laesus.
● Non solum taurus ferit uncis cornibus hostem,
verum etiam instanti laesa repugnat ovis.
947. Etiam inter rosas aculei. Até entre rosas se
encontram espinhos. ■ Não há rosa sem espinho. ■ Não
há rosa sem espinho, nem formosa sem senão.
948. Etiam inter vepres rosae nascuntur. [Grynaeus
593] Até entre espinheiros nascem rosas. ■ A rosa nasce
no meio de espinhos. ● Etiam inter rosas aculei. Até
entre rosas, espetos. VIDE: ● Fert mixtas spinis terra
inarata rosas. ● Inter vepres rosae nascuntur. ● Inter
vepres rosae nascuntur, et inter feras non nullae
mitescunt. ● Semper odoriferis proxima spina rosis.
● Urticae proxima saepe rosa est.
949. Etiam iuri civili domestici testimonii fides
improbatur. [Jur] Também em direito civil se nega a
validade do testemunho familiar.
950. Etiam mala fortuna habet suas levitates. [Erasmo /
Stevenson 2530] Até a má sorte tem suas mudanças.
■ Não há mal que sempre dure, nem bem que sempre
ature. VIDE: ● Habet etiam mala fortuna levitatem.
951. Etiam me meae latrant canes. [Plauto, Poenulus
1233] Até meus próprios cães latem para mim.
952. Etiam mendicus mendico invidet. [Brewer,
Dictionary 1255] Até mendigo inveja mendigo. ■ Não se
tem inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e a
chegados. VIDE: ● Mendicus mendico invidet. ● Par
paribus invidet.
953. Etiam nimia peritur laetitia. [DAPR 450] ■ De
muita alegria também se morre.
954. Etiam nunc ploras? Iam curabo, fatum tuum
plores. [Petrônio, Satiricon 75] Ainda choras? Vou
providenciar para que tenhas motivo para chorar a tua
sorte.
955. Etiam oblivisci quid sis, interdum expedit. [Publílio
Siro] Às vezes, vale a pena até esquecer quem se é.
● Etiam oblivisci quid scis, interdum expedit. Às
vezes, vale a pena até esquecer o que se sabe. ■ Fazer-se
de tolo para viver.
956. Etiam parietes, arcanorum soli conscii,
timebantur. [Amiano Marcelino, Historiae 14.1.7] Até
as paredes, que eram as únicas conhecedoras dos
segredos, eram temidas. ■ Matos têm olhos, e paredes
têm ouvidos. ● Etiam parietes timendi. Até as paredes
devem ser temidas.
957. Etiam pauper glaebam capit erro. [Schottus,
Adagia 593] O pobre vagabundo também aceita um
pedacinho de terra. ■ Homem pobre com pouco se
alegra. VIDE: ● Accipit et glaebam erro. ● Etiam
glaebam erro admittit. ● Glaebam quoque accipit
erro.
958. Etiam peccanti recte praestatur fides. [Publílio
Siro] Mesmo a quem erra, mantenha-se a palavra dada.
959. Etiam periere ruinae. [Lucano, Pharsalia 9.969] Até
as ruínas desapareceram. VIDE: ● Tota teguntur
Pergama dumetis: etiam periere ruinae.
960. Etiam post malam segetem serendum est. [Pereira
108] Mesmo depois de uma colheita má deve-se semear.
■ Um dia melhor do que outro. ■ Por medo dos pardais
não se deixa de semear cereais. VIDE: ● Et post malam
segetem serendum est.
961. Etiam proximo suo pauper odiosus erit, amici vero
divitum multi. [Vulgata, Provérbios 14.20] O pobre é
aborrecido até para o parente, mas os amigos dos ricos
são muitos. ■ Pobre não tem parente.
962. Etiam prudentissimi peccant. [Sêneca, De Ira 25.2]
Até os mais prudentes cometem erros.
963. Etiam puer et stultus opportuna loquuntur. Até
uma criança e um tolo podem dizer coisas adequadas.
964. Etiam qui faciunt, oderunt iniuriam. [Publílio Siro]
Mesmo os que a cometem odeiam a injustiça. VIDE: ● Et
qui fecerunt, oderunt iniuriam.
965. Etiam sanato vulnere cicatrix manet. [Publílio Siro]
Mesmo quando a ferida está curada, fica a cicatriz. VIDE:
● Cicatrix manet. ● Etiam cum vulnus sanatum est,
cicatrix manet.
966. Etiam sapientibus cupido gloriae novissima
exuitur. [Tácito, Historia Romana 4.6] A paixão da
glória é a última de que se despojam mesmo os sábios.
967. Etiam saxa loquentur. [Grynaeus 452] Até as pedras
falarão.
968. Etiam seni est discendum. [Sêneca, Epistulae
Morales 76.3] Até o velho deve aprender. VIDE: ● Ad
discendum nulla aetas sera. ● Discendum quamdiu
vivas. ● Tamdiu discendum est, quamdiu vivas.
● Tamdiu discendum, quamdiu vivitur.
969. Etiam si Cato dicat. [Erasmo, Adagia 4.5.61]
Mesmo que o diga Catão. ■ Nem vendo acredito. VIDE:
● Istud incredibile est, etiam si dicat Cato.
970. Etiam si omnes, ego non. [Divisa do Conde de
Clermont-Tonnere, deputado da nobreza nos Estados
Gerais] Mesmo que todos, eu não.
971. Etiam sine lege poena est conscientia. [Publílio
Siro] Mesmo não havendo lei, a consciência é uma
punição.
972. Etiam sine magistro vitia discuntur. [Sêneca,
Quaestiones Naturales 3.30.8] Os vícios se aprendem
até sem professor. VIDE: ● Sine magistro vitia
discuntur. ● Vitia sine praeceptore discuntur.
973. Etiam stultis acuit ingenium fames. [Fedro,
Fabulae, Appendix 22.8] Mesmo nos tolos a fome aguça
o engenho. ■ A necessidade espicaça o engenho. VIDE:
● Artificia docet fames. ● Fames acuit animantibus
ingenium. ● Ingeniosa gula est. ● Magister artis
ingeniique largitor venter.
974. Etiam summi gubernatores in magnis
tempestatibus a vectoribus admoneri solent. [Cícero,
Philippica 7.9.27] Mesmo os melhores pilotos, nas
grandes tempestades, costumam se aconselhar com os
passageiros.
975. Etiam tacere est respondere. Calar também é
responder. ■ Silêncio também é resposta.
976. Etiam tu, homo nihili? [Plauto, Bacchides 1152] Tu
também, palerma? VIDE: ● Homo nihili. ● Quid, homo
nihili, non pudet te?
977. Etiam ubi remedium est mori, scelus est occidere.
[Sêneca Retórico, Controversiae 3.9] Mesmo quando
morrer é um remédio, matar é crime.
978. Etiam vetus arbustum transferri potest. [Grynaeus
530] Até um arbusto velho pode ser transplantado.
■ Nunca é tarde para o bem. ■ Nunca é tarde para
aprender. VIDE: ● Quamvis vetus arbustum posse
transferri. ● Non unquam sera est ad bonos mores
via.
979. Etiam vigilans somniat, qui stolida vota facit.
Quem tem desejos tolos, sonha até quando está
acordado.
980. Etiamsi non loquaris, ex ipsa pelle conspicuus es.
[Apostólio 7.82] Mesmo que não fales, és conhecido
pelo teu próprio rosto.
981. Etiamsi oportuit me mori tecum, non te negabo.
[Vulgata, Mateus 26.35] Ainda que eu tenha de morrer
contigo, não te negarei.
982. Etiamsi spes non subesset, necessitas tamen
stimulare deberet. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.14]
Mesmo que a esperança não nos sustentasse, a
necessidade nos deveria estimular.
983. Etsi cuiquam facile est laude carere, dum
denegatur, difficile est ea non delectari cum offertur.
[S.Agostinho] Embora seja fácil passar sem elogios,
enquanto eles são negados, é difícil não apreciá-los,
quando são oferecidos.
984. Etsi imperitus sermone, sed non scientia. [Vulgata,
2Coríntios 11.6] Mesmo que eu seja imperito na
palavra, não o sou no conhecimento.
985. Etsi nullos inimicos tibi faciat iniuria, multos
tamen facit invidia. [Publílio Siro] Mesmo que a
injustiça não te faça nenhum inimigo, a inveja far-te-á
muitos.
986. Euge, poëta! [Pérsio, Satirae 1.75] Bravo, poeta!
987. Euge serve bone, et fidelis, quia super pauca fuisti
fidelis, super multa te constituam. [Vulgata, Mateus
25.21; 25.23] Muito bem, servo bom e fiel, já que foste
fiel nas coisas pequenas, dar-te-ei a intendência das
grandes.
988. Eum ausculta cui quattuor sunt aures. [Erasmo,
Adagia 1.3.8] Ouve quem tem quatro ouvidos. ■ Se
queres bom conselho, pede-o ao homem velho. ■ Cão
velho, quando ladra, dá aviso. VIDE: ● Audi cui
quattuor aures. ● Audi quattuor habentem aures.
● Ausculta eum cui quattuor sunt aures.
989. Eum demum infortunatum esse, qui infortunium
suum aequo animo ferre non possit. [Bion / Rezende
1730] É realmente infeliz aquele que não sabe sofrer a
infelicidade com resignação.
990. Eum qui cum armis venit, possumus armis
repellere. [Ulpiano, Digesta 43.16.3.9] Quem vem com
armas, podemos repelir com armas.
991. Eum qui hominem occidit, si non occidendi animo
hoc admisit, absolvi posse. [Digesta 48.8.1.3] Aquele
que matou um homem, se não o fez com a intenção de
matar, pode ser absolvido.
992. Eum qui nasci speratur, pro superstite esse, cum
de ipsius iure quaeritur. [Digesta 50.16.231] Aquele
que se espera nascer, é tido como existente, quando se
trata de seu direito.
993. Eum time qui Deum non timet. Teme a quem não
teme a Deus.
994. Eumdem calceum omni pedi inducere. [Galeno /
Erasmo, Adagia 4.4.56] Calçar todo pé com o mesmo
sapato. ■ O mesmo sapato não serve em todos os pés.
● Eumdem calceum omni pedi induere. ● Eumdem
calceum non omni inducendum pedi. Não se deve
calçar o mesmo sapato em todo pé. VIDE: ● Eodem
collyrio mederi omnibus. ● Non omni eumdem
calceum induas pedi. ● Non omni eumdem calceum
induces pedi. ● Non omnis calceus convenit cuilibet
pedi. ● Omni pedi eumdem calceum induis.
995. Eunt anni more fluentis aquae. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.62] Os anos passam como a água corrente.
■ O tempo passa e não volta.
996. Euntes ergo, docete omnes gentes. [Vulgata, Mateus
28.19] Ide, pois, ensinai a todas as gentes.
997. Eunuchus paelicem poscit. O eunuco quer uma
amante. ■ Para quê cego com espelho? ● Eunuchus
paelicem. [Schottus, Adagia 322]
998. Evasi, effugi. Spes et Fortuna, valete. Nil mihi
vobiscum est; ludificate alios. [Inscrição em túmulo]
Escapei, fugi. Esperança e Fortuna, adeus. Nada tenho
convosco; ide enganar a outros.
999. Evasi mala, sum nactus meliora. [Grynaeus 100]
Evitei as coisas ruins, encontrei as melhores. ■ A quem
se muda Deus ajuda. VIDE: ● Effugi malum, inveni
bonum. ● Effugi mala, inveni meliora. ● Fugi mala,
habens meliora.
1000. Eveniat hospes quisquis profuturus est.
[Albertatius 1439] Que venha o hóspede que me
beneficie. ■ Hóspede que jejua e não ceia, bem-vindo
seja!
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E6: 1001-1200
1001. Eveniunt digna dignis. [Plauto, Poenulus 1267]
Coisas dignas acontecem aos homens dignos. VIDE:
● Digna dignis eveniunt.
1002. Eveniunt homini post luctus gaudia saepe.
[Walther / Tosi 1706] Muitas vezes, depois da dor vêm
alegrias para o homem. ■ Depois da tempestade vem a
bonança.
1003. Eventum formae disce timere tuae. [Propércio,
Elegiae 3.25.18] Aprende a temer o fim de tua beleza.
1004. Eventus belli varii. Os resultados da guerra são
incertos. ■ A guerra, sabe-se como começa, não se sabe
como termina. VIDE: ● Anceps belli casus. ● Armorum
exitus semper incerti, et timidi. ● Belli exitus
incertus. ● Bellorum exitus incerti. ● Fortuna belli
fluxa. ● Mars dubius. ● Nusquam minus quam in
bello eventus respondet. ● Varius et dubius est belli
eventus.
1005. Eventus damni. [Jur] O resultado do dano.
1006. Eventus docuit fortes Fortunam iuvare. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 8.29] A experiência ensinou
que a deusa Fortuna ajuda os corajosos. VIDE: ● Fortes
fortuna adiuvat. ● Fortes fortuna iuvat. ● Fortibus est
fortuna viris data. ● Fortuna fortes iuvat.
1007. Eventus fortuitus. Acontecimento fortuito. Caso
fortuito. VIDE: ● Casus fortuitus est qui humano
consilio nullo praevideri potest.
1008. Eventus rebus omnibus. [Plauto, Mostellaria 158]
Tudo tem suas conseqüências.
1009. Eventus stultorum magister est. A experiência é o
mestre dos tolos. ■ O tolo aprende à sua própria custa.
● Eventus docet, stultorum iste magister est. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 22.39] A experiência ensina;
ela é o mestre dos tolos. VIDE: ● Experientia stultorum
magistra. ● Factum autem stultus cognovit. ● Factum
novit et excors. ● Factum stultus cognovit. ● Factum
stultus cognoscit. ● Malo accepto stultus sapit.
● Nunquam sapiunt stulti, nisi in angustiis. ● Re gesta
sapit amens. ● Rem factam etiam stultus intellegit.
● Rem peractam stultus intellexit. ● Stultorum
eventus magister est. ● Stultus accepto malo sapit.
● Stultus cum est perpessus, tum demum sapit.
● Stultus factum cognoscit. ● Stultus post facto
peritus.
1010. Eventus varios res nova semper habet.[Jur / Black
694] A novidade tem sempre resultados inesperados.
1011. Eversio rei familiaris dignitatem ac famam
praeceps dat. A ruína do patrimônio destrói a
dignidade e a reputação. ● Eversio rei familiaris
dignitatem ac famam praeceps dabat. [Tácito,
Annales 6.17] A ruína do patrimônio destruiu a
dignidade e a reputação.
1012. Evitata Charybdi in Scyllam incidi. [Erasmo,
Adagia 1.5.4] Escapei de Caribde e caí no Cila. ■ Saltei
da frigideira, caí nas brasas. ● Evitata Charybdi in
Scyllam concidi. VIDE: ● De fumo ad flammam. ● De
fumo in flammam. ● Effugiens Charybdim, incidi in
Scyllam. ● Fumum fugi, in ignem incidi. ● Incidis in
Scyllam cupiens vitare Charybdin. ● Incidit in
Scyllam qui vult vitare Charybdim. ● Incidit in
Scyllam, cupiens vitare Charybdim.
1013. Evolare rus ex urbe tamquam ex vinculis. [Cícero,
De Oratore 2.6.1] Fugir da cidade para o campo como
se estivesse fugindo dos grilhões.
1014. Evolat consumptis epulis generalis amicus.
[Medina 591] O amigo de todos vai-se embora, quando
termina o banquete. ■ O pão comido, e a companhia
desfeita. ■ Amigo de bom tempo muda-se com o vento.
● Evolat assumptis epulis generalis amicus. VIDE:
● Amicus socius mensae non permanebit in die
necessitatis. ● Diffugiunt, cadis cum faece, siccatis,
amici. ● Est autem amicus socius mensae, et non
permanebit in die necessitatis.
1015. Evolat, emissum semel, irrevocabile verbum.
[Albertano da Brescia, Ars Loquendi et Tacendi] Uma
vez pronunciada, a palavra sai voando, sem poder ser
chamada de volta. ■ Palavra e pedra solta não têm volta.
■ Palavra fora da boca e pedra fora da mão não voltam
atrás. VIDE: ● Semel emissum volat irrevocabile
verbum. ● Verbum emissum non redit. ● Verbum
emissum non est revocabile. ● Verbum irrevocabile
est. ● Volat irrevocabile verbum.
1016. Evomita iterum vorat canis. [Schrevelius 1172] O
cão come novamente o que vomitou. VIDE: ● Canis
reversus ad suum vomitum, et sus lota in volutabro
luti. ● Sicut canis qui revertitur ad vomitum suum,
sic imprudens qui iterat stultitiam suam.
1017. Ex abrupto. Subitamente. Sem preparação.
Inesperadamente. Bruscamente. De improviso. Sem
guardar a ordem estabelecida. VIDE: ● Ab abrupto.
1018. Ex absurdo. Partindo do absurdo. VIDE: ● Ab
absurdo.
1019. Ex abundanti cautela. [Jur / Black 703] Por cautela
excessiva.
1020. Ex abundantia. Sobejamente.
1021. Ex abundantia cordis. Com a abundância do
coração. (=Com franqueza).
1022. Ex abundantia enim cordis os loquitur. [Vulgata,
Mateus 12.34] A boca fala o de que está cheio o
coração. ■ A boca fala da abundância do coração. VIDE:
● Ex habitu cordis sonitus depromitur oris.
1023. Ex abusu non arguitur in usum. [Jur] Do abuso
não se tira argumento contra o uso. ■ O abuso não tira o
uso. VIDE: ● Ab abusu ad usum non valet
consequentia. ● Abusus non tollit usum.
1024. Ex actis. De acordo com os autos.
1025. Ex adversis secunda, ex secundis adversa
nascuntur. A adversidade nasce da prosperidade,
prosperidade nasce da adversidade.. VIDE: ● Adversa ex
secundis, ex adversis secunda nascuntur.
1026. Ex adverso. [Jur] Do lado contrário. Da parte
contrária.
1027. Ex aequo. Com igualdade. De mérito igual. Com
forças iguais. Do mesmo nível. Sem distinção. ● Ex
aequitate.
1028. Ex aequo et bono. [Terêncio, Adelphi 958]
Conforme o que é justo e bom. VIDE: ● Ex bono et
aequo.
1029. Ex aequo lex alligat omnes. [Inscrição em medalha]
A lei liga a todos sem distinção.
1030. Ex Africa semper aliquid novi. [Plínio Antigo,
Naturalis Historia 8.6] Da África sempre vem alguma
novidade. VIDE: ● Fert Africa noxia semper. ● Semper
affert Lybia mali quippiam. ● Semper Africa aliquid
novi affert. ● Semper Africa gignit aliquid mali.
● Semper Africa novi aliquid apportat. ● Semper
aliquid novi affert Africa. ● Semper aliquid novi
Africam afferre. ● Vulgare Graeciae dictum, semper
Africam aliquid novi afferre.
1031. Ex agricolis et viri fortissimi et milites
strenuissimi gignuntur. [Marcos Catão, De Agri
Cultura, Praefatio] Nascem dos agricultores os homens
mais valentes e os soldados mais esforçados. VIDE:
● Fortissimi viri ex agricolis gignuntur.
1032. Ex alieno corio longa corrigia. [Gaal 871; Pereira
103] ■ Do couro alheio, longas correias. ■ Da pele
alheia, grande correia. ● Ex alieno tergore lata
secantur lora. [Manúcio, Adagia 519] Do couro alheio
cortam-se correias largas. ● Ex alieno corio lata
secantur lora. [Otto Düringsfeld, Sprichwörter 42] ● Ex
alieno corio abunde liberalis. Bastante liberal com o
couro alheio. VIDE: ● De alieno corio liberalis. ● De
alieno liberalis. ● Scindit corrigias ex pelle tua sibi
latas.
1033. Ex alieno periculo sapiens se corrigit et emendat.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] Com a experiência alheia,
o sábio se corrige e melhora. ■ É bem-aventurado quem
com o perigo alheio se faz precatado. VIDE: ● Feliciter is
sapit qui alieno periculo sapit. ● Feliciter sapit qui
periculo alieno sapit. ● Feliciter sapit qui alieno malo
sapit. ● Felix, alterius cui sunt documenta flagella.
● Felix est quem faciunt aliorum cornua cautum.
● Felix quem faciunt aliena pericula cautum.
1034. Ex alieno prodigus. [Pereira 93] É generoso com o
alheio. ■ Faz cortesia com o chapéu alheio. ■ Do pão do
meu compadre, grande fatia para o meu afilhado.
■ Pólvora alheia, tiro grande. ■ À custa da barba longa.
● Ex alieno prodigus quilibet esse potest. [Gaal 871]
Qualquer um pode ser generoso com o alheio.
1035. Ex aliis negotiis, quae ingenio exercentur, in
primis magno usui est memoria rerum gestarum.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 4] Dentre todas as
ocupações exercidas pelo espírito, em primeiro lugar, de
grande utilidade, está o registro dos acontecimentos
passados. ■ A história é a escola dos povos e dos reis.
1036. Ex altera parte. [Jur] Da outra parte.
1037. Ex alto casus gravior. Do alto a queda é mais
danosa. ■ Quanto mais alto é o coqueiro, maior é o
tombo. ● Ex alto enim ruina gravior est, et magnum
sonum facit. [S.João Crisóstomo / Schottus, Adagialia
Sacra 5] Do alto a queda é mais forte, e faz grande
ruído. VIDE: ● Quanto altior est ascensus, tanto durior
descensus. ● Quanto altior gradus, tanto profundior
casus.
1038. Ex ambiguo controversia nascitur. [RH 1.20] Da
ambigüidade nasce a controvérsia.
1039. Ex amico inimicus, hostis ex socio. [Sêneca,
Epistulae Morales 91] De um amigo (se faz) um
inimigo, e de um companheiro (se faz) um adversário.
1040. Ex animo. Do fundo do coração. (=Cordialmente.
Sinceramente. De boa vontade). ● Ex animo dicere.
Falar do coração. Falar com sinceridade.
1041. Ex animo constamus et corpore. [Cícero, De
Finibus 4.25] Somos constituídos de alma e corpo.
1042. Ex antecedentibus et consequentibus fit optima
interpretatio. [Jur / Broom 440] A melhor
interpretação se faz a partir dos antecedentes e dos
conseqüentes.
1043. Ex aperto. Abertamente. Claramente.
1044. Ex arbitrio. Por decisão própria. ● Ex arbitrio
iudicis. Ao arbítrio do juiz.
1045. Ex arduis perpetuum nomen. [Alciato, Emblemata
132] Das dificuldades é que vem a fama perpétua. ■ Não
se ganha boa fama em cama de penas.
1046. Ex arena funiculum nectis. [Apostólio 8.58] Fazes
uma corda de areia. ■ Queres fazer o impossível.
■ Queres fazer milagre. ● Ex arena funem efficere.
[Medina 603] Fazer uma corda de areia. ● Ex arena
funem facere. [Rezende 1801] VIDE: ● Funem ex arena
efficere.
1047. Ex argilla omnes homines facti sunt. [Schrevelius
1188] Todos os homens são feitos de barro. ■ Todo
homem tem sua fraqueza.
1048. Ex arrogantia odium, ex insolentia arrogantia.
[Cícero, De Inventione 1.42] Da arrogância nasce o
ódio; da insolência, a arrogância. VIDE: ● Arrogantia
odium parit.
1049. Ex arte. Pela arte. Pela obra. Segundo as regras da
arte.
1050. Ex arte cognoscitur artifex. ■ Pela obra se conhece
o artista. ■ Pela obra se conhece o obreiro. VIDE: ● Opus
artificem probat. ● Opus laudat artificem. ● Opus
opificem commendat. ● Opus opificem probat. ● Res
auctorem qualis sit coarguit.
1051. Ex aspectu nascitur amor. [Erasmo, Adagia 1.2.79]
O amor nasce do olhar. ■ O amor entra pelos olhos.
■ Olhos que vêem, coração que deseja. ● Ex aspectu
hominibus nascitur amor. [Apostólio 7.98] Aos
homens o amor nasce do olhar. VIDE: ● Amor ex
videndo nascitur mortalibus. ● Ex visu amor. ● Oculi
sunt in amore duces.
1052. Ex aspectu nascitur amor; absentia amicos perdit.
[Pereira 118] O amor nasce da presença; a ausência
perde os amigos. ■ Quão longe dos olhos, tão longe do
coração. ■ Quem não aparece, esquece.
1053. Ex assensu patris. [Jur] Pelo consentimento do pai.
Com o consentimento do pai.
1054. Ex atavis ductum debes tibi quaerere amicum; ast
ratio in promptu sit tibi cum socio. [Rezende 1748]
Deves escolher para ti amigo vindo dos antepassados;
por outro lado faze imediatamente as contas com o
companheiro. ■ Contas de perto, amigo de longe.
1055. Ex auctoritate legis. Por força da lei.
1056. Ex auctoritate propria. Por sua própria autoridade.
1057. Ex auditis referre, fere mentiri est. Narrar fatos a
partir do que ouviu dizer é como mentir.
1058. Ex auditu. De ouvir dizer. Por ouvir dizer.
1059. Ex aurea etiam sede in paludem rana resilit.
[Binder, Thesaurus 1014] Mesmo da casa de ouro, a rã
sempre salta para o pântano. ■ Passarinho que na água
se cria, sempre por ela pia.
1060. Ex auribus cognoscitur asinus. [Schrevelius 1183]
Pelas orelhas se conhece o burro. ■ Pela amostra se
conhece o pano. ■ Pelas unhas se conhece o leão. ● Ex
auricula asinum. [Rezende 1749]
1061. Ex avaritia erumpit audacia, inde omnia scelera
ac maleficia gignuntur. [Cícero, Pro Roscio 76] Da
ambição vem a audácia, donde nascem todos os crimes
e malefícios.
1062. Ex bellis bella seruntur. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 21.10, adaptado] As guerras nascem das
guerras.
1063. Ex bello pax. Da guerra vem a paz. VIDE: ● E bello
enim pax firmatur.
1064. Ex beneficio maleficium reportare. [Pereira 117]
Por um benefício receber um malefício. ■ Por bem fazer,
mal haver. ● Ex beneficio maleficium. VIDE:
● Numquid redditur pro bono malum? ● Pro
beneficio maleficium accipio. ● Pro bono malum.
● Pro gratia odium redditur.
1065. Ex bono aliquando sequitur malum. [Signoriello
205] Do bem às vezes nasce um mal.
1066. Ex bono et aequo. Conforme o que é bom e justo.
VIDE: ● Ex aequo et bono.
1067. Ex bove ipso coria sumuntur. [Pereira 97] Do
próprio boi sai o chicote. ■ Do couro saem as correias.
■ A sua casa traz o homem com que chore. VIDE: ● Ex
ipso bove lora sumuntur. ● Hirsuta tergo lora
scindantur bovis.
1068. Ex bubone pigro nunquam cito accipiter fit.
[Pereira 114] De coruja preguiçosa nunca nasce gavião.
■ De mau grão, nunca bom pão.
1069. Ex cantu dignoscitur avis. [Pereira 97] ■ Pelo canto
se conhece a ave. ■ As palavras revelam quem cada um
é. ● Ex cantu cognoscitur avis. ● Ex cantu et plumis
volucris dignoscitur omnis. Todo pássaro se reconhece
pelo canto e pelas penas. VIDE: ● A cantu dignoscitur
avis. ● Avis a cantu dignoscitur. ● E cantu
cognoscitur avis. ● E cantu dignoscitur avis. ● Nulla
unquam avis mala bene cecinit. ● Nulla unquam avis
mala bonum cantum edidit. ● Quaelibet avis a
proprio cantu dignoscitur. ● Qualis avis, talis cantus.
1070. Ex capite. De cabeça. De memória.
1071. Ex carne caro. [Schottus, Adagialia Sacra 87] A
carne vem da carne. ■ Carne carne cria. ■ De boa
semente, bom fruto. ■ Cobra não gera passarinho. VIDE:
● Simile generat sibi simile. ● Simile producit sibi
simile.
1072. Ex cathedra. De cadeira. Do alto da cátedra.
(=Falar ex cathedra. Falar com autoridade).
1073. Ex cauda vulpem. Pelo rabo se conhece a raposa.
1074. Ex causa. Pela causa.
1075. Ex certa scientia. [Jur / Black 703] Por
conhecimento seguro.
1076. Ex commodato utilitas domini. [Rezende 1764] Do
comodato (vem) vantagem para o dono. ■ Lá te vás
emprestado, donde venhas melhorado.
1077. Ex commodo. [Rezende 1765] À vontade. Com
comodidade. Por conveniência.
1078. Ex comoedia saepe fit tragoedia. [Spalding, Guia
Prático 116] De uma comédia muitas vezes nasce uma
tragédia. ■ O riso está perto do pranto.
1079. Ex comparatione scriptorum. [Jur / Black 703]
Pela comparação dos textos. Pela comparação das
caligrafias.
1080. Ex concesso. Do que foi concedido. Por concessão.
● Ex concessis.
1081. Ex concordia felicitas. [Rezende 1766] Da união
vem a prosperidade. ■ A união faz a força.
1082. Ex confracto calice bibis. [Apostólio 7.96] Bebes
de uma taça quebrada. ■ Sabem-no cães e gatos. VIDE:
● E poculo perforato bibes.
1083. Ex conscientia malorum timor exoritur. O medo
nasce da consciência das más ações. ■ Teme quem deve;
quem não deve não teme. ■ Pela semana faz a raposa
com que no domingo não vai à igreja.
1084. Ex consensu omnium. Com a concordância de
todos. ● Ex consensu.
1085. Ex consuetudine. Conforme o costume.
1086. Ex consulto. [Jur / Black 703] Por deliberação.
1087. Ex continenti. Imediatamente. Sem espera. VIDE: ● In
continenti tempore. ● In continenti.
1088. Ex contractu. [Jur / Black 703] Por contrato.
1089. Ex contrario. Pelo contrário.
1090. Ex convento. Conforme o ajuste. Conforme o
contrato.
1091. Ex convictu nascitur amor mutuus. [Manúcio,
Adagia 111] Da convivência nasce o amor mútuo.
1092. Ex corde. Do coração. Cordialmente. VIDE: ● Ab imo
pectore. ● Ab imo corde. ● Ex imo corde. ● Ex imo
pectore. ● Imo pectore.
1093. Ex cote aurum, ex auro probatur homo. [Dumaine
242] Com a pedra de toque prova-se o ouro, com o ouro
prova-se o homem. ■ O fogo prova o ouro, o ouro prova
o homem. ● Ex cote aurum, ex auro hominem proba.
Com a pedra de toque testa o ouro, com o ouro, testa o
homem. VIDE: ● Aurum lapide, auro mens hominum
exploratur.
1094. Ex cultro cognoscitur coquus. [Schrevelius 1187]
Pela faca se conhece o cozinheiro.
1095. Ex curia. Fora da corte.
1096. Ex damno alterius, alterius utilitas. [Alciato,
Emblemata 126; Medina 600] Do prejuízo de um,
vantagem do outro. ■ Morrem uns, para que outros
vivam.
1097. Ex debito. [Jur / Black 704] Por dívida. Por direito.
VIDE: ● Ex gratia.
1098. Ex delicto. [Jur / Black 704] Por crime. Pelo crime.
1099. Ex delicto, non ex supplicio, emergit infamia. [Jur
/ Black 705] A infâmia provém do crime, não da
punição.
1100. Ex desuetudine amittuntur privilegia. [Rabelais,
Gargantua 3.27] Pela falta de uso, perdem-se os
privilégios.
1101. Ex die hoc. A partir de hoje.
1102. Ex digito gigas. [Rezende 1772] ■ Pelo dedo se
conhece o gigante.
1103. Ex dictamine rationis. Segundo o ditame da razão.
1104. Ex dolo malo non oritur actio. [Jur / Broom 245]
De uma fraude não pode nascer uma ação. VIDE: ● Ex
turpi causa non oritur actio. ● Nemo ex proprio dolo
consequitur actionem.
1105. Ex dono. Por doação. Em doação.
1106. Ex dono Dei. Por dádiva de Deus.
1107. Ex duobus malis minus eligendum. De dois males,
deve-se escolher o menor. ■ Dos males, o menor. ■ Antes
cair das núvens do que de um terceiro andar. VIDE: ● E
duobus malis minus eligendum.
1108. Ex ea causa. Por isso.
1109. Ex eburna vagina plumbeum gladium educis!
[Diógenes / Manúcio, Adagia 295] De uma bainha de
marfim tiras uma espada de chumbo! ■ Bainha de ouro e
faca de chumbo. ■ Por cima, muita farofa; por baixo,
molambo só. VIDE: ● In eburna vagina plumbeus
gladius.
1110. Ex eadem officina eae sunt opes. [Pereira 102] São
obras da mesma oficina. ■ De tal tenda, tal ferramenta.
■ De tal pai, tal filho.
1111. Ex eius lingua melle dulcior fluebat oratio.
[Homero, Ilíada 1.249 / Cícero, De Senectute 31] De
sua língua a palavra fluía mais doce que o mel. VIDE:
● Lingua melle dulcior.
1112. Ex empto. [Jur / Black 704] Por compra.
1113. Ex eodem facto non debet quis poenam et
praemium reportare. [Jur] Ninguém deve receber uma
punição e uma recompensa pelo mesmo fato.
1114. Ex eodem grege. São do mesmo rebanho. São
farinha do mesmo saco.
1115. Ex eodem ore frigidum pariter et calidum efflare.
[Erasmo, Adagia 1.8.30] Da mesma boca tanto soprar
frio como quente. ■ Falar por duas bocas. ● Ex eodem
ore calidum et frigidum efflat. [Dumaine 244] Com a
mesma boca ele sopra o quente e o frio. VIDE: ● Calidum
et frigidum ex eodem ore efflare. ● Ex ipso ore
procedit benedictio et maledictio.
1116. Ex eodem prato bos quaerit herbam, figulus
lutum, canis leporem, virgo flores, ciconia lacertam.
[Salvador Fernandes / Ramalho 100] No mesmo prado o
boi procura o capim, o oleiro o barro, o cão a lebre, a
menina as flores, a cegonha o lagarto.
1117. Ex eventu sciemus. Pelo resultado é que saberemos.
■ O fim coroa a obra. VIDE: ● Exitus acta probat.
● Totum laudatur, si finis laude beatur.
1118. Ex expositis. Do que ficou exposto.
1119. Ex facie. [Jur / Black 704] Pela aparência.
Evidentemente.
1120. Ex facili. Facilmente.
1121. Ex factis, non ex dictis, amici pensandi. [Rezende
1788] Os amigos devem ser avaliados pelas ações, não
pelas palavras. ● Ex factis, non ex dictis amicos
pensent intellegantque quibus credendum et a
quibus cavendum sit. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
39.44] Pelas ações, e não pelas palavras avaliem os
amigos e conheçam em quem devem confiar e de quem
devem precatar-se.
1122. Ex facto. [Jur / Black 704] Por um fato. Por
conseqüência de uma ação.
1123. Ex facto ius oritur. [Jur / Broom 82] O direito nasce
do fato. ● Ex facto oritur ius.
1124. Ex falsis non sequitur verum, ex veris nil nisi
verum. Do que é falso não sai a verdade; do verdadeiro
só sai a verdade.
1125. Ex falsis verum effici non potest. [Cícero, De
Divinatione 2.51] A verdade não pode vir do falso.
1126. Ex fictione iuris. [Jur / Black 704] Por uma ficção
de direito.
1127. Ex fide bona. Como a boa fé exige.
1128. Ex fide fortis. Forte pela fé.
1129. Ex fimbria tela ipsa ostenditur. [Apostólio 7.100]
Pela franja se conhece o tecido. ■ Pela amostra se
conhece a chita. ● Ex fimbria textura manifesta. [Tosi
115] VIDE: ● De fimbria telam omnem. ● E fimbria de
texto iudicatur. ● E fimbria de texto iudico.
1130. Ex forma non servata resultat nullitas actus. [Jur]
Da não observância da forma resulta a nulidade do ato.
1131. Ex frequenti delicto augetur poena. [Jur / Black
704] Com a freqüência do delito, a pena aumenta.
1132. Ex fructibus egregiis solet de bonitate arborum
iudicium ferre. [Grynaeus 389] Costuma-se julgar a
bondade das árvores pelos frutos excelentes. ■ De boa
árvore, bons frutos.
1133. Ex fructibus eorum cognoscetis eos. [Vulgata,
Mateus 7.20] Pelos seus frutos vós os conhecereis. VIDE:
● A fructibus eorum cognoscetis eos.
1134. Ex fructu arbor agnoscitur. [Vulgata, Mateus
12.33] ■ Pelo fruto se conhece a árvore. ■ Pelo fruto
conheço a árvore. ■ Árvore ruim não dá bom fruto.
■ Pela obra se conhece o artista. ● Ex fructu arbor
cognoscitur. ● Ex fructu cognoscitur arbor. [DAPR
76] ● Ex fructu proprio cognoscitur arbor. ● Ex
fructu arbor. VIDE: ● Arbor ex fructu cognoscitur.
● De fructu arborem cognosco. ● E fructu arborem
cognosco. ● E fructu arborem. ● Fructibus ipsa suis,
quae sit, cognoscitur arbor. ● Unaquaeque enim
arbor de fructu suo cognoscitur.
1135. Ex fumo dare lucem. [Horácio, Ars Poetica 143]
Tirar luz da fumaça. VIDE: ● Non fumum ex fulgore, sed
ex fumo dare lucem cogitat.
1136. Ex granis fit acervus. [Dengg 12] De grãos se
forma um monte. ■ Um grão não enche celeiro, mas
ajuda o seu companheiro. VIDE: ● De minimis granis fit
magnus acervus. ● De multis, grandis acervus erit.
● De multis parvis grandis acervus erit. ● De stipula
grandis acervus erit. ● E granis acervus. ● Ex multis
granis fit acervus.
1137. Ex gratia. [Jur / Black 704] Como favor. Por favor.
VIDE: ● Ex debito.
1138. Ex gutta mellis generantur flumina fellis. [Pereira
101] De uma gota de mel nascem rios de fel. ■ De um
gosto, mil desgostos. ■ Pouco fel faz azedo muito mel.
1139. Ex habitu colligitur persona hominis. [Binder,
Thesaurus 1016] Pela aparência se sabe a personalidade
do indivíduo. ■ Boa aparência é carta de apresentação.
■ A roupa faz o homem.
1140. Ex habitu cordis sonitus depromitur oris.
[Stevenson 1106] O som da boca vem do estado do
coração. ■ A boca diz quanto lhe manda o coração. VIDE:
● Ex abundantia enim cordis os loquitur.
1141. Ex hac vita discedo, tamquam ex hospitio, non
tamquam e domo. [Cícero, De Senectute 23] Parto
desta vida como de uma hospedaria, não como de minha
casa.
1142. Ex his aegrotamus, quibus vivimus. [Grynaeus
740] Do que vivemos, disso adoecemos.
1143. Ex hominum questu facta Fortuna est dea.
[Publílio Siro] A Fortuna foi feita deusa por causa das
queixas dos homens.
1144. Ex humilitate vera secura nascitur auctoritas. A
autoridade sem temor nasce da verdadeira humildade.
1145. Ex humo homo. O homem procede da terra.
1146. Ex hypothesi. [Jur / Black 704] Por hipótese.
1147. Ex igne ut fumus, sic fama ex crimine surgit.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 14] Como a
fumaça vem do fogo, assim também a má fama surge da
má ação. ■ Onde há fumo, há fogo.
1148. Ex illo die. Desde aquele dia.
1149. Ex illo felix nox mihi nulla fuit. [Propércio, Elegiae
2.29b,20] Desde então não tive nenhuma noite feliz.
1150. Ex illo tempore. Desde aquele tempo. Desde então.
● Ex illo. ● Ex illo tempore usque in praesentem diem.
[Vulgata, Judite 16.31] Desde aquele tempo até hoje.
1151. Ex imaginatione fit opinio. [S.Tomás de Aquino,
Summa Theologiae 77.9] Da imaginação nasce a
opinião.
1152. Ex imo corde. Do fundo do coração. ● Ex imo
pectore. VIDE: ● Ab imo pectore. ● Ab imo corde. ● Ex
corde. ● Imo pectore.
1153. Ex imperio. Por ordem de outrem.
1154. Ex improviso. De improviso. Inesperadamente.
1155. Ex improviso subvenit ipse Deus. [Binder,
Thesaurus 1017] Quando não se espera, Deus aparece.
■ Deus tarda, mas não falha.
1156. Ex incomprehensibili parvitate arenae funis effici
non possit. [Columela, De Re Rustica 10.4] Com
pequeníssimos grãos de areia não se pode fazer uma
corda.
1157. Ex industria. [Jur / Black 704] Intencionalmente.
1158. Ex informata conscientia. Com conhecimento de
causa.
1159. Ex inimico cogita posse fieri amicum. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.63, adaptado] Pensa do inimigo
que ele poderá tornar-se teu amigo. VIDE: ● Ama
tamquam osurus, oderis tamquam amaturus.
● Amare oportet tamquam osuros, et odisse
tamquam amaturos. ● Amicum ita habeas posse ut
fieri hunc inimicum scias. ● Et ama tamquam
inimicus futurus, et odi tamquam amaturus. ● Ita
amare oportere, ut si aliquando esset osurus. ● Ita
amicum habeas, posse ut facile fieri hunc inimicum
putes. ● Sicut osurus adama, oderis velut amaturus.
1160. Ex initiis summa colligitur. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 5.10.72] Pelo começo pode-se prever o todo.
1161. Ex inopinato. Inesperadamente.
1162. Ex insidiis. À traição.
1163. Ex insolito formido maior est. [Sêneca,
Quaestiones Naturales 6.3.2] É maior o espanto diante
do insólito.
1164. Ex intervallo. Com intervalo. Com prazo. Em época
posterior.
1165. Ex invidia. Por inveja.
1166. Ex ipso bove lora sumuntur. [Erasmo, Adagia
1.2.77] Do próprio boi sai o chicote. ■ Do couro saem as
correias. ■ A sua casa traz o homem com que chore.
VIDE: ● Ex bove ipso coria sumuntur. ● Hirsuta tergo
lora scindantur bovis.
1167. Ex ipso, et per ipsum, et in ipso sunt omnia.
[Vulgata, Romanos 11.36] Dele, e por Ele, e Nele
existem todas as coisas.
1168. Ex ipso ore procedit benedictio et maledictio.
[Vulgata, Tiago 3.10] De uma mesma boca procede
bênção e maldição. VIDE: ● Calidum et frigidum ex
eodem ore efflare. ● Ex eodem ore frigidum pariter
et calidum efflare.
1169. Ex ipso remedio vitia nascuntur. [Plínio Moço,
Epistulae 3.20.8] Doenças há que nascem do próprio
remédio. ■ Pior o remédio que o mal.
1170. Ex iure. Segundo o direito. Por direito.
1171. Ex iusta causa. [Jur / Black 704] Por uma causa
justa. Por justa causa.
1172. Ex labore dulcedo. [Divisa de Vila Americana, SP]
O prazer provém do esforço.
1173. Ex lege. [Jur / Black 704] Pela lei. Segundo a lei. Por
força da lei.
1174. Ex legibus. [Jur / Black 704] Segundo as leis.
1175. Ex lenitate iudicis crudelitas plebis. [Pereira 108]
Da clemência do juiz (se faz) a crueldade do povo.
■ Juiz piedoso faz povo cruel.
1176. Ex libris. (Pertencente à coleção) de livros. (=Ex-
libris. Pequena estampa que se cola ao livro, em que
aparece a expressão latina ex libris seguida do nome do
seu possuidor).
1177. Ex libris cito discitur quod longo vitae usu vix
assequi queas. [Rezende 1808] Depressa se aprende
dos livros o que dificilmente se pode aprender com a
longa prática da vida.
1178. Ex lingua stulta veniunt incommoda multa.
[Trench, Proverbs and Their Lessons 151] Da língua
sem juízo vêm muitos transtornos. VIDE: ● E lingua
stulta veniunt incommoda multa.
1179. Ex lite multa, gratia fit formosior. [Publílio Siro]
Depois de muita disputa, a reconciliação fica mais bela.
1180. Ex Luna scientia. [Divisa do Apollo 13] Da Lua,
vem o conhecimento.
1181. Ex luxuria exsistat avaritia necesse est, ex avaritia
erumpat audacia. [Cícero, Pro Roscio Amerino 75] Do
luxo nasce necessariamente a ambição, da ambição
nasce a audácia.
1182. Ex magna cena stomacho fit maxima poena.
[Regimen Sanitatis Salernitanum, De Cena 2] De uma
grande ceia vem um grande sofrimento para o
estômago. ■ De grandes ceias estão as campas cheias.
VIDE: ● Ut sis nocte levis, sit tibi cena brevis.
1183. Ex maleficio non oritur contractus. [Jur / Broom
574] De ato ilegal não pode nascer um contrato.
1184. Ex malis eligere minima oportere. [Cícero, De
Officiis 3.1.13] Dos males é preciso escolher os
menores. ■ Dos males, o menor. VIDE: ● De duobus
malis minus malum est eligendum. ● De duobus
malis, minus est deligendum. ● De duobus malis,
minus est semper eligendum. ● E duobus malis minus
eligendum. ● E duobus malis, cum maius fugiendum
sit, levius est eligendum. ● E malis multis malum
quod minimum est. ● Elige ex malis minima.
● Minima de malis eligenda. ● Minima de malis.
● Minus damnum maiori anteponendum.
1185. Ex malis moribus fiunt bonae leges. [Jur / Gaal
693] ■ De maus costumes nascem as boas leis. ● Ex
malis moribus bonae leges natae sunt. [Jur / Black
705] VIDE: ● Bonae leges malis ex moribus
procreantur. ● Leges bonae malis ex moribus
procreantur.
1186. Ex malis multis malum quod minimum est, id
minime est malum. [Plauto, Stichus 120] De muitos
males o mal que é o menor não é mal de modo algum.
VIDE: ● E malis multis malum quod minimum est.
1187. Ex malitia nemo commodum habere debet. [Jur]
Dá má-fé ninguém deve tirar vantagem. ● Ex malitia
sua nemo debet commodum reportare.
1188. Ex mandato. [Jur] Por ordem.
1189. Ex mare Dei gratia. [Divisa] Vindo do mar pela
graça de Deus.
1190. Ex mea sententia. Na minha opinião. VIDE: ● Mea
sententia.
1191. Ex mediocritate fortunae, pauciora pericula sunt.
[Tácito, Annales 14.60] De uma sorte modesta menos
perigos vêm. ■ Raio não cai em pau deitado.
1192. Ex memoria. De memória.
1193. Ex mera gratia. Por um mero favor.
1194. Ex merito. Por mérito.
1195. Ex mero motu. [Jur / Black 705] Por um simples
impulso. Por livre vontade. VIDE: ● Ex proprio motu.
● Sua sponte.
1196. Ex minima magnus scintilla nascitur ignis.
[Albertano da Brescia, Liber Consolationis 32] De uma
faísca minúscula nasce um fogo enorme. ■ De uma
faísca se queima a vila. ■ De pequena fagulha, grande
labareda. VIDE: ● A scintilla una augetur ignis. ● De
parva scintilla magnum saepe excitatur incendium.
● Ex scintilla incendium. ● Ex sola scintilla conflagrat
saepe tota domus. ● Ex sola scintilla conflagrat saepe
tota domus. ● Parva saepe scintilla magnum excitat
incendium. ● Parva saepe scintilla contempta
magnum excitavit incendium. ● Videmus accidere ex
una scintilla incendia passim.
1197. Ex minimis initiis magna. De pequenos começos,
grandes resultados. ■ Pequeno dano, se toma forças,
carece de remédio. ● Ex minimis initiis maxima.
[Erasmo, Adagia 3.8.23]
1198. Ex modo praescripto. Da maneira como foi
determinado.
1199. Ex mora. [Jur / Black 705] Pela demora. Pelo atraso.
1200. Ex more. [Jur / Black 705] Segundo o costume.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E7: 1201-1400
1201. Ex multis granis fit acervus. De muitos grãos, se
faz um montão. ■ Um grão não enche celeiro, mas
ajuda o seu companheiro. ● Ex multis granis fit unus
panis. Um único pão se faz com muitos grãos. VIDE:
● De minimis granis fit magnus acervus. ● De multis,
grandis acervus erit. ● De multis parvis grandis
acervus erit. ● De stipula grandis acervus erit. ● E
granis acervus. ● Ex granis fit acervus.
1202. Ex multis paleis parum fructus. [Rezende 1811]
De muita palha, poucos frutos. ■ Muita palha e pouco
grão. ● Ex multis paleis parum fructus reportavi.
[Apostólio 16.24] De muita palha, trouxe poucos frutos.
VIDE: ● De multis paleis grana pauca coëgi. ● E multis
paleis, paulum fructus collegi. ● E multis paleis,
parum fructus.
1203. Ex multis paupertatibus divitiae fiunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 87.38] De muitas pobrezas faz-se
uma riqueza. ■ De muitos poucos se faz um muito.
1204. Ex musca elephantum facere. [Luciano / Schottus,
Adagia 69] De uma mosca fazer um elefante. ■ De um
argueiro fazer um cavaleiro. ■ Fazer de uma pulga um
cavaleiro armado. ● Ex musca elephantem. VIDE:
● Elephantem ex musca facis. ● Elephantum ex musca
facis. ● Elephantum e mure facis.
1205. Ex natura ortum est ius. [Cícero, De Legibus 1.34]
O direito nasceu da natureza.
1206. Ex natura sua ceteros fingebant. [Cícero, Pro
Roscio Amerino 26, adaptado] Imaginavam os outros
por sua própria natureza. VIDE: ● Ex sua natura fingit
ceteros.
1207. Ex necessitate rei. [Jur / Black 705] Pela urgência
do caso.
1208. Ex nihilo. (Que vem) do nada. (=Agressão ex nihilo.
Agressão sem motivo).
1209. Ex nihilo crevit. [Tosi 3] Surgiu do nada.
1210. Ex nihilo nihil fit. [Jur / Black 705] Nada vem do
nada. ● Ex nihilo nihil. VIDE: ● De nihilo nihil. ● De
nihilo nihilum. ● Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil
posse reverti. ● Nihil ex nihilo. ● Nil igitur fieri de nilo
posse fatendum est. ● Nullam rem e nihilo gigni
divinitus unquam.
1211. Ex nostro disposito. Segundo minha determinação.
1212. Ex notis ad ignota. Do conhecido ao desconhecido.
● Ex noto ad ignotum. VIDE: ● Progredi ex noto ad
ignotum.
1213. Ex notis ignotisque. Das coisas conhecidas e das
desconhecidas. Das pessoas conhecidas e das
desconhecidas.
1214. Ex novo. [Jur] Novamente. Daqui para frente. Desde
o começo.
1215. Ex nudo pacto non oritur actio. [Jur / Broom 583]
De simples promessa não causa para ação.
1216. Ex numeratione dierum. [Jur] Pela contagem dos
dias.
1217. Ex nunc. A partir de agora.
1218. Ex oculis, poculis, loculis cognoscitur homo.
[Binder, Thesaurus 1020] Conhece-se o homem pelos
olhos, pelos copos, e pela sua carteira. ● Ex oculis,
poculis, loculis cognoscitur omnis. [Gaal 1691]
1219. Ex oculis umida gutta cadit. Dos olhos cai uma
lágrima. VIDE: ● Decidit ex oculis umida gutta meis.
● Labitur ex oculis umida gutta meis.
1220. Ex officio. [Jur] Em virtude do cargo. Por obrigação.
Por imposição da lei.
1221. Ex omni parte fugandus amor. [Ovídio, Remedia
Amoris 358] O amor deve ser repelido por todos os
modos.
1222. Ex omnibus aliquid, ex toto nihil. De tudo um
pouco, do todo nada. ■ Quem presume saber tudo nada
sabe. ● Ex omnibus aliquid, in toto nihil.
1223. Ex omnibus viribus. Com todas as forças.
1224. Ex omnium scelerum colluvione natus. [Cícero,
Pro Sestio 7.15] Ele foi gerado pela união de todos os
crimes. ■ É um satanás! VIDE: ● Ille nefarius ex omnium
scelerum conluvione natus.
1225. Ex optimo parente nonnunquam pessimum
filium. [Grynaeus 593] De pai muito bom, algumas
vezes sai péssimo filho. VIDE: ● Etiam fructibus a
semine degenerare contigit.
1226. Ex ordine. Conforme a regra. Como convém.
1227. Ex ordine rerum Deus cognoscitur. Pela ordem das
coisas se conhece Deus.
1228. Ex ore infantium et lactentium perfecisti laudem.
[Vulgata, Salmos 8.3; Mateus 21.16] Tu fizeste sair da
boca dos infantes e dos que mamam um louvor perfeito.
1229. Ex ore lupi praedam extorquere. [Pereira 122]
Arrancar a presa da boca do lobo. ■ Tirar da boca do
lobo.
1230. Ex ore parvulorum veritas. [Rezende 1814] ■ Da
boca das crianças sai a verdade. VIDE: ● Stultus
puerque vera dicunt.
1231. Ex ore suo. Por sua própria boca. Com suas próprias
palavras.
1232. Ex ore tuo te iudico. [Rezende 1815] Julgo-te por
tuas palavras. VIDE: ● De ore tuo te iudico.
1233. Ex oriente lux. Do oriente vem a luz. ● Ex oriente
lux, ex occidente lex. Do oriente vem a luz; do ocidente
vem a lei. ● Ex oriente lux, ex occidente frux. Do
oriente, a luz; do ocidente, o fruto.
1234. Ex otio plus negotii quam ex negotio habemus.
[Stevenson 1383] Temos mais ocupação de nosso
descanso do que de nossa ocupação.
1235. Ex ovibus, canibus, bellis et rebus amoris, si quid
dulce subest, massa doloris inest. [Pereira 106]
Carneiros, cães, guerras e amores, se escondem alguma
coisa doce, têm em si um monte de dores. ■ Guerra,
caça e amores, por um prazer, cem dores. VIDE: ● Amor,
arma, canes et aves, simplex voluptas, centuplex
dolor.
1236. Ex ovis pravis non bona venit avis. [Binder,
Thesaurus 1021] De ovos ruins nunca vem boa ave.
■ De ruim árvore, nunca bom fruto. ■ De ruim pano,
nunca bom vestido. ■ As obras mostram quem cada um
é. VIDE: ● Arbor ex fructu cognoscitur. ● Arbor sit
qualis, fas est cognoscere malis. ● De fructu arborem
cognosco. ● E fetu cognosco arborem; e factis
hominem iudico. ● E fructu arborem cognosco. ● E
fructu arborem. ● Ex fructu arbor agnoscitur. ● Ex
fructu arbor. ● Ex fructu cognoscitur arbor. ● Ex
fructu proprio cognoscitur arbor. ● Ex pravo pullus
bonus ovo non venit ullus. ● Fructibus ex propriis
arbor cognoscitur omnis. ● Fructibus ipsa suis, quae
sit, cognoscitur arbor. ● Unaquaeque enim arbor de
fructu suo cognoscitur.
1237. Ex ovo omnia. [William Harvey, De Generatione
Animalium] Tudo provém de um ovo. VIDE: ● Omne
animale ex ovo. ● Omne vivum ex ovo. ● Omnia
animalia ex ovo.
1238. Ex ovo prodiit. [Erasmo, Adagia 1.3.100] Nasceu de
um ovo. ■ Não o pariu sua mãe.
1239. Ex pace ubertas. [Alciato, Emblemata 179] Da paz
vem a abundância.
1240. Ex pacto. Conforme o ajuste.
1241. Ex pacto ius est. [RH 2.20] O direito está fundado
sobre convenções.
1242. Ex parte materna. [Jur / Black 706] Do lado
materno.
1243. Ex parte paterna. [Jur / Black 706] Do lado
paterno.
1244. Ex parva flamma minime ingens lux prodit.
[Grynaeus 776] De pequena chama de modo algum sai
luz gigantesca. ■ Do pouco, pouco. ■ Pequeno
passarinho, pequeno ninho.
1245. Ex peccato peccatum nascitur. [DAPR 18] Um
pecado nasce de outro. ■ Um abismo atrai outro. VIDE:
● Abyssus abyssum invocat.
1246. Ex pede Herculem. [Rezende 1818] Pelo pé
(reconhecemos) Hércules. ■ Pelo dedo se conhece o
gigante.
1247. Ex pessimo genere nec catulus habendus. [Incerti
Auctoris Epitome de Caesaribus 25.2] De má raça não
se deve ter nem cachorrinho. ■ De mau ninho nunca
cries o passarinho.
1248. Ex pluribus unum. Um composto de muitos. ■ A
união faz a força. ● Ex pluribus unum facere.
[S.Agostinho, Confessiones 4.8] De muitos fazer um só.
VIDE: ● E pluribus unum. ● Unus fiat ex pluribus.
1249. Ex positis. [Jur] Do que ficou estabelecido.
1250. Ex post facto. [Jur / Black 706] A partir de fato
ocorrido. Retrospectivamente. Retrospectivo.
1251. Ex potestate legis. [Jur] Por força da lei.
1252. Ex praeteritis praesentia aestimantur. [Grynaeus
610] Pelo passado se estima o presente. ■ Pelo fio
tirarás o novelo, e pelo passado o que está por vir. ● Ex
praeteritis enim aestimari solent praesentia.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 5.28] Pelo passado
costuma-se avaliar o presente.
1253. Ex pravo pullus bonus ovo non venit ullus. [Gaal
330] De mau ovo não vem nenhum pinto bom. ■ De
mau grão, nunca bom pão. VIDE: ● Ex ovis pravis non
bona venit avis.
1254. Ex professo. Magistralmente. Com conhecimento de
causa. Claramente. Abertamente. Intencionalmente. De
caso pensado.
1255. Ex propinquitate benevolentia tolli potest, ex
amicitia non potest: sublata enim benevolentia
amicitiae nomen tollitur, propinquitatis manet.
[Cícero, De Amicitia 19] Do parentesco pode-se
suprimir o amor, da amizade, não se pode, pois,
suprimindo-se o amor, a palavra amizade desaparece, a
palavra parentesco permanece.
1256. Ex propria auctoritate. [Jur] Por autoridade
própria.
1257. Ex propriis manibus vivere. Viver do trabalho de
suas mãos.
1258. Ex proprio iure. [Jur] Por direito próprio.
1259. Ex proprio marsupio. Da própria bolsa.
1260. Ex proprio motu. [Jur / Black 706] Por iniciativa
própria. Voluntariamente. VIDE: ● De motu proprio.
● De proprio motu. ● Ex mero motu. ● Motu proprio.
● Proprio motu. ● Sponte propria. ● Sponte sua. ● Sua
sponte.
1261. Ex proprio vigore. [Black 707] Com suas próprias
forças.
1262. Ex puro corde procedit fructus bonae vitae.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.31.21] É do
coração puro que procede o fruto da vida honesta.
1263. Ex qua nihil dolui praeter mortem. [Epitáfio /
Rezende 1836] Dela o único desgosto que tive foi sua
morte.
1264. Ex quocumque capite. De qualquer fonte.
1265. Ex quolibet ligno non fit Mercurius. [Stevenson
1134] ■ Mercúrio não se faz de todo pau. ■ Azado é o
pau para a colher. ■ Nem todo pau dá esteio. ■ Os paus,
uns nasceram para santos, outros para tamancos. ● Ex
quovis ligno Mercurius non fit. [Bailey, Divers
Proverbs 26] VIDE: ● Mercurius non fit de quolibet
arbore. ● Ne e quovis ligno Mercurius fiat. ● Non e
omni ligno Mercurius. ● Non e quovis ligno
Mercurius fiat. ● Non e quovis ligno fit Mercurius.
● Non e quovis ligno Mercurius fingi potest. ● Non
enim ex omni ligno debet Mercurius exsculpi. ● Non
ex omni ligno Mercurius fingitur. ● Non ex quovis
fiat ligno Mercurius. ● Non ex quovis ligno fit
Mercurius. ● Scalpendus haud Hermes omni ex
arbore.
1266. Ex quovis non fit quodvis. [Signoriello 119] De
qualquer coisa não se faz qualquer coisa.
1267. Ex radice mala nascuntur pessima mala. [Jogo de
palavras] De ruim raiz nascem péssimos frutos. ■ De
mau grão, nunca bom pão. ■ Árvore ruim não dá bom
fruto. ■ As obras mostram quem cada um é. VIDE:
● Arbor ex fructu cognoscitur. ● Ex ovis pravis non
bona venit avis.
1268. Ex ratione loci. [Jur] Em razão do lugar.
1269. Ex ratione materiae. [Jur] Em razão da matéria.
1270. Ex ratione personae. [Jur] Em razão da pessoa.
1271. Ex re. A propósito.
1272. Ex re et tempore. Segundo as circunstâncias.
1273. Ex rege ludimagister. (Passar) de rei a professor.
VIDE: ● Ex summo imus.
1274. Ex relatu fidelium didicimus. Soubemos por
informação de pessoas de confiança.
1275. Ex relatu referre fere mentiri est. [DAPR 569]
Contar por ter ouvido dizer é quase mentir. ■ Quem diz o
que não viu arrisca-se a mentir.
1276. Ex rigore iuris. [Jur] Do rigor da lei. Pelo rigor da
lei.
1277. Ex scintilla incendium. De uma faísca, um
incêndio. ■ De uma faísca se queima a vila. ■ De
pequena fagulha, grande labareda. VIDE: ● A scintilla
una augetur ignis. ● De parva scintilla magnum saepe
excitatur incendium. ● Ex minima magnus scintilla
nascitur ignis. ● Ex sola scintilla conflagrat saepe tota
domus. ● Parva saepe scintilla magnum excitat
incendium. ● Parva saepe scintilla contempta
magnum excitavit incendium. ● Videmus accidere ex
una scintilla incendia passim.
1278. Ex scripto tuo te iudico. Julgo-te pelo que
escreveste.
1279. Ex se de aliis facit coniecturam. [Pereira 117] Julga
os outros por si. ■ Por suas versas julga as alheias.
■ Cuida o ladrão que todos o são. VIDE: Alios ex ingenio
suo metitur. ● Cum sis fur, alios esse fures suspicaris.
● Cum sit fur, alios esse fures suspicatur. ● Esse sibi
similes alios fur iudicat omnes. ● Ex sua natura fingit
ceteros. ● Ex tuo ingenio alios iudicas. ● Tuo ex
ingenio mores alienos probas.
1280. Ex senatus consultis plebisque scitis saeva
exercentur, et publice iubentur vetata privatim.
[Sêneca, Epistulae Morales 95.30] Pelas leis do senado
e pelos decretos do povo são autorizadas violências, e
obrigam-se por ato público coisas proibidas por ato
individual.
1281. Ex socio cognoscitur vir. [DAPR 380] Pelo
companheiro se conhece o homem. ■ Dize-me com quem
vais, dir-te-ei o que farás. ■ Com qual te achares, com
tal te afazes. VIDE: ● Cum quo aliquis iungitur, talis
erit. ● Noscitur ex socio, qui non cognoscitur ex se.
● Semper eris similis cum quibus esse cupis.
1282. Ex sola scintilla conflagrat saepe tota domus.
[Bebel, Adagia Germanica] De uma única faísca muitas
vezes se queima uma casa inteira. ■ De uma faísca se
queima uma cidade. VIDE: ● A scintilla una augetur
ignis. ● De parva scintilla magnum saepe excitatur
incendium. ● Ex minima magnus scintilla nascitur
ignis. ● Parva saepe scintilla magnum excitat
incendium. ● Parva saepe scintilla contempta
magnum excitavit incendium. ● Videmus accidere ex
una scintilla incendia passim.
1283. Ex spe premii solacium fit laboris. [Publílio Siro]
O consolo do sacrifício vem da esperança de
recompensa. ■ A esperança do ganho diminui a
canseira.
1284. Ex statuto. [Black 707] De acordo com o estatuto.
1285. Ex stultis insanos facit. [Terêncio, Eunuchus 254]
De tolos, faz loucos.
1286. Ex sua natura fingit ceteros. [Branco 708] Por sua
natureza, ele imagina os outros. ■ Cada qual julga os
outros por si. ■ Toda raposa pensa que todos têm o rabo
comprido como o dela. VIDE: ● Alios ex ingenio suo
metitur. ● Cum sis fur, alios esse fures suspicaris.
● Cum sit fur, alios esse fures suspicatur. ● Esse sibi
similes alios fur iudicat omnes. ● Ex se de aliis facit
coniecturam. ● Ex tuo ingenio alios iudicas. ● Tuo ex
ingenio mores alienos probas.
1287. Ex summo imus. (Passar) de nobre a vilão. ■ De
cavalo a burro. VIDE: ● Ex rege ludimagister.
1288. Ex sutore medicus. [Fedro, Fabulae 1.14] De
remendão a médico.
1289. Ex tacito. Tacitamente.
1290. Ex te duplex nos afficit sollicitudo, quod et ipse re
publica careas, et illa te. [Cícero, Brutus 332] De ti nos
atinge uma dupla inquietação, pois tu mesmo careces do
país, e o país carece de ti.
1291. Ex temeritate spes. [Tácito, Historiae 3.26] Na
irreflexão há esperança.
1292. Ex tempore. De repente. Sem preparação. Sem
premeditação. Imediatamente. Espontaneamente.
1293. Ex tempore vivere. Viver de acordo com o
momento. ■ Ganhá-lo e comê-lo. ■ Viver da mão à boca.
VIDE: ● In diem vivo.
1294. Ex testamento. [Jur / Black 707] Por testamento.
1295. Ex thymbra nemo queat conficere lanceam, neque
e Socrate probum militem. [Manúcio, Adagia 613]
Ninguém pode fazer da segurelha uma lança, nem de
Sócrates um soldado excelente. (=Segurelha. Erva
aromática empregada como tempero; alfavaca-do-
campo. Novo Dicionário Aurélio. 1ª ed., p. 1293). VIDE:
● E thymbra hastam conficere nemo queat. ● Ne e
quovis ligno Mercurius fiat.
1296. Ex torrente rapido nec semper casuro cito
hauriendum est. [Sêneca, De Brevitate Vitae 9.2] De
uma torrente rápida e que não passará sempre, deve-se
colher a água sem demora. ■ Aproveita enquanto for
tempo. ■ Quando te derem o porquinho, acode logo com
o baracinho. ● Ex torrente non semper casuro, cito
hauriendum est. De torrente que não cairá sempre
deve-se colher água depressa.
1297. Ex tota anima. De toda a alma.
1298. Ex tota fortitudine. De toda a força.
1299. Ex toto corde. De todo o coração. (=Fórmula usada
como fecho de carta).
1300. Ex traditione. Segundo a tradição.
1301. Ex tripode dictum. [Pereira 107] Uma declaração
feita do tripé. (=Palavras do oráculo. Uma afirmação
incontestável). ■ É tão certo como dois e dois são
quatro. ● Ex tripode dicta. [Schottus, Adagia 251]
Coisas ditas do tripé. VIDE: ● Haec ex tripode fiunt.
1302. Ex tuis verbis. De acordo com tuas palavras.
1303. Ex tunc. Desde então. A partir daquele momento.
1304. Ex tuo ingenio alios iudicas. [Medina 604] Julgas o
caráter dos outros pelo teu. ■ Pelo teu coração julgas o
de teu irmão. VIDE: ● Ex se de aliis facit coniecturam.
● Tuo ex ingenio mores alienos probas.
1305. Ex turpi causa non oritur actio. [Jur / Broom 224]
De causa infame não nasce ação. VIDE: ● Ex dolo malo
non oritur actio. ● Nemo ex proprio dolo consequitur
actionem.
1306. Ex turpi contractu actio non oritur. [Jur / Black
707] De contrato ilegal não nasce ação.
1307. Ex turpi vacca turpis generatur vitulus. [Bebel,
Adagia Germanica] De ruim vaca nasce ruim bezerro.
■ De ruim árvore, nunca bom fruto.
1308. Ex tuto. Em segurança.
1309. Ex umbra in solem ducere. [Grynaeus 368] Levar
da sombra ao sol.
1310. Ex una fidelia duos parietes dealbare. [Pereira
105] Com uma só lata de tinta caiar duas paredes.
■ Servir a Deus e ao diabo. ■ De um caminho, dois
mandados. ■ De uma cajadada matar dois coelhos. VIDE:
● Duo parietes de eadem fidelia dealbare. ● Duos
parietes de eadem dealbare fidelia. ● Unius sationis
messem geminam demetere.
1311. Ex una parte. [Jur / Black 707] De uma das partes.
1312. Ex undis amor elicit ignes. O amor consegue tirar
fogo até da água. ■ O amor move o mundo. ■ Amor
verdadeiro nada teme.
1313. Ex ungue leonem agnoscimus. Pela unha
conhecemos o leão. ■ Pelas unhas se conhece o leão.
● Ex unguibus leonem. [Apostólio 8.2] Pelas unhas, o
leão. ● Ex ungue leo. [Rezende 1861] Pela unha, o leão.
● Ex ungue leonem. [DAPR 229] VIDE: ● A digito
cognoscitur leo. ● A digito dignoscitur leo. ● Ab
unguibus leo. ● Leonem ex unguibus aestima.
● Ungula testatur pectus generosa leonis.
1314. Ex unguibus licet leonem aestimare, et ex pusillo
gustu fontem. [Apostólio 8.68] Pode-se conhecer o leão
pelas unhas, e a fonte por pequeno gole. ■ Pela amostra
se conhece o pano.
1315. Ex unico responso, totam hominis sapientiam
perpendimus. [Manúcio, Adagia 381] Por um único
pronunciamento, avaliamos toda a sabedoria de um
homem. ■ Pela amostra se conhece o pano. VIDE: ● Ex
ungue leonem agnoscimus.
1316. Ex uno disce omnes. Por um conhece todos. ■ Por
um julgar a todos. ■ Pela amostra se conhece a chita.
● Ex uno omnes. ● Ex uno omnia specta. [Erasmo,
Adagia 1.2.78] Por um ato podes julgar todos. ■ Quem
faz um cesto, faz um cento. ■ Cesteiro que faz um cesto,
faz um cento. ● Ex uno omnia videre. [Apostólio 8.58]
Por um só conhecer tudo. ● Ex uno videt omnia.
[Suidas / Schottus, Adagia 424] Por um conhece tudo.
VIDE: ● Ab uno disce omnes. ● Unum cum noris,
omnes noris. ● Unum cognoris, omnes noris.
1317. Ex uno multa facere. [Erasmo, Adagia 2.1.49] De
um fazer muitos.
1318. Ex usu. De acordo com o uso. Pelo uso. Pela
experiência.
1319. Ex utraque parte. [Jur ] Black 707] De ambos os
lados. De ambas as partes.
1320. Ex vano. Em vão. Debalde.
1321. Ex ventre crasso tenuem sensum non nasci.
[DAPR 673] De ventre gordo não nasce sentimento
delicado. ■ Barriga cheia, pé dormente. ● Ex ventre
crasso tenuis sensus non nascitur. VIDE: ● Pinguis
venter non gignit sensum tenuem. ● Venter obesus
non gignit mentem subtilem.
1322. Ex verbis fatuos, ex aure tenemus asellum.
[Eiselein 523; Binder, Thesaurus 916] Pelas palavras
pegamos os bobos, pela orelha seguramos o burrinho.
1323. Ex verbis fatuum, ex sonitu cognoscimus ollas.
[DAPR 335] Pelas palavras conhecemos o bobo, pelo
som conhecemos as panelas. ■ A panela pelo chiar, o
homem pelo falar. ● Ex verbis fatuus, ex pulsu
cognoscitur olla. [Eiselein 270] Pelas palavras se
conhece o fátuo; pelo chocalhar, a panela. ● Ex verbis
fatuus, ex pulsu dignoscitur olla. VIDE: ● Nequam per
verba, per odorem dignoscitur herba.
1324. Ex verborum copia cognoscitur cerebri inopia.
[Odilo Schreger, Studiosus Jovialis 7] Pela abundância
das palavras, reconhece-se a pobreza do cérebro.
■ Muito falar, pouco saber. ■ Panela vazia soa mais
alto.
1325. Ex vero decus. [Divisa] A dignidade vem da
verdade.
1326. Ex vero nunquam sequitur falsum, et ex falso non
sequitur per se verum. Do verdadeiro nunca se segue o
falso, e do falso não se segue espontaneamente o
verdadeiro.
1327. Ex verborum vi. Pela força das palavras.
1328. Ex vi. Por força.
1329. Ex vi contractus. [Jur] Por força do contrato.
1330. Ex vi legis. [Jur] Por força da lei. Por determinação
expressa da lei.
1331. Ex vi termini. Pela força da expressão. Pelo
significado da expressão.
1332. Ex visu. De vista. Pelo aspecto. Pela presença. VIDE:
● De visu.
1333. Ex visu amor. O amor nasce do olhar. ■ O amor
entra pelos olhos. VIDE: ● Amor ex videndo nascitur
mortalibus. ● Ex aspectu nascitur amor. ● Ex aspectu
hominibus nascitur amor. ● Oculi sunt in amore
duces.
1334. Ex visu cognoscitur vir. [Vulgata, Eclesiástico
19.26] Pelo semblante se conhece o homem. ■ O rosto é
o espelho da alma. VIDE: ● Ex vultibus tamen
hominum mores colligo. ● Facies indicat quale sit
cor.
1335. Ex visu domini fit pulchritudo caballi. [Binder,
Thesaurus 917] Do olhar do dono nasce a beleza do
cavalo. ■ O olho do dono engorda o cavalo. VIDE:
● Oculus domini facit equum pinguem. ● Oculus
domini saginat equum.
1336. Ex vita simulatio dissimulatioque tollenda. Da
nossa vida deve-se excluir a hipocrisia e a dissimulação.
1337. Ex vitio alterius sapiens emendat suum. [Publílio
Siro] Pelo erro alheio o sábio corrige o seu. ■ O tolo
aprende à sua própria custa; o avisado, à custa do tolo.
■ Tomar experiência em cabeça alheia. ● Ex vitio alius
sapiens emendat suum. VIDE: ● Exitio alterius sapiens
emendat suum. ● Felix quem faciunt aliena pericula
cautum.
1338. Ex vitulo bos fit. [Schrevelius 1183] Do bezerro faz-
se o boi. ■ O menino é o pai do homem.
1339. Ex voluntate. De acordo com a vontade.
Voluntariamente.
1340. Ex voto. Em conseqüência de um voto. Pela
promessa. (=Ex-voto. 1.Objeto que se expõe numa
igreja em comemoração de um pedido atendido.
2.Milagre). VIDE: ● Votiva tabella.
1341. Ex voto suo, aut etiam ultra votum suum. [Bacon,
Henricus Septimus 9.16] De acordo com sua promessa,
ou até além de sua promessa.
1342. Ex voto suscepto. Segundo uma promessa com que
se está comprometido.
1343. Ex vultibus tamen hominum mores colligo.
[Petrônio, Satiricon 126] Nas faces dos homens eu leio
o seu caráter. ■ O rosto é o espelho da alma. VIDE: ● Ex
visu cognoscitur vir. ● Facies indicat quale sit cor.
1344. Ex vultu Aethiopem. Pelo rosto se conhece o etíope.
1345. Exacta via, viaticum quaeris. [Erasmo, Adagia
3.4.45] Terminada a viagem, preparas o farnel. ■ Depois
da colheita, cavanejos. VIDE: ● Potest enim quicquam
esse absurdius quam, quo viae minus restet, eo plus
viatici quaerere? ● Quid enim stultius est, quam via
deficiente viaticum augere?
1346. Exaequanda facta dictis. [Salústio, Catilina 4] As
ações devem adequar-se às palavras.
1347. Exaequat omnium dignitatem pecunia. [Cícero,
Ad Atticum 4.15.7] O dinheiro nivela a dignidade de
todos.
1348. Exaltabitur. [Divisa] Ele será exaltado. VIDE: ● Qui
se humiliat, exaltabitur.
1349. Exaltabitur in gloria. [Vulgata, Salmos 111.9] Será
exaltado na glória. (=Inscrição em moeda inglesa).
1350. Exaudi! Ouve!
1351. Exaudi nos, Domine, salutaris noster. [Da liturgia
católica] Ouve-nos, Senhor, salvador nosso.
1352. Excellentiam nisi comparatione non percipimus.
Só percebemos a superioridade pela comparação.
1353. Excelsior! [Divisa do Estado de Nova Iorque] Mais
alto! ● Excelsior caelo est. [Vulgata, Jó 11.8] Ele é mais
elevado do que o céu.
1354. Excelsis multo facilius casus nocet. [Publílio Siro]
A queda fere com muito mais facilidade os que estão no
alto. ■ Quanto maior é a ventura, tanto menos é segura.
■ Quanto mais alta a berlinda, maior o trambolhão.
● Excelsis facilius nocet casus. VIDE: ● Humilis nec alte
cadere, nec graviter potest.
1355. Exceptio. Exceção. (="Num sentido jurídico, é o
vocábulo indicativo de toda defesa articulada por uma
das partes, principalmente do réu, ou para opor-se ao
direito adverso ou para excluir a ação, seja
temporariamente, seja para sempre." De Plácido e Silva,
Vocabulário Jurídico).
1356. Exceptio de incompetentia iudicis. [Jur] Exceção
de incompetência do juiz.
1357. Exceptio declarat regulam. [Jur] A exceção aclara
a regra. ■ A exceção confirma a regra. ● Exceptio
regulam probat. [Rezende 1758] ● Exceptio firmat
regulam. ● Exceptio firmat regulam in contrarium.
[Bouvier, Law Dictionary; Rezende 1755] ● Exceptio
probat regulam. VIDE: ● Casus exceptus firmat
regulam. ● Casus exceptus firmat regulam in
contrarium.
1358. Exceptio dilatoria. [Jur] Exceção dilatória.
1359. Exceptio peremptoria. [Jur] Exceção peremptória.
1360. Exceptio rei iudicatae. [Jur / Broom 266] Exceção
de coisa julgada.
1361. Exceptio suspicionis contra aliquem. [Jur] Exceção
de suspeita contra alguém.
1362. Exceptio veritatis. [Jur] Exceção de verdade.
1363. Exceptis excipiendis. [Jur] Excetuado o que se deve
excetuar. Feitas as exceções necessárias.
1364. Excessit medicina malum. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy] O remédio ultrapassou a
doença. ■ Pior a cura do que o mal. ● Excessit medicina
modum. [Lucano, Bellum Civile 2.143] O remédio foi
mais forte que o aceitável.
1365. Excessus in iure reprobatur. [Jur] O excesso é
condenado em direito.
1366. Excidat illa dies aevo. [Estácio, Silvae 5.88] Que
esse dia saia do tempo. (=Apague-se a lembrança desse
dia).
1367. Excipiat gelidos paenula trita notos. [Pereira 99]
Uma capa gasta defenderá de ventos gelados. ■ Sapato,
roto ou são, melhor é no pé do que na mão.
1368. Excitabat fluctus in simpulo. [Cícero, De Legibus
3.16.36] Agitava a água num copo. ■ Fazer tempestade
num copo d'água.
1369. Excitat ignem. [Grynaeus 492] Ele estimula o fogo.
■ Está pondo lenha na fogueira.
1370. Exclusio unius, inclusio alterius. [Jur / Black 720]
A exclusão de um é a inclusão de outro.
1371. Exclusive. Excluindo.
1372. Excogitare nemo quicquam poterit quod magis
decorum regenti sit quam clementia. [Sêneca, De
Clementia 1.19.1] É impossível alguém imaginar
alguma coisa que convenha mais a um chefe do que a
clemência.
1373. Excorias ante necem. [Schottus, Adagia 619]
Esfolas (o animal) antes de sua morte. ■ Ainda não
mataste o urso, e queres vender-lhe a pele. ■ Antes de
matar a onça, não lhe vendas a pele. VIDE: ● Prius
quam iugulata est, pecudem excorias. ● Priusquam
mactaris, excorias. ● Priusquam mactaveris,
excorias.
1374. Excoriatum excorias. [Schottus, Adagia 415]
Esfolas um esfolado. ■ Espancas cachorro morto. VIDE:
● Canem excoriatam excorias. ● Canem exspolias
excoriatum.
1375. Excusatio non petita fit accusatio manifesta.
[Rezende 1769] Uma desculpa não pedida passa a
acusação manifesta. ■ Quem se desculpa se acusa.
■ Quem se desculpa em si põe a culpa. ● Excusatio non
petita, accusatio manifesta. [DAPR 297]. ● Excusatio
non petita est accusatio. ● Excusatio non petita est
suspecta. Desculpa não pedida é suspeita.
1376. Excusationem vitiis suis quaerere est omnia Deo
delegare. [DM 80] É buscar desculpa para os próprios
vícios atribuir tudo a Deus.
1377. Excusatos vos habemus. Nós vos desculpamos.
1378. Excute corde metum. [Ovídio, Metamorphoses
3.689] Expulsa o medo do coração.
1379. Excutite pulverem de pedibus vestris. [Vulgata,
Mateus 10.14] Sacudi o pó de vossos pés.
1380. Exeant omnes! Que todos saiam!
1381. Exeat! Que ele saia! (=Fórmula que autoriza alguém
a ausentar-se).
1382. Exeat aula qui vult esse pius. Deixe a corte quem
quer permanecer honesto. ■ O poder corrompe. ● Exeat
aula qui vult esse pius: virtus et summa potestas non
coëunt. [Lucano, Pharsalia 8.493] Deixe a corte aquele
que quiser manter-se pio: virtude e grande poder não
caminham juntos. VIDE: ● Exsulat pietas aulā. ● Virtus
et summa potestas non coëunt.
1383. Executio iuris non habet iniuriam. [Jur / Broom
103] A execução da lei não causa dano. VIDE: ● Iuris
executio non habet iniuriam.
1384. Executio iustitiae vim exigit coërcendi. [Jur] A
execução da justiça exige o poder de obrigar.
1385. Exegi monumentum aere perennius. [Horácio,
Carmina 3.30.1] Ergui um monumento mais duradouro
que o bronze.
1386. Exempla, magis quam verba, movent. [Rezende
1778] Os exemplos movem mais que as palavras.
■ Exemplos farão mais que doutrina. ■ Atos falam mais
alto que palavras. ■ Frei exemplo é o melhor pregador.
● Exempla quam verba malumus. Preferimos
exemplos a palavras. VIDE: ● Claret amor factis; dulcia
verba volant. ● Efficacior vox operis quam sermonis.
● Exempla prosunt magis quam praecepta.
● Exemplo melius quam verbo quidque docetur.
● Longum iter per praecepta, breve et efficax per
exempla. ● Melius homines exemplis docentur.
● Magis movent exempla quam verba. ● Praecepta
ducunt, exempla trahunt. ● Verba docent, exempla
trahunt. ● Verba movent, exempla trahunt. ● Verba
sonant, exempla tonant.
1387. Exempla praecedant, praecepta sequantur. Que
os exemplos precedam, que as regras venham depois.
VIDE: ● Exempla prosunt magis quam praecepta.
1388. Exempla praesentia futuri periculi nos admonent.
[Rezende 1779] Os exemplos atuais nos advertem do
perigo futuro.
1389. Exempla prosunt magis quam praecepta.
Exemplos são mais úteis que preceitos. VIDE: ● Exempla,
magis quam verba, movent.
1390. Exemplar ad industriam virtutemque. [Cícero, De
República 1.1] Modelo de atividade e de valor.
1391. Exempli causa. Por exemplo. ● Exempli gratia.
VIDE: ● Verbi causa. ● Verbi gratia.
1392. Exemplis non est iudicandum, sed legibus. [Jur]
Deve-se julgar pelas leis, não pelos precedentes. VIDE:
● Iudicandum est legibus, non exemplis. ● Iudex
secundum allegata et probata partium, non autem
secundum propriam conscientiam, iudicare debet.
● Iudicis est iudicare secundum allegata et probata.
● Legibus, non exemplis, est iudicandum. ● Non
exemplis, sed legibus est iudicandum. ● Secundum
allegata et probata iudex iudicare debet.
1393. Exemplo melius quam verbo quidque docetur.
[Werner] Tudo se ensina melhor pelo exemplo que pela
palavra. ■ Mais vale exemplo que doutrina. ■ Frei
exemplo é o melhor pregador. VIDE: ● Exempla, magis
quam verba, movent. ● Longum iter per praecepta,
breve et efficax per exempla. ● Melius homines
exemplis docentur. ● Magis movent exempla quam
verba. ● Praecepta ducunt, exempla trahunt. ● Verba
docent, exempla trahunt. ● Verba movent, exempla
trahunt.
1394. Exemplo plus quam ratione vivimus. [An Amateur
Sportsman, Albion Press, 1804, Sporting Anecdotes
139] Vivemos mais pelo exemplo do que pela razão.
■ Exemplos farão mais que doutrina.
1395. Exemplum autem datum de alto valde efficax est
ad bonum, non minus quam ad malum. Um exemplo
que vem do alto é extremamente eficaz para o bem, não
menos do que para o mal.
1396. Exemplum Dei quisque est in imagine parva.
[Manílio, Astronomica 4.895] Cada um de nós é em
pequena escala uma imagem de Deus.
1397. Exemplum regis, vitae clientum. [Pereira 97] As
vidas dos vassalos seguem o exemplo do rei. ■ Assim
como vive o rei, vivem os vassalos. ■ Qual o rei, tal a
grei. ● Exemplum regis ceteri imitati sunt. [Quinto
Cúrcio, Historiae 5.6] Os demais imitaram o exemplo
do rei. VIDE: ● In vulgus manant exempla regentum.
1398. Exemptio ab expensis iudicialibus. [Jur] Isenção
das despesas judiciais.
1399. Exequatur. [Jur / Black 720] Cumpra-se.
1400. Exercenda est facilitas et lenitudo animi. [Cícero,
De Officiis 1.25] A afabilidade e a brandura devem ser
praticadas.

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

E8: 1401-1583
1401. Exercendum est corpus ut oboedire possit rationi.
Deve-se exercitar o corpo para que possa obedecer à
razão. ● Exercendum corpus et ita afficiendum est, ut
oboedire consilio rationique possit in exsequendis
negotiis et in labore tolerando. [Cícero, De Officiis
1.79] Deve-se exercitar o corpo e adaptá-lo de tal
maneira que possa obedecer ao pensamento e à razão
para realizar as atividades e para suportar as
dificuldades.
1402. Exercitatio artem parat. A prática cria a arte.
● Exercitatio artem paravit. [Tácito, Germania 24] O
exercício fez nascer a arte.
1403. Exercitatio facit magistrum. A prática faz o mestre.
■ O uso faz o mestre. ■ A prática é a mestra de tudo.
● Exercitatio optimus est magister. [Stevenson 1859]
A prática é o melhor mestre. ● Exercitatio optimus
magister.
1404. Exercitatio ingenium et naturam saepe vincit.
[Albertano da Brescia, Ars Loquendi 6.4] A prática
muitas vezes vence a inteligência e a natureza.
1405. Exercitatio potest omnia. [Erasmo, Adagia 2.2.53]
A prática tudo pode. ■ A perseverança tudo alcança.
■ Usa e serás mestre. VIDE: ● Domat atque subigit
cuncta diligentia. ● Donat atque subigit omnia
diligentia. ● Qui quaerit, invenit.
1406. Exercitium potestatis. [Jur] O exercício do poder.
1407. Exercitus labore proficit, otio consenescit.
[Vegécio, Epitoma Rei Militaris 1.26] Com o trabalho o
exército se fortalece; com o ócio, perde as forças. ■ A
ferrugem gasta mais do que o trabalho. VIDE: ● Labore
miles proficit, otio consenescit.
1408. Exercitus sine duce est corpus sine spiritu. Um
exército sem comandante é um corpo sem alma.
1409. Exercitus sine duce est magna sine capite bestia.
Um exército sem comandante é uma grande fera sem
cabeça.
1410. Exesa invenies scabra robigine pila. [Pereira 94]
Encontrarás os pilões corroídos pela suja ferrugem. ■ A
ferrugem gasta o ferro. ● Exesa inveniet scabra
robigine pila. [Virgílio, Georgica 1.495] Encontrará os
pilões corroídos pela suja ferrugem.
1411. Exeunt. Saem. ● Exeunt omnes. Saem todos.
1412. Exi! Surge! Vade foras! [Carmina Burana, De
Conflictu Vini et Aquae] Sai! Levanta! Cai fora! VIDE:
● Uxor, vade foras aut moribus utere nostris. ● Vade
foras!
1413. Exige, dum dolet; post curam medicus olet. Cobra
enquanto ele está doente: depois da cura o médico fede.
■ Passado o perigo, se esquece o santo.
1414. Exigit et a statuis farinam. [Erasmo, Adagia
3.2.89] Até das estátuas ele exige farinha. VIDE: ● A
mortuo tributum colligere. ● A mortuo tributum
exigere. ● Et a mortuo tributum colligis. ● Statuis ab
ipsis hic farinas exigit. ● Vel a defuncto vectigal
aufert. ● Vel a mortuo tributum auferat.
1415. Exigo a me non ut optimis par sim, sed ut malis
melior. [Sêneca, De Vita Beata 17] Eu não exijo de
mim ser igual aos melhores, mas ser melhor que os
maus.
1416. Exigua est virtus praestare silentia rebus, at
contra gravis est culpa tacenda loqui. [Ovídio, Ars
Amatoria 11.603] Guardar silêncio é escassa virtude,
mas falar o que deveria ser silenciado é falta grave. VIDE:
● Eximia est virtus praestare silentia rebus.
1417. Exigua his tribuenda fides qui multa loquuntur.
[Dionísio Catão 2.20] Deve-se atribuir escassa fé ao que
fala muito. ■ Quem muito fala, muito mente. VIDE:
● Raro creditur homo qui plurima fatur.
1418. Exigua manu. Com mão pequena. (=Com
economia. Com poucos recursos).
1419. Exigua pars est vitae, qua vivimus. [Sêneca, De
Brevitate Vitae 2.2] É pequena a parte da vida que
realmente vivemos. ● Exigua vitae pars est, quam nos
vivimus.
1420. Exigua res est ipsa iustitia. [Aristóteles / Erasmo,
Adagia 2.1.67] A própria justiça é limitada.
1421. Exigui numero, sed bello vivida virtus. [Virgílio,
Eneida 5.754] São poucos em número, mas sua coragem
é impetuosa na guerra.
1422. Exiguis prodest annosa vetustas; grandibus
accedunt tempore damna malis. [Ovídio, Tristia
5.2.11] Um longo espaço de tempo é salutar aos
pequenos males, mas os grandes sofrimentos se
agravam com o tempo.
1423. Exiguo enim conceditur misericordia; potentes
autem potenter tormenta patientur. [Vulgata,
Sabedoria 6.7] Aos pequenos será concedida
misericórdia, mas os poderosos serão rigorosamente
atormentados.
1424. Exiguum est ad legem bonum esse. [Sêneca, De Ira
2.28.2] É pouco ser bom de acordo com a lei. VIDE:
● Quam angusta innocentia est ad legem bonum esse!
1425. Exiguum malum, ingens bonum. [Erasmo, Adagia
2.5.65] Um pequeno mal é um grande bem. ■ Mal
pequenino, antes em mim do que em meu marido.
■ Desgraça pouca é bobagem. VIDE: ● Esse solent
magno damna minora bono. ● Parvum malum,
magnum bonum. ● Pusillum malum, ingens bonum.
1426. Exiguum munus cum dat tibi pauper amicus,
accipito laetus, et laudare memento. [Dionísio Catão,
Disticha 1.20] Quando o amigo pobre te dá um modesto
presente, recebe-o com alegria, e não te esqueças de
elogiá-lo. ● Exiguum munus, at gratum. Dádiva
pequena, mas agradável. VIDE: ● Munus exiguum, sed
opportunum.
1427. Exiguum munus nemo contemnat amici; dat pira,
dat poma, qui non habet altera dona. [Werner]
Ninguém despreze o modesto presente do amigo; quem
não tem outra coisa para dar dá peras, dá maçãs. ■ Tudo
que vier é ganho.
1428. Exiguum natura desiderat. A natureza requer
muito pouco. ■ A natureza com pouco é contente.
● Exiguum natura desiderat, opinio immensum.
[Sêneca, Epistulae Morales 16.8] A natureza requer
muito pouco; a nossa espectativa deseja o infinito.
1429. Exiguum oboli pretium. [Erasmo, Adagia 3.5.54;
Rezende 179] O pequeno valor de um óbolo. ■ Não vale
um caracol. ■ Não vale um bazaruco. VIDE: ● Parvum
oboli pretium.
1430. Exiguum satis est; cui multum, multa profundit.
Ast inopem saturat providus ipse Deus. [Rezende
1792] O pouco é suficiente; quem tem muito, gasta
muito. Por outro lado, Deus, que nos provê, sacia o
pobre. ■ O pouco basta, o muito se gasta; e a quem
nada tem, Deus o mantém.
1431. Exiguus ignis quantam silvam incendit! [Schottus,
Adagialia Sacra 145] Um fogo pequeno abrasa um
grande bosque! VIDE: ● Ecce quantus ignis quam
magnam silvam incendit! ● Scintilla, quamvis parva,
magnum ignem excitat.
1432. Exiit, qui seminat, seminare semen suum.
[Vulgata, Lucas 8.5] Saiu o que semeia, a semear o seu
grão.
1433. Exilis nummus brevem parit missam. [Binder,
Thesaurus 1034] Dinheiro pouco produz missa pequena.
■ Pobre bispo, pobre serviço. ■ Sem dinheiro de
contado, não há soldado. ■ Encomenda sem dinheiro
fica no tinteiro. VIDE: ● Pro cupro cuprea missa
habenda est. ● Quale pretium, tale sacrificium. ● Si
modicum valet aes, missae sunt pauca valentes.
1434. Eximia est virtus praestare silentia rebus. [Pereira
114] Guardar silêncio é uma virtude notável. ■ O bem
saber é calar, até ser tempo de falar. ■ Quem calou
venceu, e fez quanto quis. VIDE: ● Est et fideli tuta
silentio merces. ● Exigua est virtus praestare silentia
rebus, at contra gravis est culpa tacenda loqui.
1435. Exinde ad praesentia tempora. Desde aquela época
até os tempos atuais.
1436. Exire magnus e tugurio vir potest. [Rezende 1802]
De uma choupana pode sair um grande homem. ■ De
ruim ninho também sai bom passarinho. VIDE: ● E tenue
casa saepe vir magnus exit. ● Potest ex casa vir
magnus exire. ● Potest ex casa vir magnus exire;
potest et ex deformi humilique corpusculo formosus
animus ac magnus.
1437. Existimare de principibus nemini fas est. A
ninguém é permitido expressar opinião sobre os
soberanos. ■ Não digas mal de el-rei nem entre dentes,
porque em toda parte tem parentes.
1438. Existimationem retine. [Dionísio Catão,
Monosticha 38] Guarda tua reputação.
1439. Exit. Sai.
1440. Exitio alterius sapiens emendat suum. [Pereira
123] Pela ruína de outrem o sábio evita a sua. ■ O tolo
aprende à sua própria custa; o avisado, à custa do tolo.
■ Tomar experiência em cabeça alheia. VIDE: ● Ex vitio
alius sapiens emendat suum. ● Ex vitio alterius
sapiens emendat suum. ● Qui sapit exitio alterius
cavet atra pericla.
1441. Exitio est avidum mare nautis. [Horácio, Carmina
1.28.18] O mar voraz é a perda dos marinheiros.
1442. Exitum habere adversum. Ter má saída. Ter mau
resultado. Ser mal sucedido.
1443. Exitum habere felicem. Ter boa saída. Ter bom
resultado. Ser bem sucedido. ● Exitum habere
secundum.
1444. Exitus acta probat. [Ovídio, Heroides 2.85] O
resultado comprova as ações. ■ O fim coroa a obra.
● Exitus probabit. [Eiselein 47] O resultado
confirmará. VIDE: ● Ex eventu sciemus. ● Finem vitae
exspecta. ● Finis coronat opus. ● Omnia tunc bona
sunt, clausula quando bona. ● Quidquid contingat,
finis postrema coronat. ● Si finis bonus est, totum
bonum est. ● Totum laudatur, si finis laude beatur.
1445. Exitus in dubio est. [Ovídio, Fasti 2.781] O sucesso
está sob risco.
1446. Exitus ostendit, quo mundi gloria tendit. [Binder,
Thesaurus 1038] O resultado mostra para que lado vai a
glória do mundo. ■ O fim coroa a obra. ■ A noite coroa
o dia. ■ No fim é que se cantam as glórias. VIDE: ● Exitus
acta probat.
1447. Exitus verba sequitur. O resultado sucede às
palavras.
1448. Exorbitantiae in iure in consequentiam trahendae
non sunt. [Jur] Exorbitâncias em direito não servem
para tirar conseqüências.
1449. Exoriare aliquis nostris ex ossibus ultor. [Virgílio,
Eneida 4.625] Que de meus ossos nasça o meu
vingador. ● Exoriare aliquis ex ossibus mei sanguinis
ultor. [Rezende 1816] Que de meus ossos nasça um
vingador do meu sangue.
1450. Exoritur aliquod maius e magno malum. [Sêneca,
Troades 428] De um grande sofrimento nasce outro
ainda maior. ■ Uma desgraça nunca vem só.
1451. Exorna Spartam quam sortitus es. [Apostólio
11.49] Trata de valorizar a Esparta com que foste
premiado. ■ Aproveita a sorte favorável. VIDE:
● Spartam nactus es, hanc orna. ● Spartam nactus,
hanc adorna. ● Spartam nactus es, hanc adorna.
● Spartam nactus es, hanc exorna. ● Spartam nactus
es, illam orna. ● Spartam quam nactus es, exorna.
● Spartam quam nactus es, hanc orna. ● Spartam
sortitus es, hanc orna. ● Spartam quisque suam fas
est ornare. ● Quam nactus es Spartam adorna.
1452. Expansis manibus. Com as mãos estendidas. ■ De
braços abertos. ● Expansis manibus orabat ad
Dominum. Orava ao Senhor com os braços abertos.
1453. Expedit cum amico occidi, quam cum inimico
vivere. [Publílio Siro] Mais vale morrer com um amigo
que viver com um inimigo.
1454. Expedit esse deos, et, ut expedit, esse putemus.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.635] É conveniente que haja
deuses, e, como é conveniente, acreditemos que os há.
1455. Expedit infido non iterare fidem. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 30.10] Convém não
confiar de novo em quem foi infiel. ■ Quem faz uma vez,
faz duas e três.
1456. Expedit interdum sancita remittere legum, ne
pereat, feritate mala, clementia regum. [Johannis
Capgrave, Liber de Illustribus Henricis 51] Às vezes,
convém relaxar os ditames da lei para que a clemência
dos reis não pereça por causa da crueldade.
1457. Expedit reipublicae ne quis re sua male utatur.
[Institutiones 1.8.2] É de interesse público que ninguém
faça mau uso de seu patrimônio.
1458. Expedit vobis ut unus moriatur homo pro populo.
[Vulgata, João 11.50] Convém a vós que um único
homem morra pelo povo.
1459. Expende Hannibalem: quot libras in duce summo
invenies? [Juvenal, Satirae 10.147] Pesa Aníbal:
quantas libras encontrarás no comandante supremo?
● Expende Hannibalem! Pesa Aníbal!
1460. Expendere omnes casus. Pesar todas as
possibilidades.
1461. Expensae litis. [Jur / Black 724] As despesas do
processo.
1462. Expergiscere, dies est. [S.Agostinho, De Civitate
Dei 2.29.1] Levanta-te, já é dia.
1463. Experiendo magis quam discendo cognovi.
[Cícero, Ad Familiares 1.7] Aprendi mais pela
experiência do que pelo estudo. VIDE: ● Magis
experiendo, quam discendo cognoscitur.
1464. Experientia docet. [Rezende 1823] A experiência
ensina. ■ A experiência é a mestra da vida. ■ Mais se
sabe por experiência que por aprender. ● Experientia
docet et stultos. A experiência ensina até aos tolos.
● Experientia docet stultos. ● Experientia docuit.
[Tácito, Historiae 5.6] A experiência ensinou.
1465. Experientia est magistra rerum. [DAPR 298] A
experiência é a mestra das coisas. ■ A experiência é a
mãe das coisas. ■ A experiência é a mestra da vida.
● Experientia est omnium magistra rerum. A
experiência é a mestra de todas as coisas. VIDE:
● Experientia rerum omnium mater est et magistra.
● Rerum magistra experientia est.
1466. Experientia in anima nobili. Uma experiência num
ser nobre. (=Uma experiência médica feita num ser
humano).
1467. Experientia in anima vili. Uma experiência numa
alma sem valor. (=Uma experiência médica feita em ser,
na época, considerado inferior, como um animal ou um
mendigo). ● Experientia in corpore vili. VIDE:
● Experimentum in anima vili. ● Periculum in anima
vili.
1468. Experientia in homine sano. Uma experiência
médica feita em homem são.
1469. Experientia magistra stultorum. A experiência é a
mestra dos tolos. ■ O tolo aprende à sua custa, e o
sabido à custa do tolo. VIDE: ● Eventus stultorum
magister est. ● Experientia stultorum magistra.
1470. Experientia praestantior arte. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 3.3 / Rezende 1824] ■ Mais vale experiência
do que ciência. ■ Mais fazem os anos que os livros. VIDE:
● In omnibus fere minus valent praecepta quam
experimenta.
1471. Experientia rerum omnium mater est et magistra.
[Rezende 1825] A experiência é mãe e mestra de todas
as coisas. ■ A experiência é a mãe das coisas. ■ A
experiência é a mestra da vida. ● Experientia rerum
magistra. [Grynaeus 231] A experiência é a mestra das
coisas. VIDE: ● Experientia est omnium magistra
rerum. ● Rerum magistra experientia est.
1472. Experientia stultorum magistra. [Erasmo; De
Utilitate Colloquiorum / CODP 88] A experiência é a
mestra dos tolos. ■ O tolo aprende à sua custa, e o
sabido à custa do tolo. ● Experientia stultorum
magistra; prudentia sapientum. A experiência é a
mestra dos tolos; a prudência, dos inteligentes. VIDE:
● Eventus stultorum magister est. ● Experientia
magistra stultorum.
1473. Experimento nihil certius. Não há nada mais
seguro que a experiência.
1474. Experimentum crucis. Uma experiência crucial.
Uma vivência decisiva. ● Experientia crucis.
1475. Experimentum in anima vili. Uma experiência
numa alma sem valor. (=Uma experiência médica feita
feita num ser na época considerado inferior, como um
animal ou um mendigo). VIDE: ● Experientia in corpore
vili. ● Experientia in anima vili. ● Periculum in anima
vili.
1476. Experiundo scies. [Terêncio, Heauton Timorumenos
331] Saberás por experiência. ● Experiendo scies.
1477. Experta est linguas auris iniqua malas. [Pereira
119] O ouvido iníquo provou línguas más. ■ Quem
escuta, de si ouve.
1478. Expertique senes capiuntur raro volucres. [Bebel,
Proverbia Germanica 51] Passarinhos velhos e
experientes raramente são apanhados. ■ Macaco velho
não trepa em galho seco.
1479. Experto credas, si perbene ungitur axis, inceptum
cito tunc continuatur iter. Confia em quem tem
experiência: se o eixo é perfeitamente lubrificado, sem
demora se percorre o caminho iniciado. ■ Quem seu
carro unta seus bois ajuda. ■ Quem unta, amolenta.
VIDE: ● Si non ungitur axis, tardius inceptum
continuatur iter.
1480. Experto crede: aliquid amplius in silvis invenies
quam in libris. Ligna et lapides docebunt te quod a
magistris audire non possis. [S.Bernardo de Clairvaux
/ Bernardes, Nova Floresta 5.334] Confia em quem
sabe: tu encontrarás coisa maior nos bosques do que nos
livros. Árvores e pedras te ensinarão o que não poderás
ouvir de professores.
1481. Experto crede Roberto. [Antoine d’Arena / DCFE
589] Confia no Roberto, ele é experiente. ■ Não há
melhor cirurgião que o bem acutilado. ● Experto crede
Ruperto. [Binder, Thesaurus 1041] VIDE: ● Quam
subito, quam certo, experto credite Roberto.
1482. Experto credite. [Virgílio, Eneida 11.283] Acreditai
em mim, que tenho experiência.
1483. Expertus dico: nemo est in amore fidelis:
formosam raro non sibi quisque petit. [Propércio,
Elegiae 2.34.3] Afirmo por experiência: ninguém é fiel
no amor; raramente alguém não deseja para si a mulher
formosa.
1484. Expertus loquor. [Sêneca, Thyestes 453] Falo por
experiência. ● Expertus dico. VIDE: ● Doctus dico. VIDE:
● Non doctus dico, sed expertus.
1485. Expertus metuit. [Horácio, Epistulae 1.18.87]
Quem tem experiência, tem medo. ■ Quem sabe, sabe.
1486. Expertus novit. Quem passou por isso, sabe. ■ Quem
sofreu, aprendeu.
1487. Expertus testis locupletissimus. [Gaal 1577] A
testemunha que viveu o fato é a que merece mais fé.
VIDE: ● Experto crede Roberto.
1488. Expetendae opes, ut dignis largiamur. Devemos
buscar riqueza para prodigalizarmos aos que merecem.
1489. Expetit poenas iratus ab alio, a se ipso exigit.
[Publílio Siro] O homem encolerizado exige punição
para o outro, mas dispensa a punição de si mesmo.
1490. Expetuntur autem divitiae cum ad usus vitae
necessarios, tum ad perfruendas voluptates. [Cícero,
De Officiis 1.8] Deseja-se a riqueza tanto para as
necessidades da vida como para fruir dos prazeres.
1491. Expetuntur voluptates, ut gaudeas, valetudo, ut
dolore careas. [Cícero, De Amicitia 22] Desejam-se
prazeres para se ter alegria; e saúde, para não se ter dor.
1492. Expilatores sunt atrociores fures. [Digesta
47.18.1.1] Os salteadores são os ladrões mais violentos.
1493. Expletur lacrimis egeriturque dolor. [Ovídio,
Tristia 4.3.37] A dor se dissolve em lágrimas e encontra
alívio.
1494. Explicit. Acabou-se.
1495. Exploranda est veritas multum, prius quam stulta
prave iudicet sententia. [Fedro, Fabulae 3.10.5] É
melhor examinar escrupulosamente a verdade, antes de
julgar tola e erradamente.
1496. Explorandus amicus, antequam committas
arcanum. [Rezende 1827] O amigo deve ser provado
antes que lhe confies um segredo.
1497. Explorant adversa viros. [Sílio Itálico, Punica
4.603] A adversidade prova os homens. ■ É na luta que
se conhecem os heróis.
1498. Expressio unius est exclusio alterius. [Jur / Broom
504] A menção de uma coisa é a exclusão de outra.
● Expressio unius personae est exclusio alterius.
[Black 727] A menção de uma pessoa é a exclusão de
outra. VIDE: ● Enumeratio unius est exclusio alterius.
● Expressum facit cessare tacitum.
1499. Expressis verbis. Em palavras categóricas.
Textualmente.
1500. Expressum dicitur illud, quod subintellegitur a
iure. [Jur] Considera-se expresso o que é subentendido
pela lei.
1501. Expressum facit cessare tacitum. [Jur / Broom
464] O que está expresso faz cessar o que está
subentendido. VIDE: ● Expressio unius est exclusio
alterius.
1502. Expressum ubi requiritur non sufficit tacitum,
neque praesumptum. [Jur] Onde se exige o expresso,
não basta o tácito nem o presumido.
1503. Expulsa nube, serenus fit saepe dies. Dissipada a
nuvem, o dia fica sereno. ■ Depois da tempestade, vem a
bonança.
1504. Expulsis piratis restituta commercia. [Divisa das
Baamas] Expulsos os piratas, restaurado o comércio.
1505. Exsequatur. [Jur] Que a coisa tenha
prosseguimento. Cumpra-se.
1506. Exsicca lacrimas, et maeroris vestigia dele,
pulcherrima, nam prope est qui liberabit te de
carcere impiorum, qui, percutiens malignantes, in
ore gladii perdet eos, et vineam suam aliis locabit
agricolis, qui fructum iustitiae reddant in tempore
messis. [Dante, Epistulae 5.6] Enxuga as lágrimas e
apaga os sinais de tristeza, ó bela, pois próximo está
quem te libertará do cárcere dos ímpios, quem, ferindo
os malvados, os destruirá com a ponta da espada, e
entregará sua vinha a outros camponeses, que
entregarão o fruto da justiça na época da colheita.
1507. Exsilia, tormenta, bella, morbos, naufragia
meditare, ut nullo sis malo tiro. [Sêneca, Epistulae
Morales 91.8, adaptado / Rezende 1843] Medita nos
exílios, suplícios, guerras, doenças, naufrágios, para que
não sejas inexperiente de nenhum mal.
1508. Exsiliat reliqua fore clausa questibus una. [DAPR
559] Fechada uma porta, abre-se outra para as queixas.
■ Nunca Deus fecha uma porta que não abra outra.
1509. Exsilium est patriae privatio, natalis soli mutatio,
legum nativarum amissio. [Jur / Coke / Black 722]
Exílio é a privação da pátria, mudança do solo natal,
perda das leis nativas.
1510. Exsilium multos honestat. O exílio dignifica muitas
pessoas.
1511. Exsilium non supplicium est, sed perfugium
portusque suplicii. [Cícero, Pro Caecina 100] O exílio
não é um suplício, mas um refúgio e uma segurança
contra o suplício.
1512. Exsilium patitur, patriae qui se denegat. [Publílio
Siro] É um exilado quem nega seu auxílio à pátria.
1513. Exsilium vita est. [Victor Hugo / Stevenson 721] A
vida é um exílio.
1514. Exspecta Dominum, viriliter age, et confortetur
cor tuum, et sustine Dominum. [Vulgata, Salmos
26.14] Espera ao Senhor, porta-te varonilmente, e
fortifique-se o teu coração; e está firme esperando ao
Senhor.
1515. Exspectat bos aliquando herbam. [Erasmo, Adagia
3.4.80] O boi espera receber capim. (=Diz-se de quem
espera recompensa de seu esforço). ● Exspecta, bos,
olim herba. Espera, boi, que o capim qualquer hora
virá. ■ Enquanto o capim cresce, o cavalo morre.
1516. Exspectavimus pacem, et non erat bonum;
tempus medellae, et ecce formido. [Vulgata, Jeremias
8.15] Esperávamos a paz, e este bem não chegava; o
tempo da medicina, e eis que só havia temor.
● Exspectavimus pacem, et non est bonum; et tempus
curationis, et ecce turbatio. [Vulgata, Jeremias 14.19]
Esperávamos a paz, e não temos nenhum bem; o tempo
da cura, e eis-nos todos em perturbação. VIDE: ● Diximus
pax, et non est pax; promisimus bona, et ecce
turbatio.
1517. Exspectes et sustineas. [Marcial, Epigrammata
9.3.13] Espera e suporta.
1518. Exstant recte factis praemia. [Cícero, De Natura
Deorum 3.85, adaptado] As compensações superam as
ações.
1519. Exstincta lucerna omnis mulier eadem. [Binder,
Thesaurus 1044] Com a lanterna apagada toda mulher é
igual. ■ À noite todos os gatos são pardos. ■ No escuro
tanto vale a rainha como a negra da cozinha. VIDE: ● A
femina, nil femina ulla discrepat. ● Absente luce
feminae cunctae pares. ● Lucerna sublata nihil
discriminis inter mulieres. ● Lucerna sublata, nihil
discriminis. ● Omnis enim mulier sublata lucerna
eadem est. ● Sublata lucerna, nihil interest inter
mulieres. ● Sublata lucerna, nihil discriminis est inter
mulieres. ● Sublata lucerna, omnes mulieres aequales
sunt.
1520. Exstincta lucerna unus omnium rerum color.
Com a lanterna apagada, é uma só a cor de todas as
coisas. ■ À noite todos os gatos são pardos.
1521. Exstinctae potius amicitiae quam oppressae.
[Cícero, De Amicitia 78] É melhor amizade desfeita que
constrangida.
1522. Exstinctus amabitur idem. [Horácio, Epistulae
2.1.15] Morto, ele será amado do mesmo modo.
1523. Exstingui homini suo tempore optabile est.
[Cícero, De Senectute 85] É desejável para o homem
morrer na hora certa.
1524. Exstinguitur crimen mortalitate. [Ulpiano, Digesta
48.4.11] Com a morte se extingue o delito.
1525. Exsul, ubi ei nusquam domus est, sine sepulcro est
mortuus. [Publílio Siro] O exilado que não tem abrigo
em lugar nenhum é um morto sem túmulo. ● Exsulanti
ubi nusquam domus est, sine sepulcro est mortuus.
VIDE: ● Cui nusquam domus est, sine sepulcro est
mortuus.
1526. Exsulat pietas aulā. Não existe sentimento de dever
na corte. ■ O poder corrompe. VIDE: ● Exeat aula qui
vult esse pius. ● Exeat aula qui vult esse pius: virtus
et summa potestas non coëunt.
1527. Exsultat levitate puer, gravitate senectus. [Binder,
Thesaurus 1053] O jovem exulta com a futilidade, o
velho, com a seriedade.
1528. Exsultatio viri est longaevitas. [Vulgata,
Eclesiástico 30.23] A alegria do homem prolonga sua
vida.
1529. Exsultet quae genuit te. [Vulgata, Provérbios
23.25] Exulte a que te deu à luz.
1530. Exsurgat Deus, et dissipentur inimici eius.
[Vulgata, Salmos 67.2] Levante-se Deus, e sejam
dispersos os seus inimigos. (=Inscrição em moeda
inglesa).
1531. Exsurget pura, qui valiturus aqua. [Medina 584]
Quem vai ter saúde, se anima até com água pura. ■ A
quem é de vida, a água é medicina.
1532. Extenuant vigiles corpus miserabile curae.
[Ovídio, Metamorphoses 3.396] As preocupações
enfraquecem o pobre corpo.
1533. Exterior superfluitas interioris vanitatis indicium
est. [S.Bernardo de Clairvaux, Apologia Ad
Guillelmum Sancti-Theoderici Abbatem 26] A
exuberância exterior indica a frivolidade interior. ■ Por
fora, muita farofa; por dentro, não tem miolo.
1534. Exteriora acta indicant interiora animi secreta.
[Bouvier, Law Dictionary] Os atos revelam as intenções
ocultas.
1535. Externus timor, maximum concordiae vinculum.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 2.39] O medo do perigo
que vem de fora, é o maior vínculo da concórdia.
● Externus hostis maximum est in urbe concordiae
vinculum. [Busarello 282] O perigo do inimigo externo
é vínculo muito grande de concórdia na cidade.
1536. Extra calcem decurrit. Saiu fora do caminho.
(=Saiu do assunto). ● Extra calcem sermo decurrens
lecturo fastidium fert. [Amiano Marcelino, Historia
1.14, adaptado] A exposição que sai do assunto cansa
quem vai lê-la.
1537. Extra cantionem. [Erasmo, Adagia 2.2.47] Fora do
tom. (=Diz-se de afirmação que não tem a ver com a
questão tratada). VIDE: ● Nihil ad carmen. ● Nihil ad
verbum. ● Praeter cantilenam.
1538. Extra chorum saltare. [Erasmo, Adagia 2.6.67]
Dançar fora do ritmo. ■ Lançar o pé além da mão.
■ Dizer uma coisa por outra.
1539. Extra commercium. [Jur] Fora do comércio.
1540. Extra consuetudinem. [Digesta 19.2.15.2] Fora do
costume. Extraordinariamente. VIDE: ● Praeter solitum.
1541. Extra continentia urbis. [Jur / Black 9] Fora dos
limites da cidade.
1542. Extra Ecclesiam nulla salus. [S.Cipriano, Epistulae
73.21] Fora da Igreja não há salvação. VIDE: ● Nemini
salus esse nisi in Ecclesia potest. ● Salus extra
Ecclesiam non est.
1543. Extra fortunam est quidquid donatur amicis;
quas dederis, solas semper habebis opes. [Marcial,
Epigrammata 5.42.7] Está fora do alcance da sorte tudo
que deres aos amigos; só terás para sempre os bens que
doares.
1544. Extra hypocritae aurati, interius lutei. [Hugo
Cardeal / Bernardes, Nova Floresta 5.228] Por fora, os
hipócritas são de ouro, por dentro, de lama.
1545. Extra iaculum es. [Manúcio, Adagia 111] Estás fora
do alcance do dardo. ■ De boa escapaste. VIDE: ● Extra
lutum pedes habes.
1546. Extra iocum. [Cícero, Ad Familiares 7.16] Fora de
brincadeira. VIDE: ● Amoto ludo. ● Omissis iocis.
● Remoto ioco. ● Ioco remoto.
1547. Extra legem. [Jur / Black 732] Fora da proteção da
lei.
1548. Extra legem positus est civiliter mortuus. [Jur /
Black 732] Quem é colocado fora da lei é um morto
para a sociedade.
1549. Extra lutum pedes habes. [Apostólio 8.5] Estás
com os pés fora do lodo. ■ De boa escapaste. ■ Falas de
farto. ■ Tiraste o pé do lodo. VIDE: ● Extra iaculum es.
1550. Extra muros. [Codex Iustiniani 11.55.1] Fora das
muralhas. Fora dos limites da cidade. ● Extra moenia
urbis. [Codex Theodosiani 16.5.29] Fora das muralhas
da cidade.
1551. Extra Noae arcam non est salus. [Grynaeus 633]
Fora da arca de Noé não há salvação.
1552. Extra omnes! Todos fora! Saiam todos!
1553. Extra ordinem. Fora da ordem. Contra o costume.
Irregularmente.
1554. Extra pecuniam non est vita. Fora do dinheiro não
há vida. ■ Sem dinheiro, tudo é vão. ● Extra pecuniam
nulla salus. Fora do dinheiro não há salvação. VIDE:
● Absque argento omnia vana.
1555. Extra periculum ferox. [Manúcio, Adagia 964] É
valente quando está longe do perigo.
1556. Extra petita. [Jur] Além do solicitado. (=Sentença
que concede o que não constitui objeto do pedido).
1557. Extra publicam viam ne deflectas. [Grynaeus 116]
Não te afastes da estrada real. ■ Ir pela estrada real. ■ Ir
pelo caminho das carretas. ■ Andar por onde anda a
raposa. VIDE: ● Extra viam publicam ne ingrediaris.
● Extra viam publicam non deflectas.
1558. Extra scopum iaculare. Errar o alvo. VIDE:
● Aberrare a scopo.
1559. Extra telorum iactum sedere. [Apostólio 8.64]
Estar fora do alcance dos dardos. ■ Segura está a
mercadoria. ● Extra telorum ictum esse. [Pereira 121]
● Extra teli iactum esse. [Schottus, Adagia 68] Estar
fora do alcance do dardo. ● Extra teli iactum quiesce.
[Schottus, Adagia 214] Fica fora do alcance do dardo.
■ Não metas a mão onde te fiquem as unhas.
1560. Extra tempora. Fora do tempo. Fora da época.
● Extra tempus.
1561. Extra territorium. [Jur / Black 732] Fora do
território. Fora dos limites do estado. Fora da jurisdição.
1562. Extra Troiam et intra peccatur. Peca-se tanto fora
de Tróia quanto dentro. ■ Cá e lá más fadas há. VIDE:
● Iliacos intra muros peccatur et extra. ● Intra muros
peccatur et extra.
1563. Ex umbra in solem educere. [Manúcio, Adagia
111] Tirar da sombra para o sol. (=Tornar conhecido.
Divulgar. Popularizar).
1564. Extra universitatem non est vita. [Melanchton, De
Laude Vitae Scholasticae] Fora da universidade não
existe vida.
1565. Extra urbem. Fora da cidade. ● Extra Urbem. Fora
de Roma.
1566. Extra viam publicam ne ingrediaris. [Manúcio,
Adagia 22] Não te afastes da estrada real. ■ Ir pela
estrada real. ■ Ir pelo caminho das carretas. ■ Andar
por onde anda a raposa. ● Extra viam non deflectas
publicam. [Binder, Thesaurus 1051] ● Extra viam
publicam non gradiendum. VIDE: ● Extra publicam
viam ne deflectas.
1567. Extractis bobus stabulum sero reparatur.
Roubados os bois, é tarde para consertar o estábulo.
■ Casa roubada, trancas à porta. VIDE: ● Claudit eques
stabulum, cum latro cepit equum. ● Post furtum
stabulum sero reparatur. ● Sero paras stabulum
taurum iam fure trahente. ● Sero subtractis reparas
praesaepe caballis.
1568. Extrahit a clausa merx vilior aera crumena.
[Pereira 110] Mercadoria barata arranca dinheiro da
bolsa fechada. ■ Mercadoria barata, roubo das bolsas.
■ O barato sai caro. VIDE: ● Nihil prodest improbam
mercem emere. ● Qui nimium vili studet emere,
semper merces vitiosas emit.
1569. Extrema aestate. No fim do verão.
1570. Extrema frequenter una habitant. Os extremos
com freqüência moram juntos. ■ Os extremos se tocam.
VIDE: ● Extremitates, aequalitates. ● Nimietates,
aequalitates.
1571. Extrema gaudii luctus occupat. [Vulgata,
Provérbios 14.13] A tristeza ocupa os extremos da
alegria. ■ O riso está perto do pranto. ■ O dia do prazer
é a véspera do pesar. VIDE: ● Dolor voluptatis comes.
● Gaudii comes maeror. ● Ita diis est placitum,
voluptatem ut maeror comes consequatur.
● Voluptatem maeror sequitur. ● Voluptatem ut
maeror comes consequatur. ● Voluptatis comes
maeror.
1572. Extrema omnia sunt vitiosa. [Rezende 1855] Todos
os excessos são maus. ■ Tudo que é de mais prejudica.
VIDE: ● Extrema sunt vitiosa.
1573. Extrema remedia primo nemo tentavit loco.
Ninguém tentou remédios desesperados em primeiro
lugar. ● Extrema primo nemo tentavit loco. [Sêneca,
Agamemnon 153]
1574. Extrema semper de ante factis iudicant. [Publílio
Siro] Nossas ações mais recentes sempre revelam nosso
passado. ● Extrema semper de ante factis indicant.
1575. Extrema sunt vitiosa. [Binder, Thesaurus 1052] Os
excessos são maus. ■ Tudo que é de mais prejudica.
VIDE: ● Extrema omnia sunt vitiosa.
1576. Extremae est dementiae discere dediscenda.
[Erasmo, De Ratione Studii] É de extrema loucura
aprender o que tem de ser desaprendido.
1577. Extremis malis, extrema remedia. [Montaigne,
Essais 2.3; DAPR 572] ■ Para grandes males, grandes
remédios. ● Extremis morbis extrema exquisita
remedia optima sunt. [Hipócrates / Rezende 1856]
Para os males extremos, os remédios extremos são os
melhores.
1578. Extremitates, aequalitates. [DAPR 300]
Extremidades, igualdades. ■ Os extremos se tocam. VIDE:
● Extrema frequenter una habitant. ● Nimietates,
aequalitates.
1579. Extremum diem semper adesse putes. [Grynaeus
611] Pensa sempre que chegou o último dia. VIDE: ● Si
sapis, utaris totis diebus extremumque tibi semper
adesse putes.
1580. Extremum diem primus tulit. [Sílio Itálico, Punica
5.135] O primeiro dia de nossa vida já traz consigo o
último.
1581. Extremum occupet scabies. [Erasmo, Adagia 4.4.3]
Que a sarna pegue o último. ■ Ruim seja por quem ficar.
VIDE: ● Occupet extremum scabies.
1582. Extremus actus abest. [Albertatius 442] Falta a
última demão.
1583. Exuit personam iudicis, quisquis amici induit.
[Adaptado de Cícero, De Officiis 3.43] Quem veste a
personalidade de amigo despe a de juiz.
Ao TOPO
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

F1: 1-200
1. Fabarum arrosor. [Erasmo, Adagia 4.6.37] Um
devorador de favas. (=Um venal: usavam-se favas para
realizar as eleições).
2. Fabas indulcat fames. [Schrevelius 1173] A fome
adoça as favas. ■ À fome não há pão duro. ■ Para quem
tem fome não há pão ruim. ■ Quem tem fome cardos
come. VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci
sumet. ● Anima saturata calcabit favum, et anima
esuriens etiam amarum pro dulci sumet. ● Animae
esurienti etiam amara dulcia videntur. ● Dulcem rem
fabas facit esuries tibi crudas. ● Dulcescit faba
frigida, quando famescit. ● Famem efficere ut crudae
etiam fabae saccharum sapiant. ● Fames ipsa
iniucunda et molesta, tamen iucundum reddit cibum,
alioquin maxime asperum et invisum. ● Ori dulcescit
faba frigida, quando famescit.
3. Fabellae aniles. [Cícero, De Natura Deorum 3.12]
Histórias de velhinhas. ■ Histórias da carochinha. VIDE:
● Aniles fabellae. ● Anicularum deliramenta.
● Fabulae aniles.
4. Fabellam narras surdo asello. [Albertatius 448] Estás
contando história a um burro surdo. ■ Pregas no deserto.
■ Perdes teu latim. ■ Entra-lhe por um ouvido, sai pelo
outro. VIDE: ● Fabulam surdo narras. ● Mortuo verba
facis. ● Surdo asello narrata est fabella.
5. Fabellam surdo caecus non narrat in aurem.
[Schottus, Adagia 585] Cego não conta história em
ouvido de surdo.
6. Faber cadit cum ferias fullonem. [Manúcio, Adagia
1332] Cai o ferreiro quando bates no pisoeiro. ■ Paga o
justo pelo pecador. VIDE: ● Alius peccat, alius plectitur.
● Canis peccatum sus dependit. ● Fabrum caedere
cum ferias fullonem. ● Innocentes pro nocentibus
poenas pendunt. ● Ob textoris peccatum coquus
vapulavit. ● Quicquid coquus peccaverit, tibicen
accipere solet plagas. ● Quod peccant sontes, insontes
saepe luerunt. ● Quod peccant sontes, insontes saepe
tulerunt. ● Quod sus peccavit, succula saepe luit.
● Tibicen vapulat, coquo peccante.
7. Faber compedes, quas fecit, ipse gestet. [Erasmo,
Adagia 1.1.86] Sofra o ferreiro os grilhões que ele
mesmo fabricou. ■ Quem fez seu angu, que o coma.
■ Quem pariu Mateus, que o embale. ● Faber
compedes, quas fecit, ipse gestat. [Gaal 808] O
ferreiro carrega os grilhões que ele mesmo fabricou.
● Faber compedes, quas fecit, ipse gerit. ■ Caiu no
laço que armou. VIDE: ● Colo quod aptasti, ipsi tibi
nendum est. ● Compedes quas ipse fecit, ipsus ut
gestet faber. ● Flagellum ipse paravit, quo vapularet.
● In auctorem mali saepe recidit malum. ● Incidit in
foveam quam fecit. ● Intrivisti, exedendum tibi. ● Qui
prendidistis iidem edite testudines. ● Tibi, quod
intristi, exedendum. ● Tute hoc intristi, tibi omne est
exedendum.
8. Faber cum sis, tractas non fabrilia. [K. W.
Wójcicki, Biblioteka Starozytna 2.149] Embora sejas
ferreiro, não tratas de ferragens. ■ Não fales do que não
entendes. ● Faber cum sis, opera haud facis fabrilia.
[Jerónimo Martín Caro y Cejudo, Refranes 206] VIDE:
● Cum sis faber, opera haud facis fabrilia.
9. Faber est suae quisque fortunae. [Appius Claudius
Caecus / Rezende 1867] Cada um é o arquiteto da
própria sorte. ■ O homem faz-se por si. ■ Cada um é
filho de suas obras. ■ Felicidade, cada qual faz a sua.
■ Vem a ventura a quem a procura. ● Faber quisque
fortunae sibi. ● Faber quisque fortunae suae. [Bacon,
De Fortuna 1] ● Faber est quisque fortunae suae.
[Mota 147] ● Faber suae fortunae unusquisque est
ipsus. VIDE: ● Est unusquisque faber ipse suae
fortunae. ● Fabrum esse suae quemque fortunae.
● Fortunae suae quisque faber est. ● Fortunam sibi
quisque facit. ● Fortunam suam quisque parat.
● Fortunam suam sibi quisque ipse parat. ● Suae
quisque fortunae faber est.
10. Faber fabrilia tractat. De ferragens, cuida o ferreiro.
■ Cada qual no seu ofício. ■ Cada macaco no seu galho.
VIDE: ● Fabri fabrilia tractant. ● Navim agere ignarus
navis timet. ● Quam quisque norit artem, in hac se
exerceat. ● Quod medicorum est, promittunt medici;
tractant fabrilia fabri.● Si faber fabrilia, si musicus
musica tractat; neuter ab officio suo aliena agit.
● Tractant fabrilia fabri.
11. Faber fabro invidet. [Rezende 1869; Medina 607] O
ferreiro tem inveja do ferreiro. ■ Quem é o teu inimigo?
É o oficial do teu ofício. ● Faber fabrum odit. Ferreiro
odeia ferreiro. VIDE: ● Cognatio movet invidiam.
● Figulus figulum odit. ● Figulus figulo invidet, faber
fabro. ● Figulus figulo invidet, lignarius lignario.
● Invidet et cantor cantori, et egenus egeno.
12. Faber sine ligno nihil aedificabit, quia lignum
ipsum facere non potest. [Lactâncio, Divinae
Institutiones 2.9] O carpinteiro sem madeira não
construirá nada, pois a madeira ele não pode fazer.
13. Fabri fabrilia tractant. De ferragens tratam os
ferreiros. ■ Cada qual em seu ofício. ■ Cada um faz no
que sabe. ■ Cada um fala do que trata. VIDE: ● Tractant
fabrilia fabri. ● Tractent fabrilia fabri.
14. Fabricando fit faber. [DAPR 705] ■ Batendo ferro é
que se fica ferreiro. ■ A prática é a mestra de todas as
coisas. ■ A experiência é a mãe da ciência. ■ Usa e serás
mestre. ● Fabricando fit faber, age quod agis.
[Flaubert, Madame Bovary 26] Batendo o ferro é que se
fica ferreiro; faze o que estás fazendo. ● Fabricando
fabri fimus. [William Robertson, A Dictionary of Latin
Phrases 752] Batendo ferro é que nos tornamos
ferreiros. ● Fabricando fabricam disces. [Manúcio,
Adagia 252; Pereira 124] Batendo ferro é que se
aprende o ofício de ferreiro. ● Fabricando, fabrilia
disces. [Rezende 1870] ● Fabricando fabricam disces,
canendo musicam, militando militarem artem,
scribendo disces scribere. [Grynaeus 75] Forjando
aprende-se a forjar, cantando aprende-se música,
guerreando aprende-se a arte militar, escrevendo
aprende-se a escrever. VIDE: ● Canendo musicam
disces. ● Citharizando fit citharoedus. ● Fit
fabricando faber.
15. Fabrum caedere cum ferias fullonem. [Arnóbio,
Adversus Nationes 6.9.1] Matar o ferreiro quando bates
no pisoeiro. ■ Paga o justo pelo pecador. ● Fabrum
cadere cum ferias fullonem. Morrer o ferreiro, quando
bates no pisoeiro. VIDE: ● Alius peccat, alius plectitur.
● Canis peccatum sus dependit. ● Faber cadit cum
ferias fullonem. ● Innocentes pro nocentibus poenas
pendunt. ● Ob textoris peccatum coquus vapulavit.
● Quicquid coquus peccaverit, tibicen accipere solet
plagas. ● Quod peccant sontes, insontes saepe
luerunt. ● Quod peccant sontes, insontes saepe
tulerunt. ● Quod sus peccavit, succula saepe luit.
● Tibicen vapulat, coquo peccante.
16. Fabrum esse suae quemque fortunae. [Salústio, De
Civitate 1.2] Cada um é o artífice da própria sorte. ■ O
homem faz-se por si. ■ Cada um é filho de suas obras.
■ Felicidade, cada qual faz a sua. ■ Vem a ventura a
quem a procura. VIDE: ● Est unusquisque faber ipse
suae fortunae. ● Faber est suae quisque fortunae.
● Faber quisque fortunae sibi. ● Faber quisque
fortunae suae. ● Faber suae fortunae unusquisque est
ipsus. ● Fortunae suae quisque faber est. ● Fortunam
sibi quisque facit. ● Fortunam suam quisque parat.
● Fortunam suam sibi quisque ipse parat. ● Suae
quisque fortunae faber est.
17. Fabula amatoria. Um conto de amor.
18. Fabula criminalis. Um conto policial.
19. Fabula impleta est. [Binder, Thesaurus 1058] A
história está completa. ■ A festa acabou!
20. Fabulae! ■ Histórias! ■ Conversa fiada! ■ Conversa
para boi dormir! ■ Ridicularias! VIDE: ● Gerrae!
● Nugae!
21. Fabulae aniles. Histórias de velhinhas. ■ Histórias da
carochinha. VIDE: ● Fabellae aniles.
22. Fabulae decent pueros. As fábulas são próprias para
meninos.
23. Fabulam surdo narras. [Pereira 107] Contas uma
história a um surdo. ■ Perdes teu latim. ■ É falar com
uma arca encourada. VIDE: ● Fabellam narras surdo
asello. ● Non est narranda fabula surdo.
24. Fac aliis sicut tibi alios facere velis. Faze aos outros
como quiseres que os outros façam a ti. ■ Trata os
homens como irmãos e terás em toda parte irmãos. ■ Se
queres que faça por ti, faze por mim. ● Fac alteri, quod
ipse vis fieri tibi. ● Fac alteri, tibi ipse quod fieri
cupis. VIDE: ● Ab alio exspectes, alteri quod feceris.
25. Fac aliquid ipse, deinde Numen invoca. [Schottus,
Adagia 607] Faze tu mesmo alguma coisa, depois
invoca a Deus. ■ A Deus rogando e com o maço dando.
■ Ajuda-te, que Deus te ajudará. ■ Põe tu a mão, que
Deus te ajudará. ■ Deus não manda nem cozido nem
assado. ● Fac interim aliquid ipse, dein deos voca.
VIDE: ● Ad opus manum admovendo fortunam invoca.
● Adesse gaudet, sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva
et manum move. ● Cum Minerva manus etiam move.
● Cum Minerva manum quoque move. ● Di facientes
adiuvant. ● Deus facientes adiuvat. ● Deus
laborantibus opem fert prospere. ● Deus laborantes
ope adiuvat sua. ● Fac interim aliquid ipse, dein deos
voca. ● Huic qui laborat, Numen adesse assolet.
● Manum admoventem Deum quemvis invocare
debere. ● Manum admoventi fortuna est imploranda.
● Manum admoventi fortuna est invocanda.
● Manum admoventi sunt vocanda numina.
● Minerva auxiliante, manum etiam admove. ● Nulla
preces numina flectunt ignavorum. ● Nunc ipse quid
peragito, dein deos voca. ● Nunc ipse quid peragito,
dein Deum voca. ● Quisquis laborat, huic manum
praebet Deus. ● Sine opera tua, nihil di facere
possunt.
26. Fac bene dum vivis, post mortem vivere si vis.
[Binder, Flores Aenigmatum 113] Faze boas obras
enquanto vives, se queres viver depois da morte.
27. Fac bono animo sis! [Cícero, Ad Familiares 10.29]
Tem coragem! VIDE: ● Habe bonum animum.
28. Fac bonum, diverte a malo. Faze o bem, afasta-te do
mal. VIDE: ● Declina a malo et fac bonum. ● Diverte a
malo et fac bonum.
29. Fac de necessitate virtutem. [S.Jerônimo, Epistulae
54.6 / Grynaeus 776] Faze da necessidade uma virtude.
■ A necessidade faz os homens expertos. VIDE:
● Faciamus de necessitate virtutem. ● Miseris venit
sollertia rebus. ● Necessitatem in virtutem
commutare.
30. Fac et excusa. [Immanuel Kant, Filosofia] Faze e
justifica. (=Aproveita a oportunidade e depois inventa
uma justificativa).
31. Fac et spera. [Divisa] Trabalha e confia.
32. Fac hodie: fugit haec non reditura dies. [Inscrição
em quadrante solar] Faze hoje: este dia foge e não
retornará.
33. Fac interim aliquid ipse, dein deos voca. [Grynaeus
367] Agora faze tu mesmo alguma coisa, depois invoca
os deuses. ■ A Deus rogando e com o maço dando.
■ Ajuda-te, que Deus te ajudará. ■ Põe tu a mão, que
Deus te ajudará. VIDE: ● Ad opus manum admovendo
fortunam invoca. ● Adesse gaudet, sed laboranti,
Deus. ● Cum Minerva et manum move. ● Cum
Minerva manus etiam move. ● Cum Minerva manum
quoque move. ● Di facientes adiuvant. ● Deus
facientes adiuvat. ● Deus laborantibus opem fert
prospere. ● Deus laborantes ope adiuvat sua. ● Fac
aliquid ipse, deinde Numen invoca. ● Huic qui
laborat, Numen adesse assolet. ● Manum
admoventem Deum quemvis invocare debere.
● Manum admoventi fortuna est imploranda.
● Manum admoventi fortuna est invocanda.
● Manum admoventi sunt vocanda numina.
● Minerva auxiliante, manum etiam admove. ● Nulla
preces numina flectunt ignavorum. ● Nunc ipse quid
peragito, dein deos voca. ● Nunc ipse quid peragito,
dein Deum voca. ● Sine opera tua, nihil di facere
possunt.
34. Fac ne, declinans invidiam, miserabilis fias. [Pítaco /
Rezende 1894] Faze de modo que, evitando a inveja,
não te tornes digno de compaixão. ■ Antes inveja que
piedade. ■ Antes invejado que lastimado.
35. Fac ne lingua tibi mentem praecurrat. [Quílon /
Rezende 1893] Cuida que tua língua não preceda teu
pensamento. ■ Falar sem pensar é atirar sem apontar.
■ Em boca fechada não entra mosca. VIDE: ● Lingua
mentem ne praecurrat. ● Linguae praeire animo non
permitendum. ● Ne antevertat lingua mentem
lubrica.
36. Fac nidum unum una in arbore. [Grynaeus 49] Faze
um único ninho, numa única árvore. ■ Não te enchas,
não arrebentarás. ● Fac nidum in una arbore.
37. Fac numeres nummos, et mox numerabis amicos.
Trata de contar moedas, e logo contarás amigos. ■ Quem
tem dinheiro, tem amigos.
38. Fac nunc tibi amicos. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.23.44] Agora faze amigos.
39. Fac officium, Deus providebit. [DAPR 338] Cumpre
tua obrigação, que Deus proverá. ■ Ajuda-te, que Deus
te ajudará. ■ Deus ajuda os diligentes. VIDE: ● Deus
adest laborantibus. ● Esto laborator, et erit Deus
auxiliator. ● Tu fac officium, cetera cura Dei.
40. Fac, quod medici solent, qui, ubi usitata remedia
non procedunt, tentant contraria. [Sêneca, De
Clementia 1.9.6] Age como costumam agir os médicos,
que, quando os remédios costumeiros não são eficazes,
tentam os contrários. VIDE: ● Ubi usitata remedia non
procedunt, tenta contraria.
41. Fac quod te par sit, non alter quod mereatur.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 26] Faze o que
te beneficia, não o que serve a outrem. ■ Primeiro aos
meus, depois aos alheios.
42. Fac recte et nihil time. [Divisa] Age corretamente e
nada temas.
43. Fac sapias et liber eris. [Rezende 1895] Procura saber
e serás livre. ■ Quem sabe ofício, não morre de fome.
44. Fac sapias; sic tu poteris vir fortis haberi. [Dionísio
Catão, Disticha 4.12] Trata de saber; assim poderás ser
considerado um homem importante.
45. Fac, si facis. [Marcial, Epigrammata 1.46] Se fazes,
faze logo. ● Fac, si quid facis. VIDE: ● Age, si quid agis.
46. Fac simile. Faze igual. (=Fac-símile é a reprodução
fiel de um original. Adotado também para designar o
aparelho com que se faz a transmissão telefônica de
documentos, esse vocábulo evoluiu para a forma fax).
47. Fac totum. Faze tudo. (=Factótum é a pessoa que
resolve todos os negócios de outrem; é a pessoa que
numa empresa resolve tudo, isto é, pau para toda obra).
48. Fac velis, perficies. Trata de querer, que realizarás.
■ Querer é poder. ■ Quem quer, já fez metade. VIDE: ● Si
vis, potes.
49. Fac vivas contentus eo, quod tempora praebent.
[Dionísio Catão, Disticha 3.11] Aprende a viver
contente com o que a vida te dá.
50. Face ferroque. [Virgílio, Eneida 4.626] A fogo e
ferro. ■ A ferro e fogo. VIDE: ● Igni ferroque. ● Ferro et
igni. ● Ferro et face.
51. Facere dicitur qui, cum possit, non prohibet. [Jur]
Entende-se por co-autor quem, podendo, não impede.
VIDE: ● Qui non prohibet cum potest, iubet.
52. Facere docet philosophia, non dicere. [Sêneca,
Epistulae Morales 20.2] A filosofia ensina a fazer, não a
falar.
53. Facere iniuriam peius est quam pati. Cometer uma
injustiça é pior do que sofrê-la. ■ Antes sofrer o mal que
fazê-lo. ■ Em matéria de ofender, antes réu que autor
ser. ● Facere iniuriam peius est quam accipere
iniuriam. VIDE: ● Accipere quam facere praestat
iniuriam. ● Accipias praestat quam inferas iniuriam.
● Melius est iniuriam accipere quam facere.
54. Facere, lege prohibente, non potui. [Sêneca Retórico,
Controversiae 6.2] Não pude agir, porque a lei me
impedia.
55. Facere non debet quis alteri, quod sibi fieri nolit.
Ninguém deve fazer a outrem o que não quer que lhe
seja feito. ■ Não faças a outrem o que não queres que te
façam. VIDE: ● Aliis ne feceris, quod tibi fieri non vis.
● Alteri ne facias quod tibi fieri non vis. ● Ne alteri
feceris quod tibi non vis fieri. ● Quod ab alio oderis
fieri tibi, vide ne tu aliquando alteri facias. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris. ● Quod tibi non
optes, alii ne feceris ulli. ● Quod tibi non vis fieri, alii
ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri, alteri ne feceris.
● Quod tibi non vis, alteri ne facies. ● Quod tibi fieri
non vis, alteri ne facias. ● Quod tibi non vis, utinam
alteri ne facias. ● Quod sibi quis fieri non vult, alii ne
faciat.
56. Facere non possum quin cotidie ad te mittam ut
tuas accipiam. [Cícero, Ad Atticum 12.27] Não posso
deixar de te enviar diariamente um carta para poder
receber a tua.
57. Facere officium suum taliter qualiter, benedicere de
priore, sinere mundum ire quo modo vadit. [Diderot,
Le Neveu de Rameau 2 / Maloux 357] Cumprir seu
dever do mesmo modo que sempre foi feito, dizer bem
do chefe, deixar o mundo ir do modo que vai.
58. Facere per se videtur, qui per alium facit. [Jur]
Entende-se por autor quem age por intermédio de
outrem.
59. Facere quam sanare vulnera facilius. É mais fácil
ferir do que curar. ■ É mais fácil romper o pano do que
o coser. VIDE: ● Facilius est incendium accendere
quam exstinguere.
60. Facere quod non debeatur. Fazer o que não se deve.
61. Facere recte cives suos princeps optimus faciendo
docet. [Veleio Patérculo, Historia Romana 2.126]
Agindo corretamente, o bom comandante ensina seus
subordinados a agirem corretamente.
62. Facere virorum est, loqui mulierum. [DAPR 510]
Fazer é dos homens; falar, das mulheres.
63. Facetus comes in via pro vehiculo est. [DAPR 170]
Um companheiro alegre na estrada vale um carro.
■ Andando de dois se encurta caminho. VIDE: ● Comes
facundus in via pro vehiculo est. ● Comes iucundus
in via pro vehiculo est. ● Nullum iter longum est,
amico comitante. ● Pro vehiculo est in via comes
facundus.
64. Faciam meo modo. [Pereira 104] Farei à minha
maneira. ■ Farei como entendo.
65. Faciam eos in gentem unam. [Vulgata, Ezequiel
37.22] Formarei deles uma só nação. (=Inscrição em
moeda inglesa).
66. Faciam ut vis. Farei como queres.
67. Faciamus de necessitate virtutem. [Sweet 271]
Façamos da necessidade uma virtude. (=Enfrentemos o
inevitável com coragem). VIDE: ● Fac de necessitate
virtutem. ● Necessitatem in virtutem commutare.
68. Facias ipse quod faciamus nobis suades. [Plauto,
Asinaria 623] Pratica tu mesmo o que nos aconselhas
fazermos. ■ É mais fácil aconselhar que praticar.
69. Facie ad faciem. [Vulgata, Gênesis 32.30] Face a face.
70. Faciem in fluvio ne specta, sed lava. No rio, não
admires teu rosto, mas lava-o. (=Não te preocupes com
a beleza do teu rosto).
71. Faciem reddere nitidam et speciosam non
laborabis, sed in actionibus studiisque tuis pulcher
esto. [Pítaco / Rezende 1878] Não procures ter um rosto
lindo e brilhante, mas sê belo em tuas obras e intenções.
72. Facienda. Coisas que devem ser feitas. VIDE:
● Agenda.
73. Faciendi aliquid non faciendive ratio cum hominum
ipsorum, tum rerum etiam ac temporum condicione
mutatur. [Plínio Moço, Epistulae 6.27.4] A razão de se
fazer ou deixar de fazer alguma coisa se modifica com a
condição das próprias pessoas, das coisas e do tempo.
74. Faciendi plures libros nullus est finis. [Vulgata,
Eclesiastes 12.12] Não se põe termo em multiplicar
livros. VIDE: ● Scribendi nullus finis.
75. Faciendum et patiendum. [Divisa] Deve-se fazer e
suportar.
76. Faciendum id nobis quod parentes imperant.
[Plauto, Stychus 55] Devemos fazer o que os pais nos
ordenam.
77. Faciendum prius de homine periculum quam eius
te committas fidei. [Epígrafe de Fábula de Fedro]
Deves provar o homem antes de confiar nele.
78. Facientem et consentientem par poena constringit.
[William of Ockham, Dialogus 1.7.33] A mesma pena
reprime executor e consentidor. ■ Tão bom é o ladrão
como o consentidor. VIDE: ● Agentes et consentientes
pari poena puniendi. ● Agentes et consentientes pari
poena plectuntur. ● Agentes et consentientes pari
poena puniuntur. ● Consentientes et agentes pari
poena plectuntur. ● Consentientes et cooperantes
pari poena sunt plectendi. ● Consentientes et
facientes pari poena sunt plectendi. ● Non solum qui
male agunt, sed qui consentiunt facientibus, digni
sunt poena. ● Par poena agentes et consentientes
comprehendit. ● Qui talia agunt digni sunt morte; et
non solum qui ea faciunt, sed etiam qui consentiunt
facientibus.
79. Facientes Deus adiuvat. ■ Deus ajuda a quem
trabalha. ■ Deus ajuda a quem se ajuda. ■ A Deus
rogando e com o maço dando. ■ Põe tu a mão, e Deus te
ajudará. VIDE: ● Ad opus manum admovendo
fortunam invoca. ● Adesse gaudet, sed laboranti,
Deus. ● Assiduos Deus ipse iuvat. ● Cum Minerva et
manum move. ● Cum Minerva manum quoque move.
● Cum Minerva manus etiam move. ● Deus facientes
adiuvat. ● Deus laborantes ope adiuvat sua. ● Deus
laborantibus opem fert prospere. ● Dii facientes
adiuvant. ● Fac aliquid ipse, deinde Numen invoca.
● Fac interim aliquid ipse, dein deos voca. ● Huic qui
laborat, Numen adesse assolet. ● Manum
admoventem Deum quemvis invocare debere.
● Manum admoventi fortuna est imploranda.
● Manum admoventi fortuna est invocanda.
● Manum admoventi sunt vocanda numina.
● Minerva auxiliante, manum etiam admove. ● Nulla
preces numina flectunt ignavorum. ● Nunc ipse quid
peragito, dein deos voca. ● Nunc ipse quid peragito,
dein Deum voca. ● Sine opera tua, nihil di facere
possunt.
80. Facienti nequissimum consilium super ipsum
devolvetur, et non agnoscet unde adveniat illi.
[Vulgata, Eclesiástico 27.30] O desígnio perverso
recairá sobre o que o forja, e não saberá donde lhe vem
o mal.
81. Facies exorat amorem. [Ovídio, Amores 3.11] A
beleza atrai o amor. ■ O amor entra pelos olhos.
82. Facies indicat quale sit cor. [Rezende 1880] O rosto
indica como é o coração. ■ O rosto é o espelho da alma.
VIDE: ● Ex visu cognoscitur vir. ● Ex vultibus tamen
hominum mores colligo.
83. Facies neglecta peribit. [Ovídio, Ars Amatoria 3.105]
A beleza, se não for cuidada, acabará.
84. Facies non omnibus una. [Ovídio, Metamorphoses
2.13] Nem todos têm a mesma aparência.
85. Facies tua computat annos. [Juvenal, Satirae 6.199]
Teu rosto registra a tua idade. ■ Cada qual tem a idade
que parece ter.
86. Facile consilium damus aliis. [Burton, The Anatomy
of Melancholy] Damos com facilidade conselho aos
outros. ■ É mais fácil aconselhar que praticar. ■ Quem
está de fora joga melhor.
87. Facile contemnit omnia qui ad contemptum sui
venit. [Rezende 1882] Despreza tudo com facilidade
quem chegou a desprezar a si mesmo.
88. Facile contemnit omnia qui se semper cogitat esse
moriturum. [S.Jerônimo, Epistulae 2.2] Despreza tudo
com facilidade quem sempre se lembra de que é mortal.
89. Facile, cum valemus, recta consilia aegrotis damus.
[Erasmo, Adagia 1.6.68] Quando estamos bem de
saúde, damos com facilidade belos conselhos aos
doentes. ■ Quem está de fora joga melhor. ■ O são ao
doente em regra mente. VIDE: ● Cum valemus, recta
consilia aegrotis damus. ● E terra spectare
naufragium. ● Facile omnes, cum valemus, recta
consilia aegrotis damus. ● Valentes recte consolantur
aegrotis.
90. Facile est accusare luxuriem. [Cícero, Pro Caelio 29]
É fácil discursar contra a corrupção dos costumes.
91. Facile est autem, ubi omnia quadrata currunt.
[Petrônio, Satiricon 43] É fácil quando tudo corre a
contento.
92. Facile est enim teneros adhuc animos componere;
difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.
[Sêneca, De Ira 2.18.2] É fácil formar espíritos ainda
imaturos; difícil é extirpar os vícios que se
desenvolveram conosco. ■ De pequenino se torce o
pepino. VIDE: ● Difficulter reciduntur vitia quae
nobiscum creverunt. ● Difficile reciduntur vitia quae
nobiscum creverint.
93. Facile est imperium in bonis. [Plauto, Miles
Gloriosus 612] É fácil comandar homens valentes.
94. Facile est inventis addere. [Giordano Bruno, De
Umbris Idearum; Rezende 1884] É fácil acrescentar
algo ao que já está inventado. VIDE: ● Facilius est
inventis addere.
95. Facile est miserum irridere. [Plauto, Curculio 245] É
fácil zombar de um desgraçado.
96. Facile est opprimere innocentem. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 1.1] É fácil oprimir o inocente. ■ A
culpa é sempre do mais fraco.
97. Facile est rem incipere, non item deducere. É fácil
começar uma coisa, mas completar não é fácil.
98. Facile est ventis dare vela secundis. [Manílio,
Astronomia 3.26] É fácil velejar quando os ventos são
favoráveis. ■ Bem baila quem a fortuna toca o som.
99. Facile ex amico inimicum facies, cui promissa non
reddas. [S.Jerônimo, Epistulae 148.30] Facilmente
farás de um amigo um inimigo, se não cumprires o que
lhe foi prometido.
100. Facile fertur quod omnibus commune est.
[Grynaeus 116] Suporta-se com facilidade o que é
comum a todos. ■ Muitas mãos tornam a obra leve.
■ Mal de muitos conforto é.
101. Facile fustem inveniet, qui canem verberare volet.
Quem quiser espancar o cão, facilmente encontrará uma
vara. ■ A quem quer fazer mal, não lhe faltarão
pretextos. ● Facile fustem invenerit, qui cupit caedere
canem. Quem deseja matar o cão, facilmente encontrará
um cacete.
102. Facile imperare est, impetrare difficilius. [Jogo de
palavras / Georgin 117] Mandar fazer é fácil, ver
realizado é mais difícil.
103. Facile intellego non modo reticere homines
parentum iniurias, sed etiam animo aequo ferre
oportere. [Cícero, Pro Cluentio 6] Facilmente
compreendo que não só é preciso que os homens calem
as injustiças dos pais, mas também que as suportem
com coragem.
104. Facile invenies qui bene faciant, cum qui fecerunt
coles. [Publílio Siro] Encontrarás facilmente pessoas
que te favoreçam, desde que respeites os que te
favoreceram. VIDE: ● Facile qui faciant bene invenias,
cum qui fecerunt colas.
105. Facile largiri de alieno. É fácil ser generoso com o
alheio. ■ Pólvora do rei, tiro grande. ■ Gastar largo à
custa alheia. VIDE: ● De alieno liberalis.
106. Facile omnes, cum valemus, recta consilia aegrotis
damus. [Terêncio, Andria 309] Todos, quando estamos
bem de saúde, damos com facilidade belos conselhos
aos doentes. ■ Quem está de fora joga melhor. ■ O são
ao doente em regra mente. VIDE: ● Facile, cum valemus,
recta consilia aegrotis damus. ● Valentes recte
consolantur aegrotis.
107. Facile perit amicitia coacta. [Sócrates / Rezende
1887] Facilmente se extingue a amizade forçada. ■ Amor
adquirido a pau nunca é bom, sempre é mau. VIDE:
● Invitus nemo, nemo coactus amat.
108. Facile qui faciant bene invenias, cum qui fecerunt
colas. [Publílio Siro] Encontrarás facilmente pessoas
que te favoreçam, desde que respeites os que te
favoreceram. VIDE: ● Facile invenies qui bene faciant,
cum qui fecerunt coles.
109. Facile quod cuiusque temporis officium sit
poterimus iudicare. [Cícero, De Officiis 1.9]
Poderemos facilmente julgar qual seja nosso dever em
qualquer circunstância.
110. Facile redit in gratiam qui invitus odit. [Medina
645] Facilmente se reconcilia quem odeia sem querer.
111. Facile trahas volentem. [Binder, Medulla 502]
Facilmente conduzirás quem é dócil.
112. Facile ventum, facile itum. Fácil vindo, fácil ido.
■ Vem fácil, vai fácil.
113. Facile vincere non repugnantes. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.3] É fácil vencer os que não
oferecem resistência.
114. Faciles dare summa deos, eademque tueri
difficiles. [Lucano, Pharsalia 1.510] Os deuses
facilmente dão o poder supremo, mas dificilmente o
sustentam.
115. Faciles motus mens generosa capit. [Ovídio, Tristia
3.5.32] Uma alma nobre se comove com facilidade.
116. Facilia sapientibus cuncta. [Schottus, Adagia 186]
Tudo é fácil para quem sabe. ■ Para quem sabe rabisco
é letra. ● Facilia cuncta sunt viris sapientibus.
[Manúcio, Adagia 733] VIDE: ● Omnia sapientibus
facilia. ● Omnia sapientibus facillima.
117. Facilis ad iurandum, parum pietatis habet.
[Medina 645] Quem jura com facilidade tem pouco
respeito pelo juramento. ■ Quem jura mente.
118. Facilis ad lubrica lapsus est. [M. Cornélio Frontão,
Epistulae] Quem escorrega cai com facilidade. ■ Quem
escorrega também cai.
119. Facilis descensus Averno. [Virgílio, Eneida 6.126] É
fácil a descida ao inferno. ■ Para baixo todos os santos
ajudam.
120. Facilis enim in proclivia vitiorum decursus est.
[Sêneca, De Ira 2.1.1] É fácil descer a ladeira dos
vícios.
121. Facilitas auctoritatem, severitas amorem deminuit.
A jovialidade diminui a autoridade; a severidade, o
amor. VIDE: ● Nec illi, quod est rarissimum, aut
facilitas auctoritatem aut severitas amorem
deminuit.
122. Facilitas nimia ad partem stultitiae sapit. [Publílio
Siro] Bondade excessiva cheira a tolice. ■ Demasiada
bondade é necedade.
123. Facilitas veniae incentivum praebet delinquendi.
[VES 74] A facilidade do perdão dá estímulo ao crime.
■ Perdoar ao mau é animá-lo a ser. VIDE: ● Criminis
indultu secura audacia crescit.
124. Facilitate capimur, cum difficultate certamus.
[Sêneca, Epistulae Morales 116] Ficamos presos pela
facilidade e nos estimulamos com a dificuldade.
125. Facilitate nil esse homini melius, neque clementia.
[Terêncio, Adelphi 861] Nada é melhor para o homem
do que a benignidade e a brandura.
126. Facilius aliquid conservatur, quam de novo
acquiritur. [Binder, Thesaurus 1073] É mais fácil
conservar uma coisa do que recuperá-la.
127. Facilius dissimulatur gaudium quam metus.
[Tácito, Agricola 43, adaptado] Dissimula-se a alegria
com mais facilidade do que o medo.
128. Facilius enim crescit dignitas quam incipit.
[Sêneca, Epistulae Morales 101.1] É mais fácil o
crescimento do prestígio que o seu nascimento.
● Facilius crescit quam inchoatur dignitas. [Publílio
Siro]
129. Facilius enim est destruere quam construere.
[S.Tomás de Aquino, Quaestiones disputatae de veritate
28] É mais fácil destruir que construir. ■ É mais fácil
demolir que edificar.
130. Facilius enim penetrant verba quae mollia vadunt,
quam quae aspera. [Albertrano da Brescia, De Amore
18] As palavras que avançam suavemente prenetram
com mais facilidade do que as palavras ásperas.
131. Facilius enim videtur sanare corpus, quam sanare
animam. [S.Tomás de Aquino, Super Evangelium S.
Matthaei] Considera-se, pois, mais fácil curar o corpo
do que curar a alma.
132. Facilius est ardenti sub sole observare pullices,
quam invitam custodire mulierem. [DAPR 259] É
mais fácil vigiar pulgas sob o sol ardente do que tomar
conta de uma mulher contra sua vontade. ■ É mais difícil
guardar uma mulher do que um saco de pulgas. VIDE:
● Ille lavet lateres qui custodit mulieres.
133. Facilius est camelum per foramen acus transire
quam divitem intrare in regnum caelorum. [Vulgata,
Mateus 19.24] É mais fácil um camelo passar pelo
fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos
céus. ● Facilius est camelum per foramen acus
intrare, quam divitem intrare in regnum Dei.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] É mais fácil um camelo
entrar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar
no reino de Deus. VIDE: ● Posse foramen acus melius
transire camelum credo, quam possit homem dives
scandere caelum.
134. Facilius est consuetudinem mutare quam naturam.
[Aristóteles] É mais fácil mudar o costume do que a
natureza.
135. Facilius est domi latere, quam foris se posse
sufficienter custodire. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.20.9] É mais fácil esconder-se em
casa que poder guardar-se suficientemente do lado de
fora.
136. Facilius est enim currentem incitare, quam
commovere languentem. [Cícero, De Oratore 2.44.2] É
mais fácil estimular uma pessoa que está correndo do
que pôr em movimento uma pessoa desanimada.
137. Facilius est excludere perniciosa quam regere, et
non admittere quam admissa moderari. [Sêneca, De
Ira 1.7.2] É mais fácil barrar o mal do que dominá-lo, e
impedir sua entrada do que, tendo entrado, contê-lo. ■ É
melhor prevenir do que remediar. VIDE: ● Facilius est
perniciosa excludere quam regere.
138. Facilius est incendium accendere quam
exstinguere. É mais fácil atear um incêndio do que
apagá-lo. VIDE: ● Facere quam sanare vulnera facilius.
139. Facilius est inventis addere. É mais fácil acrescentar
algo ao que já está inventado. VIDE: ● Facile est inventis
addere.
140. Facilius est monere quam, situm in malis, animo
imperare. [Grynaeus 39] É mais fácil aconselhar do
que, no meio da desgraça, governar o espírito. ■ É mais
fácil aconselhar que praticar.
141. Facilius est multa facere quam diu. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 1.12.7] É mais fácil fazer muitas
coisas do que uma por muito tempo.
142. Facilius est pauperi contemptum effugere quam
diviti invidiam. [DM 136] É mais fácil ao pobre evitar
o desprezo que ao rico evitar a inveja.
143. Facilius est perniciosa excludere quam regere.
[Publílio Siro] É mais fácil expulsar o mal que governá-
lo. VIDE: ● Facilius est excludere perniciosa quam
regere, et non admittere quam admissa moderari.
144. Facilius est se a certamine abstinere quam
abducere. [Sêneca, De Ira 3.8.8] É mais fácil abster-se
de uma contenda do que sair dela.
145. Facilius in alieno ludere corio, quam suo. É mais
fácil brincar com a pele alheia que com a própria. VIDE:
● Alieno corio ludere facile.
146. Facilius in amore finem impetres quam modum.
[Sênera Retórico, Controversiae 2.2.10] No amor, é
mais fácil terminá-lo que moderá-lo.
147. Facilius inter philosophos quam inter horologia
conveniet. [Sêneca, Apocolocyntosis 2] É mais fácil
haver acordo entre filósofos que entre relógios.
148. Facilius natura intellegitur quam enarratur.
[Sêneca, Epistulae Morales 121.11] É mais fácil
compreender a natureza do que explicá-la.
149. Facilius omnes aliis consilia damus quam nobis
ipsis. [Bebel, Adagia Germanica] Damos conselhos aos
outros com mais facilidade do que a nós mesmos.
■ Macaco, olha o teu rabo.
150. Facilius per partes in cognitionem totius
adducimur. [Sêneca, Epistulae Morales 89.1] Indo
pelas partes, somos conduzidos com mais facilidade ao
conhecimento do todo.
151. Facilius sit Nili caput invenire. Seria mais fácil
encontrar as cabeceiras do Nilo. ■ É mais fácil um boi
voar. VIDE: ● Nili caput quaerere.
152. Facillime vivit, qui paucis contentus est. Quem se
contenta com pouco vive despreocupado.
153. Facinus memorabile fecistis. [Tito Lívio, Ab Urbe
Cóndita 24.23] Realizastes um feito memorável.
154. Facinus quos inquinat, aequat. [Lucano, Bellum
Civile 5.290] O crime iguala aqueles a quem mancha.
155. Facio liberos ex liberis libris libraque. [Divisa do
St.John’s College, Anapolis, EUA] Das crianças, formo
homens livres usando livros e a balança.
156. Facio ut des. [Jur / Black 737] Faço para que me dês.
157. Facio ut facias. [Jur / Black 738] Faço para que
faças.
158. Facit avidos nimia felicitas. [Sêneca, De Clementia
1.1.7] A prosperidade excessiva cria os ambiciosos.
159. Facit experientia cautos. [Gaal 1345] A experiência
faz os cautelosos. ■ A experiência gera a desconfiança.
■ Cachorro que foi mordido de cobra, tem medo até de
lingüiça. VIDE: ● Nocumentum, documentum.
● Piscator ictus sapiet.
160. Facit fastidium copia. A abundância cria fastio.
■ A abastança faz fastio. ■ A abastança faz fastio.
161. Facit gradum Fortuna quem nemo videt. [Publílio
Siro] A sorte segue caminho que ninguém vê.
162. Facit indignatio versum. [Juvenal, Satirae 1.79] A
indignação faz o verso. VIDE: ● Si natura negat, facit
indignatio versum.
163. Facit occasio furem. [Eiselein 117] ■ A ocasião faz o
ladrão. VIDE: ● Occasio facit furem.
164. Facit parentes bonitas, non necessitas. [Fedro,
Fabulae 3.15.18] O que faz os pais são as virtudes, não
o parentesco.
165. Facit perinde ac supplicans navis petrae. [Schottus,
Adagia 605] Ele age como o navio que busca um
escolho. (=Diz-se de quem faz coisa que lhe pode
causar dano). ■ Procura sarna para se coçar. VIDE:
● Navis scopulum deprecatur. ● Navis supplicat
petrae. ● Navis supplicat petris.
166. Facite vobis amicos. [Vulgata, Lucas 16.9] Granjeai
amigos.
167. Facite vobis cor novum et spiritum novum.
[Vulgata, Ezequiel 18.31] Fazei-vos um coração novo e
um espírito novo.
168. Facitis exemplum, sequor. [Sêneca, Oedipus 698]
Vós me dais o exemplo; eu o sigo.
169. Facito aliquid operis, ut te semper diabolus
inveniat occupatum. [S.Jerônimo, Epistulae 125.11]
Executa algum trabalho, para que o diabo sempre te
encontre ocupado. ■ Cabeça de vadio, hospedaria do
diabo. VIDE: ● Bibite, fratres, bibite, ne diabolus vos
otiosos inveniat. ● Bibite, fratres, bibite, ut diabolus
nunquam nos inveniat inoccupatos. ● Daemon
nunquam te otiosum inveniat.
170. Faciunt favos et vespae. [Tertuliano, Adversus
Marcionem 4.5] As vespas também fazem favos.
171. Facta armorum. [Black 739] Feitos de armas.
(=Combate entre dois cavaleiros armados de lança, na
Idade Média. Torneio. Justa).
172. Facta atque infecta canebat. [Virgílio, Eneida
4.190] Cantava verdades e mentiras.
173. Facta canam; sed erunt qui me finxisse loquantur.
[Ovídio, Fasti 6.3] Cantarei fatos reais; mas haverá
quem diga que eu os inventei.
174. Facta dictaque virorum feminarumque alia
clariora esse alia maiora. [Plínio Moço, Epistulae
3.16.1] Das ações e dos ditos dos homens e das
mulheres, uns são mais famosos, outros mais dignos.
175. Facta eius cum dictis discrepant. [Cícero, De
Finibus 2.30] Suas ações não concordam com suas
palavras. ■ Diz mal das cartas e joga com dois baralhos.
176. Facta infecta fieri nequeunt. ■ O que está feito não
pode ser desfeito. ● Facta infecta fieri non possunt.
VIDE: ● Factum fieri nequit infectum. ● Factum fieri
infectum non potest. ● Factum est illud, fieri
infectum non potest. ● Non potest exacta revocari.
● Quae facta sunt, infecta fieri non possunt. ● Quod
factum est infectum fieri nequit. ● Quod factum est,
infectum fieri non potest. ● Quod semel est factum,
fieri infectum haud queat unquam.
177. Facta iuvenum, consilia mediocrium, vota senum.
[Hesíodo / Erasmo, Adagia 3.5.2] As ações são dos
jovens; a ponderação, dos de meia-idade; os desejos,
dos velhos. ● Facta iuvenum, consilia virorum, vota
senum. [Eiselein 21] ● Facta sunt iuvenum, consilia
mediorum, vota senum. VIDE: ● Iuvenibus opera,
consilia vero senioribus conveniunt. ● Iuvenum
lanceae, senum consilia. ● Senum consilia, iuvenum
lanceae. ● Sunt iuvenum acta, virum consulta, preces
seniorum. ● Temeritas est florentis aetatis, prudentia,
senescentis. ● Vota senum, consulta virorum, et facta
iuventae.
178. Facta lege, inventa fraus. Feita a lei, é criada a
fraude. ■ Feita a lei, cuidada a malícia. VIDE: ● Inventa
lege, inventa fraus. ● Lege inventa, fraus inventa est.
● Nova lex, nova fraus.
179. Facta mea, non dicta, vos sequi volo. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 7.32] Quero que sigais minhas ações,
não minhas palavras. VIDE: ● Dicta mea, non facta, vos
sequi volo.
180. Facta movent odium: facies exorat amorem.
[Ovídio, Amores 3.1143] Tua conduta provoca ódio; tua
beleza provoca amor.
181. Facta non praesumuntur, sed probantur. [Jur]
Fatos não se presumem, mas se provam. ● Facta non
praesumuntur, sed probari debent.
182. Facta, non verba. ■ Atos, não palavras. ■ Feitos e
não palavras. ■ Cacarejar não é pôr ovo. VIDE: ● Non
verbis, at factis opus est. ● Non verbis at factis
spectari vult Graecia.
183. Facta notoria probatione non egent. [Jur] Fatos
notórios não necessitam de comprovação. VIDE: ● Non
indigent probatione facta notoria. ● Non probandum
factum notorium. ● Notorium non eget probatione.
● Notoria vel manifesta non egent probatione.
184. Facta pax est. [Plauto, Amphitruo 964] Foi feita a
paz.
185. Facta plus valent quam dicta. Atos podem mais do
que palavras. ■ Exemplos farão mais do que doutrina.
186. Facta sunt iuvenum, consilia mediorum, vota
senum. As ações são dos jovens; a ponderação, dos de
meia-idade; os desejos, dos velhos. VIDE: ● Facta
iuvenum, consilia mediocrium, vota senum.
187. Facta sunt potentiora verbis. [Jur / Black 739] Os
fatos têm mais força que as palavras.
188. Facta, transacta omnia. [Terêncio, Andria 248]
Tudo está feito, tudo está terminado. VIDE: ● Factum et
transactum. ● Factum transactum.
189. Facta verbis difficiliora sunt. Ações exigem mais
esforço que palavras. ■ É mais fácil dizer que fazer. VIDE:
● Sunt facta verbis difficiliora.
190. Facta verbis respondent. Suas ações correspondem
às suas afirmações.
191. Facti lumina crimen habent. [Propércio, Elegiae
2.32.2] Os olhos é que têm culpa do que aconteceu.
192. Facti narratio non facit ius. [Jur] A narração de um
fato não faz direito.
193. Factis non verbis sapientia se profitetur. [Abelardo,
Ad Astralabium] A sabedoria se manifesta pelas ações,
não pelas palavras.
194. Factis procul, verbis tenus. [Epícteto / Aulo Gélio,
Noctes Atticae 17.19] Longe das ações, perto das
palavras. ■ Muito falar, pouco fazer.
195. Factis respondet merces. O salário é proporcional ao
que foi feito. ■ Tal trabalho, tal salário.
196. Factis ut credam facis. [Terêncio, Hecyra 856] Com
tuas ações fazes que eu acredite (nas tuas palavras).
197. Facto, non consulto in tali periculo opus esse.
[Salústio, Catilina 43.2] Em situação de tão grande
perigo há necessidade de ação, não de discussão.
198. Facto, non dicto, opus est. Precisa-se de ação, não de
conversa. ■ Fatos, e não palavras.
199. Factum a iudice quod ad officium eius non
pertinet ratum non est. [Digesta 50.17.170] Não tem
efeito ato realizado por juiz incompetente. VIDE:
● Coram non iudice. ● Iudicium a non suo iudice
datum nullius est momenti.
200. Factum a maiori parte ab omnibus factum videtur.
[Jur] O que foi feito pela maioria, considera-se feito por
todos.

DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7

F2: 201-400
201. Factum abiit, monumenta manent. [Ovídio, Fasti
4.709] O feito foi esquecido, o monumento ficou.
202. Factum asseverans onus subit probationis. [Jur]
Quem afirma o fato assume o ônus da prova. VIDE:
● Affirmanti, non neganti, incumbit probatio.
● Affirmanti incumbit probatio. ● Alleganti probatio
incumbit. ● Ei incumbit probatio, qui dicit, non qui
negat. ● Probatio incumbit asserenti.
203. Factum audivimus, mysteria requiramus.
[S.Agostinho, In Iohanem] Ouvimos o fato, busquemos
o significado oculto.
204. Factum autem stultus cognovit. [Apostólio 17.12] O
tolo reconhece o que aconteceu. ■ O tolo aprende à sua
própria custa. VIDE: ● Factum novit et excors.
● Factum stultus cognovit. ● Factum stultus
cognoscit. ● Factum vero et stultus agnovit. ● Malo
accepto stultus sapit. ● Re gesta sapit amens. ● Rem
factam etiam stultus intellegit. ● Rem peractam
stultus intellexit. ● Stultus accepto malo sapit.
● Stultus cum est perpessus, tum demum sapit.
● Stultus factum cognoscit. ● Stultus post facto
peritus.
205. Factum contra ius pro non facto habetur. [Jur] O
que se faz contra a lei considera-se não feito.
206. Factum cuique suum, non adversario, nocere
debet. [Digesta 50.17.155] O fato deve prejudicar a
quem o pratica, não ao adversário.
207. Factum et transactum. [Rezende 1905] Feito e
passado. ■ Acabado e concluído. VIDE: ● Facta,
transacta omnia. ● Factum transactum.
208. Factum fieri infectum non potest. [Terêncio,
Phormio 1033] ■ O que está feito não pode ser desfeito.
● Factum fieri nequit infectum. [DAPR 336] ● Factum
infectum fieri nequit. [Eiselein 121] ● Factum est
illud, fieri infectum non potest. [Plauto, Aulularia
697] Isso está feito, e não pode ser desfeito. VIDE:
● Facta infecta fieri nequeunt. ● Non potest exacta
revocari. ● Quae facta sunt, infecta fieri non possunt.
● Quod factum est infectum fieri nequit. ● Quod
factum est, infectum fieri non potest. ● Quod semel
est factum, fieri infectum haud queat unquam.
209. Factum, forma iuris non servata, est nullum. [Jur]
É nulo o ato, se não foi observada a formalidade da lei.
VIDE: ● Forma legis omissa, corruit actus.
210. Factum heredis defuncti factum iudicatur. [Jur]
Fato de herdeiro reputa-se fato do defunto.
211. Factum humanae sortis. [Digesta 21.2.21] Um fato
da condição humana.
212. Factum lex, non sententiam, notat. [Jur] A lei
considera o feito, não a opinião.
213. Factum negantis probatio nulla sit. [Codex
Iustiniani 4.19.23] Não há prova contra quem nega um
fato.
214. Factum non dicitur quod non perseverat. [Jur /
Coke / Black 742] Não se considera como fato aquilo
que não persiste.
215. Factum non dicitur, ubi aliquid superest
faciendum. Não se considera feita uma coisa quando
algo ainda resta a fazer.
216. Factum, non dictum. Ação, não conversa. ■ Dá-me
dinheiro, não me dês conselho. VIDE: ● Auxilium peto,
non consilium. ● Rem, non spem, factum, non dictum
quaerit amicus.
217. Factum, non fabula! [Petrônio, Satiricon 76.4] Isto é
um fato, não uma história!
218. Factum novit et excors. [Schottus, Adagia 308] Até
o tolo reconhece o que aconteceu. ■ O tolo aprende à
sua própria custa. ■ Depois do fato, todo o mundo é
sábio. VIDE: ● Eventus docet, stultorum iste magister
est. ● Eventus stultorum magister est. ● Factum
autem stultus cognovit. ● Factum stultus cognovit.
● Factum stultus cognoscit. ● Factum vero et stultus
agnovit. ● Malo accepto stultus sapit. ● Re gesta sapit
amens. ● Rem factam etiam stultus intellegit. ● Rem
peractam stultus intellexit. ● Stultorum eventus
magister est. ● Stultus accepto malo sapit. ● Stultus
cum est perpessus, tum demum sapit. ● Stultus
factum cognoscit. ● Stultus post facto peritus.
219. Factum praesumitur, quod fieri consuevit. [Jur]
Presume-se feito o que costuma ser feito. ● Factum
praesumitur, quod consuetum est fieri.
220. Factum principis. [Jur] O fato do príncipe. (=Um ato
emanado de autoridade pública que impede a realização
de um serviço específico).
221. Factum probandum. [Jur / Black 742] Um fato que
deve ser comprovado.
222. Factum probans. [Jur / Black 742] Um fato
comprovador. Uma prova circunstancial.
223. Factum proprium nemo impugnare potest. [Jur]
Ninguém pode impugnar um ato próprio. VIDE: ● Contra
factum proprium nemo potest agere.
224. Factum rumor dissipat. [Fedro, Fabulae, Appendix
10.7] O boato divulga o fato.
225. Factum stultus cognoscit. [Erasmo, Adagia 1.1.30]
O tolo reconhece o fato. ■ O tolo aprende à sua própria
custa. ■ Depois do fato todo o mundo é sábio. ● Factum
stultus agnoscit. ● Factum stultus cognovit. VIDE:
● Eventus docet, stultorum iste magister est.
● Eventus stultorum magister est. ● Factum autem
stultus cognovit. ● Factum novit et excors. ● Factum
vero et stultus agnovit. ● Malo accepto stultus sapit.
● Re gesta sapit amens. ● Rem factam etiam stultus
intellegit. ● Rem peractam stultus intellexit.
● Stultorum eventus magister est. Stultus accepto
malo sapit. ● Stultus cum est perpessus, tum demum
sapit. ● Stultus factum cognoscit. ● Stultus post facto
peritus.
226. Factum tacendo, crimen facias acrius. [Publílio
Siro] Escondendo a falta, agravarás a culpa.
227. Factum transactum. [Grynaeus 202] ■ Acabado e
concluído. VIDE: ● Facta, transacta omnia. ● Factum et
transactum.
228. Factum tutoris censetur factum pupilli. [Jur] Uma
ação do tutor reputa-se ação do seu pupilo. ● Factum
tutoris, factum minoris. Ato do tutor, ato do menor.
229. Factum, ubi opus est, verba non sufficiunt.
[Rezende 1913] Quando é necessário ação, palavras não
bastam.
230. Factum verum et stultus agnovit. [Homero, Ilíada
17.32] Até o tolo reconhece o que aconteceu. ■ O tolo
aprende à sua própria custa. VIDE: ● Factum autem
stultus cognovit. ● Factum novit et excors. ● Factum
stultus cognovit. ● Factum stultus cognoscit. ● Malo
accepto stultus sapit. ● Re gesta sapit amens. ● Rem
factam etiam stultus intellegit. ● Rem peractam
stultus intellexit. ● Stultus accepto malo sapit.
● Stultus cum est perpessus, tum demum sapit.
● Stultus factum cognoscit. ● Stultus post facto
peritus.
231. Factus est homo in animam viventem. [Vulgata,
Gênesis 2.7] E foi feito o homem em alma vivente.
232. Factus sum infirmis infirmus, ut infirmos
lucrifacerem. [Vulgata, 1Coríntios 9.22] Fiz-me fraco
para os fracos, para ganhar os fracos. VIDE: ● Ad
aegrotos aegrotus veni. ● Ad imbecillos debilis me
contuli. ● Ad imbecillos imbecillus advenis. ● In
debiles debilis incidit.
233. Factus sum Iudaeis tamquam Iudaeus, ut Iudaeos
lucrarer. [Vulgata, 1Coríntios 9.20] E me fiz para os
judeus como judeu, para ganhar os judeus.
234. Factus sum mihimetipsi gravis. [Vulgata, Jó 7.20]
Eu me tornei pesado para mim mesmo.
235. Facultas agendi. [Jur] A faculdade de agir. (=Direito
subjetivo).
236. Facultas docendi. A habilitação para ensinar.
237. Faecem bibat, qui vinum bibit. [Erasmo, Adagia
1.6.73] Beba a borra quem bebeu o vinho. ■ Coma o
mau bocado quem comeu o bom. ■ Quem comeu a carne
roa os ossos. ■ Quem comeu as maduras chuche as
duras. ■ Quem comeu a papa reze o pater-noster. VIDE:
● Faex illi placeat, qui bona vina bibit.
238. Faeces populi. A populaça. A ralé. ● Faex populi.
● Faex urbis.
239. Faenum habet in cornu. Tem feno (amarrado) no
chifre. ■ Ele tem maus bofes. VIDE: ● Faenum habet in
cornu, longe fuge. [Horácio, Satirae 1.4.34] Ele tem
feno no chifre, foge para longe. VIDE: ● Cornu ferit ille,
caveto!
240. Faex illi placeat, qui bona vina bibit. [Binder,
Thesaurus 1078] Aprecie a borra quem bebeu os bons
vinhos. ■ Coma o mau bocado quem comeu o bom.
■ Quem comeu a carne roa os ossos. ■ Quem comeu as
maduras chuche as duras. ■ Quem comeu a papa reze o
pater-noster. VIDE: ● Faecem bibat, qui vinum bibit.
241. Faex urbis, lex orbis [S.Jerônimo / Rezende 1915] A
ralé da cidade (faz) as leis do mundo.
242. Falcem in messem alienam mittere nemo debet.
[Rezende 1917] Ninguém deve meter a foice na seara
alheia. ■ Não metas a foice em seara alheia. ■ Não te
metas onde não és chamado. ● Falcem in segetem
alienam noli mittere. Não metas a foice em seara
alheia. ● Falcem in messem alienam inicere non licet.
[Albertatius 450] Não é permitido meter a foice na seara
alheia. VIDE: ● Alienam messem metis. ● Alienam metis
messem. ● Ne in alienam messem falcem mittas.
● Non falx mittenda in messem est alienam tibi.
243. Falces petebam, at hi ligones denegant. [Apostólio
2.94] Eu pedi foices, e eles me negam enxadas. ■ Falo-
lhes em alhos, respondem-me com bugalhos. ● Falces
poscebam, at hi ligones negant. [Schottus, Adagia 24]
● Falcem petenti, denegabant sarculum. [Manúcio,
Adagia 1303] A quem lhes pedia a foice eles negavam a
enxada. VIDE: ● Manum peteris et pedem porrigis.
244. Falco meis sed talpa tuis erroribus exstas; si capis,
ante tuos tolle, deinde meos. [Tosi 1289] És um falcão
com meus erros e uma toupeira com os teus; se és
inteligente, primeiro corrige os teus, depois os meus.
■ O macaco ri-se do rabo da cutia, mas não vê o seu.
■ Macaco, olha o teu rabo. VIDE: ● Aliena vitia in oculis
habemus, a tergo nostra sunt. ● In alio pediculum
vides, in te ricinum non vides. ● Medice, cura te
ipsum. ● Papulas observatis alienas, obsiti plurimis
ulceribus.
245. Fallaces sunt rerum species. [Sêneca, De Beneficiis
4.34.1] São enganadoras as aparências das coisas. ■ As
aparências enganam. VIDE: ● Fallitur visus.
246. Fallaci nimium ne crede lucernae. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.245] Tu não confies muito na lâmpada
enganadora. ■ Nem mulher, nem teia, à luz da candeia.
247. Fallaci timide confide figurae. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.143] Não confies na beleza enganadora.
248. Fallacia alia aliam trudit. [Terêncio, Andria 778]
■ Uma mentira acarreta outra. ■ Para um bom rato, um
bom gato. ■ Com uma cautela outra se quebra. VIDE:
● Artem arte ludere.
249. Fallax fiducia formae. [Binder, Thesaurus 1081] A
promessa da beleza é enganadora. ■ Nem tudo que reluz
é ouro. VIDE: ● Non est aurum omne quod radiat.
250. Fallax gratia, et vana est pulchritudo. [Vulgata,
Provérbios 31.30] A graça é enganadora, e a formosura
é vã.
251. Fallax vulgi iudicium. [Epígrafe de Fábula de Fedro
1.14 / Rezende 1919] É enganosa a opinião do vulgo.
252. Fallendi ars. A arte de enganar. VIDE: ● Ars fallendi
homines.
253. Fallendi vias mille ministrat amor. [Tibulo, Elegiae
3.12.12] O amor ensina mil modos de enganar.
254. Fallentis semita vitae. [Horácio, Epistulae 1.18.103]
O atalho da vida obscura.
255. Fallere fallacem licita est fallacia. Enganar o
impostor é uma falácia permitida. ■ Quem engana o
ladrão, tem cem dias de perdão. ● Fallere fallentem
non est fraus. [Maloux 520] Enganar o infiel não é
crime. ● Fallere fallentem pro fraude non habendum.
Enganar a quem engana não deve ser considerado
fraude. ● Fallere fallentes convenit. É correto enganar
aos que nos enganam.
256. Fallere, flere, nere, statuit Deus in muliere.
[Rezende 1920] Enganar, chorar, tecer, Deus colocou na
mulher. ■ Chora a mulher, dói-se a mulher, a mulher
enferma quando ela quer. ● Fallere, flere, nere tria
sunt haec in muliere. Enganar, chorar, tecer, essas três
estão na mulher.
257. Fallere qui didicit, fallere semper avet. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 38.12] Quem aprendeu a
enganar, sempre tem prazer em enganar. ■ Quem uma
vez furta, fiel nunca. ● Fallere qui didicit, fallere
semper amat.
258. Fallere qui nescit, vastae sit cultor eremi. [Binder,
Medulla 510] Quem não sabe enganar, vá viver no
deserto. ■ Quem não sabe fingir, não sabe governar.
259. Fallere qui satagit fallitur arte sua. [Aviano,
Fabulae, De Venditore et Mercatore] Quem se empenha
em enganar, é enganado pelas próprias artimanhas.
■ Muitas vezes, volta-se o feitiço contra o feiticeiro.
260. Fallere tempus. [Lodeiro 424] Matar o tempo.
261. Falleris! Tu te enganas!
262. Falli nolunt, et fallere volunt. [S.Agostinho,
Confessiones 10.23] Não querem ser enganados, mas
querem enganar.
263. Fallit enim vitium specie virtutis. [Juvenal, Satirae
14.109] Sob a aparência de virtude, o vício nos engana.
264. Fallit quemque caecus amor sui. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 4,10 / Rezende 1921] O cego amor de
si mesmo engana a todos. ■ Não há cego que se veja,
nem torto que se enxergue.
265. Fallite fallentes. [Ovídio, Ars Amatoria 1.643]
Enganai os que vos enganam. VIDE: ● Artem arte
ludere. ● Fidem violanti fidem non servanda.
266. Fallitur augurio spes bona saepe suo. [Ovídio,
Heroides 17.234] A boa esperança muitas vezes se
engana em sua própria promessa.
267. Fallitur, aut fallit, qui vulgi pendet ab ore. [Binder,
Thesaurus 1085] Quem segue a palavra do povo, ou é
enganado, ou está enganando.
268. Fallitur interdum qui fallere solet. [Medina 593]
Quem costuma enganar às vezes é enganado. ■ Quem
arma a esparrela às vezes cai nela. ● Fallitur interdum
qui fallere cogitat. Às vezes, quem pensa enganar, é
enganado. VIDE: ● Falluntur interdum qui fallere
solent.
269. Fallitur qui sibi ipsi nimium credit. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 3.18.17] Engana-se quem
confia excessivamente em si mesmo.
270. Fallitur visus. [DAPR 71] O olhar se engana. ■ As
aparências enganam. ● Fallitur visio. [Mota 51] VIDE:
● Fallaces sunt rerum species.
271. Fallitus ergo fraudator. [Jur] Falido, logo fraudador.
272. Fallitus, pessimum genus hominum. [Jur] Falido, a
pior espécie de gente.
273. Fallitus semper dolosus praesumitur, donec
contrarium probetur. [Jur] Sempre se presume doloso
o falido, até que se prove o contrário.
274. Fallunt nos oculi, vagique sensus, oppresa ratione,
mentiuntur. [Petrônio, Fragmento 29] Enganam-nos os
olhos, e os sentidos imprecisos, quando a razão está
subjugada, mentem.
275. Falluntur interdum qui fallere solent. Os que
costumam enganar, de vez em quando são enganados.
■ Quem arma a esparrela, às vezes cai nela. . VIDE:
● Fallitur interdum qui fallere solet.
276. Falluntur saepe hominum sensus in iudicando.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.50.31]
Enganam-se muitas vezes os sentidos dos homens,
quando julgam.
277. Falsa causa non est causa. [Jur] A falsa causa não é
causa.
278. Falsa causa non nocet. [Jur] Falsa causa não
prejudica.
279. Falsa demonstratio non nocet. [Jur / Black 552]
Uma descrição falsa não acarreta prejuízo.
280. Falsa est fiducia formae. É enganosa a confiança na
beleza. ■ A beleza depressa acaba. ● Falsa est ista tuae,
mulier, fiducia formae. [Propércio, Elegiae 3.24] É
enganosa, ó mulher, essa confiança em tua beleza.
281. Falsa grammatica non vitiat chartam. [Jur / Broom
534] Gramática ruim não vicia o documento. ● Falsa
orthografia, sive falsa grammatica non vitiat
chartam. [John Bouvier, A Law Dictionary 128]
Ortografia errada, ou gramática errada, não viciam o
documento. VIDE: ● Grammatica falsa non vitiat
chartam. ● Mala grammatica non vitiat chartam.
282. Falsa laus adulatio est. Elogio falso é adulação.
283. Falsa veris finitima sunt. O falso é vizinho do
verdadeiro. O falso se parece com o verdadeiro. VIDE:
● Finitima sunt falsa veris.
284. Falsi amici loco consilii adulationem afferunt.
[Guillelmus de Conchis, Moralium Dogma
Philosophorum] Os amigos falsos, em lugar da
advertência, nos trazem a adulação.
285. Falsi amici sereno vitae tempore praesto sunt;
simul atque hiemem fortunae viderunt, devolant
omnes. [RH 4.61] Os falsos amigos, no tempo de vida
tranqüila, estão presentes; mas assim que vêem o
inverno da sorte, debandam todos. VIDE: ● Ita ut
hirundines aestivo tempore praesto sunt, frigore
pulsae recedunt, item falsi amici sereno vitae
tempore praesto sunt; simul atque hiemem fortunae
viderunt, devolant omnes.
286. Falsi homines praesentem videntur amare,
absentem laedunt. [Franz Joseph Hartleben,
Dictionarium Paroemiarum 87] Os falsos parecem amar
a quem está presente, mas injuriam o ausente.
287. Falsi testes nunquam deficient. [Bebel, Adagia
Germanica] Nunca faltarão falsas testemunhas.
288. Falsi testes peiores sunt latronibus. [Jur] As
testemunhas falsas são piores do que ladrões.
289. Falsitas est veritatis dolosa mutatio et in alterius
praeiudicium facta. [Jur] Falsidade é a dolosa mutação
da verdade feita em prejuízo de outrem. ● Falsitas est
veritatis imitatio in alterius praeiudicium facta. VIDE:
● Nihil est aliud falsitas nisi veritatis imitatio.
290. Falsitas, nemini nociva, non punitur. [Jur] Não se
pune falsidade que não prejudica ninguém.
291. Falsitas nihil aliud est quam veritatis imitatio. [Jur]
A falsidade não é senão a imitação da verdade.
292. Falsum committit, qui verum tacet. [Jur] Comete
falsidade quem cala a verdade.
293. Falsum etiam est verum quod constituit superior.
[Publílio Siro] Até o falso é verdadeiro, quando assim o
decide o chefe. ■ O chefe sempre tem razão.
294. Falsum in uno, falsum in toto. Falso em um ponto,
falso no todo. ● Falsum in uno, falsum in omnibus.
Falso em um, falso em todos. VIDE: ● Falsus in uno,
falsus in omnibus.
295. Falsum maledictum malevolum mendacium est.
[Publílio Siro] Uma acusação falsa é uma mentira
maldosa.
296. Falsum quod est, nihil est. [Jur] O que é falso nada
vale.
297. Falsum testimonium non dices adversus
proximum tuum. [S.Agostinho, In Exodum] Não dirás
falso testemunho contra teu próximo. VIDE: ● Non
loqueris contra proximum tuum falsum
testimonium.
298. Falsus amicus peior Daemone. Falso amigo é pior
que o demônio.
299. Falsus honor iuvat, et mendax infamia terret quem
nisi mendosum et mendacem? [Horácio, Epistulae
1.16.39] A quem agrada o elogio falso e atemoriza a
calúnia senão ao corrupto e ao mentiroso?
300. Falsus in ore caret honore. Quem é falso de boca,
não tem honra. ■ Quem mente não vem de boa gente.
301. Falsus in uno, falsus in omnibus. [Jur / Black 752]
Falso em um ponto, falso em todos. ■ Cesteiro que faz
um cesto faz um cento. VIDE: ● Falsum in uno, falsum in
toto. ● Testis in uno falsus, in nullo fidem meretur.
302. Falsus testis. Uma testemunha falsa. VIDE: ● Testis
falsus non erit impunitus.
303. Fama bona impinguat ossa. [Vulgata, Provérbios
15.30] A boa reputação engorda os ossos.
304. Fama bona lente volat et mala fama repente.
[Walther 8818 / Tosi 4] Notícia boa voa devagar, e a
má, depressa. ■ O bem soa, e o mal voa. ■ Notícia ruim
corre depressa. ● Fama boni clauda est, fama mali
vagatur. [Medina 590] A notícia do bem claudica, a
notícia do mal se espalha. VIDE: ● Fama non stringitur
mora.
305. Fama clamosa. Um escândalo.
306. Fama crescit eundo. [Rezende 1926] O boato cresce
à medida que caminha. ■ Quem conta um conto aumenta
um ponto. VIDE: ● Fama, malum quo non aliud
velocius ullum; mobilitate viget viresque acquirit
eundo. ● Fama vires acquirit eundo. ● In maius auget
fama quaevis tam vera quam falsa. ● Mobilitate viget
fama.
307. Fama est iudicium multorum de nobis ac de
nostris rebus. A reputação é o julgamento de muitos
sobre nós e sobre nossas ações.
308. Fama, fides, oculus non patiuntur ludum. [Bebel /
Eiselein 132] Reputação, confiança e olhar não
suportam gracejos. ● Fama, fides et oculus non
patiuntur ludum. [Black 752]
309. Fama loquax veris addere falsa gaudet. (Ovídio,
Metamorphoses 9.134, adaptado] A opinião pública,
faladora, gosta de juntar o falso ao verdadeiro. VIDE:
● Gaudet veris addere falsa.
310. Fama malum gravius quam res. [Hóracio,
Sermones 1.2.59] A reputação é um mal que pesa mais
que a ação.
311. Fama, malum qua non aliud velocius ullum;
mobilitate viget viresque acquirit eundo. [Virgílio,
Eneida 4.174] A fama, de todos os flagelos, é o mais
rápido; ela vive de movimento e adquire forças
caminhando. VIDE: ● Fama crescit eundo. ● Fama vires
acquirit eundo. ● Mobilitate viget fama.
312. Fama necat virum. [DAPR 303] A reputação mata o
homem. ■ A má chaga sara, e a má fama mata.
313. Fama nihil est celerius. [Tito Lívio, Ab Urbe
Côndita 21.24, adaptado] Nada é mais veloz que o
boato. VIDE: ● Nullam rem citiorem apud homines esse
quam famam.
314. Fama, nomen incerti, locum non habet ubi certum
est. [Tertuliano, Apologeticus 7] Boato, sinônimo de
incerteza, não tem lugar onde há certeza.
315. Fama non est iudicii severitas. [Ausônio, Ludus
Septem Sapientum, Solon 3] A reputação não
corresponde à severidade de um julgamento.
316. Fama non temere spargitur. [Gaal 679; Pereira 103]
O boato não se espalha sem razão. ■ Onde há fumaça,
há fogo. ■ O povo aumenta, mas não inventa. VIDE:
● Quod famam obtinuit non est omnino falsum.
● Rumor publicus non omnino frustra est. ● Verum
dicere Fama solet. ● Vulgus opinatur quod
postmodum verificatur.
317. Fama nulla stringitur mora. O boato não se deixa
prender por nenhum adiamento. ■ Notícia ruim corre
depressa. ● Fama quae nulla stringitur mora.
[Roswitha, Paphnutius] VIDE: ● Fama bona lente volat
et mala fama repente. ● Fama boni clauda est, fama
mali vagatur.
318. Fama pluris quam opes. [Gaal 1187; Binder,
Thesaurus 1089] Mais vale reputação que riqueza.
■ Mais vale boa nomeada que cama dourada. VIDE:
● Dulcius est aere pretiosum nomen habere. ● Fides
praevalet divitiis.
319. Fama prodit omnia. [Erasmo, Adagia 5.1.76] A
fama revela tudo. ■ Tudo se diz e tudo se sabe. ■ Não há
segredo que, tarde ou cedo, não seja descoberto.
320. Fama repleta malis velocibus evolat alis. [Gaal 680;
Binder, Thesaurus 1090] A fama, repleta de males, voa
com asas velozes. ■ A fama tem asas. ■ Notícia ruim
corre depressa.
321. Fama rerum standum est. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 7.6] Devemos limitar-nos ao que se diz.
322. Fama semper vivat! Que seu bom nome viva para
sempre! VIDE: ● Fama vivat semper!
323. Fama super aetherea notus. [Virgílio, Eneida 1.379]
Ele é conhecido pela fama que chega aos céus.
324. Fama tamen clara est, et adhuc sine crimine vixi.
[Ovídio, Heroides 17.19] Minha reputação é imaculada,
e até este momento vivi sem reproche.
325. Fama vagatur. [Lodeiro 428] Corre esse rumor. VIDE:
● Ea fama vagatur.
326. Fama vero nulla omnino perit, quam quidem multi
populi divulgant: Dea sane quaedam est et ipsa.
[Hesíodo / Rezende 7246] Mas nenhuma fama que é
divulgada por muitos do povo, morre: a própria Fama é
uma deusa.
327. Fama vires acquirit eundo. O boato adquire forças à
medida que caminha. VIDE: ● Fama crescit eundo.
● Fama, malum quo non aliud velocius ullum;
mobilitate viget viresque acquirit eundo. ● Mobilitate
viget fama.
328. Fama vivat semper! Que sua fama viva para sempre!
VIDE: ● Fama semper vivat!
329. Fama vix vero favet, peius merenti melior, et peior
bono. [Sêneca, Hippolytus 270] A fama dificilmente
favorece à verdade, é melhor para os maus e pior para
os bons.
330. Fama volat. [Virgílio, Eneida 3.121] A fama voa. ■ A
fama tem asas. ● Fama volat viresque acquirit eundo.
A fama voa e à medida que se movimenta adquire mais
forças.
331. Fama volat parvam subito vulgata per urbem.
[Virgílio, Eneida 8.554] A fama voa, espalhando-se
rápida por toda a cidadezinha.
332. Famae laboranti non facile succurritur. [Robert
Bland, Proverbs 1.176] Não é fácil socorrer quem tem
má fama.
333. Famam curant multi, pauci conscientiam. [Publílio
Siro] Muitos cuidam da reputação, poucos da
consciência. VIDE: ● Multi famam, conscientiam pauci
verentur. ● Plerique famam, conscientiam pauci
verentur.
334. Famam extendere factis, hoc virtutis opus.
[Virgílio, Eneida 10.469] Espalhar a própria fama por
meio de feitos, eis uma obra de valor. ● Famam
extendimus factis. [Divisa] Engrandecemos nossa fama
com nossas ações.
335. Famam tueri facile est, exstinctam non facile est
restituere. [Plutarco / Rezende 1928] É fácil conservar
a reputação; mas, uma vez perdida, é difícil recuperá-la.
336. Famaque post cineres maior venit. [Ovídio, Ex
Ponto 1.16.3] O maior prestígio vem depois da morte.
■ Depois do enterro começam os elogios.
337. Fame condiuntur cibi. Os alimentos ficam
temperados com a fome. ■ A fome é o melhor tempero.
■ A fome é boa mostarda. ● Fame vel cruda faba
dulcescit. [Bebel, Adagia Germanica] Com a fome até a
fava crua fica gostosa. VIDE: ● Cibi condimentum esse
famem. ● Cibi condimentum est fames. ● Cibi
condimentum fames. ● Condimentum cibi fames est,
potionis sitis. ● Condit fercla fames. ● Fames
optimum condimentum. ● Optimum condimentum
fames. ● Optimum cibi condimentum esse famem,
potionis sitim.
338. Fame nihil miserius. Não há nada mais lamentável
que a fome. ■ A fome é negra.
339. Famelicis quaelibet esca suavis. Para o faminto
qualquer comida é gostosa. ■ Quem tem fome, cardos
come. VIDE: ● Famem efficere ut crudae etiam fabae
saccharum sapiant.
340. Famelico ne occurras. [Pereira 116] Não contraries o
homem esfomeado. ■ O ventre em jejum não ouve a
nenhum. VIDE: ● Esurienti ne occurras.
341. Famelicus non est interpellandus. [Binder,
Thesaurus 1093] Não se deve discutir com o faminto.
■ Ventre em jejum não ouve a nenhum. VIDE: ● Esurienti
ne occurras. ● Famelico ne occurras. ● Non
interpellandus famelicus.
342. Famem efficere ut crudae etiam fabae saccharum
sapiant. [Erasmo / John Ray, A Collection of English
Proverbs 126] A fome faz até as favas cruas terem gosto
de açúcar. ■ Para quem tem fome, não há pão ruim.
■ Quem tem fome, cardos come. ■ Para a fome não há
pão duro. VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci
sumet. ● Anima saturata calcabit favum, et anima
esuriens etiam amarum pro dulci sumet. ● Animae
esurienti etiam amara dulcia videntur. ● Dulcem rem
fabas facit esuries tibi crudas. ● Dulcescit faba
frigida, quando famescit. ● Fabas indulcat fames.
● Famelicis quaelibet esca suavis. ● Fames ipsa
iniucunda et molesta, tamen iucundum reddit cibum,
alioquin maxime asperum et invisum. ● Ori dulcescit
faba frigida, quando famescit.
343. Famem pellere satius, quam purpura indui.
[Grynaeus 776] Expulsar a fome é melhor que vestir-se
de púrpura. ■ Mais vale barriga cheia que barbas
untadas. VIDE: ● Venter fartus ludit, non veste politus.
344. Famem pestilentia sequitur. [Grynaeus 236] A peste
acompanha a fome.
345. Fames ac frigus miserrima mortis genera. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 27.44] Fome e frio são os mais
dolorosos tipos de morte.
346. Fames acuit animantibus ingenium. [Epígrafe de
Fábula de Fedro] A fome aguça a inteligência dos seres
vivos. ■ A necessidade espicaça o engenho. ■ A
necessidade é mãe das invenções. VIDE: ● Etiam stultis
acuit ingenium fames. ● Ingeniosa gula est.
347. Fames artium magistra. [Binder, Thesaurus 1094] A
fome é a mestra das artes. ■ Não há melhor mestra do
que a necessidade e a pobreza. ■ A necessidade é
mestra. VIDE: ● Artificia docuit fames. ● Artificia docet
fames. ● Fames magistra. ● Res plurimas magister
edocet fames.
348. Fames bilem acuit. [Manúcio, Adagia 944] A fome
aguça o mau-humor. ■ Homem em jejum não ouve a
nenhum.
349. Fames docet picas nostra verba conari. [Pérsio,
Satirae, Prologus 9, adaptado / Pereira 116] A fome
ensina as pegas a repetir nossas palavras. ■ O ventre
ensina às pegas “beijo as mãos a vossa mercê”.
350. Fames est gladius acutissimus. [Bebel, Adagia
Germanica] A fome é uma espada agudíssima. ■ A fome
é negra. VIDE: ● Fames maximus dolor hominibus est.
351. Fames est optimum condimentum. [Bailey, Divers
Proverbs 28] ■ A fome é o melhor tempero. ■ A fome é
boa mostarda. ■ Não há tempero tão bom como a fome.
VIDE: ● Cibi condimentum esse famem. ● Cibi
condimentum est fames. ● Cibi condimentum fames.
● Condimentum cibi fames est, potionis sitis. ● Fame
condiuntur cibi. ● Fames optimum condimentum.
● Optimum condimentum fames. ● Optimum cibi
condimentum esse famem, potionis sitim.
352. Fames est optimus coquus. [Richard Valpy,
Delectus Sententiarum 9] A fome é o melhor
cozinheiro. ■ A fome é boa cozinheira. VIDE: ● Esuriens
stomachus fertur coquus optimus esse. ● Fames
optimus est coquus.
353. Fames et mora bilem in nasum conciunt. [Plauto,
Amphitruo 954] A fome e a impaciência lançam a bile
no nariz. ■ Fome e esperar fazem rabiar. ■ Boca não
admite fiador. VIDE: ● Esurienti ne occurras.
354. Fames ipsa iniucunda et molesta, tamen iucundum
reddit cibum, alioquin maxime asperum et invisum.
[Grynaeus 236] A fome por si mesma é desagradável e
molesta, no entanto torna agradável o alimento que de
outra forma seria considerado duro e detestável. ■ À
fome não há pão duro. ■ Quem tem fome cardos come.
VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
● Anima saturata calcabit favum, et anima esuriens
etiam amarum pro dulci sumet. ● Animae esurienti
etiam amara dulcia videntur. ● Dulcem rem fabas
facit esuries tibi crudas. ● Dulcescit faba frigida,
quando famescit. ● Fabas indulcat fames. ● Famem
efficere ut crudae etiam fabae saccharum sapiant.
● Ori dulcescit faba frigida, quando famescit.
355. Fames magistra. [Pereira 95] A fome é mestra. ■ A
necessidade é mestra. ■ A necessidade ensina a viver.
● Fames magistra est artium. A fome é mestra das
artes. VIDE: ● Artificia docuit fames. ● Fames artium
magistra. ● Res plurimas magister edocet fames.
356. Fames malum panem tenerum et siligineum
reddit. [Sêneca, Epistulae Morales 123.2, adaptado /
Binder, Thesaurus 1096] A fome torna o pão macio e de
farinha de qualidade. ■ Para a fome, não há pão duro.
VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
357. Fames maximus dolor hominibus est. [Menandro /
Bebel, Adagia Germanica] Para os homens, a forme é a
maior dor. VIDE: ● Fames est gladius acutissimus.
358. Fames non est ambitiosa. [Binder, Thesaurus 1097]
A fome não é ambiciosa. ■ Quem tem fome cardos
come.
359. Fames omnia reddit dulcia praeter semet ipsam. A
fome adoça tudo, menos a si mesma. VIDE: ● Fames
praeter seipsam edulcat omnia. ● Praeter seipsam
cetera edulcat fames. ● Suavia cuncta, praeter se
ipsam, facit fames.
360. Fames optimum condimentum. [Rezende 1934] ■ A
fome é o melhor tempero. ■ A fome é boa mostarda.
■ Não há tempero tão bom como a fome. VIDE: ● Cibi
condimentum esse famem. ● Cibi condimentum est
fames. ● Cibi condimentum fames. ● Condimentum
cibi fames est, potionis sitis. ● Fame condiuntur cibi.
● Fames est optimum condimentum. ● Optimum
condimentum fames. ● Optimum cibi condimentum
esse famem, potionis sitim.
361. Fames optimus est coquus. [DAPR 340] A fome é o
melhor cozinheiro. ■ A fome é boa cozinheira. VIDE:
● Fames est optimus coquus.
362. Fames pellit lupum ex silvis. [Bebel, Adagia
Germanica; DAPR 341] ■ A fome faz o lobo sair do
mato. VIDE: ● Esuriem silva patiens lupus exit opaca.
● Longa fames macros mittit in arva lupos.
363. Fames, pestis et bellum populi sunt pernicies.
[Hugh Moore, A Dictionary of Quotations 110] Fome,
peste e guerra são a perdição de um povo.
364. Fames praeter seipsam edulcat omnia. [Grynaeus
236] A fome adoça tudo, menos a si mesma. VIDE:
● Fames omnia reddit dulcia praeter seipsam.
● Praeter seipsam cetera edulcat fames. ● Suavia
cuncta, praeter se ipsam, facit fames.
365. Fames reddet malum panem bonum et tenerum.
[Sêneca / Albertano da Brescia, De Amore et
Delectatione 11] A fome tornará o mau pão bom e
macio. ■ É melhor fome com pão do que sem pão. VIDE:
● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
● Malum panem tibi tenerum et siligineum fames
reddet.
366. Familia schola quaedam uberioris humanitatis est.
[Vaticano II] A família é a escola do mais rico
humanismo.
367. Familiam cura. [Dionísio Catão, Monosticha 18]
Cuida da família.
368. Familiaris dominus fatuum nutrit servum.
[Grynaeus 144] A intimidade do amo cria o servo
impertinente. ■ Cria o mau senhor o mau servidor.
369. Familiaritas cotidiana consuetudine augetur.
[Cícero] A intimidade cresce com o trato diário.
370. Familiaritas nimia contemptum parit. [Alciato,
Emblemata] Intimidade excessiva gera desprezo. ■ A
familiaridade produz o desprezo. ■ A familiaridade gera
o desdém. ■ Acaba-se a amizade quando começa a
familiaridade. VIDE: ● Cotidiano convictu auctoritas
minuitur. ● Cotidiano convictu auctoritas
imminuitur. ● Nemini te multum familiarem
ostendas, quia nimia familiaritas parit contemptum.
● Nimia familiaritas contemptum parit. ● Nimia
familiaritas parit contemptum. ● Parit contemptum
nimia familiaritas. ● Perpetua conversatio
contemptum parit; raritas autem admirationem
conciliat.
371. Famula nunquam debet fieri domina. [Grynaeus
69] A criada nunca deve tornar-se senhora.
372. Famulatur dominus, ubi timet, quibus imperat.
[Publílio Siro] Torna-se escravo o senhor que teme
aqueles a quem governa.
373. Famulos ebrios ne castigaveris, sin minus ebrius
ipse videberis. [Cleóbulo / Rezende 1935] Não
castigarás os servos quando ébrios, senão parecerás
também ébrio.
374. Fare, fac. Fala, faze.
375. Fari iubes tacere quae suadet metus. [Sêneca,
Oedipus 511] Obrigas-me a falar o que o medo me
aconselha calar.
376. Fari quod sentiat. Falar o que sente. Falar com
sinceridade.
377. Farinam fugit quicumque molam vitat. [Pereira
120] Quem evita o moinho foge da farinha. ■ Quem foge
do moinho não tem fubá. ■ Quem não trabalha não
come. ■ Quem não quer trabalho não quer ganho. VIDE:
● Devitat quicumque molam, fugit ille farinam.
● Molam qui vitat, farinam vitat. ● Qui fugit molam,
farinam non invenit. ● Qui fugit molam, fugit
farinam. ● Qui vitat molam, vitat farinam.
● Quicumque molam fugit, ille farinam.
378. Fas atque nefas. O bem e o mal. O justo e o injusto.
VIDE: ● Fas et nefas. ● Fas nefasque.
379. Fas est. É justo. É permitido.
380. Fas est et ab hoste doceri. [Ovídio, Metamorphoses
4.428] É correto aprender até com o inimigo.
381. Fas est praeteritos semper amare viros. [Propércio,
Elegiae 2.13.36] É justo sempre amar os que se foram.
382. Fas est implere promissa decentia vere. O correto é
cumprir as promessas verdadeiramente decentes.
■ Promessa é dívida. VIDE: ● Ius est implere promissa
decentia vere.
383. Fas est privata odia publicis utilitatibus remittere.
[Tácito, Annales 1.10.13] É justo renunciar aos ódios
privados em favor do bem público.
384. Fas et iura sinunt. [Virgílio, Georgica 1.269] As leis
divinas e humanas o permitem.
385. Fas et nefas. O bem e o mal. O justo e o injusto.
● Fas nefasque. VIDE: ● Fas atque nefas.
386. Fas obstat. [Virgílio, Eneida 6.438] As leis divinas se
opõem a isso. ● Fas prohibet.
387. Fascinatio nugacitatis. [Vulgata, Sabedoria 4.12] O
fascínio das frivolidades.
388. Fasti dies. Dias fastos (=Dias em que se podia
ministrar justiça). VIDE: ● Dies fasti.
389. Fastidientis stomachi est multa degustare. [Sêneca,
Epistulae Morales 2.4] O estômago enjoado prova muita
coisa. (=O apetite fraco só se satisfaz com a variedade).
390. Fastidium gignit nimium repetita voluptas. O
prazer por demais repetido causa tédio.
391. Fastus inest pulchris, sequiturque superbia
formam. [Ovídio, Fasti 1.419] A presunção está nas
mulheres formosas, e a soberba acompanha sua beleza.
■ Mulher formosa, doida ou presunçosa. VIDE:
● Sequitur superbia formam.
392. Fata non servant ordinem inter senes et iuvenes.
[Binder, Medulla 524] O destino não obedece ordem
entre velhos e jovens. ■ Tanto morrem velhos como
meninos.
393. Fata nos ducunt et quantum cuique temporis
restat prima nascentium hora disposuit. [Sêneca, De
Providentia 5.7] É o destino que nos guia, e ele
determinou na primeira hora dos recém-nascidos quanto
tempo de vida resta a cada um.
394. Fata obstant. [Virgílio, Eneida 4.440] O destino se
opõe.
395. Fata quis damnat sua? [Sêneca, Hercules Oetaeus
901] Quem condena seu próprio destino?
396. Fata regunt homines. [Juvenal, Satirae 9.32] O
destino governa os homens.
397. Fata regunt orbem; certa stant omnia lege.
[Manílio, Astronomica 4.12] Os fados governam o
mundo; tudo existe sob uma lei fixa.
398. Fata si miseros iuvant, habes salutem. [Sêneca,
Troades 512] Se o destino favorece os infelizes, estás
salvo.
399. Fata si poscunt, dabo. [Sêneca, Troades 353] Se o
destino exigir, cederei.
400. Fata trahunt. [Rezende 1940] O destino nos arrasta.
■ O que há de ser azos há de ter. ■ Ninguém foge à
própria sorte. ● Fata volentem ducunt, nolentem
trahunt. [Henry Thomas Riley, Dictionary of Latin
Quotations 121] O destino guia os que lhe obedecem e
arrasta consigo os que se lhe opõem. VIDE: ● Ducunt
volentem fata, nolentem trahunt.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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A B C D E F G H I L M N O P Q R S T U VZ

F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7

F3: 401-600
401. Fata viam invenient. [Virgílio, Eneida 3.395;
10.113] Os fados encontrarão seu caminho. ● Fata viam
inveniunt. [Mota 154] A sorte encontra seu caminho.
■ O que tem de ser tem muita força. ■ O que tem de ser
não precisa empurrar. ■ Quem nasceu para a forca não
morre afogado. ■ A ovelha que é do lobo, Santo Antônio
não a guarda.
402. Fateor saepe peccasse, homo sum. [Petrônio,
Satiricon 130] Confesso ter errado muitas vezes; sou
humano.
403. Fateri necesse est exitium quoque terrarum
caelique futurum. [Lucrécio, De Rerum Natura 543] É
preciso reconhecer também a futura destruição da terra
e do céu.
404. Fatetur facinus is qui iudicium fugit. [Publílio Siro]
Quem foge do julgamento, confessa seu crime.
● Fatetur facinus quisquis iudicium fugit.
405. Fatis agimur, cedite fatis. [Sêneca, Oedipus 982]
Nós somos dirigidos pelo destino; submetei-vos ao
destino.
406. Fato iuguntur, fato solvuntur amores. [Palingênio /
Binder, Medulla 528] Os amores são constituídos pelo
destino, e por ele são rompidos.
407. Fato non repugnandum. [Manúcio, Adagia 1228]
Não se deve lutar contra o destino. ■ O que não pode al,
ser deves sofrer. VIDE: ● Nemo potest vitare quod Deus
nobis immittit. ● Quod vitari non potest, ferendum
est, non culpandum.
408. Fato prudentia minor. [Rezende 1942] A prudência
pode menos do que o destino.
409. Fatuis levia committito. [Alciato, Emblemata] Aos
tolos, confia coisas sem importância.
410. Fatuo digitum ne ostendas, ne et manum tibi
deglutiat. [Apostólio 9.31] Ao insensato não estendas o
dedo, para que ele não te engula a mão. ■ Não dês o
dedo ao vilão, porque te tomará a mão. VIDE: ● Digitum
stulto ne permittas. ● Si digitum porrexeris stulto,
manum invadet. ● Si servo nequam palmus datur,
accipit ulnam. ● Stulto digitum ne ostenderis, ut ne
palmam etiam devoret. ● Stulto ne permittas
digitum.
411. Fatuo non erit amicus. [Vulgata, Eclesiástico 20.17]
O néscio não terá amigo.
412. Fatuus fatua loquetur. [Polydorus, Adagia] O tolo
dirá tolices. VIDE: ● Stultus enim fatua loquetur.
413. Fatuus fatuum invenit. [Schrevelius 1171] Um tolo
sempre encontra outro. ■ Um gambá cheira outro. ■ Um
tolo tem sempre outro mais tolo que o admira.
414. Fatuus in risu exaltat vocem suam. [Vulgata,
Eclesiástico 21.23] O insensato, quando se ri, levanta a
sua voz. ■ É freqüente o riso na boca de quem não tem
siso. ● Fatuus in risu inaltat vocem suam. VIDE: ● In
risu agnoscitur fatuus. ● In risu cognoscitur fatuus.
VIDE: ● Per multum risum stultus cognoscitur. ● Per
risum multum possis cognoscere stultum. ● Per
risum multum poteris cognoscere stultum.
415. Fatuus praesumitur qui in proprio nomine errat.
[Jur / Black 757] Presume-se que seja desequilibrado
aquele que erra no próprio nome.
416. Fatuus quidquid habet in pectore oratione promit.
[Erasmo, Moriae Encomium 36] O insensato revela com
as palavras tudo que tem no coração.
417. Fatuus statim indicat iram suam. [Vulgata,
Provérbios 12.16] O fátuo logo mostra a sua ira. VIDE:
● Stultus statim prodit iram.
418. Fatuus stultitiam prodit. [Grynaeus 426] O fátuo
revela sua tolice.
419. Faveat Deus! Que Deus o conceda!
420. Faveat magno fortuna labori. [Manílio,
Astronomica 1.114] A sorte favorecerá o grande
esforço. ■ Quem trabalha tem alfaia. ■ Quem trabalha
tudo alcança. VIDE: ● Par est fortuna laboris. ● Par erit
fortuna labori.
421. Favet huic, adversa est illi fortuna. [Gaal 1460] A
sorte favorece a este; àquele é adversa. ■ A uns parem os
bois, a outros morrem os bezerros.
422. Favet Neptunus eunti. [Divisa da cidade de Nantes,
França] Netuno favorece a quem viaja.
423. Favete linguis! [Horácio, Carmina 3.1.2] Favorecei
com vossas línguas! ■ Guardai silêncio! VIDE: ● Ore
favete omnes.
424. Favor iudicis. A benevolência do juiz.
425. Favor non respondet meritis. O aplauso não
corresponde ao mérito. VIDE: ● Suis non respondere
favorem speratum meritis.
426. Favores convenit ampliari. [Grynaeus 776] Convém
que os favores sejam ampliados.
427. Favos post fella gustavit. [Tertuliano, De Corona
Militis 14.4] Depois do fel, provou favos de mel.
428. Fax mentis honestae gloria. [Sílio Itálico, Punica
6.332] A glória é o estímulo do espírito honrado .
429. Faxis ut libeat quod est necesse. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Periander 4] Trata de gostar do
inevitável.
430. Faxit Deus! Que Deus o queira!
431. Faxit Deus ut feliciter parias! [Erasmo, Colloquia,
Salutandi Formulae] Que Deus te dê um bom parto!
432. Faxit Deus ut spes nostra non confundatur! Queira
Deus que a nossa esperança não se confunda! ● Faxit
Deus ut spes nostra non fallatur! Queira Deus que a
nossa esperança não se engane!
433. Febris ephemera. [Bacon, Advancement of Learning
2.2.8] Uma febre passageira.
434. Febris nostra avaritia. [S.Ambrósio / Bernardes,
Nova Floresta 1.530] A nossa cobiça é uma febre.
435. Feci quod nolui. Fiz o que não queria. Fiz sem
querer.
436. Feci quod potui; faciant meliora potentes. [Anton
Tchekhof, As Três Irmãs / Rezende 1949] Fiz o que
pude; façam coisas melhores os que puderem.
437. Feci, sed iure feci. [Jur] Fiz, mas fiz de acordo com a
lei.
438. Feci, sed renuente deo. [Marcial, Epigrammata
2.14.14] Fiz, mas contra a vontade do deus.
439. Fecimus et nos haec iuvenes. [Juvenal, Satirae
8.163] Também nós fizemos isso quando jovens.
440. Fecisti patriam e multis gentibus unam. De muitos
povos construíste uma pátria única. ● Fecisti patriam
diversis gentibus unam; urbem fecisti quod prius
orbis erat. [Rutílio Namaciano, De Reditu Suo 1.63]
De diversos povos construíste uma única pátria;
transformaste numa cidade o que antes era apenas uma
terra.
441. Fecit. Fez. (=Usado em pinturas, seguido do nome do
artista).
442. Fecit iter longum, comitem qui liquit ineptum.
[Pereira 110] Percorreu caminho longo quem se livrou
do companheiro incômodo. ■ Antes só que mal
acompanhado.
443. Fecitque Deus duo luminaria magna: luminare
maius, ut praeesset diei, et luminare minus, ut
praeesset nocti. [Vulgata, Gênesis 1.16] Deus fez dois
grandes luzeiros: o luzeiro maior, que presidisse ao dia,
e o luzeiro menor, que presidisse à noite.
444. Fecundi calices quem non fecere disertum?
[Horácio, Epistulae 1.5.19] A quem as taças cheias não
fizeram eloqüente? ■ Quando o vinho desce, as palavras
sobem. ■ Depois de beber, cada qual dá o seu parecer.
VIDE: ● Ad vinum disertus. ● Ad vinum diserti. ● Ad
vinum diserti sunt, ad aquam fere muti sunt.
● Vinum verba ministrat.
445. Fecundior est culta exiguitas quam magnitudo
neglecta. [Paládio, Opus Agriculturae 1.6.8] Um
terreno pequeno bem cultivado produz mais que um
grande descuidado.
446. Fecundius nequiora proveniunt. [Minúcio Félix,
Octavius 9] As sementes más germinam com mais
força. ■ Erva ruim cresce muito. ■ Erva má sempre
vingará.
447. Fecundum in fraudes hominum genus. [Sílio
Itálico, Punica 2.498] A raça humana é fértil em
fraudes.
448. Fecundum ingenium. Um talento fecundo.
449. Fel latet in melle, et mel non bibitur sine felle.
[Pereira 112] O fel está escondido no mel, e não se bebe
mel sem fel. ■ Não há gosto sem desgosto. ■ Não há mel
sem fel. ● Fel latet in melle, nec mel bibitur sine felle.
● Fel in melle. Há fel no mel.
450. Fele comprehensa saltant mures in mensa. [Otto
Reinsberg-Dürings, Sprichwörter 472] Quando o gato
está preso, os ratos dançam na mesa. ■ Quando o gato
sai, os ratos fazem a festa. ■ Gato em jornada, ratos em
patuscada. VIDE: ● Dum felis dormit, mus gaudet et
exsilit antro. ● Felibus domo absentibus, mures
saltant.
451. Fele rapacior. [Rezende 1951] Mais ladrão que o
gato.
452. Feles esuriunt, dum panis crustula rodunt. [Binder,
Medulla 529] Quando os gatos roem pedaços de pão,
estão passando fome. ■ Quem tem fome, cardos come.
453. Felibus domo absentibus, mures saltant. Quando os
gatos estão ausentes da casa, os ratos dançam. ■ Quando
os gatos não estão em casa, os ratos passeiam por cima
da mesa. ■ Patrão fora, dia santo na loja. VIDE: ● Dum
felis dormit, mus gaudet et exsilit antro. ● Fele
comprehensa saltant mures in mensa. ● Mures fele
absente choreas ducunt. ● Mus debacchatur, ubi
cattus non dominatur. ● Mus salit in stratum, dum
scit abesse cattum.
454. Felicem qui lateat, vivatque obscurus. [Epicuro /
Schottus, Adagia 317] Feliz é quem se esconde e vive
obscuro.
455. Felicem scivi, non qui, quod vellet, haberet, sed qui
per fatum non data non cuperet. [Ausônio / Binder,
Medulla 530] Reconheci que não é feliz quem tem o
que quer, mas o que não deseja o que a sorte não lhe
deu.
456. Felices amabat, miseros tuebatur, desiderabat
amissos. [Plínio Moço, Epistulae 9.9.2] Amava os
felizes, protegia os infelizes, sentia saudade dos
desaparecidos.
457. Felices essent artes, si de illis soli artifices
iudicarent. Seriam mais produtivas as artes, se a
respeito delas somente os artistas se pronunciassem.
■ Cada um fale do que trata.
458. Felices faciet natos benedictio patris. [Columbano /
Binder, Thesaurus 1110] A bênção do pai torna felizes
os filhos.
459. Felices obeunt quorum sine crimine vita est.
[Dionísio Catão, Disticha 4.46] Partem felizes aqueles
cujas vidas são imaculadas.
460. Felices populi quibus vivere est bibere. [Atribuído a
Scaliger] Felizes os povos, para os quais viver é beber.
(=Scaliger estaria referindo-se aos espanhóis, por
trocarem o fonema /v/ pelo fonema /b/). VIDE: ● Beati
Lusitani, quibus vivere est bibere. ● Beati Lusitani,
apud quos vivere est bibere. ● Beati Hispani quibus
vivere est bibere.
461. Felices quibus fortuna melior tam bonas matres
dedit! [Sêneca, Phoenissae 25] Felizes aqueles a quem a
sorte favorável deu tão boas mães!
462. Felices, quibus usus adest. [Ovídio, Heroides
17.147] Felizes, aqueles a quem a experiência ajuda.
463. Felices sequeris, mors, miseros fugis. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 122] Ó morte, tu persegues os felizes
e foges dos infelizes.
464. Felices ter et amplius. [Horácio, Carmina 1.13.18]
Felizes, três vezes ou mais.
465. Felici copia amici. [Schottus, Adagia 593] O homem
bem sucedido tem muitos amigos. ■ Ao rico sobejam-lhe
os amigos. ■ Em tempo de figos há amigos. VIDE:
● Amicos res optimae pariunt. ● Felicitas multos
habet amicos.
466. Felici sponsae in gremium pluit. [Bebel / Eiselein
93] À noiva venturosa, chove-lhe no regaço. ■ Boda
molhada, boda abençoada. ● Felicis sponsae gremium
perfunditur imbre. O regaço da noiva feliz fica
alagado pela chuva.
467. Felicibus cognatus est vel quilibet. [Grynaeus 46]
Qualquer um é parente das pessoas bem sucedidas. ■ A
quem é rico sobejam parentes. ■ Todos se chegam ao
bem parado. VIDE: ● Cognatus unusquilibet felicium.
● Cognati omnes felicium. ● Felicium multi cognati.
● Felicium omnes sunt cognati.
468. Felicissimum esse cui felicitate non opus est.
[Sêneca, Epistulae Morales 90.34] Mais feliz é quem
não precisa da sorte.
469. Felicitas est superba. A felicidade é soberba. VIDE:
● Calamitas querula est, et superba felicitas.
470. Felicitas et pax. [Divisa] Prosperidade e paz.
471. Felicitas incitat inimicitias. O sucesso provoca
inimizades. ■ A felicidade e a riqueza despertam a
inveja.
472. Felicitas multos habet amicos. [Apostólio 9.28] A
prosperidade tem muitos amigos. ■ Ao rico sobejam-lhe
os amigos. ■ Em tempo de figos não faltam amigos.
■ Agora, que tenho ovelha e borrego, todos me dizem
'Deus te salve, Pedro'. VIDE: ● Amicos res optimae
pariunt. ● Felici copia amici. ● Fervet olla, vivit
amicitia. ● Florentes amicorum turba circumsedet.
473. Felicitas nutrix est iracundiae. [DAPR 794] A
prosperidade é a mãe do mau-humor. ■ Abundância cria
arrogância. VIDE: ● Ferociam satietas parit.
474. Felicitate corrumpimur. [Tácito, Historiae 1.15]
Corrompemo-nos com o sucesso.
475. Felicitatem in dubiis virtus impetrat. [Publílio Siro]
O valor garante o sucesso nas situações adversas.
476. Felicitatem tuam celato. [Pítaco / Rezende 1954]
Esconde tua prosperidade.
477. Felicitati comes invidia. A inveja acompanha o
sucesso. ■ A felicidade e a riqueza despertam a inveja.
478. Felicitatis cultus maiore ex parte adulatione quam
caritate erogantur. [Valério Máximo, Facta et Dicta
Memorabilia 4.7] As homenagens prestadas ao sucesso,
na maioria das vezes, resultam mais da bajulação do que
da verdadeira amizade.
479. Felicitatis est quantum velis posse, sic
magnitudinis velle quantum possis. [Plínio Moço,
Panegyricus 61] É do sucesso poder o que se quer, e da
grandeza querer o que se pode.
480. Feliciter! Viva!
481. Feliciter is sapit qui alieno periculo sapit. [Rezende
1955] Ditoso é quem aprende da desgraça alheia.
■ Ditoso o que escarmenta em cabeça alheia. ■ Ditoso é
quem experimenta em cabeça alheia. ■ É bem-
aventurado quem com o perigo alheio se faz precatado.
● Feliciter sapit qui periculo alieno sapit. [Grynaeus
40] ● Feliciter sapit qui alieno malo sapit. VIDE:
● Casus dementis correctio fit sapientis. ● Ex alieno
periculo sapiens se corrigit et emendat. ● Felix,
alterius cui sunt documenta flagella. ● Felix est quem
faciunt aliorum cornua cautum. ● Felix quem faciunt
aliena pericula cautum. ● Satis exemplorum nobis
alienae praebent calamitates.
482. Felicium multi cognati. [Erasmo, Adagia 3.1.88] As
pessoas bem sucedidas têm muitos parentes. ■ Ninguém
quer do indigente ser primo nem parente. ● Felicium
omnes sunt affines. [Menandro / Bebel, Adagia
Germanica] Todos são parentes dos bem sucedidos.
● Felicium omnes sunt cognati. ● Felicium omnes
consanguinei. VIDE: ● Cognatus unusquilibet felicium.
● Cognati omnes felicium. ● Felicibus cognatus est vel
quilibet.
483. Felis amat pisces, sed aquas intrare recusat. O gato
gosta de peixes, mas se nega a entrar na água. ■ Quem
quer bolota que trepe. ● Felis amat pisces, sed non vult
tangere flumen. O gato gosta de peixes, mas não quer
tocar no rio. VIDE: ● Cattus amat pisces, sed non vult
tangere flumen. ● Cattus amat pisces, sed non vult
tingere plantas. ● Ficus avibus gratae, at plantare
nolunt. ● Sumere vult pisces cattus, sed flumen
abhorret.
484. Felis aqua calida perfusus callidus exit: fit cautus,
gelidam dum fugit, ipse cattus! O gato molhado com
água quente sai matreiro: esse gato fica prudente,
fugindo da água fria. ■ Gato escaldado tem medo de
água fria. ■ Cachorro mordido de cobra tem medo de
lingüiça. VIDE: ● Horrescit gelidas felis adustus aquas.
● Igne semel tactus, timet ignem postmodo cattus.
● Qui semel effugit naufragus, horret aquas.
● Tranquillas etiam naufragus horret aquas.
485. Felis, dum catulos habet, studiosissime mures
venatur. [Bebel / Eiselein 365] O gato, quando tem
filhotes, caça ratos com muita dedicação.
486. Felis esuriens etiam panis crustulam rodit. Gato
esfomeado rói até casca de pão. ■ Quem tem fome
cardos come. VIDE: ● Ieiunus raro stomachus vulgaria
temnit.
487. Felix, alterius cui sunt documenta flagella.
[Columbano / Binder, Thesaurus 1113] Feliz é aquele a
quem as desgraças alheias são ensinamentos. ■ Ditoso é
quem experimenta em cabeça alheia. VIDE: ● Feliciter is
sapit qui alieno periculo sapit. ● Feliciter sapit qui
periculo alieno sapit. ● Feliciter sapit qui alieno malo
sapit. ● Felix est quem faciunt aliorum cornua
cautum. ● Felix quem faciunt aliena pericula cautum.
488. Felix criminibus non erit hoc diu. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Cleobulus Lidius 3] Ninguém,
fazendo mal, será feliz por muito tempo. ● Felix
criminibus nullus unquam erit diu. [Publílio Siro]
489. Felix culpa! [S.Agostinho / Rezende 1958] Feliz
culpa! (=Refere-se ao pecado original, expiado com a
vinda de Jesus Cristo). VIDE: ● Felix ruina, quae
reparatur in melius. ● O felix culpa, quae talem ac
tantum meruit habere redemptorem!
490. Felix est non aliis qui videtur, sed sibi. [Rezende
1959] Feliz não é quem parece feliz aos outros, mas a si
mesmo. ■ Feliz é quem feliz se julga. ● Felix est non qui
aliis videtur, sed qui sibi.
491. Felix est quem faciunt aliorum cornua cautum.
[John Owen, Epigrammata 1.147] Feliz é aquele a quem
os chifres alheios tornam cauteloso. ■ Ditoso é quem
experimenta em cabeça alheia. ■ É bem-aventurado
quem com o perigo alheio se faz precatado. VIDE:
● Feliciter is sapit qui alieno periculo sapit. ● Feliciter
sapit qui periculo alieno sapit. ● Feliciter sapit qui
alieno malo sapit. ● Felix, alterius cui sunt
documenta flagella. ● Felix quem faciunt aliena
pericula cautum. ● Periculum ex aliis facito tibi quod
ex usu sit.
492. Felix hora, brevis hora. Hora feliz, hora breve. ■ O
que é bom, dura pouco.
493. Felix heu! nimium felix! [Macróbio, Saturnalia 6.1]
Feliz! feliz demais!
494. Felix ille tamen corvo quoque rarior albo. [Juvenal,
Satirae 7.202] O homem feliz é mais raro que um corvo
branco.
495. Felix improbitas optimorum est calamitas.
[Publílio Siro] A maldade bem sucedida é a desgraça
dos bons.
496. Felix mediae quisquis turbae sorte quietus.
[Sêneca, Agamemnon 103] Feliz aquele que, no meio
da multidão, está contente com sua sorte.
497. Felix necessitas, quae in melius compellit.
[S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta 1.383] É bem
afortunada a necessidade que nos compele para o
melhor.
498. Felix per omnia nullus est mortalium. [Schottus,
Adagia 619] Nenhum mortal é feliz em tudo.
■ Felicidade completa não há. ● Felix per omnia nemo
est mortalium. [Manúcio, Adagia 791] VIDE: ● Perfecta
beatitudo in hac vita obtineri nequit.
499. Felix quaecumque viri femina limen amat.
[Propércio, Elegiae 2.6.23] É feliz a mulher que ama a
casa de seu marido.
500. Felix quem faciunt aliena pericula cautum. [Pereira
106] ■ É bem-aventurado quem com o perigo alheio se
faz precatado. ■ Ditoso é quem experimenta em cabeça
alheia. VIDE: ● Casus dementis correctio fit sapientis.
● Ex vitio alterius sapiens emendat suum. ● Feliciter
is sapit qui alieno periculo sapit. ● Feliciter sapit qui
periculo alieno sapit. ● Feliciter sapit qui alieno malo
sapit. ● Felix, alterius cui sunt documenta flagella.
● Felix est quem faciunt aliorum cornua cautum.
● Felix quicumque dolore alterius discere posse
cavere suo.
501. Felix qui causam loquitur prudentis in aurem.
[Columbano] Feliz de quem defende sua causa ao
ouvido do sábio.
502. Felix qui dicere potuit: plus omnibus laboravi.
Feliz de quem pôde dizer: trabalhei mais do que todos.
503. Felix qui didicit contentus vivere parce. [Palingênio
/ Binder, Thesaurus 1117] Feliz é quem aprendeu a
viver com moderação. ■ Feliz é quem só quer o que
pode e só faz o que deve.
504. Felix qui meruit tranquillam ducere vitam.
[Maximiano, Elegiae 1] Feliz daquele que mereceu
passar uma vida tranqüila.
505. Felix qui nihil debet. [Plutarco / Erasmo, Adagia
2.7.98] Feliz de quem nada deve. ■ É melhor deitar sem
ceia que levantar com dívidas. VIDE: ● Qui nulli debet,
fortunatissimus ille est.
506. Felix qui non litigat. [Grynaeus 776] Feliz de quem
não entra em disputas. ■ Mais vale má avença que boa
sentença.
507. Felix qui patriis aevum transegit in agris!
[Claudiano, Carmina Minora 20] Feliz quem passou
seus dias nos campos paternos!
508. Felix qui potuit praesenti flere puellae. [Propércio,
Elegiae 1.12.15] Feliz de quem pôde chorar na presença
de sua namorada.
509. Felix qui potuit rerum cognoscere causas. [Virgílio,
Georgica 2.490] Feliz daquele que pôde conhecer as
causas das coisas. VIDE: ● Rerum cognoscere causas.
510. Felix qui quae vult, habet. Feliz é aquele que tem as
coisas que deseja.
511. Felix quicumque dolore alterius discere posse
cavere suo. [Tibulo, Elegiae 3.7] Feliz todo aquele que
pode aprender a evitar sua desgraça vendo a desgraça de
outrem. ● Felix quicumque dolore alterius discit posse
carere suo. VIDE: ● Felix quem faciunt aliena pericula
cautum.
512. Felix quisquis novit famulum regemque pati.
[Sêneca, Hercules Oetaeus 228] Feliz é quem sabe
suportar tanto o criado como o rei.
513. Felix ruina, quae reparatur in melius. [S.Ambrósio,
Enarrationes in Psalmos 39.20] Feliz queda a que é
reparada com vantagem. (=Refere-se ao pecado
original, expiado com a vinda de Jesus Cristo). VIDE:
● Felix culpa! ● O felix culpa, quae talem ac tantum
meruit habere redemptorem!
514. Felix se nescit amari. [Lucano, Bellum Civile 7.727]
O homem próspero não tem certeza de ser amado.
515. Felix sine socru uxor. [Pereira 96] Feliz a mulher
casada que não tem sogra. ■ Aquela é bem casada que
não tem sogra nem cunhada. ● Felix sine socera uxor.
516. Felix sua sorte contentus. [DAPR 188] Feliz de
quem está contente com sua sorte. ■ Contente-se com
seu estado quem quiser viver sossegado.
517. Felix videtur qui mala ignorat sua. [Publílio Siro] É
considerado feliz quem desconhece os próprios males.
■ Felix é quem feliz se julga.
518. Felo de se. [Bailey, Divers Proverbs 53; Black 763]
Um assassino de si mesmo. Um suicida.
519. Felonia implicatur in qualibet proditione. [Jur /
Black 763] A felonia está envolvida em toda traição.
520. Femina, dulce malum, pariter favus atque
venenum. [Rezende 1966] A mulher, doce mal, ao
mesmo tempo favo de mel e veneno.
521. Femina dum bibit et canit ore, simillima ranae est.
[Pereira 111] A mulher, quando bebe e tagarela, parece-
se muito com a rã. ■ Minha comadre tem o ofício da rã:
bebe e palra.
522. Femina est quod est propter uterum. [Aforismo
médico] A mulher é o que é por causa do útero. VIDE:
● Mulier id est quod est propter uterum solum.
523. Femina id tantum tacere potest, quod nescit. [Gaal
1425] A mulher só pode calar o que não sabe. ■ Segredo
em boca de mulher é o mesmo que escrever em papel.
VIDE: ● Mulier id solum potest tacere quod nescit.
524. Femina millenis hominem catenis ligat. A mulher
prende o homem com mil correntes. ■ Homem casado,
pássaro na gaiola.
525. Femina natura varium et mutabile semper.
[Cornélio Galo, Elegia et Epigrammata] A mulher, pela
própria natureza, é sempre instável e mutante. ■ Mulher
é um cata-vento: vai ao vento que soprar. VIDE:
● Femina varium et mutabile semper. ● Varium et
mutabile semper femina.
526. Femina nulla bona est, vel, si bona contigit una,
nescio quo fato est res mala facta bona. [De
Mulierum Levitate, poema de autor incerto, atribuído a
Quinto Cícero e a Petrônio, entre outros] Nenhuma
mulher é boa, ou, se acontece haver uma boa, não sei
por que fado uma coisa ruim tornou-se boa. ■ Mulher
boa, ave rara.
527. Femina nulla viri speret sermones esse fideles.
[Catulo, Carmina 64.145] Nenhuma mulher pense que
as palavras do homem sejam confiáveis. ■ Juramento de
quem ama mulher não é para crer.
528. Femina quae bona, digna corona. A mulher que é
boa é digna de uma coroa. ■ Mulher boa é prata que
soa. ● Femina raro bona, sed quae bona, digna
corona. [DAPR 294] Mulher boa é coisa rara, mas a
que é boa é digna de uma coroa. VIDE: ● Nihil melius
muliere bona.
529. Femina ridendo, flendo, fallitque canendo.
[Eiselein 635] A mulher nos engana rindo, chorando e
cantando. ■ A mulher ri quando pode, e chora quando
quer.
530. Femina varium et mutabile semper. A mulher é
sempre instável e mutante. ■ Mulher é um cata-vento:
vai ao vento que soprar. VIDE: ● Femina natura varium
et mutabile semper. ● Varium et mutabile semper
femina.
531. Feminae naturam regere desperare est otium.
[Publílio Siro] Governar o caráter de uma mulher é
perder a esperança de sossego. ■ É mais difícil guardar
uma mulher que um saco de pulgas.
532. Feminae omnium rerum libertatem desiderant.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.2] As mulheres
querem a liberdade de tudo.
533. Feminarum iurgiis deteguntur vera. [Pereira 117]
Descobrem-se as verdades nas brigas das mulheres.
■ Brigam as comadres, descobrem-se as verdades.
● Feminarum ira in convicia erumpit. [Branco 231]
Ira de mulheres acaba em acusações.
534. Femineus dulcis omnia vincit amor. [Walther / Tosi
1412] O doce amor da mulher vence tudo.
535. Feminis lugere honestum est, viris meminisse.
[Tácito, Germania 26] Convém às mulheres chorar, mas
aos homens convém não esquecer.
536. Fer messes tuas ad magnas civitates quamvis vilius
ibi vendere putes. [Albertano da Brescia, Liber de
Amore 3.4] Leva tua colheita para as grandes cidades,
por mais barato que acredites lá vender.
537. Fera feram novit. [Schottus, Adagia 39] Uma fera
conhece outra. ■ Um ruim conhece outro. ● Feram novit
fera. [Schottus, Adagia 621]
538. Fera quaevis in sua silva superbit. [Erpênio /
Rezende 1970] Qualquer fera é arrogante em sua selva.
■ Em sua casa, cada qual é rei.
539. Feras difficilia ut facilia perferas. [Publílio Siro]
Suporta as coisas difíceis, para realizares as fáceis. ● Fer
difficilia; facilia levius perferes. Suporta as grandes
dificuldades; as coisas mais fáceis suportarás sem sentir.
● Fer difficilia, facilia levius feres. ● Feras facilia ut
difficilia perferas. Tolerarás as coisas fáceis, para
suportar as difíceis.
540. Feras, non culpes, quod mutari non potest.
[Publílio Siro] Suportarás, não te queixarás do que não
pode ser mudado. ■ O que não pode al ser deves sofrer.
● Feras, non culpes, quod vitari non potest. [Erasmo,
Adagia 1.3.14] Sofrerás, não te queixarás do que não se
pode evitar. VIDE: ● Durum! sed levius fit patientia
quidquid corrigere est nefas. ● Mortalem necesse est
ferre fata numinum. ● Optimum est pati quod
emendare non possis. ● Toleranda fata numinum.
541. Feras quod laedit, ut quod prodest perferas.
[Publílio Siro] Suporta o que te é desfavorável para que
também possas suportar o que te é favorável. ● Feras
quod laedit, ut et id, quod prodest, feras.
542. Ferat ergo auxilium qui dedit consilium. Quem deu
o conselho, trate de trazer o auxílio. ■ Palavras não
enchem barriga. ■ Dá-me dinheiro, não me dês
conselho.
543. Fere fit malum malo aptissimum. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 1.46] Uma infelicidade geralmente segue
outra. ■ Uma desgraça nunca vem só. ■ Um mal indo,
outro vindo.
544. Fere in omnibus poenalis iudiciis et aetati et
imprudentiae succurritur. [Digesta 50.17.108] Em
quase todos os processos penais se atende à idade e à
imprudência.
545. Fere libenter homines id quod volunt credunt.
[César, De Bello Gallico 3.18.6] Os homens geralmente
acreditam de boa vontade naquilo que querem. VIDE:
● Ea credimus libenter quae cupimus. ● Homines
libenter credunt quod volunt. ● Libenter homines
quod volunt credunt. ● Quod valde volumus, facile
credimus.
546. Fere malum a malis principibus oritur. [Dumaine
239] O mal vem geralmente dos maus governantes. ■ O
peixe começa a feder pela cabeça. VIDE: ● Piscis
primum a capite foetet. ● Piscis a capite olere incipit.
● Piscis a capite primum incipit putere.
547. Fere plus nobis videmur posse quam possumus.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 6.2] Geralmente
acreditamos poder mais do que realmente podemos.
548. Fere scriptores carmine foedo splendida facta
linunt. [Horácio, Epistulae 2.1.236] Quase sempre os
escritores descrevem ações brilhantes com versos
lamentáveis.
549. Fere totus mundus exercet histrionem. [DAPR 166]
Quase todo o mundo representa um papel como o
histrião. VIDE: ● Mundus universus exercet
histrioniam. ● Totus fere mundus videtur mimum
implere. ● Totus mundus exercet histrioniam.
● Universus mundus exercet histrioniam.
550. Ferenda sententia. [Do direito canônico] Uma
sentença imposta.
551. Ferendum esse aequo animo quidquid acciderit.
[Epígrafe de Fábula de Fedro: Equus Circensis] Deve
ser suportado com tranqüilidade tudo que acontecer.
552. Ferendum et sperandum. [Binder, Medulla 539] É
preciso sofrer e esperar.
553. Feret ad astra virtus. [Divisa] A virtude nos levará
aos astros.
554. Feria Quarta Cineris. Quarta-feira de Cinzas.
555. Feriis caret necessitas. [DAPR 778] A necessidade
não tem descanso. ■ A necessidade mui pouco descanso
tem. VIDE: ● Necessitas feriis caret. ● Necessitas non
habet ferias.
556. Feriunt omnes, ultima necat. [Inscrição em relógio]
Todas (as horas) nos ferem, a última nos mata.
557. Feriunt summos fulgura montes. [Horácio, Carmina
2.10.11] Os raios ferem os montes mais altos. ■ Raio
não cai em pau deitado. ■ Cajueiro doce é que leva
pedrada. ● Feriunt summos fulmina montes. [Epígrafe
de Fábula de Fedro 4.6] ● Feriunt celsos fulmina
montes. ● Feriunt celsos fulmina colles. [Sêneca,
Epistulae Morales 19.9]
558. Ferme fit ut secundae res neglegentiam creent.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 21.61] Geralmente
acontece o sucesso causar negligência.
559. Ferme fugiendo in media fata ruitur. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 8.24] Quase sempre, ao se fugir,
esbarra-se com o destino. ■ Ninguém foge da sua sorte.
560. Fermenta cognitionis. Os germens da ciência.
561. Ferociam satietas parit. [Rezende 1974] ■ Fartura
faz bravura. VIDE: ● Felicitas nutrix est iracundiae.
● Satietas ferociam parit.
562. Ferocitas lenitate sedatur. A arrogância é suavizada
pela doçura. ■ Palavra mansa ira abranda.
563. Ferox genus, nullam esse vitam sine armis rati.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.17] É um povo feroz;
imaginam que sem armas não existe vida.
564. Ferre decet patienter onus quod ferre necessum.
[Binder, Medulla 541] Convém levar com paciência a
carga, quando é inevitável. ■ O que não pode al ser,
tem-se de sofrer. VIDE: ● Levius fit patientia quicquid
corrigere est nefas.
565. Ferre famem, tolerare sitim, contemnere somnos,
dura pati discit plurima, quisquis amat. Quem ama,
aprende a passar fome, suportar sede, desprezar o sono,
sofrer inúmeras dificuldades.
566. Ferre laborem, contemnere vulnus consuetudo
docet. [Cícero, Tusculanae Disputationes 2.38] O
costume ensina a suportar o sofrimento, a desprezar a
ferida.
567. Ferre minora volo, ne graviora feram. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 22] Quero sofrer o mal
menor, para não ter de suportar o mal maior. ■ Antes
burro que me leve que cavalo que me derrube.
568. Ferre quam sortem patiuntur omnes nemo
recusat. [Sêneca, Troades 1017] Ninguém recusa sofrer
a sorte que todos sofrem.
569. Ferre solent paucas fercula pauca cruces. [Gaal
678] Poucos pratos costumam trazer poucas cruzes.
■ Pouca fartura não mata. ■ A gula mata mais que a
espada. VIDE: ● Multa tibi multos coacervant fercula
morbos. ● Plures interficit cena quam gladius.
570. Ferrea sed nulli vincere fata datur. [Appendix
Vergiliana, Catalepton 16] Mas a ninguém é dado
vencer o cruel destino. ■ O que há de ser tem muita
força. ■ Quem nasceu para a forca, não morre afogado.
571. Ferreus assiduo consumitur anulus usu. [Ovídio,
Ars Amatoria 1.471] O anel de ferro se desgasta pelo
uso contínuado.
572. Ferreus somnus. [Virgílio, Eneida 12.309] Um sono
pesado.
573. Ferro et igni. [Sêneca, Epistulae Morales 7.4] A ferro
e fogo. ● Ferro et face. Com a espada e com a tocha.
VIDE: ● Face ferroque. ● Igni ferroque.
574. Ferro geri bella, non auro, viris, non urbium
tectis: omnia sequi armatos. [Quinto Cúrcio, De
Rebus Gestis Alexandri Magno 5.1] É com a espada que
se fazem as guerras, não com ouro; é com homens, não
com as casas das cidade: tudo consegue quem tem
soldados.
575. Ferro iter aperiendum est. [Salústio, Catilina 58.1]
O caminho deve ser aberto com a espada. ● Ferro via
facienda est.
576. Ferro, lingua et calamo. [Divisa] Com a espada,
com a palavra e com a pena.
577. Ferro nocentius aurum. [Ovídio, Metamorphoses
1.141] O ouro é mais perigoso que a espada.
578. Ferro, non auro. [Divisa] Com a espada, não com
ouro.
579. Ferrum cessans robigine sordet. [Binder, Thesaurus
1127] Ferro parado fica coberto de ferrugem. ■ Ferro
que não se usa, enche-se de ferrugem. VIDE: ● Ferrum
quo non utimur obducitur robigine. ● Ferrum, si non
utaris, obducitur robigine.
580. Ferrum coquere facilius, quam mulierem flectere.
[Binder, Thesaurus 1126] É mais fácil cozer um ferro
do que dobrar uma mulher.
581. Ferrum dum in igne candet cudendum est.
[Publílio Siro] O ferro deve ser forjado enquanto arde
no fogo. ■ Malhar no ferro é enquanto está quente.
■ Bate-se o ferro enquanto está quente. ■ Quando o ferro
estiver acendido, então é que há de ser batido. ■ Assa-se
o pão enquanto o forno está quente. ■ Quem não quer,
quando pode, não poderá quando quiser. ● Ferrum
cudendum est dum candet in igne. [DAPR 350]
● Ferrum, cum igni candet, tundendum. [Grynaeus
547] É quando está em brasa que o ferro deve ser
batido. ● Ferrum, dum in igni candet, cudendum est
tibi. Deves bater o ferro quando ele está em brasa. VIDE:
● Cudendum est, dum calet ferrum: occasione
utendum. ● Cum ferrum candet, cudere quemque
decet. ● Dum ferrum candet, cudere quemque decet.
● Dum ferrum candet, cudite. ● Dum ferrum candet,
tundito. ● Tundatur ferrum dum novus ignis inest.
582. Ferrum ferro acuitur. [Erasmo, Adagia 1.7.100] O
ferro aguça-se com o ferro. ■ Uma faca afia outra.
■ Uma faca amola a outra. ● Ferrum ferro exacuitur.
● Ferrum ferro exacuitur, et homo exacuit faciem
amici sui. [Vulgata, Provérbios 27.17] O ferro aguça-se
com o ferro, e o homem aguça a face do seu amigo.
● Ferrum ferro acuitur, et vir acuitur amici
congressu. [Grynaeus 116] O ferro aguça-se com o
ferro, e o homem aguça-se com a companhia do seu
amigo. VIDE: ● Dextra fricat laevam, vultusque
fricatur ab illis. ● Manus manum fricat. ● Mulus
mulum scabit.
583. Ferrum iam candet. O ferro já está em braza. ■ A
hora é esta! VIDE: ● Nunc ferrum tuum in igne est.
584. Ferrum misceri non potest testae. [Vulgata, Daniel
2.43] O ferro não se pode ligar com o barro.
585. Ferrum natare doces. [Apostólio 17.41] Ensinas a
espada a nadar. ■ Perdes o tempo e o feitio.
586. Ferrum quando calet, cudere quisque valet. [Odilo
Schreger, Studiosus Jovialis 50] Quando o ferro está em
brasa, qualquer um pode malhar. ■ Malhar no ferro é
enquanto está quente. ■ Bate-se o ferro enquanto está
quente. ■ Quando o ferro estiver acendido, então é que
há de ser batido. ● Ferrum in igne cudendum. VIDE:
● Dum ferrum candet, cudere quemque decet.
● Ferrum cudendum est dum candet in igne.
● Ferrum, cum igni candet, tundendum. ● Ferrum,
dum in igni candet, cudendum est tibi. ● Ferrum
dum in igne candet cudendum est. ● Tundatur
ferrum dum novus ignis inest.
587. Ferrum quo non utimur obducitur robigine.
[Rezende 1978] ■ Ferro que não se usa enche-se de
ferrugem. ■ A ferrugem gasta mais que o uso. ■ Chave
que se usa está sempre limpa. ● Ferrum, si non utaris,
obducitur robigine. [Stevenson 2020] ● Ferrum si
exerceas, usu atteritur, si non exerceas, exeditur
robigine. [Erasmo, De Ratione Studiorum] Se usas o
ferro, ele se gasta pelo uso; se não o usas, é comido pela
ferrugem. VIDE: ● Ferrum cessans robigine sordet.
588. Ferrum robigo consumit. [Quinto Cúrcio, Historiae
7.8] ■ A ferrugem gasta o ferro. ■ A ferrugem rói o ferro.
589. Ferrum tuetur principem. [Sêneca, Octavia 456] A
espada protege o governante. ● Ferrum tuetur
principem, melius fides. A espada protege o
governante, mas a confiança protege melhor.
590. Ferrum tuum in igne est. [Pereira 95] O teu ferro
está na forja. ■ Anda na forja o teu negócio. ■ Tua batata
está assando. VIDE: ● Nunc ferrum tuum in igne est.
● Videt ferrum suum in igne esse.
591. Fert Africa noxia semper. [Schottus, Adagia 587] A
África sempre (nos) traz alguma notícia ruim. VIDE:
● Africa semper aliquid affert mali. ● Ex Africa
semper aliquid novi. ● Semper affert Lybia mali
quippiam. ● Semper Africa aliquid novi affert.
● Semper Africa gignit aliquid mali. ● Semper Africa
novi aliquid apportat. ● Semper aliquid novi affert
Africa. ● Semper aliquid novi Africam afferre.
● Vulgare Graeciae dictum, semper Africam aliquid
novi afferre.
592. Fert aliud Leucon, aliud Leuconis asellus.
[Apostólio 2.67] Uma coisa pensa Lêucon, outra o burro
de Lêucon. ■ Uma coisa pensa o baio, e outra pensa o
selador.
593. Fert impetus ipsum. [Virgílio, Eneida 12.369] O
próprio impulso o faz avançar.
594. Fert mixtas spinis terra inarata rosas. [Pereira 114]
A terra inculta produz as rosas misturadas com
espinheiros. ■ A rosa nasce no meio de espinhos. VIDE:
● Etiam inter vepres rosae nascuntur. ● Inter vepres
rosae nascuntur. ● Inter vepres rosae nascuntur, et
inter feras non nullae mitescunt. ● Semper odoriferis
proxima spina rosis. ● Urticae proxima saepe rosa
est.
595. Ferte fortiter! [Sêneca, De Providentia 6.6] Suportai
com coragem!
596. Fertilior seges est alieno in arvo. [Erasmo, Adagia
1.6.72] A colheita mais rica está no campo dos outros.
■ A galinha da vizinha é mais gorda que a minha.
■ Quando neste vale estou, outro melhor me parece, não
assim quando lá vou. ● Fertilior seges est alienis
semper in agris. [Ovídio, Ars Amatoria 1.3.49] A
colheita mais fértil sempre está nos campos dos outros.
● Fertilior seges est alieno semper in agro. VIDE:
● Aliena nobis, nostra plus aliis placent. ● Maiorque
videtur et melior vicina seges. ● Vicinum pecus
grandius uber habet.
597. Fertilis, assiduo si non renovetur aratro, nil, nisi
cum spinis gramen, habebit ager. [Ovídio, Tristia
5.12.24] O campo fértil, se não for renovado com o
assíduo arado, só produzirá capim e espinhos.
598. Fertilissimus in agro oculus domini. O olho do
dono é muito fértil no campo. ■ O pé do dono estruma o
campo. VIDE: ● Maiores fertilissimum in agro oculum
domini esse dixerunt. ● Oculos et vestigia domini, res
agro saluberrimas. ● Oculus domini in agro
fertilissimus est. ● Omnia videt oculus domini.
● Optimus est fimus, qui cadit de calceis domini in
agrum. ● Praesentia domini provectus est agri. ● Res
male dilabitur, quae conspectu domini caret.
● Stercus optimum domini vestigium. ● Vestigia
domini optimum stercus.
599. Fertur ovis vana, quam mole gravat sua lana.
[DAPR 502] É ruim a ovelha a quem a lã pesa como
carga. ■ A ruim ovelha a lã se lhe peja.
600. Fervet olla, vivit amicitia. [Apostólio 9.54] Ferve a
panela, vive a amizade. ■ Enquanto ferve a panela,
floresce a amizade. ■ Enquanto há dinheiro, há amigos.
■ Enquanto há figos, há amigos. ● Fervet olla, fervet
amicitia. Ferve a panela, ferve a amizade. VIDE: ● Amici
ollares. ● Amicus dum olla fervet. ● Dum fervet olla,
vivit amicitia. ● Felicitas multos habet amicos.
● Mensae amicus. ● Ollae amicitia. ● Ollae amicus.
● Res amicos invenit.

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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7

F4: 601-800
601. Fervet opus. [Virgílio, Georgica 4.169; Eneida
1.436] Ferve o trabalho. ● Fervet opus in dominia mea.
[Divisa de Votuporanga, SP] O trabalho ferve nos meus
domínios.
602. Fervet quasi pullus pabuli copia. [DAPR 21] Está
agitado como um pinto com abundância de comida.
■ Está como pato na lama. ■ Está como pinto no lixo.
603. Fervida per ventos balatronum verba feruntur.
[Medina 604] As palavras quentes dos palradores voam
com o vento. ■ Perro ladrador, nunca bom mordedor.
604. Festa dies Veneremque vocat cantusque
merumque. [Ovídio, Amores 3.10.47] O dia de festa
convida Vênus, o canto e o vinho.
605. Festina lente. [Erasmo, Adagia 2.1.1. Citado em
grego por Suetônio, Augustus 25.4] Apressa-te devagar.
■ Devagar também é pressa. ■ Devagar, que tenho
pressa. ■ Devagar se vai ao longe. ● Festinandum
lente. VIDE: ● Canis festinans caecos parit catulos.
● Lente properare memento. ● Pravus ipse geres, si
nimium celer es. ● Sat cito pergit viam, qui sat bene,
nam festinandum lente.
606. Festinans ad duo diversa, neutrum bene peragit.
[Binder, Medulla 546] Quem corre atrás de duas coisas
diferentes, não tem sucesso com nenhuma. ■ Quem
corre a duas lebres, não apanha nenhuma.
607. Festinare nocet. [DAPR 553] Apressar-se faz mal.
■ A pressa é inimiga da perfeição. ■ Obra apressada,
obra estragada. ● Festinare nocet, nocet et cunctatio
saepe: tempore quaeque suo qui facit, ille sapit. [De
Mauri, Flores Sententiarum 206] Apressar-se prejudica;
também a hesitação muitas vezes prejudica: sabido é
aquele que faz as coisas no momento certo.
608. Festinata maturitas celerius occidit. [Gaal 146]
Maturidade apressada morre mais depressa. ■ O que
cedo amadurece, cedo apodrece. VIDE: ● Citius
pubescunt, citius senescunt. ● Cito maturum, cito
putridum. ● Praecocia ingenia raro maturescunt.
● Qui sapit ante pilos, non sapit ille diu.
609. Festinate, viri! [Virgílio, Eneida 2.373] Apressai-
vos, homens.
610. Festinatio improvida est et caeca. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 22.39] A pressa é imprevidente e cega.
611. Festinatio iustitiae est noverca infortunii. [Black
769; Maloux 299] A justiça apressada é madrasta do
infortúnio.
612. Festinatio noxia. A pressa é prejudicial.
613. Festinatio tarda est. [Quinto Cúrcio, Historiae
9.9.12] A pressa chega atrasada. ■ A pressa mais atrasa
que adianta. ■ Quem corre cansa; quem anda alcança.
VIDE: ● Ipsa se velocitas implicat. ● Male cuncta
ministrat impetus.
614. Festinationis error comes et paenitentia. [Publílio
Siro] São companheiros da precipitação o erro e o
arrependimento. ■ Quem cedo se determina depressa se
arrenega. ● Festinationis comites esse solent error et
paenitentia. [Erasmo, Chiliades, Festina Lente] O erro
e o arrependimento costumam ser companheiros da
precipitação. VIDE: ● Periculosa est praepropera
prudentia. ● Velox consilium sequitur paenitentia.
615. Festinavi, nec occurri. [Sêneca Retórico,
Controversiae 7] Apressei-me, mas não cheguei a
tempo.
616. Festinavit ne madefieret, et in fossa suffocatus est.
[Apostólio 9.26] Correu para não se molhar e afogou-se
na vala. ■ Fugiu do lodo, caiu no arroio.
617. Festinum poteris leporem comprehendere cursu,
si, sicut potas, conficis acer iter. [Pereira 121] Poderás
apanhar a veloz lebre na corrida,; se correres o caminho
rápido como bebes. ■ Se assim corres como bebes,
vamos às lebres.
618. Festinum remedium. [Jur / Black 769] Um remédio
urgente.
619. Festinus intellege, tardus loquere. [Pereira 104] Sê
rápido no entender e tardo no falar. ■ Entende primeiro e
fala derradeiro.
620. Festo die si quid prodegeris, profesto egere liceat,
nisi peperceris. [Plauto, Aulularia 336] Quando se és
pródigo no dia de festa, pode fazer-te falta no dia
comum, se não poupares.
621. Ferto, fereris. Suporta, e te suportarão. Perdoa, e
serás perdoado.
622. Festucam ex alterius oculo eicere. [Erasmo, Adagia
1.6.91] Tirar a palha do olho alheio.
623. Festucam in oculo fratris cernimus; at in proprio
ne trabem quidem animadvertimus. Percebemos uma
palha no olho do irmão, mas no nosso não percebemos
nem uma viga. ■ Vemos um argueiro no olho do vizinho
e não vemos uma trave no nosso. ● Festucam in
alterius oculo vides, in tuo trabem non vides.
[Polydorus, Adagia] Vês a palha no olho do outro, mas
no teu não vês uma trave. VIDE: ● Cernere festucam
mos est in fratris ocello, in propriis oculis non videt
ipse trabem. ● Quid autem vides festucam in oculo
fratris tui, et trabem in oculo tuo non vides? ● Quid
autem vides festucam in oculo fratris tui, trabem
autem, quae in oculo tuo est, non consideras?
624. Festum natalitium. O aniversário de nascimento.
VIDE: ● Genitalis dies. ● Natalis dies.
625. Fetus ius representationis habet. [Jur] O feto tem o
direito de representação.
626. Fiat. Faça-se. (=Eu autorizo).
627. Fiat Dei voluntas. Faça-se a vontade de Deus.
628. Fiat iustitia et pereat mundus. [Frase atribuída a
Fernando I, da Hungria / Rezende 1994] Faça-se justiça,
mesmo que o mundo se acabe. ● Fiat ius et pereat
mundus. ● Fiat iustitia et ruat mundus. ● Fiat iustitia,
pereat licet integer orbis. [Binder, Thesaurus 1134]
Faça-se justiça, ainda que se perca o mundo inteiro.
629. Fiat iustitia ne pereat homo. Faça-se justiça para
que não se perca o homem.
630. Fiat iustitia, ne pereat mundus. [Rezende 1994]
Faça-se justiça para que o mundo não se acabe.
631. Fiat iustitia, ruat caelum. [Rezende 1995] Faça-se
justiça, ainda que venha abaixo o céu. ■ Faça-se justiça,
embora desabem os céus. ● Fiat iustitia et ruat caelum.
[Mota 97] Faça-se justiça, e desabe o céu. ● Fiat
iustitia, etsi caelum ruat. Faça-se justiça, mesmo que
desabe o céu. ● Fiat iustitia et ruant caeli. Faça-se
justiça, e que desabem os céus. VIDE: ● Regnet iustitia et
ruat caelum.
632. Fiat lux! [Vulgata, Gênesis 1.3] Faça-se a luz! VIDE:
● Dixitque Deus: fiat lux. Et facta est lux.
633. Fiat mihi secundum verbum tuum. [Vulgata, Lucas
1.38] Faça-se em mim segundo a tua palavra.
634. Fiat pax. Faça-se a paz.
635. Fiat pax in virtute tua, et abundantia in turribus
tuis. [Vulgata, Salmos 121.7] Reine a paz dentro dos
teus muros, e abundância em tuas torres. VIDE: ● Sit pax
in moenibus tuis, securitas in palatiis tuis. ● Sit pax
in muris tuis, abundantia in domibus tuis.
636. Fiat prout fieri consuevit; nil temere novandum.
[Jur / Black 772] Faça-se como era de uso fazer; nada
deve ser inovado sem motivo. VIDE: ● Nil temere
novandum.
637. Fiat quod vultis. [Sêneca Retórico, Controversiae
1.1] Seja feito o que desejais.
638. Fiat voluntas Dei! Faça-se a vontade de Deus! ● Fiat
voluntas Domini! Seja feita a vontade do Senhor!
639. Fiat voluntas tua sicut in caelo et in terra. [Vulgata,
Mateus 6.10] Seja feita a Tua vontade como no céu
também na terra.
640. Fiat voluntas vestra. Faça-se a vossa vontade.
641. Fici cadunt in os comedentis. [Polydorus, Adagia]
Os figos caem na boca do que come. VIDE: ● Dilata os
tuum, et implebo illud.
642. Ficta ad naturam suam cito redeunt. As coisas
artificiais logo retornam à sua natureza. ■ As águas
correm para o mar, e as coisas para o seu natural.
● Ficta cito in naturam suam recidunt. ● Ficta ad
naturam cito redierint suam. VIDE: ● Cito ad naturam
ficta reciderint suam. ● Nemo enim potest personam
diu ferre fictam: ficta cito in naturam suam
recidunt.
643. Ficta omnia celeriter tamquam flosculi decidunt.
[Cícero, De Officiis 2.12] Todas as coisas artificiais
acabam rapidamente como as florinhas.
644. Ficta, voluptatis causa, sint proxima veris.
[Horácio, Ars Poetica 338] A ficção com objetivo de
agradar deve estar perto da verdade.
645. Fictae crocodili lacrimulae. [Pereira 109] São
fingidas lágrimas de crocodilo. ■ São lágrimas de
crocodilo!
646. Ficti dii. Falsos deuses.
647. Fictio cedit veritati. [Jur / Black 772] A ficção cede
à verdade.
648. Fictio cessat ubi veritas locum habet. A ficção cessa
quando a verdade aparece.
649. Fictio est falsitas pro veritate accepta. Ficção é a
falsidade aceita em lugar da verdade.
650. Fictio fingit vera esse quae vera non sunt. A ficção
finge ser verdadeiro o que não é verdadeiro.
651. Fictio iuris non est ubi veritas. [Jur / Black 772]
Onde há verdade não há ficção de direito.
652. Fictio legis neminem laedit, nemini operatur
damnum vel iniuriam. [Jur / Broom 108] Uma ficção
legal não prejudica a ninguém, não causa prejuízo nem
injustiça a ninguém.
653. Ficulneum auxilium. [Pereira 94; Apostólio 17.79]
Um apoio feito de madeira de figueira. ■ Ajuda de perna
quebrada.
654. Ficulneus gladius. Uma espada de figueira. (=Um
argumento fraco). VIDE: ● Gladio plumbeo te iugulabo.
● Pugio plumbeus. ● Telum imbelle sine ictu.
655. Ficus avibus gratae, at plantare nolunt. [Binder,
Thesaurus 1138] Os pássaros gostam de figos, mas não
querem plantar. VIDE: ● Felis amat pisces, sed aquas
intrare recusat.
656. Ficus ficus dico, et panarium panarium. [Apostólio
18.8] Chamo os figos de figos, a cesta de pão de cesta
de pão. ■ Pão, pão, queijo, queijo. ● Ficus ficus,
ligonem ligonem vocat. [Erasmo, Adagia 2.3.5] Chama
os figos de figos, a enxada de enxada. ● Ficusque, ficus,
et scapham scapham voco. [Schottus, Adagia 623]
Chamo os figos de figos, e a barca de barca.
657. Ficus post piscem. [Erasmo, Adagia 4.1.24] O figo
depois do peixe. ■ Cada coisa a seu tempo.
658. Fida amicitia. Uma amizade sólida.
659. Fida est terra, infidum mare. [Pítaco de Mitilene /
Rezende 2003] A terra é confiável, o mar é traiçoeiro.
■ Louva o mar, e fica na terra. ● Fida terra, infidum
mare. [DAPR 433]
660. Fida sententia. Uma opinião confiável.
661. Fide Deo, Deus est: post nubila iubila praebet.
Confia em Deus; Deus existe: depois da escuridão, Ele
nos concede alegria. VIDE: ● Post nubila, iubila.
662. Fide Deo soli, mundo diffide tibique. [Binder,
Thesaurus 1142] Confia somente em Deus; desconfia do
mundo e de ti. ● Fide Deo, diffide tibi, fac quae tua,
castas / Funde preces, paucis utere, magna fuge, /
Multa audi, dic pauca, tace abdita, disce minori /
Parcere, maiori cedere, ferre parem. / Tolle moras,
mirare niihil, contemne superbos, / Fer mala, disce
Deo vivere, disce mori. [Baranyai Decsi, Syntagma
Institutionum Iuris Imperialis ac Ungarici] Confia em
Deus, não confies em ti; cumpre tuas obrigações, faze
orações sinceras; contenta-te com o pouco; evita o
excesso; ouve muito, fala pouco; cala os segredos; tem
paciência com os mais fracos, cede aos mais fortes,
tolera os iguais. Não procrastines;, não te espantes de
nada; despreza os soberbos; suporta os sofrimentos;
aprende a viver para Deus; prepara-te para a morte.
663. Fide et amore. [Divisa] Com fé e amor.
664. Fide et fiducia. [Divisa] Com fé e confiança.
665. Fide et fortitudine. [Divisa] Com fé e coragem.
666. Fide et industria; [Divisa] Com fé e esforço.
667. Fide et iustitia. [Divisa] Com fé e justiça.
668. Fide et litteris. [Divisa] Com fé e estudo.
669. Fide et virtute. [Divisa] Com fé e coragem.
670. Fide, non armis. [Divisa] Pela fé, não pelas armas.
671. Fide parta, fide aucta. [Divisa / Rezende 2009]
Honestamente adquirido, honestamente aumentado.
672. Fide, sed cui, vide! [DAPR 307] Confia, mas vê em
quem confias. ■ Confia desconfiando. ■ Não fies, nem
porfies, nem filho doutro cries. ● Fide, sed cui fidas,
vide. ● Fide, sed ante vide. Acredita, mas examina
primeiro. VIDE: ● Non omni socio cordis secreta revela.
● Vide cui fidas.
673. Fidei coticula crux. [Divisa] A cruz é a pedra de
toque da fé.
674. Fidei damna maiora esse quam quae aestimari
possent. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 3.72] Os
prejuízos causados pela quebra de palavra são maiores
do que se podem calcular.
675. Fidei defensor. [Título atribuído, em 1521, pelo Papa
Leão 10o ao Rei Henrique 8 o da Inglaterra] O defensor
da fé. VIDE: ● Defensor fidei.
676. Fideiussorem infidum cave. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.16 / Rezende 2004] Guarda-te do fiador infiel.
677. Fidelem ubi invenias virum? [Sócrates / Epigrafe de
Fábula de Fedro 3.9 / Rezende 2005] Onde encontrarás
um homem leal?
678. Fideli certa merces. [Divisa] A quem é fiel a
recompensa é certa.
679. Fidelia vulnera amantis, sed dolosa oscula
malignantis. [Bacon, Advancement of Learning 1.5.12]
As feridas do amigo são sinceras, mas os beijos do
pérfido são dolosos. ■ Coices de égua, amor para o
rocim. VIDE: ● Meliora sunt vulnera diligentis quam
fraudulenta oscula odientis.
680. Fideliores sunt oculi auribus. [Binder, Thesaurus
1144] ■ Os olhos merecem mais fé que os ouvidos.
■ Vista faz fé. VIDE: ● Arbiter est oculus certior aure
meus. ● Aures quam oculi minus fidei digni sunt.
● Auribus auribus. ● Oculis habenda quam auribus
est maior oculi fideliores sunt. ● Oculis credendum
potius quam fides. ● Oculis magis habenda fides
quam auribus. ● Pluris est oculatus testis unus quam
auriti decem. ● Testis ex auditu alieno fidem non
facit. ● Testis oculatus unus plus valet quam auriti
decem. ● Visus fidelior auditu.
681. Fidelis ad urnam. [Divisa] Fiel até a morte. ● Fidelis
usque ad mortem.
682. Fidelis sermo, et omni acceptione dignus. [Vulgata,
1Timóteo 1.15;14.9] Fiel é esta palavra, e digna de toda
aceitação.
683. Fidelis transcriptio. [Jur] Transcrição fiel.
684. Fidelis translatio. [Jur] Tradução fiel.
685. Fidelis usque ad mortem. [Divisa] Fiel até a morte.
● Fidelis ad urnam.
686. Fidem nemo unquam perdit, nisi qui non habet.
[Publílio Siro] Só perde a honra quem já não a tem.
687. Fidem non habet. Não merece confiança.
688. Fidem potus excludit; quis unquam inter epulas
texit quod latere cupiebat? [S.Ambrósio / Bernardes,
Nova Floresta 2.51] A bebida expulsa a discrição; quem
jamais, nos banquetes, calou o que desejava manter
oculto?
689. Fidem qui perdit, nihil potest ultra perdere.
[Publílio Siro] Quem perdeu a honra, não pode perder
mais nada.
690. Fidem qui perdit, quo rem servat reliquam?
[Publílio Siro] A quem perdeu a honra, para que salvará
o que lhe resta?
691. Fidem secunda poscunt, adversa exigunt. [Sêneca,
Agamemnon 934] A felicidade pede fidelidade; a
adversidade a exige.
692. Fidem suam multi commutant pecunia. Muitos
trocam sua honra por dinheiro. ● Fidem suam multi
commutaverunt pecunia. Muitos trocaram sua honra
por dinheiro.
693. Fidem violanti fidem non servanda. [Medina 596]
Não se deve respeitar a palavra de quem viola a palavra
dada. ■ Quem engana o ladrão tem cem dias de perdão.
VIDE: ● Dolus dolo compensatur. ● Frangenti fidem
fides frangatur eidem. ● Frangentibus fidem fides
non est servanda. ● Non servanti fidem, fides non est
servanda.
694. Fides ante intellectum. A fé antes do entendimento.
■ Crer para entender. VIDE: ● Credo ut intellegam, non
intellego ut credam.
695. Fides bona contraria est fraudi et dolo. [Digesta
17.2.3.3] A boa-fé é contrária à fraude e ao dolo.
696. Fides et iustitia. [Divisa] Fé e justiça.
697. Fides et veritas. [Divisa] Fé e verdade.
698. Fides, etiam hosti, servanda est. [Rezende 2010] A
palavra dada, mesmo ao inimigo, deve ser cumprida.
VIDE: ● Fides servanda est.
699. Fides facit fidem. [Binder, Thesaurus 1146]
Confiança gera confiança.
700. Fides in animum unde abiit vix unquam redit.
[Publílio Siro] Dificilmente a honra volta ao coração de
que saiu. ■ Quem uma vez furta, fiel nunca. VIDE:
● Fides, sicut anima, unde abiit, nunquam redit.
● Fides, ut anima, unde abiit, eo nunquam redit.
701. Fides in hominibus rara est. A fidelidade é rara nos
seres humanos.
702. Fides intrepida. A fé intrépida.
703. Fides invicta. A fé inabalável.
704. Fides nimia equum abegit. [Bebel / Binder,
Thesaurus 1147] O excesso de confiança roubou o
cavalo.
705. Fides non habet meritum ubi humana ratio
praebet experimentum. [S.Gregório, Homilia 26] A fé
não tem mérito, quando a razão humana fornece a
prova.
706. Fides non timet. [Divisa] A fé não teme.
707. Fides praevalet divitiis. [Binder, Thesaurus 1148]
Mais vale crédito que dinheiro. ■ Mais vale crédito na
praça que dinheiro em caixa. VIDE: ● Fama pluris quam
opes.
708. Fides probata coronat. [Divisa] A confiança
confirmada vale uma coroa.
709. Fides publica. A fé pública.
710. Fides Punica. A fidelidade púnica. (=A perfídia. Os
romanos acusavam os cartagineses de não cumprirem os
acordos). VIDE: ● Punica fides.
711. Fides quaerit actionem. A fé procura a ação. ■ A fé
nas obras se vê.
712. Fides quaerit, intellectus invenit. [S.Agostinho, De
Trinitate 15.2] A fé busca, a inteligência acha. VIDE:
● Nisi credideritis, non intellegetis.
713. Fides sanctissimum humani pectoris bonum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 88.29] A lealdade é o bem
mais sagrado do coração humano.
714. Fides servanda est. [Plauto, Mostellaria 1023] A
palavra dada deve ser respeitada. VIDE: ● Fides, etiam
hosti, servanda est.
715. Fides, sicut anima, unde abiit, nunquam redit.
[Publílio Siro] A honra, como a alma, de onde saiu, lá
não volta mais. VIDE: ● Fides in animum unde abiit vix
unquam redit. ● Fides, ut anima, unde abiit, eo
nunquam redit.
716. Fides sine operibus mortua est. [Vulgata, Tiago
2.26] A fé sem obras está morta. ● Fides, si non habeat
opera, mortua est in semetipsa. [Vulgata, Tiago 2.17]
A fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.
717. Fides, spes et caritas. Fé, esperança e amor ao
próximo. VIDE: ● Maneant in vobis fides, spes, caritas,
tria haec: maior autem horum est caritas.
718. Fides tua te salvam fecit. [Vulgata, Lucas 7.50] Tua
fé te salvou. ● Fides tua salvam te fecit. [Vulgata,
Lucas 8.48]
719. Fides, ut anima, unde abiit, eo nunquam redit.
[Rezende 2012] A honra, como a alma, de onde saiu, lá
não volta mais. ● Fides, ut anima, unde semel abiit,
redire nequit. VIDE: ● Fides in animum unde abiit vix
unquam redit. ● Fides, sicut anima, unde abiit,
nunquam redit.
720. Fides veritatis verborum adminicula non
desiderat. [Jur] A autoridade da verdade não carece do
auxílio de palavras.
721. Fidi amici. Amigos fiéis.
722. Fidis amicis nil puta praestantius quos casus asper
parturit, non pocula. [S.Gregório Nazianzeno /
Bernardes, Nova Floresta 1.139] Não consideres nada
mais valioso que os amigos fiéis que nos tenham sido
dados pelo perigo, não pelo copo. ■ De amigos bons a
estimação se faça por provas de perigos, não da taça.
723. Fidite ne regnis. [Ausônio, Epitaphia 26] Não
confieis em reis.
724. Fiducia pecunias amisit. [Pereira 101] Com a
confiança, perdeu o dinheiro. ■ De muito confiado se
perdeu. ■ A desconfiança é a mãe da segurança.
● Fiducia pecunias amisi. [Manúcio, Adagia 838] Com
a confiança, perdi o meu dinheiro. ● Fiducia pecuniam
amisi, diffidentia vero servavi. [DAPR 199] Com a
confiança perdi meu dinheiro; com a desconfiança eu o
salvei. VIDE: ● Fiso res periit, diffiso salva remansit.
725. Fidus Achates. [Virgílio, Eneida 1.188; 6.158] O fiel
Acates. (=Usa-se a expressão para designar um
companheiro leal).
726. Fidus ad finem. [Divisa] Fiel até o fim.
727. Fidus et audax. [Divisa] Fiel e corajoso.
728. Fieri facias. [Jur / Black 776] Para que faças
acontecer. (=Autorização legal para a execução dos
bens de um devedor).
729. Fieri non debuit, sed factum valet. [Jur / Black 776]
Não devia ter sido feito, mas se foi feito é válido.
730. Fieri potest, ut recte quis sentiat et id quod sentit
polite eloqui non possit. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.6] Pode acontecer que uma pessoa sinta
alguma coisa, mas não consiga expressar com exatidão
aquilo que sente.
731. Fiet aliquid, spero. [Terêncio, Andria 314] Alguma
coisa vai acontecer, espero.
732. Fiet unum ovile et unus pastor. [Vulgata, João
10.16] Seja um só rebanho e um só pastor.
733. Figulo tantum in argillam suam ius est. [Paulino de
Nola / Tosi 543] O oleiro só tem poder sobre sua argila.
■ Não suba o sapateiro além da chinela. VIDE: ● Sutor,
ne supra crepidam! ● Sutor, non ultra crepidam.
● Sutor ne supra crepidam iudicaret.
734. Figulus figulo invidet, faber fabro. [Hesíodo /
Erasmo, Adagia 1.2.25] O oleiro inveja o oleiro; o
ferreiro inveja o ferreiro. ■ Quem é o teu inimigo? O
oficial do teu ofício. ■ Não se tem inveja a defuntos e
apartados, senão a vizinhos e a chegados. ● Figulus
figulo invidet, lignarius lignario. [Binder, Thesaurus
1149] Oleiro inveja oleiro; lenhador inveja lenhador.
● Figulus figulum odit. [Pereira 119] O oleiro odeia o
oleiro. VIDE: ● Cognatio movet invidiam. ● Faber fabro
invidet. ● Invidet et cantor cantori, et egenus egeno.
735. Figulus ollis ansas pro voluntate ponit. [Grynaeus
611] O oleiro põe alças nas panelas de acordo com sua
vontade. ■ Cada um se governa.
736. Figura iuris. [Jur] Uma figura de direito.
737. Fila vitae. O fio da vida.
738. Fili, conserva tempus, et devita a malo. [Vulgata,
Eclesiástico 4.23] Filho, aproveita o tempo e foge do
mal.
739. Fili, ne sit formica sapientior te, quae congregat in
aestate unde vivat hieme. [Petrus Alphonsus] Filho,
não seja mais sábia do que tu a formiga, que junta no
verão do que viver no inverno.
740. Fili, noli esse curiosus, nec vacuas gerere
sollicitudines. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 4.24.1] Filho, não sejas curioso, nem tenhas
inquietações inúteis.
741. Fili, peccasti? non adicias iterum: sed et de
pristinis deprecare, ut tibi dimitantur. [Vulgata,
Eclesiástico 21.1] Filho, pecaste? Não tornes a fazê-lo,
mas ora também pelas tuas faltas passadas, para que te
sejam perdoadas.
742. Fili, suscipe senectam patris tui. [Vulgata,
Eclesiástico 3.14] Filho, ampara a velhice de teu pai.
743. Filia matris tuae es tu. [Vulgata, Ezequiel 16.45] Tu
és filha de tua mãe. ■ Tal mãe, tal filha. ■ De ruim
árvore, nunca bom fruto.
744. Filii Adam genus avarum et ambitiosum.
[S.Bernardo] Os filhos de Adão são uma raça avarenta e
ambiciosa.
745. Filii canunt paternas cantiones. Os filhos cantam as
cantigas dos pais. ■ Como canta o galo velho, assim
cantará o novo. VIDE: ● Grunnit sic fetus, porcus ut
ante vetus.
746. Filii hominum, usquequo gravi corde? ut quid
diligitis vanitatem et quaeritis mendacium? [Vulgata,
Salmos 4.3] Filhos dos homens, até quando sereis de
pesado coração? Por que amais a vaidade e buscais a
mentira?
747. Filio et mulieri, fratri et amico, non des potestatem
super te in vita tua. [Vulgata, Eclesiástico 33.20] Ao
teu filho, à tua mulher, ao teu irmão, ao teu amigo, não
dês em tua vida poder sobre ti.
748. Filio semper honesta et sancta persona patris
videri debet. [Digesta 37.15.9] A pessoa do pai deve
parecer sempre respeitável e santa ao filho.
749. Filioli mei. [Vulgata, Gálatas 4.19] Filhinhos meus.
750. Filium strabonem appellat paetum pater. [Erasmo,
Moriae Encomium 19] Do filho vesgo, o pai diz que ele
olha de lado. VIDE: ● Strabonem appellat paetum
pater.
751. Filius, ergo heres. [Jur] É filho, logo é herdeiro. VIDE:
● Si filius, et heres.
752. Filius est pars patris. O filho é uma parte do pai.
753. Filius gallinae albae. Filho de uma galinha branca.
(=Um homem de sorte). VIDE: ● Albae gallinae filius.
● Tu gallinae filius albae, nos viles pulli nati
infelicibus ovis?
754. Filius non portabit iniquitatem patris, et pater non
portabit iniquitatem filii. [Vulgata, Ezequiel 18.20] O
filho não carregará com a iniqüidade do pai, e o pai não
carregará com a iniqüidade do filho.
755. Filius terrae. Um filho da terra. (=Uma pessoa de
origem humilde).
756. Filius vero stultus maestitia est matri suae.
[Vulgata, Provérbios 10.1] O filho insensato traz tristeza
para sua mãe.
757. Fimus qui cadit de calceis domini fertilem reddit
agrum. O estrume que caido dos sapatos do dono
fertiliza o campo. ■ O pé do dono é estrume da herdade.
■ O olho do dono faz mais do que as suas mãos. VIDE:
● Fertilissimus in agro oculus domini. ● Oculus
domini in agro fertilissimus est. ● Oculos et vestigia
domini, res agro saluberrimas. ● Optimus est fimus,
qui cadit de calceis domini in agrum.
758. Fine malo claudi mala vita meretur. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 45.18] Uma vida má
merece encerrar-se com um fim mau. ■ Quem mal vive,
mal morre.
759. Finem respice. [Quílon / Rezende 2025] Olha o fim.
Considera o resultado. VIDE: ● Quidquid agas,
prudenter agas et respice finem. ● Respice finem. ● Si
quid agas, prudenter agas et respice finem.
760. Finem vitae exspecta. [Sólon / Erasmo, Adagia
1.3.37] Considera o fim da vida. ■ Ao fim se canta a
glória. ■ Não chameis grande um homem, senão depois
de ele deixar de existir. ● Finem vitae considera.
[Apostólio 18.27] VIDE: ● Exitus acta probat. ● Finis
coronat opus. ● Sapientia in exitu canitur.
761. Fingunt se medicos quivis idiota, sacerdos,
Iudaeus, monachus, histrio, rasor, anus. [William
Duckett, Dictionnaire de la Conversation 622] Qualquer
idiota, sacerdote, judeu, monge, ator, barbeiro, velha,
todos se imaginam médicos. ● Fingunt se medicos
omnes: idiota, sacerdos, nutrix, et tonsor,
pharmacopaeus, anus. Todos se imaginam médicos: o
idiota, o sacerdote, a ama, também o barbeiro, o
boticário, a velha.
762. Fingunt, simul creduntque. [Tácito / Bacon, The
Advancing of Learning 1.4.8] Eles criam na sua
imaginação e imediatamente acreditam.
763. Finis adest operi: palmam date, grata iuventus!
[Ovídio, Ars Amatoria 2.733] Eis o fim de minha obra:
dá-me a palma, ó juventude agradecida! ● Finis adest
operi: mercedem posco laboris. Eis o fim da obra:
peço a recompensa do trabalho.
764. Finis adest rerum. [Lucano, Bellum Civile 3.328] É
o fim das coisas.
765. Finis alterius mali gradus est futuri. [Sêneca,
Hercules Furens 208] O fim de uma desgraça é um
passo para a próxima. ■ Um mal indo, outro vindo.
766. Finis belli est pax et securitas reipublicae.
[S.Agostinho] O fim da guerra é a paz e a segurança do
país.
767. Finis coronat opus. [Rezende 2026] ■ O fim coroa a
obra. VIDE: ● Exitus acta probat. ● Omnia tunc bona
sunt, clausula quando bona. ● Quidquid contingat,
finis postrema coronat. ● Si finis bonus est, totum
bonum est. ● Totum laudatur, si finis laude beatur.
768. Finis cuiuslibet rei est bonum. [Signoriello 133] O
bem é o fim de todas as coisas.
769. Finis irae initium est paenitentiae. [Pitágoras /
Albertano da Brescia, De Amicitia Iracundi Hominis] O
fim da ira é o princípio do arrependimento. ■ Loucura
breve, longo arrependimento. ■ Onde acaba a ira,
começa o arrependimento. VIDE: ● Initium irae furor
est, finis vero paenitentia.
770. Finis loquacitatis infortunium. [Eurípides] O fim da
loquacidade é o infortúnio. ■ Quem muito fala, a si
dana.
771. Finis malus initii mali. [Schottus, Adagia 619] Mau
fim de um mau começo. ■ Mau princípio, pior fim.
772. Finis mercatorum est lucrum. [Jur] O objetivo dos
comerciantes é o lucro.
773. Finis miseriae mors. A morte é o fim do sofrimento.
■ A morte é o fim de todos os males. VIDE: ● Miseriae
finis in morte. ● Morborum medicus omnium mors
ultimus.
774. Finis, laus Deo. [Rezende 2027] Chegamos ao fim;
um louvor a Deus. (=Expressão que se colocava no fim
dos livros antigos).
775. Finis Poloniae! [Atribuído a Kosciuszko] Eis o fim
da Polônia! ■ Está tudo acabado!
776. Finis turpis laudem egregium maculat. [Tácito,
Historiae 4] Um mau fim mancha a mais nobre ação.
777. Finis unius diei est principium alterius. [Black 782]
O fim de um dia é o começo de outro. ■ Um dia segue
outro, como um amor faz esquecer outro.
778. Finis venit, venit finis; evigilavit adversum te, ecce
venit. [Vulgata, Ezequiel 7.6] O fim vem, vem o fim;
ele despertou contra ti; ei-lo aí vem.
779. Finit una labores. [Inscrição em relógio] Uma única
(hora) põe fim às tuas canseiras.
780. Finita causa, cessat effectus. [Jur] Cessando a causa,
cessa o efeito. VIDE: ● Causa cessante, cessat effectus.
● Cessante causa, cessat et effectus. ● Cessante causa,
tollitur effectus. ● Sublata causa, tollitur effectus.
781. Finiti ad infinitum nulla est proportio. Não há
proporção entre o finito e o infinito.
782. Finitima sunt falsa veris. [Cícero, Acadêmica 2.21]
O falso é vizinho do verdadeiro.
783. Finito bello auxilium. [Apostólio 12.73] Terminada
a guerra, chega o reforço. ■ Casa arrombada, trancas à
porta. ■ Depois da vindima, cavanejos. VIDE:
● Machinas post bellum afferre. ● Machinas post
bellum! ● Post bellum, auxilium. ● Post bellum,
machinas. ● Post bellum suppetiae venerunt.
784. Finito iure dantis, finitur ius accipientis. [Jur]
Terminado o direito de quem dá, cessa o direito de
quem recebe.
785. Finitur autem ususfructus morte fructuarii.
[Institutiones 2.4] O usufruto extingue-se pela morte do
usufrutuário.
786. Finitur ususfructus aut morte aut tempore: morte
cum usufructuarius moritur; tempore, quotiens ad
certum tempus ususfructus legatur. [Jur] O usufruto
se extingue ou pela morte ou pelo tempo: pela morte,
quando o usufrutuário falece; pelo tempo, quando o
usufruto é legado por prazo certo.
787. Firma valetudine nihil melius: sani aegris ditiores.
[Grynaeus 109] Não há nada melhor do que uma saúde
firme: as pessoas saudáveis são mais felizes do que as
doentes. VIDE: ● Absque sanitate nemo felix. ● Homini
nihil utilius sanitate. ● Nihil utilius firma valetudine.
● Nil sanitate vita habet praestantius. ● Valetudine
firma nihil melius.
788. Firmior et potentior est operatio legis quam
dispositio hominis. [Jur / Black 785] A ação da lei é
mais firme e mais eficaz do que a vontade do homem.
VIDE: ● Fortior et potentior est dispositio legis quam
hominis.
789. Firmissima est inter pares amicitia. [Quinto Cúrcio,
Historiae 7.8.27] É entre iguais que existe a amizade
mais sólida. ■ Aves da mesma pena andam juntas.
● Firmissimus inter aequales interque pares est
nodus amoris. [Gualteri de Casteglioni, Alexandreidos
Lib. VIII] É muito sólido o vínculo de amizade entre
pessoas do mesmo caráter e da mesma classe.
790. Firmo et tueor. [Divisa] Fortifico e protejo.
791. Firmo passu. Com passo firme.
792. Firmum in vita nihil. [Rezende 2033] Nada é
permanente na vida. ■ Tudo passa sobre a terra. VIDE:
● Quae sunt, abire omnia, et manere nihil.
793. Fiso res periit, diffiso salva remansit. [Teógnis /
Manúcio, Adagia 838] O dinheiro do confiado se
perdeu, o do desconfiado permaneceu. ■ Seguro morreu,
desconfiado ainda vive. ■ A desconfiança é a mãe da
segurança. VIDE: ● Fiducia pecunias amisit. ● Fiducia
pecuniam amisi, diffidentia vero servavi.
794. Fistula dulce canit, volucrem dum decipit auceps.
[Dionísio Catão, Disticha 1.27] O passarinheiro, quando
atrai o passarinho, toca a flauta com doçura. ■ Quem o
pássaro quer tomar, não o há de enxotar. VIDE: ● Decipit
incautas fistula dulcis aves. ● Noli homines blando
nimium sermone probare: fistula dulce canit,
volucrem dum decipit auceps.
795. Fit enim ad portandum facilis sarcina, quam
multorum colla sustentant. [Enódio / Tosi 1051] Fica
fácil de carregar o fardo que é sustentado pelos ombros
de muitos. ■ O que um não pode, muitos fazem. ■
Muitas mãos tornam a obra leve.
796. Fit fabricando faber. [Rezende 2034] ■ Batendo
ferro é que se fica ferreiro. ■ A prática é a mestra de
todas as coisas. ■ Usa e serás mestre. VIDE:
● Fabricando fit faber. ● Fabricando fabri fimus.
● Fabricando fabricam disces. ● Fabricando, fabrilia
disces. ● Fabricando fabricam disces, canendo
musicam, militando militarem artem, scribendo
disces scribere.
797. Fit fastidium copia. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
3.1] Abundância torna-se fastio. ■ A abastança faz
fastio. ■ A abundância traz a saciedade. ■ Da
abundância vem o tédio. VIDE: ● Copia nauseam parit.
● Copia parit fastidium. Facit fastidium copia.
798. Fit gravis insolito sarcina parva viro. [Medina 583]
Carga pequena se torna pesada para quem não está
acostumado. ■ A quem não traz bragas, costuras o
matam.
799. Fit infelicis animae prava voluptas dolor. [Sêneca,
Ad Marciam 1.7] A dor de uma alma infeliz se torna um
prazer depravado.
800. Fit lis e minimis interdum maxima verbis. [Gaal
1775] De pequenas palavras, às vezes ocorre a maior
briga. ■ De pequena candeia, grande fogueira. VIDE:
● Parva scintilla saepe magnum excitat incendium.

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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7

F5: 801-1000
801. Fit nihil ex nihilo, summus philosophus inquit.
[Binder, Thesaurus 1153] Nada nasce do nada, afirmou
um grande filósofo. VIDE: ● Ex nihilo nihil fit.
802. Fit puer angelicus daemon, veniente senecta.
[Binder, Medulla 559] Com a chegada da velhice, o
menino angelical se transforma num demônio. ■ De
jovem anjo, velho diabo. VIDE: ● Nemo potest scire,
solet illud saepe venire, quod puer angelicus post in
senio fit iniquus.
803. Fit quoque longus amor, quem diffidentia nutrit.
[Ovídio, Remedium Amoris 543] O amor que o ciúme
alimenta torna-se duradouro.
804. Fit via vi. [Virgílio, Eneida 2.494] Pelo esforço é que
se abre o caminho.
805. Fiunt Nerones miseri facti locupletes. [Binder,
Thesaurus 1158] Homens humildes que enriquecem
viram Neros. ■ Quando o vilão vai de mulo, não
conhece a Deus nem o mundo. ■ Viu-se o demo em
socos, e quis pisar os outros. VIDE: ● Asperius nihil est
humili, cum surgit in altum. ● Cum surgunt miseri,
nolunt miseris misereri. ● Nihil humili peius, cum se
sors ampliat eius. ● Nihil superbius paupere, dum
surgit in altum.
806. Fiunt, non nascuntur Christiani. [Tertuliano,
Apologeticus 18.4] Os cristãos fazem-se, não nascem
feitos.
807. Fixo cernere oculo. [Schottus, Adagia 198] Olhar
com olho fixo. (=Olhar com cobiça).
808. Flagelli plaga livorem facit; plaga autem linguae
comminuet ossa. [Vulgata, Eclesiástico 28.21] O golpe
de uma vara faz uma pisadura, mas o golpe da língua
esmigalha os ossos.
809. Flagellum Dei. [Cognome de Átila, rei dos hunos] O
açoute de Deus.
810. Flagellum equo et camus asino, et virga in dorso
imprudentum. [Vulgata, Provérbios 26.3] O açoite é
para o cavalo, e o freio para o asno, e a vara para as
costas dos insensatos.
811. Flagellum ipse paravit, quo vapularet. Ele mesmo
conseguiu o chicote com que seria açoitado. VIDE:
● Faber compedes, quas fecit, ipse gestet.
812. Flagitium est foris sapere, tibi non posse auxiliari.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 922] É uma vergonha
ser sábio para os outros e não poder socorrer a si
mesmo. VIDE: ● Aliorum medicus, ipse ulceribus
scates. ● Nequicquam sapit qui sibi non sapit.
813. Flagrans bellum. [Jur / Black 790] Uma guerra em
curso. ● Flagrante bello. Durante o estado de guerra.
Enquanto durarem as hostilidades.
814. Flagrans crimen. [Jur / Black 790] Um crime em
curso. Um crime recente. ● Flagrante crimine. [Jur] Em
flagrante delito. No ato de execução do crime.
● Flagrante delicto.
815. Flamma de stipula. [Ovídio, Tristia 5.8.20] Fogo de
palha.
816. Flamma fumo est proxima. [Plauto, Curculio 53] O
fogo está perto da fumaça. ■ Onde há fumaça, há fogo.
■ Quando troveja, quer chover. VIDE: ● Fumus? Ergo
ignis. ● Praenunciat fumus incendium. ● Semper
flamma fumo proxima est.
817. Flamma recens parva sparsa resedit aqua. [Ovídio,
Heroides 17.190] O fogo recente se apaga espalhando-
se um pouco d'água.
818. Flamma sine fumo. Uma chama sem fumaça.
819. Flammam a sapiente facilius ore in ardenti
opprimi, quam bona dicta teneat. [Ênio / Cícero, De
Oratore 2.54] É mais fácil um sábio apagar uma chama
na boca ardente do que segurar boas frases.
820. Flare simul, sorbere simul, res ardua semper.
[Mota 70] Ao mesmo tempo soprar e engolir é coisa
sempre difícil. ■ Com bochecha cheia d’água, ninguém
sopra. ■ Não se pode fazer a par comer e soprar. ■ Não
se pode fazer a par comer e assobiar. ● Flare simul et
sorbere difficile. VIDE: ● Difficile est sorbere et simul
flare. ● Haud enim facile est flare simul ac sorbere.
● Simul flare sorbereque haud factu facile est.
● Simul sorbere ac flare, difficile. ● Simul sorbere ac
flare non possum.
821. Flatus fortunae. O bafejo da sorte.
822. Flatus vocis. Um sopro de voz. Uma voz fraca. Um
murmúrio.
823. Flava verecundus tinxerat ora rubor. [Ovídio,
Heroides 4.72] O rubor do acanhamento tingiu suas
faces pálidas.
824. Flavos permutat canis vulpecula crines, at
nunquam mores alterat ipsa suos. [Tosi 106] A raposa
troca pelos fulvos por brancos, mas nunca altera seus
hábitos. ■ Raposa, cai o cabelo, mas nunca deixa de
comer galinha. VIDE: ● De flavis vetula in canos
vulpecula pilos mutat, illius at mores vertere nemo
videt. ● Ingenium suum vulpecula mutare nescit.
● Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos, non
tamen assuetos liquit in urbe dolos. ● Lupus pilum
mutat, non animum. ● Lupus pilum mutat, non
mentem. ● Lupus pilum, non ingenium mutat. ● Pilos
lupus mutat, sed animum non item. ● Senecta
canitiem affert improbis, non item aufert malitiam.
● Vulpes pilum mutat, non mores. ● Vulpeculorum
mutantur pili, non mores.
825. Flebile principium melior fortuna sequetur. O
começo é triste, mas sorte melhor virá. ■ Não há mal
que sempre dure. ■ As coisas vão melhorar. ● Flebile
principium melior fortuna secuta est. [Ovídio,
Metamorphoses 7.518] A esse começo deplorável
seguiu-se uma sorte melhor.
826. Flebunt amici et bene noti mortem meam, nam
populus in me vivo lacrimavit satis. [Epitáfio jocoso]
Chorarão minha morte os amigos bem conhecidos, pois
o povo, quando eu estava vivo, já chorou bastante.
827. Flectamus genua. Ajoelhemo-nos. ● Flectamus
omnes genua, et Deum omnipotentem vivum ac
verum in commune deprecemur, ut nos ab hoste
superbo ac feroce sua miseratione defendat. [S.Beda,
Historia Eclesiastica Gentis Anglorum 3.2] Dobremos
todos nossos joelhos, e imploremos juntos a Deus
onipotente, vivo e verdadeiro, que, em sua misericórdia,
nos defenda do inimigo soberbo e feroz.
828. Flectere commodius validas quam frangere vires.
[Pereira 110] É mais conveniente dobrar as forças
poderosas que quebrar. ■ Melhor é dobrar que quebrar.
■ Antes torcer que quebrar.
829. Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo.
[Virgílio, Eneida 7.312] Se eu não conseguir dobrar os
deuses superiores, comoverei os deuses infernais. VIDE:
● Acheronta movebo, flectere si nequeo superos. ● Si
non possum flectere superos, commovebo inferos.
830. Flecti, non frangi. [Divisa] Dobrar-se, mas não se
quebrar. VIDE: ● Flectimur, non frangimur.
● Flectimur, non frangimur undis.
831. Flecti non potest, frangi potest. [Sêneca, Thyestes
198] Dobrar-se não pode; quebrar-se pode. ■ Antes
quebrar que dobrar. VIDE: ● Novi ego ingenium viri
indocile: flecti non potest, frangi potest.
832. Flectimur, non frangimur. [Rezende 2044] Nós
dobramos; não quebramos. ● Flectimur, non
frangimur undis. As ondas nos curvam, mas não nos
rompem. VIDE: ● Flecti, non frangi.
833. Flectimur obsequio, non viribus. Nós nos
submetemos à deferência, não à violência.
834. Flectitur iratus voce rogante deus. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.440] O deus irado se comove com a voz que
implora. ■ Palavra mansa ira abranda. ■ Quem não fala,
Deus não ouve.
835. Flendi miseris dira cupido est. [Sêneca, Thyestes
952] Os que sofrem têm um desejo terrível de chorar.
836. Flendo diffundimus iram. Chorando acalmamos a
cólera. ■ Lágrimas abrandam penhas. VIDE: ● Flere licet
certe; flendo diffundimus iram.
837. Flere ad novercae tumulum. [Erasmo, Adagia
1.9.10] Chorar junto ao túmulo da madrasta. ■ Lágrimas
nos olhos, risos no coração. ■ Chorar lágrimas de
crocodilo. ● Flere ad urnam novercae. Chorar diante
do caixão da madrasta. VIDE: ● Ad novercae ploras
tumulum. ● Ad novercae tumulum fles. ● Ad
novercae tumulum fletus. ● Ad sepulchrum novercae
plorat. ● Ad novercae tumulum lacrimari. ● Ille flet
ad novercae tumulum. ● Novercae ad tumulum
plorare.
838. Flere licet certe; flendo diffundimus iram. [Ovídio,
Heroides 8.61] Certamente é permitido chorar:
chorando acalmamos a cólera. VIDE: ● Flendo
diffundimus iram.
839. Flet omnis aut ridet Dei cum numine. [Schottus,
Adagia 623] De acordo com a vontade de Deus cada um
chora ou ri. ■ O nada com Deus é tudo, e tudo sem Deus
é nada. VIDE: ● Cum Deo quisque flet et ridet; ab illo
enim omnia proficiscuntur. ● Cum Deo quisque
gaudet et flet. ● Deo volente, ridet et flet quilibet.
● Deo volente, quisque ridet et flet.
840. Flet victus, victor interiit. [Erasmo, Adagia 2.6.24]
O vencido chora; o vencedor morreu. ■ Foi queda de
ambos. VIDE: ● Effundit victus lacrimas; victor periit
ipse. ● Qui vicit, periit; plorant qui succumbuere.
841. Fletus aerumnas levat. [Sêneca, Troades 766] O
pranto alivia os sofrimentos.
842. Flexibiles quidem mentes prudentium. [Homero,
Ilíada 15.203] As mentes dos homens prudentes são
dóceis.
843. Flocci facio tuas minas; flocci facio mercedem
tuam; flocci facio te ipsum. Não dou importância às
tuas ameaças; não dou importância à tua recompensa;
não dou importância a ti mesmo. VIDE: ● Tuas minas
flocci facio.
844. Flocci me facis. [Rezende 2046] Não fazes caso de
mim. ■ Não me dás a mínima.
845. Floreat et crescat. Floresça e cresça. (=Fórmula
utilizada para desejar vida longa e sucesso). VIDE:
● Vivat, crescat, floreat! ● Vivat, floreat, crescat!
● Vivat, floreat et crescat Academia nostra!
846. Florebo quocumque ferar. [Divisa da ilha de
Reunião] Florescerei em qualquer lugar a que me
levem.
847. Florem decoris singuli carpunt dies. [Sêneca,
Octavia 550] Cada dia (que passa) arranca uma flor à
beleza. ■ O tempo gasta tudo. ■ A beleza é um bem
frágil.
848. Florent concordia regna. [Inscrição em moeda
inglesa] Com harmonia os países florescem.
849. Florentes amicorum turba circumsedet. [Sêneca,
Epistulae Morales 9.9] Uma multidão de amigos cerca
os venturosos. ■ Quem é rico tem amigos. ■ Em tempo de
figos há amigos. VIDE: ● Felici copia amici. ● Felicitas
multos habet amicos.
850. Flores multi, rarus fructus. Muitas flores, fruto raro.
851. Flores quae spectatissime florent, celerrime
marcescunt. [Plínio Antigo, Historia Naturalis 21.2,
adaptado] As flores que têm florescimento espetacular
fenecem rapidamente.
852. Floret amor in rerum copia, moritur autem in
egestate. [Apostólio 9.3] Na abundância o amor
floresce, mas na indigência morre. ■ Amor sem dinheiro
não é bom companheiro.
853. Floret qui laborat. Quem trabalha prospera.
854. Flos in pictura non est flos, immo figura; qui
pingit florem, floris non pingit odorem. [Carmina
Burana] Flor em pintura não é flor, é na verdade um
retrato, pois quem pinta a flor, não pinta o perfume da
flor. ■ Vai grande diferença do vivo ao pintado. ● Flos
in pictura non est, nisi sola figura. [Binder, Thesaurus
1161] Flor em pintura não é flor, mas uma simples
figura. VIDE: ● Narcissus nulli reddit depictus odorem.
● Qui pingit florem, floris non pingit odorem.
855. Flos sanctorum. A flor dos santos. (=Livro em que
se narram as vidas dos santos).
856. Flos unus non facit hortum. [Binder, Thesaurus
1162] Uma flor sozinha não faz um jardim. ■ Uma flor
não faz primavera. VIDE: ● Hirundo una ver non facit.
● Non una hirundo adesse ver denuntiat. ● Una
hirundo non efficit ver. ● Una hirundo non facit ver.
● Unica non speciem veris hirundo dedit. ● Unus flos
non facit ver. ● Ver non una dies, non una reducit
hirundo.
857. Flosculi sententiarum. Florinhas dos pensamentos.
(=Nome dado a coleções de pensamentos).
858. Fluctibus dedi ratem. [Pereira 93] Entreguei o meu
barco às ondas. ■ A Deus e a ventura botar a nadar.
● Fluctibus dedimus ratem. [Sêneca, Agamemnon
143] Abandonei meu navio ao capricho das ondas. VIDE:
● Ventis totam fervidis dedi ratem.
859. Fluctuat nec mergitur. [Divisa de Paris] É agitado
pelas ondas, mas não afunda.
860. Fluctus numeras. Contas as ondas. (=Fazes trabalho
inútil).
861. Fluit tempus et avidissimos sui deserit. [Sêneca,
Quaestiones Naturales 6.32.10] O tempo escapa e
abandona os que o querem pegar. ■ Tempo e hora não se
atam com soga.
862. Flumen confusum reddit piscantibus usum.
[Werner F53; Walther 9684] O rio agitado dá
oportunidade aos pescadores. ■ Na água revolta pesca o
pescador. VIDE: ● Aqua turbida piscosior est. ● Aquis
turbidis piscari. ● Est captu facilis turbata piscis in
unda. ● Est captu facilis turbatis piscis in undis. ● Est
captus turbatis piscis in undis. ● In aqua turbida
piscatur uberius. ● Piscatur in aqua turbida.
● Turbat aquas, ut plures capiat pisces. ● Turbata
aqua, captat anguillas.
863. Flumina autem omnia et portus publica sunt;
ideoque ius piscandi omnibus commune est in
portibus fluminibusque. [Institutiones 2.1.3] Todos os
rios e portos são públicos; por isso é comum a todos o
direito de pescar nos portos e nos rios.
864. Flumina collectis multiplicantur aquis. Os rios
crescem com as águas acumuladas. ■ Rio se faz é com
riachos. ■ Muitos poucos fazem um muito. ● Flumina
pauca vides magnis de fontibus orta, plurima
collectis multiplicantur aquis. [Ovídio, Remedium
Amoris 97] Poucos rios vês nascerem de grandes
nascentes; a maioria cresce recolhendo filetes d'água.
865. Flumina tranquillissima saepe sunt altissima. Os
rios muito tranqüilos muitas vezes são muito profundos.
■ Águas tranqüilas, águas profundas. ■ A água
silenciosa é a mais perigosa. VIDE: ● Altissima quaeque
flumina minimo labuntur sono. ● Aqua profunda est
quieta. ● Gurgite sub leni fallit metuenda vorago.
● Quamvis sint lenta, sint credulla nulla fluenta.
● Qui fuerit lenis, tamen haud bene creditur amni.
● Quietae aquae non credere. ● Qua flumen placidum
est, forsan latet altius unda.
866. Flumine vicino stultus sitit. [Petrônio, Fragmento
34] Com o rio perto, o tolo passa sede.
867. Fluvio magno aquae ductum inducis. [Suidas /
Albertatius 473] Introduzes um canal num grande rio.
■ Levas água ao mar. VIDE: ● Magno flumini rivulum
inducis. ● Magno flumini rivum inducis.
868. Fluvius cum sis, cum mari contendis. [Schottus,
Adagia 518] Tu, que és um rio, lutas com o mar.
● Fluvius cum mari certas. [Erasmo, Adagia 1.9.76]
VIDE: ● Haud pelago contendito flumen.
869. Fluvius, quae procul absunt, irrigat. [Erasmo,
Adagia 3.1.43] O rio irriga o que está longe. ■ O sandeu
trata do alheio e deixa o seu. ● Fluvius irrigat quae
procul absunt, quae proxima sunt, praeterit. [Medina
595] O rio banha terras que estão distantes, ignora as
que estão próximas. ● Fluvius longinqua irrigans
vicina praeterit. [Schottus, Adagia 245] O rio que
banha as terras distantes deixa para trás as terras
próximas. ● Fluvius, quae longe dissita sunt, irrigat,
quae proxima praeterit. [Manúcio, Adagia 780] O rio
banha o que está espalhado longe, mas ignora o que está
perto.
870. Fluvius non semper fert secures. [Esopo / Erasmo,
Adagia 4.3.57] Não é sempre que o rio traz
machadinhas. ■ Nem sempre florescem os lírios. ■ Nem
cada dia rabo de sardinha. ■ O que a sorte deu aos
outros pode não nos dar. VIDE: ● Nec semper fluvius
fert secures. ● Non semper fluvius bipennes fert.
871. Fodere non valeo, mendicare erubesco. [Vulgata,
Lucas 16.3] Cavar não posso, de mendigar tenho
vergonha.
872. Foeda licet cunctis ea, pulchra videntur amanti.
[Branco 465] Embora para todos sejam defeitos, para o
namorado são qualidades. ■ Quem o feio ama, bonito lhe
parece. ■ O desejo faz o formoso do feio. VIDE: ● Quae
minime sunt pulchra, ea pulchra videntur amanti.
● Sit bufo carus, fiet luna mage carus. ● Unicuique
delectabile est quod amat.
873. Foeda tui cordis respice, mutus eris. [Mota 121]
Olha as vergonhas do teu coração, que ficarás mudo.
■ Mete a mão no próprio seio, não dirás do fado alheio.
VIDE: ● Quando voles alios verbis mordere caninis,
foeda tui cordis respice, mutus eris. ● Qui alteri vult
iniuste dicere, se prius respiciat. ● Vitia qui aliorum
punit, sua prius corrigere debet.
874. Foedum consilium. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
26.38] Uma decisão vergonhosa.
875. Foedum est mansisse diu, vacuumque redisse.
[Homero / Erasmo, Adagia 2.8.87] É uma vergonha ter
demorado tanto e ter voltado com as mãos vazias.
876. Foeneratur Domino qui miseretur pauperis.
[Vulgata, Provérbios 19.17] O que se compadece do
pobre, dá o seu dinheiro a juro ao Senhor. ■ Quem dá ao
pobre empresta a Deus. VIDE: ● Deo dat, qui pauperi
dat.
877. Foetet tuus mihi sermo. [Plauto, Casina 603] Tua
conversa me cheira mal.
878. Folia nunc cadunt; tum arbores in te cadent.
[Plauto, Menaechmi 287] Agora estão caindo folhas;
depois cairão árvores sobre ti. ■ Quem a ruim perdoa, a
ruindade lhe aumenta. VIDE: ● Leviores iniurias si quis
ferat, sequuntur atrociores. ● Nunc in te cadunt folia,
post cadent arbores. ● Post folia cadent in te arbores.
● Post folia cadunt arbores. ● Saepe ignoscendo, des
iniuriae locum. ● Semper ignoscendo, des iniuriae
locum. ● Semper quiescens des locum iniuriae.
● Veterem ferendo iniuriam, invitas novam.
879. Folia qui timet, silvas non adeat. [DAPR 501]
Quem tem medo de folhas não vá às florestas. ■ Quem
tem medo do mar não se embarque. VIDE: ● Non venit
ad silvam, qui cuncta rubeta veretur.
880. Foliis similes homines. [Grynaeus 715] Os homens
são como as folhas das árvores. ■ A vida é uma sombra
que passa.
881. Fons et origo malorum avaritia. A cobiça é a fonte
e a origem dos males. ■ A cobiça é a raiz de todos os
males. ■ A ambição tortura e tritura os homens. VIDE:
● Avaritia est radix omnium malorum.
882. Fons malorum. A fonte dos males.
883. Fons sapientiae verbum Dei. [Vulgata, Eclesiástico
1.5] A fonte da sabedoria é a palavra de Deus.
884. Fontes aquarum. As fontes das águas. A nascente.
VIDE: ● Quemadmodum desiderat cervus ad fontes
aquarum, ita desiderat anima mea ad te, Deus.
885. Fontes sitiunt. As fontes têm sede. (=Diz-se da
pessoa que, vivendo na abundância, ainda deseja mais).
886. Fontibus ex modicis concrescit maximus amnis.
[Sweet 124] De pequenas fontes cresce o maior rio. ■ De
muitos poucos se faz um muito.
887. Forensis strepitus. O barulho da feira.
888. Foris Argus, domi talpa. Na rua, um Argos; em
casa, uma toupeira. (=Argos, segundo a mitologia, tinha
cem olhos; a toupeira tem olhos pouco desenvolvidos e
vive debaixo da terra). ■ O macaco vê o rabo da cutia e
não vê o seu. ● Foris oculatus, caecus domi. Na rua,
tem olhos; em casa, é cego. VIDE: ● Domi talpa, foris
lynx. ● Domi talpa, foris Argus.
889. Foris pugnae, intus timores. [Vulgata, 2Coríntios
7.5] De fora, conflitos; de dentro, temores.
890. Foris sapit, non sibi. Sabe para os outros, mas não
para si.
891. Foris vastabit eos gladius, et intus pavor. [Vulgata,
Deuteronômio 32.25] Por fora, os devastará a espada, e
por dentro, o pavor.
892. Forma bonum fragile est. ■ A beleza é um bem
frágil. ■ A beleza depressa acaba. ● Forma bonum
fragile est, quantumque accedit ad annos, fit minor.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.113] A beleza é um bem frágil,
e à medida que avança nos anos, diminui. ● Forma
bonum fragile est, aeterna sapientia lucet. [Rezende
2056] A beleza é um bem frágil; a sabedoria brilha
eterna. VIDE: ● Res est forma fugax.
893. Forma cadit, vino corrumpitur aetas. Com o vinho
a beleza desaparece, corrompe-se a mocidade. VIDE:
● Forma perit vino. ● Vino forma perit; vino
corrumpitur aetas; vino saepe suum nescit amica
virum.
894. Forma dat esse rei. [Jur] A formalidade dá existência
à coisa.
895. Forma dei munus. [Ovídio, Ars Amatoria 3.103] A
beleza é uma dádiva da divindade.
896. Forma et materia sunt invicem causa. [Signoriello
139] A forma e a matéria são causa uma da outra.
897. Forma feminae viro est spiculum. A beleza da
mulher é para o homem um dardo. ■ O amor entra pelos
olhos.
898. Forma flos, fama flatus. A beleza é uma flor, a fama
é um sopro.
899. Forma legalis, forma essentialis. [Jur / Coke / Black
804] A forma legal é a forma essencial.
900. Forma legis omissa, corruit actus. [Jur] Omitida a
forma da lei, o ato é nulo. VIDE: ● Factum, forma iuris
non servata, est nullum.
901. Forma mutata, mutatur substantia. [Rabelais,
Gargantua 3.40] Mudada a forma, modifica-se a
substância.
902. Forma non observata, infertur annullatio actus.
[Jur / Coke / Black 804] Qua a forma da lei não é
respeitada, ocorre a anulação do ato.
903. Forma, nullo exercente, senescit. [Ovídio, Amores
1.8.53] A beleza declina, se não for cultivada.
904. Forma numen habet. [Ovídio, Amores 3.3.12] A
beleza tem em si alguma coisa de divino.
905. Forma perit vino. Com o vinho a beleza se perde.
VIDE: ● Forma cadit, vino corrumpitur aetas.
906. Forma raro cum sapientia. [DAPR 103] A beleza
raramente se junta com a sabedoria. ■ Beleza e juízo
raramente andam juntos. ■ Moça louçã, cabeça vã. VIDE:
● Formosis levitas semper amica fuit. ● Rara est adeo
concordia formae atque pudicitiae.
907. Forma viros neglecta decet. [Ovídio, Ars Amatoria
1.507] Nos homens fica bem uma beleza descuidada.
908. Formam populabitur aetas, et placitus rugis vultus
aratus erit. [Ovídio, De Medicamine 43] O tempo
devastará a beleza, e o rosto que encantou ficará sulcado
de rugas.
909. Formica formicae cara. [Pereira 98] Uma formiga é
benquista para outra. ■ Cada um folga com seu igual.
● Formicae grata est formica, cicada cicadae,
accipiter placet accipitri. [Teócrito / Manúcio, Adagia
89] Formiga agrada a formiga, cigarra a cigarra, falcão
agrada a falcão. ■ Cré com cré, lé com lé. ■ Cada qual
folga com seu igual. ■ Corvos a corvos não se arrancam
os olhos. VIDE: ● Cicada cicadae cara, formicae
formica.
910. Formica non incauta futuri. A formiga não descuida
do futuro.
911. Formicae populus infirmus, qui praeparat in
messe cibum sibi. [Vulgata, Provérbios 30.25] As
formigas, aquele fraco povo, que faz seu provimento
durante a messe.
912. Formicae quoque sua bílis est. [Binder, Thesaurus
1177] A formiga também tem sua bílis. ■ Também a
formiga tem catarro. ■ Cada formiga tem sua ira. ■ Rã
também sente como gente. ■ Até o cabelo sutil faz sua
sombra. ● Formicae sua bilis inest, habet et musca
splenem. [Thomas Tegg, The London Encyclopedia
203] A formiga tem a sua bílis, e até a mosca tem a sua
ira. VIDE: ● Est et formicae et culici sua bilis. ● Et
formicae sua bilis inest. ● Etiam formicae sua bilis
inest. ● Habet et musca splenem. ● Habet et musca
splenem, et formica bilem. ● Inest et formicae fel.
● Inest et formicae sua bilis. ● Inest et formicae et
serpho bilis. ● Tam parvum nihil est, cui sit defensio
nulla
913. Formidabilior cervorum exercitus, duce leone,
quam leonum, duce cervo. [Chabrias / Plutarco] Um
exército de cervos comandado por um leão é mais
temível que um exército de leões comandado por um
cervo. ● Formidabilius esse cervorum agmen ductore
leone, quam leonum, cervo. [Manúcio, Adagia 1332]
914. Formido est metus permanens. O terror é um medo
permanente.
915. Formosa facies muta commendatio est. [Publílio
Siro] Um rosto bonito é uma recomendação tácita.
■ Beleza é riqueza.
916. Formosa virgo est dotis dimidium. [DAPR 347]
Uma moça bela é a metade do dote. ■ Linda cara, meio
dote. ■ Mulher bonita nunca é pobre. ● Formosa virgo
est: dotis dimidium vocant isti, qui dotes neglegunt
uxorias. [Afrânio] A moça é linda: é meio dote, dizem
aqueles que não se interessam por dote da esposa.
● Formositas dimidium dotis. [Busarello 99] A
formosura é meio dote. VIDE: ● Est pulchris sua dos
forma sine arte potens. ● In virgine forma dotis
dimidium. ● Virgo formosa, etsi sit oppido pauper,
tamen abunde dotata est.
917. Formosam resonare doces Amaryllida silvas.
[Virgílio, Eclogae 1.5] Tu ensinas os bosques a ecoar os
encantos da formosa Amarílis.
918. Formosi pecoris custos, formosior ipse. [Virgílio,
Bucolica 5.44] Pastor de um belo rebanho, ele mesmo
mais belo ainda. VIDE: ● Immanis pecoris custos,
immanior ipse.
919. Formosis levitas semper amica fuit. [Propércio,
Elegiae 2.16.26] A futilidade sempre foi amiga da
beleza. ■ Moça louçã, cabeça vã. VIDE: ● Forma raro
cum sapientia.
920. Formosos saepe inveni pessimos, et turpe facie
multos cognovi optimos. [Fedro, Fabulae 3.4]
Encontrei muitas pessoas bonitas e más, e conheci
muitas pessoas excelentes com rosto feio.
921. Fornicatio, et vinum, et ebrietas auferunt cor.
[Vulgata, Oséias 4.11] A fornicação, e o vinho, e a
embriaguez lhes fazem perder o sentido.
922. Foro parce. [Dionísio Catão, Monosticha 6] Evita os
negócios públicos.
923. Fors dominatur, neque vita ulli propria in vita est.
[Áccio] É a sorte que governa; nesta vida ninguém pode
dizer que sua vida é sua.
924. Fors et virtus miscentur in unum. [Virgílio, Eneida
12.714] A sorte e a coragem se unem.
925. Fors in aliquibus rebus plus quam ratio potest.
[Cícero, Ad Atticum 14.13.3] O acaso em algumas
coisas pode mais que nossos cálculos.
926. Fors in armis plus potest quam ratio. Na guerra
pode mais a sorte que a razão. VIDE: ● Fortuna in bello
multum potest.
927. Fors iuvat audentes. [Claudiano, Carmina Minora,
Epistula ad Probinum 9] A sorte ajuda os ousados.
■ Quem não arrisca não petisca. VIDE: ● Audaces
fortuna iuvat. ● Audaces fortuna iuvat, timidosque
repellit. ● Audentes fortuna iuvat. ● Audentes fortuna
iuvat, decoratque corona. ● Audentes fortuna iuvat
timidosque repellit.
928. Fors omnia versat. [Virgílio, Eclogae 9.5] A sorte
tudo governa. ● Fors omnia regere. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 51.1] O acaso conduziu tudo.
929. Forsan et haec olim meminisse iuvabit. [Virgílio,
Eneida 1.203] Talvez algum dia nos dará prazer
recordar estas coisas. ■ O que é duro de passar é doce
de lembrar. VIDE: ● Revocate animos maestumque
timorem mittite; forsan et haec olim meminisse
iuvabit.
930. Forsan miseros meliora sequentur. [Virgílio,
Eneida 12.153] Pode ser que coisas mais agradáveis
sucedam aos infelizes. ■ De hora em hora Deus
melhora.
931. Forsitan et nostrum nomen miscebitur istis.
[Ovídio, Ars Amatoria 3.339] Talvez também meu
nome se junte aos deles.
932. Forsitan valebunt impetrare minae quod amor
non valuit obtinere. Talvez ameaças possam conseguir
o que o amor não pôde obter.
933. Fortasse vitium de quo quereris, si te diligenter
excusseris, in sinu invenies. [Sêneca, De Beneficiis
7.28] Se te examinares com cuidado, talvez encontres
no teu seio o defeito de que te queixas. ■ Mete a mão no
próprio seio, não dirás do fado alheio.
934. Forte scutum, salus ducum. [Inscrição no Fortescue
Castle, Irlanda] A segurança dos chefes é um escudo
forte.
935. Forte tua? [Inscrição em relógio] Não será talvez a
tua hora?
936. Fortem facit vicina libertas senem. [Sêneca,
Hippolytus 139] A libertação que está próxima dá
forças ao velho.
937. Fortem posce animum. [Juvenal, Satirae 10.357]
Pede uma vontade forte.
938. Fortem te praebe! Sê bravo! VIDE: ● Forti animo
esto.
939. Fortes adiuvat ipsa Venus. [Tibulo, Elegiae 1.2.16]
Aos bravos a própria Vênus ajuda.
940. Fortes creantur fortibus et bonis. [Horácio,
Carmina 4.4.29] Os bravos nascem dos bravos e bons.
■ A acha sai ao madeiro. ■ De tal madeiro, tal acha.
941. Fortes enim non modo fortuna adiuvat, ut est in
vetere proverbio, sed multo magis ratio. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.11] Aos valentes não é só a
sorte que ajuda, como diz o velho provérbio, mas ajuda
muito mais a razão.
942. Fortes fortuna adiuvat. [Terêncio, Phormio 203] A
sorte ajuda os bravos. ■ A fortuna ajuda aos ousados e
despreza os temerosos. ● Fortes fortuna iuvat. VIDE:
● Eventus docuit fortes Fortunam iuvare. ● Fortibus
est fortuna viris data. ● Fortuna fortes iuvat.
943. Fortes in fine consequendo et suaves in modo et
ratione assequendi simus. [Cláudio Acquaviva,
Industriae ad Curandos Animae Morbos] Sejamos fortes
para alcançar o fim, mas suaves no modo e no meio de
consegui-lo. ■ Mão de ferro em luva de veludo. ■ Com
bondosa severidade. VIDE: ● Fortiter in re, suaviter in
modo. ● Suaviter in modo, fortiter in re.
944. Fortes vetant maerere, degeneres iubent. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 1836] Os heróis proíbem que os
choremos; só os fracos reclamam lágrimas.
945. Forti animo esto. [Vulgata, Tobias 5.13] Tem ânimo.
VIDE: ● Fortem te praebe!
946. Forti et fideli nihil difficile. [Divisa / Stevenson 435]
Ao valente e fiel nada é difícil.
947. Fortia adversis opponite pectora rebus. [Horácio,
Sermones 2.2.136] Oponde à adversidade o peito
valente.
948. Fortia dicta. Palavras arrogantes.
949. Fortia loqui malimus, quam factis exsequi.
[Schottus, Adagialia Sacra 54] Preferimos dizer
palavras enérgicas a realizar feitos. ■ É mais fácil dizer
que fazer.
950. Fortibus est fortuna viris data. [Ênio, Annales 257]
A boa sorte é concedida aos bravos. VIDE: ● Eventus
docuit fortes Fortunam iuvare. ● Fortes fortuna
adiuvat. ● Fortes fortuna iuvat. ● Fortuna fortes
iuvat.
951. Fortior est custodia legis quam hominis. [Jur /
Black 806] A guarda da lei é mais forte do que a do
homem.
952. Fortior est qui cupiditates suas, quam qui hostes
subicit. [Publílio Siro] Mais valente é quem vence suas
ambições do que quem submete os inimigos. ● Fortior
est qui cupiditatem vincit quam qui hostem subicit.
[DM 81] Mais valente é quem vence sua paixão que
quem submete o inimigo.
953. Fortior est qui se, quam qui fortissima vincit
moenia. [DAPR 660] É mais forte quem vence a si
mesmo do que quem vence uma muralha fortíssima. ■ É
mais forte quem se vence a si do que quem vence
cidades. VIDE: ● Est difficillimum se ipsum vincere.
● Fortis qui se vincit. ● Potentissimus est qui se habet
in potestate. ● Se vincere ipsum longe est
difficillimum. ● Vincit qui se vincit.
954. Fortior et potentior est dispositio legis quam
hominis. [Jur / Broom 544] A disposição da lei é mais
forte e mais eficaz do que a do homem. VIDE: ● Firmior
et potentior est operatio legis quam dispositio
hominis.
955. Fortis alius alium invenit. [Rezende 2065] ■ Um
valente acha outro. ■ Um valente topa outro. VIDE:
● Fortis in alium fortiorem incidit.
956. Fortis animi et constantis est non perturbari in
rebus asperis. [Cícero, De Officiis 1.80] É do espírito
valoroso e persistente não se desesperar na adversidade.
957. Fortis cadere, cedere non potest. [Divisa] O bravo
pode cair, não pode recuar.
958. Fortis est animus ad quae praeparatus venit.
[Sêneca, De Ira 3.37] O espírito é corajoso em relação
àquilo para que está preparado.
959. Fortis est ut mors dilectio. [Vulgata, Cântico 8.6] O
amor é forte como a morte. ■ Amor e morte, nada é mais
forte. VIDE: ● Fortis ut mors dilectio.
960. Fortis et fidelis. [Divisa] Corajoso e fiel.
961. Fortis et liber. [Divisa de Alberta, Canadá] Corajoso
e livre.
962. Fortis fugacibus esto. [Ovídio, Metamorphoses
10.533] Sê corajoso para os covardes.
963. Fortis fuit, amicus amico, manu plena, uncta
mensa. [Petrônio, Satiricon 43] Foi um homem valente,
amigo dos amigos, mão aberta, mesa farta.
964. Fortis imaginatio generat casum. [Montaigne,
Essais 1.21; DAPR 758] Uma imaginação forte produz
o acontecimento.
965. Fortis in alium fortiorem incidit. [Erasmo, Adagia
3.10.95] Um valente topa outro mais valente que ele.
■ Um valente acha outro. ■ Um valente topa outro.
● Fortis in sibi parem incidit. [Pereira 93] Um valente
encontra outro igual a ele. VIDE: ● Fortis alius alium
invenit.
966. Fortis qui se vincit. [Divisa] Valente é quem se
vence. ■ Quem se vence, vence o mundo. VIDE: ● Fortior
est qui se, quam qui fortissima vincit moenia. Se
vincere ipsum longe est difficillimum.
967. Fortis ut mors dilectio. O amor é forte como a
morte. ■ Amor e morte, nada é mais forte. VIDE: ● Fortis
est ut mors dilectio.
968. Fortissima minimis interdum cedunt. Às vezes as
coisas mais fortes se submetem às mais fracas.
969. Fortissimi viri et milites strenuissimi ex agricolis
gignuntur. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 18.26] Os
homens mais valentes e os soldados mais esforçados
nascem dos camponeses. (=Plínio menciona Catão
como autor da sentença). VIDE: ● Ex agricolis et viri
fortissimi et milites strenuissimi gignuntur.
970. Fortissimus ille est, qui promptus metuenda pati,
si comminus instet, et differre potest. [Lucano,
Pharsalia 7.105] O homem mais corajoso é aquele que,
pronto para enfrentar os perigos, se eles estiverem
presentes, pode também esperar por eles.
971. Fortiter et feliciter. [Divisa] Com bravura e sucesso.
972. Fortiter et recte. [Divisa] Com coragem e retidão.
973. Fortiter et suaviter. [Divisa] Com coragem e
gentileza.
974. Fortiter ferendo vincitur malum quod evitari non
potest. [Rezende 2069] Suportando com coragem,
vence-se o infortúnio que não se pode evitar. ■ Mal que
não se pode remediar, aligeira-o a paciência.
975. Fortiter, fideliter, feliciter. [Divisa / Sweet 1] Com
coragem, fidelidade e êxito.
976. Fortiter geret crucem. Ele carregará sua cruz com
bravura.
977. Fortiter ille facit, qui miser esse potest. [Marcial,
Epigrammata 11.57.16] Age com coragem quem sabe
que pode enfrentar a desgraça.
978. Fortiter in re, suaviter in modo. [Rezende 2070]
Com firmeza na ação, mas com suavidade no modo.
(=Esta sentença, tida como regra da Companhia de
Jesus, origina-se de palavras de Cláudio Acquaviva,
Geral da Companhia). ■ Mão de ferro em luva de
veludo. ■ Com bondosa severidade. VIDE: ● Attingit ergo
a fine usque ad finem fortiter, et disponit omnia
suaviter. ● Fortes in fine consequendo et suaves in
modo et ratione assequendi simus.
979. Fortiter malum qui patitur, idem post potitur
bonum. [Plauto, Asinaria 324] Quem sabe suportar a
adversidade com bravura, depois também consegue a
prosperidade. ■ Quem sofreu, venceu.
980. Fortius astringunt duo vincula, simplice nodo.
[Binder, Thesaurus 1185] Dois nós prendem com mais
solidez que um nó simples. VIDE: ● Ancoris duabus niti
ratem bonum est. ● Bonum est duabus ancoris niti
ratem. ● Bonum est duabus fundari navem ancoris.
● Duabus nititur ancoris. ● Duabus ancoris fultus.
● Melius duo defendunt retinacula navim. ● Navis tua
fulta est duabus ancoris. ● Servari haud una navis
ancora solet.
981. Fortitudine. [Divisa de Fortaleza, CE] Com coragem.
982. Fortitudine et constantia. [Divisa] Com coragem e
constância.
983. Fortitudine et prudentia. [Divisa] Com coragem e
prudência.
984. Fortitudo contemptrix timendorum est. [Sêneca,
Epistulae Morales 88.29] A coragem despreza os
perigos.
985. Fortitudo dimicare iubet. [Cícero, Philippica 13.6]
A bravura obriga a lutar.
986. Fortitudo eius rempublicam tenet. [Inscrição em
medalha / Brewer, Dictionary of Phase and Fable] Sua
bravura sustenta a pátria.
987. Fortitudo et decor animi. [Inscrição em medalha]
Bravura e gentileza.
988. Fortitudo in laboribus periculisque cernatur.
[Cícero, De Finibus 5.23] A fortaleza de ânimo se
revela nos trabalhos e nos perigos.
989. Fortitudo insipiens est imbecillis. A força sem a
inteligência é fraca. ■ Mais vale sabedoria que força.
990. Fortitudo mea in brachio. [Divisa do brasão de
Cremona, Itália] Minha força está no braço.
991. Fortium virorum est magis mortem contemnere
quam odisse vitam. [Quinto Cúrcio, Historiae 5.9] É
próprio dos homens corajosos antes desprezar a morte
do que aborrecer a vida.
992. Fortuito, non voluntate. Por acaso, não por vontade.
993. Fortuitos casus nullum humanum consilium
providere potest. [Digesta 50.8.2.7] Nenhuma intuição
humana pode prever os acontecimentos fortuitos.
994. Fortuna, amica varietati, constantiam respuit.
[Cícero, De Natura Deorum 2.43, adaptado] A fortuna,
amiga da variedade, despreza a constância. ■ A fortuna é
vária: hoje a favor, amanhã contrária.
995. Fortuna amicos parat; inopia amicos probat. A
sorte nos dá os amigos; a pobreza os põe à prova. ■ É
nos tempos maus que se conhecem os amigos bons.
● Fortuna amicos conciliat; inopia amicos probat.
996. Fortuna belli fluxa. A sorte da guerra é vacilante. ■ A
guerra, sabe-se como começa, não se sabe como
termina. ■ Quem vai à guerra dá e leva. VIDE: ● Anceps
belli casus. ● Armorum exitus semper incerti, et
timidi. ● Belli exitus incertus. ● Bellorum exitus
incerti. ● Eventus belli varii. ● Mars dubius.
● Nusquam minus quam in bello eventus respondet.
● Varius et dubius est belli eventus.
997. Fortuna belli semper ancipiti in loco est. [Sêneca,
Phoenissae 629] A sorte da guerra está sempre numa
posição ambígua.
998. Fortuna caeca est. ■ A sorte é cega. ● Fortuna caeca
est, sed eos etiam plerumque efficit caecos quos
complexa est. [Cícero, De Amicitia 54] A sorte é cega,
mas geralmente também cega os que ela abraçou. VIDE:
● Non enim solum ipsa fortuna caeca est, sed eos
etiam plerumque efficit caecos, quos complexa est.
● Non modo fortuna ipsa caeca est, sed etiam ii saepe
caeci sunt quos complexa est.
999. Fortuna caeco trahit omnia cursu. [Lucano, De
Bello Civili 568, adaptado] A sorte arrasta tudo por um
caminho incerto.
1000. Fortuna, cum blanditur, captatum venit. [Publílio
Siro] A sorte, quando nos acaricia, vem-nos seduzir. ■ A
fortuna, afagando, espreita, e a prosperidade é a mais
suspeita.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7

F6: 1001-1200
1001. Fortuna cuncta versat in contrarium. [Eurípides /
Grynaeus 262] A sorte inverte todas as coisas.
1002. Fortuna est rotunda. [Bebel, Adagia Germanica] A
sorte é redonda. ■ A fortuna é vária: hoje a favor,
amanhã contrária.
1003. Fortuna extollet plus quam sapientia natos.
[Pereira 124] Mais elevará os filhos a sorte do que a
sabedoria. ■ Mais vale sorte que sabedoria. ■ Ventura te
dê Deus, filho, que saber pouco te basta. VIDE: ● Ultro
Deus suppeditet bona.
1004. Fortuna favet fatuis. [Owen, Epigrammata 7.30] A
sorte favorece os tolos. ■ A sorte ajuda os loucos. ■ Aos
bobos aparece Santa Maria. ■ Quanto mais besta, mais
peixe. ● Fortuna favet stultis. VIDE: ● Dicitur a multis
quod sors est optima stultis.
1005. Fortuna favet fortibus. A sorte favorece os
corajosos. ■ A sorte protege os ousados.
1006. Fortuna favet ignavos. [Binder, Thesaurus 1187] A
sorte favorece os indolentes.
1007. Fortuna fortes iuvat. A sorte ajuda os bravos. ■ A
fortuna ajuda aos ousados e despreza os temerosos.
VIDE: ● Eventus docuit fortes Fortunam iuvare.
● Fortes fortuna iuvat. ● Fortes fortuna adiuvat.
● Fortibus est fortuna viris data.
1008. Fortuna fortes metuit, ignavos premit. [Sêneca,
Medea 159] A sorte respeita os valentes e oprime os
covardes. ■ Ao homem de esforço, a fortuna lhe dá a
mão.
1009. Fortuna gloriae carnifex. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 28.39] A sorte é o carrasco da glória.
1010. Fortuna homines caecos reddit. O dinheiro cega os
homens. ■ O dinheiro cega a razão.
1011. Fortuna hominibus plus quam consilium valet. A
sorte para os homens vale mais que a sabedoria. ■ Mais
vale sorte que sabedoria. VIDE: ● Fortuna in homine
plus quam consilium valet. ● Fortuna plus homini
quam consilium valet.
1012. Fortuna humana fingit artatque ut libet. [Plauto,
Captivi 236] A sorte molda e limita as coisas humanas
de acordo com sua vontade.
1013. Fortuna immeritos auget honoribus. A sorte cobre
de honras pessoas que não merecem. ■ A sorte muitas
vezes favorece a quem não merece. VIDE: ● Fortuna
saepe indignos favet.
1014. Fortuna, immoderata in bono aeque atque in
malo. [Labério] A sorte é sempre exagerada tanto nos
favores como nas desgraças.
1015. Fortuna imperatrix mundi. [Carmina Burana] A
sorte é a governadora do mundo.
1016. Fortuna in bello multum potest. Na guerra, a sorte
pode muito. VIDE: ● Fors in armis plus potest quam
ratio.
1017. Fortuna in homine plus quam consilium valet. A
sorte para o homem vale mais que a sabedoria. ■ Mais
vale sorte que sabedoria. VIDE: ● Fortuna hominibus
plus quam consilium valet. ● Fortuna plus homini
quam consilium valet.
1018. Fortuna in omni re dominatur: ea res cunctas ex
lubidine magis quam ex vero celebrat obscuratque.
[Salústio, Catilina 8.1] A sorte exerce sua influência
sobre todas as coisas: ela mais pelo capricho do que
pela verdade proporciona a glória ou o esquecimento às
ações dos mortais.
1019. Fortuna interdum praeter spem atque
exspectationem hominibus favet. [Fedro, Fabulae,
Appendix 16.1] Às vezes a sorte favorece os homens
além da esperança e do desejo.
1020. Fortuna levis est dea. [Lodeiro 459] A Fortuna é
uma deusa leviana.
1021. Fortuna magna magna domino est servitus.
[Publílio Siro] Uma grande fortuna é uma grande
escravidão para seu dono. ■ Uma grande fortuna é uma
grande escravidão. ● Fortuna magna domino est
servitus. A riqueza é uma grande servidão para seu
dono. VIDE: ● Magna servitus est magna fortuna; non
licet tibi quicquam arbitrio tuo facere.
1022. Fortuna magna non caret formidine. Não existe
grande fortuna sem ameaça. ■ A fortuna é vária: hoje a
favor, amanhã contrária. VIDE: ● Rebus tranquillis
metuas adversas sub illis.
1023. Fortuna meliores sequitur. [Salústio, Oratio
Philippi 8] A sorte acompanha os melhores. ● Fortuna
melioribus adfuit. [Tácito, Historiae 4.67] A sorte
favoreceu os melhores.
1024. Fortuna miserrima tuta est, nam timor eventus
deterioris abest. [Ovídio, Ex Ponto 2.2.31] A sorte
mais miserável é segura, pois não há medo de coisa
pior. ■ Não se pode despir um homem nu.
1025. Fortuna multis dat nimis, satis nulli. [Marcial,
Epigrammata 2.10.2] A sorte dá demais a muitos, a
ninguém o suficiente.
1026. Fortuna nimium quem fovet, stultum facit.
[Publílio Siro] ■ A fortuna enlouquece a quem muito
favorece. ■ A fortuna é madrasta da prudência. VIDE:
● Fortuna quem nimium fovet, stultum facit.
● Stultum facit Fortuna, quem vult perdere.
1027. Fortuna non addit sapientiam. [Rezende 2087] A
sorte não dá sabedoria.
1028. Fortuna non mutat genus. [Horácio, Epodon 1.4.6]
A sorte não muda nossa estirpe.
1029. Fortuna nos vincit, nisi tota vincitur. [Publílio
Siro] A fortuna nos domina, se não for totalmente
dominada por nós.
1030. Fortuna nulli plus quam consilium valet. [Publílio
Siro] Para ninguém a sorte pode mais do que a
prudência.
1031. Fortuna nunquam sistit in eodem statu. [Ausônio,
Epigrammata 163] A sorte nunca permanece no mesmo
estado. ■ A roda da fortuna tanto anda como desanda.
1032. Fortuna obesse nulli contenta est semel. [Publílio
Siro] A sorte não se contenta com ferir ninguém uma só
vez. ■ Uma desgraça nunca vem só. ■ Bem venhas, mal,
se vieres só. VIDE: ● Calamitas nulla sola. ● Eheu!
nullum infortunium venit solum. ● Malis mala
succedunt. ● Nulla calamitas sola. ● Nullum
infortunium venit solum.
1033. Fortuna opes auferre potest, non animum.
[Sêneca, Medea 176] A sorte pode arrebatar-me os
bens, não a coragem.
1034. Fortuna parvis momentis magnas rerum
commutationes efficit. [César, De Bello Civili 3.68] A
sorte realiza grandes mudanças em breves momentos.
■ A fortuna muda-se como o vento.
1035. Fortuna per omnia humana, maxime in res
bellicas, potens. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 9.17] A
sorte tem muito poder sobre todas as coisas humanas,
principalmente na guerra. VIDE: ● Potens maxime in res
bellicas fortuna.
1036. Fortuna plus ei favet quam meretur. A sorte o
favorece mais do que merece. ■ A sorte é cega. ■ A
fortuna é madrasta da prudência.
1037. Fortuna plus homini quam consilium valet.
[Publílio Siro] A sorte vale mais para o homem que a
sabedoria. ■ Mais vale sorte que sabedoria. VIDE:
● Fortuna hominibus plus quam consilium valet.
● Fortuna in homine plus quam consilium valet.
1038. Fortuna prospera potissimum vitia hominum
indicat, adversa virtutes. [Bacon, De Rebus Adversis]
A prosperidade revela principalmente os vícios dos
homens; a adversidade, suas virtudes.
1039. Fortuna quem nimium fovet, stultum facit.
[Albertano da Brescia, Liber Consolationis 12] ■ A
fortuna enlouquece a quem muito favorece. ■ A fortuna
é madrasta da prudência. VIDE: ● Fortuna nimium
quem fovet, stultum facit.
1040. Fortuna quo se, eodem et inclinat favor. [Publílio
Siro] Para o lado a que se inclina a sorte, para lá
também vão os aplausos.
1041. Fortuna reddit insolentes. [Erasmo, Adagia 3.9.92]
O sucesso faz os insolentes. ■ A fortuna faz bravura.
1042. Fortuna saepe indignis munera sua largitur. Com
freqüência a sorte concede seus prêmios a indignos.
1043. Fortuna saepe indignos favet. [DAPR 312] ■ A
sorte muitas vezes favorece a quem não merece. VIDE:
● Fortuna immeritos auget honoribus.
1044. Fortuna salutis monstrat iter. [Virgílio, Eneida
2.387] A sorte nos está mostrando o caminho da
salvação.
1045. Fortuna, sicut medicus imperitus, multos necat.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 4.7] A sorte,
como o médico inexperiente, mata a muitos.
1046. Fortuna simul cum moribus immutatur. [Salústio,
Catilina 2] A sorte muda junto com o caráter.
1047. Fortuna suffragante. [Cícero, Ad Familiares 10.5]
Com o favor da sorte. Com a sorte do meu lado. Com a
sorte do nosso lado.
1048. Fortuna turpem nulla naturam obtegit. O sucesso
não esconde uma natureza má.
1049. Fortuna unde aliquid fregit, cassum est reficere.
[Publílio Siro] Onde a sorte quebrou alguma coisa, é
inútil tentar restaurar.
1050. Fortuna usu dat multa, mancipio nihil. [Publílio
Siro] A sorte nos dá muita coisa para usufruto, nada
como propriedade. VIDE: ● Vita mancipio nulli datur,
omnibus usu.
1051. Fortuna virtutem sequitur. A sorte acompanha a
coragem. VIDE: ● Ergo fortuna, ut saepe alias, virtutem
est secuta.
1052. Fortuna virtutem superat. A sorte supera a
coragem.
1053. Fortuna vitrea est: tum cum splendet, frangitur.
[Publílio Siro] ■ A fortuna é como o vidro: tanto brilha
como quebra. ● Fortuna vitrea est, quae, cum máxime
splendet, frangitur. ● Fortuna vitrea est: frangitur
quando micat. VIDE: ● Vitrea est fortuna.
1054. Fortuna volubilis est, et vaga. A sorte é volúvel e
errante. ■ A fortuna é vária: hoje a favor, amanhã
contrária. ● Fortuna volubilis errat. VIDE: ● Passibus
ambiguis fortuna volubilis errat.
1055. Fortunae cetera mando. [Ovídio, Metamophoses
2.140] O mais eu entrego à sorte.
1056. Fortunae dona magna non sunt sine metu.
[Publílio Siro] Não há grandes dádivas da sorte que
sejam sem medo.
1057. Fortunae filius. Um filho da sorte. (=Um homem de
sorte). VIDE: ● Plane fortunae filius: in manu illius
plumbum aurum fiebat.
1058. Fortunae muneribus utendum, non fidendum.
[Rezende 2079] Devem-se usar os favores da sorte, mas
não se deve confiar neles.
1059. Fortunae mutationes. [Veleio Patérculo, Historia
Romana 2.75] A inconstância da sorte. VIDE: ● Fortunae
varietas.
1060. Fortunae rota versa tuae est. [Owen, Epigrammata
3.5] A roda da tua sorte girou.
1061. Fortunae rota volvitur. [Carmina Burana] A roda
da fortuna está sempre girando. ■ A roda da fortuna
anda mais do que a do moinho. VIDE: ● Versatur celeri
fors levis orbe rotae.
1062. Fortunae rotam pertimescebat. [Cícero, In
Calpurnium Pisonem 10] Ele temia a roda da fortuna.
VIDE: ● Pertimescenda est fortunae rota.
● Pertimescenda rota fortunae. ● Rota fortunae
pertimescenda est.
1063. Fortunae suae quisque faber est. Cada um é o
artífice da própria sorte. ■ O homem faz-se por si.
■ Cada um é filho de suas obras. ■ Felicidade, cada qual
faz a sua. ■ Vem a ventura a quem a procura.
● Fortunae faber est quilibet suae. VIDE: ● Est
unusquisque faber ipse suae fortunae. ● Faber est
suae quisque fortunae. ● Faber quisque fortunae sibi.
● Faber quisque fortunae suae. ● Faber suae fortunae
unusquisque est ipsus. ● Fabrum esse suae quemque
fortunae. ● Fortunam sibi quisque facit. ● Fortunam
suam quisque parat. ● Fortunam suam sibi quisque
ipse parat. ● Quisque faber est fortunae suae.
1064. Fortunae varietas. [Cornélio Nepos, Timotheus 4]
A inconstância da sorte. VIDE: ● Fortunae mutationes.
1065. Fortunae veniam damus. [Juvenal, Satirae 11.176]
Nós desculpamos a sorte.
1066. Fortunae volucris rota adversa prosperis semper
alternat. [Amiano Marcelino, Historiae 31.1] A veloz
roda da fortuna sempre alterna a adversidade à
felicidade. ■ A fortuna é vária, hoje a favor, amanhã
contrária.
1067. Fortunam a deo petendam, a se ipso sumendam
esse sapientiam. [Cícero, De Natura Deorum 3.36] Os
bens de fortuna devem-se pedir aos deuses; a sabedoria
deve-se procurar em si mesmo. VIDE: ● Iudicium hoc
omnium mortalium est: fortunam a deo petendam, a
se ipso sumendam esse sapientiam.
1068. Fortunam adversam debes tolerare, ferendo,
contingat forsan ne tibi deterior. [Rezende 2082]
Tens de sofrer a sorte adversa, suportando-a para que
não te atinja sorte pior. ■ Mau amo hás de aturar, com
medo de piorar.
1069. Fortunam citius reperias quam retineas. [Publílio
Siro] É mais fácil encontrar a sorte que retê-la. ■ A
fortuna mais asinha se acha do que se sustenta.
1070. Fortunam criminis pudeat sui. [Fedro, Fabulae
2.9.19] A Fortuna envergonha-se de seu erro.
1071. Fortunam cuique mores confingunt sui. [Publílio
Siro] O caráter de cada um determina a sua sorte.
■ Cada qual é filho de suas obras. VIDE: ● Fortunam sibi
quisque facit.
1072. Fortunam debet quisque manere suam. [Ovídio,
Tristia 4.26] Cada qual deve contentar-se com sua sorte.
■ Cada um se contente com o que Deus lhe dá.
1073. Fortunam nemo vitare potest. ■ Ninguém foge à
sua própria sorte.
1074. Fortunam praesentem bone consule. [Pereira 100]
Vela pela sorte presente. ■ Contenta-te com teu estado,
se queres viver descansado. VIDE: ● Praesentem
fortunam boni consule.
1075. Fortunam reverenter habe. [Ausônio,
Epigrammata 8.7] Aceita tua sorte respeitosamente.
■ Aceita o bem, conforme vem.
1076. Fortunam sibi quisque facit. [Plauto, Trinummus
363] Cada um é o artífice da própria sorte. ■ O homem
faz-se por si. ■ Cada um é filho de suas obras.
■ Felicidade, cada qual faz a sua. ■ Vem a ventura a
quem a procura. ● Fortunam suam quisque parat.
[DAPR 663] ● Fortunam suam quisque fingit.
● Fortunam suam sibi quisque ipse parat.
● Fortunam suam fingere cuique praecipue in manu
propria est. [Bacon, De Fortuna 1] Está principalmente
na mão de cada um construir sua sorte. VIDE: ● Est
unusquisque faber ipse suae fortunae. ● Faber est
suae quisque fortunae. ● Faber quisque fortunae sibi.
● Faber quisque fortunae suae. ● Faber suae fortunae
unusquisque est ipsus. ● Fabrum esse suae quemque
fortunae. ● Fortunae suae quisque faber est.
1077. Fortunam tuam pressis manibus tene: lubrica est,
nec invita teneri potest. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.8]
Segura a sorte entre tuas mãos apertadas: ela é
escorregadia, e não pode ser retida contra a vontade.
1078. Fortunam ut ars, fortuna ita artem amat invicem.
[Aristóteles / Grynaeus 367] Como o trabalho ama a
sorte, assim a sorte ama o trabalho. ■ Vem a ventura a
quem a procura. ■ Trabalha, que Deus te ajudará.
■ Trabalha e terás, madruga e verás. VIDE: ● Cum
Minerva manum quoque move. ● Fac interim aliquid
ipse, dein deos voca.
1079. Fortunatam videre vitam, donum est Altissimi.
[Schrevelius 1169] Viver vida feliz é dádiva do
Altíssimo.
1080. Fortunate senex, ergo tua rura manebunt!
[Virgílio, Eclogae 1.47] Afortunado ancião! Assim os
campos continuarão teus!
1081. Fortunati ambo. [Virgílio, Eneida 9.446] Ambos
sois afortunados.
1082. Fortunato omne solum patria est. [Demócrito /
Schrevelius 1184] Para o homem de sorte toda terra é
sua pátria. ■ Em toda parte se come pão. ■ Onde me vai
bem, aí é minha terra.
1083. Fortunatus et ille deos qui novit agrestes.
[Virgílio, Georgica 2.493] Feliz também é quem
conhece os deuses campestres.
1084. Forum, advocationes, iudicia fugere debemus.
[Sêneca, De Ira 3.9.3] Devemos fugir de tribunais,
litígios e julgamentos. ■ Antes um ovo com paz que um
boi com guerra.
1085. Forum conscientiae. O tribunal da consciência.
1086. Fossoribus ortus. Nascido de agricultores. (=Uma
pessoa de origem humilde).
1087. Fove quod est frigidum, flecte quod est rigidum.
[Bernardes, Luz e Calor 237] Aquenta o que está frio,
dobra o que está teso.
1088. Fractionem diei non recipit lex. [Jur / Black 810] A
lei não toma conhecimento de uma fração de um dia.
1089. Fracturam pro fractura, oculum pro oculo,
dentem pro dente restituet. [Vulgata, Levítico 24.20]
Restituirá quebradura por quebradura, olho por olho,
dente por dente. VIDE: ● Oculum pro oculo, dentem pro
dente. ● Oculum pro oculo, dentem pro dente,
manum pro manu, pedem pro pede, adustionem pro
adustione, vulnus pro vulnere, livorem pro livore.
1090. Fragilis et caduca felicitas est. [Sêneca Retórico,
Controversiae 2] A felicidade é frágil e passageira. ■ A
felicidade tem asas, como o tempo.
1091. Fragilitatis humanae nimia in prosperis rebus
oblivio est. [Quinto Cúrcio, Historiae, 4.14.20.54] Na
prosperidade esquece-se demasiadamente a fragilidade
humana.
1092. Fragmenta colossi. Ruínas de um colosso. (=Diz-se
de quem não corresponde à magnitude de sua família).
1093. Frangar, non flectar. [Divisa / Rezende 2095]
Quebrarei, mas não me dobrarei.
1094. Frangas enim citius quam corrigas quae in
pravum induruerunt. [Quintiliano, Institutio Oratoria
1.3.12] Destruirás com mais facilidade do que corrigirás
as coisas que caíram no mal.
1095. Frangas, non flectes. [Divisa] Podes quebrar-me,
mas não me dobrarás.
1096. Frangat nucleum qui vult nucem. Quem quer a
noz, que parta a casca. ■ Quem quer bolota, que trepe.
■ Quem quer fogo, busque a lenha. ■ Quem quiser
comer, depene. ● Frange nucis tegmen, si cupis esse
nucem. Parte a casca da noz, se queres comê-la. VIDE:
● Nucleum qui esse vult, frangit nucem. ● Qui e nuce
nucleum esse vult, frangit nucem. ● Qui vult esse
nucleum, frangat nucem. ● Qui vult nucleum, frangat
nucem.
1097. Frange esurienti panem tuum. [Vulgata, Isaías
58.7] Parte teu pão ao que tem fome.
1098. Frangenti fidem, fides frangatur eidem. [VES 10;
Binder, Thesaurus 1198] A quem quebra a palavra, a ele
também se quebra a palavra. ● Frangentibus fidem
fides non est servanda. [Boncompagno, Ad Comites
Palatinos 16] Não se deve cumprir a palavra a quem
quebra a sua palavra. VIDE: ● Dolus dolo compensatur.
● Fides violanti fidem non servanda. ● Non servanti
fidem, fides non est servanda.
1099. Frangere dum metuis, franges crystallina.
[Marcial, Epigrammata 14.111] Quebrarás o cristal de
medo de quebrá-lo.
1100. Frangit fortia corda dolor. [Tibulo, Elegiae 3.2] A
dor abate até os corações valentes.
1101. Frangit inertia vires. A ociosidade destrói as forças.
1102. Frangit iram dulce verbum. ■ Palavra mansa ira
abranda. VIDE: ● Frangitur ira gravis, cum sit
responsio suavis. ● Responsio mollis frangit iram.
1103. Frangitur assidua fictilis urna via. [Pereira 123] O
vaso de barro se quebra em viagem freqüente. ■ Tantas
vezes vai o cântaro à fonte, que se quebra. ■ Tantas
vezes vai o cântaro à fonte, que um dia lá fica.
■ Desgraça de pote é caminho de riacho. VIDE:
● Amphora quae saepius petit fontem valde
periclitatur. ● Cantharus assidue gestatus perdidit
ansam. ● Casus quem saepe transit, aliquando
invenit. ● Hydria tam diu ad fontem portatur, donec
vel tandem frangatur. ● Ollula tam crebro fertur ad
aquam, quod fracta refertur. ● Quem saepe transit
casus aliquando invenit.
1104. Frangitur ipsa suis Roma superba bonis.
[Propércio, Elegiae 3.13.60] A orgulhosa Roma se
arruína por causa de sua própria prosperidade.
1105. Frangitur ira gravis, cum sit responsio suavis.
[Rezende 2098] Quebra-se a ira grave, quando a
resposta é suave. ■ Resposta branda ira quebranta.
■ Mais apaga a boa palavra que caldeira d’água.
● Frangitur ira gravis, cum fit responsio suavis.
[Trench, Proverbs] VIDE: ● Frangit iram dulce verbum.
● Mollis responsio frangit iram; sermo quoque durus
suscitat furorem. ● Responsio mollis frangit iram.
● Responsio mollis frangit iram, sermo durus suscitat
furorem.
1106. Frater, ave atque vale. [Catulo, Carmina 101.10]
Irmão, salve e adeus.
1107. Frater est amicus quem nobis dedit natura. Um
irmão é um amigo que a natureza nos deu. ● Frater est
amicus quem donat natura. Um irmão é um amigo
que nos doa a natureza.
1108. Frater qui adiuvatur a fratre quasi civitas firma.
[Vulgata, Provérbios 18.19] O irmão que é ajudado por
seu irmão é como uma cidade forte. ● Frater a fratre
adiutus quasi firma civitas. [Tomás a Celano, Vita
Secunda 33.9] O irmão ajudado pelo irmão é como uma
cidade fortificada. ● Frater a fratre protectus, urbs est
fortis. O irmão protegido pelo irmão é uma cidade forte.
● Frater cum adiuvatur a fratre est quasi civitas
munita. O irmão, quando é ajudado pelo irmão, é como
uma cidade fortificada.
1109. Frater uterinus. [Jur / Black 400] Irmão por parte
de mãe. VIDE: ● Consanguineus frater.
1110. Fraterna caritas colenda. Deve ser cultivado o
amor fraterno.
1111. Fraternum vere dulce sodalicium. [Catulo,
Carmina 100] É doce a companhia fraterna. VIDE:
● Dulce sodalicium.
1112. Fratres enim sumus. [Vulgata, Gênesis 13.8]
Somos irmãos.
1113. Fratrum concordia rara, discrepatio crebra.
[DAPR 346] O entendimento entre irmãos é raro, a
discórdia, freqüente. ● Fratrum concordia rara,
disceptatio crebra. O entendimento entre irmãos é raro,
a discussão, freqüente. ● Fratrum quoque gratia rara
est. [Ovídio, Metamorphoses 1.145] É rara a concórdia
entre irmãos. VIDE: ● Rara est gratia fratrum.
1114. Fratrum contentiones, et irae sunt acerbissime; et
qui nimium amant, se nimium oderunt. [Aristóteles /
Bernardes, Nova Floresta 4.345] As contendas e ódios
mais cruéis são os dos irmãos, porque os que muito se
amam muito se aborrecem.
1115. Fratrum irae acerbissimae. [Pereira 101] Ira de
irmãos é terrível. ■ Ira de irmãos, ira de diabos. ■ De
bom vinho, bom vinagre. ● Fratrum inter se irae sunt
acerbissimae. [Erasmo, Adagia 1.2.50] Iras entre
irmãos são terríveis. VIDE: ● Acerba enim bella
fratrum. ● Acerba sunt bella fratrum.
1116. Fraudator homines cum advocat sponsum
improbos, non rem expedire, sed malum dare
expetit. [Fedro, Fabulae 1.16.1] O trapaceiro, quando
apresenta homens desonestos para fiadores, não
pretende pagar suas dívidas, mas aplicar outro engano.
1117. Fraudis atque insidiarum et perfidiae plena sunt
omnia. [Cícero, Commentariolum 10] Tudo está cheio
de engano, de insídias e de traição.
1118. Fraus enim legi fit, ubi quod fieri noluit, fieri
autem non vetuit, id fit. [Digesta 1.3.30] Comete-se
fraude contra a lei, quando se pratica aquilo que ela não
quis que se fizesse, mas não proibiu que fosse feito.
1119. Fraus est accipere quod non possis reddere.
[Publílio Siro] É fraude receber o que não se pode
devolver.
1120. Fraus est celare fraudem. [Jur / Black 815] É crime
encobrir um crime.
1121. Fraus est concessa repellere fraudem. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.491] É lícita a fraude para repelir a fraude.
VIDE: ● Decet fraudem pellere fraude pari. ● Me decuit
fraudem pellere fraude pari.
1122. Fraus est odioso et non praesumenda. [Jur / Black
814] A fraude é odiosa e não deve ser presumida.
1123. Fraus et dolus nemini patrocinari debent. [Jur /
Broom 245] Fraude e dolo não devem proteger
ninguém.
1124. Fraus et ius nunquam cohabitant. [Jur / Black
814] A fraude e a justiça nunca moram juntas.
1125. Fraus in auctorem recidit. [DAPR 278] A fraude
recai no autor. ■ O feitiço se volta contra o feiticeiro.
■ Quem laço me armou nele caiu. ■ Quem faz trelas cai
nelas. VIDE: ● In caput auctoris facinus plerumque
redundat. ● Lanam petierat, ipseque tonsus abiit.
● Redire saepe fraus in auctorem solet.
1126. Fraus latet in generalibus. [Jur / Black 815] A
fraude se esconde nas generalidades. VIDE: ● Dolosus
versatur in generalibus. ● Dolus latet in generalibus.
1127. Fraus meretur fraudem. [Jur / Black 815] Fraude
merece fraude.
1128. Fraus non in consilio, sed in eventu. [Jur] A fraude
não está na intenção, mas na ação.
1129. Fraus omnia corrumpit. O crime corrompe tudo.
(=A fraude anula todo ato realizado sob sua égide). VIDE:
● Fraus vitiat omnia.
1130. Fraus pia. Uma fraude piedosa. (=Uma fraude que
visa a um objetivo nobre). VIDE: ● Pia fraus.
1131. Fraus sibi in parvis fidem praestruit ut maiore
emolumento fallat. [Bacon, Advancement of Learning
2.23.17] A perfídia constrói a confiança com pequenas
ações, para enganar com maior lucro.
1132. Fraus sine poena esse potest; poena sine fraude
esse non potest. [Digesta 50.16.131] Pode haver crime
sem punição, mas punição sem crime não pode.
1133. Fraus sublimi regnat in aula. [Sêneca, Hippolytus
982] A perfídia reina no palácio grandioso.
1134. Fraus vitiat omnia. [Stevenson 887] O crime
corrompe tudo. VIDE: ● Fraus omnia corrumpit.
1135. Fraxinus in silvis pulcherrima, pinus in hortis,
populus in fluviis, abies in montibus altis. [Virgílio,
Eclogae 7.65] O freixo, nas florestas, é o mais bonito, o
pinheiro nos jardins, o álamo à beira dos rios, o abeto
nos altos montes.
1136. Fremant omnes licet, dicam quod sentio. [Cícero,
De Oratore 1.44.1] Ainda que todos tremam, direi o que
sinto.
1137. Frena tene et siste impetum. [Sêneca, Agamemnon
203] Refreia-te, e contém teu ímpeto.
1138. Frenis saepe repugnat equus. [Ovídio, Remedium
Amoris 514] O cavalo muitas vezes refuga o freio.
1139. Frenos impone linguae, peni saepius. [Publílio
Siro] Põe freios à língua, e mais ainda à voluptuosidade.
● Frenos impone linguae, saepius concupiscentiae.
1140. Frenos imponit linguae conscientia. [Publílio Siro]
A consciência põe freios à língua.
1141. Frenum accipere. [Virgílio, Eneida 12.568] Aceitar
o freio. (=Considerar-se vencido).
1142. Frenum in lingua! Põe freio na tua língua. ■ Língua
que fala, corpo que paga.
1143. Frenum momordi. [Cícero, Ad Familiares 11.24.1]
Mordi o freio. (=Dominei-me).
1144. Frequens imitatio transit in mores. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 1.11.2] A imitação freqüente
transforma-se em hábito.
1145. Frequens meditatio carnis afflictio est. [Vulgata,
Eclesiastes 12.12] A meditação freqüente é a aflição da
carne.
1146. Frequens usus magistrorum praecepta superat. O
uso freqüente supera os ensinamentos dos professores.
■ Mais fazem os anos que os livros. VIDE: ● Usus
omnium magistrorum praecepta superat.
1147. Frequenter nomen meum obliviscar. [Petrônio,
Satiricon 66] Muitas vezes eu me esqueço do meu
próprio nome.
1148. Frequentissimum initium calamitatis securitas.
[Veleio Patérculo, Historia Romana 2.118.2] A
despreocupação é a causa mais freqüente dos desastres.
■ A desconfiança é a mãe da segurança. VIDE: ● Nemo
celerius opprimitur quam qui nihil timet.
1149. Fricantem refrica. [Schottus, Adagia 253] Acaricia
a quem te acaricia. ■ Como for teu trato, assim te trato.
■ Amor com amor se paga. ■ Gentileza gera gentileza.
■ Quem graças faz, graças merece. ■ Por dar dão, dizem
os sinos de Santo Antão. ● Fricantem frica.
● Fricantem refrico, foventem, foveo. Acaricio a quem
me acaricia, favoreço a quem me favorece. VIDE:
● Beneficium beneficio provocatur.● De bene merenti
bene mereri. ● Gratia gratiam parit. ● Par pari
refertur. ● Par pari refer. ● Par pro pari referto.
1150. Friget quem petere piget. [DAPR 336] Quem se
constrange de pedir, passa frio. ■ Quem não fala, Deus
não o ouve. ■ Quem tem vergonha, morre de fome.
1151. Frigida aqua ferventem ollam aspergere.
[Grynaeus 387] Jogar água fria na panela fervente.
■ Jogar água fria na fervura. ● Frigidam aquam
suffundere. [Binder, Medulla 595] Derramar água fria.
1152. Frigiditas hiemis, veris lascivia, fervor aestatis
studium surripuere mihi. [Werner] O frio do inverno,
o prazer da primavera, e o calor do verão me roubaram
o empenho.
1153. Frigidus in Venerem senior. [Virgílio, Georgica
3.97] O velho é frio no amor.
1154. Frigus et fames durissimi hostes. [Binder,
Thesaurus 1203] Frio e fome, dois inimigos cruéis.
1155. Frigus inimicum est seni et tenui. [Celso, Medicina
1.9] O frio é inimigo do velho e do magro.
1156. Frondem in silvis non cernit. Na floresta não vê as
copas das árvores. ■ Está na igreja e não vê os santos.
■ Não enxerga pataca. VIDE: ● Intus habet quod poscit.
● Nec frondem in silvis cernit. ● Nec frondem in silvis,
nec aperto mollia prato gramina, nec pleno flumine
cernit aquam.
1157. Frons aperit, quidquid dissimulare cupis. [Binder,
Medulla 595] O rosto descobre o que se deseja
esconder.
1158. Frons domini plus prodest quam occipitium.
[Plínio Antigo, Naturalis Historia 18.31] O rosto do
dono é mais útil que sua nuca. ■ O olho do dono vale
mais que o seu calcanhar. ■ O olho do dono engorda o
cavalo. ● Frons domini plus potest quam occipitium.
O rosto do dono pode mais que sua nuca. VIDE: ● Frons
occipitio prior est. ● Frons occipite prior.
1159. Frons est animi ianua. [Cícero, Commentariolum
11, adaptado] O rosto é a porta da alma. ■ O mal e o
bem à face vêm. VIDE: ● Vultus animi ianua et tabula.
● Vultus ac frons animi ianua. ● Vultus animi ianua
est.
1160. Frons hominem praefert. [Virgílio, Eneida 10.211;
Pereira 115] O rosto revela o homem. ■ O mal e o bem à
face vêm. ■ De ruim gesto nunca bom feito. ● Frons
hominem praescit.
1161. Frons hominis saepe mentitur. O rosto do homem
muitas vezes engana. ■ Quem vê cara não vê coração.
1162. Frons occipitio prior est. [Marcos Catão, De Agri
Cultura 4] O rosto vale mais que a nuca. ■ O olho do
dono vale mais que o seu calcanhar. ■ O olho do dono
engorda o cavalo. ● Frons occipite prior. [Medina 605]
VIDE: ● Frons domini plus potest quam occipitium.
● Frons domini plus prodest quam occipitium.
1163. Frons, oculi, vultus persaepe mentiuntur. O rosto,
os olhos e a fisionomia quase sempre mentem. ■ Quem
vê cara, não vê coração. ■ Não se deve julgar pelas
aparências. ● Frons, oculi, vultus persaepe
mentiuntur; oratio vero saepissime. [Cícero, Ad
Quintum 1.15] O rosto, os olhos, a fisionomia mentem
freqüentemente; a palavra, porém, com muito mais
freqüência.
1164. Fronte capillata pollet occasio. [Pereira 109] A
ocasião, cabeluda na testa, tem muito poder.
■ Aproveita, enquanto é tempo.
1165. Fronte capillata, post est occasio calva. [Dionísio
Catão, Disticha 2.26] A ocasião que tem cabelos na
testa, é calva na nuca. ■ Aproveita, enquanto o Brás é
tesoureiro. ● Fronte statim arripienda est occasio,
nam fronte capillata est, post est occasio calva. A
ocasião deve ser imediatamente agarrada pela frente,
pois a frente é cabeluda, por trás a ocasião é calva. VIDE:
● Aestas non semper fuerit; componite nidos. ● Cum
ferrum candet, cudere quemque decet. ● Occasio a
fronte comata, ab occipitio calva est.
1166. Fronte et oratione magis quam ipso beneficio
capiuntur homines. Os homens são cativados mais
pela aparência e pela conversa que pelo próprio
benefício. VIDE: ● Homines fronte et oratione magis
quam ipso beneficio capiuntur.
1167. Fronti nulla fides. [Juvenal, Satirae 2.8] (Não
tenhas) nenhuma confiança na cara. ■ Quem vê cara,
não vê coração. ■ Não creias no que parece. ■ As
aparências enganam. ■ Debaixo de bom saio está o
homem mau. ● Frontis nulla fides. VIDE: ● Homo non
est ex fronte diiudicandus. ● Ne fronti crede. ● Nolito
fronti credere. ● Nulla fides fronti.
1168. Fronti ocream, tibiae galeam aptas. Estás pondo a
polaina na cabeça e o capacete na perna. ■ Fazes as
coisas às avessas. ● Fronti ocream, tibiae galeam
applicat. [Manúcio, Adagia 1266] VIDE: ● Ocream
capiti, tibiae galeam ne adaptes.
1169. Fruare dum licet. [Terêncio, Heauton
Tumorumenos 344] Aproveita enquanto se pode.
■ Aproveita enquanto o Brás é tesoureiro.
1170. Fructibus ex propriis arbor cognoscitur omnis.
[S.Beda, Proverbiorum Liber / DAPR 76] Toda árvore
se conhece pelos próprios frutos. ■ Pelo fruto se conhece
a árvore. ■ De tal árvore, tal fruto. ● Fructibus ipsa
suis, quae sit, cognoscitur arbor. [Medina 604] Pelos
seus frutos conhece-se como é a própria árvore. VIDE:
● Arbor ex fructu cognoscitur. ● De fructu arborem
cognosco. ● E fetu cognosco arborem; e factis
hominem iudico. ● E fructu arborem cognosco. ● E
fructu arborem. ● Ex fructu arbor agnoscitur. ● Ex
fructu arbor. ● Ex fructu cognoscitur arbor. ● Ex
fructu proprio cognoscitur arbor. ● Unaquaeque
enim arbor de fructu suo cognoscitur.
1171. Fructu, non foliis, arborem aestima. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 3.16 / Rezende 2106] Há de se estimar
a árvore pelo fruto, não pelas folhas. ■ Pelas obras, e
não pelo vestido, é o homem conhecido. VIDE: ● A
fructibus arborem aestima.
1172. Fructus abest, facies cum bona teste caret.
[Ovídio, Ars Amatoria 3.308] Não se tira nenhum
proveito de um rosto bonito, quando não há testemunha.
1173. Fructus autem iustitiae in pace seminatur,
facientibus pacem. [Vulgata, Tiago 3.18] O fruto da
justiça se semeia em paz por aqueles que fazem obras
de paz.
1174. Fructus autem spiritus est caritas, gaudium, pax,
patientia, benignitas, bonitas, longanimitas,
mansuetudo, fides, modestia, continentia, castitas.
[Vulgata, Gálatas 5.22-23] O fruto do espírito é o amor,
o gozo, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a
longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a
continência, a castidade.
1175. Fructus enim lucis est in omni bonitate, et iustitia,
et veritate. [Vulgata, Efésios 5.9] O fruto da luz
consiste em toda bondade, e justiça, e verdade.
1176. Fructus intelleguntur deductis impensis. [Digesta
5.3.36.5] Consideram-se rendimentos, deduzidas as
despesas. ● Fructus non sunt nisi deductis impensis.
[Jur] Não há rendimentos antes de se deduzirem as
despesas.
1177. Fructus pendentes pars fundi videntur. [Digesta
6.1.44] Frutos pendentes consideram-se parte do
terreno. ● Fructus, quamdiu solo cohaerent, fundi
esse. Os frutos, enquanto estiverem ligados ao solo,
fazem parte do terreno.
1178. Fructus perceptos villae non esse constat. [Digesta
19.1.17.1] Entende-se que os frutos colhidos não fazem
parte da propriedade.
1179. Fruendis voluptatibus crescit carendi dolor.
[Plínio Moço, Epistulae 8.5.2] Com o gozo da felicidade
aumenta a dor de ser dela privado.
1180. Fruere die dum licet. [Branco 334] Aproveita o dia
enquanto podes. ■ A um bom dia, abre-se-lhe a porta.
■ Quando a sorte chega, abre a porta. VIDE: ● Carpe
diem.
1181. Fruere hora. [Inscrição em relógio] Aproveita esta
hora.
1182. Fruere iucunde praesentibus, cetera extra te.
Desfruta com prazer do presente; o resto está fora do teu
alcance.
1183. Fruere praesentibus; futura diis committe!
Aproveita o presente; o futuro entrega aos deuses! ■ O
futuro a Deus pertence.
1184. Fruere tua fortuna. Aproveita a tua sorte. ● Fruere
fortuna tua. VIDE: ● Utere sorte tua.
1185. Frugalitas miseria est rumoris boni. [Publílio Siro]
Frugalidade é pobreza com boa fama.
1186. Frugalitas paupertas voluntaria est. [Sêneca,
Epistulae Morales 17.5] A frugalidade é a pobreza
voluntária.
1187. Fruges consumere nati. Homens nascidos somente
para comer os frutos da terra. VIDE: ● Nos numerus
sumus et fruges consumere nati.
1188. Fruges quoque maturitatem stato tempore
exspectant. [Quinto Cúrcio, Historiae 6.3] Os frutos da
terra também esperam um tempo fixo para amadurarem.
1189. Fruimur pro iucunditate. [S.Agostinho, Sermones
177.8] Gozamos das coisas pelo prazer. VIDE: ● Utimur
enim pro necessitate, fruimur pro iucunditate.
1190. Frumenta quoque quae sata sunt solo cedere
intelleguntur. [Digesta 41.1.9] Considera-se que os
grãos semeados fazem parte do solo.
1191. Frusto panis conduci potest, vel uti taceat vel uti
loquatur. [Aulo Gélio, Noctes Atticiae 1.15.10] Por um
pedaço de pão pode ser levado a calar ou a falar.
1192. Frusto panis libertatem suam parasitus vendit.
[Schrevelius 1173] O parasita vende sua liberdade por
um pedaço de pão.
1193. Frustra aquam perdis. [Schottus, Adagia 259]
Gastas a água em vão. (=É uma alusão à água das
clepsidras que mediam o tempo dado aos advogados
para exporem seus pleitos). ■ Perdes teu tempo. ■ Perdes
teu latim. ● Frustra aquam consumis. [Schottus,
Adagia 352] VIDE: ● Aquam perdis. ● Inaniter aquam
consumis.
1194. Frustra autem iacitur rete ante oculos
pennatorum. [Vulgata, Provérbios 1.17] Debalde se
lança a rede diante dos olhos dos que têm asas. VIDE:
● Frustra iacitur rete ante oculos pennatorum.
● Frustra rete iacitur ante oculos pennatorum.
1195. Frustra barbam gerit. Debalde usa barba. (=Não
lhe reconhecem o mérito).
1196. Frustra canis. [Erasmo, Adagia 1.4.88] Cantas em
vão. ■ Perdes o latim.
1197. Frustra cerno te tendere contra. [Virgílio, Eneida
5.27] Vejo-te lutar em vão.
1198. Frustra comisso claudetur ianua furto. [Pereira
97] Em vão se trancará a porta depois de cometido o
furto. ■ Casa roubada, trancas à porta. ■ Asno morto,
cevada ao rabo. VIDE: ● Nihil iuvat amisso claudere
saepta grege. ● Nihil iuvat amisso claudere saepem
grege.
1199. Frustra conatur, cui Deus non auxiliatur. [Binder,
Thesaurus 1209] Quem Deus não ajuda, esforça-se em
vão.
1200. Frustra, cum ad senectam ventum est, repetas
adulescentiam. [Publílio Siro] Quando se chega à
velhice, é inútil desejar a volta da juventude.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7
F7: 1201-1342
1201. Frustra est potentia quae non reducitur ad actum.
[S.Tomas de Aquino, De Anima 19] É vã a potência que
não passa a ato. ● Frustra est potentia quae nunquam
venit in actum. [Black 825] É vã a potência que nunca
chega a ato. ● Frustra est potentia, quae non
traducitur in actum. [Signoriello 142] É inútil a
potência que não se transforma em ato. ● Frustra est
potentia, quae non potest redigi in actum.
[Signoriello 143] É vã a potência que não se pode
transformar em ato.
1202. Frustra fit per plura, quod fieri potest per
pauciora. [Signoriello 114; Black 825] É inutil fazer-se
com mais o que se pode fazer com menos.
1203. Frustra habet qui non utitur. [Homero / Erasmo,
Adagia 3.9.20] Quem não usa, não lhe adianta ter. ■ O
bocado não é de quem o faz, mas de quem o come.
1204. Frustra Herculi. [Erasmo, Adagia 2.6.35] Contra
Hércules não adianta.
1205. Frustra iacitur rete ante oculos pennatorum.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] Em vão se atira a rede
ante os olhos dos que têm asas. ● Frustra rete iacitur
ante oculos pennatorum. [Boncompagno, Liber de
Obsidione Anconae 18] VIDE: ● Frustra autem iacitur
rete ante oculos pennatorum.
1206. Frustra iacitur rete ante veterem cornicem. [Bebel
/ Eiselein 392] É inútil atirar rede à gralha velha.
1207. Frustra laborat qui omnibus placere studet. Sofre
em vão quem se esforça para agradar a todos. ■ Ninguém
pode agradar a todos. ■ Nenhuma Maria pode agradar
a todos os Manéis. VIDE: ● Difficile omnibus placere.
● In vanum laborat qui omnibus placere contendit.
● Nemo invenitur qui satisfaciat omnibus. ● Nemo
omnibus placet. ● Omnibus placere impossibile est.
1208. Frustra laborat vir qui consilio caret. [Schottus,
Adagia 605] Trabalha em vão o homem que não tem
prudência.
1209. Frustra legis auxilium invocat qui in legem
committit. [Jur / Broom 233] Invoca em vão o auxílio
da lei quem age contra ela. ● Frustra legis auxilium
quaerit qui in legem committit. VIDE: ● Beneficium
legis frustra implorat qui committit in legem. ● Legis
auxilium frustra invocat, qui committit in legem.
1210. Frustra legit, qui non intellegit. [Gryneus 316] Lê
em vão quem não compreende. ■ Ler sem entender é
caçar sem colher. VIDE: ● Legere enim et non
intellegere est neglegere.
1211. Frustra nititur quis, si non innititur. [S.Bernardo /
Bernardes, Luz e Calor 1.220.43] Em vão se faz força,
se não se tem onde se apoiar. ■ Não faças força, se não
tens repuxo.
1212. Frustra parat opes, qui veris animi bonis vacat.
Inutilmente junta riquezas aquele a quem faltam os
verdadeiros bens do espírito.
1213. Frustra petis quod mox es restiturus. [Jur / Black
825] Não adianta pedir o que logo vais devolver.
1214. Frustra petis quod statim alteri reddere cogeris.
[Jur / Black 825] Pedes em vão aquilo que poderás logo
ser obrigado a devolver a outrem.
1215. Frustra pöeticas fores compos sui pepulit. [Platão /
Sêneca, De Tranquillitate Animi 17.10] A mente sã bate
em vão às portas da poesia.
1216. Frustra putat, qui secum rationes putat. [DAPR
204] Calcula em vão quem faz as contas sozinho.
■ Quem conta sem o hóspede, conta duas vezes.
1217. Frustra rogatur, qui misereri non potest. [Publílio
Siro] Implora-se em vão a quem não pode apiedar-se.
1218. Frustra sapit qui sibi non sapit. ■ Em vão sabe
quem não sabe para si. ■ Quem não sabe para si não
ponha escola. ● Frustra sapiens qui sibi non sapit.
[Rezende 2110] É sábio em vão quem não sabe para si.
VIDE: ● Nequicquam sapit qui sibi non sapit.
● Nequicquam sapit qui sibi nihil sapit. ● Non est
sapiens qui sibi non est. ● Odi sapientem, qui sibi non
sapit.
1219. Frustra saxum volvit Sisyphus. [Schrevelius 1176]
Sísifo rola sua pedra em vão.
1220. Frustra senem lapsum in iuventa corrigas.
[Apostólio 6.15] Em vão tentarás corrigir o velho que
escorregou na juventude.
1221. Frustra seretis sementem, quae ab hostibus
devorabitur. [Vulgata, Levítico 26.16] Baldadamente
semeareis o vosso grão, que será comido pelos
inimigos.
1222. Frustra speculatores dicimur, si venientem lupum
a longe non cernimus. [Bernardes, Nova Floresta
3.216] Não adianta sermos chamados de vigias, se não
vemos de longe o lobo que se aproxima.
1223. Frustra sperabis ab alio, quod ipse tibi praestare
noluisti. [Pereira 115] Esperarás em vão de outrem o
que não quiseste fazer para ti. ■ O bem que não fizeres,
dos teus não esperes. ■ Quem quer vai, quem não quer
manda.
1224. Frustra sperat, qui Deum non timet. Quem não
teme a Deus, espera em vão.
1225. Frustra tantos labores suscepi. Suportei em vão tão
grandes sofrimentos.
1226. Frustra tenetur ille qui statuit mori. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 922] Em vão se detém aquele que
decidiu morrer.
1227. Frustra vigilat. [Rezende 2113] Vigia em vão. VIDE:
● Nisi Dominus custodierit civitatem, frustra vigilat
qui custodit eam. ● Nisi dominus custodierit domum,
in vanum vigilant qui custodiunt eam.
1228. Fucum fecit. [Branco 492] Enganou. ■ Vendeu gato
por lebre.
1229. Fuga tutior. [Grynaeus 205] A fuga é mais segura.
■ Antes fuga pronta que má espera.
1230. Fugacem dirigit umbram. [Inscrição em relógio de
sol] (O sol) dá rumo à sombra fugidia (do ponteiro).
1231. Fugaces labuntur anni. [Horácio, Carmina 2.14] Os
anos passam fugindo. VIDE: ● Eheu! fugaces labuntur
anni!
1232. Fugam victoria nescit. [Divisa] A vitória não
conhece fuga.
1233. Fugax est aetas. O tempo é passageiro. VIDE:
● Tempus fugit.
1234. Fugax rerum, securaque in otia natus. [Ovídio,
Tristia 3.2.9] É um inimigo dos negócios, nascido para a
tranqüilidade e o ócio.
1235. Fuge, late, tace. [Honoré de Balzac, Mémoires d’un
Médecin de Campagne, Capítulo 4] Foge, esconde-te,
cala-te.
1236. Fuge lites cum viro maiore. [Pereira 114] Evita
demandas com homem mais poderoso. ■ Nem
zombando, nem de veras, com teu amo não partas
peras. ■ Ao homem maior, dá-lhe a honra. VIDE: ● Cum
domino semper pugna sinistra fuit. ● Cum principe
non pugnandum. ● Habeas nunquam magno cum
principe litem. ● Lites cum rege molestae. ● Maiorem
virum cave. ● Maiorem vitato virum. ● Nemo
potentes aggredi tutus potest. ● Non habeas unquam
magno cum principe litem: cum domino semper
pugna sinistra fuit. ● Offensa potentium periculosa.
● Potenti irasci, sibi periclum est quaerere. ● Semper
vitato potentem.
1237. Fuge magna; licet sub paupere tecto reges et
regum vita praecurrere amicos. [Horácio, Epistulae
1.10.32] Evita as grandezas; a vida sob um teto pobre
pode deixar para trás os reis e os favoritos dos reis.
1238. Fuge procul a viro maiore. [Erasmo, Adagia
3.4.60] Afasta-te do homem mais poderoso do que tu.
VIDE: ● Cave a commercio potentium: habe
commercium cum aequalibus. ● Cave virum
maiorem. ● Cavendum a potentiore. ● Cum viro
potentiore ne communica. ● Pondus super se tollet
qui honestiori se communicat. ● Qui te fortior est,
hunc tu vitare memento. ● Semper vitato potentem.
1239. Fugi mala, habens meliora. [Schottus, Adagia 589]
Fugi do ruim, conseguindo o melhor. ■ A quem se muda
Deus ajuda. VIDE: ● Effugi malum, inveni bonum.
● Effugi mala, inveni meliora. ● Evasi mala, sum
nactus meliora.
1240. Fugienda otiositas, mater nugarum, noverca
virtutum. [S.Bernardo, De Consideratione] Deve-se
evitar a ociosidade, mãe das frivolidades, madrasta das
virtudes.
1241. Fugienda petimus. [Sêneca, Hippolytus 699]
Buscamos sempre o que deveríamos evitar.
1242. Fugienda semper iniuria est. [Cícero, De Officiis
1.8] A injustiça deve sempre ser evitada.
1243. Fugiendae sunt nimiae amicitiae. [Cícero, De
Amicitia 13] Devem-se evitar as amizades exageradas.
1244. Fugiendo in media saepe ruitur fata. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 8.24, adaptado] Quem quer fugir ao
seu destino muitas vezes vem ao encontro dele.
1245. Fugiens animam servavit. [Arquíloco / Eiselein
175] Quem fugiu salvou a própria vida.
1246. Fugiens ursum, incidit in leonem. Fugindo do urso
esbarrou no leão. ■ Fugiu do lodo, caiu no arroio. VIDE:
● Fugientes fumum in ignem incidimus. ● Fumum
fugiens, in ignem incidi. ● Fumum fugi, in ignem
incidi. ● Hi vitaturi lupum inciderunt in leonem.
● Incidit in flammas, cupiens vitare favillas. ● Qui
fugit patellam, cadit in prunas.
1247. Fugiens vir haud strepitu moratur lyrae.
[Schottus, Adagia 24] Homem que foge, não pára por
causa do som da lira. VIDE: ● Vir fugiens haud moratur
concertum lyrae. ● Vir fugiens haud moratur lyrae
strepitum. ● Vir fugiens non exspectat lyrae
strepitum. ● Vir qui fugit, lyrae sonitum haud
moratur. ● Vir vero fugiens non moratur barbitum.
1248. Fugientem hostem adiuva. Ajuda o inimigo que
foge. ■ A inimigo que foge, ponte de prata. VIDE: ● Qua
fugiunt hostes, via munienda est.
1249. Fugientem sequitur, sequentem fugit. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy 3] Persegue quem
lhe foge, e foge de quem o persegue. VIDE: ● Fugit
gloria sequentem, et sequitur fugientem. ● Honor
fugientem sequitur, sequentem fugit. ● Quo minus
petebat gloriam, eo magis illum
assequebatur.● Sequentem fugit, fugientem sequitur.
1250. Fugientes afflictio sequitur. A aflição seguirá os
que fogem.
1251. Fugientes fumum in ignem incidimus. [Grynaeus
494] Fugindo da fumaça e caímos no fogo. ■ Fugi do
fumo, caí no fogo. ■ Fugi do alcaide, caí no meirinho.
■ Fugi do lobo, caí no arroio. VIDE: ● Dum vito fumum,
flammam in ipsam decido. ● Dum vito fumum, cecidi
in ignem fervidum. ● Fugiens ursum, incidit in
leonem. ● Fumum fugiens, in ignem incidi. ● Fumum
fugi, in ignem incidi. ● Incidit in flammas, cupiens
vitare favillas. ● Qui fugit patellam, cadit in prunas.
1252. Fugit Euro citius tempus edax rerum. [Lauringer
Horatius] Mais depressa que o Euro foge o tempo
devorador das coisas. (=Eurus. Euro, vento do leste).
1253. Fugit gloria sequentem, et sequitur fugientem. A
glória foge de quem a persegue e persegue quem dela
foge. VIDE: ● Honor sequitur fugientem. ● Honor
sequitur fugientem, fugit sequentem. ● Quo minus
petebat gloriam, eo magis illum assequebatur.
1254. Fugit hora. [Pérsio, Satirae 5.153] O tempo foge.
■ O tempo voa. VIDE: ● Hora fugit. ● Horae volant.
1255. Fugit impius, nemine persequente; iustus autem,
quasi leo confidens, absque terrore erit. [Vulgata,
Provérbios 28.1] Foge o ímpio, mesmo que ninguém o
persiga; o justo, porém, como o leão afoito, estará sem
terror.
1256. Fugit irreparabile tempus. [Virgílio, Georgica
3.284] Foge irrecuperável o tempo. ■ O tempo vai e não
volta. ■ Vai-se o tempo como o vento. ■ Tempo e maré
não esperam por ninguém. ■ Tempo e hora não se ata
com soga. ■ Voa o tempo e não volta. ● Fugit
irrevocabile tempus. [Gaal 1783] VIDE: ● Cito pede
labitur aetas. ● Non revocant lapsos irrita vota dies.
● Sed fugit interea, fugit irreparabile tempus.
1257. Fugit iuventas. [Horácio, Epodon 17.21] Nossa
juventude foge de nós.
1258. Fugit mens et consilium ab eis. [Vulgata, Judite
15.1] Perderam a razão e o conselho.
1259. Fugit te ratio. [Plauto, Amphitruo 228] Fugiu-te a
razão. ■ Perdeste o juízo.
1260. Fugite ab idolorum cultura. [Vulgata, 1Coríntios
10.14] Fugi da idolatria.
1261. Fugit hora, ora. [Inscrição em relógio de sol] A
hora foge. Reza.
1262. Fugit umbra, caritas manet. [Inscrição em relógio
de sol] A escuridão vai embora, o amor permanece.
1263. Fugite delicias, fugite enervantem felicitatem, qua
animi permadescunt. [Sêneca, De Providentia 4.9]
Fugi do prazer, fugi do sucesso enfraquecedor, que
debilita o espírito do homem.
1264. Fugiunt amici a male gerente res suas. [Schottus,
Adagia 605] Fogem os amigos daquele que administra
mal seus interesses.
1265. Fugiunt freno non remorante dies. [Ovídio, Fasti
6.772] Os dias fogem, sem que o freio os contenha.
1266. Fuimus Troës, fuit Ilium. [Virgílio, Eneida 2.325]
Nós fomos troianos, Tróia existiu. (=Não há mais
troianos, Tróia já não existe mais!). ■ Algum dia fomos
gente. ■ Já não somos quem ser soíamos. ■ Acabou-se o
que era doce. ■ Lá se foi tudo quanto Marta fiou. ■ Foi
tudo para o beleléu. VIDE: ● Ilium fuit. ● Troia fuit.
1267. Fuit haec sapientia quondam, publica privatis
secernere, sacra profanis. [Horácio, Ars Poetica 396]
Era esta outrora a sabedoria: distinguir o público do
privado, o sagrado do profano.
1268. Fuit quoddam tempus, cum in agris homines
passim bestiarum modo vagabantur, et sibi victu
fero vitam propagabant. [Cícero, De Inventione 1.2]
Houve um tempo em que os homens vagavam nos
campos de um lado para o outro, como os animais, e
prolongavam sua vida usando alimentação selvagem.
1269. Fulgebunt iusti, et tamquam scintillae in
arundineto discurrent. [Vulgata, Sabedoria 3.7] Os
justos brilharão, e correrão como centelhas por um
canavial.
1270. Fulgit virtus. [Divisa] O valor brilha.
1271. Fulgorem cernimus ante quam tonitrum
accipimus. [Lucrécio, De Rerum Natura 6.173]
Percebemos o raio antes de ouvir o trovão.
1272. Fulmen detulit in terras mortalibus ignem
primitus; inde omnis flammarum diditur ardor.
[Lucrécio, De Rerum Natura 5.1093] Foi o raio que pela
primeira vez levou o fogo à terra para os mortais; daí
provém todo o calor das chamas.
1273. Fulmen est, ubi cum potestate habitat iracundia.
[Publílio Siro] Ocorre o raio, quando a cólera mora com
o poder.
1274. Fumi venditor. Um vendedor de fumaça. (=Diz-se
de quem promete o que dificilmente poderá realizar-se).
■ Vendedor de ilusões. VIDE: ● Fumos vendere.
1275. Fumo comburi nihil potest, flamma potest.
[Plauto, Curculio 54] Pela fumaça nada pode ser
queimado, pela chama pode. ■ Palavras sem obras são
tiros sem balas.
1276. Fumo periit qui fumum vendidit. Quem vendeu
fumo, morreu de fumo. ■ Quem vive de arte e manha,
morre no ar como uma aranha. ● Fumo pereat, qui
fumum vendidit. [Gaal 1591] Morra pelo fumo quem
vendeu fumo. ● Fumo punitur qui fumum vendidit.
Quem vendeu fumo é castigado pelo fumo.
1277. Fumos vendere. [Erasmo, Adagia 1.3.41] Vender
fumaça. (=Fazer grandes promessas). ■ Grandes
atoardas, tudo nada. VIDE: ● Aureos montes polliceri.
● Vendere fumum. ● Vendere fumos.
1278. Fumum fugi, in ignem incidi. [Marcial,
Epigrammata 4.5.7] Fugi da fumaça e caí no fogo.
■ Fugi do alcaide, caí no meirinho. ■ Fugi do lobo, caí
no arroio. ● Fumum fugiens, in ignem incidi.
[Apostólio 19.14] VIDE: ● Cineres evitans, in carbones
incidi. ● Dum vito fumum, flammam in ipsam decido.
● Dum vito fumum, cecidi in ignem fervidum.
● Evitata Charybdi in Scyllam incidi. ● Fugientes
fumum in ignem incidimus. ● Incidit in flammas,
cupiens vitare favillas. ● Incidit in Scyllam cupiens
vitare Charybdim. ● Qui fugit patellam, cadit in
prunas.
1279. Fumum pro fulgore dare. [Pereira 124] Dar fumaça
em lugar de raio. ■ Vender gato por lebre.
1280. Fumus? Ergo ignis. [DAPR 314] Há fumaça? Logo
há fogo. ■ Onde há fumaça, há fogo. VIDE: ● Flamma
fumo est proxima. ● Non est fumus absque igne.
1281. Fumus indicium est flammae mox erupturae.
[Grynaeus 213] A fumaça é um indicador de que logo
vão levantar-se chamas. ■ Onde há fumaça, há fogo.
1282. Fumus persecutionis. [Jur] Suspeita de perseguição.
1283. Fumus pulchriorem persequitur. [Rezende 2123]
■ Vai o fumo para o mais formoso.
1284. Fundamenta scientiae. Os fundamentos do
conhecimento.
1285. Fundamenta tamquam in aqua ponere. [Cícero,
De Finibus 2.22.72] Colocar os alicerces dentro d'água.
1286. Fundamentum iustitiae est fides. O alicerce da
justiça é a confiança. ● Fundamentum autem est
iustitiae fides, id est, dictorum conventorumque
constantia et veritas. [Cícero, De Officiis 1.7.23] O
fundamento da justiça é a confiança, isto é, a constância
e a sinceridade no que se diz e no que se convenciona.
1287. Fundatio. [Jur] Uma fundação. VIDE: ● Universitas
bonorum. ● Universitas rerum.
1288. Fundit aquam cribro qui discere vult sine libro.
[Trench, Proverbs] Quem quer aprender sem libro
espalha água com a peneira. VIDE: ● Haurit ille aquam
cribro, qui sine libro discit. ● Haurit aquas cribro qui
discere vult sine libro.
1289. Fundum alienum arat, incultum familiarem
deserit. [Plauto, Asinaria 851] (O adúltero) ara o campo
alheio e deixa inculto o da família. ■ O sandeu cuida do
alheio e esquece o seu. VIDE: ● Alienum aras arvum.
● Alienum arare fundum.
1290. Funem abrumpis nimium tendendo. [Erasmo,
Adagia 1.5.67] Esticando demais, rompes a corda.
■ Corda puxada se quebra. VIDE: ● Ne abrumpamus
funem, nimium tendendo. ● Nimium tendendo rumpi
funiculus solet. ● Rumpetur tensus funiculus.
● Rumpetur tensus funis. ● Vide ne abrumpamus,
dum nimium tendimus funiculum.
1291. Funem ducere. [Horácio, Epistulae 1.10.48] Puxar o
cordão. (=Dirigir. Comandar).
1292. Funem ex arena efficere. Fazer corda de areia.
(=Tentar o impossível). ■ Buscar água em fonte seca.
● Funem ex arena nectere. VIDE: ● Ex arena funiculum
nectis. ● Ex arena funem efficere. ● Ex arena funem
facere.
1293. Funem reduco. [Pérsio, Satira 5.118] Puxo de volta
a corda. ■ Encurto a rédea.
1294. Funem sequi. [Horácio, Epistulae 1.10.48] Seguir a
corda. (=Obedecer).
1295. Funera plango, fulgura frango, sabbata pango;
excito lentos, dissipo ventos, paco cruentos. [Inscrição
em sino / Rezende 2131] Choro os mortos, quebro os
raios, anuncio as festas, acordo os preguiçosos, dissipo
os ventos, pacifico os briguentos.
1296. Funera quod dat huic, aliis dat tempora vitae.
[Binder, Thesaurus 1217] O que a um causa a morte, a
outros prolonga a vida. ■ O que é veneno para uns, para
outros é remédio. ■ O que é bom para um, pode não ser
para outro.
1297. Funere saepe viri vir quaeritur. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.431] Muitas vezes se procura um marido no
funeral do marido. ■ Perda de marido, perda de
alguidar: um quebrado, outro no poial.
1298. Fungino genere est; subito crevit de nihilo. [Hugh
Moore, Dictionary of Quotations 83] Ele é da espécie
dos cogumelos: de repente surge do nada.
1299. Fungus una nocte nascitur. [Grynaeus 421] O
cogumelo nasce numa noite. VIDE: ● Repente oritur non
exspectatum.
1300. Funiculis ligatum vel puer verberaret. Num
homem amarrado com cordas até uma criança bateria.
■ De árvore caída todos fazem lenha. ■ Leão moribundo,
cachorro lhe mija.
1301. Funiculus in fine levissima tensione rumpitur.
[Bacon, De Seditionibus et Turbis, 8] No fim a corda se
rompe com um pequeno puxão.
1302. Funiculus iste piscium attrahit nihil. [Schottus,
Adagia 605] Esse anzol não atrai nenhum peixe. VIDE:
● Hic funis nihil attraxit. ● Nempe ipse funis prorsus
attraxit nihil.
1303. Funiculus triplex difficile rumpitur. [Vulgata,
Eclesiastes 4.12] A corda de três fios dificilmente se
rompe. ● Funiculus triplex non facile rumpitur.
[Grynaeus 125] ● Funiculus triplex indissolubilis.
[Grynaeus 124] Cordão tresdobrado não se pode
quebrar. ● Funiculus triplex difficile rumpitur,
curiositatis, voluptatis, et vanitatis. [S.Bernardo /
Bernardes, Nova Floresta 1.376] É dificultoso de
quebrar o cordão tresdobrado da curiosidade, do prazer
e da vaidade.
1304. Funis secutus est ferulam. [Rezende 2134] A corda
seguiu a vara. ■ Aonde vai a corda, vai a caçamba.
1305. Fur male furatur, cum fur domui dominatur.
[Binder, Thesaurus 1220] O ladrão dificilmente furta
em casa em que o dono é ladrão. ■ Ladrão não furta
ladrão.
1306. Fur non venit nisi ut furetur, et mactet, et perdat.
[Vulgata, João 10.10] O ladrão não vem senão a furtar,
e a matar, e a perder.
1307. Furatur litoris arenas. [Erasmo, Adagia 4.2.39] Ele
furta até a areia da praia. (=Diz-se do avarento).
1308. Furcifer non evadit furcam. [Gaal 575] Quem
merece forca, dela não escapa. ■ Quem nasceu para a
forca, não morre afogado. ■ A forca não perde o seu.
■ A pena segue o crime, como a sombra, o corpo.
1309. Furem fur cognoscit, et lupum lupus. [Aristóteles /
Albertatius 494; Pereira 100] Ladrão conhece ladrão, e
lobo conhece lobo. ■ Um ruim conhece outro. ■ Nunca
lobo mata outro. ■ Corvos a corvos não se tiram os
olhos. ■ Um gambá cheira outro. ● Fur furem
cognoscit, et lupum lupus. [Rezende 2136] ● Fur
furem agnoscit, lupus lupum. VIDE: ● Graculus a
graculo, fur a fure cognoscitur, lupus a lupo.
1310. Furem praeda vocat. [Pereira 115] O proveito
chama o ladrão. ■ O buraco chama o ladrão.
1311. Furem signata sollicitant. [Sêneca, Epistulae
Morales 68.4] As coisas trancadas atraem o ladrão. ■ O
proibido aguça o dente. VIDE: ● Ipsa furem cura vocat.
● Vile videtur quidquid patet; aperta effractarius
praeterit.
1312. Furere dicuntur qui graviore iracundia vel dolore
vel timore moti, non sunt in potestate mentis. Diz-se
que estão loucos aqueles que, movidos por grande ira,
dor ou medo, não estão de posse da própria mente.
1313. Fures clamorem metuunt. [DAPR 447] Os ladrões
temem o clamor. ■ Teme quem deve, e quem não deve
não teme. ■ A quem mal vive, o medo o segue. ● Fures
clamorem timent. [Pereira 123] ● Fures clamorem
subtiment. ● Fures clamorem. [Erasmo, Adagia
1.2.66]
1314. Fures in lite pandunt abscondita vitae. [Trench,
Proverbs 151] Ladrões em disputa espalham os segredos
da vida. ■ Brigam os ladrões, descobrem-se os furtos.
■ Brigam as comadres, descobrem-se as verdades. VIDE:
● Furibus pugnantibus furta fiunt palam.
1315. Fures privatorum furtorum in nervo atque in
compedibus aetatem agunt; fures publici in auro
atque in purpura. [Marcos Catão, Praeda Militibus
Dividenda / Aulo Gélio, Noctes Atticae 11.18] Os
ladrões dos bens dos particulares vivem na prisão e nos
grilhões; os ladrões públicos vivem no ouro e na
púrpura.
1316. Furfure se miscens porcorum dentibus estur.
[Trench, Proverbs 154] Quem se mistura com farelo, é
comido pelos dentes dos porcos. ■ Quem com porcos se
mistura, farelos come. (=estur está empregado por
editur, do verbo edo, edi, esum, edere, comer). VIDE:
● Conditus in palea a stupido comedetur asello.
1317. Furibus furetur, quod queat. [Plauto, Bacchides
620] Que furte aos ladrões quanto puder. ■ Ladrão que
rouba ladrão tem cem anos de perdão.
1318. Furibus pugnantibus furta fiunt palam. [Medina
609] Quando os ladrões brigam, os furtos se tornam
conhecidos. ■ Brigam os ladrões, descobrem-se os
furtos. ■ Brigam as comadres, descobrem-se as
verdades. VIDE: ● Fures in lite pandunt abscondita
vitae.
1319. Furiosi nulla voluntas est. [Digesta 50.17.40] O
louco não tem vontade.
1320. Furiosus absentis loco est. [Digesta 50.17.124.1] O
louco é como o ausente.
1321. Furiosus furore suo punitur. [Hugh Moore, A
Dictionary of Quotations 123] O louco é punido por sua
própria loucura. ● Furiosus furore solo punitur.
[Blackstone, The Laws of England 24] VIDE: ● Sufficit
furiosum ipso furore puniri.
1322. Furiosus nullum negotium contrahere potest.
[Digesta 50.17.5] O louco não pode contrair nenhum
negócio. ● Furiosus nullum negotium gerere potest
quia non intellegit quid agat. [Gaio 3.106] O louco
não pode gerir nenhum negócio, porque não entende o
que faz.
1323. Furor arma ministrat. [Virgílio, Eneida 1.150] A
loucura proporciona as armas. VIDE: ● Amor arma
ministrat. ● Telum ira facit.
1324. Furor contrahi matrimonium non sinit, quia
consensu opus est. [Digesta 23.2.16.2] A loucura não
permite que se contraia matrimônio, porque o consenso
é necessário.
1325. Furor est non omnibus idem. [Schottus, Adagia
233] A loucura não é a mesma em todos. ● Furor est
haud omnibus idem. [Schottus, Adagia 589] VIDE:
● Insania non omnibus eadem.
1326. Furor est, post omnia, perdere naulum. [Juvenal,
Satirae 8.96] É loucura, depois de (perder) tudo, perder
também o dinheiro da passagem.
1327. Furor fit laesa saepius patientia. [Publílio Siro] A
paciência ofendida geralmente se transforma em cólera.
■ Paciência tem limite. VIDE: ● Spoliatis arma
supersunt.
1328. Furor iraque mentem praecipitant. [Virgílio,
Eneida 2.316] O furor e a ira precipitam-me a mente.
■ A fúria não espera razão.
1329. Furor loquendi. O furor de falar. A loquacidade.
1330. Furor pöeticus. [Stevenson 1819] O entusiasmo
poético. A inspiração poética.
1331. Furor scribendi. A mania de escrever. O
entusiasmo de escrever.
1332. Furtim eiaculari lapidem. [Pereira 109] Atirar a
pedra às escondidas. ■ Atirar a pedra e esconder a mão.
1333. Furtiva Venus dulcior. [C. de Méry, Histoire des
Proverbes 260] O amor oculto é mais doce.
1334. Furtivus potus plenus dulcidine totus. [Gaal 1669]
A bebida roubada é toda cheia de prazer. ■ Fruto
proibido é mais querido. ■ Não há melhor bocado do
que o furtado. VIDE: ● Aquae furtivae dulciores.
● Aquae furtivae dulciores sunt, et panis absconditus
suavior. ● Potus furtivus dulcis est.
1335. Furtum committit qui de alieno elargitur. [Jur /
Rezende 2141] Quem faz liberalidade com o alheio
comete furto. VIDE: ● Species furti ex bonis alterius
invito domino quicquam largiri.
1336. Furtum enim sine affectu furandi non
committitur. [Gaio 2.50; Digesta 41.3.37] Não se
comete furto sem a intenção de furtar.
1337. Furtum sine dolo malo non committitur. [Gaio,
Institutiones 3.197] Não se comete furto sem dolo.
1338. Furvum diaboli nomen est in amoribus.
[Prudêncio] O nome tenebroso do diabo está nos
amores.
1339. Fuscus ager fructus et farra ministrat omnia.
[DAPR 631] Terra preta produz frutas e pão abundante.
■ Diz o rifão: terra negra dá bom pão. ● Fuscus ager
fructus et farra ministrat opima. [Bebel, Proverbia
Germanica 43]
1340. Futura nemo videt. Ninguém prevê o que vai
acontecer. ■ O futuro é segredo de Deus. ● Futura nemo
prospicit. VIDE: ● Nemo cuncta, quae futura sunt,
conspicit.
1341. Futura pugnant ne se superari sinant. [Publílio
Siro] O futuro luta para não se deixar governar. ■ O que
tem de ser tem muita força. ● Futura pugnant, nec se
superari sinunt. O futuro luta e não se deixa governar.
1342. Futurorum prospicientia. [Manúcio, Adagia 966]
Visão dos acontecimentos futuros. Previsão do futuro.
Ao TOPO
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

G1: 1-200
1. Gallice loquar. Falarei em francês.
2. Gallina scripsit. [Plauto, Pseudolus 70] Escreveu-o
uma galinha. ■ Isso é letra de médico.
3. Gallinacei lactis haustum polliceri. [Grynaeus 69]
Prometer gole de leite de galinha. (=Prometer coisa
impossível). VIDE: ● Lactis gallinacei haustus. ● Lactis
gallinacei sperare possis haustum. ● Lactis
gallinarum haustum sperare.
4. Gallinam dat, ut taurum recipiat. Dá uma galinha
para receber um touro. ■ Dá um ovo para ter um boi.
VIDE: ● Ovum dat nulli nisi sit retributio pulli.
● Pileum dat, ut pallium recipiat.
5. Gallo canente, spes reddit. [S.Ambrósio, Ad Galli
Cantum / Rezende 2143] Quando o galo canta, volta a
esperança. ■ A cada dia sua pena e sua esperança.
6. Gallo molimen animosius est prope limen. [DAPR
318] O canto do galo é mais atrevido perto de sua porta.
■ Muito pode o galo em seu poleiro. ■ Em sua casa cada
um é rei. VIDE: ● Gallus in sterquilinio suo plurimum
potest. ● Gallus in suo sterquilinio multum potest.
● Gallus in suo sterquilinio ferox. ● In sterculino
plurimum gallus potest. ● In suo municipio quisque
plurimum potest. ● Plurimum valet gallus in aedibus
suis. ● Sterculino suo plurimum gallus potest.
7. Gallos castras. Castras eunucos ■ Arrombas a porta
aberta. ■ Espancas cachorro morto. ● Gallos exsecas.
VIDE: ● Castratos castras.
8. Gallos quid exsecas? [Erasmo, Adagia 3.1.54] Por que
castras os eunucos? VIDE: ● Actum ne agas. ● Quid
spolias nudum?
9. Gallus antequam cantet ter se cum alis percutit.
[Albertano da Brescia, Ars Loquendi et Tacendi] O
galo, antes de cantar, bate com as asas tres vezes em si
mesmo. ■ Antes de falar, põe-te um pouco a pensar.
10. Gallus in sterquilinio suo plurimum potest. [Sêneca,
Apocolocyntosis 7.3] ■ Muito pode o galo em seu
poleiro. ■ Em sua casa cada qual é rei. ■ O carvoeiro é
senhor em sua casa. ● Gallus in suo sterquilinio
multum potest. [Pereira 111] ● Gallus in suo
sterquilinio ferox. [Dumaine 245] O galo no seu
poleiro é valente. VIDE: ● Gallo molimen animosius est
prope limen. ● In sterculino plurimum gallus potest.
● In suo municipio quisque plurimum potest.
● Plurimum valet gallus in aedibus suis. ● Sterculino
suo plurimum gallus potest.
11. Garrit quidquid in buccam venit. Diz tudo que lhe
vem à boca. ■ Fala sem tom nem som.
12. Garrulitas mulierum id solum novit celare, quod
nescit. [Albertano da Brescia, Ars Loquendi et Tacendi
3] A tagarelice das mulheres só consegue esconder o
que não sabe. ■ A mulher e a pega falam o que dizem na
praça.
13. Garrulus et tacitus nimis insanus reputatur.
[Pereira 115] O falador e o caladão são tidos como
insanos. ■ O moço malcriado do seu muito fala, e, sendo
perguntado, cala.
14. Garrulus garrulo semper assidet. Um falador sempre
se senta junto a outro falador. ■ Cada qual com seu
igual. ■ Lé com lé, cré com cré, cada um com os da sua
ralé. ■ Cada ovelha com sua parelha. VIDE: ● Pares cum
paribus facillime congregantur.
15. Gaudeamus igitur iuvenes dum sumus; post
iucundam iuventutem, post molestam senectutem
nos habebit humus. [Canção estudantil medieval]
Alegremo-nos, pois, enquanto somos jovens; depois de
uma deliciosa juventude, depois de uma molesta
velhice, ter-nos-á a terra.
16. Gaudeant bene nati. [Beaumarchais, Le Mariage de
Figaro 5.19 / Rezende 2147] Regozijem-se os que
nasceram afortunados.
17. Gaudeat illa domus, quando bonus est ibi promus.
[DAPR 149] Regozije-se a casa quando há lá um bom
despenseiro. ■ Pela casa se conhece o dono. ■ Conforme
é o pássaro, assim é o ninho.
18. Gaudebis semper vespere, si diem expendas
fructuose. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.25.50] Sempre te alegrarás à noite, se tiveres
empregado frutiferamente teu dia. ■ A noite coroa o dia.
19. Gaudebit sponsus super sponsam. [Vulgata, Isaías
62.5] Folgará o esposo com a esposa.
20. Gaudemus parili cunctos examine pendi, nec
volumus parili nos cohibere libra. [Medina 596]
Agrada-nos avaliar a todos com igual critério, mas não
queremos ser avaliados na mesma balança. ■ Justiça,
mas não na minha casa. ■ Justiça na sua porta, não há
quem queira.
21. Gaudendum cum gaudentibus. Devemos folgas com
os que estão alegres.
22. Gaudens gaudenti, flens flenti, pauper egenti,
prudens prudenti, stultus placet insipienti. [Sweet
136] O homem alegre agrada ao que é alegre, o que
chora ao que chora, o pobre a outro pobre, o prudente a
outro prudente e o tolo a outro néscio. ■ Cada qual com
seu igual.
23. Gaudens lacrimatur; lacrimae ergo amantur et
dolores. [S.Agostinho, Confessiones 1.3.2] O homem
contente chora; portanto tanto as lágrimas como as
dores são amadas.
24. Gaudens popularibus auris. [Virgílio, Eneida 6.816]
Gozando do favor popular.
25. Gaudent magni aliquando viri rebus adversis non
aliter quam fortes milites bellis triumphant. [Sêneca,
De Providentia 4.4] Regozijam-se os espíritos fortes na
adversidade, do mesmo modo que nas guerras triunfam
os soldados intrépidos.
26. Gaudent sudoribus artes. O trabalho aprecia os
suores.
27. Gaudeo discere ut doceam. [Sêneca, Epistulae
Morales 6.4] Tenho prazer em aprender para ensinar.
28. Gaudeo iuxta poculum. [Pereira 121] Alegro-me
perto do copo. ■ Se não bebo na taberna, folgo nela.
29. Gaudere cum gaudentibus, flere cum flentibus.
[Vulgata, Romanos 12.15] Alegrai-vos com os que se
alegram, chorai com os que choram. VIDE: ● Arridemus
ridentibus et contristat nos turba maerentium.
● Iniustum est gaudere velle cum gaudentibus et flere
non velle cum flentibus. ● Ridentibus arride. ● Ut
ridentibus arrident, ita flentibus adsunt humani
vultus. ● Ut ridentibus arrident, ita flentibus afflent.
30. Gaudere in calamitatibus aliorum, non est
hominum. Não é humano alegrar-se com as desgraças
alheias.
31. Gaudere in sinu. Rir à socapa. VIDE: ● In sinu
gaudent.
32. Gaudere laetarique proprium et naturale virtutis
est. [Sêneca, De Ira 2.6] Alegrar-se e folgar é próprio e
natural da virtude.
33. Gaudes pyraustae gaudium. [Apostólio 20.65] Estás
gozando o gozo da mariposa. (=A mariposa esvoaça em
torno do fogo e acaba queimando-se). ■ A bom bocado,
bom grito. VIDE: ● Pyraustae gaudium gaudes.
34. Gaudet Deus eminentissima quaeque deprimere.
[Binder, Thesaurus 1227] Deus gosta de abater certas
coisas elevadas.
35. Gaudet patientia duris. [Lucano, Bellum Civile 9.43]
A paciência aprecia dificuldades.
36. Gaudet rosarum odore, qui spinas timet. Quem tem
medo de espinhos, gosta do perfume das flores.
37. Gaudet stultus dum laudatur. [Bebel, Proverbia
Germanica 393] Regozija-se o tolo ao ser elogiado.
■ Elogio que nos é dado, quanto menos merecido, mais
apreciado.
38. Gaudet tentamine virtus. [Divisa do Lord
Dartmouth] A virtude se rejubila na tentação.
39. Gaudet veris addere falsa. (A opinião pública) gosta
de misturar mentiras com verdades. VIDE: ● Fama
loquax veris addere falsa gaudet.
40. Gaudia non remanent, sed fugitiva volant. [Marcial,
Epigrammata 1.16.8] Os prazeres não permanecem, mas
fogem voando.
41. Gaudia perpetuos pariunt mundana dolores.
[Pereira 123] Os prazeres mundanos acabam em dores
eternas. ■ Todos os passatempos acabam em dor. ■ O
prazer vai a cavalo e leva a pena à garupa. ■ Trás um
gosto vem um desgosto.
42. Gaudia post luctus veniunt, post gaudia luctus.
[John Owen, Epigrammata 4.218] Depois da tristeza
vem a alegria; depois da alegria vem a tristeza. ■ Cada
doçura custa uma amargura. VIDE: ● Gaudii comes
maeror. ● Gaudio intercedit aegritudo. ● Post florem
fructus, post gaudia sequitur luctus. ● Post gaudia
luctus. ● Vespere flet crebro qui risit mane sereno.
43. Gaudia principium nostri sunt saepe doloris.
[Ovídio, Metamorphoses 7.796] Os prazeres são, muitas
vezes, o princípio de nossa dor. ■ Não há alegria sem
dor. ■ Cada doçura custa uma amargura. ■ Não há rosa
sem espinho. VIDE: ● Extrema gaudii luctus occupat.
44. Gaudia venturi sunt nuntia saepe doloris, et risus
lacrimas non procul esse docet. [Gaal 499] Os
prazeres muitas vezes são mensageiros de nossa dor
futura, e o riso avisa que não estão longe as lágrimas.
■ O riso está perto do pranto. VIDE: ● Gaudio intercedit
aegritudo. ● Post florem fructus, post gaudia sequitur
luctus. ● Vespere flet crebro qui risit mane sereno.
45. Gaudii comes maeror. [DAPR 634] A tristeza é a
companheira do prazer. ■ Depois da doçura vem a
amargura. ■ O prazer está perto da dor. ■ Não há gosto
sem desgosto. VIDE: ● Dolor voluptatis comes.
● Extrema gaudii luctus occupat. ● Ita diis est
placitum, voluptatem ut maeror comes consequatur.
● Voluptatem maeror sequitur. ● Voluptatem ut
maeror comes consequatur. ● Voluptatis comes
maeror.
46. Gaudiis gaudium suppeditat. [Plauto, Trinummus
1118] O prazer se junta aos prazeres.
47. Gaudio intercedit aegritudo. [Gaal 499] A amargura
se mistura com a alegria. ■ Não há prazer sem
amargura. VIDE: ● Gaudia post luctus veniunt, post
gaudia luctus.
48. Gaudium de veritate. [S.Agostinho, Confessiones
10.23] A alegria da verdade.
49. Gaudium dolori iunctum. [Erasmo, Adagia 3.10.61]
O prazer está ligado à dor. ■ Não há prazer sem
amargura. ■ Não há mel sem fel. VIDE: ● Hoc est
consuetum: comitantur tristia laetum.
50. Gaudium erit in caelo super uno peccatore
paenitentiam agente, quam super nonaginta novem
iustis, qui non indigent paenitentiam. [Vulgata, Lucas
15.7] Haverá maior júbilo no céu sobre um pecador que
fizer penitência do que sobre noventa e nove justos que
não necessitam de penitência.
51. Gaudium est miseris socios habuisse poenarum.
[Rezende 2153] Para os infelizes, é uma alegria terem
tido companheiros de sofrimentos. ■ Mal de muitos
consolo é. ■ Tristeza dividida, tristeza aliviada.
● Gaudium est miseris socios habere poenarum. Para
os infelizes, é uma alegria terem companheiros de
sofrimentos. VIDE: ● Calamitatum habere socios
miseris est solacio. ● Commune naufragium, omnibus
est consolatio. ● Commune naufragium, omnibus
solacium. ● Commune naufragium omnibus solatio
est. ● Consolatio miserorum est habere socios.
● Dulce est miseris socios habuisse doloris. ● Magna
consolatio est patientis, si secum habeat
condolentem. ● Solacium est miseris socium habere
malorum. ● Solamen miseris socios habuisse
malorum. ● Solamen miseris socios habuisse doloris.
52. Geminat peccatum, quem delicti non pudet.
[Publílio Siro] Redobra a falta quem não se envergonha
do erro. VIDE: ● Dupliciter peccat, qui se de crimine
iactat.
53. Gemitus dolores indicat, non vindicat. [Publílio
Siro] O gemido revela as dores, mas não as vinga.
54. Gemmae, ut abiciantur in lutum, proprietatem non
amittunt. As pedras preciosas, mesmo que sejam
atiradas à lama, não perdem suas qualidades.
55. Gemmis auroque teguntur omnia. [Ovídio, Remedia
Amoris 343] Tudo se encobre com pedras preciosas e
ouro. ■ Com dinheiro à vista, toda gente é benquista.
56. Generale dictum generaliter est interpretandum.
[Jur / Coke / Black 841] Uma afirmação geral deve ser
interpretada em sentido geral. ● Generale dictum
generaliter est intellegendum. ● Generalia verba sunt
generaliter intellegenda. [Broom 500] Afirmações
gerais devem ser entendidas em sentido geral.
● Generalis regula generaliter est intellegenda. [Coke
/ Black 841] Uma regra geral deve ser intendida em
sentido geral.
57. Generalia praecedunt, specialia sequuntur. [Black
841] As questões gerais precedem, as especiais seguem.
● Generalia sunt praeponenda singularibus. [Black
841] As questões gerais devem preceder as questões
particulares.
58. Generalia specialibus non derogant. [Jur / Black
841] O geral não revoga o especial. ● Generalibus
specialia derogant. [Black 841] O especial revoga o
geral.
59. Generalis consuetudo. O costume universal.
60. Generalitas parit obscuritatem. [Albertano da
Brescia, Ars Loquendi et Tacendi] Generalidade gera
obscuridade.
61. Generat parvum grandia principium. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 32] Pequeno princípio
produz coisas grandes. ■ Pequenas causas, grandes
efeitos.
62. Generatim loquendo. Falando em termos gerais.
63. Generatim membratimque. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 12.1] Em geral e em particular.
64. Generi humano venia tribuenda est. [Sêneca, De Ira
2.10.2] Deve-se perdoar à raça humana.
65. Generi species derogat. [Jur] A espécie derroga o
gênero. VIDE: ● In toto iure generi per speciem
derogatur, et illud potissimum habetur quod ad
speciem directum est. ● Species generi derogat.
66. Generis humani vinculum est ratio et oratio, quae
conciliant inter se homines. [Cícero, De Officiis 1.50]
O vínculo da raça humana é a razão e a palavra, as quais
estabelecem a ligação entre os homens.
67. Generosi ac nobiles equi melius facili freno
reguntur. [Sêneca, De Clementia 1.25.1] Os cavalos de
boa raça e bem treinados são mais bem governados com
a rédea frouxa.
68. Generosioris arboris statim planta cum fructu est.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 8.76] A muda da árvore
nobre logo dá fruto.
69. Generosos animos labor nutrit. [Sêneca, Epistulae
Morales 31.5] O trabalho alimenta os corações nobres.
70. Generosus equus haud curat latratum canum.
[Publílio Siro] Cavalo de boa raça não se inquieta com o
ladrar dos cães. ■ Os cães ladram, mas a caravana
passa.
71. Generosus equus vel umbra virgae regitur. Cavalo
de boa raça é dirigido até pela sombra de uma vara.
VIDE: ● Nobilis equus umbra quoque virgae regitur;
ignavus, ne calcari quidem concitari potest.
72. Generosus es ex crumena. [Erasmo, Adagia 2.8.27]
És nobre pela bolsa. ■ Muito dinheiro fará teu filho
cavalheiro. VIDE: ● Nobilis es ex crumena. ● Nobilis ex
marsupio.
73. Generosus nascitur, non fit. Já se nasce de boa raça,
não se fica. ■ O bom fruto vem da boa semente. VIDE:
● Nobilis fit, generosus nascitur.
74. Genetrix virtutum frugalitas. [Stevenson 918] A
frugalidade é a mãe das virtudes.
75. Genitale solum. [Codex Iustiniani 12.1.15] O torrão
natal. VIDE: ● Natale solum. ● Natalia arva. ● Solum
genitale.
76. Genitalis dies. Dia do nascimento. VIDE: ● Dies
genitalis.● Festum natalitium. ● Natalis dies.
77. Genitalis hora. [Tácito, Annales 6.21] Hora do
nascimento.
78. Genitor patriae. [Ovídio, Ars Amatoria 1.197] O pai
da pátria. VIDE: ● Parens patriae. ● Pater patriae.
79. Genium loci invocat. [Virgílio, Eneida 7.136] Ele
invoca o gênio protetor do lugar.
80. Genius loci. [Rezende 2157] O gênio protetor do
lugar. O espírito do lugar. VIDE: ● Deus loci.
81. Gens egregia. [Virgílio, Eneida 11.432] Uma raça
notável.
82. Gens humana ruit per vetitum nefas [Horácio,
Carmina 1.3.15] A raça humana corre atrás do proibido.
■ O proibido aguça o dente. ■ O proibido é desejado.
83. Gens inimica mihi Tyrrhenum navigat aequor.
[Virgílio, Eneida 1.67] Uma raça que me é hostil navega
o Mar Tirreno.
84. Gens togata. O povo togado. (=Os romanos).
85. Gentibus est aliis tellus data limite certo; Romanae
spatium est Urbis et orbis idem. [Ovídio, Fasti 2.683]
O território reservado às outras nações tem limite
definido; o espaço de Roma é o mesmo que o do
mundo.
86. Genu sura propius. [Aristóteles / Schottus, Adagia
54] O joelho está mais perto de mim do que a perna.
■ Mais perto estão os dentes que os parentes. ■ Em tal
signo nasci, que mais quero para mim que para ti.
● Genu crure propius. [Schottus, Adagia 394] ● Genu
sura propius, et tunica pallio propior. [Albertatius
498] O joelho está mais perto do que a perna, e a camisa
mais perto que o paletó. VIDE: ● Indusium tunica
propius fraterque nepote. ● Propior est tunica pallio.
● Tunica propior pallio est.
87. Genus est mortis male vivere. [Ovídio, Ex Ponto
3.4.75] Viver mal é uma espécie de morte.
88. Genus et patria. [Divisa] A família e a pátria.
89. Genus, et proavos, et quae non fecimus ipsi, vix ea
nostra voco. [Ovídio, Metamorphoses 13.140] Nossa
raça e nossos antepassados e tudo que nós mesmos não
fizemos, de maneira alguma considero como nosso.
90. Genus hominum. A raça humana. ● Genus
humanum. ● Genus homo.
91. Genus humanum ingenio superavit. [Lucrécio, De
Rerum Natura 3.1046] Com seu talento superou a raça
humana. (=Inscrição no pedestal da estátua de Isaac
Newton).
92. Genus inest suis speciebus. [Signoriello 151] O
gênero está em suas espécies.
93. Genus irritabile vatum. [Horácio, Epistulae 3.2.102]
A raça irritável dos poetas. VIDE: ● Multa fero, ut
placem genus irritabile vatum.
94. Germanice. Em alemão. À alemã.
95. Germanus mortem non bibere esse putat. [Owen,
Epigrammata 2.55] O alemão considera morte o não
beber.
96. Germinet terra herbam virentem. [Vulgata, Gênesis
1.11] Produza a terra erva verde.
97. Gerrae! [Plauto, Asinaria 600] ■ Ninharias!
■ Conversa fiada! VIDE: ● Fabulae! ● Nugae!
98. Gerras clamitas. [Polydorus, Adagia] Estás dizendo
bobagens. VIDE: ● Tua verba gerrae sunt.
99. Gesta. As coisas realizadas. Os feitos. VIDE: ● Res
gestae.
100. Gesta bellica. Ações de guerra. Feitos bélicos.
101. Gesta Dei. Os atos de Deus.
102. Gesta Romanorum. Os feitos dos romanos.
103. Gesta tua non laudantur. [Rezende 2164] Os teus
atos não merecem aprovação.
104. Gestor negotii. [Jur] O gerente da empresa. VIDE:
● Negotiorum gestor.
105. Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti.
[Pérsio, Satirae 3.83] Nada pode nascer do nada, nada
pode tornar-se em nada. VIDE: ● De nihilo nihil. ● De
nihilo nihilum. ● Ex nihilo nihil. ● Ex nihilo nihil fit.
● Nihil ex nihilo. ● Nil igitur fieri de nilo posse
fatendum est. ● Nullam rem e nihilo gigni divinitus
unquam.
106. Gladiator in arena consilium capit. [Manúcio,
Adagia 260] É na arena que o gladiador toma sua
decisão. ■ O tempo e a ocasião mostram o que se deve
fazer. ■ Como se toca, assim se dança. ● Gladiatorem
in arena capere consilium. [Sêneca, Epistulae Morales
22.1] VIDE: ● E re nata consilium capiemus. ● Tempori
serviendum est.
107. Gladio ignem fodit. [Schottus, Adagia 141] Ele
escava o fogo com a espada. ■ Cutuca a fera com vara
curta. ■ Mexe em vespeiro. ● Gladio ignem ne fodito.
[Apostólio 12.43] Não escaves o fogo com a espada.
■ Não acordes o cão que dorme. ■ Não deites azeite no
fogo. VIDE: ● Ignem gladio ne fodito. ● Ignem gladio
scrutare.
108. Gladio plumbeo te iugulabo. [Albertatius 499] Eu te
degolarei com uma espada de chumbo. (=Vencer-te-ei
com argumento fraco).
109. Gladium acutum avertas. [Grynaeus 208] Foge da
espada aguda. (=Evita negócios perigosos). ■ Não te
metas em contenda, que não te quebrarão a cabeça.
● Gladium acutum averte. [Grynaeus 212] VIDE: ● A
periculosis negotiis abstinendum.
110. Glaeba manet sterilis, quam non laceravit
aratrum. [Pereira 115] Fica estéril a terra que o arado
não cortou. ■ O moço que não é castigado nem será
cortesão nem letrado.
111. Glaebam quoque accipit erro. [Pereira 107] O
vagabundo aceitará até um pedacinho de terra. (=Diz-se
de quem recebe qualquer donativo com prazer).
■ Homem pobre com pouco se alegra. ● Glaebam etiam
admittit erro. [Suidas / Albertatius 504] VIDE: ● Accipit
et glaebam erro. ● Etiam glaebam erro admittit.
● Etiam pauper glaebam capit erro.
112. Globus per declive. [Manúcio, Adagia 202] É a bola
descendo a ladeira. VIDE: ● Sphaera per praecipitium.
113. Gloria autem est fructus virtutis. A glória é fruto da
coragem.
114. Gloria cuique sua est. [Tibulo, Elegiae 1.4.77] Cada
um tem a sua glória.
115. Gloria eius stercus et vermis est; hodie extollitur,
et cras non invenietur. [Vulgata, 1Macabeus 2.63]
Toda a sua glória irá ter ao esterco e aos bichos; hoje
eleva-se, e amanhã desaparecerá. VIDE: ● Hodie a multis
honoratur, et cras a nullo curatur. ● Hodie extollitur,
et cras non invenietur.
116. Gloria fugientes magis sequitur. [Sêneca, De
Beneficiis 5.1.4] A glória persegue principalmente
quem dela foge. VIDE: ● Invitum sequitur honor.
117. Gloria in altissimis Deo, et in terra pax hominibus
bonae voluntatis. [Vulgata, Lucas 2.14] Glória a Deus
nas alturas, e na terra paz aos homens de boa vontade.
● Gloria in excelsis Deo. [Da liturgia católica] Glória a
Deus nas alturas.
118. Gloria invidiam vicisti. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 10.2] Com tua fama venceste a inveja.
119. Gloria labores sequitur. A glória segue o esforço.
VIDE: ● Labor gloriae pater. ● Labores pariunt
honores. ● Solet sequi laus, cum viam fecit labor.
120. Gloria mortalium nihil aliud est quam aurium
inflatio magna. [Boécio, De Consolatione,. liIII, prosa
6] A glória dos mortais não é mais que uma rajada de
ventos.
121. Gloria nostra haec est, testimonium conscientiae
nostrae. [Vulgata, 2Coríntios 1.12] Nossa glória é esta,
é o testemunho da nossa consciência.
122. Gloria Patri. [Da liturgia católica] Glória ao Pai.
123. Gloria pugnantes vincere maior erat. [Ovídio,
Amores 2.9.6] Era glória bem maior vencer os que
resistiam.
124. Gloria quantalibet quid erit, si gloria tantum est?
[Juvenal, Satirae 7.81] A glória, por maior que seja, o
que será senão apenas glória?
125. Gloria saepius fortunae quam virtutis est
beneficium. [Quinto Cúrcio, De Rebus Gestis
Alexandri Magni 8.10] A glória geralmente é mais favor
da sorte do que do valor.
126. Gloria sera venit. A fama chega tarde. VIDE: ● Cineri
gloria sera venit. ● Post cineres gloria sera venit.
127. Gloria: si taceas, plus tibi laudis erit. [M.Verinus /
Grynaeus 69] Glória: se calares, maior será tua honra.
128. Gloria sudoribus libenter irrigatur. [S.Isidoro /
Bernardes, Nova Floresta 3.214] A glória quer-se
regada com suor. ■ Não há gosto que não custe.
129. Gloria Tibi, Domine. [Do Missale Romanum] Glória
a Ti, Senhor.
130. Gloria vanum et volubile quiddam est, auraque
mobilius. [Sêneca, Epistulae Morales 123] A glória é
coisa vã e volúvel, mais inconstante que o vento.
131. Gloria victis! [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 5.48.9]
Glória aos vencidos!
132. Gloria virtutem tamquam umbra sequitur.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 1.45.109] A glória
segue a coragem como uma sombra. ● Gloria umbra
virtutis est. A glória é a sombra do valor. ● Gloria
virtutis umbra. ● Gloria umbra virtutis est: etiam
invita comitabitur; sed quem admodum umbra
aliquando antecedit, aliquando a tergo est, ita gloria.
[Sêneca, Epistulae Morales 79.13] A glória é a sombra
do valor: mesmo não desejada ela nos acompanhará;
mas, como a sombra às vezes precede a pessoa e às
vezes está às suas costas, assim também é a glória. VIDE:
● Ut umbra nos vel invitos comitatur, ita gloria
virtutem sequitur. ● Virtutem gloria tamquam
umbra sequitur. ● Virtutem necessario gloria
sequitur.
133. Gloria virtuti debetur. Deve-se a glória à coragem.
VIDE: ● Honor enim virtuti debetur. ● Vera laus verae
virtuti debetur. ● Virtuti debetur laus. ● Virtuti
debetur honor.
134. Gloria virtutis resonat tamquam imago. A glória é
como o eco do valor.
135. Gloria vos acuat. [Ovídio, Ex Ponto 5.1.97] Que a
glória vos estimule.
136. Gloriae et virtutis invidia est comes. [Rezende
2169] A inveja é companheira da glória e da coragem.
■ Não há glória sem inveja. ■ A inveja segue e persegue
a virtude. VIDE: ● Est hoc commune vitium magnis
liberisque civitatibus, ut invidia gloriae comes sit.
● Invidia gloriae comes. ● Invidia virtutum comes.
● Post gloriam invidia sequitur.
137. Gloriae fundamentum labor. O alicerce da glória é
o trabalho. ■ O trabalho tenaz vence todas as
dificuldades.
138. Gloriam concupiscens non cogitat de labore. Quem
ambiciona a glória não se preocupa com trabalhos.
139. Gloriam, honorem, imperium bonus et ignavus
aeque sibi exoptant. [Salústio, Catilina 11.1] Tanto o
homem bom como o mau desejam para si glória, honras
e poder.
140. Gloriam non debet sequi virtus, sed ipsa virtutem.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 5.12] O valor não deve
acompanhar a glória, mas esta deve acompanhar aquele.
141. Gloriam praecedit humilitas. [Vulgata, Provérbios
15.33] A humildade precede a glória.
142. Gloriam qui spreverit, veram habebit. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 22.39] Quem desdenhar a glória, esse
alcançará a glória verdadeira. ● Gloriam qui spreverit,
citius habebit. Quem desdenhar a glória, alcançá-la-á
mais rápido.
143. Gloriam sapientes possidebunt; stultorum
exaltatio ignominia. [Vulgata, Provérbios 3.35] Os
sábios possuirão a glória; a exaltação dos insensatos
será sua ignomínia.
144. Gloriari non est meum. [Henry Fielding, The
History of the Adventures of Joseph Andrews 3.5.3]
Não costumo vangloriar-me.
145. Gloriosa dicta sunt de te, civitas Dei. [Vulgata,
Salmos 86.3] Coisas gloriosas se têm dito de ti, ó cidade
de Deus. VIDE: ● Civitas Dei. ● In civitate Dei nostri.
146. Gloriosa est scientia litterarum, quia, quod
primum est, in homines mores purgat, quod
secundum, verborum gratiam subministrat.
[Cassiodoro, Varia 3.33.3] O estudo é glorioso, primeiro
porque purifica os costumes dos homens, segundo
porque proporciona o benefício da cultura.
147. Glossa viperina est quae corrodit viscera textus.
[Jur / Black 846] É a interpretação venenosa que
corrompe a essência do texto.
148. Glutine capiuntur aves. É com visco que se
apanham os passarinhos. ■ Moscas apanham-se com
mel.
149. Gnava iuventus. [Ovídio, Tristia 5.3.37] A juventude
diligente.
150. Gordius nodus. [Owen, Epigrammata 2.58] Nó
górdio. (=Uma dificuldade insolúvel).
151. Graculo loquacior. [Rezende 2177] É mais falador
do que um gralho. ■ Fala mais que o pobre no sol. VIDE:
● Cicada vocalior. ● Turdo loquacior. ● Turture
loquacior.
152. Graculus a graculo, fur a fure cognoscitur, lupus a
lupo. Um gralho é reconhecido por outro gralho, um
ladrão, por outro ladrão, um lobo, por outro lobo. ■ Um
ruim conhece outro. ● Graculum a graculo, furem a
fure cognosci, lupum a lupo. [Schottus, Adagia 39]
VIDE: ● Furem fur cognoscit, et lupum lupus. ● Fur
furem cognoscit, et lupum lupus.
153. Graculus graculo assidet. [Pereira 108] Um gralho
senta-se ao lado de outro. ■ Aves da mesma pena andam
juntas. ■ Cada um procura o seu semelhante. ■ Um ruim
com outro se quer. ● Graculus graculo assidet,
semperque Deus simile agit ad simile. [Manúcio,
Adagia 1409] Um gralho fica ao lado de outro, e sempre
Deus junta o semelhante ao seu semelhante. ● Graculus
graculo, pica picae sociatur. Gralho junta-se com
gralho, pega com pega. VIDE: ● Assidet usque graculus
graculo. ● Aves discolores raro simul volitant.
● Concolores aves facillime congregantur.
● Monedulae semper monedula assidet. ● Pares cum
paribus facillime congregantur. ● Pares cum paribus
maxime congregantur. ● Parium cum paribus facilis
congregatio est. ● Prope graculum saepe alter astat
graculus. ● Semper graculus assidet graculo.
● Semper graculus cum graculo. ● Solent pares facile
congregari cum paribus. ● Volatilia ad sibi similia
conveniunt.
154. Graculus inter musas. [Erasmo, Adagia 1.7.22] Um
gralho entre as musas. ■ Um estranho no ninho. VIDE:
● Anser inter olores. ● Anseres inter olores strepunt.
● Argutos inter strepere anser olores. ● Indoctus inter
doctissimos. ● Infantissimus inter eloquentissimos.
155. Gradatim. Passo a passo. ● Gradatim, paulatim,
pedetentim. [Giordano Bruno, Il Candelaio 3.12] Passo
a passo, pouco a pouco, cautelosamente. VIDE: ● Per
gradus.
156. Gradatim vincimus. [Divisa] Vencemos passo a
passo.
157. Gradu diverso, via una. [Divisa] Com passo
diferente, mas pelo mesmo caminho.
158. Gradus ad Parnassum. O caminho para o Parnaso.
(=Nome dado a dicionários poéticos de latim ou grego.
Parnaso, monte da Fócida, teria sido morada de Apolo e
das Musas).
159. Gradus diversi, via una. [Divisa] Os passos são
diferentes, mas o caminho é um só.
160. Gradus futuri est, finis praesentis mali. [Publílio
Siro] O fim do mal atual é um passo para o mal futuro.
■ Um mal indo, outro vindo. VIDE: ● Praesens labor
gradus est futuri.
161. Graeca fides. [Medina 595] Fidelidade grega.
(=Deslealdade). ● Graeca fides, nulla fides. Fidelidade
grega, nenhuma fidelidade. ● Graeca fide mercari.
Negociar desonestamente. VIDE: ● Punica fides.
162. Graeca sunt, non leguntur. É grego, não se lê.
(=Não te ocupes do que não entendes). ● Graeca non
leguntur. VIDE: ● Graecum est, non legitur.
163. Graeci conando Troia potiti sunt. [Medina 604] Os
gregos, persistindo, conquistaram Tróia. ■ Porfia mata
caça.
164. Graecia capta ferum victorem cepit et artes intulit
agresti Latio. [Horácio, Epistulae 2.1.156] A Grécia,
subjugada, subjugou o seu fero conquistador, e
introduziu as artes no agreste Lácio. VIDE: ● Hibernia
capta ferum victorem cepit. ● Vincebamur a victa
Graecia. ● Victi victoribus leges dederunt.
165. Graecis ac barbaris, sapientibus, et insipientibus
debitor sum. [Vulgata, Romanos 1.14] Sou devedor
tanto de gregos como de estrangeiros, tanto de sábios
como de ignorantes.
166. Graecum est, non legitur. [Rezende 2181] É grego,
não se lê. (=Não te ocupes do que não entendes).
● Graecum est, et non legitur. [Bernardes, Nova
Floresta 3.187] É grego, e não se lê. ● Graecum est,
non potest legi. Isso é grego, não se pode ler. VIDE:
● Graeca sunt, non leguntur. ● Graeca non leguntur.
167. Graecum est quod legi non potest. É grego o que
não se pode ler.
168. Grallatorio gradu incedere. [Pereira 95] Andar com
passo de perna-de-pau. ■ Andar como sapo por alqueive.
VIDE: ● Testudineo gradu incedere.
169. Grammatica falsa non vitiat chartam. [Jur / Coke /
Black 854] Gramática ruim não vicia o documento.
VIDE: ● Falsa grammatica non vitiat chartam. ● Falsa
orthografia non vitiat chartam. ● Mala grammatica
non vitiat chartam.
170. Grammatici certant de lana saepe caprina.
[Schottus, Adagia 300] Os gramáticos muitas vezes
disputam a respeito de lã de bode. (=Discutem sobre
ninharias). ■ Discutem se penico de barro dá ferrugem.
171. Grammatici certant, et adhuc sub iudice lis est.
[Horácio, Ars Poetica 78] Discutem os gramáticos, e até
o momento a questão está com o juiz.
172. Grammaticus non erubescet soloecismo, si sciens
fecit; erubescet, si nesciens. [Sêneca, Epistulae
Morales 95.9] O gramático não se envergonha do
solecismo, se o cometeu sabendo, mas se envergonha,
se o cometeu por ignorância.
173. Grammaticus, rhetor, geometres, pictor, aliptes,
augur, schoenobates, medicus, magus, omnia novit
Graeculus esuriens: in caelum iusseris, ibit. [Juvenal,
Satirae 3.76] Gramático, orador público, matemático,
pintor, massagista, adivinho, funâmbulo, médico,
mágico - o pequeno grego faminto sabe tudo: se o
mandares ao céu, ele irá.
174. Grana prior subdit pistrino qui prior astat.
[Pereira 120] Quem chega primeiro, entrega primeiro os
grãos ao moinho. ■ Quem primeiro vem, primeiro mói.
■ Quem primeiro anda, primeiro ganha. VIDE: ● Primus
veniens, primus molet. ● Qui primus venerit, primus
molet.
175. Grandaevi nati, labores duplicati. [Pereira 111]
■ Filhos criados, trabalhos dobrados.
176. Grande aliquid caveas timido committere cordi.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 4] Evita confiar
empresa grande a coração temeroso.
177. Grande et conspicuum nostro quoque tempore
monstrum. [Juvenal, Satirae 4.115] É um grande e
notável prodígio, mesmo para o nosso tempo.
178. Grande solacium est cum universo rapi. [Sêneca,
De Providentia 5.8] É um grande consolo ser roubado
junto com todos. ■ Mal de muitos, meu consolo é.
179. Grandescunt aucta labore. [Divisa / Lucrécio, De
Rerum Natura 2.1163] As coisas crescem desenvolvidas
pelo trabalho.
180. Grandia consumpsit moenia tempus edax. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.410] O voraz tempo
consumiu grandes muralhas.
181. Grandia cum minimis mors ferit ense pari.
[Medina 611] A morte fere com espada igual as coisas
grandes e as pequenas. ■ Tanto morre o cordeiro como o
carneiro. ■ Tanto morre o papa, como quem não tem
capa. VIDE: ● Pallida mors aequo pulsat pede
pauperum tabernas regumque turres.
182. Grandia loquuntur, exigua operantur. Prometem
coisas maravilhosas, realizam coisas ridículas. ■ Muito
prometer, sinal de pouco dar. ■ Muita parra, pouca uva.
■ É o parto da montanha. VIDE: ● Largissimi
promissores, parcissimi exhibitores. ● Largissimi
promissores, vanissimi exhibitores.
183. Grandia per multos tenuantur flumina rivos.
[Ovídio, Remedia Amoris 445] Grandes rios perdem a
força dividindo-se em muitos riachos. ■ Gota a gota, o
mar se esgota. ■ Dividir para dominar.
184. Grandia si parvis assimulare licet. [Ovídio, Tristia
1.6.28] Se é permitido comparar coisas grandes com
coisas pequenas.
185. Grandibus verbis. [Marcial, Epigrammata 9.27.8]
Com palavras pomposas.
186. Grandis in exiguo regnabat corporis virtus.
[Pereira 106] Uma grande coragem reinava no pequeno
corpo. ■ Grande esforço em pequeno corpo. VIDE:
● Magnum in parvo. ● Maior in exiguo regnat
corpore virtus. ● Maior in exiguo regnabat corpore
virtus.
187. Grata arena est, sed non in oculis. [Schrevelius
1181] A areia é agradável, mas não nos olhos. ■ Cada
coisa em seu lugar.
188. Grata brevissima. O que é agradável dura pouco.
VIDE: ● Eo breviores, quo gratiores.
189. Grata brevitas. [Grynaeus 109] A brevidade agrada.
● Grata brevitas, grata novitas. [Pereira 98] Tanto é
agradável a brevidade como a novidade. ■ Brevidade e
novidade muito agradam.
190. Grata difficilius est, quam utilia, dicere. É mais
difícil dizer coisas agradáveis do que coisas úteis.
191. Grata fit unda siti. [Ovídio, Remedia Amoris 406] A
água é agradável, quando se tem sede.
192. Grata quies post exhaustum solet esse laborem.
[Binder, Medulla 622] É agradável o descanso depois de
um trabalho cansativo. ■ Quem bem trabalhou, melhor
descansou. ■ Depois do purgatório, a redenção. ● Grata
quies post exhaustum laborem. VIDE: ● Suavis
laborum est praeteritorum memoria.
193. Grata rerum novitas. [Carmina Burana] É agradável
a novidade das coisas. ■ Tudo que é novo cativa. ■ O
novo apraz. ● Grata novitas. VIDE: ● Ad nova homines
concurrunt, ad nota non veniunt. ● Est natura
hominum novitatis avida. ● Est nova res grata:
vilescit res inveterata. ● Est quoque cunctarum
novitas carissima rerum. ● Nova placent. ● Omne
novum carum, vilescit cotidianum. ● Quod rarum
est, carum est.
194. Grata senectus homini, quae parilis iuventae; illa
iuventa est gravis, quae similis senectae. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Chilon] Para o homem é
agradável a velhice que se parece com a juventude, mas
é pesada a juventude que se parece com a velhice.
195. Grata superveniet quae non sperabitur hora.
[Horácio, Epistulae 1.4.14] A hora de felicidade que não
se espera, virá. ■ Quando menos se espera, salta a lebre.
196. Gratatio capitis facit recordare cosellas. [Latim
macarrônico / Rezende 2187] Coçar a cabeça faz
recordar coisas esquecidas.
197. Gratia argumentandi. Para argumentar. VIDE:
● Argumentandi gratia. ● Argumentandi causa.
198. Gratia cito senescit. [Gaal 1734] A gratidão
envelhece rápido. ■ Favor recebido, favor esquecido.
VIDE: ● Nemo accepta beneficia calendario inscribit.
199. Gratia Dei. Por graça de Deus.
200. Gratia Dei cum omnibus vobis. [Vulgata, Tito 3.15]
Que a graça de Deus esteja com todos vós.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


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G1 G2

G2: 201-293
201. Gratia gratiam parit. [Erasmo, Adagia 1.1.34]
■ Gentileza gera gentileza. ■ Quem graças faz, graças
merece. ■ Por dar dão, dizem os sinos de Santo Antão.
VIDE: ● Beneficium beneficio provocatur. ● Fricantem
refrica. ● Simul et da et accipe. ● Simul da et accipe.
● Simul da, simul accipe.
202. Gratia magnatum nescit habere statum. [Binder,
Thesaurus 1251] Favor de grandes não consegue ser
durável. VIDE: ● Gratia regalis non est perpetualis.
203. Gratia malorum tam infida est quam ipsi. [Plínio
Moço, Epistulae 1.5.16] O favor dos maus é tão
traiçoeiro quanto eles mesmos. ■ Dádiva de ruim com
seu dono se parece.
204. Gratia mulieris sedulae delectabit virum suum.
[Vulgata, Eclesiástico 26.16] A graça de uma mulher
cuidadosa deleitará seu marido.
205. Gratia officio, quod mora tardat, abest. [Ovídio,
Ex Ponto 3.4.52] Não vem agradecimento pelo favor
que demora.
206. Gratia placendi. A satisfação de agradar. Para
agradar.
207. Gratia pro rebus merito debetur inemptis. [Ovídio,
Amores 1.10.44] A gratidão é com justa razão devida
por serviços gratuitos.
208. Gratia regalis non est perpetualis. [Binder,
Thesaurus 1251] O favor do rei não é perpétuo. VIDE:
● Gratia magnatum nescit habere statum. ● Ridenti
domino et caelo ne crede sereno, nam facili causa
dominus mutatur et aura.
209. Gratia referenda. [Cícero, De Inventione 2.115] Um
favor a ser retribuido.
210. Gratia tarda, ingrata. Favor que demora, desagrada.
● Gratia quae tarda est, ingrata est gratia. Gratia
namque cum fieri properat, gratia grata magis.
[Ausônio, Epigrammata 85] Favor que demora, não
agrada; favor que acontece rápido é favor mais
agradável. VIDE: ● Ingratum est beneficium, quod diu
inter manus dantis haesit. ● Non dat qui munere
tardat. ● Tardum beneficium ingratum est. ● Tarde
benefacere nolle est.
211. Gratia tecum. Que a graça (de Deus) esteja contigo.
212. Gratiam et pacem in Domino! Graça e paz no
Senhor!
213. Gratias agamus Domino Deo nostro. [Da liturgia
católica] Demos graças ao Senhor nosso Deus.
214. Gratias agimus tibi. Nós te agradecemos. ■ Muito
obrigado.
215. Gratias Deo. Graças a Deus. VIDE: ● Deo gratias.
216. Gratias tibi ago. Eu te agradeço. ■ Muito obrigado.
● Gratias tibi.
217. Gratior est modicis haustibus unda siti. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 2.6] A água em goles
moderados é mais bem-vinda à sede.
218. Gratior est pulchro veniens in corpore virtus.
[Virgílio, Eneida 5.344] É mais agradável a virtude que
vem num corpo formoso.
219. Gratior hoc fueris, quo minus ipse frequens.
[Medina 582] Serás mais querido aonde fores com
menos freqüência. ■ Aonde te querem muito, não vás a
miúdo.
220. Gratiora sunt quae pluris emuntur. Gosta-se mais
daquilo que se compra mais caro. ■ O que não custa,
não lustra. VIDE: ● Magis illa iuvant quae pluris
ementur.
221. Gratis. De graça.
222. Gratis accepistis, gratis date. [Vulgata, Mateus
10.8] Dai de graça o que de graça recebestes. ● Gratis a
Deo data, gratis etiam sunt hominibus danda.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] O que por Deus te foi
dado de graça também deve ser dado de graça aos
homens. VIDE: ● Dono accepistis, dono date. ● Quae
gratis accepimus, gratis demus.
223. Gratis anhelans, multa agendo nihil agens. [Fedro,
Fabulae 2.5.3] Exaurindo-se sem recompensa, fazendo
muito sem nenhum resultado.
224. Gratis dictum. Uma asserção gratuita. Uma asserção
sem motivo. Uma declaração espontânea.
225. Gratis donato non spectes ora caballo. [Singer,
Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 113] Se o cavalo
te foi dado de graça, não lhe examines a boca. ■ A
cavalo dado não se olham os dentes. VIDE: ● Donato non
sunt ora inspicienda caballo. ● Donati non sunt ora
inspicienda caballi. ● Equi donati dentes non
inspiciuntur. ● Gratis quando datur equus, os non
inspiciatur, non contemnatur, si morbidus. ● Noli
equi dentes inspicere donati. ● Non oportet equi
dentes inspicere donati. ● Si quis dat mannos, ne
quaere in dentibus annos.
226. Gratis paenitet esse probum. [Ovídio, Ex Ponto
2.3.14] Dá arrependimento ser honesto sem proveito.
227. Gratis pro Deo. [Rezende 2190] De graça, por amor
de Deus. ● Gratis amore Dei. VIDE: ● Non gratis
prodeo: verum peto a vobis, non pecuniam, sed
bonam existimationem atque honorem.
228. Gratis quando datur equus, os non inspiciatur,
non contemnatur, si morbidus. [Bragança 7.1.7]
Quando o cavalo é dado de graça, não se examina sua
boca, nem se recusa, mesmo que esteja doente. ■ A
cavalo dado não se olham os dentes. VIDE: ● Donato non
sunt ora inspicienda caballo. ● Donati non sunt ora
inspicienda caballi. ● Equi donati dentes non
inspiciuntur. ● Gratis donato non spectes ora caballo.
● Noli equi dentes inspicere donati. ● Non oportet
equi dentes inspicere donati. ● Si quis dat mannos, ne
quaere in dentibus annos.
229. Gratissima sunt beneficia, ubi nulla mora fuit.
[Sêneca, De Beneficiis 2.1] São muito agradáveis os
benefícios quando não houve nenhuma espera. ■ Mais
vale um toma que dois te darei. ■ Quem cedo dá, dá
duas vezes. ■ Dá duas vezes quem de pronto dá. ■ Ao
amigo que pede não se diz amanhã. VIDE: ● Beneficium
celeritas gratius facit. ● Beneficium egenti bis dat,
qui dat celeriter. ● Beneficium celeritas gratius facit.
● Bis dat qui cito dat. ● Bis dat qui dat celeriter.
● Duplex fit bonitas, si simul accessit celeritas. ● Inopi
beneficium bis dat, qui cito dat. ● Inopi beneficium
bis dat, qui dat celeriter. ● Plus dat qui in tempore
dat. ● Plus dat qui tempore dat.
230. Gratius est donum, quod venit ante preces.
[Binder, Thesaurus 1254] Mais agradável é a dádiva que
chega antes de ser pedida.
231. Gratius est nomen pietatis quam potestatis.
[Tertuliano, Apologeticus 34.1] Há mais prazer na
palavra amor do que na palavra poder.
232. Gratius ex ipso fonte bibuntur aquae. [Ovídio, Ex
Ponto 3.5.18] Bebe-se com mais prazer a água da
própria fonte. ● Gratius e dulci fonte bibuntur aquae.
De fonte doce bebe-se a água com mais prazer. VIDE:
● Dulcius ex ipso fonte bibuntur aquae.
233. Gratuita primus venia dignissimus error. [Medina
609] O primeiro erro é muito digno de perdão sem
favor. ■ O primeiro erro merece perdão. ■ Quem erra e
depois se emenda a Deus se recomenda. VIDE: ● Primus
error veniam meretur. ● Quae semel aut bis accidunt
contemnunt legislatores. ● Venia primum experienti.
234. Gratuitum enim debet esse commodatum.
[Institutiones 3.14] O comodato deve ser gratuito.
235. Gratum esse virtus est; itaque ingrati esse vitemus.
[Sêneca, Epistulae Morales 81.21-22, adaptado] Ser
agradecido é uma virtude; evitemos, pois, sermos
ingratos.
236. Gratus debet esse qui accepit beneficium. [Cícero,
De Provinciis Consularibus 17.21] Deve ficar
agradecido quem recebeu um favor.
237. Gratus est sollicito post maxima nubila Phoebus.
[Alain de Lille, Liber Parabolarum] Depois das espessas
nuvens, o sol é bem-vindo a quem está preocupado.
■ Depois da tempestade, vem a bonança. VIDE: ● Blandi
post nubila soles. ● Clarior est solito post maxima
nubila Phoebus. ● Imbribus obscuris succedunt
lumina solis. ● Nubilo serena succedunt. ● Phoebum
post nubila irradiare. ● Post maxima nubila Phoebus.
● Post nebulas Phoebus. ● Post nubila, Phoebus.
● Post nubila, sol. ● Solem fugatis nubilis reduci.
238. Grave crimen, etiam leviter cum est dictum, nocet.
[Publílio Siro] Uma acusação provoca muito mal,
mesmo quando é feita sob forma de alusão.
239. Grave est fidem fallere. [Digesta 13.5.1] É coisa
grave faltar à palavra.
240. Grave est quod laetus dederis tristem recipere.
[Publílio Siro] Pesa receberem com tristeza o que se dá
com alegria. ● Grave est nimis, quod fronte laeta
dederis, tristi recipere. É muito desagradável
receberem com rosto triste o que se dá com rosto alegre.
● Grave est quod fronte laeta des, tristi accipi.
● Gravat, quod fronte laeta des, tristi accipi.
241. Grave ipsius conscientiae pondus. [Cícero, De
Natura Deorum 3.35] O peso da própria consciência é
considerável.
242. Grave senectus est hominibus pondus. [Moore,
Dictionary of Quotations 128] A velhice é uma carga
pesada para os seres humanos.
243. Grave servitutis iugum. É pesado o jugo da
servidão. VIDE: ● Illud durae servitutis iugum.
244. Graves casus docent rectissime. [Manúcio, Adagia
1335] Grandes quedas nos ensinam muito bem. ■ Siso
em prosperidade raramente se acha. ■ Bolsa vazia e
casa acabada fazem o homem sisudo, mas tarde. VIDE:
● Duro flagello mens rectius docetur. ● Durum
flagellum est paedagogus ingenii.
245. Gravi necessitate nihil fortius. [Schottus, Adagia
400] Nada é mais forte do que uma grande necessidade.
246. Gravior est inimicus qui latet in pectore. Mais
perigoso é o inimigo que se esconde dentro de seu
coração. ■ Pior é fingido amigo que declarado inimigo.
VIDE: ● Gravis est inimicus is qui latet in pectore.
247. Gravior et validior est decem virorum bonorum
sententia, quam totius multitudinis imperitae.
[Guglielmo Audisio, Iuris Naturae 29] Mais autorizado
e de maior valor é o critério de dez homens de bem do
que o de toda uma turba ignorante.
248. Graviora manent. [Virgílio, Eneida 6.84] O pior está
por vir.
249. Graviora quaedam sunt remedia periculis.
[Publílio Siro] Certos remédios são mais perigosos do
que as doenças. VIDE: ● Quaedam remedia graviora
ipsis periculis sunt.
250. Graviore enim verbo uti non libet. [Cícero, Ad
Familiares 1.7] Não cabe usar um termo mais severo.
251. Graviori culpae gravior poena. [Jur] Para crime
maior, pena maior.
252. Gravis animi poena est, quem post facti paenitet.
[Publílio Siro] É um duro castigo moral o
arrependimento depois do erro.
253. Gravis animus dubiam non habet sententiam.
[Publílio Siro] Um espírito enérgico jamais tem opinião
indecisa.
254. Gravis est culpa, tacenda loqui. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.604] Revelar o que deve ser mantido em
segredo é falta grave.
255. Gravis est inimicus is, qui latet in pectore. [Publílio
Siro] Inimigo perigoso é aquele que esconde o ódio no
coração. ■ Pior é fingido amigo que declarado inimigo.
VIDE: ● Gravior est inimicus qui latet in pectore.
256. Gravis ira regum est semper. [Sêneca, Medea 494]
É sempre terrível a ira dos reis. ■ O braço do rei e a
lança longe alcançam. ● Gravis est semper ira regum.
[Rezende 2194]
257. Gravis malae conscientiae lux est. [Sêneca,
Epistulae Morales 122.14] É insuportável a luz para a
consciência culpada. ■ Quem obra mal detesta a luz.
258. Gravis testis. [Jur] Uma testemunha fidedigna.
259. Gravissima est probi hominis iracundia. [Publílio
Siro] É terrível a indignação do homem honesto.
260. Gravissimi sunt morsus irritatae necessitatis.
[Portius Latro, Declamationes / Montaigne, Essais 1.47]
As mordidas da necessidade irritada são muito graves.
261. Gravissimum est imperium consuetudinis.
[Publílio Siro] É poderosíssima a tirania do costume.
■ O costume tem força de lei. VIDE: ● Consuetudinis
magna vis est. ● Magna est vis consuetudinis.
262. Gravissimum inimicitiae genus, labiis benedicere,
et corde maledicere. [S.Beda, Liber Proverbiorum] O
pior gênero de inimizade é bendizer com os lábios e
maldizer com o coração.
263. Gravissimus est morbus qui a capite diffunditur.
[Plínio Moço, Epistulae 4.22.7] A doença que procede
da cabeça é muito grave. VIDE: ● Utque in corporibus
sic in imperio gravissimus est morbus, qui a capite
diffunditur.
264. Graviter errare. [DAPR 300] Cometer erro grave.
■ Dar uma mancada.
265. Gravius est quod comisimus, levius est quod
toleramus. [Breviarium Romanum, Oratio Sancti
Agostini] Mais grave é o mal que cometemos; mais leve
é o que sofremos.
266. Gravius malum est fama quam pecunia privari.
Perder a honra é mau mais grave do perder o dinheiro.
VIDE: ● Bona existimatio pecuniis praestat.
267. Gravius malum omne est quod sub aspectu latet.
[Publílio Siro] Mais grave é todo mal que se esconde da
vista.
268. Gravius nocet, quodcumque inexpertum accidit.
[Publílio Siro] Fere mais o mal que não se conhece.
269. Gravius summo culmine missa ruunt. [Maximiano,
Elegiae 1] As coisas atiradas do alto caem mais
pesadamente. ■ Quanto mais alto é o coqueiro, mais
bonita é a queda.
270. Grege amisso, septa claudere. [Binder, Thesaurus
1257] Fechar o redil depois de perdido o rebanho.
■ Recebido o dano, tapa o buraco. ■ Casa roubada,
trancas à porta.
271. Grex ovium. O rebanho de carneiros. ● Grex
amicorum. [Cícero, Ad Atticum 1.18] A grei dos
amigos. ● Grex Catilinae. [Cícero, Ad Atticum 1.14] O
bando de Catilina.
272. Grex totus in agris unius scabie cadit et porrigine
porci. [Juvenal, Satirae 2.79] No campo, o rebanho todo
se perde por causa da sarna e da tinha de um único
porco. ■ Uma ovelha sarnenta deita a perder o rebanho.
■ Uma ovelha tinhosa faz todo o rebanho tinhoso. VIDE:
● Infecta ovis eiciatur, ne totum ovile inficiatur.
● Mala vicini pecoris contagia laedent. ● Morbida
facta pecus totum corrumpit ovile. ● Morbida sola
pecus totum corrumpit ovile. ● Saepe unus puer
improbus atque impurus inquinat totum gregem.
● Scabiosa ovis totum inquinat gregem. ● Scabiosam
ovem totum inquinare gregem. ● Una infecta ovis
totum corrumpit ovile. ● Una mala pecus inficit omne
pecus. ● Unius pecudis scabies totum commaculat
gregem.
273. Grex venalium. [Plauto, Cistellaria 733] O rebanho
dos venais.
274. Grosso modo. De modo grosseiro. Sem precisão.
Aproximadamente.
275. Grunnit sic fetus, porcus ut ante vetus. [DAPR
154] Grunhe a cria como grunhiu antes o porco velho.
■ Como canta o galo velho, assim cantará o novo. ■ De
casta vem ao galgo ter rabo longo. VIDE: ● Filii canunt
paternas cantiones. ● Naturae sequitur semina
quisque suae.
276. Gubernaculum vitae lex Dei est. [Schrevelius 1169]
A lei de Deus é o leme da vida.
277. Gubernaculum vitae sapientia. A sabedoria é o
leme da vida.
278. Gubernare e terra. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
34.22 / Rezende 2197] De terra, pilotar o barco. (=Não
se expor a perigos).
279. Gubernatorem in tempestate intellegas, in acie
militem. [Sêneca, De Providentia 4.5] É na tempestade
que se conhece o piloto, e na batalha, o soldado. ■ É na
luta que se conhecem os heróis. VIDE: ● In tempestate
cognoscitur gubernator. ● Militis cuiuslibet fortitudo
non agnoscitur nisi in bello.
280. Gubernatori somnolento ne benefacite. [Manúcio,
Adagia 1336] Não faças favor a piloto dorminhoco.
(=Não favoreces a quem põe em risco a vida e os bens
de outrem).
281. Gubernatoris ars, quia bene navigandi rationem
habet, utilitate, non arte laudatur. [Cícero, De
Finibus 1.42] A arte do timoneiro, como tem por
objetivo o bem navegar, é valorizada por sua utilidade,
não pela beleza.
282. Gula inopiae mater. A gula é a mãe da pobreza.
■ Cozinha gorda, testamento magro.
283. Gula plures occidit, quam gladius. [S.João
Crisóstomo / Rezende 2198] A garganta mata mais
homens do que a espada. ■ A gula mata mais do que a
espada. ● Gula plures quam gladius perimit. ● Gula
plures occidit quam gladius, estque fomes omnium
malorum. [Francesco Patrizzi] A gula mata mais
homens do que a espada, e é o combustível de todos os
males. ● Gula plus occidit quam bellum. A gula mata
mais que a guerra. VIDE: ● Ancipiti plus ferit ense gula.
● Plures interficit cena quam gladius. ● Plures necat
gula quam gladius. ● Plures occidit gula quam
gladius. ● Saeva quidem plures leto gula tradit
acerbo quam gladius.
284. Gulae et luxuriae deditus comparatur iumentis
insipientibus. [S.Beda, Liber Proverbiorum] Quem se
entrega à gula e à luxúria se equipara aos jumentos sem
entendimento.
285. Gulosi, morbosi. [Binder, Thesaurus 1262] Os
gulosos são doentes. ■ A gulodice tem matado mais
gente do que a espada.
286. Gurgite sub leni fallit metuenda vorago. [Medina
588] Sob o mar calmo se esconde temível sorvedouro.
■ Águas tranqüilas, águas profundas. ■ Água silenciosa,
a mais perigosa. ■ Cuidado com o homem que não fala
e com o cão que não ladra. ■ Da água mansa me livre
Deus, que da brava me livrarei eu. VIDE: ● Altissima
quaeque flumina minimo labuntur sono. ● Aqua
profunda est quieta. ● Flumina tranquillissima saepe
sunt altissima. ● Quamvis sint lenta, sint credulla
nulla fluenta. ● Qui fuerit lenis, tamen haud bene
creditur amni. ● Quietae aquae non credere.
287. Gutta cavat lapidem. A gota cava a pedra. ■ A água
cava a pedra. ■ A água cava a pedra dura. ■ A água
mole em pedra dura tanto dá até que fura. ● Gutta
cavat lapidem, consumitur anulus usu. [Ovídio, Ex
Ponto 4.10.5] A gota perfura a pedra; o anel se gasta
pelo uso. VIDE: ● Assidua stilla saxum excavat.
● Decidens scabrum cavat unda tophum. ● Dura
tamen molli saxa cavantur aqua. ● Longa dies molli
saxa peredit aqua. ● Patientia vincit omnia. ● Quid
magis est saxo durum? quid mollius unda? Dura
tamen molli saxa cavantur aqua.
288. Gutta cavat lapidem non bis, sed saepe cadendo.
[Medina 597] A gota fura a pedra, caindo não duas, mas
muitas vezes. ■ A perseverança tudo alcança. ● Gutta
cavat lapidem non bis, sed saepe cadendo; sic homo
fit sapiens bis non, sed saepe legendo. [Giordano
Bruno, Il Candelaio 3.7] A gota fura a pedra caindo, não
duas, mas muitas vezes; assim o homem fica culto lendo
não duas, mas muitas vezes.
289. Gutta cavat lapidem, non vi, sed saepe cadendo.
[Homero / Rezende 2199] A gota fura a pedra, não pela
força, mas caindo muitas vezes. ■ Água mole, pedra
dura, tanto dá até que fura. ■ A pedra é dura, a gota
miúda, mas, caindo sempre, faz cavadura.
290. Gutta fortunae prae dolio sapientiae. [Grynaeus 85]
Mais vale uma gota de sorte do que um tonel de
sabedoria. ■ Uma onça de boa sorte vale mais que um
arrátel de ciência. ■ Mais vale sorte que sabedoria.
VIDE: ● Est fortunatior quam prudentior. ● Prae dolio
doctrinae malo guttam opum.
291. Guttae pertundunt saxa. As gotas perfuram as
pedras. ■ A água cava a pedra dura. VIDE: ● Aquae
guttae saxa excavant. ● Assidua stilla saxum excavat.
● Lapides excavant aquae. ● Lapis molli cavatur
aqua. ● Stillula molis aquae lapidem assiduo cavat
ictu. ● Stillicidii casus lapidem cavat. ● Stillicidium
perpetuum saxum excavat. ● Stilla continua cavat
lapidem.
292. Guttatim pelagi perfluit omnis aqua. [Pereira 106]
Gota a gota, vai-se toda a água do mar. ■ De gota em
gota o mar se esgota. ● Guttatim pelagi defluit omnis
aqua. [Medina 594]
293. Guttula mellis plus capit muscarum quam dolium
aceti. ■ Uma gota de mel apanha mais moscas do que
um tonel de vinagre.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

H1: 1-200
1. Habe bonam conscientiam et habebis semper
laetitiam. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
2.6.2] Tem a consciência tranqüila e sempre terás
alegria.
2. Habe bonum animum. [Plauto, Captivi 151] Tem
coragem. VIDE: ● Fac bono animo sis!
3. Habe fiduciam in Domino ex toto corde tuo.
[Vulgata, Provérbios 3.5] Tem confiança no Senhor, de
todo teu coração.
4. Habeas corpus. [Jur] Fica senhor do teu corpo. (=São
as primeiras palavras de uma lei inglesa que dá ao
acusado o direito de aguardar julgamento em liberdade).
5. Habeas nunquam magno cum principe litem.
[Pereira 100] Nunca tenhas disputa com um grande
príncipe. ■ Com teu amo não jogues as peras. VIDE:
● Cum domino semper pugna sinistra fuit. ● Cum
principe non pugnandum. ● Fuge lites cum viro
maiore. ● Lites cum rege molestae. ● Maiorem virum
cave. ● Maiorem vitato virum. ● Nemo potentes
aggredi tutus potest. ● Non habeas unquam magno
cum principe litem: cum domino semper pugna
sinistra fuit. ● Offensa potentium periculosa.
● Potenti irasci, sibi periclum est quaerere. ● Semper
vitato potentem.
6. Habeas quod di dant boni. [Plauto, Rudens 1229] Fica
com os bens que os deuses te dão. ■ É preciso receber o
bem conforme vem. ■ Tudo que vier é lucro.
7. Habeas ut nanctus es. [Plauto, Trinummus 63] Já que
achaste, podes ficar com ele. ■ Quem acha, encaixa.
8. Habeat caput responsum tuum. [Vulgata, Eclesiástico
32.11] Tenha o essencial a tua resposta.
9. Habeat scabiem quisquis ad me venerit novissimus.
[DAPR 545] Tenha coceira o último a chegar aqui.
■ Quem tarde vier, comerá do que trouxer. VIDE:
● Occupet extremum scabies. ● Sero venientibus ossa.
10. Habebo amicos, si habuero pecuniam. [Menandri
Fragmenta] Terei amigos, se tiver dinheiro. ■ Quem tem
dinheiro tem graça e amigos. ● Habebo amicos, res
modo si suppetat. [Schottus, Adagia 609] Terei
amigos, desde que o dinheiro seja abundante.
11. Habemus confitentem reum. [Jur] Temos um réu
confesso. ● Habemus optimum testem, confitentem
reum. [Jur / Black 866] Nós temos a melhor
testemunha: um réu confesso. VIDE: ● Habes
confitentem reum. ● Habes igitur, Tubero, quod est
accusatori maxime optandum, confitentem reum.
12. Habemus legem. Nós temos lei. VIDE: ● In quantum
ut homines cives agimus, habemus legem, secundum
quam dicitur civis bonus et malus.
13. Habemus Pontificem. [Do ritual da eleição do Papa]
(Já) temos Papa. ● Habemus Papam. VIDE: ● Nuntio
vobis gaudium maximum: habemus Pontificem!
14. Habenas ignarus non tractet. [Grynaeus 169] Não
mexa o incompetente nas rédeas. ■ Quem não sabe não
ponha escola.
15. Habendi cupido inexplebile dolium. A paixão de
possuir é uma pipa sem fundo.
16. Habendum et tenendum. [Jur] Para ter e manter.
17. Habent et sua fata libelli. Os livros também têm suas
sinas. VIDE: ● Habent sua fata libelli.
18. Habent insidias hominis blanditiae mali. [Fedro,
Fabulae 1.19.1] As lisonjas do homem mau escondem
armadilhas. ■ Quem te lisonjeia enganar-te quer.
19. Habent locum maledicti crebrae nuptiae. [Publílio
Siro] Casamentos freqüentes dão lugar a comentários
maldosos.
20. Habent omnia tempora sua. Tudo tem seu tempo.
■ Tudo tem o seu tempo e a sua hora.
21. Habent parvae commoda magna morae. [Ovídio,
Fasti 3.394] Pequenos adiamentos trazem grandes
vantagens. ● Habent sua commoda morae. [Binder,
Thesaurus 1267] Os adiamentos têm suas vantagens.
VIDE: ● Differ; habent parvae commoda magna
morae.
22. Habent sua fata libelli. [Terenciano Mauro, Carmen
Heroicum 250] Os livrinhos têm seus destinos. VIDE:
● Pro captu lectoris habent sua fata libelli.
23. Habent sua sidera lites. [Jur] Os processos têm seus
astros. (=Os processos dependem da sorte).
24. Habent sua verba miseri, sua verba felices. [Plínio
Moço, Panegyricus 72] Os infelizes têm suas palavras,
os felizes, as suas. ■ Cada um fala como quem é.
25. Habentes homines. Homens de posses. Os ricos.
26. Habenti datur. [Binder, Thesaurus 1269] Dá-se a
quem tem. ■ Ganha dinheiro quem tem dinheiro.
■ Dinheiro ganha dinheiro. ● Habenti dabitur, et
abbundabit. [Vulgata, Mateus 13.12] Ao que tem, se
lhe dará, e terá em abundância. ■ Ao rico, crescem-lhe
os bois. VIDE: ● Cui panis est, panis datur. ● Cui sunt
multa bona, huic dantur plurima dona. ● Cui panis
est, panis datur. ● Hic mos est gentis, panis praebetur
habenti. ● Dantur opes nullis nunc nisi divitibus.
● Dantur divitiae non nisi divitibus. ● Dantur opes
Croeso, nihil praebetur egenti. ● Omni enim habenti
dabitur, et abundabit; ei autem qui non habet, et
quod videtur habere, auferetur ab eo.
27. Habeo magnum opus in manibus. [Cícero,
Academica 1] Tenho nas mãos uma grande tarefa.
28. Habeo quod dedi: perdidi quod servavi. [De um
epitáfio / Bernardes, Nova Floresta 4.297] Tenho o que
dei: perdi o que guardei. VIDE: ● Hoc habeo,
quodcumque dedi.
29. Habere eripitur, habuisse nunquam. [Sêneca,
Epistulae Morales 98.11] O que se tem pode ser tirado;
o que se teve, nunca.
30. Habere et dispertire. [Divisa] Ter e dividir.
31. Habere et tenere potest etiam fur et nequam;
possidet nemo nisi qui rei relictae aut emptae aut
donatae dominus est. [Jur] Ter e manter pode até o
ladrão e o criminoso; só possui quem é o dono da coisa
herdada, ou comprada, ou doada.
32. Habere iam non potest Deum patrem qui Ecclesiam
non habet matrem. [S.Cipriano, De Catholicae
Ecclesiae Unitate 6] Não pode ter a Deus por pai quem
não tem a Igreja por mãe.
33. Habere, non haberi. [Gabriele D’Annunzio, Il Piacere
1.2] Possuir, não ser possuído.
34. Habere quaestui rempublicam non modo turpe est,
sed sceleratum etiam et nefarium. [Cícero, De Officiis
2.77] Servir-se da república para enriquecer não é só
torpe, mas também criminoso e abominável.
35. Habere usum rationis idem est quod habere
liberum arbitrium. [Francisco de Vitoria] Ter uso da
razão é o mesmo que ter livre arbítrio.
36. Habes amicos, quia amicus ipse es. [Plínio Moço,
Panegyricus 85] Tens amigos, porque tu mesmo és
amigo. ■ Amor com amor se paga. VIDE: ● Amor
amorem gignit. ● Amor amore compensatur. ● Si vis
amari, ama. ● Sit procul omne scelus; ut ameris
amabilis esto! ● Ut ameris, ama. ● Ut redameris, ama.
37. Habes, habebis. Tens, terás. ■ Quem tem, terá.
■ Ganha dinheiro quem tem dinheiro.
38. Habes confitentem reum. [Petrônio, Satiricon 130]
Tens um réu confesso. ● Habes igitur, Tubero, quod
est accusatori maxime optandum, confitentem reum.
[Cícero, Pro Ligario 2] Tens, portanto, Túbero, o que
mais deve desejar um acusador: um réu confesso. VIDE:
● Habemus confitentem reum.
39. Habet apud malos quoque multum auctoritatis
virtus. [Quintiliano, Declamationes 253] Até entre os
maus a virtude tem muita autoridade.
40. Habet assentatio iucunda principia, eadem exitus
amarissimos affert. [RH 4.21] A lisonja tem começos
agradáveis, mas traz resultados extremamente amargos.
41. Habet Deus suas horas et moras. [Édouard Barde,
Commentaire sur les Actes des Apôtres] Tem Deus seus
momentos e suas demoras. ■ Deus tarda, mas não falha.
■ Deus escreve direito por linhas tortas. ■ Deus não se
queixa, mas o seu não deixa.
42. Habet enim praeteriti doloris secura recordatio
delectationem. [Cícero, Ad Familiares 5.12.4] Quando
se está tranqüilo, a lembrança de um sofrimento passado
nos traz prazer. ■ O que foi duro de passar é doce de
lembrar. ● Habet delectationem praeteriti doloris
secura recordatio.
43. Habet et bellum suas leges. Até a guerra tem suas
leis.
44. Habet et musca splenem. [Erasmo, Adagia 3.5.7] Até
a mosca tem sua ira. ■ Também a formiga tem catarro.
■ Cada formiga tem sua ira. ■ Rã também sente como
gente. ■ Até o cabelo sutil faz sua sombra. ● Habet et
muscula splenem. [Gaal 52] Até a mosquinha tem sua
ira. ● Habet et musca splenem, et formica bilem.
[Apostólio 9.48] A mosca tem a sua ira, e a formiga a
sua bílis. VIDE: ● Est et formicae et culici sua bilis. ● Et
formicae sua bilis inest. ● Etiam formicae sua bilis
inest. ● Formicae sua bilis inest, habet et musca
splenem. ● Inest et formicae fel. ● Inest et formicae
sua bilis. ● Inest et formicae et serpho bilis. ● Muscae
quoque splen est. ● Tam parvum nihil est, cui sit
defensio nulla
45. Habet et sua gaudia pauper. [Binder, Thesaurus
1271] O pobre também tem suas alegrias.
46. Habet etiam mala fortuna levitatem. [Sêneca,
Epistulae Morales 13.11] Até a má sorte tem
inconstância. ■ Não há mal que sempre dure, nem bem
que sempre ature. VIDE: ● Etiam mala fortuna habet
suas levitates.
47. Habet felicitas haud minimam invidiam. [Grynaeus
424] O homem feliz não tem a menor inveja.
48. Habet hoc vitium omnis ambitio: non respicit.
[Sêneca, Epistulae Morales 73.3] A ambição tem este
defeito: não olha atrás de si. VIDE: ● Ambitio non
respicit.
49. Habet in adversis auxilia, qui in secundis
commodat. [Publílio Siro] Quem presta auxílio na
prosperidade, tem auxílio na adversidade.
50. Habet lacrimas magna voluptas. [Sêneca, Thyestes
967] O grande prazer também produz lágrimas.
51. Habet nescio quid latentis energiae viva vox, et in
aures discipuli de doctoris ora transfusa fortius
sonat. [S.Jerônimo / Grynaeus 218] A viva voz tem um
não sei quê de energia latente que, saída da boca do
professor, soa mais forte nos ouvidos do discípulo.
52. Habet suum venenum blanda oratio. [Publílio Siro]
A frase suave tem seu veneno. ■ Com mel se pegam as
moscas.
53. Habet victoria laudem. [Virgílio, Eneida 2.584] A
vitória merece elogio.
54. Habete fiduciam. [Vulgata, Mateus 14.27] Tende fé.
55. Habetis aliquid quod manducetur? [Vulgata, Lucas
24.41] Tendes aqui alguma coisa que comer?
56. Habeto tibi res tuas. [Jur / Black 866] Toma para ti
tuas coisas. (=Uma das fórmulas romanas de divórcio).
57. Habiles ad matrimonium. [Jur / Broom 391] Aptos
para o casamento.
58. Habita fides ipsam plerumque obligat fidem. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 22.22] A confiança constante
na maioria das vezes ganha a confiança recíproca.
59. Habitabit lupus cum agno, et pardus cum haedo
accubabit; vitulus, et leo, et ovis, simul morabuntur,
et puer parvulus minabit eos. [Vulgata, Isaías 11.6] O
lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará ao
pé do cabrito; o novilho, e o leão e a ovelha viverão
juntos, e um menino pequenino os conduzirá.
60. Habitare aedificio lucido, perflatum aestivum,
hibernum solem habente. [Celso, Medicina 1.1] Deve-
se morar em casa clara, que receba vento no verão e sol
no inverno.
61. Habitat. Habita. (=Hábitat. Lugar habitado por uma
raça, um animal ou uma planta, no estado natural).
62. Habitu similes, virtute impares. Iguais na roupa,
diferentes no valor. ■ O hábito não faz o monge.
63. Habitus est altera natura. [Signoriello 156] ■ O
hábito é uma segunda natureza. ■ O uso do cachimbo
faz a boca torta. VIDE: ● Consuetudo altera natura.
● Consuetudo est altera natura. ● Consuetudo est
secunda natura. ● Consuetudo quasi altera natura.
● Usus est altera natura.
64. Habitus generatur ex actibus. [Signoriello 157] O
hábito nasce das ações.
65. Habitus non facit monachum. [Gaal 980] ■ O hábito
não faz o monge. ■ Por se andar vestido de lã não se é
carneiro. ● Habitus non facit monachum, sed
professio regularis. [Rezende 2216] Não é o traje que
faz o monge, mas a profissão regular. VIDE: ● Ars non
est veste cognoscenda. ● Barba non facit
philosophum. ● Cucullus non facit monachum.
● Cuculla non facit monachum. ● In vestimentis non
est sapientia mentis. ● Monachum non faciat habitus,
sed professio regularis. ● Non habitus monachum
reddit. ● Non tonsura facit monachum. ● Non tonsura
facit monachum, nec horrida vestis. ● Numquid
cucullus et rasura faciunt monachum?
● Philosophum non facit barba. ● Saepe tegit nequam
lata cuculla caput. ● Si philosophum oporteat ex
barba metiri, hircos primam laudem ablaturos.
● Vestimenta pium non faciunt monachum.
66. Habitus virum indicat. [Binder, Thesaurus 1272] A
roupa classifica o homem. ■ A roupa faz o homem.
■ Enfeitai o cepo, parecer-vos-á mancebo. ■ Um casaco
bem feito, boa carta de apresentação. VIDE: ● Vestis
virum facit.
67. Hac Amor, hac Liber, durus uterque deus.
[Propércio, Elegiae 1.3.14] De um lado o deus Amor, de
outro Líber, o deus do vinho, ambos são deuses
exigentes.
68. Hac die. Neste dia.
69. Hac fruere. [Inscrição em relógio] Goza desta (hora).
70. Hac itur ad astra. [Sêneca, Epistulae Morales 73.15]
Por aqui se chega às estrelas. VIDE: ● Sic itur ad astra.
71. Hac lege. Com esta lei. Sob esta condição.
72. Hac nocte. Nesta noite. Esta noite.
73. Hac nos Deus ipse inducit. [Grynaeus 106] Por este
caminho, o próprio Deus nos conduz.
74. Hac urget lupus, hac canis. [Horácio, Sermones
2.2.64] De um lado é o lobo que ameaça, do outro, o
cão. ■ Ficar entre dois fogos. ■ Estar entre o martelo e a
bigorna. ● Hac lupus, hac canis. De um lado o lobo, do
outro o cão. ● Hac lupi, hac canes. [Plauto, Casina 851]
De um lado os lobos, do outro os cães. VIDE: ● A fronte
praecipitium, a tergo lupi. ● A fronte praecipitium, a
tergo lupus. ● Inter canem et lupum. ● Inter lupos et
canes nullam salutem esse.
75. Hac vice. Desta vez. VIDE: ● In hac vice.
76. Hactenus potui, habui, fui. [Grynaeus 275] Até aqui,
pude, tive, fui.
77. Hae nugae seria ducent in mala. [Horácio, Ars
Poetica 451] Essas bagatelas levarão a problemas sérios.
78. Hae tibi erunt artes, pacisque imponere morem,
parcere subiectis et debellare superbos. [Virgílio,
Eneida 4.853] Estas serão tuas artes: impor as condições
da paz, poupar os vencidos e submeter os soberbos.
VIDE: ● Parcere subiectis et debellare superbos.
79. Haec caecis perspicua sunt. Essas coisas são
evidentes até para os cegos. ■ Até um cego vê isso. VIDE:
● Caecis hoc clarum est. ● Caecis hoc satis clarum est.
80. Haec colonia retroversus crescit tamquam coda
vituli. [Petrônio, Satiricon 44] Esta cidade cresce para
baixo, como o rabo do bezerro. VIDE: ● Retroversus
crescit, tamquam coda vituli.
81. Haec decantata erat fabula. [Cícero, Ad Atticum
13.34] Essa era a história sempre repetida.
82. Haec demum sapiet dictio, quae feriet. [Epitáfio de
Lucano] Será realmente um bom estilo aquele que
impressionar o leitor.
83. Haec dies. Este é o dia.
84. Haec editio cum suo exemplari typico plane
concordat. Esta edição confere plenamente com o
original. (=Declaração incluída em publicação para
garantir a autenticidade do texto reproduzido). VIDE:
● Concordat cum scripto originali. ● Concordat cum
originali approbrato. ● Concordat cum suo originali.
● Concordat cum originali.
85. Haec enim beneficii inter duos lex est: alter statim
oblivisci debet dati, alter accepti nunquam. [Sêneca,
De Beneficiis 2.10.4] Esta é a lei do benefício que liga
duas pessoas: uma deve imediatamente esquecer o que
foi dado, a outra nunca deve esquecer o que foi
recebido.
86. Haec enim virtus, iustitia, omnium est domina et
regina virtutum. [Cícero, De Officiis 3.28] Esta
virtude, a justiça, é a senhora e rainha de todas as
virtudes.
87. Haec est conventio. Este é o acordo.
88. Haec est gloriosissima civitas Dei, haec unum Deum
novit et colit. [S.Agostinho, De Civitate Dei 10.25] É a
gloriosíssima cidade de Deus; ela conhece e cultua o
Deus único. VIDE: ● Civitas Dei. ● Gloriosa dicta sunt
de te, civitas Dei. ● In civitate Dei nostri.
89. Haec est humanae semper mutatio sortis: fit
moriens ludus qui fuit ante pavor. Essa é sempre a
mutação da sorte humana: quando morre, quem antes
era motivo de pavor, torna-se motivo de riso.
90. Haec est Italia. [Plínio Antigo, Naturalis Historia
3.138] Esta é a Itália.
91. Haec est tota magna scientia hominis: scire quia
ipse per se nihil est. [S.Agostinho, Supra Psalmum 70 /
Bernardes, Nova Floresta 4.392] Esta é toda a grande
ciência do homem: saber que por si é nada.
92. Haec est veritas. Esta é a verdade. Eis a verdade.
93. Haec est via, ambulate in ea, et non declinetis neque
ad dexteram, neque ad sinistram. [Vulgata, Isaías
30.21] Este é o caminho, andai por ele e não declineis
nem para a direita nem para a esquerda.
94. Haec est vipera versa in viscera genetricis, haec est
languida pecus gregem domini sui sua contagione
commaculans. [Dante, Epistolae 7.24] É uma víbora
voltada para as entranhas de sua mãe, é um animal
doente que está contaminando com sua doença o
rebanho do dono.
95. Haec ex tripode fiunt. [Suidas / Albertatius 514] Isto
vem do tripé. (=São palavras do oráculo. São fatos
incontestáveis). ■ É tão certo como dois e dois são
quatro. ● Haec ex tripode. [Apostólio 17.86] VIDE: ● Ex
tripode dictum. ● Ex tripode dicta.
96. Haec fortasse tua. [Inscrição em relógio de sol] Esta
talvez seja a tua hora. VIDE: ● Heu, mortis fortasse tuae
quam prospicis hora.
97. Haec habeo quae edi, quaeque exsaturata libido
hausit, at illa iacent multa et praeclara relicta.
[Inscrição no túmulo de Sardanapalo / Cícero,
Tusculanae Disputationes 5.35.101] Eu possuo o que
comi e o que o meu desejo saturado absorveu, mas
deixo para trás uma quantidade de bens magníficos.
98. Haec igitur prima lex amicitiae sanciatur, ut ab
amicis honesta petamus, amicorum causa honesta
faciamus. [Cícero, De Amicitia 44] Adote-se esta
primeira regra da amizade: peçamos aos amigos
somente coisas dignas, e por eles só façamos coisas
dignas.
99. Haec in ore atque oculis nostris gesta sunt. Isto foi
feito diante de nossa cara e de nossos olhos. ■ Isto se fez
nas nossas barbas. VIDE: ● In ore atque oculis.
100. Haec ipsa magis pertinaciter haerent, quae
deteriora sunt. [Quintiliano, Institutio Oratoria 1.1] As
impressões das coisas piores se conservam com mais
tenacidade.
101. Haec mala sunt, sed tu non meliora facis. [Marcial,
Epigrammata 2.8.8] Isto está muito ruim, mas tu não
fazes coisa melhor! VIDE: ● Sed tu non meliora facis!
102. Haec mando vobis: ut diligatis invicem. [Vulgata,
João 15.17] Isto é o que eu vos mando, que vos ameis
uns aos outros.
103. Haec mea fama est. [Propércio, Elegiae 1.7.9] Eis a
minha glória.
104. Haec mihi videtur ambitio, non eleemosyna.
[Erasmo, Colloquia 16] Isto me parece adulação, não
esmola.
105. Haec natura multitudinis est: aut servit humiliter
aut superbe dominatur; libertatem, quae media est,
nec spernere modice, nec habere sciunt. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 24.25] Esta é a natureza da multidão:
ou serve humildemente ou tiraniza com soberba; nem
sabe afastar-se modestamente da justa liberdade, nem
gozá-la em sua plenitude.
106. Haec oportuit facere et illa non omittere. [Vulgata,
Mateus 23.23] Estas coisas eram as que vós devíeis
praticar, sem que, entretanto, omitísseis aquelas outras.
● Haec oportet facere et illa non omittere. [Bacon,
Advancement of Learning 2.23.40] Estas coisas é
preciso praticar, mas não omitir aquelas outras.
107. Haec ornamenta mea sunt. [Valério Máximo, Facta
et Dicta Memorabilia 4.4] Estas são minhas jóias.
(=Assim respondeu Cornélia, mãe dos Gracos,
apontando os filhos, ao lhe ser pedido que mostrasse
suas jóias).
108. Haec placuit semel, haec deciens repetita placebit.
[Horácio, Ars Poetica 365] Aquela (pintura) agradou
uma vez; ela agradará repetida dez vezes. VIDE: ● Bis
repetita placent.
109. Haec sunt solacia, haec fomenta summorum
dolorum. [Cícero, Tusculanae Disputationes 2.23] Eis o
consolo, eis o bálsamo das maiores dores.
110. Haec tibi dona fero. [Divisa de Newfoundland,
Canadá] Trago-te estas dádivas.
111. Haec tota in civitate fabula est. [Branco 262] Corre
essa história por toda a cidade. ■ Não se fala de outra
coisa.
112. Haec tria me perdunt: sermones, scientia nulla,
sumptus opes superans, vincens praesumptus
honorem. [Pereira 123] Três coisas me destroem: muito
falar sem nenhum conhecimento, despesas maiores que
os bens, presunção maior que a consideração. ■ Três
coisas destroem o homem: muito falar e pouco saber,
muito gastar e pouco ter, muito presumir e pouco valer.
113. Haec tria perdunt hominem: vinum, femina,
tesserae. [DAPR 631] Eis as três coisas que perdem o
homem: vinho, mulher e jogo. ■ Três coisas matam o
homem: moças, dados e cominos de odre. ■ Jogo,
mulher e bebida, a casa perdida. VIDE: ● Alea, vina,
Venus, per quae sum factus egenus. ● Dives eram
dudum, fecerunt me tria nudum: alea, vinum,
Venus, per quae sum factus egenus. ● Vinum, mulier,
tesserae: tria mala.
114. Haec unde venit sarcina rediit salis. [Schottus,
Adagia 605] O peso do sal de onde veio, para aí voltou.
■ A água o dá, a água o leva. VIDE: ● Sal abiit illuc,
unde dimanaverat. ● Sal, unde venerat, redit. ● Salis
onus unde venit, eo redit. ● Salis onus unde venerat,
illuc abiit.
115. Haec urbs lux orbis terrarum. [Cícero, In Catilinam
4.11] Esta cidade é a luz do mundo.
116. Haec videbis, et feres? [Grynaeus 225] Verás essas
coisas e as tolerarás?
117. Haerent infixi pectore vultus. [Virgílio, Eneida 4.4]
O rosto dele está gravado no coração dela.
118. Haerere in iisdem scopulis. [Grynaeus 9] Estar
agarrado nas mesmas pedras. ■ Estar no mesmo barco.
119. Haerere in vado. [Pereira 103] Estar encalhado no
atoleiro. ■ Estar num beco sem saída. ● Haeret in vado.
[Erasmo, Adagia 4.3.70] Está atolado. (=Diz-se de
quem não sabe que decisão tomar). ● Haeret in luto.
[Binder, Thesaurus 1278] ● Haeret in salebra. [Cícero,
De Finibus 5.84] Está preso nas pedras. ■ Ficou
engasgado. VIDE: ● Navigium haeret in vado.
120. Haeret lateri letalis arundo. [Virgílio, Eneida 4.73]
A flecha mortal está enterrada em seu flanco.
121. Haeret tamquam mus in pice. [Manúcio, Adagia
1409] Está atolado como rato no pez. ■ Está como ferro
na frágua. VIDE: ● Mus in pice.
122. Haesitanti, quod ratio non potest, fortuna
consilium subministrat. A quem está em dúvida, a
sorte lhe fornece a solução que a razão não lhe pode dar.
● Haesitanti, quod ratio non potuit, fortuna
consilium subministravit. [Quinto Cúrcio, Historiae
6.6] A quem estava em dúvida, a sorte forneceu a
solução que a razão não lhe pôde dar.
123. Hamum vorat. Ele está engolindo o anzol. ■ Mordeu
a isca. VIDE: ● Interim ille hamum vorat. ● Meus hic
est: hamum vorat.
124. Hanc amo quae me odit, contra illam quae me
amat odi. Compone inter nos, si potes, alma Venus.
[Ausônio, Epigrammata 94] Amo uma mulher que me
odeia; ao contrário, odeio a que me ama. Harmoniza
nossa situação, se puderes, ó bondosa Vênus.
125. Hanc amplissimam omnium artium bene vivendi
disciplinam vita magis quam litteris persecuti sunt.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 4.5] A mais
importante de todas as artes, a arte de bem viver, eles
adquiriram mais com sua vida que com o estudo.
126. Hanc fabam video in me cudi. [Bebel / Eiselein 555]
Vejo que esta fava está sendo malhada em cima de mim.
■ Estou pagando o pato. ■ A bomba estourou nas minhas
mãos. VIDE: ● Ista in me cudetur faba.
127. Hanc technam in te ipsum struxisti. [Erasmo,
Adagia 1.1.54] Tu armaste esta rede contra ti mesmo.
■ Caíste na rede que armaste. ■ Quem arma trelas, cai
nelas. VIDE: ● Iam captor ipse captus est. ● In tuum
ipsius exitium reperisti. ● Incidit in foveam quam
fecit. ● Suo ipsius laqueo captus est.
128. Hanc utinam faciem nolit mutare senectus!
[Propércio, Elegiae 2.2.15] Possa a velhice poupar esse
rosto!!
129. Hanc veniam petimusque damusque vicissim.
[Horácio, Ars Poetica 11] É um privilégio que eu
reclamo e que concedo recíprocamente.
130. Hanc volo, quae non vult; illam quae vult, ego
nolo. [Ausônio, Epigrammata 36] Quero a quem não me
quer; a que me quer, eu não quero.
131. Hannibal ad portas. Aníbal está diante dos portões
da cidade. ■ Um inimigo nos ameaça. ■ O inimigo nos
espreita. ● Hannibal antes portas. VIDE: ● Cum
Hannibal ad portas esset.
132. Has illis epulas potius laudare memento, qui
libertatem postposuere gulae. [Aviano, Canis et Leo
19] Lembra-te de elogiar este festim para aqueles que
sacrificaram a liberdade ao estômago.
133. Hastae subicere. [Jur] Vender em leilão público.
VIDE: ● Sub hasta vendere.
134. Hastam et caduceum ferre. [Pereira 108] Levar a
lança e o caduceu. (=Caduceu. Vara da paz, que os
embaixadores portavam). ■ Ir de paz e de guerra.
135. Hastas abicere. Atirar fora as armas. (=Desistir de
um empreendimento. Renunciar). VIDE: ● Abiecit
hastam.
136. Hastis argenti pugna, sic omnia vinces. [Schottus,
Adagia 370] Luta com lanças de prata, assim vencerás
tudo. ■ Chave de ouro abre qualquer porta. ● Hastis
pugna argentatis, atque omnia vinces. [Binder,
Thesaurus 1284] VIDE: ● Argenteis hastis pugna et
omnia expugnabis. ● Argenteis pugna telis atque
omnia vinces. ● Argenti pugnans hastis, sic cuncta
domabis. ● Argenteis hastis pugna, et omnium victor
eris. ● Argenteis hastis pugnare.
137. Haud advocatus ne ad consilium accesseris.
[Publílio Siro] Não irás à reunião se não fores chamado.
■ A boda e batizado não vás, sem seres chamado. ■ Não
te metas onde não és chamado. VIDE: ● Ad consilium ne
accesseris, antequam voceris. ● Alterius festum
solum invitatus adibis. ● Antequam voceris, ad
consilium ne accesseris. ● Consilium ne adeas
invocatus.
138. Haud aequum facit, qui quod didicit, id dediscit.
[Plauto, Amphitruo 686] Não age bem quem desaprende
o que aprendeu.
139. Haud bene inaequales veniunt ad aratra iuvenci.
[Ovídio, Heroides 9.31, adaptado] Não dão certo no
arado bois de tamanhos diferentes.
140. Haud canit paternas cantiones. [Erasmo, Adagia
2.10.94] Não canta as cantigas dos pais. ■ Não vai pelo
caminho de seus pais. ● Haud canit paternas
cantilenas. [Grynaeus 162] VIDE: ● Non patrias
modulatur cantiones. ● Paternas haud canit
cantiones.
141. Haud dolor est maior quam dum, qui quaerit
amorem, spernitur. At miseris spes tamen usque
nocet. [Heirich Bebel] Não há dor maior que ser
desprezado, quando se procura o amor. Mas, para os
infelizes, até a esperança é funesta.
142. Haud enim facile est flare simul ac sorbere. Não é
fácil soprar e sorver ao mesmo tempo. ■ Com bochecha
cheia d’água, ninguém sopra. ■ Não se pode fazer a par
comer e soprar. ■ Não se pode fazer a par comer e
assobiar. VIDE: ● Difficile est sorbere et simul flare.
● Flare simul, sorbere simul, res ardua semper.
● Simul flare sorbereque haud factu facile est.
● Simul sorbere ac flare, difficile. ● Simul sorbere ac
flare non possum.
143. Haud errat tota, qui redit media via. [Publílio Siro]
Não se perde completamente quem volta do meio do
caminho. ■ Mais vale perder que mais perder.
144. Haud est amicus absit si procul. [Grynaeus 43] Não
é meu amigo, se fica longe de mim. ■ Quem não
aparece, esquece. ■ Amigos que desaparecem esquecem.
VIDE: ● Non sunt amici, amici qui degunt procul.
● Non sunt amici qui vivunt procul.
145. Haud est eadem vesania cunctis. [Manúcio, Adagia
994] Nem todos têm a mesma mania. ■ Cada doido com
sua mania. . VIDE: ● Furor est non omnibus idem.
● Furor est haud omnibus idem. ● Insania non
omnibus eadem.
146. Haud est nocens quicumque non sponte est nocens.
[Sêneca, Hercules Oetaeus 886] Não peca quem peca
sem intenção. VIDE: ● Non sponte qui delinquit, haud
est improbus.
147. Haud est virile terga fortunae dare. [Sêneca,
Oedipus 86] Não é varonil voltar as costas ao destino.
148. Haud facile emergunt, quorum virtutibus obstat
res angusta domi. [Juvenal, Satirae 3.164] Não
sobressaem com facilidade aqueles a cujos méritos se
oponham os parcos recursos da família.
149. Haud facile femina una invenietur bona. [Pacúvio]
Não será fácil encontrar-se uma única mulher boa.
■ Mulher boa, ave rara.
150. Haud facile libertas et domini miscentur. [Tácito,
Historiae 4.64] É difícil associarem-se liberdade e
senhores.
151. Haud facta est una Martia Roma die. [Pereira 113]
Roma não foi feita num único dia de março. ■ Roma não
se fez num dia. ■ Roma não foi feita num dia. ■ É preciso
dar tempo ao tempo. ■ Calma no Brasil! VIDE: ● Alta die
solo non est exstructa Corinthus. ● Non fuit in solo
Roma peracta die. ● Non stilla una cavat marmor,
nec protinus uno est condita Roma die. ● Roma non
fuit una die condita. ● Roma non uno condebatur die.
152. Haud fas, Bacche, tuos tacitum tramittere honores.
[Sílio Itálico, Punica 7.162] Baco, não nos é permitido
calar teus méritos.
153. Haud fas est super occisis iactare teipsum.
[Homero / Manúcio, Adagia 988] Não é permitido que
te vanglories sobre os mortos.
154. Haud flere honeste ipse, quod voluit, potest.
[Sêneca, Hippolytus 1118] Quem quis o acontecimento
não pode lamentá-lo honestamente.
155. Haud furto melior, sed fortibus armis. [Virgílio,
Eneida 10.735] Não com melhor estratagema, mas com
armas mais poderosas.
156. Haud homo culpandus, quando est in crimine
casus. [Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 25] Não
se deve culpar o homem, quando no erro está a sorte.
157. Haud igitur reddit ad nihilum res ulla. [Lucrécio,
De Rerum Natura 247] Coisa alguma se transforma em
nada. ● Haud igitur possunt ad nilum quaeque
reverti. Nada, pois, pode voltar a ser nada.
158. Haud ignara loquor. [Rezende 2250] Não estou
dizendo coisas desconhecidas. ■ Não estou falando
grego.
159. Haud ignara mali miseris succurrere disco. Não
sendo desconhecedora dos males, aprendi a socorrer os
infelizes. ■ À minha custa aprendi a fazer o bem. VIDE:
● Non ignara mali miseris succurrere disco.
160. Haud ignis igne exstinguitur. [Schottus, Adagia
635] Fogo não se apaga com fogo. ■ Não é com palha
que se apaga fogo. VIDE: ● Ignis igne non exstinguitur.
● Ignis non exstinguitur igni.
161. Haud ignota loquor. [Virgílio, Eneida 2.91] Não
estou falando de coisas desconhecidas. ● Haud
incognita loquor. ● Haud ignara loquor. [Rezende
2250] Não estou falando sem saber.
162. Haud longis intervallis. Em breves intervalos.
163. Haud multum tempus mentis simulata manebunt.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 68] Os
fingimentos da mente não durarão muito tempo.
164. Haud nosse ingenium viri licet aut muliebris, ut
nec iumenti, ni experiari prius. [Grynaeus 179] Não
se pode conhecer o temperamento de um homem ou de
uma mulher, nem mesmo de um jumento, se não se
experimentar antes.
165. Haud opinor. [Plauto, Mostellaria 797] Não sou da
mesma opinião.
166. Haud passibus aequis. Em passos desiguais. VIDE:
● Non passibus aequis. ● Pari passu. ● Passu pari.
● Passibus aequis. ● Sequiturque patrem, non
passibus aequis.
167. Haud pelago contendito flumen. [Schottus, Adagia
587] Não lute o rio com o mar. VIDE: ● Fluvius cum sis,
cum mari contendis. ● Fluvius cum mari certas.
168. Haud pugnare potest hominum cum numine
quisquam. [Homero / Manúcio, Adagia 612] Nenhum
homem pode lugar com um deus. VIDE: ● Cum diis ne
contendas. ● Cum diis non pugnandum. ● Cum Iove
ego sane nolim certamen inire. ● Pugnare cum diis
cumque fortuna grave est. ● Pugnare cum Deo atque
fortuna grave.
169. Haud semper errat fama. Nem sempre o que o povo
diz está errado. ■ O povo aumenta, mas não inventa. ■ O
que o povo diz, ou é, ou quer ser. ● Haud semper errat
fama; aliquando et eligit. [Tácito, Agricola 9.8] A voz
do povo nem sempre erra; às vezes também acerta. VIDE:
● Non semper errat fama. ● Publica fama non semper
vana.
170. Haud servus est quicumque mortem despuit.
[Grynaeus 258] Quem despreza a morte não é escravo.
● Haud servus est quicumque mortem despicit. VIDE:
● Servus non est qui mortem neglegit.
171. Haud surdis auribus dicta. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 3.70] Não foi dito a ouvidos surdos.
172. Haud tutum est cum dominis facetiis ludere. [L.
De-Mauri, Flores Sententiarum 424] Não é seguro
brincar com os poderosos. ● Haud tutum est cum
regibus facetiis ludere. VIDE: ● Nulla sancta societas
nec fides regni est. ● Nunquam est fidelis cum
potente societas. ● Ridenti domino et caelo ne crede
sereno.
173. Haud ullas portabis opes Acherontis ad undas:
nudus ad infernas, stulte, vehere rates. [Propércio,
Elegiae 3.5.13] Tu não levarás nenhuma de tuas
riquezas às águas do Aqueronte: ó insensato, tu subirás
nu na barca infernal.
174. Haud ulli tacuisse nocet, nocet esse locutum. A
ninguém prejudicou ter-se calado; prejudicou ter falado.
■ Língua ajuizada é sempre moderada. ■ Língua é que
fala, corpo é que paga. VIDE: ● Conticuisse nocet
nunquam; nocet esse locutum. ● Nulli tacuisse nocet,
nocet esse locutum. ● Non unquam tacuisse nocet,
nocet esset locutum.
175. Haud ulli virtute secundus. Não inferior a ninguém
em coragem. ● Haud ulli veterum virtute secundus.
[Virgílio, Eneida 11.441] Em valor, eu não sou inferior
a nenhum dos meus antepassados. VIDE: ● Nulli
proximus aut secundus. ● Nulli secundus.
176. Haud vivit ullus omnibus felix modis. [Eurípides /
Manúcio, Adagia 579] Ninguém vive completamente
feliz. VIDE: ● Nihil est ab omni parte beatum.
177. Haurit aquam cribro qui discere vult sine libro.
[Binder, Thesaurus 1288] Colhe água com peneira
quem quer aprender sem livro. ● Haurit ille aquam
cribro, qui sine libro discit. [Schrevelius 1171] Quem
estuda sem livro é como se colhesse água com uma
peneira. ● Haurit aquam cribro qui studet absque
libro. VIDE: ● Doctior est domino bibliotheca suo.
178. Haurit aquam metro, capit immoderatus offam.
[Schottus, Adagia 119] Consome água sob medida, mas
pega comida sem limite. ■ Quebra a louça e guarda os
palitos. ■ Aproveita o farelo e desperdiça a farinha.
VIDE: ● Ad mensuram aquam bibit, citra mensuram
panem comedit. ● Ad mensuram aquam bibunt, citra
mensuram offam comedentes. ● Lege bibunt undam,
comedunt sine lege placentam. ● Mensura aquam
bibentes, citra mensuram mazam edentes. ● Potat
aquam metro, sed edit mazam sine metro.
179. Hausit opes quicumque suas, alienas vorabit.
[Pereira 102] Quem dissipou seus bens, devorará os
alheios. ■ De quem do seu foi mau despenseiro, não fies
teu dinheiro.
180. Haustus aquae mihi nectar erit. [Ovídio,
Metamorphoses 6.345] Um sorvo de água será para
mim um néctar.
181. Hebdomada Sancta. A Semana Santa.
● Hebdomada Passionis. A semana da Paixão.
182. Hebraei scribunt a dextra sinistram versus, Graeci
et ceteri Europaei a sinistra versus dextram. Os
hebreus escrevem da direita para a esquerda; os gregos e
os demais europeus, da esquerda para a direita.
183. Hectora quis nosset, si felix Troia fuisset? [Ovídio,
Tristia 4.3.76] Quem conheceria Heitor, se Tróia tivesse
sido bem sucedida?
184. Hedera post Anthisteria. [Erasmo, Adagia 3.4.18]
Hera depois das Antistérias. (=Antistérias eram festas
de Baco em Atenas, em que as pessoas se coroavam de
hera). ■ Depois das vindimas, cavanejos.
185. Hei mihi! difficile est imitari gaudia falsa, difficile
est tristi fingere mente iocum! [Tibulo, Elegiae 6.33]
Ai de mim! Com o espírito triste é difícil imitar a falsa
alegria, é difícil inventar um gracejo!
186. Hei mihi! quod nullis amor est sanabilis herbis!
[Ovídio, Metamorphoses 1.523] Ai de mim! O amor
não pode ser curado com erva nenhuma. ■ Para o amor
e para a morte não há coisa forte. VIDE: ● Amor non est
medicabilis herbis. ● Me miseram, quod amor non
est medicabilis herbis. ● Nullis amor est medicabilis
herbis. ● Nullis amor est sanabilis herbis.
187. Helena ubi est, Troiam puto. [Sêneca, Agamemnon
795] Onde Helena se encontra, lá considero Tróia.
■ Onde está o papa, aí é Roma.
188. Helenae causa Troia arsit. Por causa de Helena
Tróia pegou fogo.
189. Helluo librorum. Um devorador de livros. ● Helluari
libris. [Cícero, De Finibus 3.8] Devorar livros.
190. Helluo patriae. [Cícero, Pro Sestio 26] Depredador
do estado.
191. Henricum gladio qui non occidere posset, cultello
potuit: parva timere bonum est. [Thomas Campion,
Epigrammata 1.40] Quem não poderia matar o Henrique
com a espada pôde fazê-lo com a faca: é bom temer as
coisas pequenas. VIDE: ● Parva timere bonum est.
192. Herba cito crescit, quae fructum reddere nescit.
[Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi
195] Cresce depressa a erva que não consegue dar fruto.
■ Erva má sempre vingará. ■ A má erva depressa nasce
e tarde envelhece. ● Herba cito crescit, quae fructum
gignere nescit. ● Herba mala cito crescit. [DAPR 349]
Erva ruim cresce rápido. VIDE: ● Mala herba cito
crescit. ● Pullulat herba satis, quae nil habet
utilitatis.
193. Herba nec antidotum poterit depellere letum;
quod te liberet a fato non nascitur in horto. [Franz
Pfeiffer, Germania 346] Não há erva nem antídoto que
possam afugentar a morte; não nasce no jardim nada
que te livre do destino. ■ Contra a morte não há coisa
forte. ■ Tudo tem remédio, menos a morte. VIDE:
● Contra malum mortis non est medicamen in hortis.
● Contra malum mortis non est medicamentum in
hortis. ● Contra vim mortis non est medicamen in
hortis. ● Contra vim mortis non herbula crescit in
hortis. ● Contra vim mortis non nascitur herba in
hortis. ● Contra vim mortis nulla herba in hortis.
194. Hercule fortior. Mais forte que Hércules. VIDE:
● Samsone fortior.
195. Herculei labores. [Erasmo, Adagia 3.1.1] Os
trabalhos de Hércules. ● Herculeus labor. Trabalho de
Hércules.
196. Hercules adversus noluit ire duos. Hércules não
quis enfrentar dois. ■ Contra dois, nem Hércules. VIDE:
● Ne Hercules quidem adversus duos.
197. Herculeus nodus. Um nó de Hércules. (=Um
argumento indestrutível).
198. Herculi clavam subtrahere. [Macróbio, Saturnalia
5.3] Tirar a cachamorra a Hércules. (=Tentar coisa
impossível). ■ Meter uma lança em África. VIDE:
● Clavam extorquere Herculi.
199. Herculis cothurnos aptas infanti. [Plutarco /
Erasmo, Adagia 3.6.67] Calças os sapatos de Hércules
no menino. ■ Não estás pondo as coisas nos seus
lugares. ■ Matas moscas com canhão.
200. Herculis quaestum conterere. [Plauto, Mostellaria
983] Dar cabo do que Hércules ganhou. (=Ser muito
pródigo). ■ Pólvora alheia, tiro grande.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER
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H1 H2 H3 H4

H2: 201-400
201. Heredem Deus facit, non homo. [Bouvier,
Dictionary of Law] É Deus, não o homem, que faz o
herdeiro. VIDE: ● Deus solus heredem facere potest.
● Solus Deus heredem facere potest.
202. Heredem eiusdem potestatis iurisque esse, cuius
fuit defunctus, constat. [Digesta 50.17.59] É certo que
o herdeiro tem a mesma capacidade e o mesmo direito
que tinha o defunto.
203. Heredem ferre utilius est quam quaerere. [Publílio
Siro] É melhor aturar o herdeiro do que procurar um.
204. Heredem medicum facere est accessere mortem.
[Binder, Thesaurus 1276] Fazer do médico seu herdeiro
é procurar a morte. ■ Quem faz do lobo pastor perde as
ovelhas. VIDE: ● Male secum agit aeger, medicum qui
heredem facit.
205. Heredis fletus sub persona risus est. [Publílio Siro]
Choro do herdeiro é riso mascarado. ■ Lágrimas de
herdeiro, risos sorrateiros. ■ Lágrimas de herdeiros,
risos secretos. ■ Chora com um olho e ri com o outro.
● Heredis fletus personatus risus est.
206. Hereditas ab intestato. [Jur] Herança de pessoa
intestada. VIDE: ● Ab intestato. ● Abintestato.
● Successio ab intestato.
207. Hereditas damnosa. [Jur / Black 869] Herança
danosa. (=A herança que impõe ao herdeiro débitos a
serem pagos de valor maior que o dos bens herdados).
● Hereditas damnum emergens.
208. Hereditas est quam vocant sapientiam.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 6.3.97] O que chamam
de sabedoria é uma herança.
209. Hereditas ex testamento. [Jur] Herança por
testamento.
210. Hereditas iacens. [Jur / Black 869] Herança jacente.
(=Herança cujos herdeiros não são conhecidos). VIDE:
● Iacens hereditas.
211. Hereditas nihil aliud est quam successio in
universum ius, quod defunctus habuerit. [Digesta
50.17.62] A herança não é mais que a sucessão no
direito universal do defunto.
212. Hereditas viventis non datur. [Jur] Não existe
herança de pessoa viva. VIDE: ● Nemo est heres viventis.
213. Heres est alter ipse. [Jur] O herdeiro é um segundo
eu. ● Heres est alter ipse, et filius est pars patris.
[James A. Ballentine, Law Dictionary 203] O herdeiro é
um segundo eu, e o filho é parte do pai.
214. Heres ex asse. [Jur] Herdeiro universal.
215. Heres heredem alterum velut unda supervenit
undam. [Horácio, Epistulae 2.2.175] Um herdeiro
segue outro, como uma onda sucede a outra.
216. Heres heredis mei est meus heres. [Jur / Black 870]
Herdeiro de meu herdeiro é meu herdeiro.
217. Heres legitimus. [Jur / Broom 395] O herdeiro
legítimo.
218. Heres personam defuncti sustinet. [Jur] O herdeiro
continua a pessoa do defunto.
219. Heres succedit in virtutes et vitia possessionis
defuncti. [Jur] O herdeiro sucede nas virtudes e nos
vícios da posse do defunto.
220. Heri et nudius tertius. [Vulgata, Gênesis 31.2]
Ontem e anteontem. VIDE: ● Nudius tertius. ● Nudius
quintus.
221. Heri, hodie et in saecula. Ontem, hoje e sempre.
● Heri et hodie ipse et in saecula. [Vulgata, Hebreus
13.8] Era ontem e é hoje e será o mesmo por todos os
séculos.
222. Heri Ioseph, hodie scortator. [DAPR 362] Ontem
José, hoje um libertino. ■ Hoje rico e festejado, amanhã
pobre e desprezado.
223. Heri servus, hodie liber. [Grynaeus 599] Ontem
escravo, hoje livre. ■ Ontem vaqueiro, hoje cavaleiro.
224. Hesterni quippe sumus, et ignoramus. [Vulgata, Jó
8.9] Nós somos de ontem, e o ignoramos.
225. Heu! caecitas et duritia cordis humani! [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 3.1.42] Ó cegueira e
dureza do coração humano!
226. Heu conscientia animi gravis est servitus! [Publílio
Siro] Ai! O remorso é uma servidão pesada.
227. Heu, dolor quam miser est qui in tormento vocem
non habet! [Publílio Siro] Ai! Como é triste a dor que
no sofrimento não tem voz!
228. Heu, Domine Deus! Ecce nescio loqui, quia puer
ego sum. [Nova Vulgata, Jeremias 1.6] Ah, ah, ah,
Senhor Deus, Tu bem vês que eu não sei falar, porque
eu sou um menino.
229. Heu facile commoda nulla cadunt! [Alciato,
Emblemata 25.26] Ai, nenhuma vantagem vem sem
sacrifício! ■ Deus não manda nem cozido nem assado.
230. Heu, Fortuna, quis est crudelior in nos te deus?
[Horácio, Satirae 2.8.61] Ai, Fortuna, que deus é mais
cruel para nós que tu?
231. Heu heu, cotidie peius! [Petrônio, Satiricon 44] Ai!
Ai! Cada dia pior!
232. Heu, heu, praeteritum non est revocabile tempus.
[Inscrição em relógio de sol] Ai,ai! O tempo que passou
não volta!
233. Heu! Male ab obtenta pellitur arce malum.
[Medina 591] Ai! É difícil expulsar o mal da cidadela
conquistada. ■ O mal entra às braçadas e sai às
polegadas.
234. Heu me miserum! Pobre de mim!
235. Heu melior quanto sors tua sorte mea! [Ovídio,
Amores 1.6.46; Fastus 4.5.20; Tristia 5.4.4] Ah! quanto
tua sorte é melhor do que a minha. VIDE: ● Melior
quanto sors tua sorte mea!
236. Heu mihi, quia sterilem duxi vitam iuvenilem!
[William Langland, The Vision of Piers the Plowman
1.144] Pobre de mim, que vivi uma juventude estéril!
237. Heu, mortis fortasse tuae quam prospicis hora.
[Inscrição em relógio de sol] Oh! Talvez a hora que
estás olhando seja a hora da tua morte. VIDE: ● Haec
fortasse tua.
238. Heu multa mala inducit cupiditas: periurium,
homicidium et machinationes innumeras. [VES 99]
Oh! A ambição é a fonte de muitos males: perjúrio,
homicídio, e inúmeras conspirações.
239. Heu nihil invitis fas quemquam fidere divis!
[Virgílio, Eneida 2.402; Pereira 118] Ah! ninguém deve
confiar nos deuses, quando estes estão de má vontade.
■ Quando Deus não quer, os santos não ajudam.
240. Heu omnis religio, omnis dignitas, et omnis
potestas cedit pretio. [VES 63] Oh! Toda instituição
religiosa, toda dignidade e toda autoridade têm seu
preço.
241. Heu! patior telis vulnera facta meis! [Ovídio,
Heroides 2.48] Ai! Estou sofrendo feridas feitas pelas
minhas próprias armas!
242. Heu pietas! Heu prisca fides! [Virgílio, Eneida
6.878] Ai sentimento do dever! Ai fé antiga!
243. Heu quam difficile est crimen non prodere vultu!
[Ovídio, Metamorphoses 2.447] Oh! Como é difícil não
revelar no rosto um crime! ■ O mal e o bem à face vêm.
VIDE: ● Est facies testis, quales intrinsecus estis.
244. Heu quam difficilis gloriae custodia est! [Publílio
Siro] Ah! Como é difícil conservar a glória!
245. Heu quam est timendus, qui mori tutum putat!
[Publílio Siro] Ai! como se deve temer aquele que
considera a morte um refúgio!
246. Heu quam habet male omnis medicus, cum nemo
sese habet male. [Estobeu / Schottus, Adagialia Sacra
24] Ah! Como passa mal o médico quando ninguém
passa mal! ■ Quando o doente diz ‘ai’, o médico diz
‘dai’. ■ A doença é o celeiro do médico. VIDE: ● Male
habebit medicus, nemo si male habuerit. ● Medico
male est, si nemini male est. ● Medico nunquam bene
est, nisi male sit aliis.
247. Heu quam miserum est ab eo laedi, de quo non
possis queri! [Publílio Siro] Ai, como é triste ser
ofendido por pessoa de quem não se pode queixar!
● Heu quam miserum est ab eo laedi, de quo non
ausis queri! Ai, como é triste ser ofendido por pessoa
de quem não se ousa queixar!
248. Heu quam miserum est discere servire, ubi sis
doctus dominari! [Publílio Siro] Ai! como é triste ter
de acostumar-se a servir quando se tem competência
para mandar!
249. Heu quam multa paenitenda incurrunt vivendo
diu! [Publílio Siro] Ah! quantos motivos de
arrependimento preocupam a quem vive muito tempo!
● Heu quam multa paenitenda incurrunt diu viventi!
250. Heu! quanto minus est cum reliquis versari quam
tui meminisse. Ai! Como vale menos conviver com os
outros do que lembrar-me de ti. VIDE: ● Suavius est tui
meminisse quam cum aliis versari.
251. Heu quantum per se candida forma valet!
[Propércio, Elegiae 2.30.8] Como é grande o poder da
beleza sem artifícios!
252. Heu quianam tanti cinxerunt aethera nimbi?
[Virgílio, Eneida 5.13] Ai! Por que é que tão grandes
nuvens cercaram o céu? VIDE: ● Cinxerunt aethera
nimbi.
253. Heu! senibus vitae portio quanta manet!
[Maximiano, Elegiae 1.16] Ai! Que grande porção da
vida resta aos velhos!
254. Heus viator, miraculum! Hic vir et uxor non
litigant. [Inscrição em túmulo / Pontanus / Bernardes,
Nova Floresta 1.276] Olá, caminhante, maravilha!
Marido e mulher aqui não brigam.
255. Hi in curribus, et hi in equis; nos autem in nomine
Domini Dei nostri invocabimus. [Vulgata, Salmos
19.8] Estes confiam nas suas carroças, e aqueles nos
seus cavalos; nós, porém, invocaremos o nome do
Senhor nosso Deus.
256. Hi mihi doctores semper placuere docenda qui
faciunt, plus quam qui facienda docent. [John Owen,
Epigrammata 2.24] A mim sempre agradaram mais os
mestres que fazem coisas dignas de ser ensinadas do
que os que ensinam coisas dignas de ser feitas. ■ Mais
vale o exemplo que a doutrina.
257. Hi sunt inimici pessimi, fronte hilaro, corde tristi.
[Aulo Gélio, Noctes Atticae 15.9] Os piores inimigos
são os que têm o rosto risonho, mas o coração triste.
258. Hi sunt magistri qui nos instruunt sine virgis et
ferula, sine verbis et cholera, sine pannis et pecunia.
Si accedis, non dormiunt; si inquirens interrogas,
non abscondunt; non remurmurant, si oberres;
cachinnos nesciunt, si ignores. [Richard de Bury,
Philobiblon 1] Eles (os livros) são mestres que nos
ensinam sem varas nem palmatória, sem palavras nem
ira, sem regalos nem dinheiro. Se os procuras, não
dormem; se os interrogas, não escondem; não
resmungam, se erras; não sabem dar risadas, se ignoras.
VIDE: ● Libri sunt magistri qui nos instruunt sine
virgis et ferula, sine verbis et cholera, sine pannis et
pecunia.
259. Hi vitaturi lupum inciderunt in leonem. [Emanuel
Swedenborg, Vera Christiana Religio 388] Eles, para
escapar do lobo, esbarraram no leão. ■ Fugiu do lodo,
caiu no arroio. VIDE: ● Fugiens ursum, incidit in
leonem. ● Fugientes fumum in ignem incidimus.
● Fumum fugiens, in ignem incidi. ● Fumum fugi, in
ignem incidi. ● Hic timens Charybdim incidit in
Scyllam. ● Incidis in Scyllam cupiens vitare
Charybdim. ● Incidit in flammas, cupiens vitare
favillas. ● Qui fugit patellam, cadit in prunas.
260. Hianti ore. De boca aberta.
261. Hiatus valde deflendus. Esta é uma lacuna muito
deplorável. (=Diz-se trechos perdidos em manuscritos
antigos). ● Hiatus maxime deflendus. ● Hiatus valde
deflendus, multa desiderantur. É uma lacuna muito
lamentável: falta um trecho grande.
262. Hibernia capta ferum victorem cepit. [Maloux 288]
A Irlanda conquistada conquistou o feroz vencedor.
VIDE: ● Graecia capta ferum victorem cepit et artes
intulit agresti Latio. ● Victi vicimus. ● Victi victoribus
leges dederunt.
263. Hic ab arte sua non recessit. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.10] Ele não abandonou sua própria arte.
264. Hic amor, haec patria est. [Virgílio, Eneida 4.347]
Eis meu amor, esta é minha pátria. VIDE: ● Hic domus,
haec patria est.
265. Hic autem sic se gerebat, ut communis infimis, par
princibus videretur. [Cornélio Nepos, Atticus 3.1] Ele
se comportava de maneira a parecer aos humildes como
de sua classe, e aos grandes como seu igual.
266. Hic cocti porci ambulant. [Petrônio, Satiricon 45.4]
Aqui perambulam porcos assados. ■ Aqui a vida corre
às mil maravilhas.
267. Hic concupivit, quod illi fastidio fuit. [Sêneca, Ad
Helviam 7.10] Este desejou o que para aquele foi
motivo de desprezo.
268. Hic consevit agrum, sed fruges demetit alter. Um
semeou o campo, mas outro colhe os grãos. ■ Um
semeia, outro colhe. ■ O bocado é para quem o come,
não para quem o faz. VIDE: ● Alii laborarunt, alii
fructum ceperunt. ● Alii laborarunt, lucrum alii
reportarunt. ● Alii sementem faciunt, alii metunt.
● Alii seminant, metent alii. ● Alius est qui seminat, et
alius est qui metit. ● Conserit unus agrum, sed fruges
demetit alter.
269. Hic dies tibi suadet, quo expertus es, quam caduca
felicitas esset. [Quinto Cúrcio, Historiae 8.15] O dia de
hoje te mostra, pela experiência que tiveste, quanto a
felicidade é transitória.
270. Hic domus, haec patria est. [Virgílio, Eneida 7.122]
Aqui é nossa casa, esta é nossa terra. VIDE: ● Hic amor,
haec patria est.
271. Hic enim homo civis Romanus est. [Vulgata, Atos
22.26] Este homem é cidadão romano. VIDE: ● Civis
Romanus sum.
272. Hic esse et illic simul non possum. [DAPR 542]
Estar ao mesmo tempo aqui e lá eu não posso. ■ Não se
pode repicar e ir na procissão. ■ Não se pode bater o
sino e carregar o andor. ● Hic esse et illic simul nullus
potest. Ninguém pode estar aqui e lá ao mesmo tempo.
VIDE: ● Ego hic esse et illic simul haud potui. ● Ego hic
esse et illic simul haud possum. ● Simul flare
sorbereque haud factu facile est.
273. Hic est, aut nusquam, quod quaerimus. [Horácio,
Epistulae 1.17.39] O que procuramos está aqui, ou em
lugar nenhum.
274. Hic est gladius quem ipse fecisti. [Schottus,
Adagialia Sacra 85] Esta é a espada que tu mesmo
fizeste. ■ Quem arma a esparrela, às vezes cai nela.
VIDE: ● Suo se iugulavit gladio.
275. Hic est mucro defensionis tuae. [Cícero, Pro
Caecina 84] Esta é a arma de tua defesa.
276. Hic est niger, caveto! Cuidado! Ele é perigoso. VIDE:
● Hic niger est, hunc tu, Romane, caveto!
277. Hic et nunc. Aqui e agora.
278. Hic et ubique. Aqui e em toda parte.
279. Hic et ubique terrarum. [Divisa da Universidade de
Paris] Aqui e em todo lugar do mundo.
280. Hic finis fandi. [Virgílio, Eneida 10.116] Este foi o
fim do discurso.
281. Hic funis nihil attraxit. [Erasmo, Adagia 1.9.45]
Esta linha não pegou nada. (=Esta armadilha não
funcionou). VIDE: ● Funiculus iste piscium attrahit
nihil. ● Nempe ipse funis prorsus attraxit nihil.
282. Hic haeret aqua. [DAPR 199] Aqui a água pega. ■ É
aqui que a porca torce o rabo. ■ É aqui que a coisa
pega. VIDE: ● Hic iacet lepus. ● Ibi iacet lepus.
283. Hic hodie, cras itum. Hoje aqui, amanhã terá partido.
■ Hoje com saúde, amanhã no ataúde.
284. Hic iacet lepus. Aqui é que está a lebre. ■ É aqui que
a porca torce o rabo. VIDE: ● Hic haeret aqua. ● Ibi
iacet lepus.
285. Hic iacet N, cuius virtutes brevitatis causa taceo.
[Epitáfio jocoso / Bernardes, Nova Floresta 5.198] Aqui
jaz N, cujas virtudes calo, por não dilatar-me.
286. Hic iacet Petrus invitus. [Epitáfio jocoso] Aqui jaz
Pedro, contra sua vontade.
287. Hic iacet pulvis, cinis, nihil. [Epitáfio do Cardeal
Portocarrero, na Catedral de Toledo / Rezende 2283]
Aqui jaz pó, cinza, nada.
288. Hic iacet sepultus. Aqui jaz sepulto. ● Hic iacet.
Aqui jaz. VIDE: ● Hic situs est. ● Hic sepultus est.
289. Hic inter nos. [Plauto, Poenulus 440] Cá entre nós.
VIDE: ● Inter nos.
290. Hic labor est. [DAPR 245] Aqui está a dificuldade.
■ Aqui é que a porca torce o rabo. ■ Aqui está o busílis.
VIDE: ● Hoc opus, hic labor est.
291. Hic manebimus optime. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 5.55] Aqui ficaremos muito bem.
292. Hic mihi dixit etiam ea, quae oblitus eram.
[Petrônio, Satiricon 76] Ele me disse até as coisas de
que já me tinha esquecido.
293. Hic mihi malorum maximum fructum abstulit,
nihil timere. [Sêneca, Troades 422] Foi ele que me
tirou o maior privilégio do sofrimento, que é não temer
coisa alguma. VIDE: ● Malorum maximum fructuum
nihil timere.
294. Hic mortui vivos docent. [Inscrição em biblioteca]
Aqui mortos ensinam aos vivos. (=A expressão também
é utilizada com referência aos estudos médicos feitos
em cadáveres).
295. Hic mortui vivunt, hic muti loquuntur. [Inscrição
em biblioteca] Aqui os mortos vivem, aqui os mudos
falam.
296. Hic mortui vivunt, hic pandunt oracula muti.
[Inscrição na Biblioteca de Sorbona, Paris / Rezende
2287] Aqui os mortos vivem, aqui os mudos revelam os
oráculos.
297. Hic mos est gentis, panis praebetur habenti.
[Binder, Thesaurus 1300] Este é o costume do povo:
oferece-se pão a quem tem. ■ Ganha dinheiro quem tem
dinheiro. ■ Dinheiro ganha dinheiro. VIDE: ● Cui panis
est, panis datur. ● Cui sunt multa bona, huic dantur
plurima dona. ● Dantur divitiae non nisi divitibus.
● Dantur opes Croeso, nihil praebetur egenti.
● Dantur opes nullis nunc nisi divitibus. ● Habenti
dabitur.
298. Hic murus aëneus esto: nil conscire sibi, nulla
pallescere culpa. [Horácio, Epistulae 1.1.60] Seja esta
nossa muralha de bronze: não ter nenhuma culpa no
coração, não temer nenhuma acusação.
299. Hic nec manere ventus, nec navigare sinit.
[Schottus, Adagia 216] Aqui o vento nem permite
fundear, nem navegar. ■ Se ficar, o bicho pega; se
correr, o bicho come. ● Hic nec exspectare ventus,
neque navigare sinit. [Schottus, Adagia 421] VIDE:
● Nec aura cursum, nec moram sinit rati. ● Ventus
neque manere sinit, neque navigare. ● Ventus
manere, aut navigare hinc non sinit.
300. Hic niger est, hunc tu, Romane, caveto! [Horácio,
Sermones 1.4.85] Esse é um homem de mau caráter;
romano; cuidado com ele! VIDE: ● Hic est niger, caveto!
301. Hic nobis vincendum aut moriendum est. [Pereira
116] Aqui nós devemos vencer ou morrer. ■ Bebê-lo ou
vertê-lo. VIDE: ● Hic vincendum aut moriendum,
milites, est. ● Hic vobis vincendum aut moriendum.
302. Hic nullum metuit, qui metuit Deum. [Divisa] A
ninguém teme quem a Deus teme.
303. Hic Rhodus, hic saltus. [Erasmo, Adagia 3.3.28]
Aqui é Rodes; dá o salto! (=Na fábula O Fanfarrão,
Esopo conta que um atleta, conhecido por sua falta de
vigor, se vangloria de ter realizado um salto
extraordinário em Rodes. Um dos presentes disse-lhe:
Mas, meu amigo, se isso é verdade, tu não necessitas de
testemunhas: executa aqui o mesmo salto que em Rodes.
As Fábulas de Esopo, tradução de Manuel Aveleza, pág.
107). ■ Aqui haveis de mostrar vossa habilidade. ● Hic
Rhodus, hic salta. [Binder, Thesaurus 1302] Rodes é
aqui; salta aqui.
304. Hic sepultus est. Está aqui enterrado. Aqui jaz. ● Hic
situs est. VIDE: ● Hic iacet sepultus. ● Hic iacet.
305. Hic sunt leones. Aqui há leões. (=Inscrição em
mapas antigos para indicar regiões inexploradas).
306. Hic tandem stetimus, nobis ubi defuit orbis. [Jean
François Regnard, Voyage de Laponie 67] Chegamos
até aqui, onde a terra se acabou para nós.
307. Hic tantum Boreae curamus frigora, quantum aut
numerum lupus aut torrentia flumina ripas.
[Virgílio, Eclogae 7.51] Aqui nós nos preocupamos
tanto com o frio de Bóreas, quanto o lobo com o
número (de ovelhas) ou os rios com suas margens. VIDE:
● Lupus non curat numerum ovium. ● Lupus
numerum pecorum non curat. ● Lupus non curat
numerum. [Pereira 103] ● Lupus non veretur etiam
numeratas oves devorare. ● Lupus oves etiam
numeratas devorat. ● Non curat numerum lupus.
308. Hic telam texuit, ille retexuit. [Rezende 2291] Um
teceu o pano, o outro o refez. (=Um fez, o outro
corrigiu. Um iniciou, o outro completou. Um planejou,
o outro realizou). ■ Um emaranhou, outro
desemaranhou. ● Hic telam texuit, ille diduxit.
[Erasmo, Adagia 4.6.47] ● Hic texuit telam, ille diduxit
statim. [Schottus, Adagia 617]
309. Hic timens Charybdim incidit in Scyllam. [Homero
/ Albertatius 540] Ele, com medo de Caribde, caiu em
Cila. ■ Saltou da frigideira, caiu nas brasas. ■ Saiu do
lodo, caiu no arroio. VIDE: ● Effugiens Charybdim,
incidi in Scyllam. ● Evitata Charybdi in Scyllam
incidi. ● Evitata Charybdi in Scyllam concidi. ● Hi
vitaturi lupum inciderunt in leonem. ● Incidis in
Scyllam cupiens vitare Charybdin. ● Incidit in
Scyllam qui vult vitare Charybdin. ● Incidit in
Scyllam, cupiens vitare Charybdim.
310. Hic Troia non est. [Sêneca, Agamemnon 795] Aqui
não é Tróia.
311. Hic tu fallaci nimium ne crede lucernae. [Ovídio,
Ars Amatoria 1.245] Não confies muito na enganadora
lanterna. ■ À noite, à luz da candeia, parece bonita a
feia. ■ Nem mulher nem seda à luz da candeia.
312. Hic tua mercatur qui a te tua saepe precatur.
[Pereira 97] Quem sempre te pede alguma coisa, está
comprando. ■ Assaz caro compra quem roga. ■ Mais
custa o rogado que o comprado. ■ Mais caro o dado que
o comprado.
313. Hic, ubi nunc urbs est, tum locus urbis erat.
[Ovídio, Fasti 2.280] Aqui, onde agora está a cidade,
então era apenas um lugar para uma cidade.
314. Hic ver assiduum. [Virgílio, Georgica 2.149] Aqui é
eterna primavera. ● Hic ver aeternum. VIDE:
● Perpetuum ver est.
315. Hic vertitur cardo rei. [Pereira 96] É aqui que a
dobradiça se dobra. ■ Aqui torce a porca o rabo. ■ Aqui
está a chave do jogo.
316. Hic vigilans somniat. [Plauto, Captivi 778] Este
sonha acordado. ■ Vê tudo cor-de-rosa.
317. Hic vincendum aut moriendum, milites, est. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 21.43] Soldados, aqui é vencer
ou morrer. ● Hic vobis vincendum aut moriendum.
[Pereira 97] Aqui vos cabe vencer ou morrer. ■ Bebê-lo
ou vertê-lo. VIDE: ● Hic nobis vincendum aut
moriendum est.
318. Hic vivimus ambitiosa paupertate omnes. [Juvenal,
Satirae 3.182] Aqui todos vivemos em ambiciosa
pobreza. ■ Por fora, filó, filó; por dentro, molambo só.
319. Hilarem enim datorem diligit Deus. [Vulgata,
2Coríntios 9.7] Deus ama o que dá com alegria.
320. Hinc abite, lymphae, vini pernicies! [Catulo,
Carmina 27.5] Fora daqui, ó água, perdição do vinho!
321. Hinc amor, hinc timor est. [Ovídio, Heroides 12.63]
De um lado vem o amor, do outro o medo.
322. Hinc fides, illinc fraudatio. [Cícero, In Catilinam
2.25] Daqui vem a retidão, de lá a fraude.
323. Hinc illae lacrimae! [Terêncio, Andria 126; Cícero,
Pro Caelio 61; Horácio, Epistulae 1.9.41] Por isso, essas
lágrimas!
324. Hinc lucem et pocula sacra. [Divisa da Universidade
de Cambridge] Daqui recebemos a luz e os vasos
sagrados.
325. Hinc lupus urget, hinc canis angit. Deste lado, o
lobo ameaça; do outro, o cão atormenta. ■ Estar entre o
martelo e a bigorna. VIDE: ● Hac urget lupus, hac
canis.
326. Hinc quam sit calamus saevior ense patet. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy] Disso fica claro
quanto pode a pena ser mais cruel que a espada.
327. Hinc robur et securitas. [Divisa] Daqui, força e
segurança.
328. Hircum mulgere. Ordenhar bode. ■ Buscar água em
fonte seca. VIDE: ● Alter hircum mulgere videtur, alter
cribum supponere.
329. Hirsuta tergo lora scindantur bovis. [Schottus,
Adagia 609] Do lombo do boi cortam-se correias
cabeludas. ■ Do couro saem as correias. ■ A sua casa
traz o homem com que chore. VIDE: ● Ex bove ipso coria
sumuntur. ● Ex ipso bove lora sumuntur.
330. Hirudo aerarii. [Cícero, Ad Atticum 1.66]
Sanguessuga do tesouro público.
331. Hirudo, nisi plena, non omittit cutem. [Pereira 113]
A sanguessuga só larga a pele quando está cheia.
(=Dizia-se dos cobradores de impostos). ● Hirudo, nisi
plena cruoris, non mittit cutem. [Gaal 1158] A
sanguessuga só larga a pele quando está cheia de
sangue. VIDE: ● Macilenti pediculi acrius mordent.
● Non missura cutem, nisi plena cruoris hirudo.
332. Hirundines aestivo tempore praesto sunt, frigore
pulsae recedunt. As andorinhas aparecem
pontualmente no verão; repelidas pelo inverno emigram.
■ Amigo de bom tempo muda-se com o vento. VIDE: ● Ita
ut hirundines aestivo tempore praesto sunt, frigore
pulsae recedunt, item falsi amici sereno vitae
tempore praesto sunt; simul atque hiemem fortunae
viderunt, devolant omnes.
333. Hirundines sub eodem tecto ne habeas. [Manúcio,
Adagia 23] Não tenhas andorinhas sob o teu teto. (=As
andorinhas, por partirem quando chega o inverno, são
comparadas aos amigos que se afastam nos tempos
difíceis). ■ Amigos de bom tempo mudam-se com o
vento. ● Hirundines sub eodem alis tecto. Estás dando
de comer às andorinhas em tua casa. ● Hirundinem in
domum non suscipiendam. [S.Jerônimo, Adversus
Rufinum, 39 / Tosi 8] Não se deve receber andorinha
em casa. ● Hirundo suscipienda non est. [Albertatius
560]
334. Hirundo aestatem loquitur. [Grynaeus 554] A
andorinha anuncia o verão. VIDE: ● Aestatis hirundo est
nuntia. ● Nova hirundo veris est initium.
335. Hirundo una ver non facit. [Dumaine 245] Uma
única andorinha não faz primavera. ■ Uma andorinha só
não faz verão. ■ Nem um dedo faz a mão, nem uma
andorinha faz verão. VIDE: ● Flos unus non facit
hortum. ● Non una hirundo adesse ver denuntiat.
● Una hirundo non efficit ver. ● Una hirundo non
facit ver. ● Unica non speciem veris hirundo dedit.
● Unus flos non facit ver. ● Ver non una dies, non una
reducit hirundo.
336. His artibus. Com esses artifícios.
337. His ducibus. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 24.44]
Com esses guias. Sendo eles os comandantes.
338. His ego nec metas rerum nec tempora pono.
[Virgílio, Eneida 1.278] Não lhes fixo limites nem de
espaço nem de tempo.
339. His ego non horam possum durare querelis.
[Propércio, Elegiae 1.6.11] A esses ataques não posso
resistir nem mesmo uma hora.
340. His qui contentus non est, in litus arenas, in
segetem spicas, in mare fundat aquam. [Ovídio,
Tristia 5.6.43] Quem não está satisfeito, que espalhe
areia na praia, espigas na seara, água no mar.
341. His qui volunt edere, ferendus est labor. [Schottus,
Adagialia Sacra 134] Aos que quiserem comer, deve ser
dado trabalho. ■ Quem quiser comer depene. VIDE:
● Labor ferendus est cibum petentibus.
342. His rebus ita gestis. [Cícero, Ad Familiares 15.4]
Tendo ocorrido assim os fatos.
343. His testibus. Com essas testemunhas. Sendo eles
testemunhas.
344. His verbis. Com estas palavras.
345. Hisce oculis egomet vidi. [Terêncio, Adelphoe 299]
Eu vi com os meus próprios olhos. ■ Eu vi com estes
olhos que a terra há de comer.
346. Historia magistra vitae est. A história é a mestra da
vida. ● Historia vero testis temporum, lux veritatis,
vita memoriae, magistra vitae, nuntia vetustatis.
[Cícero, De Oratore 2.9.36] A história é a testemunha
dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a
mestra da vida, a mensageira da antigüidade.
347. Historia quoquo modo scripta delectat. [Plínio
Moço, Epistulae 5.8.4] A história, de qualquer modo
que seja escrita, sempre encanta.
348. Histrio in scaena. [Plauto, Poenulus 20] O ator está
no palco.
349. Hoc aequale omnium est, ut vitia sua excusare
malint quam effugere. [Sêneca Retórico,
Controversiae 7.4] Isso é igual para todos: prefere-se-
justificar os vícios a abandoná-los.
350. Hoc age! [Grynaeus 202] Atenção!
351. Hoc anno. Neste ano.
352. Hoc aurum scito pretium quod par tenet auro.
[Pereira 116] Fica sabendo que é ouro aquilo que tem
preço igual ao do ouro. ■ Ouro é o que vale ouro. ● Hoc
aurum scito, pretium quod pertinet auro. [Medina
602]
353. Hoc autem dico secundum indulgentiam, non
secundum imperium. [Vulgata, 1Coríntios 7.6] Digo-
vos isto como uma coisa que se vos perdoa, não por
mandamento.
354. Hoc bis admoneo: ibi nulla calantica fiet, femina,
si nolis ducere fila colo. [Pereira 102] Eu te aviso pela
segunda vez, mulher, não se fará nenhuma touca, se não
quiseres fiar. ■ Digo uma, e digo outra, quem não fia
não faz touca.
355. Hoc boni habet caecitas, quod sua mala non videt.
Isto tem de bom a cegueira, que não vê seus males.
356. Hoc certum est. Isto é certo.
357. Hoc debet fieri cum moderamine. Isto deve fazer-se
com moderação.
358. Hoc ego tuque sumus; sed quod sum non potes
esse; tu quod es, e populo quilibet esse potest.
[Marcial, Epigrammata 5.13.9] Isto eu e tu somos; mas
o que eu sou, tu não podes ser; o que tu és, qualquer um
do povo pode ser.
359. Hoc erat in more maiorum. Esse era o costume de
nossos antepassados.
360. Hoc erat in votis. [Horácio, Satirae 2.6.1] Isto estava
nos meus desejos. ■ Era o que eu queria. ■ Calhou bem!
361. Hoc est. Isto é.
362. Hoc est consuetum: comitantur tristia laetum. É o
que costuma acontecer: tristezas acompanham a alegria.
■ Não há prazer sem amargura. ■ Não há mel sem fel.
VIDE: ● Gaudium dolori iunctum. ● Risus habet
fletum, nectarque molestat acetum.
363. Hoc est corpus meum. [Vulgata, Mateus 26.26] Este
é meu corpo.
364. Hoc est melle dulci dulcius. [Plauto, Truculentus
351] Isto é mais doce que o doce mel. VIDE: ● Melle
dulci dulcior tu es.
365. Hoc est plane et latine loqui. [Pereira 108] Isso é
falar com clareza e em latim. ■ Isso é falar português
claro. VIDE: ● Ii qui plane et latine loquuntur.
366. Hoc est salutare, non conversari dissimilibus et
diversa cupientibus. [Sêneca, Epistulae Morales 33] É
conveniente não convivermos com pessoas de
caracteres diferentes dos nossos e cujas aspirações são
diferentes das nossas.
367. Hoc est signum Dei. [Rezende 2306] Este é o sinal
de Deus.
368. Hoc est vivere bis, vita posse priori frui. [Marcial,
Epigrammata 10.237] Poder apreciar o passado é viver
duas vezes. VIDE: ● Ampliat aetatis spatium sibi vir
bonus; hoc est vivere bis vita posse priore frui.
369. Hoc et puero notum. [Eiselein 372] Isso é claro até
para uma criança. ■ Até cego vê isso. VIDE: ● Et puero
perspicuum est.
370. Hoc fac aliis quod cupis fieri ab aliis tibi. Faze aos
outros aquilo que desejas que te seja feito pelos outros.
VIDE: ● Ab alio exspectes, alteri quod feceris. ● Ab alio
spectes, alteri quod feceris. ● Ab alio speres alteri
quod feceris. ● Ab altero exspectes, alteri quod
feceris. ● Ab illo exspectes, alteri quod feceris. ● Fac
alteri, quod ipse vis fieri tibi. ● Fac alteri, tibi ipse
quod fieri cupis. ● Quod tibi non vis fieri, id et alteri
ne feceris. ● Quod tibi vis ut homines faciant, idem
fac hominibus. ● Quod vis tibi fieri, hoc idem fac
alteri.
371. Hoc fac, et vives. [Vulgata, Lucas 10.28] Faze isso e
viverás.
372. Hoc facile est inceptu, difficile confectu. Isto é fácil
de se começar, mas difícil de se acabar.
373. Hoc faciunt vina quod non facit unda marina.
[Werner] O vinho consegue aquilo que a água do mar
não consegue.
374. Hoc fuit, est, et erit: similis similem sibi quaerit.
[Sweet 222] Isto foi, é, e será: cada qual procura seu
igual. ■ Cada um procura o seu semelhante.
375. Hoc habeo, quodcumque dedi. [Sêneca, De
Beneficiis 6.3] O que eu dei, o que quer que seja, eu
tenho. VIDE: ● Habeo quod dedi: perdidi quod servavi.
376. Hoc iam et vates sciunt. [Erasmo, Adagia 4.8.50]
Isso até os adivinhos já sabem.
377. Hoc illi garrula lingua dedit. [Ovídio, Amores
2.2.44] Foi uma língua tagarela que causou isso a ele.
(=Trata-se dos suplícios infligidos a Tântalo). ■ Língua é
que fala, corpo é que paga.
378. Hoc in caput redundabit tuum. [Pereira 108] Isto
recairá sobre tua cabeça. ■ Isso vos há de dar na cabeça.
379. Hoc intuitu. Com essa expectativa.
380. Hoc ipsum ita iustum est, quod recte fit, si est
voluntarium. [Cícero, De Officiis 1.9] O que se faz
honestamente é justo, se é voluntário.
381. Hoc ipsum nihil agere et plane cessare delectat.
[Cícero, De Oratore 2.6] É agradável esse nada fazer e
estar completamente inativo.
382. Hoc licet impune facere huic, illi non licet.
[Terêncio, Adelphi 828] A este isto é permitido fazer
isso impunemente, àquele não é permitido. ■ Cada um é
um. VIDE: ● Duo cum idem faciunt, saepe ut possis
dicere: hoc licet impune facere huic, illi non licet.
383. Hoc loco. Neste lugar. Nesse lugar.
384. Hoc me fugit. Isso me foge. (=Ignoro isso).
385. Hoc mihi luce clarius est. Para mim isso é mais claro
que a luz.
386. Hoc modo. Deste modo. Desta maneira.
387. Hoc natura aequum est neminem nocumento
locupletari. É naturalmente equitativo que ninguém
tenha vantagem com prejuízo (de outrem).
388. Hoc nomine. Com este nome. Sob esse nome.
389. Hoc non est de iure, sed de facto. Isto não é de
direito, mas é de fato.
390. Hoc non est ludus parvulorum. Isto não é
brincadeira de crianças. ● Hoc non est opus unius diei
nec ludus parvulorum. [Thomas de Kempis, De
Imitatione Christi 3.32.2] Não é isto obra de um dia,
nem brinquedo de crianças.
391. Hoc noveram ante quam tu natus es. Já sabia disso
antes de teres nascido. VIDE: ● Ante hoc novi quam tu
natus est.
392. Hoc nunc, os ex ossibus meis, et caro de carne mea.
[Vulgata, Gênesis 2.23] Eis aqui agora o osso dos meus
ossos, e a carne de minha carne.
393. Hoc omen avertant superi! Que os deuses afastem
de nós esse presságio! ■ Deus me livre! VIDE: ● Avertat
Deus! ● Avertat Deus omen! ● Deus avertat! ● Di
omen avertant! ● Hoc omen avertant superi! ● Omen
avertant dei! ● Omen avertat Deus! ● Quod avertat
Deus! ● Quod Deus avertat! ● Quod di omen
avertant!
394. Hoc opus, hic labor est. [Virgílio, Eneida 6.129]
Esta é a empresa, esta é a dificuldade. ■ Aqui é que a
porca torce o rabo. ■ Aqui está o busílis. VIDE: ● Hic
labor est.
395. Hoc perdit miseras, hoc perdidit ante puellas:
quidquid iurarunt, ventus et unda rapit. [Propércio,
Elegiae 2.28.9] O que perde, o que já perdeu muitas
pobres mulheres, é que tudo que juraram o vento e a
maré levaram.
396. Hoc possumus, quod iure possumus. Só podemos
aquilo que podemos legalmente. VIDE: ● Hoc solum
possumus quod de iure possumus. ● Id possumus
quod de iure possumus.
397. Hoc praestat amicitia propinquitati, quod ex
propinquitate benevolentia tolli potest, ex amicitia
non potest. [Cícero, De Amicitia 19] A amizade vale
mais do que o parentesco, porque do parentesco se pode
retirar a afeição, da amizade não se pode. ■ Mais vale
amigo do que parente ou primo. VIDE: ● Praestat
amicitia propinquitati.
398. Hoc pro certo tenendum. Tenha-se isto por
indubitável.
399. Hoc qui sentiunt, bene sentiunt. [S.Agostinho,
Epistula 214.1] Os que assim pensam têm opiniões
corretas.
400. Hoc quod est, id necessarium est perpeti. [Plauto,
Rudens 171] Seja isso o que for, é necessário agüentar.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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H1 H2 H3 H4

H3: 401-600
401. Hoc quod tibi calamitas videtur tot gentium vita
est! [Sêneca, De Providentia 4.15] O que para ti parece
uma calamidade é a vida de muitos povos!
402. Hoc retine verbum: frangit Deus omnem
superbum. [Trench, Proverbs; Rezende 2319] Guarda
bem estas palavras: Deus abate todos os soberbos. VIDE:
● Desine grande loqui; frangit Deus omne superbum.
● Est verum verbum: frangit Deus omne superbum.
403. Hoc salsum esse putas? [Catulo, Carmina 12.4]
Consideras isso espirituoso?
404. Hoc scio, neminem fuisse mortuum, qui non fuerat
aliquando moriturus. [S.Agostinho, De Civitate Dei
1.11] O que eu sei é que não morreu ninguém que não
devesse morrer um dia.
405. Hoc scio pro certo: quotiens cum stercore certo,
vinco seu vincor, semper ego maculor. [Binder,
Thesaurus 1312; Rezende 2320] Isto eu sei com certeza:
toda vez que tenho de lutar com estrume, quer vença,
quer seja vencido, sempre sou eu que me sujo. ■ Merda,
quanto mais se mexe, mais fede.● Hoc scio pro certo,
quod, si cum stercore certo, vinco vel vincor, semper
ego maculor. [Lutero, De Captivitate Babylonica
Ecclesiae] ● Hoc scio pro certo, quod, si cum stercore
certo, sive vinco vel vincor, tamen ipse maculor. VIDE:
● Stercus motum vehementius foetet.
406. Hoc sentire prudentiae est, facere fortitudinis, et
sentire vero et facere perfectae cumulataeque
virtutis. [Cícero, Pro Sestio 40] Pensar assim é do
sábio, agir assim é do bravo, mas, ao mesmo tempo,
pensar e agir assim é do perfeito e verdadeiro herói.
407. Hoc si crimen erit, crimen Amoris erit. [Propércio,
Elegiae 2.30.24] Se isto for crime, será um crime do
deus Amor.
408. Hoc siccis spectare oculis non possum. Não posso
ver isso com os olhos secos.
409. Hoc signo victor eris. Com este símbolo serás
vencedor. VIDE: ● In hoc signo vinces. ● Vinces in hoc.
410. Hoc solum possumus quod de iure possumus. Só
podemos o que a lei nos permite. VIDE: ● Hoc possumus
quod de iure possumus. ● Id possumus quod de iure
possumus.
411. Hoc solum scio, quod nihil scio. Só sei que nada sei.
VIDE: ● Hoc unum scio, me nihil scire. ● Nil scio nisi
nescio. ● Unum scio me nihil scire.
412. Hoc sustinete, maius ne veniat malum. [Fedro,
Fabulae 1.2.31] Suportai isso, para que não venha um
mal maior. ■ Sofre teus males com paciência infinda, se
não os queres aumentar ainda. VIDE: ● Praesens
sustinete, maius ne veniat malum.
413. Hoc tempore. Nesta época.
414. Hoc tempore obsequium amicos, veritas odium
parit. [Terêncio, Andria 67] Nos tempos que correm, o
favor faz amigos, a verdade gera ódio. ■ A lisonjaria
cria amigos e a verdade ódios. ■ Mal me querem as
comadres, porque lhes digo as verdades. ■ Mais perde
em amizades quem mais teima nas verdades. VIDE: ● E
veritate odium. ● Obsequium amicos, veritas odium
parit. ● Obsequium amicos, veritas odium,
familiaritas contemptum parit. ● Odium veritas
parit. ● Veritas odium parit.
415. Hoc titulo. Com esse título.
416. Hoc unum certum est, nihil esse certi. [Sêneca,
Epistulae Morales 88.45] Só há uma coisa certa: nada é
certo. VIDE: ● Quid igitur erit verum? Fortassis hoc
unum, nihil esse certi.
417. Hoc unum scio, me nihil scire. [Sócrates / Rezende
2321] Só sei que nada sei. VIDE: ● Hoc solum scio, quod
nihil scio. ● Nil scio nisi nescio. ● Unum scio me nihil
scire.
418. Hoc verbo. Com essa palavra.
419. Hoc versetur in corde quod profertur in voce.
[RSA 12] Que se encontre no coração aquilo que se
declara com a palavra.
420. Hoc videtur quaerere nodum in scirpo et
iniquitatem in domo iusti. Isso mais me parece tentar
encontrar nó em junco, ou iniqüidade em casa do justo.
■ É procurar chifres em cabeça de cavalo. VIDE: ● In
scirpo nodum quaeris. ● Nodum in scirpo ne quaeras.
● Nodum in scirpo quaeris.
421. Hoc volo, sic iubeo, sit pro ratione voluntas.
[Juvenal, Satirae 6.223] Quero isto, assim determino,
que a minha vontade substitua a razão.
422. Hodie a multis honoratur, et cras a nullo curatur.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 25.2] Hoje é
homenageado por muitos, amanhã ninguém se
importará com ele. VIDE: ● Gloria eius stercus et vermis
est; hodie extollitur, et cras non invenietur. ● Hodie
extollitur, et cras non invenietur.
423. Hodie aut crastino. [Vulgata, Tobias 4.13] Hoje ou
amanhã.
424. Hodie enim quanto quis minus sapit, tanto
audacius melioribus antevenisse praesumit. [VES
106] Hoje, quanto menos um homem sabe, com maior
audácia ele se coloca à frente dos melhores (que ele).
425. Hodie, et cras, et secundum cras. [Vulgata, Tobias
8.4] Hoje, amanhã e depois-de-amanhã.
426. Hodie extollitur, et cras non invenietur. [Vulgata,
1Macabeus 2.63] Hoje eleva-se, e amanhã desaparecerá.
VIDE: ● Gloria eius stercus et vermis est; hodie
extollitur, et cras non invenietur. ● Hodie a multis
honoratur, et cras a nullo curatur.
427. Hodie floret iuventus, cras erit in sepulchro.
[Grynaeus 263] Hoje a juventude floresce, amanhã
estará no túmulo. ■ Hoje na figura, amanhã na
sepultura. ■ Hoje canto, amanhã pranto. ■ Hoje com
saúde, amanhã no ataúde. ● Hodie hic, cras itum. Hoje
aqui, amanhã ido.
428. Hodie homo est, et cras non comparet. Cum autem
sublatus fuerit ab oculis, etiam cito transit a mente.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.23.2] Hoje o
homem está aí, amanhã ele terá desaparecido. Quando
ele tiver sido tirado dos nossos olhos, também logo sairá
de nosso pensamento. ■ Ausência aparta amor.
429. Hodie mecum eris in paradiso. [Vulgata, Lucas
23.43] Hoje estarás comigo no paraíso.
430. Hodie mihi, cras tibi. [Inscrição em túmulo /
Rezende 2326] Hoje a mim, amanhã a ti. ■ Eu sou você
amanhã. VIDE: ● Ille hodie, ego cras. ● Mihi heri et tibi
hodie.
431. Hodie nemo, nisi dives, honore dignus reputatur.
[S.Ambrósio / Rezende 2327] Hoje só o homem rico é
considerado digno de honra. VIDE: ● Nemo, nisi dives,
honore dignus reputatur.
432. Hodie, non cras. [Divisa] Hoje, amanhã não.
433. Hodie nullus, cras maximus. [Erasmo, Adagia
4.1.88] Hoje ninguém, amanhã um príncipe. ■ Ontem
vaqueiro, hoje cavalheiro. ● Hodie nihil, cras omnia.
Hoje não tem nada, amanhã terá tudo. VIDE: ● Amicus
vester, qui fuit rana, nunc est rex. ● Qui nullus hodie,
cras erit vel maximus.
434. Hodie quid egisti? [Plínio Moço, Epistulae 1.9.2]
Que fizeste hoje?
435. Hodie vivendum, omissa praeteritorum cura.
Devemos viver o dia de hoje, sem preocupação com
fatos passados.
436. Hodierna curo tantum: quis cras futura novit?
[Anacreonte / Schottus, Adagialia Sacra 15] Só penso
no dia de hoje: quem sabe o que será amanhã?
437. Homicidium cum admittunt singuli, crimen est,
virtus vocatur cum publice geritur. [S.Cripriano,
Epistulae 1.6] Enquanto consideram crime o assassinato
de um, chamam de coragem o assassinato coletivo.
438. Homicidium ex casu. [Jur / Black 901] Homicídio
por acidente.
439. Homicidium ex necessitate. [Jur / Black 901]
Homicídio por necessidade. (=Homicídio para defesa de
uma pessoa ou de uma propriedade).
440. Homicidium ex voluntate. [Jur / Black 901]
Homicídio voluntário.
441. Homine imperito nunquam quicquam iniustius est
qui, nisi quod ipse facit, nil rectum putat. [Terêncio,
Adelphi 98] Nunca houve nada mais injusto que um
homem ignorante que acha que só o que ele faz é bom.
442. Hominem agnoscis ex operibus eius. Conhece-se o
homem por suas obras. ■ Pelas obras, e não pelo
vestido, é o homem conhecido.
443. Hominem etiam frugi flectit saepe occasio.
[Publílio Siro] A ocasião muitas vezes dobra até o
homem honrado. ■ Em frente da arca aberta até o justo
peca.
444. Hominem experiri multa paupertas iubet. [Publílio
Siro] A pobreza obriga o homem a suportar muitas
privações. ● Hominem experiri multa paupertas cogit.
● Hominem experiri multa paupertas docet. A
pobreza ensina o homem a suportar muitas privações.
445. Hominem frugi omnia recte facere. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.16.36] O homem probo
tudo faz honestamente. VIDE: ● Homines frugi omnia
recte faciunt. ● Homo frugi omnia recte facit.
446. Hominem homini deum esse. [Espinosa, Ethica
4.35] O homem para outro homem é um deus. VIDE:
● Homo homini deus.
447. Hominem homini insidiari nefas esse. [Disgesta
1.1.3] Não é justo um homem armar ciladas contra
outro.
448. Hominem improbum non accusari tutius est quam
absolvi. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.4] É mais
seguro que o homem desonesto não seja acusado do que
seja absolvido.
449. Hominem inter vivos quaeritamus mortuum.
[Plauto, Manaechmi 240] Estamos procurando entre os
vivos um homem morto.
450. Hominem pagina nostra sapit. [Marcial,
Epigrammata 10.4.10] Nossa página tem sabor humano.
(=Os temas do nosso livro tratam de coisas humanas).
451. Hominem quaero. [Fedro, Fabulae 3.19.9] Procuro
um homem. (=A sentença é, geralmente, atribuída a
Diógenes que, perguntado por que conduzia uma lartena
acessa ao meio-dia, deu-a como resposta).
452. Hominem sociale animal communi bono genitum
videri volumus. [Sêneca, De Clementia 1.3.2]
Queremos que o homem seja visto como um animal
social nascido para o bem comum.
453. Hominem te esse memento. Lembra-te de que és um
ser humano. VIDE: ● Sic transit gloria mundi. ● Te
hominem esse memento.
454. Homines ad deos nulla re propius accedunt quam
salutem hominibus dando. [Cícero, Pro Ligario 38] É
dando a salvação aos homens que os homens mais se
aproximam dos deuses.
455. Homines ad iustitiam nati sunt. Os homens
nasceram para a justiça.
456. Homines aliena melius vident et diiudicant quam
sua. [Terêncio, Heauton Timorumenos 504] Os homens
vêem e julgam melhor as coisas dos outros que as suas.
■ Cada um vê o argueiro no olho do vizinho e não vê a
tranca no seu. VIDE: ● Homines plus in alienis negotiis
vident quam in suo.
457. Homines amplius oculis quam auribus credunt. Os
homens confiam mais nos olhos do que nos ouvidos.
■ Os ouvidos são mais infiéis que os olhos. ■ Ver para
crer. ● Homines amplius oculis quam auribus
credunt, quia longum iter est per praecepta, breve et
efficax per exempla. [Sêneca, Epistulae Morales 6.5]
Os homens confiam mais nos olhos do que nos ouvidos,
porque é longo o caminho pelas regras, mas curto e
eficaz pelos exemplos. VIDE: ● Magis veritas oculata
fide quam per aures animis hominum infingitur.
● Oculatum unum testem decem auritis esse
praeferendum.
458. Homines dilige; vitia persequere. Ama as pessoas;
combate os vícios. VIDE: ● Personas dilige; vitia
persequere.
459. Homines, dum docent, discunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 7.8] Os homens, enquanto ensinam, aprendem.
● Homines discunt, dum docent. VIDE: ● Cum
docemus, discimus. ● Docendo discitur. ● Docendo,
discimus. ● Dum docent, discunt. ● Qui docet, discit.
460. Homines fronte et oratione magis, quam ipso
beneficio reque capiuntur. [Cícero, De Petitione
Consulatus 12] Os homens são conquistados mais pela
aparência e pela linguagem do que pelo próprio
benefício e pelo dinheiro.
461. Homines frugi omnia recte faciunt. [Erasmo,
Adagia 2.2.62] Os homens probos tudo fazem
honestamente. VIDE: ● Hominem frugi omnia recte
facere. ● Homo frugi omnia recte facit.
462. Homines in civili societate vivere natura iubet, sed
verius, auctor naturae Deus. [Leão XIII] É a natureza,
ou melhor, Deus, o autor da natureza, que obriga os
homens a viverem em sociedade.
463. Homines inconsideratiores in secunda quam in
adversa sunt fortuna. Os homens são mais irrefletidos
na felicidade que na adversidade.
464. Homines intemperantes! Que homens impacientes!
465. Homines laborant, ubi potentes dissident. Os
homens sofrem quando os poderosos se desentendem.
VIDE: ● Humiles laborant ubi potentes dissident.
466. Homines libenter credunt quod volunt. Os homens
acreditam de boa mente no que desejam. VIDE: ● Ea
credimus libenter quae cupimus. ● Fere libenter
homines id quod volunt credunt. ● Libenter homines
quod volunt credunt. ● Quod valde volumus, facile
credimus.
467. Homines naturaliter valde pingues parum
generant. Homens por natureza muito gordos produzem
pouco.
468. Homines nihil agendo agere consuescunt male.
[Publílio Siro] Nada fazendo, os homens se acostumam
a fazer mal. ■ Cabeça de vadio, hospedaria do diabo.
VIDE: ● Nihil agendo, homines male agere discunt.
469. Homines non numerandi, sed ponderandi.
[Epígrafe de Fábula de Fedro 4.5 / Rezende 2332] Os
homens não se hão de contar, mas de pesar. ■ Os
homens não se medem aos palmos.
470. Homines nos esse meminerimus. [Cícero, Ad
Familiares 5.16] Lembremo-nos de que somos seres
humanos.
471. Homines nostra intellegimus bona cum quae in
potestate habuimus, ea amisimus. [Plauto, Captivi 75]
Nós homens só compreendemos que era bom o que
tínhamos, quando já o perdemos. ■ O bem só se
conhece, quando se perde.
472. Homines plerique ipsi sibi mala parant. A maior
parte dos homens criam males para si mesmos. ■ À sua
casa traz o homem com que chore.
473. Homines plurimum hominibus et prosunt et
obsunt. [Cícero, De Officiis 2.5] São os homens que
ajudam e que prejudicam os homens.
474. Homines plus in alienis negotiis vident quam in
suo. [Sêneca, Epistulae Morales 109] Os homens vêem
mais nos negócios alheios do que no próprio. ■ Cada um
vê o argueiro no olho do vizinho e não vê a tranca no
seu. VIDE: ● Homines aliena melius vident et
diiudicant quam sua.
475. Homines, quo plura habent, eo ampliora cupiunt.
[DAPR 231] Os homens, quanto mais têm, tanto mais
desejam. ■ Quanto mais temos, mais queremos. VIDE:
● Plurima qui tenet, plura tenere cupit. ● Qui multum
habet, plus cupit.
476. Homines raro ex dictamine rationis vivunt.
[Espinosa, Ethica 4. Propositio 50. Corollarium] Os
homens raramente vivem sob o comando da razão.
477. Homines sumus, non dei. [Petrônio, Satiricon 75]
Somos seres humanos, não deuses.
478. Homines sunt eiusdem farinae. São homens da
mesma farinha. ■ São farinha do mesmo saco. ■ São
vinho da mesma pipa. ■ São lobos da mesma alcatéia.
● Homines sunt eiusdem furfuris. São homens do
mesmo farelo. ● Homines sunt eiusdem generis. São
homens da mesma raça. VIDE: ● Omnes eiusdem
farinae.
479. Homines sunt faciles ad dissentiendum. [Rezende
2334] Os homens são fáceis de discordar. ● Homines ex
natura sunt faciles ad dissentiendum. Os homens, por
sua natureza, divergem facilmente. ● Homines sunt
faciles ad dissentionem. VIDE: ● Quia res fere sine
exitu futura est propter naturalem hominum ad
dissentiendum facilitatem.
480. Homines timidi nunquam de hostibus
triumpharunt. [Schottus, Adagia 347] Homens
medrosos nunca triunfaram dos inimigos.
481. Homines transeunt, sed veritas manet in
aeternum. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.5.2] Os homens passam, mas a verdade permanece
para sempre.
482. Homines universos profitemur fratres esse,
cuiuscumque stirpis sunt vel nationis. [Vaticano II]
Proclamemos que todos os homens são irmãos,
quaisquer que sejam suas raças ou nações.
483. Homines veteres et senes. [Tácito, De Oratoribus 6]
Homens experientes e idosos.
484. Homines vitia sua et amant simul et oderunt.
[Sêneca, Epistulae Morales 112] Os homens ao mesmo
tempo amam e odeiam seus defeitos.
485. Homines voluptatibus transformantur. Os homens
são transformados pelos prazeres.
486. Homini amico et familiari non est mentiri meum.
[Lucílio] Não é meu hábito mentir a um amigo ou a um
parente.
487. Homini amico, qui est amicus ita, uti nomen
possidet, nisi deos, ei nihil praestare. [Plauto,
Bacchides 351] Quem é verdadeiro amigo, em toda a
força do termo, acima do amigo só põe os deuses.
488. Homini crescenti non adduntur anni, sed
subtrahuntur. Ao homem que fica mais velho não se
acrescentam anos, mas se subtraem.
489. Homini diligenti semper aliquid superest. [Erasmo,
Adagia 4.5.48] Do homem diligente sempre algo
sobrevive.
490. Homini erudito nihil sua virtus prodest, si illam
ipsam occultat. De nada aproveita ao homem erudito
sua cultura, se ele a esconde. ■ O saber escondido da
ignorância vista pouco dista.
491. Homini esurienti furari necesse est. [Schottus,
Adagia 357] O homem faminto tem de furtar. ■ A fome
não tem lei. ■ A necessidade não tem lei. VIDE: ● Viro
esurienti necesse est furari.
492. Homini fortunato vita est brevis, infortunato
longa. Para o homem feliz a vida é breve, para o infeliz,
é longa.
493. Homini homo quid praestat! Stulto intellegens
quid interest! [Terêncio, Eunuchus 232] Como um
homem supera outro! Como o inteligente é diferente do
tolo!
494. Homini necesse est mori. [Cícero, De Fato 9,
adaptado] O homem tem de morrer.
495. Homini nihil habenti nihil deest. A quem nada tem,
nada lhe falta. ■ A quem nada deseja, nada falta. VIDE:
● Nihil habenti nihil defuit.
496. Homini nihil inimicius quam sibi ipse. [Cícero, Ad
Atticum 10.12.3] Nada mais inimigo do homem que ele
mesmo. VIDE: ● Nihil inimicius quam sibi ipse.
497. Homini nihil utilius sanitate. [Grynaeus 107] Nada
mais útil ao homem que a saúde. VIDE: ● Absque
sanitate nemo felix. ● Firma valetudine nihil melius:
sani aegris ditiores. ● Nihil utilius firma valetudine.
● Nil sanitate vita habet praestantius. ● Valetudine
firma nihil melius.
498. Homini non muto, nihil impervium. Ao homem que
não é mudo não há nada inacessível. ■ Quem tem boca,
vai a Roma.
499. Homini perdere hominem libet. [Sêneca, Epistulae
Morales 103] O homem tem prazer em desgraçar outro
homem.
500. Homini plurima ex homine sunt mala. [Plínio
Antigo, Naturalis Historia 7.1.5] A maioria dos males
do homem vem de algum homem.
501. Homini potentiam quaerenti egentissimus quisque
opportunissimus. [Salústio, Bellum Iugurthinum 86]
Para quem busca o poder, o (homem) mais pobre é o
mais útil.
502. Homini pro impetu ratio est. [Sêneca, De Ira 2.16.1]
O homem tem a razão no lugar do instinto.
503. Homini tum deest consilium, cum multa invenit.
[Publílio Siro] O homem perde o discernimento, quando
encontra muitas soluções.
504. Homini vanitati similis factus est; dies eius sicut
umbra praetereunt. [Vulgata, Salmos 143.4] Ao
homem se fez como à vaidade; os dias dele passam
como uma sombra.
505. Hominibus plenum, amicis vacuum. [Sêneca, De
Beneficiis 6.34] Cheio de homens, vazio de amigos.
(=O autor refere-se à corte). VIDE: ● In pectore amicus,
non in atrio quaeritur.
506. Hominis ad hominem proportio. O relacionamento
de um homem com outro. VIDE: ● Ius est realis et
personalis hominis ad hominem proportio, quae
servata hominum servat societatem, et corrupta
corrumpit.
507. Hominis appellatione tam feminam quam
masculum contineri nemo dubitat. [Digesta
50.16.152] Ninguém duvida de que o termo homem
abrange tanto a mulher como o varão.
508. Hominis autem mens discendo alitur et cogitando.
[Cícero, De Officiis 1.105] O espírito do homem
alimenta-se estudando e pensando. VIDE: ● Mens alitur
discendo et cogitando.
509. Hominis est animum praeparare, et Domini
gubernare linguam. [Vulgata, Provérbios 16.1] É ao
homem que pertence preparar a sua alma, e ao Senhor o
governar-lhe a língua.
510. Hominis est enim affici dolore, sentire, resistere
tamen et solacia admittere, non solaciis non egere.
[Plínio Moço, Epistulae 8.16] É do homem ser acessível
à dor, senti-la, porém resistir a ela e aceitar a
consolação, e não dispensar consolação.
511. Hominis est enim opinari, Dei scire. [S.Agostinho,
De Civitate Dei 7.17] Cabe ao homem dar opinião, só
Deus tem o conhecimento.
512. Hominis est errare. Do homem é errar. ■ Errar é
humano. VIDE: ● Cuiusvis hominis est errare, nullius,
nisi insipientes, in errore perseverare. ● Errare
humanum est. ● Errare humanum est, ignoscere
divinum. ● Errasse humanum est et confiteri
errorem prudentis. ● Humanum est errare.
513. Hominis est propria veri inquisitio. [Cícero, De
Officiis 1.13] A busca da verdade é peculiar ao homem.
514. Hominis gladium vivum. [S.Gregório Nazianzeno /
Bernardes, Nova Floresta 1.402] A espada viva do
homem. (=O cão).
515. Hominis interest beneficium hominum affici.
[Rezende 2338] É interesse do homem ser obsequiado
pelo favor dos homens. ■ Não há homem sem homem.
516. Hominis mens discendo alitur. A mente do homem
alimenta-se aprendendo.
517. Hominis senis maxillae sunt baculi. [Schottus,
Adagia 357] As maxilas são as bengalas do velho. ■ O
velho e o forno pela boca se aquentam. VIDE: ● Maxillae
ad instar scipionis sunt seni. ● Seni molaris dens loco
fit baculi. ● Viro seni maxillae baculus.
518. Hominis tota vita nihil aliud quam ad mortem iter.
[Sêneca, Ad Polybium 11, adaptado] Toda a vida do
homem nada mais é do que uma viagem para a morte.
VIDE: ● Hominum tota vita nihil aliud quam ad
mortem iter est.
519. Hominum caritas et amicitia gratuita est. [Cícero,
De Natura Deorum 1.44] O amor e a amizade dos
homens são desinteressados.
520. Hominum causa omne ius constitutum est. [Digesta
1.5.2] O direito foi constituído em benefício dos
homens.
521. Hominum consuetudo est facilius discere quae
divisa possunt evidentius elucere. [Aurélio
Cassiodoro, De Anima 4] É costume dos homens
aprender com mais facilidade as coisas que, divididas,
podem brilhar com mais clareza.
522. Hominum est errare, sed ferinum perseverare in
errore. Errar é do homem, perseverar no erro é do
animal. ■ Do homem é o errar, e da besta o teimar. VIDE:
● Errare humanum est, in errore perseverare,
belluinum. ● Errasse humanum est et confiteri
errorem prudentis.
523. Hominum generi universo cultura agrorum est
salutaris. [Cícero, De Senectute 16] A cultura dos
campos é proveitosa a toda a humanidade.
524. Hominum generatio et nascitur, et desinit.
[Homero, Ilíada 6.149] A geração dos homens tanto
nasce como vai embora. VIDE: ● Qualis foliorum
generatio, talis est et hominum. ● Qualis foliis
generatio, talis et viris.
525. Hominum improborum inscribe iusiurandum
aquae. [Manúcio, Adagia 178; Rezende 2339] Registra
na água o juramento dos homens desonestos.
526. Hominum mentes variae. As mentes dos homens
são diferentes. ■ Cada cabeça, cada juízo.
527. Hominum natura, novitatis ac peregrinationum
avida est. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 17.10] A
natureza dos homens é ávida de novidades e de viagens.
528. Hominum sententia fallax. [Ovídio, Fasti 5.191], O
julgamento dos homens é enganador.
529. Hominum tota vita nihil aliud quam ad mortem
iter est. [Tosi 518] Toda a vida dos homens não passa
de uma caminhada para a morte. VIDE: ● Hominis tota
vita nihil aliud quam ad mortem iter.
530. Hominum universa proluit pelagus mala.
[Schottus, Adagia 615] A água lava todos os males dos
homens. ■ A água tudo lava.
531. Homo a suo socio cognoscitur. [Bebel, Adagia
Germanica] Conhece-se o homem pela sua companhia.
■ Dize-me com quem vais, dir-te-ei o que farás.
532. Homo ad duas res, ad intellegendum et agendum,
natus est. [Aristoteles / Cícero, De Finibus 2.40] O
homem nasceu para duas coisas: pensar e agir.
533. Homo ad immortalium cognitionem nimis mortalis
est. [Sêneca, De Otio 5.7] O homem é excessivamente
mortal para compreender as coisas imortais.
534. Homo ad laborem natus, et avis ad volatum.
[DAPR 636] O homem nasceu para o trabalho, e o
pássaro para voar. ■ O homem foi criado para trabalhar,
como o pássaro para voar. ● Homo ad laborem
nascitur. O homem nasce para o trabalho. VIDE: ● Homo
nascitur ad laborem et avis ad volatum.
535. Homo ad nullam rem utilis. [Cícero, De Officiis
3.29] Um homem que não presta para nada.
536. Homo ad societatem, non natura, sed disciplina
aptus factus est. O homem não é sociável pela
natureza, mas pela educação.
537. Homo alias beatus, alias miser. Uma hora, o homem
é feliz; outra hora, é desgraçado. ■ Hoje canto, amanhã
pranto. VIDE: ● Nec potest quisquam alias beatus esse,
alias miser.
538. Homo antiqua virtute et fide. [Terêncio, Adelphi
142] Um homem de virtude e lealdade antigas.
539. Homo bilinguis. [Fedro, Fabulae 2.4.25] Um homem
de duas palavras.
540. Homo bonae voluntatis. Um homem de boa vontade.
541. Homo bulla est. [Varrão, De Agricultura 1.1.1] O
homem é (efêmero como) uma bolha d’água. ■ Hoje
somos, amanhã, não. VIDE: ● Humana vita nihil
fragilius, nihil fugacius, nihil inanius. ● Nil aliud, ac
umbra, atque flatus est, homo. ● Nil homine enutrit
tellus infirmius alma. ● Nos non pluris sumus quam
bullae.
542. Homo certus, fidus amicus. [Marcial, Epigrammata
4.5.9] Um homem firme, um amigo honrado.
543. Homo cogitat, Deus iudicat. [Alcuíno / Stevenson
981] O homem pensa, Deus decide. ■ O homem quer, e
Deus manda. ● Homo cogitat, Deus indicat. O homem
pensa, Deus determina. ● Homo cogitat, Deus ordinat.
[Ordericus Vitalis / Stevenson 981]
544. Homo cogitatione ceteris animantibus praestat;
solus cogitata eloqui potest. O homem é superior aos
outros animais por causa do pensamento; é o único que
pode expressar o que pensa.
545. Homo, cum in honore esset, non intellexit.
Comparatus est iumentis insipientibus, et similis
factus est illis. [Vulgata, Salmos 48.21] O homem,
quando estava na honra, não o entendeu; foi comparado
aos brutos irracionais, e se fez semelhante a eles.
546. Homo, cum se ipsum ignoret, omnia cognoscere
cupit. [Medina 647] O homem, embora não conheça a
si mesmo, deseja conhecer tudo.
547. Homo debet sequi aequitatem legis, non proprii
capitis. [Jur] O homem deve seguir a justiça da lei, não
a da própria cabeça.
548. Homo Dei ludibrium. [Grynaeus 265] O homem é
um gracejo de Deus. VIDE: ● Dei lusus homo. ● Dii nos
quasi pilas homines habent. ● Ludit in humanis
divina potentia rebus. ● Pilas quasi dii habent
homines.
549. Homo dignus re quavis. Um homem merecedor de
tudo. VIDE: ● Homo quantivis pretii.
550. Homo diligens et studiosus paterfamilias. [Digesta
22.3.25] É um homem dedicado e zeloso pai de família.
551. Homo diu vivendo multa, quae non vult, videt. O
homem, vivendo por muito tempo, vê muita coisa que
não quer.
552. Homo, divinum animal. O homem é um animal
divino.
553. Homo doctus in se divitias semper habet.
[Simônides / Fedro, Fabulae 3.28] O homem culto
sempre tem suas riquezas dentro de si mesmo. ■ Do
saber vem o ter.
554. Homo dominus sui consilii est. O homem é senhor
de sua decisão.
555. Homo duplex, alter Ianus. [Rezende 2342] É um
homem de duas caras, um segundo Jano.
556. Homo durae cervicis. [Grynaeus 68] Um homem de
pescoço duro. (=Um homem soberbo e indomável).
VIDE: ● Populus durae cervicis es.
557. Homo emunctae naris est. [Pereira 121] É um
homem de nariz assoado. (=Homem de bom gosto.
Homem inteligente). VIDE: ● Naris emunctae senex.
558. Homo enim videt ea quae parent, Dominus autem
intuetur cor. [Vulgata, 1Reis 16.7] O homem vê o que
está patente, mas o Senhor olha para o coração. VIDE:
● Homo videt in facie, Deus autem in corde.
559. Homo enim, cum operatur, non tantum res et
societatem immutat, sed et seipsum perficit.
[Vaticano II, Gaudium et Spes 35] O homem, com sua
ação, não só transforma as coisas e a sociedade, mas
também aperfeiçoa a si mesmo.
560. Homo es, et non Deus; caro es, non angelus.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.57.17] És
um ser humano, não Deus; és carne, não um anjo.
561. Homo est animal bipes rationale. [Boécio, De
Consolatione Philosophiae 5, Prosa 4.35] O homem é
um animal bípede racional.
562. Homo est animal bipes sine pennis, latis unguibus.
[Platão] O homem é um animal bípede, sem penas, de
unhas grandes.
563. Homo est animal implume bipes. O homem é um
animal bípede sem penas. ● Homo est animal bipes,
implume, erecto vultu. [Stevenson 1511] O homem é
um animal bípede, implume, de corpo erecto.
564. Homo est animal mortale rationale. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 7.3] O homem é um animal mortal
racional.
565. Homo est animal sociale. O homem é um animal
social. VIDE: ● Homo sit animal sociale. ● Hominem
sociale animal communi bono genitum videri
volumus.
566. Homo est dominus suorum actuum et volendi et
non volendi. [S.Tomás de Aquino, Summa Theologiae]
O homem é senhor dos seus atos, tanto de querer como
de não querer.
567. Homo est et qui est futurus; etiam fructus omnis
iam in semine est. [Tertuliano, Apologeticum 9.8]
Quem vai nascer também é um ser humano; o fruto já
está inteiro na semente.
568. Homo est, ex tot animantium generibus, particeps
rationis, cum cetera sint omnia expertia. [Cícero, De
Legibus 1.22] De todos os gêneros de animais a raça
humana é o único que participa da razão, enquanto
todos os outros são desprovidos dela.
569. Homo est naturaliter liber. [S.Tomás de Aquino,
Summa Theologiae] O homem é livre por natureza.
570. Homo est nullo numero. ■ É um joão-ninguém.
● Homo nullo numero. [Cícero, Philippica 3.16]
571. Homo est quaedam particula perfecti. [Cícero, De
Natura Deorum 2.37] O homem é uma partícula da
perfeição.
572. Homo et mulier, ignis et palea. [Henderson, Latin
Proverbs / Stevenson 1521] O homem e a mulher, fogo
e palha. ■ O homem é fogo, a mulher estopa, vem o
diabo e assopra. ■ Nem estopa com tições, nem mulher
com varões. VIDE: ● Dicitur ignis homo, sic femina
stuppa vocatur: insufflat daemon; gignitur ergo
focus. ● Stipula flammae proxima ignem concipit.
573. Homo extra corpus est suum, cum irascitur.
[Publílio Siro] O homem fica fora de si, quando se
encoleriza. ■ A ira é má conselheira. ● Homo extra
corpus est suum, qui irascitur. O homem que se
encoleriza fica fora de si. VIDE: ● Ira initium insaniae.
574. Homo faber. O homem fabricante. O homem artífice.
575. Homo factus ad unguem. [Albertatius 550] Um
homem polido. Um homem sem defeito. VIDE: ● Ad
unguem factum. ● Ad unguem factus homo.
576. Homo fervidus et diligens ad omnia est paratus.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.25.47] O
homem fervoroso e diligente está preparado para tudo.
577. Homo fidei tenax. [Stevenson 2611] Um homem de
palavra. ■ Homem de bem tem palavra como rei.
578. Homo frugi omnia recte facit. [Polydorus, Adagia]
O homem probo tudo faz honestamente. VIDE:
● Hominem frugi omnia recte facere. ● Homines frugi
omne rectum faciunt.
579. Homo habilis. Homem capaz. Homem adequado.
580. Homo hodiernus in via est ad personalitatem suam
plenius evolvendam iuraque sua in dies magis
detegenda et affirmanda. [Vaticano II, Gaudium et
Spes 41] O homem contemporâneo caminha para o
desenvolvimento pleno de sua personalidade e para o
descobrimento e afirmação crescentes de seus direitos.
581. Homo hominem furit. [Branco 233] Um homem
ataca outro. ■ Comem-se uns aos outros. VIDE: ● Homo
homini lupus. ● Lupus est homo homini, non homo.
● Lupus est homo homini.
582. Homo homini aut deus aut lupus. [Rezende 2349]
O homem para outro homem, ou deus ou lobo. VIDE:
● Homo homini lupus, homo homini deus.
583. Homo homini deus. [Grynaeus 590] O homem para
outro homem é um deus. VIDE: ● Hominem homini
deum esse.
584. Homo homini deus est, si suum officium sciat.
[Estácio, Comoediarum Fragmenta 265] O homem é um
deus para outro homem, se conhece o seu dever.
585. Homo homini lupus. [Erasmo, Adagia 1.1.70] ■ O
homem é o lobo do homem. VIDE: ● Ab homine homini
cotidianum periculum. ● Homo hominem furit.
● Lupus est homo homini, non homo. ● Lupus est
homo homini.
586. Homo homini lupus, femina feminae lupior. [Latim
macarrônico] O homem é um lobo para outro homem,
mas a mulher é mais lobo ainda para outra mulher.
● Homo homini lupus, femina feminae lupior,
sacerdos sacerdoti lupissimus. O homem é um lobo
para outro homem, a mulher é mais lobo ainda para
outra mulher, mas o sacerdote é o maior lobo para outro
sacerdote. ● Homo homini lupus, femina feminae
lupior, clericus clerico lupissimus.
587. Homo homini lupus, homo homini deus. [John
Owen, Epigrammata 3.23] Para outro homem, o homem
é um lobo ou um deus. VIDE: ● Homo homini aut deus
aut lupus.
588. Homo humus, fama fumus, finis cinis. [Inscrição
em túmulo; inscrição em quadrante solar / Rezende
2351] O homem é terra, a glória é fumaça, o fim são
cinzas.
589. Homo in adiutorium mutuum genitus est. [Sêneca,
De Ira 1.5.2] O homem nasceu para auxílio mútuo.
590. Homo in periculum simul ac venit callidus,
reperire effugium quaerit alterius malo. [Fedro,
Fabulae 4.9.1], O homem astuto, assim que cai numa
situação de perigo, procura um meio de escapar à custa
de outrem.
591. Homo inter homines sum. [Petrônio, Satiricon 57]
Sou um homem entre homens.
592. Homo liber de nulla re minus quam de morte
cogitat, et eius sapientia non mortis, sed vitae
meditatio est. [Espinosa, Ethica 4] O homem livre em
nada pensa menos do que na morte, e sua sabedoria não
é uma meditação da morte, mas da vida.
593. Homo locum ornat, non hominem locus. [Sweet 12]
O homem ilustra o cargo; o cargo não ilustra o homem.
■ Não é o cargo que eleva o homem.
594. Homo longus raro sapiens. É raro o homem alto
inteligente. ■ Os melhores perfumes estão em pequenos
frascos. ● Homo longus raro sapiens, at si sapiens,
sapientissimus. [Aforismo escolástico / Rezende 2352]
O homem alto raramente é sábio, mas quando é sábio, é
sapientíssimo.
595. Homo loquens. O homem falante. ● Homo loquax.
596. Homo ludens. O homem lúdico.
597. Homo luteus. [Cícero, In Verrem 3.35] Um homem
feito de lama. (=Um homem de natureza baixa). VIDE:
● Homullus ex argilla et luto fictus.
598. Homo magnus, arcus ligneus. [Pereira 107]
■ Homem grande, besta de pau.
599. Homo male utens libero arbitrio et se perdit et
ipsum. [S.Tomás de Aquino, Summa Theologiae] O
homem, fazendo mau uso do livre arbítrio, perde a si e
ao seu livre arbítrio.
600. Homo medius. O cidadão comum.

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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS


Compilado por HENERIK KOCHER

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H1 H2 H3 H4

H4: 601-845
601. Homo miser atque infortunatus. [Plauto, Bacchides
1105] Um homem infeliz e azarado.
602. Homo misericors tot servos habet quot nummos.
[S.Pedro Crisólogo / Bernardes, Nova Floresta 3.274] O
misericordioso tantos servos tem, quanto dinheiro.
603. Homo multarum litterarum. Um homem de muitas
letras. Um letrado.
604. Homo mundus minor. [Boécio, De Definitione
1.64.907 / Tosi 122] O homem é um mundo em
miniatura.
605. Homo, nascens cum maerore, vitam ducis cum
labore, et cum metu moreris. [S.Bernardo / Rezende
2354] Ó homem, que nasces em dores, levas a vida em
trabalhos e morres com medo.
606. Homo nascitur ad laborem et avis ad volatum.
[Vulgata, Jó 5.7] O homem nasce para o trabalho, e a
ave para voar. ■ O homem foi criado para trabalhar,
como o pássaro para voar. VIDE: ● Homo ad laborem
natus, et avis ad volatum.
607. Homo naturae oboediens, homini nocere non
potest. [Cícero, De Officiis 3.25] O homem que
obedece à natureza não pode fazer mal a outro homem.
608. Homo, natus de muliere, brevi vivens tempore,
repletur multis miseriis; quasi flos egreditur et
conteritur, et fugit velut umbra, et nunquam in
eodem statu permanet. [Vulgata, Jó 14.1-2] O homem
nascido da mulher, que vive breve tempo, é cercado de
muitas misérias; como uma flor sai e é pisado, e foge
como sombra, e jamais permanece num mesmo estado.
609. Homo nihili. Um inútil. VIDE: ● Etiam tu, homo
nihili? ● Quid, homo nihili, non pudet te?
610. Homo non est ex fronte diiudicandus. [DAPR 599]
O homem não deve ser julgado pelo rosto. ■ As
aparências enganam. ■ Debaixo de bom saio está o
homem mau. ● Homo non est ex fronte solum
diiudicandus. [Bebel, Adagia Germanica] VIDE:
● Fronti nulla fides. ● Ne fronti crede. ● Nolito fronti
credere. ● Nulla fides fronti.
611. Homo non est ubi animat, sed ubi amat. [Fuller,
The History of the Worthies of England 310] O homem
não está onde vive, mas onde ama. ■ A alma está mais
onde ama do que onde anima. ■ Onde a galinha tem os
ovos, lá se lhe vão os olhos. ■ Onde a galinha tem os
ovos tem os olhos. VIDE: ● Anima plus est ubi amat,
quam ubi animat. ● Animam hominis non illic esse
ubi animat, sed ubi amat. ● Animus plus est ubi
amat, quam ubi animat. ● Cuiusque animum illic
magis esse ubi amat, quam ubi animat. ● Plus enim
est anima ubi amat, quam ubi animat.
612. Homo non sibi soli natus, sed patriae, sed suis.
[Cícero, De Finibus 2.45, adaptado] O homem não
nasceu só para si, mas para a pátria, mas para os seus.
613. Homo novus. O novo homem. O homem moderno.
(=Homo novus, ou novus homo, indicava o primeiro
homem da família a atingir a magistratura). VIDE:
● Novus homo.
614. Homo nullius coloris. [Grynaeus 289] Um homem
de nenhuma cor. ■ Não fede nem cheira. VIDE: ● Nullius
coloris homo.
615. Homo oeconomicus. O homem econômico.
616. Homo pacificus magis prodest quam bene doctus.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.3.2] O
homem pacífico vale mais que o letrado.
617. Homo plantat, homo irrigat, sed Deus dat
incrementum. [Divisa da Merchant Taylors’ School,
Londres] O homem planta, o homem rega, mas é Deus
que faz crescer. VIDE: ● Ego plantavi, Apollo rigavit,
sed Deus incrementum dedit.
618. Homo politicus. [Termo da filosofia] Homem
político.
619. Homo praepotens non offenditur iniuriolis
tenuium. [Manúcio, Adagia 393] O homem muito
poderoso não é atingido pelos pequenas injúrias de
pessoas obscuras. ■ Homem grande não desce a coisas
baixas. ■ Praga de urubu magro não mata cavalo
gordo. VIDE: ● Aquila non captat muscas.
620. Homo privatus. O cidadão comum.
621. Homo proponit, sed Deus disponit. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.19.9] ■ O homem
propõe, e Deus dispõe. ■ O homem quer, Deus manda.
■ Os homens fazem o almanaque, e Deus manda o
tempo. VIDE: ● Cor hominis disponit viam suam, sed
Domini est dirigere gressus eius. ● Humana consilia
divinitus gubernantur. ● Omnia homo statuit, Deus
optimus omnia condet. ● Vanus homo statuit, Deus
optimus omnia condit.
622. Homo publicus. O homem público.
623. Homo quantivis pretii. Um homem de alto valor.
VIDE: ● Homo dignus re quavis.
624. Homo qui blandis fictisque sermonibus loquitur
amico suo, rete expandit gressibus eius. [Vulgata,
Provérbios 29.5] O homem que, quando fala ao seu
amigo, usa uma linguagem lisonjeira e fingida, arma
uma rede aos seus passos.
625. Homo, qui in homine calamitoso est misericors,
meminit sui. [Publílio Siro] O homem que se
compadece de um desgraçado pensa em si mesmo. VIDE:
● Qui in homine calamitoso est misericors, meminit
sui.
626. Homo quod crebro videt, non miratur, etiamsi cur
fiat nescit. [Cícero, De Divinatione 2.22] O homem não
se espanta com aquilo que vê muitas vezes, mesmo que
não saiba por que ocorre.
627. Homo rusticus. O homem do campo. O homem
rústico. VIDE: ● Homo silvester.
628. Homo, sacra res homini. [Sêneca, Epistulae Morales
95.33; Grynaeus 498] O ser humano é coisa sagrada
para outro ser humano.
629. Homo sanae mentis. Um homem de mente sã. VIDE:
● Sanae mentis. ● Sanae mentis et bonae memoriae.
630. Homo sanctus in sapientia manet sicut sol; nam
stultus sicut luna mutatur. [Vulgata, Eclesiástico
27.12] O homem santo persevera na sabedoria como o
sol; o insensato, porém, muda como a lua.
631. Homo sapiens. O homem racional.
632. Homo sapiens tacebit usque ad tempus. [Vulgata,
Eclesiástico 20.7] O homem sábio manterá o silêncio
até o momento oportuno.
633. Homo semper aliud, Fortuna aliud cogitat.
[Publílio Siro] O homem sempre planeja uma coisa e a
sorte planeja outra.
634. Homo semper in ore fert aliud, aliud cogitat.
[Publílio Siro] O homem sempre põe uma coisa na boca
e pensa outra. ■ Boas palavras, maus bofes.
635. Homo, sicut faenum dies eius; tamquam flos agri
sic efflorebit. [Vulgata, Salmos 102.15] O homem,
cujos dias são como o feno, assim se murchará como a
flor do campo.
636. Homo silvester. O homem selvagem. VIDE: ● Homo
rusticus.
637. Homo sine pecunia, imago mortis. [Rezende 2361]
O homem sem dinheiro é o retrato da morte. ■ Sem
dinheiro, tudo é vão. VIDE: ● Absque argento omnia
vana.
638. Homo sine religione sicut equus sine freno.
[Stevenson 1947] Um homem sem religião é como um
cavalo sem freio.
639. Homo sit animal sociale. [Espinosa, Ethica,
Propositio 35. Scholium] O homem é um animal social.
VIDE: ● Homo est animal sociale.
640. Homo solitarius aut deus, aut bestia. [Aristóteles,
Politica 1.12 / Rezende 2362] O homem solitário ou é
um deus ou uma fera. ● Homo solus aut Deus, aut
bestia. [Bernardes, Nova Floresta 1.264] O homem que
está só ou se assemelha a Deus ou a um animal.
641. Homo solus aut deus aut daemon. [Aristótelis /
Robert Burton, The Anatomy of Melancholy] O homem
solitário ou é um deus ou um demônio.
642. Homo sui iuris. [Codex Iustiniani 8.47.10.4] O
homem no gozo de seus direitos.
643. Homo sum, nihil a me alienum puto. [Pereira 114]
Sou um ser humano, acho que nada me é estranho.
■ Ninguém diga deste pão não comerei. ● Homo sum:
humani nil a me alienum puto. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 77] Sou um ser humano: nada humano
reputo estranho a mim. VIDE: ● Humani nihil a te
alienum putes.
644. Homo sum, id est, a natura hoc habeo ut errare et
hallucinari possim. [Grynaeus 518] Sou humano, isto
é, pela natureza tenho direito de errar e de sonhar.
645. Homo sum: quomodo devitabo secundarum rerum
invidiam? [DM 91] Sou humano: como evitarei invejar
a felicidade?
646. Homo tacere qui nescit, nescit loqui. O homem que
não sabe calar não sabe falar. ■ Quem não sabe calar
não sabe falar. VIDE: ● Loqui ignorabit, qui tacere
nesciet. ● Qui nescit tacere, nescit et loqui. ● Tacere
nescit idem, qui nescit loqui. ● Tacere qui nescit, et
nescit loqui.
647. Homo theoreticus. [Termo da filosofia] Homem que
cria teorias.
648. Homo totiens moritur, quotiens amittit suos.
[Publílio Siro] O homem morre tantas vezes quantas
perde um dos seus familiares. ● Homo totiens moritur
quotiens amittit amicos suos. [Bacon / Stevenson 897]
O homem morre tantas vezes quantas perde seus
amigos.
649. Homo tressis. [Erasmo, Adagia 1.8.11] Um homem
de três vinténs. (=Um homem de pouco valor). ● Homo
trioboli. [Erasmo, Adagia 1.8.10] Um homem de três
óbolos.
650. Homo trioboli. [Manúcio, Adagia 334] Homem de
pouco valor.
651. Homo trium litterarum. [Rezende 2366] O homem
das três letras. (=Ladrão, fur em latim). VIDE:
● Litterarum trium homo. ● Trium litterarum homo.
652. Homo typicus. Homem padrão.
653. Homo vanitati similis factus est; dies eius sicut
umbra praetereunt. [Vulgata, Salmos 143.4] O
homem se tem feito semelhante à vaidade; os seus dias
passam como sombra.
654. Homo versutus celat scientiam. [Vulgata,
Provérbios 12.23] O homem sagaz encobre o que sabe.
655. Homo videt in facie, Deus autem in corde. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 2.6.4] O homem vê na
face, mas Deus vê no coração. VIDE: ● Homo enim videt
ea quae parent, Dominus autem intuetur cor.
656. Homo vitae commodatus, non donatus est.
[Publílio Siro] O homem é cedido a este mundo por
empréstimo, e não por doação.
657. Homo vitam a suppliciis auspicatur. [Plínio Antigo,
Naturalis Historia 7.3, adaptado] O homem começa a
vida com sofrimentos.
658. Homo voluptati obsequens fuit dum vixit.
[Terêncio, Hecyra 460] Enquanto viveu, foi um homem
devotado ao prazer.
659. Homullus ex argilla et luto fictus. [Cícero, In
Pisonem 25] Um homenzinho feito de barro e lama.
VIDE: ● Homo luteus.
660. Homunculi quanti sunt! [Plauto, Captivi 51] Que
criaturas insignificantes são os homens!
661. Honesta dicta factis. [Plauto, Stichus 283] Honra
tuas palavras com tuas ações.
662. Honesta fama est alterum patrimonium. [Publílio
Siro] Uma reputação honrada é um segundo patrimônio.
■ Boa fama vale dinheiro. ■ Mais vale boa nomeada que
cama dourada. ■ Mais vale crédito na praça que
dinheiro na arca. ● Honesta fama melior pecunia est.
[Publílio Siro] Bom nome é melhor que dinheiro. VIDE:
● Bona existimatio pecuniis praestat. ● Bona opinio
hominum tutior pecunia est. ● Honestus rumor
alterum est patrimonium. ● Melius est nomen bonum
quam divitiae multae. ● Nomen bonum melius est
quam divitiae multae. ● Plus valet bonum nomen,
quam divitiae multae. ● Praeclarior est bona
existimatio quam pecunia. ● Si bona existimatio
divitiis praestat.
663. Honesta mors praestat turpi vitae. [Cornélio
Nepos, Chabrias 4.3, adaptado] Mais vale morte
honrada do que vida vergonhosa. ■ Antes morte que
vergonha. ■ Mais vale perder-se o homem que o nome.
● Honesta mors turpi vita potior. [Tácito, Agricola 33]
VIDE: ● Honestam mortem vitae turpi praefero.
● Improba vita mors optabilior.
664. Honesta non sunt omnia quae licent. [Jur] Nem
tudo que é permitido é honesto. ■ Nem tudo que é legal é
moral. VIDE: ● Honestum non est semper quod licet.
● Neque enim quidquid licet et decet. ● Non omne
quod licet honestum est. ● Non omne licitum
honestum.
665. Honesta paupertas prior quam opes malae.
[Apostólio Paroimiai 11.2] Antes pobreza honrada que
riqueza desonesta. ■ Antes pobre honrado que rico
ladrão.
666. Honesta quaedam scelera successus facit. [Sêneca,
Hippolytus 598] O sucesso torna respeitáveis certos
delitos.
667. Honesta res est laeta paupertas. [Epicuro / Sêneca,
Epistulae Morales 2.5] A pobreza feliz é coisa honrosa.
668. Honesta semper publico gaudeant, scelera secreta
sint. [Minúcio Félix, Octavius 10] Que os atos dignos
apreciem a publicidade; que os crimes sejam secretos.
669. Honesta te ipsum. Respeita a ti mesmo.
670. Honesta turpitudo est pro causa bona. [Publílio
Siro] É respeitável o crime realizado por uma causa
honesta. ■ Os fins justificam os meios.
671. Honestam mortem vitae turpi praefero. [Publílio
Siro] Prefiro a morte honrosa à vida vergonhosa. ■ Antes
morte que vergonha. VIDE: ● Honesta mors praestat
turpi vitae. ● Honesta mors turpi vita potior.
● Improba vita mors optabilior.
672. Honestas aliquando cum utilitate pugnat. Às vezes,
a honestidade disputa com o lucro.
673. Honestatem acquire. [Tales de Mileto / Rezende
2372] Adquire boa reputação. ■ Ganha boa fama e
deita-te na cama.
674. Honestatem exerce. [Bias / Rezende 2373] Pratica a
virtude.
675. Honestatem laedes, cum pro indigno petes.
[Publílio Siro] Prejudicas o homem virtuoso quando
intervéns em favor do indigno. VIDE: ● Honestum laedis
cum pro indigno intervenis.
676. Honeste natos non decet male vivere. [Publílio Siro]
Conduzir-se mal é indigno de pessoas de família
respeitável.
677. Honeste parcas improbo, ut parcas probo. [Publílio
Siro] Será correto poupar um homem desonesto para
poupar um homem virtuoso.
678. Honeste pauperem esse melius est quam iniuste
divitem. É melhor ser pobre com honra do que rico com
desonra. ■ Antes pobre honrado que rico ladrão. VIDE:
● Potius est honeste pauperem esse quam divitem
male.
679. Honeste quaedam accipitur, quae non honeste
petitur. [Rezende 2374] Aceitam-se com dignidade
certas coisas que não é digno pedir.
680. Honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique
tribuere. [Digesta 1.1.10.1; Institutiones 1.1.3] Viver
honradamente, não prejudicar ninguém, dar a cada um o
seu. VIDE: ● Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere,
alterum non laedere, suum cuique tribuere.
681. Honesti nulla satietas. [Pereira 114] Não há
saciedade do que é honesto. ■ O bem nunca enfada. VIDE:
● Nulla satietas rerum honestarum. ● Rerum
honestarum nulla satietas.
682. Honestior est qui senectutem ad otium rettulit,
quam qui in senectutem venit et tunc incipiat
laborare. [DM 88] É mais correto quem dedica a
velhice ao ócio do que quem chega à velhice e só então
começa a trabalhar.
683. Honestius est cum iudicaveris amare, quam cum
amaveris iudicare. [DM 48] É mais digno amar,
quando se julga, do que julgar, quando se ama.
684. Honestum ei vile est, cui corpus nimis carum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 14.2] A virtude tem pouco
valor para aquele que valoriza muito o corpo.
685. Honestum est parce, continenter, severe, sobrie
vivere. [Cícero, De Officiis 1.106, adaptado] Viver
honradamente é viver com moderação, comedidamente,
com rigor e sobriedade.
686. Honestum laedis cum pro indigno intervenis.
[Publílio Siro] Prejudicas o homem virtuoso quando
intervéns em favor do indigno. VIDE: ● Honestatem
laedes, cum pro indigno petes.
687. Honestum non est semper quod licet. [Stevenson
1366] Nem sempre o que é permitido é honroso. ■ Nem
tudo que é legal é moral. VIDE: ● Honesta non sunt
omnia quae licent. ● Neque enim quidquid licet et
decet. ● Non omne quod licet honestum est. ● Non
omne licitum honestum.
688. Honestum omne securum est, tranquillum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 66] Tudo que é honrado não
causa preocupação e é tranqüilo.
689. Honestum praefero utili. [Divisa] Prefeiro o honesto
ao vantajoso.
690. Honestus rumor alterum est patrimonium.
[Publílio Siro] Uma reputação honrada é um segundo
patrimônio. ■ Boa fama vale dinheiro. ■ Mais vale boa
fama que dourada cama. ■ Mais vale crédito na praça
que dinheiro na arca. VIDE: ● Bona existimatio pecuniis
praestat. ● Bona opinio hominum tutior pecunia est.
● Honesta fama est alterum patrimonium. ● Melius
est nomen bonum quam divitiae multae. ● Nomen
bonum melius est quam divitiae multae. ● Plus valet
bonum nomen, quam divitiae multae. ● Praeclarior
est bona existimatio quam pecunia. ● Si bona
existimatio divitiis praestat.
691. Honor aeque onerat ac ornat. A glória tanto pesa
como honra.
692. Honor alit artes. É a glória que alimenta as
atividades humanas. VIDE: ● Honos alit artes. ● Laus alit
artes.
693. Honor enim virtuti debetur. Deve-se a glória à
coragem. VIDE: ● Gloria virtuti debetur. ● Vera laus
verae virtuti debetur. ● Virtuti debetur laus. ● Virtuti
debetur honor.
694. Honor est honorantis, non honorati. [Binder,
Thesaurus 1335] A homenagem é de quem a faz, não do
homenageado. .■ Quem honras faz, cortesias merece.
VIDE: ● Honorans alios, se ipsum honorat. ● Omnibus
obsequium praestabis, ut omnis honoret te bonus, a
nullo dedecoreris malo. ● Qui honorat, seipsum
honorat.
695. Honor est maximum bonorum exteriorum.
[Rezende 2378] A honra é o maior dos bens exteriores.
696. Honor et patria. [Divisa] Honra e pátria.
697. Honor et virtus. [Divisa] Honra e virtude.
698. Honor fugientem sequitur, sequentem fugit. A
glória persegue quem dela foge, e foge de quem a
persegue. VIDE: ● Fugit gloria sequentem et sequitur
fugientem. VIDE: ● Quo minus petebat gloriam, eo
magis illum assequebatur.
699. Honor malis exhibitus in eorum commutatur
ruinam. [S.Gregório / Rezende 2383] A glória dada aos
maus transforma-se na perdição deles. ■ Honras não
merecidas são opróbrios.
700. Honor qui de amore non venit, non honor, sed
adulatio est. O elogio que não vem da amizade não é
elogio, mas adulação.
701. Honor regis iudicium diligit. [Vulgata, Salmos 98.4]
A honra do rei está em amar a justiça.
702. Honor virtutis praemium. A glória é o prêmio da
coragem. ● Honor virtutem sequitur. A glória
acompanha a coragem. VIDE: ● Honos praemium
virtutis.
703. Honora diis bonis ut faveant, diis malis ne noceant.
Honra os deuses bons para que te favoreçam, e os
deuses maus para que não te prejudiquem.
704. Honora Dominum. Honra ao Senhor. ● Honora
Dominum de tua substantia, et de primitiis omnium
frugum tuarum da Ei. [Vulgata, Provérbios 3.9] Honra
ao Senhor com a tua fazenda, e dá-Lhe das primícias de
todos os teus frutos.
705. Honora medicum propter necessitatem: etenim
illum creavit Altissimus. [Vulgata, Eclesiástico 38.1]
Honra o médico, porque ele é necessário; porque o
Altíssimo o criou.
706. Honora patrem tuum et matrem tuam. [Vulgata,
Êxodo 19.12] Honra teu pai e tua mãe. ● Honora
patrem et matrem.
707. Honorabile connubium in omnibus, et torus
immaculatus. Fornicatores enim, et adulteros
iudicabit Deus. [Vulgata, Hebreus 13.4] Seja por todos
tratado com honra o matrimônio e o leito sem mácula.
Porque Deus julgará aos fornicários e aos adúlteros.
708. Honorans alios, se ipsum honorat. Quem respeita os
outros respeita a si mesmo. ■ Quem honras faz, cortesias
merece. VIDE: ● Honor est honorantis, non honorati.
● Qui honorat, seipsum honorat.
709. Honoratur arbor ob umbram. [Bebel, Adagia
Germanica / DAPR 80] Respeita-se a árvore por causa
de sua sombra. ■ Quem a boa árvore se chega, boa
sombra o cobre. VIDE: ● Arbor honoretur, cuius nos
umbra tuetur.
710. Honorem acquiret qui dat munera. Ganhará
homenagens quem dá presentes. ■ Bolsa aberta ganha
cidades. VIDE: ● Victoriam et honorem acquiret qui
dat munera; animam autem aufert accipientium.
711. Honorem et imperium si vis habere, dabo tibi
magnum: impera tibi. [S.Beda, Proverbiorum Liber]
Se queres ter glória e poder, dar-te-ei um grande:
governa a ti mesmo. VIDE: ● Imperare sibi maximum
imperium est. ● Sibi imperare est imperiorum
maximum. ● Vis habere honorem? dabo tibi
magnum imperium: impera tibi.
712. Honores onera. [Binder, Thesaurus 1337]
Homenagens recebidas são fardos.
713. Honores iniuriaeque vulgi in promiscuo habendae.
[Sêneca, De Constantia 19.1] As honras e as injúrias do
vulgo devem ser consideradas iguais.
714. Honores mutant mores. [Albertatius 556] As honras
mudam o comportamento. ■ O sucesso muda a natureza
dos homens. ■ O poder corrompe. ■ Quando o vilão está
rico, não conhece parente nem amigo. ● Honores
mutant mores, sed raro in meliores. [Rezende 2380]
As honras transformam os caracteres, mas raramente
para melhores. ● Honores mutant mores, at non saepe
in meliores. [Pensées d'Oxenstirn 1.131] VIDE:
● Immutant mores hominis cum dantur honores.
715. Honores praebet pecunia. Dinheiro concede honras.
■ Dinheiro dá senhoria. ■ Com dinheiro à vista, toda
gente é benquista.
716. Honori comes invidia est. A inveja é companheira da
glória. ■ A inveja sempre atina lugares altos.
717. Honoris causa. A título de homenagem.
718. Honorum caeca cupido. [Lucrécio, De Rerum
Natura 3.59] O cego desejo de glórias.
719. Honos alit artes. [Cícero, Tusculanae Disputationes
1.2.4] É a glória que alimenta as atividades humanas.
VIDE: ● Honor alit artes. ● Laus alit artes.
720. Honos est maximus honorum. A honra é a maior
das glórias.
721. Honos habet onus. [Rezende 2385] A glória pesa.
■ Não se tomam trutas a bragas enxutas. ■ Não se ganha
boa fama em cama de penas.
722. Honos honestum decorat, inhonestum notat.
[Publílio Siro] A glória dignifica o honesto e infama o
desonesto. ■ Honras não merecidas são opróbrios.
723. Honos praemium virtutis. [Aristóteles / Cícero, De
Oratore 281] A glória é o prêmio da coragem. VIDE:
● Honor virtutis praemium.
724. Hora brevis amici, lenta onerosi. [Inscrição em
relógio de sol] Passa rápida a hora do amigo, e lenta a
do importuno.
725. Hora decubitus. À hora de deitar-se.
726. Hora fugit. [Inscrição em relógio de sol] O tempo
foge. ● Hora fugit, stat ius. [Inscrição em relógio de
sol] O tempo foge, mas o direito permanece. VIDE:
● Fugit hora. ● Horae volant.
727. Hora iam praeteriit. [Vulgata, Mateus 14.15] A hora
é já adiantada.
728. Hora novissima. [Ovídio, Metamorphoses 4.156] A
hora extrema. (=A hora da morte).
729. Hora pro nobis. [Inscrição em relógio de sol] Esta
hora é para nós. VIDE: ● Ora pro nobis.
730. Hora quota est? [Horácio, Sermones 2.6.44] Que
horas são? VIDE: ● Quota hora est?
731. Hora ruit, venit mors. O tempo passa veloz; a morte
se aproxima.
732. Hora saepe reddidit una, quod decennium abstulit.
[Publílio Siro] Muitas vezes uma única hora nos
devolveu o que um decênio nos tirou. ■ O que não
acontece num ano acontece num minuto.
733. Hora sit optima cunctis. [Inscrição em quadrante
solar] Seja este momento muito bom para todos.
734. Hora stat ad imperium solis. [Inscrição em
quadrante solar] A hora obedece a lei do sol.
735. Hora statuta. Na hora marcada.
736. Horae canonicae. [Da liturgia católica] As horas
canônicas. (=Partes em que se divide a recitação do
ofício divino).
737. Horae cedunt et dies et menses et anni, nec
praeteritum tempus unquam revertitur, nec quid
sequatur sciri potest. [Cícero, De Senectute 19] As
horas passam, e os dias, e os meses, e os anos, e o
tempo passado nunca retorna, nem se pode saber o que
vai acontecer.
738. Horae momento cita mors venit, aut victoria laeta.
[Horácio, Sermones 1.1.7] No espaço de uma hora, ou
vem a rápida morte ou a jubilosa vitória.
739. Horae subsicivae. As horas desocupadas. As horas
perdidas. As horas de descanso. ● Horae vacivae.
740. Horae volant. [Inscrição em relógio] As horas voam.
VIDE: ● Fugit hora. ● Hora fugit.
741. Horam dum petis, ultimam para. [Inscrição em
relógio] Ao me perguntares a hora, prepara-te para a
última.
742. Horam sole nolente nego. [Inscrição em relógio de
sol] Quando o sol não quer, eu não dou a hora.
743. Horas non numero nisi bonas. [Inscrição em
relógio] Só conto as horas felizes.
744. Horas non numero nisi serenas. [Incrição comum
em relógios solares / Dengg 10] Só marco as horas
felizes. ● Horas ne numerem nisi serenas. Desejo
contar somente tempos felizes. VIDE: ● Nullas horas nisi
serenas.
745. Horis omnibus nemo sapit. [Pereira 114] ■ Ninguém
é sábio o tempo todo. ■ Ninguém acerta sempre. VIDE:
● Nemo hominum quavis sapiens reperitur in hora.
● Nemo mortalium omnibus horis sapit. ● Nemo
mortalium cunctis horis sapit. ● Nemo omnibus horis
sapit.
746. Horrea formicae tendunt ad inania nunquam:
nullus ad amissas ibit amicus opes. [Ovídio, Tristes
1.9.9] As formigas nunca andam por celeiros vazios:
assim, também nenhum amigo procurará riquezas
perdidas. ■ Amigos de bom tempo mudam-se com o
vento.
747. Horrescit gelidas felis adustus aquas. [Pereira 106]
O gato que se queimou tem medo até de água fria.
■ Gato escaldado tem medo de água fria. ■ Cachorro
mordido de cobra tem medo de lingüiça. VIDE: ● Felis
aqua calida perfusus callidus exit: fit cautus, gelidam
dum fugit, ipse cattus! ● Igne semel tactus, timet
ignem postmodo cattus. ● Qui semel effugit
naufragus, horret aquas. ● Tranquillas etiam
naufragus horret aquas.
748. Horresco referens. [Virgílio, Eneida 2.204]
Horrorizo-me ao narrar.
749. Horret quisque adire locum ubi laesus est. Temos
pavor de voltar ao lugar onde fomos feridos.
750. Horribile dictu. Horrível de ser contado.
751. Horribilis visu. Horrível de ser visto.
752. Horror vacui. O horror do vazio.
753. Hortus siccus. Um jardim seco. (=Um herbário).
754. Hos ego versiculos feci; tulit alter honores: sic vos
non vobis nidificatis, aves; sic vos non vobis vellera
fertis, oves; sic vos non vobis mellificatis, apes; sic
vos non vobis fertis aratra, boves. [Inscrição atribuída
a Virgílio] Fui eu que compus esses versinhos, mas
outro levou a glória. Assim não é para vós que fazeis
vossos ninhos, ó aves; assim não é para vós que levais
vossa lã, ó ovelhas; assim não é para vós que produzis
mel, ó abelhas; assim não é para vós que puxais o arado,
ó bois. VIDE: ● Tulit alter honores.
755. Hos itaque Deus quos probat, quos amat, indurat,
recognoscit, exercet. [Sêneca, De Providentia 4.7]
Deus fortalece, examina e disciplina aqueles a quem Ele
aprova, a quem Ele ama.
756. Hos successus alit: possunt, quia posse videntur.
[Virgílio, Eneida 5.231] O sucesso os alimenta: podem,
porque parece poderem. VIDE: ● Possunt quia posse
videntur.
757. Hos tu otiosos vocas, inter pectinem speculumque
occupatos? [Sêneca, De Brevitate Vitae 12.3] Chamas
de ociosos justamente a esses que estão ocupados entre
o pente e o espelho?
758. Hospes, ad hunc tumulum ne meias. [Inscrição em
túmulo] Visitante, neste túmulo não urines. VIDE: ● Puer,
sacer est locus; extra mingito. ● Pueri, sacer est
locus; extra meite.
759. Hospes an hostis eras? [Ovídio, Heroides 17.12]
Eras hóspede ou inimigo?
760. Hospes et piscis tertio quoque die odiosus est.
[Pereira 115] ■ O hóspede e o peixe no terceiro dia
aborrecem. ■ Hóspede e pescada, aos três dias enfada.
VIDE: ● Hospes nullus tam in amici hospitium deverti
potest, quin, ubi triduum continuum fuerit, iam
odiosus siet. ● Post tres dies piscis vilescit et hospes.
● Post tres saepe dies vilescit piscis et hospes. ● Post
triduum hospes fastidit. ● Post tres saepe dies vilescit
piscis et hospes, ni sale conditus vel sit specialis
amicus.
761. Hospes, hostis. [Rezende 2394] Estrangeiro, inimigo.
(=Máxima política antiga).
762. Hospes implenus abeat. [Medina 595] ■ Hóspede de
mão vazia ande la via. ● Hospes impensus abeat.
[Pereira 107] Hóspede que dá despesa, que vá embora.
763. Hospes iucundus prandia grata facit. Hóspede
amável torna agradáveis os almoços.
764. Hospes non hospes sit semper. [Schottus, Adagia
601] Não seja o hóspede sempre hóspede. ■ Aonde te
querem muito, não vás a miudo.
765. Hospes nullus tam in amici hospitium deverti
potest, quin, ubi triduum continuum fuerit, iam
odiosus siet. [Plauto, Miles Gloriosus 739] Não há
visitante recebido na hospitalidade do amigo que, se
ficar três dias seguidos, não se torne odioso. ■ Hóspede
e peixe, com três dias fede. VIDE: ● Post tres dies piscis
vilescit et hospes. ● Post tres saepe dies vilescit piscis
et hospes, ni sale conditus vel sit specialis amicus.
● Post tres saepe dies vilescit piscis et hospes. ● Post
triduum hospes fastidit.
766. Hospes ubi fur est, durum subducere quidquam.
[Binder, Thesaurus 1343] Quando o dono da casa é
ladrão, é difícil furtar qualquer coisa. ■ Ladrão não furta
ladrão.
767. Hospitalitatem nolite oblivisci. [Vulgata, Hebreus
13.2] Não vos esqueçais da hospitalidade.
768. Hospite insalutato. (Entrar/Sair) sem cumprimentar
o dono da casa. VIDE: ● Insalutato hospite abiit.
● Insalutato hospite.
769. Hostem in se nutrit qui filiis nimis indulget. Cria
um inimigo para si quem é excessivamente indulgente
com os filhos. ■ Pai indulgente, filho desobediente.
770. Hostes domestici, quam alienigenae nocentiores.
Os inimigos de dentro de casa são mais perigosos que
os de fora. ■ Pior é fingido amigo do que declarado
inimigo.
771. Hostes humani generis. Inimigos da raça humana.
VIDE: ● Hostis humani generis.
772. Hostes non dormiunt. Os inimigos não dormem.
■ Quem tem inimigo não dorme.
773. Hostes sunt qui nobis vel quibus nos bellum
decernimus; ceteri proditores vel praedones sunt.
[Jur / Coke / Black 905] Inimigos são aqueles a quem
nós declaramos ou que nos declararam guerra; os
demais são traidores ou piratas.
774. Hosti etiam servanda fides. Deve-se manter a
palavra até para o inimigo.
775. Hosti non solum dandam esse viam fugiendi
verum etiam muniendam. [Cipião Africano / Tosi
1248; Stevenson 684] Ao inimigo não só deve-se dar a
estrada para fugir, como até construir. ■ A inimigo que
foge, ponte de prata. ● Hostibus fugientibus pontem
argenteum exstruendum esse. [Erasmo,
Apophthegmata 8] Aos inimigos que fogem deve-se
contruir uma ponte de prata. VIDE: ● Qua fugiunt hostes,
via munienda est. ● Via hostibus munienda, qua
fugiant.
776. Hosti portas aperire. Abrir os portões ao inimigo.
■ Deixar o lobo entrar no aprisco.
777. Hostibus infestus, subiectis esto modestus. Sê hostil
para com os inimigos e moderado para com os
submissos.
778. Hostili in bello dominatur dextera fortis.
[Columbano] Na guerra aos inimigos manda a mão
forte.
779. Hostimentum est opera pro pecunia. [Erasmo,
Adagia 2.4.14] É uma compensação: o trabalho pelo
dinheiro. ■ Tal trabalho, tal salário. VIDE: ● Nusquam
nec opera sine emolumento, nec emolumentum
ferme sine impensa opera est. ● Par pari datum
hostimentum est, opera pro pecunia.
780. Hostis adest, eia! [Virgílio, Eneida 9.38] Vamos, o
inimigo está aqui!
781. Hostis est quisquis mihi non monstrat hostem.
[Sêneca, Hercules Furens 1166] É meu inimigo todo
aquele que não me mostra o inimigo. ■ Arrenego do
amigo que me encobre o inimigo.
782. Hostis est uxor, invita quae ad virum nuptum
datur. [Plauto, Stichus 145] A mulher dada contra sua
vontade em casamento a um homem se torna sua
inimiga.
783. Hostis, etiam si vilis, nunquam contemnendus.
[DAPR 275] Nunca se deve desprezar um inimigo, por
mais fraco que seja. ■ Não há pequeno inimigo. ■ Tolo é
quem cuida que o seu inimigo descuida. ■ Despreza teu
inimigo, serás logo vencido. VIDE: ● Hostis nunquam
contemnendus.
784. Hostis honor invidia. A inveja de um inimigo é uma
honra.
785. Hostis honori invidia. [Divisa] A inveja é inimiga da
honra.
786. Hostis hosti raro bene loquitur. [Bebel / Eiselein
165] Um inimigo raramente fala bem com outro. ■ Dois
bicudos não se beijam.
787. Hostis humani generis. [Eutrópio, Breviarium 8.15]
Um inimigo da raça humana. VIDE: ● Hostes humani
generis.
788. Hostis nunquam contemnendus. [Pereira 102]
Nunca se deve desprezar um inimigo. ■ Não há pequeno
inimigo. ■ Tolo é quem cuida que o seu inimigo
descuida. ■ Despreza teu inimigo, serás logo vencido.
● Hostis nunquam spernendus. VIDE: ● Hostis, etiam si
vilis, nunquam contemnendus.
789. Hostium dona non dona, nec utilia. [Sófocles /
Schottus, Adagia 216] Dádivas de inimigos não são
dádivas, nem são úteis. ■ Dádiva de ruim a seu dono se
parece. ● Hostium dona non sunt dona. Dádivas de
inimigos não são dádivas. ● Hostium munera non sunt
munera. [Erasmo, Adagia 1.3.35] ● Hostium munera,
non munera. [Manúcio, Adagia 132] VIDE: ● Dona
inimicorum veneno illita sunt. ● Donum inimicorum
veneno illitum. ● Inimicorum dona infausta. ● Laedit,
iuvat nil improbi munus viri. ● Suspecta malorum
beneficia. ● Timeo Danaos, et dona ferentes.
790. Huc et illuc. Para cá e para lá. Em todas as direções.
791. Huc illuc trahit invitum potens. [Schrevelius 1174]
O poderoso puxa o relutante de um lado para o outro.
792. Huc usque nec amplius. Até lá, não mais além. Só
até lá.
793. Huc venite, pueri, ut viri sitis. [Divisa da Phillips
Exeter Academy] Vinde para cá, meninos, para serdes
homens. ● Huc venite, pueri, ut exeatis viri. Vinde
para cá, meninos, para saiais homens.
794. Hucusque auxiliatus est nobis Dominus. [Vulgata,
1Reis 7.12] Até aqui nos socorreu o Senhor.
795. Hucusque, nec amplius. Até aqui, mas não além.
VIDE: ● Ibi deficit orbis. ● Ne plus ultra. ● Nec plus
ultra. ● Non plus ultra. ● Non ultra.
796. Huic decet statuam statui ex auro. [Plauto,
Bacchides 639] A esse homem convém ser erigida uma
estátua de ouro.
797. Huic qui laborat, Numen adesse assolet. [Grynaeus
367] ■ Deus ajuda a quem trabalha. ■ Deus ajuda a
quem se ajuda. ■ A Deus rogando e com o maço dando.
■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará. VIDE: ● Ad opus
manum admovendo fortunam invoca. ● Adesse
gaudet, sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva et
manum move. ● Cum Minerva manus etiam move.
● Cum Minerva manum quoque move. ● Dii facientes
adiuvant. ● Deus facientes adiuvat. ● Fac aliquid ipse,
deinde Numen invoca. ● Fac interim aliquid ipse,
dein deos voca. ● Manum admoventem Deum
quemvis invocare debere. ● Manum admoventi
fortuna est imploranda. ● Manum admoventi fortuna
est invocanda. ● Manum admoventi sunt vocanda
numina. ● Minerva auxiliante, manum etiam
admove. ● Nulla preces numina flectunt ignavorum.
● Nunc ipse quid peragito, dein deos voca. ● Nunc
ipse quid peragito, dein Deum voca. ● Quisquis
laborat, huic manum praebet Deus. ● Sine opera tua,
nihil di facere possunt.
798. Huius enim facta, illius dicta laudantur. [Cícero,
De Amicitia 10] Deste, elogiam-se as ações, daquele, as
palavras.
799. Huius mundi decus et gloria quam sint falsa et
transitoria! [Tosi 535] Como são falsas e passageiras
as honras e a glória deste mundo!
800. Humana consilia divinitus gubernantur. [Erasmo,
Chiliades 129] As decisões humanas são governadas
pela vontade divina. ■ O homem se agita, mas Deus o
conduz. ■ O homem propõe, e Deus dispõe. VIDE:
● Homo proponit, sed Deus disponit.
801. Humana consilia vana. Os projetos dos homens são
inúteis.
802. Humana cuncta sic vana. [Rezende 2404] Assim
todas as coisas humanas acabam em nada.
803. Humana vita nihil fragilius, nihil fugacius, nihil
inanius. [Grynaeus 712] Nada mais frágil, nada mais
fugaz, nada mais vazio que a vida humana. VIDE:
● Homo bulla est.
804. Humanae superos nunquam tetigere querelae.
[Claudiano, Ad Familiares, Deprecatio ad Hadrianum 9]
As queixas dos homens nunca tocaram os deuses.
805. Humani casus ancipites. As sortes dos homens são
enganadoras.
806. Humani generis mores tibi nosse volenti sufficit
una domus. [Juvenal, Satirae 13.159] A ti, que queres
conhecer os costumes da raça humana, basta conhecer
uma única casa. ■ Pela amostra se conhece o pano.
807. Humani nihil a te alienum putes. [Branco 148] Não
julgues nada humano alheio a ti. ■ Ninguém pode dizer
desta água não beberei. VIDE: ● Homo sum, nihil a me
alienum puto. ● Homo sum: humani nil a me alienum
puto.
808. Humaniorem sententiam pro duriore eligimus.
[Codex Iustiniani 7.71.8.1] Preferimos a sentença mais
benigna à mais rigorosa.
809. Humanitas et gratior et tutior. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 3.15 / Rezende 2405] A cortesia é mais
agradável e mais segura. O melhor e o mais seguro é
tratar bem a todos. ■ Gentileza gera gentileza. ■ Cortesia
de boca muito vale e pouco custa.
810. Humanitati qui se non accomodat, plerumque
poenas oppetit superbiae. [Fedro, Fabulae 3.16.1]
Quem não se adapta à cortesia geralmente paga a pena
da soberba.
811. Humanitatis optima est certatio. [Publílio Siro] A
melhor disputa é a que tem por objeto fazer o bem.
812. Humanius est deridere vitam quam deplorare.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 15.2] É muito melhor
para o homem rir da vida que deplorá-la.
813. Humanum amare est, atque id vi obtingit deum.
[Plauto, Mercator 320] Amar é humano; e nos acontece
pela força dos deuses.
814. Humanum amare est, humanum autem ignoscere
est. [Plauto, Mercator 316] Amar é humano, perdoar
também é humano.
815. Humanum enim est peccare, diabolicum vero
perseverare. [S.João Crisóstomo / Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 30] Pecar é humano, mas
perseverar no pecado é diabólico. ■ Humano é pecar,
diabólico perseverar. ● Humanum est peccare,
diabolicum est in peccatis durare. ● Humanum est
peccare, sed perseverare diabolicum. [Grynaeus 518]
VIDE: ● Errare humanum est, perseverare autem
diabolicum.
816. Humanum est errare. ■ Errar é humano.
● Humanum est errare, sed diaboli in errore
perseverare. Errar é dos homens, mas perseverar no
erro é do diabo. VIDE: ● Errare humanum est. ● Errare
humanum est, ignoscere divinum. ● Errasse
humanum est et confiteri errorem prudentis.
● Hominis est errare.
817. Humanum facinus factum est: actutum fortunae
solent mutari; varia vita est. [Plauto, Truculentus 217]
As coisas humanas são assim: a sorte costuma mudar
num piscar de olhos; a vida é inconstante.
818. Humanum fuit errare, diabolicum est per
animositatem in errore manere. [S.Agostinho,
Sermones 164.14] Foi humano errar; é diabólico
persistir no erro por teimosia.
819. Humanum genus est avidum nimis auricularum.
[Lucrécio, De Rerum Natura 4.597] A raça humana é
insaciável de ouvir novidades.
820. Humanum in terris nihil est quod non sit
humandum: avolat hinc animus, cetera sorbet
humus. [John Owen, Epigrammata 7.69] Nada há na
terra que não deva ser enterrado: o espírito parte daqui
voando; o que sobra a terra engole.
821. Humanum paucis vivit genus. [Lucano, Pharsalia
5.343] A raça humana vive pela obra de uns poucos.
822. Humilem Deus protegit et liberat. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 2.2.9] Deus protege e
liberta o homem humilde.
823. Humiles laborant ubi potentes dissident. [Fedro,
Fabulae 1.30.1] Os pequenos sofrem quando os
poderosos se desentendem. VIDE: ● Homines laborant,
ubi potentes dissident. ● Mala publica in plebem
recidunt.
824. Humilia te in omnibus. [Vulgata, Eclesiástico 3.20]
Humilha-te em todas as coisas.
825. Humilis a nulla capitur passione, non ira hunc
molestare potest, non gloriae cupido. [S.Boaventura /
Rezende 2410] O humilde não pode ser apanhado por
nenhuma paixão, nem a ira pode molestá-lo, nem
mesmo o desejo de glória.
826. Humilis et inertis est tuta sectari; per alta virtus it.
[Sêneca, De Providentia 5.9] O humilde e o tímido
costumam seguir caminhos seguros; a coragem,
caminhos elevados.
827. Humilis nec alte cadere, nec graviter potest.
[Publílio Siro] Quem está em baixo nem pode cair
fundo nem com perigo. ■ Raio não cai em pau deitado.
VIDE: ● Excelsis multo facilius casus nocet.
828. Humilitas. [Divisa] Humildade.
829. Humilitate gaude, altitudo enim eius firma est, nec
ruere potest. [S.Nilo / Bernardes, Nova Floresta 5.264]
Alegra-te com a humildade, porque as suas iminências
são seguras e não podem padecer ruína. VIDE:
● Nunquam humilis labitur, nam unde labi posset,
qui sub omnibus est?
830. Humilius sed tutius. [Binder, Medulla 683] É mais
humilde, porém mais seguro.
831. Humum ore mordere. [DAPR 543] Morder o pó.
VIDE: ● Mandit humum.
832. Hunc amat, hunc vultu spectat fortuna benigna,
cui natura prius dira noverca fuit. [Pereira 96] Uma
sorte bondosa agora ama e protege aquele a quem antes
a natureza tinha sido uma terrível madrasta. ■ Aos bobos
aparece Santa Maria.
833. Hunc laborem sumas laudem qui tibi ac fructum
ferat. [Lucílio] Aceita aquela tarefa que te traga glória e
proveito.
834. Hunc tu caveto. Cuidado com ele.
835. Hydra multorum capitum. Hidra de muitas cabeças.
(=O povo; a multidão).
836. Hydria farinae non deficiet, nec lecythus olei
minuetur. [Vulgata, 3Reis 17.14] A farinha que está na
panela não faltará, nem se diminuirá na almotolia o
azeite.
837. Hydria tam diu ad fontem portatur, donec vel
tandem frangatur. [Bebel, Adagia Germanica] O pote
tantas vezes é levado à fonte até que finalmente se
quebra. ■ Tantas vezes vai o pote à fonte que uma vez lá
fica. ■ Tanto vai o pote à bica que um dia lá fica.
■ Desgraça de pote é caminho de riacho. VIDE:
● Amphora quae saepius petit fontem valde
periclitatur. ● Cantharus assidue gestatus perdidit
ansam. ● Frangitur assidua fictilis urna via. ● Casus
quem saepe transit, aliquando invenit. ● Frangitur
assidua fictilis urna via. ● Ollula tam crebro fertur
ad aquam, quod fracta refertur. ● Quem saepe
transit casus aliquando invenit. ● Qui omnibus se
periculis exponit, vel tandem periclitabitur.
838. Hymettia nova, Falerna vetera. [Pereira 110] ■ Mel
novo, vinho velho. (=Himeto, montanha da Ática,
famosa pelo mel de suas abelhas; Falerno, cantão da
Campânia, célebre por seu vinho). VIDE: ● Nova
Hymettia, Falerna vetera.
839. Hymnum cantemus Domino, hymnum novum
cantemus Deo nostro. [Vulgata, Judite 16.15]
Cantemos um hino ao Senhor, cantemos um novo hino
ao nosso Deus. VIDE: ● Cantate Domino canticum
novum; cantate Domino omnis terra. ● Cantate
Domino canticum novum, quia mirabilia fecit.
● Novum canamus canticum.
840. Hypocrita graece dicitur, latine simulator. Em
grego se diz hipócrita, em latim, simulador.
841. Hypocrita non appetit sanctus esse, sed vocari. O
hipócrita não deseja ser santo, mas ser chamado de tal.
842. Hypocrita putat sua opera perdidisse, si a nemine
conspiciatur. O hipócrita acha que perdeu seu trabalho,
se não é observado por ninguém.
843. Hypocrita vivit aliis, et sibi moritur. O hipócrita
vive para os outros, mas morre para si.
844. Hypocritae volunt haberi pii. Os hipócritas querem
ser considerados virtuosos.
845. Hypotheses non fingo. [Isaac Newton, Leges Motus,
Scholium Generale] Não trabalho com hipóteses. VIDE:
● Rationem vero harum gravitatis proprietatum ex
phænomenis nondum potui deducere, et hypotheses
non fingo.
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DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

I1: 1-200
1. I, bone, quo virtus tua te vocat, i pede fausto grandia
laturus meritorum praemia. [Horácio, Epistulae
2.2.37] Vai, meu caro, para onde teu valor te chama,
vai, com passo favorecido pelos deuses, buscar altas
recompensas para teus serviços.
2. I foras, mulier! [Plauto, Casina 111] Cai fora, mulher!
3. I in malam crucem! [Terêncio, Phormion 368] Vai
para a cruz! ■ Vai para o inferno! ● I in crucem!
[Plauto, Asinaria 940] Vai daqui para a tortura!
4. I in malam rem! [Plauto, Poenulus 294] Vai para a má
sórte. ■ Vai para o inferno! VIDE: ● Abi in malam rem.
● Aufer te in malam rem. ● Ito in malam rem.
5. I nunc et versus tecum meditare canoros. [Horácio,
Epistulae 2.2.76] Vai agora, e medita versos
harmoniosos.
6. I, piger, ad formicam. [Pereira 121] Vai ter com a
formiga, ó preguiçoso. ■ Segue a formiga, viverás com
fadiga. VIDE: ● Vade ad formicam, o piger.
7. I secundo omine. [Horácio, Carmina 3.11] Avança, e
que a sorte te favoreça.
8. Iacens hereditas. [Jur / Black 1016] Herança jacente.
(=Herança cujos herdeiros não são conhecidos). VIDE:
● Hereditas iacens.
9. Iacet enim corpus dormientis ut mortui; viget autem
et vivit animus. [Cícero, De Divinatione 1.30.63] O
corpo do que dorme jaz como o de um morto, mas o
espírito funciona e vive.
10. Iacet omnis virtus, fama nisi late patet. [Publílio
Siro] Todo mérito fica oculto, se a fama não o espalha.
11. Iacta alea est! [Suetônio, Vita Divi Iuli 32] O dado
está lançado! ■ A sorte está lançada! ■ Seja o que Deus
quiser! ● Iacta sit alea. [Apostólio 3.32] Que o dado
seja lançado. VIDE: ● Alea iacta est. ● Alea iacta esto.
● Omnem iacere aleam.
12. Iacta super Dominum curam tuam, et Ipse te
enutriet. [Vulgata, Salmos 54.23] Lança sobre o Senhor
o teu cuidado, e Ele te sustentará. VIDE: ● Proice super
Dominum curam tuam, et Ipse te sustentabit.
13. Iactantiae comes invidia. [Erasmo, Adagia 3.10.52] A
inveja é companheira da ostentação. ■ Ovelha que
barrega perde o bocado. VIDE: ● Possideas tacitus, si
quae adsunt munera divum.
14. Iactantius maerent qui minus dolent. [Robert Bland,
Proverbs 1.235] Os que menos sofrem choram com
mais ostentação. VIDE: ● Curae leves loquuntur,
ingentes stupent. ● Nulli iactantius maerent quam
qui maxime laetantur.
15. Iactes et genus et nomen inutile. [Horácio, Carmina
1.14.13] Jactar-te-ás inutilmente da tua estirpe e do teu
nome.
16. Iactum tacendo crimen facias acrius. [Publílio Siro]
Calando-te, agravas a acusação que te lançam.
17. Iactura turpi lucro praeferenda. [Quílon / Rezende
2918] É preferível o prejuízo ao lucro desonesto. VIDE:
● Turpe lucrum, ut dispendium, fugito.
18. Iacula praevisa minus feriunt. Flechas previstas
ferem menos.
19. Iaculari sine scopo. [Pereira 102] Atirar às cegas.
■ Dizer quanto lhe vem à boca.
20. Iaculum, et gladius, et sagitta acuta, homo qui
loquitur contra proximum suum falsum
testimonium. [Vulgata, Provérbios 25.18] O homem
que diz um falso testemunho contra o seu próximo é um
dardo, e uma espada, e uma flecha penetrante.
21. Iam aderant ipsi nondum sermone peracto.
[Homero / Manúcio, Adagia 964] Mal se falou neles,
apareceram. ■ Falar no mau e olhar para a porta.
22. Iam ante Brasiliam ego. [Divisa de Porto Seguro,
BA] Eu já existia antes do Brasil.
23. Iam canitur toto nomen in orbe meum. [Ovídio,
Heroides 15.28] Já se canta meu nome em todo o
mundo.
24. Iam captor ipse captus est. [Manúcio, Adagia 408]
O próprio caçador foi caçado. ■ Caiu na rede que
armou. VIDE: ● Captantes capti sumus. ● Captantes
capti fuimus. ● Capti sumus, captando. ● Captantes
capti sunt. ● Hanc technam in te ipsum struxisti.
25. Iam dicto fuerit mensa parata prius. [Pereira 111]
Nem se acabou de falar, e a mesa já estava posta. ■ Na
casa cheia asinha se faz a ceia.
26. Iam domus vicina Ucalegontis ardet. Já está em
chamas a casa vizinha do Ucalegonte. ■ Já arde a barba
do vizinho. VIDE: ● Iam proximus ardet Ucalegon.
27. Iam ego uno in saltu lepide apros capiam duos.
[Plauto, Casina 476] Num único mato, vou apanhar
direitinho dois javalis. VIDE: ● In saltu uno duos capere
apros. ● Uno in saltu apros capiam duos.
28. Iam enim hiems transiit, imber abiit, et recessit.
[Vulgata, Cântico 2.11] Já passou o inverno, já se foram
e cessaram de todo as chuvas.
29. Iam enim securis ad radicem arborum posita est.
[Vulgata, Lucas 3.9] Já o machado está posto à raiz da
árvore.
30. Iam frater fratrem, iam fallit filia matrem, iamque
pater natum, iam fallit amicus amicum. [Werner] Já o
irmão engana o irmão, a filha engana a mãe, e o pai
engana o filho, e o amigo engana o amigo.
31. Iam laetus moriar, quia vidi faciem tuam, et
superstitem te relinquo. [Vulgata, Gênesis 46.30]
Agora morrerei eu alegre, pois que vi o teu rosto, e te
deixo com vida.
32. Iam loquere aut hinc abis. [Plauto, Mercator 167]
Fala logo, ou vais embora daqui.
33. Iam magnum reddis modico tu munus amico, si
ipsum ut amicus amas: amor est pretiosior auro.
[Columbano] Dás ao teu humilde amigo um presente
magnífico, se tu como amigo o amas: a amizade vale
mais do que o ouro.
34. Iam mihi nascenti nubila Parca fuit. [Ovídio, Tristia
5.3.14, adaptado] A Parca me foi desfavorável já
quando nasci.
35. Iam modo non possum contentus vivere parvo.
[Tibulo, Elegiae 1.1.25] Já não posso viver satisfeito
com pouco.
36. Iam noli peccare ne deterius tibi aliquid contingat.
[Vulgata, João 5.14] Não peques mais, para que não te
suceda alguma coisa pior.
37. Iam non sum dignus vocari filius tuus. [Vulgata,
Lucas 15.19] Já não sou digno de ser chamado teu filho.
38. Iam nos fabula sumus. [Albertatius 563] Nós já
somos história. (=Nós viramos assunto de conversas).
39. Iam pedum via est. [Terêncio, Phormio 326] Já existe
o caminho dos pés. (=Já sei onde pôr os pés. Já aprendi
o caminho).
40. Iam proximis ardet barba. Já está em chamas a barba
dos vizinhos. ■ Já arde a barba do vizinho.
41. Iam proximus ardet Ucalegon. [Virgílio, Eneida
2.311] Já está em chamas a casa do vizinho Ucalegonte.
■ Já arde a barba do vizinho. VIDE: ● Iam domus vicina
Ucalegontis ardet.
42. Iam satis est. Já é o suficiente. Basta. ● Iam satis.
43. Iam seges est ubi Troia fuit. [Ovídio, Heroides
1.1.53] Agora há plantações onde Tróia existiu.
44. Iam tempus est. Chegou a hora.
45. Iam tempus est me ipsum a me amari. [Cícero, Ad
Atticum 4.5] Já é tempo de eu mesmo ser amado por
mim.
46. Iam tempus illi fecit aerumnas leves. [Sêneca,
Thyestes 304] O tempo já lhe suavizou os sofrimentos.
VIDE: ● Multa vetustas lenit. ● Omnis doloris tempus
fit medicus. ● Tempore omnia vulnera sanabuntur.
● Tempus dolorem leniet. ● Tempus dolorem lenit.
● Tempus facit aerumnas leves. ● Tempus omnia
sanat.
47. Iam utrimque quid diceretur audisti? [Sêneca, De
Ira 2.29.3] Já ouviste o que deve ser dito por ambos os
lados?
48. Iam veniet tacito curva senecta pede. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.670] Logo virá a encurvada velhice com
passo silencioso. VIDE: ● Dum vires annique sinunt,
tolerate labores: iam veniet tacito curva senecta
pede.
49. Iamque opus exegi, quod nec Iovis ira, nec ignis,
nec poterit ferrum, nec edax abolere vetustas.
[Ovídio, Metamorphoses 15.871] E agora eu acabei a
obra que nem a ira de Júpiter, nem o fogo, nem a
espada, nem o tempo devorador poderá destruir.
50. Ianique bifrontis imago. [Virgílio, Eneida 7.180] O
retrato do Jano de duas caras.
51. Ianitor ad dantes vigilet; si pulset inanis, surdus.
[Propércio, Carmina 4.5.47] Que o porteiro atenda aos
que dão; se bater alguém de mãos vazias, fique surdo.
■ Hóspede de mão vazia, ande la via.
52. Ianua leti. [Lucrécio, De Rerum Natura 1.1112] A
porta da morte.
53. Ianua pauperibus clausa est, dat census honores,
audet divitibus claudere nemo fores. [Walther 13064 /
Tosi 1785] A porta está fechada para os pobres; é a
riqueza que concede honrarias; ninguém ousa fechar a
porta aos ricos. VIDE: ● Curia pauperibus clausa est:
dat census honores, census amicitias; pauper ubique
iacet.
54. Ianuis clausis. Estando as portas fechadas. Com as
portas fechadas. Em sigilo.
55. Ianus bifrons. Jano bifronte. (=Diz-se do homem
prudente, que examina os antecedentes e as
conseqüências).
56. Iaspidem et argentum superat virtus. [Schrevelius
1170] A virtude vale mais que a ágata e a prata.
57. Ibi boni mores valent quam alibi bonae leges.
[Tácito, Germania 19] Lá os bons costumes valem mais
que em outros lugares as boas leis.
58. Ibi deficit orbis. [Rezende 2417] Aqui acaba o
mundo. (=Palavras que estariam gravadas nas Colunas
de Hércules). VIDE: ● Hucusque, nec amplius. ● Ne plus
ultra. ● Nec plus ultra. ● Non plus ultra. ● Non ultra.
59. Ibi erit fletus, et stridor dentium. [Vulgata, Mateus
8.12] Ali haverá choro e ranger de dentes.
60. Ibi est cogitatio mea ubi est quod amo. Meu
pensamento está onde está aquilo que amo. ■ Onde a
galinha tem os pintos, lá se lhe vão os olhos. VIDE: ● Ibi
sum, ubi cogitatio mea est; ibi est frequenter
cogitatio mea, ubi est quod amo.
61. Ibi iacet lepus. [Rabelais, Gargantua 1.29] Aí é que
está a lebre. ■ É aqui que a porca torce o rabo. ■ É aqui
que a coisa pega. VIDE: ● Hic haeret aqua. ● Hic iacet
lepus.
62. Ibi nihil, parumve pacis, ubi mulier viri partes sibi
arrogat. [DAPR 149] É nenhuma ou pouca a paz onde
a mulher toma a si a parte do homem. ■ Triste da casa
onde a galinha canta e o galo cala. VIDE: ● Quid peius
domo ubi femina habet imperium super virum?
63. Ibi nullum sit arcanum, ubi regnet ebrietas.
[Grynaeus 450] Não haverá segredo onde reinar a
embriaguez. ■ Quando o vinho desce, as palavras
sobem. ■ O vinho é o espelho da alma. VIDE: ● Quod est
in corde sobrii, est in lingua ebrii. ● Quod in animo
sobrii, id est in lingua ebrii. ● Quod in corde sobrii,
id est in lingua ebrii.
64. Ibi omnis effusus labor. [Virgílio, Georgica 4.491]
Então perdeu-se todo o seu trabalho. VIDE: ● Effusus est
omnis labor.
65. Ibi patria, ubi bene. [Pereira 115] Onde estou bem, aí
é a minha pátria. ■ A minha terra é onde me vai bem.
■ Não onde nasces, mas onde pasces. ■ Onde bem me
vai, aí acho mãe e pai. ■ Onde me vai bem, aí é minha
pátria. ■ Onde prendem a vaca, aí pasta. VIDE: ● Illa
mihi patria est, ubi pascor, non ubi nascor. ● Illic
enim patria est, ubi tibi sit bene. ● Patria est
ubicumque bene vixeris. ● Patria est ubicumque est
bene. ● Patria tua est ubicumque vixeris bene.
● Quaevis terra patria. ● Ubi bene, ibi patria.
66. Ibi pote valere populus, ubi leges valent. [Publílio
Siro] Onde as leis têm força, aí o povo pode estar bem.
VIDE: ● Ibi valet populus, ubi valent leges.
67. Ibi quaestus est, ubi sit hominum frequentia.
[Medina 591] Só há ganho onde há movimento de
pessoas. ■ Quem tem necessidade, vive na cidade.
68. Ibi semper est victoria, ubi concordia est. [Publílio
Siro] A vitória está sempre onde há união. ■ A união faz
a força.
69. Ibi semper est victoria, ubi leges valent. [Publílio
Siro] A vitória sempre está onde as leis têm força.
70. Ibi sit poena, ubi et noxia est. [Jur] Haja punição,
onde há delito.
71. Ibi sum, ubi cogitatio mea est; ibi est frequenter
cogitatio mea, ubi est quod amo. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 4.48.30] Eu estou onde está o meu
pensamento; o meu pensamento geralmente está onde
está aquilo que amo. VIDE: ● Ibi est cogitatio mea ubi
est quod amo.
72. Ibi ubi. [Jur] Lá onde estiver.
73. Ibi valet populus, ubi valent leges. Onde as leis têm
força, lá o povo vai bem. VIDE: ● Ibi pote valere
populus, ubi leges valent.
74. Ibi vel ubi. [Jur] Nesse lugar ou onde estiver.
75. Ibidem. Aí mesmo. Nesse mesmo lugar. (=Empregado
em citações, significa na mesma obra, no mesmo
capítulo ou na mesma página).
76. Ibit eo quo vis, qui zonam perdidit. [Horácio,
Epistulae 2.2.40] Quem está sem dinheiro irá aonde
quiseres. VIDE: ● Zonam perdidit.
77. Ictibus it parvi quercus ad ima viri. [Pereira 117] O
carvalho vai ao chão com golpes de homem pequeno.
■ Pequeno machado derruba grande carvalho. VIDE:
● Parva securi prosternitur quercus.
78. Ictu oculi. Com um golpe de vista. (=De relance. Sem
maior indagação). ■ Num piscar de olhos. VIDE: ● In ictu
oculi. ● In momento.
79. Ictus fustium infamiam non important, sed causa
propter quam id pati meruit. [Marcelo, Digesta
3.2.22] Não são os golpes da vara que trazem a infâmia,
mas a causa pela qual se mereceu recebê-los. ■ A
vergonha está no crime, não na pena. VIDE: ● Id demum
est homini turpe, quod meruit pati.
80. Id agas, ut ne quis merito tuo te oderit. [DM 26]
Age de tal maneira, que ninguém te odeie por tua culpa.
81. Id arbitror adprime in vita esse utile, ut ne quid
nimis. [Terêncio, Andria 60] “Nada em excesso” é o
que eu considero de mais útil na conduta da vida.
82. Id certum est quod certum reddi potest. [Jur /
Broom 479] Certo é o que pode ser confirmado. ● Id
certum est quod certum reddi potest, sed id magis
certum est quod de semetipso est certum. [Coke /
Black 913] Certo é o que pode ser confirmado, mas
mais certo é o que é certo por si mesmo. VIDE: ● Certum
est quod certum reddi potest.
83. Id commune malum: semel insanivimus omnes.
[Battista Mantuano, Eclogae, De Honesto Amore] É um
mal comum: todos nós enlouquecemos uma vez ou
outra. VIDE: ● Semel insanivimus omnes.
84. Id cuiusque proprius est, quo quisque fruitur atque
utitur. [Cícero, Ad Familiares 7.30] É propriedade de
cada um aquilo de que ele usa e goza.
85. Id demum est homini turpe, quod meruit pati.
[Fedro, Fabulae 3.11.7] Só é feio para o homem o
castigo que ele mereceu sofrer. ■ A vergonha está no
crime, não na pena. VIDE: ● Ictus fustium infamiam
non important, sed causa propter quam id pati
meruit.
86. Id est. Isto é.
87. Id est genus hominum. [Terêncio, Andria 629] É
assim a humanidade.
88. Id est sapientis providere. [Cícero, Fragmenta 8]
Prever é próprio do homem inteligente.
89. Id facere, laus est quod decet, non quod licet.
[Sêneca, Octavia 454] Honroso é fazer o que é honesto,
não o que é permitido. ■ Nem sempre o que é legal é
moral.
90. Id facillime accipiunt animi, quod agnoscunt.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 8.3.71] Os corações
aceitam facilmente aquilo que conhecem.
91. Id genus omne. Toda essa classe. Toda essa raça. VIDE:
● Et id genus omne.
92. Id iam lucro est quod vivis. [Plauto, Mercator 553] O
tempo que se vive já é lucro.
93. Id possumus quod de iure possumus. [Jur / Black
913] Nós só podemos fazer o que pela lei podemos.
VIDE: ● Hoc possumus, quod iure possumus. ● Hoc
solum possumus, quod iure possumus.
94. Id qui neget, vix eum sanae mentis existimem.
[Cícero, De Natura Deorum 2.44] Dificilmente
considerarei de posse de suas faculdades aquele que
negar isso. VIDE: ● Sanae mentis.
95. Id quod adest boni consulendum. [DAPR 633] Tudo
que chega deve ser considerado bom. ■ Aceita o bem,
conforme vem. ■ O que cai na rede é peixe. ■ Na falta de
capão, cebola e pão.
96. Id quod communiter possidetur a pluribus
neglegi consuevit. O que é propriedade comum,
geralmente é negligenciado pela maioria. ■ Panela de
muitos, mal cozida, pior mexida. ■ Asno de muitos,
lobos o comem. VIDE: ● Communiter neglegitur quod
communiter possidetur. ● Naturale vitium est neglegi
quod communiter possidetur. ● Quod communiter
possidetur, communiter neglegitur. ● Quod
communiter possidetur, vitio naturali neglegitur.
97. Id quod est praestantissimum maximeque optabile
omnibus sanis et bonis et beatis, cum dignitate
otium. [Cícero, Pro Sestio 45] O que é mais valioso e
especialmente desejável para todas as pessoas
saudáveis, boas e felizes, é o ócio com dignidade.
98. Id quod nostrum est, sine facto nostro ad alium
transferri non potest. [Pompônio, Digesta 50.17.11] O
que é meu não pode ser transferido a outrem sem ato
meu. VIDE: ● Quod nostrum est, sine facto nostro
alterius fieri non potest.
99. Id quod nullius sit, occupantis fit. [Pompônio,
Digesta 41.1.30.4] O que não é de ninguém passa a ser
de quem o ocupa.
100. Id quod semper aequum ac bonum est, ius dicitur:
ut est ius naturale. [Paulo, Digesta 1.1.11] Considera-
se direito aquilo que é justo e bom: é o direito natural.
101. Id quod volunt credunt quoque. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 6.2.5] Eles acreditam no que querem.
102. Id quoque quod tenetur, per manus exit. [Sêneca,
Epistulae Morales 101] Mesmo o que está seguro pode
escapar de nossas mãos.
103. Id solum dicitur honestum quod est populari fama
gloriosum. [Cícero, De Finibus 48] Considera-se
honroso somente aquilo que é glorioso na opinião
popular.
104. Id solum nostrum quod debitis deductis nostrum
est. [Jur / Black 913] Só é nosso aquilo que é nosso
depois de deduzidos os débitos.
105. Idcirco et in sapientia religio, et in religione
sapientia est. [Lactâncio, Institutiones Divinae 4.3]
Tanto há religião na filosofia como há filosofia na
religião.
106. Ideae, quae sunt clarae et distinctae, nunquam
possunt esse falsae. [Espinosa, De Intellectus
Emendatione 8.68] As idéias que são claras e distintas
nunca podem ser falsas. VIDE: ● Clara et distincta sunt
certa.
107. Idem. O mesmo. A mesma coisa. (=Usa-se para
evitar repetições).
108. Idem agens et patiens esse non potest. [Jur / Black
913] A mesma pessoa não pode ser agente e paciente.
109. Idem amor exitium est pecori, pecorisque
magistro. [Virgílio, Eclogae 3.101] O mesmo amor é a
perdição do rebanho e do condutor do rebanho.
110. Idem delictum non debet bis puniri. [Binder,
Thesurus 1357] O mesmo delito não deve ser punido
duas vezes. VIDE: ● Ne bis in idem.
111. Idem duo cum faciunt, non tamen est idem.
[Publílio Siro] Quando duas pessoas fazem a mesma
coisa, não é a mesma coisa. ■ Cada um é um. ■ Cada um
tem seu modo de matar pulgas. VIDE: ● Cum duo
faciunt idem, non est idem. ● Duo cum faciunt idem,
saepe non est idem. ● Duo cum faciunt idem, non est
idem.
112. Idem est ergo beate vivere et secundum naturam.
[Sêneca, De Vita Beata 8.2] Viver feliz, portanto, é o
mesmo que viver segundo a natureza.
113. Idem est facere et non prohibere cum possis. [Jur /
Black 913] Fazer e não proibir alguém de fazer, quando
se pode, é a mesma coisa. VIDE: ● Qui non prohibet,
cum prohibere possit, in culpa est. ● Qui non
prohibet id quod prohibere potest assentire videtur.
114. Idem est non esse et non apparere. [Jur / Broom
133] Não existir e não estar presente se equivalem. VIDE:
● De non apparentibus, et non existentibus, eadem
est ratio. VIDE: ● Quod non apparet non est.
115. Idem est non esse et non probari. [Jur] Dá no
mesmo não existir e não ser comprovado.
116. Idem est non nasci et non posse vivere. É a mesma
coisa não nascer e não poder viver. ● Idem est non
nasci et natum mori.
117. Idem iugum ducimus. [Schottus, Adagia 548]
Carregamos o mesmo jugo. ■ Carregamos a mesma
cruz. ● Idem iugum trahimus. VIDE: ● Ego vero et tu
iugum idem trahimus. ● Meo laborat morbo.
118. Idem metus, qui cogebat fugere, fugientes
morabatur. [Quinto Cúrcio, Historiae 3.1] O próprio
medo que obrigava a fugir paralisava os fugitivos.
119. Idem per idem. (Explicar) o mesmo pelo mesmo.
(=Explicar algo com palavras diferentes, mas que
significam a mesma coisa). ■ Trocar seis por meia
dúzia. VIDE: ● Circulus in probando. ● Circulus
vitiosus. ● Petitio principii.
120. Idem regnum non fert duos tyrannos. [Eiselein
287] O mesmo reino não admite dois imperadores.
■ Mandar não quer par. VIDE: ● Insociabile est regnum.
121. Idem sol ceram quidem liquefacit, lutum autem
exsiccat. O mesmo sol derrete a cera, mas resseca a
lama. ● Idem sol eodem radio ceram liquefacit et
lutum indurat. O mesmo sol, com o mesmo raio,
derrete a cera e endurece a lama. ● Idem sol in eodem
instanti in diversis diversa operatur, quia ceram
liquefacit, terram autem obdurat et siccat. [Albertano
da Brescia, Liber de Amore 3.8] O mesmo sol no
mesmo momento atua de diferentes maneiras em coisas
diferentes, pois derrete a cera, mas endurece e resseca a
terra.
122. Idem velle atque idem nolle, ea demum firma
amicitia est. [Salústio, Catilina 20.2] Ter as mesmas
vontades e as mesmas repugnâncias, eis o que constitui
uma amizade sólida. VIDE: ● Eadem velle, et eadem
nolle, ea demum firma amicitia est.
123. Ideo credendum quia incredibile. [Tertuliano /
Robert Burton, The Anatomy of Melancholy] Portanto,
deve-se crer porque é incrível.
124. Idola sunt inanes imagines. Os ídolos são estátuas
vazias.
125. Idonea vero causa! [S.Agostinho, De Civitate Dei
3.10] Eis um motivo digno!
126. Idonei non videntur esse testes, quibus imperari
potest, ut testes fiant. [Digesta 2.5.6] Não se
consideram idôneas as testemunhas de que se pode
exigir que sejam testemunhas.
127. Ieiunat satis is qui paucis vescitur escis. [Pereira
97] ■ Bem jejua quem mal come.
128. Ieiunus raro stomachus vulgaria temnit. [Horácio,
Satirae 2.2.38] O estômago em jejum raramente
despreza as comidas vulgares. ■ Quem tem fome cardos
come. ■ À fome não há pão duro. ■ Asno que tem fome
cardos come. ● Ieiunus raro stomachus vulgaria
temnit. VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci
sumet. ● Animae esurienti etiam amara dulcia
videntur. ● Felis esuriens etiam panis crustulam
rodit. ● Nihil contemnit esuriens.
129. Ieiunus venter blanditiis non pascitur. Barriga
vazia não se alimenta de palavras doces. ■ Palavras não
enchem barriga. ■ Conversa fiada não bota panela no
fogo.
130. Ieiunus venter est fercula libenter. Estômago em
jejum come as iguarias com prazer. ■ Quem tem fome,
cardos come. ■ À fome não há pão duro. VIDE: ● Anima
esuriens et amarum pro dulci sumet. ● Fames est
optimus coquus. ● Ieiunus venter recipit quaecumque
libenter.
131. Ieiunus venter nescit habere modum. Barriga vazia
não sabe controlar-se. ■ A fome não tem lei. ■ A fome é
inimiga da virtude.
132. Ieiunus venter non audit verba libenter. [Rezende
2927] Barriga vazia não gosta de ouvir discursos.
■ Ventre em jejum não ouve a nenhum. ● Ieiunus venter
non habet aures. ■ Estômago vazio não tem ouvidos.
VIDE: ● Caecus venter verba non curat. ● Difficile est
vacuo verbis imponere ventri. ● Inanis venter non
audit verba libenter. ● Venter famelicus auriculis
caret. ● Venter aures non habet. ● Venter auribus
caret. ● Venter caret auribus.
133. Ieiunus venter non vult cantare libenter. [Tosi 721]
Barriga vazia não canta com prazer. ■ Bem canta Marta,
depois de farta. ■ Barriga vazia não conhece alegria.
VIDE: ● Esuriens venter non vult studere libenter.
134. Ieiunus venter recipit quaecumque libenter. Ventre
em jejum aceita qualquer coisa com prazer. ■ Quem tem
fome, cardos come. ■ À fome não há pão duro. VIDE:
● Ieiunus venter est fercula libenter.
135. Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum. [Vulgata, João
19.19] Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus.
136. Ignaro populo. Sem o conhecimento do povo.
137. Ignarus doctum docet. O ignorante ensina o sábio.
■ Não convém ao porco contender com Minerva.
138. Ignarus rediit Romam deductus asellus. [DAPR
106] O burrinho levado a Roma voltou ignorante.
■ Asno que a Roma vá asno vem de lá. ■ Burro que vai a
Santarém, burro vai e burro vem. VIDE: ● Lutetiam si
quis asinum mittat, equum non redire. ● Qui stultus
exiit, stultus revertetur. ● Quod natura non dat
Salmantica non praestat.
139. Ignava lingua, fortis at viget manus. [Grynaeus
258] A língua dele é preguiçosa, mas a mão é corajosa e
ativa. VIDE: ● Lingua quidem segnis, sed dextra viget.
140. Ignavi praecipitata premunt. [Ovídio, Tristia
3.11.24] Os covardes esmagam o que já caiu.
141. Ignavi vertitur color. [Erasmo, Adagia 1.2.89] A cor
do covarde muda.
142. Ignavia corpus hebetat, labor firmat; illa maturam
senectam, hic longam adulescentiam reddit. [Celso,
De Medicina 1.1] A indolência enfraquece o corpo, o
trabalho o fortalece; aquela faz a velhice precoce, este
prolonga a juventude.
143. Ignavia est reipublicae maxima pestis. A indolência
é a maior peste do país.
144. Ignavia nemo immortalis factus est. [Salústio,
Bellum Iugurthinum 85.9] Ninguém se tornou imortal
pela indolência.
145. Ignavis fortuna favet. [DAPR 559] A sorte favorece
os indolentes. ■ Ao mau bácoro, boa lande.
146. Ignavis semper feriae sunt. [Erasmo, Adagia 2.6.12]
Para os indolentes é sempre feriado. VIDE: ● Desidi
semper feriae. ● Pigris semper esse festum. ● Semper
feriae inertibus.
147. Ignavus omnis omni cessat tempore [Publílio Siro]
O preguiçoso fica parado o tempo todo. ● Ignavus omni
cessat omnis tempore.
148. Igne me examinasti, et non est inventa in me
iniquitas. [Vulgata, Salmos 16.3] No fogo me
examinaste, e não se achou em mim a iniqüidade.
149. Igne quid utilius? [Ovídio, Tristia 2.1.267] O que é
mais útil que o fogo?
150. Igne semel tactus, timet ignem postmodo cattus.
[DAPR 287] O gato que uma vez foi tocado pelo fogo,
depois sempre teme o fogo. ■ Gato escaldado tem medo
de água fria. ■ Cachorro mordido de cobra tem medo de
lingüiça. VIDE: ● Felis aqua calida perfusus callidus
exit: fit cautus, gelidam dum fugit, ipse cattus!
● Horrescit gelidas felis adustus aquas. ● Qui semel
effugit naufragus, horret aquas.
151. Ignem aquae miscere. [Pereira 111] Misturar fogo
com água. ■ Misturar alhos com bugalhos.
152. Ignem ardentem exstinguit aqua, et eleemosyna
resistit peccatis. [Vulgata, Eclesiástico 3.33] A água
apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados.
153. Ignem dissecare. [Grynaeus 321] Cortar o fogo.
■ Enxugar gelo.
154. Ignem formidat adusta manus. A mão queimada
tem medo de fogo. ■ Gato escaldado de água fria tem
medo.
155. Ignem gladio ne fodito! [Teócrito / Albertatius 567]
Não remexas o fogo com a espada. (=Não provoques o
homem irado). ■ Não deites azeite no fogo. ■ Não mexas
em vespeiro. ● Ignem gladio ne fodias! ● Ignem gladio
scrutare. [Horácio, Sermones 2.3.276] Remexer o fogo
com a espada. VIDE: ● Gladio ignem fodit. ● Gladio
ignem ne fodito. ● Noli irritare crabrones.
156. Ignem igni ne addas. [Platão / Grynaeus 718;
Erasmo, Adagia 1.2.8] Não acrescentes fogo ao fogo.
(=Não provoques homem irado). ■ Não deites azeite no
fogo. ● Igni ne ignem addas. [Rezende 2430] ● Ignem
igni ne addito. ● Ignem igni, morbum morbo ne
addas. [Dumaine 240] Não juntes fogo ao fogo, nem
uma doença a outra. VIDE: ● Morbum morbo addere.
● Ne ignem ad ignem. ● Iratum noli stimulare.
157. Ignem ingressus est. [Schottus, Adagia 276] Ele
entrou no fogo. (=Está com muita pressa).
158. Ignem veni mittere in terram, et quid volo, nisi
accendatur? [Vulgata, Lucas 12.49] Eu vim trazer fogo
à terra, e que quero eu, senão que ele se acenda?
159. Igni ferroque. A fogo e ferro. ■ A ferro e fogo. VIDE:
● Face ferroque. ● Ferro et igne. ● Ferro et face.
160. Ignis aurum probat. [DAPR 500] O fogo prova o
ouro. ■ O ouro conhece-se pelo fogo. ● Ignis aurum
probat, miseria fortes viros. [Sêneca, De Providentia
5.9] O fogo prova o ouro; a miséria prova os homens
fortes. ■ O fogo prova o ouro, o ouro prova o homem.
VIDE: ● Ignis probat aurum, miseriae fortem probant.
● Ut ignis aurum probat, sic miseria fortes viros.
161. Ignis cineribus alitur suis. [Grynaeus 198] O fogo se
alimenta com as próprias cinzas.
162. Ignis de lapide surgit mediante labore. [DAPR 637]
O fogo surge da pedra mediante trabalho. ■ Quem
trabalha tudo alcança. VIDE: ● Labor vel ignem ex
lapide decutit.
163. Ignis fatuus. Um fogo doido. (=Fogo-fátuo.
1.Inflamação espontânea de gases emanados das
sepulturas e de pântanos. 2.Brilho efêmero; prazer ou
glória de pouca duração).
164. Ignis igne non exstinguitur. [Rezende 2433] Não se
apaga fogo com fogo. ■ Não se apaga fogo com azeite.
VIDE: ● Haud ignis igne exstinguitur. ● Ignis non
exstinguitur igni.
165. Ignis igni additus. [Schottus, Adagia 523] Um fogo
está ligado a outro. ■ Uma desgraça nunca vem só.
● Ignis igni, malum malo additum. [Apostólio 17.3] É
um fogo que se junta a outro, um mal que se junta a
outro. VIDE: ● Malum malo additum. ● Malum malo
aptissimum.
166. Ignis late lucere, ut nihil urat, non potest. [Publílio
Siro] O fogo não pode brilhar muito sem queimar nada.
VIDE: ● Late ignis lucere, nihil ut urat, non potest.
167. Ignis, mare, mulier, tria mala. [Pitágoras / Erasmo,
Adagia 2.2.48] Fogo, mar mulher: três males. ■ Mulher,
fogo e mares são três males. ● Ignis, fretumque, et
mulier, haec mala tria. [Manúcio, Adagia 501] VIDE:
● Mare, ignis, mulier: tria sunt mala.
168. Ignis non exstinguitur igni. [Erasmo, Adagia 3.3.48]
Fogo não se apaga com fogo. ■ Não se apaga fogo com
azeite. VIDE: ● Haud ignis igne exstinguitur. ● Ignis
igne non exstinguitur.
169. Ignis probat aurum, aurum feminam, femina
hominem. O fogo prova o ouro, o ouro prova a mulher,
a mulher prova o homem.
170. Ignis probat aurum, miseriae fortem probant.
[Publílio Siro] O fogo prova o ouro; a miséria prova o
homem forte. ■ O fogo prova o ouro, o ouro prova o
homem. VIDE: ● Ignis aurum probat, miseria fortes
viros. ● Ut ignis aurum probat, sic miseria fortes
viros.
171. Ignis probat ferrum durum; sic vinum corda
superborum arguet in ebrietate potatum. [Vulgata,
Eclesiástico 31.31] O fogo prova o ferro duro; assim o
vinho revela os corações dos soberbos na embriaguez da
bebida.
172. Ignis probat ferrum et tentatio hominem iustum.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.13.18] O
fogo prova o ferro, e a tentação prova o justo.
173. Ignis prope stipulam non est tutum. [DAPR 625]
Fogo perto de palha não é seguro. ■ O homem é fogo, a
mulher estopa, vem o diabo e assopra. ■ Nem estopa
com tições, nem mulher com varões. VIDE: ● Dicitur
ignis homo, sic femina stuppa vocatur: insufflat
daemon; gignitur ergo focus. ● Homo et mulier, ignis
et palea. ● Stipula flammae proxima ignem concipit.
174. Ignis, quo clarior fulsit, citius exstinguitur.
[Sêneca, Ad Marciam 23.4] O fogo, quanto mais claro
brilha, mais rápido se extingue. ■ O que é intenso, dura
pouco.
175. Ignis semel accensus facile servatur; exstinctus
haud facile reaccenditur: ita famam tueri facile est;
exstinctam non facile est restituere. [Plutarco /
Rezende 2436] O fogo, uma vez aceso, se conserva
facilmente; se se apaga, não se reacende com facilidade;
do mesmo modo é fácil proteger a reputação; se ela se
extingue, não é fácil restabelecê-la.
176. Ignis vero nunquam dicit: sufficit. [Vulgata,
Provérbios 30.16] O fogo nunca diz: basta. ■ O fogo
tudo consome.
177. Ignobile vulgus. [Virgílio, Eneida 1.149] A ralé.
178. Ignoramus et ignorabimus. [Tosi 349] Não o
sabemos, nem nunca o saberemos.
179. Ignorant datos, ne quisquam serviat, enses.
[Lucano, Pharsalia 4.579] Eles ignoram que as espadas
são dadas para que ninguém seja escravo.
180. Ignoranti quem portum petat, nullus suus ventus
est. [Sêneca, Epistulae Morales 71.3] Quem não sabe a
que porto se dirige, não tem vento favorável. ■ Para
quem não sabe para onde quer ir, qualquer caminho é
bom.
181. Ignorantia differt ab errore. [Jur] O
desconhecimento é diferente do erro. VIDE: ● Ignorantia
non est idem ac error.
182. Ignorantia eorum quae quis scire tenetur non
excusat. [Jur / Broom 222] A ignorância das coisas que
se supõe que a pessoa deva saber, não desculpa.
183. Ignorantia excusat peccatum. A ignorância
desculpa o erro. ● Ignorantia excusat delictum. VIDE:
● Ignoratio excusat peccatum.
184. Ignorantia excusatur, non iuris, sed facti. [Jur]
Desculpa-se o desconhecimento do fato, não da lei.
● Ignorantia facti, non iuris excusatur. ● Ignorantia
facti excusat, ignorantia iuris non excusat. [Broom
210] A ignorância do fato desculpa; a ignorância da lei
não desculpa. ● Ignorantia facti excusat. [Black 916] A
ignorância do fato desculpa a falta. VIDE: ● Ignorantia
vel error iuris non excusat; ignorantia vel error facti
excusat.
185. Ignorantia iudicis plerumque est calamitas
innocentis. [S.Agostinho, De Civitate Dei 19.6] A falta
de saber do juiz é geralmente a desgraça do inocente.
■ De juiz tolo, sentença pronta. ● Ignorantia iudicis
saepenumero calamitas innocentis. ● Ignorantia
iudicis calamitas innocentis. VIDE: ● Ignorantia saepe
iudicis fit calamitas innocentis.
186. Ignorantia iuris litigiosa est. [Cícero, De Legibus
1.6] A ignorância do direito provoca discussão.
187. Ignorantia iuris neminem excusat. [Jur] O
desconhecimento da lei não excusa ninguém.
188. Ignorantia iuris nocet; ignoratio facti non nocet.
[Jur] O desconhecimento da lei prejudica; o
desconhecimento do fato não prejudica.
189. Ignorantia iuris quod quisque tenetur scire,
neminem excusat. [Jur / Broom 210] O
desconhecimento da lei que todos devem saber não
desculpa a ninguém. ● Ignorantia iuris neminem
excusat. [Rezende 2441] A ignorância da lei não
desculpa ninguém. ● Ignorantia legis neminem
excusat. [Black 916] ● Ignorantia legis non excusat.
● Ignorantia legis non exculpat. VIDE: ● Neminem
ignorantia legis excusat.
190. Ignorantia iuris sui non praeiudicat iuri. [Jur /
Black 916] A ignorância do próprio direito não
prejudica esse direito.
191. Ignorantia legis nocet. A ignorância da lei prejudica.
192. Ignorantia non est argumentum. A ignorância não é
justificativa.
193. Ignorantia non est idem ac error. Ignorância não é
o mesmo que erro. VIDE: ● Ignorantia differt ab errore.
194. Ignorantia non est peccatum. Desconhecimento não
é crime.
195. Ignorantia non excusat. Desconhecimento não
justifica.
196. Ignorantia saepe iudicis fit calamitas innocentis. A
ignorância do juiz muitas vezes é a desgraça do
inocente. VIDE: ● Ignorantia iudicis plerumque est
calamitas innocentis.
197. Ignorantia scientiae inimica. [Grynaeus 304] A
ignorância é inimiga do saber.
198. Ignorantia vel error iuris non excusat; ignorantia
vel error facti excusat. [Jur] A ignorância ou erro da
lei não excusa; a ignorância ou erro do fato excusa. VIDE:
● Ignorantia facti excusat, ignorantia iuris non
excusat. ● Ignorantia facti, non iuris, excusat.
199. Ignorare vilia melius est quam ea scire. Ignorar a
torpeza é melhor do que conhecê-la.
200. Ignorat homo quid ante se fuerit; et quid post se
futurum sit, quis ei poterit indicare? [Vulgata,
Eclesiastes 10.14] O homem ignora o que houve antes
dele; e quem lhe poderá indicar o que será depois?

I2: 201-400
201. Ignoratio excusat peccatum. O desconhecimento
desculpa o erro. VIDE: ● Ignorantia excusat peccatum.
202. Ignoratis quid erit in crastino. [Vulgata, Tiago
4.14] Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
203. Ignoratis terminis artis, ignoratur et ars. [Black
916] Quando não se conhecem os termos de uma arte,
também não se conhece essa arte.
204. Ignoscas aliis multa, nihil tibi. [Ausônio, Sapientum
Sententiae, Cleobulus 3.4] Aos outros desculparás
muitas coisas, a ti, nada. VIDE: ● Ignoscito semper
alteri, nunquam tibi. ● Ignoscito saepe alteri,
nunquam tibi.
205. Ignoscenda teget, probata tradet. [Ausônio,
Eclogae 1.16] Tuas imperfeições, ele as tolerará; teus
méritos, ele os divulgará. ● Ignoscenda teguntur,
probata traduntur. Esconde-se o que deve ser
tolerado, divulgam-se os méritos.
206. Ignoscent, si quid peccavero stultus, amici.
[Horácio, Sermones 1.3.140] Meus amigos me
perdoarão, se eu, por ser ignorante, cometer algum erro.
207. Ignoscere hominum est, ubi pudet, cui ignoscitur.
[Publílio Siro] É humano perdoar, quando aquele a que
é dado o perdão se envergonha do erro.
208. Ignoscit corvis, vexat censura columbas. A censura
perdoa os corvos e condena as pombas. ■ Só vão à forca
os ladrões pequenos. VIDE: ● Dat veniam corvis, vexat
censura columbas.
209. Ignoscito aliis quasi pecces cotidie. [Tosi 1290]
Perdoa aos outros, como se tu errasses todos os dias.
210. Ignoscito saepe alteri, nunquam tibi. [Publílio Siro]
Desculpa muitas vezes a outrem, nunca a ti. ● Ignoscito
saepe alteri, nunquam tibi. A outrem desculpa sempre,
a ti, nunca. VIDE: ● Ignoscas aliis multa, nihil tibi.
211. Ignoti nulla cupido. [Ovídio, Ars Amatoria 3.397]
Não se deseja o que se desconhece. ■ Não se deseja o
que o olhar não veja. VIDE: ● Nihil volitum quin
praecognitum. ● Nihil volitum quod non cognitum.
● Nihil volitum, nisi cognitum. ● Nihil volitum, nisi
praecognitum. ● Quae ignoramus, spernuntur.
● Quod latet ignotum est; ignoti nulla cupido.
● Volitum nihil, nisi cognitum.
212. Ignoto Deo. [Vulgata, Atos 17.23] Ao Deus
desconhecido.
213. Ignoto militi. [Inscrição em monumento] Ao soldado
desconhecido.
214. Ignotum facturus iter, si lingua supersit, solus ad
Aurorae pergere regna potest. [Pereira 120] Quem vai
trilhar um caminho desconhecido, se tem língua, pode
sozinho atingir o país da Aurora. ■ Quem tem boca vai a
Roma.
215. Ignotum notis noli praeponere amicis: cognita
iudicio constat, ignota casu. [Dionísio Catão, Disticha
1.32] Não prefiras um desconhecido aos amigos
conhecidos: o conhecido depende da inteligência, o
desconhecido depende da sorte.
216. Ignotum per ignotius. Uma coisa desconhecida por
outra mais desconhecida. (=Diz-se de uma explicação
que não satisfaz). VIDE: ● Obscurum per obscurius.
● Obscurum per obscurius, ignotum per ignotius.
217. Ignotum tibi tu noli praeponere notis. [Binder,
Thesaurus 1370] Não dês mais valor ao que
desconheces do que ao que conheces.
218. Ii qui plane et latine loquuntur. [Cícero, Philippica
7.17] Os que falam claramente e em latim. VIDE: ● Hoc
est plane et latine loqui.
219. Ii sunt, a quibus vituperari laudari est. Há pessoas
pelas quais ser criticado é ser elogiado. ■ Há injúrias
que louvam, e louvores que injuriam. VIDE: ● Ab
improbis irrideri laudari est. ● Malis displicere est
laudari. ● Sunt ii a quibus vituperari laudari est.
220. Ii sunt, qui rerum vocabulis magis, quam rebus
ipsis commoventur. [Erasmo, Morias Encomion 44,
adaptado] Há pessoas que se deixam levar mais pelos
nomes das coisas que pelas próprias coisas.
221. Iliacos intra muros peccatur et extra. [Horácio,
Epistulae 1.2.16] Peca-se tanto dentro dos muros de
Tróia como fora deles. ■ Cá e lá más fadas há. ■ Em
toda casa há roupa suja. VIDE: ● Extra Troiam et intra
peccatur. ● Intra muros peccatur et extra.
222. Ilias malorum. [Erasmo, Adagia 1.3.26] Uma Ilíada
de desgraças. (=Diz-se da ocorrência simultânea de
grandes e variados males). ■ Isto é uma ladainha de
males. VIDE: ● Tanta malorum impendet Ilias.
223. Ilico. Ali mesmo. Em seguida. ● Ilico et immediate.
Imediatamente.
224. Ilium fuit. Tróia existiu. (=Tróia não existe mais).
■ Acabou-se o que era doce. ■ Lá se foi tudo quanto
Marta fiou. VIDE: ● Fuimus Troës, fuit Ilium. ● Troia
fuit.
225. Illa dies mirae pravis advenerit irae. [Do hino Dies
Irae, atribuído a Tomás de Celano] Virá esse dia de
cólera terrível contra os maus.
226. Illa domus, illa mihi sedes, illic mea carpitur aetas.
[Catulo, Carmina 68.34] Aquela é minha casa, ela é
meu domicílio, lá se passa minha vida.
227. Illa domus labetur ubi colus imperat ensi. [Pereira
110] ■ Mal vai a casa quando a roca manda à espada.
■ Em casa de Gonçalo mais pode a galinha que o galo.
228. Illa mihi patria est, ubi pascor, non ubi nascor.
[John Owen, Epigrammata 7.100] Aquela é minha
pátria onde eu como, não onde sou nascido. ■ Onde me
vai bem, aí é minha terra. ■ Onde bem me vai, aí tenho
mãe e pai. ■ Não onde nasces, mas onde pasces. ● Illa
ubi sum notus, non ubi sum natus, illa mihi patria
est. ● Illa ubi sum pastus, non ubi sum natus, illa
mihi patria est. Minha pátria é onde sou alimentado,
não onde nasci. VIDE: ● Ibi patria, ubi bene. ● Non ubi
nascor, sed ubi pascor. ● Ubi pascor, non ubi nascor.
● Ubi sum notus, non ubi sum natus.
229. Illa quae sunt deserta fiunt iure gentium et
naturali occupantis. As coisas que estão abandonadas
são, pelo direito das gentes e pelo direito natural,
daquele que os ocupa.
230. Illa tamquam cycnea fuit divini hominis vox.
[Cícero, De Oratore 3.2.2] Foi como que o canto de
cisne deste homem divino.
231. Illa vox libentius auditorum cor penetrat, quam
dicentis vita commendat. [S.Gregório / Bernardes,
Nova Floresta 5.67] Penetra com mais prazer o coração
dos ouvintes aquele discurso que a vida do professor
recomenda. ■ Mais vale exemplo que doutrina.
232. Illam osculantur, qua sunt oppressi, manum.
[Fedro, Fabulae 5.1.5] Eles beijam a mão pela qual são
oprimidos. ■ Beija o homem a mão que quisera ver
cortada. VIDE: ● Ipsi principes illam osculantur qua
sunt oppressi manum.
233. Ille agit ad votum, cui multum supererit aeris.
[Rezende 2454] Quem tiver muito dinheiro fará o que
lhe der vontade. ■ Quem dinheiro tiver fará o que
quiser. ■ Quem tem dinheiro quebra penedos. ● Ille agit
ad votum, cui multum suppetit aeris. [Pereira 118]
Quem tem dinheiro faz o que quer. VIDE: ● Quisquis
habet nummos, rerum sibi comparat usus.
234. Ille aut ille? Este ou aquele?
235. Ille clarus, ille nobilis, qui vitiis non servit. Ilustre e
nobre é quem não é escravo dos vícios.
236. Ille crucem pretium sceleris tulit, hic diadema.
[Juvenal, Satirae 13.105] Como pagamento do crime,
um recebeu o cadafalso; o outro, a coroa.
237. Ille dolet vere qui sine teste dolet. [Marcial,
Epigrammata 1.33.4] Sofre de verdade quem sofre sem
testemunha. ● Ille dolet vere qui sine testibus dolet.
[Rezende 2455] Sofre de verdade quem sofre sem
testemunhas.
238. Ille erat lucerna ardens et lucens. [Vulgata, João
5.35] Ele era uma lâmpada que ardia e alumiava.
239. Ille est pacis amans, quicumque negata retractat.
[Pereira 120] Quem recua do que negou, esse é amante
da paz. ■ Quem nega e depois faz, quer paz.
240. Ille et ille. Este e aquele.
241. Ille flet ad novercae tumulum. [Erasmo, Moriae
Encomium 48] Ele chora diante do túmulo da madrasta.
■ Lágrimas nos olhos, risos no coração. VIDE: ● Ad
novercae ploras tumulum. ● Ad novercae tumulum
fles. ● Ad novercae tumulum fletus. ● Ad novercae
tumulum lacrimari. ● Ad sepulchrum novercae
plorat. ● Flere ad novercae tumulum. ● Novercae ad
tumulum plorare.
242. Ille hamum vorat. [Plauto, Truculentus 41] Ele está
engolindo o anzol. ■ Ele mordeu a isca. ■ Ele engoliu a
pílula.
243. Ille hodie, ego cras. [Stevenson 2236] Hoje (foi) ele,
amanhã (serei) eu. VIDE: ● Hodie mihi, cras tibi. ● Mihi
heri et tibi hodie.
244. Ille homo agit quod canis in Aegypto. [Eurípides /
Albertatius 569] Esse homem faz o mesmo que
cachorro no Egito. (=Diz-se de quem faz tudo
apressado). VIDE: ● Canes currentes bibere in Nilo
flumine, a corcodillis ne rapiantur, traditum est.
● Sicut canis ad Nilum, bibens et fugiens. ● Tamquam
canis e Nilo. ● Ut canis e Nilo.
245. Ille homo habet equum Seianum. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 3.9.6] Esse homem possui o cavalo de
Seius. (=Trata-se de um cavalo cujos proprietários
acabavam perdendo seus bens e suas vidas. Seius foi um
desses proprietários, e foi condenado à morte por Marco
Antônio). ■ Ele tem urucubaca.
246. Ille intellectus qui plura intellegit non est nobilior,
sed qui digniora. [Henry More / Stevenson 2406] Não
é mais nobre a inteligência que conhece mais coisas,
mas a que conhece as coisas mais dignas.
247. Ille lavat lateres qui custodit mulierem. Lava tijolos
quem vigia uma mulher. (=Laterem lavare. Lavar
tijolo, isto é, esforçar-se em vão). ■ É mais difícil
guardar uma mulher que um saco de pulgas. VIDE:
● Facilius est ardenti sub sole observare pullices,
quam invitam custodire mulierem.
248. Ille mi par esse deo videtur; ille, si fas est, superare
divos. [Catulo, Carmina 51.1] Ele me parece igual a um
deus; ele, se é possível, supera os deuses.
249. Ille mihi patruus qui mihi bona cupit. [DAPR 108]
Quem me deseja o meu bem é meu tio. ■ Quem bem me
faz é meu compadre.
250. Ille milvo volanti poterat ungues resecare.
[Petrônio, Satiricon 45.9] Ele poderia aparar as unhas de
um milhafre em pleno vôo. ■ Ele dá nó em pingo
d'água.
251. Ille miserrimus est, qui, cum cupit esse, quod edat
non habet. [Plauto, Captivi 395] Infeliz sem igual é
quem, quando tem fome, não tem o que comer.
252. Ille necis causam praebuit, ipsa manum. [Ovídio,
Heroides 2.148] Ele forneceu a causa do assassínio; ela,
a mão.
253. Ille nefarius ex omnium scelerum conluvione
natus. [Cícero, Pro Sestio 7] Esse homem malvado
nasceu da união de todos os crimes. VIDE: ● Ex omnium
scelerum colluvione genitus.
254. Ille nihil dubitat qui nullam scientiam habet.
[Pereira 111] ■ Nada duvida quem nada sabe. ● Ille nihil
dubitat, quem nulla scientia ditat. Aquele a quem
nenhum conhecimento enriquece, não tem nenhuma
dúvida.
255. Ille nocet gravius quem non contemnere possis.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 45] Fere mais
profundamente aquele que não se pode desprezar.
256. Ille non vivit qui in perpetuo metu mortis vivit.
[Rezende 2461] Não vive quem vive em perpétuo medo
da morte.
257. Ille potest vacuo furari litore arenas. [Ovídio,
Amores 2.19.45] Ele é capaz de roubar grãos de areia
numa praia deserta.
258. Ille pusillus et degener, qui obluctatur, et de
ordine mundi male existimat, et emendare mavult
deos quam se. [Sêneca, Epistulae Morales 107.12]
Aquele homem fraco e indigno, que resiste, não só faz
mau juízo da ordem do mundo, como também prefere
corrigir os deuses a corrigir a si mesmo.
259. Ille qui consulte, docte atque astute cavet, diutine
uti bene licet partum bene. [Plauto, Rudens 1240] O
homem que se conduz com bom-senso, sabedoria e
prudência pode durante muito tempo gozar do bem que
adquiriu honestamente.
260. Ille qui omnem diem tamquam ultimum ordinat,
nec optat crastinum, nec timet. [Sêneca, De Brevitate
Vitae 7.9] Quem planeja cada dia como se fosse o
último nem suspira pelo amanhã, nem o teme.
261. Ille qui te deridet, caudam trahit. [Horácio,
Sermones 2.3.53] Quem te ridiculariza, leva consigo
uma cauda. ■ É o roto falando do esfarrapado, e o sujo
do mal lavado. VIDE: ● Caudam trahere.
262. Ille quidem plenus annis abiit, plenus honoribus,
illis etiam quos recusavit. [Plínio Moço, Epistulae
2.1.7] Ele morreu com muita idade, pleno de honrarias,
inclusive daquelas que recusou.
263. Ille referre aliter saepe solebat idem. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.128] Ele contava muitas vezes a mesma
coisa, mas de maneira diferente.
264. Ille sinistrorsum, hic dextrorsum abit, unus
utrique error sed variis illudit partibus. [Horácio,
Sermones 2.3.50] Um vai para a esquerda, outro para a
direita; o erro de cada um é o mesmo, mas de maneiras
diferentes.
265. Ille solus nescit omnia. [Terêncio, Adelphoe 518] Só
ele (o marido) não sabe de nada.
266. Ille somniat ea quae vigilans voluit. [Terêncio,
Andria 972] Ele sonha com o que desejou quando
estava acordado. VIDE: ● Somniat ea quae vigilans
voluit.
267. Ille terrarum mihi praeter omnes angulus ridet.
[Horácio, Carmina 2.6.13] Aquele lugar da terra me
sorri mais que todos os outros. VIDE: ● Angulus ridet.
268. Ille velut pelagi rupes immota resistit. [Virgílio,
Eneida 7.586] Como um rochedo imóvel dentro do mar,
ele permaneceu inabalável.
269. Illecebrosius fieri nil potest, nox, mulier, vinum,
homini adulescentulo. [Plauto, Bacchides 54] Noite,
mulher, vinho: nada pode ser mais sedutor para um
jovem. VIDE: ● Nox, amor et vinum magnorum
malorum causae sunt. ● Nox et Amor vinumque nihil
moderabile suadent: illa pudore vacat, Liber,
amorque metu. ● Nox, mulier, vinum: tria sunt mala.
270. Illi amici non sunt, qui esse amicus nescit. [Lodeiro
523] Não tem amigos quem não sabe ser amigo.
271. Illi dies per somnum, nox officiis et oblectamentis
vitae transigebatur. [Tácito, Annales 16.18] O dia dele
era reservado ao sono, e a noite aos deveres sociais e
aos prazeres. (=O autor fala de Petrônio).
272. Illi enim loquaces, hi voraces. Aqueles são loquazes,
estes vorazes. VIDE: ● Alteri loquaces, alteri voraces.
● Alii linguam, alii molares. ● Aliis lingua, aliis
dentes. ● Aliis lingua, aliis vero molares. ● Est lingua
quibusdam, molares at aliis.
273. Illi exedendum est, qui intrivit. [Eiselein 93] Quem
moeu, deve comer. ■ Fizeste-o, paga-o. ■ Quem fez seu
angu que o coma. ■ Quem pariu Mateus, que o embale.
VIDE: ● Colo quod aptasti, ipsi tibi nendum est.
● Compedes quas ipse fecit, ipsus ut gestet faber.
● Faber compedes, quas fecit ipse, gestet. ● Intrivisti,
exedendum tibi. ● Qui prendidistis iidem edite
testudines. ● Tibi, quod intristi, exedendum. ● Tute
hoc intristi, tibi omne est exedendum.
274. Illi mors gravis incubat qui, notus nimis omnibus,
ignotus moritur sibi. [Sêneca, Thyestes 400] A morte
só atemoriza aquele que, muito conhecido por todos,
morre sem se conhecer a si mesmo.
275. Illi parva mora est, qui quavis advenit hora.
[Pereira 120] É pequeno o atraso de quem acaba
chegando em alguma hora. ■ Quem vem, nada tarda.
■ Quem vem, não tarda. ■ Quem vem tarde, não falta.
276. Illi poena datur qui semper amat nec amatur.
[DAPR 562] O sofrimento é dado àquele que sempre
ama e não é amado. ■ Querer e não ser querido é tempo
perdido. ■ Amar sem ser amado é tempo desperdiçado.
277. Illi robur et aes triplex circa pectus erat. [Horácio,
Carmina 1.3.9] Ele tinha em volta do coração uma
couraça de carvalho e bronze tríplice.
278. Illiberale est mentiri; ingenuum veritas decet.
[Stevenson 1396] É degradante mentir; ao homem bem
nascido convém a verdade. VIDE: ● Ingenuum veritas
decet.
279. Illic enim patria est, ubi tibi sit bene. [Aristófanes /
Grynaeus 104] Tua pátria é lá onde estejas bem. ■ Onde
me vai bem, aí é minha terra. ■ Onde bem me vai, aí
tenho mãe e pai. ■ Por melhoria minha casa deixaria.
VIDE: ● Ibi patria, ubi bene. ● Patria est ubicumque
bene vixeris. ● Patria est ubicumque est bene.
● Patria tua est ubicumque vixeris bene. ● Ubi bene,
ibi patria.
280. Illic erit fletus, et stridor dentium. [Vulgata, Mateus
24.51] Ali haverá choro e ranger de dentes.
281. Illic est oculus, qua res est quam adamamus.
[DAPR 68] O olho está onde está a coisa amada. ■ A
galinha onde tem os ovos, tem os olhos. ■ Os pés irão
aonde quiser o coração.
282. Illic qui vir iners, qui strenuus ipsa docet res.
[Manúcio, Adagia 967] O próprio acontecimento nos
informa quem é incapaz e quem é esforçado.
283. Illic sedimus et flevimus, cum recordaremur Sion.
[Vulgata, Salmos 136.1] Ali nos assentamos e pusemos
a chorar, lembrando-nos de Sião. VIDE: ● Super flumina
Babylonis illic sedimus et flevimus.
284. Illicita amantur. Ama-se o que é proibido. ■ O fruto
proibido é mais doce. ■ O proibido aguça o dente. ■ Não
há melhor bocado que o furtado. ● Illicita amantur;
excidit, quidquid licet. [Sêneca, Hercules Oetaeus 357]
As coisas proibidas são apreciadas; o que é permitido
perde o valor. VIDE: ● Aquae furtivae dulciores sunt.
● Ingrata quae tuta. ● Ingrata quae tuta; ex
temeritate spes. ● Nitimur in vetitum semper,
cupimusque negata. ● Quod licet, ingratum est; quod
non licet, acrius urit.
285. Illicitum collegium. [Jur / Black 917] Uma
organização ilegal.
286. Illis difficile est in potestatibus temperare, qui per
ambitionem sese probos simulavere. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 85.2] Aos que, por ambição, se fingiram
honestos, a esses é difícil usar de moderação quando
estão no poder.
287. Illis licet esse beatis. [Horácio, Sermones 1.1.19,
adaptado] Eles têm o direito de serem felizes.
288. Illiteratum plausum non desidero. [Fedro, Fabulae
4, Prologus 20] Dispenso o aplauso dos ignorantes.
289. Illius occumbes dextra, cui dextra pepercit.
[Pereira 119] Morrerás às mãos daquele a quem tuas
mãos pouparam. ■ Quem inimigos poupa, às suas mãos
morre.
290. Illius periculis adfui. Participei das aventuras dele.
291. Illius superbiam fregit. [Rezende 2471] Esmagou-
lhe a soberba. ■ Abateu-lhe a crista.
292. Illo nocens se damnat, quo peccat die. [Publílio
Siro] O culpado se condena no mesmo dia em que
comete a falta.
293. Illotis manibus. [Erasmo, Adagia 1.9.55] Sem ter
lavado as mãos. (=Negligentemente. Sem preparação).
● Illotis pedibus ingredi. [Erasmo, Adagia 1.9.54]
Entrar sem limpar os pés. (=Meter-se em questão para a
qual não se está preparado).
294. Illud aggredere, quod iustum est. [Dionísio Catão,
Monosticha 55] Só empreende o que é justo.
295. Illud amicitiae sanctum ac venerabile nomen.
[Ovídio, Tristia 1.8.15] Aquela santa e venerável
palavra amizade.
296. Illud aut illud. Isso ou aquilo.
297. Illud durae servitutis iugum. [Cícero, De Republica
2.46] O jugo da dura servidão. VIDE: ● Grave servitutis
iugum.
298. Illud est dulce esse et bibere. [Plauto, Trinummus
258] É muito agradável comer e beber.
299. Illud iners quidem iucundum tamen nihil agere,
nihil esse. [Plínio Moço, Epistulae 8.9] Aquele
preguiçoso mas agradável nada fazer, nada ser. ● Illud
iucundum nil agere. Aquele agradável ócio.
300. Illud mihi vitium est maximum. [Terêncio, Hecyra
112] Esse é o meu maior defeito.
301. Illud ‘nosce teipsum’ noli putare ad arrogantiam
minuendam solum esse dictum, verum etiam ut bona
nostra norimus. [Cícero, Ad Quintum 3.6.7] Não
julgues que aquele ‘conhece-te a ti mesmo’ foi dito
somente para diminuir nossa arrogância, mas também
para que conheçamos nossas qualidades.
302. Illud saepe facit, quod sine teste facit. [Marcial,
Epigrammata 7.62.6] Ele faz freqüentemente o que faz
sem testemunha.
303. Illud satius est, quod satis est. Satisfaz mais aquilo
que é suficiente. ■ Rico é quem de nada precisa.
304. Illum absens absentem auditque viditque.
[Virgílio, Eneida 4.83] Embora um esteja ausente do
outro, ela o vê e o ouve.
305. Illum adiuvat, qui habet, pecunia. O dinheiro ajuda
a quem o possui. ■ O dinheiro faz o homem inteiro.
306. Illum laudabimus puerum qui, quantum in se erat,
quod iussus est, fecit. [Sêneca, De Beneficiis 6.11.2]
Nós louvaremos aquele menino que, com sua maior
habilidade, fez o que lhe foi determinado. VIDE:
● Laudabimus puerum qui quod iussus est fecit.
307. Illum nullus amat, qui semper 'da mihi' clamat.
Ninguém gosta de quem sempre clama 'me dá'. ■ Quem
muito pede, muito fede.
308. Illum, qui sinistram fortunam ferre nequit, nec
dextram quidem posse ferre. [Rezende 2477] Quem
não pode sofrer a sorte adversa também não pode
suportar a favorável. ■ Quem não sabe sofrer não sabe
vencer.
309. Illum, quo antea confidebant, metuunt, hunc
amant, quem timebant. [Cícero, Ad Atticum 8.13.2]
Temem aquele em quem antes confiavam, amam a
quem temiam.
310. Ima permutat levis hora summis. [Sêneca, Thyestes
597] O tempo inconstante transforma as coisas mais
sem importância em elevadíssimas. ● Ima summis
mutare. [Horácio, Carmina 1.34.12] Mudar coisas
mínimas em enormes.
311. Imaginatio facit casus. [Lutero, Epistulae 3153] A
imaginação cria a situação.
312. Imaginatio locorum et mutatio multos fefellit.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.9.6] A
imaginação e a mudança de lugares enganou a muitos.
313. Imago animi sermo est; qualis vita, talis oratio.
[DM 72] A palavra é o retrato da alma; tal vida, tal
discurso. ■ Tal sino, tal badalada. VIDE: ● Oratio imago
animi. ● Oratio vultus animi est.
314. Imago animi vultus, indices oculi. [Cícero, De
Oratore 59] O rosto é o retrato da alma, os olhos são
seus indicadores. VIDE: ● Oculus animi index. ● Ut
imago est animi vultus, sic indices oculi. ● Ut visus in
oculis, ita mens in anima. ● Vultus imago animi.
● Vultus index animi.
315. Imago rerum sermo sit mortalibus. [Schottus,
Adagia 609] Seja a palavra para os mortais a
representação dos fatos.
316. Imbecilla natura est ad contemnendam potentiam.
[Cícero, De Amicitia 17] A natureza humana é fraca
para desprezar o poder.
317. Imbecillorum animorum est cito irasci. É próprio
dos espíritos fracos irarem-se facilmente.
318. Imbecillos oculos esse, qui ad alienam
lippitudinem suffunduntur. [Publílio Siro] São fracos
os olhos que ficam turvos com a inflamação dos olhos
alheios.
319. Imber adest soli, comitantur gaudia fletum.
[DAPR 49] A chuva vem junto com o sol, as alegrias
acompanham as lágrimas. ■ O prazer está perto da dor.
■ O prazer vai a cavalo e leva a pena à garupa. VIDE:
● Nulla est sincera voluptas.
320. Imber sagittarum. Uma chuva de flechas.
321. Imberbis senes doces. [Binder, Medulla 702] Tu não
tens barba e ensinas os velhos. VIDE: ● An senes puer
docebis, ante pubem vesticeps? ● Ante barbam doces
senes.
322. Imbre cadunt tenui rapidissima flamina venti.
[DAPR 416] Com a chuva suave cessam as rajadas
rapidíssimas do vento. ■ Chuva miúda o vento muda.
■ Mais apaga a boa palavra que caldeira de água.
323. Imbrem amat terra. [Aristóteles / Albertatius 578]
A terra gosta da chuva. ● Imbre terra gaudet. [Rezende
2481] A terra se alegra com a chuva. VIDE: ● Tellus
amat imbrem. ● Terra amat imbrem. ● Terra gaudet
imbre.
324. Imbrem in cribrum geras. [Plauto, Pseudolus 101]
Pões a chuva na peneira. (=Perdes teu trabalho). VIDE:
● Cribro aquam hauris.
325. Imbrem tonitrus antecedit. [Rezende 2480] O
trovão precede a chuva. ■ Trovão longe, chuva perto.
VIDE: ● Tonitrus imbrem antecedit. ● Tonitrua pluvia
sequitur.
326. Imbres et venti, tonitrus et fulmina turres flatibus
evertunt, stare sed ima sinunt. [Tosi 985] As chuvas e
os ventos, os trovões e os raios com seus ímpetos
derrubam torres, mas deixam em pé as coisas baixas.
■ Raio não cai em pau deitado.
327. Imbribus obscuris succedunt lumina solis. [Tosi
1706] Os raios do sol sucedem às chuvas escuras.
■ Depois da tempestade, a bonança. VIDE: ● Blandi post
nubila soles. ● Clarior est solito post maxima nubila
Phoebus. ● Gratus est sollicito post maxima nubila
Phoebus. ● Nubilo serena succedunt. ● Phoebum post
nubila irradiare. ● Post maxima nubila Phoebus.
● Post nubila, Phoebus. ● Post nubila, sol. ● Post
nebulas Phoebus. ● Solem fugatis nubilis reduci.
328. Imitantur hamos dona. [Marcial, Epigrammata
5.18.7] Os presentes funcionam como anzóis. ■ Com mel
se pegam as moscas.
329. Imitari non pigeat, quod celebrare delectat.
[S.Agostinho, Sermones 123.2] Não te cause
aborrecimento imitar aquilo que te dá prazer elogiar.
330. Imitari quam invidere bonis malebant. [Salústio,
Catilina 51] Preferiam imitar os homens de bem a
invejá-los.
331. Imitatio veritatis. [Jur] A simulação da verdade.
● Imitatio veri.
332. Immanis pecoris custos, immanior ipse. [Victor
Hugo, Notre-Dame de Paris 4.3] Pastor de um rebanho
monstruoso, e o próprio pastor mais monstruoso ainda.
VIDE: ● Formosi pecoris custos, formosior ipse.
333. Immaniter caedere aliquem. [DAPR 511] Ferir
alguém cruelmente.
334. Immedicabile vulnus. Uma ferida incurável. (=Uma
ofensa irreparável). ● Immedicabile vulnus ense
recidendum est. [Robert Burton, The Anathomy of
Melancholy / Rezende 2482] A ferida incurável deve
ser extirpada com a faca.
335. Immensa est, finemque potentia coeli non habet.
[Ovídio, Metamorphoses 2.618] O poder do céu é
imenso, e não tem fim.
336. Immensum calcar habet gloria. A glória tem um
enorme aguilhão. VIDE: ● Laudata virtus crescit, et
immensum gloria calcar habet.
337. Immensum metior. [Inscrição em quadrante solar]
Eu meço o infinito.
338. Immersus sum in limo profundi, et non est ubi
pedem figam. Atolado estou no lodo profundo, e não há
onde eu firme o pé. VIDE: ● Infixus sum in limo
profundi, et non est substantia. ● Infixus sum in limo
profundi, et non possum consistere.
339. Immobilia situm sequuntur. [Jur / Black 920] As
coisas imóveis seguem a sua região. (=São governadas
pelas leis do lugar onde estão situadas).
340. Immodica ira creat insaniam. [Epicuro / Sêneca,
Epistulae Morales 18.14] A cólera desmedida gera
loucura. ● Immodica ira gignit insaniam.
341. Immodica scientiae cupiditas hominem Paradiso
expulit. [Bacon, Sermones 13.1] O imoderado desejo de
conhecimento expulsou o homem do Paraíso.
342. Immodicis brevis est aetas et rara senectus.
[Marcial, Epigrammata 6.29.7] Para os extravagantes a
vida é breve, e rara a velhice.
343. Immodicus proprii iactator honoris. O gabador das
próprias virtudes é sempre exagerado.
344. Immortalia ne speres, monet annus. [Horácio,
Carmina 4.7.7] O tempo adverte que não contemos com
a imortalidade.
345. Immortalis est infamia; etiam tum vivit, cum esse
credas mortuam. [Plauto, Persa 355] A infâmia é
imortal; ela vive mesmo quando se crê que esteja morta.
346. Immortalis est ingenii memoria. [Sêneca, Ad
Polybium 18.2] A fama do gênio é imortal.
347. Immota labascunt, et quae perpetuo sunt agitata,
manent. [James Boswell, Life of Johnson / Alberto
Dines, Jornal do Brasil 30/12/2000] O que é imóvel
desaba, e o que está em constante movimento persiste.
348. Immotus nec iners. [Divisa de Grabrielle
d’Annunzio] Parado, mas não inerte.
349. Immunes caprae ab aratris. [Schottus, Adagia 70]
As cabras estão livres dos arados. ■ Cada qual no seu
lugar. ■ Cada um carrega sua cruz. VIDE: ● Caprae
haud iunguntur aratro. ● Liberae sunt ab aratris
caprae. ● Liberae caprae ab aratro.
350. Immunis est hominis cogitatio. O pensamento do
homem é livre de imposto. ■ O pensamento não paga
imposto. VIDE: ● Cogitationis poenam nemo patitur.
351. Immutant mores hominis cum dantur honores.
[Tosi 999] Modifica-se o caráter do homem, quando lhe
são conferidas honrarias. VIDE: ● Honores mutant
mores, sed raro in meliores.
352. Imo pectore. Do fundo do peito. Do fundo do
coração. Com sinceridade. VIDE: ● Ab imo pectore. ● Ab
imo corde. ● Ex corde. ● Ex imo corde. ● Ex imo
pectore.
353. Impaenitentia cordis est peccandi obstinata
voluntas. A obstinada vontade de pecar é sinal de
endurecimento do coração.
354. Impar coniugium. Um casamento desigual.
355. Impares nascimur, pares morimur. [Sêneca,
Epistulae Morales 91.16] Nascemos desiguais,
morremos iguais. ■ A morte iguala todos os viventes.
VIDE: ● Aequat omnes cinis. ● Aequat omnes cinis,
impares nascimur, pares morimur.
356. Impari Marte. Com força militar desigual.
357. Impatiens socii est omnis amor. [Binder, Thesaurus
1387] Todo amor é incapaz de suportar companhia.
■ Amor e senhoria não suportam companhia. VIDE:
● Amor et potestas impatiens consortis.
358. Impatientia malum malo cumulat. A impaciência
junta um mal a outro.
359. Impedimenti causa cessante, cessat
impedimentum. [Jur] Cessando a causa do
impedimento, cessa o impedimento.
360. Impedimentum legale. [Jur] Um impedimento legal.
361. Impedit eventum clamando nemo sinistrum.
[Pereira 94] Ninguém evita um acontecimento sinistro
aos gritos. ■ À hora má não ladram os cães. ■ Quando a
desgraça vem, não olha a quem.
362. Impedit ira animum, ne possit cernere verum.
[Dionísio Catão, Disticha 2.4] A cólera impede a mente
de perceber a verdade.
363. Impedit omne forum defectus denariorum.
[Trench, Proverbs; Rezende 2491] A falta de dinheiro
impede que se recorra a qualquer tribunal. ● Impedit ire
forum omne defectus denariorum.
364. Impelle equum ad metam. [Schottus, Adagia 456;
Apostólio, Paroemiai 11.25] Impele teu cavalo ao ponto
de chegada. (=Corre ao teu objetivo). VIDE: ● Incita
equum iuxta nyssam. ● Propera ad rem propositam.
365. Impendamus virtuti quod subtrahimus voluptati:
fiat refectio pauperis abstinentia ieiunantis. [Papa
S.Leão, Sermones 13.2 / Rezende 2493] Gastemos com
a virtude o que subtraímos ao prazer: que a abstinência
do que jejua se torne a refeição do pobre.
366. Impensa monumenti supervacua est; memoria
nostri durabit, si vita meruimus. [Plínio Moço,
Epistulae 9.19] A despesa de um monumento é inútil;
nossa memória permanecerá, se o merecermos por
nossa vida.
367. Impensae necessariae. [Digesta 50.16.79] Despesas
necessárias. ● Impensae utiles. [Ibidem] Despesas úteis.
● Impensae voluptuariae. [Ibidem] Despesas
voluptuárias. (=Despesas feitas por extravagância, luxo,
vaidade ou deleite).
368. Imperare sibi maximum imperium est. [Sêneca,
Epistulae Morales 113.24] O governo de si mesmo é o
governo mais importante. ■ Governa-te bem, e
governarás os outros. VIDE: ● Honorem et imperium si
vis habere, dabo tibi magnum: impera tibi. ● Sibi
imperare est imperiorum maximum. ● Vis habere
honorem? dabo tibi magnum imperium: impera tibi.
369. Imperat aut servit collecta pecunia cuique.
[Horácio, Epistulae 1.10.47] O dinheiro acumulado ou
nos governa ou nos serve. ■ O dinheiro será teu senhor,
se não for teu escravo. VIDE: ● Pecunia est ancilla, si
scis uti; si nescis, domina est. ● Pecunia, si uti scias,
ancilla est, si nescias, domina.
370. Imperat et clamat quaecumque est femina dives.
[Pereira 103] Toda mulher que é rica manda e grita.
■ Em casa de mulher rica, o marido fala e ela grita.
■ Em casa de mulher rica, ela manda, ela grita.
371. Imperator Dei gratia. Imperador pela graça de Deus.
372. Imperator leges ferat, quas primus ipse custodiat.
[S.Ambrósio, Epistulae 5.3] Submeta-se o governante às
leis, que ele deve ser o primeiro a defender.
373. Imperator sine iustitia est ut fluvius sine aqua.
[Thomas Erpenius, Adagia Arabum] O governante sem
justiça é como um rio sem água.
374. Imperatorem stantem mori oportere. [Suetônio,
Vita Vespasiani 24] O imperador deve morrer de pé.
VIDE: ● Decet imperatorem stantem mori.
375. Imperatori turpissima excusatio est non putavi.
“Não pensei nisso” é uma desculpa lamentável de um
comandante.
376. Imperatorum multitudo Cariam perdidit. [Binder,
Medulla 708] A multidão de generais perdeu a Cária.
■ Asno de muitos, lobos o comem. ■ Onde muitos
mandam, e ninguém obedece, tudo fenece. ■ Onde
muitos mandam, ninguém obedece. VIDE: ● Multitudo
imperatorum Cariam perdidit.
377. Imperaturus omnibus, eligi debet ex omnibus.
[Plínio Moço, Panegyricus 7] Quem vai governar a
todos deve ser escolhido entre todos.
378. Imperfecta lex est quae vetat aliquid fieri et, si
factum sit, non rescindit nec poenam iniungit ei qui
contra legem fecit. [Jur] É imperfeita a lei que veda
fazer-se determinada coisa, mas, se for feita, não a
anula, nem impõe punição àquele que agiu contra a lei.
379. Imperia crudelia magis acerba quam diuturna.
[Salústio, Epistulae ad Caesarem 2.3] Os governos
cruéis são sempre mais amargos que duradouros. ■ Mais
se tira com amor que com dor. VIDE: ● Iniqua nunquam
regna perpetuo manent. ● Iniqua nunquam imperia
retinentur diu. ● Invisa nunquam imperia retinentur
diu.
380. Imperia moderata durant. [Sêneca, Troades 260]
Um poder moderado é durável. VIDE: ● Moderata
durant.
381. Imperia pretio quolibet constant bene. [Sêneca,
Phoenissae 664] Qualquer que tenha sido o preço que
custou o poder, está bem.
382. Imperia solvit qui tacet iussus loqui. [Sêneca,
Oedipus 527] Desobedece quem se cala, quando a
ordem é falar.
383. Imperiti de artibus iudicant ut caeci de coloribus.
[Rezende 2498] Os ignorantes julgam de arte como os
cegos de cores. ■ Cada um fale do que trata.
384. Imperitia confidentiam, eruditio timorem creat.
[S.Jerônimo / Tosi 320] A ignorância gera atrevimento,
o conhecimento gera cautela. ■ Quanto mais parvo, mais
confiado. ■ O ignorante é sempre quem mais fala. VIDE:
● Inscitia confidentiam parit. ● Inscitia mater
arrogantiae.
385. Imperitia culpae annumeratur. [Digesta 50.17.132]
A imperícia é considerada como negligência.
386. Imperium cupientibus nihil medium inter summa
aut praecipitia. [Tácito, Historiae 2.74] Para os que
ambicionam o poder não há meio termo entre as alturas
e o precipício.
387. Imperium et libertas. [Divisa] Governo e liberdade.
Ordem e liberdade.
388. Imperium habere vis magnum? impera tibi.
[Publílio Siro] Queres ter um grande poder? Governa a
ti mesmo.
389. Imperium in imperio. [Antiga divisa do Estado de
Ohio, EUA] Um estado dentro do estado. (=Desde 1868
o Estado de Ohio não tem divisa).
390. Imperium populare melius est tyrannide.
[Periandro / Rezende 2501] O governo do povo é
melhor que o de um homem só.
391. Imperium semper ad optimum quemque a minus
bono transfertur. [Salústio, Catilina 2.2] O poder
sempre passa do menos bom ao melhor.
392. Impetrare oportet, qui aequum postulat. [Plauto,
Stichus 725] Quem pede o justo, é preciso que o
consiga.
393. Impia sub dulci melle venena latent. [Ovídio,
Amores 1.8.104] Sob o doce mel ocultam-se venenos
cruéis. ■ Debaixo de boa palavra, aí está o engano.
■ Boca de mel, coração de fel. ■ Cara de beato, unhas de
gato. ● Impii sub dulci melle venena latent. [Rezende
2502] Os venenos do ímpio se ocultam sob o doce mel.
VIDE: ● Sub dulci melle, venenum.
394. Impiger extremos curris mercator ad Indos, per
mare pauperiem fugiens, per saxa, per ignis.
[Horácio, Epistulae 1.1.45] Tu, mercador infatigável,
corres até os extremos das Índias, fugindo da pobreza,
através do mar, das pedras, do fogo.
395. Impii autem quasi mare fervens, quod quiescere
non potest. [Vulgata, Isaías 57.20] Os ímpios, porém,
são como um mar agitado que não pode acalmar.
396. Impium est ab uno exigere quod ab alio debetur.
[Binder, Thesaurus 1392] É desonesto exigir de um o
que é devido por outro.
397. Impius aperiet oculos in poena, quos clausit in
culpa. [S.Gregório / Bernardes, Nova Floresta 2.378] O
pecador abrirá na pena os olhos que fechou na culpa.
398. Impius lucri furor. [Sêneca, Hippolytus 540] A
sacrílega loucura pelo dinheiro. VIDE: ● Auri sacra
fames.
399. Implacabiles plerumque laesae mulieres. [The
Anathomy of Melancholy] Quando feridas, as mulheres
geralmente são implacáveis.
400. Implesti gaudio cor meum. Encheste de alegria o
meu coração. ● Implestis gaudio cor nostrum, tanto
iucundius quanto carius, tanto gratius quanto citius.
[S.Agostinho, Epistulae 150] Enchestes de alegria meu
coração, tanto mais tanto mais encantadora quanto mais
agradável, tanto mais grata quanto mais imediata. VIDE:
● Tanto iucundius quanto carius.

I3: 401-600
401. Impletus venter non vult studere libenter.
[Rezende 2504] Barriga cheia não tem vontade de
estudar. ■ Barriga cheia, pé dormente. VIDE: ● A studiis
venter nimium distentus abhorret. ● Esuriens venter
non vult studere libenter. ● Ingenium excellens non
gignit venter obesus. ● Plenus venter non studet
libenter. ● Venter plenus somnum parit. ● Ventre
pleno corpus sopore gravatum.
402. Impone felicitati tuae frenos; facilius illam reges.
[Quinto Cúrcio, Historiae 7.8] Põe freio em teu sucesso;
tu o governarás com mais facilidade.
403. Imponenda nova novis rebus nomina. A coisas
novas devem ser atribuídos nomes novos. ● Imponenda
novis si sunt nova nomina rebus. [John Owen,
Epigrammata 2.96] Se são coisas novas, devem-se
atribuir a elas nomes novos. VIDE: ● Rebus novis nova
ponenda nomina.
404. Imponit finem sapiens et rebus honestis. [Juvenal,
Satirae 6.444] O sábio impõe limite mesmo às coisas
dignas.
405. Importuna benevolentia nihil ab odio differt.
[Apostólio 2.19] A gentileza impertinente em nada
difere do ódio. ■ Choram os olhos de teu amigo, e ele
enterrar-te-á vivo. ● Importuna benevolentia nihil ab
inimicitia distat. [Schottus, Adagia 181] VIDE: ● Amare
inepte nil ab odio discrepat. ● Beneficus importunus
hoste non minus. ● Benevolentia importuna non
differt ab odio. ● Benevolentia importuna nihil
differt a simultate. ● Intempestiva benevolentia nihil
a simultate differt. ● Par odio importuna
benevolentia. ● Par odio simulata benevolentia.
406. Importuna tamen pauperies. [Bernardes, Nova
Floresta 2.173] A pobreza é incômoda. ● Importuna
tamen paupertas.
407. Importunitas autem et inhumanitas omni aetati
molesta est. [Cícero, De Senectute 3] Crueldade e
selvageria são chocantes em qualquer idade.
408. Importunus erit, crebro quicumque rogabit.
[Pereira 119] Será importuno quem pedir com
freqüência. ■ Quem muito pede, muito fede.
409. Impos animi. Um fraco de espírito. VIDE: ● Eripite
isti gladium, quae sui est impos animi.
410. Impossibile allegatum non auditur. [Jur] Do
impossível, quando é alegado, não se toma
conhecimento. ● Impossibile allegaans non auditur.
Não se dá ouvido a quem alega coisa impossível.
411. Impossibile enim est sanguine taurorum et
hircorum auferri peccata. [Vulgata, Hebreus 10.4] É
impossível que com sangue de touros e de bodes se
tirem os pecados.
412. Impossibile est mentiri Deum. [Vulgata, Hebreus
6.18] É impossível que Deus minta. ■ Impossível é Deus
pecar.
413. Impossibile est ut non veniant scandala: vae autem
illi per quem veniunt. [Vulgata, Lucas 17.1] É
impossível que deixe de haver escândalos, mas ai
daquele por quem eles vêm. VIDE: ● Necesse est enim ut
veniant scandala; verumtamen vae homini illi, per
quem scandalum venit. ● Oportet ut scandala
eveniant.
414. Impossibile praeceptum iudicis nullius esse
momenti. [Digesta 49.8.3] Não tem valor o mandado do
juiz acerca de coisa impossível.
415. Impossibile sine fide aliquem placere Deo.
[Albertano da Brescia, De Amore 5] Sem fé, é
impossível alguém agradar a Deus. VIDE: ● Sine fide
impossibile est placere Deo.
416. Impossibilia venaris. [Suidas / Schottus, Adagia
336] Persegues coisas impossíveis. ■ Procuras chifre em
cabeça de cavalo. ● Impossibilia captas. [Grynaeus
292] VIDE: ● Quae fieri non possunt, venaris. ● Quae
fieri non possunt, sectaris.
417. Impossibilis condicio pro non scripta habetur.
[Jur] Uma condição impossível é considerada não
escrita.
418. Impossibilium nulla obligatio est. [Celso, Digesta
50.17.185] De coisas impossíveis não há obrigação.
■ Ninguém é obrigado a fazer o impossível. ■ Quem
promete o que não pode a cumprir não está obrigado.
● Impotentia excusat legem. [Rezende 2511] A
impossibilidade dispensa a observância da lei. VIDE:
● Ad impossibile nemo obligatur. ● Ad impossibile
nemo tenetur. ● Ad impossibilia nemo tenetur. ● Lex
non cogit ad impossibilia. ● Lex neminem cogit ad
impossibile. ● Lex neminem cogit ad impossibilia.
● Nemo ad impossibile tenetur. ● Nemo ad
impossibilia tenetur. ● Nemo potest ad impossibile
obligari. ● Nemo tenetur ad impossibilia. ● Obligatio
impossibilium nulla est. ● Ultra posse nemo
obligatur. ● Ultra posse suum nullum lex iusta cöegit.
● Ultra posse suum profecto nemo tenetur. ● Ultra
vires nemo tenetur.
419. Impransus non qui civem dignoscit hoste. [Horácio,
Epistulae 1.15.29] Quem não jantou não distingue o
concidadão do inimigo.
420. Imprimatur. Imprima-se. (=Autorização dada por
censor para que determinada obra possa ser impressa).
● Imprimi potest. Pode ser impresso. ● Imprimi
permittimus. Autorizamos que seja impresso.
● Imprimi permittitur. Permite-se que se imprima.
VIDE: ● Nihil obstat quominus imprimatur. ● Nihil
obstat.
421. Imprimis. Antes de tudo. Em primeiro lugar.
Principalmente. VIDE: ● In primis.
422. Improba corrumpunt sanctos consortia mores.
[Gaal 687] Más companhias corrompem costumes
puros. ■ Quem com coxo anda, aprende a mancar. VIDE:
● Surgit origo mali de turpi saepe sodali.
423. Improba vita mors optabilior. [DAPR 360] A morte
é preferível a uma vida desonrosa. ■ É melhor uma boa
morte que uma ruim sorte. ■ Mais vale perder-se o
homem que o nome. VIDE: ● Honesta mors praestat
turpi vitae. ● Honesta mors turpi vita potior.
● Honestam mortem vitae turpi praefero.
424. Improbe amor, quid non mortalia pectora cogis!
[Virgílio, Eneida 4.412] Cruel amor, a quê não obrigas
os corações humanos!
425. Improbe Neptunum accusat, qui iterum
naufragium facit. [Publílio Siro] Acusa injustamente a
Netuno aquele que naufraga pela segunda vez. ■ Só o
tolo cai duas vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Quisquis
bis naufragium faciet, frustra Neptunum accusat.
426. Improbi dum vivunt, pro mortuis habentur.
[Schottus, Adagialia Sacra 3] Os perversos, enquanto
vivem, são tidos por mortos.
427. Improbi hominis est mendacio fallere. [Cícero, Pro
Murena 62] É da natureza do desonesto enganar usando
mentiras.
428. Improbi, ne pereant, perdunt. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 4.9 / Rezende 2515] Os malignos, para não
perecerem eles, perdem a outros.
429. Improbis improbus sit. [Plauto, Bacchides 620] Seja
ele mau para os maus. ■ Para maroto, maroto e meio.
430. Improbitas ipsos audet tentare parentes. [Juvenal,
Satirae 10.305] O desonesto ousa tentar os próprios
pais.
431. Improbitas, si laudetur, intolerabilis fit. [Binder,
Medulla 712] A improbidade, se for louvada, fica
intolerável.
432. Improbo populo magistratus improbus. [Manúcio,
Adagia 422] Para povo desonesto, governante
desonesto. ■ Qual é o cão, tal é o dono.
433. Improborum improba suboles. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 1.6 / Rezende 2517] A descendência dos maus
é má. ■ De mal pai, maus filhos. ■ De tal pai, tal filho.
■ Filho de peixe peixinho é.
434. Improborum iuramentum in aqua scribe. Escreve
na água o juramento dos ímpios.
435. Improbus administrator. [Jur] Um administrador
desonesto.
436. Improbus est is qui sollicitus est de vivi hereditate.
[Digesta 28.6.2.2] É desonesto quem se preocupa com a
herança de quem ainda vive.
437. Improbus est homo, qui beneficium scit sumere, et
reddere nescit. [Plauto, Persa 770] É desonesto o
homem que sabe receber um favor, mas não sabe
retribuí-lo. ● Improbus est homo qui beneficium scit
accipere, et reddere nescit.
438. Improbus litigator. [Jur] Um litigante desonesto.
439. Improbus officium scit poscere, reddere nescit.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 17] O
desonesto sabe pedir um favor, mas não sabe retribuir.
440. Improvisa leti vis. [Horácio, Carmina 2.13.19] A
força imprevista da morte. VIDE: ● Vis improvisa leti.
441. Improvisa nocent, melius praevisa caventur. O mal
imprevisto nos prejudica; o mal previsto se evita
melhor.
442. Imprudens peccat quem peccati paenitet. [Publílio
Siro] Erra sem querer quem se arrepende do erro.
■ Quem se arrepende, salva-se. ● Imprudens peccat
quem post facti paenitet. Erra sem querer quem depois
se arrepende da ação.
443. Imprudentia pleraque et se praecipitant. [Salústio,
Epistulae ad Caesarem 2.8] Com sua imprudência
arruínam quase tudo, inclusive a si mesmos.
444. Imprudentiam non admitte. [Bias / Rezende 2521]
Não admitas a ignorância.
445. Impudens facies. Uma cara despudorada.
446. Impudens postulatio tempo egestatis et angustiae
ab eo quaerere auxilium, quem in prosperitate
contempseris. [S.Jerônimo / Rezende 2520] É um
pedido desavergonhado no tempo da necessidade e do
aperto buscar auxílio a quem desprezaste quando
estavas na prosperidade.
447. Impudenter certa negantibus difficilior venia est.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.42] É mais difícil o
perdão àquele que impudentemente nega a evidência.
448. Impudicus oculus impudici cordis nuntius est.
[RSA 22] Um olho impudico é o mensageiro de um
coração impudico.
449. Impune pecces in eum, qui peccat prior. [Publílio
Siro] Ficará sem punição o erro que se comete contra
quem erra antes.
450. Impune quaelibet facere, id est regem esse.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 31.8] Fazer
impunemente o que se quer, isso é ser rei.
451. Impunita nocent crimina saepe bonis. Os crimes
impunes muitas vezes prejudicam as pessoas boas. VIDE:
● Bonis nocet qui malis parcet.
452. Impunitas continuum affectum tribuit
delinquendi. [Jur / Coke / Black 928] A impunidade
estimula a permanente disposição de delinqüir.
453. Impunitas ferociae parens. A impunidade é a mãe
da crueldade.
454. Impunitas peccandi illecebra. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 2.3 / Rezende 2522] A impunidade é atrativo
para o delito. ■ A impunidade convida ao crime.
● Impunitatis spes est maxima illecebra peccandi.
[Binder, Medulla 713] A esperança de impunidade é o
maior atrativo para o crime. VIDE: ● Maximam
illecebram esse peccandi, impunitatis spem.
455. Impunitas semper ad deteriora invitat. [Jur / Coke /
Black 928] A impunidade sempre estimula piores
crimes. ■ Perdoar ao mau é dizer-lhe que seja.
456. Imputatur enim alicui quod potest et debet
impedire, si non impedit. [Pe.Francisco Vitoria] A
cada um se imputa aquilo que pode e deve impedir, se
não o impede.
457. Imum nolo; summum nequeo; quiesco. [Joseph
Hall / Stevenson 159] Não quero o inferior; não consigo
o mais elevado; fico quieto.
458. Imus, venimus, videmus. [Terêncio, Phormio 103]
Vamos, vimos, estamos vendo.
459. In abscondito. Escondido. Oculto.
460. In absentia. [Jur] Na ausência.
461. In abstracto. Em abstrato. Subjetivamente.
462. In absurdum. Até o absurdo.
463. In acie novaculae. [Grynaeus 206] No fio da
navalha. ● In acie novaculae consistit. [Apostólio 8.91]
Está no fio da navalha. ■ Está em palpos de aranha. ● In
acie novaculae relinquere. [Pereira 101] Deixar no fio
da navalha. ■ Deixar nas pontas do touro. VIDE:
● Novaculae in acumune res est.
464. In actu. No ato.
465. In admonendum sapimus omnes; verum ubi
peccamus ipsi, non videmus propria. [Grynaeus 39]
Para criticar os outros, todos somos inteligentes, mas
quando somos nós que erramos, não vemos nossos
erros. ■ O macaco vê o rabo da cutia, mas não vê o seu.
466. In adulescentia. Na juventude.
467. In adversis et paupertate cognoscitur amicus.
[Bebel, Adagia Germanica] Na adversidade e na
pobreza se conhece o amigo. ■ Nos perigos se vêem os
amigos. ■ Nas ocasiões é que se conhecem os amigos.
VIDE: ● Amici probantur rebus adversis. ● Amicus
certus in re incerta cernitur. ● Amicus certus in
necessitate cernitur. ● Amicus certus in re incerta.
● Difficile est in re prospera amicos probare, in
adversa facile. ● In adversis et paupertate
cognoscitur amicus. ● In angustiis amici apparent.
● In necessitate probatur amicus. ● Noscitur adverso
tempore verus amor. ● Noscitur in magno discrimine
quis sit amicus. ● Rebus incertis amor est probandus.
● Sors aspera monstrat amicum. ● Vera amicitia in
calamitatibus dignoscitur.
468. In aequali iure melior est condicio possidentis. [Jur
/ Broom 557] Sendo igual o direito, é melhor a condição
de quem tem a posse. VIDE: ● In pari casu melior est
condicio possidentis.
469. In aequilibrio. Em equilíbrio. Em completa
igualdade.
470. In aequo est dolor amissae rei et timor amittendae.
[Sêneca, Epistulae Morales 97.6] É igual a dor de ter
perdido algo e o medo de vir a perdê-lo.
471. In aëre aedificare. Contruir no ar. ■ Construir
castelos no ar. VIDE: ● Sublato fundamento, in aëre
aedificat. ● Subtracto fundamento in aëre aedificare.
472. In aëre piscari, venari in mari. [Erasmo, Adagia
1.4.74] Pescar no ar, caçar no mar. ■ Buscar água em
fonte seca. VIDE: ● Piscari in aëre. ● Venari in medio
mari.
473. In aetate hominum plurimae fiunt transennae, ubi
decipiuntur dolis. [Plauto, Rudens 1235] Na vida dos
homens ocorrem numerosas armadilhas, em que eles
são enganados com trapaças.
474. In aeternum. Para a eternidade. Para sempre. ● In
aevum. VIDE: ● Ad aeternum. ● Ad saeculum. ● Ad
saecula saeculorum. ● In saecula saeculorum. ● In
saecula. ● In saeculum saeculi. ● In saeculum. ● In
sempiterna saecula. ● Per omne saeculum. ● Per
omnia saecula saeculorum.
475. In aeternum vive. [Vulgata, Neemias 2.3] Vive
eternamente.
476. In albis. Em branco. Sem modificação. Sem que se
faça qualquer coisa. (=Ficar in albis. Ficar sem
entender nada).
477. In alienis vitiis lyncei sumus, in nostris caeci. Nos
defeitos alheios, temos olhos de lince; nos nossos,
somos cegos. ■ Macaco não enxerga o seu rabo, mas
enxerga o da cutia. ● In alienis vitiis oculati, in nostris
caeci. Para os erros dos outros temos olhos, para os
nossos somos cegos. ● In alienis vitiis sumus lynces,
sed in propriis talpes. Nos defeitos dos outros somos
linces, mas nos nossos somos topeiras. VIDE: ● Aliena
vitia in oculis habemus, a tergo nostra sunt. ● In alio
pediculum vides, in te ricinum non vides. ● I In
propriis vitiis talpae, in alienis lynces sumus.
478. In alieno choro pedem ne ponas. [Erasmo, Adagia
2.2.51] Não ponhas o pé em dança alheia. ■ Não te
metas na seara alheia. ■ Não te metas onde não te
chamam. ■ Não te metas na réstea sem ser cebola. ● In
alieno choro qui pedem ponit non bene facit.
[Plutarco / Albertatius 586] Quem põe o pé em dança
alheia não age bem.
479. In alieno foro litigare. [Marcial, Epigrammata 12;
Erasmo, Adagia 2.2.90] Litigar em tribunal estranho.
(=Cuidar de assunto de que não se tem experiência).
■ Ser bisonho no ofício.
480. In alieno solo. [Jur / Black 929] Em terra alheia.
481. In aliis rebus alius est praestantior. [Publílio Siro]
Cada um se destaca mais em uma coisa. ■ Cada qual em
seu ofício.
482. In alio loco. Em outro lugar.
483. In alio mundo. [Grynaeus 289] Em outro mundo.
484. In alio pediculum vides, in te ricinum non vides.
[Petrônio, Satiricon 57.7] No outro vês o piolho, em ti
não vês o carrapato. ■ Vemos um argueiro no olho do
vizinho e não vemos uma trave no nosso. VIDE: ● Aliena
vitia in oculis habemus, a tergo nostra sunt. ● In
alienis vitiis lyncei sumus, in nostris caeci. ● In alienis
vitiis oculati, in nostris caeci.
485. In alterius praemium verti alienum metum non
oportet. [Ulpiano, Digesta 4.12.14.5] Não convém que
o medo de um se transforme em benefício de outro.
486. In alternativis electio est debitoris. [Jur / Black 929]
Nas alternativas, a escolha é do devedor.
487. In amaritudine salus. [DAPR 54] A salvação está no
amargo. ■ O que é amargo na boca é bom para o
estômago.
488. In ambiguis religionum quaestionibus. [Papiniano,
Digesta 11.7.43] Nas questões incertas das religiões.
489. In ambiguis orationibus, maxime sententia
spectanda est eius, qui eas protulisset. [Digesta
50.17.96] Nas expressões ambíguas, deve-se atender
principalmente à intenção de quem as proferiu.
490. In ambiguis rebus humaniorem sententiam sequi
oportet. [Digesta 34.5.10.1] Nos casos duvidosos,
convém adotar a decisão mais benigna.
491. In ambiguo. Na dúvida.
492. In amicitia superior par inferiori est. [Cícero, De
Amicitia 69] Na amizade, o superior é igual ao inferior.
493. In amico quaestus est quod sumitur. [Branco 492]
É lucro o que se gasta com o amigo. VIDE: ● In bono
hospite atque amico quaestus est quod sumitur.
494. In amore forma plus valet quam auctoritas.
[Publílio Siro] No amor a beleza pode mais do que a
reputação.
495. In amore haec omnia insunt vitia: iniuriae,
suspiciones, inimicitiae, indutiae, bellum, pax
rursum. [Terêncio, Eunuchus 59] No amor existem
todos estes inconvenientes: injúrias, suspeitas,
inimizades, tréguas, guerra e novamente a paz.
496. In amore haec sunt mala, bellum, pax rursum.
[Horácio, Sermones 2.3.267] Eis os males do amor:
guerra, depois paz. VIDE: ● Bellum, pax rursum.
497. In amore preces et benefacta valent. [Propércio,
Elegiae 1.1.16] No amor muito podem os rogos e os
favores.
498. In amore semper mendax iracundia est. [Publílio
Siro] No amor, a zanga é sempre mentirosa. ■ Arrufos
de namorados são amores dobrados.
499. In amplissima forma. Na forma mais abrangente.
500. In Anglia non est interregnum. [Broom 36] Na
Inglaterra não existe interregno. ■ Rei morto, rei posto.
■ O rei morreu! Viva o rei! VIDE: ● Rex nunquam
moritur.
501. In angustiis amici apparent. [Petrônio, Satiricon 61]
Nos momentos difíceis é que se mostram os amigos.
■ Nos perigos se vêem os amigos. ■ Nas ocasiões é que
se conhecem os amigos. VIDE: ● Amici probantur rebus
adversis. ● Amicus certus in re incerta cernitur.
● Amicus certus in necessitate cernitur. ● Amicus
certus in re incerta. ● Difficile est in re prospera
amicos probare, in adversa facile. ● In adversis et
paupertate cognoscitur amicus. ● In necessitate
probatur amicus. ● Noscitur adverso tempore verus
amor. ● Noscitur in magno discrimine quis sit
amicus. ● Rebus incertis amor est probandus. ● Sors
aspera monstrat amicum. ● Vera amicitia in
calamitatibus dignoscitur.
502. In animis hominum tantae latebrae sint et tanti
recessus. [Cícero, Pro Marcello 22] Nas almas dos
homens há tantos mistérios e tantos esconderijos.
503. In animo melius distincta servantur. [Macróbio,
Saturnalia 1.1.6] As coisas organizadas se guardam
melhor no espírito.
504. In annum. Para o período de um ano.
505. In antiquis est sapientia, et in multo tempore
prudentia. [Vulgata, Jó 12.12] A sabedoria acha-se nos
velhos, e a prudência na vida dilatada.
506. In anulo, Dei figuram ne gestato. [Manúcio, Adagia
24] Não uses a imagem de Deus no teu anel.
507. In aperta luce. [Jur / Black 929] À luz do dia.
Durante o dia.
508. In aperto. Abertamemte; Sem dissimulação.
Claramente. Ao ar livre.
509. In apicibus iuris. [Jur / Black 929] Nas sutilezas do
direito. VIDE: ● Apex iuris.
510. In aqua haeret. [Manúcio, Adagia 188] Está preso na
água. ■ Não sabe para que lado se virar. ■ Não sabe se
vai, ou se fica.
511. In aqua scribis. [Erasmo, Adagia 1.4.56] Tu estás
escrevendo na água. (=Prometes o que não cumprirás).
VIDE: ● In arena scribis. ● In cinere scribis. ● In vino
scribis. ● Per aquam scribis. ● Scribis in aqua.
512. In aqua sementem facis. [Erasmo, Adagia 1.4.53]
Semeias na água. ■ Gastas cera com ruim defunto.
■ Atiras teu dinheiro pela janela. ● In aqua seminas.
[Schottus, Adagia 66] VIDE: ● Arenae semina mandas.
● Semina arenae mandare. ● Semina spargere in
Oceanum.
513. In aqua turbida piscatur uberius. [Walter Map, De
Nugis Curialium] Na água agitada se pesca com mais
abundância. ■ Na água revolta pesca o pescador. VIDE:
● Aqua turbida piscosior est. ● Aquis turbidis piscari.
● Est captu facilis turbata piscis in unda. ● Est captu
facilis turbatis piscis in undis. ● Est captus turbatis
piscis in undis. ● Flumen confusum reddit
piscantibus usum. ● Piscatur in aqua turbida.
● Turbat aquas, ut plures capiat pisces. ● Turbata
aqua, captat anguillas.
514. In arbitrio viri erit, ut faciat, sive non faciat.
[Vulgata, Números 30.14] Ficará no arbítrio do marido
fazê-lo ela, ou não o fazer.
515. In ardua virtus. [Divisa / Ovídio, Ex Ponto 2.111]
Contra as dificuldades, coragem. ● In arduis virtus.
[Divisa] Nos momentos difíceis, coragem. VIDE:
● Virescit in arduis virtus.
516. In arduis cunctanter agendum. [Manúcio, Adagia
1236] Nas tarefas difíceis, é preciso agir devagar.
517. In area te abscondis. [Apostólio 8.49] Escondes-te
na praça pública. ■ Gato escondido com o rabo de fora.
● In area latitas. [Erasmo, Adagia 3.4.97] ● In area
occultaris. [Schottus, Adagia 70]
518. In arena aedificas. [Erasmo, Adagia 1.4.57]
Constróis na areia. ■ Constróis castelos no ar. VIDE:
● Super arenam aedificare.
519. In arena scribis. Escreves na areia. ■ Prometes
mundos e fundos. VIDE: ● In aqua scribis. ● In cinere
scribis. ● In vino scribis. ● Per aquam scribis.
● Scribis in aqua.
520. In armis iura! As leis estão nas armas!
521. In articulo. [Codex Iustiniani 1.33.3] Num momento.
Imediatamente.
522. In articulo mortis. [Jur / Black 929] Em caso de
morte eminente. No momento da morte. Na hora da
morte. VIDE: ● Articulo mortis. ● In extremis vitae
momentis. ● In extremis. ● In supremis. ● In ultimis.
523. In articulo necessitatis. No momento de
necessidade.
524. In asini aures canis. Cantas ao ouvido do burro.
■ Perdes teu latim. ● In asini aures canere. [Manúcio,
Adagia 1280]
525. In astra nunquam intende digitum. Nunca apontes
teu dedo contra os astros. (=Não difames homens
ilustres). VIDE: ● Adversus solem loqui. ● Adversus
solem ne loquaris, ne videlicet incidas in periculum.
● Adversus solem ne loquitor.
526. In atrocioribus delictis punitur affectus licet non
sequatur effectus. [Jur / Black 929] Nos crimes
hediondos pune-se a intenção, mesmo que não haja
realização.
527. In auctorem mali saepe recidit malum. O mal
muitas vezes recai sobre o seu autor. ■ Quem arma a
esparrela, às vezes cai nela. ■ Quem faz o mal, espere
outro tal. VIDE: ● Faber compedes, quas fecit, ipse
gestet.
528. In auctorem poena redit suum. [Binder, Thesaurus
1404] A punição recai sobre o autor. ■ Quem quebra os
copos, os paga.
529. In audaces non est audacia tuta. [Ovídio,
Metamorphoses 10.544] Contra valentes valentia não é
segura.
530. In aula. No palácio.
531. In aurem dicere. [Erasmo, Adagia 1.3.47] Dizer ao
ouvido. Segredar. ● In aurem dicere nescio quid
puero. [Horácio, Sermones 1.9] Não sei o que dizer ao
ouvido do rapaz.
532. In aurem utramvis dormire. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 342] Dormir sobre as duas orelhas.
(=Dormir tranqüilo). ● In aurem utramque dormire.
VIDE: ● Dormit in utramvis aurem quem cura
relinquit. ● In utramque dormit aurem. ● In utramvis
dormire aurem.
533. In baculo equitare. [DAPR 123] Cavalgar um
bastão. ■ Fazer cavalo de batalha.
534. In beato omnia beata. [Erasmo, Adagia 4.10.83] No
homem feliz, todas as coisas dão certo.
535. In bello aut vincendum aut fortiter occumbendum.
[Rezende 2544] Na guerra deve-se vencer, ou morrer
com coragem.
536. In bello licet omnia facere quae necessaria sunt ad
defensionem boni publici. [Pe.Francisco Vitoria] Na
guerra é lícito fazer tudo que seja necessário para a
defesa do bem público.
537. In bello nec primus nec ultimus esto. Na guerra, não
sejam nem o primeiro, nem o último.
538. In bello nihil tam leve est quod non magnae
interdum rei momentum faciat. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 25.28] Na guerra, nada é tão insignificante que
às vezes não possa causar um movimento de grande
importância.
539. In bello non licet bis peccare. [Apostólio 2.95] Na
guerra não se pode errar duas vezes. ■ Duas vezes é
moléstia. VIDE: ● Bis peccare in bello non licet. ● Non
in bello peccare licet bis. ● Non licet bis in bello
peccare. ● Non licet in bello bis peccare. ● Peccare bis
bello cuiquam non licet.
540. In bello parvis momentis magni casus intercedunt.
[César, De Bello Civili 1.21.2] Na guerra, em breves
momentos se realizam acontecimentos importantes.
541. In bello plurimum ingenium posse. [Salústio,
Catilina 2.2] Na guerra é a inteligência que tem maior
poder.
542. In bibliothecis loquuntur defunctorum immortales
animae. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 35.9,
adaptado] Nas bibliotecas falam as almas imortais dos
mortos.
543. In bonae fidei contractibus ex mora usurae
debentur. [Digesta 22.1.32.2] Nos contratos feitos de
boa-fé, contam-se os juros de mora.
544. In bonam partem. [Cícero, Ad Atticum 13.3] Em
bom sentido. Favoravelmente. Considerando os
aspectos favoráveis. VIDE: ● In malam partem.
545. In bonis defuncti. [Digesta 35.2.62.1] Entre os bens
do falecido.
546. In bonis viri, inimici illius in tristitia; et in malitia
illius, amicus agnitus est. [Vulgata, Eclesiástico 12.9]
Quando um homem é feliz, estã tristes os seus inimigos;
e quando ele é desgraçado, conhece-se quem é seu
amigo. VIDE: ● Amicus certus in re incerta cernitur.
547. In bono hospite atque amico quaestus est quod
sumitur. [Plauto, Miles Gloriosus 674] O que se gasta
com um bom hóspede ou amigo é lucro. VIDE: ● In
amico quaestus est quod sumitur.
548. In bonum virum non cadit mentiri. [Binder,
Thesaurus 1406] Mentir não combina com homem
honrado.
549. In brevi. Em breve. Brevemente.
550. In buccam tibi quod venerit loquaris. Fala o que te
vier à boca. VIDE: ● Quicquid in buccam venerit stultus
loquitur. ● Quidquid in buccam tibi venerit, loquaris.
551. In caducum parietem nos inclinavimus. [Aelius
Spartianus, De Vita Hadriani 23.14] Nós nos apoiamos
numa parede arruinada. ● In caducum parietem
incubuimus. ● In caducum parietem non
inclinandum. Não se deve encostar em parede que está
para cair.
552. In caecorum regno regnant strabones. Em terra de
cegos governam os estrábicos. ■ Em terra de cegos, o
torto é rei. ■ Em terra de cego quem tem um olho é rei.
VIDE: ● Apud caecos monoculus rex. ● Beati monoculi
in regione caecorum. ● Beati monoculi in terra
caecorum. ● Beatus monoculus in terra caecorum.
● Caecorum in patria luscus rex imperat omnis. ● In
regione caecorum rex est luscus. ● In terra caecorum
monoculus rex. ● Inter caecos luscus rex. ● Inter
caecos regnat luscus. ● Inter caecos regnat strabo.
● Inter caecos strabus rex est. ● Inter pygmaeos
regnat nanus. ● Monoculus inter caecos rex.
553. In caelo et in terra. No céu e na terra.
554. In caelo patria vestra, non in terra. Vossa pátria
fica no céu, não na terra.
555. In caelo quies. [Rezende 2568] ■ Só no céu ha
descanso.
556. In caelo salus. A salvação está no céu.
557. In caelo sum. [Cícero, Ad Atticum 2.9.1] Estou no
céu. (=Estou felicíssimo).
558. In caelum efferre. [DAPR 482] Pôr alguém no céu.
(=Elogiar muito). ● In caelum tollere.
559. In caelum exspuis. [Erasmo, Adagia 3.4.87] Estás
cuspindo para o céu. (=Diz-se de quem hostiliza a quem
não pode fazer mal). ● In caelum iacularis. [Zenódoto /
Albertatius 595; Erasmo, Adagia 1.4.92] Estás
flechando o céu. ● In caelum sagittam torques.
560. In calamitate ex amicis inimici exsistunt. [César,
De Bello Civile 104] Na desgraça, dos amigos surgem
os inimigos.
561. In calamitoso risus etiam iniuria est. [Publílio Siro]
Quando um homem está arruinado, até o riso é
considerado uma falta.
562. In camera. [Jur / Black 929] Na sala do juiz. (=Em
sessão secreta).
563. In cantu Itali balant, Hispani gemunt, Galli
modulantur, Germani ululant. [Anônimo / Bernardes,
Nova Floresta 5.496] No exercício de cantar, os
italianos parece que estão balando, os espanhóis
gemendo, os franceses gorjeando e os alemães uivando.
564. In capite. [Jur / Black 929] Como chefe. No
comando.
565. In capite orphani discit chirurgus. [Erpênio /
Rezende 2548] Na cabeça do órfão aprende o cirurgião.
566. In caput auctoris facinus plerumque redundat.
[Binder, Medulla 718] A má ação geralmente recai na
cabeça do seu autor. ■ O feitiço se volta contra o
feiticeiro. ■ A má ação fica com quem a pratica. ● In
caput auctoris poena revertitur. VIDE: ● Fraus in
auctorem recidit.
567. In casibus extraordinariis. Nos casos
extraordinários.
568. In cassum. Em vão. ● In cassum laboras. Trabalhas
em vão.
569. In casu. Neste caso.
570. In casu appellationis. [Jur] No caso de apelação.
571. In casu consimile. Em caso semelhante.
572. In casu exceptionis de incompetentia. [Jur] No caso
de exceção de incompetência.
573. In casu extremae necessitatis omnia sunt
communia. [Jur / Black 930; S.Tomás de Aquino,
Summa Theologiae 2.2.32] Em caso de extrema
necessidade, todas as coisas são comuns.
574. In casu peremptionis. [Jur] No caso de perempção.
575. In casu suspicionis. [Jur] No caso de suspeição.
576. In casu urgentis necessitatis. Em caso de
necessidade urgente.
577. In cauda venenum. [Rezende 2549] ■ O veneno está
na cauda. ■ A cauda é o pior de esfolar. ■ Jacaré,
jacaré, quanto mais rabo, pior é. VIDE: ● Latet in cauda
venenum. ● Scorpium octipedem excitas. ● Scorpius
quem excitas venenum in cauda gestat.
578. In causa facili cuivis licet esse diserto. [Ovídio,
Tristia 3.11.21] Em causa fácil qualquer um pode ser
eloqüente.
579. In cavea non canit luscinia. [Manúcio, Adagia 1352]
■ O rouxinol na gaiola não canta. ● In cavea minus
bene canit luscinia. [Manúcio, Adagia 1380] Na gaiola,
o rouxinol não canta tão bem.
580. In certis non est coniecturae locus. [Jur] Nas coisas
certas não há lugar para conjectura. VIDE: ● In claris non
est locus coniecturis.
581. In Christi nomine. Em nome de Cristo.
582. In circuitu impii ambulant. [Vulgata, Salmos 11.9]
Os ímpios andam ao derredor.
583. In cineres scribere. [Schottus, Adagia 413] Escrever
nas cinzas. (=Prometer o que não cumprirá. Fazer
trabalho inútil). VIDE: ● In aqua scribis. ● In arena
scribis. ● In vino scribis. ● Per aquam scribis.
● Scribis in aqua.
584. In cive excelso blanditiam, ambitionem notam esse
levitatis. [Cícero, De Republica 4.8] Em cidadão
eminente a lisonja e a ambição são sinal de pouco
caráter.
585. In civitate Dei nostri. [Vulgata, Salmos 47.2] Na
cidade de nosso Deus. VIDE: ● Civitas Dei. ● Gloriosa
dicta sunt de te, civitas Dei.
586. In civitate libera linguam mentemque liberas esse
debent. [Suetônio, Tiberius 3.28] Num estado livre, a
língua e a mente devem ser livres. VIDE: ● In libera
civitate oportet etiam linguas esse liberas.
587. In claris non est locus coniecturis. [Jur / Black 930]
Em coisas óbvias não há espaço para conjecturas. VIDE:
● In certis non est coniecturae locus.
588. In claris non fit interpretatio. [Jur] Nas coisas claras
não cabe interpretação. VIDE: ● Quando verba sunt
clara, non admittitur mentis interpretatio.
589. In claustro domini furit acrior ira catelli. [Pereira
111] Na casa de seu dono a ira do cãozinho é mais
violenta. ■ Muito pode o galo no seu poleiro. ■ Em sua
casa, cada um é rei. VIDE: ● Ausus maiores fert canis
ante fores. ● Canis domi ferocissimus. ● In foribus
propriis canis est audacior omnis. ● Omnis canis in
porta sua magnus est latrator.
590. In cogitatione tua regi ne detrahas. Não digas mal
do rei nem em pensamento. ■ Não digas mal de el-rei
nem entre dentes, porque em toda parte tem parentes.
● In cogitatione tua regi ne detrahas, et in secreto
cubili tui ne maledixeris diviti, quia et aves caeli
portabunt vocem tuam. [Vulgata, Eclesiastes 10.20]
Não digas mal do rei, ainda no teu pensamento, e não
fales mal do rico, ainda no retiro de tua câmara, porque
até as aves do céu levarão a tua voz.
591. In commendam. Em confiança.
592. In commercio. No comércio.
593. In communi calamitate suam quemque habere
fortunam. [Quinto Cúrcio, Historiae 6.4] Quando a
desgraça é comum, cada um tem sua sorte.
594. In communionem vel societatem nemo compellitur
invitus detineri. [Codex Iustiniani 3.37.5] Ninguém é
obrigado a permanecer numa sociedade contra a
vontade.
595. In concione pecus obviam considet. [Medina 602] O
rebanho está reunido no caminho. ■ Ovelhas bobas, por
onde vai uma, vão todas.
596. In concreto. Em concreto. Neste caso.
Objetivamente.
597. In coniunctivis, oportet utramque partem esse
veram. [Jur / Black 930] Nas parcerias, é preciso que
ambas as partes sejam legítimas.
598. In consimili casu, consimile debet esse remedium.
[Jur / Black 930] Em caso igual o remédio deve ser
igual.
599. In conspectu discipulorum suorum. [Vulgata, João
20.30] Na presença de seus discípulos.
600. In conspectu legum. [Jur] Na presença das leis.
I4: 601-800
601. In conspectu tuo. Em tua presença. Diante de teus
olhos. VIDE: ● Inveniam gratiam in conspectu tuo.
602. In consuetudinibus, non diuturnitas temporis sed
solicitas rationis est consideranda. [Jur / Black 930]
Nos costumes, não se deve considerar a longa duração
do tempo, mas a solidez da razão.
603. In consultando cunctatio tutior est; periculosa
celeritas. [Manúcio, Adagia 499] Ao deliberar, a
lentidão é mais segura; a pressa é perigosa. ■ Quem
depressa resolve, depressa se arrepende.
604. In continenti tempore. Imediatamente. Sem perda de
tempo. ● In continenti. VIDE: ● Ex continenti.
605. In contractibus rei veritas potius scriptura
prospici debet. [Codex Iustiniani 4.22.1] Nos contratos,
deve-se considerar a verdade da coisa mais que o
escrito.
606. In contractibus tacite insunt quae sunt moris et
consuetudinis. [Jur / Broom 656] Nos contratos estão
incluídas tacitamente aquelas coisas que são dos usos e
costumes.
607. In contrahendo quod agitur pro cauto habendum
est. [Pompônio, Digesta 12.1.3] Deve-se ter cautela com
o que se estipula nos contratos.
608. In controversiis, quas in iudiciis moveri contigerit,
aequalitatem litigatoribus volumus servari. [Codex
Iustiniani 12.19.12.4] Nas demandas que forem movidas
em juízo, queremos que seja observada igualdade entre
as partes.
609. In contumacia. [Jur] No caso de recusa de
comparecer em juízo.
610. In corde spes, vis et vita. [Divisa / Rezende 2575]
No coração estão a esperança, a força e a vida.
611. In corpore. Em matéria. Em substância.
Inteiramente.
612. In crastino. No dia seguinte. VIDE: ● Altera die. ● Die
altera. ● Crastino die.
613. In crastinum differo res severas. [Cornélio Nepos,
Pelopidas 3.2] Adio para amanhã os assuntos sérios.
● In crastinum seria. [Erasmo, Adagia 4.7.60] ● In
crastinum negotia. [Schottus, Adagia 621]
614. In criminalibus non sim adstrictus iudicare
secundum leges, sed vel meo arbitrio definire
possum. Nas questões criminais, não ficarei restrito a
julgar segundo as leis, mas poderei decidir até segundo
meu arbítrio.
615. In criminalibus, voluntas reputabitur pro facto.
[Jur / Black 931] Nos atos relativos a crimes, a vontade
é contada como fato. VIDE: ● In maleficiis voluntas
spectatur, non exitus.
616. In cruce salus. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 2.12.7] A salvação está na cruz. VIDE: ● In hac
cruce salus.
617. In cruce spero. Minha esperança está na cruz.
618. In curia. No tribunal.
619. In custodia legis. [Jur / Black 931] Sob a guarda da
lei. VIDE: ● In gremio legis.
620. In cyatho vini pleno cum musca periret, ‘sic’, ait
Oeneus, ‘sponte perire velim’. [Brewer, Dictionary of
Phrase and Fable] Quando a mosca morreu na taça cheia
de vinho, ‘assim’, disse Vinário, ‘é que eu gostaria de
morrer’.
621. In debiles debilis incidit. [Grynaeus 272] Aos
doentes apresentou-se como doente. VIDE: ● Ad aegrotos
aegrotus veni. ● Ad imbecillos debilis me contuli.
● Ad imbecillos imbecillus advenis. ● Factus sum
infirmis infirmus, ut infirmos lucrifacerem.
622. In defectu rerum nihil operae est indulgere verbis.
[Símaco / Bernardes, Nova Floresta 5.159] Na falta de
fatos, de nada adianta entregar-se às palavras.
■ Palavras sem obras são tiros sem balas.
623. In delictis nemo excusatur per iuris ignorantiam,
etiam minor. [Jur] Nos delitos, ninguém se escusa por
ignorância da lei, nem mesmo o menor.
624. In Deo confido. [Divisa] Confio em Deus. VIDE: ● In
Domino confido.
625. In Deo laetandum. Alegremo-nos em Deus.
626. In Deo speramus. [Divisa da Brown University,
EUA] Esperamos em Deus. ● In Deo spero. [Divisa]
Minha esperança está em Deus. VIDE: ● Spero in Deo.
627. In Deo spes mea. [Divisa] Minha esperança está em
Deus.
628. In dextra quidem fortuna, moderatus esto; in
sinistra autem prudens. [Bias / Rezende 2585]
Quando a sorte é favorável, sê moderado; e quando é
adversa, sê prudente.
629. In dextris vestris iam libertatem, opem, spem
futuri temporis geritis. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.14]
Vós conduzis em vossas mãos a liberdade, a riqueza, a
esperança do futuro.
630. In dicendo, non tam copia, quam modus
quaerendus. Ao se discursar, não se deve visar à
abundância, mas ao equilíbrio. VIDE: ● Mihi non tam
copia quam modus in dicendo quaerendus est.
631. In die bona fruere bonis. No dia bom goza das
coisas boas. ■ Ao bom dia, abre-lhe a porta. ● In die
bona fruere bonis, et malam diem praecave.
[Vulgata, Eclesiastes 7.15] Goza dos bens no dia bom, e
precavê o mau dia. ■ Ao bom dia, abre-lhe a porta, e ao
mau, te aparelha.
632. In die bonorum ne immemor sis malorum, et in die
malorum ne immemor sis bonorum. [Vulgata,
Eclesiástico 11.27] No dia da felicidade não esqueças a
desgraça, e no dia da desgraça não esqueças a
felicidade.
633. In die illa stillabunt montes dulcedinem, et colles
fluent lacte. [Vulgata, Joel 3.18] Naquele dia os montes
distilarão doçura, e os outeiros manarão leite.
634. In die natalis regis. [Vulgata, 2Macabeus 6.7] No dia
dos anos do rei.
635. In diebus illis. Naqueles dias. Naquele tempo. VIDE:
● Eo tempore. ● In illo tempore. ● In tempore illo.
636. In diem. [Jur] Para um dia marcado.
637. In diem vivo. [Grynaeus 89] Vivo para o dia. Vivo o
dia-a-dia. (=Viver sem preocupar-se com o futuro).
■ Ganhá-lo e comê-lo. ■ Viver da mão à boca. VIDE: ● Ex
tempore vivere. ● In horam vivo. ● Mortales sumus,
haud sunt nobis crastinae curae.
638. In discrimine apparet qui vir sit. [Erasmo, Adagia
3.8.84] No momento do perigo se vê quem é o homem.
■ No frigir dos ovos é que a manteiga chia. ■ Aqui se vê
o filho do homem. VIDE: ● Vir in discrimine apparet.
639. In discussione autem fas unicuique est a pristina
sua conclusione recedere. [Codex Iuris Canonici
(1917) Can. 1871.4] No debate é justo que qualquer
pessoa recue de sua primeira afirmação.
640. In disputationibus coram populo qui magis
garrulus est vincit. [Hipócrates / Busarello 294] Nos
debates diante do povo, o mais loquaz é o que vence.
641. In divite fortuna ne superbias. [Cleóbulo / Rezende
2591] Quando a sorte te for favorável, não sejas
soberbo.
642. In divitiis Croesi teruncii accessio. [Cícero, De
Finibus 3.45] O acréscimo de um vintém à fortuna de
Creso. ■ Levar água ao mar. VIDE: ● Croesi pecuniae
nummum addere. ● Croesi pecuniae teruncium
adicere. ● Teruncium adicere Croesi pecuniae.
643. In divitiis inopes, quod genus egestatis
gravissimum est. [Sêneca, Epistulae Morales 74.4,
adaptado] São pobres no meio das riquezas, o que é o
mais pesado gênero de pobreza.
644. In dolio figularem artem discere. [Erasmo, Adagia
1.6.15] Começar a aprender a arte do oleiro numa talha.
(=Começar pelo mais difícil). ■ Começar por onde os
outros acabam. ● In dolio figulariam artem discere.
[Manúcio, Adagia 243] ● In dolio figulinam discere.
[Schottus, Adagia 69] ● In dolio figulinam exercere.
[Schottus, Adagia 69] ● In dolio sic figulus artem
exerceat. [Schottus, Adagia 611] Que o oleiro comece a
aprender a sua arte no tonel de barro. VIDE: ● A dolio
figlinam auspicari. ● Dolio figularem artem discere.
645. In dolium pertusum verba ingeris. [Pereira 104]
Estás enfiando tuas palavras num tonel furado. ■ Entra-
lhe por um ouvido e sai-lhe por outro. ■ Perdes teu
latim. ● In dolium pertusum dicta ingeris. VIDE: ● In
pertusum ingerimus dicta dolium.
646. In Domino confido. [Vulgata, Salmos 10.2] No
Senhor confio. VIDE: ● In Deo confido.
647. In Domino fortis. [Divisa] Forte no Senhor.
648. In Domino spero. [Divisa] Espero no Senhor.
649. In domo patris mei mansiones multae sunt.
[Vulgata, João 14.2] Na casa do meu pai há muitas
moradas.
650. In dorso. Nas costas. No verso. (=Da expressão in
dorso recordi, que significa no verso do documento, se
origina o vocábulo português endosso)
651. In dubiis. No caso de dúvida. VIDE: ● In dubio.
652. In dubiis abstine. [Jur] ■ Na dúvida, abstém-te. ■ Na
dúvida, não faças. ● In dubiis non est agendum. Na
dúvida, não se deve fazer. VIDE: ● In dubio nihil
faciendum.
653. In dubiis benigniora praeferenda sunt. [Gaio,
Digesta 50.17.16] Na dúvida, devem ser preferidas as
soluções mais benignas. ● In dubiis favorabilior pars
est eligenda. Na dúvida, deve-se preferir a parte mais
favorável. VIDE: ● Semper in dubiis benigniora
praeferenda sunt.
654. In dubiis, magis dignum est accipiendum. [Jur /
Black 931] Nos casos duvidosos, deve-se aceitar o que é
mais justo.
655. In dubiis melior est condicio possidentis.
[Pe.Francisco Vitoria] Nos casos duvidosos, é melhor a
condição de quem tem a posse.
656. In dubiis melius est tacere quam dicere. [Albertano
da Brescia, Ars Loquendi et Tacendi 2] Nos casos
duvidosos é preferível calar a falar.
657. In dubiis, non præsumitur pro potentia. [Jur] Nos
casos de dúvida, a presunção não é a favor de um poder.
658. In dubiis rebus. Nos momentos críticos. Na
adversidade.
659. In dubiis tutior sequenda est pars. Nos casos de
dúvida deve-se seguir a parte mais segura. ● In dubiis
tutior pars est eligenda. ● In dubiis tutior pars.
660. In dubio. Na dúvida. Em caso de dúvida. VIDE: ● In
dubiis.
661. In dubio libertas. Na dúvida, agir com liberdade.
662. In dubio, magis contra fiscum est respondendum.
[Jur] Na dúvida, deve-se mais decidir contra o fisco.
● In dubio, contra fiscum. Na dúvida, contra o fisco.
663. In dubio mitius. [Jur] Na dúvida, com mais
suavidade.
664. In dubio nihil faciendum. Havendo dúvida, não se
deve fazer nada. ■ Na dúvida, não faças. ■ Na dúvida,
abstém-te. VIDE: ● In dubiis non est agendum. ● In
dubiis abstine.
665. In dubio pro operario. [Jur] No caso de dúvida a
favor do trabalhador.
666. In dubio pro possessore. [Jur] Na dúvida, a favor do
possuidor.
667. In dubio pro reo. [Jur] Na dúvida, a favor do réu.
VIDE: ● Reo favere in dubio est potius quam actori.
668. In dubio reus est absolvendus. [Jur] Na dúvida, o
réu deve ser absolvido.
669. In dubio semper id quod minus est, debetur. [Jur]
Em caso de dúvida, sempre se deve o que é menos.
670. In dulci iubilo. Em doce júbilo.
671. In duobus contristatum est cor meum, et in tertio
iracundia mihi advenit: vir bellator deficiens per
inopiam; et vir sensatus contemptus; et qui
transgreditur a iustitia ad peccatum. [Vulgata,
Eclesiástico 26.25-27] Com duas coisas se entristeceu o
meu coração, e a terceira provocou-me a cólera: um
homem de guerra que perece à míngua, um homem
sábio que é desprezado, e aquele que passa da justiça ao
pecado.
672. In duplo. Em duplicata.
673. In ea urbe, vel parietes ipsi loqui posse videntur.
[Cícero, Ad Familiares 6.4, adaptado] Nessa cidade, até
as próprias paredes parecem poder falar. VIDE: ● Parietes
ipsi loquuntur. ● Saxa loquuntur.
674. In eadem es navi. [Cícero, Ad Familiares 2.5.1;
Erasmo, Adagia 2.1.10] Estás no mesmo barco que eu.
(=Partilhamos a mesma sorte). ● In eadem sumus navi.
[Dumaine 242] ■ Estamos no mesmo barco. ● In eadem
arbore sumus. Estamos na mesma árvore. VIDE:
● Eadem sumus navi. ● In eodem navigio sumus.
675. In eadem re utilitas et turpitudo esse non potest.
[Cícero, De Officiis 3.35] Utilidade e infâmia não
podem existir na mesma coisa.
676. In eburna vagina plumbeus gladius. [Erasmo,
Adagia 1.7.25] Em bainha de marfim, espada de
chumbo. ■ Bainha de ouro e faca de chumbo. ■ Por
cima, muita farofa; por baixo, molambo só. VIDE: ● Ex
eburna vagina plumbeum gladium educis!
677. In emendando quae corrigenda sunt, non acerbus
est bonus magister. [Quintiliano, Institutio Oratoria
2.2.7, adaptado] Ao emendar aquilo que precisa de
correção, o bom professor não é rude.
678. In eo quod plus sit, semper inest et minus. [Digesta
50.17.110] No que é mais, sempre está contido o que é
menos.
679. In eodem luto haesitas. [Terêncio, Phormio 780]
Continuas no mesmo atoleiro. ■ Não sabes para que
lado te virar.
680. In eodem navigio sumus. ■ Estamos no mesmo
barco. (=Partilhamos a mesma sorte). ● In eodem luto
haeres. Está atolado no mesmo atoleiro que eu. VIDE:
● Eadem sumus navi. ● In eadem arbore sumus. ● In
eadem sumus navi.
681. In eodem prato bos herbam quaerit, canis
leporem, ciconia lacertam. [Sêneca, Epistulae Morales
108.29] No mesmo campo, o boi busca o capim, o cão
busca a lebre, a cegonha busca o lagarto.
682. In eodem valetudinario iaceo. [Sêneca, Epistulae
Morales 27.1] Estou no mesmo hospital que você.
■ Estamos no mesmo barco.
683. In esse. Em existência. VIDE: ● In posse. ● In potentia.
684. In examine. Em exame.
685. In excelsis. Nas alturas. No céu.
686. In exitu. No fim. No resultado.
687. In exitu canitur sapientia. [Branco 470] No
resultado é que se gaba a sabedoria. ■ Não louves até
que proves. ■ No fim é que se cantam as glórias. VIDE:
● Sapientia in exitu canitur.
688. In exspuentis recidit faciem, quod in caelum
exspuit. [DAPR 739] No rosto de quem cuspiu ao céu
cai o que cuspiu. ■ Quem cospe para o céu, na cara lhe
cai. ■ Não cuspas para cima, que te cai na testa. VIDE:
● In faciem recidit, quidquid in astra iacit. ● In se
spuit, qui in caelum spuit. ● Qui in altum mittit
lapidem, super caput eius cadet. ● Sagitta in caelum
excussa in ferientem recidet.
689. In extenso. [Jur] Por extenso. Na íntegra.
690. In extremis vitae momentis. Nos últimos momentos
da vida. Na hora da morte. ● In extremis vitae. ● In
extremis. VIDE: ● In articulo mortis. ● In supremis. ● In
ultimis.
691. In facie curiae. [Jur / Black 932] Diante do tribunal.
692. In facie ecclesiae. [Jur / Broom 387] Diante da igreja.
693. In faciem recidit, quidquid in astra iacit. [Medina
606] O que quer que se atire aos astros cai em nossa
cara. ■ Quem cospe para o céu, na cara lhe cai. ■ Não
cuspas para cima, que te cai na testa. VIDE: ● In
exspuentis recidit faciem, quod in caelum exspuit.
● Qui in altum mittit lapidem, super caput eius cadet.
694. In facili est omnia posse deo. [Ovídio, Ars Amatoria
1.560] Um deus pode facilmente tudo fazer.
695. In fame et siti, in frigore et nuditate. [Vulgata,
2Coríntios 11.27] Na fome e na sede, no frio e na
desnudez.
696. In favorem vitae. [Jur / Broom 265] Em favor da
vida.
697. In ferrum et ignes ruendum est. [Schottus, Adagia
401] É preciso enfrentar ferro e fogo.
698. In ferrum pro libertate ruebant. [Virgílio, Eneida
8.648] Precipitavam-se às armas para a liberdade.
699. In fictione iuris semper aequitas existit. [Jur /
Broom 106] Numa ficção legal sempre existe eqüidade.
● In fictione iuris subsistit aequitas. A eqüidade
subsiste na ficção legal.
700. In fide unitas; in dubiis, libertas; in omnibus
caritas. [Atribuído a S.Agostinho] Na fé, unidade; na
incerteza, liberdade; em tudo, amor. VIDE: ● In
necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus
caritas. ● Servemus in necessariis unitatem, in non
necessariis libertatem, in utrisque caritatem.
701. In fieri. Em processo de formação.
702. In figura hominis feritas et immanitas beluae.
[Cícero, De Officiis 3.32] A ferocidade e a brutalidade
de um animal no corpo de um homem. ■ Cara de beato,
unhas de gato. VIDE: ● In hominis figura beluae feritas.
703. In filiis suis agnoscitur vir. [Vulgata, Eclesiástico
11.30] Um homem conhece-se pelos filhos que deixa.
■ Pelo fruto se conhece a árvore.
704. In fine. No fim. No final.
705. In fine videbitur cuius toni. [Binder, Thesaurus
1430] No fim se verá quem dá o tom. ■ No fim é que se
cantam as glórias.
706. In finem. Até o fim. Para sempre.
707. In flagranti crimine. [Jur] Em flagrante. ● In
flagranti delicto. ● In flagranti. ● In flagranti crimine
comprehensus. Apanhado em flagrante delito. VIDE:
● In media culpa.
708. In flammam flammas, in mare fundis aquas.
[Ovídio, Amores 3.2.34] Lanças chamas às chamas, e
águas ao mar.
709. In flammam ne manum inicito. Não enfies a mão no
fogo. ■ Não metas a mão entre o martelo e a bigorna.
■ Não bulas em casa de maribondo. VIDE: ● Prudens in
flammam ne manum inicito.
710. In flumine venari. [Dumaine 235] Caçar dentro do
rio. ■ Buscar água em fonte seca.
711. In folio. Na folha. (=In-fólio. Diz-se dos livros
impressos em que cada folha tem uma única dobra e
quatro páginas).
712. In foribus propriis canis est audacior omnis.
[DAPR 532] Na própria porta todo cão é mais corajoso.
■ Em sua casa cada qual é rei. ■ Muito pode o galo em
seu poleiro. VIDE: ● Ausus maiores fert canis ante
fores. ● Canis domi ferocissimus. ● In claustro domini
furit acrior ira catelli. ● Omnis canis in porta sua
magnus est latrator.
713. In forma pauperis. [Jur / Black 932] Como um
pobre. (=Dispensado das custas do processo).
714. In foro conscientiae. [Rezende 2626; Black 932] No
tribunal da consciência. (=Considerado mais do ponto
de vista moral do que do legal).
715. In foro contentioso. [Rabelais, Carta de 30 dec.
1535] No tribunal da disputa.
716. In foveam cecidit quam fecerat ipse. [Binder,
Thesaurus 1432] Caiu no buraco que ele mesmo cavou.
■ Quem arma a esparrela, às vezes cai nela. VIDE:
● Incidit in foveam qui primus fecerat illam.
717. In fragili corpore, odiosa omnis offensa est.
[Cícero, De Senectute 18.3] Num corpo frágil, qualquer
abalo é insuportável.
718. In fraudem creditorum. [Codex Iustiniani 1.17.2.7d]
Com intenção de iludir os credores.
719. In fraudem legis facit qui, salvis verbis legis,
sententiam eius circumvenit. [Jur] Comete fraude
contra a lei quem, observando suas palavras, se desvia
de sua intenção.
720. In freta collectas alta quid addis aquas? [Ovídio,
Amores 10.14] Por que jogas no profundo mar as águas
que colheste?
721. In freta fluvii currunt. ■ Os rios correm para o mar.
722. In freto viximus, moriamur in portu. [Sêneca,
Epistulae Morales 19.2] Vivemos nas ondas; morramos
no porto.
723. In frigidum furnum panes immittere. [Erasmo,
Adagia 4.7.1] Pôr os pães a cozer em forno frio.
(=Perder o trabalho). ■ Trabalhar para o bispo. VIDE:
● Panes tuos in frigidum furnum iacis.
724. In fuga foeda mors est; in victoria gloriosa.
[Cícero, Philippica 14.32] Na fuga, é vergonhosa a
morte; na vitória, é gloriosa.
725. In fuga salutem sperare, ea vero dementia est.
[Salústio, Catilina 58] Pôr a esperança de salvação na
fuga é uma verdadeira loucura.
726. In futuro. [Broom 146] No futuro.
727. In generalibus latet error. Nas generalidades se
esconde o erro. ● In generalibus versatur error. [Black
932] Nas expressões gerais mora o erro.
728. In generationem et generationem. [Vulgata,
Eclesiástico 44.14] Através das gerações.
729. In genere. Em geral.
730. In genere humano plures alliciat avaritia quam
peritia. [S.Agostinho, De Civitate Dei 8.3.5] Na raça
humana a ambição atrai mais pessoas que o saber.
731. In globo. Globalmente. No conjunto.
732. In gremio legis. [Jur / Black 932] No seio da lei. Sob
a proteção da lei. VIDE: ● In custodia legis.
733. In gurgite vasto. No vasto mar.
734. In hac cruce salus. [Divisa] Nesta cruz está a
salvação. VIDE: ● In cruce salus.
735. In hac lacrimarum valle. [Da oração Salve Regina,
do ritual católico] Neste vale de lágrimas. VIDE: ● In
valle lacrimarum.
736. In hac solitudine careo omnium colloquio. [Cícero,
Ad Atticum 12.15] Nesta solidão sinto falta da
companhia de todos.
737. In hac vice. Desta vez. VIDE: ● Hac vice.
738. In hac vice mittam omnes plagas meas super cor
tuum. [Vulgata, Êxodo 9.14] Desta vez, farei eu cair
todas as minhas pragas sobre o teu coração.
739. In hanc diem. Até este dia. Até hoje.
740. In his linguis quas non intellegimus, surdi profecto
sumus. [Cícero, Tusculanae Disputationes 5.116] Para
as línguas que não entendemos, certamente somos
surdos. VIDE: ● In linguis quas non intellegimus, surdi
omnino sumus.
741. In his quae contra rationem iuris constituta sunt,
non possumus sequi regulam iuris. [Digesta 1.3.15]
Não podemos seguir a regra de direito naquilo que foi
feito contra a razão jurídica.
742. In his quae spectant ad bonum reipublicae, illa
quae constituuntur a maiori parte, tenent, etiam aliis
contradicentibus. [Pe.Francisco Vitoria] No que diz
respeito ao bem comum do país, o que é determinado
pela maioria, tem força de lei, mesmo que os demais se
oponham.
743. In hoc mundo non timere, non dolere, non
laborare, non periclitari impossibile est.
[S.Agostinho, Epistula 203] Neste mundo é impossível
não ter medo, não sentir dor, não sofrer, não estar em
perigo.
744. In hoc signo spes mea. [Divisa] Neste símbolo (a
cruz) está minha esperança.
745. In hoc signo vinces. [Eusébio, Vita Constantini
1.27.31 / Rezende 2650] Com este símbolo vencerás.
(=O símbolo a que se refere é a cruz). VIDE: ● Hoc signo
victor eris. ● Vinces in hoc.
746. In hoc tamen incumbe, ut libentius audias quam
loquaris. [DM 9] Procura ter mais prazer em ouvir do
que em falar.
747. In hoc tempore. Neste tempo. Atualmente.
748. In hominis figura beluae feritas. A ferocidade de
um animal no corpo de um homem. ■ Cara de beato,
unhas de gato. VIDE: ● In figura hominis feritas et
immanitas beluae.
749. In hominum vita nihil est certi. [Manúcio, Adagia
1164] Na vida dos homens não há nada certo. ■ A sorte é
como o raio: nunca se sabe onde vai cair.
750. In hora qua audieritis sonitum tubae et fistulae, et
citharae, sambucae, et psalterii, et symphoniae,
universi generis musicorum. [Vulgata, Daniel 3.5] No
ponto em que ouvirdes o som da trombeta, e da flauta, e
da cítara, da harpa e do saltério, e da viola, e de todo o
gênero de instrumentos músicos.
751. In horam vivere. [Binder, Thesaurus 1435] Viver
para a hora. (=Não se preocupar com o futuro). VIDE:
● In diem vivo.
752. In iactabundis facta pusilla viris. [Pereira 106] Em
homens jactanciosos, atos minúsculos. ■ Gato miador,
nunca bom caçador.
753. In iaculum quodcumque gerit dementia mutat.
[Claudiano, Epigrammata, Rimanti telum ira facit] A
cólera transforma em lança tudo que se tem nas mãos.
754. In ictu oculi. [Vulgata, 1Coríntios 15.52] ■ Num abrir
e fechar de olhos. ■ Num piscar de olhos. VIDE: ● In
momento.
755. In idem flumen bis non descendimus. [Grynaeus
245] Não entramos duas vezes no mesmo rio. ● In idem
flumen bis descendimus et non descendimus: manet
enim idem fluminis nomen; aqua transmissa est.
[Sêneca, Epistulae Morales 58.23] No mesmo rio, nós
entramos e não entramos duas vezes: na verdade o nome
do rio permanece, mas a água passou.
756. In igne probatur aurum et argentum, homines
vero receptibiles in camino humiliationis. [Vulgata,
Eclesiástico 2.5] No fogo se prova o ouro e a prata, e os
homens escolhidos, no cadinho da humilhação.
757. In illo tempore. Naquele tempo. Naquele momento.
VIDE: ● Eo tempore. ● In diebus illis. ● In tempore illo.
758. In illo tempore inertia pro sapientia fuit. [Tácito,
Agricola 6, adaptado] Naquele momento a inércia valeu
por sabedoria.
759. In impietate sua corruet impius. [Vulgata,
Provérbios 15.5] O injusto cai por sua injustiça.
760. In infamia plus poenae quam in morte.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 6.2.23] Há mais castigo
na desonra que na morte.
761. In inferno nulla est redemptio. [Breviarium
Romanum, Officium Defunctorum] Não há redenção no
inferno. VIDE: ● Nulla est redemptio.
762. In infinitum. Infinitamente. Sem fim.
763. In infirmitate manuum perstillabit domus.
[Vulgata, Eclesiástico 10.18] Pela preguiça das mãos
desabará a casa.
764. In infortuniis virtus relucet. [Aristóteles, Ethica,
traduzido do grego] A virtude brilha na adversidade.
765. In initio litis. [Jur / Black 933] No início do processo.
VIDE: ● In limine litis.
766. In integrum. Por inteiro. Intacto. VIDE: ● Restitutio in
integrum.
767. In intellectu. Na inteligência.
768. In ipsa dubitatione facinus inest. [Cícero, De
Officiis 3.37] Na própria irresolução há uma ação
reprovável.
769. In ipsam incidisti veritatem. Esbarraste na própria
verdade. ■ Acertaste em cheio. VIDE: ● Ipsum ianuae
limen pulsasti. ● Ipsum ostii limen attigisti.
770. In ipsis multa venena labris. [Angelo Poliziano]
Nos próprios lábios há muito veneno.
771. In ipsis verbis. Em suas próprias palavras.
Textualmente. VIDE: ● In verbis. ● Ipsis litteris. ● Ipsis
verbis. ● Litteratim et verbatim. ● Litteratim.
● Verbatim. ● Verbatim et litteratim. ● Verbatim,
litteratim et punctatim.
772. In ipso articulo temporis. [Cícero, Pro Quinctio 4]
No mesmo momento. VIDE: ● Ipso articulo temporis.
773. In ista vipera est veprecula. [Pompônio / Tosi 251]
Nesta moita há uma víbora. ■ Aqui há gato escondido.
■ Por aqui anda o diabo. VIDE: ● Anguis in herba.
● Latet anguis in herba. ● Qui legitis flores et humi
nascentia fraga, frigidus, o pueri, fugite hinc, latet
anguis in herba. ● Plurimum doli ac fraudis latet.
● Vipera est in veprecula.
774. In itinere. [Jur / Black 933] No caminho. Ao longo
do caminho. Durante a viagem. VIDE: ● In transitu.
775. In iudicando criminosa est celeritas. [Publílio Siro]
Ao julgar, a pressa é reprovável. VIDE: ● In vindicando
criminosa est celeritas.
776. In iudiciis, minori aetati succurritur. [Jur / Black
933] Nos tribunais, a menoridade é favorecida.
777. In iudicio criminali reus aut a se electum aut a
iudice datum semper habere debet advocatum. [Jur]
No juízo criminal, o réu sempre deve ter advogado, seja
de sua eleição, seja dado pelo juiz.
778. In iure. [Jur] De acordo com o direito. Em juízo.
Diante do juiz.
779. In iure non remota causa sed proxima spectatur.
[Jur / Broom 179] No direito não se observa a causa
remota, mas a próxima. VIDE: ● Causa proxima, non
remota, spectatur.
780. In ius vocabitur etsi canem asinus momorderit.
[Suidas / Schottus, 209] Levar-se-á a juízo até se o
burro morder o cão. (=Dá-se importância a ninharias).
VIDE: ● Litem movebit, vel si asinus canem
momorderit.
781. In labore libertas. [Divisa] A liberdade está no
trabalho. VIDE: ● In libertate labor.
782. In labore quies. [Divisa] A paz está no trabalho.
783. In lacrimas facilis probus est vir. [Schottus, Adagia
4] O homem honesto se emociona facilmente. VIDE:
● Boni sunt viri lacrimabundi. ● Vir bonus in
lacrimas facilis.
784. In lacrimis voluptas. Há prazer nas lágrimas.
785. In lapicidinas relegare. [Pereira 102] Desterrar para
as pedreiras.
786. In laqueo lupus. [Pereira 108] O lobo está no laço.
■ Esse está no papo.
787. In laqueo isto quem absconderunt conprehensus
est pes eorum. [Vulgata, Salmos 9.16] No mesmo laço
que esconderam, ficou preso o pé deles.
788. In laqueos auceps deciderat suos. [Ovídio,
Remedium Amoris 502] O passarinheiro caiu em seus
próprios laços. ■ Quem arma a esparrela às vezes cai
nela.
789. In laqueos, quos posuere, cadant. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.644] Que caiam nos laços que armaram.
790. In lecto mortali. [Jur / Black 934] No leito de morte.
Em agonia. Nos últimos momentos de vida.
791. In legibus magis simplicitas quam difficultas
placet. [Institutiones 2.23.7] Nas leis a simplicidade
agrada mais que a dificuldade.
792. In libera civitate oportet etiam linguas esse liberas.
[Stevenson 2191] Num estado livre, é preciso que
também as línguas sejam livres. ● In libera civitate
lingua mensque esse liberae deberent. Num estado
livre, tanto a língua quanto a mente deveriam ser livres.
VIDE: ● In civitate libera linguam mentemque liberas
esse debent.
793. In libero populo imperia legum potentiora sunt
quam hominum. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 2.1]
Num povo livre, prevalece o império das leis sobre o
dos homens.
794. In libertate labor. [Divisa] Na liberdade o trabalho.
VIDE: ● In labore libertas.
795. In libris libertas. [Divisa da Biblioteca Pública de
Los Angeles] Nos livros está a liberdade.
796. In libris liberi libertatem petimus. [Divisa do
impressor espanhol Antônio Bordazar / Busarello 219]
Livres, nos livros procuramos liberdade.
797. In libro diligenter exara illud. [Vulgata, Isaías 30.8]
Registra-o com cuidado num livro.
798. In limine. No limiar. Desde logo. No início.
Liminarmente.
799. In limine litis. [Jur] No começo do processo. VIDE:
● In initio litis.
800. In limine offendere. Esbarrar na porta. Tropeçar na
porta.

I5: 801-1000
801. In lingua venenum. O veneno está na língua. ■ A
língua não tem osso, mas quebra ossos.
802. In linguis quas non intellegimus, surdi omnino
sumus. Para as línguas que não entendemos somos
completamente surdos. VIDE: ● In his linguis quas non
intellegimus, surdi profecto sumus.
803. In litore pro Brasilia vigil. [Divisa de S.Francisco do
Sul, SC] À beira-mar, sempre vigilante pelo Brasil.
804. In litus arenas ferre. Levar areia para a praia.
(=Fazer coisa inútil). ● In litus arenas fundere.
805. In litus arenas, in segetem spicas, in mare fundat
aquas. [Ovídio, Tristia 5.6.43] Leva areia à praia,
espigas à seara, água ao mar. VIDE: ● In mare fundat
aquas. ● Mari e fossa aquam inducis.
806. In loco. No lugar. No próprio lugar. Neste lugar. Em
lugar de.
807. In loco citato. No lugar citado. VIDE: ● Citato loco.
● Ibidem. ● Loco citato.
808. In loco desipere dulce est. [Albertatius 613] É
agradável perder o juízo no momento certo. VIDE:
● Aliquando et insanire iucundum est. ● Dulce est
desipere in loco.
809. In loco conveniente. No lugar conveniente.
810. In loco parentis. [Jur / Black 934] Em lugar do pai.
811. In locuplete domo subito sunt cuncta parata.
[Pereira 111] Na casa em que nada falta, tudo se prepara
rapidamente. ■ Na casa cheia, asinha se faz a ceia.
812. In longa vita pulvis et lutum et pluvia. [Sêneca,
Epistulae Morales 96.3] Numa vida longa há poeira,
lama e chuva.
813. In luctu atque miseriis mortem aerumnarum
requiem, non cruciatum esse. [Salústio, Catilina 51.4]
Na aflição e no sofrimento a morte não é um suplício,
mas o fim dos males.
814. In lumine tuo videbimus lumen. [Vulgata, Salmos
36.9] Na tua luz nós veremos a luz.
815. In luto haeret. Está atolado no lodo. ■ Está num beco
sem saída. ■ Está em palpos de aranha. ■ Está ferrado!
VIDE: ● Haeret in vado. ● Haeret in luto. ● In medio
luto est.
816. In magna civitate multa et varia ingenia sunt.
[Salústio, Bellum Catilinae 51] Numa cidade grande, há
inteligências numerosas e variadas.
817. In magna copia rerum aliud alii natura iter
ostendit. [Salústio, Bellum Catilinae 2] Na variedade
infinita das coisas humanas a natureza indica a cada um
o seu caminho.
818. In magnis et voluisse sat est. [Propércio, Elegiae
2.10.6] Nos grandes acontecimentos querer já é
bastante. ■ Quem quer, já fez metade. ■ A boa vontade
supre a obra. ● In magnis vel voluisse satis est. VIDE:
● Est nobis voluisse satis. ● Si deficiant vires, audacia
certe laus erit: in magnis et voluisse sat est.
819. In magnis fluminibus facile submergitur. [Bebel,
Adagia Germanica] Nos grandes rios facilmente nos
afogamos.
820. In magno magni capiuntur flumine pisces.
[Rezende 2675] No grande rio é que se apanham os
grandes peixes. ■ No grande mar se cria o grande peixe.
■ Quem tem necessidade, vive na cidade. ● In magno
grandes capiuntur flumine pisces. VIDE: ● In mare
magno pisces capiuntur. ● Vix pisces grandes de
parvo gurgite prendes.
821. In maiorem cautelam. [Jur / Black 934] Para maior
segurança.
822. In maiorem Dei gloriam. Para a maior glória de
Deus. VIDE: ● Ad maiorem Dei gloriam.
823. In maius auget fama quaevis tam vera quam falsa.
[DAPR 481] A fama, tanto a verdadeira como a falsa,
exagera os fatos. ■ Quem conta um conto aumenta um
ponto. VIDE: ● Fama crescit eundo.
824. In malam partem. [S.Agostinho, De Civitate Dei
9.19] Em mau sentido. Considerando-se os aspectos
negativos. Desfavoravelmente. Com má intenção. VIDE:
● In bonam partem.
825. In maledicto plus iniuriae quam in manu.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 6.23] Há mais injúria na
má palavra do que na mão. ■ Saram cutiladas e não más
palavras. VIDE: ● Iniuriae plus in maledicto est quam
in manu. ● Plus in maledicto quam in manu est
iniuriae.
826. In maleficiis voluntas spectatur, non exitus.
[Digesta 48.8.14] Nos crimes, observa-se a intenção,
não o resultado. VIDE: ● In criminalibus, voluntas
reputabitur pro facto.
827. In maleficio ratihabitio mandato comparatur.
[Digesta 50.17.152.2] Na ação criminosa, a ratificação
equivale a uma aprovação.
828. In malis non lamentis, sed auxiliis utendum.
[Grynaeus 37] ■ Nos trabalhos não há mister choro,
mas socorro. VIDE: ● Non luctu, sed remedio opus in
malis.
829. In malis sperare bonum, nisi innocens, nemo solet.
[Publílio Siro] Nos momentos adversos, ninguém, senão
o virtuoso, costuma manter a boa esperança.
830. In malis vinci malum est. [Sêneca, Phoenissae 79] A
maior desgraça é ser vencido na adversidade.
831. In malitia sua expelletur impius. [Vulgata,
Provérbios 14.32] O ímpio será expelido na sua malícia.
832. In manu. Na mão. Nas mãos. Sob o poder.
833. In manu illius plumbum aurum fiebat. [Petrônio,
Satiricon 43.7] Na mão dele chumbo virava ouro. VIDE:
● Fortunae filius, in manu illius plumbum aurum
fiebat.
834. In manus tuas commendo spiritum meum.
[Vulgata, Salmos 30.6] Nas tuas mãos encomendo o
meu espírito. ● In manus tuas, Domine, commendo
spiritum meum. Nas tuas mãos, ó Senhor, encomendo
o meu espírito. ● In manus tuas, Domine, commendo
animam meam. VIDE: ● Pater, in manus tuas
commendo spiritum meum.
835. In mare fundat aquas. [Ovídio, Tristia 5.6.44] Ele
despeja água no mar. ■ Leva água ao mar. VIDE: ● In
litus arenas, in segetem spicas, in mare fundat aquas.
● Mari e fossa aquam inducis.
836. In mare magno pisces capiuntur. [Sweet 60] É no
mar alto que se apanham os peixes. ■ Quem tem
necessidade vive na cidade. VIDE: ● In magno grandes
capiuntur flumine pisces. ● In magno magni
capiuntur flumine pisces.
837. In mari aquam quaeris. [Erasmo, Adagia 1.9.75]
Procuras água no mar. ■ Estás na aldeia e não vês as
casas. VIDE: ● Medio flumine quaeris aquam. ● Nunc
tu insanus medio flumine quaeris aquam. ● Per mare
quaeris aquam.
838. In materia poenali retrospectio legum nunquam.
[Jur] Em matéria penal nunca há retroatividade das leis.
839. In maxima potentia minima licentia. [Black 934]
Quanto maior o poder, menor a liberdade. ● In maxima
fortuna, minima licentia esse debet. Em situação mais
favorável, deve haver menos arbítrio. ● In maxima
fortuna minima licentia est, neque studere, neque
odisse, sed minime irasci decet. [Salústio, Catilina
51.2] Para quem está em situação mais elevada, há
menos liberdade; não convém a parcialidade, nem o
ódio, nem, de modo algum, a cólera.
840. In me haec cudetur faba. [Erasmo, Adagia 1.1.84]
Esta fava será malhada em mim. ■ Sou eu que vou pagar
o pato. VIDE: ● Ista in me cudetur faba.
841. In me omnis spes est mihi. [Montaigne, Essais
3.9.204] Toda minha esperança está em mim mesmo.
VIDE: ● In te spes omnis nobis sita est.
842. In media culpa. No meio do crime. Em flagrante
delito. VIDE: ● In flagranti crimine. ● In flagranti
delicto. ● In flagranti.
843. In media luce caecutire. [Binder, Thesaurus 1446]
Enxergar mal em pleno dia.
844. In media luce errare. [Rezende 2680] Perder-se em
pleno dia.
845. In medias res. [Horácio, Ars Poetica 148] (Ir) ao
âmago da questão.
846. In mediis rebus. No meio das coisas. No meio dos
acontecimentos.
847. In medio. No meio. [Jur / Black 934] Entre as partes
litigantes.
848. In medio consistit virtus. [Pereira 114] ■ A virtude
está no meio. ■ Nem tanto, nem tão pouco. ■ Tão mau é
o sobejo como o minguado. VIDE: ● In medio stat virtus.
● In medio sedet inclita virtus. ● In medio virtus.
● Omnis virtus est mediocritas. ● Virtus est medium
vitiorum et utrimque reductum. ● Virtus in medio.
● Virtus in medio constat honesta loco. ● Virtus
consistit in medio. ● Virtutes in medio sunt positae.
849. In medio luto est. [Plauto, Pseudolus 979] Ele está
no meio do lodo. ■ Está no mato sem cachorro. VIDE:
● In luto haerere.
850. In medio mari quaerit undas. Procura água no meio
do mar. ■ Está na floresta e não vê as árvores.
851. In medio plebis. No meio do povo.
852. In medio spacio mediocria firma locantur.
[Nicholas Bacon / Stevenson 1559] As coisas comuns
ficam firmes quando colocadas no meio. ■ No meio é
que está a virtude. VIDE: ● Mediocria firma.
853. In medio stat veritas. A verdade está no meio.
854. In medio stat virtus. [Aristóteles / Rezende 2684]
■ A virtude está no meio. ■ Nem tanto, nem tão pouco.
■ Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. ■ Tão mau é o
sobejo como o minguado. ● In medio virtus. [Binder,
Thesaurus 1449] ● In medio sedet inclita virtus.
[Palingênio / Binder, Thesaurus 1449] No meio está a
ínclita virtude. VIDE: ● In medio consistit virtus.
● Omnis virtus est mediocritas. ● Virtus est medium
vitiorum et utrimque reductum. ● Virtus in medio.
● Virtus in medio constat honesta loco. ● Virtus
consistit in medio. ● Virtutes in medio sunt positae.
855. In medio Tantalus amne sitit. [Ovídio, Amores
3.12.30] Tântalo sofre sede no meio do rio.
856. In medio tutissimus ibis. Pelo meio caminharás com
muita segurança. ■ Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
VIDE: ● Medio tutissimus ibis. ● Medius locus semper
tutus.
857. In melle sunt linguae sitae vestrae atque orationes,
facta atque corda in felle sunt sita atque acerbo
aceto. [Plauto, Truculentus 177] Vossas línguas e
vossos discursos estão assentados em mel, mas vossas
ações e vossos corações estão assentados em fel e em
ácido vinagre. VIDE: ● Aurea verba, cor ferreum.
● Lingua mellis, cor fellis. ● Mel in ore, fel in corde.
● Mel in ore, verba lactis, fel in corde, fraus in factis.
● Mella sub ore tenent, corde venena fovent. ● Multis
annis iam peractis, nulla fides est in pactis, mel in
ore, verba lactis, fel in corde, fraus in actis.
858. In memoriam. Para recordação. ● In memoriam
sempiternam. [Dante, De Monarchia 1.3] Para eterna
recordação.
859. In mente. Na mente. Na intenção. No pensamento.
860. In mercatura facienda multae fallaciae et quasi
praestigiae exercentur. [Stevenson 260] Na condução
dos negócios são usadas muitas manhas e até
prestidigitações.
861. In mercibus illicitis non sit commercium. [Jur /
Black 934] Não deve haver comercialização de
mercadorias ilegais.
862. In minimis periclitari. [DAPR 39] Sofrer com coisas
sem importância. ■ Afogar-se num pingo d'água.
863. In miseria vita etiam contumelia est. [Publílio Siro]
Na desgraça, a própria vida é uma ofensa.
864. In misero facile fit potens iniuria. [Publílio Siro]
Contra o infeliz a injustiça facilmente se torna poderosa.
■ Ao pobre e ao nogal todos fazem mal. ■ Leão
moribundo, cachorro mija nele.
865. In mitiori sensu. [Jur / Black 934] Em significado
mais suave. Em acepção menos agressiva.
866. In molli carne vermes nascuntur. [Petrônio,
Satiricon 57.23] É na carne mole que nascem vermes.
867. In momento. Num momento. ■ Num piscar de olhos.
VIDE: ● In ictu oculi.
868. In monte ignis, ex uno semine exsiliens, magnam
silvam vastat. [Píndaro / Schottus, Adagialia Sacra
145] Na montanha, o fogo, saltando de uma única
fagulha, devasta um grande bosque. ■ De pequena
fagulha, grande labareda.
869. In mora. [Jur / Black 934] Em atraso.
870. In morbis quoque nihil est perniciosius, quam
immatura medicina. [Sêneca, Ad Helviam 1.2] Nada é
mais pernicioso nas doenças do que um remédio
prematuro.
871. In morem. Segundo o costume. VIDE: ● Trepidat in
morem galli cuiuspiam.
872. In moribus est culpa, non in aetate. [Cícero, De
Senectute 3] O erro está no caráter, não na idade.
873. In morte alterius spem tu tibi ponere noli.
[Dionísio Catão, Disticha 1.19] Não ponhas tua
esperança na morte de outrem. ■ Quem espera por
sapato de defunto anda sempre descalço.
874. In multa sapientia multa sit indignatio. [Vulgata,
Eclesiastes 1.18] Na muita sabedoria há muita
indignação. VIDE: ● In nihil sapiendo vita est
iucundissima.
875. In multiloquio desunt mendacia raro. [Walther
11871 / Tosi 15] Na loquacidade raramente faltam
mentiras. ■ Quem muito fala muito mente. ● In
multiloquio vix deesse mendacia. [Bebel, Adagia
Germanica] VIDE: ● Mendacium semper in
multiloquio.
876. In multiloquio non deerit peccatum. [Vulgata,
Provérbios 10.19] ■ No muito falar não faltará pecado.
■ Quem muito fala muito erra. ● In multiloquio non
abest peccatum. [Binder, Medulla 761] ● In
multiloquio non effugies peccatum. No muito falar
não escaparás do pecado.
877. In multiloquio non deerit stultitia. [Pereira 111] No
muito falar não faltará insensatez. ■ Muito falar, muito
errar.
878. In multis enim offendimus omnes. [Vulgata, Tiago
3.2] Todos nós tropeçamos em muitas coisas. ● In
multis labimur omnes.
879. In multis rebus melius est nocentem absolvere
quam innocentem damnare. Em muitas situações, é
melhor absolver um culpado do que condenar um
inocente. VIDE: ● Absolvere nocentem satius est quam
condemnare innocentem. ● Levius est nocentem
absolvere quam innocentem condemnare. ● Melius
est impune delictum relinquere quam innocentem
damnare. ● Nocentem absolvere satius est quam
innocentem damnare. ● Satius est impunitum
relinqui facinus nocentis quam innocentem damnari.
880. In multis vestitu ovium rabies lupina contegitur.
[S.Hilário] Em muitos a fúria lupina se esconde na
roupagem de ovelhas. ■ Cara de beato, unhas de gato.
881. In mundo melius non est quam fidus amicus.
[Werner] Nada há no mundo melhor que o amigo leal.
VIDE: ● Nec quisquam melior medicus quam fidus
amicus.
882. In mundo pressuram habebitis: sed confidite, ego
vici mundum. [Vulgata, João 16.33] Vós haveis de ter
aflições no mundo; mas tende confiança, eu venci o
mundo.
883. In mundo tria sunt dignissima laude: femina casta,
bonus socius, famulusque fidelis. [Sweet 128] No
mundo três coisas são muito dignas de louvor: a mulher
casta, o bom companheiro e o servidor fiel. VIDE:
● Rebus in humanis tria sunt dignissima laude: uxor
casta, bonus socius, sincerus amicus.
884. In muneribus res praestantissima mens est. Nas
dádivas, o mais importante é a intenção do doador.
885. In natura. Em estado natural. (=Pagamento in
natura é o pagamento feito em mercadoria em lugar de
dinheiro).
886. In naturalibus. No estado da natureza.
(=Completamente nu). VIDE: ● In puris naturalibus.
887. In naturalibus et moralibus non quaeritur quid
semper fiat, sed quid in pluribus accidat. [Signoriello
183] Nas leis da natureza e nos costumes não se procura
saber o que sempre acontece, mas o que atinge o maior
número de pessoas.
888. In navigatione non ei committitur clavus, qui
natalibus aut opibus aut forma ceteris antecellit, sed
qui peritia gubernandi, qui vigilantia, qui fide
superat: Ita regnum ei potissimum est
committendum, qui Regiis dotibus anteit reliquos:
nempe, sapientia, iustitia, animi moderatione,
providentia, studio commodi publici. [Erasmo,
Institutio Principis Christiani 1.2] Na navegação não se
confia o leme àquele que se destaca pelo nascimento, ou
pela riqueza, ou pela beleza, mas o que supera pela
perícia no pilotar, pela vigilância, pela confiança. Assim
também o governo deve ser preferencialmente confiado
àquele que supera os demais em suas qualidades de
comando, a saber, aptidão, justição, moderação,
previdência, dedicação ao bem público.
889. In navis administratione alia in secundam, alia in
adversam tempestatem usui sunt. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 34.6] Na direção do navio usam-se umas
habilidades no bom tempo, outras no mau tempo.
890. In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus
caritas. [S.Agostinho / Rezende 2695] Na necessidade,
a união; na incerteza, a liberdade; em tudo, o amor. VIDE:
● In fide unitas; in dubiis, libertas; in omnibus
caritas. ● Servemus in necessariis unitatem, in non
necessariis libertatem, in utrisque caritatem.
891. In necessitate probatur amicus. [Aelredus
Rievalliensis, De Amicitia 19] O amigo se conhece na
necessidade. ■ Na adversidade se conhece a amizade.
VIDE: ● Amicus certus in re incerta cernitur. ● Amicus
certus in necessitate cernitur. ● Amicus certus in re
incerta. ● In adversis et paupertate cognoscitur
amicus. ● In angustiis amici apparent. ● Noscitur
adverso tempore verus amor. ● Noscitur in magno
discrimine quis sit amicus. ● Rebus incertis amor est
probandus. ● Sors aspera monstrat amicum. ● Vera
amicitia in calamitatibus dignoscitur.
892. In negotiis sunt negotii causa. [Rezende 2696] Estão
no trabalho pelo prazer do trabalho. VIDE: ● Nec in
negotiis erit negotii causa.
893. In nihil sapiendo vita est iucundissima. [Sófocles /
Schottus 86] A vida é muito feliz, quando nada se sabe.
■ Vida é prazer de quem não tem saber. ● In nihil
sapiendo iucundissima vita. [Grynaeus 266; Erasmo,
Adagia 2.10.81] VIDE: ● In multa sapientia multa sit
indignatio. ● Nihil scire est vita iucundissima.
● Suavissima hic est vita, si sapias nihil.
894. In nocte consilium. [Menandro / Apostólio 8.52]
Durante a noite vem o conselho. ■ A noite traz conselho.
■ O travesseiro é o melhor conselheiro. ■ Dormirei, boas
novas acharei. ■ Para teu conselheiro não esqueças o
travesseiro. ■ Não faças nada sem consultar a
almofada. VIDE: ● De nocte consilium. ● Nox dabit
consilium. ● Noctu urgenda consilia.
895. In noctis spatio miserorum vulnera durant.
[Petrônio, Satiricon 104] Os sofrimentos dos
desgraçados continuam durante a noite.
896. In nomine. Nominalmente. Só para constar.
897. In nomine Dei. Em nome de Deus.
898. In nomine Domini. [Divisa] Em nome do Senhor.
899. In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.
[Vulgata, Mateus 28.19] Em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo.
900. In nomine Sanctae Trinitatis. [Da liturgia católica]
Em nome da Santíssima Trindade.
901. In novo casu, novum remedium apponendum est.
[Jur / Black 934] Numa situação nova, deve-se aplicar
um remédio novo.
902. In novissimis. Em último lugar. No fim. ● In
novissimo.
903. In nuce. Numa noz. (=1,Em resumo. Em forma
condensada. 2.Em estado embrionário).
904. In nuda veritate. Na verdade nua. (=Sem fingimento.
Sem rebuço. Com sinceridade).
905. In nullo peccare, divinum est potius quam
humanum. [Henry de Bracton, De Legibus Angliae,
Introductio 33] Não errar em nada é antes de Deus que
do homem. ● In nullo peccare potius est divinitatis
quam humanitatis. [Albertano da Brescia, Liber
Consolationis 10] Não errar em nada é antes da
divindade do que da humanidade.
906. In nullum avarus bonus est, in se pessimus.
[Publílio Siro] O avarento não é bom para ninguém;
para si é pior ainda.
907. In obscuris. [Jur] Nos casos obscuros.
908. In obscuris, inspici solere quod verisimilius est, aut
quod plerumque fieri solet. [Digesta 50.17.114] Nos
casos obscuros, costuma-se seguir o que é mais
provável, ou o que geralmente acontece.
909. In obscuris, quod minimum est sequimur. [Digesta
50.17.9] Nos casos duvidosos, seguimos o que é menos.
910. In occipitio quoque habet oculos. [Plauto, Aulularia
25] Tem olhos até na nuca. ■ Nada lhe escapa. ■ Tem
olhos para ver. ● In occipitio oculos gerit. [Erasmo,
Adagia 3.3.41] VIDE: ● A fronte et occipitio oculatus
est. ● Oculos in occipitio habet.
911. In occulto. Em segredo.
912. In oculis animus habitat. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 11.145] O espírito mora nos olhos.
913. In oculis omnium. À vista de todos. Em público.
914. In oculo, in loculo, in poculo cognocitur quivis
homo. Pelo olho, pela bolsa, pelo copo, se conhece
qualquer homem. ● In oculo, in loculo, in poculo
mores nosces ut in speculo. Pelo olho, pela bolsa, pelo
copo, conheces os costumes como num espelho.
915. In odium auctoris. [Rezende 274] Por ódio ao autor.
916. In odium spoliatoris. [Jur / Black 935] Por ódio ao
espoliador.
917. In omnem me fortunam, frater, comitem tibi
iungam. [Sêneca Retórico, Controversiae 6.1] Qualquer
que seja a sorte, irmão, eu me ligarei a ti como
companheiro.
918. In omni adversitate fortunae infelicissimum est
genus infortunii fuisse felicem et non esse. [Boécio,
De Consolatione Philosophiae 2.4] Em toda adversidade
da sorte, o pior tipo de infelicidade é ter sido feliz e não
mais ser. ■ Não há tormento mais dorido que recordar o
tempo venturoso na desgraça.
919. In omni autem proelio non tam multitudo et virtus
indocta quam ars et exercitium solent praestare
victoriam. [Vegécio, Epitoma Rei Militaris 1] Em
qualquer batalha, não costumam trazer a vitória o
número de soldados e a coragem instintiva, mas a arte e
o treinamento.
920. In omni bello, in omni certamine, non primus
impetus pugnantium tribuit victoriam, sed ultimum.
Em toda guerra, em toda disputa, não é o primeiro golpe
dos combatentes que dá a vitória, mas o último. VIDE:
● Non primus impetus tribuit victoriam, sed ultimus,
ergo pugnandum est usque ad finem.
921. In omni dato hilarem fac vultum tuum. [Vulgata,
Eclesiástico 35.11] Em todo oferecimento faze rosto
alegre. ■ Garapa dada não é azeda. ■ Quando te derem
a vaca, vem logo com a corda. VIDE: ● Omne datum
optimum.
922. In omni enim motu actionis suae qui non respicit
initium non prospicit finem. [S.Agostinho, De Civitate
Dei 7.7] Em todo curso de ação, quem não examina o
início, não prevê o fim.
923. In omni fortuna tuis adhaere. [Pereira 100]
Qualquer que seja a sorte, fica com os teus. ■ Com mal
ou com bem, aos teus te atém. ■ Mal ou bem, com os
teus te avém.
924. In omni loco. Em todo lugar. Em toda parte.
925. In omni morbo tranquillitas animi summa est
medicina. Em toda doença a tranqüilidade de espírito é
um ótimo remédio.
926. In omni opere erit abundantia; ubi autem verba
sunt plurima, ibi frequenter egestas. [Vulgata,
Provérbios 14.23] Em todo trabalho haverá abundância;
mas onde há muitíssimas palavras, aí freqüentemente se
acha a indigência. VIDE: ● Ubi autem verba sunt
plurima, ibi frequenter egestas. ● Ubi plurima verba,
ibi egestas.
927. In omni re semper grata varietas. Em tudo a
variedade sempre agrada. ■ A variedade deleita. VIDE:
● Delectat varietas. ● In varietate voluptas. ● Natura
diverso gaudet. ● Sensus delectat varietas. ● Varietas
delectat. ● Variatio delectat.
928. In omni re vincit imitationem veritas. [Cícero, De
Oratore 3.57.215] Em todas as coisas a verdade vence o
fingimento. ■ A verdade sempre aparece. ■ A verdade
tudo vence. VIDE: ● Omnia vincit veritas. ● Super
omnia autem vincit veritas. ● Veritas omnia vincit.
● Veritas victrix. ● Veritas vincit. ● Vincit omnia
veritas. ● Vincit veritas.
929. In omni vita sua quemque a recta conscientia
traversum unguem non oportet discedere. [Cícero,
Ad Atticum 13.20.4] Durante toda a vida, ninguém deve
afastar-se uma polegada da reta consciência.
930. In omnia paratus. [Divisa] Preparado para tudo.
931. In omnibus caritas. [Divisa] O amor em todas as
coisas.
932. In omnibus contractibus, sive nominatis sive
innominatis, permutatio continetur. [Jur / Black 935]
Em todos os contratos, sejam declaradas ou não
declaradas, sempre está implícita a permuta.
933. In omnibus fere minus valent praecepta quam
experimenta. [Quintiliano, Institutio Oratoria 2.5.15]
Em quase tudo valem menos os preceitos que a
experiência. ■ Mais vale experiência do que ciência.
VIDE: ● Experientia praestantior arte.
934. In omnibus fere rebus mediocritatem esse
optimam. [Cícero, Tusculanae Disputationes 4.20] Em
quase tudo o caminho do meio é o melhor. VIDE: ● In
plerisque rebus mediocritas optima est.
935. In omnibus glorificetur Deus. [Vulgata, 1Pedro
4.11] Em todas as coisas seja Deus honrado.
936. In omnibus negotiis priusquam aggrediare,
adhibenda est praeparatio diligens. [Cícero, De
Officiis 1.21.73] Em todas as atividades, antes de
começar, deve-se realizar uma cuidadosa preparação.
937. In omnibus operibus tuis esto velox. [Vulgata,
Eclesiástico 31.27] Sê pronto em todas as tuas ações.
938. In omnibus operibus tuis memorare novissima tua,
et in aeternum non peccabis. [Vulgata, Eclesiástico
7.40] Em todas as tuas obras, lembra-te do teu fim, e
não pecarás jamais.
939. In omnibus porro quae fiunt, quaeritur aut quare,
aut ubi, aut quando, aut quo modo, aut per quae
facta sunt. [Quintiliano, Institutio Oratoria 5.10.32] Em
tudo que acontece pergunta-se por quê, onde, quando,
de que modo ou por meio de quê aconteceu.
940. In omnibus quidem, maxime tamen in iure,
aequitas spectanda est. [Digesta 50.17.90] Em todas as
coisas, mas principalmente no direito, deve observar-se
a imparcialidade.
941. In omnibus rebus. Em todas as coisas. Em tudo. ● In
omnibus.
942. In omnibus rebus est aliquid optimum, etiam si
lateat. [Cícero, Orator 36] Em todas as coisas há algo
de bom, mesmo que esteja oculto. ■ Não há mal sem
bem.
943. In omnibus rebus requiem quaesivi et nusquam
inveni, nisi seorsum sedens in angello cum libello.
[Epitáfio de Tomas de Kempis, em Zwoll, Holanda]
Procurei sossego em toda parte, mas só o achei
sentando-me sozinho num cantinho com um livrinho.
944. In omnibus rebus respice finem. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.24.1] Em todas as
coisas considera o fim.
945. In ordinem redactus. [Albertatius 619] Recolocado
em seu lugar. ● In ordinem coactus.
946. In ore atque oculis omnium est. Está diante do rosto
e dos olhos de todos. ■ Só não vê quem não quer. VIDE:
● Haec in ore atque oculis nostris gesta sunt.
947. In ore duorum aut trium testium stabit omne
verbum. [Vulgata, Deuteronômio 19.15] Toda
afirmação se firmará no depoimento de duas ou três
testemunhas. ● In ore duorum vel trium testium stet
omne verbum. Toda afirmação deverá firmar-se na
palavra de duas ou três testemunhas.
948. In ore est omni populo. [Terêncio, Adelphoe 69] Isto
está na boca de todo o povo. ■ Isto sabem-no cães e
gatos. ■ É mais conhecido que o cão ruivo. ● In ore
atque oculis est omnium. [Grynaeus 535] Está na boca
e nos olhos de todos. VIDE: ● Lippis et tonsoribus
notum est. ● Notum lippis ac tonsoribus. ● Omnibus
et lippis notum et tonsoribus esse. ● Omnibus notum
est tonsoribus. ● Sciunt haec coqui.
949. In ore fatuorum cor illorum, et in corde
sapientium os illorum. [Vulgata, Eclesiástico 21.29]
Na boca dos fátuos o seu coração, e no coração dos
sábios a sua boca. VIDE: ● Cor in ore, os in corde. ● Os
habet in corde sapiens, cor stultus in ore.
950. In ore leonis favus mellis. [Grynaeus 397] Na boca
do leão um favo de mel. ■ Mel nos beiços, fel no
coração.
951. In ore suo pacem cum amico suo loquitur, et
occulte ponit ei insidias. [Vulgata, Jeremias 9.8] Na
sua boca fala paz com seu amigo, e ocultamente lhe
arma ciladas.
952. In otio cum dignitate. [Cícero, De Oratore 1.1] No
descanso com dignidade. VIDE: ● Cum dignitate otium.
● Otium cum dignitate.
953. In otio tumultuaris, in tumulto es otiosus. [RH
4.21] Na tranqüilidade, tu te agitas; na agitação ficas
calmo.
954. In otio tumultuosi, in bello segnes. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 4.28] Agitados na paz e inertes na guerra.
VIDE: ● Domi leones, foris vulpes. ● Domi leones,
proelio vulpeculae. ● In pace leones, in proelio cervi.
● In praetoriis leones, in castris lepores. ● Intra
domus saevus est; foris mitis.
955. In ovo. No ovo. No embrião. Ainda por nascer.
956. In pace et bello. Na paz e na guerra. VIDE: ● Domi
militiaeque.
957. In pace in idipsum dormiam, et requiescam.
[Vulgata, Salmos 4.9] Em paz dormirei nele mesmo, e
repousarei.
958. In pace leones, in proelio cervi. [Tertuliano, De
Corona 1.5] Na paz são leões, na guerra são cervos.
■ Muito fumo, pouca chama. ● In pace leo, in bello
lepus. Na paz, um leão; na guerra, uma lebre. VIDE:
● Domi leones, foris vulpes. ● Domi leones, proelio
vulpeculae. ● In otio tumultuosi, in bello segnes.
● Intra domus saevus est; foris mitis.
959. In pace, ut sapiens, aptarit idonea bello. [Horácio,
Satirae 2.2] Na paz, como um homem prudente,
preparou o que era necessário para a guerra.
960. In pari causa. [Jur / Black 935] Numa causa igual.
(=Em causa em que ambos os lados têm o mesmo
direito).
961. In pari casu melior est condicio possidentis. [Jur]
Em igualdade de situações, é melhor a condição de
quem tem a posse. ● In pari causa possessoris melior
condicio habeatur. [Codex Iustiniani 4.7.2] Em causa
equivalente considera-se melhor a condição do
possuidor. VIDE: ● In aequali iure melior est condicio
possidentis.
962. In pari causa possessor potior haberi debet.
[Digesta 17.128] Em causa igual, quem tem a posse
deve ser preferido. ● In pari causa potior est condicio
possidentis. Em causa igual, é melhor a condição de
quem tem a posse.
963. In pari delicto. [Jur] Numa falta igual.
964. In pari materia. [Jur / Black 936] Em matéria igual.
Sobre o mesmo assunto.
965. In paribus causis, paria iura. [Jur] Em causas
iguais, julgamentos iguais.
966. In parte sive in solidum. [Jur / Black 939] Para uma
parte ou para o todo.
967. In partibus infidelium. [Da linguagem eclesiástica]
Nas regiões habitadas pelos infiéis. (=Bispo in partibus
infidelium. Bispo cujo título é meramente honorífico).
● In partibus.
968. In parvo. Em miniatura. Em pequena escala.
969. In patientia vestra possidebitis animas vestras.
[Vulgata, Lucas 21.19] Na vossa paciência possuireis as
vossas almas.
970. In patria natus non est propheta vocatus. [Binder,
Thesaurus 1456] Quem é nascido na terra não é
considerado profeta. ■ Ninguém é profeta em sua terra.
■ Santo de casa não faz milagre. VIDE: ● Cernitur in
propria raro multum regione vates portare decus
ornatumque coronae. ● Nemo in patria propheta
acceptus est. ● Nemo propheta acceptus est in patria
sua. ● Nemo propheta in sua patria. ● Nemo propheta
in patria. ● Non est propheta sine honore, nisi in
patria sua, et in domo sua. ● Propheta in sua patria
honorem non habet.
971. In pectore. No peito. No coração. (=Em segredo.
Reservadamente. Não anunciado ao público).
972. In pectore amicus, non in atrio quaeritur. [Sêneca,
De Beneficiis 6.34] É no nosso coração, não na corte,
que se busca o amigo. VIDE: ● Hominibus plenum,
amicis vacuum.
973. In pedes cadere. [DAPR 126] Cair de pé.
974. In pedes se dare. [DAPR 365] Fugir. ■ Dar no pé.
VIDE: ● Duobus pedibus fugere.
975. In pedes se erexit. [Poggio, Facetiae 79] Pôs-se de
pé. ● In pedes se ilico coniecit ac aufugit. Nesse
momento ele se levantou e fugiu.
976. In pelago nantes altior unda vorat. [Pereira 119] A
água mais profunda engole quem nada no mar. ■ Quem
em mais alto nada mais depressa se afoga. ● In pelago
nantes ulterior unda vorat.
977. In pelle propria quiescere. [Rezende 2719] Manter-
se na própria pele. (=Contentar-se com sua sorte. Ficar
no lugar que lhe compete. Conhecer seu lugar. Viver de
acordo com seus recursos). ● In pellicula se tenere sua.
[Rezende 2720] VIDE: ● In propria pelle quiesce.
● Intra tuam pelliculam te contine.
978. In periculis audax. [Divisa] Corajoso nos perigos.
979. In periculo mortis. Em risco de morte. Com risco de
morte.
980. In periculo non est dormiendum. [Pereira 120] Não
se deve dormir, quando se está em risco. ■ Quem tem
inimigo não dorme. ● In periculoso negotio non est
dormitandum. [Erasmo, Adagia 3.9.14] ● In
periculoso negotio non est dormiendum. [Manúcio,
Adagia 970]
981. In perpetuam rei memoriam. [Jur / Black 936] Para
a permanente recordação do fato. VIDE: Ad aeternam
rei memoriam. ● Ad perpetuam rei memoriam.
982. In perpetuum rei testimonium. [Jur / Black 936]
Para perpétuo testemunho da coisa.
983. In perpetuum tempus. Para sempre. ● In
perpetuum. VIDE: ● Ad perpetuum.
984. In perpetuum, frater, ave atque vale. [Catulo,
Carmina 101.10] Salve e adeus para sempre, irmão.
985. In personam. [Jur / Broom 80] Contra a pessoa.
Sobre a pessoa.
986. In pertuso hauris dolio. [Schottus, Adagia 279]
Estás colhendo água de um barril furado. (=Todos já
sabem da novidade, menos tu).
987. In pertusum ingerimus dicta dolium. [Plauto,
Pseudolus 368] Estou colocando minhas palavras num
barril furado. (=Confio o meu segredo a um indiscreto).
VIDE: ● In dolium pertusum verba ingerimus.
988. In philosophia res spectantur, non verba
penduntur. [Cícero, Orator 16, adaptado] Em filosofia
examinam-se fatos, não se pesam palavras.
989. In plano frangit, cui sors est invida, plantam.
[Binder, Medulla 766] Quem está sem sorte, quebra o
pé no chão liso. ■ Urubu, quando está infeliz, cai de
costas e quebra o nariz.
990. In pleno. Completamente.
991. In pleno lumine. {Jur / Black 937] Em plena luz do
dia. Em público.
992. In plerisque rebus mediocritas optima est. [Cícero,
De Officiis 1.36] Na maior parte das coisas o meio
termo é o melhor. VIDE: ● In omnibus fere rebus
mediocritatem esse optimam.
993. In poculis. Entre copos. ■ Com o copo na mão. VIDE:
● Inter pocula. ● Inter vina.
994. In poenalibus causis benignius interpretandum est.
[Digesta 50.17.155.2] Nas causas penais deve-se
interpretar a lei com mais benignidade.
995. In poena heres non succedit. [Jur] O herdeiro não
sucede na pena. ● In poenis heres non succedit.
996. In poenis benignior est interpretatio facienda.
[Decretalia Bonifacii VIII, 49] Nas penas deve-se adotar
a interpretação mais benigna. VIDE: ● Poenis benignior
fit interpretatio.
997. In pontificalibus. Em roupas pontifícias.
998. In populo tutior esse potes. [Ovídio, Remedium
Amoris 580] No meio da multidão pode-se estar mais
seguro.
999. In portu naufragium fecimus. [Quintiliano,
Declamatio 12.23] Naufragamos no porto. ■ Nadar,
nadar, ir morrer à beira. ● In portu naufragari.
[Pereira 111] Naufragar no porto. ● In portu
impingere. [Erasmo, Adagia 1.5.76] VIDE:
● Naufragium in portu facere. ● Navem in portu
mergere.
1000. In portu res est. O barco está no porto. (=Não há
risco). ■ Em boa mão jaz o pandeiro. ● In portu navigo.
[Terêncio, Andria 480; Schottus, Adagia 279] Estou
navegando no porto. ● In portu navigatur. [Pereira
103] ● In portu inveho. [Schottus, Adagia 279] Estou
entrando no porto. ● In portu dormire. [Manúcio,
Adagia 1397] Dormir no porto. (=Viver uma vida
tranqüila). VIDE: ● Ego in portu navigo.

I6: 1001-1200
1001. In posse. [Black 1381] Em potência.
Potencialmente. ● In potentia. VIDE: ● In esse.
1002. In posterum. Para o futuro.
1003. In potestate parentis. [Institutiones 1.12] Sob o
poder de um dos pais.
1004. In praesens ova cras modo pullis sunt meliora.
[Gaal 1429] É melhor termos ovos agora do que pintos
amanhã. ■ Antes um pardal na mão do que uma perdiz a
voar.
1005. In praesenti. [Cícero, Pro Domo Sua 11] No tempo
presente. Atualmente.
1006. In praesentia maioris potestatis, minor potestas
cessat. Na presença do poder superior, cessa o poder
inferior. ● In praesentia maioris cessat potentia
minoris. [Broom 90] Na presença do maior, cessa o
poder do inferior. ● In praesentia maioris cessat
potestas minoris. [Broom 90] VIDE: ● Omne maius
continet in se minus.
1007. In praesaepe canis faeno non vescitur ipse, nec
sinit faenum qui cupit equus edat. [DAPR 531] Na
estrebaria, o cão não come o feno, nem deixa comê-lo o
cavalo que o deseja ■ O perro do hortelão nem come as
versas, nem as deixa comer.
1008. In praeteritum non vivitur. Não se vive para o
passado.
1009. In praeteritum subvenire ne dii quidem possunt.
[Plínio Moço, Panegyricus 40] Corrigir o que já
aconteceu nem mesmo os deuses podem.
1010. In praetoriis leones, in castris lepores. [Sidônio
Apolinário, Epistulae 5.7.5] Nos conselhos de guerra,
leões; nos acampamentos, lebres. ■ Muita trovoada,
sinal de pouca chuva. ● In praetorio leones, in castris
lepores. VIDE: ● Domi leones, foris vulpes. ● Domi
leones, proelio vulpeculae. ● Intra domus saevus est;
foris mitis. ● In otio tumultuosi, in bello segnes. ● In
pace leones, in proelio cervi.
1011. In praxi. Na prática.
1012. In pretio pretium nunc est. [Ovídio, Fasti 1.217]
Atualmente só o dinheiro tem valor. ■ Dize-me quanto
tens, dir-te-ei quanto vales.
1013. In prima instantia. [Jur] Em primeira instância.
1014. In primis. Em primeiro lugar. Antes de tudo.
Principalmente. VIDE: ● Imprimis.
1015. In primis et ante omnia. Primeiro e antes de tudo.
1016. In primis venerare deos. [Virgílio, Georgica 1.338]
Antes de tudo venerar os deuses.
1017. In primo limine vitae. [Sêneca, Hercules Furens
1145] No primeiro momento da vida.
1018. In principatu commutando saepius nihil praeter
domini nomen mutant pauperes. [Fedro, Fabulae
1.15.1] Na mudança do governo, geralmente os pobres
só trocam o nome do senhor. ■ Pobre muda de patrão,
mas não de condição. VIDE: ● Pauper dominum, non
sortem mutat.
1019. In principio. No princípio.
1020. In principio creavit Deus caelum et terram.
[Vulgata, Gênesis 1.1] No começo Deus criou o céu e a
terra.
1021. In principio erat Verbum. [Vulgata, João 1.1] No
princípio era o Verbo.
1022. In probationibus tota vis iudicii est. [Jur] Toda a
força do julgamento está nas provas.
1023. In progenie et progenie. [Vulgata, Salmos 48.12]
No decurso de todas as gerações.
1024. In promptu. [Cícero, Academica] Preparado. À
mão.
1025. In propria causa nemo iudex. [Jur / Black 937]
Ninguém seja juiz em causa própria. ■ Ninguém pode
ser juiz em causa própria. VIDE: ● Aliquis non debet
esse iudex in propria causa, quia non potest esse
iudex et pars. ● Iniquum est aliquem rei suae esse
iudicem. ● Iniquum est aliquem suae rei iudicem
fieri. ● Iudex in causa propria nemo esse potest. ● Ne
quis in sua causa iudicet. ● Nemo esse iudex in sua
causa potest. ● Nemo iudex in sua causa. ● Nullus in
sua causa iudex sit.
1026. In propria pelle quiesce. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.3 / Rezende 2728] Mantém-te na tua pele.
(=Contenta-te com tua sorte. Fica no lugar que te
compete. Conhece teu lugar. Vive de acordo com teus
recursos). VIDE: ● In pellicula se tenere sua. ● In pelle
propria esse. ● Intra tuam pelliculam te contine.
1027. In propria persona. [Bacon, Henricus Septimus
2.11] Pessoalmente. Em seu próprio nome.
1028. In propriis vitiis talpae, in alienis lynces sumus.
[Gaal 1520] Nos nossos vícios, somos toupeiras; nos
dos outros, linces. ■ Macaco não enxerga o seu rabo,
mas enxerga o da cutia. VIDE: ● In alienis vitiis lyncei
sumus, in nostris caeci.
1029. In proximo decoctionis omnia gesta
praesumuntur plena fraudibus. [Jur] Na falência
iminente, todos os atos presumem-se cheios de fraudes.
1030. In pulchra veste sapiens non vivit honeste. [Sweet
1] Em roupa bonita o sábio não vive com dignidade.
1031. In pulicis morsu Deum invocat. [Apostólio 8.45]
Chama por Deus ao ser mordido por pulga. ■ Muito
barulho por nada. ■ Faz extremos por dá cá aquela
palha.
1032. In pulvere sulcos ducimus. [Juvenal, Satirae 7.48]
Fazemos sulcos no pó. (=Fazemos trabalho inútil).
1033. In puris naturalibus. [Rezende 2732] No estado da
natureza. (=Completamente nu). VIDE: ● In naturalibus.
1034. In puteo constrictus est. [Binder, Thesaurus 1463]
Espremido no poço. (=Diz-se de quem atravessa
grandes dificuldades).
1035. In puteo cum canibus pugnare. [Apostólio 8.46]
Lutar com cães dentro do poço. (=Fazer coisa arriscada.
Ter negócios com pessoa rixenta).
1036. In puteo veritatem iacere demersam. [Lactâncio,
Institutiones Divinae 3.28] ■ A verdade jaz no fundo do
poço. ● In puteo veritatem iacere submersam.
1037. In qua mensura mensi fueritis, remetietur vobis,
et adicietur vobis. [Vulgata, Marcos 4.24] Com a
medida com que medirdes aos mais, vos medirão a vós,
e ainda se vos acrescentará. VIDE: ● In quo enim iudicio
iudicaveritis, iudicabimini, et in qua mensura mensi
fueritis, remetietur vobis.
1038. In qua potestate haec facis? [Vulgata, Mateus
21.23] Com que autoridade fazes essas coisas?
1039. In qua tu beata es, terra beata mihi est. [Ovídio,
Heroides 16.190] A terra em que és feliz é feliz para
mim.
1040. In quantum ut homines cives agimus, habemus
legem, secundum quam dicitur civis bonus et malus.
[Dante, De Vulgari Eloquentia 1.16.3] Na medida em
que agimos como homens cidadãos, temos a lei,
segundo a qual se classifica o cidadão bom e o mau.
VIDE: ● Habemus legem.
1041. In quo enim iudicio iudicaveritis, iudicabimini, et
in qua mensura mensi fueritis, remetietur vobis.
[Vulgata, Mateus 7.2] Com o juízo com que julgardes,
sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos
medirão também a vós.
1042. In quo nascetur, asinus corio morietur. [DAPR
668] O burro morrerá no mesmo couro em que nascer.
■ Quem nasce burro morre burro. ■ Quem nasce burro
morre pastando. ■ Lobo é sempre lobo.
1043. In quo quis delinquit, in eo de iure est puniendus.
[Jur / Black 937] No que alguém comete crime, nisso
deve ser legalmente punido.
1044. In quo quisque sibi excellentissimus videtur, in eo
versatur. [Aristóteles / Grynaeus 203] Cada qual se
ocupe daquilo em que se considera muito competente.
■ Cada qual no seu ofício. ■ Cada um trata do que sabe.
VIDE: ● Qua in re clarus quisque est, ad eam properat.
1045. In quocumque enim die comederis ex eo, morte
morieris. [Vulgata, Gênesis 2.17] Em qualquer dia que
comeres dele, morrerás de morte.
1046. In quolibet iudicii genere admittitur probatio per
documenta tum publica tum privata. [Jur] Em
qualquer gênero de juízo admite-se a prova por meio de
documentos, tanto públicos como privados.
1047. In quovis. Em qualquer que seja. (=Apólice In
Quovis. Apólice marítima emitida sem mencionar o
nome da embarcação).
1048. In radice. Na raiz. No começo.
1049. In re. Na coisa. Na realidade. Na questão.
1050. In re communi nemo dominorum iure facere
quicquam invito altero potest. [Digesta 8.2.26] Em
propriedade comum, nenhum dos condôminos pode
fazer legalmente coisa contra a vontade de outro
condômino.
1051. In re communi melior est condicio prohibentis.
[Jur / Black 937] Quando se trata de propriedade
comum, tem prioridade a condição de quem proibe. ● In
re communi potior est condicio prohibentis. [Regulae
Iuris Bonifacii VII, 56]
1052. In re communi neminem dominorum iure facere
quicquam, invito altero, posse. [Digesta 10.3.28] Em
propriedade comum, nenhum dos co-proprietários pode
legalmente fazer alguma coisa contra a voltade de outro
co-proprietário.
1053. In re dubia benigniorem interpretationem sequi
non minus iustius est quam tutius. [Digesta 28.4.3;
50.17.192.1] Em questão dúbia, é não menos justo do
que seguro seguir a interpretação mais benigna. VIDE:
● Benignior sententia in verbis generalibus seu dubiis
est praeferenda.
1054. In re dubia melius est verbis edicti servire.
[Digesta 14.1.1.20] Em questão dúbia, é melhor seguir a
letra da lei.
1055. In re facili multi, in difficili muti, in angusta
diffusi. [Cujácio / Spalding 59] Muitos nas questão
fácil, mudos na difícil, difusos na controversa. VIDE: ● In
rebus facilibus multi, in difficilibus muti.
1056. In re mala, animo si bono utare, adiuvat. [Plauto,
Captivi 134] Na dificuldade, se se tem ânimo bom,
ajuda. VIDE: ● Animus aequus optimum est aerumnae
condimentum. ● Bonus animus in mala re dimidium
est mali.
1057. In rebus. Nas coisas. Nos casos. Nas causas. Nas
questões.
1058. In rebus asperis et tenui spe, fortissima quaeque
consilia tutissima sunt. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
25.28] Em situações adversas e de pouca esperança, as
decisões mais ousadas são as mais seguras.
1059. In rebus dubiis plurimi est audacia. [Publílio Siro]
Nas situações perigosas, a ousadia vale muito.
1060. In rebus facilibus multi, in difficilibus muti.
(Cujácio / Spalding 58] Muitos nas questões fáceis,
mudos nas difíceis. VIDE: ● In re facili multi, in difficili
muti, in angusta diffusi.
1061. In rebus gerendis tarditas et procrastinatio odiosa
est. [Cícero, Philippica 6.7] Na administração dos
negócios a demora e a procrastinação são funestas.
1062. In rebus humanis, nihil firmum. [Grynaeus 702]
Nas coisas humanas nada é firme.
1063. In rebus manifestis, errat qui auctoritatem legum
allegat, quia perspicue vera non sunt probanda. [Jur
/ Coke / Black 938], Nos casos evidentes, erra quem
alega a autoridade das leis, porque as verdades óbvias
não precisam ser provadas.
1064. In rebus mortalium nihil est perpetuum, nihil
stabile. [Grynaeus 262] Nas coisas dos mortais nada é
perpétuo, nada é estável. VIDE: ● Omnium rerum
vicissitudo est.
1065. In rebus omnibus lex est, ut ad summum
perducta rursus ad infimum velocius quam
ascenderant, relabantur. [Sêneca Retórico,
Controversiae 1.7] Em todas as coisas há uma lei
segundo a qual o que chega ao ponto máximo, retorna
ao ponto mínimo mais rápido do que se tinha elevado.
1066. In rebus prosperis arrogantiam magnopere
fugiamus. [Cícero, De Officiis 1.90] Quando a sorte
nos é favorável, evitemos toda arrogância.
1067. In rebus Veneris. Em coisas do amor.
1068. In reddendis beneficiis, non quid datur refert, sed
quomodo. Ao se concederem benefícios, não importa o
que se dá, mas como se dá.
1069. In regione caecorum rex est luscus. [Erasmo,
Adagia 3.4; Grynaeus 188] ■ Em terra de cegos, o torto
é rei. ■ Em terra de cego quem tem um olho é rei. VIDE:
● Apud caecos monoculus rex. ● Beati monoculi in
regione caecorum. ● Beati monoculi in terra
caecorum. ● Beatus monoculus in terra caecorum.
● Caecorum in patria luscus rex imperat omnis. ● In
caecorum regno regnant strabones. ● In terra
caecorum monoculus rex. ● Inter caecos luscus rex.
● Inter caecos regnat luscus. ● Inter caecos regnat
strabo. ● Inter caecos strabus rex est. ● Inter
pygmaeos regnat nanus. ● Monoculus inter caecos
rex.
1070. In regione sua quisquis meretur laudem, res ista
venerabilis esse videtur. [Tosi 1059] Quem quer que
em sua terra merece louvor considera-se coisa digna de
veneração. ■ Santo de casa não faz milagre.
1071. In rem. [Jur / Broom 80] Contra a coisa. Sobre a
coisa.
1072. In rem propriam. Em causa própria. ● In rem
suam.
1073. In rem suam publica incommoda convertit.
[Branco 885] Transforma em lucro seu os prejuízos
públicos. ■ Pesca em águas turvas. VIDE: ● Alitur malo
publico.
1074. In rerum natura. Na natureza. Na realidade.
1075. In res inutiles sumptus ne facito. [Schottus, Adagia
379] Não faças despesas com coisas inúteis.
1076. In risu agnoscitur fatuus. [DAPR 583] ■ Pelo riso
se reconhece o tolo. ■ Muito riso, pouco siso. ■ É
freqüente o riso na boca de quem não tem siso. ● In risu
cognoscitur fatuus. VIDE: ● Fatuus in risu exaltat
vocem suam. ● Per multum risum stultus
cognoscitur. ● Per risum multum possis cognoscere
stultum. ● Per risum multum poteris cognoscere
stultum.
1077. In risum faciunt panem et vinum ut epulentur
viventes. [Vulgata, Eclesiastes 10.19] Os homens
empregam o pão e o vinho no seu prazer, vivendo para
se banquetearem.
1078. In risum pronis fluitant cito lumina fletu. [Binder,
Thesaurus 1467] Nos que muito riem, logo os olhos
ficam inundados de lágrimas. ■ Quem ri hoje, chora
amanhã.
1079. In ruinam prona sunt quae sine fundamentis
crevere. [Sêneca, De Ira 1.20.2] Estão em risco de
queda as coisas que cresceram sem base.
1080. In sacco felis haud venditur haud emiturque. Não
se vende nem se compra gato em saco.
1081. In sacris. Nas coisas sagradas.
1082. In saecula saeculorum. [Vulgata, Gálatas 1.5] Para
sempre. ● In saecula. ● In saeculum saeculi. ● In
saeculum. VIDE: ● Ad aeternum. ● Ad saeculum. ● Ad
saecula saeculorum. ● In aeternum. ● In aevum. ● In
sempiterna saecula. ● Per omne saeculum.● Per
omnia saecula saeculorum.
1083. In saeculo. No mundo. Na sociedade.
1084. In saltu uno duos capere apros. [Erasmo, Adagia
3.6.63] Num único mato pegar dois javalis. ■ Matar dois
coelhos com uma cajadada. ■ De um caminho, dois
mandados. ● In saltu uno duos capere capros. [DAPR
436] No mesmo mato apanhar dois bodes. VIDE: ● Iam
ego uno in saltu lepide apros capiam duos. ● Uno in
saltu apros capiam duos.
1085. In sanguine foedus. Um pacto de sangue.
1086. In sancto quid facit aurum? [Pérsio, Satirae 2.70]
Num templo, o que faz o ouro? VIDE: ● Dicite,
pontifices: in sacro quid facit aurum? ● In templo
quid facit aurum?
1087. In sapientia religio, et in religione sapientia est.
[Lactâncio] A religião está na filosofia, e a filosofia está
na religião.
1088. In saxis seminas. [Erasmo, Adagia 1.4.54] Semeias
nas pedras. ■ Perdes teu tempo e esforço. ● In saxis
sementem facis.
1089. In scirpo nodum quaeris. [Plauto, Menaechmi 164]
Procuras um nó no junco. ■ Procuras chifre em cabeça
de cavalo. ■ Buscas cinco pés ao gato. VIDE: ● Hoc
videtur quaerere nodum in scirpo et iniquitatem in
domo iusti. ● Nodum in scirpo ne quaeras. ● Nodum
in scirpo quaeris.
1090. In scrinio iudicis. [Jur / Black 939] No arquivo do
juiz. (=Diz-se dos documentos que não são incluídos no
processo).
1091. In scriptis. Por escrito.
1092. In se ipsa. Em si mesma.
1093. In se magna ruunt. [Lucano, Pharsalia 1.81] As
coisas grandes desmoronam sobre si mesmas.
1094. In se spuit, qui in caelum spuit. Quem cospe para o
céu, cospe em si mesmo. ■ Quem cospe para o céu, na
cara lhe cai. ■ Não cuspas para cima, que te cai na
testa. ● In se spuit, qui spuit dversus Olympum.
[Scaliger, Epidorpides] VIDE: ● In exspuentis recidit
faciem, quod in caelum exspuit.
1095. In se tentat descendere nemo. [Albertatius 618]
Ninguém procura conhecer a si mesmo. ■ Ninguém vê o
argueiro no seu olho. ■ O macaco vê o rabo da cutia,
mas não vê o seu. VIDE: ● Nemo in sese tentat
descendere!
1096. In secunda instantia. [Jur] Em segunda instância.
1097. In secundis rebus, immemores caelestium
beneficiorum, idolis supplicabant, in adversis Deo.
[Sulpício Severo, Chronica 1.24.6] Quando a sorte era
favorável, esquecidos dos benefícios do céu, oravam aos
ídolos; na adversidade, oravam a Deus.
1098. In secundis time, in adversis spera. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 4.15 / Rezende 2750] Na prosperidade,
teme; na adversidade, tem esperança.
1099. In segetem spicas ferre. Levar espigas para a seara.
(=Fazer trabalho inútil). ■ Levar água ao mar. ● In
segetem spicas, in mare fundat aquas. [Ovídio, Tristia
5.6.44] Leva espigas para a seara, água para o mar.
1100. In sempiterna saecula. Para sempre. VIDE: ● Ad
aeternum. ● In aeternum. ● Ad saeculum. ● Ad
saecula saeculorum. ● In aevum. ● In saecula. ● In
saecula saeculorum. ● In saeculum saeculi. ● In
saeculum. ● Per omne saeculum. ● Per omnia saecula
saeculorum.
1101. In sene et in puero gratia facta perit. ■ No velho e
no menino o benefício é perdido. ● In sene et in puero
gratia facta perit, quia senex non reddit, puer
obliviscitur. [Rezende 2752] No velho e no menino o
benefício é perdido, porque o velho não retribui, e o
menino esquece. ● In senem ne quod collocaris
beneficium. [Erasmo, Adagia 1.10.52] Ao velho não
dês nenhum benefício. ● In senem beneficium ne
collocato. [Binder, Thesaurus 1469] VIDE: ● Ne quid
beneficii colloces neque in senem, neque in
mulieribus, neque in puerum malignum, neque in
canem cuiuspiam, neque in garrulum remigem. ● Ne
quid unquam in senem beneficii contuleris. ● Ne quis
feminae, puero, cani alterius et garrulo faciat bene.
● Nec in puerum nec in senem collocandum esse
beneficium. ● Nunquam seni quidquam viro praestes
boni. ● Seni nunquam quidquam boni facias.
1102. In senectute hoc deputo miserrimum, sentire ea
aetate eumpse esse odiosum alteri. [Estácio, Ephesio]
O que considero mais lamentável na velhice é a pessoa,
nessa idade, sentir-se incômoda a outrem.
1103. In sententia permaneto, nisi sententiam sententia
alia vicerit melior. [Cícero, Pro Murena 65-66] Persiste
em tua opinião, a não ser que outra opinião, melhor, a
vença.
1104. In sententia stare. Persistir em sua decisão. ■ Não
dar o braço a torcer.
1105. In servitute expetunt multa iniqua. [Plauto,
Amphitruo 19] Na servidão, sobrevêm muitas injustiças.
1106. In servitutem cadere de regno grave est. [Sêneca,
Phoenissae 598] É duro cair do trono na servidão.
1107. In silendo nemo peccat. Calado ninguém erra. ■ Em
boca fechada as moscas não têm entrada.
1108. In silentio, et in spe erit fortitudo vestra. [Vulgata,
Isaías 30.15] A vossa fortaleza estará no silêncio e na
esperança.
1109. In silvam non ligna feras. [Horácio, Sermones
1.10.34] Não leves lenha para a floresta. ■ Dás pelo
amor de Deus a quem tem mais bens que os teus.
■ Levas ferro a Biscaia. ■ Levas água ao mar. ● In
silvam ne ligna feras, nec in mare aquam. [Medina
588] Não leves lenha para a floresta, nem água para o
mar. ● In silvam ligna ferre. [Albertatius 630] Levar
lenha para a floresta. ■ Levar água ao mar. ● In silvam
importat ligna. [Manúcio, Adagia 842] Leva madeira
para a floresta. (=Faz trabalho inútil). ■ Leva ferro a
Biscaia. VIDE: ● Iuxta fluvium puteum fodit. ● Ligna in
silvam fers. ● Silvam lignum ferre.
1110. In silvis lepores, in verbis quaere lepores. [Jogo de
palavras] Nas matas procura lebres, nas palavras
procura graças. (=Lepus, leporis, lebre; lepar ou lepos,
leporis, graça, beleza, donaire).
1111. In sinu alere serpentem. Criar uma serpente no
peito. VIDE: ● Colubram foves in sinu. ● In sinu
viperam habere.
1112. In sinu gaudent. [Cícero, Tusculanae Disputationes
3.24] Riem dentro do peito. ■ Riem à socapa.
1113. In sinu manum habere. [Teócrito / Grynaeus 86]
Manter a mão no peito (=Não querer trabalhar). ■ Faz
ofício de ripanço. VIDE: ● Manum habet sub pallio.
1114. In sinu non spuito. [Schottus, Adagia 209] Não
cuspas no próprio peito.
1115. In sinu viperam habere. [Cícero, De Haruspicum
Responsio 24] Ter uma víbora no peito. VIDE:
● Colubram foves in sinu. ● In sinu alere serpentem.
1116. In situ. No local. Na própria posição. No lugar
original.
1117. In sole lucernam adhibere nihil interest. [Cícero,
De Finibus 4.12.29] Conduzir uma lanterna ao sol não
tem utilidade. VIDE: ● Lucernam adhibes in meridie.
● Lucernam in meridie accendis. ● Lucernam
accendis in medio die.
1118. In sole sidera ipsa desinunt cerni. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 8.5.29] No sol os próprios astros
deixam de ser vistos.
1119. In solido. [Virgílio, Eneida 11.429] Em segurança.
Em lugar seguro.
1120. In solidum. Solidariamente. Por completo. Por
inteiro.
1121. In solis sis tibi turba locis. [Tibulo, Elegiae 3.19.12]
Nos lugares solitários sejas uma multidão para ti
mesmo.
1122. In solitudine sine baculo ne ambula. Não andes
sozinho, sem bastão. (=Tenhas sempre a companhia de
um amigo).
1123. In sollemnibus forma dat esse rei. [Jur] Nos atos
solenes a forma dá existência ao ato.
1124. In solo alieno. [Jur / Black 939] Em terra alheia. ● In
solo proprio. [Ibidem] Em terra própria.
1125. In solo Deo salus. [Divisa] Só em Deus está a
salvação.
1126. In solo vivendi causa palato est. [Juvenal, Satirae
11.11] A causa do seu viver está unicamente no seu
palato.
1127. In somno animus meminit praeteritorum. Durante
o sono o espírito relembra coisas passadas.
1128. In specie. [Jur / Black 939] Em espécie.
Separadamente.
1129. In spiritualibus. Nas coisas espirituais.
1130. In statu gratiae. Em estado de graça.
1131. In statu nascendi. No processo de formação.
1132. In statu quo ante erat. No estado em que se
encontrava antes. ● In statu quo prius erat. ● In statu
quo. VIDE: ● Status quo. ● Statu quo erat ante bellum.
1133. In statu quo nunc est. No estado em que atualmente
está.
1134. In sterculino plurimum gallus potest. [Publílio
Siro] ■ Muito pode o galo em seu poleiro. ■ Em sua casa
cada qual é rei. VIDE: ● Gallo molimen animosius est
prope limen. ● Gallus in suo sterquilinio ferox.
● Gallus in sterquilinio suo plurimum potest. ● In suo
municipio quisque plurimum potest. ● Plurimum
valet gallus in aedibus suis. ● Sterculino suo
plurimum gallus potest.
1135. In sterquilinio margaritam reperit. [Binder,
Thesaurus 1471] Achou uma pérola na estrumeira.
1136. In stipulis magnus sine viribus ignis. [Virgílio,
Georgica 3.99] Na palha o fogo é grande, mas sem
força.
1137. In subsidium. [Jur / Black 939] Em auxílio. Em
reforço.
1138. In sucum et sanguinem convertere. Converter em
carne e sangue.
1139. In sudore vultus tui vesceris pane. [Vulgata,
Gênesis 3.19] Comerás o pão no suor do teu rosto.
1140. In summa. Em resumo. Em uma palavra. VIDE: ● In
tribus verbis.
1141. In summum perducta incrementi non habent
locum. [Sêneca, De Constantia 5.4] Tudo que atingiu o
ponto mais alto não tem espaço para crescimento.
1142. In suo municipio quisque plurimum potest.
[Medina 587] Em sua terra qualquer um pode muito.
■ Muito pode o galo em seu poleiro. ■ Em sua casa cada
um é rei. ■ Cada galo canta no seu poleiro. VIDE: ● Gallo
molimen animosius est prope limen. ● Gallus in
sterquilinio suo plurimum potest. ● Gallus in suo
sterquilinio multum potest. ● Gallus in suo
sterquilinio ferox. ● In sterculino plurimum gallus
potest. ● Plurimum valet gallus in aedibus suis.
● Sterculino suo plurimum gallus potest.
1143. In suo quisque negotio hebetior est, quam in
alieno. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.4] Cada um percebe
menos em seus negócios do que nos dos outros.
■ Macaco só vê o rabo da cutia.
1144. In supremis. No último momento. Em grande
dificuldade. VIDE: ● In articulo mortis. ● In extremis.
● In extremis vitae momentis. ● In ultimis.
1145. In suspenso. Em suspenso. Indefinido.
1146. In taberna quando sumus non curamus quid sit
humus. [De uma canção goliardesca] Quando estamos
na taberna, não nos preocupamos com a tumba.
1147. In tali tales capiuntur flumine pisces. [Binder,
Thesaurus 1472] Em tal rio apanham-se tais peixes.
■ Tal sino, tal badalada.
1148. In tam diversa magister, ventus et unda trahunt.
[Montaigne, Éssais 3.10] O piloto, o vento e as ondas
arrastam o barco em direções tão diferentes.
1149. In te descende! [Pereira 110] Examina a ti mesmo.
(=Conhece-te a ti próprio! Cuida da tua vida!). ■ Mete a
mão no teu seio. ■ Mete a mão na consciência. ■ Olha
para ti, e fica por aí. ■ Não saias fora da tua esfera.
■ Macaco, olha teu rabo. VIDE: ● In tuum ipsius sinum
inspice.
1150. In te, Domine, speravi. [Vulgata, Salmos 30.2] Em
Ti, Senhor, pus minha esperança.
1151. In te spes omnis nobis sita est. [Terêncio, Adelphi
425] Em ti está toda minha esperança. VIDE: ● In me
omnis spes est mihi.
1152. In tela. Em tela. Em exame.
1153. In tempestate cognoscitur gubernator. [Tosi 1621]
Na tempestade é que se conhece o timoneiro. ■ É na luta
que se conhecem os heróis. VIDE: ● Gubernatorem in
tempestate, in acie militem intellegas. ● Medicus in
desperatione, gubernator in tempestate cognoscitur.
● Militis cuiuslibet fortitudo non agnoscitur nisi in
bello.
1154. In tempestate securitas. [Divisa] Segurança na
tempestade.
1155. In templo quid facit aurum? [Rezende 2780] Num
templo, o que faz o ouro? VIDE: ● In sancto quid facit
aurum? ● Dicite, pontifices: in sacro quid facit
aurum?
1156. In temporalibus. Nas coisas temporais.
1157. In tempore. Na hora certa. No devido tempo. VIDE:
● In tempore opportuno. ● Opportuno tempore. ● Per
tempus.
1158. In tempore exitus tui, distribue hereditatem tuam.
[Vulgata, Eclesiástico 33.24] No tempo de tua partida,
distribui tua herança.
1159. In tempore illo. Naquele tempo. VIDE: ● Eo tempore.
● In diebus illis. ● In illo tempore.
1160. In tempore opportuno. No momento propício. Na
hora certa. VIDE: ● In tempore. ● Opportuno tempore.
● Per tempus.
1161. In tenebris lucem. Nas trevas, (vejo) uma luz.
1162. In tenebris saltare. [Schottus, Adagia 70] Dançar
nas trevas. (=Sofrer em silêncio. Fazer coisa de que
ninguém tem conhecimento).
1163. In teneris consuescere multum est. [Virgílio,
Georgica 2.272] É importante contrair hábitos na
infância. ■ De pequenino se torce o pepino. ■ O que se
aprende no berço dura até a sepultura. VIDE: ● A teneris
consuescere, multum est.
1164. In tentationem vadit qui ad orationem non vadit.
[S.Pedro Crisólogo / Bernardes, Luz e Calor 1.222.82]
Vai para a tentação quem não vai para a oração.
1165. In tenui labor, at non tenuis gloria. [Virgílio,
Georgica 4.6] É um trabalho sobre coisa pequena, mas a
glória não é pequena. VIDE: ● Tenuis labor, at non
tenuis gloria.
1166. In terminis. [Jur] Em último lugar. Nas palavras
finais. Para encerrar o processo.
1167. In terra caecorum monoculus rex. [De Mauri,
Flores Sententiarum 234] ■ Em terra de cego quem tem
um olho é rei. ■ Em terra de cegos, o torto é rei. VIDE:
● Apud caecos monoculus rex. ● Beati monoculi in
regione caecorum. ● Beati monoculi in terra
caecorum. ● Beatus monoculus in terra caecorum.
● Caecorum in patria luscus rex imperat omnis. ● In
caecorum regno regnant strabones. ● In regione
caecorum rex est luscus. ● Inter caecos luscus rex.
● Inter caecos monoculus rex. ● Inter caecos regnat
luscus. ● Inter caecos regnat strabo. ● Inter caecos
strabus rex est. ● Inter pygmaeos regnat nanus.
● Monoculus inter caecos rex.
1168. In terra non omni generantur omnia. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 5.10.21] Nem tudo nasce em toda
terra. VIDE: ● Nec tellus eadem parit omnia: vitibus illa
convenit, haec oleis; hac bene farra virent. ● Nec vero
terrae ferre omnes omnia possunt. ● Non eadem
tellus fert omnia: vitibus illa convenit, haec oleis, hic
bene farra virent. ● Non omnis fert omnia tellus.
● Non tellus eadem parit omnia.
1169. In terra pauperem esse praestat quam divitem
navigare. [Schottus, Adagia 279] É melhor ser pobre
em terra do que ser rico no mar. ■ Antes na estrada em
carro velho do que no mar em navio novo. ● In terra
egere malo quam dis navigem. [Schottus, Adagia 611]
Prefiro passar necessidade em terra a ser rico no mar.
VIDE: ● Egere praestat in solo, quam divite sulcare
fluctus. ● Praestat in terra egere quam divitem
navigare. ● Praestat in terra pauperem esse quam
divitem navigare. ● Satius est in terra pauperem
vivere, quam divitem navigare. ● Tellure praestat
pauperies, quam opes mari.
1170. In terra pax hominibus bonae voluntatis.
[Vulgata, Lucas 2.14] Na terra, paz aos homens de boa
vontade.
1171. In terra repromissionis. [Vulgata, Hebreus 11.9]
Na terra da promessa.
1172. In terra stantis pulcher conspectus in aequor.
[Rezende 2817] Para quem está em terra, é bela a visão
do mar. ■ Para ter vista bela, olhar o mar e morar em
terra. VIDE: ● Spectare suave est undas maris e litore.
1173. In terra summus rex est hoc tempore nummus.
[Carmina Burana 11.1] Nesta terra, nos tempos que
correm, o rei supremo é o dinheiro.
1174. In terrorem. [Jur / Black 939] Para assustar. Como
advertência.
1175. In tertia vice. Pela terceira vez. VIDE: ● Tertia vice.
1176. In testamentis plenius voluntates testantium
interpretantur. [Digesta 50.17.12] Nos testamentos,
observa-se com mais cuidado a vontade dos testadores.
● In testamentis plenius testatoris intentionem
scrutamur. [Broom 423] Nos testamentos observamos
com mais cuidado a intenção do testador.
1177. In testamentis ratio tacita non debet considerari,
sed verba solum spectari debent. [Jur / Black 939]
Nos testamentos, não se deve considerar a intenção não
expressa, mas somente o texto.
1178. In testimonium. [Jur / Black 939] Em testemunho.
Em comprovação.
1179. In thesi. Em tese.
1180. In totidem verbis. [Jur / Black 940] Em tantas
palavras. Exatamente com as mesmas palavras. Palavra
por palavra. Textualmente.
1181. In toto. No todo. Completamente. Inteiramente.
1182. In toto et pars continetur. [Gaio, Digesta
50.17.113] No todo está contida também a parte.
1183. In toto iure generi per speciem derogatur, et illud
potissimum habetur quod ad speciem directum est.
[Digesta 50.17.80] Em toda lei, o gênero é derrogado
pela espécie, e é considerado muito mais importante o
que se refere à espécie. VIDE: ● Generi species derogat.
● Species generi derogat.
1184. In toto partem non est dubium contineri. [Jur]
Não há dúvida que a parte está contida no todo.
1185. In totum. Inteiramente. ● In tota.
1186. In tranquillo esse quisque gubernator potest.
[Publílio Siro] Em mar tranqüilo, qualquer um pode ser
piloto. ■ Enquanto o mar bonança, todos são bons
pilotos. ● In tranquillo gubernator quilibet esse
potest. [Binder, Thesaurus 1476]
1187. In tranquillo tempestatem adversam optare
dementis est. [Cícero, De Officiis 1.83] Quando se está
na tranqüilidade, escolher a tempestade hostil é coisa de
demente. ■ Quem está bem, deixe-se estar. ■ Quem bem
está e mal escolhe, por mal que lhe venha não se anoje.
1188. In transitu. [Jur / Broom 363] Em trânsito. Na
passagem. Ao passar. De passagem. VIDE: ● In itinere.
1189. In tria tempora vita dividitur: quod est, quod fuit
et quod futurum est. [Sêneca, De Brevitate Vitae 10.2]
A vida se divide em três tempos: o que é, o que foi e o
que será.
1190. In tribulatione magna sumus. [Vulgata, Neemias
9.37] Nós estamos numa grande tribulação. ● In
tribulatione magna sum. Estou numa grande aflição.
■ Estou entre talas.
1191. In tribus verbis. Em três palavras. ■ Resumindo.
■ Em resumo. VIDE: ● In summa.
1192. In tributis esse rei publicae nervos nemini
dubium est. [Ulpiano, Digesta 48.18.1.20, adaptado]
Ninguém tem dúvida de que nos tributos estão os nervos
do estado.
1193. In tristitia hilaris, in hilaritate tristis. [Giordano
Bruno, Il Candelaio 3.7] Risonho na tristeza, triste no
riso.
1194. In trivio sum. [Apostólio 8.43] Estou numa
encruzilhada. ● In trivio versor. [Schottus, Adagia 71]
● In trivio consisto. [Manúcio, Adagia 100] Estou
parado na encruzilhada. VIDE: ● Sum in trivio.
1195. In turpi re peccare, bis delinquere est. [Publílio
Siro] A falta é dobrada quando tem por objeto ato
vergonhoso.
1196. In tuto res est. [Pereira 121] ■ Segura está a
mercadoria.
1197. In tuum ipsius exitium reperisti. [Luciano /
Manúcio, Adagia 53] Criaste a tua própria perdição.
■ Caíste na rede que armaste. ■ Quem arma trelas, cai
nelas. VIDE: ● Hanc technam in te ipsum struxisti.
1198. In tuum ipsius sinum inspue. [Manúcio, Adagia
278] Cospe no teu próprio seio. ■ Mete a mão no teu
seio. ■ Mete a mão na consciência. ■ Macaco, olha teu
rabo. ● In tuum ipsius sinum inspice. Olha no teu
próprio seio. VIDE: ● In te descende!
1199. In ultimis. No último momento. Em grande
dificuldade. VIDE: ● In articulo mortis. ● In extremis.
● In extremis vitae momentis. ● In supremis.
1200. In ultimo casu. No último caso.

I7: 1201-1400
1201. In universo orbe. No mundo inteiro.
1202. In uno habitare non possunt vigor pulchritudinis,
et gemitus senectutis. [S.Agostinho, Tractatus 32.9]
Não podem morar na mesma pessoa o vigor da beleza e
o gemido da velhice. VIDE: ● Senectus et pulchritudo
corporis in uno habitare non possunt.
1203. In unoquoque virorum bonorum habitat deus.
[Sêneca, Epistulae Morales 41.2] Em cada homem de
bem habita um deus.
1204. In uno corpore multa membra habemus, omnia
autem membra non eumdem actum habent.
[Vulgata, Romanos 12.4] Em um corpo temos muitas
partes, mas todas as partes não têm a mesma função.
1205. In usu. Em uso. Em uso freqüente.
1206. In usum. Para uso.
1207. In usum Delphini. Para o uso do delfim. (=1.Delfim,
título atribuído aos herdeiros do trono da França.
2.Edição in usum Delphini. Edição expurgada). VIDE:
● Ad usum Delphini.
1208. In utramque dormit aurem. [Dumaine 238] Ele
dorme sobre as duas orelhas. ■ Nada o perturba. ● In
utramvis dormire aurem. [Erasmo, Adagia 1.8.19]
Dormir sobre as duas orelhas. VIDE: ● Dormit in
utramvis aurem quem cura relinquit. ● In aurem
utramque dormire. ● In aurem utramvis dormire.
1209. In utroque casu. Em qualquer caso. Em ambos os
casos.
1210. In utroque iure. [Jur / Black 940] Em ambos os
direitos. (=No direito civil e no direito canônico). ● In
utroque.
1211. In utrumque paratus. [Divisa] Preparado para
qualquer eventualidade. ● In utrumque paratus, seu
versare dolos seu certae occumbere morti. [Virgílio,
Eneida 2.61] Preparado para qualquer acontecimento,
seja para preparar enganos, seja para enfrentar a morte
certa. VIDE: ● Ad utrumque paratus. ● Ad utrumvis
paratus.
1212. In vacuo. No vazio.
1213. In vacuo pectore regnat amor. [Ovídio, Amores
1.1.26] O amor reina no coração ocioso.
1214. In valle lacrimarum. [Vulgata, Salmos 83.7] Neste
vale de lágrimas. VIDE: ● In hac lacrimarum valle.
1215. In vanum laborat qui omnibus placere contendit.
Sofre em vão quem pretende agradar a todos. ■ Ninguém
pode agradar a todos. ■ Nenhuma Maria pode agradar
a todos os Manéis. VIDE: ● Difficile omnibus placere.
● Frustra laborat qui omnibus placere studet. ● Nemo
invenitur qui satisfaciat omnibus. ● Nemo omnibus
placet. ● Omnibus placere impossibile est.
1216. In varietate voluptas. [Rezende 2843] O prazer está
na variedade. ■ A variedade deleita. ■ Tudo enfada, só a
variedade recreia. VIDE: ● Delectat varietas. ● In omni
re semper grata varietas. ● Natura diverso gaudet.
● Sensus delectat varietas. ● Variatio delectat.
● Varietas delectat.
1217. In venatu periit. Morreu na caçada. ■ Foi buscar a
lã e voltou tosquiado. VIDE: ● Captantes capti sumus.
● Venatu perire.
1218. In Venere semper certat dolor et gaudium.
[Publílio Siro] No amor sempre estão em guerra o
sofrimento e o prazer.
1219. In Venere semper dulcis est dementia. [Publílio
Siro] No amor há sempre uma doce loucura.
1220. In Veneris ludo timor est et sollicitudo. [Tosi
1406] No jogo do amor há medo e preocupação.
1221. In vento et in aqua scribere. Escrever no vento e na
água. (=Fazer promessas vãs). VIDE: ● In aqua scribere.
● In vino scribere. ● Mulier cupido quod dicit amanti
in vento et rapida scribere oportet aqua.
1222. In vento scribit laedens, in marmore laesus. Quem
fere escreve no vento; quem é ferido escreve no
mármore. ■ Quem bate esquece; quem apanha lembra.
1223. In ventre fit prima digestio. [Macróbio, Saturnalia
7.4] A primeira digestão se faz no ventre. VIDE: ● Prima
digestio fit in ore.
1224. In ventum verba profertis. [Vulgata, Jó 6.26]
Proferis palavras ao vento. VIDE: ● Dat verba in ventos.
● Quid in ventum verba fundis?
1225. In verbis. Textualmente. Nestes termos. VIDE: ● In
ipsis verbis. ● Ipsis litteris. ● Ipsis verbis. ● Litteratim
et verbatim. ● Litteratim. ● Suis verbis. ● Verbatim.
● Verbatim et litteratim. ● Verbatim, litteratim et
punctatim.
1226. In verbis amanda sunt vera, non verba. Nas falas,
devem ser amadas as verdades, não as palavras.
1227. In verbis simus faciles, dummodo conveniamus in
re. Sejamos claros nas palavras, de modo a nos
entendermos no objeto.
1228. In verbo suavis, in re gravis. [DAPR 647] Suave
nas palavras, mas severo nas ações. ■ Cara de beato,
unhas de gato.
1229. In veritate victoria. [Divisa / Stevenson 2393] A
vitória está na verdade.
1230. In vestimentis non est sapientia mentis. [Neander,
Gnomologia Graeco-Latina 247 / Rezende 2851] Não
está nas roupas a sabedoria da mente. ■ O hábito não faz
o monge. ■ O hábito não faz o monge, mas faz parecer
de longe. ■ A barba não faz o filósofo. ■ O hábito não
faz o frade. ■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o
homem conhecido. ■ O hábito elegante cobre, às vezes,
um tratante. ● In vestimentis non stat sapientia
mentis. [Trench, Proverbs and Teir Lessons] VIDE:
● Barba non facit philosophum. ● Barba non facit
philosophum, neque vile gerere pallium. ● Cucullus
non facit monachum. ● Cuculla non facit monachum.
● Habitus non facit monachum. ● Non habitus
monachum reddit. ● Non tonsura facit monachum.
● Non tonsura facit monachum, nec horrida vestis.
● Philosophum non facit barba. ● Saepe tegit nequam
lata cuculla caput. ● Si philosophum oporteat ex
barba metiri, hircos primam laudem ablaturos.
● Vestimenta pium non faciunt monachum.
1231. In Vetere Novum latet, in Novo Vetus patet.
[Bretzle 55] No Velho (Testamento) está latente o
Novo; no Novo está patente o Velho.
1232. In via stultus ambulans, cum ipse insipiens sit,
omnes stultos aestimat. [Vulgata, Eclesiastes 10.3] O
insensato que vai pelo seu caminho, sendo ele um
insipiente, a todos reputa por insensatos. ● In via stultus
ambulans, cum ipse stultus sit, omnes stultos
reputat.
1233. In vicem. Um de cada vez. Sucessivamente.
1234. In victoria vel ignavis gloriari licet; adversae res
etiam bonos detractant. [Salústio, Bellum Iugurthinum
53] Na vitória, até os covardes podem vangloriar-se; a
derrota envergonha até os bravos.
1235. In vili veste nemo tractatur honeste. [Trench,
Proverbs and Their Lessons; Rezende 2858] Em roupa
ruim, ninguém é tratado com respeito. ■ Quem anda mal
vestido, é mal recebido. VIDE: ● Vestis virum facit.
1236. In vinculis caritatis. [Vulgata, Oséias 11.4] Com as
cadeias do amor.
1237. In vindicando criminosa est celeritas. [Publílio
Siro] No vingar-se, é criminosa a pressa. VIDE: ● In
iudicando criminosa est celeritas.
1238. In vino feritas. No vinho, se encontra a crueldade.
■ Onde entra o vinho, sai a razão. VIDE: ● In vino
veritas. ● In vino verum.
1239. In vino, in ira, in puero semper est veritas. [Sweet
33] No vinho, na ira, na criança sempre está a verdade.
1240. In vino scribis. [Schottus, Adagia 12] Escreves no
vinho. (=Prometes o que não cumprirás). VIDE: ● In aqua
scribis. ● In arena scribis. ● In cinere scribis. ● Per
aquam scribis. ● Scribis in aqua.
1241. In vino veritas. [Plutarco / Apostólio 8.44; Erasmo,
Adagia 1.7.17] No vinho, a verdade. ■ No vinho está a
verdade. ■ Quando o vinho desce, as palavras sobem.
■ Cachaceiro não tem segredo. ● In vino verum. VIDE:
● Aperit praecordia Liber. ● In vino feritas. ● Si latet
in vino veritas, ut proverbia dicunt, invenit verum
Teuto, vel inveniet. ● Vulgo veritas iam attributa
vino est.
1242. In virgine forma dotis dimidium. Na moça a beleza
é a metade do dote. ■ Linda cara, meio dote. ■ Mulher
bonita nunca é pobre. VIDE: ● Formosa virgo est dotis
dimidium. ● Formosa virgo est: dotis dimidium
vocant isti, qui dotes neglegunt uxorias. ● Formositas
dimidium dotis. ● Virgo formosa, etsi sit oppido
pauper, tamen abunde dotata est.
1243. In virtute posita est vera felicitas. [Sêneca, De Vita
Beata 16] É na virtude que se encontra a verdadeira
felicidade.
1244. In virtute sunt multi ascensus. Na virtude há
muitos caminhos.
1245. In viscum volucres ducit cum cantibus auceps.
[Binder, Thesaurus 1486] Com música, o passarinheiro
atrai os pássaros para o visgo. ■ Com mel se pegam as
moscas.
1246. In vita nihil est nisi propagatio miserrimi
temporis. [Cícero, Ad Familiares 5.15] Na vida nada
existe senão a continuidade de momentos infelizes.
1247. In vitae primordiis. No começo da vida.
1248. In vitium ducit culpae fuga, si caret arte.
[Horácio, Ars Poetica 31] A fuga de um erro nos conduz
a outro, se nos falta habilidade.
1249. In vitro. No vidro. (=No tubo de ensaio).
1250. In vivo. Em organismo vivo.
1251. In voluptate spernenda et repudianda virtus vel
maxime cernitur. [Cícero, De Legibus 1.52] Vê-se a
virtude principalmente quando se despreza e se repudia
o prazer.
1252. In vota miseros ultimus cogit timor. [Sêneca,
Agamemnon 510] O pavor leva os infelizes a rezar.
1253. In vulgus manant exempla regentum. [Claudiano,
De Consulato Stilichonis 1.168] Os exemplos dos
governantes recaem sobre o povo. ■ Assim como vive o
rei, vivem os vassalos. ■ Qual o rei, tal a grei. ■ Tal
senhor, tal servo. VIDE: ● Exemplum regis, vitae
clientum. ● Exemplum regis ceteri imitati sunt.
1254. In vultu est audacia mixta pudori. [Ovídio,
Metamorphoses 9.509] No seu rosto está a audácia
misturada ao pudor.
1255. Inanes sententiae philosophorum. As sentenças
dos filósofos são inúteis.
1256. Inani spe flagrat. [Erasmo, Adagia 4.3.5] Ele arde
com esperanças vãs.
1257. Inania verba. Palavras vãs. (=Título de soneto de
Olavo Bilac). VIDE: ● Steriles nugae et inania verba.
1258. Inanis venter non audit verba libenter. [Flos
Medicinae Scholae Salerni, Cibatio] Estômago vazio
não gosta de ouvir discursos. ■ Estômago vazio não tem
ouvidos. ■ Ventre em jejum não ouve a nenhum. VIDE:
● Caecus venter verba non curat. ● Difficile est vacuo
verbis imponere ventri. ● Ieiunus venter non audit
verba libenter. ● Venter famelicus auriculis caret.
● Venter aures non habet. ● Venter auribus caret.
● Venter caret auribus.
1259. Inanis verborum torrens. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 2.7.23, adaptado / Rezende 2536] Uma inútil
torrente de palavras.
1260. Inaniter aquam consumis. [Manúcio, Adagia 181]
Gastas a água em vão. (=É uma alusão à água das
clepsidras que mediam o tempo dado aos advogados
para exporem seus pleitos). ■ Perdes teu tempo!
■ Perdes teu latim. VIDE: ● Aquam perdis. ● Frustra
aquam consumis. ● Frustra aquam perdis.
1261. Inanium inania consilia. [Erasmo, Adagia 3.5.29]
São inúteis os conselhos dos levianos.
1262. Inaudita altera parte. [Jur] Sem que a parte
contrária tenha sido ouvida.
1263. Incauta futuri mortalitas! [Sêneca Retórico,
Controversiae 9] Ó mortais que ignorais o futuro!
1264. Incaute factum pro non facto habetur. [Digesta
28.4.1.1, adaptado] O que é feito sem precaução é
considerado não feito.
1265. Incedis per ignes suppositos cineri doloso.
[Horácio, Carmina 2.1.7] Andas sobre brasas cobertas
de cinzas enganadoras. VIDE: ● Tractas et incedis per
ignes suppositos cineri doloso.
1266. Incendit omnem feminae zelus domum. [Grynaeus
252] O ciúme de uma mulher põe fogo na casa toda.
■ Mulher ciumenta, menino chorão, casa que goteja, e
burro topão, são tormentos dum cristão.
1267. Incendium aere alieno non exuit debitorem.
[Codex Iustiniani 4.2.11] Incêndio não libera o devedor
de sua dívida.
1268. Incendium ignibus exstinguitur. [Montaigne,
Essais 3.5] O incêndio se extingue por meio do fogo.
■ Mordedura de cão cura-se com o pelo do mesmo cão.
● Incendium ignibus exstinguetur. [Tertuliano, De
Pudicitia 16] Com fogo se extinguirá o incêndio.
1269. Inceptum est: retro abire non licet, nec relinquere
oportet. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
4.56.26] Eu comecei; não me é permitido recuar, nem
devo parar.
1270. Incerta peti, certa deseri. [Sêneca Retórico,
Suasoriae 10] Deseja-se o duvidoso, despreza-se o
certo. ■ Deixar o certo pelo duvidoso. VIDE: ● Certa
amittimus dum incerta petimus. ● Certa omittimus
dum incerta petimus.
1271. Incerta pro certis, bellum quam pacem malebant.
[Salústio, Catilina 17] Preferiam o incerto ao certo, a
guerra à paz.
1272. Incerta pro nullis habentur. [Jur / Black 942] As
coisas incertas são tidas como inexistentes.
1273. Incerta pro spe non munera certa relinque.
[Aviano, Fabulae 20.17] Não abandones vantagens
certas por esperança incerta. ■ Não deixes o certo pelo
duvidoso.
1274. Incertam frustra, mortales, funeris horam
quaeritis, et qua sit mors aditura via. [Propércio,
Elegiae 2.27.1] Em vão, mortais, procurais conhecer a
hora incerta de vossos funerais e o caminho por onde a
morte virá.
1275. Incerte errat animus, praeterpropter vitam
vivitur. [Ênio / Aulo Gélio, Noctes Atticae 19.11] O
espírito vaga sem objetivo, vive-se a vida ao acaso.
1276. Incerti fallax fiducia Martis. [Sílio Itálico, Punica
6.333] É enganadora a fidelidade do vacilante Marte.
■ Quem vai à guerra, dá e leva. ■ Guerra começada, só
Deus sabe quando acabada. ● Incerti sunt exitus belli.
[Cícero, Philippica 13.5] São incertos os resultados da
guera. VIDE: ● Incertus est belli exitus. ● Mars
communis.
1277. Incertitudo vitiat actum. [Jur] A imprecisão vicia o
ato.
1278. Incerto certum, praesens praepono futuro.
Coloco o certo à frente do duvidoso, o que está presente
à frente do que será. VIDE: ● Certa sequens, incerta
cavens, praesentia curo.
1279. Incertum est quando, certum est aliquando mori.
[Tosi 605] É incerto quando, mas é certo que vamos
morrer em algum momento. ■ Morte certa, hora incerta.
VIDE: ● Certa mihi mors, incerta est funeris hora.
● Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc
ipso die. ● Mors certa, hora incerta. ● Mors certa est,
funeris hora latet. ● Mors certa, hora mortis incerta.
● Mors certa, tempus incertum. ● Mors est certa, dies
vero mortis est incertus. ● Mors est res certa, nihil est
incertius hora. ● Mors cuivis certa, nihil incertius
hora; ibimus absque mora, sed qua nescimus in
hora. ● Morte nihil certius est, nihil vero incertius
quam eius hora. ● Mortis dies omnibus incertus.
1280. Incertum est quo loco te mors exspectet; itaque tu
illam omni loco exspecta. [Sêneca, Epistulae Morales
7.26] É incerto o lugar onde a morte pode esperar-te;
aguarda-a, pois, em todo lugar.
1281. Incertus animus dimidum est sapientiae. [Publílio
Siro] Espírito em dúvida é meia sabedoria. ■ Quem
duvida não se engana.
1282. Incertus animus remedium est sapientiae. A
dúvida é o instrumento da sabedoria. ■ A dúvida é o
começo da sabedoria.
1283. Incertus est belli exitus. [Rezende 2555] É incerto o
resultado da guerra. ■ A guerra, sabe-se como começa,
não se sabe como termina. VIDE: ● Anceps belli casus.
● Anceps belli exitus. ● Anceps fortuna belli. ● Incerti
fallax fiducia Martis. ● Incerti sunt exitus belli.
1284. Incidis in Scyllam cupiens vitare Charybdim.
[Gautier de Lille, Alexandreis 5.301] Cais em Cila,
querendo evitar Caribde. (=Tentando evitar o
redemoinho, precipita-se contra o penhasco). ■ Escapei
do trovão e dei no relâmpago. ■ Saí do lodo, caí no
arroio. ● Incidit in Scyllam qui vult vitare
Charybdim. Cai em Cila quem quer evitar Caribde.
● Incidit in Scyllam, cupiens vitare Charybdim.
[Pereira 106] VIDE: ● De calcaria in carbonariam
pervenire. ● Effugiens Charybdim, incidi in Scyllam.
● Evitata Charybdi in Scyllam incidi. ● Evitata
Charybdi in Scyllam concidi. ● Hi vitaturi lupum
inciderunt in leonem. ● Tendebat de fumo ad
flammam.
1285. Incidit in flammas, cupiens vitare favillas. [Pereira
106] Quem queria evitar as brasas, caiu nas chamas.
■ Saltou das brasas e caiu nas labaredas. ■ Fugindo ao
fogo, caiu nas brasas. ■ Saiu de um atoleiro e meteu-se
em outro. ● Incidit in prunas, cupiens vitare patellam.
Quem queria fugir do prato, caiu nas chamas. VIDE:
● Dum vito fumum, flammam in ipsam decido. ● Dum
vito fumum, cecidi in ignem fervidum. ● Fugientes
fumum in ignem incidimus. ● Fumum fugiens, in
ignem incidi. ● Fumum fugi, in ignem incidi. ● Qui
fugit patellam, cadit in prunas.
1286. Incidit in foveam quam fecit. [Vulgata, Salmos
7.16] Caiu no buraco que cavou. ■ Caiu no laço que
armou. ● Incidit in foveam qui primus fecerat illam.
[DAPR 396] O primeiro a cair no buraco foi quem o
cavou. ■ Quem laço me armou nele caiu. ■ Quem faz
trelas cai nelas. VIDE: ● Hanc technam in te ipsum
struxisti. ● In foveam cecidit quam fecerat ipse.
● Praecaveat lapsum qui fratri suffodit antrum. ● Qui
fodit foveam, incidet in eam, et qui volvit lapidem,
revertetur ad eum. ● Qui foveam fodit, incidet in
eam, et qui statuit lapidem proximo, offendet in eo.
● Suo ipsius laqueo captus est. ● Suo laqueo captus
est.
1287. Incidit in Scyllam cupiens vitare Charybdim. Cai
em Cila, desejando evitar o Caribde. ■ Fugiu do alcaide,
topou com o meirinho. ■ Fugiu do lobo, caiu no arroio.
● Incidit in Scyllam cupiens vitare Charybdim, qui
morbum fugiens incidit in medicum. [Owen,
Epigrammata, De Malo in Peius] Cai em Cila,
desejando evitar o Caribde, quem, fugindo da doença,
esbarra com o médico. ● Incidit in Scyllam cupiens
vitare Charybdim, sic morbum fugiens incidit in
medicos.
1288. Incipe: dimidium facti est coepisse. Superfit
dimidium: rursum hoc incipe et efficies. [Ausônio,
Epigrammata 84] Começa: ter começado é a metade da
obra. Falta a metade: começa de novo, e terminarás.
■ Metade da obra tem feito quem começa bem e com
jeito. ■ Trabalho bem começado, meio acabado. ■ O
bom princípio é a metade. VIDE: ● Dimidium facti, qui
coepit, habet. ● Principium dimidium totius est.
● Principium dimidium operis est.
1289. Incipe, parve puer, risu cognoscere matrem.
[Virgílio, Eclogae 4.60] Começa, pequena criança, a
conhecer tua mãe pelo seu sorriso.
1290. Incipe pollicitis addere facta tuis. [Ovídio, Amores
2.16.48] Começa a juntar ação às tuas promessas.
1291. Incipe quidquid agas: pro toto est prima operis
pars. [Ausônio, Opuscula, De Inconexis] Começa o que
tens de fazer; a primeira parte do trabalho vale o todo.
■ Caminho começado, meio caminho andado.
1292. Incipere multo est, quam impetrare, facilius.
[Plauto, Poenulus 973] É muito mais fácil começar do
que realizar.
1293. Incipere plurimorum est, perserverare paucorum.
[S.Jerônimo] Muitos começam, mas poucos persistem.
■ Começado e não acabado vale por estragado. VIDE:
● Coepisse multorum est, perficere autem paucorum.
1294. Incipias cave quo mox perfecisse negabis. [DAPR
166] Evita começar o que logo te negarás a acabar.
■ Melhor é não começar o que não se pode acabar.
1295. Incipientibus malis obstruendae sunt viae.
Devem-se impedir os caminhos dos males assim que
eles começam. ■ Remédio só serve cedo. ■ No perigo
com tento, e ao remédio com tempo. VIDE: ● Multo
quam finem, medicari initia praestat. ● Omne malum
nascens facile opprimitur. ● Pharmaca nascenti sunt
adhibenda malo. ● Praestat principio mederi quam
fini. ● Principiis obsta. ● Principio melius quam fini
tu medearis. ● Principio praestat, quam fini adhibere
medelam. ● Satius mederi est initiis quam finibus.
● Satius est initiis mederi quam fini. ● Serum est
cavendi tempus in mediis malis. ● Venienti occurrite
morbo.
1296. Incipis invitus, cessasque invitus ab essu. [Pereira
100] Começas a comer sem querer, paras de comer sem
querer. ■ Comer e coçar, tudo está em começar.
1297. Incipit. Começa aqui.
1298. Incipit res melius ire quam putaram. [Cícero, Ad
Atticum 14.15.2] A coisa começa a avançar melhor do
que eu pensava.
1299. Incipit Vita Nova. [Dante / Divisa da Universidade
Federal de Minas Gerais] Aqui começa uma nova vida.
(=Expressão usada para indicar uma mudança radical).
1300. Incita equum iuxta nyssam. [Erasmo, Adagia
4.4.86] Impele teu cavalo para o objetivo. VIDE:
● Impelle equum ad metam. ● Propera ad rem
propositam.
1301. Incitamentum amoris musica. [Stevenson 1643] A
música é um estímulo ao amor. VIDE: ● Musicam docet
amor. ● Musicam docet amor, etsi fuerit indoctus
prius.
1302. Incitantur enim homines ad cognoscenda quae
differuntur. [Plínio Moço, Epistulae 9.27.2] Os
homens ficam ansiosos para conhecer as coisas que
demoram.
1303. Incitas crabrones. [Rezende 2564] Provocas as
vespas. ■ Acordas o cão que dorme. ■ Mexes em casa de
marimbondo. VIDE: ● Crabrones non sunt irritandi.
● Irritabis crabrones. ● Noli irritare crabrones. ● Noli
irritare leones. ● Octipedem excitare. ● Stimulare
leones.
1304. Incivile est nisi tota lege perspecta una aliqua
particula eius proposita iudicare vel respondere.
[Celsus, Digesta 1.3.24] É uma violência julgar ou
responder sem considerar toda a lei, mas somente a
partir de uma particularidade dela.
1305. Incivilis erit non villae cultor, at ille, quicumque
inculta rusticitate viget. [Pereira 112] Não é vilão o
habitante da vila, mas aquele que vive na ignorância
bruta. ■ Não é vilão o da vila, senão o que faz vilania.
1306. Inclinat, non necessitat. Indica, mas não obriga.
(=Diz-se do argumento que impressiona, mas não
convence definitivamente). VIDE: ● Astra inclinant, sed
non urgent. ● Astra inclinant, sed non cogunt. ● Astra
inclinant, non necessitant. ● Astra inclinant, non
trahunt. ● Astra inclinant, non obligant.
1307. Inclusio unius est exclusio alterius. [Jur / Black
944] A inclusão (designação) de uma pessoa é a
exclusão da outra. ● Inclusione unius fit exclusio
alterius. Pela inclusão de uma pessoa ocorre a exclusão
da outra. VIDE: ● Designatio unius est exclusio alterius.
1308. Incognitae sunt plerumque magnae felicitatis
viae. Geralmente são desconhecidos os caminhos do
grande sucesso.
1309. Incola est qui in aliqua regione domicilium suum
contulit. [Jur] Habitante é o que instalou seu domicílio
em alguma região.
1310. Incolas domicilium facit. [Jur / Black 944] É o
domicílio que cria os residentes.
1311. Incommoda eum sequi debent quem commoda et
utilitates sequuntur. [Jur] Os prejuízos devem seguir
aquele a quem seguem os lucros e os benefícios.
1312. Incommodum admodum est invitis iumentis
quadrigas agere. É muito trabalhoso conduzir o carro,
quando os jumentos não querem. VIDE: ● Stultitia est
venatum ducere invitas canes.
1313. Incompositio corporis inaequalitatem indicat
mentis. [S.Agostinho / Rezende 2571] O descuido do
corpo mostra a desorganização da mente.
1314. Incontinens lingua turpissimus morbus. A língua
incontinente é uma doença terrível.
1315. Incorporalia bello non acquiruntur. [Jur / Black
946] Coisas incorpóreas não se adquirem pela guerra.
1316. Incredibile dictu. [Cícero, De Signis 124] Incrível
de ser dito.
1317. Incredibile est quod dico, sed verum. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 9.3.87] O que digo é incrível, mas
verdadeiro. ● Incredibile, sed verum. Incrível, mas
verdadeiro. ■ Parece mentira, mas é verdade.
1318. Incredibile est quam facile etiam magnos viros
dulcedo orationis abducat a vero. [Sêneca, Epistulae
Morales 90.20] É inacreditável a facilidade com que a
doçura do discurso afasta da verdade até grandes
homens.
1319. Incredulus odi. [Horácio, Ars Poetica 188] Odeio,
porque não creio nisso.
1320. Increpa illos dure. [Vulgata, Tito 1.13] Repreende-
os asperamente.
1321. Incuria fudit non paucas maculas. A negligência
criou não poucas faltas. VIDE: ● Non ego paucis
offendar maculis, quas incuria fudit. ● Non paucas
maculas incuria fudit.
1322. Incustoditae diripiuntur opes. [Ovídio, Tristia
1.10.56] Riquezas desguarnecidas são saqueadas. ■ Arca
aberta, o justo peca.
1323. Incustoditum captat ovile lupus. [Ovídio, Tristia
1.6.10] O lobo toma o aprisco desguarnecido.
1324. Inde caput morbi. [Juvenal, Satirae 3.236] Eis a
origem do mal.
1325. Inde datae leges, ne firmior omnia posset. [Ovídio,
Fasti 3.279] As leis foram feitas para que o mais forte
não possa tudo. ● Inde datae leges, ne fortior omnia
posset. [Black 948]
1326. Inde irae et lacrimae. [Juvenal, Satirae 1.168] Daí a
ira e as lágrimas.
1327. Inde lupi speres caudam, cum videris aures.
[Werner] Quando vires as orelhas do lobo, espera a sua
cauda vir do mesmo lugar.
1328. Indebiti soluti repetitio [Codex Justiniani 4.31.13]
Reclamação do indébito pago.
1329. Indebiti solutio. [Jur / Black 948] Pagamento do
indébito.
1330. Indebitum. [Digesta 12.6] Coisa não devida.
Indébito.
1331. Indemnis spectabo alium mala nostra ferentem.
[Aristóteles / Erasmo, Chiliades 40] Olharei sem sofrer
outra pessoa sofrendo o meu mal,. ■ Feliz aquele a quem
as desgraças alheias tornam acautelado. VIDE:
● Innocuus alium aspiciam meum habentem malum.
1332. Index est animi sermo. [Palingênio / Binder,
Thesaurus 1462] A linguagem é o espelho da mente.
■ Pelo canto se conhece o pássaro. ■ Cada um fala como
quem é. VIDE: ● Sermo index animi. ● Verba sunt
indices animi.
1333. Index expurgatorius. Índice expurgatório. (=Lista
em que a Igreja Católica indicava os trechos dos livros
que deveriam ser omitidos ou alterados).
1334. Index librorum prohibitorum. O catálogo dos
livros proibidos. (=Catálogo dos livros cuja leitura era
proibida pela Igreja Católica aos seus seguidores).
1335. Index mendorum. Lista de erros a corrigir.
1336. Indexque morum sermo sit viri probi. [Schottus
613] A linguagem é o indicador do caráter do homem
honesto.
1337. Indicabo tibi, o homo, quid sit bonum. [Vulgata,
Miquéias 6.8] Eu te mostrarei, ó homem, o que te é
bom.
1338. Indicandum est, quae maxime ex utraque parte
dicantur, quo facilius nostra quoque opinio interponi
possit. [Celso, De Medicina, Prooemium 12] Deve-se
indicar quais são as principais afirmações de cada lado,
de modo que nossa opinião também possa ser
apresentada com mais facilidade.
1339. Indicium imminentis exitii nimia maturitas est.
[Sêneca, Ad Marciam 23.5] Desenvolvimento excessivo
é sinal de destruição iminente. ■ O que cedo amadurece
cedo apodrece. VIDE: ● Citius pubescunt, citius
senescunt. ● Cito maturum, cito putridum. ● Is cadit
ante senem qui sapit ante diem. ● Quod cito fit, cito
perit.
1340. Indictum sit. [Digesta 50.7.18] Fica não dito. ■ Fica
o dito por não dito.
1341. Indigent infirmi medici auxilium. [Schottus,
Adagialia Sacra 24] Os doentes é que precisam da
assistência do médico. VIDE: ● Cum nullus sit morbus,
nulla medela opus. ● Cum nullus sit morbus, nulla
medela indigeamus. ● Infirmi medicina opus habent.
● Non egent qui sani sunt medico, sed qui male
habent. ● Non est opus sanis medicus, sed male
habentibus. ● Non est opus valentibus medicus, sed
male habentibus. ● Non necesse habent sani medico,
sed qui male habent. ● Quorum corpus aegrotat, iis
medico opus est. ● Recte qui valeat, medicae non
indigus artis. ● Sanus non eget medico, sed male
habens.
1342. Indigentia mater sanitatis. [Grynaeus 269] A
necessidade é a mãe da saúde. ■ A gula mata mais que a
espada.
1343. Indigna digna habenda sunt, erus quae facit.
[Plauto, Captivi 200] As coisas indignas que o patrão
faz devem ser tidas por dignas. ■ O chefe sempre tem
razão. ■ O que o chefe mandar faremos todos.
1344. Indignante invidia florebit iustus. [Divisa] O
homem justo florescerá apesar da irritação dos
invejosos.
1345. Indignare, si quid in te inique proprie
constitutum est. [Sêneca, Epistulae Morales 91.15]
Queixa-te, se a ti é imposta uma lei injusta.
1346. Indignor quandoque bonus dormitat Homerus.
[Horácio, Ars Poetica 359] Fico indignado quando o
bom Homero cochila. VIDE: ● Aliquando bonus
dormitat Homerus. ● Aliquando dormitat et
Homerus. ● Dormitat et Homerus. ● Interdum etiam
bonus dormitat Homerus. ● Quandoque bonus
dormitat Homerus. ● Qui enim nimium invigilat,
interdum dormitat.
1347. Indignus est qui illi calceos alliget. [DAPR 245] É
indigno de atar-lhe os sapatos. ■ Não lhe chega ao bico
dos sapatos. ● Indignus est, qui illi calceos detrahat.
[Manúcio, Adagia 233] É indigno de tirar-lhe os
sapatos.
1348. Indignus sum, qui illi matellam porrigam. [Pereira
112] Sou indigno até de lhe oferecer o bacio. ■ Não lhe
chego à sola dos pés. ● Indignus, qui illi matellam
porrigat. [Erasmo, Adagia 1.5.94] É indigno até de lhe
oferecer o bacio.
1349. Individuorum multiplicatio intenditur a natura
propter speciei conservationem. A multiplicação dos
indivíduos é aplicada pela natureza por causa da
conservação da espécie.
1350. Indocti dicunt omnia. Doctis est electio et modus.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 2.12.6] Os ignorantes
dizem tudo. Os doutos têm escolha e equilíbrio. ■ O
ignorante é sempre o que mais fala.
1351. Indocti discant et ament meminisse periti.
[Charles Hénault, Abrégé Chronologique / Rezende
2592] Que os ignorantes aprendam, e que os doutos
achem prazer no recordar.
1352. Indoctius dicito, sed clarius eloquere. [Apostólio
2.96] Fala com menos erudição, mas expõe com mais
clareza. ● Indoctius proloquitor, atque clarius.
[Grynaeus 56] Expõe com menos erudição e mais
clareza.
1353. Indocto nihil iniquius. [Grynaeus 290] Nada mais
injusto que o ignorante.
1354. Indoctus inter doctissimos. [Manúcio, Adagia 293]
Um homem inculto entre homens muito cultos. VIDE:
● Anser inter olores. ● Anseres inter olores strepunt.
● Argutos inter strepere anser olores. ● Graculus
inter musas. ● Infantissimus inter eloquentissimos.
1355. Indomitum nihil est pio. Para o justo não há nada
que não possa ser vencido. ● Indomitum nihil esse pio
tutumve nocenti. [Claudiano, De Quarto Consulatu
Honorii 100] Nada há invencível para o justo, nem
seguro para o culpado.
1356. Induitis me leonis exuvium. [Erasmo, Adagia
1.3.66] Colocas sobre mim uma pele de leão. ■ Por fora,
muita farofa, por dentro, molambo só. VIDE: ● Leonis
exuvium super asinum.
1357. Indulge veniam pueris. [Juvenal, Satirae 8.167]
Desculpa os jovens.
1358. Indulgentia dignus est arduus labor et immensus.
O trabalho difícil e longo é digno de indulgência.
1359. Indulgentia parentum, filiorum pernicies. A
indulgência dos pais é a ruína dos filhos.
1360. Indulgentia principis. [Digesta 23.2.31] A
indulgência do príncipe. A concessão do príncipe. O
indulto.
1361. Indulget fortuna malis, ut laedere possit. [Dionísio
Catão, Disticha 2.23] A sorte sorri para os maus, para
que possa perdê-los.
1362. Indurandus est animus. [Sêneca, Epistulae Morales
51.5] O espírito deve ser fortalecido.
1363. Indus elephantus haud curat culicem. [Erasmo,
Adagia 1.10.66] O elefante não faz caso do mosquito.
■ Homem grande não desce a coisas baixas. VIDE:
● Elephantus culicem non curat. ● Elephantus Indus
non hili culicem facit. ● Elephas muscam non curat.
1364. Indusium tunica propius fraterque nepote.
[Walther 12277 / Tosi 1282] A camisa está mais
próxima do que a túnica, e o irmão do que o neto.
■ Mais perto estão os dentes que os parentes.
● Indusium propius tunica. [Bebel, Adagia
Germanica] VIDE: ● Genu sura propius. ● Genu sura
propius, et tunica pallio propior. ● Propior est tunica
pallio. ● Tunica propior pallio est.
1365. Industria crescimus. [Divisa] Crescemos pelo
esforço.
1366. Industria in agendo, celeritas in perficiendo,
consilium in providendo. [Cícero, De Imperio 29] Zelo
na atividade, rapidez na execução, prudência na
previsão.
1367. Industria navem implet. [Divisa] O esforço enche o
barco.
1368. Industriae nil impossibile. [Stevenson 1239] Ao
esforço nada é impossível. ■ Quem trabalha tudo
alcança. VIDE: ● Cura omnia potest. ● Curae nihil
impossibile est.
1369. Industriam adiuvat Deus. [Erasmo, Adagia 3.9.55]
Deus ajuda ao esforço. ■ Deus ajuda a quem trabalha.
■ A quem se ajuda, Deus o ajuda. VIDE: ● Laboribus
vendunt nobis omnia bona divi. ● Quisquis laborat,
huic manum praebet Deus.
1370. Inedia et insomnia corpus debilitant. A falta de
alimento e a falta de sono enfraquecem o corpo.
1371. Inediam facillime sustinent mediae aetates, minus
iuvenes, minime pueri et senectute confecti. [Celso,
De Medicina 3.32] As pessoas de meia idade suportam
a fome com facilidade; os jovens a suportam menos, e
as crianças e os velhos não a suportam de maneira
nenhuma.
1372. Inepta est largitio, quae indignis accidit. [DAPR
374] É absurda a generosidade concedida aos indignos.
■ Fazer bem a velhaco é lançar água ao mar. ■ Não
deites pérolas a porcos. VIDE: ● Rusticum beneficare, et
laterem lavare idem est.
1373. Ineptas autem, et aniles fabulas devita. [Vulgata,
1Timóteo 4.7] Despreza as fábulas impertinentes e de
velhas. VIDE: ● Aniles fabellae. ● Anicularum
deliramenta. ● Nec fabellas aniles proferas.
1374. Iners malorum remedium ignorantia est. [Sêneca,
Oedipus 515] Ignorar os males é um remédio estéril
contra eles.
1375. Inertia atque torpedo plus detrimenti facit, quam
exercitio. [Marcos Catão, Carmen de Moribus / Aulo
Gélio, Noctes Atticae 11.3] A inércia e a imobilidade
fazem mais dano (ao corpo humano) que o exercício.
1376. Inertia est laboris excusatio. [Publílio Siro] Evitar
o trabalho é preguiça.
1377. Inertia indicatur, cum fugitur labor. [Publílio
Siro] A preguiça se revela, quando se foge ao trabalho.
1378. Inertiae dulcedo. [Tácito, Agricola 3] O prazer da
ociosidade. ■ Il dolce far niente.
1379. Inertibus viris iners oratio. [Schottus, Adagia 611]
É inútil a palavra dos homens sem iniciativa.
1380. Inertis est, nescire quid liceat sibi. [Sêneca,
Octavia 453] É do inerte não saber o que lhe é
permitido.
1381. Inesse et incredibile verum, et verisimile
mendacium. [Minúcio Félix, Octavius 14] Existe a
verdade incrível e a mentira verossímil.
1382. Inest clementia forti. [Divisa / Rezende 2605] A
clêmencia é própria do homem valente.
1383. Inest et formicae sua bilis. [Apostólio 8.26] A
mosca também tem a sua bílis. ■ Também a formiga tem
catarro. ■ Cada formiga tem sua ira. ■ Não há pequeno
inimigo. ● Inest et formicae fel. [Schottus, Adagia 70]
A mosca também tem o seu fel. ● Inest et formicae et
serpho bilis. [Erasmo, Adagia 2.5.31] Também a
formiga e o mosquito têm a sua ira. VIDE: ● Est et
formicae et culici sua bilis. ● Et formicae sua bilis
inest. ● Etiam formicae sua bilis inest. ● Formicae sua
bilis inest, habet et musca splenem. ● Habet et musca
splenem. ● Habet et musca splenem, et formica
bilem. ● Tam parvum nihil est, cui sit defensio nulla.
1384. Inest sua gratia parvis. [Bailey, Divers Proverbs
21] As coisas pequenas têm seu encanto. ■ Pequenas
caixas têm bons ungüentos. VIDE: ● Parvum parva
decent. ● Parvum parva decent, sed inest gratia
parvis.
1385. Ineuntis aetatis inscitia senum constituenda et
regenda prudentia est. [Cícero, De Officiis 1.34] A
inexperiência da mocidade deve ser regulada e dirigida
pela prudência dos velhos.
1386. Inevitabile est fatum. O destino é inevitável. ■ O
que há de ser tem muita força. ■ Quem nasceu para a
forca não morre afogado. VIDE: ● Pugnare cum diis
cumque fortuna grave est.
1387. Inexcusabilis es, o homo omnis qui iudicas.
[Vulgata, Romanos 2.1] És inescusável, ó homem que
julgas, quem quer que sejas.
1388. Inexpectata semper gratiora. O que não se espera é
sempre mais agradável. ■ T oda coisa nova apraz.
■ T udo que é novo cativa. VIDE: ● Omne novum carum.
1389. Inexpertis enim dulcis est pugna. [Vegécio,
Epitoma Rei Militaris 3.11] A guerra é doce para os que
não a conhecem. ■ Doce é a guerra para quem não
andou nela. ■ Bem parece a guerra a quem está longe
dela. VIDE: ● Bellum dulce inexpertis. ● Dulce bellum
inexpertis. ● Dulce bellum inexpertis, expertus
metuit. ● Dulce haud expertis est bellum. ● Maxime
bellum affectant, qui, quid sit bellare nunquam
experti sunt.
1390. Inexplebile dolium. [Erasmo, Adagia 1.10.33] Um
barril que nunca fica cheio. ■ É um saco sem fundo. VIDE:
● Danaidum dolium. ● Dolium Danaidum. ● Dolium
inexplebile. ● Dolium pertusum. ● Pertusum dolium.
● Saccus pertusus.
1391. Inexplebile dolium avaritia et libido habendi.
[Eiselein 494] Ambição e desejo de possuir, um barril
que nunca fica cheio.
1392. Inexplebile lucrum. [Tales de Mileto / Rezende
2606] A ganância é insaciável. ■ A cobiça não se farta.
1393. Inexspectata plus aggravant. [Sêneca, Epistulae
Morales 91.3] As coisas imprevistas fazem mais mal.
1394. Infandum, regina, iubes renovare dolorem.
[Virgílio, Eneida 2.3] Ó rainha, tu fazes renovar uma
dor inefável.
1395. Infans conceptus pro nato habetur, totiens de
commodo eius agitur. [Jur] Tem-se por nascida a
criança concebida, sempre que se tratar de sua
vantagem. VIDE: ● Conceptus pro iam nato habetur.
● Conceptus pro nato, quoad sui commodum,
habetur.
1396. Infans crescat in mores patrios. [Estácio, Silvae
4.7.41] Cresça a criança nos costumes paternos.
1397. Infantissimus inter eloquentissimos. [Manúcio,
Adagia 293] Um caladão entre homens muito
eloqüentes. VIDE: ● Argutos inter strepere anser olores.
● Graculus inter musas. ● Indoctus inter doctissimos.
1398. Infecta ovis eiciatur, ne totum ovile inficiatur.
Expulse-se a ovelha infectada, para que não se infecte
todo o rebanho. ■ Uma ovelha tinhosa faz todo o
rebanho tinhoso. VIDE: ● Grex totus in agris unius
scabie cadit. ● Mala vicini pecoris contagia laedent.
● Morbida sola pecus totum corrumpit ovile.
● Morbida facta pecus totum corrumpit ovile. ● Saepe
unus puer improbus atque impurus inquinat totum
gregem. ● Scabiosa ovis totum inquinat gregem.
● Scabiosam ovem totum inquinare gregem. ● Una
infecta ovis totum corrumpit ovile. ● Una mala pecus
inficit omne pecus. ● Unius pecudis scabies totum
commaculat gregem.
1399. Infelices, ecquid intellegites maiorem vos famem
habere quam ventrem? [Sêneca, Epistulae Morales
89.22] Infelizes, porventura não percebeis que tendes
fome maior que a barriga?
1400. Infelici innocentia est felicitas. [Publílio Siro] Para
o infeliz, a inocência é a felicidade.

I8: 1401-1600
1401. Infelix! cui te exitio fortuna reservat! [Virgílio,
Eneida 5.625] Infeliz! A que morte a sorte te reserva!
VIDE: ● O gens infortunata! cui morti reservat te
fortuna!
1402. Infelix ego homo! [Vulgata, Romanos 7.24] Pobre
de mim! VIDE: ● Me miser! ● Miser ego homo!
1403. Infelix est cui omnia licent. [Rezende 2613] É
infeliz aquele a quem tudo é permitido.
1404. Infelix nec habet quem porrigat ore trientem.
[Juvenal, Satirae 3.267] O infeliz não tem quem coloque
em sua boca uma moeda. (=”Aristófanes faz menção da
moeda de quatro réis que costumavam meter na boca do
defunto, para ter a alma com que pagar o frete da barca
de Aqueronte”. Bernardes, Nova Floresta 1.156). VIDE:
● Non habet infelix quem porrigat ore trientem.
1405. Infelix, operam perdas, ut si quis asellum in
campo doceat parentem currere frenis. [Horácio,
Sermones 1.1.90] Perderás teu trabalho, infeliz, como
alguém que ensine o asno a correr pelo campo submisso
ao freio. VIDE: ● Asinum sub freno currere doces.
1406. Infelix vero matrimonium non solum verbera
faciunt. Não são apenas as agressões que tornam infeliz
o casamento.
1407. Inferior horret, quidquid peccat superior. [DAPR
507] O inferior treme de medo a qualquer erro que o
chefe cometa. ■ A grei paga as loucuras do seu rei. VIDE:
● Quidquid delirant reges, plectuntur Achivi.
1408. Inferior legem superioris tollere non potest. [Jur]
O inferior não pode impedir a determinação do superior.
1409. Inferior rescit, quicquid peccat superior. [Publílio
Siro] O subordinado descobre tudo que o chefe faça de
errado. ■ Ninguém é herói para seu criado de quarto.
■ O sacristão sabe que o santo é de pau.
1410. Inferior virtute, meas devertor ad artes. [Ovídio,
Metamorphoses 9.62] Sendo inferior em forças, recorro
aos meus artifícios.
1411. Infida societas regni. [Tosi 994] É pouco segura a
sociedade com o poder. VIDE: ● Ego primam tollo,
nominor quoniam leo. ● Iniqua partitio. ● Leonina
societas. ● Nunquam est fidelis cum potente societas.
● Primo mihi. ● Quia nominor leo.
1412. Infideli in minimis, ne credas maiora. [DAPR 396]
A quem é infiel no pouco não confiarás o muito. ■ Quem
não é leal no pouco, não fies dele no muito. ■ Ladrão de
tostão, ladrão de milhão. VIDE: ● Canis a corio
nunquam absterrebitur uncto.
1413. Infimus et servus quisque valere cupit. Até o
humilde servo quer ter poder. ■ Estorninhos e pardais,
todos querem ser iguais. ● Infimus quisque valere
cupit. [Pereira 117] Qualquer pessoa humilde quer ter
poder.
1414. Infimus infimo non praestat. [Medina 603] Um
humilde não vale mais que outro. ■ Estorninhos e
pardais, todos somos iguais.
1415. Infinita est velocitas temporis, quae magis
apparet respicientibus. [Sêneca, Epistulae Morales
49.2] A velocidade do tempo é infinita, e mais visível
aos que olham para trás.
1416. Infinito non est aliquid maius. Nada é maior que o
infinito. VIDE: ● Nihil maius infinito.
1417. Infirma venditio erit, si legis forma neglegatur.
[Jur] É defeituosa a venda, se a formalidade da lei é
desprezada.
1418. Infirmas adiuvat ira manus. [Ovídio, Amores
1.7.66] A cólera dá forças às mãos fracas.
1419. Infirmi animi est, non posse divitias pati. [Sêneca,
Epistulae Morales 5.6] É do espírito fraco não poder
suportar as riquezas.
1420. Infirmi est animi exiguique voluptas ultio.
[Juvenal, Satira 13.190] A vingança é o prazer do
espírito fraco e pequenino.
1421. Infirmi medicina opus habent. [Schottus, Adagialia
Sacra 24] Os doentes é que precisam de remédio. VIDE:
● Cum nullus sit morbus, nulla medela opus. ● Cum
nullus sit morbus, nulla medela indigeamus.
● Indigent infirmi medici auxilium. ● Non egent qui
sani sunt medico, sed qui male habent. ● Non est
opus sanis medicus, sed male habentibus. ● Non est
opus valentibus medicus, sed male habentibus. ● Non
necesse habent sani medico, sed qui male habent.
● Quorum corpus aegrotat, iis medico opus est.
● Recte qui valeat, medicae non indigus artis. ● Sanus
non eget medico, sed male habens.
1422. Infirmis culpa pusilla nocet. [Ovídio, Remedium
Amoris 730] Para os doentes, a menor imprudência faz
mal.
1423. Infirmitas mali per ipsam boni formam lucemque
discernitur. [Plotino / Rezende 2620] A deformidade
do mal se destaca pela própria beleza e luz do bem.
1424. Infirmitas puerorum, ferocitas iuvenum et
gravitas iam constantis aetatis. [Cícero, De Senectute
34] A insegurança é das crianças, a arrogância é dos
jovens e a seriedade é da idade adulta.
1425. Infirmos curate, mortuos suscitate, leprosos
mundate, daemones eicite. [Vulgata, Mateus 10.8]
Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os
leprosos, expeli os demônios.
1426. Infirmum autem in fide assumite, non in
disceptationibus cogitationum. [Vulgata, Romanos
14.1] Ao que é pois ainda fraco na fé, ajudai-o, não com
debates de opiniões.
1427. Infixo iaculo fugere. [Pereira 101] Fugir depois de
enterrar o dardo. ■ Dar bofetada e esconder a mão.
● Infixo aculeo fugere. [Erasmo, Adagia 1.1.5] Fugir
depois de espetar o aguilhão.
1428. Infixus sum in limo profundi, et non est
substantia. [Vulgata, Salmos 68.3] Atolado estou no
lodo profundo, e não há firmeza. ● Infixus sum in limo
profundi, et non possum consistere. Atolado estou no
lodo profundo e não posso firmar-me. VIDE: ● Immersus
sum in limo profundi, et non est ubi pedem figam.
1429. Inflat se tamquam rana. [Petrônio, Satiricon 74]
Ele se incha como uma rã.
1430. Infortunati procul amici. Os amigos ficam longe do
infeliz. ■ Não há amigo nem irmão, não havendo
dinheiro na mão. VIDE: ● Mendico nec parentes amici
sunt.
1431. Infortunia nostra, alienis collata, leviora. Nossos
infortúnios, comparados com os dos outros, parecem
mais suaves.
1432. Infortunium et fugientem corripit. [Schrevelius
1184] A má sorte apanha até quem dela foge.
1433. Infortunium tuum celato, ne gaudio inimicos
afficias. [Periandro / Rezende 2627] Oculta a tua
infelicidade para que não recompenses teus inimigos
com o prazer. VIDE: ● Dissimula casum, gnarus ne
gaudeat hostis.
1434. Infra. Abaixo.
1435. Infra aetatem. [Jur / Black 960] Abaixo da idade.
1436. Infra annos nubiles. [Jur / Black 960] Abaixo da
idade de contrair matrimônio.
1437. Infra dignitatem. Abaixo da dignidade.
1438. Infra lunam nihil est nisi caducum. [Cícero,
Somnium Scipionis 17, adaptado] Abaixo da lua nada
existe que não seja temporário.
1439. Infra petita. Menos que o solicitado.
1440. Ingemisce tacens. [Vulgata, Ezequiel 24.17] Geme
baixinho.
1441. Ingenia coacta male respondent. [Binder,
Thesaurus 1504] Inteligências forçadas produzem mal.
1442. Ingenio facies conciliante placet. [Ovídio, De
Medicamine Faciei Femineae 44] A beleza agrada
quando a ela se junta a inteligência.
1443. Ingenio maximus, arte rudis. [Ovídio, Tristia
2.1.424] O maior em inteligência, mas inexperiente em
arte. (=Refere-se a Ênio).
1444. Ingenio pollet, cui vim fortuna negavit. [Binder,
Medulla 740] Vence com a inteligência aquele a quem a
sorte recusou força.
1445. Ingenio pugnax, corpore parvus erat. [Binder,
Medulla 742] De inteligência, era um lutador, mas era
pequeno de corpo.
1446. Ingenio stat sine morte decus. [Propércio, Elegiae
3.2.26] Para o gênio a glória é imortal.
1447. Ingenio stimulos subdere fama solet. [Ovídio,
Tristia 5.1.76] A fama costuma estimular o engenho.
1448. Ingenio tardo praeceptum firmius haeret. [Binder,
Thesaurus 1505] Na inteligência lenta, o ensinamento se
fixa com mais firmeza.
1449. Ingenio vulpes cedat capientibus aequum est.
[Pereira 111] É justo que a raposa seja inferior em
sabedoria aos que a capturam. ■ Muito sabe a raposa,
mais sabe quem a toma.
1450. Ingeniorum cos aemulatio. [Stevenson 2547] A
emulação é a pedra de afiar das inteligências.
1451. Ingeniosa gula est. [Marcial, Epigrammata 13.62] A
gula é criativa. VIDE: ● Etiam stultis acuit ingenium
fames. ● Fames acuit animantibus ingenium.
1452. Ingeniosus homo es. [Marcial, Epigrammata 1.73.4]
És um homem inventivo.
1453. Ingenita levitas et erudita vanitas. [Cícero, Pro
Flacco, fragmento] A frivolidade é inata, mas a vaidade
se aprende.
1454. Ingenium est omnium hominum ab labore
proclive ad libidinem. [Terêncio, Andria 77] A
natureza de todos os homens é deixar o trabalho pelo
prazer.
1455. Ingenium excellens non gignit venter obesus.
[Binder, Thesaurus 1506] Barriga inchada não produz
inteligência superior. ■ Barriga cheia, pé dormente.
VIDE: ● A studiis venter nimium distentus abhorret.
● Impletus venter non vult studere libenter. ● Plenus
venter non studet libenter. ● Venter plenus somnum
parit. ● Ventre pleno corpus sopore gravatum.
1456. Ingenium industria alitur. A inteligência se
alimenta do esforço. ● Gênio é um por cento de
inspiração e noventa e nove por cento de transpiração.
[Thomas Alva Edison]
1457. Ingenium ingens inculto latet hoc sub corpore.
[Horácio, Satirae 3.33] Um talento poderoso se esconde
sob esse corpo rude. ■ Debaixo de uma ruim capa jaz
um bom dizedor.
1458. Ingenium magni detrectat livor Homeri. [Ovídio,
Remedia Amoris 365] A inveja menospreza até o gênio
do grande Homero.
1459. Ingenium mala saepe movent. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.43] As desgraças, muitas vezes, despertam a
inteligência. ■ A necessidade faz o sapo pular.
1460. Ingenium nequam nunquam rem diligit aequam.
[Eiselein 617] Cabeça ruim não gosta nunca de coisa
certa.
1461. Ingenium non ante pilos venit. [Binder, Thesaurus
1508] A inteligência não chega antes da barba.
1462. Ingenium potis irritet Musa poëtis. [Propércio,
Elegiae 4.6.75] A Musa excitará o talento dos poetas
que tenham bebido.
1463. Ingenium quondam fuerat pretiosius auro; at
nunc barbaria est grandis, habere nihil. [Ovídio,
Amores 3.8.3] Outrora a inteligência era mais preciosa
que o ouro, mas agora nada ter é considerado grande
ignorância.
1464. Ingenium res adversae nudare solent, celare
secundae. [Horácio, Sermones 2.8.73] A adversidade
costuma mostrar a natureza da pessoa, a prosperidade
costuma escondê-la.
1465. Ingenium studio si non acuatur, hebescit. [Owen,
Epigrammata 3.153] Se não se afia a inteligência com o
estudo, ela se embota. VIDE: ● Acies hebescit. ● Mentis
acies nonnunquam hebescit.
1466. Ingenium superat vires. [Rezende 2636] A
inteligência vence a força. ■ Mais vale astúcia que
força.
1467. Ingenium suum vulpecula mutare nescit. A
raposinha não consegue mudar sua natureza. ■ A raposa
muda de pelo, mas não de manha. VIDE: ● De flavis
vetula in canos vulpecula pilos mutat, illius at mores
vertere nemo videt. ● Flavos permutat canis
vulpecula crines, at nunquam mores alterat ipsa
suos. ● Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos,
non tamen assuetos liquit in urbe dolos. ● Lupus
pilum mutat, non animum. ● Lupus pilum mutat,
non mentem. ● Lupus pilum mutat, non mores.
● Lupus pilum, non ingenium mutat. ● Pilos lupus
mutat, sed animum non item. ● Senecta canitiem
affert improbis, non item aufert malitiam.
● Vulpeculorum mutantur pili, non mores. ● Vulpes
pilum mutat, non mores.
1468. Ingens copia, ingens inopia. Grande abundância,
grande escassez. ■ A abundância arruína a muitos. ■ A
abundância, como a necessidade, arruína a muitos.
1469. Ingens discrimen. [Manúcio, Adagia 966] Uma
grande diferença.
1470. Ingens opus. Um trabalho imenso.
1471. Ingens telum necessitas. [Erasmo, Adagia 2.3.40] A
necessidade é uma arma possante. VIDE: ● Durum telum
necessitas. ● Magna vis necessitas
1472. Ingentes animos angusto in pectore versant.
[Virgílio, Georgica 4.82] Elas (as abelhas) agitam
enormes esforços em pequeno peito. ■ Grande esforço
em pequeno corpo.
1473. Ingentes geminant discrimina magna triumphos.
[Claudiano, Contra Getas] Os grandes perigos duplicam
os grandes triunfos.
1474. Ingentia marmora findit caprificus. [Divisa /
Rezende 2637] A figueira brava rompe o forte mármore.
■ Pequeno asno faz grande dano. VIDE: ● Marmora
findit caprificus.
1475. Ingenuae artes. As artes liberais.
1476. Ingenuas didicisse fideliter artes emollit mores
nec sinit esse feros. [Ovídio, Ex Ponto2.9.48] Ter
aprendido com fidelidade as artes liberais suaviza os
costumes e não permite a violência.
1477. Ingenue educatus. [Cícero, De Finibus 3.38]
Educado como filho de boa família.
1478. Ingenuitas non recipit contumeliam. [Publílio
Siro] A honradez não admite afronta. VIDE: ● Ingenuus
animus non fert vocis verbera.
1479. Ingenuitatem laedas, cum indignum roges.
[Publílio Siro] Comprometes tua honra, quando rogas a
um homem indigno.
1480. Ingenuum veritas decet. [Stevenson 2385] Ao
homem nobre convém a verdade. VIDE: ● Illiberale est
mentiri; ingenuum veritas decet.
1481. Ingenuus. Nascido livre. De boa família. Nobre.
1482. Ingenuus animus non fert vocis verbera. [Publílio
Siro] Uma mente digna não tolera agressões verbais.
VIDE: ● Ingenuitas non recipit contumeliam.
1483. Ingenuus mensam niveis mantilibus ornat, et tegit
exiles candida mappa cibos. [Pereira 100] O nobre
enfeita a mesa com toalhas alvas, e cobre com
guardanapo branco os raros alimentos. ■ Comida de
fidalgos, pouca em mantéis alvos. VIDE: ● Obtegit exiles
candida mappa cibos.
1484. Ingrata patria, ne ossa quidem mea habebis.
[Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 5.3.2]
Pátria ingrata, não terás nem meus ossos. (=Palavras de
Cipião Africano). ● Ingrata patria, non possidebis
ossa mea. Pátria ingrata, não terás meus ossos.
1485. Ingrata quae tuta. O que não oferece risco não
agrada. ■ Não há melhor bocado que o furtado.
● Ingrata quae tuta; ex temeritate spes. [Tácito,
Historiae 3.26] O que é seguro, desagrada; da
temeridade vem a esperança. VIDE: ● Illicita amantur.
● Illicita amantur; excidit, quidquid licet.
1486. Ingrata sunt beneficia quibus comes est metus.
[Publílio Siro] São desagradáveis os favores
acompanhados pelo medo.
1487. Ingrata sunt, quae ultro non petentibus
offeruntur. [Manúcio, Adagia 388] Não agrada o que
se dá a quem não pediu. VIDE: ● Merx ultronea putet.
1488. Ingrati immemores beneficiorum esse solent
homines. [DAPR 375] Os homens ingratos costumam
esquecer-se dos favores. ■ O mundo paga com
ingratidão. ■ A ingratidão é a sombra do benefício.
1489. Ingratis, cum benefeceris, peiores fiunt. Quando se
faz bem a ingratos, eles ficam piores. ■ Quem faz bem
ao ingrato, compra caro e vende barato.
1490. Ingratitudinem impudentia sequitur quae ad
omnem turpitudinem maxime est dux. [Xenofontes /
Bernardes, Nova Floresta 2.188] O atrevimento é
companheiro da ingratidão, a qual leva a toda torpeza.
1491. Ingrato benefacere et mortuum ungere paria
sunt. [Apostólio 5.30] Fazer bem a ingrato e perfumar
defunto são coisas iguais. ■ Duas vezes é perdido o que
ao ingrato é concedido.
1492. Ingrato benefaciens perdit oleum et operam.
[DAPR 83] Quem beneficia um ingrato perde o óleo da
lâmpada e o trabalho. ■ Quem faz bem ao ingrato
compra caro e vende barato. ■ Duas vezes é perdido o
que ao ingrato é concedido.
1493. Ingrato homine nihil impensius est. [Plauto,
Bacchides 359] Nada é mais abominável que o ingrato.
1494. Ingrato nil ingratius. Nada é mais desagradável que
o ingrato.
1495. Ingrato tellus homine nil peius creat. [Publílio
Siro] A terra não produz nada pior que o homem
ingrato. ● Ingrato homine terra peius nihil creat.
1496. Ingratos ante omnia pone sodales. [Juvenal, Satirae
11.192] Antes de mais nada, deixa os companheiros
ingratos.
1497. Ingratum est beneficium, quod diu inter manus
dantis haesit. [Sêneca, De Beneficiis 2.1.2] É
desagradável a dádiva que demora nas mãos do doador.
VIDE: ● Gratia quae tarda est, ingrata est gratia.
Gratia namque cum fieri properat, gratia grata
magis. ● Non dat qui munere tardat. ● Tarde
benefacere nolle est. ● Tardum beneficium ingratum
est.
1498. Ingratum etiam ipsi culpabunt mali. [Plauto,
Bachides 395] Até os maus censurarão o ingrato.
1499. Ingratum gratia tarda facit. [Ausônio,
Epigrammata 86] O favor que demora faz o ingrato.
VIDE: ● Si bene quid facias, facies cito, nam cito
factum gratum erit: ingratum gratia tarda facit.
1500. Ingratum si dixeris, omnia dixeris. [Stevenson
1242] Se disseres ingrato, terás dito tudo. ■ O mal-
agradecido não é bem-nascido. VIDE: ● Dixeris
maledicta cuncta, cum ingratum hominem dixeris.
● Si ingratum dixeris, omnia dixeris.
1501. Ingratus est qui beneficium accepisse se negat
quod accepit; ingratus est qui dissimulat; ingratus
qui non reddit; ingratissimus omnium, qui oblitus
est. [Sêneca, De Beneficiis 3.1.2] É ingrato quem nega
ter recebido um favor que de fato recebeu; é ingrato
quem esconde; é ingrato quem não retribui; e o mais
ingrato de todos é aquele que esqueceu.
1502. Ingratus est qui remotis arbitris agit gratias.
[Sêneca, De Beneficiis 2.23.2] É ingrato quem só
agradece quando não há testemunhas.
1503. Ingratus unus omnibus miseris nocet. [Publílio
Siro] Um único ingrato prejudica a todos os
necessitados.
1504. Ingredere, ut proficias. [Inscrição em entrada de
escola] Entra, para progredires.
1505. Ingrediens egrediensque valvas osculare. Tanto ao
entrar, como ao sair, beija a porta. (=Avalia tanto o
começo como o fim dos teus atos).
1506. Ingrediente vino, egreditur secretum. Quando o
vinho entra, o segredo sai. ■ Quando o vinho desce, as
palavras sobem. VIDE: ● Vino affluente orationes
annatant.
1507. Inhaeret etiam aviditas, desidia, iniuria, inopia,
contumelia, dispendium, multiloquium,
pauciloquium. [Plauto, Mercator 30] Também estão
ligados também (ao amor) a cobiça, a negligência, a
injustiça, a pobreza, o insulto, a despesa, a loquacidade,
o laconismo.
1508. Inhonesta victoria est suos vincere. [DM 68]
Vencer os seus é uma vitória indigna.
1509. Inhumanitas omni aetati molesta est. [Cícero, De
Senecture 7] A crueldade é perniciosa a qualquer idade.
1510. Inhumanum verbum est ultio. [Sêneca, De Ira
2.32] Vingança é uma palavra desumana.
1511. Inimici ad animum nullae conveniunt preces.
[Publílio Siro] As súplicas jamais chegam ao coração do
inimigo.
1512. Inimici diligendi sunt, sed cavendi. Os inimigos
devem ser amados, mas deve-se ter cuidado com eles.
VIDE: ● Inimicus, ut homo, diligendus est.
1513. Inimici eius terram lingent. [Vulgata, Salmos 72.9]
Os seus inimigos beijarão a terra.
1514. Inimici hominis domestici eius. [Vulgata, Miquéas
7.6; Mateus 10.36] Os inimigos do homem são seus
familiares.
1515. Inimici occulti sunt pessimi. Os inimigos ocultos
são os piores. VIDE: ● Occultae inimicitiae magis
timendae sunt quam apertae.
1516. Inimici sui amicum nemo in amicitias sumit.
[S.João Crisóstomo / Bernardes, Nova Floresta 1.136]
Ninguém toma como amigo o amigo de seu inimigo.
■ Não pode ser meu amigo o amigo do meu inimigo.
1517. Inimicior senibus hiems est, aestas
adulescentibus. [Celso, Medicina 2.1] O inverno é mais
inimigo dos velhos, o verão, dos jovens.
1518. Inimicis te placabilem, amicis inexorabilem
praebes. [RH 4.21] Tu te mostras clemente com os
inimigos, inexorável com os amigos.
1519. Inimicitia ira ulciscendi tempus observans.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 4.21] A inimizade é
uma ira que espera o momento de vingar-se.
1520. Inimicitias maximas saepe inter amicissimos
exstitisse. [Cícero, De Amicitia 34] Muitas vezes as
maiores inimizades surgem entre os maiores amigos.
■ Amigo anojado, inimigo dobrado.
1521. Inimicitias ponam inter te et mulierem. [Vulgata,
Gênesis 3.15] Eu porei inimizades entre ti e a mulher.
1522. Inimicitias tarde suscipe, moderate exerce,
fideliter depone. [DM 70] Demora a criar uma
inimizade, trata-a com moderação, e renuncia a ela com
lealdade.
1523. Inimico exstincto exitium lacrimae non habent.
[Publílio Siro] Morto o inimico, não correm lágrimas
por sua destruição.
1524. Inimicorum dona infausta. Dádivas de inimigos
dão azar. ■ Dádiva de ruim a seu dono se parece. VIDE:
● Dona inimicorum veneno illita sunt. ● Donum
inimicorum veneno illitum. ● Hostium dona non
dona, nec utilia. ● Hostium dona non sunt dona.
● Hostium munera non sunt munera. ● Hostium
munera, non munera. ● Laedit, iuvat nil improbi
munus viri. ● Suspecta malorum beneficia.
1525. Inimicos eius induam confusione. [Vulgata, Salmos
131.18] Cobrirei de confusão seus inimigos. (=Inscrição
em moeda inglesa).
1526. Inimicum, quamvis humilem, docti est metuere.
[Publílio Siro] O homem prudente teme o inimigo, por
mais fraco que este seja. ■ Não há pequeno inimigo.
● Inimicum quamvis minimum non est
contemnendum. O inimigo, por menor que seja, não
deve ser desprezado.
1527. Inimicum ulcisci, vitam accipere est alteram.
[Publílio Siro] Tirar vingança de um inimigo é como
renascer.
1528. Inimicus et invidus vicinorum oculus. O olho dos
vizinhos é inimigo e invejoso.
1529. Inimicus homo hoc fecit. [Vulgata, Mateus 13.28]
O homem inimigo é que fez isso.
1530. Inimicus oculus esse vicini solet. [Publílio Siro] O
olho do vizinho costuma ser inimigo. ■ Não se tem
inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e
chegados. ● Inimicus et invidus vicinorum oculus.
[Erasmo, Adagia 3.1.22] O olho dos vizinhos é inimigo
e invejoso. VIDE: ● Invidus vicini oculus. ● Vicinus
invidet vicino.
1531. Inimicus regni, regis, et populi. Um inimigo do
país, do rei e do povo.
1532. Inimicus reipublicae. Um inimigo do estado.
1533. Inimicus sapiens praestat amico stulto. [Erpênio /
Rezende 2657] ■ Mais vale inimigo sabedor que amigo
ignorante.
1534. Inimicus sibi, amicus nemini. Quem é inimigo de si
mesmo não é amigo de ninguém.
1535. Inimicus, ut homo, diligendus est. Deve-se amar o
inimigo, como a um ser humano. VIDE: ● Inimici
diligendi sunt, sed cavendi.
1536. Iniqua nunquam regna perpetuo manent. [Sêneca,
Medea 196] As tiranias nunca subsistem para sempre.
● Iniqua nunquam imperia retinentur diu. As tiranias
nunca duram por muito tempo. VIDE: ● Imperia crudelia
magis acerba quam diuturna. ● Invisa nunquam
imperia retinentur diu.
1537. Iniqua partitio. [Cícero, De Oratore 2.123; Pereira
116] É injusta essa divisão. ■ Partilha de Liboa com
Almada: uma leva tudo, outra nada. VIDE: ● Ego
primam tollo, nominor quoniam leo. ● Infida societas
regni. ● Leonina societas. ● Nunquam est fidelis cum
potente societas. ● Primo mihi. ● Quia nominor leo.
1538. Iniqua raro maximis virtutibus fortuna parcit.
[Sêneca, Hercules Furens 325] A sorte injusta raramente
poupa as grandes virtudes.
1539. Iniquissima haec bellorum condicio est: prospera
omnes sibi vindicant; adversa uni imputantur.
[Tácito, Agricola 27] É muito injusta esta condição das
guerras: o sucesso todos reivindicam para si; o desastre
é atribuído a um só.
1540. Iniquissimum est ex furto servi dominum
locupletari impune. [Digesta 15.1.3.12] É
extremamente iníquo locupletar-se o senhor do furto
praticado pelo servo.
1541. Iniquum est aliquem rei suae esse iudicem.
[Edward Coke / Stevenson 1277] É injusto alguém ser
juiz em própria causa. ■ Ninguém pode ser juiz em causa
própria. ● Iniquum est aliquem suae rei iudicem fieri.
VIDE: ● Aliquis non debet esse iudex in propria causa,
quia non potest esse iudex et pars. VIDE: ● In propria
causa nemo iudex. ● Iudex in causa propria nemo
esse potest. ● Ne quis in sua causa iudicet. ● Nemo esse
iudex in sua causa potest. ● Nemo iudex in sua causa.
● Nullus in sua causa iudex sit.
1542. Iniquum est collapsis manum non porrigere.
[Sêneca Retórico, Controversiae 1.1.14] É injusto não
estender a mão aos caídos. VIDE: ● Cadenti porrige
dextram. ● Da dextram misero.
1543. Iniquum est queri de eo, quod uni accidit,
omnibus restat. [Sêneca, Epistulae Morales 99] É
injusto queixar-se do que aconteceu a um e que pode
acontecer a todos.
1544. Iniquum petendum, ut aequum feras. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 4.4.16] Deves pedir o injusto para
conseguires o justo. ■ Pedir mais do que se deve para
cobrar o devido. ■ Pede o máximo para teres o que
baste. ● Iniquum petas, ut aequum feras. [Bacon, De
Supplicationibus 2] ● Iniquum postula, ut aequum
auferas. [Schottus, Adagia 19] VIDE: ● Ad summa
quisque contendat, sic enim futurum medium ut
teneat. ● Alta pete ut media adsint. ● Oportet
iniquum petas, ut aequum feras. ● Summa cape, et
medio potieris. ● Summum cape et medium tenebis.
● Summum cape, et medium habebis. ● Ut obtineas
medium, summum cape.
1545. Iniquum ut accusator idem sit et iudex. É uma
iniqüidade ser o acusador e o juiz a mesma pessoa.
1546. Iniquus est, qui commune vitium singulis obiecit.
[Sêneca, De Ira 3.26.3] É injusto quem censura nos
indivíduos defeito comum a todos.
1547. Iniquus, qua capit insontes, se dolet arte capi.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 45.17] O
malvado chora, quando é apanhado pela mesma
armadilha com que apanhou os inocentes.
1548. Initia enim in potestate nostra sunt: de eventu
fortuna iudicat. [Sêneca, Epistulae Morales 14.16;
Albertano da Brescia, Liber Consolationis 26] O início
está em nosso poder; do resultado é a sorte que decide.
● Initia in potestate nostra, exitus fortunae. [Binder,
Thesaurus 1514] O início está em nossas mão; o
resultado pertence à sorte.
1549. Initiis mederi praestat. [Binder, Medulla 753] É
melhor tratar no começo. ■ Remédio só serve cedo.
1550. Initio confidens, in facto timidus. [Erasmo, Adagia
3.4.12] Atrevido no projeto, tímido na execução.
1551. Initio litis. [Jur] No início da lide. No início do
processo.
1552. Initium artis dedit observatio. Foi a observação
que deu início à ciência. ● Initium ergo dicendi dedit
natura, initium artis observatio. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 3.2.3] À fala foi a natureza que deu
início, à ciência, foi a observação.
1553. Initium ergo eius ab natura ductum videtur.
[Cícero, De Inventione 2.65] Portanto, considera-se que
o fundamento dele (do direito) foi tirado da natureza.
VIDE: ● Iuris initium a natura ductum est.
1554. Initium est salutis notitia peccati. [Epicuro /
Sêneca, Epistulae Morales 28.9] O reconhecimento do
erro é o início da regeneração. ■ Quem se arrepende,
salva-se. ■ Quem erra e se emenda a Deus se
recomenda. ● Initium est salutis cognitio peccati. VIDE:
● Locum tenet proximum innocentiae confessio: ubi
confessio, ibi remissio. ● Qualis confessio, talis
absolutio. ● Ubi est confessio, ibi est remissio.
1555. Initium irae furor est, finis vero paenitentia.
[Erpênio / Rezende 2661] O começo da cólera é o furor,
e o fim é o arrependimento. ■ A cólera começa pelo
delírio e finda pelo arrependimento. VIDE: ● Finis irae
initium est paenitentiae.
1556. Initium morbi est aegris sana miscere. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 7.4] O começo da doença é
misturar o que está são com o que que está enfermo.
1557. Initium omnis peccati est superbia. [Vulgata,
Eclesiástico 10.15] O princípio de todo pecado é a
soberba. VIDE: ● Superbia initium omnium
peccatorum.
1558. Initium sapientiae, timor Domini. [Vulgata,
Salmos 110.10; Eclesiástico 1.16] O temor do Senhor é
o princípio da sabedoria. VIDE: ● Corona sapientiae
timor Domini. ● Ecce timor Domini, ipsa est
sapientia. ● Principium sapientiae timor Domini.
● Timor Domini principium sapientiae. ● Timor
Domini principium scientiae.
1559. Initium vitae hominis, aqua et panis, et
vestimentum, et domus protegens turpitudinem.
[Vulgata, Eclesiástico 29.28] O essencial para a vida do
homem é água e pão, e roupa, e casa para proteger a
intimidade.
1560. Iniuria absque damno. [Jur / Broom 162] Injustiça
sem dano. VIDE: ● Damnum absque iniuria.
1561. Iniuria dicitur omne quod non iure fit.
[Institutiones 4.4.1] Considera-se injustiça tudo que se
faz em desacordo com a lei. VIDE: ● Omne enim, quod
non iure fit, iniuria fieri dicitur.
1562. Iniuria duobus modis fit: vi et fraude. [Jur] A
injustiça se faz de dois modos: ou pela força, ou pela
fraude. VIDE: ● Duobus modis fit iniuria: aut vi aut
fraude.
1563. Iniuria ex affectu facientis consistat. [Digesta
47.10.3.1] A injustiça está na intenção de quem a faz.
1564. Iniuria ex iniuria, ex probro probrum. [Apostólio
19.79] De uma injustiça vem outra, de uma ofensa vem
outra.
1565. Iniuria in sapientem virum non cadit. [Sêneca, De
Constantia Sapientis 7.2] A injustiça não afeta o sábio.
1566. Iniuria iniuriam cohibere licet. [Schrevelius 1174]
É permitido coibir uma injustiça com outra.
1567. Iniuria non excusat iniuriam. [Jur / Broom 309]
Uma injustiça não justifica outra.
1568. Iniuria non fit volenti. [Jur] Não há injustiça a
quem consente. VIDE: ● Volenti non fit iniuria.
1569. Iniuria probos afficit qui malis parcit. [Apostólio
1.47] Quem poupa os maus injuria os bons. ■ Quem
poupa o mau, prejudica o bom. VIDE: ● Bonis nocet qui
malis parcet. ● Bonis nocet quisquis pepercerit malis.
● Minatur innocentibus qui parcit nocentibus.
● Parcit quisque malis, perdere vult bonos. ● Qui
parcit nocentibus, innocentes punit.
1570. Iniuria solvit amorem. [Luciano / Erasmo, Adagia
4.7.79] A violência destrói o amor.
1571. Iniuria unius, minae multorum. Injustiça a um,
ameaças a muitos.
1572. Iniuriae addidit contumeliam. À injustiça juntou a
injúria. ■ Além de queda, coice.
1573. Iniuriae optima est medela oblivio. O
esquecimento é o melhor remédio para a injustiça. ■ O
esquecimento é o melhor remédio das injúrias.
1574. Iniuriae plus in maledicto est quam in manu.
[Publílio Siro] Há mais injustiça na palavra má do que
na mão. ■ Mais fere má palavra que espada afiada. VIDE:
● In maledicto plus iniuriae quam in manu. ● Plus in
maledicto quam in manu est iniuriae.
1575. Iniuriae potentiorum sunt. [Bacon / Stevenson
1246] As injustiças vêm dos poderosos.
1576. Iniuriae realae. [Jur] Injúrias reais.
1577. Iniuriae inscribuntur aeri, et beneficia arenae.
[Gaal 596] ■ As ofensas se escrevem no bronze, os
benefícios, na areia.
1578. Iniuriae spretae exolescunt; si irascaris agnitae
videntur. [Tácito, Annales 4.34, adaptado] As injúrias
desprezadas desaparecem; se tu te enfureces,
consideram-se admitidas.
1579. Iniuriae verbales. [Jur] Injúrias verbais.
1580. Iniuriam aures facilius quam oculi ferunt.
[Publílio Siro] Os ouvidos suportam uma injustiça com
mais facilidade do que os olhos.
1581. Iniuriam facilius facias quam feras. [Publílio Siro]
É mais fácil praticar uma injustiça do que suportá-la.
1582. Iniuriam ipse facias, ubi non vindices. [Publílio
Siro] Se não punires uma injustiça, tu mesmo estarás
praticando uma. ■ Injúria pede injúria.
1583. Iniuriam, qui facturus est, iam fecit. [Sêneca, De
Ira 1.3.1] Quem vai cometer uma injustiça já a cometeu.
1584. Iniuriarum patientia maiorum iniuriarum
genetrix. A resignação com as injustiças é a mãe de
injustiças maiores. ■ Quem a ruim perdoa, a ruindade
lhe aumenta. VIDE: ● Arbores cadunt post folia. ● Folia
nunc cadunt; tum arbores in te cadent. ● Leviores
iniurias si quis ferat, sequuntur atrociores. ● Nunc in
te cadunt folia, post cadent arbores. ● Post folia
cadent in te arbores. ● Saepe ignoscendo, des iniuriae
locum. ● Semper ignoscendo, des iniuriae locum.
● Semper quiescens des locum iniuriae. ● Veterem
ferendo iniuriam, invitas novam.
1585. Iniuriarum remedium est oblivio. [Publílio Siro] O
remédio das injustiças é o esquecimento. ■ A maior
vingança é o desprezo. ● Iniuriarum remedium est
oblivium. VIDE: ● Magnanimo iniuriae remedium
oblivio est. ● Remedium iniuriarum oblivio est.
1586. Iniuriarum vulnera, non curando, curantur. As
feridas das injúrias curam-se por si, se com elas não nos
preocupamos.
1587. Iniurium autem est ulcisci adversarios? aut qua
via te captent, eadem ipsos capi? [Terêncio, Hecyra
72] Então é injusto vingar-se dos inimigos? Ou serem
eles apanhados com as mesmas armadilhas com que
eles te apanham?
1588. Iniussu populi. Sem o mandado do povo.
1589. Iniusta ab iustis impetrare non decet, iusta autem
ab iniustis petere, insipientia est. [Plauto, Amphitruo
35] Conseguir coisas desonestas de pessoas honestas
não é decente; e fazer pedidos honestos a pessoas
desonestas é insensatez. VIDE: ● Iustum ab iniustis
petere insipientia est.
1590. Iniusti autem disperibunt simul. [Vulgata, Salmos
36.38] Mas os injustos perecerão todos ao mesmo
tempo.
1591. Iniustitia, seu iniuria, est voluntaria iuris alieni
violatio, absque causa legitima. [Jur] A injustiça é a
violação voluntária do direito alheio, sem causa
legítima.
1592. Iniustum est gaudere velle cum gaudentibus et
flere non velle cum flentibus. [S.Agostinho] É injusto
querer alegrar-se com os que se alegram e não querer
chorar com os que choram. ■ Ri, e o mundo rirá contigo;
chora, e chorarás sozinho. VIDE: ● Arridemus
ridentibus et contristat nos turba maerentium.
● Gaudere cum gaudentibus, flere cum flentibus.
● Ridentibus arride. ● Ut ridentibus arrident, ita
flentibus adsunt humani vultus. ● Ut ridentibus
arrident, ita flentibus afflent.
1593. Iniustus, qui sola putat proba quae facit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 66] É injusto quem só
considera bom o que ele mesmo faz.
1594. Innocens animus mihi, scelesta manus est.
[Sêneca, Hercules Oetaeus 964] Meu coração é
inocente, mas minha mão é criminosa.
1595. Innocens credit omni verbo; astutus considerat
gressus suos. [Vulgata, Provérbios 14.15] O simples dá
crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os
seus passos.
1596. Innocens ego sum a sanguine iusti huius. [Vulgata,
Mateus 27.24] Eu sou inocente do sangue deste justo.
1597. Innocens manibus et mundo corde (...). Hic
accipiet benedictionem a Domino. [Vulgata, Salmos
23.4-5] O inocente de mãos e limpo de coração (...).
Este receberá a bênção do Senhor.
1598. Innocentes pro nocentibus poenas pendunt.
[César, De Bello Gallico 6.9] Os inocentes são
enforcados em lugar dos culpados. ■ Paga o justo pelo
pecador. VIDE: ● Alius peccat, alius plectitur. ● Canis
peccatum sus dependit. ● Faber cadit cum ferias
fullonem. ● Fabrum caedere cum ferias fullonem.
● Ob textoris peccatum coquus vapulavit. ● Quod
peccant sontes, insontes saepe luerunt. ● Quod
peccant sontes, insontes saepe tulerunt. ● Quod sus
peccavit, succula saepe luit. ● Tibicen vapulat, coquo
peccante.
1599. Innocentia est eloquentia. [Pontanus / Stevenson
1248] Inocência é eloqüência. ■ Homem honrado não há
mister gabado.
1600. Innocue vivite: numen adest. [Ovídio, Ars
Amatoria 640] Vivei sem fazer mal: a divindade é
testemunha de vossos atos.

I9: 1601-1800
1601. Innocuos censura potest permittere lusus.
[Marcial, Epigrammata 1.4.7] A censura pode permitir
gracejos inocentes.
1602. Innocuus alium aspiciam meum habentem
malum. [Aristóteles / Erasmo, Adagia 2.9.71] Olho
outra pessoa a sofrer o meu mal, e eu não o sofro.
■ Feliz aquele a quem as desgraças alheias tornam
acautelado. VIDE: ● Indemnis spectabo alium mala
nostra ferentem.
1603. Innumerabiles esse morbos non miraberis?
Coquos numera! [Sêneca, Epistulae Morales 95.22]
Não te espantes de que haja tantas doenças: conta os
cozinheiros.
1604. Innumeras curas secum afferunt liberi. [Erasmo]
Filhos trazem preocupações sem conta.
1605. Inopem me copia fecit. [Ovídio, Metamorphoses
3.466] A abundância me fez pobre. VIDE: ● Quod cupio
mecum est, inopem me copia fecit.
1606. Inopem saturat providus ipse Deus. [Rezende
2709] Deus, que é próvido, alimenta ele mesmo o
pobre. ■ A quem nada tem, Deus o mantém.
1607. Inopi beneficium bis dat, qui dat celeriter.
[Publílio Siro] Quem dá sem demora, favorece ao pobre
em dobro. ■ Mais vale um toma que dois te darei.
■ Quem cedo dá, dá duas vezes. ■ Dá duas vezes quem
de pronto dá. ● Inopi beneficium bis dat, qui cito dat.
VIDE: ● Beneficium celeritas gratius facit. ● Beneficium
egenti bis dat, qui dat celeriter. ● Bis dat qui cito dat.
● Bis dat qui cito dat; nil dat qui munera tardat. ● Bis
dat qui dat celeriter. ● Duplex fit bonitas, si simul
accessit celeritas. ● Gratissima sunt beneficia, ubi
nulla mora fuit. ● Plus dat qui in tempore dat. ● Plus
dat qui tempore dat.
1608. Inopi nullus amicus. [Mota 167] O pobre não tem
nenhum amigo. ■ Pobre não tem amigo nem parente.
■ Quem pobreza tem, dos parentes é desdém. VIDE:
● Pauper viduatur amicis. ● Paupertas nec ullos habet
amicos.
1609. Inopiae desunt multa, avaritiae omnia. [Publílio
Siro] ■ Ao pobre falta muito; ao avarento, tudo.
● Inopiae desunt pauca, avaritiae omnia. [Binder,
Thesaurus 1518] À pobreza falta um pouco, à avareza,
tudo. VIDE: ● Desunt inopiae multa, avaritiae omnia.
● Maxima egestas avaritia. ● Tantalus sitit in undis, et
avarus eget in opibus.
1610. Inopina multa vera fiunt saepius. [Schottus,
Adagia 605] Na maioria das vezes o inesperado
acontece. ■ Quando menos se espera, salta a lebre. VIDE:
● Insperata saepe contingunt. ● Insperata accidunt
magis saepe quam quae speres.
1611. Inopinatus eventus quem nullum consilium
providere potest et cui resisti non potest. [Jur] Fato
imprevisto é aquele que nenhuma prudência humana
pode prever e a que não se pode resistir.
1612. Inops audacia tuta est. [Petrônio, Satiricon 119] A
audácia que nada tem está em segurança. ■ Quem nada
tem nada teme.
1613. Inops, potentem dum vult imitari, perit. [Fedro,
Fabulae 2.21.1] O pobre se perde, quando quer imitar o
poderoso. ■ Pobre que arremeda rico morre aleijado.
VIDE: ● Potentes ne tentes aemulari.
1614. Inque brevi spatio mutantur saecla animantium,
et, quasi cursores, vitae lampada tradunt. [Lucrécio,
De Rerum Natura 2.78] Em pouco tempo transformam-
se as vidas dos homens, e, como os corredores,
entregam a tocha da vida.
1615. Inquieta est semper dominandi libido. É sempre
inquieto o desejo de dominar.
1616. Inquieta inertia. Um descanso desassossegado.
1617. Inquietum est cor nostrum, donec requiescat in
Te. [S.Agostinho, Confessiones 1.1.1] Está
desassossegado o meu coração, enquanto não encontra
descanso em Ti.
1618. Insalutato hospite. [Rezende 2742] (Sair) sem
cumprimentar o dono da casa. ■ Sair à francesa.
● Insalutato hospite abiit. Saiu sem cumprimentar o
dono da casa. VIDE: ● Hospite insalutato.
1619. Insanabile cacoëthes scribendi. [Juvenal, Satirae
7.51] A incurável paixão de escrever.
1620. Insania non omnibus eadem. [Erasmo, Adagia
3.10.97] Nem todos têm a mesma mania. ■ Cada doido
com sua mania. VIDE: ● Furor est non omnibus idem.
● Furor est haud omnibus idem. ● Haud est eadem
vesania cunctis.
1621. Insanire cum insanientibus. [Erasmo, Adagia
4.7.14; Albertatius 619] Entre loucos, fazer-se de louco.
■ Em Roma, como os romanos. ■ Em terra de sapos, de
cócoras com eles. VIDE: ● Cum aegrotis insanire
pulchrum est. ● Necesse cum insanientibus furere.
● Necesse est cum insanientibus furere, nisi solus
relinqueris. ● Qui cum insanis non insanit, is insanit.
1622. Insanire facit sapientes copia vini. [Schottus,
Adagia 585] A abundância de vinho faz os sábios
perderem o juízo. ■ Onde entra o beber, sai o saber.
● Insanire facit sanos quoque copia vini. [Binder,
Thesaurus 1520] Muito vinho faz até os ajuizados
perderem o juízo. VIDE: ● Cum vinum intrat, exit
sapientia. ● Dum vinum intrat, exit sapientia. ● Vino
intrante, foras subito sapientia vadit.
1623. Insanis, Paule: multae te litterae ad insaniam
convertunt. [Vulgata, Atos 26.24] Estás louco, Paulo: o
muito estudo te leva à loucura.
1624. Insaniunt omnes praeter sapientem. [Máxima dos
estóicos / Stevenson 1499] Todos perdem o juízo, com
exceção do sábio.
1625. Insano nemo in amore videt. [Propércio, Elegiae
2.14.17] No louco amor ninguém enxerga nada.
1626. Insanum vita, stimulatumque effuge taurum.
[Pereira 95] Foge do louco e corre do touro ferido. ■ Ao
doido e ao touro, dá-lhe curro.
1627. Insanus est qui, abiecta ratione, omnia cum
impetu et furore facit. [Jur / Coke / Black 982] Insano
é aquele que, abandonando a razão, faz tudo com
violência e fúria.
1628. Insanus lapides verbaque dura iacit. [Pereira 101]
O louco atira pedras e palavras duras. ■ De doido,
pedrada ou má palavra.
1629. Insanus omnis furere credit ceteros. [Publílio Siro]
Todo maluco acredita que os outros são malucos.
■ Cada um julga os outros por si. ■ O ladrão cuida que
todos o são.
1630. Insciens et imprudens. Sem saber e desprevenido.
1631. Inscitia confidentiam parit. [Erasmo, Adagia
4.5.54] A ignorância gera confiança. ■ Quanto mais
parvo, mais confiado. ■ Doce é a guerra para quem não
andou nela. VIDE: ● Inscitia mater arrogantiae.
● Imperitia confidentiam, eruditio timorem creat.
1632. Inscitia est adversum stimulum calces. [Terêncio,
Phormio 77] É ignorância dar pontapés contra o
aguilhão. VIDE: ● Adversus stimulos calces iaces.
● Calcitrare contra acumina. ● Contra stimulum
calcitrare. ● Contra stimulos calces iacere. ● Durum
est tibi contra stimulum calcitrare. ● Ne contra
stimulum calcitres.
1633. Inscitia mater arrogantiae. [Binder, Thesaurus
1522] A ignorância é a mãe da arrogância. ■ O
ignorante a todos repreende e fala mais do que menos
entende. VIDE: ● Inscitia confidentiam parit.
1634. Inscius imperii est, nescit qui ferre labores.
[Pereira 119] ■ Quem não sabe sofrer não sabe reger.
1635. Inscrutabile, iustum tamen Dei iudicium. É
insondável, porém justo, o julgamento de Deus.
1636. Insectantur minora ubi maiora non suppetunt.
Perseguem as coisas menores, quando não aparecem
maiores. ■ À mingua de pão, boas são as tortas.
1637. Insequeris, fugio; fugis, insequor: haec mihi mens
est. [Marcial, Epigrammata 5.83] Tu me persegues,
fujo; tu foges, eu te persigo: é assim meu coração.
1638. Insequitur dominum fluxa caterva suum.
[Rezende 2752] A multidão vacilante acompanha seu
senhor. ■ Qual o rei, tal a grei. ■ Qual é o cão, tal é o
dono. ● Insequitur dominum fluxa caterva malum.
[Pereira 118] A multidão inconstante acompanha o mau
senhor.
1639. Insidiis novitas semper amica fuit. A novidade
sempre foi amiga do engano.
1640. Insidiator iuste interficitur. É justo que se mate o
que arma ciladas. ■ A quem te quer jantar, almoça-o
primeiro. ● Insidiatorem iure interfici posse. [Cícero,
Pro Milone 10] Com razão, o traidor pode ser morto.
1641. Insidiator superatus est, vi victa vis, vel potius
oppressa virtute audacia est. [Cícero, Pro Milone 11]
O insidioso foi vencido, a força foi vencida por meio da
força, ou melhor, a audácia foi esmagada pela coragem.
1642. Insidiatores viarum. [Jur / Black 982] Assaltantes
de estradas.
1643. Insignis eorum est error qui malunt quae nesciunt
docere quam discere quae ignorant. [Varrão, De
Lingua Latina 9.1] É extraordinário o erro dos que
preferem ensinar o que não sabem a aprender o que
ignoram.
1644. Insipido praestat sapiens inimicus amico. [Binder,
Thesaurus 1523] Mais vale inimigo sábio que amigo
ignorante.
1645. Insipiens esto, cum tempus postulat aut res:
stultitiam simulare loco prudentia summa est.
[Dionísio Catão, Disticha 2.18] Sê louco quando o
tempo ou as circunstâncias o exigirem: simular burrice
na hora certa é alta sabedoria. ■ Fazer-se de parvo para
não remar. ■ Não te esqueças de ser louco no tempo e
lugar que cabe: quem faz então que não sabe, por certo
não sabe pouco. [Bernardes, Nova Floresta] VIDE:
● Stultitiam simulare loco sapientia summa est.
1646. Insipiens tu qui merces congregas in saccum
pertusum. [S.Bernardo / Rezende 2755] És insensato,
tu que juntas tuas economias em saco roto.
1647. Insipientis inest maior iactantia menti. [Buchanan
/ Noel 479] No coração do ignorante há maior
presunção. ■ O ignorante é sempre o que mais fala.
1648. Insita hominibus libido alendi de industria
rumores. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 28.24] A
tendência inata aos homens de intencionalmente
alimentar boatos.
1649. Insita nobis nostri caritas est corporis. [Publílio
Siro] É inato em nós o amor pelo nosso corpo.
1650. Insociabile est regnum. [Quinto Cúrcio, Historiae
10.9] O governo é indivisível. ■ Mandar não quer par.
VIDE: ● Idem regnum non fert duos tyrannos.
1651. Insolens est beata uxor. Mulher rica é arrogante.
■ Em casa de mulher rica, ela manda, ela grita.
1652. Insperata saepe contingunt. O inesperado muitas
vezes acontece. ■ Quando menos se espera, salta a
lebre. ● Insperata accidunt magis saepe quam quae
speres. [Plauto, Mostellaria 193] Com mais freqüência
do que se espera acontece o inesperado. VIDE: ● Inopina
multa vera fiunt saepius.
1653. Inspice bis potum, et chartam subscribe scienter.
[Pereira 111] Olha duas vezes a bebida, e só assina
documento cujo conteúdo conheças. ■ Não bebas coisa
que não vejas, nem assines carta que não leias. ■ Não se
bebe sem ver, nem se assina sem ler.
1654. Insta opportune, importune. [Vulgata, 2Timóteo
4.2] Insiste a tempo e fora de tempo.
1655. Instanter facias, sors quae tibi tradat agenda.
[Columbano] Faze solicitamente as tarefas que a sorte te
entregar.
1656. Instantia est mater doctrinae. A aplicação é a mãe
da ciência.
1657. Instar aquae tempus. [DAPR 361] O tempo é como
água. ■ O tempo e a hora não se atam com a soga.
■ Chuva e maré nunca espera.
1658. Instar montis equum aedificant. [Virgílio, Eneida
2.15] Constroem um cavalo do tamanho de um morro.
(=É o cavalo de Tróia).
1659. Instar omnium. Como toda gente. Como toda gente
faz. Como todo mundo.
1660. Instar sacrilegii est de potestate principis
disputare. [VES 46] Equivale a um sacrilégio disputar
o poder do príncipe.
1661. Instauratio facienda ab imis fundamentis. [Bacon,
Novum Organum, Aphorismi de Interpretatione Naturae
1.32] A reconstrução deve ser feita a partir dos mais
profundos alicerces.
1662. Instillat clero iuges ecclesia nummos. [Pereira 123]
A igreja goteja dinheiro constante para o clero. ■ Telha
de igreja sempre goteja.
1663. Instituendi sunt cuiusque generis amici. [Cícero,
De Petitione Consulatus 5] Devem-se granjear amigos
de todas as classes sociais.
1664. Instituta vitae. [Cícero, Tusculanae Disputationes
1.2] Regras de vida. Regras de conduta.
1665. Instructa inopia est in divitiis cupiditas. [Publílio
Siro] Ambição no meio de riquezas não passa de
pobreza bem equipada.
1666. Instruit insidias lacrimis, cum femina plorat.
[Dionísio Catão, Disticha 3.20] A mulher, ao chorar,
prepara armadilhas com suas lágrimas. ■ Lágrimas de
mulher, fonte de malícia. VIDE: ● Lacrimis struit
insidias, cum femina plorat. ● Struit insidias lacrimis
cum femina plorat.
1667. Instrumenta declarant artificem. As ferramentas
revelam o operário. ■ Mão de mestre não suja
ferramenta.
1668. Instrumenta sceleris. [Jur] Os instrumentos do
crime.
1669. Instrumentum imperii. Um instrumento de
governo. O instrumento do poder. ● Instrumentum
regni. ● Instrumentum ad tutelam regni. Um
instrumento para a proteção do reino.
1670. Intacta invidia media sunt. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 45.35] A mediocridade escapa da inveja. ■ A
inveja sempre atina lugares altos.
1671. Integer vitae scelerisque purus. [Horácio, Carmina
1.22.1] Íntegro de vida e limpo de culpa.
1672. Integra mens augustissima possessio. A mente
íntegra é o bem mais valioso.
1673. Integra omnia habere. [DAPR 472] Ter tudo só
para si. Fazer tudo sozinho. ■ Assobiar e chupar cana.
1674. Integros haurire fontes. Beber de fontes puras.
1675. Intellectus absurdus est vitandus. [Jur] Deve ser
evitada interpretação absurda.
1676. Intellectus merces est fidei. [S.Agostinho, In
Ioannis Evangelium 29.6] A compreensão é a
recompensa da fé.
1677. Intellectus natus est ad omnia intellegenda. O
intelecto foi criado para entender todas as coisas.
1678. Intellege ut credas. Compreende para creres. VIDE:
● Crede ut intellegas. ● Credimus enim ut
cognoscamus, non cognoscimus ut credamus.
● Credo ut intellegam, non intellego ut credam. ● Si
non credideritis, non intellegetis. ● Neque enim
quaero intellegere, ut credam, sed credo ut
intellegam. ● Si non potes intellegere, crede ut
intellegas. ● Praecedit fides, sequitur intellectus.
1679. Intellegenti satis dictum est. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 4.34.5] A quem entende uma
palavra basta. ■ A bom entendedor meia palavra basta.
■ Para o bom entendedor meia palavra basta. ■ Para
quem sabe ler pingo é letra. ● Intellegenti pauca.
[DAPR 281] A quem entende bastam poucas palavras.
VIDE: ● Cum sapiente loquens perpaucis utere verbis.
● Dictum sapienti sat est. ● Est satis atque superest
verbum sapientibus unum. ● Et satis et superest
verbum sapientibus unum. ● Sapienti dictum sat est.
● Sapienti pauca. ● Sapienti sat! ● Strenuis abunde
dictum puta. ● Verbum sapienti sat est. ● Verbum sat
sapienti.
1680. Intellegentia deest ubi dominatur passio. Falta
compreensão quando domina a paixão.
1681. Intellegis me esse philosophum? Intellexeram, si
tacuisses. [Boécio, De Consolatione Philosophiae 2.6]
Não percebes que sou um filósofo? Eu teria percebido,
se tivesses ficado calado. ■ Tolo calado passa por
avisado. ■ Burro calado por sábio é contado. VIDE:
● Dum tacet insipiens, sapiens tantisper habetur.
● Est tacens qui invenitur sapiens. ● Quando tacet
stolidus, prudenti corde putatur. ● Sapiens est, qui
tacere novit. ● Si tacuisses, philosophus mansisses.
● Sile et philosophus esto. ● Stultitiam dissimulare
non potes, nisi taciturnitate. ● Stultus quoque si
tacuerit, sapiens reputabitur. ● Stultus tacebit: pro
sapiente habebitur. ● Taciturnitas stulto homini pro
sapientia. ● Tunc sapient stolidi, cum fuerint taciti.
1682. Intellegunt se mutuo, ut fures in nundinis.
[Grynaeus 776] Eles se entendem, como ladrões na
feira.
1683. Intemperans risus grave est homini malum.
[Schottus, Adagia 607] Um riso descontrolado é mal
grave para o homem. ■ Muito riso, pouco siso.
1684. Intemperantia medicorum nutrix. [Binder,
Thesaurus 1529] É a intemperança que alimenta os
médicos. ■ Cozinha refinada leva à farmácia. VIDE:
● Medicorum nutrix est intemperantia.
1685. Intemperantia omnium perturbationum mater
est. [Cícero, Academica 1.10] A intemperança é a mãe
de todas as paixões.
1686. Intempestiva benevolentia nihil a simultate
differt. [Erasmo, Adagia 1.7.69] A benevolência fora de
tempo em nada difere da inimizade. ■ Ajuda de mais
atrapalha. ■ Muito ajuda quem não atrapalha.
● Intempestiva benevolentia nihil a simulata differt.
A benevolência fora de hora em nada difere da
benevolência fingida. VIDE: ● Amare inepte nil ab odio
discrepat. ● Beneficus importunus hoste non minus.
● Benevolentia importuna non differt ab odio.
● Benevolentia importuna nihil differt a simultate.
● Importuna benevolentia nihil ab odio differt.
● Importuna benevolentia nihil ab inimicitia distat.
● Nil moror officium quod me gravat. ● Par odio
importuna benevolentia. ● Par odio simulata
benevolentia.
1687. Intendere actionem perduellionis. [Cícero, Pro
Milone 36] Acusar de crime de alta traição.
1688. Intensus arcus nimium facile rumpitur. [Publílio
Siro] Arco excessivamente esticado facilmente se
quebra. ■ Arco muito retesado é arco quebrado. ■ Nem
tanto puxar que se quebre a corda. ■ Arco sempre
armado, ou frouxo ou quebrado. VIDE: ● Absque modo
tractus saepe frangitur arcus. ● Arcum nimia frangit
intentio. ● Arcus nimis intensus rumpitur. ● Arcus
qui nimis intenditur, rumpitur. ● Arcus tensus
saepius rumpitur. ● Arcus, si nunquam cesses
tendere, mollis erit. ● Cito rumpes arcum, semper si
tensum habueris; at si laxaris, cum voles, erit utilis.
1689. Intentio inservire debet legibus, non leges
intentioni. [Jur / Black 993] A vontade das partes deve
submeter-se às leis, e não as leis à vontade das partes.
1690. Intentio legis. [Jur] A intenção da lei.
1691. Intentio litis. [Jur] A intenção do processo.
1692. Inter alia. Entre outras coisas.
1693. Inter alios. [Jur / Black 904] Entre outros. (=Entre
pessoas estranhas à questão).
1694. Inter alios acta vel iudicata aliis non nocere. [Codex
Iustiniani 7.60.0] Coisas decididas ou julgadas entre uns
não prejudicam a outros. VIDE: ● Res inter alios acta
alteri nocere non debet. ● Res inter alios acta aliis
nocere non potest.
1695. Inter amicos non esto iudex. [Rezende 2788] Entre
amigos não sejas juiz. VIDE: ● Ne sis amicos inter
arbiter duos.
1696. Inter amicos quam inimicos iudices molestius.
[Publílio Siro] Julgar entre amigos é mais desagradável
que entre inimigos.
1697. Inter arma. Entre armas. Na guerra.
1698. Inter arma caritas. [Divisa da Cruz Vermelha]
Entre armas o amor ao próximo.
1699. Inter arma silent leges. [Black 994] Entre as armas
as leis se calam. ■ Onde força há, direito se perde.
■ Quando se afia o aço, guarda-se o tinteiro. VIDE:
● Leges bello siluere coactae. ● Leges bello coactae
silent. ● Leges silent inter arma. ● Silent enim leges
inter arma. ● Vi praesente nihil potest lex.
1700. Inter arma silent Musae. Calam-se as Musas entre
as armas. ■ Quando se afiam as espadas, guardam-se os
tinteiros.
1701. Inter armorum strepitus verba iuris civilis
exaudiri non possunt. [DAPR 401] Entre os estrondos
das armas as palavras do direito do cidadão não podem
ser ouvidas. ■ Onde força há, direito se perde.
1702. Inter aspera viret virtus. A virtude verdeja entre
espinhos. ■ A virtude enverdece com a ferida.
1703. Inter bonos amicitia, inter malos factio est.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 31.4] O que entre
homens honestos é amizade, entre desonestos se torna
cumplicidade.
1704. Inter bonos bene agere oportet, et sine
fraudatione. [Cícero, Topica 66] Entre homens de bem
cabe agir honestamente, sem dolo.
1705. Inter caecos luscus rex. ■ Em terra de cegos, o torto
é rei. ■ Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
● Inter caecos monoculus rex. ● Inter caecos regnat
luscus. [Sweet 97] ● Inter caecos regnat strabo.
[Erasmo, Adagia 3.4.96] ● Inter caecos regnat strabus.
[Medina 592] ● Inter caecos strabus rex est. [Schottus,
Adagialia Sacra 86] ● Inter caecos unuoculus rex est.
[Bebel, Adagia Germanica] VIDE: ● Apud caecos
monoculus rex. ● Beati monoculi in regione
caecorum. ● Beati monoculi in terra caecorum.
● Beatus monoculus in terra caecorum. ● Caecorum
in patria luscus rex imperat omnis. ● In caecorum
regno regnant strabones. ● In regione caecorum rex
est luscus. ● In terra caecorum monoculus rex. ● Inter
pygmaeos regnat nanus. ● Monoculus inter caecos
rex.
1706. Inter caesa et porrecta. [Cícero, Ad Atticum 5.18]
Entre a imolação e a colocação no altar do sacrifício.
(=Na última hora. No momento de tomar decisão). ■ Da
mão à boca se perde a sopa. VIDE: ● Inter gladium et
iugulum. ● Inter pontem et fontem. ● Misericordia
Domini inter pontem et fontem.
1707. Inter calicem et os multa interveniunt. [Pereira
101] Entre o cálice e a boca muita coisa acontece.
■ Entre a boca e a mão vai o bocado ao chão. ■ Do
prato à boca perde-se a sopa. ■ De uma hora para outra
cai a casa. ● Inter calicem et os multa cadunt. [DAPR
613] Entre o cálice e a boca muita coisa se perde. VIDE:
● De cocleare interdum cadit quod hianti porrigis ori.
● Inter manum et mentum multa cadunt. ● Inter os et
offam multa cadunt. ● Inter os et offam multa
intercedunt. ● Multa cadunt inter calicem
supremaque labra. ● Multa cadunt inter calicem et
suprema labra. ● Multa cadunt inter calicem et
labra. ● Saepe audivi inter os et offam multa
intervenire posse. ● Saepe inter buccam contingit
casus, et offam. ● Saepe os inter et offam multa
venire solent. ● Vel mille calamitates sunt inter
calicem et labra.
1708. Inter canem et lupum. Entre o lobo e o cão. ■ Estar
entre a cruz e a caldeirinha. ■ Se correr, o bicho pega,
se ficar, o bicho come. ■ Ficar entre dois fogos. ■ Estar
entre o martelo e a bigorna. (=Usa-se a expressão inter
canem et lupum com o significado de crepúsculo, por
ser o momento em que o cão procura o descanso, e o
lobo, a sua presa). VIDE: ● A fronte praecipitium, a
tergo lupi. ● A fronte praecipitium, a tergo lupus.
● Hac urget lupus, hac canis. ● Hac lupus, hac canis.
● Hac lupi, hac canes. ● Inter lupos et canes nullam
salutem esse.
1709. Inter causas malorum nostrorum est, quod
vivimus ad exempla. [Sêneca, Epistulae Morales 123]
Uma das causas de nossos males é vivermos imitando
os outros.
1710. Inter cetera mala, hoc quoque habet stultitia:
semper incipit vivere. [Sêneca, Epitulae 13.16] Entre
outros males, o tolo tem este especial: sempre começa a
viver.
1711. Inter cetera vitia duo sunt divitibus valde
inconvenientia: cupiditas et fallacia cupiditatis socia.
[VES 99] Entre os demais defeitos dois são muito
inconvenientes para os ricos: a cupidez e a deslealdade,
que é companheira da cupidez.
1712. Inter cineres condita flamma manet. [Maximiano,
Elegiae 2] A chama permanece oculta entre as cinzas.
1713. Inter cor meum et cor tuum nulla essent
ministeria praeter os meum et aures tuas. Entre o
meu coração e o teu coração não haja intermediários
senão minha boca e teus ouvidos.
1714. Inter dapes. [Rezende 2795] Entre iguarias. No
banquete.
1715. Inter dictum et factum multum differt. [Pereira
101] Entre o dito e o feito há muita distância. ■ Do dito
ao feito vai grande trecho. ■ Do dizer ao fazer muito
vai. VIDE: ● Inter verba et actus magnus quidam mons
est. ● Multum sunt verbis dissona facta bonis.
1716. Inter dominum et servum nulla amicitia est.
[Quinto Cúrcio, Historiae 7.8] Entre senhor e servo não
há amizade. VIDE: ● Quos viceris, amicos tibi esse cave
credas: inter dominum et servum nulla amicitia est.
1717. Inter duos litigantes tertius gaudet. Entre dois
litigantes, uma terceira pessoa se regozija. ■ Quando
dois brigam, um terceiro tira proveito. ■ Deus
desavenha quem nos mantenha. VIDE: ● Tertius gaudet.
● Tertius gaudens.
1718. Inter easdem partes de eadem re ne bis sit actio.
[Jur] Entre as mesmas partes não pode haver duas vezes
ação sobre o mesmo fato. VIDE: ● Ne bis in idem. ● Non
bis in idem.
1719. Inter enim amicos cuncta sunt communia.
[Eurípides / Grynaeus 42] Entre amigos todas as coisas
são comuns. ■ Quem a mim quer bem diz-me do que
sabe e dá-me do que tem. VIDE: ● Amicorum omnia
sunt communia: amicus est alter ego. ● Amicorum
bona sunt communia. ● Amicorum communia omnia.
● Amicorum esse communia omnia. ● Amicorum
inter sese communia esse omnia. ● Amicorum res
communes. ● Communia esse amicorum inter se
omnia. ● Res amicorum communes sunt.
1720. Inter fratrem sororemque nuptiae prohibitae
sunt, sive ab eodem patre eademque matre nati
fuerint, sive ex alterutro eorum. [Institutiones 1.10] É
vedado o casamento entre irmão e irmã, tanto se forem
filhos do mesmo pai e da mesma mãe, como se tiverem
em comum somente de um deles.
1721. Inter fratres substantia maior maioris est causa
discordiae. Entre irmãos, um maior patrimônio é causa
de discórdia maior.
1722. Inter garrulos et obstreperos non est eruditis
dicendi locus. [Grynaeus 231] Entre faladores e
barulhentos não há lugar para os eruditos falarem. VIDE:
● Tum loquentur eruditi, cum garrulis non erit
loquendi locus. ● Tunc canent cycni, cum tacebunt
graculi. ● Tunc cantent cycni, sileat cum graculus
audax. ● Tunc olores cantabunt, quando graculi
tacebunt.
1723. Inter gladium et iugulum. Entre a espada e a
garganta. ■ Num átimo. ■ Num abrir e fechar de olhos.
VIDE: ● Inter caesa et porrecta. ● Inter pontem et
fontem. ● Misericordia Domini inter pontem et
fontem.
1724. Inter Graecos graecissimus, inter Latinos
latinissimus. Entre os gregos, muito grego; entre os
latinos, muito latino. ■ Quando estou em Roma, romano
sou. ■ Entre judeus, judeu como eles. ■ Em terra de
sapos, de cócoras, como eles. ■ Eu danço conforme a
música. VIDE: ● Inter simios oportet esse simium.
1725. Inter homines ea firma amicitia est, quam morum
similitudo sociavit. [Papa S.Leão / Bernardes, Nova
Floresta 1.137] Entre os seres humanos é firme aquela
amizade que a semelhança de costumes uniu.
1726. Inter homines nihil erit aeque iucundum. [Píndaro
/ Eiselein 248] Entre os homens, nada agrada
igualmente a todos. ■ Ninguém pode agradar a todos.
VIDE: ● Neque Iuppiter ipse, sive pluat, seu non,
unicuique placet.
1727. Inter incudem et malleum esse. [Grynaeus 206]
Estar entre a bigorna e o martelo. ■ Estar entre o malho
e a bigorna. ■ Estar entre a cruz e a caldeirinha. ■ Estar
entre dois fogos. ● Inter incudem et malleum
versatur. [Dumaine 243] Ele foi apanhado entre a
bigorna e o malho. VIDE: ● Inter malleum et incudem
esse. ● Inter sacrum et saxum esse.
1728. Inter indoctos, qui semidoctus est, doctissimus
habetur. [Grynaeus 188] Entre ignorantes, quem tem
alguma instrução, é tido por muito culto. ■ Em terra de
cegos, quem tem um olho é rei. VIDE: ● Apud caecos
monoculus rex. ● Inter mendicos, qui paululum habet
nummorum, Croesus est.
1729. Inter invitos. Entre pessoas que resistem. VIDE:
● Inter nolentes.
1730. Inter lapides pugnas, nec lapidem tollis. [Pereira
120] Lutas entre pedras, e não pegas uma pedra.
■ Quereis que vos metam a papa na boca. ● Inter
lapides pugnabant, neque lapidem tollere poterant.
[Erasmo, Adagia 1.2.96] Lutavam entre pedras, mas não
podiam pegar uma pedra. VIDE: ● Pugna erat in saxis,
neque saxum tollere quibant.
1731. Inter lugentes iocari. [Grynaeus 37] Gracejar entre
pessoas que sofrem. VIDE: ● Ludere inter maerentes.
1732. Inter lupos et canes nullam salutem esse.
[Stevenson 376] Entre lobos e cães não há salvação.
VIDE: ● A fronte praecipitium, a tergo lupi. ● A fronte
praecipitium, a tergo lupus. ● Inter canem et lupum.
1733. Inter malleum et incudem esse. [Erasmo, Adagia
1.1.16] ■ Estar entre o malho e a bigorna. ■ Estar entre
a cruz e a caldeirinha. VIDE: ● Inter incudem et
malleum esse.
1734. Inter manum et mentum multa cadunt. [Rezende
2803] Entre a mão e o queixo muita coisa se perde.
■ Entre a boca e a mão vai o bocado ao chão. ■ Da mão
à boca se perde a sopa. ■ Do prato à boca perde-se a
sopa. ■ De uma hora para outra cai a casa. ● Inter
manum et mentum. [Grynaeus 262] VIDE: ● De
cocleare interdum cadit quod hianti porrigis ori.
● Inter calicem et os multa cadunt. ● Inter calicem et
os multa interveniunt. ● Inter os et offam multa
cadunt. ● Inter os et offam multa intercedunt.
● Multa cadunt inter calicem supremaque labra.
● Multa cadunt inter calicem et suprema labra.
● Multa cadunt inter calicem et labra. ● Saepe audivi
inter os et offam multa intervenire posse. ● Saepe
inter buccam contingit casus, et offam. ● Saepe os
inter et offam multa venire solent. ● Vel mille
calamitates sunt inter calicem et labra.
1735. Inter medium venditionis et emptionis
angustiabitur peccatum. [Vulgata, Eclesiástico 27.2]
Entre a venda e a compra se espremerá o pecado.
1736. Inter mendicos, qui paululum habet nummorum,
Croesus est. [Grynaeus 188] Entre mendigos, quem tem
um pouquinho de dinheiro é um Creso. ■ Em terra de
cegos, quem tem um olho é rei. VIDE: ● Inter indoctos,
qui semidoctus est, doctissimus habetur.
1737. Inter nolentes. Entre pessoas que resistem. VIDE:
● Inter invitos.
1738. Inter nos. Entre nós. (=Entre ti e mim. Na
intimidade. Confidencialmente). VIDE: ● Hic inter nos.
1739. Inter nos sanctissima divitiarum maiestas.
[Juvenal, Satirae 1.112] Entre nós é muito sagrada a
majestade do dinheiro.
1740. Inter omnes altior existit, qui non curat in cuius
manu sit mundus. [Stevenson 2533] Entre todos se
coloca mais alto quem não se importa na mão de quem
está o mundo.
1741. Inter opes inops. [Horácio, Carmina 3.16.28] Pobre
no meio de riquezas. VIDE: ● Magnas inter opes inops.
1742. Inter os et offam multa cadunt. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 13.17.3] Entre a boca e a comida muita
coisa acontece. ■ Entre a boca e a mão vai o bocado ao
chão. ■ Do prato à boca perde-se a sopa. ■ De uma hora
para outra cai a casa. ● Inter os et offam multum est.
[Polydorus, Adagia] ● Inter os et offam multa
intercedunt. [Dumaine 243] ● Inter os et offam multa
intervenire possunt. VIDE: ● De cocleare interdum
cadit quod hianti porrigis ori. ● Inter calicem et os
multa interveniunt. ● Inter calicem et os multa
cadunt. ● Inter manum et mentum multa cadunt.
● Multa cadunt inter calicem supremaque labra.
● Multa cadunt inter calicem et suprema labra.
● Multa cadunt inter calicem et labra. ● Saepe audivi
inter os et offam multa intervenire posse. ● Saepe
inter buccam contingit casus, et offam. ● Saepe os
inter et offam multa venire solent. ● Vel mille
calamitates sunt inter calicem et labra.
1743. Inter pares nulla potest esse aemulatio. Entre
iguais não pode haver qualquer competição.
1744. Inter pares sententias mitior vincat. [Sêneca
Retórico, Controversiae 1.5.3] Entre duas sentenças
sobre a mesma questão, vença a mais moderada.
1745. Inter parietes. Entre paredes. Dentro de casa. VIDE:
● Inter quattuor parietes. ● Intra parietes.
1746. Inter partes. [Jur / Black 994] Entre as partes.
1747. Inter patrem et filium contrahi emptio non potest.
[Jur] A compra não pode ser contratada entre pai e filho.
1748. Inter plurima maximaque vitia nullum esse
frequentius, quam ingrati animi. [Sêneca, De
Beneficiis 1.1] Dentre os numerosos e maiores defeitos
do homem, nenhum é mais freqüente que o do coração
ingrato.
1749. Inter pocula. [Pérsio, Satirae 1.30] Entre copos. (=A
beber, entre amigos). VIDE: ● In poculis. ● Inter vina.
1750. Inter pocula non est disputandum. [Binder,
Thesaurus 1537] Entre copos, não se deve discutir.
1751. Inter pocula non multum loquere, delinques enim.
[Quílon / Rezende 2808] Ao beberes, não fales muito,
pois errarás.
1752. Inter pocula silent negotia. Entre os copos, os
negócios se calam.
1753. Inter pontem et fontem. (A misericórdia de Deus
pode chegar quando estamos) entre a ponte e o rio. VIDE:
● Inter caesa et porrecta. ● Inter gladium et iugulum.
● Misericordia Domini inter pontem et fontem.
1754. Inter prandendum sit saepe parumque bibendum.
[Regimen Sanitatis Salernitanum, De Prandendo et
Bibendo] Durante a refeição deve-se beber pouco, mas
freqüentemente.
1755. Inter promissum simul atque optabile donum,
tradenda est cupido matura puella marito. [Pereira
104] Entre a promessa e o desejável presente, a moça
madura deve ser levada ao desejoso marido. ■ Entre o
prometer e o dar, tua filha hás de casar. VIDE:
● Tradenda est cupido matura puella marito.
1756. Inter pygmaeos non pudet esse brevem. [Binder,
Thesaurus 1539] Entre pigneus, não envergonha ser
baixo. ■ Em terra de papudos, quem não tem papo é
defeituoso.
1757. Inter pygmaeos regnat nanus. [Schottus, Adagialia
Sacra 86] Entre pigmeus reina o anão. ■ Em terra de
cego quem tem um olho é rei. VIDE: ● Beati monoculi in
regione caecorum. ● Beati monoculi in terra
caecorum. ● Beatus monoculus in terra caecorum.
● Caecorum in patria luscus rex imperat omnis. ● In
caecorum regno regnant strabones. ● In regione
caecorum rex est luscus. ● In terra caecorum
monoculus rex. ● Inter caecos luscus rex. ● Inter
caecos regnat luscus. ● Inter caecos regnat strabo.
● Inter caecos strabus rex est. ● Monoculus inter
caecos rex.
1758. Inter quattuor parietes. [Jur / Black 994] Entre
quatro paredes. VIDE: ● Inter parietes. ● Intra parietes.
1759. Inter sacrum et saxum esse. Estar entre o cutelo e a
ara de sacrifício. Inter sacrum saxumque sto. [Plauto,
Captivi 546] Estou entre o cutelo e a ara de sacrifício.
■ Estar entre a cruz e a caldeirinha. ● Inter sacrum
saxumque sum. [Plauto, Casina 850] VIDE: ● Inter
incudem et malleum esse.
1760. Inter se. Entre si.
1761. Inter sidera versor. [Inscrição em quadrante solar]
Eu me movimento entre os astros.
1762. Inter simios oportet esse simium. Entre macacos
convém ser macaco. ■ Entre romanos, romano como
eles. ■ Em terra de sapos, de cócoras, como eles. VIDE:
● Inter Graecos graecissimus, inter Latinos
latinissimus.
1763. Inter spem et desperationem haesitat. [Quinto
Cúrcio, Historiae 4.15] Hesita entre a esperança e o
desespero.
1764. Inter spem et metum. [Suetônio, Claudius 4] Entre
a esperança e o medo. ● Inter spem metumque.
1765. Inter spinas, per aerumnas, duraturas quaero
rosas. [Tosi 1674] Entre espinhos, no meio de
desventuras, procuro rosas duradouras.
1766. Inter undas fervida exustus siti. [Sêneca,
Agamemnon 19] Consumido de uma sede ardente no
meio das águas.
1767. Inter utrumque tene. [Ovídio, Metamorphoses
2.140] Fica entre ambos. ■ A virtude está no meio.
1768. Inter vepres rosa nascitur. [Pontanus / Stevenson
2009] ■ A rosa nasce no meio de espinhos. ● Inter
vepres rosae nascuntur, et inter feras non nullae
mitescunt. [Amiano Marcelino, Historiae 16.7.4]
Nascem rosas entre espinheiros, e dentre as feras
algumas se amansam. VIDE: ● Etiam inter vepres rosae
nascuntur. ● Fert mixtas spinis terra inarata rosas.
● Semper odoriferis proxima spina rosis. ● Urticae
proxima saepe rosa est.
1769. Inter verba et actus magnus quidam mons est.
[DAPR 222] Entre as palavras e a ação há um grande
monte. ■ Do dito ao feito vai grande eito. ■ Do dizer ao
fazer muito vai. VIDE: ● Inter dictum et factum multum
differt. ● Multum sunt verbis dissona facta bonis.
1770. Inter vina. [Horácio, Epistulae 1.7.28]; Entre
vinhos. (=A beber). VIDE: ● In poculis. ● Inter pocula.
1771. Inter virum et uxorem. [Jur / Black 994] Entre
marido e mulher.
1772. Inter vitam et necem. [Grynaeus 209] Entre a vida e
a morte. ● Inter vitam et mortem. ● Inter vitam
mortemque.
1773. Inter vivos. [Jur / Black 994] Entre vivos. De uma
pessoa viva para outra. VIDE: ● Aliae autem donationes
sunt quae sine ulla mortis cogitatione fiunt, quas
inter vivos appellamus.
1774. Inter volentes. Entre pessoas que querem. Entre
pessoas que concordam.
1775. Intercus aqua. [Medicina] Água intercutânea.
(=Hidropisia. Acumulação de serosidades no tecido
celular ou em uma cavidade do corpo. Novo Dicionário
Aurélio).
1776. Interdicere aqua et igni. [Rezende 2796] Privar
alguém de água e fogo. (=Condenar ao desterro). VIDE:
● Aqua et igne interdictus. ● Aquae et ignis
interdictio.
1777. Interdum audaces efficit ipse timor. [Sweet 173]
Às vezes o próprio medo cria os valentes. VIDE:
● Audacem fecerat ipse timor.
1778. Interdum etiam bonus dormitat Homerus. Às
vezes até o bom Homero cochila. ■ Até o sábio se
engana. VIDE: ● Aliquando bonus dormitat Homerus.
● Aliquando dormitat et Homerus. ● Dormitat et
Homerus. ● Indignor quandoque bonus dormitat
Homerus. ● Quandoque bonus dormitat Homerus.
● Qui enim nimium invigilat, interdum dormitat.
1779. Interdum evenit ut exceptio quae prima facie
iusta videatur, inique noceat. [Institutiones 4.14.1.2]
Algumas vezes acontece que um pleito que à primeira
vista parece justo é injusto e iníquo.
1780. Interdum exiguo rex maximus occidit ictu.
[Pereira 117] Às vezes o maior rei morre de um
pequeno golpe. ■ Pequeno machado derruba grande
sobreiro.
1781. Interdum habet stultitiae partem facilitas.
[Publílio Siro] Às vezes a bondade tem um pouco de
tolice.
1782. Interdum lacrimae pondera vocis habent. [Ovídio,
Ex Ponto 3.1.158] Às vezes as lágrimas têm o peso da
voz. VIDE: ● Et lacrimae pondera vocis habent.
1783. Interdum quies inquieta est. [Sêneca, Epistulae
Morales 56.8] Às vezes a tranqüilidade é agitada.
1784. Interdum requiescendum. De vez em quando é
preciso descansar.
1785. Interdum stabulum reparatur post grave
damnum. [Tosi 1593] Às vezes só se conserta o
estábulo depois de grave prejuízo. ■ Casa arrombada,
trancas na porta. VIDE: ● Sero paras stabulum taurum
iam fure trahente. ● Sero seram ponis stabulo post
furta latronis.
1786. Interdum stultus bene loquitur. [Stevenson 846]
Às vezes um tolo fala bem. ■ Do néscio às vezes bom
conselho. ■ Às vezes vem o remédio de quem não se
espera. VIDE: ● Saepe etiam est stultus valde
opportuna locutus. ● Saepe etiam stultus fuit
opportuna locutus. ● Saepe etiam est olitor valde
opportuna locutus.
1787. Interdum veram portendunt somnia causam.
[Binder, Medulla 784] Muitas vezes os sonhos
prognosticam um acontecimento verdadeiro.
1788. Interdum vulgus rectum videt; est ubi peccat.
[Horácio, Epistulae 2.1.63] Às vezes o povo acerta; há
ocasiões em que ele erra.
1789. Interea multum aquae in flumine praeterfluit.
Enquanto isso muita água correu no rio.
1790. Interest etiam inter valens corpus et obesum,
inter tenue et infirmum. [Celso, De Medicina 2.10.5]
Há diferença entre o corpo sadio e o obeso, entre o
magro e o doente.
1791. Interest reipublicae ne maleficia remaneant
impunita. [Jur / Black 997] É de interesse do estado
que os crimes não fiquem impunes.
1792. Interest reipublicae ne sua quis male utatur. [Jur /
Black 997] É de interesse do estado que ninguém faça
mau uso de seus bens.
1793. Interest reipublicae ut carceres sint in tuto. [Jur /
Black 997] É de interesse do estado que as prisões
sejam seguras.
1794. Interest reipublicae ut sit finis litium. [Jur / Broom
267] Interessa ao estado que ocorra o fim das lides.
1795. Intereunt feles, celebrant convivia mures. [Pereira
111] ■ Morrem os gatos, banqueteiam-se os ratos.
1796. Interficite errores, diligite homines. [S.Agostinho /
Peña 394] Combatei os erros, amai os homens.
● Interficite errores, diligite errantes. Combatei os
erros, amai os que erram. VIDE: ● Parcere personis,
dicere de vitiis.
1797. Interim fiet aliquid. [Terêncio, Andria 314] Nesse
meio tempo, acontecerá algo.
1798. Interim ille hamum vorat. [Plauto, Truculentus 42]
Está engolindo o anzol. ■ Mordeu a isca. ■ Está no papo.
VIDE: ● Hamum vorat. ● Meus hic est: hamum vorat.
1799. Interim mores mali, quasi herba irrigua
succrevere uberrime. [Plauto, Trinummus 30]
Enquanto isso os maus costumes cresceram luxuriantes
como a relva molhada.
1800. Interim optimum misericordiae genus est
occidere. [Sêneca, De Ira 1.16.3] Às vezes a melhor
forma de piedade é matar.

I10: 1801-2000
1801. Interim poena est mori, sed saepe donum, in
pluribus veniae fuit. [Sêneca, Hercules Oetaeus 930]
Às vezes, morrer é um castigo, mas muitas vezes, é uma
dádiva, e para muitos, um favor.
1802. Interim scelus est fides. [Sêneca, Hercules Oetoeus
481] Algumas vezes a fidelidade é um crime.
1803. Interit ira mora. [Ovídio, Ars Amatoria 1.374] A
raiva passa com o tempo.
1804. Interna corporis. [Jur] No âmbito do próprio corpo.
Internamente. No âmbito da própria instituição.
1805. Interna pax et tranquillitas. A paz e a tranqüilidade
interiores.
1806. Interpone tuis interdum gaudia curis, ut possis
animo quemvis sufferre laborem. [Dionísio Catão,
Disticha 3.6] Mescla de tempos a tempos o prazer às
tuas preocupações, para que possas surportar com
coragem qualquer trabalho.
1807. Interposita persona. [Jur] Por intermediário.
1808. Interpretare vocabulum monachi. Quid facis in
turba, qui solus est? [S.Jerônimo / Abelardo, Epistulae
8] Compreende o significado da palavra monge. Que
fazes na multidão, tu que és solitário? (=Monachus, do
grego, significa solitário).
1809. Interpretari eius est, cuius est condere legem.
[Jur] A interpretação da lei cabe a quem cabe instituí-la.
1810. Interpretatio aequior et benignior sumenda est.
[Jur] Deve-se adotar a interpretação mais justa e mais
benigna.
1811. Interpretatio cessat in claris. [Jur] Nas coisas
claras, não há necessidade de interpretação.
1812. Interpretatio facienda est secundum naturam
negotii. [Jur] A interpretação deve ser feita segundo a
natureza do negócio.
1813. Interpretatio facienda est, ut ne sequatur
absurdum. [Jur] A interpretação deve ser feita de modo
que não resulte absurdo.
1814. Interpretatio illa sumenda qua absurdum
evitetur. [Spalding 60] Deve ser escolhida aquela
interpretação pela qual se evite o absurdo.
1815. Interpretatio in dubio capienda ut semper actus
et dispositio valeat quam pereat. [Jur] Na dúvida
segue-se a interpretação segundo a qual sempre o ato e a
disposição mais valham que pereçam.
1816. Interpretatio restricta. [Black 1000] Interpretação
restrita.
1817. Interpretatio servanda est, cui verba respondeant.
[Jur] Deve-se adotar a interpretação a que correspondam
as palavras.
1818. Interpretatione legum poenae molliendae sunt
potius quam asperandae. [Digesta 48.19.42] Na
interpretação das leis as penas devem antes ser
abrandadas do que agravadas.
1819. Interrogabo te, et responde mihi. [Vulgata, Jó
42.4] Perguntar-te-ei e responde-me.
1820. Interrogatus non respondens pro confesso
habetur. [Jur] O interrogado que não responde é tido
como réu confesso.
1821. Intersecta musica est. [Pereira 109] Sua canção foi
interrompida. ■ Lançou-lhe água na fervura.
● Interrumpta musica est. [Manúcio, Adagia 849]
1822. Intestatus est non tantum qui testamentum non
fecit, sed etiam cuius ex testamento hereditas adita
non est. [Digesta 50.16.64] Intestado não é apenas
quem não fez testamento, mas também aquele cuja
herança do testamento não foi recebida.
1823. Intestina canem semel adgustasse periculum est.
É um perigo o cão ter provado intestinos uma vez.
■ Quem uma vez furta, fiel nunca. VIDE: ● Periculosum
est canem intestina gustasse.
1824. Intima mentis. Os segredos do coração. VIDE: ● Tu
latebras animi rimaris, et intima mentis.
1825. Intolerabilis in malo ingenio felicitas est. [Sêneca
Retórico, Suasoriae 7.1] É intolerável o sucesso de uma
alma depravada.
1826. Intolerabilius nihil est quam femina dives.
[Juvenal, Satirae 6.466] Nada mais insuportável que
uma mulher rica.
1827. Intra anni spatium. [Codex Iustiniani 5.9.2] Dentro
do espaço de um ano. ● Intra annale tempus. [Codex
Iustiniani 6.30.19]
1828. Intra domus saevus est; foris mitis. [Sêneca, De Ira
3.10.4] Em casa ele é um selvagem; fora é um delicado.
VIDE: ● Domi leones, foris vulpes. ● Domi leones,
proelio vulpeculae. ● In otio tumultuosi, in bello
segnes. ● In pace leones, in proelio cervi. ● In
praetoriis leones, in castris lepores.
1829. Intra fortunam debet quisque manere suam.
[Ovídio, Tristia 3.4.25] Cada um deve ficar dentro de
sua condição. ■ Não estendas as pernas além do
cobertor. ● Intra fortunam quisque maneto suam.
VIDE: ● In pelle propria esse. ● In pellicula se tenere
sua. ● In propria pelle quiesce. ● Intra tuam
pelliculam te contine. ● Sumptus censum ne superet.
1830. Intra legem. [Jur] Dentro da lei. Previsto na lei.
1831. Intra me maneo. [Gabriele d’Annunzio. Alusão ao
mito da tartaruga, em frase gravada em placa doada a
Mussoline em 1935] Permaneço dentro de mim mesma.
1832. Intra muros. Dentro dos muros. Dentro da cidade.
Dentro de casa. Internamente. ● Intra moenia. [Black
1004]
1833. Intra muros peccatur et extra. [Horácio, Epistulae
1.2.16] Peca-se tanto dentro de casa como fora. ■ Cá e
lá más fadas há. VIDE: ● Extra Troiam et intra
peccatur. ● Iliacos intra muros peccatur et extra.
1834. Intra parietes. [Black 1004] Entre paredes. Dentro
de casa. Entre amigos. ● Intra privatos parietes. VIDE:
● Inter parietes. ● Inter quattuor parietes.
1835. Intra parietes experiendum. [Albertatius 641] É
dentro de casa que se deve examinar a questão. ■ Roupa
suja se lava em casa.
1836. Intra vires. [Jur / Black 1004] Dentro dos poderes.
Nos limites da autoridade. VIDE: ● Ultra vires.
1837. Intra tuam pelliculam te contine. [Erasmo, Adagia
1.6.92] Mantém-te dentro de tua própria pele.
(=Contenta-te com tua sorte. Fica no lugar que te
compete. Conhece teu lugar. Vive de acordo com teus
recursos). ■ Não estendas as pernas além do cobertor.
VIDE: ● In pelle propria esse. ● In pellicula se tenere
sua. ● In propria pelle quiesce. ● Intra fortunam
debet quisque manere suam. ● Sumptus censum ne
superet.
1838. Intrandum est in rerum naturam, et penitus quid
ea postulat, pervidendum. [Cícero, De Finibus 5.16] É
preciso penetrar na natureza das coisas e ver exatamente
o que ela exige.
1839. Intrantis crebro minuet praesentia famam.
[Pereira 95] A presença de quem entra com freqüência
diminuirá seu prestígio. ■ Onde te querem muito, não
vás amiúde. VIDE: ● Minuit praesentia famam.
1840. Intrasti urbem; ambula iuxta ritum eius. Entraste
na cidade; anda de acordo com seus costumes. ■ Em
França, como francês; em Roma, como romano.
1841. Intrat amicitiae nomine tectus amor. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.718] O amor se insinua disfarçado sob o
nome de amizade.
1842. Intrat amor mentes usu; dediscitur usu. [Ovídio,
Remedium Amoris 503] O amor entra nos corações pela
convivência; pela convivência se extingue.
1843. Intrate per angustam portam. [Vulgata, Mateus
7.13] Entrai pela porta estreita.
1844. Intrinsecus et extrinsecus. [Columela, De Re
Rustica 8.3.6] Por dentro e por fora.
1845. Intrivisti, exedendum tibi. [Pereira 106] Moeste,
tens de comer. ■ Fizeste-o, paga-o. ■ Quem fez seu angu
que o coma. ■ Quem pariu Mateus, que o embale. VIDE:
● Colo quod aptasti, ipsi tibi nendum est. ● Compedes
quas ipse fecit, ipsus ut gestet faber. ● Faber
compedes, quas fecit ipse, gestet. ● Illi exedendum
est, qui intrivit. ● Qui prendidistis iidem edite
testudines. ● Tibi, quod intristi, exedendum. ● Tute
hoc intristi, tibi omne est exedendum.
1846. Introibo ad altarem Dei. [Vulgata, Salmos 42.4]
Entrarei ao altar de Deus.
1847. Introite in domum meam, et manete. [Vulgata,
Atos 16.15] Entrai em minha casa e ficai nela.
1848. Introrsus turpis, speciosus pelle decora. [Medina
612] Por dentro feio, mas formoso por causa do
elegante manto. ■ Unhas de gato, e o vestido de beato.
● Introrsum turpem, speciosum pelle decora.
[Horácio, Epistulae 1.16.45]
1849. Intueri non licet, quod non licet concupiscere.
[S.Gregório / Bernardes, Nova Floresta 1.210] Não é
permitido contemplar o objeto que não se pode desejar.
■ Entre santa e santo, parede de cal e canto.
1850. Intuitu familiae. Visando à família.
1851. Intuitu personae. Em consideração à pessoa.
1852. Intus et exterius ornat sapientia corpus. [Werner]
A sabedoria ornamenta o corpo por dentro e por fora.
1853. Intus et in cute. [Erasmo, Adagia 1.9.89] Por dentro
e na pele. ■ De dentro e de fora. ■ Por dentro e por fora.
VIDE: ● Ego te intus et in cute novi.
1854. Intus habet quod poscit. [DAPR 119] Já tem
consigo o que reclama. ■ Busca o asno e está montado
em cima. VIDE: ● Frondem in silvis non cernit.
● Quaerit aquas in aquis.
1855. Intus insidiae sunt; intus inclusum periculum est;
intus est hostis. [Cícero, In Catilinam 2.11] As ciladas
estão aqui dentro; aqui dentro está o perigo; o inimigo
está aqui dentro.
1856. Intus, intus, inquam, est equus Troianus. [Cícero,
Pro Murena 78] O cavalo de Tróia está dentro dos
nossos muros, é verdade, dentro dos nossos muros. VIDE:
● Equus Troianus est hoc.
1857. Intus Nero, foris Cato. [S.Jerônimo, Epistulae
125.18] Por dentro um Nero, por fora um Catão. ■ Cara
de mel, coração de fel. ■ Cara de beato, unhas de gato.
■ Rosário ao pescoço, o diabo no corpo. VIDE: ● Extra
aurati, interius lutei. ● Extra hypocritae aurati,
interius lutei. ● Res modo formosae foris, intus erunt
maculosae.
1858. Intuta quae indecora. [Tácito, Historiae 1.33] O
que é indecoroso é perigoso.
1859. Inutilem servum eicite in tenebras exteriores.
[Vulgata, Mateus 25.30] E ao servo inútil, lançai-o nas
trevas exteriores.
1860. Inutiles curas omittendas esse. As preocupações
inúteis devem ser esquecidas.
1861. Inutilis rebus pudor nempe in malis. [Apostólio
1.89] Na adversidade a vergonha certamente é
prejudicial. ■ Quem tem vergonha, morre de fome.
● Inutilis viro egenti verecundia. Ao necessitado a
vergonha prejudica. VIDE: ● Verecundia inutilis viro
egenti.
1862. Invalida pugna est unicae tantum manus.
[Heráclides / Grynaeus 92] É ineficaz a luta com apenas
uma das mãos.
1863. Invendibili merci oportet ultro emptorem
adducere; proba merx facile emptorem reperit.
[Plauto, Poenulus 337] Para a mercadoria de venda
difícil é preciso que se atraia o comprador; mercadoria
boa facilmente encontra comprador. VIDE: ● Laudato
vino non opus est hedera.
1864. Inveni portum; Spes et Fortuna, valete. Nil mihi
vobiscum. Sat me lusistis, ludite nunc alios. [Rezende
2846] Encontrei o porto; Esperança e Sorte, adeus.
Nada mais tenho convosco. Zombastes de mim
bastante; agora zombai de outros.
1865. Inveniam gratiam in conspectu tuo. [Vulgata,
Gênesis 30.27] Ache eu graça diante de teus olhos. VIDE:
● In conspectu tuo.
1866. Inveniet viam, aut faciet. [Sêneca, Hercules Furens
276] Ele encontrará o caminho, ou construirá um. VIDE:
● Aut inveniam viam, aut faciam. ● Viam inveniam
aut faciam.
1867. Invenimus qui curva corrigeret. [Plínio Moço,
Epistulae 5.9.6] Encontramos alguém que corrigisse o
que estava torto.
1868. Invenit Deus maleficum. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 4.11] Deus descobre o malfeitor. ■ A Deus nada
se esconde. ■ Deus paga a quem em maus passos anda.
1869. Invenit interdum caeca columba pisum. [DAPR
317] De vez em quando a pomba cega encontra um
grão. ● Invenit interdum caeca gallina granum.
■ Galinha cega de vez em quando acha um grão. VIDE:
● Quis est enim, qui totum diem iaculans non
aliquando colliniet?
1870. Invenit patella operculum. O prato encontra a sua
tampa. ■ Não há panela feia que não ache seu
cobertouro. ■ Tais alfaces para tais beiços. ■ A cada
santo a sua lâmpada. VIDE: ● Accessit huic patellae
dignum operculum. ● Dignum patella operculum.
● Nacta est suum patella operculum.
1871. Inventa lege, inventa fraus. Criada a lei, é criada a
fraude. ■ Feita a lei, cuidada a malícia. ● Inventa lege,
inventa est fraus legis. VIDE: ● Facta lege, inventa
fraus. ● Lege inventa, fraus inventa est. ● Nova lex,
nova fraus.
1872. Inventa necessitatis antiquiora sunt quam
voluptatis. As invenções produzidas pela necessidade
são mais antigas do que as produzidas pelo prazer. VIDE:
● Necessitatis inventa antiquiora sunt quam
voluptatis.
1873. Inventa perficere non inglorium. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 4.18 / Rezende 2847] Não é sem mérito
aperfeiçoar o que outrem inventou.
1874. Inventa sunt specula, ut homo ipse se nosset.
[Sêneca, Quaestiones Naturales 1.17.4] Os espelhos
foram inventados para que o homem conhecesse a si
próprio.
1875. Inventi multi sunt, qui non modo pecuniam, sed
etiam vitam profundere pro patria parati essent.
[Cícero, De Officiis 1.84] Foram encontrados muitos
que estavam preparados para dar pela pátria não só o
dinheiro, mas até a vida.
1876. Invento urso vestigia insequeris. Procuras as
pegadas do urso que já foi encontrado. ■ Busca o asno e
está montado em cima. VIDE: ● Cum adsit ursus,
vestigia quaeris. ● Praesente urso, vestigia ne quaere.
● Praesentis ursi quaeritas vestigia. ● Ursi praesentis
vestigia quaeris. ● Ursa praesente, vestigia quaeris.
● Ursus cum adsit, vestigia quaeris.
1877. Inventrix nimirum est rationum necessitas. Sem
dúvida a necessidade é a inventora das soluções. ■ A
necessidade espicaça o engenho. VIDE: ● Necessitas
rationum inventrix.
1878. Inventum simul et perfectum nihil est. Nada é
imaginado e realizado ao mesmo tempo. VIDE: ● Nihil est
simul et inventum et perfectum.
1879. Inverso ordine. [Broom 75] Em ordem inversa. VIDE:
● Ordine retrogrado.
1880. Inveterata consuetudo pro lege non immerito
custoditur. [Digesta 1.3.32.1] Não é sem razão que um
costume inveterado se guarda como se fosse uma lei.
1881. Inveterata vitia aegrius depelluntur. Os vícios
inveterados se eliminam com mais dificuldade.
1882. Inveterescens ira fit odium. A ira que se torna
inveterada, passa a ser ódio. VIDE: ● Odium est ira
inveterata.
1883. Invia amanti nulla est via. Para o homem
enamorado nenhum caminho está fechado.
1884. Invia nulla via est auro. Nenhum caminho está
fechado para o ouro. ■ Chave de ouro abre qualquer
porta. VIDE: ● Auro clausa patent.
1885. Invia virtuti nulla est via. [Ovídio, Metamorphoses
14.113] Nenhum caminho está fechado para a coragem.
■ A quem quer, não lhe faltam meios.
1886. Invicem onera nostra portemus. [S.Agostinho, De
Diversis Quaestionibus 71.1] Carreguemos as cargas
uns dos outros. VIDE: ● Alter alterius onera portate.
1887. Invicta gerit tela Cupido. [Sêneca, Octavia 807]
São invencíveis as armas que Cupido porta.
1888. Invictum virum vicit dolor. [Ovídio,
Metamorphoses 13.386] A dor venceu o homem invicto.
1889. Invidentiam esse aegritudinem susceptam propter
alterius res secundas. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.8] A inveja é a amargura que se sofre
por causa da felicidade alheia. ● Invidia est aegritudo
ex alterius rebus secundis.
1890. Invidere didicit ipsa affinitas. O próprio parentesco
aprendeu a invejar. ■ Não se tem inveja a defuntos e
apartados, senão a vizinhos e a chegados.
1891. Invidere querentis et maesti est, gratias agere
gaudentis. [Sêneca, De Beneficiis 3.3.3] Invejar é do
queixoso e do doente; agradecer é do que está satisfeito.
1892. Invidet et cantor cantori, et egenus egeno. Cantor
inveja cantor, até pobre inveja pobre. ■ Invejoso e
inimigo é o oficial do teu ofício. ■ Não se tem inveja a
defuntos e apartados, senão a vizinhos e a chegados.
● Invidet figulus figulo, vel egenus egeno. Oleiro
inveja oleiro, até pobre inveja pobre. VIDE: ● Cognatio
movet invidiam. ● Faber fabro invidet. ● Figulus
figulum odit. ● Figulus figulo invidet, faber fabro.
● Figulus figulo invidet, lignarius lignario.
1893. Invidia comes fortunae. A inveja é companheira do
sucesso. ■ A inveja sempre atina lugares altos. ● Invidia
comes gloriae. A inveja é companheira da glória. VIDE:
● Invidia gloriae comes.
1894. Invidia est odium alienae felicitatis, vel dolor
animi ex alienis commodis. [Albertano da Brescia,
Liber de Amore 4.5] Inveja é o ódio da felicidade
alheia, ou dor que se sente no coração por causa do
sucesso alheio. VIDE: ● Scis quid est invidia? Dolor
animi est ex alienis commodis.
1895. Invidia est radix malorum omnium. A inveja é a
raiz de todos os males.
1896. Invidia ex opulentia orta est. [Salústio, Catilina
6.2] A inveja nasceu da riqueza.
1897. Invidia fera est domestica. A inveja é uma fera
doméstica. ■ Não se tem inveja a defuntos e apartados,
senão a vizinhos e a chegados.
1898. Invidia gloriae comes. [Cornélio Nepos, Chabrias
3.3] A inveja é companheira da glória. ■ Não há glória
sem inveja. VIDE: ● Est hoc commune vitium magnis
liberisque civitatibus, ut invidia gloriae comes sit.
● Gloriae et virtutis invidia est comes. ● Invidia
virtutum comes. ● Post gloriam invidia sequitur.
1899. Invidia inter pares. [DAPR 276] Há inveja entre
iguais. ■ O homem do teu ofício teu inimigo é.
1900. Invidia iusta est nimis, namque invidentem
morsicat. [Schottus, Adagia 641] A inveja é bastante
justa, pois rói o invejoso. ■ O invejoso emagrece de ver
a gordura alheia.
1901. Invidia quod monstruosius monstrum? [Alanus de
Insulis, De invidia] Que monstro mais monstruoso há do
que a inveja?
1902. Invidia tacite, sed inimice, irascitur. [Publílio Siro]
A inveja se irrita em segredo, mas como inimiga. ■ A
inveja está sempre em jejum.
1903. Invidia, tamquam ignis, summa petit. A inveja,
como o fogo, busca lugares altos. ■ A inveja sempre
atina lugares altos. VIDE: ● Livor velut ignis alta petit.
● Subiecta semper invidiae felicitas. ● Summa petit
livor.
1904. Invidia virtutum comes. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 2.9 / Rezende 2856] A inveja é companheira da
virtude. ■ A inveja segue e persegue a virtude. ● Invidia
virtutis comes. [Gaal 1209] VIDE: ● Est hoc commune
vitium magnis liberisque civitatibus, ut invidia
gloriae comes sit. ● Gloriae et virtutis invidia est
comes. ● Invidia gloriae comes. ● Post gloriam invidia
sequitur.
1905. Invidiae maculat famam mala pestis honestam.
[Columbano] A peste ruim da inveja macula o nome
ilibado.
1906. Invidiae motus, alienae felicitatis excubiae.
[Rezende 2853] O impulso da inveja é a sentinela da
felicidade alheia. ■ A felicidade e a riqueza despertam a
inveja.
1907. Invidiam ferre aut fortis aut felix potest. [Publílio
Siro] Só o homem corajoso ou o bem sucedido pode
suportar a inveja.
1908. Invidiosum esse praestat quam miserabilem.
■ Antes invejado que lastimado. ■ Este conselho só:
causa inveja, não causes dó. VIDE: ● Melior est
commiseratione invidentia. ● Melius invideri quam
misereri. ● Praestat invidiosum esse quam
miserabilem. ● Praestat invidiosum esse quam
miserandum. ● Praestat invidos habere quam
misericordiam. ● Praestat invidos habere quam
misericordes.
1909. Invidiosus ego, non invidus esse laboro. [Albertano
da Brescia, Liber de Amore 4.5] Eu me esforço para ser
invejado, não para ser invejoso.
1910. Invidus a propria roditur invidia. [DAPR 282] O
invejoso é corroído pela própria inveja. ■ Os invejosos
sentem mais os bens alheios que os males próprios.
1911. Invidus acer obit, sed livor morte carebit. [DAPR
283] O invejoso cruel morre, mas a inveja será imortal.
■ A inveja não morre.
1912. Invidus alterius macrescit rebus opimis. [Horácio,
Epistulae 1.2.57] O invejoso emagrece com a
abundância do outro. ■ O invejoso emagrace de ver a
gordura alheia. ● Invidus alienis rebus macrescit
opimis.
1913. Invidus haud eadem semper quatit ostia daemon.
[Trench, Proverbs] O invejoso demônio não bate
sempre na mesma porta.
1914. Invidus invidia comburitur intus et extra.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 4.5] O invejoso
se queima por dentro e por fora pela própria inveja.
● Invidus invidia consumitur intus et extra.
1915. Invidus vicini oculus. [Erasmo, Adagia 4.8.20] O
olho do vizinho é invejoso. VIDE: ● Inimicus et invidus
vicinorum oculus. ● Inimicus oculus esse vicini solet.
● Vicinus invidet vicino.
1916. Invisa nunquam imperia retinentur diu. [Sêneca,
Phoenissae 660] Os governos detestados nunca duram
muito. ■ Mais se tira com amor que com dor. VIDE:
● Imperia crudelia magis acerba quam diuturna.
● Iniqua nunquam regna perpetuo manent. ● Iniqua
nunquam imperia retinentur diu.
1917. Invisa primo desidia postremo amatur. [Tácito,
Agricola 3] A princípio odiosa, a inação posteriormente
é apreciada.
1918. Invisa regibus veritas. [Erasmo, Moriae Encomium
36] Para os reis a verdade é detestável.
1919. Inviso semel principi seu bene seu male facta
premunt. [Tácito, Historiae 1.7] Uma vez odiado o
chefe, suas ações, sejam boas, sejam más, o perseguem.
1920. Invita Minerva. Contra a vontade de Minerva. VIDE:
● Minerva invita. ● Nihil decet invita Minerva, id est,
adversante et repugnante natura. ● Nihil invita
Minerva facies. ● Tu nihil invita dices faciesve
Minerva.
1921. Invitat ad magna qui gratanter suscipit modica.
[Cassiodoro, Epistula 4 / Rezende 2862] Torna-se
merecedor dos grandes favores aquele que recebeu
agradecido os pequenos.
1922. Invitat culpam qui peccatum praeterit. [Publílio
Siro] Estimula a má ação quem deixa passar em silêncio
uma falta. ■ Perdoar ao mau é animá-lo a ser.
1923. Invitat stomachos esca parata bonos. [Pereira 114]
A comida preparada convida os bons estômagos. ■ O
bem guisado abre a vontade de comer.
1924. Invite data non sunt grata. [DAPR 316] Coisas
dadas contra a vontade não são agradáveis. ■ Amor
adquirido a pau nunca é bom, sempre é mau. VIDE:
● Beneficia imperata non habent gratiam.
● Beneficium invito non datur. ● Invito non datur
beneficium. ● Non quantum dederis, sed quanta
mente dedisti, pensandum est. ● Officium ne
collocaris in invitum. ● Omnis coacta res molesta est.
● Servitia coacta non habent meritum.
1925. Invitis bobus nunquam trahitur bene currus.
[Tosi 888] Quando os bois não querem, o carro nunca é
bem puxado. ■ Quando os bois não querem, empurram.
1926. Invitis canibus venari. [Erasmo, Adagia 1.7.65]
Levar à caça cães que não querem ir. ■ Fazer tudo às
pancadas. ■ Nadar contra a corrente. ● Invitis canibus
venari haud facile est. [DAPR 157] Levar à caça cães
que não querem ir não é fácil. VIDE: ● Invitos canes
venatum ducere. ● Stultitia est venatum ducere
invitas canes.
1927. Invitis canibus venator nil capit ullus. [Binder,
Thesaurus 1159] Se os cães não tiverem vontade,
nenhum caçador caça nada.
1928. Invitis et superis et inferis. Contra a vontade dos
deuses superiores e dos deuses infernais.
1929. Invito beneficium non datur. [Digesta 50.17.69]
Não se dá benefício a quem não quer receber. ● Invito
non datur beneficium. VIDE: ● Beneficia imperata non
habent gratiam. ● Beneficium invito non datur.
● Invite data non sunt grata. ● Officium ne collocaris
in invitum. ● Omnis coacta res molesta est. ● Servitia
coacta non habent meritum.
1930. Invito debitore. [Jur / Black 1008] Contra a vontade
do devedor.
1931. Invito domino. [Jur / Black 1008] Contra a vontade
do dono.
1932. Invitos boves plaustro inducere. [Erasmo, Adagia
1.7.66] Meter os bois na carroça à força. ■ Fazer tudo às
pancadas. ■ Remar contra a maré. ● Invitos boves
contra plaustro inducere. [Pereira 121]
1933. Invitos canes venatum ducere. Levar à caça cães
que não querem ir. VIDE: ● Invitis canibus venari.
1934. Invitum cum retineas, exire incitas. [Publílio Siro]
Reter alguém contra sua vontade é estimulá-lo a ir-se
embora.
1935. Invitum qui servat, idem facit occidenti. [Horácio,
Ars Poetica 466] Quem salva alguém contra sua
vontade faz o mesmo que quem o mata.
1936. Invitum sequitur honor. [Divisa] A glória segue
quem não a deseja. VIDE: ● Gloria fugientes magis
sequitur.
1937. Invitus agere vel accusare nemo cogitur. [Codex
Iustiniani 3.7.1] Ninguém é obrigado acionar ou acusar
contra a sua vontade.
1938. Invitus nemo, nemo coactus amat. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 21] Ninguém ama sem
querer, ninguém ama obrigado. VIDE: ● Facile perit
amicitia coacta.
1939. Invitus nemo rem cogitur defendere. [Digesta
9.4.33] Ninguém é obrigado a defender o seu direito
contra a vontade.
1940. Invitus procurationem suscipere nemo cogitur.
[Codex Iustiniani 2.12.17] Ninguém é obrigado a aceitar
uma procuração contra sua vontade.
1941. Invitus procurator non solet dari. [Digesta 3.3.8.1]
Ninguém pode ser constituído procurador contra a
vontade.
1942. Invocati comessatum ad amicos veniunt amici.
[Schottus, Adagia 346] Os amigos vão aos banquetes
dos amigos sem serem convidados. VIDE: ● Boni ad
bonorum convivia invocati accedunt. ● Bonorum
ultro ad convivia accedunt boni. ● Conviva amico
amicus ultro etiam venit. ● Convivae non vocati ad
amicos eunt. ● Mos miseri ultro convivia adire
bonorum. ● Non vocati amici amicorum mensam
accedunt. ● Sponte boni ad parium laeti convivia
tendunt. ● Sponte bonis mos est convivia adire
bonorum. ● Ultro adeunt hominis timidi convivia
fortes.
1943. Invocatis nullus est locus. [Binder, Thesaurus 1560]
Não há lugar para quem não foi convidado.
1944. Io, euhoe Bacche! Viva! Salve Baco!
1945. Ioannes est nomen eius. [Vulgata, Lucas 1.63] João
é seu nome. (=Divisa de Porto Rico).
1946. Iocandi causa. Por brincadeira.
1947. Iocari mihi non multum vacat. [S.Agostinho,
Sermones 17.2] Não posso cuidar de gracejos.
1948. Ioci causa. De brincadeira. Por gracejo.
1949. Ioci instar ovium, non instar canium mordere
debent. [DAPR 117] Os gracejos devem morder como
as ovelhas, não como os cães. ■ Das burlas vêm as
veras.
1950. Ioco remoto. Fora de brincadeira. A sério. ■ Falando
sério. VIDE: ● Amoto ludo. ● Extra iocum. ● Omissis
iocis. ● Remoto ioco.
1951. Ioco vir verum fert aliquando. Na brincadeira, às
vezes o homem diz a verdade. ■ Brincando, brincando,
vão-se dizendo as verdades. VIDE: ● Ludo sive ioco vir
verum fert aliquando.
1952. Iocos et dii amant. [Platão / Stevenson 1268] Até os
deuses gostam de divertimentos.
1953. Iocus dum optimus, cessandum. [DAPR 117]
Quando uma brincadeira está boa, é hora de parar.
■ Jogo fogoso, jogo perigoso.■ Burla com dano não
acaba o ano. ● Iocus cum optimus est, cessandum.
VIDE: ● Dum ludus bonus est, ipsum dimittere fas est.
● Ludus bonus non sit nimius. ● Nunquam sunt grati
qui nocuere sales.
1954. Iove propitio minutos deos flocci facio. Estando
Júpiter a meu favor, não dou importância a deuses
pequenos.
1955. Iovem nec pluvium, nec serenum, placere
omnibus. [Erasmo / Stevenson 1810] Júpiter nem
chovendo nem serenando agrada a todos. ■ Ninguém
pode agradar a todos. ■ Ninguém consegue agradar a
todo o mundo e a seu pai. VIDE: ● Ipse Iuppiter, neque
pluens omnibus placet, neque abstinens. ● Iuppiter
neque pluens neque abstinens omnibus placet. ● Ne
Iuppiter quidem omnibus placet. ● Neque Iuppiter
ipse, sive pluat, seu non, unicuique placet. ● Non
etenim cunctis placeat vel Iuppiter ipse, seu mittens
pluviam, seu cohibens pluviam.
1956. Iovi fulmen eripere. Tomar o raio a Júpiter. (=Fazer
coisa muito difícil). ■ Meter uma lança em África. VIDE:
● Clavam extorquere Herculi.
1957. Iovi omnia cura. [Dumaine 243] É de Júpiter todo
cuidado.
1958. Iovis omnia plena. [Virgílio, Eclogae 3.60] Tudo
está repleto de Júpiter. VIDE: ● Iuppiter est
quodcumque vides quocumque moveris.
1959. Ipsa deducit via, ut saepe puppes aestus invitas
rapit. [Sêneca, Hercules Furens 675] O próprio
caminho vos conduz, do mesmo modo que, muitas
vezes, as correntes arrastam os navios contra a vontade
deles.
1960. Ipsa dies quandoque parens, quandoque noverca.
[Hesíodo / Grynaeus 261] O mesmo dia uma hora é
mãe, outra hora é madrasta. ■ Nem todo dia há carne
gorda. ■ Os dias não são sempre os mesmos. ■ A seu
tempo se colhem as peras. ● Ipsa dies modo parens,
modo noverca. ● Ipsa dies quandoque parens,
quandoque noverca, nunc pluit, et claro nunc
Iuppiter aetheri fulget. [Suidas / Albertatius 654] O
mesmo dia ora é mãe, ora é madrasta: agora chove e
agora Júpiter relampeja no céu claro. VIDE: ● Dies
quandoque noverca, quandoque est parens. ● Dies
noverca et parens. ● Fluvius non semper fert secures.
● Non semper erit aestas. ● Saeva noverca dies nunc
est, nunc mater amica.
1961. Ipsa dissimulatione famae famam auxit. [Tácito,
Agricola 18] Pelo próprio desinteresse pela fama, ele
aumentou a sua fama.
1962. Ipsa furem cura vocat. [Ovídio, Amores 3.4.25] A
própria vigilância chama o ladrão. ■ O proibido aguça o
dente. VIDE: ● Furem signata sollicitant. ● Vile videtur
quidquid patet; aperta effractarius praeterit.
1963. Ipsa illos velocitas implicat. [Sêneca, Epistulae
Morales 44.7] A própria pressa os embaraça. ■ A pressa
mais atrasa do que adianta.
1964. Ipsa natura profundit adulescentiae cupiditates.
[Cícero, Pro Caelio 28] A própria natureza prodigaliza
as paixões à juventude.
1965. Ipsa olera olla legit. [Catulo, Carmina 94] É a
própria panela que está procurando os legumes.
1966. Ipsa peccandi voluntas peccatum est. A própria
vontade de pecar já é um pecado. ● A vontade faz o
pecado.
1967. Ipsa per se virtus amara atque aspera est.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 85] A virtude por si
mesma é amarga e áspera.
1968. Ipsa quidem virtus pretium sibi. [Claudiano,
Panegyricus Manlio Theodoro Consuli 1] ■ O prêmio da
virtude é ela mesma. ● Ipsa quidem virtus sibimet
pulcherrima merces. [Sílio Itálico, De Bello Punico 2]
A virtude é um belíssimo prêmio para si mesma. VIDE:
● Ipsa sui pretium virtus sibi. ● Ipsa virtus pretium
suum.
1969. Ipsa res hoc ostendet. [Grynaeus 226] O próprio
fato demonstrará isso. ● Ipsa res dicet tibi. [Plauto,
Epidicus 712]
1970. Ipsa scientia potestas est. O próprio conhecimento é
poder. ■ Quem tem o saber, tem o poder. VIDE: ● Nam et
ipsa scientia potestas est. ● Scientia est potentia.
● Scientia et potentia humana in idem coincidunt.
1971. Ipsa se felicitas, nisi temperatur, premit. [Sêneca,
Epistulae Morales 74.18] A própria felicidade, se não se
governa, sufoca.
1972. Ipsa se velocitas implicat. [Montaigne, Essais 3.10]
A própria pressa se embaraça. ■ A pressa mais atrasa
que adianta. ■ Quem corre cansa; quem anda alcança.
Ipsa illos velocitas implicat. [Sêneca, Epistulae
Morales 44.7] A própria pressa deles os embaraça. VIDE:
● Festinatio tarda est. ● Male cuncta ministrat
impetus.
1973. Ipsa senectus morbus est. [Terêncio, Phormio 4.19]
■ A velhice mesma é uma doença. VIDE: ● Senectus enim
insanabilis morbus est. ● Senectus est morbus.
● Senectus ipsa est morbus insanabilis. ● Senectus
ipsa est morbus. ● Senectus, morbus ingens.
● Senectus vera est aegritudo.
1974. Ipsa sibi imbecillitas indulget. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.18] A fraqueza é indulgente consigo
mesma.
1975. Ipsa sua melior fama. [Ovídio, Ex Ponto 1.2.141]
Ele é melhor que sua fama.
1976. Ipsa virtus pretium suum. ■ O prêmio da virtude é
ela mesma. ● Ipsa sui pretium virtus sibi. VIDE: ● Ipsa
quidem virtus pretium sibi. ● Ipsa quidem virtus
sibimet pulcherrima merces.
1977. Ipsae amicos res opimae pariunt, adversae
probant. A boa fortuna faz os amigos; a adversidade os
prova. ■ Vê-se na adversidade o que vale a amizade. ■ É
nos tempos maus que se conhecem os amigos bons. VIDE:
● Amicos res optimae pariunt; adversae probant.
● Amicos res optimae parant; adversae probant.
● Amicos secundae res optime parant, adversae
autem certissime probant.
1978. Ipsae etiam leges cupiunt, ut iure regantur.
[Dionísio Catão, Disticha 3.16] As próprias leis querem
que a justiça as governe.
1979. Ipsae res verba rapiunt. [Cícero, De Finibus 3.19]
As próprias coisas puxam as palavras.
1980. Ipsae voluptates eorum trepidae, et variis
terroribus inquietae sunt. [Sêneca, De Brevitate Vitae
16] Os próprios prazeres deles são desassossegados, e
perturbados por muitos terrores.
1981. Ipsae voluptates in tormenta vertuntur. [Sêneca,
Epistulae Morales 24.16] Os próprios prazeres se
transformam em sofrimentos. ■ O prazer está perto da
dor.
1982. Ipsam quoque ignorantiam suam ignorantes.
[S.Gregório Nazianzeno / Rezende 2875] Eles
desconhecem a própria ignorância.
1983. Ipsaque mors nihil. [Sêneca, Troades 397] A
própria morte não é nada. VIDE: ● Post mortem nihil.
● Post mortem nihil est, ipsaque mors nihil.
1984. Ipse alimenta sibi maxima praebet amor.
[Propércio, Elegiae 3.21.4] O próprio amor fornece
alimento a si mesmo.
1985. Ipse cuiusmodi sit, factis ipsis declarat. [Erasmo,
Chiliades 27] A própria pessoa, por suas próprias obras,
mostra como é. ■ Pela obra se conhece o obreiro.
1986. Ipse decor recte facti, si praemia desint, non
movet et gratis paenitet esse probum. [Ovídio, Ex
Ponto 2.3.13] A própria honra de uma ação justa, se fica
sem pagamento, não emociona e causa arrependimento
o ter sido honesto gratuitamente.
1987. Ipse dixit. Ipse autem erat Pythagoras. [Cícero, De
Natura Deorum 1.5.10] Ele mesmo disse. Ele, no caso,
era Pitágoras.
1988. Ipse dixit, et facta sunt. [Vulgata, Salmos 148.5]
Ele disse, e foram feitas as coisas.
1989. Ipse dixit, magister dixit. O próprio mestre disse.
(=Não há mais o que discutir). VIDE: ● Magister dixit.
1990. Ipse dolor vires animo dabat. [Ovídio,
Metamorphoses 12.373] A própria dor dava forças ao
coração.
1991. Ipse fecit cui prodest. Praticou o ato aquele a quem
o ato beneficia. VIDE: ● Is fecit cui prodest. ● Cui
prodest scelus, is fecit.
1992. Ipse invenit mali coagulum et fontem. [Apostólio
4.91] Ele mesmo procurou a a causa e fonte de sua
desventura. ■ Caiu no laço que armou. ■ Quem arma
trelas, cai nelas. VIDE: ● Ipse sibi mali fontem reperit.
1993. Ipse iubet mortis te meminisse deus. [Marcial,
Epigrammata 2.59.4] O próprio deus ordena que te
lembres da morte. ● Ipse iubet mortis nos meminisse
Deus. O próprio Deus ordena que nos lembremos da
morte.
1994. Ipse Iuppiter, neque pluens omnibus placet,
neque abstinens. [Schrevelius 1169] Nem o próprio
Júpiter agrada a todos, nem mandando chuva, nem se
abstendo. ■ Ninguém pode agradar a todos. VIDE:
● Iovem nec pluvium, nec serenum, placere omnibus.
● Iuppiter neque pluens neque abstinens omnibus
placet. ● Ne Iuppiter quidem omnibus placet. ● Neque
Iuppiter ipse, sive pluat, seu non, unicuique placet.
● Non etenim cunctis placeat vel Iuppiter ipse, seu
mittens pluviam, seu cohibens pluviam.
1995. Ipse licet Musis venias comitatus, Homere, si nihil
attuleris, ibis, Homere, foras. [Ovídio, Ars Amatoria
2.1.280] Ó Homero, ainda que venhas acompanhado das
Musas, se chegares de mãos vazias, Homero, irás para a
rua. VIDE: ● Si nihil attuleris, ibis, Homere, foras.
1996. Ipse mihi asciam in crus impegi. [Petrônio,
Satiricon 74.16] Eu mesmo enfiei a enxada em minha
perna. (=Eu sou o causador da minha desgraça).
1997. Ipse pedi respondens calceus esto. [Schottus,
Adagia 601] O sapato é que deve corresponder ao pé.
1998. Ipse se canit. [Schottus, Adagia 377] Ele mesmo se
elogia. ● Ipse semet canit. [Erasmo, Adagia 2.5.86]
● Ipse sese canit. [Apostólio 4.95] ● Ipse suimet tibicen
est. [Manúcio, Adagia 624] Ele é o corneteiro de si
mesmo. VIDE: ● Se ipsum praedicat.
1999. Ipse sibi mali fontem reperit. [Erasmo, Adagia
1.1.56] Ele mesmo procurou a fonte de seus males.
■ Caiu no laço que armou. ■ Quem arma trelas, cai
nelas. ● Ipse sibi malum cacat. [Eiselein 612] Ele
mesmo produz seus males. VIDE: ● Ipse invenit mali
coagulum et fontem.
2000. Ipse sibi perniciem accessivit. [Erasmo, Adagia
3.8.86] Ele procurou a própria perdição. ■ Ele se deitou
na lama.

I11: 2001-2200
2001. Ipse subibo umeris, nec me labor iste gravabit.
[Virgílio, Eneida 2.708] (Meu caro pai,) eu mesmo te
levarei aos ombros, e este fardo não me pesará.
2002. Ipse vulnerat et medetur. [Vulgata, Jó 5.18] Ele
mesmo nos fere e nos cura.
2003. Ipsi fontes iam sitiunt. [Cícero, Ad Quintum 3.1]
As próprias fontes já estão sedentas. ● Ipsi fontes
sitiunt.
2004. Ipsi non introistis, et eos qui introibant,
prohibuistis. [Vulgata, Lucas 11.52] Nem vós outros
entrastes, nem deixastes entrar os que vinham para
entrar.
2005. Ipsi principes illam osculantur qua sunt oppressi
manum. [Fedro, Fabulae 5.1.5] Os próprios príncipes
beijam a mão pela qual são oprimidos. ■ Beija o homem
a mão que quisera ver cortada. VIDE: ● Illam
osculantur, qua sunt oppressi, manum.
2006. Ipsi se compungunt suis acuminibus. [Cícero, De
Oratore 2.38.1] Eles se ferem com os próprios espinhos.
■ Quem arma a esparrela, muitas vezes cai nela.
2007. Ipsi testudines edite qui coepistis. [Erasmo, Adagia
1.1.87] Comei as tartarugas, vós mesmos que as
apanhastes. ■ Quem fez seu angu, que o coma.
■ Começado e não acabado vale por estragado.
2008. Ipsis litteris. Com as próprias letras. (=Literalmente.
Textualmente). ● Ipsis verbis. Com as próprias
palavras. VIDE: ● In verbis. ● In ipsis verbis.
● Litteratim et verbatim. ● Litteratim. ● Suis verbis.
● Verbatim. ● Verbatim et litteratim. ● Verbatim,
litteratim et punctatim.
2009. Ipsissima verba. As mesmíssimas palavras.
● Ipsissimis verbis. [Black 1009] Com as mesmíssimas
palavras.
2010. Ipsius est mare, et ipse fecit illud. [Vulgata, Salmos
94.5] Seu é o mar, e Ele mesmo o fez.
2011. Ipso articulo temporis. No mesmo momento. VIDE:
● In ipso articulo temporis.
2012. Ipso canistro cuncta rapuisti simul. [Schottus,
Adagia 36] Roubaste tudo junto com o próprio cesto.
2013. Ipso facto. Por esse mesmo fato. Por isso mesmo.
Em conseqüência.
2014. Ipso iure. [Jur] Pela própria lei. De acordo com a lei.
2015. Ipsos absentes inimicos laedere noli. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 58] Não faças mal nem
mesmo aos inimigos ausentes.
2016. Ipsum ostii limen tetigisti. [Erasmo, Adagia 3.3.21]
Tocaste a própria soleira da porta. ■ Acertaste em cheio.
● Ipsum ostii limen attigisti. [Schottus, Adagia 377]
● Ipsum ianuae limen pulsasti. [Albertatius 660]
Bateste na própria soleira da porta. VIDE: ● In ipsam
incidisti veritatem.
2017. Ipsum silentium tuum fatentis est. [Grynaeus 501]
O teu próprio silêncio é de quem reconhece a culpa.
■ Quem cala confessa. VIDE: ● Silentium fatentis est.
● Silentium videtur confessio. ● Taciturnitas
confessionem imitatur.
2018. Ira atque cupido sunt pessimi consultores. [Gaal
1799] A ira e a paixão são os piores conselheiros.
2019. Ira avida poenae est. [Sêneca, De Ira 1.5] A cólera
é ávida de vingança.
2020. Ira brevis insania. ■ A cólera é uma loucura
passageira. VIDE: ● Ira furor brevis est.
2021. Ira enses procudit. [Horácio, Carmina 4.15.19] A
ira produz as armas. VIDE: ● Dabit ira vires. ● Dat ira
vires.
2022. Ira est appetitus vindictae. Ira é o desejo de
vingança. VIDE: ● Appetitus vindictae.
2023. Ira est cupiditas ulciscendae iniuriae. [Sêneca, De
Ira 1.2.3] A ira é o desejo de vingar uma ofensa. VIDE:
● Iram esse cupiditatem doloris reponendi.
2024. Ira est plerumque initium insaniae. [Ênio / Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.44] A cólera é geralmente o
começo da loucura. VIDE: ● Ira initium insaniae.
2025. Ira et lacrimae. Ira e lágrimas.
2026. Ira et vini amor sunt omnibus perniciosa. A ira e o
amor ao vinho fazem mal a todos.
2027. Ira furor brevis est. [Horácio, Epistulae 1.2.62] ■ A
cólera é uma loucura passageira. VIDE: ● Ira brevis
insania.
2028. Ira furor brevis est involvens turbine mentem.
[Tosi 1750] A ira é uma breve loucura que envolve a
mente num turbilhão.
2029. Ira impendit, paucis gratuita est. [Sêneca, De Ira
3.5.4] A cólera tem preço; para poucos ela é gratuita.
2030. Ira impedit animi iudicium. [Binder, Thesaurus
1567] A cólera impede a mente de raciocinar.
2031. Ira initium insaniae. [DAPR 382] A cólera é o
começo da loucura. VIDE: ● Homo extra corpus est
suum, cum irascitur. ● Ira est plerumque initium
insaniae.
2032. Ira motus. [Black 1009] Movido pela ira.
2033. Ira non excusat delictum. [Jur] A cólera não
desculpa o crime.
2034. Ira odium generat, concordia nutrit amorem.
[Dionísio Catão, Disticha 1.36] A cólera gera o ódio, a
concórdia alimenta o amor.
2035. Ira omnibus in rebus repudianda est. [Cícero, De
Officiis 1.25] A cólera deve ser evitada em todas as
ocasiões.
2036. Ira omnium tardissime senescit. [Erasmo, Adagia
1.7.13] A ira é a última coisa a envelhecer. ■ Ódio velho
não cansa. ● Ira postremum senescit. [Apostólio
10.35] VIDE: ● Irae nulla senectus est, nisi mors. ● Irae
senectus nulla praeter quam emori.
2037. Ira perit subito quam gignit amicus amico. [Sweet
140] Desaparece logo a cólera que um amigo causa a
outro.
2038. Ira pietatem fugat, iramque pietas. [Sêneca,
Medea 943] A cólera expulsa o amor; o amor expulsa a
cólera.
2039. Ira procul absit, cum qua nihil recte fieri, nihil
considerate potest. [Cícero, De Officiis 1.136] Fora
com a cólera; com ela nada pode ser bem feito, nada
pode ser feito com reflexão.
2040. Ira quae tegitur, nocet. [Pereira 99] É o ódio oculto
que nos causa dano. ■ Cão que não ladra, guarda-te
dele. ■ Guarda-te do homem que não fala e do cão que
não ladra. ● Ira quae tegitur, nocet; professa perdunt
odia vindictae locum. [Sêneca, Medea 153] É a cólera
dissimulada que faz mal; o ódio declarado perde todo
meio de vingança.
2041. Ira tempore sanari potest, odium non potest. A
cólera pode curar-se com o tempo, o ódio não pode.
2042. Ira virtutis calcar. [Aristoteles / John Owen,
Epigrammata 2.99] A ira é o aguilhão da coragem.
2043. Iracunda mens facile effervescit in iras. [Lucrécio,
De Rerum Natura 3.296] O coração furioso facilmente
ferve em cólera.
2044. Iracundi hominis iracunda oratio est, commoti
nimis incitata. [Sêneca, Epistulae Morales 114.20] O
homem colérico fala de maneira irritada, o homem
abalado fala de maneira excitada.
2045. Iracundia leones adiuvat, pavor cervos,
accipitrem impetus, columbam fuga. [Sêneca, De Ira
2.16.1] A fúria serve aos leões, o medo aos cervos, a
agressividade ao gavião, a fuga à pomba.
2046. Iracundiae tristitia comes est. [Sêneca, De Ira 2.6]
A tristeza é companheira da cólera.
2047. Iracundiam moderare. [Quílon / Rezende 2886]
Modera tua cólera.
2048. Iracundiam qui vincit, hostem superat maximum.
[Publílio Siro] Quem vence a cólera, vence um inimigo
muito grande. ● Iracundiam qui vincit, hostem
superat maximum et validissimum. Quem domina a
cólera, supera um inimigo muito grande e muito
poderoso. VIDE: ● Iram qui vincit, hostem superat
maximum.
2049. Iracundiam rege. [Dionísio Catão, Monosticha 45]
Domina tua cólera.
2050. Iracundus cum irasci desierit, tunc irascitur sibi.
[Sócrates / Albertano da Brescia, De Amicitia Iracundi
Hominis] O homem irado, quando deixa a ira, zanga-se
consigo mesmo. VIDE: ● Iratus, cum ad se rediit, sibi
tum irascitur.
2051. Iracundus, etiamsi mortuum suscitet, nulli placet.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] O iracundo a ninguém
agrada, mesmo que ressuscite um morto.
2052. Irae dilatio, mentis pacatio. [Binder, Thesaurus
1569] Controle da cólera, pacificação da mente.
2053. Irae nulla senectus est, nisi mors. [Schottus,
Adagia 445] A ira não envelhece, só passa com a morte.
■ Ódio velho não cansa. ● Irae senectus nulla praeter
quam emori. [Schottus, Adagia 613] VIDE: ● Ira
omnium tardissime senescit. ● Ira postremum
senescit.
2054. Iram enim ulcus esse animi diuturnum, interdum
perpetuum, prudentes definiunt, nasci ex mentis
mollitia consuetum. [Amiano Marcelino, Historia
27.7.4] Os filósofos definem a ira como uma duradoura,
às vezes permanente, úlcera do espírito, geralmente
causada pela fraqueza da mente.
2055. Iram esse cupiditatem doloris reponendi.
[Aristóteles / Sêneca, De Ira 1.3.3] A ira é o desejo de
dar troco à dor recebida. VIDE: ● Ira est cupiditas
ulciscendae iniuriae.
2056. Iram prudentia vincit. [Divisa] A prudência vence
a ira.
2057. Iram qui vincit, hostem superat maximum.
[Publílio Siro] Quem domina sua cólera, supera um
inimigo muito grande. VIDE: ● Iracundiam qui vincit,
hostem superat maximum et validissimum.
● Iracundiam qui vincit, hostem superat maximum.
2058. Irascere ob rem gravem. [Dionísio Catão,
Monosticha 20] Irrita-te somente por motivo sério.
2059. Irasci hominis est, at iram non perficere,
Christiani. [S.Jerônimo / Bernardes, Luz e Calor 1.35]
Irar-se é do ser humano, mas não transformar sua ira em
ato é do cristão.
2060. Irascimini, et nolite peccare. [Vulgata, Salmos 4.5;
Efésios 4.26] Irai-vos, mas não pequeis.
2061. Iratum breviter vites, inimicum diu. [Publílio Siro]
Evitarás o homem zangado por um momento, o inimigo,
sempre.
2062. Iratum noli stimulare. Não provoques o homem
zangado. VIDE: ● Ignem igni ne addas. ■ Não ponhas
lenha na fogueira.
2063. Iratus, cum ad se rediit, sibi tum irascitur.
[Publílio Siro] O homem irado, quando cai em si,
zanga-se consigo mesmo. VIDE: ● Iracundus cum irasci
desierit, tunc irascitur sibi.
2064. Iratus, de re incerta contendere noli; impedit ira
animum ne possit cernere verum. [Dionísio Catão,
Disticha 2.4] Quando estiveres irado, não discutas sobre
questão duvidosa, pois a ira impede que a mente
perceba a verdade.
2065. Iratus etiam facinus consilium putat. [Publílio
Siro] O homem irado até o conselho considera como
ação hostil.
2066. Iratus nemini magis nocet quam sibi. O homem
irado a ninguém faz mais mal do que a si mesmo.
2067. Iratus nil nisi crimina loquitur. O homem irado só
diz vitupérios.
2068. Iratus potest non esse iracundus, iracundus potest
aliquando iratus non esse. [Sêneca, De Ira 1.4.1] O
homem irado pode não ser irascível; o homem irascível
às vezes pode não se irritar.
2069. Iratus vult eum, cui irascitur, vicissim angi et
dolorem sentire, sed qui odit, vult eum, quem odit,
exstingui et perire. O homem irado quer que aquele
contra quem se irou seja atormentado e sinta dor, mas
quem odeia quer que aquele a quem odeia seja destruído
e morra.
2070. Ire de fumo ad flammam. Ir da fumaça à chama.
■ Fugir da fumaça e cair no fogo. ■ Escapar do trovão e
dar no relâmpago. VIDE: ● De fumo ad flammam. ● De
fumo in flammam. ● Incidis in Scyllam cupiens vitare
Charybdim. ● Tendere de fumo ad flammam.
2071. Ire per extentum funem. [Grynaeus 743] Andar
numa corda estendida. ■ Andar na corda bamba.
2072. Ire per ignes et gladios ausim. [Ovídio,
Metamorphoses 9.76] Eu ousaria atravessar o fogo e as
espadas.
2073. Ire praecipitem in lutum per caputque pedesque.
[Catulo, Carmina 17.9] Enterrar-se no lodo dos pés à
cabeça.
2074. Iro pauperior. Mais pobre que Iro. (=Iro era um
homem muito pobre da ilha de Ítaca). VIDE: ● Croeso
ditior. ● Irus et est subito qui modo Croesus erat.
● Non distat Croesus ab Iro.
2075. Irreparabilium felix est oblivio rerum. [Gaal
1601] É uma felicidade o esquecimento das coisas
irreparáveis. ■ O esquecimento é o melhor remédio das
injúrias.
2076. Irretit muscas, transmittit aranea vespas. [Binder,
Medulla 813] A aranha apanha em sua teia as moscas,
mas deixa passar as vespas. VIDE: ● Aranearum telis
leges compares. ● Dat veniam corvis, vexat censura
columbas. ● Lex est araneae tela, quia, si in ea
inciderit quid debile, retinetur; grave autem
pertransit tela rescissa.
2077. Irridens miserum dubium sciat omne futurum.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 18] Quem ri do
infeliz saiba que todo futuro é incerto.
2078. Irrita verba ventus dissipat. [Pereira 116] Palavras
vãs, o vento as leva. ■ Palavras e plumas, o vento as
leva. ■ Palavras sem obras, cítara sem cordas.
2079. Irritare canem noli dormire volentem. [DAPR
531] Não provoques o cão que quer dormir. ■ Não
acordes o cão que dorme. ■ Quem acorda cão
dormindo, vende a paz e compra arruído. ● Irritare
canem noli dormire volentem, nec moveas iram post
tempora longa latentem. Não provoques o cão que
quer dormir, nem mexas na ira há muito tempo
escondida. VIDE: ● Malum bene conditum ne moveris.
● Temulentus dormiens non est excitandus.
2080. Irritabis crabrones. [Plauto, Amphitruo 707] Assim
provocarás as vespas. ■ Não acordes o cão que dorme.
■ Não mexas em casa de marimbondo. VIDE:
● Crabrones non sunt irritandi. ● Incitare crabrones.
● Noli irritare crabrones. ● Noli irritare leones.
● Octipedem excitare. ● Stimulare leones.
2081. Irritare est calamitatem, cum te felicem voces.
[Publílio Siro] Dizer-se feliz é provocar o azar.
2082. Irritus conatus. Um esforço inútil. Uma tentativa
inútil.
2083. Irritus est quidquid lege prohibente factum est.
[Jur] É nulo tudo que se faz quando a lei o proíbe.
2084. Irritus ingenti scopulo fluctus assultat. [Sêneca,
De Ira 3.25.3] O mar bate em vão no rochedo grande.
2085. Irus et est subito qui modo Croesus erat. [Ovídio,
Tristia 7.42] De repente é Iro quem há pouco era Creso.
(=Iro, mendigo de Ítaca; Creso, rei da Lídia,
extremamente rico). ■ Hoje rico e festejado, amanhã
pobre e desprezado. VIDE: ● Croeso ditior. ● Iro
pauperior. ● Non distat Croesus ab Iro.
2086. Is bonus est medicus sua qui sibi vulnera curat.
[Tosi 168] Bom médico é o que trata das próprias
feridas. VIDE: ● Medice, cura te ipsum. ● Medice, sana
te ipsum. ● Neque imitare malos medicos, qui alienis
morbis profitentur tenere se medicinae scientiam,
ipsi se curare non possunt.
2087. Is cadit ante senem qui sapit ante diem. [Rezende
2895] Quem amadurece antes do tempo morre antes de
chegar à velhice. ■ O que cedo amadurece, cedo
apodrece. VIDE: ● Citius pubescunt, citius senescunt.
● Cito maturum, cito putridum. ● Indicium
imminentis exitii nimia maturitas est. ● Odi puerulos
praecoci sapientia. Qui sapit ante pilos, non sapit ille
diu. Qui sapit ante pilos, non sapit ille diu. ● Quod
cito fit, cito perit.
2088. Is committit in legem qui legis verba complectens
contra legis nititur voluntatem. [Regulae Iuris
Bonifatii VIII] Comete falta contra a lei quem,
respeitando as palavras da lei, avança contra a vontade
da lei.
2089. Is damnum dat, qui iubet dare; eius vero nulla
culpa est, cui parere necesse est. [Digesta 50.17.169]
Causa o dano aquele que manda praticá-lo; nenhuma
culpa tem aquele que é obrigado a obedecer. VIDE: ● Eius
nulla culpa est, cui parere necesse sit.
2090. Is demum infortunatus est homo pauper, qui
educit in egestatem liberos. [Menandro / Aulo Gélio,
Noctes Atticae 2.23.21] É verdadeiramente infeliz o
homem pobre que põe no mundo filhos destinados à
pobreza.
2091. Is demum miser est, qui aerumnam suam nequit
occultare. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 2.23]
Verdadeiro infeliz é aquele que não pode esconder seu
sofrimento.
2092. Is est amicus qui in re dubia re iuvat, ubi re est
opus. [Plauto, Epidicus 117] Amigo é aquele que, na
dificuldade, quando há necessidade de atos, ajuda com
atos.
2093. Is est honos homini pudico meminisse officium
suum. [Plauto, Trinummus 696] Para o homem honesto
é uma honra lembrar-se de seu dever.
2094. Is fecit cui prodest. Praticou o ato aquele a quem o
ato beneficia. VIDE: ● Cui prodest scelus, is fecit. ● Ipse
fecit cui prodest.
2095. Is in culpa sit, qui faciat, non is qui patiatur
iniuriam. [Cícero, De Amicitia 21] Fique infamado o
que pratica a injustiça, não quem a sofre.
2096. Is maxime divitiis fruitur, qui minime divitiis
indiget. [Sêneca, Epistulae Morales 14.17] Mais goza
as riquezas quem delas nenhuma necessidade tem. ● Is
maxime opibus fruitur, qui opibus non indiget.
2097. Is mihi videtur amplissimus, qui sua virtute in
altiorem locum pervenit; non qui ascendit per
alterius incommodum et calamitatem. [Cícero, Pro
Roscio 83] Considero o mais ilustre aquele que atinge
posto mais alto por suas qualidades, não o que ascende
com prejuízo e sofrimento de outrem.
2098. Is minimo eget mortalis, qui minimum cupit.
[Publílio Siro] Tem menos necessidades o mortal que
menos ambiciona.
2099. Is non caret, qui non desiderat. ■ A quem nada
deseja nada falta. VIDE: ● Non caret is, qui non
desiderat.
2100. Is optime dicit cuius oratio congruit rebus. Fala
muito bem aquele cujo discurso corresponde às suas
ações.
2101. Is pater vero est, quem iustae nuptiae
demonstrant. É pai aquele que as núpcias legítimas
indicam. VIDE: ● Est pater ille quem iustae nuptiae
demonstrant. ● Pater is est quem nuptiae
demonstant. ● Pater is est, quem iustae nuptiae
demonstrent, nisi evidentibus argumentis
contrarium probatur.
2102. Is peccatum auget quem peccati non pudet.
Aumenta sua falta quem dela não se envergonha.
2103. Is plurimum habebit, qui minimum desiderabit.
[Apuleio, Apologia 20] Mais terá quem menos desejar.
■ Tem mais aquele que menos deseja.
2104. Is qui nullius non uxorem concupiscit et satis
iustam causam putat amandi quod aliena est, idem
uxorem suam aspici non vult. [Sêneca, De Ira 2.28.7]
Quem não vê a mulher de outrem sem a desejar, e
justifica o desejo com o fato de ser de outrem, esse não
admite que olhem para sua mulher.
2105. Is qui se excusat, se accusat. ■ Quem se escusa se
acusa. VIDE: ● Apud iudicem enim iustum et
misericordem, qui se accusat, excusat.
2106. Is qui tacet non fatetur, sed nec utique negare
videtur. [Bonifacius 8º, Regulae Iuris 44] Quem cala
não confessa, mas também se considera que negue.
■ Quem cala não diz nada. VIDE: ● Qui tacet non utique
fatetur, sed tamen verum est eum non negare.
2107. Is ridet qui cras flebit. [DAPR 800] Ri hoje aquele
que amanhã chorará. ■ Quem ri hoje, chora amanhã.
2108. Ista in me cudetur faba. [Terêncio, Eunuchus 381]
Esta fava será malhada em mim. ■ Sou eu que vou pagar
o pato. VIDE: ● Hanc fabam video in me cudi. ● In me
ista cudetur faba.
2109. Ista lex tam evidens est, ut expositione non
indigeat. [Codex Theodosiani 9.27.1] Esta lei é tão
evidente que não precisa de explicação.
2110. Ista tria semper mente habeas: quid fuisti? quid
es? quid eris? [S.Bernardo / Rezende 2902] Tem
sempre na memória estas três coisas: que foste? que és?
que serás?
2111. Iste meus stupor nil videt, nihil audit. [Catulo,
Carmina 20.21] Este meu estúpido nada vê, nada ouve.
2112. Iste mundus aut nos irridet, aut irridetur a nobis.
[S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta 1.57] Este
mundo, ou ele ri de nós, ou nós rimos dele.
2113. Iste sol erat. Este era o sol. (=Anagrama de
Aristóteles).
2114. Isti qui linguam avium intellegunt plusque ex
alieno iecore sapiunt quam ex suo magis audiendum
quam auscultandum censeo. [Pacúvio / Cícero, De
Divinatione 1.67] Esses homens que compreendem a
língua das aves e conhecem mais do coração alheio do
que do próprio, na minha opinião deve-se dar-lhes mais
ouvido do que crédito.
2115. Isto bono utare, dum adsit; cum absit, non
requiras. [Cícero, De Senectute 10] Usa deste bem,
enquanto ele existir; quando faltar, não reclames.
2116. Istud est sapere: non quod ante pedes modo est
videre, sed etiam illa quae futura sunt prospicere.
[Terêncio, Adelphi 386] Isto é que é ser inteligente: não
ver somente aquilo que está diante dos próprios pés,
mas prever aquelas coisas que ainda vão acontecer. VIDE:
● Sapere est illa quae futura sunt prospicere.
2117. Istud est sapere, qui ubicumque opus sit animum
possis flectere. [Terêncio, Hecyra 608] Isto é que é ser
sábio: poder dirigir o pensamento para onde seja
necessário.
2118. Istud incredibile est, etiam si dicat Cato. [Plutarco
/ Manúcio, Adagia 1100] Isso é inacreditável, mesmo
que o diga Catão. ■ Nem vendo acredito. VIDE: ● Etiam si
Cato dicat.
2119. It nigrum campis agmen. [Virgílio, Eneida 4.404]
O negro batalhão avança pelo campo.
2120. It quocumque libet nummis instructus et astu.
[Binder, Thesaurus 1576] Quem dispõe de dinheiro e de
astúcia, vai aonde quer. ■ Quem dinheiro tiver, fará o
que quiser.
2121. Ita ab immortale Deo constitutum est. Foi assim
decidido pelo Deus imortal.
2122. Ita amare oportere, ut si aliquando esset osurus.
[Cícero, De Amicitia 16.59] É preciso amar como se
algum dia se vá odiar. ● Ita amicum habeas, posse ut
facile fieri hunc inimicum putes. [Publílio Siro] Trata
teu amigo com o pensamento de que ele pode
facilmente tornar-se teu inimigo. VIDE: ● Ama tamquam
osurus, oderis tamquam amaturus. ● Amare oportet
tamquam osuros, et odisse tamquam amaturos.
● Amicum ita habeas posse ut fieri hunc inimicum
scias. ● Et ama tamquam inimicus futurus, et odi
tamquam amaturus. ● Ex inimico cogita posse fieri
amicum. ● Ita amare oportere, ut si aliquando esset
osurus. ● Ita amicum habeas, posse ut facile fieri
hunc inimicum putes. ● Sicut osurus adama, oderis
velut amaturus.
2123. Ita cessatio delicti radix est veniae, ut venia sit
paenitentiae fructus. [Tertuliano, De Pudicitia 10.14]
Assim a cessação do delito é a raiz do perdão, do
mesmo modo que o perdão é fruto do arrependimento.
VIDE: ● Delicti cessatio, radix est veniae.
2124. Ita crede amico, ne sit inimico locus. [Publílio
Siro] Confia no teu amigo de tal maneira que não haja
oportunidade para o inimigo.
2125. Ita diis est placitum, voluptatem ut maeror comes
consequatur. [Plauto, Amphitruo 635] Assim aprouve
aos deuses que a tristeza siga o prazer como
companheira. ■ Cada doçura custa uma amargura. VIDE:
● Extrema gaudii luctus occupat. ● Voluptatem
maeror sequitur. ● Voluptatem ut maeror comes
consequatur. ● Voluptatis comes maeror.
2126. Ita dis placuit. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.30]
Assim aprouve aos deuses.
2127. Ita est. Assim é. (=É verdade. Está conforme o
original. Sim). VIDE: ● Sic est. ● Utique.
2128. Ita est amor, balista ut iacitur: nihil sic celere est,
neque volat. [Plauto, Trinummus 667] O amor é como
se tivesse sido lançado por uma balista: nada é tão veloz
nem voa como ele.
2129. Ita est, fili. Tens razão, filho.
2130. Ita fabulantur, ut qui sciunt Dominum audire.
[Tertuliano, Apologeticus 39.6] Eles falam como quem
sabe que o Senhor ouve.
2131. Ita feri ut se mori sentiat. [Suetônio, Caligula 30]
Fere-o de tal maneira que ele sinta que está morrendo.
2132. Ita finitima sunt falsa veris, ut in praecipitem
locum non debeat se sapiens committere. [Cícero,
Academica 2.21] O falso é tão vizinho do verdadeiro,
que o sábio não deve aventurar-se num desfiladeiro tão
perigoso.
2133. Ita fit ut sapientia sanitas sit animi, insipientia
autem quasi insanitas quaedam. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 3.10] Acontece que a sabedoria é a saúde
do espírito, e a ignorância é uma espécie de doença.
2134. Ita fugias ne praeter casam. [Terêncio, Phormio
768] Foge sem perder de vista a tua casa. (=Cuida que,
ao fugires de um vício, não caias num maior).
2135. Ita impossibile est emissum verbum retrahere
sicut suscitare virginem post ruinam. [Boncompagno,
De Amicitia 34] É tão impossível trazer de volta a
palavra pronunciada quanto reerguer uma virgem depois
da queda.
2136. Ita ingenium meum est. [Grynaeus 389] Minha
natureza é esta.
2137. Ita iracundia obstitit oculis. [Plauto, Asinaria 450]
A ira afetou assim meus olhos.
2138. Ita iustitia sperat. Assim a justiça espera. VIDE: ● Ita
speratur iustitia.
2139. Ita lex dixit. Assim disse a lei.
2140. Ita lex scripta est. [Digesta 40.9.12.1] Assim está
escrita a lei. VIDE: ● Durum est, sed ita lex scripta est.
● Quod quidem perquam durum est, sed ita lex
scripta est.
2141. Ita me iuvet Deus. Que Deus me ajude. ● Ita me
Deus adiuvet! VIDE: ● Sic me iuvet Deus. ● Sic me Deus
adiuvet.
2142. Ita multae res id difficile inscio faciunt, quod
perito facillimum est. [Celso, De Medicina 2.10.16]
Assim muitas coisas tornam difícil para o inábil aquilo
que é muito fácil para o experimentado.
2143. Ita plerique ingenio sumus omnes: nostri nosmet
paenitet. [Terêncio, Phormio 172] Assim somos quase
todos: não estamos contentes com o que temos. ■ A
cabra da minha vizinha dá mais leite do que a minha.
2144. Ita populus, sic sacerdos. Como é o povo, assim é o
sacerdote. ● Ita populus, sicut sacerdos. VIDE: ● Sicut
populus, sic sacerdos. ● Ut populus, sic sacerdos.
2145. Ita reprehendit ut laudet. [Plínio Moço, Epistulae
3.12.2] Criticou-me de tal maneira, que me elogiou.
■ Há injúrias que louvam.
2146. Ita res se habet. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
22.39] É assim que a coisa está. ■ Essa é a verdade.
2147. Ita se res habet, ut plerumque cuius fortunam
mutaturus deus, consilia corrumpat. [Veleio
Patérculo, Historia Romana 2.118] Acontece geralmente
que Júpiter, para mudar a sorte de alguém, tira-lhe o
juízo. VIDE: ● Stultum facit Fortuna, quem vult
perdere. ● Quos deus perdere vult, dementat prius.
2148. Ita speratur iustitia. [Jur] Assim espera-se (que seja
feita) justiça. VIDE: ● Ita iustitia sperat.
2149. Ita te Deus adiuvet! Que Deus te ajude!
2150. Ita ut dicam. Por assim dizer.
2151. Ita ut hirundines aestivo tempore praesto sunt,
frigore pulsae recedunt, item falsi amici sereno vitae
tempore praesto sunt; simul atque hiemem fortunae
viderunt, devolant omnes. [RH 4.61] Do mesmo modo
que as andorinhas, quando chega o verão, logo
aparecem, também os falsos amigos estão presentes no
período feliz da nossa vida, mas, assim que percebem o
inverno da sorte, partem todos voando.
2152. Ita utere tuo ut alienum non laedas. [Jur / Black
1014] Usa tua propriedade (ou teu direito) de modo a
não prejudicar a outrem. VIDE: ● Sic utere tuo ut
alienum non laedas.
2153. Ita vero. Certamente.
2154. Ita vita est hominum quasi cum ludas tesseris.
[Terêncio, Adelphi 739] A vida dos homens é como um
jogo de dados.
2155. Ita vive, ut te vixisse ignoretur. [Schottus, Adagia
470] Vive de tal maneira que se ignore que viveste. ● Ita
vive, ut nemo vixisse te sciat. Vive de tal modo que
ninguém saiba que viveste.
2156. Ita vixi, ut non frustra me natum existimem.
[Cícero, De Senectute 84] Vivi de maneira que eu não
achasse que nasci inutilmente. VIDE: ● Neque me vixisse
paenitet, quoniam ita vixi ut me non frustra natum
existimem.
2157. Ita vos collegi, ut gallina pullos suos sub alas suas.
[Vulgata, 4Esdras 1.30] Eu vos reuni da mesma maneira
que a galinha reúne seus pintos sob suas asas.
2158. Italice. Em italiano. À italiana. Em caracteres
itálicos.
2159. Itane tu ista credis? [S.Agostinho, De Civitate Dei
3.4] Então tu acreditas nisto?
2160. Itaque non quid fiat, aut quid datur, refert, sed
qua mente: quia beneficium non in eo quod fit aut
datur, consistit, sed in ipso dantis aut facientis
animo. [Sêneca, De Beneficiis 1.6.1] Por isso, não
importa o que se faz ou o que se dá, mas com que
intenção, pois o benefício não consiste no que se faz ou
se dá, mas no próprio sentimento de quem dá ou faz.
VIDE: ● Non quantum dederis, sed quanta mente
dedisti, pensandum est. ● Non quid detur refert, sed
qua mente.
2161. Ite bonis avibus! [Ovídio, Metamorphoses 15.640]
Ide com bons auspícios. VIDE: ● Ito bonis avibus!
2162. Ite domum saturae, venit Hesperus, ite capellae.
[Virgílio, Eclogae 10.77] Ide para casa, que estais
alimentadas, já vem a estrela vespertina, ide, minhas
cabrinhas.
2163. Ite et videte. Ide e vede. VIDE: ● Venite et videte.
● Venite et videte opera Domini.
2164. Ite et vos in vineam meam. [Vulgata, Mateus 20.7]
Ide vós também para a minha vinha.
2165. Ite in pace. [Vulgata, Atos 16.36] Ide em paz.
2166. Ite, ite, inertes. [Sêneca, Troades 192] Ide, parti,
homens moles.
2167. Ite, leves menses, alisque fugacibus anni. Ide, leves
meses e anos com asas fugazes.
2168. Ite, missa est. [Palavras finais da missa] Ide, a missa
está terminada.
2169. Ite potius ad vendentes. [Vulgata, Mateus 25.9] Ide
antes aos vendedores.
2170. Ite procul; sacer est locus; ite profani. [Calpúrnio
Sículo, Eclogae 2.55] Afastai-vos; este lugar é sagrado;
fora, profanos.
2171. Ite, profanae! [Juvenal, Satirae 2.89] Fora daqui,
profanas!
2172. Ite, si itis. [Plauto, Poenulus 1236] Se ides, ide logo.
2173. Iter ad mortem durius quam ipsa mors. [Erasmo,
Colloquia Familiaria, Funus] O caminho para a morte é
mais cruel que a própria morte. VIDE: ● Mors quidem
mala non est, sed iter ad mortem miserum.
2174. Iter angustum rixas transeuntium concitat,
diffusa et late patens via ne populos quiddem collidit.
[Sêneca, De Ira 3.24.3] Uma passagem estreita provoca
lutas entre os transeuntes, mas num caminho espaçoso e
largamente aberto nem populações inteiras se chocam.
2175. Iter criminis. [Jur] O caminho do crime. (=As fases
do ato criminoso).
2176. Iter declive senectae. [Ovídio, Metamorphoses
15.227] O caminho em declive da velhice.
2177. Iter est, quacumque dat prior vestigium. [Publílio
Siro] Onde quer que alguém antes deixa suas pegadas,
aí é um caminho.
2178. Iter para tutum. [Da oração católica Ave Maris
Stella] Prepara um caminho seguro.
2179. Iter pigrorum quasi sepes spinarum. [Vulgata,
Provérbios 15.19] O caminho dos preguiçosos é como
uma cerca de espinhos.
2180. Iteranti culpam venia dari non solet. [Manúcio,
Adagia 194; Medina 583] A quem repete o erro não se
costuma perdoar. ■ Ao que erra, perdoa-lhe uma vez,
mas não três. VIDE: ● Citharoedus ridetur, chorda qui
semper oberrat eadem. ● Venia primum experienti.
2181. Iteratae preces tandem exaudiuntur. [Branco 300]
Rogos repetidos acabam sendo atendidos.
2182. Iterum et amplius. Duas vezes e mais. Mais de duas
vezes.
2183. Iterum eumdem ad lapidem offendere. [Erasmo,
Adagia 1.5.8] Tropeçar de novo na mesma pedra.
Tropeçar novamente na mesma pedra. ● Iterum ad
eumdem turpe lapidem impingere. [Manúcio, Adagia
194] É vergonhoso tropeçar duas vezes na mesma
pedra. ■ Só o tolo cai duas vezes no mesmo buraco. VIDE:
● Bis ad eumdem lapidem offendere culpa est. ● Bis
ad eumdem impingere lapidem turpe. ● Bis ad
eumdem. ● Culpa est bis ad eumdem lapidem
offendere. ● Non bis ad eumdem lapidem offendere.
● Sapientis haud est bis in eodem lapide labi. ● Tua
culpa ad eumdem lapidem bis offenderes. ● Turpe est
eumdem bis ad lapidem impingere. ● Turpe est idem
saxum ferire saepius.
2184. Iterum iam ad unum saxum me fluctus ferunt.
[Plauto, Mostellaria 668] As ondas me atiram mais uma
vez contra a mesma pedra.
2185. Iterum iterumque. [Floro, Epitoma 1.23] De novo e
de novo. Repetidamente. Freqüentemente.
2186. Iterum rudit leo. [Divisa de Grabrielle d’Annunzio]
O leão volta a rugir.
2187. Ito bonis avibus! Vai com bons augúrios! ■ Que a
boa sorte te acompanhe! ■ Vai com Deus! VIDE: ● Ite
bonis avibus!
2188. Ito in malam rem. [Apostólio 5.41] Vai para a má
sórte. ■ Vai para o inferno! VIDE: ● Abi in malam rem.
● Aufer te in malam rem. ● I in malam rem!
2189. Ito malis avibus! Vai com maus augúrios! ■ Má
hora vá contigo! ■ Diabos te levem! VIDE: ● Vade malis
avibus.
2190. Iubeas, si sapias, porculum afferri tibi. [Plauto,
Menaechmi 314] Se fores sabido, darás ordem de te ser
trazido um porquinho. (=O porco era sacrificado aos
deuses no caso de loucura). ■ Não estás batendo bem.
2191. Iubente Deo. [Vulgata, 1Esdras 6.14] Por ordem de
Deus.
2192. Iubet igitur nos Pythius Apollo noscere nosmet
ipsos. [Cícero, De Finibus 5.44] Apolo Pítio ordena que
nos conheçamos a nós mesmos. (=Pytho. Antigo nome
da cidade de Delfos, na Grécia, em cujo templo de
Apolo estava gravada, em grego, a frase “Conhece-te a
ti mesmo”). VIDE: ● Nosce teipsum. ● Scito teipsum.
● Te nosce.
2193. Iubilate Deo, omnis terra. [Vulgata, Salmos 97.4]
Alegrai-vos com Deus, ó toda a terra.
2194. Iucunda est malorum praeteritorum memoria. É
agradável a recordação dos males passados. ■ O duro de
passar é doce de lembrar. ■ Os trabalhos passados
consolam. ● Iucunda memoria est praeteritorum
malorum. [Cícero, De Finibus 2.32] ● Iucunda et
suavis est praeteritorum malorum memoria. É
agradável e doce a lembrança dos males passados.
● Iucunda praeteritorum malorum recordatio.
[Branco 872] VIDE: ● Dulcis malorum praeteritorum
memoria.
2195. Iucunda macula est ex inimici sanguine. [Publílio
Siro] É agradável a mancha do sangue do inimigo.
2196. Iucunda poma, si procul custodia. [Apostólio 6.36]
Gostosas são as frutas, se o vigia está longe. ■ Não há
melhor bocado que o furtado. VIDE: ● Absente custode,
dulce pomum est. ● Custos ubi deest, dulce pomum
est scilicet. ● Dulce pomum, cum abest custos.
● Dulcia poma custode absente. ● Dulcia poma sunt,
absente custode.
2197. Iucunda post venationem mensa plena. [Binder,
Thesaurus 1592] Depois da caça, mesa cheia dá alegria.
2198. Iucunda vicissitudo rerum. [Erasmo, Adagia
1.7.64] É agradável a variedade das coisas. ■ A
variedade deleita. ■ Tudo enfada, só a variedade
recreia. ● Iucunda rerum omnium vicissitudo.
[Manúcio, Adagia 313] VIDE: ● Iucundum nihil est nisi
quod reficit varietas. ● Nihil iucundum, nisi quod
commendat varietas. ● Voluptates commendat rarior
usus.
2199. Iucundi acti labores. [Cícero, De Finibus 2.105.7]
Os sofrimentos passados são agradáveis. ■ Doce é o
tormento que traz contentamento. VIDE: ● Acti labores
iucundi sunt. ● Dulcis malorum praeteritorum
memoria. ● Meminisse dulce est quod fuit durum
pati. ● Memoria dulcis iam peracti olim mali.
● Memoria dulcis iam peracti incommodi. ● Quae
durum fuit pati, meminisse dulce est. ● Quae fuit
durum pati, meminisse dulce est. ● Quod durum fuit
pati, meminisse dulce est. ● Suavis laborum est
praeteritorum memoria. ● Suavis laborum post
salutem memoria est.
2200. Iucundissima est aetas devexa iam. [Sêneca,
Epistulae Morales 12.5] A vida é muito agradável,
quando já se está na descida.

I12: 2201-2400
2201. Iucundissima navigatio iuxta terram, ambulatio
iuxta mare. [Plutarco / Erasmo, Adagia 1.2.91] É muito
agradável navegar perto da terra e caminhar a beira-mar.
VIDE: ● Iuxta terram navigatio, iuxta mare ambulatio
gratior.
2202. Iucunditas victus est in desiderio, non in satietate.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 5.99] O prazer da
comida está no desejo, não na saciedade.
2203. Iucundius esse amicum facere quam habere.
[Sêneca, Epistulae Morales 9.7] Dá mais prazer fazer o
amigo do que tê-lo.
2204. Iucundum est narrare sua mala. Dá prazer contar
os próprios sofrimentos.
2205. Iucundum nihil est nisi quod reficit varietas.
[Publílio Siro] Só é verdadeiramente agradável aquilo
que a variedade renova. ■ Tudo enfada, só a variedade
recreia. VIDE: ● Iucunda vicissitudo rerum. ● Iucunda
rerum omnium vicissitudo. ● Nihil iucundum, nisi
quod commendat varietas. ● Voluptates commendat
rarior usus.
2206. Iucundum nil agere. Ficar sem fazer nada é
gostoso. ● Iucundum tamen nihil agere. [Plínio Moço,
Epistulae 8.9.1] Mas é gostoso não cuidar de nada.
2207. Iucundum tamen, si prohibere publice videas
quod nunquam tibi ipse permiseris. [Plínio Moço,
Epistulae 5.13.9] É agradável veres proibido por lei
aquilo que nunca permitiste a ti.
2208. Iudae osculum. [Binder, Thesaurus 1594] O beijo
de Judas.
2209. Iudex a quo. [Jur / Black 1022] Juiz ou tribunal de
cuja decisão se recorre.
2210. Iudex ad quem. [Jur / Black 1022] Juiz ou tribunal
superior a que se recorre.
2211. Iudex aequitatem semper spectare debet. [Jur /
Black 1022] O juiz deve sempre olhar a eqüidade.
2212. Iudex ante oculos aequitatem semper habere
debet. [Jur / Black 1022] O juiz deve ter sempre diante
de seus olhos a eqüidade.
2213. Iudex bonus est pice nunc rarior alba. [Scaliger,
Epidorpides 324] Em nossos tempos, um bom juiz é
mais raro do que piche branco.
2214. Iudex bonus nihil ex arbitrio suo faciat, nec
proposito domesticae voluntatis, sed iuxta leges et
iura pronunciet. [Jur / Black 1033] O bom juiz não
deve fazer nada por seu arbítrio, nem por decisão de sua
inclinação pessoal, mas deve pronunciar-se de acordo
com as leis e a justiça.
2215. Iudex competens. [Jur] O juiz competente.
2216. Iudex damnatur, cum nocens absolvitur. [Publílio
Siro] O juiz se condena, quando o criminoso é
absolvido. ● Iudex damnatur ubi nocens absolvitur.
2217. Iudex debet iudicare secundum allegata et
probata. [Jur / Black 1023] O juiz deve decidir de
acordo com as alegações e as provas.
2218. Iudex es, ne iam amicum, aut inimicum, sed
iudicem agas. [Manúcio, Adagia 601] Tu és juiz, já não
agirás como amigo ou como inimigo, mas como juiz.
2219. Iudex est lex loquens. [Jur / Coke / Black 1023] O
juiz é a lei falando. O juiz é a voz da lei.
2220. Iudex est peritus peritorum. [Jur] O juiz é o perito
dos peritos.
2221. Iudex extra territorium est privatus. [Jur] O juiz,
for de sua jurisdição, é um particular.
2222. Iudex honestum praetulit utili, reiecit alto dona
nocentium vultu. [Horácio, Carmina 4.9.41] O juiz
preferiu o digno ao vantajoso, recusou, com rosto altivo,
as dádivas dos culpados.
2223. Iudex idoneus. O juiz idôneo.
2224. Iudex ille sapit qui tarde censet et audit. [Pereira
122] É sábio o juiz que avalia e ouve sem pressa. ■ Se
queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz. ■ O bom
juiz ouve o que cada um diz.
2225. Iudex in causa propria nemo esse potest. [Mota
139] ■ Ninguém pode ser juiz em causa própria. VIDE:
● Aliquis non debet esse iudex in propria causa, quia
non potest esse iudex et pars. ● In propria causa
nemo iudex. ● Iniquum est aliquem rei suae esse
iudicem. ● Iniquum est aliquem suae rei iudicem
fieri. ● Ne quis in sua causa iudicet. ● Nemo esse iudex
in sua causa potest. ● Nemo iudex in sua causa.
● Nullus in sua causa iudex sit.
2226. Iudex inhabilis. O juiz impedido.
2227. Iudex is est qui videatur legi obtemperare, qui
sententiam eius non qui scripturam sequatur. [Jur]
Considera-se juiz aquele que obedece à lei, seguindo
seu espírito, não sua letra.
2228. Iudex lentus et consideratus sit. [Jur] Que o juiz
seja calmo e ponderado.
2229. Iudex nemo potest esse in propria causa. [Binder,
Thesaurus 1596] ■ Ninguém pode ser juiz em causa
própria. VIDE: ● Iudex in causa propria nemo esse
potest.
2230. Iudex non debet lege clementior esse. [Jur] O juiz
não deve ser mais clemente do que a lei.
2231. Iudex non potest esse testis in propria causa. [Jur /
Black 1023] Um juiz não pode ser testemunha em causa
própria.
2232. Iudex non potest iniuriam sibi datam punire. [Jur
/ Black 1023] Um juiz não pode punir uma injustiça
feita contra ele.
2233. Iudex non reddit plus quam quod petens ipse
requirit. [Jur / Black 1023] Um juiz não concede mais
do que o requerente pede.
2234. Iudex non solum quid possit, sed etiam quid
deceat, ponderare debet. O juiz deve considerar não só
o que pode, mas também o que convém.
2235. Iudex qui male iudicavit litem suam facit. O juiz
que julgou mal torna sua a lide.
2236. Iudex secundum allegata et probata partium, non
autem secundum propriam conscientiam, iudicare
debet. [Jur] O juiz deve julgar conforme as alegações e
as provas das partes, não segundo sua consciência. VIDE:
● Exemplis non est iudicandum, sed legibus.
● Iudicandum est legibus, non exemplis. ● Iudicis est
iudicare secundum allegata et probata. ● Legibus,
non exemplis, est iudicandum. ● Non exemplis, sed
legibus est iudicandum. ● Secundum allegata et
probata iudex iudicare debet.
2237. Iudex suspectus. Um juiz suspeito.
2238. Iudex ultra petita condemnare non potest.
[Edward Coke] O juiz não pode condenar além do que é
pedido.
2239. Iudicandum est legibus, non exemplis. [Jur / Coke
/ Black 1030] ] Deve-se julgar pelas leis, não pelos
precedentes. VIDE: ● Exemplis non est iudicandum, sed
legibus. ● Iudex secundum allegata et probata
partium, non autem secundum propriam
conscientiam, iudicare debet. ● Iudicis est iudicare
secundum allegata et probata. ● Legibus, non
exemplis, est iudicandum. ● Non exemplis, sed
legibus est iudicandum. ● Secundum allegata et
probata iudex iudicare debet.
2240. Iudicantem oportet cuncta rimari. [Codex
Theodosiani 2.18.1; Bernardes, Nova Floresta 3.323] O
julgador deve examinar tudo.
2241. Iudicare munus publicum est. [Digesta 5.1.78]
Julgar é função pública.
2242. Iudicata res pro veritate accipitur. [Jur] A coisa
julgada é aceita como verdade. VIDE: ● Res iudicata pro
veritate accipitur. ● Res iudicata pro veritate
habetur. ● Sententia, quae in rem iudicatam transit,
pro veritate habetur.
2243. Iudicatum est et bene iudicatum. Está julgado e
bem julgado.
2244. Iudicatum solve. Paga o que foi julgado.
2245. Iudice Fortuna cadat alea. [Petrônio, Satiricon 122]
O dado cai de acordo com a decisão da deusa Fortuna.
2246. Iudice me. Sendo eu juiz. Na minha opinião. VIDE:
● Me iudice. ● Mea sententia. ● Meo animo. ● Meo
arbitratu. ● Meo iudicio. ● Quantum arbitror. ● Sicut
arbitror. ● Ut arbitror.
2247. Iudices iis, quos libentius audiunt, etiam facilius
credant. [Quintiliano, Institutio Oratoria 4.1.13] Os
juízes acreditam com mais facilidade naqueles que eles
ouvem com mais prazer.
2248. Iudices sententiae suae rationes adducant. [Jur]
Os juízes devem aduzir os fundamentos de sua sentença.
2249. Iudicia posteriora sunt in lege fortiora. [Jur / Coke
/ Black 1031] Na lei, as decisões posteriores têm mais
força.
2250. Iudicia sunt tamquam iuris dicta, et pro veritate
accipiuntur. [Jur / Black 1031] Os julgamentos são
como pronunciamentos da lei, e consideram-se como
verdade.
2251. Iudicibus lites, aurigae somnia currus. [Claudiano,
Panegyricus 6.5] Os juízes sonham com as lides
forenses; os cocheiros, com carros. ■ D e noite sonha no
que de dia anda cuidando. VIDE: ● Et canis in somnis
leporis vestigia latrat.
2252. Iudiciis posterioribus fides est adhibenda. [Jur /
Coke / Black 1034] Deve-se dar crédito aos julgamentos
mais recentes.
2253. Iudicio formae noxque merumque nocent.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.246] Tanto a noite como o
vinho prejudicam o julgamento da beleza.
2254. Iudicio meo. Na minha opinião.
2255. Iudicis est in pronuntiando sequi regulam,
exceptione non probata. [Jur / Black 1034] Quando a
exceção não é comprovada, cabe ao juiz, em sua
decisão, seguir a regra.
2256. Iudicis est iudicare secundum allegata et probata.
[Jur / Black 1034] Cabe ao juiz julgar conforme os fatos
alegados e provados. VIDE: ● Iudex secundum allegata
et probata partium, non autem secundum propriam
conscientiam, iudicare debet. ● Secundum allegata et
probata iudex iudicare debet.
2257. Iudicis est ius dicere, non dare. [Jur / Black 1034;
Maloux 300] Cabe ao juiz expor a lei e não criá-la. VIDE:
● Meminisse debent iudices esse muneris suis ius
dicere, non autem ius dare, leges interpretari, non
condere.
2258. Iudicis est semper in causis verum sequi, patroni
nonnunquam verisimile, etiam si minus sit verum,
defendere. [Cícero, De Officiis 2.14.51] Nas causas, é
dever do juiz sempre perseguir a verdade; ao advogado
cabe, às vezes, defender o verossímil, mesmo que seja
menos verdadeiro. VIDE: ● Iudicis semper est verum
sequi.
2259. Iudicis officium est opus diei in die suo perficere.
[Jur / Black 1034] É dever do juiz completar o trabalho
de cada dia dentro desse dia.
2260. Iudicis officium est, ut res, ita tempora rerum
quaerere. [Ovídio, Tristia 1.1.37] O dever do juiz é
examinar tanto os fatos como as circunstâncias dos
mesmos.
2261. Iudicis potestas. [Jur] O poder do juiz.
2262. Iudicis sententiam oportet sequi clementiam. [Jur]
É preciso que a sentença do juiz siga a clemência.
2263. Iudicium a non suo iudice datum nullius est
momenti. [Jur / Coke / Black 1034] O julgamento dado
por quem não é o juiz competente não tem força. VIDE:
● Coram non iudice. ● Factum a iudice quod ad
officium eius non pertinet ratum non est.
2264. Iudicium accusationis. Juízo de acusação.
2265. Iudicium contentiosum. [Jur] Juízo contencioso.
2266. Iudicium criminale. [Jur] Juízo criminal.
2267. Iudicium Dei. O julgamento de Deus.
2268. Iudicium differ, partes dum audiveris ambas.
[Schottus, Adagia 585] Adia teu julgamento, enquanto
ouves ambas as partes. ■ Se queres ser bom juiz, ouve o
que cada um diz. VIDE: ● Audi alteram partem. ● Audi
et alteram partem. ● Audi partem alteram.
● Audiatur et altera pars. ● Et altera pars audiatur.
● Iudicium ne fer si non sunt ambo locuti. ● Ne iudex
fueris, partes ni audiveris ambas. ● Ne rem defini,
nisi partem audieris utramque. ● Solius affatus est
sermo dimidiatus, sed cum auditur reliquus, tunc res
aperitur.
2269. Iudicium durissimum his qui praesunt fiet.
[Vulgata, Sabedoria 6.6] Far-se-á um julgamento
implacável contra os que comandam.
2270. Iudicium enim hoc est optandum et rectum, ubi
per varia negotiorum examina, iustum distinguetur.
[Amiano Marcelino, Historia 22.10.3] O julgamento
desejável e correto é aquele em que, usando-se variados
exames das circunstâncias, se reconhece o que é justo.
2271. Iudicium est certorum, arbitrium incertorum.
[Jur] O julgamento é das coisas certas, o arbitramento é
das coisas incertas.
2272. Iudicium extremum. O juízo final. VIDE: ● Iudicium
ultimum. ● Ultimum iudicium Dei.
2273. Iudicium hoc omnium mortalium est: fortunam a
deo petendam, a se ipso sumendam esse sapientiam.
[Cícero, De Natura Deorum 3.88] Eis a opinião de todos
os mortais: a sorte deve-se pedir aos deuses, a sabedoria
cada um deve buscar por si mesmo. VIDE: ● Fortunam a
deo petendam, a se ipso sumendam esse sapientiam.
2274. Iudicium hodie definitur legitimae causae
disceptatio et decisio a iudice competente facta. [Jur]
Hoje define-se o julgamento como a discussão e decisão
de uma causa legítima feita por um juiz competente.
2275. Iudicium melius posteritatis erit. O julgamento da
posteridade será melhor.
2276. Iudicium multorum melius est quam unius. O
julgamento de multos é melhor do que o de um só.
2277. Iudicium ne fer si non sunt ambo locuti. [Tosi
1126] Não emitas julgamento, se não falaram ambas as
partes. ■ Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz.
VIDE: ● Audi alteram partem. ● Audi et alteram
partem. ● Audi partem alteram. ● Audiatur et altera
pars. ● Et altera pars audiatur. ● Iudicium differ,
partes dum audiveris ambas. ● Ne iudex fueris,
partes ni audiveris ambas. ● Ne rem defini, nisi
partem audieris utramque. ● Solius affatus est sermo
dimidiatus, sed cum auditur reliquus, tunc res
aperitur.
2278. Iudicium nihil est nisi publica merces. [Petrônio,
Satiricon 14.2] Um julgamento não passa de um castigo
público.
2279. Iudicium non debet esse illusorium: suum
effectum habere debet. [Jur / Black 1034] O
julgamento não deve ser ilusório: ele deve ter seu efeito.
2280. Iudicium non ex pulchritudine, sed ex moribus
facias. Não julgues pela beleza, mas pelo caráter.
2281. Iudicium populi. [Jur] O julgamento feito pelo povo
em comício.
2282. Iudicium praeceps, insani iudicis index.
[M.Verrinus / Grynaeus 432] Sentença apressada é sinal
de juiz de pouco senso. ■ Julgamento apressado, juiz
aloucado. VIDE: ● A temerario iudice praeceps
sententia.
2283. Iudicium pro veritate accipitur. [Jur] A sentença é
aceita como uma verdade.
2284. Iudicium ultimum. O juízo final. VIDE: ● Iudicium
extremum. ● Ultimum iudicium Dei.
2285. Iugulare mortuos. [Erasmo, Adagia 1.2.54] Degolar
mortos. ■ Chutar cachorro morto. VIDE: ● Mortuum
flagellas.
2286. Iugum meum suave est, et onus meum leve.
[Vulgata, Mateus 11.30] Meu domínio é suave, e o meu
peso é leve.
2287. Iumenta expediet sua, dum mentitur agaso.
[Pereira 121] Mentindo, o almocreve desembaraçará
seus burros. ■ Recoveiro que leva carga, com mentir a
desembarga.
2288. Iuncta iuvant. Coisas unidas são úteis. ■ União é
força. VIDE: ● Multa iuvant collecta simul. ● Quae non
prosunt singula, multa iuvant. ● Quae non valeant
singula, iuncta iuvant. ● Singula quae non prosunt,
multa collecta iuvant.
2289. Iunctas fortius ire preces. [Petrônio, Satiricon,
Fragmento 33] Preces coletivas sobem com mais força.
2290. Iuncti progrediamur. [Divisa] Avancemos juntos.
2291. Iunctis viribus. Com forças reunidas.
2292. Iungere vulpes ad aratrum. [Albertatius 670]
Atrelar raposas ao arado. (=Fazer coisa absurda).
● Iungat vulpes et mulgeat hircos. [Virgílio, Eclogae
3.91] Que ele atrele raposas e ordenhe bodes. VIDE:
● Mulgere hircum.
2293. Iungitur cum tritico lolium. [Schrevelius 1183] O
joio se junta com o trigo. ■ Não há trigo sem joio.
2294. Iunior fui, etenim senui, et non vidi iustum
derelictum, nec semen eius quaerens panem.
[Vulgata, Salmos 36.25] Fui jovem e já sou velho, e
nunca vi o justo desamparado, nem a sua descendência
mendigando pão.
2295. Iuniores ad labores. Os jovens (devem ir) para o
trabalho. ● Iuniores ad labores, seniores ad honores.
Os jovens, para o trabalho; os mais velhos, para as
honrarias.
2296. Iuppiter aliquando pluit, aliquando serenus est.
[Pereira 114] Júpiter às vezes chove, às vezes está
sereno. ■ Não há bem que sempre dure, nem mal que
nunca acabe. ■ Nem sempre o diabo está detrás da
porta. ■ Um dia é da caça, outro é do caçador. VIDE:
● Nunc clarus splendet, nunc Iuppiter imbre
nigrescit. ● Nunc pluit, nunc claro. ● Nunc pluit, et
claro nunc Iuppiter aethere fulgit.
2297. Iuppiter est quodcumque vides quocumque
moveris. [Lucano / Dante, Epistola a Cangrande della
Scala 22] É Júpiter tudo que vês, para onde quer que te
voltes. VIDE: ● Iovis omnia plena.
2298. Iuppiter ex alto periuria ridet amantum, [Ovídio,
Ars Amatoria 1.633] Lá do alto Júpiter ri dos falsos
juramentos dos namorados. ■ Juramento de quem ama
mulher não é para crer. VIDE: ● Periuria ridet
amantum Iuppiter et ventos irrita ferre iubet.
2299. Iuppiter in caelis, Caesar regit omnia terris.
[Sweet 67] Júpiter governa tudo no céu, César governa
tudo na terra.
2300. Iuppiter in caelis, nummus regit omnia terris;
divisum imperium cum Iove nummus habet. Júpiter
governa tudo no céu, o dinheiro governa tudo na terra; o
dinheiro divide o poder com Júpiter.
2301. Iuppiter neque pluens neque abstinens omnibus
placet. [James Kelly / Stevenson 1810] Júpiter nem
chovendo nem serenando agrada a todos. ■ Ninguém
consegue agradar a todo o mundo e a seu pai. VIDE:
● Iovem nec pluvium, nec serenum, placere omnibus.
● Ipse Iuppiter, neque pluens omnibus placet, neque
abstinens. ● Multum deliro, si cuique placere
requiro. ● Ne Iuppiter quidem omnibus placet. ● Nec
summus cunctis Iuppiter ipse placet. ● Neque
Iuppiter ipse, sive pluat, seu non, unicuique placet.
● Non etenim cunctis placeat vel Iuppiter ipse, seu
mittens pluviam, seu cohibens pluviam.
2302. Iuppiter quos vult perdere, dementat prius.
Aqueles a quem Júpiter quer arruinar, primeiro priva-os
do juízo. ■ Formiga, quando se quer perder, cria asas.
VIDE: ● Perdere quos vult deus dementat. ● Quem
Iuppiter vult perdere, dementat prius. ● Quos deus
perdere vult, dementat prius. ● Quos vult Iuppiter
perdere dementat. ● Quos vult perdere Iuppiter,
dementat prius. ● Stultum facit Fortuna, quem vult
perdere.
2303. Iura certe paria debent esse eorum inter se, qui
sunt cives in eadem re publica. [Cícero, De Re
Puública 1.12] Sem dúvida devem ser iguais os direitos
entre os cidadãos do mesmo estado.
2304. Iura et officia. Os direitos e os deveres.
2305. Iura in re aliena. [Jur] Os direitos sobre coisa
alheia. VIDE: ● Ius in re aliena.
2306. Iura in rem. [Jur] Os direitos sobre a coisa.
2307. Iura naturae sunt immutabilia. [Jur / Black 1035]
As leis da natureza são imutáveis.
2308. Iura negant. [Ovídio, Metamophoses 10.329] As
leis se opõem.
2309. Iura non in singulas personas, sed generaliter
constituuntur. [Ulpiano, Digesta 1.3.8] Não se
estabelecem as leis para determinados indivíduos, mas
para todos os cidadãos.
2310. Iura novit curia. [Jur] O tribunal conhece as leis.
VIDE: ● Ius curia novit.
2311. Iura publica favent privato domus. [Manúcio,
Adagia 834] O direito público favorece a privacidade da
casa. ■ Em sua casa, cada um é rei.
2312. Iura publica anteferenda privatis. [Jur / Black
1035] Os direitos públicos devem ter preferência sobre
os privados.
2313. Iura pudorque fugiunt aulas. [Sêneca,
Agamemnon 79] A justiça e o pudor fogem dos
palácios.
2314. Iura quaesita. [Jur] Os direitos adquiridos.
2315. Iura regalia. [Jur] Os direitos reais.
2316. Iura sanguinis nullo iure civili dirimi possunt.
[Digesta 50.17.8] Os direitos de sangue não podem ser
anulados por nenhuma lei civil.
2317. Iura vigilantibus subveniunt. [Jur] As leis
protegem os que estão acordados. VIDE: ● Dormientibus
non succurrit ius. ● Leges vigilantibus, non
dormientibus, subveniunt. ● Negotia vigilanter
peragenda, quia ius vigilantibus, et non
dormientibus, favet. ● Vigilantibus, non
dormientibus iura subveniunt. ● Vigilantibus, non
dormientibus iura succurrunt.
2318. Iuramentum est indivisibile; et non est
admittendum in parte verum et in parte falsum. [Jur
/ Black 1036] O juramento é indivisível, e não se deve
admitir ser em parte verdadeiro e em parte falso.
2319. Iuramentum qui a malo viro postulat, insanit.
Está louco quem exige a palavra de um homem
desonesto.
2320. Iuramentum vinculum iniquitatis esse non debet.
[Jur] O juramento não deve ser vínculo de iniqüidade.
2321. Iurare est Deum in testem vocare, et est actus
divini cultus. [Black 1036] Jurar é invocar Deus como
testemunha, e é um ato religioso.
2322. Iurare in verba magistri. [Horácio, Epistulae
1.1.14] Jurar nas palavras do mestre. (=Aceitar algo
como verdadeiro sem discussão, com base na autoridade
de alguém). ■ Confiar cegamente. VIDE: ● Ipse dixit,
magister dixit. ● Magister dixit. ● Nullius addictus
iurari in verba magistri.
2323. Iurare, nisi ubi necesse est, gravi viro parum
convenit. [Quintiliano, Institutio Oratoria 9.98] Ao
homem sério pouco convém jurar, salvo quando é
necessário.
2324. Iurare non cogitur qui sufficienter probat. [Jur]
Quem prova suficientemente não é obrigado a jurar.
2325. Iuratores sunt iudices facti. [Jur / Black 1037] Os
jurados são juízes de fato.
2326. Iuravi lingua, mentem iniuratam gero. [Eurípides /
Cícero, De Officiis 3.29] Jurei com a língua, mas tenho
o meu coração sem nenhum juramento. ■ O coração
sente, a língua mente. ■ Jurei só da boca para fora.
● Iurata lingua est, animus iniuratus. [Manúcio,
Adagia 611] A língua jurou, o coração permanece sem
juramento. VIDE: ● Est lingua iurans, animus iniuratus
est. ● Lingua iuravi. ● Non ego iuravi, legi iurantia
verba.
2327. Iure. Por direito. Pela lei.
2328. Iure ac merito. [Juvenal, Satirae 2.34] Por direito e
por mérito. VIDE: ● Iure meritoque.
2329. Iure an iniuria. [Cícero, Pro Milone 31] De maneira
justa ou injusta. Com razão ou sem razão. Pela lei ou
contra a lei. ■ Por bem ou por mal. ■ A torto e a direito.
● Iure aut iniuria.
2330. Iure belli. [Jur / Black 1037] Pelo direito de guerra.
Pela lei de guerra.
2331. Iure civili domestici testimonii fides improbatur.
[Codex Iustiniani 4.20.3] Pelo direito civil, o crédito do
depoimento de um familiar é recusado.
2332. Iure constituendo. [Jur] Pelo direito a ser
constituído.
2333. Iure dantis confirmato, confirmatur ius
accipientis. [Jur] Confirmado o direito do doador,
confirma-se o direito do receptor.
2334. Iure divino. Pelo direito divino.
2335. Iure et de facto. [Jur] De direito e de fato. ● Iure et
facto.
2336. Iure et dignitate. [Divisa] Com justiça e dignidade.
2337. Iure gentium. [Jur] Pelo direito das nações.
2338. Iure hereditario. [Jur] Por direito hereditário.
2339. Iure humano. Pelo direito humano.
2340. Iure meritoque. [Apuleio, Apologia 20] Por direito
e por mérito. VIDE: ● Iure ac merito.
2341. Iure naturae aequum est neminem cum alterius
detrimento et iniuria fieri locupletiorem. [Pompônio,
Digesta 50.17.206] Pelo direito natural é justo que
ninguém se enriqueça com prejuízo e dano de outrem.
2342. Iure naturali ab initio omnes homines liberi
nascebantur. [Institutiones 1.2] Pelo direito natural, no
início todos os homens nasciam livres.
2343. Iure non dono. Por direito, não por dádiva.
2344. Iure, non vi. Pela lei, não pela força. ● Iure, non vi
grassari. Avançar usando a lei, não a violência.
2345. Iure propinquitatis. [Jur] Por direito de parentesco.
2346. Iure proprio. [Jur] Por direito próprio.
2347. Iure representationis. [Jur] Por direito de
representação.
2348. Iure sanguinis. [Jur] Por direito de sangue.
2349. Iure sit gloriatus marmoream se relinquere,
quam latericiam accepisset. [Suetônio, Augustus 28]
Ele podia orgulhar-se, com justiça, de ter deixado de
mármore (a cidade) que recebera de tijolos.
2350. Iure suo, absque ipsius culpa, nemo privandus est.
[Jur] Ninguém deve ser privado do seu direito sem
culpa sua.
2351. Iure suo qui utitur, nemini iniuriam facit. [Jur]
Quem usa de seu direito não comete injustiça contra
ninguém. VIDE: ● Qui iure suo utitur, nemini iniuriam
facit. ● Qui utitur suo iure, laedit neminem.
2352. Iure uti debet, qui in ius succedit alterius. [Jur]
Quem sucede no direito de outrem deve usar desse
direito.
2353. Iure uxoris. [Jur] Por direito uxóreo. No direito da
esposa.
2354. Iurgia, praecipue vino stimulata, caveto. [Ovídio,
Ars Amatoria 1.589] Evita as disputas, principalmente
as estimuladas pelo vinho.
2355. Iuri suo quilibet renuntiare potest. [Jur] Qualquer
um pode renunciar a direito seu.
2356. Iuris apices. [Jur] As sutilezas do direito. VIDE:
● Apices iuris non sunt iura.
2357. Iuris error nulli prodest. [Digesta 41.4.2.15] O erro
de direito a ninguém aproveita. ● Iuris error nemini
prodest.
2358. Iuris et aequi noverca est festinatio. A pressa é
madrasta do direito e da justiça.
2359. Iuris et de iure. [Jur / Black 1037] De direito e a
respeito do direito. (=A presunção iuris et de iure não
admite prova em contrário). VIDE: ● Iuris tantum.
2360. Iuris executio non habet iniuriam. [Digesta
47.10.13.1] O exercício de um direito não contém
ofensa. VIDE: ● Executio iuris non habet iniuriam.
2361. Iuris ignorantia etiam rusticum hominem non
excusat. [Jur] O desconhecimento da lei não desculpa
nem o homem inculto. ● Iuris ignorantia prodest nec
mulieri, nec rustico. O desconhecimento da lei não
aproveita, nem à mulher, nem ao homem inculto.
2362. Iuris initium a natura ductum est. O fundamento
do direito foi tirado da natureza. VIDE: ● Initium ergo
eius ab natura ductum videtur.
2363. Iuris metus servator honesti. [Claudiano, De
Consulatu Stilichonis 1.164] O medo é um guardião da
lei honesta.
2364. Iuris nodi. [Juvenal, Satirae 8.50] Os nós da lei.
2365. Iuris peritus. [Jur] Um especialista em direito.
2366. Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum
non laedere, suum cuique tribuere. [Ulpiano, Digesta
1.1.10.1; Institutiones 1.1.3] São estes os preceitos do
Direito: viver honestamente, não lesar o próximo, dar a
cada um o que é seu. VIDE: ● Honeste vivere, alterum
non laedere, suum cuique tribuere.
2367. Iuris tantum. [Jur] Apenas do direito. (=A
presunção iuris tantum admite prova em contrário).
VIDE: ● Iuris et de iure.
2368. Iuris utriusque doctor. Doutor em ambos os
direitos. (=Doutor em direito civil e direito canônico).
VIDE: ● Doctor in utroque iure. ● Doctor in utroque.
2369. Iuris vinculum. [Jur] O vínculo jurídico.
2370. Iurisprudentia est divinarum atque humanarum
rerum notitia, iusti atque iniusti scientia. [Ulpiano,
Digesta 1.1.10.2] Jurisprudência é o conhecimento das
coisas divinas e humanas, a ciência do que é justo e do
que injusto. (=O primeiro significado do vocábulo
jurisprudência é ciência do direito e das leis).
2371. Iurium suorum tuitio. [Jur] A defesa dos próprios
direitos.
2372. Iuro. Eu juro.
2373. Ius abutendi. [Jur] O direito de abusar.
2374. Ius accusationis. [Jur] O direito de acusar.
2375. Ius actionis. [Jur] O direito de ação. ● Ius
actionium. Direito das ações.
2376. Ius ad rem. [Jur] O direito pessoal.
2377. Ius agendi. [Jur] O direito de agir.
2378. Ius ambulandi. [Jur] O direito de ir e vir. VIDE: ● Ius
eundi.
2379. Ius anceps novi: causas defendere possum.
[Horácio, Sermones 2.5.34] Conheço todos os artifícios
do direito, posso defender as causas.
2380. Ius autem gentium omni humano genere
commune est. [Institutiones 2.1.2] O direito das gentes
é comum a toda a raça humana.
2381. Ius belli. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 1.1] O direito
de guerra. ● Ius bellicum. [Cícero, De Officiis 3.107]
2382. Ius bibe, sublimisque habita, calidusque
frequenter incede, ut possis longaevam ducere vitam.
[Pereira 99] Toma caldo, mora em lugar alto, anda
sempre quente, para que possas viver vida longa.
■ Come caldo, vive no alto, anda quente, viverás
longamente.
2383. Ius calcatur, violentia cum dominatur. O direito é
espezinhado, quando a violência domina. ■ Onde força
há, direito se perde. VIDE: ● Silent enim leges inter
arma. ● Tunc ius calcatur, violentia cum dominatur.
2384. Ius canonicum. [Jur] O direito canônico.
2385. Ius capiendi. [Jur] O direito de receber uma herança.
2386. Ius cereum, quo volunt, rabulae flectunt. [Flitner,
Nebulo Nebulonum] Essa lei é de cera, os rábulas a
torcem para onde querem.
2387. Ius civile. [Jur] O direito civil.
2388. Ius civile dicitur quod omnibus aut pluribus in
quaque civitate utile est. [Paulo, Digesta 1.1.11,
adaptado] Chama-se direito civil o que é útil a todos ou
a muitos, em qualquer cidade.
2389. Ius civile est quod sibi populus constituit.
[Institutiones 1.2.1, adaptado] Direito civil é o que um
povo estabelece para si mesmo.
2390. Ius civile vigilantibus scriptum est. [Digesta
42.8.24] O direito civil foi escrito para os que não
dormem.
2391. Ius civitatis. [Jur] O direito de cidade.
2392. Ius cogens. [Jur] O direito cogente. (=Norma cuja
aplicação é obrigatória, sem possibilidade de a parte a
ela renunciar).
2393. Ius commercii. O direito do comércio.
2394. Ius commune. [Jur] O direito comum. VIDE: ● Ius
generale.
2395. Ius commune iudici notum esse debet. [Jur] O
direito comum deve ser conhecido pelo juiz.
2396. Ius communicationis. O direito de livre
comunicação.
2397. Ius constitui oportet in his quae ut plurimum
accidunt, non quae ex inopinato. [Digesta 1.3.3] As
leis devem ser estabelecidas a respeito do que
geralmente ocorre, não do inesperado. VIDE: ● Ad ea
quae frequentius accidunt leges adaptantur.
2398. Ius constituendum. [Jur] Direito que deverá ser
constituído.
2399. Ius constitutum. [Jur] Direito constituído.
2400. Ius consuetudinis esse putatur id quod voluntate
omnium sine lege vetustas comprobavit. [Jur]
Considera-se direito consuetudinário aquele que a
antigüidade aprovou pela vontade de todos, sem haver
lei escrita. VIDE: ● Consuetudine autem ius esse
putatur id, quod voluntate omnium sine lege vetustas
comprobarit.

I13: 2401-2626
2401. Ius convocandi. O direito de convocar.
2402. Ius cosmopoliticum. O direito universal.
2403. Ius curia novit. [Jur] O tribunal conhece a lei. VIDE:
● Iura novit curia.
2404. Ius discendi et docendi. O direito de aprender e de
ensinar.
2405. Ius disponendi. [Jur / Broom 358] O direito de
dispor. (=O direito de transferir o título de propriedade).
2406. Ius dispositivum. [Jur] O direito dispositivo.
2407. Ius divinum. O direito divino.
2408. Ius domicilii. [Jur / Broom 398] A lei do domicílio.
2409. Ius egit vi. O direito precisa da força.
2410. Ius est. É permitido.
2411. Ius est ars boni et aequi. [Celso / Ulpiano / Digesta
1.1.1.1] O direito é a ciência do bom e do justo.
2412. Ius est belli, ut qui vicissent iis quos vicissent,
quem ad modum vellent imperarent. [César, De Bello
Galico 1.16] É direito de guerra que os que venceram
tratem como quiserem aqueles a quem venceram.
2413. Ius est constans et perpetua voluntas suum cuique
tribuere. [Jur] Direito é a vontade permanente e
perpétua de dar a cada um o que é seu. VIDE: ● Iustitia
est constans et perpetua voluntas ius suum cuique
tribuendi.
2414. Ius est facultas agendi. [Jur] Direito é a faculdade
de agir. (=Direito subjetivo).
2415. Ius est implere promissa decentia vere. O correto é
cumprir as promessas verdadeiramente decentes.
■ Promessa é dívida. VIDE: ● Fas est implere promissa
decentia vere.
2416. Ius est in armis. O direito está na força. ■ A força é
a medida do direito. ● Ius est in armis, opprimit leges
timor. [Sêneca, Hercules Furens 253] O direito está na
força; o medo oprime as leis. VIDE: ● Ius in armis.
2417. Ius est legitima facultas ad aliquid faciendum, vel
prohibendum, vel obtinendum, vel retinendum, vel
eo utendum, vel de eo disponendum in suum
commodum, cuius violatio iniuriam constituit. [Jur]
Direito é a legítima faculdade de fazer, ou proibir, ou
obter, ou reter alguma coisa, ou de usá-la, ou de dela
dispor em benefício próprio, faculdade essa cuja
violação constitui a injustiça.
2418. Ius est norma agendi. [Jur] Direito é a norma de
agir. (=Direito positivo).
2419. Ius est norma recti, et quicquid est contra
normam recti est iniuria. [Jur / Black 1043] O direito
é a norma do que é correto, e tudo que é contrário à
norma do que é correto, é injustiça.
2420. Ius est quod semper bonum et aequum est. [Jur] O
direito é o que é sempre bom e justo.
2421. Ius est realis et personalis hominis ad hominem
proportio, quae servata hominum servat societatem,
et corrupta corrumpit. [Dante, De Monarchia 2.5] O
direito é a relação real e pessoal entre um homem e
outro, a qual, sendo respeitada, mantém a ordem social,
e desrespeitada, a corrompe.
2422. Ius et fraus nunquam cohabitant. [Jur / Black
1044] O direito e a fraude nunca cooabitam.
2423. Ius et furi dicitur. [Sêneca, De Beneficiis 4.28] Até
o ladrão tem direito a justiça.
2424. Ius et obligatio sunt correlata. [Jur] O direito e a
obrigação são correlatos. ■ A todo direito corresponde
uma obrigação.
2425. Ius et officium. O direito e o dever.
2426. Ius eundi. [Jur] O direito de ir e vir. VIDE: ● Ius
ambulandi.
2427. Ius ex facto oritur. [Jur] O direito nasce do fato.
2428. Ius ex iniuria non oritur. [Jur / Black 1044] Da
injustiça não nasce direito.
2429. Ius ex sententia iudicis fit. [Jur] O direito se faz
pela sentença do juiz.
2430. Ius faciendi. [Jur] O direito de fazer.
2431. Ius facit iudex. O juiz faz o direito.
2432. Ius fasque est. É justo e correto.
2433. Ius fruendi. [Jur] O direito de usufruir.
2434. Ius generale. [Jur] O direito comum. VIDE: ● Ius
commune.
2435. Ius gentium. [Jur] O direito dos povos.
(=Inicialmente designava o direito que regulava a vida
das populações submetidas aos romanos e consideradas
bárbaras; posteriormente passou a designar o direito
internacional).
2436. Ius gentium est, quo gentes humanae utuntur.
[Digesta 1.1.1.4] Direito dos povos é aquele que as
raças humanas usam.
2437. Ius gladii. [Digesta 1.18.6.8] O direito da espada.
(=O poder do comandante).
2438. Ius gratia iuris. O direito pelo direito. (”O método
moderno estuda o direito romano como um sistema
jurídico do passado, sem procurar aplicá-lo; considera o
direito romano em si e por si: ius gratia iuris”).
2439. Ius habendi. [Jur] O direito de ter.
2440. Ius hereditatis. [Jur] O direito de herança.
2441. Ius hominum. O direito da humanidade.
2442. Ius hospitii. As leis da hospitalidade.
2443. Ius humanae societatis. [Cícero, De Officiis 1.21]
Os direitos da sociedade humana. VIDE: ● Ius societatis
humanae.
2444. Ius humanum et divinum. O direito humano e o
divino.
2445. Ius imperii. [Jur] Direito de governo. Direito de
quem tem o poder.
2446. Ius in armis. O direito está na força. VIDE: ● Ius est
in armis.
2447. Ius in civitate positum. [Jur] O direito constituído
vigente em determinada sociedade.
2448. Ius in re. [Jur] O direito sobre a coisa.
2449. Ius in re aliena. [Jur] O direito sobre coisa alheia.
VIDE: ● Iura in re aliena.
2450. Ius in re propria. [Jur] O direito sobre coisa
própria.
2451. Ius itineris. [Jur] O direito de passagem. VIDE: ● Ius
viae.
2452. Ius iudicandi. [Jur] O direito de julgar.
2453. Ius iurisdictionis. [Jur] O direito de jurisdição.
2454. Ius libertatis. [Cícero, Pro Rabirio 11] O direito à
liberdade. (=O direito dos homens livres).
2455. Ius mancipii. [Jur] O direito da propriedade.
2456. Ius manendi, ambulandi, eundi ultro citroque. A
liberdade de permanecer, mover-se, de ir de um lado
para outro.
2457. Ius mariti. [Jur] O direito do marido (de administrar
os bens da mulher).
2458. Ius migrandi. [Jur] O direito de migrar. VIDE: ● Ius
peregrinandi.
2459. Ius moribus constitutum. [Jur / Black 1045] O
direito estabelecido pelos costumes.
2460. Ius murmurandi. O direito de segredar. O direito de
resmungar.
2461. Ius naturae. [Black 1045] A lei da natureza.
2462. Ius naturale est dictamen rectae rationis circa ea
quae agenda vel omittenda sunt ad vitae
membrorumque corservationem, quantum fieri
potest diuturnum. [Hobbes, De Cive 2.1] Direito
natural é o ditame da reta razão a respeito do que cada
um deve fazer ou omitir para conservar pelo maior
tempo possível sua vida e seus membros.
2463. Ius naturale est dictatum rectae rationis. [Jur] O
direito natural é a determinação da reta razão.
2464. Ius naturale est id quod iustum est ex ipsa natura
rei. [Jur] É direito natural aquilo que é justo pela
própria natureza da coisa.
2465. Ius naturale est ius commune omnium nationum,
et quod ubique instinctu naturae, non constitutione
aliqua habetur. [Isidoro de Sevilha, Etymologiae
22.5.4.1] Direito natural é o direito comum de todas as
nações, e que se mantém pelo instinto da natureza, não
por qualquer determinação.
2466. Ius naturale est libertas quam habet unusquisque
potentia sua ad naturae conservationem suo arbitrio
utendi et, per consequens, illa omnia quae eo
videbuntur tendere, faciendi. [Hobbes, Leviathan 14]
Direito natural é a liberdade que cada um tem de usar a
sua força, ao seu arbítrio, para conservação da vida e,
por conseqüência, de fazer tudo aquilo que parecer
contribuir para isso.
2467. Ius naturale est quod natura omnia animalia
docuit. [Digesta 1.1.1.3; Institutiones 2.1.2] É direito
natural aquele que a natureza ensinou a todos os seres
vivos. ● Ius naturale est quod natura omnia animalia
rationalia docuit. [Peña 48] É direito natural aquele
que a natureza ensinou a todos os animais racionais.
2468. Ius naturale est quod apud homines eamdem
habet potentiam. [Jur / Coke / Black 1045] Direito
natural é aquele que tem a mesma força entre toda a
humanidade.
2469. Ius navigandi. [Jur / Black 1045] O direito de
navegar.
2470. Ius necessitas constituit. [Jur] A necessidade faz a
lei. A necessidade cria o direito.
2471. Ius necessitudinis. [Suetônio, Caius Caligula 26] As
ligações de parentesco.
2472. Ius necis atque vitae. [Jur] O direito de morte e de
vida. ● Ius necis vitaeque civium. [Tácito, Historiae
3.68] Direito de morte e vida dos cidadãos. VIDE: ● Ius
vitae necisque. ● Ius vitae et necis.
2473. Ius negotiandi. O direito de negociar.
2474. Ius neque inflecti gratia, neque perfringi potentia,
neque adulterari pecunia decet. [Cícero, Pro Caecina
73, adaptado] Não convém que a lei seja distorcida pelo
favor, nem rompida pela força, nem corrompida pelo
dinheiro. VIDE: ● Quod enim est ius civile? Quod neque
inflecti gratia neque perfringi potentia neque
adulterari pecunia possit.
2475. Ius non habenti tute non paretur. [Jur / Black
1046] Não tem punição aquele que não obedece a quem
não tem direito.
2476. Ius non patitur ut idem bis solvatur. [Jur / Black
1046] A lei não admite que a mesma coisa seja paga
duas vezes.
2477. Ius non scriptum. [Jur / Black 1046] O direito não
escrito.
2478. Ius novi. Eu conheço a lei.
2479. Ius obiectivum. [Jur] O direito objetivo.
2480. Ius obligationum. [Jur] O direito das obrigações.
2481. Ius omne supra omnem positum est iniuriam.
[Publílio Siro] Tudo que é justo está ao abrigo de toda
injustiça.
2482. Ius particulare. [Jur] O direito particular.
2483. Ius patruum. A autoridade dos pais.
2484. Ius peregrinandi. [Jur] O direito de migrar. VIDE:
● Ius migrandi.
2485. Ius perpetuum. [Jur] Direito perpétuo.
2486. Ius plurimis modis dicitur. [Jur] O direito se
expressa de variadas maneiras.
2487. Ius positivum. [Jur] O direito positivo.
2488. Ius possessionis. [Jur / Black 1046] O direito de
posse. (=Independe da propriedade).
2489. Ius possidendi. [Jur / Black 1046] O direito de
possuir. (=Direito de entrar na posse de um bem. É
conseqüência legal da propriedade).
2490. Ius posterius derogat priori. [Jur] A lei posterior
revoga a anterior.
2491. Ius postulandi. [Jur] O direito de postular.
2492. Ius praedicandi. O direito de pregar.
2493. Ius privatum est quod ad singulorum utilitatem
pertinet. [Institutiones 1.1.3] Direito privado é o que
cuida do interesse dos indivíduos.
2494. Ius prohibendi. [Jur] O direito de proibir.
2495. Ius proprietatis vindicabitur. [Jur] O direito de
propriedade será reivindicado.
2496. Ius publicum privatorum pactis mutari non
potest. [Digesta 2.14.38] O direito público não pode ser
derrogado por convenções particulares. ● Ius publicum
privatorum pactis derogari non potest. VIDE: ● A
pactis privatorum publico iuri non derogatur.
● Pacta privata iuri publico derogare non possunt.
2497. Ius puniendi. O direito de punir.
2498. Ius querelandi. O direito de questionar.
2499. Ius rationis abest, ubi saeva potentia regnat.
[Pereira 115] O direito da razão fica longe, quando reina
a cruel prepotência. ■ Onde força há, direito se perde.
2500. Ius recusandi. O direito de recusar.
2501. Ius reivindicandi. [Jur] O direito de reivindicar.
2502. Ius respicit aequitatem. [Jur/ Black 1047] A lei
observa a eqüidade.
2503. Ius respondendi. [Jur] O direito de responder.
2504. Ius restitutionis. [Jur] O direito de reparação.
2505. Ius retentionis. [Jur] O direito de retenção.
2506. Ius sacrum. O direito sagrado. O direito religioso.
2507. Ius sanguinis. [Jur / Black 1047] O direito de
sangue.
2508. Ius scriptum. [Jur / Black 1047] O direito escrito.
2509. Ius societatis humanae. Os diretos da sociedade
humana. VIDE: ● Ius humanae societatis.
2510. Ius soli. [Jur / Black 1048] O direito do solo.
2511. Ius soli sequitur aedificium. [Jur] O edifício
acompanha o direito do solo.
2512. Ius strictum. [Jur / Black 1048] O direito estrito.
(=É a lei interpretada sem qualquer modificação e em
seu máximo rigor). VIDE: ● Strictum ius.
2513. Ius subiectivum. [Jur] O direito subjetivo.
2514. Ius successendi. [Jur] O direito de suceder.
2515. Ius summum saepe summa est malitia. [Terêncio,
Heauton Timorumenos 796] Muitas vezes o direito
exagerado é a extrema maldade. ■ Justiça extrema,
extrema injustiça. VIDE: ● Noli esse iustus nimis. ● Noli
nimium esse iustus. ● Summum ius, summa iniuria.
● Summum ius interdum summa iniuria est.
● Summum ius summa plerumque est iniuria.
● Summum ius plerumque est iniuria. ● Summum ius
suprema est iniuria.
2516. Ius suum unicuique tribue. [Cambises / Rezende
2977] Dá a cada um o seu direito. ● Ius suum cuique.
2517. Ius talionis. [Jur] O direito de retaliação. A lei de
talião. VIDE: ● Lex talionis.
2518. Ius utendi. [Jur / Black 1048] O direito de usar.
(=Direito de usar a propriedade sem destruir sua
substância).
2519. Ius utendi, fruendi et abutendi re sua, quatenus
iuris ratio patitur. [Jur] (A propriedade) é o direito de
usar, gozar e dispor de coisa própria até onde a razão do
direito permite. VIDE: ● Dominium est ius utendi,
fruendi, et abutendi re sua, quatenus iuris ratio
patitur.
2520. Ius vendendi. [Digesta 38.5.1.12] O direito de
vender.
2521. Ius viae. [Digesta 8.6.6.1c] O direito de passagem.
VIDE: ● Ius itineris.
2522. Ius vigens. O direito vigente.
2523. Ius vitae et necis. [Jur] O direito de vida e de morte.
● Ius vitae necisque. [Black 1048] VIDE: ● Ius necis
atque vitae.
2524. Ius volentes ducit, nolentes trahit. [Jur] O direito
conduz os obedientes e arrasta os que resistem. VIDE:
● Consuetudo volentes ducit, lex nolentes trahit.
2525. Iuscula continuus rhombus amara facit. [Medina
586] ■ Cada dia peixe, amarga o caldo. ■ Tudo enfada,
só a variedade recreia. VIDE: ● Crambe bis cocta.
2526. Iusiurandum alteri neque prodest neque nocet.
[Digesta 12.2.3.3] O juramento não aproveita nem
prejudica a outrem. ● Iusiurandum inter alios factum
nec nocere nec prodesse debet. [Jur / Black 1048]
Juramento feito entre uns não deve aproveitar nem
prejudicar (a outro). VIDE: ● Alteri enim nec prodest
nec nocet iusiurandum inter alios factum.
2527. Iusiurandum sacrum. O juramento é sagrado.
2528. Iusiurandum serva. [Dionísio Catão, Monosticha
21] Sê fiel a teu juramento.
2529. Iusiurandum venereum non est noxiale. [Suidas /
Albertatius 671] Juramento de amor não merece castigo.
■ Juramento de quem ama mulher não é para crer.
■ Jura de namorado se escreve nas ondas do mar.
2530. Iussu iudicis. [Jur] Por ordem do juiz.
2531. Iusta ab iniustis petere stultum est. Pedir coisas
justas de pessoas injustas é tolice.
2532. Iusta absentiae excusatio. [Jur] A justificação de
ausência.
2533. Iusta atque iniusta audire magistratum decet.
[Publílio Siro] Convém que o magistrado ouça o justo e
o injusto.
2534. Iusta autem ab iniustis petere insipientia est.
[Plauto, Amphitruo 36] Pedir coisas justas a pessoas
injustas é ignorância. VIDE: ● Iustum ab iniustis petere
insipientia est. ● Iniusta ab iustis impetrare non
decet, iusta autem ab iniustis petere, insipientia est.
2535. Iusta causa. [Jur / Black 1049] A justa causa. Por
justa causa.
2536. Iustae nuptiae. [Codex Iustiniani 5.4.6] O
casamento legal. VIDE: ● Iustum matrimonium.
2537. Iuste fit, quod lege permittente fit. [Jur] Faz-se
legalmente o que se faz com permissão da lei.
2538. Iuste petita non sunt deneganda. [Jur] O que se
pede dentro da lei não deve ser negado.
2539. Iuste possidet, qui auctoritate iudicis possidet.
[Jur] Tem posse legal quem possui por autoridade do
juiz.
2540. Iusti autem hereditabunt terram. [Vulgata, Salmos
36.29] Os justos herdarão a terra. ● Iusti possidebunt
terram. Os justos possuirão a terra.
2541. Iusti fulgebunt sicut sol in regno Patris eorum.
[Vulgata, Mateus 13.43] Resplandecerão os justos como
o sol no reino de seu Pai.
2542. Iusti ut sidera fulgent. [Divisa] Os justos brilham
como estrelas.
2543. Iustifica pusillum et magnum similiter. [Vulgata,
Eclesiástico 5.18] Faze igualmente justiça aos pequenos
e aos grandes.
2544. Iustis mors quietis portus est, nocentibus
naufragium putatur. [S.Ambrósio, De Bono Mortis 8]
Para os justos a morte é um porto de descanso, para os
maus considera-se um naufrágio.
2545. Iustitia civilis. A justiça civil.
2546. Iustitia debet esse libera, quia nihil iniquius venali
iustitia; plena, quia iustitia non debet claudicare; et
celeris, quia dilatio est quaedam negatio. [Jur / Black
1052] A justiça deve ser livre, porque não existe nada
mais iníquo que a justiça venal; plena, porque a justiça
não deve vacilar; célere, porque a demora é uma espécie
de negação da justiça.
2547. Iustitia elevat gentem. [Vulgata, Provérbios 14.34]
A justiça eleva uma nação. ● Iustitia elevat populos. A
justiça eleva os povos.
2548. Iustitia enim est mandatorum observatio. [S.João
Crisóstomo, Homilia 12, In Matheum] A justiça é a
observância dos mandamentos.
2549. Iustitia enim perpetua est, et immortalis. [Vulgata,
Sabedoria 1.14] A justiça é eterna e imortal.
2550. Iustitia est aequitas ius unicuique retribuens pro
dignitate cuiusque. [RH 3.3] A justiça é a eqüidade que
atribui a cada um o direito segundo seu mérito.
2551. Iustitia est constans et perpetua voluntas ius
suum cuique tribuendi. [Ulpiano / Digesta 1.1.10]
Justiça é a vontade permanente e perpétua de dar a cada
um o que seu. VIDE: ● Ius est constans et perpetua
voluntas suum cuique tribuere.
2552. Iustitia est fundamentum regnorum. [Peña 60] A
justiça é o fundamento das nações.
2553. Iustitia est habitus inclinans voluntatem ad ius
suum cuilibet alteri secundum aequalitatem
tribuendum. [Jur] A justiça é a atitude que inclina a
vontade a atribuir a cada um o seu direito de acordo
com a igualdade.
2554. Iustitia est obtemperatio legibus. Justiça é a
obediência às leis. ● Iustitia est obtemperatio scriptis
legibus institutisque populorum. [Cícero, De Legibus
1.42] A justiça é a obediência às leis escritas e
instituições dos povos.
2555. Iustitia est quae suum cuique tribuit, et quidem
parens ceterorum est fecunda virtutum.
[S.Ambrósio] É a justiça que dá a cada um o que lhe
compete, e, portanto, é a mãe fecunda de todas as outras
virtudes. VIDE: ● Iustitia suum cuique distribuit.
2556. Iustitia et fide conservabitur. [Divisa do Município
de Cajamar, SP / Rezende 2984] Conservar-se-á com
justiça e fé.
2557. Iustitia et misericordia coambulant. A justiça e a
misericórdia andam juntas.
2558. Iustitia et pax osculatae sunt. [Vulgata, Salmos
84.11] A justiça e a paz se deram ósculo.
2559. Iustitia hostes vincere gloriosius est quam armis.
[Rezende 2986] É mais glorioso vencermos nossos
inimigos pela justiça do que pelas armas.
2560. Iustitia in se virtutem complectitur omnem.
[Erasmo, Adagia 2.3.73] A justiça contém em si todas
as virtudes. ● Iustitia in sese virtutes continet omnes.
[Schottus, Adagia 583] VIDE: ● Iustitia virtutes continet
omnes.
2561. Iustitia in suo cuique tribuendo cernitur. [Cícero,
De Finibus 5.67] Vê-se a justiça ao se dar a cada um o
que é seu.
2562. Iustitia nemini neganda est. [Jur / Black 1052] A
justiça não deve ser negada a ninguém.
2563. Iustitia nihil expedit praemii, nihil pretii. [Cícero,
De Legibus 1.18] A justiça não exige nenhuma
recompensa, nenhum pagamento.
2564. Iustitia non est neganda, nec differenda. [Jur /
Black 1052] A justiça não deve ser negada, nem
retardada.
2565. Iustitia non novit patrem nec matrem; solum
veritatem spectat iustitia. [Jur / Black 1052] A justiça
não conhece pai nem mãe; ela olha somente a verdade.
2566. Iustitia nunquam nocet cuiquam. [Cícero, De
Finibus 1.50] A justiça nunca faz mal a ninguém.
2567. Iustitia omnibus. [Divisa de Washington, EUA]
Justiça para todos.
2568. Iustitia omnium est domina et regina virtutum.
[Cícero, De Officiis 3.28] A justiça é a senhora e rainha
de todas as virtudes. VIDE: ● Iustitia virtutum regina.
2569. Iustitia per sese colenda est. A justiça deve ser
cultuada por si mesma.
2570. Iustitia praecipit parcere omnibus, consulere
generi hominum, suum cuique tribuere. [Cícero, De
Republica 3.24] A justiça manda favorecer a todos,
olhar pelos interesses da raça humana, conceder a cada
um o que lhe pertence.
2571. Iustitia rectorum liberabit eos; et in insidiis suis
capientur iniqui. [Vulgata, Provérbios 11.6] A justiça
dos retos livrá-los-á, e em seus mesmos laços serão
apanhados os iníquos.
2572. Iustitia sine misericordia caecus furor est. Justiça
sem misericórdia é loucura cega.
2573. Iustitia sine misericordia crudelitas est, et
misericordia sine iustitia fatuitas. Justiça sem
misericórdia é crueldades, e misericórdia sem justiça,
tolice.
2574. Iustitia suum cuique distribuit. [Cícero, De Natura
Deorum 3.39] A justiça dá a cada um o que lhe cabe.
VIDE: ● Iustitia est quae suum cuique tribuit, et
quidem parens ceterorum est fecunda virtutum.
2575. Iustitia thronum firmat. [Inscrição em moeda
inglesa] A justiça fortalece o trono. VIDE: ● Et
firmabitur iustitia thronus eius.
2576. Iustitia vires temperat ille suas. [Ovídio, Ex Ponto
3.6.24] Ele modera suas forças por meio da justiça.
2577. Iustitia virtutes continet omnes. [Aristóteles /
Albertatius 671] A justiça abarca todas as virtudes. VIDE:
● Iustitia in se virtutem complectitur omnem.
● Iustitia in sese virtutes continet omnes.
2578. Iustitia virtutum regina. [Divisa, Goldsmiths'
Company, Inglaterra] A justiça é a rainha das virtudes.
VIDE: ● Iustitia omnium est domina et regina
virtutum.
2579. Iustitiae debetur quod homo homini sit deus, non
lupus. [Bacon / Stevenson 1286] À justiça se deve que
o homem seja um deus, e não um lobo, para outro
homem.
2580. Iustitiae dilatio est quaedam negatio. [Jur] A
dilação da justiça é sua negação.
2581. Iustitiae est inaequalia inaequalibus dare.
[S.Tomás de Aquino, Summa Theologica 1.47] Cabe à
justiça dar coisas desiguais aos desiguais.
2582. Iustitiae munus est ius suum unicuique tribuere.
A função da justiça é dar a cada um o seu direito.
2583. Iustitiae primum est munus, ut ne cui quis noceat.
[Cícero, De Officiis 1.20] A principal função da justiça
é que ninguém prejudique a outrem.
2584. Iustitiae soror fides. [Horácio, Carmina 1.24.6] A
confiança é irmã da justiça.
2585. Iustitiam, igitur, definiemus caritatem sapientis,
hoc est, sequentem sapientiae dictata. [Leibnitz]
Vamos, pois, definir justiça como o amor do sábio, isto
é, o amor que segue os mandamentos da sabedoria.
2586. Iusto tempore. No tempo certo.
2587. Iustum ab iniustis petere insipientia est. [Burton,
The Anatomy of Melancholy 98] Tentar conseguir coisa
justa de pessoas injustas é tolice. VIDE: ● Iniusta ab
iustis impetrare non decet, iusta autem ab iniustis
petere, insipientia est. ● Iusta autem ab iniustis
petere insipientia est.
2588. Iustum deduxit Dominus per vias rectas. [Vulgata,
Sabedoria 10.10] O Senhor guiou o justo por caminhos
retos.
2589. Iustum esse facile est cui vacat pectus metu.
[Sêneca, Octavia 441] É fácil ser justo àquele cujo
coração desconhece o medo.
2590. Iustum est bellum, quibus necessarium, et pia
arma, quibus nulla nisi in armis relinquitur spes.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 9.1] É justa a guerra para
aqueles aos quais é necessária, e honestas as armas para
aqueles cuja esperança repousa somente nas armas.
2591. Iustum est ut ille qui alium decipere voluit, suam
sentiat iacturam. [Jur] É justo que aquele que quis
enganar os outros sofra seu castigo.
2592. Iustum et tenacem propositi virum, si fractus
illabatur orbis, impavidum ferient ruinae. [Horácio,
Carmina 3.3.1] Se o mundo despedaçado desmoronasse,
suas ruínas atingiriam o homem justo e firme de
propósitos, sem perturbá-lo.
2593. Iustum matrimonium. [Digesta 34.9.13] O
casamento legal. O casamento civil. VIDE: ● Iustae
nuptiae.
2594. Iustum pretium. O preço justo.
2595. Iustum quisque affectum iudicat, quem agnoscit.
[Sêneca, De Ira 1.12] Cada um considera justa a paixão
que reconhece em si.
2596. Iustus autem in fide sua vivet. [Vulgata, Habacuc
2.4] O justo, porém, viverá da sua fé. ● Iustus autem ex
fide vivit. [Vulgata, Romanos 1.17] O justo, porém,
vive da fé. ● Iustus autem ex fide sua vivet. O justo,
porém, viverá de sua fé.
2597. Iustus germinabit sicut lilium, et florebit in
aeternum ante Dominum. [Da missa de S.José, da
liturgia católica] O justo germinará como o lírio, e
florescerá para sempre diante do Senhor.
2598. Iustus ut palma florebit. [Vulgata, Salmos 91.13] O
justo florescerá como uma palmeira.
2599. Iuvante Deo. Com a ajuda de Deus. VIDE: ● Deo
iuvante.
2600. Iuvante Deo nihil valet invidia. Quando Deus nos
ajuda, a inveja não consegue nada.
2601. Iuvare amicos rebus afflictis decet. [Eurípides /
Grynaeus 46] Convém ajudar os amigos nas situações
aflitivas.
2602. Iuvat inconcessa voluptas. [Ovídio, Amores 3.4.31]
O prazer proibido agrada. ■ O fruto proibido é mais
doce. ■ O proibido aguça o dente. VIDE: ● Cupimus
negata. ● Nitimur in vetitum semper, cupimusque
negata. ● Placet inconcessa voluptas.
2603. Iuvat ipse labor. [Marcial, Epigrammata 1.107.8] O
próprio trabalho é um prazer.
2604. Iuvat pietas. [Divisa de Mirabeau] O amor me dá
satisfação.
2605. Iuvat socios habuisse dolorum. Agrada ter
companheiros de sofrimentos.
2606. Iuveni parandum, seni utendum. [Sêneca,
Epistulae Morales 36.4] Na juventude, deve-se
acumular; na velhice, usar. ■ Guarda moço, acharás
velho. VIDE: ● Laborandum in iuventa, quo seni
suppetat commodius vivendi facultas. ● Quaere
adulescens, utere senex. ● Quaerere divitias debet
iuvenilior aetas, nutriat unde graves cana senecta
dies.
2607. Iuvenibus non modo non invidetur, verum etiam
favetur. [Cícero, De Officiis 2.45, adaptado] Não só
não se quer prejudicar os jovens, mas até quer-se
favorecê-los.
2608. Iuvenibus opera, consilia vero senioribus
conveniunt. [Schottus, Adagia 298] Aos jovens convêm
as obras; a ponderação convém aos velhos. VIDE: ● Facta
iuvenum, consilia mediocrium, vota senum.
● Iuvenum lanceae, senum consilia. ● Senum consilia,
iuvenum lanceae. ● Sunt iuvenum acta, virum
consulta, preces seniorum. ● Temeritas est florentis
aetatis, prudentia, senescentis. ● Temeritas est
florentis aetatis, sapientia senectutis. ● Vota senum,
consulta virorum, et facta iuventae.
2609. Iuvenile vitium est, regere non posse impetum.
[Sêneca, Troades 251] É um defeito da mocidade não
poder governar o próprio ímpeto.
2610. Iuveniles lacrimae vitiis obstant. [Binder, Medulla
883] As lágrimas juvenis impedem os vícios. ■ É melhor
que chore o filho do que o pai.
2611. Iuvenilia. Obras produzidas na mocidade.
2612. Iuvenilis ardor impetu primo furit, languescit
idem facile, nec durat diu. [Sêneca, Octavia 189] A
paixão do jovem é ardente no primeiro impulso, mas
declina rapidamente e não dura muito tempo. ■ Amor de
menino, água em cestinho.
2613. Iuvenis quidem potest cito mori; sed senex diu
vivere non potest. [S.Jerônimo, Epistulae 127.2] O
jovem pode morrer cedo, mas o velho não pode viver
muito tempo. ■ O jovem vai morrer, o velho tem de
morrer.
2614. Iuventa viribus pollet. [Erasmo, Adagia 3.8.67] A
mocidade tem muita força.
2615. Iuventus otiosa omni bestia immanior. A
juventude ociosa é mais cruel que qualquer fera.
2616. Iuventus ventus. A mocidade é um vento. ■ A
juventude é uma flor que passa. ■ A mocidade é defeito
que se corrige dia a dia.
2617. Iuvenum feroces concitat flammas, senibusque
fessis rursus exstinctos revocat calores. [Sêneca,
Hippolytus 290] Nos moços, (o amor) excita chamas
violentas; nos velhos esgotados, reanima os ardores
extintos.
2618. Iuvenum lanceae, senum consilia. [Rezende 3000]
Dos jovens as lanças, dos velhos a ponderação. ■ Cão
velho, quando ladra, dá aviso. VIDE: ● Facta iuvenum,
consilia mediocrium, vota senum. ● Iuvenibus opera,
consilia vero senioribus conveniunt. ● Senum
consilia, iuvenum lanceae. ● Sunt iuvenum acta,
virum consulta, preces seniorum. ● Temeritas est
florentis aetatis, prudentia, senescentis. ● Temeritas
est florentis aetatis, sapientia senectutis. ● Vota
senum, consulta virorum, et facta iuventae.
2619. Iuxta bonum homini dat Deus duplex malum.
[Publílio Siro] Junto com um bem, Deus dá ao homem
dois males. ■ Duas verdes com uma madura. ● Iuxta
unum bonum duo mala hominibus distribuit Deus.
2620. Iuxta claudum claudicare disces. [Plutarco /
Dumaine 241] Perto do coxo, aprenderás a coxear.
■ Quem anda com coxo aprende a coxear. ● Iuxta
claudum habitans claudicare discit. Quem mora perto
de um coxo, aprende a coxear. VIDE: ● Claudo
propinquus, claudicare mox scies. ● Si apud claudum
habitas, claudicabis. ● Si cum claudo cohabites,
subclaudicare disces. ● Si iuxta claudum habites,
subclaudicare disces.
2621. Iuxta conventionem. [Jur / Black 1052] De acordo
com a convenção.
2622. Iuxta fluvium puteum fodit. [Erasmo, Adagia
3.3.69] Está cavando um poço à margem do rio. (=Faz
um trabalho desnecessário). VIDE: ● In silvam non ligna
feras.
2623. Iuxta legem. Segundo a lei. Conforme a lei.
2624. Iuxta plasma solet esse locatio. [DAPR 143]
Costuma haver um lugar adequado a cada criatura.
■ Cada um vai ao moinho com seu saco. ● Iuxta plasma
basis solet esse locatio vasis. O lugar do vaso costuma
ser de acordo com sua base.
2625. Iuxta fluvium puteum fodit. [Eiselein 99] Cava
poço junto do rio.
2626. Iuxta terram navigatio, iuxta mare ambulatio
gratior. [Plutarco] É mais agradável navegar perto da
terra e caminhar perto do mar. VIDE: ● Iucundissima
navigatio iuxta terram, ambulatio iuxta mare.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

L
1. Labia stulti miscent se rixis, et os eius iurgia
provocat. [Vulgata, Provérbios 18.6] Os lábios do
insensato metem-se em disputas, e a sua boca provoca
as contendas.
2. Labiis suis glorificat me, cor autem eius longe est a
me. [Vulgata, Isaías 29.13] Com os seus lábios me
glorifica, mas seu coração está longe de mim.
3. Labitur enitens sellis haerere duabus. [CODP 21]
Quem procura sentar-se em duas cadeiras leva um
tombo. ■ Quem corre a duas lebres, não apanha
nenhuma. ■ Ninguém pode servir a dois senhores. VIDE:
● Sedibus in mediis, homo saepe residit in imis.
4. Labitur ex animo benefactum, iniuria durat.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 34] O benefício
desaparece do coração; a injúria permanece.
■ Escrevem-se na areia os favores e gravam-se no metal
as ofensas. ● Labitur ex animo benefactum, iniuria
nunquam. [Binder, Thesaurus 1610] O benefício
desaparece do coração; a injúria, nunca.
5. Labitur ex oculis umida gutta meis. [Ovídio, Tristia
1.3.4, adaptado] Dos meus olhos cai uma lágrima. VIDE:
● Decidit ex oculis umida gutta meis. ● Ex oculis
umida gutta cadit.
6. Labitur exiguo quod partum est tempore longo.
[Dionísio Catão, Disticha / Pereira 108] Passa rápido o
que demorou a ser produzido. ■ É mais fácil demolir que
construir. VIDE: ● Momento fit cinis; diu silva.
● Perditur exiguo quaesitum tempore longo. ● Res
quaesita mora, parva consumitur hora.
7. Labitur occulte, fallitque volatilis aetas. [Ovídio,
Metamorphoses 10.518; Amores 1.8.49] O tempo
fugidio escoa furtivo e desaparece.
8. Labitur totas furor in medullas, igne furtivo
populante venas. [Sêneca, Hippolytus 279] O desejo
(que o amor inspira) corre por toda a medula, enquanto
um fogo oculto devora as veias.
9. Labor assiduus carnales deprimit aestus. [S.Beda,
Proverbiorum Líber] O trabalho contínuo abate os
ardores carnais.
10. Labor assiduus hominibus sapientiam dedit. O
trabalho contínuo deu sabedoria aos homens.
11. Labor bonae famae pater est. [Binder, Medulla 838]
O trabalho é pai do bom nome. VIDE: ● Labor gloriae
pater.
12. Labor corrigit malos mores. [Medina 649] O
trabalho corrige o mau caráter.
13. Labor est etiam ipse voluptas. [Manílio, Astronomia
4.155] O próprio trabalho é um prazer. VIDE: ● Labor
ipse voluptas.
14. Labor et fides. [Divisa do Barão de Ramiz Galvão /
Rezende 3009] Trabalho e fé.
15. Labor ferendus est cibum petentibus. [Schottus,
Adagialia Sacra 134] Aos que querem comer deve ser
dado trabalho. ■ Quem quiser comer, depene. VIDE: ● His
qui volunt edere, ferendus est labor.
16. Labor gloriae pater. O trabalho é o pai da glória.
VIDE: ● Gloria labores sequitur. ● Labor bonae famae
pater est. ● Labores pariunt honores. ● Solet sequi
laus, cum viam fecit labor.
17. Labor imperantis militum securitas. [Publílio Siro]
A dedicação do comandante é a segurança dos soldados.
18. Labor improbus omnia vincit. [Schottus, Adagia
306] O trabalho persistente tudo vence. ■ O trabalho
tudo vence. ■ A perseverança tudo alcança. ■ A porfia
mata caça. VIDE: ● Cura omnia potest. ● Curae nihil
impossibile est. ● Industriae nil impossibile. ● Labor
omnia vincit. ● Labor omnia vicit improbus. ● Omnia
vincit labor.
19. Labor ingenium miseris dedit. [Manílio,
Astronomica 1.80; Grynaeus 370] O sofrimento deu
talento aos infelizes.
20. Labor ipse voluptas. [Divisa] O próprio trabalho é um
prazer. VIDE: ● Labor est etiam ipse voluptas.
21. Labor iuventuti optimum est obsonium. [Publílio
Siro] O trabalho é para a juventude o melhor alimento.
22. Labor labore cumulatur. [Schottus, Adagia 517] Um
trabalho é acompanhado por outro. ■ Um trabalho é
véspera de outro. VIDE: ● Opus post opus.
23. Labor nunquam caret suo fructu. O trabalho nunca
fica sem seu fruto. ■ Trabalha e terás, madruga e verás.
24. Labor omnia vincit. [Divisa do Estado de Oklahoma,
EUA] ■ O trabalho tudo vence. ■ A perseverança tudo
alcança. ● Labor omnia vicit improbus. [Virgílio,
Georgica 1.145] O trabalho persistente tudo venceu.
VIDE: ● Labor improbus omnia vincit. ● Omnia vincit
labor.
25. Labor optimos citat. [Sêneca, De Providentia 5.4] O
trabalho provoca os melhores homens.
26. Labor paupertatem vincit. [Sweet 12] O trabalho
vence a pobreza. ■ Sem trabalho, só a pobreza.
■ Trabalha e vencerás. ■ Quem trabalha tem alfaia.
27. Labor prima virtus. [DAPR 816] O trabalho é a
principal virtude.
28. Labor quasi callum obducit dolori. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.36] O sofrimento cria uma
espécie de calo contra a dor.
29. Labor senectutis obsonium. [Xenofonte / Bernardes,
Nova Floresta 1.323] O trabalho é o sustento da velhice.
■ Quem trabalha tem alfaia. ■ Mocidade desprevenida,
velhice arrependida. ● Labor senectutis optimum
obsonium. [Binder, Thesaurus 1614] O trabalho é o
melhor sustento da velhice. VIDE: ● Optimum obsonium
labor senectuti. ● Senectuti labor obsonium
optimum. ● Senibus labor optima fercla.
30. Labor ubique est. [Medina 590] O trabalho está em
toda parte. ■ Aonde irá o boi, que não lavre?
31. Labor vel ignem ex lapide decutit. [Bebel / Eiselein
34] O trabalho tira até fogo de pedra. ■ Quem trabalha
tudo alcança. VIDE: ● Ignis de lapide surgit mediante
labore.
32. Labor voluptasque, dissimillima natura, societate
quaedam inter se naturali sunt iuncta. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 5.4] O sofrimento e o prazer, distintos
por natureza, estão unidos entre si por um liame natural.
■ Não há prazer sem amargura.
33. Laborandum in iuventa, quo seni suppetat
commodius vivendi facultas. [Grynaeus 367] Deve-se
trabalhar na juventude para que se ofereça ao velho o
direito de viver de maneira mais confortável. ■ Guarda
moço, acharás velho. VIDE: ● Iuveni parandum, seni
utendum. ● Quaere adulescens, utere senex.
● Quaerere divitias debet iuvenilior aetas, nutriat
unde graves cana senecta dies.
34. Laborantem agricolam oportet primum de
fructibus percipere. [Vulgata, 2Timóteo 2.6] Convém
que o lavrador, que trabalha, recolha dos frutos
primeiro.
35. Laborantes Deus adiuvat. [Eurípides / Bebel, Adagia
Germanica] ■ Deus ajuda a quem trabalha. VIDE: ● Ad
auxilium Dei tuo etiam opus est labore.
36. Laborantibus succurrere, aegris medere, afflictos
excitare. [Cícero, De Oratore 1.37.2] Socorrer os que
padecem, curar os enfermos, animar os aflitos.
37. Laborare est orare. [Divisa da Ordem dos
Beneditinos] ■ Trabalhar é orar. ■ Quem está
trabalhando, a Deus está-se encomendando. VIDE:
● Bene orasse est bene studuisse. ● Operatio fere idem
est atque oratio. ● Ora et labora. ● Qui laborat, orat.
● Qui orat et laborat, cor levat ad Deum cum
manibus.
38. Labore et constantia. [Divisa] Com trabalho e
constância.
39. Labore et diligentia. [Divisa] Com trabalho e
diligência.
40. Labore et honore. [Divisa] Com trabalho e dignidade.
41. Labore et vigilantia. [Divisa] Com trabalho e atenção.
42. Labore miles proficit, otio consenescit. [Medina 649]
Com o trabalho, o soldado se fortalece; com o ócio,
envelhece. ■ A ferrugem gasta mais do que o trabalho.
VIDE: ● Exercitus labore proficit, otio consenescit.
43. Labore omnia florent. [Divisa do Distrito de
Huntingdonshire, Inglaterra] Tudo prospera com o
trabalho.
44. Labore virtute civitas floret. [Divisa de Campinas,
SP] Esta cidade floresce pelo trabalho e pela virtude.
45. Laboremus. [Divisa] Trabalhemos.
46. Labores manuum tuarum quia manducabis, beatus
es. [Vulgata, Salmos 127.2] És feliz porque comerás o
trabalho das tuas mãos.
47. Labores pariunt honores. [Binder, Thesaurus 1615]
O trabalho dá glória. VIDE: ● Gloria labores sequitur.
● Labor gloriae pater. ● Solet sequi laus, cum viam
fecit labor.
48. Labori aegritudinem praetendit. [Pereira 105]
Pretexta doença para não trabalhar. ■ Faz-se de parvo
para não remar. ■ Achaques à sexta-feira para não
jejuar. ■ Faz-se de tolo para viver.
49. Labori faber desit, non fabro labor. [Fedro, Fabulae
3, Epilogus 7] Falta operário para o trabalho, não falta
trabalho para o operário.
50. Laboribus vendunt nobis omnia bona divi.
[Eurípides / Bernardes, Nova Floresta 3.145] Os deuses
nos vendem todos os bens em troca de trabalhos. ■ Deus
ajuda a quem trabalha. ■ Trabucas, manducas; não
trabucas, não manducas. ■ Deus não manda nem
cozido, nem assado. ● Laboribus dii bona vendunt.
[Binder, Thesaurus 1616] ● Laboribus vendunt dei
nobis omnia bona. [Carl Heim, Rhetores Latini
Minores 553] VIDE: ● Dii bona laboribus vendunt. ● Dii
nobis laboribus omnia vendunt. ● Industriam adiuvat
Deus.
51. Laboribus veniunt nobis omnia bona. Pelo trabalho
vêm-nos todas as coisas boas. ■ Com trabalho tudo se
alcança.
52. Laboriosa iuventutis studia, iucunda senectutis otia.
Da juventude é o esforço laborioso, da velhice é o
agradável ócio.
53. Laboriosa virtus est, vitium est iners. A virtude é
trabalhadora; o vício é preguiçoso.
54. Laboriosum non statim praeclarum. [RH 4.6] O que
é trabalhoso não é necessariamente excelente.
55. Laborum dulce lenimen. [Horácio, Carmina 1.32.14]
O doce consolo de meus sofrimentos. (=O poeta se
refere aos seus poemas).
56. Labuntur et imputantur. [Inscrição em relógio de
sol] (As horas) te escapam e te são debitadas.
57. Lac gallinaceum. [Plínio Antigo, Naturalis Historia,
Praefatio 24; Petrônio, Satiricon 38.1; Erasmo, Adagia
1.6.3] Leite de galinha. (=Uma coisa extraordinária.
Uma sorte extremamente favorável). ● Lac gallinarum.
[Schottus, Adagia 266] Leite das galinhas.
58. Lac post vinum venenum. [Aforismo médico
medieval / DAPR 662] Leite depois do vinho é veneno.
59. Laconismo utar. [Pereira 102] Usarei de laconismo.
■ Direi em duas palavras.
60. Lacrima Christi. Lágrima de Cristo. (=Nome dado a
um vinho do sul da Itália).
61. Lacrima nihil citius arescit. [Cícero, De Inventione
1.109] Nada seca mais depressa que a lágrima. ■ Nada
seca mais depressa do que as lágrimas. ● Lacrima nihil
citius arescit, praesertim in alienis malis. Nada seca
mais depressa que a lágrima, principalmente no
sofrimento dos outros. VIDE: ● Cito arescit lacrima.
● Cito enim exarescit lacrima, praesertim in alienis
malis. ● Nihil citius arescit quam lacrima. ● Nihil
enim lacrima citius arescit. ● Nihil facilius quam
lacrimas inarescere.
62. Lacrimae animum profusae levant. [Sêneca,
Epistulae Morales 99.16] As lágrimas derramadas
aliviam a alma. ■ As lágrimas aliviam. ■ As lágrimas são
o melhor consolo.
63. Lacrimae feminae sunt valde periculosae. As
lágrimas da mulher são muito perigosas. ■ Lágrimas de
mulher, têmpera de malícia. VIDE: ● Muliebris lacrima
condimentum est malitiae.
64. Lacrimae crocodili. [Polydorus, Adagia] Lágrimas de
crocodilo. VIDE: ● Crocodili lacrimae. ● Lacrimae
simulatae.
65. Lacrimae nobis deerunt, ante quam causae dolendi.
[Sêneca, Ad Polybium 4.2] Faltar-nos-ão lágrimas,
antes que causas de pranto.
66. Lacrimae prosunt: lacrimis adamanta movebis.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.657] As lágrimas são úteis:
com elas comoverás até os diamantes. VIDE: ● Lacrimis
adamanta movebis.
67. Lacrimae siccentur protinus. [Juvenal, Satirae 16.27]
As lágrimas logo secarão.
68. Lacrimae simulatae. Lágrimas fingidas. ■ Lágrimas
de crocodilo. VIDE: ● Crocodili lacrimae. ● Lacrimae
crocodili.
69. Lacrimae veniam non postulant, sed obtinent.
[S.Ambrósio / Rezende 3017] As lágrimas não pedem
perdão, mas o alcançam. ■ Lágrimas abrandam penhas.
● Lacrimae veniam non postulant, sed merentur.
[S.Beda, Proverbiorum Liber] As lágrimas não pedem,
mas merecem perdão.
70. Lacrimas lacrimis miscere iuvat; magis exurunt
quae secretae lacerant curae. [Sêneca, Agamemnon
664] É agradável juntar lágrimas a lágrimas; ferem mais
as preocupações que ferem em segredo.
71. Lacrimatus est Iesus. [Vulgata, João 11.35] Então
chorou Jesus.
72. Lacrimis adamanta movebis. Com lágrimas
comoverás até os diamantes. ■ Lágrimas quebrantam
penhas. VIDE: ● Lacrimae prosunt: lacrimis adamanta
movebis.
73. Lacrimis ianua surda tuis. [Marcial, Epigrammata
10.14.8] A porta está surda às tuas lágrimas. ● Lacrimis
ianuae surdae sunt tuis. As portas estão surdas às tuas
lágrimas.
74. Lacrimis meis stratum meum rigabo. [Vulgata,
Salmos 6.7] Lavarei com lágrimas o meu estrado.
75. Lacrimis oculi rorantur obortis. [Ovídio, Heroides
15.97] Os olhos se umedecem com as lágrimas
derramadas. VIDE: ● Rorantur oculi lacrimis.
76. Lacrimis struit insidias, dum femina plorat.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 2.16] A mulher,
quando chora, arma ciladas com as lágrimas. ■ Lágrimas
de mulher, fonte de malícia. ● Lacrimis struit insidias,
cum femina plorat. VIDE: ● Instruit insidias lacrimis,
cum femina plorat. ● Struit insidias lacrimis cum
femina plorat.
77. Lactis gallinacei haustus. [Schottus, Adagia 387] Um
gole de leite de galinha. (=Um golpe de boa sorte).
● Lactis gallinacei sperare possis haustum. [Plínio
Antigo, Naturalis Historia, Praefatio 24] Esperar um
gole de leite de galinha. ■ Esperar pela sorte grande.
● Lactis gallinarum haustum sperare. VIDE:
● Gallinacei lactis haustum polliceri.
78. Lactuca in cibis aviditatem incitat. [Aforismo
medieval] A alface nas refeições estimula o apetite.
79. Lacuna legis. [Jur] Lacuna da lei.
80. Lacunar spectat. Ele olha o teto. (=Está distraído.
Finge que não vê). ■ Está com o sentido em Caparica.
■ Está pensando na morte da bezerra.
81. Laedere facile, mederi difficile. [Binder, Medulla
844; Pereira 115] Ferir é fácil, curar é difícil. ■ É mais
fácil rasgar que costurar. ■ O mal entra às braçadas e
sai às polegadas.
82. Laedere nunquam velimus, longeque absit illud
propositum, potius amicum quam dictum perdendi.
[Quintiliano, Institutio Oratoria, 6.3.28] Nunca
quisemos ferir ninguém; longe de nós aquele propósito
de preferir perder um amigo a perder uma boa frase.
VIDE: ● Potius amicum quam dictum perdere.
83. Laedere qui potuit, prodesse aliquando valebit.
[Grynaeus 107] Quem pôde prejudicar, às vezes poderá
ser útil. ● Laedere qui potuit, poterit prodesse
aliquando.
84. Laedi nemini qui non seipse laeserit prior.
[S.Crisóstomo / Schottus, Adagia 619] Não se faz mal a
ninguém que não se tenha feito mal antes.
85. Laedi possum, vinci non possum. Posso ser ferido,
mas não posso ser vencido. ● Laedi me posse, vinci
non posse. [Sêneca, Ad Polybium 16.3]
86. Laedit, iuvat nil improbi munus viri. [Eurípides /
Manúcio, Adagia 133] Dádiva de homem mau
prejudica, não serve para nada. ■ Dádiva de ruim a seu
dono se parece. VIDE: ● Dona inimicorum veneno illita
sunt. ● Donum inimicorum veneno illitum. ● Hostium
dona non dona, nec utilia. ● Hostium dona non sunt
dona. ● Hostium munera non sunt munera.
● Hostium munera, non munera. ● Inimicorum dona
infausta. ● Suspecta malorum beneficia.
87. Laesa maiestas. [Jur / Black 1063] Lesa-majestade.
88. Laesa saepius repugnat ovis. [DAPR 350] Muitas
vezes a ovelha ferida revida a agressão. ■ Cada formiga
tem sua ira. ■ Rã também sente como gente. ● Laesa
etiam repugnat ovis. [Binder, Thesaurus 1621] VIDE:
● Etiam instanti laesa repugnat ovis. ● Nemo ita
despectus, quin possit laedere laesus. ● Non solum
taurus ferit uncis cornibus hostem, verum etiam
instanti laesa repugnat ovis.
89. Laesio famae. [Jur] Lesão à honra.
90. Laeso doloris remedium inimici est dolor. [Publílio
Siro] O remédio para a dor do ofendido é a dor do
ofensor.
91. Laetamini. Alegrai-vos. ● Laetamini in Domino.
[Vulgata, Salmos 31.11] Alegrai-vos no Senhor.
92. Laetandum est vita, nullius morte dolendum: cur
etenim doleas, a quo dolor ipse recessit? [Dionísio
Catão, Disticha, Appendix 1] Deve-se buscar alegria na
vida, não se deve chorar a morte de ninguém: por que
chorar aquele a quem a própria dor abandonou?
93. Laetare cum muliere adulescentiae tuae. [Vulgata,
Provérbios 5.18] Alegra-te com a esposa da tua
juventude.
94. Laetare, ergo, iuvenis, in adulescentia tua. [Vulgata,
Eclesiástico 11.9] Alegra-te, pois, jovem, em tua
juventude.
95. Laetentur et exultent gentes. [Vulgata, Salmos 66.5]
Alegrem-se e regozijem-se as gentes.
96. Laetificat stultum nil dare, promittere multum.
[Werner, Lateinische Sprichwörter 66] Muito prometer
e nada dar alegra o tolo. ■ Prometer não é dar, mas ao
néscio contentar. ● Laetificat stultum grandis
promissio multum. Grande promessa alegra o tolo.
97. Laetis seria miscuimus. [Ausônio, Epigrammata 2]
Às coisas alegres juntamos coisas graves.
98. Laetitia est hominis transitio a minore ad maiorem
perfectionem. [Espinosa, Ethica 3] Alegria é a
transição do homem de uma menor perfeição para uma
maior.
99. Laetitia in vita est rara hora, brevis mora. [Binder,
Thesaurus 1622] Na vida a alegria é uma hora rara, um
momento curto.
100. Laetitia iuvenem, frons decet tristis senem.
[Sêneca, Hippolytus 453] A alegria convém ao moço;
ao velho, o rosto austero.
101. Laetitiae proximus fletus. [DAPR 583] O pranto
está perto da alegria. ■ O riso está perto do pranto. VIDE:
● Post gaudia luctus. ● Risum in lacrimis vertit.
102. Laetius est, quotiens magno sibi constat,
honestum. [Lucano, Pharsalia 9.404] Toda coisa nobre,
quanto mais custa, mais agradável se torna. ■ O que
custa é o que lustra.
103. Laetos carpe dies, dum spirat blandior aura.
[Schottus, Adagia 585] Aproveita os dias felizes
enquanto sopra uma brisa mais suave.
104. Laetus in praesens animus, quod ultra est, oderit
curare. [Horácio, Carmina 2.16.25] O espírito satisfeito
com o presente detestará preocupar-se com o que virá.
105. Laetus sorte tua vives sapienter. [Horácio, Epistulae
1.10.44] Contente com tua sorte, viverás com sabedoria.
106. Laetus sum laudari me abs te, pater, a laudato
viro. [Névio / Cicero, Ad Familiares 15.6] Alegra-me
ser louvado por ti, ó pai, que és um homem de valor
reconhecido. ● Laetus sum laudari a laudato viro.
Orgulho-me de ser elogiado por um homem de valor.
107. Lambens assidue eliciet canis ore cruorem. [Pereira
99] Cão que está sempre lambendo tira sangue com a
boca. ■ Cão que muito lambe tira sangue.
108. Lampada cursu tibi trado. Passo-te a tocha no meio
da corrida. VIDE: ● Cursu lampada trado. ● Tibi
lampada trado.
109. Lana caprina. Lã de cabra. (=Coisa sem
importância). VIDE: ● Lis erat non de lana caprina, nec
de asini, quod aiunt, umbra, sed de magna summa
pecuniarum.
110. Lanam petierat, ipseque tonsus abiit. [DAPR 212]
■ Foi buscar lã e voltou tosquiado. VIDE: ● Fraus in
auctorem recidit. ● Saepe subactus erit, alium qui
sternere quaerit.
111. Lapidem coquis ipsum. [Schottus, Adagia 597]
Estás cozinhando uma pedra. (=Fazes trabalho inútil).
■ Isso é cantar a um surdo. ● Lapidem elixas. [Erasmo,
Adagia 1.4.49] ● Lapidem lavas. Estás lavando uma
pedra.
112. Lapidem mittere ad acervum Mercurii.
Acrescentar uma pedra à pedreira de Mercúrio. ■ Levar
água ao mar. ■ Levar ferro a Biscaia. VIDE: ● Sicut qui
mittit lapidem in acervum Mercurii, ita qui tribuit
insipienti honorem.
113. Lapidem omnem movebo. [Rezende 3024] Moverei
todas as pedras. ■ Intentarei todos os meios. ■ Moverei
mundos e fundos. VIDE: ● Omnem agitare rudentem.
● Omnem funem movere. ● Omnem lapidem movebo.
● Omnem movere funem. ● Omnem movere lapidem.
● Omnem movere rudentem.
114. Lapidem quem reprobaverunt aedificantes, hic
factus est in caput anguli. [Vulgata, Salmos 117.22] A
pedra que desprezaram os edificadores, esta foi posta
por cabeça do ângulo.
115. Lapidem verberas. Chicoteias a pedra. ■ Malhas em
ferro frio. VIDE: ● Verberare lapidem.
116. Lapideo sunt corde multi. [Ênio, Fragmenta] Muitos
há que têm coração de pedra.
117. Lapides excavant aquae. [Vulgata, Jó 14.19] As
águas escavam as pedras. ■ A água cava a pedra dura.
VIDE: ● Aquae guttae saxa excavant. ● Assidua stilla
saxum excavat. ● Guttae pertundunt saxa. ● Lapis
molli cavatur aqua. ● Stillula molis aquae lapidem
assiduo cavat ictu. ● Stillicidii casus lapidem cavat.
● Stillicidium perpetuum saxum excavat. ● Stilla
continua cavat lapidem.
118. Lapides loqueris. [Plauto, Aulularia 110] Dizes
pedras. ■ Dizes cobras e lagartos. ■ Falas com sete
pedras na mão.
119. Lapideus sum! [Plauto, Truculentus 817] Estou
petrificado!
120. Lapidi loqueris. [Grynaeus 231] Falas com uma
pedra. (=Falas com quem não te entende. Falas com um
estúpido). ■ Perdes teu latim.
121. Lapis amussi est applicandus, non amussis ad
petram. [Plutarco / Schottus, Adagia 641] A pedra deve
ser ajustada à régua, não a régua à pedra. VIDE: ● Ad
amussim applica lapidem, non ad lapidem amussim.
122. Lapis lapidem terit. [Plauto, Asinaria 30] Uma pedra
desgasta a outra. ■ Uma faca amola outra.
123. Lapis molli cavatur aqua. A pedra é perfurada pela
água mole. ■ A água mole cava a pedra dura. VIDE:
● Aquae guttae saxa excavant. ● Assidua stilla saxum
excavat. ● Guttae pertundunt saxa. ● Lapides
excavant aquae. ● Stillula molis aquae lapidem
assiduo cavat ictu. ● Stillicidii casus lapidem cavat.
● Stillicidium perpetuum saxum excavat. ● Stilla
continua cavat lapidem.
124. Lapis offensionis et petra scandali. [Vulgata,
1Pedro 2.8] Pedra de tropeço e pedra de escândalo.
125. Lapis philosophorum. A pedra filosofal.
126. Lapis qui volvitur algam non generat. [Apostólio
12.5] ■ Pedra que rola não cria musgo. ■ Pedra que rola
não cria limo. ■ Pedra muito bulida não cria bolor.
■ Pedra movediça não ajunta musgo. ■ Pedra roliça não
cria bolor. ● Lapis saepe volutus non obducitur
musco. ● Lapis volutus non musco obducitur. VIDE:
● Musco lapis volutus haud obducitur. ● Musco lapis
volutus non obducitur. ● Mutatum saxum nequit
ullum ducere muscum. ● Non fit hirsutus lapis hinc
aliquo inde volutus. ● Non fit hirsutus lapis per loca
volutus. ● Saxum volubile non obducitur musco.
● Saxum volutum non obducitur musco.
127. Lapso succurre amico. [Ovídio, Ex Ponto 3.3.9]
Socorre o amigo caído. VIDE: ● Succurre ruenti.
128. Lapsus. Um escorregão. (=Um erro involuntário. Um
lapso).
129. Lapsus calami. Um escorregão da caneta. (=Um erro
de escrita). VIDE: ● Lapsus pennae. ● Lapsus scribendi.
130. Lapsus falsae linguae quasi qui in pavimento
cadens. [Vulgata, Eclesiastes 20.20] O escorregão de
uma língua enganadora é como uma queda sobre o
pavimento.
131. Lapsus linguae. Um escorregão da língua. (=Um erro
de linguagem cometido por distração. Uma frase
inconveniente). ● Lapsus loquendi. VIDE: ● Lubricum
linguae. ● Os lubricum.
132. Lapsus memoriae. Um escorregão de memória.
(=Uma falha de memória).
133. Lapsus pennae. Um escorregão da pena. (=Um erro
de escrita). ● Lapsus scribendi. Um escorregão no
escrever. VIDE: ● Lapsus calami.
134. Lapsus ubi semel sis, sit tua culpa, si iterum
cecideris. [Publílio Siro] Quando caíste uma vez, se
caíres novamente, torna-se tua culpa. ■ Só o tolo cai
duas vezes no mesmo buraco. ■ Duas vezes é moléstia.
● Lapsus semel fit culpa, si iterum cecideris. O que
uma vez foi um escorregão, se caíres novamente, será
uma culpa.
135. Laqueo suo captus est. [Binder, Thesaurus 1629] Foi
apanhado pelo seu próprio laço. ■ Caiu no laço que
armou. ■ Quem arma a esparrela às vezes cai nela.
136. Laqueo vetustus simius non prenditur. Macaco
velho não se pega com laço. ■ Macaco velho não trepa
em galho seco. ■ Raposa matreira não fará besteira.
● Laqueo vetustus simius non prenditur, capitur
tamen, sed temporis longa mora. [Schottus, Adagia
607] Macaco velho não se pega com laço; ele até que
pode ser apanhado, mas é preciso muito tempo.
137. Laqueus diaboli. [S.Agostinho, Confessiones 5.3] O
laço do diabo.
138. Laqueus laqueum capit. [Branco 487] Um laço pega
outro. ■ Ladrão que furta a ladrão, ganha cem dias de
perdão. ● Laqueus laqueum cepit. [Erasmo, Adagia
3.3.20] Um laço pegou outro.
139. Lares et penates. Os lares e os penates. (=Os deuses
domésticos romanos).
140. Larga manu. Às mancheias. VIDE: ● Manibus plenis.
● Plena manu.
141. Largiendo de alieno popularem fieri quaerentes.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 3.1] Sendo pródigos com
o alheio, em busca de se tornarem populares.
142. Largiri de alieno. Ser liberal com o alheio. ● Largiri
ex alieno. ■ De couro alheio correias compridas. VIDE:
● De alieno corio liberalis. ● De alieno corio larga
corrigia. ● De alieno liberalis.
143. Largissimi promissores, vanissimi exhibitores.
[Binder, Medulla 851] Grandes prometedores, vãos
fazedores. ■ Muito prometer, sinal de pouco dar.
■ Muita parra, pouca uva. ● Largissimi promissores,
lentissimi exhibitores. [Binder, Thesaurus 1630]
● Largissimi promissores et parcissimi exhibitores.
[S.Bernardo de Clairvaux, De Consideratione] VIDE:
● Grandia loquuntur, exigua operantur. ● Pollicitis
dives quilibet esse potest.
144. Largitio fundum non habet. [Erasmo, Adagia
1.10.32] A prodigalidade não tem fundo. ● Largitionem
fundum non habere. [Cícero, De Officiis 2.55]
145. Largitionibus habetur commodum sine belli
periculis, triumphus sine pugna, sine labore palma,
sine caede victoria. [Cassiodoro, Epistulae 8.10 /
Bernardes, Nova Floresta 4.295] Pelos grossos
donativos se adquire a vantagem sem os perigos da
guerra, o triunfo sem luta, a palma sem esforço, a vitória
sem mortandade.
146. Largitur pluvias, ubi vult divina potestas. [Pereira
118] O poder divino manda chuva quando quer.
■ Quando Deus quer, com todos os ventos chove.
147. Largus in externis quisque scit esse bonis. [Pereira
103] Todos sabem ser liberais com os bens dos outros.
■ Do pão do meu compadre grande fatia a meu afilhado.
148. Laris et fundi defectus. Sem casa nem terreno. ■ Sem
eira nem beira. VIDE: ● Esse inops laris et fundi.
149. Larvatus prodeo. [Expressão criada por Descartes]
Avanço sob disfarce.
150. Lasciva est nobis pagina, vita proba est. [Marcial,
Epigrammata 1.5.8] Meu livro é lascivo, mas minha
vida é honesta.
151. Lascivia et laus nunquam habent concordiam.
[Publílio Siro] O prazer e a honra nunca se entendem.
152. Lascivus versu, mente pudicus eras. [Adriano,
Fragmento 2] Eras lascivo nos poemas, mas pudico de
espírito.
153. Lassa crudelitas non est vocanda clementia.
[Publílio Siro] Crueldade cansada não deve ser chamada
de clemência.
154. Lassati sumus in via iniquitatis et perditionis.
[Vulgata, Sabedoria 5.7] Cansamo-nos na senda da
iniqüidade e da perdição. VIDE: ● Perditionis via.
155. Lassitudines spontaneae morbus denunciant.
[Aforismo médico / Rezende 3033] Cansaços sem causa
denunciam moléstias.
156. Lassus rixam quaerit. [Manúcio, Adagia 260] O
homem esgotado procura desavença. VIDE: ● A lasso
rixa quaeritur. ● Vetus dictum est a lasso rixam
quaeri; aeque autem et ab esuriente et a sitiente et
ab omni homine quem aliqua res urit.
157. Lata culpa. [Jur / Black 1072] Uma grande
negligência. VIDE: ● Nimia neglegentia.
158. Lata culpa dolo aequiparatur. [Jur / Black 1072]
Uma grande negligência equivale a uma fraude.
159. Lata porta et spaciosa via est, quae ducit ad
perditionem, et multi sunt qui intrant per eam.
[Vulgata, Mateus 7.13] Larga é a porta, e espaçoso o
caminho que conduz à perdição, e são muitos os que
entram por ela.
160. Lata sententia. [Do direito canônico] Uma punição
em que se incorre automaticamente.
161. Lata sententia iudex desinit esse iudicem. [Jur]
Prolatada a sentença, o juiz deixa de ser juiz.
162. Late ignis lucere, nihil ut urat, non potest. [Publílio
Siro] O fogo não pode brilhar muito sem queimar nada.
■ Não se faz fritada sem quebrar ovos. VIDE: ● Ignis late
lucere, ut nihil urat, non potest.
163. Lateat vitium proximitate boni. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.662] Esconda-se o vício na proximidade do
bem.
164. Latent sub melle venena. Esconde-se o veneno
debaixo do mel. ■ Cara de beato, unhas de gato. VIDE:
● Nihil est sine fraude: latent sub melle venena.
165. Latere semper patere, quod latuit diu. [Sêneca,
Oedipus 828] Permite que fique sempre oculto o que
esteve oculto por muito tempo.
166. Laterem lavas. [Grynaeus 321] Lavas um tijolo.
■ Penteias careca. VIDE: ● Ululas Athenas portas.
167. Laterem lavat qui corvum mundat. [Schrevelius
1181] Quem lava um corvo, lava um tijolo. ■ Quem lava
focinho a burro preto, perde sabão e tempo. ● Laterem
qui lavat, nihil facit. [Terêncio, Phormion 186] Quem
lava tijolo, nada faz. VIDE: ● Non absterget
nigretudinem corvus.
168. Latet anguis in herba. [Virgílio, Eclogae 3.93] Há
uma cobra escondida no capim. ■ Aqui há gato
escondido. ■ Debaixo desse angu tem torresmo. ■ Por
aqui anda o diabo. VIDE: ● Anguis in herba. ● In ista
vipera est veprecula. ● Plurimum doli ac fraudis
latet. ● Qui legitis flores et humi nascentia fraga,
frigidus, o pueri, fugite hinc, latet anguis in herba.
● Vipera est in veprecula.
169. Latet hamus in esca. [Gualterius Anglicus, Fabulae
Aesopicae 23.5] Nesse bocado está escondido um anzol.
■ Debaixo do angu há carne.
170. Latet in cauda venenum. O veneno está escondido
na cauda. VIDE: ● In cauda venenum.
171. Latet sub melle venenum. Debaixo do mel está
escondido o veneno. ■ Debaixo do angu tem carne. VIDE:
● Latent sub melle venena. ● Scorpius quem excitas
venenum in cauda gestat.
172. Latifundia perdidere Italiam. [Plínio Antigo,
Naturalis Historia 18.35] Os latifúndios perderam a
Itália.
173. Latina lingua non inops. [Cícero, De Finibus 1.10]
A língua latina não é indigente.
174. Latine dictum. Dito em latim. (=Dito para todos
entenderem).
175. Latine loquor. [Cícero, In Verrem 4.1.2] Estou
falando em latim. (=Estou falando para todos
entenderem). ■ Falo português claro.
176. Lato sensu. Em sentido amplo. Em sentido geral.
VIDE: ● Sensu lato.
177. Latrans annosus, foris aspice quaeso, molossus.
[DAPR 531] Quando o cão velho ladra, por favor, vai
olhar a porta. ■ O cão velho, quando ladra, dá conselho.
■ Cão velho não ladra em vão. VIDE: ● Annoso
prospectandum latrante molosso. ● Cane vetulo
latrante prospectandum est. ● Canes vetuli non
latrant temere. ● Prospectandum cane vetulo
latrante. ● Prospectandum vetulo latrante cane.
178. Latrant, non loquuntur. Eles não falam, ladram.
● Latrant enim iam quidam oratores, non loquuntur.
[Cícero, Brutus 58] Certos oradores ladram, não falam.
179. Latrante stomacho omnis mora bilem movet.
[Binder, Thesaurus 1634] Quando o estômago reclama,
toda demora provoca indignação. ■ Estômago vazio não
tem ouvidos. ■ Ventre em jejum não ouve a nenhum.
180. Latrante uno, latrat confestim et alter canis.
[Schrevelius 1182] Quando ladra um cão,
imediatamente ladra também o segundo. ■ Ovelhas
bobas, por onde vai uma, vão todas. ● Latrante uno,
latrat statim et alter canis. [Stevenson 613]
181. Latrantem curatne alta Diana canem? [Burton, The
Anatomy of Melancholy; DAPR 727] A nobre Diana se
preocupa com o cão que ladra? ■ Homem grande não
desce a coisas baixas. ■ O cão late e a caravana passa.
182. Latrantem stomachum panis bene leniet. Um pão
bem que acalmará o estômago reclamador. ● Latrantem
stomachum bene lenit cum sale panis. [Horácio,
Satirae 2.2.18, adaptado] Pão com sal bem acalma o
estômago que reclama. VIDE: ● Cum sale panis
latrantem stomachum bene leniet.
183. Latrare potest, sollicitare potest; mordere omnino
non potest, nisi volentem. [S.Agostinho / Rezende
3038] Pode ladrar, pode perturbar, mas só pode morder
a quem se oferecer.
184. Latroni et insidiatori nex iniusta non potest
afferri. [Cícero, Pro Milone 10] Não pode ser injusta a
morte que se dá ao ladrão e ao assaltante.
185. Latrunculorum ludus. [Bernardes, Nova Floresta
4.282] Jogo dos ladrõezinhos. (=Jogo de xadrez).
186. Lauda finem. [Zenóbio / Rezende 3040] Louva o
fim. ■ No fim é que se cantam as glórias. ■ Tudo está
bem, quando acaba bem. ■ O fim coroa a obra. VIDE:
● Diem vesper commendat. ● Laus in fine cantatur et
vespere laudatur dies. ● Omnis laus in fine canitur.
● Post factum lauda. ● Tunc beatam dico vitam, cum
peracta fata sunt. ● Vespere laudatur dies.
187. Lauda parce, sed vitupera parcius. [Albertano da
Brescia, De Amore Proximi 16] Louva com moderação,
mas censura com mais moderação. (=O autor atribui a
sentença a Sêneca, De Formula Honestae Vitae). VIDE:
● Parum lauda, vitupera parcius.
188. Laudabiliora videntur omnia quae sine
venditatione et sine populo teste fiunt. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.26] São mais dignas de
louvor as coisas que são feitas sem ostentação e sem o
testemunho do povo.
189. Laudabimus puerum qui quod iussus est fecit.
Louvaremos o menino que fez o que lhe foi mandado.
VIDE: ● Illum laudabimus puerum qui, quantum in se
erat, quod iussus est, fecit.
190. Laudamus te. Nós te louvamos.
191. Laudamus veteres, sed nostris utimur annis.
[Ovídio, Fasti 1.225] Louvamos os tempos passados,
mas gozamos os nossos. VIDE: ● Laudatis semper
antiquitatem, et nove de die vivitis.
192. Laudant illa, sed ista legunt. [Marcial, Epigrammata
4.49] Louvam aqueles (poemas), mas lêem estes.
193. Laudant quae sciunt, vituperant quae ignorant.
[Tertuliano, Apologetius 3] Eles elogiam o que
conhecem e criticam o que ignoram.
194. Laudant quod non intellegunt. Louvam o que não
compreendem. VIDE: ● Condemnant quod non
intellegunt. ● Damnant quod non intellegunt. ● Ne
damnent quae non intellegunt.
195. Laudant ut pueri pavonem. [Erasmo, Adagia
4.1.84] Elogiam como meninos elogiam um pavão.
196. Laudare dignos, honesta actio est. [Sêneca,
Epistulae Morales 102] Louvar os homens dignos é uma
ação nobre.
197. Laudare eumdem et carpere viri est mali.
[Schottus, Adagia 625] É próprio do desonesto louvar e
difamar a mesma pessoa.
198. Laudare praesentem adulatoris est. [Medina 649]
Elogiar quem está presente é atitude de adulador.
199. Laudare præsentem, nec laedere decet absentem.
[Albertano da Brescia, Ars Loquendi 5] Não convém
elogiar quem está presente, nem injuriar quem está
ausente.
200. Laudare se vani, vituperare stulti. [Aristóteles /
Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 7.2.11]
Elogiar-se é coisa de vaidoso, depreciar-se, de tolo.
201. Laudari a bonis et vituperari a malis unum atque
idem est. [Rezende 3044] Ser louvado pelos bons e ser
censurado pelos maus é a mesma coisa. ● Laudari a
bonis, vituperari a malis optima commendatio est.
Ser elogiado pelos bons ou ser censurado pelos maus é
uma ótima recomendação.
202. Laudat adulator, sed non est verus amator. [Odilo
Schreger, Studiosus Jovialis 62] O adulador te elogia,
mas não é amigo verdadeiro. ■ Quem te lisonjeia,
enganar-te quer.
203. Laudat praeteritos, praesentesque despicit annos.
[Maximiano, Elegiae 1] (O velho) louva o passado e
despreza o presente.
204. Laudat venales qui vult extrudere merces.
[Horácio, Epistulae 2.2.11] Elogia as mercadorias
expostas à venda quem delas quer livrar-se. ■ Cada
bufarinheiro louva seus alfinetes. VIDE: ● Auctor opus
laudat. ● Omnis amat care proprias merces
phalerare. ● Plenius aequo laudat venales qui vult
extrudere merces.
205. Laudata improbitas fiet intolerabilis. [Publílio
Siro] A maldade elogiada ficará intolerável.
206. Laudata virtus crescit, et immensum gloria calcar
habet. [Ovídio, Ex Ponto 4.2.35] A virtude elogiada
cresce, e a glória tem um aguilhão muito grande. VIDE:
● Virtus laudata crescit.
207. Laudate eum in cymbalis bene sonantibus.
[Vulgata, Salmos 90.8] Festejai o Senhor com címbalos
ressonantes.
208. Laudate Dominum omnes gentes, laudate eum
omnes populi. [Vulgata, Salmos 116.1] Louvai todas as
gentes ao Senhor; louvai-o todos os povos.
209. Laudate nomen Domini. [Vulgata, Salmos 112.1]
Louvai o nome do Senhor.
210. Laudate, pueri, Dominum. [Vulgata, Salmos 112.1]
Louvai, crianças, o Senhor.
211. Laudatio funebris. O elogio fúnebre. VIDE: ● Oratio
funebris.
212. Laudatis semper antiquitatem, et nove de die
vivitis. [Tertuliano, Apologeticus 6.2] Sempre louvais a
antiguidade, mas viveis o hodierno. VIDE: ● Laudamus
veteres, sed nostris utimur annis.
213. Laudatis utiliora, quae contempseris saepe. [Fedro,
Fabulae 1.12.1] O que desprezas é, muitas vezes, mais
útil do que o que elogias.
214. Laudato ingentia rura, exiguum colito. [Virgílio,
Georgica 2.412] Louva as grandes herdades, mas cultiva
uma pequena.
215. Laudato pavone superbior. [Ovídio,
Metamorphoses 13.802] Mais soberbo do que um pavão
gabado.
216. Laudato vino non opus est hedera. [Pereira 114] O
vinho elogiado não precisa de ramo. (=Indicava-se com
um ramo de hera a loja onde se vendia vinho). ■ O bom
vinho traz a venda consigo. ■ O bom vinho escusa
pregão. ■ O que é bom por si se gaba. ■ O bom vinho
por si se gaba. ■ O bom pano na arca se vende. ■ Faze
boa farinha, e não toques buzina. VIDE: ● Invendibili
merci oportet ultro emptorem adducere; proba merx
facile emptorem reperit. ● Vino vendibili non est
opus hedera appensa. ● Vino vendibili suspensa
hedera nihil opus. ● Vino vendibili suspensa non
opus est hedera.
217. Laudator, adulator. Louvador, adulador. ■ Louvor
humano é puro engano.
218. Laudator temporis acti. [Horácio, Ars Poetica 173]
Um apologista do tempo passado. VIDE: ● Difficilis,
querulus, laudator temporis acti se puero, castigator
censorque minorum.
219. Laudatore nihil insidiosius. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.13 / Rezende 3050] Nada mais traiçoeiro do
que o lisonjeiro. ■ O que te adula, te vende. ■ Quem te
lisonjeia, enganar-te quer.
220. Laudatores pessimum genus. Os louvadores são a
pior raça. ■ Quem te lisonjeia, enganar-te quer.
221. Laudatur ab his, culpatur ab illis. [Horácio,
Sermones 1.2.10] É louvado por estes, e censurado por
aqueles. ■ Ninguém pode agradar a todos. ■ Nenhuma
Maria agrada a todos Manéis.
222. Laudatur nummus, quasi rex super omnia
summus. O dinheiro é louvado como o rei supremo.
223. Laudem virtutis necessitati damus. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 1.8.14] Damos à pobreza o louvor de
uma virtude.
224. Laudemus viros gloriosos. [Vulgata, Eclesiástico
44.1] Louvemos os varões ilustres.
225. Laudes humanae apparent, et evanescunt. [Medina
649] Os louvores dos homens vêm e vão. ■ Louvor
humano é puro engano.
226. Laudet te alienus, et non os tuum; extraneus, et
non labia tua. [Vulgata, Provérbios 22.27] Que outros
te louvem, e não tu mesmo, um estranho e não teus
lábios.
227. Laudibus arguitur vini vinosus Homerus. [Horácio,
Epistulae 1.19.6] Pelos elogios que faz ao vinho, julga-
se que Homero era apreciador dele.
228. Laudis amore tumes? [Horácio, Epistulae 1.1.36]
Estás possuído pelo amor da glória?
229. Laudis non ita sum cupidus, ut aliis eam
praereptam velim. [Cícero, Pro Roscio Amerino 1]
Não sou tão sedento de glória, que queira tomá-la aos
outros.
230. Laudo Deum verum, plebem voco, congrego
clerum, defunctos ploro, fulmina fugo, festa decoro.
[Inscrição em sino / Rezende 3056] Louvo ao Deus
verdadeiro, convoco o povo, reúno o clero, choro os
mortos, afugento os raios, alegro as festas. ● Laudo
Deum verum, plebem voco, congrego clerum,
defunctos ploro, nimbum fugo, festa decoro. [The
Catholic Encyclopedia] Louvo ao Deus verdadeiro,
convoco o povo, reúno o clero, choro os mortos,
afugento a tormenta, alegro as festas.
231. Laudum immensa cupido. [Virgílio, Eneida 6.823]
O imenso desejo de glória.
232. Laurea desidiae praebetur nulla. [Binder,
Thesaurus 1638] Nenhuma glória é concedida à
preguiça.
233. Laureolam in mustaceo quaerere. [Cícero, Ad
Atticum 5.20.4] Procurar uma folha de louro num bolo.
■ Procurar agulha em palheiro.
234. Laus alit artes. [Sêneca, Epistulae Morales 102.16]
A glória alimenta as artes. ■ A lisonjaria a toda orelha é
doce. VIDE: ● Antiquus poëta ait ‘laus alit artes’.
● Honor alit artes. ● Honos alit artes.
235. Laus amicitiam, vituperatio odiunt parit.
[Camerarius, Praecepta Vitae Puerilis] Louvor produz
amizade; crítica produz ódio.
236. Laus Deo. [Expressão freqüente na liturgia católica]
Glória a Deus. ● Laus Deo omnipotenti. Glória a Deus
todo poderoso.
237. Laus emori non potest. [Cícero, Paradoxa 2.2] A
glória não pode morrer.
238. Laus est finire; pudor est incepta perire. Glória é
acabar; vergonha é perder o que se começou.
239. Laus est in bonitate causae, et non in acerbitate
poenae. [Bernardes, Nova Floresta 1.235] A glória (do
martírio) está na qualidade da causa, e não na crueldade
da pena.
240. Laus est iucunda. A glória agrada.
241. Laus est magna malis displicuisse viris. [Wander,
Deutsches Sprichwörter-lexikon 973] É grande glória
ter desagradado a homens maus.
242. Laus est publica. [Macróbio, Satunalia 2.7.9] A
glória é do domínio público.
243. Laus impiorum brevis. [Vulgata, Jó 20.5] É breve a
glória dos ímpios.
244. Laus in fine cantatur et vespere laudatur dies.
[DAPR 767] No fim é que se canta o louvor, e à noite é
que se gaba o dia. ■ No fim é que se cantam as glórias.
■ Não gabes um dia bom sem lhe veres o fim. ● Laus in
fine canitur et vespere laudatur dies. VIDE: ● Diem
vesper commendat. ● Post factum lauda. ● Tunc
beatam dico vitam, cum peracta fata sunt. ● Vespere
laudatur dies.
245. Laus in fine sonat, virtus in fine coronat. [Gaal
360] O louvor soa no fim, o valor coroa no fim. VIDE:
● Exitus ostendit, quo mundi gloria tendit.
246. Laus in ore proprio vilescit. [Rezende 3061] O
louvor na própria boca perde o valor. ■ Elogio de boca
própria é vitupério. ■ Quem se gaba, suja-se que nunca
mais se lava. ● Laus in proprio ore sordescit. [CODP
241] Elogio em boca própria fede. ● Laus propria
sordet. Autolouvor fede. VIDE: ● Non te laudabis:
propria laus foetet in ore. ● Nulla est tam odiosa
narratio, quam sui ipsius laudatio. ● Propria laus
sordet. ● Proprio laus sordet in ore.
247. Laus nova nisi oritur, etiam vetus amittitur.
[Publílio Siro] Se não se consegue novo mérito, até o
antigo se perde.
248. Laus vera et humili saepe contingit viro: non nisi
potenti falsa. [Sêneca, Thyestes 210] Muitas vezes o
elogio sincero atinge até o homem humilde; ao
poderoso só chega o falso.
249. Lava quod est sordidum, riga quod est aridum,
sana quod est saucium. Flecte quod est rigidum, fove
quod est frigidum, rege quod est devium. [Stephen
Langton, Sequentia Aurea] Lava o que está sujo, rega o
que está seco, cura o que está ferido. Dobra o que está
rígido, aquece o que está frio, guia o que está
transviado.
250. Lavabo inter innocentes manus meas. [Vulgata,
Salmos 25.6] Lavarei entre os inocentes as minhas
mãos. ● Lavi inter innocentes manus meas. [Vulgata,
Salmos 72.13] Lavei entre os inocentes as minhas mãos.
● Lavabo manus meas. Lavarei minhas mãos.
251. Laxamentum et veniam non habent leges. As leis
não têm abrandamento nem desculpa.
252. Lectio certa prodest, varia delectat. [Sêneca,
Epistulae Morales 49] A leitura especializada é útil, a
diversificada dá prazer.
253. Lectio repetita placebit. [Giordano Bruno, Il
Candelaio, Ato 3, Cena 7] A leitura repetida dará
prazer.
254. Lectio tunc utilis, cum facimus ea quae legimus.
[Medina 650] A leitura é útil, quando fazemos aquilo
que lemos.
255. Lectionem sine ulla delectatione neglego. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.7] Não dou importância à
leitura que não traga prazer.
256. Lector benevole. Ó benévolo leitor.
257. Lectorem delectando pariterque monendo.
[Horácio, Ars Poetica 344] Divertindo o leitor e ao
mesmo tempo instruindo.
258. Lecturis salvete. Meus cumprimentos aos que vão ler
este livro.
259. Leditur Urbanus, non claudicat Rhabanus.
[Binder, Thesaurus 1620] Urbano se machuca; Rábano
não manca. ■ Dor alheia não diz nada para quem não a
tem. VIDE: ● Claudicat alterius nemo dolore pedum.
260. Legatus a latere. [Da linguagem eclesiástica]
Embaixador extraordinário. (=Cardeal encarregado pelo
Papa de uma missão especial, quase sempre
temporária). VIDE: ● A latere.
261. Legatus nec violatur nec laeditur. [DAPR 736]
Embaixador não se ultraja nem se ofende. ■ Quem é
mensageiro não merece pancada. ■ Moço de recado não
merece castigo. ■ Mensageiro não merece pancadas.
● Legatus non laeditur, nec violatur. ● Legatus nec
cogitur nec violatur. [Tosi 51] ● Legatus nec
percutitur, nec violatur. [Eiselein 228] ● Legatus
haud violatur, haudque caeditur. [Schottus, Adagia
619] ● Legatus non caeditur, neque violatur. [Erasmo,
Adagia 4.7.20] VIDE: ● Nuntio nihil imputandum.
● Orator nec percutitur, nec violatur. ● Sancti
habentur legati. ● Sanctum per saecula nomen
legatus.
262. Legatus regis vice fungitur a quo destinatur, et
honorandus est sicut ille cuius vicem gerit. [Jur] Um
embaixador preenche o lugar do rei por quem foi
enviado, e deve ser respeitado como aquele cujo lugar
ocupa.
263. Lege artis. Segundo a regra da arte. Segundo as
normas. De acordo com o método usual.
264. Lege bibunt undam, comedunt sine lege
placentam. [Schottus, Adagia 585] Medem a água que
bebem, mas não medem o bolo que comem.
■ Aproveitador de farelos, esperdiçador de farinha.
■ Quebra a louça e guarda os palitos. VIDE: ● Ad
mensuram aquam bibit, citra mensuram panem
comedit. ● Ad mensuram aquam bibunt, citra
mensuram offam comedentes. ● Haurit aquam
metro, capit immoderatus offam. ● Mensura aquam
bibentes, citra mensuram mazam edentes. ● Potat
aquam metro, sed edit mazam sine metro.
265. Lege dura vivunt mulieres, multoque iniquiore
miserae, quam viri. [Plauto, Mercator 797] As
mulheres vivem sob uma dura lei e, injustamente, são
muito mais infelizes do que os homens.
266. Lege inventa, fraus inventa est. Criada a lei, é
imediatamente criada a fraude. ■ Feita a lei, cuidada a
malícia. VIDE: ● Facta lege, inventa fraus. ● Inventa
lege, inventa fraus. ● Inventa lege, inventa est fraus
legis. ● Nova lex, nova fraus.
267. Lege lata. Por lei (tomada) em seu sentido amplo.
268. Lege, quaeso. Lê, por favor.
269. Lege quod non cavetur, in practica non habetur.
[Jur] Aquilo com que a lei não se preocupa na prática
não existe.
270. Lege, relege, tenta, iudica. Lê, relê, experimenta,
decide. ● Lege, relege, ora, labora, et invenies. Lê,
relê, reza, trabalha, e encontrarás.
271. Legem enim brevem esse oportet quo facilius ab
imperitis teneatur. [Sêneca, Epistulae Morales 94.38]
É preciso que a lei seja breve para que possa ser
entendida mais facilmente pelos leigos.
272. Legem habemus. Temos lei. VIDE: ● Nos legem
habemus.
273. Legem nocens veretur, fortunam innocens.
[Publílio Siro] O culpado teme a lei, o inocente teme a
sorte.
274. Legem non habet necessitas. [S.Agostinho,
Soliloquia 2.19.6] ■ A necessidade não tem lei. ■ A
necessidade não tem lei, mas a da fome sobre todas
pode. VIDE: ● Necessitas caret lege. ● Necessitas dat
legem, non ipsa accipit. ● Necessitas non habet legem.
● Omnem legem frangit necessitas.
275. Legem quam quis aliis praescripsit, idem eamdem
servare tenetur. [Jur] Quem prescreveu uma lei para os
outros, é obrigado a cumprir essa mesma lei. VIDE:
● Leges suum ligent latorem. ● Non debet aliis legem
imponere, qui ipsam neglegit observare. ● Pareto
legi, quisque legem sanxeris. ● Patere quam ipse
fecisti legem.
276. Legem solet oblivisci iracundia. [Publílio Siro] A ira
costuma esquecer-se da lei. ● Legem oblivisci solita est
iracundia. VIDE: ● Lex videt iratum; iratus legem non
videt. ● Lex videt iratum, iratus non videt illam.
277. Legem vinculum humanae societatis. A lei é o
vínculo da sociedade humana. VIDE: ● Lex est civilis
societatis vinculum. ● Religio est praecipuum
humanae societatis vinculum.
278. Legendi semper occasio est, audiendi non semper.
[Plínio Moço, Epistulae 2.3.9] Há sempre oportunidade
de ler; de ouvir, nem sempre.
279. Legentem iuvo. [Divisa da Livraria A. Hatier, Paris]
Ajudo a quem lê.
280. Legere enim et non intellegere est neglegere.
[Dionísio Catão, Praefatio] Ler e não entender é
descuidar. ■ Ler sem entender é caçar sem colher.
■ Quem ler, leia para saber. ■ Ler sem refletir é comer
sem digerir. [Marquês de Maricá] ● Legere et non
intellegere est tamquam non legere. [DAPR 766] Ler
e não entender é como não ler. ● Legere et non
intelligere est burrigere. [Latim macarrônico /
Rezende 3071] Ler e não entender é próprio dos burros.
VIDE: ● Frustra legit, qui non intellegit.
281. Leges a victoribus dicuntur, accipiuntur a victis.
As leis são ditadas pelos vencedores e aceitas pelos
vencidos. ● Leges autem a victoribus dici, accipi a
victis. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.5],
282. Leges ab omnibus intellegi debent. [Jur] As leis
devem ser entendidas por todos. VIDE: ● Leges
sacratissimae quae constringunt hominum vitas,
intellegi ab omnibus debent.
283. Leges ad civium salutem, civitatumque
incolumitatem conditae sunt. [Cícero, De Legibus
2.11, adaptado] As leis foram criadas para a segurança
dos cidadãos e para a manutenção dos estados.
284. Leges bello siluere coactae. [Lucano, Pharsalia
1.277] As leis, violentadas pela guerra, emudeceram.
● Leges bello coactae silent. As leis, violentadas pela
guerra, se calam. ■ Onde força há, direito se perde.
■ Quando se afia o aço, guarda-se o tinteiro. VIDE:
● Leges silent inter arma. ● Inter arma silent leges.
● Silent enim leges inter arma. ● Vi praesente nihil
potest lex.
285. Leges bonae malis ex moribus procreantur.
[Macróbio, Saturnalia 3.17.10] ■ Dos maus costumes
nascem as boas leis. VIDE: ● Bonae leges malis ex
moribus procreantur. ● Ex malis moribus fiunt
bonae leges. ● Ex malis moribus bonae leges natae
sunt. ● Leges egregias, exempla honesta, apud bonos
ex delictis aliorum gigni.
286. Leges debent esse nullo privato commodo, sed pro
communi utilitate civium conscriptae. [Vitoria] Não
se devem escrever as leis para nenhuma vantagem
particular, mas para o bem comum dos cidadãos.
287. Leges divumque hominumque. [Ênio, Fragmenta
226] As leis divinas e as humanas.
288. Leges egregias, exempla honesta, apud bonos ex
delictis aliorum gigni. [Tácito, Annales 15.20] As leis
excelentes e as ações dignas nascem em benefício dos
bons a partir dos crimes de outros homens. VIDE:
● Bonae leges malis ex moribus procreantur. ● Leges
bonae malis ex moribus procreantur.
289. Leges et constitutiones futuris certum est dare
formam negotiis, non ad facta praeterita revocari,
nisi nominatim etiam de praeterito tempore adhuc
pendentibus negotiis cautum sit. [Codex Iustiniani
1.14.7] O certo é darem as leis e as constituições forma
aos negócios futuros, e não retrocederem a fatos
passados, a não ser que tratem nominalmente de
negócios de tempo anterior ainda pendentes.
290. Leges figendi et refigendi consuetudo est
periculosissima. [Jur / Coke / Black 1087] É muito
perigosa a prática de fazer e refazer as leis.
291. Leges humanae nascuntur, vivunt, et moriuntur.
[Jur / Coke / Black 1087] As leis humanas nascem,
vivem e morrem.
292. Leges in plebem vim habent, in potentes mutae.
[Medina 650] As leis têm força sobre o povo; contra os
poderosos, são mudas. ■ Só aos pobres se faz justiça.
■ Ladrão endinheirado nunca morre enforcado. VIDE:
● Legum poenas in humiles tantum.
293. Leges instituuntur dum promulgantur, firmantur
cum moribus utentium approbantur. [Gratianus,
Decretum 4.3] As leis entram em vigor ao serem
promulgadas; firmam-se quando são aprovadas pelos
costumes dos usuários.
294. Leges meas custodite. [Vulgata, Levítico 19.19]
Guardai as minhas leis.
295. Leges mori serviunt. [Plauto, Trinummus 1008] As
leis são escravas dos costumes. ● Leges moribus
serviunt.
296. Leges mortuae. Leis mortas. Leis caídas em desuso.
VIDE: ● Antiquae sunt istae leges et mortuae.
297. Leges neminem in paupertate vivere neque in
anxietate mori permittunt. [Novellae Iustiniani] As
leis não permitem que ninguém viva na pobreza, nem
que morra na angústia.
298. Leges nihil frustra faciunt. [Jur] As leis não fazem
nada em vão. VIDE: ● Lex non debet habere unam
syllabam superfluam et vacuam.
299. Leges, nihil in eis debet esse inutile ac superfluum,
sine ministerio aliquid operando. [Jur] Nas leis, nada
deve haver nelas de inútil ou supérfluo, sem produzir
algum efeito.
300. Leges non verbis, sed rebus, sunt impositae. [Jur /
Coke / Black 1087] As leis não são impostas por
palavras, mas por ações.
301. Leges non valent ultra territorium. [Jur] As leis não
têm validade fora do país.
302. Leges omnium salutem singulorum saluti
anteponunt. [Cícero, De Finibus 3.64] As leis
antepõem a segurança de todos à segurança dos
indivíduos.
303. Leges poenales. [Jur] Leis penais.
304. Leges posteriores ad priores pertinent, nisi
contrariae sint. [Jur] As leis posteriores
complementam as anteriores, a não ser que lhes sejam
contrárias. VIDE: ● Posteriores leges ad priores
pertinent, nisi contrariae sint.
305. Leges posteriores priores contrarias abrogant.
[Black 1087] As leis posteriores derrogam as anteriores
que lhes forem contrárias. ● Leges posteriores
derogant contrarias priores.
306. Leges respiciunt futura, non praeterita, nisi
nominatim in eis de praeteritis caveatur. [Jur] As leis
se referem ao futuro, não ao passado, a não ser que
explicitamente nelas se cuide de coisas passadas.
307. Leges sacratissimae quae constringunt hominum
vitas, intellegi ab omnibus debent. [Codex Iustiniani
1.14.9] As leis sacratíssimas que regem as vidas dos
homens devem ser entendidas por todos. VIDE: ● Leges
ab omnibus intellegi debent.
308. Leges scriptae. [Jur] As leis escritas. (=O conjunto
de atos do parlamento).
309. Leges silent inter arma. [Eiselein 396] Entre as
armas as leis se calam. ■ Onde força há, direito se
perde. ■ Quando se afia o aço, guarda-se o tinteiro.
VIDE: ● Inter arma silent leges. ● Leges bello siluere
coactae. ● Leges bello coactae silent. ● Silent enim
leges inter arma. ● Tunc ius calcatur, violentia cum
dominatur. ● Vi praesente nihil potest lex.
310. Leges sine moribus vanae. [Horácio, Carmina
3.24.35] Se faltar o caráter, as leis são inúteis.
311. Leges suum ligent latorem. [Jur / Black 1088] As
leis devem submeter também o seu autor. VIDE: ● Legem
quam quis aliis praescripsit, idem eamdem servare
tenetur.
312. Leges ut facies caeli et maris variantur. As leis
variam como as faces do céu e do mar.
313. Leges vigilantibus, non dormientibus, subveniunt.
[Jur / Broom 689] As leis assistem os que estão
acordados, não aos que dormem. VIDE: ● Dormientibus
non succurrit ius. ● Iura vigilantibus subveniunt.
● Negotia vigilanter peragenda, quia ius vigilantibus,
et non dormientibus, favet. ● Vigilantibus, non
dormientibus iura subveniunt. ● Vigilantibus, non
dormientibus iura succurrunt.
314. Legibus impositis omne necesse caret. [Pereira 95]
Tudo que é necessário não reconhece as leis impostas.
■ A necessidade não conhece leis.
315. Legibus, non exemplis, est iudicandum. [Jur] Deve-
se julgar pelas leis, não pelos precedentes. VIDE:
● Exemplis non est iudicandum, sed legibus.
● Iudicandum est legibus, non exemplis. ● Non
exemplis, sed legibus est iudicandum.
316. Legibus omnes servimus, ut liberi esse possimus.
Somos todos escravos da lei para podermos ser livres.
VIDE: ● Legum omnes servi sumus, ut liberi esse
possimus.
317. Legibus omnia parent. [Manílio, Astronomica
1.479] Tudo obedece a leis.
318. Legibus parendo, liberi erimus. Obedecendo às leis,
seremos livres.
319. Legibus quidem utitur antiquis, obsoniis autem
recentibus. [Erpênio / Rezende 3079] Usam-se leis
antigas, mas alimentos recentes. ● Legibus utere
antiquis, obsoniis novis. [Binder, Thesaurus 164] Usa
leis antigas, mas alimentos novos.
320. Legio mihi nomen est, quia multi sumus. [Vulgata,
Marcos 5.9] Legião é o meu nome, porque somos
muitos.
321. Legio patria nostra. [Divisa da Legião Estrangeira]
A Legião é nossa pátria.
322. Legis actiones. [Jur] As ações da lei.
323. Legis auxilium frustra invocat, qui committit in
legem. [Jur] Em vão invoca o auxílio da lei quem contra
ela age. VIDE: ● Beneficium legis frustra implorat qui
committit in legem. ● Frustra legis auxilium invocat
qui committit in legem.
324. Legis casus ubi est, cessat omnis disputatio. [Jur]
Quando é o caso da lei, cessa toda disputa.
325. Legis interpretatio legis vim obtinet. [Jur / Black
1088] A interpretação de uma lei ganha força de lei.
326. Legis manus longa. A mão da lei é longa.
327. Legis menti magis est attendendum quam verbis.
[Jur] Deve-se atender mais ao espírito da lei do que às
suas palavras.
328. Legis minister non tenetur, in executione officii
sui, fugere aut retrocedere. [Jur / Black 1088] Espera-
se que o servidor da lei, no exercício de sua função, não
se esquive, nem recue.
329. Legis virtus haec est: imperare, vetare, permittere,
punire. [Digesta 1.3.7] O poder da lei é ordenar,
proibir, permitir, punir.
330. Legitima conventio est quae lege aliqua
confirmatur. [Digesta 2.14.6] Convenção legítima é
aquela que é ratificada por alguma lei.
331. Legitimae actiones. [Black 45] Ações legais. VIDE:
● Actiones legis.
332. Legitime imperanti parere necesse est. [Jur / Black
1089] É obrigatório obedecer a quem comanda com
legitimidade.
333. Legitimus propria quaestus ab arte venit. [Pereira
103] O ganho legítimo vem do próprio trabalho. ■ O
abade onde canta, daí janta. ■ Donde o clérigo canta,
daí janta. ■ Onde o galo canta, aí janta.
334. Legitque virum vir. [Virgílio, Eneida 11.632] Um
homem reconhece outro. ■ Um ruim conhece outro.
335. Lego de spinis rosam, de terra aurum, de concha
margaritam. [S.Jerônimo, Ad Eustachium 22.8] Colho
a rosa entre os espinhos, o ouro da terra, a pérola da
ostra.
336. Legum baccalaureus. Bacharel em leis. (=Abrevia-
se LLB).
337. Legum conditores festos instituerunt dies, ut ad
hilaritatem homines publice cogerentur. [Sêneca, De
Tranquillitate Animae 15.12] Os legisladores
instituíram os dias festivos para obrigar publicamente os
homens à alegria.
338. Legum corrector usus. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
45.32, adaptado] O costume corrige as leis.
339. Legum doctor. Doutor em leis. (=Abrevia-se LLD).
340. Legum omnes servi sumus, ut liberi esse possimus.
[Cícero, Pro Cluentio 50] Somos todos escravos da lei,
para podermos ser livres. VIDE: ● Legibus omnes
servimus, ut liberi esse possimus.
341. Legum poenas in humiles tantum. [Pereira 122] Só
se aplicam as penas da lei contra os humildes. ■ Só aos
pobres se faz justiça. ■ Ladrão endinheirado nunca
morre enforcado. VIDE: ● Leges in plebem vim habent,
in potentes mutae.
342. Lenia praemittantur, quae si non proficiant aspera
subsequantur. [VES] Usem-se em primeiro lugar
medidas brandas; se essas não funcionarem, venham as
ásperas. ■ Se não vai por bem, vai por mal. ● Lenia si
non proficiant, aspera subsequantur. VIDE: ● Est enim
apud omnes consuetudo ut lenia premittantur, quae
si non proficiant aspera subsequantur.
343. Leniat aut odium tempus et hora meum. [Ovídio,
Ibis 134], Que o tempo e a hora abrandem o meu ódio.
VIDE: ● Tempus lenit odium.
344. Lenior et melior fis accedente senecta? [Horácio,
Epistulae 2.2.211] Tornas-te mais gentil e melhor com a
aproximação da velhice?
345. Lenis alit flammas; grandior aura necat. [Ovídio,
Remedia Amoris 808] O vento suave alimenta as
chamas; um vento mais forte as mata.
346. Lenit albescens animos capillus. [Horácio, Carmina
3.14.25] O cabelo que embranquece suaviza os
espíritos.
347. Leniter qui saeviunt, sapiunt magis. [Plauto,
Bacchides 373] Os que na severidade são moderados
são mais sábios.
348. Leniunt incommoda vitae commodorum
compensatione sapientes. [Cícero, De Natura Deorum
1.23, adaptado] Os sábios mitigam os inconvenientes da
vida compensando-os com suas vantagens.
349. Lenone magis periurus. [Manúcio, Adagia 15] Mais
perjuro que um rufião.
350. Lentam non capit ira moram. [Ovídio, Nux 4] A ira
não admite retardamento.
351. Lente procedere. [Pereira 108] Avançar com calma.
■ Mole, mole, vai longe o homem. VIDE: ● Placide
procedere.
352. Lente properare memento. [John Owen,
Epigrammata 3.85] Lembra-te de apressar-te devagar.
■ Devagar também é pressa. ■ Devagar, que tenho
pressa. ■ Devagar se vai ao longe. ■ Obra apressada,
obra estragada. ● Lente properare necesse est. É
preciso correr devagar. VIDE: ● Festina lente. ● Pravus
ipse geres, si nimium celer es.
353. Lente, sed graviter. Devagar, mas com firmeza. VIDE:
● Tarde sed graviter sapiens mens irascitur.
354. Lentescunt tempo curae. [Ovídio, Ars Amatoria
2.1.357] Os cuidados suavizam-se com o tempo.
355. Lenticula diviti placere desiit. [Manúcio, Adagia
703] Agora que está rico, a lentilha deixou de lhe
agradar. (=Lentilha era considerada alimento de pobre).
VIDE: ● Dives factus iam desiit gaudere lente.
356. Lentissime coniuges flentur, saepe vero laetissime.
[DAPR 258] Choram os maridos com indiferença, às
vezes até com muita alegria. ■ Dor de mulher morta
dura até a porta. VIDE: ● Confestim fletus amissae
coniugis arent.
357. Lentius ambulando longum etiam iter conficitur.
Andando mais devagar, completa-se até um caminho
longo. ■ Devagar se vai ao longe. ■ Quem corre
cansa; quem anda alcança. VIDE: ● Velocem tardus
assequitur.
358. Lento adiutorio opus est contra mala continua et
fecunda, non ut desinant, sed ne vincant. [Sêneca, De
Ira 2.10.8] É preciso um trabalho lento para combater os
males contínuos e reprodutivos, não para que cessem,
mas para que não vençam.
359. Lento quidem gradu ad vindictam divina procedit
ira, sed tarditatem supplicii gravitate compensat.
[Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 1.1] A
cólera divina avança para a vingança sem pressa, mas
compensa a lentidão com a severidade da punição.
360. Lentus in umbra. [Virgílio, Eclogae 1.4] Ocioso na
sombra.
361. Leo a leporibus insultatur mortuus. [Publílio Siro]
O leão morto é insultado até pelas lebres. ■ Leão
moribundo, cachorro lhe mija. ■ De árvore caída todos
fazem lenha. ■ A mouro morto, grande lançada. VIDE:
● Audet vel lepus exanimo insultare leoni. ● Leoni
mortuo et lepores insultant. ● Mortuo leone, et
lepores insultant. ● Mortuo leone, vel lepores
insultant. ● Mortuo leoni etiam lepores insultant.
362. Leo habet dominium super omnia animalia
gressibilia, unde et rex animantium vocatur. O leão
tem domínio sobre todos os animais que andam, pelo
que é até chamado de rei dos animais.
363. Leo prius, nunc leporem agit. [Manúcio, Adagia
1332] Ele, que antes era um leão, agora se comporta
como uma lebre.
364. Leo quoque aliquando minimarum avium
pabulum fuit. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.8] O próprio
leão algumas vezes foi alimento de pequeníssimas aves.
365. Leo rugiet, quis non timebit? [Vulgata, Amós 3.8]
O leão rugirá; quem não temerá?
366. Leo venit, leo rediit; praedam non rapuit, non
malitiam posuit. [S.Agostinho / Bernardes, Luz e Calor
1.90] O leão veio, o leão foi embora; ele não roubou a
presa, mas também não abandonou a maldade.
367. Leone fortius. [Vulgata, Juízes 14.18] Mais forte do
que o leão. ● Leone fortius fide. [Divisa] É mais forte
na fé do que um leão.
368. Leonem ex unguibus aestima. [Erasmo, Adagia
1.9.34] Conhece o leão pelas garras. ■ Pelas unhas se
conhece o leão. VIDE: ● A digito cognoscitur leo. ● A
digito dignoscitur leo. ● Ab unguibus leo. ● Ex ungue
leo. ● Ex ungue leonem. ● Ex unguibus leonem.
● Ungula testatur pectus generosa leonis.
369. Leonem mortuum etiam catuli morsicant. [Publílio
Siro] No leão morto, até cãezinhos dão dentadas. ■ Leão
moribundo, cachorro lhe mija. ■ Depois de morta a
onça, até cachorro mija nela. ● Leonem vix mortuum
etiam catelli morsicant. ● Leonem mortuum et catuli
mordent. ● Leonem mortuum et muscae mordent. A
leão morto, até as moscas mordem. VIDE: ● Leoni
mortuo et lepores insultant.
370. Leonem radere ne velis. Não queiras tosquiar o leão.
■ Não procures sarna pare te coçar. ● Leonem tondere
ne velis. [Schottus, Adagia 291]
371. Leonem stimulas. [Erasmo, Adagia 1.1.61] Provocas
o leão. ■ Mexes em casa de maribondo. VIDE: ● Malum
bene conditum ne moveris.
372. Leonem vitans, ursi unguibus occurrit. [Binder,
Thesaurus 1645] Fugindo do leão, esbarrou nas garras
do urso. ■ Fugiu do alcaide, topou com o meirinho.
■ Escapou do trovão e deu no relâmpago.
373. Leoni mortuo barbam vellis. [Polydorus, Adagia]
Arrancas a barba ao leão morto. ■ Chutas cachorro
morto. VIDE: ● Noli barbam vellere mortuo leoni.
374. Leoni mortuo et lepores insultant. [Rezende 3089]
De leão morto até as lebres saltam em cima. ■ Leão
moribundo, cachorro lhe mija. ■ Depois de morta a
onça, até cachorro mija nela. ■ De árvore caída todos
fazam lenha. ■ A mouro morto, grande lançada. ● Leoni
mortuo etiam lepores insultant. VIDE: ● Audet vel
lepus exanimo insultare leoni. ● Leo a leporibus
insultatur mortuus. ● Leonem mortuum etiam catuli
morsicant. ● Mortuo leoni et lepores insultant.
● Mortuo leoni vel lepores insultant. ● Mortuo leoni
etiam lepores insultant.
375. Leonina societas. [Erasmo, Adagia 1.7.89; Digesta
17.2.29.2] Uma sociedade leonina. (=Uma sociedade
em que só o mais forte tem poder). ■ Companhia de
amigo que come o meu comigo e o seu consigo. ■ Quem
parte e reparte fica com a maior parte. ■ Partilha de
Lisboa com Almada, uma leva tudo, a outra nada. VIDE:
● Alter lucrum tantum, alter damnum sentiret.
● Infida societas regni. ● Iniqua partitio. ● Nunquam
est fidelis cum potente societas. ● Quia nominor leo.
376. Leoninam pellem indue. [Schottus, Adagia 549]
Veste uma pele de leão. (=Sê corajoso. Usa a força).
377. Leonis catulum ne alas. [Erasmo, Adagia 2.3.77]
Não alimentes filhote de leão. ■ Cria o corvo, tirar-te-á
o olho.
378. Leonis exuvium super asinum. Uma pele de leão
sobre um asno. ■ Rosário ao pescoço, o diabo no corpo.
■ Por fora, muita farofa, por dentro, molambo só.
● Leonis exuvium super crocoton. [Erasmo, Adagia
3.5.93] Pele de leão sobre vestido de mulher.
(=Crocoton era um tipo de roupa usada por senhoras
ricas. Usava-se a expressão para indicar incongruência).
VIDE: ● Induitis me leonis exuvium. ● Intus Nero, foris
Cato.
379. Leonis vestigia quaeris. [Binder, Thesaurus 1647]
Procuras as pegadas do leão. ■ Muito falas e pouco
fazes.
380. Leonum index animi cauda, sicut et equorum
aures. O indicador do estado de espírito dos leões é a
cauda, como o dos cavalos são as orelhas.
381. Leonum senectus melior iuvenibus hinnulis.
[Apostólio 6.17] A velhice dos leões pode mais do que a
juventude das mulas. VIDE: ● Senecta leonis
praestantior hinnulorum iuventa.
382. Lepidum est amare semper. [Plauto, Cistellaria 312]
Amar é sempre bonito.
383. Lepore timidior. Mais medroso que a lebre.
384. Leporem frondium strepitus terret. [Manúcio,
Adagia 1290] O barulho das folhagens assusta a lebre.
385. Lepores duos qui insequitur, is neutrum capit.
[Publílio Siro] ■ Quem corre a duas lebres, não apanha
nenhuma. ■ Quem duas lebres caça, uma perde, a outra
passa. ● Lepores duos insequens neutrum capit.
[DAPR 156] VIDE: ● Ad duo festinans, neutrum bene
peregeris. ● Duos insequens lepores, neutrum capit.
● Duos qui sequitur lepores neutrum capit. ● Qui
binos lepores una sectabitur hora, uno quandoque,
quandoque carebit utroque. ● Qui binos lepores una
sectabitur hora, non uno saltem, sed saepe carebit
utroque. ● Qui duos insectatur lepores, neutrum
capit. ● Qui duos lepores sequitur, neutrum capit.
● Qui duos sectatur lepores, neutrum capiet. ● Qui
simul duplex captat commodum, utroque frustratur.
● Qui totum vult, totum perdit. ● Si binas sectere
feras, neutra potieris.
386. Lepori esurienti etiam placent fici. [Erasmo, Adagia
3.6.54] À lebre faminta até figos agradam. ■ Para quem
tem fome não há pão ruim. ● Lepori esurienti et fici
placent. VIDE: ● Animae esurienti etiam amara dulcia
videntur.
387. Lepus leonem trahit aureo laqueo. [Manúcio,
Adagia 1260] Com corda de ouro, até uma lebre conduz
um leão. ■ Chave de ouro abre qualquer porta. ● Lepus
leonem rete ducit aurea. [Manúcio, Adagia 1260] Com
rede de ouro, até uma lebre conduz um leão.
388. Lepus nidum suum prodit. [Grynaeus 491] A lebre
revela o próprio ninho. ■ Se não fosse cantiga de galo,
raposa não acertava com o poleiro. VIDE: ● Sorex suo
perit indicio. ● Suo ipsius indicio perit sorex. ● Sui
ipsius nidi indicium facit lepus.
389. Lepus solo natali gaudet. [Binder, Thesaurus 182] A
lebre folga em sua terra natal. ■ Pássaro que na água se
cria, sempre por ela pia. ● Lepus solo natali gaudet, et
libentius nullibi vivit quam ubi natus est. A lebre
folga em sua terra natal, e não vive em lugar nenhum
com mais prazer do que onde nasceu. VIDE: ● Vult lepus
esse loco semper generatus erat quo.
390. Lepus tute es, et pulpamentum quaeris? [Terêncio,
Eunuchus 426] Tu mesmo és uma lebre e procuras
caça? ● Lepus carnem quaerit. [Polydorus, Adagia] A
lebre procura carne. VIDE: ● Tute lepus es, et
pulpamentum quaeris.
391. Lethaeas hausit aquas. Bebeu água do rio Letes.
(=Perdeu a memória).
392. Leti via semel calcanda. [Gaal 1465] A estrada da
morte deve ser pisada uma só vez. ■ Só se morre uma
vez. ■ Só se morre uma vez, mas dessa ninguém escapa.
VIDE: ● Longius aut propius mors sua quemque
manet.
393. Letum non omnia finit. [Propércio, Elegiae 4.7.1] A
morte não termina tudo.
394. Levant et carmina curas. [Nemesiano, Ecloga 4] As
canções aliviam as preocupações. ■ Quem canta, seus
males espanta. VIDE: ● Cantet, amat quod quisque:
levant et carmina curas.
395. Levat lassitudinem etiam laboris mutatio. [Celso,
Medicina 1.3] A mudança de trabalho também alivia o
cansaço.
396. Levate oculos vestros, et videte regiones, quia
albae sunt iam ad messem. [Vulgata, João 4.35]
Levantai os vossos olhos, e olhai para essas terras, que
já estão branquejando próximas à ceifa.
397. Leve aes alienum debitorem facit, grave inimicum.
[Sêneca, Epistulae Morales 19.11] Dívida pequena faz
devedor, dívida grande faz inimigo. ■ Quem empresta a
um amigo cobra um inimigo. VIDE: ● Aes debitorem
leve, grave inimicum facit.
398. Leve enim est telum viri imbellis, nullius pretii.
[Homero, Ilíada 11.390] O dardo do homem pacífico é
fraco, não vale nada.
399. Leve fit, quod bene fertur, onus. [Ovídio, Amores
1.2.10] Fica leve a carga que se carrega com prazer. ■ O
que é de gosto regala a vida. VIDE: ● Onus non est quod
sponte suscipitur. ● Portatur leviter quod portat
quisque libenter.
400. Leve vulgus. [Ovídio, Matamorphoses 12.53] A
multidão inconstante.
401. Levemus corda nostra. [Vulgata, Lamentações 3.41]
Elevemos nossos corações. VIDE: ● Sursum corda.
402. Leves curae loquuntur, ingentes stupent. As
pequenas preocupações falam, as grandes calam. ■ As
grandes dores são mudas. VIDE: ● Curae leves
loquuntur, ingentes stupent. ● Parvae curae
loquuntur, ingentes stupent.
403. Levia multa faciunt unum grande. [S.Agostinho, In
Epistulam ad Parthos 1.6] Muitas coisas insignificantes
fazem uma coisa grande.
404. Levibus succumbere malis. [John Collin, Spanish
Proverbs 13] Sucumbir a pequenos males. ■ Afogar-se
num copo d’água.
405. Leviores iniurias si quis ferat, sequuntur
atrociores. [Grynaeus 205] Se alguém admite as
injúrias mais leves, seguir-se-ão mais violentas. ■ Quem
a ruim perdoa, a ruindade lhe aumenta. VIDE: ● Folia
nunc cadunt; tum arbores in te cadent. ● Nunc in te
cadunt folia, post cadent arbores. ● Post folia cadent
in te arbores. ● Post folia cadunt arbores. ● Saepe
ignoscendo, des iniuriae locum. ● Semper ignoscendo,
des iniuriae locum. ● Semper quiescens des locum
iniuriae. ● Veterem ferendo iniuriam, invitas novam.
406. Levis est dolor, qui capere consilium potest et
clepere sese. [Sêneca, Medea 155] É leve o sofrimento
que pode usar a razão e esconder-se.
407. Levis est fortuna: cito reposcit quod dedit.
[Publílio Siro] A sorte é inconstante: logo reclama de
volta o que deu.
408. Levis est labor omnis amanti. [Binder, Thesaurus
1654] Para quem ama, todo sofrimento é leve. ■ A quem
quer bem, nada é difícil.
409. Levis sit tibi terra! [Ovídio, Amores 3.9.68] Que a
terra te seja leve! VIDE: ● Sit humus cineri non onerosa
tuo. ● Sit tibi terra levis!
410. Levissima res oratio. [Erasmo, Adagia 3.1.18] A
palavra é coisa muito leve. ■ Palavras, leva-as o vento.
■ Palavras e plumas, leva-as o vento.
411. Levius communia tangunt. [Claudiano, De Raptu
Proserpinae 3.197] O mal que atinge a muitos dói
menos. ■ Mal de muitos meu conforto é. VIDE: ● Quae
mala cum multis patimur, leviora videntur.
412. Levius est nocentem absolvere quam innocentem
condemnare. Pesa menos absolver um culpado do que
condenar um inocente. VIDE: ● Absolvere nocentem
satius est quam condemnare innocentem. ● In multis
rebus melius est nocentem absolvere quam
innocentem damnare. ● Melius est impune delictum
relinquere quam innocentem damnare. ● Nocentem
absolvere satius est quam innocentem damnare.
● Satius est impunitum relinqui facinus nocentis
quam innocentem damnari. ● Satius est nocentem
absolvere, quam innocentem condemnare.
413. Levius fit patientia quicquid corrigere est nefas.
[Horácio, Carmina 1.24.19] Torna-se mais leve pela
resignação tudo que os deuses não permitem que se
modifique. ■ O mal que não se pode remediar, aligeira-
o a paciência. ■ O que não pode al ser deves sofrer.
VIDE: ● Ferre decet patienter onus quod ferre
necessum.
414. Levius laedit quicquid praevidimus ante. [Dionísio
Catão 2.24] Fere-nos menos o mal que previmos.
■ Homem prevenido a custo é vencido. VIDE: ● Mala
praevisa minus nocent. ● Mala praevisa vitantur
facilius. ● Minus enim iacula feriunt quae
praevidentur. ● Minus nocent iacula quae
praevidentur. ● Praevisa minus laedere tela solent.
● Praevisa minus tela nocere solent. ● Quae multo
ante praevisa sunt, languidius incurrunt. ● Tela
nocent levius visa venire prius. ● Tela praevisa minus
nocent.
415. Levius solet timere qui propius timet. [Sêneca,
Troades 516] O medo é menor quando se teme mais
perto do perigo.
416. Lex ad tempus. [Jur] Uma lei temporária.
417. Lex aeterna. A lei eterna.
418. Lex aliquando sequitur aequitatem. [Jur] A lei às
vezes segue a eqüidade.
419. Lex cavet civibus, magistratus legibus. A lei
protege os cidadãos; os magistrados protegem a lei.
420. Lex citius tolerare vult privatum damnum quam
publicum malum. [Jur / Black 1100] A lei prefere
admitir um prejuízo particular a um mal público.
421. Lex civilis iniusta non obligat. [Vitoria] A lei civil
injusta não obriga.
422. Lex clara non indiget interpretatione. [Jur] A lei
clara não precisa de interpretação.
423. Lex de futuro, iudex de praeterito. [Jur / Black
1100] A lei trata do futuro; o juiz, do passado.
424. Lex dilationes abhorret. [Jur] A lei detesta dilações.
425. Lex domicilii. [Jur / Black 1099] A lei do domicílio.
(=A lei do lugar em que a pessoa está domiciliada).
426. Lex Domini immaculata, convertens animas.
[Vulgata, Salmos 18.8] A lei do Senhor, que é
imaculada, converte as almas.
427. Lex dubia, lex nulla. [Jur] Lei imprecisa, lei nula.
428. Lex dubia non obligat. [Jur] Lei imprecisa não cria
obrigação. VIDE: ● Lex incerta certam obligationem
imponere nequit.
429. Lex esse non videtur quae iusta non fuerit. [Jur]
Não se tem por lei a que não é justa.
430. Lex est araneae tela, quia, si in eam inciderit quid
debile, retinetur; grave autem pertransit tela
rescissa. [Tosi 1100] A lei é como uma teia de aranha,
pois, se nela cair alguma coisa leve, fica retida, mas o
que é pesado rompe-a e atravessa-a. ■ Ladrão
endinheirado nunca morre enforcado. VIDE:
● Aranearum telis leges compares. ● Irretit muscas,
transmittit aranea vespas. ● Subtiliter Anacharsis
leges araneorum telis comparabat! nam ut illas
infirmiora animalia retinere, valentiora
transmittere, ita his humiles et pauperes constringi,
divites et praepotentes non alligari.
431. Lex est civilis societatis vinculum. [Cícero, De
Republica 1.49] A lei é o vínculo da sociedade civil.
VIDE: ● Legem vinculum humanae societatis. ● Religio
est praecipuum humanae societatis vinculum.
432. Lex est dictamen rationis. [Jur / Black 110] A lei é a
voz da razão.
433. Lex est, non poena, perire. Morrer é uma lei, não
um castigo. VIDE: ● Omnia mors poscit; lex est, non
poena, perire.
434. Lex est omnium divinarum et humanarum rerum
regina. [Crisipo / Jur] A lei é a rainha de todas as coisas
divinas e humanas.
435. Lex est quae scripto sancit quod vult, aut iubendo
aut vetando. [Cícero, De Legibus 1.6] A lei é aquilo
que determina por escrito o que quer, ou ordenando ou
proibindo.
436. Lex est quaedam regula et mensura actuum,
secundum quam inducitur aliquis ad agendum vel ab
agendo retrahitur. [S.Tomás de Aquino, Summa
Theologiae 1.2.90]] A lei é a regra e a medida dos atos,
segundo a qual a pessoa é levada a agir ou impedida de
agir.
437. Lex est quod legis vicem obtinet. [Jur] É lei o que
tem a função de lei.
438. Lex est quod notamus. [Divisa da Câmara de
Notários de Paris] É lei o que escrevemos.
439. Lex est quod populus iubet et constituit. [Gaio,
Institutionum Commentarius 1.3] Lei é aquilo que o
povo ordena e estabelece.
440. Lex est ratio summa insita in natura quae iubet ea
quae facienda sunt prohibetque contraria. [Cícero,
De Legibus 1.6.18] A lei é a regra suprema, incorporada
na natureza, que prescreve o que deve ser feito e proíbe
o contrário. ● Lex est ratio summa, quae iubet quae
sunt utilia et necessaria, et contraria prohibet. [Black
1100] A lei é a regra suprema que obriga fazer o que é
útil e necessário e proibe o contrário.
441. Lex est recta ratio imperandi atque prohibendi.
[Cícero, De Legibus 1.43] A lei é a razão natural de
ordenar e proibir. ● Lex est recta ratio in iubendo et
vetando. [Cícero, De Legibus 1.33]
442. Lex est tutissima cassis; sub clipeo legis nemo
decipitur. [Jur / Black 1100] A lei é um elmo muito
seguro; sob o escudo da lei ninguém é enganado.
443. Lex et libertas. [Divisa] Lei e liberdade.
444. Lex et regio servanda. [Pereira 99] A lei e a região
devem ser respeitadas. ■ Cada terra com seu costume.
445. Lex humana. A lei criada pelo homem.
446. Lex incerta certam obligationem imponere nequit.
[Jur] Lei incerta não pode impor obrigação certa. VIDE:
● Lex dubia non obligat.
447. Lex indita non scripta. [Teologia] Lei inspirada (no
coração do homem) e não escrita.
448. Lex instituitur cum promulgatur. [Jur] A lei é
instituída quando é promulgada.
449. Lex interpretatione adiuvanda est. [Jur] A lei deve
ser auxiliada pela interpretação.
450. Lex iubeat, non suadeat. [Jur] A lei deve determinar,
e não aconselhar. VIDE: ● Iubeat lex, non suadeat.
451. Lex iubet, aut permittit, aut vetat. [Jur] A lei
ordena, ou autoriza, ou proíbe. VIDE: ● Lex omnis aut
tribuit aut adimit, aut honorat aut punit, aut iubet
aut vetat aut permittit.
452. Lex loci. [Jur / Black 1099] A lei local.
453. Lex loci actus. [Jur / Black 1099] A lei do lugar do
ato.
454. Lex loci celebrationis. [Jur / Broom 394] A lei do
lugar de celebração.
455. Lex loci contractus. [Jur / Broom 393] A lei do lugar
do contrato.
456. Lex loci delictus. [Jur / Black 1099] A lei do lugar do
delito.
457. Lex loci domicilii. [Jur / Broom 393] A lei do local
de domicílio.
458. Lex loci solutionis. [Jur / Black 1099] A lei do lugar
do pagamento (ou da realização do contrato).
459. Lex mala, lex nulla. [S.Tomás de Aquino] A lei má
não é lei.
460. Lex moneat priusquam feriat. [Jur] A lei deve
advertir antes de punir.
461. Lex naturae. A lei natural. ● Lex naturalis.
462. Lex neminem cogit ad impossibilia. [Jur] A lei não
obriga ninguém ao impossível. ■ Ninguém é obrigado a
fazer o impossível. ■ Quem promete o que não pode a
cumprir não está obrigado. ● Lex neminem cogit ad
impossibile. VIDE: ● Ad impossibile nemo obligatur.
● Ad impossibile nemo tenetur. ● Ad impossibilia
nemo tenetur. ● Impossibilium nulla obligatio est.
● Impotentia excusat legem. ● Lex non cogit ad
impossibilia. ● Nemo ad impossibilia tenetur. ● Nemo
potest ad impossibile obligari. ● Impotentia excusat
legem. ● Obligatio impossibilium nulla est. ● Ultra
posse nemo obligatur. ● Ultra posse suum nullum lex
iusta cöegit. ● Ultra posse suum profecto nemo
tenetur. ● Ultra vires nemo tenetur.
463. Lex neminem cogit ad vana seu inutilia. [Jur /
Broom 210] A lei não obriga ninguém a atos vãos ou
inúteis. ● Lex neminem cogit ad vana seu inutilia
peragenda. [Black 1100] A lei não obriga ninguém a
praticar atos vãos ou inúteis.
464. Lex neminem cogit ostendere quod nescire
praesumitur. [Jur / Black 1100] A lei não obriga
ninguém a declarar o que se presume que ignora.
465. Lex nemini operatur iniquum. [Jur / Black 1100] A
lei não produz injustiça contra ninguém.
466. Lex nihil aliud est nisi recta et a numine deorum
tracta ratio, imperans honesta prohibensque
contraria. [Cícero, Philippica 11] A lei nada mais é que
a regra justa derivada do poder dos deuses, que
determina que se façam as coisas honestas e que proíbe
as desonestas.
467. Lex nihil frustra facit. [Jur / Broom 209] A lei nada
faz em vão.
468. Lex non debet habere unam syllabam superfluam
et vacuam. [Jur] A lei não deve ter nem uma única
sílaba supérflua e vazia. VIDE: ● Leges nihil frustra
faciunt.
469. Lex non cogit ad impossibilia. [Jur / Broom 201] A
lei não obriga ninguém ao impossível. ■ Ninguém é
obrigado a fazer o impossível. ■ Quem promete o que
não pode a cumprir não está obrigado. VIDE: ● Ad
impossibile nemo obligatur. ● Ad impossibile nemo
tenetur. ● Ad impossibilia nemo tenetur.
● Impossibilium nulla obligatio est. ● Impotentia
excusat legem. ● Nemo ad impossibilia tenetur. ● Lex
neminem cogit ad impossibile. ● Lex neminem cogit
ad impossibilia. ● Nemo potest ad impossibile
obligari. ● Impotentia excusat legem. ● Obligatio
impossibilium nulla est. ● Ultra posse nemo
obligatur. ● Ultra posse suum nullum lex iusta cöegit.
● Ultra posse suum profecto nemo tenetur. ● Ultra
vires nemo tenetur.
470. Lex non curat de minimis. [Jur / Black 1101] A lei
não cuida de ninharias.
471. Lex non debet deficere conquerentibus in iustitia
exhibenda. [Jur / Broom 153] A lei não deve faltar aos
queixosos na concessão da justiça.
472. Lex non est imponenda aliis ab eo, qui ipsam
neglegit observare. [Jur] A lei não deve ser imposta
aos outros por quem deixa de observá-la.
473. Lex non est textus, sed contextus. [Jur] A lei não é o
texto, mas o contexto.
474. Lex non favet votis delicatorum. [Jur / Broom 301]
A lei não cuida de assuntos sem importância.
475. Lex non obligat nisi promulgata.. [Jur] A lei só
obriga depois de promulgada.
476. Lex non obligat subditos in foro conscientiae, nisi
sit iusta. [S.Tomás de Aquino] A lei só obriga aos
subordinados no foro da consciência, se é justa.
477. Lex non promulgata non obligat. [Jur] Lei não
promulgada não cria obrigação.
478. Lex non respicit retro. [Jur] A lei não olha para trás.
VIDE: ● Lex prospicit, non respicit.
479. Lex non scripta. [Jur / Black 1099] A lei não escrita.
(=Inclui os costumes gerais e locais).
480. Lex non scripta, diuturni mores consensu
utentium comprobati. [Jur] O direito consuetudinário é
o conjunto de costumes diuturnos confirmados pelo
consenso dos usuários.
481. Lex non se extendit ad actus praeteritos. [Jur] A lei
não se estende a atos passados.
482. Lex nova ad praeterita trahi nequit. [Jur] A lei
nova não pode estender-se ao passado.
483. Lex nova antiquae obrogat. A lei nova ab-roga a
antiga. VIDE: ● Semper antiquae legi obrogat nova.
● Ubi duae contrariae leges sunt, semper antiquae
obrogat nova.
484. Lex oblivionis. [Jur] A lei da anistia.
485. Lex omnes mortales alligat. [Cícero, Pro Cluentio
54] A lei vincula todos os mortais.
486. Lex omnis aut tribuit aut adimit, aut honorat aut
punit, aut iubet aut vetat aut permittit. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 7.5.2] Toda lei ou concede ou toma,
ou gratifica ou pune, ou ordena ou proíbe ou permite.
VIDE: ● Lex iubet, aut permittit, aut vetat.
487. Lex orandi, lex credendi, lex agendi. A norma de
orar, de crer e de agir.
488. Lex plus laudatur quando ratione probatur. [Jur /
Broom 129] A lei é mais estimada quando é aprovada
pela razão.
489. Lex posterior derogat priori. [Jur / Black 1101] A
lei porterior derroga a anterior. ● Lex posterior abrogat
priorem aut eidem derogat, si id expresse edicat aut
illi sit directe contraria, aut totam de integro ordinet
legis prioris materiam. [CIC 20] A lei posterior ab-
roga a anterior ou a derroga, se expressamente o declara
ou se lhe é diretamente contrária, ou se reordena
inteiramente toda a matéria da lei anterior.
490. Lex potest plus quam pactum. [Jur] A lei pode mais
que o pacto.
491. Lex praesuponit iurisdictionem. [Jur] A lei
pressupõe jurisdição.
492. Lex prospicit, non respicit. [Jur / Black 1101] A lei
olha para frente, não para trás. VIDE: ● Lex non respicit
retro.
493. Lex punit mendacium. [Jur / Black 1101] A lei pune
a dissimulação.
494. Lex quamvis dura servanda est. [Jur] A lei, por
mais dura que seja, deve ser respeitada. ■ Lei é lei. ● Lex
quamdiu dura servanda est. VIDE: ● Dura lex, sed lex.
● Durum est, sed ita lex scripta est.
495. Lex quod volet, dicit; quod non volet, tacet. [Jur] A
lei diz o que quer e cala o que não quer.
496. Lex reiecit superflua, pugnantia, incongrua. [Jur /
Black 1101] A lei rejeita coisas supérfluas,
contraditórias, incongruentes.
497. Lex, res surda, inexorabilis. [Jur] A lei é coisa
surda, inexorável.
498. Lex rex. A lei é nosso rei.
499. Lex scripta. [Jur / Black 1099] A lei escrita.
500. Lex semper dabit remedium. [Jur / Broom 153] A
lei sempre dará um remédio. VIDE: ● Ubi ius, ibi
remedium.
501. Lex, si aliud voluisset, expressisset. [Jur] A lei, se
quisesse outra coisa, o expressaria.
502. Lex specialis derogat generali. [Jur] A lei especial
derroga a lei geral. VIDE: ● Semper enim species generi
derogat.
503. Lex succurrit ignoranti. [Jur / Black 1101] A lei
assiste o ignorante.
504. Lex talionis. [Jur] A lei da retaliação. A lei de talião.
VIDE: ● Ius talionis.
505. Lex terrae. [Jur / Black 1099] A lei da terra. A lei do
país.
506. Lex ubi non distinguit, nec nos distinguere
debemus. [Jur] Onde a lei não distingue, nós também
não devemos distinguir.
507. Lex universa est quae iubet nasci et mori. [Publílio
Siro] É lei universal aquela que determina nascer e
morrer.
508. Lex uno ore omnes alloquitur. [Jur] A lei fala a
todos com a mesma boca.
509. Lex videt iratum; iratus legem non videt. [Publílio
Siro] A lei vê o irado; o irado não vê a lei. ● Lex videt
iratum, iratus non videt illam. VIDE: ● Legem solet
oblivisci iracundia. ● Legem oblivisci solita est
iracundia.
510. Lex voluit. A lei determinou.
511. Libellus litis introductorius. [Jur] Libelo
introdutório da lide.
512. Libens, volens, potens. Gosta, quer e pode.
513. Libenter amorem ferto. [Dionísio Catão,
Monosticha 56] Aceita o amor com prazer.
514. Libenter feras quod necesse est; dolor patientia
vincitur. [DM 6] Suporta de boa vontade o que não
podes evitar; a dor é vencida pela paciência.
515. Libenter homines quod volunt credunt. [DAPR
199] Os homens acreditam facilmente no que desejam.
VIDE: ● Fere libenter homines id quod volunt credunt.
● Homines libenter credunt quod volunt. ● Quod
valde volumus, facile credimus.
516. Libenter volumus alios perfectos, et tamen
proprios non emendamus defectus. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.16.7] Queremos
ardentemente que os outros sejam perfeitos, mas não
corrigimos os nossos próprios defeitos.
517. Liber animus nihil pertimescit. [Pereira 117] Um
espírito independente nada teme. ■ Pouco medo tem o
juiz do alcaide. ■ Quem não deve não teme.
518. Liber est quem conscientia non accusat. [Medina
650] É livre aquele a quem a consciência não acusa.
519. Liber est autem qui servitutem suam effugit.
[Sêneca, Naturales Quaestiones 3.16] É livre quem
deixou de ser escravo de si mesmo.
520. Liber homo. [Jur / Black 1105] O homem livre.
521. Liber inops servo divite felicior. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 3.7 / Rezende 3124] O pobre livre é
mais feliz que o escravo rico. ■ Antes pobre sossegado
do que rico atrapalhado. ■ Magro, mas sem coleira.
522. Liber is est existimandus, qui nulli turpitudini
servit. [RH 4.17] Deve-se julgar realmente livre aquele
que não é escravo de nenhuma torpeza.
523. Liber, libertas. [Divisa] O livro é liberdade.
524. Liber librorum. O livro dos livros. (=A Bíblia).
525. Liber, medicina animi. O livro é o alívio do espírito.
VIDE: ● Medicina animi libri.
526. Liber mihi opus est. Preciso de um livro.
527. Liber non est qui non aliquando nihil agit.
[Erasmo, Adagia 5.2.21] Não é livre quem de vez em
quando não fica sem fazer nada. VIDE: ● Mihi liber esse
non videtur, qui non aliquando nihil agit.
528. Liber non ob licentiam linguae dictus est inventor
vini, sed quia liberat servitio curarum animum.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 17.8] O inventor do
vinho não é chamado de Líber por causa da liberdade
que ele dá à língua, mas porque liberta a mente do jugo
das preocupações. (=Liber era apelido de Baco).
529. Libera me ab homine malo, a meipso.
[S.Agostinho, Sermones 44.3] Livra-me do homem
mau, de mim mesmo.
530. Libera nos, Domine. [Da litúrgia católica] Livrai-
nos, Senhor. ● Libera nos, Domine, a morte aeterna.
Livrai-nos, Senhor, da morte eterna.
531. Libera si dentur populo suffragia, quis tam
perditus, ut dubitet Senecam praeferre Neroni?
[Juvenal, Satirae 8.210] Se ao povo fosse dada a
liberdade de escolha, quem seria tão desatinado que
duvidaria de preferir Sêneca a Nero?
532. Liberae enim sunt nostrae cogitationes. [Cícero,
Pro Milone 29.79] Nossos pensamentos são livres. ■ O
pensamento é livre. ■ O pensamento não paga imposto.
VIDE: ● Cogitationis poenam nemo patitur. ● Liberae
sunt nostrae cogitationes. ● Menti quolibet ire licet.
533. Liberae sunt caprae ab aratris. [Apostólio 8.11] As
cabras estão livres dos arados. ■ Cada qual no seu lugar.
■ Cada um carrega sua cruz. ● Liberae caprae ab
aratro. [Erasmo, Adagia 2.10.40] ● Liberae sunt ab
aratro caprae. [Albertatius 701] VIDE: ● Caprae haud
iunguntur aratro. ● Immunes caprae ab aratris.
534. Liberae sunt cogitationes nostrae. Nossos
pensamentos são livres. ■ O pensamento é livre. VIDE:
● Cogitationis poenam nemo patitur. ● Immunis est
hominis cogitatio. Liberae enim sunt nostrae
cogitationes.
535. Liberalis de alieno. [Binder, Thesaurus 1663]
Liberal com a propriedade alheia. ■ De couro alheio,
correias compridas.
536. Liberalitate utamur, quae prosit amicis, noceat
nemini. [Cícero, De Officiis 1.14] Usemos da
generosidade de tal modo que aproveite aos amigos e a
ninguém prejudique. ■ Dá, que não peças.
537. Liberalium artium sacrarium. [Cognome atribuído
a Alcuíno] Santuário das artes liberais.
538. Liberavi animam meam. [S.Bernardo, Epistulae
371] Libertei minha alma.
539. Libere enim quisquis paciscitur, pactis tamen
tenetur. [Vitoria] A pessoa pactua livremente, mas se
obriga ao pactuado.
540. Liberi intra fores increpandi sunt. [Medina 650] Os
filhos devem ser censurados reservadamente. ■ Roupa
suja se lava em casa. VIDE: ● Convenit eiusdem patris
liberis intra fores convitiari.
541. Liberi parentes alant, aut vinciantur. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 7.6] Que os filhos sustentem seus
pais, ou sejam presos.
542. Liberi poëtae et pictores. [Grynaeus 451] Os poetas
e pintores são livres. ■ Pintar, como querer. VIDE:
● Debita carminibus libertas. ● Pictor poëtaque esse
liberi solent. ● Pictores et poëtae liberi. ● Pictoribus
atque poëtis quidlibet audendi semper fuit aequa
potestas.
543. Liberis enim verbis loquuntur philosophi.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 10.23.2] Os filósofos
falam usando palavras livres.
544. Liberis hominibus non minitare: neque enim
decet. [Quílon / Rezende 3125] Não ameaces homens
livres; não é correto.
545. Libero animo. Com o espírito livre. (=Sem
julgamento preconcebido. Com independência).
546. Libero lecto iucundius. [Erasmo, Adagia 5.1.47]
Sozinho na cama é mais agradável. ■ Mais vale solteiro
andar que mal casar.
547. Liberos erudi. [Dionísio Catão, Monosticha 52]
Instrui teus filhos.
548. Libertas animi cibus est et vera voluptas.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 44.21] A
liberdade é o alimento do espírito e o verdadeiro prazer.
549. Libertas arbitrii. A liberdade de escolha.
550. Libertas artis librariae. [Gregório XVI / Rui
Barbosa, O Papa e o Concílio 188] A liberdade de
imprensa.
551. Libertas capitur. [Divisa] A liberdade se conquista.
552. Libertas consilii. A liberdade de decisão.
553. Libertas conviciandi. A liberdade de insultar.
554. Libertas est animum superponere iniuriis. [Sêneca,
De Constantia Sapientis 19.1] Liberdade é pôr o espírito
acima das injustiças.
555. Libertas est immunitas a servitute et subiectione.
A liberdade é a imunidade à servidão e à sujeição.
556. Libertas est naturalis facultas eius quod cuique
facere libet, nisi si quid vi aut iure prohibetur.
[Institutiones 3.1] Liberdade é a faculdade natural
daquele a quem é permitido fazer uma coisa desde que
não seja proibida pela força ou pela lei.
557. Libertas est potestas faciendi id quod iure licet.
[Jur] Liberdade é a faculdade de fazer o que é permitido
pela lei.
558. Libertas et anima nostra in dubio est. [Salústio,
Catilina 51.2] Nossa liberdade e nossa vida estão em
perigo.
559. Libertas et natale solum. [Divisa / Jonathan Swift,
Poetical Works 97] Liberdade e minha terra natal.
560. Libertas fulvo pretiosior auro. [DAPR 402] A
liberdade vale mais do que o fulvo ouro. ■ Arrenego de
grilhões, ainda que sejam de ouro. VIDE: ● Libertas
pretiosior auro.
561. Libertas in legibus. Liberdade sob as leis.
562. Libertas inaestimabilis res est. [Paulo, Digesta
50.17.106] A liberdade é coisa inestimável. VIDE:
● Libertas res inaestimabilis.
563. Libertas nobis appropinquat; illis poena. De nós se
aproxima a liberdade; deles, o castigo. VIDE: ● Di
immortales nobis futura praedicunt, ita sunt aperte
pronuntiata ut et illi poena et nobis libertas
appropinquet.
564. Libertas non est volendi, sed quae volumus
faciendi. [Hobbes] Liberdade não é o direito de
querermos, mas o de se fazer o que se quer.
565. Libertas non recipit aestimationem. [Jur / Black
1107] Liberdade não admite avaliação. Liberdade não
tem preço.
566. Libertas nulli restat amanti. [Propércio, Elegiae
2.23] Não há liberdade para nenhum homem
apaixonado.
567. Libertas omnibus aequa sit. Que haja liberdade
igual para todos.
568. Libertas optima rerum. [Miscellanea Scotica 90] A
liberdade é a melhor das coisas.
569. Libertas pecunia lui non potest. [Ulpiano, Digesta
40.7.9.2] A liberdade não pode ser paga com dinheiro.
570. Libertas populi. A liberdade do povo.
571. Libertas potior metallis. A liberdade é preferível às
riquezas.
572. Libertas pretiosior auro. [Divisa] A liberdade vale
mais do que o ouro. ■ Arrenego de grilhões, ainda que
sejam de ouro. VIDE: ● Libertas fulvo pretiosior auro.
573. Libertas, quae sera tamen respexit inertem.
[Virgílio, Eclogae 1.28] A liberdade, que embora tarde
voltou os olhos para este tímido. (=Libertas, quae sera
tamen, adotada como divisa pelos Inconfidentes
Mineiros, passou a divisa do Estado de Minas Gerais).
VIDE: ● Et quae tanta fuit Romam tibi causa videndi?
Libertas, quae sera tamen respexit inertem.
574. Libertas res inaestimabilis. A liberdade não tem
preço. VIDE: ● Libertas inaestimabilis res est.
575. Libertas, salus, vita, res, parentes, patria et
prognati tutantur, servantur. [Plauto, Amphitruo 494]
A liberdade, a segurança, a vida, os bens, os pais, a
pátria e filhos devem ser protegidos e respeitados.
576. Libertas virorum fortium pectora acuit. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 28.19, adaptado] A liberdade
anima os corações dos homens valorosos.
577. Libertate opus est. [Pérsio, Satirae 5.73] A liberdade
é necessária.
578. Libertatem natura etiam mutis animalibus datam.
[Tácito, Historiae 4.17] A liberdade foi dada pela
natureza mesmo aos animais mudos.
579. Libertatem nemo bonus nisi com anima simul
amittit. [Salústio, Catilina 33.2] O homem de bem só
aceita perder a liberdade junto com a vida.
580. Libertatem patriae vitae amici anteponendam.
[Cícero, Ad Familiares 11.27] A liberdade da pátria
deve ser colocada à frente da vida do amigo.
581. Libertatem perdidimus. Perdemos a liberdade.
582. Libertatem postponis gulae. Pões a liberdade em
segundo lugar, depois do estômago.
583. Libertates et privilegia nostra usque ad mortem
defendemus. [VES 73] Defenderemos até a morte
nosssas liberdades e privilégios.
584. Libertatis amans et fidei tenax. [Divisa] Homem
amante da liberdade e fiel à sua palavra.
585. Liberum arbitrium. A liberdade de decisão. O livre
arbítrio.
586. Liberum arbitrium dicitur esse facultas voluntatis
et rationis. [S.Tomás de Aquino] Considera-se o livre
arbítrio a faculdade de querer e de raciocinar.
587. Liberum arbitrium dicitur quasi liberum
iudicium. [S.Tomás de Aquino, Summa Theologica
1.3.2] Entende-se o livre arbítrio como livre julgamento.
588. Libet fabulari, donec hora praetereat. [S.Bernardo
/ Bernardes, Nova Floresta 1.2] Gosto de conversar,
enquanto o tempo passa.
589. Libidinis initia continebis, si exitum cogitaveris.
[DM 66] Refrearás o início da paixão, se considerares o
seu fim.
590. Libidinosa et intemperans adulescentia effectum
corpus tradit senectuti. [Cícero, De Senectute 29]
Uma mocidade desregrada e incontinente entrega à
velhice um corpo esgotado.
591. Libido cunctos etiam sub vultu domat. [Publílio
Siro] A paixão, mesmo não percebida, vence a todos.
592. Libido dominandi. O desejo de dominar.
593. Libido ista dominandi magnis malis agitat et
conterit humanum genus. [S.Agostinho, De Civitate
Dei 3.14.2] Este desejo de dominar agita e desgasta a
humanidade com grandes males.
594. Libido, non iudicium est, quod levitas sapit.
[Publílio Siro] É o capricho, não a reflexão, que a
futilidade conhece.
595. Libido sciendi. O desejo de saber.
596. Libido sentiendi. O desejo de sentir.
597. Libra iusta iustitiam servat. [Schrevelius 1174] A
balança justa preserva a justiça.
598. Libri muti magistri sunt. Os livros são mestres
mudos.
599. Libri quosdam ad scientiam, quosdam ad
insaniam deduxere. [Petrarca, De Remediis Utriusque
Fortunae] Os livros conduziram uns ao saber, outros, à
loucura.
600. Libri sunt magistri qui nos instruunt sine virgis et
ferula, sine verbis et cholera, sine pannis et pecunia.
Os livros são mestres que nos ensinam sem varas nem
palmatória, sem palavras nem ira, sem regalos nem
dinheiro. VIDE: ● Hi sunt magistri qui nos instruunt
sine virgis et ferula, sine verbis et cholera, sine
pannis et pecunia. Si accedis, non dormiunt; si
inquirens interrogas, non abscondunt; non
remurmurant, si oberres; cachinnos nesciunt, si
ignores.
601. Libros lege. [Dionísio Catão, Monosticha 16] Lê
livros.
602. Libros paucos legere utilius, quam multos habere.
[Medina, 650] É mais proveitoso ler poucos livros do
que ter muitos.
603. Librum, si malus est, nequeo laudare. [Juvenal,
Satirae 3.41] Se o livro é ruim, não posso elogiar.
604. Liceat concedere veris. [Horácio, Sermones 2.3]
Seja-me permitido reconhecer a verdade.
605. Liceat sperare timenti. [Lucano, Bellum Civile 2.15]
Seja permitido ao temeroso ter esperança.
606. Licentia docendi. Autorização para ensinar.
● Licentia docendi hic et ubique terrarum. Licença
para lecionar aqui e no mundo inteiro. VIDE: ● Venia
docendi. ● Venia legendi.
607. Licentia poëtica. A licença poética. ● Licentia
vatum. A liberdade dos poetas. VIDE: ● Poëtica licentia.
● Poëticum ius.
608. Licentiam des linguae, cum verum petas. [Publílio
Siro] Dá liberdade à língua, se buscas a verdade.
609. Licet? É permitido? Dás-me licença?
610. Licet enim legibus soluti sumus, attamen legibus
vivimus. [Institutiones 2.12] Embora sejamos livres por
causa das leis, no entanto nós vivemos de acordo com
elas.
611. Licet ipsa neges, vultus loquitur quodcumque
tegis. [Sêneca, Hercules Oetaeus 704] Mesmo que tu
mesma negues, teu rosto diz tudo que escondes.
612. Licet ipsa vitium sit ambitio, frequenter tamen
causa virtutum est. [Quintiliano, Institutio Oratoria
1.2.22.30] Embora a própria ambição seja um defeito,
muitas vezes, no entanto, é causa de virtudes.
613. Licet lex dies finiat, natura non recipit. [Sêneca
Retórico, Controversiae 2.5.8] Embora a lei fixe datas, a
natureza não se conforma a elas.
614. Licet quaeramus pacem, pace tamen non fruimur.
Embora busquemos a paz, no entanto dela não gozamos.
615. Licet sapere sine pompa, sine invidia. [Sêneca,
Epistulae Morales 103.5] Pode-se ser sábio sem
ostentação, sem arrogância.
616. Licet superbus ambules pecunia, fortuna non
mutat genus. [Horácio, Epodon 4.5.6] Embora andes
orgulhoso por causa do teu dinheiro, tua riqueza não
muda tua origem.
617. Ligari enim homo potest et invitus; velle autem
non potest invitus. [S.Anselmo] Pode o homem ser
amarrado mesmo contra sua vontade; mas não pode ser
forçado a querer.
618. Ligna fructiferabunt, et quis vindemiet illa?
[Vulgata, 4Esdras 16.26] As árvores frutificarão, e
quem colherá seus frutos?
619. Ligna in silvam fers. [Pereira 109] Levas árvores
para a floresta. ■ Levas água ao mar. ■ Levas ferro a
Biscaia. ■ Dás pelo amor de Deus a quem tem mais bens
que os teus. ● Ligna in silvam ferre stultum est. É
tolice levar madeira para a floresta. ● Ligna in silvam
portare stultum est. VIDE: ● In silvam non ligna feras.
● In silvam ne ligna feras, nec in mare aquam. ● In
silvam ligna ferre. ● Lignum in silvam ferre. ● Silvam
lignum ferre.
620. Lignum Crucis. O madeiro da Cruz. VIDE: ● Ecce
lignum Crucis.
621. Lignum curvum nunquam rectum. [Apostólio
13.92] Pau torto nunca fica reto. ■ Pau que nasce torto
nunca se endireita. ■ Pau que nasce torto, até a cinza é
torta. ■ O que o berço dá, só a cova o tira. ● Lignum
curvum nunquam fit rectum. [Schottus, Adagia 492]
● Lignum incurvum nunquam rectum. [Schottus,
Adagia 314] ● Lignum quod tortum haud unquam
vidimus rectum. [Walther 13772ª / Tosi 110] O pau
que é torto, nunca o vemos reto. ● Lignum tortum
haud unquam rectum. [Erasmo, Adagia 2.10.42]
● Lignum tortum nunquam fiet rectum. [Schottus,
Adagia 237] Pau torto nunca ficará reto. VIDE: ● Curvum
lignum nunquam rectum. ● Nunquam rectum tortile
lignum. ● Pravum lignum nunquam rectum.
● Rectum haud fit tortile lignum.
622. Lignum in silvam ferre. Levar lenha para a floresta.
■ Levar água ao mar. ■ Levar ferro a Biscaia. VIDE:
● Ligna in silvam fers.
623. Lignum scientiae boni et mali. [Vulgata, Gênesis
2.9] A árvore da ciência do bem e do mal.
624. Lignum vitae. [Vulgata, Apocalipse, 2.9] A árvore da
vida.
625. Limae labor. [Horácio, Ars Poetica 291] Trabalho de
lima.
626. Limbus fatuorum. O paraíso dos idiotas.
627. Limen senectae. [Erasmo, Adagia 2.10.46] O limiar
da velhice.
628. Limina leti. [Lucrécio, De Rerum Natura 6.1217] O
limiar da morte.
629. Limitata causa limitatum effectum producit. Causa
limitada produz efeito limitado.
630. Linea obliqua. [Jur / Black 1120] Linha colateral.
Parentesco colateral. (=Linha colateral é a que decorre
de relação de parentesco estabelecida entre várias
pessoas que não se geraram sucessivamente, mas que
procedem de um tronco comum, ou descem de um autor
comum. De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico).
● Linea transversalis. [Black 1121]
631. Linea recta. [Jur / Black 1121] Linha reta. Linha
direta. (=Linha reta, também dita linha direta, é a que
se estabelece entre os procriadores e procriados, seja
subindo diretamente destes para aqueles, ou descendo
daqueles para estes. De Plácido e Silva, Vocabulário
Jurídico).
632. Linea recta semper praefertur transversali. [Jur /
Broom 408] (Nas sucessões,) os herdeiros diretos são
sempre preferidos aos colaterais.
633. Lingua amicus. [Grynaeus 46] Amigo só de língua.
■ Amigo da boca para fora. ■ Amigo só de beijo-vo-las-
mãos. VIDE: ● Ne lingua mihi quis sit amicus, sed mage
facto. ● Salute tenus amici. ● Verbo tenus amicus.
634. Lingua bellare. [Erasmo, Adagia 2.10.47] Guerrear
com a língua. ● Lingua bellum gerere. [Schottus,
Adagia 392]
635. Lingua detractoris perfodit ipsum cor. A língua do
difamador até o coração perfura.
636. Lingua detractoris vipera est. [Medina 650] A
língua do difamador é uma víbora.
637. Lingua dolis instructa mucrone nocentior ipsa.
[Bebel, Proverbia Germanica 441] A língua versada no
ardil é mais nociva do que espada. ■ Mais fere a língua
do adulador que a espada do perseguidor. VIDE:
● Pessima lingua nocet multis magis ensibus una.
638. Lingua dolosa invidiae est sagitta veneno toxicata.
[Boncompagno, Breviloquium 8.18] A língua dolosa da
inveja é uma flecha envenenada.
639. Lingua dux pedis. [DAPR 398] A língua é o guia
dos pés. ■ Quem língua tem a Roma vai e de Roma vem.
■ A poder de perguntar se chega a Meca.
640. Lingua eius manu discrepat. [Apuleio, Apologia 69]
Sua língua contradiz a mão.
641. Lingua errans interdum vera dicit. [Medina 650]
Língua que vagueia às vezes diz verdade. ● Lingua
errans vera dicit.
642. Lingua est maliloquax mentis indicium malae.
[Publílio Siro] Língua maledicente é sinal de mau
caráter.
643. Lingua est optimum et pessimum. A língua é a
melhor e a pior das coisas. VIDE: ● Lingua in se mel
continet ac venenum. ● Lingua rerum optima et
pessima est.
644. Lingua est suffusa veneno. [Ovídio, Metamorphoses
2.777] Sua língua está coberta de veneno.
645. Lingua et ianua discordiae et porta mortis.
[Boncompagno, Breviloquium 8.7] A língua tanto é a
porta da discórdia como a entrada da morte.
646. Lingua facciosi, inertes opera. [Plauto, Bacchides
509] Com a língua, empreendedores, com a obra,
estéreis. ■ Língua longa, mão curta. ■ Cacarejar não é
pôr ovo. VIDE: ● Lingua magis strenuus quam factis.
647. Lingua fallax non amat veritatem, et os lubricum
operatur ruinas. [Vulgata, Provérbios 26.28] A língua
mentirosa não gosta da verdade, e a boca lúbrica é a
causa da ruína.
648. Lingua fuit damno. [Ovídio, Metamorphoses 2.540]
A língua foi sua perdição.
649. Lingua haeret metu. [Terêncio, Eunuchus 977]
Minha língua está colada pelo medo.
650. Lingua ignis est. [Vulgata, Tiago 3.6] A língua é um
fogo.
651. Lingua in se mel continet ac venenum.
[Boncompagno, Breviloquium 8.1] A língua contém em
si tanto mel como veneno. VIDE: ● Lingua est optimum
et pessimum.
652. Lingua iuravi. [Erasmo, Adagia 2.5.41] Jurei (só)
com a língua. ■ Jurei só da boca para fora. ■ O coração
sente, a língua mente. VIDE: ● Est lingua iurans, animus
iniuratus est. ● Iuravi lingua, mentem iniuratam
gero. ● Non ego iuravi, legi iurantia verba.
653. Lingua lapsa verum dicit. [Pereira 106] A língua
que escorrega diz a verdade. ■ Antes escorregar do pé
que da língua.
654. Lingua ligata tibi multos acquirit amicos.
[Columbano] Uma língua amarrada conquista para ti
muitos amigos.
655. Lingua lubrica non est facile ad poenam trahenda.
[Jur] Não é fácil punir uma língua maledicente.
656. Lingua maculat totum corpus. [Vulgata, Tiago 3.6]
A língua contamina todo o corpo.
657. Lingua magis strenuus quam factis. Ele é mais
valente com a língua que com os atos. ● Lingua magis
strenua quam factis. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
8.22] (Gente) mais valente com a língua que com os
atos. (=O autor se refere aos gregos). VIDE: ● Lingua
facciosi, inertes opera.
658. Lingua magniloqua et manus otiosa. [Bernardo de
Clairvaux, De Consideratione] Sua língua é eloqüente,
mas a mão é preguiçosa. ■ Língua comprida, mão curta.
659. Lingua mala, acutior cuspide gladii. [Schrevelius
1180] A língua má é mais aguta que a ponta da espada.
VIDE: ● Multo quam ferrum lingua atrocior ferit.
660. Lingua mali pars pessima servi. [Juvenal, Satirae
9.120] A língua é a pior parte do mau servo. ● Lingua
maligna, pars pessima servi. A língua maligna é a pior
parte do servo.
661. Lingua mea calamus scribae velociter scribentis.
[Vulgata, Salmos 44.2] A minha língua é pena de
escrivão que escreve velozmente.
662. Lingua melle dulcior. Uma língua mais doce que o
mel. VIDE: ● Ex eius lingua melle dulcior fluebat
oratio.
663. Lingua mellis, cor fellis. Língua de mel, coração de
fel. ■ Mel nos beiços, fel no coração. ■ Boca de mel,
entranhas de fel. VIDE: ● Aurea verba, cor ferreum.
● In melle sunt linguae sitae vestrae, atque corda in
felle sunt sitae. ● Mel in ore, fel in corde. ● Mel in ore,
verba lactis, fel in corde, fraus in factis. ● Mella sub
ore tenent, corde venena fovent. ● Multis annis iam
peractis, nulla fides est in pactis, mel in ore, verba
lactis, fel in corde, fraus in actis.
664. Lingua mentem ne praecurrat. [Binder, Thesaurus
1668] Que tua língua não preceda teu pensamento.
■ Falar sem pensar é atirar sem apontar. ■ Em boca
fechada não entra mosca. VIDE: ● Fac ne lingua tibi
mentem praecurrat. ● Linguae praeire animo non
permitendum. ● Ne antevertat lingua mentem
lubrica.
665. Lingua modicum quidem membrum est, et magna
exaltat. [Vulgata, Tiago 3.5] A língua é um pequeno
membro, mas se gloria de grandes coisas.
666. Lingua mollis confringet duritiam. [Vulgata,
Provérbios 25.15] A língua branda quebrantará a
dureza. ■ Palavra mansa ira abranda. ■ Boas palavras
custam pouco e valem muito. VIDE: ● Responsio mollis
frangit iram. ● Verba mollia et efficacia. ● Vincuntur
molli pectora dura prece.
667. Lingua mulierum nequidem excisa silet.
[S.Gregório Nazianzeno / Rezende 3152] A língua das
mulheres não cala, nem mesmo depois de cortada.
668. Lingua muti melior est lingua loquentis
mendacium. [Erpênio, Sententiae Arabicae 51] A
língua do mudo é melhor do que a lingua do que fala
mentira.
669. Lingua non discrepat a mente. A língua não está em
desacordo com o espírito. ■ A língua não mente o que o
coração sente.
670. Lingua pacem et gladium in summitate portat.
[Boncompagno, Breviloquium 8.2] A língua traz sobre
si a paz e a espada.
671. Lingua percutit, lingua sanat, sed interdum
vulnerat et sanare non potest. [Boncompagno,
Breviloquium 8.4] A língua fere, a língua cura, mas, às
vezes, fere e não pode curar.
672. Lingua quam manu promptior. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 44.1] Ele é mais ativo de língua que de
mão. ■ Muito fala e pouco faz.
673. Lingua quidem segnis, sed dextra viget. [Grynaeus
258] Sua língua na verdade é preguiçosa, mas a mão é
vigorosa. ■ É mais de fazer que de falar. VIDE: ● Ignava
lingua, fortis at viget manus.
674. Lingua, quo vadis, urbem instaurans, et rursum
illam subvertens? [Apostólio 6.40] Aonde vais, língua,
tu que constróis a cidade e logo a arrasas? (=Diz-se de
pessoa excessivamente loquaz, cujas palavras podem
resultar tanto em bem como em mal). ● Lingua, quo
vadis? urbem instauratura vel eversura? [Schottus,
Adagia 208] Língua, aonde vais? Construir, ou arrasar a
cidade? ● Lingua, quo vadis? erectura civitatem et
rursum eversura? [Schottus, Adagia 54] Língua,
aonde vais? Construir a cidade e novamente destruí-la?
● Lingua, quo vadis? Urbem eversura, aut etiam
instauratura. [Schottus, Adagia 392] Língua, aonde
vais? Destruir a cidade, ou até construí-la.
675. Lingua rerum optima et pessima est. A língua é a
melhor e a pior das coisas. VIDE: ● Lingua est optimum
et pessimum. ● Lingua in se mel continet ac
venenum.
676. Lingua, sile: non est ultra narrabile quicquam.
[Ovídio, Ex Ponto 2.2.59] Língua, cala-te: não há nada
mais a dizer.
677. Lingua susurronis est peior felle draconis. [Trench,
Proverbs and Their Lessons 152; Carmina Burana] A
língua do difamador é pior que o fel do dragão. ■ A
língua do praguento é pincel do demônio.
678. Linguae praeire animo non permitendum. [Quilon]
Não se deve permitir que a língua preceda o
pensamento. ■ Falar sem pensar é atirar sem apontar.
VIDE: ● Fac ne lingua tibi mentem praecurrat.
● Lingua mentem ne praecurrat. ● Ne antevertat
lingua mentem lubrica.
679. Linguam autem nullus hominum domare potest.
[Vulgata, Tiago 3.8] A língua, nenhum homem a pode
domar.
680. Linguam bene ominantem, non maledicam habere
convenit. [Cleóbulo / Rezende 3150] Convém ter uma
língua que diga coisas agradáveis e não uma que seja
maledicente.
681. Linguam caninam comedi. [Petrônio, Satiricon 43]
Comi língua de cachorro. (=Falei com franqueza e
veracidade).
682. Linguam compescere virtus non minima est.
[Henry Thomas Riley, Disctionary of Latin Quotations
206] Refrear a língua não é virtude desprezível. VIDE:
● Prodest et linguam compescere sive ligare.
● Virtutem primam esse puto compescere linguam.
683. Linguam frenare plus est, quam castra domare.
[Pereira 124] Refrear a língua é mais que vencer
castelos. ■ Vencer a língua é mais do que vencer
arraiais.
684. Linguarum diversitas hominem alienat ab homine.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 19.7] A diversidade de
línguas afasta um homem do outro.
685. Linguarum non est praestantior ulla latina. Das
línguas, nenhuma é mais importante do que a latina.
686. Linque metum leti, nam stultum est tempore in
omni, dum mortem metuis, amittere gaudia vitae.
[Dionísio Catão, Disticha 2.3] Abandona o medo da
morte, pois é loucura renunciar aos prazeres da vida,
enquanto o tempo todo temes a morte.
687. Linque tuas sedes, alienaque littora quaere, o
iuvenis; maior rerum tibi nascitur ordo. [Petrônio,
Fragmenta 27] Deixa tua terra, ó jovem, e busca outros
lugares, e nascerão para ti novos horizontes.
688. Linquenda tellus, et domus, et placens uxor.
[Horácio, Carmina 2.14.21] É preciso abandonar a terra,
a casa e a amada esposa. (=É a lamentação do poeta ao
referir-se à morte). VIDE: ● Domus et placens uxor.
689. Linquit decor omnes iratos. [Sêneca, De Ira 2.35] A
dignidade abandona a todos que se deixam dominar pela
ira.
690. Lippis et tonsoribus notum est. [Pereira 108] Isto é
conhecido de todos os miopes e barbeiros. ■ Isto sabem-
no cães e gatos. ■ É mais conhecido que o cão ruivo.
● Lippis notum et tonsoribus esse. [Horácio, Sermones
1.7.3], VIDE: ● In ore est omni populo. ● In ore atque
oculis est omnium. ● Notum lippis ac tonsoribus.
● Omnibus et lippis notum et tonsoribus esse.
● Omnibus notum est tonsoribus. ● Sciunt haec coqui.
691. Liquet. A coisa está clara. VIDE: ● Certum est.
692. Liquit sponte pilos Romae fera saeva lupinos, non
tamen assuetos liquit in urbe dolos. [Pereira 115] O
animal malvado deixou espontaneamente os pelos
lupinos em Roma, mas não deixou na cidade as manhas
costumeiras. ■ O lobo muda o pêlo, mas não o vezo.
VIDE: ● De flavis vetula in canos vulpecula pilos mutat,
illius at mores vertere nemo videt. ● Flavos permutat
canis vulpecula crines, at nunquam mores alterat
ipsa suos. ● Ingenium suum vulpecula mutare nescit.
● Lupus pilum mutat, non animum. ● Lupus pilum
mutat, non mentem. ● Lupus pilum, non ingenium
mutat. ● Pilos lupus mutat, sed animum non item.
● Senecta canitiem affert improbis, non item aufert
malitiam. ● Vulpes pilum mutat, non mores.
● Vulpeculorum mutantur pili, non mores.
693. Lis aequa lance trutinabitur. [Jur] A pendência será
pesada numa balança honesta.
694. Lis, caupo, medicus redigunt nos ad invitas.
[DAPR 539] Demanda, taberneiro e médico nos
dominam contra nossa vontade. ■ Pleito, taverna e
urinol levam o homem ao hospital.
695. Lis de umbra asini. [Pereira 101] Uma disputa pela
sombra do burro. (=Uma demanda por ninharias).
696. Lis de verbis. Uma disputa sobre vocábulos.
697. Lis erat non de lana caprina, nec de asini, quod
aiunt, umbra, sed de magna summa pecuniarum.
[Erasmo, Scripta Selecta 15] A disputa não era nem
sobre a lã da cabra, nem, como dizem, sobre a sombra
do burro, mas sobre grande soma de dinheiro.
698. Lis est cum forma magna pudicitiae. [Ovídio,
Heroides 16.288] É grande a disputa da castidade com a
beleza.
699. Lis litem parit. [Pereira 108] Uma demanda gera
outra. ■ Questão puxa questão. ■ Uma demanda traz
outra. ● Lis litem generat. [Rezende 3159] ● Lis litem
serit. [Erasmo, Adagia 2.10.41] ● Lis litem parit, et
noxa noxam. [Schotus, Adagia 403] Um disputa
provoca outra, e um dano provoca outro. ● Lis lite
paritur, noxa noxam procreat. [Schottus, Adagia 609]
Uma disputa nasce de outra, um dano produz outro.
VIDE: ● Litem parit lis; noxa item noxam parit.
● Litem lis procreat ex se. ● Rixa rixae causa est.
700. Lis minimis verbis interdum maxima crescit.
[Dionísio Catão, Disticha 2.11] Muitas vezes uma
demanda importante nasce de pequenas palavras.
■ Palavra puxa palavra. ■ Palavras ditas, pancadas
dadas. ● Lis oritur minimis interdum maxima verbis.
[Eiselein 649] A maior briga muitas vezes nasce de
pequenas palavras. VIDE: ● Minimis ex verbis lis saepe
maxima crescit.
701. Lis nunquam, toga rara, mens quieta. [Marcial,
Epigrammata 10.47.5] Disputa, nunca; negócios, raros;
mente, tranqüila.
702. Lis omnis nostra est. A batalha é toda nossa.
■ Vencemos! ■ Estamos com tudo!
703. Lite pendente. [Jur] Enquanto a lide não está
decidida. Durante o processo.
704. Lite pendente, nihil innovetur. [Jur] Enquanto a lide
não está resolvida, nada pode ser inovado.
705. Litem lite resolvit. [Binder, Thesaurus 1678]
Resolve uma demanda por meio de outra. VIDE: ● Nil
agit exemplum, litem quod lite resolvit.
706. Litem movebit, si vel asinus canem momorderit.
[Erasmo, Adagia 1.8.98] Moverá uma ação até se o
burro morder o cão. ■ Armará demandas por dá cá
aquela palha. ● Litem movebit, si vel asinus mordeat
canem. ● Litem subibit, vel si asinus mordeat canem.
[Apostólio 7.11] VIDE: ● In ius vocabitur etsi canem
asinus momorderit.
707. VIDE: ● Litem ne quaere cum licet fugere. [Pereira
110] Não procures briga, quando é possível
evitar.■ Antes fuga a tempo que má espera. ■ Melhor é
mau concerto que boa demanda. ■ Antes má avença que
boa sentença. ■ É melhor uma ruim acomodação que
uma boa questão. VIDE: ● Cum licet fugere, ne quaere
litem.
708. Litem parit lis; noxa item noxam parit. [Apostólio
7.9] Uma disputa gera outra, da mesma maneira um
prejuízo gera outro. ■ Questão puxa questão. ● Litem lis
procreat ex se. [Schottus, Adagia 595] VIDE: ● Lis lite
paritur, noxa noxam procreat. ● Lis litem generat.
● Lis litem parit. ● Lis litem serit. ● Rixa rixae causa
est.
709. Lites aut nullas habeatis, aut quam celerrime
finiatis, ne ira crescat in odium, et trabem faciat de
festuca, et animam faciat homicidam. [RSA 41] Não
tenhais quaisquer demandas, ou dai-lhes fim o mais
rápido possível, para que a ira não se transforme em
ódio, e não faça de uma palha uma trave, e faça vossa
alma homicida.
710. Lites cum rege molestae. [Horácio, Sermones 1.7.4]
As disputas com o rei são perigosas. ■ Com o fogo não
se brinca. VIDE: ● Cum domino semper pugna sinistra
fuit. ● Cum principe non pugnandum. ● Fuge lites
cum viro maiore. ● Habeas nunquam magno cum
principe litem. ● Maiorem virum cave. ● Maiorem
vitato virum. ● Nemo potentes aggredi tutus potest.
● Non habeas unquam magno cum principe litem:
cum domino semper pugna sinistra fuit. ● Semper
vitato potentem.
711. Lites ex litibus nascuntur. De umas disputas nascem
outras.
712. Lites ex litibus oriri non debent. [Rezende 3168]
Lides não devem nascer de lides.
713. Lites finiri oportet. [Jur] É preciso que as lides
tenham fim.
714. Lites mortuae non sunt suscitandae. [Binder,
Thesaurus 1680] Disputas antigas não devem ser
estimuladas. ■ Não despertes o cão que dorme. VIDE:
● Malum bene conditum ne moveris.
715. Litibus imponenda celeritas. [Jur] Deve-se imprimir
rapidez aos pleitos.
716. Litibus insanis rabulas nutrimus inanes. [Pereira
102] Com loucas demandas, alimentamos rábulas
esfomeados. ■ Deus desavenha quem nos mantenha.
■ Quando dois brigam, um terceiro tira proveito.
717. Litigantium subterfugiis est obviandum. [Jur]
Devem-se evitar os subterfúgios dos litigantes.
718. Litigare cum ventis. Brigar com os ventos. VIDE:
● Cum ventis degere bellum. ● Cum ventis litigo.
● Cum vento litigare. ● Cum vento disputare.
719. Litis contestatio. [Jur / Black 1124] Contestação da
ação.
720. Litore quot conchae, tot sunt in amore dolores.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.519] As dores no amor são
tantas quantas as conchas na praia.
721. Litori loqueris. [Schottus, Adagia 12] Falas com a
praia. ■ Perdes teu latim. ● Litoribus fari. [Schottus,
Adagia 587] Falar à praia. VIDE: ● Eritis enim in aëra
loquentes. ● Ventis loqueris. ● Ventis verba das.
● Vento loqueris. ● Ventis verba profundis. ● Verba
dat in ventos.
722. Littera enim occidit, spiritus autem vivificat.
[Vulgata, 2Coríntios 3.6] A letra mata; o espírito, no
entanto, vivifica. VIDE: ● Non littera, sed spiritu: littera
enim occidit, spiritus autem vivificat.
723. Littera scripta manet, verbum at inane perit.
[Stevenson 1386] A letra escrita permanece, mas a
palavra vazia se perde. ■ Palavras, levam-nas os ventos.
● Littera scripta manet, verbum imbelle perit. VIDE:
● Litterae scriptae manent. ● Quod non legitur, non
creditur. ● Sit verbum vox viva licet, vox mortua
scriptum, scripta diu vivunt, non ita verba diu.
● Verba volant, scripta manent. ● Verba sicut ventus
volant, scripta sicut monumenta manent. ● Vox
audita perit, littera scripta manet. ● Vox emissa
volat, littera scripta manet.
724. Litterae non dant panem. Poesia não dá pão. VIDE:
● Carmina non dant panem.
725. Litterae non erubescunt. [Rezende 3164] Carta não
cora. ■ Calem barbas e falem cartas. ■ O papel aceita
tudo. VIDE: ● Epistula enim non erubescit. ● Epistulae
non erubescunt.
726. Litterae non intrant sine sanguine. [Mota 41] O
saber não entra sem sofrimento. ■ A letra com sangue
entra.
727. Litterae scriptae manent. As palavras escritas
permanecem. ■ O preto no branco fala como gente. VIDE:
● Littera scripta manet, verbum at inane perit.
● Quod non legitur, non creditur. ● Sit verbum vox
viva licet, vox mortua scriptum, scripta diu vivunt,
non ita verba diu. ● Verba volant, scripta manent.
● Verba sicut ventus volant, scripta sicut monumenta
manent. ● Vox audita perit, littera scripta manet.
● Vox emissa volat, littera scripta manet.
728. Litterae sine moribus vanae. Sem educação os
estudos são inúteis.
729. Litterae sunt hominibus pulcherrimae divitiae.
[Medin 650] A instrução é para os homens a mais bela
das riquezas.
730. Litterae thesaurum est, et artificium nunquam
moritur. [Petrônio, Satiricon 46.8] A instrução é um
tesouro, e o talento nunca morre.
731. Litterarum ordine. Em ordem alfabética.
732. Litterarum radices amarae, fructus dulces.
[Aristóteles / Grynaeus 482] As raízes do estudo são
amargas, mas seus frutos são doces. ■ Aprende
chorando e rirás ganhando. ■ Letra com sangue entra.
● Litterarum radices amaras esse, fructus
iucundiores. As raízes do conhecimento são amargas,
mas os frutos são muito agradáveis. VIDE: ● Doctrina est
fructus dulcis radicis amarae. ● Scientiae radices
amarae sunt, fructus dulces.
733. Litterarum trium homo. O homem das três letras.
(=Ladrão, fur em latim). VIDE: ● Homo trium
litterarum. ● Trium litterarum homo.
734. Litteras didicisti; quando scias, sine alios discere.
[Plauto, Truculentus 708] Tu já aprendeste a ler; agora
que sabes, deixa os outros aprenderem.
735. Litteras disce! [Dionísio Catão, Monosticha 34]
Estuda as obras literárias!
736. Litteratim et verbatim. Literalmente. Textualmente.
Ao pé da letra. ● Litteratim. VIDE: ● In ipsis verbis. ● In
verbis. ● Ipsis litteris. ● Ipsis verbis. ● Suis verbis.
● Verbatim. ● Verbatim et litteratim. ● Verbatim,
litteratim et punctatim.
737. Litteris absentes videmus. Pelas cartas nós
conversamos com os ausentes.
738. Litteris contrahitur obligatio. [Jur] A obrigação é
contraída por escrito.
739. Litteris deditus et omnibus artibus. [Divisa]
Dedicado ao estudo e a todas as artes.
740. Litus ama, altum alii teneant. [Virgílio, Eneida
4.163] Ama a praia; que os outros fiquem com o mar
profundo. ■ Vista bela é olhar o mar e morar em terra.
■ Louvarás o lírio, mas planta batatinhas.
741. Litus melle gladius. [Tosi 294] Uma espada coberta
de mel. (=Um adulador). VIDE: ● Melle litus gladius.
742. Lividus, malignus et vicini oculus est maxime.
[Schottus, Adagia 639] O olho do vizinho é
extremamente invejoso e maligno.
743. Livor post fata quiescit. Depois da morte, a inveja se
aquieta. VIDE: ● Pascitur in vivis livor; post fata
quiescit.
744. Livor velut ignis alta petit. [Erasmo, Chiliades,
Herculei Labores] A inveja, como o fogo, ataca o que
está no alto. ■ A inveja sempre atina lugares altos. VIDE:
● Invidia, tamquam ignis, summa petit. ● Subiecta
semper invidiae felicitas. ● Summa petit livor.
745. Loca non viros honoratos, sed viri loca faciunt.
[Medina 650] Não são os cargos que prestigiam os
homens, mas os homens que prestigiam os cargos.
746. Loca sola nocent, loca sola caveto. [Ovídio,
Remedium Amoris 579] Os lugares solitários fazem
mal; evita os lugares solitários. VIDE: ● Quisquis amas,
loca sola nocent, loca sola caveto!
747. Locatio sine mercede certa contrahi non potest.
[Digesta 24.1.52] Sem preço certo não se pode contratar
a locação.
748. Loci communes. Lugares-comuns. VIDE: ● Locus
communis.
749. Loci et temporis ex more. [Plínio Moço, Epistulae
3.18.1] De acordo com o costume do lugar e do tempo.
750. Locis remotis qui latet, lex est sibi. [Publílio Siro]
Quem se esconde em lugar remoto faz sua própria lei.
751. Loco citato. No lugar citado. VIDE: ● Citato loco.
● Ibidem. ● In loco citato.
752. Loco dolenti. No lugar dolorido.
753. Loco ignominiae est apud indignum dignitas.
[Publílio Siro] Uma honraria num homem indigno se
torna uma ignomínia.
754. Loculi mendicorum semper inanes. [Binder,
Thesaurus 1684] Bolsas de mendicos estão sempre
vazias. ■ Fardel de pedinte nunca é cheio. VIDE:
● Mendici pera non impletur. ● Mendici pera non
expletur. ● Mendici pera non repletur. ● Mendici
loculi semper inanes. ● Mendicorum loculi semper
inanes. ● Pera inopis nunquam completur.
755. Loculos prius consule. Antes de tudo, consulta a
bolsa.
756. Locum tenens. O lugar-tenente. O substituto. O
representante.
757. Locum tenet proximum innocentiae confessio: ubi
confessio, ibi remissio. [DM 94] A confissão tem lugar
perto da inocência: onde há confissão, há remissão.
■ Pecado confessado é meio perdoado. ■ Quem se
arrepende, salva-se. ■ Quem erra e se emenda a Deus se
recomenda. VIDE: ● Initium est salutis notitia peccati.
● Initium est salutis cognitio peccati. ● Qualis
confessio, talis absolutio. ● Ubi est confessio, ibi est
remissio.
758. Locupletari nemo debet cum alterius iactura. [Jur]
■ Ninguém deve locupletar-se com a jactura alheia.
VIDE: ● Naturale aequum est neminem cum alterius
iactura fieri locuplectiorem. ● Neminem aequum est
cum alterius damno locupletari. ● Nemo cum alterius
damno locupletior fieri debet. ● Nemo debet lucrari
ex alieno damno.
759. Locus belli. O teatro da guerra.
760. Locus classicus. Um texto clássico.
761. Locus communis. Lugar-comum. VIDE: ● Loci
communes.
762. Locus contractus regit actum. [Jur / Black 1128] A
lei do lugar do contrato rege o ato. VIDE: ● Locus regit
actum.
763. Locus criminis. [Jur / Black 1128] A cena do crime.
764. Locus delicti. [Jur / Black 1128] O local do delito.
765. Locus in quo. [Jur / Black 1128] O lugar em que.
(=A cena do acontecimento).
766. Locus medius tutus est. [Bernardo de Clairvaux, De
Consideratione] Uma condição intermediária é mais
segura.
767. Locus nusquam veritati est. Não há lugar para a
verdade em parte nenhuma. VIDE: ● Veritati et
innocentiae meae nusquam locus est.
768. Locus paenitentiae. Lugar para o arrependimento.
Uma oportunidade para o arrependimento.
769. Locus regit actum. [Jur / Black 1129] A lei do lugar
regula o ato. VIDE: ● Locus contractus regit actum.
770. Locus sigilli. [Jur / Black 1129] O lugar destinado ao
selo.
771. Locus standi. Um lugar para ficar. (=Usa-se essa
expressão para indicar uma posição reconhecida num
grupo: Ele tem locus standi na comunidade científica).
772. Locusta prius pariet lucam bovem. É mais fácil um
gafanhoto parir um elefante. ■ É mais fácil um burro
voar. VIDE: ● Prius locusta pariet lucam bovem.
● Prius locusta bovem pariet.
773. Longa dies acuit mortalia corda et labor ingenium
miseris dedit. [Manílio, Astronomica 1.79] O tempo
aguçou os corações mortais, e o sofrimento deu engenho
aos infelizes.
774. Longa dies molli saxa peredit aqua. [Tibulo,
Elegiae 1.4.18] O tempo longo corrói a pedra por meio
da mole água. ■ Água mole em pedra dura, tanto bate
até que fura. VIDE: ● Decidens scabrum cavat unda
tophum. ● Dura tamen molli saxa cavantur aqua.
● Gutta cavat lapidem. ● Gutta cavat lapidem,
consumitur anulus usu.
775. Longa est vita, si plena est. [Sêneca, Epistulae
Morales 93.2] A vida é longa, se é plena.
776. Longa fames illum fecerat astrologum. [Pereira
124] A longa fome fê-lo ver estrelas. ■ Ver a estrela do
meio-dia.
777. Longa fames macros mittit in arva lupos. [Rezende
3190] Longa fome põe os lobos magros no campo. ■ A
fome faz o lobo sair do mato. ■ Fome e frio, mete-te com
teu inimigo. VIDE: ● Esuriem silva patiens lupus exit
opaca. ● Fames pellit lupum e silvis.
778. Longa manus. A mão que alcança longe. (=Um
homem que detém muito poder).
779. Longa mora est nobis omnis, quae gaudia differt.
[Ovídio, Heroides 19.3] É longa toda demora que
retarda um prazer.
780. Longa patientia trahitur ad consensum. [Jur /
Black 1131] A longa resignação é interpetada como
concordância.
781. Longa possessio parit ius possidendi, et tollit
actionem vero domino. [Jur / Black 1131] A longa
posse gera o diretio de posse, e tira ao verdadeiro dono
o direito de ação.
782. Longa praeparatio belli celerem victoriam facit.
[Albertano da Brescia, Líber Consolationis 35] Uma
longa preparação da guerra garante rápida vitória.
■ Pensar devagar e obrar depressa.
783. Longa valetudo, certissima mors. [Bebel / Eiselein
393] Doença longa, morte certa. ■ Doença comprida em
morte acaba.
784. Longa via est: propera. [Ovídio, Tristia 1.1.127] O
caminho é longo; apressa-te.
785. Longa vita, longa calamitas. [Binder, Thesaurus
1687] Vida longa, longo sofrimento.
786. Longae regum manus. [Erasmo, Adagia 1.2.3] As
mãos dos reis são compridas. ■ O braço do rei e a lança
longe alcançam. ■ Os reis abrangem muito com seu
poder. ● Longae sunt regibus manus. ● Longae
tyrannorum manus. [Apostólio 12.48] ● Longas esse
regibus manus. VIDE: ● A regibus cavendum, quod eis
praelonga sint brachia. ● An nescis longas regibus
esse manus? ● Magna est manus regis, et valida.
● Manus regum longae.
787. Longaeva vita mille fert molestias. [Publílio Siro]
Uma vida longa traz consigo mil incômodos.
788. Longaevus et honorabilis, ipse est caput. [Vulgata,
Isaías 9.15] O ancião e o homem respeitável, esse é a
cabeça.
789. Longam caesariem fert, curtam femina mentem. A
mulher tem cabeleira longa, juízo curto. ■ Cabelos
longos, juízo curto. ■ A mulher é um animal de cabelos
longos e idéias curtas. VIDE: ● Mulieres longam habent
caesariem, brevem autem sensum.
790. Longe ab assentatione pueritia removenda est.
[Sêneca, De Ira 2.21.8] A infância deve ser afastada da
adulação.
791. Longe aberrat a scopo. [Rezende 3192] Está muito
afastado do objetivo. ■ Errou o alvo. ■ Está mais
perdido que cego em tiroteio. ● Longe a meta abest.
● Longe a meta absunt. [Scottus, Adagia 599] Estão
muito longe do objetivo.
792. Longe alia est navigatio in concluso mari atque in
vastissimo Oceano. É muito diferente navegar num mar
fechado e no vastíssimo oceano. ● Longe aliam esse
navigationem in concluso mari atque in vastissimo
atque apertissimo Oceano perspiciebant. [César, De
Bello Gallico 3.9.7] Eles reconheceram ser a navegação
em mar fechado muito diferente da navegação no
Oceano vastíssimo e sem proteção.
793. Longe aliter est amicus atque amator. [Plauto,
Truculentus 171] Há grande diferença entre amigo e
namorado.
794. Longe antecellit viribus sollertia. [Apostólio 6.38]
A astúcia supera em muito a força. ■ Mais vale astúcia
que força. VIDE: ● Ars compensabit, quod vis tibi
magna negabit.
795. Longe fugit, quisquis suos fugit. [Petrônio,
Satyricon 43] Muito se afasta quem se afasta dos seus.
■ Quem dos seus se afasta, Deus o abandona. ● Longe
fugit, quis suos fugit. [Grynaeus 617]
796. Longe mea discrepat istis et vox et ratio. [Horácio,
Sermones 1.6.92] Tanto minha voz como meu
pensamento discordam deles.
797. Longi temporis consuetudo vicem servitutis
obtinet. [Jur] O costume de longo tempo equivale a
uma servidão.
798. Longinquitas redargui non potest. [Binder,
Thesaurus 1688] Grande distância não pode ser
refutada. ■ De longas vias, longas mentiras. ■ Quem vem
de longe vende como quer. ■ Quem vem de longe é
mentiroso. ■ Grandes viagens, grandes mentiras.
799. Longinquitas temporis quicquid gignit ipsa
consumat. [S.Agostinho, De Civitate Dei 6.8.3] A
própria duração do tempo devora tudo que ela cria.
800. Longinquum est omne, quod cupiditas flagitat.
[Publílio Siro] Tudo que a ambição aspira está sempre
muito longe.
801. Longius aut propius mors sua quemque manet.
[Propércio, Elegiae 2.28.58] Mais tarde ou mais cedo, a
morte está reservada a todos. ■ A morte é a coroa de
todos na terra. VIDE: ● Leti via semel calcanda. ● Non
est leti fuga. ● Omnium rerum vicissitudo est.
802. Longius ille salit, qui plus spatii retrocedit. [Pereira
105] Salta mais longe quem recua maior distância.
■ Faze pé atrás, melhor saltarás.
803. Longius ille videt, qui multis spectat ocellis.
[Binder, Thesaurus 1689] Vê mais longe quem olha
com muitos olhos. ■ Mais vêem dois olhos do que um.
■ Mais vêem quatro olhos do que dois. VIDE: ● Cernere
plus uno lumina bina queunt. ● Duo oculi plus vident
quam unus. ● Magis vident oculi quam oculus.
● Plura oculi quam oculus cernunt. ● Plura oculos
quam oculum cernere. ● Plus vident oculi quam
oculus. ● Unus vir non omnia videt. ● Unus vir haud
cernit omnia.
804. Longius insidias cerva videbit anus. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.766] A cerva velha enxergará de mais longe
as armadilhas. ■ A experiência gera a desconfiança.
805. Longius, sed tutius. Mais distante, porém mais
seguro.
806. Longo in itinere etiam palea oneri est. [DAPR 133]
■ Em caminho longo até uma palha pesa.
807. Longo intervallo. Com um longo intervalo.
808. Longo venit parta labore quies. Chega-nos a
tranqüilidade gerada pelo longo trabalho. VIDE: ● Parta
labore quies.
809. Longum forma percurrens iter, deperdit aliquid
semper, et fulget minus. [Sêneca, Hercules Oetaeus
385] A beleza que percorre um longo caminho perde
sempre alguma coisa e brilha menos.
810. Longum iter emensus, mendacia longa reportat.
[Pereira 109] Quem percorreu um longo caminho traz
de volta grandes mentiras. ■ Grandes viagens, grandes
mentiras. ■ Longas vias, longas mentiras. VIDE:
● Egregie mentiri potest qui ex loco longe dissito
venit.
811. Longum iter per praecepta, breve et efficax per
exempla. [Sêneca, Epistulae Morales 6.5] É longo o
caminho por meio de teorias, mas breve e eficaz por
meio de exemplos. ■ Exemplos farão mais do que
doutrina. ■ Frei exemplo é o melhor pregador. VIDE:
● Exempla, magis quam verba, movent. ● Magis
movent exempla quam verba. ● Melius homines
exemplis docentur. ● Praecepta ducunt, exempla
trahunt. ● Verba docent, exempla trahunt. ● Verba
movent, exempla trahunt.
812. Longum tempus et longus usus qui excedit
memoria hominum sufficit pro iure. [Jur / Black
1131] Longo tempo e longo uso, que excedem a
memória dos homens, valem como direito.
813. Longum valere iubeo. [Pereira 93] Desejo-te um
longo bem-estar. ■ Adeus e passar bem. VIDE: ● Ave
atque vale. ● Ave et vale.
814. Loquacitas raro caret mendacio. [Binder,
Thesaurus 1692] À loquacidade raramente falta a
mentira.
815. Loquax magis quam facundus. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 4.3] Mais falador do que eloqüente.
816. Loquela tua manifestum te facit. [Vulgata, Mateus
26.73] O teu discurso te descobre. ■ As palavras
mostram quem cada um é. ■ A conversação mostra o
que todos são. VIDE: ● Et tu ex illis es, nam et loquella
tua manifestum te facit.
817. Loquendi elegantia augetur legendis oratoribus et
poëtis. [Cícero, De Oratore 3.10.3] Aumenta-se a
elegância do dizer por meio da leitura dos oradores e
dos poetas.
818. Loquendum ut vulgus, sentiendum ut sapientes.
[Bacon, Advancement of Learning 2.14.11] Deve-se
falar como o povo, mas sentir como as pessoas cultas.
819. Loquente auro nil pollet quaevis oratio. Quando o
ouro fala, nenhuma palavra pode nada. ■ Quando o ouro
fala, tudo cala. VIDE: ● Auro loquente, nihil pollet
quaevis oratio.
820. Loquere audacter. [Plauto, Captivi 309] Fala sem
medo.
821. Loquere, Domine, quia audit servus tuus. [Vulgata,
1Samuel 3.9] Fala, Senhor, porque teu servo ouve.
822. Loquere pauca, audi multa. Fala pouco, ouve muito.
■ Ouve muito, fala pouco. ■ Falar é prata, calar é ouro.
VIDE: ● Audi multa, loquere pauca et non errabis.
823. Loquere pauca in convivio. [Albertano da Brescia,
Sermo super illuminatione 33] Nas festas, fala pouco.
824. Loquere quidem, at ne tangito. [Schottus, Adagia
619] Fala, mas não me toques.
825. Loquere terrae, et respondebit tibi. [Vulgata, Jó
12.8] Fala à terra, e ela te responderá.
826. Loquere, ut te videam. [Sócrates / Pereira 97] Fala
para que eu te conheça. ■ As palavras mostram o que
cada um é. ● Loquere, ut te cognoscam. VIDE: ● Ut te
videam aliquid et loquere.
827. Loqui et non cogitare est iaculare et non collimare.
Falar e não pensar é atirar e não mirar. ■ Falar sem
pensar é atirar sem apontar.
828. Loqui facile, praestare vero difficile. [Branco 351]
Falar é fácil, mas realizar é difícil. ■ Do dito ao feito vai
grande eito. ■ De dizê-lo a fazê-lo vai grande diferença.
■ Entre dizer e fazer, muita coisa há a meter.
829. Loqui ignorabit, qui tacere nesciet. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Pittacus] Não saberá
falar quem não souber calar. ■ Não sabe falar quem não
sabe calar. VIDE: ● Homo tacere qui nescit, nescit
loqui. ● Qui nescit tacere, nescit et loqui. ● Tacere
nescit idem, qui nescit loqui. ● Tacere qui nescit, et
nescit loqui.
830. Loqui nescit, at tacere non potest. [Grynaeus 303]
Não sabe falar, mas não pode calar. VIDE: ● Dicendo
ineptus, at silere non potest. ● Scio loqui plerosque
cum tacere nesciant.
831. Loqui qui nescit discat aliquando reticere.
[S.Jerônimo, Epistulae 109.2 / Tosi 22] Quem não sabe
falar aprenda a ficar quieto de vez em quando. ■ Quem
não sabe falar é melhor calar.
832. Loqui senibus res est gratissima cunctis. [Binder,
Thesaurus 1693] A todos os velhos, falar é coisa muito
agradável.
833. Loquitur fama. O boato diz isso. ■ É o que diz o
povo. VIDE: ● Loquuntur vulgo.
834. Loquor quae sentio. [Grynaeus 57] Digo o que sinto.
● Loquor ut opinor. Digo o que acho.
835. Loquuntur oculi quemadmodum affecti simus.
[Cícero, De Legibus 1.27] Os olhos falam de acordo
com o que sentimos. ■ Os olhos são o espelho da alma.
836. Loquuntur vulgo. Fala-se isso entre o povo. ■ É o
que diz o povo. VIDE: ● Loquitur fama.
837. Lorem ipsum dolor sit amet. (=Frase sem sentido,
adaptada de De Finibus Bonorum et Malorum, de
Cícero, usada pelos tipógrafos, há vários séculos, para
mostrar as diversas características das fontes de letras.
Atualmente é utilizada com freqüência em editoração
eletrônica com a mesma finalidade). VIDE: ● Neque
porro quisquam est, qui dolorem ipsum, quia dolor
sit, amet, consectetur, adipisci velit.
838. Loricam duram possunt penetrare sagittae.
[Binder, Thesaurus 1694] Flechas podem penetrar em
couraça dura.
839. Loripedem rectus derideat. [Erasmo, Adagia 3.2.21]
■ Ria-se do coxo quem anda direito. ● Loripedem
rectus derideat, Aethiopem albus. [Juvenal, Satirae
2.23] Do coxo ria-se o que anda direito, e do etíope, o
branco.
840. Lorum una cum cane periit. [Pereira 109] Perdeu-se
a trela junto com o cão. ■ Lá vai quanto Marta fiou. ■ Lá
se foi o melhor boi do meu arado. ■ Foi tudo para o
beleléu. VIDE: ● Actum est. ● Conclamatum est. ● Cum
cane simul et lorum.
841. Loto candidior puella cycno. [Marcial, Epigrammata
1.115.2] Uma moça mais branca do que um cisne
lavado.
842. Luat in corpore qui non habet in aere. [Maloux
401] Pague com o corpo quem não tem em dinheiro.
■ Quem não pode pagar do bolso, pague com sua pele.
● Luit in corpore qui non luit in aere. Quem não paga
com dinheiro, paga com o corpo. VIDE: ● Qui non habet
in aere, luat in corpore. ● Qui non habet in crumena,
luat in corpore. ● Qui non habet in nummis, luat in
corpore.
843. Lubricum linguae. Um escorregão da língua. (=Uma
frase inconveniente ou ofensiva). VIDE: ● Lapsus
linguae. ● Lapsus loquendi. ● Os lubricum.
844. Lubricum linguae non facile trahendum est in
poenam. [Jur / Black 1135] Escorregão de língua não é
facilmente punido.
845. Luce dissolvuntur tenebrae. [Grynaeus 108] As
trevas se desfazem com a luz.
846. Luce lucente renascor. [Inscrição em relógio de sol]
Renasço cada vez que o sol começa a brilhar.
847. Luce lucet aliena. Brilha com a luz alheia. ■ Enfeita-
se com as penas alheias. VIDE: ● De luna, si vere luce
lucet aliena, sequentia docebunt.
848. Luceat lux vestra coram hominibus, ut videant
opera vestra bona. [Vulgata, Mateus 5.16] Luza a
vossa luz diante dos homens, que eles vejam as vossas
boas obras. ● Luceant opera vestra coram hominibus,
ut videant bona facta vestra. Luzam vossas obras
diante dos homens, para que eles vejam vossas boas
ações.
849. Lucens globus lunae. O luzente globo da lua.
850. Lucent in tenebris. [Divisa] Brilham nas trevas.
851. Lucerna corporis tui est oculus tuus. [Vulgata,
Mateus 6.22] O teu olho é a luz do teu corpo.
852. Lucerna pedibus meis verbum tuum, et lumen
semitis meis. [Vulgata, Salmos 118.105] Tocha
resplandescente para os meus pés é a tua palavra, e luz
para os meus caminhos.
853. Lucerna qui indigent, oleum affundunt. [Grynaeus
269] Quem precisa do lampião é que deita o azeite.
■ Quem precisa de candeia, que traga azeite. ■ Quem
quiser comer depene. VIDE: ● Qui lucerna egent,
infundant oleum. ● Qui egent lucerna, infundant
oleum. ● Quibus lucerna est opus, infundunt oleum.
● Quibus opus est fructu, stercorant agrum.
854. Lucerna sublata nihil discriminis inter mulieres.
[Manúcio, Adagia 865] Retirada a lâmpada, não há
diferença entre as mulheres. ■ À noite todos os gatos são
pardos. ■ No escuro tanto vale a rainha como a negra
da cozinha. ● Lucerna sublata, nihil discriminis.
[Pereira 101] ● Lucerna sublata, omnis mulier eadem
est. [Apostólio 12.24] Retirada a lâmpada toda mulher é
igual. VIDE: ● A femina, nil femina ulla discrepat.
● Absente luce feminae cunctae pares. ● Exstincta
lucerna, omnis mulier eadem. ● Omnis enim mulier
sublata lucerna eadem est. ● Sublata lucerna, nihil
interest inter mulieres. ● Sublata lucerna, nihil
discriminis est inter mulieres. ● Sublata lucerna,
omnes mulieres aequales sunt.
855. Lucernam adhibes in meridie. [Erasmo, Adagia
2.5.6] Conduzes uma lanterna em pleno meio-dia.
● Lucernam in meridie accendis. [Apostólio 12.29]
Acendes a lanterna ao meio-dia. ● Lucernam accendis
in medio die. [Schottus, Adagia 643] ● Lucernam
accendis in meridie. [Manúcio, Adagia 602] VIDE: ● In
sole lucernam adhibere nihil interest.
856. Lucernam olet. [Pereira 118] Cheira a lampião.
■ Queimou as pestanas. VIDE: ● Olet lucernam.
● Redolet lucernam.
857. Lucet margaritum in sordibus, et fulgor gemmae
purissimae etiam in luto radiat. [S.Jerônimo,
Epistulae 66.7] Resplandece a pérola na imundície, e o
fulgor da gema puríssima brilha mesmo no lodo.
858. Luci tenebrae succedunt, et iterum tenebris lux.
[S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta 4.379]
Sucedem as trevas à luz, e novamente a luz às trevas.
■ Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca
acabe.
859. Lucida sidera. [Horácio, Carmina 1.3.2] Estrelas de
muita luz. (=Diz-se de pessoas de alto valor).
860. Lucidior celerem facit ignis in aede magirum.
[Binder, Thesaurus 1697] Fogo forte em casa faz
cozinheiro veloz.
861. Lucidus ordo. [Horácio, Ars Poetica 41] Uma
disposição clara.
862. Lucra levia crumenam efficere gravem. [Bacon, De
Caeremoniis Civilibus et Decoro] Pequenos lucros
tornam pesada a bolsa. ■ De pequenos grãos se junta um
grande monte. ■ Muitos poucos fazem um muito.
863. Lucrandi animo. Com a intenção de obter vantagem.
864. Lucri bonus est odor ex re qualibet. [Juvenal,
Satirae 14.204] ■ Bem cheira o ganho, donde quer que
venha. ● Lucri bonus odor, undecumque veniat.
● Lucri bonus odor de qualibet re. VIDE: ● Auri bonus
est odor ex re qualibet. ● Dulce est lucrum,
profectum et a mendaciis. ● Dulce est lucrum,
profectum et a mendacio. ● Dulcis odor lucri ex re
qualibet. ● Non olet. ● Pecunia non olet.
865. Lucri causa. [Jur / Black 1135] Por causa do lucro.
Pelo lucro.
866. Lucri causa vel in vimine navigaret. [Schottus,
Adagia 525] (O ambicioso,) para ter vantagem,
navegaria até numa cesta de vime.
867. Lucri quicquid est, id domum trahere oportet.
[Plauto, Mostellaria 800] Qualquer que seja a vantagem,
é preciso trazê-la para casa.
868. Lucrificare forum solet adventus fatuorum.
[DAPR 445] A chegada dos néscios faz o mercado dar
lucro. ■ Há sempre feira, quando o tolo desce à eira.
VIDE: ● Quando forum tangunt stulti, res venditur
omnis. Stulti dum veniunt emptores, tunc fora
prosunt. Quando compradores tolos chegam, então a
feira dá lucro. ■ Há sempre feira, quando o tolo desce à
eira. VIDE: ● Lucrificare forum solet adventus
fatuorum. ● Quando forum tangunt stulti, res
venditur omnis.
869. Stulti dum veniunt emptores, tunc fora prosunt.
870. Lucrum est. [Marcial, Epigrammata 10.41.8] É um
bom negócio.
871. Lucrum est dolorem posse damno exstinguere.
[Publílio Siro] É vantagem poder, com um prejuízo,
acabar com um sofrimento. ■ A dor por que vem algum
proveito não se sente.
872. Lucrum facit, qui voluntatem suam implet. Tem
lucro quem satisfaz a própria vontade.
873. Lucrum malum, aequale dispendio. [Erasmo,
Adagia 3.3.52] Lucro desonesto é igual a prejuízo. ■ O
que mal se adquire mal se perde. VIDE: ● At turpe
lucrum adducit infortunium. ● Dispendio usque est
fraude quaesitum lucrum. ● Mala lucra aequalia
damnis. ● Malum lucrum aequale dispendio.
● Munus malum est perinde uti dispendium.
874. Lucrum pudori praestat. [Zenóbio / Erasmo,
Adagia 3.7.14] O ganho vale mais que a vergonha.
■ Entre honra e dinheiro, o segundo é o primeiro.
● Lucrum pudore melius. [Schottus, Adagia 223]
● Lucrum pudore potius. [Schottus, Adagia 456]
● Lucrum probro potius est. [Apostólio 11.28] VIDE:
● Dulce est lucrum, profectum et a mendaciis.
875. Lucrum sine damno alterius fieri non potest.
[Publílio Siro] Não pode acontecer uma vantagem sem
prejuízo de outrem. ■ A desgraça de uns é o bem de
outros. VIDE: ● Lucrum unius est alterius damnum.
● Nemo ditescit nisi malo alterius.
876. Lucrum sine onere esse non debet. [Jur] Não deve
haver uma vantagem sem um custo. ■ Não há vantagem
sem desvantagem.
877. Lucrum turpe ut dispendium fugito. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] Foge do lucro desonesto como de
um prejuízo.
878. Lucrum unius est alterius damnum. [DAPR 86] A
vantagem de um é o prejuízo de outro. ■ A desgraça de
uns é o bem de outros. ■ Morte do lobo, saúde do
rebanho. VIDE: ● Bona nemini hora est, ut non alicui
sit mala. ● Lucrum sine damno alterius fieri non
potest. ● Mors lupi agnis vita. ● Nemo ditescit nisi
malo alterius.
879. Luctu in ipso luctus exoritur novus. [Sêneca,
Oedipus 62] Uma dor nova nasce da própria dor. ■ Uma
desgraça nunca vem só.
880. Luctu vacat bos cum senex moritur domi.
[Schottus, Adagia 607] Não há choro em casa, quando
morre um boi velho. VIDE: ● Vetulus bos lugetur a
nemine.
881. Ludendo ludendum est. [Plutarco / Bernardes, Nova
Floresta 5.418] É brincando que se deve brincar. ■ Das
burlas vêm as veras.
882. Ludens feci. [Vulgata, Provérbios 26.19] Eu o fiz de
brincadeira.
883. Ludere inter maerentes. [Grynaeus 38] Brincar
entre pessoas que sofrem. VIDE: ● Inter lugentes iocari.
884. Ludere, non laedere. [Rezende 3219] Brincar, não
ofender. ■ Brinca, mas não ofende.
885. Ludere par impar. [Horácio, Sermones 2.3.248]
Jogar par-ou-ímpar.
886. Ludere qui nescit, ludum spectando quiescit.
[Binder, Thesaurus 1702] Quem não sabe jogar, fica
quieto olhando o jogo.
887. Ludi quoque semina praebent nequitiae. [Ovídio,
Tristia 2.1.279] Os divertimentos também fornecem os
germens da corrupção.
888. Ludicra per verba res saepe notatur acerba.
[Binder, Thesaurus 1705] Com palavras divertidas,
muitas vezes aponta-se um fato desagradável.
■ Brincando, brincando, vão-se dizendo as verdades.
889. Ludimus innocui. [Marcial, Epigrammata 7.12.9]
Brincamos sem fazer mal. ● Ludimus innocuis verbis.
Brincamos com palavras inofensivas.
890. Ludis de alieno corio. [Apuleio, Metamorphoses 7.3]
Brincas com a pele alheia. ■ Tiras as castanhas do fogo
com as mãos do gato. VIDE: ● Alieno corio ludere facile.
● De alieno ludit corio.
891. Ludit in humanis divina potentia rebus. [Ovídio,
Ex Ponto 4.3.49] O poder divino brinca com as coisas
humanas. VIDE: ● Dii nos quasi pilas homines habent.
● Homo Dei ludibrium. ● Pilas quasi dii habent
homines.
892. Ludite secure, quibus aes est semper in arca!
[Carmina Burana] Bricai sem preocupação, vós que
sempre tendes dinheiro na arca.
893. Ludo sive ioco vir verum fert aliquando. [DAPR
118] De brincadeira ou gracejo, às vezes, se diz a
verdade. ■ Brincando, brincando, vão-se dizendo as
verdades. ■ Não há pior zombaria do que a verdade.
VIDE: ● Ioco vir verum fert aliquando. ● Ridentem
dicere verum quid vetat?
894. Ludus allubescens incidendus est. [Gaal 1362] Jogo
que está agradando deve ser encerrado. ■ Jogo fogoso,
jogo perigoso. VIDE: ● Ludus bonus non sit nimius.
● Modus in iocis servandus est.
895. Ludus animo debet aliquando dari. [Binder,
Thesaurus 1707] De vez em quando deve-se dar uma
distração ao espírito.
896. Ludus bonus non sit nimius. [Bebel / Binder,
Thesurus 1708] A brincadeira boa não seja exagerada.
■ Jogo fogoso, jogo perigoso. ■ Burla com dano não
acaba o ano. VIDE: ● Dum ludus bonus est, ipsum
dimittere fas est. ● Iocus dum optimus, cessandum.
● Ludus allubescens incidendus est. ● Modus in iocis
servandus est. ● Nunquam sunt grati qui nocuere
sales.
897. Ludus fortium est imbecilliorum mors. [Bebel,
Proverbia Germanica 319] Brincadeira de fortes é morte
dos mais fracos. ■ Mal vai ao passarinho na mão do
menino.
898. Lues venerea. O mal venéreo. (=A sífilis). VIDE:
● Morbus gallicus. ● Morbus pustularum. ● Morbus
indecens.
899. Lumen caeleste sequamur. [Divisa] Sigamos a luz
celeste.
900. Lumen fidei. A luz da fé.
901. Lumen gentium. A luz dos povos.
902. Lumen gratiae. A luz da graça.
903. Lumen in caelo. A luz no céu.
904. Lumen mundi. A luz do mundo.
905. Lumen naturalis rationis. A luz da razão natural.
● Lumen naturale ratio. A razão é uma luz natural.
906. Lumen soli mutuas. [Erasmo, Adagia 1.7.58]
Emprestas luz ao sol. (=Diz-se de quem quer
esclarecer fato que dispensa esclarecimento).
● Lumen soli mutuum das.
907. Lumen veritatis. A luz da verdade.
908. Lumen vitae. A luz da vida.
909. Lumina inter umbras clariora sunt. [Binder,
Thesaurus 1710] Luzes entre sombras ficam mais
visíveis.
910. Luna cum sole coniungitur, tum obscuratur et
occultatur; cum abeat, lucet. [Erasmo / Stevenson
1377] A lua se junta com o sol, então escurece e se
oculta; quando sai, brilha.
911. Luna mihi tremulum praebebat lumen eunti.
[Ovídio, Heroides 18.61] A mim, que caminhava, a lua
oferecia uma luz trêmula.
912. Luna mutabilior. [Odilo Schreger, Studiosus Jovialis
20] Muda mais que a lua. VIDE: ● Chamaleonte
mutabilior. ● Proteo mutabilior.
913. Luna solis lumine collustrari putatur. [Cícero, De
Divinatione 2.91] Imagina-se que a lua é iluminada pela
luz do sol.
914. Lunae radiis non maturescit botrus. [Plutarco /
Erasmo, Adagia 4.7.73] Cacho de uva não amadurece
com raios da lua. (=Diz-se quando a força disponível é
insuficiente para realizar o planejado). ■ Isto demanda
mais água.
915. Lunaticus, qui gaudet in lucidis intervallis. [Jur /
Black 1136] Lunático é o que goza de intervalos
lúcidos.
916. Lupi alas quaeris. [Grynaeus 17] Procuras as asas do
lobo. ■ Procuras asas ao burro. VIDE: ● Asini lanam
quaeris.
917. Lupi illum priores viderunt. [Erasmo, Adagia
1.7.86] Os lobos o viram primeiro.
918. Lupi rapaces. [Vulgata, Mateus 7.15] São lobos
vorazes.
919. Lupo agnum eripere postulant. [Plauto, Poenulus
774] Desejam arrancar o cordeiro ao lobo. VIDE:
● Agnum lupo eripere velle.
920. Lupo ovem commisisti. [Pereira 93] Confiaste ao
lobo a (guarda da) ovelha. ■ Deste ovelhas a guardar ao
lobo. ■ A bom santo o encomendaste. VIDE: ● Ovem lupo
committis. ● Ovem lupo commisisti.
921. Lupos apud oves linquere custodes. [Plauto,
Pseudolus 137] Deixar os lobos como guardas das
ovelhas.
922. Lupum auribus retinens, nec tenere potest, nec
valet dimittere. Quem segura um lobo pelas orelhas,
nem consegue mantê-lo, nem pode soltá-lo. VIDE:
● Auribus lupum teneo. ● Auribus lupum teneo,
necque retinere, necque amittere possum.
923. Lupum auribus teneo. [Pereira 113] Estou
segurando um lobo pelas orelhas. ■ Não sei para onde
me virar. ■ Estou com uma batata quente na mão.
● Auribus lupum teneo.
924. Lupus amat ovem. [Pereira 97] Lobo adora ovelha.
■ Bem folga o lobo com o coice da ovelha. ■ Amigo,
como a cabra do cutelo. VIDE: ● Ut lupus ovem amat.
● Ut lupus agnam amat. ● Ut lupus ovem.
925. Lupus ante clamorem festinat. [Erasmo, Adagia
2.7.79] O lobo, diante da gritaria, foge correndo.
■ Quem tem culpa, tem medo. ● Lupus ante clamorem
properat. [Apostólio 12.28]
926. Lupus aquilam fugit. [Erasmo, Adagia 2.7.78] O
lobo foge da águia. (=O homem foge de sua
consciência).
927. Lupus est homo homini. ■ O homem é o lobo do
homem. ● Lupus est homo homini, non homo. Para
outro homem, o homem é um lobo, não um homem.
● Lupus est homo homini, non homo, cum, qualis sit,
non novit. [Plauto, Asinaria 477] Para o homem, o
homem que ele não conhece é um lobo, não um homem.
VIDE: ● Homo hominem furit. ● Homo homini lupus.
928. Lupus est matrem suum. O lobo come a mãe dos
porcos. (=Trata-se de um jogo de palavras, em que est é
variante de edit, terceira pessoa do singular do presente
do indicativo do verbo edere, comer, e suum é genitivo
plural de sus, suis, porco).
929. Lupus et agnus pascentur simul, leo et bos
comedent paleas, et serpenti pulvis panis eius.
[Vulgata, Isaías 65.25] O lobo e o cordeiro pastarão
juntos; o leão e o boi comerão palha; o pó será para a
serpente seu alimento.
930. Lupus et numeratas oves devorat. O lobo come até
as ovelhas contadas. ■ Do contado come o lobo. VIDE:
● Lupus non curat numerum ovium.
931. Lupus in fabula. [Terêncio, Adelphi 537] É o lobo
da fábula. ■ Falai no lobo, ver-lhe-eis a pele. ■ Falar no
mau, preparar-lhe o pau. ● Lupus in sermone. VIDE:
● Eccum lupus in sermone. ● En lupus in historia.
● Est lupus in fabula.
932. Lupus languebat, monachus tunc esse volebat; sed
cum convaluit, lupus ut ante fuit. [Walter Bower /
Stevenson 569] O lobo estava doente, então queria virar
monge; mas, quando se restabeleceu, continuou lobo,
como era antes. ■ Rezar ao santo até passar o barranco.
VIDE: ● Aegrotavit daemon, monachus tunc esse
volebat; daemon convaluit, daemon ut ante fuit.
● Cum languebat lupus, agnus ut esse volebat;
postquam convaluit, talis ut ante fuit. ● Daemon
languebat, monachus bonus esse volebat; sed cum
convaluit, manet ut ante fuit.
933. Lupus lupum non est. [Binder, Medulla 906] ■ Lobo
não come lobo. VIDE: ● Canis canem non est. ● Canis
caninam non est mordere pellem. ● Lupus non
mordet lupum.
934. Lupus non curat numerum ovium. [Odilo Schreger,
Studiosus Jovialis 11; Tosi 1176] O lobo não se
preocupa com a contagem das ovelhas. ■ Do contado
come o lobo. ● Lupus numerum pecorum non curat.
[Bacon, De Augmentis Scientiarum 8.3] ● Lupus non
curat numerum. [Pereira 103] ● Lupus non veretur
etiam numeratas oves devorare. [Grynaeus 81] O lobo
não se incomoda de devorar até as ovelhas contadas.
VIDE: ● Hic tantum Boreae curamus frigora, quantum
aut numerum lupus aut torrentia flumina ripas.
● Lupus et numeratas oves devorat. ● Lupus oves
etiam numeratas devorat. ● Non curat numerum
lupus.
935. Lupus non emendatur senio. [Manúcio, Adagia
1412] O lobo não melhora com a velhice. ■ O lobo
perde os dentes, mas não o costume. VIDE: ● Senecta
canitiem affert improbis, non item aufert malitiam.
936. Lupus non mordet lupum. [Eiselein 648] Lobo não
morde lobo. ■ Lobo não come lobo. VIDE: ● Lupus
lupum non est.
937. Lupus ovem pascit. [Schottus, Adagia 227] É o lobo
apascentando a ovelha. ■ A bom santo o encomendaste!
938. Lupus oves etiam numeratas devorat. [DAPR 406]
O lobo come até as ovelhas contadas. ■ Do contado
come o lobo. ● Lupus et numeratas devorat oves. VIDE:
● Hic tantum Boreae curamus frigora, quantum aut
numerum lupus aut torrentia flumina ripas. ● Lupus
non curat numerum ovium. ● Lupus numerum
pecorum non curat. ● Lupus non curat numerum.
● Lupus non veretur etiam numeratas oves devorare.
● Non curat numerum lupus.
939. Lupus pilum mutat, non mores. [Apostólio 14.38]
■ O lobo muda o pêlo, não o vezo. ■ Com a pele não se
mudam os costumes. ■ Quem más manhas há, tarde ou
nunca as perderá. ● Lupus pilum mutat, non animum.
● Lupus pilum mutat, non mentem. [Erasmo, Adagia
3.3.19] ● Lupus pilum, non ingenium mutat.
[Grynaeus 387] VIDE: ● De flavis vetula in canos
vulpecula pilos mutat, illius at mores vertere nemo
videt. ● Flavos permutat canis vulpecula crines, at
nunquam mores alterat ipsa suos. ● Ingenium suum
vulpecula mutare nescit. ● Liquit sponte pilos Romae
fera saeva lupinos, non tamen assuetos liquit in urbe
dolos. ● Naturam expellas furca, tamen usque
recurret. ● Pilos lupus mutat, sed animum non item.
● Senecta canitiem affert improbis, non item aufert
malitiam. ● Vulpeculorum mutantur pili, non mores.
● Vulpes pilum mutat, non mores.
940. Lupus pilum mutat, vir mentem. O lobo muda o
pêlo, o homem muda a mente.
941. Lupus prius ovem pascat. [Schottus, Adagia 244] É
mais fácil o lobo apascentar a ovelha. ■ É mais fácil um
boi voar.
942. Lusciniae non deest cantio. [Albertatius 705] Não há
rouxinol sem canto. ■ Cada passarinho canta sua
canção. ● Lusciniolae ne defuerit cantio. [Plauto,
Bacchides 38] Não faltará canto ao rouxinolzinho.
943. Lusciniis corvi sunt hodie honoratiores.
[Albertatius 718] Hoje os corvos são mais importantes
do que os rouxinóis. ■ Abaixam-se os muros, levantam-
se os monturos. VIDE: ● Corvi lusciniis honoratiores.
● Corvus lusciniae praestat. ● Corvus lusciniis
praestat.
944. Luscus caeco praefertur; sic undique fertur.
[DAPR 654] Prefere-se o vesgo ao cego; é assim em
toda parte. ■ Melhor é ser torto que cego de todo. ■ Dos
males o menor. VIDE: ● Malo strabo stare quam
caecutiens titubare.
945. Lusisti satis, edisti satis, atque bibisti: tempus
abire tibi est. [Horácio, Epistulae 2.2.214] Brincaste
bastante, comeste e bebeste bastante; é tempo de
partires.
946. Lusus animo debet aliquando dari ad cogitandum
melior. [Fedro, Fabulae 3.14.12] De vez em quando,
deve-se dar uma diversão ao espírito, para se pensar
melhor.
947. Lusus habet finem. [Ovídio, Ars Amatoria 3.809]
Acabou-se a brincadeira.
948. Lutetiam si quis asinum mittat, equum non redire.
[Schottus, Adagia 28] Se alguém mandar um burro a
Paris, não voltará de lá um cavalo. ■ Burro que a Roma
vá, burro de lá voltará. ■ Burro que vai a Santarém,
burro vai e burro vem. VIDE: ● Ignarus rediit Romam
deductus asellus. ● Qui stultus exiit, stultus
revertetur. ● Quod natura non dat Salmantica non
praestat.
949. Luto pedem evellere. [Grynaeus 746] ■ Tirar o pé do
lodo.
950. Lutum luto purgare. [Schottus, Adagia 635] Limpar
lama com lama. VIDE: ● Conviciis non respondendum.
● Convicium conviciis tegere est lutum luto
porrigere.
951. Lutum nisi tundatur, non fit urceus. [Erasmo,
Adagia 3.3.42] O barro, se não for amassado, não vira
pote. ■ Com trabalho tudo se alcança. ■ Alguma coisa se
há de sofrer para embranquecer. ■ Não se ganham
trutas a bragas enxutas. ● Lutum nisi tundatur, non fit
testa. [Apostólio 14.77] VIDE: ● Testa non fit, nisi
lutum tundatur.
952. Lux aeterna. A luz eterna.
953. Lux benigna. A luz generosa.
954. Lux domini pulchrum facit ornatumque caballum.
[Binder, Thesaurus 1724] O olho do dono embeleza e
enfeita o cavalo. ■ O olho do dono engorda o cavalo.
VIDE: ● Ex visu domini fit pulchritudo caballi.
● Oculus domini facit equum pinguem. ● Oculus
domini saginat equum.
955. Lux effulsit super eos. Uma luz brilhou sobre eles.
VIDE: ● Lux orta est eis. ● Nova lux oculis effulsit.
956. Lux est umbra Dei. A luz é a sombra de Deus. VIDE:
● Lux umbra Dei.
957. Lux et lex. [Divisa da Universidade de Dakota do
Norte, EUA] A luz e a lei.
958. Lux et veritas. [Divisa da Universidade de Yale,
EUA] A luz e a verdade.
959. Lux, etsi per immundos transeat, non inquinatur.
[S.Agostinho, In Ioannis Evangelio 1.5.15] A luz,
mesmo que passe pelos impuros, não se polui.
960. Lux fuit caecis, baculusque claudis. [Officium Sancti
Iacobi] Ele foi o olho dos cegos, e o bastão dos coxos.
961. Lux hominum vita. [Divisa da Universidade de
Novo México, EUA] A luz é a vida dos homens.
962. Lux in tenebris lucet. [Vulgata, João 1.5] A luz
resplandece nas trevas. ■ A luz, onde está, logo aparece.
963. Lux, libertas. [Divisa da Universidade de Carolina
do Norte, EUA] Luz, liberdade.
964. Lux lucet in tenebris. [S.Agostinho, De Trinitate
4.28] A luz brilha nas trevas.
965. Lux lumenque vitae ratio. A razão é a glória e o
archote da vida. VIDE: ● Si ista vera sunt, ratio omnis
tollitur quasi quaedam lux lumenque vitae.
966. Lux me regit. [Inscrição em quadrante solar] É a luz
que me governa.
967. Lux mea lex. [Inscrição em quadrante solar] A luz é
minha lei.
968. Lux nostra. [Cícero, Ad Familiares 14.5] Nossa luz.
(=Cícero se refere à filha Túlia)
969. Lux orta est eis. [Vulgata, Isaías 9.2] Nasceu-lhes o
dia. VIDE: ● Lux effulsit super eos.
970. Lux sacra deposcit facta sacranda magis. [Medina
592] O dia favorável exige obras mais nobres. ■ Bom
dia, boa obra. ■ Em bons dias, boas obras.
971. Lux, salubritas, felicitas. [Divisa] Luz, saúde,
felicidade.
972. Lux solis comes. [Pontanus] A luz é companheira do
sol.
973. Lux umbra Dei. [Inscrição em quadrante solar /
DAPR 768] A luz é a sombra de Deus. VIDE: ● Lux est
umbra Dei.
974. Lux umbram monstrat, mysteria autem veritas.
[DAPR 821] A luz mostra a sombra, a verdade mostra
os segredos. ● Lux umbram praebet, mysteria autem
veritas.
975. Lux venit in mundum, et dilexerunt homines
magis tenebras quam lucem: erant enim eorum mala
opera. [Vulgata, João 3.19] A luz veio ao mundo, e os
homens amaram mais as trevas do que a luz, porque
eram más as suas obras.
976. Luxum populi expiare solent bella. As guerras
costumam corrigir os excessos do povo.
977. Luxuria et ignavia, pessimae artes, reipublicae
innoxiae cladi sunt. [Salústio, Bellum Iugurthinum 85]
O luxo e a ociosidade, péssimas qualidades, são a
desgraça do país honrado.
978. Luxuria invictum malum. [Sêneca, Quaestiones
Naturales 4.13.11] A luxúria é uma doença incurável.
979. Luxuria ipsis vinculis, sic fera bestia, irritata,
deinde emissa. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.4,
adaptado] A luxúria é como uma besta feroz que, depois
de ser irritada pelos ferros, é a seguir solta.
980. Luxuriae desunt multa, avaritiae omnia. [Publílio
Siro] À riqueza faltam muitas coisas, à avareza falta
tudo. ■ A avareza é suma pobreza. VIDE: ● Desunt
luxuriae multa, avaritiae omnia.
981. Luxuriam deposuit, et avaritiam induit. Despiu o
luxo e vestiu a avareza ■ Fugiu do lodo, caiu no arroio.
VIDE: ● Dum vitant stulti vitia, in contraria currunt.
982. Luxuries avaritiae mater. A intemperança é a mãe
da ambição. VIDE: ● Avaritiam si tollere vultis, mater
eius est tollenda, luxuries.
983. Luxuriosus adulescens peccat, at senex luxuriosus
insanit. [Sêneca Retórico, Controversiae 2.6.4] O
jovem luxurioso erra, mas o velho luxurioso é um louco.
984. Luxus populator opum. [Gaal 1732] O luxo é o
destruidor das riquezas. ■ Cozinha gorda, testamento
magro.
985. Lympham cribro infundere. Verter água com a
peneira. (=Fazer trabalho inútil). ■ Tapar o sol com a
peneira. VIDE: ● Aquam in cribro gerere. ● Cribro
aquam haurire. ● Imbrem in cribrum geras.
986. Lynceo perspicacior. [Erasmo, Adagia 2.1.54] Vê
mais que Linceu. (=Linceu, um dos argonautas, era
dotado de vista penetrante). ● Lynceo acutius videt.
[Apostólio 12.13] Tem vista mais penetrante do que
Linceu. ● Lynce perspicacior. [Rezende 3237] Vê mais
que um lince. (=Os antigos atribuíam ao lince o poder
de ver através das paredes).
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

M1
1. Machinas post bellum afferre. [Erasmo, Adagia
3.1.17] Trazer a artilharia depois de terminada a batalha.
■ Casa arrombada, trancas à porta. ■ Chegar ao atar
das feridas. ● Machinas post bellum! (Chegas com a)
artilharia depois da batalha! ■ Isso são horas? VIDE:
● Finito bello auxilium. ● Post bellum, auxilium.
● Post bellum, machinas. ● Post bellum suppetiae
venerunt.
2. Macilenti pediculi acrius mordent. [DAPR 309]
Piolhos magros mordem com mais força. ■ Magricela
come sempre, come tudo, tudo, tudo. VIDE: ● Hirudo,
nisi plena, non omittit cutem. ● Multum mordentes
muscae sunt esurientes. ● Muscae famelicae altius
infingunt aculeum. ● Non missura cutem, nisi plena
cruoris hirudo.
3. Macte animo! Ânimo! Coragem! ● Macte virtute!
● Macte! ● Macte animo, iuvenis! [Estácio, Silvae
5.97] Coragem, jovem! ● Macte animo, generose puer,
sic itur ad astra! [Rezende 3238] Bravo, valoroso
rapaz; é assim que se chega às estrelas.
4. Macte nova virtute, puer; sic itur ad astra! [Virgílio,
Eneida 9.641] Bravo pela tua jovem coragem, rapaz;
assim se chega às estrelas. VIDE: ● Sic itur ad astra.
5. Macula originalis. O pecado original. VIDE: ● Originale
peccatum. ● Originalis macula. ● Peccatum originale.
6. Maerore et dolore consenescimus. Com a tristeza e a
dor envelhecemos. VIDE: ● Ante diem canos anxia cura
facit.
7. Maerores hominibus pariunt morbos. As tristezas
causam doenças nos homens.
8. Magis ad ostentationem quam ad necessitatem.
[Maturinus Corderius, Colloquia Scholastica] Mais para
ostentação que por necessidade.
9. Magis adducto pomum decerpere ramo, quam
decaelata sumere lance, iuvat. [Ovídio, Ex Ponto
3.5.19] É mais agradável colher o fruto do ramo puxado
que tirá-lo de um prato cinzelado.
10. Magis adulatio quam hostis reges et principes
perdet. [Vieira, Sermão da Primeira Sexta-Feira da
Quaresma (1651)] A bajulação arruína os reis e generais
mais do que o inimigo. VIDE: ● Regnum saepius ab
assentatoribus, quam ab hostibus everti solet.
11. Magis aequo. [Jur] Mais do que o justo.
12. Magis alii homines quam alii mores. [Tacito,
Historiae 2.95] Foram antes homens diferentes do que
costumes diferentes. VIDE: ● Alii homines, alii mores.
13. Magis amat obiurgator sanans quam adulator
unguens caput. [S.Agostinho, Epistulae 28.4.6] Mais
amigo é o censor que corrige nossos erros do que o
adulador que perfuma nossa cabeça. ■ Antes ser
repreendido de quem quer bem que ser louvado de
adulador. VIDE: ● Melius est a sapiente corripi quam
stultorum adulatione decipi.
14. Magis atque magis clarescunt sonitus. [Virgílio,
Eneida 2.299] Os ruídos se tornam cada vez mais
nítidos.
15. Magis audiendum quam auscultandum. [Pacúvio /
Cícero, De Divinatione 1.57] É mais para se ouvir do
que para se crer.
16. Magis cavenda amicorum invidia, quam insidiae
hostium. [Publílio Siro] Deve-se temer mais a inveja
dos amigos do que as armadilhas dos inimigos. ■ Deus
me guarde dos amigos, que dos inimigos me guardarei
eu.
17. Magis consiliarius est, quam auxiliarius. [Plauto,
Truculentus 197] Dá mais conselho do que auxílio. ■ É
mais fácil aconselhar que ajudar. ■ Nada é mais fácil de
fazer do que aconselhar e repreender.
18. Magis de bono quam de malo lex intendit. [Jur /
Black 1139] A lei favorece mais a boa interpretação do
que a má. (=Quando as palavras de um acordo são
suscetíveis de duas interpretações, uma favorável, outra
desfavorável, a lei adota a primeira).
19. Magis deos miseri quam beati colunt. [Sêneca
Retórico, Controversiae 8.1.360] Os infelizes cultuam
os deuses mais do que os felizes. ● Magis Deum miseri
quam beati colunt. Mais cultuam a Deus os infelizes
do que os felizes.
20. Magis docet qui prudenter interrogat. [S.Jerônimo,
Ad Paulinum / Rezende 3241] Ensina mais quem
pergunta com sabedoria.
21. Magis ea percipimus atque sentimus quae nobis
ipsis aut prospera aut adversa eveniunt, quam illa,
quae ceteris. [Cícero, De Officiis 1.9] Compreendemos
e sentimos mais o que de bom ou de mau nos acontece
do que aquilo que sucede aos outros.
22. Magis erit animorum quam corporum coniugium.
[Erasmo, Colloquia Familiaria 18] Será mais uma união
de espíritos do que de corpos.
23. Magis esse quam videri oportet. [DAPR 808] É
preciso mais ser do que parecer. ■ Antes ser que
parecer. VIDE: ● Cato esse quam videri bonus malebat.
● Esse potius quam haberi. ● Esse quam videri.
24. Magis experiendo, quam discendo cognoscitur.
[Pereira 109] ■ Mais se sabe por experiência que por
aprender. ■ Mais vale experiência do que ciência. VIDE:
● Experiendo tamen magis quam discendo cognovi.
25. Magis exspectandum quid liceat quam quid
expediat. Deve-se desejar mais o que é lícito do que o
que é vantajoso. VIDE: ● Magis spectandum quid liceat
quam quid expediat.
26. Magis exurunt, quos secretae lacerant curae.
[Sêneca, Agamemnon 664] Sofrem mais aqueles a
quem atormentam preocupações secretas.
27. Magis fides proxima est adversus semetipsos
confitentes quam pro semetipsis negantes.
[Tertuliano, Apologeticus 23.5] A sinceridade está mais
perto dos que confessam contra si mesmos que dos que
negam em favor de si mesmos.
28. Magis fidus heres nascitur, quam scribitur. [Publílio
Siro] É mais confiável o herdeiro de nascimento do que
o de testamento.
29. Magis homines oboediunt auro quam Christo.
[S.Boaventura / Bernardes, Nova Floresta 1.499] Os
homens obedecem mais ao ouro que a Cristo.
30. Magis illa iuvant quae pluris ementur. [Juvenal,
Satirae 11.16] Dão-nos maior prazer aquelas coisas que
custam mais caro. ■ O que custa é o que lustra. VIDE:
● Gratiora sunt quae pluris emuntur.
31. Magis industriae quam fortunae. Com mais trabalho
do que sorte. ● Magis industriae quam fortunae fido.
Confio mais no trabalho do que na sorte.
32. Magis malitia pertinet ad viros, quam ad mulieres.
[Plauto, Truculentus 810] A maldade é mais comum aos
homens do que às mulheres.
33. Magis metuunt mortem, qui domi habent unde
possint suaviter vivere. [Rezende 3245] Mais temem a
morte aqueles que têm em casa do que possam viver
folgadamente.
34. Magis minusve. Mais ou menos.
35. Magis movent exempla quam verba. Mais
impressionam os exemplos que as palavras. ■ Exemplos
farão mais que doutrina. ■ Frei exemplo é o melhor
pregador. ● Magis movent exempla quam verba, facta
quam dicta, experimenta quam ostentamenta;
exemplum Alexandri pugnantis quam verba
Aristotelis disputantis. [Frei Gil de Zamora, De
Preconiis Hispaniae] Mais movem os exemplos do que
as palavras, as ações do que as afirmações, as
realizações do que as bazófias. ● Magis movent
exempla humilium quam verba superborum. Mais
movem os exemplos dos humildes do que as palavas
dos soberbos. VIDE: ● Efficacior vox operis quam
sermonis. ● Exempla, magis quam verba, movent.
● Homines amplius oculis quam auribus credunt.
● Longum iter per praecepta, breve et efficax per
exempla. ● Melius homines exemplis docentur. ● Plus
movent exempla quam verba. ● Praecepta ducunt,
exempla trahunt. ● Verba docent, exempla trahunt.
● Verba movent, exempla trahunt.
36. Magis mutus quam piscis. [Erasmo, Adagia 1.5.29]
Mais mudo do que um peixe. ■ Não sabe dizer palavra.
● Magis mutus pisce. ● Magis mutus ipsis piscibus.
[Manúcio, Adagia 203] Mais mudo que os próprios
peixes. ● Magis mutus quam turdus. [Schottus, Adagia
463] Mais mudo que um peixe. (=Turdus, neste adágio,
é o nome de certo peixe). VIDE: ● Statua taciturnius.
37. Magis nocent insidiae quae latent. [Sêneca Retórico,
Controversiae 1.21; Grynaeus 397] São mais perigosas
as armadilhas que estão escondidas. ■ Os males ocultos
e os inimigos secretos são os mais perigosos.
38. Magis offendit nimium quam parum. [Cícero,
Orator 73] O excesso prejudica mais do que a falta.
■ Todo excesso prejudica.
39. Magis pauper ille est, qui cum multa habeat, plura
desiderat. [Minúcio Félix, Octavius 36] Mais pobre é
quem, embora tenha muito, deseja mais. ■ Pobre não é
quem pouco tem, mas quem cobiça o muito a alguém.
40. Magis pedes quam arma Numidas tutata sunt.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 74] Mais os pés do que
as armas salvaram os númidas.
41. Magis prodesse quam praeesse. Antes ser útil que
comandar. VIDE: ● Prodesse magis quam praeesse.
42. Magis res quam verba intuenda sunt. [Digesta
23.3.41.1] Devem ser considerados mais os fatos do que
as palavras.
43. Magis spectandum quid liceat quam quid expediat.
[Grynaeus 432] Deve-se desejar mais o que é lícito do
que o que é vantajoso. VIDE: ● Magis exspectandum
quid liceat quam quid expediat.
44. Magis sum quam ille, qui iam nullus est. [Grynaeus
166] Sou mais do que ele, que não é ninguém.
45. Magis urgent saeva inexpertos. [Sêneca, De
Providentia 4] Os sofrimentos acabrunham mais os que
nunca os experimentaram.
46. Magis utile nil est artibus his, quae nil utilitatis
habent. [Ovídio, Ex Ponto 1.5.53] Nada é mais útil ao
homem do que aquelas artes que não têm nenhuma
utilidade.
47. Magis valet homo propter id quod est quam
propter id quod habet. [Papa Paulo VI] O homem vale
mais pelo que é do que pelo que tem. ■ Mais vale boa
regra que boa renda.
48. Magis valet longa via ad paradisum quam brevis ad
infernum. [Petrus Alphonsus, Disciplina Clericalis 18]
Mais vale longo caminho para o paraíso do que curto
para o inferno.
49. Magis valet qui nescit quod calamitas valet.
[Publílio Siro] Pode mais quem não sabe o que pode a
infelicidade.
50. Magis veritas oculata fide quam per aures animis
hominum infingitur. [Institutiones 3.6.2] A verdade
penetra mais no espírito dos homens pela garantia dos
olhos do que pelos ouvidos. ■ Vista faz fé. VIDE:
● Homines amplius oculis quam auribus credunt.
51. Magis vident oculi quam oculus. [Rezende 3256]
■ Mais vêem dois olhos do que um. VIDE: ● Duo oculi
plus vident quam unus. ● Cernere plus uno lumina
bina queunt. ● Longius ille videt, qui multis spectat
ocellis. ● Oculi plus vident quam oculus. ● Plura oculi
quam oculus cernunt. ● Plura oculos quam oculum
cernere. ● Plus vident oculi quam oculus. ● Unus vir
non omnia videt. ● Unus vir haud cernit omnia.
52. Magis virtus quam genus nobilitatem efficit. Mais
dá nobreza a virtude do que a origem. ■ Da virtude vem
a nobreza. ■ A nobreza adquire-se vivendo, não
nascendo. ■ Deixemos pais e avós, por nós mesmos
sejamos bons. VIDE: ● Nobilis est ille, quem nobilitat
sua virtus. ● Nobilis est ille, quem nobilitavit sua
virtus; degener est ille, quem virtus nulla beavit.
● Nobilitatis virtus non stemma character. ● Non
genus virum ornat. ● Nostra nos virtute decet, non
sanguine niti. ● Sola virtus nobilitat. ● Sola virtus,
non maiorum sanguis, verae nobilitatis firmum est
argumentum. ● Virtus sola nobilitat. ● Virtus, non
stemma. ● Virtute decet, non sanguine niti.
53. Magister adest et vocat te. [Vulgata, João 11.28] O
mestre está aqui e chama-te.
54. Magister alius casus. [Rezende 3250] O infortúnio é
um segundo mestre.
55. Magister artis ingeniique largitor venter. [Pérsio,
Satirae, Prologus 11] O estômago é mestre da arte e
distribuidor de talento. ■ A necessidade espicaça o
engenho. ■ A fome e a sede põem a lebre a caminho.
● Magister artis venter. VIDE: ● Artificia docet fames.
● Etiam stultis acuit ingenium fames. ● Fames acuit
animantibus ingenium. ● Ingeniosa gula est.
56. Magister barbatus. O mestre barbado. (=Um
filósofo). VIDE: ● Barbatum haec crede magistrum.
57. Magister caerimoniarum. O mestre de cerimônias.
● Magister Caerimoniarum Pontificalium.
[Constitutio Apostolica, De Sede Apostolica Vacante
Deque Electione Romani Pontificis] O mestre de
cerimônias pontificais.
58. Magister dixit. O mestre disse. ■ Isto não se discute.
VIDE: ● Ipse dixit, magister dixit. ● Iurare in verba
magistri. ● Nullius addictus iurari in verba magistri.
59. Magister est prioris posterior dies. [Rezende 3253]
O dia seguinte é mestre do dia anterior. ■ Depois do
fato, todo o mundo é sábio. VIDE: ● Dies diem docet.
● Dies posterior prioris est discipulus. ● Discipulus est
prioris posterior dies.
60. Magister inter pares. Um mestre entre mestres.
61. Magister morum. O censor dos costumes.
62. Magister navis. O capitão do navio.
63. Magister orandi optimus necessitas. [Publílio Siro]
A necessidade é o melhor mestre de oratória. ■ O
precisar ensina a rezar.
64. Magister scientiae. Mestre em ciências.
65. Magister usus omnium est rerum optimus. [Publílio
Siro] O uso é o melhor mestre de todas as coisas. ■ A
prática é a mestra de todas as coisas. ■ Usa e serás
mestre. ■ A experiência é a mestra da vida. ● Magister
optimus usus. ● Magister rerum usus. [Black 1140]
● Magistra rerum experientia. [Black 724] VIDE:
● Cunctarum rerum doctor certissimus usus. ● Multa
me docuit usus, magister optimus. ● Usus
efficacissimus rerum omnium magister. ● Usus est
magister optimus. ● Usus est magister rerum. ● Usus
magister egregius. ● Usus magister optimus. ● Usus
omnium rerum optimus magister. ● Usus optimus
rerum magister.
66. Magister societatis. [Jur / Black 1140] O
administrador da sociedade.
67. Magistra et duce natura. Com a natureza como
mestra e guia. VIDE: ● Praesertim natura ipsa magistra
et duce.
68. Magistratum gerens, audi et iuste et iniuste.
[Erasmo, Adagia 2.7.89] Como chefe, ouve tanto o justo
como o injusto. ■ O bom juiz ouve o que cada um dia.
VIDE: ● Princeps iniqua et aequa pariter audias. ● Si
praees, audi et iuste et iniuste dicta.
69. Magistratus est lex loquens; lex autem est mutus
magistratus. [Jur] O magistrado é a lei falando; a lei é
o magistrado mudo. ● Magistratum legem esse
loquentem, legem autem mutum magistratum.
[Cícero, De Legibus 3.1.2]
70. Magistratus facit hominem. [DAPR 782; Malloux
351] O cargo faz o homem. ■ O ofício faz o homem.
● Magistratus facit homines.
71. Magistratus vilem virum arguit. [Rezende 3255] O
poder descobre o homem de pouco valor. ■ Dá ofício ao
vilão, conhecê-lo-ão. ■ Se queres saber quem é o vilão,
mete-lhe a vara na mão. ● Magistratus virum arguit.
O poder revela o homem. ● Magistratus virum
demonstrat. [Apostólio 4.51] ● Magistratus virum
indicat. [Erasmo, Adagia 1.10.76] ● Magistratus
virum ostendit. [Schottus, Adagia 372] ● Magistratus
virum indicant. [Pereira 122] Os cargos revelam o
homem. VIDE: ● Senatus ostendit virum, et senatum
vir.
72. Magistrum metue. [Dionísio Catão, Monosticha 4]
Respeita teu professor.
73. Magna cadunt, inflata crepunt, tumefacta
premuntur. [Eiselein 314] As coisas grandes caem, as
infladas explodem, as inchadas são espremidas.
74. Magna Charta Libertatum. A Magna Carta das
Liberdades. (=Documento constitucional imposto ao
Rei João, da Inglaterra, em 1215, pelos Barões).
● Magna Charta.
75. Magna civitas, magna solitudo. [Estrabão / Erasmo,
Adagia 2.4.54] Cidade grande, grande solidão.
76. Magna comitante caterva. [Virgílio, Eneida 2.40]
Acompanhado de grande multidão.
77. Magna componere parvis. [Black 1141] Comparar
coisas grandes com coisas pequenas.
78. Magna confusio. [Cícero, De Natura Deorum 1.3]
Uma grande confusão.
79. Magna consolatio est patientis, si secum habeat
condolentem. [S.Ambrósio] É grande o consolo de
quem sofre, se tem companheiro de sofrimento. ■ Mal
de muitos, consolo é. ■ Tristeza dividida, tristeza
aliviada. VIDE: ● Calamitatum habere socios miseris
est solacio. ● Commune naufragium, omnibus est
consolatio. ● Commune naufragium, omnibus
solacium. ● Commune naufragium omnibus solatio
est. ● Consolatio miserorum est habere socios.
● Gaudium est miseris socios habere poenarum.
● Solacium est miseris socium habere malorum.
● Solamen miseris socios habuisse malorum.
● Solamen miseris socios habuisse doloris.
80. Magna culpa. [Jur / Black 1141] Uma grande falta.
Uma grande negligência.
81. Magna cum laude. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.9]
Com grande louvor.
82. Magna cura cibi, magna virtutis incuria. [Amiano
Marcelino, Historiae 16.5.2] Grande preocupação com a
comida, grande negligência com a virtude.
83. Magna debet esse eloquentia quae invitis placeat.
[Sêneca Retórico, Controversiae 10.4] Grande deve ser
a eloqüência que agrada até aos que se opõem.
84. Magna difficultas impossibilitati aequiparatur. [Jur]
Uma grande dificuldade se equipara à impossibilidade.
VIDE: ● Difficultas magna impossibilitati
aequiparatur.
85. Magna dii curant, parva neglegunt. [Cícero, De
Natura Deorum 2.167] Os deuses se ocupam das coisas
grandes, desprezam as pequenas. ■ As águias não caçam
moscas.
86. Magna dispositio est, hostem fame magis urgere
quam ferro. [Vegécio, Epitoma Rei Militaris 26] É boa
tática atacar o inimigo mais pela fome do que pela
espada.
87. Magna est admiratio copiose sapienterque dicentis.
[Cícero, De Officiis 2.48] É grande a admiração por
quem fala com abundância e sabedoria.
88. Magna est enim vis humanitatis; multum valet
communio sanguinis. [Cícero, Pro Roscio 22.63]
Grande é o poder da cortesia; muito mais, porém, vale o
parentesco. VIDE: ● Magna est vis humanitatis.
89. Magna est manus regis, et valida. A mão do rei é
grande e poderosa. ■ O braço do rei e a lança longe
alcançam. VIDE: ● A regibus cavendum, quod eis
praelonga sint brachia. ● An nescis longas regibus
esse manus? ● Longae regum manus. ● Longae sunt
regibus manus. ● Longae tyrannorum manus.
● Longas esse regibus manus. ● Manus regum longae.
90. Magna est rerum facta commutatio. As coisas
mudaram muito. VIDE: ● Fortuna parvis momentis
magnas rerum commutationes efficit.
91. Magna est res scire vivere, maior scire mori. É coisa
importante saber viver, mais importante ainda é saber
morrer.
92. Magna est veritas et praevalebit. [DAPR 821] A
verdade é poderosa e prevalecerá. ■ A verdade pode ser
combatida, mas não vencida. VIDE: ● Magna veritas, et
praevalet.
93. Magna est veritas, sed rara. [Arthur Conan Doyle,
The White Company 6] A verdade é poderosa, mas rara.
94. Magna est vis consuetudinis. É grande a força do
hábito. ■ O costume tem força de lei. VIDE:
● Consuetudinis magna vis est. ● Gravissimum est
imperium consuetudinis.
95. Magna est vis fortunae in utramque partem, seu ad
res secundas, seu adversas. É grande a força da sorte,
tanto nas situações favoráveis como nas adversas.
● Magna est vis fortunae seu ad res secundas seu
adversas.
96. Magna est vis humanitatis. É grande a força da
cortesia. ■ Gentileza gera gentileza. VIDE: ● Magna est
enim vis humanitatis; multum valet communio
sanguinis.
97. Magna est vis veritatis quae facile se per se ipsa
defendat. É grande o poder da verdade; ela facilmente
pode defender-se sozinha. VIDE: ● O magna vis
veritatis, quae contra hominum ingenia, calliditatem,
sollertiam contraque fictas omnium insidias facile se
per se ipsam defendat!
98. Magna et spatiosa res est sapientia. [Sêneca,
Epistulae Morales 88.33] É grande e vasta a sabedoria.
99. Magna fuit quondam capitis reverentia cani.
[Ovídio, Fasti 5.57] Outrora era grande a reverência à
cabeça encanecida.
100. Magna gladiorum est licentia. [Cícero, Ad
Familiares 9] É grande a audácia das espadas.
101. Magna illecebra est peccandi impunitatis spes. A
esperança da impunidade é o grande atrativo do crime.
VIDE: ● Maximam illecebram esse peccandi,
impunitatis spem.
102. Magna indigentia nascitur non ex inopia magna,
sed ex magna copia. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 9.8.1]
A grande necessidade nasce não da grande falta, mas da
grande abundância. ■ A abundância, como a
necessidade, arruína muitos.
103. Magna ista scientiarum mater. [Bacon, Novum
Organum 1.80] Esta grande mãe das ciências. (=A
filosofia).
104. Magna laus et grata hominibus, unum hominem
elaborare in ea scientia, quae sit multis profutura.
[Cícero, Pro Murena 9] Aos homens é uma recompensa
grande e agradável um homem trabalhar com empenho
num conhecimento que há de aproveitar a muitos.
105. Magna minaris, extricas nihil. [Fedro, Fabulae
4.24.4] Prometes grandes coisas e não mostras nada.
■ Grandes atoardas, tudo nada. ■ Cacareja, mas não
põe ovo. VIDE: ● Strepitus multum, fructus parvum.
106. Magna momento obruuntur. Coisas grandes são
destruídas num momento. ● Magna momento obrui
vincendo didici. [Sêneca, Troades 264] Ao vencer,
aprendi que em um momento as grandes coisas podem
aniquilar-se. VIDE: ● Magna repente ruunt.
107. Magna ne iactes, sed praestes. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 4.20 / Rezende 3267] Não blasones de coisas
grandes, mas executa-as. ■ Obras são amores, e não
palavras doces. VIDE: ● Efficacior vox operis quam
sermonis.
108. Magna neglegentia culpa est; magna culpa dolus
est. [Digesta 50.16.226] A grande negligência é culpa; a
grande culpa é dolo.
109. Magna negotia magnis adiutoribus egent. [Veleio
Patérculo, Historia Romana 2.127.2] Grandes
empreitadas exigem grandes auxiliares.
110. Magna non latitant mala. [Sêneca, Medea 156] As
grandes desgraças não se escondem.
111. Magna opera Domini. [Vulgata, Salmo 110.2]
Grandes são as obras do Senhor.
112. Magna otia caeli. [Juvenal, Satirae 6.394] É grande o
ócio no céu.
113. Magna pars hominum est, quae navigatura de
tempestate non cogitat. [Sêneca, De Tranquillitate
Animi 11.7] Grande parte dos homens não pensa em
tempestade ao planejar sua viagem marítima.
114. Magna pars hominum est quae non peccatis
irascitur, sed peccantibus. [Sêneca, De Ira 2.28.8]
Grande parte dos homens se irrita não com os erros, mas
com os que erram.
115. Magna pars libertatis est bene moratus venter.
[Sêneca, Epistulae Morales 123.4] Uma grande parte da
liberdade é um estômago bem administrado.
116. Magna pars mendax operum est et ficta meorum.
[Ovídio, Tristia 2.365] Grande parte de minhas obras é
mentirosa e fictícia.
117. Magna pars peccatorum tollitur, si peccaturis
testis assistat. [Albertano da Brescia, Liber de Amore
4.23] Evita-se grande parte dos pecados, se há
testemunha perto dos futuros pecadores.
118. Magna petis. [Ovídio, Fastorum Líber 3.313] Buscas
objetivos ambiciosos.
119. Magna promisisti, exigua video. [Sêneca, Epistulae
Morales 109.18] Prometeste grandes coisas, vejo coisas
pequenas. ■ Grande gabador, pequeno fazedor. VIDE:
● Multum clamoris, parum lanae.
120. Magna repente ruunt. Coisas grandes de repente
desmoronam. VIDE: ● Magna momento obruuntur.
121. Magna res est amor, magnum omnino bonum
quod solum leve facit omne onerosum, et fert
aequaliter omne inaequale. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 4.5.9] Grande coisa é o amor, é
realmente um grande bem: só ele torna leve tudo que é
pesado, e suporta com tranqüilidade todas as
perturbações.
122. Magna res est nuntius bonus. [Schottus, Adagia
479] Uma boa notícia é coisa importante. VIDE:
● Nuntius est res magna bonus.
123. Magna res est vocis et silentii tempora nosse.
[Rezende 3271] É uma grande coisa conhecer os
momentos de falar e de calar. ■ Bom saber é o calar até
ser tempo de falar.
124. Magna res est vocis et silentii temperamentum.
[DM 74] É grande coisa o equilíbrio do falar e do calar.
VIDE: ● Magnum est tacere, magnum est loqui; sed
sapientis est utrumque moderari.
125. Magna res gesta est. [Cícero, Ad Familiares 7.2.3]
Fez-se uma grande coisa. (=Conseguiu-se um grande
resultado).
126. Magna servitus est magna fortuna; non licet tibi
quicquam arbitrio tuo facere. [Sêneca, Ad Políbium
6.5] Uma grande fortuna é uma grande servidão; não te
é permitido fazer nada por tua vontade. VIDE: ● Fortuna
magna magna domino est servitus. ● Fortuna magna
domino est servitus.
127. Magna venit nulli sine magno fama labore.
[Conrado Celtis, Liber Amorum 1.71; DAPR 637] A
ninguém vem grande fama sem grande trabalho. ■ Não
se ganha boa fama em cama de penas. VIDE: ● Non nisi
per magnos ad praemia magna labores itur, et
ignavis nulla corona datur.
128. Magna veritas, et praevalet. [Vulgata, Apócrifos,
3Esdras 4.41] A verdade é poderosa e prevalece. ■ A
verdade pode ser combatida, mas não vencida. VIDE:
● Magna est veritas et praevalebit.
129. Magna vi. Com grande força. Com grande ímpeto.
Com todas as forças. VIDE: ● Manibus pedibusque.
● Omnibus nervis. ● Totis viribus. ● Toto corpore.
130. Magna vis auri. [Cícero, Tusculanae Disputationes
5.91] É grande a força do ouro. ■ Chave de ouro abre
qualquer porta. ■ O dinheiro governa o mundo. VIDE:
● Magna vis pecuniae.
131. Magna vis est conscientiae. É grande o poder da
consciência. ■ A consciência é o primeiro juiz das obras.
● Magna vis conscientiae; quam qui neglegunt, se ipsi
indicant. [Cícero, Pro Milone 23.61] É grande o poder
da consciência; aqueles que a desprezam denunciam a si
mesmos.
132. Magna vis necessitas. [DAPR 474] A necessidade é
uma grande força. ■ Dura lei é a necessidade. VIDE:
● Durum telum necessitas. ● Ingens telum necessitas.
133. Magna vis pecuniae. É grande o poder do dinheiro.
■ O dinheiro faz o homem inteiro. ■ Com dinheiro tudo
se alcança. ■ Com dinheiro à vista, toda gente é
benquista. VIDE: ● Magna vis auri.
134. Magnae curae magna merces est. [Salústio,
Epistulae ad Caesarem Senem de Re Publica] Para
grande esforço, grande recompensa.
135. Magnae difficultatis est linguam aliquam
transferre in aliam, et optime norunt, quotquot
plurimarum linguarum sunt periti, quantum difficile
sit reddere alia lingua vim et genuinum sensum vocis
cuiuspiam. É de grande dificuldade passar uma língua
para outra, e sabem muito bem todos os que são
especialistas em várias línguas quanto é difícil
reproduzir em outra língua a força e o significado
genuíno de qualquer palavra.
136. Magnae fortunae semper comes est adulatio.
[Veleio Patérculo, Historia Romana 2.102.3] Sempre a
adulação é companheira do sucesso.
137. Magnae indolis signum est sperare semper. [Floro,
Epitoma 2.18] A característica de um grande caráter é
ter sempre esperança.
138. Magnae periclo sunt opes obnoxiae. [Fedro,
Fabulae 2.7.14] As grandes riquezas estão expostas ao
perigo.
139. Magnae res etiam cum magnis periculis volunt
percipi. [Heródoto / Rezende 3261] As grandes coisas
querem ser obtidas com grandes perigos.
140. Magnae spes altera Romae. [Virgílio, Eneida
12.168] Uma segunda esperança da grande Roma.
(=Refere-se a Iulo, ou Ascânio, filho de Enéas e
fundador da gens Iulia, a mesma de César e de
Augusto).
141. Magnam fortunam magnus animus decet. [Sêneca,
De Clementia 1.5.5] Ao sucesso convém um coração
generoso.
142. Magnam rem puta unum hominem agere. [Sêneca,
Epistulae Morales 120.21] Considera que é coisa
importante permanecer sempre o mesmo homem.
143. Magnanimo iniuriae remedium oblivio est.
[Publílio Siro] Para o homem de espírito superior o
esquecimento é o remédio da injustiça. VIDE:
● Iniuriarum remedium est oblivio. ● Iniuriarum
remedium est oblivium. ● Remedium iniuriarum
oblivio est.
144. Magnarum aquarum transiliri fons potest.
[Publílio Siro] As cabeceiras dos grandes rios são
navegáveis. VIDE: ● Magnorum fluminum navigabiles
fontes.
145. Magnarum rerum etiamsi successus non affuerit,
honestus est ipse conatus. [DM 85] Mesmo que os
grandes feitos não obtenham sucesso, o próprio esforço
é louvável.
146. Magnarum virium est neglegere laedentem. [DM
21] É próprio das pessoas muito fortes ignorar seu
agressor.
147. Magnas inter opes inops. [Horácio, Carmina
3.16.28] (O avarento) é pobre entre grandes riquezas.
148. Magni animi est magna contemnere, ac mediocria
malle quam nimia. [Sêneca, Epistulae Morales 39.4] É
próprio do espírito superior desprezar as grandezas e
preferir o equilíbrio ao excesso.
149. Magnates dare parva pudet, dare magna recusant.
[Binder, Thesaurus 1742] Os grandes se envergonham
de dar pouco, mas se negam a dar muito.
150. Magnatum preces imperia. [Binder, Thesaurus
1743] ■ Rogos dos grandes mandamento é. ■ Rogo de
rico mandamento é. VIDE: ● Cogit rogando, cum rogat
potentior. ● Potestas et si supplicet, cogit. ● Potestas,
non solum si invitet, sed etiam si supplicet, cogit.
● Preces magnatum armatae. ● Qui rogat potentior,
rogando cogit. ● Si opulentus it petitum pauperioris
gratiam, pauper metuit.
151. Magnes amoris amor. O amor é o ímã do amor.
■ Amor com amor se paga.
152. Magni animi est iniurias despicere. [Sêneca, De Ira
2.32.3] É próprio da alma grande desprezar as injúrias.
■ Perdão é a mais nobre vingança.
153. Magni animi est proprium esse tranquillum,
iniurias atque offensiones semper despicere. [Publílio
Siro] É próprio da alma grande estar tranqüila, e sempre
desprezar as injustiças e ofensas.
154. Magni interest quos quisque praeceptores habeat.
É muito importante saber que professores a pessoa tem.
155. Magni magna parant, modici breviora laborant.
[Dionísio Catão, Monostica, Appendix 74] Grandes
homens visam a coisas elevadas; homens simples se
ocupam com coisas menores.
156. Magni minores saepe fures puniunt. Muitas vezes,
os grandes ladrões punem os menores. ■ Os grandes
ladrões enforcam os pequenos.
157. Magni nominis umbra. [Lucano, Pharsalia 1.135] A
sombra de um grande nome.
158. Magni passus extra viam. [Encíclica Vigilanti Cura,
Introdução] Grandes passos, mas fora da estrada. VIDE:
● Bene curris, sed extra viam curris. ● Bene
cucurristi, sed extra viam.
159. Magni pectoris est inter secunda moderatio.
[Sêneca Retórico, Suasoriae 1.3] Um grande coração
sabe ser moderado na prosperidade.
160. Magni pretii margaritam et a divitibus adeo
expetitam vilis concha parit, nutrit et occultat. É uma
concha desprezível que gera, alimenta e esconde a
pérola de grande valor e por isso cobiçada pelos ricos.
161. Magni refert quibuscum vixeris. Importa muito com
quem tenhas vivido. ■ Com quem te achares, com tal te
afazes. ■ Quem se encosta ao ferro, enferruja-se. VIDE:
● Multum refert quibuscum vixeris.
162. Magni revera atheistae sunt hypocritae. [Bacon,
De Atheismo] Na verdade, os ateus são grandes
hipócritas.
163. Magnificat anima mea Dominum. [Vulgata, Lucas
1.46] A minha alma engrandece o Senhor.
164. Magnificate Dominum mecum, et exaltemus
nomen eius in idipsum. [Vulgata, Salmos 33.4]
Engrandecei comigo ao Senhor, e exaltemos o Seu
nome todos juntos.
165. Magnis autem viris prosperae semper eveniunt
omnes res. [Cícero, De Natura Deorum 2.66] Aos
homens capazes tudo corre favoravelmente.
166. Magnis itineribus. [Cícero, Ad Familiares 10.9;
Salústio, Bellum Iughurtinum 56] Em marcha forçada.
167. Magnis pollicitationibus. [Cornélio Nepos, Eumenes
2; Suetônio, Vita Neronis 13] Com grandes promessas.
168. Magnitudinem rerum consuetudo subducit.
[Sêneca, Naturales Quaestiones 7.1.1] A intimidade
despoja as coisas de sua grandeza. ■ A familiaridade
gera o desprezo. ■ Ninguém é herói para o seu criado
de quarto.
169. Magnitudinis animi et fotitudinis est proprium
nihil extimescere. [Cícero, De Officiis 3.26] É prórpio
da grandeza da alma e da coragem nada temer.
170. Magnitudo posita non est in honoribus accipiendis,
sed merendis. [Aristóteles] Nossa importância não está
nas honras que recebemos, mas naquelas que
merecemos.
171. Magno certamini magnum praemium. [Schrevelius
1175] Para uma grande disputa, um grande prêmio.
172. Magno clamore. Com grande clamor.
173. Magno cum labore. Com grande trabalho.
174. Magno cum metu. Com grande medo.
175. Magno cum periculo custoditur, quod multis
placet. [Pereira 100] Guarda-se com grande risco aquilo
que agrada a muitos. ■ Coisa muito desejada, não há
como guardá-la. ■ Quem tem mulher formosa, castelo
na fronteira e vinha na carreira, nunca lhe falta
canseira. VIDE: ● Custoditur periculo quod placet
multis. ● Difficile custoditur quod plures amant.
● Difficile est custodire quod multis placet. ● Maximo
periculo custoditur quod multis placet. ● Non facile
solus serves quod multis placet. ● Quod a multis
petitur, difficulter custoditur.
176. Magno cum robore quercus ingentes tendet ramos.
[Do brasão de Rovereto, Trento, Itália] O carvalho
estende ramos ingentes com grande vigor.
177. Magno flumini rivulum inducis. [Erasmo, Adagia
3.1.44] Introduzes um córrego num grande rio. ■ Levas
água ao mar. ● Magno flumini rivum inducis.
[Grynaeus 735] ● Magno flumini aquae ductum
infert. [Apostólio 16.32] Introduz um canal num grande
rio. VIDE: ● Fluvio magno aquae ductum inducis.
178. Magno iam conatu ista magnas nugas dixerit.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 621] Ela dirá com
grande ênfase um monte de asneiras.
179. Magno me metu liberabis, dum modo inter me
atque te murus intersit. [Cícero, In Catilinam 1.5] Tu
me livrarás de grande medo, se entre mim e ti houver
uma muralha.
180. Magno perficitur discrimine res memoranda.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 30] É com
grande sacrifício que se realiza um feito memorável.
■ Não se compra galinha gorda por pouco.
181. Magno ubique pretio virtus aestimatur. [Valério
Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 5.4.1] Em todo
lugar a virtude é altamente estimada.
182. Magno usui est memoria rerum gestarum.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 4] É de grande utilidade
o registro das ações praticadas.
183. Magnorum fluminum navigabiles fontes sunt.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 8.76] As cabeceiras dos
grandes rios são navegáveis. ■ De boa casa, boa brasa.
VIDE: ● Magnarum aquarum transiliri fons potest.
184. Magnos animos magnis honoribus fieri. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 4.35] Pelas grandes honras
acontecem as grandes bravuras.
185. Magnos homines virtute metimur, non fortuna.
[Cornélio Nepos, Eumenes 1.1] Medimos os grandes
homens pelo seu valor, não pelo seu sucesso.
186. Magnos montes polliceri. Prometer grandes montes.
■ Prometer mundos e fundos. ● Magnos promittere
montes. [Pérsio, Satirae 3.65] VIDE: ● Aureos montes
polliceri. ● Maria montesque polliceri. ● Montes auri
polliceri.
187. Magnum beneficium est pax. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 3.9.2] A paz é um grande benefício.
188. Magnum bonum pro pace cordis, silentium oris.
[Tomás de Kempis / Bernardes, Luz e Calor 1.222.103]
A boca fechada é um grande bem para a paz do coração.
189. Magnum est, et valde magnum. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 2.9.1] É grande, e muito grande.
190. Magnum est praesidium conscientia. [DAPR 177]
A consciência é uma grande fortaleza. ■ A consciência
tranqüila é o melhor travesseiro. ● Magnum est
praesidium innocentia. [Binder, Thesaurus 1746] A
inocência é uma grande fortaleza. VIDE: ● Magnum
praesidium in periculis innocentia.
191. Magnum est tacere, magnum est loqui; sed
sapientis est utrumque moderari. [S.Valeriano /
Bernardes, Luz e Calor 1.140] O calar é importante,
também é importante o falar; mas é do sábio governar a
ambos. VIDE: ● Magna res est vocis et silentii
temperamentum.
192. Magnum exemplum nisi mala fortuna non invenit.
[Sêneca, De Providentia 3.4] Só a adversidade revela
um grande exemplo. ■ A adversidade faz os heróis.
193. Magnum in pecunia praesidium. No dinheiro está
uma grande fortaleza.
194. Magnum in parvo. [Divisa] Grande em pequeno
■ Em pequeno corpo, coração grande. ■ Grande esforço
em pequeno corpo. VIDE: ● Grandis in exiguo regnabat
corporis virtus. ● Maior in exiguo regnat corpore
virtus. ● Maior in exiguo regnabat corpore virtus.
195. Magnum iter ascendo, sed dat mihi gloria vires.
[Propércio, Elegiae 4.10.3] Eu subo uma estrada difícil,
mas a glória me dá forças.
196. Magnum lexicon Latinum-Lusitanum. Grande
dicionário latino-português.
197. Magnum magna decent. Para o grande convém
coisas grandes.
198. Magnum mihi versat in ossibus ignem infelix
amor. [Virgílio, Georgica 3.258] O amor infeliz
derrama um grande fogo nos meus ossos.
199. Magnum opus. Uma grande obra. Uma obra prima.
VIDE: ● Opus magnum.
200. Magnum pauperies opprobrium iubet cuivis et
facere et pati. [Horácio, Carmina 3.14.43] A pobreza
obriga a qualquer um praticar e sofrer grandes
opróbrios.
201. Magnum praesidium in periculis innocentia. [Sêneca
Retórico, Controversiae 7.10] Nos perigos, a inocência é
uma grande defesa. VIDE: ● Magnum est praesidium
conscientia. ● Magnum est praesidium innocentia.
202. Magnum timoris remedium clementia est. [Sêneca,
Octavia 442] O grande remédio para o medo é a
clemência.
203. Magnum vectigal est parsimonia. ■ A economia é
um grande rendimento. ■ A economia é a base da
prosperidade. VIDE: ● Non intellegunt homines quam
magnum vectigal sit parsimonia. ● Optimum et in
privatis familiis et in republica vectigal esse
parsimoniam. ● Optimum vectigal parsimonia.
● Parsimonia magnum vectigal. ● Parsimonia
summum vectigal. ● Vectigal maximum est
parsimonia.
204. Magnus ab integro saeclorum nascitur ordo.
[Virgílio, Eclogae 4.5] Eis que nasce uma era
inteiramente nova. VIDE: ● Novus ordo seclorum.
205. Magnus amator mulierum. Um grande namorador
VIDE: ● Tu magnus amator mulierum es.
206. Magnus animus remissius loquitur et securius.
[Sêneca, Epistulae Morales 19.115.2] Um grande
coração se exprime com mais calma e mais serenidade.
207. Magnus Apollo. [Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable] O grande Apolo. (=Um homem de grande
autoridade, um líder).
208. Magnus Aristarcho maior Homerus erat. [Ovídio,
Ex Ponto 3.9.24] O grande Homero era maior do que
Aristarco. (=Aristarco, gramático grego, que viveu no
segundo século antes de Cristo, submeteu a obra de
Homero a rigorosa crítica).
209. Magnus dolor iratus amor est. [Sêneca, Hercules
Oetaeus 451] O amor ofendido é uma grande dor.
210. Magnus es in verbis, in factis nullus haberis.
[Binder, Thesaurus 1748] És grande nas palavras; nas
ações tu és considerado sem valor. ■ Muita fumaça,
pouco fogo. ■ Cacareja, mas não põe ovo.
211. Magnus liber, magnum malum. [Calímaco /
Rezende 3285] Um livro grande, um grande mal.
212. Magnus non est pumilio, licet in monte constiterit.
[Sêneca, Epistulae Morales 76] Um anão não é grande,
mesmo que fique em cima de um monte.
213. Magnus oblatrator in re parva. [Apostólio 12.55]
Grande ladrador em pequena coisa. ■ Muito barulho por
nada.
214. Magnus sibi ipse non facit finem dolor. [Sêneca,
Troades 787] Uma grande dor não se impõe um limite.
215. Magnus ubi risus, magna est ibi cordis egestas.
[Pereira 115] Onde há muito riso, há grande falta de
siso. ■ O muito riso é sinal de pouco siso. ● Magnus ubi
risus, magna est ibi egestas. Onde há muito riso, há
muita indigência. VIDE: ● Risus abundat in ore
stultorum.
216. Maiestatem res data dantis habet. [Ovídio, Ex
Ponto 4.9.68] A coisa dada se reveste da majestade de
quem dá.
217. Maiestati naturae par ingenium. [Inscrição numa
estátua de Buffon] Sua inteligência se equipara à
majestade da natureza.
218. Maiestatis crimen illud est quod adversus
populum Romanum vel adversus securitatem eius
commititur. [Digesta 48.4.1.1] Um crime de majestade
é o que se comete contra o povo romano ou contra a
segurança deste.
219. Maior casus est cui humana infirmitas resistere
non potest. [Jur] Força maior é a circunstância a que a
fraqueza humana não pode resistir.
220. Maior cotidie peccandi cupiditas, minor
verecundia est. [Sêneca, De Ira 2.9.1] Cada dia o
desejo de pecar é maior, e o pudor é menor.
221. Maior e longinquo reverentia. [Tácito, Annales
1.47] De longe a admiração é maior. ■ O desconhecido
sempre parece sublime. ■ Muita confiança, pouco
respeito. VIDE: ● Quae e longinquo magis placent.
222. Maior est iniquitas mea, quam ut veniam merear.
[Vulgata, Gênesis 4.13] O meu pecado é muito grande,
para eu poder alcançar perdão.
223. Maior famae sitis est, quam virtutis. [Juvenal,
Satirae 10.140] É maior a sede de glória que de virtude.
224. Maior frater dividat patrimonium, minor eligat.
[Sêneca Retórico, Controversiae 6.3] Que o irmão mais
velho divida a fortuna, que o mais novo escolha (a sua
parte).
225. Maior hereditas venit unicuique nostrum a iure et
legibus quam a parentibus. [Jur] Do direito e das leis
vem a cada um de nós herança maior do que de nossos
pais.
226. Maior ignotarum rerum est terror. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 28.44] É maior o medo das coisas
desconhecidas.
227. Maior in exiguo regnat corpore virtus. No corpo
pequeno reina grande coragem. ■ Em pequeno corpo,
coração grande. ● Maior in exiguo regnabat corpore
virtus. [Estácio, Thebaida 1.417] Grande coragem
reinava no pequeno corpo. VIDE: ● Magnum in parvo.
● Tydeus corpore, animo Hercules.
228. Maior pars aetatis, certe melior, reipublicae data
sit; aliquid temporis tui sume etiam tibi. [Sêneca, De
Brevitate Vitae 18.1] A maior parte da tua existência,
certamente a melhor dela, dedica-a à causa pública;
reserva uma parte desse tempo também para ti.
229. Maior pars populi facit quod cur faciat ignorat.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 6.11.1] A maior parte do
povo ignora por que faz o que faz.
230. Maior pecunia fauces avaritiae non claudit, sed
extendit; non irrigat, sed accendit. [S.Agostinho,
Sermones 15.4] Muito dinheiro não fecha a boca da
cobiça, mas a alarga; não a resfria, mas a incendeia.
■ Quem muito tem, mais deseja.
231. Maior poena minorem absorbat. [Jur] A pena mais
grave deve absorver a pena menos grave.
232. Maior post sumpta voluptas damna venire solet,
blandi ut post nubila soles. Passadas as dificuldades,
costuma vir um prazer maior, do mesmo modo que
chega o suave sol depois das nuvens.
233. Maior sum, et ad maiora genitus, quam ut
mancipium sim mei corporis. [Sêneca, Epistulae
Morales 65.21] Eu sou muito importante e nascido para
coisas mais importantes do que ser escravo de meu
corpo.
234. Maior sum quam cui possit fortuna nocere.
[Ovídio, Metamorphoses 6.195] Sou forte demais para
que a fortuna possa ferir-me.
235. Maiora canamus. [Virgílio, Eclogae 4.1] Cantemos
coisas mais elevadas.
236. Maiora creduntur de absentibus. [Tácito, Historiae
2.83] A respeito dos ausentes acredita-se nas maiores
coisas.
237. Maiora perdes, parva ni servaveris. [Manúcio,
Adagia 118; Pereira 118] Perderás as coisas maiores, se
não guardares as menores. ■ Quem despreza o pouco
não ama o muito. ■ Quem não poupa reais não junta
cabedais. ● Maiora perdet, qui parva non servaverit.
Perderá as coisas maiores quem não guardar as
pequenas. ● Maiora perdes, minima ni servaveris.
238. Maiora premunt. [Lucano, Bellum Civile 1.674] As
coisas importantes nos obrigam. ■ Tenho coisas mais
urgentes a fazer.
239. Maiora viribus audere. [Divisa do 3º Regimento de
Atiradores, Itália] Ousar coisas maiores que as nossas
próprias forças. VIDE: ● Audet maiora viribus.
240. Maiore tormento pecunia possidetur quam
quaeritur. [Sêneca, Epistulae Morales 115.16] A posse
de uma fortuna representa maior sofrimento do que a
sua aquisição. ■ É mais difícil conservar que juntar.
241. Maiore tumultu planguntur nummi quam funera.
[Juvenal, Satirae 13.130] Com maior revolta se chora a
perda do dinheiro do que a morte.
242. Maiore voluntate quam facultate. [Apuleio, Florida
20; Montaigne, Éssais 3.11] Com mais boa-vontade do
que recursos.
243. Maiorem fidem homines adhibent iis quae non
intellegunt. [Montaigne, Éssais 3.11 / Rezende 3294]
Os homens atribuem maior fé às coisas que não
entendem. VIDE: ● Cupidine humani ingenii libentius
obscura creduntur.
244. Maiorem hac dilectionem nemo habet, ut animam
suam ponat quis pro amicis suis. [Vulgata, João
15.13] Ninguém tem maior amor do que este, de dar um
a própria vida por seus amigos. ● Maiorem caritatem
nemo habet, ut animam suam ponat quis pro amicis
suis.
245. Maiorem vitato virum. [Apostólio 4.3] Evita o
homem poderoso. Cuidado com o homem poderoso.
■ Nem zombando, nem de veras, com teu amo não
partas as peras. ■ Ao homem maior, dá-lhe a honra.
● Maiorem virum cave. [Binder, Thesausus 1751] VIDE:
● Cum domino semper pugna sinistra fuit. ● Cum
principe non pugnandum. ● Fuge lites cum viro
maiore. ● Habeas nunquam magno cum principe
litem. ● Lites cum rege molestae. ● Nemo potentes
aggredi tutus potest. ● Non habeas unquam magno
cum principe litem: cum domino semper pugna
sinistra fuit. ● Offensa potentium periculosa.
● Potenti irasci, sibi periclum est quaerere. ● Semper
vitato potentem.
246. Maiores fertilissimum in agro oculum domini esse
dixerunt. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 18.43]
Nossos antepassados disseram que, no campo, o olho do
dono é o maior fertilizante. VIDE: ● Fertilissimus in agro
oculus domini. ● Oculos et vestigia domini, res agro
saluberrimas. ● Oculus domini in agro fertilissimus
est. ● Praesentia domini provectus est agri. ● Res
male dilabitur, quae conspectu domini caret.
● Stercus optimum domini vestigium. ● Vestigia
domini optimum stercus.
247. Maiores pennas nido. (Tem) asas maiores que o
ninho. (=Aplica-se a quem nutre ambições além de sua
capacidade). ■ Dá passo maior que a perna. VIDE: ● Me
maiores pennas nido extendisse loqueris. ● Ne pennas
nido maiores extenderis. ● Pennas nido maiores
extendit.
248. Maioresque cadunt altis de montibus umbrae.
[Virgílio, Eclogae 1.82] São maiores as sombras que
caem dos altos montes.
249. Maiori cede. Submete-te ao mais poderoso. ● Maiori
cede, sed non contemne minorem! [Walther 14287 /
Tosi 1264] Submete-te ao mais forte, mas não desprezes
o mais fraco! ● Maiori concede. [Dionísio Catão,
Monosticha 11] Cede ante o mais poderoso do que tu.
● Maiori cedo. Eu me submeto ao mais poderoso.
● Maiori pare. Respeita o mais forte. VIDE: ● Cede
praestantiori viro.
250. Maiori summae minor inest. [Jur / Black 1145] Na
quantia maior está incluída a menor.
251. Maioribus natu assurge. [Pereira 94] Levanta-te
diante dos mais velhos. ■ Ao homem maior, dá-lhe a
honra. VIDE: ● Coram cano capite consurge, et honora
personam senis.
252. Maiorque pars miratur ex intervallo fallentia.
[Sêneca, Epistulae Morales 118] A maior parte dos
homens admira coisas que os enganam pela distância.
VIDE: ● Miramur ex intervallo fallentia.
253. Maiorque videtur et melior vicina seges. [Juvenal,
Satirae 14.142] A seara do vizinho parece maior e
melhor. ■ A cabra da minha vizinha dá mais leite do que
a minha. VIDE: ● Fertilior seges est alieno in arvo.
● Fertilior seges est alienis semper in agris. ● Fertilior
seges est alieno semper in agro. ● Vicinum pecus
grandius uber habet.
254. Maiorum gloria posteris quasi lumen est. [Salústio,
Bellum Iugurthinum 85.4] A glória dos ancestrais é
como uma lâmpada para os pósteros.
255. Maiorum meritis gloria non datur; turpis saepe
datur fama minoribus. [Ausônio, Septem Sapientum
Sententiae, Cleobulus] Aos descendentes não se dá
louvor pelos méritos dos antepassados, mas muitas
vezes se lhes atribui a má reputação.
256. Maiorum nugae negotia vocantur. [S.Agostinho,
Confessiones 1.9] As frivolidades dos grandes são
chamadas de negócios.
257. Maius ab exsequiis nomen in ora venit. [Propércio,
Elegiae 3.1.24] Depois do funeral maior vem o nome à
boca. ■ Depois do enterro, começam os elogios. VIDE:
● Omnia post obitum fingit maiora vetustas, maius
ab exsequiis nomen in ora venit.
258. Maius cui conceditur, et minus concedi videtur.
[Jur] A quem se concede o mais, entende-se que
também se concede o menos. ● Maius cum conceditur,
minus concedi videtur. VIDE: ● Cui maius conceditur,
et minus concedi videtur.
259. Maius dedecus est parta amittere quam omnino
non paravisse. [Salústio, Bellum Iugurthinum 31] É
vergonha maior perder o que se conquistou do que não
ter conquistado.
260. Maius dignum trahit ad se minus dignum. [Jur /
Broom 142] O de maior valor atrai o de menor valor.
261. Maius est delictum seipsum occidere quam alium.
[Jur / Black 1145] Maior crime é matar a si mesmo do
que a outrem.
262. Maius est illuminare quam solum lucere. [S.Tomás
de Aquino, Summa Theologia, Questio 188.6] Mais
vale iluminar do que somente brilhar.
263. Maius est monstro nefas. [Sêneca, Hippolytus 143]
Um crime é mais horrível do que um monstro.
264. Maius miraculum videtur quod canis loquatur vel
cantatur, quam quod mutus loquatur. [Vitoria]
Considera-se milagre maior que fale ou cante um cão do
que fale um mudo.
265. Maius ne veniat malum. Que não venha um mal
maior.
266. Mala aurea in lectis argenteis, qui loquitur
verbum in tempore suo. [Vulgata, Provérbios 25.11]
Aquele que profere a palavra a seu tempo é como
pomos de ouro em bandejas de prata.
267. Mala avis. [Pereira 109] Uma ave má. (=Um mau
agouro). VIDE: ● Avis mala. ● Avis sinistra.
268. Mala causa est quae requirit misericordiam.
[Publílio Siro] É má a causa que precisa de
misericórdia.
269. Mala causa silenda est. [Ovídio, Ex Ponto 3.1.147]
De uma causa má não se deve falar.
270. Mala conscientia etiam solitudine anxia atque
sollicita est. [Sêneca, Epistulae Morales 43] Uma
consciência culpada está aflita e desassossegada mesmo
na solidão.
271. Mala conscientia saepe tuta est, secura nunquam.
[DM 65] A má consciência muitas vezes está em
segurança, mas nunca tranqüila. ● Mala conscientia
nunsquam requiescit secura. [S.Beda, Proverbiorum
Liber] A consciência culpada não fica tranqüila em
nenhum lugar.
272. Mala conscientia semper timida est et inquieta.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.6.4] A má
consciência está sempre temerosa e inquieta.
273. Mala consilia pares eventus sequuntur. A decisões
erradas seguem resultados correspondentes. VIDE:
● Malis consiliis pares adepti eventus.
274. Mala consortio bonos mores inquinat. [Brewer, The
Dictionary of Phrase and Fable] A má companhia
corrompe os bons costumes. ■ A má companhia faz o
bom mau e o mau pior. VIDE: ● Commercia turpia
sanctos currumpunt mores. ● Malorum commercio
reddimur deteriores. ● Malorum societas sobriam
etiam mentem inficit, et decolorat. ● Malus ipse fies,
si malis convixeris. ● Malus ipse fiet qui convivet cum
malis.
275. Mala digestio, nulla felicitas. [Rezende 3299] Má
digestão, nenhum prazer.
276. Mala emptio semper ingrata est, eo maxime, quod
exprobrare stultitiam domino videtur. [Plínio Moço,
Epistulae 2.24] Uma compra má é sempre desagradável,
principalmente porque parece exprobrar ao comprador
sua tolice.
277. Mala est inopia, ex copia quae nascitur. [Publílio
Siro] É vergonhosa a penúria que nasce da abundância.
278. Mala est medicina, ubi aliquid naturae perit.
[Publílio Siro] É mau o remédio quando custa alguma
coisa à natureza.
279. Mala exempla in eos redundant qui faciunt.
[Sêneca, Epistulae Morales 7] Os maus exemplos
recaem naqueles que os dão.
280. Mala fides. [Jur / Broom 73] Má-fé. ● Mala fide. De
má-fé.
281. Mala fortuna. A má sorte.
282. Mala gallina, malum ovum. [Rezende 3300] Má
galinha, mau ovo. ■ De mau corvo, mau ovo. ■ De tal
mãe, tal filha. VIDE: ● Mali corvi malum ovum.
● Pravum ovum pravi corvi est.
283. Mala gallina, quae vicinis ova parit. [Binder,
Thesaurus 1157] É má a galinha que põe ovos para os
vizinhos.
284. Mala grammatica non vitiat chartam. [Jur / Broom
534] Erro de linguagem não invalida o documento. VIDE:
● Falsa grammatica non vitiat chartam. ● Falsa
orthografia non vitiat chartam. ● Grammatica falsa
non vitiat chartam.
285. Mala gratia. Contra a vontade. VIDE: ● Bona gratia.
286. Mala herba cito crescit. [DAPR 349] Erva ruim
cresce rápido. ■ Erva má sempre vingará. ■ A má erva
depressa nasce e tarde envelhece. VIDE: ● Herba mala
cito crescit.
287. Mala herba non interit. [DAPR 349] Erva ruim não
morre. ■ Erva ruim geada não mata. ● Mala herba non
perit. [Grynaeus 266] ● Mala herba non facile
marcescit. [Bebel, Adagia Germanica] Erva ruim não
murcha facilmente. ● Mala herba difficulter moritur.
VIDE: ● Non mala descrescit planta, sed usque virescit.
288. Mala in se. [Jur / Black 1146] Atos intrinsecamente
maus. Atos moralmente errados.
289. Mala lingua. Uma língua ferina.
290. Mala lucra aequalia damnis. [Píndaro / Schottus,
Adagia 597] Maus lucros são iguais a prejuízos. ■ O que
mal se adquire mal se perde. ■ Mal ganho, mal gasto.
VIDE: ● At turpe lucrum adducit infortunium.
● Lucrum malum, aequale dispendio. ● Malum
lucrum aequale dispendio. ● Munus malum est
perinde uti dispendium. ● Ne mala lucreris; mala
lucra aequalia damnis.
291. Mala mali mala contulit omnia mala mundo;
causa mali tanti femina sola fuit. [Jogo de palavras /
Stevenson 2572] A queixada do maldito trouxe todos os
males para o mundo por meio de uma maçã; a causa de
tão grande mal foi exclusivamente a mulher.
292. Mala malis eveniunt. [Erasmo, Adagia 5.2.31] Aos
maus ocorrem males. ■ Ao mau, todos o perseguem.
293. Mala mens, malus animus. [Terêncio, Andria 164]
Cabeça ruim, mau coração.
294. Mala merx haec est. Essa é uma mercadoria ruim.
■ Isso é um abacaxi. ● Mala merx haec, et callida est.
[Plauto, Cistellaria 727] Esta é uma mercadoria má e
enganadora.
295. Mala mors putanda non est, quam bona vita
praecesserit. [S.Agostinho, De Civitate Dei 1.11] Não
deve ser considerada má a morte a que precedeu uma
vida honesta.
296. Mala non sunt facienda, ut inde eveniant bona.
[Jur] Não se devem fazer coisas más, para que daí
advenham coisas boas. ■ O fim não justifica os meios.
VIDE: ● Non sunt facienda mala ut eveniant bona.
297. Mala omnia pati melius quam malo consentire. É
melhor sofrer todos os males do que concordar com o
mal. ■ Antes sofrer o mal do que praticá-lo. VIDE:
● Melius est omnia mala pati quam malo consentire.
● Potius quaelibet mala tolerare quam malo
consentire.
298. Mala omnia tempore finiunt. [Branco 281] Com o
tempo todos os males acabam. ■ O tempo tudo cura.
299. Mala praevisa minus nocent. Os males previstos
ferem menos. ■ Homem prevenido a custo é vencido.
● Mala praevisa minus discruciunt nos. Males
previstos atormentam-nos menos. ● Mala praevisa
vitantur facilius. Evitam-se com mais facilidade os
males previstos. VIDE: ● Levius laedit quicquid
praevidimus ante. ● Minus enim iacula feriunt quae
praevidentur. ● Minus nocent iacula quae
praevidentur. ● Praevisa minus laedere tela solent.
● Praevisa minus tela nocere solent. ● Quae multo
ante praevisa sunt, languidius incurrunt. ● Tela
nocent levius visa venire prius. ● Tela praevisa minus
nocent.
300. Mala praxis. [Jur / Black 1146] A má prática. A
imperícia.
301. Mala pro bonis legere dementia est. [Sêneca, De
Vita Beata 6.1] É loucura escolher o mal em lugar do
bem.
302. Mala publica in plebem recidunt. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 1.28 / Rezende 3307] Os males
públicos recaem sobre o povo. VIDE: ● Humiles laborant
ubi potentes dissident. ● Homines laborant, ubi
potentes dissident.
303. Mala radices altius arbor agit. [Ovídio, Remedium
Amoris 106] A árvore má cria raízes mais profundas.
■ Erva ruim cresce muito.
304. Mala res thripes, mala res ipes. [Apostólio 11.23]
Tanto são maus os cupins como são ruins os carunchos.
■ Entre gado ruim há pouco que escolher. ● Mala sunt
tineae, mala blattae. [Schottus, Adagia 589] Tanto são
coisas ruins as traças como as baratas. VIDE: ● Mali
thripes, mali ipes.
305. Mala senium accelerant. [Erasmo, Adagia 3.10.62]
Os males apressam a velhice.
306. Mala sunt vicina bonis. [Ovídio, Remedium Amoris
323] O mal é vizinho do bem. ■ O riso está perto do
pranto.
307. Mala tempora currunt. [Rezende 3308] Correm
tempos maus. ■ Os tempos andam bicudos.
308. Mala tu es bestia. [Plauto, Bacchides 21] Tu és um
animal perigoso.
309. Mala ultro adsunt. [Erasmo, Adagia 4.2.62] Os
males vêm espontaneamente. ■ A desgraça vem sem ser
chamada. ■ Os males não vêm rogados. ● Mala vel
invocata veniunt. Os males vêm mesmo sem serem
chamados.
310. Mala unde minime exspectabantur erumpunt.
[Sêneca, Epistulae Morales 91.7] Os males estão se
manifestando violentamente de onde de maneira alguma
se esperavam. ■ Donde menos se espera, daí é que vem.
311. Mala vicini pecoris contagia laedent. [Virgílio,
Bucolica 1.51] O mau contágio do rebanho vizinho fará
mal. ■ Uma ovelha tinhosa faz todo o rebanho tinhoso.
VIDE: ● Grex totus in agris unius scabie cadit. ● Infecta
ovis eiciatur, ne totum ovile inficiatur. ● Morbida
sola pecus totum corrumpit ovile. ● Morbida facta
pecus totum corrumpit ovile. ● Saepe unus puer
improbus atque impurus inquinat totum gregem.
● Scabiosa ovis totum inquinat gregem. ● Scabiosam
ovem totum inquinare gregem. ● Una infecta ovis
totum corrumpit ovile. ● Una mala pecus inficit omne
pecus. ● Unius pecudis scabies totum commaculat
gregem.
312. Mala vita, mali mores. Vida má, mau caráter.
313. Malae fidei emptio irrita est. [Jur] É nula a compra
feita de má-fé.
314. Malae fidei possessor. [Jur / Black 1146] O
possuidor de má-fé.
315. Malae naturae nunquam doctore indigent.
[Publílio Siro] Naturezas ruins nunca precisam de
professor. ■ Vícios aprendem-se sem professor.
316. Malam mortem non facit, nisi quod sequitur
mortem. [Montaigne, Essais 1.40] Só faz má a morte o
que vem depois dela. VIDE: ● Neque enim facit malam
mortem, nisi quod sequitur mortem.
317. Male agens odit lucem. [Rezende 3310] ■ Quem
obra mal detesta a luz. VIDE: ● Omnis enim qui male
agit, odit lucem, et non venit ad lucem, ut non
arguantur opera eius. ● Qui male agit, odit lucem.
● Qui male egit, odit lucem.
318. Male agitur cum domino, quem vilicus docet.
[Columela, De Re Rustica 11.4] Vai mal ao patrão a
quem o empregado ensina. VIDE: ● Malum est habere
servum qui dominum docet.
319. Male agitur cum illo qui alieno nutritur arbitrio.
[DAPR 43] Vai mal a quem come sob a vontade de
outrem. ■ Quem come à mesa alheia mal janta e pior
ceia.
320. Male agitur cum regno cui duo reges praesunt.
[Bebel, Adagia Germanica] Mal vai ao reino que dois
reis governam. ■ Dois galos não cantam num só
terreiro. ■ Dois pardais numa espiga nunca fazem boa
liga. ■ Dois sóis não cabem no mundo.
321. Male audire. Ter má fama. VIDE: ● Bene audire.
322. Male captum bene retentum. [Jur]; Mal colhido,
mas bem conservado. (=Prova colhida ilicitamente, mas
bem produzida).
323. Male collecta, male disiecta. Os que mal se junta,
mal se espalha. ■ O diabo deu, o diabo levou. VIDE:
● Male parta male dilabuntur.
324. Male creditis hosti. [Ovídio, Fasti 2.225] É um
perigo confiar no inimigo.
325. Male cum eo agitur, qui caret invidis. [Binder,
Thesaurus 1764] Vai mal a quem não tem invejosos.
■ Antes invejado que lastimado. ■ A inveja sempre atina
lugares altos. VIDE: ● Malo invidiam, quam
misericordiam. [
326. Male cuncta ministrat impetus. [Estácio, Thebaida
10.704] O ímpeto dirige mal todas as coisas. ■ A pressa
nos desejos é tardança. ■ A paixão é má conselheira.
VIDE: ● Da spatium tenuemque moram, male cuncta
ministrat impetus. ● Differ; habent parvae commoda
magna morae. ● Festinatio tarda est. ● Ipsa se
velocitas implicat.
327. Male de te opinantur homines, sed mali: malis
autem displicere est laudari. [DM 40] Há pessoas que
falam mal de ti, mas são pessoas más: desagradar aos
maus é o mesmo que ser louvado. VIDE: ● Malis
displicere est laudari.
328. Male dictum interpretando facias acrius. [Publílio
Siro] Ao explicar uma frase infeliz, tu a tornas pior.
■ Quem muito explica complica.
329. Male dicunt et male faciunt. Dizem mal e obram
mal.
330. Male enim se res habet, cum quod virtute effici
debet, id tentatur pecunia. [Cícero, De Officiis 2.6.22]
Vão mal as coisas, quando se busca com dinheiro o que
se deve conseguir com valor pessoal.
331. Male facere est male pati. [S.João Crisóstomo]
Fazer mal é sofrer o mal. ■ Quem mal faz, para si o faz.
■ Quem mal faz, mal espere.
332. Male facere qui vult, nunquam non causam
invenit. [Publílio Siro] Quem quer fazer mal sempre
encontra pretexto. ■ A quem quer fazer mal, não lhe
faltarão pretextos. ● Male facere qui vult nusquam
non causam invenit. [J. Ray, English Proverbs 69]
Quem quer fazer mal, em toda parte encontra pretexto.
VIDE: ● Ad prave agendum parva satis occasio est.
● Ad prave agendum parvulo praetextu opus. ● Dum
canem caedimus, corrosisse dicitur corium.
333. Male geritur, quicquid geritur fortunae fide.
[Publílio Siro] É mal feito tudo que se faz confiando na
sorte.
334. Male habebit medicus, nemo si male habuerit.
[Publílio Siro] Passará mal o médico, se ninguém passar
mal. ■ Quando o doente diz ‘ai’, o médico diz ‘dai’. ■ A
doença é o celeiro do médico. VIDE: ● Heu quam habet
male omnis medicus, cum nemo sese habet male.
● Medico male est, si nemini male est. ● Medico
nunquam bene est, nisi male sit aliis.
335. Male humanis ingeniis natura consuluit, quod
plerumque non futura, sed transacta perpedimus.
[Quinto Cúrcio, Historiae 8.2] Infelizmente a natureza
impôs à inteligência humana o defeito de que na maioria
das vezes não avaliamos os atos futuros, mas os
realizados.
336. Male imperando summum imperium amittitur.
[Publílio Siro] Governando mal, perde-se toda a
autoridade.
337. Male imperatur, cum regit vulgus duces. [Sêneca,
Octavia 579] O estado é mal governado quando a plebe
comanda os chefes.
338. Male irato ferrum committitur. [Sêneca, De Ira
1.19.8] É uma imprudência confiar a espada ao homem
irado.
339. Male iudicat caecus de coloribus. Cego é mau juiz
de cores.
340. Male narrando fabula depravatur. Contando mal, a
história se deforma. ■ Quem conta um conto aumenta
um ponto. VIDE: ● Nil est quin male narrando possit
depravari.
341. Male non vixit, qui natus moriensque fefellit. Não
viveu mal quem nasceu e morreu despercebido. VIDE:
● Neque divitibus contingunt gaudia solis, nec vixit
male qui natus moriensque fefellit.
342. Male olere omne caenum. [Cícero, De Legibus 1.6]
Toda lama tem mau cheiro.
343. Male parta male dilabuntur. [Névio / Cícero,
Philippica 2.27.65] ■ O que mal se adquire, mal se
perde. ■ Bens mal adquiridos não se logram. ■ O mal
ganhado, leva-o o diabo. ■ O diabo deu, o diabo levou.
■ Vem fácil, vai fácil. ● Male partum male disperit.
[Plauto, Poenulus 842] ● Male quaesitum male
consumetur. [Bebel, Adagia Germanica] VIDE:
● Daemonium repetit quidquid procedit ab ipso. ● De
male quaesitis vix gaudet tertius heres. ● Male
collecta, male disiecta. ● Non habet eventus sordida
praeda bonos. ● Pauca male parte multa bene
comparata perdunt. ● Quod male lucratur, male
perditur et nihilatur. ● Quod male quaesitum est,
peius abire solet. ● Quod venit ex rapto quaelibet
aura rapit. ● Res male partae non sunt diuturnae.
● Res male quaesita saepe recedit ita. ● Res quasi
bruma fluit, quae male parta fuit.
344. Male collecta, male disiecta. Os que mal se junta,
mal se espalha. ■ O diabo deu, o diabo levou. VIDE:
● Male parta male dilabuntur.
345. Male parta mox in perniciem vertere. [Tácito,
Historiae 3.7] As coisas conseguidas por mal logo se
transformam em danos. ■ Bens mal adquiridos não se
logram.
346. Male profecto nobiscum ageretur, si nunquam
mori deberemus. [Rezende 3318] Por certo seria
grande mal para nós, se nunca devêssemos morrer.
347. Male res examinat omnis corruptus iudex. Todo
juiz corrupto examina mal a causa. VIDE: ● Male verum
examinat omnis corruptus iudex.
348. Male respondent coacta ingenia. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 6.2] Reagem mal as inteligências
forçadas. VIDE: ● Stultitia est venatum ducere invitas
canes.
349. Male se habet medicus, cum nemo se male habet.
Quando ninguém passa mal, o médico passa mal. VIDE:
● Medico male est, si nemini male est. ● Medico
nunquam bene est, nisi male sit aliis.
350. Male se habet respublica ubi senum consilia
desunt. [Pereira 110] Vai mal o país, em que faltam os
conselhos dos velhos. ■ Mal vai à corte onde boi velho
não tosse. VIDE: ● Seniles sermones libenter audient.
351. Male secum agit aeger, medicum qui heredem
facit. [Publílio Siro] Age mal consigo mesmo o doente
que faz o médico seu herdeiro. ■ Quem faz do lobo
pastor perde as ovelhas. VIDE: ● Heredem medicum
facere est accessere mortem.
352. Male si mandata loqueris, aut dormitabo aut
ridebo. [Horácio, Ars Poetica 104] Se recitares mal o
teu papel, ou dormirei ou rirei.
353. Male ulciscitur dedecus sibi illatum, qui amputat
nasum suum. [CODP 57] Má vingança tira da ofensa
que lhe foi feita quem corta fora o próprio nariz.
354. Male verum examinat omnis corruptus iudex.
[Horácio, Satirae 2.2.8] Todo juiz corrupto examina mal
a causa. VIDE: ● Male res examinat omnis corruptus
iudex.
355. Male vincetis, sed vincite, fratres. [Ovídio,
Metamorphoses 8.507] Tereis dificuldade em vencer,
mas vencei, irmãos.
356. Male vincit is quem paenitet victoriae. [Publílio
Siro] Vence mal quem se arrepende da vitória.
357. Male vivet quisquis nesciet mori bene. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 11.4] Viverá mal quem não souber
morrer bem.
358. Male vivunt qui se semper victuros putant.
[Publílio Siro] Vivem mal aqueles que julgam que
viverão para sempre.
359. Maledicens peius audiet. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 4.8 / Rezende 3312] O maledicente sempre ouvirá
o pior. ■ Quem mal fala, pior ouve. ● Maledico
maledicens peius audiet.
360. Maledicta cupiditas, et eius commercium, per
quam caritas abiit et fides in exsilium. [VES 99]
Maldita seja a ambição e os seus artifícios, pois, por
causa dela, o amor e a fidelidade se exilaram.
361. Maledicta militia cuius summa necessitate perit
audacia. [VES 53] Maldita a tropa cuja coragem
desaparece na hora da maior necessidade.
362. Maledicti qui senum non miserti sunt. Malditos
sejam os que não se compadeceram dos anciãos. VIDE:
● Non erubuerunt, neque senum miserti sunt.
363. Maledictus homo qui confidit in homine. [Vulgata,
Jeremias 17.5] Maldito seja o homem que confia em
outro homem.
364. Maledictus qui clam percusserit proximum suum.
[Vulgata, Deuteronômio 27.24] Maldito o que à traição
ferir o seu próximo.
365. Maledictus qui errare facit caecum in itinere.
[Vulgata, Deuteronômio 27.18] Maldito o que faz que o
cego erre o caminho.
366. Maledictus qui non honorat patrem suum et
matrem. [Vulgata, Deuteronômio 27.16] Maldito o que
não honra o seu pai e a sua mãe.
367. Maledictus qui pervertit iudicium advenae, pupilli
et viduae. [Vulgata, Deuteronômio 27.19] Maldito o
que perverte a justiça do estrangeiro, do órfão e da
viúva.
368. Maledicus a malefico non distat nisi occasione.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 12.9.9] O maledicente
só se diferencia do malvado pela oportunidade.
369. Maledicus ne esto. [Dionísio Catão, Monosticha 37]
Não sejas maledicente.
370. Maleficia non debent remanere impunita; et
impunitas continuum affectum tribuit delinquenti.
[Coke / Black 1146] Os atos criminosos não devem
permanecer impunes; a impunidade dá ao delinqüente a
inclinação permanente (para a delinqüência).
371. Maleficia voluntas et propositum delinquentis
distinguit. [Jur] A vontade e o objetivo do criminoso
distinguem os crimes.
372. Maleficium iteratum gravius est. O crime repetido é
mais grave.
373. Malesuada fames. ■ A fome é má conselheira.
● Malesuada Fames et turpis Egestas. [Virgílio,
Eneida 6.276] A má conselheira Fome e a vergonhosa
Pobreza.
374. Malevolum solacii genus est turba miserorum.
[Sêneca, Ad Marciam 12.5] É lamentável o gênero de
consolo (que vem de se ter a companhia) de uma
multidão de infelizes.
375. Malevolus animus abditos dentes habet. [Publílio
Siro] O homem de mau caráter tem os dentes
escondidos.
376. Malevolus semper sua natura vescitur. [Publílio
Siro] O homem mau sempre se alimenta de seu fel.
377. Mali bibant improbitatis faecem. [Grynaeus 718]
Que os maus bebam as fezes da improbidade. ■ Quem o
fez que o pague. ■ Quem quebra os copos, esse os paga.
● Mali bibunt improbitatis faecem. [Erasmo, Adagia
2.10.36] ● Mali improbitatis bibunt caliginem.
[Schottus, Adagia 451] Os maus bebem a aflição da
improbidade. ■ Quem mal faz, para si o faz. VIDE:
● Malitia ipsa maximam partem veneni sua bibit.
378. Mali corvi malum ovum. [Erasmo, Adagia 1.9.25]
■ De mau corvo, mau ovo. ■ De tal acha, tal racha.
■ Cobra não gera passarinho. VIDE: ● A radice mala
non procedunt bona mala. ● Mala gallina, malum
ovum. ● Pravum ovum pravi corvi est.
379. Mali medici est desperare ne curet. [Sêneca, De
Clementia 1.17.2] É mau médico o que não tem
esperança de curar.
380. Mali principii malus exitus. [Pereira 119] De mau
começo, mau resultado. ■ Quem mal começa, mal
acaba. ■ Mau princípio, pior fim. ■ Princípios ruins,
desgraçados fins. ● Mali principii malus finis.
[Grynaeus 225] VIDE: ● Auspiciis res coepta malis,
bene cedere nescit. ● Boni principii bonus finis.
381. Mali semper timidi. Os maus estão sempre com
medo. ■ Quem tem culpa tem medo.
382. Mali thripes, mali ipes. [Diogeniano / Erasmo,
Adagia 2.10.35] Tanto são maus os cupins como são
ruins os carunchos. ■ Entre gado ruim há pouco que
escolher. VIDE: ● Mala res thripes, mala res ipes.
● Mala sunt tineae, mala blattae.
383. Mali viri munera inutilia. [Pereira 102] Os presentes
do homem ruim são inúteis. ■ De ruim, nunca bom
bocado. ■ Dádiva de ruim com seu dono se parece. ■ É
presente de grego.
384. Maligna insontem deprimit suspicio. [Fedro,
Fabulae 3.10.36] Uma suspeita maldosa deprime o
inocente.
385. Maligna species. A aparência do mal.
386. Malignitati falsa species libertatis inest. [Tácito,
Historiae 1.1] Na malignidade há uma falsa aparência
de liberdade.
387. Malignos fieri maxime ingrati docent. [Publílio
Siro] São os ingratos que ensinam os homens a serem
desumanos. ■ A ingratidão seca a fonte da piedade.
388. Malim equidem indisertam prudentiam, quam
stultitiam loquacem. [Cícero, De Oratore 3.142] Na
verdade, prefiro a prudência silenciosa à loquacidade
tonta.
389. Malim mihi inimicos invidere, quam me inimicis
meis. [Plauto, Truculentus 743] Prefiro que os inimigos
me invejem a que eu inveje meus inimigos.
390. Malis artibus popularis favor quaeritur. [Sêneca,
Epistulae Morales 29.11] O favor do povo se adquire
com artifícios indecorosos. VIDE: ● Popularis favor
malis artibus quaeritur.
391. Malis avibus. [Erasmo, Adagia 1.1.75] Com más
aves. (=Com maus presságios. Em má hora). VIDE:
● Bonis avibus.
392. Malis consiliis pares adepti eventus. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 6.8] Às más decisões seguem
acontecimentos correspondentes. VIDE: ● Mala consilia
pares eventus sequuntur.
393. Malis displicere est laudari. [Publílio Siro]
Desagradar aos maus é o mesmo que ser louvado. VIDE:
● Ab improbis irrideri laudari est. ● Male de te
opinantur homines, sed mali: malis autem displicere
est laudari.
394. Malis mala succedunt. [Erasmo, Adagia 3.9.97]
■ Males a males sucedem. ■ Uma desgraça nunca vem
só. ■ Um mal indo, outro vindo. VIDE: ● Calamitas nulla
sola. ● Eheu! nullum infortunium venit solum.
● Fortuna obesse nulli contenta est semel. ● Nulla
calamitas sola. ● Nullum infortunium venit solum.
395. Malis ter mala. [Grynaeus 727] Para os maus males
triplicados.
396. Malitia crescente, et poena crescere debet. [Jur]
Crescendo o crime, deve crescer também a pena.
397. Malitia deterrima omnibus vitiis est. [Apuleio, De
Dogmate Platonis 2] A maldade é o pior de todos os
defeitos.
398. Malitia ipsa maximam partem veneni sui bibit.
[Sêneca, Epistulae Morales 81.22] A própria maldade
bebe a maior parte de seu veneno. ■ Quem mal faz, para
si o faz. ■ Quem mal faz por mal espere. VIDE: ● Mali
bibant improbitatis faecem. ● Mali improbitatis
bibunt caliginem.
399. Malitia praecogitata. [Jur / Black 1149] Uma fraude
premeditada. Um crime premeditado.
400. Malitia supplet aetatem. [Jur / Broom 264] O
entendimento supre a idade.
401. Malitia, ut peior veniat, se simulat bonam.
[Publílio Siro] A maldade, para se tornar pior, se
mascara de bondade.
402. Malitia, versuta et fallax nocendi ratio. [Cícero, De
Natura Deorum 3.75] A maldade é um método astuto e
pérfido de enganar.
403. Malitiam suadet occasio. A ocasião sugere a
maldade. ■ A ocasião faz o ladrão. ■ O buraco chama
o ladrão. VIDE: ● Oblata occasione, vel iustus peccat.
● Occasio facit furem.
404. Malitiis hominum est obviandum. [Jur / Black
1149] É preciso opor-se às más intenções dos homens.
405. Malitiis non est indulgendum. [DAPR 770] Não se
devem desculpar as más intenções. ■ Perdoar ao mau é
animá-lo a ser.
406. Mallem mori quam mutare. [Divisa] Prefiro morrer
a mudar. ■ Antes quebrar do que dobrar.
407. Mallem perdidisse quam turpiter accepisse.
[Albertano da Brescia, Liber Consolationis 50]
Preferiria perder a receber com ignomínia.
408. Malleus sapientior manubrio. [Plauto, Epidicus
525] O malho sabe mais do que o seu cabo.
409. Malo accepto sapere. [Pereira 96] Ficar sabido
depois de sofrer a desgraça. ■ Aprender à própria custa.
410. Malo accepto stultus sapit. [Erasmo, Adagia 1.1.31]
O néscio aprende com o mal recebido. ■ O néscio
aprende à sua custa. ■ O tolo aprende à sua própria
custa. ■ Depois do fato todo o mundo é sábio. VIDE:
● Eventus docet, stultorum iste magister est.
● Eventus stultorum magister est. ● Factum novit et
excors. ● Factum autem stultus cognovit. ● Factum
stultus cognovit. ● Factum stultus cognoscit.
● Factum vero et stultus agnovit. ● Re gesta sapit
amens. ● Rem factam etiam stultus intellegit. ● Rem
peractam stultus intellexit. ● Stultorum eventus
magister est. ● Stultus accepto malo sapit. ● Stultus
cum est perpessus, tum demum sapit. ● Stultus
factum cognoscit. ● Stultus post facto peritus.
411. Malo amari quam timeri. Prefiro ser amado a ser
temido. ■ Antes ser amado que temido. VIDE: ● Amari
malo quam timeri. ● Malo me diligi quam metui.
● Maluit se diligi quam metui. ● Nolo ego metui;
amari mavolo. ● Plus a vobis amari appetat quam
timeri. ● Potius amari, quam metui. ● Praestat amari
quam timeri.
412. Malo animo. [Jur / Black 1149] Com má intenção.
413. Malo arboris nodo, malus cuneus requirendus.
[S.Jerônimo / Tosi 1630] Para o duro nó da árvore,
precisa-se de uma cunha dura. ■ A pão duro, dente
agudo. ■ A lima lima a lima. VIDE: ● Cuneus cuneum
trudit. ● Malo nodo, malus quaerendus cuneus.
● Quaerendus cuneus est malus trunco malo.
414. Malo benefacere, tantumdem est periculum
quantum bono malefacere. [Plauto, Poenulus 631]
Fazer bem a um homem mau é um risco tão grande
como fazer mal a um homem justo.
415. Malo cani brevis tendatur copula. [DAPR 106] A
cachorro bravo dê-se trela curta. ■ A besta louca,
recoveiro maduro. VIDE: ● Ubi canis mordax, ibi
baculus sit.
416. Malo emere quam rogare. [Cícero, In Verrem
2.4.12] Prefiro comprar a pedir. ■ Melhor é comprar do
que rogar. ■ O que se roga sai caro. VIDE: ● Niihil emi
carius, quam quod roganti datur.
417. Malo enim aliena pudenter adiscere, quam mea
impudenter ignorare. [Platão / Albertano da Brescia,
Liber de Amore 1] Prefiro modestamente aprender o
alheio a ignorar imodestamente o meu.
418. Malo esse cum Catone in carcere quam tecum in
curia. [Llomond, De Viris Illustribus, Cato] Prefiro
estar com Catão no cárcere a estar contigo no senado.
(=Palavras atribuídas a Caio Júlio César).
419. Malo esse tarda quercus quam praecox cucurbita.
Prefiro ser carvalho que demora a crescer a ser uma
abóbora que cresce rápido.
420. Malo etiam parcas, si una est periturus bonus.
[Publílio Siro] Pouparás o homem mau, se junto com
ele está para morrer um homem bom.
421. Malo hic primum esse quam Romae secundus.
[Plutarco, Vita Caesaris 11.3-4 / Rezende 3332] Prefiro
ser o primeiro aqui a ser o segundo em Roma. ■ Antes
cabeça de lagarto do que rabo de dragão. VIDE:
● Melius in oppidulo esse primum quam in civitate
secundum.
422. Malo honestam indigentiam quam inhonestam
opulentiam. Antes pobreza honesta que riqueza
desonesta.
423. Malo in consilio feminae vincunt viros. [Publílio
Siro] As mulheres excedem aos homens em más
resoluções.
424. Malo invidiam, quam misericordiam. [Binder,
Thesaurus 1776] Prefiro inveja a misericórdia. ■ Mais
vale ser invejado do que lamentado. ■ Antes invejado
que lastimado. VIDE: ● Invidiosum esse praestat quam
miserabilem. ● Melior est commiseratione invidentia.
● Praestat invidiosum esse quam miserabilem.
● Praestat invidiosum esse quam miserandum.
● Praestat invidos habere quam misericordiam.
● Praestat invidos habere quam misericordes.
● Melius invideri quam misereri.
425. Malo malum non addendum. Não se deve
acrescentar um mal a outro. VIDE: ● Afflicto non est
addenda afflictio.
426. Malo me diligi quam metui. Prefiro ser amado a ser
temido. ■ Antes ser amado que temido. VIDE: ● Amari
malo quam timeri. ● Malo amari quam timeri.
● Maluit se diligi quam metui. ● Nolo ego metui;
amari mavolo. ● Plus a vobis amari appetat quam
timeri. ● Potius amari, quam metui. ● Praestat amari
quam timeri.
427. Malo me fortunae paeniteat quam victoriae
pudeat. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.13] Prefiro queixar-
me da sorte a ter vergonha da minha vitória.
428. Malo me Galatea petit, lasciva puella, et fugit ad
salices et se cupit ante videri. [Virgílio, Eclogae 3.64]
Galatéia, garota lasciva, me atira uma maçã e foge para
os salgueiros, mas deseja antes ser vista.
429. Malo miserandum quam erubescendum.
[Tertuliano, De Fuga In Persecutione 10.2] Prefiro ser
lamentado a envergonhar-me.
430. Malo modo. De mau modo.
431. Malo mori et omnem poenam subire, quam tibi
consentire. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
4.6.23] Prefiro morrer e sofrer todos os castigos a
obedecer a ti.
432. Malo mori quam foedari. [Rezende 3337] Prefiro
morrer a manchar-me. ■ Antes a morte que a desonra.
■ Antes morte que vergonha. ● Malo mori quam
maculari. VIDE: ● Candorem praefero vitae. ● Mavult
mori quam maculari vir probus. ● Melius mori quam
foedari. ● Mori melius est quam peccare. ● Mori
satius est, quam turpiter vivere. ● Mors servituti
turpitudinique anteponenda. ● Mors turpitudini
anteponenda. ● Potius mori quam foedari. ● Potius
mori milies quam semel foedari. ● Prius mori quam
foedari.
433. Malo nodo, malus quaerendus cuneus. [Erasmo,
Adagia 1.2.5] Para o duro nó, precisa-se de uma cunha
dura. ■ A pão duro, dente agudo. ■ A carne de lobo,
dente de cão. ● Malo nodo, malus cuneus. VIDE:
● Artem arte ludere. ● Cuneus cuneum trudit. ● Malo
arboris nodo, malus cuneus requirendus. ● Malus
nodus, malo cuneo pellendus. ● Paxillum paxillo
pepulit. ● Quaerendus cuneus est malus trunco malo.
434. Malo periculosam libertatem quam quietam
servitutem. [Thomas Jefferson, Carta a James
Madeson, janeiro de 1787] Prefiro a liberdade cheia de
perigos a uma servidão tranqüila. ● Malo periculosam
libertatem quam quietum servitium. [Rousseau,
Contrato Social 3.4] VIDE: ● Melior est bellicosa
libertas quam servitus pacifica. ● Potior periculosa
libertas quieto servitio.
435. Malo prospicere quam accepta iniuria ulcisci.
[Terêncio, Eunuchus 762] Prefiro prevenir-me a vingar-
me depois de recebido o dano.
436. Malo qui bene facit, peiorem facit. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 4.16 / Rezende 3340] Quem faz bem ao
mau, torna-o pior.
437. Malo qui consentit malum ipse facere videtur. [Jur]
Considera-se que faz o mal quem concorda com ele.
■ Faz o mal quem nele consente. ● Malo qui consentit,
malum ipse facere dicitur.
438. Malo quod teneo quam quod spero. [S.Agostinho,
In Psalmum 123.10] Prefiro o que tenho ao que espero.
■ Mais vale um ovo hoje que uma galinha amanhã.
439. Malo si quid benefacias, id beneficium interit. Se
fizeres bem a um mau, esse benefício se perde. ■ Fazer
bem a velhaco é deitar água no mar. ● Malo si quid
benefacias, id beneficium interit; bono si quod
malefacias, aetatem expetit. [Plauto, Poenulus 635] Se
fizeres bem a um mau, o benefício desaparece; se
fizeres mal a um bom, o mal tem longa duração. VIDE:
● Inepta est largitio, quae indignis accidit. ● Rusticum
beneficare, et laterem lavare idem est.
440. Malo solari quam perverso sociari. [DAPR 612]
Prefiro estar só a juntar-me a um pervertido. ■ Mais vale
andar só do que mal acompanhado. ■ Antes só que mal
acompanhado.
441. Malo strabo stare quam caecutiens titubare.
Prefiro ser estrábico e estar de pé a cambalear por ter
pouca visão. ■ Antes torto que cego de todo. ■ Melhor é
ser torto que cego de todo. ■ Dos males o menor. VIDE:
● Luscus caeco praefertur; sic undique fertur.
442. Malo tacere mihi quam mala verba loqui. [Pereira
110] Prefiro calar a falar palavras más. ■ Melhor é calar
do que mal falar. ■ Quem muito fala, muito enfada.
443. Malo te legas quam epistulam meam. [Sêneca,
Epistulae Morales 24.21] Prefiro que leias a ti mesmo
do que minha carta.
444. Malo tutus humi repere, quam ruere. [Pereira 109]
Prefiro arrastar-me pelo chão em segurança a cair.
■ Antes burro que me leve do que cavalo que me
derrube. ■ Quem muito alto vai, de muito alto cai.
445. Malo uni obnoxium esse praestat quam duobus.
[Pereira 103] Melhor é estar condenado a um único mal
do que a dois. ■ Do mal o menos.
446. Malo veris offendere quam placere adulando.
[Publílio Siro] Prefiro ofender com verdades a agradar
adulando. VIDE: ● Maluerim veris offendere quam
placere adulando.
447. Malo virum pecunia quam pecuniam viro
indigentem. [Valério Máximo, Facta et Dicta
Memorabilia 7.2.9] ■ Antes homem sem dinheiro que
dinheiro sem homem. VIDE: ● Ego malo virum qui
pecunia egeat quam pecuniam quae viro.
448. Malorum commercio reddimur deteriores.
[Brewer, Dictionary of Phrase and Fable] Pelo trato com
os maus tornamo-nos piores. ■ A má companhia faz o
bom mau e o mau pior. VIDE: ● Mala consortio bonos
mores inquinat. ● Malorum societas sobriam etiam
mentem inficit, et decolorat. ● Malus ipse fies, si
malis convixeris. ● Malus ipse fiet qui convivet cum
malis.
449. Malorum esca voluptas. O prazer é o alimento dos
males. VIDE: ● Esca omnium malorum voluptas.
● Plato escam malorum voluptatem appellat.
● Voluptas esca malorum. ● Voluptas est malorum
esca, quo ea non minus homines, quam hamo
capiuntur pisces.
450. Malorum in una virtute posita sanatio est. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.15] A cura de todos os
males está exclusivamente na virtude.
451. Malorum maximum fructuum nihil timere. O
maior fruto dos sofrimentos é nada temer. VIDE: ● Hic
mihi malorum maximum fructum abstulit, nihil
timere.
452. Malorum mores infirmitas animi non excusat.
[Codex Iustiniani 2.34.1] A fraqueza de espírito não
desculpa os costumes dos desonestos.
453. Malorum ne memineris. Não te recordes dos males
passados. Águas passadas não movem moinho.
454. Malorum patrocinium vitandum. [Esopo] Deve-se
evitar a defesa dos maus.
455. Malorum seminum malae segetes. [S.Gregório
Nazianzeno / Schottus, Adagialia Sacra 21] De más
sementes, más colheitas. ■ De ruim árvore, nunca bom
fruto.
456. Malorum sensus accrescit die: leve est miserias
ferre, perferre est grave. [Sêneca, Thyestes 305] Com
o tempo aumenta a sensibilidade dos infortúnios: é fácil
suportar o sofrimento, mas suportá-los
permanentemente é penoso.
457. Malorum societas sobriam etiam mentem inficit, et
decolorat. [S.Ambrósio] A companhia dos maus
corrompe e descora até o coração prudente. ■ Dize-me
com quem irás, dir-te-ei o que farás. ■ Quem se encosta
ao ferro enferruja-se. ■ Dize-me com quem irás, dir-te-
ei o que farás. ■ Quem se encosta ao ferro enferruja-se.
VIDE: ● Mala consortio bonos mores inquinat.
● Malorum commercio reddimur deteriores. ● Malus
ipse fies, si malis convixeris. ● Malus ipse fiet qui
convivet cum malis.
458. Malos faciunt malorum falsa contubernia. [Floro,
Carmina 6] São as companhias enganadoras dos maus
que criam os homens maus.
459. Malos tueri haud tutum. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.8 / Rezende 3342] Não é seguro proteger os
maus. ■ Cria o corvo, tirar-te-á o olho.
460. Maluerim veris offendere quam placere adulando.
[Sêneca, De Clementia 2.2.2] Prefiriria ofender com
verdades a agradar adulando. VIDE: ● Malo veris
offendere quam placere adulando.
461. Maluit se diligi quam metui. [Cornélio Nepos,
Timoleon 3] Ele preferia ser amado a ser temido. VIDE:
● Amari malo quam timeri. ● Malo amari quam
timeri. ● Malo me diligi quam metui. ● Nolo ego
metui; amari mavolo. ● Potius amari, quam metui.
● Praestat amari quam timeri.
462. Malum alienum tuum ne feceris gaudium. Não
faças do mal alheio a tua alegria. ■ Não te alegres com
meu doilo, que quando o meu for velho, o teu será novo.
VIDE: ● Malum ne alienum feceris tuum gaudium.
463. Malum alio malo depulisti. [Manúcio, Adagia 77]
Expulsaste um mal por meio de outro. ■ Um prego
empurra outro. ■ Uma peçonha mata outra. VIDE:
● Clavum clavo, paxillum paxillo pepulisti. ● Clavo
clavum eicere. ● Clavum clavo pellere. ● Clavus clavo
pellitur. ● Clavus clavo truditur. ● Clavo clavum,
paxillo paxillum. ● Clavumque clavo, perticamque
pertica. ● Clavus clavum et palus palum excussit.
● Clavus clavo pellitur, consuetudo consuetudine
vincitur. ● Paxillum paxillo pepulit.
464. Malum bene conditum ne moveris. [Erasmo,
Adagia 1.1.62] Não remexas um mal bem enterrado.
■ Não despertes o cão que dorme. ■ Não procures sarna
para te coçares. ● Malum bene conditum ne moveas.
[Manúcio, Adagia 914] ● Malum bene situm ne
moveto. [Schottus, Adagia 233] ● Malum bene
positum ne moveas. VIDE: ● Irritare canem noli
dormire volentem. ● Leonem stimulas. ● Lites
mortuae non sunt suscitandae. ● Ne moveas malum
bene situm. ● Situm bene malum iterum cave
resuscites. ● Temulentus dormiens non est
excitandum.
465. Malum consilium consultori pessimum est.
[Hesíodo / Aulo Gélio, Noctes Atticae 4.5; Varrão, De
Agricultura 3.2] O mau conselho é péssimo para quem o
dá. VIDE: ● Consilium malum consultori pessimum.
● Pravum consilium danti sunt maxima damna.
466. Malum est consilium, quod mutari non potest.
[Publílio Siro] É má a decisão que não pode ser
mudada. VIDE: ● Non est turpe cum re mutare
consilium. ● Nullum consilium est quod mutari non
potest.
467. Malum est habere servum qui dominum docet.
[Publílio Siro] É um mal ter-se um servo que ensina ao
seu senhor. VIDE: ● Male agitur cum domino, quem
vilicus docet.
468. Malum est, malum est, dicit omnis emptor; et cum
recesserit, tunc gloriabitur. [Vulgata, Provérbios
20.14] Isto não vale nada, isto não vale nada, diz todo
comprador; e depois de se retirar, ele então se gloriará.
■ Quem desdenha quer comprar.
469. Malum est mulier, sed necessarium malum.
[Robert Burton, The Anatomy of Melancholy; Rezende
3346] A mulher é um mal, mas um mal necessário. ■ A
mulher é um mal necessário. VIDE: ● Carere muliere
maritus nequit, et cum muliere non potest non
dolere. ● Mulier malum necessarium.
470. Malum exemplum. Um mau exemplo.
471. Malum foras! Fora com esse mal!
472. Malum grandius, minore vitato. Evita o mal maior
usando um mal menor.
473. Malum grave est ridere non in tempore. [Rezende
3348] É doença grave rir fora de hora.
474. Malum in se. [Jur / Black 1150] Mau por si mesmo.
Intrinsecamente mau.
475. Malum inveteratum fit robustius. O mal que
envelhece fica mais resistente. ■ Remédio só serve cedo.
■ O mal corta-se pela raiz. VIDE: ● Malum omne recens
facile opprimitur, inveteratum fit plerumque
robustius. ● Omne malum nascens facile opprimitur.
Todo mal, quando nasce, é facilmente vencido. ● Omne
malum nascens facile opprimitur, inveteratum fit
plerumque robustius.
476. Malum lucrum aequale dispendio. [Binder,
Thesaurus 1780] O lucro desonesto equivale a uma
despesa. VIDE: ● At turpe lucrum adducit infortunium.
● Dispendio usque est fraude quaesitum lucrum.
● Lucrum malum, aequale dispendio. ● Mala lucra
aequalia damnis. ● Munus malum est perinde uti
dispendium.
477. Malum malo additum. [Schottus, Adagia 141] Um
mal é acrescentadfo a outro. ■ Uma desgraça nunca vem
só. ● Malum malo aptissimum. VIDE: ● Ignis igni,
malum malo additum. ● Ignis igni additus.
478. Malum malo medicatur. [Grynaeus 479] Um mal se
cura com outro mal. ■ Uma peçonha cura outra. ■ Uma
peçonha mata a outra. ● Malum malo curatur. Um mal
se trata com outro. ● Malum malo medicari. [Erasmo,
Adagia 1.2.6] Curar um mal com outro. VIDE: ● Daemon
daemone pellitur.
479. Malum malo sarciat. [Sófocles / Erasmo, Epistulae,
Ad Aldum Manucium] Repara um mal com outro.
480. Malum ne alienum feceris tuum gaudium. [Publílio
Siro] Não faças do mal alheio a tua alegria. ■ Não te
alegres com meu doilo, que quando o meu for velho, o
teu será novo. VIDE: ● Malum alienum tuum ne feceris
gaudium.
481. Malum non admitte. [Pítaco / Rezende 3351] Não
acolhas o mau.
482. Malum nullum est sine aliquo hono. [Binder,
Thesaurus 1782] Não há mal que não tenha algo de
bom. ■ Não há mal sem bem. VIDE: ● Malum quidem
nullum esse sine aliquo bono.
483. Malum omne recens facile opprimitur,
inveteratum fit plerumque robustius. [Rezende 3352]
Todo mal recente se reprime com facilidade, o mal que
envelhece geralmente fica mais resistente. ■ Remédio só
serve cedo. ■ O mal corta-se pela raiz. VIDE: ● Malum
inveteratum fit robustius. ● Omne malum nascens
facile opprimitur. ● Omne malum nascens facile
opprimitur, inveteratum fit plerumque robustius.
484. Malum panem tibi tenerum et siligineum fames
reddet. [Sêneca, Epistulae Morales 123.2, adaptado] A
fome fará que o teu mau pão fique macio e do melhor
trigo. ■ Quem tem fome cardos come. VIDE: ● Anima
esuriens et amarum pro dulci sumet. ● Fames reddet
malum panem bonum et tenerum.
485. Malum pro malo retribuit. [S.Agostinho, Contra
Faustum 21.16] Devolveu um mal por outro.
486. Malum quia malum. É mau porque é mau.
487. Malum quia prohibitum. É mau porque é proibido.
VIDE: ● Bonum quia praeceptum; malum quia
prohibitum.
488. Malum quidem nullum esse sine aliquo bono.
[Plínio Antigo, Historia Naturalis 29.9] Não há nenhum
mal sem alguma coisa boa. ■ Não há mal sem bem.
489. Malum quo communius eo peius. [Jur / Black 1150]
Quanto mais comum é um mal, tanto pior é. VIDE:
● Bonum quo communius, eo melius.
490. Malum quod nemo videt, nullus reprehendit; et
ubi non timetur reprehensor, securus accedit
tentator, et facilius perpetratur iniquitas.
[S.Bernardo] O mal que ninguém vê, ninguém impede;
e quando não se teme censor, o tentador aproxíma-se
seguro, e mais facilmente se consuma a iniqüidade.
491. Malum vas non frangitur. [Apostólio 10.88] ■ Vaso
ruim não quebra. VIDE: ● Vas malum non frangitur.
492. Malum virum semper pati malum decet. [Apostólio
10.94] Convém que o mau sempre sofra sua maldade.
■ Ao mau, todos o perseguem. ■ A maldade consigo se
castiga. ● Malum virum vel mus mordet. [Binder,
Thesaurus 1784] Ao mau até o rato morde.
493. Malunt metui quam vereri se ab suis. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 15.13] Preferem ser temidos a
respeitados pelos seus.
494. Malus animus. [Jur] A má intenção. A intenção de
enganar.
495. Malus animus in secreto peius cogitat. [Publílio
Siro] O espírito fraco em segredo pensa pior.
496. Malus bonum ad se nunquam consilium refert.
[Publílio Siro] O mau nunca aplica um bom conselho a
si mesmo.
497. Malus bonum malum esse vult ut sit sui similis.
[Plauto, Trinummus 251] O mau quer que o bom seja
mau para ser semelhante a ele.
498. Malus bonum ubi se simulat, tunc est pessimus.
[Publílio Siro] O mau, quando se mascara de bom, é
péssimo. ● Malus bonum esse se simulans pessimus.
499. Malus blandiloquus laqueus innocentium est. [Tosi
294] O lisonjeiro malévolo é a armadilha dos inocentes.
500. Malus choraules, bonus symphoniacus.
[S.Agostinho, Epistulae 60.1] Mau regente, bom
instrumentista. ■ Quem não dá para sela, dá para
cangalha. ■ Quem não pode como quer queira como
puder. ● Malus choraula bonus symphoniacus est.
[Domenico Magri, Hierolexicon 147] VIDE: ● Auloedus
fit qui citharoedus esse non potest. ● Auloedus fiat,
qui esse citharoedus nequit. ● Malus monachus
bonus clericus est.
501. Malus clandestinus est amor. [Plauto, Curculio 49]
Amor secreto é mau.
502. Malus cum malo colliquescit voluptate. [Grynaeus
643; Erasmo, Adagia 2.3.75] O mau se junta com o mau
com prazer. ■ Todo pé aleijado procura uma bota torta.
■ Cada um procura o seu semelhante. ■ Cada qual com
seu igual. VIDE: ● Malus malo haerens gaudio
perfunditur.
503. Malus est dicendus, qui tantum causa sui est
bonus. [Albertano da Brescia, Líber de Amore 2.12]
Deve-se considerar mau quem é bom apenas em
proveito próprio. VIDE: ● Malus est vocandus, qui sua
est causa bonus. ● Malus est vocandus qui sui causa
est bonus.
504. Malus est ludus, dum alter ridet, alter flet. [Bebel,
Adagia Germanica] É má a brincadeira em que,
enquanto um ri, o outro chora.
505. Malus est minister regii imperii pudor. [Sêneca,
Hippolytus 430] A virtude é um mau servidor do poder
real.
506. Malus est vocandus, qui sua est causa bonus.
[Publílio Siro] Deve ser chamado de mau aquele que só
é bom em proveito próprio. ● Malus est vocandus qui
sui causa est bonus. VIDE: ● Malus est dicendus, qui
tantum causa sui est bonus.
507. Malus, etiamsi regnet, servus est, nec unius
hominis, sed, quod est gravius, tot dominorum, quot
vitiorum. [S.Agostinho, De Civitate Dei 4.3] O
pecador, ainda que seja rei, é escravo, não de um único
homem, mas de tantos senhores quantos sejam seus
vícios.
508. Malus, etsi obesse non potest, tamen cogitat.
[Publílio Siro] O mau, mesmo quando não pode
prejudicar, sempre pensa nisso.
509. Malus fugit lucem, ut diabolus crucem. [Bebel /
Eiselein 591] O mau foge da luz, como o diabo da cruz.
■ Quem tem culpa, tem medo. VIDE: ● Malus lucem
fugit, ut demon crucem.
510. Malus in una specie delicti, magnam in alia contra
se habet suspicionem. [Jur] Quem é culpado em uma
espécie de delito em outra espécie tem contra si grande
suspeita. ■ Ladrão uma vez, sempre ladrão.
511. Malus interpres rerum metus. O medo é mau
intérprete dos fatos. ■ O medo é mau companheiro.
512. Malus ipse fiet qui convivet cum malis. [Publílio
Siro] Quem conviver com maus também se tornará mau.
■ Dize-me com quem irás, dir-te-ei o que farás. ■ Quem
se encosta ao ferro enferruja-se. ● Malus ipse fies, si
malis convixeris. [Menandro / Grynaeus 517] Tu
mesmo te tornarás mau, se conviveres com maus.
513. Malus lucem fugit, ut demon crucem. [Bebel,
Adagia Germanica] O mau foge da luz, como o
demônio da cruz. ■ Quem tem culpa, tem medo. VIDE:
● Malus fugit lucem, ut diabolus crucem.
514. Malus malitiam sapientiam iudicat. O mau
considera a maldade sabedoria.
515. Malus malo haerens gaudio perfunditur. [Schottus,
Adagia 613] O mau, quando se junta ao mau, cobre-se
de satisfação. ■ Um ruim com outro se quer. ■ Cada qual
com seu igual. ■ Todo pé aleijado procura uma bota
torta. VIDE: ● Malus cum malo colliquescit voluptate.
516. Malus malum observat. Um ruim vigia outro. ■ Um
ruim conhece outro.
517. Malus monachus bonus clericus est. [S.Agostinho,
Epistulae 60.1] O mau monge pode ser um bom clérigo.
■ Quem não dá para sela, dá para cangalha. VIDE:
● Malus choraula bonus symphoniacus est.
518. Malus nodus, malo cuneo pellendus. O nó duro
deve ser expelido com uma cunha dura. VIDE: ● Malo
nodo, malus quaerendus cuneus. ● Paxillum paxillo
pepulit.
519. Malus pudor. O falso pudor.
520. Malus quicumque in poena est, praesidium est
bonis. [Publílio Siro] A punição de qualquer homem
mau é a segurança dos homens bons.
521. Malus semel semper praesumitur malus. [Jur]
Quem é mau uma vez é sempre considerado mau.
■ Quem uma vez furta, fiel nunca. ■ Quem foi ruim, não
deixa de ser. ■ Cesteiro que faz um cesto faz um cento.
522. Malus usus est abolendus. [Jur / Black 1150] Um
mau costume deve ser abolido.
523. Mammas atque tatas nimium conducit habere; sed
potum et multum praestat habere cibum. [Bento
Pereira / Mota 160] É muitíssimo bom ter mamãe e
papai, mas vale mais ter bebida e comida. ■ Mãe e pai é
muito bom, barriga cheia é melhor.
524. Manant a solo commoda cuncta Deo. [Binder,
Medulla 947] Todas as coisas boas nos vêm de Deus.
525. Mandatarius terminos sibi positos transgredi non
potest. [Jur / Black 1152] O mandatário não pode
transgredir os limites a ele atribuídos.
526. Mandatum exspirat morte mandantis. [Jur] O
mandato expira com a morte do mandante.
527. Mandatum lucerna est, et lex lux, et via vitae
increpatio disciplinae. [Vulgata, Provérbios 6.23] O
mandamento é uma candeia, e a lei uma luz, e a
repreensão da disciplina o caminho da vida.
528. Mandatum novum do vobis: ut diligatis invicem.
[Vulgata, João 13.34] Dou-vos um novo mandamento:
que vos ameis uns aos outros.
529. Mandatum speciale detrahit generale. [Jur] O
mandato especial cancela o geral.
530. Mandere cum dominis non suadeo cerasa servos.
[Binder, Thesaurus 1786] Não aconselho os servos a
comerem cerejas com seus senhores. ■ Com teu amo não
partas as peras, porque ele come as maduras e deita-te
as verdes. ● Mandere cum dominis non tutum est
cerasa magnis. Não é seguro comer cerejas com
senhores poderosos.
531. Mandit humum. [Virgílio, Eneida 11.669] Morde o
chão. VIDE: ● Humum ore mordere.
532. Manduca, iam coctum est. [S.Lourenço, na fogueira,
ao carrasco] Come, já está cozido.
533. Manducaverunt omnes et saturati sunt. [Vulgata,
Mateus 14.20] Comeram todos e ficaram fartos.
534. Manducemus, et bibamus, cras enim moriemur.
[Vulgata, 1Coríntios 15.32] ■ Comamos e bebamos,
porque amanhã morreremos. ■ O que se leva desta vida
é o que se come, o que se bebe e o que se brinca. VIDE:
● Comedamus et bibamus, cras enim moriemur.
● Edamus et bibamus: cras enim moriemur.
535. Mane semina semen tuum, et vespere ne cesset
manus tua. [Vulgata, Eclesiastes 11.6] Semeia de
manhã a tua semente, e de tarde não cesse a tua mão de
fazer o mesmo.
536. Mane petas montes, medio nemus, vespere fontes.
[Regimen Sanitatis Salernitanum / Rezende 3366] De
manhã busca os montes, ao meio-dia o bosque, e à tarde
as fontes.
537. Mane rubens caelum venturos indicat imbres. Céu
vermelho de manhã é sinal de que virá chuva.
538. Maneant in vobis fides, spes, caritas, tria haec:
maior autem horum est caritas. [Vulgata, 1Coríntios
13.13] Agora permanecem em vós a fé, a esperança, o
amor ao próximo, estas três virtudes; porém a maior
delas é o amor ao próximo.
539. Maneat nostros ea cura nepotes. [Virgílio, Eneida
3.515] Fique esse cuidado aos nossos netos.
540. Maneat sic semper, adoro, nec quicquam ex illa
quod querar inveniam. [Propércio, Elegiae 1.4.27]
Que ela fique sempre assim – é o que eu peço – e eu
nunca terei nada de que me queixar.
541. Manent ingenia senibus, modo permaneat studium
et industria. [Cícero, De Senectute 7.2] A inteligência
continua vigorosa nos velhos, desde que permaneça o
interesse e a dedicação.
542. Manentes fames, progressos acrior pestilentia
urgebat. [Quinto Cúrcio, Historiae 9.9] A fome
ameaçava os que ficaram; violenta peste ameaçava os
que avançaram.
543. Manet alta mente repostum. [Virgílio, Eneida 1.26]
Permanece profundamente gravado no coração.
544. Manet quemque id, quod passurus est. [Schrevelius
1184] A pessoa não escapa daquilo que ela vai passar.
■ O que há de ser tem muita força. ■ Quem nasceu para
a forca não morre afogado.
545. Manet sua quemque hora. Cada um tem sua hora.
546. Manet unica virtus. [Divisa] Só a virtude é
duradoura.
547. Manete in dilectione mea. [Vulgata, João 15.9] Ficai
no meu amor.
548. Manete paulisper ut expediamus celerius. [Bacon,
De Expediendis Negotiis] Parai um pouco, para
resolvermos mais depressa.
549. Maniae infinitae sunt species. [Avicena / Rabelais,
Gargantua et Pantagruel 5, Prologue] As espécies de
doenças são infinitas.
550. Manibus date lilia plenis. [Virgílio, Eneida 6.883]
Dai lírios às mancheias.
551. Manibus pedibusque. [Grynaeus 119; Erasmo,
Adagia 1.4.15] Com as mãos e com os pés. (=Usando
todos os recursos). VIDE: ● Cum hasta, cum scuto.
● Magna vi. ● Omnibus nervis. ● Totis viribus. ● Toto
corpore.
552. Manibus plenis. Às mancheias. VIDE: ● Larga manu.
● Plena manu.
553. Manifesta causa secum habet sententiam. [Publílio
Siro] Uma causa evidente já tem em si o julgamento.
554. Manifesta probatione non indigent. [Jur / Black
1154] As coisas evidentes não exigem comprovação.
● Manifesta non indigent probatione. VIDE:
● Probatione non indigent manifesta.
555. Manifesto teneor. [Plauto, Mostelária 679] Fui
apanhado em flagrante.
556. Manipulus florum. Um punhado de flores.
557. Mansueti autem hereditabunt terram. [Vulgata,
Salmos 36.11] Os mansos herdarão a terra.
558. Mansuetus sis in tuos. [Sólon / Rezende 3370] Sê
afável com os teus.
559. Mansum ex ore dare. [Manúcio, Adagia 1222] Tirar
o bocado da própria boca e dar a outrem.
560. Manticam in tergo habet. [Pereira 113] Tem o
alforje às costas. (=Diz-se de quem aponta defeitos nos
outros, mas não enxerga os próprios). ■ O macaco vê o
rabo da cutia e não vê o seu.
561. Mantua me genuit, Calabri rapuere; tenet nunc
Parthenope: cecini pascua, rura, duces. [Epitáfio de
Virgílio] Mântua me deu a vida; a Calábria ma roubou;
Nápoles me tem agora; cantei os rebanhos, os campos,
os guerreiros.
562. Manu brevi. [Black 1156] Com a mão curta. Com a
mão rápida. (=Diretamente. Sem rodeios). VIDE: ● Brevi
manu.
563. Manu e nubibus. Com a mão que vem das nuvens.
(=Com o auxílio do céu. Com a ajuda divina). VIDE:
● Manus e nubibus. ● Auxilium ab alto. ● Auxilio ab
alto.
564. Manu forti. [Divisa] Com a mão forte.
565. Manu militari. Usando a força armada.
566. Manu propria. De próprio punho.
567. Manum admoventem Deum quemvis invocare
debere. [Schottus, Adagia 549] Só deve invocar a Deus
quem move a mão. ■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará.
■ Trabalha, que Deus te ajudará. ■ Ao homem de
esforço a fortuna lhe dá a mão. ● Manum admoventi
sunt vocanda numina. [Grynaeus 367] Os deuses
devem ser invocados por quem move a mão. ● Manum
admoventi fortuna est imploranda. [Erasmo, Adagia
2.2.81] A sorte só deve ser invocada por quem mexe a
mão. ● Manum admoventi fortuna est invocanda.
[Grynaeus 367; Erasmo, Adagia 2.2.81] VIDE: ● Ad opus
manum admovendo fortunam invoca. ● Adesse
gaudet, sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva et
manum move. ● Cum Minerva manus etiam move.
● Cum Minerva manum quoque move. ● Deus
laborantibus opem fert prospere. ● Deus laborantes
ope adiuvat sua. ● Di facientes adiuvant. ● Deus
facientes adiuvat. ● Fac aliquid ipse, deinde Numen
invoca. ● Fac interim aliquid ipse, dein deos voca.
● Huic qui laborat, ● Numen adesse assolet. ● Nulla
preces numina flectunt ignavorum. ● Nunc ipse quid
peragito, dein deos voca. ● Nunc ipse quid peragito,
dein Deum voca. ● Quisquis laborat, huic manum
praebet Deus. ● Sine opera tua, nihil di facere
possunt.
568. Manum ferulae subduximus. [Juvenal, Satirae 1.15]
Demos a mão à palmatória.
569. Manum habet sub pallio. [Erasmo, Adagia 2.10.31]
Tem a mão debaixo do paletó. (=Diz-se dos
preguiçosos). ■ Faz ofício de ripanço. VIDE: ● In sinu
manum habet.
570. Manum non verterim, digitum non porrexerim.
[Erasmo, Adagia 1.3.21] Não mexerei a mão, não
estenderei o dedo. ■ Não moverei uma palha. VIDE:
● Digitum non porrexerim.
571. Manum peteris et pedem porrigis. [Manúcio,
Adagia 1303] Pedem tua mão e dás o pé. ■ Falo-lhes em
alhos, respondem-me com bugalhos. VIDE: ● Falces
petebam, at hi ligones denegant.
572. Manum tuam longe fac a me. [Vulgata, Jó 13.21]
Desvia a tua mão longe de mim.
573. Manum ut manus fricat, da aliquid et accipe.
[Schottus, Adagia 625] Para que uma mão afague a
outra, dá algo e recebe. ■ É dando que se recebe.
574. Manus dando augetur, et negando minuitur. A
mão, quando dá, cresce, e quando nega, diminui.
575. Manus digiti conaequales non sunt, omnes tamen
usui sunt. [DAPR 256] Os dedos da mão não são
iguais, mas todos têm utilidade. ■ Os dedos das mãos
são irmãos, mas não são iguais. VIDE: ● Neque digiti
neque homines pari sunt.
576. Manus Domini protegat me. Que a mão do Senhor
me proteja.
577. Manus e nubibus. A mão que vem das nuvens.
(=Uma ajuda vinda dos deuses). VIDE: ● Auxilium ab
alto. ● Auxilio ab alto. ● Manu e nubibus.
578. Manus ferens munera pium facit impium. [VES
64; Carmina Burana] A mão que traz presentes faz do
santo um pecador. ■ Diante da arca aberta, o justo peca.
■ A carne é fraca.
579. Manus habent et non palpabunt. [Vulgata, Salmos
115.7] (Os ídolos) têm mãos, mas não apalparão.
580. Manus haec inimica tyrannis. [Divisa] Esta mão é
inimiga dos tiranos. ● Manus haec inimica tyrannis
ense petit placidam sub libertate quietem. [Algernon
Sidney / Stevenson 2405] Esta mão, hostil aos tiranos,
busca, com a espada, um descanso tranqüilo sob a
liberdade. VIDE: ● Ense petit placidam sub libertate
quietem.
581. Manus homini sunt concessae, ut homo proximo
suo serviat. [Sta.Catarina de Sena / Bernardes, Nova
Floresta 5.277] As mãos foram dadas ao homem para
servir ao seu próximo.
582. Manus manu indiget, pes pede. [Binder, Thesaurus
1795] Uma mão precisa da outra, e um pé precisa do
outro.
583. Manus manum fricat. [Erasmo, Adagia 1.1.33] Uma
mão afaga a outra. ■ Um burro coça outro. ■ Faze-me a
barba, que eu te pentearei. VIDE: ● Dextra fricat
laevam, vultusque fricatur ab illis. ● Ferrum ferro
acuitur. ● Fricantem refrica. ● Mulus mulum scabit.
584. Manus manum lavat. [Epicarmo / Petrônio,
Satiricon 45.13; Sêneca, Apocolocyntosis 9.6] ■ Uma
mão lava a outra. ● Manus manum, digitumque
digitus abluit. [Schottus, Adagia 625] Uma mão lava
outra, e um dedo lava outro. ● Manus manum lavat, et
digitus digitum. [Schrevelius 1176] ● Manus manum
lavat, pes pedem fulcit. [Eurípides]. Uma mão lava a
outra, um pé apóia o outro. VIDE: ● Abluit manus
manum: da aliquid et accipe. ● Amicus amicum
adiuvat. ● Dextra fricat laevam, vultusque fricatur
ab illis. ● Ferrum ferro acuitur. ● Ferrum ferro
exacuitur. ● Ferrum ferro exacuitur, et homo exacuit
faciem amici sui. ● Ferrum ferro acuitur, et vir
acuitur amici congressu. ● Mulus mulum
scabit.● Palma palmam piet, illota vel utraque fiet.
● Una manus reliquam lavat, ut relavetur ab ipsa.
● Utraque mundatur, dum palma palma lavatur.
585. Manus non habens, lavari cupit. [Apostólio 5.26]
Não tem mão e quer lavar-se. ■ Não tem pé e quer dar
coice.
586. Manus regum longae. [Pereira 117] As mãos dos
reis são longas. ■ Os reis abrangem muito com seu
poder. ■ O braço do rei e a lança longe alcança. VIDE:
● A regibus cavendum, quod eis praelonga sint
brachia. ● An nescis longas regibus esse manus?
● Longae regum manus. ● Longae sunt regibus
manus. ● Longae tyrannorum manus. ● Longas esse
regibus manus. ● Magna est manus regis, et valida.
587. Manus sine opere mendicabit propere. A mão que
não trabalha, logo mendigará. ■ Sem trabalho, só a
pobreza. ■ A preguiça é a chave da pobreza. VIDE:
● Mendicat propere manus sine opere. ● Mendicitas
ignaviae praemium.
588. Mappa mundi. O mapa do mundo.
589. Marcet sine adversario virtus. [Sêneca, De
Providentia 2.4] Sem rival, murcha o valor.
590. Marcianus hic dormit in pace. [Inscrição em
cemitério / Dengg 22] Marciano aqui dorme em paz.
591. Mare apertum. Mar aberto. (=O mar aberto ao
comércio). VIDE: ● Mare liberum.
592. Mare caelo admiscet. [Albertatius 744] Mistura o
mar com o céu. ■ Mistura alhos com bugalhos. ● Mare
caelo miscet. VIDE: ● Maria omnia caelo miscuit.
● Omnia perturbat et nihil facit.
593. Mare clausum. [Jur / Black 1158] Mar fechado. (=O
mar fechado ao comércio. O mar sob a jurisdição de
determinada nação).
594. Mare ditat, rosa decorat. [Divisa da Cidade de
Montrose, Escócia] O mar enriquece, a rosa enfeita.
595. Mare, ignis, mulier: tria sunt mala. [Menandro /
Tosi 1379] Mar, fogo e mulher são três males. ■ Mulher,
fogo e mares são três males. ● Mare, ignis, mulier: tria
mala. VIDE: ● Ignis, mare, mulier, tria mala.
596. Mare liberum. [Jur / Black 1158] O mar livre. (=O
mar aberto ao comércio. O mar aberto a todas as
nações). VIDE: ● Mare apertum.
597. Mare magnum. O vasto oceano. O Oceano
Atlântico.
598. Mare Nostrum. O nosso mar. (=O Mar
Mediterrâneo).
599. Mare proluit omnia. [Pereira 93] ■ A água tudo lava.
● Mare proluit omnia mortalium mala. [Erasmo,
Adagia 3.4.9] A água lava todos os males dos mortais.
600. Mare quidem commune certo est omnibus. [Plauto,
Rudens 896] O mar naturalmente pertence a todos.
601. Mare salsum esse, e paucis guttis cognoscitur.
[Pereira 117] Que o mar é salgado, se reconhece com
poucas gotas. ■ Pela amostra se conhece o pano. VIDE:
● Ut discas mare salsum esse, nihil opus totum
ebibere.
602. Mare verborum, gutta rerum. [DAPR 398] Um mar
de palavras, um pingo de feitos. ■ Língua longa, sinal de
mão curta. ■ Muito falar, pouco fazer. ■ Cacarejar não é
pôr ovo.
603. Margarita e stercore. [Stevenson 1768] Uma pérola
retirada do esterco.
604. Margaritam pullo. [Branco 286] Uma pérola para o
frango. ■ Deus dá nozes a quem não tem dentes.
605. Marginalia. Coisas que estão na margem. Anotações
à margem dum livro.
606. Mari aquam addere. [DAPR 414] ■ Levar água ao
mar.
607. Mari e fossa aquam inducis. [Erasmo, Adagia
3.2.68] Carregas a água do canal para o mar. (=Fazes
trabalho inútil). ● Mari e lacu aquam infundis.
[Eiselein 527] VIDE: ● In mare fundat aquas.
608. Maria montesque polliceri. [Salústio, Catilina 23.1]
Prometer mares e montes. ■ Prometer mundos e fundos.
● Maria montesque promittere. [Polydorus, Adagia]
VIDE: ● Aureos montes polliceri. ● Magnos montes
polliceri. ● Magnos montes promittere. ● Montes auri
polliceri.
609. Maria omnia caelo miscuit. [Virgílio, Eneida 5.790]
(A deusa Vênus) misturou todos os mares com o céu.
VIDE: ● Mare caelo admiscet. ● Omnia perturbat et
nihil facit.
610. Maris et feminae coniunctio est de iure naturae.
[Coke / Black 1159] A conjunção do homem e da
mulher é da lei da natureza.
611. Maris murmur ventos denuntiat. O murmúrio do
mar denuncia os ventos.
612. Maris stella. A estrela do mar. VIDE: ● Stella maris.
613. Maritimus cum sis, ne velis fieri terrestris.
[Erasmo, Adagia 3.5.11] Sendo homem do mar, não
queiras ser homem da terra. ■ Quem bem tem e mal
escolhe, por mal que lhe venha, não se anoje.
● Marinus cum sis, ne terrestris fias. [Apostólio
10.21] ● Maritimus cum sis, fieri terrestris cave.
[Publílio Siro] ● Maritimus cum sis, ne terras incolas.
[Schottus, Adagia 613] Já que és do mar, não mores em
terra. ● Marinus cum sit, ne terrestris fiat. [Albertatius
747] Sendo ele do mar, não se torne terrestre.
614. Marmora commendantur maculis. [Adaptado de
Plínio Antigo, Naturalis Historia 36.49] Os mármores
são valorizados pelas manchas.
615. Marmora findit caprificus. [Marcial, Epigrammata
10.2.9] A figueira brava rompe o mármore. ■ Pequeno
asno faz grande dano. VIDE: ● Ingentia marmora findit
caprificus.
616. Mars communis. [Erasmo, Adagia 4.7.49; Pereira
115] A guerra é de todos. ■ Onde as dão, as levam.
■ Quem vai à guerra, dá e leva. VIDE: ● Incerti fallax
fiducia Martis. ● Incerti sunt exitus belli. ● Incertus
est belli exitus.
617. Mars dubius. [Schottus, Adagia 597] Marte é
indeciso ■ A guerra, sabe-se como começa, não se sabe
como termina. VIDE: ● Anceps belli casus. ● Armorum
exitus semper incerti, et timidi. ● Belli exitus
incertus. ● Bellorum exitus incerti. ● Eventus belli
varii. ● Fortuna belli fluxa. ● Nusquam minus quam
in bello eventus respondet. ● Varius et dubius est
belli eventus.
618. Mars gravior sub pace latet. [Claudiano, De Sexto
Consulato 307] Sob a paz, esconde-se a guerra mais
perigosa.
619. Marsupium ubi divitiae tutissime reponuntur
sinus est pauperum. O seio dos pobres é a bolsa onde
se põem as riquezas em muita segurança.
620. Marsupium unum sit omnium nostrum. [Vulgata,
Provérbios 1.14] Seja uma só a bolsa de todos nós.
621. Marte cruentatus bella futura timet. [Pereira 106]
O que foi ferido em guerra teme as guerras futuras.
■ Gato escaldado tem medo de água fria.
622. Marte et arte. [Ricardi de Bury, Philobiblon 1] Com
Marte e arte. (=Usando esforço e habilidade).
623. Marte nostro. [Cícero, De Officiis 3.34] Com nossas
próprias forças. Com nosso esforço.
624. Marte togaque. [Ovídio, Metamorphoses 15.746]
Com Marte e com a toga. (=Na guerra e na paz).
625. Martyres non facit poena, sed causa. [S.Agostinho,
Enarrationes 34.2] Não é a pena que faz os mártires,
mas a causa.
626. Masculum et feminam creavit eos. [Vulgata,
Gênesis 1.27] Ele os criou macho e fêmea.
627. Mater artium est necessitas. [DAPR 476] A
necessidade é a mãe das artes. ■ A necessidade é a mãe
da invenção. ● Mater artium necessitas. VIDE: ● Artis
magistra necessitas. ● Durum flagellum est
paedagogus ingenii. ● Durum flagellum est
paedagogus ingens. ● Necessitas artis magistra.
● Necessitas magistra. ● Nullus praestantior doctor
est necessitate.
628. Mater bonarum artium est sapientia. A sabedoria é
a mãe das boas artes.
629. Mater certa, pater semper incertus. A mãe é certa;
o pai é sempre incerto. ■ O filho da minha filha é meu
neto; o filho de meu filho será ou não. VIDE: ● Mater
semper certa est; pater is est quem nuptiae
demonstrant. ● Mater semper certa est, pater
nunquam. ● Pater semper incertus.
630. Mater criminum necessitas. [Cassiodoro, Varia
9.13] A necessidade é a mãe dos crimes.
631. Mater dolorosa. A mãe sofredora. VIDE: ● Stabat
Mater dolorosa iuxta Crucem lacrimosa, dum
pendebat Filius.
632. Mater est terra; ea parit corpus, animam aether
adiugat. [Pacúvio / Stevenson 656] A terra é a mãe; ela
gera o corpo; o céu dá a vida.
633. Mater omnium bonarum rerum sapientia. [Cícero,
De Legibus 1.58] A sabedoria é a mãe de todas as
coisas boas. VIDE: ● Sapientia omnium bonarum
rerum mater.
634. Mater semper certa est; pater is est quem nuptiae
demonstrant. [Digesta 2.4.5, adaptado] A mãe é
sempre certa; o pai é aquele que o casamento indica.
VIDE: ● Mater certa, pater semper incertus. ● Mater
semper certa est, pater nunquam. ● Pater semper
incertus.
635. Mater semper certa est, pater nunquam. [Tosi
1450] A mãe é sempre certa, o pai, nunca. ■ O filho da
minha filha é meu neto; o filho do meu filho sê-lo-á ou
não. VIDE: ● Mater certa, pater semper incertus.
● Pater semper incertus.
636. Mater timidi flere non solet. A mãe do medroso não
costuma chorar. (=Por saber que o filho foge ao perigo).
VIDE: ● Matrem timidi flere non solere. ● Timidi mater
non flet.
637. Mater tua mala burra est. [Frase jocosa / Rezende
3395] Tua mãe come maçãs maduras. (=Mala, plural de
malum, maçãs, frutas. Burra, feminino plural neutro
de burrus, vermelhas. ● Est, ou edit, come).
638. Materia et forma sunt sibi invicem causa.
[Signoriello 139] A matéria e a forma são
reciprocamente a causa uma da outra.
639. Materia iudicii. [Jur] A matéria em julgamento. VIDE:
● Obiectum iudicii.
640. Materiam superat opus. [Freire 140] A mão de obra
vale mais que a matéria prima. ■ Mais vale o feitio que o
pano. ● Materiem superabat opus. [Ovídio,
Metamorphoses 2.5] O trabalho superava a matéria.
641. Materies vitiis aurum letale parandis. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.357] O letal ouro é a
substância que produz os vícios.
642. Materna iura non possunt aboleri. [Jur] Os direitos
maternos não podem ser abolidos. VIDE: ● Quis enim
materna iura possit abolere?
643. Matre pulchra filia pulchrior. [Horácio, Carmina
66.1] A filha é mais bela que a bela mãe.
644. Matrem sequuntur porci. Os porcos seguem a mãe.
■ De tais mestres, tais discípulos.
645. Matrem timidi flere non solere. [Cornélio Nepos,
Thrasybulus 2.3] A mãe do medroso não costuma
chorar. (=Por saber que o filho foge ao perigo). VIDE:
● Mater timidi flere non solet. ● Timidi mater non
solet flere. ● Timidi mater non flet.
646. Matres omnes filiis in peccato adiutrices, auxilio in
paterna iniuria solent esse. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 991] Todas as mães costumam ser
cúmplices dos erros dos filhos e os protegem contra a
severidade dos pais.
647. Matrimonia debent esse libera. [Jur / Black 1169]
Os casamentos devem ser livres.
648. Matrimonii terminum, quae omne similiter solvit,
exspectat mors. [Justiniano, Novellae 22.20] A morte,
que a tudo igualmente dá fim, significa o término do
casamento.
649. Matrimonium inter invitos non contrahitur.
[Celso, Digesta 23.2.22] Não se realiza casamento entre
pessoas que não concordam.
650. Matrimonium non praesumitur. [Jur[. Casamento
não se presume.
651. Matrimonium subsequens tollit peccatum
praecedens. [Black 1170] O casamento subseqüente
suprime o pecado precedente.
652. Matris assequitur mores filia suae. A filha
acompanha os costumes de sua mãe. ■ Cabra vai pela
vinha, por onde vai a mãe vai a filha.
653. Matris imago filia est. [Schrevelius 1186] A filha é o
retrato da mãe. ■ Qual é ■ Maria, tal filha cria.
654. Matris superbum est nomen, et nimium potens.
[Sêneca, Hypollitus 609] A palavra mãe é soberba e tem
grande poder.
655. Matura satio saepe decipit, sera semper mala est.
[Grynaeus 239] A sementeira prematura às vezes falha,
a tardia é sempre má. ■ Melhor é perder por temporão
do que por serôdio. ● Maturam sationem saepe
decipere solere, seram nunquam quin mala sit.
[Columela, De Res Rustica 11.2.80] A sementeira
prematura às vezes falha, a tardia nunca deixa de ser
má.
656. Maturate fugam. [Virgílio, Eneida 1.137] Prepara
tua fuga com cuidado.
657. Mature fias senex, si diu velis senex esse. [Manúcio,
Adagia 104] Envelhece cedo, se quiseres ser velho por
muito tempo. ■ Quem quiser ser muito tempo velho,
comece-o cedo. ■ Se queres ser velho moço, faze-te
velho cedo. ● Mature fieri senem, si diu velis senex
esse. [Cícero, De Senectute 10.32] ● Mature fias senex,
ut maneas diu. [Tosi 646] Fica velho cedo, para seres
velho por muito tempo. VIDE: ● Discite venturam iam
nunc sentire senectam. ● Senex mature fias, si diu
velis esse senex. ● Senex mature fias, ut maneas diu.
658. Maturiora sunt vota mulierum quam virorum.
[Coke / Black 1170] Os desejos das mulheres são mais
maduros do que os dos homens. (=A mulher atinge a
maturidade mais cedo que o homem).
659. Maturitas in deliberando, in exequendo celeritas,
in agendo constantia: animi in prosperis aeque ac
adversis aequitas et moderatio. Sabedoria no planejar,
celeridade no executar, constância no agir: equilíbrio de
espírito e moderação, tanto no sucesso como na
adversidade.
660. Maturius solito. Mais cedo que é costume.
661. Mavelim mihi inimicos invidere quam me inimicis
meis. [Plauto, Truculentus 716] Preferiria que meus
inimigos me invejassem a que eu invejasse meus
inimigos.
662. Mavult mori quam maculari vir probus. O homem
honesto prefere morrer a macular-se. ■ Antes a morte
que a desonra. VIDE: ● Candorem praefero vitae.
● Malo mori quam foedari. ● Malo mori quam
maculari. ● Melius mori quam foedari. ● Mori melius
est quam peccare. ● Mori satius est, quam turpiter
vivere. ● Mors servituti turpitudinique anteponenda.
● Mors turpitudini anteponenda. ● Potius mori quam
foedari. ● Potius mori milies quam semel foedari.
● Prius mori quam foedari.
663. Mavult pater filium corrigere quam abdicare.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 7.4.9] O pai prefere
corrigir o filho a repudiá-lo.
664. Maxillae ad instar scipionis sunt seni. [Apostólio
3.52] As maxilas são os bastões do velho. ■ O velho e o
forno pela boca se aquentam. VIDE: ● Hominis senis
maxillae sunt baculi. ● Seni molaris dens loco fit
baculi. ● Viro seni maxillae baculus.
665. Maxima bella ex levibus causis. As maiores guerras
surgem de causas pequenas. ■ Pequenas causas, grandes
efeitos. ● Maxima bella ex levissimis causis.
[Stevenson 2445]
666. Maxima bona sollicita sunt. [Sêneca, De Brevitate
Vitae 18] Bens muito grandes trazem preocupações.
667. Maxima culpa est sponte delinquere. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.8] O maior crime é delinqüir
voluntariamente.
668. Maxima culpa in eo qui veritatem aspernatur.
[Cícero, De Amicitia 89] A maior culpa está naquele
que despreza a verdade.
669. Maxima cum laude. [Cícero, Philippica 5.19] Com o
maior louvor.
670. Maxima de nihilo nascitur historia. [Propércio,
Elegiae 2.1.16] De um nada nasce uma grande história.
■ Pequenas causas, grandes efeitos.
671. Maxima debetur puero reverentia. [Juvenal, Satirae
14.47] À criança se deve o maior respeito.
672. Maxima egestas avaritia. A avareza é a maior
pobreza. ■ A avareza é suma pobreza. VIDE: ● Inopiae
desunt multa, avaritiae omnia. ● Quae est maxima
egestas? Avaritia.
673. Maxima enim est hominum semper patientia
virtus. [Dionísio Catão, Disticha 1.38] A maior virtude
dos homens é a paciência. VIDE: ● Patientia maxima
virtus.
674. Maxima est enim factae iniuriae poena, fecisse.
[Sêneca, De Ira 3.26.2] O maior castigo do mal
praticado é tê-lo praticado. ■ O castigo do vício é o
próprio vício.
675. Maxima est enim vis vetustatis et consuetudinis.
[Cícero, De Amicitia 19] É muito grande a força do
tempo e do costume.
676. Maxima iniquitas. [Codex Iustiniani 5.9.10.1] Uma
injustiça muito grande. A maior injustiça.
677. Maxima inter homines bona sunt iustitia et
humanitas. Os maiores bens dos homens são a justiça e
a benevolência.
678. Maxima pars hominum eos periisse exspectant, ex
quibus beneficia consecuti sunt; sic enim arbitrantur
ex vinculo solvi, quo tenebantur. [Eneas Sílvio /
Bernardes, Nova Floresta 2.169] A maior parte dos
homens espera que tenham morrido aqueles de quem
obtiveram favores, pois assim julgam estar livres do
vínculo que os ligava.
679. Maxima pars hominum morbo iactatur eodem.
[Horácio, Satirae 2.3] A maior parte dos homens se
queixa do mesmo mal. ■ Qual mais, qual menos, toda lã
é pelos.
680. Maxima paulatim e minimis. [Binder, Thesaurus
1810] Aos poucos, do mínimo para o máximo. ■ Pouco
a pouco, se fazem as coisas grandes. ■ De pequenos
grãos se junta grande monte.
681. Maxima putantur onera paupertas et senectus.
[Cícero, De Senectute 5.14] A pobreza e a velhice são
consideradas as maiores cargas. ■ A pobreza é um fardo,
a velhice um hóspede inoportuno. VIDE: ● Duo quae
maxima putantur onera, paupertatem et senectutem.
● Senectus atque paupertas, duo sunt vulnera
immedicabilia.
682. Maxima quaeque domus servis est plena superbis.
[Juvenal, Satirae 5.66] Toda casa importante está cheia
de criados insolentes.
683. Maximae cuique fortunae minime credendum est.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.30] Quanto mais
favorável a sorte, menos devemos confiar nela.
■ Quanto maior é a ventura, tanto menos é segura.
684. Maximam illecebram esse peccandi, impunitatis
spem. [Cícero, Pro Milone 16.2] O maior estímulo para
cometer faltas é a esperança de impunidade. ■ A
impunidade convida ao crime. VIDE: ● Magna illecebra
est peccandi impunitatis spes.
685. Maximas respublicas ab adulescentibus labefactas,
a senibus sustentatas et restitutas. [Cícero, De
Senectute 6] Os maiores estados foram arruinados por
jovens, e sustentados e restabelecidos por velhos.
686. Maximas vero virtutes iacere omnes necesse est,
voluptate dominante. [Cícero, De Finibus 2.35.117]
As principais virtudes devem ser desprezadas quando o
prazer domina.
687. Maxime. Principalmente.
688. Maxime bellum affectant, qui, quid sit bellare
nunquam experti sunt. [Manúcio, Adagia 1100] Quem
mais deseja a guerra são aqueles que nunca
experimentaram o que seja guerrear. ■ Doce é a guerra
para quem não andou nela. ■ Bem parece a guerra a
quem está longe dela. VIDE: ● Bellum dulce inexpertis.
● Dulce bellum inexpertis. ● Dulce bellum inexpertis,
expertus metuit. ● Dulce bellum inexperto. ● Dulce
haud expertis est bellum. ● Inexpertis enim dulcis est
pugna.
689. Maxime commovent, quae contra spem
exspectationemque evenerunt. [Sêneca, De Ira 2.30]
Abalam-nos principalmente as coisas que acontecem
contra nossas esperanças e expectativas.
690. Maxime divitiis fruetur qui minime divitiis indiget.
[DAPR 231] Aproveitará muito mais as riquezas aquele
que menos sente falta delas. ■ A quem nada deseja nada
falta.
691. Maxime omnium teipsum revere. [Diógenes
Laércio / Bacon / Stevenson 2067] De todos, reverencia
principalmente a ti mesmo.
692. Maxime paci sunt contraria vis et iniuria. [Jur /
Black 1171] Os maiores inimigos da paz são a violência
e a injustiça. VIDE: ● Paci sunt maxime contraria vis et
iniuria.
693. Maximi pretii homo. Um homem de muito mérito.
694. Maximis occupati negotiis ad pusilla quaedam
connivent. [Grynaeus 131] As pessoas ocupadas com as
questões mais importantes fecham os olhos para as
questões menores. ■ As águias não caçam moscas.
■ Homem grande não desce a coisas baixas. VIDE:
● Animus excelsus res humiles despicit. ● Aquila non
venatur muscas. ● Aquila non capit muscas. ● Aquila
non captat muscas. ● Aquila non aucupatur muscas.
● De minimis non curat praetor. ● Elephantus non
capit murem, nec aquila muscas. ● Elephas murem
non capit. ● Minima non curat praetor. ● Summi viri
neglegunt minutula quaepiam.
695. Maximo periculo custoditur quod multis placet.
[Publílio Siro] Guarda-se com grande risco aquilo que
agrada a muitos.■ Quem tem mulher formosa, castelo na
fronteira e vinha na carreira, nunca lhe falta canseira.
■ Coisa muito desejada, não há como guardá-la. VIDE:
● Custoditur periculo quod placet multis. ● Difficile
est custodire quod multis placet. ● Difficile custoditur
quod plures amant. ● Magno cum periculo
custoditur, quod multis placet. ● Non facile solus
serves quod multis placet. ● Quod a multis petitur,
difficulter custoditur.
696. Maximum ergo solacium est cogitare id sibi
accidisse, quod omnes ante se passi sunt omnesque
passuri. [Sêneca, Ad Polybium 1.4] O maior consolo
para o homem é pensar que lhe aconteceu o que todos
antes dele passaram e que todos passarão depois dele.
697. Maximum est esse fidelem in minimis. É muito
importante ser fiel nas coisas pequenas.
698. Maximum hoc regni bonum est, quod facta domini
cogitur populus sui tam ferre, quam laudare.
[Sêneca, Thyestes 204] A grande vantagem da realeza é
que o povo é obrigado não só a suportar os atos do
senhor, mas também a louvá-los.
699. Maximum in eo vitium est, qui non vult melioribus
placere, sed pluribus. [DM 36] O pior defeito está
naquele que quer agradar, não aos melhores, mas à
maioria.
700. Maximum miraculum homo sapiens. O homem
sábio é o maior milagre.
701. Maximum ornamentum amicitiae tollit qui ex ea
tollit verecundiam. [Cícero, De Amicitia 22] Tira da
amizade o maior ornamento quem dela tira o pudor.
VIDE: ● Ornamentum amicitiae, verecundia.
702. Maximum remedium irae mora est. [Sêneca, De Ira
2.29.1] O tempo é o melhor remédio para a cólera. ■ O
tempo tudo amansa. ● Maximum remedium irae
dilatio est. [Sêneca, De Ira 3.12.4]
703. Maximum telum necessitas. [Binder, Thesaurus
1812] A necessidade é a arma mais poderosa.
704. Maximum vitae vitium est, quod imperfecta
semper est. [Sêneca, Epistulae Morales 101.8] O maior
defeito da vida é que ela é sempre incompleta.
705. Maximum vivendi impedimentum est exspectatio,
quae pendet ex crastino, perdit hodiernum. [Sêneca,
De Brevitate Vitae 9.1] O maior impedimento de viver é
a expectativa que fica ligada no amanhã, e perde o hoje.
706. Maximus e tenui scintilla nascitur ignis. De
pequena fagulha nasce fogo enorme. ■ Por pequena
brasa, arde grande casa. ■ De pequena fagulha, grande
labareda. ■ Um fósforo acaba um palácio. VIDE:
● Scintilla contempta excitat magnum incendium.
707. Maximus in minimis Deus. [Rezende 3408] Deus é
imenso até nas menores coisas.
708. Maximus magister populus. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 3.3] O povo é o maior mestre. ● Maximus
erroris populus magister. [Bacon / Black 1171] O
povo é o maior mestre do erro.
709. Maximus novator tempus. [Bacon, De
Innovationibus] O tempo é o maior renovador.
710. Maza esurienti auro et ebore carior. [Rezende
3410] Para o faminto o pão vale mais do que o ouro e o
marfim. (=Maza era bolo feito de leite e farinha). ■ O
dinheiro não mata fome. ● Maza, sive offa esurienti
homini carior et auro, et ebore. [Manúcio, Adagia
591] ● Maza esurienti auro carior. [Grynaeus 235]
VIDE: ● Anima esuriens et amarum pro dulci sumet.
● Viro esurienti maza auro et ebore gratior.
711. Me absentem percutiunt. [Binder, Thesaurus 1813]
Ferem-me quando estou ausente.
712. Me decuit fraudem pellere fraude pari. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 31.8] Para mim, o correto
foi repelir a artimanha com uma artimanha igual. VIDE:
● Decet fraudem pellere fraude pari. ● Fraus est
concessa repellere fraudem.
713. Me dolor et lacrimae merito fecere peritum.
[Propércio, Elegiae 1.9.7] A dor e as lágrimas com
razão me fizeram um homem experimentado.
714. Me duce tutus eris. [Ovídio, Ars Amatoria 2.58] Sob
minha direção estarás seguro.
715. Me fuisse fungum. [Plauto, Bacchides 283] Eu fui
um cogumelo. ■ Dei uma mancada.
716. Me ignaro. Sem eu saber.
717. Me invito. Sem eu querer.
718. Me ipsum ames oportet, non mea, si veri amici
futuri sumus. [Cícero, De Finibus 2.85] Se vamos ser
verdadeiros amigos, é preciso que gostes de mim, e não
da minha fortuna.
719. Me iudice. Sendo eu o juiz. Na minha opinião. VIDE:
● Iudice me. ● Meo animo. ● Mea sententia. ● Meo
arbitratu. ● Meo iudicio. ● Quantum arbitror. ● Sicut
arbitror. ● Ut arbitror.
720. Me litterulas stulti docuere parentes. [Marcial,
Epigrammata 9.73.7] Os tolos dos meus pais me
ensinaram a ler e escrever.
721. Me lumen, vos umbra regit. [Inscrição em quadrante
solar / Sweet 208] A mim é a luz que governa, a vós, a
sombra. ● Me lumen, vos umbra.
722. Me maiores pennas nido extendisse loqueris.
[Horácio, Epistulae 1.20.20] Dizes que eu estendi asas
maiores que o ninho. VIDE: ● Maiores pennas nido. ● Ne
pennas nido maiores extenderis. ● Pennas nido
maiores extendit.
723. Me, me adsum qui feci, in me convertite ferrum.
[Virgílio, Eneida 9.427] Fui eu, fui eu que fiz, voltai
contra mim essa espada.
724. Me mea delectant, te tua, quemque sua. [Binder,
Thesaurus 1814] A mim, agradam-me minhas coisas; a
ti, as tuas; a cada qual, as suas.
725. Me miser! Pobre de mim. VIDE: ● Infelix ego homo!
● Miser ego homo!
726. Me miseram, quod amor non est medicabilis
herbis. [Ovídio, Heroides 5.151] Pobre de mim, pois o
amor não pode ser curado com ervas. ■ Para o amor e
para a morte não há coisa forte. VIDE: ● Amor non est
medicabilis herbis.
727. Me mones, ut ea, quae agam, ad tempus
accommodem. [Cícero, Ad Atticum 11.21] Tu me
advertes que devo adaptar minhas ações ao tempo.
728. Me mortuo terra misceatur incendio. [Erasmo,
Adagia 1.3.80] Morto eu, que a terra se confunda num
incêndio. ■ Morto eu, morto o mundo. ■ Depois de mim,
o dilúvio. ■ Depois de morto, nem vinha, nem horto.
● Me mortuo conflagret humus incendiis. [Schottus,
Adagia 611]
729. Me non solum piget stultitiae meae, sed etiam
pudet. [Cícero, Pro Domo Sua 29] Minha estultícia não
só me entristece, mas até me envergonha.
730. Me omnino lapidem, non hominem putas.
[Terêncio, Hecyra 214] Tu me consideras uma pedra,
não um ser humano.
731. Me paenitet. Lamento.
732. Me pedibus delectat claudere verba. [Horácio,
Sermones 2.1.28] Dá-me prazer prender as palavras
dentro dos versos.
733. Me quoque dicunt vatem pastores; sed non ego
credulus illis. [Virgílio, Eclogae 9.33] Os pastores
dizem que também eu sou poeta, mas não acredito
neles. VIDE: ● Vatem me dicunt, sed non ego credulus
illis.
734. Me quasi pilam habet. [Binder, Thesaurus 1816] Ele
me tem como se eu fosse uma bola. ■ Ele faz de mim
gato-sapato.
735. Me raris iuvat auribus placere. [Marcial,
Epigrammata 2.86.12] Meu prazer é agradar a uns
poucos ouvidos seletos.
736. Me si fata meis paterentur ducere vitam auspiciis.
[Virgílio, Eneida 4.340] Se o destino me permitisse
conduzir a vida segundo meus desejos.
737. Me sub cultro linquit. [Horácio, Satirae 1.9.73] Ele
me deixa sob a faca. ■ Deixou-me nas pontas do touro.
738. Me tacito, intellegetis. [Branco 350] Calando-me eu,
entendereis. ■ Silêncio também é resposta.
739. Me tamen exstincto, fama superstes erit. [Ovídio,
Tristia 3.7.50] Mesmo depois de eu estar morto, minha
fama persistirá.
740. Me tamen urit amor; quis enim modus adsit
amori? [Virgílio, Eclogae 2.68] A mim, o amor me
atormenta; que limite então tem o amor?
741. Mea. Meus bens. Minha fortuna.
742. Mea autem Brasiliae magnitudo. [Divisa do brasão
de Joinville, Santa Catarina] A minha grandeza é
também a do Brasil.
743. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. [Do
Confiteor, na liturgia católica] Minha culpa, minha
culpa, minha maior culpa.
744. Mea est ultio. [Vulgata, Deuteronômio 32.35] A
vingança é minha. VIDE: ● Mihi vindicta, ego
retribuam.
745. Mea gloria fides. [Divisa] A fé é minha glória.
746. Mea, mater, mea, pater: lupus est filium tuum.
[Jogo de palavras / Georgin 117] Sai daqui, mãe, sai
daqui, pai: o lobo está comendo teu filho.
747. Mea mecum porto. Levo comigo todos os meus
bens. VIDE: ● Mecum mea sunt cuncta. ● Omnia bona
mecum sunt. ● Omnia mecum porto mea. ● Omnia
mea mecum porto. ● Omnia mea bona mecum sunt.
748. Mea mihi conscientia pluris est quam omnium
sermo. [Cícero, Ad Atticum 12.28.2] Minha
consciência é para mim mais importante do que a
palavra de todos.
749. Mea pila est. [Plauto, Truculentus 680] A bola é
minha. (=Eu é que fui beneficiado pela sorte).
750. Mea sententia. Na minha opinião. ● Mea opinione.
VIDE: ● Iudice me. ● Me iudice. ● Meo animo. ● Meo
arbitratu. ● Meo iudicio. ● Quantum arbitror. ● Sicut
arbitror. ● Ut arbitror.
751. Mea somnia narras. [Schottus, Adagia 599] Contas-
me os meus sonhos.
752. Mea virtute me involvo. [Horácio, Carmina 3.29.55]
Cubro-me com minha virtude.
753. Meam rem non cures, si recte facias. [Plauto,
Captivi 561] Farás melhor se não te meteres nos meus
negócios.
754. Mecum facile redeo in gratiam. [Fedro, Fabulae
5.3.6] Facilmente eu me reconcilio comigo mesmo.
755. Mecum habito, et novi quam sit mihi curta
supellex. Eu me conheço bem, e sei quão limitados são
meus recursos. VIDE: ● Tecum habita. ● Tecum habita,
et noris quam sit tibi curta supellex.
756. Mecum mea sunt cuncta. [Fedro, Fabulae 3.28.14]
Tudo que é meu está comigo. VIDE: ● Mea mecum
porto. ● Omnia mecum porto mea. ● Omnia mea
mecum porto. ● Omnia mea bona mecum sunt.
● Omnia bona mecum sunt.
757. Mecum tantum et cum libellis loquor. [Plínio
Moço, Epistulae 1.9.5] Só converso comigo e com meus
livros.
758. Mederi potest oratio iracundiae. A palavra pode
curar a ira. ■ Palavra mansa ira abranda.
759. Mederis aliis, ipse at ulceribus scates. [Schottus,
Adagia 605] Curas os outros, mas tu mesmo estás cheio
de feridas. ■ Casa de ferreiro, espeto de pau. VIDE:
● Aliis medens, ipse ulceribus scates. ● Aliis mederi
conantes, cum ipsi ulceribus scateant. ● Aliis
mederis, ipse plenus ulcerum. ● Aliorum medicus
ipse vulneribus scatens. ● Aliorum medicus, ipse
ulceribus scates.
760. Media concludendi. [Black 1171] Os meios para
chegar a um julgamento. As etapas de uma
argumentação.
761. Media in vita in morte sumus. [Stevenson 509] No
meio da vida estamos na morte. ● Media in vita
circumdamur morte. [Busarello 246] No meio da vida
estamos cercados pela morte.
762. Mediam viam elige. [Grynaeus 512] Escolhe a
estrada do meio.
763. Medianus homo. [Black 1174] Homem da classe
média.
764. Mediator Dei et hominum. [Vulgata, 1Timóteo 2.5]
O mediador entre Deus e os homens. (=Jesus Cristo).
765. Medicamenta stomachum fere laedunt. [Celso, De
Medicina 2.12.1] Os remédios geralmente irritam o
estômago.
766. Medicamentorum substantiis, non eorum
nominibus, morbos profligari. [Luís Nunes / Ramalho
162] As doenças se combatem com as substâncias dos
medicamentos, e não com os seus nomes.
767. Medice, cura te ipsum. [Vulgata, Lucas 4.23]
Médico, cura a ti mesmo. ● Medice, sana te ipsum.
[Schottus, Adagialia Sacra 71] ● Medice, tibi ipsi
medicus esto. [Manúcio, Adagia 610] Médico, sê teu
próprio médico. VIDE: ● Is bonus est medicus sua qui
sibi vulnera curat. ● Neque imitare malos medicos,
qui alienis morbis profitentur tenere se medicinae
scientiam, ipsi se curare non possunt.
768. Medici carnifices sub honesto nomine. [Binder,
Thesaurus 1818] Os médicos são carniceiros sob um
nome respeitável.
769. Medici quoque graviores morbos asperis remediis
curant. [Quinto Cúrcio, Historiae 5.9] Os médicos
tratam das doenças mais graves com remédios
violentos. ■ Grandes males exigem grandes remédios.
770. Medici quoque saepe falluntur. [Cícero, De Natura
Deorum 3.6] Até os médicos muitas vezes se enganam.
771. Medici tibi fiant haec tria: mens hilaris, et requies,
et moderata diaeta. [Maloux 131] Sejam médicos para
ti estes três: o espírito alegre, o repouso e a dieta
moderada. ■ Mais cura a dieta que a lanceta. VIDE: ● Si
tibi deficiant medici, medici fiant haec tria: mens
laeta, requies, moderata diaeta. ● Si tibi deficiant
medici, medici tibi fiant haec tria: mens hilaris,
labor, moderata diaeta.
772. Medici, ubi usitata remedia non procedunt,
tentant contraria. [Sêneca, De Clementia 9.6] Os
médicos, quando os remédios usuais não são eficazes,
experimentam os contrários.
773. Medicina animi. [Inscrição na entrada da biblioteca
do rei Osimândia, no Egito] O remédio do espírito.
● Medicina animi libri. Os livros são o remédio do
espírito. VIDE: ● Liber, medicina animi.
● Nutrimentum spiritus.
774. Medicina calamitatis est aequanimitas. [Publílio
Siro] O remédio do infortúnio é a equanimidade.
775. edicina forensis. [Jur] Medicina legal.
776. Medicina mortuorum sera est. [Quintiliano,
Declamatio 12.23] É tardio o remédio para os mortos.
■ Remédio só serve cedo. VIDE: ● Aedibus in cinerem
redactis sero infunditur aqua. ● Aegroto mortuo,
sero venit medicus.
777. Medicina sola miseriarum oblivio. [Publílio Siro] O
único remédio para os sofrimentos é o esquecimento.
778. Medicina soror philosophiae. [Tertuliano, De
Anima 2] A medicina é irmã da filosofia.
779. Medicina tota constat experimentis. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 2.5.9, adaptado] Toda a medicina é
feita de experiências.
780. Medicis occidentibus hereditatem meam reffero
acceptam. [Pereira 97] Atribuo a médicos matadores a
herança que recebi. ■ Avicena e ■ Galeno trazem a
minha casa o bem alheio.
781. Medico male est, si nemini male est. [Binder,
Thesaurus 1819] Mal vai ao médico, se não vai mal a
ninguém. ■ Quando o doente diz “ai”, o médico diz
“dai”. ● Medico nunquam bene est, nisi male sit aliis.
[Pereira 118] Para o médico as coisas só vão bem,
quando vão mal paraos outros. VIDE: ● Heu quam habet
male omnis medicus, cum nemo sese habet male.
● Male habebit medicus, nemo si male habuerit.
● Male se habet medicus, cum nemo se male habet.
782. Medico, patrono et confessario dic verum libere.
[DAPR 277] Ao médico, ao advogado e ao confessor
dize a verdade com liberdade. ■ Ao médico, ao letrado e
ao abade, falar verdade. VIDE: ● Abbati, medico,
patronoque intima pande.
783. Medicorum errata terra tegit. ■ Os erros dos
médicos, a terra os cobre. Medicorum errata terra
tegit, industriam sol illustrat. Os erros dos médicos, a
terra os cobre, a sua competência, o sol ilumina. VIDE:
● Errores medicorum terra tegit.
784. Medicorum nutrix est intemperantia. [Publílio
Siro] É a intemperança que alimenta os médicos.
■ Cozinha refinada leva à farmácia. VIDE:
● Intemperantia est medicorum nutrix.
785. Medicum superas una littera. [Albertatius 754]
Superas o médico com uma única letra. (=Trata-se de
um jogo de palavras. A palavra mendicus, mendigo,
tem uma letra, n, mais do que a palavra medicus,
médico).
786. Medicus curat, natura sanat. [DAPR 771] O
médico trata, a natureza cura. ■ O médico dá o remédio,
a natureza cura. Deus é que sara, e o mestre leva a
prata. VIDE: ● Natura morborum medicatrix. ● Natura
sanat, medicus curat.
787. Medicus enim nihil aliud est quam animi
consolatio. [Petrônio, Satiricon 42.5] O médico, na
verdade, nada mais é do que um consolo para o nosso
espírito.
788. Medicus garrulus aegrotanti secundus morbus est.
Médico falador é uma segunda doença para o doente.
789. Medicus morbum ingravescentem ratione
providet, insidias imperator, tempestates
gubernator; et tamen hi ipsi saepe falluntur qui nihil
sine certa ratione opinantur. [Cícero, De Divinatione
2.6] O médico prevê a doença que se agrava, o general
prevê a emboscada do inimigo, o piloto prevê as
tempestades, e, no entanto, eles mesmo, que nada
decidem sem fundamento na razão, com freqüência se
enganam.
790. Medicus quandoque sanat, saepe lenit, et semper
solacium est. [Rezende 3422] O médico às vezes cura,
muitas vezes alivia e sempre consola.
791. Mediis sitiens in undis. Passa sede no meio das
águas. ● Mediis sitiemus in undis. [Ovídio,
Metamorphoses 9.761] Passaremos sede entre as ondas.
792. Medio de fonte leporum surgit amari aliquid.
[Lucrécio, De Rerum Natura 4.1136] Da própria fonte
dos prazeres sempre aparece alguma amargura. ■ Não há
prazer sem amargura.
793. Medio flumine quaeris aquam. [Propércio, Elegiae
1.9.16] Procuras água no meio do rio. ■ Estás na aldeia
e não vês as casas. VIDE: ● In mari aquam quaeris.
● Nunc tu insanus medio flumine quaeris aquam.
● Per mare quaeris aquam.
794. Medio foro. No meio da praça.
795. Medio maxima turba mari est. [Propércio, Elegiae
3.3.24] É no meio do oceano que acontece a grande
tempestade.
796. Medio tutissimus ibis. [Ovídio, Metamorphoses
2.137] Pelo meio caminharás com muita segurança.
■ Ide pelo meio e não caireis. ■ Nem tanto ao mar, nem
tanto à terra. ■ Nem tanto, nem tão pouco. VIDE: ● In
medio tutissimus ibis. ● Medius locus semper tutus.
● Tutissima fere per medium via.
797. Medio ut limite curras, moneo. [Ovídio,
Metamorphoses 8.202] Aconselho-te seguires pelo meio
da estrada.
798. Mediocria firma. [Divisa] As coisas moderadas são
seguras. VIDE: ● In medio spacio mediocria firma
locantur.
799. Mediocribus esse poëtis non homines, non di, non
concessere columnae. [Horácio, Ars Poetica 372] Nem
os homens, nem os deuses, nem as colunas permitiram
que os poetas fossem medíocres. (=Nas colunas os
livreiros anunciavam os livros).
800. Mediocritas optima est. [Cleóbulo / Cícero, De
Officiis 1.130] A moderação é coisa muito boa.
801. Mediocritatem illam tene, quae est inter nimium et
parum. [Cícero, De Officiis 1.89, adaptado] Mantém
sempre aquela moderação que fica entre o excesso e a
escassez. ■ Nem tanto, nem tão pouco. ■ Nem muito ao
mar, nem muito à terra.
802. Meditatio fugae. [Jur / Black 1174] Intuito de fuga.
Intenção de esconder.
803. Meditationem posse totum. A reflexão tudo pode.
● Meditatio totum potest.
804. Medium tenuere beati. [Tosi 1756] Os bem-
aventurados seguiram o caminho do meio.
805. Medius locus semper tutus. A situação média é
sempre segura. ■ Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
VIDE: ● In medio tutissimus ibis. ● Medio tutissimus
ibis. ● Tutissima fere per medium via.
806. Megaram usque tecum navigabo. [Bivar 477]
Navegarei contigo até Mégara. ■ Seguir-te-ei até ao
cabo do mundo. VIDE: ● Ad Herculis columnas te
sequar.
807. Meis me coloribus esse pingendum. [S.Jerônimo, In
Rufinum] Devo pintar-me com minhas tintas.
808. Mel in ore, fel in corde. [DAPR 448] ■ Mel nos
beiços, fel no coração. ■ Boca de mel, coração de fel.
■ Boas palavras, maus bofes. ■ Cruz na boca, o diabo no
coração. ● Mel in ore, verba lactis; fel in corde, fraus
in factis. [Rezende 3427] Mel na boca, palavras de
leite; fel no coração, engano nas ações. VIDE: ● Amicus
fronte, hostis pectore. ● Aurea verba, cor ferreum.
● In melle sunt linguae sitae vestrae, atque corda in
felle sunt sitae. ● Lingua mellis, cor fellis. ● Mella sub
ore tenent, corde venena fovent. ● Multis annis iam
peractis, nulla fides est in pactis, mel in ore, verba
lactis, fel in corde, fraus in actis.
809. Mel invenisti: comede quod sufficit tibi. [Vulgata,
Provérbios 25.16] Achaste mel: come o que te basta.
■ Mel se achaste, come o que baste.
810. Mel mihi videor lingere. [Plauto, Casina 348] Sinto
como se estivesse comendo mel.
811. Mel nimium saturo muri censetur amarum.
[Eiselein 456] Para o rato farto, o mel parece amargo.
■ A homem farto, as cerejas lhe amargam. ■ Barriga
cheia, goiabada tem mofo. VIDE: ● Cibi copia fastidium
parit. ● Mus satur insipidam deiudicat esse farinam.
812. Mel nulli sine felle datur. [Binder, Thesaurus 1826]
A ninguém é dado o mel sem fel. ■ Não há mel sem fel.
813. Mel satietatem gignit. [Grynaeus 512] O mel causa
fastio. ■ O que é de mais enjoa.
814. Melior enim est temporalis felicitas quam misera
aeternitas. [S.Agostinho, De Civitate Dei 8.16.4] Mais
vale uma felicidade temporária que uma eternidade
desgraçada. ■ Mais vale uma hora vermelho que
amarelo toda a vida.
815. Melior est amicus in platea quam aurum in cista. É
melhor amigo na praça que dinheiro na caixa. ■ Mais
vale amigo na praça que dinheiro na caixa. VIDE:
● Nummis praestat carere quam amicis. ● Plus valet
in vico bene fidus amicus amico, quam nummis
plena de quolibet aere crumena. ● Utilior prorsus per
iter tibi fidus amicus quam sint in loculis plurima
lucra tuis.
816. Melior est amicus propinquus, quam frater
longinquus. Melhor é o amigo ao pé do que o irmão ao
longe. ■ Mais vale amigo próximo que parente afastado.
VIDE: ● Melior est vicinus iuxta, quam frater procul.
817. Melior est avis in manu quam decem in aere.
[Bebel, Adagia Germanica] É melhor um pássaro na
mão do que dez no ar. ■ Mais vale um pássaro na mão
do que dois voando. VIDE: ● Capta avis est pluris quam
mille in gramine ruris. ● Est avis in dextra melior
quam quattuor extra. ● Est avis in reti melior grege
quoque volanti. ● Plus valet in manibus avis unica
quam dupla in silvis. ● Plus valet in manibus avis
unica fronde duabus. ● Plus valet in manibus passer
quam sub dubio grus. ● Una avis in dextra melior
quam quattuor extra. ● Una avis in laqueo plus valet
octo vagis.
818. Melior est bellicosa libertas quam servitus
pacifica. [Divisa da cidade de Nimega, Holanda] É
preferível uma liberdade belicosa a uma servidão
pacífica. VIDE: ● Malo periculosam libertatem quam
quietam servitutem. ● Malo periculosam libertatem
quam quietum servitium. ● Potior periculosa libertas
quieto servitio.
819. Melior est buccella sicca cum gaudio, quam domus
plena victimis cum iurgio. [Vulgata, Provérbios 17.1]
Um bocadinho de pão seco com alegria vale mais do
que uma casa cheia de vítimas com pelejas. ■ Antes
pobre sossegado que rico atrapalhado.
820. Melior est canis vivus leone mortuo. [Vulgata,
Eclesiastes 9.4] É melhor um cão vivo do que um leão
morto. ■ Mais vale cão vivo que leão morto. ■ Mais vale
um jumento vivo do que um filósofo morto. ■ Antes
burro vivo que sábio morto. ● Melior est canis vivens
leone mortuo. VIDE: ● Canis vivens potior est leone
mortuo.
821. Melior est causa possidentis. [Jur / Black 1175] É
preferível a causa de quem tem a posse.
822. Melior est certa pax quam sperata victoria. É
melhor a paz garantida que a vitória esperada. ■ Mais
vale má avença que boa sentença. ● Melior est certa
pax quam sperata victoria; illa in tua, haec in
deorum manu est. É melhor a paz garantida que a
vitória esperada; aquela está nas tuas mãos, esta, na mão
dos deuses. VIDE: ● Certa pax melior est quam incerta
victoria. ● Melior est tuta pax quam sperata victoria.
● Melior tutiorque est certa pax quam sperata
victoria. ● Melior tutiorque est certa pax quam
sperata victoria; haec in tua, illa in deorum manu
est. ● Tutior est certa pax quam sperata victoria.
● Tutior est pax quam spectata victoria; haec est in
fortunae manu, illa in nostra.
823. Melior est commiseratione invidentia. [Heródoto /
Grynaeus 424] É melhor a inveja do que a comiseração.
■ Mais vale ser invejado do que lamentado. ■ Antes
invejado que lastimado. VIDE: ● Invidiosum esse
praestat quam miserabilem. ● Malo invidiam, quam
misericordiam. ● Praestat invidiosum esse quam
miserabilem. ● Praestat invidiosum esse quam
miserandum. ● Praestat invidos habere quam
misericordiam. ● Praestat invidos habere quam
misericordes. ● Melius invideri quam misereri.
824. Melior est condicio defendentis. [Jur / Broom 559]
É favorecida a condição do acusado.
825. Melior est condicio possidentis, et rei quam
actoris. [Jur / Black 1175] É melhor a condição de
quem tem a posse, e do réu do que a do autor.
826. Melior est condicio possidentis ubi neuter ius
habet. [Jur / Black 1175] Quando nenhuma das partes
tem o direito, é melhor a condição de quem tem a posse.
827. Melior est dies mortis die nativitatis. [Vulgata,
Eclesiastes 7.2] É melhor o dia da morte do que o dia do
nascimento.
828. Melior est finis orationis quam principium.
[Vulgata, Eclesiastes 7.9] É melhor o fim do discurso do
que o princípio.
829. Melior est gradus lentior per iter rectum, quam
velocitas festina per devium. [S.Leão, Papa, Sermo de
Pentecoste / Rezende 3429] É melhor um passo lento
por caminho reto do que muita velocidade fora do
caminho.
830. Melior est inimicitia sapientis quam amicitia
insipientis. [Petrus Alphonsus, Disciplina Clericalis, De
Sapientia] É melhor a inimizade do sábio que a amizade
do ignorante. ■ Antes inimigo sabedor que amigo
ignorante.
831. Melior est iustitia vere praeveniens quam severe
puniens. [Jur / Black 1175] Melhor é a justiça que
previne do que aquela que pune severamente.
832. Melior est manifesta correptio quam amor
absconditus. [Vulgata, Provérbios 27.5] Melhor é a
correção manifesta do que o amor escondido.
833. Melior est mors quam vita amara. [Vulgata,
Eclesiástico 30.17] Melhor é a morte do que a vida
amargurada. ■ Mais vale morte que má sorte.
834. Melior est patiens arrogante. [Vulgata, Eclesiastes
7.9] Melhor é o homem paciente do que o arrogante.
835. Melior est patiens viro forti, et qui dominatur
animo suo expugnatore urbium. [Vulgata, Provérbios
16.32] Vale mais o homem paciente do que o forte, e o
que domina o seu ânimo do que o expugnador de
cidades.
836. Melior est pauper et sufficiens sibi, quam gloriosus
et indigens pane. [Vulgata, Provérbios 12.9] Mais vale
o pobre que tem o que lhe basta, do que o jactancioso e
necessitado de pão.
837. Melior est pauper quam vir mendax. [Vulgata,
Provérbios 19.22] Melhor é o pobre do que o homem
mentiroso.
838. Melior est pauper sanus, et fortis viribus, quam
dives imbecillis et flagellatus malitia. [Vulgata,
Eclesiástico 30.14] Um pobre são e cheio de força vale
mais do que um rico fraco e atormentado de doenças.
839. Melior est puer pauper, et sapiens, rege sene et
stulto. [Vulgata, Eclesiastes 4.13] Melhor é um moço
pobre e sábio do que um rei velho e insensato.
840. Melior est pugillus cum requie quam plena
utraque manus cum labore et afflictione. [Vulgata,
Eclesiastes 4.6] Mais vale um punhadinho com
descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e
aflição do ânimo.
841. Melior est res quam spes. Mais vale fato do que
esperança. ■ Mais vale um toma que dois te darei.
842. Melior est sapientia quam arma bellica. [Vulgata,
Eclesiastes 9.18] Melhor é a sabedoria do que as armas
de guerra.
843. Melior est sapientia quam vires. [Vulgata,
Sabedoria 6.1] A sabedoria é melhor do que a força.
■ Mais vale sabedoria que força.
844. Melior est tuta pax quam sperata victoria. [Pereira
110] É melhor a paz garantida que a vitória esperada.
■ Não troques o certo pelo duvidoso. ■ Mais vale má
avença que boa sentença. VIDE: ● Certa pax melior est
quam incerta victoria. ● Melior est certa pax quam
sperata victoria; illa in tua, haec in deorum manu
est. ● Melior tutiorque est certa pax quam sperata
victoria. ● Tutior est certa pax quam sperata
victoria. ● Tutior est pax quam spectata victoria;
haec est in fortunae manu, illa in nostra.
845. Melior est una victoria tuta quam duae speratae.
[Pereira 110] É melhor uma vitória garantida do que
duas esperadas. ■ Melhor é um passarinho na mão que
dois que voando vão.
846. Melior est vicinus iuxta, quam frater procul.
[Vulgata, Provérbios 27.10] Melhor é o vizinho ao pé
do que o irmão ao longe. ■ Mais vale amigo próximo
que parente afastado. VIDE: ● Melior est amicus
propinquus, quam frater longinquus.● Proximus est
melior vicinus fratre remoto. ● Utilior praesto
vicinus fratre remoto.
847. Melior est victus pauperis sub tegmine asserum
quam epulae splendidae in peregre sine domicilio.
[Vulgata, Eclesiástico 29.29] Melhor é uma comida de
pobre debaixo de um telhado de paus do que um festim
magnífico em terra estranha, sem domicílio próprio.
848. Melior est vox operis, quam vox oris. É melhor a
voz das obras do que a voz da boca. ■ Obras falam,
palavras calam. ■ Obras são amores, e não palavras
doces. ■ Mais obras e menos palavras. VIDE: ● Claret
amor factis; dulcia verba volant. ● Efficacior vox
operis quam sermonis. ● Validior vox operis, quam
oris.
849. Melior quanto sors tua sorte mea! [Ovídio, Amores
1.6.46; Fastus 4.5.20; Trisjtia 5.4.4] Como tua sorte é
melhor que a minha! VIDE: ● Heu melior quanto sors
tua sorte mea!
850. Melior tutiorque est certa pax quam sperata
victoria. É melhor e mais segura a paz certa do que a
vitória esperada. ■ Mais vale má avença que boa
sentença. ● Melior tutiorque est certa pax quam
sperata victoria; haec in tua, illa in deorum manu
est. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.30.19] É melhor é
mais garantida a paz certa do que a vitória provável;
aquela está nas tuas mãos, esta está nas mãos dos
deuses. VIDE: ● Certa pax melior est quam incerta
victoria. ● Melior est certa pax quam sperata
victoria; illa in tua, haec in deorum manu est.
● Melior est tuta pax quam sperata victoria. ● Tutior
est certa pax quam sperata victoria. ● Tutior est pax
quam spectata victoria; haec est in fortunae manu,
illa in nostra.
851. Meliora latent. [Divisa / Rezende 3428] As melhores
coisas ficam escondidas.
852. Meliora nancisci auspicia. [Apostólio 3.2] Perceber
melhores pesságios. ● Meliores nancisci aves. [Erasmo,
Adagia 2.7.20]
853. Meliora sunt ea quae natura quam illa quae arte
perfecta sunt. [Cícero, De Natura Deorum 2.87] São
melhores as coisas realizadas pela natureza do que as
realizadas pela arte.
854. Meliora sunt vulnera diligentis quam fraudulenta
oscula odientis. [Vulgata, Provérbios 27.6] Melhores
são as feridas feitas pelo que ama do que os beijos
fraudulentos do que quer mal. ■ Coices de égua, amor
para o rocim. ● Meliora vulnera diligentis quam
oscula blandientis. Melhores são as feridas feitas por
quem nos ama do que os beijos do lisonjeador.
● Meliores amicorum contentiones quam inimicorum
blanditiae. Melhores são as brigas dos amigos que as
lisonjas dos inimigos. VIDE: ● Fidelia vulnera amantis,
sed dolosa oscula malignantis.
855. Meliorem praesto magistro discipulum. [Juvenal,
Satirae 14.212] Eis um aluno que superou o mestre.
856. Meliores priores. Os melhores em primeiro lugar.
857. Melioribus annis. [Virgílio, Eneida 6.649] Em
tempos mais ditosos.
858. Melioribus utere fatis. [Virgílio, Eneida 6.546]
Aproveita a melhor sorte. ■ Que tenhas uma boa sorte.
■ Que sejas feliz.
859. Melius aliquam partem, quam nullam, attingere.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 1.93] Mais vale
conseguir apenas uma parte do que não conseguir nada.
■ Antes pouco que nada.
860. Melius beneficiis imperium custodiatur quam
armis. [Sêneca, Ad Polybium 12.3] Defende-se melhor
o poder por meio de benefícios do que por meio de
armas. ■ Mais se tira com amor que com dor.
861. Melius canet gallus colluto gutture. [Erasmo,
Coloquia Familiaria, Ludus Globorum Missilium] Com
a garganta limpa, o galo cantará melhor. VIDE:
● Cantabit melius colluto guttere gallus.
862. Melius cras forsan habebit. [Manúcio, Adagia 789]
Talvez o amanhã terá coisa melhor. ■ Tempos melhores
virão. ■ O dia mau é véspera do bom. ■ Amanhã será
outro dia. ■ Não há mal que sempre dure. ● Melius cras
forsan erit res. Talvez amanhã a coisa será melhor.
VIDE: ● Sperandum est: melior cras forsan erit res.
863. Melius de quibusdam acerbos inimicos mereri,
quam eos amicos, qui dulces videantur: illos verum
saepe dicere, hos nunquam. [Catão / Cícero, De
Amicitia 24.90] Inimigos acerbos são mais úteis a
algumas pessoas do que amigos que eles julgam gentis:
aqueles sempre dizem a verdade, estes nunca.
864. Melius duo defendunt retinacula navim.
[Propércio, Elegiae 2.22.41] Dois cabos protegem
melhor o navio. VIDE: ● Ancoris duabus niti ratem
bonum est. ● Bonum est duabus ancoris niti ratem.
● Bonum est duabus fundari navem ancoris.
● Duabus nititur ancoris. ● Duabus ancoris fultus.
● Fortius astringunt duo vincula, simplice nodo.
● Navis tua fulta est duabus ancoris. ● Servari haud
una navis ancora solet.
865. Melius esset peccata cavere quam mortem fugere.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.23.7] Seria
melhor evitar o pecado do que fugir à morte.
866. Melius est a sapiente corripi quam stultorum
adulatione decipi. [Vulgata, Eclesiastes 7.6] Melhor é
ser repreendido pelo sábio, do que ser enganado pela
adulação dos insensatos. ■ Antes ser repreendido de
quem quer bem que ser louvado do adulador. VIDE:
● Magis amat obiurgator sanans quam adulator
unguens caput.
867. Melius est abundare quam deficere. [Rezende
3434] ■ Antes sobrar do que faltar. ■ Antes de mais que
de menos.
868. Melius est ante tempus occurrere quam post
remedium quaerere. É melhor atacar antes do tempo
que procurar remédio depois. ■ É melhor prevenir do
que remediar. ● Melius ante tempus occurrere quam
tardatum remedium quaerere post ruinam.
[Clemente 4o, Epistulae 277] É melhor enfrentar antes
do tempo que procurar remédio atrasado depois da
queda. ● Melius est ante tempus occurrere quam post
inflicta vulnera remedium invenire. [Gregório 9º] É
melhor enfrentar antes do tempo que procurar remédio
depois que as feridas foram feitas. VIDE: ● Melius est
intacta iura servare, quam post vulneratam causam
remedium quaerere. ● Melius et utilius in tempore
occurrere, quam post causam vulneratam quaerere
remedium.
869. Melius est bene vinci, quam male vincere. [S.Beda,
Proverbiorum Liber] É melhor ser vencido
honestamente do que vencer desonestamente.
870. Melius est cavere semper, quam patiri semel. É
melhor sempre tomar cuidado que sofrer uma única vez.
■ Antes de morder, vê com atenção se é pedra ou se é
pão.
871. Melius est clarum fieri quam nasci. [Axel de
Oxenstiern / Rezende 3435] Vale mais tornar-se ilustre
do que nascer ilustre. ■ É melhor ser bom do que de boa
raça. VIDE: ● Virtutem, si vis nobile esse, cole.
872. Melius est corpus validum quam census immensus.
[Vulgata, Eclesiástico 30.15] É melhor um corpo
robusto do que uma fortuna imensa. ■ Mais vale saúde
boa que pesada bolsa.
873. Melius est dare quam accipere. [Signoriello 208] É
melhor dar do que receber. ■ Antes dar a ruins que pedir
a bons. VIDE: ● Dare melius est quam accipere.
● Ditare quam ditescere est regium.
874. Melius est diabolum hostem quam hospitem
habere. É melhor ter o diabo como inimigo do que
como hóspede.
875. Melius est discessura nobis bona quam nulla
contingere. [Sêneca, Ad Marciam 12.3] É melhor para
nós conseguirmos bens que nos vão deixar do que não
conseguir nada.
876. Melius est emere care quam nihil emendum ad
opus invenire. [VES 69] É melhor comprar caro do
que, na necessidade, não encontrar nada para comprar.
877. Melius est enim arare quam saltare. [S.Agostinho,
In Salmum 91, 2] Melhor é arar que dançar.
878. Melius est enim minus egere quam plus habere.
[RSA 18] É melhor sentir menos falta do que possuir
mais. ■ Mais rico é o que nada deseja que o que muito
possui. ■ Rico é o que se contenta com pouco.
879. Melius est enim mori quam indigere. [Vulgata,
Eclesiástico 40.29] É melhor morrer do que mendigar.
880. Melius est enim nubere quam uri. [Vulgata,
1Coríntios 7.9] Melhor é casar-se do que abrasar-se. ■ É
melhor casar que arder. VIDE: ● Qui se continere non
potest, habeat uxorem suam. ● Si non se continent,
nubant.
881. Melius est ergo duos esse simul, quam unum.
[Vulgata, Eclesiastes 4.9] Melhor é, pois, estarem dois
juntos do que estar um só.
882. Melius est esse quam non esse. [S.Boaventura,
Itinerarium Mentis In Deum 6.2] É melhor existir que
não existir.
883. Melius est esse stultum, quam esse insolentem, et
superbum. [S.João Crisóstomo / Bernardes, Luz e
Calor 1.99] Melhor é ser néscio do que insolente e
soberbo.
884. Melius est habitare in terra deserta quam cum
muliere rixosa et iracunda. [Vulgata, Provérbios
21.19] É melhor morar numa terra deserta do que com
uma mulher briguenta e mal-humorada.
885. Melius est habere quam avere. É melhor ter do que
desejar. VIDE: ● Praestat possidere quam persequi.
886. Melius est honeste mori quam turpiter vivere. É
melhor morrer honestamente do que viver
vergonhosamente. ■ Antes morte que vergonha. VIDE:
● Bene mori praestat quam turpiter vivere. ● Satius
est honeste mori quam turpiter vivere. ● Se bene
mori quam turpiter vivere maluit.
887. Melius est humiliari cum mitibus quam dividere
spolia cum superbis. [Vulgata, Provérbios 16.19] Mais
vale ser humilhado com os mansos do que repartir
despojos com os soberbos.
888. Melius est impune delictum relinquere quam
innocentem damnare. É melhor deixar impune um
crime que condenar um inocente. VIDE: ● Absolvere
nocentem satius est quam condemnare innocentem.
● In multis rebus melius est nocentem absolvere
quam innocentem damnare. ● Levius est nocentem
absolvere quam innocentem condemnare.
● Nocentem absolvere satius est quam innocentem
damnare. ● Satius est impunitum relinqui facinus
nocentis quam innocentem damnari.
889. Melius est iniuriam accipere quam facere. É
melhor sofrer uma injustiça do que praticá-la. ■ Antes
sofrer o mal do que fazê-lo. VIDE: ● Accipere quam
facere praestat iniuriam. ● Accipias praestat quam
inferas iniuriam. ● Facere iniuriam peius est quam
pati.
890. Melius est intacta iura servare, quam post
vulneratam causam remedium quaerere. [Codex
Iustiniani 2.40.5.1] É melhor proteger os direitos
intactos do que procurar remédio depois que eles foram
violados. VIDE: ● Melius est ante tempus occurrere
quam post remedium quaerere. ● Melius et utilius in
tempore occurrere, quam post causam vulneratam
quaerere remedium.
891. Melius est ire ad domum luctus quam ad domum
convivii. [Vulgata, Eclesiastes 7.3] Melhor é ir à casa
que está de luto do que ir à casa onde se dá banquete.
892. Melius est ius deficiens quam ius incertum. [Jur /
Black 1176] Melhor é a lei deficiente do que a lei
incerta.
893. Melius est liberos plorare quam parentes.
[Busarello 174] Melhor é que chorem os filhos do que
os pais. ■ Se há de mais tarde chorar o pai, chore agora
o filho. VIDE: ● Melius est ut pueri fleant quam senes.
894. Melius est modica amaritudo in faucibus, quam
aeternum tormentum in visceribus. [S.Agostinho,
Sermo 9] É melhor uma pequena amargura na garganta
do que um tormento eterno nas vísceras.
895. Melius est modicum iusto, super divitias
peccatorum multas. [Vulgata, Salmos 36.16] Mais vale
um pouco a um justo, do que as muits riquezas aos
pecadores.
896. Melius est mori quam sibi vivere. Melhor é morrer
do que viver só para si.
897. Melius est nomen bonum quam divitiae multae.
[Vulgata, Provérbios 22.1] Mais vale um bom nome do
que muitas riquezas. ■ Vale mais crédito do que
dinheiro. ■ Mais vale crédito na praça do que dinheiro
em caixa. ■ Mais vale reputação boa do que fazenda
muita. VIDE: ● Bona existimatio pecuniis praestat.
● Bona opinio hominum tutior pecunia est. ● Honesta
fama est alterum patrimonium. ● Honestus rumor
alterum est patrimonium. ● Nomen bonum melius est
quam divitiae multae. ● Plus valet bonum nomen,
quam divitiae multae. ● Praeclarior est bona
existimatio quam pecunia. ● Si bona existimatio
divitiis praestat.
898. Melius est nomen bonum quam unguenta pretiosa.
[Vulgata, Eclesiastes 7.2] Melhor é o bom nome do que
bálsamos preciosos.
899. Melius est non alere, quam fame necare alitum.
[Rezende 3445] É melhor não criar do que matar de
fome o que se criou.
900. Melius est non incipere quam desinere. É melhor
não começar do que desistir. ■ Antes não começar do
que não acabar. ■ Para não acabar, é melhor não
começar. VIDE: ● Aut non rem tentes aut perfice. ● Aut
nunquam tentes, aut perfice. ● Aut non tentares, aut
perfice. ● Melius non incipient, quam desinent. ● Ne
tentes aut perfice. ● Non inchoanda sunt, quae
nequeunt perfici.
901. Melius est non vovere, quam post votum promissa
non reddere. [Vulgata, Eclesiastes 5.4] É melhor não
fazer voto do que, depois de o fazer, não cumprir o
prometido.
902. Melius est omnia mala pati quam malo consentire.
[Jur / Black 1176] É melhor suportar todos os males do
que concordar com o mal. ■ Antes sofrer o mal do que
praticá-lo. VIDE: ● Mala omnia pati melius quam malo
consentire. ● Potius quaelibet mala tolerare quam
malo consentire.
903. Melius est paenitenda non facere, quam
paenitentiam agere. É melhor não praticar a má ação
do que arrepender-se de tê-la praticado.
904. Melius est parum cum iustitia, quam multi fructus
cum iniquitate. [Vulgata, Provérbios 16.8] É melhor
pouco com justiça do que muitos frutos com iniqüidade.
905. Melius est pauca caute agere, quam multis
interesse periculose. É melhor fazer poucas coisas com
cautela, do que participar de muitas com risco. ■ Melhor
é a cautela do pouco do que o perigo do muito.
906. Melius est pauca dividere quam tota perdere. É
melhor dividir o pouco do que perder tudo. ■ Antes
pouco do que nada. ■ Vão-se os anéis, ficam os dedos.
907. Melius est pede quam labi lingua. [DAPR 519]
■ Antes escorregar do pé do que da língua.
908. Melius est petere fontes quam sectari rivulos.
[Black 1176] Melhor é ir diretamente às fontes que
seguir regatos.
909. Melius est pisciculos cepisse, quam desidia omnino
torpere. [Bebel, Adagia Germanica] É melhor ter
pescado peixinhos do que, por preguiça, ficar
completamente inativo. ■ Antes pouco que nada.
910. Melius est praevenire, quam praeveniri. É melhor
se antecipar do que ficar para trás. VIDE: ● Prodest
cautela plus quam postrema querela. ● Venienti
occurrite morbo.
911. Melius est quidquam possideri quam nihil.
[Publílio Siro] É melhor que se tenha um pouco do que
não se tenha nada. ■ Antes pouco do que nada. ● Melius
est quidquam possideri quam nihil habere. [Binder,
Medulla 967] VIDE: ● Melius putatur aliquam partem
quam nullam attingere.
912. Melius est recurrere quam male currere. [Jur /
Black 1176] É melhor recuar do que seguir por caminho
errado. ● Melius est regredi quam male coepta sequi.
[Binder, Medulla 968] Melhor é recuar do que continuar
coisa que começou mal. VIDE: ● Satius est recurrere,
quam currere male.
913. Melius est sedere in angulo domatis, quam cum
muliere litigiosa et in domo communi. [Vulgata,
Provérbios 25.24] É melhor habitar a um canto do
terraço do que viver com mulher litigiosa em casa
espaçosa.
914. Melius est sensum magis quam verba amplecti.
[Ulpiano, Digesta 34.4.3.9] É melhor ater-se ao sentido
que às palavras.
915. Melius est sistere gradus, quam progredi per
tenebras. [Rezende 3442] É melhor parar a caminhada
do que avançar nas trevas.
916. Melius est sobrium esse, quam crapulari.
[Schrevelius 1173] Antes estar sóbrio que bêbedo.
917. Melius est ut pueri fleant quam senes. [Bebel,
Adagia Germanica] É melhor que chorem os meninos
do que os velhos. ■ Se há de mais tarde chorar o pai,
chore agora o filho. VIDE: ● Melius est liberos plorare
quam parentes.
918. Melius est videre quod cupias, quam desiderare
quod nescias. [Vulgata, Eclesiastes 6.9] Melhor é ver o
que se deseja do que desejar o que se ignora.
919. Melius est vocari ad olera cum caritate quam ad
vitulum saginatum cum odio. [Vulgata, Provérbios
15.17] Mais vale ser chamado com afeto a comer umas
ervas do que comer um gordo novilho com desamor.
920. Melius et utilius in tempore occurrere, quam post
causam vulneratam quaerere remedium. [De
Bracton, De Legibus 5.10] É melhor e mais útil
enfrentar o problema na hora do que procurar remédio
depois de causado o dano. ■ É melhor prevenir do que
remediar. ■ Antes que o mal cresça, corte-se-lhe a
cabeça. VIDE: ● Melius est ante tempus occurrere
quam post remedium quaerere. ● Melius est intacta
iura servare, quam post vulneratam causam
remedium quaerere.
921. Melius fecerit qui fugiens effugerit malum, quam
qui captus fuerit. [Homero, Ilíada 14.80] Melhor faz
quem fugindo escapa do perigo do que quem é
apanhado.
922. Melius frangi quam flecti. [Pensées d'Oxenstirn
1.120] ■ Antes quebrar que dobrar. ● Melius flecti
quam frangi. ■ Antes dobrar que quebrar. VIDE:
● Potius frangi quam flecti.
923. Melius fuit occisis gladio quam interfectis fame.
[Vulgata, Lamentações 4.9] Melhor lhes foi aos mortos
à espada do que aos mortos de fome.
924. Melius habent mercede delinquere quam gratis
recte facere. [Salústio, Oratio Macri] Preferem deixar-
se subornar para fazer mal a fazer o bem gratuitamente.
925. Melius homines exemplis docentur. [Plínio Moço,
Panegyricus 45] Ensinam-se os homem melhor por
meio de exemplos. ■ Mais vale o exemplo do que a
doutrina. VIDE: ● Exempla, magis quam verba,
movent. ● Longum iter per praecepta, breve et
efficax per exempla. ● Magis movent exempla quam
verba. ● Praecepta ducunt, exempla trahunt. ● Verba
docent, exempla trahunt. ● Verba movent, exempla
trahunt.
926. Melius in oppidulo esse primum quam in civitate
secundum. [DAPR 124] Mais vale ser o primeiro na
aldeia do que o segundo na capital. ■ Antes cabeça de
gato do que rabo de leão. VIDE: ● Malo hic esse primus
quam Romae secundus.
927. Melius invideri quam misereri. ■ Melhor é ser
invejado que misericordiado. ■ Antes ser invejado que
lastimado. VIDE: ● Invidiosum esse praestat quam
miserabilem. ● Melior est commiseratione invidentia.
● Praestat invidiosum esse quam miserabilem.
● Praestat invidiosum esse quam miserandum.
● Praestat invidos habere quam misericordiam.
● Praestat invidos habere quam misericordes.
928. Melius mala ferre silendo. [Ovídio, Tristia 1.5.49] É
melhor suportar os sofrimentos em silêncio.
929. Melius mori quam foedari. [Divisa de Ana da
Bretanha] Antes morrer que desonrar-se. ■ Antes a
morte que a desonra. VIDE: ● Candorem praefero vitae.
● Malo mori quam foedari. ● Malo mori quam
maculari. ● Mavult mori quam maculari vir probus.
● Mori melius est quam peccare. ● Mori satius est,
quam turpiter vivere. ● Mors servituti turpitudinique
anteponenda. ● Mors turpitudini anteponenda.
● Potius mori milies quam semel foedari. ● Potius
mori quam foedari. ● Prius mori quam foedari.
930. Melius nil caelibe vita. [Horácio, Epistulae 1.1.88]
Nada melhor do que a vida de solteiro. ■ Casar é bom,
não casar é melhor.
931. Melius nobis est, quam heri. [Erasmo, Adagia
3.1.81; Pereira 108] Estamos melhor do que ontem.
■ Uma hora melhor que outra. ■ De hora em hora Deus
melhora.
932. Melius non incipient, quam desinent. [Sêneca,
Epistulae Morales 72.11] É melhor que não comecem
do que parem no meio. ■ Antes não começar do que não
acabar. ■ Para não acabar, é melhor não começar. VIDE:
● Aut non rem tentes aut perfice. ● Aut nunquam
tentes, aut perfice. ● Aut non tentares, aut perfice.
● Melius est non incipere quam desinere. ● Ne tentes
aut perfice. ● Non inchoanda sunt, quae nequeunt
perfici.
933. Melius non tangere. [Horácio, Sermones 2.1.45] É
melhor não tocar.
934. Melius omnibus quam singulis creditur. [Plínio
Moço, Panegyricus 62] Dá-se mais crédito à multidão
do que aos indivíduos. ■ Antes errar com muitos que
acertar com poucos.
935. Melius putatur aliquam partem quam nullam
attingere. [DAPR 541] Considera-se melhor conseguir
alguma coisa do que nada. ■ Melhor é alguma coisa do
que nada. ■ Mais vale pão duro que nenhum. VIDE:
● Melius est quidquam possideri quam nihil.
936. Melius quicquid erit, pati. [Horácio, Carmina
1.11.3] É melhor suportar o que quer que venha.
937. Melius scitur Deus nesciendo. [S.Agostinho, De
Ordine 2.16] Melhor se compreende Deus, não
compreendendo. VIDE: ● Deus scitur melius nesciendo.
938. Melius tacere quam mala verba loqui. Mais vale
calar do que dizer palavras más. ■ Antes calar do que
mal falar.
939. Mella in medio flumine quaerit. Procura mel no
meio do rio. ■ Procura chifre em cabeça de cavalo.
● Mella in medio flumine petit.
940. Mella sub ore tenent, corde venena fovent. [Tosi
213] Na boca têm mel, no coração acalentam venenos.
■ Mel na boca, fel no coração. VIDE: ● Aurea verba, cor
ferreum. ● In melle sunt linguae sitae vestrae, atque
corda in felle sunt sitae. ● Lingua mellis, cor fellis.
● Mel in ore, fel in corde. ● Mel in ore, verba lactis,
fel in corde, fraus in factis. ● Multis annis iam
peractis, nulla fides est in pactis, mel in ore, verba
lactis, fel in corde, fraus in actis. ● Ore favum mellis,
corde venenum gerunt.
941. Melle dulci dulcior tu es. [Plauto, Asinaria 614] Tu
és mais doce do que o doce mel. VIDE: ● Hoc est melle
dulci dulcius.
942. Melle dulcior fluebat oratio. [Homero / Cícero, De
Senectute 31] O discurso fluía mais doce do que mel.
943. Melle lingua; cor aceto litum est. A língua está
untada de mel, o coração, de vinagre. ■ Mel nos beiços,
fel no coração.
944. Melle litus gladius. [S.Jerônimo, Epistulae 105.2]
Uma espada untada de mel. ■ Um beijo de ■ Judas. VIDE:
● Litus melle gladius.
945. Mellitum venenum blanda oratio. [Stevenson 829]
A frase suave tem um veneno doce como o mel.
■ Palavras de santo, unhas de gato.
946. Membra deficiunt cum caput deprimitur. [VES 62]
Quando a cabeça se abate, os membros falham. ■ A
cabeça manda os membros. VIDE: ● Cui caput
infirmum, cetera membra dolent. ● Cum caput
aegrotat, corpus simul omne laborat. ● Dum caput
aegrotat, omnia alia membra dolent. ● Dum caput
dolet, cetera membra dolent. ● Dum caput dolet,
omnia alia membra dolent. ● Dum male pastori
vadit, vadit male gregi. ● Dum pastori male succedit,
idem fit in detrimentum gregis. ● Si caput doleat,
cetera membra dolent. ● Si caput dolet, omnia
membra languent.
947. Membrum perdere praestat, quam totum corpus.
[DAPR 526] É melhor perder um membro do que todo
o corpo. ■ Antes perder a lã que o carneiro. ■ Mais vale
perder do que mais perder. ■ Dos males o menor.
948. Membrum virile. O membro viril. O pênis.
949. Memento audere semper. [Divisa de Gabriel
D’Anunzio] Lembra-te de ousar sempre.
950. Memento finis. [Divisa da Ordem dos Templários]
Lembra-te do fim.
951. Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem
reverteris. [Vulgata, Gênesis 3.19] Lembra-te, homem,
de que és pó e ao pó tornarás. VIDE: ● Memento quia
pulvis es. ● Memento te pulverem esse. ● Terra es, et
in terram ibis. ● Vertimur in terram, quoniam de
pulvere nati nos sumus.
952. Memento in pellicula, cerdo, tenere tua. [Marcial,
Epigrammata 3.16.5] Lembra-te, ó remendão, de te
manter em tua condição.
953. Memento mei. Lembra-te de mim.
954. Memento mori. [Divisa dos Frades Trapistas]
Lembra-te de que morrerás. (=Traduzido jocosamente
por ■ Lembra-te de morrer). VIDE: ● Memento te
mortalem esse. ● Mortalem te esse memento.
955. Memento novissimorum. [Vulgata, Eclesiástico
38.21] Lembra-te dos teus últimos momentos.
956. Memento omnia mihi et in omnes licere. [Suetônio,
Caligula 29] Lembra-te de que tudo me é permitido, até
contra todos. (=Palavras atribuídas a Calígula).
957. Memento paupertatis in tempore abundantiae.
[Vulgata, Eclesiástico 18.25] Lembra-te da pobreza no
tempo da abundância.
958. Memento, quaeso, quod sicut lutum feceris me, et
in pulverem reduces me. [Vulgata, Jó 10.9] Lembra-te,
eu to peço, de que como barro tu me formaste, e de que
me hás de reduzir a pó.
959. Memento quia pulvis es. Lembra-te de que és pó.
VIDE: ● Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem
reverteris. ● Memento te pulverem esse. ● Vertimur
in terram, quoniam de pulvere nati nos sumus.
960. Memento quia ventus est vita mea. [Vulgata, Jó 7.7]
Lembra-te de que minha vida é um assopro.
961. Memento semper finis. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.25.43] Lembra-te sempre do fim.
■ A morte é a coroa de todos na terra.
962. Memento te esse hominem. Lembra-te de que és um
ser humano. VIDE: ● Memento te virum esse. ● Nosce te
esse hominem.
963. Memento te mortalem esse. Lembra-te de que és
mortal. VIDE: ● Cogita te mortalem esse. ● Memento
mori. ● Mortalem te esse memento.
964. Memento te pulverem esse. Lembra-te de que és pó.
VIDE: ● Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem
reverteris. ● Memento quia pulvis es. ● Vertimur in
terram, quoniam de pulvere nati nos sumus.
965. Memento te virum esse. Lembra-te de que és um
varão. ● Memineris te virum esse. [Salústio, Bellum
Catilinae 44] Lembrar-te-ás de que és um varão. VIDE:
● Memento te esse hominem. ● Nosce te esse
hominem.
966. Memineris accepti, dati obliviscere. [Schottus,
Adagia 625] Lembrar-te-ás do que recebeste, esquece o
que deste. VIDE: ● Beneficii accepti esto memor.
● Beneficii accepti nunquam oportet oblivisci, dati
protinus. ● Beneficii accepti nunquam, cito dati
obliviscere. ● Tu bene si quid facias, nec meminisse
fas est; quae bene facta accipias, perpetuo memento.
967. Meminerunt omnia amantes. [Ovídio, Heroides
15.43] Os apaixonados lembram-se de tudo.
968. Memini etiam quae nolo, oblivisci non possum
quae volo. [Cícero, De Finibus 2.32] Lembro-me
mesmo do que não quero; não posso esquecer-me do
que quero.
969. Meminisse debent iudices esse muneris suis ius
dicere, non autem ius dare, leges interpretari, non
condere. [Bacon, De Officio Iudicis] Devem lembrar-se
os juízes de que sua tarefa é aplicar o direito, não criá-
lo, interpretar as leis, não fazê-las. VIDE: ● Iudicis est
ius dicere, non dare.
970. Meminisse dulce est quod fuit durum pati. É doce
lembrar o que foi duro de sofrer. ■ O que é ruim de
passar é bom de lembrar. VIDE: ● Dulcis malorum
praeteritorum memoria. ● Iucundi acti labores.
● Memoria dulcis iam peracti incommodi. ● Quae
durum fuit pati, meminisse dulce est. ● Quae fuit
durum pati, meminisse dulce est. ● Quod durum fuit
pati, meminisse dulce est. ● Suavis laborum est
praeteritorum memoria. ● Suavis laborum post
salutem memoria est.
971. Memor et fidelis. [Divisa] Reconhecido e fiel.
972. Memorabilia. Coisas dignas de serem lembradas.
973. Memorandum. Coisa que deve ser lembrada.
● Memoranda. Coisas que devem ser lembradas.
974. Memorare cogis acta, securae quoque horrenda
menti. [Sêneca, Hercules Furens 650] Tu me obrigas a
recordar fatos que me fazem tremer, mesmo estando eu
em segurança.
975. Memorem mones. [Albertatius 760] Aconselhas a
quem já sabe. ■ Ensinas padre-nosso ao vigário. VIDE:
● Doctum doces.
976. Memoria ac litteris. Pela lembrança e pelos textos.
(=Pela tradição oral e escrita).
977. Memoria beneficiorum fragilis est, iniuriarum
tenax. [DM 128] A lembrança dos benefícios é fragil, a
das injustiças é duradoura. ■ As ofensas se escrevem no
mármore; os benefícios, na areia. VIDE: ● Beneficiorum
memoria labilis est, iniuriarum vero tenax.
● Tenacissima iniuriae memoria, at beneficii
brevissima.
978. Memoria diei bene acti est per se satis magnum
praemium. A lembrança de um dia bem vivido é por si
um prêmio bastante grande.
979. Memoria dulcis iam peracti olim mali. [Grynaeus
499] É agradável a lembrança do mal que já passou. ■ O
que é duro de passar é bom de lembrar. ● Memoria
dulcis iam peracti incommodi. [Schottus, Adagia 627]
VIDE: ● Dulcis malorum praeteritorum memoria.
● Iucundi acti labores. ● Meminisse dulce est quod
fuit durum pati. ● Quae durum fuit pati, meminisse
dulce est. ● Quae fuit durum pati, meminisse dulce
est. ● Quod durum fuit pati, meminisse dulce est.
● Suavis laborum est praeteritorum memoria.
● Suavis laborum post salutem memoria est.
980. Memoria est thesaurus omnium rerum et custos. A
memória é o depósito e o guardião de todas as coisas.
■ A memória é o estojo da ciência. VIDE: ● Rerum
omnium thesaurus memoria. ● Thesaurus rerum
omnium memoria.
981. Memoria exercendo acuitur. A memória se torna
afiada pelo exercício.
982. Memoria hominis fragilis est. [Rezende 3466] A
memória do homem é frágil. ● Memoria hominum
labilis est. [Albertano da Brescia, Liber Consolationis
10.11] A memória dos homens é escorregadia.
983. Memoria hospitis unius diei praeterirantis.
[Vulgata, Sabedoria 5.15] A lembrança do hóspede que
fica um só dia.
984. Memoria in aeterna. Em eterno reconhecimento.
985. Memoria iusti cum laudibus, et nomen impiorum
putrescet. [Vulgata, Provérbios 10.7] A memória do
justo será acompanhada de louvores, e o nome dos
ímpios apodrecerá.
986. Memoria minuitur, nisi eam exerceas. [Cícero, De
Senectute 7] A memória diminui, se não a exercitas.
987. Memoriam in aeternam. Para eterna lembrança.
988. Memoriter. De memória. De cor.
989. Mendacem citius capies quam poplitem tardum.
Pegarás mais depressa um mentiroso que um joelho
vagaroso. ■ Mais depressa se apanha um mentiroso que
um coxo. VIDE: ● Mendaci claudus non citius capitur.
990. Mendacem emptorem crumena arguit. [Pereira
118] A bolsa acusa o comprador mentiroso. ■ Quem
compra e mente na bolsa o sente.
991. Mendacem memorem esse oportere. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 4.2.91] ■ Quem mente precisa ter boa
memória. ■ O mentir exige memória. ● Mendacem
memorem esse oportet. [Erasmo, Adagia 2.3.74]
● Mendaces memores esse debere. Os mentirosos
precisam ter memória. VIDE: ● Oportet mendacem esse
memorem.
992. Mendaces aiunt furibus esse pares. [Tosi 291]
Dizem que os mentirosos são iguais aos ladrões. VIDE:
● Da mihi mendacem, et ego ostendam tibi furem.
● Mendax est fur. ● Mendax et furax.
993. Mendaces etiam cum verum dicunt, fidem non
inveniunt. Os mentirosos, mesmo quando dizem a
verdade, não recebem crédito.
994. Mendaces faciunt ut nec vera dicentibus credatur.
[S.Jerônimo, Epistulae 6.1.1] Os mentirosos fazem que
não se acredite nem nos que dizem verdade. ■ Uns
pagam pelos outros.
995. Mendaces, fallaces. Mentirosos são traidores.
996. Mendaci claudus non citius capitur. [Pereira 109]
Não se apanha o coxo mais depressa do que o
mentiroso. ■ Mais depressa se apanha um mentiroso que
um coxo. VIDE: ● Mendacem citius capies quam
poplitem tardum.
997. Mendaci homini ne verum quidem dicenti credere
solemus. [Cícero, De Divinatione 2.71.146] Não se
acredita no mentiroso, ainda quando ele diz a verdade.
■ Na boca do mentiroso, o certo faz-se duvidoso.
● Mendaci ne verum quidem dicenti creditur.
[Epígrafe de Fábula de Fedro 1.10 / Rezende 3472]
● Mendaci neque cum vera dicit creditur. VIDE:
● Mentienti non est habenda fides. ● Quicumque
turpi fraude semel innotuit, etiam si verum dicit,
ammittit fidem.
998. Mendacia curta semper habent crura. [Tosi 298]
As mentiras sempre têm pernas curtas. ■ A mentira tem
pernas curtas.
999. Mendacia historiographorum. As invenções dos
historiadores.
1000. Mendacia non diu fallunt. As mentiras não
enganam por muito tempo. ■ A mentira tem pernas
curtas.
1001. Mendacia persequitur ipse periurus. [Sêneca, De
Ira 2.28.7] O próprio mentiroso persegue as mentiras.
1002. Mendacia veritatis falce resecandum est. É preciso
cortar as mentiras com a foice da verdade.
1003. Mendaciorum et periuriarum et paupertatis
mater est alea. [Robert Burton, The Anatomy of
Melancholy] O jogo é a mãe das mentiras, dos perjúrios
e da pobreza.
1004. Mendacium est falsa assertio cum intentione
fallendi. [Jur] A mentira é uma afirmação falsa com
intenção de enganar.
1005. Mendacium et furtum sunt vitia cognata. Mentira
e furto são vícios da mesma família. VIDE: ● Mendax est
fur.
1006. Mendacium fugies. [Vulgata, Êxodo 23.7] Fugirás à
mentira.
1007. Mendacium nullum senescit. [Sófocles / Tosi 298]
Nenhuma mentira envelhece. ■ A mentira é sempre
vencida. ■ A mentira corre, mas a verdade a apanha.
● Mendacium non senescit. [Binder, Thesaurus 1833]
● Mendacium non veterascit. VIDE: ● Cito se produnt
mendacia.
1008. Mendacium semper in multiloquio. [DAPR 336]
No muito falar há sempre mentira. ■ Quem muito fala
muito mente. ■ Muito falar, muito errar. VIDE: ● In
multiloquio desunt mendacia raro. ● In multiloquio
non deerit peccatum. ● Multiloqui mendaces.
1009. Mendax ab hoste non differt. O mentiroso não
difere do inimigo.
1010. Mendax est, et pater eius. [Vulgata, João 8.44] É
mentiroso, e pai da mentira.
1011. Mendax est fur. [DAPR 444] O mentiroso é um
ladrão. ■ Quem sempre mente vergonha não sente.
● Mendax est furax. [Binder, Thesaurus 1834] VIDE:
● Da mihi mendacem, et ego ostendam tibi furem.
● Mendacium et furtum sunt vitia cognata.
● Mendaces aiunt furibus esse pares.
1012. Mendax fama. [Propércio, Elegiae 4.2.20] A fama é
enganadora.
1013. Mendax forma. A beleza é enganadora.
1014. Mendax infamia terret quem nisi mendosum?
[Horácio, Epistulae 1.16.39] A quem a mentirosa
calúnia assusta, senão ao corrupto?
1015. Mendax non est qui falsum dicit, putans dicere
verum. Não é mentiroso quem diz coisa falsa, julgando
dizer a verdade.
1016. Mendicat propere manus sine opere. [Binder,
Thesaurus 1835] Mão sem trabalho mendiga com
pressa. ■ Sem trabalho, só a pobreza. ■ O preguiçoso é
sempre pobre. VIDE: ● Manus sine opere mendicabit
propere. ● Mendicitas ignaviae praemium.
1017. Mendici, mimae, balatrones, hoc genus omne.
[Horácio, Sermones 1.2.2] Mendigos, atrizes, bufões e
toda essa raça.
1018. Mendici pera non impletur. [Calímaco / Apóstólio,
Paroimiai 16.94] Sacola de mendigo não fica cheia.
■ Fardel de pedinte nunca é cheio. ● Mendici pera
neutiquam impletur. ● Mendici pera non expletur.
● Mendici pera non repletur. [Schottus, Adagia 521]
● Mendici loculi semper inanes. [Schottus, Adagia
304] As bolsas dos mendigos estão sempre vazias. VIDE:
● Loculi mendicorum semper inanes. ● Mendicorum
loculi semper inanes. ● Pera inopis nunquam
completur.
1019. Mendicitas ignaviae praemium. A recompensa da
preguiça é a mendicância. ■ A preguiça é a chave da
pobreza. VIDE: ● Mendicat propere manus sine opere.
1020. Mendicitatem et divitias ne dederis mihi. [Vulgata,
Provérbios 30.8] Não me dês nem pobreza nem riqueza.
1021. Mendico nec parentes amici sunt. [Apostólio
16.93] Do mendigo nem mesmo os pais são amigos.
■ Não há amigo nem irmão, não havendo dinheiro na
mão. ● Mendico ne parentes quidem amici sunt.
[Erasmo, Adagia 4.2.51] VIDE: ● Infortunati procul
amici.
1022. Mendicorum loculi semper inanes. [Erasmo,
Adagia 2.10.11] Sacolas de mendigos estão sempre
vazias. ■ Fardel de pedinte nunca é cheio. VIDE: ● Loculi
mendicorum semper inanes. ● Mendici pera non
expletur. ● Mendici pera non impletur. ● Mendici
pera non repletur. ● Mendici loculi semper inanes.
● Pera inopis nunquam completur.
1023. Mendicus etiam plurimum in loco potest.
[Grynaeus 742] Até o mendigo no momento certo pode
muito. ■ A formiga, ainda que pequena, mata o
crocodilo. VIDE: ● Rebus turbatis, est pessimus in
honore. ● Rebus turbatis vel pessimus est in honore.
1024. Mendicus mendico invidet. [Schrevelius 1176] Um
mendigo inveja outro. ■ Não se tem inveja a defuntos e
apartados, senão a vizinhos e a chegados. VIDE: ● Etiam
mendicus mendico invidet. ● Par paribus invidet.
1025. Mendicus ubique habet saccum paratum. [Binder,
Thesaurus 1838] O mendigo em todo lugar está com o
saco pronto.
1026. Mens abest in popina. [Eiselein 213] Na taberna, o
juízo se ausenta.
1027. Mens ac voluntas ex oculis saepe dignoscitur.
[Lactâncio] Muitas vezes pelos olhos se reconhece a
mente e a vontade.
1028. Mens aequa in arduis. [Divisa] Espírito tranqüilo
nas dificuldades.
1029. Mens agitat molem. [Virgílio, Eneida 6.727] O
espírito move a matéria.
1030. Mens alitur discendo et cogitando. O espírito se
alimenta estudando e pensando. VIDE: ● Hominis autem
mens discendo alitur et cogitando.
1031. Mens anxia pervigilat. [Grynaeus 664] Espírito
inquieto não dorme.
1032. Mens Bona, si qua dea es, tua me in sacraria
dono. [Propércio, Elegiae 3.24.19] Ó Razão, se és uma
deusa, eu me consagro ao teu altar.
1033. Mens conscia recti. Um espírito consciente do que é
correto. VIDE: ● Mens sibi conscia recti.
1034. Mens corpusque. [Divisa da Universidade Estadual
de Wisconsin, EUA] A mente e o corpo.
1035. Mens cuiusque is est quisque. [Cícero, De
Republica 6.26] A mente de alguém é esse alguém.
1036. Mens enim et ratio et consilium in senibus est.
[Cícero, De Senectute 19] Nos velhos há coração, razão
e ponderação. ■ Se queres um bom conselho, pede-o ao
homem velho. VIDE: ● Mens, ratio et consilium in
senibus est.
1037. Mens est in tergoribus. [Pereira 107; Erasmo,
Adagia 2.2.18] Meu coração está nas costas. ■ Estou
apavorado!
1038. Mens et animus et consilium et sententia civitatis
posita est in legibus.. [Cícero, Pro Cluentio 53.146] O
espírito, a alma, a sabedoria e a decisão da cidade se
encontram nas leis.
1039. Mens frustra vacans nihil bonorum parit. A mente
desocupada, sem objetivo, não produz nada de bom.
■ Cabeça de vadio, hospedaria do diabo.
1040. Mens hominum ignara, caeca futuri. O coração
dos homens é inexperiente, desconhece seu futuro. VIDE:
● Nescia mens hominum fati sortisque futurae.
1041. Mens humana absque delectatione esse non
potest: aut summis delectatur, aut infimis.
[S.Gregório / Rezende 3481] O espírito humano não
pode ficar sem prazer: ou se deleitará com coisas
sublimes ou com coisas baixas.
1042. Mens humana non potest cum corpore absolute
destrui, sed eius aliquid remanet, quod aeternum est.
[Espinosa, Ethica 5] O espírito humano não pode ser
completamente destruído com o corpo, mas dele
permanece algo, que é eterno.
1043. Mens humana, quod optat, dum vigilat sperat,
per somnum cernit id ipsum. [Dionísio Catão,
Disticha 2.31] A mente humana, enquanto está
acordada, espera no que deseja, e no sono o vê.
1044. Mens immota manet, lacrimae volvuntur inanes.
[Virgílio, Eneida 4.449] A mente permanece firme, as
lágrimas correm inúteis.
1045. Mens incorrupta miseria corrumpitur. [Publílio
Siro] Uma mente íntegra se corrompe com a desgraça.
1046. Mens invicta manet. [Stevenson 1580] A mente
permanece inexpugnável.
1047. Mens legis. [Jur / Black 1178] O espírito da lei. VIDE:
● Voluntas legis.
1048. Mens legislatoris. [Jur / Black 1178] A intenção do
legislador.
1049. Mens mutatione recreabitur, sicut in cibis,
quorum diversitate reficitur stomachus. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 1.12.5] A mente se reanimará com a
mudança, do mesmo modo que acontece com os
alimentos, com cuja diversidade se refaz o estômago.
1050. Mens nostra concordet voci nostrae. [RSB 19] O
nosso pensamento deve estar de acordo com nossa
palavra.
1051. Mens opulentior auro. O coração é mais valioso do
que o ouro. ■ Os corações hão de ser ricos, que os
cofres não. [Sá de Miranda]
1052. Mens peregrina est. [Manúcio, Adagia 906] Seu
pensamento está viajando. ■ Está com o sentido em
■ Caparica. ■ Está com a cabeça no mundo da lua. VIDE:
● Mentem peregrinam habet. ● Praesens abest.
● Praesens absens.
1053. Mens quae inest nostrum unicuique, cetera potest
comprehendere, sed seipsum nosse non potest. [Fílon
/ Rezende 3484] O espírito que há dentro de cada um de
nós pode compreender tudo, mas não pode conhecer a si
mesmo.
1054. Mens, ratio et consilium in senibus est. [Pereira
121] Nos velhos há coração, razão e ponderação. ■ Se
queres um bom conselho, pede-o ao homem velho. VIDE:
● Mens enim et ratio et consilium in senibus est.
1055. Mens rea. [Jur / Black 1178] A mente culpada. A
intenção criminosa.
1056. Mens regnum bona possidet. [Sêneca, Thyestes
379] Uma mente reta possui um reino.
1057. Mens sana in corpore sano. [Juvenal, Satirae
10.356] Uma mente sadia num corpo sadio. VIDE: ● Bene
habere corpore simul et anima curandum est.
● Orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
1058. Mens sibi conscia recti. [Virgílio, Eneida 1.604]
Um espírito consciente de sua retidão. VIDE: ● Mens
conscia recti.
1059. Mens testatoris in testamento spectanda est. [Jur /
Black 1178] A intenção do testador deve ser vista no
testamento.
1060. Mensa et toro. [Jur / Black 1178] Da mesa e da
cama. VIDE: ● A mensa et toro.
1061. Mensae amicus. Um amigo de mesa. ■ Amigo de
mesa não é de firmeza. VIDE: ● Amici ollares. ● Amicus
dum olla fervet. ● Fervet olla, vivit amicitia. ● Ollae
amicitia. ● Ollae amicus.
1062. Mensura aquam bibentes, citra mensuram
mazam edentes. [Schottus, Adagia 232] Medem a água
que bebem, não medem o pão que comem.
■ Aproveitador de farelos, esperdiçador de farinha.
■ Quebra a louça e guarda os palitos. VIDE: ● Ad
mensuram aquam bibit, citra mensuram panem
comedit. ● Ad mensuram aquam bibunt, citra
mensuram offam comedentes. ● Haurit aquam
metro, capit immoderatus offam. ● Lege bibunt
undam, comedunt sine lege placentam. ● Potat
aquam metro, sed edit mazam sine metro.
1063. Mensura iuris est utilitas. [Jur] A medida do direito
é a utilidade.
1064. Mensura iuris vis. A força é a medida do direito.
■ Contra a força não há resistência. ■ Em terra de
cobra, sapo não chia. ■ Em terreiro de galinha, barata
não tem razão. ● Mensura iuris vis erat. [Lucano,
Pharsalia 1.175] A força, então, era a medida do direito.
1065. Mensura omnium rerum homo. O homem é a
medida de todas as coisas.
1066. Mensura omnium rerum optima. [Bebel, Adagia
Germanica / DAPR 446] A moderação é a melhor de
todas as coisas. ■ Tudo na vida quer tempo e medida.
● Mensuram serva: modus in re optimus omni.
Observa a medida: é muito bom ter limite em tudo.
1067. Mensuram caritas non habet, et impatientia
nescit modum. [S.Jerônimo] O amor não tem medida, e
a impaciência não conhece limite. VIDE: ● Amor
ordinem nescit. ● Dilectionem ordinem non habere,
et impatientiam nescire mensuram.
1068. Mente captus. Insano. VIDE: ● Captus mente.
1069. Mente et manu. [Divisa] Com a mente e a mão.
1070. Mente manuque. [Divisa / Rezende 3490] Com a
inteligência e com as mãos. ● Mente manuque potens.
[Divisa] Poderoso com a inteligência e com as mãos.
1071. Mente nihil dedit Deus homini divinius. Deus não
deu ao homem nada mais divino do que o espírito.
1072. Mentem hominis spectato, non frontem. [Epígrafe
de Fábula de Fedro 3.4 / Rezende 3491] Examina o
coração do homem, não seu rosto. ■ Quem vê cara não
vê coração. ■ Obras desmentem sinais.
1073. Mentem mortalia tangunt. [Virgílio, Eneida 1.462]
A sorte dos homens toca o coração. VIDE: ● Casus
hominum movent corda.
1074. Mentem non habet, qui non irascitur. [Grynaeus
670] Quem não se zanga não tem coração.
1075. Mentem peccare, non corpus; et, unde consilium
abfuerit, culpam abesse. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
1.58.9] É o espírito que erra, não o corpo, e onde faltar a
intenção, não haverá culpa.
1076. Mentem peregrinam habet. [Pereira 104] Seu
pensamento está viajando. ■ Está com o sentido em
Caparica. ■ Está com a cabeça na lua. ■ Está com a
cabeça no mundo da lua. VIDE: ● Mens peregrina est.
● Praesens abest. ● Praesens absens.
1077. Mentem tibi ducem praefice. [Sólon / Rezende
3493] Faze da razão teu guia.
1078. Mente tumens laetor, numismate dum locupletor.
[DAPR 21] Inchando o coração, me alegro, enquanto
me enriqueço de moedas. ■ A abundância cria a
arrogância. VIDE: ● Cum cluo lucrosus, fluo mente
superciliosus.
1079. Menti quolibet ire licet. [Ovídio, Ex Ponto 5.48] Ao
pensamento é permitido ir aonde quiser. ■ O pensamento
é livre. VIDE: ● Liberae enim sunt nostrae cogitationes.
1080. Mentiendi licentia. [Cícero, Pro M. Scauro 38] A
liberdade de mentir.
1081. Mentienti non est habenda fides. Não se deve ter
confiança em quem mente.■ Na boca do mentiroso, o
certo faz-se duvidoso. VIDE: ● Mendaci homini ne
verum quidem dicenti credere solemus. ● Mendaci ne
verum quidem dicenti creditur. ● Mendaci neque
cum vera dicit creditur.
1082. Mentio si fiet, saepe lupus veniet. [Tosi 927] Se for
mencionado, o lobo muitas vezes virá. ■ Falar no mau,
olhar para a porta. ■ Falai no ■ Mendes, aqui o tendes.
1083. Mentior? Estou mentindo?
1084. Mentiri caecum nemo miratur Homerum: auritus
testis, non oculatus, erat. [John Owen, Epigrammata
7.33] Ninguém se admira que o cego Homero mentia:
era testemunha de ouvido, não de vista.
1085. Mentiri est turpe. Mentir é vergonhoso. VIDE:
● Turpe est mentiri.
1086. Mentiri non didicere ferae. [Marcial, De
Spectaculis 30.8] Os animais selvagens não aprenderam
a mentir.
1087. Mentiri nullo modo licet, verum licet occultare
aliquando. Não é lícito mentir de modo nenhum, mas
algumas vezes é permitido ocultar a verdade.
1088. Mentiri vatibus est mos. [Schottus, Adagia 589]
Mentir é costume dos poetas. VIDE: ● Mentiuntur multa
cantores. ● Miranda canunt, sed non credenda,
poëtae. ● Multa mentiuntur poetae.
1089. Mentiri ventri nemo valet esurienti. [Trench,
Proverbs] Ninguém consegue mentir a uma barriga
esfomeada. ■ Ventre em jejum não ouve a nenhum.
1090. Mentiris iuvenem tinctis, ● Lentine, capillis.
[Marcial, Epigrammata 3.43.1] Finges que és jovem, ó
Lentino, com esses cabelos pintados.
1091. Mentis acies nonnunquam hebescit. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.30.73, adaptado] Algumas
vezes a acuidade de nosso espírito se embota. VIDE:
● Acies hebescit. ● Ingenium studio si non acuatur,
hebescit.
1092. Mentis ingratae scelus, oblivio. O esquecimento é
um crime do coração ingrato.
1093. Mentiuntur multa cantores. [Erasmo, Adagia
2.2.98] Os poetas dizem muitas mentiras. VIDE:
● Mentiri vatibus est mos. ● Miranda canunt, sed non
credenda, poëtae. ● Multa mentiuntur poetae.
1094. Meo animo. Na minha opinião. ● Meo arbitratu.
● Meo iudicio. VIDE: ● Iudice me. ● Me iudice. ● Mea
sententia. ● Quantum arbitror. ● Sicut arbitror. ● Ut
arbitror.
1095. Meo animo omnes sapientes suum officium
aequum est colere, et facere. [Plauto, Strichus 39] Na
minha opinião, é justo que todos os sábios amem seu
dever e o cumpram.
1096. Meo contentus sum. [Sêneca, De Beneficiis 1.11.1]
Estou satisfeito com o que tenho.
1097. Meo indicio, quasi sorex, hodie perii. [Terêncio,
Eunuchus 1024] Hoje eu me perdi por minha própria
denuncia, como um rato.
1098. Meo iussu. Por minha ordem.
1099. Meo laborat morbo. [Schottus, Adagia 548] Sofre
da mesma doença que eu. ■ Estamos no mesmo barco.
VIDE: ● Ego vero et tu iugum idem trahimus. ● Idem
iugum ducimus.
1100. Meo periculo. Por minha conta e risco. Sob a minha
responsabilidade.
1101. Meo vitio. Por erro meu. Por minha culpa.
1102. Meo voto. De minha própria vontade.
1103. Meos tam suspicione quam crimine iudico carere
oportere. [Suetônio, Caesar 74] Julgo que meus
familiares devem estar isentos tanto de suspeita como
de crime. À mulher de ■ César não convêm suspeitas.
1104. Meos vultus ruga senilis arat. [Ovídio, Ex Ponto
1.4.2] Uma ruga senil abre sulco no meu rosto.
1105. Mercator equorum, feminae, et vini persaepe
fallitur. [DAPR 468] Mercador de cavalos, de mulher e
de vinho geralmente se engana. ■ A mulher e o vinho
enganam o mais fino.
1106. Mercatorem autem strenuum studiosumque rei
quaerendae existimo. [Marcos Catão, De Agri Cultura,
Praefatio] Considero o comerciante um homem
diligente e dedicado à busca de dinheiro.
1107. Merce proba emptor adest ultro. [Binder,
Thesaurus 1848] Sendo excelente a mercadoria, aparece
espontaneamente o comprador. ■ O bom vinho escusa
pregão. ■ O bom pano na arca se vende. VIDE: ● Proba
merx facile emptorem reperit.
1108. Mercede soluta non manet officio debitor ille tuo.
[Ovídio, Amores 1.10.45] Uma vez pago o débito, o
devedor não permanece mais em obrigação contigo.
1109. Mercede vel gratia. Contra pagamento ou de graça.
1110. Mercedem nutricationis aries solvit. [Medina 587]
O carneiro está pagando a recompensa de sua
alimentação. (=Dá cabeçadas em quem o criou). ■ Criai
corvos e te tirarão os olhos. VIDE: ● Aries nutricationis
mercedem persolvit. ● Sic mercedem nutricationis
aries solvit.
1111. Mercennarius videt lupum venientem, et dimittit
oves, et fugit. [Vulgata, João 10.12] O mercenário vê o
lobo vir, e deixa as ovelhas e foge.
1112. Merces mihi gloria detur. [Ovídio, Fasti 3.389]
Seja-me dada a glória como prêmio.
1113. Mercis appellatio ad res mobiles tantum pertinet.
[Digesta 50.16.66] O termo “mercadoria” refere-se
exclusivamente a bens móveis.
1114. Mercis appellatione homines non contineri.
[Digesta 50.16.207] Homens não se incluem no termo
“mercadoria”.
1115. Mercurius non fit de quolibet arbore. [John Owen,
Epigrammata 5.5] ■ Mercúrio não se faz de todo pau.
■ Azado é o pau para a colher. ■ Nem todo pau dá
esteio. ■ Os paus, uns nasceram para santos, outros
para tamancos. VIDE: ● Ex quolibet ligno non fit
Mercurius. ● Non enim ex omni ligno debet
Mercurius exsculpi. ● Non e quovis ligno fit
Mercurius. ● Non e omni ligno Mercurius. ● Non e
quovis ligno Mercurius fiat. ● Non e quovis ligno
Mercurius fingi potest. ● Non ex omni ligno
Mercurius fingitur. ● Non ex quovis fiat ligno
Mercurius. ● Non ex quovis ligno fit Mercurius.
● Scalpendus haud Hermes omni ex arbore.
1116. Merebimur. [Divisa] Seremos merecedores.
1117. Merenti gratias agere facile est. [Plínio Moço,
Panegyricus 3] É fácil manifestar gratidão a quem
merece.
1118. Meret qui laborat. [Divisa] Quem trabalha é
merecedor. ■ Quem trabalha tem alfaia. ■ O trabalho
enobrece.
1119. Meretricem ego item esse reor mare ut est: quod
des devorat, nec datis unquam abundat. [Plauto,
Truculentus 568] Na minha opinião, a cortesã é como o
mar: devora tudo que lhe dão, e nunca tem o que lhe
deram.
1120. Meretricem fuge. [Dionísio Catão, Monosticha 33]
Evita a meretriz.
1121. Meridiano sole clarius est. Está mais claro que o sol
do meio-dia. ■ Só não vê quem não quer.
1122. Meriti tanti non immemor unquam. [Virgílio,
Eneida 9.256] (Ascânio) nunca mais esquecerá de tão
distinto serviço. VIDE: ● Tanti meriti non immemor
unquam.
1123. Merito beneficium legis amittit, qui legem ipsam
subvertere intendit. [Jur] Merecidamente perde o
benefício da lei aquele que tem intenção de subverter a
própria lei. VIDE: ● Beneficium legis frustra implorat
qui committit in legem.
1124. Meritum causae. [Jur] O mérito da causa.
1125. Merx est quicquid vendi potest. [Jur / Black 1182]
Mercadoria é tudo que pode ser vendido.
1126. Merx tu mala es. [Plauto, Persa 241] Tu és uma
péssima mercadoria. ■ Tu não vales um peido de gato.
1127. Merx ultronea putet. [Erasmo, Adagia 1.9.53;
Pereira 102] Mercadoria oferecida fede. ■ De tens a
queres, o terço perdes. ■ O barato sai caro. VIDE:
● Ultroneas putere merces. ● Ingrata sunt, quae ultro
non petentibus offeruntur.
1128. Messe tenus propria vive. [Pérsio, Satira 6.25] Vive
dentro dos limites da tua própria colheita. ■ Não
estendas as pernas além do cobertor. ■ Quem gasta
mais do que tem mostra que siso não tem. VIDE:
● Sumptus censum ne superet.
1129. Messem metis alienam. [Schottus, Adagia 195] Tu
segas a seara alheia. ■ Metei-vos onde não vos chamam.
■ Metes o nariz onde não te compete. VIDE: ● Alienam
metis messem. ● Alterius hic messem metis.
1130. Messis amicorum nunquam nimis ampla
bonorum. [Pereira 111] A seara dos amigos nunca é
abundante de homens bons. ■ Muitos são os amigos,
poucos são os escolhidos.
1131. Messis in herba est. A seara ainda está na rama.
■ Isto ainda está muito verde. ■ Ainda temos muito que
ver. VIDE: ● Adhuc seges in herba est. ● Adhuc tua
messis in herba est. ● Adhuc est herba. ● Negotium in
herba est.
1132. Messis quidem multa, operarii autem pauci.
[Vulgata, Mateus 9.37] A seara é grande, mas poucos os
obreiros. ● Messis ergo paratur multa, sed, ut semper,
operarii pauci. Prepara-se uma grande seara, mas,
como sempre, os obreiros são poucos.
1133. Messis sementem sequitur. [Jur / Black 1183] A
colheita segue a semeadura. (=Quem semeia tem direito
à colheita, segundo a lei escocesa).
1134. Messis tempus boves exspectant. [Rezende 3500]
Os bois esperam o tempo da colheita. ■ Sofra quem
penas tem, que trás tempo, tempo vem. (=Diz-se de
quem suporta grandes trabalhos na esperança de
compensação abundante). ● Messis tempus
exspectamus. [Bacon, Novum Organum, Distributio
Operis] Nós esperamos o tempo da colheita.
(=Esperamos o momento oportuno). VIDE: ● Boves
messis tempus exspectantes.
1135. Meta optata. [Jur] O fim colimado (pelo autor do
delito).
1136. Metiri me geometres docet latifundia, potius
doceat quomodo metiar quantum homini satis sit.
[Sêneca, Epistulae Morales 88.10] O agrimensor me
ensina a medir os latifúndios; antes me ensinasse a
medir quanto basta a um homem.
1137. Metiri se quemque suo modulo, ac pede, verum
est. [Horácio, Epistulae 1.7.98] É sábio medir-se cada
um por seu módulo e pelo seu pé. VIDE: ● Quisque se
suo modulo metiatur. ● Suo se modulo metiri.
1138. Metis ubi non seminasti, et congregas ubi non
sparsisti. [Vulgata, Mateus 25.24] Segas onde não
semeaste, e recolhes onde não espalhaste. VIDE:
● Alienam metis messem. ● Alienam messem metis.
● Alterius hic messem metis. ● Messem metis alienam.
● Sub aliena arbore fructum legis.
1139. Metit Orcus grandia cum parvis. [Horácio,
Epistulae 2.2.178] Ceifa a Morte as coisas grandes junto
com as pequenas. ■ Tanto morre o papa como quem não
tem capa.
1140. Metue senectam, non enim sola advenit. [Grynaeus
395] Teme a velhice, pois não chega sozinha. ■ A
velhice nunca vem só. VIDE: ● Senectus non sola venit.
1141. Metuendum est semper, esse cum tutus velis.
[Publílio Siro] Deve-se sempre temer, quando se quer
ficar em segurança. ■ A desconfiança é a sentinela da
segurança.
1142. Metuens magis quam metuendus. [Salústio,
Bellum Iugurthinum 20.1] Mais temeroso do que
temível.
1143. Metui cupiunt, metuique timent. [Sêneca,
Agamemnon 73] (Os reis) desejam ser temidos e ao
mesmo tempo temem ser temidos.
1144. Metui demens credit honorem. O louco considera
honra ser temido. ● Metui demens credebat honorem.
[Sílio Itálico, Punica 1.149] O louco pensava que era
uma honra ser temido.
1145. Metum sedat dies. O tempo acalma o medo.
1146. Metuo ne sero veniam depugnato proelio. [Plauto,
Menaechmi 900] Tenho medo de chegar tarde, depois
de travada a batalha. ■ Chegar ao atar das feridas. VIDE:
● Venire depugnato proelio.
1147. Metus cum venit, rarum habet somnus locum.
[Publílio Siro] Quando chega o medo, o sono quase não
tem lugar. ■ Quem tem inimigos não dorme.
1148. Metus improbos compescit, non clementia.
[Publílio Siro] É o medo que contém os maus, não a
clemência. ■ O medo é que guarda a vinha, e não o cão.
1149. Metus in auctorem redit. [Sêneca, Oedipus 704] O
medo recai em quem o causa. VIDE: ● Qui sceptra duro
saevus imperio regit, timet timentes.
1150. Metus interpres semper in deteriora inclinatus.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 27.44, adaptado] O medo
é um intérprete sempre inclinado ao pior.
1151. Metus maioris malitatis. [Digesta 4.2.5] Medo de
prejuízo maior. ● Metu maioris mali. Por medo de mal
maior.
1152. Metus omnia maiora reddit. O medo torna tudo
maior.
1153. Metus, quantumvis gravis, non tollit liberum,
dummodo maneat usus rationis. [Jur / Spalding 78] O
medo, ainda que grave, não tolhe a liberdade, contanto
que permaneça o uso da razão.
1154. Meum caput contemples. [Plauto, Asinaria 537]
Olha minha cabeça. ■ Olha meus cabelos brancos!
1155. Meum est propositum in taberna mori, ut sint
vina proxima morientis ori. ● Tunc cantabunt laetius
angelorum chori: ‘● Sit Deus propitius huic
potatori!’. [Carmina Burana] O meu propósito é morrer
na taberna, para que o vinho fique perto da boca do
moribundo. Então o coro dos anjos cantará com mais
alegria: ‘Que Deus seja propício a este bebedor!’
● Meum est propositum in taberna mori; vinum sit
appositum morientis ori, ut dicant, cum venerint,
angelorum chori: ‘Deus sit propitius huic potatori’.
É meu propósito morrer na taberna; que o vinho seja
colocado junto à boca do moribundo, para que os coros
dos anjos, ao chegarem, digam: “Que Deus seja
propício a este bebedor”.
1156. Meum et tuum causa totius orbis discordiarum. Si
duo de nostris tollis pronomina rebus, proelia
cessarent, pax sine lite foret. [Rezende 3505] O meu e
o teu são a causa das discórdias de todo o mundo. Se se
tiram de nossas questões esses dois pronomes, cessarão
as brigas, haverá paz sem disputa. VIDE: ● Quieta vita
his qui tollunt meum, tuum. ● Quietissime viverent
homines, si duo verba tollerentur: meum et tuum.
● Quietissimam vitam agerent homines in terris, si
duo haec verba e natura rerum tollerentur: meum et
tuum.
1157. Meum mihi placet, illi suum. A mim me agrada o
meu, a ele, o dele. ■ Cada um estima o seu.
1158. Meum mihi, suum cuique carum. Gosto do meu;
cada qual quer bem ao seu. ■ Cada qual aprecia o
cheiro do seu monturo. ■ Tem gosto o burro em ouvir o
seu zurro.
1159. Meus enim me sensus, quanta vis fraterni sit
amoris, admonet. [Cícero, Ad Familiares 5.2] Minha
sensibilidade me faz recordar como é grande a força do
amor fraterno.
1160. Meus hic est: hamum vorat. [Plauto, Curculio 436]
Ele é meu: está mordendo o meu anzol. ■ Mordeu a isca.
■ Está no papo. VIDE: ● Hamum vorat. ● Interim ille
hamum vorat.
1161. Mi formosa sat es, si modo saepe venis. [Propércio,
Elegiae 2.17c.8] Para mim és bastante formosa, desde
que me procures com freqüência.
1162. Mica salis tibi non inest. [Binder, Thesaurus 1853]
Não tens um pingo de sal. ■ És um chato.
1163. Micat inter omnes amor virtutes. Entre todas as
virtudes resplandece o amor.
1164. Migravit in caelum. Viajou para o céu. (=Morreu).
● Migravit ad Dominum. Viajou para o Senhor.
● Migravit ad regna celestia. Migrou para o reino do
céu. ● Migravit ex vita. Saiu da vida. VIDE: ● Abiit ad
maiores. ● Abiit ad plures. ● Abiit e vita. ● Abiit e
medio. ● Ad divina migravit. ● Ad manes abiit. ● Ad
patres abiit. ● Animam Deo reddidit. ● Spiritum Deo
reddidit.
1165. Mihi aqua haeret. [Cícero, Ad Quintum 2.6] A água
está pegando em mim. ■ Estou em apuros. VIDE: ● Aqua
haeret.
1166. Mihi autem adhaerere Deo bonum est. [Vulgata,
Salmos 72.28] Meu bem é estar unido a Deus.
1167. Mihi autem egregium in primis videtur, ut foris,
ita domi, ut in magnis, ita in parvis, ut in alienis, ita
in suis, agitare iustitiam. [Plínio Moço, Epistulae
8.2.2] O que me parece importante, antes de tudo, é
praticar a justiça, tanto em casa como na rua, tanto nas
questões pequenas como nas grandes, tanto nas próprias
como nas dos outros.
1168. Mihi autem pro minimo est ut a vobis iudicer.
[Vulgata, Coríntios 4.3] A mim, pois, bem pouco se me
dá de ser julgado de vós. VIDE: ● Mihi pro minimo est
ut ab illis iudicer.
1169. Mihi autem videtur acerba semper et immatura
mors eorum, qui immortale aliquid parant. [Plínio
Moço, Epistulae 5.5.4] A mim sempre me parece cruel e
prematura a morte daqueles que estão preparando algum
trabalho imortal.
1170. Mihi crede: non potes esse dives et felix. [DM 103]
Podes crer: não se pode ser rico e feliz.
1171. Mihi crede verum gaudium res severa est.
[Sêneca, Epistulae Morales 23.4] Podes crer, a
verdadeira alegria é coisa séria. VIDE: ● Res severa est
gaudium verum. ● Verum gaudium est res severa.
1172. Mihi cura futuri. [Ovídio, Metamorphoses 13.363]
Minha preocupação é com o futuro. VIDE: ● Tu vires
sine mente geris, mihi cura futuri.
1173. Mihi dolet, cum ego vapulo. [Plauto, Epidicus 151]
Quando sou espancado, é em mim que dói.
1174. Mihi ego video, mihi ego sapio. [Plauto, Miles
Gloriosus 330] Eu vejo para mim, eu penso para mim.
1175. Mihi forsan, tibi quod negarit, porriget hora.
[Horácio, Carmina 2.16.31] O tempo talvez conceda a
mim o que negaria a ti.
1176. Mihi haec dies toto iam longior anno est. Para mim
este dia já está mais comprido do que o ano todo. VIDE:
● Si mihi non haec lux toto iam longior anno est.
1177. Mihi haeres in medullis. [Cícero, Ad Familiares
15.16] Tenho-te no fundo do coração.
1178. Mihi heri et tibi hodie. [Vulgata, Eclesiástico
38.23] Ontem por mim, hoje por ti. VIDE: ● Hodie mihi,
cras tibi. ● Ille hodie, ego cras.
1179. Mihi immortalitas parta est, si nulla aegritudo
huic gaudio intercesserit. [Terêncio, Andria 960] Ter-
me-á sido dada a imortalidade, se nenhum
aborrecimento vier misturar-se à minha alegria.
1180. Mihi ipse nunquam satisfacio. [Cícero, Ad
Familiares 1.1] Nunca estou satisfeito comigo mesmo.
1181. Mihi ipsi balneum ministrabo. [Aristófanes /
Erasmo, Adagia 1.10.37] Eu mesmo cuidarei do meu
banho. (=Das minhas coisas cuido eu). ■ Cada qual trate
de si e deixe os outros. ■ Cada qual varra a sua testada.
1182. Mihi istic nec seritur, nec metitur. [Plauto,
Epidicus 268] Para mim aqui nem se semeia nem se
colhe. ■ Para mim, tanto faz, como tanto fez. ■ Nem me
vai, nem me vem.
1183. Mihi liber esse non videtur, qui non aliquando
nihil agit. [Cícero, De Oratore 2.6.24] Não me parece
ser livre quem de vez em quando não fica sem fazer
nada. VIDE: ● Liber non est qui non aliquando nihil
agit.
1184. Mihi libet cavere malam rem prius. Prefiro
prevenir o mal. ■ Prevenido, protegido.
1185. Mihi magis quam aliis consulere debeo. [Branco
298] Tenho de cuidar mais de mim do que dos outros.
■ Primeiro os dentes, depois os parentes. VIDE:
● Necessitas plus posset quam pietas solet.
● Propensiores sumus ad nostra quam ad aliena.
1186. Mihi maxime debetur Brasiliae incrementum.
[Divisa de Vassouras, RJ] É principalmente a mim que
se deve o crescimento do Brasil.
1187. Mihi molestus ne sis! Não me amoles! VIDE:
● Molestus ne sis!
1188. Mihi nempe valere et vivere doctus. [Montaigne]
Passar bem e viver, para mim isso é que é ser sábio.
1189. Mihi non tam copia quam modus in dicendo
quaerendus est. [Cícero, De Imperio C. Pompei 3] Ao
discursar não devo buscar a abundância, mas o
equilíbrio. VIDE: ● In dicendo, non tam copia, quam
modus quaerendus.
1190. Mihi nunc eundum est. Agora tenho de partir. VIDE:
● Nobis nunc eundum est.
1191. Mihi omne tempus est ad meos libros vacuum,
nunquam sunt illi occupati. [Cícero, De Republica
1.14] Para os meus livros sempre tenho tempo livre, e
eles para mim nunca estão ocupados.
1192. Mihi pennas inciderant. [Cícero, Ad Atticum 4.2.5]
Tinham-me cortado as asas.
1193. Mihi pergratum est te convenire. É um grande
prazer te encontrar.
1194. Mihi pro minimo est ut ab illis iudicer. Pouco me
importa ser julgado por eles. VIDE: ● Mihi autem pro
minimo est ut a vobis iudicer.
1195. Mihi proficiscendum est. Eu preciso partir.
1196. Mihi pulpamentum fames. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.90] A fome para mim é um manjar.
1197. Mihi quidvis sat est. [Plauto, Miles Gloriosus 750]
Para mim qualquer coisa basta.
1198. Mihi quisquam non videtur errare cum aliquid
nescire se scit, sed cum se putat scire quod nescit.
[S.Agostinho, Epistulae 199.52] Não considero erro
quando alguém sabe que desconhece alguma coisa, mas
sim quando pensa saber o que na verdade não sabe.
1199. Mihi res, non me rebus, subiungere conor.
[Horácio, Epistulae 1.1.19] Procuro submeter as coisas
a mim, não me submeter a elas.
1200. Mihi tenebrae sunt. [Branco 385] Para mim, são
trevas. ■ Para mim isso é um enigma.
1201. Mihi turpe relinqui est et, quod non didici, sane
nescire fateri. [Horácio, Ars Poetica 417] Seria para
mim uma vergonha ser deixado para trás, e reconhecer
que realmente não sei o que não estudei.
1202. Mihi videtur tutius inter Scyllam et Charybdin
navigare. [Bernardes, Nova Floresta 2.208] Quanto a
mim, mais fácil me parece navegar entre Cila e Caribde.
1203. Mihi vindicta, ego retribuam. [Vulgata, Romanos
12.19] A mim me pertence a vingança; eu retribuirei.
VIDE: ● Mea est ultio.
1204. Miles depositis annosus secubat armis,
grandaevique negant ducere aratra boves.
[Propércio, Elegiae 2.25.5] O soldado, quando
envelhece, depõe as armas e descansa, do mesmo modo
que os bois velhos se recusam a puxar os arados.
1205. Miles fugiens iterum pugnare potest. [Binder,
Thesaurus 1855] Soldado que foge pode lutar
novamente.
1206. Miles gloriosus. O soldado fanfarrão. (=É o título de
uma comédia de Plauto).
1207. Miles ibi domicilium habere videtur ubi meret, si
nihil in patria possideat. [Digesta 50.1.23.1]
Considera-se que o soldado tem domicílio onde presta
serviço, se não possui nenhuma propriedade em sua
terra.
1208. Miles nec egredi in terram, nec in nave subsistere
audebat. [Quinto Cúrcio, Historiae 9.9] O soldado nem
ousava desembarcar, nem permanecer a bordo.
1209. Milita bonam militiam. Combate o bom combate.
VIDE: ● Certa bonum certamen fidei. ● Milites in illis
bonam militiam.
1210. Militantium nec indignatio nec laetitia moderata
est. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.1] Nem a indignação
nem a alegria dos soldados são moderadas.
1211. Militarem sine duce turbam corpus esse sine
spiritu. [Quinto Cúrcio, Historiae 10.6] Uma tropa sem
comandante é um corpo sem alma.
1212. Militat omnis amans, et habet sua castra Cupido.
[Ovídio, Amores 1.9.1] Todo namorado é um soldado, e
Cupido tem seu quartel.
1213. Militavi non sine gloria. [Horácio, Carmina 3.26.2]
Lutei, não sem glória.
1214. Militem aut monachum facit desperatio. O
desespero faz ou um soldado ou um monge. VIDE:
● Desperatio aut militem facit aut monachum.
● Desperatio facit monachum.
1215. Milites in illis bonam militiam. [Vulgata, 1Timóteo
1.18] Que milites por elas boa milícia. VIDE: ● Certa
bonum certamen fidei. ● Milita bonam militiam.
1216. Militia est hominum vita. A vida dos homens é uma
luta. ■ Viver é lutar. ● Militia est vita hominis super
terram, et sicut dies mercenarii, dies eius. [Vulgata,
Jó 7.1] A vida do homem sobre a terra é uma luta, e os
seus dias são como os do diarista. VIDE: ● Vita hominis
militia est.
1217. Militiae species amor est. [Ovídio, Ars Amatoria
2.233] O amor é uma espécie de combate.
1218. Militis cuiuslibet fortitudo non agnoscitur nisi in
bello. [S.Beda, Proverbiorum Liber] A valentia de
qualquer soldado só se conhece na guerra. ■ É na luta
que se conhecem os heróis. VIDE: ● Gubernatorem in
tempestate intellegas, in acie militem. ● In tempestate
cognoscitur gubernator.
1219. Mille animos excipe mille modis. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.756] Mil estados de espírito diferentes,
trata-os de mil modos diferentes.
1220. Mille anni ante oculos tuos tamquam dies
hesterna quae praeteriit. [Vulgata, Salmos 89.4] Mil
anos, aos Teus olhos, são como o dia de ontem, que
passou.
1221. Mille docent hominem prope callem qui struit
sedem. [Binder, Thesaurus 1856] Mil pessoas ensinam
ao homem que constrói sua moradia à beira do caminho.
■ Quem faz casa na praça, uns dizem que é alta, outros
que é baixa. VIDE: ● Qui struit in calle, multos habet
ille magistros.
1222. Mille hominum species, et rerum discolor usus;
velle suum cuique est, nec voto vivitur uno.
[Bernardes, Nova Floresta 2.37] Há mil espécies de
homens, e uso diferente das coisas; cada homem tem
sua vontade, e não se vive de acordo com um desejo
único.
1223. Mille mali species, mille salutis erunt. [Ovídio,
Remedium Amoris 525] (Se houver) mil espécies de
doenças, haverá mil modos de cura.
1224. Mille modis amor ignorandus est, procul
adhibendus est, atque abstinendus. [Plauto,
Trinummus 235] O amor deve ser ignorado de mil
modos, deve ser afastado para longe e ser repelido.
1225. Mille viae ducunt homines per saecula ad
Romam. [Allain de Lille, Liber Parabolarum 591 /
CODP 231] Mil estradas conduzem os homens pelo
mundo a Roma. ■ Todos os caminhos vão dar em Roma.
■ Todos os caminhos levam a Roma. VIDE: ● Omnes viae
ad Romam ferunt.
1226. Mille viatorum fonticulus explet sitim. Uma
fontezinha satisfaz a sede de mil viajantes.
1227. Milvo volanti ungues resecare. Aparar as unhas de
um milhafre em pleno vôo. ■ Dar nó em pingo d'água.
VIDE: ● Ille milvo volanti poterat ungues resecare.
1228. Milvum comedens, et ipse milvus fies. [Schrevelius
1178] Comendo milhafre tu também virarás milhafre.
■ Quem com coxo anda, aprende a mancar.
1229. Minacias ego flocci non facio tuas. [Plauto, Rudens
706] Não dou importância às tuas ameaças.
1230. Minae non mordent. Ameaças não mordem.
1231. Minari et caedere non semper eiusdem. [Pontanus
/ Stevenson 2310] Ameaçar e bater nem sempre são da
mesma pessoa. ■ Dizer e fazer não comem à mesma
mesa.
1232. Minatur innocentibus qui parcit nocentibus. [Jur /
Coke / Black 1187] Ameaça os inocentes quem poupa
os culpados. ■ Quem poupa o mau prejudica o bom.
VIDE: ● Bonis nocet qui malis parcet. ● Bonis nocet
quisquis pepercerit malis. ● Iniuria probos afficit qui
malis parcit. ● Parcit quisque malis, perdere vult
bonos. ● Qui parcit nocentibus, innocentes punit.
1233. Minerva auxiliante, manum etiam admove.
[Schottus, Adagia 149] Mesmo que Minerva esteja
ajudando, trata de mexer tua mão. ■ Põe tu a mão, e
Deus te ajudará. ■ Trabalha tu, que Deus te ajudará.
VIDE: ● Ad opus manum admovendo fortunam invoca.
● Adesse gaudet, sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva
et manum move. ● Cum Minerva manum quoque
move. ● Cum Minerva manus etiam move. ● Di
facientes adiuvant. ● Deus facientes adiuvat. ● Deus
laborantibus opem fert prospere. ● Deus laborantes
ope adiuvat sua.
1234. Minerva invita. Contra a vontade de Minerva. VIDE:
● Invita Minerva.
1235. Minervae omnis homo. [Petrônio, Satiricon 44] Um
homem de todas as artes.
1236. Minervae suffragium. [Erasmo, Adagia 3.4.53;
Pereira 108] O voto de Minerva.
1237. Minervam sus docet. O porco está dando lição a
Minerva. ■ Ensina padre-nosso ao vigário. VIDE: ● Ne
sus Minervam doceat! ● Non sus Minervam! ● Sus
Minervam docet. ● Sus Minervam. ● Sus artium
repertricem.
1238. Minima de malis. [Cícero, De Officiis 3.29] Dos
males, os menores.■ Dos males, o menor. ● Minima de
malis eligenda. Devem-se escolher os menores dos
males. VIDE: ● De duobus malis, minus est semper
eligendum. ● De duobus malis minus malum est
eligendum. ● De duobus malis, minus est deligendum.
● E duobus malis minus eligendum. ● E duobus malis,
cum maius fugiendum sit, levius est eligendum. ● E
malis multis malum quod minimum est. ● Elige ex
malis minima.● Ex malis eligere minima oportere.
● Minus damnum maiori anteponendum.
1239. Minima non curat praetor. O pretor não cuida de
coisas sem importância. ■ Homem grande não desce a
coisas baixas. ■ As águias não caçam moscas. VIDE:
● Aquila non captat muscas. ● De minimis non curat
praetor. ● Maximis occupati negotiis ad pusilla
quaedam connivent. ● Modica non curat praetor.
● Summi viri neglegunt minutula quaepiam.
1240. Minima poena corporalis est maior qualibet
pecuniaria. [Jur / Black 1188] A menor pena corporal é
maior que qualquer pena pecuniária.
1241. Minima possunt, qui plurima iactant. [Stevenson
209] Quem mais se gaba é o que menos pode. ■ Quem
mais fala menos faz.
1242. Minime amicus sum, fortunae particeps nisi tuae.
[Publílio Siro] Não sou de modo algum teu amigo, se
não participo de tua sorte.
1243. Minime cantherium in fossam demiseris. [Tito
Livio, Ab Urbe Condita 23.47.5] Não atires de nenhum
modo teu cavalo no fosso. ■ Não vás com muita sede ao
pote.
1244. Minime mutanda sunt quae certam habuerunt
interpretationem. [Jur / Black 1188] Coisas que
tiveram interpretação certa não devem de modo algum
ser alteradas.
1245. Minime vero veritati praeferendus est vir. [Tosi
299] Por motivo nenhum se deve preferir um homem à
verdade. ■ Amigo do compadre, mas mais da verdade.
VIDE: ● Amicus Plato, sed magis amica veritas.
● Amicus Plato, amicus Socrates, sed praehonoranda
veritas. ● Amicus Plato, amicus Socrates, sed magis
amica veritas. ● Amicus Socrates, sed magis amica
veritas. ● Et veritatem diligimus et Platonem, sed
rectius est diligere veritatem. ● Minime vero veritati
praeferendus est vir. ● Plato amicus, sed magis amica
veritas.
1246. Minimis ex verbis lis saepe maxima crescit. [Tosi
817] Muitas vezes de pequeníssimas palavras nasce uma
briga enorme. ■ De uma faísca se queima a vila. ■ Um
fósforo acaba um palácio. ■ De pequena fagulha,
grande labareda. VIDE: ● Lis minimis verbis interdum
maxima crescit.
1247. Minimis sordisque rebus non exacerbemur.
[Sêneca, De Ira 2.25] Não nos irritemos por coisas
insignificantes e mesquinhas.
1248. Minimo sono labuntur alta flumina. [Binder,
Thesaurus 1863] Os rios profundos correm sem
qualquer ruído. Águas tranqüilas, águas profundas.
Água silenciosa, a mais perigosa. ■ Cuidado com o
homem que não fala e com o cão que não ladra. VIDE:
● Aqua profunda est quieta. ● Altissima quaeque
flumina minimo labuntur sono.
1249. Minimum. O menor. O mínimo.
1250. Minimum animal pulex, saltu maximum superat
elephantem. [Schrevelius 1181] A pulga é um animal
muito pequeno, mas no salto supera o enorme elefante.
1251. Minimum decet libere, cui multum licet. [Sêneca,
Troades 337] A quem muito é permitido, convém que
deseje pouco. ■ A quem muito pode, de modo algum
convém abusar. ● Minimum decet licere, cui multum
licet. A quem é permitido o muito, convém ser
permitido o pouco. ■ Quem pode o mais, pode o menos.
VIDE: ● Decet licere minimum cui multum licet.
1252. Minimum eripit fortuna, cui minimum dedit.
[Publílio Siro] Pouco tira a sorte daquele a quem pouco
deu.
1253. Minimum est nihilo proximum. [Black 1188] O
mínimo está próximo do nada.
1254. Minimum minimorum. O menor dos menores. O
mínimo dos mínimos.
1255. Minimum vivit, qui nil quam vitam cogitat.
[Publílio Siro] Vive muito pouco quem só pensa na
vida.
1256. Ministrando dignitas. [Divisa] Dignidade em
servir.
1257. Minor aetas. [Jur / Black 1190] Menoridade.
1258. Minor, ante plenum septennium, dicitur infans et
censetur non sui compos, expleto autem septennio,
usum rationis habere praesumitur. [CIC 97.2] O
menor antes dos sete anos completos chama-se criança,
e é considerado não cônscio de si; completados, porém,
os sete anos, presume-se que tenha o uso da razão.
1259. Minor culpa, minor poena. [Schrevelius 1180]
Menor culpa, menor punição.
1260. Minor in parvis Fortuna furit! [Sêneca, Hippolytus
1124] A sorte ameaça menos os humildes!
1261. Minor iurare non potest. [Jur / Black 1190] O
menor não pode participar de júri.
1262. Minor minorem custodire non debet, alios enim
praesumitur male regere qui seipsum regere nescit.
[Jur / Black 1190] Menor não deve cuidar de menor,
pois presume-se que quem não sabe dirigir a si mesmo,
dirige mal os outros.
1263. Minor vis bonis quam malis inest. [Plínio Moço,
Epistulae 4.7.3] Nos homens de bem há menos
violência do que nos maus.
1264. Minorem ne contempseris. [Dionísio Catão,
Monosticha 49] Não desprezes o teu inferior.
1265. Minores non habent neque velle neque nolle. [Jur]
Os menores não têm querer nem não querer.
1266. Minores, ut fiant aequales, seditionem faciunt;
aequales vero ut fiant maiores. [Aristóteles, Politica,
traduzido do grego] Os inferiores fazem revolução para
conquistar a igualdade; os iguais, para superar os
demais.
1267. Minori parce. [Dionísio Catão, Monosticha 12]
Poupa o mais fraco do que tu.
1268. Minuentur atrae carmine curae. [Horácio,
Carmina 4.11.35] Com o canto aliviam-se as
preocupações sombrias. ■ Quem canta seus males
espanta.
1269. Minuit praesentia famam. [Claudiano, De Bello
Gildonico 385] A proximidade diminui o prestígio. ■ O
sacristão sabe que o santo é de pau. VIDE: ● Intrantis
crebro minuet praesentia famam. ● Omne rarum
carum. ● Omne rarum carum, vilescit cotidianum.
1270. Minuit vindicta dolorem. ■ A vingança abranda a
dor. ● Minuet vindicta dolorem. [Ovídio, Amores
1.7.63] A vingança abrandará a dor.
1271. Minus afficit sensus fatigatio quam cogitatio.
[Quintiliano, Institutiones Oratoriae 1.12] O sofrimento
afeta menos nossos sentidos do que a imaginação.
1272. Minus cui prohibitur, multo magis quod maius est
interdicitur. [Jur] A quem se proíbe o menos, muito
mais se proíbe o mais.
1273. Minus damnum maiori anteponendum. [Schottus,
Adagialia Sacra 7] O mal menor é preferível ao maior.
■ De dois males, o menor. VIDE: ● De duobus malis,
minus est semper eligendum. ● De duobus malis
minus malum est eligendum. ● De duobus malis,
minus est deligendum. ● E duobus malis minus
eligendum. ● E duobus malis, cum maius fugiendum
sit, levius est eligendum. ● E malis multis malum
quod minimum est. ● Elige ex malis minima.● Ex
malis eligere minima oportere. ● Minima de malis
eligenda. ● Minima de malis.
1274. Minus de istis laboro, quam de ranis palustribus.
[Erasmo, Adagia 3.1.76] Eu me preocupo com estas
coisas menos do que com as rãs do pântano. ■ Tanto se
me dá disso como de chiar um carro.
1275. Minus decipitur, cui negatur celeriter. [Publílio
Siro] Decepciona-se menos aquele a quem se nega
imediatamente. ● Minus decipitur, cui cito negatur.
[Binder, Thesaurus 1866]
1276. Minus delictum. [Jur] O delito menor.
1277. Minus dixi quam debui. Eu disse menos do que
devia.
1278. Minus dixi quam volui de te. [Plauto, Captivi 430]
Eu disse de ti menos do que queria dizer. ● Minus dixit
quam voluit. Ele disse menos que queria.
1279. Minus enim iacula feriunt quae praevidentur.
[S.Gregório Magno / S.Tomás de Aquino, Expositio in
Lucam 21.3] Ferem menos as lanças que são esperadas.
■ Homem avisado, meio salvado. ■ Homem prevenido a
custo é vencido. VIDE: ● Levius laedit quicquid
praevidimus ante. ● Mala praevisa minus nocent.
● Mala praevisa vitantur facilius. ● Minus nocent
iacula quae praevidentur. ● Praevisa minus laedere
tela solent. ● Praevisa minus tela nocere solent.
● Quae multo ante praevisa sunt, languidius
incurrunt. ● Tela nocent levius visa venire prius.
● Tela praevisa minus nocent.
1280. Minus est quam servus dominus, qui servos timet.
[Publílio Siro] O senhor que teme os servos, é menos do
que servo.
1281. Minus fit quod patitur unum membrum, si
compatiuntur alia membra. [S.Agostinho, Epistulae
99.2] Diminui o que sofre um membro, se compartilham
os outros membros. ■ Muitas mãos tornam a obra leve.
1282. Minus habendum est, ut minus desit. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 9.8.2] Deve-se ter menos para que falte
menos. ■ Quem pouco tem, pouco lhe basta.
1283. Minus habens. Que tem menos. Menos dotado.
(=Uma pessoa de inteligência limitada).
1284. Minus habeo quam speravi, sed fortasse plus
speravi quam debui. [Sêneca, De Ira 3.30.3] Tenho
menos do que esperava, mas talvez tenha esperado mais
do que devia.
1285. Minus nocent iacula quae praevidentur. Ferem
menos as lanças que são esperadas. ■ Homem avisado,
meio salvado. ■ Homem prevenido a custo é vencido.
VIDE: ● Levius laedit quicquid praevidimus ante.
● Mala praevisa minus nocent. ● Mala praevisa
vitantur facilius. ● Minus enim iacula feriunt quae
praevidentur. ● Praevisa minus laedere tela solent.
● Praevisa minus tela nocere solent. ● Quae multo
ante praevisa sunt, languidius incurrunt. ● Tela
nocent levius visa venire prius. ● Tela praevisa minus
nocent.
1286. Minus saepe pecces, si scias quid nescias. [Publílio
Siro] Errarias com menos freqüência, se soubesses o
que não sabes.
1287. Minus scripsi quam volui. Escrevi menos do que
queria. ● Minus scripsit quam voluit. Escreveu menos
do que queria.
1288. Minus scriptum quam dictum fuerat. Escreveu-se
menos do que fora dito.
1289. Minus solvit qui tardius solvit. [Ulpiano, Digesta
50.16.12.1] Paga menos quem paga mais atrasado. VIDE:
● Qui sero solvit, minus solvit. ● Qui tardius solvit,
minus solvit.
1290. Minus sui compos est ira quam ebrietas. A ira tem
menos juízo que a embriaguez.
1291. Minuti semper et infirmi est animi exiguique
voluptas ultio. [Juvenal, Satirae 13.189] A vingança é
sempre o prazer de uma alma pequenina, vil e fraca.
1292. Minutissima festuca in oculo offendit oculum.
[Stevenson 730] Uma palhinha mínima no olho fere-o.
1293. Minutula pluvia imbrem parit. [Erasmo, Adagia
1.3.2] Uma chuva miudinha gera um aguaceiro.
■ Pequenas causas, grandes efeitos. ■ Quem despreza
pequenas faltas cairá nas grandes. ● Minutae guttulae
imbrem pariunt. [Binder, Thesaurus 1867] Pequenas
gotinhas geram um aguaceiro. VIDE: ● Assidua stilla
saxum excavat. ● Nunc in te cadunt folia, post cadent
arbores.
1294. Mira quidem, sed tamen acta, loquor. [Ovídio,
Fasti 6.612] Digo coisas espantosas, mas que
aconteceram.
1295. Mira res est! Que coisa espantosa!
1296. Mira virtus inter impudentes. [Rezende 3534] É
um espanto a virtude entre desavergonhados.
1297. Mirabile dictu! [Virgílio, Eneida 439; Georgica
2.30] É maravilhoso de se dizer! VIDE: ● Dictu mirabile.
1298. Mirabile videtur quod non rideat aruspex cum
aruspicem viderit. [Cícero, De Natura Deorum 1.26] É
de se espantar que um arúspice não ria ao ver outro.
1299. Mirabile visu! [Columela, De Re Rustica 10.5.363]
É maravilhoso de se ver!
1300. Mirabilia. Coisas maravilhosas. Maravilhas.
1301. Mirabilia fecit. [Inscrição em moeda inglesa] Ele
operou maravilhas. VIDE: ● Cantate Domino canticum
novum, quia mirabilia fecit.
1302. Mirabilis connexio rerum. É admirável a conexão
das coisas do mundo.
1303. Mirabor si sciet inter noscere mendacem
verumque beatus amicum. [Horácio, Ars Poetica 424]
Ficarei surpreso se ele tiver a felicidade de reconhecer
entre um mentiroso e um verdadeiro amigo.
1304. Miracula facere solus Deus potest. Só Deus pode
fazer milagres.
1305. Miramur. Estamos surpresos. Eu estou surpreso.
1306. Miramur ex intervallo fallentia. [Rezende 3532]
Admiramos as coisas que nos enganam por estarem
distantes. VIDE: ● Maiorque pars miratur ex intervallo
fallentia.
1307. Miramur enim exotica, cum interdum domi
habeamus meliora. [Manúcio, Adagia 974]
Admiramos as coisas que vêm de fora, quando às vezes
em casa temos coisas melhores. VIDE: ● Alienum
amamus, proximum contemnimus.
1308. Miranda canunt, sed non credenda, poëtae.
[Dionísio Catão, Disticha 3.18] Os poetas cantam coisas
maravilhosas, mas não se deve acreditar nelas. VIDE:
● Mentiri vatibus est mos. ● Mentiuntur multa
cantores. ● Multa mentiuntur poetae.
1309. Mirandus consurget medicus qui faciet de sanis
aegrotos. [Breviloquium Boncompagni 19.12] Seria
considerado uma coisa espantosa o médico que de
homens sãos fizesse doentes.
1310. Mirati sunt omnes. [Vulgata, Marcos 1.27] Ficaram
todos admirados. VIDE: ● Admirati sunt omnes.
1311. Miratio gignit amorem. [Iohannes de Virgilio Danti
Alagherii Ecloga Responsiva 21] A admiração gera o
amor.
1312. Miratur nihil, nisi quod Libitina sacravit.
[Horácio, Epistulae 2.1.49] Só se admira aquilo que a
morte consagrou. ■ Não louves o homem enquanto vive.
1313. Miremur magis quos munera mentis adornant,
quam qui corporeis enituere bonis. [Aviano, Fabulae
40.12] Admiremos mais aqueles a que adornam as
qualidades do espírito do que os que se distinguiram
pelas qualidades físicas.
1314. Mirificus eventus. Um acontecimento
extraordinário.
1315. Miris modis di ludos faciunt hominibus, mirisque
exemplis somnia in somnis dant. [Plauto, Mercator
223] Os deuses fazem brincadeiras espantosas com os
homens, e lhes enviam estranhas visões durante o sono.
1316. Mirum est ut animus agitatione motuque corporis
excitetur. [Plínio Moço, Epistulae 1.6] É de se admirar
quanto o espírito se excita com a agitação e o
movimento do corpo.
1317. Misce stultitiam consiliis brevem. [Horácio,
Carmina 4.12.27] Mistura às tuas decisões um
pouquinho de loucura.
1318. Miscebis sacra profanis. [Horácio, Epistulae 1.54]
Não farás distinção entre o sagrado e o profano.
1319. Miscenda est laetis repulsa iocis. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.580] A recusa deve ser mesclada com
alegres gracejos.
1320. Miscenda iocis seria, seriisque lusus. [J.J. Scaliger,
Epidorpides] Às brincadeiras devem-se juntar coisas
sérias, às sérias, brincadeiras.
1321. Miscentur tristia laetis. [Ovídio, Fasti 6.463] Une-
se o triste ao alegre.
1322. Miscere iocis seria. Misturar o sério ao gracejo.
1323. Miscere sidera ponto. Juntar o céu e o mar.
1324. Miser dici bonus vir esse non potest. [Publílio
Siro] Um homem de bem não pode ser considerado
infeliz.
1325. Miser ego homo! [S.Agostinho, Sermones 155.14]
Pobre de mim! VIDE: ● Infelix ego homo! ● Me miser!
1326. Miser esse mavult, esse qui felix potest? [Sêneca,
Thyestes 444] Preferirá ser desgraçado quem pode ser
feliz?
1327. Miser est mus antro qui clauditur uno. [DAPR
566] Coitado do rato que só tem um único buraco para
se esconder. ■ Mal vai ao rato que conhece só um
buraco. ■ Infeliz do rato que só conhece um buraco.
■ Rato que só conhece um buraco asinha é tomado. VIDE:
● Misera est vulpes quae unum tantum latibulum
habet. ● Muri nulla salus cui pervius est cavus unus.
● Mus gaudet minime, nisi sint plures sibi rimae.
● Mus capitur citius, nisi plura foramina quaerit.
● Mus infelix est qui pluribus absque cavis est. ● Mus
miser est, antro qui tantum clauditur uno. ● Mus
miser est, antro qui solo clauditur uno.
1328. Miser princeps apud quem vera tacentur. Coitado
do príncipe a quem se escondem as verdades.
1329. Miser qui nunquam miser. ■ Pobre de quem nunca
sofreu. VIDE: ● Miserum te iudico, quod nunquam
fuisti miser.
1330. Miser vel ignavissimo cuique ludibrio est.
[Epígrafe de Fábula de Fedro 1.20 / Rezende 3547] O
infeliz é motivo de riso até para qualquer covarde. ■ Ao
caído todos se lhe atrevem.
1331. Misera contribuens plebs. [Verboczi, Decretum
Tripartitum / Rezende 3537] A pobre plebe pagadora de
impostos. (=Rui Barbosa, no Prefácio da obra O Papa e
o Concílio, emprega a expressão mísera plebe
tributária).
1332. Misera est fortuna quae caret inimico. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy] Triste a sorte de
quem não tem inimigo. ■ Quem não é invejado não é
afortunado.
1333. Misera est magni custodia census. [Juvenal, Satirae
14.304] É um sofrimento a guarda de grandes valores.
VIDE: ● Crescentem sequitur cura pecuniam. ● Divitiae
curas habent comites.
1334. Misera est servitus ubi ius est vagum aut
incertum. [Jur / Broom 123] Há servidão miserável
quando a lei é vaga ou incerta.
1335. Misera est voluptas, ubi pericli memoria est.
[Publílio Siro] É triste o prazer, quando há lembrança
do perigo.
1336. Miserabile vulgus. [Virgílio, Eneida 2.798] A massa
sofredora.
1337. Misera est vulpes quae unum tantum latibulum
habet. [Bebel, Adagia Germanica] Coitada da raposa
que só tem um esconderijo. ■ Depressa se toma o rato
que só sabe um buraco. VIDE: ● Miser est mus antro qui
clauditur uno. ● Mus infelix est qui pluribus absque
cavis est.
1338. Miseram servitutem falso pacem vocant. [Tácito,
Historiae 4.17.14] Falsamente chamam de paz a uma
miserável escravidão.
1339. Miseranda vita, qui se metui, quam amari
malunt. [Cornélio Nepos, Dion 9] É triste a vida de
quem prefere ser temido a ser amado.
1340. Miserandus est potius quam damnandus. Merece
mais compaixão do que condenação.
1341. Miserere mei, Deus. [Vulgata, Salmos 50.3]
Compadece-te de mim, ó Deus. ● Miserere mei,
Domine. [Vulgata, Salmos 6.3] Compadece-te de mim,
Senhor.
1342. Miserere nostri. [Vulgata, Isaías 33.2] Tem piedade
de nós. ● Miserere nobis. [Vulgata, Tobias 8.10]
1343. Misereri mei coepi. [Sêneca Retórico, Controversiae
7] Comecei a ter piedade de mim.
1344. Miseret te aliorum, tui nec miseret, nec pudet.
[Plauto, Trinummus 430] Tens piedade dos outros, de ti
não tens nem piedade, nem vergonha.
1345. Miseria est magni custodia census. [Juvenal,
Satirae 14.304] É um sofrimento a guarda de tão grande
riqueza.
1346. Miseria nostra magnus est. [Valério Máximo, Dicta
et Facta Memorabilia 6.2.9] Tornou-se grande com o
nosso sofrimento.
1347. Miseriae finis in morte. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.9] O fim do sofrimento está na morte.
■ A morte é o fim de todos os males. VIDE: ● Finis
miseriae mors est. ● Morborum medicus omnium
mors ultimus.
1348. Miseriam omnem ego capio, hic potitur gaudia.
[Terêncio, Adelphi 876] Eu fico com todo o mal, ele
conquista todos os prazeres.
1349. Miserias lenit quies. [Sêneca, Medea 559] A
resignação alivia os sofrimentos.
1350. Miserias properant suas audire miseri. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 754] Os infelizes têm pressa de
conhecer suas desgraças.
1351. Misericordia Domini inter pontem et fontem.
[S.Agostinho] A misericórdia de Deus (acontece) entre
a ponte e o rio. VIDE: ● Inter caesa et porrecta. ● Inter
gladium et iugulum. ● Inter pontem et fontem.
1352. Misericordia Domini plena est terra. [Vulgata,
Salmos 32.5] Da misericórdia do Senhor cheia está a
terra.
1353. Misericordia est aegritudo ex miseria alterius
iniuria laborantis. [Cícero, Tusculanae Disputationes
4.18] A misericórdia é a amargura que vem da
infelicidade de outrem que sofre injustiça.
1354. Misericordia et veritas obviaverunt sibi: iustitia et
pax osculatae sunt. [Vulgata, Salmos 84.11] A
misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a
paz se deram ósculo.
1355. Misericordia vicina est miseriae. [Sêneca, De
Clementia 2.6.4] A piedade é vizinha do sofrimento.
1356. Misericordiam volo et non sacrificium. [Vulgata,
Mateus 9.13] Eu quero a misericórdia, e não o
sacrifício. ● Misericordiam volui, et non sacrificium;
et scientiam Dei plus quam holocausta. [Vulgata,
Oséias 6.6] Eu quis a misericórdia, e não o sacrifício, e
a ciência de Deus mais do que os holocaustos.
1357. Misericors civis patriae est consolatio. [Publílio
Siro] Um cidadão humano é o consolo de seu país.
1358. Misericors mendacium. Uma mentira inspirada pela
compaixão.
1359. Miseris omnia adversa. Aos infelizes, tudo é
desfavorável. ■ A navio roto todos os ventos são
contrários.
1360. Miseris solus superest luctus. [Maximiano, Elegiae
2] Aos desgraçados só resta a tristeza.
1361. Miseris venit sollertia rebus. [Ovídio,
Metamorphoses 6.575] A esperteza vem com a
adversidade. ■ A necessidade mete a velha a caminho.
VIDE: ● Fac de necessitate virtutem.
1362. Miserius enim stultitia quid possumus dicere?
[Cícero, De Natura Deorum 1.23] Que podemos
classificar de mais lamentável do que a insensatez?
1363. Miserius est nocere quam laedi. [Sêneca, Epistulae
Morales 95.52] Dói mais fazer mal a alguém do que ser
ferido.
1364. Misero datur quodcumque, Fortunae datur.
[Sêneca, Troades 698] Tudo que se dá a um infeliz, dá-
se à deusa Fortuna.
1365. Miseros magis Fortuna conciliat suis. [Sêneca,
Phoenissae 386] A fatalidade une mais os infelizes aos
seus.
1366. Miseros prudentia prima relinquit. [Ovídio, Ex
Ponto 4.12.47] A prudência é a primeira coisa que
abandona os desgraçados.
1367. Miserrima omnino est ambitio honorumque
contentio. [Cícero, De Officiis 1.25] A ambição e a
disputa dos cargos é vergonhosa.
1368. Miserrimum est arbitrio alterius vivere. [Publílio
Siro] É deprimente viver sob o capricho de outrem.
1369. Miserrimum est timere, cum speres nihil. [Sêneca,
Troades 426] É o cúmulo do sofrimento temer ainda,
quando já não há nenhuma esperança.
1370. Miserrimum, fame mori. [Grynaeus 235] Morrer de
fome é muito triste. ● Miserrimum mortis genus, fame
mori. [Grynaeus 235] Morrer de fome é um gênero de
morte muito triste. ● Miserrimum mortis genus est,
perire fame. [Erasmo, Colloquia 15]
1371. Miserrimus est qui, quod edat, non habet. É muito
infeliz quem não tem o que comer. ● Miserrimus est
qui, cum esse cupit, quod edat non habet. [Plauto,
Captivi 463] É muito infeliz quem não tem o que comer
quando tem fome.
1372. Miserrimus qui in vita miser, post mortem
miserior. [Epígrafe de Fábula de Fedro 4.1 / Rezende
3544] Infelicíssimo é o que, sendo desgraçado em vida,
ainda o é mais depois da morte.
1373. Miserum est aliena vivere quadra. [Rezende 3545]
É triste viver do pão alheio. ■ Negra é a ceia em casa
alheia. VIDE: ● Aliena vivere quadra. ● Bona summa
putes aliena vivere quadra.
1374. Miserum est aliorum incumbere famae. [Juvenal,
Satirae 8.75] É triste apoiar-se na reputação de outrem.
● Miserum est alienae incumbere famae.
1375. Miserum est carere consuetudine amicorum.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 5.63] É triste não ter
relações com amigos. ■ Não se pode viver sem amigos.
1376. Miserum est, ingratum esse homini, id quod
facias bene. [Plauto, Epidicus 140] É lamentável ser o
bem que fazes desagradável ao beneficiado.
1377. Miserum est praesentem amittere praedam.
[Aviano, Fabulae 30.15] É uma pena perder a presa que
está na mão.
1378. Miserum est tacere cogi quod cupias loqui.
[Publílio Siro] É lamentável ser obrigado a calar aquilo
que se deseja falar.
1379. Miserum est venire post festum. É triste chegar
depois de acabada a festa.
1380. Miserum istuc verbum et pessimum est ‘habuisse’
et nihil habere. [Plauto, Rudens 1243] É triste e muito
ruim essa expressão ‘ter tido’ e não ter nada. ● Miserum
habuisse et nil habere. É triste ter tido e não ter nada.
1381. Miserum noli irridere. [Dionísio Catão,
Monosticha 42] Não te rias do infeliz.
1382. Miserum te iudico, quod nunquam fuisti miser.
[Sêneca, De Providentia 4.3] Eu te julgo infeliz porque
nunca tiveste nenhum sofrimento. ■ Pobre de quem
nunca sofreu. VIDE: ● Miser qui nunquam miser.
1383. Mitem animam sub pectore forti. [Divisa /
Rezende 3549] Uma alma terna em um peito valente.
1384. Mites possident terram. [Pereira 98] Os mansos
possuem a terra. ■ Bezerrinha mansa todas as vacas
mama. ● Mites possidebunt terram. Os mansos
possuirão a terra. VIDE: ● Beati mites quoniam ipsi
possidebunt terram.
1385. Mitior circa mulieres debet esse sententia pro
infirmitate sexus. [Codex Iustiniani 9.8.5.3, adaptado]
A sentença para com as mulheres deve ser mais branda
por causa da fragilidade do sexo.
1386. Mitior columba. [Erasmo, Adagia 3.6.48] É mais
manso do que uma pomba. ● Mansuetior columba.
1387. Mitis praelatus facit ignavos famulatus. [DAPR
700] O amo complacente faz servidores preguiçosos.
■ O amo complacente faz o servidor negligente.
1388. Mitius imperanti melius paretur. [Bouvier, Law
Dictionary] Ao que governa com mais suavidade se
obedece melhor. ■ Mais se consegue com amor que com
dor. VIDE: ● Remissius imperanti melius paretur.
1389. Mitte panem tuum super transeuntes aquas, quia
post tempora multa invenies illum. [Vulgata,
Eclesiastes 11.1] Lança o teu pão sobre as águas que
passam, porque depois de muitos tempos o acharás.
(=Schottus, Adagialia Sacra 122, interpreta panem
tuum como eleemosinam, esmola, e transeuntes
aquas como pauperes, pobres). ■ Quem faz o bem o
encontra.
1390. Mittere lineam. [Plauto, Mostellaria 1070] Atirar a
linha. (=Preparar uma armadilha para alguém).
1391. Mittere mappam. [Juvenal, Epigrammata 12.28.9]
Atirar o lenço. (=No circo, era o sinal para começarem
os jogos).
1392. Mittere margaritas ante porcos. Atirar pérolas aos
porcos. VIDE: ● Noli mittere margaritas ante porcos.
● Nolite dare sanctum canibus; neque mittatis
margaritas vestras ante porcos. ● Proicere
margaritas ante porcos. ● Spargere porcis
margaritas.
1393. Mittite falces, quoniam maturavit messis.
[Vulgata, Joel 3.13] Metei as foices ao trigo, porque já
está madura a messe.
1394. Mixta senum ac iuvenum densantur funera.
[Horácio, Carmina 1.28.19] Misturam-se os túmulos dos
velhos e dos jovens. ■ Tanto morrem dos cordeiros
como dos carneiros.
1395. Mixtim. Misturadamente. Confusamente.
1396. Mobile mutatur semper cum principe vulgus.
[Claudiano, De Quarto Consulatu 302] A multidão
inconstante muda sempre com o governante. ■ Novo rei,
nova lei. VIDE: ● Mutatur cum principe vulgus.
1397. Mobile vulgus. [Estácio, Silvae 2.2.123] A volúvel
multidão. (=A palavra inglesa mob, multidão, turba, é
uma abreviatura dessa expressão. Morwood 117).
1398. Mobilia. [Jur / Black 1197] Bens móveis. VIDE: ● Res
mobiles.
1399. Mobilia non habent situm. [Jur / Black 1197] Os
bens móveis não têm lugar certo.
1400. Mobilia sequuntur personam. [Jur / Broom 399]
Os bens móveis acompanham a pessoa. ● Mobilia
sequuntur personas, immobilia vero ossa adhaerent.
Os bens móveis acompanham as pessoas; os imóveis,
porém, são fixos.
1401. Mobilior ventis femina. [Calpúrnio, Eclogae 3.27]
A mulher é mais volúvel do que os ventos.
1402. Mobilis et varia est ferme natura malorum.
[Juvenal, Satirae 13.236] A natureza dos maus
geralmente é volúvel e incerta.
1403. Mobilitate viget fama. A fama tem sua força no
movimento. VIDE: ● Fama crescit eundo. ● Fama,
malum quo non aliud velocius ullum; mobilitate
viget viresque acquirit eundo. ● Fama vires acquirit
eundo.
1404. Moderari et animo et orationi est non mediocris
ingenii. [Cícero, Ad Quintum Fratrem 1.1.38] Moderar
o temperamento e a linguagem é de não medíocre
talento.
1405. Moderata durant. As coisas moderadas subsistem.
VIDE: ● Imperia moderata durant.
1406. Moderata laudamus, excessus vituperamus.
[Grynaeus 513] Louvamos o que é moderado, o excesso
criticamos. ■ Todo excesso prejudica.
1407. Moderati et nec difficiles nec inhumani senes
tolerabilem senectutem agunt. [Cícero, De Senectute
2] Os velhos tranqüilos, brandos e corteses passam uma
velhice tolerável.
1408. Modestius de se sentire, aut plus virium habere
oportet. [Apostólio 10.6] É preciso reconhecer-se mais
fraco, ou ter mais força.
1409. Modica enim voluptas laxat animos et temperat.
[Sêneca, De Ira 2.20.3] Um prazer moderado relaxa o
espírito e o acalma.
1410. Modica facti differentia, magnam inducit iuris
diversitatem. [Jur] Uma leve diferença do fato
determina uma grande diversidade do direito.
1411. Modica non curat praetor. O pretor não cuida de
coisas sem importância. ■ Homem grande não desce a
coisas baixas. ■ As águias não caçam moscas. VIDE: ● De
minimis non curat praetor. ● Minima non curat
praetor.
1412. Modicae fidei, quare dubitasti? [Vulgata, Mateus
14.31] Homem de pouca fé, por que duvidaste?
1413. Modice et modeste melius est vitam vivere.
[Plauto, Persa 353] É melhor viver a vida com
tranqüilidade e moderação.
1414. Modice vivere est optime vivere. Viver com
moderação é viver muito bem.
1415. Modicis rebus longius aevum est. [Sêneca,
Agamemnon 102] A duração da vida é mais longa na
mediocridade.
1416. Modicum est et breve omne quod transit cum
tempore. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
4.47.6] É pouco e breve tudo que passa com o tempo.
1417. Modicum fermentum totam massam corrumpit.
[Vulgata, 1Coríntios 5.6; Gálatas 5.9] Um pouco de
fermento corrompe toda a massa. ■ Pouco fel dana
muito mel. VIDE: ● Nescitis quia modicum fermentum
totam massam corrumpit?
1418. Modicum lumen est in nobis. [Vulgata, João 12.35]
Há um pouco de luz em nós.
1419. Modicum plora supra mortuum, quoniam
requievit. [Vulgata, Eclesiástico 22.11] Chora pouco
sobre o morto, porque descansou.
1420. Modicus cibi, medicus sibi. [Rezende 3558] O
moderado na comida é seu próprio médico. ■ De boas
ceias as sepulturas estão cheias.
1421. Modio nummos metitur. [Petrônio, Satiricon 37]
Mede seu dinheiro aos alqueires. ■ É rico como ■ Creso.
1422. Modis omnibus laetius est, quid natura condidit,
quam quod fucavit ars. [Erasmo, Moriae Encomium
34] Por todos os modos, é mais agradável o que a
natureza construiu do que o que a arte enfeitou.
1423. Modo frenis utamur, modo stimulis. [Sêneca, De
Ira 2.21.3] Usemos ora o freio, ora as esporas.
1424. Modo liceat vivere, est spes. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 981] Desde que se pode viver, há
esperança. ■ Enquanto há vida, há esperança.
■ Enquanto se vive, se tem esperança. ■ De esperança
vive o homem até a morte. VIDE: ● Aegroto dum anima
est, spes est. ● Dum anima est, spes est. ● Dum
spiramus, speramus. ● Dum spiramus, speremus.
● Dum spiro, spero. ● Dum vita est, spes est. ● Dum
vivis, sperare decet. ● Dum vivo, spero.
1425. Modo palliatus, modo togatus graditur. [Pereira
108] Anda ora de pálio, ora de toga. (=Pálio era o traje
dos gregos; toga, o traje dos romanos). ■ Muda como o
vento. ■ Já no mar, já na terra.
1426. Modo quae fuerat semita, facta via est. [Marcial,
Epigrammata 7.61.4] O que não passava de uma trilha
tornou-se uma estrada.
1427. Modum adhibe. [Pítaco / Rezende 3561] Procede
com moderação.
1428. Modum imponere secundis rebus, nec nimis
credere serenitati praesentis fortunae, prudentis
hominis et merito felicis est. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 42.62] É do homem prudente, e merecidamente
bem sucedido, impor equilíbrio nos momentos felizes e
não confiar demasiadamente na tranqüilidade da sorte
do momento.
1429. Modum in adversis aeque ac secundis rebus
tenendum esse mors admonet. A morte adverte que se
deve manter a moderação tanto na adversidade como na
felicidade.
1430. Modum nescit ponere voluptas. [S.Ambrósio /
Bernardes, Nova Floresta 1.18] O prazer não sabe ter
medida.
1431. Modum tenere debemus. [Sêneca, De Clementia
1.2.2] Devemos manter a justa medida.
1432. Modus acquirendi. O modo de adquirir.
1433. Modus agendi. O modo de agir. O método de
trabalho. VIDE: ● Modus faciendi. ● Modus operandi.
1434. Modus argumentandi. O modo de argumentar.
1435. Modus diligendi Deum est diligere sine modo.
[S.Bernardo / Bernardes, Nova Floresta 1.194] A
medida de se amar a Deus é amá-Lo sem medida.
1436. Modus essendi. [Descartes, Meditatio 3.15] O modo
de ser. VIDE: ● Essendi modus.
1437. Modus et conventio vincunt legem. [Jur / Black
1199] O costume e o acordo se sobrepõem à lei.
1438. Modus faciendi. O modo de fazer. O método de
trabalho. VIDE: ● Modus agendi. ● Modus operandi.
1439. Modus in iocis servandus est. [Gaal 1362] Nos
jogos, deve-se observar os limites. ■ Jogo fogoso, jogo
perigoso. VIDE: ● Ludus bonus non sit nimius.
1440. Modus omnibus in rebus optimum est habitu.
[Plauto, Poenulus 238] É bom ter medida em todas as
coisas. ■ Em tudo convém medida. ■ Nem oito nem
oitenta. ● Modus in re est optimus omni. [Hesíodo /
Manúcio, Adagia 281] ● Modus in rebus. VIDE: ● Est
modus in rebus, sunt certi denique fines, quos ultra
citraque nequit consistere rectum. ● Omni in re
modus est optimus.
1441. Modus operandi. [Bacon, De Interpretatione
Naturae 5] O modo de agir. O método de trabalho. VIDE:
● Modus faciendi. ● Modus agendi.
1442. Modus operandi sequitur modum essendi.
[Signoriello 209] O modo de agir acompanha o modo de
ser. ■ Cada um faz como quem é.
1443. Modus tenendi. [Jur / Black 1198] O modo de
manter.
1444. Modus vivendi. O modo de viver.
1445. Molam qui vitat, farinam vitat. [Pereira 119]
Quem foge do moinho foge da farinha. ■ Quem foge do
moinho, não tem fubá. ■ Quem foge do trabalho foge do
ganho. ■ Quem não quer trabalho não quer ganho. VIDE:
● Devitat quicumque molam, fugit ille farinam.
● Farinam fugit quicumque molam vitat. ● Qui fugit
molam, farinam non invenit. ● Qui fugit molam, fugit
farinam. ● Qui vitat molam, vitat farinam.
● Quicumque molam fugit, ille farinam.
1446. Mole sua ruit. [Horácio, Carmina 3.4.65]
Desmorona pelo seu próprio peso.
1447. Molesta cum sit res, necessaria tamen. [Eurípides /
Grynaeus 52] Embora seja um mal, ele é, no entanto,
necessário. VIDE: ● Necessarium malum. ● Nec tecum
possum vivere, nec sine te. ● Pharmacon, rem
quidem molestam, necessariam tamen.
1448. Molesta res otium. [Pítaco / Rezende 3568] O ócio
é coisa enfadonha.
1449. Molesta senectus. [Grynaeus 395] A velhice é
penosa.
1450. Molesta veritas, siquidem ex ea nascitur odium,
quod est venenum amicitiae. [Cícero, De Amicitia 24]
A verdade é incômoda, pois dela nasce o ódio, que é o
veneno da amizade. ■ A verdade provoca ódio.
1451. Molestum animal est senex domi manens.
[Menandro / Estobeu / Bernardes, Nova Floresta 3.42]
O velho que fica em casa é um ser enfadonho.
1452. Molestum est futuri esse conscium. [Apostólio
6.93] Faz mal estar informado do que vai acontecer.
1453. Molestum est sapientem apud stultos loqui.
[Erasmo, Adagia 2.10.6] É embaraçoso falar o avisado
entre tolos. ■ Deus me dê contenda com quem me
entenda. VIDE: ● Durum apud amentes prudenti multa
profari.
1454. Molestum verbum est, et onerosum ‘rogo’.
[Sêneca, De Beneficiis 2.2] ‘Eu peço’ é uma expressão
incômoda e custosa. ■ O que se roga sai caro.
1455. Molestus interpellator venter. [Erasmo, Adagia
3.10.9] O ventre é um cobrador incômodo. ■ Não há
prazer onde não há comer.
1456. Molestus ne sis! [Plauto, Mostellaria 762] Não me
amoles! VIDE: ● Mihi molestus ne sis!
1457. Mollissimam ceram ad nostrum arbitrium
fingimus. [Albertatius 779 / Cícero, De Oratore 3.177,
adaptado] A cera, que é muito macia, nós modelamos de
acordo com nossa vontade.
1458. Molle atque facetum. [Horácio, Satirae 1.10.44]
Doce e elegante.
1459. Molle cor est mihi. Tenho coração mole. VIDE:
● Confiteor misero molle cor esse mihi.
1460. Molli brachio aggreditur. [Dumaine 244] Ele ataca
com o braço mole.
1461. Molli paulatim flavescit campus arista. [Pereira
97] Pouco a pouco o campo vai amarelando com a
espiga macia. ■ De grão em grão a galinha enche o
papo.
1462. Mollia ne quaeras, ne comperias quoque dura.
[Schottus, Adagia 585] Não busques o mole, para não
provares também o duro. ■ Quem chuchou a carne, roa
o osso. VIDE: ● Ne quaere mollia, ne tibi contingant
dura. ● Ne quaere mollia, ne dura feras.
1463. Mollior fungis. [Rezende 3572] É mais mole do que
os cogumelos. ■ É macio como veludo.
1464. Mollis illa educatio, quam indulgentiam vocamus,
nervos omnes mentis et corporis frangit. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 1.2.6] Aquela educação suave que
chamamos de indulgência, destrói todo o vigor tanto da
mente como do corpo.
1465. Mollis responsio frangit iram. ■ Resposta branda
ira quebranta. ● Mollis responsio frangit iram; sermo
quoque durus suscitat furorem. [Albertano da
Brescia, Liber de Amore 1.2] A resposta branda quebra
a ira; e a palavra dura suscita o furor. VIDE: ● Frangitur
ira gravis, cum sit responsio suavis. ● Responsio
mollis frangit iram. ● Responsio mollis frangit iram,
sermo durus suscitat furorem.
1466. Mollissima corda humano generi dare se natura
fatetur, quae lacrimas dedit. [Juvenal, Satirae 15.131]
A natureza, tendo-nos dado as lágrimas, reconhece que
deu à raça humana corações muito sensíveis.
1467. Mollissima fandi tempora. [Virgílio, Eneida 4.293]
As mais favoráveis oportunidades de falar.
1468. Molliter ossa cubent. [Ovídio, Tristia 3.3.76]
Repousem os ossos calmamente.
1469. Momentaneum quod delectat, aeternum quod
cruciat. O que dá prazer é momentâneo, o que nos
atormenta é eterno. ■ O prazer vai a cavalo, e leva a
pena à garupa.
1470. Momento fit cinis; diu silva. [Sêneca, Naturales
Quaestiones 3.27.2] Num momento se fazem cinzas;
(para fazer-se) uma floresta (leva) muito tempo. ■ É
mais fácil demolir que edificar.
1471. Monachum non faciat habitus, sed professio
regularis. [Papa Gregório IX, Decretalia 3.31.13] Não é
o hábito que faz o monge, mas o exercício legítimo. ■ O
hábito não faz o monge. ■ Por se andar vestido de lã
não se é carneiro. VIDE: ● Habitus non facit
monachum. ● Habitus non facit monachum, sed
professio regularis.
1472. Monachus in claustro non valet ova dua, sed
quando extra, bene valet triginta. [Rabelais,
Gargantua 42] O monge no claustro não vale dois ovos,
mas, quando fora, bem vale trinta.
1473. Monachus qui habet obolum, non valet obolum.
[Bernardes, Luz e Calor 1.219] ■ Monge que tem real
não o val. (=Diz Bernardes: Era provérbio entre os
monges antigos).
1474. Monasterium sine libris est sicut civitas sine
opibus, castra sine numeris, coquina sine supelectili,
mensa sine cibis, hortus sine herbis, pratum sine
floribus, arbo sine foliis. [Umberto Eco, O Nome da
Rosa] Um mosteiro sem livros é como uma cidade sem
riquezas, um quartel sem tropas, uma cozinha sem
utensílios, uma mesa sem comida, um jardim sem
plantas, um prado sem flores, uma árvore sem folhas.
1475. Mone illum ut sibi caveat. [Lhomond, Grammaire
Latine 167] Avisa-o para tomar cuidado.
1476. Moneat lex priusquam feriat. [Bacon / Spalding
79] A lei deve advertir antes de castigar.
1477. Monedulae semper monedula assidet. [Apostólio
1.54] Uma gralha sempre pousa junto de outra. ■ Aves
da mesma pena voam juntas. ■ Cada um procura o seu
semelhante. VIDE: ● Assidet usque graculus graculo.
● Aves discolores raro simul volitant. ● Concolores
aves facillime congregantur. ● Graculus graculo
assidet. ● Graculus graculo, pica picae sociatur.
● Pares cum paribus facillime congregantur. ● Pares
cum paribus maxime congregantur. ● Parium cum
paribus facilis congregatio est. ● Prope graculum
saepe alter astat graculus. ● Semper graculus assidet
graculo. ● Semper graculus cum graculo. ● Solent
pares facile congregari cum paribus. ● Volatilia ad
sibi similia conveniunt.
1478. Moneo vos ego haec, qui estis boni, quique
aetatem agitis cum pietate et cum fide, retinite
porro: post factum ut laetemini. [Plauto, Rudens 28]
Eu vos aconselho, homens de bem, que levais vossa
vida com justiça e fidelidade, perseverai: mais tarde vós
vos alegrareis.
1479. Monere et moneri proprium est verae amicitiae.
[Cícero, De Amicitia 25] Corrigir e ser corrigido é
próprio da verdadeira amizade.
1480. Monere, non punire, stultitiam decet. [Publílio
Siro] Aos tolos, convém adverti-los, não puni-los.
1481. Monere senem est mederi mortuo. [Medina 609]
Advertir um velho é o mesmo que medicar um morto.
■ Repreender velho e expulgar cão, duas doidices são.
■ Papagaio velho não aprende língua. VIDE: ● Mortuis
mederi. ● Mortuo mederi, senem monere.
1482. Moniti meliora sequamur. [Virgílio, Eneida 3.188]
Prevenidos, sigamos melhores caminhos. ■ O homem
prevenido vale por dois.
1483. Monitio acerbitate, obiurgatio contumelia careat.
[Cícero, De Amicitia 89] A advertência não deve ter
aspereza, a censura não deve ter ofensa. ● Monitio
acerbitate, obiurgatio contumelia carere debet.
1484. Monitoribus asper. [Horácio, Ars Poetica 162] (O
jovem) é rebelde aos conselhos.
1485. Monoculus inter caecos rex. [Bebel 226] Entre
cegos o zarolho é rei. ■ Em terra de cego quem tem um
olho é rei. ● Monoculus rex in regno caecorum. VIDE:
● Apud caecos monoculus rex. ● Beati monoculi in
regione caecorum. ● Beati monoculi in terra
caecorum. ● Beatus monoculus in terra caecorum.
● Caecorum in patria luscus rex imperat omnis. ● In
caecorum regno regnant strabones. ● In regione
caecorum rex est luscus. ● In terra caecorum
monoculus rex. ● Inter caecos luscus rex. ● Inter
caecos regnat luscus. ● Inter caecos regnat strabo.
● Inter caecos strabus rex est. ● Inter pygmaeos
regnat nanus.
1486. Mons Altus semper altius. [Divisa de Monte Alto,
SP] Monte Alto está sempre mais alto.
1487. Mons absque valle nullus. Não há monte sem vale.
■ Não há rainha sem sua vizinha. ■ Não subida sem
descida.
1488. Mons cum monte non miscetur. [Erasmo, Adagia
3.3.45] Um monte não se mistura com outro. ■ Mandar
não quer par. ■ Amor e senhoria não quer companhia.
● Mons cum monte non miscebitur. [Ray, English
Proverbs 76] Um monte não se misturará com outro.
● Mons monti non miscetur, at vero homo homini.
[Apostólio 14.82] Um monte não se junta com outro,
nem um homem com outro. ■ Homens e não montanhas
se cruzam. VIDE: ● Durum durum destruit.
● Occurrunt homines, nequeunt occurrere montes.
1489. Mons parturibat, deinde murem prodidit.
[Manúcio, Adagia 371] A montanha estava em trabalho
de parto; depois gerou um rato. ■ Abalaram-se os
montes e pariram um murganho. ■ Muito arroto para
pouca comida. ■ Grandes atoardas, tudo nada. ■ Muito
barulho por nada. ■ É o parto da montanha. ● Mons
parturibat, deinde murem peperit. [Schottus, Adagia
257] ● Mons parturibat, deinde murem protulit.
[Schottus, Adagia 627] ● Mons parturiens. A montanha
em trabalho de parto. ● Mons murem peperit. A
montanha pariu um rato. ● Mons parturivit, deinde
murem enixus est. [Apostólio 21.12] VIDE: ● Parturibat
mons; formidabat Iuppiter; ille vero murem peperit.
● Parturiunt montes; nascetur ridiculus mus.
● Ridiculus mus.
1490. Monstrante initium Deo, prona est semita ad
inveniendum quod propositum est. [Manúcio, Adagia
1351] Quando Deus ensina a direção, o caminho fica
favorável para se chegar ao objetivo. ■ A quem Deus
quer bem, o vento lhe apanha a lenha. VIDE: ● Deo
praeeunte, nullus officit obex. ● Ubi Deus initium
ostenderit, nullus officit obex.
1491. Monstravit brevis hora rosam mihi: vix brevis
hora praeteriit, sola est spina reperta mihi. Um breve
momento me apresentou uma rosa; logo o breve
momento passou, só me ficou o espinho.
1492. Monstro similis est avaritia senilis. Quid enim
stultius est, quam via deficiente viaticum augere?
[S.Martinho Dumiense / Bernardes, Luz e Calor
1.220.36] A cobiça, na velhice, se assemelha a um
monstro. Que há de mais tolo que, não havendo mais
caminho a percorrer, aumentar o farnel de viagem? VIDE:
● Stultum est via deficiente viaticum quaerere.
1493. Monstrum horrendum, informe, ingens, cui
lumen ademptum. [Virgílio, Eneida 3.658] Um
monstro horrendo, disforme, enorme, a que falta um
olho. (=Trata-se do cíclope Polifemo).
1494. Montani semper liberi. [Divisa do Estado de
Virginia Ocidental, EUA] Os montanheses são sempre
livres.
1495. Montes auri polliceri. [Terêncio, Phormio 68]
Prometer montanhas de ouro. ■ Prometer mundos e
fundos. VIDE: ● Aureos montes polliceri. ● Maria
montesque polliceri. ● Magnos montes polliceri.
● Magnos montes promittere.
1496. Monumentum est quod memoriae servandae
gratia existat. [Digesta 11.7.2.6] Um monumento é
aquilo que existe para conservar a lembrança.
1497. Mopso Nisa datur. [Virgílio, Eclogae 8.26] Nisa é
dada (em casamento) a Mopso. (=Nisa era muito
formosa, e o pastor Mopso, muito feio). ■ A mau
bácoro, boa lande.
1498. Mora cogitationis diligentia est. [Publílio Siro] O
tempo da reflexão é economia de tempo. ■ Quem tarda
arrecada.
1499. Mora dat vires. [Ovídio, Remedia Amoris 83] O
tempo dá forças.
1500. Mora debitoris non debit esse creditori damnosa.
[Jur / Broom 611] O atraso do devedor não deve causar
dano ao credor.
1501. Mora non est, ubi nulla petitio est. [Jur] Não há
mora sem interpelação judicial.
1502. Mora omnis odio est, sed facit sapientiam.
[Publílio Siro] Toda espera é desagradável, mas faz
sabedoria. VIDE: ● Dat mora doctrinam, cum omnes
odimus illam.
1503. Mora reprobatur in lege. [Jur / Black 1203] Atraso
é condenado na lei.
1504. Mora saepe malorum dat causas. [Manílio,
Astronomica 4.75] A demora muitas vezes causa males.
■ Na tardança está o perigo.
1505. Mora semper amantes incitat. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.473] A espera sempre estimula os
apaixonados.
1506. Mora semper obfuit, diligentia profuit. [Grynaeus
744] Adiar sempre foi prejudicial, a diligência sempre
foi útil.
1507. Mora sua cuilibet nociva est. [Jur] A demora
prejudica o próprio retardatário. ● Mora sua cuique
nociva est.
1508. Mora temporis probum arguit tantum virum, et
improbum vel unico agnoscas die. [Grynaeus 585]
Apenas o passar do tempo revela o homem honesto,
mas o desonesto se reconhece até num único dia.
1509. Morandae solutionis causa. [Jur / Black 1204] Para
adiar o pagamento. Com o objetivo de adiar o
pagamento.
1510. Morari apud Thulen. [Amiano Marcelino,
Historiae 18.6.1] Morar em Tule. (=Tule era uma ilha
imaginária que formaria o limite setentrional do
mundo). ■ Morar onde o vento faz a curva. ■ Morar
depois de Deus-me-livre. ■ Morar onde ■ Judas perdeu
as botas.
1511. Morbi autem non eloquentia sed remediis
curantur. [Rezende 3587] As doenças não são curadas
pela eloqüência, mas pelos remédios. ■ Palavras sem
obras, cítara sem cordas. VIDE: ● Morbos autem non
eloquentia sed remediis curari.
1512. Morbi autumnales, aut longi aut mortales. [DAPR
307] Doenças outonais, ou longas ou mortais. ■ Febre
outonal, ou longa ou mortal.
1513. Morbi causa mali minima est quaecumque
voluptas. [Dionísio Catão, Disticha 4.24] A causa de
uma doença perigosa muitas vezes é um prazer
qualquer. ■ Por um prazer, mil dores.
1514. Morbi perniciosiores pluresque sunt animi quam
corporis. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.3] As
doenças do espírito são mais funestas e mais numerosas
do que as do corpo.
1515. Morbida facta pecus totum corrumpit ovile.
[Schottus, Adagialia Sacra 108] ■ Uma ovelha tinhosa
faz todo o rebanho tinhoso. ● Morbida sola pecus
totum corrumpit ovile. [Medina 611] VIDE: ● Grex
totus in agris unius scabie cadit et porrigine porci.
● Infecta ovis eiciatur, ne totum ovile inficiatur.
● Mala vicini pecoris contagia laedent. ● Scabiosa ovis
totum inquinat gregem. ● Scabiosam ovem totum
inquinare gregem. ● Una infecta ovis totum
corrumpit ovile. ● Una mala pecus inficit omne
pecus. ● Unius pecudis scabies totum commaculat
gregem.
1516. Morbis medemur nec irascimur. [Sêneca, De
Clementia 1.17.1] Doenças, nós as tratamos, mas não
nos zangamos com elas.
1517. Morborum medicus omnium mors ultimus. A
morte é o supremo médico de todas as doenças. ■ A
morte é o fim de todos os males. VIDE: ● Miseriae finis
in morte.
1518. Morbos autem non eloquentia sed remediis
curari. [Celso, De Medicina, Prooemium 39] As
doenças não são curadas pela eloqüência, mas pelos
remédios. ■ Palavras sem obras, cítara sem cordas.
VIDE: ● Morbi autem non eloquentia sed remediis
curantur.
1519. Morbosam retine vitam formidine mortis. [Pereira
124] Agüenta tua vida cheia de doenças por medo da
morte. ■ Viva a galinha, e viva com a sua pevide!
1520. Morbum morbo addere. [Erasmo, Adagia 1.2.7]
Juntar doença a doença. ■ Deitar azeite no fogo. VIDE:
● Ignem igni ne addas. ● Igni ne ignem addas.
● Ignem igni ne addito. ● Ignem igni, morbum morbo
ne addas.
1521. Morbum nosse, curationis principium. Conhecer a
doença é o princípio do tratamento. ● Morbum suum
nosse est pars prima salutis. Conhecer a própria
doença é a parte principal da saúde. VIDE: ● Cognito
morbo facile curatur.
1522. Morbum signa precurrunt. [Sêneca, De Ira 3.10]
Os sintomas precedem a doença.
1523. Morbus est impedimentum legale. [Jur] A doença é
impedimento legal.
1524. Morbus est temporalis corporis imbecillitas;
vitium vero perpetuum corporis impedimentum.
[Jur] Enfermidade é uma debilidade passageira do
corpo; defeito é um impedimento permanente do corpo.
1525. Morbus gallicus. O mal francês. (=A sífilis).
● Morbus indecens. O mal indecente. ● Morbus
pustularum. O mal das pústulas. VIDE: ● Lues venerea.
1526. Morbus hereditarius. [Pereira 117] (Isso é) uma
doença hereditária. ■ Pela linha vai a tinha.
1527. Morbus, ruina, ignis, nihil horum repentinum est.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 11] Doença, ruína,
incêndio, nada disso é imprevisto.
1528. Morbus sonticus. Enfermidade grave.
1529. Mordere frenum. [Cícero, Ad Familiares 11.23]
Tomar o freio nos dentes.
1530. More duce et sensu. Tendo por guias os costumes e
o juízo.
1531. More maiorum. Segundo o costume dos
antepassados.
1532. More nobilium. [DAPR 779] Segundo o costume
dos nobres.
1533. More pecudum. À maneira do gado. (=Vai para
onde o leva o pastor). VIDE: ● Victos more pecudum
sub iugum misit.
1534. More Romano. [Cícero, Ad Familiares 7.5]
Segundo o costume dos romanos. ● More Romano
loqui. [Pereira 105] Falar segundo o costume dos
romanos. ■ Falar de coração.
1535. More solito. Segundo o costume. VIDE: ● Ex more.
1536. More suo. Segundo seu costume.
1537. More uxorio. Com a aparência de casamento.
1538. Morem facit usus. O uso faz o costume.
1539. Mores amici noveris, non oderis. [Schottus, Adagia
625] Conhecerás o caráter do teu amigo, mas não o
aborrecerás. ■ Defeitos de meu amigo, lamento, mas não
maldigo. ■ A falta do amigo há de se conhecer, mas não
aborrecer. VIDE: ● Amici mores noveris, non oderis.
● Amicus cum vitiis ferendus.
1540. Mores bonos corrumpimus verbis malis.
[Schottus, Adagia 613] Corrompemos os bons costumes
com palavras más. ■ Mais fere a má palavra do que a
espada afiada. VIDE: ● Bonos corrumpunt mores
confabulationes malae. ● Corrumpunt mores bonos
colloquia mala. ● Corrumpunt bonos mores colloquia
prava. ● Corrumpunt mores bonos confabulationes
pessimae. ● Turpia colloquia bonos mores
corrumpunt.
1541. Mores cuique sui fingunt fortunam. [Cornélio
Nepos, Atticus 11, adaptado] É o caráter que faz o
destino de cada um. ■ Felicidade, cada um faz a sua.
● Mores cuique fortunant.
1542. Mores cuiusque regionis, in qua fueris, imitato.
[Schottus, Adagia 348] Imita os costumes de qualquer
região em que estiveres. ■ Na terra onde fores ter, faze
como vires fazer. ■ Em terra de sapo, de cócoras como
eles. VIDE: ● Oportet enim regionis uniuscuiusque, in
qua quis versetur, eum sequi consuetudinem. ● Te
servare decet mores illamque regulam eius telluris,
incola cuius eris. ● Terrae qua pergis, cape mores
quos ibi cernis.
1543. Mores dicentis suadent plus quam oratio. [Publílio
Siro] O caráter de quem diz convence mais do que seu
discurso. ● Mores dicentis persuadent, non oratio.
[Binder, Thesaurus 1187] São os costumes de quem fala
que convencem, não o que ele fala.
1544. Mores hominis regioni respondent. [Albertatius
784] Os costumes do homem correspondem à sua terra.
■ Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
1545. Mores deteriores increbrescunt in dies. [Plauto,
Mercator 838] A cada dia os maus costumes se
espalham.
1546. Mores indicat vultus. [Branco 190] O rosto revela o
caráter. ■ O mal e o bem à cara vêm. VIDE: ● Et bonum
et malum interius os prodit.
1547. Mores leges perduxerunt iam in potestatem suam.
[Plauto, Trinummus 1002] Os costumes já tomaram as
leis em seu poder.
1548. Mores magistra docet egestas optime. [Grynaeus
369] A mestra necessidade ensina muito bem a viver.
1549. Mores mali, quasi herba irrigua succrevere
uberrime. [Plauto, Trinumus 30] Os maus costumes,
como capim regado, crescem exuberantes. ■ Erva ruim
cresce muito.
1550. Mores puerorum inter ludendum se simplicius
detegunt. Os costumes das crianças se revelam com
mais simplicidade em suas brincadeiras.
1551. Mores rebus secundis cedunt. [Branco 754] Os
costumes se submetem à prosperidade. ■ A prosperidade
muda os costumes. ■ A prosperidade muda a natureza
do homem.
1552. Mores secundum tempus. [DAPR 459] Os
costumes conforme o tempo. ■ Mudam os tempos,
mudam os pensamentos. VIDE: ● Tempora mutantur,
mores mutantur. ● Tempora mutantur, nos et
mutamur in illis.
1553. Mores sunt tacitus consensus populi longa
consuetudine inveteratus. [Jur] Costumes são o acordo
tácito do povo que se torna permanente em
conseqüência da longa prática.
1554. Mori citius quam deserere. [Divisa de Grabrielle
d’Annunzio] Antes morrer que desistir.
1555. Mori enim naturae finis est, non poena. [Sêneca
Retórico, Suasoriae 7.3] Morrer, pois, não é punição,
mas o fim que a natureza nos dá.
1556. Mori est felicis, antequam mortem invocet.
[Publílio Siro] É do homem feliz morrer antes que
invoque a morte.
1557. Mori melius est quam peccare. [Rezende 3603] É
melhor morrer do que pecar. ■ Antes a morte que a
desonra. ■ Antes morte que vergonha. ● Mori melius est
quam inique vivere. VIDE: ● Candorem praefero vitae.
● Malo mori quam foedari. ● Malo mori quam
maculari. ● Melius mori quam foedari. ● Mavult mori
quam maculari vir probus. ● Mori satius est, quam
turpiter vivere. ● Mors servituti turpitudinique
anteponenda. ● Mors turpitudini anteponenda.
● Potius mori quam foedari. ● Potius mori milies
quam semel foedari. ● Prius mori quam foedari.
1558. Mori necesse est, sed non quotiens volueris.
[Publílio Siro] Temos de morrer, mas não toda vez que
o desejamos.
1559. Mori saltem liceat, si non licet vivere. [Apuleio,
Metamorphoses 11.3] Que me seja pelo menos
permitido morrer, se não me é permitido viver.
1560. Mori satius est, quam turpiter vivere. É melhor
morrer do que viver com desonra. ■ Antes a morte que a
desonra. VIDE: ● Candorem praefero vitae. ● Malo
mori quam foedari. ● Malo mori quam maculari.
● Mavult mori quam maculari vir probus. ● Melius
mori quam foedari. ● Mori melius est quam peccare.
● Mors servituti turpitudinique anteponenda.
● Potius mori milies quam semel foedari. ● Potius
mori quam foedari. ● Prius mori quam foedari.
1561. Mori timet qui post mortem vivere non sperat.
Tem medo de morrer quem não espera viver depois da
morte.
1562. Mori volenti deesse mors nunquam potest.
[Sêneca, Hippolytus 877] A quem deseja morrer, a
morte nunca pode faltar.
1563. Moriamur pro rege nostro. Morramos pelo nosso
rei.
1564. Moriatur anima mea morte iustorum. [Vulgata,
Números 23.10] A minha alma morra da morte dos
justos.
1565. Moriatur anima mea morte philosophorum.
[Atribuído a Averroés / Rezende 3598] Morra a minha
alma a morte dos filósofos.
1566. Moribus antiquis res stat Romana virisque. [Ênio,
Annales 5; Cícero, De Republica 51] O estado romano
se apóia nos costumes antigos e nos homens.
1567. Moribus egregiis facias tibi nomen honestum.
Adquire boa fama com costumes excelentes.
1568. Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc
ipso die. [Cícero, De Senectute 20] É certo que devo
morrer, mas é incerto se é hoje mesmo. ■ A morte é
certa, o dia é incerto. VIDE: ● Certa mihi mors, incerta
est funeris hora. ● Incertum est quando, certum est
aliquando mori. ● Mors certa, hora incerta. ● Mors
certa est, funeris hora latet. ● Mors certa, hora
mortis incerta. ● Mors certa, tempus incertum.
● Mors est certa, dies vero mortis est incertus. ● Mors
est res certa, nihil est incertius hora. ● Mors cuivis
certa, nihil incertius hora; ibimus absque mora, sed
qua nescimus in hora. ● Morte nihil certius est, nihil
vero incertius quam eius hora. ● Mortis dies omnibus
incertus.
1569. Moriens non praesumitur immemor salutis
aeternae. [Rezende 3602] Presume-se que o moribundo
não se esquece da salvação eterna.
1570. Morieris: stultum est timere, quod vitare non
possis. [DM 39] Morrerás: é tolice temer o que não
podes evitar. ● Stultum est timere quod vitari non
potest. ● Stultum est timere quod vitare non potes.
1571. Morienti cuncta supersunt. [Mota 48] Ao morto
tudo sobra. ■ Ao vivo tudo falta, e ao morto tudo sobra.
■ Mortalha não tem bolso.
1572. Morimur ut mortales; vivimus ut immortales.
[Sêneca / Vieira, Sermão da Quarta-Feira de Cinza]
Morremos como mortais que somos; vivemos como se
fôssemos imortais.
1573. Morior invictus. [Divisa] Morro sem ser vencido.
1574. Moritur doctus similiter ut indoctus. [Vulgata,
Eclesiastes 2.16] Tanto morre o sábio como o ignorante.
■ Tanto morre o papa como quem não tem capa.
1575. Moritur et ridet. [Rezende 3604] Está morrendo, e
ri.
1576. Moritur omne quod nascitur. [Minúcio Félix,
Octavius 21] Tudo que nasce morre.
1577. Moritur sapiens, et post mortem virescit; moritur
stultus, et post mortem putrescit. Morre o sábio, e
depois da morte floresce; morre o insensato, e depois da
morte apodrece.
1578. Morituri mortuis. [Inscrição em portão de
cemitério] Os que vão morrer aos mortos.
1579. Morituri salutamus. [Título de poema de
Longfellow] Nós, que vamos morrer, te saudamos.
1580. Morituros vivere vidi spe duce, victuros spe
moriente mori. [Gualterius Anglicus, Fabulae
Aesopicae 28.14] Vi viverem moribundos, por terem a
esperança como guia, mas vi morrerem pessoas que
deveriam viver, por ter-lhes morrido a esperança.
1581. Mors a malis abducit nos, non a bonis. A morte
nos afasta das coisas más, não das boas. VIDE: ● A malis
igitur mors abducit, non a bonis.
1582. Mors aequabit quos pecunia separavit. A morte
igualará aqueles que o dinheiro separou. ■ A morte
iguala todos os viventes. VIDE: ● Aequa mors est.
● Mors sceptra ligonibus aequat.
1583. Mors atris circumvolat alis. [Horácio, Sermones
2.1.58] A morte voa em torno com suas asas negras.
1584. Mors certa, hora incerta. ■ Morte certa, hora
incerta. ■ A hora é incerta, mas a morte é certa. ● Mors
certa, hora mortis incerta. A morte é certa, a hora da
morte é incerta. ● Mors certa, tempus incertum. A
morte é certa, o momento é incerto. ● Mors est certa,
dies vero mortis est incertus. A morte é certa, mas o
dia da morte é incerto. ● Mors est res certa, nihil est
incertius hora. A morte é coisa certa, mas nada é mais
incerto que sua hora. ● Mors certa est, funeris hora
latet. A morte é certa, a hora da morte é segredo.
● Mors cuivis certa, nihil incertius hora; ibimus
absque mora, sed qua nescimus in hora. [Walther
15123 / Tosi 605] Para todos a morte é certa, nada mais
incerto do que a hora; iremos todos sem retardo, mas
não sabemos em que hora. VIDE: ● Certa mihi mors,
incerta est funeris hora. ● Incertum est quando,
certum est aliquando mori. ● Moriendum enim certe
est, et id incertum an hoc ipso die. ● Morte nihil
certius est, nihil vero incertius quam eius hora.
● Mortis dies omnibus incertus.
1585. Mors dolorum omnium exsolutio. ■ A morte é o fim
de todos os males. ● Mors dolorum omnium exsolutio
est et finis, ultra quem mala nostra non exeunt.
[Sêneca, Ad Marciam 19.5] A morte é a libertação de
todos os sofrimentos, e o limite além do qual os nossos
males não vão. VIDE: ● Mors meta malorum. ● Mors
omnium dolorum et solutio est et finis. ● Mortem
cuncta mortalium mala dissolvere.
1586. Mors dominos servis et sceptra ligonibus aequat.
[Walter Colman / Stevenson 513] A morte iguala os
senhores aos servos e os cetros às enxadas. ■ A morte a
todos nivela. ■ A morte não poupa nem o fraco, nem o
forte. VIDE: ● Mors sceptra ligonibus aequat. ● Mors
servat legem: tollit cum paupere regem.
1587. Mors est absentia animae a corpore. [Vieira,
Sermão do Mandato 1.3] A morte é a saída da alma do
corpo.
1588. Mors est corona vitae. ■ A morte é a coroa da vida.
1589. Mors est latro hominis. [Alcuíno / Bernardes, Nova
Floresta 1.165] A morte é o ladrão do homem.
1590. Mors est quies viatoris, finis est omnis laboris. A
morte é o descanso do viajante, o fim de todo
sofrimento.
1591. Mors est ultima linea omnium rerum. A morte é o
último limite de todas as coisas. VIDE: ● Mors ultima
linea rerum est.
1592. Mors et fugacem persequitur virum. [Horácio,
Carmina 3.2.14] A morte persegue até o homem que
dela foge.
1593. Mors et vita in manu linguae. [Vulgata, Provérbios
18.21] A morte e a vida estão no poder da língua. ■ A
língua tem poder de vida e morte. ● Mors et vita in
manibus linguae. [Polydorus, Adagia]
1594. Mors ianua vitae. [S.Bernardo de Clairvaux /
Stevenson 501] A morte é a porta da vida.
1595. Mors in iuvenibus in insidiis, senibus in ianuis est.
[DAPR 453] A morte, na juventude, está na emboscada;
na velhice, está à porta. ■ O moço pode morrer, o velho
não pode viver.
1596. Mors in olla. [Vulgata, 4Reis 4.40] A morte está na
panela. (=A sopa está envenenada).
1597. Mors infanti felix, iuveni acerba, nimis sera est
seni. [Publílio Siro] A morte para a criança é
benevolente, para o moço é dolorosa, e para o ancião é
tardia.
1598. Mors innocentem sola fortunae eripit. [Sêneca,
Oedipus 936] Só a morte tira o inocente do seu destino.
1599. Mors ipsa refugit saepe virum. [Lucano, Bellum
Civile 2.75] A própria morte muitas vezes foge do
homem.
1600. Mors lupi agnis vita. [Divisa / Stevenson 2088] A
morte do lobo é vida para os cordeiros. ■ Morte do lobo,
saúde do rebanho. ■ A desgraça de uns é o bem de
outros. VIDE: ● Lucrum unius est alterius damnum.
1601. Mors meta malorum. [Binder, Medulla 1003] A
morte é o fim dos sofrimentos. ■ A morte é o fim de
todos os males. ● Mors meta laborum. VIDE: ● Mors
dolorum omnium exsolutio.
1602. Mors minus poenae quam mora mortis habet.
[Ovídio, Heroides 10.84] A morte causa menos mal do
que a espera da morte.
1603. Mors misera non est, aditus ad mortem est miser.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 8.8] A morte não é um
mal, mas o caminho para a morte é triste. VIDE: ● Mors
quidem mala non est, sed iter ad mortem miserum.
1604. Mors misera non est, commori cum quo velis.
[Sêneca, Agamemnon 202] A morte não é um
sofrimento, se se morre com quem se quer.
1605. Mors morte pianda est. [Ovídio, Metamorphoses
8.481] Uma morte tem de ser vingada por outra.
1606. Mors naturae lex est, mors tributum officiumque
mortalium malorumque omnium remedium est.
[Sêneca, Naturales Quaestiones 6.32.12] A morte é a lei
da natureza; ela é o tributo e a obrigação de tudo que é
mortal e o remédio de todos os males.
1607. Mors nec bonum nec malum est. [Sêneca, Ad
Marciam 19.5] A morte não é um bem nem um mal.
1608. Mors nemini parcit. [Branco 711] A morte não
poupa ninguém. ■ Só se morre uma vez, mas dessa
ninguém escapa.
1609. Mors non accipit excusationes. [DAPR 461] A
morte não aceita desculpas. ■ Contra a morte, não há
coisa forte.
1610. Mors non separabit. [Divisa] A morte não nos
separará.
1611. Mors nulla captat munera. [Aristófanes / Eiselein
609] A morte não aceita qualquer dádiva. ■ Contra a
morte não há coisa forte. ● Mors non curat munera.
[Tosi 603] A morte não dá importância a presentes.
1612. Mors nulli parcit honori. A morte não poupa
nenhuma dignidade. ■ A morte não poupa nem o fraco
nem o forte. ■ Tanto morre o papa como quem não tem
capa. VIDE: ● Mors sceptra ligonibus aequat.
1613. Mors omnes homines manet, divites et pauperes.
A morte está reservada a todos os homens, ricos e
pobres. ■ Tanto morre o papa como quem não tem capa.
VIDE: ● Mors sceptra ligonibus aequat.
1614. Mors omni aetati communis est. [Pereira 123] A
morte é comum a toda idade. ■ Tanto morrem velhos
como meninos. ■ Quem de moço não morre, de velho
não escapa. VIDE: ● Omni aetati mors est communis.
1615. Mors omnia aequat. ■ A morte nivela tudo. VIDE:
● Omnia cinis aequat. ● Omnia mors aequat.
1616. Mors omnia solvit. [Jur] A morte desata todo
vínculo.
1617. Mors omnibus communis. [Erasmo, Adagia 3.9.12]
A morte é comum a todos. ■ A morte iguala todos os
viventes.
1618. Mors omnibus ex natura aequalis est: oblivione
apud posteros, vel gloria distinguitur. Por sua
natureza, a morte é igual para todos; o esquecimento da
posteridade ou a glória, eis a diferença. VIDE: ● Mortem,
omnibus ex natura aequalem, oblivione apud
posteros vel gloria distingui.
1619. Mors omnibus imminet, non minus regibus quam
plebeiis. [Erasmo, Querela Pacis 555] A morte persegue
a todos, não menos aos reis do que aos plebeus. ■ Tanto
morre o papa como quem não tem capa. ■ A morte não
poupa nem o fraco, nem o forte.
1620. Mors omnibus instat. [Sweet 148] A morte ameaça
a todos. ■ A morte nivela tudo.
1621. Mors omnibus parata. [Stevenson 511] A morte
está preparada para todos.
1622. Mors omnium dolorum et solutio est et finis. A
morte é a libertação e o fim de todos os sofrimentos. ■ A
morte é o fim de todos os males. VIDE: ● Mors dolorum
omnium exsolutio. ● Mortem cuncta mortalium mala
dissolvere.
1623. Mors omnium rerum est extremum. A morte é o
final de todas as coisas.
1624. Mors optata recedit. [Binder, Thesaurus 1891] A
morte desejada recua.
1625. Mors optima est perire lacrimandum suis.
[Sêneca, Hippolytus 881] A morte mais bela é morrer
arrancando lágrimas dos seus.
1626. Mors optima rapit, deteriora relinquit. [Erasmo,
Adagia 3.9.43] A morte leva o melhor e deixa o pior.
■ A morte leva os bons e deixa os maus. ■ Todo bom
acaba. ■ Tudo que é bom acaba. VIDE: ● Optima
citissime pereunt.
1627. Mors peccatorum pessima. [Vulgata, Salmos
33.22] A morte dos pecadores é péssima.
1628. Mors pulchra rapit, deterrima transit. A morte
nos rouba as coisas belas, e nos deixa as piores.
1629. Mors, quae propter incertos casus cotidie
imminet, propter brevitatem vitae nunquam potest
longe abesse. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.38]
A morte que, por causa os acidentes inesperados, nos
ameaça diariamente, nunca pode estar distante de nós
por causa da brevidade da vida.
1630. Mors quidem mala non est, sed iter ad mortem
miserum. [Rezende 3613] A morte não é um mal, mas
o caminho para a morte é triste. VIDE: ● Iter ad mortem
durius quam ipsa mors. ● Mors misera non est,
aditus ad mortem est miser.
1631. Mors sceptra ligonibus aequat. [Binder, Thesaurus
1893] A morte iguala os cetros às enxadas. ■ A morte a
todos nivela. ■ A morte não poupa nem o fraco, nem o
forte. ■ Tanto morre o papa, como quem não tem capa.
VIDE: ● Aequa tellus pauperi recluditur regumque
pueris. ● Mors dominos servis et sceptra ligonibus
aequat. ● Mors nulli parcit honori. ● Mors servat
legem: tollit cum paupere regem. ● Ultima nos omnes
efficit hora pares.
1632. Mors sequitur, vita fugit. [Burton / Sweet 193] A
morte persegue, a vida foge.
1633. Mors servat legem: tollit cum paupere regem.
[DAPR 461] A morte obedece a uma lei: junto com o
pobre leva o rei. ■ A morte não poupa nem o fraco nem
o forte. VIDE: ● Debilis ac fortis veniunt ad limina
mortis. ● Est commune mori, mors nulli parcet
honori. ● Mors dominos servis et sceptra ligonibus
aequat. ● Mors sceptra ligonibus aequat.
1634. Mors servituti turpitudinique anteponenda.
[Cícero, De Officiis 1.23] Deve-se preferir a morte à
servidão e à desonra. ■ Antes a morte que a desonra.
■ Antes morte que vergonha. VIDE: ● Candorem
praefero vitae. ● Malo mori quam foedari. ● Malo
mori quam maculari. ● Mavult mori quam maculari
vir probus. ● Melius mori quam foedari. ● Mori
melius est quam peccare. ● Mori satius est, quam
turpiter vivere. ● Mors turpitudini anteponenda.
● Potius mori quam foedari. ● Potius mori milies
quam semel foedari. ● Prius mori quam foedari.
1635. Mors similis vitae: respondent ultima primis.
[Binder, Thesaurus 1894] A morte é igual à vida: o fim
corresponde ao início. ■ Tal vida, tal morte. ■ Como se
vive, assim se morre. VIDE: ● Qualis vita, finis ita.
● Sicut vita, finis ita. ● Vitae mors consentanea.
1636. Mors sola fatetur quantula sint hominum
corpuscula. [Juvenal, Satirae 10.172] Só a morte
mostra quão pequeninos são os corpinhos dos homens.
VIDE: ● Quantula sunt hominum corpuscula!
1637. Mors somno similis est. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.97] A morte é semelhante ao sono. ■ O
sono é parente da morte. VIDE: ● Consanguineus leti
sopor. ● Mortis imago et simulacrum somnus.
● Mortis imago sopor. ● Nihil est morti tam simile,
quam somnus. ● Somnus mortis imago. ● Stulte, quid
est somnus, gelidae nisi mortis imago?
1638. Mors terribilis est eis, quorum cum vita omnia
exstinguuntur; non eis quorum laus emori non
potest. [Cícero, Paradoxa 2.3] A morte é terrível para
aqueles de quem tudo se acaba junto com a vida; mas
não para aqueles cuja glória não pode morrer.
1639. Mors tua, vita mea. [Rezende 3617; DAPR 454]
Tua morte é minha salvação. ■ A desgraça de uns é o
bem de outros. ■ Morte do lobo, saúde do rebanho.
1640. Mors turpitudini anteponenda. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 49] Deve-se preferir à
morte à desonra. ■ Antes a morte que a desonra. ■ Antes
morte que vergonha. VIDE: ● Candorem praefero vitae.
● Malo mori quam foedari. ● Malo mori quam
maculari. ● Melius mori quam foedari. ● Mori melius
est quam peccare. ● Mori satius est, quam turpiter
vivere. ● Mors servituti turpitudinique anteponenda.
● Potius mori quam foedari. ● Potius mori milies
quam semel foedari. ● Prius mori quam foedari.
1641. Mors ultima linea rerum est. [Horácio, Epistulae
1.16.79] A morte marca o limite de todas as coisas. VIDE:
● Mors est ultima linea omnium rerum.
1642. Mors ultima ratio. [Rezende 3619] A morte é o
último acerto de contas.
1643. Mors ultimum supplicium. A morte é a punição
extrema.
1644. Mors velocis spatii meta novissima est. [Sêneca,
Troades 399] A morte é o último marco de uma carreira
rápida.
1645. Morsus morsum ducit. [Pereira 108] ■ Um bocado
leva outro.
1646. Mortale est omne mortalium bonum. [Metrodorus
/ Sêneca, Epistulae Morales 98.9] São mortais todos os
bens dos mortais.
1647. Mortalem necesse est ferre fata numinum.
[Manúcio, Adagia 124] O mortal tem de sofrer o destino
determinado pelos deuses. ■ O que não pode al ser
deves sofrer. VIDE: ● Feras, non culpes, quod mutari
non potest. ● Feras, non culpes, quod vitari non
potest. ● Toleranda fata numinum.
1648. Mortalem te esse memento. Lembra-te de que és
mortal. VIDE: ● Cogita te mortalem esse. ● Memento
mori. ● Memento te mortalem esse.
1649. Mortales laetos vinum facit atque facetos. [Binder,
Thesaurus 1896] O vinho torna os mortais felizes e
alegres.
1650. Mortales leviculis rebus saepenumero et
laeduntur et iuvantur. [Schottus, Adagia 516] Os
mortais com freqüência são prejudicados e são
favorecidos por coisinhas muito miúdas.
1651. Mortales sumus, haud sunt nobis crastinae curae.
[Teócrito / Manúcio, Adagia 354] Nós somos mortais;
não temos cuidados com o amanhã. VIDE: ● In diem
vivo.
1652. Mortalia facta peribunt. [Horácio, Ars Poetica 68]
As obras dos mortais se perderão.
1653. Mortalis divum auxilium desiderat omnis.
[Homero / Grynaeus 91] Todo mortal deseja o auxílio
dos deuses.
1654. Mortalis nata es, mortales peperisti. [Sêneca, Ad
Marciam 11.1] Nasceste mortal, deste à luz a mortais.
1655. Mortalis nemo est, quem non attingat dolor
morbusque. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.25]
Não há mortal a que não atinja a dor e a doença. VIDE:
● Crux est generis omnis.
1656. Mortalis vitae brevitas non multa requirit:
paucorum exigui temporis usus eget. [S.Próspero de
Aqüitânia / Schottus, Adagialia Sacra 135] A brevidade
da vida do mortal não exige muitas coisas: o uso do
exíguo tempo tem necessidade de poucas coisas.
1657. Morte carent animae. [Ovídio, Metamorphoses
15.158] As almas não morrem.
1658. Morte crimina exstinguuntur. [Jur] Com a morte
extinguem-se os crimes.
1659. Morte magis metuenda senectus. [Juvenal, Satira
11.45] A velhice deve ser mais temida do que a morte.
1660. Morte moriatur. Morra de morte. (=Seja
executado).
1661. Morte nihil certius est, nihil vero incertius quam
eius hora. [Rezende 3626] Nada mais certo que a
morte, mas nada mais incerto que sua hora. ■ Morte
certa, hora incerta. VIDE: ● Certa mihi mors, incerta
est funeris hora. ● Incertum est quando, certum est
aliquando mori. ● Moriendum enim certe est, et id
incertum an hoc ipso die. ● Mors cuivis certa, nihil
incertius hora; ibimus absque mora, sed qua
nescimus in hora. ● Mors est res certa, nihil est
incertius hora. ● Mors certa, hora mortis incerta.
● Mors certa, hora incerta. ● Mors certa, tempus
incertus. ● Mors est certa, dies vero mortis est
incertus. ● Mortis dies omnibus incertus.
1662. Mortem aliquid ultra est? Vita, si cupias mori.
[Sêneca, Agamemnon 996] Existe coisa pior do que a
morte? A vida, se desejas morrer.
1663. Mortem antecessit. [Sêneca, Epistulae Morales
55.4] Adiantou-se à morte. (=Diz-se que quem vive sem
fazer nada de bom).
1664. Mortem cogita, ut mortem nunquam timeas.
Pensa na morte, para que nunca a temas. VIDE: ● Mortem
ut nunquam timeas semper cogita.
1665. ortem nunquam timeas.
1666. Mortem cuncta mortalium mala dissolvere.
[Salústio, Bellum Catilinae 51] A morte dá fim a todos
os males dos mortais. ■ A morte é o fim de todos os
males. VIDE: ● Mors dolorum omnium exsolutio.
● Mors dolorum omnium exsolutio est et finis, ultra
quem mala nostra non exeunt. ● Mors omnium
dolorum et solutio est et finis.
1667. Mortem effugere nemo potest. [Cícero, Philippica
8.19, adaptado] À morte ninguém pode escapar. À
morte, o remédio é abrir-lhe a boca.
1668. Mortem misericors saepe pro vita dabit. [Sêneca,
Troades 330] O homem misericordioso muitas vezes
dará a morte em lugar da vida.
1669. Mortem naturae finem esse, non poenam. [Cícero,
Pro Milone 37] A morte é o fim que a natureza nos dá, e
não castigo.
1670. Mortem non posse negari. [Marcial, Epigrammata
1.42.3] A morte não pode ser negada.
1671. Mortem, omnibus ex natura aequalem, oblivione
apud posteros vel gloria distingui. [Tácito, Historiae
1.21] Por sua natureza, a morte é igual para todos; o
esquecimento da posteridade ou a glória, eis a diferença.
VIDE: ● Mors omnibus ex natura aequalis est:
oblivione apud posteros, vel gloria distinguitur.
1672. Mortem optare malum, timere peius. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Periander] Desejar a
morte é mau; temê-la é pior.
1673. Mortem sapientes nunquam inviti, fortes saepe
etiam libenter oppetiverunt. [Cícero, In Catilinam 4.7,
adaptado] Os sábios nunca enfrentaram a morte
constrangidos, os valentes muitas vezes o fizeram
espontaneamente.
1674. Mortem timere crudelius est quam mori. [Publílio
Siro] Temer a morte é mais cruel do que morrer.
1675. Mortem ubi contemnas, omnes viceris metus.
[Publílio Siro] Quando desprezares a morte, terás
vencido todo medo.
1676. Mortem ut nunquam timeas semper cogita.
[Sêneca, Epistulae Morales 30.18] Para que nunca
temas a morte, pensa sempre nela. VIDE: ● Mortem
cogita, ut Mortem venientem nemo hilaris excipit,
nisi qui ad illam diu se composuerit. [Sêneca,
Epistulae Morales 50] Ninguém recebe com alegria a
morte que chega, a não ser quem durante muito tempo
se preparou para ela.
1677. Morti natus es, minus molestiarum habet funus
tacitum! [Sêneca, De Tranquillitate Animi 1.13]
Nasceste para a morte; um funeral silencioso tem menos
incômodos!
1678. Mortis asylum. O templo da morte. (=A sepultura).
1679. Mortis causa. [Jur] Por morte. VIDE: ● Causa mortis.
1680. Mortis dies omnibus incertus. O dia da morte é
incerto para todos. ■ Morte certa, hora incerta. VIDE:
● Certa mihi mors, incerta est funeris hora.
● Incertum est quando, certum est aliquando mori.
● Moriendum enim certe est, et id incertum an hoc
ipso die. ● Mors certa, hora incerta. ● Mors certa est,
funeris hora latet. ● Mors certa, hora mortis incerta.
● Mors certa, tempus incertus. ● Mors est certa, dies
vero mortis est incertus. ● Mors est res certa, nihil est
incertius hora. ● Mors cuivis certa, nihil incertius
hora; ibimus absque mora, sed qua nescimus in
hora. ● Morte nihil certius est, nihil vero incertius
quam eius hora.
1681. Mortis imago et simulacrum somnus. O sono é a
imagem e o retrato da morte. ● Mortis imago sopor.
[John Owen, Epigrammata 108] O sono é o retrato da
morte. VIDE: ● Consanguineus leti sopor. ● Mors
somno similis est. ● Nihil est morti tam simile, quam
somnus. ● Somnus mortis imago. ● Stulte, quid est
somnus, gelidae nisi mortis imago?
1682. Mortis imago iuvat somnus, mors ipsa timetur.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 19] O sono,
que é a imagem da morte, dá prazer; mas a morte
mesma assusta.
1683. Mortis imperium. O império da morte. O poder de
vida e morte.
1684. Mortis linque metus, ut possis vivere laetus.
Abandona o medo da morte, para que possas viver com
alegria.
1685. Mortis metus non tantus est, quantus est
tormentorum. [Tertuliano, Ad Martyres 4.7] O medo
da morte não é tão grande quanto o medo dos
tormentos.
1686. Mortis vicinae vis vincet vim medicinae. [Tosi
590] A força da morte próxima vencerá a força do
remédio.
1687. Mortua res Venus sine Baccho et Cerere.
[Manúcio, Adagia 566] Sem Baco e Ceres, Vênus é
coisa morta. ■ Sem Ceres e Baco o amor é fraco. ■ Sem
beber e sem comer não há prazer. . VIDE: ● Absente
vino, nulla tunc adest Venus. ● Absente vino pariter
exsulat Venus. ● Sine Baccho et sine Cerere friget
Venus. ● Sine Cerere et Baccho friget Venus. ● Sine
Cerere et Libero friget Venus.
1688. Mortui non dolent. [Erasmo, Adagia 5.2.35] Os
mortos não sofrem.
1689. Mortui non mordent. [Plutarco / Erasmo, Adagia
3.6.41] Os mortos não mordem. ■ Defunto não morde.
■ Homem morto não fala. VIDE: ● Canis mortuus non
mordet. ● Mortuus non mordet.
1690. Mortuis mederi. [DAPR 462] Medicar mortos.
(=Perder o trabalho). VIDE: ● Monere senem est mederi
mortuo. ● Mortuo mederi, senem monere.
1691. Mortuis non convinciandum. [Homero / Binder,
Thesaurus 1902] Não se deve falar mal dos mortos.
■ Enterrado, perdoado. ■ Não batas em homem morto.
■ Ninguém sabe onde fica o cemitério dos ruins. VIDE:
● Cum mortui non mordent, iniquum est ut
mordeantur. ● De mortuis nihil nisi bonum. ● De
mortuis nil nisi bene. ● De mortuis non nisi bene. ● De
mortuis optima. ● Nihil de mortuis nisi bonum.
● Parce sepulto. ● Parce sepultis.
1692. Mortuis verba das. [Pereira 98] Falas a defuntos.
■ Pregas no deserto. ■ Malhas em ferro frio. ● Mortuo
fabellam ad aures narras. [Schottus, Adagia 236]
Contas uma história no ouvido de um morto. VIDE:
● Mortuo verba facis.
1693. Mortuo applicas navem. [Quintiliano, Declamatio
Maior 12.23] Levas a tábua de salvação a um morto.
1694. Mortuo leoni barbam evellis. Arrancas a juba a um
leão morto. ■ Espancas cachorro morto.
1695. Mortuo leoni etiam lepores insultant. [Erasmo,
Adagia 4.7.82] De leão morto até as lebres saltam em
cima. ■ Leão moribundo, cachorro lhe mija. ■ De árvore
caída todos fazam lenha. ■ A mouro morto, grande
lançada. ● Mortuo leoni et lepores insultant. ● Mortuo
leoni vel lepores insultant. [Pontanus] ● Mortuo leoni
etiam mures insultant. Até os ratos saltam por cima do
leão morto. VIDE: ● Audet vel lepus exanimo insultare
leoni. ● Et lepores audent caeco insultare leoni. ● Leo
a leporibus insultatur mortuus. ● Leoni mortuo et
lepores insultant. ● Vulgus sequitur fortunam, et odit
damnatos.
1696. Mortuo mederi, senem monere. [Pereira 117]
Advertir um velho é o mesmo que medicar um morto.
■ Repreender velho e expulgar cão duas doidices são.
■ Papagaio velho não aprende língua. ● Mortuo
mederi, et senem admonere idem esse. [Manúcio,
Adagia 105] Medicar um morto e advertir um velho é a
mesma coisa. VIDE: ● Monere senem est mederi
mortuo. ● Mortuis mederi.
1697. Mortuo qui mittit munus, nil dat illi, adimit sibi.
[Publílio Siro] Quem faz doação a morto não lhe dá
nada e tira de si mesmo.
1698. Mortuo verba facis. [Grynaeus 321] Falas a
defunto. ■ Pregas no deserto. ■ Malhas em ferro frio.
■ Perdes teu latim. VIDE: ● Cum mortuo verba facit.
● Mortuis verba das. ● Mortuo fabellam ad aures
narras. ● Verba facit emortuo. ● Verba fiunt mortuo.
1699. Mortuum flagellas. [Albertatius 782] Espancas um
defunto. ■ Estás espancando cachorro morto. VIDE:
● Iugulare mortuos.
1700. Mortuum unguento perungis. [Apostólio 13.63]
Estás perfumando um morto. ■ Não gastes cera com
ruim defunto.
1701. Mortuus est. Morreu.
1702. Mortuus est Dei Filius; prorsus credibile, quia
ineptum est. [Tertuliano, De Carne Christi 5.4] Morreu
o filho de Deus; isto pode ser crido exatamente porque é
um absurdo.
1703. Mortuus est in senectute bona, plenus dierum, et
divitiis, et gloria. [Vulgata, 1Paralipômenos 29.28]
Morreu numa ditosa velhice, cheio de dias e de bens e
de glória.
1704. Mortuus est pater eius, et quasi non est mortuus,
similem enim reliquit sibi post se. [Vulgata,
Eclesiástico 30.4] Morreu o seu pai, e foi como se não
morresse, porque deixou depois de si um seu
semelhante.
1705. Mortuus est pintus in casca. [Latim macarrônico /
Lodeiro 667] O pinto morreu na casca. (=O assunto
morreu).
1706. Mortuus est qui Deo non vivit. Morto está quem
não vive para Deus.
1707. Mortuus ille diu defunctus, quisque per annum.
[DAPR 462] Esse morto já se foi há muito tempo, quase
um ano. ■ A mortos e idos não há amigos.
1708. Mortuus non mordet. [Apostólio 13.65] Morto não
morde. ■ Defunto não morde. VIDE: ● Canis mortuus
non mordet. ● Mortui non mordent.
1709. Mortuus per somnum, vacabis curis. [Erasmo,
Adagia 4.1.18] Quando estiveres morto de sono, não
terás preocupações. ■ Dormirás, boas novas acharás.
1710. Mortuus sine prole. [Jur / Black 1208] Morto sem
descendentes.
1711. Morum dissimilitudo dissociat amicitias. A
diversidade de caracteres dissolve as amizades. VIDE:
● Dispares enim mores disparia studia sequuntur,
quorum dissimilitudo dissociat amicitias.
1712. Morum similitudo mater amicitiae. [Pontanus /
Stevenson 914] A semelhança de caráter é a mãe da
amizade. VIDE: ● Coniugat amicitiam morum
similitudo.
1713. Morus moro purgatur. [Schottus, Adagia 280]
Uma amora se limpa com outra. ■ O que uma amora
tinge, outra destinge. ■ A nódoa que põe a amora com
outra verde se tira. VIDE: ● Quod morum inficit unum,
aliud morum eluit inde.
1714. Mos erat antiquus niveis atrisque lapillis, his
damnare reos, illis absolvere culpa. [Ovídio,
Metamorphoses 15.41] Era costume antigo condenar os
réus com pedras pretas e absolvê-los com pedras
brancas.
1715. Mos est oblivisci hominibus, neque gnovisse cuius
nihili sit facienda gratia. [Plauto, Captivi 984] Os
homens têm o costume de esquecer e não reconhecer
aqueles cuja amizade nada lhes promete.
1716. Mos et lex. O costume e a lei.
1717. Mos maiorum. O costume dos antepassados.
1718. Mos miseri ultro convivia adire bonorum.
[Schottus, Adagia 581] É costume do pobre ir aos
banquetes dos bons sem ser convidado. VIDE: ● Boni ad
bonorum convivia invocati accedunt. ● Bonorum
ultro ad convivia accedunt boni. ● Conviva amico
amicus ultro etiam venit. ● Convivae non vocati ad
amicos eunt. ● Invocati comessatum ad amicos
veniunt amici. ● Non vocati amici amicorum mensam
accedunt. ● Sponte boni ad parium laeti convivia
tendunt. ● Sponte bonis mos est convivia adire
bonorum. ● Ultro adeunt hominis timidi convivia
fortes.
1719. Mos pro lege. O costume em lugar da lei.
1720. Mos regit legem. O costume governa a lei. ■ O
costume faz lei.
1721. Mota quietare, quieta non movere. [Tosi 1202]
Acalmar o que está agitado, não mexer o que está
quieto. ■ Não acordes o cão que dorme. VIDE: ● Quieta
non movere.
1722. Mota semel multitudo modum non servat. [Sêneca
Retórico, Controversiae 3.8] Uma vez provocada, a
multidão não respeita limites.
1723. Motu cordis. [Apuleio, De Deo Socratis 12] Por
impulso do coração.
1724. Motu proprio. [Jur] Por movimento próprio. Por
iniciativa própria. Por vontade própria.
Voluntariamente. VIDE: ● De motu proprio. ● De
proprio motu. ● Ex proprio motu. ● Proprio motu.
● Sponte propria. ● Sponte sua. ● Sua sponte.
1725. Motum illi felicitate nimia caput. [Sêneca,
Epistulae Morales 114.8] Sua cabeça ficou perturbada
pelo grande sucesso. ■ O sucesso subiu-lhe à cabeça.
1726. Motus in fine velocior. [Rezende 3632] O
movimento é mais veloz no fim. ● Motus intensior est
in fine quam in principio. [Signoriello 210] O
movimento no fim é mais intenso do que no princípio.
VIDE: ● Cursus in fine velocior.
1727. Motus moderatus gravidis optime convenit,
nimius vero motus abortum producit. [Nenter 98] O
exercício é muito conveniente às grávidas, mas o
exercício exagerado provoca o aborto.
1728. Motus sine causa nullus est. [Cícero, De Fato 20]
Não existe movimento sem causa.
1729. Mox nox in rem. A noite está chegando, (vamos) ao
assunto.
1730. Mox simul ac dictum est verbum, res ipsa peracta
est. [Grynaeus 237] Assim que a palavra foi
pronunciada, a ação foi realizada. ■ Dito e feito. . ■ Assar
e comer. VIDE: ● Confestim dicto citius res ipsa
peracta. ● Dictum ac factum. ● Dictum, factum.
● Simul et dictum et factum. ● Simul dictum, simul
factum. ● Ut dictum et actum est. ● Veni, vidi, vici.
● Volitum, dictum, factum.
1731. Mula senex fulvis ornatur saepe lupatis. [Pereira
95] Muitas vezes se enfeita a mula velha com freio
dourado. ■ A mula velha, cabeçada nova. ■ Asna velha,
cinta amarela. ■ Para burro velho, capim novo.
1732. Mula ubi pepererit. Quando a mula parir. ■ No dia
de ■ São ■ Nunca. VIDE: ● Ad calendas Graecas. ● Cum
mula pepererit. ● Cum muli pariunt.
1733. Mulcent delirum verba polita virum. [DAPR 278]
As palavras enfeitadas acalmam o homem
enlouquecido. ■ Boas palavras e maus feitos enganam
sisudos e néscios.
1734. Mulciber in Troiam, pro Troia stabat Apollo.
[Ovídio, Tristia 1.2.5] Vulcano estava contra Tróia, mas
Apolo estava a favor dela. ■ Quando uma porta se
fecha, outra se abre. VIDE: ● Aequa Venus Teucris,
Pallas iniqua fuit.
1735. Mulge praesentem. [Schottus, Adagia 601] Ordenha
o presente. ■ Aproveita enquanto é tempo. VIDE: ● Carpe
diem.
1736. Mulgere hircum. [Erasmo, Adagia 1.3.51] Ordenhar
bode. (=Fazer coisa absurda). ● Mulgere hircos.
Ordenhar bodes. VIDE: ● Iungat vulpes et mulgeat
hircos.
1737. Muli asinis quantum praestant! [Pereira 124]
Quanto os mulos são melhores do que os asnos! ■ Muito
vai de uma coisa a outra.
1738. Muli mutuum scabunt. [Varrão, adaptado] As
mulas coçam uma a outra. ■ Um burro coça outro.
■ Faze-me a barba, far-te-ei o cabelo. VIDE: ● Asinus
asinum fricat. ● Mulus mulum scabit. ● Mutuum muli
scalpunt. ● Mutuum radunt equi. ● Mutuum muli
scabunt.
1739. Muliebre ingenium: prolubium, occasio. [Áccio,
Andromeda] É da natureza feminina: desejo,
oportunidade.
1740. Muliebris lacrima condimentum est malitiae.
[Publílio Siro] ■ Lágrimas de mulher, têmpera de
malícia. VIDE: ● Lacrimae feminae sunt valde
periculosae. ● Struit insidias lacrimis cum femina
plorat.
1741. Mulier a muliere parum distat. Uma mulher pouco
difere de outra.
1742. Mulier abundat audacia, consilio et ratione
deficitur. [Cícero, Pro Cluentio 65] A mulher sobeja
em audácia, mas é deficiente em ponderação e razão.
1743. Mulier, cum sola cogitat, male cogitat. [Publílio
Siro] A mulher, quando pensa por si, pensa mal.
1744. Mulier cupido quod dicit amanti in vento et
rapida scribere oportet aqua. [Catulo, Carmina 70.3]
O que a mulher diz ao namorado apaixonado pode-se
escrever no vento e na veloz água. ■ Jura apaixonada
nem obriga, nem vale nada.
1745. Mulier diligens corona est viro suo. [Vulgata,
Provérbios 12.4] A mulher diligente é a coroa do seu
marido.
1746. Mulier, ecce filius tuus. [Vulgata, João 19.26]
Mulher, eis aí teu filho.
1747. Mulier es, audacter iuras. [Plauto, Amphitruo 678]
És mulher, não tens medo de jurar.
1748. Mulier est hominis confusio. [Chaucer, The Nun’s
Priest’s Tale 398] A mulher é a confusão do homem.
1749. Mulier familiae suae caput et finis est. [Ulpiano,
Digesta 50.16.195.5] A mulher é o princípio e o fim da
sua família.
1750. Mulier fortis oblectat virum suum. [Vulgata,
Eclesiástico 26.2] A mulher forte alegra o seu marido.
1751. Mulier id est quod est propter uterum solum.
[The New Orleans Medical and Surgical Journal, 1851,
pg. 54] A mulher só é o que é por causa do útero. VIDE:
● Femina est quod est propter uterum.
1752. Mulier id solum potest tacere quod nescit. [Sêneca
Retórico, Controversiae 2.5.12] A mulher só pode
guardar segredo do que ignora. ■ Segredo em boca de
mulher é o mesmo que escrever em papel.
1753. Mulier in aedibus atra tempestas viro. [Grynaeus
252] Mulher rixenta em casa é tempestade para o
homem. ■ Mulher rixenta nem o diabo agüenta.
1754. Mulier luculenta forma. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 523] Uma mulher de notável beleza.
1755. Mulier malum necessarium. ■ A mulher é um mal
necessário. VIDE: ● Malum est mulier, sed necessarium
malum.
1756. Mulier mulieri magis convenit. [Terêncio, Phormio
726] Mulher se entende melhor com mulher.
1757. Mulier, novercae nomen huc adde impium.
[DAPR 418] Mulher, acrescenta aí o nome cruel de
madrasta. ■ Madrasta, o nome lhe basta. VIDE:
● Novercae nomen impium.
1758. Mulier profecto nata est ex ipsa mora. [Plauto,
Miles Gloriosus 1299] A mulher sem dúvida nasceu da
própria tardança.
1759. Mulier quae multis nubit, multis non placet.
[Publílio Siro] A mulher que se casa com muitos não
agrada a muitos.
1760. Mulier recte olet, ubi nihil olet. [Plauto,
Mostellaria 273] A mulher cheira bem quando não tem
cheiro. VIDE: ● Non bene olet, qui bene semper olet.
1761. Muliere bona nil potentius. Nada mais poderoso
que uma mulher boa. ■ A mulher boa é prata que soa.
VIDE: ● Nihil melius muliere bona. ● Nihil melius
muliere bona, nihil est mala peius.
1762. Muliere nihil est peius, atque etiam bona. [Erasmo
/ Stevenson 2573] Nada há pior do que uma mulher,
mesmo que seja boa.
1763. Mulierem barbatam eminus esse salutandam.
Mulher barbada de longe deve ser saudada. ■ Homem
ruivo e mulher barbada, de longe os saúda. VIDE:
● Rufum et barbatam a longe saluta.
1764. Mulierem ornat silentium. [Sófocles / Erasmo,
Adagia 4.1.97] O silêncio é o ornamento da mulher. ■ A
mulher e a pega, a que cala é boa.
1765. Mulieres dum comuntur annus est. As mulheres,
enquanto se enfeitam, passa um ano. VIDE: ● Nosti
mores mulierum: dum moliuntur, dum conantur,
annus est.
1766. Mulieres faciunt apostatare sapientes. [Vulgata,
Eclesiástico 19.2] As mulheres fazem os sábios
apostatar.
1767. Mulieres longam habent caesariem, brevem
autem sensum. [Bebel / Eiselein 634] As mulheres têm
cabeleira longa, mas juízo curto. ■ Cabelos longos, juízo
curto. ■ A mulher é um animal de cabelos longos e
idéias curtas. VIDE: ● Longam caesariem fert, curtam
femina mentem. ● Mulieres sunt ferme, ut pueri, levi
sententia. [Terêncio, Hecyra 312] As mulheres
geralmente são, como os meninos, de opinião
inconstante.
1768. Mulieres ut flerent oculos erudiere suos. [Ovídio,
Remedia Amoris 690, adaptado] As mulheres ensinaram
seus olhos a chorar. ■ A mulher ri quando pode e chora
quando quer. ■ Lágrimas de mulher, fonte de malícia.
1769. Mulieri ne credas, ne mortuae quidem. [Erasmo,
Adagia 2.10.21] Não confies em mulher, nem mesmo
estando morta. ■ Da má mulher te guarda, e da boa não
te fies nada. ● Mulieri ne fidas, ne si moriatur
quidem. [Schottus, Adagia 207] ● Mulieri, ne mortuae
quidem credendum est. [DAPR 464] Não se deve
confiar em mulher, nem mesmo morta. VIDE: ● Ne
feminae quid credas, vel mortuae. ● Ne mortuae
quidem fidem habeas feminae. ● Non fidendum
feminis.
1770. Mulieri nimio male facere levius onus est quam
bene. [Plauto, Truculentus 470] Para uma mulher, fazer
o mal custa menos do que fazer o bem.
1771. Mulieribus ingenuis et illustribus castitatis
observatio praecipuum debitum est. [Jur] A
observação da castidade é dever primordial para as
mulheres virtuosas e nobres.
1772. Mulieribus longam esse caesariem, brevem autem
sensum. [DAPR 464] As mulheres têm cabeleira longa,
mas juízo curto. ■ Cabelos longos, juízo curto. ■ A
mulher é um animal de cabelos longos e idéias curtas.
VIDE: ● Mulieres longam habent caesariem, brevem
autem sensum.
1773. Mulieris aemulatio turbat domum. [Schottus,
Adagia 611] Ciúme de mulher perturba a casa. ■ Mulher
ciumenta, menino chorão, casa que goteja e burro
topão são tormentos dum cristão. ■ Mulher rixenta nem
o diabo agüenta.
1774. Mulieris bonae beatus vir. [Vulgata, Eclesiástico
26.1] É feliz o homem que tem mulher virtuosa.
1775. Mulieris iuramenta in aqua scribo. [Sófocles /
Schottus 12] As juras da mulher escrevo na água.
1776. Mulieris oculus spiculum est iuvenibus. [Erasmo,
Adagia 3.4.69] O olho da mulher é uma flecha para os
jovens.
1777. Mulierum astutia peior omni vesutia. [Tosi 1384]
A astúcia das mulheres é pior do que qualquer ardil.
1778. Multa agendo nihil agit. Fazendo muito, não faz
nada. ■ Muita fumaça, pouco fogo. ■ Muita trovoada,
pouca chuva. ● Multa agendo nihil agimus. Quando
nos metemos a fazer muitas coisas, acabamos não
fazendo nada.
1779. Multa aggressus, omnibus frustrabitur. [Manúcio,
Adagia 899] Quem empreende muitas coisas, se
decepcionará em todas. ■ Quem muito abarca pouco
aperta. ■ Dona que muito mira pouco fia. VIDE:
● Pluribus intentus minor est ad singula sensus.
● Plurima qui aggreditur, nil apte perficit.
1780. Multa ante tentes, quam virum invenias bonum.
[Publílio Siro] Procurarás muito, antes que encontres
um homem de bem.
1781. Multa audi, dic pauca, tege abdita. [Gaal 907]
Ouve muito, fala pouco, esconde os segredos. ■ Ouve
muito e fala pouco. ● Multa audi, dic pauca, tace
abdita. Ouve muito, fala pouco, não contes segredos.
1782. Multa bona potes operari, dum sanus es; sed,
infirmatus, nescio quid poteris. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 1.23.23] Podes realizar muitas
boas ações, enquanto tens saúde; mas, debilitado, não
sei o que poderás fazer.
1783. Multa cadunt inter calicem supremaque labra.
[Erasmo, Adagia 1.5.1] Muita coisa cai entre o cálice e
os lábios. ■ Da mão à boca, se perde a sopa. ■ Entre a
boca e a mão vai o bocado ao chão. ● Multa cadunt
inter calicem et suprema labra. ● Multa cadunt inter
calicem et labra. [Dumaine 244] VIDE: ● De cocleare
interdum cadit quod hianti porrigis ori. ● Inter
calicem et os multa cadunt. ● Inter calicem et os
multa interveniunt. ● Inter manum et mentum multa
cadunt. ● Inter os et offam multa cadunt. ● Inter os et
offam multa intercedunt. ● Saepe audivi inter os et
offam multa intervenire posse. ● Saepe inter buccam
contingit casus, et offam. ● Saepe os inter et offam
multa venire solent. ● Vel mille calamitates sunt inter
calicem et labra.
1784. Multa cadunt inter duo tempora. [Grynaeus 341]
Muita coisa se perde entre dois momentos. ■ De uma
hora para outra cai a casa.
1785. Multa cura summo imperio inest. [Binder,
Thesaurus 1911] Muita preocupação acompanha o
poder supremo. ■ Grande nau, grande tormenta.
● Multa cura summo imperio inest, multi ingentes
labores. [Salústio, Oratio Cottae] Grandes
preocupações, grandes sofrimentos acompanham o
poder supremo.
1786. Multa dicere et opportune non eiusdem est.
[Pereira 111] Não é comum a mesma pessoa falar muito
e com oportunidade. ■ Falar muito e bem, não há quem.
■ Muito falar, muito errar. ● Multa et opportuna dicere
non est eiusdem. [Binder, Thesaurus 1914] VIDE:
● Copia sermonis non est consors rationis. ● Diversa
sunt, multa eloqui, opportunius. ● Raro est eiusdem
hominis multa et opportune dicere.
1787. Multa dies ferunt venientes commoda secum.
[Pereira 118] Os dias que chegam trazem consigo
muitas coisas boas. ■ O tempo tanto anda como
desanda. VIDE: ● Multa ferunt anni venientes
commoda secum. ● Multa ferunt anni venientes
commoda secum, multa recedentes adimunt.
1788. Multa docet fames. [Erasmo, Adagia 4.2.48] A
fome ensina muitas coisas. ■ A fome é uma grande
mestra. ■ A necessidade faz o sapo pular.
1789. Multa, dum fiunt, turpia, facta placent. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.218] Muitas coisas que, ao serem feitas,
são desagradáveis, depois de feitas agradam.
1790. Multa esse patienda. [Sêneca, De Ira 3.37] Muitas
coisas devem ser toleradas.
1791. Multa esse vera quae non modo vulgo scire sit
utile. [S.Agostinho, De Civitate Dei 4.31.2] Há muitas
verdades que não é útil ao povo saber. VIDE: ● Multa
sunt vera quae vulgo scire non sit utile.
1792. Multa et varia impendent hominibus genera
mortis. [Cícero, Philippica 14.34] Muitos e variados
gêneros de morte ameaçam os homens.
1793. Multa eveniunt homini quae vult quae nevult.
[Plauto, Trinummus 323] Ao homem acontecem muitas
coisas que ele quer e que ele não quer.
1794. Multa ex quo fuerint commoda, eius incommoda
aequum est ferre. [Terêncio, Hecyra 840] Quando
alguma coisa traz muitas vantagens, é justo que se
aceitem suas desvantagens. ■ Quem comeu as maduras
chuche as duras.
1795. Multa experiendo fiunt quae segnibus ardua
videntur. [Tácito, Annales 15.59] Experimentando,
fazem-se muitas coisas que aos preguiçosos parecem
difíceis.
1796. Multa fercula, multos morbos. [DAPR 748] Muitos
pratos, muitas doenças. ■ Mais mata a gula do que a
espada. VIDE: ● Multos morbos multa fercula fecerunt.
1797. Multa fero, ut placem genus irritabile vatum.
[Horácio, Epistulae 2.2.102] Suporto muitas coisas para
agradar à raça irascível dos poetas. VIDE: ● Genus
irritabile vatum.
1798. Multa ferunt anni venientes commoda secum. Os
anos que chegam trazem consigo muita coisa boa.
■ Quanto mais se vive, mais se vê. ● Multa ferunt anni
venientes commoda secum, multa recedentes
adimunt. [Horácio, Ars Poetica 175] Os anos que
chegam trazem consigo muitas coisas boas, os anos que
se afastam levam muitas. ■ O tempo tanto anda como
desanda. VIDE: ● Multa dies ferunt venientes commoda
secum.
1799. Multa fidem promissa levant. [Horácio, Epistula
2.2.10] Muitas promessas destroem a confiança. ■ Muito
prometer é uma maneira de enganar. ■ Quem muito
promete, pouco dá.
1800. Multa fiducia utimur. [Vulgata, 2Coríntios 3.12]
Usamos de muita sinceridade.
1801. Multa fieri non posse, priusquam sint facta,
iudicantur. [Plinio Antigo, Naturalis Historia 7.1.1]
Muitas coisas se julgam impossíveis de acontecer
enquanto não acontecem.
1802. Multa fiunt eadem, sed aliter. Fazem-se muitas
coisas iguais, mas de maneira diferente.
1803. Multa hospitia, nullas amicitias. Muita
hospitalidade, nenhuma amizade. ■ Amigo de todos,
amigo de ninguém. ● Multa hospitia habent, nullas
amicitias. Têm muitos abrigos, nenhuma amizade. VIDE:
● Vitam in peregrinatione exigentibus hoc evenit, ut
multa hospitia habeant, nullas amicitias.
1804. Multa ignoscendo fit potens potentior. [Publílio
Siro] Desculpando muitas coisas, o poderoso fica mais
poderoso.
1805. Multa in bellis inania. [Erasmo, Adagia 2.10.19]
Nas guerras muitas coisas são vãs. ■ Tempo de guerra,
mentira como terra. ● Multa in bello inania. [Schottus,
Adagia 246] ● Multa in bello vana.
1806. Multa in bello nova. [Schottus, Adagia 306] Numa
guerra há muita novidade. ■ Tempo de guerra, mentiras
como terra.
1807. Multa interrogans fit ingratus. [Bebel, Adagia
Germanica] Quem pergunta muito, torna-se
desagradável. ■ Quem tudo quer saber, mexerico quer
fazer.
1808. Multa iuvant collecta simul. [Tosi 814] É útil a
reunião de muitas coisas VIDE: ● Iuncta iuvant. ● Quae
non prosunt singula, multa iuvant. ● Quae non
valeant singula, iuncta iuvant. ● Singula quae non
prosunt, multa collecta iuvant.
1809. Multa legas facito, perlectis neglege multa.
[Dionísio Catão, Disticha 3.18] Trata de ler muito; do
lido põe de parte muito.
1810. Multa licet castae non facienda legant. [Ovídio,
Tristia 2.1.308] Embora honestas, as mulheres lêem
muita coisa que não deve ser feita.
1811. Multa magis quam multorum lectione formanda
mens est. [Quintiliano, Institutio Oratoria 10.1.59] O
espírito deve ser formado mais com muita leitura do que
com a leitura de muitos livros. ■ Livros e amigos,
poucos e bons. VIDE: ● Multum legendum esse, non
multa. ● Multum legendum, sed non multa. ● Non
multa parum, sed pauca multum legenda. ● Non
multa, sed multum. ● Tu memineris sui cuiusque
generis auctores diligenter eligere. ● Aiunt enim
multum legendum esse, non multa.
1812. Multa me docuit usus, magister optimus. Muito
me ensinou a prática, que é o melhor mestre. ■ A prática
é a mestra de todas as coisas. ■ Usa e serás mestre. ■ A
experiência é a mestra da vida. VIDE: ● Adiciam quod
me docuit usus, magister egregius. ● Cunctarum
rerum doctor certissimus usus. ● Magister optimus
usus. ● Magister rerum usus. ● Magister usus
omnium est rerum optimus. ● Magistra rerum
experientia. ● Usus efficacissimus rerum omnium
magister. ● Usus est magister optimus. ● Usus est
magister rerum. ● Usus magister egregius. ● Usus
magister optimus. ● Usus omnium rerum optimus
magister. ● Usus optimus rerum magister.
1813. Multa mentiuntur poetae. [Manúcio, Adagia 523]
Os poetas mentem muito. VIDE: ● Mentiri vatibus est
mos. ● Mentiuntur multa cantores. ● Miranda
canunt, sed non credenda, poëtae.
1814. Multa miser timeo, quia feci multa proterve.
[Ovídio, Amores 1.4.45] Eu sou infeliz, tenho muito
medo, pois pratiquei muitos abusos. ■ Ao que mal vive, o
medo o persegue.
1815. Multa multo exercitatione facilius quam regulis
percipies. [Black 1211] Muitas coisas se entendem
mais facilmente pela prática do que pelas regras.
1816. Multa narrantur atrociora quam sint. [DAPR
308] Muitas coisas são contadas piores do que são. ■ O
diabo não é tão feio como o pintam.
1817. Multa naturaliter fiunt, quorum ratio nos latet.
Acontecem naturalmente muitas coisas, cuja explicação
se esconde de nós.
1818. Multa noris oportet, quibus deum fallas. [Erasmo,
Adagia 2.10.23] Para enganares um deus, é preciso que
saibas muitas coisas. VIDE: ● Multa quidem noris queis
possis fallere numen. ● Multa scias opus est, quibus
possis fallere numen. ● Multa scias, queis vel
caelestia numina fallas.
1819. Multa novit, sed male novit omnia. [Grynaeus 290]
Ele conhece muitas coisas, mas conhece tudo mal. ■ É
um especialista em generalidades. VIDE: ● Aliquis in
omnibus, nullus in singulis. ● Multa sciebat opera,
sed male sciebat omnia. ● Petrus in cunctis, nihil in
omnibus.
1820. Multa novit vulpes, sed echinulus magnum unum.
[Arquíloco / Albertatius 788] A raposa conhece muitos
artifícios, e o ouriço-cacheiro um só, mas grande. (=O
ouriço, para defender-se, fecha-se e expõe os espinhos).
■ Muitas coisas sabe a raposa, e o ouriço-cacheiro uma
só. ● Multa novit vulpes, verum echinus unum
magnum. [Erasmo, Adagia 1.5.18] ● Multa novit
vulpes, sed erinaceus unum magnum. [Schottus,
Adagia 516] VIDE: ● Ars varia vulpi, ast una echino
maxima. ● Scit multa vulpes, magnum echinus
unicum.
1821. Multa nulli cogitata temporis punctum attulit.
[Publílio Siro] Um instante traz coisas não imaginadas
por ninguém. ■ Um momento dá a coroa, e um momento
a rouba.
1822. Multa paucis. [DAPR 719] Muitas coisas em poucas
palavras. VIDE: ● Multum in parvo. ● Multum in
paucis.
1823. Multa pecuniaria. [Jur] Uma multa pecuniária.
1824. Multa, per noctem habita terrori, dies vertit ad
risum. [Sêneca, Epistulae Morales 104] Muitas coisas
que de noite inspiram terror, o dia torna motivo de riso.
1825. Multa petentibus desunt multa. [Horácio, Carmina
3.16.42] Muito falta a quem muito deseja. ■ Tudo falta a
quem tudo deseja.
1826. Multa petit stultus, stultior illa dabit. [Pereira 111]
O tolo pede muitas coisas, o mais tolo lhas dará. ■ Muito
pediu o sandeu, mas mais o foi quem lhe deu.
1827. Multa praeter spem scio multis bona evenisse.
[Plauto, Rudens 400] Sei que a muitos aconteceram
coisas boas não esperadas. ■ Muitas vezes o remédio
vem donde não se supõe.
1828. Multa, quae honesta videntur esse, temporibus
fiunt non honesta. [Cícero, De Officiis 3.25] Muitas
coisas que parecem ser dignas mostram-se indignas em
certas circunstâncias. ■ Cada coisa a seu tempo.
1829. Multa, quam supervacua essent, non intelleximus,
nisi cum deesse coeperunt. [Sêneca, Epistulae Morales
123] Não percebemos que muitas coisas são supérfluas
senão quando começam a faltar. ■ O bem só é conhecido
depois de perdido.
1830. Multa quidem noris queis possis fallere numen.
[Schottus, Adagia 246] Terás de saber muitas coisas
para poder enganar um deus. VIDE: ● Multa noris
oportet, quibus deum fallas. ● Multa scias opus est,
quibus possis fallere numen. ● Multa scias, queis vel
caelestia numina fallas.
1831. Multa renascentur quae iam cecidere, cadentque
quae nunc sunt in honore vocabula, si volet usus.
[Horácio, Ars Poetica 70] Renascerão muitas palavras
que já morreram, e morrerão muitas que hoje estão em
voga, se o uso assim o quiser.
1832. Multa rogare, rogata tenere, retenta docere: haec
tria discipulum faciunt superare magistrum. [Binder,
Thesaurus 1917] Perguntar muito, guardar o que se
perguntou, ensinar o que se guardou: essas três coisas
fazem o aluno superar o professor.
1833. Multa satis lusi, non est dea nescia nostri, quae
dulcem curis miscet amaritiem. [Catulo, Carmina
68.17] Diverti-me bastante; também não me é
desconhecida a deusa que mistura a doce amargura às
preocupações.
1834. Multa sapit, sed pauca refert. [Schottus, Adagia
599] Sabe muito, mas produz pouco.
1835. Multa scias opus est, quibus possis fallere numen.
[Apostólio 16.23] Para enganares um deus, é preciso
que saibas muitas coisas. ● Multa scias, queis vel
caelestia numina fallas. [Schottus, Adagia 184] É
preciso que saibas muitas coisas para enganares até os
deuses celestes. VIDE: ● Multa noris oportet, quibus
deum fallas. ● Multa quidem noris queis possis
fallere numen.
1836. Multa sciebat opera, sed male sciebat omnia.
Conhecia muitas coisas, mas tudo conhecia mal.
■ Aprendiz de muitos ofícios não chega a mestre em
nenhum deles. VIDE: ● Aliquis in omnibus, nullus in
singulis. ● Multa novit, sed male novit omnia.
● Petrus in cunctis, nihil in omnibus.
1837. Multa sed trepidus solet detegere vultus. [Sêneca,
Thyestes 330] Mas um rosto agitado costuma revelar
muita coisa.
1838. Multa senem circumveniunt incommoda.
[Horácio, Ars Poetica 169] Muitos incômodos rodeiam
o velho. ■ A velhice nunca vem só. VIDE: ● Senem
circumveniunt incommoda.
1839. Multa sub vultu latuerint odia, multa in osculo.
[Publílio Siro] Muitos ódios se escondem sob a máscara
da face, muitos (se escondem) num beijo. ■ Muita mão é
beijada que se quisera ver cortada. ● Multa sub vultu
odia, multa sub osculo latent. [Binder, Thesaurus
1916] VIDE: ● Odia alia sub vultu, alia sub osculo
latent. ● Odia multorum sub vultu, multorum sub
osculo latent.
1840. Multa sunt dissimilia: sexus, aetas, animus.
[Sêneca Retórico, Controversiae 4] Há muitas
diferenças: o sexo, a idade, o caráter.
1841. Multa sunt quae ego nescire malo. [Cícero, Ad
Quintum 3.8.1] Há muitas coisas que eu prefiro ignorar.
1842. Multa sunt quae mentem acuunt, multaque quae
obtundunt. Muitas coisas há que aguçam o
entendimento, e muitas que o embotam.
1843. Multa sunt quae scire parum vel nihil animae
prosunt. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.1.17] Há muitas coisas cujo conhecimento de pouco
ou nada é útil à alma.
1844. Multa sunt quae sola prolata calumniae possint
videri obnoxia. [Apuleio, Apologia 82] Muitas frases
há que pronunciadas isoladas poderiam parecer
culpadas de calúnia.
1845. Multa sunt vera quae vulgo scire non sit utile. Há
muitas verdades que não é útil ao povo saber. VIDE:
● Multa esse vera quae non modo vulgo scire sit utile.
1846. Multa suscipiuntur, conficiuntur pauca.
Começam-se muitas coisas, terminam-se poucas.
■ Quem muito começa, pouco acaba.
1847. Multa tibi non licent, quae humillimis et in angulo
iacentibus licent. [Sêneca, Ad Polybium 6] São-te
recusados muitos direitos que têm as pessoas muito
humildes e que vivem abandonadas no seu canto.
1848. Multa tu quidem dicis, sed tibi nemo credit.
[Cícero, Ad Familiares 7.27.1] Na verdade, tu dizes
muita coisa, mas ninguém acredita em ti.
1849. Multa tulit fecitque puer, sudavit et alsit.
[Horácio, Ars Poetica 413] Quando menino, suportou e
fez muito, suou e padeceu frio.
1850. Multa verba, modica fides. Muitas palavras, pouca
confiança. ■ Quem muito fala muito mente.
1851. Multa verba non satiant animam. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.2.9] Muitas palavras
não saciam a alma.
1852. Multa vetustas lenit. O tempo suaviza muita coisa.
■ O tempo tudo cura. ■ Tempo é remédio. VIDE: ● Iam
tempus illi fecit aerumnas leves. ● Omnis doloris
tempus fit medicus. ● Tempore omnia vulnera
sanabuntur. ● Tempus dolorem leniet. ● Tempus
dolorem lenit. ● Tempus facit aerumnas leves.
● Tempus omnia sanat.
1853. Multae guttae cadentes lapidem cavant. [S.Tomás
de Aquino, Sententia libri Ethicorum 2.1] Muitas gotas
caindo furam a pedra. ● Multae guttae cavant lapidem.
Muitas gotas furam a pedra.
1854. Multae guttae implent flumen. [S.Agostinho, In
Epistulam ad Parthos 1.6] Muitas gotas enchem um rio.
■ Muitos poucos fazem um muito. VIDE: ● Quam
minutae sunt guttae pluviae! nonne flumina implent
et domos deiciunt?
1855. Multae hominibus ad malitiam viae sunt.
[Rezende 3647] Muitos são os caminhos que levam o
homem ao mal.
1856. Multae insidiae sunt bonis. [Cícero, Pro Plancio
24.59] Há muitas armadilhas colocadas contra os
homens de bem. VIDE: ● Vigilandum est semper:
multae insidiae sunt bonis.
1857. Multae interea rotae volventur. [Binder, Thesaurus
1919] Até acontecer isso, muitas rodas vão rodar.
■ Muita água ainda vai correr. ■ Ainda temos muito que
ver. ■ Ainda temos muitas noites que dormir fora.
1858. Multae manus onus levant. [Pereira 110] Muitas
mãos aliviam o peso. ■ Muitas mãos tornam a obra leve.
■ A união faz a força. ■ Muitas mãos e poucos cabelos
asinha são depenados. ● Multae manus onus levius
faciunt. ● Multae manus onus levius reddunt.
[Erasmo, Adagia 2.3.95] ● Multae manus onus
magnum levissime reducunt. [Pereira 111] VIDE:
● Multorum manibus grande levatur onus.
● Multorum manu alleviatur opus.
1859. Multae nos iniuriae transeant. [Sêneca, De Ira
3.11.1] Deixemos passar despercebidas muitas ofensas.
1860. Multae preces non inflant saccum. [DAPR 232]
Muitas súplicas não enchem o saco. ■ Desejos não
enchem saco.
1861. Multae regum aures atque oculi. [Erasmo, Adagia
1.2.2] Os reis têm muitos ouvidos e olhos. ■ Não digas
mal de el-rei nem entre dentes, porque em toda parte
tem parentes. ● Multae regibus aures multique oculi
sunt.
1862. Multae sunt arbores, sed non omnes faciunt
fructum; multi fructus, sed non omnes comestibiles.
[Petrus Alphonsus, Disciplina Clericalis, De Libris Non
Credendis] Muitas são as árvores, mas nem todas dão
frutos; muitos são os frutos, mas nem todos são
comestíveis.
1863. Multae terricolis linguae, caelestibus una.
[Rezende 3653] Os terrícolas têm muitas línguas, os
deuses têm uma única.
1864. Multam enim malitiam docuit otiositas. [Vulgata,
Eclesiástico 33.29] A ociosidade ensina muita malícia.
■ A ociosidade é a mãe de todos os vícios. VIDE: ● Nihil
agendo, homines male agere discunt.
1865. Multam possemus pacem habere, si non vellemus
nos cum aliorum dictis et factis et quae ad nostram
curam non spectant occupare. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.11.1] Poderíamos gozar de muita
paz, se não quiséssemos ocupar-nos com as palavras e
ações dos outros, nem com coisas que não nos dizem
respeito.
1866. Multam prius quam longam vitam debeam
optare. [Quinto Cúrcio, Historiae 9.6] Prefiro uma vida
intensa a uma vida longa.
1867. Multam saliens incitat unda sitim. [Ovídio,
Remedium Amoris 632] A água que brota provoca uma
grande sede. ■ Quanto mais água, mais sede.
1868. Multas amicitias silentium diremit. [Aristóteles /
Erasmo, Adagia 2.1.26] O silêncio rompeu muitas
amizades. ■ Faltando a familiaridade, falta a amizade.
● Multas amicitias silentium dirimit. [Medina 593] O
silêncio rompe muitas amizades.
1869. Multi ad fatum venere suum, dum fata timent.
[Sêneca, Oedipus 995] Muitos encontraram seu destino,
quando procuravam fugir dele.
1870. Multi autem erunt primi novissimi et novissimi
primi. [Vulgata, Mateus 19.30] Muitos primeiros virão
a ser os últimos, e muitos últimos virão a ser os
primeiros. VIDE: ● Erunt novissimi primi, et primi
novissimi.
1871. Multi beneficiis deorum perverse utuntur.
[Cícero, De Natura Deorum 3.70] Muitos usam de
maneira inadequada os benefícios concedidos pelos
deuses.
1872. Multi colunt personam potentis, et amici sunt
dona tribuentis. [Vulgata, Provérbios 19.6] São muitos
os que honram a pessoa do poderoso, e os que são
amigos do que reparte dádivas. ■ Balança o rabo o cão,
não por ti, mas pelo pão.
1873. Multi committunt eadem diverso crimina fato; ille
crucem sceleris pretium tulit, hic diadema. [Juvenal,
Saturae 13.103] Muitos cometem os mesmos crimes,
mas com sortes diferentes: como preço do crime, um
recebe o suplício da cruz, o outro, o diadema.
1874. Multi consueverunt odisse vetera, nova exoptare.
Muitos se acostumaram a odiar o antigo e desejar o
novo.
1875. Multi, cum aliis maledicunt, sibi ipsi convicium
faciunt. [DM 115] Muitos, ao injuriarem a outros,
censuram a si mesmos.
1876. Multi discipuli praestantiores magistris. [Erasmo,
Adagia 3.5.23] Muitos discípulos há que superam os
mestres. ● Multi discipuli meliores magistris.
[Schottus, Adagialia Sacra 30]
1877. Multi duces Cariam perdiderunt. [Schottus,
Adagia 516] A multidão de chefes perdeu a Cária.
■ Asno de muitos, lobos o comem. ■ Onde muitos
mandam, ninguém obedece, tudo fenece. ● Multi duces
deperdidere Cariam. [Apostólio 16.33] VIDE:
● Multitudo imperatorum Cariam perdidit.
● Multitudo imperatorum curiam perdidit.
● Multitudo imperitorum perdit curiam.
1878. Multi enim patrimonia effuderunt, inconsulte
largiendo. [Cícero, De Officiis 2.54] Muitos dissiparam
seu patrimônio sendo imprudentemente pródigos.
1879. Multi enim sunt vocati, pauci vero electi. [Vulgata,
Mateus 20.16; 22.14] Muitos são os chamados e poucos
os escolhidos. ■ Muitos são os chamados e poucos os
aproveitados. VIDE: ● Multi vocati, pauci electi.
1880. Multi fallere docuerunt, dum timent falli, et aliis
ius peccandi, suspicando, fecerunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 1.3] Muitas pessoas ensinaram a enganar,
enquanto temem ser enganadas, e, por sua desconfiança,
aos outros deram o direito de enganar.
1881. Multi famam, conscientiam pauci verentur.
[Plínio Moço, Epistulae 3.20] Muitos se preocupam
com a reputação, poucos com a consciência. VIDE:
● Famam curant multi, pauci conscientiam.
● Plerique famam, conscientiam pauci verentur.
1882. Multi homines nomine, non re. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 3.18 / Rezende 3673] Muitos são seres
humanos no nome, não no agir.
1883. Multi in laqueum incidunt quem proximo suo
tetenderunt. Muitos caem no laço que armaram para
seu vizinho. ■ Quem arma a esparrela às vezes cai nela.
■ Quem laço me armou nele caiu.
1884. Multi indigni luce sunt, et tamen dies oritur.
[Sêneca, De Beneficiis 1.1.11] Muitos são indignos da
luz, e, apesar disso, o dia nasce. ■ O sol nasce para
todos. VIDE: ● Quam multi indigni luce sunt! Tamen
dies oritur.
1885. Multi litigant in foro, non ut aliquid lucrentur,
sed ut vexant alios. [Jur] Muitos litigam no foro, não
para obter alguma vantagem, mas para atormentar
outras pessoas.
1886. Multi manducant, ut vivant; multi vívunt, ut
mandúcent. [Walther, Proverbia 16165] Muitos comem
para viver; muitos vivem para comer.
1887. Multi manum palpant, quam amputatam vellent.
[DAPR 106] Muitos acariciam a mão que quereriam ver
amputada. ■ Mãos beija o homem que quisera ver
cortadas. VIDE: ● Odia multorum sub vultu, multorum
sub osculo latent.
1888. Multi medici regem sustulerunt. A multidão de
médicos matou o rei. ■ Muitos concertadores
desconcertam a noiva. ■ Panela mexida por muitos não
presta. ■ Ajuda demais atrapalha. ● Multi medici
regem perdiderunt. VIDE: ● Multorum medicorum
introitu aegrum perdidit. ● Medicorum turba
principem perdidit. ● Negotia pluribus comissa
segnius expediuntur. ● Turba medicorum regem
perdidit.
1889. Multi mensae amici sunt, pauci veritatis.
[Schrevelius 1172] Muitos são amigos da mesa, poucos
da verdade. ● Multi mensae, non veritatis amici.
[Binder, Thesaurus 1924]
1890. Multi mentiuntur ut decipiant, multi quia decepti
sunt. [Sêneca, De Ira 2.29.2] Muitos mentem para
enganar; muitos outros, porque foram enganados.
1891. Multi modii salis simul edendi sunt, ut amicitiae
munus expletum sit. É preciso que as pessoas comam
juntas muitos módios de sal para que haja uma garantia
de amizade. VIDE: ● Multos modios salis simul edendos
esse, ut amicitiae munus expletum sit.
1892. Multi morbi quiete et abstinentia curantur. [Gaal
1322] Muitas doenças se curam pelo descanso e
abstinência. VIDE: ● Abstinentia et quiete multi morbi
curantur.
1893. Multi mortales, deditus ventri atque somno,
indocti incultique vitam sicuti peregrinantes
transiere. [Salústio, Catilina 2.3] Muitos mortais,
entregues aos prazeres e ao sono, sem cultura e sem
educação, passaram a vida como peregrinos.
1894. Multi multa loquuntur, et ideo parva fides est
adhibenda. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
4.36.3] Muita gente fala muito, mas a esses deve-se dar
pouco crédito.
1895. Multi multa, nemo omnia novit. [Rezende 3674;
Black 1211] ■ Muitos sabem muito, mas ninguém sabe
tudo. ● Multi multa sciunt, nemo omnia. [Binder,
Thesaurus 1925]
1896. Multi multa sapiunt, et seipsos nesciunt.
[S.Bernardo, Meditationes Piissimae 1.1] Muitos
homens sabem muita coisa, mas desconhecem a si
mesmos. ■ Muitos sabem tudo, mas de si não sabem
nada. ● Multi multa sciunt, et seipsos nesciunt.
● Multi multa sciunt, se autem nemo. Muita gente
conhece muita coisa, mas ninguém conhece a si mesmo.
1897. Multi nimium, nemo satis. Muitos têm demais, mas
ninguém tem bastante. ■ Ninguém se contenta com o que
tem. ■ Quanto mais se tem, mais se quer.
1898. Multi non causa nequitiae, non foenerati sunt, sed
fraudari gratis timuerunt. [Vulgata, Eclesiástico
29.10] Muitos deixam de emprestar não por
desumanidade, mas porque temeram ser defraudados
sem o merecerem.
1899. Multi oderint, si temetipse deligas. [Grynaeus 586]
Se tu amares só a ti mesmo, muitos te odiarão. ■ Não é
amado quem só de si tem cuidado. VIDE: ● Multi te
oderint, si te amabis. ● Multi te oderint, si te amas.
● Multi te oderint, si te ipsum amaris. ● Multi te
oderint, si teipsum amas. ● Multi te oderint, si
temetipsum diligas. ● Multi te odio habebunt, si
teipsum ames. ● Multi te odio prosequentur, si te ipse
amaris. ● Nemo erit amicus, ipse si te ames nimis. ● Si
tutemet te amaris, erunt qui te oderint.
1900. Multi omnia recta et honesta neglegunt,
dummodo potentiam conquirant. [Cícero, De Officiis
3.82] Muitos desprezam tudo que é honesto e honroso,
desde que conquistem o poder.
1901. Multi pacifici sint tibi; et consiliarius sit tibi unus
de mille. [Vulgata, Eclesiástico 6.6] Vive em amizade
com muitos, mas seja o teu conselheiro um entre mil.
■ Muitos amigos em geral, e um em especial.
1902. Multi quaerunt tentationes fugere et gravius
incidunt in eas. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.13.11] Muitos procuram fugir às tentações e
caem nelas com mais força.
1903. Multi qui tauros stimulent, sed rarus arator.
[Apostólio 16.36] Há muitos para aguilhoar os touros,
mas é raro o lavrador. ■ Muitos falam e exortam, mas
poucos obram. ● Multi qui boves stimulent, pauci
aratores. [Erasmo, Adagia 1.7.9] Há muitos para
aguilhoar os bois, mas poucos lavradores. ● Multi boum
stimulatores, pauci autem terrae aratores. [Manúcio,
Adagia 139] ● Multi boum stimulatores, pauci
aratores. VIDE: ● Cum plerique boves stimulent, est
rarus arator. ● Qui taurum stimulent multi, sed
rarus arator. ● Qui tauros stimulent multi, sed rarus
arator.
1904. Multi quidem facilius se abstinent ut non utantur,
quam temperent ut bene utantur. [S.Agostinho] Para
muitos é mais facil absterem-se para não usar do que
moderarem-se para bem usar.
1905. Multi quidem rectum quod est, curvum faciunt,
sed pauci contra. [Schrevelius 1170] Muitos entortam
o que está direito, mas poucos fazem o contrário.
1906. Multi sequuntur Iesum usque ad fractionem
panis, sed pauci usque ad bibendum calicem
passionis. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
2.11] Muitos seguem a Jesus até a distribuição do pão,
mas poucos até beberem o cálice da paixão.
1907. Multi suadent utilia non tibi, sed sibi. Muitos dão
conselhos, não em teu proveito, mas em proveito
próprio.
1908. Multi sunt asini bipedes. [Bebel, Proverbia
Germanica 513] São muitos os burros de dois pés.
1909. Multi sunt qui scire volunt, sed discere nolunt.
[Sweet 194] Muitos há que querem saber, mas não
querem estudar. VIDE: ● Scire volunt omnes, studiis
incumbere pauci.
1910. Multi te oderint, si te amabis. [Schottus, Adagia
306] Se tu amares só a ti mesmo, muitos te odiarão.
■ Não é amado quem só de si tem cuidado. ● Multi te
oderint, si te amas. ● Multi te oderint, si te ipsum
amaris. ● Multi te oderint, si teipsum amas. [Erasmo,
Adagia 2.10.26] ● Multi te oderint, si temet ipse
diligas. [Eiselein 139] ● Multi te odio habebunt, si
teipsum ames. [Apostólio 16.44] ● Multi te odio
prosequentur, si te ipse amaris. [Schottus, Adagia
516] VIDE: ● Multi oderint, si temetipse deligas.
● Nemo erit amicus, ipse si te ames nimis. ● Si tutemet
te amaris, erunt qui te oderint.
1911. Multi verbis admodum sunt prodigi, factis autem
parcissimi. Muitos são bastante pródigos em palavras,
mas são muito econômicos em ações. ■ Galinha que
cacareja nem sempre põe ovo.
1912. Multi verbis blandi sunt, et pectore infideles.
[Epígrafe de Fábula de Fedro] Muitos são meigos com
as palavras, mas são infiéis no coração. ■ Lábios de mel,
coração de fel.
1913. Multi vocati, pauci electi. Muitos (são) os
chamados, poucos os escolhidos. ■ Muitos são os
chamados e poucos os aproveitados. VIDE: ● Multi enim
sunt vocati, pauci vero electi.
1914. Multiloqui mendaces. [Bebel, Adagia Germanica]
Faladores são mentirosos. ■ Quem muito fala muito
mente. VIDE: ● In multiloquio desunt mendacia raro.
● Mendacium semper in multiloquio.
1915. Multiplicasti gentem, et non magnificasti
laetitiam. [Vulgata, Isaías 9.3] Multiplicaste a gente,
não aumentaste a alegria.
1916. Multis annis iam peractis, nulla fides est in pactis,
mel in ore, verba lactis, fel in corde, fraus in actis.
[Binder, Thesaurus 1930] Já passados muitos anos, não
há nenhuma sinceridade nas promessas, mel na boca,
palavras de leite, fel no coração, fraude nos atos. ■ Boca
de mel, coração de fel. ■ Mel nos beiços, fel no coração.
■ Boas palavras, maus bofes. VIDE: ● Aurea verba, cor
ferreum. ● In melle sunt linguae sitae vestrae, atque
corda in felle sunt sitae. ● Lingua mellis, cor fellis.
● Mel in ore, verba lactis, fel in corde, fraus in factis.
● Mel in ore, fel in corde. ● Mella sub ore tenent,
corde venena fovent.
1917. Multis cum lacrimis. Com muitas lágrimas.
1918. Multis diutius vixisse nocuerit. [Sêneca, Ad
Marciam 20] Para muitos seria um mal ter vivido muito
tempo.
1919. Multis e gentibus vires. [Divisa de Saskatchewan,
Canadá] A força que vem de muitas raças.
1920. Multis et sua mortifera est facundia. [Juvenal,
Satirae 10.9] Para muitos sua eloqüência é fatal.
1921. Multis eget, qui multa habeat. [Aulo Gélio, Noctes
Atticae 9.8.1] Quem tem muito sente falta de muito.
■ Quem muito tem mais deseja. VIDE: ● Permultis
indigent, qui permulta possident.
1922. Multis ictibus deicitur quercus. [Diogeniano /
Erasmo, Adagia 1.8.94] Com muitos golpes derruba-se
o carvalho. ■ A perseverança tudo alcança. ■ Com
perseverança tudo se alcança. ■ Não se fez Roma num
dia. ● Multis ictibus subigitur quercus. [Schottus,
Adagia 246] ● Multis ictibus quercus domatur.
[Apostólio 16.26] ● Multis rigida quercus domatur
ictibus. [Manúcio, Adagia 365] VIDE: ● Arbor per
primum quaevis non corruit ictum. ● Assidua stilla
saxum excavat. ● Assiduitas durissima vincit.
● Minutula pluvia imbrem parit. ● Non statim finis
apparet. ● Quercus multis ictibus deicitur.
1923. Multis lingua nocet; nocuere silentia nulli. [Pereira
109] A língua prejudica a muitos, o silêncio não
prejudicou a ninguém. ■ O falar prejudicou a muitos; o
calar, a ninguém. ■ Ao bom calar chamam santo. ■ Mais
se arrepende quem fala do que quem cala.
1924. Multis malorum est causa praecipitantia.
[Grynaeus 244; Erasmo, Chiliades, Festina Lente] Para
muitos, a causa dos males é a precipitação. ■ Apressado
come cru.
1925. Multis manibus onus reddi levius. [Erasmo /
Eiselein 278] Com muitas mãos, a carga fica mais leve.
VIDE: ● Multae manus onus levant.
1926. Multis minatur, qui uni facit iniuriam. [Publílio
Siro] ■ Ameaça muitos quem afronta um.
1927. Multis occulto crescit res faenore. [Horacio,
Epistulae 1.1.80] O patrimônio de muitos cresce com a
usura clandestina.
1928. Multis parasse divitias non finis miseriarum fuit,
sed mutatio. [Sêneca, Epistulae Morales 17.11] Para
muitos ter conseguido riquezas não foi o fim dos
sofrimentos, mas a troca deles.
1929. Multis terribilis, caveto multos. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Periander] Tu, que assustas a
muitos, toma cuidado com muitos. ■ Deve temer a
muitos aquele a quem muitos temem. ● Multis terribilis,
timeto multos. VIDE: ● Multos timere debet, quem
multi timent. ● Necesse est multos timeat quem multi
timent. ● Qui a multis timetur, multos timet. ● Qui
terret, plus ipse timet.
1930. Multitudinem decem faciunt. [Black 1212] Dez
constituem uma multidão. VIDE: ● Decem faciunt
populum.
1931. Multitudinem illam non auctoritate sua, sed
sagina tenebat. [Cícero, Pro Flacco 17] Ele controlava
aquela multidão, não com sua autoridade, mas com
comida. VIDE: ● Plebs conciliatur non auctoritate sed
sagina.
1932. Multitudo canum, mors leporis. [Bebel, Proverbia
Germanica 540] Muitos cães, morte da lebre. ■ Muitos
cães matam a lebre. ● Multitudo canum mors est
leporum. [Bebel / Eiselein 333] A multidão de cães é a
morte das lebres.
1933. Multitudo constat ex singulis. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 1.5] A multidão se constitui de indivíduos.
■ Muitos poucos fazem um muito. ● Multitudo ex
unitatibus constituitur. [Signoriello 212] Uma
multidão se constitui de unidades.
1934. Multitudo errantium non parit errori
patrocinium. Uma multidão de errados não cria
justificativa para o erro.
1935. Multitudo imperatorum Cariam perdidit.
[Erasmo, Adagia 2.7.7] A multidão de generais perdeu a
Cária. ■ Asno de muitos, lobos o comem. ■ Onde muitos
mandam, e ninguém obedece, tudo fenece. ■ Onde
muitos mandam, ninguém obedece. ● Multitudo
imperatorum curiam perdidit. [Rezende 3680] A
multidão de generais perdeu o palácio. ● Multitudo
imperitorum perdit curiam. [Black 1212] Um grande
número de advogados incompetentes arruína o tribunal.
VIDE: ● Imperatorum multitudo Cariam perdidit.
● Multi duces Cariam perdiderunt. ● Multi duces
deperdidere Cariam. ● Multitudo pastorum perdit
gregem.
1936. Multitudo errantium non patrocinatur errori.
[Binder, Thesaurus 1932] Uma multidão de gente que
erra não justifica o erro.
1937. Multitudo non est sequenda. [Rezende 3681] Não
se deve acompanhar a multidão. VIDE: ● Per publicam
viam ne ambules.
1938. Multitudo omnis sicut natura maris per se
immobilis est; at venti et aurae cient. [Tito Livio, Ab
Urbe Condita 28.27] Toda multidão é por si mesma
imóvel, como a natureza do mar; mas a agitam os
ventos e as brisas.
1939. Multitudo pastorum perdit gregem. A multidão de
pastores perdeu o rebanho. ■ Asno de muitos, lobos o
comem. VIDE: ● Multitudo imperatorum Cariam
perdidit.
1940. Multo autem ad rem magis pertinet qualis tibi
videaris quam qualis aliis. [Sêneca, Epistulae Morales
29.2] Importa muito mais como tu és visto por ti mesmo
do que como és visto pelos outros.
1941. Multo concitatior est avaritia in magnarum opum
congestu collocata, ut flammae acrior vis est quae ex
maiore incendio emicuit. [Sêneca, De Beneficiis 2.27]
É muito mais violenta a ambição estabelecida no
acúmulo de grandes riquezas, do mesmo modo que é
mais impetuosa a força das chamas que saltam de um
grande incêndio.
1942. Multo enim amplius est id facere quam
pronuntiare. [Digesta 21.1.48.3] Vale muito mais fazer
do que anunciar. ■ Atos valem mais do que palavras.
1943. Multo enim multoque seipsum quam hostem
superare operosius est. [Valério Máximo, Facta et
Dicta Memorabilia 4.1.2] É muito mais difícil vencer a
si mesmo que vencer o inimigo. ■ Quem se vence, vence
o mundo. ● Multo operosius est se ipsum quam
hostem superare.
1944. Multo gratius venit quod facili quam quod plena
manu datur. [Sêneca, De Beneficiis 5.10.2] Muito mais
agradável é o que é dado com a mão pronta do que com
a mão cheia. VIDE: ● Aliquando gratius est quod facili,
quam quod plena manu datur.
1945. Multo graviora tulisti. [Ovídio, Tristia 5.11.7]
Suportaste coisas muito mais pesadas.
1946. Multo magis viva vox afficit. [Plínio Moço,
Epistulae 2.3.9] A viva voz tem muito mais força. VIDE:
● Multum viva vox facit. ● Viva vox afficit.
1947. Multo non sine risu. [Horácio, Carmina 4.13.27]
Não sem muito riso.
1948. Multo plures satietas quam fames perdidit viros.
[Henderson, Latin Proverbs / Stevenson 966] A
saciedade perdeu muito mais homens do que a fome.
VIDE: ● Multo sane plures satietas, quam fames
perdidit viros.
1949. Multo plus intellegitur quod oculis videtur quam
quod aure percipitur. [S.Jerônimo, Epistulae 64.10]
Compreende-se muito melhor o que é visto pelos olhos
do que o que é percebido pelo ouvido.
1950. Multo potentiorem esse pacem iniquam quam
bellum aequum. É muito mais eficaz a paz injusta do
que a guerra justa. ■ É melhor uma ruim acomodação do
que uma boa questão.
1951. Multo praestat beneficii quam maleficii
immemorem esse: bonus tantummodo segnior fit,
ubi neglegas, at malus improbior. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 31] É muito melhor esquecer o benefício
do que o malefício: o homem bom, quando não lhe dás
atenção, fica mais apático, mas o homem mau fica mais
perverso.
1952. Multo quam ferrum lingua atrocior ferit. [DAPR
510] A língua fere com muito mais crueldade do que a
espada. ■ Mais fere má palavra do que espada afiada.
VIDE: ● Lingua mala, acutior cuspide gladii.
1953. Multo quam finem, medicari initia praestat.
[Grynaeus 10] Mais vale tratar o começo do que o fim.
■ Antes que o mal cresça, cortar-lhe a cabeça. ■ No
perigo com tento, e ao remédio com tempo. ■ Remédio
só serve cedo. ■ Mata o lobito enquanto é pequenito.
VIDE: ● Incipientibus malis obstruendae sunt viae.
● Pharmaca nascenti sunt adhibenda malo. ● Praestat
principio mederi quam fini. ● Principio magis quam
sero medicina paranda est. ● Principio melius quam
fini tu medearis. ● Principio praestat, quam fini
adhibere medelam. ● Satius est initiis mederi quam
fini. ● Satius mederi est initiis quam finibus.
1954. Multo salubrius est male incipere et bene finire,
quam contra facere. [Cataldo / Ramalho 34] Muito
mais salutar é começar mal e acabar bem, do que fazer o
contrário.
1955. Multo sane plures satietas, quam fames perdidit
viros. [Schrevelius 1172] Sem dúvida muitos mais
homens perdeu a fartura do que a fome. VIDE: ● Multo
plures satietas quam fames perdidit.
1956. Multo tutius est stare in subiectione quam in
praelatura. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.9.2] É muito mais seguro obedecer do que governar.
1957. Multorum camelorum onus. [Rezende 3684] É
carga de muitos camelos. (=A expressão se refere à
quantidade de leis romanas).
1958. Multorum manibus grande levatur onus. [Ray,
English Proverbs 92] Com as mãos de muitos, o grande
peso fica mais leve. ■ Muitas mãos tornam a obra leve.
■ A união faz a força. ■ Muitas mãos e poucos cabelos
asinha são depenados. ● Multorum manibus magnum
levatur onus. ● Multorum manibus grave levatur
onus. ● Multorum manu alleviatur opus. [Bailey,
Divers Proverbs 33] ● Multorum manibus alleviatur
onus. [Werner 50] VIDE: ● Multae manus onus levius
faciunt. ● Multae manus onus levius reddunt.
● Multae manus onus magnum levissime redducunt.
● Multae manus onus levant.
1959. Multorum medicorum visitatio aegrotum saepe
perdit. [Medina 651] A visita a muitos médicos muitas
vezes mata o doente. ■ Ajuda demais atrapalha.
■ Muitos concertadores desconcertam a noiva. ■ Panela
mexida por muitos não presta. ● Multorum medicorum
introitu aegrum perdidit. A chegada de muitos
médicos matou o doente. ● Medicorum turba
principem perdidit. A abundância de médicos matou o
príncipe. VIDE: ● Multi medici regem sustulerunt.
● Multi medici regem perdiderunt. ● Turba
medicorum regem perdidit.
1960. Multorum mensium labor puncto temporis
interit. Num instante se perde o trabalho de muitos
meses. ■ É mais fácil demolir que edificar. ● Multorum
mensium labor puncto temporis interiit. [César, De
Bello Civile 2.14] Num instante se perdeu o trabalho de
muitos meses..
1961. Multorum obtrectatio devicit unius virtutem.
[Cornélio Nepos, Hannibal 1] A maledicência de muitos
destruiu a virtude de um.
1962. Multorum odiis nullas opes posse obsistere.
[Cícero, De Officiis 2.7] Nenhum poder pode resistir ao
ódio de muitos.
1963. Multorum peccatum inultum. [Grynaeus 116] O
crime de muitos fica impune.
1964. Multorum profert sapientis lingua salutem.
[Columbano] A língua do sábio garante a segurança de
muitos.
1965. Multorum spes. [Divisa] A esperança de muitos.
1966. Multorum te oculi et aures non sentientem
custodient. [Cícero, In Catilinam 1.5] Os olhos e
ouvidos de muitos te vigiarão, embora não o sintas.
1967. Multos dicere multa. [Marcial, Epigrammata
6.56.6] Muitos dizem muitas coisas. ■ Cada cabeça,
cada juízo.
1968. Multos enim errare fecerunt somnia. [Vulgata,
Eclesiástico 34.7] Os sonhos têm feito extraviar a
muitos.
1969. Multos enim occidit tristitia. [Vulgata, Eclesiástico
30.25] A tristeza matou a muitos.
1970. Multos enim perdidit aurum et argentum.
[Vulgata, Eclesiástico 8.3] A muitos perderam o ouro e
a prata.
1971. Multos experimur ingratos, plures facimus.
[Sêneca, De Beneficiis 1.1.3] Nós encontramos muitos
homens ingratos, mas muitos deles somos nós que
fazemos.
1972. Multos expertus sum qui vellent fallere; qui
autem falli, neminem. [S.Agostinho, Confessiones
10.23] Conheci muitos que queriam enganar; que
quisesse ser enganado, nenhum.
1973. Multos fortuna liberat poena, metu neminem.
[Sêneca, Epistulae Morales 97.16] A sorte livra a
muitos da punição, mas a ninguém do medo.
1974. Multos imperare malum est: rex unicus esto.
[Homero / Grynaeus 218] É ruim que muitos governem:
o rei deve ser um só. ■ Panela de muitos sempre é mal
cozinhada.
1975. Multos in summa pericula misit venturi timor
ipse mali. [Lucano, Bellum Civile 7.104] O próprio
medo de males futuros colocou muitos homens em
grandes perigos.
1976. Multos lacessere debiles et cedere fortibus.
[Epígrafe de Fábula de Fedro] Muitos esmagam os
fracos e se submetem aos fortes.
1977. Multos modios salis simul edendos esse, ut
amicitiae munus expletum sit. [Cícero, De Amicitia
19.67] É preciso que as pessoas comam juntas muitos
módios de sal para que haja uma garantia de amizade.
● Multos modios salis simul edendos esse amicis
aiunt. Dizem que os amigos devem comer juntos
muitos módios de sal. ● Multos modios salis cum
amicis edendos esse. [Albertatius 802] Há que se comer
com os amigos muitos módios de sal. VIDE: ● Nemini
fidas nisi cum quo prius modium salis absumpseris.
● Salis absumendus modius, priusquam habeas
fidem.
1978. Multos morbos multa fercula fecerunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.18] Muitos pratos causaram
muitas doenças. ■ Mais mata a gula do que a espada.
VIDE: ● Multa fercula, multos morbos.
1979. Multos reges, si ratio te rexerit. [Sêneca, Epistulae
Morales 37.4] Governarás a muitos, se a razão te
governar.
1980. Multos timere debet, quem multi timent. [Publílio
Siro] ■ Deve temer a muitos aquele a quem muitos
temem. VIDE: ● Multis terribilis, caveto multos.
● Multis terribilis, timeto multos. ● Necesse est multos
timeat quem multi timent. ● Qui a multis timetur,
multos timet. ● Qui terret, plus ipse timet.
1981. Multum abest, ut haec ita se habeant. [Manúcio,
Adagia 654] Falta muito para que as coisas sejam assim.
■ Estás mais perdido do que cego em tiroteiro. VIDE:
● Tota erras via.
1982. Multum adhuc restat operis multumque restabit,
nec ulli nato post mille saecula praecludetur occasio
aliquid adhuc adiciendi. [Sêneca, Epistulae Morales
64.7] Ainda sobra muito trabalho, e sobrará, e, depois
de mil séculos, não faltará a nenhum ser humano
ocasião de acrescentar alguma coisa.
1983. Multum auxiliatum qui cito. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 3, Epilogus] (Dá) muita ajuda quem (ajuda)
logo. ■ Quem dá logo, dá duas vezes. VIDE: ● Bis dat qui
cito dat.
1984. Multum cavenda est principi otiositas, mater
nugarum, noverca virtutum. [Guilherme Peraldo, De
Eruditione Principum 3.7] Ao príncipe deve ser evitada
a ociosidade, que é a mãe das frivolidades e madrasta
das virtudes. ■ A ociosidade é a madrasta das virtudes.
VIDE: ● Otium nugarum mater est, noverca virtutum.
1985. Multum clamoris, parum lanae. [Binder,
Thesaurus 1939] Muito barulho, pouca lã. ■ Muita
parra, pouca uva. ■ Muita zoada é sinal de pouca coisa.
● Multum clamoris est, praeterea nihil. É só muito
barulho, mais nada. VIDE: ● Bos mugiens multum dat
lactis ab ubere parum. ● Multum straminis, parum
grani. ● Vox et praeterea nihil.
1986. Multum culpantur qui garrula multa loquuntur.
[Pereira 114] Muito erram os que falam muito. ■ No
muito falar há muito errar. VIDE: ● Culpantur multum,
qui garrula multa loquuntur.
1987. Multum decubare et nunquam expirare. [DAPR
264] Estar sempre de cama e nunca morrer. ■ Mulher
doente, mulher para sempre.
1988. Multum deliro, si cuique placere requiro.
[T.C.Trench, Proverbs] Fico muito louco, se quero
agradar a todos. ■ Não se pode agradar a todos e a seu
pai. ■ Quem procura agradar a todos, não agrada a
ninguém. VIDE: ● Iuppiter neque pluens neque
abstinens omnibus placet. ● Nec summus cunctis
Iuppiter ipse placet.
1989. Multum egerunt qui ante nos fuerunt, sed non
peregerunt. [Sêneca, Epistulae Morales 64.9] Muito
realizaram os que nos precederam, mas eles não
completaram tudo.
1990. Multum enim adicit sibi virtus lacessita. [Sêneca,
Epistulae Morales 13.3] A coragem, quando provocada,
cresce.
1991. Multum facit, qui rem bene facit. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.15.7] ■ Faz muito quem
bem faz o que faz.
1992. Multum in amore fides, multum constantia
prodest. [Propércio, Elegiae 2.26] A fidelidade e a
constância são muito vantajosas no amor.
1993. Multum in parvo. [Rezende 3688; Tosi 41] Muito
no pouco. ● Multum in paucis. VIDE: ● Multa paucis.
1994. Multum interest inter dare et accipere. [Sêneca,
De Beneficiis 5.10.2] Há uma grande distância entre dar
e receber.
1995. Multum interest inter otium et conditivum.
[Sêneca, Epistulae Morales 82.3] Há grande diferença
entre o sossego e o túmulo.
1996. Multum interest inter sublimem animum et
superbum. [Sêneca, De Ira 1.20.3] É grande a diferença
entre um espírito sublime e um espírito orgulhoso.
1997. Multum interest, obiurges an punias. [Sêneca,
Retórico, Controversiae 6.8.1] Há uma grande diferença
entre advertir e punir.
1998. Multum legendum, non multa. Deve-se ler muito,
mas não muitas coisas. ■ Livros e amigos, poucos e
bons. ● Multum legendum, sed non multa. VIDE:
● Aiunt enim multum legendum esse, non multa.
● Multa magis quam multorum lectione formanda
mens est. ● Non multa parum, sed pauca multum
legenda. ● Non multa, sed multum. ● Tu memineris
sui cuiusque generis auctores diligenter eligere.
● Aiunt enim multum legendum esse, non multa.
1999. Multum loquentiae, parum sapientiae. ■ Muito
falar, pouco saber.
2000. Multum loqui et verum dicere semper difficile est.
Falar muito e dizer a verdade é sempre difícil. ■ Quem
muito fala muito mente. ■ Muito falar, muito mentir.
2001. Multum mordentes muscae sunt esurientes.
[Eiselein 175] Moscas esfomeadas mordem muito.
■ Magricela come sempre, come tudo, tudo, tudo. VIDE:
● Hirudo, nisi plena, non omittit cutem. ● Macilenti
pediculi acrius mordent. ● Non missura cutem, nisi
plena cruoris hirudo.
2002. Multum praestat vir viro. [Pereira 111] Há muita
diferença entre um homem e outro. ■ Muito vai de
■ Pedro a ■ Pedro. VIDE: ● Vir viro quid praestat!
2003. Multum refert quibuscum vixeris. Importa muito
com quem tenhas vivido. ■ Com quem te achares, com
tal te afazes. ■ Quem se encosta ao ferro enferruja-se.
VIDE: ● Magni refert quibuscum vixeris.
2004. Multum sapit qui non diu desipit. [Stevenson
2541] É muito sábio quem não perde o senso por muito
tempo.
2005. Multum straminis, parum grani. Muita palha,
pouco grão. ■ Muita palha e pouco grão. VIDE:
● Multum clamoris, parum lanae.
2006. Multum sunt verbis dissona facta bonis. [Rezende
3691] Os feitos são muito discordantes das boas
palavras. ■ Do dito ao feito vai grande eito. ■ Do dizer
ao fazer muito vai. VIDE: ● Inter dictum et factum
multum differt. ● Inter verba et actus magnus
quidam mons est.
2007. Multum valet communio sanguinis. [Cícero, Pro
Roscio Amerino 63] Tem muita força o parentesco.
■ Sangue não é água.
2008. Multum viva vox facit. [Sêneca, Epistulae Morales
33.9] A viva voz faz muito. ■ A palavra doce multiplica
os amigos e mitiga os inimigos. VIDE: ● Multo magis
viva vox afficit.
2009. Multus amicus, nullus amicus. [DAPR 56] Muito
amigo, nenhum amigo. ■ Amigo de todos, amigo de
nenhum, tudo é um. VIDE: ● Amici multi, amicus nemo.
2010. Multus risus amicitiae solvit vinculum.
[Schrevelius 1176] Muito riso quebra o vínculo da
amizade. ■ Brinca, mas não ofende.
2011. Mulum, pistrinum, flumen, fugito procul. [DAPR
658] De mulo, moinho, rio, foge para longe. ■ De mulo,
rio e moinho não queiras ser vizinho.
2012. Mulus clitellarius. [Apostólio 9.84] Burro de carga.
2013. Mulus mulum scabit. [Robert Burton, The Anatomy
of Melancholy 3.1.2] Uma mula coça a outra. ■ Um
burro coça outro. ■ Faze-me a barba, far-te-ei o cabelo.
VIDE: ● Abluit manus manum: da aliquid et accipe.
● Amicus amicum adiuvat. ● Asinus asinum fricat.
● Dextra fricat laevam, vultusque fricatur ab illis.
● Ferrum ferro acuitur. ● Ferrum ferro acuitur, et vir
acuitur amici congressu. ● Ferrum ferro exacuitur.
● Ferrum ferro exacuitur, et homo exacuit faciem
amici sui. ● Manus manum, digitumque digitus
abluit. ● Manus manum lavat. ● Manus manum lavat,
et digitus digitum. ● Muli mutuum scabunt.
● Mutuum muli scabunt. ● Mutuum muli scalpunt.
● Mutuum radunt equi. ● Palma palmam piet, illota
vel utraque fiet. ● Una manus reliquam lavat, ut
relavetur ab ipsa.
2014. Munda prius quae intus est calicis, et paropsidis,
ut fiat id, quod deforis est, mundum. [Vulgata,
Mateus 23.26] Purifica primeiro o interior do copo e do
prato, para que também o exterior fique limpo.
2015. Mundae vestis electio appetenda est homini.
[Sêneca, Epistulae Morales 92.11] Ao homem sempre
agrada a escolha de uma roupa elegante.
2016. Mundi artifex. O contrutor do mundo. VIDE:
● Opifex mundi. ● Orbis factor. ● Orbis patrator.
2017. Mundi gloriam semper comitatur tristitia. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 2.6.11] A tristeza
sempre acompanha a glória mundana.
2018. Munditia illecebra animo est amantium. [Plauto,
Menaechmi 354] A elegância é um atrativo para o
coração dos apaixonados.
2019. Munditias mulieribus, viris laborem convenire.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 55.8] A elegância
convém às mulheres, aos homens convém o trabalho.
2020. Munditiis capimur. [Ovídio, Ars Amatoria 3.133] É
pela elegância que somos seduzidos.
2021. Mundus Deo paret. [Cícero, De Legibus 3.3] O
mundo obedece a Deus.
2022. Mundus est Dei viva statua. [Tommaso
Campanella / Stevenson 2632] O mundo é uma estátua
viva de Deus.
2023. Mundus est ingens Dei templum. [Sêneca,
Epistulae Morales 90.29] O mundo é um imenso templo
de Deus.
2024. Mundus est omnium communis patria. O mundo é
a pátria comum de todos.
2025. Mundus natura administratur. O mundo é
governado pela natureza.
2026. Mundus scaena, vita transitus; venisti, vidisti,
abiisti. [Apostólio 14.26] O mundo é um teatro, a vida é
uma passagem por ele: vieste, viste, foste embora.
2027. Mundus senescit. [Umberto Eco, O Nome da Rosa
44] O mundo está envelhecendo.
2028. Mundus transit. [Vulgata, 1João 2.17] O mundo
passa.
2029. Mundus universus exercet histrioniam.
[Montaigne, Essais 3.10] O mundo inteiro representa
um papel. VIDE: ● Fere totus mundus exercet
histrionem. ● Totus fere mundus videtur mimum
implere. ● Totus mundus exercet histrioniam.
● Universus mundus exercet histrioniam.
2030. Mundus vult decipi, ergo decipiatur. [Binder,
Thesaurus 1945 / Cardeal Carlos Caraffa, atribuído] O
mundo quer ser iludido, pois que o seja. VIDE: ● Populus
vult decipi, ergo decipiatur. ● Qui vult decipi,
decipiatur. ● Si mundus vult decipi, decipiatur.
● Vulgus vult decipi, ergo decipiatur.
2031. Munera, crede mihi, placant hominesque
deosque. [Ovídio, Ars Amatoria 3.655] Podes crer:
dádivas aplacam homens e deuses. ■ Dádivas aplacam
homens e deuses. ■ Dádivas quebrantam penhas.
● Munera placant homines. ● Munera capiunt
hominesque deosque. [Ovídio, Ars Amatoria 3.653] As
dádivas conquistam tanto os homens como os deuses.
VIDE: ● Cum divis flectunt venerandos munera reges.
● Muneribus vel di capiuntur. ● Placatur donis
Iuppiter ipse datis.
2032. Munera excaecant oculos sapientium, et mutant
verba iustorum. [Vulgata, Deuteronômio 16.19] As
dádivas cegam os olhos dos sábios, e transtornam as
palavras dos justos. VIDE: ● Nec accipies munera, quae
etiam excaecant prudentes et subvertunt verba
iustorum.
2033. Munera ne numera, miseris quaecumque dedisti:
in caelis numerat, munerat illa Deus. [Binder,
Medulla 1041] Não contes as dádivas que deste aos
pobres: no céu Deus as conta e as retribui.
2034. Munera quae dantur, quocumque tempore
prosunt. [Pereira 98] Os presentes que nos são dados
são bons em qualquer tempo. ■ Boas são as mangas,
mesmo depois da festa.
2035. Munera qui mittit, sperat maiora remitti. [Owen /
Binder, Thesaurus 1948] Quem manda presentes espera
que lhe sejam mandados presentes maiores. ■ Dá um
ovo para receber um boi.
2036. Muneribus quivis mercatur amorem? [Propércio,
Elegiae 2.16.15] Qualquer um compra o amor com
dádivas?
2037. Muneribus et remuneratione consolidatur
amicitia. [Bebel, Adagia Germanica] Com dádivas e
recompensa se consolida a amizade. ● Muneribus vel
dii capiuntur. [Erasmo, Adagia 1.3.18] Com dádivas,
conquistam-se até os deuses. ■ Dádivas aplacam
homens e deuses. ■ Dádivas quebrantam penhas. ■ Não
há fechadura, se de ouro é a gazua. VIDE: ● Cum divis
flectunt venerandos munera reges. ● Munera placant
homines. ● Munera placant hominesque deosque.
● Munera capiunt hominesque deosque. ● Placatur
donis Iuppiter ipse datis.
2038. Munerum animus bonus optimum. [Stevenson
955] A boa vontade é o melhor dos presentes.
● Munerum animus optimus. [Erasmo, Adagia 2.7.5]
2039. Munus absconditum exstinguit iras. [Vulgata,
Provérbios 21.14] O presente secreto extingue as iras.
■ Dádivas quebrantam penhas.
2040. Munus divinum. [Inscrição em moeda inglesa] Uma
dádiva de Deus.
2041. Munus exiguum, sed opportunum. [Pereira 106;
Erasmo, Adagia 3.9.100] É um presente pequeno, mas
na hora certa. ■ Pouco, mas em boa hora. ■ Foi-me um
cavalo na guerra. VIDE: ● Exiguum munus, at gratum.
2042. Munus malum est perinde uti dispendium.
[Schottus, Adagia 613] O mau lucro é igual a prejuízo.
■ O que mal se adquire mal se perde. VIDE: ● At turpe
lucrum adducit infortunium. ● Lucrum malum,
aequale dispendio. ● Mala lucra aequalia damnis.
2043. Munus principum est resistere levitati
multitudinis. [Cícero, Pro Milone 22, adaptado] É
dever dos comandantes resistir aos caprichos da
multidão.
2044. Munus publicum. Uma função pública. Um cargo
público. Um encargo público. VIDE: ● Quippe iudicare
munus publicum est.
2045. Munus saepe vitiosum. [Pereira 102] A dádiva
muitas vezes tem defeito. ■ Deu-me Deus um ovo, e
esse, goro.
2046. Murem elephas non capit. [Schottus, Adagia 212]
Elefante não caça rato. ■ Homem grande não desce a
coisas baixas. ● Murem non captat elephantus. VIDE:
● Animus excelsus res humiles dispicit. ● Aquila non
aucupatur muscas. ● Aquila non capit muscas.
● Aquila non captat muscas. ● Aquila non venatur
muscas. ● Elephantus non capit murem, nec aquila
muscas. ● Elephas murem non capit.
2047. Murem ostendit pro leone. [Erasmo, Adagia
3.1.20] Mostra um rato em vez de um leão. ■ Tanto
barulho por nada. ■ É o parto da montanha.
2048. Mures fele absente choreas ducunt. [Schottus,
Adagialia Sacra 66] Quando o gato não está em casa, os
ratos dançam. ■ Quando os gatos não estão em casa, os
ratos passeiam por cima da mesa. ■ Patrão fora, dia
santo na loja. VIDE: ● Felibus domo absentibus, mures
saltant.
2049. Muri nulla salus cui pervius est cavus unus. [Tosi
1576] Nenhuma salvação tem o rato que só pode passar
por um único buraco. ■ Rato que só conhece um buraco
asinha é tomado. ■ Infeliz do rato que só conhece um
buraco. VIDE: ● Miser est mus antro qui clauditur uno.
● Misera est vulpes quae unum tantum latibulum
habet. ● Mus capitur citius, nisi plura foramina
quaerit. ● Mus gaudet minime, nisi sint plures sibi
rimae. ● Mus infelix est qui pluribus absque cavis est.
● Mus miser est, antro qui solo clauditur uno. ● Mus
miser est, antro qui tantum clauditur uno.
2050. Muriam quid temperas, qui pisces nondum
ceperis? [Schottus, Adagia 244] Por que temperas a
salmoura, se ainda não apanhaste os peixes? ■ Ainda
não montamos e já cavalgamos?
2051. Muribus id dapinat quod crastina cura reclinat.
Aquilo que a preocupação com o dia seguinte guarda,
ela está dando aos ratos. ■ Quem guarda com fome, o
rato o come.
2052. Muricipis proles cito discit prendere mures.
[DAPR 321] Filho de gato cedo aprende a caçar ratos.
■ Filho de gato mata rato. VIDE: ● Cattorum nati sunt
mures prendere nati. ● Cattorum proles bene discit
prendere mures.
2053. Murilegus bene scit cui barbam lambere suescit.
Bem sabe o gato de quem é a barba que costuma
lamber. ■ Bem sabe o gato cujas barbas lambe. VIDE:
● Ad cuius veniat scit cattus lingere barbam.
2054. Muris in more vivere. [Pereira 100] Viver como um
rato. ■ Viver à custa da barba longa.
2055. Murus aeneus conscientia sana. [Divisa] Uma
consciência sã é como uma muralha de bronze.
2056. Mus aetatem uni cubili nunquam committit suam.
O rato nunca confia sua vida a uma única toca. ■ Infeliz
do rato que só conhece um buraco.
2057. Mus capitur citius, nisi plura foramina quaerit.
[Pereira 121] O rato que não busca muitas saídas é logo
apanhado. ■ Rato que não sabe mais de um buraco,
depressa o toma o gato. ■ Infeliz do rato que só conhece
um buraco. ■ Depressa se toma o rato que só sabe um
buraco. VIDE: ● Muri nulla salus cui pervius est cavus
unus. ● Miser est mus antro qui clauditur uno.
● Misera est vulpes quae unum tantum latibulum
habet. ● Mus cito decipitur cui tantum rimula scitur.
● Mus gaudet minime, nisi sint plures sibi rimae.
● Mus infelix est qui pluribus absque cavis est. ● Mus
miser est, antro qui solo clauditur uno. ● Mus miser
est, antro qui tantum clauditur uno.
2058. Mus, cum antro suo non caperetur, etiam
cucurbitam ferebat. [Apostólio 13.49] O rato, que não
cabia em sua toca, ainda levava uma abóbora. ■ Tu, que
não podes, leva-me às costas. VIDE: ● Mus non
ingrediens antrum, cucurbitam ferebat.
2059. Mus debacchatur, ubi cattus non dominatur.
[Stevenson 301] Quando o gato não toma conta, o rato
entrega-se à orgia. ■ Gato em jornada, ratos em
patuscada. ■ Patrão fora, dia santo na loja. VIDE:
● Felibus domo absentibus, mures saltant. ● Mures
fele absente choreas ducunt. ● Mus salit in stratum,
dum scit abesse cattum.
2060. Mus gaudet minime, nisi sint plures sibi rimae.
[Tosi 1576] Não se dá bem o rato, se não tem muitas
tocas. ■ Mal vai ao rato que conhece só um buraco.
■ Infeliz do rato que só conhece um buraco. ● Mus est
miser, cui non est nisi unus cavus. VIDE: ● Miser est
mus antro qui clauditur uno. ● Muri nulla salus cui
pervius est cavus unus. ● Mus capitur citius, nisi
plura foramina quaerit. ● Mus cito decipitur cui
tantum rimula scitur. ● Mus infelix est qui pluribus
absque cavis est. ● Mus miser est, antro qui tantum
clauditur uno. ● Mus miser est, antro qui solo
clauditur uno.
2061. Mus in pice. [Rezende 3707] É o rato no pez. ■ Está
como ferro na frágua. ■ Não sabe para onde se virar.
VIDE: ● Haeret tamquam mus in pice.
2062. Mus infelix est qui pluribus absque cavis est.
Coitado do rato que não tem vários esconderijos.
■ Depressa se toma o rato que só sabe um buraco. ■ Mal
vai ao rato que conhece só um buraco. ■ Infeliz do rato
que só conhece um buraco. ● Mus miser est, antro qui
solo clauditur uno. [Pereira 102] Coitado do rato que
só tem um único buraco para se esconder. ● Mus miser
est, antro qui tantum clauditur uno. [Eiselein 456]
VIDE: ● Miser est mus antro qui clauditur uno.
● Misera est vulpes quae unum tantum latibulum
habet. ● Muri nulla salus cui pervius est cavus unus.
● Mus capitur citius, nisi plura foramina quaerit.
● Mus cito decipitur cui tantum rimula scitur. ● Mus
gaudet minime, nisi sint plures sibi rimae.
2063. Mus mordeat improbum. [Rezende 3709] Que o
rato morda o homem desleal. ■ Ao mau todos
perseguem. ■ Quem não deve não teme. VIDE: ● Etiam
capra improbum hominem mordeat. ● Etiam capra
virum mordeat malum. ● Vel capra mordeat
nocentem. ● Scelerosum mordeat et mus. ● Vel mus
mordeat improbum. ● Virum improbum vel mus
mordeat. ● Virum mus mordeat ipsa malignum.
2064. Mus non ingrediens antrum, cucurbitam ferebat.
[Erasmo, Adagia 3.3.79] O rato nem podia entrar na
toca, e ainda levava uma abóbora. ■ Tu, que não podes,
leva-me às costas. ● Mus non potens subire antrum
gestabat cucurbitam. [Eiselein 456] VIDE: ● Mus, cum
antro suo non caperetur, etiam cucurbitam ferebat.
2065. Mus non uni fidit antro. [Erasmo, Adagia 5.1.4] O
rato não confia num único buraco. ■ Mal vai ao rato que
não sabe mais que um buraco. ● Mus pusillus aetatem
non cubili uni unquam committit suam. [Plauto,
Truculentus 869] O pequeno rato jamais confia sua vida
a um único buraco. VIDE: ● Duabus nititur ancoris.
2066. Mus salit in stratum, cum scit abesse cattum.
[Binder, Thesaurus 1955] O rato salta na cama, quando
sabe que o gato está ausente. ■ Quando o gato sai, os
ratos fazem festa. ● Mus salit in stratum, dum scit
abesse cattum. [Bebel, Proverbia Germanica 483]
● Mus salit in stratum, cum scit non adfore cattum.
[Eiselein 366] VIDE: ● Felibus domo absentibus, mures
saltant. ● Mures fele absente choreas ducunt. ● Mus
debacchatur, ubi cattus non dominatur.
2067. Mus satur insipidam deiudicat esse farinam.
[DAPR 343] O rato farto acha que a farinha não tem
gosto. ■ A homem farto, as cerejas lhe amargam.
■ Barriga cheia, goiabada tem mofo. VIDE: ● Cibi copia
fastidium parit. ● Mel nimium saturo muri censetur
amarum.
2068. Musa, mihi causas memora. [Virgílio, Eneida 1.8]
Ó musa, lembra-me as causas.
2069. Musas hortabor, ut canant, et maria, ut effluant,
et auras, ut vigeant, et ignes, ut caleant. [Ausônio,
Epistula ad Symmacho] Exortarei as Musas aque
cantem, os mares a que se movimentem, os ventos a que
soprem, e o fogo a que aqueça. (=Corresponde a exortar
alguém a fazer aquilo que já faz espontaneamente, sem
precisar de incentivo externo).
2070. Musca, canes, mimi veniunt ad fercula primi.
[Eiselein 342] A mosca, os cães e os poetas são os
primeiros a chegar para a comida.
2071. Muscae famelicae altius infingunt aculeum.
Moscas esfomeadas enterram mais fundo o ferrão.
■ Magricela come sempre, come tudo, tudo, tudo.
● Muscae sitientes importunissimae. Moscas com sede
incomodam muito. VIDE: ● Macilenti pediculi acrius
mordent.
2072. Muscae quoque splen est. [Binder, Thesaurus 1960]
Até a mosca tem sua ira. ■ Também a formiga tem
catarro. ■ Cada formiga tem sua ira. ■ Rã também sente
como gente. ■ Até o cabelo sutil faz sua sombra. VIDE:
● Habet et musca splenem.
2073. Muscae volitantes. Moscas esvoaçantes.
2074. Muscas metuit praetervolantes. Tem medo até das
moscas esvoaçantes. ■ Tem medo à própria sombra.
VIDE: ● Ad omnia trepidat, licet vel mus movet. ● Vel
muscas metuit praetervolitantes.
2075. Musco lapis volutus non obducitur. [Schottus,
Adagia 615] ■ Pedra que rola não cria musgo. ■ Pedra
que rola não cria limo. ■ Pedra muito bulida não cria
bolor. ■ Pedra movediça não ajunta musgo. ■ Pedra
roliça não cria bolor. ● Musco lapis volutus haud
obducitur. [CODP 232] VIDE: ● Lapis qui volvitur
algam non generat. ● Lapis volutus non musco
obducitur. ● Mutatum saxum nequit ullum ducere
muscum. ● Nihil miserabilius quam incerta sede
vagari. ● Non fit hirsutus lapis hinc aliquo inde
volutus. ● Non fit hirsutus lapis per loca volutus.
● Saxum volubile non obducitur musco. ● Saxum
volutum non obducitur musco.
2076. Musica abscondita nullius est rei. [Binder,
Thesaurus 1961] A música escondida não tem valor. ■ O
saber escondido da ignorância vista pouco dista.
● Musicae occultae nullus respectus. [Schottus,
Adagialia Sacra 6] À música oculta não se dá nenhuma
atenção. VIDE: ● Abdita quid prodest generosi vena
metalli, si cultore caret? ● Egregia musica quae sit
abscondita nullius rei est. ● Non erit ignotae gratia
magna lyrae. ● Nullus latentis musicae respectus est.
● Occultae musicae nullum esse respectum.
● Occultae musicae nullus respectus. ● Si solus sapias,
nempe quis usus erit?
2077. Musica donum Dei. A música é dádiva de Deus.
2078. Musica est flos vitae. A música é a flor da vida.
2079. Musica in luctu importuna. [Rezende 3706] A
música na dor é importuna. ● Musica in luctu
intempestiva. ● Musica in luctu importuna narratio.
[Vulgata, Eclesiástico 22.6] Um discurso fora de
propósito é como a música no luto.
2080. Musica laetitiae comes, medicina dolorum. A
música é a companheira da alegria, o remédio das dores.
2081. Musica laborum dulce levamen. A música é o
alívio dos sofrimentos.
2082. Musica mentis medicina maestae. [Burton, The
Anatomy of Melancholy 334] A música é o remédio da
alma triste.
2083. Musica pellit curas. A música espanta as
peocupações.
2084. Musicam docet amor. [Erasmo, Adagia 4.5.15] O
amor ensina música. ● Musicam docet amor, etsi fuerit
indoctus prius. [Píndaro / Schottus, Adagia 641] O
amor ensina música, mesmo que a pessoa antes tenha
sido ignorante. VIDE: ● Amor ad industriam excitat
animum. ● Incitamentum amoris musica.
2085. Mussitanda iniuria adulescentium est. [Terêncio,
Adelphoe 179] A injúria feita por rapazes deve ser
mantida sem resposta.
2086. Mutabilior est Proteo, et varius magis. [Schottus,
Adagia 625] É mais variavél que Proteu, e ainda mais
inconstante. VIDE: ● Chamaleonte mutabilior. ● Proteo
mutabilior.
2087. Mutabilis est casus. [Sêneca Retórico,
Controversiae 1.5] A sorte é inconstante.
2088. Mutae pecudes. Rebanhos silenciosos.
2089. Mutans locum, mores tamen mutat nihil.
[Schottus, Adagia 617] Quem muda de lugar, nem por
isso muda de caráter. ■ Quem mudou, nunca melhorou.
■ Asno que a Roma vá, asno volta de lá. VIDE:
● Animum debes mutare, non caelum. ● Caelum, non
animum, mutant, qui trans mare currunt.
● Permutare te potes, sed non meliorare. ● Vitia
nostra regionum mutatione non fugimus.
2090. Mutantur mores, cum comitantur opes. Quando se
acumulam riquezas, mudam os costumes. VIDE:
● Divitiae mutant mores, raro in meliores.
2091. Mutantur mores, mutatur et ordo. Mudam-se os
costumes, muda-se também a ordem social.
2092. Mutantur mores, quando mutantur honores.
Mudam-se os costumes, quando se mudam as honrarias.
■ Queres conhecer o vilão? Dá-lhe o bastão.
● Mutantur mores, quotiens mutantur honores.
2093. Mutare consilium quis non potest in alterius
praeiudicium. [Jur] Ninguém pode mudar de decisão
em prejuízo de outrem. ● Mutare consilium quis non
potest in alterius detrimentum. VIDE: ● Nemo potest
mutare consilium suum in alterius iniuriam.
2094. Mutare non potest pardus varietates suas. ■ O
leopardo não pode mudar as suas malhas. ■ O que o
berço dá só o túmulo tira. ● Mutare non potest
Aethiops pellem suam. O etíope não pode mudar a sua
pele. VIDE: ● Abluis Aethiopem quid frustra?
● Aethiops non albescit. ● Pardus maculas non
deponit. ● Si mutare potest Aethiops pellem suam,
aut pardus varietates suas, et vos poteritis
benefacere cum didiceritis malum. ● Vestem mutare
potest Aethiops, faciem non potest.
2095. Mutare praeterita nemo potest. Ninguém pode
mudar o passado. ■ O que está feito, não pode ser
desfeito. VIDE: ● Non reprehendo praeterita, quoniam
mutari corrigique non possunt. ● Praeterita mutare
non possumus. ● Praeterita mutari non possunt.
● Praeterita non mutantur.
2096. Mutare quod non possis, ut natum est feras.
[Publílio Siro] O que não puderes mudar, suportarás tal
como é. ■ O que não pode al ser, deves sofrer.
2097. Mutari fata non possunt. [Cícero, De Divinatione
2.8.2] O destino não pode ser mudado. ■ O que tem de
ser, tem muita fora.
2098. Mutat enim mundi naturam totius aetas.
[Lucrécio, De Rerum Natura 5.828] O tempo muda a
natureza do mundo todo.
2099. Mutat via longa puellas. [Propércio, Elegiae
1.12.11] Uma viagem longa modifica o coração das
mulheres.
2100. Mutatio loci, mutatio sortis. Mudança de lugar,
mudança de sorte. ■ Muda de terra, mudarás de fortuna.
■ Muda-te, mudará a ventura. ■ Quem se muda, Deus o
ajuda.
2101. Mutatio nominis. [Jur / Black 1218] A mudança de
nome.
2102. Mutatio veritatis. [Jur] A alteração da verdade.
2103. Mutatis factis, ius mutatur. [Jur] Mudados os fatos,
muda-se a lei. ● Mutato facto ius mutatur. Mudado o
fato, muda-se a lei.
2104. Mutatis mutandis. Mudadas as coisas que devem
ser mudadas. (=Com a devida adequação dos
pormenores).
2105. Mutatum saxum nequit ullum ducere muscum.
[Pereira 117] ■ Pedra que rola, não cria musgo. ■ Pedra
que rola, não cria limo. ■ Pedra muito bulida não cria
bolor. ■ Pedra movediça não ajunta musgo. ■ Pedra
roliça não cria bolor. VIDE: ● Lapis qui volvitur algam
non generat. ● Lapis volutus non musco obducitur.
● Musco lapis volutus haud obducitur. ● Musco lapis
volutus non obducitur. ● Non fit hirsutus lapis hinc
aliquo inde volutus. ● Non fit hirsutus lapis per loca
volutus. ● Saxum volubile non obducitur musco.
● Saxum volutum non obducitur musco.
2106. Mutatur cum principe vulgus. A multidão muda
com o governante. ■ Novo rei, nova lei. VIDE: ● Mobile
mutatur semper cum principe vulgus.
2107. Mutavit calceos. [Cícero, Philippica 13.28] Trocou
de sapatos. (=Subiu de classe social). VIDE: ● Calceos
mutare.
2108. Muti magistri. [Erasmo, Adagia 1.2.18] Os mestres
mudos. (=Os livros).
2109. Mutua defensio tutissima. [Erasmo, Adagia 3.8.72]
A defesa mútua é a mais segura.
2110. Mutua quae debes, ridendo solvere debes. [Binder,
Thesaurus 1965] Deves pagar rindo o empréstimo que
deves. ■ Quem deve, não dorme quando quer.
2111. Mutua qui dederat, repetens, sibi comparat
hostem. [Pereira 102] Quem tiver dado um empréstimo,
ao cobrar, ganha um inimigo. ■ Amigo ao pedir, inimigo
ao restituir. ■ Se queres ter inimigo, empresta-lhe o teu
e pede-lho. ■ Dinheiro emprestaste, inimigo ganhaste.
VIDE: ● Aes debitorem leve, grave inimicum facit.
● Qui dat mutuum, amicum vendit, inimicum emit.
2112. Mutua sic placido traheremus gaudia lusu.
[Giovanni Pontano, Carmina 104] Criaremos alegria
mútua por meio de um gracejo inofensivo.
2113. Mutuae actiones tolluntur. [Jur] As ações mútuas
se anulam.
2114. Mutum est pictura poema. [Rezende 3722] A
pintura é um poema sem palavras. VIDE: ● Poema est
pictura loquens; mutum pictura poema.
2115. Mutuo fricantur senes. [Pereira 105] Os velhos se
esfregam mutuamente. ■ Fazem-se as barbas um ao
outro. VIDE: ● Senes mutuum fricant.
2116. Mutuo muli scabunt. [Binder, Thesaurus 1966] As
mulas se coçam mutuamente. ■ Um burro coça outro.
■ Faze-me a barba, far-te-ei o cabelo. VIDE: ● Muli
mutuum scabunt. ● Mutuum muli scabunt.
2117. Mutuo sese laudant ac praedicant. Eles mesmos se
elogiam e se recomendam um ao outro.
2118. Mutuo sumamus pecunias in tributa regis.
[Vulgata, 2Esdras 5.4] Tomemos dinheiro emprestado,
para pagarmos os tributos do rei.
2119. Mutus sapiens praestat stulto loquenti. [Erpênio /
Rezende 3724] Mais vale um sábio mudo que um tolo
falante. ■ Vale mais nada dizer do que dizer nadas.
2120. Mutus vendere et emere potest; furiosus autem
neque emere neque vendere potest. [Jur] O mudo
pode vender e comprar, mas o louco nem pode comprar
nem vender.
2121. Mutuum muli scabunt. [Varrão, Satirae
Menippeae; Erasmo, Adagia 1.7.96] As mulas se coçam
mutuamente. ■ Um burro coça outro. ■ Faze-me a
barba, far-te-ei o cabelo. ● Mutuum muli scalpunt.
● Mutuum radunt equi. [Schottus, Adagia 637] Os
cavalos se esfregam mutuamente. VIDE: ● Asinus asinum
fricat. ● Muli mutuum scabunt. ● Mulus mulum
scabit.
2122. Mutuum testimonium dare. Dar testemunho
mútuo. VIDE: ● Da mihi mutuum testimonium. ● Da
mihi testimonium mutuum.
2123. Mutuus adsit amor. [Tibulo, Elegiae 3.11.7] O
amor deve ser recíproco. ■ Amor com amor se paga.
2124. Mutuus consensus. O acordo mútuo.
2125. Mutuus dissensus. O desentendimento mútuo.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

N
1. Nabis sine cortice. [Horácio, Satirae 1.4.120]. Nadarás sem
salva-vidas. (=Não contarás com nenhum auxílio). ■ Voarás
com tuas próprias asas. VIDE: ● Sine cortice nabis.
2. Nacta est suum patella operculum. [Erasmo, Colloquia,
Franciscani]. A marmita encontrou a sua tampa. ■ Achou
forma para seu pé. ■ Caiu-lhe a sopa no mel. ● Accessit huic
patellae dignum operculum. ● Dignum patella operculum.
● Invenit patella operculum.
3. Naevos nostros et cicatrices amamus. [Ausônio, Cupido
Cruciatus 1]. Amamos nossas verrugas e cicatrizes. ■ Cada
qual aprecia o cheiro de seu monturo.
4. Nam et ipsa scientia potestas est. [Bacon, De Heresibus
10]. O próprio conhecimento também é poder. ■ Saber é
poder. ■ Quem tem o saber tem o poder. VIDE: ● Ipsa scientia
potestas est. ● Scientia est potentia. ● Scientia et potentia
humana in idem coincidunt.
5. Nam pharmacum aegri mentis est oratio. [Schottus,
Adagia 627]. A palavra é o medicamento do espírito que
sofre. ■ Quais palavras te dizem, tal coração te fazem. VIDE:
● Aegroto animo medicus est oratio. ● Animo aegrotanti
medicus est oratio. ● Animo laboranti medicus oratio est.
● Animo male affecto sermones sunt medicinae.
6. Nam tua res agitur, paries cum proximus ardet. [Horácio,
Epistulae 1.18.79]. É coisa que te diz respeito, quando a
parede do vizinho está pegando fogo. ■ Quando vires a barba
do vizinho pegar fogo, põe a tua de molho. VIDE: ● Accensa
domo proximi, tua quoque periclitatur. ● Qui videt ardere
vicini tecta, timere debet de propriis: nequeunt sua tuta
manere. ● Res agitur tua, paries cum proximus ardet.
● Tua res agitur, et de tuo periculo, non de meo agitur.
● Tunc tua res agitur, paries dum proximus ardet.
7. Nanus cum sis, cede. [Binder, Thesaurus 1969]. Já que és
anão, recua. ■ Contra a força não há resistência. VIDE:
● Adversus leonem capra pugnam non ineat. ● Adversus
leonem damae pugnam ineunt. ● Cum sis nanus, cede. ● Ne
ad pugnam vocet aquilam luscinia. ● Ne capra contra
leonem pugnet. ● Non cum leone capra decertem fero.
● Non cum leone caprea pugnare audeas. ● Pumilio cum
sis, cede.
8. Narcissus nulli reddit depictus odorem. [Binder,
Thesaurus 1970]. Narciso pintado não oferece perfume a
ninguém. ■ Vai grande diferença do vivo ao pintado. VIDE:
● Flos in pictura non est, nisi sola figura. ● Qui pingit
florem, floris non pingit odorem.
9. Naribus trahere. [Erasmo, Adagia 2.1.19]. Puxar pelo nariz.
Trazer pelo nariz.
10. Naris emunctae senex. [Fedro, Fabulae 3.3.13]. Um velho
de nariz assoado. (=Homem de bom gosto. Homem
inteligente). VIDE: ● Homo emunctae naris est.
11. Narra mihi factum, dabo tibi ius. [Jur]. Expõe-me o fato,
que eu te direi o direito. ● Narra mihi factum, narrabo tibi
ius. VIDE: ● Da mihi factum, dabo tibi ius.
12. Narrat fabellam asello surdo. Ele conta uma história ao
burrinho surdo. ■ Perde o seu latim. ● Narrare asello
fabellam surdo. [Horácio, Epistulae 2.1.199]. VIDE: ● Asello
fabulam narrare. ● Asino fabulam narrabat quispiam, et
ille movebat aures. ● Asino quis fabulam narrabat: ille
autem aures movebat. ● Asino quis fabulam narrabat: at
ille movebat aures. ● Asino fabulam. ● Surdo asello
narrata est fabella.
13. Narrat is quod nec ad terram pertinet. [Petrônio,
Satiricon 44]. O que ele diz não tem nada a ver com a terra.
● Narratis quod nec ad caelum nec ad terram pertinet. O
que contais nada tem a ver nem com o céu nem com a terra.
14. Narrat Ulixes. [Dumaine 245]. É o que o Ulisses conta.
■ Acredite quem quiser. ● Narrat Ulixes quae sine teste
gessit. [Dumaine 245]. Ulisses conta o que fez sem ter
testemunha. ■ Quem vem de longe vende como quer. VIDE:
● Sua narret Ulixes, quae sine teste gerit, quorum nox
conscia sola est!
15. Narrata refero. Reproduzo o que me foi contado. VIDE:
● Prodenda quia prodita. ● Relata refero.
16. Narratur et prisci Catonis saepe mero caluisse virtus.
[Horácio, Carmina 3.21.11]. Conta-se que não poucas vezes
até o coração do velho Catão foi aquecido pelo vinho.
17. Nascentes morimur. Ao nascermos já morremos. ■ Ao
nascermos, começamos a morrer. ● Nascentes morimur,
finisque ab origine pendet, ipsaque vita suae semina
mortis habet. [Manílio, Astronomica 4.16]. ■ Desde a
nascença morremos, e da origem o fim depende; na mesma
vida se encerram da nossa morte as sementes.
18. Nascentis cura prohibere exordia moris. [Pereira 124].
Trata de impedir o começo do vezo, quando ele nasce. ■ Vezo
ponhas que não tolhas.
19. Nasci haud potest e patre noxio probus. [Schottus,
Adagia 619]. De pai criminoso não pode nascer filho
honrado. ■ De mau corvo, mau ovo.
20. Nasci miseria, vivere poena, mori angustia. [S.Bernardo,
Meditationes Piissimae 3]. Nascer é sofrimento, viver é
castigo, morrer é angústia. VIDE: ● Unde superbit homo,
cuius conceptio culpa, nasci poena, labor vita, necesse
mori?
21. Nascimur in lacrimis, lacrimabile ducimus aevum,
clauditur in lacrimis ultima nostra dies. [DAPR 415].
Nascemos em lágrimas, levamos uma existência chorosa,
encerra-se em lágrimas nosso último dia.
22. Nascimur poëtae, fimus oratores. Nascemos poetas,
tornamo-nos oradores. VIDE: ● Nascuntur poëtae, fiunt
oratores. ● Orator fit, poëta nascitur. ● Poëta nascitur,
orator fit. ● Poëta nascitur, non fit. ● Poëta non fit, sed
nascitur.
23. Nascimur uno modo, multis morimur. [Sêneca Retórico,
Controversiae 7.1.9]. Nascemos de um só modo, morremos
de muitos.
24. Nascitur ex assiduitate laborum animorum hebetatio.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 17.5]. Da continuidade dos
sofrimentos nasce o embrutecimento dos espíritos.
25. Nascitur exiguus, sed opes acquirit eundo amnis.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.1.343]. O rio nasce pequenino, mas
com o caminhar adquire forças.
26. Nascitur indigne per quem non nascitur alter. [John
Owen, Epigrammata 5.40]. Não é digno de ter nascido aquele
de quem não nasce outro.
27. Nasciturus pro iam nato habetur, quotiens de eius
commodo agitur. [Jur]. O nascituro é considerado como já
nascido, toda vez que se trata de seu interesse.
28. Nascuntur poëtae, fiunt oratores. [Rezende 3741]. Poetas
nascem feitos, oradores se fazem. ● Nascuntur poëtae, non
fiunt. Os poetas já nascem poetas, não se fazem poetas. VIDE:
● Nascimur poëtae, fimus oratores. ● Orator fit, poëta
nascitur. ● Poëta nascitur, orator fit. ● Poëta nascitur, non
fit. ● Poëta non fit, sed nascitur.
29. Nasum nidore supinor. [Horácio, Sermones 2.7.38]. O
cheiro de queimado me faz levantar o nariz. ■ Sinto qualquer
coisa no ar.
30. Nasus iudicii symbolum est. O nariz é o símbolo do
julgamento.
31. Natale Domini. O nascimento do Senhor. O dia de Natal.
VIDE: ● A festo omnium Sanctorum usque ad Natale
Domini.
32. Natale solum. [Ovídio, Ex Ponto 1.3.35]. O torrão natal. A
terra natal. ● Natalia rura. [Ovídio, Fasti 4.685]. Os campos
natais. ● Natalia arva. VIDE: ● Genitale solum.
33. Natalia sanctorum. Os nascimentos dos santos. (=Datas
das mortes dos santos da Igreja Católica).
34. Natalis dies. Dia do nascimento. VIDE: ● Dies natalis.
● Festum natalitium. ● Genitalis dies.
35. Natare non didici, pedibus ambulo. [Pereira 95]. Não
aprendi a nadar; ando a pé. ■ Ando por onde anda a raposa.
■ Se não posso como quero, faço como posso. VIDE: ● Ambulo
pedibus: nandi imperitus scilicet. ● Pedibus ingredior:
natare enim non didici. ● Pedibus ingredior, nam natare
non didici.
36. Nate, quis indomitas tantus dolor excitat iras? [Virgílio,
Eneida 2.594]. Filho, que dor tão grande provoca iras
indomáveis? VIDE: ● Dolor excitat iras.
37. Nati prudentes sunt qui novere parentes. [Trench,
Proverbs; DAPR 354]. Crianças inteligentes são as que
conhecem seus pais. (=Provérbio inglês correspondente: It is
a wise child who knows his own father. Provérbio francês
correspondente: L’enfant est sage, qui son père connaît).
38. Nativos mores occultare difficile. [Binder, Medulla 1060].
Costumes inatos é difícil esconder. ■ O que o berço dá, só o
túmulo tira.
39. Natu maior. O primogênito (de dois irmãos). ● Natu
maximus. O primogênito (de vários irmãos).
40. Natu nobilis. Nobre de nascimento.
41. Natum non novi. [Pereira 114]. Não conheço esse filho.
■ Nunca tal burra albardei.
42. Natura abhorret vacuum. [Espinosa, Ethica 5.23]. A
natureza tem horror ao vazio. ● Natura abhorret a vacuo.
VIDE: ● Natura vacuum abhorret. ● Vacuum in natura non
detur.
43. Natura agit semper per vias simplices. A natureza atua
sempre pelos caminhos mais simples. ● Natura agit via
facillima qua potest. A natureza age pelo caminho mais
fácil que pode.
44. Natura animum ornavit sensibus ad res perspiciendas
idoneis. [Cícero, De Finibus 5.59]. A natureza dotou o
espírito de sentidos adequados à percepção das coisas.
45. Natura appetit perfectum; ita et lex. [Jur / Black 1222]. A
natureza busca a perfeição; assim também a lei.
46. Natura artis magistra. A natureza é a mestra da arte. VIDE:
● Natura docet homines omnes artes.
47. Natura contumax est ; non potest vinci, suum poscit.
[Sêneca, Epistulae Morales 19.2]. A natureza é inflexível:
não pode ser vencida, exige o que é seu.
48. Natura corporis est in medicina praecipuum studium.
[Hipócrates / Rezende 3745]. Na medicina, o principal
estudo é a natureza do corpo humano.
49. Natura corpus ut quandam vestem animo circumdedit.
[Sêneca, Epistulae Morales 92.13, adaptado]. A natureza pôs
um corpo em torno do espírito como se fosse uma roupa.
50. Natura cupiditatem ingenuit homini veri videndi.
[Cícero, De Finibus 2.46]. A natureza criou no homem o
desejo de conhecer a verdade. VIDE: ● Natura inest in
mentibus nostris insatiabilis quaedam cupiditas veri
videndi.
51. Natura dat unicuique quod sibi conveniens est. A
natureza dá a cada um o que lhe é conveniente.
52. Natura dedit homini manus aptas et multarum artium
ministras. [Cícero, De Natura Deorum 2.150, adaptado]. A
natureza deu ao homem mãos capazes e auxiliares de muitas
atividades.
53. Natura dedit usuram vitae tamquam pecuniae, nulla
praestituta die. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.93]. A
natureza deu o gozo da vida como o do dinheiro, sem dia
marcado.
54. Natura desiderat semper quod melius est. A natureza
sempre deseja o que é melhor.
55. Natura diverso gaudet. [DAPR 657]. A natureza aprecia a
diversidade. ■ A variedade deleita. ■ Tudo enfada, só a
variedade recreia. VIDE: ● Delectat varietas. ● In omni re
semper grata varietas. ● In varietate voluptas. ● Sensus
delectat varietas. ● Variatio delectat. ● Varietas delectat.
56. Natura docet homines omnes artes. A natureza ensina aos
homens todas as artes. VIDE: ● Natura artis magistra.
57. Natura duce errari nullo pacto potest. [Cícero, De
Legibus 1.20]. Com a natureza por guia, de modo nenhum se
pode errar.
58. Natura ducimur ad scientiae cupiditatem. Somos
conduzidos pela natureza ao desejo de saber.
59. Natura est provida utilitatum. [Cícero, De Natura
Deorum 2.58]. A natureza é previdente em relação às
necessidades.
60. Natura est quae dat et aufert omnia. É a natureza que dá
e tira tudo.
61. Natura et ars nihil agunt frustra. [Rezende 3748]. A
natureza e a ciência nada fazem em vão. VIDE: ● Natura nihil
agit frustra.
62. Natura etiam sine doctrina multum valebit: doctrina
nulla esse sine natura poterit. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 2.19.2]. A natureza conseguirá muito, mesmo sem o
conhecimento; nenhum conhecimento poderá existir sem a
natureza.
63. Natura genetrix. A mãe natureza. A natureza é nossa mãe.
64. Natura homo mundum et elegans animal est. [Sêneca,
Epistulae Morales 92.12]. Por natureza, o homem é um
animal limpo e delicado.
65. Natura humana imbecilla atque aevi brevis est. [Salústio,
Bellum Iugurthinum 1, adaptado]. A natureza humana é
frágil e de curta duração.
66. Natura in minimis maxima. A natureza é grande nas
coisas mínimas. VIDE: ● Natura maxime miranda in
minimis. ● Tota in minimis exsistit natura.
67. Natura in operationibus suis non facit saltum. [Lineu,
Philosophia Botanica 27 / Maloux 365]. A natureza em suas
operações não dá saltos. VIDE: ● Natura non facit saltus.
● Natura non facit saltus; ita et lex.
68. Natura infirmitatis humanae tardiora sunt remedia
quam mala. [Tácito, Agricola 3]. Pela natureza da fraqueza
humana, mais lentos são os remédios do que os males. ■ O
mal entra às braçadas e sai às polegadas. VIDE: ● Tardiora
sunt remedia quam mala.
69. Natura inest in mentibus nostris insatiabilis quaedam
cupiditas veri videndi. [Cícero, Tusculanae Disputationes
1.2.44]. Pela natureza existe em nossas mentes um desejo
insaciável de conhecer a verdade. VIDE: ● Natura
cupiditatem ingenuit homini veri videndi.
70. Natura ingenuit rationem provida nobis. Naturam ratio
nos iubet ergo sequi. [John Owen, Epigrammata 1.73]. A
natureza criou em nós uma razão previdente. Portanto, a
razão nos obriga a seguir a natureza.
71. Natura ipsa instar legis est. A própria natureza tem o
mesmo valor que a lei.
72. Natura longe superat artem. [Signoriello 224]. A natureza
em muito supera a arte.
73. Natura maxime miranda in minimis. [Jean-Henri Fabre /
Rezende 3752]. A natureza é admirável principalmente nas
coisas mínimas. VIDE: ● Natura in minimis maxima. ● Tota
in minimis exsistit natura. ● Tota in minimis exsistit
natura.
74. Natura morborum medicatrix. A natureza cura as
doenças. É a natureza que cura as enfermidades. VIDE:
● Medicus curat, natura sanat. ● Natura sanat, medicus
curat.
75. Natura mulieri domestica negotia curanda tradidit.
[Columela, De Re Rustica 12.4, adaptado]. A natureza
entregou à mulher a administração das atividades domésticas.
76. Natura mutari non potest. [Cícero, De Amicitia 32]. Não
se pode mudar a natureza.
77. Natura nihil agit frustra. [Isaac Newton, Regulae
Philosophandi]. A natureza nada faz em vão. ● Natura nihil
facit frustra, non deficit in necessariis, nec abundat in
superfluis. [Aristóteles, De Anima 3.45 / Busarello 152]. A
natureza nada faz debalde, não falta no necessário nem
excede no supérfluo. ● Natura non deficit in necessariis,
neque abundat in superfluis. [Rezende 3756]. A natureza
não falta no necessário, nem sobra no supérfluo. VIDE:
● Natura et ars nihil agunt frustra.
78. Natura nihil temere facit. [Signoriello 225]. A natureza
não faz nada sem razão.
79. Natura non aberrabit. [Eiselein 498]. A natureza não
falhará.
80. Natura non dedit imperare feminis. [Manúcio, Adagia
623]. A natureza não deu comando à mulher. VIDE: ● Natura
non vult imperare feminam. ● Tanti dux femina facti.
81. Natura non facit saltus. [Rezende 3755]. A natureza não
dá saltos. ● Natura non facit saltus; ita et lex. [Jur / Black
1222]. A natureza não dá saltos; a lei também não. VIDE:
● Natura in operationibus suis non facit saltum.
82. Natura non facit vacuum, nec lex supervacuum. [Jur /
Blake 1222]. Nem a natureza cria coisa inútil, nem a lei cria
coisa desnecessária.
83. Natura non nisi parendo vincitur. [Bacon, Advancement
of Learning 1.6]. Só se governa a natureza obedecendo-lhe.
VIDE: ● Naturae enim non imperatur, nisi parendo.
84. Natura non vult imperare feminam. A natureza não quer
que a mulher governe. VIDE: ● Natura non dedit imperare
feminis. ● Tanti dux femina facti.
85. Natura nos cognatos fecit. A natureza nos fez parentes.
■ Todos somos filhos de Adão e Eva. ● Natura nos cognatos
edidit. [Sêneca, Epistulae Morales 95.53].
86. Natura nusquam non remedia disponit homini. A
natureza em lugar nenhum deixa de oferecer recursos ao
homem.
87. Natura omnes homines aequales genuit. A natureza gerou
todos os homens iguais. VIDE: ● Quod ad ius naturale
attinet, omnes homines aequales sunt. ● Quod ad ius
naturale pertinet, omnes homines aequales sunt.
88. Natura optima dux bene vivendi. [Cícero, De Amicitia 5].
A natureza é o melhor guia de bem viver.
89. Natura parvo contenta est. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.98, adaptado]. A natureza se contenta com
pouco. ● Natura est paucis contenta. [Owen / Binder,
Thesaurus 1975]. VIDE: ● Parvo cultu natura contenta est.
90. Natura plus trahit quam septem boves. [DAPR 632]. A
natureza puxa mais do que sete bois. ■ Mais puxa moça do
que corda. ■ Mais tiram tetas que calabre de nau. ● Natura
plus trahit septem bobus. [Bebel, Adagia Germanica].
91. Natura, quam te colimus inviti quoque! [Sêneca,
Hippolytus 1116]. Ó natureza, quanto te respeitamos, mesmo
contra nossa vontade!
92. Natura rerum conditum est ut plura sint negotia quam
vocabula. [Digesta 19.30]. Pela natureza está determinado
que as obras valham mais que as palavras. VIDE: ● Plura sunt
negotia quam vocabula. ● Plures sunt res quam verba.
93. Natura rerum humana arte non vincitur. [DAPR 473]. A
natureza não é vencida pela ciência humana.
94. Natura rerum omnium mater. A natureza é a mãe de
todas as coisas.
95. Natura sanat, medicus curat. [Rezende 3758]. A natureza
cura, o médico trata. ■ O médico dá o remédio, a natureza
cura. ■ Deus é que sara, e o mestre leva a prata. ● Natura
sanat, medicus curat morbos. O médico trata das doenças,
a natureza cura. VIDE: ● Medicus curat, natura sanat.
● Natura morborum medicatrix.
96. Natura semina nobis scientiae dedit, scientiam non
dedit. [Sêneca, Epistulae Morales 119.3]. A natureza nos deu
as sementes do conhecimento, mas não nos deu o
conhecimento. VIDE: ● Semina nobis scientiae natura dedit.
97. Natura semper facit melius quod potest. [Signoriello
225]. A natureza sempre faz o melhor que pode. ● Natura
semper facit quod melius est. [S.Tomás de Aquino].
98. Natura simplicibus gaudet. [DAPR 807]. A natureza
aprecia as coisas simples.
99. Natura solitarium nihil amat, semperque ad aliquod,
tamquam adminiculum, annititur. [Cícero, De Amicitia
23]. A natureza não gosta de nada isolado, e sempre se apóia
em alguma coisa, como numa escora.
100. Natura tenacissimi sumus eorum, quae rudibus annis
percepimus. [Quintiliano, Institutio Oratoria 1.1].
Conservamos naturalmente com muita firmeza o que
conhecemos em tenra idade. ■ O que se aprende no berço
dura até a sepultura.
101. Natura vacuum abhorret. [Rabelais, Gargantua 1.5]. A
natureza tem horror ao vazio. VIDE: ● Natura abhorret a
vacuo. ● Natura abhorret vacuum.
102. Natura vero nihil hominibus brevitate vitae praestitit
melius. [Plinio Antigo, Naturalis Historia 7.50.168]. A
natureza na verdade nada deu ao homem melhor do que a
brevidade da vida.
103. Natura vincit naturam et dii deos. [PSa]. A natureza
vence a natureza, e deuses vencem deuses.
104. Natura vox innocentiae, silentium maleficio distributa.
[Apuleio, Apologia 11]. A natureza deu a voz à inocência e
reservou o silêncio ao mal.
105. Naturae debitum reddiderunt. [Cornélio Nepos, Vitae,
De Regibus 1.5]. Eles pagaram a dívida à natureza.
(=Morreram).
106. Naturae debitum persolvens, caelestem migravit ad
patriam. [VES 42]. Tendo pago a dívida à natureza, migrou
para a pátria celeste.
107. Naturae enim non imperatur, nisi parendo. [Bacon,
Novum Organum 1.129]. Só se governa a natureza
obedecendo-lhe. VIDE: ● Natura non nisi parendo vincitur.
108. Naturae iura bellum in contrarium mutat. [Quinto
Cúrcio, Historiae 9.4]. A guerra subverte as leis da natureza.
109. Naturae iura sacra sunt etiam apud piratas. [Sêneca
Retórico, Controversiae 7.1.17]. Os direitos naturais são
sagrados, mesmo entre os piratas.
110. Naturae linguam corrupta scientia nescit. [John Owen,
Epigrammata 9.25]. A ciência corrupta não conhece a
linguagem da natureza.
111. Naturae satis est parum, cupiditati nihil. [Bernardes,
Nova Floresta 2.42]. Para a natureza, pouco basta; para a
ambição, nada é suficiente. VIDE: ● Cupiditati nihil satis.
● Cupiditati nihil satis est, naturae satis est etiam parum.
● Satis est parum naturae, aviditati nihil.
112. Naturae sequitur semina quisque suae. [Propércio,
Elegiae 3.9.20]. Cada qual segue as sementes de sua
natureza. ■ Cada qual conforme seu natural. ■ Como canta o
galo velho, assim cantará o novo. VIDE: ● Grunnit sic fetus,
porcus ut ante vetus.
113. Naturae vis maxima. A maior força é a da natureza.
● Naturae vis maxima; natura bis maxima. [Black 1222].
A força da natureza é muito grande; a natureza é duplamente
grande.
114. Naturale aequum est neminem cum alterius iactura
fieri locuplectiorem. [Albertano da Brescia, De Amore et
Dilectione 3.1]. É naturalmente justo que ninguém fique mais
rico com o prejuízo de outrem. ■ Ninguém deve locupletar-se
com a jactura alheia. VIDE: ● Locupletari nemo debet cum
alterius iactura. ● Neminem aequum est cum alterius
damno locupletari. ● Nemo cum alterius damno
locupletior fieri debet. ● Nemo debet lucrari ex alieno
damno.
115. Naturale desiderium suorum est. [Sêneca, Ad Marciam
7]. É natural a saudade dos entes queridos.
116. Naturale est enim et odisse quem timeas, et quem
metueris infestare, si possis. [Minúcio Félix, Octavius 27].
É, pois, natural que até odeies a quem temes, e que destruas a
quem temas, se puderes.
117. Naturale est enim ut semper animus ab eo refugiat, ad
quod cum tristitia revertitur. [Sêneca, Ad Polybium 18]. É
natural que a mente sempre fuja daquilo a que ela volta com
tristeza.
118. Naturale est magis nova quam magna mirari. [Sêneca,
Naturales Quaestiones 7.1.4]. É natural que se fique
maravilhado mais com coisas nunca vistas do que com coisas
grandiosas. ■ O desconhecido sempre parece sublime.
119. Naturale est manum saepius ad id referre, quod dolet.
[Sêneca, Ad Helviam 20.2]. É natural pôr a mão com mais
freqüência no lugar que dói. ■ Lá vai a língua onde grita o
dente. VIDE: ● Ubi amor, ibi oculus; ubi dolor, ibi manus.
● Ubi dolet, ibi manus adhibemus. ● Ubi dolor angit, huc
manus quisque admovet. ● Ubi dolor, ibi digitus. ● Ubi
dolor, ibi manus. ● Ubi quis dolet, ibidem et manum
habet.
120. Naturale est quidlibet dissolvi eo modo quo ligatur. [Jur
/ Black 1223]. É natural que a obrigação se desfaça do
mesmo modo por que é assumida. VIDE: ● Nihil tam naturale
est quam eo genere quidque dissolvere, quo colligatum
est. Ideo verborum obligatio verbis tollitur.
121. Naturale vitium est neglegi quod communiter
possidetur. [Codex Iustiniani 10.35.2.1a]. É vício natural
descuidar do que se possui em comum. ■ Barco de muitos
mestres dá na costa. ■ Asno de muitos, lobos o comem. VIDE:
● Communiter neglegitur quod communiter possidetur.
● Id quod communiter possidetur a pluribus neglegi
consuevit. ● Quod communiter possidetur, communiter
neglegitur. ● Quod communiter possidetur, vitio naturali
neglegitur.
122. Naturali aequitate nepotes in filiorum locum succedunt.
[Jur]. Por eqüidade natural os netos sucedem em lugar dos
filhos.
123. Naturali iure omnium communia sunt ista: aër, aqua
profluens et mare, et per hoc litora maris. [Marciano,
Digesta 1.8.2.1]. Pelo direito natural estas coisas são comuns
a todos: o ar, a água corrente e o mar, e por isso as praias.
124. Naturalia iura civilis ratio perimere non potest. [Jur].
A razão civil não pode abolir os direitos naturais. VIDE:
● Civilis ratio naturalia iura corrumpere non potest.
125. Naturalia non sunt turpia. [Eurípides / Rezende 3751].
As coisas naturais não são torpes.
126. Naturalia quidem iura semper firma et immutabilia
permanent. [Institutiones 1.2]. Os direitos naturais
permanecem sempre firmes e imutáveis.
127. Naturalis ratio. [Albertano da Brescia, Liber
Consolationis 49]. A razão natural.
128. Naturaliter audita visis laudamus libentius. [Veleio
Patérculo, Historia Romana 2.92.5]. Por nossa natureza,
louvamos com mais satisfação o que nos contam do que o
que vemos.
129. Naturaliter, quod procedere non potest, recedit. [Veleio
Patérculo, Historia Romana 1.17.6]. Naturalmente o que não
pode avançar recua. ■ Quem não avança recua. ■ Não
esqueças um instante que é ficar para trás não ir avante.
VIDE: ● Non progredi regredi est. ● Non progredi regredi
est, et nolle proficere deficere est. ● Qui non proficit,
deficit. ● Quod procedere non potest, recedit.
130. Naturam abscondit improbus, cum recte facit. [Publílio
Siro]. O homem desonesto esconde sua natureza, quando age
honestamente.
131. Naturam expellas furca, tamen usque recurret.
[Horácio, Epistulae 1.10.24]. Ainda que expulses a natureza
com o forcado, ela no entanto voltará obstinadamente.
● Naturam expelles furca, tamen ipsa recurret. [Medina
589]. ● Naturam furca expellas, autem usque redibit.
● Naturam expellas furca, tamen usque redibit. VIDE: ● Ad
mores natura recurrit. ● Lupus pilum mutat, non mores.
132. Naturam fallere grave est. [Rezende 3754]. É grave
querer enganar a natureza.
133. Naturam frenare potes, sed vincere nunquam.
[Palingênio, Zodiacus Vitae, Leo]. Podes controlar a
natureza, nunca vencê-la.
134. Naturam imitatur ars. [Signoriello 223]. A arte imita a
natureza. VIDE: ● Ars est simia et imitatrix naturae. ● Ars est
simia naturae. ● Ars imitatur naturam.
135. Naturam non matrem esse humani generis, sed
novercam. [Lactâncio / Tosi 128]. A natureza não é mãe da
raça humana, mas sua madrasta.
136. Naturam quidem mutare difficile est. [Sêneca, De Ira
2.20.1]. Sem dúvida, é difícil mudar a natureza. ● Naturam
mutare difficile. [Grynaeus 389].
137. Naturam si sequemur ducem, nunquam aberrabimus.
[Cícero, De Officiis 1.100]. Se seguirmos a natureza como
nosso guia, nunca nos desgarraremos.
138. Naturam turpem nulla fortuna obtegit. [Fedro, Fabulae,
Vulpes et Iupiter]. Nenhum sucesso esconde uma índole má.
139. Naturam voca, fatum, fortunam; omnia eiusdem Dei
nomina sunt. [Sêneca, De Beneficiis 4.8.3]. Chama de
natureza, destino, sorte; todos são nomes do próprio Deus.
140. Natus es homo, moriturus es. [S.Agostinho, Tractatus
43.11]. Nasceste homem, vais morrer.
141. Natus es infelix, ita di voluere, nec ulla commoda
nascenti stella levisve fuit. [Ovídio, Ibis 209]. Nasceste
infeliz, assim quiseram os deuses; nem uma única estrela te
foi favorável ou indiferente ao nasceres.
142. Natus est stultus in ignominiam suam. [Vulgata,
Provérbios 17.21]. O insensato nasceu para ignomínia sua.
143. Naufragia ex terra intueri. [Manúcio, Adagia 1218].
Assistir aos naufrágios da terra. ■ Ver os touros de palanque.
■ Assistir ao tiroteio do alto do coqueiro. VIDE: ● Cupio
istorum naufragia ex terra intueri. ● E terra spectare
naufragium. ● Suave e terra magnum alterius spectare
laborem.
144. Naufragium in portu facere. [Rezende 3760]. Naufragar
no porto. (=Perder um bom negócio, quando já se julgava
concluído). ■ Nadar, nadar, ir morrer à beira. VIDE: ● In
portu impingere. ● In portu naufragium fecimus. ● In
portu naufragari. ● Navem in portu mergis.
145. Naufragium rerum est mulier male fida marito.
[Dionísio Catão, atribuído]. O naufrágio de tudo é a mulher
infiel ao marido.
146. Naufragium sibi quisque facit. [Lucano, Bellum Civile
1.503]. Cada um causa o próprio naufrágio.
147. Nauta aratrum poscit. O marinheiro pede um arado.
■ Para quê cego com espelho? ● Nauta aratrum. [Schottus,
Adagia 322].
148. Nauta utitur navi a fabro accepta, atque faber non
navigat. O marinheiro usa o barco recebido do carpinteiro,
mas o carpinteiro não navega. ■ O sino chama para a missa,
mas não vai a ela.
149. Navatum, non fortuitum. Premeditado, não casual.
150. Navem in portu mergis. [Sêneca Retórico, Controversiae
2.6.4]. Naufragas no porto. (=Perder um bom negócio
quando já se julgava concluído). ■ Nadar, nadar, ir morrer à
beira. VIDE: ● In portu naufragari. ● In portu naufragium
facere. ● Naufragium in portu facere.
151. Navem perforat in qua ipse naviget. [Cicero /
Quintiliano, Institutio Oratoria 8.47]. Está furando a canoa
em que ele mesmo navegará.
152. Navibus atque quadrigis. [Erasmo, Adagia 1.4.19]. Com
barcos e carros. (=Com grande pressa. Com grande esforço).
● Navibus atque quadrigis petimus bene vivere. Quod
petis hic est. [Horácio, Epistulae 1.11.28]. Procuramos a
felicidade com grande esforço. Mas o que se busca está aqui.
153. Navicula fatuorum. [Título de obra do pregador suíço J.
Geyler]. A nau dos insensatos.
154. Navigandum est pro ventorum flatibus. [Bebel, Adagia
Germanica / DAPR 672]. Deve-se navegar a favor do sopro
dos ventos. ■ Não nades contra a corrente. ■ Dança-se
conforme a música.
155. Navigantibus triplex periculorum genus valde
timendum est atque omni diligentia vitandum: tempestas
seu procella, scopuli, et mare tranquillum seu malacia.
Para os navegantes devem ser muito temidos e evitados com
todo cuidado três espécies de perigos: a tempestade, ou
procela, os escolhos, e a ausência de vento, ou calmaria.
156. Navigare necesse. [Divisa]. Navegar é preciso. ● Navigare
necesse; vivere non necesse. [Plutarco, Vida de Pompeu
50.2 / Rezende 3765]. Navegar é preciso; viver não é preciso.
(=O general romano Pompeu tentou convencer seus soldados
a embarcarem em mar proceloso levando trigo a Roma, então
ameaçada por fome iminente). VIDE: ● Necesse est ut eam,
non ut vivam.
157. Navigat is Zephyro cui sibilat aura secundo. [Pereira
97]. Navega num zéfiro favorável aquele a quem o vento
assobia. ■ Bem baila, a quem a fortuna faz o som.
158. Navigat omnis homo, et portum contendit adire, et
portu ingresso deicit unda ratem. [Pereira 95]. Todo
homem navega, e se esforça para chegar ao porto, e, tendo
entrado no porto, o mar afunda o barco. ■ Nadar, nadar e ir
morrer à beira. ■ Andar, andar, ir morrer à beira. ● Navigat
omnis homo, et portum conscendit adire, et portum
ingressus disicit unda ratem. [Medina 600]. VIDE: ● Et
portu ingresso deicit unda ratem.
159. Navigium haeret in vado. O navio encalhou. VIDE:
● Carina infixa est vadis. ● Haeret in vado.
160. Navigium sine gubernatore labascit, civitas sine
magistratu periclitatur, mundus sine sole tenebrosus
efficitur, et mortalium vita sine Amore vita non est. Navio
sem piloto perde o rumo; cidade sem governante está em
perigo; o mundo sem sol fica tenebroso, e a vida dos mortais
sem Amor não é vida.
161. Navim agere ignarus navis timet. [Horácio, Epistulae
2.1.114]. Quem desconhece navio teme dirigir um.
162. Navis annosa haud quaquam navigabit per mare.
[Erasmo, Adagia 2.7.15]. Navio velho de jeito nenhum
navegará no mar. ● Navis annosa mare non traiciet.
[Schottus, Adagia 297]. Navio velho não atravessará o mar.
● Navis antiqua aequor horret traicere. [Schottus, Adagia
645]. Navio velho teme atravessar o mar. ● Navis antiqua
mare traicere non potest. [Schottus, Adagia 236]. Navio
velho não pode atravessar o mar. ● Navis antiqua non
navigabit per mare. [Manúcio, Adagia 667]. VIDE: ● Navis
vetusta inepta deinceps est mari.
163. Navis et mulier nunquam satis ornantur. [Plauto,
Poenulus 210, adaptado / Bernardes, Nova Floresta 1.218]. O
barco e a mulher nunca estão bastante enfeitados. VIDE:
● Nunquam satis pistrinum et mulier ornantur.
● Nunquam satis navis et mulier ornantur.
164. Navis inflatis nimium ex vento velis mergitur. O barco
com as velas excessivamente infladas pelo vento, afunda.
■ Quem se exalta, será humilhado. VIDE: ● Si tumeas, timeas.
165. Navis optime cursum conficit ea, quae scientissimo
gubernatore utitur. [Cícero, De Inventione 1.58]. Segue
muito bem seu curso aquela nave que se vale de piloto muito
competente.
166. Navis praedio urbano comparatur. [Jur]. O navio
equipara-se ao prédio urbano.
167. Navis quae in flumine magna est, in mare parvula est.
[Sêneca, Epistulae Morales 43.2]. O barco que no rio é
grande no mar é pequenino. ■ Barco pequeno não sai da
costa. VIDE: ● Effugit immodicas parvula puppis aquas.
168. Navis supplicat petrae. [Schottus, Adagia 489]. O barco
se oferece ao escolho. (=Diz-se de quem faz coisa que lhe
pode causar dano). ■ Procura sarna para se coçar. ● Navis
supplicat petris. [Apostólio, Paroimiai 13.55]. ● Navis
scopulum deprecatur. [Schottus, Adagia 236]. VIDE: ● Facit
perinde ac supplicans navis petrae.
169. Navis tua fulta est duabus ancoris. [Albertatius 821].
Teu barco está preso por duas âncoras. ■ O negócio está
firme. ■ Está de pedra e cal. VIDE: ● Ancoris duabus niti
ratem bonum est. ● Bonum est duabus ancoris niti ratem.
● Bonum est duabus fundari navem ancoris. ● Duabus
nititur ancoris. ● Duabus ancoris fultus. ● Fortius
astringunt duo vincula, simplice nodo. ● Melius duo
defendunt retinacula navim. ● Servari haud una navis
ancora solet.
170. Navis vetusta inepta deinceps est mari. [Apostólio,
Paroimiai 13.57]. Barco velho acaba impróprio para o mar.
VIDE: ● Navis annosa haud quaquam navigabit per mare.
● Navis annosa mare non traiciet. ● Navis antiqua aequor
horret traicere. ● Navis antiqua mare traicere non potest.
171. Navita de ventis, de bobus narrat arator. [Pereira 98]. O
marinheiro fala dos ventos, o lavrador fala dos bois. ■ Cada
um fala do que trata. ● Navita de ventis, de tauris narrat
arator, enumerat miles vulnera, pastor oves. [Propércio,
Elegiae 2.1.49]. O marinheiro fala de ventos, o camponês de
touros, o soldado enumera seus ferimentos, o pastor suas
ovelhas.
172. Ne abrumpamus funem, nimium tendendo. [Rezende
3770]. Não quebremos a corda, esticando-a demais. ■ Corda
puxada se quebra. ■ Usa, mas não abusa. VIDE: ● Funem
abrumpis nimium tendendo. ● Nimium tendendo rumpi
funiculus solet. ● Rumpetur tensus funiculus. ● Rumpetur
tensus funis. ● Vide ne abrumpamus, dum nimium
tendimus funiculum.
173. Ne abscondas a me aliquid. [Vulgata, Jeremias 38.14].
Não me encubras nada.
174. Ne ad aures quidem scalpendas mihi otium est.
[Luciano / Pereira 113]. Não tenho vagar nem para coçar as
orelhas. ■ Não tenho tempo para me coçar. ● Ne ad aures
quidem scalpendas otium est. [Erasmo 2.3.15].
175. Ne ad malum addas malum. Não acrescentes um mal a
outro.
176. Ne ad pugnam vocet aquilam luscinia. [Schrevelius
1178]. Não provoque o rouxinol a águia para briga. ■ Contra
a força não há resistência. VIDE: ● Adversus leonem capra
pugnam non ineat. ● Adversus leonem damae pugnam
ineunt. ● Cum sis nanus, cede. ● Nanus cum sis, cede. ● Ne
capra contra leonem pugnet. ● Non cum leone capra
decertem fero. ● Non cum leone caprea pugnare audeas.
● Pumilio cum sis, cede.
177. Ne aegri quidem quia omnes convalescunt, idcirco ars
nulla medicina est. [Cícero, De Natura Deorum 2.4]. Não é
porque nem todos os doentes se curam, que a medicina é uma
ciência inútil.
178. Ne Aesopum quidem trivisti. [Erasmo, Adagia 2.6.27].
Não digeriste nem o teu Esopo. (=Diz-se de quem fala do que
não entende). ■ Estás mais por fora que mão de afogado.
■ Não sabes da missa a metade.
179. Ne agricolam quidem aut gubernatorem disputatione
sed usu fieri. [Celso, De Medicina, Proemium 32]. Ninguém
se torna agricultor ou piloto de navio por meio de discussão,
mas pela prática. ■ Batendo ferro é que se fica ferreiro.
180. Ne aliis de se quisquam plus quam sibi credat. [Tosi
284]. Ninguém, no que lhe diga respeito, creia mais nos
outros do que em si mesmo. VIDE: ● Nec cui de te plusquam
tibi credas.
181. Ne aliorum vitia patefacito, ne Deus tua patefaciat.
[Thomas Erpenius, Adagia Arabum]. Não divulgues os
defeitos dos outros, para que Deus não divulgue os teus.
182. Ne allii quidem caput. [Erasmo, Adagia 3.7.67]. Não vale
nem uma cabeça de alho. ■ Não vale um caracol.
183. Ne alteri feceris quod tibi non vis fieri. ■ Não faças a
outrem o que não queres que te façam. ■ Não faças aos
outros o que não queres que te façam. VIDE: ● Aliis ne feceris,
quod tibi fieri non vis. ● Alteri ne facias quod tibi fieri non
vis. ● Facere non debet quis alteri, quod sibi fieri nolit.
● Non facies alteri quod tibi fieri non vis. ● Quod ab alio
oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando alteri facias. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri,
alii ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri, alteri ne feceris.
● Quod tibi non vis, alteri ne facies. ● Quod tibi fieri non
vis, alteri ne facias. ● Quod tibi non vis, utinam alteri ne
facias. ● Quod sibi quis fieri non vult, alii ne faciat. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris.
184. Ne antevertat lingua mentem lubrica. Que a língua
escorregadia não preceda a mente. VIDE: ● Fac ne lingua tibi
mentem praecurrat. ● Lingua mentem ne praecurrat.
● Linguae praeire animo non permitendum.
185. Ne attendas fallaciae mulieris. [Vulgata, Provérbios 5.2].
Não te deixes ir atrás dos artifícios da mulher.
186. Ne avertas faciem a proximo tuo. [Vulgata, Eclesiástico
41.26]. Não voltes o rosto para não veres o teu próximo.
187. Ne bellis, neve iudiciis adsis, ut vitam quietam et
felicem ducas. [Pereira 111]. Para levares vida tranqüila e
feliz, não participes nem de guerras nem de demandas
judiciais. ■ Não cures ser picão, nem travar contra razão, se
queres lograr tuas cãs com tuas queixadas sãs.
188. Ne benignitas maior esset quam facultates. [Cícero, De
Officiis 1.14]. Não exceda a generosidade os recursos. ■ Dá
que não peças. VIDE: ● Ne maior quam facultas sit
benignitas.
189. Ne bis in idem. [Jur]. Não duas vezes contra a mesma
coisa. (=Não se pode ser condenado duas vezes pela mesma
falta. Não se podem cobrar dois tributos com o mesmo fato
gerador). VIDE: ● Idem delictum non debet bis puniri.
● Inter easdem partes de eadem re ne bis sit actio. ● Non
bis in idem.
190. Ne bona tua pandis ratibus semel omnia mandes.
[Grynaeus 206]. Não deposites de uma vez só todos os teus
bens em barcas empenadas. ■ Não ponhas todos os ovos na
mesma cesta. ■ Não ponhas todos os ovos debaixo da mesma
galinha. ■ Não arrisques tudo de uma só vez. VIDE: ● Ne
totam substantiam uni credamus navi. ● Ne uni navi
facultates. ● Uni navi ne committas omnia.
191. Ne calceus supra pedem. O sapato não está acima do pé.
192. Ne canas triumphum ante victoriam. [Binder, Thesaurus
1989]. Antes da vitória não cantes o triunfo. ■ Não soltes
foguetes antes da hora. ■ Não vendas a pele do urso antes de
matá-lo. VIDE: ● Ante victoriam ne canas triumphum.
193. Ne capra contra leonem pugnet. [Diogeniano /
Albertatius 824]. Não lute a cabra contra o leão. ■ Contra a
força não há resistência. ● Ne capra contra leonem.
[Binder, Thesaurus 1990]. VIDE: ● Adversus leonem capra
pugnam non ineat. ● Adversus leonem damae pugnam
ineunt. ● Cum sis nanus, cede. ● Nanus cum sis, cede. ● Ne
ad pugnam vocet aquilam luscinia. ● Non cum leone capra
decertem fero. ● Non cum leone caprea pugnare audeas.
● Pumilio cum sis, cede.
194. Ne cede malis, sed contra audentior ito. [Virgílio,
Eneida 6.95]. Não recues diante da má sorte, mas prossegue
com mais audácia. VIDE: ● Non cedendum malis. ● Tu ne
cede malis, sed contra audentior ito, quam tua te fortuna
sinet.
195. Ne cinerem vitans in prunas incidas. [Erasmo, Adagia
3.3.72]. Não vás cair nas brasas ao fugir das cinzas. ● Ne
cinerem fugiens in prunas incidas. [Apostólio, Paroimiai
12.81]. ● Ne cineres fugiens in prunas incidas. [Schottus,
Adagia 235]. ● Ne cinerem fugiens in carbonariam incidas.
[Manúcio, Adagia 842]. ● Ne cinerem fugiens in prunas
incidat amens. [Schottus, Adagia 585]. Não caia o tolo nas
brasas ao fugir da cinza. VIDE: ● De calcaria in carbonariam
pervenire. ● De fumo ad flammam. ● Incidis in Scyllam
cupiens vitare Charybdim. .
196. Ne citius blandis cuiusquam credito dictis, sed si sint
fidi, respice quid moneant. [Aviano]. Não dês crédito
imediato às palavras lisonjeiras de ninguém; mas se as
pessoas são confiáveis, dá atenção às suas advertências.
197. Ne cito credas! Não confies de pronto! VIDE: ● Nec cito
credideris.
198. Ne citus in lingua fueris, nec segnis in actu. [Binder,
Thesaurus 1991]. Não sejas apressado no falar, nem lento no
agir.
199. Ne contra stimulum calcitres. [Manúcio, Adagia 124].
Não dês chutes em aguilhão. ■ Não dês murro em ponta de
faca. VIDE: ● Adversus stimulos calces iaces. ● Calcitrare
contra acumina. ● Contra stimulum calcitrare. ● Contra
stimulos calces iacere. ● Durum est tibi contra stimulum
calcitrare. ● Inscitia est adversum stimulum calces.
200. Ne converseris illi, quem a bonis vides culpari. [S.Nilo].
Não trates com quem vês criticado pelos bons.
201. Ne credas aurum, quicquid resplendet ut aurum.
[Binder, Thesaurus 1993]. Não acredites que é ouro tudo que
brilha como ouro. ■ Nem tudo que reluz é ouro. VIDE: ● Aurea
ne credas quaecumque nitescere cernis.
202. Ne credas laudatoribus tuis. [S.Jerônimo, Epistula ad
Rusticum]. Não dês crédito aos que te elogiam.
203. Ne credas undam placidam non esse profundam.
[Binder, Thesaurus 1994]. Não creias que a água tranqüila
não seja profunda. ● Águas tranqüilas, águas profundas.
■ Cuidado com o homem que não fala e com o cão que não
ladra. VIDE: ● Altissima quaeque flumina minimo labuntur
sono. ● Aqua profunda est quieta. ● Flumina
tranquillissima saepe sunt altissima. ● Minimo sono
labuntur alta flumina. ● Gurgite sub leni fallit metuenda
vorago. ● Ne credas undam placidam non esse
profundam. ● Quamvis sint lenta, sint credulla nulla
fluenta. ● Qui fuerit lenis, tamen haud bene creditur
amni. ● Quietae aquae non credere.
204. Ne credas vulgo, vulgus mutatur in hora. Não confies no
povo; ele muda de hora em hora.
205. Ne crede amissum quicquid reparare licebit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 75]. Não creias perdido o que
se poderá recuperar.
206. Ne crede oculis, falli possunt. Não confia nos teus olhos:
pode enganar-se.
207. Ne criminibus aut inferendis delectetur aut credat
oblatis. [Cícero, De Amicitia 18]. Ninguém se deleite em
fazer acusações (ao amigo), nem acredite nas que lhe forem
feitas.
208. Ne cuivis credas, neque nulli. [Binder, Thesaurus 1995].
Não confies em todos, nem desconfies de todos. ■ Tão mau é
não crer em nada como crer em tudo.
209. Ne cuivis dextram inieceris. [Grynaeus 42]. Não
oferecerás tua mão a qualquer um. ■ Amigos, poucos e bons.
■ Não dês a todos teu braço a torcer. ● Ne cuivis dexteram
porrigas. [Apostólio, Paroimiai 12.84]. ● Ne cuivis porrigas
dexteram. [Manúcio, Adagia 18]. VIDE: ● Delige quem
diligas! ● Dextera cuivis inicienda non est. ● Elige quem
diligas!
210. Ne cuivis sententiam tuam dixeris. Não digas a tua
opinião a qualquer um.
211. Ne culpa natos matris insontes trahat. [Sêneca, Medea
283]. Não recaia o crime da mãe sobre os filhos inocentes.
212. Ne damnent quae non intellegunt. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 10.1.26]. Não condenem o que não entendem. VIDE:
● Condemnant quod non intellegunt. ● Damnant quod non
intellegunt. ● Laudant quod non intellegunt.
213. Ne de inimico reconciliato simus securi. [DAPR 57]. De
inimigo reconciliado não estejamos seguros. ■ Amigo
reconciliado, inimigo dobrado. ■ De amigo reconciliado e de
caldo requentado, nunca bom bocado.
214. Ne declines ad dexteram neque ad sinistram. [Vulgata,
Provérbios 4.27]. Não declines nem para a direita nem para a
esquerda.
215. Ne dei sinant! Que os deuses não o permitam! ● Ne istud
dii sinant. ● Nec hoc dii snant.
216. Ne depugnes in alieno negotio. [Erasmo, Adagia 3.8.75].
Não brigues por questão de outrem. ■ Quem te mete, João
Topete, com carapuça de grumete. ■ Não te metas na réstea
sem ser cebola. VIDE: ● Ne pugnes de alieno. ● Non depugnes
in alieno negotio.
217. Ne derelinquas amicum antiquum. [Vulgata,
Eclesiástico 9.14]. Não deixes o amigo antigo.
218. Ne derelinquas nos, Domine! [Divisa / Rezende 3829].
Não nos abandones, Senhor!
219. Ne despicias narrationem presbyterorum sapientium.
[Vulgata, Eclesiástico 8.9]. Não desprezes o que contarem os
velhos sábios.
220. Ne Deus quidem unquam visus est cum fato pugnare.
[Manúcio, Adagia 540]. Nem o próprio Deus jamais foi visto
lugar com a sorte. VIDE: ● Necessitati nec deus
repugnat● Necessitati ne dii quidem repugnant.
● Necessitati ne dii quidem ipsi repugnant. ● Necessitati ne
Dii quidem resistunt. ● Necessitati nec Deus ipse repugnat.
● Pareatur necessitati, quam ne di quidem superant.
221. Ne di quidem a morte liberant. [Erasmo, Adagia 3.9.49].
Da morte nem os deuses nos livram. ■ Contra a morte não há
coisa forte. ■ Para tudo há remédio, senão para a morte.
222. Ne dicas amico tuo: Vade et revertere, cras dabo tibi,
cum statim possis dare. [Vulgata, Provérbios 3.28]. Não
digas ao teu amigo: Vai e torna, amanhã te darei, quando tu
lhe podes dar logo.
223. Ne dicas: Quid putas causae est quod priora tempora
meliora fuere quam nunc sint? [Vulgata, Eclesiastes 7.11].
Não digas: Donde vem que os primeiros tempos foram
melhores do que são agora?
224. Ne dicas: Quomodo fecit mihi, sic faciam ei. [Vulgata,
Provérbios 24.29]. Não digas: Como ele me fez a mim, assim
farei eu a ele.
225. Ne differas de die in diem. [Vulgata, Eclesiástico 5.8].
Não difiras de dia para dia.
226. Ne differas in crastinum. Não adies para o dia seguinte.
Não deixes para amanhã.
227. Ne digitum quidem eius causa porrigendum. [Cícero,
De Finibus 3.57]. Não se deve esticar um dedo por causa
dele.
228. Ne dignus pilo. [Erasmo]. Não merece um cabelo.
229. Ne discere cessa. [Dionísio Catão, Disticha 3.1]. Não
pares de estudar.
230. Ne diutius vos demorer. Para não vos reter por mais
tempo.
231. Ne dominam asciscas, quae serviit ante ministra.
[Schottus, Adagia 585]. Não aceites para tua patroa quem
antes serviu como criada. ■ Não peças a quem pediu, nem
sirvas a quem serviu.
232. Ne e quovis ligno Mercurius fiat. [Erasmo, Adagia
2.5.47]. Não se faça Mercúrio de qualquer pau. ■ Mercúrio
não se faz de todo pau. ■ Azado é o pau para a colher. ■ Nem
todo pau dá esteio. ■ Os paus, uns nasceram para santos,
outros para tamancos. VIDE: ● Ex quolibet ligno non fit
Mercurius. ● Ex quovis ligno Mercurius non fit.
● Mercurius non fit de quolibet arbore. ● Non e omni ligno
Mercurius. ● Non e quovis ligno Mercurius fiat. ● Non e
quovis ligno fit Mercurius. ● Non e quovis ligno
Mercurius fingi potest. ● Non enim ex omni ligno debet
Mercurius exsculpi. ● Non ex omni ligno Mercurius
fingitur. ● Non ex quovis fiat ligno Mercurius. ● Non ex
quovis ligno fit Mercurius. ● Scalpendus haud Hermes
omni ex arbore. ● Ex thymbra nemo queat conficere
lanceam, neque e Socrate probum militem.
233. Ne eat iudex ultra petita partium. [Jur]. Não vá o juiz
além do que foi pedido pelas partes.
234. Ne erigas oculos tuos ad opes quas non potes habere,
quia facient sibi pennas quasi aquilae et volabunt in
caelum. [Vulgata, Provérbios 23.5]. Não ergas os olhos para
as riquezas que não podes ter, pois elas se farão asas como as
da águia e voarão para o céu.
235. Ne exeat. Que ele não saia.
236. Ne extra oleas. [Divisa dos tipógrafos Elzevir]. Não
(passes) além das oliveiras. (=Não transponhas os limites).
VIDE: ● Nec extra oleas.
237. Ne facias tegenda, vel solus facias. Não faças o que deve
ficar oculto, ou faze-o sozinho.
238. Ne farinae verba sint loco. [Schottus, Adagia 641]. Não
me dês palavras em lugar de farinha. ■ Dá-me dinheiro, não
me dês conselho. ■ Palavras não enchem barriga. VIDE: ● Ne
verba pro farina. ● Verba pro farinis.
239. Ne feminae quid credas, vel mortuae. [Apostólio,
Paroimiai 6.68]. Não confiarás em mulher, nem mesmo
morta. ■ Da má mulher te guarda, e da boa não te fies nada.
VIDE: ● Mulieri ne credas, ne mortuae quidem. ● Mulieri,
ne mortuae quidem credendum est. ● Mulieri ne fidas, ne
si moriatur quidem. ● Ne mortuae quidem fidem habeas
feminae. ● Non fidendum feminis.
240. Ne festines in tempus obductionis. [Vulgata, Eclesiástico
2.2]. Não te apresses no tempo da adversidade.
241. Ne festines locupletari, ne celerius fias pauper. Não te
apresses em enriquecer, para não empobreceres mais
depressa. ■ Quem quer enricar em um mês, em seis meses o
enforcam. VIDE: ● Repente dives nemo factus est bonus.
242. Ne festucam quidem movet. [Suidas / Schottus, Adagia
235]. Ele não move uma palha.
243. Ne fiat quod non licet, etiamsi libet. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 22.23]. Não se faça o que não é permitido,
mesmo que nos agrade.
244. Ne fortem societ fragilis, nam fragili fidus nesciet esse
potens. [Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 6.9]. Não
se alie o fraco ao poderoso, pois o poderoso não saberá ser
honesto com o fraco.
245. Ne fronti crede. Não confies em aparências. ■ As
aparências enganam. ■ Debaixo de bom saio está o homem
mau. VIDE: ● Fronti nulla fides. ● Homo non est ex fronte
diiudicandus. ● Nolito fronti credere. ● Nulla fides fronti.
246. Ne fuge socium in malis constitutum. [Schrevelius
1176]. Não abandones o companheiro que está em
dificuldade.
247. Ne furtum facias. Não furtes. VIDE: ● Non facietis furtum.
● Non furtum facies.
248. Ne glaebam quidem possidet qua tegatur. Não tem nem
uma terra em que se proteja. ■ Não tem onde cair morto.
249. Ne gloriari libeat alienis bonis, suoque potius habitu
vitam degere. [Fedro, Fabulae 1.3.1]. Não se queira gloriar
dos bens alheios, e é melhor continuar vivendo a vida de
acordo com a própria condição.
250. Ne glorieris in crastinum, ignorans quid superventura
pariat dies. [Vulgata, Provérbios 27.1]. Não te gloriarás do
dia de amanhã, não sabendo o que oferecerá o dia seguinte.
● Ne glorieris de crastino, nescis partum diei. [Bacon,
Advancement of Learning 2.21.1]. Não te gloriarás do dia de
amanhã: não conheces o produto desse dia.
251. Ne gustaris quibus nigra est cauda. [Pitágoras /
Albertatius 830]. Não proves do que tem rabo negro. (=Não
te metas com quem tem má fama).
252. Ne guttam quidem. [Grynaeus 133]. Nem uma só gota.
(=Nem um pouquinho. Absolutamente nada). ■ Nem sinal.
VIDE: ● Ne hilum quidem. ● Non hilum. ● Ne vestigium
quidem.
253. Ne Hercules quidem adversus duos. [Platão / Erasmo,
Adagia 1.5.39]. ■ Contra dois, nem Hércules. ● Ne Hercules
quidem contra duos. [Apostólio, Paroimiai 15.3]. ● Ne
Hercules contra duos. VIDE: ● Cave multos, si singulos non
times. ● Contra duos ne Hercules quidem. ● Difficile ac
durum est, unum compescere multos. ● Ne quidem
Hercules adversus duos. ● Nec Hercules contra plures.
● Noli pugnare duobus. ● Uni cum duobus non est
pugnandum.
254. Ne hilum quidem. Nem um fiapo. (=Nem um pouquinho.
Absolutamente nada). VIDE: ● Ne guttam quidem. ● Non
hilum. ● Ne vestigium quidem.
255. Ne ignem ad ignem. [Apostólio, Paroimiai 12.97]. Não
juntes fogo ao fogo. VIDE: ● Ignem igni ne addas. ● Igni ne
ignem addas. ● Ignem igni ne addito. ● Ignem igni,
morbum morbo ne addas.
256. Ne impediatur legatio. [Digesta 5.1.26]. Que o legado
não sofra impedimento.
257. Ne impediatur libertas. [Digesta 35.2.363]. Que a
liberdade não sofra impedimento.
258. Ne in alienam messem falcem mittas. [Branco 212].
■ Não metas a foice em seara alheia. VIDE: ● Alienam
messem metis. ● Alienam metis messem. ● Falcem in
messem alienam inicere non licet. ● Falcem in messem
alienam mittere nemo debet. ● Falcem in segetem alienam
noli mittere. ● Non falx mittenda in messem est alienam
tibi.
259. Ne in colloquium sollicites. [Pereira 112]. Não me
chames para conversar. ■ Não me venhas com conversa mole.
260. Ne in re nota et pervulgata multus et insolens sim.
[Cícero, De Oratore 2.358]. Para que eu não seja enfadonho e
arrogante em assunto mais que conhecido. VIDE: ● Neque in
re nota consumam tempus.
261. Ne in somnio quidem. [Grynaeus 270]. Nem mesmo em
sonho. VIDE: ● Ne per somnium quidem.
262. Ne iste magno conatu magnas nugas dixerit. [Terêncio,
Heauton Timorumenos 621]. Certamente este homem vai
dizer-me, com grande ênfase, enormes asneiras.
263. Ne insultes miseris. [Epígrafe de Fábula de Fedro 1.9].
Não insultes os infelizes.
264. Ne istud dii sinant. [Petrônio, Satiricon 112]. Que os
deuses não o permitam. ● Ne dei sinant! ● Nec hoc dii snant.
265. Ne iudex fueris, partes ni audiveris ambas. [Binder,
Thesaurus 1998]. Só serás juiz, se ouvires ambas as partes.
■ Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz. VIDE:
● Audi partem alteram. ● Audi et alteram partem. ● Audi
alteram partem. ● Audiatur et altera pars. ● Et altera pars
audiatur. ● Iudicium differ, partes dum audiveris ambas.
● Iudicium ne fer si non sunt ambo locuti. ● Ne rem defini,
nisi partem audieris utramque. ● Solius affatus est sermo
dimidiatus, sed cum auditur reliquus, tunc res aperitur.
266. Ne Iuppiter quidem omnibus placet. [Teógnis / Erasmo,
Adagia 2.7.55]. Nem mesmo Júpiter agrada a todos.
■ Ninguém pode agradar a todos. VIDE: ● Iovem nec pluvium,
nec serenum, placere omnibus. ● Ipse Iuppiter, neque
pluens omnibus placet, neque abstinens. ● Iuppiter neque
pluens neque abstinens omnibus placet. ● Neque Iuppiter
ipse, sive pluat, seu non, unicuique placet. ● Non etenim
cunctis placeat vel Iuppiter ipse, seu mittens pluviam, seu
cohibens pluviam.
267. Ne laudes virum in specie sua, neque spernas hominem
in viso suo. [Vulgata, Eclesiástico 11.2]. Não elogies um
homem por sua beleza, nem detestes uma pessoa por sua
aparência.
268. Ne liceat potentioribus patrocinium litigantibus
praestare. [Codex Iustiniani 2.13.0]. Não seja lícito aos
poderosos dar proteção aos que litigam.
269. Ne lingua mente celerior. Não seja tua língua mais rápida
que tua mente. ■ Pensa duas vezes antes de falar uma.
270. Ne lingua mihi quis sit amicus, sed mage facto.
[Grynaeus 46]. Que ninguém seja meu amigo com palavras,
mas de preferência com atos. VIDE: ● Lingua amicus. ● Salute
tenus amici. ● Verbo tenus amicus.
271. Ne litem subeas; a seditione cavebis. [Pereira 101]. Não
te metas em disputa; guardar-te-ás de tumultos. ■ De arruídos
guar-te, não serás testemunha nem parte.
272. Ne magistratum mandaris stultum. [Manúcio, Adagia
605]. Não entregues a administração ao tolo.
273. Ne magna loquaris. [Erasmo, Adagia 2.2.52]. Não te
vanglories. ■ Não te enchas, não arrebentarás. ● Ne magna
dixeris. [Schottus, Adagia 235]. ● Ne magna nimium
dixeris. [Manúcio, Adagia 503].
274. Ne magnificentius te geras, quam pro tua condicione.
[Manúcio, Adagia 612]. Não vivas com mais luxo do que
permite tua condição.■ Não estendas as pernas além do
cobertor. VIDE: ● Ne maiora viribus suscipias. ● Ne supra
pedem calceus. ● Ne ultra pedem calceus. Neque maior
pede sit calceus.
275. Ne magnus tenuem despicito. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.27 / Rezende 3850]. O poderoso não despreze o
fraco.
276. Ne maior poena quam culpa sit. [Cícero, De Officiis
1.89]. Não seja a punição maior que o crime.
277. Ne maior quam facultas sit benignitas. [Publílio Siro].
Não exceda a generosidade os recursos. ■ Dá que não peças.
VIDE: ● Ne benignitas maior esse quam facultates.
278. Ne maiora viribus suscipias. [Manúcio, Adagia 612].
Não tomes iniciativas que ultrapassem tuas forças. ■ Não
estendas as pernas além do cobertor. VIDE: ● Ne
magnificentius te geras, quam pro tua condicione. ● Ne
supra pedem calceus. ● Ne ultra pedem calceus. ● Neque
maior pede sit calceus.
279. Ne mala lucreris; mala lucra aequalia damnis. [Hesíodo
/ Manúcio, Adagia 836]. Não tenhas ganhos desonestos:
ganhos desonestos são iguais a prejuízos. VIDE: ● Mala lucra
aequalia damnis.
280. Ne male loquere absenti amico. [Plauto, Trinummus
891]. Não fales mal do amigo ausente.
281. Ne malorum memineris. [Erasmo, Adagia 2.1.94]. Não te
recordarás dos sofrimentos passados. ■ O que passou, passou.
■ Não acordes o cão que dorme..
282. Ne, mater, suam. [Jogo de palavras / Georgin 117]. Fia,
mãe, que eu vou coser. (=Ne, imperativo do verbo neo, nere,
tecer, fiar; suam, futuro imperfeito do verbo suo, suere,
coser).
283. Ne mendacem sermonem protuleris. [Manúcio, Adagia
17 / Pereira 110]. Não dirás palavra mentirosa. ■ Mentir, nem
zombando.
284. Ne mihi gerere morem videar lingua, verum lingula.
[Névio, Hesiona, Fragmento 10]. Não se pense que é com a
palavra que eu executo minha vontade; em verdade é com a
espada.
285. Ne mortuae quidem fidem habeas feminae. [Schottus,
Adagia 607]. Não confiarás em mulher, nem mesmo morta.
■ Da má mulher te guarda, e da boa não te fies nada. VIDE:
● Mulieri ne credas, ne mortuae quidem. ● Mulieri, ne
mortuae quidem credendum est. ● Mulieri ne fidas, ne si
moriatur quidem. ● Ne feminae quid credas, vel mortuae.
● Non fidendum feminis.
286. Ne moveant animos frivola verba tuos. [Medina 584].
Que palavras frívolas não influenciem tua vontade. ■ A
palavras loucas, ouvidos moucos.
287. Ne moveas malum bene situm. [Apostólio, Paroimiai
12.95]. Não movas o mal bem parado. ■ Não acordes o cão
que dorme. VIDE: ● Malum bene conditum ne moveris.
● Malum bene situm ne moveto. ● Situm bene malum
iterum cave resuscites.
288. Ne musca quidem cum eo est. [Binder, Medulla 1098].
Não tem com ele nem uma mosca. ■ Leva vida de eremita.
289. Ne neglegas amiculorum consuetudinem. [Grynaeus 47].
Não negligencies o uso dos trajes. ■ A roupa faz o homem.
■ Quem anda mal vestido é mal recebido.
290. Ne nimis cito diligere incipiant. [Cícero, De Amicitia
21]. Não se deve começar a amar muito depressa.
291. Ne nimium. Nada em excesso. ■ Toda sobra é demasia.
■ Tão mau é o sobejo como o minguado. ■ Nem tanto amém
que se dane a missa. VIDE: ● Ne quid nimis. ● Ne quid
nimium. ● Nihil nimis. ● Nil nimis. ● Nil nimium.
292. Ne nimium praeceps, neu mora longa nimis. [Alciato,
Emblemata 20]. Nem apressado demais, nem demora
excessiva.
293. Ne nos inducas in tentationem. [Vulgata, Mateus 6.13].
Não nos deixes cair em tentação. ● Ne nos inferas in
tentationem.
294. Ne numerare scit. [Grynaeus 304]. Não sabe nem contar.
■ Não sabe nem qual é a sua mão direita.
295. Ne ob aliquod bonum quod nobis natura tribuit, alios
contemnamus quibus natura alia, et fortasse maiora,
dedit. [John D. Ogilby, Fables from Aesop, Grus et Pavo].
Não é porque a natureza nos concedeu algum bem que nós
vamos desdenhar outras pessoas, a quem a natureza
concedeu dons diferentes, e talvez maiores.
296. Ne obliviscaris pauperum. [Inscrição nas moedas de
Clemente XII / Rezende 3912]. Não te esqueças dos pobres.
297. Ne obolum quidem habebant, quo laqueum emerent.
[Luciano / Manúcio, Adagia 139]. Não tinham nem um
tostão para comprar uma corda. VIDE: ● Nec obolum habet,
quo restim emat. ● Nec obolum habet, unde restim emat.
● Nec obolum habet, unde restim emat qua se suspendat.
● Non obolum habet, unde restim emat.
298. Ne omnibus credas! Não confies em todo o mundo! VIDE:
● Non est omnibus credendum.
299. Ne panem amittas, pinguia iura proba. [Pereira 117].
Para não perderes teu pão, prova o caldo gordo. ■ Prova teu
caldo, não perderás teu pão.
300. Ne patri, nato et fratri rixantibus adstes. [Pereira 104].
Não te metas entre pai, filho e irmão que brigam. ■ Entre pais
e irmãos não metas as mãos. ● Ne patri, nato et fratribus
rixantibus obstes. [Medina 593].
301. Ne pennas nido maiores extendas. Não abras asas
maiores do que o ninho. ■ Não estendas as pernas além do
cobertor. VIDE: ● Maiores pennas nido. ● Me maiores
pennas nido extendisse loqueris. ● Pennas nido maiores
extendit.
302. Ne per somnium quidem hoc vellim. [Luciano / Binder,
Medulla 1099]. Não quereria isso nem mesmo em sonho.
VIDE: ● Ne in somnio quidem.
303. Ne pereant, lege mane rosas: cito virgo senescit. [Floro,
De Qualitate Vitae 11.9]. Para que não se percam, colhe as
rosas de manhã: a virgem logo envelhece.
304. Ne pictum quidem vidit. [Manúcio, Adagia 1103]. Não
viu isso nem pintado. (=Desconhece completamente).
305. Ne piscem natare docueris. Não ensinarás peixe a nadar.
■ Não ensines padre-nosso a vigário. VIDE: ● Delphinum
natare doces. ● Delphinum natandum suades. ● Ne piscem
natare docueris. ● Piscem natare doces. ● Pisces natare
doces.
306. Ne plus censeat vilicus sapere se quam dominum.
[Marcos Catão, De Agri Cultura 5.2]. Não pense o feitor
saber mais do que o seu amo.
307. Ne plus promittas, quam praestari possiet. [Publílio
Siro]. Não prometas mais do que pode ser cumprido.
308. Ne plus ultra. Não mais além. (=Conta-se que essa frase,
em grego, estava escrita nas Colunas de Hércules, no estreito
de Gibraltar, para informar que os navios não poderiam
ultrapassar esse ponto. A expressão é usada para indicar o
extremo limite a que se pode chegar numa arte, numa
ciência, etc. O máximo. O que há de melhor). VIDE: ● Ibi
deficit orbis. ● Nec plus ultra. ● Non plus ultra. ● Non ultra.
● Hucusque, nec amplius.
309. Ne praeceps fueris ad iurandum. [Erasmo, Adagia
4.7.77]. Não sejas precipitado em fazer juramento.
310. Ne praesentem aquam effundas, priusquam aliam sis
adeptus. [Moore, Dictionary of Quotations 2556; Stevenson
1911]. Não derrames a água que tens, antes de obteres outra.
■ Não deixes o certo pelo duvidoso. ● Ne prius aquam
effundas, quam aliam habeas. [Schrevelius 1172].
311. Ne prius antidotum quam venenum. [Robert Bland.
Proverbs 157]. Não se toma o antídoto antes do veneno.
■ Ainda não selamos e já cavalgamos. VIDE: ● Antidotum
ante venenum. ● Prius antidotum quam venenum adhibes.
● Prius antidotum quam venenum.
312. Ne propera, nondum ignem calcas. [Grynaeus 244]. Não
te apresses, ainda não pisas em fogo.
313. Ne properes, oro. [Ovídio, Remedium Amoris 277]. Não
te apresses, por favor.
314. Ne pudeat, quae nescieris te velle doceri. [Dionísio
Catão, Disticha 4.29]. Não te envergonhes de querer
aprender o que não sabes.
315. Ne puero gladium commiseris. [Manúcio, Adagia 604;
Rezende 3918]. Não confies uma espada a uma criança. ● Ne
puero gladium committe. [Binder, Medulla 1100]. VIDE:
● Nec puero gladium. ● Ne regnum impuberi. ● Non puero
cultellum.
316. Ne pugnes de alieno. [Pereira 120]. Não brigues por
questão de outrem. ■ Quem te mete, João Topete, com
carapuça de grumete. ■ Não te metas na réstea sem ser
cebola. VIDE: ● Non depugnes in alieno negotio. ● Ne
depugnes in alieno negotio.
317. Ne pulverem quidem pro hoc dabo. Por isso não darei
nem poeira. ■ Isso não vale um caracol. ■ Isso não vale um
tostão furado.
318. Ne quaere mollia, ne tibi contingant dura. [Erasmo,
Adagia 2.6.48]. Não procures facilidades para que não te
apanhem as dificuldades. ■ Quem chuchou a carne roa o
osso. ● Ne quaere mollia, ne dura feras. [Grynaeus 271].
VIDE: ● Mollia ne quaeras, ne comperias quoque dura.
319. Ne quaere rursum praeteritam semel rosam. [Schottus,
Adagia 249]. Não procures de novo a rosa que já se foi.
■ Rosa caída não volta à haste. ■ Ao perdido, perder-lhe o
sentido. VIDE: ● Quae defloruerit, ne iterum quaeratur
rosa. ● Quam praeteristi ne amplius quaeras rosam.
● Rosam quae praeteriit, ne quaeras iterum. ● Rosam
praeteritam ne quaeras. ● Rosam quam praeterieris, ne
quaeras iterum.
320. Ne quaeso sit iurgium inter me et te. [Vulgata, Gênesis
13.8]. Peço-te que não haja contendas entre mim e ti.
321. Ne quando iactes ni prius perfeceris. [Manúcio, Adagia
503; Pereira 97]. Não te gabes antes de acabares. ■ Até que
acabe, ninguém se gabe. VIDE: ● Ne quid superbe iactites
fato prius.
322. Ne quid beneficii colloces neque in senem, neque in
mulieribus, neque in puerum malignum, neque in canem
cuiuspiam, neque in garrulum remigem. [Schottus, Adagia
234]. Não faças favor nem a velho, nem a mulheres, nem a
menino malvado, nem a cão de quem quer que seja, nem a
marinheiro falador. (=Não faças despesas que não
recuperarás). ■ No velho e no menino o benefício é perdido.
VIDE: ● In sene et in puero gratia facta perit. ● In sene et in
puero gratia facta perit, quia senex non reddit, puer
obliviscitur. ● In senem ne quod collocaris beneficium.
● Ne quid unquam in senem beneficii contuleris. ● Ne quis
feminae, puero, cani alterius et garrulo faciat bene. ● Nec
in puerum nec in senem collocandum esse beneficium.
● Nunquam seni quidquam viro praestes boni. ● Seni
nunquam quidquam boni facias.
323. Ne quid detrimenti respublica capiat. [Cícero, In
Catilinam 1.4, adaptado]. Que o país não sofra nenhum
prejuízo.
324. Ne quid exspectes amico, quod tute agere possis. [Ênio /
Aulo Gélio, Noctes Atticae 2.29.30]. Não esperes do amigo
aquilo que tu mesmo podes fazer. ■ Do amigo não esperes
aquilo que tu puderes. ■ Quem quer vai, quem não quer
manda. ● Ne quid exspectes amicos facere, quod per te
queas.
325. Ne quid fictum sit neve simulatum. [Cícero, De Amicitia
18]. (Na amizade,) nada seja inventado ou fingido.
326. Ne quid nimis. [Terêncio, Andria 61]. Nada em excesso.
■ Toda sobra é demasia. ■ Tão mau é o sobejo como o
minguado. ■ Nem tanto amém que se dane a missa. ● Ne quid
nimium. VIDE: ● Ne nimium. ● Nihil nimis. ● Nil nimis. ● Nil
nimium.
327. Ne quid superbe iactites fato prius. [Schottus, Adagia
615]. Não te vanglories orgulhosamente de nada antes de tua
morte. ■ Antes que acabes, não te gabes. VIDE: ● Ne quando
iactes ni prius perfeceris.
328. Ne quid unquam in senem beneficii contuleris.
[Schottus, Adagia 390]. Jamais farás favor a velho. (=Porque
ele não retribui). ■ No velho e no menino o benefício é
perdido. VIDE: ● In sene et in puero gratia facta perit, quia
senex non reddit, puer obliviscitur. ● In senem ne quod
collocaris beneficium. ● Ne quid beneficii colloces neque in
senem, neque in mulieribus, neque in puerum malignum,
neque in canem cuiuspiam, neque in garrulum remigem.
● Ne quis feminae, puero, cani alterius et garrulo faciat
bene. ● Nec in puerum nec in senem collocandum esse
beneficium. ● Nunquam seni quidquam viro praestes boni.
● Seni nunquam quidquam boni facias.
329. Ne quidquam incipias, quod paeniteat, cave. [Publílio
Siro]. Evita começar algo de que possas arrepender-te. VIDE:
● Cave quicquam incipias, quod paeniteat postea. ● Cave
ne quicquam incipias quod post paeniteat.
330. Ne quidem Hercules adversus duos. ■ Contra dois, nem
Hércules. VIDE: ● Cave multos, si singulos non times.
● Contra duos ne Hercules quidem. ● Difficile ac durum
est, unum compescere multos. ● Ne Hercules contra duos.
● Ne Hercules quidem contra duos. ● Ne Hercules quidem
adversus duos. ● Nec Hercules contra plures. ● Uni cum
duobus non est pugnandum.
331. Ne quis feminae, puero, cani alterius, et garrulo faciat
bene. [Schottus, Adagia 264]. Ninguém faça favor a mulher,
a menino, a cão alheio, e a homem falador. (=Ninguém faça
favor a quem não retribuirá). VIDE: ● In sene et in puero
gratia facta perit, quia senex non reddit, puer
obliviscitur. ● In senem ne quod collocaris beneficium.
● Ne quid beneficii colloces neque in senem, neque in
mulieribus, neque in puerum malignum, neque in canem
cuiuspiam, neque in garrulum remigem. ● Ne quid
unquam in senem beneficii contuleris. ● Nec in puerum
nec in senem collocandum esse beneficium. ● Seni
nunquam quidquam boni facias.
332. Ne quis in sua causa iudicet. [Codex Iustiniani 3.5.0].
Ninguém julgará em própria causa. ■ Ninguém pode ser juiz
em causa própria. VIDE: ● Aliquis non debet esse iudex in
propria causa, quia non potest esse iudex et pars. ● In
propria causa nemo iudex. ● Iniquum est aliquem rei suae
esse iudicem. ● Iniquum est aliquem suae rei iudicem fieri.
● Iudex in causa propria nemo esse potest. ● Nemo esse
iudex in sua causa potest. ● Nemo iudex in sua causa.
● Nullus in sua causa iudex sit.
333. Ne regnum affectet, iniuriam qui ferre non potest.
[Schrevelius 1174]. Não aspire ao poder quem não pode
suportar injustiça.
334. Ne regnum impuberi. [Manúcio, Adagia 605]. Não dês
poder ao jovem. VIDE: ● Non puero cultellum. ● Ne puero
gladium commiseris.
335. Ne rem defini, nisi partem audieris utramque.
[Apostólio, Paroimiai 12.89]. Não decidas nada sem ouvir
ambas as partes. ■ Se queres ser bom juiz, ouve o que cada
um diz. VIDE: ● Audi alteram partem. ● Audi et alteram
partem. ● Audi partem alteram. ● Audiatur et altera pars.
● Et altera pars audiatur. ● Iudicium differ, partes dum
audiveris ambas. ● Iudicium ne fer si non sunt ambo
locuti. ● Ne iudex fueris, partes ni audiveris ambas.
● Solius affatus est sermo dimidiatus, sed cum auditur
reliquus, tunc res aperitur.
336. Ne respicias mulierem multivolam, ne forte incidas in
laqueos illius. [Vulgata, Eclesiástico 9.3]. Não olhes para a
mulher volúvel, para que não suceda caíres nos seus laços.
337. Ne respondeas stulto iuxta stultitiam suam, ne efficiaris
ei similis. [Vulgata, Provérbios 26.4]. Não respondas ao
louco segundo a sua loucura, por não vires a ser seu
semelhante. ■ A palavras loucas, ouvidos moucos.
338. Ne restim memores apud ipsum reste neccatum. [DAPR
443]. Não lembres a corda em casa de quem foi morto pela
corda. ■ Não fales de corda em casa de enforcado. VIDE:
● Quae dolent, ea molestum est contingere.
339. Ne rusticanum temne, sodes, rhetorem. [Schottus,
Adagia 615]. Por favor, não desprezes o orador inculto.
■ Debaixo de ruim capa há um bom dizedor. VIDE: ● Agrestem
ne contemnas oratorem. ● Agrestem ne contemneres
rhetorem. ● Philosophantem rhetorem intellegunt pauci,
loquentem rusticum multi. ● Rusticanum oratorem ne
contempseris. ● Rusticum ne contempseris rhetorem.
● Rusticum noli rhetorem contemnere.
340. Ne sat rationis in armis. Há pouca razão nas armas. ■ Não
há homem cordo a cavalo. VIDE: ● Nec satis rationis in
armis.
341. Ne sint aures criminantibus faciles. [Sêneca, De Ira
2.22.3]. Não sejam teus ouvidos dóceis aos acusadores. VIDE:
● Ne sis credulus, maxime criminatori.
342. Ne sint haec in te dicta, quae dixi. [Cícero, Pro Caelio
50]. O que acabo de dizer não consideres dito contra ti.
343. Ne sis amicos inter arbiter duos. Não sejas juiz entre dois
amigos. VIDE: ● Inter amicos non esto iudex.
344. Ne sis credulus, maxime criminatori. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 3.10 / Rezende 3953]. Não creias de leve,
especialmente ao que murmura. VIDE: ● Ne sint aures
criminantibus faciles.
345. Ne sis dives improbe. [Pítaco / Rezende 3955]. Não sejas
rico por meios desonestos.
346. Ne sis maledicus in proximos, sin minus audies quae
tibi molesta erunt. [Quílon / Rezende 3953]. Não digas mal
dos próximos, pois do contrário ouvirás coisas desagradáveis
para ti. ■ Quem diz o que quer ouve o que não quer.
347. Ne sis miser ante tempus. [Sêneca, Epistulae Morales
13.4]. Não sofras antes da hora.
348. Ne sis patruus mihi! [Horácio, Sermones 2.3.88; Erasmo,
Adagia 2.4.39]. Não sejas meu guardião! ■ Não te metas onde
não és chamado!
349. Ne sis sapiens apud temetipsum; time Deum, et recede
a malo. [Vulgata, Provérbios 3.7]. Não sejas sábio a teus
próprios olhos; teme a Deus, e aparta-te do mal. VIDE: ● Noli
altum sapere, sed time.
350. Ne sis velox ad irascendum. [Vulgata, Eclesiastes 7.10].
Não sejas veloz em te irares.
351. Ne sit aes alienum providendum est. [Cícero, De Officiis
2.24]. Devem-se tomar medidas para que não haja dívidas.
352. Ne spectes cui gratificeris, sed cui ingratum facias.
[Grynaeus 776]. Não olhes a quem farás favor, mas a quem
farás ingrato.
353. Ne spina quidem punget bonos. [Schottus, Adagia 355].
Nem mesmo um espinho picará os bons. ● Ne spina quidem
vulnerabit bonos. [Erasmo, Adagia 3.6.35].
354. Ne subeat pondus iumentum viribus impar. [Pereira
106]. Não carregue o jumento peso que não diga com suas
forças. ■ Grande carga, fraca besta; dizem os corvos: nossa é
esta.
355. Ne subtracto fundamento in aëre velle aedificare
videamur. [S.Agostinho, Sermones 8]. Para que não pareça
querermos, retirados os alicerces, contruir no ar. VIDE:
● Sublato fundamento, in aëre aedificat. ● Subtracto
fundamento in aëre aedificare.
356. Ne supra crepidam sutor iudicaret. [Plinio Antigo,
Naturalis Historia 35.36.85]. Não julgue o sapateiro acima da
sandália. ■ Não suba o sapateiro além da chinela. ■ Cada
macaco no seu galho. VIDE: ● De lege non iudicat artifex.
● Ne sutor supra crepidam. ● Ne sutor ultra crepidam.
357. Ne supra pedem calceus. [Erasmo, Adagia 2.5.46]. Não
seja o sapato maior do que o pé. VIDE: ● Ne ultra pedem
calceus.
358. Ne sursum deorsum cursites. [Terêncio, Eunuchus 278 /
Pereira 111]. Não fiques correndo para cima e para baixo.
■ Não andes passarinhando.
359. Ne sus Minervam doceat! Não dê o porco aulas a
Minerva. ■ Não queiras ensinar o padre-nosso ao vigário.
● Ne sus Minervam. [Epígrafe de Fábula de Fedro 5.9]. VIDE:
● Minervam sus docet. ● Non sus Minervam! ● Sus
Minervam docet. ● Sus Minervam. ● Sus artium
repertricem.
360. Ne sutor ultra crepidam. [Erasmo, Adagia 1.6.16]. ■ Não
suba o sapateiro além da chinela. ■ Cada macaco no seu
galho. ■ Ninguém se meta onde não é chamado. ● Ne sutor
supra crepidam. [DAPR 688]. VIDE: ● Ne supra crepidam
sutor iudicaret.
361. Ne te aquila iactes graculos inter leves. [Schottus,
Adagia 611]. Tu, que és águia, não te gabes entre leves
gralhos.
362. Ne te collaudes, nec te culpaveris ipse. [Dionísio Catão,
Disticha 2.16]. Tu mesmo nem te elogiarás, nem te criticarás.
VIDE: ● Neque culpa neque lauda teipsum.
363. Ne te rebus implices dubiis. [Pereira 112]. Não te
envolvas em negócios duvidosos. ■ Não metas as mãos em
prato em que te fiquem as unhas.
364. Ne te ultro alienis rebus ingeras. [Branco 212]. Não te
metas em negócios alheios sem seres chamado. ■ Não te
metas onde não és chamado. VIDE: ● Ne ultro alienis rebus
ingeras.
365. Ne temere Abydum naviges. [Suidas / Albertatius 860].
Não te arrisques a navegar para Ábidos. (=Era muito
perigosa a navegação para a cidade de Ábidos). ■ Não metas
a mão onde te fiquem as unhas. ■ O melhor lance dos dados é
não jogá-los.
366. Ne temere iurato! Não faças juramentos inconsiderados.
367. Ne temere promitte. [Binder, Thesaurus 2011]. Não faças
promessas ousadas.
368. Ne tempora perde precando. [Ovídio, Metamorphoses
11.286]. Não gastes tempo suplicando.
369. Ne tentes aut perfice. Não tentes, ou vai até o fim. ■ Antes
não começar que não acabar. ■ Para não acabar, é melhor
não começar. VIDE: ● Aut non rem tentes aut perfice. ● Aut
non tentares, aut perfice. Aut nunquam tentes, aut
perfice. ● Melius est non incipere quam desinere. ● Melius
non incipient, quam desinent. ● Non inchoanda sunt, quae
nequeunt perfici.
370. Ne tenues fastidiamus. [Schottus, Adagia 4]. Não
desdenhemos as pessoas humildes. ■ Debaixo de ruim capa
há um bom dizedor. ■ As aparências enganam. VIDE:
● Agrestem ne contemnas oratorem. ● Agrestem ne
contemneres rhetorem. ● Ne rusticanum temne, sodes,
rhetorem. ● Ne tenues fastidiamus. ● Philosophantem
rhetorem intellegunt pauci, loquentem rusticum multi.
● Rusticanum oratorem ne contempseris. ● Rusticum ne
contempseris rhetorem. ● Rusticum noli rhetorem
contemnere.
371. Ne teruncium quidem insumpsit. [Erasmo, Adagia
1.8.9]. Não gastou nem um centavo. ● Ne teruncius quidem!
Nem um centavo!
372. Ne tetigeritis, neque gustaveritis, neque
contrectaveritis. [Vulgata, Colossenses 2.21]. Não tocareis,
nem provareis, nem manuseareis.
373. Ne tibi quid desit, quod quaesisti utere parce. [Dionísio
Catão, Disticha 1.24]. Para que não te falte nada, usa
parcimoniosamente o que obtiveste.
374. Ne timeas, neque formides. [Vulgata, Josué 8.1]. Não
temas nem te acovardes.
375. Ne totam substantiam uni credamus navi. [Grynaeus
93]. Não confiemos todos os nossos bens a um só navio.
■ Não ponhas todos os ovos na mesma cesta. ■ Não ponhas
todos os ovos debaixo da mesma galinha. ■ Não arrisques
tudo de uma só vez. VIDE: ● Ne bona tua pandis ratibus
semel omnia mandes. ● Ne uni navi facultates. ● Uni navi
ne committas omnia.
376. Ne transgrediaris terminos antiquos, quos posuerunt
patres tui. [Vulgata, Provérbios 22.28]. Não passes além dos
antigos limites que puseram teus pais.
377. Ne trepidaveritis! Não tremais! VIDE: ● Noli trepidare!
378. Ne tu aliis faciendum trade, factam si quam rem cupis.
[Busarello 108]. Se desejas que alguma coisa seja feita, não
encarregues os outros de faze-la. ■ Quem quer vai; quem não
quer manda. ■ Não vos tenhais a tenças alheias. VIDE:
● Nunquam alium exspectes; tua, si potes, omnia tractes.
379. Ne tua paeniteat caveas victoria temet. [Columbano].
Cuida para que tua vitória não te traga arrependimento.
380. Ne ultra pedem calceus. [Luciano / Manúcio, Adagia
612]. Não seja o sapato maior do que o pé. ■ Não estendas as
pernas além do cobertor. VIDE: ● Ne magnificentius te geras,
quam pro tua condicione. ● Ne maiora viribus suscipias.
● Ne supra pedem calceus. ● Neque maior pede sit calceus.
381. Ne ultro alienis rebus ingeras. [Branco 213]. Não te
metas nas coisas alheias por tua iniciativa. ■ Não vás aonde
não te chamam. ■ Não te metas na réstea sem seres cebola.
VIDE: ● Ne te ultro alienis rebus ingeras.
382. Ne uni navi facultates commiseris. [Tertuliano / Binder,
Medulla 1110]. Não confies todos os teus bens a um único
navio. ■ Não ponhas todos os ovos na mesma cesta. ■ Não
ponhas todos os ovos debaixo da mesma galinha. ■ Não
arrisques tudo de uma só vez. VIDE: ● Ne bona tua pandis
ratibus semel omnia mandes. ● Ne totam substantiam uni
credamus navi. ● Uni navi ne committas omnia.
383. Ne varietur. Para que não seja modificado. (=Edição ne
varietur. Edição definitiva de um livro; reprodução fiel da
edição original).
384. Ne verba pro farina. [Erasmo, Adagia 2.6.16]. Não me
dês palavras em lugar de farinha. ■ Dá-me dinheiro, não me
dês conselho. ■ Palavras não enchem barriga. VIDE: ● Ne
farinae verba sint loco. ● Verba pro farinis.
385. Ne verbum quidem locutus est. Não disse sequer uma
palavra. ■ Não tugiu nem mugiu. ● Ne verbum quidem.
[Rezende 3963].
386. Ne vestigium quidem. [Erasmo, Adagia 4.9.32]. Não
ficou nenhum vestígio. ■ Nem sinal. ■ Não sobrou nada. VIDE:
● Ne guttam quidem. ● Ne hilum quidem. ● Non hilum.
387. Ne via quidem eadem cum illo volo ingredi. [Grynaeus
552]. Com ele não quero ir pela mesma estrada. ■ Com ele
não meterei pé em barca. ● Ne via quidem eadem cum illo
ingrediar. [Pereira 112].
388. Ne vincat inertia mentes. [Mantuano]. Que a preguiça
não vença as mentes.
389. Ne violes amicitiae iura. [Grynaeus 47]. Não desrespeites
as leis da amizade.
390. Ne virtutibus multis abundat qui alienas amat. [PSa].
Certamente tem virtudes de sobra quem aprecia as virtudes
alheias.
391. Nebulas diverberas. [Schottus, Adagia 490]. Cortas
nuvens. (=Diz-se de quem faz trabalho inútil, ou tenta fazer
trabalho para o qual não tem capacidade). ● Nebulas pectis.
[Schottus, Adagia 490]. Penteias nuvens. VIDE: ● Auras
diverberat.
392. Nec a mortuo sermonem, nec ab avaro gratiam
exspectes. Nem esperes discurso de defunto, nem favor de
avarento. VIDE: ● A mortuo non exspectes sermonem, nec
ab avaro gratiam.
393. Nec accipies munera, quae etiam excaecant prudentes,
et subvertunt verba iustorum. [Vulgata, Êxodo 23.8]. Não
aceitarás donativos, porque eles fazem cegar ainda aos
prudentes e pervertem as palavras dos justos. VIDE: ● Munera
excaecant oculos sapientium, et mutant verba iustorum.
394. Nec alauda est absque crista. [Grynaeus 360]. Não há
andorinha sem crista. ■ A acha sai ao madeiro. ■ Quem sai
aos seus não degenera. VIDE: ● Alauda non est sine crista.
395. Nec amor nec tussis celatur. Nem amor nem tosse se
escondem. ■ Tosse, amor e febre ninguém esconde. ■ Amor,
fogo e tosse a seu dono descobrem. ■ Mal finge quem quer
bem. VIDE: ● Amor tussisque non celantur. ● Difficile est
abscondere pectoris aestus. ● Quattuor abscondi non
possunt: tussis, amor, ignis, dolor. ● Quis enim bene celat
amorem?
396. Nec amplius quam semel. Não mais do que uma vez.
Uma única vez.
397. Nec apes mihi sunt, nec mella. [Schottus, Adagia 589].
Não tenho nem abelhas nem mel. ■ Nem mel, nem cera, nem
saburá. ■ Estou comendo brisa. VIDE: ● Nec mel, nec apis.
● Neque mel mihi, neque apes. ● Neque mel, neque apes.
398. Nec apes, nec mel. Sem abelhas, não há mel. ■ Quem foge
do moinho, não tem fubá.
399. Nec Apollo quidem intellegat. [Rezende 3774]. Nem
Apolo entenderia isso.
400. Nec aspera terrent. [Divisa]. Dificuldades não nos
assustam.
401. Nec audiendi sunt qui solent dicere vox populi, vox Dei,
cum tumultuositas vulgi semper insaniae proxima sit.
[Alcuíno, Epistulae 166.9]. Não devem ser escutados os que
costumam dizer ‘voz do povo, voz de Deus’, pois a agitação
do povo está sempre próxima da loucura. VIDE: ● Sacra
populi lingua est. ● Vox populi, vox Dei.
402. Nec audio, nec video. [Walther 16170 / Tosi 333]. Nem
ouço, nem vejo. ■ Sou cego, surdo e mudo!
403. Nec aura cursum, nec moram sinit rati. [Schottus,
Adagia 611]. Aqui o vento nem permite ao barco fundear,
nem navegar. ■ Se ficar, o bicho pega; se correr, o bicho
come. VIDE: ● Hic nec exspectare ventus, neque navigare
sinit. ● Hic nec manere ventus, nec navigare sinit. ● Ventus
neque manere sinit, neque navigare. ● Ventus manere, aut
navigare hinc non sinit.
404. Nec auspicato nec litato. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
5.38]. Sem consultar os auspícios e sem a aprovação dos
deuses.
405. Nec ave ei dixeritis. [Vulgata, 2João 1.10]. Nem lhes
direis ‘salve’.
406. Nec bene mendaci risus componitur ore. [Tibulo,
Elegiae 3.7]. O riso não combina com uma boca mentirosa.
407. Nec bona sunt, nec mala. [S.Bernardo de Clairvaux, De
Consideratione 10]. Não são coisas boas, nem más. (=O autor
se refere ao ouro e à prata).
408. Nec bonum nec malum vagina gladium facit. [Seneca,
Epistulae 14.92.13]. Não é a bainha que faz com que a
espada seja boa ou má.
409. Nec calefacit nec frigefacit. [Bebel, Adagia Germanica].
Nem aquece, nem esfria. ■ Nem fede, nem cheira.
410. Nec caput nec pedes habet. [Cícero, Ad Familiares
7.31.2]. Não tem cabeça nem pés. ■ Não tem pés nem cabeça.
■ É o samba do crioulo doido. ● Nec caput nec caudam
habet. [S.Jerônimo / Tosi 67]. Não tem cabeça nem cauda.
■ Não tem começo nem fim.
411. Nec caput, nec pes sermoni apparet. [Plauto, Asinaria
708]. Tua conversa não tem pé nem cabeça. VIDE: ● Sine
capite fabula.
412. Nec cito credideris. [Ovídio, Ars Amatoria 3.685]. Não
confies apressadamente. VIDE: ● Ne cito credas!
413. Nec cito desisto, nec temere incipio. [Propércio, Elegiae
2.20.36]. Eu não desisto logo, mas também não começo sem
pensar.
414. Nec cogitata deos fallunt. [Tales de Mileto / Valério
Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 7.2.8, adaptado]. Nem
os pensamentos escapam aos deuses.
415. Nec coneris contra ictum fluvii. [Vulgata, Eclesiástico
4.32]. E não te oponhas à corrente do rio. ■ Não nades contra
a corrente.
416. Nec coquus in cultro, nec virgo crine probatur, nec
omnis venator est qui cornua sufflat. [Walther 17405 /
Tosi 215]. Não se conhece o cozinheiro pelo facão, nem a
menina pela cabeleira, nem é caçador todo que sopra
berrante. VIDE: ● Non est venator, quivis per cornua flator.
417. Nec cras, nec heri, nunquam credas mulieri. Nem
amanhã, nem ontem, nunca confies numa mulher. VIDE: ● Non
hodie, nec heri, nec cras crede mulieri.
418. Nec crepitu quidem digiti dignum. [Erasmo, Adagia
4.7.17]. Não merece nem um estalar de dedos. ■ Não vale um
figo podre.
419. Nec cui de te plus quam tibi credas. [Horácio, Epistulae
16.19]. A teu respeito não acredites em ninguém mais do que
em ti. VIDE: ● Ne aliis de se quisquam plus quam sibi
credat.
420. Nec cunctatione opus, ubi perniciosior sit quies quam
temeritas. [Tácito, Historiae 1.21]. É preciso não haver
delonga, quando a inação é mais perniciosa do que a
temeridade.
421. Nec cupio, nec metuo. [Divisa]. Nem desejo, nem temo.
● Nec cupias, nec metuas. [Divisa]. Nem desejes, nem
temas.
422. Nec de suspicionibus debet aliquem damnari. [Digesta
48.19.5]. Ninguém deve ser condenado por suspeitas.
423. Nec delicta maneant impunita. [Jur]. Que os crimes não
fiquem impunes.
424. Nec delinquimus tantum, sed usque ad extremum aevi
delinquemus. [Sêneca, De Clementia 1.6.3]. Não apenas
erramos, mas erraremos até o fim de nossa vida.
425. Nec deus intersit, nisi dignus vindice nodus. [Horácio,
Ars Poética 191]. E que um deus não intervenha, a menos
que aconteça um nó digno de tal interventor. (Tradução de
Dante Tringali, A Arte Poética de Horácio, Musa Editora).
VIDE: ● Deo dignus vindice nodus.
426. Nec Deus, nec homo. [Grynaeus 737]. Nem Deus, nem o
homem.
427. Nec dignus qui me intueatur. [Manúcio, Adagia 963].
Não é digno nem de olhar para mim.
428. Nec divis homines componi aequum est. [Catulo,
Carmina 68.141]. Não é justo que se comparem os homens
aos deuses.
429. Nec domo dominus, sed domino domus honestanda est.
[Cícero, De Officiis 1.139]. É a casa que deve ser honrada
pelo dono, e não o dono pela casa. VIDE: ● Non domus
dominum, sed domum dominus exornat. ● Sic habita ut
potius laudetur dominus quam domus.
430. Nec domum esse hoc corpus, sed hospitium. [Sêneca,
Epistulae Morales 120.14]. Este corpo não é nossa casa, mas
uma hospedaria.
431. Nec enim est ab homine nunquam sobrio postulanda
prudentia. [Cícero, Philippica 2.81]. Não se deve exigir
prudência de um homem que nunca está sóbrio.
432. Nec enim sani esse tantum volumus sed sanare. [Sêneca,
De Ira 3.39.1]. Não queremos apenas ter saúde, mas também
curar.
433. Nec enim virtutes sine beata vita cohaerere possunt nec
illa sine virtutibus. [Cícero, Tusculanae Disputationes 5.80].
Nem podem existir virtudes sem vida feliz, nem esta sem
virtudes.
434. Nec esse religionem sine sapientia nec sapientiam sine
religione. [Lactâncio]. Não há religião sem filosofia, nem
filosofia sem religião. VIDE: ● Nec philosophia sine virtute
est, nec sine philosophia virtus. Philosophia studium
virtutis est, sed per ipsam virtutem.
435. Nec externis hostibus magis quam domesticis
laboramus. [Cícero, Epistulae ad Brutum 1.10]. Nós não
sofremos mais com os inimigos externos do que com os
internos. VIDE: ● Domesticis hostibus laboramus.
436. Nec extra oleas. [Rezende 3832]. Não (passes) além das
oliveiras. (=Não transponhas os limites). VIDE: ● Ne extra
oleas.
437. Nec fabellas aniles proferas. [Cícero, De Natura Deorum
3.12]. Não me contes histórias de velhinhas. ■ Não me venhas
com cantigas! ■ Isso são histórias da carochinha. VIDE:
● Aniles fabellae. ● Anicularum deliramenta. ● Anicularum
deliria. ● Ineptas autem, et aniles fabulas devita.
438. Nec facile est aequa commoda mente pati. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.438]. Não é fácil suportar a boa sorte com
tranqüilidade.
439. Nec facta impia fallacum hominum caelicolis placent.
[Catulo, Carmina 30.4]. As ações sacrílegas dos enganadores
mortais não agradam aos deuses.
440. Nec falli nec fallere potest Deus. Deus nem pode ser
enganado nem enganar. ■ A Deus ninguém engana.
441. Nec falsa spes nos despiciat. [Concilio Vaticano II,
Gaudium et Spes]. Que uma falsa esperança não nos engane.
442. Nec ferrum, aes, aurum, argentum effoderetur penitus
abditum sine hominum labore et manu. [Cícero, De
Officiis 2.3]. Nem o ferro, nem o cobre, nem o ouro, nem a
prata, que estão completamente entranhados na terra, serão
extraídos sem o trabalho e a mão dos homens.
443. Nec flectitur nec mutatur. [Divisa]. Nem se dobra, nem
se transforma.
444. Nec forma aeternum aut cuiquam est fortuna perennis.
[Propércio, Elegiae 2.28.57]. Para ninguém a beleza é coisa
eterna, nem a sorte é permanente.
445. Nec frondem in silvis cernit. Não vê nem a árvore na
floresta. ■ Está na igreja e não vê os santos. ■ Não enxerga
pataca. ● Nec frondem in silvis, nec aperto mollia prato
gramina, nec pleno flumine cernit aquam. [Ovídio, Tristia
5.4.9]. Não vê nem a árvore na floresta, nem a macia verdura
no prado nu, nem a água no rio pleno. VIDE: ● Frondem in
silvis non cernit.
446. Nec fuge colloquium. [Ovídio, Remedium Amoris 587].
Não fujas da conversa.
447. Nec grata est facies, cui gelasinus abest. [Marcial,
Epigrammata 7.25.6]. Não é agradável o rosto a que faltam
rugas de riso.
448. Nec habeo, nec careo, nec curo. [Divisa / Sweet 207].
Não tenho, não me faz falta, não me importo.
449. Nec Hercules contra plures. Contra muitos, nem
Hércules. ■ O que um não pode, muitos fazem. ■ Contra dois,
nem Hércules. VIDE: ● Cave multos, si singulos non times.
● Contra duos ne Hercules quidem. ● Difficile ac durum
est, unum compescere multos. ● Ne Hercules quidem
adversus duos. ● Ne Hercules quidem contra duos. ● Ne
quidem Hercules adversus duos. ● Noli pugnare duobus.
● Uni cum duobus non est pugnandum.
450. Nec hoc dii snant. [Petrônio, Satiricon 126]. Que os
deuses ´também não permitam isso. ● Ne dei sinant! ● Ne
istud dii sinant.
451. Nec hoc nec illud. [Petrônio, Satiricon 50.6]. Nem isto
nem aquilo. ■ Nem carne nem peixe.
452. Nec ignorans nec invitus quisquam donat. [Codex
Iustiniani 8.19.10]. Ninguém faz doação sem saber ou contra
a vontade.
453. Nec illi, quod est rarissimum, aut facilitas auctoritatem
aut severitas amorem deminuit. [Tácito, Agrícola 9.5].
Nele, o que é muito raro, nem a jovialidade diminui a
autoridade, nem a severidade, o amor. VIDE: ● Facilitas
auctoritatem, severitas amorem deminuit.
454. Nec immerito ipsa pecunia rotunda signatur, quia non
stat. [S.Agostinho, In Psalmum 83.3]. Não é sem razão que
se faz a moeda redonda, pois ela não fica parada. VIDE: ● Non
immerito rotunda signatur pecunia, quia non stat.
455. Nec in bello nec in pace libertatem tueri licet, ni mortis
timorem abieceris. [Rezende 3794]. Nem na guerra nem na
paz se poderá defender a liberdade, se não se afastar o medo
da morte.
456. Nec in eadem intentione aequaliter retinenda mens est,
sed ad iocos revocanda. [Sêneca, De Tranquillitate Animi
17.4]. O espírito não deve ser permanentemente mantido na
mesma tensão, mas deve ser atraído para divertimentos.
457. Nec in negotiis erit negotii causa. [Sêneca, Epistulae
Morales 22,8]. Nem estará no trabalho pelo prazer do
trabalho. VIDE: ● In negotiis sunt negotii causa.
458. Nec in puerum nec in senem collocandum esse
beneficium. [Aristóteles / Stevenson 1297]. O benefício não
deve ser reservado nem para o menino nem para o velho.
(=Porque o menino e o velho se esquecem dele). ■ No velho e
no menino o benefício é perdido. VIDE: ● In sene et in puero
gratia facta perit, quia senex non reddit, puer
obliviscitur. ● In senem ne quod collocaris beneficium.
● Ne quid beneficii colloces neque in senem, neque in
mulieribus, neque in puerum malignum, neque in canem
cuiuspiam, neque in garrulum remigem. ● Ne quid
unquam in senem beneficii contuleris. ● Ne quis feminae,
puero, cani alterius et garrulo faciat bene. ● Nunquam
seni quidquam viro praestes boni. ● Seni nunquam
quidquam boni facias.
459. Nec in regnis quidem reges omnia minima curant.
[Cícero, De Natura Deorum 3.35]. Os reis não se ocupam das
coisas pequenas do governo.
460. Nec invideamus altius stantibus. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 10]. Não invejemos os que estão em
posições mais elevadas.
461. Nec ipsi fruuntur re quapiam, neque reliquos item
sinunt uti. [Grynaeus 176]. Nem eles mesmos aproveitam
coisa nenhuma, nem deixam os demais aproveitar. ■ Nem
comem, nem deixam comer.
462. Nec Irus, nec Croesus. [Rezende 3796]. Nem Iro, nem
Creso. (=Iro era um mendigo; Creso era um rei
extremamente rico). ■ Nem tanto, nem tão pouco.
463. Nec iuga taurus amat; quae tamen odit, habet. [Ovídio,
Amores 3.11.36]. O touro também não gosta do jugo; mas
carrega o que odeia.
464. Nec iurare time: veneris periuria venti irrita per terras
et freta summa ferunt. [Tibulo, Elegiae 1.4.21]. Não temas
jurar: os ventos levam os vãos perjúrios de amor pelas terras
e pelo mar.
465. Nec lacrimis caruere genae. [Virgílio, Eneida 5.173]. E
não faltaram lágimas às suas faces. VIDE: ● Non lacrimis
caruere genae, non corda dolore.
466. Nec letum timeo. [Ovídio, Tristia 1.2.51]. Não temo a
morte.
467. Nec lex nec ratio turpiter fieri praesumit quod
necessitas inevitabilis introducit. [VES 103]. Nem a lei
nem a razão consideram vergonhoso o que a inevitável
necessidade impõe.
468. Nec libertas sine Catone, nec Cato sine libertate.
[Valério Máximo, Facta et Verba Memorabilia 6.2.5,
adaptado]. Nem pode haver liberdade sem Catão, nem Catão
sem liberdade.
469. Nec litteras didicit, nec natare. [John Locke, Some
thoughts concerning education 8]. Nem aprendeu a nadar,
nem a ler. ■ Não sabe o sinal da cruz. VIDE: ● Neque natare,
neque litteras novit. ● Neque natare, neque litteras scit.
470. Nec locus tutissimus nec vir potentissimus resistit
proditoribus. [VES 85]. Nem o lugar mais seguro, nem o
homem mais poderoso resiste aos traidores.
471. Nec luceo pluribus impar. [Divisa do Acre]. Não brilho
diferente da maioria.
472. Nec magis nec minus. Nem mais, nem menos. ■ Não falta,
nem sobeja.
473. Nec male notus eques. Um cavaleiro de não má
reputação. VIDE: ● Sum, fateor, semperque fui pauper, sed
non obscurus nec male notus eques.
474. Nec manere, nec ire ventus annuit. [Manúcio, Adagia
606]. O vento nem deixa ficar, nem permite partir. ■ Se
correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. VIDE: ● Hic nec
manere ventus, nec navigare sinit. ● Hic nec exspectare
ventus, neque navigare sinit. ● Nec aura cursum, nec
moram sinit rati. ● Ventus neque manere sinit, neque
navigare. ● Ventus manere, aut navigare hinc non sinit.
475. Nec manus in arca, nec oculos in charta. [Rezende
3798]. Nem ponhas a mão em cofre alheio, nem os olhos em
carta alheia. ■ Nem olho na carta, nem mão na arca.
476. Nec mel, nec apis. [Grynaeus 367]. Nem mel nem abelhas.
■ Nem mel, nem cera, nem saburá. ■ Estou comendo brisa.
VIDE: ● Nec apes mihi sunt, nec mella. ● Neque mel mihi,
neque apes. ● Neque mel, neque apes.
477. Nec melius valeo, quam corpore, mente, sed aegra et
utraque pars. [Ovídio, Tristia 3.8.33]. Não estou melhor do
espírito do que do corpo, mas tanto um como outro estão
doentes.
478. Nec metuam quidquam et cavebo omnia. [Cícero, Ad
Familiares 11.21]. Não terei medo de nada, mas me guardarei
de tudo.
479. Nec meus audet rem tentare pudor, quam vires ferre
recusent. [Horácio, Epistulae 2.1.258]. A vergonha me
impede de ousar o que minhas forças se recusariam a
executar. ■ Quem não pode com o pote não pega na rodilha.
480. Nec mihi deficiat calor hic, hiemantibus annis. [Jean
Second, Élégies 1.3.29 / Montaigne, Essais 3.5 / Rezende
3800]. Que não me falte calor agora, nos meus anos de
inverno.
481. Nec minor est fur qui praedae partem capit, ac qui
surripit ipse. [Grynaeus 314]. Quem recebe parte do furto
não é menos ladrão do que quem furta. ■ Tão ladrão é o que
vai ao nabal como o que fica ao portal. VIDE: ● Utrique sunt
fures, et qui accipit, et qui furatur. ● Utrique fures, et qui
recipit, et qui furatur.
482. Nec minor est virtus quam quaerere, parta tueri.
Guardar o que se conseguiu não é virtude menor do que
buscar coisas novas. ■ É virtude o trabalhar, como também é
o guardar. ● Nec minor est virtus quam quaerere, parta
tueri; casus inest illic; hic erit artis opus. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.13]. Não é menor virtude conservar o que se
obteve do que buscar coisas novas; nisto intervém a sorte;
aquilo exige habilidade.
483. Nec minus turpes dedecus suum, quam honestos
egregia delectant. [Sêneca, De Vita Beata 8]. A torpeza não
agrada menos aos homens indignos do que a nobreza agrada
aos dignos.
484. Nec miser quisquam qui bene vixit, obit. [Erasmo /
Stevenson 1419]. Quem viveu bem não morre mal. ■ Quem
bem vive bem morre. VIDE: ● Non unquam misere qui bene
vixit obiit.
485. Nec modus in verbis homini est, nec terminus ullus.
[Schottus, Adagia 585]. O homem não tem moderação nas
palavras, nem qualquer limite.
486. Nec momentum sine linea. [Divisa do Cardeal de
Richelieu / Rezende 3802]. Nem um momento sem
(escrever) uma linha. VIDE: ● Nulla dies sine linea.
487. Nec mora, nec requies. [Virgílio, Georgica 3.110]. Sem
adiamento, nem descanso.
488. Nec mori cogat nec vivere sinat. [S.Vicente de Lérins /
Tosi 1632]. Não obriga a morrer, nem permite viver.
489. Nec mors humano subiacet arbitrio. [Maximiano,
Elegiae 1]. A morte não se subordina à vontade humana.
■ Tanto morre o papa como quem não tem capa. ■ Nem rei
nem papa à morte escapa.
490. Nec mors mihi finiet iras. [Ovídio, Ibis 137]. Nem a
morte porá fim à minha ira.
491. Nec mortem effugere quisquam, nec amorem potest.
[Publílio Siro]. Ninguém pode escapar nem da morte nem do
amor. ■ Amor e morte, nada é mais forte.
492. Nec mulieri nec gremio credendum. [Erasmo, Adagia
4.4.89]. Não se deve confiar na mulher, nem no seu regaço.
■ Não se fia nem da camisa que traz vestida. ● Nec mulieri
nec gremio credi oportere. [Manúcio, Adagia 1405]. É
preciso não confiar nem na mulher nem no seu regaço.
493. Nec multis, ac nec nulli dicaris amicus. [Hesíodo /
Grynaeus 42]. Não deverás ser considerado amigo nem de
muitos, nem de nenhum. ■ Amigos, nem muitos, nem nenhum.
■ Muitos amigos em geral, e um em especial. ● Nec nulli sis
amicus, nec omnibus. [Pontanus]. VIDE: ● Amandi nec multi
nec nulli. ● Amici nec multi, nec nulli. ● Amici nec multi,
nec nullus. ● Neque nulli sis amicus, neque multis.
494. Nec nocuit simulatus amor. [Ovídio, Amores 1.8.71]. O
amor fingido não prejudicou.
495. Nec obolum habet, quo restim emat. [Pereira 113]. Não
tem nem um real para comprar uma corda. ■ Não tem eira
nem beira. ● Nec obolum habet, unde restim emat. [Erasmo
1.3.48]. ● Nec obolum habet, unde restim emat qua se
suspendat. Não tem dinheiro nem para comprar uma corda
para se enforcar. VIDE: ● Ne obolum quidem habebant, quo
laqueum emerent. ● Non obolum habet, unde restim emat.
496. Nec omne dulce bonum. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 2.10.3]. Nem tudo que é doce é bom. VIDE:
● Non omne dulce, bonum.
497. Nec omnia apud priores meliora, sed nostra quoque
aetas multa laudis et artium imitanda posteris tulit.
[Tácito, Annales 3.55]. Nem tudo foi melhor no passado,
mas nossa época também produziu para os pósteros muita
coisa excelente e muito conhecimento digno de ser imitado.
498. Nec omnia, nec passim, nec ab omnibus. [Erasmo,
Adagia 2.4.16]. Nem tudo, nem sempre, nem de todos. VIDE:
● Non omnia, nec passim, nec ab omnibus.
499. Nec opes inexpletam restinguere avaritiam queunt.
[Boécio, Consolatio Philosophiae 2.6.18]. Riquezas não
conseguem satisfazer a insaciável ambição.
500. Nec opprimere, nec opprimi. [Divisa]. Nem oprimir, nem
ser oprimido.
501. Nec par est ex uno nebulone homines omnes nebulones
aestimari. Não é justo que, por causa de um canalha, todos
os homens sejam considerados canalhas.
502. Nec paupertatem, nec opes desidero magnas: nolo
parum, nimium non volo, sat mihi sat. [Binder, Medulla
1074]. Nem quero pobreza, nem grandes riquezas: não quero
pouco, não quero excesso, a mim basta o suficiente.
503. Nec philosophia sine virtute est, nec sine philosophia
virtus. Philosophia studium virtutis est, sed per ipsam
virtutem. [Sêneca, Epistulae Morales 89]. Nem a filosofia
subsiste sem a virtude, nem a virtude sem a filosofia. A
filosofia é a busca da virtude, mas por meio da própria
virtude. VIDE: ● Nec esse religionem sine sapientia nec
sapientiam sine religione.
504. Nec placidam membris dat cura quietem. [Virgílio,
Eneida 4.5]. A preocupação não dá descanso tranqüilo aos
membros.
505. Nec pleno flumine cernit aquas. [Ovídio, Tristia 5.4.10].
Nem com o rio cheio ele consegue ver a água. ■ Está na
floresta e não vê as árvores.
506. Nec plus conemur quam sinit mortalitas. [Fedro,
Fabulae, Appendix Perottina 3.15]. Não tentemos mais do
que nos permite nossa condição de mortais.
507. Nec plus ultra. [Inscrição que haveria nas Colunas de
Hércules]. Não mais além. (=O extremo limite a que se pode
chegar numa arte, numa ciência, etc. O máximo. O que há de
melhor). ■ Daqui não passa! VIDE: ● Ad Herculis columnas.
● Hucusque, nec amplius. ● Ibi deficit orbis. ● Ne plus
ultra. ● Non plus ultra. ● Non ultra.
508. Nec posse dari regalibus ullum secretum vitiis. [Pereira
103]. Não se pode guardar segredo de vícios da realeza. ■ Em
pessoa de cetro não há vício secreto. VIDE: ● Perlucet omne
regiae vitium domus.
509. Nec possum tecum vivere, nec sine te. [Rezende 3809].
Nem posso viver contigo, nem sem ti. VIDE: ● Nec sine te, nec
tecum vivere possum.
510. Nec potest quisquam alias beatus esse, alias miser.
[Cícero, De Finibus 2.87]. Uma pessoa não pode ser ora
feliz, ora desgraçado. VIDE: ● Homo alias beatus, alias miser.
511. Nec praeteritum tempus unquam revertitur. [Cícero,
De Senectute 69]. O tempo passado jamais volta. ■ O
passado, passado. ■ O tempo vai e não volta. VIDE: ● Nec
quae praeteriit hora redire potest. ● Non quae praeteriit
hora redire potest.
512. Nec prece, nec pretio, nec minis. [Ovídio, Fasti 2.426].
Nem com rogo, nem com dinheiro, nem com ameaças.
513. Nec pretio, nec preco. [Divisa]. Nem por suborno, nem
por rogo.
514. Nec progenerant aquilae columbas. ■ As águias não
produzem pombas. ■ Das águias não nascem pombas.
■ Cobra não gera passarinho. VIDE: ● Aquila non generat
columbam. ● Aquila non parit columbam. ● Aquilae non
generant columbas. ● Aquilae non progenerant columbas.
● Neque imbellem feroces progenerant aquilae columbam.
● Nunquam imbellem feroces progenerant aquilae
columbam.
515. Nec promissa servanda sunt ea, quae sint iis, quibus
promiseris, inutilia. [Cícero, De Officiis 1.10]. Não devem
ser cumpridas as promessas que forem prejudiciais àqueles a
que tiveres prometido.
516. Nec protinus crimen artis est, si quod professoris est.
[Celso, De Medicina 2.6.15]. Não se pode considerar o erro
como sendo da profissão, se ele é de quem a professa.
517. Nec puero gladium. [DAPR 232]. Não (confies) uma
espada a uma criança. VIDE: ● Non puero cultellum. ● Ne
puero gladium. ● Ne puero gladium commiseris.
518. Nec quae praeteriit hora redire potest. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.64]. O tempo que passou não pode retornar. ■ O
tempo vai e não volta. ■ Tempo e hora não se atam com soga.
VIDE: ● Nec praeteritum tempus unquam revertitur. ● Non
quae praeteriit hora redire potest.
519. Nec quae praeteriit iterum revocabitur unda. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.63]. A água que passou não voltará mais.
■ Aquilo que sucedeu não evitas tu nem eu. VIDE: ● Nec redit
in fontes unda supina suos.
520. Nec quaerere nec spernere honorem. [Divisa]. Nem
buscar a glória, nem desprezá-la.
521. Nec quicquam aliud est philosophia praeter studium
sapientiae. [Cícero, De Officiis 2.5]. A filosofia nada mais é
que a busca da sabedoria.
522. Nec quicquam ex omnibus rebus humanis est
praeclarius aut praestantius, quam de re publica
benemereri. [Cícero, Ad Familiares 10.5.2]. Dentre as coisas
humanas nenhuma é mais bela e mais nobre do que
tornarmo-nos beneméritos da coisa pública.
523. Nec quicquam insipiente fortunato intolerabilius fieri
potest. [Cícero, De Amicitia 54]. Nada pode tornar-se mais
insuportável que o ignorante bem sucedido. ■ Quando o vilão
vai de mulo, não conhece nem Deus, nem o mundo. VIDE:
● Nihil insipiente fortunato intolerabilius.
524. Nec quidquam magnum est, nisi quod simul et
placidum. [Sêneca, De Ira 1.16]. Só é grande o que também
é calmo.
525. Nec quidquam omnium est, quod possit in primordio
sui perfici. [Apuleio, Florida 3]. Nada do que existe pôde, no
seu início, atingir a perfeição.
526. Nec quies gentium sine armis, nec arma sine stipendiis,
nec stipendia sine tributis haberi queunt. [Tácito, Annales
4.74]. Não pode haver a paz das nações sem armas, nem
armas sem despesas, nem despesas sem tributos.
527. Nec quisquam ex amoris vulnere sanus abit. [Propércio,
Elegiae 2.12.12, adaptado]. Ninguém sai ileso da ferida do
amor. ■ Mal de amor não tem cura. VIDE: ● Nemo ex amoris
vulnere sanus abit.
528. Nec quisquam gravius afficitur quam qui ad
supplicium paenitentiae traditur. [Sêneca, De Ira 3.26].
Ninguém é castigado mais severamente do que quem é
entregue ao suplício do arrependimento.
529. Nec quisquam melior medicus quam fidus amicus.
[Dionísio Catão, Disticha 4.13]. Não há médico melhor do
que um amigo leal. VIDE: ● Dulcius in terris nihil est quam
fidus amicus. ● In mundo melius non est quam fidus
amicus. ● Non est thesaurus melior quam fidus amicus.
● Suavius in terris nihil est quam fidus amicus. ● Utilius
nihil esse potest quam fidus amicus.
530. Nec quisquam sibi putat turpe, quod alii fuit
fructuosum. [Veleio Patérculo, Historiae Romanae 2.3.4].
Ninguém julga vergonhoso fazer o que foi vantajoso a
outrem.
531. Non quisquis applaudit, idem et amicus est. [Binder,
Thesaurus 2220]. Nem todo que te aplaude é também teu
amigo.
532. Nec quod fuimusve sumusve cras erimus. [Ovídio,
Metamorphoses 15.215]. Amanhã não seremos nem o que
fomos nem o que somos.
533. Nec ratione componimur, sed consuetudine abducimur.
[Sêneca, Epistulae Morales 123]. Não somos formados pela
razão, mas somos conduzidos pelo hábito.
534. Nec rationem patitur populus esuriens. Povo faminto
não ouve a razão. ■ Estômago vazio não tem ouvidos. ● Nec
rationem patitur, nec aequitate mitigatur, nec ulla prece
flectitur populus esuriens. [Sêneca, De Brevitate Vitae
18.5]. Um povo faminto nem ouve a razão, nem se apazígua
pela justiça, nem se dobra por qualquer súplica.
535. Nec redit in fontes unda supina suos. [Ovídio, De
Medicamine Faciei 40]. A água que desce não volta à sua
fonte. VIDE: ● Nec quae praeteriit iterum revocabitur unda.
536. Nec refert scelus unde cadat, scelus esse fatendum.
[Manílio, Astronomicon 4.117]. Pouco importa de onde vem
o crime: deve ser sempre reconhecido como crime.
537. Nec regi nec populo, sed utrique. [Stevenson 1309]. Nem
só para o rei, nem só para o povo, mas para ambos.
538. Nec regna socium ferre, nec taedae sciunt. [Sêneca,
Agamemnon 259]. Nem os reinos nem os casamentos sabem
suportar companhia. ■ Amor e reino não querem parceiro.
■ Amor e senhoria não suportam companhia. ■ Cachorro de
cozinha não quer companhia. ● Nec regna nec taedae socios
ferre queunt. VIDE: ● Non bene cum sociis regna Venusque
manent. ● Non capit regnum duos.
539. Nec religionis est cogere religionem, quae sponte
suscipi debet. [Tertuliano, Ad Scapulam 2.2]. Não cabe à
religião impor a religião, a qual deve ser adotada
espontaneamente.
540. Nec retinent patulae comissa fideliter aures. [Horácio,
Epistulae 1.18.70]. Ouvidos abertos não guardam fielmente
os segredos. ■ Quem tudo quer saber mexerico quer fazer.
541. Nec revocare potes, quae periere dies. [Ausônio,
Epigrammata 12.4]. Não se pode chamar de volta os dias que
se perderam. ■ O tempo que se perde não se torna mais a
achar. VIDE: ● Non revocare potes qui perierunt dies.
542. Nec ridere nec lugere res humanas fas est, sed
intellegere. [Spalding, Pequeno Dicionário 83]. Não é justo
ridicularizar nem lamentar as coisas humanas, mas
compreendê-las. VIDE: ● Sedulo curavi humanas actiones
non ridere, non lugere, neque detestari, sed intellegere.
543. Nec satis rationis in armis. [Virgílio, Eneida 2.314]. Há
pouca razão nas armas. ■ Não há homem cordo a cavalo.
VIDE: ● Ne sat rationis in armis.
544. Nec schemas loquebatur, sed directum. [Petrônio,
Satiricon 44]. Ele não falava por figuras, mas era direto.
545. Nec scire fas est omnia. [Horácio, Carmina 4.4.22]. Não
nos é dado saber tudo. ● Nec scire licet omnia. [Grynaeus
290].
546. Nec secunda sapientem evehunt nec adversa demittunt.
[Sêneca, Ad Helviam 5]. Nem a sorte favorável arrebata o
sábio, nem a adversidade o abate.
547. Nec semper arcum tendit Apollo. [Pereira 114]. Nem
sempre Apolo arma seu arco. ■ Nem sempre o diabo está
detrás da porta. VIDE: ● Neque semper arcum tendit
Appolo.
548. Nec semper feriet quodcumque minabitur arcus.
[Horácio, Ars Poetica 350]. Nem sempre o arco atingirá o
alvo a que ele visar.
549. Nec semper fluvius fert secures. [Esopo / Pereira 113].
Não é sempre que o rio traz machadinhas. ■ Nem sempre
florescem os lírios. ■ Nem cada dia rabo de sardinha. VIDE:
● Fluvius non semper fert secures. ● Non semper fluvius
bipennes fert.
550. Nec semper lilia florent. [Pereira 117]. ■ Nem sempre
florescem os lírios. ■ Nem todo dia é dia santo. ■ Nem todo
dia há carne gorda. ■ Os tempos não são iguais. ■ Aproveita,
jacaré, que a lagoa há de secar. VIDE: ● Nec violae semper,
nec hiantia lilia florent.
551. Nec seni parenti, nec feminae, nec puero nequam, nec
cani, nec somnolento nauclero, nec garrulo cauponi
benigne feceris. [Schottus, Adagia 295]. Não faças favores
nem a velho avô, nem a mulher, nem a rapaz inútil, nem a
barqueiro dorminhoco, nem a taberneiro falador.
552. Nec servire ulli possumus, nec imperare desideramus.
[Quinto Cúrcio, Historiae 7.8]. Nem podemos servir a quem
quer que seja, nem queremos mandar.
553. Nec sibi nec aliis utilis. [Erasmo, Adagia 2.5.52]. Não é
útil nem a si, nem aos outros.
554. Nec simulatum potest quidquam esse diuturnum.
[Cícero, De Officiis 2.12]. Nada que é fingido pode ser
duradouro. VIDE: ● Nihil simulatum diuturnum. ● Nullum
simulatum diuturnum.
555. Nec sine te, nec tecum vivere possum. [Ovídio, Amores
3.11.38]. Nem posso viver contigo, nem sem ti. VIDE:
● Difficilis, facilis, iucundus, acerbus es idem: nec tecum
possum vivere nec sine te. ● Nec possum tecum vivere, nec
sine te. ● Nec tecum possum vivere, nec sine te.
556. Nec sine virtute amicitia esse ullo pacto potest. [Cícero,
De Amicitia 6]. De modo algum pode haver amizade sem
virtude.
557. Nec sit nobis implacabilis ira. Que minha ira não seja
implacável.
558. Nec solo tactu et affectu, sed aspectu quoque, appetitur
et appetit concupiscentia feminarum. [RSA 22]. Não é só
pelo contato e pelo sentimento que a concupiscência das
mulhereres atrai atenção ou sente desejo, mas também pela
aparência.
559. Nec solvas unum pro vectigalibus ovum. [Pereira 101].
Não pagues nem sequer um ovo a favor dos impostos. ■ Do
foro, nem um ovo.
560. Nec spe nec metu. [Divisa / Rezende 3816]. Nem com
esperança, nem por medo.
561. Nec speraveris sine desperatione nec desperaveris sine
spe. [Sêneca, Epistulae Morales 104.12]. Não esperes sem
uma dúvida, nem desesperes sem uma esperança.
562. Nec stipulam movere. [Apostólio, Paroimiai 12.99]. ■ Não
mover uma palha.
563. Nec stultis solere succurri, sed errantibus. [Digesta
22.6.9.5]. Não se costuma socorrer os ignorantes, mas os que
erram.
564. Nec sua respiciunt miseri mala maxima saepe.
[Lucrécio, De Rerum Natura 4.1162]. Muitas vezes os
infelizes não percebem seus maiores males.
565. Nec sunt enim beati quorum divitias nemo novit.
[Apuleio, Psyche et Cupido 5.10]. Não são ricos aqueles
cujas riquezas ninguém conhece.
566. Nec sunt mihi nota potentum munera. [Virgílio, Eneida
12.519]. Não tive conhecimento das dádivas dos poderosos.
567. Nec surdum, nec Tiresiam quemquam esse deorum.
[Juvenal, Satirae 13.249]. Dos deuses nenhum é surdo, nem
cego. (=Tirésias era um adivinho de Tebas, que ficou cego).
568. Nec tamen ignorat quid distent aera lupinis. [Horácio,
Epistulae 1.7.23]. Mas não ignora a diferença entre moedas e
tremoços. (=Nas comédias usava-se o tremoço, lupinus, para
fingir que era dinheiro). VIDE: ● Aera lupinis distant. ● Quid
distent aera lupinis!
569. Nec tamen indignum est a divite praemia posci.
[Ovídio, Amores 1.10.53]. Não é indigno pedir recompensa
ao rico.
570. Nec tamen vindictae solacium undeunde spernendum
est. [Apuleio, Metamorphoses 5.30]. O consolo da vingança,
venha de onde vier, não é de se desdenhar.
571. Nec tardum opperior nec praecedentibus insto.
[Horácio, Epistulae 1.2.71]. Não espero por quem se atrasa,
nem corro atrás de quem vai à minha frente.
572. Nec te equo magis est equus ullus sapiens. [Plauto,
Asinaria 704]. Nenhum cavalo é mais sábio que o cavalo que
tu és.
573. Nec te quaesiveris extra. [Pérsio, Satirae 1.7]. Não peças
opinião senão a ti.
574. Nec tecum possum vivere, nec sine te. [Marcial,
Epigrammata 12.46]. Nem posso viver contigo, nem sem ti.
VIDE: ● Difficilis, facilis, iucundus, acerbus es idem: nec
tecum possum vivere nec sine te. ● Necessarium malum.
● Nec sine te, nec tecum vivere possum.
575. Nec tellus eadem parit omnia: vitibus illa convenit,
haec oleis; hac bene farra virent. [Ovídio, Ars Amatoria
1.755]. A mesma terra não produz tudo: uma é boa para as
videiras; outra para as oliveiras; em outra verdejam os
cereais. VIDE: ● In terra non omni generantur omnia. ● Nec
vero terrae ferre omnes omnia possunt. ● Non eadem
tellus fert omnia: vitibus illa convenit, haec oleis, hic bene
farra virent. ● Non omnis fert omnia tellus. ● Non tellus
eadem parit omnia.
576. Nec temere nec timide. [Divisa / Rezende 3819]. Nem
com temeridade, nem com temor.
577. Nec tibi amico opus est, de cuius benevolentia dubites.
[Quinto Cúrcio, Historiae 7.8]. Não te convém um amigo de
cuja afeição duvides.
578. Nec tibi nobilitas poterit succurrere amanti: nescit
Amor priscis cedere imaginibus. [Propércio, Elegiae
1.5.34]. Tua nobreza não poderá ajudar-te, quando amas:
Cupido não se impressiona com retratos de antepassados.
579. Nec timeo, nec sperno. [Divisa]. Nem temo, nem
menosprezo.
580. Nec tribuas cunctis, moveas nec proelia cunctis. [Pereira
113]. Não serás tributário de todos, nem moverás guerra a
todos. ■ Nem a todos dar, nem com todos porfiar.
581. Nec tua laudabis studia aut aliena reprendes. [Horácio,
Epistulae 1.18.39]. Nem louvarás teus gostos, nem
reprovarás os alheios.
582. Nec tumulum curo; sepelit natura relictos. [Mecenas /
Sêneca, Epistulae Morales 92.35]. Não me preocupo com o
meu túmulo; a natureza enterra os que foram abandonados.
583. Nec turpe puta, quidquid miseros fortuna iubet.
[Sêneca, Troades 711]. Não julgues vergonhoso o que a sorte
impõe aos desgraçados.
584. Nec ulla dura videtur curatio, cuius salutaris effectus
est. [Sêneca, De Ira 1.5.2]. Não se considera doloroso
nenhum tratamento cujo efeito seja salutar.
585. Nec ulla tam firma moles est, quam non exedant undae.
[Quinto Cúrcio, Historiae 4.2]. Não há pedra tão resistente,
que as águas não a desgastem. VIDE: ● Nulla tam firma moles
est, quam non excidant undae.
586. Nec ulli praestat velox fortuna fidem. [Sêneca,
Hippolytus 1141]. A fugaz sorte não cumpre suas promessas
a ninguém.
587. Nec ullius mali causa Deo poterit ascribi. [Apuleio, De
Dogmate Platonis 1]. A causa de nenhum mal poderá ser
atribuída a Deus.
588. Nec ullum pilum habet viri boni. [Cícero, Pro Roscio 20,
adaptado]. De homem honesto não tem nem um cabelo. ■ É
má carne.
589. Nec ullum scelum impunitum est, quoniam sceleris in
scelere supplicium est. [Sêneca, Epistulae Morales 97.14].
Nenhum crime fica impune, pois o castigo do crime está no
próprio crime. VIDE: ● Sceleris in scelere supplicium est.
590. Nec ultima, si prior. [Inscrição em relógio de sol]. (Esta
hora) não é a tua última, se ela precede outra.
591. Nec unius mentem esse tantae molis capacem. [Rezende
3823]. A mente de um só não seria capaz de coisa tão grande.
VIDE: ● Solam divi Augusti mentem tantae molis capacem.
592. Nec ut emat melius, nec ut vendat quidquam simulabit
vir bonus. [Cícero, De Officiis 3.15]. Não enganará o
homem honesto, nem para comprar melhor, nem para vender
alguma coisa.
593. Nec utilis, nec inutilis. [Pereira 112]. Nem é útil, nem
prejudica. ■ Nem fede, nem cheira. ■ Não é pega, nem gavião.
■ Não é carne, nem peixe.
594. Nec velocium esse cursum, nec fortium bellum, nec
sapientium panem, nec doctorum divitias, nec artificum
gratias, sed tempus casumque in omnibus. [Vulgata,
Eclesiastes 9.11]. Não é o prêmio para os mais velozes, nem
a guerra para os mais fortes, nem o pão para os mais sábios,
nem as riquezas para os mais doutos, nem o crédito para os
mais hábeis artífices, mas que tudo depende do tempo e do
acaso.
595. Nec verbo, nec facto quemquam laedendum. [Alciato,
Emblemata 27]. Não se deve prejudicar a ninguém, nem por
palavra, nem por ação.
596. Nec verbum verbo curabis reddere fidus interpres.
[Horácio, Ars Poetica 133]. Como tradutor fiel, não te
empenharás em verter palavra por palavra.
597. Nec verisimile loquere, nec verum. [Plauto, Mostellaria
12]. O que dizes nem é verossímil, nem verdadeiro.
598. Nec vero corpori soli subveniendum est, sed menti
atque animo multo magis. [Cícero, De Senectute 11]. Deve-
se defender não só o corpo, mas muito mais a mente e o
espírito.
599. Nec vero neglegenda est fama. [Cícero, De Amicitia 17].
A reputação não deve ser desprezada.
600. Nec vero rei familiaris amplificatio nemini nocens
vituperanda est. [Cícero, De Officiis 1.25]. Na verdade, o
aumento do patrimônio não deve ser criticado, se não
prejudica a ninguém.
601. Nec vero terrae ferre omnes omnia possunt. [Virgílio,
Georgica 4.39]. Nem todas as terras podem produzir tudo.
VIDE: ● In terra non omni generantur omnia. ● Nec tellus
eadem parit omnia: vitibus illa convenit, haec oleis; hac
bene farra virent. ● Non eadem tellus fert omnia: vitibus
illa convenit, haec oleis, hic bene farra virent. ● Non omnis
fert omnia tellus. ● Non tellus eadem parit omnia.
602. Nec vi, nec clam, nec precario. [Codex Iustiniani 3.34.1].
Nem com violência, nem às ocultas, nem de modo precário.
603. Nec victoria placet parata. [Petrônio, Satiricon 15.9]. A
vitória fácil não agrada. VIDE: ● Nolo quod cupio statim
tenere, nec victoria mihi placet parata.
604. Nec vino infirmum animum committamus, nec formae,
nec adulationi, nec ullis rebus blande trahentibus.
[Sêneca, Epistulae Morales 116]. Não confiemos nosso
espírito fraco nem ao vinho, nem à beleza das mulheres, nem
à adulação, nem àquelas coisas que docemente nos atraem.
605. Nec violae semper, nec hiantia lilia florent. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.115]. Nem as violetas nem os lírios abertos estão
sempre em floração. ■ Nem sempre florescem os lírios. ■ Nem
todo dia é dia santo. ■ Os tempos não são iguais. ■ Aproveita,
jacaré, que a lagoa há de secar. VIDE: ● Nec semper lilia
florent.
606. Nec vis herculea fatum evitabit acerbum. [Medina 582].
Nem a força de Hércules evitará o destino cruel. ● À morte
não há coisa forte. ■ A morte não poupa nem o fraco nem o
forte.
607. Nec visu facilis, nec dictu affabilis ulli. [Virgílio, Eneida
3.621]. A ninguém é agradável de rosto, nem afável de
palavra.
608. Nec vita, nec fortuna hominibus perpes est. [Publílio
Siro]. Nem a vida nem a boa-sorte são dadas aos homens
para sempre. ● Nec vita nec fortuna propria est hominibus.
Nem a vida nem a boa sorte são propriedades dos homens.
609. Nec vitia nostra nec remedia pati possumus. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita, Praefatio 9]. Não podemos suportar nem
nossos males nem os remédios para eles.
610. Nec vixit male qui natus moriensque fefellit. [Horácio,
Epistulae 1.17.10]. Não viveu mal aquele que nasceu e
morreu despercebido. VIDE: ● Neque divitibus contingunt
gaudia solis, nec vixit male qui natus moriensque fefellit.
611. Nec vola nec vestigium exstat. [Varrão, Satirae
Menippeae, Fragmento 110.2]. Não ficou marca nem da mão
nem do pé. ■ Não sobrou nada.
612. Nec vos decipiant blandae mendacia linguae. [Ovídio,
Heroides 15.55]. Não vos enganem as mentiras da língua
suave.
613. Nec voto vivitur uno. [Pérsio, Satirae 5.53]. As pessoas
não têm o mesmo desejo.
614. Necare videtur is qui alimonia denegat. [Digesta 25.3.4].
Entende-se que quem nega alimentos mata. VIDE: ● Alimenta
denegans necare videtur.
615. Necessariae sunt res utiliores. As coisas indispensáveis
são as mais úteis.
616. Necessarii quoque mei recesserunt a me. [Vulgata, Jó
6.13]. Até os meus próximos me têm desamparado.
617. Necessarium est parvo assuescere. [Sêneca, Epistulae
Morales 123]. É necessário acostumar-se (a viver) com o
pouco.
618. Necessarium est quod non potest aliter se habere. [Jur /
Black 1227]. Inevitável é o que não pode acontecer de outra
maneira.
619. Necessarium malum. [Erasmo, Adagia 1.5.26]. Um mal
inevitável. VIDE: ● Molesta cum sit res, necessaria tamen.
● Nec tecum possum vivere, nec sine te.
620. Necessarius amicus. Um amigo inseparável.
621. Necesse cum insanientibus furere. [Petrônio, Satiricon
3.3]. Com loucos é preciso fazer-se louco. ■ Entre romanos,
romano como eles. ● Necesse est cum insanientibus furere,
nisi solus relinqueris. [Rezende 3785]. Com loucos é
preciso fazer-te de louco, senão ficarás só. VIDE: ● Cum
aegrotis insanire pulchrum est. ● Insanire cum
insanientibus. ● Qui cum insanis non insanit, is insanit.
622. Necesse est aut imiteris aut oderis. [Sêneca, Epistulae
Morales 7.7]. É preciso que imites (o mundo), ou o odeies.
623. Necesse est docere ignorantes, dubitantibus recte
consulere, consolari maestos, errantes corrigere. É
necessário ensinar aos que não sabem, aconselhar
adequadamente aos que têm dúvidas, consolar os aflitos,
corrigir os que erram.
624. Necesse est enim ut veniant scandala; verumtamen vae
homini illi, per quem scandalum venit. [Vulgata, Mateus
18.7]. É necessário que venham os escândalos, mas ai
daquele homem por quem vem o escândalo. VIDE:
● Impossibile est ut non veniant scandala: vae autem illi
per quem veniunt. ● Oportet ut scandala eveniant.
625. Necesse est facere sumptum, qui quaerit lucrum.
[Plauto, Asinaria 202]. Quem busca lucro, tem de fazer
despesa. ■ Quem quer uste, que lhe custe. ■ Não há proveito
sem custo. VIDE: ● Qui quaerit lucrum, necesse est faciat
sumptum.
626. Necesse est minima maximorum esse initia. [Publílio
Siro]. É necessariamente muito pequeno o começo das coisas
muito grandes.
627. Necesse est multos timeat quem multi timent. [Labério /
Rezende 3786]. ■ Deve temer a muitos aquele a quem muitos
temem. VIDE: ● Multis terribilis, caveto multos. ● Multis
terribilis, timeto multos. ● Multos timere debet, quem
multi timent. ● Qui a multis timetur, multos timet. ● Qui
sceptra duro saevus imperio regit, timet timentes. ● Qui
terret, plus ipse timet.
628. Necesse est ut eam, non ut vivam. [Plutarco, Vida de
Pompeu / Bacon, Advancement of Learning 6.3 2.20.7]. Que
eu avance é preciso; que eu viva não é preciso. VIDE:
● Navigare necesse; vivere non necesse.
629. Necesse ne vitet quidem vel Iuppiter. [Schottus, Adagia
611]. O inevitável nem Júpiter impedirá. VIDE: ● Adversum
necessitatem ne di quidem resistunt. ● Cum necessitate ne
di quidem pugnant. ● Necessitatem ne deos quidem cogere
posse. ● Necessitatem ne dii quidem superant.
630. Necessitas ab homine, quae vult, impetrat. [Publílio
Siro]. A necessidade obtém do homem tudo que quer.
631. Necessitas amicum probat. [Cassiodoro / Bernardes,
Nova Floresta 1.178]. A necessidade mostra o amigo.
632. Necessitas ante rationem est maxime in bello, quod
raro permittitur tempora eligere. [Quinto Cúrcio, De
Rebus Alexandri 1.7]. A necessidade tem precedência sobre
a razão, principalmente na guerra, porque raramente se pode
escolher a ocasião.
633. Necessitas artis magistra. A necessidade é a mestra da
arte. ■ A necessidade é mãe da invenção. VIDE: ● Artis
magistra necessitas. ● Cuncta docet necessitas. ● Cuncta
docuit necessitas. ● Durum flagellum est paedagogus
ingenii. ● Durum flagellum est paedagogus ingens. ● Mater
artium est necessitas. ● Necessitas magistra. ● Nullus
praestantior doctor est necessitate.
634. Necessitas caret lege. [Rezende 3790; Mota 44]. ■ A
necessidade carece de lei. (=Traduzido jocosamente por A
necessidade tem cara de herege). VIDE: ● Legem non habet
necessitas. ● Necessitas dat legem, non ipsa accipit.
● Necessitas frangit legem. ● Necessitas non habet legem.
● Omnem legem frangit necessitas.
635. Necessitas cogit te facere domum, non libera voluntas.
[S.Agostinho, In Psalmum 134.10]. É a necessidade que te
obriga a fazer casa, não o livre arbítrio.
636. Necessitas dat ingenium. A necessidade dá talento. ■ A
necessidade espicaça o engenho. ■ A necessidade é a mãe da
invenção. VIDE: ● Necessitas largitrix ingenii. ● Necessitas
ingenium dedit.
637. Necessitas dat legem, non ipsa accipit. [Publílio Siro]. A
necessidade não obedece à lei; ela faz a lei. ■ A necessidade
não tem lei. ■ A necessidade não tem lei, mas a da fome
sobre todas pode. ■ Por se sustentar em toda idade, tudo faz
a vital necessidade. [Camões, Lusíadas, Canto 8]. VIDE:
● Legem non habet necessitas. ● Necessitas caret lege.
● Necessitas non habet legem. ● Omnem legem frangit
necessitas.
638. Necessitas durum telum. [Binder, Medulla 1071]. A
necessidade é um punhal cruel.
639. Necessitas egentem mendacem facit. [Publílio Siro]. A
necessidade faz do indigente um mentiroso.
640. Necessitas enim et deos cogit. A necessidade obriga até os
deuses.
641. Necessitas est lex temporis. [Jur]. A necessidade faz a lei
do momento. ● Necessitas est lex temporis et loci. [Jur /
Black 1227]. A necessidade faz a lei do momento e do lugar.
642. Necessitas facit ius. ■ A necessidade faz a lei.
643. Necessitas facit iustum quod de iure non est licitum.
[Jur]. A necessidade torna justo o que de direito não é lícito.
● Necessitas facit licitum quod alias non est licitum. [Coke
/ Black 1227]. A necessidade torna lícito o que em outra
ocasião seria ilícito.
644. Necessitas feriis caret. [Paládio, Opus Agriculturae 1.6.7].
A necessidade não tem descanso. ■ A necessidade mui pouco
descanso tem. VIDE: ● Feriis caret necessitas. ● Necessitas
non habet ferias.
645. Necessitas frangit legem. [Spalding, Pequeno Dicionário
82]. A necessidade rompe a lei. VIDE: ● Necessitas caret lege.
● Necessitas tollit arbitrium.
646. Necessitas inducit privilegium quoad iura privata. [Jur /
Broom 8]. No domínio do direito privado, a necessidade cria
privilégio.
647. Necessitas largitrix ingenii. A necessidade é distribuidora
de talento. ■ A necessidade espicaça o engenho. ■ A
necessidade é a mãe da invenção. ● Necessitas ingenium
dedit. [CODP 192]. A necessidade deu-nos talento. VIDE:
● Necessitas dat ingenium.
648. Necessitas magistra. [Suidas / Erasmo, Adagia 4.7.55]. A
necessidade é uma mestra. ■ Não há melhor mestra que a
necessidade e a pobreza. ■ A necessidade faz o sapo pular.
■ Mais ensina a necessidade que dez anos de universidade.
VIDE: ● Artis magistra necessitas. ● Durum flagellum est
paedagogus ingenii. ● Durum flagellum est paedagogus
ingens. ● Mater artium est necessitas. ● Necessitas artis
magistra. ● Nullus praestantior doctor est necessitate.
649. Necessitas magistra de rudi doctum facit. A mestra
necessidade do ignorante faz um homem douto.
650. Necessitas magnum humanae imbecillitatis
patrocinium est. [Sêneca Retórico 9.4.5]. A necessidade é
uma grande justificativa para a fraqueza humana.
651. Necessitas nihil intentatum relinquit. A necessidade
nada deixa sem experimentar. ■ Quem precisa é quem se
estira. VIDE: ● Cui igne opus est, quaeritat et in cinere.
652. Necessitas non habet ferias. A necessidade não tem
descanso. ■ A necessidade mui pouco descanso tem. VIDE:
● Feriis caret necessitas. ● Necessitas feriis caret.
653. Necessitas non habet legem. [DAPR 475; Black 1227].
■ A necessidade não tem lei. ● Necessitas non habet legem,
sed ipsa sibi facit legem. A necessidade não tem lei, mas ela
mesma faz a lei para si. ● Necessitas non frangit legem. A
necessidade não quebra a lei. VIDE: ● Legem non habet
necessitas. ● Necessitas caret lege. ● Necessitas dat legem,
non ipsa accipit. ● Omnem legem frangit necessitas.
654. Necessitas plus posse quam pietas solet. [Sêneca,
Troades 582]. A necessidade costuma ser mais poderosa do
que o amor. ■ Primeiro os dentes, depois os parentes. VIDE:
● Mihi magis quam aliis consulere debeo. ● Propensiores
sumus ad nostra quam ad aliena.
655. Necessitas publica maior est quam privata. [Jur / Black
1227]. A necessidade pública é maior que a privada.
656. Necessitas quam pertinax regnum tenet! [Publílio Siro].
Como a necessidade teima em manter seu domínio! ■ Por se
sustentar em toda idade tudo faz a vital necessidade.
[Camões, Lusíadas, Canto VIII).
657. Necessitas quod cogit, defendit. [Jur / Black 1227]. A
necessidade justifica aquilo que ela impõe.
658. Necessitas quod poscit, nisi des, eripit. [Publílio Siro]. O
que a necessidade pede, se não se lhe dá, ela o toma.
659. Necessitas rationum inventrix. [Grynaeus 369 / Rezende
3792]. A necessidade inventa soluções. ■ A necessidade é
mãe da invenção. VIDE: ● Inventrix nimirum est rationum
necessitas.
660. Necessitas, rudem prius, doctum facit. [Schottus, Adagia
625]. A necessidade torna sábio quem antes era ignorante.
■ A necessidade faz os homens espertos. ● Necessitas vel
rudem docet. [Schottus, Adagia 574]. A necessidade ensina
até o ignorante.
661. Necessitas tollit arbitrium. [Sêneca. De Beneficiis
2.18.7]. A necessidade tira a capacidade de decidir. VIDE:
● Necessitas frangit legem.
662. Necessitas vincit legem. A necessidade vence a lei.
● Necessitas vincit legem; legum vincula irridet. [Jur /
Black 1227]. A necessidade vence a lei; ela zomba das leis.
663. Necessitate, non voluntate. [Amiano Marcelino, Historiae
18.6]. Por necessidade, não por vontade.
664. Necessitate quae fiunt, in fraudem fieri non dicuntur.
[Jur / Rezende 3793]. O que se faz por necessidade não se
considera fazer-se por fraude. ■ Necessidade não é fraude.
665. Necessitate urgente nil potentius. [Schottus, Adagia
609]. Nada tem mais força do que a necessidade, quando nos
impele.
666. Necessitatem ferre, non flere, addecet. [Publílio Siro].
Convém suportar a necessidade, não lamentá-la.
667. Necessitatem in virtutem commutare. [DAPR 475].
Transformar a necessidade em coragem. ■ Fazer das tripas
coração. VIDE: ● Fac de necessitate virtutem. ● Faciamus de
necessitate virtutem.
668. Necessitatem ne deos quidem cogere posse. Nem os
deuses conseguem domar a necessidade. ● Necessitatem ne
dii quidem superant. [Tosi 502]. Nem os deuses podem
mais do que a necessidade. VIDE: ● Adversum necessitatem
ne di quidem resistunt. ● Cum necessitate ne di quidem
pugnant. ● Necesse ne vitet quidem vel Iuppiter.
669. Necessitati datur venia. À necessidade dá-se perdão. ■ A
necessidade não tem lei.
670. Necessitati nec deus repugnat. Ao destino nem o deus
resiste. ● Necessitati ne dii quidem repugnant. [Homero /
Apostólio, Paroimiai 3.49]. Nem os próprios deuses resistem
ao destino. ● Necessitati ne dii quidem ipsi repugnant.
[Schottus, Adagia 356]. ● Necessitati ne Dii quidem
resistunt. [Manucio, Adagia 540]. ● Necessitati nec Deus
ipse repugnat. [Grynaeus 533]. Ao destino nem o próprio
Deus resiste. VIDE: ● Ne Deus quidem unquam visus est cum
fato pugnare. ● Pareatur necessitati, quam ne di quidem
superant.
671. Necessitati parendum est. É preciso obedecer ao
inevitável. VIDE: ● Danda erit opera, ut omnes intellegant, si
salvi esse velint, necessitati esse parendum. ● Tempori
cedere, id est, necessitati parere, semper sapientis est
habitum.
672. Necessitati quodlibet telum utile est. [Publílio Siro]. Para
a necessidade toda arma é boa.
673. Necessitati sapiens nihil unquam negat. [Publílio Siro].
O sábio jamais recusa coisa alguma à necessidade.
674. Necessitatis est remedium parcitas. [PSa]. O remédio da
indigência é a economia.
675. Necessitatis inventa antiquiora sunt quam voluptatis.
[Cícero, Orator 185]. As invenções da necessidade são mais
antigas que as do prazer. VIDE: ● Inventa necessitatis
antiquiora sunt quam voluptatis.
676. Necessitudo est cui nulla vi obsisti potest. [Cícero, De
Inventione 2.170, adaptado]. Necessidade é aquilo a que não
se pode opor com nenhuma força.
677. Necessitudo etiam timidos fortes facit. [Salústio, Catilina
58.5]. A necessidade torna valentes até os medrosos. ■ A
necessidade faz o sapo pular.
678. Necessum est, qui multa habeat, multis indigere. [Aulo
Gélio, Noctes Atticae 9.8]. Quem tem muito fatalmente terá
falta de muito. ■ Temos muito, falta-nos muito.
679. Necessum omne est malum. [Schottus, Adagia 635].
Toda necessidade é um mal.
680. Nefas est dictu quod est inhonestum factu. É indigno
dizer o que é desonroso fazer. ■ O que não se pode fazer não
se deve dizer. VIDE: ● Neque dicere fas erat quod turpe
dictu, neque facere quod inhonestum factu videretur.
681. Nefas est nocere patriae: ergo civi quoque, nam hic
pars patriae est: sanctae partes sunt, si universum
venerabile est. [Sêneca, De Ira 2.31.7]. É desonroso fazer
mal à pátria, portanto também ao cidadão, porque este é uma
parte da pátria: são sagradas as partes, se o todo é venerável.
682. Nefasti dies. Os dias nefastos. (=Dias em que não se podia
ministrar justiça). VIDE: ● Dies nefasti.
683. Negandi causa avaro nunquam deficit. [Publílio Siro].
Ao avarento nunca falta pretexto para negar.
684. Neganti incumbit probatio. [Jur]. A quem nega cabe
apresentar prova.
685. Negare, tacere vel obscure respondere idem est. [Jur].
Negar, calar-se ou responder obscuramente é a mesma coisa.
686. Negat Epicurus iucunde posse vivi, nisi cum virtute
vivatur. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.49]. Epicuro
nega que se possa viver feliz, se não se vive com virtude.
687. Negat quis: nego; ait: aio. [Terêncio, Eunuchus 252].
Quando alguém diz que não, eu digo que não; se diz que sim,
eu digo que sim. VIDE: ● Ais, aio; negas, nego.
688. Negat sibi ipse, qui, quod difficile est, petit. [Publílio
Siro]. Quem deseja coisa difícil nega-a a si mesmo.
689. Negatio duplex est affirmatio. [Jur / Black 1229].
Negação dupla é afirmação. VIDE: ● Duae negationes
affirmant.
690. Negatio facit rem dubiam. [Jur]. A negação torna a causa
duvidosa.
691. Neglecta solent incendia sumere vires. [Horácio,
Epistulae 1.17.85]. Fogueiras desprezadas costumam ganhar
força. ■ Antes que o mal cresça, corta-lhe a cabeça.
692. Neglectis propriis, intendunt stulti alienis. [Pereira 117].
Os tolos não fazem caso do próprio e se preocupam com o
alheio. ■ O sandeu trata do alheio, deixando o seu. VIDE:
● Negotiis amicorum intentus, sua neglexit.
693. Neglectis urenda filix innascitur agris. [Horácio,
Sermones 1.3.37]. Nasce a má erva nos campos
abandonados.
694. Neglegenda mors est. [Cícero, Tusculanae Disputationes
4.23]. A morte deve ser desprezada.
695. Neglegens non dicitur qui non potest facere. [Jur]. Não
se considera negligente quem não pode fazer.
696. Neglegentia imputari non debet ignoranti. [Jur]. Não se
deve imputar negligência ao ignorante.
697. Neglegentia semper habet infortunium comitem. [Jur /
Black 1234]. A negligência sempre tem o infortúnio como
companheiro.
698. Negotia pluribus comissa segnius expediuntur. [Binder,
Medulla 1086]. As atividades cometidas a muitos se
resolvem mais devagar. ■ Muitos concertadores
desconcertam a noiva.
699. Negotia vigilanter peragenda, quia ius vigilantibus, et
non dormientibus, favet. [Jur]. Os negócios devem ser
feitos com cuidado, pois o direito favorece aos que vigiam,
não aos que dormem. VIDE: ● Dormientibus non succurrit
ius. ● Iura vigilantibus subveniunt. ● Leges vigilantibus,
non dormientibus, subveniunt. ● Vigilantibus, non
dormientibus iura subveniunt. ● Vigilantibus, non
dormientibus iura succurrunt.
700. Negotiatio otiosa est negotiatio ruinosa. A negociação
feita sem cuidado é negociação ruinosa.
701. Negotiatores militant, milites negotiantur, student pilae
senes, aleae iuvenes, armis eunuchi, litteris foederati.
[Sidônio Apolinário]. Os comerciantes batalham, os soldados
negociam, os velhos amam a bola, os jovens amam os dados,
os eunucos amam as armas, os povos submetidos amam as
letras.
702. Negotii quantum in muliere una est! [Plauto, Poenulus
224]. Quanto trabalho dá uma só mulher!
703. Negotiis amicorum intentus, sua neglexit. [Salústio,
Catilina 54.1]. Atento aos negócios dos amigos, negligenciou
os próprios. VIDE: ● Neglectis propriis, intendunt stulti
alienis.
704. Negotiorum gestio. [Institutiones 3.28.1]. A gerência dos
negócios.
705. Negotiorum gestor. [Codex Iustiniani 2.18.24]. O gerente
dos negócios. VIDE: ● Gestor negotii.
706. Negotiosus dies. [Tácito, Annales 13.41]. Dia de trabalho.
707. Negotium ante voluptatem. A obrigação antes do prazer.
■ Primeiro a obrigação, depois a devoção.
708. Negotium in herba est. [Pereira 112]. A questão ainda
está na rama. ■ Ainda temos muito que ver. ■ Ainda temos
muitas noites que dormir fora. VIDE: ● Adhuc seges in herba
est. ● Adhuc tua messis in herba est. ● Adhuc est herba.
● Nimium properas, et adhuc tua messis in herba est.
709. Negotium populo Romano melius quam otium. [Ápio
Cláudio / Valério Máximo, Dicta et Facta Memorabilia
7.2.1]. Para o povo romano a atividade é mais querida que a
inatividade.
710. Nemine contradicente. [Jur / Black 1238]. Sem que
ninguém contradiga. (=Por unanimidade). ● Nemine
discrepante. ● Nemine dissentiente. VIDE: ● Una voce, uno
ore. ● Una voce. ● Unanime consensu. ● Unanimi voce.
● Unanimiter. ● Uno animo. ● Uno consensu. ● Uno ore.
711. Neminem absolvi posse, nisi qui dixerit causam. [Quinto
Cúrcio, Historiae 7.2]. Ninguém pode ser absolvido, se não
defender sua causa.
712. Neminem accusaveris, nec laudaveris cito. Não acusarás
nem louvarás ninguém apressadamente. VIDE: ● Cito
accusaveris aut laudaveris neminem. ● Neminem cito
accusaveris, nec cito laudaveris. ● Neminem cito
accusaveris, neminem cito laudaveris. ● Neminem cito
laudaveris, neminem cito accusaveris; semper puta te
coram dis testimonium dicere.
713. Neminem adversa fortuna comminuit, nisi quem
secunda decipit. [Sêneca, Ad Helviam 5.4]. A adversidade
esmaga somente aquele a quem a sorte favorável enganou.
714. Neminem aequum est cum alterius damno locupletari.
[Jur]. É justo que ninguém se locuplete com o prejuízo
alheio. ■ Ninguém deve locupletar-se com a jactura alheia.
VIDE: ● Locupletari nemo debet cum alterius iactura.
● Naturale aequum est neminem cum alterius iactura fieri
locuplectiorem. ● Nemo cum alterius damno locupletior
fieri debet. ● Nemo debet lucrari ex alieno damno.
715. Neminem autem ei satis fidum esse quem metuat.
[Quinto Cúrcio, Historiae 10.8]. Ninguém é fiel a quem
teme.
716. Neminem binas uxores habere posse vulgo patet.
[Iustiniani Codex 5.5.2]. É sabido de todos que ninguém
pode ter duas mulheres. VIDE: ● Duas uxores eodem tempore
habere non licet. ● Neque eadem duobus nupta esse potest,
neque idem duas uxores habere.
717. Neminem casura delectant. [Sêneca, De Brevitate Vitae
17]. O que está para cair não atrai ninguém. ■ Todos adoram
o sol nascente.
718. Neminem cito accusaveris, vel laudaveris. [Binder,
Medulla 1089]. A ninguém criticarás ou elogiarás
apressadamente. ● Neminem cito accusaveris, nec cito
laudaveris. A ninguém acusarás apressadamente, nem
louvarás apressadamente. ● Neminem cito accusaveris,
neminem cito laudaveris. ● Neminem cito laudaveris,
neminem cito accusaveris; semper puta te coram dis
testimonium dicere. [DM 76]. Não louvarás ninguém
apressadamente, não acusarás ninguém apressadamente;
imagina-te sempre testemunhando diante dos deuses. VIDE:
● Cito accusaveris aut laudaveris neminem. ● Neminem
accusaveris, nec laudaveris cito.
719. Neminem concutiatis. [Vulgata, Lucas 3.14]. Não façais
violência a ninguém.
720. Neminem despexeris. [Sêneca, De Beneficiis 3.28.3]. Não
menosprezes ninguém.
721. Neminem id agere ut ex alterius praedetur inscitia.
[Cícero, De Officiis 3.72]. Ninguém deve procurar obter
vantagem da ignorância alheia.
722. Neminem ignorantia legis excusat. [Jur]. O
desconhecimento da lei não desculpa a ninguém. VIDE:
● Ignorantia iuris quod quisque tenetur scire, neminem
excusat. ● Ignorantia iuris neminem excusat. ● Ignorantia
legis neminem excusat. ● Ignorantia legis non excusat.
● Ignorantia legis non exculpat.
723. Neminem in delictis aetas excusat. [Jur]. Nos delitos, a
ninguém excusa a idade.
724. Neminem irridebis. [Schrevelius 1174]. Não
ridicularizarás ninguém. VIDE: ● Neminem riseris.
725. Neminem laede. Não faças mal a ninguém. ● Neminem
laede, immo omnes, quantum potes, iuva. [Schopenhauer].
Não faças mal a ninguém; ao contrário, ajuda a todos quanto
puderes. VIDE: ● Honeste vivere, alterum non laedere, suum
cuique tribuere.
726. Neminem laedit qui iure suo utitur. [Jur / Black 1236].
Quem usa de seu direito não prejudica a ninguém.
727. Neminem metuit innocens. [Binder, Thesaurus 2035]. O
inocente não teme a ninguém. ■ Quem não deve não teme.
728. Neminem nostrum esse sine culpa. [Sêneca, De Ira
2.28.1]. Nenhum de nós está sem pecado. ■ Ninguém há sem
pecado. ■ Todos têm os seus podres.
729. Neminem oportet esse sapientiorem legibus. [Jur / Black
1236]. Ninguém deve ser mais sábio que as leis.
730. Neminem pecunia divitem fecit. [Sêneca, Epistulae
Morales 119.9]. O dinheiro nunca fez ninguém rico.
731. Neminem riseris. [Dionísio Catão, Monosticha 21]. Não
ridicularizes ninguém. VIDE: ● Neminem irridebis.
732. Neminem stolidum consilium capite luere debere;
defuturos enim qui suaderent, si suasisse periculum esse.
[Quinto Cúrcio, Historiae 3.8]. Ninguém deve pagar com a
cabeça por ter dado um conselho imprudente; se dar conselho
fosse arriscado, faltaria quem os desse.
733. Neminem stultum tacere posse. [Sólon / Rezende 3853].
Nenhum tolo consegue ficar calado. VIDE: ● Nemo stultus
tacere potest. ● Stultus tacere nescit.
734. Neminem tibi adiungas amicum, priusquam
exploraveris quomodo prioribus amicis sit usus.
[Schrevelius 1177]. Não tomarás ninguém por amigo antes
de saberes como ele agiu com seus amigos anteriores.
735. Neminem vidi, qui numero sciret quicquid scito opus
est. [Névio / Festo, De Verborum Significatione 170]. Nunca
vi ninguém que soubesse prontamente tudo o que é preciso
saber.
736. Nemini credo qui large blandus est. Não acredito em
ninguém que é exageradamente lisonjeiro. ■ Quem me faz
festa, não costumando fazer, ou me quer enganar, ou me há
mister. ● Nemini credo qui large blandus est dives pauperi.
[Plauto, Aulularia 153]. Não acredito em nenhum homem
rico que é exageradamente lisonjeiro com o pobre.
737. Nemini dixeris quae nolis efferri. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy, nota 4045]. Não digas a ninguém
aquilo que não queres que seja divulgado. ■ Não digas
segredo ao teu amigo, porque ele outro tem.
738. Nemini, dum vivit, dicere licet: hoc non patiar. [DAPR
38]. A ninguém, enquanto vive, é permitido dizer: isto não
me acontecerá. ■ Ninguém diga: desta água não beberei.
VIDE: ● Nescia mens hominum fati sortisque futurae.
739. Nemini fere sua sors et condicio placet. Quase a
ninguém agrada sua sorte e condição. ■ Ninguém está
contente com a sua sorte.
740. Nemini fidas nisi cum quo prius modium salis
absumpseris. [Erasmo, Adagia 2.1.14]. ■ Não te deves fiar
senão daquele com que já comeste um moio de sal. VIDE:
● Multos modios salis simul edendos esse, ut amicitiae
munus expletum sit. ● Multos modios salis cum amicis
edendos esse. ● Salis absumendus modius, priusquam
habeas fidem.
741. Nemini fraus sua patrocinari potest. [Jur]. A fraude não
pode proteger o seu autor.
742. Nemini liceat contrahere matrimonium cum filia,
nepte, vel pronepte; itemque cum matre, avia vel proavia.
[Codex Iustiniani 5.4.17]. A ninguém será lícito contrair
matrimônio com a filha, com a neta ou com a bisneta, e
igualmente, com a mãe, com a avó ou com a bisavó.
743. Nemini nimium bene est. [Afrânio, Togatae 78 / Tosi
1761]. Para ninguém o excesso é bom. ■ O que é demais é
moléstia. VIDE: ● Cur nimium appetimus? Nemini nimium
bene est.
744. Nemini te multum familiarem ostendas, quia nimia
familiaritas parit contemptum. [S.Tomás de Aquino, De
Modo Studendi]. A ninguém te mostres muito íntimo, pois
familiaridade excessiva gera desprezo. VIDE: ● Consueta
conversatio cum hominibus, et nimia familiaritas,
reverentiam minuit, et contemptum parit. ● Cotidiano
convictu auctoritas minuitur. ● Cotidiano convictu
auctoritas imminuitur. ● Familiaritas nimia contemptum
parit. ● Nimia familiaritas contemptum parit. ● Nimia
familiaritas parit contemptum. ● Parit contemptum nimia
familiaritas.
745. Nemini salus esse nisi in Ecclesia potest. [S.Cipriano].
Para ninguém pode haver salvação senão na Igreja. VIDE:
● Extra Ecclesiam nulla salus. ● Salus extra Ecclesiam non
est.
746. Nemini unquam sera defuerunt consilia. [Rezende
3854]. A ninguém nunca faltaram conselhos tardios. ■ Depois
do fato, todo o mundo é sábio. ■ Conselho só serve cedo.
747. Nemo ab alio contemnitur, nisi a se ante contemptus
est. [Sêneca, Ad Helviam 14.6]. Ninguém é desprezado por
outrem se antes não foi desprezado por si mesmo. ■ Quem se
faz de ovelha, o lobo o come. ■ Quem não se enfeita, por si se
enjeita.
748. Nemo accepta beneficia calendario inscribit. [DAPR
105]. Ninguém anota no seu diário os benefícios recebidos.
■ As ofensas se escrevem no mármore, os benefícios, na
areia. VIDE: ● Nemo beneficia in calendario scribit.
749. Nemo ad impossibile tenetur. [Jur]. ■ Ninguém é
obrigado a fazer o impossível. ■ Quem promete o que não
pode a cumprir não está obrigado. ● Nemo ad impossibilia
tenetur. VIDE: ● Ad impossibile nemo obligatur. ● Ad
impossibile nemo tenetur. ● Ad impossibilia nemo tenetur.
● Impossibilium nulla obligatio est. ● Impotentia excusat
legem. ● Lex non cogit ad impossibilia. ● Lex neminem
cogit ad impossibile. ● Lex neminem cogit ad impossibilia.
● Nemo potest ad impossibile obligari. ● Obligatio
impossibilium nulla est. ● Ultra posse nemo obligatur.
● Ultra posse suum nullum lex iusta cöegit. ● Ultra posse
suum profecto nemo tenetur. ● Ultra vires nemo tenetur.
750. Nemo ad litus maris accedere prohibetur piscandi
causa. [Digesta 1.8.4]. Ninguém pode ser impedido chegar à
praia para pescar.
751. Nemo ad suum dedecus mentitur, quin potius ad
honorem. [Tertuliano, Apologeticus 23.5]. Ninguém mente
para sua própria desonra, senão para ganhar crédito.
752. Nemo adeo ferus est, ut non mitescere possit. [Horácio,
Epistulae 1.1.39]. Ninguém é de natureza tão feroz, que não
possa humanizar-se. ● Nemo adeo ferus est, ut non
mansuescere possit.
753. Nemo adulescentiam tuam contemnat. [Vulgata,
1Timóteo 4.12]. Nenhum tenha em pouco a tua mocidade.
VIDE: ● Nemo iuventam tuam contemnat.
754. Nemo aegrotus quidquam somniat tam infandum, quod
non aliquis dicat philosophus. [Varrão, Fragmenta].
Nenhum doente é capaz de sonhar nada tão incrível que não
tenha sido dito por algum filósofo. VIDE: ● Nihil tam absurde
dici potest quod non dicatur ab aliquo philosophorum.
755. Nemo agit in seipsum. [Jur / Black 1236]. Ninguém
aciona contra si mesmo.
756. Nemo aliena ope carere potest. Ninguém pode sentir falta
de bem alheio.
757. Nemo alienae rei sine satisdatione defensor idoneus
intellegitur. [Gaio 4.101]. Ninguém é considerado defensor
idôneo de bem alheio sem uma garantia.
758. Nemo alieno nomine lege agere potest. [Digesta
50.17.123]. Ninguém legalmente pode acionar em nome de
outrem.
759. Nemo aliquam partem recte intellegere potest
antequam totum iterum atque iterum perlegerit. [Jur /
Black 1236]. Ninguém pode compreender uma parte antes de
ler o todo repetidas vezes. ● Nemo aliquam partem recte
intellegere potest antequam totum perlegit.
760. Nemo allegans suam turpitudinem est audiendus. [Jur /
Broom 172]. Ninguém que mencione sua própria torpeza
(como justificativa) deve ser ouvido (como testemunha).
761. Nemo altero fragilior est, nemo in crastinum sui
certior. [Sêneca, Epistulae Morales 91.16]. Ninguém é mais
frágil do que outrem, ninguém tem mais certeza do seu
amanhã do que outrem.
762. Nemo altero nobilior, nisi cui rectius ingenium et
artibus bonis aptius. [Sêneca, De Beneficiis 3.28.1].
Ninguém é mais nobre que outro, a não ser que tenha
inteligência maior e mais capaz de boas obras.
763. Nemo ambitioso post se videtur, si quis ante se fuerit.
Ao ambicioso parece que não há ninguém depois dele, se
houver alguém na frente dele.
764. Nemo amicus, nemo propinquus. [Grynaeus 567].
Nenhum amigo, nenhum parente.
765. Nemo an bonus, an dives omnes quaerimus. [Eurípides,
Bellerophon]. Ninguém pergunta se é bom, todos
perguntamos se é rico. VIDE: ● An dives omnes quaerimus;
nemo an bonus. ● An dives sit omnes quaerunt; nemo an
bonus.
766. Nemo ante mortem beatus. [DAPR 22]. Ninguém é feliz
antes da morte. ■ Antes que acabes, não te gabes. ■ Não me
chames bem fadada até me veres enterrada. ● Nemo beatus
ante mortem. [Pensées d'Oxenstirn 1.178]. ● Nemo ante
obitum beatus. VIDE: ● Ante obitum nemo beatus dici
potest. ● Ante obitum nemo beatus. ● Ante obitum
mortalis nemo beatus. ● Dicique beatus ante obitum nemo
supremaque funera debet.
767. Nemo aptus est ad comprehendendum caelestia. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 2.12.14]. Ninguém é capaz
de compreender as coisas do céu.
768. Nemo assumentum panni rudis assuit vestimento
veteri. [Vulgata, Marcos 2.21]. Ninguém cose um remendo
de pano novo num vestido velho. ● Nemo autem inmittit
commissuram panni rudis in vestimentum vetus.
[Vulgata, Mateus 9.16]. Ninguém deita remendo de pano
novo em vestido velho. VIDE: ● Nemo commissuram a novo
vestimento immittit in vestimentum vetus.
769. Nemo athleta sine sudore coronatur. [S.Jerônimo,
Epistulae 14.10]. Nenhum atleta é coroado sem suor. ■ Não
há lucro sem trabalho. VIDE: ● Nemo coronatur, nisi
certando mereatur. ● Nemo coronabitur, nisi qui legitime
certaverit. ● Nemo enim praemium percipit ante
experimentum.
770. Nemo autem lucernam accendens, operit eam vase, aut
subtus lectum ponit. [Vulgata, Lucas 8.16]. Ninguém, pois,
acende uma candeia e a cobre com uma vasilha, ou a põe
debaixo da cama. VIDE: ● Nemo lucernam accendit, et in
abscondito ponit neque sub modio.
771. Nemo autem naturae sanus irascitur. [Sêneca, De Ira
2.10.6]. Ninguém de bom-senso se irrita contra a natureza.
772. Nemo autem regere potest, nisi qui et regi. [Sêneca, De
Ira 2.15.4]. Só pode governar, quem também pode ser
governado. ■ Não sabe governar quem não sabe obedecer.
■ Não sabe mandar quem nunca soube obedecer. ● Nemo
autem regnare potest, nisi qui et regi.
773. Nemo bene imperat, nisi qui paruerit imperio.
[Stevenson 2016]. Só pode governar bem, quem se submeteu
a um governo. ■ Bem manda quem soube obedecer. ■ Quem
não sabe sofrer, não sabe reger. ■ É obedecendo que se
aprende a mandar. VIDE: ● Non bene imperat, nisi qui
paruerit imperio. ● Qui bene imperat, paruerit aliquando
necesse est, et qui modeste paret, videtur qui aliquando
imperet, dignus esse. ● Qui modeste paret, videtur qui
aliquando imperet, dignus esse.
774. Nemo beneficia in calendario scribit. [Sêneca, De
Beneficiis 1.2.3]. Ninguém registra os favores (recebidos) no
seu diário. ■ Favor recebido, favor esquecido. ● Nemo
beneficia accepta in calendario scribit. [Binder, Medulla
1092]. VIDE: ● Nemo accepta beneficia calendario inscribit.
775. Nemo bis punitur pro eodem delicto. [Jur / Black 1236].
Ninguém é punido duas vezes pelo mesmo delito. VIDE:
● Nemo debet bis vexari pro una et eadem causa. ● Nemo
debet bis puniri pro uno delicto.
776. Nemo bonus Brito est. [Ausônio, Epigrammata 11]. Não
há bretão que seja homem bom.
777. Nemo bonus, nisi solus Deus. [Vulgata, Lucas 18.19].
Ninguém é bom, senão só Deus. ● Nemo bonus, nisi unus
Deus. [Vulgata, Marcos 10.18]. ● Nemo bonus, nisi Deus.
[Schrevelius 1170]. Só Deus é bom. VIDE: ● Unus est bonus,
Deus.
778. Nemo celerius opprimitur quam qui nihil timet.
[Branco 383]. Ninguém é vencido mais depressa do que
aquele que não tem medo de nada. ■ Os valentes e o bom
vinho se acabam logo. VIDE: ● Frequentissimum initium
calamitatis est securitas.
779. Nemo censet fugiendam esse mortem, quam
immortalitas sequatur. Ninguém deve julgar que se deve
fugir à morte, a que se segue a imortalidade. ● Nemo censet
lugendam esse mortem, quam immortalitas consequatur.
[Adaptado de Cícero, De Senectute 20]. Ninguém julgue que
deve ser chorada a morte a que se segue a imortalidade.
780. Nemo censetur ignorare legem. [Jur]. Considera-se que
ninguém ignora a lei. VIDE: ● Nemo ius ignorare censetur.
781. Nemo claudicat alieno ex dolore. [DAPR 207]. Ninguém
manca por causa de dor alheia. ■ Mal alheio pesa como um
cabelo.
782. Nemo cogitationis poenam patitur. [Jur / Black 1236].
Ninguém sofre punição por causa do pensamento. ■ O
pensamento é livre. VIDE: ● Cogitationis poenam nemo
patitur.
783. Nemo cogitur rem suam vendere, etiam iusto pretio.
[Jur / Black 1236]. Ninguém é obrigado a vender propriedade
sua, mesmo a preço justo.
784. Nemo colligit, nisi qui seminaverit. Só colhem quem
semeou. ■ Quem planta colhe. ■ Quem semeia colhe. VIDE:
● Qui seminaverit homo, metet.
785. Nemo commissuram a novo vestimento immittit in
vestimentum vetus. [Vulgata, Lucas 5.36]. Ninguém põe um
retalho de vestido novo em vestido velho. VIDE: ● Nemo
assumentum panni rudis assuit vestimento veteri. ● Nemo
autem inmittit commissuram panni rudis in vestimentum
vetus.
786. Nemo condemnatur nisi auditus vel advocatus. [Jur].
Ninguém pode ser condenado sem ter sido ouvido ou
defendido. VIDE: ● Nemo debet inauditus damnari. ● Nemo
inauditus damnari censetur.
787. Nemo confidat nimium secundis. Ninguém confie muito
na sorte favorável. ■ A fortuna é vária: hoje a favor, amanhã
contrária. ● Nemo confidat nimium secundis, nemo
desperet meliora lapsis. [Sêneca, Thyestes 614]. Ninguém
confie muito na sorte favorável; ninguém perca a esperança
de coisas melhores na adversidade. ■ Não há bem que sempre
dure, nem mal que nunca acabe.
788. Nemo contentus sua sorte. [DAPR 811]. ■ Ninguém está
contente com sua sorte. ■ Ninguém está bem com a vida que
tem. VIDE: ● Nemo sua sorte contentus vivit. ● Nemo sua
sorte contentus. ● Quid fit ut nemo contentus sit sua
sorte?
789. Nemo contra Deum nisi Deus ipse. [Goethe, Dichtung
und Wahrheit 4]. Contra Deus só mesmo Deus.
790. Nemo contra factum suum venie potest. [Jur / Black
1236]. Ninguém pode contradizer um fato seu.
791. Nemo contra se sponte agere censetur. [Jur]. Entende-se
que ninguém age contra si espontaneamente. ● Nemo contra
se agere censetur. Entende-se que ninguém age contra si.
792. Nemo coronatur, nisi certando mereatur. [Eiselein 568].
Ninguém recebe a coroa, se não a merece lutando. ■ Só
alcança quem não cansa. ● Nemo coronabitur, nisi qui
legitime certaverit. [S.Beda, Proverbiorum Liber]. Só
receberá a coroa quem disputar legitimamente. VIDE:
● Certandum est; nulli veniunt sine Marte triumphi.
● Nemo athleta sine sudore coronatur. ● Nemo enim
praemium percipit ante experimentum. ● Non, nisi
certanti, laeta corona datur.
793. Nemo cum alterius damno locupletior fieri debet. [Jur].
Ninguém deve ficar mais rico com o prejuízo alheio.
■ Ninguém deve locupletar-se com a jactura alheia. VIDE:
● Locupletari nemo debet cum alterius iactura. ● Naturale
aequum est neminem cum alterius iactura fieri
locuplectiorem. ● Neminem aequum est cum alterius
damno locupletari. ● Nemo debet lucrari ex alieno damno.
794. Nemo cum diabolo iocatur impune. [Binder, Thesaurus
2040]. Ninguém brinca impunemente com o diabo.
795. Nemo cum sarcinis enatat. [Sêneca, Epistulae Morales
22.12]. Ninguém se salva a nado carregando sua bagagem
pessoal. ■ Antes perder a lã que o carneiro. ■ Antes se perca
a lã que a ovelha. VIDE: ● Cum sarcinis enatat. ● Cum
sarcinis nemo enatat.
796. Nemo cum serpente securius ludit. [S.Pedro Crisólogo,
Sermo 155 / Rezende 3860]. Com uma serpente ninguém
brinca em segurança.
797. Nemo custodit gratis sacrum sepulcrum Christi. [Bebel
/ Eiselein 256]. Ninguém vigia de graça o santo sepulcro de
Cristo. ■ De graça só se dá bom-dia. ■ Sem dinheiro de
contado não há soldado.
798. Nemo damnatur, nisi per legale iudicium. [Jur].
Ninguém é condenado, a não ser mediante um julgamento
legal. ● Nemo damnatur sine iudicio. Ninguém é condenado
sem julgamento.
799. Nemo damnum facit, nisi qui id fecit, quod facere ius
non habet. [Paulo, Digesta 50.17.151]. Só causa dano quem
fez aquilo que não tem o direito de fazer.
800. Nemo dat quod non habet. [Jur / Broom 624; Rezende
3862]. ■ Ninguém pode dar o que não tem. ■ Ninguém dá o
que não tem. ■ Mal dá quem não há. ● Nemo dat quod non
habet, nec plus quam habet. [Mota 138]. ■ Ninguém dá o
que não tem, nem mais do que tem. ● Nemo dat qui non
habet. [Black 1237]. Quem não tem, não dá. VIDE: ● Qui non
habet, ille non dat.
801. Nemo de artificio potest iudicare, nisi artifex. [Rezende
3863]. Da arte só o artífice pode julgar. ■ Não suba o
sapateiro além da chinela. ■ Cada um sabe no que faz. VIDE:
● De arte potest non nisi artifex iudicare.
802. Nemo de domo sua extrahi debet. [Paulo, Digesta
50.17.103]. Ninguém deve ser retirado de sua casa. ● Nemo
de domo sua extrahi potest. [Jur / Black 1237]. Ninguém
pode ser retirado de sua casa.
803. Nemo de improbitate sua consequitur actionem.
[Ulpiano, Digesta 47.2.12.1]. Ninguém consegue ação
fundada na própria improbidade.
804. Nemo debet aliena iactura locupletari. [Jur / Black
1237]. ■ Ninguém deve locupletar-se com a jactura alheia.
VIDE: ● Nemo debet lucrari ex alieno damno.
805. Nemo debet bis vexari pro una et eadem causa. [Jur /
Broom 266]. Ninguém deve ser punido duas vezes por uma
mesma causa. ● Nemo debet bis puniri pro uno delicto.
[Coke / Broom 274; Maloux 438]. VIDE: ● Nemo bis punitur
pro eodem delicto.
806. Nemo debet esse iudex in propria causa. [Jur / Coke /
Broom 94]. Ninguém deve ser juiz em causa própria. VIDE:
● Ne quis in sua causa iudicet. ● Nemo esse iudex in sua
causa potest. ● Nemo sibi esse iudex vel suis ius dicere
debet.
807. Nemo debet immiscere se rei ad se nihil pertinenti. [Jur
/ Black 1237]. Ninguém deve intrometer-se em coisa que não
lhe diz respeito.
808. Nemo debet in communione invitus teneri. [Jur / Black
1237]. Ninguém deve ser mantido numa sociedade contra sua
vontade.
809. Nemo debet inauditus damnari. [Jur]. Ninguém deve ser
condenado sem ter sido ouvido. VIDE: ● Nemo condemnatur
nisi auditus vel advocatus. ● Nemo inauditus damnari
censetur.
810. Nemo debet lucrari ex alieno damno. [Gaio, Digesta
4.3.28]. ■ Ninguém deve locupletar-se com a jactura alheia.
● Nemo debet locupletari aliena iactura. [Black 1237].
● Nemo debet locupletari ex alterius incommodo. [Black
1237]. VIDE: ● Locupletari nemo debet cum alterius
iactura. ● Naturale aequum est neminem cum alterius
iactura fieri locuplectiorem. ● Neminem aequum est cum
alterius damno locupletari. ● Nemo cum alterius damno
locupletior fieri debet.
811. Nemo debet rem suam sine facto aut defectu suo
amittere. [Jur / Black 1237]. Ninguém deve perder
propriedade sua sem ato próprio ou sem tê-la abandonado.
812. Nemo debet sine culpa puniri. [Jur]. Ninguém deve ser
punido sem culpa.
813. Nemo decipitur, nisi qui confidit. Enganado só é quem
confia. ■ A desconfiança é a mãe da segurança.
814. Nemo ditescit, nisi malo alterius. [Manúcio, Adagia
1089]. Ninguém enriquece senão com o prejuízo de outrem.
■ A desgraça de uns é o bem de outros. VIDE: ● Bona nemini
hora est, ut non alicui sit mala. ● Lucrum sine damno
alterius fieri non potest. ● Nemo vincit in bello, nisi exitio
alterius.
815. Nemo dithyrambos canet potans aquam. [Schottus,
Adagia 619]. Bebendo água, ninguém cantará ditirambos.
VIDE: ● Non est dithyrambus, si bibat aquam.
● Dithyrambus non est, si bibat aquam.
816. Nemo doctus unquam mutationem consilii
inconstantiam esse dixit. [Cícero, Ad Atticum 16.7.3].
Nenhum homem sábio jamais chamou de inconstância a
mudança de parecer.
817. Nemo ducentos nunc dederit nummos, nisi fulserit
annulus ingens. [Juvenal, Satirae 7.139]. Ninguém daria (ao
advogado) duzentas moedas, se (em seu dedo) não brilhasse
um grande anel.
818. Nemo duobus utatur officiis. [Jur / Black 1237].
Ninguém deve exercer dois cargos (ao mesmo tempo).
819. Nemo duplici poena afficiendus. [Jur]. Ninguém deve ser
afetado por duas penas.
820. Nemo enim est tam senex, qui se annum non putet
posse vivere. [Cícero, De Senectute 7.24]. Ninguém é tão
velho que não se julgue poder viver mais um ano. ■ Ninguém
é tão velho que não cuide viver mais um ano. VIDE: ● Nemo
tam senex est, ut improbe unum diem speret.
821. Nemo enim fere saltat sobrius, nisi forte insanit.
[Cícero, Pro Murena 13]. Geralmente ninguém dança sóbrio,
a não ser que por acaso tenha enlouquecido.
822. Nemo enim non eo, a quo se contemptum iudicat,
minor est. [Sêneca, De Ira 3.5.8]. Ninguém deixa de ser
inferior àquele por quem se julga desprezado.
823. Nemo enim nostrum sibi vivit. [Vulgata, Romanos 14.7].
Nenhum de nós vive exclusivamente para si. VIDE: ● Nemo
sibi nascitur.
824. Nemo enim potest omnia scire. [Varrão, De Re Rustica
2.1]. Ninguém pode saber tudo. ■ Ninguém é sábio o tempo
todo. ■ Ninguém acerta sempre. VIDE: ● Nemo est, cui omnia
scire datum sit. ● Nullus omnia scire potest.
825. Nemo enim potest personam diu ferre fictam: ficta cito
in naturam suam recidunt. [Sêneca, De Clementia 1.1.6].
Ninguém pode carregar por muito tempo uma máscara: as
coisas artificiais logo retornam à sua natureza.
826. Nemo enim praemium percipit ante experimentum.
[Minúcio Félix, Octavius 37]. Ninguém recebe o prêmio
antes da competição. VIDE: ● Nemo athleta sine sudore
coronatur. ● Nemo coronatur, nisi certando mereatur.
827. Nemo erat qui in ipso dolore risum posset continere.
[Cícero, Philippica 2.93]. Não havia ninguém que, na própria
dor, pudesse conter o riso.
828. Nemo erit amicus, ipse si te ames nimis. [Grynaeus 586].
Ninguém será teu amigo, se tu mesmo te amares demais.
■ Não é amado quem só de si tem cuidado. VIDE: ● Multi
oderint, si temetipse deligas. ● Multi te oderint, si te
amabis. ● Multi te oderint, si te amas. ● Multi te oderint, si
te ipsum amaris. ● Multi te oderint, si temetipsum diligas.
● Multi te odio habebunt, si teipsum ames. ● Multi te odio
prosequentur, si te ipse amaris. ● Si tutemet te amaris,
erunt qui te oderint.
829. Nemo esse iudex in sua causa potest. [Publílio Siro].
■ Ninguém pode ser juiz em causa própria. VIDE: ● Aliquis
non debet esse iudex in propria causa, quia non potest
esse iudex et pars. ● In propria causa nemo iudex.
● Iniquum est aliquem suae rei iudicem fieri. ● Iudex in
causa propria nemo esse potest. ● Ne quis in sua causa
iudicet. ● Nemo iudex in sua causa. ● Nullus in sua causa
iudex sit.
830. Nemo est amator quisquis non semper amat.
[Aristóteles / DAPR 701]. Não é amigo quem não ama
sempre.
831. Nemo est casu bonus; discenda virtus est. [Sêneca,
Epistulae Morales 123.16]. Ninguém é bom por acaso; a
virtude deve ser aprendida.
832. Nemo est, cui omnia scire datum sit. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 10]. A ninguém foi dado saber
tudo. ■ Ninguém é sábio o tempo todo. ■ Ninguém acerta
sempre. VIDE: ● Nemo enim potest omnia scire. ● Nullus
omnia scire potest.
833. Nemo est heres viventis. [Jur / Broom 399]. Ninguém é
herdeiro de pessoa viva.
834. Nemo est in amore fidelis. [Propércio, Elegiae 2.34.3].
Ninguém é fiel no amor.
835. Nemo est infelicitati propinquior quam felix. Ninguém
está mais perto da infelicidade do que o homem feliz. ■ A
maior ventura é menos segura. VIDE: ● Nemo infelicitati
propinquior quam nimis felix.
836. Nemo est laudabilior quam qui ab omnibus laudari
potest; quot homines, tot praecones. [S.Ambrósio, De
Virginibus 1 / Bernardes, Nova Floresta 4.110]. Ninguém é
mais louvável do que aquele que pode ser louvado por todos;
tantos homens, tantos pregoeiros.
837. Nemo est miserior me. [Terêncio, Heauton Timorumenos
263]. Ninguém é mais infeliz que eu.
838. Nemo est, nisi ipse. [Sêneca, Hercules Furens 85]. Só há
ele. VIDE: ● Quaeris Alcidae parem? Nemo est nisi ipse.
839. Nemo est qui me norit melius. [Garcia de Meneses /
Ramalho 4]. Ninguém há que me conheça melhor do que eu.
840. Nemo est qui miseros invideat. Não há quem inveje
infelizes. ■ A inveja sempre atina lugares altos.
841. Nemo est qui se oderit. [Cícero, De Finibus 5.30]. Não há
ninguém que se odeie.
842. Nemo est qui semper vivat. [Vulgata, Eclesiastes 9.4].
Não há ninguém que viva sempre.
843. Nemo est qui tibi sapientius suadere possit te ipso.
[Cícero, Ad Familiares 2.7]. Não há ninguém que te possa
aconselhar com mais sabedoria do que tu mesmo.
844. Nemo est quin eo quo uti consuevit, libentius utatur
equo quam novo. [Cícero, De Amicitia 68, adaptado]. Não
há quem não use com mais prazer o cavalo a que está
acostumado do que um cavalo novo.
845. Nemo est, quin liberos suos incolumes et beatos esse
cupiat. [Cícero, De Inventione 1.48]. Não há quem não
queira seus filhos em segurança e felizes.
846. Nemo est supra leges. [Jur / Black 1237]. Ninguém está
acima das leis. ● Nemo est supra legem. Ninguém está acima
da lei.
847. Nemo est tam agrestis, quem non contumelia moveat.
[Cícero, De Partitione 92]. Não há ninguém tão rude, que a
ofensa não lhe provoque reação.
848. Nemo est tam fortis, quin rei novitate perturbetur.
[César, De Bello Gallico 6.39]. Ninguém é tão valente, que
não se perturbe com uma circunstância imprevista.
849. Nemo ex alterius facto praegravari debet. [Jur / Black
1237]. Ninguém deve ser molestado em conseqüência de ato
de outrem.
850. Nemo ex amoris vulnere sanus abit. Ninguém escapa
ileso aos golpes do amor. ■ Mal de amor não tem cura. VIDE:
● Nec quisquam ex amoris vulnere sanus abit.
851. Nemo ex consilio obligatur. [Gaio, Digesta 17.1.2.6].
Ninguém se obriga pelo conselho. ■ Quem aconselha não
obriga.
852. Nemo ex dolo suo lucretur. [Digesta 4.3.12]. Ninguém
tire vantagem de seu dolo.
853. Nemo ex industria protrahat iurgium. [Codex Iustiniani
2.6.6.4]. Ninguém prolongue a demanda intencionalmente.
854. Nemo ex proprio dolo consequitur actionem. [Jur /
Broom 245]. Ninguém consegue ação a partir de sua própria
fraude. VIDE: ● Ex dolo malo non oritur actio. ● Ex turpi
causa non oritur actio.
855. Nemo ex re aliena locupletari debet. Ninguém
locupletar-se dos bens alheios.
856. Nemo ex suo delicto meliorem suam condicionem
facere potest. [Digesta 50.17.134]. Ninguém pode melhorar
sua condição pelo seu delito.
857. Nemo fatum suum, aut fatalem diem novit, ita ut
praesens hora certam non habeat fidem. [Grynaeus 272].
Ninguém conhece seu destino ou sua hora decisiva, a ponto
de não ter confiança na hora presente.
858. Nemo felicitatis suae obliviscitur. [Sêneca,
Apocolocyntosis 5]. Ninguém se esquece da própria
felicidade.
859. Nemo fit fato nocens. [Sêneca, Oedipus 1019]. Ninguém
se torna criminoso por acaso.
860. Nemo fuit repente turpissimus. Ninguém se tornou
depravado repentinamente. VIDE: ● Nemo repente fit
turpissimus. ● Nemo repente fuit turpissimus.
861. Nemo futurum effugerit. [Apostólio, Paroimiai 18.93].
Ninguém escapará do futuro.
862. Nemo habet in potestate quid ei veniat in mentem, sed
consentire vel dissentire propriae voluntatis est.
[S.Agostinho, De Spiritu et Littera 34]. Ninguém tem poder
sobre o que lhe vem à mente, mas concordar ou discordar é
de sua vontade.
863. Nemo hominum quavis sapiens reperitur in hora.
[DAPR 593]. Nenhum homem é sábio em todas as horas.
■ Ninguém é sábio o tempo todo. VIDE: ● Horis omnibus
nemo sapit. ● Nemo mortalium omnibus horis sapit.
● Nemo mortalium cunctis horis sapit. ● Nemo omnibus
horis sapit.
864. Nemo hunc amat qui verba nuntiat mala. [Grynaeus
771]. Ninguém gosta de quem traz más notícias.
865. Nemo id negat. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 10.3].
Ninguém o contesta.
866. Nemo igitur vir magnus sine aliquo afflatu divino
unquam fuit. [Cícero, De Natura Deorum 2.66]. Nunca
ninguém foi grande homem sem alguma inspiração divina.
867. Nemo ignavia immortalis factus est. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 85]. Ninguém se tornou imortal com a preguiça.
■ A preguiça nunca fez bom feito.
868. Nemo immature moritur, qui moritur miser. [Publílio
Siro]. Nenhum desgraçado que morre, morre antes do tempo.
869. Nemo impetrare potest a papa bullam nunquam
moriendi. [Atribuído a Tomás de Kempis / Rezende 3872].
Ninguém pode obter do papa uma bula que o livre da morte.
870. Nemo in admittenda satisfactione sit difficilis. [VES 34].
Ninguém se faça difícil ao receber pedido de desculpas.
871. Nemo in amore videt. [Propércio, Elegiae 2.14.18]. No
amor ninguém enxerga. ■ O amor é cego. ■ A afeição cega a
razão. ■ A paixão cega a razão. VIDE: ● Amor caecus est.
● Caeca amore est. ● Qui amat, circa rem amatam caecus
redditur.
872. Nemo in patria propheta acceptus est. [Rezende 3873].
Ninguém é aceito como profeta em sua terra. ■ Ninguém é
profeta em sua terra. ■ Santo de casa não faz milagre. VIDE:
● Cernitur in propria raro multum regione vates portare
decus ornatumque coronae. ● In patria natus non est
propheta vocatus. ● Nemo propheta acceptus est in patria
sua. ● Nemo propheta in sua patria. ● Nemo propheta in
patria. ● Non est propheta sine honore, nisi in patria sua,
et in domo sua. ● Propheta in sua patria honorem non
habet.
873. Nemo in propria causa testis esse debet. [Jur / Black
1237]. Ninguém deve ser testemunha em causa própria.
874. Nemo in sese tentat descendere! [Pérsio, Satirae 4.23].
Ninguém procura conhecer a si mesmo. VIDE: ● In se tentat
descendere nemo.
875. Nemo inauditus condemnari debet, si non sit contumax.
[Jur / Black 1237]. Ninguém deve ser condenado sem ser
ouvido, se não é contumaz.
876. Nemo inauditus damnari censetur. [Jur]. Não se concebe
que alguém seja condenado sem ter sido ouvido. VIDE:
● Nemo condemnatur nisi auditus vel advocatus. ● Nemo
debet inauditus damnari.
877. Nemo infelicitati propinquior quam nimis felix. [Pereira
94]. Ninguém está mais perto da infelicidade do que o
homem muito feliz. ■ A maior ventura é a menos segura. ■ A
maior ventura é a que menos dura. ■ Quanto maior a
ventura, tanto menos é segura. VIDE: ● Nemo est infelicitati
propinquior quam felix.
878. Nemo innocens, si accusare sufficit. [Grynaeus 433].
Ninguém seria inocente, se bastasse acusar.
879. Nemo invenitur qui pecuniam suam dividere velit.
[Sêneca, De Brevitate Vitae 3.1]. Não se encontra ninguém
que queira dividir seu dinheiro.
880. Nemo invenitur qui satisfaciat omnibus. [Erasmo]. Não
se encontra ninguém que satisfaça a todos. ■ Ninguém pode
agradar a todos. ■ Nenhuma Maria pode agradar a todos
Manéis. VIDE: ● Difficile omnibus placere. ● Frustra laborat
qui omnibus placere studet. ● In vanum laborat qui
omnibus placere contendit. ● Nemo omnibus placet.
● Omnibus placere impossibile est.
881. Nemo invenietur qui se possit absolvere. [Sêneca, De Ira
1.14.3]. Não se encontrará ninguém que possa absolver a si
próprio.
882. Nemo invitus compellitur ad communionem. [Digesta
12.6.26.4]. Ninguém é compelido contra a vontade a formar
uma sociedade.
883. Nemo irascendo fit fortior, nisi qui fortis sine ira non
fuisset. [Sêneca, De Ira 1.13.5]. Só se torna valente quando
fica irado aquele que sem ira não seria valente.
884. Nemo ire quemquam publica prohibet via. [Plauto,
Curculio 35]. Ninguém proíbe quem quer que seja de andar
na via pública. VIDE: ● Nemo quemquam ire prohibet
publica via.
885. Nemo ita despectus, quin possit laedere laesus.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 44]. Ninguém é tão
desprezível que não possa ferir, quando ferido. ■ Cada
formiga tem sua ira. ■ Rã também sente como gente. VIDE:
● Etiam instanti laesa repugnat ovis. ● Laesa saepius
repugnat ovis. ● Non solum taurus ferit uncis cornibus
hostem, verum etiam instanti laesa repugnat ovis.
886. Nemo ita pauper vivit, quam pauper natus est. [PSa].
Ninguém vive tão desprovido como quando nasceu. ● Nemo
ita pauper vivit, quam natus est.
887. Nemo iudex in sua causa. [Jur]. ■ Ninguém pode ser juiz
em causa própria. VIDE: ● Aliquis non debet esse iudex in
propria causa, quia non potest esse iudex et pars. ● In
propria causa nemo iudex. ● Iniquum est aliquem rei suae
esse iudicem. ● Iniquum est aliquem suae rei iudicem fieri.
● Iudex in causa propria nemo esse potest. ● Ne quis in sua
causa iudicet. ● Nemo esse iudex in sua causa potest.
● Nullus in sua causa iudex sit.
888. Nemo iudex sine lege. [Jur]. Sem lei, não há juiz.
889. Nemo iudex sine actore. [Jur]. Sem autor, não há juiz.
890. Nemo ius ignorare censetur. [Jur]. Considera-se que
ninguém ignora a lei. VIDE: ● Nemo censetur ignorare legem.
891. Nemo ius sibi dicere potest. [Jur / Black 1237]. Ninguém
pode interpretar a lei para si mesmo.
892. Nemo iuvenes eligit duces, eo quod non constat eos esse
prudentes. [VES 105]. Ninguém escolhe jovens para chefes,
porque não consta que sejam prudentes.
893. Nemo iuventam tuam contemnat. Ninguém faça pouco
caso da tua mocidade. VIDE: ● Nemo adulescentiam tuam
contemnat.
894. Nemo laeditur nisi a seipso. [S.João Crisóstomo /
Bernardes, Luz e Calor 1.126; Nova Floresta 3.433].
Ninguém recebe danos senão de si mesmo. ■ Os maiores
danos nos vêm de nós mesmos. ■ Ninguém arma laço que não
caia nele.
895. Nemo libenter recolit, qui laesit, locum. [Fedro, Fabulae
1.18.1]. Ninguém visita com prazer ao lugar onde praticou
algum mal.
896. Nemo liber est qui corpori servit. [Sêneca, Epistulae
Morales 92.33]. Não é livre quem é escravo do seu corpo.
897. Nemo liber qui servit cupiditatibus. [Rezende 3881].
Não é livre quem é escravo dos desejos.
898. Nemo lucernam accendit, et in abscondito ponit neque
sub modio. [Vulgata, Lucas 11.3]. Ninguém acende uma
candeia e a põe em lugar escondido nem debaixo de um
alqueire. VIDE: ● Nemo autem lucernam accendens, operit
eam vase, aut subtus lectum ponit.
899. Nemo magister natus. [DAPR 421]. Ninguém nasceu
professor. ■ Ninguém nasce sabendo. ■ Ninguém nasce
ensinado. VIDE: ● Nemo nascitur artifex. ● Nemo nascitur
sapiens. ● Nemo nascitur sapiens, sed fit.
900. Nemo malus felix, minime corruptor. [Juvenal, Satirae
4.8]. Nenhum homem desonesto é feliz, muito menos o
corruptor.
901. Nemo malus, nisi probetur. Ninguém (deve ser
considerado) mau, a não ser que se prove. VIDE: ● Nemo
praesumitur malus nisi probetur.
902. Nemo malus qui non stultus. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy]. Não há homem mau que não seja
tolo.
903. Nemo me impune lacessit. [Divisa da Ordem de Santo
André, da Escócia]. Ninguém me provoca impunemente.
904. Nemo mihi molestus sit. [Vulgata, Gálatas 6.17].
Ninguém me seja molesto.
905. Nemo militans Deo implicat se negotiis saecularibus.
[Vulgata, 2Timóteo 2.4]. Ninguém que milita para Deus se
embaraça com negócios do século.
906. Nemo militat suis stipendiis. [Binder, Thesaurus 2047].
Ninguém faz guerra à própria custa. ■ Sem dinheiro de
contado não há soldado. VIDE: ● Nemo tenetur militare
propriis stipendiis. ● Quis militat suis stipendiis unquam?
907. Nemo minus notus quam quisque sibi. [S.João
Crisóstomo / Bernardes, Luz e Calor 1.219.20]. Ninguém é
menos conhecido que cada um de si mesmo.
908. Nemo mittit vinum novum in utres veteres. [Vulgata,
Lucas 5.37; Marcos 2.22]. Ninguém lança vinho novo em
odres velhos. VIDE: ● Neque mittunt vinum novum in utres
veteres.
909. Nemo moritur nisi sua morte; nemo nisi suo die
moritur. [Sêneca, Epistulae Morales 69.6]. Ninguém morre
senão a própria morte; ninguém morre senão no seu dia. VIDE:
● Nemo nisi suo die moritur.
910. Nemo mortalium omnibus horis sapit. [Plínio Antigo,
Naturalis Historia 7.40.131]. Nenhum mortal é sábio todas as
horas. ■ Nem sempre o homem está de lua. ■ Todo homem põe
a mão no chão de quando em quando. ● Nemo mortalium
cunctis horis sapit. [Pereira 114]. VIDE: ● Horis omnibus
nemo sapit. ● Nemo hominum quavis sapiens reperitur in
hora. ● Nemo omnibus horis sapit.
911. Nemo nascitur artifex. [Erasmo, Colloquia 10]. Ninguém
nasce mestre. ■ Ninguém nasce ensinado. ■ Ninguém nasce
sabendo. ● Nemo nascitur sapiens. [Mota 139]. Ninguém
nasce sábio. ● Nemo nascitur sapiens, sed fit. Ninguém
nasce sábio, mas fica. VIDE: ● Nemo magister natus.
912. Nemo nimis cupide sic res desideret ullas, ne plus cum
cupiat, perdat et id quod habet. [Aviano]. Ninguém deseje
exageradamente coisa alguma, para que, desejando mais do
que tem, não perca também o que tem. ■ Quem muito quer
tudo perde.
913. Nemo, nisi dives, honore dignus reputatur. [S.Ambrósio
/ Rezende 3886]. Só o rico é considerado digno de honra.
VIDE: ● Hodie nemo, nisi dives, honore dignus reputatur.
914. Nemo nisi mors. [Inscrição em anel de núpcias]. Só a
morte (nos separará).
915. Nemo nisi sapiens liber est. Só o sábio é livre. VIDE: ● Nisi
sapientem, liberum esse neminem.
916. Nemo nisi suo die moritur. Ninguém morre senão no seu
dia. ■ Ninguém morre na véspera. ■ Ninguém morre antes da
hora. VIDE: ● Nemo moritur nisi sua morte; nemo nisi suo
die moritur.
917. Nemo, nisi victor, pace bellum mutavit. [Salústio,
Catilina 58.3]. Só o vencedor mudou a guerra em paz.
918. Nemo nocens, si infitiari sufficit. [Jur]. Ninguém seria
culpado, se bastasse negar.
919. Nemo nocens sibi ipse poenas abrogat. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 899]. Nenhum culpado se livra do castigo.
920. Nemo non benignus est sui iudex. [Sêneca, De Beneficiis
2.26.2]. Ninguém é juiz rigoroso para si. ■ Ninguém é bom
juiz em causa própria.
921. Nemo non formosus filius matri. [Tosi 548]. Nenhum
filho deixa de ser bonito para sua mãe. ■ Coruja não acha os
filhos feios. ■ O escaravelho a seus filhos chama grãos de
ouro. ■ Quem ama o feio, bonito lhe parece. VIDE: ● Noctuae
pullus suus pulcherrimus.
922. Nemo nos a tergo insectatur. [Pereira 114]. Ninguém nos
persegue. ■ Calma! Não vamos tirar o pai da forca! ● Nemo
nos insequitur aut impellit. Ninguém nos segue, nem nos
empurra. (=Ninguém nos obriga a nada. Podemos fazer o que
quisermos).
923. Nemo nos amat, qui te non diligat. [Cícero, Ad
Familiares 16.7]. Não há pessoa que nos ame que não te ame.
924. Nemo nostrum idem est in senectute, qui fuit iuvenis.
[Sêneca, Epistulae Morales 58.22]. Nenhum de nós é na
velhice o que foi quando jovem.
925. Nemo nostrum non peccat. Homines sumus, non dei.
[Petrônio, Satiricon 75.1]. Nenhum de nós deixa de cometer
erros; somos humanos, não deuses. ■ Ninguém há sem seu pé
de pavão. VIDE: ● Crimine nemo caret. ● Nemo sine crimine
vivit. ● Nemo sine vitiis nascitur. ● Nemo sine vitio est.
● Neque enim est homo qui non peccet.
926. Nemo nupsit inops, dives nec mortuus ullus. [Pereira
111]. Ninguém se casou pobre, nem há nenhum morto rico.
■ Não há casamento pobre, nem mortalha rica.
927. Nemo occidatur uno contra se dicente testimonium.
[Vulgata, Deuteronômio 17.6]. Nenhum será morto sob o
testemunho de uma só pessoa.
928. Nemo omnibus horis sapit. [Pereira 123]. ■ Ninguém
acerta sempre. ■ Nem sempre o homem está de lua. ■ Todo
homem põe a mão no chão de quando em quando. VIDE:
● Horis omnibus nemo sapit. ● Nemo hominum quavis
sapiens reperitur in hora. ● Nemo mortalium cunctis horis
sapit. ● Nemo mortalium omnibus horis sapit.
929. Nemo omnibus placet. [DAPR 173]. Ninguém agrada a
todos. ■ Ninguém pode agradar a todos. ■ Nenhuma Maria
pode agradar a todos Manéis. ■ Ninguém é moeda de vinte
patacas, para agradar a todos. VIDE: ● Difficile omnibus
placere. ● Frustra laborat qui omnibus placere studet. ● In
vanum laborat qui omnibus placere contendit. ● Nemo
invenitur qui satisfaciat omnibus. ● Omnibus placere
impossibile est.
930. Nemo otiosus comedat. [Schottus, Adagialia Sacra 133].
Ninguém que fique sem trabalhar deve comer. ■ Quem não
trabalha não come. ■ Não pode o filho de Adão sem trabalho
comer pão. VIDE: ● Qui non laborat, non manducat. ● Qui
non laborat, non manducet. ● Si quis non vult operari, nec
manducet.
931. Nemo patriam, quia magna est, amat, sed quia sua.
[Sêneca, Epistulae Morales 66.26]. Ninguém ama a pátria
porque é grande, mas porque é sua.
932. Nemo paupertatem commendaret, nisi pauper.
[S.Bernardo / Robert Burton, The Anatomy of Melancholy].
Só um pobre recomendaria a pobreza.
933. Nemo peccat invitus. [DM 1]. Ninguém peca sem querer.
VIDE: ● Omne peccatum voluntarium. ● Omitte
excusationem, nemo peccat invitus. ● Peccatum omne
voluntarium est, et sine voluntate non committitur.
934. Nemo pecuniam suam iactare creditur. [Jur]. Não se
concebe que alguém vá dissipar o próprio dinheiro.
935. Nemo plus commodi heredi suo relinquit quam ipse
habuit. [Digesta 50.17.120]. Ninguém deixa ao seu herdeiro
benefício maior do que ele mesmo tinha.
936. Nemo plus iuris ad alium transferre potest quam ipse
haberet. [Digesta 50.17.54]. Ninguém pode transferir a
outrem mais direito do que ele mesmo tem. ■ Ninguém dá o
que não tem, nem mais do que tem. VIDE: ● Plus iuris nemo in
alium transferre potest quam ipse habet.
937. Nemo potentes aggredi tutus potest. [Sêneca, Medea
430]. Ninguém pode atacar em segurança os poderosos.
■ Com o fogo não se brinca. ■ Com teu amo não partas as
peras. VIDE: ● Cum domino semper pugna sinistra fuit.
● Cum principe non pugnandum. ● Fuge lites cum viro
maiore. ● Habeas nunquam magno cum principe litem.
● Lites cum rege molestae. ● Maiorem virum cave.
● Maiorem vitato virum. ● Non habeas unquam magno
cum principe litem: cum domino semper pugna sinistra
fuit. ● Offensa potentium periculosa. ● Potenti irasci, sibi
periclum est quaerere. ● Semper vitato potentem.
938. Nemo potest ad impossibile obligari. [Jur]. ■ Ninguém é
obrigado a fazer o impossível. ■ Quem promete o que não
pode a cumprir não está obrigado. VIDE: ● Ad impossibile
nemo obligatur. [● Ad impossibile nemo tenetur. ● Ad
impossibilia nemo tenetur. ● Impossibilium nulla obligatio
est. ● Impotentia excusat legem. ● Nemo ad impossibile
tenetur. ● Nemo ad impossibilia tenetur. ● Obligatio
impossibilium nulla est. ● Ultra posse nemo obligatur.
● Ultra posse suum nullum lex iusta cöegit. ● Ultra posse
suum profecto nemo tenetur. ● Ultra vires nemo tenetur.
939. Nemo potest duobus dominis servire. [Vulgata, Mateus
6.24]. ■ Ninguém pode servir a dois senhores. ■ Ninguém
pode servir bem a dois senhores. ● Nemo potest dominis
pariter servire duobus. [Iuvencus / Schottus, Adagialia
Sacra 14]. Ninguém pode servir ao mesmo tempo a dois
senhores. ● Nemo potest dominis simul inservire duobus.
● Nemo potest dominis recte servire duobus. VIDE: ● Deficit
ambobus, qui vult servire duobus. ● Duobus dominis ne
servias. ● Nemo servus potest duobus dominis servire.
● Nemo simul dominis par est servire duobus. ● Utiliter
servit nemo duobus eris.
940. Nemo potest esse felix sine virtute. Sem virtude ninguém
pode ser feliz. VIDE: ● Beatus enim esse sine virtute nemo
potest. ● Beatum autem sine virtute neminem esse.
941. Nemo potest esse simul actor et iudex. [Jur / Broom 95].
Ninguém pode ser ao mesmo tempo autor da ação e juiz.
VIDE: ● Aliquis non debet esse iudex in propria causa, quia
non potest esse iudex et pars. ● In propria causa nemo
iudex. ● Iniquum est aliquem rei suae esse iudicem.
● Iniquum est aliquem suae rei iudicem fieri. ● Iudex in
causa propria nemo esse potest. ● Ne quis in sua causa
iudicet. ● Nemo esse iudex in sua causa potest. ● Nemo
iudex in sua causa. ● Nemo potest esse simul actor et
iudex. ● Nullus in sua causa iudex sit.
942. Nemo potest facere per alium quod per se non potest.
[Jur / Black 1238]. Ninguém pode fazer através de outrem o
que não pode fazer pessoalmente.
943. Nemo potest ignorare leges. [Jur]. Ninguém pode
desconhecer as leis.
944. Nemo potest mutare consilium suum in alterius
iniuriam. [Digesta 50.17.75]. Ninguém pode mudar a sua
resolução em prejuízo de outrem. VIDE: ● Mutare consilium
quis non potest in alterius praeiudicium.
945. Nemo potest nisi quod de iure potest. [Jur / Black 1238].
Ninguém pode fazer coisa que não seja permitida pela lei.
946. Nemo potest nudo vestimenta detrahere. ■ Ninguém
pode despir um homem nu. VIDE: ● An ignoras, inepte,
nudum nec a decem palaestritis despoliari posse?
● Centum viri unum pauperem spoliare non possunt.
● Non possunt nudo vestimenta detrahi. ● Nudo detrahere
vestimenta me iubes. ● Nudus nec a centum viris spoliari
potest. ● Nudum nec a decem palaestritis despoliari posse.
947. Nemo potest scire, solet illud saepe venire, quod puer
angelicus post in senio fit iniquus. [Cronica Francisci
Pragensis 2,4]. Ninguém pode prever: acontece com
freqüência que um menino angelical depois, na velhice, fica
iníquo. ■ De jovem anjo, velho diabo. VIDE: ● Fit puer
angelicus daemon, veniente senecta.
948. Nemo potest sibi debere. [Jur / Black 1238]. Ninguém
pode dever a si mesmo.
949. Nemo potest tollere quod natura dedit. [Signoriello
301]. Ninguém pode tirar o que a natureza deu. VIDE: ● Quod
natura dedit, tollere nemo potest.
950. Nemo potest vitare quod Deus nobis immittit. [Manúcio,
Adagia 1228]. Ninguém pode evitar o que Deus nos manda.
■ O que não pode al ser deves sofrer. VIDE: ● Fato non
repugnandum. ● Quod vitari non potest, ferendum est,
non culpandum.
951. Nemo potuit terribilis esse secure. [Sêneca, Epistulae
Morales 105]. Ninguém que inspirou terror, pôde viver em
segurança. ■ Deve temer a muitos aquele a quem muitos
temem.
952. Nemo praestat casus fortuitos. [Jur]. Ninguém responde
por casos fortuitos.
953. Nemo praesumitur ludere in extremis. [DAPR 774;
Black 1238]. Supõe-se que ninguém quer enganar na hora
extrema.
954. Nemo praesumitur malus nisi probetur. [Jur]. Ninguém
se presume desonesto, sem que se prove. VIDE: ● Nemo
malus, nisi probetur.
955. Nemo primo quoque die fit doctus. [Grynaeus 203].
Ninguém se torna douto no primeiro dia. VIDE: ● Primo
quoque die nemo magister erit.
956. Nemo propheta acceptus est in patria sua. [Vulgata,
Lucas 4.24]. Ninguém é aceito como profeta na própria terra.
■ Ninguém é profeta em sua terra. ■ Santo de casa não faz
milagre. ● Nemo propheta sua splendidus in patria.
[Binder, Thesaurus 2052]. Ninguém é grande profeta em sua
pátria. ● Nemo propheta in sua patria honorem habet.
Nenhum profeta é respeitado em sua terra. ● Nemo propheta
in patria sua. ● Nemo propheta in patria. VIDE: ● Cernitur
in propria raro multum regione vates portare decus
ornatumque coronae. ● Nemo in patria propheta acceptus
est. ● Propheta in sua patria honorem non habet.
957. Nemo prudens punit, quia peccatum est, sed ne
peccetur. [Platão / Sêneca, de Ira 1.16]. Nenhum homem
inteligente castiga porque se errou, mas para que não se erre.
958. Nemo punitur pro alieno delicto. [Jur / Black 1238].
Ninguém é punido por delito alheio.
959. Nemo quam bene vivat, sed quam diu, curat, cum
omnibus possit contingere, ut bene vivant, ut diu, nulli.
[Sêneca, Epistulae Morales 22.17]. Ninguém se preocupa
com a dignidade com que vive, mas com a duração de sua
vida, embora a todos seja possível cuidar que vivam
dignamente, e a ninguém, que viva muito tempo.
960. Nemo quemquam ire prohibet publica via. [Erasmo,
Adagia 3.5.27]. Ninguém proíbe quem quer que seja de andar
na via pública. VIDE: ● Nemo ire quemquam publica
prohibet via.
961. Nemo qui condemnare potest absolvere non potest.
[Digesta 50.17.37]. Quem pode condenar pode absolver.
962. Nemo quicquam facile credit quo credito dolendum sit.
[Sêneca Retórico, Controversiae 5.2]. Ninguém acredita
facilmente naquilo que lhe causaria pesar.
963. Nemo quisquam tam efferis est moribus, quin faciat aut
dicat nonnunquam aliquid quod laudari queat. [Aulo
Gélio, Noctes Atticae 2.6.9]. Não há ninguém de costumes
tão ferozes que às vezes não faça ou diga alguma coisa que
possa ser elogiada.
964. Nemo quod suum est quaerat, sed quod alterius.
[Vulgata, 1Coríntios 10.24]. Ninguém busque o que é seu,
senão o que é do outro.
965. Nemo referre gratiam scit, nisi sapiens. [Sêneca,
Epistulae Morales 2.5]. Só o avisado sabe retribuir o
benefício.
966. Nemo repente fit summus. [Bernardes, Nova Floresta
1.264]. Ninguém fica muito ilustre de repente. ● Nemo
repente fit summus, nemo repente fit pessimus. [Rezende
3896]. Ninguém de repente fica ótimo, ninguém de repente
fica péssimo.
967. Nemo repente fuit turpissimus. [Juvenal, Satirae 2.83].
Ninguém se tornou depravado de repente. ● Nemo repente fit
turpissimus. [Rezende 3897]. Ninguém se torna depravado
de uma hora para outra. VIDE: ● Nemo fuit repente
turpissimus.
968. Nemo reum faciet qui vult dici sibi verum. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 60]. Quem deseja que lhe seja
dita a verdade, não faça crítica a ninguém.
969. Nemo rex non ex servis est oriundus; nemo non servus
ex regibus. [Platão / Sêneca, Epistulae Morales 44.4,
adaptado]. Não há rei que não tenha servos em sua origem;
não há servo que não tenha reis em sua origem.
970. Nemo risum praebuit qui ex se cepit. [Sêneca, De
Constantia 17.3]. Não provocou riso quem foi capaz de rir de
si mesmo.
971. Nemo sapiens nisi patiens. [Tosi 1671]. Ninguém é sábio,
se não é paciente.
972. Nemo scit, praeter me, ubi soccus me premat. [Plutarco
/ S.Jerônimo, Adversus Iovinianum]. Só eu sei onde o sapato
me aperta. ■ Cada um sabe onde lhe aperta o sapato. ● Nemo
scit ubi calceus urat, nisi qui eum portat. [DAPR 688]. Só
quem o usa, sabe onde o sapato machuca.
973. Nemo scit quid agatur in homine nisi spiritus hominis,
qui in ipso est. [Vulgata, 1Coríntios 2.11]. Ninguém sabe o
que ocorre dentro do homem, senão o espírito do homem,
que nele mesmo reside.
974. Nemo se abscondere a Deo potest. Ninguém pode
esconder-se de Deus. ■ A Deus nada se esconde.
975. Nemo se ipso diligit quemquam magis. [Manúcio,
Adagia 155 / Pereira 103]. Ninguém gosta mais de outrem do
que de si mesmo. ■ Em tal signo nasci, que mais quero para
mim que para ti. VIDE: ● Quisque semet plus amico diligit.
976. Nemo secure loquitur, nisi qui libenter tacet. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.20.12]. Só fala sem
preocupação quem se cala de boa vontade.
977. Nemo secure praecipit, nisi qui bene oboedire didicit.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.20.14]. Só dá
ordens com segurança quem bem aprendeu a obedecer.
978. Nemo seipsum effugit. Ninguém escapa de si mesmo.
■ Ninguém escapa à responsabilidade de si mesmo.
979. Nemo servus potest duobus dominis servire. [Vulgata,
Lucas 16.13]. Nenhum servo pode servir a dois senhores.
■ Não se pode servir a dois senhores. VIDE: ● Deficit
ambobus, qui vult servire duobus. ● Duobus dominis ne
servias. ● Nemo potest dominis pariter servire duobus.
● Nemo potest duobus dominis servire. ● Nemo simul
dominis par est servire duobus. ● Utiliter servit nemo
duobus eris.
980. Nemo sibi esse iudex vel suis ius dicere debet. [Codex
3.5.1]. Ninguém deve ser juiz de si mesmo, ou julgar os seus.
VIDE: ● Ne quis in sua causa iudicet. ● Nemo esse iudex in sua
causa potest. ● Nemo debet esse iudex in propria causa.
981. Nemo sibi nascitur. [Platão / Erasmo, Adagia 4.6.81].
Ninguém nasce só para si. ● Nemo sibi nascitur uni. VIDE:
● Nemo sibi soli, sed aliis nascitur. ● Nemo enim nostrum
sibi vivit.
982. Nemo sibi satis est; eget omnis amicus amico.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 55.15]. Ninguém se
basta a si mesmo; todo homem precisa de um amigo.
983. Nemo sibi satis sapiens. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.16.13]. Para si mesmo ninguém tem
bastante siso.
984. Nemo sibi secundus. [Rabelais, Carta de 15 fev 1530].
Ninguém é inferior a si mesmo.
985. Nemo sibi soli, sed aliis nascitur. [Schottus, Adagia 609].
Ninguém nasce só para si, mas para os outros. VIDE: ● Nemo
sibi nascitur.
986. Nemo silens placuit, multi brevitate loquendi. [Ausônio,
Epistulae 14.44]. Ninguém que ficou calado agradou, muitos
agradaram pela concisão no falar.
987. Nemo simul dominis par est servire duobus. [Owen /
Binder, Thesaurus 2056]. Não convém que ninguém sirva a
dois senhores ao mesmo tempo. ■ Ninguém pode servir a dois
senhores. ■ Ninguém pode servir bem a dois senhores. VIDE:
● Deficit ambobus, qui vult servire duobus. ● Duobus
dominis ne servias. ● Nemo potest dominis pariter servire
duobus. ● Nemo potest duobus dominis servire. ● Nemo
servus potest duobus dominis servire. ● Utiliter servit
nemo duobus eris.
988. Nemo sine crimine vivit. [Dionísio Catão, Disticha 1.5].
Ninguém vive sem algum erro. ■ Ninguém há sem pecado.
■ Quem quer cavalo sem tacha sem ele se acha. ■ Ninguém é
perfeito. VIDE: ● Crimine nemo caret. ● Nemo nostrum non
peccat. Homines sumus, non dei. ● Nemo sine vitiis
nascitur. ● Nemo sine vitio est. ● Neque enim est homo qui
non peccet.
989. Nemo sine invidia felix, et agrestia livor tecta petit. Não
há homem feliz que não seja invejado, e a maldade procura
até as cabanas campestres.
990. Nemo sine sapientia beatus est. [S.Agostinho, De Libero
Arbítrio 2.9.26]. Ninguém é feliz sem sabedoria.
991. Nemo sine vitiis nascitur. Ninguém nasce sem defeitos.
■ Cada um tem seu pé de pavão. ● Nemo sine vitiis nascitur;
optimus ille est qui minimis urgetur. [Erasmo, Moriae
Encomium 19]. Ninguém nasce sem defeitos; muito bom é
aquele que é atormentado pelos defeitos menores. ● Nemo
sine vitio est. [Sweet 33]. Não existe ninguém sem defeito.
VIDE: ● Crimine nemo caret. ● Nemo nostrum non peccat.
● Nemo sine crimine vivit. ● Nemo vacat prorsus malo,
neque crimine. ● Neque enim est homo qui non peccet.
992. Nemo societatem contrahendo rei suae dominus esse
desinit. [Digesta 19.5.13.1]. Ninguém, ao passar a fazer parte
de uma sociedade, deixa de ser dono de suas propriedades.
993. Nemo sollicito bono fruitur. [Sêneca, Epistulae Morales
14]. Ninguém tira prazer de um bem que traz preocupações.
994. Nemo solus satis sapit. [Plauto, Miles Gloriosus 881].
Ninguém por si é bastante sábio. ■ Duas cabeças pensam
melhor do que uma. ■ O saber não está todo numa cabeça.
995. Nemo stultus tacere potest. [Sólon / Cecílio Balbo, De
Nugis Philosophorum]. Nenhum tolo consegue ficar calado.
VIDE: ● Neminem stultum tacere posse. ● Stultus tacere
nescit.
996. Nemo sua sorte contentus. [DAPR 618]. ■ Ninguém está
contente com sua sorte. ■ Ninguém se contenta com o que
tem. ● Nemo sua sorte contentus vivit. [Pereira 114].
Ninguém vive contente com sua sorte. VIDE: ● Esto tua sorte
contentus. ● Nemo contentus sua sorte.
997. Nemo suae carnis nimium laetetur honore; ne vilis
factus post tua damna gemat. [Aviano]. Ninguém se
regozije exageradamente da beleza do próprio corpo, pois
quem tu deprecias agora, mais tarde poderá lamentar tuas
desgraças.
998. Nemo tam dives, qui alterius auxilio non indigeat.
[Pereira 112]. Ninguém é tão rico, que não precise do auxílio
de outrem. ■ Não há rainha sem sua vizinha.
999. Nemo tam divos habuit faventes, crastinum ut posset
sibi polliceri. [Sêneca, Thyestes 618]. Ninguém encontrou
deuses tão favoráveis, que possa prometer a si um amanhã.
■ Ninguém sabe do porvir.
1000. Nemo tam immanis est, cuius mentem non imbuerit
deorum opinio. [Cícero, Trusculanae 1.13]. Não há ninguém
tão desumano cujo espírito não esteja impregnado da crença
nos deuses.
1001. Nemo tam pauper potest esse quam natus est.
[Minúcio Félix, Octavius 36]. Ninguém pode ser tão pobre
quanto era, quando nasceu. VIDE: ● Contemnite
paupertatem; nemo tam pauper vivit quam natus est.
1002. Nemo tam senex est, ut improbe unum diem speret.
[Sêneca, Epistulae Morales 12.6]. Ninguém é tão velho, que
seja impróprio esperar mais um dia de existência. ■ Ninguém
é tão velho, que não cuide viver mais um ano. VIDE: ● Nemo
enim est tam senex, qui se annum non putet posse vivere.
1003. Nemo tam timidus est, ut malit semper pendere quam
semel cadere. [Sêneca, Epistulae Morales 22.3]. Ninguém é
tão medroso, que preferisse ficar pendurado para sempre a
cair de uma vez.
1004. Nemo tenetur ad impossibile. [Jur / Broom 202].
Ninguém é obrigado ao impossível. ■ Ninguém é obrigado a
fazer o impossível. VIDE: ● Ad impossibile nemo obligatur.
● Ad impossibile nemo tenetur. ● Ad impossibilia nemo
tenetur. ● Nemo ad impossibile tenetur. ● Nemo ad
impossibilia tenetur. ● Nemo potest ad impossibile
obligari.
1005. Nemo tenetur contra se facere. [Jur]. Ninguém é
obrigado a agir contra si mesmo.
1006. Nemo tenetur detegere propriam turpitudinem. [Jur].
Ninguém pode ser compelido a confessar seus próprios
vícios. ● Nemo tenetur se detegere.
1007. Nemo tenetur divinare. [Jur / Coke / Black 1239].
Ninguém é obrigado a prever o futuro.
1008. Nemo tenetur militare propriis stipendiis. [Eiselein
256]. Ninguém é obrigado a fazer a guerra à propria custa.
■ Sem dinheiro de contado não há soldado. VIDE: ● Nemo
militat suis stipendiis. ● Quis militat suis stipendiis
unquam?
1009. Nemo tenetur prodere seipsum. [Jur / Black 1239].
Ninguém é obrigado a trair a si mesmo.
1010. Nemo tenetur seipsum accusare. [Jur / Broom 761].
Ninguém pode ser compelido a incriminar-se.
1011. Nemo tenetur spectare donec percutietur. [Jur].
Ninguém é obrigado a ficar olhando enquanto é espancado.
1012. Nemo testis contra seipsum. [Jur]. Ninguém é
testemunha contra si próprio.
1013. Nemo timendo ad summum pervenit locum. [Publílio
Siro]. Com medo ninguém chega a posição elevada. ■ Quem
não arrisca não petisca.
1014. Nemo unquam neque poëta neque orator fuit qui
quemquam meliorem quam se arbitraretur. [Cícero, Ad
Atticum 14.20.3]. Jamais houve poeta ou orador que julgasse
alguém melhor do que ele.
1015. Nemo unquam sapiens proditori credendum putavit.
[Cícero, In Verrem 2.1.15.38]. Nenhum homem de juízo
jamais acreditou que se pudesse confiar num traidor. VIDE:
● Nullus sapientum proditori credidit.
1016. Nemo unquam sine magna spe immortalitatis se pro
patria offerret ad mortem. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.32]. Ninguém jamais, sem grande esperança
de imortalidade, se ofereceria à morte pela pátria.
1017. Nemo utilitatem capit ex lege, nisi eius verba dentibus
moluerit. [Schottus, Adagialia Sacra 3]. Ninguém extrai
proveito da lei, se não moer com os dentes as palavras dela.
1018. Nemo vacat prorsus malo, neque crimine. [Simônides /
Manúcio, Adagia 579]. Não há ninguém completamente livre
de defeito e de pecado. VIDE: ● Nemo sine vitiis nascitur.
1019. Nemo videt oculum suum. [Pereira 114]. Ninguém vê o
próprio olho. ■ Ninguém vê o argueiro no seu olho.
1020. Nemo videtur fraudare eos qui sciunt et consentiunt.
[Digesta 50.17.145]. Entende-se que ninguém frauda a quem
sabe e concorda. VIDE: ● Et scienti et consentienti non fit
iniuria. ● Nulla est iniuria quae in volentem fiat. ● Scienti
et consentienti non fit iniuria neque dolus. ● Scienti et
volenti non fit iniuria. ● Volenti et consentienti non fit
iniuria. ● Volenti non fit iniuria.
1021. Nemo vincit in bello, nisi exitio alterius. [Manúcio,
Adagia 1089]. Ninguém vence na guerra senão com a ruína
do outro. ■ A desgraça de uns é o bem de outros. VIDE: ● Bona
nemini hora est, ut non alicui sit mala. ● Lucrum sine
damno alterius fieri non potest. ● Nemo ditescit nisi malo
alterius.
1022. Nemo vindicare se cogitur. [Sêneca Retórico,
Controversiae 3.5.1]. Ninguém é obrigado a vingar-se.
1023. Nemo vivit ut vult. Ninguém vive como quer. ■ Ninguém
está bem com a vida que tem.
1024. Nemo vos seducat inanibus verbis. [Vulgata, Efésios
5.6]. Ninguém vos seduza com discursos vãos.
1025. Nemo vult esse dives, nisi ut infletur inter eos, inter
quos vivit, et superior illis videatur. [S.Agostinho, In
Psalmum 48 / Bernardes, Nova Floresta 4.139]. Ninguém
deseja ser rico senão para se ensoberbecer entre aqueles com
quem vive e parecer mais do que eles.
1026. Nempe dat id quodcumque libet fortuna, rapitque.
[Ovídio, Tristia 3.7.41]. Com certeza a sorte tanto dá como
tira o que quer que lhe agrade.
1027. Nempe ipse funis prorsus attraxit nihil. [Apostólio,
Paroimiai 4.85]. Sem dúvida esta linha não apanhou
absolutamente nada. ■ O peixe não mordeu a isca. VIDE: ● Hic
funis nihil attraxit.
1028. Nempe otiosis nullus assistit deus. [Apostólio, Paroimiai
4.85]. Sem dúvida, nenhum deus ajuda os ociosos. ■ Deus
ajuda a quem se ajuda.
1029. Nempe ridiculum esset, custode indigere custodem.
[Platão]. Sem dúvida seria ridículo que o guarda precisasse
de guarda. VIDE: ● Quis custodit custodes? ● Sed quis
custodiet ipsos custodes?
1030. Nempe senescenti leviora impone caballo. [Schottus,
Adagia 221]. A cavalo velho, dá-lhe carga menor. ■ A rês
velha, aliviar-lhe a carga. VIDE: ● Adde rotas vetulo leviores
usque caballo. ● Cum senio est confectus equus, da cycla
minora. ● Equo senescenti minora cicella admove. ● Equo
senescenti minora cycla admove. ● Senibus labores
corporis sunt minuendi. ● Trade senescenti iam cycla
minora caballo.
1031. Nendo et texendo victum sibi femina quaerit. [Pereira
94]. ■ A fiar e a tecer ganha a mulher de comer. ● Nendo et
texendo vitam sibi femina quaerit. A fiar e a tecer a mulher
ganha sua vida. ● Nendo et texendo vitam sibi femina
quaerat. [Medina 582]. Ganhe a mulher a sua vida fiando e
tecendo.
1032. Nepam imitari. [Pereira 123]. Imitar o escorpião.
■ Andar para trás como caranguejo.
1033. Nequaquam par gubernatoris est virtus, cum placido
et cum turbato mari vehitur. [Plínio Moço, Epistulae
9.26.4]. De maneira nenhuma é igual a habilidade do piloto
quando navega no mar tranqüilo e no agitado.
1034. Neque a diis nisi iustas supplicum preces audiri.
[Tácito, Annales 3.36]. Só os pedidos justos dos suplicantes
são ouvidos pelos deuses.
1035. Neque albus neque ater. Nem é branco nem é preto.
■ Não é carne, nem peixe. ■ Não fede, nem cheira. ■ Nem é
pega, nem gavião. VIDE: ● Neque caro neque piscis est.
● Neque intus neque foris.
1036. Neque amore quisquam et sine odio dicendus est.
[Tácito, Historiae 1.1]. Ninguém deve ser descrito nem com
amor nem com ódio.
1037. Neque apes, neque mel. Sem abelhas, sem mel. (=Quem
foge da picada da abelha não terá mel). ■ Quem foge do
trabalho, foge do ganho.
1038. Neque aqua aquae, neque lacte est lactis usquam
similius. [Plauto, Menaechmi 999]. Nem a água se parece
tanto com a água, nem o leite com o leite. ■ Parecem-se como
duas gotas d'água. ■ Cara de um, focinho do outro.
1039. Neque aves neque venti citius. [Plauto, Bacchides 290].
Nem os pássaros nem os ventos são mais rápidos.
1040. Neque caecum viae ducem, neque imprudentem
consiliarium. [Aristófanes / Apostólio, Paroimiai 13.2].
(Não tomes) nem cego como guia, nem imprudente como
conselheiro. ● Neque caecum ducem, neque amentem
consultorem. [Erasmo, Adagia 3.3.78]. ● Neque caecum
ducem, neque amentem consultum habeas. [Albertatius
849].
1041. Neque caelum, neque terram attingit. [Luciano /
Erasmo, Adagia 1.5.44]. Não toca nem a terra nem o céu.
(=O que dizes não tem nada com a questão). ● Neque
caelum, neque terram tangit. ● Neque caelum, neque
terram pertinet. VIDE: ● Nihil ad rem.
1042. Neque caro neque piscis est. [Manúcio, Adagia 1098].
■ Não é carne nem peixe. (=Diz-se de quem não pertence a
nenhum grupo, não toma partido em disputas alheias). ■ Não
fede, nem cheira. ■ Nem é pega, nem gavião. VIDE: ● Neque
albus neque ater. ● Neque intus neque foris.
1043. Neque chorda sonum reddit quem vult manus et mens.
[Horácio, Ars Poética 348]. A corda não produz o som que
quer a mão e o cérebro.
1044. Neque compluitur, neque sole aduritur. [Erasmo,
Adagia 2.5.53]. Ele nem se molha com a chuva, nem se
queima com o sol. ■ Não esquenta a cabeça com nada. VIDE:
● Neque madescit, neque sole percutitur. ● Neque pluviam,
neque solis aestum sentit.
1045. Neque contra leges, neque contra bonos mores pacisci
possumus. [Jur]. Não podemos fazer contratos nem contra as
leis, nem contra os bons costumes.
1046. Neque culpa neque lauda teipsum. [Stevenson 1863].
Nem te acuses, nem te elogies. VIDE: ● Ne te collaudes, nec te
culpaveris ipse.
1047. Neque dedi neque do fidem infideli cuiquam. [Cícero,
De Officiis 3.102]. Nunca confiei, nem confio, em ninguém
que não cumpre sua palavra.
1048. Neque dicere fas erat quod turpe dictu, neque facere
quod inhonestum factu videretur. [Tácito, De Oratoribus
28]. Nem era permitido dizer o que era indigno de ser dito,
nem fazer o que era desonroso de ser feito. VIDE: ● Nefas est
dictu quod est inhonestum factu.
1049. Neque digiti neque homines pari sunt. [Branco 290].
Nem os dedos, nem os homens são iguais. ■ Os dedos das
mãos não são iguais. VIDE: ● Manus digiti conaequales non
sunt, omnes tamen usui sunt.
1050. Neque divitibus contingunt gaudia solis, nec vixit male
qui natus moriensque fefellit. [Horácio, Epistulae 1.17.10].
Nem a alegria toca somente os ricos, nem viveu infeliz quem
nasceu e morreu despercebido. VIDE: ● Male non vixit, qui
natus moriensque fefellit.
1051. Neque eadem duobus nupta esse potest, neque idem
duas uxores habere. [Gaio, Institutionum Comentarii 1.64].
Nem a mesma mulher pode estar casada com dois, nem o
mesmo homem pode ter duas mulheres. VIDE: ● Duas uxores
eodem tempore habere non licet. ● Neminem binas uxores
habere posse vulgo patet.
1052. Neque ego homines magis asinos nunquam vidi.
[Plauto, Pseudolus 135]. Nunca vi gente mais burra.
1053. Neque emungere quidem se novit. [Apostólio, Paroimiai
15.17]. Ele não sabe nem assoar o nariz. ■ Não sabe nem qual
é a sua mão direita.
1054. Neque enim aequus iudex aliam de sua, aliam de
aliena causa sententiam fert. [Sêneca, De Ira 1.14.2].
Nenhum juiz justo pronuncia uma sentença em sua própria
causa e uma diferente em causa de outros.
1055. Neque enim aliunde beata civitas, aliunde homo, cum
aliud civitas non sit quam concors hominum multitudo.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 1.15]. Não tem uma fonte a
felicidade de uma cidade e outra a do indivíduo, uma vez que
a cidade não é mais do que uma multidão de indivíduos
vivendo em harmonia.
1056. Neque enim benefacta maligne detrectare meum est.
[Ovídio, Metamorphoses 13.270]. Não tenho o costume de
depreciar mesquinhamente os favores.
1057. Neque enim civitas in seditione beata esse potest, nec
in discordia dominorum domus. [Cícero, De Finibus 1.58].
Nem pode ser feliz uma cidade em guerra civil, nem uma
casa com os donos em disputa. VIDE: ● Civitas in seditione
non potest esse beata.
1058. Neque enim continuo verae sapientiae sunt amatores,
quicumque appellantur philosophi. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 8.1]. Não são sempre amantes da verdadeira
sabedoria aqueles que se nomeiam filósofos.
1059. Neque enim eaedem militares et imperatoriae artes
sunt. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 25.19, adaptado]. Os
talentos do soldado e os do general não são os mesmos.
1060. Neque enim est homo qui non peccet. [Vulgata,
2Paralipômenos 6.36]. Não há homem que não cometa erro.
■ Não há homem sem pecado. VIDE: ● Crimine nemo caret.
● Nemo nostrum non peccat. ● Nemo sine crimine vivit.
● Nemo sine vitiis nascitur. ● Nemo sine vitio est.
1061. Neque enim facit malam mortem, nisi quod sequitur
mortem. [S.Agostinho, De Civitate Dei 1.11]. Só faz má a
morte o que vem depois dela. VIDE: ● Malam mortem non
facit, nisi quod sequitur mortem.
1062. Neque enim ferendus est is, qui lucrum amplectitur,
onus autem si annexum contemnit. [Codex Iustiniani
6.51.1.4]. Não deve ser tolerado aquele que aproveita a
vantagem, mas ignora o encargo correspondente.
1063. Neque enim homines a simulacro, sed simulacrum ab
hominibus servabatur. [S.Agostinho, De Civitate Dei 1.2].
Não eram os homens que eram protegidos pela estátua, mas a
estátua é que era protegida pelos homens.
1064. Neque enim ignari sumus ante malorum. [Virgílio,
Eneida 198]. Nós não nos esquecemos dos sofrimentos
passados. ● Neque enim ignari sumus! Eu não sou nenhum
ignorante!
1065. Neque enim levi mercede emit, qui precatur. [Apuleio,
Florida 16]. Quem pede não compra mercadoria barata.
■ Quem rogou não recebeu de graça.
1066. Neque enim lex aequior ulla est quam necis artifices
arte perire sua. [Ovídio, Ars Amatoria 1.653]. Não há lei
mais equitativa do que morrerem por sua própria arte os
autores de uma morte.
1067. Neque enim magnitudinem voluminis, sed rerum
multitudinem peritos convenit spectare. [Higino,
Astronomica, Prologus 1.6]. Não é o tamanho do livro que os
especialistas devem considerar, mas a riqueza do conteúdo.
1068. Neque enim quaero intellegere, ut credam, sed credo
ut intellegam. [S.Anselmo de Cantorbery, Proslogion 1].
Não busco, pois, entender para crer, mas creio para entender.
VIDE: ● Crede ut intellegas. ● Credimus enim ut
cognoscamus, non cognoscimus ut credamus. ● Credo ut
intellegam, non intellego ut credam. ● Intellege ut credas.
● Si non credideritis, non intellegetis. ● Si non potes
intellegere, crede ut intellegas. Praecedit fides, sequitur
intellectus.
1069. Neque enim qui se occidit aliud quam hominem
occidit? [S.Agostinho, De Civitate Dei 1.20.3]. Afinal, quem
se mata não está matando um ser humano?
1070. Neque enim quidquid licet et decet. [S.Agostinho /
Rezende 3923]. Na verdade nem tudo que é lícito, é também
decente. ■ Nem tudo que é legal é moral. VIDE: ● Honesta non
sunt omnia quae licent. ● Honestum non est semper quod
licet. ● Non omne quod licet honestum est. ● Non omne
licitum honestum.
1071. Neque enim quisquam est tam malus, ut videri velit.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 3.8.44]. Não há ninguém tão
mau, que queira ser visto assim.
1072. Neque enim satis est reprehendisse peccantem, si non
doceat recti viam. [Columela, De Re Rustica 11.9]. Não
basta repreender o que errou, se não se lhe ensina o caminho
reto.
1073. Neque enim ubique idem aut licet aut decorum est.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 5.10.40]. Nem a mesma
coisa é em todo lugar permitida ou considerada decente. VIDE:
● Non ubique idem decorum est.
1074. Neque enim ulli patientius reprehenduntur, quam qui
maxime laudari merentur. [Plínio Moço, Epistulae 7.20.1].
Na verdade ninguém suporta com mais paciência as críticas
do que aqueles que mais merecem louvores.
1075. Neque est ulla disciplina, in qua non peccando
discatur. [Columela, De Re Rústica 1.1]. Não há
conhecimento que não se adquira a partir de erros. VIDE:
● Nulla est disciplina, quae non peccando discatur. ● Usus
et experientia dominantur in artibus: neque est ulla
disciplina, in qua non peccando discatur.
1076. Neque fictum usque est, neque pictum, neque
scriptum in pöematis. [Plauto, Asinaria 174]. Nunca foi
esculpido, nem pintado, nem escrito nos poemas.
1077. Neque flere, neque lamentari, regem decet.
[Schrevelius 1174]. Ao rei não fica bem nem chorar, nem
lamentar-se.
1078. Neque gratia, neque precibus, neque pretio. Nem por
favor, nem atendendo a súplicas, nem por dinheiro. VIDE:
● Neque precibus, neque pretio, neque gratia.
1079. Neque habet Fortuna regressum. [Virgílio, Eneida
11.413]. E a Fortuna não tem retorno.
1080. Neque habet plus sapientiae quam lapis. [Plauto, Miles
Gloriosus 235]. Ele não tem mais bom-senso que uma pedra.
1081. Neque imbellem feroces progenerant aquilae
columbam. [Horácio, Carmina 4.4.31]. Águias ferozes não
geram pacífica pomba. ■ As águias não produzem pombas.
■ Das águias não nascem pombas. ■ Cobra não gera
passarinho. VIDE: ● Aquila non generat columbam. ● Aquila
non parit columbam. ● Aquilae non generant columbas.
● Aquilae non progenerant columbas. ● Nec progenerant
aquilae columbam. ● Nunquam imbellem feroces
progenerant aquilae columbam.
1082. Neque imitare malos medicos, qui alienis morbis
profitentur tenere se medicinae scientiam, ipsi se curare
non possunt. [Cícero, Ad Familiares 4.5]. Não imites os
maus médicos que, ao tratar das doenças dos outros, afirmam
dominar a ciência médica, mas não podem curar a si
mesmos. VIDE: ● Is bonus est medicus sua qui sibi vulnera
curat. ● Medice, cura te ipsum. ● Medice, sana te ipsum.
1083. Neque in bona segete nullum est spicum nequam,
neque in mala non aliquod bonum. [Varrão, Satirae
Menippeae]. Numa boa colheita sempre há alguma espiga
ruim, e numa colheita má alguma boa. ■ Não há rio sem vau,
nem geração sem mau.
1084. Neque in bonis neque in malis velis esse singularis.
[DAPR 741]. Não queiras destacar-te nem nas coisas boas,
nem nas más.
1085. Neque in re nota consumam tempus. [Cícero, Pro
Cluentio 11]. Para que eu não perca tempo em assunto
conhecido. VIDE: ● Ne in re nota et pervulgata multus et
insolens sim.
1086. Neque intus neque foris. [Erasmo, Adagia 4.5.44]. Não
está dentro nem fora. ■ Não é carne nem peixe. ■ Não fede,
nem cheira. ■ Nem é pega, nem gavião. VIDE: ● Neque albus
neque ater. ● Neque caro neque piscis est.
1087. Neque irasci, neque admirari, sed intellegere melius
est. [Tosi 1297]. É melhor não se irar, não se espantar, mas
compreender. VIDE: ● Non flere, non indignari, sed
intellegere.
1088. Neque is sum qui gravissime ex vobis mortis periculo
terrear. [César, De Bello Gallico 5.30, adaptado]. Não sou
eu que vou apavorar-me com ameaça de morte que venha de
vós. VIDE: ● Non is sum, qui mortis periculo terrear.
1089. Neque ita imperita ut quid amor valeat nesciam.
[Terêncio, Eunuchus 881]. Eu não sou tão ignorante, que não
saiba o que pode o amor.
1090. Neque Iuppiter ipse, sive pluat, seu non, unicuique
placet. [Manúcio, Adagia 678]. Nem o próprio Júpiter, quer
mande chuva, quer não, não consegue agradar a cada um.
■ Ninguém pode agradar a todos. VIDE: ● Iovem nec pluvium,
nec serenum, placere omnibus. ● Ipse Iuppiter, neque
pluens omnibus placet, neque abstinens. ● Iuppiter neque
pluens neque abstinens omnibus placet. ● Ne Iuppiter
quidem omnibus placet. ● Non etenim cunctis placeat vel
Iuppiter ipse, seu mittens pluviam, seu cohibens pluviam.
1091. Neque laus in copia neque culpa in inopia. Não há
glória na riqueza, nem vício na pobreza. ■ Não te exaltes na
riqueza, nem te abaixes na pobreza. ■ Pobreza não é vileza.
● Neque laus in copia, neque culpa in penuria consistit.
[Apuleio, Apologia 20]. Nem a glória repousa na riqueza,
nem o desmerecimento na penúria.
1092. Neque leges neque senatusconsulta ita scribi possunt,
ut omnes casus qui quandoque inciderint
comprehendantur, sed sufficit ea quae plerumque
accidunt contineri. [Iulianus, Digesta 1.3.10]. Nem as leis
nem os decretos do senado podem ser redigidos de maneira a
abranger todos os casos que ocasionalmente ocorrem; mas
basta constarem aqueles que geralmente ocorrem.
1093. Neque locus neque amicus quisquam teget quem arma
non texerint. [Salústio, Catilina 58.2]. Nenhum abrigo,
nenhum amigo protege aquele a quem as armas não
protegeram.
1094. Neque madescit, neque sole percutitur. [Schottus,
Adagia 135]. Ele nem se molha (com a chuva), nem se
queima com o sol. ■ Não esquenta a cabeça. VIDE: ● Neque
compluitur, neque sole aduritur. ● Neque pluviam, neque
solis aestum sentit.
1095. Neque magnum damnum est in mora modici temporis.
[Digesta 5.1.21]. Não há grande prejuízo na mora de pouco
tempo.
1096. Neque maior pede sit calceus. [Manúcio, Adagia 612].
Não seja o sapato maior que teu pé. VIDE: ● Ne
magnificentius te geras, quam pro tua condicione. ● Ne
maiora viribus suscipias. ● Ne supra pedem calceus. ● Ne
ultra pedem calceus.
1097. Neque mala vel bona quae vulgus putet. [Tácito,
Annales 6.22]. A opinião do povo nem é boa nem má.
1098. Neque me patiar iterum ad unum scopulum offendere.
[Cícero, De Oratore 3.41.166, adaptado]. Eu não suportaria
tropeçar duas vezes na mesma pedra. ■ Só o tolo cai duas
vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Asinus ad lapidem non bis
offendit eumdem
1099. Neque me vixisse paenitet, quoniam ita vixi ut me non
frustra natum existimem. [Cícero, De Senectute 84]. Não
me arrependo de ter vivido, porque vivi de tal maneira que
não julgo ter nascido em vão. VIDE: ● Ita vixi, ut non frustra
me natum existimem.
1100. Neque mel mihi, neque apes. [Safo / Erasmo, Chiliades
1]. Nem tenho mel, nem abelhas. ■ Nem mel, nem cera, nem
saburá. ■ Estou comendo brisa. ● Neque mel, neque apes.
[Erasmo, Adagia 1.6.62]. VIDE: ● Nec apes mihi sunt, nec
mella. ● Nec mel, nec apis.
1101. Neque minus in rebus gerendis promptus, quam
excogitandis erat. [Cornélio Nepos, Themistocles 1.4]. Ele
não era menos pronto na execução que na concepção.
1102. Neque mittunt vinum novum in utres veteres.
[Vulgata, Mateus 9.17]. Nem se deita vinho novo em odres
velhos. VIDE: ● Nemo mittit vinum novum in utres veteres.
1103. Neque multo post. [Tácito, Annales 1.6]. Não muito
depois.
1104. Neque natare, neque litteras scit. [Erasmo, Adagia
1.4.13]. Nem sabe nadar, nem ler. ■ É um ignorante
completo. ■ Não sabe o sinal da cruz. ● Neque natare, neque
litteras novit. [Binder, Thesaurus 2063]. VIDE: ● Nec litteras
didicit, nec natare.
1105. Neque nullis sis amicus, neque multis. [Erasmo, Adagia
3.6.37]. ■ Amigos, nem muitos, nem nenhum. ■ Muitos amigos
em geral, e um em especial. VIDE: ● Amandi nec multi nec
nulli. ● Amici nec multi, nec nulli. ● Amici nec multi, nec
nullus. ● Nec multis, ac nec nulli dicaris amicus. ● Nec nulli
sis amicus, nec omnibus.
1106. Neque omne quod scriptum est ius est, neque quod
scriptum non est ius non est. [Jur]. Nem tudo que está
escrito é lei, nem o que não está escrito não é lei.
1107. Neque pacta, neque stipulationes factum posse tollere.
[Digesta 50.17.31]. Nem os pactos nem as estipulações
podem suprimir o fato.
1108. Neque pessimus, neque primus. [Erasmo, Adagia
4.4.22]. Nem o pior, nem o melhor. ■ A virtude está no meio.
1109. Neque plus sapias, quam necesse est, ne obstupescas.
[Vulgata, Eclesiastes 7.17]. Nem sejas mais sábio do que é
necessário, para que não venhas a ser estúpido. VIDE: ● Non
plus sapere, quam oportet sapere, sed sapere ad
sobrietatem.
1110. Neque pluviam, neque solis aestum sentit. [Schottus,
Adagia 135]. Ele não sente nem a chuva, nem o ardor do sol.
■ Não esquenta a cabeça. VIDE: ● Neque compluitur, neque
sole aduritur. ● Neque madescit, neque sole percutitur.
1111. Neque porro quisquam est, qui dolorem ipsum, quia
dolor sit, amet, consectetur, adipisci velit. [Cícero, De
Finibus 1.32]. Não existe ninguém que ame a dor, que a
procure, que a queira conseguir, por ser dor. VIDE: ● Lorem
ipsum dolor sit amet.
1112. Neque precibus, neque pretio, neque gratia. [Salústio,
Catilina 49]. Nem com súplicas, nem com dinheiro, nem por
favor. VIDE: ● Neque gratia, neque precibus, neque pretio.
1113. Neque profuse, neque avare. [Regulae ad Monachos,
Regula Orientalis 25]. Nem profusamente, nem com avareza.
■ Nem tanto, nem tão pouco.
1114. Neque prope, neque procul. Nem perto, nem longe.
1115. Neque quies gentium sine armis, neque arma sine
stipendiis. [Tácito, Historiae 4.70]. Nem pode haver paz dos
povos sem exércitos, nem exércitos sem tributos. VIDE:
● Quies gentium sine armis haberi nequit.
1116. Neque quisquam omnium libidini simul et usui paruit.
[Salústio, Catilina 51]. Ninguém jamais atendeu ao mesmo
tempo às suas paixões e aos seus interesses. ■ Paixão cega a
razão.
1117. Neque Roma cadet Scipione stante, neque Scipio vivet
urbe cadente. [Apostólio, Paroimiai 15.38]. Nem Roma
cairá, se Cipião se mantiver de pé, nem Cipião viverá, se
Roma cair.
1118. Neque salsa fons dulcem potest facere aquam.
[Vulgata, Tiago 3.12]. Também não pode uma fonte salgada
dar água doce. ● Árvore ruim não dá bom fruto.
1119. Neque scio, neque novi quid dicas. [Vulgata, Marcos
14.68]. Nem o conheço, nem sei o que dizes.
1120. Neque sculptum, neque pictum. Nem foi esculpido, nem
pintado. ■ É um joão-ninguém.
1121. Neque semper arcum tendit Appolo. [Horácio, Carmina
2.7.9]. Nem sempre Apolo retesa seu arco. ■ Nem sempre o
diabo está atrás da porta. VIDE: ● Nec semper arcum tendit
Apollo.
1122. Neque simplex sis, nec malignus. [Bias / Rezende 3929].
Não sejas nem simplório, nem maligno.
1123. Neque stultorum quisquam beatus neque sapientium
non beatus. [Cícero, De Finibus 1.61]. Nenhum tolo é feliz,
e nenhum sábio é infeliz.
1124. Neque terrae motus timet, neque fluctus. [Erasmo,
Adagia 4.8.12]. Não teme nem o terremoto, nem as ondas.
1125. Neque ulla res magis adiuvat laborantem, quam
tempestiva abstinentia. [Celso, Medicina, 2.16]. Nada ajuda
mais a um doente que uma dieta adequada.
1126. Neque valde est laudabile bonum esse cum bonis, sed
bonum esse cum malis. [S.Gregório Magno]. Nem é de
muito mérito ser bom entre pessoas boas, mas ser bom entre
pessoas más. VIDE: ● Bonum esse cum bonis, haud valde
laudabile est.
1127. Neque vetustate minui mala, nec fieri praemeditata
leviora. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.15]. Os males
não são diminuídos pelo tempo, nem se tornam mais suaves
por terem sido previstos.
1128. Nequeo quin fleam. [Plauto, Miles Gloriosus 1341]. Não
posso conter as lágrimas.
1129. Nequicquam, mare, subterfugi a tuis tempestatibus.
[Plauto, Mercator 195]. Em vão, ó mar, escapei a tuas
tempestades.
1130. Nequicquam sapere sapientem, qui ipse sibi prodesse
non quiret. [Ênio / Cícero, De Officiis 3.63]. Em vão saberá
o sábio que não puder ser útil a si mesmo. VIDE: ● Qui ipse
sibi sapiens prodesse non quit, nequidquam sapit.
1131. Nequicquam sapit qui sibi non sapit. [Erasmo, Adagia
1.6.20]. ■ Em vão sabe quem não sabe para si.
● Nequicquam sapit qui sibi nihil sapit. VIDE: ● Frustra
sapit qui sibi non sapit. ● Frustra sapiens qui sibi non
sapit. ● Non est sapiens qui sibi non est.
1132. Nequitia est quae te non sinit esse senem. [Ovídio, Fasti
1.430]. É a tua maldade que não te deixa ficar velho.
1133. Nequitia poena maxima ipsamet sui est. [PSa]. A
maldade é a maior punição de si mesma. ■ O castigo do vício
é o próprio vício. ● Nequitia ipsa est poena sui. [DM 64]. A
maldade é sua própria punição.
1134. Nervi et artus sapientiae sunt non temere credere.
[Rezende 3936]. Os nervos e as articulações da sabedoria
estão em não acreditar sem reflexão. ● Nervos atque artus
sapientiae esse non temere credere. [Cícero,
Commentariolum Petitionis 10].
1135. Nervis omnibus. Com todas as forças.
1136. Nervos belli pecuniam infinitam. [Cícero, Phillipicae
5.5]. O dinheiro infinito são os nervos da guerra. ■ O dinheiro
é o nervo da guerra. ■ Sem dinheiro de contado não há
soldado. ● Nervus belli pecunia. ● Nervi bellorum pecunia.
[DAPR 328]. ● Nervi belli argentum est. [Schrevelius
1184]. VIDE: ● Pecunia nervus belli. ● Pecuniae belli civilis
sunt nervi.
1137. Nervus gerendarum rerum pecunia. [Rezende 3935]. O
dinheiro é o nervo dos negócios. ● Nervi gerendarum rerum
pecunia.
1138. Nervus probandi. [Jur]. O nervo da comprovação. (=O
ponto decisivo da prova).
1139. Nervus rerum. O nervo das coisas. (=O dinheiro).
1140. Nescia mens hominum fati sortisque futurae. [Virgílio,
Eneida 10.501]. Ignora a mente humana o destino e a sorte
futura. ■ Ninguém sabe o que há de vir. VIDE: ● Mens
hominum ignara, caeca futuri. ● Nemini, dum vivit, dicere
licet: hoc non patiar.
1141. Nescias quid optes, aut quid fugias: ita ludit dies.
[Publílio Siro]. Não se sabe o que buscar ou o que evitar: a
vida brinca assim.
1142. Nesciat sinistra tua quid faciat dextera tua. [Vulgata,
Mateus 6.3]. Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua
direita. ● Nesciat sinistra quod faciat dextera tua. [Mota
133]. VIDE: ● Dextera quid faciat, fas est nescire sinistram.
● Te autem faciente eleemosynam, nesciat sinistra tua
quod faciat dextera tua.
1143. Nesciebamus semel unum singulum esse. [Varrão,
Satirae Menippeae]. Eu não sabia nem que uma vez um dava
um. VIDE: ● Semel unum singulum est.
1144. Nescimus quid vesper serus vehat. Não sabemos o que
trará o cair da noite. ■ Ninguém sabe do porvir. ■ Ainda não
se acabou o dia de hoje. VIDE: ● Nescis quid serus vesper
vehat. ● Nescis quod serus vesper vehat. ● Nescis quid
vesper serus trahat. ● Quid vesper ferat incertum est.
● Quid vesper vehat incertum est.
1145. Nescio an vincere possimus; vinci non possumus.
[Sêneca Retórico, Suasoriae 2.2]. Não sei se podemos
vencer; não podemos ser vencidos.
1146. Nescio, dolendum an erubescendum sit. [Tertuliano, De
Fuga in Persecusione 13.5]. Não sei se se deve lastimar-se,
ou envergonhar-se. ● Nescio an dolendum an
erubescendum sit. [Rezende 3938].
1147. Nescio, nec me pudet, ut istos, fateri nescire, quod
nesciam. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.15]. Não sei, e
não me envergonho, como eles, de confessar que não sei o
que não sei.
1148. Nescio qua depravatione naturae aures divitum
delicatae gratius acceptant mendacis linguae blanditias
quam aperte testimonium veritatis. [VES 31]. Não sei por
que defeito da natureza os ouvidos delicados dos ricos
recebem com mais satisfação as lisonjas da língua mentirosa
do que o sincero testemunho da verdade.
1149. Nescio qua natale solum dulcedine cunctos ducit, et
immemores non sinit esse sui. [Ovídio, Ex Ponto 1.3.35].
Não sei com que doçura a terra natal nos prende a todos e
não deixa que nos esqueçamos dela. ■ Passarinho que n’água
se cria sempre por ela pia.
1150. Nescio quid agitat, cum bonum imitatur malus.
[Publílio Siro]. Não sei que intenção tem o mau, quando
imita o bom. ● Nescio quid cogitat, cum bonum imitatur
malus. Não sei o que pensa o mau, quando imita o bom.
1151. Nescio quid crocites. [Schottus, Adagia 506]. Não sei o
que estás grasnando.
1152. Nescio quid maius nascitur Iliade. [Propércio, Elegiae
2.34b,42]. Está nascendo alguma coisa maior que a Ilíada.
(=Refere-se à Eneida).
1153. Nescio quo modo bonae mentis soror est paupertas.
[Petrônio, Satiricon 84.4]. Não sei por que a pobreza é irmã
da inteligência.
1154. Nescio quo pacto magis in studiis homines timor quam
fiducia decet. [Plínio Moço, Epistulae 5.17.3]. Não sei por
que razão, em seus desejos, aos homens convém melhor a
timidez do que a ousadia.
1155. Nescio vos. [Vulgata, Mateus 25.12]. Não vos conheço.
1156. Nescire autem quid ante quam natus sis acciderit, id
est semper esse puerum. [Cícero, Ad Brutum 34.120]. Não
saber uma pessoa o que aconteceu antes de ela ter nascido,
isto é conservar-se sempre criança.
1157. Nescire quaedam magna pars sapientiae est. [Hugo
Grócio / Rezende 3942]. Uma grande parte da sabedoria é
ignorar certas coisas.
1158. Nescire, vel non posse, vel dubitare, paria sunt. [Jur].
Não saber, não poder, ou duvidar, se equivalem.
1159. Nescis, fili mi, quantilla sapientia regitur mundus.
[Papa Júlio 3º / Stevenson 1016]. Não sabes, meu filho, com
quão pouco saber se governa o mundo. ● Nescis, fili, quam
parva sapientia hic noster mundus regitur. VIDE: ● An
nescis quantilla prudentia mundus regatur? ● Quam
parva sapientia regitur mundus! ● Quam pauca sapientia
mundus regitur! ● Videbis, fili mi, quam parva sapientia
regitur mundus.
1160. Nescis quam meticulosa res sit ire ad iudicem. [Plauto,
Mostellaria 1100]. Não sabes que coisa assustadora é ir ao
juiz.
1161. Nescis quantis fortuna procellis disturbet omnia?
[Sêneca, Ad Marciam 26.2]. Não sabes com que grandes
tempestades a sorte destrói tudo?
1162. Nescis quid mali praeterieris, qui nunquam es
ingressus mare. [Terêncio, Hecyra 418]. Tu, que nunca
entraste no mar, não sabes que sofrimentos evitaste.
1163. Nescis quid vesper serus vehat. [Varrão / Aulo Gélio,
Noctes Atticae 13.11.1]. (De manhã) não se sabe o que trará
o cair da noite. ■ Ninguém sabe do porvir. ■ Ainda não se
acabou o dia de hoje. ● Nescis quid serus vesper vehat.
[Erasmo, Adagia 1.7.5]. ● Nescis quod serus vesper vehat.
[Pereira 94]. ● Nescis quid vesper serus trahat. [DAPR
779]. ● Nescis, quidnam homini noxve, diesve ferat.
[Teógnis / Manúcio, Adagia 503]. Não sabes o que a noite ou
o dia trará para o homem. VIDE: ● Nescimus quid vesper
serus vehat. ● Quid vesper ferat incertum est. ● Quid
vesper vehat incertum est.
1164. Nescit amor habere modum. O amor não conhece
limite.
1165. Nescit Amor magnis cedere divitiis. [Propércio, Elegiae,
1.15.8]. O deus Amor não se deixa vencer pelas grandes
riquezas.
1166. Nescit capitis et inguinis discrimen. [Albertatius 856].
Não sabe a diferença entre cabeça e barriga. ■ Não sabe nem
qual é a sua mão direita. VIDE: ● Et equidem si scis tute,
quot habeas hodie digitos in manu? ● Nescit quot digitos
habeat in manu.
1167. Nescit dulcedinem epularum, qui famem non est
expertus. [Titelmano / Bernardes, Nova Floresta 5.180]. Não
percebe o sabor da comida quem não sentiu fome. ■ A fome é
o melhor tempero. ● À fome não há pão duro.
1168. Nescit enim semel incitata liberalitas stare, cuius
pulchritudinem usus ipse commendat. [Plínio Moço,
Epistulae 5.11.3]. Uma vez iniciada, a liberalidade não
consegue deter-se; a sua prática a torna mais bela.
1169. Nescit habere bonos patris indulgentia natos, nescit
habere bonos domini indulgentia servos. [Pereira 105]. A
indulgência do pai não consegue ter bons filhos, nem a
indulgência do senhor consegue ter bons criados. ■ Filhos e
criados não deves amimar, se os queres lograr. ● Nescit
habere bonas patris indulgentia natas. [Pereira 122]. A
indulgência do pai não logra boas filhas. ■ Se muito as pintas
e regalas, das boas filhas farás más. VIDE: ● Pater nimia
indulgentia filios depravat.
1170. Nescit homo finem suum. [Vulgata, Eclesiástico 9.12].
O homem não conhece o seu fim. ■ Ninguém sabe do porvir.
1171. Nescit is nocere, qui nocere velle prodidit. [PSa]. Não
sabe fazer mal quem revelou que queria fazer mal.
1172. Nescit otiari virtus. [Rezende 3948]. A virtude não sabe
ficar sem fazer nada.
1173. Nescit plebs ieiuna timere. [Lucano, Bellum Civile
3.68]. A multidão esfomeada não conhece medo. ■ Ventre em
jejum não ouve a nenhum. ■ A necessidade não tem lei.
1174. Nescit quam medium toto praestantior, amens.
[Schottus, Adagia 298]. O louco não sabe que a metade é
melhor do que o todo. ■ Quem tudo quer tudo perde.
1175. Nescit quid sit inter dextram et sinistram suam.
[Grynaeus 671]. Ele não sabe o que há entre a mão direita e a
esquerda. ■ Não sabe sua mão direita o que faz a esquerda.
1176. Nescit quot digitos habeat in manu. [Rezende 3949].
Não sabe nem quantos dedos tem na mão. ■ Não sabe qual é
a sua mão direita. VIDE: ● Et equidem si scis tute, quot
habeas hodie digitos in manu? ● Nescit capitis et inguinis
discrimen.
1177. Nescit regnare, qui nescit dissimulare. [Eiselein 619].
■ Quem não sabe fingir não sabe reinar. ■ Bem dissimular
para bem governar. VIDE: ● Qui nescit dissimulare, nescit
regnare.
1178. Nescit se ipsum. [Grynaeus 67]. Não conhece a si
mesmo. (=Diz-se de pessoa soberba ou arrogante). ■ Ele não
se enxerga! VIDE: ● Talpa caecior.
1179. Nescit servire virtus. [Edward Forsett, Pedantius 1.112].
A virtude não sabe ser servil.
1180. Nescit vox missa reverti. [Horácio, Ars Poetica 390]. A
palavra emitida não consegue voltar. ■ Palavra e pedra solta,
atrás não volta. VIDE: ● Semel emissum volat irrevocabile
verbum.
1181. Nescitis diem neque horam. [Vulgata, Mateus 25.13].
Não sabeis o dia nem a hora. ■ Não sabe o homem a hora em
que morre. VIDE: ● Vigilate itaque, quia nescitis diem,
neque horam.
1182. Nescitis quia amicitia huius mundi inimicitia est Dei?
[Vulgata, Tiago 4.4]. Não sabeis que a amizade deste mundo
é inimiga de Deus?
1183. Nescitis quia modicum fermentum totam massam
corrumpit? [Vulgata, 1Coríntios 5.6]. Não sabeis que um
pouco de fermento corrompe toda a massa? VIDE: ● Modicum
fermentum totam massam corrumpit.
1184. Nescitis quod ii qui in stadio currunt, omnes quidem
currunt, sed unus accipit bravium? [Vulgata, 1Coríntios
9.24]. Não sabeis que os que correm no estádio, correm
todos, mas um só é que alcança o prêmio? VIDE: ● Omnes
currunt in stadio, sed unus accipit brabeum.
1185. Nesciunt quid faciunt. [Vulgata, Lucas 23.34]. Não
sabem o que fazem.
1186. Neutram in partem propensiores sumus. [Cícero, de
Finibus 5.10]. Eu não estou favorável a nenhuma das partes.
1187. Neve putes alium sapiente bonoque beatum. [Horácio,
Epistulae 1.16.20]. Não podes imaginar que seja feliz alguém
que não seja sábio e bom.
1188. Ni bene defendas, nil prodest pectori thorax. [Pereira
93]. Se não te defenderes bem, de nada servirá ao peito a
couraça. ■ A espada e o anel segundo a mão onde estiver.
1189. Ni gradus servetur, nulli tutus est summus locus.
[Publílio Siro]. Se o caminho não estiver guardado, a posição
suprema não é segura para ninguém.
1190. Ni molas, non comedes. Se não moeres, não comerás.
■ Quem quiser comer depene. VIDE: ● Devitat quicumque
molam, fugit ille farinam. ● Farinam fugit quicumque
molam vitat. ● Molam qui vitat, farinam vitat. ● Ni purges
et molas, non comedes. ● Ni purgaris et molas, non
comedes. ● Nisi repurges et molas haud unquam edes.
● Purges nisi molasque, non edes piger. ● Qui fugit molam,
farinam non invenit. ● Qui fugit molam, fugit farinam.
● Qui vitat molam, vitat farinam. ● Quicumque molam
fugit, ille farinam.
1191. Ni parva servabis, peribit amplius. [Schottus, Adagia
609]. Se não cuidares do pequeno, perder-se-á o maior.
■ Quem não poupa reais não junta cabedais.
1192. Ni pecus enutriat, semper domus ingemit ingens.
[Pereira 99]. Se não cria um rebanho, a casa grande sempre
geme. ■ Casa que não cria sempre pia.
1193. Ni purges et molas, non comedes. [Erasmo, Adagia
2.9.88]. Se não limpares e moeres, não comerás. ■ Quem
quiser comer depene. ● Ni purgaris et molas, non comedes.
[Schottus, Adagia 220]. ● Ni molas, non comedes. VIDE:
● Nisi repurges et molas haud unquam edes. ● Purges nisi
molasque, non edes piger. ● Qui non laborat, non
manducat.
1194. Ni qui scit facere, insidias nescit metuere. [Publílio
Siro]. Só quem sabe fazer armadilhas sabe não temê-las.
1195. Ni sit nota fides, ignoto non bene fides. [Binder,
Thesaurus 2070]. Se não é conhecida a fidelidade, não é bom
confiares em desconhecido.
1196. Ni velitis ossa mea violare. [Inscrição em túmulo]. Não
perturbeis meus ossos.
1197. Nidos commaculans immundus habebitur ales. [CODP
143]. A ave que suja o próprio ninho será tida por imunda.
■ É má a ave que em seu ninho caga. ■ Aquela ave é má, que
em seu ninho suja. ■ Roupa suja se lava em casa. VIDE: ● Est
avis ingrata, quae defoedat sua strata. ● Pessima est avis
quae proprium nidum defoedat. ● Turpis avis proprium
qui foedat stercore nidum.
1198. Nidus testatur ibi qualis avis dominatur. [DAPR 478].
O ninho mostra que ave mora ali. ■ A pequeno passarinho,
pequeno ninho.
1199. Niger cycnus. Um cisne negro. (=Um prodígio). VIDE:
● Cycnus niger, aut corvus albus, rarus sit avis quam
fidelis amicus.
1200. Niger, ergo sapiens. Negro, portanto sábio.
1201. Niger, sed sapiens. Negro, mas sábio.
1202. Niger tamquam corvus. [Petrônio, Satiricon 43.7].
Negro como o corvo.
1203. Nigra sum, sed formosa. [Vulgata, Cântico 1.4]. Sou
negra, mas formosa.
1204. Nigro notanda lapillo dies. Um dia que deve ser
marcado com uma pedra negra. (=Um dia infausto). VIDE:
● Dies atro signanda lapillo. ● Dies ater. ● Dies infaustus.
1205. Nigrum in candida vertunt. [Juvenal, Satirae 3.30].
Mudam o preto em branco. (=Enganam).
1206. Nihil ab elephante differs. [Diogeniano / Erasmo,
Adagia 2.9.90]. Em nada diferes de um elefante. VIDE: ● Ab
elephanto nihil differs.
1207. Nihil abiectum et humile cogitant. [Cícero, De Finibus
5.57]. Não cogitam nada abjeto e pouco elevado.
1208. Nihil absque labore paratur. Nada se consegue sem
trabalho. ■ Sem trabalho, só a pobreza.
1209. Nihil accidere bono viro mali potest. [Sêneca, De
Providentia 2.1]. Ao homem de bem nada de mal pode
acontecer.
1210. Nihil ad carmen. [Manúcio, Adagia 501]. Nada a ver
com o poema. (=Não a ver com o que estamos tratando).
VIDE: ● Extra cantionem. ● Nihil ad verbum. ● Praeter
cantilenam.
1211. Nihil ad rem pertinet. Nada tem a ver com a coisa. (=A
questão é irrelevante). ● Nihil ad rem. VIDE: ● Neque caelum,
neque terram attingit.
1212. Nihil ad rhombum. [Binder, Medulla 1112]. Isto não
tem nada com o rodovalho. (=Isso nada tem a ver com a
questão em pauta). ■ Isso já é outra história.
1213. Nihil ad verbum. [Manúcio, Adagia 501]. Nada a ver
com o que estamos falando. VIDE: ● Nihil ad carmen.
1214. Nihil adeo arduum est, quod non virtute consequi
possit. [Rezende 3969]. Nada é tão difícil que não se possa
conseguir com a coragem. ■ A coragem é que vence a guerra,
e não armas boas. ● Nihil adeo arduum sibi esse
existimaverunt quod non virtute consequi possent. [César,
De Bello Gallico 7.47]. Não julgavam nada tão difícil que
não se pudesse conseguir com a coragem.
1215. Nihil adeo divinum habet homo, quam benefacere.
[S.Gregório Nazianzeno]. Nada mais divino tem o homem do
que fazer o bem. ■ Fazer o bem é parecer-se com Deus.
1216. Nihil adeo tacitum quod non palam fiat. Não há nada
secreto que não se torne público. ■ Não há segredo que tarde
ou cedo não seja descoberto. VIDE: ● Nihil est tectum quod
non aetate patescat.
1217. Nihil admirari. Não te espantes com nada. VIDE: ● Nil
admirari. ● Nil admirari prope re est una solaque quae
possit facere et servare beatum.
1218. Nihil aeque amorem incitet et accendat quam carendi
metus. [Plínio Moço, Epistulae 5.19.5]. Nada aviva e
inflama o amor como o medo de perdê-lo.
1219. Nihil aeque magnam apud nos admirationem occupet
quam homo fortiter miser. [Sêneca, Ad Helviam 13.6].
Nada provocará em nós admiração tão grande quanto um
homem corajoso na adversidade.
1220. Nihil aeque sanitatem impedit, quam remediorum
crebra mutatio. [Sêneca, Epistulae Morales 2.3]. Nada
dificulta tanto a cura como a freqüente mudança de remédios.
1221. Nihil agendo, homines male agere discunt. [Columela,
De Re Rustica 11.1.26]. Não fazendo nada, os homens
aprendem a fazer o mal. ■ Não fazer é fazer mal. ■ Cabeça de
vadio, hospedaria do diabo. VIDE: ● Homines nihil agendo
agere consuescunt male. ● Multam enim malitiam docuit
otiositas.
1222. Nihil agere delectat. [Cícero, De Oratore 2.24]. É
agradável não fazer nada. (=Os italianos têm a expressão
Dolce far niente).
1223. Nihil agere quod non prosit. [Fedro, Fabulae 3.17.13].
Não se faça nada que não seja útil.
1224. Nihil agere semper infelici est optimum. [Publílio Siro].
Para um homem azarado, não tomar iniciativa é sempre o
melhor.
1225. Nihil agis, dolor! quamvis sis molestus, nunquam te
esse confitebor malum. [Cícero, Tusculanae Disputationes
2.25]. Não adianta, dor! Por mais que me sejas penosa,
jamais confessarei que és um mal.
1226. Nihil agit, qui diffidentem verbis solatur suis. [Plauto,
Epidicus 116]. Nada faz quem consola um homem
desesperado só com palavras.
1227. Nihil alienum appeto. Nada quero que não seja meu.
VIDE: ● Non alienam mihi laudem appeto.
1228. Nihil aliud esse ebrietatem quam voluntariam
insaniam. [Sêneca, Epistulae Morales 10.83.18]. A
embriaguez não é senão uma loucura voluntária. VIDE:
● Ebrietatem furoris voluntariam speciem esse.
1229. Nihil aliud est actio quam ius quod sibi debeatur,
iudicio persequendi. [Celso, Digesta 44.7.51]. Ação nada
mais é que o direito de perseguir em juízo o que lhe é devido.
VIDE: ● Actio est ius persequendi in iudicio quod sibi
debeatur. ● Actio est remedium ius suum persequendi in
iudicio. ● Actio nihil aliud est quam ius persequendi in
iudicio quod sibi debeatur.
1230. Nihil aliud potest rex quam quod de iure potest. [Jur /
Coke / Black 1243]. O rei não pode fazer nada senão o que
pode fazer de acordo com a lei.
1231. Nihil aliud scit necessitas quam vincere. [Publílio Siro].
A necessidade só sabe vencer.
1232. Nihil amabilius virtute. [Lodeiro 699]. Nada se pode
querer mais do que a virtude. VIDE: ● Nihil est virtute
amabilius. ● Nihil est enim virtute amabilius, nihil quod
magis adliciat ad diligendum.
1233. Nihil amantibus durum est. Nada é difícil para quem
ama. ■ Quem ama, do longe faz perto. ● Nihil amantibus
durum est, nullus difficilis cupienti labor est. [S.Jerônimo,
Ad Eustochium 40]. Nada é difícil para quem ama; não há
trabalho difícil para quem quer. VIDE: ● Amanti nihil difficile.
● Nihil difficile amanti.
1234. Nihil amarius quam diu pendere. [Sêneca, De
Beneficiis 2.5]. Nada há mais penoso do que hesitar por
muito tempo.
1235. Nihil amas, cum ingratum amas. [Plauto, Persa 231].
Nada se ama, quando se ama um ingrato. ■ Amar sem ser
amado é ser desventurado. ■ Quem afaga a mula receberá
coices.
1236. Nihil annis velocius. [Ovídio, Metamorphoses 10.519].
Nada mais veloz do que o tempo. ■ Tempo não se ata com a
soga. VIDE: ● Nihil est velocius annis.
1237. Nihil ante quam evenerit, non evenire posse arbitrari.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 3.30]. Não considerar
nada como impossível, antes que aconteça. ■ Tudo pode ser,
sem ser milagre.
1238. Nihil arbitrio virium feceris. [Dionísio Catão,
Monosticha 48]. Não faças nada sob o arbítrio da força.
1239. Nihil asperum tetrumque palpanti est. [Sêneca, De Ira
3.8]. Nada é penoso nem difícil para o bajulador.
1240. Nihil audentibus arduum. Nada é penoso para os que
ousam. ■ Nada é difícil para quem quer.
1241. Nihil audentibus inexpugnabile, nihil satis munitum
contra animosos. [Plutarco, Vida de Alexandre 58.1 /
Rezende 3975]. Para os audaciosos, nada é inexpugnável;
contra os persistentes nada está suficientemente seguro.
■ Quem porfia sempre alcança.
1242. Nihil audio, quod audisse, nihil dico, quod dixisse
paeniteat. [Plínio Moço, Epistulae 1.9.5]. Não ouço nada
que me arrependa de ter ouvido, nem digo nada que me
arrependa de ter dito.
1243. Nihil autem est molestum quod non desideres. [Cícero,
De Senectute 47]. Nada que não desejes te faz mal.
1244. Nihil autem mundo melius. [Cícero, De Natura Deorum
3.9]. Nada melhor do que este mundo.
1245. Nihil autem opertum est, quod non reveletur, neque
absconditum, quod non sciatur. [Vulgata, Lucas 12.2].
Nenhuma coisa há oculta que não venha a descobrir-se; e
nenhuma há escondida que não venha a saber-se. ■ Nada há
tão encoberto, que tarde ou cedo não seja descoberto. VIDE:
● Nihil diu occultum. ● Nihil enim est opertum, quod non
revelabitur, et occultum, quod non scietur. ● Nihil ita
occultum est quod non reveletur. ● Nihil occultum quod
non reveletur. ● Nil est occultum, quod non revelabitur.
● Nil occultum est quod non reveletur. ● Non est enim
occultum, quod non manifestetur.
1246. Nihil autem potest esse diuturnum, cui non subest
ratio. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.14]. Não pode ser
duradouro nada que a razão não sustente.
1247. Nihil beatum si absit libertas. [Rezende 3976]. Não há
felicidade, se falta liberdade.
1248. Nihil bonum, nisi vacuitatem doloris. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 5.30]. Nada é bom, senão a
ausência da dor.
1249. Nihil carius aestimamus, quam beneficium quamdiu
petimus; nihil vilius, cum accepimus. [Sêneca, Epistulae
Morales 81]. Nada estimamos mais valioso do que o
benefício, enquanto o pedimos; nada mais sem valor depois
que o obtivemos.
1250. Nihil caute simul ac celeriter geri potest. [Binder,
Thesaurus 2076]. Nada pode ser feito com cuidado e rápido.
■ Depressa e bem não faz ninguém.
1251. Nihil citius arescit quam lacrima. ■ Nada seca mais
depressa do que as lágrimas. VIDE: ● Cito arescit lacrima.
● Cito enim exarescit lacrima, praesertim in alienis malis.
● Lacrima nihil citius arescit. ● Lacrima nihil citius
arescit, praesertim in alienis malis. ● Nihil enim lacrima
citius arescit. ● Nihil facilius quam lacrimas inarescere.
1252. Nihil citius pervertit hominem, quam alter homo.
[Oleastro / Bernardes, Luz e Calor 1.219.23]. Nada mais
depressa dana a um homem como outro homem.
1253. Nihil clarior. Não há nada mais claro.
1254. Nihil clausum constat, quod auro argentoque non
pateat. [S.Valeriano, Homilia 20, De Avaritia / Bernardes,
Nova Floresta 4.294]. Nada há fechado que não se abra ao
ouro e à prata. ■ Chave de ouro abre qualquer porta. ■ Não
há fechadura, se de ouro é a gazua.
1255. Nihil cognoscitur, nisi secundum quod est in actu.
[Jur]. Só se toma conhecimento do que está no processo.
1256. Nihil commune habet proprietas cum possessione.
[Digesta 41.2.12.1]. Nada tem de comum o domínio com a
posse. VIDE: ● Proprietas cum possessione nihil commune
habet.
1257. Nihil conatur unquam, cuncta qui timet. Nunca arrisca
nada quem tem medo de tudo.
1258. Nihil consensui tam contrarium est quam vis atque
metus. [Digesta 50.17.116]. Nada é tão contrário à
concordância quanto a violência e o medo. VIDE: ● Nihil tam
contrarium consensui quam vis et metus.
1259. Nihil consuetudine maius. [Rezende 3979]. Nada é mais
forte do que o costume.
1260. Nihil contemnit esuriens. [Sêneca, Epistulae Morales
119.4]. Quem tem fome, não despreza nada. ■ Quem tem
fome cardos come. ● À fome não há pão duro. VIDE: ● Ieiunus
raro stomachus vulgaria temnit.
1261. Nihil corde fugacius. [S.Agostinho / Bernardes, Luz e
Calor 1.189.16]. Nada mais fugaz que o coração.
1262. Nihil credam, et omnia cavebo. [Stevenson 2124]. Não
confiarei em nada e tomarei cuidado com tudo. ■ O seguro
morreu de velho.
1263. Nihil credo auguribus, qui aures verbis divitant
alienas, suas auro locupletent domus. [Aulo Gélio, Noctes
Atticae 14.1]. Não confio nos áugures que enriquecem de
palavras os ouvidos alheios e enchem de ouro suas próprias
casas.
1264. Nihil cum fidibus graculo, nihil cum amaracino sui.
[Aulo Gélio, Noctes Atticae, Praefatio 19]. O gralho nada
tem com a lira, nem o porco com a mangerona. ■ Que há de
comum entre o asno e a lira? VIDE: ● Nihil graculo cum
fidibus.
1265. Nihil cum umbra, sine umbra nihil. [Inscrição em
quadrante solar]. Com sombra, nada; sem sombra, nada.
1266. Nihil cupiditati exceptum. [Tácito, Agricola 15]. Nada
escapa à ambição.
1267. Nihil dat qui non habet. [Jur / Black 1243]. Quem nada
tem, nada dá. VIDE: ● Non dat qui non habet.
1268. Nihil de mortuis nisi bonum. [DAPR 774]. Dos mortos
só digas coisa boa. ■ Ninguém sabe onde fica o cemitério dos
ruins. ■ Enterrado, perdoado. VIDE: ● De mortuis nil nisi
bene. ● De mortuis nil nisi bonum. ● Mortuis non
convinciandum. ● Parce sepulto. ● Parce sepultis.
1269. Nihil de principe, parum de Deo. [Rezende 3981]. (Não
se diga) nada do príncipe, pouco de Deus. ■ Não digas mal de
el-rei nem entre dentes, porque em toda parte tem parentes.
VIDE: ● De Deo parum, de principe nihil. ● Parum de
principe, nihil de Deo.
1270. Nihil decet invita Minerva, id est, adversante et
repugnante natura. [Cícero, De Officiis 1.31]. Não convém
fazer nada contra a vontade de Minerva, isto é, quando a
natureza se opõe e repele. VIDE: ● Invita Minerva. ● Nihil
invita Minerva facies. ● Tu nihil invita dices faciesve
Minerva.
1271. Nihil Deo clausum est. [Sêneca, Epistulae Morales 83.1].
A Deus nada está fechado. VIDE: ● Deo nihil clausum est.
1272. Nihil desperare, nulli rei fidere. [Plínio Moço, Epistulae
4.24.6]. Não perder a esperança de nada, não ter confiança
em nada.
1273. Nihil Deo placet, nihil diabolo displicet nisi voluntas
bona. [S.Pedro Venerável / Bernardes, Luz e Calor 1.45].
Nada agrada a Deus, nada desagrada ao diabo, senão a boa-
vontade.
1274. Nihil Deum roges, nisi quod rogare possis palam.
[Sêneca, Epistulae Morales 10.5]. Nada peças a Deus, senão
o que possas pedir na frente dos outros.
1275. Nihil dictu foedum visuque haec limina tangat, intra
quae puer est. [Juvenal, Satirae 14.44]. Nada que seja
indigno de ser dito e de ser visto chegue à casa em que haja
uma criança.
1276. Nihil dictum quod non dictum sit prius. [Black 1243].
Nada se disse que não tenha sido dito antes. VIDE: ● Nullum
est iam dictum quod non dictum sit prius.
1277. Nihil difficile amanti. [Cícero, De Oratore 10.33]. Para
quem ama nada é difícil. ■ Quem ama, do longe faz perto.
VIDE: ● Nihil amantibus durum est.
1278. Nihil difficilius quam amicitiam usque ad extremum
vitae permanere. [Cícero, De Amicitia 33]. Nada é mais
difícil do que prolongar-se uma amizade até o fim da vida.
1279. Nihil dignum dictu actum his consulibus. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 4.30]. No consulado deles nada ocorreu
digno de comentário.
1280. Nihil diu occultum. [Epígrafe de Fábula de Fedro]. Nada
fica oculto por muito tempo. ■ Nada há tão encoberto que
tarde ou cedo não seja descoberto. ■ Não há segredo que
cedo ou tarde não seja descoberto. VIDE: ● Nihil autem
opertum est, quod non reveletur, neque absconditum,
quod non sciatur. ● Nihil enim est opertum, quod non
revelabitur, et occultum, quod non scietur. ● Nihil ita
occultum est quod non reveletur. ● Nihil occultum quod
non reveletur. ● Nil est occultum, quod non revelabitur.
● Nil occultum est quod non reveletur. ● Non est enim
occultum, quod non manifestetur.
1281. Nihil dolo creditor facit qui suum recipit. [Digesta
50.17.129]. Não age com dolo o credor que recebe o que é
seu.
1282. Nihil dulcius quam omnia scire. [Erasmo, Adagia
5.1.42]. Nada mais agradável do que saber tudo. VIDE: ● Nil
dulcius quam scire prorsus omnia.
1283. Nihil dulcius veritatis luce. Nada é mais doce do que a
luz da verdade. VIDE: ● Nihil est veritatis luce dulcius.
1284. Nihil ei regium deesse praeter regnum videretur.
[Justino, Epítome Historiarum Philippicarum 23.4]. Parecia
que das características dos reis só lhe faltava um reino. VIDE:
● Nihil illi deerat ad regnandum praeter regnum.
1285. Niihil emi carius, quam quod roganti datur. [Manúcio,
Adagia 127]. Nada se compra mais caro do que o que se dá a
quem pede. ■ Melhor é comprar do que rogar. ■ O que se
roga sai caro. VIDE: ● Malo emere quam rogare.
1286. Nihil enim aeque facit fortunam, ac occasio. [Gaspar
Caldera / Rezende 3987]. Nada conduz melhor à boa-sorte do
que a ocasião.
1287. Nihil enim aeque gratum est adeptis quam
concupiscentibus. [Plínio Moço, Epistulae 2.15.1]. Nada
agrada igualmente a quem o possui e a quem o deseja.
1288. Nihil enim efficacius operibus ipsis ad persuadendum
est. [Garcia de Meneses / Ramalho 10]. Nada é mais eficaz
para persuadir do que as próprias obras. ■ Obras são amores,
que não boas razões. ■ Obras falam, palavras calam.
1289. Nihil enim est opertum, quod non revelabitur, et
occultum, quod non scietur. [Vulgata, Mateus 10.26]. Nada
há encoberto, que se não venha a descobrir, nem oculto, que
se não venha a saber. ■ Nada há tão encoberto que tarde ou
cedo não seja descoberto. VIDE: ● Nihil autem opertum est
quod non reveletur, neque absconditum, quod non
sciatur. ● Nihil diu occultum. ● Nihil ita occultum est quod
non reveletur. ● Nihil occultum quod non reveletur. ● Nil
est occultum, quod non revelabitur. ● Nil occultum est
quod non reveletur. ● Non est enim occultum, quod non
manifestetur.
1290. Nihil enim ex omni parte perfectum in humanis
inventionibus esse posse credo. [Prisciano]. Acredito que
nada pode ser completamente realizado nas criações
humanas.
1291. Nihil enim facilius quam amor recrudescit. [Sêneca,
Epistulae Morales 69.3]. Nada recrudesce com mais
facilidade do que o amor.
1292. Nihil enim honestum esse potest, quod iustitia vacat.
[Cícero, De Officiis 1.19]. Nada a que falte a justiça, pode
ser respeitável.
1293. Nihil enim intulimus in hunc mundum; haud dubium
quod nec auferre quid possumus. [Vulgata, 1Timóteo 6.7].
Nada trouxemos para este mundo; é sem dúvida que não
podemos levar nada dele. VIDE: ● Nudus egressus sum de
utero matris meae et nudus revertar illuc. ● Nudus ut in
terram veni, sic nudus abibo.
1294. Nihil enim lacrima citius arescit. [RH 2.50]. ■ Nada
seca mais depressa do que as lágrimas. VIDE: ● Cito arescit
lacrima. ● Cito enim exarescit lacrima, praesertim in
alienis malis. ● Lacrima nihil citius arescit, praesertim in
alienis malis. ● Lacrima nihil citius arescit. ● Nihil citius
arescit quam lacrima. ● Nihil facilius quam lacrimas
inarescere.
1295. Nihil enim laudabilius, nihil magno et praeclaro viro
dignius placabilitate atque clementia. [Cícero, De Officiis
1.25]. Nada é mais louvável, nada mais digno de um homem
nobre e ilustre do que a moderação e a clemência.
1296. Nihil enim potest esse aequabile, quod non a certa
ratione proficiscatur. [Cícero, Tusculanae Disputationes
2.65]. Nada que não parta de um princípio firme pode ser
estável.
1297. Nihil enim, quod intra mundum est, alienum homini
est. [Sêneca, Ad Helviam 8.5]. Nada que existe dentro do
mundo é estranho ao homem.
1298. Nihil enim tam mortiferum ingeniis quam luxuria est.
[Sêneca Retórico, Controversiae 1.7]. Nada é tão prejudicial
às inteligências quanto o luxo.
1299. Nihil eripit fortuna, nisi quod et dedit. [Sêneca, De
Constantia 5.4]. A sorte só nos tira o que ela mesma nos deu.
1300. Nihil esse grato animo honestius. [Sêneca, Epistulae
Morales 81.30]. Nada é mais nobre do que um coração
reconhecido.
1301. Nihil esse in rebus humanis difficilius quam bene
imperare. [Petrus Crinitus, De Honesta Disciplina 13.8].
Nas coisas humanas, não há nada mais difícil que governar
bem. VIDE: ● Nihil est difficilius quam bene imperare.
1302. Nihil esse in vita proprium mortali datum. [Lucílio,
Saturae 27.701]. Nada nesta vida é dado ao mortal como sua
propriedade. VIDE: ● Cum sciam nihil esse in vita proprium
mortali datum.
1303. Nihil esse melius quam laetari hominem in opere suo.
[Vulgata, Eclesiastes 3.22]. Nada melhor do que alegrar-se o
homem nas suas obras.
1304. Nihil esse miseris mortalibus spiritu carius. [Quinto
Cúrcio, Historiae 6.4]. Para os infelizes mortais, nada vale
mais que a vida.
1305. Nihil esse praecipue cuiquam dolendum in eo, quod
accidat universis. [Cícero, Ad Familiares 6.2.2]. A ninguém
deve afligir aquilo que acontece a todos.
1306. Nihil esse pulchrius in omni ratione vitae, dispositione
atque ordine. [Columela, De Re Rustica 12.2.4]. Nada é
mais belo em todas as relações da vida do que o método e a
ordem. VIDE: ● Quis enim dubitet nihil esse pulchrius in
omni ratione vitae, dispositione atque ordine.
1307. Nihil esse utilius sale et sole. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 31.102]. Nada mais útil do que o sal e o sol. ■ Sol e sal
livram a gente de muito mal. VIDE: ● Nihil utilius sale et sole.
● Nil sole et sale utilius. ● Sale nihil utilius. ● Totis
corporibus nihil esse utilius sale et sole.
1308. Nihil est ab omni parte beatum. [Horácio, Carmina
2.16.27]. Não há nada totalmente perfeito. ■ Nada há perfeito
neste mundo. ■ Não há rosa sem espinho. ■ Nesta vida não há
felicidade completa. VIDE: ● Haud vivit ullus omnibus felix
modis. ● Nihil ex omni parte beatum. ● Nil ab omni parte
beatum.
1309. Nihil est agricultura melius, nihil uberius nihil dulcius,
nihil homini libero dignius. [Cícero, De Officiis 1.42].
Nada é melhor do que a agricultura, nada mais fecundo, nada
mais agradável, nada mais digno do homem livre.
1310. Nihil est aliud bene et beate vivere nisi honeste et recte
vivere. [Cícero, Paradoxa 1.15]. Viver bem e feliz não é
senão viver com nobreza e honestidade. VIDE: ● Beate vivere
honeste, id est, cum virtute vivere.
1311. Nihil est aliud falsitas nisi veritatis imitatio. [Rezende
3999]. A mentira não passa de uma imitação da verdade.
VIDE: ● Falsitas est veritatis dolosa mutatio et in alterius
praeiudicium facta. ● Falsitas est veritatis imitatio in
alterius praeiudicium facta.
1312. Nihil est aliud magnum quam multa minuta. [Lord
Lytton, Alice or the Mysteries, Capítulo 7, Epígrafe]. O que é
grande não passa de muitas coisas minúsculas. ■ Passinho a
passinho se faz muito caminho.
1313. Nihil est animo velocius. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.43]. Não há nada mais veloz que o espírito.
1314. Nihil est autem, suum qui officium facere immemor
est. [Plauto, Pseudolus 1104]. Nada vale um homem que se
esquece de cumprir seu dever.
1315. Nihil est autem tam volucre quam maledictum, nihil
facilius emittitur, nihil citius excipitur, nihil latius
dissipatur. [Cícero, Pro Plancio 57]. Nada corre tanto quanto
a infâmia, nada se dá à luz com mais facilidade, nada se
acolhe com mais rapidez, nada se espalha mais amplamente.
1316. Nihil est bello funestius. [Sêneca, De Ira 3.5.6]. Nada é
mais funesto do que a guerra.
1317. Nihil est difficile volenti. [Erasmo, Colloquia 29]. ■ Nada é difícil para
quem quer. ■ A quem quer nada é difícil. ■ Querer é poder.
VIDE: ● Nil difficile volenti. ● Nil volentibus arduum.
● Volenti nihil difficile. ● Volenti nihil impossibile.
1318. Nihil est difficilius quam bene imperare. [Historia
Augusta, Vita Aureliani]. Nada há mais difícil do que bem
governar. VIDE: ● Nihil esse in rebus humanis difficilius
quam bene imperare.
1319. Nihil est enim virtute amabilius, nihil quod magis
adliciat ad diligendum. [Cícero, De Amicitia 28]. Nada é
mais agradável, nada atrai mais para a amizade do que a
virtude.
1320. Nihil est enim aptius ad delectationem lectoris quam
temporum varietates fortunaeque vicissitudines. [Cícero,
Ad Familiares 5.12]. Não há nada mais adequado ao prazer
do leitor do que a multiplicidade das circunstâncias e as
vicissitudes da sorte.
1321. Nihil est enim aut pigrius delicatis aut curiosius
otiosis. [Plínio Moço, Epistulae 9.32]. Nada é mais
preguiçoso que os voluptuosos, ou mais indiscreto que os
desocupados.
1322. Nihil est enim in historia pura et illustri brevitate
dulcius. [Cícero, Brutus 262]. Nada é mais belo na história
do que a clara e nobre brevidade.
1323. Nihil est enim tam miserabile quam ex beato miser.
[Cícero, De Partitione 57]. Não há nada tão digno de
compaixão quanto um infeliz que já conheceu a felicidade.
1324. Nihil est ficta severitate ineptius. Nada é mais ridículo
do que a austeridade fingida. VIDE: ● Nihil est hominum
inepta persuasione falsius nec ficta severitate ineptius.
1325. Nihil est frigidius doctore, verbis tantum
philosophante: hoc enim non doctoris est, sed histrionis.
[S.João Crisóstomo / Schottus, Adagialia Sacra 54]. Nada é
mais frio do que o mestre que filosofa apenas nas palavras:
isto não é característica de professor, mas de ator.
1326. Nihil est his qui placere volunt tam adversarium quam
exspectatio. [Cícero, Academica 2.4]. Nada é tão contrário
aos que querem agradar quanto a expectativa.
1327. Nihil est hominum inepta persuasione falsius nec ficta
severitate ineptius. [Petrônio, Satiricon 132.16]. Nada é
mais falso do que as tolas crenças dos homens, nem mais
ridículo do que a austeridade fingida. VIDE: ● Nihil est ficta
severitate ineptius.
1328. Nihil est impatientius imperitia. Nada é mais
impaciente do que a inexperiência.
1329. Nihil est in effectu quod non sit in causa. Nada há no
efeito que não esteja na causa.
1330. Nihil est in intellectu quin prius fuerit in sensu. [Zenão
de Cício / Rezende 3993]. Nada há no intelecto que antes não
houvesse passado pelos sentidos. VIDE: ● Quicquid est in
intellectu praeesse debere in sensu. ● Tota humana notitia
a sensitu surgit.
1331. Nihil est in me corde meo fugacius. [S.Bernardo,
Meditationes Piissimae 9]. Não há em mim nada mais
instável que o meu coração.
1332. Nihil est incertius vulgo, nihil obscurius voluntate
hominum, nihil fallacius ratione tota comitium. [Cícero,
Pro Murena 36]. Nada é mais volúvel do que a multidão,
nada mais obscuro do que as opiniões dos homens, nada mais
enganador do que as decisões dos comícios.
1333. Nihil est iniquius quam amare pecuniam. [Vulgata,
Eclesiástico 10.10]. Nada é mais iníquo do que amar o
dinheiro.
1334. Nihil est liberale, quod non idem iustum. [Cícero, De
Officiis 1.14]. Nada é generoso, se não é, ao mesmo tempo,
justo. VIDE: ● Nihil liberale, quod non idem iustum.
1335. Nihil est magnum somnianti. [Cícero, De Divinatione
2.141]. Nada é grande demais para quem sonha.
1336. Nihil est maius, in rebus humanis, philosophia. [Platão,
Timeu / Busarello 182]. Nada há maior, nas coisas humanas,
do que o amor do conhecimento.
1337. Nihil est, mihi crede, virtute formosius, nihil
pulchrius, nihil amabilius. [Cícero, Ad Familiares 9.14].
Podes crer, nada é mais formoso, nada mais belo, nada mais
agradável do que a virtude. VIDE: ● Nihil est virtute
formosius, nihil pulchrius.
1338. Nihil est miserius quam animus hominis conscius.
[Plauto, Mostellaria 538]. Não há nada mais triste do que um
homem com a consciência intranqüila. ● Nihil est miserius
quam animus conscius. [Erasmo, Adagia 4.10.40]. VIDE:
● Nil est miserius quam mali animus conscius.
1339. Nihil est miserius quam ubi pudet quod feceris.
[Publílio Siro]. Nada é mais triste do que envergonhar-se do
que se fez.
1340. Nihil est miserum nisi cum putes. [Boécio, De
Consolatione Philosophiae 2.4]. Só é lamentável aquilo que
alguém julga tal.
1341. Nihil est morti tam simile, quam somnus. [Cícero, De
Senectute 22.80]. Nada é tão parecido com a morte quanto o
sono. ■ O sono é parente da morte. VIDE: ● Consanguineus
leti sopor. ● Mors somno similis est. ● Mortis imago et
simulacrum somnus. ● Mortis imago sopor. ● Somnus
mortis imago. ● Stulte, quid est somnus, gelidae nisi
mortis imago?
1342. Nihil est nec miserius nec stultius, quam praetimere.
[Sêneca, Epistulae Morales 98]. Nada é mais triste nem mais
tolo do que temer antecipadamente.
1343. Nihil est periculosius viro quam mulier, et mulieri
quam vir. [S.Jerônimo / Sweet 148]. Nada é mais perigoso
para o homem do que a mulher, e para a mulher do que o
homem.
1344. Nihil est perpetuum datum. [Plauto, Cistelaria 194].
Nada nos é dado para sempre.
1345. Nihil est potentior auro. Nada é mais poderoso do que o
ouro. ■ Nada há mais eloqüente do que uma bolsa bem
quente.
1346. Nihil est profecto homini prudentia dulcius. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.39]. Certamente nada é mais
agradável ao homem do que a prudência.
1347. Nihil est quod Deus efficere non possit. [Cícero, De
Natura Deorum 3.39]. Não há nada que Deus não possa
realizar. ■ Deus tudo pode. ■ A Deus nada é impossível. VIDE:
● Cuncta potest facere Deus.
1348. Nihil est quod haud sperare liceat. [Grynaeus 592]. Não
existe nada de que não se possa ter esperança. ■ Tudo pode
ser, sem ser milagre.
1349. Nihil est quod iis qui sapiunt utilitate careat. Não há
nada que não tenha utilidade para as pessoas de bom-senso.
1350. Nihil est quod longinquitas temporis non efficere
possit. [Cícero, De Divinatione 1.7]. Nada há que o correr do
tempo não possa conseguir. ■ Com o tempo maduram as
uvas.
1351. Nihil est quod non consumat vetustas. [Cícero, Pro
Marcello 11]. Não há nada que a velhice não destrua. ■ O
tempo tudo gasta.
1352. Nihil est quod non expugnet pertinax opera et intenta
ac diligens cura. [Sêneca, Epistulae Morales 50.6]. Não há
nada que não vençam o esforço perseverante e o cuidado
enérgico e diligente. ■ O trabalho tenaz vence todas as
dificuldades.
1353. Nihil est quod timeas, si innocens es. Não há o que
temeres, se és inocente. ■ Quem não deve não teme.
1354. Nihil est simul et inventum et perfectum. [Cícero,
Brutus 71]. Nada é imaginado e realizado ao mesmo tempo.
1355. Nihil est sine fraude: latent sub melle venena. Nada há
sem engano: sob o mel escondem-se venenos. VIDE: ● Latent
sub melle venena.
1356. Nihil est sine ratione. [Leibnitz]. Nada há sem uma
razão.
1357. Nihil est superior benigna coniuge. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 5]. Nada é melhor do que uma
esposa bondosa. (=O autor atribui a sentença a Sêneca).
■ Mulher boa é prata que soa.
1358. Nihil est tam arduum quod diligentia curaque non
efficiatur. [Grynaeus 75]. Nada é tão difícil que com
diligência e cuidado não se consiga. ■ Com trabalho tudo se
alcança.
1359. Nihil est tam difficile et arduum, quod non humana
mens vincat, et in familiaritatem perducat assidua
meditatio. [Sêneca, De Ira 2.12.3]. Não há nada tão árduo,
nem tão difícil, que a mente humana não vença, e que a
prática não torne familiar.
1360. Nihil est tam fallax quam vita humana, nihil tam
insidiosum. [Sêneca, Ad Marciam 22.3]. Nada é tão
enganador como a vida humana, nada tão traiçoeiro.
1361. Nihil est tam incertum, nec tam inaestimabile est
quam animi multitudinis. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
31.34]. Não há nada tão incerto nem tão pouco previsível
quanto os julgamentos da multidão. VIDE: ● Nihil tam
inaestimabile est quam animi multitudinis.
1362. Nihil est tam incredibile quod dicendo non fiat
probabile; nihil tam horridum, tam incultum, quod non
splendescat oratione et tamquam excolatur. [Cícero,
Paradoxa Stoicorum 3]. Não há nada tão incrível que a
eloqüência não possa fazer parecer provável, nada tão
grosseiro, tão vulgar, que pela eloqüência não resplandeça e
seja venerado.
1363. Nihil est tam mobile quam feminarum voluntas, nihil
tam vagum. Nada é tão inconstante como a vontade das
mulheres, nada é tão indeciso.
1364. Nihil est tam molle quam voluntas. [Cícero, Pro Milone
42]. Nada é tão flexível quanto a vontade. VIDE: ● Nihil tam
molle quam voluntas.
1365. Nihil est tam populare quam bonitas. [Cícero, Pro
Ligario 37]. Nada é tão do agrado do povo quanto a
benevolência.
1366. Nihil est tectum quod non aetate patescat. Não há nada
escondido que com o tempo não fique exposto. ■ Não há
segredo que tarde ou cedo não seja descoberto. VIDE: ● Nihil
adeo tacitum quod non palam fiat.
1367. Nihil est toto quod perstet in orbe. [Ovídio,
Metamorphoses 15.177]. Não há nada no mundo inteiro que
se mantenha imutável.
1368. Nihil est velocius annis. Nada mais veloz do que o
tempo. VIDE: ● Nihil annis velocius.
1369. Nihil est veritatis luce dulcius. [Cícero, Academica
4.31]. Nada é mais doce do que a luz da verdade. VIDE: ● Nihil
dulcius veritatis luce.
1370. Nihil est virtute amabilius. Nada é mais agradável do
que a virtude. VIDE: ● Nihil amabilius virtute. ● Nihil est
enim virtute amabilius, nihil quod magis adliciat ad
diligendum.
1371. Nihil est virtute formosius, nihil pulchrius. Nada é mais
belo que a virtude, nada mais louvável. VIDE: ● Nihil est, mihi
crede, virtute formosius, nihil pulchrius, nihil amabilius.
1372. Nihil et inutile aequiparantur. [Jur]. O nada e o inútil se
equiparam.
1373. Nihil etenim actum esse credimus, dum aliquid
addendum superest. [Codex Iustiniani 6.35.11.3]. Na
verdade, nada consideramos feito, enquanto falta acrescentar
alguma coisa. VIDE: ● Nihil perfectum est dum aliquid restat
agendum. ● Nil actum credens cum quid superesset
agendum. ● Nil actum reputa, si quid superest agendum.
● Nil actum est cum quid superest agendum. ● Nil videtur
actum dum aliquid superest agendum.
1374. Nihil ex nihilo. Nada vem do nada. ■ De nada nada se
faz. ● Nihil ex nihilo; nihil in nihilum. Nada vem do nada;
nada vira nada. ■ Nada se perde; nada se cria. VIDE: ● De
nihilo nihil. ● Ex nihilo nihil fit. ● Ex nihilo nihil. ● Gigni de
nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti. ● Nil igitur fieri
de nilo posse fatendum est. ● Nullam rem e nihilo gigni
divinitus unquam.
1375. Nihil ex nihilo exsistere vera sententia est. [Boécio, De
Consolatione Philosophiae 5.1]. Que nada se origina do nada
é uma afirmação verdadeira.
1376. Nihil ex omni parte beatum. Não há nada totalmente
perfeito. ■ Não há rosa sem espinho. ■ Nesta vida não há
felicidade completa. VIDE: ● Nihil est ab omni parte beatum.
● Nil ab omni parte beatum.
1377. Nihil ex semet natura creavit foedere amicitiae maius,
aut rarius unquam. [Manílio, Astronomica 2.588]. A
natureza jamais criou nada maior ou mais raro que o pacto da
amizade.
1378. Nihil excipitur, ubi distinguitur nihil. [S.Bernardo].
Nada se exclui, quando nada se diferencia.
1379. Nihil facilius quam aplaudi vulgo. Nada mais fácil do
que ser aplaudido pelas multidões.
1380. Nihil facilius quam lacrimas inarescere. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 6.1.27]. Nada seca mais facilmente que as
lágrimas. ■ Nada seca mais depressa do que as lágrimas.
VIDE: ● Cito arescit lacrima. ● Cito enim exarescit lacrima,
praesertim in alienis malis. ● Lacrima nihil citius arescit,
praesertim in alienis malis. ● Lacrima nihil citius arescit.
● Nihil citius arescit quam lacrima. ● Nihil enim lacrima
citius arescit.
1381. Nihil facit servus, si multi domini imperent. Nada faz o
servo, se muitos senhores dão ordens. ■ Panela mexida por
muitos não presta.
1382. Nihil firmum constansque est. Nada é firme e
permanente.
1383. Nihil fit quod non necesse fuerit. [Cícero, De Fato 18].
Nada acontece que não tivesse de ser.
1384. Nihil fit sine causa. Nada acontece sem uma causa. VIDE:
● Nihil in terra sine causa fit.
1385. Nihil graculo cum fidibus. [Erasmo, Adagia 1.4.37]. O
gralho nada tem com a lira. ■ Que há de comum entre o asno
e a lira? ● Nihil graculo cum Musis. O gralho nada tem a
ver com as Musas. VIDE: ● Nihil cum fidibus graculo, nihil
cum amaracino sui.
1386. Nihil gratius est pace. Nada é mais agradável que a paz.
1387. Nihil habenti nihil defuit. [Quinto Cúrcio, De Rebus
Gestis Alexandri Magni 4.1.6]. Embora nada tivesse, nada
lhe faltava. VIDE: ● Homini nihil habenti nihil deest.
1388. Nihil habeo, nihil sum, nihilque valeo. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 4.3.28]. Nada tenho, nada sou
e nada posso.
1389. Nihil habeo quod senectutem meam accusem. [Valério
Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 7.13]. Não tenho nada
de que possa culpar minha velhice.
1390. Nihil homine terra peius ingrato creat. [Ausônio,
Epigrammata 140.1]. A terra não produz nada pior do que o
homem ingrato.
1391. Nihil homini amico est opportuno amicius. [Plauto,
Epidicus 425; Erasmo, Adagia 4.1.75]. Nada é mais amigo
do homem que o amigo na hora certa.
1392. Nihil honestius magnificentiusque, quam pecuniam
contemnere, si non habeas; si habeas ad beneficentiam
liberalitatemque conferre. [Cícero, De Officiis 1.22]. Nada
mais honroso e digno do que desprezar o dinheiro, se não o
tiveres; e, se o possuíres, aplicá-lo em fazer o bem e a
liberalidade.
1393. Nihil horum timeas quae passurus es. [Vulgata,
Apocalipse 2.10]. Não temas nada do que tens de padecer.
1394. Nihil humanum animo magno magnum est. Nada
humano é grande demais para um grande coração.
1395. Nihil humili peius, cum se sors ampliat eius. [Tosi
999]. Nada é pior do que o humilde, quando a sorte dele
cresce. ■ Se queres conhecer o vilão, dá-lhe o bastão.
■ Queres conhecer o Inácio, coloca-o num palácio. ■ Quando
o vilão vai de mulo, não conhece Deus nem o mundo. ■ Quem
nunca comeu melado, quando come se lambuza. ■ Viu-se o
demo em socos, e quis pisar os outros. VIDE: ● Asperius nihil
est humili, cum surgit in altum. ● Cum surgunt miseri,
nolunt miseris misereri. ● Fiunt Nerones miseri facti
locupletes. ● Nihil superbius paupere, dum surgit in
altum.
1396. Nihil iam praestare fortuna maius potest quam
hostium discordia. [Tácito, Germania 34]. A sorte não pode
oferecer vantagem maior do que a discórdia entre os
inimigos.
1397. Nihil iam quaerere aliud debeatis, nisi uter utri
insidias fecerit. [Cícero, Pro Milone 23]. Vós já não deveis
perguntar outra coisa, senão qual dos dois armou ciladas para
o outro. VIDE: ● Uter utri insidias fecit?
1398. Nihil iam timebam, nisi vivere. [Sêneca Retórico,
Controversiae 5.1]. Eu já não temia nada, senão viver.
1399. Nihil illi deerat ad regnandum praeter regnum.
[Maquiavel, O Príncipe, Capítulo 6]. Para governar só lhe
faltava um reino. VIDE: ● Nihil ei regium deesse praeter
regnum videretur.
1400. Nihil imbecillius terra nutrit homine omnium,
quaeque super terram spirant et serpunt. [Homero,
Odisséia 18.130]. De quantos seres respiram e rastejam sobre
o solo, o mais fraco que a terra cria é o homem.
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1401. Nihil impossibile arbitror. [Apuleio, Metamorphoses


1.21]. Eu acho que nada é impossível. ■ Impossível é
desculpa de mau pagador. ■ Impossível é Deus pecar. VIDE:
● Ego vero nihil impossibile arbitror.
1402. Nihil impossibile esse, sed cuncta Deo facillima.
[Schottus, Adagialia Sacra 48]. A Deus nada é impossível,
mas tudo é muito fácil. ■ A Deus nada é impossível. VIDE:
● Deo nihil impossibile. ● Deo nihil impossibile, nisi quae
non vult.
1403. Nihil in amicitia perniciosius est quam adulatio.
[Rezende 4007]. Nada é mais prejudicial à amizade do que a
adulação. VIDE: ● Nulla in amicitiis pestis est maior quam
adulatio. ● Nullam in amicitiis pestem esse maiorem quam
adulationem, blanditiam, assentationem.
1404. Nihil in bello oportere contemni. [Cornélio Nepos,
Thrasybulus 2.3]. Na guerra é preciso que nada seja
desprezado.
1405. Nihil in discordiis civilibus festinatione tutius, ubi
facto magis quam consulto opus esse. [Tácito, Historiae
1.62]. Nas lutas civis, quando a ação é mais necessária do
que a meditação, nada é mais seguro que a rapidez.
1406. Nihil in hominum genere rarius perfecto oratore
inveniri potest. [Cícero, De Oratore 128]. Entre os homens
nada mais raro se pode encontrar do que um orador perfeito.
1407. Nihil in nihilum abit. [Signoriello 232]. Nada se
transforma em nada. ● Nihil in nihilum redigitur.
1408. Nihil in propinquos temere constitui decet. [Sêneca,
Octavia 440]. Não convém que se tomem decisões
inconsideradamente contra os parentes.
1409. Nihil in speciem fallacius quam prava religio, ubi
deorum numen praetenditur sceleribus. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 39.16]. Nada mais enganador do que a
superstição que usa, para justificar seus crimes, a vontade
dos deuses.
1410. Nihil in terra sine causa fit. [Vulgata, Jó 5.6]. Nada se
faz na terra sem causa. VIDE: ● Nihil fit sine causa.
1411. Nihil inanius quam multa scire. [Erasmo, Adagia
4.7.51]. Nada mais inútil do que saber muito. ● Nihil inanius
quam cuncta scire. Nada mais inútil que saber tudo. VIDE:
● Non aliud mage inane puta quam plurima nosse.
1412. Nihil infinitum est. Não há nada que não tenha fim.
1413. Nihil inimicius quam sibi ipse. [Cícero, Ad Atticum
10.13.3]. Nada mais inimigo que cada um de si mesmo. VIDE:
● Homini nihil inimicius quam sibi ipse.
1414. Nihil insipiente fortunato intolerabilius. [Wagner 384].
Não há nada mais insuportável do que o ignorante rico.
■ Quando o vilão vai de mulo, não conhece nem Deus, nem o
mundo. VIDE: ● Nec quicquam insipiente fortunato
intolerabilius fieri potest.
1415. Nihil intemptatum reliquit. [Divisa]. Não deixou nada
sem experimentar. VIDE: ● Nil intemptatum Selius, nil
linquit inausum. ● Non est satis mirari curam
diligentiamque priscorum, qui omnia scrutati nihil
intemptatum reliquerunt.
1416. Nihil interest inter iratum et insanum, nisi unus dies.
Entre o irado e o louco há apenas um dia. ■ Do irado ao
louco, vai só que dura pouco. ● Nihil interest inter iratum
et insanum, nisi unus dies: alter semper insanit, alter
dum irascitur. [DM 106]. Entre o irado e o louco há apenas
um dia: este é sempre louco, aquele só é louco enquanto está
irado.
1417. Nihil interest inter periurum et mendacem. Não há
diferença entre o perjuro e o mentiroso. VIDE: ● Quid interest
inter periurum et mendacem?
1418. Nihil interest, quo animo facias quod fecisse vitiosum
est, quia facta cernuntur, animus vero non videtur. [DM
3]. Não importa com que intenção fazes o que é mau, pois se
percebem os atos, mas não a intenção. VIDE: ● Non animus
hominis, sed facta cernuntur.
1419. Nihil interit. Nada morre. ● Nihil interit, omnia
mutantur. Nada morre, tudo se transforma. VIDE: ● Omnia
mutantur, nihil interit.
1420. Nihil intrare potest in affectus quod in aure, velut
quodam vestibulo, statim offendit. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 9.4.10]. Não pode entrar no coração nada que no
ouvido, como num vestíbulo, imediatamente desagrade.
1421. Nihil invita Minerva facies. [Polydorus, Adagia]. Nada
farás, se Minerva não quiser. VIDE: ● Invita Minerva. ● Nihil
decet invita Minerva, id est, adversante et repugnante
natura. ● Tu nihil invita dices faciesve Minerva.
1422. Nihil ita occultum est quod non reveletur. [Fedro,
Fabulae, Appendix 24]. Não há nada tão oculto que não seja
revelado. ■ Nada há tão encoberto, que tarde ou cedo não
seja descoberto. VIDE: ● Nihil autem opertum est quod non
reveletur, neque absconditum, quod non sciatur. ● Nihil
diu occultum. ● Nihil enim est opertum, quod non
revelabitur, et occultum, quod non scietur. ● Nihil
occultum quod non reveletur. ● Nil est occultum, quod
non revelabitur. ● Nil occultum est quod non reveletur.
● Non est enim occultum, quod non manifestetur.
1423. Nihil iucundum, nisi quod commendat varietas.
[Rezende 4013]. Só é agradável aquilo que a variedade
recomenda. ■ Tudo enfada, só a variedade recreia. VIDE:
● Iucunda vicissitudo rerum. ● Iucunda rerum omnium
vicissitudo. ● Iucundum nihil est nisi quod reficit varietas.
● Voluptates commendat rarior usus.
1424. Nihil iuvat amisso claudere saepem grege. [Medina
583]. De nada adianta fechar a cerca, depois de perdido o
rebanho. ■ Asno morto, cevada ao rabo. ■ Casa roubada,
trancas à porta. ● Nihil iuvat amisso claudere saepta grege.
[Binder, Medulla 1121]. Nada adianta trancar o curral,
depois de perdido o rebanho. VIDE: ● Accepto claudenda est
ianua damno. ● Frustra comisso claudetur ianua furto:
1425. Nihil laboras? Ideo cum opus est, nihil habes. [Fedro,
Fabulae 4.25.16]. Não fazes nada? Assim, quando chega a
necessidade, não tens nada.
1426. Nihil liberale, quod non idem iustum. Nada é generoso,
se não é, ao mesmo tempo, justo. VIDE: ● Nihil est liberale,
quod non idem iustum.
1427. Nihil lucri cepit, qui nulla pericla subivit. [Pereira 120].
Nenhuma vantagem obteve quem não correu nenhum risco.
■ Quem não aventurou não perdeu nem ganhou. ■ Quem não
arrisca não petisca.
1428. Nihil magis aegris prodest quam ab eo curari, a quo
volunt. [Sêneca Retórico, Controversiae 4.5.422]. Aos
doentes nada favorece mais do que serem tratados por quem
eles desejam.
1429. Nihil magis amat cupiditas quam quod non licet.
[Publílio Siro]. A cupidez gosta mais do que é proibido. ■ O
proibido aguça o dente. ■ O fruto proibido é o mais
apetecido. VIDE: ● Cupiditas nihil amat magis quam quod
non licet.
1430. Nihil magis cavendum est senectuti quam ne langori se
desidiaeque dedat. [Cícero, De Officiis 1.123]. Para o velho
nada deve ser mais evitado do que entregar-se à inércia e à
preguiça.
1431. Nihil magis naturale quam vim vi repellere. Nada mais
natural do que repelir a força usando a força. VIDE: ● Arma
armis repellere licet. ● Vim vi repellere licet. ● Vim vi
repellere lege permititur. ● Vim vi repellere omnia iura
clamant. ● Vim vi repellere omnes leges omniaque iura
proclamant.
1432. Nihil magis placet quam quod amissum est. [Branco
710]. Nada agrada mais do que o que se perdeu. ■ Só se sabe
quanto vale a água quando a fonte seca.
1433. Nihil magis pudendum quam ignarum esse suae
patriae. Nada há mais vergonhoso do que desconhecer a
própria pátria. VIDE: ● Nihil turpius quam domi esse
peregrinum; nihil magis pudendum quam ignarum esse
suae patriae.
1434. Nihil maius infinito. [Signoriello 182]. Nada é maior que
o infinito. VIDE: ● Infinito non est aliquid maius.
1435. Nihil me mordet. Nada me incomoda.
1436. Nihil mea refert utrum dives sim aut pauper. Pouco
me importa se sou rico ou pobre.
1437. Nihil medetur oculis. [Spalding, Guia Prático 119]. Com
os olhos nada se cura.
1438. Nihil mendicatis sociorum dulcius ossis. [Pereira 116].
Nada é mais gostoso que os ossos mendigados aos
companheiros. ■ Pão do vizinho tira o fastio. ■ Na mesa cheia
bem parece iguaria alheia.
1439. Nihil medium est. Não há meio termo.■ Entre um quente
e dois fervendo. ■ Está no mato sem cachorro. VIDE: ● Nil
medium est.
1440. Nihil melius aeterna lex fecit, quam quod unum
introitum nobis ad vitam dedit, exitus multos. [Sêneca,
Epistulae Morales 70.14]. Nada melhor a lei eterna fez que
nos dar uma única entrada para a vida, e muitas saídas. ■ A
vida tem uma porta só; a morte tem cem. VIDE: ● Unum
introitum ad vitam nobis dedit Deus, exitus multos.
1441. Nihil melius muliere bona. [Pedro Abelardo, Ad
Astralabium / Mota 125]. Não há nada melhor do que uma
boa mulher. ■ Mulher boa é prata que soa. ● Nihil melius
muliere bona, nihil est mala peius. Não há nada melhor do
que uma boa mulher, não há pior do que uma mulher má.
VIDE: ● Femina quae bona, digna corona. ● Muliere bona
nil potentius.
1442. Nihil mentire. [Dionísio Catão, Monosticha 35]. Não
mentir jamais.
1443. Nihil mihi est te carior. Nada me é mais querido do que
tu.
1444. Nihil mihi videtur infelicius eo, cui nihil unquam
evenit adversi. [Sêneca, De Providentia 3.3]. Nada me
parece mais infeliz do que aquele a quem nunca aconteceu
nenhuma adversidade.
1445. Nihil mihi videtur turpius quam optare mortem.
[Sêneca, Epistulae Morales 117.22]. Nada me parece mais
infame do que desejar a morte.
1446. Nihil minus fero quam severitatem otiosorum. [Cícero,
Ad Familiares 9.5]. O que eu menos suporto é a crítica dos
que ficaram inativos.
1447. Nihil miserabilius quam incerta sede vagari. [Binder,
Thesaurus 2091]. Nada é mais deplorável que vaguear sem
pouso certo.
1448. Nihil miseri fletus lamentaque prosunt. [Grynaeus 36].
De nada valem o choro e os lamentos do infeliz. ■ Lágrimas
não pagam dívidas.
1449. Nihil molestius esse potest, quam in vicinum malum
incidere. Não pode haver nada pior do que esbarrar num
mau vizinho. ■ Quem com mau vizinho vizinhar com um olho
há de dormir e com o outro vigiar. VIDE: ● Aliquid mali esse
propter vicinum malum.
1450. Nihil morte certius. [Tosi 605]. Nada é mais certo que a
morte. ● Nihil morte certius, sed nihil incertius hora
mortis. [Guilherme Peraldus, De Eruditione Principis 5.46;
Petrarca, De Secreto Conflictu 1]. Nada é mais certo que a
morte, mas nada é mais incerto do que a hora da morte. ■ A
morte é certa, a hora é incerta. ● Nihil morte certius, sed
nihil incertius tempore. VIDE: ● Nihil nisi mors certum est.
1451. Nihil muliebris amor durat, risusve caninus, ni pascat
pinguia munera plena manus. [Pereira 95]. Não dura nada
o amor da mulher ou a festa do cão, se a mão cheia não
oferece gordos presentes. ■ Amor de mulher e festa de cão só
atentam para a mão.
1452. Nihil, ne canem vel cattum, reliquit. [Grynaeus 776].
Não deixou nada, nem mesmo um cão ou um gato. ■ Não
deixou pedra sobre pedra. ■ Não deixou udo nem miúdo.
1453. Nihil necesse sapienti est. [Sêneca, Epistulae Morales
9.14]. O sábio não tem necessidade de nada.
1454. Nihil nimis. [Sêneca, Epistulae Morales 94.43]. Nada em
excesso. ■ Toda sobra é demasia. ■ Tão mau é o sobejo como
o minguado. ■ Nem tanto amém que se dane a missa. VIDE:
● Ne nimium. ● Ne quid nimis. ● Ne quid nimium. ● Nil
nimis. ● Nil nimium. ● Omnis amor vehemens malus est.
1455. Nihil nimium cupere. [Plínio Antigo, Naturalis Historia
7.119]. Não desejar nada em excesso.
1456. Nihil nisi mors certum est. [Sêneca, Epistulae Morales
99.9]. Nada é certo, senão a morte. VIDE: ● Nihil morte
certius.
1457. Nihil nisi punctum petebat Archimedes, quod esset
firmum et immobile, ut integram terram loco dimoveret.
[Descartes, Meditationes 2.1]. Arquimedes pedia somente
um ponto que fosse firme e imóvel para mover a terra inteira.
VIDE: ● Da mihi ubi consistam, et terram caelumque
movebo.
1458. Nihil, nisi quod in oculos incurret manifestumque erit,
credamus. [Sêneca, De Ira 2.24.2]. Confiemos somente no
que se apresenta aos nossos olhos e é evidente.
1459. Nihil, nisi quod praeterit certum est. [Sêneca, Ad
Marciam 22.1]. Só é certo o que passa. ● Nihil, nisi quod
praeteriit certum est. Só é certo o que passou.
1460. Nihil, nisi quod prodest, carum est. [Ovídio, Ex Ponto
2.3.15]. Só é apreciado o que traz benefícios.
1461. Nihil non acerbum prius quam maturum fuit. [Publílio
Siro]. Não há fruta que não tenha sido azeda antes de
amadurar. VIDE: ● Nil non prius acerbum quam maturum
fuit.
1462. Nihil non aut lenit aut domat diuturnitas. [Publílio
Siro]. Não há nada que o tempo não suavize ou não vença.
1463. Nihil non longa demolitur vetustas et movet. [Sêneca,
De Brevitate Vitae 15.4]. Não há nada que o tempo não
derrube e remova. ■ O tempo tudo devora.
1464. Nihil novi sub luna. Nada de novo sob a lua.
1465. Nihil novum sub sole. ■ Não há nada de novo sob o sol.
VIDE: ● Nihil sub sole novum. ● Nil novi sub sole.
1466. Nihil novum super terram. [Bacon, De Vicissitude
Rerum]. Nada de novo há sobre a terra.
1467. Nihil obstat quominus imprimatur. Nada impede que (o
livro) seja impresso. (=Autorização dada por censor para que
determinado livro possa ser impresso). ● Nihil obstat. Nada
impede. VIDE: ● Imprimatur. ● Imprimi potest. ● Imprimi
permittimus. ● Imprimi permittitur.
1468. Nihil opus verbis. As palavras são inúteis. VIDE: ● Quid
opus est verbis? ● Quid opus verbis est, ubi facta vides?
1469. Nihil peccant oculi, si animus oculis imperat. [Publílio
Siro]. Os olhos não se enganam, se a razão os governa. VIDE:
● Non peccent oculi, si oculis animus imperet.
1470. Nihil peccare, solius Dei est; emendare sapientis.
[S.Ambrósio, Epistula ad Simplicium / Rezende 4029]. Não
cometer erros é só de Deus; corrigir é do sábio.
1471. Nihil peccat, nisi quod nihil peccat. [Plínio Moço,
Epistulae 9.26.1]. Só tem um defeito: o de não ter defeito.
1472. Nihil perfectum. Nada é perfeito. ■ Nada há perfeito
neste mundo.
1473. Nihil perfectum est dum aliquid restat agendum. [Jur /
Coke / Black 1244]. Nada está completo enquanto resta algo
a ser feito. ■ Não acabar é não fazer. VIDE: ● Nihil etenim
actum esse credimus, dum aliquid addendum superest.
● Nil actum credens cum quid superesset agendum. ● Nil
actum reputa, si quid superest agendum. ● Nil actum est
cum quid superest agendum. ● Nil videtur actum dum
aliquid superest agendum.
1474. Nihil periculi est. Não há nenhum risco.
1475. Nihil periculosius in hominibus quam subito mutata
fortuna. Nos homens nada é mais perigoso do que a sorte
mudada repentinamente.
1476. Nihil permanens sub sole. [Tomás de Kempis, De
Immitatione Christi 3.27]. Nada é permanente sob o sol.
■ Tudo no mundo tem fim. ● Nihil permanere sub sole.
[Vulgata, Eclesiastes 2.11].
1477. Nihil permittendum imprudentibus, quantumvis
pusillum. [Grynaeus 405]. Nada, por menor que seja, deve
ser permitido aos imprudentes. ■ Ao vilão, se deres o pé,
tomar-te-á a mão.
1478. Nihil perpetuum, pauca diuturna sunt. [Sêneca, Ad
Polybium 1.1]. Nada é eterno, poucas coisas são duradouras.
1479. Nihil petas, quod negaturus es; nihil negabis quod
petiturus es. [DM 33]. Não peças nada que tu mesmo
negarás, nem negues nada que tu mesmo pedirás.
1480. Nihil possum iudicare, nisi quod evidens est. Só posso
julgar o que é evidente.
1481. Nihil possumus contra veritatem. [Black 1244]. Nada
podemos contra a verdade. ■ A verdade tudo vence. ■ Só dura
a mentira, enquanto a verdade não chega.
1482. Nihil potest esse libertate dulcius. Nada pode ser mais
doce do que a liberdade.
1483. Nihil potestas regum valeret, nisi prius valeret
auctoritas. De nada valerá o poder dos reis, se antes não
valer a autoridade. ● Nihil potestas regum valebat, nisi
prius valuisset auctoritas. [Quinto Cúrcio, Historiae 6.8].
De nada valia o poder dos reis, se antes não valesse a
autoridade.
1484. Nihil praecepta atque artes valere nisi adiuvante
natura. [Quintiliano, Institutio Oratoria, 1. Prooemium 26].
Nada podem regras nem habilidades, sem a ajuda da
natureza.
1485. Nihil, praeter cibum, natura desiderat. [Sêneca,
Epistulae Morales 119]. A natureza nada deseja além do
alimento.
1486. Nihil praeter nomen tumulo. [Pontanus / Rezende
4031]. No túmulo basta o nome.
1487. Nihil probat qui nimium probat. ■ Quem prova demais
não prova nada. VIDE: ● Qui nimis probat, nihil probat.
● Qui nimium probat, nihil probat.
1488. Nihil prodest improbam mercem emere. [Stevenson
1892]. Não adianta de nada comprar mercadoria de má
qualidade. ■ Mercadoria barata roubo é da bolsa. VIDE:
● Extrahit a clausa merx vilior aera crumena. ● Qui
nimium vili studet emere, semper merces vitiosas emit.
1489. Nihil proprium ducas, quicquid mutari potest.
[Publílio Siro]. Não consideres de tua propriedade aquilo que
está sujeito a mudanças.
1490. Nihil pulchrum, nisi utile. Só é belo o que é útil.
1491. Nihil pulchrum vidit qui urbem non vidit Ulixis.
[Rezende 4033]. Não viu nada de belo quem não viu a cidade
de Ulisses. ■ Quem não viu Lisboa não viu coisa boa.
1492. Nihil quicquam esset carius pensiusque nobis quam
nosmet ipsi. [Aulo Gélio, Noctes Atticae 12.5.7]. Coisa
alguma é mais cara ou de mais importância para nós do que
nós mesmos.
1493. Nihil quicquam homini tam prosperum divinitus
datum, quin ei tamen admixtum sit aliquid difficultatis.
[Apuleio, Florida 18]. Não há nada tão favorável que tenha
sido dado ao homem pelos deuses a que não esteja agregada
alguma dificuldade.
1494. Nihil quod est contra rationem est licitum. [Jur / Black
1244]. Nada que seja contra a razão é lícito.
1495. Nihil quod est inconveniens est licitum. [Jur / Broom
150]. Nada que é discordante é lícito.
1496. Nihil quod homini accidere possit, recusare debeamus.
[Cícero, Ad Atticum 15.1.1]. Não devemos recusar nada que
possa acontecer ao ser humano.
1497. Nihil quod ortum sit, aeternum esse potest. [Cícero, De
Natura Deorum 1.20, adaptado]. Nada que tenha nascido,
pode ser eterno. ■ Tudo passa na terra. ■ Nasceu, padeceu,
morreu.
1498. Nihil recte existimat qui se ipsum ignorat. [S.Bernardo
/ Bernardes, Luz e Calor 1.221.61]. Nada avalia bem quem
não conhece a si mesmo.
1499. Nihil recte sine exemplo docetur aut discitur.
[Columela, De Re Rustica 11.1.4]. Nada se ensina ou se
aprende direito sem um exemplo.
1500. Nihil recusandum, quod donatur. [Grynaeus 526].
Nada do que nos é dado deve ser recusado. ■ Quando te
derem o bezerro, corre logo com a corda. ● Nihil
recusandum, quod datur. [Binder, Medulla 1117]. VIDE:
● Donum quodcumque dat aliquis, lauda. ● Donum
quodcumque dat aliquis, proba. ● Donum quodcumque
probato.
1501. Nihil relinquent bella. [Sêneca, Hercules Furens 365].
As guerras não deixarão nada.
1502. Nihil rerum humanarum sine deorum numine geri
potest. [Cornélio Nepos, Timoleon 4.3]. Nada humano pode
acontecer sem a vontade dos deuses. ● Nihil rerum
humanarum sine deorum numine geritur.
1503. Nihil sacri es. [Erasmo, Adagia 1.8.37]. Tu não tens nada
de sagrado. ■ Não és flor que se cheire.
1504. Nihil sacrum intactumque fortunae. [Sêneca, Ad
Polybium 16]. Para a sorte nada é sagrado nem intocável.
1505. Nihil satis est, quia tanti, quanti habeas, sis. [Horácio,
Sermones 1.1.62]. Nada te é suficiente, pois vales tanto
quanto tens. ■ Tanto tens, tanto vales. ■ Vale quem tem. VIDE:
● Quantum habet quisque, tanti sit. ● Quantum habebis,
tantus eris. ● Tanti quantum habeas, sis. ● Tanti quisque
sit, quantum possidet. ● Tanti revera estis, quantum
habetis.
1506. Nihil scire est vita iucundissima. [J. Ray, Englih
Proverbs 61]. Não saber nada é a vida mais feliz. ■ Vida é
prazer de quem não tem saber. VIDE: ● In nihil sapiendo vita
est iucundissima. ● In nihil sapiendo iucundissima vita.
● Qui addit scientiam, addit et laborem. ● Suavissima hic
est vita, si sapias nihil.
1507. Nihil semper floret: aetas succedit aetati. [Cícero,
Philippica 11.39]. Nada floresce sempre: uma época sucede a
outra.
1508. Nihil sibi quisquam de futuro debet promittere.
[Sêneca, Epistulae Morales 101.5]. Ninguém deve prometer a
si nada a respeito do futuro.
1509. Nihil sic probat amicum, quemadmodum oneris amici
portatio. [S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta 1.138].
Nada revela um amigo tanto quanto o fato de ajudar a
carregar o fardo do amigo.
1510. Nihil simile est idem. Nada que é parecido é a mesma
coisa. ■ Parecer não é ser.
1511. Nihil simulatio proficit. Paucis imponit leviter
extrinsecus inducta facies. [Sêneca, Epistulae Morales 79].
O fingimento não serve para nada. Uma máscara que é
facilmente arrancada do rosto engana a poucos.
1512. Nihil simulatum diuturnum. Nada fingido é duradouro.
VIDE: ● Nec simulatum potest quidquam esse diuturnum.
● Nullum simulatum diuturnum.
1513. Nihil sine Deo. [Grynaeus 107]. Nada (se faz) sem Deus.
■ Sem Deus, nem até a porta, e com Deus, através dos mares.
VIDE: ● Non sine diis.
1514. Nihil sine duobus tribusve testibus geri potest.
[S.Epifânio / Schottus, Adagialia Sacra 48]. Nada pode ser
decidido sem duas ou três testemunhas. ■ Uma testemunha,
nenhuma testemunha.
1515. Nihil sine labore. [Dvisa]. Nada se consegue sem
trabalho.
1516. Nihil sine pecunia. [Bebel, Adagia Germanica]. Nada se
faz sem dinheiro. ■ Sem dinheiro tudo é vão. VIDE: ● Aurum
aperit omnia, et inferni portas. ● Nummus omnia efficit.
1517. Nihil sine ratione faciendum est. [Sêneca, De Beneficiis
4.10.2]. Nada deve ser feito sem consultar a razão.
1518. Nihil sine voce est. [Vulgata, 1Coríntios 14.10]. Nada há
sem voz.
1519. Nihil sit grave, quod leviter excipias. [Sêneca, Epistulae
Morales 123]. Nada que suportares com paciência será
penoso.
1520. Nihil solliciti sitis. [Vulgata, Filipenses 4.6]. Não tenhais
cuidado de coisa alguma.
1521. Nihil spei credo, omnes res spissas facit. [Estácio,
Palliatae, Fragmentum 25]. Não confio na esperança; ela
torna tudo penoso.
1522. Nihil splendidius iustitia. [S.Ambrosio, Opera 5.18].
Nada é mais magnífico que a justiça.
1523. Nihil suavius est quam ab omnibus diligi. Não há nada
mais agradável do que ser amado por todos.
1524. Nihil sub sole novum. [Vulgata, Eclesiastes 1.10]. ■ Não
há nada de novo sob o sol. ■ Não há que espantar, tudo há no
mundo. VIDE: ● Nihil novum sub sole. ● Nil novi sub sole.
1525. Nihil sui cum fidibus. [Binder, Medulla 1118]. O porco
não tem nada com a lira. ■ Não dizes coisa com coisa.
1526. Nihil superbius paupere, dum surgit in altum. [Bebel,
Adagia Germanica / DAPR 610]. Nada é mais soberbo do
que o pobre, quando sobe a uma posição elevada. ■ Quando o
vilão vai de mulo, não conhece Deus nem o mundo.
■ Quando o vilão está rico, não tem parente nem amigo. VIDE:
● Asperius nihil est humili, cum surgit in altum. ● Cum
surgunt miseri, nolunt miseris misereri. ● Fiunt Nerones
miseri facti locupletes. ● Nihil humili peius, cum se sors
ampliat eius.
1527. Nihil suspicari licebit. [Tertuliano, Apologeticus 23.2].
Não haverá lugar para suspeitas.
1528. Nihil tam absurde dici potest quod non dicatur ab
aliquo philosophorum. [Cícero, De Divinatione 2.58]. Nada
tão absurdo pode ser dito, que não seja dito por algum
filósofo. VIDE: ● Nemo aegrotus quidquam somniat tam
infandum, quod non aliquis dicat philosophus.
1529. Nihil tam absurdum dici potest quod non dicatur a
quodam doctorum. Nada tão absurdo pode ser dito que não
seja dito por algum doutor.
1530. Nihil tam aeque proderit quam quiescere et minimum
cum aliis loqui, plurimum secum. [Sêneca, Epistulae
Morales 105.6]. Nada é mais útil para nós do que vivermos
tranqüilos e falarmos pouco com os outros e muito com nós
mesmos.
1531. Nihil tam alte natura constituit, quo virtus non possit
eniti. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.11]. A natureza não
colocou nada tão alto, que a coragem não possa alcançar.
1532. Nihil tam cito redditur quam a speculo imago. [Sêneca,
Quaestiones Naturales 1.4.2]. Nada é devolvido com tal
rapidez quanto a imagem pelo espelho.
1533. Nihil tam cognatum sapientiae, quam locis et
temporibus aptare sermones personarum. [Macróbio,
Saturnalia 7.1]. Nada é tão ligado à sabedoria quanto adaptar
o discurso das pessoas aos lugares e épocas.
1534. Nihil tam contrarium consensui quam vis et metus.
[Jur]. Nada é tão contrário à concordância quanto a violência
e o medo. VIDE: ● Nihil consensui tam contrarium est quam
vis atque metus.
1535. Nihil tam durum et ferreum, quod non Amoris telis
perfringatur. Nada é tão firme e resistente que não seja
rompido pelos dardos de Cupido.
1536. Nihil tam egregium, atque proprium regis esse quam
iustitiae opus. [Plutarco / Rezende 4044]. Nada tão nobre e
próprio de um rei quanto o exercício da justiça.
1537. Nihil tam firmum est cui periculum non sit etiam ab
invalido. [Quinto Cúrcio, Historiae 7.8]. Nada há tão sólido
que não tenha a temer algum perigo, mesmo que venha de
um ser fraco.
1538. Nihil tam firmum, quod non expugnari pecunia possit.
Nada é tão forte, que não possa ser vencido pelo
dinheiro.■ Não há fechadura tão forte que uma gazua de
ouro não possa abrir. VIDE: ● Nihil tam sanctum, quod non
violari, nihil tam munitum, quod non expugnari pecunia
possit.
1539. Nihil tam in nostra potestate quam ipsa voluntas est.
[S.Anselmo / Bernardes, Luz e Calor 1.45]. Nada está tanto
no nosso poder como o nosso querer.
1540. Nihil tam inaestimabile est quam animi multitudinis.
Não há nada tão imprevisível quanto os julgamentos da
multidão. VIDE: ● Nihil est tam incertum, nec tam
inaestimabile est quam animi multitudinis.
1541. Nihil tam infestum tranquillitati animi quam nihil pati
posse. [Dengg 100]. Nada é tão hostil à tranqüilidade do
espírito quanto nada poder suportar.
1542. Nihil tam molle quam voluntas. Nada é tão flexível
quanto a vontade. VIDE: ● Nihil est tam molle quam
voluntas.
1543. Nihil tam naturale est quam eo genere quidque
dissolvere, quo colligatum est. Ideo verborum obligatio
verbis tollitur. [Ulpiano, Digesta 50.17.35]. Nada é tão
natural quanto cada espécie de contrato anular-se pelo
mesmo recurso com que foi contratado. Assim o contrato
verbal se desfaz verbalmente. VIDE: ● Naturale est quidlibet
dissolvi eo modo quo ligatur.
1544. Nihil tam sanctum, quod non violari, nihil tam
munitum, quod non expugnari pecunia possit. [Cícero, In
Verrem 2.5.147]. Não há nada tão sagrado que não possa ser
violado pelo dinheiro, nem nada tão protegido, que não possa
ser vencido pelo dinheiro. ■ Não há fechadura tão forte que
uma gazua de ouro não possa abrir. VIDE: ● Nihil tam
firmum, quod non expugnari pecunia possit.
1545. Nihil tamen impedit ridentem dicere verum. Nada
impede quem ri de dizer a verdade. VIDE: ● Ridentem dicere
verum quid vetat?
1546. Nihil temere credideris. [Dionísio Catão, Monosticha].
Não confiarás em nada inconsideradamente.
1547. Nihil tetigit quod non ornavit. Ele não tocou nada que
não embelezasse. VIDE: ● Nullum quod tetigit non ornavit.
● Qui nullum fere scribendi genus non tetigit, nullum
quod tetigit non ornavit.
1548. Nihil timere, nihil neglegere. Nada temer, de nada
descuidar.
1549. Nihil timet adversi quem servat rector Olympi.
[Pereira 106]. Não teme a adversidade aquele a quem protege
o chefe do Olimpo. ■ Guardado é o que Deus guarda.
1550. Nihil turpe ducas pro salutis remedio. [Publílio Siro].
Não usarás nada de vergonhoso como meio de salvação.
1551. Nihil turpius quam cum eo bellum gerere, quocum
familiariter vixeris. [Cícero, De Amicitia 21]. Nada mais
indigno do que guerrear contra aquele com quem se tenha
vivido na intimidade.
1552. Nihil turpius quam domi esse peregrinum; nihil magis
pudendum quam ignarum esse suae patriae. [Gabriel
Harvey, Marginalia]. Nada é mais desonroso do que ser um
estranho na própria casa; nada mais vergonhoso do que
desconhecer a própria pátria.
1553. Nihil turpius est, quam grandis natu, qui nullum aliud
habet argumentum, quo se probet diu vixisse, praeter
aetatem. [Rezende 4048]. Não há coisa mais torpe do que
um velho que nenhuma outra prova tem do que viveu muito a
não ser idade. VIDE: ● Saepe grandis natu senex nullum
aliud habet argumentuum quo se probet diu vixisse,
praeter aetatem.
1554. Nihil unquam peccavit, nisi quod mortua est.
[Inscrição no túmulo de uma esposa / Rezende 4049]. Nunca
cometeu qualquer falta, a não ser de ter morrido.
1555. Nihil urget. Não há pressa.
1556. Nihil utilius firma valetudine. Nada mais útil do que
uma boa saúde. ■ Saúde e paz, dinheiro atrás. ■ Saúde é
riqueza. VIDE: ● Absque sanitate nemo felix. ● Firma
valetudine nihil melius: sani aegris ditiores. ● Homini nihil
utilius sanitate. ● Nil sanitate vita habet praestantius.
● Valetudine firma nihil melius.
1557. Nihil utilius sale et sole. Nada mais útil do que o sal e o
sol. ■ Sol e sal livram a gente de muito mal. VIDE: ● Nihil esse
utilius sale et sole. ● Nil sole et sale utilius. ● Sale nihil
utilius.
1558. Nihil venit sine cura, nisi paupertas. Sem esforço, só
vem a pobreza. ■ Sem trabalho, só a pobreza. ● Nihil venit
sine industria, nisi paupertas. VIDE: ● Sine labore non erit
panis in ore.
1559. Nihil vincit nisi veritas, nihil salvat nisi caritas. Só a
verdade vence, só o amor salva.
1560. Nihil virtuti invium. [Tácito, Agricola 27, adaptado].
Para a coragem nada é impossível. ■ Nada é difícil para quem
quer.
1561. Nihil volitum quin praecognitum. [Stevenson 2543].
Nada é desejado que não seja conhecido. ■ Não se deseja o
que o olhar não veja. ● Nihil volitum, nisi praecognitum.
[Rezende 4050]. ● Nihil volitum, nisi cognitum. ● Nihil
volitum quod non cognitum. VIDE: ● Ignoti nulla cupido.
● Quae ignoramus, spernuntur. ● Quod latet ignotum est;
ignoti nulla cupido. ● Volitum nihil, nisi cognitum.
1562. Nihila gyrina est rana sapientior. [Schottus, Adagia
619]. Nenhum girino é mais sabido do que a rã. VIDE: ● Rana
gyrino sapientior.
1563. Nihilne te populi veretur? Não tens respeito algum para
com o povo?
1564. Nihilque nocere cupientes magis accendit quam
prosperae turpitudinis conscientia. [Sêneca Retórico,
Suasorie 7.1]. Nada excita mais os que desejam fazer mal do
que a consciência da indignidade bem sucedida.
1565. Nil ab omni parte beatum. Não há nada completamente
sem defeito. ■ Não há rosa sem espinho. ■ Nesta vida não há
felicidade completa. VIDE: ● Nihil est ab omni parte beatum.
● Nihil ex omni parte beatum.
1566. Nil actum credens cum quid superesset agendum.
[Lucano, Pharsalia 2.657]. Julgando que nada foi feito,
enquanto algo resta por fazer. ■ Não acabar é não fazer. ● Nil
actum reputa, si quid superest agendum. Considera como
não estando nada feito, se falta fazer alguma coisa. ● Nil
actum est cum quid superest agendum. Nada está feito,
quando falta fazer algo. VIDE: ● Nihil etenim actum esse
credimus, dum aliquid addendum superest. ● Nihil
perfectum est dum aliquid restat agendum. ● Nil videtur
actum dum aliquid superest agendum.
1567. Nil ad fides dicis. [Pereira 102]. Não dizes nada que
mereça confiança. ■ Dizes uma coisa por outra.
1568. Nil adeo dulce est, quod non videatur amarum et non
displiceat, si plus duraverit aequo. [Binder, Medulla 1119].
Não há nada doce que, se durar mais que o justo, não pareça
amargo e que não desagrade.
1569. Nil admirari. Não admirar-se de nada. ● Nil admirari
prope re est una solaque quae possit facere et servare
beatum. [Horácio, Epistulae 1.6.1]. Não se perturbar com
nada é quase o único meio que pode dar e conservar a
felicidade. VIDE: ● Nihil admirari.
1570. Nil agenti dies longus est. [Sweet 189]. Para quem nada
faz, o dia é longo. ■ Para quem trabalha os dias parecem
curtos. VIDE: ● Nullus agenti dies longus est.
1571. Nil agit exemplum, litem quod lite resolvit. [Horácio,
Satirae 2.3.103]. Não adianta de nada um exemplo que
esclarece uma disputa levantando outra.
1572. Nil aliud ac umbra atque flatus est homo. [Sófocles /
Grynaeus 712]. O homem não passa de sombra e vento.
■ Hoje somos, amanhã, não. VIDE: ● Homo bulla est. ● Nos
non pluris sumus quam bullae.
1573. Nil aliud est actio quam iudicio persequendi quod sibi
debetur. [Digesta 44.7.51]. Ação não é senão alguém
perseguir em juízo aquilo que lhe é devido.
1574. Nil amori iniurium est. [Plauto, Cistellaria 102]. No
amor o falso juramento não tem nenhuma importância.
■ Juramento de quem ama mulher não é para crer.
1575. Nil amplius oro. [Horácio, Satirae 2.6.1]. Nada mais
peço.
1576. Nil assuetudine maius. [Ovídio, Ars Amatoria 2.1.345].
Não há nada mais forte do que o hábito.
1577. Nil conscire sibi, nulla pallescere culpa. [Horácio,
Epistulae 1.1.61]. Estar consciente de não ter culpa, não se
envergonhar de nenhuma falta. ■ Não o faças, e não o temas.
1578. Nil contra dicens satis assentire videtur. [Pereira 118].
Entende-se que concorda plenamente quem nada declara em
contrário. ■ Quem cala consente. VIDE: ● Confessionem
imitatur taciturnitas. ● Qui tacet, consentire videtur. ● Qui
tacet, consentit. ● Taciturnus in iudicio consensum
inducit.
1579. Nil corpus magis debilitat quam continuae vigiliae.
[Nenter 96]. Nada enfraquece o corpo mais do que contínuas
vigílias.
1580. Nil desperandum. [Horácio, Carmina 1.7.27]. Não há
causa para desespero.
1581. Nil difficile est volenti. [Gerson / Bernardes, Nova
Floresta 5.484]. ■ Nada é difícil para quem quer. ■ A quem
quer nada é difícil. ■ Querer é poder. ● Nil difficile volenti.
[DAPR 797]. ● Nil volentibus arduum. VIDE: ● Nihil est difficile
volenti. ● Volenti nihil difficile. ● Volenti nihil impossibile.

1582. Nil dulcius quam scire prorsus omnia. [Schottus,


Adagia 619]. Nada é mais doce do que saber absolutamente
tudo. VIDE: ● Nihil dulcius quam omnia scire.
1583. Nil ego contulerim iucundo sanus amico. [Horácio,
Sermones 1.5.44]. Em sã consciência eu não compararia
nada a um amigo agradável.
1584. Nil est amore veritatis celsius. [Prudêncio,
Peristephanon 10.388]. Nada é mais sublime que o amor à
verdade.
1585. Nil est dictu facilius. [Terêncio, Phormio 300]. Nada é
mais fácil de dizer.
1586. Nil est miserius quam mali animus conscius. Não há
nada mais triste do que um coração consciente do mal. VIDE:
● Nihil est miserius quam animus hominis conscius.
1587. Nil est occultum, quod non revelabitur. Não há nada
oculto que não se revelará. ■ Nada há tão encoberto, que
tarde ou cedo não seja descoberto. ■ A verdade sempre vem à
tona. VIDE: ● Nihil autem opertum est quod non reveletur,
neque absconditum, quod non sciatur. ● Nihil diu
occultum. ● Nihil enim est opertum, quod non revelabitur,
et occultum, quod non scietur. ● Nihil occultum quod non
reveletur. ● Nihil ita occultum est quod non reveletur. ● Nil
occultum est quod non reveletur. ● Non enim est occultum
quod non manifestetur nec absconditum quod non
cognoscatur et in palam veniat.
1588. Nil est quin male narrando possit depravari. [Terêncio,
Phormio 696]. Não há nada que não se possa desfigurar, se
contarmos de maneira desonesta. VIDE: ● Male narrando
fabula depravatur.
1589. Nil est quod caute simul agas et celeriter. [Publílio
Siro]. Não há nada que se possa fazer ao mesmo tempo com
cautela e com rapidez. ■ Depressa e bem, não faz ninguém.
1590. Nil est tam angusti, tamque pravi animi, quam amare
divitias. [Cícero, De Officiis 1.68]. Nada caracteriza um
espírito tão estreito e tão vicioso quanto amar as riquezas.
1591. Nil est tam facile quod non fiat difficile, si invitus
facias. [S.Beda, Proverbiorum Liber]. Não há nada tão fácil
que não se torne difícil, se o fizeres contra a vontade. VIDE:
● Nulla est tam facilis res, quin difficilis sit, cum invitus
facias.
1592. Nil est tam pravum, quod ad ullum non valeat usum.
[Binder, Thesaurus 2089]. Não existe nada tão ruim que não
tenha alguma utilidade.
1593. Nil exigenti praestare est pulcherrimum. [Publílio
Siro]. É maravilhoso beneficiar alguém que nada exige.
1594. Nil facimus non sponte Dei. [Lucano, Bellum Civile
9.574]. Nada fazemos sem a vontade de Deus.
1595. Nil fidei verba timentis habent. [Gualterius Anglicus,
Fabulae Aesopicae 31.10]. As palavras dos medrosos não
merecem nenhuma fé.
1596. Nil habet infelix paupertas durius in se, quam quod
ridiculos homines facit. [Juvenal, Satirae 3.152]. O que a
infeliz pobreza tem de mais duro é que ela torna ridículos os
homens. VIDE: ● Paupertas ridiculos homines facit.
1597. Nil hoc verbo veritatis verius. Nada é mais verdadeiro
do que esta palavra de verdade.
1598. Nil homini certum est. [Ovídio, Tristia 5.5.27]. Para o
homem nada é certo.
1599. Nil homine enutrit tellus infirmius alma. [Homero,
Ilíada / Manúcio, Adagia 545]. A mãe Terra não criou nada
mais frágil que o homem. VIDE: ● Homo bulla est.
1600. Nil igitur fieri de nilo posse fatendum est. [Lucrécio,
De Rerum Natura 1.205]. Devemos confessar, pois, que nada
se pode fazer do nada. VIDE: ● De nihilo nihil. ● De nihilo
nihilum. ● Ex nihilo nihil fit. ● Ex nihilo nihil. ● Gigni de
nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti. ● Nihil ex nihilo.
● Nil posse creari de nihilo. ● Nullam rem e nihilo gigni
divinitus unquam.
1601. Nil igitur mors est ad nos, neque pertinet hilum.
[Lucano, De Rerum Natura 3.830]. Para nós a morte não é
nada, e de maneira nenhuma nos preocupa.
1602. Nil intemptatum Selius, nil linquit inausum. [Marcial,
Epigrammata 2.14.1]. Sélio não abandona nada sem
experimentar, nada sem ousar. VIDE: ● Nihil intemptatum
reliquit.
1603. Nil interest habere ostium apertum, vultum clausum.
[Bacon, Advancement of Learning 2.23.3]. De nada adianta
ter a porta aberta e a cara fechada. VIDE: ● Cura ut aditus ad
te diurni nocturnique pateant, neque solum foribus
aedium tuarum sed etiam vultu ac fronte, quae est animi
ianua; quae si significat voluntatem abditam esse ac
retrusam, parvi refert patere ostium.
1604. Nil inultum remanebit. [Tomás de Celano, Dies Irae].
Nada ficará sem castigo. ■ Não há prazo que não acabe, nem
dívida que não se pague. VIDE: ● Nullum malum impunitum.
1605. Nil iuvat errores, mersa iam puppe, fateri. [Claudiano,
In Eutropium 2.2.10]. De nada adianta confessar os erros,
depois que o barco está afundado. ■ Depois de fugir o coelho,
escusado é tomar conselho.
1606. Nil ligatum. Sem obrigação.
1607. Nil magnum nisi bonum. Só o que é bom é grande.
1608. Nil manet aeternum, nihil immutabile. [Alcuíno, Cella
Alcuini 25]. Nada dura eternamente, nada é imutável.
1609. Nil medium est. [Horácio, Sermones 1.2.28]. Não há
meio termo. ■ Entre um quente e dois fervendo. ■ Está no
mato sem cachorro. VIDE: ● Nihil medium est.
1610. Nil melius quam cum ratione tacere. [Binder, Medulla
1122]. Nada melhor do que calar com razão.
1611. Nil melius sano monitu, nil peius iniquo. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 26.15]. Não há nada melhor
que o conselho prudente, nem pior que o conselho iníquo.
1612. Nil mihi rescribas, tu tamen ipse veni! [Ovídio,
Heroides 1.2]. Não me escrevas nada em resposta, mas vem
pessoalmente!
1613. Nil mihi respondes? Aut dic, aut accipe calcem.
[Juvenal, Satirae 3.295]. Nada me respondes? Fala, ou recebe
um ponta-pé.
1614. Nil moderatum vulgo gratum est. [Bacon,
Advancement of Learning 6.3]. Para a multidão nada que
seja moderado é agradável.
1615. Nil moror officium quod me gravat. [Horácio, Epistulae
2.1.264]. Não me agrada a gentileza que me pesa. ■ Ajuda de
mais atrapalha. ■ Muito ajuda quem não atrapalha. VIDE:
● Amare inepte nil ab odio discrepat. ● Beneficus
importunus hoste non minus. ● Benevolentia importuna
non differt ab odio. ● Benevolentia importuna nihil differt
a simultate. ● Importuna benevolentia nihil ab odio
differt. ● Importuna benevolentia nihil ab inimicitia
distat. ● Intempestiva benevolentia nihil a simultate
differt. ● Par odio importuna benevolentia. ● Par odio
simulata benevolentia.
1616. Nil mortalibus ardui est. [Horácio, Carmina 1.3.37].
Nada é difícil para os mortais. ■ Não há coisa dificultosa aos
homens. ● Nil mortalibus arduum est. [Pereira 112].
1617. Nil nimium. Nada em excesso. ■ Toda sobra é demasia.
■ Tão mau é o sobejo como o minguado. ■ Nem tanto amém
que se dane a missa. ● Nil nimis. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 519]. ● Nil nimium cupias. [Quilon]. Não
desejes nada em excesso. VIDE: ● Ne nimium. ● Ne quid
nimis. ● Ne quid nimium. ● Nihil nimis.
1618. Nil nimium. Satis hoc, ne sit et hoc nimium. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Thales Milesius]. Nada em
excesso. Isso basta, e espero que isso também não seja
excessivo.
1619. Nil nimium studeo tibi velle placere, nec scire utrum
sis albus an ater homo. [Catulo, Carmina 93.1]. Não faço
muita força para te agradar, nem para saber se és branco ou
negro.
1620. Nil nisi cruce. [Divisa]. Nada senão pela cruz.
1621. Nil non mortale tenemus, pectoris exceptis ingeniique
bonis. [Ovídio, Tristia 3.7.43]. Tudo que possuímos é
efêmero, exceto os bens do coração e do espírito.
1622. Nil non prius acerbum quam maturum fuit. Não há
fruta que não tenha sido azeda antes de amadurar. VIDE:
● Nihil non acerbum prius quam maturum fuit.
1623. Nil novi sub caelo. [Pontanus]. Nada há de novo sob o
céu.
1624. Nil novi sub sole. ■ Não há nada de novo sob o sol.
■ Debaixo do sol nada é novo. VIDE: ● Nihil sub sole novum.
● Nihil novum sub sole.
1625. Nil oblectaverit animum, quam amicitia fidelis et
dulcis. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 7]. Nada deleita a
alma como uma amizade sincera e agradável.
1626. Nil obstet tibi, dum ne sit te ditior alter. [Horácio,
Sermones 1.40]. Nada será obtáculo para ti, enquanto não
haja outro mais rico que tu.
1627. Nil occultum est quod non reveletur. [Epígrafe de
Fábula de Fedro]. Não há nada oculto que não se revelará.
■ Nada há tão encoberto, que tarde ou cedo não seja
descoberto. VIDE: ● Nihil autem opertum est quod non
reveletur, neque absconditum, quod non sciatur. ● Nihil
diu occultum. ● Nihil enim est opertum, quod non
revelabitur, et occultum, quod non scietur. ● Nihil ita
occultum est quod non reveletur. ● Nihil occultum quod
non reveletur. ● Nil est occultum, quod non revelabitur.
● Non est enim occultum, quod non manifestetur.
1628. Nil operi Dei praeponatur. [RSB 43]. Nada se
anteponha à obra de Deus.
1629. Nil plus prodest in pugna et in omni arte quam
exercitium. [Albertano da Brescia, Liber de Amore 4.2].
Nada é mais útil, na guerra e em toda outra atividade, do que
a prática.
1630. Nil posse creari de nihilo. [Lucrécio, De Rerum Natura
1.155]. Nada pode ser criado do nada. VIDE: ● De nihilo nihil.
● De nihilo nihilum. ● Ex nihilo nihil fit. ● Ex nihilo nihil.
● Gigni de nihilo nihil, in nihilum nil posse reverti. ● Nihil
ex nihilo. ● Nil igitur fieri de nilo posse fatendum est.
● Nullam rem e nihilo gigni divinitus unquam.
1631. Nil posse quemquam, mortuum hoc est vivere. [PSa].
Não poder fazer nada é viver como um morto.
1632. Nil potes amico possidere pulchrius. Não podes ter nada
mais belo do que um amigo.
1633. Nil prius esse fide. [Propércio, Elegiae 4.1.81]. Nada é
preferível à fidelidade. VIDE: ● Prius nihil fide.
1634. Nil proderunt thesauri impietatis. [Vulgata, Provérbios
10.2]. Os tesouros da impiedade de nada servirão.
1635. Nil prodest quod non laedere possit idem. [Ovídio,
Tristia 2.1.266]. Não há nada que seja útil que também não
possa prejudicar. ■ Não há coisa tão proveitosa, que não
possa ser danosa.
1636. Nil rationis est, ubi res semel in affectum venit. [PSa].
Não se escuta mais a razão, quando a questão passou para a
paixão.
1637. Nil sanitate vita habet praestantius. [Grynaeus 109]. A
vida não tem nada mais útil do que a saúde. VIDE: ● Absque
sanitate nemo felix. ● Firma valetudine nihil melius: sani
aegris ditiores. ● Homini nihil utilius sanitate. ● Nihil
utilius firma valetudine. ● Valetudine firma nihil melius.
1638. Nil scio nisi nescio. [Plauto, Bacchides 289]. Só sei que
não sei. VIDE: ● Hoc solum scio, quod nihil scio. ● Hoc unum
scio, me nihil scire. ● Unum scio me nihil scire.
1639. Nil scire si quis putat, id quoque nescit. [Lucrécio, De
Rerum Natura 4.472]. Se alguém acha que nada sabe,
também não sabe isso.
1640. Nil securius malo poëta. [Marcial, Epigrammata
12.63.13]. Nada está em maior segurança do que um mau
poeta. (=Seus poemas não estão sujeitos a furto).
1641. Nil similius insano quam ebrius. [Stevenson 638]. Nada
mais parecido com um louco do que um bêbedo.
1642. Nil sine consilio facias: sic facta probantur.
[Columbano]. Nada faças sem ponderação; assim as ações
dão certo. VIDE: ● Omnia fac cum consilio, et post factum
non paenitebis. ● Sine consilio niihil facias, et post factum
non poenitebis.
1643. Nil sine magno vita labore dedit mortalibus. [Horácio,
Satirae 1.9.59]. A vida não deu aos mortais nada sem grande
esforço. ■ Dinheiro não cai do céu. ■ Quem quer pescar há de
se molhar. ■ Não se comem trutas a bragas enxutas. ● Nil
sine magno labore. [Divisa]. Sem grande esforço, nada (se
consegue).
1644. Nil sine numine. [Divisa de Colorado, EUA]. Nada sem a
vontade divina. VIDE: ● Non haec sine numine divum
eveniunt.
1645. Nil sis lautis obligatus, nil in tenuis restrictus. [Pereira
96]. Não devas obrigação a pessoas importantes, não sejas
poupado com os humildes. ■ A rico não prometas e a pobre
não faleças. ■ A rico não devas, e a pobre não prometas.
1646. Nil sole et sale utilius. Nada mais útil do que o sal e o
sol. ■ Sol e sal livram a gente de muito mal. VIDE: ● Nihil esse
utilius sale et sole. ● Nihil utilius sale et sole. ● Sale nihil
utilius.
1647. Nil somnia veri. [Schottus, Adagia 591]. Os sonhos nada
têm de verdade. ■ Sonhos são sonhos.
1648. Nil spernat auris, nec tamen credas statim. [Fedro,
Fabulae 3.10.51]. Não despreze nada o teu ouvido, mas não
acredites apressadamente.
1649. Nil tam difficile est, quin quaerendo investigari possit.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 675]. Nada é tão difícil
que, procurando, não possa ser descoberto.
1650. Nil temere novandum. [Black 1244]. Nada deve ser
modificado sem reflexão. VIDE: ● Fiat prout fieri consuevit;
nil temere novandum.
1651. Nil terra ingrato pectore peius alit. [Santeuil]. A terra
não alimenta nada pior do que um coração ingrato.
1652. Nil turpius quam vivere incipiens senex. [PSa]. Nada há
mais feio que um velho que começa a viver.
1653. Nil unquam longum est quod sine fine placet. [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.4]. Não há nada diuturno que
agrade infinitamente. ■ O que é bom dura pouco.
1654. Nil valet ille labor, quem praemia nulla sequuntur.
[Werner 54]. De nada vale o esforço a que não segue sua
recompensa. ■ Todo trabalho merece prêmio.
1655. Nil valet in bellis vir inermis, et absque libellis clericus
est mutus, licet ingenio sit acutus. De nada vale na guerra o
homem desarmado; e, sem livros, o clérigo é mudo, ainda
que tenha fino talento.
1656. Nil vento, sorte, femina infidius. [DAPR 459]. Nada
mais volúvel que o vento, a sorte e a mulher. ■ Mulher, vento
e ventura, asinha se muda. ■ Mulher, vento e ventura são de
pouca dura.
1657. Nil videtur actum dum aliquid superest agendum.
Nada parece feito enquanto há algo a fazer-se. ■ Não acabar
é não fazer. VIDE: ● Nihil etenim actum esse credimus, dum
aliquid addendum superest. ● Nihil perfectum est dum
aliquid restat agendum. ● Nil actum credens cum quid
superesset agendum. ● Nil actum reputa, si quid superest
agendum. ● Nil actum est cum quid superest agendum.
1658. Nil violentius igne et aqua. [DAPR 314]. Nada mais
violento do que o fogo e a água. ■ O fogo e a água são maus
amos e bons criados.
1659. Nil violentum perpetuum. Nada violento é perpétuo. ■ O
que é intenso dura pouco. VIDE: ● Nullum violentum
perpetuum. ● Quod est violentum, non est durabile.
1660. Nil volentibus arduum. ■ Nada é difícil para quem quer.
VIDE: ● Nil difficile est volenti. ● Nil difficile volenti.
● Volenti nihil difficile. ● Volenti nihil impossibile.
1661. Nili caput quaerere. Procurar as cabeceiras do Nilo.
■ Procurar chifre em cabeça de cavalo. ● Nili fontes
quaerere.
1662. Nilum habetis et vinum quaeritis? Erubescite, illi, qui
vos vincunt, aquam bibunt. [Aelius Spartianus, Historia
Augusta, Pescennius Niger]. Tendes o Nilo e exigis vinho?
Tende vergonha; aqueles que vos vencem bebem água.
1663. Nimia certitudo certitudinem ipsam destruit. [Jur /
Black 1244]. Excesso de certeza destrói a própria certeza.
■ Quem muito sabe, muito se engana.
1664. Nimia concedendo interdum fit stultitia stultior.
[Publílio Siro]. Às vezes, quando se concede de mais, a
imprudência fica maior. ■ Não dês o dedo ao vilão, que te
tomará a mão. ● Nimia concedendo interdum stultitia fit.
Às vezes, quando se concede em excesso, ocorre a
imprudência.
1665. Nimia cura deterit magis quam emendat. [Plínio Moço,
Epistulae 9.35]. O cuidado excessivo mais debilita do que
aperfeiçoa a obra.
1666. Nimia esca omnium malorum est causa. [Busarello
147]. Comida em excesso é a causa de todos os males. ■ Mais
matou a ceia do que curou Avicena.
1667. Nimia est miseria nimis pulchrum esse hominem.
[Plauto, Miles Gloriosus 67]. É uma grande infelicidade para
um homem ser muito bonito.
1668. Nimia familiaritas licentiam facit. [John Collin, Spanish
Proverbs 16]. Muita intimidade produz abuso. ■ Ao vilão, se
lhe deres o pé, tomar-te-á a mão.
1669. Nimia familiaritas parit contemptum. [S.Agostinho,
Scala Paradisi 8]. A excessiva familiaridade gera desprezo.
■ A familiaridade produz o desprezo. ■ A familiaridade gera
o desdém. ■ Acaba-se a amizade quando começa a
familiaridade. ● Nimia familiaritas contemptum parit.
[Pereira 109]. VIDE: ● Cotidiano convictu auctoritas
minuitur. ● Cotidiano convictu auctoritas imminuitur.
● Familiaritas nimia contemptum parit. ● Nemini te
multum familiarem ostendas, quia nimia familiaritas
parit contemptum. ● Parit contemptum nimia
familiaritas. ● Omne ignotum pro magnifico est. ● E tribus
optimis rebus tres pessimae oriuntur: e veritate odium, e
familiaritate contemptum, e felicitate invidia.
1670. Nimia fiducia quantae calamitati solet esse. [Cornélio
Nepos, Pelopidas 3]. A que grandes desastres costuma
conduzir o excesso de confiança.
1671. Nimia gula morborum mater. [Stevenson 661]. Muita
gula é a mãe das doenças. ■ A gula mata mais do que a
espada. VIDE: ● Gula plures occidit, quam gladius.
1672. Nimia neglegentia. [Jur / Black 1072]. Extrema
negligência. VIDE: ● Lata culpa.
1673. Nimia neglegentia est non intellegere, quod omnes
intellegunt. [Digesta 50.16.213.2]. É excessiva negligência
não entender o que todos entendem.
1674. Nimia omnia nimium exhibent negotium hominibus ex
se. [Plauto, Poenulus 239]. Todo excesso traz para as pessoas
muita preocupação.
1675. Nimia pluvia frumentum putrefacit. [Schrevelius
1181]. Chuva em excesso apodrece o trigo. ■ Todo excesso
prejudica.
1676. Nimia securitas saepe in periculum homines ducit. O
excesso de confiança muitas vezes leva o homem ao perigo.
■ O mal não tarda a quem prevenido não se guarda.
● Nimiam securitatem saepe in periculum homines
ducere. [Epígrafe de Fábula de Fedro].
1677. Nimia simplicitas facile deprimitur dolis. [Publílio
Siro]. A extrema credulidade é facilmente enganada pelo
dolo. ■ Quem confia zelos não cria.
1678. Nimietatem frigoris aut caloris, vel umoris vel
siccitatis, pestilentias gignere philosophi et illustres
medici tradiderunt. [Amiano Marcelino, Historia 19.4.2].
Filósofos e eminentes médicos nos ensinaram que o excesso
de frio, ou de calor, ou de umidade, ou de seca, produzem
epidemias.
1679. Nimietates, aequalitates. [Tosi 1765]. Extremidades,
igualdades. ■ Os extremos se tocam. VIDE: ● Extrema
frequenter una habitant. ● Extremitates, aequalitates.
1680. Nimietates sunt vitiosae et optima est medietas. Os
extremos são maus, e o meio é o melhor.
1681. Nimio amplexu parum stringitur. [Bernardes, Luz e
Calor 1.10]. Com abraço muito grande pouco se pega.
■ Quem muito abraça pouco aperta. ■ Quem muito abarca
pouco abraça. VIDE: ● Plurima conantes prendere, pauca
ferunt. ● Qui nimis capit, parum stringit. ● Qui plura
ambit, male astringit. ● Qui plura angit, male astringit.
1682. Nimio celerius venit quod noles quam illud quod
cupide petas. [DAPR 481]. O que não queres vem muito
mais rápido que o que desejas ardentemente. ■ O bem soa, o
mal voa. ● Nimio celerius veniet quod noles quam illud,
quod cupide petas. [Plauto, Mostellaria 72]. O que não
queres virá muito mais depressa do que o que desejas
ardentemente.
1683. Nimio praestat impendiosum te, quam ingratum dici.
[Plauto, Bacchides 395]. É muito melhor ser chamado de
pródigo do que de ingrato.
1684. Nimis avarus. [Névio]. Avarento demais.
1685. Nimis est. É de mais.
1686. Nimis propere, minus prospere. [S.Bernardo de
Clairvaux, In Natali Sancti Benedicti 6]. Rápido demais, com
menos sucesso. ■ Mais vale bom vagar que má pressa.
■ Cadela apressada pare cães tortos.
1687. Nimium aegre risum contineo. [Rezende 4053]. Custa-
me conter o riso. VIDE: ● Ego vix risum contineo.
1688. Nimium altercando veritas amittitur. [Publílio Siro].
Com muita discussão perde-se a verdade. VIDE: ● Veritas
nimium altercando amittitur.
1689. Nimium boni est cui nihil est mali. [Ênio / Cícero, De
Finibus 2.41; Grynaeus 512]. Tem muito de bom quem não
tem nada de mal.
1690. Nimium breves flores rosae. [Horácio, Carmina 2.3.13].
São efêmeras as flores da roseira.
1691. Nimium difficile est reperiri amicum ita ut nomen
cluet. [Plauto, Trinummus 368]. É muito difícil encontrar um
amigo tal que mereça esse nome.
1692. Nimium dixit, nec tamen totum. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 5.100, adaptado]. Falou demais, mas não disse tudo.
1693. Nimium es vehemens feroxque natura; non putas fas
esse verbum ex ore exire cuiusquam, quod non iucundum
et honorificum ad aures tuas accidat. [Cícero, In Vatinium
4]. Tu és violento e feroz por natureza; julgas que não deva
sair da boca de ninguém qualquer palavra que não seja
agradável e elogiosa aos teus ouvidos.
1694. Nimium ne crede colori. [Virgílio, Eclogae 2.17]. Não
confies muito na cor. ■ As aparências enganam. ■ Não
julgues da montada pelo arreio. VIDE: ● O formose puer,
nimium ne crede colori.
1695. Nimium properans, serius absolvit. [Grynaeus 123].
Quem muito se apressa, termina mais tarde. ■ Quem muito se
apressa perde tempo. VIDE: ● Qui nimis propere, minus
prospere.
1696. Nimium properas, et adhuc tua messis in herba est.
[Ovídio, Heroides 17.263]. Apressas-te demais, mas a tua
seara ainda está verde. VIDE: ● Adhuc seges in herba est.
● Adhuc tua messis in herba est. ● Adhuc est herba.
● Negotium in herba est.
1697. Nimium rebus ne fide secundis. [Whitney's Choice of
Emblemes 59]. Não confies demasiado na sorte favorável.
1698. Nimium tendendo rumpi funiculus solet. [PSa].
Esticando-se demais, a corda costuma partir-se. ■ Corda
puxada se quebra. ● Nimium tendendo rumpitur funiculus.
[Binder, Thesaurus 2101]. VIDE: ● Funem abrumpis nimium
tendendo. ● Ne abrumpamus funem, nimium tendendo.
● Rumpetur tensus funiculus. ● Rumpetur tensus funis.
● Vide ne abrumpamus, dum nimium tendimus
funiculum.
1699. Nimium vixisse diu nocet. [Ovídio, Metamorphoses
6.37]. Faz muito mal viver muito tempo.
1700. Nisi carenti doloribus morbisque, vita ipsa poena fiat.
[Plinio Antigo, Naturalis Historia 28.1]. Para quem não está
livre de dores e doenças a própria vida se torna um
sofrimento.
1701. Nisi castus, saltem cautus. [Rezende 4057]. Se não
casto, ao menos cauteloso. ■ Se não fores casto, sê cauto.
● Nisi caste, saltem caute. VIDE: ● Caute, si non caste. ● Si
non caste, saltem caute. ● Si non caste, et tamen caute.
1702. Nisi credideritis, non intellegetis. [S.Agostinho, De
Trinitate 15.2]. Se não o crerdes, não compreendereis. VIDE:
● Fides quaerit, intellectus invenit.
1703. Nisi credideritis, non permanebitis. [Vulgata, Isaías
7.9]. Se não o crerdes, não permanecereis.
1704. Nisi deus aliquis obstiterit. [Paulo Manúcio, Epistulae
2]. Se nenhum deus o impedir.
1705. Nisi Dominus aedificaverit domum, in vanum
laboraverunt qui aedificant eam. [Vulgata, Salmos 126.1].
Se o Senhor não edificar a casa, em vão se têm posto ao
trabalho os que a edificam.
1706. Nisi Dominus custodierit civitatem, frustra vigilat qui
custodit eam. [Vulgata, Salmos 126.1]. Se o Senhor não
guardar a cidade, vigiará em vão quem toma conta dela.
● Nisi dominus custodierit domum, in vanum vigilant qui
custodiunt eam. [Rezende 4058]. Se o dono não toma conta
da casa, em vão vigiam os que tomam conta dela. ■ O olho do
dono engorda o cavalo.
1707. Nisi Dominus, frustra. [Divisa de Edimburgo, Escócia].
Sem o Senhor, tudo é vão. ■ Sem Deus, nem até a porta, e
com Deus, através dos mares. ■ Só Deus é poder.
1708. Nisi enim eos qui ceciderant resurrecturos speraret,
superfluum videretur et vanum orare pro mortuis.
[Vulgata, 2Macabeus 12.44]. Se ele não esperasse que os que
morreram haveriam de ressuscitar, seria uma coisa supérflua
e vã orar pelos mortos.
1709. Nisi fallor. [Cícero, Ad Atticum 4.19]. Se não estou
enganado. VIDE: ● Nisi me fallit animus.
1710. Nisi granum frumenti cadens in terram, mortuum
fuerit, ipsum solum manet; si autem mortuum fuerit,
multum fructum affert. [Vulgata, João 12.24-5]. Se o grão
de trigo que cai na terra não morrer, fica ele só; mas se ele
morrer, produz muito fruto.
1711. Nisi ignorantes, ars osorem non habet. [Publílio Siro].
O saber não tem inimigo, fora os ignorantes. ■ Quem não
sabe arte não na estima. [Camões, Os Lusíadas, Canto V].
VIDE: ● Ars non habet inimicum nisi ignorantem. ● Artem
non odit nisi ignarus. ● Doctrinae cultus nemo spernit nisi
stultus. ● Scientia non habet inimicum praeter
ignorantem.
1712. Nisi inter bonos amicitiam esse non potest. Só pode
haver amizade entre pessoas honestas. ● Nisi in bonis
amicitiam esse non posse. [Cícero, De Amicitia 5]. VIDE:
● Amicitia nisi inter bonos esse non potest. ● Amicitiam
nisi inter bonos esse non posse. ● Verum est amicitiam nisi
inter bonos esse non posse.
1713. Nisi inter omnes possibiles mundos optimus esset,
Deus nullum produxisse. [Leibniz, Theodicaea / Rezende
4061]. Se o mundo não fosse o melhor dos mundos possíveis,
Deus não o teria criado.
1714. Nisi me fallit animus. Se não estou enganado. VIDE: ● Nisi
fallor.
1715. Nisi me fallit memoria. A não ser que a memória me
engana. Se não me falha a memória.
1716. Nisi me lupus ante videbat. [Milton, Epitaphium
Damonis 27]. Só se o lobo me viu primeiro.
1717. Nisi moribus doces, non est quod verbis doceas. Se não
ensinares pelo exemplo, não há o que ensines pelas palavras.
■ Exemplos farão mais que doutrina. ■ Frei exemplo é o
melhor pregador. ● Nisi moribus doces, non est quod verbis
doceas: ne quos oratione flectis, eos pravis moribus
deterreas. [S.Gregório Nazianzeno / Schottus, Adagialia
Sacra 54]. Se não ensinares pelo exemplo, não há o que
ensinar pelas palavras: não afastes pelo mau exemplo aqueles
que convences pela palavra.
1718. Nisi paria non pugnant. [Sêneca, De Ira 2.34.5]. Se
não há dois, não há luta. ■ Quando um não quer, dois não
brigam. VIDE: ● Cadit statim simultas, ab altera parte
deserta; nisi paria non pugnant.
1719. Nisi per legale iudicium parium suorum vel per
legem terrae. [Magna Charta 39]. Exceto por julgamento
legal de seus pares ou pela lei do país.
1720. Nisi per te sapias, frustra sapientem audias. [Publílio
Siro]. Se não aprenderes por ti mesmo, ouvirás o sábio sem
proveito. ■ Mais se sabe por experiência que por aprender.
1721. Nisi properamus, relinquemur. [Sêneca, Epistulae
Morales 108.24]. Se não nos apressarmos, seremos deixados
para trás. VIDE: ● Vigilandum est; nisi properamus
relinquemur.
1722. Nisi quis dives fuerit, nunquam creditur prudens.
[DAPR 541]. Se a pessoa não for rica, nunca será
considerada sábia. ■ Quem não tem dinheiro não tem graça.
■ Não há pobre sábio, nem rico tolo.
1723. Nisi repurges et molas haud unquam edes. [Diogeniano
/ Schottus, Adagia 613]. Se não catares e moeres, nunca
comerás. ■ Quem quiser comer depene. VIDE: ● Ni purges, et
molas, non comedes. ● Purges nisi molasque, non edes
piger.
1724. Nisi sanatus animus sit, finem miseriarum nullum
fore. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.5]. Se o espírito
não estiver são, não haverá fim dos sofrimentos.
1725. Nisi sapiens non potest perspicere sapientem. [Plínio
Moço, Epistulae 1.10.4]. Só o sábio pode reconhecer um
sábio.
1726. Nisi sapientem, liberum esse neminem. [Cícero,
Paradoxa 5.33]. Só o sábio é livre. VIDE: ● Nemo nisi sapiens
liber est.
1727. Nisi te virtus opera ad maiora tulisset. [Ovídio,
Metamorphoses 5.269]. Se a coragem não te conduzisse aos
maiores feitos. VIDE: ● Ad maiora tulit te virtus.
1728. Nisi utile est quod facimus, frustra est gloria. [Fedro,
Fabulae 3.17.12]. Se não é útil o que fazemos, a glória é vã.
● Nisi utile est quod facimus, stulta est gloria.
1729. Nisi vindices delicta, improbitatem adiuves. [Publílio
Siro]. Se não se punirem os crimes, encorajar-se-á a
desonestidade. ■ Perdoar ao mau é dizer-lhe que seja.
1730. Nitimur in vetitum semper, cupimusque negata.
[Ovídio, Amores 3.4.17]. Procuramos sempre o que é
proibido e desejamos o que nos é negado. ■ A fruta proibida
é mais apetecida. ■ O fruto proibido é mais doce. ■ A
privação faz cobiça. VIDE: ● Aquae furtivae dulciores sunt.
● Cupimus negata. ● Illicita amantur; excidit, quidquid
licet.● Iuvat inconcessa voluptas. ● Placet inconcessa
voluptas. ● Quod licet, ingratum est; quod non licet,
acrius urit.
1731. Nitor in adversum. [Ovídio, Metamorphoses 2.72]. Luto
contra circunstâncias adversas. ● Nitor in ardua.
1732. Nitro caput asini ne laves. [Binder, Medulla 1135]. Não
laves cabeça de burro com sabão. ■ Quem lava focinho a
burro preto perde sabão e tempo. VIDE: ● Asini caput ne
laves nitro. ● Asini caput non laves sapone. ● Caput asini
ne laves nitro. ● Qui lavat asinum, perdit aquam et
saponem.
1733. Nive cadente, schola vacante. [Rezende 4066]. Neve
caindo, escola vazia.
1734. Nive candidior. [Grynaeus 191]. (Ele é) mais branco que
a neve.
1735. Nix, nox, nux, mihi fuerunt nex. [Jogo de palavras /
Rezende 4067]. A neve, a noite e a noz foram minha morte.
1736. Nobile vindictae genus, ignoscere. [DAPR 527]. Perdoar
é um gênero nobre de vingança. ■ Perdoar as injúrias é a
mais nobre vingança.
1737. Nobilis equus umbra quoque virgae regitur; ignavus,
ne calcari quidem concitari potest. [Quinto Cúrcio,
Historiae 7.4]. O cavalo de qualidade é governado até pela
sombra da vara; o preguiçoso não pode ser estimulado nem
pela espora. VIDE: ● Equo currenti non opus calcaribus.
● Non opus est celeri subdere calcar equo. ● Stimulo
currentem equum incitasti. ● Strenuos equos non esse
opere defatigandos.
1738. Nobilis es ex crumena. [Suidas / Schottus, Adagia 208].
És nobre por causa da bolsa. ■ Muito dinheiro fará teu filho
cavalheiro. ● Nobilis es a crumena. [Albertatius 878].
● Nobilis ex marsupio. [Apostólio, Paroimiai 9.36]. VIDE:
● Generosus es ex crumena.
1739. Nobilis est ille, quem nobilitant bene villae. [DAPR
348]. É nobre aquele a quem enobrecem as propriedades.
■ Fidalgo sem renda é alforje sem merenda.
1740. Nobilis est ille, quem nobilitat sua virtus. [Tosi 1710].
É nobre aquele a quem enobrece a virtude. ■ Da virtude vem
a nobreza. ■ A nobreza adquire-se vivendo, não nascendo.
■ Deixemos pais e avós, por nós mesmos sejamos bons.
● Nobilis est, quem nobilitat sua virtus. [Binder, Medulla
1137]. ● Nobilis est ille, quem nobilitavit sua virtus;
degener est ille, quem virtus nulla beavit. [Carmina
Burana]. Nobre é aquele a quem enobreceu sua virtude;
degenerado é aquele a quem nenhuma virtude abençoou.
VIDE: ● Magis virtus quam genus nobilitatem efficit.
● Nobilitatis virtus non stemma character. ● Non genus
virum ornat. ● Nostra nos virtute decet, non sanguine niti.
● Sola virtus nobilitat. ● Sola virtus, non maiorum sanguis,
verae nobilitatis firmum est argumentum. ● Virtus sola
nobilitat. ● Virtus, non stemma. ● Virtute decet, non
sanguine niti.
1741. Nobilis est ruta, quia lumina reddit acuta. [Regimen
Sanitatis Salernitanum, De Ruta 1]. A arruda é uma erva
nobre, porque torna os olhos penetrantes.
1742. Nobilis fit, generosus nascitur. A nobreza se ganha, mas
a boa raça vem do nascimento. VIDE: ● Generosus nascitur,
non fit.
1743. Nobilis nullus absque consanguineis. [Pereira 113]. Não
existe nobre que não tenha parentes. ■ Nem sapateiro sem
dentes, nem nobre sem parentes. ■ Nem sapateiro sem dentes,
nem escudeiro sem parentes.
1744. Nobilis, ut vitet probrum, dat pectora ferro. [Pereira
107]. O nobre, para repelir o ultraje, enfrenta a espada.
■ Homem honrado antes morto do que injuriado.
1745. Nobilitas fit rusticitas vitio dominante; rusticitas fit
nobilitas virtute iuvante. [Tosi 1710]. A nobreza torna-se
rusticidade, se o vício domina; a rusticidade torna-se
nobreza, se a virtude ajuda.
1746. Nobilitas morum magis ornat quam genitorum.
[Binder, Thesaurus 2106]. A nobreza do caráter ilustra mais
do que a dos antepassados. ■ Deixemos pais e avós, e sejamos
bons por nós.
1747. Nobilitas sola est animum quae moribus ornat. [Tosi
1710]. A única nobreza é aquela que adorna o espírito com o
caráter.
1748. Nobilitas sola est atque unica virtus. [Juvenal, Satirae
8.20]. A virtude é a única e verdadeira nobreza. VIDE: ● Non
census nec clarum nomen avorum sed probitas magnos
ingeniumque facit.
1749. Nobilitas sub amore iacet. [Tosi 1409]. A nobreza
submete-se ao amor.
1750. Nobilitat stultum vestis honesta virum. [Binder, Novus
Thesaurus Adagiorum Latinorum 149]. As roupas distintas
enobrecem até ao tolo. ■ A roupa faz o homem.
1751. Nobilitat suum quemque opus. [Pindado / Eiselein 225].
As obras de cada um é que lhe dão nobreza.
1752. Nobilitate caret, si quis virtute caret. [Sweet 78]. Quem
não tem virtude não tem nobreza.
1753. Nobilitatis virtus non stemma character. A virtude, não
a árvore genealógica, é a marca da nobreza. ■ Da virtude vem
a nobreza. VIDE: ● Magis virtus quam genus nobilitatem
efficit. ● Nobilis est ille, quem nobilitat sua virtus. ● Nobilis
est ille, quem nobilitavit sua virtus; degener est ille, quem
virtus nulla beavit. ● Sola virtus nobilitat. ● Sola virtus,
non maiorum sanguis, verae nobilitatis firmum est
argumentum. ● Virtus, non stemma. ● Virtus sola
nobilitat. ● Virtute decet, non sanguine niti.
1754. Nobis invitis. Contra nossa vontade.
1755. Nobis labore venditant divi bona. [Schottus, Adagia
613]. Os deuses nos vendem os bens em troca de trabalho.
■ Não há atalho sem trabalho. VIDE: ● Virtutem posuere dii
sudore parandam.
1756. Nobis non licet interficere quemquam. [Vulgata, João
18.31]. Não nos é permitido matar quem quer que seja.
1757. Nobis nunc eundum est. Agora temos de partir. VIDE:
● Mihi nunc eundum est.
1758. Nobis vera religio praecipit, ne ira instigemur, sed ei
potius resistamus. [S.Agostinho, De Civitate Dei 8.17]. A
verdadeira religião nos prescreve que não nos deixemos levar
pela ira, mas que resistamos a ela.
1759. Nobis vera religio praecipit, ut nostros etiam
diligamus inimicos. [S.Agostinho, De Civitate Dei 8.18]. A
verdadeira religião nos prescreve que amemos até nossos
inimigos.
1760. Nobiscum Deus. [Vulgata, Isaías 8.10]. Deus está
conosco.
1761. Nocens est qui innocenti nocet, aut nocenti parcet. É
culpado tanto quem faz mal a um inocente com quem poupa
um culpado. VIDE: ● Non eris innocens, si aut punias eum
cui forte parcendum esset, aut parcas ei qui fuerat
puniendus.
1762. Nocens precatur, innocens irascitur. [Publílio Siro]. O
culpado implora, o inocente se exalta.
1763. Nocentem absolvere satius est quam innocentem
damnare. [Jur]. É preferível absolver o culpado a condenar o
inocente. VIDE: ● Absolvere nocentem satius est quam
condemnare innocentem. ● In multis rebus melius est
nocentem absolvere quam innocentem damnare. ● Levius
est nocentem absolvere quam innocentem condemnare.
● Melius est impune delictum relinquere quam
innocentem damnare. ● Satius est impunitum relinqui
facinus nocentis quam innocentem damnari.
1764. Nocentem qui defendit, sibi crimen parit. [Publílio
Siro]. Quem defende um culpado se expõe a uma acusação.
1765. Nocentes ultro poena sequitur. A punição acompanha
espontaneamente os culpados.
1766. Nocentium est trepidare. Tremer é próprio dos
culpados. ■ Quem não deve não teme. ■ Quem tem culpa no
cartório não pode dormir em paz.
1767. Nocere casus non solet constantiae. [Publílio Siro]. A
má-sorte não costuma prejudicar a persistência.
1768. Nocere posse et nolle laus amplissima est. [Publílio
Siro]. Poder prejudicar e não o querer é um mérito enorme.
1769. Nocet empta dolore voluptas. O prazer que se dor com
dor faz mal. [Horácio, Epistulae 1.2.55]. VIDE: ● Sperne
voluptates; nocet empta dolore voluptas.
1770. Nocte ac die. De noite e de dia. Noite e dia.
1771. Nocte dies premitur, tristi maerore voluptas, gaudia
principium cuncta dedere malo. [Pereira 112]. O dia é
oprimido pela noite, o prazer, pela aflição; todas as alegrias
dão início a algum mal. ■ Não há gosto sem desgosto.
1772. Nocte iam color unus inest rebus. `[Ovídio, Fasti 4.489,
adaptado]. De noite todas as coisas têm uma só cor. ■ De
noite todos os gatos são pardos. VIDE: ● Tenebris nigrescunt
omnia circum.
1773. Nocte latent fures. [Catulo, Carmina 62.34]. De noite os
ladrões não são percebidos.
1774. Nocte latent mendae. De noite os defeitos se escondem.
■ De noite à candeia, parece bonita a feia. ■ De noite todos
os gatos são pardos. ■ Prata falsa de noite passa. ● Nocte
latent mendae, vitioque ignoscitur omni. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.249]. De noite as imperfeições não aparecem, e
desculpa-se todo defeito.
1775. Nocte lucidus, interdiu inutilis. [Erasmo, Chiliades 14].
À noite brilhante, durante o dia inútil. ■ Sois feito às avessas.
1776. Nocte nocent potae, sine noxa luce bibuntur. [Ovídio,
Metamorphoses 15.33]. À noite as bebidas fazem mal;
durante o dia se bebe sem dano.
1777. Nocte pluit tota, redeunt at mane serena. Choveu a
noite toda, mas de manhã volta o bom tempo. ■ Não há bem
que sempre dure, nem mal que nunca acabe. ● Nocte pluit
tota, redeunt at mane serena; divisum imperium cum
Iove Caesar habet. [Virgílio]. César tem o seu império
dividido com Júpiter.
1778. Nocte quomodo hostem civemque distinguam? [Sêneca
Retórico, Controversiae 5.7]. À noite, como distinguir um
inimigo de um concidadão? ■ De noite todos os gatos são
pardos.
1779. Noctem dies sequitur. O dia segue a noite. ■ Não há bem
que sempre dure, nem mal que nunca acabe.
1780. Noctem quietam, et finem perfectum concedat nobis
Dominus omnipotens. [Da liturgia católica]. Que o Senhor
onipotente nos conceda uma noite tranqüila e um fim
perfeito.
1781. Noctes atque dies patet atri ianua Ditis. [Virgílio,
Eneida 6.127]. A porta do tenebroso inferno fica aberta noite
e dia.
1782. Noctesque diesque. [Erasmo, Adagia 1.4.24]. As noites e
os dias. Noite e dia.
1783. Noctu urgenda consilia. [Grynaeus 129]. À noite deve-
se buscar o conselho. ■ A noite traz conselho. ■ Para teu
conselheiro não esqueças o travesseiro. VIDE: ● De nocte
consilium. ● In nocte consilium. ● Nox dabit consilium.
1784. Noctua inter cornices. [Binder, Medulla 1143]. Uma
coruja entre gralhas. ■ Um estranho no ninho.
1785. Noctua volat. [Erasmo, Adagia 1.1.76]. A coruja está
voando. (=Os presságios são bons. Boas novas estão para
chegar). ■ A sorte nos sorri.
1786. Noctuae pullus suus pulcherrimus. [DAPR 104]. Para a
coruja seu filhote é belíssimo. ■ Coruja não acha o filho feio.
■ O escaravelho a seus filhos chama grãos de ouro. VIDE:
● Nemo non formosus filius matri.
1787. Noctuas Athenas afferre. [DAPR 661]. Levar corujas
para Atenas. ■ Vender mel ao colmeeiro. ■ Levar água ao
mar. ■ Levar ferro a Biscaia. ● Noctuas Athenas portare.
[Pereira 109]. ● Noctuas Athenas mittere. Mandar corujas
para Atenas. ● Noctuam Athenas. (Levar) coruja para
Atenas. [Apostólio, Paroimiai 6.42]. ● Noctuas
Atheniensibus. [Apostólio, Paroimiai 6.30]. (Levar) corujas
para os atenienses. VIDE: ● Alcinoo poma dare. ● Crocum in
Ciliciam ferre.
1788. Nocturnae visiones contrarios eventus nonnunquam
pronuntiant. [Apuleio, Metamorphoses 4.27]. Algumas
vezes os sonhos anunciam acontecimentos contrários.
■ Sonhos são sonhos. ■ Sonhos são quimeras.
1789. Nocuit cunctis audacia semper. [Dionísio Catão,
Disticha 3.9]. A audácia sempre foi prejudicial a todos.
1790. Nocuit et nocebit. [Grynaeus 206]. Fez mal e fará mal.
■ Quem fez, fará. ■ Quem faz uma vez, faz duas e três.
1791. Nocumentum, documentum. [Rezende 4078]. Dano,
ensinamento. ■ O que prejudica ensina. ■ O que arde cura, o
que aperta segura. ● Nocumenta, documenta. [Trench,
Proverbs and Ther Lessons]. Danos, ensinamentos. VIDE:
● Duro flagello mens rectius docetur. ● Quae nocent,
docent. ● Quod nocet, docet. ● Quod nocet, saepe docet.
● Vexatio dat intellectum. ● Vexatio intellectum dabit
auditui.
1792. Nocumentum est etiam multus somnus. [Homero,
Odisséia 15.395]. O excesso de sono é prejuízo.
1793. Nodum in scirpo quaeris. [Terêncio, Andria 941; Plauto,
Menaechmi 247]. Procuras nó em junco. ■ Procuras chifre
em cabeça de cavalo. ■ Buscas cinco pés ao gato. ● Nodum
in scirpo ne quaeras. [Pontanus]. Não procures nó em
junco. ■ Não procures asas ao burro. VIDE: ● Hoc videtur
quaerere nodum in scirpo et iniquitatem in domo iusti.
● In scirpo nodum quaeris.
1794. Nodum non solvis. [Schottus, Adagia 223]. Não
consegues desatar o nó.
1795. Nodum secuit, non solvit. Cortou o nó, não o desatou.
(=Usou a força, não a razão).
1796. Nodum solvere. [Erasmo, Adagia 1.1.6]. ■ Desatar o nó.
■ Dar no cravo.
1797. Nodus amicitiae. [Cícero, De Amicitia 51]. O vínculo da
amizade.
1798. Nolens volens. [Rezende 4080]. Não querendo, querendo.
1799. Nolens, volente animo. [Pereira 113]. Recusando, mas
com vontade de aceitar. ■ Não quero, não quero, metei-me
neste capelo. VIDE: ● Nolo, nolo, sed nolendo dico volo.
1800. Nolente Deo, effunduntur inaniter preces. [Pereira
118]. Quando Deus não quer, perdem-se inúteis as orações.
■ Quando Deus não quer, santos não rogam.
1801. Nolenti omnia difficilia. Para quem não quer, tudo é
difícil.
1802. Noli adhuc aquam bibere, sed modico vino utere
propter stomachum tuum, et frequentes tuas infirmitates.
[Vulgata, 1Timóteo 5.23]. Não bebas mais água só, mas usa
de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas
freqüentes enfermidades.
1803. Noli affectare quod tibi non est datum. [Fedro, Fabulae
3.18.14]. Não invejes aquilo que não te foi dado. VIDE: ● Noli
concupiscere quod non licet habere.
1804. Noli alteri imponere, quod ipse ferre nequeas. Não
imponhas a outrem o que tu mesmo não possas suportar.
1805. Noli altum sapere, sed time. [Vulgata, Romanos 11.20].
Não te ensoberbeças, mas teme. VIDE: ● Ne sis sapiens apud
temetipsum; time Deum, et recede a malo.
1806. Noli barbam vellere mortuo leoni. [Marcial,
Epigrammata 10.90.9]. Não arranques a barba do leão morto.
■ Não chutes cachorro morto. VIDE: ● Leoni mortuo barbam
vellis.
1807. Noli committere omnia uni navi. Não confies todos os
teus bens a um único navio. ■ Não ponhas todos os ovos na
mesma cesta. VIDE: ● Ne bona tua pandis ratibus semel
omnia mandes. ● Ne totam substantiam uni credamus
navi. ● Ne uni navi facultates. ● Uni navi ne committas
omnia.
1808. Noli concupiscere quod non licet habere. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 4.27.5]. Não desejes o que não
te é permitido ter. VIDE: ● Noli affectare quod tibi non est
datum.
1809. Noli contemnere ea, quae summos sublevant. [Publílio
Siro]. Não desdenhes os meios que levam ao alto.
1810. Noli de gratuito munere iudicare. Não faças julgamento
sobre presente gratuito. VIDE: ● Equi donati dentes non
inspiciuntur.
1811. Noli de mortuo inimico tuo gaudere. [Vulgata,
Eclesiástico 8.8]. Não te regozijes com a morte do teu
inimigo.
1812. Noli differre in aliud tempus quod hic et nunc facere
potes. Não adies para outro tempo o que podes fazer aqui e
agora. ■ Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
● Noli differe res serias in crastinum diem. Não adies para
amanhã as coisas sérias. VIDE: ● Quod bene potes facere, noli
differre.
1813. Noli diligere somnum ne te egestas opprimat. [Vulgata,
Proverbia 20.13]. Não queiras ser amigo do sono, para que a
pobreza não te oprima.
1814. Noli equi dentes inspicere donati. [S.Jerônimo /
Rezende 4099]. Não examines os dentes do cavalo dado. ■ A
cavalo dado não se olham os dentes. VIDE: ● Cum dabitur
sonipes gratis, non inspice dentes. ● Donati non sunt ora
inspicienda caballi. ● Donato non sunt ora inspicienda
caballo. ● Equi donati dentes non inspiciuntur. ● Gratis
donato non spectes ora caballo. ● Gratis quando datur
equus, os non inspiciatur, non contemnatur, si morbidus.
● Non oportet equi dentes inspicere donati. ● Si quis dat
mannos, ne quaere in dentibus annos. ● Si tibi donatur
quis equus non dens videatur.
1815. Noli esse cum his, qui defigunt manus suas, et qui
vades se offerunt pro debitis. [Vulgata, Provérbios 22.26].
Não te juntes com aqueles que se obrigam apertando as
mãos, e que se oferecem por fiadores das dívidas de outrem.
1816. Noli esse in conviviis potatorum. [Vulgata, Provérbios
23.20]. Não te queiras achar nos banquetes dos grandes
bebedores.
1817. Noli esse iustus multum, neque plus sapias quam
necesse est, ne obstupescas. [Vulgata, Eclesiastes 7.17].
Não sejas muito justo, nem sejas mais sábio do que é
necessário, para que não venhas a ser estúpido.
1818. Noli esse iustus nimis. Não sejas excessivamente justo.
■ Justiça extrema, extrema injustiça. VIDE: ● Ius summum
saepe summa est malitia. ● Noli nimium esse iustus.
● Summum ius, summa iniuria.
1819. Noli esse pusillanimis in animo tuo. [Vulgata,
Eclesiástico 7.9]. Não sejas pusilânime no teu coração.
1820. Noli existimare neminem Deo placere posse, qui armis
bellicis militat. [S.Agostinho, Epistulae 207]. Não julgues
que não possa agradar a Deus quem está no serviço militar.
1821. Noli flere. [Albertano da Brescia, Líber Consolationis
2.4]. Não chores.
1822. Noli foenerari homini fortiori te; quod si foeneraveris,
quasi perditum habe. [Vulgata, Eclesiástico 8.15]. Não
emprestes a um homem mais forte do que tu; e se já lhe
emprestaste, considera como coisa perdida.
1823. Noli foras ire, in te ipsum redi: in interiore hominis
habitat veritas. [S.Agostinho, De Vera Religione 1.38]. Não
saias, volta para dentro de ti: a verdade mora no interior do
homem.
1824. Noli homines blando nimium sermone probare: fistula
dulce canit, volucrem dum decipit auceps. [Dionísio
Catão, Disticha 1.27]. Não julgues os homens pela conversa
agradável: o passarinheiro toca a flauta com doçura, quando
caça o passarinho. VIDE: ● Decipit incautas fistula dulcis
aves. ● Fistula dulce canit, volucrem dum decipit auceps.
1825. Noli inter eos ambulare, quorum esse adhuc potes
servus. [Spartianus, Vita Hadriani 21.3]. Não andes entre
aqueles de quem ainda podes tornar-te escravo.
1826. Noli intrare. Não entres.
1827. Noli iratus ulcisci. Não tires vingança enquanto estiveres
irado.
1828. Noli irritare crabrones. [Dumaine 239]. Não provoques
as vespas. ■ Não mexas em casa de marimbondo. ● Noli
irritare leones. Não provoques os leões. ● Noli irritare
leonem. [Divisa]. Não provoques o leão. VIDE: ● Crabrones
non sunt irritandi. ● Irritabis crabrones. ● Octipedem
excitare. ● Stimulare leones.
1829. Noli laborare ut diteris, sed prudentiae tuae pone
modum. [Vulgata, Provérbios 23.4]. Não queiras trabalhar
para te enriquecer, mas põe moderação em teu esforço.
1830. Noli laetari. [Vulgata, Oséias 9.1]. Não te alegres.
1831. Noli laetari, nisi cum benefeceris. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 2.6.1]. Só te alegres, quando tiveres
praticado uma boa ação.
1832. Noli malum medicari malo. [Heródoto / Schottus,
Adagialia Sacra 100]. Não trates um mal, usando outro.
1833. Noli me tangere. [Vulgata, João 20.17]. Não me toques.
1834. Noli metuere. [Plauto, Truculentus 674; Vulgata, Gênesis
26.224]. Não tenhas medo. VIDE: ● Noli timere. ● Nolite
timere nec paveatis.
1835. Noli mihi umbram facere. [Diógenes / Rezende 4089].
Não me faças sombra.
1836. Noli mittere margaritas ante porcos. ■ Não deites
pérolas a porcos. VIDE: ● Mittere margaritas ante porcos.
● Nolite dare sanctum canibus; neque mittatis margaritas
vestras ante porcos. ● Proicere margaritas ante porcos.
● Spargere porcis margaritas.
1837. Noli nimis alte volare. Não voes alto demais. ■ Não
estendas as pernas além do cobertor. ■ Não vás com muita
sede ao pote. ■ Não te metas em camisas de onze varas. VIDE:
● O fili care, noli nimis alte volare.
1838. Noli nimium esse iustus. Não sejas excessivamente
justo. ■ Justiça extrema, extrema injustiça. VIDE: ● Ius
summum saepe summa est malitia. ● Noli esse iustus
nimis. ● Noli esse iustus multum. ● Summum ius, summa
iniuria.
1839. Noli numerare pullos antequam nascuntur. ■ Não
contes os pintos senão depois de nascidos.
1840. Noli obductam refricare cicatricem. [Dumaine 239].
Não reabras ferida que já está fechada. ● Águas passadas não
movem moinho. VIDE: ● Refricare cicatricem.
1841. Noli oblatam occasionem praetermittere. [Pereira 118].
Não percas a ocasião que se oferece. ■ Quando te derem o
porquinho, acode com o baracinho. VIDE: ● Accipe quam
primum, brevis est occasio lucri. ● Arripienda quae
offeruntur. ● Noli, praecor, hanc tantam occasionem
praetermittere. ● Oblatam occasionem arripe. ● Quae
dantur necesse est accipere. ● Statim arripienda oblata
occasio lucri.
1842. Noli pati litigare fratres et iudiciis turpibus conflictari.
[Cícero, Ad Familiares 9.25]. Não permitas que irmãos se
desentendam e entrem em conflito em processos
vergonhosos.
1843. Noli peccare, Deus videt. [Bebel, Adagia Germanica /
DAPR 252]. Não peques, que Deus vê. ■ Deus vê o que o
diabo esconde.
1844. Noli peiora exspectare! [Cataldo / Ramalho 38]. Não
esperes acontecimentos piores!
1845. Noli perturbare. Não me amoles.
1846. Noli, praecor, hanc tantam occasionem
praetermittere. Não percas, por favor, esta ocasião tão
propícia. ■ A fortuna procura a quem sabe aproveitá-la.
■ Quando a sorte chega, abre-lhe a porta. VIDE: ● Noli
oblatam occasionem praetermittere. ● Statim arripienda
oblata occasio lucri.
1847. Noli prodesse improbis. [Fedro, Fabulae 4.20.6,
adaptado]. Não faças favor a homens maus.
1848. Noli prohibere benefacere eum qui potest; si vales, et
ipse benefac. [Vulgata, Provérbios 3.27]. Não impeças que
faça bem aquele que pode; se podes, faze-o tu mesmo
também.
1849. Noli pugnare duobus. [Catulo, Carmina 62.67]. Não
lutes contra dois. ■ Contra dois, nem Hércules. VIDE: ● Cave
multos, si singulos non times. ● Contra duos ne Hercules
quidem. ● Difficile ac durum est, unum compescere
multos. ● Ne Hercules quidem adversus duos. ● Ne
Hercules quidem contra duos. ● Ne quidem Hercules
adversus duos. ● Nec Hercules contra plures. ● Uni cum
duobus non est pugnandum.
1850. Noli quaerere intellegere ut credas, sed crede ut
intellegas; quoniam nisi credideritis, non intellegetis.
[S.Agostinho, Tractatus 29.6]. Não procures entender para
crês, mas crê para entenderes, pois se não crerdes, não
entendereis. VIDE: ● Crede ut intellegas. ● Credimus enim ut
cognoscamus, non cognoscimus ut credamus. ● Credo ut
intellegam, non intellego ut credam. ● Intellege ut credas.
● Neque enim quaero intellegere, ut credam, sed credo ut
intellegam. ● Si non credideritis, non intellegetis. ● Si non
potes intellegere, crede ut intellegas. Praecedit fides,
sequitur intellectus.
1851. Noli reddere mala pro bonis vel mala pro malis. Não
pagues o bem com o mal, nem o mal com o mal.
1852. Noli resistere contra faciem potentis, nec coneris
contra ictum fluvii. [Vulgata, Eclesiástico 4.32]. Não
resistas face a face ao homem poderoso, e não te oponhas à
corrente do rio.
1853. Noli respicere post tergum. [Vulgata, Gênesis 19.17].
Não olhes para trás.
1854. Noli reverti, ad finem ubi perveneris. [Publílio Siro].
Não recues, quando tiveres atingido o fim.
1855. Noli rogare quod impetrare nolueris. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.1]. Não peças o que não quererias
receber.
1856. Noli timere. [Sêneca, Epistulae Morales 12.10]. Não
tenhas medo. VIDE: ● Noli metuere. ● Nolite timere nec
paveatis.
1857. Noli tranquillitati confidere: momento mare evertitur.
[Sêneca, Epistulae Morales 4]. Não confies na tranqüilidade:
o mar em um momento se alvoroça.
1858. Noli trepidare! Não tremas! VIDE: ● Ne trepidaveritis!
1859. Noli tristis esse. Não fiques triste. VIDE: ● Nolite dolere.
1860. Noli tuba canere eleemosynam. Não anuncies com a
trombeta a esmola que dás.
1861. Noli turbare circulos meos! Não estragues os meus
círculos! (=Palavras que teriam sido ditas por Arquimedes a
um soldado romano durante a conquista de Siracura. Em
resposta, o soldado matou-o). ● Noli, obsecro, istum
disturbare. [Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia
8.7.7]. Por favor, não estragues este círculo.
1862. Noli turbari. [Vulgata, Tobias 10.6]. Não te perturbes.
VIDE: ● Nolite turbari. ● Tace et noli turbari.
1863. Noli verberare lapidem. Não batas na pedra. ■ Não dês
coice no aguilhão. ● Noli verberare lapidem, ne perdas
manum. [Plauto, Curculio 202]. Não batas na pedra, para
não machucar a mão.
1864. Noli vinci a malo, sed vince in bono malum. [Vulgata,
Romanos 12.21]. Não te deixes vencer do mal, mas vence o
mal com o bem.
1865. Nolite confidere in principibus. [Vulgata, Salmos
145.2]. Não confieis nos príncipes.
1866. Nolite confidere in verbis mendacii. [Vulgata, Jeremias
7.4]. Não ponhais a vossa confiança em palavras de mentira.
1867. Nolite credere amico, et nolite confidere in duce.
[Vulgata, Miquéias 7.5]. Não creiais no amigo, e não confieis
no governador.
1868. Nolite dare sanctum canibus; neque mittatis
margaritas vestras ante porcos. [Vulgata, Mateus 7.6]. Não
deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas
pérolas. ■ Não deites pérolas a porcos. VIDE: ● Noli mittere
margaritas ante porcos.
1869. Nolite detrahere alterutrum. [Vulgata, Tiago 4.11]. Não
faleis mal uns dos outros.
1870. Nolite diligere mundum, neque ea quae in mundo
sunt. [Vulgata, 1João 2.15]. Não ameis o mundo, nem o que
há no mundo.
1871. Nolite dolere. [Vulgata, Neemias 8.11]. Não vos aflijais.
VIDE: ● Noli tristis esse.
1872. Nolite ergo solliciti esse in crastinum. [Vulgata, Mateus
6.34]. Não andeis inquietos pelo dia de amanhã. VIDE: ● Quid
sit futurum cras, fuge quaerere.
1873. Nolite errare, Deus non irridetur. [Vulgata, Gálatas
6.7]. Não queirais errar; de Deus não se zomba.
1874. Nolite esse prudentes apud vosmetipsos. [Vulgata,
Romanos 12.16]. Não sejais sábios aos vossos olhos.
1875. Nolite facere domum Patris mei domum negotiationis.
[Vulgata, João 2.16]. Não façais da casa de meu Pai casa de
negócios.
1876. Nolite fieri servi hominum. [Vulgata, 1Coríntios 7.23].
Não vos façais servos de homens.
1877. Nolite fieri sicut equus et mulus, quibus non est
intellectus. [Vulgata, Salmos 31.9]. Não queirais ser como o
cavalo e o mulo, que não têm entendimento.
1878. Nolite igitur velle quod fieri non potest. [Cícero,
Philippica 7.25]. Não queirais aquilo que não pode acontecer.
1879. Nolite inebriari vino, in quo est luxuria. [Vulgata,
Efésios 5.18]. Não vos embriagueis com vinho, donde nasce
a luxúria.
1880. Nolite iudicare, et non iudicabimini. [Vulgata, Lucas
6.37]. Não julgueis e não sereis julgados. ● Nolite iudicare,
ut non iudicemini. [Vulgata, Mateus 7.1]. Não julgueis para
não serdes julgados.
1881. Nolite iudicare secundum faciem, sed iustum iudicium
iudicate. [Vulgata, João 7.24]. Não julgueis segundo a
aparência, mas julgai segundo a reta justiça.
1882. Nolite loqui adversus Deum iniquitatem. [Vulgata,
Salmos 74.6]. Não faleis iniqüidades contra Deus.
1883. Nolite lugere, et nolite flere. [Vulgata, 2Esdras 8.9]. Não
vos lastimeis e não choreis.
1884. Nolite mentiri invicem. [Vulgata, Colossenses 3.9]. Não
mintais uns aos outros.
1885. Nolite multum loqui. [Vulgata, Mateus 6.7]. Não faleis
muito.
1886. Nolite pueri effici sensibus, sed malitia parvuli estote.
[Vulgata, 1Coríntios 14.20]. Não sejais meninos na
compreensão, mas sede pequeninos na malícia.
1887. Nolite putare quoniam veni solvere legem. [Vulgata,
Mateus 5.17]. Não julgueis que vim destruir a lei. VIDE: ● Non
veni solvere legem, sed adimplere.
1888. Nolite, quod pigri agricolae faciunt, maturos fructus
per inertiam amittere e manibus. [Quinto Cúrcio, Historiae
9.2]. Não deixeis perderem-se de vossas mãos pela inércia,
como fazem os agricultores preguiçosos, os frutos maduros.
1889. Nolite superbe audire hominem calamitosum. [Sêneca
Retórico, Controversiae 9.4.20]. Não ouçais com arrogância
o homem infeliz.
1890. Nolite timere eos qui corpus occidunt, animam autem
non possunt occidere. [Vulgata, Mateus 10.28]. Não temais
os que matam o corpo, e não podem matar a alma.
1891. Nolite timere nec paveatis. [Vulgata, 2Paralipômenos
20.17]. Não temais nem vos acovardeis. VIDE: ● Noli metuere.
● Noli timere.
1892. Nolite turbari. [Vulgata, Atos 20.10]. Não vos
perturbeis. VIDE: ● Noli turbari. ● Tace et noli turbari.
1893. Nolito facere quod dubites num liceat. Não faças aquilo
que não sabes se é permitido. ■ Na dúvida, abstém-te. VIDE:
● Quae dubites, ne feceris. ● Quod dubites, ne feceris.
1894. Nolito fronti credere. [Marcial, Epigrammata 1.24.4].
Não confies em aparências. ■ As aparências enganam.
■ Debaixo de bom saio está o homem mau. VIDE: ● Fronti
nulla fides. ● Homo non est ex fronte diiudicandus. ● Ne
fronti crede. ● Nulla fides fronti.
1895. Nolle et non posse paria sunt. [Jur]. Não querer e não
poder se equivalem.
1896. Nolle prosequi. [Jur / Black 1246]. Não prosseguir.
(=Petição para sustar uma ação).
1897. Nolo bis iterare. [Plauto, Pseudolus 387]. Eu me recuso a
repetir as coisas.
1898. Nolo ego metui; amari mavolo. [Plauto, Asinaria 814].
Não quero ser temido; prefiro ser amado. ■ Antes ser amado
que temido. VIDE: ● Amari malo quam timeri. ● Malo amari
quam timeri. ● Malo me diligi quam metui. ● Maluit se
diligi quam metui. ● Plus a vobis amari appetat quam
timeri. ● Potius amari, quam metui. ● Praestat amari
quam timeri.
1899. Nolo episcopari. Não quero virar bispo. (=Eu não aceito
essa responsabilidade).
1900. Nolo esse laudator, ne videar adulator. Não quero
elogiar para não parecer adulador.
1901. Nolo minor me timeat despiciatque maior. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Chilon]. Não quero que o
pequeno tenha medo de mim, nem que o grande me despreze.
1902. Nolo mortem impii, sed ut convertatur impius a via
sua, et vivat. [Vulgata, Ezequiel 33.11]. Não quero a morte
do ímpio, mas sim que se converta do seu caminho, e viva.
1903. Nolo, nolo, sed nolendo dico volo. [Medina 601]. Não
quero, não quero, mas não querendo digo quero. ■ Não quero,
não quero, meta-mo aqui neste capelo. VIDE: ● Nolens,
volente animo.
1904. Nolo propinquorum rationes; debita nolo tractare
absentium. [Mota 51]. Não quero contas de parentes; não
quero tratar de dívidas de ausentes. ■ Arrenego de contas com
parentes e de dívidas com ausentes.● Nolo propinquorum
rationes; debita nolo tractare absentium; sic erit alma
quies. [Pereira 121]. Não quero contas de parentes; não
quero tratar de dívidas de ausentes; assim haverá uma doce
tranqüilidade.
1905. Nolo quod cupio statim tenere, nec victoria mihi placet
parata. [Petrônio, Satiricon 15.9]. Não quero conseguir
imediatamente o que desejo, nem me agrada uma vitória
certa.
1906. Nolo tribus servire: seni, puero, mulieri; morbidus hic,
alter immemor, illa levis. [Werner]. Não quero servir a três:
ao velho, ao menino, à mulher; aquele está para morrer, o
outro vai esquecer, ela é inconstante.
1907. Nolo velis rerum quidquam laudare tuarum, alterius
nisi sunt ore probata prius. [Aviano]. Não quero que
elogies nada do que fizeste, antes que seja aprovado pelas
palavras de outrem.
1908. Noluisses de manu illius panem accipere. [Petrônio,
Satiricon 37.3]. Das mãos dele não quererias receber nem
pão.
1909. Nolunt discere, qui nunquam didicerunt. [Sêneca, De
Ira 3.36.4]. Os que nunca aprenderam não querem aprender.
1910. Nolunt ubi velis, ubi nolis cupiunt ultro. [Terêncio,
Eunuchus 812]. Quando queres, (as mulheres) não querem;
quando não queres, aí é que elas querem. VIDE: ● Novi
ingenium mulierum: nolunt, ubi velis; ubi nolis, cupiunt
ultro. ● Ubi velis, nolunt; ubi nolis, volunt ultro.
1911. Nomen amicitia est, nomen inane fides. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.738]. Amizade é apenas uma palavra, e
fidelidade é uma palavra vazia.
1912. Nomen amicitiae barbara corda movet. [Ovídio, Ex
Ponto 3.2.100]. A palavra amizade comove até os corações
bárbaros.
1913. Nomen amicitiae, quatenus expedit, haeret. [Petrônio,
Satiricon 80.9]. A palavra amizade dura enquanto é útil.
■ Amigo de bom tempo muda-se com o vento.
1914. Nomen bonum melius est quam divitiae multae.
[Rezende 4108]. Bom nome vale mais do que ter muitas
riquezas. ■ Mais vale crédito na praça do que dinheiro em
caixa. ■ Mais vale boa fama que dourada cama. VIDE: ● Bona
existimatio pecuniis praestat. ● Bona opinio hominum
tutior pecunia est. ● Honesta fama est alterum
patrimonium. ● Honestus rumor alterum est
patrimonium. ● Melius est nomen bonum quam divitiae
multae. ● Plus valet bonum nomen, quam divitiae multae.
● Praeclarior est bona existimatio quam pecunia. ● Si bona
existimatio divitiis praestat.
1915. Nomen erit indelebile nostrum. [Ovídio,
Metamorphoses 15.876]. Meu nome será indelével.
1916. Nomen est omen. O nome é um presságio. A fama é um
presságio. ■ Boa fama vale dinheiro. Nomen et omen.
[Binder, Medulla 1146]. ● Nomen, omen. ● Nomen atque
omen quantivis pretii. [Plauto, Persa 625]. Esse nome é um
presságio de grande valor. VIDE: ● Bonum nomen, bonum
omen.
1917. Nomen genericum. Um nome genérico.
1918. Nomen iuris. [Jur / Black 1246]. A denominação legal.
1919. Nomen pacis dulce, et res ipsa salutaris sed inter
pacem et servitutem plurimum interest. [Cícero,
Philippica 2.113]. A palavra paz é doce, e ela mesma faz
bem, mas entre paz e servidão há muita diferença.
1920. Nomen specificum. Um nome específico.
1921. Nomen tantum virtutis usurpas: quid ipsa valeat
ignoras. [Cícero, Paradoxa 17]. Apenas usas indevidamente
a palavra virtude: ignoras o que ela vale.
1922. Nomina cum rebus consentiant. [Platão / Rezende
4111]. Concordem as palavras com as ações.
1923. Nomina, si nescis, perit et cognitio rerum. [Lineu,
Critica Botanica]. Se não conheces os nomes, perde-se
também o conhecimento das coisas.
1924. Nomina stultorum leguntur ubicumque locorum. Os
nomes dos tolos se lêem em todos os lugares. ■ Muro bem
alto, papel de gaiato. ■ As paredes brancas são os papéis dos
tolos. ● Nomina stultorum scribuntur ubique locorum. Os
nomes dos tolos se escrevem em todos os lugares. ● Nomina
stultorum semper parietibus haerent. [Henderson, Latin
Proverbs]. Os nomes dos tolos sempre estão pregados nas
paredes. ● Nomina stultorum ubicumque sunt locorum. Os
nomes dos tolos estão em toda parte. VIDE: ● Paries albus
stultorum charta. ● Stultorum calami carbones, moenia
chartae. ● Stultorum nomen semper ubique iacet.
1925. Nomina sunt consequentia rerum. [Justiniano,
Institutiones 2.7.3]. As palavras são conseqüência das ações.
VIDE: ● Conveniunt rebus nomina saepe suis.
1926. Nominatim. Nominalmente.
1927. Nominatio vero Dei non sit assidua in ore tuo.
[Vulgata, Eclesiástico 23.10]. A pronúncia do nome de Deus
não deve ser freqüente em tua boca.
1928. Nomine suo. Em seu próprio nome.
1929. Non a divite, sed ab amante provenit largitio. [Pereira
111]. A liberalidade não vem do rico, mas de quem ama.
■ Não dá quem tem, senão quem quer bem.
1930. Non a modestis navigatur huc viris. [Schottus, Adagia
129]. A este lugar homens pobres não vêm. VIDE: ● Cuiuslibet
non est Corinthum appellere. ● Aliis alia licentia. ● Aliis si
licet, tibi non licet. ● Non cuilibet Corintho fas esse
adnavigare. ● Non cuivis homini contingit adire
Corinthum. ● Non est Corinthum fas cuique appellere.
● Non est cuiuslibet Corinthum appellere. ● Non est datum
cuivis Corinthum appellere. ● Non licet omnibus adire
Corinthum. ● Non omnium est virorum ad Corinthum
navigatio. ● Quod licet Iovi, non licet bovi.
1931. Non a regnando rex est, sed iure regendo. [Stevenson
1307]. O rei não é rei porque reina, mas porque governa de
acordo com a lei. VIDE: ● Rex a regendo et consulendo, non
a regnando atque dominando, denominatur.
1932. Non absterget nigretudinem corvus. [Schrevelius
1182]. O corvo não se livra da negrura. ■ Quem lava focinho
a burro preto perde sabão e tempo. VIDE: ● Laterem lavat
qui corvum mundat.
1933. Non accipimus brevem vitam sed facimus. [Sêneca, De
Brevitate Vitae 1.4]. A vida que recebemos não é curta, mas
nós a fazemos curta.
1934. Non accuso quod nescio. [S.Agostinho, De Civitate Dei
1.28.2]. Não condeno o que não conheço.
1935. Non ad dominandum, sed ad serviendum. Não para
mandar, mas para servir. VIDE: ● Ad serviendum venisti, non
ad regendum.
1936. fria. VIDE: ● Ad propositum nunc revertamus. ● Ad
propositum veniamus.
1937. Non ad rogata respondendum semper est. [Publílio
Siro]. Não se deve responder a todas as perguntas. ■ Nem
toda pergunta merece resposta.
1938. Non aequaliter omnibus, quia non aequaliter valetis
omnes, sed potius unicuique sicut cuique opus fuerit.
[RSA 4]. Não de maneira igual para todos, porque vós todos
não sois iguais, mas de preferência a cada um de acordo com
o que cada um precisar.
1939. Non aestimatione census, verum victu atque cultu,
terminatur pecuniae modus. [Cícero, Paradoxa 6.3]. Não é
pela renda, mas pelo padrão de vida, que se estima a riqueza
de alguém.
1940. Non aetate, vero ingenio apiscitur sapientia. [Plauto,
Trinummus 329]. Não é com a idade que se adquire a
sabedoria, mas com a inteligência.
1941. Non agit, sed agitur. Não age espontaneamente, mas é
levado a agir.
1942. Non agitur de me. [Ovídio, Heroides 20.199]. Não se
trata de mim.
1943. Non agnoscitur in bonis amicus. Na prosperidade não se
reconhece quem é amigo. ■ Amigo fingido, conhecê-lo-ás no
arruído. ● Non agnoscetur in bonis amicus, et non
abscondetur in malis inimicus. [Vulgata, Eclesiástico 12.8].
Não se reconhecerá o amigo na prosperidade, e na
adversidade o inimigo não se esconderá.
1944. Non alens te, alis canes! [Schottus, Adagia 643]. Não
sustentas a ti mesmo, e sustentas cães! ■ Quem não tem pão
não tem cão. ■ A quem não sobra pão, não crie cão. ■ Tu que
não podes, leva-me às costas. VIDE: ● Se ipsum non alens,
canes alit. ● Te ipsum non alens, canes alis. ● Te ipsum non
alens, canes vis alere.
1945. Non alibi melius. [Bernardes, Nova Floresta 1.384]. Fora
daqui não me vai melhor.
1946. Non alienam mihi laudem appeto. [Cícero, In Verrem
2.4.80]. Eu não quero para mim o mérito alheio. VIDE: ● Nihil
alienum appeto.
1947. Non aliis de me crede, sed mihi. A meu respeito não
acredites nos outros, mas em mim.
1948. Non aliquando castigatio necessaria est? [Sêneca, De
Ira 1.6.1]. A correção às vezes não é necessária?
1949. Non aliter vivas in solitudine, aliter in foro. Não vivas
de uma maneira na intimidade e de outra em público. VIDE:
● Non convenit moribus aliud palam, aliud agere secreto.
● Non vivas aliter in foro, aliter in solitudine. ● Non vivas
aliter in solitudine, aliter in foro.
1950. Non aliud mage inane puta quam plurima nosse.
[Schottus, Adagia 587]. Não consideres nada mais inútil do
que saber muitas coisas. VIDE: ● Nihil inanius quam multa
scire.
1951. Non alligabis os bovi trituranti. [Vulgata, 1Coríntios
9.9; 1Timóteo 5.18]. Não ligarás a boca do boi que mastiga.
1952. Non amat Deum aut amatur a Deo, qui ipsum se amat.
[Gruter, Bibliotheca exulum, Amor Sui 1]. Não ama a Deus,
nem é amado por Deus quem ama a si mesmo.
1953. Non amat hic puerum, qui raro corrigit istum. [Binder,
Medulla 1147]. Não ama o filho quem raramente o corrige.
1954. Non amat insontes aula tyranni, sed sontes. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 19]. O palácio do rei não ama
os honestos, mas os corruptos.
1955. Non amo nimium diligentes. [Cícero, De Oratore 2.67].
Não gosto das pessoas por demais zelosas. (=Palavras
atribuídas a Cipião Africano).
1956. Non amo te. [Marcial, Epigrammata 1.32.1]. Não gosto
de ti.
1957. Non animadvertis te supra malleum loqui? [Erasmo,
Apophtegmata 6]. Não percebes que falas de coisas que estão
acima do teu martelo? (=Resposta de um citarista a um
sapateiro que com ele queria discutir música). ■ Cada um fale
do que trata. ■ Não suba o sapateiro além da chinela. VIDE:
● Non sentis te supra malleum loqui?
1958. Non animus hominis, sed facta cernuntur. [PSa]. Não
se olha a intenção do homem, mas os seus atos. VIDE: ● Nihil
interest, quo animo facias quod fecisse vitiosum est, quia
facta cernuntur, animus vero non videtur.
1959. Non annosa uno quercus deciditur ictu. [Palingênio,
Zodiacus Vitae / Tosi 641]. Carvalho velho não cai com um
golpe só. ● Árvore velha não é fácil de arrancar.
■ Castanheiro bom não vai abaixo dum só golpe. ■ Com um
só golpe não se derruba uma árvore. VIDE: ● Ad primos ictus
non corruit ardua quercus. ● Arbor non primo ictu, sed
saepe cadit feriendo. ● Arbor per primum quaevis non
corruit ictum. ● Non semel ascia dat, quercus ut alta
cadat. ● Non uno ictu arbor cadit. ● Non uno ictu validam
deicies quercum.
1960. Nos ad propositum revertamus. [Cícero, De Officiis
2.35]. Retornemos ao nosso objetivo. ■ Voltemos à vaca Nos
aper auditu, praecellit aranea tactu, vultur odoratu, lynx
visu, simia gustu. O javali nos supera na audição, a aranha,
no tato, o abutre, no olfato, o lince, na visão, o macaco, no
paladar. ● Nos aper auditu, vincit aranea tactu, canis
olfactu, lynx visu, simia gustu. O javali nos supera na
audição, a aranha, no tato, o cão, no olfato, o lince, na visão,
o macaco, no paladar. ● Nos aper auditu, lynx visu, simia
gustu, vultur odoratu, nos vincit aranea tactu. O javali nos
vence na audição, o lince, na visão, o macaco, no paladar, o
abutre, no olfato, a aranha, no tato.
1961. Non apparebis in conspectu meo vacuus. [Vulgata,
Êxodo 23.15]. Não aparecerás em minha presença com as
mãos vazias.
1962. Non appropinques mihi. [Vulgata, Isaías 65.5]. Não te
aproximes de mim.
1963. Non apto tempore. Em hora imprópria. Na hora errada.
1964. Non apud aram consultandum. [Medina 584]. Não é
diante do altar que se tomam decisões. (=Quem vai fazer
uma oferenda aos deuses providencia com antecedência as
coisas que vai usar). ■ Antes de entrar pensa na saída. ■ Antes
que te cases, olha o que fazes. VIDE: ● Ad altare nihil opus
consilio. ● Non est apud aram consilio locus. ● Non est
apud aram consultandum. ● Non oportere in ipso opere,
sed ante deliberare, ut qui litare volunt, rei divinae
necessaria preparare solent.
1965. Non apud se esse. [DAPR 315]. Estar fora de si. Estar
perturbado. VIDE: ● Animo praesenti.
1966. Non aqua non igni locis pluribus utimur quam
amicitia. [Cícero, De Amicitia 22]. Nem da água nem do
fogo nos valemos em mais circunstâncias do que da amizade.
1967. Non arabis in bove simul et asino. [Vulgata,
Deuteronômio 22.10]. Não lavrarás com boi e asno
juntamente. VIDE: ● Bovem asino non iunges. ● Non bene
inaequales veniunt ad aratra iuvenci. ● Quam male
inaequales veniunt ad aratra iuvenci.
1968. Non Archimedes posset melius describere. [Binder,
Thesaurus 2126]. Nem Arquimedes conseguiria descrever
melhor. ● Non Archimedes melius potuit describere.
[Cícero, Pro Cluentio 32.87].
1969. Non armis, sed vitiis certatur. [Montaigne, Essais 3.12 /
Rezende 4126]. Não é com armas que eles combatem, mas
com vícios.
1970. Non aspicias quam plenas quisque manus Deo, sed
quam puras admoveat. [Publílio Siro]. Não olharás se as
mãos que cada um dirige a Deus estão cheias, mas se estão
limpas.
1971. Non augurabimini, nec observabitis somnia. [Vulgata,
Levítico 19.26]. Não usareis de agouros, nem observareis
sonhos.
1972. Non auribus modo, verum etiam oculis. [Plínio Moço,
Epistulae 8.14.1]. Não só com os ouvidos, mas também com
os olhos. ● Non auribus, sed oculis. [S.Agostinho, De
Trinitate 10.1]. Não com os ouvidos, mas com os olhos.
1973. Non aurum est, quodcumque nitet, non gemma quod
ardet. Nem tudo que brilha é ouro, nem pedra preciosa tudo
que resplandece. ■ Nem tudo que reluz é ouro. VIDE: ● Aurea
ne credas quaecumque nitescere cernis. ● Non est aurum
omne quod radiat.
1974. Non ausim. Eu não ousaria.
1975. Non autem carnalis, sed spiritalis inter vos debet esse
dilectio. [RSA 43]. O amor entre vós não deve ser carnal,
mas espiritual.
1976. Non avaro divitiae, sed divitiis avarus servit. [DAPR
89]. Não são as riquezas que servem ao avarento, mas é o
avarento que serve às riquezas. ■ O avarento é o guardião de
sua fortuna.
1977. Non bene caelestes impia dextra colit. [Branco 916]. A
mão sacrílega não venera os deuses com respeito. VIDE:
● Peccatores Deus non audit. ● Peccatores Deus non
exaudit.
1978. Non bene coepisse, sed bene perfecisse laudis est.
[Binder, Thesaurus 2130]. Digno de louvor não é o ter
começado bem, mas o ter terminado bem.
1979. Non bene conveniunt, nec in una sede morantur
maiestas et amor. [Ovídio, Metamorphoses 2.846]. Não se
entendem bem, nem moram na mesma casa a majestade e o
amor. ■ Honra e proveito não cabem em um saco.
1980. Non bene cum sociis regna Venusque manent. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.564]. O reino e o amor não se dão bem com
companheiros. ■ Amor e reino não querem parceiro. ■ Duas
espadas não cabem na mesma bainha. VIDE: ● Nec regna
socium ferre, nec taedae sciunt. ● Nec regna nec taedae
socios ferre queunt. ● Non capit regnum duos.
1981. Non bene dilexit, qui gratis protinus odit. [Pereira 114].
Não tinha muito amor quem por nada logo passa a odiar.
■ Amigos que se desavêm por um pão de centeio, ou a fome é
muita, ou o amor pouco. ■ Nunca foi bom amigo quem por
pouco quebrou a amizade.
1982. Non bene dissimiles in eadem sede morantur. [Binder,
Thesaurus 2133]. Pessoas diferentes não vivem bem na
mesma casa.
1983. Non bene imperat, nisi qui paruerit imperio. [Erasmo,
Adagia 1.1.3]. Só pode governar bem, quem se submeteu a
um governo. ■ Não sabe mandar quem nunca soube
obedecer. ■ Bem manda quem soube obedecer. ■ Quem não
sabe sofrer não sabe reger. VIDE: ● Nemo bene imperat, nisi
qui paruerit imperio. ● Qui bene imperat, paruerit
aliquando necesse est, et qui modeste paret, videtur qui
aliquando imperet, dignus esse. ● Qui modeste paret,
videtur qui aliquando imperet, dignus esse.
1984. Non bene inaequales veniunt ad aratra iuvenci.
[Pereira 99]. Não se adaptam bem ao arado touros de
tamanhos diferentes. ■ Cada qual com seu igual. VIDE:
● Bovem asino non iunges. ● Non arabis in bove simul et
asino. ● Quam male inaequales veniunt ad aratra iuvenci.
1985. Non bene olere qui in culina habitant. [Petrônio,
Satiricon 2.1, adaptado]. Não cheiram bem os que moram na
cozinha.
1986. Non bene olet, qui bene semper olet. [Marcial,
Epigrammata 2.12.4]. Não cheira bem quem está sempre
perfumado. VIDE: ● Mulier recte olet, ubi nihil olet.
1987. Non bene pro toto libertas venditur auro. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 54.25; Medina 586]. A
liberdade não se vende nem por todo o ouro. ■ Arrenego de
grilhões, ainda que sejam de ouro. ■ Boi solto lambe-se todo.
1988. Non bene, si tollas proelia, durat amor. [Ovídio,
Amores 1.8.96]. Se se tiram os arrufos, o amor não dura
muito. ■ Amores arrufados, amores dobrados. ■ Arrufos de
namorados são amores dobrados. ■ Brigas de namorados,
amores renovados. VIDE: ● Amantium irae amoris integratio
est. ● Amantis ira amoris redintegratio est.
1989. Non bis ad eumdem lapidem offendas. Não tropeces
duas vezes na mesma pedra. ■ Só o tolo cai duas vezes no
mesmo buraco. VIDE: ● Bis ad eumdem lapidem offendere
culpa est. ● Bis ad eumdem impingere lapidem turpe. ● Bis
ad eumdem. ● Culpa est bis ad eumdem lapidem
offendere. ● Iterum eumdem ad lapidem offendere.
● Sapientis haud est bis in eodem lapide labi. ● Tua culpa
ad eumdem lapidem bis offenderes. ● Turpe est eumdem
bis ad lapidem impingere. ● Turpe est idem saxum ferire
saepius.
1990. Non bis in eumdem. [Gaio, Institutiones 4.108]. Não (se
proceda) duas vezes contra a mesma pessoa.
1991. Non bis in idem. [Jur]. Não duas na mesma coisa. (=Não
se pode ser condenado duas vezes pela mesma falta. Não se
podem cobrar dois tributos com o mesmo fato gerador). VIDE:
● Inter easdem partes de eadem re ne bis sit actio. ● Ne bis
in idem.
1992. Non bonum multorum principatus: unus princeps
esto, unus rex. [Homero, Ilíada 2.204]. Não é bom o
governo de muitos: haja somente um chefe, um único rei.
1993. Non bonus est homini somnus post prandium. [Plauto,
Mostellaria 697]. Não faz bem ao homem dormir depois do
almoço.
1994. Non bonus est socius qui devorat omnia solus. [Binder,
Thesaurus 2136]. Não é bom companheiro o que come tudo
sozinho. ■ Não me pago do amigo que come o seu só e o meu
comigo.
1995. Non bonus est ulli qui malus ipse sibi. [Binder,
Thesaurus 2137]. Quem é mau para si, não é bom para
ninguém. ■ Quem não é bom para si, pior será para ti.
1996. Non bove mactato caelestia numina gaudent, sed quae
praestanda est, sine teste, fides. [Ovídio, Heroides 20.183].
Não se alegram os deuses com o boi sacrificado, mas com a
fé que lhes deve ser mostrada sem testemunhas.
1997. Non caeca fortuna est, sed oculata Providentia.
[Bernardes, Nova Floresta 3.559]. Não existe a sorte cega,
mas a Providência, que tem olhos. ■ Chamam-lhe Fado mau,
Fortuna escura, sendo só Providência pura. [Camões,
Lusíadas 10.38].
1998. Non caecam speculationem adhibuit. [Schottus, Adagia
347]. Não ficou de sentinela com os olhos fechados. VIDE:
● Non oculis clausis excubias egit.
1999. Non caedit semper, durum quicumque minatur.
[DAPR 52]. Nem sempre bate quem muito ameaça. ■ Quem
ameaça e não dá, medo há.
2000. Non cani, nec rugae repente auctoritatem arripere
possunt. [Cícero, De Senectute 62]. Nem as cãs, nem as
rugas adquirem autoridade de repente.
2001. Non canimus surdis; respondent omnia silvae.
[Virgílio, Eclogae 10.8]. Não cantamos para surdos; as
árvores repetem tudo.
2002. Non capit regnum duos. [Sêneca, Thyestes 443]. O
trono não aceita dois. ■ Mandar não quer par. ■ Dois bicudos
não se beijam. ■ Duas espadas não cabem numa bainha.
VIDE: ● Nec regna nec taedae socios ferre queunt. ● Nec
regna socium ferre, nec taedae sciunt. ● Non bene cum
sociis regna Venusque manent.
2003. Non capit unquam magnos motus humilis tecti plebeia
domus, circa regna tonant. [Sêneca, Hippolytus 1137]. A
casa plebléia, de telhado humilde, jamais sofre com as
grandes revoluções; estas trovejam em torno dos tronos. ■ O
raio não cai em pau deitado.
2004. Non capiunt lepores tympana rauca leves. [DAPR
403]. Tambores barulhentos não apanham as rápidas lebres.
■ Não se caçam lebres tocando tambor.
2005. Non capiunt ullos hostilia pectora somnos. [Pereira
120]. Corações que têm inimigos não pegam no sono.
■ Quem tem inimigos não dorme. ■ Quem tem inimigos, não
durma.
2006. Non carerem pastore, si tales habuissem pastores.
[Bernardes, Nova Floresta 2.221]. Se eu tivesse tais pastores,
dispensaria pastor. ■ Quem tem amigo como esse, não precisa
de inimigo.
2007. Non caret effectu quod voluere duo. [Ovídio, Amores
2.3.16]. Não deixa de ter sucesso aquilo que dois quiseram.
2008. Non caret is qui non desiderat. [Cícero, De Senectute
47]. Não tem falta quem não tem ambição. ■ A quem nada
deseja, nada falta. VIDE: ● Is non caret, qui non desiderat.
2009. Non causa pro causa. [Da linguagem filosófica]. Não
(tomar) uma causa por outra.
2010. Non cauta vulpes denuo in casses cadit. [Schottus,
Adagia 619]. Raposa cautelosa não cai novamente na rede.
■ Só tolo tropeça duas vezes na mesma pedra.■ Só o tolo cai
duas vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Non iterum vulpes
laqueis capitur. ● Semel vulpes in laqueum, at non denuo
vulpes in laqueum. ● Vulpecula denuo non capitur laqueo.
● Vulpecula semel in laqueum it. ● Vulpes non iterum
capitur laqueo. ● Vulpes non iterum laqueis. ● Vulpes quae
semel effugerit laqueos, non capitur iterum.
2011. Non cedendum malis. [Grynaeus 90]. Não se deve ceder
à má sorte. VIDE: ● Ne cede malis, sed contra audentior ito.
2012. Non census nec clarum nomen avorum sed probitas
magnos ingeniumque facit. [Ovídio, Ex Ponto 1.9.39]. Não
são as riquezas nem a fama dos antepassados que
engrandecem, mas a honestidade e o talento. VIDE: ● Nobilitas
sola est atque unica virtus.
2013. Non certanti non est speranda corona. [S.Próspero da
Aquitânia / Schottus, Adagialia Sacra 137]. Quem não
compete não deve esperar a coroa. VIDE: ● Non, nisi certanti,
laeta corona datur.
2014. Non certum scio. [Terêncio, Phormio 148]. Não sei
com certeza. Não tenho certeza. VIDE: ● Certum scio.
2015. Non cessat perdere lusor, et revocat alea blanda
cupidas manus. [Ovídio, Ars Amatoria 1.451]. O jogador
não pára de perder, mas o dado insinuante chama novamente
suas mãos ávidas.
2016. Non cito descrescit mala planta, sed usque virescit.
[Binder, Thesaurus 2140]. Planta ruim não diminui
facilmente, mas até fica mais bonita. ■ Erva ruim não morre.
2017. Non cito perit ruina, is qui rimam timet. [Publílio
Siro]. Quem tem medo da rachadura não morre facilmente
com a queda de sua casa. ■ O prevenido procede seguro.
● Non cito ruina obteritur qui rimam timet. Quem tem
medo da rachadura não teme o desmoronamento. ● Non cito
perit ruina qui ruinam timet. [Albertano da Brescia, Líber
Consolationis 32]. Não morre facilmente com o
desmoronamento quem tem medo dele. ● Non cito ruina
perit qui ruinam timet. [Rezende 4136].
2018. Non clamor, sed amor clangit in aure Dei. [Binder,
Thesaurus 2141]. Não é o clamor, mas o amor que ressoa nos
ouvidos de Deus. ● Non clamor, sed amor clangit in ore
Dei. [Eiselein 364]. Não é clamor, mas amor que ressoa na
boca de Deus.
2019. Non coalescit planta quae saepe transfertur.
[Bernardes, Nova Floresta 5.309]. Não cresce a planta que é
mudada com freqüência. ■ Planta muitas vezes transposta
não medra nem cresce. ● Árvore mudada, árvore matada.
● Árvore velha não se muda. VIDE: ● Non convalescit planta
quae saepe transfertur. ● Planta quae saepius transfertur
non coalescit. ● Saepius plantata arbor fructum profert
exiguum.
2020. Non cöercit vitia qui provocat. [Sêneca Retórico,
Controversiae 2.6.4]. Quem provoca os erros não os coíbe.
2021. Non coëunt contraria. [Sêneca, De Constantia 7.8].
Opostos não caminham juntos.
2022. Non cogendo, sed suadendo. Não obrigando, mas
convencendo.
2023. Non cognoscitur amicus nisi in necessitate. [Erpênio /
Rezende 4137]. Só se conhece o amigo na necessidade.
■ Conhece-se o amigo certo na ocasião incerta. ■ Na
adversidade se conhece a amizade. ■ Na necessidade se
prova a amizade. ■ No aperto e no perigo se conhece o
amigo. ■ O amigo fingido, conhecê-lo-ás no arruído. VIDE:
● Amici probantur rebus adversis. ● Amicus certus in
necessitate cernitur. ● Amicus certus in re incerta
cernitur. ● Amicus certus in re incerta. ● Difficile est in re
prospera amicos probare, in adversa facile. ● In adversis
et paupertate cognoscitur amicus. ● In angustiis amici
apparent. ● In necessitate probatur amicus. ● Noscitur
adverso tempore verus amor. ● Noscitur in magno
discrimine quis sit amicus. ● Rebus incertis amor est
probandus. ● Sors aspera monstrat amicum. ● Vera
amicitia in calamitatibus dignoscitur.
2024. Non cognoscitur audacia nisi in bello. [Erpênio /
Rezende 4138]. Só se conhece a coragem na guerra. ■ É na
luta que se conhecem os heróis.
2025. Non cognoscitur sapiens nisi in ira. [Erpênio / Rezende
4139]. Só na ocasião da ira é que se conhece o homem
prudente.
2026. Non colit arva bene, qui semen mandat arenae.
[Trench, Proverbs]. Não cultiva bem seus campos, quem
semeia na areia. ■ Quem semeia em caminhos, cansa os bois
e perde o trigo.
2027. Non commovebitur. [Vulgata, Salmos 20.8].
Permanecerá inabalável. VIDE: ● Radix iustorum non
commovebitur.
2028. Non compos mentis. [Jur / Black 1249]. Que não tem o
domínio da mente. (=Incapaz). ● Non compos sui. Não está
senhor de si. VIDE: ● Non sui compos.
2029. Non concupisces. [Vulgata, Romanos 7.7]. Não
cobiçarás.
2030. Non confidas nec innitaris super calamum ventosum.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.7.2]. Não
confies, nem te apóies em galho oco.
2031. Non consentio neque collaudo. [Schottus, Adagia 254].
Nem concordo nem aprovo.
2032. Non consentit qui errat. [Jur / Black 1249]. Quem erra
não concorda.
2033. Non constat. Não consta. Não está claro.
2034. Non contingit ignavis praeda. [Binder, Thesaurus 2142].
O lucro não chega aos preguiçosos. ■ Não há lucro sem
trabalho. ■ Deus não manda nem cozido, nem assado.
2035. Non continuo sibi vivit, qui nemini. [Sêneca, Epistulae
Morales 55.5]. Quem não vive para ninguém, nem por isso
vive para si. ■ Quem vive só para si para pouco vive.
2036. Non contradicas verbo veritatis ullo modo, et de
mendacio ineruditionis tuas confundere. [Vulgata,
Eclesiástico 4.30]. Não contradigas de modo nenhum a
palavra da verdade, mas não cores da mentira em que tenhas
caído por ignorância.
2037. Non convalescit planta quae saepe transfertur.
[Sêneca, Epistulae Morales 2.3]. Não cresce a planta que é
mudada com freqüência. ■ Planta muitas vezes transposta
não medra nem cresce. ● Árvore mudada, árvore matada.
VIDE: ● Non coalescit planta quae saepe transfertur.
● Planta quae saepius transfertur non coalescit. ● Saepius
plantata arbor fructum profert exiguum.
2038. Non convenit malum malo ulcisci. [Apostólio, Paroimiai
20.85]. Não convém vingar um mal com outro.
2039. Non convenit cum deo contendere. [Píndaro / Manúcio,
Adagia 612]. Não convém lutar com um deus. VIDE: ● Cum
diis ne contendas. ● Cum diis non pugnandum. ● Cum Iove
ego sane nolim certamen inire. ● Haud pugnare potest
hominum cum numine quisquam. ● Pugnare cum diis
cumque fortuna grave est. ● Pugnare cum Deo atque
fortuna grave.
2040. Non convenit moribus aliud palam, aliud agere
secreto. [Plínio Moço, Epistulae 5.1.3]. Repugna aos bons
costumes publicamente agir de uma maneira e sem
testemunhas de outra. VIDE: ● Non aliter vivas in solitudine,
aliter in foro. ● Non vivas aliter in foro, aliter in
solitudine. ● Non vivas aliter in solitudine, aliter in foro.
2041. Non copia, sed bonitas rerum aestimanda est. [Esopo].
Deve-se valorizar não a quantidade, mas a qualidade das
coisas. ■ Mais vale qualidade que quantidade. VIDE: ● Unum
quidem, sed leonem.
2042. Non coques haedum in lacte matris suae. [Vulgata,
Deuteronômio 14.21]. Não cozerás o cabrito no leite de sua
mãe.
2043. Non coquus semper, cui longus culter adhaeret.
[DAPR 203]. Nem sempre é cozinheiro quem traz uma faca
comprida. ■ O hábito não faz o monge. ● Non coquus ex
cultro dignoscitur. Não se conhece o cozinheiro pelo facão.
2044. Non credam nisi legero. [Marcial, Epigrammata 12.73].
Só acreditarei, se ler.
2045. Non cuicumque datum est habere nasum. [Marcial,
Epigrammata 1.41.18]. Não foi dado a todos ter bom gosto.
VIDE: ● Non omnibus datum est habere nasum.
2046. Non cuilibet pulsanti patet ianua. [Binder, Thesaurus
2146]. A porta não se abre a qualquer um que bata. ■ Porta
fechada, pele guardada.
2047. Non cuiusvis est, cete in litore capere. [Schrevelius
1175]. Não é qualquer um que consegue pegar peixe grande
na praia.
2048. Non cuivis homini contingit adire Corinthum.
[Horácio, Epistulae 1.17.36]. Não é qualquer um que pode ir
a Corinto. ■ Nem tudo é para todos. ● Non cuilibet Corintho
fas esse adnavigare. [Schottus, Adagia 641]. VIDE: ● Aliis
alia licentia. ● Aliis si licet, tibi non licet. ● Cuiuslibet non
est Corinthum appellere. ● Non est Corinthum fas cuique
appellere. ● Non est cuiuslibet Corinthum appellere. ● Non
est datum cuivis Corinthum appellere. ● Non licet
omnibus adire Corinthum. ● Non omnium est virorum ad
Corinthum navigatio. ● Quod licet Iovi, non licet bovi.
2049. Non cum leone caprea pugnare audeas. [Schottus,
Adagia 615]. Tu, que és um cabrito, não ouses lutar com o
leão. ■ Contra a força não há resistência. ● Non cum leone
capra decertem fero. [Apostólio, Paroimiai 12.98]. Eu, que
sou um cabrito, não disputo com leão. VIDE: ● Adversus
leonem capra pugnam non ineat. ● Adversus leonem
damae pugnam ineunt. ● Cum sis nanus, cede. ● Nanus
cum sis, cede. ● Ne ad pugnam vocet aquilam luscinia. ● Ne
capra contra leonem pugnet. ● Pumilio cum sis, cede.
2050. Non curarum somnus domitor pectora solvit. [Sêneca,
Agamemnon 75]. O sono, que vence as preocupações, não
acalma os corações deles. VIDE: ● Curarum domitor somnus.
● Tu, o domitor, Somne, laborum, requies anime, pars
humanae melior vitae.
2051. Non curat numerum lupus. [Erasmo, Adagia 2.4.99].
Lobo não se preocupa com a contagem (das ovelhas). ■ Do
contado come o lobo. ■ Do contado furta o lobo. ● Non curat
lupus numerum ovium. [Stevenson 2089]. O lobo não se
importa com o número de ovelhas. VIDE: ● Hic tantum
Boreae curamus frigora, quantum aut numerum lupus
aut torrentia flumina ripas. ● Lupus non veretur etiam
numeratas oves devorare. ● Lupus non curat numerum
ovium. ● Lupus non curat numerum. ● Lupus numerum
pecorum non curat. ● Lupus oves etiam numeratas
devorat.
2052. Non curat testudo muscam. [Rezende 4145]. A
tartaruga não se importa com a mosca. ● Non curat testudo
muscas. A tartaruga não se importa com as moscas. ● Non
curat culicem elephantus. [Manúcio, Adagia 718]. Elefante
não se importa com mosquito. VIDE: ● De minimis non curat
praetor. ● Quam curat testudo muscam.
2053. Non damnatio, sed causa, hominem turpem facit. [DM
123]. Não é a condenação, mas sua causa, que envergonha o
homem. ■ A vergonha está no crime, não na pena.
2054. Non dari spem sine metu, neque metum sine spe.
[Espinosa, Ethica 3.50]. Não ocorre esperança sem medo,
nem medo sem esperança.
2055. Non dat qui munere tardat. Não dá quem demora com o
presente. VIDE: ● Gratia quae tarda est, ingrata est gratia.
Gratia namque cum fieri properat, gratia grata magis.
● Ingratum est beneficium, quod diu inter manus dantis
haesit. ● Tarde benefacere nolle est. ● Tardum beneficium
ingratum est.
2056. Non dat qui non habet. [Jur / Brom 361]. Quem não
tem, não dá. VIDE: ● Nihil dat qui non habet.
2057. Non datum est summis imperiis stare diu. [Binder,
Thesaurus 2146]. Aos impérios mais importantes não foi
permitido rurarem muito tempo.
2058. Non datur ad Musas currere lata via. [Propércio,
Elegiae 3.1.14]. A quem quer ir às Musas não é dada uma
estrada larga.
2059. Non datur agens sine patiente. [Signoriello 233]. Não
ocorre agente sem paciente.
2060. Non datur denarius incipientibus, sed finientibus, et
corona non currentibus, sed pervenientibus.
[S.Agostinho]. Não se dá o dinheiro aos que começaram, mas
aos que terminaram, nem a coroa aos que correram, mas aos
que atingiram a meta. VIDE: ● Non est praemium in
inchoatione, sed in consummatione. ● Non qui coepit, sed
qui perfecit, praemium capit.
2061. Non datur reditus. ■ Não tem volta.
2062. Non datur tertium. [Da linguagem filosófica]. Não se
apresenta uma terceira opção. VIDE: ● Tertium non datur.
2063. Non de ponte cadit qui cum sapientia vadit. [Albertano
da Brescia, Liber Consolationis 17]. Não cai da ponte quem
caminha com prudência.
2064. Non debent pro vanis certa relinqui. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 1.5]. Não se deve deixar o certo
pelo duvidoso. ■ Não deixes o certo pelo duvidoso.
2065. Non debere nos opis divinae fiducia sedere ignavos.
Não devemos ficar inativos, na confiança da ajuda divina.
■ Ajuda-te, que Deus te ajudará. ■ A Deus rezando e com o
malho dando.
2066. Non deberet alii nocere, quod inter alios actum esset.
[Digesta 12.2.10]. Não deverá prejudicar a um aquilo que foi
feito entre outros. ● Non debet alii nocere, quod inter alios
actum est.
2067. Non debet actori licere quod reo non permittitur.
[Digesta 50.17.41]. Não deve ser permitido ao autor da ação
o que não se permite ao réu. VIDE: ● Non licet actori quod
reo licitum non exsistit.
2068. Non debet aliquis alterius odio praegravari. [Regulae
Iuris Bonifacii Octavi 22]. Ninguém deve sofrer pelo ódio de
outra pessoa.
2069. Non debet alteri per alterum inqua condicio inferri.
[Digesta 50.17.74]. Não deve ser imposta a um uma condição
iníqua por ato de outro.
2070. Non debet, cui plus licet, id quod minus est, non licere.
[Ulpiano, Digesta 50.17.21]. Não deve, a quem é permitido o
mais, não ser permitido o menos. ■ Quem pode o mais pode o
menos. VIDE: ● Cui licet quod est plus, licet utique quod est
minus. ● Cui licet quod maius, non debet quod minus est
non licere. ● Decet licere minimum cui multum licet. ● Qui
potest maius, potest et minus.
2071. Non debet meritum turpis delere vetustas. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 5.41]. A feia velhice não deve
apagar o mérito.
2072. Non decet. Não convém.
2073. Non decet filium irritare quod pater decrevit. [VES
133]. Não está certo que o filho ignore o que o pai
determinou.
2074. Non decet principem solidam dormire noctem.
[Homero / Erasmo, Adagia 2.7.95]. Não convém que o
príncipe durma a noite inteira. ● Non decet integram noctem
dormire regentem imperio populos. [Walther 17476a /
Tosi 918]. Não convém a quem governa os povos dormir a
noite inteira. ● Non decet tota nocte dormire consiliatorem
virum. Não convém que o conselheiro durma a noite inteira.
VIDE: ● Non oportet per totam noctem dormire
consiliatorem virum, cui populique sunt commissi et
tanta curae sunt.
2075. Non decipitur qui scit se decipi. [Black 1249; Maloux
520]. Não é enganado quem sabe que está sendo enganado.
VIDE: ● Decipi ille non censetur qui scit sese decipi. ● Decipi
non censetur qui scit se decipi.
2076. Non declinabant neque ad dexteram neque ad
sinistram. [Vulgata, 1Reis 6.12]. Não declinavam nem para
a direita nem para a esquerda.
2077. Non declinabis in iudicium pauperis. [Vulgata, Êxodo
23.6]. Não te desviarás da justiça, para condenares o pobre.
2078. Non declinetis ad magos, nec ab hariolis aliquid
sciscitemini, ut polluamini per eos. [Vulgata, Levítico
19.31]. Não vos encaminheis aos mágicos, nem procureis
saber coisa alguma dos adivinhos para que não vos
contamineis por meio deles.
2079. Non deerat voluntas, sed facultas. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy]. Não faltava vontade, mas recursos.
2080. Non deest generoso in pectore virtus. [Divisa / Rezende
4150]. Ao coração nobre não falta valor.
2081. Non deficiente crumena. Não faltando dinheiro. Se não
faltar dinheiro. VIDE: ● Deficiente crumena et crescente gula.
2082. Non delebo propter decem. [Vulgata, Gênesis 18.32].
Não destruírei (a cidade) por causa dos dez (homens justos).
2083. Non delectetur ullus poena, sed ut documentum
omnium sit. [Sêneca, De Ira 1.6]. Ninguém tenha prazer no
castigo, mas que ele sirva de lição a todos.
2084. Non depugnes in alieno negotio. Não lutes em causa
alheia. ■ Quem te mete, João Topete, com carapuça de
grumete. ■ Não te metas na réstea sem ser cebola. VIDE: ● Ne
depugnes in alieno negotio. ● Ne pugnes de alieno.
2085. Non dereliquetur agricola qui colit terram, et qui
seminat eam. [Vulgata, 4Esdras 16.25]. Não ficará
desamparado o agricultor que cultiva a terra e que a semeia.
2086. Non des mulieri potestatem animae tuae. [Vulgata,
Eclesiástico 9.2]. Não dês à mulher poder sobre a tua alma.
2087. Non desinis in viam me veram inducere et oculos
aperire. [Cornélio Frontão, Epistulae ad Caesarem 3.19].
Não cessas de me conduzir para o caminho certo e de abrir-
me os olhos.
2088. Non desinis vetera tantum et antiqua mirari,
nostrorum autem temporum studia irridere atque
contemnere. [Tácito, De Oratoribus 15]. Não só não paras
de admirar apenas o que é velho e antiquado, mas também
ridicularizas e desprezas as realizações do nosso tempo.
2089. Non desperandum. [S.Agostinho, De Trinitate 8.4]. Não
há razão para desespero.
2090. Non desperemus. [S.Agostinho, Confessiones 6.11]. Não
percamos as esperanças.
2091. Non destruitur quod in melius commutatur. [Henry de
Bracton, Leges Vetant et Iubent 8]. Não se perde o que muda
para melhor.
2092. Non desunt maerores, sed neque consolationes. Não
me faltam tristezas, mas também não me falta consolo. ■ Nem
só de mel, nem só de fel.
2093. Non deus, ut perhibent, Amor est, sed amaror, et
error. [B.Mantuano / Schottus 276]. O Amor não é um deus,
como dizem, mas amargura e ilusão.
2094. Non dico tibi usque septies, sed septuagies septies.
[Vulgata, Mateus 18.22]. Não te digo que até sete vezes, mas
que até setenta vezes sete vezes.
2095. Non diligamus verbo neque lingua, sed opere et
veritate. [Vulgata, 1João 3.18]. Não amemos de palavra nem
de língua, mas por obra e em verdade.
2096. Non diligere somnum, ne te egestas opprimat.
[Vulgata, Provérbios 20.13]. Não queiras ser amigo do sono,
para que a pobreza não te oprima. ■ Quem dorme, dorme-lhe
a fazenda.
2097. Non dispensator tibi sit, sed filius heres. [Pereira 105].
Seja teu filho teu herdeiro, não teu administrador. ■ Faze a
teu filho herdeiro, e não teu despenseiro.
2098. Non docetur virtus cum vitio. [Bernardes, Luz e Calor
1.147]. A virtude não se ensina com o vício.
2099. Non doctus dico, sed expertus. Não digo por saber, mas
por ter experiência. VIDE: ● Doctus dico. ● Expertus loquor.
● Expertus dico.
2100. Non dolet. Não dói.
2101. Non domus dominum, sed domum dominus exornat.
Não é a casa que ilustra o dono, mas este àquela. ● Non
domus dominum, sed domum dominus honestat. VIDE:
● Nec domo dominus, sed domino domus honestanda est.
● Sic habita ut potius laudetur dominus quam domus.
2102. Non donat qui necessariis oneribus succurrit. [Digesta
24.32]. Quem provê as obrigações legais não faz donativo.
2103. Non dormit diabolus. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 2.9.35]. O diabo não dorme.
2104. Non dubie ita est. [Petrônio, Satiricon 84]. Sem dúvida é
assim.
2105. Non dubium est in legem committere eum qui verba
legis amplexus, contra legis nititur voluntatem. [Codex
Iustinianus 1.14.5]. Não há dúvida que infringe a lei quem,
seguindo as palavras dela, procede contra sua intenção.
2106. Non duce tempus eget. [Lucano, Bellum Civile 7.88]. O
tempo não precisa de guia.
2107. Non ducor, duco. [Divisa do Estado de São Paulo]. Não
sigo, conduzo.
2108. Non dumus unus erithacos alit duos. [Schottus, Adagia
619]. Uma única moita não alimenta dois ouriços. ■ Dois
galos num poleiro, dois pardais numa espiga, não fazem
liga. VIDE: ● Non recipit claros una sella duos. ● Non una
geminos educat domus canes. ● Una domus non alit duos
canes. ● Unicum arbustum haud alit duos erithacos.
● Unum arbustum non alit duos erithacos. ● Unum
fruticetum duos erithacos non alit. ● Unus saltus binos
non alit erithacos.
2109. Non e quovis ligno fit Mercurius. [Pereira 97].
■ Mercúrio não se faz de todo pau. ■ Azado é o pau para a
colher. ■ Nem todo pau dá esteio. ■ Os paus, uns nasceram
para santos, outros para tamancos. ● Non e omni ligno
Mercurius. ● Non e quovis ligno Mercurius fiat.
[Stevenson 2589]. ● Non e quovis ligno Mercurius fingi
potest. [Branco 334]. VIDE: ● Ex quolibet ligno non fit
Mercurius. ● Mercurius non fit de quolibet arbore. ● Ne e
quovis ligno Mercurius fiat. ● Non enim ex omni ligno
debet Mercurius exsculpi. ● Non ex omni ligno Mercurius
fingitur. ● Non ex quovis fiat ligno Mercurius. ● Non ex
quovis ligno fit Mercurius. ● Scalpendus haud Hermes
omni ex arbore.
2110. Non ea quaerant in monasterio quae nec foris habere
potuerunt. [RSA 6]. Não busquem no mosteiro o que nem
fora dele puderam ter.
2111. Non eadem est aetas, non mens. [Horácio, Epistulae
1.1.4]. Minha idade não é a mesma, nem o meu espírito.
2112. Non eadem miramur. [Horácio, Epistulae 1.14.18]. Nem
todos admiramos as mesmas coisas. ■ Cada um é um.
2113. Non eadem omnibus sunt honesta atque turpia.
[Cornélio Nepos, Praefatio 3]. As coisas nobres e as
vergonhosas não são as mesmas para todos.
2114. Non eadem tellus fert omnia: vitibus illa convenit,
haec oleis, hic bene farra virent. A mesma terra não produz
tudo: uma é boa para as videiras; outra para as oliveiras; em
outra verdejam os cereais. VIDE: ● In terra non omni
generantur omnia. ● Nec tellus eadem parit omnia: vitibus
illa convenit, haec oleis; hac bene farra virent. ● Nec vero
terrae ferre omnes omnia possunt. ● Non omnis fert
omnia tellus. ● Non tellus eadem parit omnia.
2115. Non eadem volo senex, quae puer volui. [Sêneca,
Epistulae Morales 61.1, adaptado]. Agora que estou velho,
não quero as mesmas coisas que quis, quando era menino.
2116. Non efficit affectus nisi sequatur effectus. [Jur / Black
1250]. Não se realiza a inteção, se não se segue o efeito.
2117. Non egeo medicina; me ipse consolor. [Cícero, De
Amicitia 10]. Não preciso de remédio; eu mesmo me
conforto.
2118. Non egent qui sani sunt medico, sed qui male habent.
[Vulgata, Lucas 5.31]. Os que se acham sãos não têm
necessidade de médico, mas os que estão enfermos. VIDE:
● Cum nullus sit morbus, nulla medela opus. ● Cum nullus
sit morbus, nulla medela indigeamus. ● Indigent infirmi
medici auxilium. ● Infirmi medicina opus habent. ● Non
est opus sanis medicus, sed male habentibus. ● Non est
opus valentibus medicus, sed male habentibus. ● Non
necesse habent sani medico, sed qui male habent.
● Quorum corpus aegrotat, iis medico opus est. ● Recte qui
valeat, medicae non indigus artis. ● Sanus non eget
medico, sed male habens.
2119. Non ego divitias avidus sine fine parandi. [Ovídio,
Tristia 1.2.75]. Não tenho avidez de obter riquezas infinitas.
2120. Non ego iuravi, legi iurantia verba. [Ovídio, Heroides
21.145]. Não jurei, apenas li as palavras do juramento.
■ Jurei só da boca para fora. ■ O coração sente, a língua
mente. VIDE: ● Est lingua iurans, animus iniuratus est.
● Iuravi lingua, mentem iniuratam gero. ● Lingua iuravi.
2121. Non ego omnino lucrum omne esse utile homini
existimo. [Plauto, Captivi 325]. Não acho que todo ganho
seja útil ao homem.
2122. Non ego paucis offendar maculis, quas incuria fudit.
[Horácio, Ars Poetica 351]. Não serei eu que me ofenderei
com as poucas faltas que o descuido introduziu. VIDE:
● Incuria fudit non paucas maculas. ● Non paucas maculas
incuria fudit.
2123. Non ego sum laudi, non natus idoneus armis.
[Propércio, Elegiae 1.6.29]. Não nasci para a glória, não
nasci capaz para as armas.
2124. Non ego sum stultus, ut ante fui. [Ovídio, Amores
3.11.32]. Não sou tolo como era antes.
2125. Non ego te flocci facio; ne me territes. [Plauto, Curculio
714]. Não te dou a mínima; não tentes assustar-me.
2126. Non ego ventosae plebis suffragia venor. [Horácio,
Epistulae 1.19.37]. Não busco a aprovação da plebe
inconstante.
2127. Non eloquimur magna, sed vivimus. [Minúcio Félix,
Octavius 38.6]. Não pregamos grandes coisas, mas as
vivemos.
2128. Non emacem esse vectigal est. [Eiselein 364]. Não ter
mania de comprar é economia. VIDE: ● Non esse cupidum,
pecunia est; non esse emacem, vectigal est.
2129. Non emas domum antequam cognoscas vicinum.
[Albertano da Brescia, De Amore Proximi 8]. Não compres a
casa antes de conheceres o vizinho.
2130. Non enim amicitiarum debent esse, sicut aliarum
rerum, satietates. [Cícero, De Amicitia 19]. Não deve haver
fastio na amizade, como nas outras coisas.
2131. Non enim cogitationes meae, cogitationes vestrae;
neque viae vestrae, viae meae, dicit Dominus. [Vulgata,
Isaias 55.8]. Os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos; nem os vossos caminhos são os meus
caminhos, diz o Senhor.
2132. Non enim coitus matrimonium facit, sed maritalis
affectio. [Digesta 24.1.32.13]. Não é o coito que faz o
matrimônio, mas a ligação afetiva entre os cônjuges.
2133. Non enim dedit nobis Deus spiritum timoris, sed
virtutis, et dilectionis, et sobrietatis. [Vulgata, 2Timóteo
1.7]. Deus não nos deu o espírito do medo, mas o da virtude,
o do amor, o da sobriedade.
2134. Non enim dimittitur peccatum, nisi restituatur
ablatum. [S.Agostinho, Epistulae 153.20]. Não se perdoa o
erro, se não for restituído o furtado. VIDE: ● Non remittitur
peccatum, nisi restituatur ablatum. ● Peccatum non
dimittitur, nisi restituatur ablatum.
2135. Non enim est distinctio Iudaei et Graeci, nam idem
Dominus omnium. [Vulgata, Romanos 10.12]. Não há
distinção de judeu e de grego, posto que um mesmo é o
Senhor de todos.
2136. Non enim ex omni ligno debet Mercurius exsculpi.
[Pitágoras / Apuleio, Apologia 43]. Mercúrio não deve ser
feito de toda madeira. ■ Mercúrio não se faz de todo pau.
■ Azado é o pau para a colher. ■ Nem todo pau dá esteio. ■ Os
paus, uns nasceram para santos, outros para tamancos. VIDE:
● Ex quolibet ligno non fit Mercurius. ● Mercurius non fit
de quolibet arbore. ● Non e omni ligno Mercurius. ● Non e
quovis ligno fit Mercurius. ● Non e quovis ligno
Mercurius fiat. ● Non e quovis ligno Mercurius fingi
potest. ● Non ex omni ligno Mercurius fingitur. ● Non ex
quovis fiat ligno Mercurius. ● Non ex quovis ligno fit
Mercurius. ● Scalpendus haud Hermes omni ex arbore.
2137. Non enim frustra consuetudo quasi secunda et quasi
affabricata natura dicitur. [S.Agostinho, De Musica 6.19].
Não é debalde que se diz que o costume é uma segunda
natureza como que construída artificialmente.
2138. Non enim habemus hic manentem civitatem, sed
futuram inquirimus. [Vulgata, Hebreus 13.14]. Não temos
aqui cidade permanente, mas vamos buscando a futura.
2139. Non enim hominum interitu sententiae quoque
occidunt. [Cícero, De Natura Deorum 1.5.15]. Com a morte
dos homens, não morrem de maneira alguma suas opiniões.
2140. Non enim ignavia magna imperia contineri. [Tácito,
Annales 15.1]. Os grandes impérios não são mantidos pela
inação.
2141. Non enim neglegentibus subvenitur. [Digesta 4.6.16].
Não se vai em socorro dos negligentes.
2142. Non enim omnia quae fieri potuerint, pro factis
habenda. [Apuleio, Apologia 90]. Nem tudo que é possível
deve ser considerado verdadeiro.
2143. Non enim paranda nobis solum, sed fruenda sapientia
est. [Cícero, De Finibus 1.3]. Não basta alcançar a sabedoria;
é preciso usá-la.
2144. Non enim pax quaeritur, ut bellum exerceatur, sed
bellum geritur, ut pax acquiratur. [S.Agostinho, Epistula
ad Bonifacium]. Não se busca a paz para provocar a guerra,
mas faz-se a guerra para que se consiga a paz.
2145. Non enim possumus quae vidimus et audivimus non
loqui. [Vulgata, Atos 4.20]. Não podemos deixar de falar das
coisas que temos visto e ouvido.
2146. Non enim potest quaestus consistere, si eum sumptus
superat. [Plauto, Poenulus 283]. Não pode existir ganho, se
a despesa o supera.
2147. Non enim potis est quaestus faci, ni sumptus sequitur.
[Plauto, Pseudolus 285]. Não é possível haver ganho a que
não acompanhe uma despesa.
2148. Non enim pro te, sed pro omnibus haec lex constituta
est. [Vulgata, Ester 15.13]. Esta lei não foi feita para ti, mas
para todos.
2149. Non enim qui seipsum commendat ille probatus est.
[Vulgata, 2Coríntios 10.18]. Não é o que a si mesmo se
recomenda que é aprovado.
2150. Non enim quod volo bonum, hoc ago: sed quod odi
malum, illud facio. [Vulgata, Romanos 7.15]. Não faço o
bem que quero, mas o mal que aborreço, esse é que faço.
● Non enim quod volo bonum, hoc facio: sed quod nolo
malum, hoc ago. [Vulgata, Romanos 7.19]. Eu não faço o
bem que quero, mas faço o mal que não quero.
2151. Non enim scis quid contingat sequenti die.
[S.Agostinho, Sermones 87.11]. Tu não sabes o que sucederá
no dia seguinte.
2152. Non enim semper est in potestate hominis via eius.
[Vulgata, Jeremias 10.23]. Nem sempre o homem tem poder
sobre seu caminho.
2153. Non enim solum ipsa fortuna caeca est, sed eos etiam
plerumque efficit caecos, quos complexa est. [Cícero, De
Amicitia 15.54]. A sorte não só é cega, mas geralmente cega
também aqueles a quem favorece. ■ A sorte é cega e faz
cegos. VIDE: ● Fortuna caeca est. ● Fortuna caeca est, sed
eos etiam plerumque efficit caecos quos complexa est.
● Non modo fortuna ipsa caeca est, sed etiam ii saepe caeci
sunt quos complexa est.
2154. Non enim ubi prognatus, sed uti moratus quisque sit,
spectandum. [Apuleio, Apologia 24]. Na verdade, não
devemos levar em conta onde a pessoa nasceu, mas como
viveu.
2155. Non enim veni vocare iustos, sed peccatores. [Vulgata,
Mateus 9.13]. Porquanto eu não vim a chamar os justos, mas
os pecadores. VIDE: ● Non veni vocare iustos, sed peccatores
ad poenitentiam.
2156. Non enim vir ex muliere, sed mulier ex viro. [Vulgata,
1Coríntios 11.8]. Não foi feito o varão da mulher, mas a
mulher do varão.
2157. Non enim vir piger implet domum. [Medina 603].
Homem preguiçoso não supre a casa. ■ Preguiça é a chave da
pobreza.
2158. Non enim virtute hostium, sed amicorum perfidia
decidi. [Cornélio Nepos, Eumenes 11.5]. Não fui derrotado
pelo valor dos inimigos, mas pela traição dos amigos.
2159. Non enim vivere bonum est, sed bene vivere. [Sêneca,
Epistulae Morales 70.4]. Bom não é viver, mas viver bem.
VIDE: ● Non est vivere, sed valere vita est. ● Non vivere, sed
valere, vita est. ● Vita non est vivere, sed valere. ● Vita non
est vivere, sed valere vita est.
2160. Non equidem invideo; miror magis. [Virgílio, Eclogae
1.11]. Não tenho inveja; eu estou é surpreso.
2161. Non erat eis locus in diversorio. [Vulgata, Lucas 2.7].
Não havia lugar para eles na estalagem.
2162. Non erat his locus. [Horácio, Ars Poetica 19]. Não era o
lugar para essas coisas.
2163. Non ergo fortuna homines aestimabo, sed moribus:
sibi quisque dat mores, condicionem casus assignat.
[Macróbio, Saturnalia 1.11.10]. Avaliarei os homens não
pela sua condição, mas pelo caráter: o caráter cada um dá a
si, mas a classe social é o acaso que determina. VIDE: ● Non
ministeriis illos aestimabo, sed moribus: sibi quisque dat
mores, ministeria casus assignat.
2164. Non ergo quid quisque faciat, sed quo animo faciat,
considerandum est. [S.Agostinho, De Sermone Domini
2.46]. Não se deve considerar o que alguém faz, mas com
que intenção o faz.
2165. Non eris audax vel arrogans. [Sólon / Rezende 4169].
Não serás audacioso nem arrogante. ● Non eris audax, non
arrogans. [Martinho de Braga, Formula Vitae Honestae 4].
2166. Non eris criminator, nec susurro in populo. [Vulgata,
Levítico 19.16]. Não serás delator, nem mexeriqueiro entre o
povo.
2167. Non eris innocens, si aut punias eum cui forte
parcendum esset, aut parcas ei qui fuerat puniendus.
[Guilherme Peraldo, De Eruditione Principum 3.2.1]. Não
serás inocente, se punires quem deveria ser poupado, ou se
poupares quem deveria ser punido. VIDE: ● Nocens est qui
innocenti nocet, aut nocenti parcet.
2168. Non erit antiquo novus anteferendus amicus.
[Columbano]. O amigo novo não deve ser colocado à frente
do antigo.
2169. Non erit ignotae gratia magna lyrae. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.400]. Não virá nenhum grande prazer da lira que
não se ouve. ■ O saber escondido da ignorância vista pouco
dista. VIDE: ● Abdita quid prodest generosi vena metalli, si
cultore caret? ● Egregia musica quae sit abscondita
nullius rei est. ● Musica abscondita nulli rei est. ● Musicae
occultae nullus respectus. ● Nullus latentis musicae
respectus est. ● Occultae musicae nullum esse respectum.
● Occultae musicae nullus respectus. ● Si solus sapias,
nempe quis usus erit?
2170. Non erit impossibile apud Deum. [Vulgata, Lucas 1.37].
Para Deus não existe o impossível. ■ A Deus nada é
impossível.
2171. Non erubuerunt, neque senum miserti sunt. [Vulgata,
Lamentações 4.16]. Não se envergonharam, nem se
compadeceram dos anciãos. VIDE: ● Maledicti qui senum non
miserti sunt.
2172. Non erunt honores unquam fortuiti muneris. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Solon]. A glória nunca será
um prêmio dado pelo acaso.
2173. Non es mentitus hominibus sed Deo. [Vulgata, Atos
5.4]. Não mentiste aos homens, mas a Deus.
2174. Non esse cogendum fluminis impetum. Não se deve
repelir o ímpeto do rio. ■ Não se deve ir contra a corrente.
VIDE: ● Adverso flumine. ● Adverso flumine remigare.
● Adverso flumine niti. ● Contra aquam remigare.
● Contra impetum fluminis tendis. ● Contra ictum fluvii
natare.● Contra torrentem niti. ● Contra torrentem
bracchia dirigere.
2175. Non esse consuetudinem populi Romani, ullam
accipere ab hoste armato condicionem. [César, De Bello
Gallico 5.41]. Não é costume do povo romano receber de
inimigo armado qualquer imposição.
2176. Non esse cupidum, pecunia est; non esse emacem,
vectigal est. [Cícero, Paradoxa 51]. Não ser ambicioso é
dinheiro; não ter mania de comprar é lucro.
2177. Non esse curae deis securitatem nostram, esse
ultionem. [Tácito, Historiae 1.3]. Não cabe aos deuses cuidar
de nossa tranqüilidade, mas somente de nossa punição.
2178. Non esse et non apparere, est idem in iure. [Jur]. Não
existir e não aparecer é a mesma coisa em direito.
2179. Non esse, et non posse probari, vel reperiri idem est.
[Jur]. Não existir e não se poder provar ou achar, importa o
mesmo.
2180. Non esse homini bonum sub sole nisi quod comederet,
et biberet, atque gauderet. [Vulgata, Eclesiastes 8.15]. Não
tem o homem debaixo do sol outro bem senão comer e beber
e folgar. ■ O que se leva desta vida é o que se come, o que se
bebe e o que se brinca.
2181. Non esse malo addendum malum. [Epígrafe de Fábula
de Fedro]. Não se deve acrescentar um sofrimento a outro.
■ Não se deve aumentar a aflição do aflito.
2182. Non esse parvos contemnendos. Os pequenos não
devem ser menosprezados. ■ Até o cabelo sutil faz sua
sombra.
2183. Non esse plus aequo petendum. [Epígrafe de Fábula de
Fedro / Rezende 4172]. Não se deve pedir mais do que o
justo. ■ Dos amigos, o que é possível.
2184. Non esse vel esse nullum paria sunt. [Jur]. Não existir
ou ser nulo é a mesma coisa. VIDE: ● Nulla et non facta paria
sunt.
2185. Non esset rectum minori parere maiorem. [Cícero,
Timaeus 6 / Rezende 4174]. Não seria justo que o superior
obedecesse ao subordinado.
2186. Non est abbas prudentior quam qui monachus fuit.
[Grynaeus 776]. Agora, que é abade, não é mais prudente do
que quando era monge. ■ Quem foi ruim não deixa de ser.
2187. Non est absque suo fortis equus vitio. [Pereira 123].
Não há cavalo forte sem seu defeito. ■ Quem quer cavalo sem
tacha, a pé se acha. ■ Todos têm seu pé de pavão.
2188. Non est ad astra mollis e terris via. [Sêneca, Hercules
Furens 437]. Não há caminho fácil da terra às estrelas.
■ Nenhum caminho de rosas conduz à glória. ■ O céu é de
quem o ganha. VIDE: ● Ardua per praeceps gloria vadit iter.
● Non est e terris mollis ad astra via.
2189. Non est ad magna facilis ascensus. [Cipriano / Tosi
1683]. Não é fácil a subida aos altos cumes.
2190. Non est adhibenda fides homini tam vario: non me
decipiet sua promissio. [VES 22]. Não se deve confiar em
homem tão volúvel: sua promessa não me enganará.
2191. Non est admonendus neminem bonum esse nisi
sapientem. [Sêneca, De Constantia Sapientis 7.2]. Não há
necessidade de lembrar que só o sábio é bom.
2192. Non est Aethiopis inter suos insignitus color. [Sêneca,
De Ira 3.26.3]. Entre o seu povo, a cor do etíope não chama a
atenção.
2193. Non est aliquis ordo tam sanctus, nec locus tam
secretus, ubi non sint tentationes. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.13.8]. Não há ordem tão santa, nem lugar
tão isolado, onde não haja tentações.
2194. Non est amicus absque temporis mora. [Grynaeus 179].
Não há amigo sem espaço de tempo. ■ O tempo mostra o
amigo.
2195. Non est amicus hic qui amare desinit. [Schottus, Adagia
619]. Não é amigo aquele que deixou de amar. ■ Quem deixa
de ser amigo nunca o foi. ● Non est amicus quisquis amare
desiit. [Grynaeus 48]. Quem deixou de amar não é amigo.
VIDE: ● Amicitia quae desinere potest vera nunquam fuit.
● Amicitia quae desiit nunquam vera fuit. ● Amor qui
desinere potest, nunquam verus fuit. ● Quae desiit
amicitia, nec coepit quidem.
2196. Non est ante edendum quam fames imperat. [Sêneca,
Epistulae Morales 123.2, adaptado]. Não se deve comer antes
que a fome ordene. ■ A hora de comer é a da fome.
2197. Non est apud aram consultandum. [Erasmo, Adagia
3.4.28]. Não é diante do altar que se tomam decisões. ■ Antes
que te cases, olha o que fazes. ● Non apud aram consilio
locus. [Apostólio, Paroimiai 15.45]. O lugar para decisão não
é diante do altar. VIDE: ● Ad altare nihil opus consilio. ● Non
apud aram consultandum. ● Non oportere in ipso opere,
sed ante deliberare, ut qui litare volunt, rei divinae
necessaria preparare solent.
2198. Non est arbor solida nec fortis nisi in quam frequens
ventus incursat. [Sêneca, De Providentia 4.16]. Nenhuma
árvore fica bem enraízada e forte, se não é batida por vento
freqüente.
2199. Non est arctius vinculum inter homines quam
iusiurandum. [Jur / Black 1250]. Não há vínculo mais firme
entre os homens que o juramento.
2200. Non est ars, quae ad effectum casu venit. [Sêneca,
Epistulae Morales 3.29]. Aquilo que deve seu resultado ao
acaso não é arte.
2201. Non est aurum omne quod radiat. [DAPR 500]. Nem
tudo que brilha é ouro. ■ Nem tudo que reluz é ouro. ■ Nem
tudo que brilha é diamante. ● Non est aurum quicquid
rutilat fulvum. Não é ouro tudo dourado que brilha. ● Non
est aurum totum quod lucet ut aurum. [Pereira 114]. Não
é ouro tudo que luz como ouro. VIDE: ● Aurea ne credas
quaecumque nitescere cernis. ● Auri natura non sunt
splendentia plura. ● Non aurum est, quodcumque nitet,
non gemma quod ardet. ● Non est hoc aurum totum quod
lucet ut aurum. ● Non omne id quod fulget aurum est.
● Non omne quod micat aurum est. ● Non omne quod nitet
aurum est. ● Non teneas aurum totum quod splendet ut
aurum. ● Non teneas aurum totum quod splendet ut
aurum, nec pulchrum pomum quodlibet esse bonum.
● Omnia quae nitent aurea non sunt. ● Quidquid micat
non est aurum. ● Quidquid micat aurum non est.
2202. Non est beatus esse se qui non putat. [Teofrasto /
Albertatius 889; Publílio Siro; Sêneca, Epistulae Morales
9.21]. Não é feliz quem não se julga feliz. ■ Feliz é quem feliz
se julga. VIDE: ● O fortunatos nimium, sua si bona norint,
agricolas.
2203. Non est beatus, esse qui se nesciat. [Erasmo, Adagia
4.5.4]. Não é feliz quem não sabe que é feliz. ● Non est
beatus ipse qui se nesciat. [PSa].
2204. Non est bonitas, esse meliorem pessimo. [PSa]. Estar
melhor do que o pior não é estar bem.
2205. Non est bonum esse hominem solum. [Vulgata, Gênesis
2.18]. Não é bom que o homem fique sozinho.
2206. Non est bonum ludere cum diis. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy]. Não é bom brincar com os deuses.
2207. Non est bonum quod non fit malum, et malum quod
non fit bonum. [Grynaeus 776]. Não há bem que não vire
mal, nem mal que não vire bem. ■ Não há bem que sempre
dure, nem mal que nunca acabe.
2208. Non est bonum sumere panem filiorum, et mittere
canibus. [Vulgata, Mateus 15.26]. Não é bom tomar o pão
dos filhos e lançá-lo aos cães.
2209. Non est canendum epinicium ante victoriam. Não se
deve cantar o hino do triunfo antes da vitória. VIDE:
● Epinicium ante victoriam.
2210. Non est caput nequius super caput colubri, et non est
ira super iram mulieris. [Vulgata, Eclesiástico 25.22]. Não
há cabeça pior do que a cabeça da cobra, e não há ira pior do
que a ira da mulher.
2211. Non est certamen de oleastro. [Albertatius 890]. Não
estamos discutindo sobre oliveira selvagem. (=O assunto é
sério). ■ Isto não é questão de lã de cabra.
2212. Non est certandum de regulis iuris. [Black 1250]. Não
há disputa sobre as regras da lei.
2213. Non est conventio lucis ad tenebras. Não há acordo
entre a luz e as trevas. ● Non est convenientia lucis ad
tenebras. VIDE: ● Quae conventio lucis ad tenebras? ● Quae
enim communicatio lucis ad tenebras? ● Quae luci cum
tenebris communio? ● Quae societas luci ad tenebras?
2214. Non est Corinthum fas cuique appellere. [Apostólio,
Paroimiai 15.33]. Não é qualquer um que pode ir a Corinto.
(=Diz-se quando alguém empreende tarefa acima de suas
forças). ■ Nem tudo é para todos. ● Non est cuiuslibet
Corinthum appellere. [Erasmo, Adagia 1.4.1]. ● Non est
cuiuslibet adire Corinthum. VIDE: ● Cuiuslibet non est
Corinthum appellere. ● Non cuilibet Corintho fas esse
adnavigare. ● Non cuivis homini contingit adire
Corinthum. ● Non est datum cuivis Corinthum appellere.
● Non licet omnibus adire Corinthum. ● Non omnium est
virorum ad Corinthum navigatio.
2215. Non est, crede mihi, sapientis dicere: vivam; sera
nimis vita est crastina: vive hodie. [Marcial, Epigrammata
1.16.11]. Acredita em mim, não é do sábio dizer: viverei. A
vida de amanhã é muito tardia: vive hoje.
2216. Non est credendum omni verbo. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.4.1]. Não se deve acreditar em tudo que
se diz. VIDE: ● Non omni verbo credas.
2217. Non est cuiusvis manu lyram pulsare. [Grynaeus 31].
Nem toda mão pode dedilhar uma lira. ■ Nem tudo é para
todos.
2218. Non est cuiusvis recte condire. [Grynaeus 525]. Nem
todos sabem temperar uma comida. ■ Ninguém sabe tudo.
■ Não há homem que possa saber tudo.
2219. Non est cur sileas. Não há por que te calares.
2220. Non est datum cuivis Corinthum appellere. [Erasmo,
Chiliades 167]. Não é dado a qualquer um chegar a Corinto.
■ Nem tudo é para todos. VIDE: ● Cuiuslibet non est
Corinthum appellere. ● Non cuilibet Corintho fas esse
adnavigare. ● Non cuivis homini contingit adire
Corinthum. ● Non est Corinthum fas cuique appellere.
● Non est cuiuslibet Corinthum appellere. ● Non licet
omnibus adire Corinthum. ● Non omnium est virorum ad
Corinthum navigatio.
2221. Non est de fide. [Rezende 4179]. Não é (questão) de fé.
● Non est de fide, sed de dominio temporali. Não é
(questão) de fé, mas de domínio temporal.
2222. Non est de marte tuo. Isso não é da tua batalha. ■ Isso
não é da tua conta. VIDE: ● Non est de sacco tanta farina
tuo.
2223. ● Non est de nihilo quod publica fama susurrat, et
partem veri fabula semper habet. [Binder, Medulla 1163].
Não vem do nada o que a voz pública cochicha, e a história
sempre tem uma parte de verdade. ■ O que o povo diz, ou é,
ou quer ser. ■ O povo aumenta, mas não inventa. VIDE:
● Publica fama non semper vana.
2224. Non est de sacco tanta farina tuo. [Latim macarrônico /
Rezende 4191]. Essa farinha toda não é do teu saco. ■ Isso
não é da tua conta. ■ Não te metas onde não és chamado.
● Non est de sacco ista farina tuo. VIDE: ● Non est de marte
tuo.
2225. Non est Deus nescius nostri. [Grynaeus 555]. Deus não
nos ignora. ■ Deus vê o que o diabo esconde.
2226. Non est discipulus super magistrum. [Vulgata, Mateus
10.24]. Não é o discípulo mais do que o seu mestre. ● Non est
discipulus supra magistrum. [DAPR 781]. ● Non est
discipulus par cognitione magistro. [Binder, Medulla
1164]. O aluno não é igual ao mestre em conhecimento. VIDE:
● Non est servus maior domino suo.
2227. Non est disputandum contra principia negantem. [Jur /
Black 1250]. Não se deve disputar contra quem nega os
princípios.
2228. Non est dithyrambus, si bibat aquam. [Erasmo, Adagia
4.3.58]. Não há ditirambos, se se bebe água. ● Non est
dithyrambus, frigidam si quisquis bibet aquam. Não há
ditirambos, se se bebe água fria. VIDE: ● Dithyrambus non
est, si bibat aquam. ● Nemo dithyrambos canet potans
aquam.
2229. Non est diuturna possessio in quam gladio ducimus;
beneficiorum gratia sempiterna est. [Quinto Cúrcio,
Historiae 8.8]. Não são duradouros os bens que conseguimos
com a espada; a gratidão pelos benefícios é eterna.
2230. Non est dominus absque servo. [Schrevelius 1173]. Não
há senhor sem servo. ■ Não há pastor sem rebanho. VIDE:
● Non est rex sine clientibus.
2231. Non est e terris mollis ad astra via. Não há caminho
fácil da terra às estrelas. ■ Nenhum caminho de rosas conduz
à glória. ■ O céu é de quem o ganha. VIDE: ● Non est ad astra
mollis e terris via.
2232. Non est eiusdem, et multa, et opportuna dicere.
[Erasmo, Adagia 1.2.99]. A mesma pessoa não pode falar
muito e dizer coisas adequadas. ■ Muito e mal é geral; muito
e bem há pouco quem. ■ Muito falar, pouco acertar. VIDE:
● Seiuncta sunt haec, multa et apta dicere.
2233. Non est elephas qui intret per foramen acus. [Adágio
rabínico / Schottus, Adagialia Sacra 50]. Não há elefante que
passe pelo buraco de uma agulha.
2234. Non est enim arbor bona quae facit fructus malos.
[Vulgata, Lucas 6.43]. Não é boa a árvore que dá frutos
maus. ■ De boa árvore, bons frutos. ■ De boa cepa a vinha, e
de boa mãe a filha. VIDE: ● Arbor bona bonos fructus facit;
mala autem arbor malos fructus facit. ● Arbor bona
bonos fructus facit; mala vero nunquam bonos. ● Arbor
quaeque bona producit dulcia poma. ● Bona arbor malos
informesve fructus nequit producere. ● Omnis arbor bona
fructus bonos facit.
2235. Non est enim homo iustus in terra qui faciat bonum et
non peccet. [Vulgata, Eclesiastes 7.21]. Não há homem justo
sobre a terra que faça o bem e que não peque. ■ Ninguém há
sem pecado.
2236. Non est enim occultum, quod non manifestetur, nec
absconditum quod non cognoscatur et in palam veniat.
[Vulgata, Lucas 8.17]. Não há coisa encoberta que não haja
de ser manifestada, nem escondida que não haja de saber-se e
fazer-se pública. ■ A verdade sempre vem à tona. ■ Não há
nada tão encoberto que tarde ou cedo não seja descoberto.
VIDE: ● Nihil autem opertum est, quod non reveletur,
neque absconditum, quod non sciatur. ● Nihil diu
occultum. ● Nihil enim est opertum, quod non revelabitur,
et occultum, quod non scietur. ● Nihil ita occultum est
quod non reveletur. ● Nihil occultum quod non reveletur.
● Nil est occultum, quod non revelabitur. ● Nil occultum
est quod non reveletur.
2237. Non est enim potestas nisi a Deo. [Vulgata, Romanos
13.1]. Não existe poder senão vindo de Deus. ■ Só Deus é
poder. VIDE: ● Omnis potestas a Deo.
2238. Non est enim regnum Dei esca et potus, sed iustitia et
pax. [Vulgata, Romanos 14.17]. O reino de Deus não é
comida, nem bebida, mas justiça e paz.
2239. Non est enim tibi necessarium ea, quae abscondita
sunt, videre oculis tuis. [Vulgata, Eclesiástico 3.23]. Não te
é necessário ver com teus olhos o que está escondido.
2240. Non est facile consequi beatam vitam. [Sêneca, De Vita
Beata 1.1]. Não é fácil chegar a uma vida feliz.
2241. Non est facile in eum scribere qui potest proscribere.
[Macróbio, Saturnalia 2.4]. Não é fácil escrever contra quem
pode proscrever. ■ Não digas mal de el-rei nem entre dentes,
porque em toda parte tem parentes.
2242. Non est falsum sine dolo. Não há falsidade sem má-fé.
2243. Non est fori tui. [Grynaeus 776]. Não é assunto da tua
conta.
2244. Non est forma satis. [Petrônio, Satiricon 138]. Beleza
não basta.
2245. Non est fumus absque igne. [Grynaeus 213]. ■ Não há
fumaça sem fogo. VIDE: ● Fumus? Ergo ignis.
2246. Non est hoc aurum totum quod lucet ut aurum.
[Rezende 4201]. Nem tudo que reluz como ouro é ouro.
■ Nem tudo que reluz é ouro. VIDE: ● Aurea ne credas
quaecumque nitescere cernis. ● Auri natura non sunt
splendentia plura. ● Non est aurum omne quod radiat.
● Non est aurum quicquid rutilat fulvum. ● Non est aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non omne id quod fulget
aurum est. ● Non omne quod micat aurum est. ● Non omne
quod nitet aurum est. ● Non teneas aurum totum quod
splendet ut aurum. ● Non teneas aurum totum quod
splendet ut aurum, nec pulchrum pomum quodlibet esse
bonum. ● Omnia quae nitent aurea non sunt. ● Quidquid
micat non est aurum. ● Quidquid micat aurum non est.
2247. Non est hominis maior stultitia quam putare se amari
ab his, quos ipse non diligat. [PSa]. Não há maior tolice
para o homem do que se julgar amado por quem ele não ame.
2248. Non est hominis via eius, nec viri est ut ambulet, et
dirigat gressus eius. [Vulgata, Jeremias 10.23]. Não é do
homem o seu caminho, nem é do varão o andar e o dirigir os
seus passos.
2249. Non est honestarum ulla rerum satietas. [Publílio Siro].
Não há saciedade de ações honestas.
2250. Non est idem bonus homo et bonus civis. Não é a
mesma coisa um homem bom e um bom cidadão.
2251. Non est idem multum loqui, et quod expedit. Não é a
mesma coisa falar muito e dizer o que convém. ■ Muito falar,
pouco acertar.
2252. Non est in medico semper, relevetur ut aeger:
interdum docta plus valet arte malum. [Ovídio, Ex Ponto
1.3.17]. Nem sempre depende do médico que o doente se
restabeleça: algumas vezes o mal é mais forte que a ciência.
2253. Non est in mundo dives qui dicat “abundo”. [Eiselein
620]. Não há no mundo nenhum rico que diga “tenho de
sobra”. ■ Quem muito tem, mais deseja.
2254. Non est in rebus vitium, sed in ipso animo. [Sêneca,
Epistulae Morales 17.12]. O vício não está nas coisas, mas
no próprio coração.
2255. Non est in silva peior fera quam mala lingua; de
lingua stulta veniunt incommoda multa. [Sweet 128]. Não
há na floresta fera pior do que uma língua má; de uma língua
insensata vêm muitos transtornos. VIDE: ● De lingua stulta
veniunt incommoda multa.
2256. Non est iniuria pati quod prior feceris. [Sêneca, De Ira
2.30.1]. Não há injustiça em sofreres o que antes fizeste.
2257. Non est inventus. [Jur / Black 1250]. (O acusado) não foi
encontrado.
2258. Non est ira super iram mulieris. [Vulgata, Eclesiástico
25.23]. Não há ira pior do que a ira da mulher.
2259. Non est loquendum, sed gubernandum. [Sêneca,
Epistulae Morales 108.37]. Não se trata de falar, mas de
conduzir o barco. ■ Atos, não palavras.
2260. Non est magna domus; quid tum? sub paupere tecto
saepe etiam virtus ingeniosa latet. [Binder, Medulla 1169].
A casa não é grande, mas e daí? muitas vezes, sob um teto
pobre se esconde até uma grande inteligência. ■ Debaixo de
ruim capa, se esconde muitas vezes um bom dizedor.
2261. Non est magna fiducia ponenda in homine fragili et
mortali, etiam si utilis sit et dilectus. [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 2.1.14]. Não se deve depositar grande
confiança no homem fraco e mortal, mesmo que seja útil e
estimado.
2262. Non est magni animi, qui de alieno liberalis est, sed
ille, qui, quod alteri donat, sibi detrahit. [Sêneca, De
Clementia 1.20.3]. Não é magnânimo quem é liberal com os
bens alheios, mas aquele que tira de si o que dá aos outros.
2263. Non est magnum damnum in mora modici temporis.
[Ulpiano, Digesta 5.1.21]. Não há grande prejuízo num
atraso de pequeno tempo.
2264. Non est magnum ingenium sine melancholia. [DAPR
772]. Não há grande talento sem melancolia.
2265. Non est magnus animus, quem incurvat iniuria.
[Sêneca, De Ira 3.5.8]. Não há coração grande que a injustiça
abata.
2266. Non est magnus pumilio, licet in monte constiterit.
[Sêneca, Epistulae Morales 86.31]. Não é grande o anão,
mesmo que se coloque num morro. ■ O anão, quando mais
sobe, menor parece. VIDE: ● Pumilio, licet in monte, non est
magnus.
2267. Non est maior defectus quam defectus potestatis. [Jur].
Não há maior nulidade do que a falta de competência.
2268. Non est medela in sycophantae morsu. [Apostólio,
Paroimiai 15.30]. Não há remédio para mordida de velhaco.
VIDE: ● Non est remedium adversus sycophantae morsum.
● Non inest remedium adversus sycophantae morsum.
2269. Non est melior medicina quam nusquam uti medicina.
[Busarello 233]. Não há melhor remédio do que não usar
remédio em nenhuma ocasião.
2270. Non est mentiri meum. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 549]. Não costumo mentir.
2271. Non est meum negotium, multum valeat. [Erasmo,
Adagia 2.10.4]. Esse assunto não é meu, graças a Deus.
2272. Non est meum negotium, procul abeat. [Schottus,
Adagia 619]. Não tenho nada com isso; que vá para longe de
mim.
2273. Non est mihi gloria. [Vulgata, 1Coríntios 9.16]. Não
tenho de que me gloriar.
2274. Non est molestior et peior animae hostis, quam tu ipse
tibi. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.13.5]. Não
há, para tua alma, inimigo mais prejudicial nem pior do que
tu mesmo.
2275. Non est movendum bene consopitum malum. [Publílio
Siro]. Não se deve mexer no mal adormecido. ■ Não acordes
o cão que dorme.
2276. Non est narranda fabula surdo. Não se deve contar
história a surdo. ■ Não percas teu latim. VIDE: ● Fabulam
surdo narras. ● Fabellam narras surdo asello.
2277. Non est nostri ingenii. [Cícero, Pro Cluentio 1.4]. Não é
de minha capacidade. Está acima de minha capacidade.
2278. Non est novum ut priores leges ad posteriores
trahantur. [Jur / Broom 19]. Não é novidade que as leis
anteriores são retiradas pelas posteriores.
2279. Non est oblectamentum super cordis gaudium.
[Vulgata, Eclesiástico 30.16]. Não há prazer maior do que a
alegria do coração.
2280. Non est omnibus credendum. Não se debe confiar em
todo o mundo. VIDE: ● Ne omnibus credas!
2281. Non est omnium rerum reddenda ratio. [DAPR 547].
Não se deve dar resposta a todas as coisas. ■ A pergunta tola
não dês resposta. ■ A palavras loucas, ouvidos moucos. VIDE:
● Saepe carent multa responsis verbula stulta.
2282. Non est optimus consolator quem proprii vincunt
gemitus. [S.Jerônimo, Epistulae 39.2]. Não é o melhor
consolador aquele a quem vencem os próprios gemidos.
2283. Non est opus valentibus medicus, sed male habentibus.
[Vulgata, Mateus 9.12]. Os sãos não têm necessidade de
médico, mas sim os enfermos. ● Non est opus sanis medicus,
sed male habentibus. VIDE: ● Cum nullus sit morbus, nulla
medela indigeamus. ● Cum nullus sit morbus, nulla
medela opus. ● Indigent infirmi medici auxilium. ● Infirmi
medicina opus habent. ● Non egent qui sani sunt medico,
sed qui male habent. ● Non necesse habent sani medico,
sed qui male habent. ● Quorum corpus aegrotat, iis
medico opus est. ● Recte qui valeat, medicae non indigus
artis. ● Sanus non eget medico, sed male habens.
2284. Non est paupertas habere nihil. [Marcial, Epigrammata
11.32.8]. Pobreza não é nada possuir.
2285. Non est pax impiis. [Vulgata, Isaías 48.22; 57.21]. Não
há paz para os ímpios.
2286. Non est personarum acceptor Deus. [Vulgata, Atos
10.34]. Deus não faz diferença entre as pessoas.
2287. Non est praemium in inchoatione, sed in
consummatione. [S.Agostinho]. Não há prêmio no começar,
mas no realizar. VIDE: ● Non datur denarius incipientibus,
sed finientibus, et corona non currentibus, sed
pervenientibus. ● Non qui coepit, sed qui perfecit,
praemium capit.
2288. Non est princeps supra leges, sed leges supra
principem. [Plínio Moço, Panegyricus 65]. O governante
não está acima das leis, mas as leis estão acima do
governante.
2289. Non est propheta sine honore, nisi in patria sua, et in
domo sua. [Vulgata, Mateus 13.57]. Não há profeta sem
honra, senão na sua pátria e na sua casa. ■ Santo de casa não
faz milagre. ■ Ninguém é profeta em sua terra. VIDE: ● In
patria natus non est propheta vocatus. ● Nemo in patria
propheta acceptus est. ● Nemo propheta acceptus est in
patria sua. ● Nemo propheta in sua patria. ● Nemo
propheta in patria.
2290. Non est prudentis errantes odisse, alioqui ipse sibi
odio erit. [Sêneca, De Ira 1.14.2]. Não é próprio do homem
sensato odiar os que erram, senão terá de odiar a si mesmo.
2291. Non est pugnandum cum fortuna. Não se deve lutar
com a sorte.
2292. Non est pusillum, si quid maximo est minus. [PSa].
Uma coisa não é pequena só porque é menor do que a maior
de todas.
2293. Non est qui faciat bonum, non est usque ad unum.
[Vulgata, Salmos 13.1]. Não há quem faça o bem, não há
nem sequer um. (=São palavras do insensato).
2294. Non est quod amicum tantum in foro et in curia
quaeras: si diligenter attenderis, et domi invenies.
[Sêneca, Epistulae Morales 47.16]. Não há por que procurar
amigo somente no mercado e no senado; se estiveres atento,
encontrá-lo-ás até em casa.
2295. Non est quod credas quemquam fieri aliena infelicitate
felicem. [Sêneca, Epistulae Morales 94]. Não há por que
acreditar-se que alguém possa tornar-se feliz pela
infelicidade de outrem.
2296. Non est quod quemquam propter canos aut rugas
putes diu vixisse. [Sêneca, De Brevitate Vitae 7.10]. Não há
por que julgar que alguém tenha vivido muito tempo só por
causa dos cabelos brancos e das rugas.
2297. Non est recedendum a communi observantia. [Jur /
Black 1250]. Não se deve abandonar uma prática comum.
2298. Non est regio, quae verminibus careat. [Schrevelius
1182]. Não há terra que não tenha vermes. ■ Em toda parte
há um pedaço de mau caminho.
2299. Non est regula quin fallet. [Jur / Black 1250]. Não há
regra (=máxima jurídica) que não possa falhar.
2300. Non est remedium adversus sycophantae morsum.
[Erasmo, Chiliades 113]. Não há remédio contra a mordida
do hipócrita. VIDE: ● Non est medela in sycophantae morsu.
● Non inest remedium adversus sycophantae morsum.
2301. Non est reus nisi mens sit rea. [Jur / Black 1251]. A
pessoa não é criminosa, a não ser que sua intenção seja
criminosa. VIDE: ● Actio non facit reum, nisi mens sit rea.
VIDE: ● Actus non facit reum, nisi mens sit rea.
2302. Non est rex sine clientibus. [Pereira 112]. Não há rei
sem súditos. ■ Não há rainha sem sua vizinha. VIDE: ● Non est
dominus absque servo.
2303. Non est salus periclitanda reipublicae. [Cícero, In
Catilinam 1.11, adaptado]. Não se deve comprometer a
segurança do país.
2304. Non est sapiens qui sibi non est. Não é sábio quem não é
sábio para si. ■ Em vão sabe quem não sabe para si. ■ Quem
não sabe para si não ponha escola. VIDE: ● Frustra sapit qui
sibi non sapit. ● Frustra sapiens qui sibi non sapit.
● Nequicquam sapit qui sibi non sapit. ● Nequicquam sapit
qui sibi nihil sapit.
2305. Non est sapienter factum in quo libertas aufertur.
[Sixto Pitagórico / Bernardes, Luz e Calor 1.221.64]. Não vai
bem feita a obra pela qual se perde a liberdade.
2306. Non est sapientis dicere: non putabam. Não é do sábio
dizer: não pensei nisso. ■ Nunca louvarei capitão que diga:
não cuidei.
2307. Non est satis mirari curam diligentiamque priscorum,
qui omnia scrutati nihil intemptatum reliquerunt. [Plínio
Antigo, Naturalis Historia 23.64]. Nunca é suficiente nossa
admiração diante do cuidado e do esforço dos antigos, que,
tendo esquadrinhado tudo, não deixaram nada sem
experimentar. VIDE: ● Nihil intemptatum reliquit. ● Nil
intemptatum Selius, nil linquit inausum.
2308. Non est sensus ubi abundat amaritudo. [Vulgata,
Eclesiástico 21.15]. Não há bom senso onde há amargura.
2309. Non est servus maior domino suo. [Vulgata, João 13.16;
15.20]. Não é o servo maior do que o seu senhor. VIDE: ● Non
est discipulus super magistrum. ● Non est discipulus supra
magistrum.
2310. Non est sincerus amor ubi dubietatis scrupulus
suspicionis faecem retinet. [S.Bernardo, Epistulae 178 /
Rezende 4194]. Não é leal a amizade, quando o escrúpulo da
dúvida contém a borra da suspeita.
2311. Non est sine culpa qui rei quae ad eum non pertinet se
immiscet. [Jur]. Não é inocente quem se intromete em
assunto que não é de sua competência.
2312. Non est spoliandus Petrus ut vestiatur Paulus. Não se
deve despir Pedro para que se vista Paulo. ■ Não se deve
descobrir um santo para cobrir outro. VIDE: ● Nudato Petro
Paulum tegere. ● Nudato Petro Paulum tegere nefas.
2313. Non est tam bonus qui non caespitet equus. [Grynaeus
776]. ■ Não há cavalo, por bom que seja, que não tropece.
VIDE: ● Errat interdum quadrupes. ● Errat interdum
quadrupes; cum titubat quadrupes, labitur ergo bipes.
2314. Non est tamen quod ab homine desidioso aliquid novi
operis exspectes. [Plínio Moço, Epistulae 1.8.2]. Não há por
que esperar-se alguma obra nova de um indolente.
2315. Non est tanti vita, si, ut ego non peream, tam multa
perdenda sunt. [Sêneca, De Clementia 1.9.5]. Não vale
tanto minha vida, se, para eu não morrer, tanta coisa há de se
perder.
2316. Non est thesaurus melior quam fidus amicus. Não há
melhor tesouro que o amigo leal. VIDE: ● Dulcius in terris
nihil est quam fidus amicus. ● In mundo melius non est
quam fidus amicus. ● Nec quisquam melior medicus quam
fidus amicus. ● Suavius in terris nihil est quam fidus
amicus. ● Utilius nihil esse potest quam fidus amicus.
2317. Non est triticum sine paleis. [Grynaeus 776]. Não há
trigo sem palhas. ■ Não há trigo sem joio.
2318. Non est turpe cum re mutare consilium. [Sêneca, De
Beneficiis 4.38.2]. Não é vergonhoso mudar de opinião,
quando mudam as circunstâncias. ● Non est stultum cum re
mutare consilium. [Albertano da Brescia, Liber
Consolationis 4.1]. Não é tolice mudar de decisão com a
mudança das circunstâncias. VIDE: ● Malum est consilium,
quod mutari non potest. ● Nullum consilium est quod
mutari non potest.
2319. Non est turpe non consequi, dummodo sequaris.
[Sêneca, De Beneficiis 5.5.3]. Não é vergonha não conseguir,
desde que se persista.
2320. Non est tutum contra regem cervicem erigere, quia
tristes exitus frequenter solet afferre. [VES 44]. Não é
seguro levantar a cabeça contra o rei, porque isso costuma
trazer resultados tristes.
2321. Non est tuum, fortuna quod fecit tuum. [Sêneca,
Epistulae Morales 8.10]. Não é teu o que a sorte tornou teu.
2322. Non est ulla studiorum satietas. [Erasmo, Colloquia 3].
Não há fastio das coisas que nos atraem.
2323. Non est una omnium facies. [Cícero, De Natura Deorum
1.80, adaptado]. Nem todos têm a mesma cara.
2324. Non est venator, quivis per cornua flator. [Trench,
Proverbs]. Não é caçador qualquer um que toque o berrante.
■ Nem todos os que vão ao estudo são letrados. ● Non est
venator, omnis qui cornua sufflat. [Werner 58]. VIDE: ● Nec
coquus in cultro, nec virgo crine probatur, nec omnis
venator est qui cornua sufflat. ● Non omnes qui habent
citharam sunt citharoedi. ● Non sunt omnes venatores qui
cornu canunt.
2325. Non est veridicus subridens omnis amicus. [Eiselein
185]. Nem todo que nos sorri, é amigo de verdade. ■ Renego
do amigo que me cobre com as asas e me morde com o bico.
VIDE: ● Non omnis qui nobis arridet, amicus est.
2326. Non est vestrum nosse tempora vel momenta. [Vulgata,
Atos 1.7]. Não é da vossa conta saber os tempos nem os
momentos.
2327. Non est vir fortis ac strenuus qui laborem fugit, nisi
crescit illi animus ipsa rerum difficultate. [Sêneca,
Epistulae Morales 22.7]. Não é corajoso e esforçado aquele
que foge ao trabalho, mas aquele a quem cresce o ânimo com
a própria dificuldade das coisas.
2328. Non est vir fortis, cui non crescit animus, in ipsa
rerum difficultate. Não há homem valente a quem não
cresça o ânimo com a própria dificuldade.
2329. Non est viri timere sudorem. [Sêneca, Epistulae
Morales 31.7]. Não é viril temer trabalhos.
2330. Non est virtus timere vitam, sed malis ingentibus
obstare, nec se vertere, nec retro dare. [Sêneca, Phoenissae
190]. Coragem não é temer a vida, mas resistir às grandes
desgraças, não fugir, nem recuar.
2331. Non est vivere, sed valere vita est. [Marcial,
Epigrammata 6.70.15]. A vida não é viver, mas gozar de
saúde. VIDE: ● Non vivere, sed valere, vita est. ● Vita non est
vivere, sed valere. ● Vita non est vivere, sed valere vita est.
2332. Non etenim cunctis placeat vel Iuppiter ipse, seu
mittens pluviam, seu cohibens pluviam. [Manúcio, Adagia
7]. O próprio Júpiter não agradará a todos, seja mandando
chuva, seja impedindo a chuva. VIDE: ● Iovem nec pluvium,
nec serenum, placere omnibus. ● Ipse Iuppiter, neque
pluens omnibus placet, neque abstinens. ● Iuppiter neque
pluens neque abstinens omnibus placet. ● Ne Iuppiter
quidem omnibus placet. ● Neque Iuppiter ipse, sive pluat,
seu non, unicuique placet.
2333. Non etenim e scilla rosa nascitur, aut hyacinthus.
[Teógnis / Schottus, Adagialia Sacra 20]. Da cebola não
nasce rosa, nem jacinto. ■ Não pode o ulmeiro dar peras.
■ De cobra não nasce passarinho. VIDE: ● E scilla non
nascitur rosa. ● Nunquam scilla rosam produxerit, aut
hyacinthum.
2334. Non ex alieno arbitrio pendet. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 35.32]. Não está preso ao arbítrio alheio. VIDE:
● Alieno arbitrio. ● Alieno arbitrio agere. ● Alieno arbitrio
vivere. ● Alieno arbitratu vivere. ● Alieno more vivere.
● Alieno nutu vivere. ● Alterius sub nutu degere vitam.
● Alterius sub nutu degitur aetas. ● Suis stat viribus.
2335. Non ex ore, sed ex pectore. [Aulo Gélio, Noctes Atticae
1.15.3]. Não da boca, mas do coração. VIDE: ● De corde, non
ex ore tantum.
2336. Non ex quovis ligno fit Mercurius. [DAPR 417].
■ Mercúrio não se faz de todo pau. ■ Azado é o pau para a
colher. ■ Nem todo pau dá esteio. ■ Os paus, uns nasceram
para santos, outros para tamancos. ● Non ex quovis fiat
ligno Mercurius. [Schottus, Adaga 271]. ● Non ex omni
ligno Mercurius fingitur. [Rezende 4212]. ● Non ex quovis
trunco fit Mercurius. ● Non ex quovis ligno vel lapide fit
Mercurius. Mercúrio não se faz de qualquer pau ou pedra.
VIDE: ● Ex quolibet ligno non fit Mercurius. ● Non e omni
ligno Mercurius. ● Non e quovis ligno fit Mercurius. ● Non
e quovis ligno Mercurius fiat. ● Non e quovis ligno
Mercurius fingi potest. ● Non enim ex omni ligno debet
Mercurius exsculpi. ● Scalpendus haud Hermes omni ex
arbore.
2337. Non ex regula ius sumatur, sed ex iure quod est regula
fiat. [Paulo, Digesta 50.17.1]. Não se extraia o direito da
máxima, mas extraia-se a máxima da lei existente. VIDE:
● Non ius ex regula, sed regula ex iure. ● Regula ex iure,
non ius ex regula sumitur.
2338. Non exemplis, sed legibus est iudicandum. [Codex
Iustitiani 7.45.13]. Deve-se julgar pelas leis, não pelos
precedentes. VIDE: ● Exemplis non est iudicandum, sed
legibus. ● Iudicandum est legibus, non exemplis. ● Legibus,
non exemplis, est iudicandum.
2339. Non exercentur virtutes ad praemium: recte facti,
fecisse merces est. [Sêneca, Epistulae Morales 81]. As
virtudes não são praticadas a fim de serem premiadas; a
recompensa de uma boa ação é tê-la praticado. VIDE: ● Recte
facti fecisse merces est. ● Recte factorum verus fructus sit
fecisse.
2340. Non exercitus, neque thesauri praesidia regni sunt,
verum amici. A segurança do trono não são os exércitos
nem os tesouros, mas os amigos. ● Non exercitus, neque
thesauri praesidia regni sunt, verum amici, quos neque
armis cogere neque auro parare queas: officio et fide
pariuntur. [Salústio, Bellum Iugurthinum 10.2]. A
segurança do trono não são os exércitos nem os tesouros,
mas os amigos, os quais não se pode coagir com armas, nem
conquistar com dinheri, mas se fazem com serviço e
fidelidade. VIDE: ● Amici officiis et fide pariuntur.
2341. Non exiguum temporis habemus, sed multum
perdimus. [Sêneca, De Brevitate Vitae 1.3]. Não é que
tenhamos pouco tempo, mas perdemos muito.
2342. Non expedit. Não convém. (=Fórmula usada para dar
resposta negativa a um requerimento).
2343. Non expedit apprehenso aratro respicere post tergum.
[S.Jerônimo, Epistula 22 Ad Eustochium 1]. Ao homem que
está ao arado não convém olhar para trás.
2344. Non expedit concutere felicem statum. [Sêneca,
Oedipus 835]. Não convém abalar uma situação feliz. ■ Não
despertes o cão que dorme. VIDE: ● Somnum ne rumpe leoni.
2345. Non expedit omnia videre, omnia audire. [Sêneca, De
Ira 3.11.1]. Não convém tudo ver, tudo ouvir. ■ Quem muito
apura não tem vida segura.
2346. Non fabula rumor ille fuit. [Ovídio, Metamorphoses
10.561]. Aquele boato não era invenção.
2347. Non fac, non dicunt. Não faças, não falam. ■ O povo
aumenta, mas não inventa. ● Non omnino temere est, quod
vulgo dictitant.
2348. Non faciam cuiquam, quae tempore eodem nolim facta
mihi. [Ausônio, Ephemeris 3.61]. Não farei a outrem aquilo
que ao mesmo tempo não quereria que fosse feito a mim.
■ Não quero para os outros o que não quero para mim.
2349. Non faciam surdis convicia fluctibus. [Ovídio, Heroides
18.213]. Não direi ofensas às ondas surdas.
2350. Non faciamus mala ut veniant bona. [Vulgata,
1Romanos 3.8]. Não façamos males para que venham bens.
● Non facias malum, ut inde fiat bonum. [Coke / Black
1251]. Não faças um mal para que daí resulte um bem.
2351. Non facias calumniam proximo tuo. [Vulgata, Levítico
19.13]. Não caluniarás o teu próximo.
2352. Non facias violentiam pauperi quia pauper est.
[Vulgata, Provérbios 22.22]. Não faças violência ao pobre
porque é pobre.
2353. Non facies alteri quod tibi fieri non vis. ■ Não faças a
outrem o que não queres que te façam. ■ Não faças aos
outros o que não queres que te façam. VIDE: ● Aliis ne feceris,
quod tibi fieri non vis. ● Alteri ne facias quod tibi fieri non
vis. ● Facere non debet quis alteri, quod sibi fieri nolit.
● Ne alteri feceris quod tibi non vis fieri. ● Quod ab alio
oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando alteri facias. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri,
alii ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri, alteri ne feceris.
● Quod tibi non vis, alteri ne facies. ● Quod tibi fieri non
vis, alteri ne facias. ● Quod tibi non vis, utinam alteri ne
facias. ● Quod sibi quis fieri non vult, alii ne faciat. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris.
2354. Non facietis furtum. [Vulgata, Levítico 19.11]. Não
furtareis. VIDE: ● Ne furtum facias. ● Non furtum facies.
2355. Non facile aedificat sumptuosas domus amator
pulchrarum mulierum. [Bebel / Eiselein 101]. Homem que
ama mulheres belas não constrói facilmente casas suntuosas.
2356. Non facile de innocente crimen fingitur. [Publílio Siro].
Não é fácil forjar uma acusação contra um inocente.
2357. Non facile diiudicatur amor verus et fictus. [Cícero, Ad
Familiares 9.16]. Não é fácil distinguir a amizade verdadeira
da fingida. VIDE: ● Amor verus et fictus non facile
diiudicantur.
2358. Non facile est taurum visa retinere iuvenca. [Ovídio,
Remedium Amoris 633]. Não é fácil conter o touro, quando
ele viu a vaca.
2359. Non facile esuriens posita retinebere mensa. [Ovídio,
Remedium Amoris 631]. Não é fácil conter-se o faminto
diante da mesa posta. ■ A ocasião faz o ladrão.
2360. Non facile manibus vacuis occiditur ursus. Não é fácil
matar um urso com as mãos vazias.
2361. Non facile sine deum opera humana propria sunt
bona. [Áccio, Tragoediae 159]. Não é fácil serem
permanentes os bens dos homens sem a ajuda dos deuses.
2362. Non facile solus serves quod multis placet. [Publílio
Siro]. Sozinho não guardarás facilmente o que agrada a
muitos. ■ Coisa muito desejada não há guardada. ■ Quem
tem mulher bonita, castelo na froneira e videiras na estrada,
nunca verá o fim da guerra. VIDE: ● Custoditur periculo
quod placet multis. ● Difficile custoditur quod plures
amant. ● Difficile est custodire quod multis placet.
● Magno cum periculo custoditur, quod multis placet.
● Maximo periculo custoditur quod multis placet. ● Quod
a multis petitur, difficulter custoditur.
2363. Non facit ad nostros talis medicina dolores. [Pereira
110]. Tal remédio não funciona para nossas dores. ■ Mal
alheio não cura minha dor.
2364. Non facit ebrietas vitia, sed protrahit. [Sêneca,
Epistulae Morales 83.20]. A embriaguez não cria o vício, ela
apenas o expõe.
2365. Non facit fraudem, qui facit quod debet. [Jur]. Não
comete crime quem faz o que deve.
2366. Non facit ipse aeger quod sanus suaserit aegro.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 57]. O próprio
doente não faz aquilo que, quando está são, recomendaria a
um doente.
2367. Non facit nobilem atrium plenum fumosis imaginibus.
[Sêneca, Epistulae Morales 44.5]. Não é um vestíbulo cheio
de estátuas enegrecidas que faz um nobre.
2368. Non faciunt meliorem equum aurei freni. [Sêneca,
Epistulae Morales 41.6]. ■ Freio de ouro não melhora o
cavalo.
2369. Non faciunt monachum tunica vestisque cuculla, sed
bona mens, sincera fides cordisque medulla. [Walther
17779 / Tosi 219]. Não fazem o monge a túnica, a veste e o
capuz, mas a boa mente, a fé sincera e o íntimo do coração.
■ A barba não faz o filósofo. ■ O hábito não faz o frade. ■ O
hábito não faz o monge. ■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o
homem conhecido. ■ O hábito elegante cobre, às vezes, um
tratante. VIDE: ● Barba non facit philosophum. ● Barba non
facit philosophum, neque vile gerere pallium. ● Cucullus
non facit monachum. ● Cuculla non facit monachum.
● Habitus non facit monachum. ● In vestimentis non est
sapientia mentis. ● Non habitus monachum reddit. ● Non
tonsura facit monachum. ● Non tonsura facit monachum,
nec horrida vestis. ● Philosophum non facit barba. ● Saepe
tegit nequam lata cuculla caput. ● Si philosophum
oporteat ex barba metiri, hircos primam laudem
ablaturos. ● Vestimenta pium non faciunt monachum.
2370. Non fallit bonos mendax. [Pereira 119]. Mentiroso não
engana pessoas de bem. ■ Quem mente nunca acerta.
2371. Non falx mittenda in messem est alienam tibi. [Publílio
Siro]. Não se deve meter a foice em seara alheia. ■ Não metas
a foice em seara alheia. VIDE: ● Ne in alienam messem
falcem mittas.
2372. Non ficus fico similis mage, flammaque flammae.
[Schottus, Adagia 585]. Nem um figo é mais parecido com
outro, nem uma chama com outra. ■ Cara de um, focinho do
outro.
2373. Non fidendum feminis. Não se deve confiar em
mulheres. ■ Da má mulher te guarda, e da boa não te fies
nada. VIDE: ● Mulieri ne credas, ne mortuae quidem.
● Mulieri, ne mortuae quidem credendum est. ● Mulieri ne
fidas, ne si moriatur quidem. ● Ne feminae quid credas,
vel mortuae. ● Ne mortuae quidem fidem habeas feminae.
2374. Non fieri vel inutiliter fieri paria sunt. [Jur]. Não se
fazer ou fazer-se inutilmente, é a mesma coisa.
2375. Non firmatur tractu temporis quod de iure ab initio
non subsistit. [Jur]. Não se firma com o passar do tempo
aquilo que de direito desde o início não foi firme.
2376. Non fit hirsutus lapis hinc atque inde volutus. [Eiselein
578]. Pedra que é jogada de um lado para o outro não fica
limosa. ■ Pedra que rola não cria musgo. ■ Pedra que rola
não cria limo. ■ Pedra muito bulida não cria bolor. ■ Pedra
movediça não ajunta musgo. ■ Pedra roliça não cria bolor.
● Non fit hirsutus lapis per loca multa volutus. [Binder,
Thesaurus 2172]. Não fica limosa a pedra jogada por vários
lugares. VIDE: ● Lapis qui volvitur algam non generat.
● Lapis volutus non musco obducitur. ● Musco lapis
volutus haud obducitur. ● Musco lapis volutus non
obducitur. ● Mutatum saxum nequit ullum ducere
muscum. ● Planta quae saepius transfertur non coalescit.
● Saxum volubile non obducitur musco. ● Saxum volutum
non obducitur musco.
2377. Non fit sine periclo facinus magnum nec memorabile.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 314]. Nada de grande ou
memorável se faz sem risco. ■ Não se ganham trutas a
bragas enxutas.
2378. Non flere, non indignari, sed intellegere. [Espinosa,
Brevis Tractatus de Deo, de Homine et de Salute / Rezende
4220]. Não chorar, não se indignar, mas compreender. VIDE:
● Neque irasci, neque admirari, sed intellegere melius est.
2379. Non flos, sed flores faciunt ex arte corollam. [Binder,
Thesaurus 2173]. Não é uma única flor, mas várias que
formam uma grinalda. ■ Uma flor não faz primavera. ■ Uma
andorinha só não faz verão.
2380. Non formosus erat, sed erat facundus Ulixes. [Ovídio,
Ars Amatoria 2.123]. Ulisses não era belo, mas tinha o dom
da palavra.
2381. Non fucata, sed est simplex oratio veri. [Binder,
Medulla 1174]. A linguagem da verdade não é enfeitada, mas
simples.
2382. Non fuit in solo Roma peracta die. [Pereira 121].
■ Roma não se fez num dia. ■ Roma não foi feita num dia.
■ Não se ganhou Samora em uma hora. ■ É preciso dar tempo
ao tempo. ■ Calma no Brasil! VIDE: ● Alta die solo non est
exstructa Corinthus. ● Haud facta est una Martia Roma
die. ● Non stilla una cavat marmor, nec protinus uno est
condita Roma die. ● Non uno est condita Roma die.
● Roma non fuit una die condita. ● Roma non uno
condebatur die.
2383. Non fulgetis extrinsecus, gloria vestra intus est. [DAPR
748]. Não brilhais externamente; vossa glória está no
interior. ● Non fulgetis extrinsecus, bona vestra introrsus
obversa sunt. [Sêneca, De Providentia 6.4]. Não brilhais
externamente, vossas virtudes estão no vosso interior.
2384. Non fumum ex fulgore, sed ex fumo dare lucem
cogitat. [Horácio, Ars Poetica 143]. Não pensa tirar fumaça
do relâmpago, mas da fumaça tirar luz.
2385. Non furor est, ne moriare, mori? [Marcial,
Epigrammata 2.80]. Morrer de medo de morrer, não é uma
loucura?
2386. Non furtum facies. [Vulgata, Êxodo 20.15]. Não
furtarás. VIDE: ● Non facietis furtum. ● Ne furtum facias.
2387. Non gaudebis amore coacto. [Binder, Thesaurus 2176].
Não terás prazer com amor forçado. ■ Amor adquirido a pau
nunca é bom, sempre é mau.
2388. Non genus virum ornat. Não é o berço que ilustra o
homem. ■ Deixemos pais e avós, por nós mesmos sejamos
bons. VIDE: ● Nobilis est ille, quem nobilitat sua virtus.
● Nobilis est ille, quem nobilitavit sua virtus; degener est
ille, quem virtus nulla beavit. ● Nobilitatis virtus non
stemma character. ● Nostra nos virtute decet, non
sanguine niti. ● Sola virtus nobilitat. ● Sola virtus, non
maiorum sanguis, verae nobilitatis firmum est
argumentum. ● Virtus, non stemma. ● Virtus sola
nobilitat. ● Virtute decet, non sanguine niti.
2389. Non gradu, sed praecipiti cursu. [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.1]. Não passo a passo, mas numa corrida
precipitada.
2390. Non gratis prodeo: verum peto a vobis, non pecuniam,
sed bonam existimationem atque honorem. [Caio Graco /
Aulo Gélio, Noctes Atticae 11.10.3]. Não subo à tribuna
gratuitamente; na verdade eu não vos peço dinheiro, mas
estima e respeito. (=A expressão Non gratis prodeo passou a
ser citada sob a forma de Gratis pro Deo, com significado
de De graça por amor a Deus. Marouzeau, Récréations
Latines 18).
2391. Non gustabit fructus dulcedinem qui abhorret radicis
amaritudinem. [Tosi 355]. Não saboreará a doçura do fruto
quem aborrece o amargor da raiz. ■ Quem não sabe do mal
não sabe do bem.
2392. Non habeas unquam magno cum principe litem: cum
domino semper pugna sinistra fuit. Nunca tenhas disputa
com um grande chefe: luta com senhor sempre foi sinistra.
■ Com teu amo não jogues as peras. ■ Com o fogo não se
brinca. VIDE: ● Cum domino semper pugna sinistra fuit.
● Cum principe non pugnandum. ● Fuge lites cum viro
maiore. ● Habeas nunquam magno cum principe litem.
● Lites cum rege molestae. ● Maiorem virum cave.
● Maiorem vitato virum. ● Nemo potentes aggredi tutus
potest. ● Offensa potentium periculosa. ● Potenti irasci,
sibi periclum est quaerere. ● Semper vitato potentem.
2393. Non habebis in sacculo diversa pondera, maius et
minus, nec erit in domo tua modius maior, et minor.
[Vulgata, Deuteronômio 25.13-14]. Não terás no teu saco
diversos pesos, maior e menor, nem haverá em tua casa um
alqueire maior, e outro mais pequeno.
2394. Non haberi sed esse. [Divisa de Tycho Brahe]. Não
parecer, mas ser. ■ Antes ser que parecer.
2395. Non habet anguillam, per caudam qui tenet illam.
[DAPR 549]. Quem tem a enguia segura pela cauda, não tem
a enguia. ■ Quem segura enguia pelo rabo e mulher pela
palavra nada segura.
2396. Non habet eventus sordida praeda bonos. [Ovídio,
Amores 1.10.48]. O ganho ignóbil não traz bons resultados.
■ A água dá, a água leva. ■ O que mal se adquire mal se
perde. ■ Bens mal adquiridos não se logram. ■ O mal
ganhado, leva-o o diabo. VIDE: ● Daemonium repetit
quidquid procedit ab ipso. ● Male parta male dilabuntur.
● Male partum male disperit. ● Male quaesitum male
consumetur. ● Quod male lucratur, male perditur et
nihilatur. ● Quod male quaesitum est, peius abire solet.
● Res male partae non sunt diuturnae. ● Res male quaesita
saepe recedit ita. ● Res quasi bruma fluit, quae male parta
fuit.
2397. Non habet infelix quem porrigat ore trientem. O
infeliz não tem quem coloque em sua boca uma moeda. (=A
moeda se destinava a pagar a passagem da barca de Caronte).
VIDE: ● Infelix nec habet quem porrigat ore trientem.
2398. Non habet ubi pedem ponat. [Pereira 113]. Não tem
onde pôr o pé. ■ Não tem onde cair morto. ■ Não tem eira
nem beira, nem ramo de figueira. VIDE: ● Pedem ubi ponat
non habet.
2399. Non habet unde suum paupertas pascat amorem.
[Ovídio, Remedium Amoris 749]. A pobreza não tem de
onde alimentar o amor. ■ Amor sem dinheiro não é bom
companheiro.
2400. Non habet, ut putamus, fortuna longas manus;
neminem occupat nisi haerentem sibi. [Sêneca, Epistulae
Morales 82.5]. A sorte não tem os braços compridos que lhe
atribuímos; ela só se apodera daquele que nela se agarra.
2401. Non habitant simul pudor et fames. [Quintiliano,
Declamationes 12]. Vergonha e fome não moram juntas.
■ Quem tem vergonha morre de fome.
2402. Non habitus monachum reddit. [DAPR 334]. ■ O hábito
não faz o monge. ■ Por se andar vestido de lã não se é
carneiro. ■ O hábito elegante cobre, às vezes, um tratante.
VIDE: ● Barba non facit philosophum. ● Cucullus non facit
monachum. ● Cuculla non facit monachum. ● Habitus non
facit monachum. ● In vestimentis non est sapientia mentis.
● Non tonsura facit monachum. ● Non tonsura facit
monachum, nec horrida vestis. ● Philosophum non facit
barba. ● Saepe tegit nequam lata cuculla caput. ● Si
philosophum oporteat ex barba metiri, hircos primam
laudem ablaturos. ● Vestimenta pium non faciunt
monachum.
2403. Non haec sine numine divum eveniunt. [Virgílio,
Eneida 2.777]. Essas coisas não acontecem sem a vontade
dos deuses. VIDE: ● Nil sine numine.
2404. Non hilum. Nem um fio. (=Absolutamente nada). ■ Nem
sinal. VIDE: ● Ne guttam quidem. ● Ne hilum quidem. ● Ne
vestigium quidem.
2405. Non hoc de nihilo est. [Terêncio, Hecyra 727]. Isto não
veio do nada.
2406. Non hodie, aut heri institutum. [Sófocles / Manúcio,
Adagia 1388]. Isso não foi criado nem hoje nem ontem.
(=Diz-se de norma antiga, que todos devem conhecer).
2407. Non hodie, nec heri, nec cras crede mulieri. [Rezende
4224]. Não confies na mulher, nem hoje, nem ontem, nem
amanhã. VIDE: ● Nec cras, nec heri, nunquam credas
mulieri.
2408. Non homo. Ninguém.
2409. Non honor est, sed onus. [Ovídio, Heroides 9.36]. Não é
uma honra, mas um peso.
2410. Non humanum tamen sed diabolicum est in malo
perseverare. [S.Bernardo]. Não é humano, mas diabólico,
perseverar no mal.
2411. Non iacet in molli veneranda scientia lecto; ipsa sed
assiduo parta labore venit. [Pereira 94]. A veneranda
ciência não se encontra em leito macio, mas se adquire com
trabalho constante. ■ A letra com sangue entra.
2412. Non iam leve est periculum, si leve videatur. [Bacon /
Stevenson 482]. Se a ameaça parece de pouca importância,
sem dúvida ela não é de pouca importância.
2413. Non id quod magnum est, pulchrum est, sed id quod
pulchrum, magnum. [Apostólio, Paroimiai 2.80]. Não é
belo o que é grande, mas é grande o que é belo.
2414. Non idem mortalibus natura tribuit ingenium: alius
durior est, alius clementior. [Sêneca Retórico,
Controversiae 7.13]. A natureza não deu o mesmo caráter a
todos os mortais: um é mais cruel, outro é mais clemente.
2415. Non ignara mali, miseris succurrere disco. [Virgílio,
Eneida 1.630]. Conhecedora do sofrimento, estou
aprendendo a socorrer os infelizes. VIDE: ● Haud ignara mali,
miseris succurrere disco.
2416. Non ille capillos liberos habet. Nem os cabelos são mais
dele. ■ Deve até os cabelos. VIDE: ● Non puto illum capillos
liberos habere.
2417. Non illo melior quisquam nec amantior aequi. [Ovídio,
Metamorphoses 1.322]. Ninguém é melhor nem mais amante
da justiça do que ele.
2418. Non immerito rotunda signatur pecunia, quia non
stat. [Rezende 4228]. Não é sem razão que se faz a moeda
redonda, pois ela não fica parada. ■ O dinheiro é redondo
para rodar. VIDE: ● Nec immerito ipsa pecunia rotunda
signatur, quia non stat.
2419. Non impedit clausula derogatoria quominus ab eadem
potestate res dissolvantur a quibus constituentur. [Jur /
Broom 19]. Não impede a lei derrogatória que os atos sejam
anulados pelo mesmo poder que os instituem.
2420. Non in bello peccare licet bis. [Schottus, Adagia 591].
Na guerra não se pode errar duas vezes. VIDE: ● Bis peccare
in bello non licet. ● In bello non licet bis peccare. ● Non
licet bis in bello peccare. ● Non licet in bello bis peccare.
● Peccare bis bello cuiquam non licet.
2421. Non in facultatibus crimen haerere, sed in iis qui uti
nesciant facultatibus. [S.Agostinho, Homilia 8. Lectio 8]. A
culpa não está nas riquezas, mas naqueles que não sabem
usá-las.
2422. Non in gladio, sed in nomine Domine. [Divisa]. Não na
espada, mas no nome de Deus.
2423. Non in magnis, arduisque, sed in minimis et facilibus
inchoandum. [Grynaeus 123]. Não se deve começar pelas
coisas grandes e difíceis, mas pelas menores e fáceis.
2424. Non in omnes omnia conveniunt. [Rezende 4229]. Nem
tudo convém a todos. ■ Nem tudo fica bem a todos. ■ Nem
tudo é para todos.
2425. Non in solo pane vivat homo. [Vulgata, Deuteronômio
8.3]. O homem não vive só de pão. ■ Nem só de pão vive o
homem. ● Non in solo pane vivit homo. [Vulgata, Mateus
4.4; Lucas 4.4].
2426. Non in tempore oportuno. Na hora errada.
2427. Non in una sede morantur maiestas et amor. Não
moram na mesca casa a senhoria e o amor. ■ Amor e senhoria
não suportam companhia.
2428. Non in vacuum cucurri, neque in vacuum laboravi.
[Vulgata, Filipenses 2.16]. Não corri em vão, nem trabalhei
em vão.
2429. Non incedis per ignem. [Erasmo, Adagia 4.6.32]. Não
estás andando sobre brasas. ■ Calma no Brasil!
2430. Non inchoanda sunt, quae nequeunt perfici. [Sófocles /
Schottus, Adagialia Sacra 79]. Não se devem começar coisas
que não podem ser completadas. ■ Para não acabar, é
melhor não começar. VIDE: ● Aut non rem tentes aut perfice.
● Aut nunquam tentes, aut perfice. ● Aut non tentares, aut
perfice. ● Melius non incipient, quam desinent. ● Ne tentes
aut perfice.
2431. Non indigent probatione facta notoria. [Jur]. Fatos
notórios não necessitam de comprovação. VIDE: ● Facta
notoria probatione non egent. ● Non probandum factum
notorium. ● Notorium non eget probatione. ● Notoria vel
manifesta non egent probatione.
2432. Non inest remedium adversus sycophantae morsum.
[Erasmo, Adagia 2.6.29]. Não há remédio contra a mordida
do hipócrita. VIDE: ● Non est medela in sycophantae morsu.
● Non est remedium adversus sycophantae morsum.
2433. Non iniuriam, sed mortem patienter tulit. [Epitáfio do
Conde de Queluz]. Suportou com paciência a morte, mas não
a injúria.
2434. Non intellecti nulla est curatio morbi. [Maximiano,
Elegiae 3]. Não há tratamento para doença desconhecida.
2435. Non intellegis omnia consuetudine vim suam perdere?
[Sêneca, Quaestiones Naturales 4.13.11]. Não percebes que
todas as coisas perdem sua força por causa do hábito? ■ A
familiaridade gera o desdém.
2436. Non intellegunt homines quam magnum vectigal sit
parsimonia. [Cícero, Paradoxa Stoicorum 49]. Os homens
não compreendem que grande lucro é a economia. ■ A
economia é um grande rendimento. ■ A economia é a base da
prosperidade. VIDE: ● Magnum vectigal est parsimonia.
● Optimum et in privatis familiis et in republica vectigal
esse parsimoniam. ● Optimum vectigal parsimonia.
● Parsimonia magnum vectigal. ● Parsimonia summum
vectigal. ● Vectigal maximum est parsimonia.
2437. Non interpellandus famelicus. [Erasmo, Adagia 3.8.12].
Não devemos discutir com o faminto. ■ Ventre em jejum não
ouve a nenhum. VIDE: ● Esurienti ne occurras. ● Famelico ne
occurras. ● Famelicus non est interpellandus.
2438. Non intrat unquam regium limen fides. [Sêneca,
Agamemnon 285]. Jamais a fidelidade pode transpor a porta
dos reis.
2439. Non intratur in veritatem nisi per caritatem.
[S.Agostinho, Contra Faustum 32.18]. Só se chega à verdade
através do amor.
2440. Non ipse pro caris amicis, aut patria, timidus perire.
[Horácio, Carmina 4.9.51]. Ele não teme morrer pelos
amigosqueridos ou pela pátria.
2441. Non irascetur sapiens peccantibus. [Sêneca, De Ira
2.10.6]. O sábio não se irritará contra os que cometeram
erros.
2442. Non irrideas hominem in amaritudine animae.
[Vulgata, Eclesiástico 7.12]. Não escarneças do homem que
está com o coração amargurado.
2443. Non is sum, qui mortis periculo terrear. Não sou de me
assustar com o risco da morte. VIDE: ● Neque is sum qui
gravissime ex vobis mortis periculo terrear.
2444. Non ita dis placuit. [Ovídio, Ex Ponto 4.11.7]. Os deuses
não quiseram assim.
2445. Non ita generati a natura sumus, ut ad ludum et
iocum facti esse videamur. [Cícero, De Officiis 1.29]. Não
fomos gerados pela natureza de tal maneira que pareçamos
destinados ao jogo e à brincadeira.
2446. Non ita insanio! [Plínio Moço, Epistulae 9.26.7]. Não
sou louco a esse ponto!
2447. Non iterum vulpes laqueis capitur. [Schottus, Adagia
21]. A raposa não é apanhada duas vezes pelo laço. ■ Só tolo
tropeça duas vezes na mesma pedra. ■ Só o tolo cai duas
vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Non cauta vulpes denuo in
casses cadit. ● Semel vulpes in laqueum, at non denuo
vulpes in laqueum. ● Vulpecula denuo non capitur laqueo.
● Vulpecula semel in laqueum it. ● Vulpes non iterum
capitur laqueo. ● Vulpes non iterum laqueis. ● Vulpes quae
semel effugerit laqueos, non capitur iterum.
2448. Non itur ad astra deliciis. Com prazeres não se chega
aos astros. ■ Não se comem trutas a bragas enxutas. ■ Sem
trabalho, só a pobreza.
2449. Non iudicio, sed nutis. Não pela razão, mas pela
vontade.
2450. Non ius ex regula, sed regula ex iure. [Jur / Black
1251]. A lei não nasce da regra (=máxima jurídica), mas a
regra, da lei. VIDE: ● Non ex regula ius sumatur, sed ex iure
quod est regula fiat. ● Regula ex iure, non ius ex regula
sumitur.
2451. Non iuvat absque Deo caelestis turma supremo.
[Pereira 118]. Sem o Deus supremo a turma celeste não
ajuda. ■ Quando Deus não quer, santos não ajudam. ■ Não
pedem santos, quando Deus não quer. VIDE: ● Non poscunt
sancti, quod negat ira Dei. ● Non poscunt sancti quod
negatur a Deo.
2452. Non lacrimis caruere genae, non corda dolore.
[Emoldus Nigellus / Rezende 4236]. Não faltaram lágrimas
às faces, nem dor ao coração. VIDE: ● Nec lacrimis caruere
genae.
2453. Non lacrimis, sed sanguine plorare. [Schottus, Adagia
11]. Não chorar lágrimas, mas sangue.
2454. Non laeta extollant animum, non tristia frangant.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 2]. Que a alegria não
exalte o coração, nem a tristeza o esmague.
2455. Non laudes virum in specie sua, neque spernas
hominem in visu suo. [Vulgata, Eclesiástico 11.2]. Não
louves um homem por sua beleza, nem o ridicularizes por
sua feiúra.
2456. Non lectore tuis opus est sed Apolline libris. [Marcial,
Epigrammata 10.21.3]. Teus livros não precisam de leitor,
mas de um Apolo. (=Apolo era o deus grego e romano dos
oráculos, da medicina, da poesia, das artes, dos rebanhos, do
dia e do sol).
2457. Non leo sed mus. [Schottus, Adagia 599]. Não é um leão,
mas um camundongo.
2458. Non leo tam ferus est quam picta leonis imago. O leão
não é tão feroz quanto o retrato do leão. ■ O diabo não é tão
feio como o pintam.
2459. Non levat miseros dolor. [Sêneca, Hippolytus 404]. A
dor não dá ánimo aos infelizes.
2460. Non leve beneficium praestat, qui breviter negat.
[Publílio Siro]. Presta um grande benefício quem nega
imediatamente. ● Non leve beneficium praestat qui cito
negat.
2461. Non lex, sed faex. [Tosi 1107]. Isto não é uma lei, mas
um lixo.
2462. Non liberat diadema capitis dolore. [Eiselein 397].
Diadema não evita dor de cabeça. ■ Coroa não cura dor de
cabeça.
2463. Non libet. Não agrada. Não se quer.
2464. Non liceat potentioribus patrocinium litigantibus
praestare. [Codex Iustiniani 2.13]. Não seja lícito aos
poderosos patrocinar os que litigam.
2465. Non licet. Não é permitido.
2466. Non licet actori quod reo licitum non exsistit. [Jur].
Não é permitido ao autor da ação o que não se concede ao
réu. VIDE: ● Non debet actori licere quod reo non
permittitur.
2467. Non licet contra legem agere. Não é permitido agir
contra a lei.
2468. Non licet eripere quod recte datum est. [Dumaine 240].
Não é permitido retomar o que se deu a justo título. VIDE:
● Quod recte datum est non oportet reposcere.
2469. Non licet hic vitae de brevitate queri. [Marcial,
Epigrammata 11.91.4]. Não cabe aqui lastimar a brevidade
da vida.
2470. Non licet hominem esse saepe ita ut vult, si res non
sinit. [Terêncio, Heauton Timorumenos 666]. Muitas vezes o
homem não pode ser o que quer, se as circunstâncias não o
permitem.
2471. Non licet in bello bis peccare. [Erasmo, Adagia 3.1.31].
Na guerra não se pode errar duas vezes. ● Non licet bis in
bello peccare. VIDE: ● Bis peccare in bello non licet. ● In
bello non licet bis peccare. ● Non in bello peccare licet bis.
● Peccare bis bello cuiquam non licet.
2472. Non licet mihi quod volo facere? [Vulgata, Mateus
20.15]. Não me é permitido fazer o que quero?
2473. Non licet omnibus adire Corinthum. [Rezende 4237].
Nem todos podem ir a Corinto. ■ Nem tudo é para todos.
VIDE: ● Cuiuslibet non est Corinthum appellere. ● Non
cuilibet Corintho fas esse adnavigare. ● Non est
Corinthum fas cuique appellere. ● Non cuivis homini
contingit adire Corinthum. ● Non est cuiuslibet
Corinthum appellere. ● Non est datum cuivis Corinthum
appellere. ● Non omnium est virorum ad Corinthum
navigatio.
2474. Non licet sui commodi causa nocere alteri. [Cícero, De
Officiis 3.23]. Não é permitido prejudicar a outrem por causa
de vantagem própria.
2475. Non ligabis os bovis terentis in area fruges tuas.
[Vulgata, Deuteronômio 25.4]. Não atarás a boca ao boi que
debulha na eira as tuas messes.
2476. Non lingua quis mihi sit amicus, sed magis facto.
[Erasmo, Chiliades 46]. Ninguém seja meu amigo por
palavras, mas por feitos.
2477. Non liquet. [Jur / Black 1252]. Não está claro. Não há
certeza. (=Era a fórmula usada pelos juízes para declarar a
impossibilidade de dar o veredito final por insuficiências de
provas).
2478. Non litiges cum homine linguato, et non strues in
ignem illius ligna. [Vulgata, Eclesiástico 8.4]. Não disputes
com o grande falador, e não meterás lenha em sua fogueira.
2479. Non littera, sed spiritu: littera enim occidit, spiritus
autem vivificat. [Vulgata, 2Coríntios 3.6]. Não pela letra,
mas pelo espírito, pois a letra mata, e o espírito vivifica. VIDE:
● Littera enim occidit, spiritus autem vivificat.
2480. Non locus virum, sed vir locum gloriosum facit.
[Apostólio, Paroimiai 15.35]. Não é a posição que faz o
homem, mas o homem é que torna a posição gloriosa. . ■ Não
é o cargo que eleva o homem. ● Non locus virum, sed vir
locum ornat. VIDE: ● Non virtutibus ex dignitate sed ex
virtute dignitatibus honor accedat.
2481. Non loquendo, sed moriendo confessi sunt martyres.
[Margarida de Navarra, Heptameron 1.8 / DAPR 770]. Não
foi falando, mas morrendo, que os mártires manifestaram sua
fé.
2482. Non loqueris contra proximum tuum falsum
testimonium. [Vulgata, Êxodo 20.16]. Não dirás falso
testemunho contra teu próximo. VIDE: ● Falsum testimonium
non dices adversus proximum tuum.
2483. Non lotis autem manibus manducare, non coinquinat
hominem. [Vulgata, Mateus 15.20]. O comer porém com as
mãos por lavar, isso não faz imundo o homem.
2484. Non lucrum est quicquid ita apparet. [Bebel, Adagia
Germanica]. Nem tudo que parece vantagem é vantagem.
■ Nem tudo que brilha é diamante. VIDE: ● Non est aurum
omne quod radiat.
2485. Non luctu, sed remedio opus in malis. [Erasmo, Adagia
3.9.41]. ■ Nos trabalhos não há mister choro, senão socorro.
● Non luctu, sed remedio opus est. [Pereira 114]. VIDE: ● In
malis non lamentis, sed auxiliis utendum.
2486. Non lupus ad studium sed mentem vertit ad agnum.
[Werner / Sweet 95]. O lobo não volta sua atenção ao estudo,
mas ao cordeiro.
2487. Non magni pendas quis pro te vel contra te sit. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 2.2.1]. Não te preocupes
em saber quem é por ti ou contra ti.
2488. Non magnum est administrare rempublicam, cum
omnia pace constant. [Grynaeus 400]. Não é grande tarefa
administrar o país, quando tudo está em paz.
2489. Non magnum est Hierosolymae fuisse, sed bene vixisse
magnum est. [S.Jerônimo / Erasmo, De Utilitate
Colloquiorum]. Não é importante ter estado em Jerusalém,
mas ter vivido honestamente é importante.
2490. Non mala descrescit planta, sed usque virescit. [Eiselei
612]. Planta ruim não murcha, mas até verdeja. ■ Erva má
sempre vingará. ■ Vaso ruim não quebra. ● Mala herba non
interit. ● Mala herba non facile marcescit.
2491. Non male sedet qui bonis adhaeret. [Rezende 4241].
Não fica mal colocado quem se chega aos bons. ■ Quem a
boa árvore se chega, boa sombra o cobre. ■ Chega-te aos
bons e serás um deles.
2492. Non maledices surdo, nec coram caeco pones
offendiculum. [Vulgata, Levítico 19.14]. Não amaldiçoarás
o surdo, nem porás tropeço diante do cego.
2493. Non malitiose. [Plauto, Miles Gloriosus 562]. Sem má
intenção.
2494. Non mare tam varios homines, quam pocula, mergit.
Nem o mar afogou tantos homens quanto os copos.
2495. Non mare transisset, pavidus si nauta fuisset. Se fosse
medroso, o marinheiro não atravessaria o mar. ■ Quem tem
medo do mar não se embarque.
2496. Non maximae sunt maximas quae interdum iras
iniuriae faciunt. [Terêncio, Hecyra 307]. Não são as
maiores injustiças que provocam as maiores iras.
2497. Non me destituit animus, sed vires. [Fedro, Fabulae
5.10.8, adaptado]. Não foi a vontade que me abandonou, mas
as forças.
2498. Non mea voluntas, sed tua fiat. [Vulgata, Lucas 22.42].
Não se faça a minha vontade, senão a tua.
2499. Non mentiar, si dixero neminem non amare beneficia
sua. [Sêneca, De Beneficiis 4.15.2]. Não mentirei se disser
que ninguém deixa de amar suas vantagens.
2500. Non mentiere, sed verum dices. [Sólon / Rezende 4243].
Não mentirás, mas dirás a verdade.
2501. Non meretur audire veritatem, qui fraudulenter
interrogat. [S.Ambrósio, In Ezechiam]. O que pergunta com
má intenção não merece ouvir a verdade.
2502. Non merito, sed fortuito. [S.Agostinho, De Civitate Dei
7.3]. Não por mérito, mas por acaso.
2503. Non metuit mortem, qui scit contemnere vitam.
[Dionísio Catão, Disticha 4.22]. Quem sabe desprezar a vida
não teme a morte.
2504. Non metuo nec ego cuiquam supplico. [Plauto,
Bacchides 224]. Não tenho medo de ninguém e não me
ajoelho diante de ninguém.
2505. Non metuo, non dubito, non refugio. Não temo, não
vacilo, não recuo.
2506. Non meum erratum, sed tuum. O erro não é meu; é teu.
● Non meus est error. O erro não é meu.
2507. Non meum est. [Plauto, Asinaria 175]. Não é meu. ■ Isso
não é da minha conta.
2508. Non mihi fucum facies. [Branco 250]. Tu não me
enganarás. ■ Quem não te conhecer, que te compre. ■ Quem
não te conhecer, que te compre, e saberá a prenda que levou.
2509. Non mihi, non tibi, sed nobis. [Divisa]. Não para mim,
nem para ti, mas para nós.
2510. Non mihi, non tibi, sed patriae natus es. [Cícero, Pro
Murena 83]. Não nasceste para mim, nem para ti, mas para a
pátria.
2511. Non mihi sapit qui sermone, sed qui factis sapit.
[S.Gregório / Robert Burton, The Anatomy of Melancholy].
Para mim não é sábio quem é sábio nas palavras, mas quem é
sábio nas ações.
2512. Non mihi, sed Deo et regi. [Divisa]. Não para mim, mas
para Deus e o rei.
2513. Non, mihi si linguae centum sint, oraque centum,
ferrea vox, omnis scelerum comprehendere formas,
omnia poenarum percurrere nomina possim. [Virgílio,
Eneida 6.625-7]. Ainda que eu tivesse cem línguas e cem
bocas, e uma voz poderosa, eu não poderia expressar todas as
formas de crimes, nem citar os nomes de todos os castigos.
● Non mihi si centum linguae sint, oraque centum, ferrea
vox, omnes fatuorum evolvere formas, omnia stultitiae
percurrere nomina possim. [Erasmo, Moriae Encomium
41]. Nem se eu tivesse cem línguas e cem bocas, e uma voz
fortíssima, não poderia descrever todos os tipos de loucos, ou
citar todos os nomes de loucuras. VIDE: ● Si essent mihi
centum linguae et centum ora, et vox ferrea, non possem
complecti omnes species criminum, nec enumerare omnia
nomina suppliciorum.
2514. Non mihi soli, sed etiam atque adeo multo potius natus
sum patriae. [RH 4.55]. Não nasci somente para mim, mas
também e principalmente para a minha pátria.
2515. Non minima, sed maxima petimus. [Divisa]. Não
buscamos as coisas menores, mas as maiores.
2516. Non ministeriis illos aestimabo, sed moribus: sibi
quisque dat mores, ministeria casus assignat. [Sêneca,
Epistulae Morales 47.15]. Eu não os valorizarei por sua
condição, mas pelo caráter: o caráter cada um dá a si, mas a
condição é o acaso que determina. VIDE: ● Non ergo fortuna
homines aestimabo, sed moribus: sibi quisque dat mores,
condicionem casus assignat.
2517. Non ministrari, sed ministrare. Não ser servido, mas
servir. VIDE: ● Non venit ministrari sed ministrare. ● Non
venit ut ministraretur ei, sed ut ministraret.
2518. Non minuitur lux solis ex eo, quod multi ex ea
participent. [S.João Crisóstomo, Homilia 40 / Bernardes,
Nova Floresta 3.46]. Não se torna menor a luz do sol pelo
fato de muitos se servirem dela. VIDE: ● Damnum non est
lumini alteri de sua claritate largiri. ● Quis vetet apposito
lumen de lumine sumi?
2519. Non minus est virtus quam quaerere parta tueri. Não é
virtude pequena querer proteger o que se ganhou. ■ A
economia é a base da prosperidade.
2520. Non minus interdum oratorium esse tacere quam
dicere. [Plínio Moço, Epistulae 7.6.7]. Às vezes calar não é
menos eloqüente do que falar. ■ Silêncio também é resposta.
VIDE: ● Aliquando pro facundia silentium est. ● Silentium
sapientibus responsi loco est.
2521. Non minus principi turpia sunt multa supplicia quam
medico multa funera. [Sêneca, De Clementia 1.24.1].
Muitos suplícios são tão vergonhosos para o governante,
como muitos cadáveres para o médico.
2522. Non mireris super hoc negotio. [Vulgata, Eclesiastes
5.7]. Não te admires deste procedimento.
2523. Non mirum sine linguis mulier quod multa loquatur,
mirum cum lingua quod taceat mulier. [Rezende 4248].
Não espanta que uma mulher sem língua fale muito; o que
espanta é uma mulher com língua ficar calada.
2524. Non miscentur contraria. [Sêneca, De Providentia 2.1].
Coisas contrárias não se misturam.
2525. Non miserebis eius, sed animam pro anima, oculum
pro oculo, dentem pro dente, manum pro manu, pedem
pro pede exiges. [Vulgata, Deuteronômio 19.21]. Não terás
misericórdia, mas exigirás vida por vida, olho por olho, dente
por dente, mão por mão, pé por pé.
2526. Non missura cutem, nisi plena cruoris hirudo.
[Horácio, Ars Poetica 476]. A sanguessuga só se desprenderá
da pele depois de cheia de sangue. VIDE: ● Hirudo, nisi plena,
non omittit cutem. ● Macilenti pediculi acrius mordent.
2527. Non modo fortuna ipsa caeca est, sed etiam ii saepe
caeci sunt quos complexa est. Não só a própria sorte é cega,
mas também muitas vezes ficam cegos aqueles a que ela
favoreceu. VIDE: ● Fortuna caeca est. ● Fortuna caeca est,
sed eos etiam plerumque efficit caecos quos complexa est.
● Non enim solum ipsa fortuna caeca est, sed eos etiam
plerumque efficit caecos, quos complexa est.
2528. Non modo peccantes castiga, sed peccaturos etiam
prohibe. [Periandro / Rezende 4250]. Não te limites a
corrigir os que cometem faltas, mas até impede os que vão
cometê-las.
2529. Non moechaberis. [Vulgata, Êxodo 20.14]. Não
cometerás adultério.
2530. Non moritur, quisquis victurus occiditur. [S.Jerônimo,
Epistulae 1.3.1]. Não morre quem morre para viver.
2531. Non mortem timemus, sed cogitationem mortis.
[Sêneca, Epistulae Morales 30.17]. Não temos medo da
morte, mas da idéia de morte.
2532. Non movenda moves. [Schottus, Adagia 19]. Tu mexes
no que não deve ser mexido. ■ Não mexas no santo, que
borras a pintura.
2533. Non movet ignarum symphonia dulcis asellum.
[Pereira 122]. A melodia suave não comove o burrinho
ignorante. ■ Não é o mel para a boca do asno.
2534. Non multa parum, sed pauca multum legenda. Não se
deve ler pouco de muitas coisas, mas muito de poucas coisas.
■ Livros e amigos, poucos e bons. ● Non multa, sed multum.
Não muitas coisas, mas intensamente. VIDE: ● Multa magis
quam multorum lectione formanda mens est. ● Multum
legendum esse, non multa. ● Multum legendum, sed non
multa.
2535. Non multe post. Não muito depois.
2536. Non multum oportet consilio credere, quia suam habet
fortuna rationem. [Petrônio, Satiricon 82.6]. Não convém
confiar muito em resolução, pois a sorte tem o seu próprio
projeto.
2537. Non nascitur ex malo bonum, non magis quam ficus ex
olea. Ad semen nata respondent. [Sêneca, Epistulae
Morales 87.25]. Do mal não nasce o bem, como o figo não
nasce da oliveira. O que nasce corresponde à semente. VIDE:
● Ad semen nata respondent.
2538. Non natura tantum, sed etiam disciplina mores facit.
[Columella, De Re Rustica 7.12.6]. Não somente a natureza,
mas também o treinamento forma o caráter. VIDE: ● Disciplina
mores facit.
2539. Non naviges noctu. [Crisipo / Albertatius 902]. Não
navegues à noite. (=Não te metas em negócios que não
conheças). ■ Não metas a mão onde te fiquem as unhas.
2540. Non necesse habent sani medico, sed qui male habent.
[Vulgata, Marcos 2.17]. Os sãos não têm necessidade de
médico, senão os que estão enfermos. VIDE: ● Cum nullus sit
morbus, nulla medela opus. ● Cum nullus sit morbus,
nulla medela indigeamus. ● Indigent infirmi medici
auxilium. ● Infirmi medicina opus habent. ● Non egent qui
sani sunt medico, sed qui male habent. ● Non est opus
sanis medicus, sed male habentibus. ● Non est opus
valentibus medicus, sed male habentibus. ● Quorum
corpus aegrotat, iis medico opus est. ● Recte qui valeat,
medicae non indigus artis. ● Sanus non eget medico, sed
male habens.
2541. Non nihil aspersis gaudet Amor lacrimis. [Propércio,
Elegiae 1.12.16]. O deus Amor só tem prazer com o
derramento de lágimas.
2542. Non nimium curo. [Marcial, Epigrammata 9.81]. Pouco
me importo.
2543. Non, nisi certanti, laeta corona datur. [Binder,
Thesaurus 2194]. A esplêndida coroa só se concede a quem
compete. ■ Não há proveito sem custo. ■ Não lucro sem
trabalho. VIDE: ● Certandum est; nulli veniunt sine Marte
triumphi. ● Nemo coronatur, nisi certando mereatur.
● Non certanti non est speranda corona.
2544. Non nisi grandia canto. [Gabriele d’Annunzio].. Só
canto coisas grandes.
2545. Non, nisi parendo, vincitur natura. [Rezende 4258]. Só
vencemos a natureza, se lhe obedecermos. VIDE: ● Natura
enim non imperatur, nisi parendo. ● Natura non nisi
parendo vincitur.
2546. Non nisi per magnos ad praemia magna labores itur,
et ignavis nulla corona datur. Só se chega aos grandes
prêmios por grandes trabalhos, e aos preguiçosos não se dá
nenhuma coroa. ■ Não se ganha boa fama em cama de penas.
VIDE: ● Magna venit nulli sine magno fama labore.
2547. Non nisi tangentem crudelis apicula pungit. [Medina
601 / Rezende 4259]. A cruel abelhinha só pica quem a toca.
■ Não morde a abelha senão a quem trata com ela.
2548. Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini tuo da
gloriam. [Vulgata, Salmos 113B,1 / Divisa dos Templários].
Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória.
2549. Non nobis, sed omnibus. [Divisa]. Não só para nós, mas
para todos.
2550. Non nobis solum nati sumus: ortusque nostri partem
patria sibi vindicat, partem parentes, partem amici.
[Platão / Cícero, De Officiis 1.17]. Não nascemos só para
nós: a pátria toma para si uma parte de nossa vida; uma parte
nossos pais, uma parte os nossos amigos .
2551. Non nocet. Não prejudica. Não invalida.
2552. Non nosti omnia. Tu não sabes tudo.
2553. Non nostrum inter vos tantas componere lites.
[Virgílio, Eclogae 3.108]. Não me cabe julgar tão grandes
contendas entre vós.
2554. Non nova, sed nove. [Vincent de Lérins / Rezende 4262].
Não são coisas novas, mas de maneira nova. VIDE: ● Antiqua
nove. ● De eadem re alio modo. ● Nove, sed non nova. ● Si
non nova, saltem nove.
2555. Non novit virtus calamitati cedere. [Publílio Siro]. A
bravura não sabe submeter-se à má-sorte. ■ Peito forte zomba
da má sorte.
2556. Non obiit, sed abiit. [Ausônio, Epitaphia 29]. Não
morreu, partiu. VIDE: ● Abiit, non obiit.
2557. Non obligat lex nisi promulgata. [Jur / Black 1252]. A
lei não é obrigatória a não ser que tenha sido promulgada.
2558. Non obliviscar sermones tuos. [Vulgata, Salmos
118.16]. Não me esquecerei de tuas palavras.
2559. Non oboedio praecepto regis, sed praecepto legis.
[Vulgata, 2Macabeus 7.30]. Eu não obedeço às ordens do rei,
e sim às determinações da lei.
2560. Non obolum habet, unde restim emat. Não tem dinheiro
nem para comprar uma corda (para se enforcar). ■ Não tem
eira nem beira. VIDE: ● Nec obolum habet, quo restim emat.
● Nec obolum habet, unde restim emat qua se suspendat.
2561. Non obstantibus humanis limitationibus. Não obstante
as limitações humanas.
2562. Non obstare locum, cum valet ingenium. [Ausônio,
Caesares 22]. O lugar (de nascimento) não é obstáculo,
quando a inteligência é poderosa.
2563. Non occidere innocentem. [Peña 33]. Não matar um
inocente.
2564. Non occides. [Vulgata, Êxodo 20.13]. Não matarás.
2565. Non occides; qui autem occiderit, reus erit iudicio.
[Vulgata, Mateus 5.21]. Não matarás, e quem matar será réu
no juízo.
2566. Non oculis clausis excubias egit. [Schottus, Adagia 347].
Não ficou de sentinela com os olhos fechados. VIDE: ● Non
caecam speculationem adhibuit.
2567. Non oculo nota res est a corde remota. Coisa que não é
conhecida pelo olho, está longe do olho. ■ O que o olho não
veja, o coração não deseja. ■ Longe dos olhos, longe do
coração.
2568. Non oderis fratrem tuum in corde tuo. [Vulgata,
Levítico 19.17]. Não aborrecerás a teu irmão no teu coração.
2569. Non officit conatus nisi sequatur effectus. [Jur / Coke /
Black 1252]. A tentativa não prejudica, a não ser ocorra o
resultado.
2570. Non olet. [Suetônio, Vespasianus 23]. (O dinheiro) não
tem cheiro. VIDE: ● Lucri bonus est odor ex re qualibet.
● Pecunia non olet.
2571. Non omne dulce, bonum. Nem tudo que é doce é bom.
VIDE: ● Nec omne dulce bonum.
2572. Non omne id quod fulget aurum est. [Schrevelius 1183
/ Rezende 4267]. ■ Nem tudo que reluz é ouro. ■ Nem tudo
que luz é ouro. ● Non omne quod micat aurum est. ● Non
omne quod nitet aurum est. [CODP 112]. VIDE: ● Aurea ne
credas quaecumque nitescere cernis. ● Auri natura non
sunt splendentia plura. ● Non est aurum omne quod
radiat. ● Non est aurum quicquid rutilat fulvum. ● Non est
aurum totum quod lucet ut aurum. ● Non est hoc aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non teneas aurum totum
quod splendet ut aurum. ● Non teneas aurum totum quod
splendet ut aurum, nec pulchrum pomum quodlibet esse
bonum. ● Omnia quae nitent aurea non sunt. ● Quidquid
micat non est aurum. ● Quidquid micat aurum non est.
2573. Non omne quod licet honestum est. [Paulo, Digesta
50.17.144]. Nem tudo que é lícito é honesto. ■ Nem tudo que
é legal é moral. ● Non omne licitum honestum. VIDE:
● Honesta non sunt omnia quae licent. ● Honestum non est
semper quod licet. ● Neque enim quidquid licet et decet.
2574. Non omnem frugem in omni agro reperire possis.
[Cícero, Pro Roscio Amerino 75]. Não é em todo terreno que
podes encontrar todos os grãos.
2575. Non omnem hominem inducas in domum tuam;
multae enim sunt insidiae dolosi. [Vulgata, Eclesiástico
11.31]. Não introduzas qualquer pessoa em tua casa, porque
são muitas as ciladas do fraudulento.
2576. Non omnem molitor, quae fluit undam videt. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy]. O moleiro não vê
toda água que passa (por seu moinho).
2577. Non omnes ad omnia natura idonei sumus. [DAPR
593]. Pela natureza nem todos somos competentes para tudo.
■ O saber não está todo numa cabeça só. ● Non omnes ad
omnia natura apti sumus. VIDE: ● Non omnia possumus
omnes. ● Nullus omnia scire potest.
2578. Non omnes arbusta iuvant. [Virgílio, Eclogae 4.2]. As
árvores não agradam a todos. ■ Nem tudo se adapta a todos.
2579. Non omnes capiunt verbum istud. [Vulgata, Mateus
19.11]. Nem todos compreendem esta palavra.
2580. Non omnes eadem mirantur amantque. [Horácio,
Epistulae 2.2.58]. Nem todos admiram e gostam das mesmas
coisas. ■ Cada um tem seu gosto.
2581. Non omnes esse grati sciunt. [Sêneca, Epistulae Morales
81.8]. Nem todos sabem ser agradecidos. VIDE: ● Non omnes
sciunt referre beneficium.
2582. Non omnes homines aliquo errore ducuntur? non hic
in illo sibi, in hoc alius indulget? [Plínio Moço, Epistulae
9.12.1]. Não é verdade que todos os homens cometem algum
erro? Não é verdade que este se desculpa desta fraqueza, e o
outro se desculpa de outra?
2583. Non omnes nubes producunt pluviam. [Bebel, Adagia
Germanica]. Nem todas as nuvens produzem chuva. ● Às
vezes muito ameaça quem de medroso não passa.
2584. Non omnes omnia possunt efficere. [Maximiano,
Elegiae 2.41]. Nem todos podem realizar tudo.
2585. Non omnes qui habent citharam sunt citharoedi.
[Varrão, De Re Rustica 2.1.3]. Nem todos que têm cítara são
citaredos. ■ O hábito não faz o monge. ● Non omnes qui
habent citharam musicam callent. [Albertatius 904]. Nem
todos que têm cítara entendem de música. VIDE: ● Non est
venator, quivis per cornua flator.
2586. Non omnes qui mane micant, sub vespere lucent.
[Inscrição em relógio de sol]. Nem todos os que brilham de
manhã, luzem à noite.
2587. Non omnes sancti qui calcant limina templi. [DAPR
598]. Nem todos os que pisam no limiar do templo são
santos. ■ Nem todos os que vão à missa são santos. ● Non
omnes sancti sunt qui delubra deorum intrant. [Bebel,
Adagia Germanica]. Nem todos os que entram nos templos
dos deuses são santos.
2588. Non omnes sciunt referre beneficium. Nem todos
sabem retribuir um favor. VIDE: ● Non omnes esse grati
sciunt.
2589. Non omnes stertentes dormiunt. [Bebel, Adagia
Germanica]. Nem todos que estão deitados estão dormindo.
■ Nem tudo que parece, é. VIDE: ● Non omnibus dormio.
2590. Non omni die bene esse possumus, sed isto bene atque
alio male. Não podemos estar bem todos os dias, mas um dia
estamos bem, outro mal. ■ Nem todo dia há carne gorda.
2591. Non omni eumdem calceum induas pedi. [DAPR 189].
Não calçarás o mesmo sapato nos dois pés. ■ O que faz bem
ao fígado faz mal ao baço. ● Non omni eumdem calceum
induces pedi. VIDE: ● Eumdem calceum omni pedi
inducere. ● Eumdem calceum non omni inducendum pedi.
● Non omnis calceus convenit cuilibet pedi. ● Omni pedi
eumdem calceum induis.
2592. Non omni fluvio pisces, nec omni vite racemos. [Pereira
113]. Nem em todo rio peixes, nem em toda videira cachos
de uva. ■ Nem em cada malha peixe, nem em cada moita
feixe.
2593. Non omni homini cor tuum manifestes. [Vulgata,
Eclesiástico 8.22]. Não abras o teu coração para qualquer
pessoa. ● Non omni homini reveles cor tuum. ● Non omni
socio cordis secreta revelo. [Eiselein 186]. Não revelo os
segredos do meu coração a todo companheiro.
2594. Non omni pretio vita emenda est. [Sêneca, Epistulae
Morales 70.7]. A vida não deve ser comprada a qualquer
preço.
2595. Non omni verbo credas. [Vulgata, Eclesiástico 19.15].
Não acredites em tudo que se diz. VIDE: ● Non est credendum
omni verbo.
2596. Non omnia eadem aeque omnibus suavia. [Plauto,
Asinaria 620]. Nem tudo é igualmente agradável a todos.
2597. Non omnia evenire, quae statuas, solent. [Publílio
Siro]. Não costuma acontecer tudo que se planeja. ● Non
omnia eveniunt quae in animo statueris. [Erasmo, Adagia
3.1.19]. Não acontece tudo que planejas no teu pensamento.
VIDE: ● Non quidvis contingit quod optaris.
2598. Non omnia eveniunt, quae praedicta sunt. [Cícero, De
Natura Deorum 2.12]. Não acontecem todas as coisas que
foram preditas.
2599. Non omnia grandior aetas, quae fugiamus habet: seris
venit usus ab annis. [Ovídio, Metamorphoses 6.28]. A
velhice não nos traz somente os males de que queremos
fugir; a experiência nos chega nos anos tardios.
2600. Non omnia narratu sunt digna, quae per squalidas
transiere personas. [Amiano Marcelino, Historia 28.1.15].
Nem tudo que aconteceu entre pessoas obscuras é digno de
ser contado.
2601. Non omnia, nec passim, nec ab omnibus. [Albertatius
906]. Nem tudo, nem sempre, nem de todos. VIDE: ● Nec
omnia, nec passim, nec ab omnibus.
2602. Non omnia nimirum eidem di dederunt. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 22.51]. Evidentemente os deuses não
deram tudo ao mesmo homem.
2603. Non omnia omnibus aeque feliciter cadunt. [Rezende
4271]. Nem tudo acontece com igual sucesso a todos.
2604. Non omnia omnibus apta. Nem tudo serve para todos.
■ Nem tudo se adapta a todos.
2605. Non omnia omnibus congruunt. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 5.6 / Rezende 4270]. ■ Nem tudo fica bem a todos.
VIDE: ● Non omnibus congruunt omnia.
2606. Non omnia omnibus cupienda esse. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 64.1]. Nem todas as coisas devem ser desejadas
por todos. ■ Nem tudo é para todos.
2607. Non omnia omnibus placent. Nem tudo agrada a todos.
2608. Non omnia omnibus tribuenda sunt, sed suum cuique.
Nem todas as coisas devem ser entregues a todos, mas a cada
um aquilo que é seu. ■ Nem tudo é para todos.
2609. Non omnia possumus omnes. [Virgílio, Eclogae 8.63].
Não somos todos capazes para tudo. ■ Os dedos das mãos
não são iguais. ■ Cada qual com seu ofício. VIDE: ● Non
omnes ad omnia natura idonei sumus.
2610. Non omnia quae vera sunt recte dixeris. [DAPR 666].
Não é correto dizer tudo que é verdade. ■ Nem todas as
verdades se dizem. ■ Mal me querem as comadres, porque
lhes digo as verdades.
2611. Non omnibus aegris eadem auxilia conveniunt. [Celso,
De Medicina 3.1.5]. Os mesmos remédios não servem para
todos os doentes. ■ O que faz bem ao fígado faz mal ao baço.
VIDE: ● Alterum illud ignorari non oportet, quod non
omnibus aegris eadem auxilia conveniunt.
2612. Non omnibus annis omnia conveniunt. Nem tudo
convém a todas as idades. VIDE: ● Diversos diversa iuvant,
non omnibus annis omnia conveniunt.
2613. Non omnibus congruunt omnia. [Erasmo, Apologia Pro
Vita Sua]. ■ Nem tudo fica bem a todos. VIDE: ● Non omnia
omnibus congruunt.
2614. Non omnibus contingit. [Grynaeus 168]. Isso não
acontece a todos.
2615. Non omnibus crede. [Pítaco / Rezende 4276]. Não dês
crédito a todos. ● Non omnibus credendum. Não se deve
confiar em todos.
2616. Non omnibus datum est habere nasum. Não foi dado a
todos ter bom gosto. VIDE: ● Non cuicumque datum est
habere nasum.
2617. Non omnibus dormio. [Cícero, Ad Familiares 7.24]. Eu
não durmo para todos. (=Vejo claro, quando a questão é de
meu interesse). VIDE: ● Non omnes stertentes dormiunt.
2618. Non omnibus eadem placent nec conveniunt quidem.
[Plínio Moço, Epistulae 6.27.4]. As mesmas coisas não
agradam nem convêm a todos.
2619. Non omnibus est placendum. Não é preciso agradar a
todos.
2620. Non omnibus unum est quod placet: hic spinas colligit,
ille rosas. [Petrônio, Fragmenta 25]. Não há uma coisa que
agrade a todos: este colhe espinhos, aquele, rosas.
2621. Non omnino temere est, quod vulgo dictitant. [Erasmo,
Adagia 1.6.25]. Geralmente o que se anda dizendo entre o
povo não é sem causa. ■ O povo aumenta, mas não inventa.
■ Onde fogo há, fumo se levanta. ● Non omnino temere est,
quod vulgo iactitant. [Aristóteles / Albertatius 895]. ● Non
omnino temere est, quod vulgo fertur. [Rezende 4278].
● Non omnino falsum est, quod rumore populi iactatur.
VIDE: ● Non temere fama nasci solet.
2622. Non omnis aetas ad perdiscendum sat est amanti, dum
id perdiscat, quot pereat modis. [Plauto, Truculentus 1]. A
vida inteira de aprendizagem não basta a um homem
enamorado para aprender de quantos modos se desgraçará.
2623. Non omnis calceus convenit cuilibet pedi. [Manúcio,
Adagia 1173]. Nem todo sapato serve para qualquer pé.
■ Nem tudo fica bem a todos. ■ O que faz bem ao fígado faz
mal ao baço. VIDE: ● Non omni eumdem calceum induas
pedi. ● Non omni eumdem calceum induces pedi.
2624. Non omnis error stultitia dicenda est. [Cícero, De
Divinatione 2.90]. Nem toda tolice deve ser classificada
como erro. ● Non omnis error stultitia est dicendum.
[Bacon]. Nem todo erro deve ser classificado como tolice.
2625. Non omnis fert omnia tellus. [Erasmo, Adagia 4.4.20].
Nenhuma terra produz tudo. VIDE: ● In terra non omni
generantur omnia. ● Nec tellus eadem parit omnia: vitibus
illa convenit, haec oleis; hac bene farra virent. ● Nec vero
terrae ferre omnes omnia possunt. ● Non eadem tellus fert
omnia: vitibus illa convenit, haec oleis, hic bene farra
virent. ● Non tellus eadem parit omnia.
2626. Non omnis Martinus sanctus. [Grynaeus 776]. Nem
todo Martinho é santo. ■ Nem todos os que rezam são santos.
■ Nem todo branco é farinha.
2627. Non omnis moriar, multaque pars mei vitabit
Libitinam. [Horácio, Carmina 3.30.6]. Não morrerei
completamente, e uma grande parte de mim escapará à
Morte. (=Libitina era a deusa que, em Roma, presidia os
funerais).
2628. Non omnis qui nobis arridet, amicus est. [DAPR 574].
Nem todo que sorri para nós, é nosso amigo. ■ Renego do
amigo que me cobre com as asas e me morde com o bico.
VIDE: ● Non est veridicus subridens omnis amicus.
2629. Non omnis qui sapiens dicitur sapiens est, sed qui
discit et retinet sapientiam. [Petrus Alphonsus, Disciplina
Clericalis, De Silentio]. Sábio não é todo aquele que é
considerado sábio, mas aquele que aprende e retém o
conhecimento.
2630. Non omnium est olere muscum. [Grynaeus 776]. Nem
todos podem cheirar a almíscar.
2631. Non omnium est virorum ad Corinthum navigatio.
[Albertatius 913]. Navegar a Corinto não é para todos os
homens. ■ Nem tudo é para todos. VIDE: ● Cuiuslibet non est
Corinthum appellere. ● Non cuilibet Corintho fas esse
adnavigare. ● Non cuivis homini contingit adire
Corinthum. ● Non est Corinthum fas cuique appellere.
● Non est cuiuslibet Corinthum appellere. ● Non est datum
cuivis Corinthum appellere. ● Non licet omnibus adire
Corinthum.
2632. Non omnium ingenia sunt accommodata disciplinis.
[Rezende 4281]. Nem todas as inteligências se adaptam às
ciências.
2633. Non omnium quae a maioribus constituta sunt ratio
reddi potest. [Digesta 1.3.20]. Não se pode dar a razão de
todas as coisas estabelecidas por nossos antepassados.
2634. Non onerat, sed ornat. [Divisa]. Não me pesa, mas me
honra. VIDE: ● Ornat, non onerat.
2635. Non operando peris; res age, tutus eris. [Adágio
Medieval / Busarello 265]. Se nada fazes, tu te arruínas;
trabalha e te salvarás. VIDE: ● Cedit amor rebus: res age,
tutus eris.
2636. Non operae pretium est. É trabalho inútil. ■ Não vale a
pena. VIDE: ● Cassus est labor.
2637. Non opibus bona fama datur, sed moribus ipsis.
[Dionísio Catão, Disticha, Appendix 9]. A boa reputação não
é dada pelas riquezas, mas pelo próprio caráter.
2638. Non opibus mentes hominum curaeque levantur.
[Tibulo, Elegiae 3.3.21]. Os espíritos e os cuidados dos
homens não são aliviados pelas riquezas.
2639. Non opinor. Acho que não. Não concordo.
2640. Non oportere in urbe nutriri leonem. [Valério Máximo,
Facta et Dicta Memorabilia 7.2.7]. Não convém criar leão na
cidade.
2641. Non oportere in ipso opere, sed ante deliberare, ut qui
litare volunt, rei divinae necessaria preparare solent. Não
se deve deliberar durante a própria ação, mas antes, como os
que querem fazer um sacrifício aos deuses costumam
preparar as coisas necessárias ao ato religioso. VIDE: ● Ad
altare nihil opus consilio. ● Non apud aram
consultandum. ● Non est apud aram consilio locus. ● Non
est apud aram consultandum.
2642. Non oportet equi dentes inspicere donati. [DAPR 781].
Não convém examinar os dentes do cavalo dado. ■ A cavalo
dado não se olham os dentes. VIDE: ● Donati non sunt ora
inspicienda caballi. ● Donato non sunt ora inspicienda
caballo. ● Equi donati dentes non inspiciuntur. ● Gratis
quando datur equus, os non inspiciatur, non
contemnatur, si morbidus. ● Noli equi dentes inspicere
donati. ● Si quis dat mannos, ne quaere in dentibus annos.
2643. Non oportet hospitem semper esse hospitem.
[Aristóteles / Binder, Medulla 1189]. Não convém que o
hóspede sempre seja hóspede. ■ Onde te querem muito não
vás amiúde.
2644. Non oportet peccata corrigere peccantem. [Sêneca, De
Ira 1.16.1]. Não cabe a um pecador corrigir pecados.
2645. Non oportet per totam noctem dormire consiliatorem
virum, cui populique sunt commissi et tanta curae sunt.
[Homero, Ilíada 2.24-25]. Não pode dormir a noite inteira o
conselheiro a quem foi confiado o povo e que tem tantas
preocupações. VIDE: ● Non decet principem solidam
dormire noctem● Non decet integram noctem dormire
regentem imperio populos. ● Non decet tota nocte dormire
consiliatorem virum.
2646. Non oportet studere sed studuisse. [DAPR 740]. O
conveniente não é estudar, mas ter estudado.
2647. Non opus est celeri subdere calcar equo. Para cavalo
veloz não há necessidade de usar espora. ■ Cavalo que voa
não pede espora. VIDE: ● Equo currenti non opus
calcaribus. ● Nunc opus est celeri subdere calcar equo.
● Stimulo currentem equum incitasti.
2648. Non opus est verbis, credite rebus. [Ovídio, Fasti
2.734]. Não há necessidade de palavras; confiai em fatos.
2649. Non opus est verbis sed fustibus. [Cícero, In
Calpurnium Pisonem 30]. Não precisa de palavras, mas de
pancadas.
2650. Non ovum tam simile ovo. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 5.11.30]. Nem dois ovos seriam tão parecidos.
■ Cara de um, focinho do outro. VIDE: ● Non tam aqua similis
aquae. ● Non tam lac lacti simile. ● Non tam ovum ovo
simile. ● Non tam ovo ovum simile.
2651. Non parvas animo dat gloria vires, et fecunda facit
pectora laudis amor. [Ovídio, Tristia 5.12.37]. Não são
poucas as forças que a glória dá ao coração, e o desejo de
reconhecimento faz o coração fecundo.
2652. Non pasces in cruce corvos. [Horácio, Epistulae
1.16.48]. Tu não alimentarás os corvos na cruz.
2653. Non passibus aequis. [Sêneca, Apocolocyntosis 1.1;
Virgílio, Eneida 2.724]. A passos desiguais. VIDE: ● Haud
passibus aequis. ● Pari passu. ● Passu pari. ● Sequiturque
patrem, non passibus aequis.
2654. Non patrias modulatur cantiones. [Apostólio, Paroimiai
15.41]. Não canta as canções paternas. ■ Não saiu aos seus.
■ Não vai pelo caminho de seus pais. VIDE: ● Haud canit
paternas cantiones. ● Haud canit paternas cantilenas.
● Paternas haud canit cantiones.
2655. Non paucas maculas incuria fudit. Não foram poucos
os erros que a negligência causou. VIDE: ● Incuria fudit non
paucas maculas. ● Non ego paucis offendar maculis, quas
incuria fudit.
2656. Non peccent oculi, si oculis animus imperet. [Publílio
Siro]. Os olhos não se enganarão, se o espírito os governar.
VIDE: ● Nihil peccant oculi, si animus oculis imperat.
2657. Non pecces tunc cum peccare impune licebit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 76]. Não peques, mesmo
quando for permitido pecar impunemente.
2658. Non perdit, sed auget artem artifex qui multos efficit
artifices. [S.João Crisóstomo / Bernardes, Nova Floresta
3.47]. Não perde sua arte, mas a reforça, o artista que forma
muitos artistas.
2659. Non persuadebis, ne si persuaseris quidem. [Erasmo,
Adagia 2.7.56]. Não convencerás, se também não estiveres
convencido.
2660. Non placet. Não agrada. (=Declaração de voto negativo).
2661. Non placet cum illi plus laudant qui audiunt, quam
qui vident. [Plauto, Truculentus 486]. Não me agrada
quando os que ouvem louvam mais do que os que vêem.
2662. Non placet ille mihi, quisquis placuit sibi multum.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 11]. Não gosto de
quem gosta de si mesmo exageradamente.
2663. Non pluris refert, quam si imbrem in cribrum ingeras.
[Plauto, Pseudolus 100]. Não tem mais importância do que se
carregasses água numa peneira.
2664. Non plus sapere, quam oportet sapere, sed sapere ad
sobrietatem. [Vulgata, Romanos 12.3]. Não saibam mais do
que convém saber, mas saibam com temperança. VIDE:
● Neque plus sapias, quam necesse est, ne obstupescas.
2665. Non plus sensus habet, quam surdi lapides. [Grynaeus
670]. Não tem mais juízo do que as surdas pedras. ■ É um
desmiolado.
2666. Non plus ultra. Não mais além. (=O extremo limite a que
se pode chegar numa arte, numa ciência, etc. O máximo. O
que há de melhor). VIDE: ● Ibi deficit orbis. ● Ne plus ultra.
● Nec plus ultra. ● Non ultra. ● Hucusque, nec amplius.
2667. Non poscunt sancti, quod negat ira Dei. [Rezende 4289;
Medina 605]. Não pedem os santos o que nega a ira de Deus.
■ Não pedem santos, quando Deus não quer. ● Non poscunt
sancti quod negatur a Deo. [Pereira 118]. Os santos não
pedem o que é negado por Deus. VIDE: ● Non iuvat absque
Deo caelestis turma supremo.
2668. Non posse bene geri rempublicam multorum imperiis.
[Homero / Cornélio Nepos, Vita Dionis 6.4]. O país não pode
ser bem administrado sob as ordens de muitos. ■ Panela que
muitos mexem sai mal temperada. ■ Onde muitos mandam,
ninguém obedece, e tudo fenece.
2669. Non posse oratorem esse nisi virum bonum.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 12.1]. O orador não pode ser
senão um homem de bem. VIDE: ● Orator vir bonus, dicendi
peritus.
2670. Non possidentem multa vocaveris recte beatum.
[Horácio, Carmina 4.9.45]. Com razão chamarás de feliz
quem não possui muitas coisas.
2671. Non possis oculo quantum contendere Lynceus.
[Horácio, Epistulae 1.1.28]. Tu não podes alcançar com o
olho tanto quanto Linceu alcança.
2672. Non possum exprimere sermonibus. [Minúcio Félix,
Octavius 2]. Não consigo dizer isso com palavras.
2673. Non possum hoc, igitur faciam illud. Não posso isto,
portanto farei aquilo. ■ Quem não pode como quer faça como
puder.
2674. Non possum non loqui. Não posso deixar de falar.
2675. Non possumus. Não podemos.
2676. Non possumus non loqui. Não podemos deixar de
contar.
2677. Non possunt nudo vestimenta detrahi. [Rezende 4292].
Ao homem nu não se podem tirar as roupas. ■ Ninguém pode
despir um homem nu. VIDE: ● An ignoras, inepte, nudum nec
a decem palaestritis despoliari posse? ● Centum viri unum
pauperem spoliare non possunt. ● Nemo potest nudo
vestimenta detrahere. ● Nudo detrahere vestimenta me
iubes. ● Nudus nec a centum viris spoliari potest. ● Nudum
nec a decem palaestritis despoliari posse.
2678. Non possunt omnia simul. [Cícero, Ad Atticum
14.15.3]. Eles não podem tudo ao mesmo tempo.
2679. Non possunt primi esse omnes omni in tempore.
[Macróbio, Saturnalia 2.7]. Nem todos podem sempre ocupar
o primeiro lugar.
2680. Non potentia, sed iure. Não pela força, mas pelo direito.
VIDE: ● Non vi, sed iure.
2681. Non poterit pennis iam plus nigrescere corvus. [Pereira
108]. ■ O corvo não pode ser mais negro do que suas asas.
2682. Non potes effugere, ubicumque cucurreris, quia,
ubicumque veneris, teipsum tecum portas, et semper te
ipsum invenies. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
2.12.24]. Não podes escapar, para onde quer que correres,
porque, aonde quer que chegues, levarás contigo a ti mesmo,
e sempre te encontrarás.
2683. Non potes idem diversa sequi, velut litteras et
pecuniam, voluptatem et gloriam, mundum et Christum.
[Grynaeus 42]. Não podes ao mesmo tempo perseguir coisas
opostas, como o saber e o dinheiro, o prazer e a glória, o
mundo e Cristo.
2684. Non potes unum capillum album facere aut nigrum.
[Vulgata, Mateus 5.33]. Não podes tornar branco ou negro
um só cabelo.
2685. Non potest alius esse ingenio, alius animo color.
[Sêneca, Epistulae Morales 114.3]. O talento não pode ter
uma cor e o espírito outra.
2686. Non potest amor cum timore misceri. [Sêneca,
Epistulae Morales 47.18]. O amor não pode coexistir com o
medo. ■ Amor e medo não se misturam.
2687. Non potest arbor bona malos fructos facere. [Vulgata,
Mateus 7.18]. Não pode a árvore boa dar maus frutos. ■ De
boa árvore, bons frutos.
2688. Non potest artifex mutare materiam: hoc passa est.
[Sêneca, De Providentia 5.9]. O artesão não pode transformar
a matéria: a isso ela está sujeita.
2689. Non potest bene imperare qui male ante serviit.
[DAPR 428]. Não pode mandar bem quem antes serviu mal.
■ Bem sabe mandar quem bem sabe obedecer. VIDE: ● Nemo
bene imperat, nisi qui paruerit imperio. ● Parere cum
didiceris, imperare scies. ● Praeesse nescit qui subesse
nescit. ● Qui nescit oboedire, is nesciet imperare.
2690. Non potest civitas abscondi supra montem posita.
[Vulgata, Mateus 5.14]. Não se pode esconder uma cidade
que está situada sobre um monte.
2691. Non potest dici eleemosyna quae fit ex furto vel
rapina. [VES 127]. Não pode ser denominado esmola aquilo
que vem de furto ou rapina.
2692. Non potest dolo carere, qui imperio magistratus non
paruit. [Digesta 50.17.199]. Não pode estar isento de dolo
quem não obedeceu à determinação do magistrado.
2693. Non potest exacta revocari. [Sêneca, De Ira 2.22.4]. O
ato praticado não pode ser desfeito. ■ O que está feito não
pode ser desfeito. VIDE: ● Facta infecta fieri nequeunt.
● Factum fieri nequit infectum. ● Factum fieri infectum
non potest. ● Factum est illud, fieri infectum non potest.
● Quae facta sunt, infecta fieri non possunt. ● Quod factum
est infectum fieri nequit. ● Quod factum est, infectum fieri
non potest. ● Quod semel est factum, fieri infectum haud
queat unquam.
2694. Non potest exercitum is continere imperator qui se
ipsum non continet. [Cícero, Pro Lege Manilia 38]. Não
pode comandar um exército o general que não se comanda.
2695. Non potest fieri tempore uno homo idem duobus locis
ut simul sit. [Plauto, Amphitruo 566]. Não pode acontecer
que o mesmo homem esteja ao mesmo tempo em dois
lugares. ■ Não se pode bater o sino e carregar o andor. ■ Não
se pode cavar a um tempo na vinha e no bacelo.
2696. Non potest gratis constare libertas. Hanc si magno
aestimas, omnia parvo aestimanda sunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 104.34]. Não pode existir liberdade sem
preço; se a consideras valiosa, tudo mais deve ser
considerado sem valor.
2697. Non potest improbus videri, qui ignorat quantum
solvere debeat. [Digesta 50.17.99]. Quem não sabe quanto
deveria pagar, não pode ser considerado desonesto. VIDE:
● Qui ignorat quantum solvere debeat, non potest
improbus videri.
2698. Non potest iucunde vivi, nisi cum virtute vivatur.
[Epicuro / Cícero, Tusculanae Disputationes 3.49]. Não se
pode viver com alegria, se não se vive com virtude.
2699. Non potest inveniri vita hominis carens molestia.
[Menandro / Tosi 1659]. Não é possível encontrar-se uma
vida humana isenta de sofrimento. ■ Não há ninguém que não
carregue a sua cruz. VIDE: ● Quisque suas sustinet cruces.
2700. Non potest male mori, qui bene vixerit. [S.Agostinho,
De Doctrina Christiana 12]. Não pode morrer mal quam tiver
vivido bem. ● Non potest male mori qui bene vixit, et vix
bene moritur qui male vixit. [Rezende 4295]. Não pode
morrer mal quem viveu bem, e dificilmente morre bem quem
viveu mal.
2701. Non potest medicus per epistulas eligere cibi aut
balinei tempus, vena tangenda est. [Sêneca, Epistulae
Morales 22.1]. O médico não pode receitar por carta o
momento de comer ou de banhar-se; ele deve tomar o pulso.
■ O tempo e a ocasião mostram o que se deve fazer.
2702. Non potest non sapere, qui se stultum intellegit.
[Publílio Siro]. Não é possível não ter juízo quem se
reconhece ignorante.
2703. Non potest numerare supra quinque. [Zenódoto /
Binder, Thesaurus 2212]. Não sabe contar além de cinco.
■ Não sabe qual é a sua mão direita. ■ Não sabe o sinal da
cruz. ■ Não passou do bê-a-bá.
2704. Non potest parvo res magna constare. [Sêneca,
Epistulae Morales 19.4]. Coisa grande não pode custar
pouco.
2705. Non potest rex gratiam facere cum iniuria et damno
aliorum. [Jur / Broom 50]. O rei não pode favorecer um
súdito com injúria e prejuízo dos demais.
2706. Non potest severus esse in iudicando, qui alios in se
severos esse iudices non vult. [Cícero, Pro Lege Manilia
38]. Quem não quer juízes severos contra si, não pode ser
severo ao julgar.
2707. Non potestis Deo servire et mammonae. [Vulgata,
Lucas 16.13]. Vós não podeis servir a Deus e às riquezas.
VIDE: ● Nummis atque Deo servire potest nemo bene.
2708. Non praestant philosophi quae loquuntur. [Sêneca, De
Vita Beata 20]. Os filósofos não praticam o que dizem.
2709. Non praestat impedimentum, quod de iure non
sortitur effectum. [Jur]. Não oferece impedimento o que é
nulo de pleno direito.
2710. Non praeterita, sed praesens aspicienda est fortuna.
[Epígrafe de Fábula de Fedro]. Não se deve considerar a
sorte passada, mas a presente. ■ O que passou, passou.
● Águas passadas não movem moinhos.
2711. Non primus impetus tribuit victoriam, sed ultimus,
ergo pugnandum est usque ad finem. Não é o primeiro
impulso que dá a vitória, mas o último; logo deve-se lutar até
o fim. ■ A primeira machadada não derruba o pau. VIDE: ● In
omni bello, in omni certamine, non primus impetus
pugnantium tribuit victoriam, sed ultimum.
2712. Non probandum factum notorium. [Jur]. Fato notório
não precisa ser comprovado. VIDE: ● Facta notoria
probatione non egent. ● Non indigent probatione facta
notoria. ● Notorium non eget probatione. ● Notoria vel
manifesta non egent probatione.
2713. Non procul a proprio stipite poma cadunt. [Binder,
Thesaurus 2213]. As frutas não caem longe do próprio
tronco. ■ O figo sabe à figueira. VIDE: ● Nunquam ex malo
patre bonus filius.
2714. Non prodest ratio, ubi vis imperat. [Grynaeus 776].
Não vale a razão, quando impera a força.
2715. Non progredi regredi est. [Goethe, Hermann e Dorotéia
3 / Rezende 4298]. Não avançar é recuar. ■ Quem não avança
recua. ■ Não esqueças um instante que é ficar para trás não
ir avante. ● Non progredi regredi est, et nolle proficere
deficere est. Não progredir é regredir, e não querer avançar é
recuar. VIDE: ● Naturaliter, quod procedere non potest,
recedit. ● Qui non proficit, deficit. ● Quod procedere non
potest, recedit.
2716. Non promulgatam sane legem non obligare. [Jur]. Lei
que não foi devidamente promulgada não obriga. VIDE:
● Nulla enim lex obligat, nisi sit debite promulgata.
2717. Non prosequitur. [Jur / Black 1253]. Não tem
prosseguimento. (=Diz-se da ação em que o reclamante não
cumpre as etapas necessárias).
2718. Non pudeat dicere, quod non pudet sentire.
[Montaigne, Essais 2.5]. Não tenhamos vergonha de dizer
aquilo que não temos vergonha de sentir.
2719. Non pudet physicum, id est speculatorem
venatoremque naturae, ab animis consuetudine imbutis
quaerere testimonium veritatis. [Cícero, De Natura
Deorum 83]. Não é vergonha que um físico, isto é, um
observador e investigador da natureza, peça aos espíritos
experientes um testemunho da verdade.
2720. Non pudor est nil scire; pudor, nil scire velle. [Binder,
Thesaurus 2215]. Não é vergonha não saber nada; vergonha é
não querer saber nada.
2721. Non puero cultellum. [Bebel, Adagia Germanica]. Não
confies navalha a criança. VIDE: ● Ne puero gladium
commiseris. ● Ne puero gladium.● Nec puero gladium. ● Ne
regnum impuberi.
2722. Non purgat peccata qui negat. [Schrevelius 1177]. Não
se purifica do erro quem o nega.
2723. Non puto illum capillos liberos habere. [Petrônio,
Satiricon 38.12]. Acho que nem os cabelos são mais dele.
■ Deve até os cabelos. VIDE: ● Non ille capillos liberos habet.
2724. Non puto pauperem, cui quantulumcumque superest,
sat est. [Sêneca, Epistulae Morales 1.5]. Não considero
pobre aquele a quem o pouco que sobra é suficiente.
2725. Non quae praeteriit hora redire potest. [Medina 611].
O tempo que passou não pode retornar. ■ O tempo vai e não
volta. ■ Tempo e hora não se atam com soga. VIDE: ● Nec
praeteritum tempus unquam revertitur. ● Nec quae
praeteriit hora redire potest.
2726. Non quaeram quis sit istius artifex mundi? [Sêneca,
Epistulae Morales 65.19]. Não perguntarei quem é o criador
deste mundo? VIDE: ● Artifex mundi. ● Artifex mundi Deus.
2727. Non quaeras quis hoc dixerit, sed quid dicatur
attende. [Tomás de Kempis, De Immitatione Christi 1.5.1].
Não procures saber quem disse isso, mas presta atenção no
que foi dito.
2728. Non quaeras ultionem. [Vulgata, Levítico 9.18]. Tu não
te vingarás.
2729. Non quaerens quod mihi utile est, sed quod multis.
[Vulgata, 1Coríntios 10.33]. Não buscando o que me é de
proveito, senão o de muitos.
2730. Non quaerit aeger medicum eloquentem, sed
sanantem. [Sêneca, Epistulae Morales 75.6, adaptado]. O
doente não procura médico eloqüente, mas que cure. VIDE:
● Aegrotus non quaerit medicum eloquentem, sed
sanantem.
2731. Non quaero quid te accipere deceat, sed quid me dare.
[Alexandre Magno / Sêneca, De Benefíciis 2.16]. Não
procuro saber o que a ti convém receber, mas o que a mim
convém dar.
2732. Non qualia quis optaret, sed qualia esse possunt.
[Grynaeus 667]. Não o que se quiser, mas o que se puder.
■ Quando não se tem o que se ama, deve-se amar o que se
tem.
2733. Non qualis oratio, sed quales sint, qui eam proferunt
spectari oportet. [Grynaeus 651]. Deve-se examinar não o
discurso, mas como são os que o proferem.
2734. Non quam diu, sed quam bene vivas, cogita. [PSa].
Pensa não por quanto tempo vives, mas se vives bem. ● Non
quam diu, sed quam bene acta sit vita refert. [Sêneca,
Epistulae Morales 77.19]. Não importa quanto dura a vida,
mas quão bem vivida é.
2735. Non quam late, sed quam laete habites refert. [Binder,
Thesaurus 2217]. Não por quanto tempo, mas com quanta
alegria se vive é o que importa. VIDE: ● Parva domus, magna
quies.
2736. Non quam multis placeas, sed qualibus stude.
[S.Martinho Dumiense / Bernardes, Luz e Calor 1.220.34].
Vê a quais agradas, e não a quantos. VIDE: ● Nunquam quam
multis, sed qualibus placeas, stude.
2737. Non quamcumque manum perfulgens annulus ornat,
nec robur dextra qualibet ensis habet. [Pereira 93]. Nem a
toda mão o brilhante anel adorna, nem em toda mão tem
força a espada. ■ A espada e o anel conforme a mão onde
estiver.
2738. Non quantum dederis, sed quanta mente dedisti,
pensandum est. [DAPR 220]. Deve ser avaliado não quanto
tenhas dado, mas com que disposição de espírito deste.
■ Quem te dá um osso não te quer ver morto. ■ A intenção faz
a ação. VIDE: ● Itaque non quid fiat, aut quid datur, refert,
sed qua mente: quia beneficium non in eo quod fit aut
datur, consistit, sed in ipso dantis aut facientis animo.
● Non quid detur refert, sed qua mente.
2739. Non quantum quisque prosit, sed quanti sit,
ponderandum est. [Cícero, Brutus 257]. Deve-se avaliar não
quanto alguém nos é útil, mas qual o seu valor.
2740. Non quantum vis, sed quantum capis, hauriendum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 108.1]. Não se deve pegar quanto
se quer, mas quando se pode carregar.
2741. Non quare et unde, quid habeas tantum rogant.
[Eurípides / Sêneca, Epistulae Morales 115.14]. Não
perguntam nem por quê, nem de onde, mas apenas o que
tens. ■ Quanto tens, tanto vales. VIDE: ● Unde habeas, quaerit
nemo, sed oportet habere. ● Unde habeas, curat nemo, sed
oportet habere.
2742. Non qui coepit, sed qui perfecit, praemium capit. Não
recebe o prêmio quem começou, mas quem acabou. VIDE:
● Non datur denarius incipientibus, sed finientibus, et
corona non currentibus, sed pervenientibus. ● Non est
praemium in inchoatione, sed in consummatione.
2743. Non qui iussus aliquod, sed qui invitus facit, miser est.
[PSa]. Coitado não é quem faz alguma coisa por ordem de
alguém, mas quem faz alguma coisa contra sua própria
vontade.
2744. Non qui parum habet, sed qui plus cupit, pauper est.
[Sêneca, Epistulae Morales 2.6]. ■ Não é pobre o que tem
pouco, senão o que cobiça muito. VIDE: ● Pauper est cui sua
non sufficiunt.
2745. Non quia difficilia sunt non audemus, sed quia non
audemus, difficilia sunt. [Sêneca, Epistulae Morales
104.26]. Não é por ser difícil que não ousamos, mas é difícil
porque não ousamos.
2746. Non quia nolui, sed quia non potui. [S.Agostinho,
Epistulae 101.1]. Não porque não quis, mas porque não pude.
2747. Non quia sunt sapidae, pilulas mihi contegis auro.
[Pereira 122]. Não é porque as pílulas são saborosas que tu
mas cobres de ouro. ■ Se a pílula bem soubera, não se
dourara por fora.
2748. Non quid detur refert, sed qua mente. [DAPR 725].
Não importa o que se dá, mas com que intenção se dá. VIDE:
● Itaque non quid fiat, aut quid datur, refert, sed qua
mente: quia beneficium non in eo quod fit aut datur,
consistit, sed in ipso dantis aut facientis animo. ● Non
quantum dederis, sed quanta mente dedisti, pensandum
est.
2749. Non quid fiat, sed quo animo, Deus attendit. [VES
127]. Deus não presta atenção no que é feito, mas com que
intenção.
2750. Non quid fuerimus, sed quid nunc simus, vide. Olha o
que somos agora, não o que seremos.
2751. Non quid, sed quemadmodum, interest. [Sêneca, De
Providentia 2.4]. Não importa o que, mas como. ● Non quid,
sed quomodo.
2752. Non quidem doctus, sed curiosus, qui plus docet quam
scit. [Petrônio, Satiricon 46]. Na verdade, quem ensina mais
do que sabe não é culto, mas curioso. VIDE: ● Plus docet
quam scit.
2753. Non quieta movere. [Jur / Black 1253]. Não perturbar o
que está quieto. VIDE: ● Quieta non movere.
2754. Non quidquid improbi audire meruerint, id probi
debent dicere. [DM 132a]. Nem tudo que os maus
mereceriam ouvir devem os bons dizer.
2755. Non quidvis contingit quod optaris. [Erasmo, Adagia
3.10.60]. Não acontece tudo que tenhas desejado. VIDE: ● Non
omnia evenire, quae statuas, solent. ● Non omnia eveniunt
quae in animo statueris.
2756. Non quis, sed quid dicatur, considerandum. [Manúcio,
Adagia 1404]. Não se deve considerar quem diz, mas o que é
dito.
2757. Non quisquis applaudit idem et amicus est. [Binder,
Medulla 1196]. Nem todo mundo que nos aplaude é também
nosso amigo.
2758. Non quo miserint me illi, sed quo duxerint, ibo.
[Sêneca, De Otio 1.5]. Irei não aonde eles me mandarem,
mas aonde eles me levarem.
2759. Non quivis ad litteras natus est. Nem todos nasceram
para o estudo.
2760. Non quod dictum est, sed quod factum est inspicitur.
[Jur / Black 1253]. Observa-se não o que foi dito, mas o que
foi feito.
2761. Non quod intrat in os, coinquinat hominem, sed quod
procedit ex ore, hoc coinquinat hominem. [Vulgata,
Mateus 15.11]. Não é o que entra na boca o que faz imundo o
homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o
homem.
2762. Non quod libet, sed quod decet, faciendum est. Deve-se
fazer não o que agrada, mas o que convém.
2763. Non quod quisque facit, sed quo animo facit
considerandum est. [S.Agostinho / Bernardes, Nova
Floresta 1.266]. Não vem em consideração o que alguém faz,
senão com que tenção o faz. VIDE: ● Non valde attendas quid
homo faciat, sed quid, cum facit, aspiciat.
2764. Non quod voluit, sed quod dixit. [Jur / Broom 424]. Não
o que quis, mas o que disse.
2765. Non raro parva magnarum rerum sunt indicia.
[Grynaeus 555]. Freqüentemente as pequenas coisas são
indícios de coisas grandes.
2766. Non ratione componimur, sed consuetudine
obducimur. [Sêneca, Epistulae Morales 123,6]. Não nos
governamos pela razão, mas somos conduzidos pelo hábito.
2767. Non recipit claros una sella duos. [Pereira 103]. Uma
única cadeira não suporta duas pessoas ilustres. ■ Dois sóis
não cabem no mundo. ■ Duas espadas não cabem numa
bainha. VIDE: ● Non dumus unus erithacos alit duos. ● Non
una geminos educat domus canes. ● Una domus non alit
duos canes. ● Unicum arbustum haud alit duos erithacos.
● Unum arbustum non alit duos erithacos. ● Unum
fruticetum duos erithacos non alit. ● Unus saltus binos
non alit erithacos.
2768. Non recipit stultus verba prudentiae, nisi ea dixeris
quae versantur in corde eius. [Vulgata, Provérbios 18.2].
Não recebe o insensato as palavras da prudência, se tu lhe
não falares em correspondência das coisas que passam dentro
do seu coração.
2769. Non redit unda fluens; non redit hora ruens. [Sweet
106]. Não volta a água que flui; não volta o tempo que passa
correndo.
2770. Non regi, sed legi. Não para o rei, mas para a lei.
2771. Non regit, qui non corrigit. [S.Isidoro de Sevilha,
Etymologiae 9.3.4]. Não governa quem não corrige.
2772. Non reicit quemquam philosophia, nec eligit; omnibus
lucet. [Sêneca, Epistulae Morales 44.2]. A filosofia não
repele nem escolhe ninguém; ilumina a todos.
2773. Non relinquetur hic lapis super lapidem, qui non
destruatur. [Vulgata, Mateus 24.2]. Não ficará aí pedra
sobre pedra que não seja arrancada. ● Non relictus est lapis
super lapidem. ■ Não ficou pedra sobre pedra.
2774. ● Non remittitur peccatum, nisi restituatur ablatum.
[Grynaeus 437]. Não se perdoa o erro, se não for restituído o
furtado. VIDE: ● Non enim dimittitur peccatum, nisi
restituatur ablatum. ● Peccatum non dimittitur, nisi
restituatur ablatum.
2775. Non reor esse reum, qui totum posse peregit.
[Albertano da Brescia, Liber Consolationis 36]. Não acredito
que seja culpado quem fez tudo que pôde. VIDE: ● Ultra posse
meum non reor esse reum.
2776. Non reprehendo praeterita, quoniam mutari
corrigique non possunt. [Grynaeus 495]. Não critico o que
passou, porque não pode ser modificado nem corrigido. ■ O
passado, passado. VIDE: ● Mutare praeterita nemo potest.
● Praeterita mutare non possumus. ● Praeterita mutari
non possunt. ● Praeterita non mutantur.
2777. Non reputes te aliquid profecisse, nisi omnibus
inferiorem te esse sentias. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 2.2.12]. Não consideres que tenhas feito
qualquer progresso, se não te sentires inferior a todos.
2778. Non resistere malo, sed si quis te percusserit in
dexteram maxillam tuam, praebe illi et alteram. [Vulgata,
Mateus 5.39]. Não resistas ao que te fizer mal, mas se
alguém te ferir na tua face direita, oferece-lhe também a
outra.
2779. Non respicias a quo audias, sed quidquid boni dicatur,
memoriae recommenda. [S.Tomás de Aquino, Epistula de
Modo Studendi]. Não te importes de quem ouças, mas
guarda na memória tudo de bom que se diga.
2780. Non respondeat opinioni calculus. [Grynaeus 587].
Uma pedrada não responde a uma opinião.
2781. Non rete accipitri tenditur, nec milvo. [Terêncio,
Phormion 330]. Não se arma rede para gavião nem para
milhafre. ■ Não há rede para o gavião. VIDE: ● Rete ne tendas
accipitri et milvo.
2782. Non revocare potes qui perierunt dies. Não se pode
chamar de volta os dias que se perderam. ■ O tempo que se
perde não se torna mais a achar. VIDE: ● Nec revocare potes,
qui periere dies.
2783. Non rex est legi, sed lex obnoxia regi. [Trench,
Proverbs]. A lei está sujeita ao rei, não o rei à lei. ■ Vão as
leis aonde querem os reis. ■ Vontade de rei não conhece lei.
2784. Non rudit onager, cum herbam habet. [Grynaeus 387].
Não zurra o burro, quando tem capim. ■ Barriga cheia, cara
alegre. ● Non rugit onager, cum herbam habet. [Polydorus,
Adagia].
2785. Non satis est bene velle, sed etiam bene facere. Não
basta querer o bem, mas também praticar o bem. ■ De boas
intenções o inferno está cheio.
2786. Non satis est non nocere, cum prodesse possis. Não
basta não prejudicar, quando se pode ajudar.
2787. Non satis est pulchra esse pöemata, dulcia sunto, et
quocumque volent animum auditoris agunto. [Horácio,
Ars Poetica 99]. Não basta que os poemas sejam belos; que
eles sejam doces, e conduzam os sentimentos do ouvinte para
onde quiserem.
2788. Non satis est tutum mellitis credere verbis. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 9.11]. Não é bastante seguro
confiar em palavras melosas.
2789. Non satis est tuum te officium fecisse, si non id fama
approbat. [Terêncio, Phormio 724]. Não basta ter cumprido
o dever, se a opinião pública não o aprova.
2790. Non saturat puerum sectus per frustula panis.
[Rezende 4314]. Pão cortado em pedacinhos não farta
menino. ■ Pão fatiado não farta menino esfaimado.
2791. Non saturatur oculus visu, nec auris auditu impletur.
[Vulgata, Eclesiastes 1.8]. O olho não se farta de ver, nem o
ouvido se enche de escutar.
2792. Non scholae, sed vitae discimus. Não aprendemos para a
escola, mas para a vida. ● Non scholae, sed vitae. VIDE:
● Discite non scholae, sed vitae. ● Non vitae, sed scholae
discimus.
2793. Non scribit, cuius carmina nemo legit. [Marcial,
Epigrammata 3.9]. Não escreveu aquele cujos poemas
ninguém leu. ■ O saber escondido da ignorância vista pouco
dista.
2794. Non sedebis iudex, sin minus damnato inimicus fies.
[Sólon / Rezende 4315]. Não queiras ser juiz, para não te
tornares inimigo do condenado.
2795. Non segnis stat, remeatve dies. [Tibulo, Elegiae 1.4.28].
O tempo não fica parado, nem retorna.
2796. Non semel ascia dat, quercus ut alta cadat. [Walther
18404 / Tosi 641]. O machado não dá uma vez só para que o
alto carvalho caia. ■ De uma pancada não se derruba o
carvalho. ■ A primeira machadada não derruba o pau. VIDE:
● Ad primos ictus non corruit ardua quercus. ● Arbor non
primo ictu, sed saepe cadit feriendo. ● Arbor per primum
quaevis non corruit ictum. ● Non annosa uno quercus
deciditur ictu. ● Non uno ictu arbor cadit. ● Non uno ictu
validam deicies quercum.
2797. Non semper aestas erit: venit hiems. [Schrevelius
1185]. Nem sempre será verão: o inverno chega. (=A
oportunidade passa). ■ Nem sempre florescem os lírios.
■ Mocidade desprevenida, velhice arrependida. VIDE: ● Aestas
non semper durabit; condite nidos. ● Aestas non semper
fuerit; componite nidos. ● Non semper erit aestas. ● Ver
non semper viret.
2798. Non semper aurem facilem felicitas habet. [Publílio
Siro]. O homem bem sucedido nem sempre tem ouvido
accessível.
2799. Non semper Bacchanalia. [Binder, Thesaurus 2224].
Nem sempre são festas de Baco. ■ Nem todo dia é dia de
festa. ■ Nem todo dia é feriado. VIDE: ● Non semper
Saturnalia erunt.
2800. Non semper ea sunt quae videntur. [Fedro, Fabulae
4.1.16]. As coisas não são sempre como parecem. ■ As
aparências enganam. ■ Nem sempre o que brilha é ouro.
■ Parecer não é ser.
2801. Non semper erit aestas. [Hesíodo / Erasmo, Adagia
4.3.86]. Não será sempre verão. ■ Nem sempre florescem os
lírios. VIDE: ● Aestas non semper fuerit; componite nidos.
● Non semper aestas erit: venit hiems. ● Ver non semper
viret.
2802. Non semper errat fama. A opinião pública nem sempre
erra. ■ O que o povo diz ou é ou quer ser. VIDE: ● Haud
semper errat fama. ● Haud semper errat fama; aliquando
et eligit. ● Publica fama non semper vana.
2803. Non semper felix temeritas. [Binder, Thesaurus 2229].
Nem sempre a temeridade é bem sucedida.
2804. Non semper fluvius bipennes fert. [Apostólio, Paroimiai
15.46]. Nem sempre o rio traz machadinhas. ■ Nem sempre
florescem os lírios. ■ Nem cada dia rabo de sardinha. VIDE:
● Fluvius non semper fert secures. ● Nec semper fluvius
fert secures.
2805. Non semper homo talis est, qualis dicitur. [Binder,
Thesaurus 2231]. Nem sempre o homem é como dizem que
é. ■ O diabo não é tão feio como pintam.
2806. Non semper idem spirat ventus. [Binder, Thesaurus
2232]. Nem sempre sopra o mesmo vento. ■ Nem sempre o
diabo está atrás da porta.
2807. Non semper imbres nubibus hispidos manant in agros.
[Horácio, Carmina 2.9.1]. Nem sempre a chuva cai das
nuvens sobre os campos secos.
2808. Non semper laetus ridet Apollo. [Binder, Thesaurus
2233]. Nem sempre Apolo ri feliz. ■ A fortuna é vária, hoje a
favor, amanhã contrária. ● Non semper laetus ridet Apollo.
2809. Non semper mihi licet dicere: Nolo. [Sêneca, De
Beneficiis 2.18]. Nem sempre me é permitido dizer: Não
quero.
2810. Non semper nimbos quocumque tonitrua fundunt.
[Pereira 94]. Nem sempre os trovões derramam aguaceiros.
■ Chuva que troveja não dá. ■ Água de trovão em parte dá,
em parte não. ■ Cão que ladra não morde. VIDE: ● Non
stillant omnes quas cernis in aëre nubes.
2811. Non semper praestant homines quae plurima
spondent. [Pereira 111]. Nem sempre dão os homens que
muito prometem. ■ Muito prometer é sinal de pouco dar.
■ Quem muito promete, pouco dá.
2812. Non semper Saturnalia erunt. [Sêneca,
Apocolocyntosis. 12.2]. Nem sempre serão saturnais. ■ Nem
todo dia é dia santo, nem todo dia é feriado. ■ Não é cada dia
Páscoa nem vindima. VIDE: ● Non semper Bacchanalia.
2813. Non semper superet severa illa et directa ratio; vincat
aliquando cupiditas voluptasque rationem, dum modo illa
in hoc genere praescriptio moderatioque teneatur.
[Cícero, Pro Caelio 42]. Nem sempre deve ter supremacia a
razão exata e severa; de vez em quando a paixão e o prazer
devem vencer a razão, desde que sejam respeitados o
equilíbrio e a moderação.
2814. Non semper temeritas est felix. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 28.42]. Nem sempre a temeridade é bem sucedida.
2815. Non sentire mala sua non est hominis, et non ferre non
est viri. [Sêneca, Ad Polybium 36]. Não sentir os próprios
males não é humano; não suportá-los não é viril.
2816. Non sentis te supra malleum loqui? Não percebes que
falas de coisas que estão acima do teu martelo? ■ Cada um
fale do que trata. ■ Não suba o sapateiro além da chinela.
VIDE: ● Non animadvertis te supra malleum loqui?
2817. Non sentiunt viri fortes in acie vulnera. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.58]. Homens valentes, na linha
de batalha, não sentem os ferimentos.
2818. Non sequeris turbam ad faciendum malum. [Vulgata,
Êxodo 23.2]. Não seguirás a multidão para fazeres o mal.
2819. Non sequitur. [Da linguagem filosófica]. Não continua.
(=A conclusão não está coerente com as premissas. Não é
lógico).
2820. Non servanti fidem, fides non est servanda. A quem
não cumpre sua palavra também não temos obrigação de
cumprir a nossa. VIDE: ● Dolus dolo compensatur. ● Fides
violanti fidem non servanda. ● Frangenti fidem fides
frangatur eidem. ● Frangentibus fidem fides non est
servanda.
2821. Non serviam. [Vulgata, Jeremias 2.20]. Não me hei de
sujeitar.
2822. Non, si male nunc et heri, et cras sic erit. [Pereira 100].
Não é porque hoje está mal e esteve ontem, que amanhã
também estará. ■ Console-se quem penas tem, que trás
tempo, tempo vem. ■ Não há bem que sempre dure, nem mal
que nunca acabe. ● Non, si male nunc, et olim sic erit.
[Horácio, Carmina 2.10.17]. Não é porque hoje está mal que
amanhã também estará. VIDE: ● Venit post multas una serena
dies.
2823. Non sibi poma gerit, verum mortalibus arbor. A árvore
não dá frutos para si mesma, mas para todos os mortais.
2824. Non sibi, sed aliis. [Divisa]. Não para si, mas para os
outros.
2825. Non sibi, sed aliis aries sua vellera portat. [Binder,
Thesaurus 2234]. O carneiro não carrega sua lã para si, mas
para os outros. ■ Nem sempre dança quem paga a música.
2826. Non sibi, sed omnibus. [Divisa]. Não para si, mas para
todos.
2827. Non sibi, sed patriae. [Divisa]. Não para si, mas para a
pátria.
2828. Non sibi, sed suis. [Divisa]. Não para si, mas para os
seus.
2829. Non sibi, sed toti genitum se credere mundo. [Lucano,
Bellum Civile 2.383]. Acredita que não nasceu para si, mas
para o mundo todo.
2830. Non sicut ego volo, sed sicut Tu. [Vulgata, Mateus
26.39]. Não se faça como eu quero, mas como Tu queres.
2831. Non sine castigatione, sed sine ira. [Sêneca, De Ira
1.15.1]. Não sem correção, mas sem ira.
2832. Non sine causa. Não sem causa.
2833. Non sine diis. [Grynaeus 104]. Não (se consegue) sem a
ajuda dos deuses. VIDE: ● Nihil sine Deo.
2834. Non sine labore. [Divisa do Cardeal de Retz]. Não sem
esforço.
2835. Non sine lumine. [Inscrição em quadrante solar]. Sem luz
não funciono.
2836. Non sine numine. Não sem auxílio divino.
2837. Non sine pulvere palma. [Divisa]. Não há prêmio sem
poeira. ■ Não há vitória sem luta. ■ Não há gosto que não
custe. VIDE: ● Palma non sine pulvere.
2838. Non sine umbra corpus. [Schottus, Adagia 505]. Não há
corpo sem sombra. ■ Até o cabelo sutil faz sua sombra.
2839. Non sit aetatis excusatio adversus praecepta legum ei,
qui dum leges invocat, contra eas committit. [Digesta
4.4.37.1]. Não tenha a desculpa da idade contra os preceitos
das leis aquele que, enquanto invoca as leis, infringe-as.
2840. Non sit porrecta manus tua ad accipiendum, et ad
dandum collecta. [Vulgata, Eclesiástico 4.36]. Não esteja a
tua mão aberta para receber e fechada para dar.
2841. Non sit tibi curae de magni nominis umbra. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 3.24.2]. Não te preocupe a
sombra de uma grande fama.
2842. Non solent quae abundant, vitiare scripturas.
[Ulpiano, Digesta 50.17.94]. O supérfluo não vicia os
documentos. ■ O que abunda não prejudica. VIDE: ● Utile per
inutile non vitiatur. ● Utile non debet per inutile vitiari.
2843. Non soles respicere te, cum dicas iniuste alteri?
[Plauto, Pseudolus 606]. Não costumas olhar para ti, quando
injurias a outrem? ■ Macaco, olha teu rabo!
2844. Non solet esse gravis, cui placet, ipse labor. [Pereira
124]. O próprio sofrimento não costuma ser pesado para
quem gosta dele. ■ Vontade é vida. ■ Quem morre por sua
vontade acaba por seu gosto. ■ Sofrimento por gosto, antes
rir que chorar.
2845. Non solet esse incruenta victoria. [Rabelais, Carta de 30
dec. 1535]. Não costuma haver vitória sem sacrifício. ■ Não
há honra sem trabalho.
2846. Non solet in saccis abscondi cuspis acuta. [Pereira 113].
Lança aguda não costuma esconder-se em sacos. ■ Nem as
donas em sobrado, nem as rãs em charco, nem as agulhas
em saco, podem estar sem deitar a cabeça de fora.
2847. Non soli mihi laboravi, sed omnibus exquirentibus
veritatem. [Vulgata, Eclesiástico 24.47]. Não trabalhei só
para mim, mas para todos que buscam a verdade.
2848. Non solum ab aliquo allatas criminationes repellere,
sed ne ipsum quidem esse suspiciosum. [Cícero, De
Amicitia 18]. Não só se devem repelir as acusações feitas por
alguém (contra nosso amigo), como também nem mesmo se
deve suspeitar dele.
2849. Non solum maleficos esse puniendos, sed etiam eos qui
alios ad male faciendum irritent. [John D. Ogilby, Fables
From Aesop 19]. Não devem ser punidos somente os que
fazem o mal, mas também os que estimulam outros a fazê-lo.
2850. Non solum manus, sed etiam mentes puras habere.
[Tales de Mileto / Valério Máximo, Facta et Dicta
Memorabilia 7.2.8]. Ter limpas não só as mãos, mas também
as mentes.
2851. Non solum nobis divites esse volumus, sed liberis,
propinquis, amicis, maximeque reipublicae. [Cícero, De
Officiis 3.63]. Não queremos ser ricos somente para nós, mas
para os filhos, para os parentes, para os amigos e,
principalmente, para o país.
2852. Non solum oculos castos convenit habere, sed linguam.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 1.2]. Convém ter
castos não somente os olhos, mas também a língua.
2853. Non solum qui male agunt, sed qui consentiunt
facientibus, digni sunt poena. Não só os que praticam o
mal, mas também os que estão de acordo com os autores, são
dignos de punição. ■ Tão bom é o ladrão como o consentidor.
VIDE: ● Agentes et consentientes pari poena puniendi.
● Agentes et consentientes pari poena plectuntur.
● Agentes et consentientes pari poena puniuntur.
● Consentientes et agentes pari poena plectuntur.
● Consentientes et cooperantes pari poena sunt plectendi.
● Consentientes et facientes pari poena sunt plectendi.
● Facientem et consentientem par poena constringit. ● Par
poena agentes et consentientes comprehendit. ● Qui talia
agunt digni sunt morte; et non solum qui ea faciunt, sed
etiam qui consentiunt facientibus.
2854. Non solum quid liceat considerandum est, sed et quid
honestum sit. [Modestino, Digesta 23.2.42; 50.17.197].
Deve-se atender não só ao que seja lícito, mas também ao
que seja honesto.
2855. Non solum scire aliquid artis est, sed quaedam ars
etiam docendi. [Cícero, De Legibus 2.47]. Na verdade não
só saber é uma arte, mas também há uma arte de ensinar.
2856. Non solum supervacaneum, sed etiam temerarium
videri potest de his disputare. Pode parecer não só inútil,
mas até temerário discutir sobre esta questão.
2857. Non solum taurus ferit uncis cornibus hostem, verum
etiam instanti laesa repugnat ovis. [Propércio, Elegiae
2.5.19]. Não é só o touro que fere o inimigo com os chifres
recurvos, mas até a ovelha ferida repele quem a ameaça. VIDE:
● Etiam instanti laesa repugnat ovis. ● Laesa saepius
repugnat ovis. ● Nemo ita despectus, quin possit laedere
laesus.
2858. Non somnium est, sed res vera. [Grynaeus 452]. Não é
um sonho, mas realidade.
2859. Non sorte, sed virtute. [Inscrição em medalha]. Não pelo
acaso, mas pelo valor.
2860. Non speciosa dictu, sed usu necessaria in rebus
adversis sequenda esse. [Quinto Cúrcio, Historiae 5.1]. Na
adversidade, devem-se seguir não as coisas bonitas de dizer,
mas as que a prática exige.
2861. Non sponte qui delinquit, haud est improbus.
[Apostólio, Paroimiai 2.27]. Quem erra sem querer não é
desonesto. VIDE: ● Haud est nocens quicumque non sponte
est nocens.
2862. Non stabit testis unus contra aliquem. Contra ninguém
se aceitará uma única testemunha. ■ Uma testemunha,
nenhuma testemunha. ● Non stabit testis unus contra
aliquem, quidquid illud peccati, et facinoris fuit. [Vulgata,
Deuteronômio 19.15]. Não valerá contra alguém uma só
testemunha, seja qualquer que foi o delito ou crime.
2863. Non statim finis apparet. [Erasmo, Adagia 4.5.55]. O
resultado não aparece imediatamente. ■ Não soltes foguetes
antes da hora. ● Non statim cum principio apparet finis.
[Heródoto / Eiselein 28]. O resultado não aparece
imediatamente com o princípio.
2864. Non stilla una cavat marmor, nec protinus uno est
condita Roma die. [Palingênio, Zodiacus Vitae 12.460].
Nem uma única gota fura o mármore, nem Roma foi
construída imediatamente num único dia. ■ Roma não se fez
num dia. ■ É preciso dar tempo ao tempo. VIDE: ● Alta die
solo non est exstructa Corinthus. ● Haud facta est una
Martia Roma die. ● Non fuit in solo Roma peracta die.
● Non uno est condita Roma die. ● Roma non fuit una die
condita. ● Roma non uno condebatur die.
2865. Non stillant omnes quas cernis in aëre nubes. [Binder,
Thesaurus 2239]. Não gotejam todas as nuvens que vês no
céu. ■ Chuva que troveja não dá. ● Água de trovão em parte
dá, em parte não. ■ Cão que ladra não morde. VIDE: ● Non
semper nimbos quocumque tonitrua fundunt.
2866. Non studio accusare sed officio defendere. [Cícero, Pro
Roscio Amerino 91]. Não acusar por gosto, mas defender por
obrigação. ● Non studio, sed officio. Não por gosto, mas por
obrigação.
2867. Non sua si quis avet, mox caret ipse suis. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 5.6]. Quem deseja o que não
lhe pertence logo terá falta do seu. ■ Quem tudo quer tudo
perde. VIDE: ● Plurimi sua amittunt, cum aliena appetunt.
● Sua multi amittunt cum aliena appetunt.
2868. Non sufficit litem instituere, si non in ea perseveras.
[Papiniano, Digesta 5.2.15.1]. Não basta dar início a uma
ação judicial, se não se persevera nela.
2869. Non sui compos. Sem o domínio de si próprio. (=Insano).
VIDE: ● Non compos mentis. ● Non compos sui.
2870. Non sui iuris. [Jur / Black 1253]. Não é senhor de seu
direito. (=Juridicamente incapaz). VIDE: ● Alieni iuris.
● Alieno iuri subiectus. ● Persona alieni iuris. ● Persona
non sui iuris.
2871. Non sum apud me. [Grynaeus 166]. Não estou em mim.
2872. Non sum augur, abdita scire uti queam palam.
[Eurípides / Manúcio, Adagia 134]. Não sou sou adivinho
para poder entender com clareza os segredos. VIDE: ● Davus
sum, non Oedipus.
2873. Non sum dignus prae te, palum ut figam in parietem.
[Plauto, Miles Gloriosus 1133]. Diante de ti, não sou digno
nem de pregar um prego na parede.
2874. Non sum dignus solvere corrigiam calciamentorum
eius. [Vulgata, Lucas 3.16]. Não sou digno de desatar a
correia dos sapatos dele.
2875. Non sum dignus ut intres sub tectum meum. [Vulgata,
Mateus 8.8]. Não sou digno de que entres na minha casa.
2876. Non sum divinus, sed scio quid facias. [Marcial,
Epigrammata 3.71.2]. Não sou adivinho, mas sei o que farás.
2877. Non sum ego causidicus, nec amaris litibus aptus.
[Marcial, Epigrammata 12.68.3]. Não sou advogado, nem
estou preparado para demandas amargas.
2878. Non sum ego quod fueram. [Ovídio, Tristia 3.11.25]. Já
não sou o que fui.
2879. Non sum ego qui fueram: mutat via longa puellas,
quantus in exiguo tempore fugit amor! [Propércio, Elegiae
1.12.11]. Já não sou (para ela) quem eu fora: a longa jornada
modifica as mulheres; que grande amor se foi em tão curto
tempo!
2880. Non sum in illius aëre. [Pereira 112]. Não estou no
espaço dele. ■ Não lhe vivo no casal.
2881. Non sum ita hebes, ut ista dicam. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.12]. Não sou tão tolo para dizer tais coisas.
2882. Non sum liber? [Vulgata, 1Coríntios 9.1]. Não sou eu
livre?
2883. Non sum medicus, et in domo mea non est panis neque
vestimentum. [Vulgata, Isaías 3.7]. Não sou médico, e em
minha casa não há pão nem vestido.
2884. Non sum occupatus unquam amico operam dare.
[Plauto, Mercator 288]. Nunca estou ocupado para atender a
um amigo.
2885. Non sum propheta, et non sum filius prophetae; sed
armentarius ego sum, vellicans sycomoros. [Vulgata,
Amós 7.14]. Não sou profeta, nem filho de profeta, mas um
pastor de gado que colho as bagas dos sicômoros para me
sustentar delas.
2886. Non sum propheta; homo agricola ego sum. [Vulgata,
Zacarias 13.5]. Não sou profeta, sou um homem que lavra a
terra.
2887. Non sum qualis eram. [Horácio, Carmina 4.1.3]. Não
sou como era.
2888. Non sum uni angulo natus: patria mea totus hic
mundus est. [Sêneca, Epistulae Morales 28.4]. Não nasci
para um único lugar: minha pátria é todo este mundo. VIDE:
● Patria mea totus hic mundus est. ● Patriam tuam
mundum existima.
2889. Non sumus in ullius potestate, cum mors in nostra
potestate sit. [Sêneca, Epistulae Morales 91.21]. Não
estamos sob o poder de ninguém, quando nossa morte está
sob o nosso poder.
2890. Non sunt amici, amici qui degunt procul. [Erasmo,
Adagia 2.3.86]. Amigos que vivem longe não são amigos.
■ Amigos que desaparecem esquecem. ■ Quem não aparece
esquece. ■ Os amigos e os caminhos, se não se freqüentam,
ganham espinhos. ● Non sunt amici qui vivunt procul.
[Albertatius 916]. ● Non sunt amici qui invicem degunt
procul. Não são amigos os que vivem um longe do outro.
VIDE: ● Haud est amicus absit si procul. ● Qui semotus sit
ab oculis, eumdem ab animo quoque semotum esse.
2891. Non sunt attrita vestimenta vestra, nec calceamenta
pedum vestrorum vetustate consumpta sunt. [Vulgata,
Deuteronômio 29.5]. Não se romperam os vossos vestidos,
nem se gastaram com a velhice os sapatos dos vossos pés.
2892. Non sunt circa flosculos occupati. [Sêneca, Epistulae
Morales 33.1]. Não estão brincando com florinhas.
2893. Non sunt facienda mala ut eveniant bona. [S.Tomás de
Aquino, De Virtutibus 3.1.4]. Não se deve fazer o mal para
que dele surja o bem. ■ O fim não justifica os meios. VIDE:
● Mala non sunt facienda, ut inde eveniant bona.
2894. Non sunt haec stomacho dulcia mora meo. [Rezende
4333]. Essas amoras não estão doces para o meu estômago.
■ Estão verdes!
2895. Non sunt leonibus et hominibus foedera fida, nec lupi
et agni concordem animum habent. [Homero, Ilíada
22.263]. Não são confiáveis os acordos entre leões e homens,
nem lobos e cordeiros têm o mesmo pensamento.
2896. Non sunt longaevi sapientes, nec senes intellegunt
iudicium. [Vulgata, Jó 32.9]. Não são os sábios os de muita
idade, nem os anciãos os que julgam o que é justo.
2897. Non sunt numeranda, sed ponderanda argumenta. Os
argumentos não devem ser contados, mas pesados.
2898. Non sunt omnes venatores qui cornu canunt. [Bebel /
Eiselein 345]. Nem todos que tocam trombeta são caçadores.
■ Nem todos os que vão à missa são santos. VIDE: ● Non est
venator, quivis per cornua flator.
2899. Non sunt pro levibus linquenda ingentia rebus.
[Pereira 113]. Não se devem abandonar as coisas grandes
pelas pequenas. ■ Não se há de dar com a barca no monte
por qualquer coisa.
2900. Non sunt tenebrae, et non est umbra mortis ut
abscondatur ibi qui operantur iniquitatem. [Vulgata, Jó
34.22]. Não há trevas e não há sombra de morte para que lá
se escondam os que obram a iniqüidade.
2901. Non suppetunt dictis data. [Plauto, Asinaria 55]. O que
foi dado está longe do que foi prometido.
2902. Non surgit sine fumo flamma, nec sine calumnia fama.
[Lipsius / Stevenson 1033]. Não se levanta chama sem
fumaça, nem glória sem calúnia.
2903. Non sus Minervam! [Cícero, Academica 1.5]. Não
(ensine) o porco a Minerva. ■ Não queiras ensinar o padre-
nosso ao vigário. VIDE: ● Minervam sus docet. ● Ne sus
Minervam doceat! ● Sus Minervam docet. ● Sus
Minervam. ● Sus artium repertricem.
2904. Non suscipienda gravia pericula sine causa idonea.
Não se deve correr graves riscos sem causa que justifique.
2905. Non suscipies vocem mendacii. [Vulgata, Êxodo 23.1].
Não admitirás palavras de falsidade.
2906. Non tacebo. Não me calarei.
2907. Non tali auxilio, nec defensoribus istis, tempus eget.
[Virgílio, Eneida 2.521]. Não é de tal auxílio nem de tais
defensores que o momento precisa.
2908. Non tam aqua similis aquae. [Erasmo, Adagia 3.8.60].
Nem a água se parece tanto com a água. ■ A cara de um é o
focinho do outro. ● Non tam lac lacti simile. [Erasmo,
Adagia 1.5.11]. Nem o leite se parece tanto com o leite.
● Non tam ovum ovo simile. [Erasmo, Adagia 1.5.10]. Nem
dois ovos seriam tão parecidos. VIDE: ● Non ovum tam simile
ovo.
2909. Non tam commutandarum quam evertendarum
rerum cupidi. [Cícero, De Officiis 2.1]. Estão desejosos não
tanto de modificar, quanto de destruir as coisas.
2910. Non tam multa accipiendo, quam non multos sumptos
faciendo. (Enriquece-se) não pela obtenção de muita receita,
mas não fazendo muitas despesas. ■ Quem compra o
supérfluo, vende o necessário.
2911. Non tam refert unde natus sis, sed qui sis. [Rezende
4338]. Não importa de que família nasceste, mas quem és.
VIDE: ● Qui sis, non unde natus sis reputa.
2912. Non tamen iucunda vita aut secura est semper sub
persona viventium. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 17.1].
Não é sempre feliz e tranqüila a vida dos que vivem sob uma
máscara.
2913. Non tamen lex mutatur sed mutantur res quae lege
indigent. [Jur]. Não é a lei que muda, mas mudam os fatos
que precisam da lei.
2914. Non tanta meruimus, Domine, non tanta! Nós não
merecíamos coisas tão grandiosas, Senhor, não tão
grandiosas!
2915. Non tantum alimenta, verum etiam cetera quoque
onera liberorum patrem ab iudice cogi praebere. [Digesta
25.3.5.12]. O pai deve ser obrigado pelo juiz a prover não só
aos alimentos, mas também os demais encargos dos filhos.
2916. Non tantum praesentis, sed vigilantis est occasionem
observare properantem. [Sêneca, Epistulae Morales 22.3].
Não basta estar presente, é preciso estar atento para observar
a oportunidade que se aproxima.
2917. Non tantum verbis, sed etiam actu. [Digesta 46.8.5].
Não somente por palavras, mas também por ação.
2918. Non te credas Davum ludere. [Terêncio, Andria 787].
Não imagines que enganas a Davos. ■ Não sou mineiro, nem
compro bonde.
2919. Non te ergo superet ira ut aliquem opprimas, nec
multitudo donorum inclinet te. [Vulgata, Jó 36.18]. Não te
vença pois a ira, para oprimires a algum, nem te dobre a
multidão de dádivas.
2920. Non te laudabis: proprio laus foetet in ore. [DAPR 44].
Não te elogies: o louvor em boca própria cheira mal. ■ O
louvor em boca própria é vitupério. ■ Quem se gaba, suja-se
que nunca mais se lava. VIDE: ● Laus in ore proprio vilescit.
● Laus in proprio ore sordescit. ● Laus propria sordet.
● Propria laus sordet. ● Proprio laus sordet in ore.
2921. Non te praetereat narratio seniorum, ipsi enim
didicerunt a patribus suis. [Vulgata, Eclesiástico 8.11].
Não deixes de ouvir o que contam os velhos, porque eles o
aprenderam de seus pais.
2922. Non te reputes in multitudine indisciplinatorum.
[Vulgata, Eclesiástico 7.17]. Não te alistes na turba das
pessoas indisciplinadas.
2923. Non te, sed tua, quaerit amicus. [Pereira 98]. Teu amigo
não procura a ti, mas a teus bens. ■ Bole com o rabo o cão,
não por ti, senão pelo pão.
2924. Non tellus eadem parit omnia. A mesma terra produz
tudo. VIDE: ● In terra non omni generantur omnia. ● Nec
tellus eadem parit omnia: vitibus illa convenit, haec oleis;
hac bene farra virent. ● Nec vero terrae ferre omnes
omnia possunt. ● Non eadem tellus fert omnia: vitibus illa
convenit, haec oleis, hic bene farra virent. ● Non omnis
fert omnia tellus.
2925. Non temere credere est nervus sapientiae. [Coke /
Black 1254]. Não crer sem meditar é o nervo da sabedoria.
■ Quem crê de ligeiro, água lhe cai no seio.
2926. Non temere fama nasci solet. [Binder, Medulla 1207]. A
fama não costuma nascer sem motivo. ■ O que o povo diz, ou
é, ou quer ser. ■ O povo aumenta, mas não inventa. VIDE:
● Non omnino temere est, quod vulgo dictitant.
2927. Non temerarium est, ubi dives blande appellat
pauperem. [Plauto, Aulularia 141]. Alguma boa razão há
quando um rico se dirige a um pobre com delicadeza.
2928. Non tempore tali cogere concilium, cum muros assidet
hostis. [Virgílio, Eneida 11.304]. Não é o momento de reunir
o conselho, quando o inimigo assedia nossas muralhas.
2929. Non teneas aurum totum quod splendet ut aurum, nec
pulchrum pomum quodlibet esse bonum. [Alanus de
Insulis, Parabolae / Dictionary of Phrase and Fable]. Não
tenhas por ouro tudo que brilha como ouro, nem por boa
qualquer bela maçã. ■ Nem tudo que reluz é ouro. VIDE:
● Aurea ne credas quaecumque nitescere cernis. ● Auri
natura non sunt splendentia plura. ● Non est aurum omne
quod radiat. ● Non est aurum quicquid rutilat fulvum.
● Non est aurum totum quod lucet ut aurum. ● Non est hoc
aurum totum quod lucet ut aurum. ● Non omne id quod
fulget aurum est. ● Non omne quod micat aurum est.
● Non omne quod nitet aurum est. ● Omnia quae nitent
aurea non sunt. ● Quidquid micat non est aurum.
● Quidquid micat aurum non est.
2930. Non tenet anguillam, per caudam qui tenet illam.
[Trench, Proverbs]. Quem segura uma enguia pelo rabo, não
a segura. ■ Quem segura enguia pelo rabo e mulher pela
palavra, nada segura. VIDE: ● Anguilla a digitis saepe est
dilapsa peritis. ● Qui tenet anguillam per caudam, non
habet illam.
2931. Non tentanda quae effici omnino non possint.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 4.5.17]. Não se deve tentar o
que não se tem absolutamente possibilidade de realizar. VIDE:
● Quae consequi non possis, ne aggrediaris.
2932. Non tibi spiro. [Erasmo, Colloquia 16]. Não é para te
agradar que eu vivo.
2933. Non timebis a timore nocturno; a sagitta volante in
die. [Vulgata, Salmos 90.5]. Não terás temor de espanto
noturno, nem de seta que voa de dia.
2934. Non timentur quae ex usu sunt. Não se tem medo
daquilo a que se está acostumado. VIDE: ● Quae ex usu sunt
non timentur.
2935. Non timeo adversa. Não tenho medo da adversidade.
2936. Non timeo culices. Não tenho medo de mosquitos. ■ Não
temo mancha que sai com água.
2937. Non tonsura facit monachum. Não é a tonsura que faz o
monge. ■ O hábito não faz o monge. ■ Pelas obras, e não pelo
vestido, é o homem conhecido. ● Non tonsura facit
monachum, nec horrida vestis, sed virtus animi
perpetuusque rigor. Não é a tonsura que faz o monge, nem
a roupa grosseira, mas a virtude e o perpétuo rigor. VIDE:
● Barba non facit philosophum. ● Barba non facit
philosophum, neque vile gerere pallium. ● Cucullus non
facit monachum. ● Cuculla non facit monachum. ● Habitus
non facit monachum. ● In vestimentis non est sapientia
mentis. ● Non habitus monachum reddit. ● Philosophum
non facit barba. ● Saepe tegit nequam lata cuculla caput.
● Si philosophum oporteat ex barba metiri, hircos primam
laudem ablaturos. ● Vestimenta pium non faciunt
monachum.
2938. Non tu corpus eras sine pectore. [Horácio, Epistulae
1.4.6]. Tu nunca foste um corpo sem coração.
2939. Non tu hoc argentum perdis, sed vitam tuam.
[Terêncio, Adelphoe 380]. Tu não perdes este dinheiro, mas
tua vida.
2940. Non tu, quaeso, iocis laedas nec carmine quemquam.
[Columbano]. Por favor, não firas ninguém com brincadeiras
nem com versos.
2941. Non tua res agitur. Não se trata de coisa de teu interesse.
2942. Non tua turba sumus. [Ovídio, Amores 1.1.6]. Não
somos do teu grupo.
2943. Non tulit gratis qui, cum rogasset, accepit. [Sêneca, De
Beneficiis 2.1.4]. ■ Quem rogou não recebeu de graça.
■ Nada custa mais caro do que o que custa rogos. ■ Caro
compra quem roga. ■ O rogado é mais caro do que o
comprado. VIDE: ● Nulla res carius constat, quam quae
precibus empta est. ● Nulla res magis constat quam quae
precibus empta est.
2944. Non turbetur cor vestrum. [Vulgata, João 14.1]. Não se
turbe o vosso coração.
2945. Non turpis est cicatrix, quam virtus parit. [Publílio
Siro]. Não é vergonhosa a cicatriz que a coragem causa.
2946. Non tutae sunt cum regibus facetiae. [Publílio Siro].
Não são seguras as brincadeiras com os reis. ■ Com teu amo
não jogues as peras, porque ele come as maduras e deixa-te
as verdes.
2947. Non tutum est, quod ames, laudare sodali. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.739]. Não é seguro gabar ao amigo o objeto do
teu amor. ■ Mulher e dinheiro mostrado está em véspera de
roubado.
2948. Non tutum renuisse deo. [Ausônio, Praefaciunculae
1.14]. Não é seguro dizer não a um deus.
2949. Non tuus hoc capiet venter plus ac meus. [Horácio,
Semones 1.1.46]. Tua barriga não comerá mais do que a
minha.
2950. Non ubi nascor, sed ubi pascor. Não onde eu nasço, mas
onde eu como. ■ Não onde nasces, mas onde pasces. ■ Onde
me vai bem, aí é minha terra. ■ Onde bem me vai, aí tenho
mãe e pai. VIDE: ● Illa mihi patria est, ubi pascor, non ubi
nascor. ● Ubi pascor, non ubi nascor. ● Ubi sum notus, non
ubi sum natus.
2951. Non ubique idem decorum est. [Binder, Thesaurus
2245]. Um mesmo ato não é conveniente em todo lugar.
■ Onde estiveres, faze como vires fazer. VIDE: ● Neque enim
ubique idem aut licet aut decorum est.
2952. Non ubivis, coramve quibuslibet. [Horácio, Sermones
1.4.74]. Não em qualquer lugar, nem diante de qualquer um.
2953. Non ulla laborum, o virgo, nova mi facies inopinave
surgit; omnia praecepi atque animo mecum ante peregi.
[Virgílio, Eneida 6.103]. Nenhum aspecto novo ou
inesperado dos sofrimentos se apresenta a mim, ó virgem; já
os experimentei todos, e previ tudo em meu espírito.
2954. Non ultra. Não além (deste ponto). VIDE: ● Ibi deficit
orbis. ● Ne plus ultra. ● Nec plus ultra. ● Non plus ultra.
● Hucusque, nec amplius.
2955. Non una geminos educat domus canes. [Schottus,
Adagia 619]. Uma única casa não sustenta dois cães. ■ Dois
sóis não cabem no mundo. ■ Dois tatus-machos não moram
num buraco. VIDE: ● Non dumus unus erithacos alit duos.
● Non recipit claros una sella duos. ● Una domus non alit
duos canes. ● Unicum arbustum haud alit duos erithacos.
● Unum arbustum non alit duos erithacos. ● Unum
fruticetum duos erithacos non alit. ● Unus saltus binos
non alit erithacos.
2956. Non una hirundo adesse ver denuntiat. [Schottus,
Adagia 615]. Uma única andorinha não anuncia a chegada da
primavera. ■ Uma andorinha não faz verão. ■ Nem um dedo
faz a mão, nem uma andorinha faz verão. VIDE: ● Flos unus
non facit hortum. ● Hirundo una ver non facit. ● Una
hirundo non efficit ver. ● Una hirundo non facit ver.
● Unica non speciem veris hirundo dedit. ● Unus flos non
facit ver. ● Ver non una dies, non una reducit hirundo.
2957. Non unam diem eruditos efficere, aut ineruditos. Um
só dia não faz sábios nem ignorantes. VIDE: ● Una dies
sapientem non perficit, nec unus infaustus dies eum
indoctum facit.
2958. Non uni dat cuncta Deus, sed gratia cuivis est sua.
[Tosi 494]. Deus não dá tudo a um só, mas cada um recebe o
favor que lhe cabe.
2959. Non unius terrae, sed totius naturae interpretes
sumus. [Plínio Antigo, Naturalis Historia 18.214]. Não
somos intérpretes de um só lugar, mas de toda a natureza.
2960. Non uno dignus. [Albertatius 921]. Não é digno de nada.
Não merece coisa alguma.
2961. Non uno est condita Roma die. ■ Roma não se fez num
dia. ■ Roma não foi feita num dia. ■ É preciso dar tempo ao
tempo. ■ Calma no Brasil! VIDE: ● Alta die solo non est
exstructa Corinthus. ● Haud facta est una Martia Roma
die. ● Non fuit in solo Roma peracta die. ● Non stilla una
cavat marmor, nec protinus uno est condita Roma die.
● Roma non fuit una die condita. ● Roma non uno
condebatur die.
2962. Non uno ictu arbor cadit. [Binder, Thesaurus 2246].
Com um só golpe a árvore não cai. ■ Com um só golpe não se
derruba uma árvore. ● Árvore velha não é fácil de arrancar.
■ Castanheiro bom não vai abaixo dum só golpe. ● Non uno
ictu cadit quercus. [Binder, Medulla 1208]. Com uma só
machadada o carvalho não cai. ● Non uno ictu validam
deicies quercum. [Branco 300]. Com um golpe só não
derrubarás o carvalho forte. VIDE: ● Ad primos ictus non
corruit ardua quercus. ● Arbor non primo ictu, sed saepe
cadit feriendo. ● Arbor per primum quaevis non corruit
ictum. ● Non annosa uno quercus deciditur ictu. ● Non
semel ascia dat, quercus ut alta cadat.
2963. Non unquam misere qui bene vixit obiit. Janais morreu
mal quem viveu bem. ■ Quem bem vive bem morre. VIDE:
● Nec miser quisquam qui bene vixit, obit.
2964. Non unquam sera est ad bonos mores via. [Publílio
Siro]. Nunca é tardio o caminho para os bons costumes.
■ Antes tarde do que nunca. ■ Nunca é tarde para o bem.
■ Nunca é tarde para aprender. VIDE: ● Etiam vetus
arbustum transferri potest. ● Nulla est sera ad bonos
mores via. ● Nunquam sera ad bonos mores via. ● Sera
nunquam est ad bonos mores via.
2965. Non unum est imperandi genus; imperat princeps
civibus suis, pater liberis, praeceptor discentibus,
tribunus vel centurio militibus. [Sêneca, De Clementia
1.16.2]. Não existe uma única forma de comando; o príncipe
governa seus súditos, o pai governa seus filhos, o professor
dirige seus alunos, o tribuno ou centurião comanda seus
soldados.
2966. Non unus mentes agitat furor. [Juvenal, Satirae 14.284].
Não é a mesma loucura que agita todas as mentes. ■ Cada
louco com sua mania.
2967. Non ut diu vivamus curandum est, sed ut satis.
[Sêneca, Epistulae Morales 93.2]. Não devemos preocupar-
nos em viver por muito tempo, mas em viver bastante.
2968. Non ut edam vivo, sed ut vivam edo. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 9.3.85]. Não vivo para comer, mas como
para viver. ■ Comer para viver, e não viver para comer. VIDE:
● Edas, bibas ut bene vivas; non vivas ut tantum edas et
bibas. ● Ede ut vivas, non vivas ut edas. ● Edendum tibi est
ut vivas, et non vivendum ut edas. ● Edere oportet ut
vivas, non vivas ut edas. ● Esse decet ut vivas, vivere non
ut edas. ● Esse oportet ut vivas, non vivere ut edas. ● Non
vivas ut edas, sed edas ut vivere possis. ● Non vivendum
est ut edas, sed edendum ut vivas. ● Oportet esse ut vivas,
non vivere ut edas.
2969. Non uti libet, sed uti licet, sic vivimus. [Schottus,
Adagia 83]. Não vivemos como gostamos, mas como
podemos. ■ Senão como queremos, passamos como podemos.
● Non uti libet, sed uti licet, sic vivamus. Não vivamos
como gostamos, mas como pudermos. VIDE: ● Non vivimus ut
expetimus, at ut possumus. ● Sunt res nostrae, non quas
volumus, sed quas possumus. ● Ut possumus, quando ut
volumus non licet. ● Ut quimus, quando ut volumus non
licet.
2970. Non uti ut non appetas, non appetere ut non metuas,
sunt animi pusilli et diffidentis. [Bacon, Advancement of
Learning 2.21.5]. Não usar para não desejar, não desejar para
não temer, são cuidados do espírito fraco e inseguro.
2971. Non vagatur quod fixum atque fundatum est. [Sêneca,
Epistulae Morales 35.4]. O que está fixo e alicerçado não se
abala.
2972. Non valde attendas quid homo faciat, sed quid, cum
facit, aspiciat. [Bernardes, Nova Floresta 1.266]. Não
prestes muita atenção no que o homem faz, mas no que ele
pretende, quando faz. VIDE: ● Non quod quisque facit, sed
quo animo facit considerandum est.
2973. Non vales agere. [Jur]. Não tens capacidade para acionar.
(=Não és parte legítima).
2974. Non valet aequari gemmae vitrum pretiosae. [Binder,
Thesaurus 2242]. Não vale comparar vidro a uma pedra
preciosa. ■ Nem tudo que brilha é diamante.
2975. Non valet donatio, nisi subsequatur traditio. [Jur /
Black 1254]. Não é válida a doação, se não se segue a
tradição.
2976. Non valet lotium suum. [Petrônio, Satiricon 57]. Não
vale a própria urina. ■ Não vale um peido de gato.
2977. Non velis rerum quidam laudare tuarum. [Catão /
Rezende 4344]. Não louves o que é teu. ■ Elogio em boca
própria é vitupério.
2978. Non veni pacem mittere, sed gladium. [Vulgata, Mateus
10.34]. Não vim trazer-lhe paz, mas espada.
2979. Non veni solvere legem, sed adimplere. [Schottus,
Adagialia Sacra 1]. Não vim destruir a lei, mas dar-lhe
cumprimento. VIDE: ● Nolite putare quoniam veni solvere
legem.
2980. Non veni vocare iustos, sed peccatores ad
poenitentiam. [Vulgata, Lucas 5.32]. Eu vim chamar, não os
justos, mas os pecadores, ao arrependimento. VIDE: ● Non
enim veni vocare iustos, sed peccatores.
2981. Non venit ad silvam, qui cuncta rubeta veretur.
[Bebel, Adagia Germanica]. Não vem à floresta quem teme
todas as moitas. ■ Quem não se aventura não passa o mar.
VIDE: ● Folia qui timet, silvas non adeat.
2982. Non venit ante suos prudentia nobilis annos. [DAPR
69]. Não vem a nobre prudência antes dos seus anos. ■ Os
anos dão experiência. ■ Mais fazem os anos do que os livros.
2983. Non venit exiguo tempore larga seges. [Pereira 113].
Em prazo curto não vem grande colheita. ■ Não se fez Roma
num dia. ■ Não se ganhou Samora em uma hora. ■ É preciso
dar tempo ao tempo.
2984. Non venit in molli vivida fama toro. [Medina 607]. Não
vem o grande prestígio num macio leito. ■ Não se ganha boa
fama em cama de penas. ■ Quem muito dorme pouco medra.
● Non venit ex molli vivida fama toro. [Binder, Thesaurus
2249].
2985. Non venit ministrari sed ministrare. [Vulgata, Mateus
20.28]. Não veio para ser servido, mas para servir. ● Non
venit ut ministraretur ei, sed ut ministraret. [Vulgata,
Marcos 10.45]. VIDE: ● Non ministrari, sed ministrare.
2986. Non veniunt in idem pudor atque amor. [Ovídio,
Heroides 15.121]. O amor e o pudor não vêm juntos.
2987. Non ventiles te in omnem ventum, et non eas in
omnem viam. [Vulgata, Eclesiástico 5.11]. Não te arejes em
qualquer vento, nem sigas qualquer caminho.
2988. Non ventrem improbum alimus tributo gentium.
[Sêneca, Thyestes 459]. Não alimento meu ventre exigente
com o tributo do povo.
2989. Non verbis, at factis opus est. [Grynaeus 65]. Não
precisamos de palavras, mas de atos. ■ Atos, não palavras.
● Non verbis at factis spectari vult Graecia. [Grynaeus
259]. A Grécia não quer ser notada pelas palavras, mas pelas
ações. VIDE: ● Facta, non verba.
2990. Non verbis, sed ipsis rebus leges imponimus. [Codex
Iustiniani 6.43.2.3]. Nós aplicamos as leis, não às palavras,
mas às próprias coisas.
2991. Non verbis, sed rebus. Não com palavras, mas com
coisas.
2992. Non versiones, sed perversiones. [S.Jerônimo /
Stevenson 2359]. Não são traduções, mas deformações.
(=S.Jerônimo se referia às traduções latinas da Bíblia). ● Non
versiones, sed erversiones.
2993. Non vestem amatores mulieris amant, sed vestis
fartum. [Plauto, Mostellaria 166]. Os homens enamorados
não amam o vestido da mulher, mas o conteúdo do vestido.
2994. Non vestimentum virum ornat, sed vir vestimentum.
Não é a roupa que valoriza o homem, mas o homem a roupa.
2995. Non vi, sed ingenio et arte. [Divisa]. Não pela força, mas
pela inteligência e habilidade. VIDE: ● Arte, non vi.
2996. Non vi, sed iure. Não pela força, mas pelo direito. VIDE:
● Non potentia, sed iure.
2997. Non vi, sed virtute. [Divisa]. Não pela força, mas pelo
mérito. ● Non vi, virtute.
2998. Non videbis annos Petri. [Rezende 4345]. Não verás os
anos de Pedro. (=Teu reinado não será longo).
2999. Non videmus manticae quod in tergo est. [Catulo,
Carmina 22.21]. Não vemos o que está na mochila às nossas
costas. ■ O macaco vê o rabo da cutia, mas não vê o seu.
■ Vemos um argueiro no olho do vizinho e não vemos uma
trave no nosso. VIDE: ● Praecedenti spectatur mantica tergo.
3000. Non videmus nostra ipsorum vitia, cum aliena curiosis
oculis perspiciamus. [Grynaeus 583]. Não vemos nossos
próprios defeitos, enquanto examinamos atentamente os
alheios com olhos curiosos. ■ Macaco não enxerga o próprio
rabo, mas enxerga o da cutia.
3001. Non videntur qui errant consentire. [Digesta
50.17.116.2]. Quem erra não se considera concordar.
3002. Non videntur rem amittere, quibus propria non fuit.
[Digesta 50.17.83]. Não se considera ter perdido uma coisa
quem não era dono dela.
3003. Non videtur vim facere qui iure suo utitur. [Digesta
50.17.155.1]. Não se entende agir com violência quem usa de
seu direito.
3004. Non vili e pano splendida vestis erit. [Pereira 102].
Roupa de ruim pano não será esplêndida. ■ De ruim pano
nunca bom vestido.
3005. Non vincat honestatem utilitas; sed honestas
utilitatem. [S.Ambrósio / Bernardes, Nova Floresta 1.33].
Não se sobreponha o proveito à honra, mas esta àquele.
3006. Non vincitur, sed vincit, qui cedit suis. [Publílio Siro].
Não é vencido, mas vencedor, quem cede aos seus.
3007. Non vindicandum scelere scelus. Um crime nunca deve
ser vingado por meio de outro crime. ■ Um crime não
justifica outro. VIDE: ● Nunquam scelus scelere
vindicandum est. ● Nunquam scelus scelere vincendum
est.
3008. Non vinum hominibus moderari, sed vino homines
solent, qui quidem probi sunt. [Plauto, Truculentus 804].
Não é o vinho que costuma governar os homens, mas os
homens costumam governar o vinho, pelo menos os que são
honrados.
3009. Non viribus, aut velocitate, aut celeritate corporum
res magnae geruntur; sed consilio, auctoritate, sententia.
[Cícero, De Senectute 6]. Os grandes feitos não são
produzidos nem pela força, nem pela agilidade, nem pela
rapidez dos corpos, mas pela prudência, pela autoridade, pela
resolução.
3010. Non virtutibus ex dignitate sed ex virtute dignitatibus
honor accedat. [Boécio, De Consolatione Philosophiae
2.6.2]. As virtudes não são honradas pelo cargo, mas os
cargos pela virtude. ■ Não é o cargo que eleva o homem.
VIDE: ● Non locus virum, sed vir locum gloriosum facit.
3011. Non vis aut numerus, melior sed causa triumphat.
[Binder, Medulla 1211]. Não é a força ou o número que
vence, mas a melhor causa.
3012. Non vis esse iracundus? ne sis curiosus. [Sêneca, De Ira
3.11.1]. Não queres zangar-te? Não sejas curioso. ■ Quem
escuta, de si ouve.
3013. Non vitae gaudia quaero. [Virgílio, Eneida 11.180]. Não
busco os prazeres da vida.
3014. Non vitae, sed scholae discimus. [Sêneca, Epistulae
Morales 106.12]. Não estudamos para a vida, mas para a
escola. VIDE: ● Non scholae, sed vitae discimus.
3015. Non vivas aliter in foro, aliter in solitudine. [DM 32].
Não vivas de uma maneira em público e de outra na
intimidade. ● Non vivas aliter in solitudine, aliter in foro.
Não vivas de uma maneira na intimidade e de outra em
público. VIDE: ● Non aliter vivas in solitudine, aliter in foro.
● Non convenit moribus aliud palam, aliud agere secreto.
3016. Non vivas ut edas, sed edas ut vivere possis. Não vivas
para comer, mas come para que possas viver. ■ Comer para
viver, e não viver para comer. ● Non vivendum est ut edas,
sed edendum ut vivas. [Rezende 4352]. Não se deve viver
para comer, mas se deve comer para viver. VIDE: ● Edas,
bibas ut bene vivas; non vivas ut tantum edas et bibas.
● Ede ut vivas, non vivas ut edas. ● Edendum tibi est ut
vivas, et non vivendum ut edas. ● Esse oportet ut vivas,
non vivere ut edas. ● Esse decet ut vivas, vivere non ut
edas. ● Non ut edam vivo, sed ut vivam edo. ● Oportet esse
ut vivas, non vivere ut edas.
3017. Non vivere miserum est, sed male vivere. [Diógenes /
Rezende 4349]. Duro não é o viver, mas o mal viver.
3018. Non vivere, sed valere vita est. A vida não é viver, mas
gozar de saúde. VIDE: ● Non est vivere, sed valere, vita est.
● Vita non est vivere, sed valere. ● Vita non est vivere, sed
valere vita est.
3019. Non vivimus ut expetimus, at ut possumus. [Schottus,
Adagia 611]. Não vivemos como desejamos, mas como
podemos. ■ Senão como queremos, passamos como podemos.
VIDE: ● Non uti libet, sed uti licet, sic vivimus. ● Sunt res
nostrae, non quas volumus, sed quas possumus. ● Ut
possumus, quando ut volumus non licet. ● Ut quimus,
quando ut volumus non licet.
3020. Non vocati amici amicorum mensam accedunt.
[Schottus, Adagia 32]. Os amigos se dirigem à mesa dos
amigos sem serem convidados. VIDE: ● Boni ad bonorum
convivia invocati accedunt. ● Bonorum ultro ad convivia
accedunt boni. ● Conviva amico amicus ultro etiam venit.
● Convivae non vocati ad amicos eunt. ● Invocati
comessatum ad amicos veniunt amici. ● Mos miseri ultro
convivia adire bonorum. ● Sponte boni ad parium laeti
convivia tendunt. ● Sponte bonis mos est convivia adire
bonorum. ● Ultro adeunt hominis timidi convivia fortes.
3021. Non vola claudatur ubi libro stirps sociatur. [DAPR
460]. Não se meta a mão onde o tronco se junta à casca.
■ Não metas a mão entre a bigorna e o martelo.
3022. Non volat in buccas assa columba tuas. [Trench,
Proverbs]. A pomba não voa já assada para a tua boca.
■ Deus não manda nem cozido nem assado. ■ Dinheiro não
cai do céu. ■ Quem quer pescar há de se molhar. ■ Não se
comem trutas a bragas enxutas. VIDE: ● Dat Deus omne
bonum, sed non per cornua taurum. ● Nulli per ventos
assa columba venit.
3023. Non volendo neque quaerendo quidquam aliud, nisi in
omnibus et per omnia maiorem laudem et gloriam Dei
Domini Nostri. [S.Inácio de Loiola]. Não querendo nem
buscando nada, senão em tudo e por todos os meios maior
louvor e glória de Deus Nosso Senhor.
3024. Non voluptas omnis bonum, non dolor omnis malum.
[Rezende 4353]. Nem todo prazer é um bem, nem toda dor é
um mal.
3025. Non vos elegistis me, sed ego elegi vos. [Vulgata, João
15.16]. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que
escolhi a vós.
3026. Non vult scire satur, quid ieiunus patiatur. [Eiselein
539]. O farto não quer saber o que sofre o esfomeado. ■ O
farto, de jejum, não tem cuidado algum.
3027. Non vult scire socrus quod fuit ipsa nurus. [DAPR
616]. A sogra não quer saber que ela mesma foi nora. ■ Não
se lembra a sogra de que também já foi nora.
3028. Non zeles gloriam et opes peccatoris. [Vulgata,
Eclesiástico 9.16]. Não invejes a glória nem a riqueza do
pecador.
3029. Nondum capra peperit, iam haedus sub tecto salit.
[Rezende 4158]. A cabra ainda não pariu, e o cabrito já salta
no curral. ■ Ainda não apanhou o urso e já lhe vende a pele.
■ Vai o carro adiante dos bois. ● Nondum enixa capra est:
iam ludit in aedibus haedus. [Apostólio, Paroimiai 2.16].
● Nondum enixa capra, ast iam ludit in aedibus haedus.
[Schottus, Adagia 581]. VIDE: ● Capra nondum peperit,
capella vero supra domum ludit. ● Capra nondum
peperit, haedus autem ludit in tectis.
3030. Nondum editus. Ainda não nascido. Ainda não
publicado. Ainda não divulgado.
3031. Nondum enim in portu sum, ut securus praeteritarum
meminerim procellarum. [Petrarca, De Ascensu Montis
Ventosi 19]. Ainda não estou no porto, para recordar em
segurança as passadas procelas.
3032. Nondum est finis. [Vulgata, Mateus 24.6]. Não é este
ainda o fim.
3033. Nondum felix es, si nondum te turba deridet. [PSa].
Ainda não és bem sucedido, se a populaça ainda não te
critica. ● Nondum felix es, si non te turba deriserit. [DM
23].
3034. Nondum illi deferbuit adulescentia. Sua juventude
ainda não se aquietou. VIDE: ● Adulescentia deferbuit.
3035. Nondum matura est uva; nolo acerbam sumere. A uva
ainda não está madura; não quero apanhá-la verde. (=Diz-se
de quem finge desprezar o que não consegue obter). ■ Estão
verdes! ■ Quem desdenha quer comprar. ● Nondum matura
es; nolo acerbam sumere. [Fedro, Fabulae 4.3.4]. Ainda não
estás madura; não te quero colher verde. VIDE: ● Spernit
superbus quae nequit assequi.
3036. Nondum natus eram. [Rezende 4159]. Eu ainda não era
nascido. VIDE: ● Equidem natus non eram.
3037. Nondum omnium dierum sol occidit. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 39.26]. O sol de todos os dias ainda não se pôs.
■ Há tempo para tudo. ■ O fim do mundo não é amanhã.
■ Amanhã será outro dia. ● Nondum omnes soles
occiderunt. [Schottus, Adagialia Sacra 92]. O sol ainda não
se pôs.
3038. Nondum venit hora mea. [Vulgata, João 2.4]. Ainda não
é chegada a minha hora.
3039. Nondum victoria, iam discordia erat. [Tácito, Historiae
4.69]. Ainda não se conseguira a vitória, mas já havia
discórdia.
3040. Nonne duodecim sunt horae diei? [Vulgata, João 11.9].
Não são doze as horas do dia? ■ Mudam os tempos, mudam
os pensamentos. VIDE: ● Duodecim sunt horae diei.
3041. Nonne ecce verbum super datum bonum? [Vulgata,
Eclesiástico 18.17]. A palavra não vale mais do que um bom
presente? ■ Palavra boa unge, e a má punge. VIDE: ● Sermo
bonus super datum optimum. ● Verbum bonum super
datum optimum.
3042. Nonne id flagitium est te aliis consilium dare, foris
sapere, tibi non posse te auxiliari? [Terêncio, Heauton
Timorumenos 922]. Não é um sofrimento dares conselho aos
outros, seres sábio fora de casa, e não poderes ajudar a ti
mesmo?
3043. Nonne manus mea fecit haec omnia? [Vulgata, Atos
7.50]. Não foi a minha mão que fez todas essas coisas?
3044. Nonne melius est comedere et bibere? [Vulgata,
Eclesiastes 2.24]. Não é melhor comer e beber?
3045. Nonne milies perire est melius quam in sua civitate
sine praesidio armatorum non posse vivere? [Cícero,
Philippica 2.112]. Não é mil vezes melhor morrer do que não
poder viver em sua cidade sem a segurança de homens
armados?
3046. Nonne videmus alia florere verno tempore, alia
aestivo? [Varrão, De Agri Cultura 1.39]. Não vemos
florescer umas coisas na primavera e outras no verão? VIDE:
● Alia aestivo, atque hiberno tempore fiunt. ● Alia aestate,
alia hieme. ● Alia hieme, alia aestate.
3047. Nonne vides etiam guttas in saxa cadentes umoris
longo in spatio pertundere saxa? [Lucrécio, De Rerum
Natura 4.1289]. Não vês que até as gotas d'água, caindo por
longo tempo, furam as pedras?
3048. Nonne vita ipsa morti similis est? [S.Agostinho,
Sermones 108.5]. Por acaso a própria vida não é parecida
com a morte?
3049. Nonnulli acuendis puerorum ingeniis non inutiles
lusus. [Quintiliano, Institutio Oratoria 1.3.11]. Alguns jogos
não são inúteis para afiar a inteligência dos meninos.
3050. Nonnulli foris divites haberi gaudent, domi gnaviter
esuriunt. [Erasmo, Moriae Encomium 48]. Algumas pessoas
se alegram por serem tidas em público como ricas, mas em
casa passam fome.
3051. Nonnulli non intellegentes citius volunt exagitare
quod non intellegunt, quam quaerere ut intellegant.
[S.Agostinho, Sermones 2.2]. Algumas pessoas que não
entendem preferem logo condenar o que não entendem a
perguntar para entender. VIDE: ● Condemnant quod non
intellegunt.
3052. Nonnunquam vultu tegitur mens taetra sereno.
[Dionísio Catão, Monostica, Appendix 62]. Às vezes uma
mente abominável se esconde numa aparência serena. ■ Cara
de beato, unhas de gato.
3053. Norma agendi. [Jur]. A norma de agir.
3054. Norma loquendi. A norma de falar.
3055. Normae generales. As normas gerais.
3056. Normae iuris. As regras do direito.
3057. Nos animum aliquando debemus relaxare. [Sêneca,
Epistulae Morales 58.52]. De vez em quando devemos
descansar o espírito. VIDE: ● Omnibus quidem prodest
subinde animum relaxare.
3058. Nos cucurbitae caput non habemus, ut pro te
moriamur. [Apuleio, Metamorphoses 1.15]. Não tenho
cabeça de abóbora para morrer em teu lugar. VIDE:
● Cucurbitae caput non habeo.
3059. Nos duo turba sumus. [Ovídio, Metamorphoses 1.355].
Nós dois formamos a multidão.
3060. Nos ergo diligamus Deum, quoniam Deus prior dilexit
nos. [Vulgata, 1João 419]. Portanto amemos nós a Deus,
porque Deus nos amou primeiro.
3061. Nos gentes nationesque distinguimus: Deo una domus
est mundus hic totus. [Minúcio Félix, Octavius 33]. Nós
distinguimos povos e nações; para Deus o mundo inteiro é
uma casa única.
3062. Nos in vitium credula turba sumus. [Ovídio, Remedia
Amoris 686]. Nós somos uma multidão sempre pronta a
acreditar no mau-agouro.
3063. Nos ita a maioribus instituti atque imbuti sumus, ut
omnia consilia atque facta ad dignitatem et ad virtutem
referremus. [Cícero, Philippica 10.20]. Por nossos
antepassados fomos orientados e ensinados a dirigir nossas
decisões e ações pela dignidade e pela virtude. VIDE: ● Ad
utilitatem vitae omnia consilia factaque nostra dirigenda
sunt.
3064. Nos iubere volumus, non iuberi. [Anastácio 1º, O
Silenciário, imperador do Oriente / Bernardes, Nova Floresta
5.201]. Eu quero mandar, e não ser mandado.
3065. Nos legem habemus. Nós temos lei. (=Nós temos nossos
costumes. Nós temos nossas regras).
3066. Nos non pluris sumus quam bullae. [Petrônio, Satiricon
42.4]. Nós não somos mais que bolhas. VIDE: ● Homo bulla
est. ● Nil aliud ac umbra atque flatus est homo.
3067. Nos numerus sumus. Nós somos apenas números. (=Não
valemos nada. Somos inúteis). ● Nos numerus sumus et
fruges consumere nati. [Horácio, Epistulae 1.2.27]. Nós
somos a populaça e nascemos somente para comer.
3068. Nos olim fuimus strenui iuvenes. [Apostólio, Paroimiai
3.6]. Outrora fomos rapazes valentes.
3069. Nos patriae fines et dulcia linquimus arva; nos
patriam fugimus. [Virgílio, Eclogae 1.3]. Nós deixamos o
solo de nossa pátria, e abandonamos os doces campos; nós
fugimos de nossa pátria.
3070. Nos quoque floruimus, sed flos erat ille caducus;
flammaque de stipula nostra brevisque fuit. [Ovídio,
Tristia 5.8.19]. Eu também floresci um dia, mas a flor
murchou, e minha chama foi fogo de palha, e foi breve.
3071. Nos quoque oculos eruditos habemus. [Cícero,
Paradoxa 5.2]. Eu também tenho olhos de conhecedor.
3072. Nos vero lutum, et fictor noster tu. [Vulgata, Isaías
64.8]. Nós não somos senão barro, e Tu és o nosso opífice.
3073. Nosce te esse hominem. [RH 4.65]. Reconhece que és
um ser humano. VIDE: ● Memento te esse hominem.
● Memento te virum esse.
3074. Nosce te, nosce animum tuum. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 1.22]. Conhece-te, conhece teu espírito.
3075. Nosce teipsum. [Erasmo, Adagia 1.6.95]. Conhece a ti
mesmo. (=Tradução latina de frase grega escrita no templo
de Apolo em Delfos, Grécia). ● Nosce te. VIDE: ● Iubet igitur
nos Pythius Apollo noscere nosmet ipsos. ● Scito teipsum.
● Te nosce.
3076. Nosce tempus. [Hesíodo / Albertatius 922; Erasmo,
Adagia 1.7.70]. Conhece o tempo. VIDE: ● Occasionem
cognosce. ● Tempus nosce.
3077. Nosce tempus tempestivum. Conhece o momento certo.
Aproveita o momento certo. VIDE: ● Veni in tempore.
3078. Noscenda est mensura sui. [Juvenal, Satirae 11.35].
Cada um deve conhecer a sua medida.
3079. Noscere hoc primum decet, quid facere victor debeat,
victus pati. [Sêneca, Troades 257]. É importante primeiro
distinguir o que o vencedor deve fazer e o que o vencido
deve suportar.
3080. Noscitur adverso tempore verus amor. [Pereira 114].
Na adversidade se conhece a verdadeira amizade. ■ Nos
trabalhos se vêem os amigos. ■ Conhece-se o amigo certo na
ocasião incerta. ■ Na adversidade se conhece a amizade.
■ Na necessidade se prova a amizade. ■ No aperto e no
perigo se conhece o amigo. ■ O amigo fingido, conhecê-lo-ás
no arruído. ● Noscitur in magno discrimine quis sit
amicus. [Pereira 114]. VIDE: ● Amici probantur rebus
adversis. ● Amicus certus in re incerta cernitur. ● Amicus
certus in necessitate cernitur. ● Amicus certus in re
incerta. ● Difficile est in re prospera amicos probare, in
adversa facile. ● In adversis et paupertate cognoscitur
amicus. ● In angustiis amici apparent. ● In necessitate
probatur amicus. ● Rebus incertis amor est probandus.
● Sors aspera monstrat amicum. ● Vera amicitia in
calamitatibus dignoscitur.
3081. Noscitur ex sociis. [Jur]. Conhece-se o homem pelos seus
companheiros. ■ Dize-me com quem andas, dir-te-ei quem és.
● Noscitur ex socio, qui non cognoscitur ex se. [Binder,
Thesaurus 2260; Black 1256]. Quem não é conhecido por si
mesmo, é conhecido por seus companheiros. ● Noscitur a
sociis. [Broom 447]. (O significado exato da palavra) se
conhece pelo significado das palavras que a acompanham.
3082. Nosse volunt omnes, mercedem solvere nemo. [Juvenal,
Satirae 7.157]. Todos querem saber, mas ninguém quer pagar
a conta. ■ Todos querem saber, mas ninguém pagar. VIDE:
● Scire volunt omnes, mercedem solvere nemo.
3083. Nosti mores mulierum: dum moliuntur, dum
conantur, annus est. [Terêncio, Heauton Timorumenos
239]. Conheces os hábitos das mulheres: enquanto se
preparam, enquanto se põem a caminho, passa um ano. VIDE:
● Mulieres dum comuntur annus est.
3084. Nostra aetas non multum fidei gerit. [Plauto, Aulularia
849]. Nosso tempo não abunda em lealdade.
3085. Nostra aetate. Em nosso tempo. Na nossa época. VIDE:
● Aetate nostra.
3086. Nostra nos virtute decet, non sanguine niti. [Pereira
117]. Convém que nos firmemos por nossas qualidades, não
por nossa origem. ■ Deixemos pais e avós, por nós sejamos
bons. ■ Por nós sejamos bons, e não por nossos avós. ■ É
melhor ser bom que de boa raça. VIDE: ● Magis virtus quam
genus nobilitatem efficit. ● Nobilis est ille, quem nobilitat
sua virtus. ● Nobilis est ille, quem nobilitavit sua virtus;
degener est ille, quem virtus nulla beavit. ● Nobilitatis
virtus non stemma character. ● Non genus virum ornat.
● Nostra nos virtute decet, non sanguine niti. ● Sola virtus
nobilitat. ● Sola virtus, non maiorum sanguis, verae
nobilitatis firmum est argumentum. ● Virtus sola
nobilitat. ● Virtus, non stemma. ● Virtute decet, non
sanguine niti.
3087. Nostra omnis vis in animo et corpore sita est: animi
imperio, corporis servitio magis utimur. Alterum nobis
cum diis, alterum cum beluis commune est. [Salústio,
Catilina 1]. Todas as nossas faculdades residem no espírito e
no corpo: empregamos de preferência o espírito para
comandar, o corpo para obedecer. Aquele nos é comum com
os deuses; este, com os animais.
3088. Nostra per adversas agitur fortuna procellas. [Ovídio,
Tristia 5.12.5]. Minha sorte atravessa tempestades adversas.
3089. Nostrae farinae homo. [Pereira 107]. É gente da nossa
farinha. ■ É gente nossa. ● Nostrae condicionis. É gente de
nossa condição. ● Nostri gregis. É gente da nossa grei.
3090. Nostri nosmet paenitet. [Terêncio, Phormio 172].
Desagrada-nos o que é nosso. ■ Ninguém se embebeda com o
vinho de sua adega.
3091. Nostri philosophi non in iis libris ipsis, quos scribunt
de contemnenda gloria, sua nomina inscribunt? [Cícero,
Tusculanae Disputationes 34]. Nossos filosófos não
escrevem seus nomes nos próprios livros em que declaram
que a glória deve ser desprezada? VIDE: ● Philosophi in iis
libris ipsis quos scribunt de contemnenda gloria sua
nomina scribunt.
3092. Nostris ipsorum alis capimur. [Erasmo, Adagia 1.6.52;
Pereira 102]. Somos apanhados pelas nossas próprias asas.
■ Deus deu asas à formiga, para se perder mais asinha.
■ Deus deu asas à formiga, para se perder mais depressa.
3093. Nostris temporibus. Em nossos tempos.
3094. Nostrum officium meminisse decet. [Plauto, Stychus
45]. Convém lembrarmo-nos de nosso dever.
3095. Nota bene. Observa bem.
3096. Nota mala res optima est. [Plauto, Trinummus 41]. O
perigo conhecido é o melhor. ■ O mal desconhecido é o mais
temido. ● Nota res mala, optima. [Erasmo, Adagia 2.9.85].
3097. Nota morum et index tempus est mortalibus.
[Grynaeus 585]. O tempo é para os mortais o sinal e
indicador dos costumes. ■ Outros tempos, outros costumes.
3098. Notarius publicus. Tabelião de notas.
3099. Notatio naturae et animadversio peperit artem.
[Cícero, Orator 55.183]. A observação da natureza e a
meditação geraram a ciência.
3100. Noti magis quam nobiles sunt. [Sêneca, De Beneficiis
3.28]. São mais ilustres do que nobres.
3101. Notior fabula nulla. [Binder, Thesaurus 2263]. Nenhuma
história é mais conhecida do que isso. ■ Sabem-no cães e
gatos. ■ Está na boca do povo.
3102. Notissimum quodcumque malum, maxime tolerabile.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 23.3, adaptado]. Qualquer mal
que nos seja mais familiar é mais fácil de tolerar. VIDE:
● Omnia mala leviora accident expectantibus.
3103. Notitia criminis. [Jur]. Notificação do crime.
3104. Notoria vel manifesta non egent probatione. [Jur].
Fatos notórios ou manifestos não necessitam de
comprovação. ● Notorium non eget probatione. Fato
notório dispensa comprovação. VIDE: ● Facta notoria
probatione non egent. ● Non indigent probatione facta
notoria. ● Non probandum factum notorium.
3105. Notum lippis ac tonsoribus. [Grynaeus 581]. Isso é
conhecido por todos os remelentos e barbeiros. ■ Isso está na
boca do povo. ■ Sabem-no cães e gatos. VIDE: ● In ore est
omni populo. ● In ore atque oculis est omnium. ● Lippis et
tonsoribus notum est. ● Omnibus et lippis notum et
tonsoribus esse. ● Omnibus notum est tonsoribus. ● Sciunt
haec coqui.
3106. Notumque furens quid femina possit. [Virgílio, Eneida
5.6]. Sabe-se do que é capaz uma mulher furiosa. ● Notum
quid femina possit. É sabido o que uma mulher pode
conseguir. ■ O que o diabo não pode, consegue-o a mulher.
3107. Notus nimis omnibus, ignotus moritur sibi. [Sêneca,
Thyestes 400]. Embora conhecido para todos, morre
desconhecido para si mesmo. VIDE: ● Illi mors gravis incubat
qui, notus nimis omnibus, ignotus moritur sibi. ● Qui
notus nimis omnibus, ignotus moritur sibi.
3108. Nova constitutio futuris formam imponere debet, non
praeteritis. [Jur / Broom 24]. A nova disposição legal deve
impor forma às coisas futuras, não às passadas.
3109. Nova et vetera. [Vulgata, Mateus 13.52]. Coisas novas e
velhas.
3110. Nova hirundo veris est initium. [Grynaeus 554]. A
andorinha que chega é o início da primavera. VIDE: ● Hirundo
aestatem loquitur.
3111. Nova Hymettia, Falerna vetera. [Erasmo, Adagia
2.2.71]. ■ Mel novo, vinho velho. (=Himeto, montanha da
Ática, famosa pelo mel de suas abelhas; Falerno, cantão da
Campânia, célebre por seu vinho). VIDE: ● Hymettia nova,
Falerna vetera.
3112. Nova lex, nova fraus. Nova lei, nova fraude. ■ Feita a lei,
cuidada a malícia. VIDE: ● Facta lege, inventa fraus. ● Lege
inventa, fraus inventa est. ● Inventa lege, inventa fraus.
3113. Nova lux oculis effulsit. [Virgílio, Eneida 9.731]. Uma
nova luz brilhou aos seus olhos. VIDE: ● Lux effulsit.
3114. Nova placent. [Mota 86]. As coisas novas agradam. ■ Do
que é novo gosta o povo. ■ Toda coisa nova apraz. ■ Tudo
que é novo cativa. VIDE: ● Ad nova homines concurrunt, ad
nota non veniunt. ● Est natura hominum novitatis avida.
● Est nova res grata: vilescit res inveterata. ● Est quoque
cunctarum novitas carissima rerum. ● Grata rerum
novitas. ● Grata novitas. ● Omne novum carum, vilescit
cotidianum. ● Quod rarum est, carum est.
3115. Nova si possis sedare incendia, tentes. [Ovídio,
Remedium Amoris 117]. Se puderes, procura conter o
incêndio quando começa.
3116. Novacula factus es contra te ipsum. [Binder, Thesaurus
2264]. Tornaste-te uma navalha contra ti mesmo.
3117. Novacula in cotem incidit. [Medina 595]. A navalha
esbarrou na pedra. ■ Foi buscar lã e voltou tosquiado.
3118. Novam scopam bene purgare et verrere domum: sic
novos servos in principio bene servire. [Bebel 280].
Vassoura nova limpa e varre bem a casa: assim empregados
novos no começo servem bem. ■ Vassoura nova sempre
varre bem. VIDE: ● Pulverulenta novis bene verritur area
scopis. ● Quam bene, quam munde scopa nova purgat
abunde. ● Scopae recentiores semper meliores. ● Verrit
humum bene scopa recens.
3119. Novatio legis. [Jur]. A renovação da lei.
3120. Novator enim maximus omnium tempus. [Bacon, De
Innovationibus]. O maior renovador de todas as coisas é o
tempo.
3121. Nove, sed non nova. De maneira nova, mas não coisas
novas. VIDE: : ● Antiqua nove. ● De eadem re alio modo.
● Non nova, sed nove. ● Si non nova, saltem nove.
3122. Novercae ad tumulum plorare. [Schottus, Adagia 244].
Chorar no túmulo da madrasta. ■ Lágrimas nos olhos, risos
no coração. ■ Chorar lágrimas de crocodilo. VIDE: ● Ad
novercae ploras tumulum. ● Ad novercae tumulum fles.
● Ad novercae tumulum fletus. ● Ad sepulchrum novercae
plorat. ● Ad novercae tumulum lacrimari. ● Flere ad
novercae tumulum. ● Ille flet ad novercae tumulum.
3123. Novercae nomen impium. [Tosi 1448]. A palavra
madrasta é ímpia. ■ Madrasta, o nome lhe basta. VIDE:
● Mulier, novercae nomen huc adde impium.
3124. Novi ego amantium animum: advertunt graviter quae
non censeas. [Terêncio, Heauton Timorumenos 570]. Eu
conheço o gênio dos apaixonados: eles dão importância a
coisas com que não nos importamos.
3125. Novi ego hoc saeculum, moribus quibus sit: malus
bonum malum esse vult, ut sit sui similis. [Plauto,
Trinummus 284]. Sei quais são os costumes deste século: o
mau quer corromper o bom para que este seja igual a ele.
3126. Novi ego ingenium viri indocile: flecti non potest,
frangi potest. [Sêneca, Thyestes 198]. Conheço o gênio
teimoso desse homem: não pode ser dobrado, só pode ser
quebrado.
3127. Novi ingenium mulierum: nolunt, ubi velis; ubi nolis,
cupiunt ultro. [Terêncio, Eunuchus 813]. Conheço o humor
das mulheres: não querem, quando tu queres; quando não
queres, aí é que desejam. VIDE: ● Nolunt, ubi velis; ubi nolis,
cupiunt ultro. ● Ubi velis, nolunt; ubi nolis, volunt ultro.
3128. Novi quid album, quid nigrum. [Erasmo, Adagia
1.6.98]. Eu sei o que é bom e o que é mau. VIDE: ● Novit
bonum et malum, album et nigrum, recti pravique
discrimen. ● Novit quid album, quid nigrum. ● Novit mala
et bona.
3129. Novi Simon, et Simon novit me. [Pereira 120]. Eu
conheço Simão, e Simão me conhece. ■ Quem te conhece, te
compre. VIDE: ● Simona novi ego, Simon me mutuo.
3130. Novi veteribus non opponendi. Os novos não devem
opor-se aos velhos.
3131. Novis semper cupiditatibus occupati non quid
habeamus, sed quid petamus, spectamus. [Sêneca, De
Beneficiis 3.3.1]. Sempre ocupados com novos desejos, nós
não voltamos nossos olhos para o que temos, mas para o que
queremos ter.
3132. Novissima autem inimica destruetur mors. [Vulgata,
1Coríntios 15.26]. O último inimigo destruído será a morte.
3133. Novissima verba. [Virgílio, Eneida 4.650; 6.231]. As
palavras finais. As últimas palavras. As palavras de
despedida.
3134. Novissima voluntas servatur. [Jur]. Cumpra-se a última
vontade.
3135. Novit bonum et malum, album et nigrum, recti
pravique discrimen. [Pereira 100]. Conhece o bem e o mal,
o branco e o negro e a diferença entre o justo e o injusto.
■ Correu Seca e Meca e olivais de Santarém. ● Novit quid
album, quid nigrum. [Grynaeus 430]. Ele sabe o que é bom
e o que é mau. ● Novit mala et bona. [Grynaeus 430].
Conhece o mal e o bem. VIDE: ● Novi quid album, quid
nigrum.
3136. Novit quid toto fiat in urbe. [Grynaeus 158]. Ele sabe o
que acontece em toda a cidade.
3137. Novitas adicit calamitatibus pondus. [Sêneca, Epistulae
Morales 91]. A surpresa aumenta o peso das desgraças.
3138. Novo amore vetus amor eicitur. O amor velho é expulso
pelo amor novo. ■ Um amor com outro se apaga. ■ Os
amores novos fazem esquecer os velhos. ● Novo amore vetus
amor tamquam clavo clavus eicitur. O amor velho é
expulso pelo novo da mesma maneira que um prego é
expelido por outro. ● Novo quodam amore veterem
amorem tamquam clavo clavum eiciundum. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.35]. O amor velho deve ser
expulso por um novo da mesma maneira que um prego deve
ser expelido por outro.
3139. Novos parans amicos, ne obliviscere veterum. [Erasmo,
Adagia 3.3.80]. Granjeando novos amigos, não te esqueças
dos velhos. ● Novos amicos dum paras, veteres cole. Ao
fazeres novos amigos, trata com consideração os antigos.
3140. Novum canamus canticum. Cantemos um canto novo.
VIDE: ● Cantate Domino canticum novum; cantate Domino
omnis terra. ● Cantate Domino canticum novum, quia
mirabilia fecit. ● Hymnum cantemus Domino, hymnum
novum cantemus Deo nostro.
3141. Novum cribrum novo paxillo pendeat. [Varrão, Satirae
Menippeae; Medina 587]. Na estaca nova pendure-se uma
peneira nova. ● Novum cribrum, novo paxillo. [Erasmo,
Adagia 5.1.64].
3142. Novum factum novum consilium expetit. Fato novo
exige decisão nova.
3143. Novum opus. [Black 1262]. Uma obra nova.
3144. Novum Testamentum. O Novo Testamento.
3145. Novus fructus, novus luctus. [Binder, Thesaurus 2267].
Novo filho, novo sacrifício.
3146. Novus homo. [Jur / Black 1262]. Um homem novo.
(=Termo aplicado ao homem que teve seu crime perdoado,
tornando-se assim um “homem novo”). VIDE: ● Homo novus.
3147. Novus ordo seclorum. [Uma das divisas dos Estados
Unidos]. A nova ordem dos séculos. (=O começo de uma
nova era). VIDE: ● Magnus ab integro saeclorum nascitur
ordo.
3148. Novus rex, nova lex. [Grynaeus 518]. ■ Novo rei, nova
lei.
3149. Nox, amor et vinum magnorum malorum causae sunt.
[Schrevelius 1170]. A noite, o amor e o vinho são causas de
grandes sofrimentos. ■ Vinho, mulheres e tabaco põem o
homem fraco. VIDE: ● Illecebrosius fieri nil potest, nox,
mulier, vinum, homini adulescentulo. ● Nox et Amor
vinumque nihil moderabile suadent: illa pudore vacat,
Liber, amorque metu. ● Nox, mulier, vinum: tria sunt
mala.
3150. Nox dabit consilium. [Grynaeus 130]. A noite dará
conselho. ■ A noite traz conselho. ■ Dormirei, boas novas
acharei. ■ Para teu conselheiro não esqueças o travesseiro.
VIDE: ● De nocte consilium. ● In nocte consilium. ● Noctu
urgenda consilia.
3151. Nox erat et caelo fulgebat luna sereno inter minora
sidera. [Horácio, Epodon 15.1]. Era noite, e a lua brilhava no
céu sereno entre astros menores.
3152. Nox erat, et somnus lassos submisit ocellos. [Ovídio,
Amores 3.5.1]. Era noite, e o sono fechou meus olhos
cansados.
3153. Nox erat, et terris animalia somnus habebat. [Virgílio,
Eneida 3.147]. Era noite, e na terra o sono dominava os seres
vivos.
3154. Nox est perpetua una dormienda. [Catulo, Carmina
5.6]. Todos temos de dormir uma noite perpétua. ■ A vida é
incerta, mas a morte é certa.
3155. Nox et Amor vinumque nihil moderabile suadent: illa
pudore vacat, Liber, Amorque metu. [Ovídio, Amores
1.6.59]. Nem a noite, nem o amor, nem o vinho convidam à
moderação, pois aquela carece de pudor, e o vinho e o amor,
de medo. VIDE: ● Illecebrosius fieri nil potest, nox, mulier,
vinum, homini adulescentulo. ● Nox, amor et vinum
magnorum malorum causae sunt. ● Nox, mulier, vinum:
tria sunt mala.
3156. Nox exhibet molestiam. [Sêneca, Epistulae Morales 56].
A noite expõe a nossa inquietação.
3157. Nox furibus, lux veritati convenit. [Eurípides / Schottus,
Adagialia Sacra 89]. A noite convém aos ladrões, a luz
convém à verdade.
3158. Nox gubernatorem prudentem terret. [Manúcio,
Adagia 1256]. A noite atemoriza o piloto prudente. VIDE:
● Amat nox atra nauclero scio parere metum. ● Docto
gubernatori nox metum parit.
3159. Nox inter pocula currat. [Propércio, Elegiae 3.10.21].
Corra a noite entre taças.
3160. Nox, mulier, vinum: tria sunt mala. Noite, mulher,
vinho: três males. ■ Vinho, mulheres e tabaco põem o homem
fraco. VIDE: ● Illecebrosius fieri nil potest, nox, mulier,
vinum, homini adulescentulo. ● Nox, amor et vinum
magnorum malorum causae sunt. ● Nox et Amor
vinumque nihil moderabile suadent: illa pudore vacat,
Liber, amorque metu.
3161. Nox nemini amica. A noite não é amiga de ninguém.
3162. Nox nutrix curarum. A noite alimenta as preocupações.
VIDE: ● Curarum maxima nutrix nox. ● Nutrix curarum
nox.
3163. Nox pudore vacat. A noite não conhece pudor.
3164. Nox ruit et fuscis tellurem amplectitur alis. [Virgílio,
Eneida 8.369]. A noite cai, e abraça a terra com as asas
escuras.
3165. Nox tibi longa venit nec reditura dies. [Propércio,
Elegiae 2.15.24]. Uma longa noite se aproxima de ti, e o dia
não voltará.
3166. Nox venit, et secum somnia nigra trahit. [Ovídio, Fasti
4.662]. Vem a noite, e traz consigo sonhos tenebrosos.
3167. Noxa item noxam parit. Um dano gera outro. ■ Um
abismo atrai outro. VIDE: ● Lis lite paritur, noxa noxam
procreat. ● Lis litem generat. ● Lis litem parit. ● Lis litem
parit, et noxa noxam. ● Lis litem serit. ● Litem parit lis;
noxa item noxam parit. ● Litem lis procreat ex se.
3168. Noxa malus vicinus. [Rezende 4379]. O mau vizinho é
uma ameaça. ■ De mau vizinho nem o diabo quer saber.
■ Guarda-te de mau vizinho e de homem mesquinho. VIDE:
● Prius vendas domum quam maceras iuxta malum
vicinum. ● Primum vendas domum quam maneas iuxta
malum vicinum. ● Qui habet malum vicinum habet
malum matutinum. ● Vicinus bonus, ingens bonum;
vicinus malus, ingens malum.
3169. Noxiae poena par esto. [Cícero, De Legibus 3.11].
Corresponda a pena ao delito. VIDE: ● Delicto par poena sit.
● Poena par esto noxiae.
3170. Noxius ipse sibi est, aliis qui quaerit obesse. [Schottus,
Adagia 585]. Faz mal a si mesmo quem quer prejudicar aos
outros. ■ Quem mal faz, para si o faz.
3171. Nube solet pulsa candidus ire dies. [Ovídio, Tristia
2.1.142]. Afastada a nuvem, o dia vai formoso. ■ Sofra quem
penas tem, que, trás tempo, tempo vem. ■ Depois da
tempestade, vem a bonança.
3172. Nubecula est, pertransibit. [Grynaeus 702]. É uma
nuvenzinha, vai passar. ■ Não há mal que sempre dure.
3173. Nubere vis apte? vicino nube marito. [Pereira 119].
Queres casar bem? Casa com marido que seja teu vizinho.
■ Casa tua filha com o filho de teu vizinho. ■ Quem longe vai
casar, ou vai enganado, ou vai enganar. VIDE: ● Uxorem
ducturus in vicinos respicias.
3174. Nubere vis Prisco; non miror, Paula, sapisti; ducere te
non vult Priscus, et ille sapit. [Marcial, Epigrammata 9.5].
Tu queres casar-te com Prisco; não me espanto, Paula, tiveste
juízo. Prisco não quer casar contigo; ele também tem juízo.
3175. Nubilo serena succedunt. [Sêneca, Epistulae Morales
107.8]. O tempo sereno sucede ao nevoeiro. ■ Depois da
tempestade, a bonança. VIDE: ● Blandi post nubila soles.
● Clarior est solito post maxima nubila Phoebus. ● Gratus
est sollicito post maxima nubila Phoebus. ● Imbribus
obscuris succedunt lumina solis. ● Phoebum post nubila
irradiare. ● Post maxima nubila Phoebus. ● Post nubila,
Phoebus. ● Post nubila, sol. ● Post nebulas Phoebus.
● Solem fugatis nubilis reduci.
3176. Nuces relinquere. [Manúcio, Adagia 205; Pereira 101].
Deixar as nozes. (=Deixar as coisas sem importância. Passar
às questões importantes). ■ Deixar meninices.
3177. Nucibus relictis. [Persio, Satirae 1.10]. Deixado o jogo
das nozes. (=Quando alguém já não é mais criança).
3178. Nucleum amisi, retinui putamina. [Plauto, Captivi 655].
Perdi a noz, fiquei com as cascas. ■ Foi-se o passarinho, e
fiquei com as penas.
3179. Nucleum qui esse vult, frangit nucem. Quem quer
comer o miolo, quebra a noz. ■ Quem quer fogo, busque a
lenha. ■ Quem quiser comer, depene. VIDE: ● Frangat
nucleum qui vult nucem. ● Qui e nuce nucleum esse vult,
frangit nucem. ● Qui vult esse nucleum, frangat nucem.
● Qui vult nucleum, frangat nucem.
3180. Nuda veritas. [Horácio, Carmina 1.34.7]. A verdade nua.
■ A verdade nua e crua. VIDE: ● Aperta veritas. ● Nudissima
veritas.
3181. Nudato Petro Paulum tegere. [Grynaeus 370]. Despido
Pedro, vestir Paulo. ■ Despir um santo para vestir outro.
● Nudato Petro Paulum tegere nefas. [Binder, Thesaurus
2271]. É proibido cobrir Paulo, tendo despido Pedro. ■ Não
se deve descobrir um santo para cobrir outro. VIDE: ● Non est
spoliandus Petrus ut vestiatur Paulus.
3182. Nudior paxillo. [Erasmo, Adagia 2.10.100]. Mais nu do
que um poste.
3183. Nudis pedibus. Com os pés nus. Descalço.
3184. Nudis verbis. Com palavras nuas. ■ Em português claro.
3185. Nudissima veritas. ■ A verdade nua e crua. VIDE:
● Aperta veritas. ● Nuda veritas.
3186. Nudius tertius. Hoje é o terceiro dia. (=Faz dois dias.
Anteontem). ● Nudius quintus. Hoje é o quinto dia. (=Faz
quatro dias). VIDE: ● Heri et nudius tertius.
3187. Nudo capite incedere. [Pereira 95]. Andar de cabeça
descoberta. ■ Andar confiado, como quem não teme nem
deve. VIDE: ● Aperto capite.
3188. Nudo custodiam apponere nihil necesse esse. [Schottus,
Adagia 53]. Não há nenhuma necessidade de guardar o
homem nu. ■ Ninguém pode despir um homem nu.
3189. Nudo detrahere vestimenta me iubes. [Plauto, Asinaria
92]. Mandas-me arrancar as roupas a um homem nu. . ● Nudo
detrahere vestimenta quis potest? [Binder, Thesaurus
2273]. Quem pode despir um homem nu? VIDE: ● An
ignoras, inepte, nudum nec a decem palaestritis
despoliari posse? ● Centum viri unum pauperem spoliare
non possunt. ● Nemo potest nudo vestimenta detrahere.
● Non possunt nudo vestimenta detrahi. ● Nudus nec a
centum viris spoliari potest. ● Nudum nec a decem
palaestritis despoliari posse.
3190. Nudo mandas excubias. [Suidas / Albertatius 942;
Medina 611]. Vigias um homem nu. (=Fazes trabalho inútil).
3191. Nudum latro transmittit; etiam in obsessa via pauperi
pax est. [Sêneca, Epistulae Morales 14.9]. O ladrão deixa
passar o homem nu; mesmo numa estrada sitiada (por
ladrões) o pobre tem paz.
3192. Nudum nec a decem palaestritis despoliari posse.
[Apuleio, Metamorphoses 1.15]. O homem nu não pode ser
roubado nem por dez atletas. ■ Ninguém pode despir um
homem nu. VIDE: ● An ignoras, inepte, nudum nec a decem
palaestritis despoliari posse? ● Centum viri unum
pauperem spoliare non possunt. ● Nemo potest nudo
vestimenta detrahere. ● Non possunt nudo vestimenta
detrahi. ● Nudo detrahere vestimenta me iubes. ● Nudus
nec a centum viris spoliari potest.
3193. Nudum stramen et vacuum triturare. [DAPR 37].
Debulhar palha seca. ■ É levar água ao mar. ■ Malhar em
ferro frio.
3194. Nudus egressus sum de utero matris meae et nudus
revertar illuc. [Vulgata, Jó 1.21]. Nu saí do útero de minha
mãe, e nu tornarei para lá. VIDE: ● Nihil enim intulimus in
hunc mundum; haud dubium quod nec auferre quid
possumus. ● Nudus ut in terram veni, sic nudus abibo.
3195. Nudus eram vivus, mortuus ecce tegor. [Epitáfio de um
mendigo]. Quando vivo, eu estava nu; morto, eis-me coberto.
3196. Nudus eram; sic sum. [Ausônio, Epigrammata, De
Diogene]. Eu estava nu; agora também estou assim.
3197. Nudus nec a centum viris spoliari potest. O homem nu
não pode ser roubado nem por cem homens. ■ Ninguém pode
despir um homem nu. VIDE: ● An ignoras, inepte, nudum nec
a decem palaestritis despoliari posse? ● Centum viri unum
pauperem spoliare non possunt. ● Nemo potest nudo
vestimenta detrahere. ● Non possunt nudo vestimenta
detrahi. ● Nudo detrahere vestimenta me iubes. ● Nudum
nec a decem palaestritis despoliari posse.
3198. Nudus tamquam ex matre. [Erasmo, Adagia 2.8.44]. Nu
como saiu do ventre de sua mãe. ■ Pobre como rato de
igreja. ● Nudus ut ex matre. [Grynaeus 562]. ● Nudus ut e
matrice. [Schottus, Adagia 268]. ● Nudus ut ex vulva.
[Apostólio, Paroimiai 6.62]. VIDE: ● Sicut ex matris utero
nudus. ● Tam nudus quam natus erat.
3199. Nudus ut in terram veni, sic nudus abibo. [Tomas
Morus / Schottus, Adagialia Sacra 135]. Assim como cheguei
nu à terra, assim também partirei nu. VIDE: ● Nihil enim
intulimus in hunc mundum; haud dubium quod nec
auferre quid possumus. ● Nudus egressus sum de utero
matris meae et nudus revertar illuc.
3200. Nugae! ■ Ninharias! ■ Sandices! VIDE: ● Fabulae!
● Gerrae!
3201. Nugari nugatori postulas. [Plauto, Trinummus 937]. Tu
queres gozar um gozador.
3202. Nugas agunt. [Plauto, Casina 643]. Ocupam-se com
frioleiras.
3203. Nugis addere pondus. [Horácio, Epistulae 1.19.42]. Dar
importância a ninharias.
3204. Nugis commovetur ingens ac potens illa belua,
populus. [Erasmo, Moriae Encomium 26]. O povo, essa fera
grande e forte, se excita com ninharias.
3205. Nugis postpositis. Postas de lado as ninharias.
3206. Nulla aconita bibuntur fictilibus. [Juvenal, Satirae
10.25]. Venenos não se bebem em vasos de barro. VIDE:
● Bibere venenum in auro. ● Venenum in auro bibitur.
3207. Nulla actio sine lege. [Jur]. Não há ação sem lei (que a
justifique).
3208. Nulla aetas ad discendum sera. [DAPR 73]. Nenhuma
idade é tardia para aprender. ■ Nunca é tarde para aprender.
● Nulla aetas ad discendum tarda. [Rezende 4389]. ● Nulla
aetas ad perdiscendum sera est. [S.Ambrósio, Epistulae
18.7]. VIDE: ● Nulla sit sera ad discendum aetas.
3209. Nulla ars absque magistro discitur. [S.Jerônimo /
Abelardo, Epistula 8, Regula Sanctimonalium]. Nenhuma
arte se aprende sem mestre.
3210. Nulla ars imitari sollertiam potest naturae. [Cícero, De
Natura Deorum 1.92]. Nenhuma arte pode imitar a habilidade
da natureza.
3211. Nulla ars in se versatur. [Cícero, De Finibus 5.6].
Nenhuma ciência está voltada para dentro de si mesma.
3212. Nulla avaritia sine poena est, quamvis satis sit ipsa
poenarum. [Sêneca, Epistulae Morales 115.14]. Não há
avareza sem castigo, ainda que ela mesma seja castigo
suficiente. ■ O avarento é o verdugo de si mesmo.
3213. Nulla barbarica lingua admittitur. Aqui não se admite
nenhuma língua estrangeira.
3214. Nulla brevi est cum meliore fides. [Aviano, Fabulae
11.10]. O menor não deve absolutamente confiar no melhor.
3215. Nulla calamitas sola. [Pontanus / DAPR 421]. Nenhuma
desgraça vem sozinha. ■ Uma desgraça nunca vem só. VIDE:
● Calamitas nulla sola. ● Eheu! nullum infortunium venit
solum. ● Fortuna obesse nulli contenta est semel. ● Malis
mala succedunt. ● Nullum infortunium venit solum.
3216. Nulla capitalior pestis quam voluptas corporis.
[Cícero, De Senectuce 39]. Não há flagelo mais pernicioso
do que o prazer do corpo.
3217. Nulla causa adeo mala, quam peritus advocatus non
possit bonam facere. [Rezende 4392]. Não há causa tão má
que um advogado experimentado não possa tornar boa.
3218. Nulla causa iusta cuiquam esse potest contra patriam
arma capiendi. [Cícero, Philippica 2.53]. Ninguém pode ter
uma causa justa para pegar armas contra a pátria.
3219. Nulla certior custodia innocentia. [Robert Burton, The
Anatomy of Melancholy 2]. Não há proteção mais segura do
que a inocência. ■ A honestidade é a melhor política.
3220. Nulla consilia meliora sunt, nisi illa, quae ignoraverit
adversarius, antequam facias. [Vegécio, Epitoma Rei
Militaris 3.26]. Não há planos melhores do que os que o
adversário ignora antes que os executes.
3221. Nulla consuetudo vim legis obtinere potest, quae sit
iuri divino contraria. [CIC 24.1]. Nenhum costume que seja
contrário ao direito divino pode alcançar força de lei.
3222. Nulla dies abeat, quin linea ducta supersit; nec decet
ignavum praeteriisse diem. [Tosi 909]. Não passe nenhum
dia sem que alguma linha seja traçada: não convém passar o
dia na indolência.
3223. Nulla dies sine linea. [Plinio Antigo, Naturalis Historia
35.84]. Nem um dia sem uma linha. (=Segundo Plínio, essa
frase é do pintor grego Apeles, que não deixava passar um
dia em que não traçasse pelo menos uma linha para exercitar-
se em sua arte). VIDE: ● Nec momentum sine linea.
3224. Nulla dies sine maerore. [Rezende 4395]. Não há dia
sem tristeza. ■ A cada dia sua pena e sua esperança. ● Nulla
dies maerore caret. [DAPR 32]. ● Nulla dies maerore
caret, sed nova fletus causa ministrat. [Sêneca, Troades
77]. Nenhum dia é isento de tristeza, mas uma nova causa
provoca lágrimas.
3225. Nulla diu femina pondus habet. [Propércio, Elegiae
2.25.22]. Nenhuma mulher é constante por muito tempo.
3226. Nulla domus in toto orbe terrarum aut est, aut fuit
sine comploratione. [Sêneca, Ad Polybium 32]. Nenhuma
casa há, ou houve, em todo o mundo, sem pranto. ■ Em toda
casa há roupa suja.
3227. Nulla emptio sine pretio esse potest. [Jur / Black 1265].
Não pode haver compra sem preço.
3228. Nulla enim fides regni sociis. [Lucano, Bellum Civile
1.92]. Não há confiança nos companheiros do poder.
■ Mandar não quer par. VIDE: ● Quando unquam regni
societas aut cum fide coepit aut sine cruore discessit?
3229. Nulla enim laus est non facere, quod facere non possis.
[DM 4]. Não há nenhum mérito em não fazeres o que não
podes fazer.
3230. Nulla enim lex obligat, nisi sit debite promulgata.
[Jur]. Nenhuma lei cria obrigação, se não tiver sido
devidamente promulgada. VIDE: ● Non promulgatam sane
legem non obligare.
3231. Nulla enim re fruitur anima cum libertate, nisi qua
fruitur cum securitate. [S.Agostinho, De Libero Arbitrio
2.13.37]. O espírito só goza com liberdade aquilo que goza
com tranqüilidade.
3232. Nulla erat fiducia ingenii sui. [Sêneca Retórico,
Controversiae 7.5]. Ele não tinha confiança em sua própria
capacidade.
3233. Nulla est celeritas quae possit cum animi celeritate
contendere. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.19]. Não
há velocidade que possa competir com a velocidade do
pensamento.
3234. Nulla est disciplina, quae non peccando discatur.
[Busarello 116]. Não há ciência que não se aprenda a partir
de erros. VIDE: ● Neque est ulla disciplina, in qua non
peccando discatur. ● Usus et experientia dominantur in
artibus: neque est ulla disciplina, in qua non peccando
discatur.
3235. Nulla est fera tam ingrata, quae sit cum hominibus
ingratitudine conferenda. [Manúcio, Adagia 478]. Não
existe fera tão ingrata, que, pela ingratidão, possa ser
comparada com os homens.
3236. Nulla est homini causa philosophandi, nisi ut beatus
sit. [S.Agostinho, De Civitate Dei 19.1.4]. A única razão
para o homem filosofar é procurar ser feliz.
3237. Nulla est igitur excusatio peccati, si amici causa
peccaveris. [Cícero, De Amicitia 11]. Não é desculpa para
erro ter errado por causa do amigo.
3238. Nulla est igitur haec amicitia, cum alter verum audire
non vult, alter ad mentiendum paratus est. [Cícero, De
Amicitia 26]. Não existe amizade quando um não quer ouvir
a verdade e o outro está preparado para mentir.
3239. Nulla est iniuria quae in volentem fiat. [Jur]. Nenhuma
injustiça se faz contra quem quer o ato. VIDE: ● Et scienti et
consentienti non fit iniuria. ● Nemo videtur fraudare eos
qui sciunt et consentiunt. ● Nulla iniuria est, quae in
volentem fiat. ● Scienti et consentienti non fit iniuria
neque dolus. ● Scienti et volenti non fit iniuria. ● Volenti et
consentienti non fit iniuria. ● Volenti non fit iniuria.
3240. Nulla est laus ibi esse integrum ubi nemo est qui aut
possit aut conetur corrumpere. [Cícero, In Verrem 1.16].
Não há nenhum mérito em ser íntegro, quando não há
ninguém que possa ou tente corromper.
3241. Nulla est maior probatio quam evidentia rei. [Jur]. Não
há maior prova do que a evidência.
3242. Nulla est maior probatio, quam proprio ore confessio.
[Jur]. Não há maior prova do que a confissão de própria
boca.
3243. Nulla est medicina sine lingua Latina. Não há medicina
sem a língua latina.
3244. Nulla est pestis quae non homini ab homine nascatur.
[Cícero, De Officiis 2.16]. Não há flagelo que atinja o
homem que não venha do homem. ■ O homem é o lobo do
homem.
3245. Nulla est possessio praestantior amico. [DAPR 59].
Nenhum bem é mais valioso do que um amigo. ■ Bom é ter
amigos, ainda que seja no inferno.
3246. Nulla est redemptio. [Rezende 4400]. Não se pode
remediar. VIDE: ● In inferno nulla est redemptio.
3247. Nulla est sera ad bonos mores via. [Manúcio, Adagia
1379]. Nenhum caminho é tardio para os bons costumes.
■ Nunca é tarde para o bem. VIDE: ● Nunquam sera ad bonos
mores via.
3248. Nulla est sincera voluptas. Não há prazer sem alguma
mistura. ■ Não há prazer sem dor. ■ Não há rosa sem
espinho. ● Nulla est sincera voluptas, sollicitumque aliquid
laetis intervenit. [Ovídio, Metamorphoses 7.453]. Não há
prazer puro, e (sempre) alguma preocupação intromete-se em
(nossas) alegrias.
3249. Nulla est tam facilis res, quin difficilis sit, cum invitus
facias. [Terêncio, Heauton Timorumenos 805]. Nada há tão
fácil que não fique difícil, quando se faz obrigado. ■ Para
onde o coração se inclina, o pé caminha. VIDE: ● Nil est tam
facile quod non fiat difficile, si invitus facias.
3250. Nulla est victoria maior quam quae confessos animo
quoque subiungat hostes. [Claudiano, Panegyricus 248].
Não há vitória maior do que aquela em que os inimigos se
confessam dominados.
3251. Nulla est voluptas, quin assidue taedeat. [Publílio Siro].
Não há prazer que, sendo continuado, não canse. ■ Não há
prazer que não enfade.
3252. Nulla et non facta paria sunt. [Jur]. Nulo e não feito se
igualam. VIDE: ● Non esse vel esse nullum paria sunt.
3253. Nulla fere causa est, in qua non femina litem moverit.
[Juvenal, Satirae 6.242]. Quase não há causa em que a
mulher não deu início à disputa.
3254. Nulla fides fronti. [Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable]. Não confies em aparências. ■ As aparências
enganam. ■ Debaixo de bom saio está o homem mau. VIDE:
● Fronti nulla fides. ● Homo non est ex fronte
diiudicandus. ● Ne fronti crede. ● Nolito fronti credere.
3255. Nulla fides inopi. [Ausônio, Epigrammata 95.4]. Pobre
não tem crédito.
3256. Nulla fides pietasque viris qui castra sequuntur.
[Lucano, Bellum Civile 10.408]. Nenhuma confiança nem
piedade para os soldados.
3257. Nulla fides regni sociis. [Lucano, Pharsalia 1.92]. Não se
tem confiança nos companheiros de governo.
3258. Nulla fides unquam miseros elegit amicos. [Lucano,
Pharsalia 8.535]. Nenhuma confiança jamais escolheu
infelizes para amigos.
3259. Nulla flendi est maior causa, quam flere non posse.
[Sêneca Retórico, Controversiae 4.1]. Não há maior causa de
pranto do que não poder chorar.
3260. Nulla (fluat) hora cuius non meminisse velis. [Inscrição
em relógio / Rezende 4404]. Que não se passe nenhuma hora
que tu não queiras recordar. ● Nulla fluat cuius meminisse
non iuvet. Que não se passe nenhuma hora que não te dê
prazer recordar.
3261. Nulla fugae ratio, nulla spes. [Catulo, Carmina 64.187].
Nenhuma possibilidade de fuga, nenhuma esperança.
3262. Nulla gens tam fera est, cuius mentem non imbuerit
deorum opinio. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.30].
Não existe povo tão selvagem cujo espírito não esteja
impregnado da crença nos deuses.
3263. Nulla herba aut vis mortis tela frangit. [Schrevelius
1188]. Nenhuma erva ou poder destrói as armas da morte.
■ Contra a morte não há coisa forte.
3264. Nulla hominum maior poena est, quam infelicitas.
[Publílio Siro]. Não há maior castigo para os homens do que
o insucesso. ● Nulla homini maior poena est quam
infelicitas. Para o homem não há maior castigo que o
insucesso.
3265. Nulla in amicitiis pestis est maior quam adulatio.
[Lodeiro 731]. Nenhuma calamidade é maior, nas amizades,
do que a lisonja. VIDE: ● Nihil in amicitia perniciosius est
quam adulatio. ● Nullam in amicitiis pestem esse maiorem
quam adulationem, blanditiam, assentationem.
3266. Nulla in tam magno est corpore mica salis. [Catulo,
Carmina 86.4]. Não há nem um grão de sal em corpo tão
grande.
3267. Nulla iniuria est facienda. [Peña 33]. Não se deve
praticar nenhuma injustiça.
3268. Nulla iniuria est, quae in volentem fiat. [Ulpiano,
Digesta 47.10.1]. Não é injustiça o que se faz a quem quer o
que se faz. VIDE: ● Et scienti et consentienti non fit iniuria.
● Nemo videtur fraudare eos qui sciunt et consentiunt.
● Nulla est iniuria quae in volentem fiat. ● Scienti et
consentienti non fit iniuria neque dolus. ● Scienti et
volenti non fit iniuria. ● Volenti et consentienti non fit
iniuria. ● Volenti non fit iniuria.
3269. Nulla lassitudo impedire officium et fidem debet.
[Cícero, Ad Familiares 12.25]. Nenhum cansaço deve
impedir o dever e a honra.
3270. Nulla lex humana habet vim, nisi inquantum a lege
naturae derivatur. Nenhuma lei humana tem força senão na
medida em que deriva de uma lei da natureza.
3271. Nulla lex satis commoda omnibus est. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 34.3]. Nenhuma lei é igualmente conveniente
para todos.
3272. Nulla lex scelus imperat. [Sêneca Retórico,
Controversiae 6.2]. Nenhuma lei manda cometer um crime.
3273. Nulla longi temporis felicitas. [Sêneca, Agamemnon
927]. Não há felicidade que dure por longo tempo. ■ Vento e
ventura pouco dura.
3274. Nulla merx difficilior cognitu, quam homo. Nenhuma
mercadoria é mais difícil de conhecer do que o ser humano.
■ O verdadeiro estudo do homem é o homem.
3275. Nulla, nisi ardua, virtus. [Ovídio, Ars Amatoria 2.537].
Não há valor sem dificuldade. ■ Não há honra sem trabalho.
3276. Nulla non dies formosi spolium corporis abstulit.
[Sêneca, Hippolytus 770]. Não há dia que não tire um pedaço
do corpo formoso.
3277. Nulla novacula tam duriter radit, quam cum vir
sordidus consequitur sublime ministerium. [Binder,
Thesaurus 2286]. Nenhuma navalha raspa tão duramente
como quando o homem ignóbil atinge um cargo elevado.
■ Quando o vilão vai de mulo, não conhece Deus nem o
mundo. ■ Queres conhecer o vilão? Mete-lhe a vara na mão.
3278. Nulla opera gratuita est. [Plauto, Cistellaria 468].
Nenhum trabalho é gratuito. ■ Todo trabalho merece paga.
VIDE: ● Nullum gratuitum prandium.
3279. Nulla placere diu nec vivere carmina possunt quae
scribuntur aquae potoribus. [Horácio, Epistulae 1.19.2].
Não podem agradar nem durar muito os poemas escritos por
bebedores de água.
3280. Nulla placida quies est, nisi quam ratio composuit.
[Sêneca, Epistulae Morales 56.6]. Não há verdadeira
tranqüilidade, senão aquela que a razão formou.
3281. Nulla poena sine iudicio. [Jur]. Não pode haver punição
sem julgamento.
3282. Nulla poena sine lege. [Digesta 5.1.131]. Não há pena
sem lei. VIDE: ● Nullum crimen sine lege. ● Nullum crimen,
nulla poena sine praevia lege. ● Poena non habet locum
nisi in casu a iure expresso.
3283. Nulla possessio, nulla vis auri et argenti pluris quam
virtus aestimanda est. [Cícero, Paradoxa 23]. Nenhuma
propriedade, nenhuma quantia de ouro e prata é mais
estimável do que a honestidade.
3284. Nulla potentia longa est. [Ovídio, Metamorphoses
2.416]. Nenhuma violência é duradoura. ■ O que é intenso
dura pouco.
3285. Nulla potentia scelere quaesita est diuturna. [Quinto
Cúrcio, Historiae 10.1, adaptado]. Nenhum poder
conquistado por ato criminoso é duradouro.
3286. Nulla potentia supra leges esse debet. Nenhum poder
deve ficar acima das leis.
3287. Nulla preces numina flectunt ignaves. [Suidas /
Albertatius 934]. Súplicas preguiçosas não comovem os
deuses. ■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará. ■ A Deus rogando,
e com o maço dando. ● Nulla preces numina flectunt
ignavorum. Rogos de preguiçosos não comovem os deuses.
VIDE: ● Ad opus manum admovendo fortunam invoca.
● Adesse gaudet, sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva et
manum move. ● Cum Minerva manus etiam move. ● Cum
Minerva manum quoque move. ● Di facientes adiuvant.
● Deus facientes adiuvat. ● Deus laborantibus opem fert
prospere. ● Deus laborantes ope adiuvat sua. ● Fac aliquid
ipse, deinde Numen invoca. ● Fac interim aliquid ipse,
dein deos voca. ● Huic qui laborat, Numen adesse assolet.
● Manum admoventem Deum quemvis invocare debere.
● Manum admoventi fortuna est imploranda. ● Manum
admoventi fortuna est invocanda. ● Manum admoventi
sunt vocanda numina. ● Minerva auxiliante, manum
etiam admove. ● Nunc ipse quid peragito, dein deos voca.
● Nunc ipse quid peragito, dein Deum voca. ● Quisquis
laborat, huic manum praebet Deus. ● Sine opera tua, nihil
di facere possunt.
3288. Nulla pusilla domus, quae amicos multos capit. [DM
135]. Não é pequena a casa que recebe muitos amigos.
● Nulla pusilla domus, quae multos recipit amicos.
[Publílio Siro]. ● Nulla, quae multos amicos recipit,
angusta est domus.
3289. Nulla re utili abstinendum est propter apparentes
difficultates. [Sêneca, Ad Polybium 16]. Não se deve
desistir do útil por causa de dificuldades aparentes.
3290. Nulla regni societas. [Columela, De Re Rustica 9.9.1].
Não há participação em comando. ■ Mandar não quer par.
■ Amor e senhoria não querem companhia.
3291. Nulla regula sine exceptione. [DAPR 570]. ■ Não há
regra sem exceção.
3292. Nulla remedia, quae vulneribus adhibentur, tam
faciunt dolorem quam quae sunt salutaria. Não há
remédios que se apliquem às feridas que causem tanta dor
quanto os que são eficazes.
3293. Nulla reparabilis arte laesa pudicitia est; deperit illa
semel. [Ovídio, Heroides 5.105]. Não há artifício que possa
restabelecer a inocência ofendida; ela só se perde uma vez.
3294. Nulla res carius constat, quam quae precibus empta
est. [Sêneca, De Beneficiis 2.1.4]. Nada custa mais caro do
que o que foi obtido a custo de rogos. ■ Caro compra quem
roga. ■ O rogado é mais caro do que o comprado. ● Nulla res
magis constat quam quae precibus empta est. VIDE: ● Non
tulit gratis qui, cum rogasset, accepit.
3295. Nulla res magis alit iracundiam, quam luxuria. [PSa].
Nada alimenta mais a cólera do que a riqueza. ■ Abundância
cria arrogância.
3296. Nulla res magna sine labore venit. Nada de grande vem
sem trabalho. ■ O que muito vale muito custa. ■ Sem trabalho,
só a pobreza.
3297. Nulla res maius tempore robur habet. [Ovídio, Ex
Ponto 4.8.50]. Nada tem maior força do que o tempo. ■ O
tempo tudo devora.
3298. Nulla res multitudinem efficacius regit quam
superstitio. [Quinto Cúrcio, Historiae 4.10]. Nada governa a
multidão com mais eficácia do que a superstição.
3299. Nulla res tantum ad discendum profuit quantum
scripta. [Rezende 4410]. Nada nos auxilia mais a aprender
do que as coisas escritas.
3300. Nulla rosa sine spinis. Não há rosa sem espinhos. ■ Não
há rosa sem espinho. ■ Não há prazer sem amargura.
3301. Nulla salus aquis: vinum, te poscimus omnes. [Tosi
1220]. Não há salvação na água: ó vinho, todos te desejamos.
● Nulla salus lymphis. Na água não há salvação.
3302. Nulla salus bello: pacem sed poscimus omnes.
[Virgílio, Eneida 11.362]. A salvação não está na guerra:
todos desejamos a paz.
3303. Nulla sancta societas nec fides regni est. [Ênio / Cícero,
De Officiis 1.26]. Nenhuma aliança é sagrada, nenhuma
fidelidade existe no poder.
3304. Nulla satietas rerum honestarum. [Manúcio, Adagia
100; Medina 604]. Não há fastio de coisas boas. ■ O bem
nunca enfada. VIDE: ● Honesti nulla satietas. ● Rerum
honestarum nulla satietas.
3305. Nulla scabies superstitione scabiosior. [Robert Burton,
The Anatomy of Melancholy]. Nenhuma sarna é mais
sarnenta do que a superstição. VIDE: ● Omnium pestium
pestilentissima est superstitio.
3306. Nulla scientia melior est illa, qua cognoscit homo se
ipsum. [S.Agostinho, De Spiritu et Anima 51]. Nenhum
saber é melhor do que aquele por meio do qual o homem
conhece a si mesmo.
3307. Nulla servitus turpior est quam voluntaria. [Sêneca,
Epistulae Morales 47.17]. Nenhuma servidão é mais
vergonhosa do que a voluntária.
3308. Nulla simulatio diuturna. [Ludovicus Vives / Bernardes,
Nova Floresta 3.192]. Nenhum fingimento dura para sempre.
■ A mentira sempre é vencida.
3309. Nulla sine sole umbra. [Inscrição em relógio de sol].
Sem sol não há sombra.
3310. Nulla sit sera ad discendum aetas. [Schottus, Adagia
54]. Que nenhuma idade seja tardia para aprender. ■ Nunca é
tarde para aprender. VIDE: ● Nulla aetas ad discendum
tarda. ● Nulla aetas ad discendum sera.
3311. Nulla sors longa est: dolor ac voluptas invicem cedunt;
brevior voluptas. [Sêneca, Thyestes 595]. Nenhuma sorte é
duradoura: a dor e o prazer ocorrem alternadamente; o prazer
é mais breve. ■ Não há bem que sempre dure, nem mal que
sempre ature.
3312. Nulla tam bona est fortuna, de qua nihil possis queri.
[Publílio Siro]. Não existe sorte tão favorável de que não se
possa reclamar alguma coisa.
3313. Nulla tam bona uxor, de qua non invenias quid queri.
[PSa]. Não há esposa tão boa, que não aches nada de que te
queixar.
3314. Nulla tam firma moles est, quam non excidant undae.
Não há pedra tão resistente, que a água não a desgaste. VIDE:
● Nec ulla tam firma moles est, quam non exedant undae.
3315. Nulla tam modesta felicitas est, quae malignitatis
dentes vitare possit. [Valério Máximo, Facta et Dicta
Memorabilia 4.7.2]. Não há felicidade tão pura, que possa
evitar os dentes da maldade.
3316. Nulla tempestas magna perdurat; procellae quanto
plus habent virium, tanto minus temporis. [Sêneca,
Naturales Quaestiones 7.9]. Nenhuma grande tempestade
perdura; as tormentas, quanto mais violentas, mais curtas
são.
3317. Nulla terra exsilium est, sed altera patria. [Rezende
4414]. Nenhuma terra é exílio, mas uma segunda pátria.
3318. Nulla timoris significatio, nulla mentio pacis. [Cícero,
De Officiis 3.47]. Nenhuma expressão de medo, nenhuma
referência à paz.
3319. Nulla unquam avis mala bene cecinit. [Bebel, Adagia
Germanica]. Jamais uma ave má cantou bem. ● Nulla
unquam avis mala bonum cantum edidit. [Bebel, Adagia
Germanica]. ■ Pelo canto se conhece a ave. ■ De mau corvo,
mau ovo. VIDE: ● A cantu avis dignoscitur. ● Avis a cantu
dignoscitur. ● E cantu cognoscitur avis. ● E cantu
dignoscitur avis. ● Ex cantu dignoscitur avis. ● Ex cantu et
plumis volucris dignoscitur omnis. ● Qualis avis, talis
cantus. ● Qualis avis, talis cantus; qualis vir, talis oratio.
3320. Nulla unquam de morte hominis cunctatio longa est.
[Juvenal, Satirae 6.221]. Quando se trata da execução de um
homem, nenhuma protelação é excessiva.
3321. Nulla viro iuranti femina credat, nulla viri speret
sermones esse fidelis. [Catulo, Carmina 64.143]. Que
nenhuma mulher confie nos juramentos de um homem; que
nenhuma espere que sejam confiáveis as palavras de um
homem. VIDE: ● Nunc iam nulla viro iuranti femina credat.
3322. Nulla vis humana vel virtus meruisse unquam potuit,
ut quod praescripsit fatalis ordo non fiat. [Amiano
Marcelino, Historia 23.4.5]. Nenhum poder humano ou
virtude jamais pôde impedir que se realizasse o que
determinou a fatalidade. ■ O que há de ser tem muita força.
3323. Nulla vita pro certo deterior, quam simul degere
corpore, et non mente. [S.Jerônimo / Bernardes, Luz e
Calor 1.221.63]. Certamente não há vida pior que aquela em
que estão juntos em corpo os que estão desunidos em
espírito.
3324. Nulla vitae pars vacare officio potest. [Cícero, De
Officiis 1.4]. Nenhuma parte da vida pode ficar sem deveres.
3325. Nullae sunt inimicitiae, nisi amoris, acerbae.
[Propércio, Elegiae 2.8.3]. Não há ódios implacáveis, senão
os do amor.
3326. Nullae sunt occultiores insidiae quam eae quae latent
in simulatione officii aut in aliquo necessitudinis nomine.
[Cícero, In Verrem 2.1.39]. Não há insídias mais ocultas do
que as que se escondem na simulação do sentimento do dever
ou em nome de alguma obrigação.
3327. Nullam aetatem non decet religio. [Erasmo, Colloquia
11]. Não há idade a que não convenha a religião.
3328. Nullam hodie lineam duxi. [Erasmo, Adagia 1.4.12 /
Pereira 112]. Hoje não escrevi uma linha. ■ Não molhei hoje
a pena.
3329. Nullam in amicitiis pestem esse maiorem quam
adulationem, blanditiam, assentationem. [Cícero, De
Amicitia 91]. Nas amizades não há maior flagelo do que a
adulação, o afago e a lisonja. VIDE: ● Nihil in amicitia
perniciosius est quam adulatio. ● Nulla in amicitiis pestis
est maior quam adulatio.
3330. Nullam invenies quae parcat amanti. [Juvenal, Satirae
6.208]. Não encontrarás mulher que poupe o homem que a
ama.
3331. Nullam potest videri iniuriam accipere qui semel
voluit. [Digesta 39.3.9.1]. Não se pode considerar injuriado
quem uma vez consentiu na injúria.
3332. Nullam rem citiorem apud homines esse quam famam.
Não há coisa mais veloz entre os homens do que o boato. ■ A
fama tem asas. VIDE: ● Fama nihil est celerius.
3333. Nullam rem e nihilo gigni divinitus unquam. [Lucrécio,
De Rerum Natura 1.150]. Nada pode ser jamais criado do
nada por inspiração divina. VIDE: ● Ex nihilo nihil fit. ● De
nihilo nihil. ● De nihilo nihilum. ● Gigni de nihilo nihil, in
nihilum nil posse reverti. ● Nihil ex nihilo. ● Nil igitur fieri
de nilo posse fatendum est.
3334. Nullam sapientem nec iniuriam accipere nec
contumeliam posse. [Sêneca, De Constantia 2.1]. O homem
sensato não pode admitir nenhuma injustiça nem insulto.
3335. Nullane finis erit nostro concessa dolori? [Propércio,
Elegiae 1.16.21]. Não será concedido um fim ao meu
sofrimento?
3336. Nullane habes vitia? [Horácio, Sermones 1.3.20]. E tu?
Não tens nenhum vício?
3337. Nullane res nova institui debet? [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 4.4]. Não se deve empreender nenhuma coisa nova?
3338. Nullas horas nisi serenas. [Incrição em relógio solar]. Só
marco as horas de tempo bom. VIDE: ● Horas non numero
nisi serenas.
3339. Nulli ad aliena respicienti sua placent. [Sêneca, De Ira
3.31.1]. A quem olha o alheio o próprio não lhe agrada. ■ A
galinha da vizinha é mais gorda do que a minha.
3340. Nulli consulendum est ducere uxorem et
transmarinam facere peregrinationem. [Bebel / Binder,
Thesaurus 2294]. A ninguém se deve aconselhar a casar e a
fazer viagem ao além-mar.
3341. Nulli contingit impune nasci. [Sêneca, Ad Marciam
15.4]. A ninguém é dado nascer impunemente.
3342. Nulli desperandum, quam diu spirat. [Erasmo,
Colloquia, Epicureus]. Ninguém deve desesperar, enquanto
continua respirando. ■ Enquanto há vida, há esperança.
3343. Nulli est homini perpetuum bonum. [Plauto, Curculio
194]. A homem nenhum é dado o bem perpétuo.
3344. Nulli facilius quam malo invenies parem. [Publílio
Siro]. Para o homem mau encontrarás um par com mais
facilidade do que para qualquer outro.
3345. Nulli fallax. [Inscrição em relógio de sol]. Eu não engano
a ninguém.
3346. Nulli famem expugnare cum verbis licet. [Schottus,
Adagia 615]. A ninguém é dado vencer a fome com palavras.
■ Palavras não enchem barriga.
3347. Nulli fere et magna bona et diuturna contingunt.
[Sêneca, Ad Marciam 12.4]. A quase ninguém é concedida a
felicidade completa e duradoura.
3348. Nulli fidere, inhumanum est, omnibus fidere, stultum.
[Manúcio, Adagia 838]. Não confiar em ninguém não é
humano; confiar em todos é tolice. VIDE: ● Credere nil vitium
est, vitium est quoque credere cuncta. ● Omnibus credere
et nulli in vitium utrumque. ● Periculosum est credere et
non credere. ● Utrumque enim vitium est, et omnibus
credere et nulli. ● Utrumque vitium est nulli credere et
omnibus. ● Vitium est et omnibus credere et nulli.
3349. Nulli fortuna tam dedita est, ut multa tentanti ubique
respondeat. [Sêneca, De Ira 3.6.5]. A ninguém a sorte é tão
submissa, que sempre corresponda a quem se arrisca em
muitas aventuras.
3350. Nulli iactantius maerent quam qui maxime laetantur.
[Tácito, Annales 2.77]. Ninguém chora com mais ostentação
do que os que mais se regozijam. VIDE: ● Iactantius maerent
qui minus dolent.
3351. Nulli impones, quod ipse ferre non queas. [PSa]. Não
imporás a ninguém o que tu mesmo não podes suportar.
● Nulli imponas, quod ipse pati non possis. [S.Beda,
Proverbiorum Liber].
3352. Nulli iniuria facienda. A ninguém se deve fazer
injustiça.
3353. Nulli irascenti ira sua videtur iniusta. [Albertano da
Brescia, Liber de Amicitia 2.7]. A nenhum homem irado a
sua ira lhe parece injusta.
3354. Nulli malum pro malo reddentes. [Vulgata, Romanos
12.17]. Não torneis a ninguém mal por mal. ● Nulli malum
pro malo reddete.
3355. Nulli minus sunt appositi ad mutuum amorem ac
benevolentiam quam qui sese vehementer amant.
[Grynaeus 586]. Ninguém é menos propenso ao amor e
benevolência mútuos do que os que amam a si mesmos com
veemência. ■ Não é amado quem só de si tem cuidado.
3356. Nulli natura in aeternum spiritum dedit, statque
nascentibus in finem vitae dies. [Sêneca Retórico,
Suasoriae 2.2]. A natureza não deu a ninguém a vida para
sempre, e nos que nascem já está fixado o dia do seu fim.
3357. Nulli negabimus iustitiam. A ninguém negaremos
justiça. ● Nulli negabimus iustitiam et rectum. [Broom 46].
A ninguém negaremos justiça e direito. VIDE: ● Nulli
vendemus, nulli negabimus aut differemus rectum aut
iustitiam.
3358. Nulli nimium credite. [Fedro, Fabulae, Appendix 8.15].
Não confieis em ninguém em demasia.
3359. Nulli, nisi audituro, dicendum est. [Sêneca, Epistulae
Morales 29.1]. Só se deve falar a quem vai ouvir. ■ Não
percas teu latim.
3360. Nulli nisi ex alterius iniuria quaestus est. [Sêneca, De
Ira 2.8.2]. Não há vantagem para ninguém a não ser com o
prejuízo de outrem.
3361. Nulli nisi homini concessa providentia est, diligentia,
cogitatio; nec tantum virtutibus humanis animalia, sed
etiam vitiis prohibita sunt. [Sêneca, De Ira 1.3.7]. Só ao
homem foi concedida a previdência, a diligência, o
pensamento; não somente as virtudes do homem, mas
também os seus vícios foram interditos aos animais.
3362. Nulli nocendum. A ninguém se deve prejudicar. ● Nulli
nocendum; si quis vero laeserit, multandum simili iure.
[Fedro, Fabulae 1.26.1]. Não se deve fazer mal a ninguém;
mas se alguém ferir a outrem, deve ser punido da mesma
forma.
3363. Nulli non ad nocendum satis virium est. [Sêneca,
Epistulae Morales 105.4]. Para fazer mal, a ninguém faltam
forças.
3364. Nulli per ventos assa columba venit. [DAPR 534].
Pomba assada não vem voando pelos ventos para ninguém.
■ Deus não manda nem cozido nem assado. ■ Quem quer
pescar há de se molhar. ■ Não se comem trutas a bragas
enxutas. VIDE: ● Non contingit ignavis praeda. ● Non volat
in buccas assa columba tuas.
3365. Nulli pietati secundus. Em virtude, não é inferior a
ninguém.
3366. Nulli placeas, dum vis contemnere multos. [Dionísio
Catão, Disticha 2.29]. Não agradarás a ninguém, se quiseres
criticar a muitos.
3367. Nulli potest secura vita contingere, qui de producenda
nimis cogitat. [Sêneca, Epistulae Morales 4.5]. Não pode ter
vida tranqüila quem muito se preocupa em prolongá-la.
3368. Nulli praeclusa virtus est, omnibus patet. [Sêneca, De
Beneficiis 3.18.2]. A virtude não está proibida a ninguém,
está livre para todos.
3369. Nulli pro libito est unquam concessa potestas. [Pereira
120]. O poder nunca é dado a ninguém segundo seu arbítrio.
■ Quem, quando pode, não quer, quando quer, não pode.
● Nulli pro libito est unquam concessa libertas. A ninguém
é dada a liberdade segundo seu arbítrio.
3370. Nulli proximus aut secundus. Não está perto nem atrás
de ninguém. ■ Ninguém chega aos pés dele. VIDE: ● Nulli
secundus. ● Haud ulli virtute secundus. ● Haud ulli
veterum virtute secundus.
3371. Nulli, qui populo, praestitit obsequium. [Pereira 120].
Quem faz favor a todo o povo, não ajuda a ninguém. ■ Quem
serve ao comum serve a nenhum. ■ Favor ao comum, favor
ao nenhum.
3372. Nulli sapere casu obtigit. [Sêneca, Epistulae Morales
76.4]. Ninguém se fez sábio por acaso.
3373. Nulli secundus. [Apuleio, Florida 9]. Não é inferior a
ninguém. VIDE: ● Nulli proximus aut secundus.
3374. Nulli servitium si defers, liber haberis. [Dionísio Catão,
Monosticha, Appendix 12]. Se não és subserviente a
ninguém, és reconhecido como homem livre.
3375. Nulli sunt peiores surdi quam ii qui audire nolunt.
[Grynaeus 673]. Não há surdos piores do que os que não
querem ouvir. ■ Não há pior surdo que o que não quer ouvir.
VIDE: ● Deterior surdus eo nullus qui renuit audire.
● Pessimus surdorum is qui audire non vult.
3376. Nulli tacuisse nocet, nocet esse locutum. [Dionísio
Catão, Disticha 1.2]. A ninguém prejudica ter calado,
prejudica ter falado. ■ Língua ajuizada é sempre moderada.
■ Língua é que fala, corpo é que paga. VIDE: ● Conticuisse
nocet nunquam; nocet esse locutum. ● Haud ulli tacuisse
nocet, nocet esse locutum.
3377. Nulli te facias nimis sodalem: gaudebis minus, at
minus dolebis. [Marcial, Epigrammata 12.34.10]. Não te
tornes excessivamente amigo de ninguém: terás menos
prazer, mas sofrerás menos.
3378. Nulli unquam e ventis assa columba venit. Do vento
nunca vem para ninguém uma pomba assada. ■ Quem não
trabalha não come.
3379. Nulli vendemus, nulli negabimus aut differemus
rectum aut iustitiam. [Magna Charta 40]. A ninguém
venderemos, negaremos ou adiaremos o direito ou a justiça.
VIDE: ● Nulli negabimus iustitiam.
3380. Nullis adminiculis, sed marte nostro. [Cícero, De
Officiis 3.7.34]. Sem o auxílio de ninguém, mas com os
nossos recursos.
3381. Nullis amor est sanabilis herbis. [Ovídio,
Metamorphoses 1.523]. O amor não pode ser curado com
nenhuma erva. ■ Para o amor e para a morte não há coisa
forte. ● Nullis amor est medicabilis herbis. VIDE: ● Amor
non est medicabilis herbis. ● Hei mihi! quod nullis amor
est sanabilis herbis! ● Me miseram, quod amor non est
medicabilis herbis.
3382. Nullis fraus tuta latebris. [Divisa]. O crime não está
seguro em nenhum esconderijo.
3383. Nullis exceptis. [Jur / Broom 543]. Sem qualquer
exceção. Sem exceção.
3384. Nullis tutum credere blanditiis. [Propércio, Elegiae
1.15.42]. Não é prudente confiar nas lisonjas de ninguém.
3385. Nullitas actus. Nulidade do ato.
3386. Nullius addictus iurari in verba magistri. [Horácio,
Epistulae 1.1.14]. Não sou obrigado a jurar nas palavras de
nenhum mestre. VIDE: ● Ipse dixit, magister dixit. ● Iurare in
verba magistri. ● Magister dixit.
3387. Nullius boni sine socio iucunda possessio est. [Sêneca,
Epistulae Morales 6.4]. A posse de nenhum bem é agradável,
se não temos companhia.
3388. Nullius coloris homo. [Plauto, Pseudolus 1195]. Um
homem de nenhuma cor. ■ Não fede nem cheira. VIDE:
● Homo nullius coloris.
3389. Nullius in verba. [Rezende 4427]. (Sem confiar) nas
palavras de ninguém. VIDE: ● Nullius addictus iurari in
verba magistri.
3390. Nullius opera indigere se putet qui alteri suum negat.
[Lactâncio, Institutiones Divinae 6.10 / Rezende 4428].
Quem nega ajuda a outrem pensa que nunca precisará da
ajuda de ninguém. ● Nullius ope putat se indigere qui suam
alteri negat.
3391. Nullo auctore nullus iudex. [Jur]. Não havendo autor,
não há juiz.
3392. Nullo fata loco possis excludere. [Marcial, Epigrammata
4.60.5]. De nenhum lugar poderás excluir o destino.
3393. Nullo honestamento eget virtus, ipsa et magnum sui
decus est. [Sêneca, Epistulae Morales 66.2, adaptado]. A
virtude não precisa de nenhum ornamento: ela mesma é o
grande ornamento de si mesma.
3394. Nullo in loco male audit misericordia. [Publílio Siro].
Em nenhum lugar se diz mal da misericórdia.
3395. Nullo labore. Sem trabalho algum. Sem qualquer esforço.
3396. Nullo scopo iaculor. [Binder, Thesaurus 2298]. Atiro o
dardo a esmo.
3397. Nullo tempore defit amor. [Propércio, Elegiae 1.1.34].
Em nenhum momento falta o amor.
3398. Nullum a labore me reclinat otium. [Horácio, Epodon
24.17]. Nenhum descanso me afasta do trabalho.
3399. Nullum ad nocendum tempus angustum est malis.
[Sêneca, Medea 292]. Para os malvados, nenhum tempo é
pequeno para fazer mal.
3400. Nullum adeo contrarium est sine contrario altero.
[Aulo Gélio, Noctes Atticae 7.1.3]. Não há contrário sem o
seu contrário.
3401. Nullum animal morosius est, nullum maiore arte
tractandum quam homo. [Sêneca, De Clementia 1.17.1].
Nenhum ser vivo é mais difícil de contentar, nenhum deve
ser tratado com mais habilidade do que o homem.
3402. Nullum caruit exemplo nefas. [Sêneca, Hippolytus 554].
Nenhum crime deixou de ter seu modelo.
3403. Nullum consilium est quod mutari non potest.
[Rezende 4430]. Não há decisão que não possa ser mudada.
VIDE: ● Malum est consilium, quod mutari non potest.
● Non est turpe cum re mutare consilium. VIDE: ● Sapientis
est mutare consilium.
3404. Nullum crimen maius est inoboedientia. [Jur / Black
1266]. Não há crime maior do que a desobediência.
3405. Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. [Jur].
Não há crime nem punição sem lei anterior. ● Nullum
crimen sine lege. Sem lei, não há crime. ● Nullum crimen
sine poena legali. Não há crime, se não há pena prevista em
lei. VIDE: ● Nulla poena sine lege. ● Poena non habet locum
nisi in casu a iure expresso.
3406. Nullum delectet vicini quod domus ardet. [Tosi 1376].
A ninguém agrade que a casa do vizinho pegue fogo.
■ Ninguém se ria do mal do vizinho, que o seu vem de
mansinho.
3407. Nullum esse eumdem et diuturnum et praecocem
fructum. [Quinto Cúrcio, Historiae 8.5]. Não há fruto que
seja ao mesmo tempo precoce e durável.
3408. Nullum esse librum tam malum, ut non aliqua parte
prodesset. [Plínio Moço, Epistulae 3.5]. Nenhum livro é tão
mau, que nenhuma parte seja útil. ■ Não há livro tão mau,
que não tenha algo bom. VIDE: ● Nullus est liber tam malus,
ut non aliqua parte prosit.
3409. Nullum esse tam malum factum quod non in peioris
devitatione faciendum sit. [S.Agostinho, De Mendacio 1.9].
Não existe mal tão grande que não deva ser feito para se
evitar outro pior. ■ Antes a lã se perca do que a ovelha.
3410. Nullum est iam dictum, quod non dictum sit prius.
[Terêncio, Eunuchus, Prologus 41]. Nada já se disse que não
tenha sido dito antes. VIDE: ● Nihil dictum quod non dictum
sit prius.
3411. Nullum est iracundia foedius. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.24]. Nada é mais vergonhoso do que a
cólera.
3412. Nullum est malum maius quam non posse ferre
malum. [Robert Bland / Stevenson 1593]. Não há
infelicidade maior do que não poder suportar a infelicidade.
3413. Nullum est sine nomine saxum. [Lucano, Pharsalia
9.973]. Não há pedra que não tenha o seu nome. ■ Até o
cabelo sutil faz sua sombra.
3414. Nullum est tempus, quod iustitia vacare debeat.
[Cícero, De Officiis 1.19]. Não há tempo em que deva faltar
a justiça.
3415. Nullum est vitium sine patrocinio. [Sêneca, Epistulae
Morales 116]. Não há vício sem justificativa. VIDE: ● Cui
enim tandem vitio advocatus defuit? ● Omne vitium
semper habet patrocinium suum. ● Vitium omne semper
habet patrocinium suum.
3416. Nullum folium ori opponit. [DAPR 313]. Ele não
esconde a boca com nenhuma folha. (=Diz-se de quem fala
sinceramente). ■ Ele não doura a pílula. ■ Não tem papas na
língua.
3417. Nullum gratuitum prandium. [Frase moderna]. Não há
almoço que nos saia de graça. (=Tradução da frase inglesa
There’s no such thing as a free lunch). VIDE: ● Nulla opera
gratuita est.
3418. Nullum igitur animal est aeternum. [Cícero, De Natura
Deorum 3.33]. Não há ser vivo que seja eterno. ● Nullum
igitur animal est sempiternum. [Cícero, De Natura Deorum
3.34].
3419. Nullum imperium tutum nisi benevolentia munitum.
[Cornélio Nepos, Dion 5.3]. Não há governo seguro, senão o
protegido pela benevolência.
3420. Nullum infortunium venit solum. [Binder, Thesaurus
2277]. Nenhuma desgraça vem só. ■ Uma desgraça nunca
vem só. VIDE: ● Calamitas nulla sola. ● Eheu! nullum
infortunium venit solum. ● Malis mala succedunt. ● Nulla
calamitas sola.
3421. Nullum intra se manet vitium. [Sêneca, Epistulae
Morales 95.33]. Nenhum vício permanece dentro de si
mesmo.
3422. Nullum iter longum est, amico comitante. Na
companhia do amigo, não há caminho longo. ■ Andando de
dois se encurta caminho. VIDE: ● Comes facundus in via pro
vehiculo est. ● Comes iucundus in via pro vehiculo est.
● Facetus comes in via pro vehiculo est. ● Pro vehiculo est
in via comes facundus.
3423. Nullum ius sine actione. [Jur]. Sem ação não há direito.
3424. Nullum iustius genus reditus, quam quod terra,
caelum, annus refert. [Plínio Moço, Epistulae 9.37.3]. Não
há lucro mais justo do que o que nos dá o solo, o clima, o
tempo.
3425. Nullum laborem recusant manus quae ad arma ab
aratro transferuntur. [Sêneca, Epistulae Morales 51.10].
Nenhum trabalho recusam as mãos que são levadas do arado
às armas. ● Nullum laborem recusant manus ab aratro ad
arma translatae.
3426. Nullum locum putes sine teste. Não creias que haja
algum lugar sem testemunha. ■ Matos têm olhos, paredes têm
ouvidos. ● Nullum locum putes sine teste. ● Nullum locum
putes sine teste, semper adesse Deum cogita. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy]. Não creias que haja
lugar sem testemunha: lembra-te de que Deus está sempre
presente. VIDE: ● Nullum putaveris locum sine teste.
● Nullum putes teste destitutum locum. ● Nullum sine teste
putaveris suo locum. ● Sine teste nullum esse putaveris
locum.
3427. Nullum magis conscium peccatorum tuorum timueris
quam temet ipsum; alios enim potes effugere, te
nunquam. [DM 59]. Não temas ninguém que seja
conhecedor dos teus erros mais do que a ti mesmo; dos
outros podes fugir, de ti nunca.
3428. Nullum magnum ingenium sine mixtura dementiae
fuit. [Aristóteles / Sêneca, De Tranquillitate Animi 17.10].
Nunca houve uma grande inteligência que não tivesse um
pouco de loucura. ■ Não há sábio nem douto que de louco
não tenha um pouco.
3429. Nullum magnum malum quod extremum est. Uma
grande desgraça nunca é a última. ■ Um mal indo, outro
vindo. VIDE: ● Nullum malum magnum quod extremum est.
3430. Nullum maledictum esse gravius quam conscientia.
[Fedro, Fabulae, Appendix 27.1]. Nenhuma injúria é mais
severa do que uma consciência pesada.
3431. Nullum malum debet per oboedientiam fieri. Nenhum
mal deve ser praticado por obediência.
3432. Nullum malum impunitum. [DAPR 507]. Nenhum mal
fica impune. ■ Quem mal faz, mal espere. ■ Não há prazo que
não se acabe, nem dívida que não se pague. VIDE: ● Culpam
poena premit comes. ● Nil inultum remanebit. ● Sicut
nullum malum impunitum, ita nullum bonum
irremuneratum.
3433. Nullum malum magnum quod extremum est. [Sêneca,
Epistulae Morales 4.3]. Uma grande desgraça nunca é a
última. ■ Um mal indo, outro vindo. VIDE: ● Nullum magnum
malum quod extremum est.
3434. Nullum malum maius quam non posse ferre malum.
[Robert Bland, Proverbs 8]. Não há maior mal do que não
poder suportar um mal.
3435. Nullum malum quod prorsus omni utilitate careat.
[DAPR 425]. Não há nenhum mal que não tenha
absolutamente nenhum bem. ■ Não há mal sem bem.
3436. Nullum mendacium semper occultum. [Bebel, Adagia
Germanica]. Nenhuma mentira fica oculta para sempre. ■ A
verdade sempre vem à tona. ● Nullum mendacium
veterascit. [Eurípides / DAPR 444]. Nenhuma mentira
envelhece. ■ A corda da mentira é muito curta. ■ A mentira
tem pernas curtas. ● Nullum mendacium senescit.
3437. Nullum mendacium sine teste. [Grynaeus 484]. Não há
mentira sem testemunha. VIDE: ● Nullum tam impudens
mendacium est, ut teste careat.
3438. Nullum numen abest, si sit prudentia; nullum numen
adest, si sit imprudentia. [James Boswell, Life of Samuel
Johnson, adaptado]. Nenhuma divindade deixa de ajudar, se
há prudência; nenhuma divindade ajuda, se há imprudência.
3439. Nullum numen habes nisi prudentiam. A única
proteção que tens é a prudência.
3440. Nullum numen habes, si sit prudentia; nos te, nos
facimus, Fortuna, deam caeloque locamus. [Juvenal,
Satirae 10.365]. Ó Fortuna! Nenhum poder tens sobre nós, se
em nós há sabedoria; mas nós te fazemos deusa, e te
colocamos no céu.
3441. Nullum officium referenda gratia magis necessarium
est. [Cícero, De Officiis 1.15]. Nenhum dever é mais
importante do que a gratidão.
3442. Nullum patris delictum innocenti filio poena est.
[Digesta 50.2.2.7]. Nenhum delito do pai recai sobre o filho
inocente.
3443. Nullum paupertate gravius est onus. Não há carga mais
pesada do que a pobreza.
3444. Nullum potentius satellitium quam amici fideles.
[Binder, Thesaurus 2301]. Não há escolta mais poderosa que
os amigos fiéis.
3445. Nullum praemissis vincere posse minis. [Aviano,
Fabulae 4.16]. Não se pode vencer ninguém começando com
ameaças.
3446. Nullum profundum mare, nullum vastum fretum et
procellosum tantos ciet fluctus quantos multitudo motus
habet. [Quinto Cúrcio, Historiae 10.7]. Nenhum oceano
profundo, nenhum mar vasto e proceloso provoca vagas tão
fortes quantas têm os movimentos da multidão.
3447. Nullum putaveris locum sine teste. [DM 79]. Não creias
haver lugar sem testemunha. ■ Matos têm olhos, paredes têm
ouvidos. ● Nullum putes teste destitutum locum. [Tosi
230]. VIDE: ● Nullum locum putes sine teste. ● Nullum sine
teste putaveris suo locum. ● Sine teste nullum esse
putaveris locum.
3448. Nullum quod est, nullum producit effectum. [Jur]. O
que é nulo não produz nenhum efeito.
3449. Nullum quod tetigit non ornavit. Ele valorizou tudo que
tocou. VIDE: ● Qui nullum fere scribendi genus non tetigit,
nullum quod tetigit non ornavit.
3450. Nullum saeculum magnis ingeniis clausum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 102.22]. Nenhuma época está
fechada para os grandes talentos.
3451. Nullum secretum est ubi regnat ebrietas. [Vulgata,
Provérbios 31.4]. Não há segredo onde reina a embriaguez.
■ O vinho é o espelho da alma. ■ Vinho e medo descobrem
segredo. ■ Cachaceiro não tem segredo. VIDE: ● Calices quem
non fecere disertum? ● Ebrietas et amor secreta produnt.
● Vino affluente orationes annatant. ● Vinum os facundum
facit. ● Vinum verba ministrat.
3452. Nullum simulatum diuturnum. Nada fingido é
duradouro. VIDE: ● Nec simulatum potest quidquam esse
diuturnum. ● Nihil simulatum diuturnum.
3453. Nullum sine auctoramento malum est. [Sêneca,
Epistulae Morales 69.4]. Não há mal sem compensação.
■ Não há mal sem bem. ● Nullum sine auctoramento est
magnum malum. Não há nenhum grande mal sem
compensação.
3454. Nullum sine teste putaveris suo locum. Não creias que
haja algum lugar em que não haja testemunha. ■ Matos têm
olhos, paredes têm ouvidos. VIDE: ● Nullum locum putes sine
teste. ● Nullum putaveris locum sine teste. ● Nullum putes
teste destitutum locum. ● Sine teste nullum esse putaveris
locum.
3455. Nullum tam impudens mendacium est, ut teste careat.
[Plinio Antigo, Naturalis Historia 8.22]. Não há falsidade tão
descarada, que não tenha alguma testemunha. VIDE: ● Nullum
mendacium sine teste.
3456. Nullum theatrum virtuti conscientia maius est.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 2.26]. Nenhum teatro é
maior para a virtude do que a consciência.
3457. Nullum tributum sine praevia lege. [Jur]. Não pode
haver tributo sem lei prévia (que o institua).
3458. Nullum violentum perpetuum. [Aristóteles / Grynaeus
712]. Nada violento é duradouro. ■ O que é intenso dura
pouco. ■ A violência não faz obra duradoura. VIDE: ● Nil
violentum perpetuum. ● Quod est violentum, non est
durabile.
3459. Nullum virtutum pretium dignum illis extra ipsas.
[Sêneca, De Clementia 1.1]. Não há recompensa digna das
virtudes que não sejam elas mesmas. VIDE: ● Pretium sibi
virtus.
3460. Nullum vitium erit, quod suum proprium cruciatum
non habebit. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.24.13]. Não haverá nenhuma iniqüidade que não tenha seu
castigo apropriado.
3461. Nullum vitium taetrius est quam avaritia. [Cícero, De
Officiis 2.77]. Nenhum defeito é mais abominável do que a
avareza. VIDE: ● Avaritia nullum vitium taetrius, maxima
animorum pestis.
3462. Nullum vobis tempus abibit iners. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.60]. Nenhum tempo passará improdutivo para
vós.
3463. Nullus ad amissas ibit amicus opes. [Ovídio, Tristia
1.9.10]. Nenhum amigo se aproximará, quando o dinheiro
tiver acabado. ■ Amigo de bom tempo muda-se com o vento.
■ Enquanto há figos, há amigos.
3464. Nullus agenti dies longus est. [Sêneca, Epistulae
Morales 122.3]. Nenhum dia é longo para quem trabalha.
■ Para quem trabalha os dias parecem curtos. VIDE: ● Nil
agenti dies longus est.
3465. Nullus argento color est avaris abdito terris. [Horácio,
Carmina 2.2.1]. Nenhum brilho tem a prata escondida dentro
da terra avarenta. ■ O saber escondido da ignorância vista
pouco dista.
3466. Nullus autem contra fortunam inexpugnabilis murus
est. [Sêneca, Epistulae Morales 74.19]. Não há muro
inexpugnável contra a sorte. ■ Ninguém foge à sua sorte.
3467. Nullus bonus sibi soli est bonus. [S.Leão, Papa /
Bernardes, Nova Floresta 2.166]. Nenhum homem bom é
bom só para si.
3468. Nullus cibus animae suavior, quam cognitio veritatis.
Nenhum alimento é mais doce para o espírito que o
conhecimento da verdade.
3469. Nullus commodum capere potest de iniuria sua
propria. [Jur / Broom 233]. Ninguém pode obter vantagem
de sua própria iniqüidade. VIDE: ● Commodum ex iniuria sua
nemo habere debet.
3470. Nullus dies omnino malus. [Hesíodo / Erasmo, Adagia
4.10.88]. Não há dia inteiramente mau. ■ Cada dia tem sua
pena e sua esperança. ■ Não há tempestade sem bonança.
3471. Nullus difficilis cupienti labor. [S.Jerônimo, Epistula ad
Eustochium 40]. Não há trabalho difícil para quem quer. ■ A
quem quer, nada é difícil. ■ A quem quer, não lhe faltam
meios. VIDE: ● Nihil amantibus durum est, nullus difficilis
cupienti labor est.
3472. Nullus difficilis emptor bonam obsonat carnem.
[Apostólio, Paroimiai 15.4]. Nenhum comprador difícil
compra boa carne. ■ Quem muito escolhe com o pior fica.
■ Quem muito escolhe pouco acerta. ● Nullus difficilis
emptor bonam emit carnem. [Schottus, Adagia 504].
● Nullus emptor difficilis bonum emit obsonium. [Erasmo,
Adagia 3.3.50]. Nenhum comprador difícil compra boa
comida. VIDE: ● Difficilis emptor haud bona emit obsonia.
3473. Nullus dolor est, quem non longinquitas temporis
minuat ac molliat. [Cícero, Ad Familiares 4.5]. Não há
sofrimento que o tempo não diminua e suavize. ■ O tempo
tudo cura.
3474. Nullus est Deus, nisi unus. [Vulgata, 1Coríntios 8.4].
Não há outro Deus, senão um.
3475. Nullus est liber tam malus, ut non aliqua parte prosit.
[DAPR 402]. Nenhum livro é tão mau, que nenhuma parte
seja útil. ■ Não há livro tão mau, que não tenha algo bom.
VIDE: ● Nullum esse librum tam malum, ut non aliqua
parte prodesset. ● Nullus liber tam malus est, quin parte
aliqua prodesse queat.
3476. Nullus est locus domestica sede iucundior. [Cícero, Ad
Familiares 4.8, adaptado]. Nenhum lugar é mais agradável do
que o nosso lar. ■ Minha casa e meu lar mil dobras de ouro
vale, e estimou-se mal, porque mais vale. ■ Quando em
minha casa estou, rei sou.
3477. Nullus est maior defectus quam defectus potestatis.
[Jur]. Não há falta maior que a falta de autoridade.
3478. Nullus est miseris pudor. [Sêneca, Oedipus 65]. Não há
vergonha para os desgraçados.
3479. Nullus est tam tutus quaestus, quam, quod habeas,
parcere. [Publílio Siro]. Nenhum lucro é tão seguro quanto
economizar o que se tem. ■ Vintém poupado, vintém
ganhado. ■ A economia é um grande rendimento. VIDE:
● Nullus tantus quaestus, quam, quod habeas, parcere.
● Parsimonia summum vectigal.
3480. Nullus fidelior tibi ad consilium potest esse, quam qui
non tua, sed te diligit. [S.Gregório Magno / Bernardes,
Nova Floresta 3.276]. Ninguém pode ser mais fiel a ti para
dar conselho do que quem ama a ti, não aos teus bens.
3481. Nullus homo lacrimis unquam revocatur ab umbris.
[DAPR 411]. Nenhum homem jamais é trazido de volta das
sombras pelas lágrimas. ■ A morte não tem remédio.
3482. Nullus idoneus testis in re sua intellegitur. [Digesta
22.5.10]. Ninguém é considerado testemunha idônea em
causa própria.
3483. Nullus in hac charta versus amare docet. [Ovídio,
Tristia 3.1.4]. Neste livro nenhum verso ensina a amar.
3484. Nullus in opulentia dolor. Na opulência não há dor.
■ Dores com pão são menores. ■ Lágrimas com pão ligeiras
são. ● Nullus in opulentia labor. [Medina 597]. Na
opulência não há sofrimento.
3485. Nullus in sua causa iudex sit. [Codex Iustiniani 2.2.1].
Ninguém seja juiz em causa própria. VIDE: ● Aliquis non
debet esse iudex in propria causa, quia non potest esse
iudex et pars. ● In propria causa nemo iudex. ● Iudex in
causa propria nemo esse potest.
3486. Nullus invitus iure suo spoliandus. Ninguém deve ser
privado de seu direito contra sua vontade.
3487. Nullus latentis musicae respectus est. [Schottus,
Adagialia Sacra 42]. À música oculta não se dá atenção. ■ O
saber escondido da ignorância vista pouco dista. VIDE:
● Abdita quid prodest generosi vena metalli, si cultore
caret? ● Egregia musica quae sit abscondita nullius rei est.
● Musica abscondita nulli rei est. ● Musicae occultae nullus
respectus. ● Non erit ignotae gratia magna lyrae.
● Occultae musicae nullum esse respectum. ● Occultae
musicae nullus respectus. ● Si solus sapias, nempe quis
usus erit?
3488. Nullus liber erit, si quis amare volet. [Propércio,
Elegiae 2.23.24]. Ninguém será livre, se quiser amar.
3489. Nullus liber tam malus est, quin parte aliqua prodesse
queat. Nenhum livro é tão mau, que não possa ser útil em
alguma parte. ■ Não há livro tão mau, que não tenha algo
bom. VIDE: ● Nullum esse librum tam malum, ut non aliqua
parte prodesset. ● Nullus est liber tam malus, ut non
aliqua parte prosit.
3490. Nullus locus est instar domus. Não há lugar como a
nossa casa. ■ A própria morada a ninguém desagrada. ■ Para
o passarinho, não há como o seu ninho. ■ Lar, doce lar.
3491. Nullus malus magnus piscis. [Erasmo, Adagia 2.3.92].
Nenhum peixe grande é mau.
3492. Nullus omnia scire potest. [Grynaeus 34]. Ninguém
pode saber tudo. ■ Não há homem que possa saber tudo.
■ Ninguém é sábio o tempo todo. ■ Ninguém acerta sempre.
■ O saber não está todo numa cabeça só. VIDE: ● Nemo enim
potest omnia scire. ● Nemo est, cui omnia scire datum sit.
● Non omnes ad omnia natura idonei sumus. ● Non omnia
possumus omnes.
3493. Nullus piger est in domo sapientis. Não há ninguém
preguiçoso na casa do ajuizado.
3494. Nullus potest amare aliquid incognitum. [S.Tomás de
Aquino]. Ninguém pode amar o desconhecido. ■ Não se
deseja o que o olhar não veja.
3495. Nullus praestantior doctor est necessitate. Não há
mestre mais poderoso do que a necessidade. ■ A necessidade
é mestra da vida. ■ A necessidade é mãe da invenção. VIDE:
● Artis magistra necessitas. ● Durum flagellum est
paedagogus ingenii. ● Durum flagellum est paedagogus
ingens. ● Mater artium est necessitas. ● Necessitas artis
magistra. ● Necessitas magistra.
3496. Nullus recedat a curia cancellaria sine remedio. [Jur /
Black 1266]. Que ninguém retorne do tribunal sem uma
solução.
3497. Nullus sapientum proditori credidit. [PSa]. Nenhum
sábio jamais confiou num traidor. VIDE: ● Nemo unquam
sapiens proditori credendum putavit.
3498. Nullus sit patriae consulendi modus aut finis.
[S.Agostinho, Epistulae 91.1, adaptado]. Não deve haver
medida ou limite na devoção à pátria.
3499. Nullus sum. [Grynaeus 165]. Não sou ninguém.
3500. Nullus tam parcus, quin prodigus ex alieno. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 9]. Ninguém é tão econômico
que não seja pródigo com o alheio. ■ De couro alheio,
correias compridas.
3501. Nullus tantus quaestus, quam, quod habeas, parcere.
Nenhum lucro é tão grande quanto economizar o que se tem.
■ Vintém poupado, vintém ganhado. ■ A economia é um
grande rendimento. VIDE: ● Nullus est tam tutus quaestus,
quam, quod habeas, parcere.
3502. Nullus timor, vis nulla, nulla auctoritas. [Labério /
Macróbio, Saturnalia 2.7]. Nenhum temor, nenhuma
violência, nenhum comando.
3503. Nullus videtur dolo facere, qui iure suo utitur. [Digesta
50.17.55]. Não se reputa agir com dolo quem usa de seu
direito. VIDE: ● Qui utitur suo iure, laedit neminem.
3504. Num cena comessa venimus? [Varrão, De Re Rustica
1.2.11]. Então chegamos depois de comido o jantar?
■ Chegamos ao atar das feridas. VIDE: ● Cena comesa venire.
3505. Num cum alio concordabit, qui secum ipse dissidet?
[Erasmo, Moriae Encomium 22]. Será que vai entrar em
acordo com outro aquele que discorda de si mesmo?
3506. Num et Saul inter prophetas? [Vulgata, 1Reis 10.12].
Porventura Saul também é profeta? ■ Donde veio a Pedro
falar galego? ■ Ontem vaqueiro, hoje cavalheiro. ● Num et
Saul in prophetis? Então Saul também é contado entre os
profetas? VIDE: ● Numquid et Saul inter prophetas?
3507. Num tibi cum fauces urit sitis, aurea quaeris pocula?
[Horácio, Sermones 1.2.114]. Agora que a sede queima tuas
entranhas, exiges copos de ouro?
3508. Num tu quoque etiam insanis? [Plauto, Amphitruo 753].
Acaso tu também estás louco?
3509. Num ulli voluptatem afferet, qui sibimet ipsi sit gravis
ac molestus? [Erasmo, Moriae Encomium 22].
Proporcionará prazer a alguém aquele que é grosseiro e
incômodo consigo mesmo?
3510. Numera stellas, si potes. [Vulgata, Gênesis 15.5]. Conta
as estrelas, se puderes. VIDE: ● Suspice caelum, et numera
stellas, si potes.
3511. Numerantur enim sententiae, non ponderantur. [Plínio
Moço, Epistulae 2.12]. Os votos são contados e não pesados.
3512. Numeri regunt mundum. Os números governam o
mundo.
3513. Numero deus impare gaudet. [Virgílio, Eclogae 8.75].
O deus aprecia o número ímpar. ■ Os números ímpares
agradam aos deuses.
3514. Numero, pondere, et mensura. [Divisa]. Por número,
peso e medida.
3515. Numerus apertus. Número ilimitado.
3516. Numerus clausus. Número limitado. Uma cota definida.
3517. Numini et patriae asto. [Divisa]. Estou do lado de Deus
e da pátria.
3518. Numinis ira inevitabilis. [Erasmo, Adagia 5.2.32]. A ira
de Deus é inevitável. ■ Deus não é de vingança, mas castiga
pela mansa.
3519. Nummarius iudex. Um juiz venal.
3520. Nummis atque Deo servire potest nemo bene. [Tosi
1451]. Ninguém pode servir bem ao dinheiro e a Deus. ■ Não
se pode servir a dois senhores. VIDE: ● Non potestis Deo
servire et mammonae.
3521. Nummis mihi opus est, non consiliis. [Branco 340].
Preciso de dinheiro e não de conselhos. ■ Dá-me dinheiro,
não me dês conselho.
3522. Nummis praestat carere quam amicis. É melhor faltar
dinheiro do que amigos. ■ Mais vale amigo na praça que
dinheiro na arca. ● Nummis potior amicus in periculis. No
perigo, mais vale o amigo que o dinheiro. VIDE: ● Melior est
amicus in platea quam aurum in cista. ● Utilior prorsus
per iter tibi fidus amicus quam sint in loculis plurima
lucra tuis.
3523. Nummum plumbeum non credam. [Pereira 111]. Não
lhe fiarei nem uma moeda de chumbo. ■ Não fiarei dele nem
um figo podre. ● Nummum nunquam credam plumbeum.
[Plauto, Trinummus 927]. Nunca lhe fiarei nem uma moeda
de chumbo.
3524. Nummus honoratur, sine nummo nullus amatur.
[Binder, Thesaurus 2308]. O dinheiro é respeitado; sem
dinheiro ninguém é amado.
3525. Nummus in exsilio comes optimus est peregrino.
[Binder, Thesaurus 2309]. No exílio, dinheiro é o melhor
companheiro do peregrino.
3526. Nummus iungit foedera, nummus dat consilium;
nummus lenit aspera, nummus sedat proelium. [Carmina
Burana]. O dinheiro sela alianças, o dinheiro dá prudência; o
dinheiro suaviza as dificuldades, o dinheiro apazígua a
disputa.
3527. Nummus nummum parit. [DAPR 247]. ■ Dinheiro
ganha dinheiro. ■ Dinheiro é que faz dinheiro.
3528. Nummus omnia efficit. [Bebel, Adagia Germanica]. O
dinheiro realiza tudo. ■ Quem tem dinheiro quebra penedos.
VIDE: ● Aurum aperit omnia, et inferni portas. ● Nihil sine
pecunia.
3529. Nummus plumbeus non est illi. [Pereira 113]. Ele não
tem nem uma moeda de chumbo. ■ Ele não tem vintém. ■ Não
tem real nem ceitil.
3530. Nummus regnat ubique. [Carmina Burana]. O dinheiro
governa em toda parte. ■ Dinheiro dá senhoria.
3531. Nummus ubi loquitur, fit iuris confusio. [Carmina
Burana]. Quando o dinheiro fala, ocorre a perturbação do
direito. ● Nummus ubi loquitur, Tullius ipse tacet. Quando
o dinheiro fala, o próprio Cícero se cala.
3532. Nummus ubi praedicat, labitur iustitia. [Carmina
Burana]. Quando o dinheiro fala, desaparece a justiça.
3533. Nummus vincit, nummus regnat, nummus imperat.
[Pensées d'Oxenstirn 70]. O dinheiro vence, o dinheiro
governa, o dinheiro impera. ■ Quem dinheiro tiver fará o que
quiser. ● Nummus vincit, nummus mundum regit,
nummus imperat universis. [Alanus de Insulis, De Planctu
Naturae, De Avaritia]. O dinheiro vence, o dinheiro governa
o mundo, o dinheiro manda em todas as coisas.
3534. Numquid aliquis panem petenti lapidem porriget?
[Polydorus, Adagia]. Será que alguém oferecerá uma pedra a
quem pede pão?
3535. Numquid ambulabunt duo pariter, nisi convenerit eis?
[Vulgata, Amós 3.3]. Acaso andarão dois juntos, se eles não
se ajustarem entre si?
3536. Numquid cadet avis in laqueum terrae absque
aucupe? [Vulgata, Amós 3.5]. Acaso cairá uma ave no laço
posto na terra, sem que haja quem lho arme?
3537. Numquid colligunt de spinis uvas, aut de tribulis
ficus? [Vulgata, Mateus 7.16]. Porventura os homens colhem
uvas dos espinhos, ou figos dos abrolhos?
3538. Numquid coniungere valebis micantes stellas Pleiadas,
aut gyrum Arcturi poteris dissipare? [Vulgata, Jó 38.31].
Acaso poderás tu ajuntar as brilhantes estrelas Plêiades, ou
poderás impedir a revolução do Arcturo?
3539. Numquid cucullus et rasura faciunt monachum?
[Lutero]. Por acaso o capuz e a tonsura fazem o monge? ■ O
hábito não faz o monge. VIDE: ● Cucullus non facit
monachum. ● Habitus non facit monachum.
3540. Numquid dicet lutum figulo suo: Quid facis? [Vulgata,
Isaías 45.9]. Porventura dirá o barro ao oficial que o maneja:
Que fazes?
3541. Numquid dicit figmentum ei qui se finxit: Quid me
fecisti sic? [Vulgata, Romanos 9.20]. Porventura diz o vaso
de barro a quem o fez: Por que me fizeste assim?
3542. Numquid ego canis sum, quod tu venis ad me cum
baculo? [Vulgata, 1Reis 17.43]. Acaso sou eu algum cão,
para tu vires a mim com um pau?
3543. Numquid et Saul inter prophetas? [Erasmo, Adagia
2.1.64]. Porventura Saul também é profeta? ■ Donde veio a
Pedro falar galego? VIDE: ● Num et Saul in prophetis?
● Num et Saul inter prophetas?
3544. Numquid habebunt finem verba ventosa? [Vulgata, Jó
16.3]. Acaso não se acabarão nunca estes discursos de vento?
3545. Numquid lex nostra iudicat hominem, nisi prius
audierit ab ipso, et cognoverit quid faciat? [Vulgata, João
7.51]. Condena porventura a nossa lei algum homem, antes
de o ouvir, e antes de se informar das suas ações?
3546. Numquid non messis tritici est hodie? [Vulgata, 1Reis
12.17]. Não é este agora o tempo da sega do trigo?
3547. Numquid non pater unus omnium nostrum? Numquid
non Deus unus creavit nos? [Vulgata, Malaquias 2.10].
Porventura não é um mesmo o pai de todos nós? Acaso não
foi o mesmo Deus que nos criou?
3548. Numquid oblivisci potest mulier infantem suum?
[Vulgata, Isaías 49.15]. Porventura pode uma mulher
esquecer-se de seu menino?
3549. Numquid opinio me fefellit? [Sêneca Retórico,
Suasoriae 7.2]. Enganei-me?
3550. Numquid pax est? [Vulgata, 4Reis 9.19]. Está tudo em
paz?
3551. Numquid potest caecus caecum ducere? [Vulgata,
Lucas 6.39]. Pode acaso um cego guiar outro cego? VIDE:
● Caecus autem, si caeco ducatum praestet, ambo in
foveam cadunt.
3552. Numquid potest homo abscondere ignem in sinu suo,
ut vestimenta illius non ardeant? [Vulgata, Provérbios
6.27]. Acaso pode o homem esconder o fogo no seu seio,
sem que ardam os seus vestidos?
3553. Numquid praebebis equo fortitudinem? [Vulgata, Jó
39.20]. Porventura darás força ao cavalo?
3554. Numquid redditur pro bono malum? [Vulgata,
Jeremias 18.20]. Acaso retribui-se mal por bem? VIDE: ● Pro
bono malum.
3555. Numquid rugiet onager, cum habuerit herbam, aut
mugiet bos, cum ante praesaepe plenum steterit. [Vulgata,
Jó 6.5]. Porventura ornejará o asno montês, quando tiver
erva, ou mugirá o boi, quando estiver diante da mangedoura
cheia?
3556. Numquis satis constare sibi videatur, si mulam
calcibus repetat et canem morsu? [Sêneca, De Ira 3.27.1].
Alguém poderia ser considerado equilibrado, se devolvesse
coice a mula e mordida a cachorro?
3557. Nunc ab transenna hic turdus lumbricum petit.
[Plauto, Bacchides 734]. Agora o nosso peixe está mordendo
a isca. VIDE: ● Ab transenna cibum petere.
3558. Nunc ad me redeo. [Horácio, Sermones 1.6.45]. Agora
volta a cuidar de mim. VIDE: ● Ad me redeo.
3559. Nunc ad propositum veniamus. [S.Agostinho, Contra
Acadêmicos 3.39]. Agora passemos ao nosso objetivo. VIDE:
● Ad propositum nunc revertamus. ● Ad propositum
veniamus.● Nos ad propositum revertamus.
3560. Nunc ad regionem venimus. [Erasmo, Chiliades 24].
Agora chegamos ao ponto importante da questão.
3561. Nunc album caput, et veneres tepuere sub annis.
[Nemesiano, Eclogae 1.13]. Agora minha cabeça está branca,
e as paixões, com os anos, esfriaram.
3562. Nunc animis opus, Aenea, nunc pectore firmo.
[Virgílio, Eneida 6.261]. Agora, Enéas, é preciso ter coragem
e coração firme.
3563. Nunc aut nunquam. Agora ou nunca. VIDE: ● Aut nunc
aut nunquam. ● Aut tunc aut nunquam.
3564. Nunc bene navigavi postquam naufragium feci.
[Pereira 106]. Depois que naufraguei, passei a navegar bem.
■ A experiência que não dói muito pouco aproveita. ■ Há
males que vêm por bens. ● Nunc bene navigavi, cum
naufragium feci. [Erasmo, Adagia 2.9.78]. VIDE: ● Bene
navigavi nunc, cum naufragium feci.
3565. Nunc clarus splendet, nunc Iuppiter imbre nigrescit.
[Apostólio, Paroimiai 10.15]. Ora Júpiter brilha
resplandecente, ora escurece com a chuva. ■ Nem só de mel,
nem só de fel. ■ Não há bem que sempre dure, nem mal que
nunca acabe. VIDE: ● Iuppiter aliquando pluit, aliquando
serenus est. ● Nunc pluit, nunc claro. ● Nunc pluit, et claro
nunc Iuppiter aethere fulgit.
3566. Nunc dimittis servum tuum, Domine. [Vulgata, Lucas
2.29]. Agora é que despedes o teu servo, Senhor.
3567. Nunc enim sane res omnibus in novaculae sita est acie.
[Homero, Ilíada 10.173]. Agora, sem dúvida, a sorte deles
todos está no fio da navalha.
3568. Nunc est aeternitas. [Inscrição em quadrante solar]. A
eternidade é agora.
3569. Nunc est bibendum, nunc pede libero pulsanda tellus.
[Horácio, Carmina 1.37.1]. Agora é hora de beber, agora é
hora de bater a terra com o pé livre. (=Agora é hora de beber
e de dançar).
3570. Nunc est leguminum messis. [Schottus, Adagia 237].
Agora é a colheita das favas. ■ A hora é esta. ■ Tua
oportunidade chegou. VIDE: ● Nunc leguminum messis est.
3571. Nunc et oves ultro fugiet lupus. [Virgílio, Eclogae 8.52].
Agora até o lobo quererá fugir das ovelhas.
3572. Nunc et semper. [Divisa / Rezende 4458], Agora e
sempre.
3573. Nunc et usque in saeculum. Agora e para sempre.
● Nunc et semper. Agora e sempre.
3574. Nunc exitus est anni. [Cícero, Ad Familiares 8.10.3]. Eis
que chega o fim do ano.
3575. Nunc facile pectus, grata nunc iuveni Venus. [Sêneca,
Hippolytus 446]. Agora o coração está leve, agora Vênus
está favorável ao jovem.
3576. Nunc ferrum tuum in igne est. [Binder, Thesaurus
2311]. O teu ferro está no fogo. ■ Anda na forja o teu
negócio. ■ Tua batata está assando. VIDE: ● Ferrum tuum in
igne est.
3577. Nunc frondent silvae, nunc formosissimus annus.
[Virgílio, Eclogae 3.57]. Agora as árvores estão cobertas de
folhas, agora o ano está muito formoso.
3578. Nunc gratulandum. Agora, devemos alegrar-nos.
3579. Nunc hic dies aliam vitam affert, alios mores postulat.
[Terêncio, Andria 189]. Agora o tempo traz outro modo de
viver, exige outros costumes. ■ Outros tempos, outros
costumes. VIDE: ● Alia sunt tempora, alii mores. ● Alia
tempora, alii mores.
3580. Nunc huic, nunc Iuppiter illi nunc laeta immittit, nunc
tristia. [Grynaeus 264]. Ora para um, ora para outro, Júpiter
ora manda alegria, ora tristeza.
3581. Nunc iam nulla viro iuranti femina credat. [Catulo,
Carmina 64.144]. Agora nenhuma mulher dará crédito às
juras de um homem. VIDE: ● Nulla viro iuranti femina
credat, nulla viri speret sermones esse fidelis.
3582. Nunc in te cadunt folia, post cadent arbores. [Manúcio,
Adagia 118]. Agora são as folhas que caem em cima de ti,
depois cairão as árvores. ■ Quem a ruim perdoa, a ruindade
lhe aumenta. VIDE: ● Folia nunc cadunt; tum arbores in te
cadent. ● Leviores iniurias si quis ferat, sequuntur
atrociores. ● Minutula pluvia imbrem parit. ● Post folia
cadent in te arbores. ● Post folia cadunt arbores. ● Saepe
ignoscendo, des iniuriae locum. ● Semper ignoscendo, des
iniuriae locum. ● Semper quiescens des locum iniuriae.
● Veterem ferendo iniuriam, invitas novam.
3583. Nunc ipse quid peragito, dein deos voca. [Schottus,
Adagia 378]. Agora, faze tu mesmo alguma coisa, depois
invoca os deuses. ■ Põe tu a mão, e Deus te ajudará. ● Nunc
ipse quid peragito, dein Deum voca. VIDE: ● Ad opus
manum admovendo fortunam invoca. ● Adesse gaudet,
sed laboranti, Deus. ● Cum Minerva et manum move.
● Cum Minerva manus etiam move. ● Cum Minerva
manum quoque move. ● Di facientes adiuvant. ● Deus
facientes adiuvat. ● Deus laborantibus opem fert prospere.
● Deus laborantes ope adiuvat sua. ● Fac aliquid ipse,
deinde Numen invoca. ● Fac interim aliquid ipse, dein
deos voca. ● Huic qui laborat, Numen adesse assolet.
● Manum admoventem Deum quemvis invocare debere.
● Manum admoventi fortuna est imploranda. ● Manum
admoventi fortuna est invocanda. ● Manum admoventi
sunt vocanda numina. ● Minerva auxiliante, manum
etiam admove. ● Nulla preces numina flectunt ignavorum.
● Sine opera tua, nihil di facere possunt.
3584. Nunc leguminum messis est. [Erasmo, Adagia 2.7.23].
Agora é a colheita das favas. ■ A hora é esta. ■ Tua
oportunidade chegou. VIDE: ● Nunc est leguminum messis.
3585. Nunc mea res agitur. [Sêneca, Apocolocyntosis 9].
Agora, trata-se de interesse meu.
3586. Nunc mihi, nunc tibi, benigna fortuna. [Brewer,
Dictionary of Phrase and Fable]. A sorte é favorável uma
hora a mim, outra hora a ti. VIDE: ● Hodie mihi, cras tibi.
3587. Nunc mores nihil faciunt, quod licet, nisi quod libet.
[Plauto, Trinummus 997]. Atualmente o costume não é fazer
o que permitido, mas o que se quer.
3588. Nunc neque vivere libet neque mori licet sine
dedecore. [Salústio, Bellum Iugurthinum 14.10]. Hoje não
tenho nenhuma alegria em viver, nem me é permitido morrer
sem desonra.
3589. Nunc nobis tintinant aures. Agora minhas orelhas estão
tinindo. ■ Minhas orelhas estão ardendo.
3590. Nunc nox, mox lux. Agora é noite; logo virá o dia.
■ Depois do purgatório, a redenção.
3591. Nunc, nunc pugnemus. [Sêneca Retórico, Suasoriae
2.4]. Agora, agora lutemos.
3592. Nunc opus est celeri subdere calcar equo. [Ovídio,
Remedia Amoris 788]. Agora é preciso esporear o cavalo
veloz. VIDE: ● Equo currenti non opus calcaribus. ● Non
opus est celeri subdere calcar equo.
3593. Nunc patimur longae pacis mala. [Juvenal, Satirae
6.291]. Agora sofremos os males de uma longa paz.
3594. Nunc placida compostus pace quiescit. [Virgílio,
Eneida 1.249]. Agora ele repousa no seio de uma paz
tranqüila.
3595. Nunc pluit, nunc claro. Ora chove, ora o tempo está
claro. ■ Nem só de mel, nem só de fel. ■ Não há bem que
sempre dure, nem mal que nunca acabe. ● Nunc pluit, et
claro nunc Iuppiter aethere fulgit. [Erasmo, Adagia
1.8.65]. Uma hora chove, outra hora Júpiter brilha no ar
sereno. VIDE: ● Iuppiter aliquando pluit, aliquando serenus
est. ● Nunc clarus splendet, nunc Iuppiter imbre nigrescit.
3596. Nunc premor arte mea. [Tibulo, Elegiae 10.6.10]. Agora
sofro por causa de minha própria astúcia.
3597. Nunc pro tunc. [Jur / Broom 100]. Agora em vez de
nessa época. (=Indica ação no presente que deveria ter sido
realizada antes).
3598. Nunc scio quid sit amor. [Virgílio, Eclogae 8.43]. Agora
sei o que é o amor.
3599. Nunc te facta impia tangunt. [Virgílio, Eneida 4.596].
Agora tuas ações sacrílegas te atingem.
3600. Nunc tempus est faciendi, nunc tempus est pugnandi.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.22.23]. Agora é
tempo de fazer, agora é tempo de lutar.
3601. Nunc tu insanus medio flumine quaeris aquam.
[Propércio, Elegiae 1.9.16]. Agora tu, enlouquecido, procuras
água em pleno rio. VIDE: ● In mari aquam quaeris. ● Medio
flumine quaeris aquam. ● Per mare quaeris aquam.
3602. Nunc tuum ferrum in igni est. [Erasmo, Adagia
4.4.100]. Agora teu ferro está em brasa. ■ Aproveita a
ocasião. ■ A ferro quente, malhar de repente.
3603. Nunc ventus navem nostram deseruit. [Plauto,
Mostellaria 729]. Agora o vento abandonou nosso barco. ■ A
sorte nos abandonou.
3604. Nunc vino pellite curas. [Horácio, Carmina 1.7.31].
Agora, com o vinho afastai vossas preocupações. VIDE: ● Viri,
nunc vino pellite curas; cras ingens iterabimus aequor.
3605. Nunc vos existimate facta an dicta pluris sint.
[Salústio, Iugurtha 85.14]. Avaliai agora se valem mais os
fatos ou as palavras.
3606. Nunquam accedo, quin abs te abeam doctior.
[Terêncio, Eunuchus 791]. Nunca me aproximo de ti, que
não vá embora mais culto.
3607. Nunquam ad liquidum fama perducitur. [Quinto
Cúrcio, Historiae 9.2]. Nunca o boato se reduz à verdade.
3608. Nunquam aliud natura, aliud sapientia dicit. [Juvenal,
Satirae 14.321]. Nunca a natureza diz uma coisa e a ciência
outra.
3609. Nunquam alium exspectes; tua, si potes, omnia tractes.
[Pereira 113]. Não esperes por outrem; trata tu mesmo, se
puderes, de todos os teus negócios. ■ Quem quer vai; quem
não quer manda. ■ Não vos tenhais a tenças alheias. VIDE:
● Ne tu aliis faciendum trade, factam si quam rem cupis.
3610. Nunquam Amor quemquam nisi cupidum hominem
postulat se in plagas conicere. [Plauto, Trinummus 236].
Nunca o Amor tenta apanhar em suas redes senão o homem
cobiçoso.
3611. Nunquam auctores, semper interpretes. [Rezende
4465]. Nunca autores, sempre tradutores.
3612. Nunquam autem liquidum sincerumque ex turbido
venit. [Sêneca, De Clementia 2.6.1]. O que vem de uma
fonte turva nunca é límpido e puro. ■ De mau grão, nunca
bom pão. VIDE: ● Nunquam liquidum sincerum ex turbido
venit.
3613. Nunquam autem recte faciet qui cito credit. [Petrônio,
Satiricon 43]. Nunca agirá bem quem confia depressa.
■ Quem crê de ligeiro, água lhe cai no seio. VIDE: ● Nunquam
recte facit, qui cito credit.
3614. Nunquam cede malis, fortunam vince ferendo.
[Medina 586]. Nunca recues diante dos males; vence a sorte,
suportando-a. ■ Bom coração quebranta má ventura.
3615. Nunquam, crede mihi, a morbo sanabitur aeger si
multis medicis traditur una febris. Podes crer: o doente
nunca ficará bom da doença, se uma única febre for entregue
a muitos médicos. ■ Muitos alhos num gral se pisam mal.
■ Muitos concertadores desconcertam a noiva.
3616. Nunquam crescit ex post facto praeteriti delicti
aestimatio. [Digesta 50.7.138]. Nunca se pode ampliar a
estimação de um delito depois de acontecido. (=Não pode
uma lei posterior ampliar a punição de um delito anterior).
3617. Nunquam de manu et oculis tuis recedat liber.
[S.Jerônimo, Ad Rusticum]. Que nunca fique o livro longe da
tua mão e dos teus olhos.
3618. Nunquam dederis spatiosum tempus in iram; saepe
simultates ira morata facit. [Ovídio, Amores 1.8.81].
Nunca te entregues por longo tempo à ira; muitas vezes a ira
prolongada engendra ódio.
3619. Nunquam deerunt miserae sollicitudinis causae.
[Sêneca, De Brevitate Vitae 17]. Nunca faltarão motivos de
tristes preocupações.
3620. Nunquam deflecto. [Divisa do Barão de Teresópolis /
Rezende 4466]. Nunca me curvo.
3621. Nunquam deorsum. [Divisa]. Nunca para baixo.
3622. Nunquam desinemus communi bono operam dare,
opem ferre etiam inimicis. [Sêneca, De Otio 1.4]. Nunca
deixemos de trabalhar para o bem comum, de prestar auxílio
mesmo aos inimigos.
3623. Nunquam discrepat utile ab decoro. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Periander]. O útil nunca está em
desacordo com o honesto.
3624. Nunquam dormio. Nunca durmo.
3625. Nunquam efficies ut recte ingrediantur cancri.
[Aristófanes / Erasmo, Adagia 3.7.38]. Nunca conseguirás
que os caranguejos andem direito. ■ O que o berço dá só o
túmulo tira. ■ Pau que nasce torto nunca endireita.
● Nunquam efficies ut cancri recte incedant. VIDE:
● Ambulet ut cancer recte, haud effeceris unquam.
● Cancri nunquam recte ingrediuntur.
3626. Nunquam eminentiae invidia carent. [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.40.4]. Nunca as altas posições estão livres
da inveja. ■ A inveja sempre atina lugares altos.
3627. Nunquam enim corpus umbra aut veritatem imago
praecedit. [Tertuliano, Apologeticus 47.5]. A sombra não
existe antes do corpo, nem a cópia antes do original.
3628. Nunquam enim virtus vitio adiuvanda est. [Sêneca, De
Ira 1.9.1]. Jamais a virtude deve ser ajudada pelo vício.
3629. Nunquam erit felix, quem torquebit felicior. [Sêneca,
De Ira 3.30.3]. Nunca será feliz aquele a quem torturar a
visão de alguém mais feliz. ■ O invejoso é infeliz com a
felicidade alheia.
3630. Nunquam est bellum iustum ubi nulla praecessit
iniuria. [S.Tomás de Aquino]. Nunca é justa a guerra, se não
a precedeu nenhuma agressão.
3631. Nunquam est fidelis cum potente societas. [Fedro,
Fabulae 1.5.1]. Nunca é confiável a aliança com o poderoso.
VIDE: ● Infida societas regni. ● Iniqua partitio. ● Leonina
societas. ● Quia nominor leo.
3632. Nunquam est ille miser cui facile est mori. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 111]. Nunca é infeliz aquele para quem
morrer é fácil.
3633. Nunquam est utile peccare, quia semper est turpe.
[Cícero, De Officiis 3.15]. Nunca é vantajoso proceder mal,
porque é sempre vergonhoso.
3634. Nunquam ex malo patre bonus filius. [Erasmo, Adagia
1.6.33]. ■ De mau pai, nunca bom filho. ■ Nunca de corvo
bom ovo. ■ De ruim árvore nunca bom fruto. VIDE: ● Non
procul a proprio stipite poma cadunt.
3635. Nunquam expletur cupiditatis sitis. [Cícero, Paradoxa
6, adaptado]. Nunca se satisfaz a sede da cobiça. ■ A cobiça
não se farta.
3636. Nunquam exuas te, antequam cubitum eas. [Manúcio,
Adagia 1407]. Nunca te dispas antes de ires dormir. ■ Quem
dá o seu antes de morrer aparelhe-se a bem sofrer.
3637. Nunquam finem inveniet libido. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.20]. A paixão nunca encontrará um fim.
3638. Nunquam fruimus bonis praesentibus, sed futuris
semper inhiamus. [Grynaeus 89]. Nunca aproveitamos dos
bens presentes, mas sempre ansiamos pelos futuros.
3639. Nunquam fuit vulpes adeo ingeniosa quae quandoque
non caderet in laqueum venatoris. [Boncompagno, Palma
26.1]. Nunca houve raposa tão inteligente que alguma vez
não caísse no laço do caçador. ■ Muito sabe a raposa, mas
mais quem a toma.
3640. Nunquam humilis labitur, nam unde labi posset, qui
sub omnibus est? [S.Macário / Bernardes, Nova Floresta
5.264]. O humilde não cai, porque onde há de cair, se está
debaixo de todos? VIDE: ● Humilitate gaude, altitudo enim
eius firma est, nec ruere potest.
3641. Nunquam imbellem feroces progenerant aquilae
columbam. Águias ferozes nunca geram pomba pacífica.
■ As águias não produzem pombas. ■ Das águias não nascem
pombas. ■ Cobra não gera passarinho. VIDE: ● Aquila non
parit columbam. ● Aquilae non generant columbas.
● Aquilae non progenerant columbas. ● Aquila non
generat columbam. ● Nec progenerant aquilae columbam.
● Neque imbellem feroces progenerant aquilae columbam.
3642. Nunquam imperator ita paci credit, ut non se
praeparet bello. [Sêneca, De Vita Beata 26.2]. Nunca um
general confia tanto na paz, que não se prepare para a guerra.
■ Rei desarmado não tem seguro o seu estado.
3643. Nunquam imprudentibus imber obfuit. [Virgílio,
Georgica 1.373]. A chuva nunca foi obstáculo aos
imprudentes.
3644. Nunquam intempestiva, nunquam molesta amicitia.
[Cícero, De Amicitia 22]. A amizade nunca é intempestiva,
nunca é prejudicial.
3645. Nunquam invenietur, si contenti fuerimus inventis.
[Sêneca, Epistulae Morales 33.10]. Nunca será descoberto
nada, se nos contentarmos com o que já foi descoberto.
3646. Nunquam liquidum sincerum ex turbido venit. Nunca
água pura vem de fonte turva. VIDE: ● Nunquam autem
liquidum sincerumque ex turbido venit.
3647. Nunquam minus solus quam cum solus. [Cícero, De
República 1.27]. Nunca estou menos só que quando estou só.
VIDE: ● Sapiens nusquam minus solus quam cum solus.
3648. Nunquam naturam mos vinceret: est enim ea semper
invicta. [Cícero, Tusculanae Disputationes 5.78]. Jamais os
costumes vencerão a natureza: esta é sempre invencível.
3649. Nunquam non miser est, qui, quod timeat, cogitat.
[Publílio Siro]. Nunca deixa de ser infeliz quem sonha com o
que teme.
3650. Nunquam non paratus. [Divisa]. Nunca desprevenido.
■ Sempre alerta! VIDE: ● Semper paratus.
3651. Nunquam oportet virum sapientem mulieri remittere
frenum. [Henderson, Latin Proverbs / Stevenson 2500]. O
homem ajuizado nunca deve entregar o controle à mulher.
3652. Nunquam parum est quod satis est, nunquam satis est
quod multum. [Sêneca, Epistulae Morales 120]. Nunca é
pouco o que é bastante, nunca é bastante o que é muito.
■ Quanto mais temos, mais queremos.
3653. Nunquam periculum sine periculo vincitur. [Publílio
Siro]. ■ Nunca se vence um perigo sem outro. ■ Quem não
arrisca não petisca.
3654. Nunquam potest non esse virtuti locus. [Sêneca, Medea
161]. Nunca deixa de haver lugar para a coragem.
3655. Nunquam procrastinandum. [Alciato, Emblema 3].
Nunca se deve deixar para depois. ■ Não deixes para amanhã
o que puderes fazer hoje.
3656. Nunquam pudescere, et nihil non audere. [Erasmo,
Moriae Encomium 29]. Nunca se deixar vencer pela
vergonha, e tudo ousar.
3657. Nunquam quam multis, sed qualibus placeas, stude.
[PSa]. Nunca te importes com a quantos tu agradas, mas a
que espécie de gente. VIDE: ● Non quam multis placeas, sed
qualibus stude.
3658. Nunquam quemquam senem audivi oblitum, quo loco
thesaurum obruisset. [Cícero, De Senectute 7]. Nunca
soube de velho que tivesse esquecido onde escondeu seu
tesouro.
3659. Nunquam recte facit, qui cito credit. Nunca age bem
quem confia depressa. ■ Quem crê de ligeiro, água lhe cai no
seio. VIDE: ● Nunquam autem recte faciet qui cito credit.
3660. Nunquam rectum tortile lignum. [Grynaeus 389]. Pau
torto nunca fica reto. ■ Pau que nasce torto nunca se
endireita. ■ Pau que nasce torto, até a cinza é torta. ■ O que o
berço dá, só a cova o tira. VIDE: ● Curvum lignum nunquam
rectum. ● Lignum curvum nunquam rectum. ● Lignum
curvum nunquam fit rectum. ● Lignum incurvum
nunquam rectum. ● Lignum quod tortum haud unquam
vidimus rectum. ● Lignum tortum nunquam fiet rectum.
● Lignum tortum haud unquam rectum. ● Pravum lignum
nunquam rectum. ● Rectum haud fit tortile lignum.
3661. Nunquam retrorsum! [Divisa]. Nunca recuar.
3662. Nunquam sanantur deformis vulnera famae. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 5]. Nunca se curam as feridas
da reputação desonrada.
3663. Nunquam sapiens irascitur. [Cícero, Pro Murena 62]. O
homem sensato nunca se encoleriza.
3664. Nunquam sapiunt stulti, nisi in angustiis. [Maturinus
Corderius, Colloquia Scholastica 1.28]. Os tolos só aprendem
com as dificuldades. ■ O tolo aprende à sua custa, e o
sabido, à custa do tolo.
3665. Nunquam satis discitur. [Sêneca, Epistulae Morales 27].
Nunca se aprende o bastante.
3666. Nunquam satis est, quod improbae spei datur. [PSa].
Nunca se concede bastante a um ambicioso desmesurado.
3667. Nunquam satis pistrinum et mulier ornantur. [DAPR
293]. Moinho e mulher nunca estão suficientemente
enfeitados. ● Nunquam satis navis et mulier ornantur.
Navio e mulher nunca estão bastante enfeitados. VIDE: ● Navis
et mulier nunquam satis ornantur.
3668. Nunquam scelus scelere vindicandum est. [DM 139].
Um crime nunca deve ser vingado por meio de outro. ■ Um
crime não justifica outro. ● Nunquam scelus scelere
vincendum est. Um crime nunca deve ser vencido por meio
de outro. VIDE: ● Non vindicandum scelere scelus.
3669. Nunquam scilla rosam produxerit, aut hyacinthum.
[Apostólio, Paroimiai 15.50]. Cebola nunca produzirá rosa
ou jacinto. ■ Não pode o ulmeiro dar peras. ■ De cobra não
nasce passarinho. VIDE: ● E scilla non nascitur rosa. ● Non
etenim e scilla rosa nascitur, aut hyacinthus.
3670. Nunquam se minus otiosum esse quam cum otiosus,
nec minus solum, quam cum solus esset. [Cícero, De
Officiis 3.1]. Nunca se sentia menos ocioso do que quando
estava ocioso, nem menos solitário do que quando estava
sozinho. VIDE: ● Nunquam sum minus otiosus quam cum
otiosus sum.
3671. Nunquam secura est prava conscientia. [PSa]. A
consciência culpada nunca está tranqüila.
3672. Nunquam seni quidquam viro praestes boni. [Schottus,
Adagia 264]. Nunca faças favor a homem velho. ■ No velho e
no menino o benefício é perdido. VIDE: ● Ne quid beneficii
colloces neque in senem, neque in mulieribus, neque in
puerum malignum, neque in canem cuiuspiam, neque in
garrulum remigem. ● Ne quid unquam in senem beneficii
contuleris. ● Ne quis feminae, puero, cani alterius et
garrulo faciat bene. ● Nec in puerum nec in senem
collocandum esse beneficium.
3673. Nunquam sera est ad bonos mores via. [Robert Greene,
The Palmers Ode 47]. Nunca é tardio o caminho para os bons
costumes. ■ Antes tarde do que nunca. VIDE: ● Non unquam
sera est ad bonos mores via. ● Nulla est sera ad bonos
mores via. ● Sera nunquam est ad bonos mores via.
3674. Nunquam sero, modo bene. [Binder, Thesaurus 2322].
Nunca é tarde, desde que seja bem.
3675. Nunquam simpliciter fortuna indulget. [Quinto Cúrcio,
Historiae 4.14]. A sorte nunca é favorável sem alguma
implicação.
3676. Nunquam sis ex toto otiosus, sed aut legens, aut
scribens, aut orans, aut meditans, aut aliquid utilitatis
pro communi laborans. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.19.18]. Nunca estejas totalmente ocioso, mas ou
lendo, ou escrevendo, ou orando, ou meditando, ou fazendo
alguma coisa de utilidade para todos.
3677. Nunquam sponte legit, mutua qui recipit. [Pereira 96].
Quem recebe empréstimo nunca escolhe. ■ A quem dão, não
escolhe.
3678. Nunquam sum minus otiosus quam cum otiosus sum.
Nunca estou menos ocioso do que quando estou
descansando. VIDE: ● Nunquam se minus otiosum esse quam
cum otiosus, nec minus solum, quam cum solus esset.
3679. Nunquam sumus singuli. [Sêneca, Quaestiones
Naturales 4.2]. Nunca estamos sós.
3680. Nunquam sunt grati qui nocuere sales. [Sêneca /
Vossius, Poeticarum Institutionum 163]. Gracejos que ferem
nunca são agradáveis. ■ Jogo fogoso, jogo perigoso. ■ Burla
com dano não acaba o ano. VIDE: ● Iocus dum optimus,
cessandum. ● Ludus bonus non sit nimius.
3681. Nunquam te fallent animi sub vulpe latentes. [Horácio,
Ars Poetica 437]. Nunca te enganarão os sentimentos que se
escondem sob a pele da raposa. ■ Raposa, cai-lhe o cabelo,
mas nunca deixa de comer galinha.
3682. Nunquam temere tinnit tintinabulum: nisi qui illud
tractat aut movet, mutum est, tacet. [Plauto, Trinummus
969]. Um sino nunca tine ao acaso: se ninguém o empurra ou
move, é mudo, fica calado.
3683. Nunquam temeritas cum sapientia commiscetur.
[Cícero, Pro Marcello 7]. A temeridade nunca se mistura
com a sabedoria.
3684. Nunquam tristis facies sit tibi in commodo alterius.
[DM 90]. Nunca faças cara triste diante da vantagem de
outrem.
3685. Nunquam tuta fides. A confiança não é segura em tempo
nenhum. ■ Confiar desconfiando. VIDE: ● Nusquam tuta
fides.
3686. Nunquam, ubi diu fuit ignis, defecit vapor. [Publílio
Siro]. Nunca faltou fumaça onde houve fogo por muito
tempo. ■ Onde há fumo, há fogo.
3687. Nunquam ulla humilitas ingenium infirmat bonum.
[Accius, Persidae / Branco 726]. Nunca a humildade
desmerece o bom caráter. ■ Pobreza não é vileza.
3688. Nunquam vicini cani benefacito. [Grynaeus 391].
Nunca faças o bem ao cão do vizinho. ■ Quem dá pão a cão
alheio, perde o pão.
3689. Nunquam virtutis molle documentum est. [Sêneca, De
Providentia 4.12]. Nunca é suave o ensinamento da coragem.
3690. Nunquam volui populo placere, nam quae ego scio,
non probat populus, quae probat populus, ego nescio.
[Sêneca, Epistulae Morales 29.10]. Jamais quis agradar ao
povo, pois o que eu sei, o povo não aprova, o que o povo
aprova, eu ignoro. ● Nunquam volui placere vulgo: quid
enim vulgus novit, ego nescio; quae enim scio, vulgus
ignorat. [Albertano da Brescia, Liber de Amore 3.9]. Nunca
quis agradar ao povo, pois o que o povo sabe, eu não sei, e o
que eu sei, o povo ignora.
3691. Nunquamne hos arctissimos laqueos, si solvere
negatur, abrumpam? [Plínio Moço, Epistulae 2.8.2]. Nunca
romperei estes laços apertadíssimos, se me for negado
desfazê-los?
3692. Nuntio nihil imputandum. [Erasmo, Adagia 5.2.1]. O
mensageiro não deve ser acusado de nada. ■ Portador não
merece pancada. ■ Moço de recado não merece castigo. VIDE:
● Legatus haud violatur, haudque caeditur. ● Legatus nec
cogitur nec violatur. ● Legatus nec violatur nec laeditur.
● Legatus non caeditur, neque violatur. ● Legatus non
laeditur, nec violatur. ● Orator nec percutitur, nec
violatur. ● Sanctum per saecula nomen legatus.
3693. Nuntio vobis gaudium maximum: habemus Papam!
[Do ritual da eleição do Papa]. Eu vos anuncio uma grande
alegria: já temos Papa. VIDE: ● Habemus Papam. ● Habemus
Pontificem.
3694. Nuntium amoris. Uma mensagem de amor.
3695. Nuntium radiophonicum. [Latim moderno]. Uma
mensagem radiofônica.
3696. Nuntius est res magna bonus. [Schottus, Adagia 294].
Uma boa nova é coisa valiosa. VIDE: ● Magna res est nuntius
bonus.
3697. Nuptias frugaliter celebra. [Quílon / Rezende 4480].
Festeja o casamento sobriamente.
3698. Nuptias non concubitus, sed consensus facit. [Digesta
35.1.15; 50.17.30]. Não é coabitação, mas a concordância
que legitima o casamento. VIDE: ● Consensus, non
concubitus, facit nuptias.
3699. Nusquam est qui ubique est. [Sêneca, Epistulae Morales
2.2]. Quem está em toda parte não está em lugar nenhum.
■ Pedra que rola não cria limo. VIDE: ● Nusquam habitat qui
ubique habitat. ● Quisquis ubique habitat nusquam
habitat.
3700. Nusquam et nunquam excusatur quod Deus damnat,
nusquam et nunquam licet quod semper et ubique non
licet. [Tertuliano, De Spectaculis 20.5]. O que Deus condena
não é permitido em lugar nenhum e em tempo nenhum; em
lugar nenhum e em tempo nenhum é permitido o que é
proibido sempre e em toda parte.
3701. Nusquam facilius culpa quam in turba latet. [Publílio
Siro]. Em nenhum lugar se esconde com mais facilidade o
mal-feito do que na multidão.
3702. Nusquam habitat qui ubique habitat. [Binder,
Thesaurus 2324]. Quem mora em toda parte não mora em
parte alguma. VIDE: ● Nusquam est qui ubique est.
● Quisquis ubique habitat nusquam habitat.
3703. Nusquam imperium, nusquam obsequium. [Plínio
Moço, Epistulae 8.14.7]. Em lugar nenhum havia comando,
em lugar nenhum obediência.
3704. Nusquam libertas tam necessaria quam in
matrimonio. [Busarello 99]. Em lugar nenhum a liberdade é
tão necessária como no casamento.
3705. Nusquam melius morimur homines, quam ubi libenter
viximus. [Publílio Siro]. Em nenhum lugar morremos melhor
do que naquele em que vivemos com prazer.
3706. Nusquam minus quam in bello eventus respondet.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.30.3]. Em nenhuma ocasião
se pode contar menos com o acaso do que na guerra. ■ A
guerra, sabe-se como começa, não se sabe como termina.
VIDE: ● Anceps belli casus. ● Armorum exitus semper
incerti, et timendi. ● Belli exitus incertus. ● Bellorum
exitus incerti. ● Eventus belli varii. ● Fortuna belli fluxa.
● Mars dubius. ● Varius et dubius est belli eventus.
3707. Nusquam nec opera sine emolumento, nec
emolumentum ferme sine impensa opera est. [Tito Lívio,
Ab Urbe Condita 5.4]. Em lugar nenhum há trabalho sem
ganho, nem ganho sem muito trabalho. ■ Tal trabalho, tal
salário. VIDE: ● Hostimentum est opera pro pecunia. ● Par
pari datum hostimentum est, opera pro pecunia.
3708. Nusquam tuta fides. [Virgílio, Eneida 4.373]. A
confiança não é segura em lugar nenhum. ■ Confiar
desconfiando. VIDE: ● Nunquam tuta fides.
3709. Nutrimentum spiritus. [Inscrição na Biblioteca Real de
Belim / Rezende 4484]. O alimento do espírito.
● Nutrimentum spiritus liber. O livro é o alimento do
espírito. VIDE: ● Medicina animi. ● Medicina animi libri.
3710. Nutrio et exstinguo. [Divisa / Rezende 4485]. Eu
alimento (o fogo) e extingo.
3711. Nutrit et accipiter pullos suos. [Schrevelius 1183]. Até o
gavião alimenta seus filhotes.
3712. Nutritur vento, vento restinguitur ignis; lenis alit
flammas, grandior aura necat. [Ovídio, Remedium Amoris
807]. O fogo se alimenta do vento e se extingue com o vento;
o vento suave alimenta as chamas, o sopro mais forte mata-
as.
3713. Nutrix curarum nox. A noite alimenta os cuidados. VIDE:
● Curarum maxima nutrix nox. ● Nox nutrix curarum.
3714. Nutrix Discordia belli. [Claudiano, In Rufinum 1.30]. A
deusa Discórdia alimenta a guerra.
3715. Nutus significatio est voluntatis. O gesto feito com a
cabeça é a expressão de uma vontade.
3716. Nux cassa. [Horácio, Satirae 2.5.36]. Uma noz vazia.
(=Uma coisa sem valor).
3717. Nux, asinus, campana, piger, si verbera cessent, hic
cubat, illa sillet, hic stat, et illa manet. Nux, asinus,
campana, piger, si verbera cogant, hic studet, illa sonat,
hic it, et illa cadet. [Stevenson 2558]. A noz, o burro, o sino,
o preguiçoso, se as pancadas cessam, este fica deitado,
aquele silencia, aquela fica pendurada, o outro pára; mas, se
as pancadas obrigam, o preguiçoso trabalha, o sino toca, o
burro anda e a noz cai.
3718. Nux, asinus, campana, piger, sine verbere cessant:
haec dura, his tardus, haec tacet, ille iacet. Sed simul ac
plagam ferri sensere, vel ulmi, haec cadit, hic pergit, haec
sonat, ille studet. [Bernardes, Nova Floresta 4.126]. A noz,
o burro, o sino, o preguiçoso, sem pancada param: aquela,
fechada, este, vagaroso, aquele cala, este fica parado. Mas,
assim que sentem a pancada, ou do ferro ou da vara, aquela
cai, este avança, aquele soa, este estuda.
3719. Nux, equus, piger verbere opus habent. A noz, o cavalo
e o preguiçoso precisam de pancada.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

O
1. O altitudo! Ó profundeza! (=Citam-se essas palavras a
propósito de um mistério insondável). ● O altitudo
divitiarum sapientiae, et scientiae Dei: quam
incomprehensibilia sunt iudicia eius, et investigabiles viae
eius! [Vulgata, Romanos 11.33]. Ó profundidade das
riquezas da sabedoria e da ciência de Deus! Quão
incompreensíveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os
seus caminhos!
2. O amoris vim! Ó força do amor!
3. O beata sanitas! te praesente amoenum ver floret gratiis;
absque te nemo beatus. [Robert Burton, The Anatomy of
Melancholy]. Ó bendita saúde! Contigo a amena primavera
floresce com suas belezas; sem ti, ninguém é feliz.
4. O beata solitudo, o sola beatitudo! [Divisa de S.Bernardo
de Clairvaux]. Ó abençoada solidão, ó única bem-
aventurança! VIDE: ● O solitudo, sola beatitudo!
5. O caecitatem mentis humanae! [Erasmo, Chiliades
Proverbiorum, Dulce Bellum]. Ó cegueira do espírito
humano!
6. O causidici, venale genus! [Sêneca, Apocolocyntosis 12]. Ó
causídicos, raça venal!
7. O cives, cives, quaerenda pecunia primum est: virtus post
nummos! [Horácio, Epistulae 1.1.53]. Ó cidadãos, cidadãos,
deve-se primeiro buscar o dinheiro: a virtude vem depois do
dinheiro! VIDE: ● Virtus post nummos. ● Virtus post
nummos, quaerenda pecunia primum.
8. O crux, ave, spes unica! [Inscrição em moeda inglesa].
Salve, ó cruz, nossa única esperança! VIDE: ● Crux spes
unica.
9. O Cupido, quantus es! [Plauto, Mercator 846]. Ó Cupido,
como és poderoso!
10. O curas hominum! O quantum est in rebus inane!
[Pérsio, Satirae 1.1]. Oh! cuidados do homem! Oh! quanta
futilidade há nas coisas humanas!
11. O di, reddite mi hoc pro pietate mea. [Catulo, Carmina
76.26]. Ó deuses, concedei-me isso em troca de minha
devoção.
12. O di, si vestrum est misereri, me miserum aspicite.
[Catulo, Carmina 76.17]. Ó deuses, se vós sois capazes de ter
compaixão, olhai este sofredor.
13. O diem laetum, notandumque mihi candidissimo
calculo! [Plínio Moço, Epistulae 6.11.3]. Ó dia feliz, que
merece ser marcado por mim com uma pedra muito branca!
14. O dii immortales! [Cícero, In Catilinam 1.4]. Ó deuses
imortais!
15. O dives, dives, non omni tempore vives! [Eiselein 526]. Ó
rico, ó rico, não viverás sempre! ■ T anto morre o papa como
quem não tem capa.
16. O dulce otium, honestumque, ac paene omni negotio
pulchrius. [Plínio Moço, Epistulae 1.9.6]. Ó doce e honesto
ócio! mais belo, talvez, do que toda atividade.
17. O dulce tormentum, ubi reprimitur gaudium! [Publílio
Siro]. Como é doce o sofrimento quando o prazer é
retardado! ■ O melhor da festa é esperar por ela.
18. O dulces comitum valete coetus. [Catulo, Carmina 46.9].
Adeus, ó doces reuniões de amigos. VIDE: ● Coetus dulces,
valete.
19. O durum iter! Que caminho difícil!
20. O facunde senex, aevi prudentia nostri! [Ovídio,
Metamorphoses 12.178]. Ó eloqüente ancião, prudência de
nosso tempo!
21. O fallacem hominum spem! [Cícero, De Oratore 3.2]. Oh!
como é enganadora a esperança dos homens! ■ Q uem espera
desespera.
22. O fallax amor! [Sêneca, Hippolytus 633]. Ó pérfido amor!
23. O fallax rerum copia! [VES 92]. Ó enganadora
abundância!
24. O fama ingens, ingentior armis. [Virgílio, Eneida 11.124].
Que prestígio enorme, maior do que as armas.
25. O felix culpa, quae talem ac tantum meruit habere
redemptorem! [S.Agostinho / Bernardes, Nova Floresta
2.61]. Ó erro abençoado, que mereceu ter tal e tão grande
redentor! (=O autor se refere ao pecado original).
26. O felix hominum genus, si vestros animos amor quo
caelum regitur regat! [Boécio, De Consolatione
Philosophiae, Metrum 2.8.28]. Como serás feliz, ó raça
humana, se governar teu coração o amor por que se governa
o céu!
27. O feros animos! [RH 4.12]. Ó corações selvagens!
28. O fili care, noli nimis alte volare. [Werner / Sweet 263]. Ó
filho querido, não voes alto demais. (=Segundo a mitologia
grega, palavras de Dédalo ao filho Ícaro, quando voavam
com asas fixadas com cera). ■ N ão estendas as pernas além
do cobertor. ■ N ão vás com muita sede ao pote. VIDE: ● Noli
nimis alte volare.
29. O filii et filiae! Ó filhos e filhas!
30. O formose puer, nimium ne crede colori. [Virgílio,
Eclogae 2.17]. Ó belo rapaz, não confies demais na cor. VIDE:
● Nimium ne crede colori.
31. O formosum spectaculum! [Sêneca, De Ira 5.4]. Que belo
espetáculo!
32. O fortuna, nunquam perpetua es data! [Terêncio, Hecyra
405]. Ó sorte, nunca és dada para sempre!
33. O fortuna, ut nunquam perpetuo es bona! [Terêncio,
Hecyra 406]. Ó sorte, como nunca és boa para sempre!
34. O fortuna viris invida fortibus, quam non aequa bonis
praemia dividis! [Sêneca, Hercules Furens 524]. Ó sorte, tu
que invejas os homens valentes, como distribuis injustamente
tuas recompensas aos homens de bem!
35. O fortunatam rempublicam! [Cícero, In Catilinam 2.7]. Ó
nação afortunada!
36. O fortunatissimi parentes! [Salvador Fernandes / Ramalho
100]. Ó pais muito afortunados!
37. O fortunatos nimium, sua si bona norint, agricolas.
[Virgílio, Georgica 2.458]. Ó afortunadíssimos agricultores,
se conhecessem os bens que têm. VIDE: ● Non est beatus, esse
qui se nesciat. ● Non est beatus ipse qui se nesciat.
38. O generatio incredula. [Vulgata, Marcos 9.19]. Ó geração
incrédula.
39. O gens infortunata! cui morti reservat te fortuna! Ó raça
infeliz! A que morte a sorte te reserva! VIDE: ● Infelix! cui te
exitio fortuna reservat!
40. O hebetudo et duritia cordis humani, quod solum
praesentia meditatur, et futura non magis praevidet!
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.23.1]. Ó
estupidez e dureza do coração humano, que só medita no
presente, e não prevê o futuro!
41. O hominem mille mortibus dignum! [Sêneca, De
Clementia 1.18.2]. Ó homem digno de mil mortes!
42. O hominem miserandum! Pobre homem!
43. O hominem nequam! [Cícero, Philippica 2.77]. Que
homem desprezível!
44. O hominis impudentem audaciam! [Terêncio, Heauton
Timorumenos 313]. Ó despudorada audácia do homem!
45. O imitatores, servum pecus! [Horácio, Epistulae 1.19.19].
Ó imitadores, rebanho servil!
46. O invisibilis Conditor mundi, Deus! [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 4.1.5]. Ó Deus, invisível Criador do
mundo!
47. O Iuppiter! ubinam est fides? [Terêncio, Heauton
Timorumenos 256]. Ó Júpiter! Onde está a lealdade?
48. O Iuppiter, tantam esse in animo inscitiam? [Terêncio,
Heauton Timorumenos 631]. Ó Júpiter, pode haver tão
grande tolice numa cabeça?
49. O laborum dulce lenimen medicumque. [Horácio,
Carmina 1.32.14]. Ó doce consolo e remédio dos
sofrimentos.
50. O licentiam iocularem! [Cícero, De Fato 15]. Oh! que
audácia divertida!
51. O longum memoranda dies! [Estácio, Silvae 1.3.13]. Ó
dia inesquecível!
52. O luce magis dilecta sorori! [Virgílio, Eneida 4.31]. Ó tu,
que para tua irmã és mais querida que a luz!
53. O machinator fraudis, o scelerum artifex! [Sêneca,
Troades 751]. Ó maquinador de fraudes, o artesão de crimes!
54. O magna vis veritatis, quae contra hominum ingenia,
calliditatem, sollertiam contraque fictas omnium insidias
facile se per se ipsam defendat! [Cícero, Pro Caelio 26.63].
Ó força poderosa da verdade, que se defende facilmente por
si mesma das invenções dos homens, da astúcia, da
habilidade, e das armadilhas inventadas por todos!
55. O magne Olympi rector et mundi artifex! Ó grande
governador do Olimpo e criador do mundo! ● O magne
Olympi rector et mundi arbiter. [Sêneca, Hercules Furens
205]. Ó grande governador do Olimpo e juiz do mundo.
56. O magnos viros, qui fortunae succumbere nesciunt et
adversas res suae virtutis experimenta faciunt! [Sêneca
Retórico, Controversiae 4.6]. Que grandes homens, esses que
não sabem dobrar-se à sorte e fazem da adversidade a prova
de seu valor!
57. O malum summum et acutissimum telum diaboli
mulier! [S.João Crisóstomo, Homilia 14 / Rezende 4566].
Oh! a mulher é o mal supremo e a mais aguda arma do
diabo!
58. O me felicem! O nox mihi candida! [Propércio, Elegiae
2.15.1]. Oh! Como sou feliz! Oh! Que noite de sorte!
59. O meae spes inanes! [Quintiliano, Institutio Oratoria
6.1.12]. Ó minhas vãs esperanças!
60. O mentes amentes! [S.Agostinho, De Civitate Dei 1.33.1].
Oh! que cabeças sem juízo!
61. O mihi praeteritos referat si Iuppiter annos! [Virgílio,
Eneida 8.560]. Oh! Se Júpiter me trouxesse de volta os anos
que se passaram!
62. O mirabilem sapientiam! [S.Agostinho, De Civitate Dei
8.21]. Oh! Que admirável sabedoria!
63. O mirum gaudium! [Salvador Fernandes / Ramalho 102].
Oh! que alegria de pasmar!
64. O miseras hominum mentes, o pectora caeca! [Lucrécio,
De Rerum Natura 2.14]. Ó espíritos vãos dos homens, ó
corações cegos! VIDE: ● O vanae hominum mentes, o
pectora caeca! ● O stultas hominum mentes, o pectora
caeca!
65. O mors amoris unum sedamen mali, o mors pudoris
maximum laesi decus, confugimus ad te. [Sêneca,
Hippolytus 1188]. Ó morte, único alívio do amor infeliz, ó
morte, único alívio da honra ultrajada, nós nos refugiamos
em ti.
66. O mors, bonum est iudicium tuum homini indigenti, et
qui minoratur viribus, defecto aetate, et cui de omnibus
cura est, et incredibili, qui perdit patientiam! [Vulgata,
Eclesiástico 41.3-4]. Ó morte, que doce é a tua sentença para
um homem necessitado, e que se acha falto de forças, para o
de idade já decrépita, e para o que está cheio de cuidados, e
para o que se vê sem esperança, e a quem falta a paciência!
67. O mors, cur mihi sera venis? [Propércio, Elegiae 2.13.50].
Ó morte, por que demoras tanto?
68. O mors, quam amara est memoria tua homini pacem
habenti in substantiis suis. [Vulgata, Eclesiástico 41.1]. Ó
morte, quão amarga é a tua memória para um homem que
tem paz no meio das suas riquezas.
69. O mortalia nunquam gaudia plena satis! nunquam
secura voluptas! [Jerônimo Vida]. Ó prazeres mortais nunca
suficientes! prazeres nunca livres de inquietações!
70. O necessitas abiecta nascendi, vivendi misera, dura
moriendi. [Sidônio Apolinário, Epistulae 8.11.4]. Ó
necessidade abjecta de nascer, miserável de viver e cruel de
morrer.
71. O nimium miserabilem errorem! [S.Agostinho, De
Civitate Dei 1.3]. Que erro lamentável!
72. O noctem illam memorabilem! Que noite memorável!
73. O nomen dulce libertatis! [Cícero, In Verrem 2.5.163]. Ó
doce nome da liberdade!
74. O nulla longi temporis felicitas! [Sêneca, Agamemnon
928]. Ó felicidade efêmera!
75. O nummi, vobis hunc praestat honorem. [Juvenal, Satirae
5.136]. Ó dinheiro, a ti se presta esta homenagem.
76. O nuntios tardos! o somniculosa diplomata! [Tertuliano,
Apologeticus 25.2]. Ó mensageiros vagarosos! Ó serviço
postal sonolento!
77. O passi graviora, dabit deus his quoque finem. [Virgílio,
Eneida 1.199]. Ó vós, que suportartes coisas piores, o deus
dará fim também a essas coisas. VIDE: ● Dabit deus his
quoque finem.
78. O pessimum periclum, quod opertum latet! [Publílio
Siro]. Como é terrível o perigo que está escondido!
79. O praeclaram sapientiam! [Cícero, De Amicitia 13]. Oh!
Que inteligência brilhante!
80. O praeclarum custodem ovium lupum! [Cícero,
Philippica 3.27]. Ó lobo, ilustre guardião das ovelhas!
81. O pueriles ineptias! [Sêneca, Epistulae Morales 48.7]. Oh!
que infantilidades!
82. O quae mutatio rerum! Oh! Como mudam as coisas!
83. O quale caput, et cerebrum non habet! [Esopo /
Apostólio, Paroimiai 21.14]. O que bela cabeça, mas não têm
cérebro! (=Trata-se de uma máscara). VIDE: ● O quanta
species... cerebrum non habet! ● O sine voce genas, o sine
mente caput!
84. O quam bonum tempus in re mala perdis! [Sêneca, De
Ira 3.28.1]. Oh! quanto tempo bom perdes em assunto mau!
VIDE: ● Quam bonum tempus in re mala perdis!
85. O quam cito transit gloria mundi! [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.3.30]. Oh! como passa rápida a glória
mundana! VIDE: ● Sic transit gloria mundi. ● Ut flatus venti,
sic transit gloria mundi. ● Ut stuppae flamma, sic transit
gloria mundi.
86. O quam dura premit miseros condicio vitae!
[Maximiano, Elegiae 1]. Oh! que dura condição de vida
oprime os desgraçados!
87. O quam mirum est nescire mori! [Sêneca, Agamemnon
610]. Oh! Como é triste não saber morrer!
88. O quam saepe e malis generatur origo bonorum! [Rutílio
Namaciano, De Reditu Suo 1.491]. Quantas vezes do
infortúnio nasce a fonte da felicidade!
89. O quam varia sunt hominum studia! Oh! Como são
variados os interesses dos homens! ■ C ada um tem seus
gostos. VIDE: ● Diversa sunt hominum studia.
90. O quanta est veterum blasphemia grammaticorum, qui
declinandum nos docuere Deum! [John Owen,
Epigrammata 7.107]. Oh! como é grande a blasfêmia dos
velhos gramáticos, que nos ensinaram que Deus deve ser
declinado! (=O poeta joga com os significados do verbo
declinare, que tanto pode ser usado em gramática, com o
significado de declinar, isto é, flexionar substantivos,
adjetivos e pronomes, como pode significar afastar, desviar).
91. O quanta fragilitas humana, quae semper prona est ad
vitia! [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.22.30].
Oh! como é grande a fragilidade humana, sempre inclinada
ao pecado!
92. O quanta fuit tua stultitia! Como foi grande a tua
insensatez!
93. O quanta species... cerebrum non habet! [Fedro, Fabulae
1.7.2]. Oh! Que beleza... mas não tem cérebro! (=Trata-se de
uma máscara). VIDE: ● O quale caput, et cerebrum non
habet! ● O sine voce genas, o sine mente caput!
94. O quanto priscis sunt nova grata magis! [Binder,
Thesaurus 2331]. Oh! Como as coisas novas são mais
queridas que as antigas!
95. O quantum cogit egestas! [Marcial, Epigrammata
11.87.3]. A quanta coisa obriga a necessidade!
96. O quantum eruditorum aut modestia ipsorum aut quies
operit ac subtrahit famae! [Plínio Moço, Epistulae 7.25.1].
Oh! quantos homens cultos foram escondidos e roubados à
glória pela própria modéstia ou pelo amor à tranqüilidade!
97. O quantum per se candida forma valet! [Propércio,
Elegiae 2.29]. Oh! quanto vale por si mesma uma beleza
pura!
98. O quid solutis est beatius curis? [Catulo, Carmina 31.7].
Que coisa mais feliz há do que viver sem cuidados?
99. O rectam sinceramque vitam! [Plínio Moço, Epistulae
1.9.6]. Ó vida honesta e pura!
100. O rus, quando ego te aspiciam? [Horácio, Satirae
2.6.60]. Ó campo, quando tornarei a ver-te?
101. O saeclum insipiens et inficetum! [Catulo, Carmina
43.8]. Ó século ignorante e sem graça!
102. O saeculum! O litterae! Iuvat vivere. Vigent studia,
florent ingenia. [Ulrich von Hutten]. Ó tempos! Ó cultura!
Dá prazer viver. Prosperam os estudos, florescem os talentos.
103. O saevum scelus! [Sêneca, Thyestes 743]. Ó crime
desumano!
104. O sancta simplicitas! Ó santa credulidade! (=Exclamação
que teria sido proferida por João Huss, ao ver uma velhinha
colocar um galho na fogueira onde ele ardia).
105. O semper timidum scelus! [Estácio, Thebaida 2.490].
Oh! o crime é sempre medroso!
106. O si sic omnes! Oh! se todos fossem assim!
107. O si sic omnia! [Rezende 4722]. Oh! se tudo fosse assim!
108. O si simplicior essem in mente, in corde, in ore, in
opere, maiore utique fruerer pace, maiorem gustarem
laetitiam! Oh! Se eu fosse mais simples na mente, no
coração, na boca, nas obras, gozaria de maior paz, de maior
alegria!
109. O sine voce genas, o sine mente caput! [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 34.4]. Ó rosto sem voz, ó
cabeça sem cérebro! VIDE: ● O quale caput, et cerebrum non
habet! ● O quanta species... cerebrum non habet!
110. O solitudo, sola beatitudo! Ó solidão, única felicidade!
VIDE: ● O beata solitudo, o sola beatitudo!
111. O sortem acerbam! [Sêneca, Hercules Oetaeus 838]. Ó
sorte cruel!
112. O spes amantum credula! O fallax amor! [Sêneca,
Hippolytus 634]. Ó crédula esperança dos enamorados! Ó
pérfido amor!
113. O stultas hominum mentes, o pectora caeca! [Lactâncio
/ Grynaeus, Adagia 627]. Ó espíritos vãos dos homens, ó
corações cegos! VIDE: ● O miseras hominum mentes, o
pectora caeca! ● O vanae hominum mentes, o pectora
caeca!
114. O summe parens mundi, Neptune! [Lucano, Bellum
Civile 4.110]. Ó Netuno, supremo pai do mundo!
115. O tacitum tormentum animi conscientia! [Publílio Siro].
Ó remorso, és um tormento silencioso!
116. O te beatum! [Plínio Moço, Epistulae 8.13]. Como és
feliz!
117. O tempora! O mores! [Cícero, In Catilinam 1.2]. Ó
tempos! Ó costumes! (=Traduzido jocosamente por Ó tempo
de amoras!)
118. O tempora tetra, quibus non boves sed asini arant!
[Salvador Fernandes / Ramalho 98]. Ó tempos negros, em
que lavram burros e não bois!
119. O ter beata civitas! Ó cidade três vezes feliz!
120. O terque quaterque beati, quis ante ora patrum, Troiae
sub moenibus altis contigit oppetere! [Virgílio, Eneida
1.94]. Oh! foram três e quatro vezes felizes aqueles que
tiveram a oportunidade de morrer sob os olhos de seus pais
ao pé das altas muralhas de Tróia!
121. O Tite, tute, Tatei, tibi tanta, tyranne, tulisti! [Ênio /
RH 4.18]. Ó imperador Tito Tácio, quanta coisa suportaste!
122. O ubi campi! [Virgílio, Georgica 2.486]. Oh! Onde estão
os campos?
123. O urbem venalem, et cito perituram, si emptorem
invenerit! [Salústio, Bellum Iugurthinum 35.10]. Oh! que
cidade venal, e pronta para cair, se encontrasse um
comprador!
124. O utinam! Quem me dera!
125. O vanae hominum mentes, o pectora caeca! [Lucrécio,
De Natura Rerum 2.14]. Ó espíritos vãos dos homens, ó
corações cegos! VIDE: ● O miseras hominum mentes, o
pectora caeca! ● O stultas hominum mentes, o pectora
caeca!
126. O vane pudor, falsumque decus! [Sêneca, Hippolytus
987]. Ó vão pudor! Ó glória falsa!
127. O virtutis comes invidia! [RH 4.36]. Ó inveja,
companheira do valor!
128. O vita misero longa, felici brevis! [Publílio Siro]. Ó vida,
para o infeliz és longa; para o afortunado, curta! ● O vitam
misero longam, felici brevem!
129. O vitae philosophia dux, o virtutis indagatrix expultrix
vitiorum! [Cícero, Tusculanae Disputationes 5.5]. Ó
filosofia, guia da vida, investigadora da virtude e
perseguidora dos vícios!
130. O vos omnes qui transitis per viam, attendite, et videte
si est dolor sicut dolor meus! [Vulgata, Lamentações 1.12].
Ó vós, todos os que passais pelo caminho, atendei, e vede se
há dor semelhante à minha dor!
131. Ob maritorum culpas uxores inquietari leges vetant.
[Codex Iustiniani 4.12.2]. As leis proíbem que as mulheres
sejam perturbadas por causa dos crimes dos maridos.
132. Ob textoris peccatum coquus vapulavit. Pelo erro do
tecelão foi açoitado o cozinheiro. ■ P elo mal do ferreiro
matam o carpinteiro. ■ P aga o justo pelo pecador. ● Ob
textoris erratum coquus vapulavit. [Binder, Thesaurus
2333]. ● Ob textoris erratum sartor vapulavit. [Eiselein 8].
Pelo erro do tecelão foi açoitado o agricultor. VIDE: ● Alius
peccat, alius plectitur. ● Canis peccatum sus dependit.
● Faber cadit cum ferias fullonem. ● Fabrum caedere cum
ferias fullonem. ● Innocentes pro nocentibus poenas
pendunt. ● Quicquid coquus peccaverit, tibicen accipere
solet plagas. ● Quod peccant sontes, insontes saepe
luerunt. ● Quod peccant sontes, insontes saepe tulerunt.
● Quod sus peccavit, succula saepe luit. ● Tibicen vapulat,
coquo peccante.
133. Ob unum punctum cecidit Martinus asellum.
[Stevenson 934]. ■ P or um ponto, Martinho perdeu seu
burro. ■ P or um ponto perdeu o diabo o mundo. ■ P or um
cravo se perde o cavalo. ● Ob unum punctum perdit
Martinus asellum. VIDE: ● Pro solo puncto caruit Martinus
asello. ● Uno pro puncto caruit Martinus asello.
134. Obcaecat mentem passio. ■ P aixão cega a mente. ● %A
paixão é má conselheira.
135. Obest plerumque iis qui discere volunt auctoritas
eorum qui docent. [Cícero, De Natura Deorum 1.10]. A
autoridade dos que ensinam na maioria das vezes prejudica
aqueles que querem aprender.
136. Obicere canibus agnos. [Grynaeus 207; Erasmo, Adagia
2.9.73]. Oferecer os cordeiros aos cães. VIDE: ● Canibus
agnos obicere.
137. Obiectum controversiae. O objeto da controvérsia.
138. Obiectum iudicii. [Jur]. A matéria em julgamento. VIDE:
● Materia iudicii.
139. Obiit. Morreu. (=Usado em túmulos, seguido da data do
óbito).
140. Obiit sine prole. Faleceu sem deixar filhos.
141. Obiter dictum. [Black 1276]. Coisa dita ocasionalmente.
■ A propósito.
142. Obiter scripta. [George Santayana, título de livro]. Coisas
escritas de passagem.
143. Obiurgari in calamitate gravius est quam calamitas.
[Publílio Siro]. Ser censurado no insucesso é pior que o
próprio insucesso.
144. Obiurgationes nonnunquam incident necessariae.
[Cícero, De Officiis 1.38]. Algumas vezes as repreensões se
tornam necessárias.
145. Obiurgationi semper blanditiae aliquid admisce.
[Publílio Siro]. À tua censura junta sempre um pouco de
ternura.
146. Oblata arripe. Pega o que te foi oferecido. ■ Q uando te
derem a vaca, vem logo com a corda. VIDE: ● Quod datur,
accipimus. ● Saccus adaptetur, porcellus cum tibi detur.
147. Oblata occasione, vel iustus peccat. Quando a ocasião se
oferece, até o justo peca. ■ D iante da arca aberta, o justo
peca. ■ A rca aberta, o justo peca. ■ P orta aberta, o justo
peca. ■ A ocasião faz o ladrão. ● Oblata occasione, vel
iustus perit. [Pereira 111]. Quando a ocasião se oferece, até
o justo cai. VIDE: ● Occasio facit furem. ● Occasio furem
facit. ● Occasio furtum facit; fur nascitur. ● Occasiones
solent aditus aperire peccatis. ● Praetextu solum eget
improbitas.
148. Oblata occasione utendum. Quando a oportunidade se
oferece, deve-se aproveitar. ■ A panha a ocasião por um
cabelo. ● Oblatam occasionem arripe. [DAPR 82]. Agarra a
oportunidade que se oferece. VIDE: ● Noli oblatam
occasionem praetermittere. ● Occasio capienda est.
● Occasionem arripe. ● Prospera sors volucri praecipienda
manu.
149. Obligatio dandi. [Jur]. A obrigação de dar.
150. Obligatio est iuris vinculum, quo necessitate
adstringimur alicuius solvendae rei, secundum nostrae
civitatis iura. [Institutiones 3.13]. A obrigação é o vínculo
de direito por imposição do qual somos obrigados a pagar
alguma coisa, de acordo com as leis de nosso país.
● Obligatio est iuris vinculum, quo necessitate
adstringimur ad aliquid dandum, vel faciendum, vel
praestandum. A obrigação é o vínculo de direito por
imposição do qual somos obrigados a dar, fazer ou pagar
alguma coisa.
151. Obligatio est mater actionis. [Jur]. A obrigação é a mãe
do processo.
152. Obligatio faciendi. [Jur]. A obrigação de fazer.
153. Obligatio impossibilium nulla est. [Jur]. A obrigação de
coisas impossíveis é nula. ■ N inguém é obrigado a fazer o
impossível. ■ Q uem promete o que não pode a cumprir não
está obrigado. VIDE: ● Ad impossibile nemo obligatur. ● Ad
impossibile nemo tenetur. ● Ad impossibilia nemo tenetur.
● Impossibilium nulla obligatio est. ● Impotentia excusat
legem. ● Lex non cogit ad impossibilia. ● Lex neminem
cogit ad impossibile. ● Lex neminem cogit ad impossibilia.
● Nemo ad impossibile tenetur. ● Nemo ad impossibilia
tenetur. ● Nemo potest ad impossibile obligari. ● Ultra
posse nemo obligatur. ● Ultra posse suum nullum lex iusta
cöegit. ● Ultra posse suum profecto nemo tenetur. ● Ultra
vires nemo tenetur.
154. Obligatio omnis solutione eius quo debetur tollitur. [Jur
/ Rezende 4495]. Qualquer obrigação extingue-se pelo
pagamento do débito. VIDE: ● Solutione eius quod debetur,
tollitur omnis obligatio.
155. Obligatio reparandi damna. [Jur]. Obrigação de reparar
danos.
156. Obligatio restituendi bona illegitime acquisita. [Jur].
Obrigação de restituir bens ilegitimamente adquiridos.
157. Obligatio ultro citroque. [Jur]. Obrigação recíproca.
Compromisso recíproco.
158. Oblitus es caeno, sed non oblitus honoris. [Jogo de
palavras]. Estás coberto de lama, mas não esqueceste a
honra.
159. Oblivio signum neglegentiae. [Jur]. O esquecimento é
sinal de negligência.
160. Oblivisci suorum, ac memoriam cum corporibus
efferre, inhumani animi est. [Sêneca, Epistulae Morales
99]. Esquecer-se dos seus, e sepultar a sua memória com os
corpos é desumano.
161. Oboedire oportet Deo magis quam hominibus. [Vulgata,
Atos 5.29]. Deve-se obedecer mais a Deus do que aos
homens.
162. Oboedite praepositis vestris et subiacete eis. [Vulgata,
Hebreus 13.17]. Obedecei a vossos superiores e sede-lhes
sujeitos. VIDE: ● Oboedite praepositis vestris etiam dyscolis.
● Servi, subditi in omni timore dominis, non tantum bonis
et modestis, sed etiam dyscolis.
163. Oboedite praepositis vestris etiam dyscolis. [Rezende
4492]. Obedecei a vossos superiores, mesmo que sejam
impertinentes. VIDE: ● Oboedite praepositis vestris et
subiacete eis. ● Servi, subditi in omni timore dominis, non
tantum bonis et modestis, sed etiam dyscolis.
164. Obolis quattuor non emam. [Pereira 111]. Não darei por
isso nem quatro vinténs. ■ N ão vale um vintém furado. ■ N ão
darei por isso um figo podre. VIDE: ● Vitiosa nuce non
emam.
165. Obrepsit non intellecta senectus. [Ausônio, Epigrammata
34.3]. A velhice aproximou-se sem ser percebida.
166. Obscena pecunia. [Juvenal, Satirae 6.298]. Dinheiro sujo.
167. Obscuratur et offunditur luce solis lumen lucernae.
[Cícero, De Finibus 3.45]. A chama da lâmpada perde a
claridade e é ofuscada pela luz do sol.
168. Obscure dictum habetur pro non dicto. [Jur]. O que foi
dito em termos obscuros tem-se por não dito.
169. Obscurum Deo nihil potest esse. [Grynaeus 581]. Para
Deus nada pode ser incompreensível. ■ A Deus nada se
esconde.
170. Obscurum per obscurius. [Rezende 4501]. (Explicar) o
obscuro pelo mais obscuro. ● Obscurum per obscurius,
ignotum per ignotius. (Explicar) o obscuro pelo mais
obscuro, o desconhecido pelo mais desconhecido. VIDE:
● Ignotum per ignotius.
171. Obscurum vestis contegit ampla genus. [Pereira 99]. Boa
roupa esconde origem obscura. ■ C om bom traje se encobre
ruim linhagem. ■ B om traje encobre ruim linhagem. VIDE:
● Vestis virum facit. ● Vestis virum reddit. ● Vir bene
vestitus pro vestibus videtur peritus.
172. Obsequitur denti superambula lingua dolenti. [DAPR
397]. A língua andarilha vai onde dói o dente. ■ A língua
bate onde dói o dente. ■ L á vai a língua onde grita o dente.
VIDE: ● Ubi dolet, ibi manus adhibemus.
173. Obsequia Fortunae. [Quinto Cúrcio, Historiae 8.4]. Os
favores da deusa Fortuna.
174. Obsequio mitigantur imperia. [Quinto Curcio, Historiae
8.8]. Com favores, abrandam-se os governos.
175. Obsequio plurima vincit amor. [Tibulo, Elegiae 1.4]. O
amor consegue muitas coisas pela condescendência.
176. Obsequio retinentur amici. [Dionísio Catão, Disticha
1.34, adaptado]. Por meio de favores conservam-se os
amigos. VIDE: ● Dando retinentur amici.
177. Obsequium amicos, veritas odium parit. [Terêncio,
Andria 68]. O favor faz amigos, a verdade cria ódio. ■ A
verdade provoca ódios. ■ M al me querem as comadres,
porque lhes digo as verdades. ■ M ais perde em amizades
quem mais teima nas verdades. ● Obsequium amicos,
veritas odium, familiaritas contemptum parit. [Stevenson
756]. O favor faz amigos, a verdade gera ódio, a
familiaridade cria desprezo. VIDE: ● E veritate odium. ● Hoc
tempore obsequium amicos, veritas odium parit. ● Odium
veritas parit. ● Veritas odium parit, obsequium amicos.
178. Obsequium benevoli animi finem non habet. [Publílio
Siro]. A gentileza de um coração dedicado não conhece
limite. VIDE: ● Officium benevoli animi finem non habet.
179. Obsequium quaere. [Tales de Mileto / Rezende 4504].
Busca a boa-vontade.
180. Obsequium tigresque domat Numidasque leones.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.2.183]. A afabilidade doma tigres e
leões. ■ D ádivas aplacam homens e deuses. ● Obsequium
domat et tigres. A gentileza doma até os tigres.
181. Observa dominum cui vis aequalis haberi. [Pereira 105].
Obedece ao senhor a quem queres igualar-te. ■ F aze o que te
manda teu senhor, sentar-te-ás com ele ao sol.
182. Observandum, sed non imitandum. É para se observar,
mas não para imitar.
183. Observantia legum summa libertas. [Dante, Epistulae
6.22, adaptado]. A observância das leis é a suprema
liberdade.
184. Observat nullam res urgentissima legem. [Pereira 95]. A
coisa muito urgente não obedece a nenhuma lei. ■ A
necessidade não tem lei.
185. Observat positam plebecula subdita legem. [Pereira
109]. O povinho subordinado obedece à lei (que lhe é)
imposta. ■ L á vão as leis aonde as querem os reis.
186. Observat sapiens sibi tempus in ore loquendi; insipiens
loquitur spretum sine tempore verbum. [Columbano]. O
ajuizado observa o tempo próprio de falar; o tolo diz a
qualquer hora palavra digna de desprezo.
187. Observato modum, nam rebus in omnibus illud
optimum erit, si quis tempus spectaverit aptum. [Hesíodo
/ Manúcio, Adagia 315]. Respeita o bom-senso, pois em
todas as coisas se terá o melhor, se se esperar o momento
oportuno.
188. Obsistere homines legibus, meritis capi. [Fedro, Fabulae
3.15.20]. Os homens se rebelam contra as ordens, mas se
deixam apanhar pelos favores. ■ M ais se ganha no paço às
barretadas do que no campo às lançadas.
189. Obsistet inolita consuetudo, sed meliori consuetudine
devincetur. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
4.12.22]. O costume arraigado oferecerá resistência, mas será
vencido por costume melhor.
190. Obsonium dum quaero, vestes perdidi. [Schottus,
Adagia 611]. Enquanto procuro comida, perdi as roupas.
■ F ui buscar lã e voltei tosquiado. ■ O avarento por um real
perde um cento. ● Obsonium quaerens, tunicam amisi.
[Apostólio, Paroimiai 9.56]. Procurando comida, perdi a
camisa. VIDE: ● Dum obsonium quaero, vestem perdidi.
● Quaerens cibum, et vestem amisi. ● Quaerens obsonium,
et vestem amisi. ● Quaerens obsonium, et vestem perdidi.
● Quaerentes pecuniam vestem perdiderunt.
191. Obsta principiis. [Black 1276]. Impede (o mal) no
começo. ■ R emédio só serve cedo. ■ A ntes que o mal cresça,
corta-lhe a cabeça. VIDE: ● Principiis obsta.
192. Obstinata mente perfer, obdura. [Catulo, Carmina 8.11].
Com a alma firme suporta, não desanimes. VIDE: ● Perfer et
obdura! dolor hic tibi proderit olim. ● Perfer, obdura.
● Persta et obdura.
193. Obstupui, steteruntque comae, et vox faucibus haesit.
[Virgílio, Eneida 2.774; 3.48]. Fiquei estupefato, os cabelos
se eriçaram, e a voz ficou presa na garganta.
194. Obstupui vano credulus auspicio. [Propércio, Elegiae
1.3.28]. Crédulo, fiquei paralisado diante do vão auspício.
195. Obtegit exiles candida mappa cibos. O mantel alvo cobre
a escassa comida. ■ C omida de fidalgos, pouca em mantéis
alvos. VIDE: ● Ingenuus mensam niveis mantilibus ornat, et
tegit exiles candida mappa cibos.
196. Obtrectantis est angi alieno bono. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.56, adaptado]. O invejoso se atormenta com
a felicidade alheia. ■ O invejoso emagrece de ver a gordura
alheia. VIDE: ● Aemulantis angi alieno bono quod ipse non
habet.
197. Obtrectare alteri nihil habet utilitatis. Ter inveja a
outrem não traz nenhuma vantagem.
198. Obtrectatio frequens. [Binder, Medulla 1254]. A
maledicência é freqüente.
199. Occasio a fronte comata, ab occipitio calva est. [Bacon,
Aphorismi 121, adaptado]. A ocasião é cabeluda pela frente,
mas por trás é calva. VIDE: ● Fronte capillata, post est
occasio calva.
200. Occasio aegre offertur, facile amittitur. [Publílio Siro].
A ocasião dificilmente se oferece, facilmente se perde.
201. Occasio capienda est. [Rezende 4510]. Deve-se agarrar a
ocasião. ■ A panha a ocasião por um cabelo. VIDE: ● Noli
oblatam occasionem praetermittere. ● Occasionem arripe.
● Oblatam occasionem arripe. ● Prospera sors volucri
praecipienda manu.
202. Occasio delicti. [Jur]. A ocasião do delito.
203. Occasio est opportunitas temporis casu proveniens.
[Rezende 4512]. A ocasião é o momento oportuno resultante
do acaso.
204. Occasio est pars temporis habens in se alicuius rei
idoneam faciendi, aut non faciendi opportunitatem.
[Cícero, De Inventione 1.40]. A ocasião é o momento que
tem em si a oportunidade certa para fazer ou não fazer
alguma coisa.
205. Occasio facit furem. [Rezende 4513]. ■ A ocasião faz o
ladrão. ■ O buraco chama o ladrão. ● Occasio furem
facit. [DAPR 490]. ● Occasio furtum facit; fur nascitur. A
ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito. VIDE: ● Facit occasio
furem.● Oblata occasione, vel iustus peccat. ● Oblata
occasione, vel iustus perit. ● Occasiones solent aditus
aperire peccatis. ● Opportunitas latronem facit.
● Praetextu solum eget improbitas.
206. Occasio in bello amplius solet iuvare, quam virtus.
[Vegécio, Epitoma Rei Militaris 3.26]. Na guerra, a
oportunidade costuma ajudar mais do que a coragem.
207. Occasio legis. [Jur]. A oportunidade da lei.
208. Occasio receptus difficiles habet. [Publílio Siro].
Dificilmente a oportunidade retorna.
209. Occasionem arripe. Agarra a oportunidade. ■ A panha a
ocasião por um cabelo. VIDE: ● Oblatam occasionem arripe.
● Occasio capienda est. ● Prospera sors volucri
praecipienda manu.
210. Occasionem cognosce. [Stevenson 1724]. Reconhece tua
oportunidade. ■ M alhar no ferro é enquanto está quente.
● Occasionem nosce. [Bebel, Adagia Germanica].
● Occasionem exspecta. [Bebel, Adagia Germanica]. VIDE:
● Nosce tempus. ● Tempus nosce.
211. Occasionem rapere prudentis est. [Símaco / Sêneca,
Epistulae Morales 1.7.2]. É do prudente agarrar a
oportunidade. ■ S empre por via irá direita quem do oportuno
tempo se aproveita. [Camões, Lusíadas 1.76].
212. Occasiones non modo accipe, arripe. [PSa]. As
oportunidades, não basta recebê-las; agarra-as. ■ Q uando o
bem te chegar, mete-o em casa.
213. Occasiones quaerit, qui vult recedere ab amico.
[Vulgata, Provérbios 18.1]. O que quer deixar-se do seu
amigo, busca-lhe as ocasiões.
214. Occasiones solent aditus aperire peccatis. As
oportunidades costumam abrir as portas aos pecados. ■ A rca
aberta, o justo peca. A ocasião faz o ladrão. VIDE: ● Oblata
occasione, vel iustus peccat. ● Oblata occasione, vel iustus
perit. ● Occasio facit furem. ● Occasio furem facit.
● Occasio furtum facit; fur nascitur. ● Praetextu solum
eget improbitas.
215. Occasioni inserviendo. [Binder, Thesaurus 2341]. É
preciso submeter-se à ocasião.
216. Occasioni obtempera, et noli spirare contra ventos.
Conforma-te à ocasião, e não sopres contra os ventos. ■ N ão
nades contra a corrente.
217. Occasionibus utendum et cum re praesenti
deliberandum est. [Quintiliano, Institutio Oratória 9.117].
Deve-se aproveitar as oportunidades e decidir diante do fato.
218. Occidendi finem prius victores fecere quam victi.
[Sêneca Retórico, Controversiae 6.4]. Os vencedores
pararam de matar antes que os vencidos.
219. Occidentem ab eo deseri, orientem spectari. [Tácito,
Annales 6.46]. O sol poente é desprezado por ele, o nascente
é cortejado. ■ O sol nascente tem mais adoradores do que o
sol poente. ■ T odos adoram o sol nascente. ■ Q uando a
árvore está para cair, fogem os macacos. VIDE: ● Plures
adorant solem orientem quam occidentem. ● Plures
adorant solem orientem quam occidentem vel
meridianum. ● Plures orientem solem adorant. ● Plures
surgentem quam occidentem solem adorant.
220. Occidis saepe rogando. [Horácio, Epodon 1.14.5]. Tu me
matas com esses pedidos constantes.
221. Occidit ei sol, cum adhuc esset dies. [Vulgata, Jeremias
15.9]. O sol se pôs para ela, quando ainda era dia.
222. Occidit miseros crambe repetita magistros. [Juvenal,
Satirae 7.154]. O repolho requentado matou os pobres dos
mestres. ■ D e amigo reconciliado e de caldo requentado,
nunca bom bocado. ■ N em amigo reconciliado, nem manjar
duas vezes guisado. VIDE: ● Bis crambe, mors. ● Crambe bis
cocta mortem fert. ● Crambe bis posita mors. ● Crambe
repetita mors est. ● Crambe bis cocta.
223. Occisionis ala. [Erasmo, Adagia 3.2.34]. A asa da Morte.
224. Occulit infestum vestis ovilla lupum. A pele de ovelha
(às vezes) esconde o lobo inimigo. ■ A s aparências
enganam. ■ D ebaixo de bom saio está o homem mau.
225. Occulta veritas tempore patet. A verdade oculta vem à
luz na hora certa. ■ A verdade é como o azeite: sempre vem à
tona. VIDE: ● Tempore patet occulta veritas.
226. Occultae inimicitiae magis timendae sunt quam
apertae. [Cícero, In Verrem 2.5.182]. As inimizades ocultas
são mais temíveis que as declaradas.
227. Occultae musicae nullus respectus. [Erasmo, Adagia
1.7.84]. Não se dá nenhuma importância à música que não se
ouve. ■ O saber escondido da ignorância vista pouco dista.
● Occultae musicae nullum esse respectum. [Suetônio,
Nero 20]. VIDE: ● Abdita quid prodest generosi vena
metalli, si cultore caret? ● Egregia musica quae sit
abscondita nullius rei est. ● Musica abscondita nulli rei
est. ● Musicae occultae nullus respectus. ● Non erit ignotae
gratia magna lyrae. ● Nullus latentis musicae respectus
est. ● Scire tuum nihil est, nisi te scire, hoc sciat alter. ● Si
solus sapias, nempe quis usus erit?
228. Occultum non est, quod conscientia teste committitur.
Com a consciência como testemunha, nada que se faz está
oculto. ■ A consciência vale por mil testemunhas.
229. Occultum quatiet animo tortore flagellum. [Juvenal,
Satirae 13.195]. O chicote invisível da consciência açoita-nos
como se fosse um carrasco.
230. Occupantis melior est condicio. [Ulpiano, Digesta
9.4.14]. É melhor a condição de quem tem a posse.
231. Occupata in otio. [Fedro, Fabulae 2.5.2]. Ocupada em não
fazer nada.
232. Occupationibus sermo brevior competentior est.
[S.Bernardo de Clairvaux, De Consideratione 2]. Nos
negócios, quanto mais curta a conversa, mais eficaz.
233. Occupet extremum scabies. [Horácio, Ars Poetica 417].
Que a sarna pegue o último a chegar. ■ R uim seja por quem
ficar. VIDE: ● Extremum occupet scabies. ● Habeat scabiem
quisquis ad me venerit novissimus.
234. Occurris frustra et non vocatus respondes. [Pereira
110]. Vens sem ser chamado e respondes sem que te
perguntem. ■ M etes o nariz onde não és chamado.
235. Occurrit cuicumque Deus, paucique salutant. [Trench,
Proverbs]. Deus se apresenta a todos, mas poucos o saúdam.
236. Occurrunt homines, nequeunt occurrere montes.
[DAPR 634]. Os homens se encontram, as montanhas não
podem encontrar-se. ■ O s homens se encontram, e não os
montes.
237. Ocior cervis et agente nimbos ocior Euro. [Horácio,
Carmina 2.16.23]. É mais veloz do que os cervos e mais
veloz do que Euro, que persegue as nuvens.
238. Ocream capiti, tibiae galeam ne adaptes. [Rezende
4520]. Não ponhas nem a polaina na cabeça, nem o capacete
nas pernas. ■ N ão troques as bolas. ● Ocream capiti, tibiae
galeam adaptare. [Manúcio, Adagia 1377]. VIDE: ● Fronti
ocream, tibiae galeam aptas.
239. Octipedem excitas. [Erasmo, Adagia 1.1.63]. Provocas o
escorpião. ■ P rocuras sarna para te coçar. VIDE:
● Crabrones non sunt irritandi. ● Incitare crabrones.
● Irritabis crabrones. ● Noli irritare crabrones. ● Noli
irritare leones. ● Scorpium octipedem contra te excitas.
● Stimulare leones.
240. Oculatae manus sunt nostrae; credunt quod vident.
[Plauto, Asinaria 187]. Minhas mãos têm olhos; elas só
crêem no que vêem. VIDE: ● Credunt quod vident.
241. Oculatis enim loquor, et non talpis. [Martim Figueiredo /
Ramalho 138]. Falo a quem tem olhos, e não a toupeiras.
242. Oculatum unum testem decem auritis esse
praeferendum. Uma testemunha ocular é preferível a dez de
oitiva. ■ V ista faz fé. ● Oculatus testis melior et fidelior
aurito. Uma testemunha ocular é melhor e mais confiável
que uma de oitiva. VIDE: ● Homines amplius oculis quam
auribus credunt. ● Pluris est oculatus testis unus quam
auriti decem.
243. Oculi amorem incipiunt, consuetudo perficit. [Publílio
Siro]. Os olhos começam o amor; a convivência o completa.
■ O amor entra pelos olhos. ● Oculi occulte amorem
incipiunt, consuetudo perficit. Os olhos começam o amor
em segredo; a intimidade o realiza.
244. Oculi hominum insatiabiles. [Vulgata, Provérbios 27.20].
Os olhos dos homens são insaciáveis.
245. Oculi omnium cupiditatum auctores. Os olhos são os
autores de todas as ambições.
246. Oculi plus vident quam oculus. [Binder, Medulla 1259].
■ M ais vêem dois olhos do que um. ■ M ais vêem quatro
olhos do que dois. VIDE: ● Cernere plus uno lumina bina
queunt. ● Duo oculi plus vident quam unus. ● Longius ille
videt, qui multis spectat ocellis. ● Magis vident oculi quam
oculus. ● Plura oculi quam oculus cernunt. ● Plura oculos
quam oculum cernere. ● Plus vident oculi quam oculus.
● Unus vir non omnia videt. ● Unus vir haud cernit omnia.
247. Oculi quasi fenestrae animi. Os olhos são como janelas
do espírito. ■ O s olhos são o espelho da alma. ● Oculi sunt
fenestrae animi et mores indices. Os olhos são as janelas do
espírito e os indicadores do caráter.
248. Oculi sunt in amore duces. [Propércio, Elegiae 2.15.12].
No amor, os olhos são os nossos guias. ■ O amor entra pelos
olhos. ■ O lhos que vêem, coração que deseja. VIDE: ● Amor
ex videndo nascitur mortalibus. ● Ex aspectu nascitur
amor. ● Ex aspectu hominibus nascitur amor. ● Ex visu
amor.
249. Oculi tamquam speculatores altissimum locum
obtinent, ex quo plurima conspicientes fungantur suo
munere. [Cícero, De Natura Deorum 2.140]. Os olhos, como
guardas vigilantes, ocupam um lugar muito alto, donde, com
vasto campo de visão, podem exercer sua função.
250. Oculis apertis somniant. [Espinosa, Ethica 3.2
Scholium]. Sonham de olhos abertos. VIDE: ● Vigilans
somniat.
251. Oculis clausis agere. [Manúcio, Adagia 1394]. Agir com
os olhos fechados. (=Fazer as coisas sem pensar).
252. Oculis de homo non credo. [Sêneca, De Vita Beata 2.2].
Ao avaliar um homem, não confio nos meus olhos. ■ Q uem
conhece seu coração desconfia dos seus olhos.
253. Oculis effundit pulverem. [Pereira 120]. Está jogando
poeira nos nossos olhos.
254. Oculis magis habenda fides quam auribus. [Erasmo,
Adagia 1.1.100]. Deve-se ter mais confiança nos olhos do
que nos ouvidos. ■ O s olhos merecem mais fé que os
ouvidos. ■ V ista faz fé. ■ V er para crer. ● Oculis habenda
quam auribus est maior fides. [Publílio Siro]. ● Oculis
credendum potius quam auribus. [Stevenson 737]. VIDE:
● Arbiter est oculus certior aure meus. ● Aures quam oculi
minus fidei digni sunt. ● Auribus oculi fideliores sunt.
● Fideliores sunt oculi auribus. ● Testis ex auditu alieno
fidem non facit. ● Testis oculatus unus plus valet quam
auriti decem. ● Visus fidelior auditu.
255. Oculis magis quam opinioni credendum. Deve-se
confiar mais nos olhos que no que nos dizem.
256. Oculos cornicum configere. [Manúcio, Adagia 149].
Furar os olhos às gralhas. (=Querer ver melhor que as outras
pessoas). VIDE: ● Cornici oculos configere.
257. Oculos eruditos habemus. Eu tenho olhos que sabem ver.
VIDE: ● Nos quoque oculos eruditos habemus.
258. Oculos et vestigia domini, res agro saluberrimas.
[Columela, De Re Rustica 4.18]. Os olhos e as pegadas do
dono são muito saudáveis para o campo. ■ O pé do dono é
estrume da herdade. ■ O olho do dono faz mais do que as
suas mãos. VIDE: ● Fertilissimus in agro oculus domini.
● Maiores fertilissimum in agro oculum domini esse
dixerunt. ● Oculus domini in agro fertilissimus est.
● Optimus est fimus, qui cadit de calceis domini in agrum.
● Praesentia domini provectus est agri. ● Res male
dilabitur, quae conspectu domini caret. ● Stercus
optimum domini vestigium. ● Vestigia domini optimum
stercus.
259. Oculos habent ad videndum, et non vident; et aures ad
audiendum, et non audiunt. [Vulgata, Ezequiel 12.2]. Têm
olhos para ver, e não vêem, e ouvidos para ouvir, e não
ouvem. VIDE: ● Os habent, et non loquentur; oculos habent,
et non videbunt; aures habent, et non audient; nares
habent, et non odorabunt; manus habent, et non
palpabunt; pedes habent, et non ambulabunt.
260. Oculos in occipitio habet. [Apostólio, Paroimiai 14.73].
Esse tem olhos na nuca. ■ N ada lhe escapa. ■ T em olhos
para ver. VIDE: ● A fronte et occipitio oculatus est. ● In
occipitio quoque habet oculos. ● In occipitio oculos gerit.
261. Oculos natura nobis, ut equo et leoni saetas, caudam,
aures, ad motus animorum declarandos dedit. [Cícero, De
Oratore 222]. Para manifestarmos as emoções, a natureza nos
deu os olhos, do mesmo modo que ao cavalo e ao leão deu a
crina, a cauda e as orelhas.
262. Oculos suos statuerunt declinare in terram. [Vulgata,
Salmos 16.11]. Resolveram abaixar os seus olhos para a
terra.
263. Oculum ego effodiam tibi, si verbum addideris. [Plauto,
Trinummus 426]. Eu te arrancarei um olho, de disseres mais
uma palavra.
264. Oculum pro oculo, dentem pro dente. [Vulgata, Mateus
5.38]. ■ O lho por olho, dente por dente. ● Oculum pro
oculo, dentem pro dente, manum pro manu, pedem pro
pede, adustionem pro adustione, vulnus pro vulnere,
livorem pro livore. [Vulgata, Êxodo 21.24]. Olho por olho,
dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por
queimadura, ferida por ferida, pisadura por pisadura. VIDE:
● Fracturam pro fractura, oculum pro oculo, dentem pro
dente restituet.
265. Oculus acutum feminae est telum viris. [Apostólio,
Paroimiai 6.70]. O olho da mulher é uma lança aguda para os
homens.
266. Oculus amicitiae conciliator. [Apostólio, Paroimiai
15.54]. O olho é o criador da amizade.
267. Oculus animi index. [Binder, Medulla 1260]. ■ O s olhos
são a janela da alma. ■ O s olhos são o espelho da alma.
VIDE: ● Imago animi vultus, indices oculi. ● Ut imago est
animi vultus, sic indices oculi. ● Ut visus in oculis, ita
mens in anima. ● Vultus est index animi. ● Vultus imago
animi.
268. Oculus Dei fortissimus. [Grynaeus 730]. O olho de Deus
é muito poderoso.
269. Oculus domini facit equum pinguem. [Bebel, Adagia
Germanica]. ■ O olho do dono engorda o cavalo. VIDE: ● Lux
domini pulchrum facit ornatumque caballum. ● Oculus
domini saginat equum.
270. Oculus domini in agro fertilissimus est. [Albertatius
948]. O olho do dono no campo é muito fecundo. ■ A vista
do dono aduba os campos. ■ O olho do dono trabalha mais
que as mãos. ■ S e queres ser pobre sem sentir, mete obreiros
e deita-te a dormir. VIDE: ● Fertilissimus in agro oculus
domini. ● Maiores fertilissimum in agro oculum domini
esse dixerunt. ● Oculos et vestigia domini, res agro
saluberrimas. ● Optimus est fimus, qui cadit de calceis
domini in agrum. ● Praesentia domini provectus est agri.
● Res male dilabitur, quae conspectu domini caret.
● Stercus optimum domini vestigium. ● Vestigia domini
optimum stercus.
271. Oculus domini saginat equum. [Rezende 4527]. ■ O olho
do dono engorda o cavalo. ■ O cavalo engorda com o olho
de seu dono. ● Oculus domini maxime pinguem facit
equum. [Medina 591]. É principalmente o olho do dono que
faz o cavalo ficar gordo. ● Oculus domini saginat boves. O
olho do dono engorda os bois. VIDE: ● Lux domini pulchrum
facit ornatumque caballum. ● Oculus domini facit equum
pinguem.
272. Oculus fui caeco, et pes claudo. [Vulgata, Jó 29.15]. Eu
fui o olho do cego, e o pé do coxo.
273. Oculus impudicus impudici cordis est nuntius. [Rezende
4528]. Olhar impudico é anúncio de coração impudico. ■ O s
olhos são o espelho da alma.
274. Oculus malus. [Vulgata, Marcos 7.22]. Um olho mau.
275. Oculus mundi. O olho do mundo. (=O sol).
276. Oculus videns alia, seipsum non videt. [Grynaeus 498].
O olho, que vê outras coisas, não vê a si mesmo. ■ O olho
que tudo vê a si não se vê. ■ N inguém vê o argueiro no seu
olho. ● Oculus se non videns, aliena cernit. O olho, que não
se vê, vê as outras coisas. ● Oculus oculum alium, non se
ipsum videt. Um olho vê outro olho, mas não a si mesmo.
277. Oderint, dum metuant. [Áccio, Atreus / Cícero, De
Officiis 1.28; Sêneca, De Ira 1.20.4]. Que me detestem,
contanto que me temam.
278. Oderint, dum probent. [Suetônio, Vita Tiberii 59]. Que
me odeiem, desde que me respeitem. (=Palavras atribuídas a
Tibério).
279. Oderit insipiens sapientis verba magistri. [Binder,
Thesaurus 2351]. O ignorante odiará as palavras do sábio
mestre.
280. Oderit vitia, diligat fratres. [RSB 64]. Que ele (o abade)
odeie os vícios e ame os irmãos.
281. Odero, si potero; si non, invitus amabo. [Ovídio,
Amores 3.11.35]. Odiarei, se puder; se não puder, amarei
contra minha vontade.
282. Oderunt di homines iniuros. [Névio, Lycurgus]. Os
deuses odeiam homens injustos.
283. Oderunt hilarem tristes, tristemque iocosi. Os tristes
odeiam os alegres, e os alegres não gostam dos tristes.
■ C ada qual com seu igual. ● Oderunt hilarem tristes,
tristemque iocosi, sedatum celeres, agilem navumque
remissi. [Horácio, Epistulae 1.18.89]. As pessoas tristes
odeiam o homem alegre; as pessoas brincalhonas odeiam o
homem triste; as pessoas agitadas odeiam o homem
tranqüilo, e os indolentes odeiam o homem ativo e
trabalhador.
284. Oderunt peccare boni virtutis amore. [Horácio,
Epistulae 1.16.52]. Por amor à virtude, os homens de bem
odeiam errar. ● Oderunt peccare boni virtutis amore.
oderunt peccare mali formidine poenæ. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 39]. Os homens de bem odeia
pecar por amor à virtude; os maus odeiam pecar por medo do
castigo. ■ M edo guarda a vinha, e não o vinheiro. ■ S em
espora e sem freio não há cavalo bom.
285. Oderunt quem metuunt. [Rezende 4534]. Eles odeiam a
quem temem.
286. Odi ego aurum: multa multis saepe suasit perperam.
[Plauto, Captivi 327]. Odeio o ouro: ele muitas vezes
aconselhou mal a muitas pessoas.
287. Odi enim celebritatem, fugio homines, lucem aspicere
vix possum. [Cícero, Ad Atticum 3.7]. Odeio os lugares
movimentados, fujo dos homens, mal posso ver a luz.
288. Odi et amo. Quare id faciam, fortasse requiris. Nescio,
sed fieri sentio et excrucior. [Catulo, Carmina 85.1]. Odeio
e amo. Talvez me perguntes por que faço isso. Não sei, mas
sinto que acontece, e sofro.
289. Odi feminas litteratas. [Rezende 4539; Medina 600].
Odeio as mulheres letradas. ■ M ulher que fala latim rara vez
tem bom fim.
290. Odi improbum qui verba proloquitur proba. [Menandro
/ Grynaeus 14]. Odeio o desonesto que usa discurso honesto.
291. Odi memorem compotorem. [Apostólio, Paroimiai
13.10]. Odeio companheiro de bebida que tenha boa
memória.
292. Odi, nec possum cupiens non esse quod odi. [Ovídio,
Amores 2.4.5]. Odeio, mas não posso deixar de desejar o que
odeio.
293. Odi profanum vulgus et arceo. [Horácio, Carmina 3.1.1].
Detesto o vulgo ignorante, e o evito.
294. Odi puerulos praecoci sapientia. [Apuleio, Apologia 85].
Odeio garotinhos de sabedoria precoce. ■ O que cedo
amadurece, cedo apodrece. ● Odi puerulos praecoce
sapientes. Odeio garotinhos precocemente sábios. ● Odi
puerulum praecoci sapientia. [Erasmo, Moriae Encomium
13]. Odeio garotinho que seja sábio antes da hora. VIDE:
● Cito maturum, cito putridum.
295. Odi sapientem, qui sibi non sapit. [Eurípides / Schottus,
Adagialia Sacra 42]. Odeio sábio que não sabe para si
mesmo. ■ N ada sabe quem para si não sabe. ● Odi
sapientem, qui sibi ipsi non sapit. [Publílio Siro]. ● Odi
sophistam quisquis haud sapit sibi. [Apostólio, Paroimiai
13.20]. VIDE: ● Frustra sapit qui sibi non sapit. ● Sapientem
eum odi, qui sibi ipse non sapit.
296. Odi senem albis tantum capillis non ingenio. [Pereira
96]. Não gosto de quem é velho apenas pelos cabelos
brancos, mas não pela inteligência. ■ A rrenego de velho que
não adivinha.
297. Odia multorum sub vultu, multorum sub osculo latent.
[Publílio Siro]. O ódio de muitos se esconde sob a máscara
da face, de muitos se esconde num beijo. ■ B eija o homem a
mão que quisera ver cortada. ● Odia alia sub vultu, alia sub
osculo latent. Uns ódios se escondem sob a expressão do
rosto, outros, sob um beijo. ● Odia multorum sub osculo
latent. O ódio de muitos se esconde sob um beijo. VIDE:
● Multa sub vultu latuerint odia, multa in osculo. ● Multi
manum palpant, quam amputatam vellent.
298. Odia qui nimium timet regnare nescit. [Sêneca, Oedipus
703]. Quem tem muito medo de ser odiado não sabe
governar. ■ Q uem tem medo não mama em onça.
299. Odia sunt restringenda et favores ampliandi. [Jur]. O
desfavorável deve ser restringido, o favorável deve ser
ampliado. ● Odia restringi et favores convenit ampliari. É
conveniente que as coisas odiosas sejam restringidas e as
favoráveis ampliadas. VIDE: ● Odiosa restringenda,
favorabilia amplianda.
300. Odibilis coram Deo est et hominibus superbia. [Vulgata,
Eclesiástico 10.7]. A soberba é aborrecida por Deus e pelos
homens.
301. Odibilis superbia. A soberba é aborrecida.
302. Odientes malum, adhaerentes bono. [Vulgata, Romanos
12.9]. Abominai o que é iníquo; agarrai-vos ao que é bom.
303. Odimus quem laesimus. [Sweet 224]. Odiamos a quem
fizemos mal. ■ Q uem ofende não perdoa. ■ D epois que te
enganei, não mais te perdoei. VIDE: ● Proprium humani
ingenii est odisse quem laeseris.
304. Odio oportet ut peccandi, non metu, facias bonum.
[Publílio Siro]. É preciso que faças o bem por ódio ao erro,
não por medo dele.
305. Odiosa haec est aetas adulescentulis. [Terêncio, Hecyra
618]. Para os jovens essa idade é odiosa. (=Refere-se à
velhice).
306. Odit cane peius et angue. [Erasmo, Adagia 2.9.63]. Odeia
mais que ao cão e à cobra. VIDE: ● Aliquem cane peius et
angue vitare. ● Eius consortium cane peius et angue vita.
307. Odiosa restringenda, favorabilia amplianda. [Jur]. A
disposições desfavoráveis devem ser restringidas, as
favoráveis, ampliadas. VIDE: ● Odia sunt restringenda et
favores ampliandi.
308. Odit valde patriam, qui putat sibi bene esse, cum
peregrinatur. [S.Agostinho, In Psalmum 93.6]. Muito odeia
a pátria quem se sente bem ao andar fora dela.
309. Odit verus amor nec patitur moras. [Sêneca, Hercules
Furens 591]. O verdadeiro amor odeia esperas, e não as
suporta. VIDE: ● Amor odit moras. ● Verus amor non
patitur moras.
310. Odium academicum. O ódio acadêmico. (=A controvérsia
entre acadêmicos).
311. Odium aestheticum. O ódio estético. (=A controvérsia
entre artistas rivais).
312. Odium enim etiam timor spirat. [Tertuliano,
Apologeticus 27]. O medo também inspira ódio.
313. Odium est ira inveterata. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.21]. O ódio é uma cólera que se arraigou.
VIDE: ● Inveterescens ira fit odium.
314. Odium et amor linguam facile pertrahunt ad
nugandum. [Boncompagno, Breviloquium 8.11]. O ódio e o
amor fácilmente levam a língua a dizer frivolidades.
315. Odium leniat hora meum. [Ovídio, Ibis 132, adaptado].
Que o tempo suavize o meu ódio.
316. Odium medicum. O ódio médico. (=A controvérsia entre
médicos).
317. Odium musicum. O ódio musical. (=A controvérsia entre
músicos).
318. Odium non alendum. Não se deve alimentar o ódio.
319. Odium novercale. [Erasmo, Adagia 2.2.95]. Ódio de
madrasta.
320. Odium nunquam potest esse bonum. [Espinosa, Ethica
4. Propositio 45]. O ódio nunca pode ser bom.
321. Odium scholasticum. O ódio escolástico. (=A
controvérsia entre filósofos).
322. Odium suscitat rixas, et universa delicta operit caritas.
[Vulgata, Provérbios 10.12]. O ódio provoca brigas, e o amor
cobre todas as ofensas.
323. Odium theologicum. O ódio teológico. (=A controvérsia
entre teólogos rivais). ● Odium theologorum. O ódio dos
teólogos.
324. Odium veritas parit. ■ A verdade provoca ódios.
■ D izendo-se as verdades, perdem-se as amizades. ■ M ais
perde em amizades quem mais teima nas verdades. VIDE: ● E
veritate odium. ● Hoc tempore obsequium amicos, veritas
odium parit. ● Veritas odium parit. ● Veritas odium parit,
obsequium amicos.
325. Offendere plures vix tutum. [Marcial, Epigrammata
9.65.5]. Ofender a muitos é pouco seguro.
326. Offensa potentium periculosa. A inimizade dos
poderosos é perigosa. ■ C om o fogo não se brinca. ■ C om teu
amo não partas as peras. VIDE: ● Cum domino semper
pugna sinistra fuit. ● Cum principe non pugnandum.
● Fuge lites cum viro maiore. ● Habeas nunquam magno
cum principe litem. ● Lites cum rege molestae. ● Maiorem
virum cave. ● Maiorem vitato virum. ● Nemo potentes
aggredi tutus potest. ● Non habeas unquam magno cum
principe litem: cum domino semper pugna sinistra fuit.
● Semper vitato potentem.
327. Officia etiam ferae sentiunt. [Sêneca, De Beneficiis
1.2.5]. Até os animais reconhecem os benefícios.
328. Officia iuvenum, imperia seniorum. [Paládio, Opus
Agriculturae 1.6.3]. Cabe aos jovens executar, e aos velhos
dar as ordens.
329. Officia sua vir bonus exsequitur inconfusus, intrepidus.
[Sêneca, De Ira 1.12]. O homem honesto cumpre seu dever
sem perturbação e sem medo.
330. Officii fructus sit ipsum officium. [Cícero, De Finibus
2.72]. O prêmio do dever é o próprio dever.
331. Officina gentium. A oficina dos povos.
332. Officium alterius multis narrare memento; at
quaecumque aliis tu benefeceris ipse, sileto. [Dionísio
Catão, Disticha 1.15]. Lembra-te de falar a muitas pessoas
dos serviços que outrem tenha prestado a ti, mas cala-te
sobre qualquer benefício que tenhas feito aos outros.
333. Officium benevoli animi finem non habet. [Publílio
Siro]. A gentileza de um coração dedicado não conhece
limite. VIDE: ● Obsequium benevoli animi finem non habet.
334. Officium esse medici, ut tuto, ut celeriter, ut iucunde
curet. [Asclepíades / Celso, De Medicina, 3.4.1]. É função
do médico curar com segurança, com rapidez e com prazer.
VIDE: ● Cito, tuto, iucunde.
335. Officium mortuorum. [Da liturgia católica]. Missa dos
defuntos.
336. Officium ne collocaris in invitum. [Erasmo, Adagia
3.10.35]. Não faças favor a quem não o deseja. VIDE:
● Beneficia imperata non habent gratiam. ● Beneficium
invito non datur. ● Invite data non sunt grata. ● Invito non
datur beneficium. ● Omnis coacta res molesta est.
● Servitia coacta non habent meritum.
337. Officium officio provocatur. [Binder, Thesaurus 2359].
Um serviço é provocado por outro. ■ U ma mão lava a outra.
338. Ohe! iam satis. Oh! já basta.
339. Oleastro infructuosior. [Schottus, Adagia 194]. É mais
infrutífero que uma oliveira selvagem.
340. Oleo incendium restinguere. [Erasmo, Adagia 1.2.10].
■ A pagar o fogo com azeite. VIDE: ● Oleum camino addere.
● Oleum in ignem. ● Oleum in incendium fundere.
341. Oleo tranquillior. [Plauto, Poenulus 1236; Erasmo,
Adagia 1.7.35]. Mais calmo do que o azeite.
342. Olera spectant, lardum tollunt. [Petrônio, Satiricon
3.39]. Têm os olhos nos legumes, mas pegam o toucinho.
■ F ingem que fazem uma coisa, mas fazem outra.
343. Oleribus verba facere. Falar com os vegetais. ■ P erder o
latim.
344. Olet lucernam. [Erasmo, Adagia 1.7.71]. Cheira a
lamparina. ■ Q ueimou as pestanas na obra. VIDE:
● Lucernam olet. ● Redolet lucernam.
345. Oleum camino addere. [Erasmo, Adagia 1.2.9]. Derramar
azeite no fogão. ■ P ôr lenha na fogueira. ● Oleum in ignem.
(Deitar) azeite no fogo. ● Oleum in incendium fundere.
Deitar azeite no incêndio. ● Oleum adde camino. [Horácio,
Sermones, 2.3.321]. Põe azeite no fogão. VIDE: ● Oleo
incendium restinguere.
346. Oleum et operam perdidi. [Plauto, Poenulus 328]. Perdi
o azeite do lampião e o trabalho. ■ P erdi o tempo e o feitio.
■ M alhei em ferro frio. ● Oleum perdidi. Perdi o azeite da
lamparina. VIDE: ● Opera et impensa periit. ● Operam et
oleum perdidit. ● Perdis operam. ● Perdidi operam et
sumptum.
347. Oleum et salem habere convenit. É conveniente ter óleo
e sal. (=Convém usar linguagem suave na hora certa).
348. Oleum perdit et impensas, qui bovem mittit ad ceroma.
[Erasmo, Chiliades 1]. Quem manda boi para o combate
perde o trabalho e o investimento.
349. Oleum quod in summo est, vinum quod in medio, mel
quod in fundo, optima esse credantur. [Macróbio,
Saturnalia 7.12]. Considera-se que o melhor azeite está em
cima, o melhor vinho no meio e o melhor mel no fundo.
■ V inho do meio, mel do fundo, azeite de riba.
350. Olim furunculus, nunc vero etiam rapax. [Cícero, In
Calpurnium 27]. Antes um ladrãozinho, agora um grande
ladrão.
351. Olim iam nec perit quicquam mihi nec acquiritur. Plus
superest viatici quam viae. [Sêneca, Epistulae Morales
77.3]. Há muito tempo para mim nada se perde nem se
ganha: tenho mais provisões de viagem do que caminho a
percorrer.
352. Olim meminisse iuvabit. [Virgilio, Eneida 1.203]. Algum
dia será agradável relembrar essas coisas.
353. Olitorem odi qui radicitus herbas excidat. [Alexandre
da Macedônia / Manúcio, Adagia 936]. Odeio o jardineiro
que arranca as plantas pela raiz. ■ N ão mates a galinha que
põe ovos de ouro. VIDE: ● Boni pastoris est tondere pecus,
non deglubere.
354. Olla male fervet. [Rezende 4564]. A panela não ferve
bem. ■ A coisa não anda bem. ■ O s negócios vão de mal a
pior. VIDE: ● Sociorum olla male fervet, et ubi semel res
inclinata est, amici de medio.
355. Ollae amicitia. [Erasmo, Adagia 1.5.23]. Amizade de
panela. (=Amizade interesseira). ■ A migo de mesa não é de
firmeza. ● Ollae amicus. [Pereira 94]. Amigo de panela.
(=Amigo interesseiro). ■ A migo de seu proveito. VIDE:
● Amici ollares. ● Amicus dum olla fervet. ● Fervet olla,
vivit amicitia.
356. Ollam pingis. [Schottus, Adagia 16]. Pintas a panela.
■ I sso é enxugar gelo. ● Ollam varie pingis. Pões desenhos
variados na panela. ● Ollam exornas. Enfeitas a panela.
● Ollam ornas. ● Ollam variegas.
357. Ollas ostentare. [Grynaeus 321]. Mostrar as panelas.
(=Jactar-se de alguma coisa).
358. Ollula tam crebro fertur ad aquam, quod fracta
refertur. [DAPR 138]. Tanto vai a panela à fonte, que volta
quebrada. ■ C ântaro que muitas vezes vai à fonte, ou deixa lá
a asa ou a fronte. ■ T anto vai o cântaro à fonte, que um dia
lá fica. ■ D esgraça de pote é caminho de riacho. VIDE:
● Amphora quae saepius petit fontem valde periclitatur.
● Cantharus assidue gestatus perdidit ansam. ● Frangitur
assidua fictilis urna via. ● Casus quem saepe transit,
aliquando invenit. ● Frangitur assidua fictilis urna via.
● Hydria tam diu ad fontem portatur, donec vel tandem
frangatur. ● Quem saepe transit casus aliquando invenit.
359. Omen avertat Deus! Que Deus afaste esse azar! ■ D eus
me livre! ■ D eus nos livre! ● Omen avertant dei! Que os
afastem esse azar! VIDE: ● Avertat Deus. ● Avertat Deus
omen! ● Deus avertat! ● Quod avertat Deus! ● Quod Deus
avertat!
360. Omen faustum. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 7.25]. Um
presságio favorável.
361. Omen infaustum. Um presságio desfavorável.
362. Omenta ponens, ipse carnes devorat. [Schottus, Adagia
609]. Enquanto aos outros serve tripas, ele mesmo come
carne. ■ Q uem parte e reparte, fica com a melhor parte.
363. Ominabitur aliquis te conspecto. [Erasmo, Adagia
4.2.54]. Ao te ver, a pessoa temerá o azar. ■ T ens cara de
desmamar meninos. ■ P odes destetar meninos, de feio.
364. Omissis. [Rezende 4570]. Omitidos. (=Indica que, na
transcrição do documento, omitiram partes que não
interessam à questão).
365. Omissis iocis. [Plínio Moço, Epistulae 1.21.2].
Brincadeiras à parte. VIDE: ● Amoto ludo. ● Ioco remoto.
● Extra iocum. ● Remoto ioco.
366. Omittamus lugere. [Cícero, Brutus 266]. Não choremos.
367. Omitte excusationem, nemo peccat invitus. [Publílio
Siro]. Deixa de lado as desculpas; ninguém peca sem querer.
VIDE: ● Nemo peccat invitus. ● Omne peccatum
voluntarium. ● Peccatum omne voluntarium est, et sine
voluntate non committitur.
368. Omne actum ab agentis intentione est iudicandum. [Jur
/ Black 1289]. Todo ato deve ser julgado de acordo com a
intenção de quem o praticou.
369. Omne acutum abs te dimove. Afasta de ti tudo que é
agudo. ■ N ão metas a mão onde te fiquem as unhas. ■ N ão
bulas em casa de maribondos.
370. Omne aevum curae, cunctis sua displicet aetas.
[Ausônio, Idyllia 15.10]. Toda época tem suas preocupações;
ninguém está contente com sua época.
371. Omne animal diligit simile sibi. [Vulgata, Eclesiástico
13.19]. Todo animal gosta do seu semelhante. ■ C ada qual
folga com seu igual.
372. Omne animal se ipsum diligit. Todo ser vivo gosta de si
mesmo. ■ C ada qual puxa a brasa para sua sardinha.
● Omne animal se ipsum diligit, ac, simul et ortum est, id
agit, se ut conservet, [Cícero, De Finibus 5.24]. Todo ser
vivo gosta de si mesmo e, assim que nasce, luta para
sobreviver. VIDE: ● Omnes se ipsos natura diligunt.
373. Omne animale ex ovo. Tudo que tem vida provém de um
ovo. VIDE: ● Ex ovo omnia. ● Omne vivum ex ovo. ● Omnia
animalia ex ovo.
374. Omne autem, quod non est ex fide, peccatum est.
[Vulgata, Romanos 14.23]. E tudo que não é segundo a fé é
pecado.
375. Omne bonum desuper. Tudo que é bom vem do alto.
376. Omne bonum Dei donum. [Divisa]. Todo bem é dádiva
de Deus.
377. Omne colligatum solvi potest. [Grynaeus 124]. Todo nó
pode ser desmanchado.
378. Omne commodum cum suo onere pertransit. [DAPR
638]. Toda vantagem vem com seus encargos. ■ N ão há
lucro sem trabalho. ■ N ão há proveito sem custo. VIDE:
● Omnis commoditas sua fert incommoda secum. ● Res
transit cum suo onere. ● Res transit cum suo onere ad
quemcumque vadat. ● Res transit cum suo onere ad
quemcumque veniat.
379. Omne corpus mutabile est, omne corpus mortale est.
[Cícero, De Natura Deorum 3.30, adaptado]. Todo corpo é
sujeito a mudanças, todo corpo é mortal.
380. Omne crimen ebrietas et incendit et detegit. [Jur / Black
1289]. A embriaguez não só agrava mas também revela todo
crime.
381. Omne datum, optimum. Tudo que é dado é ótimo.
■ T udo que vier é lucro. ■ C aiu na rede, é peixe. ■ D e cavalo
dado não se repara a idade. ● Omne datum optimum, et
omne donum perfectum desursum est. [Vulgata, Tiago
1.17]. Toda dádiva em extremo excelente, e todo dom
perfeito vem lá de cima. VIDE: ● In omni dato hilarem fac
vultum tuum.
382. Omne enim, quod non iure fit, iniuria fieri dicitur.
[Digesta 47.10.1]. Considera-se, portanto, injustiça tudo que
não se faz de acordo com a lei. VIDE: ● Iniuria dicitur omne
quod non iure fit.
383. Omne futurum incertum. [Grynaeus 341]. Tudo que vai
acontecer é incerto. ■ N inguém sabe do porvir.
384. Omne genus pestis superat mens dissona verbis.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Esopicae 3.3]. Com palavras,
a cabeça confusa vence qualquer gênero de peste.
385. Omne homini natale solum. [Estácio, Thebaida 8.320].
Para o homem toda terra é sua pátria. ■ E m toda parte se
come pão.
386. Omne igitur animal confitendum est esse mortale.
[Cícero, De Natura Deorum 3.32]. Tem-se que reconhecer
que todo ser vivo é mortal.
387. Omne ignotum pro magnifico est. [Tácito, Agricola
30.4]. Tudo que é desconhecido é tido por maravilhoso. ■ O
desconhecido sempre parece sublime. VIDE: ● Nimia
familiaritas parit contemptum.
388. Omne ignotum pro terribili. [Rezende 4574]. Tudo que é
desconhecido é tido como assustador. ■ O mal desconhecido
é o mais temido.
389. Omne in amore malum leve est. No amor, todo mal é
suave. ■ P ancada de amor não dói. ● Omne in amore
malum, si patiare, leve est. [Propércio, Elegiae 2.5.16].
Com paciência, todo sofrimento de amor é suave.
390. Omne initium difficile. [DAPR 170]. ■ T odo começo é
difícil. ● Omne initium grave. [DAPR 170]. VIDE: ● Omne
principium grave.
391. Omne ius constitutum est causa hominis. [Digesta
1.5.2]. Todo direito foi instituído por causa dos homens.
392. Omne ius aut consensus fecit, aut necessitas constituit,
aut firmavit consuetudo. [Digesta 1.3.40]. Todo direito ou
foi criado pelo consentimento, ou constituído pela
necessidade, ou estabelecido pelo costume.
393. Omne magnum exemplum habet aliquid ex iniquo,
quod contra singulos utilitate publica rependitur. [Tácito,
Annales 14.44]. Toda grande punição comporta alguma
iniqüidade contra indivíduos, a qual é compensada pelo
proveito público.
394. Omne maius continet in se minus. [Jur / Broom 141].
Todo maior contém em si o menor. VIDE: ● In praesentia
maioris potestatis, minor potestas cessat. ● In praesentia
maioris cessat potentia minoris. ● In praesentia maioris
cessat potestas minoris.
395. Omne malum aut timore aut pudore natura perfudit.
[Tertuliano, Apologeticus 1.4]. A natureza encheu toda
desgraça ou de medo ou de vergonha.
396. Omne malum, etiam mediocre, magnum est. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.10]. Todo mal, mesmo pequeno,
é um grande mal.
397. Omne malum nascens facile opprimitur. Todo mal,
quando nasce, é facilmente vencido. ■ R emédio só serve
cedo. ■ O mal corta-se pela raiz. ● Omne malum nascens
facile opprimitur; inveteratum fit plerumque robustius.
[Cícero, Philippicae 5.11.31]. Todo mal nascente é
facilmente eliminado; com o tempo geralmente se torna
resistente. VIDE: ● Malum inveteratum fit robustius.
● Malum omne recens facile opprimitur, inveteratum fit
plerumque robustius.
398. Omne malum vino cantuque levato. [Horácio, Epodon
13.17]. Alivia toda tua mágoa com vinho e música.
399. Omne manu factum consumit longa vetustas. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 67]. O longo tempo desgasta
tudo que é feito pela mão.
400. Omne nimium nocet. [DAPR 225]. Tudo em excesso
prejudica. ■ T odo excesso prejudica. ■ O que é de mais é
moléstia. ● Omne nimium ingratum. Tudo em excesso é
desagradável. ■ T udo que é de mais enjoa. VIDE: ● Omnia
nimia nocent. ● Omnia summa nocent, sed moderata
iuvant.
401. Omne nimium non bonum. [Grynaeus 512]. Todo
excesso não é bom. ■ T udo que é de mais enjoa.
402. Omne nimium vertitur in vitium. [Binder, Thesaurus
2372]. Todo excesso se transforma em defeito. ■ T odo
excesso é uma imperfeição. ● Omne nocet nimium.
[Ibidem]. ■ T odo excesso prejudica. VIDE: ● Vitiosum est
ubique, quod nimium est. ● Vitium est ubique, quod
nimium est.
403. Omne novum carum, vilescit cotidianum. [DAPR 482].
Tudo que é novo é amado, o rotineiro perde o valor. ■ T oda
coisa nova apraz. ■ T udo que é novo cativa. VIDE: ● Ad nova
homines concurrunt, ad nota non veniunt. ● Est natura
hominum novitatis avida. ● Est nova res grata: vilescit res
inveterata. ● Est quoque cunctarum novitas carissima
rerum. ● Grata novitas. ● Grata rerum novitas. ● Nova
placent.
404. Omne ordinatum pulchrum. Tudo que é organizado é
belo.
405. Omne peccatum voluntarium. [Publílio Siro]. Todo
pecado é voluntário. VIDE: ● Nemo peccat invitus. ● Omitte
excusationem, nemo peccat invitus. ● Peccatum omne
voluntarium est, et sine voluntate non committitur.
● Peccatum omne voluntarium est, et sine voluntate non
committitur.
406. Omne principium grave. [Binder, Thesaurus 2374].
■ T odo começo é difícil. VIDE: ● Ardua prima via est.
● Omne initium grave. ● Omne initium difficile.
407. Omne principium fervet, medium tepet, finis frigit.
Todo princípio ferve, todo meio é morno, todo fim é frio.
408. Omne proverbium est probatum verbum. Todo
provérbio é uma afirmação comprovada.
409. Omne pulchrum amabile. [Robert Burton, The Anatomy
of Melancholy 3.2]. Tudo que é bonito é agradável.
410. Omne quod dulce est, cito satiat. [Macróbio, Saturnalia
7.4.15]. Tudo que é doce logo aborrece.
411. Omne, quod exoritur, terra fit et moritur. [Binder,
Thesaurus 2375]. Tudo que nasce vira terra e morre.
412. Omne quod factum est in seculo, initium habet, pariter
et consummationem. [Vulgata, 4Esdras 9.5]. Tudo que
existe no mundo tem início, e igualmente tem fim.
413. Omne quod fortuito evenit instabile est. [Sêneca, De
Brevitate Vitae 17]. Tudo que vem do acaso é instável.
414. Omne quod in macello venit, manducate, nihil
interrogantes propter conscientiam. [Vulgata, 1Coríntios
10.25]. De tudo que se vende na praça comei, sem perguntar
nada, por causa da consciência.
415. Omne quod natum est ex Deo, vincit mundum.
[Vulgata, 1João 5.4]. Todo o que é nascido de Deus vence o
mundo.
416. Omne quod rarum est, plus appetitur. [S.Jerônimo,
Epistulae 146.2]. Tudo o que é raro é mais desejado.
417. Omne quod solo inaedificatur solo cedit. [Institutiones
2.1.12]. Tudo que se edifica, pertence ao solo. VIDE:
● Aedificatum solo, solo cedit. ● Aedificia solo cohaerent.
● Aedificium solo cedit.
418. Omne quod vivit id vivit propter inclusum in eo
calorem. [Cícero, De Natura Deorum 2.24]. Tudo que vive
vive por causa do calor que tem dentro de si.
419. Omne rarum carum. Tudo que é raro é querido. ■ T oda
coisa nova apraz. ■ T udo que é novo cativa. ● Omne rarum
carum, vilescit cotidianum. [Stevenson 1935]. Tudo que é
raro é amado, o rotineiro perde o valor. VIDE: ● Omne novum
carum, vilescit cotidianum. ● Omnia rara, cara. ● Quae
rara, cara. ● Quae rarissima, carissima. ● Quod rarum est,
carum est.
420. Omne regnum in se ipsum divisum, desolabitur.
[Vulgata, Lucas 11.17]. Todo país dividido internamente será
devastado. ● Omne regnum divisum contra se desolabitur.
[Vulgata, Mateus 12.25]. ● Omne regnum divisum
desolaretur.
421. Omne simile est dissimile. Tudo que é semelhante é
desigual. ■ P arecer não é ser.
422. Omne simile claudicat. [Binder, Thesaurus 2377]. Toda
comparação claudica. ■ P arecer não é ser. ■ T oda
comparação é odiosa.
423. Omne solum forti patria. [Divisa]. Para o homem
corajoso, toda terra é sua pátria. ■ A o bom varão terras
alheias sua pátria são. ■ E m toda parte se come pão.
● Omne solum forti patria est, ut piscibus aequor. [Ovídio,
Fasti 1.493]. Para o homem corajoso, toda terra é sua pátria,
como o mar para os peixes.
424. Omne sua retinet vinum de vite saporem. [Binder,
Thesaurus 2380]. Todo vinho conserva o sabor de sua
videira.
425. Omne sub regno graviore regnum est. [Sêneca, Thyestes
611]. Todo poder está sob um poder maior.
426. Omne supervacuum fastiditur. Tudo que é inútil é
desprezado.
427. Omne supervacuum pleno de pectore manat. [Ovídio,
Ars Poetica 337]. Tudo que é supérfluo se escapa da
memória muito cheia.
428. Omne tempus Clodios, non omne Catones feret.
[Sêneca, Epistulae Morales 97.10]. Todo tempo nos trará
Clódios, nem todo tempo nos trará Catões. (=1.Clódio,
cidadão romano turbulento, libertino e sedicioso, acusado de
incesto e sacrilégio. 2. M. Pórcio Catão, cidadão romano
célebre por suas virtudes).
429. Omne testamentum morte consummatum est. [Jur /
Coke / Black 1289]. Todo testamento se completa com a
morte.
430. Omne trinum perfectum. [DAPR 483]. Toda tríade é
perfeita. ■ T rês foi a conta que Deus amou. VIDE: ● Omne
trinum est perfectum. [Rezende 4593].
431. Omne tulit punctum qui miscuit utile dulci, lectorem
delectando pariterque monendo. [Horácio, Ars Poetica
343]. Ganhou todos os votos aquele que juntou o útil ao
agradável, deleitando o leitor e ao mesmo tempo ensinando.
432. Omne verbum, si facta absint, stultum videtur. Se
faltam os fatos, toda afirmação é considerada tola.
433. Omne verterat in fumum et cinerem. [Horácio, Epistulae
1.15.38]. Reduzira tudo a fumaça e cinzas.
434. Omne violentum est contra naturam. Tudo que é
violento é contra a natureza. ● Omne violentum est
inimicum naturae. Tudo que é violento é inimigo da
natureza.
435. Omne vitium contra naturam pugnat. Todo vício luta
contra a natureza. ● Omne vitium contra naturam est. Todo
vício é contra a natureza.
436. Omne vitium in proclivi est. [Henry Fielding, The
History of Amelia]. Todo vício tende para baixo.
437. Omne vitium semper habet patrocinium suum. [PSa].
Todo vício tem sempre a sua defesa. VIDE: ● Cui enim
tandem vitio advocatus defuit? ● Nullum est vitium sine
patrocinio. ● Vitium omne semper habet patrocinium
suum.
438. Omne vivum ex ovo. [Atribuído a Guilherme Harvey].
Todo ser vivo provém de um ovo. ● Omne vivum ex vivo.
Tudo que é vivo vem de um ser vivo. VIDE: ● Ex ovo omnia.
● Omne animale ex ovo. ● Omnia animalia ex ovo.
439. Omnem aditum malis praecludito. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 1.18 / Rezende 4576]. Fecha toda entrada aos maus.
■ S e deres entrada ao mau, deitar-te-á fora de casa.
440. Omnem agitare rudentem. [Schottus, Adagia 599].
Sacudir toda corda. ■ M over mundos e fundos. ■ M over céus
e terras. VIDE: ● Lapidem omnem movere. ● Omnem funem
movere. ● Omnem movere funem. ● Omnem movere
lapidem. ● Omnem movere rudentem.
441. Omnem condicionem versabilem esse; et quidquid in
ullum incurrit, posse in te quoque incurrere. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 11]. Toda sorte é inconstante; e tudo
que acontece a outrem pode suceder também a ti.
442. Omnem crede diem tibi diluxisse supremum. [Horácio,
Epistulae 1.4.13]. Considera cada dia que nasce como se
fosse o último para ti.
443. Omnem facultatem indutus est. [Erasmo, Adagia 3.4.62].
Cobriu-se com tudo que tem. ■ S ó tem a roupa do corpo.
444. Omnem funem movere. [Schottus, Adagia 452]. Mover
toda corda. ■ M over mundos e fundos. ■ M over céus e terras.
VIDE: ● Lapidem omnem movere. ● Omnem agitare
rudentem. ● Omnem movere funem. ● Omnem movere
lapidem. ● Omnem movere rudentem.
445. Omnem iacere aleam. [Erasmo, Adagia 1.4.32]. Jogar
todos os dados. ■ A rriscar tudo. VIDE: ● Alea iacta est. ● Alea
iacta esto. ● Iacta alea est! ● Iacta sit alea.
446. Omnem lapidem movebo. [Apostólio, Paroemiai 15.91].
Moverei todas as pedras. ■ M overei mundos e fundos. VIDE:
● Lapidem omnem movebo.
447. Omnem legem frangit necessitas. A necessidade rompe
toda lei. ■ A necessidade não tem lei. VIDE: ● Legem non
habet necessitas. ● Necessitas caret lege. ● Necessitas dat
legem, non ipsa accipit. ● Necessitas non habet legem.
448. Omnem locum sapienti viro patriam esse. [Sêneca, Ad
Helviam 8.7]. Para o sábio todo lugar é sua pátria. VIDE:
● Omnis locus sapienti viro patria est. ● Sapientis est
carere patria. ● Sapientis quaevis terra patria. ● Viro
sapienti omnis terra est calcabilis.
449. Omnem miseriam capere. [Pereira 109]. Sofrer todas as
misérias. ■ C omer o pão que o diabo amassou.
450. Omnem movere funem. Sacudir toda corda. ■ M over
mundos e fundos. ■ M over céus e terras. ● Omnem
rudentem movere. [Erasmo, Adagia 1.4.31]. ● Omnem
movere lapidem. [Erasmo, Adagia 1.4.30]. Mover toda
pedra. VIDE: ● Lapidem omnem movere. ● Omnem agitare
rudentem. ● Omnem funem movere.
451. Omnem scientiam nihil aliud esse quin reminiscentiam.
[Platão / Bacon, Sermones, De Vicissitudine Rerum]. Todo
saber não passa de recordação.
452. Omnes ad unum. Todos juntos. VIDE: ● Ad unum
(omnes). ● Ad unum omnes cum ipso duce occisi sunt.
453. Omnes aequo animo parent, digni ubi imperant.
[Publílio Siro]. Todos obedecem de boa vontade, quando são
dignos os que mandam.
454. Omnes amicos habere operosum est; satis est inimicos
non habere. [Sêneca, Epistulae Morales 14.7]. Ter a todos
por amigos dá muito trabalho; basta não ter inimigos.
455. Omnes aquae in mare revertentur. [Vulgata,
Eclesiástico 40.11]. Todas as águas voltarão ao mar. ■ A s
águas descem ao mar, e todas as coisas ao seu natural. VIDE:
● Omnia quae de terra sunt in terram convertentur, et
omnes aquae in mare revertentur.
456. Omnes artes quae ad humanitatem pertinent, habent
quoddam commune vinculum et quasi cognatione
quadam inter se continentur. [Cícero, Pro Archia 1]. Todos
os conhecimentos que dizem respeito à vida humana têm um
certo vínculo comum e contêm um certo parentesco entre si.
457. Omnes attrahens ut magnes lapis. [Erasmo, Adagia
1.7.56]. Atrai a todos como se fosse um ímã.
458. Omnes autem homines natura libertati studere et
condicionem servitutis odisse. [César, De Bello Gallico
3.10]. Todos os homens por natureza desejam a liberdade e
odeiam a condição de servidão. VIDE: ● Omnes homines
natura libertati student et condicionem servitutis
oderunt.
459. Omnes contacta denigrat pix calefacta. [Tosi 585]. O
pez liquefeito ao ser tocado enegrece a todos. ■ N inguém
toca em carvão que não fique enfarruscado. ■ Q uem se
encosta ao ferro enferruja-se. ■ Q uem com cães se deita com
pulgas se levanta. VIDE: ● Qui tangit picem,
contaminabitur. ● Qui tetigerit picem, inquinabitur ab ea.
460. Omnes cum Fortuna copulati sumus. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 10.3]. Todos estamos amarrados à
Fortuna.
461. Omnes, cum occulte peccant, peccant ocius. [Publílio
Siro]. Todos, quando pecam escondidos, pecam com mais
facilidade. ● Omnes, cum occulte peccant, peccant tutius.
Todos, quando pecam escondidos, pecam com mais
segurança.
462. Omnes cupimus, at non licet ditescere. [Menandro /
Grynaeus 604]. Todos desejamos enriquecer, mas não
conseguimos. VIDE: ● Ditescere omnes volumus, at non
possumus.
463. Omnes cupimus senium; cum venerit odimus. [Bebel,
Adagia Germanica]. Todos desejamos a velhice; quando ela
chega, nós a odiamos. ■ T odos querem chegar a velho, mas
ninguém quer que lho chamem.
464. Omnes currunt in stadio, sed unus accipit bravium.
Todos correm no estádio, mas um só alcança o prêmio.
● Omnes currunt, sed unus accipit bravium. [Polydorus,
Adagia]. VIDE: ● Nescitis quod ii qui in stadio currunt,
omnes quidem currunt, sed unus accipit bravium?
465. Omnes dies pauperi, mali. [Vulgata, Provérbios 15.15].
Todos os dias do pobre são maus.
466. Omnes diligunt munera, sequuntur retributiones.
[Vulgata, Isaías 1.23]. Todos amam as dádivas, andam atrás
das recompensas.
467. Omnes divitiae dum alios spoliant, iniquitate
pariuntur.[S.Jerônimo, Commentaria in Michaeum 2.6 /
Rezende 4583]. Toda riqueza que espolia outras pessoas,
nasce da iniqüidade.
468. Omnes eiusdem farinae. [Pereira 118]. São todos da
mesma farinha. ■ S ão todos farinha do mesmo saco. ■ S ão
lobos da mesma alcatéia. VIDE: ● Homines sunt eiusdem
farinae. ● Homines sunt eiusdem furfuris. ● Homines sunt
eiusdem generis.
469. Omnes enim quae sua sunt quaerunt. [Vulgata,
Filipenses 2.21]. Todas buscam as suas próprias coisas.
■ C ada qual procura as suas melhoras.
470. Omnes enim qui acceperint gladium, gladio peribunt.
[Vulgata, Mateus 26.52]. Todos que tomarem espada
morrerão à espada. ■ Q uem com ferro fere com ferro será
ferido. ■ Q uem com ferro mata com ferro morre. VIDE: ● Qui
gladio ferit, gladio perit. ● Qui in gladio occiderit,
opportet eum gladio occidi. ● Qui gladio percutit, gladio
morietur. ● Quicumque gladio utitur, gladio peribit.
471. Omnes enim vitam differentes mors incerta praevenit.
[PSa]. A todos que deixam para viver mais tarde, a morte
incerta os surpreende.
472. Omnes eodem cogimur. [Horácio, Carmina 2.3.25].
Todos somos impelidos ao mesmo lugar. ■ A vida é incerta,
mas a morte é certa.
473. Omnes eodem luto. Somos todos feitos do mesmo barro.
474. Omnes eodem morbo laborant. [Pereira 123]. Todos
sofrem do mesmo mal. ■ T odos manquejam de um pé.
475. Omnes eodem patre nati sumus. [DAPR 28]. Todos
nascemos do mesmo pai. ■ T odos somos filhos de Adão e
Eva. VIDE: ● Omnes filii Dei sumus.
476. Omnes esse beatos, qui vivant, ut ipsi velint. [Cícero,
Fragmenta 10]. São felizes todos aqueles que vivem como
querem.
477. Omnes esse divites, qui caelo et terra frui possint.
[Cícero, Ad Familiares 7.16]. São ricos todos os que podem
gozar do céu e da terra. VIDE: ● Omnes sunt divites qui caelo
et terra frui possunt.
478. Omnes fallimur. [Grynaeus 587]. Todos nos enganamos.
■ N ão há cavalo que não tropece.
479. Omnes filii Dei sumus. Somos todos filhos de Deus.
■ T odos somos filhos de Adão e Eva. VIDE: ● Omnes eodem
patre nati sumus.
480. Omnes formosi fortes. [Lucílio]. Todos os poderosos são
bonitos.
481. Omnes fragiles sumus. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Chrisjti 1.2.4]. Todos somos frágeis.
482. Omnes gaudent facere recte. [Áccio / Stevenson 1989].
Todos têm prazer em agir honestamente.
483. Omnes gentes, plaudite manibus. [Vulgata, Salmos
46.2]. Todos os povos, batei palmas. VIDE: ● Plaudite
manibus!
484. Omnes homines ad suum quaestum callent. Todos os
homens são sabidos, quando se trata de sua vantagem.
■ C ada qual sabe para seu proveito. ● Omnes homines ad
suum quaestum callent, nec fastidiunt. [Plauto,
Truculentus 905]. Todos os homens, quando se trata de seu
proveito, são sabidos, e não sentem repugnância.
485. Omnes homines aliquo errore ducuntur. [Plínio Moço,
Epistulae 9.13]. Todos os homens se deixam arrastar por
algum erro. ■ T odos têm seus podres.
486. Omnes homines aut liberi sunt aut servi. [Digesta 1.5.3].
Todos os homens ou são livres ou são escravos.
487. Omnes homines natura libertati student et condicionem
servitutis oderunt. Todos os homens por natureza desejam a
liberdade e odeiam a condição de servidão. VIDE: ● Omnes
autem homines natura libertati studere et condicionem
servitutis odisse. [César, De Bello Gallico 3.10].
488. Omnes homines natura scire desiderant. [Tomás de
Aquino, Ethicorum 7.13.14]. Todos os seres humanos por
natureza desejam aprender. ● Omnes homines naturaliter
scire desiderant veritatem. Todos os homens por natureza
desejam conhecer a verdade. VIDE: ● Omnis homo
naturaliter scire desiderat.
489. Omnes homines qui de rebus dubiis consultant, ab
odio, amicitia, ira atque misericordia vacuos esse decet.
[Salústio, Catilina 51.1]. Convém que todos os homens
chamados a opinar sobre uma questão duvidosa sejam livres
do ódio e da amizade, da cólera e da piedade.
490. Omnes homines sibi sanitatem cupiunt, saepe autem
omnia quae valetudini contraria sunt faciunt. Todos os
homens desejam saúde para si, mas com freqüência fazem
tudo que é contrário à saúde.
491. Omnes homines, sine dilectu aetatis, sexus, dignitatis,
rationis et sensus capabiles et habiles procreatos nec
fortuna nanctos, sed natura insitos esse sapientiam.
[Minúcio Félix, Octavius 16]. Todos os homens, sem
distinção de idade, sexo, posição social, foram criados
dotados de capacidade e poder de raciocínio e compreensão,
não pela sorte, mas pela natureza.
492. Omnes honorate, fraternitatem diligite, Deum timete,
regem honorificate. [Vulgata, 1Pedro 2.17]. Honrai a todos,
amai a irmandade, temei a Deus, respeitai ao rei.
493. Omnes humanos sanat medicina dolores; solus amor
morbi non amat artificem. [Propércio, Elegiae 2.1.57]. A
medicina cura todas as doenças humanas; só o amor não quer
médico para o seu mal.
494. Omnes humanos vincit patientia casus. A paciência
vence todos os reveses dos homens. VIDE: ● Õmnia in hoc
mundo vincit patientia et aetas.
495. Omnes iam norunt, quam sit amare bonum. [Propércio,
Elegiae 2.34]. Todos já sabem quanto é agradável amar.
496. Omnes immemorem beneficii oderunt. [Cícero, De
Officiis 2.18]. Todos detestam o ingrato.
497. Omnes in improbum tela torquent, ille retorquet.
[Pereira 123]. Todos lançam as lanças contra o mau, este as
devolve. ■ T odos ao ruim, e o ruim a todos.
498. Omnes in malorum mari navigamus. [Schrevelius
1184]. Todos navegamos num mar de dificuldades.
499. Omnes ingeniosos melancholicos. [Aristóteles / Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.80]. Todos os gênios são
melancólicos.
500. Omnes libertati natura student. [Plauto, Aulularia 809].
Naturalmente todos buscam a liberdade.
501. Omnes mali sumus. [Sêneca, De Ira 3.26.4]. Todos temos
defeitos. ■ C ada um tem seus podres.
502. Omnes mortales sese laudari optant. [S.Agostinho, De
Trinitate 13.6]. Todos os mortais desejam ardentemente ser
exaltados. ● Omnes mortales sese laudari exoptant.
503. Omnes mortales sumus, ergo bibamus. Todos vamos
morrer, portanto bebamos.
504. Omnes nati sumus ad societatem et communitatem
generis humani. [Cícero, De Finibus 4.4, adaptado]. Todos
nós nascemos para a participação e sociabilidade da raça
humana.
505. Omnes natura parit liberos. [Plauto, Aulularia 808]. A
natureza criou-nos todos livres.
506. Omnes noti me atque amici deserunt. [Terêncio,
Eunuchus 238]. Todos os conhecidos e amigos me
abandonam.
507. Omnes omnium caritates patria una complexa est.
[Cícero, De Officiis 1.54]. A pátria envolve o amor de todos.
508. Omnes quae sua sunt, quaerunt. [Polydorus, Adagia].
Todos procuram aquilo que é seu. VIDE: ● Omnes enim quae
sua sunt quaerunt.
509. Omnes qui in paupertate sunt malunt maleficio parare
divitias, quam officio paupertatem tueri. [RH 2.32]. Todos
aqueles que vivem na pobreza preferem obter riqueza através
de fraudes a permanecer nela no cumprimento de seus
deveres.
510. Omnes, quibus res sunt minus secundae, magis sunt,
nescio quo modo, suspiciosi. [Terêncio, Adelphoe 574].
Todos aqueles a quem os negócios estão menos favoráveis,
ficam, não sei por quê, mais desconfiados.
511. Omnes seipsos natura diligunt. [Cícero, De Finibus
3.18]. Por força da natureza, todos gostam de si mesmos.
VIDE: ● Omne animal se ipsum diligit.
512. Omnes sibi malle melius esse quam alteri. [Terêncio,
Andria 427]. Cada um prefere o melhor para si do que para
outrem. ■ C ada qual puxa a brasa para sua sardinha.
■ C ada um quer levar água a seu moinho e deixar seco o do
seu vizinho. ■ E m tal signo nasci, que mais quero para mim
que para ti. ● Omnes sibi melius esse malunt quam alteri.
[Erasmo, Adagia 1.3.91]. ● Omnes sibi melius esse volunt
quam alteri. ● Omnes sibi prius quam alteri esse volunt.
[Pereira 98]. ● Proximus sum egomet mihi.
513. Omnes sibi mentiri malint, quam negare. [Cícero, De
Petitione Consulatus 12]. Todos preferem que se lhes minta a
que se lhes recuse.
514. Omnes sitientes, venite ad aquas. [Vulgata, Isaías 55.1].
Todos vós que tendes sede, vinde às águas.
515. Omnes socrus oderunt nurus. [Terêncio, Hecyra 201].
Todas as sogras odeiam suas noras. ■ S ogra boa é maravilha,
uma nora nunca é filha. VIDE: ● Uno animo omnes socrus
oderunt nurus.
516. Omnes sunt divites qui caelo et terra frui possunt.
[Rezende 4591]. São ricos todos os que podem gozar do céu
e da terra. VIDE: ● Omnes esse divites, qui caelo et terra frui
possint.
517. Omnes tamen pari sorte nascimur, sola virtute
distinguimur. [Minúcio Félix, Octavius 37.10]. Todos
nascemos iguais, só pela virtude nos diferenciamos. ■ T odos
somos filhos de Adão e Eva; só a vida nos diferencia.
518. Omnes terra sumus. [Tosi 113]. Todos somos terra.
■ S omos todos filhos de Adão e Eva. ■ N ão há homem mais
homem do que outro.
519. Omnes trahimur et ducimur ad cognitionis et scientiae
cupiditatem, in qua excellere pulchrum putamos. [Cícero,
De Officiis 1.18]. Todos somos atraídos e conduzidos pelo
desejo de conhecer e de saber, no que julgamos bonito
sobressair.
520. Omnes una manet nox. [Horácio, Carmina 1.28.15]. A
mesma noite (da morte) espera por todos.
521. Omnes unanimes, compatientes, fraternitatis amatores,
misericordes, modesti, humiles. [Vulgata, 1Pedro 3.8].
Sede todos de um mesmo coração, compassivos, amadores
da irmandade, misericordiosos, modestos, humildes.
522. Omnes viae ad Romam ferunt. ■ T odos os caminhos
levam a Roma. ● Omnes viae ad Romam ducunt. VIDE:
● Mille viae ducunt homines per saecula ad Romam.
523. Omnes videntes me deriserunt me. [Vulgata, Salmos
21.8]. Todos os que me viram escarneceram de mim.
524. Omnes vincit opes secure ducere vitam. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 26.13]. Viver a vida sem
preocupação vale mais do que todas as riquezas.
525. Omnes virtutes et colunt et retinent. [Cícero, Ad
Familiares 15.19]. Eles amam e cultivam todas as virtudes.
526. Omnes virtutes inter se nexae sunt. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 3.17]. Todas as virtudes estão interligadas.
527. Omnes vulnerant, ultima necat. . [Inscrição em relógio].
Todas as horas machucam, a derradeira mata. VIDE:
● Vulnerant omnes, ultima necat.
528. Omni aetati mors est communis. [Cícero, De Senectute
19]. A morte é comum a todas as idades. ■ T anto morrem
velhos como meninos. VIDE: ● Mors omni aetati communis
est.
529. Omni autem cui multum datum est, multum quaeretur
ab eo. [Vulgata, Lucas 12.48]. A todo aquele a quem muito
foi dado, muito lhe será pedido.
530. Omni autem petenti te, tribue. [Vulgata, Lucas 6.30]. Dá
a todo aquele que te pedir. VIDE: ● Qui petit a te, da ei.
531. Omni devorato bove, in cauda defecit. [Pereira 121].
Devorado todo o boi, desistiu na cauda. ■ A cauda é o pior
de esfolar. ■ S empre o rabo é mau de esfolar. VIDE: ● Toto
devorato bove, in cauda defecit.
532. Omni enim habenti dabitur, et abundabit; ei autem qui
non habet, et quod videtur habere, auferetur ab eo.
[Vulgata, Mateus 25.29]. A todo aquele que já tem, dar-se-
lhe-á, e terá em abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á
até o que parece ter. VIDE: ● Cui sunt multa bona, huic
dantur plurima dona. ● Cui panis est, panis datur. ● Hic
mos est gentis, panis praebetur habenti. ● Dantur opes
nullis nunc nisi divitibus. ● Dantur divitiae non nisi
divitibus. ● Dantur opes Croeso, nihil praebetur egenti.
● Habenti dabitur. ● Qui enim habet, dabitur illi; et qui
non habet, etiam quod habet, auferetur ab eo. ● Qui enim
habet, dabitur illi; et quicumque non habet, etiam quod
putat se habere, auferetur ab illo.
533. Omni fine initium novum. [Divisa]. Em todo fim há um
novo começo.
534. Omni galeritae cristam inesse oportet. [Apostólio,
Paroimiai 15.68]. Toda cotovia tem de ter crista.
535. Omni in re modus est optimus. [Erasmo, Chiliades 1].
Em tudo é ótimo haver limites. ■ E m tudo convém medida.
■ T udo se quer com termos. VIDE: ● Modus in omni re est
optimus. ● Modus in rebus. ● Modus omnibus in rebus
optimum est habitu.
536. Omni malo, omni exitio peior servitus. [Plauto,
Aulularia 810]. A servidão é pior que qualquer mal, que
qualquer flagelo.
537. Omni malo punico inest granum putre. [J. Ray, English
Proverbs 53]. Em toda romã há uma semente estragada.
■ T odo homem tem sua fraqueza. ■ E m toda casa há roupa
suja. VIDE: ● Omnibus malis punicis aliquod inesse granum
putre. ● Vitiis nemo sine nascitur.
538. Omni negotio tempus est, et opportunitas. [Vulgata,
Eclesiastes 8.6]. Todas as coisas têm seu tempo e sua
oportunidade. ■ T udo tem seu tempo.
539. Omni ope. [Cícero, Ad Atticum 14.14.6]. Com todo o
esforço. Com todo o empenho.
540. Omni pedi eumdem calceum induis. [Dumaine 235]. Tu
calças o mesmo sapato nos dois pés. ■ O mesmo sapato não
serve em todos os pés. VIDE: ● Eumdem calceum omni pedi
inducere. ● Eumdem calceum non omni inducendum pedi.
● Non omni eumdem calceum induas pedi. ● Non omni
eumdem calceum induces pedi. ● Non omnis calceus
convenit cuilibet pedi.
541. Omni petenti, non omnia petenti. [S.Agostinho /
Bernardes, Nova Floresta 4.418]. Dá a todo que pede, mas
não dês tudo ao pedinte.
542. Omni rancore deposito. Afastado qualquer rancor. Sem
qualquer rancor.
543. Omni rei moderatio est adhibenda. [PSa]. Em tudo se
deve aplicar a moderação. VIDE: ● Omnia ad mediocritatem
revocanda.
544. Omni tempore diligit qui amicus est. Quem é amigo ama
o tempo todo. ● Omni tempore diligit qui amicus est, et
frater in angustiis comprobatur. [Vulgata, Provérbios
17.17]. Quem é amigo ama o tempo todo, e o irmão se
conhece nos transes apertados.
545. Omni vulneri est medicina, at malo naturae non est
medicina. Existe remédio para toda ferida, mas para defeito
da natureza não há remédio. ■ A raposa muda de pêlo, mas
não de vezo. ■ Q uem nasce torto morre envergado.
546. Omnia ad Dei gloriam. Tudo para a glória de Deus. VIDE:
● Ad maiorem Dei gloriam.
547. Omnia ad mediocritatem revocanda. [Pereira 123].
Tudo deve ser colocado no equilíbrio. ■ T udo se quer em
meio. ■ T udo na vida quer tempo e medida. VIDE: ● Omni rei
moderatio est adhibenda.
548. Omnia ad tempus certum durant. [Bebel, Adagia
Germanica]. Todas as coisas duram o seu tempo certo. ■ N ão
há nada tão forte que não o derrube a morte. ■ T udo acaba,
senão o amor de Deus.
549. Omnia adsunt bona, quem penes est virtus. [Plauto,
Amphitruo 495]. Quem tem virtude tem todas as qualidades.
550. Omnia affert aetas secum, aufert omnia secum. [Owen,
Epigrammata 3.131]. O tempo tudo traz consigo, e tudo leva
consigo.
551. Omnia aliena sunt, tempus tantum nostrum est.
[Sêneca, Epistulae Morales 1.3]. Tudo pertence aos outros,
só o tempo é nosso.
552. Omnia animalia ex ovo. [William Harvey]. Todos os
seres vivos provêm de um ovo. ● Omnia animalia ex ovo;
omnis cellula e cellula. Todos os seres vivos provêm de um
ovo; toda célula provém de uma célula. VIDE: ● Ex ovo
omnia. ● Omne animale ex ovo. ● Omne vivum ex ovo.
553. Omnia autem honeste, et secundum ordinem fiant.
[Vulgata, 1Coríntios 14.40]. Todas as coisas se disponham
honestamente e segundo a ordem.
554. Omnia autem probate: quod bonum est tenete.
[Vulgata, 1Tessalonicenses 5.21]. Examinai porém tudo;
abraçai o que é bom. VIDE: ● Omnia legentes, quae bona
sunt retinentes. ● Omnia legenda, bona retinenda.
555. Omnia autem quae secundum naturam fiunt, sunt
habenda in bonis. [Cícero, De Senectute 19]. Tudo que
acontece segundo a natureza deve ser tido como bom. VIDE:
● Omnia quae secundum naturam sunt, aestimatione
digna sunt.
556. Omnia benefacta in luce se collocari volunt. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 2.26]. Todas as boas ações querem
ser expostas ao público.
557. Omnia blanda cave: latet hoc sub melle venenum.
[Binder, Thesaurus 2389]. Cuidado com tudo que é atraente:
debaixo desse mel esconde-se o veneno.
558. Omnia bona bonis. [Divisa]. Tudo de bom para os bons.
VIDE: ● Bona bonis contingunt.
559. Omnia bona huius mundi propter ipsum hominem sunt
creata. Todos os bens deste mundo foram criados por causa
do homem.
560. Omnia bona mea mecum sunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 9.18]. Todos os meus bens estão comigo. VIDE:
● Mea mecum porto. ● Mecum mea sunt cuncta. ● Omnia
mea bona mecum sunt. ● Omnia mea mecum porto.
● Omnia mea mecum sunt. ● Omnia mecum porto mea.
561. Omnia bonos viros decent. [Erasmo, Adagia 2.9.60].
Tudo convém aos homens honestos. ● Omnia bonos decent.
562. Omnia, Castor, emis; sic fiet ut omnia vendas. [Marcial,
Epigrammata 7.98]. Tu compras tudo, Castor; desse modo
vai acontecer que venderás tudo. ■ Q uem compra o supérfluo
vende o necessário.
563. Omnia certo tramite vadunt. [Sêneca, Oedipus 989].
Tudo passa por caminho certo.
564. Omnia cinis aequat. [DAPR 461]. As cinzas igualam
tudo. ■ A morte nivela tudo. ■ A morte iguala todos os
viventes. VIDE: ● Mors omnia aequat. ● Omnia mors aequat.
565. Omnia conando docilis solertia vicit. [Manílio,
Astronomica 1.94]. A habilidade inteligente, à força de
tentativas, venceu tudo.
566. Omnia confundere. Confundir tudo. ■ M isturar verdes
com maduras. VIDE: ● Caelum ac terras miscere. ● Caelum
terrae miscere. ● Caelum terrae, terram caelo miscere.
567. Omnia constituta non praeteritis calumniam faciunt,
sed futuris regulam ponunt. [Codex Theodosiani 1.1.3].
Todas as leis que são instituídas regulamentam os fatos
futuros, não prejudicam os fatos passados.
568. Omnia cum originalibus concordant. Tudo está de
acordo com os textos originais. (=Assinada por autoridade
competente, essa declaração, inserida em um documento,
indica sua autenticidade). VIDE: ● Concordat cum scripto
originali.
569. Omnia cum pretio. Tudo tem seu preço. Tudo está à
venda. VIDE: ● Omnia Romae cum pretio. ● Omnia Romae
venalia esse. ● Omnia venalia Romae. ● Romae omnia
venalia esse. ● Romae omnia cum pretio
570. Omnia cupienti multa desunt. [Rezende 4601]. Muito
falta a quem tudo deseja. ■ T udo falta a quem tudo deseja.
571. Omnia deficiunt, animus tamen omnia vincet. [Ovídio,
Ex Ponto 2.7.75]. Falta tudo, mas a vontade vencerá tudo.
572. Omnia desuper. [Divisa]. Tudo vem do alto.
573. Omnia divitiis parent. Tudo obedece ao dinheiro. ■ O
dinheiro governa o mundo. ■ T udo pode o dinheiro. VIDE:
● Omnis enim res divitiis paret.
574. Omnia dubia sunt et disputationem admittunt. [Eiselein
343]. Tudo é duvidoso e admite disputa.
575. Omnia dulciora fiunt et moribus bonis et artibus.
[Cícero, De Senectute 65]. Todas as coisas mais agradáveis
acontecem pelas boas ações e pelo trabalho.
576. Omnia enim possibilia sunt apud Deum. [Vulgata,
Marcos 10.27]. Para com Deus todas as coisas são possíveis.
■ A Deus tudo é fácil, e nada é impossível. ■ C om Deus tudo
podemos; sem Deus nada valemos..
577. Omnia enim vitia in aperto leviora sunt, et tunc
perniciosissima, cum simulata sanitate subsidunt.
[Sêneca, Epistulae Morales 56]. Todos os vícios são mais
leves quando são visíveis: eles são muito perniciosos quando
se escondem sob um ar de pureza.
578. Omnia ergo quaecumque dixerint vobis, servate, et
facite; secundum opera vero eorum nolite facere: dicunt
enim, et non faciunt. [Vulgata, Mateus 23.3]. Observai,
pois, e fazei tudo quanto eles vos disserem; porém não obreis
segundo a prática das suas ações, porque dizem, e não fazem.
VIDE: ● Quaecumque dixerint vobis, facite; secundum
opera eorum nolite facere.
579. Omnia ergo quaecumque vultis ut faciant vobis
homines, et vos facite illis. [Vulgata, Mateus 7.12]. Tudo
que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também
vós a eles.
580. Omnia esculenta obsessis. [Erasmo, Adagia 2.9.57]. Para
quem está sitiado, tudo é alimento. ■ Q uem tem fome cardos
come. ■ C omerá sapos e lagartos. VIDE: ● Omnia sunt
esculenta in obsidione.
581. Omnia etiam felicibus dubia sunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 101]. Tudo é incerto, mesmo para os favorecidos.
582. Omnia eveniunt, ut sunt humana. [Pereira 123]. Tudo
pode acontecer, já que é humano. ■ T udo pode ser, sem ser
milagre. ■ T udo há no mundo.
583. Omnia fac cum consilio, et post factum non paenitebis.
[S.Beda, Proverbiorum Liber]. Faze tudo com prudência, e
depois de feito não te arrependerás. VIDE: ● Nil sine consilio
facias: sic facta probantur. ● Sine consilio nihil facias, et
post factum non paenitebis.
584. Omnia fato fiunt. Tudo acontece pelo destino. VIDE: ● Si
est voluntatis arbitrium, non omnia fato fiunt.
585. Omnia felici cedant felicia. [Pereira 120]. Ao homem de
sorte que tudo que acontece lhe seja favorável. ■ Q uem se
bem estréia bem lhe venha.
586. Omnia fere quae sunt conclusa nunc artibus, dispersa
et dissipata quondam fuerunt. [Cícero, De Oratore 187].
Quase tudo que agora está reunido pelo trabalho, outrora
estava solto e disperso.
587. Omnia fert aetas. [Epígrafe de Fábula de Fedro 5.10 /
Rezende 4603]. O tempo leva tudo. ■ O tempo tudo devora.
● Omnia fert tempus. [DAPR 628]. ● Omnia fert aetas,
animum quoque. [Virgílio, Eclogae 9.51]. O tempo leva
tudo, até a memória. ● Omnia fert tempus, pariter rapit
omnia tempus. [Binder, Thesaurus 2394]. O tempo tudo
traz, mas, igualmente, tudo rouba.
588. Omnia fieri possent. [Sêneca, Epistulae Morales 70.9].
Tudo poderá acontecer.
589. Omnia flumina intrant in mare. Todos os rios entram no
mar. ■ O s rios correm para o mar. ● Omnia flumina intrant
in mare, et mare non redundat. [Vulgata, Eclesiastes 1.7].
Todos os rios correm para o mar, e o mar não transborda.
VIDE: ● Ad mare declivus omnis currit cito rivus.
590. Omnia fui, et nihil expediit. [Eutrópio, Breviarium 8.18].
Fui tudo, e não adiantou de nada.
591. Omnia homini, dum vivit, speranda sunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 70.6]. O homem, enquanto está vivo, deve
esperar tudo. ■ E nquanto há vida, há esperança.
592. Omnia homo statuit, Deus optimus omnia condet.
[Medina 591]. O homem tudo planeja, o boníssimo Deus
tudo construirá. ■ O homem põe, Deus dispõe. ■ O s homens
fazem o almanaque, e Deus manda o tempo. VIDE: ● Cor
hominis disponit viam suam, sed Domini est dirigere
gressus eius. ● Homo proponit, sed Deus disponit. ● Vanus
homo statuit, Deus optimus omnia condit.
593. Omnia honesta opera voluntas inchoat, occasio perficit.
[Sêneca Retórico, Controversiae 4.7]. Todas as ações
honestas, é a vontade que as começa, e a oportunidade que as
realiza.
594. Omnia humana brevia et caduca sunt, et infiniti
temporis nullam partem occupantia. [Sêneca, Ad Marciam
21.1]. Tudo que é humano é breve e frágil, e não ocupa
espaço nenhum do tempo infinito.
595. Omnia humana placate et moderate feramus. [Cícero,
Ad Familiares 6.1]. Suportemos todas as coisas humanas
com calma e indulgência.
596. Omnia iam fiunt, fieri quae posse negabam. [Ovídio,
Tristia 1.8.7]. Já acontece tudo que eu negava que pudesse
acontecer.
597. Omnia idem pulvis. [Erasmo, Adagia 1.7.27]. Tudo é o
mesmo pó. ■ Q ual mais, qual menos, toda lã é pelos. ■ T odos
somos filhos de Adão e Eva. ■ T odo sangue é vermelho. VIDE:
● Omnia mors aequat.
598. Omnia illi ex sententia ceciderunt. [Pereira 99]. Tudo lhe
aconteceu conforme seu desejo. ■ C aiu-lhe a sopa no mel.
599. Omnia in hoc mundo vincit patientia et aetas. Neste
mundo, a paciência e o tempo vencem tudo. VIDE: ● Omnes
humanos vincit patientia casus.
600. Omnia in luce scientiae florent. [Inscrição em quadrante
solar]. Tudo floresce na luz do conhecimento.
601. Omnia in mensura, et numero, et pondere disposuisti.
[Vulgata, Sabedoria 11.21]. Todas as coisas dispuseste com
medida, conta e peso.
602. Omnia in peius ruunt. [Branco 658]. ■ T udo vai de mal a
pior.
603. Omnia in sapientia fecisti. [Vulgata, Salmos 103.24].
Todas as coisas fizeste com sabedoria.
604. Omnia iura sibi vindicat auctor. O autor se reserva todos
os direitos. ● Omnia iura reservantur. Reservam-se todos
os direitos. ● Omnia iura vindicabuntur. Todos os direitos
serão reivindicados. VIDE: ● Auctor iura sua ex legibus sibi
vindicat.
605. Omnia legentes, quae bona sunt retinentes. Lêem tudo,
retêm o que é bom. ● Omnia legenda, bona retinenda. Tudo
deve ser lido, mas só o que é bom deve ser retido. VIDE:
● Omnia autem probate: quod bonum est tenete.
606. Omnia licent quae non sunt prohibita aut alias sunt in
iniuriam aut detrimentum aliorum. [Pe.Francisco de
Vitoria]. São lícitas todas as coisas que não estão proibidas
ou que não vão em prejuízo ou injúria de outros.
607. Omnia mala exempla ex rebus bonis orta sunt.
[Salústio, Catilina 51.6]. Todas as más ações nasceram de
ações boas.
608. Omnia mala leviora accident expectantibus. [Sêneca,
De Constantia Sapientis 19.4]. Para quem os espera, todos os
males resultarão mais leves. VIDE: ● Notissimum
quodcumque malum, maxime tolerabile.
609. Omnia mandata tua aequitas. [Vulgata, Salmos
118.172]. Todos os teus mandamentos são eqüidade.
610. Omnia mecum porto mea. [Bias / Cícero, Paradoxa
1.1.8]. Levo comigo todos os meus bens. ● Omnia mea
mecum porto. [Schottus, Adagia 617]. ● Omnia mea bona
mecum sunt. [Sêneca, Epistulae Morales 9]. ● Omnia mea
mecum sunt. [Sêneca, De Constantia 5.6]. VIDE: ● Mea
mecum porto. ● Mecum mea sunt cuncta. ● Omnia bona
mecum sunt.
611. Omnia mihi licent, sed non omnia aedificant. [Vulgata,
1Coríntios 10.23]. Tudo me é permitido, mas nem tudo
edifica.
612. Omnia mihi licent, sed non omnia expediunt. [Vulgata,
1Coríntios 6.12]. Tudo me é permitido, mas nem tudo me
convém.
613. Omnia mors aequat. [Claudiano, De Raptu Proserpinae
2.302]. ■ A morte nivela tudo. ■ A morte iguala todos os
viventes. VIDE: ● Mors omnia aequat. ● Omnia cinis aequat.
● Omnia idem pulvis.
614. Omnia mors poscit; lex est, non poena, perire. [Sêneca,
Epigrammata 7.1 / Rezende 4610]. A morte reclama tudo;
morrer é lei, não castigo.
615. Omnia mortali mutantur lege creata. [Manílio,
Astronomica 1.504]. Tudo que é criado pela lei dos mortais
se transforma.
616. Omnia mortalium opera mortalitate damnata sunt:
inter peritura vivimus. [Sêneca, Epistulae Morales 91.12].
Todos os atos dos mortais estão condenados pela
mortalidade: vivemos entre coisas que vão perecer.
617. Omnia munda mundis. [Vulgata, Tito 1.15]. Tudo é puro
para os puros.
618. Omnia mundana transitoria fore atque caduca.
[Albertano da Brescia, De Amore 4.22]. Todas as coisas do
mundo são transitórias e vão acabar.
619. Omnia mutantur, nihil interit. [Ovídio, Metamorphoses
15.165]. Tudo se transforma, nada morre. VIDE: ● Nihil
interit. ● Nihil interit, omnia mutantur.
620. Omnia mutantur, nos et mutamur in illis. [Matthias
Borbonius, Deliciae Poetarum Germanorum 685]. Todas as
coisas se transformam, nós também nos transformamos com
elas. ■ C om o tempo maduram as uvas. VIDE: ● Tempora
mutantur, nos et mutamur in illis. ● Tempora mutantur,
et nos in illis.
621. Omnia mutantur, omnia fluunt: quod fuimus aut
sumus, cras non erimus. Tudo se transforma, tudo segue
seu curso: o que fomos ou que somos, amanhã não seremos.
622. Omnia neglegitur cum adest paupertas. Quando a
pobreza está presente, não se cuida de nada. ■ Q uando falta
dinheiro, falta tudo. ■ S em dinheiro tudo é vão.
623. Omnia nemo potest, non omnes omnia possunt.
[Werner]. Ninguém pode tudo, todos não podem tudo.
624. Omnia nimia nocent. [Tosi 1761]. ■ T odo excesso
prejudica. VIDE: ● Omne nimium nocet. ● Omnia summa
nocent, sed moderata iuvant.
625. Omnia nobis mala solitudo persuadet. [Sêneca,
Epistulae Morales 25.5]. A solidão nos convida a todos os
males.
626. Omnia non pariter rerum sunt omnibus apta.
[Propércio, Elegiae 3.9.7]. Nem todas as coisas convêm
igualmente a todos. ■ N em tudo é para todos.
627. Omnia nosse impossibile, pauca non laudabile.
[Busarello 117]. Saber tudo é impossível; saber pouco não é
louvável.
628. Omnia nuda et aperta oculis Dei. [Schottus, Adagialia
Sacra 141]. Todas as coisas estão nuas e abertas aos olhos de
Deus. ■ A Deus nada se esconde.
629. Omnia orta cadunt. Tudo que nasce morre. ● Omnia orta
occidunt et aucta senescunt. [Salústio, Bellum Iugurthinum
2]. Tudo que nasce morre e o que cresceu envelhece. VIDE:
● Orta omnia cadunt. ● Orta omnia intereunt. ● Quae nata
sunt, ea omnia denasci aiunt.
630. Omnia orta occidunt, virtus una immortalis est. Tudo
que nasce morre; a virtude é a única coisa imortal.
631. Omnia pecunia effici posse. Com dinheiro pode-se fazer
tudo. ■ C om dinheiro tudo se alcança. ■ C om o dinheiro na
mão em toda parte há função. VIDE: ● Omnia potest pecunia.
● Pecunia impetrat omnia. ● Si nummus est tibi, parebunt
omnia.
632. Omnia pericula enim plerumque quae absunt
vehementius hominum mentes perturbant. [César, De
Bello Gallico 7.84]. Geralmente os perigos que não são
vistos são os que mais perturbam as mentes dos homens.
633. Omnia pertento, omnia experior. [Plínio Moço,
Epistulae 1.20.15; Schottus, Adagia 139]. Tudo eu tento,
tudo experimento.
634. Omnia perturbat et nihil facit. Confunde tudo e nada faz.
■ M istura alhos com bugalhos. VIDE: ● Mare caelo admiscet.
● Maria omnia caelo miscuit.
635. Omnia perversas possunt corrumpere mentes. [Ovídio,
Tristia 2.1.301]. Tudo pode corromper os espíritos fracos.
636. Omnia plena dolis. [Binder, Thesaurus 2399]. Tudo está
cheio de enganos.
637. Omnia plena sunt audacia atque impudentia. [Schottus,
Adagia 364]. Tudo está cheio de audácia e de atrevimento.
638. Omnia possibilia sunt credenti. [Vulgata, Marcos 9.23].
Tudo é possível para quem crê.
639. Omnia possum. [Vulgata, Filipenses 4.13]. Tudo posso.
640. Omnia post obitum fingit maiora vetustas, maius ab
exsequiis nomen in ora venit. [Propércio, Elegiae 3.1.23].
Depois da morte o tempo torna tudo maior, depois do enterro
o nome vem à boca engrandecido. VIDE: ● Maius ab
exsequiis nomen in ora venit.
641. Omnia postremo ad diem et lucem venient. [Bebel /
Eiselein 232]. No fim, tudo virá à luz. ■ C om o tempo
descobre-se a verdade. ■ N ão há nada como um dia após o
outro.
642. Omnia potest natura, et omnia facit. A natureza tudo
pode e tudo faz.
643. Omnia potest pecunia. O dinheiro pode tudo. ■ C om
dinheiro tudo se alcança. VIDE: ● Omnia pecunia effici
posse. ● Pecunia impetrat omnia. ● Si nummus est tibi,
parebunt omnia.
644. Omnia praeclara dicis. [Erasmo, Adagia 4.8.97]. Tudo
que dizes é perfeito.
645. Omnia praeclara rara. [Cícero, De Amicitia 21.79].
Todas as coisas excelentes são raras. ● Omnia præclara tam
difficilia quam rara sunt. [Espinosa, Ethica 5.42]. Tudo que
é excelente é tão trabalhoso quando raro. VIDE: ● Praeclara
sunt rara.
646. Omnia praesumuntur legitime facta donec probetur in
contrarium. [Jur / Broom 742]. Até prova em contrário,
presume-se que todas as coisas tenham sido feitas com
legitimidade. ● Omnia praesumuntur rite et sollemniter
esse acta donec probetur in contrarium. [Broom 739].
Todos os atos são considerados realizados segundo as regras
e costumes.
647. Omnia praetereunt. Tudo passa. ■ T udo passa sobre a
terra.
648. Omnia praetereunt mortalia, praeter amore. Tudo que
é mortal passa, menos o amor.
649. Omnia praetereunt, praeter amare Deum.
[S.Boaventura / Bernardes, Nova Floresta 3.150]. ■ T udo
acaba, senão amar a Deus.
650. Omnia praetereunt, praeter benefacta piorum. [Pereira
115]. Tudo passa, menos as boas ações dos homens justos.
■ O bem-fazer não se perde.
651. Omnia prius experiri quam armis sapientem decet.
[Terêncio, Eunuchus 789]. Ao homem ajuizado convém
tentar tudo, antes de tentar as armas.
652. Omnia proclivia sunt, facile descenditur. [Sêneca,
Apocolocyntosis 13]. Tudo está em declive, desce-se com
facilidade. ■ P ara baixo todos os santos ajudam.
653. Omnia prospera veniunt sequentibus deos, adversa
autem spernentibus. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 5.52].
Tudo é favorável aos que seguem os deuses, mas é
desfavorável aos que os desdenham.
654. Omnia pugnaci iura sub ense cadunt. [Pereira 95].
Todos os direitos caem sob a espada belicosa. ■ O nde força
há, direito se perde.
655. Omnia purgat edax ignis. [Ovídio, Fasti 4.785]. O fogo
devorador tudo purifica.
656. Omnia quae de terra sunt in terram convertentur, et
omnes aquae in mare revertentur. [Vulgata, Eclesiástico
40.11]. Todas as coisas que se originam da terra em terra se
converterão, e todas as águas voltarão ao mar.
657. Omnia quae dicunt homines tu credere noli. [Alcuíno,
Praecepta 40 / Tosi 15]. Não te fies em tudo que dizem as
pessoas.
658. Omnia quae excesserunt modum, nocent. [Sêneca, De
Providentia 4.10]. Tudo que excedeu a medida, é prejudicial.
■ T odo excesso prejudica. ■ O que é de mais é moléstia.
659. Omnia quae iure contrahuntur, contrario iure pereunt.
[Gaio, Digesta 50.17.100]. Todas as obrigações contraídas
por força de uma lei decaem por força de lei contrária.
660. Omnia quae nitent aurea non sunt. ■ N em tudo que reluz
é ouro. VIDE: ● Aurea ne credas quaecumque nitescere
cernis. ● Auri natura non sunt splendentia plura. ● Non
est aurum omne quod radiat. ● Non est aurum quicquid
rutilat fulvum. ● Non est aurum totum quod lucet ut
aurum. ● Non est hoc aurum totum quod lucet ut aurum.
● Non omne id quod fulget aurum est. ● Non omne quod
micat aurum est. ● Non omne quod nitet aurum est. ● Non
teneas aurum totum quod splendet ut aurum. ● Non
teneas aurum totum quod splendet ut aurum, nec
pulchrum pomum quodlibet esse bonum. ● Quidquid
micat non est aurum. ● Quidquid micat aurum non est.
661. Omnia quae secundum naturam sunt, aestimatione
digna sunt. [Cícero, De Finibus 3.6]. Tido que está de
acordo com a natureza é digno de estima. VIDE: ● Omnia
autem quae secundum naturam fiunt, sunt habenda in
bonis.
662. Omnia quae sensu volvuntur vota diurna, tempore
noturno reddit amica quies. [Claudiano, Honorius,
Praefatio 1]. Todos os desejos que de dia rolam no espírito, à
noite nos são concedidos pelo descanso amigo. ■ D e noite
sonha no que de dia anda cuidando.
663. Omnia quae sunt uxoris sunt ipsius viri. [Jur]. Tudo que
pertence à mulher, pertence ao próprio marido.
664. Omnia quae tu vis, ea cupio. [Plauto, Persa 765]. Tudo
que desejas, eu também desejo. VIDE: ● Cupio omnia quae tu
vis.
665. Omnia quae tua sunt, post mortem nil tibi prosunt.
[Bragança 7.2.4]. Tudo que é teu, depois da morte não te
servirá de nada. ■ M ortalha não tem bolso.
666. Omnia quae ventura sunt in incerto iacent. [Sêneca, De
Brevitate Vitae 9]. Tudo que vai acontecer é incerto. VIDE:
● Quid crastina volvere aetas scire nefas homini.
667. Omnia quae vindicaris in altero, tibi ipsi vehementer
fugienda sunt. [Cícero, In Verrem 2.3.4]. Tudo que reprovas
em outrem, deve ser cuidadosamente evitado por ti.
668. Omnia quaecumque voluit, Dominus fecit, in caelo, in
terra, in mari, et in omnibus abyssis. [Vulgata, Salmos
134.6]. Quantas coisas quis, todas fez o Senhor, no céu, na
terra, no mar, e em todos os abismos.
669. Omnia qui reticet, munera pacis habet. [Pereira 118].
Quem silencia tudo, tem a garantia da paz. ■ Q uem cala
escusa baralha. ■ Q uem cala não quer barulho. ■ E m boca
fechada não entra mosca.
670. Omnia rara, cara. [DAPR 140]. Tudo que é raro é caro.
■ O que é raro é caro. VIDE: ● Omne rarum carum, vilescit
cotidianum. ● Omne rarum carum. ● Quae rara, cara.
● Quae rarissima, carissima. ● Quod rarum est, carum est.
671. Omnia risus, omnia pulvis, et omnia nil sunt.
[Schrevelius 1188]. Tudo é riso, tudo é poeira, tudo é nada.
VIDE: ● Cuncta risus, et cuncta pulvis, et cuncta sunt nihil.
672. Omnia Romae cum pretio. [Juvenal, Satirae 3.183]. Tudo
em Roma tem preço. ● Omnia Romae venalia esse.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 20.1]. Tudo em Roma está à
venda. VIDE: ● Omnia cum pretio. ● Omnia venalia Romae.
● Romae omnia venalia esse. ● Romae omnia cum pretio.
673. Omnia Romanae cedent miracula terrae; natura hic
posuit, quidquid ubique fuit. [Propércio, Elegiae 3.22.18].
Todas as coisas maravilhosas acontecem na terra romana; a
natureza colocou aqui tudo o que repartira em outras terras.
674. Omnia sapientibus facilia. [Erasmo, Adagia 2.9.56].
Tudo é fácil para quem sabe. ● Omnia sapientibus facillima.
[Apostólio, Paroimiai 4.5]. Para quem sabe tudo é muito
fácil. VIDE: ● Facilia sapientibus cuncta.
675. Omnia sceleribus et vitiis plena sunt. [Sêneca, De Ira
2.9.1]. Tudo está cheio de crimes e de vícios.
676. Omnia scire volunt omnes, sed discere nolunt. [Werner].
Todos querem saber tudo, mas não querem estudar.
677. Omnia secum tempus praeteriens horaque summa
trahit. [Maximiano, Elegiae 2]. O tempo que passa e a hora
derradeira levam tudo consigo.
678. Omnia serviliter pro dominatione. [Tácito, Historiae
1.36]. Proceder em tudo servilmente para chegar ao poder.
■ Q uem quer subir se abaixa. VIDE: ● Cuncta serviliter pro
dominatione.
679. Omnia si perdas, famam servare memento. [Pereira
117]. Se perderes tudo, lembra-te de manter o bom nome.
■ P erca-se tudo, fique a boa fama. ■ P erca-se tudo, menos a
honra. ■ A ntes pobre honrado que rico ladrão. ● Omnia si
perdas, famam servare memento, qua semel amissa,
postea nullus eris. [Binder, Medulla 1289]. Se perderes
tudo, lembra-te de salvar a honra, pois, uma vez perdida, não
serás ninguém.
680. Omnia siccis dura. Tudo é duro para os abstêmios.
681. Omnia sol temperat. [Inscrição em relógio de sol]. O sol
comanda todas as coisas.
682. Omnia somnia mendacia. Todos os sonhos são mentiras.
683. Omnia sub leges mors vocat atra suas. [Ovídio,
Consolatio ad Liviam 365]. A negra morte convoca todas as
coisas para suas leis.
684. Omnia subicit, qui se subicit rationi. [PSa]. Controla
tudo quem se submete à razão.
685. Omnia subsident meliori pervia causae. [Claudiano, De
Quarto Consulatu 111]. Tudo será accessível para a causa
justa.
686. Omnia summa nocent, sed moderata iuvant. [Grynaeus
512]. Tudo exagerado faz mal, mas moderado faz bem.
■ T odo excesso prejudica. ■ O que é de mais é moléstia. VIDE:
● Omne nimium nocet. ● Omnia nimia nocent.
687. Omnia sunt esculenta in obsidione. [Schottus, Adagia
364]. Quando se está sitiado, tudo é alimento. ■ Q uem tem
fome cardos come. VIDE: ● Omnia esculenta obsessis.
688. Omnia sunt hominum tenui pendentia filo, et subito
casu, quae valuere, ruunt. [Ovídio, Ex Ponto 4.3.35]. Todas
as coisas humanas estão pendentes de um tênue fio, e, por
um acontecimento inesperado, o que estava bem, desmorona.
689. Omnia sunt incerta cum a iure discessum est. [Cícero,
Ad Familiares 9.16]. Tudo é inseguro, quando nos afastamos
do direito.
690. Omnia sunt ingrata. [Catulo, Carmina 73.3]. Tudo é
insatisfatório.
691. Omnia sunt misera in bellis civilibus, sed miserius nihil
quam ipsa victoria. [Cícero, Ad Familiares 4.9]. Tudo é
deplorável nas guerras civis, porém nada é mais deplorável
do que a própria vitória.
692. Omnia suo tempore et opportuno facienda esse. [Bebel /
Adagia Germanica]. Tudo deve ser feito na hora certa.
■ Q uando o ferro está acendido, então é que há de ser
batido.
693. Omnia tecum una perierunt gaudia nostra. [Catulo,
Carmina 68.23]. Junto contigo desapareceu toda minha
alegria.
694. Omnia tempus edax depascitur, omnia carpit, omnia
sede movet; nil sinit esse diu. [Walther 20085 / Tosi 527].
O tempo voraz tudo consome, tudo arrebata, tudo desloca,
nada deixa perdurar.
695. Omnia tempus habent. [Pereira 96]. Tudo tem seu tempo.
■ T udo tem seu tempo e sua hora. ■ A seu tempo se colhem
as peras. ■ N em sempre é dia de Santa Maria. ● Omnia
tempus habent, nil fit sine tempore recti. Tudo tem seu
tempo, e nada se faz direito fora do tempo. ● Omnia tempus
habent, et suis spatiis transeunt universa sub caelo.
[Vulgata, Eclesiastes 3.1]. Todas as coisas têm seu tempo, e
todas elas passam debaixo do céu segundo o seu prazo. VIDE:
● Omnibus hora certa est. ● Sua cuique rei tempestivitas.
696. Omnia tempus habent, omnia tempus habet. [Owen,
Epigrammata 3.131]. Todas as coisas têm seu tempo; o
tempo tem tudo em seu poder.
697. Omnia tempus revelat. [Tertuliano, Apologeticus 7.13].
■ O tempo tudo descobre. ■ O tempo corre e tudo descobre.
VIDE: ● Tempus omnia revelat.
698. Omnia tibi fortuna abstulit, sed spem reliquit. [Sêneca
Retórico, Controversiae 5.1]. A sorte tirou-te tudo, mas te
deixou a esperança. ■ Q uem tem esperança tem paciência.
699. Omnia transibunt. Tudo passará. ■ T udo passa sobre a
terra. ● Omnia transibunt: nos ibimus, ibitis, ibunt.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 4.17]. Tudo passará;
nós iremos, vós ireis, eles irão. ● Omnia transibunt; nos
ibimus; ibitis; ibunt, cari et non cari, condicione pari.
[Rezende 4628]. Tudo passará; nós iremos, vós ireis, eles
irão, queridos e não queridos, em condição igual.
700. Omnia tunc bona sunt, clausula quando bona est.
[DAPR 22]. Todas as coisas são boas, quando o
encerramento é bom. ■ B em está o que bem acaba. VIDE:
● Exitus acta probat. ● Finis coronat opus. ● Quidquid
contingat, finis postrema coronat. ● Si finis bonus est,
totum bonum est. ● Totum laudatur, si finis laude beatur.
701. Omnia vanitas. Tudo é vaidade. ■ N o mundo tudo é
vaidade. VIDE: Vanitas vanitatum! ● Vanitas vanitatum, et
omnia vanitas.
702. Omnia venalia habet. [Grynaeus 357]. Tudo que tem está
à venda.
703. Omnia venalia Romae. Tudo em Roma está à venda. VIDE:
● Omnia cum pretio. ● Omnia Romae cum pretio. ● Omnia
Romae venalia esse. ● Romae omnia venalia esse. ● Romae
omnia cum pretio.
704. Omnia vertuntur, certe vertuntur amores. [Propércio,
Elegiae 2.8.7]. Tudo se transforma, certamente se
transformam os amores.
705. Omnia videt oculus domini. O olho do dono vê tudo. .
■ O olho do dono faz mais do que as suas mãos. VIDE:
● Fertilissimus in agro oculus domini.
706. Omnia vincit amor. [Rezende 4629]. ■ O amor tudo
vence. ● Omnia vincit amor, et nos cedamus amori.
[Virgílio, Eclogae 10.69]. O amor vence tudo, e nós devemos
submeter-nos a ele. ● Omnia vicit amor. O amor tudo
venceu. VIDE: ● Amor omnia vincit. ● Amor vincit omnia.
707. Omnia vincit amor, sed nummus vincit amorem.
[Walther 20009]. O amor tudo vence, mas o dinheiro vence o
amor. VIDE: ● Amor omnia vincit, sed nummus vincit
amorem.
708. Omnia vincit labor. [Divisa]. ■ O trabalho tudo vence.
■ A perseverança tudo alcança. VIDE: ● Labor improbus
omnia vincit. ● Labor omnia vincit. ● Labor omnia vicit
improbus.
709. Omnia vincit veritas. [Divisa]. ■ A verdade tudo vence.
VIDE: ● In omni re vincit imitationem veritas. ● Super
omnia autem vincit veritas. ● Veritas omnia vincit.
● Veritas victrix. ● Veritas vincit. ● Vincit omnia veritas.
● Vincit veritas.
710. Omnibus ad quos praesentes litterae pervenerint,
salutem. A todos a quem chegar a presente carta, meus
cumprimentos.
711. Omnibus amicis quod mihi est, cupio esse idem. [Plauto,
Trinummus 32]. Desejo a todos os meus amigos o mesmo
que desejo a mim.
712. Omnibus arrides, dicteria dicis in omnes. [Marcial,
Epigrammata 6.44.3]. Sorris para todos, mas dizes coisas
sarcásticas contra todos.
713. Omnibus credere et nulli in vitium utrumque. Tanto é
erro confiar em todos como em ninguém. VIDE: ● Credere nil
vitium est, vitium est quoque credere cuncta. ● Nulli
fidere, inhumanum est, omnibus fidere, stultum.
● Periculosum est credere et non credere. ● Utrumque
enim vitium est, et omnibus credere et nulli. ● Utrumque
vitium est nulli credere et omnibus. ● Vitium est et
omnibus credere et nulli.
714. Omnibus crimen suum voluptati est. [Sêneca, Epistulae
Morales 97.11]. Todo homem sente prazer em seu crime.
715. Omnibus duas esse censeo patrias, unam naturae,
alteram civitatis. [Cícero, De Legibus 2.5]. Julgo que todos
têm duas pátrias, uma da natureza, outra do país.
716. Omnibus eadem non decent. As mesmas coisas não
convém a todos. ■ N em tudo se adapta a todos.
717. Omnibus est eadem leti via. [Maximiano, Elegiae 6]. O
caminho da morte é o mesmo para todos.
718. Omnibus est nomen, sed idem non omnibus omen.
[Binder, Thesaurus 2408]. Todos têm um nome, mas nem
todos têm a mesma sorte.
719. Omnibus est opibus melior vir mente fidelis.
[Columbano]. Um homem de coração fiel vale mais do que
todas as riquezas.
720. Omnibus et lippis notum et tonsoribus esse. [Horácio,
Satirae 1.7.3]. Isto é sabido de todos os míopes e barbeiros.
■ N ão há gato nem cachorro que não saiba. ■ S abem-no cães
e gatos. VIDE: ● In ore est omni populo. ● In ore atque
oculis est omnium. ● Lippis et tonsoribus notum est.
● Notum lippis ac tonsoribus. ● Omnibus notum est
tonsoribus. ● Sciunt haec coqui.
721. Omnibus et singulis. [Inscrição em quadrante solar]. Para
todos e para cada um.
722. Omnibus ex aequo non dant sua munera divi. [Eiselein
503]. Os deuses não distribuem suas dádivas igualmente a
todos.
723. Omnibus hoc vitium est. [Horácio, Satirae 1.3.1]. Todos
têm esse vício.
724. Omnibus hora certa est. Todas as coisas têm seu tempo
certo. ■ A seu tempo se colhem as peras. ■ T udo tem seu
tempo e sua hora. VIDE: ● Omnia tempus habent. ● Omnia
tempus habent, et suis spatiis transeunt universa sub
caelo.
725. Omnibus hostes reddite nos populis: civile avertite
bellum. [Lucano, Bellum Civile 2.53]. Fazei-nos inimigos de
todas as nações, mas evitai a guerra civil.
726. Omnibus in rebus gravis est inceptio prima. Em todas
as atividades, a primeira ação é custosa. ■ O primeiro passo é
o que mais custa. VIDE: ● Omnium rerum primordia sunt
dura.
727. Omnibus in rebus voluptatibus maximis fastidium
finitimum est. [Cícero, De Oratore 3.100]. Em todas as
coisas o fastio é vizinho dos maiores prazeres. ■ O prazer
está perto da dor.
728. Omnibus iura poscentibus faciles aditus pandite.
[Constantino]. Concedei fácil acesso a todos que buscam
justiça.
729. Omnibus malis punicis aliquod inesse granum putre.
[Manúcio, Adagia 842]. Em todas as romã há alguma
semente podre. ■ E m toda casa há roupa suja. VIDE: ● Omni
malo punico inest granum putre.
730. Omnibus modis, qui pauperes sunt homines, miseri
vivunt, praesertim quibus nec quaestus est, nec didicere
artem ullam. [Plauto, Rudens 290]. Os homens pobres
vivem desgraçados por todos os modos, principalmente
aqueles que não têm renda, nem aprenderam nenhum ofício.
731. Omnibus nervis. [Erasmo, Adagia 1.4.16]. Com toda a
energia. VIDE: ● Magna vi. ● Manibus pedibusque. ● Totis
viribus. ● Toto corpore.
732. Omnibus nobis, ut res dant sese, ita magni, vel humiles
sumus. [Terêncio, Hecyra 380; Pereira 123]. Somos grandes
ou humildes conforme as riquezas se entregam a nós. ■ T anto
vales, quanto tens. ■ T anto tens, tanto vales.
733. Omnibus notum est tonsoribus. Isto é conhecido de
todos os barbeiros. ■ N ão há gato nem cachorro que não
saiba. VIDE: ● In ore est omni populo. ● In ore atque oculis
est omnium. ● Lippis et tonsoribus notum est. ● Notum
lippis ac tonsoribus. ● Omnibus et lippis notum et
tonsoribus esse. ● Sciunt haec coqui.
734. Omnibus obsequium praestabis, ut omnis honoret te
bonus, a nullo dedecoreris malo. [Pereira 107]. Honrarás a
todos para que todo homem bom te honre, e não sejas
desonrado por nenhum mau. ■ H onra ao bom para que te
honre, e ao mau, para que não te desonre. VIDE: ● Honor est
honorantis, non honorati.
735. Omnibus omnia factus sum. [Vulgata, 1Coríntios 9.22].
Fiz-me tudo para todos.
736. Omnibus quidem bene agentibus sapientibus auxiliatur
fortuna. [Menandro / Rezende 4635]. A sorte ajuda a todos
os sábios que obram o bem.
737. Omnibus quidem prodest subinde animum relaxare.
[Sêneca Retórico, Controversiae 1.15]. Para todos é útil de
vez em quando relaxar o espírito. VIDE: ● Nos animum
aliquando debemus relaxare.
738. Omnibus rebus ego amorem credo et nitoribus nitidis
antevenire. [Plauto, Casina 116]. Creio que o amor é
preferível a todas as coisas, até às brilhantes magnificências.
739. Omnibus una quies operum, labor omnibus unus.
[Virgílio, Georgica 4.184]. Para todos há um tempo de
descanso das atividades, e para todos um tempo de trabalho.
740. Omnibus ungulis. [Cícero, Tusculanae Disputationes
2.56]. Com todas as unhas. ■ C om unhas e dentes.
741. Omnibus unus. Um por todos.
742. Omnibus viribus. Com todas as forças. VIDE: ● Utroque
pede.
743. Omnino errat qui per pacem et otium se assequi
triumphum putat. [S.Beda, Proverbiorum Liber]. Erra
completamente quem julga que pode alcançar o triunfo sem
luta e sem trabalho.
744. Omnino probabiliora sunt quae lacessiti dicimus, quam
quae priores. [Cícero, De Oratore 2.56.230]. São sempre
mais verossímeis as coisas que dizemos quando excitados do
que antes (quando tranqüilos).
745. Omnipotens Deus sua vos gratia protegat. Que Deus
todo poderoso vos proteja com sua graça.
746. Omnis actio vacare debet temeritate et neglegentia.
[Cícero, De Officiis 1.101]. Toda ação deve ser isenta de
temeridade e de descuido.
747. Omnis aequitas perturbatur si verbis legum ac non
sententiis pareatur. [Cícero, De Partitione 136]. Toda a
imparcialidade é abalada, se se obedece às palavras da lei,
mas não à sua intenção.
748. Omnis aër aquilae pervius; omnis vero regio viro forti
et ingenuo patria. [Apostólio, Paroimiai 4.8]. Para a águia
todo céu é accessível; para o homem corajoso e digno toda
terra é sua pátria. VIDE: ● Omnis quidem aër aquilae
penetrabilis est: omnis vero terra viro forti patria.
749. Omnis amans amens. Todo apaixonado é louco.
■ H omem com amores é odre de vento. VIDE: ● Amans,
amens. ● Amantes, amentes. ● Amare et sapere vix deo
conceditur.
750. Omnis amat care proprias merces phalerare. [DAPR
116]. Cada um gosta de enfeitar suas próprias mercadorias.
■ C ada bufarinheiro louva seus alfinetes. VIDE: ● Laudat
venales qui vult extrudere merces. ● Plenius aequo laudat
venales qui vult extrudere merces.
751. Omnis amicus amat, sed non qui amat omnis amicus.
[Marcial, Epigrammata 9]. Todo amigo ama, mas nem todo
que ama é amigo. VIDE: ● Omnis qui amicus est, amat, sed
non omnis qui amat, amicus est.
752. Omnis amor magnus, sed aperto in coniuge maior.
[Propércio, Elegiae 4.3.49]. Todo amor é grande, mas é
maior no cônjuge leal.
753. Omnis amor surdis auribus esse solet. [Propércio,
Elegiae 2.16.36, adaptado]. Todo amor tem ouvidos surdos.
754. Omnis amor vehemens malus est. Todo amor impetuoso
é mau. VIDE: ● Nihil nimis.
755. Omnis animadversio et castigatio contumelia vacare
debet. [Cícero, De Officiis 1.25]. Toda advertência e castigo
devem ser isentos de ofensa.
756. Omnis arbor bona fructus bonos facit. [Vulgata, Mateus
7.17]. Toda árvore boa produz frutos bons. ■ D e boa árvore,
bons frutos. VIDE: ● Arbor bona bonos fructus facit; mala
autem arbor malos fructus facit. ● Arbor bona bonos
fructus facit; mala vero nunquam bonos. ● Arbor
quaeque bona producit dulcia poma. ● Bona arbor malos
informesve fructus nequit producere. ● Non est enim
arbor bona quae facit fructus malos.
757. Omnis arbor, quae non facit fructum bonum,
excidetur, et in ignem mittetur. [Vulgata, Mateus 7.19].
Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada, e metida no
fogo.
758. Omnis ars naturae imitatio est. [Sêneca, Epistulae
Morales 65.3]. Toda arte é imitação da natureza. VIDE: ● Ars
imitatur naturam. ● Ars est simia et imitatrix naturae.
● Ars est simia naturae. ● Naturam imitatur ars.
759. Omnis autem piger semper in egestate est. [Vulgata,
Provérbios 21.5]. Todo preguiçoso está sempre necessitado.
■ S em trabalho, só a pobreza. ■ A preguiça é a chave da
pobreza. ● Omnis autem festinus semper in egestate est.
[Nova Vulgata, Provérbios 21.5]. Todo apressado está
sempre necessitado.
760. Omnis autem qui in agone contendit, ab omnibus se
abstinet, et illi quidem ut corruptibilem coronam
accipiant. [Vulgata, 1Coríntios 9.25]. Todo aquele que
combate na arena, de tudo se abstém; e esses o fazem para
alcançar uma coroa corruptível.
761. Omnis bonorum et malorum recordatio suavis est.
Toda lembrança de prazeres e de sofrimentos é agradável.
762. Omnis bonus liber. Todo homem de bem é livre.
763. Omnis canis in porta sua magnus est latrator. [Erpênio /
Rezende 4640]. Todo cão é bom ladrador na porta de sua
casa. ■ E m sua casa cada qual é rei. ■ M uito pode o gato no
seu lar. ■ M uito pode o galo em seu poleiro. VIDE: ● Ausus
maiores fert canis ante fores. ● Canis domi ferocissimus.
● In claustro domini furit acrior ira catelli. ● In foribus
propriis canis est audacior omnis.
764. Omnis caro ad similem sibi coniungetur. [Vulgata,
Eclesiástico 13.20]. Toda carne se unirá à que se lhe
assemelha. ■ C ada um procura o seu semelhante. VIDE:
● Omnis homo simili sui sociabitur.
765. Omnis caro faenum, et omnis gloria eius ut flos faeni
cadet. [Vulgata, Isaías 40.6]. Toda carne é feno, e toda a sua
glória cai como a flor do feno. ● Omnis caro ut faenum, et
omnis gloria eius tamquam flos faeni. [Vulgata, 1Pedro
1.24].
766. Omnis cellula e cellula. [Virchow / Rezende 4641]. Toda
célula provém de uma célula.
767. Omnis civitas vel domus divisa contra se, non stabit.
[Vulgata, Mateus 12.25]. Toda cidade, ou casa, dividida
contra si mesma não subsistirá.
768. Omnis coacta res molesta est. [DAPR 316]. Tudo que é
obrigado é desagradável. ■ A mor adquirido a pau nunca é
bom, sempre é mau. VIDE: ● Beneficia imperata non habent
gratiam. ● Beneficium invito non datur. ● Invite data non
sunt grata. ● Officium ne collocaris in invitum. ● Servitia
coacta non habent meritum.
769. Omnis cognitio multis est obstructa difficultatibus.
[Cícero, Academica 2.3]. Todo conhecimento é obstruído por
muitas dificuldades. VIDE: ● Cognitio est obstructa
difficultatibus.
770. Omnis commoditas sua fert incommoda secum. [Alfred
Henderson, Latin Proverbs 308 / Stevenson 392]. Toda
vantagem traz consigo suas desvantagens. ■ N ão há lucro
sem trabalho. ■ N ão há proveito sem custo. VIDE: ● Omne
commodum cum suo onere pertransit. ● Quaevis
commoditas sua secum fert incommoda.
771. Omnis comparatio claudicat. [Montaigne, Essais 3.13].
Toda comparação claudica.
772. Omnis comparatio odiosa. [Mota 219]. Toda comparação
é odiosa. VIDE: ● Comparatio omnis odiosa.
773. Omnis creatura Dei bona. [Vulgata, 1Timóteo 4.4]. Toda
criatura de Deus é boa.
774. Omnis creatura ingemiscit. [Vulgata, Romanos 8.22].
Toda criatura geme.
775. Omnis definitio in iure civili periculosa est, parum est
enim ut non subverti possit. [Digesta 50.17.202]. Em
direito civil, toda definição é perigosa, e pouco há nela que
não possa ser subvertido. ● Omnis definitio periculosa est.
Toda definição é perigosa. ● Omnis definitio in lege
periculosa est. [Black 1290]. Toda definição em direito é
arriscada.
776. Omnis dies, omnis hora quam nihil sumus, ostendit.
[Sêneca, Epistulae Morales 101]. Todo dia, toda hora, mostra
que nada somos.
777. Omnis dies velut ultimus ordinandus est. [PSa]. Todo
dia deve ser planejado como se fosse o último. ● Omnis dies
velut ultimus iudicandus est. [DM 10]. Todo dia deve ser
considerado como o último. ● Omnis dies velut ultimus
putandus est.
778. Omnis dilatio est animae periculum. (Em caso de
doença) toda demora é um perigo para a vida.
779. Omnis dives aut iniquus est, aut heres iniqui. [Rezende
4642]. Todo homem rico ou é iníquo ou herdeiro de iníquo.
■ S em ser ladrão ninguém é rico não. VIDE: ● Dives aut
iniquus est, aut iniqui heres.
780. Omnis doloris tempus fit medicus. [Apostólio, Paroimiai
12.39]. O tempo é o médico de toda dor. ■ O tempo tudo
cura. ■ T empo cura o enfermo, e não o ungüento. VIDE: ● Iam
tempus illi fecit aerumnas leves. ● Multa vetustas lenit.
● Tempore omnia vulnera sanabuntur. ● Tempus dolorem
leniet. ● Tempus dolorem lenit. ● Tempus facit aerumnas
leves. ● Tempus omnia sanat.
781. Omnis echinus est asper. [Schottus, Adagia 364]. Todo
ouriço é áspero. (=Diz-se do homem mal-humorado e
desagradável).
782. Omnis enim advertit quod eminet et exstat. Sed acri
intentione diiudicandum est, immodicum sit an grande,
altum an enorme. [Plínio Moço, Epistulae 9.26.5]. Todos
reparam naquilo que se eleva e se destaca; mas deve-se julgar
com fino discernimento se se trata de excesso ou grandeza,
elevação ou extravagância.
783. Omnis enim lex est praeceptum, sed non omne
praeceptum est lex. Toda lei é uma ordem, mas nem toda
ordem é lei.
784. Omnis enim mulier sublata lucerna eadem est. [Plutarco
/ Albertatius 982]. Toda mulher, retirada a lâmpada, é igual.
● À noite todos os gatos são pardos. VIDE: ● A femina, nil
femina ulla discrepat. ● Absente luce feminae cunctae
pares. ● Exstincta lucerna, omnis mulier eadem.
● Lucerna sublata nihil discriminis inter mulieres.
● Lucerna sublata, nihil discriminis. ● Lucerna sublata,
omnis mulier eadem est. ● Sublata lucerna, nihil
discriminis est inter mulieres. ● Sublata lucerna, nihil
interest inter mulieres. ● Sublata lucerna, omnes mulieres
aequales sunt.
785. Omnis enim qui male agit, odit lucem, et non venit ad
lucem, ut non arguantur opera eius. [Vulgata, João 3.20].
Todo aquele que obra mal aborrece a luz, e não se chega para
a luz, para que não sejam argüidas as suas obras. ■ Q uem
obra mal, detesta a luz. VIDE: ● Male agens odit lucem. ● Qui
male agit, odit lucem. ● Qui male egit, odit lucem.
786. Omnis enim res divitiis paret. Tudo obedece ao dinheiro.
■ O dinheiro governa o mundo. ■ T udo pode o dinheiro. VIDE:
● Omnia divitiis parent.
787. Omnis erus servo monosyllabus. [Erasmo, Adagia
3.3.93]. Todo senhor deve falar pouco ao servo.
788. Omnis est misera servitus. [Cícero, Philippica 10.19].
Toda servidão é uma infelicidade.
789. Omnis est rex in domo sua. ■ E m sua casa cada um é rei.
■ E m sua casa governa o carvoeiro, como o galo em seu
poleiro. VIDE: ● Domi suae quilibet rex. ● Quilibet est rex in
domo sua. ● Quilibet est tugurii rex, dominusque sui.
790. Omnis exceptio est ipsa quoque regula. [Jur / Black
1290]. Toda exceção é também uma regra.
791. Omnis fama a domesticis emanat. [Bacon, De Honore et
Existimatione 1]. Toda reputação vem dos íntimos.
792. Omnis festinatio est a diabolo. [James Howell, Familiar
Letters / CODP 130]. Toda pressa vem do diabo. ■ Q uem em
caminho leva pressa, em caminho chão tropeça.
793. Omnis festinatio est iudiciorum noverca. [Pensées
d’Oxenstirn 1.111]. Toda pressa é madrasta dos julgamentos.
794. Omnis homo gaudere desiderat, sed non omnes ibi
quaerunt gaudium, ubi oportet inquiri. [S.Agostinho /
Rezende 4645]. Todo homem deseja a felicidade, mas nem
todos a procuram onde é preciso que seja procurada.
795. Omnis homo in iuventute committit errorem. Todo
homem comete erros na juventude.
796. Omnis homo mendax. Todo homem é mentiroso. ■ T odo
homem tem sua fraqueza. VIDE: ● Ego dixi in excessu meo:
omnis homo mendax.
797. Omnis homo naturaliter scire desiderat. [Aristóteles /
Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.2.1]. Todo ser
humano por natureza deseja adquirir conhecimento. VIDE:
● Omnes homines natura scire desiderant.
798. Omnis homo nequam in proprio quaestu. [Bebel,
Adagia Germanica]. Todo homem é mau quando se trata de
sua vantagem. ■ C ada um quer levar a água a seu moinho, e
deixar seco o do vizinho.
799. Omnis homo simili sui sociabitur. [Vulgata, Eclesiástico
13.20]. Todo homem se unirá com o seu semelhante. ■ C ada
qual com seu igual, e cada ovelha com sua parelha. VIDE:
● Omnis caro ad similem sibi coniungetur.
800. Omnis homo vitam amat, etiam si infelicissimus est.
Todo homem ama a vida, mesmo se ele é muito infeliz.
801. Omnis honor Deo, omnis utilitas proximo, omnis labor
mihi. [S.Bernardo / Rezende 4646]. Toda glória para Deus,
todo proveito para o próximo, todo trabalho para mim.
802. Omnis humanae societatis fundamentum convellit qui
religionem convellit. [Platão / Rezende 4647]. Quem destrói
a religião, destrói o fundamento de toda sociedade humana.
803. Omnis humanos sanat medicina dolores: solus amor
morbi non amat artificem. [Propércio, Elegiae 2.1.57].
Existe remédio para todos os males humanos: só o amor
recusa médico para seu mal.
804. Omnis improbitatis mater est avaritia. [DAPR 89]. A
ambição é a mãe de toda improbidade. ■ A ambição enche a
cabeça e cerra o coração.
805. Omnis in arte sua sapiens. Cada um é sábio em sua
profissão. ■ C ada um faz no que sabe. VIDE: ● Unusquisque
in arte sua sapiens est.
806. Omnis in ferro est salus. [Sêneca, Hercules Furens 342].
Toda a segurança está na espada.
807. Omnis in modo est virtus. [Sêneca, Epistulae Morales
66.9]. Toda virtude está na medida.
808. Omnis iniquitas quantum ad misericordiam Dei est
quasi scintilla in medio maris. Toda iniqüidade comparada
com a misericórdia de Deus é como uma faísca no meio do
mar.
809. Omnis innovatio plus novitate perturbat quam utilitate
prodest. [Broom 121]. Toda inovação mais perturba pela
novidade do que beneficia pela utilidade.
810. Omnis instabilis et incerta felicitas est. [Sêneca Retórico,
Controversiae 1.70]. Toda felicidade é instável e incerta.
811. Omnis interpretatio vel declarat, vel extendit, vel
restringit. [Jur / Black 1290]. Toda interpretação ou
confirma, ou estende, ou restringe.
812. Omnis labor hominis in ore eius, sed anima eius non
implebitur. [Vulgata, Eclesiastes 6.7]. Todo o trabalho do
homem é para a sua boca, mas a sua alma não se encherá
com isso.
813. Omnis labor optat praemium. [DAPR 568]. Todo
trabalho quer recompensa. ■ T odo trabalho merecere
recompensa. ■ O bra feita dinheiro espera. VIDE: ● Dignus est
operarius mercede sua.
814. Omnis laus in fine canitur. [Binder, Thesaurus 2414].
Toda glória se canta no fim. ■ N o fim é que se cantam as
glórias. ■ A noite coroa o dia. ■ N ão gabes um dia bom sem
lhe veres o fim. VIDE: ● A casu describe diem, non solis ab
ortu. ● Diem vesper commendat. ● Lauda finem. ● Laus in
fine cantatur et vespere laudatur dies. ● Post factum
lauda. ● Tunc beatam dico vitam, cum peracta fata sunt.
● Vespere laudari debet amoena dies. ● Vespere laudatur
dies.
815. Omnis locus sapienti viro patria est. Para o sábio, todo
lugar é sua pátria. VIDE: ● Omnem locum sapienti viro
patriam esse. ● Sapientis est carere patria. ● Sapientis
quaevis terra patria. ● Viro sapienti omnis terra est
calcabilis.
816. Omnis loquendi elegantia augetur legendis oratoribus
et poëtis. [Cícero, De Oratore 3.39]. Toda elegância no falar
cresce com a leitura de oradores e poetas.
817. Omnis mulier in filio suo sibi placet. [Erpênio / Rezende
4648]. Toda mulher fica contente consigo mesma revendo-se
em seu filho.
818. Omnis mundi creatura quasi liber et pictura nobis est
in speculum. [Alain de Lille / Umberto Eco, O Nome da
Rosa 31]. Toda criatura do mundo é para nós como um livro
ou um retrato num espelho. ● Omnis mundi creatura quasi
liber et scriptura. Toda criatura do mundo é como um livro
e um texto.
819. Omnis mutatio loci iucunda fiet. [Sêneca, Epistulae
Morales 28.4]. Toda mudança de lugar se torna um prazer.
820. Omnis opinio quae contradicit sensui est mala opinio.
[Dante, Quaestio de Aqua et Terra 5]. É má toda opinião que
contradiz os sentidos.
821. Omnis parsimonia intempestiva est mala. [Schottus,
Adagia 504]. Toda economia fora de hora é prejudicial.
822. Omnis paulatim leto nos applicat hora. [Columbano].
Cada hora, lentamente, nos aproxima da morte.
823. Omnis pax a Deo est. Toda paz vem de Deus.
824. Omnis perfectio in hac vita quamdam imperfectionem
sibi habet annexam. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.3.21]. Nesta vida, toda perfeição traz ligada a si
alguma imperfeição.
825. Omnis potestas a Deo. Todo poder vem de Deus. ■ S ó
Deus é poder. VIDE: ● Non est enim potestas nisi a Deo.
826. Omnis potestas a lege. Todo poder vem da lei.
827. Omnis potestas impatiens consortis erit. [Lucano,
Pharsalia 1.91]. Todo poder será impaciente com o rival.
■ M andar não quer par.
828. Omnis qui amicus est, amat, sed non omnis qui amat,
amicus est. [PSa]. Todo que é amigo ama mas nem todo que
ama é amigo. VIDE: ● Omnis amicus amat, sed non qui amat
omnis amicus.
829. Omnis qui odit fratrem suum, homicida est. [Vulgata,
1João 3.15]. Todo o que tem ódio a seu irmão é um
homicida.
830. Omnis qui se exaltat, humiliabitur, et qui se humiliat,
exaltabitur. [Vulgata, Lucas 18.14]. Todo aquele que se
exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será
exaltado. ■ Q uem se exalta será humilhado.
831. Omnis quidem aër aquilae penetrabilis est: omnis vero
terra viro forti patria. [Eurípides / Rezende 4651]. Todo ar
é accessível para a águia, como para o homem corajoso toda
terra é sua pátria. VIDE: ● Omnis aër aquilae pervius; omnis
vero regio viro forti et ingenuo patria.
832. Omnis regula suas patitur exceptiones. [Black 1290].
Toda regra sofre suas exceções.
833. Omnis res est iam in vado. [Terêncio, Andria 845]. Tudo
já está em lugar seguro. ■ T udo corre às mil maravilhas.
834. Omnis res, virtus, fama, decus, divina humanaque
pulchris divitiis parent. [Horácio, Satirae 2.3.94]. A
virtude, a reputação, a honra, o que é divino e humano, tudo
obedece ao belo dinheiro.
835. Omnis sapientis suum officium aequum est colere et
facere. [Plauto, Stychus 40]. Toda pessoa sensata ama e
cumpre seu dever.
836. Omnis saturatio mala. [Hipócrates]. Todo excesso é mau.
■ T odo excesso prejudica.
837. Omnis scientia a significatione verborum incipit. Todo
saber começa pelo significado das palavras.
838. Omnis scientia nisi a Deo. [Divisa do Centro
Universitário UNIFIEO, Osasco, SP]. Todo conhecimento
vem de Deus.
839. Omnis sensus hominum multo antecellit sensibus
bestiarum. [Cícero, De Natura Deorum 2.145]. Todo sentido
dos homens é muito superior aos sentidos dos animais.
840. Omnis sermo malus ex ore vestro non procedat.
[Vulgata, Efésios 4.29]. Nenhuma palavra má saia de vossa
boca.
841. Omnis sibi malle melius esse quam alteri. [Terêncio,
Andria 427]. Cada um prefere o melhor para si do que para
outrem. ■ C ada qual puxa a brasa para sua sardinha.
■ C ada um quer levar água a seu moinho e deixar seco o do
seu vizinho. VIDE: ● Omnes melius sibi esse malunt quam
alteri. ● Omnes sibi melius esse volunt quam alteri.
● Omnes sibi prius quam alteri esse volunt.
842. Omnis spes abiit. Toda esperança foi-se embora.
843. Omnis stultitia laborat fastidio suo. [Sêneca, Epistulae
Morales 9.22]. Toda tolice sofre o próprio desprezo.
844. Omnis sudor per laborem exeat. [Sêneca, Epistulae
Morales 51.6]. Todo suor deve resultar do trabalho.
845. Omnis virtus est mediocritas. [Grynaeus 512]. Toda
virtude é moderação. ■ A virtude está no meio. ■ N em tanto,
nem tão pouco. ■ T ão mau é o sobejo como o minguado.
VIDE: ● In medio consistit virtus. ● In medio stat virtus. ● In
medio sedet inclita virtus. ● In medio virtus. ● Virtus est
medium vitiorum et utrimque reductum. ● Virtus in
medio. ● Virtus in medio constat honesta loco. ● Virtus
consistit in medio.
846. Omnis virtus in actione consistit. Todo valor consiste na
ação. VIDE: ● Virtus in actione consistit. ● Virtutis enim laus
omnis in actione consistit.
847. Omnis vita servitium est. [Sêneca, De Tranquillitate
Animi 10.4]. Toda vida é uma servidão.
848. Omnis voluptas, quemcumque arrisit, nocet. [Publílio
Siro]. O prazer prejudica a quem quer que ele tenha sorrido.
849. Omnium artium medicina nobilissima est. De todas as
ciências, a medicina é a mais nobre.
850. Omnium autem rerum ex quibus aliquid acquiritur,
nihil est agricultura melius, nihil uberius, nihil dulcius,
nihil homine libero dignius. [Cícero, De Officiis 1.44.151].
De todas as atividades de que se pode tirar proveito, nada é
melhor do que a agricultura, nada é mais frutífero, nada mais
agradável, nada mais digno do homem livre.
851. Omnium bipedum nequissimus. [Plínio Moço, Epistulae
1.5.14]. Ele é o maior tratante de todos os bípedes.
852. Omnium consensu. Com a concordância de todos.
853. Omnium contributione sarciatur quod pro omnibus
datum est. [Jur / Black 1291]. Pela contribuição de todos é
compensado o que é dado em favor de todos.
854. Omnium custos iustitia est; omnes tamen eam suae
domui abesse volunt. [Pereira 94]. A justiça é a guardiã de
todos; contudo todos a querem longe de sua casa. ■ A justiça
a todos guarda, mas ninguém a quer em sua casa.
855. Omnium enim rerum principia parva sunt. [Cícero, De
Finibus 5.21.58]. Os princípios de todas as coisas são
pequenos. VIDE: ● Ante fuit vitulus, qui nunc fert cornua
taurus. ● Sub qua nunc recubas arbore, virga fuit.
● Tandem fit surculus arbor. ● Saepe caballus erit qui
pulli more subhinnit.
856. Omnium eumdem esse exitum. [Petrônio, Satiricon
111.8]. O fim de todos é o mesmo.
857. Omnium finis mors est. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.23.7]. A morte é o fim de todos. VIDE:
● Omnium rerum mors est extremum.
858. Omnium horarum amicus. [Suetônio, Tiberius 42]. Um
amigo de todas as horas.
859. Omnium horarum homo. [Erasmo, Adagia 1.3.86]. Um
homem de todas as horas. (=Diz-se de quem sabe acomodar-
se ao tempo).
860. Omnium iniquitatum eius, quas operatus est, non
recordabor; in iustitia sua, quam operatus est, vivet.
[Vulgata, Ezequiel 18.22]. Eu não me lembrarei de nenhuma
das suas iniqüidades que obrou; ele viverá pela sua justiça
que praticou.
861. Omnium istorum, quos incedere altos vides, bratteata
felicitas est. [Sêneca, Epistulae Morales 115.9]. É passageira
a felicidade de todos esses que vês caminhar com arrogância.
862. Omnium malorum origo otium. [DAPR 491]. O ócio é a
origem de todos os males. ■ A ociosidade é a mãe de todos
os vícios. VIDE: ● Otia omnia vitia pariunt. ● Otia dant vitia.
863. Omnium malorum stultitia est mater atque materies.
[RH 2.34]. A estupidez é a mãe e o alimento de todos os
males.
864. Omnium mortalium vita est misera. A vida de todos os
mortais é digna de piedade.
865. Omnium namque virtutum generatrix, custos
moderatrixque discretio est. [Cassiano, Collationes 2.4]. O
discernimento é o gerador, o guardião e o moderador de
todas as virtudes.
866. Omnium optima sunt quies et abstinentia. [Celso,
Medicina 3.2]. De todas as coisas, as melhores são o repouso
e a dieta. VIDE: ● Optimum medicamentum quies.
867. Omnium pestium pestilentissima est superstitio. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy 3.4]. De todas as pestes
a mais pestilenta é a superstição. VIDE: ● Nulla scabies
scabiosior superstitione.
868. Omnium quidem rerum primordia sunt dura. [Pedro
Crisólogo / Tosi 801]. O início de todas as coisas é difícil.
■ O primeiro passo é o que mais custa.
869. Omnium rerum copia diffluere. [DAPR 22] Nadar na
abundância de todas as coisas.
870. Omnium rerum cupido languescit, cum facilis occasio
est. [Plínio Moço, Epistulae 8.20.1]. Quando a oportunidade
é favorável, todos os desejos esfriam. ■ O proibido aguça o
dente. VIDE: ● Quod licet, ingratum est; quod non licet,
acrius urit.
871. Omnium rerum fit satietas. [Branco 186]. De tudo nasce
fastio. ■ A gente de tudo se cansa.
872. Omnium rerum, heus, vicissitudo est! [Terêncio,
Eunuchus 276]. Oh! Tudo tem sua sorte! VIDE: ● Est rerum
omnium vicissitudo. ● Omnium rerum vicissitudo est.
873. Omnium rerum homo mensura est. [Protágoras]. O
homem é a medida de todas as coisas.
874. Omnium rerum mors est extremum. A morte é o fim de
todas as coisas. VIDE: ● Omnium finis mors est.
875. Omnium rerum natura cognita liberamus mortis metu.
[Cícero, De Finibus 1.63]. Conhecida a natureza de todas as
coisas, livramo-nos do medo da morte.
876. Omnium rerum primordia sunt dura. O começo de tudo
é difícil. ■ O primeiro passo é o que mais custa. VIDE:
● Omnibus in rebus gravis est inceptio prima.
877. Omnium rerum quarum usus est, potest esse abusus,
virtute sola excepta. [Black 1291]. Pode haver abuso de
todas as coisas de que se faz uso, menos da virtude.
878. Omnium rerum simulatio est vitiosa. [Cícero, De
Amicitia 25]. O fingimento de todas as coisas é prejudicial.
879. Omnium rerum vicissitudo est. [Terêncio, Eunuchus
276]. Tudo tem suas mudanças. ■ N ão há bem que sempre
dure, nem mal que nunca acabe. VIDE: ● In rebus mortalium
nihil est perpetuum, nihil stabile. ● Omnium rerum, heus,
vicissitudo est! [
880. Omnium vestrum lingua loquor. [Vulgata, 1Coríntios
14.18]. Falo a língua de todos vós.
881. Omnium victorem vici. Venci o vencedor de todos.
882. Omnium vitiorum fundamentum avaritia est. A
ambição é o fundamento de todos os vícios.
883. Onerat discentem turba librorum, non instruit;
multoque satius est paucis te auctoribus tradere, quam
errare per multos. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 9.4].
Uma multidão de livros sobrecarrega o estudante, mas não
instrui; é preferível que te entregues a poucos autores a que
vagues por muitos.
884. Onerat nos, cum exonerat Deus: onerat beneficio, cum
exonerat peccato. [S.Bernardo de Claivaux, Sermones 15 /
Rezende 4664]. Deus põe-nos peso, quando no-lo tira: põe-
nos o peso do benefício, quando nos tira o peso do pecado.
885. Oneratis homines oneribus quae portare non possunt.
[Vulgata, Lucas 11.46]. Carregais os homens de obrigações
que eles não podem desempenhar.
886. Oneratus magis sum quam honoratus. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 22.30]. Para mim, é antes um ônus do que uma
honra.
887. Onus Aetna gravius sustinet. [Cícero, De Senectute 2.4].
Carrega uma carga mais pesada que o Monte Etna.
888. Onus est honos. [DAPR 359]. A glória é um peso.
■ C omo me cresceram os favores, logo me recresceram as
dores. ● Onus est honos qui sustinet rem publicam.
[Varrão, De Lingua Latina 5.10]. É uma honra a obrigação
de governar o estado.
889. Onus non est quod sponte suscipitur. [Branco 498]. Não
é peso o que se suporta porque se quer. ■ O que é de gosto
regala a vida. VIDE: ● Leve fit, quod bene fertur, onus.
● Portatur leviter quod portat quisque libenter.
890. Onus officii. O ônus do cargo.
891. Onus probandi incumbit ei qui agit. [Jur]. O ônus da
prova cabe a quem processa. ● Onus probandi incumbit
actori.
892. Onus probandi incumbit ei qui asserit. [Jur]. O ônus da
prova cabe a quem faz a alegação. ● Onus probandi
incumbit ei qui dicit.
893. Onus segni impone asello. [Stevenson 256]. Põe a carga
no burro preguiçoso.
894. Onusta incedis auro, latro vitandus est. [S.Jerônimo /
Stevenson 1851]. Andas carregada de ouro; o ladrão deve ser
evitado.
895. Ope iudicis. [Jur]. Por ordem do juiz.
896. Ope iuris. [Jur]. Por força do direito. Por força da lei.
897. Ope legis. [Jur]. Por força da lei.
898. Opem ab impotente petis. [Branco 277]. Propões uma
tarefa a quem não pode realizá-la. ■ T u, que não podes, leva-
me às costas. VIDE: ● Capram portare non possum, et
imponitis bovem. ● Capram gestare non possum, et
imponitis bovem. ● Tauro oneratis, cum nequeam portare
capellam. ● Taurum ferre iubes, nequeam cum ferre
capellam.
899. Opera enim illorum sequuntur illos. [Vulgata,
Apocalipse 14.13]. As obras deles os seguem. ● Opera
eorum sequuntur eos.
900. Opera et impensa periit. [Macróbio, Saturnalia 2.4].
Perdeu-se a mão de obra e o investimento. ■ M alhei em ferro
frio. ■ P erdi a roca, e o fuso não acho. VIDE: ● Oleum et
operam perdidi. ● Operam et oleum perdidit. ● Perdis
operam. ● Perdidi operam et sumptum. ● Periit oleum et
opera.
901. Opera manuum tuarum ne despicias. [Vulgata, Salmo
137.8]. Não desprezes as obras das tuas mãos.
902. Opera omnia. Todas as obras. As obras completas.
903. Opera pro pecunia. [Plauto, Asinaria 157]. O trabalho
pelo dinheiro. ■ T al salário, tal trabalho. VIDE: ● Qualis
pagatio, talis laboratio.
904. Operae pretium est. Há uma retribuição para o trabalho.
■ V ale a pena. VIDE: ● Curae pretium est.
905. Operam et oleum perdidit. [Cícero, Ad Familiares 7.1].
Perdeu o trabalho e o azeite (da lâmpada). ■ P erdeu tempo e
feitio. VIDE: ● Oleum et operam perdidi. ● Oleum perdidi.
● Opera et impensa periit. ● Perdis operam. ● Perdidi
operam et sumptum. ● Periit oleum et opera.
906. Operarius ebriosus non locupletabitur. [Vulgata,
Eclesiástico 19.1]. O operário dado ao vinho não
enriquecerá.
907. Operarius mercede sua vivit. [DAPR 806]. O operário
vive de seu ordenado.
908. Operatio fere idem est atque oratio. [DAPR 637].
Trabalhar é a mesma coisa que rezar. ■ T rabalhar é orar.
VIDE: ● Bene orasse est bene studuisse. ● Laborare est
orare. ● Ora et labora. ● Qui laborat, orat. ● Qui orat et
laborat, cor levat ad Deum cum manibus.
909. Opere citato. Na obra citada.
910. Operemur bonum ad omnes. [Vulgata, Gálatas 6.10].
Façamos o bem a todos.
911. Operemur bonum dum tempus habemus. Façamos o
bem, enquanto temos tempo. VIDE: ● Dum tempus habemus,
operemur bonum ad omnes.
912. Operi longo fas est obrepere somnum. [Horácio, Ars
Poetica 360]. É razoável que o sono se insinue numa obra
longa.
913. Operose nihil agentes. [Sêneca, De Brevitate Vitae 13,
adaptado]. Estão ocupados com nada fazer.
914. Opes amicos comparant mortalibus. [Apostólio,
Paroimiai 18.21]. As riquezas proporcionam amigos aos
mortais. ■ O nde há dinheiro há amigos. ■ A ricos sobejam-
lhes amigos. VIDE: ● Ubi amici? Ubi opes. ● Ubi opes, ibi
amici.
915. Opes autem non rapiendae: divinitus datae multo
meliores. [Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias]. As riquezas
não devem ser roubadas: são muito melhores as dadas pelos
deuses.
916. Opes invisae merito sunt forti viro, quia dives arca
veram laudem intercipit. [Fedro, Fabulae 4.12.1]. É com
razão que o homem valoroso despreza as riquezas, pois a
arca afasta a verdadeira glória.
917. Opes irritamenta malorum. [Epígrafe de Fábula de Fedro
4.12 / Rezende 4668]. As riquezas são incentivo de delitos.
918. Opes regum corda subditorum. [Divisa da Ordem de
S.Leopoldo / Rezende 4669]. Os corações dos súditos são as
riquezas dos reis.
919. Opifex mundi. O construtor do mundo. VIDE: ● Mundi
artifex. ● Orbis factor. ● Orbis patrator.
920. Opifices post mortem nobilitari volunt. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.34]. Os artistas querem
permanecer famosos depois da morte.
921. Opinio ad veritatem cedit. A opinião se submete à
verdade. VIDE: ● Opinio veritati cedit.
922. Opinio infinitos perdit. A reputação perdeu a inúmeras
pessoas.
923. Opinio magistri probabilis tantum. [Jur / Rezende
4670]. A opinião do mestre é apenas provável.
924. Opinio veritati cedit. A opinião se submete à verdade.
VIDE: ● Opinio ad veritatem cedit.
925. Opinionibus vulgi rapimur in errorem, nec vera
cernimus. [Cícero, De Legibus 2.43]. Pelas opiniões da
multidão, nós somos levados ao erro e não distinguimos a
verdade.
926. Opinionum enim commenta delet dies, naturae iudicia
confirmat. [Cícero, De Natura Deorum 2.2]. O tempo destrói
as falsas opiniões e confirma os julgamentos da natureza.
927. Opitulandum amicis, sed usque ad aras. [Rezende
4672]. Deve-se ajudar aos amigos, mas só até os altares.
(=Ajudar, somente onde não se ofenda a religião ou a moral).
VIDE: ● Amicus usque ad aras. ● Oportet quidem adiuvare
amicos, sed usque ad deos. ● Usque ad aras amicus.
928. Oportet adiuvare amicos. É preciso ajudar os amigos.
929. Oportet aequo et pari iure cum civibus vivere, neque
summissum et abiectum, neque se efferentem. [Cícero, De
Officiis 1.124]. É preciso viver com os cidadãos em condição
justa e igual, nem humilde e abatido, nem com orgulho.
930. Oportet discentem credere. [Bacon, Advancement of
Learning 1.4.12]. Ao aprendiz cabe confiar (no mestre).
931. Oportet edoctum iudicare. [Bacon, Advancement of
Learning 1.4.12]. O homem culto deve exercer o seu
julgamento.
932. Oportet enim regionis uniuscuiusque, in qua quis
versetur, eum sequi consuetudinem. [Schottus, Adagia
348]. Em qualquer região a que alguém se dirija, deve seguir
os costumes dela. ■ E m Roma, sê romano. ■ E m terra de
sapo, de cócoras como eles. VIDE: ● Mores cuiusque
regionis, in qua fueris, imitato. ● Te servare decet mores
illamque regulam eius telluris, incola cuius eris. ● Terrae
qua pergis, cape mores quos ibi cernis.
933. Oportet esse ut vivas, non vivere ut edas. [Rezende
4675; DAPR 168]. É preciso comer para viver, não viver
para comer. ■ C omer para viver, e não viver para comer.
VIDE: ● Edas, bibas ut bene vivas; non vivas ut tantum edas
et bibas. ● Ede ut vivas, non vivas ut edas. ● Edendum tibi
est ut vivas, et non vivendum ut edas. ● Esse oportet ut
vivas, non vivere ut edas. ● Esse decet ut vivas, vivere non
ut edas. ● Non ut edam vivo, sed ut vivam edo. ● Non vivas
ut edas, sed edas ut vivere possis. ● Non vivendum est ut
edas, sed edendum ut vivas.
934. Oportet et haereses esse. [Vulgata, 1Coríntios 11.19]. É
necessário que até haja heresias.
935. Oportet etiam inter cenandum philologiam nosse.
[Petrônio, Satiricon 39.6]. Mesmo ao jantar é preciso
conhecer a literatura.
936. Oportet frequentius se exercere: siquidem ignavia
corpus hebetat, labor firmat. [Celso, Medicina 1]. Convém
praticar exercícios com freqüência, pois se a inação
enfraquece o corpo, o trabalho o fortalece.
937. Oportet iniquum petas, ut aequum feras. [Stevenson
100]. É preciso que peças o injusto para conseguires o justo.
■ P edir mais do que devem para cobrar o devido. ■ P ede o
máximo para teres o que baste. VIDE: ● Ad summa quisque
contendat, sic enim futurum medium ut teneat. ● Alta
pete ut media adsint. ● Iniquum petendum, ut aequum
feras. ● Iniquum petas, ut aequum feras. ● Iniquum
postula, ut aequum auferas. ● Summa cape, et medio
potieris. ● Summum cape, et medium habebis. ● Summum
cape et medium tenebis. ● Ut obtineas medium, summum
cape.
938. Oportet inquisitores veritatis non esse inimicos. É
preciso que os investigadores não sejam inimigos da verdade.
939. Oportet mendacem esse memorem. [Polydorus, Adagia].
■ Q uem mente precisa ter boa memória. ■ O mentir exige
memória. VIDE: ● Mendacem memorem esse oportere.
● Mendacem memorem esse oportet. ● Mendaces memores
esse debere.
940. Oportet privatis utilitatibus publicas anteferre. [Plínio
Moço, Epistulae 7.18.5]. É preciso antepor os interesses da
coletividade aos interesses particulares.
941. Oportet quidem adiuvare amicos, sed usque ad deos.
[Aulo Gélio, Noctes Atticae 1.3]. Devemos ajudar os amigos,
mas só até (onde não ofendamos) os deuses. VIDE: ● Amicus
usque ad aras. ● Opitulandum amicis, sed usque ad aras.
● Usque ad aras amicus.
942. Oportet quidem quae sunt inhonesta non quasi illicita,
sed quasi pudenda, vitare. [Plínio Moço, Epistulae 5.13.9].
É preciso evitar as coisas desonestas, não porque são
proibidas, mas porque desonram.
943. Oportet remum ducere qui didicit. [Plutarco / Erasmo,
Adagia 1.2.76]. Deve dirigir o remo quem aprendeu a remar.
■ C ada qual em seu ofício.■ C ada um faz no que sabe.
■ Q uem sabe da luta, luta; quem não sabe, labura. ● Oportet
remum impellere qui didicit. [Albertatius 988]. VIDE: ● Qui
lusus non novit leges, abstineat.
944. Oportet semper orare et non deficere. [Vulgata, Lucas
18.1]. Importa orar sempre, e não deixar de fazê-lo.
945. Oportet servari ad unguem omnia quae leges servari
praecipiunt. É preciso que seja observado rigorosamente
tudo que as leis ordenam que se observe.
946. Oportet testudinis carnes aut edere, aut non edere.
[Erasmo, Adagia 1.10.60]. Carne de tartaruga, ou se come,
ou não se come. ■ O u bem que somos, ou bem que não
somos. ■ O u comê-lo, ou vertê-lo. ■ O u pegar, ou largar.
VIDE: ● Testudinis carnes aut edas, aut non edas.
● Testudines edendae, aut non edendae. ● Testudinis
carnes vora, vel non ede.
947. Oportet ut scandala eveniant. É necessário que ocorram
os escândalos. VIDE: ● Impossibile est ut non veniant
scandala. ● Necesse est enim ut veniant scandala.
948. Oportet versari in convivio sermones ut castitate
integros. [Macróbio, Saturnalia 1.1]. Convém que no
banquete se travem conversações puras.
949. Oportet viros unguenta non olere, sed vitae probitatem.
[S.Clemente Alexandrino / Bernardes, Nova Floresta 5.163].
Não convém que os varões cheirem a ungüentos, mas à
virtude.
950. Oportet vos nasci denuo. [Vulgata, João 3.7]. É preciso
que vós nasçais outra vez.
951. Oppletae tenebris mentes. [Cícero, In Senatu 10].
Cabeças cheias de trevas.
952. Opportunitas est exspectanda. [Bebel, Adagia
Germanica]. Deve-se ficar atento à oportunidade. ■ M alhar
no ferro é enquanto está quente. VIDE: ● Occasionem
cognosce. ● Occasionem nosce. ● Occasionem exspecta.
● Nosce tempus. ● Tempus nosce.
953. Opportunitas latronem facit. [Binder, Thesaurus 2340].
■ A ocasião faz o ladrão. VIDE: ● Occasio facit furem.
954. Opportunitas non potuit opportunius advenire. [Plauto,
Pseudolus 668]. A oportunidade não poderia chegar mais
oportunamente.
955. Opportuno tempore. No momento oportuno. No
momento favorável. Na hora certa. No prazo. VIDE: ● In
tempore. ● Suo tempore. ● Tempore. ● Tempore
opportuno.
956. Opposita iuxta se posita clarius elucescunt. [Rabelais,
Gargantua 3.39]. Coisas opostas colocadas uma junto da
outra brilham mais. ● Opposita iuxta se posita magis
elucescunt. [Signoriello 78].
957. Oppressa virtute audacia est. [Cícero, Pro Milone 30]. A
audácia é repelida pela coragem.
958. Opprime, dum nova sunt, mali semina morbi. [Ovídio,
Remedium Amoris 81]. Destrói os germens da moléstia,
enquanto são novos.
959. Opprimit leges timor. [Sêneca, Hercules Furens 253]. O
medo oprime as leis.
960. Opprobrium medicorum. A vergonha dos médicos.
(=Uma doença incurável).
961. Oppugnabitur veritas, non expugnabitur. [Vataldo /
Bernardes, Nova Floresta 3.191]. A verdade será combatida,
mas não será vencida. ■ A verdade pode ser combatida, mas
não vencida. VIDE: ● Veritas laborare potest, vinci non
potest. ● Veritas premitur, non opprimitur. ● Veritas
vulneratur, sed mori non potest. ● Veritatem laborare
nimis saepe, exstingui nunquam.
962. Oppugnare possunt, sed expugnare non possunt.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 10.32.10]. Eles podem atacar,
mas não podem vencer.
963. Optanda mors est, sine metu mortis mori. [Sêneca,
Troades 870]. A morte preferível é morrer sem medo de
morrer.
964. Optant senectam omnes, adepti despuunt. Todos
desejam a velhice, mas os que a alcançam a desprezam.
■ T odos querem chegar a velho, mas ninguém quer que lho
chamem.
965. Optat ephippia bos piger, optat arare caballus.
[Horácio, Epistulae 1.14.43]. O boi preguiçoso quer a sela, o
rocim quer arar. ■ N inguém está contente com a sua sorte.
966. Optata ut eveniant, operam addito. [Plauto, Persa 628].
Para que os desejos se realizem, trata de trabalhar.
■ T rabalha e vencerás.
967. Optima citissime pereunt. [Grynaeus 715]. As melhores
coisas acabam muito rápido. ■ O que é bom dura pouco.
■ T udo que é bom acaba. VIDE: ● Mors optima rapit,
deteriora relinquit.
968. Optima corrupta, pessima. As melhores coisas, ao se
corromperem, tornam-se as piores. VIDE: ● Corruptio optimi
pessima.
969. Optima enim legum interpres est consuetudo. [Paulo,
Digesta 1.3.37]. O costume é o melhor intérprete das leis.
● Optima enim est legis interpres consuetudo. [Broom
726]. O costume é o melhor intérprete da lei. VIDE:
● Consuetudo est optima legum interpres.
970. Optima in malis celeritas. Na dificuldade, rapidez é a
melhor coisa.
971. Optima lex quae minimum relinquit arbitrio iudicis.
[Bacon, Aphorismi 8]. A melhor lei é aquela que deixa o
mínimo ao arbítrio do juiz. ● Optima est lex quae minimum
relinquit arbitrio iudicis, optimus iudex qui minimum
sibi. [Broom 68; Black 1295]. A melhor lei é aquela que
deixa o mínimo ao arbítrio do juiz; o melhor juiz é o que
deixa o mínimo ao seu arbítrio.
972. Optima loquere, pulcherrima fac. [Apostólio, Paroimiai
11.81]. Fala o que for melhor, faze o que for mais belo.
973. Optima medicina est admonitio amici. [Bacon, De
Amicitia 2]. A advertência do amigo é o melhor remédio.
974. Optima medicina nulla uti medicina. O melhor remédio
é não usar nenhum remédio.
975. Optima medicina temperantia est. [Sweet 128]. A
moderação é o melhor remédio.
976. Optima mors, Parca quae venit acta die. [Propércio,
Elegiae 3.5.18]. A melhor das mortes é a que chega no dia
fixado pelo Destino.
977. Optima nomina non appellando fiunt mala. [Pereira
115]. Os melhores nomes, se não os chamarmos, tornam-se
maus. ■ O mau cobrador faz o mau pagador. VIDE: ● Vel
optima nomina non appellando fieri mala.
978. Optima petamus. [Divisa]. Busquemos o melhor.
979. Optima quaeque dies miseris mortalibus aevi prima
fugit. [Virgílio, Georgica 3.66]. A nós, pobres mortais, a
primeira coisa que nos foge sãos os melhores dias da vida.
980. Optima quaeque rarissima sunt. As melhores coisas são
muito raras. VIDE: ● Optimum quidque rarissimum est.
● Optimum quodque rarissimum est. ● Rara esse nimis res
pretiosa solet.
981. Optima saepe despecta. [Epígrafe de Fábula de Fedro
3.12 / Rezende 4688]. Muitas vezes se despreza o melhor.
982. Optima sapientia probitas. [Divisa]. A honestidade é a
melhor sabedoria.
983. Õptima semper sectanda sunt. Deve-se perseguir sempre
o melhor.
984. Optima valetudine uti. [DAPR 597]. Gozar de saúde
muito boa. ■ E star são como um perro. ● Optima valetudine
gaudere. VIDE: ● Caesaris exercitus optima valetudine
utebatur.
985. Optime miserias ferunt, qui abscondunt. [Quinto
Cúrcio, Historiae 5.5]. Suportam melhor as desgraças os que
as escondem.
986. Optime olere occisum hostem. [Suetônio, Vitellius 10]. O
inimigo morto cheira muito bem.
987. Optime positum est beneficium, bene ubi meminit qui
accipit. [Publílio Siro]. Muito bem aplicado está o benefício,
quando dele se lembra quem o recebe.
988. Optimi consiliarii mortui. [Bacon, De Consilio 7]. Os
mortos são os melhores conselheiros. ■ O s mortos abrem os
olhos aos vivos.
989. Optimi est optima producere. [S.Tomás de Aquino,
Summa Theologia 1.103]. Cabe ao muito bom produzir
coisas muito boas.
990. Optimi eventus sequuntur egregium inceptum. Ótimos
resultados seguem um bom começo. ■ O que bem começa,
bem acaba. ■ Bom começo, melhor fim.
991. Optimi natatores saepe summerguntur. [DAPR 472].
Os melhores nadadores muitas vezes se afogam. ■ O melhor
nadador se afoga. ● Optimi natatores saepius
summerguntur. [Bebel, Adagia Germanica]. Geralmente
são os melhores nadadores que se afogam. VIDE: ● Saepe
natatores summerguntur meliores.
992. Optimorum virorum segetem grando percussit.
[Sêneca. De Beneficiis 2.28]. O granizo também fere a
colheita dos homens importantes. ■ A desgraça é como a
morte: iguala todos os homens.
993. Optimos esse nos, dum infirmi sumus. [Plínio Moço,
Epistulae 7.26.1]. Nós somos muito honestos, quando
estamos doentes.
994. Optimos vitae dies effluere prohibe. [Sêneca, Hippolytus
450]. Não deixes fugirem os melhores dias da tua vida.
995. Optimum aliena insania frui. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia 18.31]. É muito bom aproveitar da loucura alheia.
■ O tolo faz o jantar, e o esperto come-o. VIDE: ● Aliena
optimum frui insania. ● Optimum est aliena insania frui.
996. Optimum condimentum fames. [Erasmo, Adagia 2.7.69].
■ A fome é o melhor tempero. ■ A fome é boa mostarda.
● Optimum cibi condimentum fames. O melhor tempero da
comida é a fome. ● Optimum cibi condimentum esse
famem, potionis sitim. [Cícero, De Finibus 2.28]. A fome é
o melhor tempero da comida, da bebida é a sede. VIDE: ● Cibi
condimentum est fames. ● Cibi condimentum fames.
● Cibi condimentum esse famem. ● Condimentum cibi
fames est, potionis sitis. ● Condit fercla fames. ● Fame
condiuntur cibi. ● Fames optimum condimentum.
997. Optimum elige; suave et facile illud faciet consuetudo.
[Pitágoras / Bacon, Sermones Fideles 7]. Escolhe o melhor; o
costume fá-lo-á agradável e fácil.
998. Optimum est aliena frui experientia. É muito bom
aproveitar da experiência alheia. ■ O mal alheio dá conselho.
■ F eliz é quem experimenta em cabeça alheia.
999. Optimum est aliena insania frui. [Plinio Antigo,
Naturalis Historia 18.31]. É muito bom aproveitar da loucura
alheia. ■ O tolo faz o jantar, e o esperto come-o. VIDE:
● Aliena optimum fui insania. ● Optimum aliena insania
frui.
1000. Optimum est antecedere desiderium cuiusque.
[Sêneca, De Beneficiis 2.1]. É ótimo ir ao encontro dos
desejos de cada um.
1001. Optimum est enim gratia stabilire cor. [Vulgata,
Hebreus 13.9]. É muito bom fortificar o coração com a graça
divina.
1002. Optimum est erranti portus mutatio consilii in melius.
[Binder, Medulla 1302]. Para quem erra, o melhor porto é a
mudança de decisão para melhor. ● Optimus est portus
paenitenti mutatio consilii. [Cícero, Philippica 12.7]. Para o
arrependido, o melhor porto é a mudança de decisão.
1003. Optimum est itaque ad primum mali sensum mederi
sibi. [Sêneca, De Ira 3.10.1]. O melhor é tratar ao primeiro
sinal do mal. ■ R emédio só serve cedo.
1004. Optimum est pati quod emendare non possis. [Sêneca,
Epistulae Morales 107.9]. O melhor é suportar o que não se
pode modificar. ■ O que não tem remédio remediado está.
■ O que não pode al ser, deve-se sofrer.
1005. Optimum est semper ignoscere, tamquam si ipse
cotidie pecces. [Publílio Siro]. O melhor é sempre perdoares,
como se tu mesmo todos os dias cometesses erros.
1006. Optimum est sequi maiores, recte si praecesserint.
[Publílio Siro]. O melhor é seguir nossos antepassados, se
eles traçaram para nós um bom caminho.
1007. Optimum est viaticum in senectute eruditio. [Erasmo,
Apophtegmata / Bernardes, Nova Floresta 3.42]. O estudo é
o melhor viático da velhice.
1008. Optimum et in privatis familiis et in republica vectigal
esse parsimoniam. [Cícero, De Republica 4.7]. A melhor
renda, tanto para as famílias, como para o país, é a economia.
■ A economia é um grande rendimento. ■ A economia é a
base da prosperidade. VIDE: ● Magnum vectigal est
parsimonia. ● Non intellegunt homines quam magnum
vectigal sit parsimonia. ● Optimum vectigal parsimonia.
● Parsimonia magnum vectigal. ● Parsimonia summum
vectigal. ● Vectigal maximum est parsimonia.
1009. Optimum medicamentum quies. A paz é o melhor
remédio. VIDE: ● Omnium optima sunt quies et abstinentia.
1010. Optimum obsonium labor senectuti. [Erasmo, Adagia
3.3.65]. O trabalho é a melhor provisão para a velhice.
■ Q uem trabalha tem alfaia. VIDE: ● Labor senectutis
obsonium. ● Senectuti labor obsonium optimum.
● Senibus labor optima fercla.
1011. Optimum quodque rarissimum est. [Cícero, De Finibus
2.81]. Tudo que é muito bom é muito raro. ● Optimum
quidque rarissimum est. VIDE: ● Optima quaeque
rarissima sunt.
1012. Optimum vectigal parsimonia. A economia é a melhor
renda. ■ A economia é um grande rendimento. ■ A economia
é a base da prosperidade. VIDE: ● Magnum vectigal est
parsimonia. ● Non intellegunt homines quam magnum
vectigal sit parsimonia. ● Optimum et in privatis familiis
et in republica vectigal esse parsimoniam. ● Parsimonia
magnum vectigal. ● Parsimonia summum vectigal.
● Vectigal maximum est parsimonia.
1013. Optimus consiliarius, cor; optimus magister, tempus;
optimus liber, mundus; optimus amicus, Deus. O melhor
conselheiro, o coração; o melhor mestre, o tempo; o melhor
livro, o mundo; o melhor amigo, Deus.
1014. Optimus cunctis modus. [Cleóbulo / Ausônio, Ludus
Septem Sapientum 3.17]. É muito bom que tudo tenha
limites. VIDE: ● Optimus modus est.
1015. Optimus est enim orator qui dicendo animos
audientium et docet et delectat et permovet. [Cícero, De
Optimo Genere Oratorum 1.3]. O melhor orador é aquele
que, falando, ensina, deleita e comove o ânimo dos ouvintes.
1016. Optimus est fimus, qui cadit de calceis domini in
agrum. [Binder, Thesaurus 2435]. O melhor estrume é o
que, dos sapatos do dono, cai no campo. ■ O pé do dono é
estrume da herdade. ■ O olho do dono faz mais do que as
suas mãos. VIDE: ● Fertilissimus in agro oculus domini.
● Fimus qui cadit de calceis domini fertilem reddit agrum.
● Maiores fertilissimum in agro oculum domini esse
dixerunt. ● Oculus domini in agro fertilissimus est.
● Oculos et vestigia domini, res agro saluberrimas.
● Praesentia domini provectus est agri. ● Res male
dilabitur, quae conspectu domini caret. ● Stercus
optimum domini vestigium. ● Vestigia domini optimum
stercus.
1017. Optimus est portus paenitenti mutatio consilii. [Cícero,
Philippica 12.7]. Para quem se arrepende o melhor refúgio é
a mudança de decisão.
1018. Optimus est post malum principem dies primus.
[Tácito, Annales 4.42]. O primeiro dia depois de um mau
comandante é o melhor.
1019. Optimus ille est medicus, qui a ceteris omnibus
desperatos recipit. [Aristóteles / Schottus, Adagialia Sacra
24]. O melhor médico é aquele que recebe os que foram
desengados por todos os outros.
1020. Optimus interpres rerum usus. [Jur / Broom 714]. O
melhor intérprete das coisas é o uso.
1021. Optimus interpres verborum quisque suorum. Cada
um é o melhor intérprete de suas palavras.
1022. Optimus legum interpres consuetudo. [Jur / Broom
532]. O melhor intérprete das leis são os costumes. VIDE:
● Consuetudo est optima legum interpres. ● Consuetudo
est optimus interpres legum. ● Optima enim legum
interpres est consuetudo.
1023. Optimus magister, bonus liber. O melhor mestre é um
bom livro.
1024. Optimus modus est. É muito bom haver limites. VIDE:
● Optimus cunctis modus.
1025. Optimus odor in corpore est nullus. [Sêneca, Epistulae
Morales 108.16]. O melhor perfume no corpo é nenhum
perfume.
1026. Optimus omnium. O melhor de todos.
1027. Optimus orandi magister necessitas. [DAPR 475]. A
necessidade é que melhor ensina a rezar. ■ A necessidade
conduz a Deus.
1028. Optimus testis confitens reus. [Jur]. A melhor
testemunha é o réu que confessa.
1029. Optio vobis datur: eligite hodie quod placet. [Vulgata,
Josué 24.15]. É-vos dada a opção: escolhei hoje o que vos
agrada.
1030. Opto magis sentire compunctionem, quam scire eius
definitionem. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
1.1.3]. Quero mais sentir o arrependimento do que saber a
definição dessa palavra.
1031. Opto ut in Christo valeas et memineris mei. [Schottus,
Adagialia Sacra 121]. Desejo que passes bem em Cristo e
que te lembres de mim. (=Fórmula de encerramento de
carta).
1032. Opulentia tyranni, paupertas subiectorum. [Alciato,
Emblemata 147]. A opulência do tirano resulta na pobreza
dos súditos.
1033. Opulentiae comes fastus et superbia. [Grynaeus 67].
São companheiros da riqueza o orgulho e a arrogância.
■ O nde há abundância, há excrescência. VIDE: ● Ubi uber,
ibi tuber.
1034. Opum furiosa cupido. [Ovídio, Fasti 1.1.149]. A louca
cobiça de riquezas.
1035. Opus apocryphum. Obra apócrifa.
1036. Opus artificem probat. [Epígrafe de Fábula de Fedro
3.13 / Rezende 4692]. A obra revela o seu autor. ■ P ela obra
se conhece o obreiro. ■ A s obras mostram o que cada um é.
VIDE: ● Ex arte cognoscitur artifex. ● Opus laudat
artificem. ● Opus opificem commendat. ● Opus opificem
probat. ● Res auctorem qualis sit coarguit.
1037. Opus citatum. A obra citada.
1038. Opus Dei. A obra de Deus.
1039. Opus divinum est sedare dolorem. [Rezende 4693]. É
obra divina mitigar a dor. VIDE: ● Divinum opus est sedare
dolorem.
1040. Opus iustitiae pax. [Vulgata, Isaías 32.17]. A paz será
obra da justiça. VIDE: ● Et erit opus iustitiae pax.
1041. Opus laudat artificem. [DAPR 79]. A obra recomenda o
artista. ■ P ela obra se conhece o obreiro. VIDE: ● Ex arte
cognoscitur artifex. ● Opus artificem probat. ● Opus
opificem commendat. ● Opus opificem probat. ● Res
auctorem qualis sit coarguit.
1042. Opus magnum. A grande obra. A obra prima. VIDE:
● Magnum opus.
1043. Opus manuum nostrarum dirige. [Vulgata, Salmos
89.17]. Encaminha a obra de nossas mãos.
1044. Opus naturae, opus intellegentiae non errantis.
[Rezende 4694]. A obra da natureza é obra de uma
inteligência que não erra.
1045. Opus non est diei unius vel duorum. [Vulgata, 1Esdras
10.13]. Isto não é obra de um dia nem dois.
1046. Opus opificem commendat. [Boncompagno, Tractatus
Virtutum 53]. A obra recomenda o artista. ■ P ela obra se
conhece o obreiro. ● Opus opificem probat. VIDE: ● Ex arte
cognoscitur artifex. ● Opus artificem probat. ● Opus
laudat artificem. ● Res auctorem qualis sit coarguit.
1047. Opus post opus. [Schottus, Adagia 517]. Um trabalho
após outro. ■ U m trabalho é véspera de outro. VIDE: ● Labor
labore cumulatur.
1048. Opus urgeamus! Apressemos a tarefa! ■ M ãos à obra!
1049. Ora et labora. Ora e trabalha. VIDE: ● Bene orasse est
bene studuisse. ● Laborare est orare. ● Operatio fere idem
est atque oratio. ● Qui laborat, orat. ● Qui orat et laborat,
cor levat ad Deum cum manibus.
1050. Ora et labora! Dabit Deus omnia bona. [Tosi 913].
Reza e trabalha! Deus dará todos os bens.
1051. Ora et labora, Deus adest sine mora. [Tosi 913]. Reza e
trabalha: Deus aparece sem demora.
1052. Ora et labora, nam mors venit omni hora. [Tosi 913].
Reza e trabalha, pois a morte chega a qualquer hora.
1053. Ora fortiter, etiam fortissimus peccator. [Lutero / Tosi
1460]. Ora com ardor, mesmo que sejas um pecador muito
grande.
1054. Ora pro nobis Dominum Deum nostrum. [Vulgata,
Jeremias 37.3]. Pede por nós ao Senhor nosso Deus. ● Ora
pro nobis. [Resposta usada nas litanias dos santos, no ritual
católico latino]. Roga por nós. VIDE: ● Hora pro nobis.
1055. Oram reperire nullam qua expediam queo. [Estácio,
Comoediarum Fragmenta]. Não consigo encontrar uma praia
para partir.
1056. Orando laborando. [Divisa]. Pela oração e pelo trabalho.
1057. Orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
[Juvenal, Satirae 10.356]. Devemos pedir que esteja a mente
sã em corpo são. VIDE: ● Bene habere corpore simul et
anima curandum est. ● Mens sana in corpore sano.
1058. Orantes autem, nolite multum loqui. [Vulgata, Mateus
6.7]. Quando orardes, não faleis muito.
1059. Orate pro anima. Rogai pela alma.
1060. Orate pro calumniantibus vos. [Vulgata, Lucas 6.28].
Orai pelos que vos caluniam.
1061. Orate pro nobis. [Vulgata, 2Tessalonicenses 3.1]. Orai
por nós.
1062. Orate pro persequentibus et calumniantibus vos.
[Vulgata, Mateus 5.44]. Orai pelos que vos perseguem e vos
caluniam.
1063. Orate sine intermissione. Orai sem interrupção. VIDE:
● Sine intermissione orate.
1064. Oratio canis non penetrat caelos. [Bebel, Adagia
Germanica]. ■ O ração de cão não chega ao céu. VIDE:
● Caelos non penetrat oratio quam canis orat.
1065. Oratio cibus est animi. [Manúcio, Adagia 21]. A
linguagem é o alimento do espírito. ● Oratio cultus animi
est. [Sêneca, Epistulae Morales 115.2]. A linguagem é a
cultura do espírito.
1066. Oratio est ascensio mentis in Deum. [S.Agostinho, De
Spiritu et Anima 50 / Bernardes, Nova Floresta 1.195]. A
oração é a elevação do espírito a Deus.
1067. Oratio est index animi certissimus. [Tosi 158]. A
palavra é o mais fiel revelador da alma.
1068. Oratio est subsidium in periculo, est unguentum
aegrotorum, est scutum infirmorum, est odoramentum
civium supernorum. [S.Agostinho]. A oração é o apoio no
perigo, o remédio dos doentes, o escudo dos fracos, o
perfume dos cidadãos superiores.
1069. Oratio fidei salvabit infirmum. [Vulgata, Tiago 5.15]. A
oração da fé salvará o enfermo.
1070. Oratio funebris. Oração fúnebre. VIDE: ● Laudatio
funebris.
1071. Oratio humiliantis se nubes penetrabit. [Vulgata,
Eclesiástico 35.21]. A oração do que se humilha penetrará as
nuvens.
1072. Oratio imago animi. A palavra é o retrato do espírito.
■ T al sino, tal badalada. VIDE: ● Imago animi sermo est;
qualis vita, talis oratio. ● Oratio vultus animi est.
1073. Oratio lumen adhibere rebus debet. [Cícero, De
Oratore 3.50]. O discurso deve clarear os fatos.
1074. Oratio mores animi sequitur. [DAPR 203]. A
linguagem de cada um acompanha as preferências do
coração. ■ A boca fala do que está cheio o coração. ■ C ada
cuba cheira ao vinho que tem.
1075. Oratio quidem admirabilis, sed qui illam profert non
credendus. [Apostólio, Paroimiai 14.44]. Esse discurso sem
dúvida é admirável, mas quem o profere não merece crédito.
■ F ala de lisonjeiro, sempre vã e sem proveito.
1076. Oratio vibrans. Um discurso veemente.
1077. Oratio vultus animi est. [Sêneca, Epistulae Morales
115.2]. O discurso é o rosto da alma. ■ T al sino, tal
badalada. VIDE: ● Imago animi sermo est; qualis vita, talis
oratio. ● Oratio imago animi.
1078. Orationem mente conceptam, nisi eloquaris, similem
esse gladio in vagina recondito. [Schottus, Adagialia Sacra
7]. O discurso concebido na mente, se tu não o enuncias, é
como a espada guardada na bainha.
1079. Orationi vita ne dissentiat. [Publílio Siro]. Que a tua
vida não divirja da tua palavra.
1080. Orator fit, poëta nascitur. O orador se faz, o poeta nasce
feito. VIDE: ● Nascuntur poëtae, fiunt oratores. ● Nascimur
poëtae, fimus oratores. ● Poëta nascitur, orator fit. ● Poëta
nascitur, non fit. ● Poëta non fit, sed nascitur.
1081. Orator nec percutitur, nec violatur. [Grynaeus 247].
Embaixador nem se agride nem se maltrata. ■ P ortador não
merece pancada. ■ M ensageiro não merece pancadas.
■ M oço de recado não merece castigo. VIDE: ● Legatus haud
violatur, haudque caeditur. ● Legatus nec cogitur nec
violatur. ● Legatus nec violatur nec laeditur. ● Legatus
non caeditur, neque violatur. ● Legatus non laeditur, nec
violatur. ● Nuntio nihil imputandum. ● Sanctum per
saecula nomen legatus.
1082. Orator non semper est operator. O falador nem sempre
é fazedor.
1083. Orator regis pacisque sequester. [Lucano, De Bello
Civili 10.472]. O emissário do rei e mediador da paz.
1084. Orator vir bonus, dicendi peritus. [Sêneca Retórico,
Controversiae 1.9]. O orador deve ser um homem de bem,
perito na arte de dizer. VIDE: ● Non posse oratorem esse nisi
virum bonum.
1085. Oratorem eum puto esse qui verbis ad audiendum
iucundis et sententiis ad probandum accommodatis uti
possit. [Cícero, De Oratore 1.213]. Considero orador quem
seja capaz de usar palavras agradáveis de ouvir e frases
adequadas para provar.
1086. Oratorem te puta, si tibi ante omnes, quod oportet,
persuaseris. [DM 14]. Considera-te orador, se convenceres a
ti do que convém, antes de convencer os outros. ● Oratorem
te puta, si tibi ipsi quod oportet persuaseris. Considera-te
orador, se convenceres a ti do que convém.
1087. Oratorem vero irasci minime decet. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 4.25.55]. Na verdade, não convém
de maneira nenhuma que o orador se irrite.
1088. Oratoris officium est dicere ad persuadendum
accommodate. [Cícero, De Oratore 1.138]. O dever do
orador é discursar de modo adequado a persuadir.
1089. Orbem iam totum victor Romanus habebat. [Petrônio,
Satiricon 119]. O romano vencedor já dominava todo o
mundo.
1090. Orbem quem non novi, quaero, quem vici, relinquo.
[Sêneca Retórico, Suasoriae 3]. Procuro um mundo que não
conheço; o que venci abandono.
1091. Orbis factor. O construtor do mundo. ● Orbis
patrator.VIDE: ● Mundi artifex. ● Opifex mundi.
1092. Orbis fortunae. A roda da fortuna. VIDE: ● Rota
fortunae.
1093. Orbis pictus. O mapa-mundi.
1094. Orbis terrarum. O globo terrestre. O mundo.
1095. Orbis terrarum divitias accipere nolo pro patriae
caritate. [Cornélio Nepos, Epaminondas 4.2]. Eu não
aceitaria todas as riquezas do mundo em troca do meu amor à
pátria.
1096. Orbis vertitur tamquam mola. [Petrônio, Satiricon 39].
O mundo gira como um moinho.
1097. Orco, sive mari, mens aequiparatur avari. O coração
do avarento se equipara ao inferno, ou ao mar. ■ A avareza é
como o fogo: quanto mais lenha se põe, mais arde.
1098. Ordine fortuito. [Aulo Gélio, Noctes Atticae, Praefatio
2]. Em ordem casual. Ao acaso. Aleatoriamente.
1099. Ordine retrogrado. Em ordem inversa. Em contagem
regressiva. VIDE: ● Inverso ordine.
1100. Ordo a chao. [Divisa]. A ordem tirada do caos.
1101. Ordo ducit ad Deum. A ordem conduz a Deus.
1102. Ordo est anima rerum. A ordem é a vida das coisas.
1103. Ordo est parium dispariumque rerum sua cuique loca
tribuens dispositio. [S.Agostinho, De Civitate Dei 19.13.1].
Ordem é a disposição que atribui a cada uma das coisas
iguais ou díspares o seu lugar.
1104. Ordo et modus omnia breviora redunt. A ordem e o
equilíbrio tornam tudo mais rápido.
1105. Ordo iuridicus ab ordine morali separari nequit.
[Spalding, Pequeno Dicionário 93]. Não se pode separar a
ordem jurídica da ordem moral.
1106. Ordo memoriae lumen affert. [Cícero, De Oratore
2.353, adaptado]. A ordem traz luz à memória.
1107. Ordo naturalis. A ordem natural.
1108. Ore disertus homo citius persuadet amicis. O homem
bem falante convence os amigos mais depressa.
1109. Ore ex alieno sapiunt. Sabem por ouvir dizer. VIDE:
● Sapiunt alieno ex ore.
1110. Ore favete omnes! [Virgílio, Eneida 5.71]. Favorecei-me
todos com vossas bocas! ■ G uardai silêncio! VIDE: ● Favete
linguis!
1111. Ore pleno vel bibere vel loqui nec honestum est, nec
tutum. [Petrus Alphonsus / Sweet 188]. Beber ou falar com a
boca cheia nem é educado nem seguro.
1112. Ore probus, animo inverecundus. Honesto no falar, mas
desavergonhado no pensar. ■ F alas de mel, coração de fel.
■ P alavras de santo, unhas de gato.
1113. Ore rotundo. [Horácio, Ars Poetica 323]. Com a boca
redonda. Com a boca bem aberta. (=Com linguagem
pomposa).
1114. Ore vel scripto. Oralmente ou por escrito.
1115. Oremus. Oremos.
1116. Oremus et vigilemus ut non intremus in tentationem.
Oremos e vigiemos, para não entrarmos em temntação. VIDE:
● Vigilate, et orate, ut non intretis in tentationem.
1117. Oremus pacem, et dextras tendamus inermes. [Pereira
96]. Peçamos paz e mostremos as mãos desarmadas. ■ A
quem hás de rogar, não hás de agravar.
1118. Ori dulcescit faba frigida, quando famescit. [Binder,
Thesaurus 2444]. Quando se tem fome, feijão frio adoça a
boca. ■ Q uando se está com fome, carne rançosa se come.
■ Q uem tem fome cardos come. VIDE: ● Anima esuriens et
amarum pro dulci sumet. ● Anima saturata calcabit
favum, et anima esuriens etiam amarum pro dulci sumet.
● Animae esurienti etiam amara dulcia videntur.
● Dulcem rem fabas facit esuries tibi crudas. ● Dulcescit
faba frigida, quando famescit. ● Fabas indulcat fames.
● Famem efficere ut crudae etiam fabae saccharum
sapiant. ● Fames ipsa iniucunda et molesta, tamen
iucundum reddit cibum, alioquin maxime asperum et
invisum.
1119. Oriente sole. [Inscrição em quadrante solar]. Ao nascer
do sol.
1120. Originale peccatum. O pecado original. ● Originalis
macula. VIDE: ● Macula originalis. ● Peccatum originale.
1121. Origo legis. A origem da lei.
1122. Origo mali. A origem do mal.
1123. Origo rei inspici debet. [Jur / Black 1304]. Deve ser
examinada a origem da coisa.
1124. Origo rei semper attenditur. [Jur]. Deve-se sempre dar
atenção à origem da coisa.
1125. Oritur sol, et occidit, et ad locum suum revertitur.
[Vulgata, Eclesiastes 1.5]. O sol nasce, e se põe, e torna ao
lugar donde partiu.
1126. Ornamento incedunt gnobili ignobiles. [Lívio
Andronico]. Os homens de origem obscura sempre viajam
com aparato.
1127. Ornamentum amicitiae, verecundia. O pudor é o
ornamento da amizade. VIDE: ● Maximum ornamentum
amicitiae tollit qui ex ea tollit verecundiam.
1128. Ornamentum aureum prudenti doctrina. [Vulgata,
Eclesiástico 21.24]. A ciência é para o homem prudente um
ornamento de ouro.
1129. Ornat corpus quidem vestis, faciem vero pudor.
[Schrevelius 1173]. A roupa adorna o corpo, mas o pudor
adorna o rosto.
1130. Ornat, non onerat. [Rezende 4712]. Honra, não pesa.
VIDE: ● Non onerat, sed ornat.
1131. Oro te, quis tu es? [Cícero, Ad Familiares 7.16]. Por
favor, quem és?
1132. Orta omnia cadunt. Tudo que nasce morre. ■ T udo
passa sobre a terra. ● Orta omnia intereunt. [Salústio,
Epistulae ad Caesarem 1.5].VIDE: ● Omnia orta cadunt.
● Omnia orta occidunt, virtus una immortalis est.
1133. Ortus angelicus, senio satanizat iniquus. Nascido anjo,
na velhice o desgraçado fica endiabrado. ■ D e jovem anjo
velho diabo. ■ Q uem em menino é pousado será velho
endiabrado. VIDE: ● Angelicus iuvenis senibus satanizat in
annis.
1134. Ortus est a se. [Branco 479]. Ele nasceu de si mesmo.
(=Ele se fez por esforço próprio). VIDE: ● Sibi ipse finxit
fortunam. ● Sibi uni fortunam debet.
1135. Os ad os loqui. [Vulgata, 2João 12]. Falar de viva voz.
1136. Os autem quod mentitur occidit animam. [Vulgata,
Sabedoria 1.11]. A boca que mente, mata a alma.
1137. Os cordis secreta revelat. A boca revela os segredos do
coração. ■ D iz a boca o que o coração sente.
1138. Os ex ossibus meis, et caro de carne mea. [Vulgata,
Gênesis 2.23]. Osso de meus ossos e carne de minha carne.
1139. Os garrulum intricat omnia. Boca tagarela complica
tudo. ■ Q uanto mais fala, mais erra. ■ A boca que escorrega
aparelha muitas quedas..
1140. Os habent, et non loquentur; oculos habent, et non
videbunt; aures habent, et non audient; nares habent, et
non odorabunt; manus habent, et non palpabunt; pedes
habent, et non ambulabunt. [Vulgata, Salmos 113B,5-7].
(Os ídolos) têm boca, e não falarão; têm olhos, e não verão;
têm ouvidos, e não ouvirão; têm narizes, e não cheirarão; têm
mãos, e não apalparão; têm pés, e não andarão. VIDE:
● Oculos habent ad videndum, et non vident; et aures ad
audiendum, et non audiunt.
1141. Os habet in corde sapiens, cor stultus in ore. [Walther
2041 / Tosi 45]. O sábio tem a boca no coração; o parvo tem
o coração na boca. VIDE: ● Cor in ore, os in corde. ● In ore
fatuorum cor illorum, et in corde sapientium os illorum.
● Stultus effundit spiritum suum semel, at sapiens
dissimulat.
1142. Os homini sublime dedit, caelumque videre iussit, et
erectos ad sidera tollere vultus. [Ovídio, Metamorphoses
1.85]. (Deus) deu ao homem um semblante elevado e
mandou olhar o céu, e voltar o rosto para as estrelas.
1143. Os impudens. [S.João Crisóstomo / Rezende 4723]. Uma
boca impudente. (=É uma referência ao demônio. Diz-se,
também, de quem fala da vida alheia).
1144. Os inest orationi. [Erasmo, Adagia 4.3.56]. Ele tem um
osso na fala. (=Recebeu dinheiro para ficar calado).
■ M olharam-lhe as mãos. VIDE: ● Bovem habet in lingua.
● Bovem in lingua fert. ● Bovem in faucibus portat.
1145. Os lubricum. Uma boca escorregadia. (=Uma pessoa que
diz coisas inconvenientes ou ofensivas). VIDE: ● Lapsus
linguae. ● Lapsus loquendi. ● Lubricum linguae. ● Lingua
fallax non amat veritatem, et os lubricum operatur
ruinas.
1146. Os magna sonaturum. [Horácio, Satirae 1.4.42]. Uma
boca que proferirá coisas sublimes.
1147. Os mihi semper hians et pendens ferrea lingua est; vox
nulla, nisi prodita verberibus. [Rezende 4725]. Minha boca
está sempre aberta, e a língua de ferro fica pendurada; não
tenho voz, senão a produzida por pancadas. (=Trata-se de um
sino).
1148. Os rodito, quod sorte contigit tibi. [Binder, Thesaurus
2448]. Rói o osso que a ti coube pela sorte. ■ A ceita o bem,
conforme vem. ■ A sorte quem dá é Deus.
1149. Os rosum rodere non possum. [Medina 584]. Não posso
roer osso roído. ■ A outro perro com esse osso.
1150. Oscitante uno, deinde oscitat et alter. [Erasmo, Adagia
3.4.95]. Quando um boceja, imediatamente boceja também o
segundo. ■ A nda a cabra de roça em roça, como o bocejo de
boca em boca. ● Oscitante uno, oscitat et alter. [Dumaine
241]. Quando um boceja, o outro também boceja. VIDE:
● Cum oscitat unus, statim oscitat et alter. ● Uno oscitante
et alter oscitat statim. ● Uno oscitante alter participat.
1151. Oscula qui sumpsit, si non et cetera sumpsit, haec
quoque, quae data sunt, perdere dignus erit. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.667]. Quem conseguiu os beijos, se não
conseguiu também o resto, é digno de perder até mesmo o
que lhe foi dado.
1152. Osculabantur mihi manus, et ore vipereo detrahebant.
[S.Jerônimo, Epistulae 45.2]. Beijavam-me as mãos, mas
com a língua viperina me difamavam.
1153. Osculo Filium hominis tradis? [Vulgata, Lucas 22.48].
Com um beijo entregas o Filho do homem?
1154. Osculor hunc ore natum nutricis amore. [Stevenson
1314]. Beijo esta criança por amor à mãe. ■ P or amor dos
santos se adoram os altares. ■ B eijam-se os altares por
causa dos santos ● Osculor hunc ore puerum nutricis
amore. [Stevenson 1314]. VIDE: ● Puer osculatur propter
matrem.
1155. Osculum iuvit, iuvat et diu iuvabit. O beijo sempre
agradou, agrada e agradará.
1156. Osculum pacis. O beijo da paz.
1157. Ossa ac pellis sum. [Plauto, Captivi 135]. Eu sou todo
ossos e pele. ● Ossa ac pellis totus est, ita cura macet.
[Plauto, Aulularia 563]. Ele é todo ossos e pele, está assim
magro pelas preocupações.
1158. Ossa atque cutis sum. [Grynaeus 566]. Sou ossos e pele.
● Ossa atque pellis sum. [Plauto, Captivi 135].
1159. Ossa decent fortes grandia quaeque canes. [Pereira 94].
A cães grandes convêm ossos grandes. ■ A grande cão,
grande osso.
1160. Osse caret lingua, secat os tamen ipsa maligna. [DAPR
398]. A língua não tem osso, mas a própria língua maligna
corta osso. ■ A língua não tem osso, mas quebra ossos.
● Osse caret glossa, quandoque tamen terit ossa. A língua
não tem osso, mas às vezes tritura ossos. ● Osse caret lingua,
sed frangit dorsa, maligna. [Albertano da Brescia, Liber de
Amore 1.2]. A língua não tem osso, mas a malvada quebra
costados.
1161. Osse radicatum raro de carne recedit. [CODP 31]. O
que está entranhado no osso raramente escapa da carne. ■ O
que o berço dá só o túmulo tira. ■ O que está na massa do
sangue não se pode negar.
1162. Ostende mihi mendacem, et ostendam tibi furem.
Mostra-me um mentiroso, e eu te mostrarei um ladrão. VIDE:
● Da mihi mendacem, et ego ostendam tibi furem.
1163. Ostende rebus, non verbis. [Sêneca, Epistulae Morales
83.27]. Mostra com fatos, não com palavras. VIDE: ● Rebus,
non verbis.
1164. Ostendes te vivere nolle, mori non posse. [Sêneca, Ad
Marciam 3.3]. Mostrarás que não queres viver, mas não
podes morrer.
1165. Ostendite modo bellum: pacem habeatis; videant vos
paratos ad vim: ius ipsi remittent. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 6.18.7]. Apenas ameaçai com a guerra: tereis paz;
vejam-vos preparados para usar a força: eles mesmos
restaurarão o direito.
1166. Ostendunt adversa virum, felicia celant. As
dificuldades revelam o homem; as facilidades o ocultam. ■ É
na luta que se conhecem os heróis. ■ C om bom vento todos
são pilotos.
1167. Otia corpus alunt; animus quoque pascitur illis.
[Ovídio, Ex Ponto 1.4.21]. O repouso restaura as forças do
corpo; o próprio espírito se alimenta com ele.
1168. Otia me somnusque iuvant. [Marcial, Epigrammata
12.68.5]. O descanso e o sono me agradam.
1169. Otia omnia vitia pariunt. [Stevenson 1214]. O ócio gera
todos os vícios. ■ A ociosidade é a ferrugem da alma. ■ A
ociosidade é a mãe de todos os vícios. ● Otia dant vitia.
[Lucano / Grynaeus 550]. VIDE: ● Omnium malorum origo
otium.
1170. Otia qui sequitur, veniet huic semper egestas.
[Columbano]. Quem segue o ócio, a pobreza sempre lhe
vem. ■ S em trabalho, só a pobreza.
1171. Otia si tollas, periere Cupidinis arcus. [Ovídio,
Remedium Amoris 139]. Se acabares com o lazer, ficará
destruído o arco de Cupido.
1172. Otiare quo melius labores. [Epígrafe de Fábula de Fedro
3.14 / Rezende 4732]. Descansa para melhor trabalhares.
1173. Otii securitatem illustris vitae periculis esse potiorem.
[Schottus, Adagia 517]. É preferível a tranqüilidade do ócio
aos perigos da vida ilustre.
1174. Otio qui nescit uti, plus negotium habet quam qui
negotiosus in negotio. [DAPR 399]. Quem não sabe usar o
ócio, tem mais ocupação do que o ocupado na atividade. ■ O
homem lento jamais tem tempo. ● Otio qui nescit uti, plus
negotii habet quam, cum est negotium, in negotio. [Ênio /
Aulo Gélio, Noctes Atticae 19.10.12].
1175. Otiosa sedulitas. Zelo inútil.
1176. Otiosi semper egentes. Os preguiçosos estão sempre
necessitados. ■ P reguiça é a chave da pobreza. ■ P reguiça
traz precisão.
1177. Otiosis locus hic non est; discede, morator. [Inscrição /
Dengg 19]. Aqui não é lugar para desocupados; cai fora,
estovo!
1178. Otiositas inimica est animae. [RSB 48]. A ociosidade é
inimiga da alma. ■ A ociosidade é a ferrugem da alma.
1179. Otiosus dies. [Cícero, Ad Quintum 3.8.3]. Dia de
descanso.
1180. Otiosus ne fueris, ne si locuples quidem fueris. [Pítaco /
Rezende 4733]. Não ficarás ocioso, mesmo se fores rico.
1181. Otium cum dignitate. O descanso com dignidade. VIDE:
● Cum dignitate otium. ● In otio cum dignitate.
1182. Otium cum libertate. [Salústio, Lepidi Oratio 3]. O
repouso com liberdade.
1183. Otium cum servitio. [Salústio, Lepidi Oratio 8]. O ócio
com servidão.
1184. Otium est pulvinar diaboli. [DAPR 491]. O ócio é o
leito do diabo. ■ O homem ocioso torna-se vicioso. VIDE:
● Pigritia est pulvinar Satanae.
1185. Otium et reges prius et beatas perdidit urbes. [Catulo,
Carmina 51.15]. No passado, a indolência perdeu tanto reis
como cidades ricas.
1186. Otium fortunas secundas perdit. [Grynaeus 550]. O
ócio perde as oportunidades favoráveis.
1187. Otium naufragium castitatis. [DAPR 715]. O ócio é o
naufrágio da castidade.
1188. Otium nugarum mater est, noverca virtutum. A
ociosidade é a mãe das frivolidades, e madrasta das virtudes.
■ A ociosidade é a madrasta das virtudes. VIDE: ● Multum
cavenda est principi otiositas, mater nugarum, noverca
virtutum.
1189. Otium omnia mala adulescentes docet. A ociosidade
ensina aos jovens tudo que há de mal.
1190. Otium omnium malorum fomes. [Branco 658]. O ócio é
o alimento de todos os males. ■ A ociosidade é a mãe de
todos os vícios.
1191. Otium sine dignitate. O ócio sem dignidade.
1192. Otium sine litteris mors est et vivi hominis sepultura.
[Sêneca, Epistulae Morales 82.3]. O ócio sem o estudo é a
morte e a sepultura do homem vivo. VIDE: ● Vita hominis
sine litteris mors est. ● Vita sine litteris mors est.
1193. Otium stultitiam, labor scientiam generat. A
ociosidade produz a ignorância, o trabalho gera o
conhecimento.
1194. Otium umbratile. [Stevenson 1383]. O descanso no
recolhimento da casa.
1195. Ova ovarum et apes apium simillimae. Os ovos são
muito parecidos uns com os outros, como as abelhas são
muito parecidas umas com as outras.
1196. Ovem in fronte, lupum in corde gerit. [Binder,
Thesaurus 2460]. No rosto, traz uma ovelha, no coração, um
lobo. ■ C ara de mel, coração de fel.
1197. Ovem lupo commisisti. [Terêncio, Eunuchus 832].
Confiaste a ovelha ao lobo. ■ D este ovelhas a guardar ao
lobo. ■ A bom santo o encomendaste. ● Ovem lupo
committis. [Dumaine 243]. Confias a ovelha ao lobo. VIDE:
● Lupo ovem commisisti.
1198. Oves Domini. O rebanho do Senhor.
1199. Oves et boves. Ovelhas e bois. (=Diz-se do agrupamento
de indivíduos sem distinção ou hierarquia). ● Oves et boves,
omniaque pecora. Ovelhas e bois, e todo o rebanho. (=A
plebe).
1200. Oves fugiet lupus. O lobo fugirá das ovelhas. VIDE:
● Nunc et oves ultro fugiet lupus.
1201. Oves inquam vestrae, quae tam mites esse, tamque
exiguo solent ali, nunc (uti fertur) tam edaces atque
indomitae esse coeperunt ut homines devorent ipsos.
[Thomas More, Utopia 1]. Vossas ovelhas, que costumavam
ser tão mansas e comer tão pouco, agora, segundo dizem,
ficaram tão devoradoras e selvagens, que comem os próprios
homens.
1202. Oves meae vocem meam audiunt, et ego cognosco eas,
et sequuntur me. [Vulgata, João 10.27]. As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem.
1203. Oviculae vitam degere. [Schottus, Adagia 519]. Levar
uma vida de ovelha. (=Diz-se de tolos e de preguiçosos).
● Oviculae vitam ducis. [Apostólio, Paroimiai 16.68]. Levas
vida de ovelha.
1204. Ovis ovem sequitur. Uma ovelha segue a outra.
■ O velhas bobas, por onde vai uma, vão todas. VIDE: ● Una
ove praeeunte omnes sequuntur.
1205. Ovis quae de ovili egreditur, lupi statim morsibus
patet. [S.Jerônimo, Vita Malchi / Bernardes, Nova Floresta
5.358]. A ovelha que sai do seu aprisco logo sente as
mordidas do lobo.
1206. Ovium nullus usus, si pastor absit. [Erasmo, Adagia
2.7.26]. As ovelhas não têm nenhuma utilidade, se falta o
pastor. ■ F azenda, teu dono te veja. ● Ovium nulla utilitas,
si pastor absit. [Apostólio, Paroimiai 16.77]. ● Ovium nulla
utilitas, si absit upilio. [Schottus, Adagia 519]. VIDE:
● Absente domino res male geritur. ● Si pastor absit, non
oves sunt usui.
1207. Ovo nudior. Mais pelado que um ovo.
1208. Ovo prognatus eodem. [Horácio, Sermones 2.1.26].
Nascido do mesmo ovo.
1209. Ovum dat nulli nisi sit retributio pulli. [DAPR 218].
Não dá ovo a ninguém, a não ser em troca de um frango.
■ Dá um ovo para ter um boi. VIDE: ● Gallinam dat, ut
taurum recipiat. ● Pileum dat, ut pallium recipiat.
1210. Ovum glutine compingere. Recompor um ovo com cola.
(=Realizar tarefa inútil). ● Ovum agglutinare. Colar um ovo.
1211. Ovum prae gallina vult sapere. O ovo quer saber mais
que a galinha. ■ Ensina padre-nosso ao vigário. ● Ovum
prae gallina sapit. O ovo sabe mais que a galinha. VIDE:
● Ante barbam doces senes. ● Sus Minervam docet.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

P
1. Pabula da corvis, dement tibi lumina corvi. Dá de comer
aos corvos, eles te arrancarão os olhos. ■ Cria o corvo, tirar-
te-á o olho. ■ Acalenta a serpente, que ela te dará o pago.
VIDE: ● Ale luporum catulos. ● Ale catulos lupi. ● Alis
catulos lupi. ● Alis luporum catulos. ● Colubram foves in
sinu. ● Colubrum foves in sinu. ● Colubrum in sinu fove.
● Corvum in sinu foves. ● Tu viperam sub alis nutricas.
● Tu viperam sub ala nutricaris. ● Viperam sub ala
nutricaris.
2. Pabulum Acherontis. [Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable]. O alimento de Aqueronte. (=Um cadáver). VIDE:
● Acherontis pabulum.
3. Pabulum animi. [Bacon, Advancement of Learning 2.12.2].
O alimento do espírito.
4. Pace belloque fidelis. [Divisa da cidade de Regio Emilia,
Itália]. Fiel na paz e na guerra.
5. Pace et bello. Na paz e na guerra. ● Pace belloque.
6. Pace et bello paratus. [Divisa]. Preparado na paz e na
guerra.
7. Pace suspecta tutius bellum. [Binder, Thesaurus 2464]. A
guerra é mais segura do que uma paz suspeita.
8. Pace tua. Com tua permissão. ● Pace tua dixerim. [Cícero,
Ad Familiares 7.17]. Eu diria com tua permissão.
9. Pacem cum hominibus habebis, bellum cum vitiis. [DM
34]. Terás a paz com os homens e a guerra com os vícios.
● Pacem cum hominibus, bellum cum vitiis habe. ● Pacem
habebis cum hominibus, cum vitiis bellum. ● Pacem cum
inimicis, bellum cum vitiis. [Divisa da Comuna de Venaria
Reale. Turim, Itália / Rezende 4741]. Paz com os inimigos,
guerra com os vícios. VIDE: ● Cum hominibus pacem, bella
cum vitiis habe.
10. Pacem demus animo. [Sêneca, De Ira 3.41.1]. Devemos
dar paz ao nosso espírito.
11. Pacem omnes desiderant, sed quae ad veram pacem
pertinent non omnes curant. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 4.25.2]. Todos desejam a paz, mas nem
todos cuidam das coisas pertinentes à verdadeira paz.
12. Pacem orare manu, praefigere puppibus arma. [Virgílio,
Eneida 10.80]. Implorar a paz com as mãos e coroar as popas
dos navios com as armas.
13. Pacem reduci velle, victori expedit, victo necesse est.
[Sêneca, Hercules Furens 368]. Querer que a paz seja
restaurada interessa ao vencedor e é necessidade do vencido.
14. Pacem veneramur amantes. [Propércio, Elegiae 3.5.1].
Nós, os namorados, veneramos a paz.
15. Pacem veniamque rogamus. [Horácio, Amores 1.2.21].
Peço-te paz e perdão.
16. Pacemne huc fertis an arma? [Virgílio, Eneida 8.114].
Trazeis-nos paz ou armas?
17. Paci sunt maxime contraria vis et iniuria. [Jur / Black
1315]. A violência e a injustiça são as principais coisas hostis
à paz. VIDE: ● Maxime paci sunt contraria vis et iniuria.
18. Pacis amator. [Ovídio, Amores 2.6.26]. Um amante da paz.
19. Pacis Amor deus est. [Propércio, Elegiae 3.5.1]. Amor é o
deus da paz.
20. Pacis caritate. [Tácito, Historiae 2.37]. Por amor à paz.
21. Pacis fides nulla est. [Cícero, Ad Atticum 9.3]. Não há
nenhuma esperança de acordo.
22. Pacis nomine bellum involutum reformido. [Cícero,
Philippica 7.19]. Tenho muito medo da guerra escondida sob
o nome de paz. VIDE: ● Bellum pacis nomine involutum.
23. Pacis tempore, cogitandum de bello. Em tempo de paz
deve-se pensar na guerra. ● Pacis tempore, semper
cogitandum est de bello. [Jacobus Bornitius, De Aerario].
Em tempo de paz sempre se deve pensar na guerra. VIDE:
● Qui desiderat pacem, praeparet bellum. ● Qui desiderat
pacem, praeparet bellum; qui victoriam cupit, milites
imbuat diligenter; qui secundos optat eventus, dimicet
arte, non casu. ● Si pace frui volumus, bellum gerendum
est. ● Si vis pacem, para bellum. ● Suscipienda quidem
bella sunt ob eam causam, ut sine iniuria in pace vivatur.
● Tempore pacis cogitandum de bello.
24. Pacta clara, boni amici. Contratos claros, bons amigos. ■ O
preto no branco fala como gente. ■ Boas contas fazem os
bons amigos. VIDE: ● Clara pacta, amicitia longa. ● Clara
pacta faciunt amici. ● Clara pacta, boni amici. ● Clare
pacta, boni amici.
25. Pacta conventa. As condições convencionadas.
26. Pacta conventa legibus facta rata sint. [Sêneca Retórico,
Controversiae 9.3]. Os contratos feitos de acordo com as leis
são válidos.
27. Pacta conventa servari oportet. [Codex Iustiniani
5.3.20.5]. É preciso respeitar os contratos.
28. Pacta dant legem contractui. [Jur / Black 1316]. As
cláusulas convencionadas dão força de lei ao contrato.
29. Pacta non possunt facere licita, quae alias illicita sunt.
[Jur]. Os contratos não podem tornar lícito o que é ilícito.
30. Pacta nuda non valent. [Jur]. Contratos informais não têm
força. VIDE: ● Pactum nudum.
31. Pacta personalia non transeunt ad heredes. [Jur].
Convenções pessoais não se transmitem aos herdeiros.
32. Pacta privata iuri publico derogare non possunt. [Jur /
Coke / Black 1316]. Contratos particulares não podem
derogar direito público. VIDE: ● A pactis privatorum publico
iuri non derogatur. ● Ius publicum privatorum pactis
mutari non potest. ● Pactis privatorum iuri publico non
derogatur. ● Privatorum conventio iuri publico non
derogat.
33. Pacta quae contra leges constitutionesque, vel contra
bonos mores fiunt, nullam vim habere, indubitati iuris
est. [Codex Iustiniani 2.3.6]. É de direito inconcusso que as
convenções que são feitas contra as leis e as constituições, ou
contra os bons costumes, nenhuma eficácia têm.
34. Pacta quae turpem clausulam continent non sunt
observanda. [Paulo, Digesta 2.14.27.4]. Os contratos que
contenham cláusula desonrosa não devem ser cumpridos.
VIDE: ● Contractus ex turpi causa, vel contra bonos mores,
nullus est.
35. Pacta sunt servanda. [Rezende 4747]. Os contratos devem
ser respeitados. ■ Trato é trato. ● Pacta semper sunt
servanda. [Cícero, De Officiis 3.92]. Os contratos sempre
devem ser respeitados. ● Pacta serva. Cumpre o que foi
combinado.
36. Pacta viro merces iuste solvatur amico. [Schottus, Adagia
585]. O salário combinado será legitimamente pago ao
homem digno.
37. Pactis privatorum iuri publico non derogatur. [Jur /
Black 1316]. Contratos particulares não derrogam direito
público. VIDE: ● Pacta privata iuri publico derogare non
possunt. ● Privatorum conventio iuri publico non derogat.
38. Pactum illicitum. Um acordo ilegal.
39. Pactum non pactum est, non pactum pactum est, quod
vos libet. [Plauto, Aulularia 216]. O combinado não foi
combinado, o não combinado foi combinado, seja o que vós
quiserdes.
40. Pactum nudum. [Codex Iustiniani 2.3.10]. Um pacto nu.
(=Um contrato informal. Uma simples promessa). VIDE:
● Pactum vestitum.
41. Pactum sceleris. [Jur]. Acordo para praticar um crime. A
cumplicidade. Um crime coletivo. Uma máfia.
42. Pactum societatis. O contrato social.
43. Pactum subiectionis. O pacto social.
44. Pactum turpe. Um acordo desonroso.
45. Pactum vestitum. Um pacto vestido. (=Um contrato
formal). VIDE: ● Pactum nudum.
46. Paene in foveam decidi. [Plauto, Persa 594]. Quase caí no
buraco. ■ Escapei por um triz.
47. Paenitemini igitur. [Vulgata, Atos 3.19]. Arrependei-vos,
pois.
48. Paenitentia sera raro vera. [DAPR 705]. Arrependimento
tardio raramente é verdadeiro.
49. Paenitentia vera nunquam sera. [Pontanus]. O
arrependimento verdadeiro nunca chega tarde. ■ Nunca é
tarde para o bem.
50. Paenituit eum quod hominem fecisse in terra. [Vulgata,
Gênesis 6.6]. Pesou a Deus de ter criado o homem na terra.
51. Palam omnibus. Na presença de todos.
52. Palam populo. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 6.14]. Na
presença do povo. Publicamente.
53. Paleae sunt! São palhas! ■ Ninharias!
54. Palinodiam canere. [Erasmo, Adagia 1.9.59]. Cantar a
palinódia. (=Palinódia. Poema em que se desdiz aquilo que
se disse em outro. Retratação). ■ Dar o dito pelo não dito.
55. Palleat omnis amans; hic est color aptus amanti. [Ovídio,
Ars Amatoria 1.729]. Todo apaixonado é pálido; essa é a cor
adequada ao homem enamorado.
56. Pallentes procul hinc abite curae! [Marcial, Epigrammata
11.6.6]. Fora daqui, sombrias preocupações!
57. Pallida luna pluit, rubicunda flat, alba serenat. [Rezende
4750]. Com a lua pálida, chove; avermelhada, venta; branca,
faz bom tempo.
58. Pallida mors aequo pulsat pede pauperum tabernas
regumque turres. [Horácio, Carmina 1.4.13]. A pálida
morte pisa com o mesmo pé as cabanas dos pobres e os
castelos dos reis. ■ Tanto morre o papa como quem não tem
capa. VIDE: ● Grandia cum minimis mors ferit ense pari.
59. Pallium breve utrumque operire non potest. [Vulgata,
Isaías 28.20]. Um cobertor curto não pode cobrir a um e
outro.
60. Palma non sine pulvere. [Divisa]. Não há palma sem
poeira. ■ Não há vitória sem luta. ■ Não há gosto que não
custe. VIDE: ● Non sine pulvere palma.
61. Palma palmam piet, illota vel utraque fiet. [Walther
30583 / Tosi 1341]. Uma mão tem de lavar a outra, ou ambas
ficarão sujas. ■ Uma mão lava a outra. VIDE: ● Abluit manus
manum: da aliquid et accipe. ● Amicus amicum adiuvat.
● Manus manum lavat. ● Manus manum, digitumque
digitus abluit. ● Manus manum lavat, et digitus digitum.
● Una manus reliquam lavat, ut relavetur ab ipsa.
● Utraque mundatur, dum palma palma lavatur.
62. Palmam alter meret, alter praeripuit. Um merece a
palma, mas outro a arrebatou. ■ Um levanta a caça, e outro a
mata.
63. Palmam qui meruit, ferat. [John Jortin, Lusus Poetici 8.20
/ Rezende 4752]. Leve a palma quem a mereceu. VIDE:
● Detur digniori.
64. Palpari in tenebris. [Erasmo, Adagia 3.7.59]. Tatear nas
trevas. ■ Andar com furão morto à caça.
65. Palumbem ad aream usque adduximus. [Plauto, Poenulus
676]. Metemos um pombo bravo na tua eira. (=Nós te
armamos uma cilada).
66. Palumbem pro columba. [Erasmo, Adagia 3.1.25]. Uma
pomba brava por uma pomba comum. ■ Gato por lebre.
■ Vender gato por lebre. VIDE: ● Pilos pro lana. ● Pro perca
scorpium.
67. Panditur et clauso saepius ore furor. [Maximiano, Elegiae
4]. Na maioria das vezes a paixão violenta se manifesta,
mesmo estando fechada a boca.
68. Pane lucrando. Para ganhar pão. (=Expressão utilizada
para indicar obras artísticas elaboradas com o fim de ganhar
dinheiro). VIDE: ● De pane lucrando.
69. Panem et aquam natura desiderat. [Sêneca, Epistulae
Morales 25.4]. Pão e água é o que a natureza deseja.
70. Panem et circenses. [Juvenal, Satirae 10.81]. (Tudo o que o
povo quer é) pão e espetáculos circenses. ■ Pão e circo.
■ Haja pão e satisfação. VIDE: ● Duas tantum res anxius
optat: panem et circenses.
71. Panem inopi da, sed condimenti vice pugnos. [Schottus,
Adagia 583]. Dá pão ao pobre, mas (se ele te pedir molho),
em lugar de molho, dá-lhe socos.
72. Panem non comedistis, vinum et siceram non bibistis.
[Vulgata, Deuteronômio 29.6]. Não comestes pão, e não
bebestes vinho nem sidra.
73. Panem nostrum cotidianum da nobis hodie. [Vulgata,
Lucas 11.3]. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. ● Panem
nostrum supersubstantialem da nobis hodie. [Vulgata,
Mateus 6.11]. O pão nosso necessário à nossa substância, nos
dá hoje.
74. Panem probato levem, gravemque caseum. [DAPR 563].
Come pão leve e queijo pesado.
75. Panem quaeramus aratro. [Juvenal, Satirae 14.181].
Busquemos o pão com o arado. ■ Quem trabalha ganha pão.
VIDE: ● Panis quaerendus aratro.
76. Panes tuos in frigidum furnum iacis. [Schottus, Adagia
607]. Colocas teus pães no forno frio. (=Trabalhas em vão).
■ Trabalhas para o bispo. VIDE: ● In frigidum furnum panes
immittere.
77. Pange, lingua. [Título de hino religioso atribuído a
S.Tomás de Aquino]. Canta, ó minha língua.
78. Panis angelicus. [Da liturgia católica]. O pão dos anjos.
79. Panis et cerevisia sunt vitae pabulum. [Schrevelius 1172].
Pão e cerveja são o alimento da vida.
80. Panis et vinum. Pão e vinho.
81. Panis non conficitur sine farina. [Bebel, Adagia
Germanica / DAPR 537]. ■ Sem farinha não se faz pão.
■ Não se faz omelete sem quebrar os ovos.
82. Panis quaerendus aratro. Deve-se buscar o pão com o
arado. VIDE: ● Panem quaeramus aratro.
83. Panis, vina, caro mihi sint, et cetera linquam. [Pereira
117]. Tenha eu pão, vinho e carne, e o resto eu dispenso.
■ Por carne, vinho e pão, deixo quantos manjares são.
84. Panis vitae. [Vulgata, João 6.35]. O pão da vida.
85. Papulas observatis alienas, obsiti plurimis ulceribus.
[Sêneca, De Vita Beata 27.4]. Vós observais as espinhas
alheias, mas estais cobertos de feridas. ■ Ver a palhinha no
olho alheio e não ver a trave no seu. ● Papulas alienas
observat, ipse ulceribus obsitus.
86. Par aetas animos conciliare solet. [Maximiano, Elegiae 2].
A idade igual costuma ligar os espíritos.
87. Par beneficii est quod petitur, si belle neges. [Publílio
Siro]. Negar com elegância o que é solicitado equivale a um
favor. ■ Mais custa o falso prometer que o pronto recusar.
VIDE: ● Pars beneficii est, quod petitur, si belle neges.
● Pars beneficii est, quod petitur, si cito neges.
88. Par culpa delinquentis et suasoris est. É igual a culpa do
criminoso e do seu mentor. ■ Tão ladrão é o que vai ao nabal
como o que fica ao portal. VIDE: ● Parem delinquentis et
suasoris culpam esse.
89. Par delicto sit mea poena. [Ovídio, Tristia 2.578]. Que
minha punição corresponda ao meu crime.
90. Par erat ad formam sapientia. Sua sabedoria igualava sua
beleza.
91. Par est. É justo. VIDE: ● Aequum est.
92. Par est fortuna laboris. [Rezende 4788]. A sorte é
companheira do trabalho. ■ Quem trabalha tem alfaia.
■ Quem trabalha tudo alcança. ■ Sofrer para saber, e
trabalhar para ter. ● Par est fortuna labori. [Binder,
Medulla 1321]. A sorte é proporcional ao trabalho. ■ Quem
trabalha tudo alcança. ■ Quem trabalha tem alfaia. VIDE:
● Faveat magno fortuna labori. ● Par praemium labori.
93. Par in parem non habet imperium. [Dante, De Monarchia
1.10.3]. Igual sobre igual não tem autoridade.
94. Par nobile fratrum. [Horácio, Satirae 2.3.243]. Um nobre
par de irmãos.
95. Par non est. Não é justo.
96. Par odio importuna benevolentia. [Grynaeus 417]. A
benevolência impertinente em nada difere da inimizade.
■ Choram os olhos de teu amigo, e ele enterrar-te-á vivo.
● Par odio simulata benevolentia. [Pereira 99]. A
benevolência fingida é igual ao ódio. VIDE: ● Amare inepte
nil ab odio discrepat. ● Beneficus importunus hoste non
minus. ● Benevolentia importuna non differt ab odio.
● Benevolentia importuna nihil differt a simultate.
● Importuna benevolentia nihil ab odio differt.
● Importuna benevolentia nihil ab inimicitia distat.
● Intempestiva benevolentia nihil a simultate differt.
97. Par operi est merces. A recompensa corresponde â obra.
■ Tal trabalho, tal salário. VIDE: ● Par praemium labori.
98. Par pari. O igual pelo igual. ■ Elas por elas. ■ A bom gato,
bom rato.
99. Par pari coit. O igual se junta ao igual. ■ Cada qual com
seu igual. ■ Cada ovelha com sua parelha.
100. Par pari datum honestum est. [Walther 20637 / Tosi
1349]. É justo devolver igual por igual.
101. Par pari datum hostimentum est, opera pro pecunia.
[Plauto, Asinaria 157]. Foi dada uma compensação
equivalente: o trabalho pelo dinheiro. VIDE: ● Hostimentum
est opera pro pecunia.
102. Par pari iugator coniunx: quidquid impar, dissidet.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Solon 2]. Case-se o
igual com o igual; o que é desigual não entra em acordo.
■ Casar e compadrar, cada qual com seu igual. ■ Coelho
casa com coelha, e não com ovelha.
103. Par pari refertur. [Cícero, Orator 65]. Paga-se o igual
com o igual. ■ Como fizer teu compadre, assim lhe faze.
■ Olho por olho, dente por dente. ■ Aonde se dá, aí se leva.
■ Onde se dão, aí se levam. ■ Elas por elas. ● Par pari refer.
[Pereira 97]. Paga o igual com o igual. ■ Paga na mesma
moeda. ● Par pari referre. [Erasmo, Adagia 1.1.35]. ■ Pagar
tintim por tintim. VIDE: ● Fricantem frica. ● Fricantem
refrica. ● Par pro pari referto. ● Parem gratiam referre.
● Solet a despectis par referri gratia.
104. Par pari respondere. [Freire 141]. Pagar na mesma
moeda. Responder com as mesmas palavras. ● Par pari
respondes dicto. [Plauto, Persa 226]. Respondes o igual com
o igual. ■ Responde o frade como canta o abade. ■ Responde
pelas mesmas consoantes. ■ Tal por tal. ■ Tintim por tintim.
VIDE: ● Verbum verbo, par pari respondere.
105. Par pari respondet. [Plauto, Truculentus 912]. Um é igual
ao outro. ■ São vinho da mesma pipa. ■ São farinha do
mesmo saco.
106. Par paribus invidet. O igual tem inveja dos seus iguais.
■ Não se tem inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos
e a chegados. VIDE: ● Etiam mendicus mendico invidet.
● Mendicus mendico invidet.
107. Par poena agentes et consentientes comprehendit. A
mesma pena atinge os executores e os que autorizam o crime.
■ Tão bom é o ladrão como o consentidor. VIDE: ● Agentes et
consentientes pari poena puniendi. ● Agentes et
consentientes pari poena plectuntur. ● Agentes et
consentientes pari poena puniuntur. ● Consentientes et
agentes pari poena plectuntur. ● Consentientes et
cooperantes pari poena sunt plectendi. ● Consentientes et
facientes pari poena sunt plectendi. ● Facientem et
consentientem par poena constringit. ● Non solum qui
male agunt, sed qui consentiunt facientibus, digni sunt
poena. ● Qui talia agunt digni sunt morte; et non solum
qui ea faciunt, sed etiam qui consentiunt facientibus.
108. Par praemium labori. [Binder, Thesaurus 2470]. A
recompensa corresponde ao trabalho. ■ Tal trabalho, tal
salário. VIDE: ● Par est fortuna labori. ● Par operi est
merces.
109. Par pro pari referto. [Terêncio, Eunuchus 445]. Retribui
o igual com o igual. ■ Como fizer teu compadre, assim lhe
faze. ■ Amor com amor se paga. ■ Aonde se dá, aí se leva.
■ Elas por elas. VIDE: ● Fricantem frica. ● Fricantem
refrica. ● Par pari refer. ● Par pari refertur.
110. Par super parem potestatem non habet. O igual não tem
autoridade sobre o igual. ● Par super parem nullum
noscitur primatum habere. [William of Ockham, Dialogus
5.15.1]. Sabe-se que o igual não tem nenhuma primazia sobre
o seu igual.
111. Paratae lacrimae insidias, non fletum, indicant.
[Publílio Siro]. As lágrimas fingidas indicam traição, não
choro. ● Paratae lacrimae insidias, non luctum, indicant.
As lágrimas fingidas indicam traição, não tristeza.
112. Parati et voluntate et facultatibus. [Divisa]. Prontos (a
ajudar) com a vontade e com os recursos. ■ Prontos para o
que der e vier. VIDE: ● Animis opibusque parati.
113. Paratior enim sum vera cognoscere, quam falsa
defendere. Estou mais preparado para conhecer a verdade do
que para confirmar a mentira.
114. Paratur pax bello. [Cornélio Nepos, Epaminondas 5].
Com a guerra prepara-se a paz. ■ Boa guerra faz a boa paz.
VIDE: ● Paritur pax bello. ● Pax paritur bello. ● Qui
desiderat pacem praeparet bellum. ● Si vis pacem, para
bellum.
115. Paratus pugnare pro patria. [Divisa]. Pronto a lutar pela
pátria. VIDE: ● Semper paratus pugnare pro patria.
116. Parce cibo, et serva prudenter; neu parce labori.
[Pereira 106]. Poupa comida, e guarda com prudência; não
poupes trabalho. ■ Guarda que comer, não guardes que
fazer. ● Parce cibo, et serva prudens; non parce labori.
[Medina 594].
117. Parce fatenti. Perdoa a quem confessa. ■ Pecado
confessado é meio perdoado. VIDE: ● Peccavi, fateor; veniam
peto; parce fatenti, Deus!
118. Parce gaudere oportet et sensim queri, totam quia
vitam miscet dolor et gaudium. [Fedro, Fabulae 4.18.9].
Não há que alegrar-se muito, nem queixar-se demasiado,
porque a dor e o prazer andam sempre misturados na vida.
119. Parce mero, cenato parum; non tibi sit vanum surgere
post epulas; somnum fuge meridianum. [Regimen
Sanitatis Salernitanum, Praefatio 4]. Sê parco no vinho, ceia
pouco; não te seja difícil levantar-te da mesa depois das
refeições; foge do sono do meio-dia.
120. Parce nobis, Domine! [Da liturgia católica], Perdoa-nos,
Senhor!
121. Parce, puer, stimulis, et fortius utere loris. [Ovídio,
Metamorphoses 2.127]. Poupa as esporas, rapaz, e usa as
rédeas com mais firmeza.
122. Parce sepulto. [Virgílio, Eneida 3.41]. Poupa o morto.
■ Paz ao morto! ■ Enterrado, perdoado. ● Parce sepultis.
[Machado de Assis, A Mulher de Preto 11; Rezende 4774].
Poupa os mortos. VIDE: ● De mortuis nil nisi bonum. ● De
mortuis nil nisi bene. ● Mortuis non convinciandum.
● Nihil de mortuis nisi bonum.
123. Parcere personis, dicere de vitiis. [Marcial, Epigrammata
10.33.10]. Poupar as pessoas, criticar os vícios. VIDE:
● Interficite errores, diligite homines. ● Interficite errores,
diligite errantes.
124. Parcere subiectis et debellare superbos. [Virgílio,
Eneida 4.853]. Poupar os fracos e abater os soberbos. VIDE:
● Hae tibi erunt artes, pacisque imponere morem, parcere
subiectis et debellare superbos.
125. Parcit cognatis maculis similibus fera. [Juvenal, Satirae
16.159]. O animal feroz não ataca animais com malhas iguais
às dele. ■ Lobo não come lobo.
126. Parcit quisque malis, perdere vult bonos. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Cleobulus 5]. Quem poupa os
maus quer prejudicar os bons. ■ Quem poupa o mau
prejudica o bom. VIDE: ● Bonis nocet qui malis parcet.
● Bonis nocet quisquis pepercerit malis. ● Iniuria probos
afficit qui malis parcit. ● Minatur innocentibus qui parcit
nocentibus. ● Qui parcit nocentibus, innocentes punit.
127. Parcitas et labor. [Divisa do Barão de S.João de Icaraí /
Rezende 4778]. Economia e trabalho.
128. Parcus discordat avaro. O econômico é diferente do
avarento. VIDE: ● Quantum discordet parcus avaro!
129. Parcus ob heredis curam nimiumque severus assidet
insano. [Horácio, Epistulae 1.5.13]. Quem poupa e é muito
severo consigo por causa de herdeiro tem seu lugar ao lado
do insano.
130. Parcus ter miser. [Estobeu / Bernardes, Nova Floresta
1.528]. O homem mesquinho é três vezes infeliz.
131. Pardus maculas non deponit. [Grynaeus 389]. O
leopardo não abandona suas malhas. ■ O leopardo não pode
mudar suas malhas. ● Pardus maculas nunquam deponit.
VIDE: ● Abluis Aethiopem quid frustra? ● Aethiops non
albescit. ● Mutare non potest Aethiops pellem suam.
● Mutare non potest pardus varietates suas. ● Si mutare
potest Aethiops pellem suam, aut pardus varietates suas,
et vos poteritis benefacere cum didiceritis malum.
● Vestem mutare potest Aethiops, faciem non potest.
132. Pareatur necessitati, quam ne di quidem superant.
[Schottus, Adagia 24]. Submetamo-nos à fatalidade; nem os
deuses conseguem vencê-la. VIDE: ● Necessitati nec deus
repugnat. ● Necessitati ne dii quidem repugnant.
● Necessitati ne dii quidem ipsi repugnant. ● Necessitati
nec Deus ipse repugnat.
133. Parem delinquentis et suasoris culpam esse. [Alciato,
Emblemata 174]. É igual a culpa do criminoso e do seu
mentor. ■ Tão ladrão é o que vai ao nabal como o que fica
ao portal. VIDE: ● Par culpa delinquentis et suasoris est.
134. Parem gratiam referre. [Freire 141]. ■ Pagar na mesma
moeda. VIDE: ● Fricantem frica. ● Fricantem refrica. ● Par
pari refertur. ● Par pari respondere. ● Par pari refer.
● Par pro pari referto. ● Solet a despectis par referri
gratia.
135. Parem passis tristitiam facit pati posse. [Sêneca,
Epistulae Morales 74]. Poder sofrer um mal dá tristeza igual
à de tê-lo sofrido. ■ O temor sempre suspeita o pior.
136. Parendo vinces. Obedecendo vencerás.
137. Parens iratus in se est crudelissimus. [Publílio Siro]. Um
pai zangado é muito cruel consigo mesmo.
138. Parens patriae. [Cícero, In Calpurnium Pisonem 4]. O pai
da pátria. (=O protetor dos direitos dos cidadãos). VIDE:
● Genitor patriae. ● Pater patriae.
139. Parens philosophiae. O pai da filosofia. VIDE: ● Socrates
parens philosophiae iure dici potest.
140. Parens rerum fixit in aeternum causas qua cuncta
cöercet. [Lucano, Bellum Civile 2.7]. O criador do universo
fixou para sempre as causas pelas quais ele mantém todas as
coisas em ordem.
141. Parentes abunde habemus, amicos quaerimus. Quem
nos obedeça, temos muitos; procuramos amigos. ● Parentes
abunde habemus, amicorum neque nobis neque cuiquam
omnium satis fuit. [Salústio, Iughurta 102]. Subordinados,
nós temos em grande quantidade; amigos, todos os que temos
são insuficientes tanto a nós como a qualquer pessoa.
142. Parentes ama. [Dionísio Catão, Monosticha 2]. Ama teus
pais.
143. Parentes carissimos habere debemus. [Cícero, In Senatu
1.2]. Devemos tratar nossos pais com muito amor.
144. Parentes cole. [Rezende 4782]. Honra teus pais. VIDE:
● Deum cole, parentes ama.
145. Parentes patientia vince. [Dionísio Catão, Monosticha
40]. Vence teus pais pela paciência.
146. Parentes plus amant filios, quam e contra. [Aristóteles,
Ethica]. Os pais mais amam os filhos do que o contrário.
● Parentes plus amant filios, quam e converso.
147. Parentes reverere. [Rezende 4783]. Respeita teus pais.
148. Parentes suos non amare impietas est, non agnoscere,
insania. [Sêneca, De Beneficiis 3.3.5]. Não amar os próprios
pais é desrespeito, não considerá-los como tais é insanidade.
149. Parentum necessitatibus liberos succurrere iustum est.
[Codex Iustiniani 5.25.1]. É justo que os filhos provejam às
necessidades dos pais.
150. Pareo, non servio. [Divisa / Rezende 4781]. Obedeço,
mas não sou escravo.
151. Parere cum didiceris, imperare scies. [Sólon / Rezende
4784]. Quando aprenderes a obedecer, saberás mandar.
■ Bem sabe mandar quem bem sabe obedecer. ■ Quem não
aprendeu a obedecer, não sabe mandar. VIDE: ● Disce
parere. ● Non potest bene imperare qui male ante serviit.
● Praeesse nescit qui subesse nescit. ● Qui nescit oboedire,
is nesciet imperare.
152. Parere scire par imperio gloria est. [Publílio Siro]. Saber
obedecer é uma glória igual a comandar.
153. Pares cum paribus facillime congregantur. [Cícero, De
Senectute 3.7]. Os iguais facilmente se juntam. ■ Cada qual
com seu igual. ■ Lé com lé, cré com cré, cada um com os da
sua ralé. ■ Cada ovelha com sua parelha. ■ Aves da mesma
pena andam juntas. ■ Um burro coça outro. ● Pares cum
paribus facile congregantur. ● Pares cum paribus maxime
congregantur. [Tosi 1335]. VIDE: ● Assidet usque graculus
graculo. ● Associat similes natura. ● Aves discolores raro
simul volitant. ● Concolores aves facillime congregantur.
● Graculus graculo assidet. ● Graculus graculo, pica picae
sociatur. ● Monedulae semper monedula assidet. ● Parium
cum paribus facilis congregatio est. ● Prope graculum
saepe alter astat graculus. ● Semper graculus assidet
graculo. ● Semper graculus cum graculo. ● Similes
similibus gaudent. ● Solent pares facile congregari cum
paribus. ● Volatilia ad sibi similia conveniunt.
154. Pares curiae. [Black 1324]. Os pares da corte.
155. Pares in tempore, pares in iure. [Jur]. Iguais em tempo,
iguais em direito.
156. Pares non habitus, sed virtus facit. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 4.14 / Rezende 4787]. Não o traje, senão a virtude
faz os homens iguais.
157. Pares paribus irresolubili nexu iunguntur. [Apuleio, De
Dogmate Platonis 2]. Os caracteres semelhantes se unem por
um laço indissolúvel. ■ Cada qual com seu igual.
158. Pares regni. [Black 1324]. Os pares do reino.
159. Pareto legi, quisque legem sanxeris. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Pittacus 5]. Obedece à lei, tu que a
sancionaste. ■ Quem fez seu angu, que o coma. VIDE: ● Patere
legem quam ipse tulisti. ● Patere legem quam ipse tuleris.
● Patere quam ipse fecisti legem.
160. Pari causa. [Black 1324]. Em causa igual. Em igualdade
de direito.
161. Pari delicto. [Black 1324]. Em delito igual.
162. Pari materia. [Black 1324]. Sobre a mesma matéria.
163. Pari motu exagitatum et exhalat horribiliter caenum et
suaviter fragrat unguentum. [S.Agostinho, De Civitate Dei
1.8.4]. Sacudidos pelo mesmo movimento, o esterco fede
horrivelmente, enquanto o perfume cheira aprazivelmente.
164. Pari passu. A passo igual. Ao mesmo tempo.
Simultaneamente. VIDE: ● Passu pari. ● Passibus aequis.
165. Pari pondere nemo fatigabitur. [Bebel, Adagia
Germanica]. Quando os pesos são iguais, ninguém se cansa.
■ Mal de muitos consolo é. ■ Muitas mãos tornam a obra
leve. VIDE: ● Comitatus levat malum. ● Ubi unus conventus
monachorum, ibi unus cibus.
166. Pari ratione. [Black 1324]. Por razão igual.
167. Pari sorte scelus et sceleris voluntas. [Stevenson 454].
Crime e intenção de crime são iguais. ● Pari sorte leges
scelus quam sceleris puniunt voluntatem. [Codex
Theodosiani 9.26.1]. As leis punem da mesma maneira tanto
o crime quanto a intenção de crime. VIDE: ● Voluntas
habetur pro facto.
168. Paria copulantur paribus. [Black 1324]. Coisas iguais se
juntam com iguais.
169. Paria cum paribus compensantur. [Jur]. As coisas iguais
se compensam.
170. Paria delicta mutua pensatione dissolvuntur. [Papiano,
Digesta 24.3.39]. Delitos iguais se anulam por mútua
compensação.
171. Paria sunt aliquid non facere et non iure facere. São
coisas iguais não fazer algo e fazê-lo ilegalmente.
172. Paries albus stultorum charta. [Merlino Coccaio]. A
parede branca é o papel dos tolos. ■ As paredes brancas são
os papéis dos tolos. ■ Muro bem alto, papel de gaiato. VIDE:
● Nomina stultorum leguntur ubicumque locorum.
● Nomina stultorum semper parietibus haerent.
● Stultorum calami carbones, moenia chartae.
● Stultorum nomen semper ubique iacet.
173. Parisios stolidum si quis transmittit asellum, si fuit hic
asinus, non ibi fiet equus. [Binder, Thesaurus 2477]. Se
alguém manda a Paris um burrinho estúpido, se ele aqui era
burro, lá não passará a cavalo. ■ Asno que a Roma vá, asno
volta de lá. ● Parisios bipedum si quis transmittat asellum,
si fuit hic asinus, non ibi fiet equus. [Eiselein 150]. Se
alguém mandar a Paris um burrinho de dois pés, se ele aqui
era burro, lá não passará a cavalo.
174. Parietes amicitiae custodes. [Grynaeus 222]. As paredes
são guardiãs da amizade. ■ Portas fechadas, saúde da alma.
175. Parietes habent aures. [Walther 20709b / Tosi 230].
Paredes têm ouvidos. ■ Matos têm olhos, paredes tem
ouvidos. ■ Paredes e prados, ouvidos largos.
176. Parietes ipsi loquuntur. As próprias paredes falam.
■ Paredes falam. VIDE: ● In ea urbe, vel parietes ipsi loqui
posse videntur. ● Saxa loquuntur.
177. Parieti loqueris. [Erasmo, Adagia 1.4.90]. Falas a uma
parede. ■ Perdes o teu latim.
178. Parit contemptum nimia familiaritas. [Publílio Siro].
Intimidade excessiva gera desprezo. ■ A familiaridade
produz o desprezo. ■ A familiaridade gera o desdém.
■ Acaba-se a amizade quando começa a familiaridade. VIDE:
● Consueta conversatio cum hominibus, et nimia
familiaritas, reverentiam minuit, et contemptum parit.
● Cotidiano convictu auctoritas minuitur. ● Cotidiano
convictu auctoritas imminuitur. ● Familiaritas nimia
contemptum parit. ● Nimia familiaritas contemptum
parit. ● Nimia familiaritas parit contemptum.
179. Parit enim conversatio contemptum, raritas conciliat
admirationem. [Apuleio, De Deo Socratis 4]. A intimidade
produz desprezo; a pouca freqüência atrai a admiração.
■ Muita conversação é causa de menosprezo. ■ Bom juízo e
muita conversa poucas vezes se juntam. ■ Nenhuma
maravilha dura mais que três dias. VIDE: ● Perpetua
conversatio contemptum parit; raritas autem
admirationem conciliat.
180. Parit satietas ferociam. [Manúcio, Adagia 945]. ■ A
fartura faz bravura. ● Parit satietas ferociam; imperitia
cum potestate coniuncta, insaniam. [Grynaeus 746]. A
abundância gera violência; a ignorância reunida com o poder
gera a loucura. VIDE: ● Satietas ferociam parit.
181. Paritur pax bello. [Cornélio Nepos, Epaminondas 5]. A
paz nasce da guerra. VIDE: ● Paratur pax bello. ● Pax paritur
bello.
182. Parium cum paribus facilis congregatio est. [Publílio
Siro]. É fácil a reunião dos iguais com seus iguais. ■ Lé com
lé, cré com cré, cada um com os da sua ralé. ■ Cada ovelha
com sua parelha. VIDE: ● Assidet usque graculus graculo.
● Aves discolores raro simul volitant. ● Concolores aves
facillime congregantur. ● Graculus graculo assidet.
● Graculus graculo, pica picae sociatur. ● Monedulae
semper monedula assidet. ● Pares cum paribus facillime
congregantur. ● Pares cum paribus maxime
congregantur. ● Prope graculum saepe alter astat
graculus. ● Semper graculus assidet graculo. ● Semper
graculus cum graculo. ● Solent pares facile congregari
cum paribus. ● Volatilia ad sibi similia conveniunt.
183. Pars beneficii est, quod petitur, si belle neges. [Publílio
Siro]. Se negas com elegância, ainda assim concedes parte do
benefício pedido. ■ Mais custa o falso prometer que o pronto
recusar. ● Pars beneficii est, quod petitur, si cito neges. Se
negas logo, ainda assim concedes parte do benefício pedido.
VIDE: ● Par beneficii est quod petitur, si belle neges.
184. Pars ergo scientiæ est scire, quod nescias. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 10]. Uma parte da sabedoria é
identificar o que não se sabe.
185. Pars est in toto, sed totum non est in parte. A parte está
no todo, mas o todo não está na parte. VIDE: ● Pars in toto
continetur. ● Pars in toto est. ● Totum parte maius est.
186. Pars hominum vitiis gaudet constanter. [Horácio,
Epistulae 1.1.77]. Uma parte da humanidade se orgulha dos
vícios com firmeza.
187. Pars imperfecta manebat. [Virgílio, Eneida 8.428]. Uma
parte continuava incompleta.
188. Pars in toto continetur. A parte está contida no todo.
● Pars in toto est. [Ulpiano, Digesta 44.2.7]. VIDE: ● Pars est
in toto, sed totum non est in parte. ● Totum parte maius
est.
189. Pars litigans. [Jur]. A parte litigante.
190. Pars magna bonitatis est velle fieri bonum. [Sêneca,
Epistulae Morales 34.3]. Grande parte da bondade está em
querer ser bom.
191. Pars maxima fere hominum habent hunc morem: quod
sibi volunt, dum id impetrant, sunt boni; sed id ubi penes
iam sese habent, ex bonis pessimi et fraudulentissimi
fiunt. [Plauto, Captivi 165]. A maior parte dos homens tem
esta característica: enquanto tentam obter o que querem, são
virtuosos; mas quando já o têm para si, de bons se tornam
pérfidos e desleais.
192. Pars pro toto. [Jur /Black 1327]. A parte pelo todo. (=O
nome de uma parte é usado para representar o todo).
193. Pars sanitatis velle sanari fuit. [Sêneca, Hippolytus 249].
Uma parte da saúde é querer curar-se.
194. Pars ultima vitae. [Virgílio, Eclogae 4.53]. A última parte
da vida.
195. Parsimonia est scientia vitandi sumptos supervacuos,
aut ars re familiari moderate utendi. [Sêneca, De
Beneficiis 2.34.4]. A economia é a habilidade de evitar os
gastos supérfluos, ou a arte de usar o patrimônio com
moderação.
196. Parsimonia summum vectigal. [Grynaeus 269]. A
economia é o maior lucro. ■ A economia é um grande
rendimento. ■ A economia é a base da prosperidade. ■ O
melhor meio de ganhar é poupar. ● Parsimonia magnum
vectigal. [Rezende 4777]. VIDE: ● Magnum vectigal est
parsimonia. ● Non intellegunt homines quam magnum
vectigal sit parsimonia. ● Nullus est tam tutus quaestus,
quam, quod habeas, parcere. ● Optimum et in privatis
familiis et in republica vectigal esse parsimoniam.
● Optimum vectigal parsimonia. ● Vectigal maximum est
parsimonia.
197. Parta labore quies. [Divisa]. O descanso obtido pelo
trabalho. VIDE: ● Longo venit parta labore quies.
198. Parte quidem felix nullus utraque fuit. [Medina 589].
Ninguém nunca foi feliz em tudo. ■ Felicidade completa não
há.
199. Partem habere est melius quam totum privari. [Jur /
Rezende 4798]. É melhor ter uma parte do que privar-se do
todo. ■ Mais vale pouco que nada. ■ Antes perder os anéis
que os dedos.
200. Particeps criminis. O cúmplice. ● Participes criminis. Os
cúmplices.
201. Partim ipse invenies, partim sors suggeret ipsa.
[Grynaeus 367]. Uma parte tu mesmo conseguirás, outra
parte a própria sorte proporcionará.
202. Partim quae perspexi hisce oculis, partim quae accepi
auribus. [Terêncio, Hecyra 363]. Uma parte disso vi com
meus próprios olhos, outra parte recebi pelos ouvidos.
203. Parturit ira minas. [Ovídio, Heroides 2.210]. A ira gera
ameaças.
204. Parturient montes; nascetur ridiculus mus. [Horácio,
Ars Poetica 139]. As montanhas estarão em trabalho de
parto; nascerá um ridículo rato. ■ Muito arroto para pouca
comida. ■ Grandes atoardas, tudo nada. ■ Muito barulho por
nada. ■ É o parto da montanha. ● Parturibat mons;
formidabat Iuppiter; ille vero murem peperit. O monte
estava em trabalho de parto; Júpiter estava apavorado; mas o
monte gerou um rato. VIDE: ● Mons murem peperit. ● Mons
parturibat, deinde murem peperit. ● Mons parturibat,
deinde murem prodidit. ● Mons parturibat, deinde
murem protulit. ● Mons parturiens. ● Mons parturivit,
deinde murem enixus est.
205. Partus sequitur ventrem. [Jur / Broom 395]. O parto
segue o ventre. (=A cria de um animal pertence ao dono da
mãe dessa cria).
206. Parum de principe, nihil de Deo. [Rezende 4801]. (Diga-
se) pouco do príncipe, nada de Deus. VIDE: ● De Deo parum,
de principe nihil. ● Nihil de principe, parum de Deo.
207. Parum eloquentiae et sapientiae nihil. [Frontão,
Epistulae / Rezende 4802]. Pouca eloqüência, nenhuma
sabedoria. ■ Muito falar, pouco saber. VIDE: ● Satis
eloquentiae, sapientiae parum. ● Satis eloquentiae, parum
sapientiae.
208. Parum et nihil aequiparantur, et parva non sunt in
consideratione. [Jur]. Pouco e nada se equiparam, e as
coisas miúdas não são consideradas. VIDE: ● Parva non sunt
in consideratione.
209. Parum fidei miseris esse. [Salústio, Bellum Iugurthinum
24.2]. Pouco se confia nos infelizes.
210. Parum lauda, vitupera parcius. [William Langland, Piers
Plowman 11]. Louva pouco, critica menos. ■ Louvor humano
é puro engano. VIDE: ● Lauda parce, sed vitupera parcius.
211. Parum loqui et multa facere. [DAPR 752]. Falar pouco e
fazer muito. ■ Atos, não palavras.
212. Parum mihi placeant eae litterae quae ad virtutem
doctoribus nihil profuerunt. [Salústio, Bellum Iugurthinum
85]. Pouco me agradam esses estudos que nada contribuíram
para a virtude dos doutos.
213. Parum proficit scire quid fieri debet, si non cognoscas
quomodo sit facturum. [Jur / Black 1333]. Pouco aproveita
saber o que deve ser feito, se não se sabe como será feito.
214. Parum sperans, plus ab aliis accepit. Quem esperava
pouco, recebeu mais dos outros. ■ Donde não se espera, daí
vem.
215. Parum stabiles quas tibi sors dat opes. [Walther 30926 /
Tosi 839]. Os bens dados pela sorte são pouco estáveis. ■ A
fortuna dá e tira.
216. Parum veneni non nocet. [Pereira 117]. Um pouco de
veneno não faz mal. ■ Pouco veneno não mata. ■ Pouco
rosalgar não faz mal.
217. Parva aliorum vitia ridetis, sed maiora, quae vos ipsos
dedecorant, non videtis. [Rezende 4805]. Vós rides dos
pequenos defeitos dos outros, mas os maiores, que vos
desonram, não vedes. ■ Ri-se o roto do esfarrapado, e o sujo
do mal lavado. ■ O macaco vê o rabo da cutia e não vê o seu.
218. Parva avis, parvus nidus. [Bebel / Eiselein 621].
■ Pequeno passarinho, pequeno ninho. VIDE: ● Pusillae
aviculae construunt nidulos.
219. Parva culina duobus ganeonibus non sufficit. Para dois
glutões não basta uma cozinha pequena.
220. Parva domus, magna quies. [Inscrição na Catedral de
Exeter, Inglaterra / Rezende 4806]. Casa pequena, grande
tranqüilidade. VIDE: ● Non quam late, sed quam laete
habites refert. ● Si tibi parva est res, est tibi magna quies.
221. Parva domus, parva cura. Casa pequena, pequena
preocupação.
222. Parva in aliis reprehendimus, et nostra maiora
pertransimus. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
2.5.5]. Nos outros reprovamos coisas pequenas, e ignoramos
coisas nossas maiores. ■ Vemos um argueiro no olho do
vizinho e não vemos uma trave no nosso.
223. Parva leves capiunt animos. [Ovídio, Ars Amatoria
1.159]. Ninharias fascinam os espíritos fracos.
224. Parva lucra solent afferre maiora detrimenta. Pequenas
vantagens costumam trazer maiores prejuízos. VIDE:
● Paulum lucri quantum damni.
225. Parva munera, diutina; locupletia, non propria esse
consueverunt. [Cornélio Nepos, Thrasybulus 4.2]. Pequenos
bens são duradouros; as riquezas não costumam ser
permanentes.
226. Parva necat morsu spatiosum vipera taurum. [Ovídio,
Remedium Amoris 421]. Uma pequena víbora mata com sua
mordida um touro grande. ■ Pequeno machado derruba
grande carvalho. VIDE: ● Saepe fit ut catulus dat maxima
vulnera parvus.
227. Parva non spernenda. Não se devem desprezar as coisas
pequenas.
228. Parva non sunt in consideratione. [Jur]. As coisas
miúdas não são consideradas. VIDE: ● Parum et nihil
aequiparantur, et parva non sunt in consideratione.
229. Parva petit, ut magna ferat. Busca coisas modestas, para
conseguir as grandes. ■ Dar um ovo para ter um boi. ● Parva
petit, ut magna recipiat.
230. Parva pluvia magnum sedavit ventum. [Grynaeus 611].
A chuva fraca amainou o vento forte.
231. Parva quidem statura, et est malus integer. [Schottus,
Adagia 617]. É pequeno no tamanho, mas inteiramente mau.
■ Pequeno asno faz grande dano.
232. Parva scintilla saepe magnum excitat incendium.
[Rezende 4810]. Muitas vezes uma pequena faísca causa um
grande incêndio. ■ Com pequena brasa se queima uma casa.
■ De uma faísca se queima a vila. ■ De pequena fagulha,
grande labareda. ■ Pequenas causas, grandes efeitos.
● Parva scintilla saepe magnam flamam excitat. Muitas
vezes, uma pequena fagulha provoca uma grande labareda.
● Parva saepe scintilla contempta magnum excitavit
incendium. [Quinto Cúrcio, Historiae 6.3]. Muitas vezes
uma pequena faísca desprezada causou um grande incêndio.
VIDE: ● A scintilla una augetur ignis. ● De parva scintilla
magnum saepe excitatur incendium. ● Ex minima magnus
scintilla nascitur ignis. ● Ex scintilla incendium. ● Ex sola
scintilla conflagrat saepe tota domus. ● Videmus accidere
ex una scintilla incendia passim.
233. Parva securi prosternitur quercus. [Pereira 117]. O
carvalho é derrubado pelo pequeno machado. ■ Pequeno
machado derriba grande carvalho. VIDE: ● Ictibus it parvi
quercus ad ima viri.
234. Parva, sed apta mihi, sed nulli obnoxia, sed non
sordida; parta meo sed tamen aere domus. [Inscrição na
casa de Ariosto, em Ferrara / Rezende 4811]. Esta casa é
pequena, mas suficiente para mim, mas não é sujeita a
ninguém, mas é limpa; mas foi construída com meu dinheiro.
235. Parva seges satis est. [Tibulo, Elegiae 1.1.43]. Um
pequeno campo basta.
236. Parva sub ingenti. [Divisa da Ilha de Príncipe Eduardo,
Canadá]. Pequena sob a proteção do grande.
237. Parva timere bonum est. É bom temer as coisas
pequenas. ■ Não há pequeno que não possua veneno. VIDE:
● Henricum gladio qui non occidere posset, cultello
potuit: parva timere bonum est.
238. Parva volucris non ova magna parit. [Pereira 120]. Ave
pequena não põe ovos grandes. ■ Quem tem pouco, não pode
dar muito.
239. Parvae curae loquuntur, ingentes stupent. [DAPR 233].
Pequenas preocupações falam, grandes se calam. ■ As
grandes dores são mudas. VIDE: ● Curae leves loquuntur,
ingentes stupent. ● Leves curae loquuntur, ingentes
stupent.
240. Parvae expensae saepe factae consumunt patrimonium.
Pequenas despesas feitas com freqüência consomem o
patrimônio. ■ Donde se tira e não se bota, cedo se chega ao
fundo.
241. Parvae occasiones magnarum rerum causae existunt.
[Demóstenes / Rezende 4807]. Pequenas oportunidades são
causas de grandes acontecimentos. ■ Pequeno rombo faz
soçobrar grande navio.
242. Parvam rem verbis clamorem magnum facis. [Cícero,
Pro Caelio 36]. Com tuas palavras transformas uma coisa
pequena num grande clamor. ■ Tanto barulho por nada.
243. Parvi enim foris sunt arma, nisi sit consilium domi.
[Cícero, De Officiis 1.76]. De pouco valem as armas do lado
de fora, se não há prudência dentro de casa.
244. Parvis componere magna solebam. [Virgílio, Eclogae
1.24]. Eu costumava comparar as coisas grandes às
pequenas. VIDE: ● Sic canibus catulos similes, sic matribus
haedos noram, sic parvis componere magna solebam.
245. Parvis e glandibus quercus. O carvalho nasce de
pequenas glandes. ■ O maior carvalho saiu de uma bolota.
VIDE: ● De nuce fit corylus, de glande fit ardua quercus.
246. Parvis momentis fortuna magnas rerum
commutationes efficit. [César, De Bello Gallico 3.68]. Em
poucos instantes a sorte faz grandes mudanças. ■ De uma
hora para outra a casa cai.
247. Parvo cultu natura contenta est. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.33]. A natureza se contenta com pouco trato.
VIDE: ● Natura parvo contenta est. ● Natura paucis
contenta.
248. Parvo fames constat, magno fastidium. [Sêneca,
Epistulae Morales 17.4]. A fome satisfaz-se com pouco, o
fastio, com muito.
249. Parvo pedi magnos calceos circumponis. [Apostólio,
Paroimiai 17.51]. Pões sapatos grandes em pés pequenos.
■ Matas moscas com canhão.
250. Parvula despiciens, conquirit maxima nunquam.
[DAPR 50]. Quem despreza as coisas pequenas nunca
consegue as grandes. ■ Quem não poupa reais não junta
cabedais.
251. Parvulae serpentes non nocent. [Quintiliano,
Declamationes / Tosi 631]. As serpentes, quando pequenas,
não fazem mal.
252. Parvulum differt patiaris adversa an exspectes. [Plínio
Moço, Epistulae 8.17.6]. Há pouca diferença entre sofrer
uma infelicidade ou ficar na expectativa dela.
253. Parvulum occidit invidia. [Vulgata, Jó 5.2]. A inveja
mata o tolo.
254. Parvulus facit ut parvulus. [Grynaeus 776]. Criança age
como criança. ■ Crianças são crianças. VIDE: ● Pueri erunt
pueri. ● Sunt pueri pueri; pueri puerilia tractant. ● Sunt
pueri pueri; vivunt pueriliter illi.
255. Parvum malum ingens est bonum. [Schottus, Adagia
295]. Pequeno mal, grande bem. ■ Mal pequenino, antes em
mim que em meu marido. ■ Desgraça pouca é bobagem.
● Parvum malum, magnum bonum. [Schottus, Adagia
234]. VIDE: Esse solent magno damna minora bono.
● Exiguum malum, ingens bonum.
256. Parvum oboli pretium. [Apostólio, Paroimiai 13.23]. O
pequeno valor de um óbolo. ■ Não vale um caracol. ■ Não
vale um bazaruco. VIDE: ● Exiguum oboli pretium.
257. Parvum parva decent. [Horácio, Epistulae 1.7.44]. Ao
homem pequeno convêm coisas pequenas. ■ Pequeno
passarinho, pequeno ninho. ● Parvum parva decent, sed
inest gratia parvis. [Divisa de Urian Oakes, poeta
americano do século 17]. Ao pequeno convém coisas
pequenas, mas há encanto nas coisas pequenas. VIDE: ● Inest
sua gratia parvis.
258. Parvum servabis, donec maiora parabis. [Binder,
Thesaurus 2487]. Conservarás o pequeno, até conseguires o
maior. ■ Quem despreza o pouco não ama o muito. ■ Quem
não poupa reais não junta cabedais. VIDE: ● Maiora perdes,
parva ni servaveris. ● Serviet aeternum, parvo qui nesciet
uti.
259. Parvus error in principio magnus erit in fine. [S.Tomás
de Aquino, De Ente et Essentia, Prooemium]. Um pequeno
erro no princípio será um grande erro no fim. VIDE: ● Error in
principio parvus, in fine maximus est.
260. Parvus pendetur fur, magnus abire videtur. [DAPR
392]. O ladrão pequeno é enforcado, o grande se vê ir
embora. ■ Ladrão endinheirado nunca morre enforcado.
261. Parvus semper tuus pullus. [Suidas / Erasmo, Adagia
2.7.32]. Teu filhote sempre será pequeno. VIDE: ● Semper
pullus tuus parvus.
262. Pasce agnos meos; pasce oves meas. [Vulgata, João
21.16-17]. Apascenta meus cordeiros; apascenta minhas
ovelhas.
263. Pasce canes qui te lanient. Alimenta os cães que te vão
dilacerar. ■ Cria o corvo, que ele te arrancará o olho.
● Pasce canes, qui te lanient, catulosque luporum.
[Teócrito / Manúcio, Adagia 478]. Alimenta os cães que te
vão dilacerar e os filhotes dos lobos. VIDE: ● Ale luporum
catulos.
264. Pasce fame morientem; si non pavisti, occidisti.
[S.Ambrósio / S;Tomás de Aquino, Summa Theologiae
2.32.5]. Alimenta o que morre de fome; se não o alimentaste,
mataste-o. VIDE: ● Si videris fratrem tuum fame morientem
nec paveris, occidisti.
265. Pascebant pastores semetipsos, et greges meos non
pascebant. [Vulgata, Ezequiel 34.8]. Só cuidavam esses
pastores em se apascentar a si mesmos, e não davam pasto
aos meus rebanhos.
266. Pascha diu optatum transigit una die. [Pereira 121].
■ Páscoas de longe desejadas num dia são passadas.
267. Pascis canes qui te lanient. [Dumaine 245]. Alimentas
cães que te despedaçarão. ■ Alimenta o corvo, que te
arrancará os olhos. ● Pascis canes qui te lanient,
catulosque luporum. [Schottus, Adagia 583]. Estás
alimentando cães e filhotes de lobos que te despedaçarão.
VIDE: ● Pasce canes qui te lanient.
268. Pascis munera, non amicos. [Marcial, Epigrammata
7.86.10]. Cultivas dádivas, não amigos.
269. Pascitur in vivis livor; post fata quiescit. [Ovídio,
Amores 1.15.39]. A inveja se alimenta dos vivos; depois da
morte, ela se aquieta.
270. Pascitur vento. [Grynaeus 776]. Ele se alimenta de vento.
271. Passere sub tecto remanente, recedit hirundo.
[Stevenson 2182]. Enquanto o pardal fica no ninho, a
andorinha parte. ■ Amigo de bom tempo muda-se com o
vento.
272. Passeribus omnibus notus. [DAPR 182]. É conhecido de
todos os pardais. ■ Conheço-o como as palmas das minhas
mãos.
273. Passibus aequis. Com passos iguais. VIDE: ● Non passibus
aequis. ● Pari passu. ● Passu pari.
274. Passibus ambiguis fortuna volubilis errat. A sorte,
volúvel, anda de um lado para o outro em passos
imprevisíveis. ■ A fortuna é vária, hoje a favor, amanhã
contrária. ● Passibus ambiguis fortuna volubilis errat, et
manet in nullo certa tenaxque loco. [Ovídio, Tristia
5.8.15]. A volúvel sorte vagueia em passos equívocos, e não
fica permanente em lugar algum.
275. Passim. Aqui e ali. Em muitos lugares. Freqüentemente.
(=Essa palavra, posposta ao título de uma obra citada, indica
que em diversos pontos dessa obra se encontram referências
ao assunto tratado).
276. Passim spargere lucem. Espalhar luz por toda parte.
277. Passione interdum movemur, et zelum putamus.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.5.1]. Às vezes
somos movidos pela paixão, e julgamos que se trata de zelo.
278. Passu pari. Com passo igual. VIDE: ● Pari passu.
● Passibus aequis.
279. Pastillos Rufillus olet, Gargonius hircum. [Horácio,
Satirae 2.27]. Rufilo cheira a perfume, Gargónio, a bode.
280. Pastor angelicus. O angélico Pastor.
281. Pastorem pascere oportet oves. [Virgílio, Eclogae 6.4]. É
preciso que o pastor apascente suas ovelhas.
282. Pastores multi demoliti sunt vineam meam. [Vulgata,
Jeremias 12.10]. Os muitos pastores destruíram minha vinha.
■ Panela mexida por muitos não presta.
283. Pastori molli lanam lupus extrahit acer. [Pereira 107].
Ao pastor fraco, o lobo sabido lhe rouba a ovelha. ■ É tão
bom que o papam moscas. VIDE: ● Sub molli pastore capit
lanam lupus, et grex incustoditus dilaceratus.
284. Pater avarus, filius prodigus. ■ Pai avarento, filho
pródigo.
285. Pater, avus, proavus, abavus, atavus, tritavus quasi
mures semper edere alienum cibum. [Plauto, Persa 57].
Meu pai, meu avô, meu bisavô, meu trisavô, meu tetravô,
meu pentavô sempre comeram a comida dos outros, como
ratos.
286. Pater, dimitte illis: non enim sciunt quid faciunt.
[Vulgata, Lucas 23.34]. Pai, perdoa-lhes; eles não sabem o
que fazem. ● Pater, remitte illis, quia nesciunt quid
faciunt.
287. Pater eram pauperum. [Vulgata, Jó 29.16]. Eu era o pai
dos pobres. VIDE: ● Pater pauperum.
288. Pater familias vendax sit, non emax. [Rezende 4823].
Que o chefe de família goste de vender, não de comprar.
■ Quem compra o supérfluo vende o necessário. ■ Quem
compra o que não pode vende o que não deve. VIDE: ● Patrem
familias vendacem, non emacem esse oportet.
289. Pater, in manus tuas commendo spiritum meum.
[Vulgata, Lucas 23.46]. Pai, nas tuas mãos encomendo o meu
espírito. VIDE: ● In manus tuas commendo spiritum meum.
● In manus tuas, Domine, commendo spiritum meum. ● In
manus tuas, Domine, commendo animam meam.
290. Pater is est quem nuptiae demonstant. [Digesta 2.4.5].
Pai é aquele que o casamento indica. ● Pater is est, quem
iustae nuptiae demonstrent, nisi evidentibus argumentis
contrarium probatur. [CIC 1138.1]. É pai aquele que as
núpcias legítimas indicam, a menos que se prove o contrário
por argumentos evidentes. VIDE: ● Est pater ille quem iustae
nuptiae demonstrant. ● Is pater vero est, quem iustae
nuptiae demonstrant.
291. Pater historiae. [Cícero, De Legibus 1.1.5]. O pai da
história. (=Heródoto).
292. Pater mendaciorum diabolus est. [DAPR 241]. O diabo
é o pai das mentiras.
293. Pater mi, si possibile est, transeat a me calix iste.
[Vulgata, Mateus 26.39]. Meu pai, se é possível, passe de
mim este cálice. ● Pater, omnia tibi possibilia sunt,
transfer calicem hunc a me. [Vulgata, Marcos 14.36]. Pai,
todas as coisas te são possíveis, afasta de mim este cálice.
294. Pater nimia indulgentia filios depravat. [Branco 159]. O
pai corrompe os filhos com a excessiva indulgência. ■ Filhos
e criados não deves amimar, se os queres lograr. ■ Se muito
as pintas e regalas, das boas filhas farás más. VIDE: ● Nescit
habere bonos patris indulgentia natos, nescit habere
bonos domini indulgentia servos. ● Nescit habere bonas
patris indulgentia natas.
295. Pater noster, qui es in caelis: sanctificetur nomen tuum.
[Vulgata, Mateus 6.9]. Pai nosso que estás nos céus;
santificado seja o Teu nome.
296. Pater patriae. [Cícero, Pro Sestio 54]. O pai da pátria.
VIDE: ● Genitor patriae. ● Parens patriae.
297. Pater pauperum. O pai dos pobres. VIDE: ● Pater eram
pauperum.
298. Pater, peccavi in caelum et coram te. [Vulgata, Lucas
15.18]. Pai, pequei contra o céu e na tua presença.
299. Pater semper incertus. O pai é sempre incerto. ■ O filho
da minha filha é meu neto; o filho de meu filho será ou não.
VIDE: ● Mater certa, pater semper incertus. ● Mater
semper certa est, pater nunquam.
300. Patere quam ipse fecisti legem. [Pítaco de Mitilene /
Rezende 4822]. Sofre a lei que tu mesmo fizeste. ■ Tu fizeste
o mal, tu o pagarás. ■ Quem fez seu angu, que o coma.
● Patere legem quam ipse tulisti. [Manucio, Adagia 1398].
● Patere legem quam ipse tuleris. [Dionísio Catão,
Monosticha 53]. VIDE: ● Pareto legi, quisque legem
sanxeris.
301. Paterna paternis. [Jur / Black 1337]. (Nas sucessões) os
bens do pai vão para a linha paterna.
302. Paternas haud canit cantiones. Não canta as cantigas dos
pais. ■ Não vai pelo caminho de seus pais. ■ Não saiu aos
seus. VIDE: ● Haud canit paternas cantiones. ● Haud canit
paternas cantilenas. ● Non patrias modulatur cantiones.
303. Paternus affectus non sustinet moram. [Sêneca
Retórico, Controversiae 7]. O sentimento paterno não suporta
espera.
304. Patet cunctis honoris via, nec generi tribuitur gloria,
sed virtuti. [Fedro, Fabulae 2.9.3]. O caminho da honra está
aberto a todos, e a glória não se concede à origem da pessoa,
mas ao seu mérito.
305. Pati necesse est multa mortales mala. [Névio, Ex Incertis
Fabulis]. Os mortais não escapam de sofrer muitos males.
306. Pati nos oportet quo ille faciat, cuius potestas plus
potest. [Plauto, Stichus 73]. Cabe-nos sofrer o que faça
aquele cujo poder seja maior. ■ Manda quem pode, obedece
quem tem juízo.
307. Pati poenam minus est quam meruisse. Sofrer uma
punição é menos que merecê-la. ■ A vergonha está no crime,
não na pena. VIDE: ● Est pati poenam, quam meruisse,
minus. ● Puniri non est malum, sed fieri poena dignum.
308. Patiendo, multa venient quae nequeas pati. [Publílio
Siro]. Sofrendo, muitas coisas virão que não poderás
suportar. ■ Pequeno dano, se toma forças, carece de remédio.
309. Patiens et fortis seipsum felicem facit. [Publílio Siro]. O
homem paciente e corajoso torna-se vencedor.
310. Patiens in adversis nunquam est felicitas. [Publílio Siro].
O homem bem sucedido nunca é paciente na adversidade.
311. Patiens quia aeternus. [S.Agostinho / Rezende 4829].
(Deus) é paciente porque é eterno.
312. Patientes estote ad omnes. [Vulgata, 1Tessalonicenses
5.14]. Sede pacientes para todos.
313. Patientes vincunt. [Stevenson 1756]. Os que têm
paciência vencem. ■ Quem quiser vencer aprenda a sofrer.
■ A paciência é amarga, mas seu fruto é doce. VIDE: ● Disce
pati, si vincere voles. ● Vincit qui patitur.
314. Patientia animi divitias occultas habet. [Publílio Siro]. A
paciência traz em si um tesouro oculto. ■ A paciência é um
tesouro oculto.
315. Patientia autem opus perfectum habeat, ut sitis perfecti
et integri, in nullo deficientes. [Vulgata, Tiago 1.4]. Ora, a
paciência deve ser perfeita nas suas obras, a fim de que vós
sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.
316. Patientia dura frango. Com paciência venço as
dificuldades. VIDE: ● Duris dura frango. ● Duris dura
franguntur.
317. Patientia enim vobis necessaria est. [Vulgata, Hebreus
10.36]. É-vos necessária a paciência.
318. Patientia est clavis gaudii; festinatio autem clavis
paenitentiae. [Erpênio / Rezende 4830]. A paciência é a
chave da alegria, mas a pressa é a chave do arrependimento.
■ Quem cedo se determina, cedo se arrepende.
319. Patientia est ornamentum, custodia et protectio vitae. A
paciência é o ornamento, a guarda e a proteção da vida.
320. Patientia est remedium cuivis dolori. [Pontanus]. A
paciência é remédio para qualquer dor. ■ A paciência
abranda a dor. ■ A paciência é ungüento para todas as
chagas. VIDE: ● Cuivis dolori remedium est patientia.
● Dolori cuivis remedium est patientia.
321. Patientia est valde necessaria. [Vulgata, Hebreus 10.36].
A paciência é muito necessária.
322. Patientia igitur in dolore eximia est oratio. Na dor, a
paciência é uma oração muito poderosa.
323. Patientia Iobi. Paciência de Jó.
324. Patientia laesa fit furor. [Publílio Siro]. A tolerância
ofendida se transforma em furor. ■ Paciência tem limite. VIDE:
● Vide ne abutaris, nam patientia laesa fit furor.
325. Patientia maxima virtus. A paciência é a maior das
virtudes. VIDE: ● Maxima enim est hominum semper
patientia virtus. ● Patientia rara virtus. Maxima virtus
patientia.
326. Patientia opus perfectum habet. A paciência realiza a
obra. ■ A paciência vence. VIDE: ● Patientia autem opus
perfectum habeat, ut sitis perfecti et integri, in nullo
deficientes.
327. Patientia possessori suo mala convertit in bona.
[S.Tomás de Aquino, De Eruditione Principis 5.34 /
Bernardes, Nova Floresta 1.49]. A paciência converte em
bens os males de quem a possui,.
328. Patientia rara virtus. Maxima virtus patientia.
[Pontanus / Stevenson 1754]. A paciência é uma virtude rara.
A paciência é a maior das virtudes. VIDE: ● Maxima enim est
hominum semper patientia virtus. ● Patientia maxima
virtus.
329. Patientia reliquas virtutes roborat et exornat, nam
vidua est virtus quam patientia non firmat. [VES 137]. A
paciência robustece e embeleza as demais virtudes, pois é
vazia a virtude que a paciência não apóia.
330. Patientia vincit omnia. [DAPR 503]. A paciência vence
tudo. ■ Paciência excede sapiência. VIDE: ● Disce pati, si
vincere voles. ● Gutta cavat lapidem.
331. Patientiae tributarius nascitur homo. [Bernardes, Luz e
Calor 1.220.58]. Quando o homem nasce, já é tributário da
paciência.
332. Patientiam habe in me, et omnia reddam tibi. [Vulgata,
Mateus 18.29]. Tem paciência comigo, e eu te satisfarei tudo.
333. Patientiam omnes recommendant, quamvis pauci
tamen pati velint. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi
2.12.4]. Todos elogiam a paciência, mas poucos querem
praticá-la.
334. Patiere quod dant, quando optata non dant. [Manúcio,
Adagia 1218]. Contenta-te com o que te dão, quando não te
dão o que desejas. ■ Aceita o bem como vem.
335. Patimur longae pacis mala; saevior armis, luxuria
incumbit. [Juvenal, Satirae 6.292]. Sofremos hoje os males
de uma longa paz; mais prejudicial que as armas, o luxo nos
domina.
336. Patior facile iniuriam si est vacua a contumelia.
[Pacúvio / Stevenson 1251]. Suporto facilmente a injustiça,
se ela está isenta de injúria.
337. Patior telis vulnera facta meis. [Ovídio, Heroides 2.48].
Sofro feridas feitas com minhas próprias armas.
338. Patior ut potiar. [Tosi 1667]. Suporto para chegar ao
poder.
339. Patitur poenas peccandi sola voluntas. [Juvenal, Satirae
13.208]. O próprio desejo de pecar é punido.
340. Patitur qui vincit. [Divisa]. Quem sofre vence. ■ Quem
sofreu venceu.
341. Patras crimen unum, brevi aliud patraturus. [Pereira
105]. Cometes um erro; em breve estarás para cometer outro.
■ Atrás de uma falta vem outra. ■ Fazeis uma e rogais a Deus
por outra.
342. Patrem familias vendacem, non emacem esse oportet.
[Marcos Catão, De Agri Cultura 2]. É preciso que o chefe de
família goste de vender, não de comprar. ■ Quem compra o
supérfluo vende o necessário. ■ Quem compra o que não
pode vende o que não deve. VIDE: ● Pater familias vendax
sit, non emax.
343. Patrem sequitur sua proles. [Binder, Thesaurus 2495]. A
prole segue o pai. ■ A acha sai ao madeiro. ■ De tal árvore,
tal fruto.
344. Patres comederunt uvam acerbam, et dentes filiorum
obstupescunt. [Vulgata, Ezequiel 18.2]. Os pais comeram as
uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram. ■ Pecados
dos nossos avós, fazem-nos eles, pagamo-los nós. ● Patres
comederunt uvam acerbam, et dentes filiorum
obstupuerunt. [Vulgata, Jeremias 31.29]. Os pais comeram
as uvas em agraço, e os dentes dos filhos são os que ficaram
botos. VIDE: ● Crimina saepe luunt nati scelerata
parentum. ● Quod sus peccavit, succula saepe luit.
345. Patres conscripti. Os senadores romanos.
346. Patres nostri peccaverunt et nos peccata eorum
portamus. Nossos pais pecaram, e nós expiamos as suas
culpas. ■ Pecados de nossos avós, fizeram-nos eles, pagamo-
los nós. ● Patres nostri peccaverunt, et non sunt; et nos
iniquitates eorum portavimus. [Vulgata, Lamentações 5.7].
Nossos pais pecaram, e já não existem; e nós temos levado o
castigo das suas iniqüidades. VIDE: ● Culpam maiorum
posteri luunt. ● Culpam maiorum posteri luere.
347. Patria cara, carior libertas. [Divisa]. A pátria é querida,
mas a liberdade é mais querida.
348. Patria dat vitam, raro largitur honores. [Binder,
Thesaurus 2496]. A pátria dá a vida, mas raramente confere
honrarias. ● Patria dat vitam, raro largitur honores; hos
melius multo terra aliena dabit. [Alciato / Eiselein 515]. A
pátria dá a vida, mas raramente confere honrarias; essas a
terra alheia dá muito melhor.
349. Patria est communis omnium parens. [Cícero, In
Catilinam 1.7.17]. A pátria é a mãe comum de todos.
350. Patria est ubicumque est bene. [Pacúvio / Cícero,
Tusculanae Disputationes 5.37.108]. A pátria é todo lugar em
que se está bem. ■ A minha terra é onde me vai bem. ■ Não
onde nasces, mas onde pasces. ■ Onde bem me vai, aí acho
mãe e pai. ■ Onde me vai bem, aí é minha pátria. ● Patria est
ubicumque bene vixeris. A pátria é todo lugar em que
viveres bem. VIDE: ● Ibi patria, ubi bene. ● Patria tua est
ubicumque vixeris bene. ● Ubi bene, ibi patria.
351. Patria est ubicumque vir fortis sedem elegerit. A pátria
é qualquer lugar que o homem corajoso escolher como
morada. VIDE: ● Patriam esse, ubicumque vir fortis sedem
elegerit.
352. Patria mea totus hic mundus est. [Sêneca, Epistulae
Morales 28.4]. Minha pátria é todo este mundo. VIDE: ● Non
sum uni angulo natus, patria mea totus hic mundus est.
● Patriam tuam mundum existima.
353. Patria potestas in pietate debet, non atrocitate
consistere. [Digesta 48.9.5]. O pátrio poder deve consistir no
amor, não na crueldade.
354. Patria sua cuique iucundissima. [Erasmo, Adagia
3.10.18]. Para cada um sua pátria é muito bonita. ■ Cada
passarinho gosta do seu ninho.
355. Patria tua est ubicumque vixeris bene. [Publílio Siro]. A
pátria é todo lugar em que se está bem. ■ A minha terra é
onde me vai bem. ■ Não onde nasces, mas onde pasces.
■ Onde bem me vai, aí acho mãe e pai. ■ Onde me vai bem, aí
é minha pátria. VIDE: ● Ibi patria, ubi bene. ● Patria est
ubicumque bene vixeris. ● Patria est ubicumque est bene.
● Ubi bene, ibi patria.
356. Patriae decus et tutamen. [Inscrição em medalha]. Glória
e defesa da pátria.
357. Patriae fidus. [Divisa]. Fiel à minha pátria.
358. Patriae fumus igni alieno luculentior. [Erasmo, Adagia
1.2.16]. A fumaça na pátria é mais brilhante do que o fogo
em outro lugar. ■ Mais vale fumo em minha casa que fogo na
alheia. ■ Quem quiser bem cear a sua casa o vá buscar.
359. Patriae impendere vitam. [Lucano, Pharsalia 2.382].
Dedicar a vida à pátria.
360. Patriae magnitudini. [Divisa de Lorena, SP]. Para a
grandeza da pátria.
361. Patriae memoria dulcis. [Rezende 4839]. A lembrança da
pátria é doce.
362. Patriae quis exul se quoque fugit. [Horácio, Carmina
2.16.19]. Quem deixa a pátria foge de si mesmo.
363. Patriam caritatem et libertatem docui. [Divisa de
Santos, SP]. Ensinei à pátria amor e liberdade.
364. Patriam durioribus remediis quam pericula erant,
sanavit. [Sêneca, De Beneficiis 5.16]. Ele curou a pátria com
remédios que eram mais violentos que as doenças.
365. Patriam esse, ubicumque vir fortis sedem elegerit.
[Quinto Cúrcio, Historiae 6.4.11]. A pátria é qualquer lugar
que o homem corajoso escolhe como morada. VIDE: ● Patria
est ubicumque vir fortis sedem elegit.
366. Patriam et libertatem perdidi. [Plauto, Captivi 299].
Perdi a pátria e a liberdade.
367. Patriam fecit magnam. [Divisa do Município de Santana
de Parnaíba, SP]. Engrandeceu a pátria.
368. Patriam grandibo. [Antiga divisa de Mogi das Cruzes,
SP]. Engrandecerei minha pátria.
369. Patriam tuam mundum existima. [Rezende 4844].
Considera o mundo como tua pátria. VIDE: ● Non sum uni
angulo natus, patria mea totus hic mundus est. ● Patria
mea totus hic mundus est.
370. Patris delictum nocere nunquam debet filio. [Publílio
Siro]. O crime do pai nunca deve prejudicar o filho.
371. Patris est filius. [Erasmo, Adagia 4.3.36]. Ele é o filho do
seu pai. ■ Tal pai, tal filho. ■ Puxou ao pai. ● Patris filiolus
est. [Apostólio, Paroimiai 18.92]. É filhinho de seu pai.
372. Pauca castiges, multa dissimules. [S.Bernardo /
Bernardes, Nova Floresta 2.214]. Corrigirás poucas coisas,
dissimularás muitas.
373. Pauca cum aliis, multa tecum loquere. Fala pouco com
os outros, muito contigo.
374. Pauca in convivio loquere. [Dionísio Catão, Monosticha
54]. Fala pouco nos banquetes.
375. Pauca licet certa sunt incertis meliora. [Tosi 1731]. O
certo, embora pouco, é melhor do que o incerto. ■ Mais vale
tico-tico no prato que jacu no mato.
376. Pauca male parte multa bene comparata perdunt.
[Crisóstomo / Manúcio, Adagia 1397]. O pouco que se
adquire desonestamente perde o muito que se adquire
honestamente. ■ Pouco fel dana muito mel. VIDE: ● Male
parta male dilabuntur.
377. Pauca quidem, sed valde argute. [Homero, Ilíada 3.214].
Na verdade ele falou pouco, mas com muito engenho.
378. Pauca sed bona. [Rezende 4846]. Pouco, mas bom. ■ Mais
vale qualidade que quantidade. ■ Mais vale pouco e bom do
que muito e mau. VIDE: ● Qualitas est nobilior quantitate.
● Qualitas, non quantitas.
379. Pauca sed ex toto corde. Pouco, mas de todo o coração.
380. Pauca sed selecta et probata remedia. [Phibert Guibert /
Rezende 4847]. Remédios, poucos, mas escolhidos e
comprovados.
381. Pauci autem per viam angustam. [S.Agostinho, In
Psalmum 39.6]. São poucos os que passam pelo caminho
estreito.
382. Pauci dignoscere possunt vera bona. [Juvenal, Saturae
10.2]. Poucos podem reconhecer o verdadeiro bem.
383. Pauci dolorem ferre potuerunt. Poucos puderam suportar
a dor.
384. Pauci etenim filii similes patri sunt; plerique peiores,
pauci vero patre meliores. [Homero, Odisséia 2.376]. Na
verdade, poucos filhos se parecem com o pai; em sua maioria
são piores, poucos são realmente melhores que o pai.
385. Pauci, quod sinit alter, amant. [Ovídio, Amores 3.4.26].
Poucos gostam do que outro lhes permite.
386. Pauci quos aequus amavit Iuppiter. [Virgílio, Eneida
6.129]. Os raros homens que o equânime Júpiter amou.
(=Diz-se de pessoas competentes ou felizes).
387. Pauci reges, non regna colunt. [Sêneca, Hercules
Oetaeus 616]. Poucos respeitam o rei, e não a realeza.
388. Pauci, sed boni. Poucos homens, mas bons.
389. Pauci veniunt ad senectutem. [Cícero, De Senecture 67].
Poucos chegam à velhice.
390. Pauciloquus, sed eruditus. [Erasmo, Adagia 3.8.77]. Um
homem de poucas palavras, mas culto.
391. Paucis annis ante. Poucos anos antes. Há poucos anos.
● Paucis annis antea. Poucos anos antes disso.
392. Paucis ante diebus. Há poucos dias.
393. Paucis carior fides quam pecunia fuit. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 16]. Para poucos a lealdade era mais valiosa do
que o dinheiro.
394. Paucis opus est litteris ad mentem bonam. [Sêneca,
Epistulae Morales 106]. Precisa-se de pouco estudo para
formar uma mente sadia.
395. Paucis post diebus. Dentro de poucos dias. Poucos dias
depois.
396. Paucis temeritas est bono, multis malo. [Fedro, Fabulae
5.4.12]. A temeridade a poucos sai bem, a muitos perde.
397. Paucis verbis. Em poucas palavras.
398. Paucorum est intellegere quid donet Deus. [Publílio
Siro]. Poucos podem entender o que Deus dá. ● Paucorum
est intellegere quid donet dies. Poucos podem entender o
que o tempo dá.
399. Paucorum improbitas est multorum calamitas. [Publílio
Siro]. A maldade de alguns é a infelicidade de muitos.
● Paucorum improbitas, universis calamitas. A maldade de
alguns é a infelicidade de todos.
400. Paucos viros fortes natura procreat bona, institutione
plures reddit industria. [Vegécio, Epitoma Rei Militaris
3.26]. A bondosa natureza produz poucos homens valorosos;
a operosidade, pelo seu ensinamento, produz muitos.
401. Paucus sermo venustat mulierem. [Bebel, Adagia
Germanica]. Pouco falar embeleza a mulher. ■ Mulher
palreira, fraca fiadeira.
402. Paucula pacifice fruituro multa videntur. [Pereira 117].
Para quem vai aproveitar, o pouco em paz parece muito.
■ Pouco e em boa paz muito me faz.
403. Paulatim deambulando, longum conficitur iter. [Pereira
117]. Passo a passo, completa-se longo caminho. ■ A passo e
passo, anda-se por dia um bom pedaço. ■ Devagar se vai ao
longe. ■ Mole, mole, longe vai o homem.
404. Paulatim, ergo certe. [Divisa da Latymer Upper School,
Londres]. Devagar, portanto com segurança.
405. Paulatim evellitur cauda equina. [Stevenson 116]. Pouco
a pouco se péla o rabo do cavalo. ■ Pouco a pouco se vai ao
longe. ■ A pouco e pouco fia a velha o copo.
406. Paulatim sed firmiter. [Divisa]. Devagar, mas com
firmeza.
407. Paulisper attende. Espera um pouco.
408. Paulisper laxatus amor decedere coepit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 15]. O amor que por um
momento perde a intensidade, começa a desaparecer.
409. Paulo maiora canamus. [Virgílio, Eclogae 4.1].
Cantemos coisas um pouco mais elevadas.
410. Paululum dormies, paululum dormitabis, paululum
conseres manus ut dormias, et veniet tibi, quasi viator,
egestas, et pauperies, quasi vir armatus. [Vulgata,
Provérbios 6.10]. Um poucochinho dormirás, outro
poucochinho dormitarás, outro poucochinho cruzarás as
mãos para dormires, e virá sobre ti a indigência como um
caminheiro, e a pobreza como um homem armado. VIDE:
● Veniet tibi quasi viator egestas, et pauperies quasi vir
armatus.
411. Paulum distat inertiae celata virtus. [Pensées
d'Oxenstiern 1.215]. O valor escondido pouco dista da
ignorância. ■ O saber escondido da ignorância vista pouco
dista. VIDE: ● Paulum sepultae distat inertiae celata virtus.
412. Paulum fellis disperdit multum mellis. [Rezende 4857].
Um pouco de fel estraga muito mel. ■ Pouco fel amarga
muito mel.
413. Paulum lucri quantum damni. [Terêncio, Heauton
Timorumenos 747, adaptado]. Lucro pequeno é igual a
prejuízo. VIDE: ● Parva lucra solent afferre maiora
detrimenta.
414. Paulum sepultae distat inertiae celata virtus. [Horácio,
Carmina 4.9.29]. O valor escondido pouco difere da preguiça
enterrada. VIDE: ● Paulum distat inertiae celata virtus.
415. Pauper Aristoteles cogitur ire pedes. [Rezende 4861]. O
pobre Aristóteles é forçado a ir a pé. (=O magistério é uma
ocupação mal remunerada). VIDE: ● Dat Galenus opes, dat
Iustinianus honores, pauper Aristoteles cogitur ire pedes.
● Dat Galenus opes, dat sanctio Iustiniana, ab aliis paleas,
ab istis colligis grana.
416. Pauper autem nihil habebat omnino, praeter ovem
unam parvulam. [Vulgata, 2Samuel 12.3]. O pobre não
tinha coisa alguma, senão uma ovelhinha.
417. Pauper diviti dans, petit. O pobre, quando dá ao rico,
busca alguma coisa. ■ Quem leva um saco para dar, leva
outro para trazer.
418. Pauper dominum, non sortem mutat. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 1.15 / Rezende 4862]. ■ O pobre muda de
patrão, não de condição. VIDE: ● In principatu commutando
saepius nihil praeter domini nomen mutant pauperes.
419. Pauper enim non est, cui rerum suppetit usus. [Horácio,
Epistulae 1.12.4]. Não é pobre aquele a quem basta o que
tem. ■ Pobre não é quem pouco tem, mas quem cobiça o
muito de alguém.
420. Pauper enim tu semper eris, quia pauper es. [Godfrey
of Winchester, Epigrammata 105]. Tu sempre serás pobre,
porque és pobre. ■ Dinheiro chama dinheiro. ■ Dinheiro é
que faz dinheiro. VIDE: ● Semper pauper eris, si pauper es.
421. Pauper est cui sua non sufficiunt. [Rezende 4864]. Pobre
é aquele a quem não bastam seus bens. ■ Não é pobre o que
tem pouco, mas o que muito cobiça. VIDE: ● Non qui parum
habet, sed qui plus cupit, pauper est.
422. Pauper est, non qui pauca possidet, sed qui multa non
possidet. Não é pobre quem possui pouco, mas quem não
possui muito. ■ Pobre não é quem pouco tem, mas quem
cobiça o muito a alguém. VIDE: ● Paupertas est non quae
pauca possidet, sed quae multa non possidet.
423. Pauper locutus est, et dicunt: Quis est hic? [Vulgata,
Eclesiástico 13.29]. O pobre falou, e disseram: Quem é esse?
424. Pauper, sed ingeniosus. [Erasmo, Adagia 3.10.51]. Pobre,
mas inteligente.
425. Pauper sum ego, et in laboribus a iuventute mea.
[Vulgata, Salmos 87.16]. Eu sou pobre, e vivo em trabalhos
desde a minha mocidade.
426. Pauper sum, fateor; patior; quod di dant fero. [Plauto,
Aulularia 49]. Sou pobre, reconheço; eu me resigno; aceito o
que os deuses me dão.
427. Pauper superbus. [Stevenson 1851]. Um pobre soberbo.
428. Pauper ubique iacet. [Ovídio, Fasti 1.1.156]. O pobre é
desprezado em qualquer lugar. ■ Tudo quebra pelo mais
fraco. VIDE: ● Dives ubique placet, pauper ubique iacet. ● Si
quid habes, viges; sin nihil, iaces.
429. Pauper ubique iacet, dum sua bursa tacet. [Walther
20949 / Tosi 1785]. O pobre em toda parte é desprezado, já
que sua bolsa não fala. ■ Quem não tem dinheiro, não tem
graça.
430. Pauper viduatur amicis. [Schottus, Adagia 591]. O pobre
fica sem amigos. ■ Pobre não tem amigo nem parente.
■ Quem pobreza tem, dos parentes é desdém. VIDE: ● Inopi
nullus amicus. ● Paupertas nec ullos habet amicos.
431. Pauperes enim artes plurimas addiscunt. [Schottus,
Adagia 514]. Os pobres aprendem muitas artes. ■ A pobreza
é descobridora das artes.
432. Pauperes satis stipendii pendunt, si liberos educant.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 2.9]. Os pobres pagam bastante
tributo, se educam os filhos.
433. Pauperes vero avaros, semper inhiantes et egentes.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 7.12.2]. Os avarentos, sempre
ávidos e necessitados, são pobres. ■ O avarento não tem; o
pródigo não terá.
434. Pauperibus largiendo, non tantum illis vel Deo damus,
sed etiam nobis reservamus. [Albertano da Brescia, Sermo
Secundus]. Sendo pródigos aos pobres, nós não damos
somente a eles ou a Deus, mas até a nós mesmos.
435. Pauperibus vates ego sum. [Ovídio, Ars Amatoria
2.1.165]. Sou o poeta dos pobres.
436. Pauperies immunda domu procul absit. [Horácio,
Epistulae 2.2.199]. Fique longe de minha casa a feia pobreza.
437. Pauperior caveat sese sociare potenti, namque fides illi
cum parili melior. [Aviano, Fabulae 11.15]. Evite o pobre
associar-se com o poderoso, pois sua confiança estará melhor
com alguém igual a ele.
438. Pauperis ad funus vix currit clericus unus. [Rezende
4866]. Ao enterro do pobre vai quando muito um padre.
■ Para gente pobre, nem repique, nem dobre. VIDE: ● Cum
moritur dives concurrunt undique cives; pauperis ad
funus vix adest clericus unus. ● Cum moritur dives
concurrunt undique cives; pauperis ad funus vix vadit
clericus unus. ● Cum moritur dives concurrunt undique
cives; pauperis ad funus vix adest e milibus unus.
439. Pauperis est numerare pecus. [Ovídio, Metamorphoses
13.824]. O pobre anda sempre a contar as ovelhas.
440. Paupertas artes omnes perdocet. [DAPR 540]. A
pobreza ensina todas as artes. ■ A pobreza é descobridora
das artes. ■ Não há melhor mestra do que a necessidade e a
pobreza. VIDE: ● Egestas artes docet. ● Egestas docet artes
et fames artium magistra. ● Paupertas omnes artes
perdocet, ubi quem attingit. ● Repertrix omnium artium
paupertas.
441. Paupertas cum dolore fertur. [DAPR 541]. A pobreza se
suporta com dor. ■ Pobreza e alegria nunca dormem numa
cama.
442. Paupertas est non quae pauca possidet, sed quae multa
non possidet. [Sêneca, Epistulae Morales 87.39]. Pobreza
não é o possuir pouco, mas o não possuir muito. ■ Pobre não
é quem pouco tem, mas quem cobiça o muito a alguém. VIDE:
● Pauper est, non qui pauca possidet, sed qui multa non
possidet.
443. Paupertas est sibi murus. [Binder, Thesaurus 2508]. A
pobreza é um muro para si mesma. ■ Quem nada tem, nada
teme. ■ Ninguém pode despir um homem nu.
444. Paupertas est virtutis fortuna. [Bacon, Advancement of
Learning 1.3.2]. O destino da virtude é a pobreza.
445. Paupertas excitat artes. A pobreza provoca o engenho.
■ A pobreza é descobridora das artes.
446. Paupertas fugitur, totoque arcessitur orbe. [Lucano,
Bellum Civile 1.165]. A pobreza é evitada e condenada em
toda parte. ■ Pobreza não é vileza, mas é melhor ocultá-la.
447. Paupertas impulit audax ut versus facerem. [Horácio,
Epistulae 2.2.51]. Foi a pobreza audaciosa que me impeliu a
fazer versos.
448. Paupertas mihi onus visum est et miserum et grave.
[Terêncio, Phormio 94]. Para mim a pobreza se mostra como
uma carga dolorosa e pesada.
449. Paupertas mors altera. [Grynaeus 776]. A pobreza é uma
segunda morte.
450. Paupertas nec ullos habet amicos. [Erasmo / Stevenson
1848]. A pobreza não tem amigos. ■ Pobre não tem amigo
nem parente. VIDE: ● Inopi nullus amicus. ● Pauper
viduatur amicis.
451. Paupertas non est vitium. [Maloux 400]. Pobreza não é
defeito. ■ Pobreza não é vileza.
452. Paupertas non reputatur virtus, sed paupertatis amor.
A pobreza não é considerada uma virtude, mas o amor à
pobreza é.
453. Paupertas nulli malum est, nisi repugnanti. [Sêneca,
Epistulae Morales 123.16]. A pobreza só é um mal para
quem se rebela contra ela.
454. Paupertas omnes artes perdocet, ubi quem attingit.
[Plauto, Stichus 182]. A pobreza, quando atinge alguém,
ensina-lhe todos os artifícios. ■ Não há melhor mestra do que
a necessidade e a pobreza. VIDE: ● Egestas artes docet.
● Egestas docet artes et fames artium magistra.
● Paupertas artes omnes perdocet.
455. Paupertas omnium artium repertrix. [Apuleio, Apologia
18]. A pobreza é a inventora de todas as artes. ■ A
necessidade é a mãe da invenção. VIDE: ● Repertrix omnium
artium paupertas.
456. Paupertas onus est et miserum et grave. A pobreza é
uma carga dolorosa e pesada.
457. Paupertas per se malum non est. [Apuleio, De Dogmate
Platonis 2]. A pobreza por si não é um mal.
458. Paupertas ridiculos homines facit. A pobreza torna os
homens ridículos. VIDE: ● Nil habet infelix paupertas durius
in se, quam quod ridiculos homines facit.
459. Paupertas sanitatis mater. [Vincent de Beauvais /
Stevenson 1846]. A pobreza é a mãe da saúde.
460. Paupertas sapientiam sortita est. [Erasmo, Adagia
1.5.22]. A pobreza é premiada com a inteligência. ■ A
necessidade espicaça o engenho. ■ A necessidade é mestra.
● Paupertas sophiam nacta est. [Schottus, Adagia 601]. A
pobreza encontrou a sabedoria.
461. Paupertas si malum est, mendicus beatus esse nemo
potest. [Cícero, De Finibus 5.84]. Se a pobreza é um mal,
nenhum mendigo pode ser feliz.
462. Paupertatis onus patienter ferre memento. [Dionísio
Catão, Disticha 1.21]. Lembra-te de carregar o peso da
pobreza com paciência.
463. Pauperum solacium. [Divisa da Ordem de Santa Isabel /
Rezende 4872]. O consolo dos pobres. ● Pauperum solacio.
Para o conforto dos pobres.
464. Pavet animus. [Sêneca, Medea 670]. Minha alma treme.
465. Pavidus ac fugax non metuenda formidat: cervis similis
habeatur. [Boécio, Consolatio Philosophiae 4.P3.21]. O
homem medroso e fujão teme até o que não deve ser temido:
será comparado ao cervo.
466. Pavonis more rotari. [Grynaeus 67]. Andar à roda, à
maneira do pavão.
467. Pavor etiam auxilia formidat. [Quinto Cúrcio, Historiae
3.11.2]. Quem está apavorado teme até o auxílio.
468. Pavor tenuit me, et tremor, et omnia ossa mea
perterrita sunt. [Vulgata, Jó 4.14]. Assaltou-me o medo, e o
tremor, e todos os meus ossos estremeceram.
469. Pavore carent qui nihil commiserunt. Quem não fez mal
não tem medo. ■ Quem não deve não teme. ● Pavore carent
qui nihil commiserunt; at poenam semper ob oculos
versari putant qui peccarunt. [Robert Bland / Stevenson
1249]. Os que nada de mal fizeram estão livres de medo, mas
os que erraram sempre pensam que o castigo está diante dos
seus olhos.
470. Pax aluit vites, et sucos condidit uvae. [Tibulo, Elegiae
1.10.48]. A paz criou as vides e produziu os sucos de uva.
471. Pax Cerem nutrit, pacis alumna Ceres. [Ovídio, Fasti
1.26.50]. A paz alimenta a agricultura; Ceres é discípula da
paz. (=Ceres, filha de Saturno e de Cibele, era a deusa latina
da agricultura).
472. Pax Christi. [Vulgata, Colossenses 3.15]. A paz de Cristo.
473. Pax, custodire salutem et cives aequare potens. [Sílio
Itálico, Punica 594]. A paz é capaz de guardar nossa vida e
garantir igualdade dos cidadãos.
474. Pax Dei. [Vulgata, Filipenses 4.7]. A paz de Deus.
475. Pax Domini sit semper vobiscum. [Do ritual da missa
tridentina]. Que a paz do Senhor esteja sempre convosco.
476. Pax Ecclesiae. A paz da Igreja.
477. Pax est tranquilla libertas. [Cícero, Philippica 2.113].
Paz é a liberdade sem preocupação.
478. Pax est tranquillitas ordinis. [S.Agostinho, De Civitate
Dei 19.13.1]. A paz é a tranqüilidade da ordem.
479. Pax et bonum. [Divisa da Ordem dos Franciscanos]. A
paz e o bem.
480. Pax et concordia victis utilia, victoribus tantum
pulchra sunt. [Tácito, Historiae 3.70]. Para os vencidos paz
e concórdia são coisas úteis, para os vencedores são apenas
coisas bonitas.
481. Pax et quies bonis artibus indigent. [Tácito, Historiae
4.1]. A paz e a tranqüilidade precisam das boas qualidades do
homem.
482. Pax et securitas. [Vulgata, 1Tessalonicenses 5.3]. Paz e
segurança.
483. Pax etiam in petris agricolam pulchre alit; bellum
autem etiam in campo malum est. [Apostólio, Paroimiai
7.60]. A paz, até nas pedras, alimenta maravilhosamente o
camponês, mas a guerra, mesmo no campo fértil, é um mal.
484. Pax facta est. Fez-se a paz.
485. Pax hominum genetrix, pax est custodia rerum. Pax
regna ligat, pax congregat urbem. [Pontanus / Stevenson
1765]. A paz é a criadora dos homens, a paz é a protetora das
coisas. A paz une os países, a paz congrega a cidade.
486. Pax huic domui. [Vulgata, Lucas 10.5]. Paz para esta
casa.
487. Pax huic domui, et omnibus habitantibus in ea. [Bênção
das Casas, da liturgia católica]. Paz para esta casa e para
todos que nela habitam.
488. Pax in caelo, et gloria in excelsis. [Vulgata, Lucas 19.38].
Paz no céu, e glória nas alturas.
489. Pax intrantibus! Paz aos que entram! ● Pax
introëuntibus, salus exeuntibus! Paz para os que entram,
saudações para os que saem!
490. Pax mihi est cum mortuis. [Plauto, Mostelaria 518].
Estou em paz com os mortos.
491. Pax missa per orbem. [Inscrição em moeda inglesa]. A
paz enviada pelo mundo.
492. Pax omnis a Deo est. Toda paz vem de Deus.
493. Pax optima rerum quas homini novisse datum est.
[Sílio Itálico, Punica 11.592]. A paz é a melhor de todas as
coisas que foram dadas ao homem conhecer.
494. Pax orbis terrarum. A paz do mundo.
495. Pax paritur bello. A paz nasce da guerra. VIDE: ● Paratur
pax bello. ● Paritur pax bello.
496. Pax potior bello. [Stevenson 2452]. A paz é preferível à
guerra.
497. Pax quaeritur bello. [Divisa de Cromwell]. Busca-se a
paz por meio da guerra. VIDE: ● Paritur pax bello.
498. Pax Romana. A paz romana. (=Eufemismo para designar
o Império Romano).
499. Pax servetur, pacta custodiantur. [Papa Gregório IX, De
Pactis]. Conserve-se a paz, respeitem-se os tratados.
500. Pax tamen interdum est, pacis fiducia nunquam.
[Ovídio, Tristia 5.2.71]. Às vezes há paz, mas nunca se tem
garantia de paz.
501. Pax tecum. Que a paz esteja contigo.
502. Pax tibi! Que a paz esteja contigo! ● Pax tibi et pax
adiutoribus tuis. [Vulgata, 1Paralipômenos 12.18]. A paz
seja contigo, e a paz seja com os teus defensores.
503. Pax una triumphis innumeris potior. [Sílio Itálico,
Punica 593]. A paz sozinha vale mais que inúmeros triunfos.
504. Pax vel iniusta utilior est quam iustissimum bellum.
[Cícero, Ad Atticum 14.3, adaptado / Medina 599]. A paz,
mesmo injusta, é mais útil do que a guerra justíssima. ■ Mais
vale um mau acordo que um bom pleito.
505. Pax vobis. [Vulgata, Lucas 24.36; João 20.19]. Paz para
vós. ● Pax vobiscum. [Vulgata, Gênesis 43.23]. Que a paz
esteja convosco.
506. Paxillum paxillo pepulit. [Schottus, Adagia 281].
Arrancou um prego usando outro prego. ■ Um prego
empurra outro. VIDE: ● Clavum clavo, paxillum paxillo
pepulisti. ● Clavo clavum eicere. ● Clavum clavo pellere.
● Clavus clavo pellitur. ● Clavus clavo truditur. ● Clavo
clavum, paxillo paxillum. ● Clavumque clavo,
perticamque pertica. ● Clavus clavum et palus palum
excussit. ● Clavus clavo pellitur, consuetudo consuetudine
vincitur. ● Malum alio malo depulisti.
507. Peccandi duo sunt genera, aliud ex proposito, aliud ex
neglegentia. [Publílio Siro]. Há dois gêneros de erros, um
vem da intenção, outro, da negligência.
508. Peccantem puerum quisquis non corrigit, odit. [Binder,
Thesaurus 2510]. Quem não corrige o menino que erra odeia-
o. ■ Quem ama castiga.
509. Peccare bis bello cuiquam non licet. [Apostólio,
Paroimiai 15.24]. Na guerra, a ninguém é permitido errar
duas vezes. VIDE: ● Bis peccare in bello non licet. ● In bello
non licet bis peccare. ● Non in bello peccare licet bis.
● Non licet bis in bello peccare. ● Non licet in bello bis
peccare.
510. Peccare est tamquam transire lineas. [Cícero, Paradoxa
20]. Cometer uma transgressão é como ultrapassar limites.
511. Peccare nemini licet. [Cícero, Tusculanae Disputationes
5.56]. Ninguém tem o direito de cometer transgressões.
512. Peccare nolle triumphus innocentiae est. [PSa]. Não
querer pecar é o triunfo da inocência.
513. Peccas honesta mente. [Sêneca, Phoenissae 97]. Ages
mal, porém com boas intenções.
514. Peccata clamantia. Erros clamorosos. Crimes que clamam
(por vingança).
515. Peccata contra naturam sunt gravissima. [Jur / Black
1342]. Crimes contra a natureza são os mais graves.
516. Peccata mea celare non possum, quoniam quocumque
vado, conscientia mea mecum est, secum portans
quidquid in ea posui, sive bonum sive malum.
[S.Bernardo, Meditationes 11.32]. Não posso esconder meus
pecados, pois aonde quer que eu vá, minha consciência está
comigo, levando consigo tudo que nela coloquei, seja bom,
seja mau.
517. Peccata minuta. Pequenos erros. Erros sem importância.
518. Peccati venia non datur, nisi correcto. [Rezende 4880].
Só se concede perdão do pecado que foi corrigido. ■ Quem se
arrepende, salva-se.
519. Peccator non dolet culpam, sed poenam; damna
corporis, non animae. [Rezende 4882]. O pecador não teme
a culpa, mas o castigo, os males do corpo, não da alma.
520. Peccatores Deus non audit. [Vulgata, João 9.31]. Deus
não ouve os pecadores. ● Peccatores Deus non exaudit.
[Branco 916]. VIDE: ● Non bene caelestes impia dextra colit.
521. Peccatum amici recte velandum putas. [Publílio Siro].
Tens razão ao considerar que se deve esconder o erro do
amigo.
522. Peccatum amici veluti tuum recte putes. [Publílio Siro].
Terás razão em considerar como tua a falta do teu amigo.
523. Peccatum autem non imputabatur, cum lex non esset.
[Vulgata, Romanos 5.13]. Não era imputado o pecado,
quando não havia lei.
524. Peccatum est parentes violare. [Cícero, De Finibus 3.32].
É falta grave ofender os pais.
525. Peccatum extenuat, qui celeriter corrigit. [Publílio Siro].
Atenua a culpa quem depressa corrige o erro. ■ Quem se
arrepende salva-se.
526. Peccatum meum contra me est semper. [Vulgata,
Salmos 50.5]. Meu erro está sempre contra mim.
527. Peccatum mortale. Um pecado mortal. VIDE: ● Damnabile
peccatum.
528. Peccatum non dimittitur, nisi restituatur ablatum.
[Rezende 4885]. Não se perdoa o erro, se não for restituído o
furtado. VIDE: ● Non enim dimittitur peccatum, nisi
restituatur ablatum. ● Non remittitur peccatum, nisi
restituatur ablatum.
529. Peccatum omne voluntarium est, et sine voluntate non
committitur. [Rezende 4886]. Todo pecado é voluntário, e
não se comete pecado sem querer. VIDE: ● Nemo peccat
invitus. ● Omne peccatum voluntarium. ● Omitte
excusationem, nemo peccat invitus.
530. Peccatum originale. O pecado original. VIDE: ● Macula
originalis. ● Originale peccatum. ● Originalis macula.
531. Peccatum satis est. [Sêneca, Thyestes 137]. Basta de
crimes.
532. Peccatum scriptum est stilo ferreo. [Vulgata, Jeremias
17.1]. O pecado está escrito com um ponteiro de ferro.
533. Peccavi! [Vulgata, Reis 2.12]. Pequei!
534. Peccavi, Domine, peccavi, et iniquitatem meam
agnosco. [Vulgata, Oratio Manassae 13]. Pequei, Senhor,
pequei, e reconheço minha iniqüidade. ● Peccavi, Domine,
peccavi, et culpam meam agnosco. Errei, Senhor, errei, e
reconheço meu erro.
535. Peccavi, fateor; veniam peto; parce fatenti, Deus!
Pequei, eu confesso; peço perdão; perdoa quem confessa, ó
meu Deus!
536. Peccavimus omnes, alii gravia, alii leviora. [Sêneca, De
Clementia 1.6.3]. Todos temos cometido erros; uns, erros
graves, outros, erros mais leves. ■ Ninguém há sem pecado.
537. Pectinem capiti calvo porrigit. [Branco 286]. Ele dá um
pente à cabeça calva. ■ Deus dá nozes a quem não tem
dentes.
538. Pectora pauper secura gerit. [Sêneca, Hercules Oetaeus
652]. O pobre traz o coração tranqüilo.
539. Pectore sedet amor. O amor se fixou no meu peito.
540. Pectore tenus. Até o peito.
541. Pectoribus mores tot sunt, quot in orbe figurae.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.759]. Existem tantos caracteres nos
corações quantas são as caras no mundo.
542. Pectus est quod disertum facit. [Rezende 4888]. É o
coração que faz o eloqüente. ■ Os grandes pensamentos vêm
do coração. ● Pectus est enim quod disertos facit, et vis
mentis. [Quintiliano, Institutio Oratoria 10.7.15]. É o
coração e a força da mente que nos faz eloqüentes.
543. Pecudes ratione carentes. [Ovídio, Amores 1.10.25]. São
estúpidos, sem raciocínio.
544. Pecunia corrumpere pudentem nemo potest. [Cícero /
Amiano Marcelino, Historia 30.10]. Ninguém pode
corromper um homem íntegro com dinheiro.
545. Pecunia effectrix voluptatum. [Cícero, De Finibus 2.55].
O dinheiro é o realizador dos prazeres.
546. Pecunia enim anima est miseris mortalibus. [Hesíodo /
Eiselein 221]. O dinheiro é a vida dos pobres mortais.
547. Pecunia est alter ego. O dinheiro é um outro eu.
548. Pecunia est alter sanguis. [Rabelais, Gargantua 3.42]. O
dinheiro é um segundo sangue.
549. Pecunia est ancilla, si scis uti; si nescis, domina est.
[Publílio Siro]. O dinheiro, se sabes usá-lo, é teu criado, se
não sabes, é teu senhor. ■ O dinheiro será teu senhor, se não
for teu escravo. VIDE: ● Imperat aut servit collecta pecunia
cuique. ● Pecunia, si uti scias, ancilla est, si nescias,
domina.
550. Pecunia est optimus futurae necessitatis fideiussor.
[Rezende 4890]. O dinheiro é o melhor fiador das
necessidades futuras. ● Pecunia est vita hominis et optimus
fideiussor in necessitatibus. [Rabelais, Gargantua 3.42]. O
dinheiro é a vida do homem e o melhor fiador nas
necessidades.
551. Pecunia est regimen omnium rerum. [Albertano da
Brescia, De Amore et Dilectione 3]. O dinheiro governa
todas as coisas. ■ O dinheiro governa o mundo. VIDE:
● Pecunia regimen est unum rerum omnium. ● Pecunia
una regimen est rerum omnium.
552. Pecunia fragilis est absque peculio. [Medina 606]. Sem
economia o dinheiro não dura. ■ Quem come e deixa duas
vezes põe a mesa; quem come e guarda duas vezes come.
● Pecunia fragilis est sine peculio. VIDE: ● Pecuniam sine
peculio fragilem esse.
553. Pecunia illum adiuvat, qui habet. O dinheiro ajuda a
quem o tem. ■ O dinheiro faz o homem inteiro.
554. Pecunia impetrat omnia. [DAPR 249]. O dinheiro
consegue tudo. ■ Dinheiro faz o mar chão. ■ Com o dinheiro
na mão em toda parte há função. ■ Quem de dinheiro
dispuser, será o que quiser. [Gregório Matos]. VIDE: ● Omnia
pecunia effici posse. ● Omnia potest pecunia. ● Si nummus
est tibi, parebunt omnia.
555. Pecunia in arboribus non crescit. ■ Dinheiro não cresce
em árvores.
556. Pecunia ingens generis humani bonum. [Eurípides /
Sêneca, Epistulae Morales 115.14]. O dinheiro é um grande
bem da humanidade.
557. Pecunia nervus belli. [Grynaeus 217]. ■ O dinheiro é o
nervo da guerra. ■ Sem dinheiro de contado não há soldado.
■ Dinheiro faz batalha, que não braço longo. VIDE: ● Nervus
belli pecunia. ● Nervi belli argentum est. ● Nervi bellorum
pecunia. ● Nervos belli pecuniam infinitam. ● Pecuniae
belli civilis sunt nervi.
558. Pecunia non olet. [Suetônio, Vespasianus 23.3].
■ Dinheiro não tem cheiro. VIDE: ● Non olet.
559. Pecunia non satiat avaritiam, sed irritat. [DM 101]. Ao
avarento o dinheiro não sacia, mas irrita. ■ A cobiça não se
farta. ● Pecunia non satiat avarum, sed irritat. VIDE:
● Avarum excitant, non satiant divitiae. ● Avarum irritat,
non satiat pecunia.
560. Pecunia parit pecuniam. Dinheiro produz dinheiro.
■ Dinheiro ganha dinheiro. VIDE: ● Pecunia pecuniam parit.
561. Pecunia pariter amicos et honorem invenit. O dinheiro
proporciona tanto os amigos como a glória. ■ Quem tem
dinheiro tem graça e amigos.
562. Pecunia pecuniae accedit libere. [DAPR 109]. O dinheiro
se aproxima espontaneamente do dinheiro. ■ Vai-se o bem
para o bem, e as abelhas para o mel. ■ Dinheiro chama
dinheiro.
563. Pecunia pecuniam parit. Dinheiro produz dinheiro.
■ Dinheiro ganha dinheiro. VIDE: ● Pecunia parit pecuniam.
564. Pecunia pestifera adulescentibus, viro inscitia.
[Manúcio, Adagia 605]. Aos jovens pernicioso é o dinheiro;
ao adulto, a ignorância.
565. Pecunia praesens, medicamentum est praesentaneum.
[DAPR 785]. O dinheiro à vista é um remédio instantâneo.
■ Dinheiro é remédio.
566. Pecunia quoque merce aestimanda est. [Digesta
46.1.42]. O dinheiro também deve ser considerado
mercadoria.
567. Pecunia regimen est unum rerum omnium. O dinheiro é
o único governante de todas as coisas. ■ O dinheiro governa
o mundo. VIDE: ● Pecunia est regimen omnium rerum.
● Pecunia una regimen est rerum omnium.
568. Pecunia regina mundi. [DAPR 247]. O dinheiro é o rei
do mundo. ■ O dinheiro governa o mundo. ■ Tudo pode o
dinheiro.
569. Pecunia, si uti scias, ancilla est, si nescias,
domina.[Albertano da Brescia, De Amore et Dilectione 3.8].
O dinheiro, se sabes usá-lo, é teu criado, se não sabes, é teu
senhor. ■ O dinheiro será teu senhor, se não for teu escravo.
VIDE: ● Imperat aut servit collecta pecunia cuique.
● Pecunia est ancilla, si scis uti; si nescis, domina est.
570. Pecunia tua tecum sit. [Vulgata, Atos 8.20]. Que o teu
dinheiro fique contigo.
571. Pecunia una regimen est rerum omnium. [Publílio Siro].
O dinheiro é o único governante de todas as coisas. ■ O
dinheiro governa o mundo. VIDE: ● Pecunia regimen est
unum rerum omnium.
572. Pecunia velut altera hominis anima. [Hesíodo /
Aristóteles / Grynaeus 217]. O dinheiro é como uma segunda
vida do homem.
573. Pecuniae belli civilis sunt nervi. [Tácito, Historiae 2.84,
adaptado]. O dinheiro é o nervo da guerra civil. VIDE:
● Nervus belli pecunia. ● Nervi belli argentum est. ● Nervi
bellorum pecunia. ● Nervos belli pecuniam infinitam.
● Pecunia nervus belli.
574. Pecuniae citissime percurrunt. O dinheiro corre com
muita velocidade. ■ O dinheiro é redondo para rodar.
575. Pecuniae citissime pereunt. [DAPR 247]. O dinheiro se
perde rapidamente. ■ Dinheiro assim como veio, assim vai.
576. Pecuniae imperare oportet, non servire. [DM 58].
Convém governar o dinheiro, e não servir a ele. ■ O dinheiro
é bom servidor e mau amo. ● Pecuniae imperare, haud
servire, addecet. ● Pecuniae imperare, non servire
convenit. ● Pecuniae oportet imperes, non servias.
577. Pecuniae oboediunt omnia. [Vulgata, Eclesiastes 10.19].
Todas as coisas obedecem ao dinheiro. ■ Quem dinheiro tiver
fará o que quiser. ■ Por dinheiro baila o perro. ■ Tudo pode
o dinheiro. VIDE: ● Argento oboediunt omnia.
578. Pecuniae pedibus compensantur. [Erasmo, Adagia
4.6.30]. Dinheiro se consegue com os pés. ■ Andando ganha
a azenha, e não estando queda.
579. Pecuniam in domum derivare. Desviar o dinheiro para a
própria casa. ■ Levar água ao seu moinho.
580. Pecuniam in loco neglegere maximum est interdum
lucrum. [Terêncio, Adelphi 216]. Renunciar ao dinheiro na
hora certa às vezes representa grande vantagem.
581. Pecuniam perdidisti: fortasse illa te perderet manens.
[Robert Burton, The Anatomy of Melancholy]. Perdeste o
dinheiro; talvez ele te perdesse, se tivesse ficado contigo.
582. Pecuniam sine peculio fragilem esse. [Digesta 32.79.1].
Dinheiro sem economia não tem força. VIDE: ● Pecunia
fragilis est absque peculio.
583. Pecuniarum translatio a iustis dominis ad alienos non
debet liberalis videri. [Cícero, De Officiis 1.14]. A
transferência do dinheiro dos seus legítimos proprietários
para estranhos não deve ser vista como uma liberalidade.
584. Pecuniosus, etiam nocens, non damnatur. [Grynaeus
220]. O homem endinheirado, mesmo quando culpado, não é
condenado. ■ Ladrão endinheirado nunca morre enforcado.
● Pecuniosus damnari non potest. [Erasmo, Adagia 4.8.29].
O homem endinheirado não pode ser condenado.
● Pecuniosum hominem, quamvis sit nocens, neminem
posse damnari. [Cícero, In Verrem 1.1]. Nenhum homem
rico, por mais culpado que seja, não pode ser condenado.
● Pecuniosus homo nullam pertimescit culpam. O homem
rico não teme nenhuma acusação.
585. Pede secundo. [Virgílio, Eneida 8.302]. Com o pé
favorável. (=Afortunadamente). VIDE: ● Secundo pede. ● Boni
pedis homo.
586. Pede sinistro. Com o pé esquerdo. (=Desafortunadamente.
Com azar). VIDE: ● Sinistro pede.
587. Pedem ad stipulam offendere. [DAPR 39]. Tropeçar
numa palha. ■ Afogar-se em pingo d'água.
588. Pedem alterum in cymba Charontis habet. [Medina
612]. Já tem um pé na barca de Caronte. (=Caronte era o
barqueiro dos infernos). ■ Está com o pé na cova. ■ Tem um
pé no caixão. VIDE: ● Alterum pedem in cymba Charontis
habet. ● Alterum pedem in cumba Charontis habet.
● Alterum pedem in tumulo habet.
589. Pedem ubi ponat non habet. [Cícero, Ad Atticum 13.2.2;
Grynaeus 562]. Não tem onde pôr o pé. ■ Não tem onde cair
morto. ■ Não tem eira nem beira, nem ramo de figueira. VIDE:
● Non habet ubi pedem ponat.
590. Pedes eorum ad malum currunt. [Vulgata, Isaías 59.7].
Os seus pés correm para fazer o mal. ● Pedes enim illorum
ad malum currunt. [Vulgata, Provérbios 1.16].
591. Pedibus ambulo meis. Eu ando com meus próprios pés.
592. Pedibus compensanda est memoria. [DAPR 442]. A
memória deve ser compensada pelos pés. ■ Quem não tem
cabeça tem que ter pés.
593. Pedibus ingredior: natare enim non didici. [Erasmo,
Adagia 2.2.23]. Ando a pé: não aprendi a nadar. ■ Quem não
pode morder arranha. ■ Se não posso como quero, faço
como posso. ● Pedibus ingredior, nam natare non didici.
[Schottus, Adagia 514]. VIDE: ● Ambulo pedibus: nandi
imperitus scilicet. ● Natare non didici, pedibus ambulo.
594. Pedibus perfugium peperit. [Plauto, Cistellaria 160].
Achou salvação nos seus pés. ■ Deu as de Vila Diogo.
■ Pernas, para que te quero!
595. Pedibus timor addit alas. [Pereira 115]. ■ O medo põe
asas nos pés. ■ O medo mete a lebre a caminho. ● Pedibus
timor addidit alas. [Virgílio, Eneida 8.224]. O medo pôs-lhe
asas nos pés.
596. Pedibus trahere. [Erasmo, Adagia 2.1.18]. Arrastar pelos
pés.
597. Pedibus utrisque claudicas. [Dumaine 244]. Tu mancas
dos dois pés.
598. Pegaso testudinem comparas. [Schottus, Adagia 182].
Comparas uma tartaruga com Pégaso. (=Pégaso era, na
mitologia grega, um cavalo alado).
599. Pegaso velocior. [Grynaeus 238]. É mais veloz do que
Pégaso.
600. Peior est bello timor ipse belli. [Sêneca, Thyestes 571].
Pior do que a guerra é o próprio medo da guerra.
601. Peior est malus homo quam bestia. [Aristóteles /
S.Tomás de Aquino, In Psalmum 48]. O homem mau é pior
que o animal selvagem.
602. Peiora iuvenes facile praecepta audiunt. [Sêneca,
Thyestes 308]. Os jovens facilmente dão ouvidos aos piores
conselhos.
603. Peiora querulo cogitat mutus dolor. A dor silenciosa
concebe coisas piores que a dor que reclama. ● Peiora multo
cogitat mutus dolor. [Publílio Siro]. A dor silenciosa
concebe coisas muito piores.
604. Peiora sunt tecta odia quam aperta. [DM 52]. O ódio
oculto é mais perigoso que o declarado. ■ Mais prejudicial é
o amigo fingido do que o inimigo descoberto. VIDE: ● Tecta
odia peiora sunt quam aperta.
605. Peius est nocere quam noceri. [Apuleio, De Dogmate
Platonis 2]. É pior fazer o mal do que sofrê-lo. ■ Antes sofrer
o mal do que praticá-lo.
606. Peius est non habere amicos quam habere inimicos. É
pior não ter amigos do que ter inimigos.
607. Pelle moras; brevis est magni fortuna favoris. [Sílio
Itálico, Punica 4.732]. Não percas tempo; pouco duram os
favores da sorte. ■ A fortuna, afagando, espreita, e a
prosperidade é a mais suspeita.
608. Pelle sub agnina latitat mens saepe lupina. [Binder,
Thesaurus 2526]. Debaixo da pele de cordeiro, muitas vezes
se esconde um coração de lobo. ■ Quem vê cara não vê
coração. ■ Cara de mel, coração de fel. ● Pelle sub agnina
corda lupina latent. [Binder, Thesaurus 2526]. VIDE: ● Sub
ovium pellibus lupos tegunt. ● Sub ovium pellibus lupi.
● Sub vestimentis ovium sunt crimina mentis.
609. Pellem caninam rodere. [Marcial, Epigrammata 5.60.10;
Erasmo, Adagia 2.4.8]. Roer o couro do cachorro. (=Dizer
mal do maldizente). ■ Morder a quem morde. VIDE:
● Caninam pellem rodere.
610. Pendent opera interrupta. [Virgílio, Eneida 4.88]. Os
trabalhos permanecem interrompidos.
611. Pendente lite. [Jur]. Enquanto a ação está em curso. Com
a ação em curso. Durante a ação.
612. Penes Athenienses. Entre os atenienses. VIDE: ● Apud
Athenienses.
613. Penes regem noli velle videri sapiens. [Vulgata,
Eclesiástico 7.5]. Na presença do rei, não queiras mostrar-te
sábio.
614. Penes reges est inferre bellum, penes autem Deum
terminare. [Cardeal Reginald Pole / Stevenson 2449]. É da
alçada dos reis iniciar a guerra, e de Deus dar-lhe fim.
615. Penetralia mentis. [Rezende 4908]. O fundo do coração.
Os segredos do coração.
616. Pennas incidere alicui. Cortar as asas a alguém.
617. Pennas nido maiores extendit. [Erasmo, Adagia 1.6.93].
Estende asas maiores que o ninho. ■ Não cabe na bainha.
■ Dá passo maior que a perna. VIDE: ● Maiores pennas nido.
● Me maiores pennas nido extendisse loqueris. ● Ne
pennas nido maiores extenderis.
618. Pensum solvere. [Erasmo, Adagia 1.3.61; Rezende 4909].
Acabar a tarefa. ● Pensum persolvere. [Manúcio, Adagia
144]. ● Pensum absolvere. ● Pensum meum, quod datum
est, confeci; nunc domum propero. [Plauto, Persa 272].
Completei a tarefa que me foi dada; agora corro para casa.
619. Per accidens. Por acidente. Por acaso.
620. Per acclamationem. Por aclamação.
621. Per actum caritatis. Por ato de amor.
622. Per adoptionem. Por adoção.
623. Per aequa, per iniqua. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
2.32.7]. Usando de meios justos e injustos. ■ Por bem ou por
mal.
624. Per aevum. Para sempre.
625. Per alienam messem transiens, falcem mittere non
debet, sed manu spicas conterere et manducare. [Papa
Gregório 1º / S.Beda, Historia Ecclesiastica Gentis
Anglorum1.27.7]. Quem atravessa a seara alheia não deve
meter nela a foice, mas arrancar as espigas com a mão e
comer.
626. Per alium qui facit, ipse facere videtur. [Jur]. Quem
pratica uma ação por intermédio de outro, considera-se como
quem a pratica pessoalmente.
627. Per alluvionem. [Broom 132]. Por aluvião.
628. Per ambages. Em círculos. Por circunlóquios. ● Per
ambages et moras. Por rodeios e adiamentos. ● Per
ambages et longa exorsa. [Virgílio, Georgica 2.46]. Por
rodeios e longos exórdios.
629. Per amica silentia lunae. [Virgílio, Eneida 6.268]. Pelo
silêncio amigo da lua. VIDE: ● Tacitae per amica silentia
lunae.
630. Per angusta ad augusta. [Rezende 4913]. Por caminhos
estreitos às culminâncias. ■ Não se ganham trutas a bragas
enxutas. VIDE: ● Ad augusta per angusta.
631. Per annum. [Black 1347]. Durante o ano. Por ano.
632. Per aquam scribis. Escreves na água. (=Prometes o que
não cumprirás). VIDE: ● In aqua scribis. ● In arena scribis.
● In cinere scribis. ● In vino scribis. ● Scribis in aqua.
633. Per ardua ad astra. [Divisa da Real Força Aérea
britânica]. Chega-se aos astros através de dificuldades.
■ Com perseverança tudo se alcança. ■ Nenhum caminho de
rosas conduz à glória. VIDE: ● Ad astra per aspera. ● Ad
astra per ardua. ● Ad summa per ardua. ● Per aspera ad
astra. ● Sic itur ad astra.
634. Per ardua in fide servite Deo. [Divisa]. Através de
dificuldades, serve a Deus na fé.
635. Per ardua surgo. [Divisa do Estado da Bahia]. Elevo-me
entre sacrifícios.
636. Per ardua surrexi. [Divisa de Tatuí, SP]. Ergui-me entre
dificuldades.
637. Per aspera ad astra. [Pontanus / Stevenson 2208]. Chega-
se aos astros através de dificuldades. ■ Com perseverança
tudo se alcança. ■ Nenhum caminho de rosas conduz à
glória. VIDE: ● Per ardua ad astra. ● Per angusta ad
augusta.
638. Per aspera pro Brasilia. [Divisa de Taubaté, SP]. Pelo
Brasil através de dificuldades.
639. Per assensum partium. [Jur / Broom 112]. Pelo
assentimento das partes.
640. Per capita. [Jur / Black 1348]. Pelas cabeças. (=De acordo
com o número de indivíduos. Para cada indivíduo. Por
indivíduo). ● Per caput.
641. Per centum. [Jur / Black 1348]. Por cada cento.
642. Per contra. Em direção contrária. Ao contrário. Por outro
lado.
643. Per crucem ad lucem. [Divisa]. Pela cruz à luz.
644. Per crucem per coronam. Pela cruz, pela coroa.
645. Per diem. Por dia.
646. Per directum. Diretamente. Por via reta.
647. Per dolum. Por dolo. Por meio de dolo.
648. Per enses et ignem irrumpere oportet. [Schottus, Adagia
59]. É preciso avançar através de ferro e fogo. ● Per enses
atque flammam eundum tibi erit. [Apostólio, Paroimiai
7.1]. Tu terás de avançar através de ferro e fogo. VIDE:
● Perque ignem, perque enses oportet irrumpere.
649. Per epistulam. Por carta. VIDE: ● Per litteras.
650. Per extensum. [Jur / Black 1348]. Por extenso.
Exaustivamente.
651. Per extentum funem ire. [Horácio, Epistulae 2.210].
Caminhar pela corda estendida. ■ Andar na corda bamba.
652. Per faciliora ad difficiliora oportet devenire. [S.Tomás
de Aquino, De Modo Studendi]. É preciso chegar às coisas
mais difíceis através das mais fáceis.
653. Per fas et per nefas. Por bem ou por mal. Por todos os
meios, lícitos ou não. ■ A torto e a direito. ● Per fas et nefas.
VIDE: ● Per omne fas et nefas.
654. Per fraudem. [Jur / Black 1348]. Por fraude.
655. Per gradus. Por graus. Por passos. VIDE: ● Gradatim
● Gradatim, paulatim, pedetentim.
656. Per idem tempus. Na mesma época.
657. Per ignem incedis. [Aristófanes / Erasmo, Adagia
3.10.94]. Marchas sobre brasas. (=Estás-te metendo em
negócio perigoso). ● Per ignes incedis.
658. Per ima cucurrit ossa tremor. [Virgílio, Eneida 12.447].
Correu um tremor por dentro dos ossos.
659. Per imprudentiam. Por imprudência.
660. Per incuriam. [Jur / Black 1348]. Por negligência.
661. Per infamiam et bonam famam. [Vulgata, 2Coríntios
6.8]. Por infâmia e por boa fama.
662. Per infortunium. Por acidente.
663. Per intemperantiam et ignorantiam, hominum natura
est valde corrupta et morbida. [Pe.Francisco de Vitoria].
Por intemperança e ignorância, a natureza dos homens está
muito corrompida e enferma.
664. Per interim. Enquanto isso.
665. Per infortunium. [Jur / Black 1348]. Por infortúnio. Sem
intenção.
666. Per interpositam personam. [Codex Iustiniani 1.53.1.3].
Por interposta pessoa. VIDE: ● Per suppositam personam.
667. Per iocum. Por brincadeira. Por gracejo. VIDE: ● Per
ludum.
668. Per Iovem. Por Júpiter.
669. Per laborem progredimur. [Divisa]. Progredimos pelo
trabalho.
670. Per labores itur ad praemia. É com esforço que se chega
aos prêmios.
671. Per labores virtus incedit. Entre dificuldades avança a
coragem.
672. Per legem terrae. [Jur / Black 1348]. Pela lei do país.
673. Per litteras. Por carta. VIDE: ● Per epistulam.
674. Per longas ambages frustra vagari. Vagar em longos
círculos sem chegar ao destino.
675. Per ludum. Por brincadeira. Por gracejo. VIDE: ● Per
iocum.
676. Per ludibrium. Por zombaria.
677. Per manus. Pelas mãos. (=Por meios violentos).
678. Per mare, per Ecclesiam. [Divisa]. Pelo mar, pela Igreja.
679. Per mare, per terras. [Ovídio, Tristia 2.1.53]. Por mar e
por terra. ● Per mare, per terram. [Divisa]. Pelo mar, pela
terra.
680. Per mare quaeris aquam. Procuras água à beira-mar.
■ Procuras o cavalo e estás montado nele. VIDE: ● In mari
aquam quaeris. ● Medio flumine quaeris aquam. ● Nunc
tu insanus medio flumine quaeris aquam.
681. Per me sint omnia protinus alba. [Pérsio, Saturae 1.110].
Por mim que tudo seja sempre branco. (=O branco, entre os
romanos, era a cor do bom agouro). ■ Por mim não se
desmanche a festa.
682. Per mensem. Por mês. Mensalmente.
683. Per minas. [Jur / Black 1348]. Por meio de ameaças.
684. Per misericordiam Dei. [Vulgata, Romanos 12.1]. Pela
misericórdia divina.
685. Per multum “cras, cras”, omnis consumitur aetas.
[Binder, Thesaurus 2534]. Com muito amanhã, amanhã,
perde-se o tempo todo. ■ Não deixes para amanhã o que
podes fazer hoje. ● Per multum “cras, cras”, crebro
dilabitur aetas. Com muito amanhã, amanhã,
freqüentemente se perde a ocasião.
686. Per multum risum stultus cognoscitur. [Pereira 115].
Conhece-se o tolo pelo muito riso. ■ Onde há muito riso, há
pouco siso. ■ Muito riso, pouco siso. ● Per multum risum
poteris cognoscere stultum. Poderás conhecer o tolo pelo
muito riso. VIDE: ● Fatuus in risu exaltat vocem suam. ● In
risu agnoscitur fatuus. ● Per risum multum possis
cognoscere stultum. ● Per risum multum poteris
cognoscere stultum.
687. Per noctem. Durante a noite.
688. Per nosmet ipsos agendum quod recte curari volumus.
[DAPR 608]. Deve ser feito por nós mesmos o que queremos
que seja bem feito. ■ Quem quer vai, quem não quer manda.
■ Se queres ser bem servido, serve-te a ti mesmo.
689. Per obitum. [Jur]. Por morte. Em conseqüência do
falecimento.
690. Per obliquum. Por caminho indireto. Por via indireta.
691. Per omne fas et nefas. [DAPR 772]. Por todos os meios
lícitos e ilícitos. ■ Por bem ou por mal. VIDE: ● Per fas et per
nefas. ● Per fas et nefas.
692. Per omnia iustitiam aequitatemque honoremus. [Jur].
Em tudo honremos a justiça e a eqüidade.
693. Per omnia saecula benedictus. Para sempre abençoado.
694. Per omnia saecula saeculorum. [Da liturgia católica].
Para sempre. Eternamente. Até o fim dos tempos. ● Per
omne saeculum. VIDE: ● Ad aeternum. ● Ad saeculum. ● Ad
saecula saeculorum. ● In aeternum. ● In aevum. ● In
saecula saeculorum. ● In saecula. ● In saeculum saeculi.
● In saeculum.
695. Per paucorum vitium paulatim universi a maledicis
linguis sine discrimine lacerentur. Pelo erro de poucos,
logo todos sem distinção serão arranhados pelas línguas
maledicentes.
696. Per pedes apostolorum. Pelos pés dos apóstolos.
697. Per plures. Pela maioria.
698. Per procurationem. [Jur]. Por procuração.
699. Per publicam viam ne ambules. [Manúcio, Adagia 21;
Rezende 4957]. Não andes na estrada pública. (=Não
acompanhes a opinião do vulgo). ■ A multidão tem muitas
cabeças, mas não tem cérebro. VIDE: ● Multitudo non est
sequenda.
700. Per quae peccat quis, per haec et torquetur. [Vulgata,
Sabedoria 11.17]. Por onde alguém erra, por aí é
atormentado. ■ Onde as fizeres, aí as pagarás. ● Per quod
quis peccat, per idem punitur et ipse. [Binder, Thesaurus
2539].
701. Per quae sis tutus, illa semper cogites. [Publílio Siro].
Pensa sempre no que deve garantir tua segurança.
702. Per quem sis clarus, illi quod sis imputes. [Publílio
Siro]. Atribui o que és àquele que te tornou conhecido.
703. Per recte et retro. Para a frente e para trás.
704. Per risum multum debes cognoscere stultum. [Binder,
Thesaurus 2540]. Pelo muito riso deves reconhecer o tolo.
■ Muito riso, pouco siso. ● Per risum multum poteris
cognoscere stultum. [Trench, Proverbs]. Pode-se conhecer o
tolo pelo riso excessivo. ● Per risum multum possis
cognoscere stultum. [Stevenson 849]. ● Per risum multum
cognoscimus stultum. VIDE: ● Fatuus in risu exaltat vocem
suam. ● In risu agnoscitur fatuus. ● Per multum risum
stultus cognoscitur.
705. Per saltum. Por um salto. (=Promoção per saltum.
Promoção que não segue as normas prescritas).
706. Per scelera semper sceleribus tutum est iter. [Sêneca,
Agamemnon 115]. O caminho seguro para o crime é sempre
através do crime.
707. Per scientiam ad salutem aegroti. [Divisa]. Através da
ciência para a cura do doente.
708. Per se. [Jur / Black 1349]. Por si. Por si mesmo. Desligado
de outras questões. ● Per se aut per alium. Por si mesmo ou
por outro.
709. Per se ius est exspetendum et colendum. [Cícero, De
Legibus 1.18]. O direito deve ser desejado e estimado por si
mesmo.
710. Per se quisque. Cada um por si.
711. Per signum crucis. Pelo sinal da cruz.
712. Per somnum vinumque dies noctibus aequarent. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 31.41]. Dormindo e bebendo vinho
igualam os dias às noites.
713. Per sortem. Por sorteio.
714. Per summa capita. [Rezende 4966]. Pelo alto das
cabeças. (=Superficialmente. Sem entrar em detalhes) ■ Pela
rama.
715. Per suppositam personam. [Codex Iustiniani 4.35.23.1].
Por interposta pessoa. VIDE: ● Per interpositam personam.
716. Per supremi regis regnum iuro. [Plauto, Amphitruo
830]. Juro pelo trono do rei supremo.
717. Per tempus. No momento propício. Na hora certa. VIDE:
● In tempore. ● In tempore opportuno. ● Tempore.
718. Per totam vitam. Por toda a vida.
719. Per universum terrarum orbem. Por toda a terra. Pelo
mundo todo. ● De um polo a outro.
720. Per varios casus, per tot discrimina rerum tendimus.
[Virgílio, Eneida 1.204]. Caminhamos por vários perigos,
por tanta variedade de acontecimentos.
721. Per varios usus artem experientia fecit, exemplo
monstrante viam. [Manílio, Astronomica 1.59]. É por
diferentes práticas que a experiência tem produzido o saber,
pelo exemplo mostrando o caminho.
722. Per veritatem vis. [Divisa]. O poder pela verdade.
723. Per vias rectas. [Vulgata, Sabedoria 10.10]. Por caminhos
direitos.
724. Per vim. À força. Pela força.
725. Per vim aut per insidias. À força ou por meio de insídias.
726. Per vim facta non sunt rata. [Binder, Thesaurus 2542].
Coisas obtidas pela força não têm valor.
727. Per vim legis. Por força da lei.
728. Per vim metumque gesta ne sint rata. [Sêneca Retórico,
Controversiae 9.3]. Não sejam reconhecidos os atos obtidos
pela força e pelo medo.
729. Per vivam vocem. [Jur / Black 1349]. A viva voz. VIDE:
● Viva voce.
730. Per voluntatem Dei. [Vulgata, Romanos 15.32]. Pela
vontade de Deus.
731. Per voluntatem imperatoris. Pela vontade do chefe.
732. Per voluptatem facilius vitia subrepunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 6.2]. Os vícios se introduzem mais
facilmente através do prazer.
733. Pera inopis nunquam completur. [Schottus, Adagia
603]. A sacola do mendigo não fica cheia. ■ Fardel de
pedinte nunca é cheio. VIDE: ● Loculi mendicorum semper
inanes. ● Mendici loculi semper inanes. ● Mendici pera
non expletur. ● Mendici pera non impletur. ● Mendici
pera non repletur. ● Mendicorum loculi semper inanes.
734. Peractis peragendis. [Rezende 4910]. Feitas as coisas que
devem ser feitas.
735. Peractum est. Está concluído. ■ Acabou-se! VIDE: ● Actum
est.
736. Perage dum fervet manus. [Sêneca, Hercules Oetaeus
434]. Age enquanto tua mão está quente. ■ Bate-se o ferro
enquanto está quente.
737. Peragit tranquilla potestas, quod violenta nequit.
[Claudiano, Panegyricus Manlio Theodoro 217]. O poder
moderado realiza o que o violento não consegue. ■ Moscas
apanham-se com mel.
738. Peras imposuit Iuppiter nobis duas: propriis repletam
vitiis post tergum dedit, alienis ante pectus suspendit
gravem. [Fedro, Fabulae 4.10.1]. Júpiter nos impôs duas
mochilas: uma, cheia com nossos próprios vícios, colocou às
nossas costas, outra, cheia dos vícios alheios, colocou no
nosso peito.
739. Percontatorem fugito, nam garrulus idem est. [Horácio,
Epistulae 1.18.69]. Foge do perguntador, porque ele é
também um indiscreto. ■ Quem tudo quer saber mexerico
quer fazer. ● Percontatorem fugito, quia garrulus est.
[Grynaeus 39]. VIDE: ● Curiosus nemo est, quin sit
malevolus.
740. Percutiam pastorem, et dispergentur oves gregis.
[Vulgata, Mateus 26.31]. Ferirei o pastor, e as ovelhas do
rebanho se dispersarão. ● Percute pastorem, et
dispergentur oves. [Vulgata, Zacarias 13.7]. Fere o pastor, e
se dispersarão as ovelhas.
741. Percutitur saepe canis, ut timeat leo fortis. Muitas vezes
se bate no cão, para que o valente leão tenha medo. ■ A ti o
digo eu filha, entende-me tu, nova. ● Percutitur catulus, ut
sentiat leo. ● Percutitur catulus, ut leo timeat.
742. Perde semel socium ingratum cum noveris esse; saepe
dato, cum te scieris bene ponere dona. [Dionísio Catão,
Disticha, Appendix 3]. Livra-te imediatamente do
companheiro que vires ser ingrato; dá com freqüência, se
souberes que tuas dádivas são bem aplicadas.
743. Perdendi finem nemo, nisi egestas facit. [Publílio Siro].
Só a indigência dá fim ao perder.
744. Perdere magis vellem quam accepisse turpiter. [Publílio
Siro]. Eu preferiria perder a ganhar com desonra. VIDE:
● Perdidisse honeste mallem, quam accepisse turpiter.
● Perdidisse ad assem mallem quam accepisse turpiter.
745. Perdere quos vult Deus dementat. Deus tira o juízo a
quem quer perder. VIDE: ● Iuppiter quos vult perdere,
dementat prius. ● Quem Iuppiter vult perdere, dementat
prius. ● Quos deus perdere vult, dementat prius. ● Quos
vult Iuppiter perdere dementat. ● Quos vult perdere
Iuppiter, dementat prius. ● Stultum facit Fortuna, quem
vult perdere.
746. Perdere tempus. Perder o tempo. Gastar o tempo com
coisas inúteis. VIDE: ● Amittere tempus.
747. Perdere verba leve est. [Ovídio, Heroides 7.8; Pereira
116]. Perder palavras pouco custa. ■ Palavras não custam
dinheiro. ■ Assaz escasso é quem das palavras tem dó. VIDE:
● Plus ubi perdideris, perdere verba leve est.
748. Perdes maiora, minora nisi servaveris. [Publílio Siro].
Se não guardares as coisas menores, perderás as maiores.
■ Quem não poupa palha como ouro não tem ouro como
palha.
749. Perdidi diem. Perdi o dia. VIDE: ● Diem perdidi!
750. Perdidi meam vitam operose nihil agendo. Gastei minha
vida fazendo, com dedicação, coisas inúteis. VIDE: ● Vitam
perdidi operose nihil agendo.
751. Perdidi operam. Perdi meu esforço.
752. Perdidisse honeste mallem, quam accepisse turpiter. Eu
preferiria ter perdido honestamente a ter ganho com desonra.
● Perdidisse ad assem mallem quam accepisse turpiter.
[Publílio Siro]. Eu preferiria ter perdido até o último centavo
a ter ganho com desonra. VIDE: ● Perdere magis vellem
quam accepisse turpiter.
753. Perdidisti vinum, infusa aqua. [Homero / Erasmo,
Adagia 2.2.96]. Estragaste o vinho adicionando água. (=Diz-
se de uma boa iniciativa prejudicada por um ato mau). VIDE:
● Aqua pernicies vini. ● Corrupisti vinum infusa aqua.
● Vini liquorem perdidisti infusa aqua.
754. Perdifficile est verba facere ad ventrem auribus
carentem. [Plutarco, Cato / Bernardes, Nova Floresta 3.269].
É muito difícil enganar o estômago, já que ele não tem
ouvidos. ■ Estômago vazio não tem ouvidos.
755. Perdimus anguillam dum manibus stringimus illam.
[Tosi 236]. Perdemos a enguia, se a apanhamos com as
mãos. ■ Quem segura a enguia pelo rabo e a mulher pela
palavra, pode dizer que nada segura.
756. Perdis maiora, si spernis dona minora. Se desprezas as
dádivas pequenas, perdes as grandes.
757. Perdis, non donas, nisi sit, cui donas, memor. Tu perdes,
não fazes doação, a não ser que aquele a quem dás se
recorda. VIDE: ● Perdit, non donat, qui dat, nisi sit
memoria. ● Perdit, non donat, cui donat nisi est memor.
758. Perdis operam. Trabalhas em vão. ■ Malhas em ferro frio.
● Perdidi operam et sumptum. Perdi o trabalho e o
dinheiro. VIDE: ● Oleum et operam perdidi. ● Oleum
perdidi. ● Opera et impensa periit. ● Operam et oleum
perdidit. ● Periit oleum et opera.
759. Perdit maiora qui spernit dona minora. [Sweet 121].
Quem despreza os presentes menores perde os maiores.
■ Quem despreza o pouco não ama o muito.
760. Perdit, non donat, qui dat, nisi sit memoria. [Publílio
Siro]. Quem dá perde, não faz doação, se não houver
reconhecimento. ● Perdit, non donat, cui donat nisi est
memor. Quem dá perde, não faz doação, a não que aquele a
quem dá se recorda. VIDE: ● Perdis, non donas, nisi sit, cui
donas, memor.
761. Perdit, non quaerit, rex sine consilio. [Rezende 4921]. O
rei, sem conselho, não ganha, perde. ■ Quem não quer
conselho perde o seu e não ganha o alheio.
762. Perditionis via. O caminho da perdição. VIDE: ● Lassati
sumus in via iniquitatis et perditionis.
763. Perditis rebus omnibus tamen ipsa virtus se sustentare
posse videatur. [Cícero, Ad Familiares 6.1.4]. No meio da
ruína total, só a virtude parece capaz de se sustentar.
764. Perditum non redit tempus. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.25.43]. O tempo perdido não volta.
■ Tempo perdido não se recupera. ■ O tempo que vai não
volta. VIDE: ● Tempus fugit. ● Tempus fugit, nec revertitur.
765. Perditur exiguo quaesitum tempore longo. [Binder,
Medulla 1349]. Perde-se num momento o que se levou muito
tempo para conseguir. VIDE: ● Res quaesita mora, parva
consumitur hora.
766. Perditus est, mala qui sequitur vestigia pravi. [Pereira
117]. Perdido é quem segue as más pegadas do desonesto.
■ Perdido é quem trás perdido anda. ■ Do perdido perca-se o
sentido.
767. Pereant amici, dum inimici una intercedant. [Ênio /
Cícero, Pro Rege Deiotaro 9.25]. Morram os amigos, desde
que os inimigos morram junto com eles. ● Pereant amici,
inimici dum intereant simul. VIDE: ● Cadant amici,
dummodo inimici intercidant. ● Pereat cum hosti amicus
ipsemet.
768. Pereant qui ante nos nostra dixerunt. [Donato /
S.Jerônimo, In Ecclesiasten Commentarius 1]. Pereçam os
que antes de nós expressaram nossas idéias.
769. Pereant qui inter nos dissidium quaerunt. [Rezende
4926]. Malditos sejam os que procuram lançar discórdia
entre nós. ■ Leve a fortuna tantas agulhas ferrugentas.
770. Pereat cum hosti amicus ipsemet. [Schottus, Adagia
643]. Que morra o próprio amigo, (desde que morra) com o
inimigo. VIDE: ● Cadant amici, dummodo inimici
intercidant. ● Pereant amici, dum inimici una intercedant.
● Pereant amici, inimici dum intereant simul.
771. Pereat qui crastina curat! Mors aurem vellens vivite
ait, venio. [Virgílio, Copa 37]. Maldito seja quem se
preocupa com o amanhã! A morte, puxando nossa orelha,
diz: vivei, que eu já venho!
772. Pereat, si quis lentus amare potest. [Propércio, Elegiae
1.6.12]. Morra o amante que pode ficar insensível.
773. Peregrinatio est tacere. [Bernardes, Luz e Calor
1.219.22]. Calar-se é ausentar-se.
774. Peregrinatio vita est. A vida é uma peregrinação.
775. Peregrini officium est nihil praeter suum negotium
agere. [Cícero, De Officiis 1.34]. É dever do estrangeiro não
fazer nada fora do que lhe diz respeito.
776. Perendinum ventum praedicere. [Erasmo, Adagia
3.6.52]. Predizer o vento de depois de amanhã. (=Fazer
conjecturas sobre o que vai acontecer. Dizia-se
principalmente de marinheiros e negociantes).
777. Perenne coniugium animus, non corpus, facit. [Publílio
Siro]. Uma união permanente é o coração que faz, não o
corpo.
778. Pereundi scire tempus, assidue est mori. [Publílio Siro].
Conhecer o tempo de partir é morrer continuadamente.
779. Pereunt et imputantur. [Inscrição em relógio de sol /
Marcial, Epigrammata 5.20.13]. (As horas) passam e nos são
debitadas.
780. Perfacile ego ictus perpetior argenteos. [Plauto,
Mostellaria 614]. Eu tolero com facilidade pancadas dadas
com barras de prata.
781. Perfecta beatitudo ab homine haberi non potest.
Felicidade completa não pode ser conseguida pelo homem.
782. Perfecta beatitudo in hac vita obtineri nequit. Nesta
vida não se pode conseguir a felicidade completa.
■ Felicidade completa não há. VIDE: ● Felix per omnia nullus
est mortalium.
783. Perfecta emptione periculum ad emptorem respiciet.
[Paulo, Digesta 18.6.8]. Completada a compra, o risco
passará ao comprador.
784. Perfecta victoria est de semetipso triumphare. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 4.53.12]. Vitória perfeita é
triunfar de si mesmo. ■ Quem se vence, vence o mundo. VIDE:
● Vincere cor proprium plus est quam vincere mundum.
785. Perfectum odium et perfectus amor inania frequenter
dicere persuadent. [Boncompagno, Breviloquium 7.2].
Tanto o ódio exagerado como o amor exagerado muitas
vezes nos levam a dizer coisas sem sentido.
786. Perfectus miles pensat saepissime vires. [Eiselein 570].
O soldado perfeito avalia com freqüência suas forças.
787. Perfer, obdura! Agüenta, sê firme! ■ Agüenta firme!
● Perfer et obdura! dolor hic tibi proderit olim. [Ovídio,
Amores 3.11.7]. Suporta e sê firme! Esta dor algum dia se
tornará um bem para ti. VIDE: ● Obstinata mente perfer,
obdura. ● Persta et obdura.
788. Perfer et obdura! multo graviora tulisti. [Ovídio, Tristia
5.11.7]. Suporta e sê firme! Já sofreste golpes muito mais
violentos.
789. Perfer et obdura simulareque gaudia cura. [Tosi 1665].
Agüenta e resiste, e trata de fingir alegria.
790. Perfer hanc molem mali. [Sêneca, Hercules Furens
1238]. Suporta todo o peso de tua desgraça.
791. Perfer perpetienda; parit patientia palmam. [Binder,
Thesaurus 2549]. Suporta o que deve ser suportado; a
paciência traz a vitória.
792. Perfice iter pedibus, sonipes dum fessus anhelat.
[Binder, Thesaurus 2550]. Completa teu caminho a pé,
enquanto o cavalo cansado ofega. ■ Quem não pode andar a
cavalo, anda a pé.
793. Perfida, sed, quamvis perfida, cara tamen! [Tibulo,
Elegiae 3.6.57]. Pérfida, mas, apesar de pérfida, ainda assim
me é cara!
794. Perfidiosus est Amor. [Plauto, Cistellaria 69]. O deus
Amor é traiçoeiro.
795. Perflant altissima venti. [Ovídio, Remedium Amoris
369]. Os ventos varrem os cumes. ■ O raio não cai em pau
deitado.
796. Perfugere ad inferiorem, seipsum est tradere. [Publílio
Siro]. Procurar asilo junto a um mais fraco é entregar a si
mesmo.
797. Perfugium videtur omnium laborum et sollicitudinum
esse somnus. [Cícero, De Divinatione 2.150]. O sono é
considerado o refúgio de todos os sofrimentos e
preocupações.
798. Perge audacter. Prossegue corajosamente.
799. Perge: decet. Forsan miseros meliora sequuntur.
[Virgílio, Eneida 12.153]. Persevera, pois convém. Talvez
acontecimentos mais felizes virão para os que estão sofrendo.
800. Perge non dubio gradu. [Sêneca, Thyestes 489]. Avança
com passo firme.
801. Perge qua coepisti, ut quam maturrime merita
invenias. [Salústio, Oratio L. Philippi 6]. Continua como
começaste para que logo recebas a recompensa merecida.
802. Perge quae iusta sunt curare. [Grynaeus 343]. Continua
a cuidar do que é justo.
803. Perge quo coepisti. [Cícero, In Catilinam 1.10]. Continua
para onde começaste (a ir).
804. Perge quo cupis, et ero tecum ubicumque volueris.
[Vulgata, 1Reis 14.7]. Vai aonde desejas, e eu te seguirei em
toda a parte onde quiseres.
805. Perge quo inclinat animus. [Sêneca, Retórico 2.3]. Segue
para onde tende o teu espírito.
806. Perge, sed caute. [Divisa]. Avança, mas com cautela.
807. Perge; sequar. [Virgílio, Eneida 4.114]. Avança, que eu te
seguirei.
808. Peribo si non fecero; si faxo, vapulabo. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 3.3.8]. Se eu não fizer, vou-me dar mal; se
faço, levarei uma surra. ■ Estou entre a cruz e a caldeirinha.
809. Pericula quas maxime nautae dicuntur formidare sunt
tempestas, scopuli latentes, malacia seu segnities maris, et
piratarum praesentia. Os perigos que se dizem mais
assustar o marinheiro são a tempestade, os escolhos
escondidos, a calmaria, e a presença de piratas.
810. Pericula qui audet ante vincit quam accipit. [Publílio
Siro]. O homem audacioso vence os perigos antes de os
receber. ● Pericula qui audet ante vincit quam aspicit. O
homem audacioso vence os perigos antes de os perceber.
811. Pericula timidus, etiam quae non sunt, videt. [Publílio
Siro]. O medroso vê até perigos que não existem. ■ Quem a
porcos há medo, as moitas lhe roncam.
812. Pericula veritati saepe contigua. [Amiano Marcelino,
Historia 26.1.1]. Os perigos muitas vezes são vizinhos da
verdade. ■ A verdade provoca ódio.
813. Periculo suo. Por própria conta e risco. ● Periculo tuo. Por
tua conta e risco. ● Periculo meo. Por minha conta e risco.
814. Periculosa esse nimia et festinatio et voluptas solet.
[Celso, De Medicina 3.4.2]. Costumam ser perigosos tanto a
pressa excessiva como o prazer excessivo.
815. Periculosa est praepropera prudentia. [Sófocles /
Grynaeus 243]. É perigosa a decisão precipitada. ■ Quem
cedo se determina, cedo se arrepende. ■ Pressa só é útil para
apanhar moscas. VIDE: ● Festinationis error comes et
paenitentia. ● Praepropera consilia raro sunt prospera.
● Prudentia praepropera periculosa est. ● Velox consilium
sequitur paenitentia.
816. Periculosa etiam probis peiorum imitatio. Mesmo para
os bons, há perigo na imitação dos maus. ● Periculosa etiam
probis peiorum detorsit imitatio. [Sêneca, Ad Helviam
16.3]. A perigosa imitação dos maus corrompeu até os
honestos.
817. Periculosior casus ab alto. [Stevenson 749]. Do alto a
queda é mais perigosa. ■ Quanto mais alto o coqueiro, maior
é o tombo. ■ Quanto mais alta a berlinda, maior é o
trambolhão. VIDE: ● Quanto altior est ascensus, tanto
durior descensus. ● Quanto altior gradus, tanto
profundior casus. ● Quanto gradus altior, tanto casus
gravior. ● Quo altior gradus, tanto profundior casus.
818. Periculosissima fere sunt quae latent, neque se
ostendunt. [Grynaeus 213]. São mais perigosas as coisas que
se escondem e não se mostram. ■ Mais prejudicial é o amigo
fingido que o inimigo descoberto.
819. Periculosius esse deprehendi quam audere. [Tácito,
Agrícola 15]. É mais perigoso ser surpreendido que arriscar.
VIDE: ● Perniciosior quies quam temeritas.
820. Periculosius est timeri quam despici. [Sêneca, De Ira
2.11.1]. É mais perigoso ser temido que ser desprezado.
821. Periculosum esse alienis intervenire secretis. [Petrônio,
Satiricon 20.3]. É perigoso intrometer-se nos segredos
alheios. ■ Quem muito apura não tem vida segura. ■ Quem
muito murmura a muito se aventura.
822. Periculosum est canem intestina gustasse. [Teócrito /
Erasmo 2.4.22]. É perigoso deixar que o cão prove intestinos.
■ Quem uma vez furta, fiel nunca. VIDE: ● Canis a corio
nunquam absterrebitur uncto. ● Intestina canem semel
adgustasse periculum est.
823. Periculosum est credere et non credere. [Fedro, Fabulae
3.10.1]. É tão perigoso crer (em tudo) como não crer (em
nada). VIDE: ● Credere nil vitium est, vitium est quoque
credere cuncta. ● Nulli fidere, inhumanum est, omnibus
fidere, stultum. ● Omnibus credere et nulli in vitium
utrumque. ● Utrumque enim vitium est, et omnibus
credere et nulli. ● Utrumque vitium est nulli credere et
omnibus. ● Vitium est et omnibus credere et nulli.
824. Periculum creditoris est. [Jur]. O risco é do credor.
825. Periculum est emptoris. [Jur]. O risco é do comprador.
826. Periculum ex aliis facito tibi quod ex usu sit. [Terêncio,
Heauton Timorumenos 221]. Do risco dos outros tira o que
pode ser de utilidade para ti. ■ Mal alheio dá conselho.
■ Ditoso é quem experimenta em cabeça alheia. ■ É bem-
aventurado quem com o perigo alheio se faz precatado. VIDE:
● Felix est quem faciunt aliorum cornua cautum.
827. Periculum in anima vili. Uma experiência numa alma
sem valor. (=Uma experiência médica feita feita num ser na
época considerado inferior, como um animal ou um
mendigo). VIDE: ● Experientia in anima vili. ● Experientia
in corpore vili. ● Experimentum in anima vili.
828. Periculum in mora. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
38.25.17]. Há perigo na demora. ■ Na tardança está o perigo.
VIDE: ● Dilatio damnum habet, mora pericula. ● Plus in
mora periculi.
829. Periit oleum et opera. [Erasmo, Colloquia 5]. Perdeu-se o
óleo da lâmpada e o trabalho. ■ Perdi o tempo e o feitio. VIDE:
● Oleum et operam perdidi. ● Oleum perdidi. ● Opera et
impensa periit. ● Operam et oleum perdidit. ● Perdis
operam. ● Perdidi operam et sumptum.
830. Perinde ac cadaver. [S.Inácio de Loiola / Rezende 4937].
Como se fosse um cadáver.
831. Perire artem putamus nisi appareat, cum desinat ars
esse, si apparet. [Quintiliano, Institutio Oratoria 4.2.127].
Julgamos que não há arte, se ela não é percebida, mas
achamos que falta arte se ela é visível.
832. Perire solus nolo, te cupio perire mecum. [Plauto,
Epidicus 76]. Não quero morrer sozinho, quero que morras
junto comigo.
833. Perit, perit omnis spes. Está perdida, está perdida toda
esperança.
834. Perit quod facis ingrato. [Bailey, Divers Proverbs 25].
Perde-se o que se faz ao ingrato. ■ Fazer bem a vilão ruim é
lançar água em cesto roto.
835. Perit voluptas, virtus immortalis est. [PSa]. O prazer
acaba, a virtude é imortal.
836. Perite et secundum artem excogitata. [Bacon, Novum
Organum]. Coisas criadas com habilidade e método. VIDE:
● Secundum artem.
837. Peritis in sua arte credendum est. [Rezende 4939].
Deve-se confiar nos que são peritos em seu ofício.
838. Perito in sua arte est standum. O especialista deve
limitar-se à sua especialidade. ■ Não suba o sapateiro além
das chinelas.
839. Peritura regna. [Virgílio, Georgica 2.498]. Impérios que
desaparecerão ● Peritura regna omnia. Todos os impérios
terão seu fim.
840. Periuria ridet amantum Iuppiter. Júpiter ri-se das
mentiras dos namorados. ■ Juramento de quem ama mulher
não é para crer. ● Periuria ridet amantum Iuppiter et
ventos irrita ferre iubet. [Tibulo, Elegiae 3.6.49]. Júpiter ri-
se das mentiras dos namorados e aos ventos ordena que as
destruam. VIDE: ● Amantis iusiurandum poenam non habet.
● Iuppiter ex alto periuria ridet amantum,
841. Periuri sunt qui servatis verbis iuramenti decipiunt
aures eorum qui accipiunt. [Jur / Black 1352]. São
impostores os que, preservando as palavras do juramento,
enganam os ouvidos dos que o recebem.
842. Perlonge tuli Brasiliae fines. [Divisa de Porto Feliz, SP].
Levei muito longe a fronteira do Brasil.
843. Perlucet omne regiae vitium domus. [Sêneca,
Agamemnon 148]. Torna-se público todo vício da casa real.
■ Em pessoa de cetro não há vício secreto. VIDE: ● Nec posse
dari regalibus ullum secretum vitiis.
844. Permissa putantur omnia, quae non sunt prohibita. [Jur
/ Binder, Thesaurus 2558]. Considera-se permitido tudo que
não é proibido. VIDE: ● Permissum censetur quod
prohibitum non reperitur.
845. Permissa venia. Com a devida licença. (=Fórmula de
cortesia com que se começa uma argumentação para
discordar do interlocutor). VIDE: ● Concessa venia. ● Data
venia.
846. Permissu superiorum. Com permissão dos superiores.
847. Permissum censetur quod prohibitum non reperitur.
[Jur / Rezende 4949]. Reputa-se permitido o que se sabe que
não é proibido. VIDE: ● Permissa putantur omnia, quae non
sunt prohibita.● Permittitur quod non prohibetur.
848. Permissum est furari in gravi necessitate. [Inocêncio
11]. Em grave necessidade é permitido furtar.
849. Permitte divis cetera. [Horácio, Carmina 1.9.9]. O resto
entrega aos deuses.
850. Permitte ipsis expendere numinibus quid conveniat
nobis. [Juvenal, Satirae 10.347]. Deixa aos próprios deuses
decidirem o que será melhor para nós.
851. Permittitur quod non prohibetur. [Jur]. Permite-se o que
não se proíbe. VIDE: ● Permissum censetur quod
prohibitum non reperitur.
852. Permultis indigent, qui permulta possident. [Boécio, De
Consolatione Philosophiae 2. Prosa 5.23]. Têm falta de muita
coisa aqueles que possuem muitas coisas. ■ Quanto mais se
tem, mais se quer. VIDE: ● Multis eget, qui multa habeat.
853. Permutare te potes, sed non meliorare. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 4.27.14]. Podes mudar de
terra, mas não melhorar. ■ Quem mudou, nunca melhorou.
■ Asno que a Roma vá asno volta de lá. VIDE: ● Animum
debes mutare, non caelum. ● Caelum, non animum,
mutant, qui trans mare currunt. ● Mutans locum, mores
tamen mutat nihil. ● Vitia nostra regionum mutatione non
fugimus.
854. Permutatio vicina est emptioni. [Digesta 19.4.2]. A troca
é semelhante à compra. ● Permutatio vicem tenet
emptionis. [Rezende 4952]. A permuta faz as vezes da
compra.
855. Pernicies homini quae maxima? Solus homo alter.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Bias]. Qual é o
maior flagelo do homem? Outro homem.
856. Pernicior vento. Mais veloz que o vento.
857. Perniciosior quies quam temeritas. [Tácito, Historiae
1.21]. Mais mal faz a inação que a temeridade. VIDE:
● Periculosius esse deprehendi quam audere.
858. Perpaucae res sunt, in quibus non dolus malus
versetur. [Cícero, De Officiis 3.15]. Muito poucas coisas há
em que não resida a fraude.
859. Perpetua conversatio contemptum parit; raritas autem
admirationem conciliat. [DAPR 538]. A intimidade produz
desprezo; a pouca freqüência atrai a admiração. ■ Muita
conversação é causa de menosprezo. ■ Bom juízo e muita
conversa poucas vezes se juntam. ■ Nenhuma maravilha dura
mais que três dias. VIDE: ● Parit enim conversatio
contemptum, raritas conciliat admirationem.
860. Perpetua lex est nullam legem humanam ac positivam
perpetuam esse, et clausula quae abrogationem excludit
ab initio non valet. [Jur / Black 1353]. É lei perpétua que
nenhuma lei humana é perpétua, e cláusula que (numa lei)
exclua o poder de revogação é totalmente inválida.
861. Perpetuo lignis crescit crescentibus ignis. [Werner]. Se a
lenha aumenta, o fogo aumenta sem parar.
862. Perpetuo vincit, qui utitur clementia. [Publílio Siro].
Vence sempre quem usa de clemência.
863. Perpetuum mobile. O movimento perpétuo.
864. Perpetuum ver est. [Ovídio, Metamorphoses 5.391]. Aqui
a primavera é permanente. VIDE: ● Hic ver assiduum. ● Hic
ver aeternum.
865. Perplexos nos reddidisti. [Grynaeus 56]. Deixaste-nos
embaraçados.
866. Perplexus sponde, solus nam solvere debes. [Pereira
121]. Promete com dúvida, pois deves cumprir a promessa
sozinho. ■ Sempre promete em dúvida, pois no dar ninguém
te ajuda.
867. Perque ignem, perque enses oportet irrumpere.
[Erasmo, Adagia 2.3.55]. É preciso atacar tanto pelo fogo
como pelas armas. VIDE: ● Per enses et ignem irrumpere
oportet. ● Per enses atque flammam eundum tibi erit.
868. Perquirit quisque utilitati frui. [Pereira 98]. Cada qual
procura tirar a sua vantagem. ■ Cada qual procura suas
melhoras. ■ Cada qual puxa a brasa para sua sardinha.
869. Persaepe evenit, ut utilitas cum honestate certet.
[Cícero, De Partitione 89]. Acontece com muita freqüência
que a vantagem dispute com a honestidade.
870. Persarum rege beatior. [Horácio, Carmina 3.9.4]. É mais
rico que o rei dos persas.
871. Persequamur eum, et radicem verbi inveniamus contra
eum. [Vulgata, Jó 19.28]. Persigamo-lo e achemos a raiz das
palavras contra ele.
872. Persequeris frustra quidquid habere nequis. Persegues
em vão o que não podes ter. ■ O que não se pode haver, dá-
se ao diabo pelo amor de Deus.
873. Persevera Deoque confide. [Divisa]. Persevera e confia
em Deus.
874. Persevera per severa. [Stevenson 1780]. Persevera entre
dificuldades.
875. Persevera ut coepisti. [Sêneca, Epistulae Morales 4.1].
Continua como começaste.
876. Perseverantia remuneratur currentem, coronat
pugnantem, ducit ad bravium, conducit ad portum.
[S.Agostinho]. A perseverança premia o corredor, coroa o
lutador, conduz à vitória, leva ao porto.
877. Persica, pira, poma, requirunt vina bona. [Rezende
4961]. Pêssegos, peras e maçãs pedem vinhos bons.
878. Persona alieni iuris. [Jur]. Pessoa de direito alheio.
(=Pessoa juridicamente incapaz). VIDE: ● Alieno iuri
subiectus. ● Non sui iuris. ● Persona non sui iuris.
● Quaedam personae sui iuris sunt, quaedam alieno iuri
subiectae sunt.
879. Persona capax proprietatis. Pessoa habilitada a ser
proprietária.
880. Persona grata. Uma pessoa bem-vinda.
881. Persona ingrata. Uma pessoa indesejável. VIDE: ● Persona
non grata.
882. Persona iuridica. [Jur]. Pessoa jurídica.
883. Persona linguae loci ignara. [Codex Iuris Canonici 1917,
Canon 1641]. Uma pessoa que desconhece a língua local.
884. Persona maior plenum habet suorum iurium
exercitium. [CIC 98.1]. A pessoa maior tem o pleno
exercício de seus direitos.
885. Persona non grata. [Jur / Black 1356]. Uma pessoa
indesejável. VIDE: ● Persona ingrata.
886. Persona non sui iuris. [Jur]. Pessoa de direito alheio.
(=Pessoa juridicamente incapaz). VIDE: ● Alieno iuri
subiectus. ● Non sui iuris. ● Persona alieni iuris.
● Quaedam personae sui iuris sunt, quaedam alieno iuri
subiectae sunt.
887. Persona, non vestis, perpenditur. [Pereira 117]. Avalia-
se a pessoa, não a roupa. ■ Não é o traje que faz o homem.
■ As aparências enganam. ■ Os homens queremos ver, que os
vestidos são de lã.
888. Persona quae duodevigesimum aetatis annum explevit,
maior est; infra hanc aetatem, minor. [CIC 97.1]. A
pessoa que completou vinte e dois anos de idade é maior;
abaixo dessa idade, é menor.
889. Persona sui iuris. [Jur]. Uma pessoa juridicamente capaz.
VIDE: ● Quaedam personae sui iuris sunt, quaedam alieno
iuri subiectae sunt. ● Sui iuris.
890. Personalia personam sequuntur. [Jur / Black 1356]. As
coisas pessoais acompanham a pessoa.
891. Personalitas iuridica. [Jur]. Personalidade jurídica.
892. Personam capiti detrahit illa tuo. [Marcial, Epigrammata
3.43.4]. Ela vai-te desmascarar.
893. Personam fictam ferre diu nemo potest. [Publílio Siro].
Ninguém pode sustentar por muito tempo uma máscara.
894. Personam Herculis et coturnos aptare infantibus.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 6.36]. Colocar em crianças a
máscara e os coturnos de Hércules. ■ Matar mosca com tiro
de canhão.
895. Personam, non faciem gerit. [Grynaeus 316]. Ele mostra
uma máscara, não o rosto. ■ É um descarado! ■ É um cara-
de-pau!
896. Personas dilige; vitia persequere. Ama as pessoas;
combate os vícios. VIDE: ● Homines dilige; vitia persequere.
897. Perspicito tecum tacitus quid quisque loquatur.
[Dionísio Catão, Disticha 4.20]. Reflete em silêncio sobre o
que cada um diz.
898. Perspicua vera non sunt probanda. [Jur / Black 1357].
Verdades evidentes não precisam ser comprovadas.
899. Perspicuitas enim argumentatione elevatur. [Cícero, De
Natura Deorum 3.4]. A clareza de uma causa é diminuída
pela argumentação.
900. Perspicuum est hominem e corpore et animo constare.
[Cícero, De Finibus 5.34]. É evidente que o homem é
composto de corpo e espírito.
901. Persta et obdura. [Horácio, Sermones 2.5.39]. Suporta e
resiste. VIDE: ● Obstinata mente perfer, obdura. ● Perfer et
obdura! dolor hic tibi proderit olim. ● Perfer, obdura.
902. Perstare et praestare. [Divisa da New York University,
EUA]. Sofrer e proteger.
903. Perstrepunt, ita ut fit domini ubi absunt. [Terêncio,
Eunuchus 600]. Fazem barulho, como acontece quando os
donos estão ausentes.
904. Persuasione cape, non vi. [Henderson, Latin Proverbs /
Stevenson 1782]. Conquista pela persuasão, não pela força.
905. Persuasae fallere rima sat est. [Propércio, Elegiae
4.1.146]. Para a mulher que quer enganar, basta um quase
nada.
906. Pertimescenda est fortunae rota. [Pereira 114]. A roda
da fortuna é temível. ■ A roda da fortuna anda e desanda.
■ Ninguém diga: deste pão não comerei. ■ Guarda da volta
do touro. ● Pertimescenda rota fortunae. VIDE: ● Rota
fortunae pertimescenda est.
907. Pertinacia ex superbia oritur. [S.Tomás de Aquino,
Quaestiones Disputatae 62727]. A teimosia nasce da
arrogância.
908. Pertinacia impedimentum omne transcendit. [Sêneca,
De Ira 2.12.5]. A persistência transpõe todo obstáculo. ■ A
perseverança tudo alcança.
909. Pertransierunt quasi naves poma portantes. [Vulgata,
Jó 9.26]. (Meus dias) passaram como navios que levam
frutas.
910. Pertransiit benefaciendo. [Vulgata, Atos 10.38]. Passou
fazendo o bem.
911. Pertusum dolium. [Pereira 107]. É um tonel furado. ■ É
saco roto. VIDE: ● Danaidum dolium. ● Dolium Danaidum.
● Dolium inexplebile. ● Dolium pertusum. ● Inexplebile
dolium.
912. Pertusum quidquid infunditur in dolium, perit. Tudo
que se coloca no tonel furado se perde.
913. Perveniat poena ad paucos, metus ad omnes. Que a
punição atinja a poucos, mas o medo, a todos.
914. Perversa est haec vestra cogitatio. [Vulgata, Isaías
29.16]. Perverso é este vosso pensamento.
915. Perverse dicere homines perverse dicendo facillime
consequi. [Cícero, De Oratore 1.33.150]. Falando mal os
homens aprendem facilmente a falar mal. VIDE: ● Dicendo
homines, ut dicant, efficere solere.
916. Perversi difficile corriguntur. [Vulgata, Eclesiastes
1.15]. Os perversos dificultosamente se corrigem. ■ Pau que
nasce torto tarde ou nunca se endireita.
917. Pes sic tendatur, ne lodix praetereatur. [DAPR 295].
Estenda-se o pé de tal maneira que não ultrapasse o cobertor.
■ Não estendas as pernas além do cobertor.
918. Pessima est avis quae proprium nidum defoedat.
[Bebel, Adagia Germanica]. É muito ruim a ave que suja seu
ninho. ■ Aquela ave é má, que em seu ninho suja. ■ Roupa
suja se lava em casa. VIDE: ● Est avis ingrata, quae defoedat
sua strata. ● Nidos commaculans immundus habebitur
ales. ● Turpis avis proprium qui foedat stercore nidum.
919. Pessima respublica, plurimae leges. [Rezende 4972]. O
pior governo é aquele que tem muitas leis. ■ Muitas leis,
pouca justiça. ■ Poucas leis, bom governo. VIDE:
● Corruptissima re publica plurimae leges.
920. Pessima sit, nulli non sua forma placet. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.614]. Por mais feia que seja, a nenhuma mulher
sua beleza desagrada.
921. Pessimi est debitoris, creditori facere convicium.
[Sêneca, Ad Marciam 10]. É próprio do mau devedor insultar
o credor.
922. Pessimum inimicorum genus laudantes. [Tácito,
Agricola 41]. A pior espécie de inimigos são os aduladores.
■ Teme mais o louvor do que a censura. ■ A adulação
degenera sempre em ingratidão.
923. Pessimus certe gubernator, qui navem, dum portu
egreditur, immergit. [Quintiliano, Institutio Oratoria
4.1.61]. Certamente o pior piloto é o que afunda seu barco ao
sair do porto.
924. Pessimus hominum est eruditus qui non prodest
eruditione sua. [Erpênio / Rezende 4974]. O pior dos
homens é o sábio que não é útil com o seu saber.
925. Pessimus quidem pudor est vel parsimoniae vel
paupertatis. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 34.4]. A pior
espécie de vergonha vem ou da avareza ou da pobreza.
926. Pessimus surdorum is qui audire non vult. O pior surdo
é o que não quer ouvir. ■ Não há pior surdo que o que não
quer ouvir. VIDE: ● Deterior surdus eo nullus qui renuit
audire. ● Nulli sunt peiores surdi quam ii qui audire
nolunt.
927. Pestilente flagellato stultus sapientior erit. [Vulgata,
Provérbios 19.25]. Castigado o corrompido, tornar-se-á mais
sábio o insensato.
928. Pestis eram vivus, moriens ero mors tua, Papa!
[Atribuído a Lutero, moribundo / Auguste Nicolas, Du
Protestantisme, vol. 2, pág. 81]. Vivo, eu era uma peste;
morrendo, serei tua morte, ó Papa!
929. Pete a me quod vis, et dabo tibi. [Vulgata, Marcos 6.22].
Pede-me o que quiseres, que te darei.
930. Petenti dabitur. [DAPR 130]. A quem pede, será dado.
■ Quem não pede, Deus não ouve.
931. Petere est oppetere. [Anônimo / Bernardes, Nova Floresta
4.410]. Pedir é morrer.
932. Petite, et accepietis. [Vulgata, João 16.24]. Pedi e
recebereis.
933. Petite, et dabitur vobis; quaerite, et invenietis; pulsate
et aperietur vobis. [Vulgata, Mateus 7.7; Lucas 11.9]. Pedi e
dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
934. Petitio principii. [Termo de filosofia]. Petição de
princípio. (=Raciocínio vicioso que consiste em apoiar-se
uma demonstração sobre a tese que se pretende demonstrar).
VIDE: ● Idem per idem.
935. Petitio verbalis. [Jur]. Pedido verbal.
936. Petra scandali. [Vulgata, 1Pedro 2.8]. Pedra de escândalo.
937. Petrus in cunctis, nihil in omnibus. [Rezende 4980].
Pedro em todos os assuntos, nada em tudo. ■ Quem presume
saber tudo nada sabe. ■ Aprendiz de muitos ofícios não
chega a mestre em nenhum deles. (= ”Para estes amigos do
peito era o Sr. Benício o Petrus in cunctis, o pau para toda a
obra”. José de Alencar, Sonhos d’Ouro 18). VIDE: ● Aliquis in
omnibus, nullus in singulis. ● Multa novit, sed male novit
omnia. ● Multa sciebat opera, sed male sciebat omnia.
938. Pharmaca das aegroto, aurum tibi porrigit aeger: tu
morbum curas illius, ille tuum. [Rezende 4981]. Dás
remédio ao doente, e o doente te dá dinheiro; tu tratas dos
males dele, ele trata dos teus. ■ Quando o doente diz ai, o
médico diz dai.
939. Pharmaca nascenti sunt adhibenda malo. [Teógnis /
Grynaeus 10]. Os remédios devem ser ministrados quando o
mal surge. ■ Remédio só serve cedo. ■ Ao perigo com tento, e
ao remédio com tempo. ■ Quem não conserta goteira,
conserta a casa inteira. VIDE: ● Incipientibus malis
obstruendae sunt viae. ● Multo quam finem, medicari
initia praestat. ● Praestat principio mederi quam fini.
● Principio magis quam sero medicina paranda est.
● Principio melius quam fini tu medearis. ● Principio
praestat, quam fini adhibere medelam. ● Satius est initiis
mederi quam fini. ● Satius mederi est initiis quam finibus.
940. Pharmacon, rem quidem molestam, necessariam
tamen. [Eurípides, Orestes / Manúcio, Adagia 201]. Esse
remédio é um mal, mas é necessário. VIDE: ● Molesta cum sit
res, necessaria tamen.
941. Pharmacum in tempore datum, saluti est; secus datum,
mortem affert. [Manúcio, Adagia 1041]. O remédio dado na
hora certa salva; na hora errada traz a morte.
942. Philargyria non habet fundum. [Binder, Thesaurus
2567]. O amor ao dinheiro não tem limite.
943. Philosophandum est. [Sêneca, Epistulae Morales 16.5]. É
preciso filosofar.
944. Philosophantem rhetorem intellegunt pauci, loquentem
rusticum multi. [Gregório de Tours, Historia Francorum /
Tosi 47]. Poucos entendem o retórico quando filosofa;
muitos o camponês quando fala. ■ Debaixo de ruim capa há
um bom dizedor. VIDE: ● Agrestem ne contemnas oratorem.
● Agrestem ne contemneres rhetorem. ● Ne rusticanum
temne, sodes, rhetorem. ● Rusticanum oratorem ne
contempseris. ● Rusticum ne contempseris rhetorem.
● Rusticum noli rhetorem contemnere.
945. Philosophari nunquam didici neque scio. [Plauto,
Mercator 147]. Eu nem sei filosofar, nem nunca aprendi.
946. Philosophi autem in suis lectulis plerumque moriuntur.
[Cícero, De Finibus 2.97]. Os filósofos geralmente morrem
em seus leitos.
947. Philosophi in iis libris ipsis quos scribunt de
contemnenda gloria sua nomina scribunt. Os filosófos
escrevem seus nomes nos próprios livros em que declaram
que a glória deve ser desprezada. VIDE: ● Nostri philosophi
non in iis libris ipsis, quos scribunt de contemnenda
gloria, sua nomina inscribunt?
948. Philosophi saeculi solent amorem veterem amore novo
quasi clavum clavo expellere. [S.Jerônimo, Epistulae 2.16].
Os filósofos seculares costumam expulsar o amor velho com
um amor novo, como se expele um cravo com outro.
949. Philosophia ancilla theologiae. [S.Pedro Damiani / Tosi
1471]. A filosofia é auxiliar da teologia.
950. Philosophia enim simulari potest, eloquentia non
potest. [Quintiliano, Institutio Oratoria 12.3.12]. Filosofia
pode-se simular, eloqüência não se pode.
951. Philosophia est vitae dux, virtutis indagatrix
expultrixque vitiorum. [Apuleio, De Mundo, Prologus,
adaptado]. A filosofia é o guia da vida, a pesquisadora da
virtude e a perseguidora dos vícios.
952. Philosophia et contemplativa est, et activa: spectat
simul agitque. [Sêneca, Epistulae Morales 95.10]. A
filosofia tanto é contemplativa como ativa: ela observa e ao
mesmo tempo age.
953. Philosophia me docuit non tantum beneficium amare,
sed etiam maleficium. [Apuleio, Florida 9]. A filosofia me
ensinou a amar não somente o que me faz bem, mas também
o que me faz mal.
954. Philosophia medetur animis, inanes sollicitudines
detrahit, cupiditatibus liberat, pellit timores. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 11]. A filosofia cura os espíritos,
afasta as preocupações inúteis, liberta dos desejos, expulsa os
temores.
955. Philosophia omnium magistra virtutum. [Boécio, De
Consolatione Philosophiae 1, Prosa 3]. A filosofia é a mestra
de todas as virtudes.
956. Philosophia quid est aliud nisi donum deorum? [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.64]. O que é a filosofia senão
uma dádiva dos deuses?
957. Philosophia vero omnium mater artium. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.64]. A filosofia na verdade é a
mãe de todos os conhecimentos.
958. Philosophia vitanda est. [RH 2.35]. Deve-se evitar a
filosofia.
959. Philosophiae baccalaureus. Bacharel em filosofia.
960. Philosophiae doctor. Doutor em filosofia.
961. Philosophiae nulla cura est. [Sêneca, Questiones
Naturales 7.32.4]. A filosofia não tem nenhuma preocupação.
962. Philosophiae quidem praecepta noscenda, vivendum
autem esse civiliter. [Cícero, Ad Marcum 2 / Tosi 350]. Por
certo é preciso conhecer os preceitos da filosofia, mas é
preciso viver como bom cidadão.
963. Philosophiae servias oportet, ut tibi contingat vera
libertas. [Epicuro / Sêneca, Epistulae Morales 8.7]. É preciso
que sejas escravo da filosofia, para que te atinja a verdadeira
liberdade.
964. Philosophum non facit barba. [Rezende 4983]. ■ A barba
não faz o filósofo. ■ O hábito não faz o frade. ■ O hábito não
faz o monge. ■ Pelas obras, e não pelo vestido, é o homem
conhecido. ■ O hábito elegante cobre, às vezes, um tratante.
VIDE: ● Barba non facit philosophum. ● Barba non facit
philosophum, neque vile gerere pallium. ● Cucullus non
facit monachum. ● Cuculla non facit monachum.
● Habitus non facit monachum. ● In vestimentis non est
sapientia mentis. ● Non habitus monachum reddit. ● Non
tonsura facit monachum. ● Non tonsura facit monachum,
nec horrida vestis. ● Saepe tegit nequam lata cuculla
caput. ● Si philosophum oporteat ex barba metiri, hircos
primam laudem ablaturos. ● Vestimenta pium non faciunt
monachum.
965. Philosophus non minus tacendo pro tempore quam
loquendo philosophatur. [Macróbio, Saturnalia 7.1.11].
Calando-se no momento oportuno, o filósofo não faz menos
filosofia do que falando.
966. Phoebum post nubila irradiare. [Branco 334]. Depois da
escuridão brilha o sol. ■ Depois da tempestade, vem a
bonança. VIDE: ● Blandi post nubila soles. ● Clarior est
solito post maxima nubila Phoebus. ● Gratus est sollicito
post maxima nubila Phoebus. ● Imbribus obscuris
succedunt lumina solis. ● Nubilo serena succedunt. ● Post
maxima nubila Phoebus. ● Post nebulas Phoebus. ● Post
nubila, Phoebus. ● Post tenebras, lux. ● Solem fugatis
nubilis reduci.
967. Phoenice rarior. [Erasmo, Adagia 2.7.10]. Mais raro que
um fênix.
968. Phoenices primi, famae si creditur, ausi mansuram
rudibus vocem signare figuris. [Lucano, Bellum Civile
3.220]. A crer-se na lenda, foram os fenícios os primeiros
que ousaram representar por meio de desenhos rudes a fala
que se ia conservar.
969. Phryx plagis emendatur. [Suidas / Erasmo, Adagia
1.8.36]. O frígio é corrigido por meio de pancadas. (=Os
frígios eram tidos por lentos e preguiçosos). ■ Açoite, grande
mezinha. ■ O louco pela pena é cordo. ● Phrygem plagis
solere fieri meliorem. [Cícero, Pro Flacco 65]. O frígio, com
as pancadas, costuma ficar melhor. VIDE: ● Caesus est Phryx
melior, atque ad serviendum promptior.
970. Physicos dixit utilitatis causa scripsisse, poëtas
delectationis. [S.Agostinho, De Civitate Dei 6.7.4]. Ele
afirmou que os cientistas escrevem para a utilidade, e os
poetas para o prazer.
971. Pia desideria. [Rezende 4985]. Desejos piedosos.
972. Pia fraus. [Ovídio, Metamorphoses 9.711]. Uma fraude
piedosa. VIDE: ● Fraus pia.
973. Piaculum est miserere nos hominum rei male
gerentum. [Plauto, Truculentus 204]. É um castigo termos
de compadecer-nos de pessoas que administraram mal seu
dinheiro.
974. Pica cum luscinia certat, upupa cum cygnis. [Erasmo,
Adagia 1.8.72]. A pega disputa com o rouxinol; a poupa
disputa com os cisnes. ■ Passarinhos e pardais, todos
querem ser iguais.
975. Pica nimis pungendo solet perfringere rostrum. [Pereira
123]. A pega, picando demais, costuma quebrar o bico.
■ Tanto pica a pega na raiz do trovisco, que quebra o bico.
976. Pictor poëtaque esse liberi solent. [Schottus, Adagia
607]. O pintor e o poeta costumam ser livres. ■ O pintar
como o querer. ● Pictores et poëtae liberi. [Pereira 117]. Os
pintores e os poetas são livres. VIDE: ● Debita carminibus
libertas. ● Liberi poëtae et pictores. ● Pictoribus atque
poëtis quidlibet audendi semper fuit aequa potestas.
977. Pictor tabellis comprobatur editis. [Rezende 4990]. O
pintor é julgado pelos quadros produzidos. ■ Pelo trabalho se
conhece o operário. ● Pictorem pictura loquitur.
[Boncompagno, Tractatus Virtutum 53]. A pintura diz quem
é o pintor.
978. Pictoribus atque poëtis quidlibet audendi semper fuit
aequa potestas. [Horácio, Ars Poetica 9]. Os pintores e os
poetas sempre tiveram o justo privilégio de poder ousar tudo.
VIDE: ● Debita carminibus libertas. ● Liberi poëtae et
pictores. ● Pictor poëtaque esse liberi solent. ● Pictores et
poëtae liberi.
979. Pietas erga parentes. [Quinto Cúrcio, Historiae 10.5]. O
amor aos pais. O amor filial.
980. Pietas fundamentum est omnium virtutum. [Cícero, Pro
Plancio 12.29]. O amor é o fundamento de todas as virtudes.
VIDE: ● Virtutum omnium fundamentum pietas.
981. Pietatis causa. `[Plauto, Pseudolus 122]. Por amor. Por
solidariedade.
982. Pigenda verba. [Propércio, Elegiae 4.1.74]. Palavras
lamentáveis.
983. Piger ipse sibi obstat. [Sêneca, Epistulae Morales 94.28].
O indolente prejudica a si mesmo. ■ Preguiça é chave da
pobreza.
984. Pigmaei gigantum umeris impositi plus quam ipsi
gigantes vident. [Robert Burton, The Anatomy of
Melancholy]. Pigmeus colocados nos ombros dos gigantes
vêem mais do que os próprios gigantes.
985. Pignus fideiussore securius. [Pereira 109]. O penhor é
mais seguro do que o fiador. ■ Mais vale penhor na arca que
fiador na praça. ■ Mais vale penhor que fiador.
986. Pignus sine traditione. [Jur]. Penhor sem entrega.
(=Hipoteca).
987. Pigris non flecti numina votis. [Aviano, Fabulae 32.11].
Os deuses não escutam os pedidos dos preguiçosos. ■ Deus
ajuda a quem se ajuda. ■ A Deus rogando e com o maço
dando.
988. Pigris semper esse festum. [Manúcio, Adagia 1403]. Para
os preguiçosos é sempre festa. VIDE: ● Desidi semper feriae.
● Ignavis semper feriae sunt. ● Semper feriae inertibus.
989. Pigritia est pulvinar Satanae. A preguiça é o leito de
Satã. ■ Ocioso, vicioso. VIDE: ● Otium est pulvinar diaboli.
990. Pigritiae non est egregium facinus. [Rezende 4992]. A
preguiça não é um feito notável. ■ Preguiça nunca fez bom
feito.
991. Pigrum velle et non velle. [Grynaeus 54]. O preguiçoso
quer e não quer.
992. Pilas quasi dii habent homines. [Eiselein 363]. Os deuses
brincam com os homens como se fôssemos bolas. VIDE: ● Dii
nos quasi pilas homines habent. ● Homo Dei ludibrium.
● Ludit in humanis divina potentia rebus.
993. Pileum dat, ut pallium recipiat. [Rezende 4993]. Dá um
boné para receber uma capa. ■ Dá um ovo para ter um boi.
● Pileum donat, ut pallium recipiat. [Manúcio, Adagia
581]. VIDE: ● Gallinam dat, ut taurum recipiat. ● Ovum dat
nulli nisi sit retributio pulli.
994. Pilos lupus mutat, sed animum non item. [Schottus,
Adagia 619]. ■ O lobo muda o pelo, mas não o vezo. ■ Com a
pele não se mudam os costumes. VIDE: ● De flavis vetula in
canos vulpecula pilos mutat, illius at mores vertere nemo
videt. ● Flavos permutat canis vulpecula crines, at
nunquam mores alterat ipsa suos. ● Ingenium suum
vulpecula mutare nescit. ● Liquit sponte pilos Romae fera
saeva lupinos, non tamen assuetos liquit in urbe dolos.
● Lupus pilum mutat, non animum. ● Lupus pilum mutat,
non mentem. ● Lupus pilum mutat, non mores. ● Lupus
pilum, non ingenium mutat. ● Senecta canitiem affert
improbis, non item aufert malitiam. ● Vulpeculorum
mutantur pili, non mores. ● Vulpes pilum mutat, non
mores.
995. Pilos pro lana. [Erasmo, Adagia 1.8.73]. Pelos por lã.
■ Gato por lebre. VIDE: ● Palumbem pro columba. ● Pro
perca scorpium.
996. Pilum non habet. [Pereira 113]. Não tem nem um pedaço
de linha. ■ Não tem eira nem beira, nem ramo de figueira.
997. Pilulae sunt glutiendae, non manducandae. [DAPR
801]. As pílulas devem ser engolidas, não mastigadas. (=É
preciso aceitar as reprimendas merecidas com resignação).
■ Pílulas engolem-se e não se mastigam.
998. Pingui popinae, vicina mendicitas. [DAPR 497]. A
pobreza é vizinha da cozinha farta. ■ Cozinha gorda,
testamento magro. ■ Grande cozinha, pequeno testamento.
VIDE: ● Qui diligit epulas in egestate erit.
999. Pinguis amor nimiumque potens, in taedia nobis
vertitur, et stomacho dulcis ut esca nocet. [Ovídio, Amores
2.19.25]. O amor excessivo e por demais absoluto cedo causa
enjôo, assim como uma iguaria doce em excesso prejudica o
estômago.
1000. Pinguis venter non gignit sensum tenuem. [Erasmo,
Adagia 3.6.18]. ■ Barriga grande não dá entendimento. VIDE:
● Subtile pectus venter obesus non parit. ● Venter obesus
non gignit mentem subtilem. ● Venter pinguis non gignit
sensum tenuem.
1001. Pinguius est lardum vicini semper in olla. [Tosi 1292].
Na panela do vizinho o toucinho é sempre mais gordo. ■ A
cabra da vizinha dá mais leite do que a minha.
1002. Pipere abundans etiam oleribus illud admiscet. [DAPR
22]. Quem tem muita pimenta mistura-a até nas verduras.
■ Quem tem sangue faz chouriços. ■ Quem tem muita
manteiga assa-a na ponta do espeto. ■ Quem muito mel tem,
nas berças o deita. ● Pipere abundans etiam oleribus
immiscet. [Pereira 120]. ● Pipere qui abundat, oleribus
miscet piper. VIDE: ● Cui multum est piperis, etiam
oleribus immiscet. ● Qui multum habet piperis, etiam
oleribus indit.
1003. Pira desiderans, pirum, non ulmum, accedas. [Binder,
Thesaurus 2577]. Se desejas peras, vai à pereira, não ao
olmeiro. ■ Não busques o figo na ameixeira. VIDE: ● Pirum,
non ulmum, accedas, si cupias pira.
1004. Pira, dum sunt matura, sponte cadunt. [Bebel, Adagia
Germanica / DAPR 420]. As peras, quando estão maduras,
caem por si. ■ A pera, quando madura, há de cair. ■ A peixe
fresco, gasta-o cedo; e tendo tua filha crescido, dá-lhe
marido. VIDE: ● Cum pirum maturescit, decidit vel in
caenum. ● Cum sunt matura, pira sunt ruitura. ● Dum
sunt matura, pira sunt breviter ruitura.
1005. Pirata est hostis humani generis. [Black 1363], O pirata
é inimigo da raça humana.
1006. Pirata non est ex perduellium numero definitus, sed
communis hostis omnium. [Cícero, De Officiis 3.29]. O
pirata não é classificado no número dos inimigos de guerra,
mas como inimigo comum de todos.
1007. Pirum, non ulmum, accedas, si cupias pira. [Publílio
Siro]. Se desejas peras, vai à pereira, não ao olmeiro. ■ Não
busques o figo na ameixeira. VIDE: ● Pira desiderans, pirum,
non ulmum accedas.
1008. Piscari in aëre. [Plauto, Asinaria 84]. Pescar no ar.
(=Fazer trabalho inútil). VIDE: ● In aëre piscari, venari in
mari. ● Venari in medio mari.
1009. Piscari in aquis turbidis. ■ Pescar nas águas turvas.
● Piscari in aqua turbida. [Grynaeus 88].
1010. Piscator ictus sapiet. [Erasmo, Adagia 1.1.29]. O
pescador ferido saberá. (=Diz-se de quem, tendo sofrido um
mal, passa a se guardar). ■ A experiência ensina. ● Piscator
percussus sapiet. [Manúcio, Adagia 39].
1011. Piscatores hominum. [Vulgata, Mateus 4.19].
Pescadores de homens.
1012. Piscatur in aqua turbida. [Stevenson 821]. Pesca-se em
água agitada. ■ Na água revolta pesca o pescador. ● Piscatur
in turbido. [DAPR 534]. VIDE: ● Aqua turbida piscosior est.
● Aquis turbidis piscari. ● Est captu facilis turbata piscis
in unda. ● Est captu facilis turbatis piscis in undis. ● Est
captus turbatis piscis in undis. ● Flumen confusum reddit
piscantibus usum. ● In aqua turbida piscatur uberius.
● Turbat aquas, ut plures capiat pisces. ● Turbata aqua,
captat anguillas.
1013. Pisce magis mutus. [Manúcio, Adagia 14]. Ficou mais
mudo que o peixe. ■ Não abriu a boca.
1014. Pisce sanior. [Manúcio, Adagia 14; Pereira 121]. Tem
mais saúde do que um peixe. ■ São como um perro.
1015. Piscem natare doces. [Erasmo, Adagia 3.6.19]. Ensinas o
peixe a nadar. ■ Queres ensinar padre-nosso a vigário. VIDE:
● Delphino natandum suades. ● Delphinum natare doces.
● Ne piscem natare docueris. ● Pisces natare doces.
1016. Piscem vorat maior minorem. [DAPR 535]. O peixe
maior come o peixe menor. ■ Peixe grande come peixe
pequeno. ■ Peixão graúdo come peixito miúdo. ■ A cobra
maior engole a menor. ● Pisces magni parvulos comedunt.
[Manúcio, Adagia 1399]. Os peixes grandes comem os
pqeuenos. VIDE: ● Piscis minutos magnus comest. ● Piscium
vita haec, minorem maior ut devoret.
1017. Pisces a natura determinati sunt ad natandum, magni
ad minores comedendum. Pela natureza os peixes são
determinados para nadar, os grandes para comerem os
menores.
1018. Pisces natare doces. [Diogeniano / Albertatius 1063].
Ensinas os peixes a nadar. ■ Ensinas padre-nosso a vigário.
VIDE: ● Delphino natandum suades. ● Delphinum natare
doces. ● Ne piscem natare docueris. ● Piscem natare doces.
1019. Pisces natare oportet. [Petrônio, Satiricon 39.2]. Os
peixes precisam nadar. ■ O peixe deve nadar três vezes: em
água, em molho e em vinho. ■ Peixe sem bebida é veneno.
VIDE: ● Piscis captivus vinum vult; flumina vivus. ● Vivis
piscibus aqua, mortuis vinum. ● Vivit sus in aquis, et
piscis fluminis undis: mortuus epoto gaudet uterque
mero.
1020. Pisces, perdices, vinum, nec non meretrices,
corrumpunt cistam, et quicquid ponis in istam.
[Stevenson 2526]. Peixes, perdizes, vinho, bem como
meretrizes, corrompem o cofre e tudo que nele se coloca.
1021. Piscis a capite olere incipit. [Apostólio, Paroimiai
10.62]. ■ O peixe começa a feder pela cabeça. ■ Mau
capelão, pior sacristão. ■ O exemplo vem de cima. ● Piscis a
capite primum incipit putere. [Albertatius 1065]. O peixe
começa a apodrecer pela cabeça. VIDE: ● A capite foetet
piscis. ● Fere malum a malis principibus oritur. ● Piscis
primum a capite foetet.
1022. Piscis captivus vinum vult; flumina vivus. [Werner]. O
peixe que foi apanhado quer vinho; o peixe vivo quer água.
■ O peixe e o cochino, a vida em água, e a morte em vinho.
VIDE: ● Pisces natare oportet. ● Vivis piscibus aqua,
mortuis vinum. ● Vivit sus in aquis, et piscis fluminis
undis: mortuus epoto gaudet uterque mero.
1023. Piscis eget sale. [Erasmo, Adagia 4.8.63]. Peixe quer sal.
1024. Piscis minutos magnus comest. [Varrão, Nonius 2]. O
peixe grande come os miúdos. ■ Peixe grande come peixe
pequeno. ■ Peixão graúdo come peixito miúdo. VIDE:
● Piscem vorat maior minorem. ● Pisces a natura
determinati sunt ad natandum, magni ad minores
comedendum. ● Pisces magni parvulos comedunt.
● Piscium vita haec, minorem maior ut devoret.
1025. Piscis nequam est, nisi recens. [Plauto, Asinaria 178;
Erasmo, Adagia 4.1.74]. O peixe, se não é fresco, não presta.
■ O hóspede e o peixe aos três dias aborrece.
1026. Piscis primum a capite foetet. [Erasmo, Adagia 4.2.97].
■ O peixe começa a feder pela cabeça. VIDE: ● Fere malum a
malis principibus oritur. ● Piscis a capite olere incipit.
● Piscis a capite primum incipit putere.
1027. Piscium vita haec, minorem maior ut devoret.
[Schottus, Adagia 639]. A vida dos peixes é esta: o maior
devora o menor. ■ Peixe grande come peixe pequeno. VIDE:
● Piscem vorat maior minorem. ● Pisces minutos magnus
comest. ● Pisces magni parvulos comedunt.
1028. Pius esto. [Rezende 5002]. Sê piedoso.
1029. Placatur donis Iuppiter ipse datis. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.654]. O próprio Júpiter se acalma com presentes
que lhe são dados. ■ Dádivas quebrantam penhas. VIDE:
● Cum divis flectunt venerandos munera reges. ● Munera
placant homines. ● Munera placant hominesque deosque.
● Munera capiunt hominesque deosque. ● Muneribus vel
di capiuntur.
1030. Placeat homini, quicquid Deo placuit. [Sêneca,
Epistulae Morales 74.20]. Agrade ao homem o que agradou a
Deus. ● Placeat homini, quidquid Deo placet. [Bernardes,
Nova Floresta 2.200]. Agrade ao homem o que agrada a
Deus.
1031. Placebo. Agradarei. (=Placebo. Substância inócua
ministrada como se fosse medicamento, para fins de
pesquisa).
1032. Placebo Domino in regione vivorum. [Vulgata, Salmos
116.9]. Agradarei ao Senhor na região dos vivos.
1033. Placere cunctis, non soli tibi velis. Não queiras agradar
só a ti, mas a todos.
1034. Placere multis opus est difficillimum. [Publílio Siro].
Agradar a muitos é tarefa muito difícil. ■ Ninguém pode
agradar a todos. ■ Nenhuma Maria agrada a todos Manéis.
1035. Placet. Agrada. Satisfaz. (=Expressão usada para indicar
aprovação).
1036. Placet inconcessa voluptas. [Tosi 894]. O prazer
proibido agrada. ■ O proibido aguça o dente. VIDE:
● Cupimus negata. ● Iuvat inconcessa voluptas. ● Nitimur
in vetitum semper, cupimusque negata.
1037. Placet? pare. Non placet? quacumque vis, exi. [Sêneca,
Epistulae Morales 91.15]. Agrada-te? Aceita. Não te agrada?
Sai por onde quiseres. ● Placet? vive: non placet? licet eo
reverti unde venisti. [Sêneca, Epistulae Morales 70.15].
Agrada-te? Vive aqui. Não te agrada? Podes voltar ao lugar
donde vieste.
1038. Placide procedere. [Pereira 108]. Avançar com calma.
■ Mole, mole, vai longe o homem. VIDE: ● Lente procedere.
1039. Placidos et silentes homines vita. [Rezende 5007]. Foge
dos homens mansos e calados. ■ Homem calado, muito
cuidado. ■ De boi sonso, marrada certa. ● Placidos et
silentes vita.
1040. Placita iuris. [Jur / Broom 8]. Os preceitos do direito. Os
preceitos da lei.
1041. Plaga linguae semper est recens. [Boncompagno,
Breviloquium 8.5]. Ferida feita pela língua permanece
sempre aberta.
1042. Plana via fit ab eleemosyna. [S.Nilo / Bernardes, Luz e
Calor 1.223.122]. Com a esmola se aplaina o caminho.
1043. Plane fortunae filius: in manu illius plumbum aurum
fiebat. [Petrônio, Satiricon 43]. Era um verdadeiro filho da
sorte: em suas mãos chumbo virava ouro. VIDE: ● Fortunae
filius.
1044. Plane olim, id est semper, veritas odio est. [Tertuliano,
Apologeticus 14.2]. Desde há muito tempo, isto é sempre, a
verdade é odiada.
1045. Planta quae saepius transfertur non coalescit.
[Manúcio, Adagia 864]. A planta que é freqüentemente
mudada não cresce. ■ Planta muitas vezes transposta não
medra nem cresce. ● Árvore mudada, árvore matada.
● Árvore velha não se muda. VIDE: ● Non coalescit planta
quae saepe transfertur. ● Non convalescit planta quae
saepe transfertur. ● Saepius plantata arbor fructum
profert exiguum. ● Saxum volutum non obducitur musco.
1046. Plantae rigatae magis crescunt. [Amoris Emblemata].
As plantas regadas crescem mais.
1047. Plato amicus, sed magis amica veritas. Platão é meu
amigo, mas a verdade é mais amiga. ■ Amigo do compadre,
mas mais da verdade. ■ Amigo de todos iguais, e da verdade
mais. VIDE: ● Amicus Plato, amicus Socrates, sed magis
amica veritas. ● Amicus Plato, amicus Socrates, sed
praehonoranda veritas. ● Amicus Plato, sed magis amica
veritas. ● Amicus Socrates, sed magis amica veritas. ● Et
veritatem diligimus et Platonem, sed rectius est diligere
veritatem. ● Minime vero veritati praeferendus est vir.
1048. Plato enim mihi unus instar est centum millium.
[Antímaco / Cícero, Brutus 191]. Para mim um só Platão vale
por cem mil.
1049. Plato escam malorum voluptatem appellat, quod ea
videlicet homines capiantur, ut hamo pisces. [Cícero, De
Senectute 13]. Platão chama o prazer de isca dos males, pois
certamente os homens são apanhados por ele do mesmo
modo que os peixes pelo anzol. VIDE: ● Esca omnium
malorum voluptas. ● Malorum esca voluptas. ● Voluptas
esca malorum. ● Voluptas est malorum esca, quo ea non
minus homines, quam hamo capiuntur pisces.
1050. Plato ipse melius dicere non potuit. [Bacon, Sermones,
De Atheismo]. Nem Platão conseguiria expressar-se melhor.
1051. Plaudite, amici, finita est comoedia. [Atribuído a
Beethoven, moribundo]. Aplaudi, amigos, a comédia
terminou.
1052. Plaudite, cives! Aplaudi, cidadãos! (=Expressão dos
atores romanos ao final de uma comédia). VIDE: ● Valete et
plaudite. ● Vos plaudite.
1053. Plaudite manibus! Batei palmas! VIDE: ● Omnes gentes,
plaudite manibus.
1054. Plausibus ex ipsis populi ingenium quodvis incaluisse
potest. [Ovídio, Ex Ponto 3.4.29]. Qualquer espírito pode
aquecer-se com os próprios aplausos do povo.
1055. Plaustra bonus parvo dux regit ampla loco. [Pereira
114]. O bom condutor dirige carretas grandes em espaço
pequeno. ■ No mor aperto a mor destreza.
1056. Plaustrum bovem trahit. [Erasmo, Adagia 1.7.28]. A
carroça puxa o boi. ■ Vai o carro à frente dos bois. VIDE:
● Bos currum trahit, non bovem currus. ● Currus bovem
trahit praepostere. ● Currus bovem trahit. ● Currus boves
trahit.
1057. Plaustrum perculi! [Plauto, Epidicus 594]. Virei minha
carroça! ■ Dei com os burros n’água.
1058. Plausum date! [Plauto, Rudens 1344]. Aplaudi!
1059. Plebeia ingenia magis exemplis quam ratione
capiuntur. [Macróbio, Saturnalia 7.4.4]. As cabeças do povo
são conquistadas mais pelos exemplos do que pela razão.
1060. Plebs bene vestitum stultum putat esse peritum.
[Pereira 104]. O povo julga sábio o tolo bem vestido. ■ A
roupa faz o homem. ■ Enfeitai o cepo, parecer-vos-á
mancebo.
1061. Plebs conciliatur non auctoritate sed sagina. O povo é
cativado, não pela autoridade, mas pela comida. VIDE:
● Multitudinem illam non auctoritate sua, sed sagina
tenebat.
1062. Plebs gentem non habet. [Rezende 5011]. A plebe não
tem tradições de família.
1063. Plebs in hoc regi antistat loco: licet lacrimare plebi,
regi honeste non licet. [Ênio]. A plebe é superior ao rei
nisto: a ela é permitido chorar, e ao rei a dignidade não o
permite.
1064. Plena catenarum quaestio. Uma questão cheia de
dificuldades.
1065. Plena et infesta variis casibus vita est, a quibus nulli
longa pax, vix indutiae sunt. [Sêneca, Ad Marciam 16.5]. A
vida está repleta de numerosos e variados acidentes, por
causa dos quais ninguém tem uma longa paz, dificilmente
uma trégua.
1066. Plena manu. [Erasmo, Adagia 2.1.16]. Às mancheias.
VIDE: ● Larga manu. ● Manibus plenis.
1067. Plena operibus bonis. [Vulgata, Atos 9.36]. Cheia de
boas obras.
1068. Plenas aures adulationibus aliquando vera vox intret;
da consilium utile. [Sêneca, De Beneficiis 6.3]. Que nos
ouvidos cheios de palavras bajuladoras, de vez em quando
entre uma palavra verdadeira; dá-lhe um conselho útil.
1069. Plenis insuavia cuncta. Para quem está farto, tudo é
desagradável. ■ Barriga cheia, goiaba tem mofo. ■ Ao homem
farto, as cerejas lhe amargam. VIDE: ● Condit fercla fames.
● Condit fercla fames; plenis insuavia cuncta.
1070. Plenis velis. [Petrônio, Satiricon 45.11]. Com as velas
enfunadas. ■ De vento em popa.
1071. Plenitudine potestatis. Com plenos poderes.
1072. Plenitudo ergo legis est dilectio. [Vulgata, Romanos
13.10]. A plenitude da lei é o amor.
1073. Plenitudo potestatis. O pleno poder.
1074. Plenius aequo laudat venales qui vult extrudere
merces. [Horácio, Epistulae 2.2.10]. O vendedor que quer
livrar-se das mercadorias, louva-as mais do que merecem.
VIDE: ● Laudat venales qui vult extrudere merces. ● Omnis
amat care proprias merces phalerare.
1075. Pleno gradu. [Erasmo, Adagia 5.1.72]. A toda a pressa.
1076. Pleno iure. [Jur]. De pleno direito.
1077. Pleno ore. De boca cheia.
1078. Plenum arbitrium. [Jur]. O arbítrio completo.
1079. Plenum dominium. O pleno domínio.
1080. Plenum montano credis ovile lupo. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.1.363]. Confias o ovil cheio ao lobo montês. ■ A
bom santo o encomendas.
1081. Plenus annis abiit, plenus honoribus. [Plínio Moço,
Epistulae 2.1.7]. Morreu com muita idade, cheio de
honrarias.
1082. Plenus sacculus est aranearum. [Catulo, Carmina 13.8].
Minha bolsa está cheia de aranhas. ■ Estou na pindaíba.
■ Estou comendo brisa.
1083. Plenus venter facile de ieiuniis disputat. [S.Jerônimo,
Epistulae 58.2]. Barriga cheia facilmente discute sobre
jejuns. ■ Faz bem jejuar depois do jantar. ■ O farto, de jejum,
não tem cuidado algum. ■ Mal se dói o farto do faminto. VIDE:
● Venter plenus facile de ieiuniis disputat.
1084. Plenus venter non studet libenter. [Binder, Thesaurus
2585]. Barriga cheia não estuda com vontade. ■ Barriga
cheia, pé dormente. VIDE: ● A studiis venter nimium
distentus abhorret. ● Impletus venter non vult studere
libenter. ● Ingenium excellens non gignit venter obesus.
● Venter plenus somnum parit. ● Ventre pleno corpus
sopore gravatum.
1085. Pleraque in iure, non legibus, sed moribus constant.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 5.10.13]. No direito, a
maioria das coisas não está estabelecida nas leis, mas nos
costumes.
1086. Plerique amicos tamquam pecudes eos potissimum
diligunt, ex quibus sperant se maximum fructum esse
capturos. [Cícero, De Amicitia 21]. A maioria dos homens
gosta mais daqueles amigos dos quais, como dos animais,
espera tirar maior proveito.
1087. Plerique Deum vocibus sequuntur, moribus autem
fugiunt. [Sweet 181]. As pessoas, em sua maioria, seguem a
Deus com as palavras, mas com as ações ffogem dele.
1088. Plerique dignitatem ambiunt, laborem pauci. A maior
parte das pessoas ambicionam a glória, mas poucos querem
os trabalhos.
1089. Plerique discipuli magistros anteeunt. [Grynaeus 186].
A maioria dos alunos ultrapassa os mestres.
1090. Plerique famam, conscientiam pauci verentur.
[Publílio Siro]. A maioria das pessoas têm medo da
reputação, não da consciência. VIDE: ● Famam curant multi,
pauci conscientiam. ● Multi famam, conscientiam pauci
verentur.
1091. Plerique homines, quos, cum nihil refert, pudet, ubi
pudendum est, ibi eos deserit pudor, cum usus est ut
pudeat. [Plauto, Epidicus 166]. Quase todos os homens que
se envergonham, quando não há razão de envergonhar-se,
não se envergonham ,quando o correto é envergonhar-se.
1092. Plerique lacrimas fundunt, ut ostendant, et toties
siccos occulos habent, quotiens spectator defuit. [Sêneca,
De Tranquillitate Animi 15]. Quase todos derramam lágrimas
para fazer ostentação, e têm olhos secos toda vez que falta
espectador.
1093. Plerique metu boni, non innocentia. [Publílio Siro]. A
maioria das pessoas são honestas por medo, não por virtude.
1094. Plerique metu peccare cessant, non innocentia. A
maioria das pessoas deixam de pecar por medo, não por
inocência.
1095. Plerique ubi aliis maledicunt, faciunt convicium sibi.
[Publílio Siro]. A maioria das pessoas, quando dizem mal
dos outros, protestam contra si mesmas.
1096. Plerisque hoc vitium est differendi promissa. [Sêneca,
De Beneficiis 2.5]. Quase todos têm o defeito de adiar o
cumprimento das promessas.
1097. Plerosque hominum in domibus saevissimos, in alienis
humillimos servos. [PSa]. A maioria dos homens em casa
são ferozes, na casa dos outros, humildes servos.
1098. Plerumque altis et excelsis adiacent abrupta. [Plínio
Moço, Epistulae 9.26.2]. Os abismos geralmente ficam junto
das alturas e dos cumes. ■ Quanto mais alta a berlinda,
maior é o trabolhão. VIDE: ● Altis plerumque adiacent
abrupta.
1099. Plerumque bos alienus extra prospicit. [Schottus,
Adagia 611]. O boi estranho olha a porta com freqüência. ■ O
boi bravo na terra alheia se faz manso. VIDE: ● Bos alienus
subinde foras prospectat.
1100. Plerumque eadem facta, modo diligentiae, modo
vanitatis, modo libertatis, modo furoris nomen accipiunt.
[Plínio Moço, Epistulae 5.9.7]. Muitas vezes a mesma
conduta ora recebe o nome de zelo, ora de vaidade, ora de
franqueza, ora de loucura.
1101. Plerumque enim creditur eis qui experti sunt. [Cícero,
Topica 74]. Geralmente se confia naqueles que têm
experiência.
1102. Plerumque fit ut maior pars meliorem vincat. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 3.1]. Quase sempre sucede que a
parte maior vence a melhor.
1103. Plerumque fortunam mutaturus deus consilia
corrumpit. [Veleio Patérculo, Historia Romana 2.57.118].
Quase sempre, quando um deus quer mudar a sorte de
alguém, altera-lhe o juízo.
1104. Plerumque gratae divitibus vices. [Horácio, Carmina
3.29.13]. As mudanças geralmente são agradáveis para os
ricos.
1105. Plerumque illi qui praeclare de republica meriti sunt,
pessimam retullerunt gratiam. [Tosi 1058]. A maioria dos
que se destacaram nos serviços ao país, foram retribuídos
com pouquíssima gratidão.
1106. Plerumque regiae voluntates ut vehementes sic
mobiles. [Salústio, Bellum Iugurthinum 113]. Geralmente as
vontades dos reis são tão volúveis quanto violentas.
1107. Plerumque res parvae maximas trahunt. [Binder,
Thesaurus 2586]. Geralmente as coisas pequenas puxam as
maiores.
1108. Plerumque similem ducit ad similem Deus. [PSa]. Deus
geralmente conduz um semelhante a seu semelhante. ■ Um
gambá cheira outro. ■ Cada qual com seu igual.
1109. Plerumque stulti, risum dum captant levem, gravi
distringunt alios contumelia, et sibi nocivum concitant
periculum. [Fedro, Fabulae 1.29.1]. Geralmente os tolos,
quando buscam a zombaria fácil, ferem os outros com
ofensas pesadas e atraem para si situações perigosas.
1110. Plorat et devorat. Chora e devora. ■ Chora lágrimas de
crocodilo. ■ Lágrimas nos olhos, riso no coração.
1111. Ploratur lacrimis amissa pecunia veris. [Juvenal,
Satirae 13.134]. Dinheiro perdido se chora com lágrimas
verdadeiras.
1112. Pluit lapidibus. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.38].
Chove pedras.
1113. Pluit super iustos et iniustos. [Vulgata, Mateus 5.45].
Chove sobre os justos e os injustos.
1114. Pluit vitium ubi pluit aurum. Chove vício onde chove
ouro.
1115. Pluma aut folio facilius moventur. [Cícero, Ad Atticum
8.15]. São mais volúveis que a pluma e a folha.
1116. Plumbeus gladius. Uma espada de chumbo. (=Um
argumento fraco). ● Plumbeo gladio iugulari. [Binder,
Thesaurus 2588]. Ser degolado por uma espada de chumbo.
(=Ser convencido por meio de argumentos fracos).
1117. Plumiger aequoreas anser cum transvolat undas,
crede mihi, rediens, anser, ut ante, manet. [Binder,
Thesaurus 2590]. O pato emplumado que transpõe as águas
do mar, podes crer, ao voltar, continua pato como antes.
■ Asno que a Roma vá, asno de lá voltará.
1118. Plura concupivit quam efficere potuit. [Cornélio
Nepos, Conon 5]. Ele ambicionou mais do que pôde realizar.
1119. Plura consilio quam vi perficimus. [Tácito, Annales
2.26, adaptado]. Realizamos mais pela inteligência do que
pela força.
1120. Plura faciunt homines e consuetudine quam e ratione.
[Stevenson 1050]. Mais coisas fazem os homens pelo hábito
do que pela razão.
1121. Plura ibi imminent quam cogites. [Pereira 96]. Estão
para acontecer lá mais coisas que imaginas.
1122. Plura interrogantur a stulto, quam queant a sapiente
dilui. Mais coisas são perguntadas pelo tolo do que podem
ser resolvidas pelo sábio. ■ Um louco pode fazer tantas
perguntas em uma hora que um sábio não as poderia
responder em um ano. VIDE: ● Quaerit delirus quod non
respondet Homerus.
1123. Plura loquuntur iuvenes, sed utiliora senes. [Rezende
5018]. Os jovens falam mais coisas, mas os velhos dizem
coisas mais úteis.
1124. Plura oculi quam oculus cernunt. Mais vêem os olhos
que o olho. ■ Mais vêem dois olhos do que um. ■ Mais vêem
quatro olhos do que dois. ■ Dois olhos vêem mais que um.
● Plura oculos quam oculum cernere. [Schottus, Adagia
66]. VIDE: ● Cernere plus uno lumina bina queunt. ● Duo
oculi plus vident quam unus. ● Longius ille videt, qui
multis spectat ocellis. ● Magis vident oculi quam oculus.
● Oculi plus vident quam oculus. ● Plus vident oculi quam
oculus. ● Unus vir non omnia videt. ● Unus vir haud cernit
omnia.
1125. Plura sunt negotia quam vocabula. [Ulpiano, Digesta
19.30]. As ações valem mais que as palavras. ■ Atos falam
mais alto que palavras. VIDE: ● Natura rerum conditum est
ut plura sint negotia quam verba. ● Plures sunt res quam
verba.
1126. Plura timenda divitibus. [Epígrafe de Fábula de Fedro
2.7 / Rezende 5020]. Para os ricos há muitas coisas a temer.
■ Quem tem o que perder tem o que temer.
1127. Plura vident oculi, non meliora. [John Owen,
Epigrammata 1.56]. Dois olhos vêem mais, mas não vêem
coisas melhores.
1128. Pluralis maiestatis. Plural de majestade. (=Os soberanos,
nos atos oficiais, referiam-se a si mesmos no plural).
1129. Plures adorant solem orientem quam occidentem.
[Plutarco / Erasmo, Adagia 3.3.15]. Mais gente adora o sol
nascente que o poente. ■ O sol nascente tem mais adoradores
do que o sol poente. ■ Quando a árvore está para cair, fogem
os macacos. ● Plures adorant solem orientem quam
occidentem vel meridianum. [Bacon, Advancement of
Learning 2.23.6]. Mais gente adora o sol nascente que o
poente ou o do meio-dia. VIDE: ● Occidentem ab eo deseri,
orientem spectari. ● Plures orientem solem adorant.
● Plures surgentem quam occidentem solem adorant.
1130. Plures amicos mensa quam mens concipit. [Publílio
Siro]. A mesa faz mais amigos que a razão. ● Plures amicos
mensa quam mens bona capit. A mesa faz mais amigos do
que a bondade. ● Plures amicos mensa quam mens concipit
bona.
1131. Plures amicos re secunda comparas; paucos amicos
rebus adversis probas. [Ausônio, Septem Sapientum
Sententiae, Pyttacus 6]. Na prosperidade fazes muitos
amigos; na adversidade reconheces poucos.
1132. Plures crapula quam ensis. [Rezende 5024]. Mais
(vítimas faz) o copo que a espada. ● Plures crapula quam
gladius. [Henderson, Latin Proverbs / Stevenson 636].
● Plures crapula quam gladius perdidit.
1133. Plures deleti sunt homines hominum impetu, id est
bellis aut seditionibus, quam reliqua omni calamitate.
[Cícero, De Officiis 2.16]. Mais homens são mortos pela
violência dos homens, isto é, pelas guerras e revoluções, do
que por qualquer outra calamidade.
1134. Plures efficimur quotiens metimur a vobis; semen est
sanguis Christianorum. [Tertuliano, Apologeticus 50.13].
Nós nos tornamos mais numerosos toda vez que somos
ceifados por vós; o sangue dos cristãos é semente. VIDE:
● Sanguis martyrum semen Christianorum. ● Semen est
sanguis Christianorum.
1135. Plures hominum sunt mali. [Bias Prieneus / Ausônio,
Ludus Septem Sapientum 3.12]. A maioria dos homens é má.
● Plures mali. VIDE: ● Plurimi hominum improbi sunt.
1136. Plures interficit cena quam gladius. ■ A gula mata mais
do que a espada. VIDE: ● Ancipiti plus ferit ense gula. ● Gula
plures occidit, quam gladius. ● Gula plures occidit quam
gladius, estque fomes omnium malorum. ● Plures necat
gula quam gladius. ● Plures occidit gula quam gladius.
● Propter crapulam multi obierunt. ● Saeva quidem
plures leto gula tradit acerbo quam gladius.
1137. Plures invenit socios mensae sed paucos abstinentiae.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.11.3]. Encontra
muitos companheiros para a mesa, mas poucos para a
abstinência.
1138. Plures labori, dulcibus quaedam otiis. [Inscrição em
relógio de sol]. Muitas (horas) para o trabalho, algumas para
o doce ócio.
1139. Plures mundum libentius audiunt quam Deum.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.3.6]. Muitas
pessoas escutam com mais boa-vontade o mundo que a Deus.
1140. Plures necat gula quam gladius. [Stevenson 965]. ■ A
gula mata mais do que a espada. ● Plures occidit gula quam
gladius. [Grynaeus 776]. VIDE: ● Ancipiti plus ferit ense
gula. ● Gula plures occidit, quam gladius. ● Gula plures
occidit quam gladius, estque fomes omnium malorum.
● Plures interficit cena quam gladius. ● Saeva quidem
plures leto gula tradit acerbo quam gladius.
1141. Plures orientem solem adorant. [Plutarco / Dumaine
236]. A maioria adora o sol nascente. ■ O sol nascente tem
mais adoradores do que o sol poente. ■ Quando a árvore
está para cair, fogem os macacos. VIDE: ● Occidentem ab eo
deseri, orientem spectari. ● Plures adorant solem
orientem quam occidentem. ● Plures adorant solem
orientem quam occidentem vel meridianum. ● Plures
surgentem quam occidentem solem adorant.
1142. Plures pastores sunt uno deteriores. [Tosi 1006].
Muitos pastores são mais danosos do que um. ■ Panela que
muitos mexem, ou sai crua, ou sai queimada. ■ Barco de
muitos mestres dá na costa. ■ Asno de muitos, lobos o
comem.
1143. Plures sunt res quam verba. [Grynaeus 170]. As ações
valem mais que as palavras. ■ Atos falam mais alto que
palavras. VIDE: ● Natura rerum conditum est ut plura sint
negotia quam verba. ● Plura sunt negotia quam vocabula.
1144. Plures surgentem quam occidentem solem adorant.
[Apostólio, Paroimiai 16.19]. Mais gente adora o sol
nascente que o poente. ■ O sol nascente tem mais adoradores
do que o sol poente. ■ Quando a árvore está para cair, fogem
os macacos. VIDE: ● Occidentem ab eo deseri, orientem
spectari. ● Plures adorant solem orientem quam
occidentem. ● Plures adorant solem orientem quam
occidentem vel meridianum. ● Plures orientem solem
adorant.
1145. Plures tegit fortuna, quam tutos facit. [Publílio Siro]. A
sorte beneficia mais pessoas do que protege.
1146. Pluribus intentus minor est ad singula sensus. [Pereira
119]. A atenção dividida entre muitas coisas é menor para
cada uma delas. ■ Dona que muito mira pouco fia. ■ Quem
muito abarca pouco abraça. ● Pluribus intentus nil apte
perficit unquam. [Binder, Medulla 1370]. Quem se ocupa
com muitas coisas não realiza nada a contento. VIDE: ● Multa
aggressus, omnibus frustrabitur.
1147. Plurima conantes prendere, pauca ferunt. [Medina
607]. Os que tentam pegar muito, levam pouco. ■ Quem
muito abarca pouco abraça. VIDE: ● Nimio amplexu parum
stringitur. ● Qui nimis capit, parum stringit. ● Qui plura
ambit, male astringit. ● Qui plura angit, male astringit.
1148. Plurima mortis imago. [Virgílio, Eneida 2.369]. A
imagem da morte é variada.
1149. Plurima praestat amor, sed sacra pecunia cuncta.
[Pereira 95]. O amor pode muito, mas o sagrado dinheiro
pode tudo. ● Amor faz muito, o dinheiro, tudo.
1150. Plurima qui aggreditur, nil apte perficit. [DAPR 273].
Quem começa muitas coisas nada realiza adequadamente.
■ Quem muito empreende pouco acaba. VIDE: ● Multa
aggressus, omnibus frustrabitur. ● Pluribus intentus
minor est ad singula sensus.
1151. Plurima qui tenet, plura tenere cupit. [Mota 188].
■ Quem mais tem mais deseja. VIDE: ● Homines, quo plura
habent, eo ampliora cupiunt. ● Qui multum habet, plus
cupit.
1152. Plurimi hominum improbi sunt. [Bias / Rezende 5030].
A maioria dos homens é má. VIDE: ● Plures hominum sunt
mali.
1153. Plurimi pertransibunt, et multiplex erit scientia.
[Vulgata, Daniel 12.4]. Muitos o passarão pelos olhos, e a
ciência se multiplicará.
1154. Plurimi sua amittunt, cum aliena appetunt. [Cecílio
Balbo, De Nugis Philosophorum]. Muitos perdem o próprio,
quando cobiçam o alheio. ■ Quem tudo quer tudo perde. VIDE:
● Non sua si quis avet, mox caret ipse suis. ● Sua multi
amittunt cum aliena appetunt.
1155. Plurimi boni sunt ante imperium, pauci in imperio.
Muitos são bons antes de terem o poder; poucos o são,
quando estão no poder.
1156. Plurimum doli ac fraudis latet. [Branco 335]. Há aqui
muita traição e muito engano. ■ Por aqui anda o diabo.
■ Aqui há gato escondido. VIDE: ● Anguis in herba. ● In ista
vipera est veprecula. ● Latet anguis in herba. ● Qui legitis
flores et humi nascentia fraga, frigidus, o pueri, fugite
hinc, latet anguis in herba. ● Vipera est in veprecula.
1157. Plurimum facere, et minimum de se ipso loqui. Fazer
muito e falar pouco de si mesmo. ■ Atos, não palavras. VIDE:
● Res, non verba.
1158. Plurimum mali credulitas facit. [Sêneca, De Ira 2.24.1].
A maior parte dos males é a credulidade que faz.
1159. Plurimum qui sis, non qui habearis, interest. [PSa].
Importa mais quem és do que o que julgam que és.
1160. Plurimum valet gallus in aedibus suis. [Pereira 111].
■ Muito pode o galo em seu poleiro. ■ Muito pode o galo no
seu terreiro. ■ Em sua casa cada qual é rei. VIDE: ● Gallo
molimen animosius est prope limen. ● Gallus in suo
sterquilinio ferox. ● Gallus in sterquilinio suo plurimum
potest. ● In sterculino plurimum gallus potest. ● In suo
municipio quisque plurimum potest. ● Sterculino suo
plurimum gallus potest.
1161. Plurimus auro venit honos. [Ovídio, Ars Amatoria
2.277]. Muita glória se obtém com dinheiro. ■ Com dinheiro
à vista, toda gente é benquista.
1162. Pluris est oculatus testis unus quam auriti decem.
[Plauto, Truculentus 466]. ■ Mais vale uma testemunha de
vista que dez de ouvido. ■ Mais vale uma testemunha ocular
que dez de ouvir falar. ■ Os olhos merecem mais fé que os
ouvidos. VIDE: ● Oculatum unum testem decem auritis esse
praeferendum.
1163. Pluris facimus quod maiore labore comparamus.
[Pereira 105]. Damos mais valor ao que obtemos com mais
esforço. ■ Fazenda herdada é menos estimada. ■ O que mais
custa, mais lustra.
1164. Plurium calculus vincit. [Erasmo, Adagia 4.3.44]. ]. O
voto da maioria vence.
1165. Plus a malo prohibet timor quam lex. [Branco 612]. Do
mal mais afasta o medo do que a lei. ■ O medo guarda a
vinha, e não o vinhateiro. ■ Mais guarda a vinha o medo que
o vinhateiro. VIDE: ● Timor optimus custos.
1166. Plus a medico quam a morbo periculi. [Robert Burton,
The Anatomy of Melancholy 2.4.1]. Mais perigo vem do
médico do que da doença. ■ Pior o remédio que o mal.
■ Quando o doente escapa, foi Deus que o salvou; e, quando
morre, foi o médico que o matou.
1167. Plus a vobis amari appetat quam timeri. [RSA 7.46]. A
vós deve dar mais satisfação serdes amados que temidos.
■ Antes ser amado que temido. VIDE: ● Amari malo quam
timeri. ● Malo amari quam timeri. ● Malo me diligi quam
metui. ● Maluit se diligi quam metui. ● Nolo ego metui;
amari mavolo. ● Potius amari, quam metui. ● Praestat
amari quam timeri.
1168. Plus actum quam scriptum valet. [Jur / Codex Iustiniani
4.22.4]. Mais vale o que se fez do que o que se escreveu.
● Plus actum valet quam scriptum. VIDE: ● Plus valet
actum quam scriptum.
1169. Plus aequo. Mais do que o justo. Mais do que o normal.
Mais do que o razoável.
1170. Plus aliis de te, quam tu tibi, credere noli. [Dionísio
Catão, Disticha 1.14]. A teu respeito não confies mais em
outrem do que em ti mesmo.
1171. Plus alimenti est in pane quam in ullo alio. [Celso,
Medicina 2.18]. No pão há mais propriedade nutritiva do que
em qualquer outro alimento.
1172. Plus aloës quam mellis habet. [Juvenal, Satirae 6.181].
Tem mais fel do que mel. ■ Duas verdes com uma madura.
1173. Plus animi est inferenti periculum quam propulsanti.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 28.44]. Mais coragem tem
quem ataca do que quem defende.
1174. Plus animi quam roboris. Mais coragem que força.
1175. Plus apud me vera ratio valebit quam vulgi opinio.
[Cícero, Paradoxa 1.8]. Para mim valerá mais a justa razão
do que a opinião do vulgo. ● Plus apud nos ratio valeat
quam opinio vulgi. Para mim vale mais a razão do que a
opinião do vulgo.
1176. Plus audaciae quam roboris. Mais audácia que força.
■ Fraco abusado.
1177. Plus auxerunt Romani imperium parcendo victis,
quam vincendo. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.42,
adaptado]. Os romanos mais aumentaram o império
poupando os vencidos do que vencendo.
1178. Plus cogitatum quam dictum. Pensou-se mais do que se
disse.
1179. Plus confert odio gratia, fraude fides. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 60]. Mais nos proporciona a
gentileza que o ódio, a honestidade que a fraude.
1180. Plus conscientiae quam famae attenderis. [Publílio
Siro]. Ouvirás antes a consciência do que a opinião pública.
1181. Plus dat qui in tempore dat. [Rezende 5036]. Dá mais
quem dá na hora certa. ■ Dá duas vezes quem de pronto dá.
● Plus dat qui tempore dat. VIDE: ● Beneficium celeritas
gratius facit. ● Beneficium egenti bis dat, qui dat celeriter.
● Bis dat qui cito dat. ● Bis dat qui cito dat; nil dat qui
munera tardat. ● Bis dat qui dat celeriter. ● Gratissima
sunt beneficia, ubi nulla mora fuit. ● Inopi beneficium bis
dat, qui dat celeriter. ● Inopi beneficium bis dat, qui cito
dat.
1182. Plus dictum quam cogitatum. Foi dito mais do que foi
pensado.
1183. Plus dixit quam voluit. [Jur]. Disse mais do que queria.
1184. Plus docet quam scit. Ele ensina mais do que sabe. VIDE:
● Non quidem doctus, sed curiosus, qui plus docet quam
scit.
1185. Plus dolet quam necesse est, qui ante dolet quam
necesse est. [Sêneca, Epistulae Morales 98.8]. Sofre mais do
que o necessário, quem sofre antes que o necessário. ■ Quem
se aflige antes se aflige muito.
1186. Plus enim est anima ubi amat, quam ubi animat.
[Alberto Magno, De Adhaerendo Deo 12]. A alma está mais
onde ama do que onde vive. ■ A alma está mais onde ama do
que onde anima. ■ Onde a galinha tem os ovos, lá se lhe vão
os olhos. ■ Onde a galinha tem os ovos tem os olhos. VIDE:
● Anima plus est ubi amat, quam ubi animat. ● Animam
hominis non illic esse ubi animat, sed ubi amat. ● Animus
plus est ubi amat, quam ubi animat. ● Cuiusque animum
illic magis esse ubi amat, quam ubi animat. ● Homo non
est ubi animat, sed ubi amat.
1187. Plus enim fati valet hora benigni, quam si nos Veneris
commendet epistula Marti. [Juvenal, Satirae 16.4-5]. Mais
vale uma hora de boa sorte do que se uma carta de Vênus nos
recomendasse a Marte. ■ Mais vale uma hora vermelho, que
amarelo toda a vida.
1188. Plus enim plerumque exempla quam ratiocinationis
verba compangunt. [Gregório Magno / Tosi 359]. Na
maioria das vezes os exemplos arregimentam mais do que os
argumentos. ■ Mais vale o exemplo do que a doutrina.
1189. Plus est facto exprimere quam verbo. [Rezende 5038].
Vale mais expressar com fatos do que com palavras. ■ Fatos
e não palavras.
1190. Plus est in uno quam in turba boni. [Fedro, Fabulae
4.5.1]. Há mais bom-senso numa única pessoa do que numa
multidão.
1191. Plus est periculi anum lacessere quam canem. [Eiselein
633]. Mais perigo há em provocar uma velha do que um cão.
■ Melhor agastar um cão que uma velha.
1192. Plus est provinciam retinere, quam facere. [Floro,
Epitoma 1.33]. É mais difícil conservar uma província que
conquistá-la.
1193. Plus est quam poena iniuriae succumbere. [Publílio
Siro]. Submeter-se a uma injustiça é pior do que uma
punição.
1194. Plus est quam poena sinere miserum vivere. [Publílio
Siro]. Deixar viver um desgraçado é mais que um castigo.
● Plus est quam poena sine spe miserum vivere. Viver
infeliz, sem esperança, é pior do que um castigo.
1195. Plus est sollicitus magis beatus. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Periander]. Quanto mais rico se fica,
mais preocupações.
1196. Plus exemplo quam peccato nocent. [Cícero, De
Legibus 3.32]. Eles fazem mais mal pelo exemplo do que
pela má ação. ● Plus exempla quam peccata nocent. [Black
1371]. Mais prejudicam os exemplos que os pecados. ● Plus
exemplis nocitura quam delictis. [Amiano Marcelino,
Historia 28.1.1]. Será mais prejudicial pelos exemplos que
pelos crimes.
1197. Plus foetent stercora mota. Merda mexida fede mais.
■ Merda, quanto mais se mexe, mais fede. VIDE: ● Res satis
est nota: plus foetent stercora mota. ● Stercus quo plus
commovetur et agitatur tanto plus foetet.
1198. Plus in alieno, quam in suo videt. [Grynaeus 39]. Ele
enxerga mais no alheio do que no próprio. ■ O macaco vê o
rabo da cutia, mas não vê o seu. ● Plus in alieno quam in
suo negotio vident homines. [J. Ray, English Proverbs 109].
Os homens enxergam mais nas atividades alheias do que nas
suas.
1199. Plus in amicitia valet similitudo morum, quam
affinitas. Na amizade vale mais semelhança de caráter do
que parentesco. ● Plus in amicitia valere similitudinem
morum, quam affinitatem. [Cornélio Nepos, Atticus 5.3].
1200. Plus in maledicto quam in manu est iniuriae. [Publílio
Siro]. Há mais ofensa na má palavra do que na violência.
■ Mais fere má palavra que espada afiada. ■ Saram
cutiladas, e não más palavras. VIDE: ● In maledicto plus
iniuriae quam in manu. ● Iniuriae plus in maledicto est
quam in manu.
1201. Plus in mora periculi. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
38.25]. Há mais perigo no adiamento. ■ Na tardança está o
perigo. VIDE: ● Periculum in mora.
1202. Plus in posse quam in actu. Mais no poder do que na
ação.
1203. Plus iuris nemo in alium transferre potest quam ipse
habet. [Jur]. Ninguém pode transferir a outrem mais direito
do que ele mesmo tem. ■ Ninguém dá o que não tem, nem
mais do que tem. VIDE: ● Nemo plus iuris ad alium
transferre potest quam ipse habet.
1204. Plus iusto. Mais do que é o justo. Além da medida.
1205. Plus legibus arma valent. As armas podem mais que as
leis. VIDE: ● Plus valeant legibus arma.
1206. Plus malefacta nocent quam bene dicta docent. [John
Owen, Epigrammata 9.79.4]. Mais prejudicam os maus atos
do que ensinam as boas palavras. ■ Exemplos farão mais que
doutrina.
1207. Plus mali in metuendo est, quam in eo quod timetur.
Há mais mal no temer do que na coisa temida. ● Plus in
metuendo mali sit quam in ipso illo, quod timetur.
[Cícero, Ad Familiares 6.4.4].
1208. Plus minusve. [DAPR 770]. Mais ou menos.
1209. Plus monendo profecit, quam si precatus esset. [Quinto
Cúrcio, Historiae 8.14]. Advertindo conseguiu mais do que
se tivesse rogado.
1210. Plus nocet lingua adulatoris quam manus
persecutoris. [S.Agostinho, Super Psalmum 39]. Faz mais
mal a língua do adulador do que a mão do perseguidor.
1211. Plus nocet vestrum antidotum quam venenum.
[S.Agostinho, Contra Faustum 21.16]. Mais mal faz vosso
antídoto que o veneno.
1212. Plus occidit gula quam gladius. ■ Mais mata a gula do
que a espada. VIDE: ● Pone gulae metas, ut sit tibi longior
aetas.
1213. Plus olei quam vini. [Divisa do tipógrafo parisiense
Henry Étienne]. Consumi mais tinta que vinho.
1214. Plus oportet scire servum quam loqui. [Plauto, Miles
Gloriosus 477]. Mais convém ao escravo saber do que falar.
1215. Plus ostentatio doloris exigit quam dolor: quotus
quisque sibi tristis est! [Sêneca, Epistulae Morales 99.16].
A ostentação da dor exige mais do que a própria dor: quão
poucos homens ficam tristes quando estão sós!
1216. Plus peccat auctor quam actor. [Jur / Coke / Black
1371; Maloux 109]. É mais culpado quem instigou do que
quem fez.
1217. Plus periculi in insidiatore occulto, quam in hoste
manifesto. [S.Leão Magno, Sermones 47.1]. Há mais perigo
no traiçoeiro oculto do que no inimigo declarado. ■ Pior é o
fingido amigo que o declarado inimigo.
1218. Plus pöetice quam humane locutus es. [Pascal,
Pensées]. Falaste mais poeticamente do que humanamente.
VIDE: ● Saepius pöetice quam humane locutus es.
1219. Plus potest et plurimum industria. [Grynaeus 92]. A
diligência pode mais e pode muito. ■ O trabalho tenaz vence
todas as dificuldades.
1220. Plus potest negare asinus quam probare philosophus.
[Rezende 5044]. Mais pode o burro negar do que o filósofo
provar.
1221. Plus potest plurium cura. [Hesíodo / Dumaine 246]. O
esforço de muitos pode mais. ■ Muitas mãos tornam a obra
leve. ■ A união faz a força.
1222. Plus potest qui plus valet. [Plauto, Truculentus 785].
Pode mais quem tem mais força.
1223. Plus potest unus stultus interrogare quam decem
sapientes respondere. Um único tolo pode perguntar mais
do que dez sábios podem responder.
1224. Plus quam praesentia cures. Preocupa-te mais do que
com as coisas do presente. VIDE: ● Praesentia curanda, non
futura.
1225. Plus ratio quam vis caeca valere solet. [Maximiano,
Elegiae 2]. A razão costuma conseguir mais do que a cega
força.
1226. Plus salis quam sumptus. [Cornélio Nepos, Atticus 13].
Mais alegria do que despesas.
1227. Plus sapit vulgus, quia tantum quantum opus est sapit.
[Lactâncio, Institutiones Divinae 3.5]. O povo é mais sábio,
porque só é tão sábio quanto é necessário.
1228. Plus scire satius est quam loqui. [Plauto, Epidicus 42].
Mais vale saber do que falar.
1229. Plus scit stultus domus suae rebus prospicere quam
sapiens alienae. [Branco 808]. Mais sabe o tolo ver nas
coisas de sua casa que o sisudo da alheia. ■ Mais sabe o tolo
no seu que o avisado no alheio.
1230. Plus scripsit quam voluit. Escreveu mais do que queria.
1231. Plus semper in se continet quod est minus. [Decretalia
Bonifacii VIII, 35]. O mais sempre contém em si o que é
menos.
1232. Plus servant avari aurum quam se. Os avarentos
tomam mais cuidado do ouro do que de si mesmos. ■ O
avarento é o guardião de sua fortuna.
1233. Plus si licet, quod minus est licebit. [Jur]. Se é licito o
mais, o que é menos será também lícito. ■ Quem pode o mais
pode o menos. VIDE: ● Cui licet quod est plus, licet utique
quod est minus.
1234. Plus sonat quam valet. [Sêneca, Epistulae Morales
40.5]. Faz mais barulho do que tem poder. ■ A pior roda é a
que mais chia. VIDE: ● Semper deterior vehiculi rota
perstrepit.
1235. Plus student in calicibus, quam in codicibus. [Binder,
Thesaurus 2602]. Eles estudam mais nos copos do que nos
livros.
1236. Plus sunt laudandi benefacientes quam benedicentes.
[S.Beda, Proverbiorum Liber]. Merecem mais louvor os que
fazem o bem do que os que falam bem.
1237. Plus tibi virtus tua dedit quam fortuna abstulit.
[Cícero, Ad Familiares 5.18.1]. Mais te deu a tua virtude do
que a sorte te tirou.
1238. Plus tua quam alterius damnabis crimina iudex.
[Columbano]. Como juiz, condenarás mais tuas próprias
faltas do que as de outrem.
1239. Plus ubi perdideris, perdere verba leve est. [Rezende
5051]. Quando perdeste o mais (valioso), perder palavras
pouco custa. ■ Palavras não custam dinheiro. ■ Assaz
escasso é quem das palavras tem dó. VIDE: ● Perdere verba
leve est.
1240. Plus ultra. [Divisa]. Mais além. VIDE: ● Ne plus ultra.
● Nec plus ultra. ● Non plus ultra.
1241. Plus usus sine doctrina, quam citra usum, doctrina
valet. [Quintiliano, Institutio Oratória 12.6.4, adaptado].
Mais vale a prática sem o estudo, do que o estudo sem a
prática. ■ Mais vale experiência que ciência. ● Plus usus sine
doctrina quam doctrina sine usu. ● Plus valet usus sine
doctrina quam doctrina sine usu.
1242. Plus valeant legibus arma. [Ovídio, Ex Ponto 4.9.54].
As armas podem mais que as leis. VIDE: ● Plus legibus arma
valent.
1243. Plus valet actum quam scriptum. [Jur]. Mais vale o que
se faz do que o que se escreve. VIDE: ● Plus actum valet
quam scriptum. ● Plus actum quam scriptum valet.
1244. Plus valet bonum nomen, quam divitiae multae.
[Polydorus, Adagia]. Mais vale um bom nome do que muita
riqueza. ■ Mais vale boa fama que dourada cama. ■ Mais
vale crédito na praça que dinheiro em caixa. VIDE: ● Bona
existimatio pecuniis praestat. ● Bona opinio hominum
tutior pecunia est. ● Honesta fama est alterum
patrimonium. ● Honestus rumor alterum est
patrimonium. ● Melius est nomen bonum quam divitiae
multae. ● Nomen bonum melius est quam divitiae multae.
● Praeclarior est bona existimatio quam pecunia. ● Si
bona existimatio divitiis praestat.
1245. Plus valet Deus operari quam homo intellegere potest.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 3.18.3]. Mais pode
Deus obrar que o homem entender.
1246. Plus valet humanis viribus ira dei. [Ovídio, Tristia
5.12.14]. A ira de um deus pode mais do que as forças do
homem.
1247. Plus valet il quam nil, pulicem glutiens lupus inquit.
[Latim macarrônico / Stevenson 2161]. Mais vale algo que
nada, disse o lobo, ao engolir a pulga.
1248. Plus valet in manibus avis unica quam dupla in silvis.
[CODP 23]. Mais vale uma única ave na mão que duas na
floresta. ■ Mais vale um pássaro na mão que dois a voar.
■ Mais vale um ovo hoje que uma galinha amanhã. ■ Antes
um pardal na mão que uma perdiz a voar. ● Plus valet in
manibus avis unica fronde duabus. Mais vale uma ave na
mão que duas na copa da árvore. ● Plus valet in manibus
passer quam sub dubio grus. [Trench, Proverbs]. Mais vale
um pardal nas mãos que um grou provável. VIDE: ● Capta
avis est pluris quam mille in gramine ruris. ● Est avis in
dextra melior quam quattuor extra. ● Est avis in reti
melior grege quoque volanti. ● Melior est avis in manu
quam decem in aere. ● Una avis in dextra melior quam
quattuor extra. ● Una avis in laqueo plus valet octo vagis.
1249. Plus valet qui favente Deo operatur, quam qui multa
vigilat industria. [Branco 591]. Mais pode quem trabalha
com o favor de Deus do que quem muito se esforça. ■ Mais
ganha quem Deus ajuda do que quem muito madruga.
1250. Plus valet quod agitur quam quod simulate concipitur.
[Codex Iustiniani 4.22]. Tem mais força o fato que a
invenção.
1251. Plus valet quod in veritate est quam quod in opinione.
[Institutiones 2.20]. Vale mais o que está nos fatos do que o
que está na opinião. ■ Mais vale o exemplo do que a
doutrina.
1252. Plus valet umbra senis quam sapientia iuvenis. Mais
vale a sombra do velho que a sabedoria do jovem. ● Plus
valet umbra senis quam gladius iuvenis. Pode mais a
sombra do velho que a espada do jovem.
1253. Plus verrere quam serere. [Grynaeus 87]. Mais colher
que semear. (=Refere-se ao avarento, a quem nada satisfaz).
1254. Plus videas tuis oculis, quam alienis. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 2.8 / Aluízio Azevedo, O Mulato 16 /
Rezende 5052]. Vê mais com os teus olhos que com os
alheios. ■ Fia-te mais dos teus olhos que dos alheios.
1255. Plus vident oculi quam oculus. [Erasmo, Colloquia
Familiaria]. Mais vêem olhos que olho. ■ Mais vêem dois
olhos do que um. ■ Mais vêem quatro olhos do que dois.
■ Duas cabeças pensam melhor do que uma. VIDE: ● Duo
oculi plus vident quam unus. ● Magis vident oculi quam
oculus. ● Oculi plus vident quam oculus. ● Plura oculi
quam oculus cernunt. ● Plura oculos quam oculum
cernere. ● Unus vir non omnia videt. ● Unus vir haud
cernit omnia. ● Securius expediuntur negotia commissa
pluribus, et plus vident oculi quam oculus.
1256. Plus vigila semper nec somno deditus esto, nam
diuturna quies vitiis alimenta ministrat. [Dionísio Catão,
Disticha 1.2]. Fica sempre alerta e não te entregues ao sono,
pois a ociosidade permanente dá alimento aos vícios. VIDE:
● Diuturna quies vitiis alimenta ministrat.
1257. Plus viigilum quanto, minor est custodia tanto. Quanto
mais guardas, tanto menor é a segurança. ■ Asno de muitos,
lobos o comem. ■ Muitos padeiros não fazem bom pão.
1258. Pluvia Aprilia flores Maios generat. A chuva de abril
produz as flores de maio. ■ Quem planta colhe. VIDE:
● Porcellum alens porcum habebit.
1259. Pluvia defit, causa Christiani sunt! [S.Agostinho, De
Civitate Dei 2.31]. Falta chuva: a culpa é dos cristãos!
1260. Poculum sicera plenum dolores fugat. [Schrevelius
1173]. Um copo cheio de sidra afugenta os sofrimentos.
1261. Pöema est pictura loquens; mutum pictura poema. O
poema é uma pintura que fala; a pintura é um poema mudo.
● Pöema loquens pictura, pictura tacitum pöema debet
esse. [RH 4.39]. O poema é uma pintura que fala; a pintura
deve ser um poema calado. VIDE: ● Mutum est pictura
pöema.
1262. Pöemata dulcia sunto et quocumque volent animum
auditoris agunto. [Horácio, Ars Poetica 99]. Sejam doces os
poemas e conduzirão o espírito do leitor aonde quiserem.
1263. Poena ad malum serpendo ut proterat, venit. [Publílio
Siro]. A punição chega rastejando ao mau para esmagá-lo.
■ O castigo tarda mas não falha.
1264. Poena ad mensuram delicti statuenda est. [Jur / Black
487]. A pena deve ser determinada de acordo com o tamanho
do delito. VIDE: ● Culpae poena par esto.
1265. Poena ad paucos, metus ad omnes perveniat. [Jur /
Black 1371]. A pena debe atingir a poucos, o medo, a todos.
● Poena ad paucos, metus ad omnes.
1266. Poena corporalis. [Jur / Black 1371]. O castigo físico.
1267. Poena debet culpae respondere, commensurari delicto.
[Jur]. A pena deve corresponder à culpa, medir-se pelo
delito.
1268. Poena est mori, sed saepe donum in pluribus veniae
fuit. [Sêneca, Hercules Oetaeus 930]. A morte é um castigo,
mas, freqüentemente, para muitos é uma dádiva.
1269. Poena maior absorbet minorem. [Jur]. A pena maior
absorve a menor.
1270. Poena minor certam subito perferre ruinam, quam
quod timeas gravius sustinuisse diu. [Maximiano, Elegiae
1]. Suportar a desgraça inesperadamente é castigo menor do
que sofrer longamente o suplício do medo.
1271. Poena mora gravior longa. [Ovídio, Ex Ponto 2.38].
Uma longa espera é pior do que um castigo.
1272. Poena non habet locum nisi in casu a iure expresso.
[Farinácio]. A pena só tem lugar no caso de uma lei expressa.
VIDE: ● Nulla poena sine lege. ● Nullum crimen sine lege.
● Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege.
1273. Poena non irrogatur, nisi expresse iure caveatur. [Jur].
Não se impõe uma pena sem uma lei que a determine
expressamente.
1274. Poena nulla esse debet ubi nullum delictum. [Jur]. Não
deve haver pena quando não há delito.
1275. Poena par esto noxiae. Seja o castigo equivalente ao
mal. VIDE: ● Delicto par poena sit. ● Noxiae poena par esto.
1276. Poena potest demi, culpa perennis erit. [Ovídio, Ex
Ponto 1.64]. A punição pode ser anulada, mas a culpa será
perene. ● Poena potest demi, culpa perennis est. A punição
pode ser anulada, mas a culpa permanece.
1277. Poena praesupponit culpam. [Jur]. Pena pressupõe
culpa.
1278. Poena reversura est in caput ista tuum. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.340]. O castigo cairá sobre tua própria cabeça.
1279. Poena sine fraude esse non potest. [Ulpiano, Digesta
50.16.131]. Não pode haver pena sem crime.
1280. Poenae sat est, qui laesit, cum supplex venit. [Publílio
Siro]. É suficiente punição para o ofensor ajoelhar-se
suplicando.
1281. Poenalia sunt restringenda. [Jur]. As leis penais devem
ter interpretação restritiva.
1282. Poenam moratur improbus, non praeterit. [Publílio
Siro]. O mau pode retardar a punição, mas não a evita. ■ O
castigo tarda, mas não falha.
1283. Poenas dabit si vel asinus mordet canem. [Schottus,
Adagia 609]. Sofrerá punição até se o burro morder o cão.
1284. Poenis benignior fit interpretatio. [Jur]. Nas punições,
seja a interpretação mais benigna. VIDE: ● In poenis
benignior est interpretatio facienda.
1285. Poenitet me. Estou arrependido.
1286. Poësis autem res dulcis est, et volens videri aliquid in
se habere divini. [Bacon / Bernardes, Nova Floresta 5.500].
A poesia é coisa doce, e que quer mostrar ter em si algo de
divino.
1287. Poësis est vinum daemonum. [S.Agostinho, Contra
Academicos 1]. A poesia é o vinho dos demônios.
1288. Poëta facit illud veri simile quod mendacium est.
[Plauto, Pseudolus 400]. O poeta faz parecer verdade o que é
mentira.
1289. Poëta magis studet iucunda dicere quam utilia. O
poeta se dedica mais a dizer coisas encantadoras do que
úteis.
1290. Poëta nascitur, orator fit. [Rezende 5064]. O poeta
nasce feito, o orador se faz. ● Poëta nascitur, non fit. O
poeta nasce feito, não se cria. ● Poëta non fit, sed nascitur.
VIDE: ● Nascimur poëtae, fimus oratores. ● Nascuntur
poëtae, fiunt oratores. ● Orator fit, poëta nascitur.
1291. Poëta supra hominem et infra Deum est. [Cataldo /
Ramalho 50]. O poeta está acima dos homens e abaixo de
Deus.
1292. Poëtam non potest nosse, nisi qui versum potest
struere. Philosophos non intellegit, nisi qui scit
dogmatum varietates. Manufacta et oculis patentia magis
probant artifices. Só pode reconhecer o poeta aquele que
sabe construir um verso. Só compreende os filósofos aquele
que conhece as variedades dos dogmas. São os artesãos que
mais apreciam os trabalhos manuais e as obras que se
oferecem aos olhos.
1293. Pöeticum ius. A licença poética. ● Pöetica licentia. VIDE:
● Licentia pöetica. ● Licentia vatum.
1294. Poëtis furere concessum est. [Plínio Moço, Epistulae
7.4]. Aos poetas é concedido cometer loucuras.
1295. Poëtis mentiri licet. [Plínio Moço, Epistulae 6.21.6]. Aos
poetas é permitido mentir.
1296. Pollice verso. Com o polegar voltado para baixo. (=O
polegar voltado para baixo representava desaprovação, e, em
particular, a recusa de poupar o gladiador vencido).
1297. Polliceri facile est; perficere autem quod pollicitus es
multo difficilius est. Prometer é fácil, mas cumprir o que se
prometeu é muito mais difícil. ■ Prometer e cumprir, caso é
de estranhar.
1298. Pollicitis dives quilibet esse potest. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.442]. De promessas qualquer um pode ficar rico.
■ De promessas, quem vive é santo. VIDE: ● Promissis dives
quilibet esse potest. ● Quid enim promittere laedit?
Pollicitis dives quilibet esse potest.
1299. Polluit ille deus cognatos, solvit amicos. [Propércio,
Elegiae 2.34.5]. Esse deus (o Amor) é um deus que mancha
os laços de parentesco e separa os amigos.
1300. Poma dat autumnus; formosa est messibus aestas; ver
praebet flores; igne levatur hiems. [Ovídio, Remedium
Amoris 187]. O outono dá os frutos; o estio é belo para as
colheitas; a primavera produz flores; o inverno é suavizado
pelo fogo.
1301. Poma, si cruda sunt, vi avelluntur, si matura,
decidunt. [Cícero, De Senectute 71]. As maçãs, se estão
verdes, são colhidas à força; se estão maduras, caem.
1302. Pomifer autumnus. [Horácio, Carmina 4.7.11]. O
outono, produtor dos frutos.
1303. Pompa mortis magis terret quam mors ipsa. [Bacon,
De Morte]. O aparato da morte aterroriza mais do que a
própria morte.
1304. Pomum compunctum cito corrumpit sibi iunctum.
[Citado por Benjamin Franklin em Poor Richard's Almanac,
em 1736]. Uma maçã machucada logo estraga a que está
junto a ela. ■ Uma maçã podre apodrece um cento. ● Pomum
corruptum cito corrumpit sibi nuptum. [Binder, Thesaurus
2606]. A maça estragada estraga a sua companheira.
1305. Pomum suave est, tunc ubi custos abest. [Manúcio,
Adagia 1082]. É doce a fruta, quando o vigia está longe.
■ Não há melhor bocado que o furtado. VIDE: ● Absente
custode, dulce pomum est. ● Custos ubi deest, dulce
pomum est scilicet. ● Dulce pomum, cum abest custos.
● Dulcia poma custode absente. ● Dulcia poma sunt,
absente custode. ● Iucunda poma, si procul custodia.
1306. Pondera hoc, o pastor, non largiris tua, sed aliena.
[Bartolomeu dos Mártires]. Pesa isto, ó pastor, tu não te estás
mostrando pródigo com os teus bens, mas com os dos outros.
1307. Pondera modulique. [Horácio, Sermones 1.3.78]. Pesos
e medidas.
1308. Pondere, mensura, numero Deus omnia fecit. [Rezende
5068; Schrevelius 1181]. Deus fez todas as coisas por peso,
medida e número.
1309. Pondere, non numero. [Divisa]. Pelo peso, não pelo
número. ■ Mais vale qualidade que quantidade.
1310. Pondus diei, et aestus. [Vulgata, Mateus 20.12]. O peso
do dia e da calma.
1311. Pondus et pondus, mensura et mensura. [Vulgata,
Provérbios 20.10]. Um peso e outro peso, uma medida e
outra medida. ■ Dois pesos e duas medidas. VIDE:
● Abominatio est apud Dominum pondus et pondus;
statera dolosa non est bona.
1312. Pondus super se tollet qui honestiori se communicat.
[Vulgata, Eclesiástico 13.2]. Impõe-se uma pesada carga o
que trata com outro mais poderoso do que ele. VIDE: ● Cave a
commercio potentium: habe commercium cum
aequalibus. ● Cave virum maiorem. ● Cavendum a
potentiore. ● Cum viro potentiore ne communica. ● Fuge
procul a viro maiore. ● Qui te fortior est, hunc tu vitare
memento.
1313. Pone gulae metas, ut sit tibi longior aetas. [Flos
Medicinae Scholae Salerni]. Põe limites à tua garganta, para
que a vida te seja mais longa. ■ Mais mata a gula do que a
espada. ● Pone gulae metas; erit tibi longa aetas. Põe
limites à tua garganta: tua vida será longa. VIDE: ● Plus
occidit gula quam gladius.
1314. Pone seram, cohibe, sed quis custodiet ipsos custodes?
[Juvenal, Satirae 6.347]. Põe ferrolho, fecha, mas quem
vigiará os próprios vigias? VIDE: ● Nempe ridiculum esset,
custode indigere custodem. ● Quis custodit custodes?
● Sed quis custodiet ipsos custodes?
1315. Pone irae frena modumque. [Juvenal, Satirae 8.88]. Põe
freio e medida em tua indignação.
1316. Pone te semper ad infimum, et dabitur tibi summum.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.10.17]. Põe-te
sempre no degrau mais baixo, e te será concedido o mais
elevado.
1317. Pons asinorum. A ponte dos burros. (=Uma ajuda para
principiantes). VIDE: ● Ad usum asinorum.
1318. Ponte subit ligni flumina stultus eques. [Pereira 117]. O
cavaleiro tolo atravessa rios por ponte de madeira. ■ Pela
ponte de madeira passa o louco cavaleiro.
1319. Pontifex maximus. O sumo-pontífice. (=Pontifex
significa construtor de pontes).
1320. Popularis aura. A popularidade.
1321. Popularis favor malis artibus quaeritur. [Albertano da
Brescia, De Amore et Dilectione 9]. O favor do povo se
adquire por meio de artifícios desonestos. VIDE: ● Malis
artibus popularis favor quaeritur.
1322. Popularis strepitus. [Horácio, Ars Poetica 81]. O clamor
da multidão.
1323. Populatque ingentem farris acervum curculio, atque
inopi metuens formica senectae. [Virgílio, Georgica 1.185].
E destroem um enorme acervo de trigo tanto o gorgulho
como a formiga, que teme a velhice sem recursos.
1324. Populi contemnere voces. [Horácio, Sermones 1.1.65].
Desprezar as vozes do povo.
1325. Populi est mancipium, quisquis patriae est utilis.
[Publílio Siro]. É escravo de seu povo todo homem que é útil
à pátria.
1326. Populi imperium iuxta libertatem. [Tácito, Annales
6.42]. O governo do povo tende à liberdade.
1327. Populorum vox. A voz dos povos.
1328. Populum, ignem, aquam cohibere difficillimum est.
Multidão, fogo, água, é muito difícil conter. ● Água de morro
abaixo, fogo de morro acima, e gravidez, é muito difícil
parar no meio.
1329. Populus durae cervicis es. [Vulgata, Êxodo 33.3]. És um
povo de cerviz dura. VIDE: ● Homo durae cervicis.
1330. Populus est novarum cupiens pavidusque. [Tácito,
Annales 15.46.4]. O povo é ávido de novidades, e ao mesmo
tempo temeroso.
1331. Populus iste labiis suis glorificat me, cor autem eius
longe est a me. [Vulgata, Isaías 29.13]. Este povo me
glorifica com seus lábios, mas o seu coração está contudo
longe de mim.
1332. Populus maior imperatore. O povo é superior ao
governante. ● Populus maior principe.
1333. Populus me sibilat, at mihi plaudo. O povo me vaia,
mas eu me aplaudo. ■ Ande eu quente, ria-se a gente.
● Populus me sibilat, at mihi plaudo ipse domi, simul ac
nummus contemplor in arca. [Horácio, Satirae 1.1.66]. O
povo me vaia, mas em casa eu mesmo me aplaudo, quando
contemplo o dinheiro na arca.
1334. Populus minutus laborat; nam isti maiores maxillae
semper Saturnalia agunt. [Petrônio, Satiricon 44]. O povo
miúdo está na miséria, pois todas essas grandes mandíbulas
estão sempre festejando as Saturnais.
1335. Populus qui ambulabat in tenebris, vidit lucem
magnam. [Vulgata, Isaías 9.2]. Este povo, que andava em
trevas, viu uma grande luz.
1336. Populus semper aut invidet aut favet. [Cícero, Pro
Plancio 7]. O povo está sempre ou contra ou a favor.
1337. Populus sine duce facile dispergitur. [VES 62]. Povo
sem chefe facilmente se dispersa.
1338. Populus vult decipi, ergo decipiatur. [Cardeal Carlo
Caraffa, atribuído]. O povo quer ser enganado, pois que o
seja. VIDE: ● Mundus vult decipi, ergo decipiatur. ● Qui
vult decipi, decipiatur. ● Si mundus vult decipi,
decipiatur. ● Vulgus vult decipi, ergo decipiatur.
1339. Porcellum alens porcum habebit. [Schrevelius 1182].
Quem cria leitão terá porco. ■ Quem planta colhe. VIDE:
● Pluvia Aprilia flores Maios generat.
1340. Porrectis dormire pedibus. [Erasmo, Adagia 1.8.21].
Dormir com os pés estendidos. (=Ficar inteiramente à
vontade). ■ Estar como o vilão em casa de seu sogro.
1341. Porro a Iove atque a fulmine. [Erasmo, Adagia 1.3.96].
Quanto mais longe de Júpiter, mais longe também do raio.
■ Quanto mais alto o coqueiro, maior é o tombo. VIDE:
● Procul a Iove, procul a fulmine. ● Procul a Iove, procul a
fulgure. ● Procul a Iove et fulmine.
1342. Porro ut ex studiis gaudium, sic studia hilaritate
proveniunt. [Plínio Moço, Epistulae 8.19.2]. Como o prazer
vem do interesse, assim o interesse vem da alegria.
1343. Porta, et portaberis. [Bernardes, Luz e Calor 1.221.67].
Carrega, e serás carregado. ■ Sofre, e sofrer-te-ão.
1344. Porta itineri longissima est. [Erasmo, Adagia 4.5.96]. A
porta é a parte mais longa da viagem. ■ O primeiro passo é o
que mais custa. ■ Partir de casa é a maior jornada. ● Portam
itineri dici longissimam esse. [Varrão, De Re Rustica 1.2.2].
Dizem que a porta é a parte mais longa da viagem.
1345. Portatur leviter quod portat quisque libenter.
[Rabelais, Gargantua 3.40]. Carrega-se facilmente o que se
carrega com prazer. ■ O que é do gosto, regalo da vida. ■ O
que é de gosto regala a vida. VIDE: ● Leve fit, quod bene
fertur, onus. ● Onus non est quod sponte suscipitur.
1346. Portio agri videtur aqua viva. [Digesta 43.24.11]. A
fonte se considera como parte do solo.
1347. Portum potius paratum nobis et perfugium putemus
mortem. [Cícero, Tusculanae Disputationes 1.49].
Consideremos a morte mais como um porto e um refúgio
preparado para nós.
1348. Portus aeterna placidus quiete. [Sêneca, Agamemnon
592]. (A morte) é um porto tranqüilo para o eterno repouso.
1349. Portus est locus in quo exportantur et importantur
merces. [Jur / Black 1381]. Porto é o lugar em que se
exportam e importam mercadorias.
1350. Portus miseriae ars. [Pereira 120]. O ofício é o abrigo
contra a miséria. ■ Quem sabe ofício não morre de fome.
■ Quem tem ofício tem benefício. VIDE: ● Ars ipsa inopiae
portus est mortalibus. ● Ars portus infelicitatis
hominibus. ● Ars portus inopiae. ● Ars portus miseriae.
● Disce aliquid, nam cum subito Fortuna recessit, ars
remanet vitamque hominis non deserit unquam.
● Unicum confugium in egestate ars est.
1351. Portus optimus paenitenti mutatio consilii. [Cícero,
Philippica 12.7, adaptado]. O melhor porto para quem se
arrepende é a mudança de decisão.
1352. Portus salutis. O porto da salvação.
1353. Poscunt fidem secunda, at adversa exigunt. [Sêneca,
Agamemnon 934]. A boa fortuna pede fidelidade, a
adversidade a exige.
1354. Poscunt infamem turpissima crimina finem. [Pereira
119]. Crimes odiosos buscam um fim infame. ■ Quem mal
vive, mal acaba.
1355. Posse foramen acus melius transire camelum credo,
quam possit homo dives scandere caelum. Acredito que
seja mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha
do que um homem rico escalar o céu. VIDE: ● Facilius est
camelum per foramen acus transire quam divitem intrare
in regnum caelorum.
1356. Possessio bona fide. [Jur / Black 1382]. Posse de boa-fé.
1357. Possessio mala fide. [Jur / Black 1382]. Posse de má-fé.
1358. Posside sapientiam, quia auro melior est. [Vulgata,
Provérbios 16.16]. Possui a sabedoria, pois ela é melhor que
o ouro. ■ Mais vale saber que haver. ■ Acaba o haver, fica o
saber. VIDE: ● Pretiosior est sapientia divitiis. ● Sapientia
divitiis praestantior. ● Sapientia longe praestat divitiis.
● Sapientiae divitiis possessio praestantior.
1359. Possideas tacitus, si quae adsunt munera divum.
[DAPR 96]. Se houver presentes dos deuses, recebê-los-ás
em silêncio. ■ Ovelha que barrega perde o bocado. VIDE:
● Iactantiae comes invidia.
1360. Possidentis melior est condicio. [Digesta 20.1.10]. É
melhor a condição de quem tem a posse. VIDE: ● Potior est
condicio possidentis.
1361. Possideo, quia possideo. [Jur]. Possuo, porque tenho a
posse. VIDE: ● Qui interrogatus cur possideat, responsurus
sit "quia possideo".
1362. Possum falli ut homo. [Cícero, Ad Atticum 13.21.2].
Como ser humano, posso enganar-me. VIDE: ● Ut humanus
possum falli.
1363. Possum nihil ego sobrius. [Marcial, Epigrammata
11.6.12]. Quanto a mim, quando estou sóbrio, não consigo
fazer nada.
1364. Possumus effugere senum pedes, sed consilio carere
non possumus. [Bebel, Adagia Germanica]. Podemos
escapar dos pés dos velhos, mas não podemos ficar sem sua
sabedoria. VIDE: ● Prudens consilio vetus est vir, tardus
eundo.
1365. Possunt quia posse videntur. [Virgílio, Eneida 5.231].
Podem porque acreditam que podem. ■ Querer é poder. VIDE:
● Hos successus alit: possunt, quia posse videntur.
1366. Post acclamationem bellicam iacula volant. [Stevenson
2450]. Depois do grito de guerra, voam os dardos.
1367. Post acerba, prudenter. [Grynaeus 636]. Depois das
dificuldades, com prudência. ■ Gato escaldado de água fria
há medo. ● Post acerba prudentior. [Erasmo, Adagia
4.3.59]. Depois das dificuldades, com mais prudência. VIDE:
● Post mala prudentior. ● Post mala cautior.
1368. Post acta festa venimus lente nimis. [Schottus, Adagia
613]. Chegamos muito devagar, depois de acabada a festa.
■ Chegamos ao atar das feridas. VIDE: ● Post festum venisti.
● Post festum venimus. ● Pugna peracta venisti.
1369. Post amara dulcia. Depois do amargo, o doce. ■ Depois
do purgatório, a redenção. ■ Depois da tempestade, vem a
bonança.
1370. Post amicitiam credendum est, ante amicitiam
iudicandum. [Sêneca, Epistulae Morales 3.2]. Depois de
feita a amizade, deve-se confiar; antes da amizade, deve-se
julgar.
1371. Post annos centum fugient discrimina vitae. [John
Collin, Spanish Proverbs 5]. Depois de cem anos,
desaparecerão as diferenças da vida. ■ Ao cabo de cem anos
todos seremos calvos.
1372. Post bellum, auxilium. [Suidas / Erasmo, Adagia
3.6.17]. Terminada a guerra, o reforço. ■ Casa arrombada,
trancas à porta. ■ Depois da vindima, cavanejos. ● Post
bellum, machinas. [Diogeniano / Manúcio, Adagia 1412].
Terminada a guerra, trazes a artilharia. ● Post bellum
suppetiae venerunt. [Albertatius 1089]. Depois da guerra
chegou o socorro. VIDE: ● Aedibus in cinerem redactis sero
infunditur aqua. ● Finito bello auxilium. ● Machinas post
bellum afferre.
1373. Post brevem moram. Após uma pequena espera.
1374. Post breve tempus. Depois de algum tempo.
1375. Post calamitatem, memoria alia est calamitas. [Publílio
Siro]. Depois de uma infelicidade, a recordação é outra
infelicidade.
1376. Post cenam dormi, si vis aegrotare libenter. [Medina
610]. ■ Se queres enfermar, ceia e vai-te deitar. ● Post
cenam dormis? Vis aegrotare libenter. [Pereira 122].
Dormes logo depois do jantar? Queres mesmo adoecer.
1377. Post cenam stabis, aut lento pede ambulabis. [Rezende
5087]. Depois do jantar ficarás quieto, ou andarás devagar.
● Post cenam stabis, vel passus mille meabis. [Regimen
Sanitatis Salernitanum / Rezende 5087]. Depois do jantar,
ficarás quieto ou caminharás mil passos. ● Post cenam non
stare, sed mille passus meare. Depois da refeição não ficar
parado, mas dar mil passos.
1378. Post Christum natum. Depois do nascimento de Cristo.
● Post Christum. Depois de Cristo.
1379. Post cibum. Depois da refeição.
1380. Post cineres. Depois das cinzas. (=Depois da morte).
1381. Post cineres est verus honor, est gloria vera. Depois da
morte, a homenagem é sincera, a glória é verdadeira.
1382. Post cineres gloria sera venit. [Rezende 5085]. É tardia
a glória que vem depois da morte. VIDE: ● Cineri gloria sera
venit. ● Gloria sera venit.
1383. Post clamores veniemus ad verbera. Do bate-boca
passaremos às pancadas.
1384. Post coitum omne animal triste. [Tosi 1428]. Todo
animal fica triste depois do coito. VIDE: ● Triste est omne
animal post coitum, praeter mulierem gallumque.
1385. Post dationem celerrime senescit beneficium.
[Menandro / Bebel, Adagia Germanica]. Depois que se faz, o
favor envelhece depressa. ■ Favor recebido, favor esquecido.
1386. Post diem. Depois do dia.
1387. Post equitem sedet atra cura. [Horácio, Carmina
3.1.40]. A negra preocupação vem montada na garupa do
cavaleiro.
1388. Post factum. Depois do fato.
1389. Post factum, lauda. [Rezende 5091]. Louva depois de
consumado o fato. ■ Não louves até que proves. ■ No fim é
que se cantam as glórias. VIDE: ● Diem vesper commendat.
● Lauda finem. ● Laus in fine cantatur et vespere laudatur
dies. ● Omnis laus in fine canitur. ● Tunc beatam dico
vitam, cum peracta fata sunt. ● Vespere laudatur dies.
1390. Post factum, nullum consilium. [Rabelais / Rezende
5092]. Depois do fato, é inútil o conselho. ■ Depois de fugir
o coelho, todos dão conselho. ■ Conselho só serve cedo.
■ Depois do fato, todo o mundo é sábio. VIDE: ● Res peracta
nihil opus est consultatione. ● Serum est post facta
consilium.
1391. Post fata resurgo. Depois da morte eu ressurjo.
(=Refere-se à lenda de Fênix, ave que ressurgiria de suas
cinzas). ● Post fata resurgam. Depois da morte, ressurgirei.
1392. Post festum fatuus superest. [DAPR 584]. Depois da
festa o tolo sobra. ■ Rogar ao santo até passar o barranco.
1393. Post festum venire miserum est. [Erasmo, Colloquia
15], É triste chegar depois de acabada a festa.
1394. Post festum venisti. [Diogeniano / Erasmo, Adagia
1.9.52]. Chegaste depois da festa. ■ Agora é tarde, Inês é
morta. ● Post festum venimus. [Schottus, Adagia 348].
Chegamos depois da festa. VIDE: ● Post acta festa venimus
lente nimis. ● Pugna peracta venisti.
1395. Post fluctus denuo conspiscor tranquillitatem.
[Schottus, Adagia 416]. Depois da tempestade percebo
novamente a tranqüilidade. ■ Depois da tempestade, a
bonança. ■ Depois do purgatório, a redenção. VIDE: ● Post
tempestatem tranquillum. ● Post tempestatem
tranquillum facis.
1396. Post florem fructus, post gaudia sequitur luctus.
Depois da flor, vem o fruto; depois das alegrias, a tristeza.
■ Depois da doçura vem a amargura. ■ Quem ri hoje chora
amanhã. VIDE: Post gaudia luctus.
1397. Post folia cadent in te arbores. [Albertatius 1090].
Primeiro cairão em cima de ti folhas, depois cairão árvores.
■ Quem a ruim perdoa, a ruindade lhe aumenta. ● Post folia
cadunt arbores. [Erasmo, Adagia 2.8.68]. VIDE: ● Arbores
cadunt post folia. ● Folia nunc cadunt; tum arbores in te
cadent. ● Iniuriarum patientia maiorum iniuriarum
genetrix. ● Leviores iniurias si quis ferat, sequuntur
atrociores. ● Nunc in te cadunt folia, post cadent arbores.
● Saepe ignoscendo, des iniuriae locum. ● Semper
ignoscendo, des iniuriae locum. ● Semper quiescens des
locum iniuriae. ● Veterem ferendo iniuriam, invitas
novam.
1398. Post funera virtus. [Rezende 5094]. Depois dos funerais,
reconhecem-se as virtudes. ■ Depois do enterro começam os
elogios. VIDE: ● Post hominum cineres oritur clarissima
fama. ● Vivit post funera virtus.
1399. Post gaudia luctus. [Binder, Thesaurus 2618]. Depois da
alegria, a tristeza. ■ Depois da doçura vem a amargura.
■ Quem ri hoje chora amanhã. ■ Depois da calma, a
tempestade. ■ A bom bocado, bom grito. VIDE: ● Gaudia post
luctus veniunt, post gaudia luctus. Semper in ambiguo,
speve metuve, sumus. ● Laetitiae proximus fletus. ● Post
florem fructus, post gaudia sequitur luctus. ● Sperne
voluptates, quia mox post gaudia flebis.
1400. Post gloriam invidia sequitur. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 55.2]. A inveja acompanha a glória. ■ A inveja
sempre atina lugares altos. ■ Não há glória sem inveja. VIDE:
● Est hoc commune vitium magnis liberisque civitatibus,
ut invidia gloriae comes sit. ● Gloriae et virtutis invidia
est comes. ● Invidia gloriae comes. ● Invidia virtutum
comes.
1401. Post hanc diem. Depois deste dia. De hoje em diante.
Doravante.
1402. Post hiemem denuo recurrit ver; at post senectam
nulla recurrit iuventa. [Rezende 5096]. Depois do inverno
volta novamente a primavera, mas depois da velhice a
juventude não volta.
1403. Post hoc, ergo propter hoc. [Da linguagem da filosofia].
Depois disso, logo por causa disso. ● Post hoc, propter hoc.
VIDE: ● Cum hoc vel post hoc, ergo propter hoc.
1404. Post hominum cineres oritur clarissima fama. [Erasmo
/ Tosi 593]. Depois da morte dos homens nasce uma fama
imensa. ■ Depois do enterro começam os elogios. VIDE: ● Post
funera virtus. ● Vivit post funera virtus.
1405. Post homines natos. [Cícero, Philippica 11.1]. Depois do
nascimento dos homens. Desde que os homens existem.
1406. Post hominum memoriam. [Cícero, Ad Familiares 16;
Rezende 5098]. A partir da lembrança dos homens. ■ Desde
que o mundo é mundo.
1407. Post iacturam quis non sapit? [Mantuano, Eclogae 2].
Depois do dano, quem não aprende? ■ Depois do fato, todo
mundo é sábio.
1408. Post industriam sequetur sapientia [Vulgata,
Eclesiastes 10.10]. Depois do esforço virá a sabedoria.
1409. Post iram graviorem alimenta non assumantur, ne
graviora sequantur mala. [Nenter 97]. Depois de
aborrecimento violento não se tomem alimentos, para que
não ocorram males mais graves.
1410. Post iucundam iuventutem, post molestam
senectutem, nos habebit humus. [Canção estudantil
medieval]. Depois da alegre juventude, depois da incômoda
velhice, ter-nos-á a terra. VIDE: ● Gaudeamus igitur iuvenes
dum sumus; post iucundam iuventutem, post molestam
senectutem nos habebit humus.
1411. Post laborem, requiem. [Inscrição em quadrante solar].
Depois da fadiga, o repouso.
1412. Post laudem quiesce. [Pereira 99]. Depois da glória,
descansa. ■ Cobra boa fama e deita-te a dormir.
1413. Post ludos ad seria. [Grynaeus 537]. Depois das
brincadeiras passemos a coisas sérias.
1414. Post mala prudentior. [Erasmo, Adagia 1.3.99]. Depois
das dificuldades, com mais prudência. ■ Gato escaldado de
água fria há medo. ■ Aprender à sua custa. ● Post mala
cautior. [Apostólio, Paroimiai 15.64]. VIDE: ● Post acerba
prudentior. ● Post acerba, prudenter.
1415. Post maxima nubila Phoebus. [Alain de Lille, Liber
Parabolarum]. Depois da maior escuridão, o sol. ■ Depois da
tempestade, vem a bonança. VIDE: ● Blandi post nubila soles.
● Clarior est solito post maxima nubila Phoebus. ● Gratus
est sollicito post maxima nubila Phoebus. ● Imbribus
obscuris succedunt lumina solis. ● Nubilo serena
succedunt. ● Phoebum post nubila irradiare. ● Post
nebulas Phoebus. ● Post nubila, Phoebus. ● Solem fugatis
nubilis reduci.
1416. Post mediam noctem. Depois da meia-noite.
1417. Post meridiem. Depois do meio-dia.
1418. Post mortem. Depois da morte. VIDE: ● Post obitum.
1419. Post mortem, medicina. [Rezende 5100]. Depois da
morte, o remédio. ■ Casa arrombada, trancas às portas.
● Post mortem, medicus. [Rezende 5100]. Depois da morte,
o médico.
1420. Post mortem nihil. Depois da morte não há nada. ■ A
morte é o fim de todas as coisas. ● Post mortem, nihil est,
ipsaque mors nihil. [Sêneca, Troades 397]. Depois da morte
não há nada; a própria morte não é nada.
1421. Post mortem nulla voluptas. Depois da morte não há
nenhum prazer. ■ Depois de morto, nem vinha nem horto.
VIDE: ● Edamus, bibamus, gaudeamus: post mortem nulla
voluptas.
1422. Post mortis morsum vertit dilectio dorsum. [Binder,
Thesaurus 2622]. Depois da mordida da morte, o amor vira
as costas. ■ A mortos e idos não há amigos. ■ Dor de mulher
morta dura até a porta.
1423. Post multa virtus opera laxari solet. [Sêneca, Hercules
Furens 476]. Depois de muitas aventuras, a coragem costuma
diminuir.
1424. Post multum temporis. [Vulgata, Êxodo 2.23]. Depois
de muito tempo. ● Post multum tempus. [S.Agostinho,
Sermones 87.5].
1425. Post natus. [Jur / Broom 396]. O que nasceu depois. VIDE:
● Ante natus.
1426. Post naufragium maria tentantur. [Sêneca, Epistulae
Morales 81.2]. Depois do naufrágio, busca-se novamente o
mar. ■ Trás um tempo vem outro.
1427. Post nubila, Phoebus. [Rezende 5103]. Depois do
nevoeiro, o sol. ■ Depois da tempestade, vem a bonança.
■ Depois do purgatório, a redenção. ● Post nebulas
Phoebus. Depois das nuvens, o sol. ● Post nubila, iubila.
[Lodeiro 825]. Depois da escuridão, alegria. ● Post nubila,
clarior. [Divisa da Sociedad de Estúdios Latinos, Espanha].
Depois do nevoeiro, maior claridade. ● Post nubila, lux.
Depois do nevoeiro, a luz. ● Post nubila, sol. Depois do
nevoeiro, o sol. VIDE: ● Blandi post nubila soles. ● Clarior
est solito post maxima nubila Phoebus. ● Fide Deo, Deus
est: post nubila iubila praebet. ● Gratus est sollicito post
maxima nubila Phoebus. ● Imbribus obscuris succedunt
lumina solis. ● Nubilo serena succedunt. ● Phoebum post
nubila irradiare. ● Post maxima nubila Phoebus. ● Saepe
post magna siccitate venit ingens pluvia. ● Solem fugatis
nubilis reduci. ● Tempestas mutatur facile in serenitatem.
● Venit post pluvias lucida saepe dies.
1428. Post obitum. Depois da morte. VIDE: ● Post mortem.
1429. Post panes bona maza est. [Grynaeus 605]. À falta de
pães, massa é bom. ● À míngua de pão, boas são as tortas.
■ Quem não tem pão alvo come do ralo. VIDE: ● Bona est offa
post panem. ● Bona etiam offa post panem. ● Bona est
etiam offa post panem.
1430. Post partum. Depois do parto.
1431. Post pisces nux sit, post carnes caseus adsit. [Regimen
Sanitatis Salernitanum]. Depois do peixe, nozes; depois da
carne, queijo.
1432. Post prandium stabis, post cenam ambulabis.
[Regimen Sanitatis Salernitanum / Rezende 5107]. Depois do
almoço, sossegarás; depois do jantar, passearás. ■ Depois de
almoçar, deitar; depois de cear, passos dar.
1433. Post proelium, praemium. [Divisa]. Depois da batalha,
o prêmio. ■ Depois do purgatório vem a redenção. ● Post
proelia, praemia. [Divisa]. Depois das lutas, os prêmios.
1434. Post rem devoratam, ratio. [Erasmo, Adagia 5.1.5].
Depois que a fortuna foi devorada, juízo. ■ Casa arrombada,
trancas às portas.
1435. Post rerum eventum omnes facile sapientes sunt.
Depois de ocorrerem os fatos, é fácil todos serem sábios.
■ Depois do fato, todo mundo é sábio.
1436. Post satietatem, nihil agendum. [Celso, De Medicina
2.9]. Depois de comer à saciedade, nada fazer. ■ Depois de
comer, nem uma carta ler.
1437. Post scriptum. Depois do texto. (=Pós-escrito. Texto que
se acrescenta a uma carta, depois da assinatura).
1438. Post solis occasum. Depois do pôr do sol.
1439. Post tantum temporis. [Vulgata, Hebreus 4.7]. Tanto
tempo depois.
1440. Post tempestatem tranquillum. Depois da tempestade, a
tranqüilidade. ■ Depois da tempestade, a bonança. ■ Depois
do purgatório, a redenção. ● Post tempestatem tranquillum
facis. [Vulgata, Tobias 3.22]. Depois da tempestade, fazes a
tranqüilidade. ● Post tempestatem tranquilitas. Depois da
tempestade, a tranqüilidade. VIDE: ● Post fluctus denuo
conspiscor tranquillitatem.
1441. Post tempus, tempus venit. ■ Trás um tempo vem outro.
1442. Post tenebras, lux. [Divisa da cidade de Genebra].
Depois das trevas, eis a luz.
1443. Post tenebras spero lucem. [Vulgata, Jó 17.12]. Depois
das trevas espero a luz.
1444. Post tot naufragia portum. [Divisa]. Depois de tantos
naufrágios, um porto. ■ Depois do purgatório, a redenção.
● Post tot naufragia tutus. [Divisa]. Depois de tantos
naufrágios, estou em segurança.
1445. Post tres dies piscis vilescit et hospes. [Pontanus /
Maloux 266]. ■ Hóspede e pescada, aos três dias enfada.
● Post tres saepe dies vilescit piscis et hospes. [DAPR 363].
● Post triduum hospes fastidit. Depois de três dias, o
hóspede nos cansa. ● Post tres saepe dies vilescit piscis et
hospes, ni sale conditus vel sit specialis amicus. [Jan
Dantyszek, Carmina / Werner]. Depois de três dias se estraga
tanto o peixe como o hóspede, a não ser que aquele seja
temperado com sal, ou este seja um amigo especial. VIDE:
● Hospes et piscis tertio quoque die odiosus est. ● Hospes
nullus tam in amici hospitium deverti potest, quin, ubi
triduum continuum fuerit, iam odiosus siet.
1446. Post tres dies resurgam. [Vulgata, Mateus 27.63]. Eu hei
de resurgir depois de três dias. VIDE: ● Resurgam.
1447. Post triduum mulier, hospes fastidit et imber, quod si
plus maneat, quatriduanus erit. [Rezende 5112]. Depois de
três dias, a mulher, o hóspede e a chuva aborrecem, e, se
durarem mais tempo, terão mau cheiro como um morto de
quatro dias.
1448. Post tristia soles. [Binder, Thesaurus 2623]. Depois da
tristeza, o sol. ● Post tristia dulcor. Depois da tristeza,
doçura. VIDE: ● Post nubila, Phoebus.
1449. Post Urbem conditam. Depois da fundação de Roma.
1450. Post verba, verbera. [Binder, Thesaurus 2626]. Depois
das palavras, pancadas.
1451. Post vinum, verba. Depois do vinho, palavras. ■ Quando
o vinho desce, as palavras sobem. ■ Depois de beber, cada
qual dá o seu parecer. ● Post vinum verba, post imbrem
nascitur herba. [Werner]. Depois do vinho brotam as
palavras; depois da chuva brota o capim. VIDE: ● Subsidente
vino, supernatant verba. ● Vinum verba ministrat.
1452. Post vulnera clipeus. [Pereira 102]. Depois dos
ferimentos, o escudo. ■ Depois de vindimas cavanejos.
■ Casa arrombada, trancas às portas. VIDE: ● Clipeum post
vulnera. ● Sero clipeum post vulnera sumo.
1453. Postea noli rogare, quod impetrare nolueris. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.1]. Não peças o que depois não
quererás ter.
1454. Postera in dubio est fortuna quam vehat aetas.
[Lucrécio, De Rerum Natura 3.1088]. Não se sabe que sorte
trará o dia de amanhã. ■ O dia de amanhã ainda ninguém o
viu.
1455. Posteriora derogant prioribus. [Jur / Black 1389]. As
coisas posteriores derrogam as anteriores.
1456. Posteriora solent esse deteriora. [Tosi 1586]. O que
vem depois costuma ser pior. ■ Depois de mim virá quem
bom me fará. ● Posteriora, deteriora.
1457. Posteriores cogitationes meliores sunt. Os raciocínios
posteriores são melhores. ■ Depois do mal acontecido, todos
o tinham previsto. ● Posteriores cogitationes prudentiores.
As decisões posteriores são mais prudentes. ● Posteriores
cogitationes, ut aiunt, sapientiores esse solent prioribus.
[Cícero, Philippica 12.2.5]. Segundo dizem, as decisões
posteriores são mais sábias que as primeiras.
1458. Posteriores leges ad priores pertinent, nisi contrariae
sint. [Paulo, Digesta 1.3]. As leis posteriores complementam
as anteriores, a não ser que lhes sejam contrárias. VIDE:
● Leges posteriores ad priores pertinent, nisi contrariae
sint.
1459. Posteriores leges plus valent quam quae ante eas
fuerunt. [Jur]. As leis posteriores têm mais força que as que
havia antes delas.
1460. Postmodo de stipula grandis acervus erit. [Ovídio,
Amores 1.8.90]. Com o correr do tempo dessa palha haverá
um grande monte.
1461. Postpositis vanitatibus huius saeculi. Deixando-se de
lado as vaidades deste mundo.
1462. Postquam docti prodierunt, boni desunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.13]. Depois que surgiram os eruditos,
faltam os sábios. ● Postquam docti surrexerunt, boni viri
desierunt. [DAPR 634]. Depois que surgiram os eruditos, os
sábios faltaram.
1463. Postquam promisimus, necessario reddere debemus.
[Medina 608]. Depois que prometemos, obrigatoriamente
temos de cumprir. ■ Quem promete em dívida se mete.
■ Promessa é dívida.
1464. Potat aquam metro, sed edit mazam sine metro.
[Apostólio, Paroimiai 12.74]. Bebe água sob medida, mas
come bolo sem medida. ■ Aproveitador de farelos,
esperdiçador de farinha. ■ Quebra a louça e guarda os
palitos. VIDE: ● Ad mensuram aquam bibit, citra
mensuram panem comedit. ● Ad mensuram aquam
bibunt, citra mensuram offam comedentes. ● Haurit
aquam metro, capit immoderatus offam. ● Lege bibunt
undam, comedunt sine lege placentam. ● Mensura aquam
bibentes, citra mensuram mazam edentes.
1465. Potatio et comestio. O beber e o comer.
1466. Potens maxime in res bellicas fortuna. A sorte tem
muita força, principalmente nas guerras. VIDE: ● Fortuna per
omnia humana maxime in res bellicas potens.
1467. Potens misericors publica est felicitas. [Publílio Siro].
Um príncipe piedoso é uma felicidade para o povo.
1468. Potentes ne tentes aemulari. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.23 / Rezende 5113]. Não pretendas medir-te com os
poderosos. ■ Pobre que arremeda rico morre aleijado. ■ Não
te arrisques a nadar onde pé não podes achar. VIDE: ● Inops,
potentem dum vult imitari, perit.
1469. Potentes potenter tormenta patientur. [Vulgata,
Sabedoria 6.7]. Os grandes serão poderosamente
atormentados. ■ Quando vem ao soberbo o castigo, vem-lhe
mais rijo. ● Potentes potenter torquentur.
1470. Potenti irasci, sibi periclum est quaerere. [Publílio
Siro]. Zangar-se com um homem poderoso é procurar para si
o perigo. VIDE: ● Cum domino semper pugna sinistra fuit.
● Cum principe non pugnandum. ● Fuge lites cum viro
maiore. ● Habeas nunquam magno cum principe litem.
● Lites cum rege molestae. ● Maiorem vitato virum.
● Nemo potentes aggredi tutus potest. ● Non habeas
unquam magno cum principe litem: cum domino semper
pugna sinistra fuit. ● Offensa potentium periculosa.
● Semper vitato potentem.
1471. Potentia est in iunioribus, prudentia autem in
senioribus. [Aristóteles, Politica]. Nos jovens está a força,
mas nos velhos está a prudência.
1472. Potentiam malitia adiutam quis effugiat? [Epígrafe de
Fábula de Fedro 2.6 / Rezende 5114]. Se ao poder se junta a
malícia, quem poderá escapar-lhe?
1473. Potentior est quam vox mens dicentis. A intenção de
quem fala tem mais força do que sua voz.
1474. Potentioris societatem fuge. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 1.5 / Rezende 5116]. Evita a companhia do mais
poderoso. VIDE: ● Potentum amicitiae sunt periculosae.
1475. Potentiorum discordias imbecillioribus saepe
prodesse. As discórdias dos poderosos muitas vezes
favorecem aos mais fracos.
1476. Potentiorum iniuriae hilari vultu, non tantum
patienter ferendae sunt. [Sêneca, De Ira 2.33.1]. As
injustiças dos poderosos devem ser suportadas não só com
paciência, mas até com rosto alegre.
1477. Potentis est facere quod velit. É do poderoso fazer o que
quiser. ■ Manda quem pode, obedece quem serve.
1478. Potentissimus est qui se habet in potestate. [Sêneca,
Epistulae Morales 90.34]. O homem mais poderoso é o que
tem domínio sobre si mesmo. ■ Quem se vence, vence o
mundo. VIDE: ● Fortior est qui se, quam qui fortissima
vincit moenia. ● Quem magis admiraberis, quam qui
imperat sibi, quam qui se habet in potestate?
1479. Potentum amicitiae sunt periculosae. [Grynaeus 763].
As amizades dos poderosos são perigosas. ■ Com o fogo não
se brinca. VIDE: ● Potentioris societatem fuge.
1480. Potest caecus caecum ducere? [Vulgata, Lucas 6.39].
Pode um cego guiar outro? ■ Cego não pode guiar cego. VIDE:
● Caecus autem, si caeco ducatum praestet, ambo in
foveam cadunt. ● Caecus caecum ducens, in foveam se
ipsum cum illo praecipitat. ● Caecus caecos ducat in
foveam. ● Si caecum caecus ducit, ambo in foveam
cadunt.
1481. Potest, dum res integra est, infecta fieri emptio.
[Digesta 18.5.2]. Enquanto a coisa está íntegra, a compra
pode ser desfeita.
1482. Potest enim quicquam esse absurdius quam, quo viae
minus restet, eo plus viatici quaerere? [Cícero, De
Senectute 66]. Pode haver coisa mais absurda do que, quanto
menos caminho resta, buscar mais provisões de viagem?
VIDE: ● Exacta via, viaticum quaeris. ● Quid enim stultius
est, quam via deficiente viaticum augere?
1483. Potest ex casa vir magnus exire. De uma choupana pode
sair um grande homem. ■ De ruim ninho também sai bom
passarinho. ● Potest ex casa vir magnus exire; potest et ex
deformi humilique corpusculo formosus animus ac
magnus. [Sêneca, Epistulae Morales 66.3]. De um casebre
pode sair um grande homem e de um corpinho disforme pode
sair um coração formoso e generoso. VIDE: ● E tenue casa
saepe vir magnus exit. ● Exire magnus e tugurio vir
potest.
1484. Potest igitur exercitatio et temperantia etiam in
senectute conservare aliquid pristini roboris. [Cícero, De
Senectute 34]. O exercício e a temperança podem preservar
na velhice alguma coisa de nosso vigor antigo.
1485. Potest quid esse honestum, quod non liberum? [PSa].
Pode ser digno algo que não é livre?
1486. Potest quidem eloquentia tua quae parva sunt
approbare pro magnis, rursus magna attenuare et ad
minima deducere. [Sêneca, Ad Polybium 18.4]. Tua
eloqüência pode fazer coisas pequenas parecerem
importantes, e, por outro lado, minimizar coisas grandes e
reduzi-las a ninharias.
1487. Potest quis errare aliquando. [Cícero, De Divinatione
1.71, adaptado]. Às vezes pessoa pode enganar-se.
1488. Potest quis per alium quod potest facere per seipsum.
[Jur]. Pode-se fazer por intermédio de outro o que se pode
fazer pessoalmente.
1489. Potest taurum tollere qui vitulum sustulerit. [Petrônio,
Satiricon 25.6]. Pode carregar o touro quem carregou o
vitelo. ■ Quem rouba um cesto, rouba um cento. ■ Quem
rouba um ovo, pode roubar um boi. VIDE: ● Qui taurum
sustulit, vitulum tollere potest. ● Qui tulerit vitulum, ille
potest et tollere taurum. ● Taurum tollet, qui vitulum
sustulerit.
1490. Potest uti adversis nunquam felicitas. [Publílio Siro]. O
homem bem sucedido nunca sabe lidar com a adversidade.
1491. Potestas alienandi. [Jur]. O poder de alienar.
1492. Potestas coercendi. [Jur]. O poder de coerção.
1493. Potestas et auctoritas. Poder e autoridade.
1494. Potestas et si supplicet, cogit. O poderoso, mesmo
quando suplica, obriga. ■ Rogos de rei mandados são. ■ Rogo
dos grandes mandamento é. ● Potestas, non solum si invitet,
sed etiam si supplicet, cogit. [Macróbio, Saturnalia 2.7]. O
poderoso, não só quando pede, mas mesmo quando suplica,
obriga. VIDE: ● Blando vis latet imperio. ● Cogit rogando,
cum rogat potentior. ● Qui rogat potentior, rogando cogit.
● Si opulentus it petitum pauperioris gratiam, pauper
metuit.
1495. Potestas imperii. O poder de comando. ● Potestas
gubernandi.
1496. Potestas in temporalibus. O poder temporal. ● Potestas
saecularis. ● Postestas temporalis.
1497. Potestas non solum si invitet, sed etiam si supplicet,
cogit. [Macróbio, Saturnalia 2.7]. O poderoso obriga não só
quando pede, mas até quando suplica. ■ Manda quem pode,
obedece quem tem juízo.
1498. Potestas nostra non est ex homine, sed ex Deo. [Papa
Inocêncio III]. Nossa autoridade não vem do homem, mas de
Deus.
1499. Potestas spiritualis. O poder espiritual.
1500. Potestas vitae necisque. O poder de vida e morte.
● Potestas occidendi.
1501. Potior dignitas sine vita quam vita sine dignitate.
[Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 3.2.14]. Antes
a dignidade sem a vida do que a vida sem dignidade. ■ Antes
a morte que a desonra. ● Potior est honor sine vita quam
vita sine honore.
1502. Potior est condicio possidentis. [Jur / Broom 178]. É
melhor a condição de quem tem a posse. VIDE: ● Possidentis
melior est condicio.
1503. Potior est qui prior est. Quem vem antes tem
preferência. ■ Quem primeiro chega primeiro é servido.
1504. Potior in tempore, potior in iure. [Jur]. Quem é
primeiro no tempo é primeiro no direito.■ Quem chega
primeiro é servido primeiro. ■ Quem antes nasce antes
pasce. VIDE: ● Praevalet iure, qui praevenit tempore.
● Prior in tempore, potior in iure. ● Prior in tempore,
melior in iure. ● Prior tempore, prior iure. ● Prior
tempore, potior iure. ● Qui prior est tempore, potior est
iure. ● Sicut prior es tempore, ita potior es iure.
1505. Potior periculosa libertas quieto servitio. [Salústio,
Oratio Lepidi 26]. Antes a liberdade com perigo que a
servidão tranqüila. VIDE: ● Malo periculosam libertatem
quam quietam servitutem. ● Malo periculosam libertatem
quam quietum servitium.
1506. Potior sit qui prior ad dandum est. [Terêncio, Phormio
533]. Tem preferência o que pagar primeiro.
1507. Potissimus irae fructus paenitentia. [DAPR 381]. O
arrependimento é o maior fruto da ira. ■ Onde acaba a ira,
começa o arrependimento.
1508. Potius a prudentibus emendari quam laudari ab
imprudentibus. [S.Agostinho, De Civitate Dei 5.26.7].
Antes ser corrigido pelos sábios que louvado pelos
ignorantes.
1509. Potius amari, quam metui. ■ Antes ser amado que
temido. VIDE: ● Amari malo quam timeri. ● Malo amari
quam timeri. ● Malo me diligi quam metui. ● Maluit se
diligi quam metui. ● Nolo ego metui; amari mavolo. ● Plus
a vobis amari appetat quam timeri. ● Praestat amari
quam timeri.
1510. Potius amicum quam dictum perdere. Antes perder um
amigo que perder uma frase. VIDE: ● Laedere nunquam
velimus, longeque absit illud propositum, potius amicum
quam dictum perdendi.
1511. Potius caruisse fruendis, quam trepidare malis.
[Ausônio, Ephemeris 7.31]. Antes falta de prazeres que medo
de desgraças.
1512. Potius colligunt libras quam legunt libros. Preferem
juntar dinheiro a ler livros.
1513. Potius eligendum est id quod possibile, quam quod
impossibile. [Aristóteles]. É melhor escolher o possível do
que o impossível.
1514. Potius est felicitas regno. [S.Agostinho, De Civitate Dei
4.23.3]. Mais vale felicidade que poder.
1515. Potius est honeste pauperem esse quam divitem male.
[DAPR 540]. ■ Antes pobre honrado que rico ladrão. VIDE:
● Honeste pauperem esse melius est quam iniuste divitem.
1516. Potius frangi quam flecti. [Bacon, Henricus Septimus
8.11]. ■ Antes quebrar que dobrar. VIDE: ● Melius frangi
quam flecti.
1517. Potius ignoratio iuris litigiosa est quam scientia.
[Cícero, De Legibus 1.18]. Causa mais discórdia o
desconhecimento da lei do que o seu conhecimento.
1518. Potius mori quam foedari. [Bernardes, Nova Floresta
1.9]. Antes morrer que desonrar-se. ■ Antes a morte que a
desonra. ■ Antes morte que vergonha. ● Potius mori milies
quam semel foedari. Antes morrer mil vezes que praticar
um único ato vil. VIDE: ● Candorem praefero vitae. ● Malo
mori quam foedari. ● Malo mori quam maculari. ● Mavult
mori quam maculari vir probus. ● Melius mori quam
foedari. ● Mori melius est quam peccare. ● Mori satius est,
quam turpiter vivere. ● Mors servituti turpitudinique
anteponenda. ● Mors turpitudini anteponenda. ● Prius
mori quam foedari.
1519. Potius mori quam fidem fallere. [Divisa do Conde de
Nioac / Rezende 5122]. Antes morrer do que faltar à palavra.
1520. Potius patriae opes augeri, quam regis, maluit.
[Cornélio Nepos, Conon 5]. Quis antes aumentar a riqueza de
sua pátria que a do rei.
1521. Potius quaelibet mala tolerare quam malo consentire.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 1.18]. Antes suportar
quaisquer males do que concordar com o mal. VIDE: ● Mala
omnia pati melius quam malo consentire. ● Melius est
omnia mala pati quam malo consentire.
1522. Potius sero quam nunquam. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 4.2.14]. ■ Antes tarde do que nunca. VIDE: ● Praestat
aliquando quam nunquam. ● Praestat sero quam
nunquam. ● Utilius tarde quam nunquam.
1523. Potum meum cum fletu miscebam. [Vulgata, Salmos
101.10]. Misturava a minha bebida com o pranto.
1524. Potus furtivus dulcis est. [Bebel, Adagia Germanica]. A
água furtada é doce. ■ Não há melhor bocado do que o
furtado. VIDE: ● Aquae furtivae dulciores sunt, et panis
absconditus suavior. ● Aquae furtivae suaves sunt.
● Furtivus potus plenus dulcidine totus.
1525. Potus non frangit ieiunium. [Rezende 5125]. Beber não
quebra o jejum.
1526. Prae dolio doctrinae malo guttam opum. [S.Gregório
Nazianzeno / Grynaeus 85]. A um barril de ciência prefiro
uma gota de ajuda. VIDE: ● Gutta fortunae prae dolio
sapientiae.
1527. Prae manibus. Entre as mãos.
1528. Praebe, fili mi, cor tuum mihi. [Vulgata, Provérbios
23.26]. Dá-me teu coração, meu filho.
1529. Praebet candoris lac nigri vacca coloris. [DAPR 318].
A vaca preta dá leite branco. ■ Galinha preta põe ovo
branco. VIDE: ● Etiam atra gallina candida ova excludit.
1530. Praecaveat lapsum qui fratri suffodit antrum. [Tosi
269]. Quem cavou fossa para seu irmão trate de não
escorregar. ■ Quem laço me armou nele caiu. ■ Quem faz
trelas cai nelas. ■ Quem arma a esparrela às vezes cai nela.
VIDE: ● Incidit in foveam qui primus fecerat illam. ● Incidit
in foveam quam fecit. ● Qui fodit foveam, incidet in eam,
et qui volvit lapidem, revertetur ad eum. ● Qui foveam
fodit, incidet in eam, et qui statuit lapidem proximo,
offendet in eo. ● Suo ipsius laqueo captus est. ● Suo laqueo
captus est.
1531. Praecedenti spectatur mantica tergo. [Pérsio, Satirae
4.24]. Só se olha a mochila às costas de quem nos precede.
■ O macaco vê o rabo da cutia, mas não vê o seu. VIDE: ● Non
videmus manticae quod in tergo est.
1532. Praecepta canam, celabitur auctor. [Horácio, Sermones
2.4.11]. As idéias eu vou-te revelar, mas o autor ficará
oculto. VIDE: ● Celabitur auctor.
1533. Praecepta ducunt, exempla trahunt. [Sweet 128]. As
regras conduzem, os exemplos arrastam. ■ Exemplos farão
mais que doutrina. ■ Frei exemplo é o melhor pregador. VIDE:
● Exempla, magis quam verba, movent. ● Longum iter per
praecepta, breve et efficax per exempla. ● Magis movent
exempla quam verba. ● Verba docent, exempla trahunt.
● Verba movent, exempla trahunt.
1534. Praecepta melius imperii reges dabunt. [Sêneca,
Phoenyssae 661]. Os reis definirão melhor os princípios de
governo.
1535. Praecepta, non homines. [Divisa]. Princípios, não
homens.
1536. Praecepta vana surdis auribus canere. Cantar ordens
inúteis a ouvidos surdos. ■ Perder o latim.
1537. Praeceptores suos adulescens veneratur ac suspicit.
[Sêneca, Epistulae Morales 73.4]. O jovem respeita e admira
seus professores.
1538. Praeceptoris nimia saevitia culpa assignatur. [Digesta
9.2.9]. O excessivo rigor do preceptor é considerado culpa.
1539. Praeceptum legis. [Jur]. Um preceito da lei.
1540. Praecipua pars felicitatis sit, ut quod sis, esse velis.
[Erasmo, Moriae Encomium 22]. A parte mais importante da
felicidade é desejar ser como se é.
1541. Praeclara sunt rara. As coisas excelentes são raras. VIDE:
● Omnia praeclara rara. ● Omnia præclara tam difficilia
quam rara sunt.
1542. Praeclarior est bona existimatio quam pecunia.
[S.Ambrósio, Epistula Constantio 11]. Boa fama vale mais
que dinheiro. ■ Mais vale boa fama que dourada cama.
■ Mais vale crédito na praça que dinheiro em caixa. VIDE:
● Bona existimatio pecuniis praestat. ● Bona opinio
hominum tutior pecunia est. ● Honesta fama est alterum
patrimonium. ● Honestus rumor alterum est
patrimonium. ● Melius est nomen bonum quam divitiae
multae. ● Nomen bonum melius est quam divitiae multae.
● Plus valet bonum nomen, quam divitiae multae. ● Si
bona existimatio divitiis praestat.
1543. Praecocia ingenia raro maturescunt. [DAPR 546]. As
inteligências precoces raramente amadurecem. ■ O que cedo
amadurece cedo apodrece. ● Praecox ingenium raro
pervenit ad frugem. [Medina 609]. Inteligência prematura
raramente dá fruto. ● Praecocia ingenia cito deficiunt.
[Binder, Thesaurus 2632]. Talentos precoces logo se
esgotam. ● Praecocia non sunt diuturna. As coisas
prematuras não são duradouras. VIDE: ● Senilis iuventa
praematurae mortis signum.
1544. Praecogitati mali mollis ictus venit. [Sêneca, Epistulae
Morales 76.34]. O golpe do mal, previsto, nos atinge com
mais suavidade. ■ Homem prevenido a custo é vencido.
1545. Praeda lupina placet corvis, ut lumina captent.
[Pereira 115]. A caçada do lobo agrada aos corvos, para que
possam arrancar os olhos. ■ O mal que faz o lobo apraz ao
corvo.
1546. Praedones qui praedam captant et ad aliena manum
extendent, bellum, non pacem, affectant. [VES 4].
Salteadores que buscam presas e metem a mão nos bens
alheios, desejam guerra, não paz.
1547. Praeesse nescit qui subesse nescit. ■ Quem não sabe
obedecer não sabe mandar. ■ É obedecendo que se aprende a
mandar. VIDE: ● Non potest bene imperare qui male ante
serviit. ● Parere cum didiceris, imperare scies. ● Qui nescit
oboedire, is nesciet imperare.
1548. Praeferendam esse spurcissimam mortem servituti
mundissimae. [Sêneca, Epistulae Morales 70.21]. É
preferível a mais indigna morte à mais brilhante escravidão.
■ Magro, mas sem coleira. ■ Antes coelho magro no mato do
que gordo no prato.
1549. Praeferre patriam liberis regem decet. [Sêneca,
Troades 333]. É dever do rei colocar a pátria antes dos
próprios filhos.
1550. Praeiudicata opinio iudicia obruit. [Epígrafe de Fábula
de Fedro 5.5 / Rezende 5130]. A opinião preconcebida
prejudica o julgamento.
1551. Praelatio alterius sine alterius contumelia non potest
procedere, quia nec electio sine reprobatione. [Tertuliano,
Apologeticus 13.1]. Não pode haver preferência de um sem
ofensa a outro, pois não pode haver escolha sem rejeição.
1552. Praemeditata animo levius sufferre valebis.
Conseguirás suportar com mais facilidade os males previstos.
● Praemeditata quidem levius sufferre valebunt; quae
subito adveniunt multo graviora videntur. [Columbano].
As coisas previstas serão mais facilmente suportadas; as
imprevistas parecem muito mais graves.
1553. Praemeditatio futurorum malorum lenit eorum
adventum. [Cícero, Tusculanae Disputationes 3.14]. A
previsão de males futuros suaviza a chegada deles.
1554. Praemia nobis posita sunt post laborem. A recompensa
nos é dada depois do trabalho. ■ Não há lucro sem trabalho.
■ Quem trabalha ganha pão. ■ Quem trabalha tem alfaia.
1555. Praemia non capiet, ingrato qui bona praestat.
[Columbano]. Não conseguirá recompensa quem faz favor a
ingrato. ■ Quem faz bem ao ingrato compra caro e vende
barato.
1556. Praemissa sententia. A premissa.
1557. Praemium virtutis honor. [Divisa]. A glória é o prêmio
da virtude.
1558. Praemium vitae mori pro patria. [DAPR 520]. É um
prêmio da vida morrer pela pátria. ■ É doce morrer pela
pátria. VIDE: ● Dulce et decorum est pro patria mori.
1559. Praemones venatum. ■ Espantas a caça.
1560. Praemonitus, praemunitus. [Rezende 5132].
■ Prevenido, protegido. ■ O homem prevenido vale por dois.
■ Homem prevenido a custo é vencido.
1561. Praenunciat fumus incendium. [Sêneca, Epistulae
Morales 103]. A fumaça anuncia um incêndio. ■ Onde há
fumaça, há fogo. VIDE: ● Flamma fumo est proxima.
● Semper flamma fumo proxima est.
1562. Praeponam enim unum ex libertis sepulchro meo
custodiae causa, ne in monumentum meum populus
cacatum currat. [Petrônio, Satiricon 71.14]. Porei de guarda
diante de meu túmulo um dos meus libertos, para que o povo
não corra a defecar no monumento.
1563. Praepropera consilia raro sunt prospera. [Jur / Black
1396]. Decisões apressadas raramente são bem sucedidas.
■ Quem cedo se determina, cedo se arrepende. VIDE:
● Periculosa est praepropera prudentia. ● Prudentia
praepropera periculosa est.
1564. Praeproperum initium languidum finem facit. Começo
apressado faz fim demorado.
1565. Praeproperum lucri spes parit obsequium. [Pereira
97]. A esperança de lucro propicia uma deferência
exagerada. ■ Beijo-te, bode, porque hás de ser odre.
1566. Praesens abest. [Erasmo, Adagia 2.7.84]. Embora
fisicamente presente, está ausente. ■ Está com o sentido em
Caparica. ■ Está com a cabeça no mundo da lua. ● Praesens
absens. [Binder, Thesaurus 2635]. VIDE: ● Mens peregrina
est. ● Mentem peregrinam habet.
1567. Praesens in tempus. Para o (tempo) presente.
1568. Praesens labor gradus est futuri. [Pereira 108]. O
trabalho presente é um passo para o próximo. ■ Um trabalho
é véspera de outro. VIDE: ● Gradus futuri est, finis
praesentis mali.
1569. Praesens sustinete, maius ne veniat malum. Suportai o
mal atual, para que não venha outro maior. ■ Sofre teus males
com paciência infinda, se não os queres aumentar ainda.
VIDE: ● Hoc sustinete, maius ne veniat, malum.
1570. Praesente arbore, ligna omnes colligunt. [Grynaeus
106]. Quando a árvore está à mão, todos catam lenha. ■ De
árvore caída todos fazem lenha. ● Praesente quercu, ligna
quivis colligit. [Grynaeus 106]. Quando o carvalho está à
mão, qualquer um cata lenha.
1571. Praesente cadavere. Na presença do cadáver. De corpo
presente.
1572. Praesente medico, nihil nocet. Na presença de um
médico, nada pode fazer mal.
1573. Praesente urso, vestigia ne quaere. [Schottus, Adagia
37]. Com o urso à tua frente, não lhe procures as pegadas.
■ Estás na floresta e não vês as árvores? VIDE: ● Cum adsit
ursus, vestigia quaeris. ● Invento urso vestigia insequeris.
● Praesentis ursi quaeritas vestigia. ● Ursa praesente,
vestigia quaeris. ● Ursus cum adsit, vestigia quaeris.
● Ursi praesentis vestigia quaeris.
1574. Praesente via diverticulum quaeris. [Apóstólio,
Paroimiai 14.4]. Com a estrada à tua frente, procuras um
atalho.
1575. Praesente vino, bibere acetum maluit. [Grynaeus 100].
Havendo vinho, preferiu beber vinagre.
1576. Praesentem fortunam boni consule. [Erasmo, Adagia
2.9.33]. Vela pela sorte presente. ■ Contenta-te com teu
estado, se queres viver descansado. ● Fortunam praesentem
bone consule.
1577. Praesentem mulge; sequeris cur aufugientem?
[Apostólio, Paroimiai 18.47]. Ordenha o que está presente;
por que corres atrás do que foge? ■ Mais vale um toma que
dois te darei. ■ Mais vale um pássaro na mão que dois que
voando vão. ● Praesentem mulge; quid fugientem
insequeris? [Erasmo, Adagia 3.2.91]. ● Praesentem sortem
mulge, fugientem desere. Aproveita a sorte que se oferece;
esquece a que foge. VIDE: ● Stultus qui non prompta
sequens, iam prompta relinquit.
1578. Praesentem refert quaelibet herba Deum. [Stevenson
970]. Qualquer capim revela que Deus está presente.
1579. Praesenti malo aliis malis remedia dabantur. [César,
De Bello Civili 1.81]. O mal presente será curado com outros
males. ■ Um mal indo, outro vindo.
1580. Praesenti malo peior est futuri metus. [Rezende 5140].
O medo do mal futuro é pior que o mal presente.
1581. Praesentia curanda, non futura. Deve-se cuidar das
coisas atuais, não das futuras. VIDE: ● Plus quam praesentia
cures.
1582. Praesentia domini provectus est agri. [Paládio, Opus
Agriculturae 1.6]. A presença do dono é a prosperidade da
propriedade. ■ O pé do dono estruma o roçado. VIDE:
● Fertilissimus in agro oculus domini. ● Maiores
fertilissimum in agro oculum domini esse dixerunt.
● Oculos et vestigia domini, res agro saluberrimas.
● Oculus domini in agro fertilissimus est. ● Optimus est
fimus, qui cadit de calceis domini in agrum. ● Res male
dilabitur, quae conspectu domini caret. ● Stercus
optimum domini vestigium. ● Vestigia domini optimum
stercus.
1583. Praesentis ursi quaeritas vestigia. [Schottus, Adagia
607]. Procuras as pegadas do urso que está à tua frente.
■ Estás na floresta e não vês as árvores? VIDE: ● Cum adsit
ursus, vestigia quaeris. ● Invento urso vestigia insequeris.
● Praesente urso, vestigia ne quaere. ● Ursa praesente,
vestigia quaeris. ● Ursus cum adsit, vestigia quaeris.
● Ursi praesentis vestigia quaeris
1584. Praesertim natura ipsa magistra et duce. [Cícero, De
Officiis 1.129]. Principalmente tendo a própria natureza
como mestra e guia. VIDE: ● Magistra et duce natura.
1585. Praestabis parentibus pietatem, cognatis
indulgentiam, amicis fidem, omnibus aequitatem. [DM
30]. Garantirás amor aos teus pais, indulgência aos parentes,
fidelidade aos amigos, justiça a todos.
1586. Praestant aeterna caducis. [S.Agostinho / Stevenson
709]. As coisas eternas são melhores que as transitórias.
1587. Praestat aliis quam sibi divitem esse. É melhor ser rico
para os outros que para si mesmo.
1588. Praestat aliquando quam nunquam. [Grynaeus 776].
Mais vale alguma vez que nunca. ■ Antes pouco que nada.
■ Antes tarde do que nunca. VIDE: ● Potius sero quam
nunquam. ● Praestat sero quam nunquam. ● Utilius tarde
quam nunquam.
1589. Praestat amari quam timeri. Mais vale ser amado que
temido. ■ Antes ser amado que temido. VIDE: ● Amari malo
quam timeri. ● Malo amari quam timeri. ● Malo me diligi
quam metui. ● Maluit se diligi quam metui. ● Nolo ego
metui; amari mavolo. ● Plus a vobis amari appetat quam
timeri. ● Potius amari, quam metui.
1590. Praestat amicitia propinquitati. [DAPR 60]. Vale mais
a amizade do que o parentesco. ■ Amigo fiel e prudente é
melhor que parente. VIDE: ● Hoc praestat amicitia
propinquitati, quod ex propinquitate benevolentia tolli
potest, ex amicitia non potest.
1591. Praestat canem irritare quam anum. [Erasmo, Adagia
4.8.28]. Antes provocar um cão que uma velha. ■ Melhor é
fazer agastar um cão que uma velha. VIDE: ● Praestat
irritare canem, quam anum.
1592. Praestat cautela quam medela. [Black 1396; DAPR
724]. Vale mais a prevenção que o remédio. ■ Mais vale
prevenir do que remediar. ● Praestat cautela potius quam
medela.
1593. Praestat cum dignitate cadere quam cum ignominia
servire. Antes morrer com dignidade do que servir com
ignomínia. ■ Antes morte que vergonha. VIDE: ● Cum
dignitate potius cadamus quam cum ignominia
serviamus.
1594. Praestat exorari quam perire funditus. [DAPR 229]. É
melhor pedir socorro do que morrer afogado. ■ Mais vale
descoser do que romper. ■ Melhor é dobrar que quebrar.
1595. Praestat fugere quam rogare. [Medina 599]. É melhor
fugir que rogar. ■ Mais vale salto de mata que rogos de
homens bons.
1596. Praestat habere acerbos inimicos quam eos amicos qui
dulces videantur: illos verum saepe dicere, hos nunquam.
[Cícero, De Amicitia 24.90]. É melhor ter inimigos acerbos
do que amigos que se mostrem afetuosos: aqueles muitas
vezes dizem a verdade, estes nunca.
1597. Praestat in terra egere quam divitem navigare.
[Schottus, Adagia 216]. É melhor passar necessidade em
terra, do que ser rico navegando. ■ Antes na estrada em carro
velho do que no mar em navio novo. ● Praestat in terra
pauperem esse quam divitem navigare. [Schottus, Adagia
420]. É melhor ser pobre em terra do que ser rico no mar.
VIDE: ● Egere praestat in solo, quam divite sulcare fluctus.
● In terra pauperem esse praestat quam divitem navigare.
● In terra egere malo quam dis navigem. ● Tellure
praestat pauperies, quam opes mari.
1598. Praestat invidiosum esse quam miserabilem. [Heródoto
/ Erasmo, Adagia 4.4.87]. ■ Antes invejado que lastimado.
■ Melhor é ser invejado que misericordiado. ■ Invejado é
melhor que lastimado. ■ Mais quero que me tenham inveja
do que compaixão. ● Praestat invidiosum esse quam
miserandum. [Grynaeus 424]. ● Praestat invidos habere
quam misericordiam. [DAPR 284]. É melhor ter invejosos
que misericórdia. ● Praestat invidos habere quam
misericordes. É melhor ter invejosos que misericordiosos.
VIDE: ● Invidiosum esse praestat quam miserabilem.
● Melior est commiseratione invidentia. ● Melius invideri
quam misereri.
1599. Praestat irritare canem, quam anum. [Pereira 110]. É
melhor provocar um cão do que uma velha. ■ Melhor é fazer
agastar um cão que uma velha. VIDE: ● Praestat canem
irritare quam anum.
1600. Praestat mutare consilium in melius, quam in male
institutis pergere. [Manúcio, Adagia 380]. Mais vale mudar
a decisão para melhor que prosseguir na decisão errada.
■ Melhor é mudar conselho que perseverar no erro. VIDE:
● Quod male coeptum est, ne pudeat mutasse.
1601. Praestat nullam aut incertam de Deo habere
opinionem, quam contumeliosam et Deo indignam.
[Bacon, De Superstitione 1]. É melhor não ter qualquer
opinião, sobre Deus, ou tê-la incerta, do que ter opinião
injuriosa e indigna de Deus.
1602. Praestat otiosum esse quam male agere. [Erasmo,
Colloquia 3]. É melhor ficar sem fazer nada do que fazer
mal. ● Praestat otiosum esse quam nihil agere. ■ Antes
nada fazer que fazer nadas. VIDE: ● Satius est enim otiosum
esse quam nihil agere.
1603. Praestat parum lucis accipere, quam prorsus
obtenebrari. [Apostólio, Paroimiai 11.62]. Mais vale receber
um pouco de luz que continuar na escuridão completa.
1604. Praestat paulum cito dare quam multum tardius. É
melhor dar pouco imediatamente do que muito com atraso.
■ Mais vale um hoje que dois amanhã. VIDE: ● Praestat unum
accipe quam duo dabo tibi.
1605. Praestat possidere quam persequi. [Jur / Grynaeus
606]. Mais vale ter a posse do que reivindicar.
1606. Praestat principio mederi quam fini. [Apostólio,
Paroimiai 4.41]. Mais vale curar no princípio que no fim.
■ No perigo com tento, e ao remédio com tempo. VIDE:
● Incipientibus malis obstruendae sunt viae. ● Multo
quam finem, medicari initia praestat. ● Pharmaca
nascenti sunt adhibenda malo. ● Principio melius quam
fini tu medearis. ● Principio praestat, quam fini adhibere
medelam. ● Satius est initiis mederi quam fini. ● Satius
mederi est initiis quam finibus.
1607. Praestat pudere quam pigere. [Medina 599]. Mais vale
ter vergonha que arrependimento. ■ Mais vale vergonha na
cara que mágoa no coração. VIDE: ● Pudere quam pigere
praestat.
1608. Praestat saepe dies, annus quod ferre recusat. [Binder,
Thesaurus 2539]. Muitas vezes nos dá um dia o que um ano
recusa trazer. ■ O que não acontece num ano, acontece num
minuto. VIDE: ● Accidit in puncto quod non contingit in
anno
1609. Praestat sero quam nunquam. ■ Antes tarde do que
nunca. ● Praestat sero, quam non venire. [Binder,
Thesaurus 2640]. Antes chegar tarde que não vir. VIDE:
● Potius sero quam nunquam. ● Praestat aliquando quam
nunquam. ● Utilius tarde quam nunquam.
1610. Praestat sero quam nunquam discere. [Rezende 5145].
É melhor aprender tarde do que nunca. ● Praestat sero quam
nunquam discere quod cognitu necessarium est. [Erasmo,
De Pueris Instituendis]. É melhor aprender tarde do que
nunca o que é indispensável conhecer.
1611. Praestat silere quam stulte loqui. [Pereira 99]. Antes
calar que falar tolices. ■ Antes calar que mal falar. ■ Calar é
melhor que mal falar. ■ Falar é prata, calar é ouro.
● Praestat tacere quam stulte loqui. [Mota 192].
1612. Praestat solum esse quam esse cum improbis. É melhor
estar só do que estar com maus. ■ Antes só que mal
acompanhado.
1613. Praestat uni probo quam mille improbis placere.
Melhor é agradar a um honesto do que a mil desonestos.
1614. Praestat uno malo obnoxium esse quam duobus.
[Grynaeus 480]. É melhor receber um mal do que dois.
■ Mais vale uma perna sã que duas muletas.
1615. Praestat unum accipe quam duo dabo tibi. [Stevenson
956]. ■ Mais vale um toma que dois te darei. VIDE: ● Praestat
paulum cito dare quam multum tardius.
1616. Praestat vir sine pecunia quam pecunia sine vir.
■ Antes homem sem dinheiro do que dinheiro sem homem.
1617. Praestatur laus virtuti, sed multo ocius verno gelu
tabescit. [Lívio Andronico]. À virtude presta-se homenagem,
mas esta se desfaz mais depressa que o gelo na primavera.
1618. Praestet fides supplementum sensuum defectui. [Do
hino Pange, lingua, atribuído a S.Tomás de Aquino]. Que a
fé venha suprir a fraqueza de nossos sentidos.
1619. Praestituta die. No dia marcado.
1620. Praesto et persto. [Divisa]. Estou à frente e firme.
1621. Praesumitur bonus de bono genere natus. [DAPR 351].
Presume-se que seja bom quem nasceu de boa família. ■ De
boa cepa a vinha, e de boa mãe a filha. ■ De boa árvore,
bons frutos.
1622. Praesumitur ignorantia ubi scientia non probatur.
[Regulae Iuris Bonifacii VIII 47]. Presume-se a ignorância,
quando não se comprova a ciência.
1623. Praesumptio caedit veritati. [Jur]. A presunção cede à
verdade.
1624. Praesumptio est rei incertae probabilis coniectura.
[Jur]. Presunção é uma conjectura provável a respeito de
coisa incerta.
1625. Praesumptio iuris et de iure. [Jur / Broom 214].
Presunção absoluta. (=Presunção jurídica que, por expressa
determinação da lei, não admite prova em contrário nem
impuganação. De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico).
● Praesumptio iuris et de iure probationem in contrarium
ad admittit. [Rezende 5150]. Presunção “iuris et de iure”
não admite prova em contrário.
1626. Praesumptio sumitur de eo quod plerumque fit. [Jur].
A presunção resulta daquilo que geralmente acontece.
1627. Praeter cantilenam. [Manúcio, Adagia 500]. Fora da
canção. (=Diz-se de afirmação que não tem a ver com a
questão tratada). VIDE: ● Extra cantionem.
1628. Praeter consuetudinem. Fora do costume.
1629. Praeter haec. Além disso.
1630. Praeter legem. Fora da lei. À margem da lei.
1631. Praeter modum. Além da medida. Imoderadamente.
1632. Praeter morem applaudenti credendum non est.
[Pereira 120]. Não se deve confiar em quem faz festa sem
estar acostumado a isso. ■ Quem te faz festa, não soendo
fazer, ou te quer enganar, ou te há mister.
1633. Praeter seipsam cetera edulcat fames. [Schottus,
Adagia 605]. A fome adoça tudo, menos a si mesma. VIDE:
● Fames omnia reddit dulcia praeter seipsam. ● Fames
praeter seipsam edulcat omnia. ● Suavia cuncta, praeter
se ipsam, facit fames.
1634. Praeter sibyllam leget nemo. [Erasmo, Adagia 4.2.41].
Só um adivinho conseguirá ler isto. ■ Isso é letra de médico.
1635. Praeter solitum. . Fora do costume. Extraordinariamente.
VIDE: ● Extra consuetudinem.
1636. Praeter spem. Contra toda esperança.
1637. Praeterita fluxerunt. As coisas passadas foram embora.
● Águas passadas não movem moinhos.
1638. Praeterita magis reprehendi possunt quam corrigi.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.30]. O que passou pode
antes ser criticado do que corrigido. ■ Seta despedida não
volta ao arco. ● Praeterita reprehendi possunt, corrigi non
possunt. O que passou pode ser criticado, não pode ser
corrigido.
1639. Praeterita mutare non possumus. [Cícero, In Pisonem
25]. Não podemos mudar o passado. ■ O que está feito não
pode ser desfeito. ■ O passado, passado. ● Praeterita mutari
non possunt. O que passou não se pode mudar. ● Praeterita
non mutantur. [Grynaeus 495]. O que passou não se
modifica. VIDE: ● Mutare praeterita nemo potest. ● Non
reprehendo praeterita, quoniam mutari corrigique non
possunt.
1640. Praeterita semper meliora. O que passou sempre foi
melhor.
1641. Praeteritae veniam dabit ignorantia culpae. [Ovídio,
Heroides 20.169]. O desconhecimento desculpará o erro
passado.
1642. Praeteriti ratio scire futura facit. [Gualterius Anglicus,
Fabulae Aesopicae 49.12]. A avaliação do passado faz
conhecer o futuro.
1643. Praeteritis fruges non mola frangit aquis. [John Collin,
Spanish Proverbs 12]. O moinho não mói grão com águas
passadas. ● Águas passadas não movem moinho.
1644. Praeteritis temporibus. Nos tempos idos.
1645. Praeteritorum recordatio est acerba, et acerbior
exspectatio futurorum. [Cícero, Brutus 266]. É penosa a
recordação dos fatos passados, e mais penosa a expectativa
dos acontecimentos futuros.
1646. Praeteritum tempus nunquam revertitur. [Cícero, De
Senectute 69]. O tempo que passou, nunca volta. ■ Tempo
perdido não se recupera.
1647. Praetextu solum eget improbitas. [Schottus, Adagia
307]. A desonestidade só precisa de um pretexto. ■ A ocasião
faz o furto; o ladrão nasce feito. VIDE: ● Oblata occasione,
vel iustus peccat. ● Oblata occasione, vel iustus perit.
Occasio facit furem. ● Occasio furem facit. ● Occasio
furtum facit; fur nascitur. ● Occasiones solent aditus
aperire peccatis.
1648. Praetorem decet non solum manus, sed etiam oculos
abstinentes habere. [Cícero, De Officiis 1.144]. Convém ter
o pretor não só as mãos, mas também os olhos abstinentes.
1649. Praetulit arma togae, sed pacem armatus amavit.
[Lucano, Bellum Civilis 199]. Ele preferiu as armas à toga,
mas, embora armado, amou a paz.
1650. Praevalent illicita. [Tácito, Annales 13.12]. As coisas
proibidas têm mais valor. ■ O proibido aguça o dente.
1651. Praevalet iure, qui praevenit tempore. [Codex
Iustiniani 8.17.2]. Tem precedência no direito quem precede
no tempo. VIDE: ● Potior in tempore, potior in iure. ● Prior
in tempore, potior in iure. ● Prior in tempore, melior in
iure. ● Prior tempore, prior iure. ● Prior tempore, potior
iure. ● Qui prior est tempore, potior est iure. ● Sicut prior
es tempore, ita potior es iure.
1652. Praevaricari est vera crimina abscondere. [Jur].
Ocultar crimes verdadeiros é prevaricar.
1653. Praevenire melius est quam praeveniri. É melhor
preceder do que ser precedido. ■ Antes ser cabeça de lagarto
que rabo de dragão.
1654. Praevia censura. Censura prévia.
1655. Praevidet et providet. Prevê e provê.
1656. Praevisa minus laedere tela solent. [Rezende 5158]. As
flechas que prevemos costumam ferir menos. ■ Homem
prevenido a custo é vencido. ● Praevisa minus tela nocere
solent. ● Praevisum est levius quod fuit ante malum.
[Stevenson 2455]. O mal que foi previsto é mais suave.
● Praevisus ante mollior ictus venit. [Stevenson 865]. O
golpe previsto vem mais brando. VIDE: ● Levius laedit
quicquid praevidimus ante. ● Mala praevisa minus
nocent. ● Mala praevisa vitantur facilius. ● Minus enim
iacula feriunt quae praevidentur. ● Minus nocent iacula
quae praevidentur. ● Quae multo ante praevisa sunt,
languidius incurrunt. ● Tela nocent levius visa venire
prius. ● Tela praevisa minus nocent.
1657. Praevisa, praedicta, scripta sunt omnia. [S.Agostinho,
Epistulae 232.3]. Tudo isso foi previsto, predito e registrado
por escrito.
1658. Prandere multum, cenare autem parum. [Apostólio,
Paroimiai 4.26]. Almoçar muito, mas jantar pouco. VIDE:
● Prandium cena sit liberalius.
1659. Prandete tamquam apud inferos cenaturi. [Sêneca,
Epistulae Morales 82.21]. Almoçai como se fôsseis jantar
com os mortos.
1660. Prandium bonum malis condimentis corrumpere.
Estragar um bom almoço com maus condimentos.
1661. Prandium caninum. Uma refeição de cão. (=Uma
refeição sem vinho). ● Água e pão, jantar de cão. VIDE:
● Aqua et panis est vita canis. ● Canina prandia.
● Caninum prandium. ● Vilis aqua et panis, potus et esca
canis.
1662. Prandium cena sit liberalius. [Nenter 95]. Que o almoço
seja mais abundante que o jantar. VIDE: ● Prandere multum,
cenare autem parum.
1663. Prava indoles mores parit nunquam probos.
[Apostólio, Paroimiai 20.44]. Má índole nunca produz boas
ações.
1664. Pravis non est fides adhibenda. [Epígrafe de Fábula de
Fedro]. Não se deve confiar nos desonestos.
1665. Pravo animo qui sunt, deteriores fiunt rogati. [Pereira
118]. Os que têm mau gênio ficam piores, quando rogados.
■ Quanto mais rogam ao ruim, pior é. ■ Ao ruim, quanto
mais lhe rogam, mais se estende. VIDE: ● Qui malevolo sunt
animo, deteriores fiunt rogati. ● Rusticus, quanto plus
rogatur, tanto magis inflatur.
1666. Pravo domino servit qui vulgo servit. [Bebel, Adagia
Germanica / DAPR 175]. A mau senhor serve, quem serve ao
vulgo. ■ Quem serve a comum serve a nenhum.
1667. Pravum consilium danti sunt maxima damna.
[Schottus, Adagia 583]. O mau conselho resulta nos maiores
prejuízos para quem o dá. VIDE: ● Malum consilium
consultori pessimum est.
1668. Pravum lignum nunquam rectum. [Schottus, Adagia
554]. Pau torto nunca fica direito. ■ Pau que nasce torto, até
a cinza é torta. VIDE: ● Curvum lignum nunquam rectum.
● Lignum curvum nunquam rectum. ● Lignum curvum
nunquam fit rectum. ● Lignum incurvum nunquam
rectum. ● Lignum quod tortum haud unquam vidimus
rectum. ● Lignum tortum haud unquam rectum.
● Lignum tortum nunquam fiet rectum. ● Nunquam
rectum tortile lignum. ● Rectum haud fit tortile lignum.
1669. Pravum ovum pravi corvi est. [Schottus, Adagia 589].
■ De mau corvo, mau ovo. VIDE: ● Mala gallina, malum
ovum. ● Mali corvi malum ovum.
1670. Pravus ipse geres, si nimium celer es. [Tosi 1581]. Se
tens pressa demais, farás mal a ti mesmo. ■ Quem corre
cansa, quem anda alcança. ■ Obra apressada, obra
estragada. VIDE: ● Festina lente. ● Lente properare
memento.
1671. Praxis omnia vincit. A prática tudo vence.
1672. Prece vel pretio. [VES 2]. Por persuasão ou recompensa.
VIDE: ● Precibus vel pretio. ● Vel prece vel pretio.
1673. Preces armatae. [Erasmo, Adagia 5.1.46]. Súplicas
armadas. (=Imposições sob forma de rogos). ● Preces
magnatum armatae. [Binder, Thesaurus 1743]. Rogos de
poderosos são armados. ■ Rogos dos grandes mandamento é.
VIDE: ● Cogit rogando, cum rogat potentior. ● Potestas et si
supplicet, cogit. ● Potestas, non solum si invitet, sed etiam
si supplicet, cogit. ● Qui rogat potentior, rogando cogit.
● Si opulentus it petitum pauperioris gratiam, pauper
metuit.
1674. Preces diis, non boves, offer. [Schrevelius 1169]. Aos
deuses oferece orações, não bois.
1675. Preces saepe hostem mitigavere. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 8.33]. Súplicas muitas vezes comoveram o inimigo.
■ Palavra mansa a ira abranda.
1676. Preces superborum, foetor in conspectu Dei.
[Schrevelius 1169]. Aos olhos de Deus os rogos dos soberbos
são bafos fedorentos.
1677. Precibus emptum carum. O que se obtém com rogos é
caro. ■ Antes comprar que rogar. ■ Mais caro é o dado que o
comprado.
1678. Precibus vel pretio. [Terêncio, Eunuchus 1055]. Por
meio de súplicas ou de recompensa. VIDE: ● Prece vel pretio.
● Vel prece vel pretio.
1679. Pretio parata pretio vendita iustitia. [Bacon /
Stevenson 1286]. A justiça obtida por dinheiro é vendida por
dinheiro.
1680. Pretio parata vincitur pretio fides. [Sêneca,
Agamemnon 287]. A fidelidade obtida pelo dinheiro é
vencida pelo dinheiro.
1681. Pretiosa in conspectu Domini mors sanctorum eius.
[Vulgata, Salmos 115.15]. É preciosa aos olhos do Senhor a
morte dos seus santos. ● Pretiosa est in oculis Domini mors
sanctorum eius.
1682. Pretiosa quam sit sanitas morbus docet. [DAPR 597].
A doença ensina quanto é valiosa a saúde. ■ Só se sabe o que
é saúde, quando se está doente. ■ Borrasca faz apreciar
bonança.
1683. Pretiosior est sapientia divitiis. [Guillelmus Peraldus,
De eruditione principum 5.2]. A sabedoria vale mais que as
riquezas. ■ Mais vale saber que haver. VIDE: ● Posside
sapientiam, quia auro melior est. ● Sapientia divitiis
praestantior. ● Sapientia longe praestat divitiis.
● Sapientiae divitiis possessio praestantior.
1684. Pretiosior est sapientia et gloria, parva et ad tempus
stultitia. [Vulgata, Eclesiastes 10.1]. Um pouco de necedade
a seu devido tempo vale mais que a sabedoria e a glória.
1685. Pretiosum Dei donum. [Divisa de Águas de Santa
Bárbara, SP]. Preciosa dádiva de Deus.
1686. Pretiosum quod utile. [Divisa]. O que é útil tem valor.
1687. Pretiosum tamen nigrum. [Divisa da cidade de Ouro
Preto, MG]. Precioso, apesar de negro.
1688. Pretium aestimationis. O valor estimativo.
1689. Pretium affectionis. [Jur / Black 1412]. O valor
sentimental.
1690. Pretium doloris. [Jur]. O preço do sofrimento.
(=Indenização por dano moral).
1691. Pretium hominis. O valor de um homem. VIDE:
● Aestimatio capitis.
1692. Pretium luctus. [Jur]. O preço do luto. (=Indenização
pela perda de um parente).
1693. Pretium laborum non vile. [Divisa]. O prêmio dos
sofrimentos não é vil.
1694. Pretium sceleris. O preço do crime.
1695. Pretium sibi virtus. [Ovídio, Tristia 5.14.31]. A virtude é
seu próprio prêmio. VIDE: ● Nullum virtutum pretium
dignum illis extra ipsas
1696. Pretium succedit loco rei. [Jur]. O pagamento faz as
vezes da coisa.
1697. Pridem mos ille vigebat, ut meritos colerent.
[Claudiano, In Eutropium 2.211]. Houve um tempo em que
vigia o costume de valorizar o mérito.
1698. Pridie eius diei. Na véspera daquele dia.
1699. Prima caritas incipit a seipso. [DAPR 735]. O melhor
amor começa com a própria pessoa. ■ A caridade bem
entendida começa por nós. ■ Caridade em casa, depois na
cidade. ■ Farinha pouca, meu pirão primeiro. ● Prima
caritas incipit ab egomet. [Latim macarrônico / DAPR
142]. A primeira caridade começa comigo mesmo. ● Prima
caritas incipit ab ego. [Rezende 5166].
1700. Prima Ceres unco glaebam dimovit aratro. [Ovídio,
Metamorphoses 5.341]. Ceres foi a primeira a abrir a terra
com o curvo arado.
1701. Prima coitio acerrima. [Terêncio, Phormio 346]. O
primeiro choque é o mais violento. ■ A primeira pancada é
que mata a cobra.
1702. Prima cratera ad sitim pertinet, secunda ad
hilaritatem, tertia ad voluptatem, quarta ad insaniam.
[Apuleio, Florida 4.20]. A primeira taça é para a sede, a
segunda para o riso, a terceira para o prazer, a quarta para a
loucura.
1703. Prima digestio fit in ore. [Rezende 5167]. A primeira
digestão se faz na boca. VIDE: ● In ventre fit prima digestio.
1704. Prima docet rectum sapientia. [Juvenal, Satirae 13.189].
Primeiro a filosofia ensina o que é correto.
1705. Prima enim impressio plurimum valet. [Bacon, De Ira
4]. A primeira impressão é a que tem mais força.
1706. Prima est eloquentiae virtus perspicuitas. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 8.2.22, adaptado]. O primeiro requisito da
eloqüência é a clareza.
1707. Prima est haec ultio quod se iudice nemo nocens
absolvitur. [Juvenal, Satirae 13.2]. O primeiro castigo é que,
ao julgar a si próprio, nenhum culpado é absolvido. VIDE: ● Se
iudice nemo nocens absolvitur.
1708. Prima est historiae lex ne quid falsi dicere audeat. A
primeira lei da história é que ela não ouse dizer nada de
falso. VIDE: ● Quis nescit primam esse historiae legem, ne
quid falsi dicere audeat?
1709. Prima facie. [Erasmo, Adagia 1.9.88]. À primeira vista.
● Prima fronte. VIDE: ● Primo aspectu. ● Primo intuitu.
● Primo ictu oculi.
1710. Prima felicitatis pars sapere. [Erasmo, Adagia 5.1.87].
A parte principal do sucesso é ter juízo. ● Prima felicitatis
mater sapere. [Grynaeus 765]. A primeira causa do sucesso
é ter juízo.
1711. Prima fuit rerum confusa sine ordine moles. [Ovídio,
Ars Amatoria 2.1.467]. No começo (o mundo) foi uma massa
confusa e sem ordem.
1712. Prima illa et maxima peccantium est poena peccasse.
[Sêneca, Epistulae Morales 97]. O primeiro e o maior castigo
dos culpados é terem cometido a falta.
1713. Prima languescit senum memoria, longo lassa
sublabens situ. [Sêneca, Oedipus 819]. Em primeiro lugar é
a memória dos velhos que se enfraquece, cansada pela longa
inação.
1714. Prima luce. À primeira luz. Ao amanhecer. Ao romper
do dia. VIDE: ● Ad galli cantum.
1715. Prima mors miseros fugit. [Sêneca, Troades 955]. A
morte é a primeira coisa que abandona os desgraçados.
1716. Prima pars est aequitatis aequalitas. [Sêneca, Epistulae
Morales 30]. A igualdade é a principal parte da
imparcialidade.
1717. Prima peregrinos obscena pecunia mores intulit.
[Juvenal, Satirae 6.298]. Foi o dinheiro que primeiro
introduziu (em nossa terra) os obscenos hábitos estrangeiros.
1718. Prima quae vitam dedit hora, carpsit. [Sêneca,
Hercules Furens 874]. A primeira hora que nos deu a vida já
a colheu. ● Prima quae vitam dedit hora, carpit.
1719. Prima societas in ipso coniugio est. [Cícero, De Officiis
1.54]. A primeira sociedade está no próprio matrimônio. VIDE:
● Cum sit hoc natura commune animantium, ut habeant
libidinem procreandi, prima societas in ipso coniugio est,
proxima in liberis, deinde una domus, communia omnia;
id autem est principium urbis et quasi seminarium rei
publicae.
1720. Prima urbes inter, divum domus, aurea Roma.
[Ausônio, Ordo Nobilium Urbium 1]. A primeira entre as
cidades, lar dos deuses, áurea Roma.
1721. Prima virtus artis est ne ars videatur. A primeira
qualidade da arte é que não se perceba o artifício.
1722. Prima virtus est vitio carere. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 8.3.41]. A principal virtude é não ter vícios. ■ O
primeiro passo para o bem é a abstinência do mal.
1723. Primam vocem similem omnibus emisi plorans.
[Vulgata, Sabedoria 7.3]. Soltei a primeira voz, como todos,
chorando.
1724. Primamque ex natura hanc habere appetitionem, ut
conservemus nosmet ipsos. [Cícero, De Finibus 4.10.25].
Pela natureza, o primeiro impulso que temos é o de preservar
a nós mesmos.
1725. Primi duo parentes nostri erant Adam et Eva; ille
pater, illa mater: ergo nos fratres. [S.Agostinho, Semones
56.10]. Nossos dois primeiros pais foram Adão e Eva: ele foi
o pai, ela, a mãe; logo somos irmãos.
1726. Primis temporibus. Nos primeiros tempos.
1727. Primo. Em primeiro lugar.
1728. Primo aspectu. À primeira vista. VIDE: ● Prima facie.
● Prima fronte. ● Primo intuitu. ● Primo ictu oculi.
1729. Primo avulso, non deficit alter. [Virgílio, Eneida 6.143].
Arrancado o primeiro, não falta o segundo. VIDE: ● Uno
avulso, non deficit alter.
1730. Primo crede mulieris consilio, secundo noli. [Grynaeus
130; Rezende 5176]. Acredita no primeiro parecer da mulher,
não no segundo.
1731. Primo ictu oculi. Ao primeiro golpe de olho. Ao
primeiro olhar. À primeira vista. VIDE: ● Prima facie. ● Prima
fronte. Primo aspectu. ● Primo intuitu.
1732. Primo intuitu. Ao primeiro olhar. À primeira vista. VIDE:
● Prima facie. ● Prima fronte. ● Primo aspectu. ● Primo
ictu oculi.
1733. Primo mihi. A mim em primeiro lugar. ■ Primeiro eu,
segundo eu, terceiro eu mesmo. VIDE: ● Ego primam tollo,
nominor quoniam leo. ● Quia nominor leo.
1734. Primo occupanti. Ao primeiro ocupante. VIDE: ● Res
nullius naturaliter fit primi occupantis.
1735. Primo oportet cervum capere, et postea, cum captus
fuerit, illum excoriare. [Henry de Bracton, De Legibus
Angliae 4.21]. Em primeiro lugar é preciso apanhar o cervo,
e depois, quando tiver sido apanhado, tirar-lhe a pele. ■ Antes
de matar a onça, não lhe vendas a pele.
1736. Primo quidem decipi incommodum est; iterum
stultum, tertio turpe. [Cícero, De Inventione 1.71]. Deixar-
se enganar pela primeira vez é desagradável; pela segunda
vez, insensato; pela terceira vez, vergonhoso.
1737. Primo quoque die nemo magister erit. [Joannes
Girardus / Grynaeus 203]. No primeiro dia, ninguém se
tornará mestre. VIDE: ● Nemo primo quoque die fit doctus.
1738. Primordia cuncta pavida sunt. [Cassiodoro, Variorum
1.40]. Todo começo é tímido.
1739. Primum animi, deinde corpora deficere coeperunt.
[Quinto Cúrcio, Historiae 7.5]. Primeiro começou a faltar a
coragem, depois, a força.
1740. Primum bibere, deinde philosophari. [Frase jocosa].
Primeiro beber, depois filosofar. VIDE: ● Primum vivere,
deinde philosophari.
1741. Primum danda opera est, ne qua amicorum dissidia
fiant. [Cícero, De Amicitia 21]. Antes de tudo deve-se cuidar
para que de modo algum ocorram desentendimentos entre
amigos.
1742. Primum esse beatum qui per se sapiat, secundum qui
sapientem audiat. [S.Jerônimo / Tosi 1340]. Em primeiro
lugar, é feliz quem é sábio por si mesmo, em segundo lugar
quem ouve o sábio.
1743. Primum est suo esse contentum. [Plínio Moço,
Epistulae 9.30]. O principal é estar contente com o que é seu.
● Primum hominis officium est suo esse contentum. A
primeira obrigação do homem é estar contente com o que é
seu.
1744. Primum igitur est de honesto, tum de utili
disserendum. [Cícero, De Officiis 1.10]. Deve-se pois
primeiro discutir a respeito do que é honesto, depois a
respeito do que é vantajoso.
1745. Primum in intentione est ultimum in executione. O
primeiro em intenção é o último em execução. VIDE: ● Quod
primum est intentione ultimum est in operatione.
● Sapiens incipit a fine, et quod primum est in intentione,
ultimum est in executione.
1746. Primum itaque considerandum est et quis et in qua
causa et apud quem et in quem et quid dicat. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 6.3.28]. É preciso considerar, antes de
tudo, quem fala, em que causa, diante de quem, contra quem,
e o que ele diz.
1747. Primum iustitiae munus est ut ne cui quis noceat. O
primeiro dever de justiça é que não se prejudique ninguém.
VIDE: ● Iustitiae primum est munus, ut ne cui quis noceat.
1748. Primum movens. O primeiro motivo. A primeira causa.
(=A causa que gerou a ação). ● Primum mobile. O primeiro
movimento. O primeiro impulso.
1749. Primum non nocere. [Hipócrates]. Antes de tudo não
fazer mal. (=O tratamento não deve prejudicar o doente).
1750. Primum panem, deinde philosophare. Em primeiro
lugar o pão, depois filosofar. ■ Primeiro o bucho, depois o
luxo. ■ Primeiro viver, depois filosofar. ■ Primeiro a
obrigação, depois a devoção. ■ Louvarás o lírio, mas
plantarás batatinhas. ● Primum manducare, deinde
philosophare. Primeiro comer, depois filosofar. VIDE:
● Primum vivere, deinde philosophare.
1751. Primum principium nostrae libertatis est libertas
arbitrii, quam multi habent in ore, in intellectu vero
pauci. [Dante, De Monarchia 1.12.5]. O primeiro princípio
de nossa liberdade é a liberdade de decisão, que muitos têm
nos lábios, mas que poucos realmente têm no intelecto.
1752. Primum quaerite regnum Dei, et ista omnia adicientur
vobis. Buscai primeiramente o reino de Deus, e todas estas
coisas se vos acrescentarão. VIDE: ● Quaerite ergo primum
regnum Dei, et iustitiam eius: et haec omnia adicientur
vobis. ● Quaerite primum regnum Dei.
1753. Primum, recte valere, proxima forma, tertio loco
divitiae. [Erasmo, Adagia 3.1.90]. Em primeiro lugar, boa
saúde, a seguir a beleza, e, em terceiro lugar, as riquezas.
1754. Primum tempori cedere, id est necessitati parere,
semper sapientis est habitum. [Cícero, Ad Familiares 4.9].
O costume do sábio é sempre em primeiro lugar submeter-se
às circunstâncias, ou seja, obedecer à necessidade.
1755. Primum testudo praeveniet leporem. [Suidas /
Albertatius 1098]. Antes disso a tartaruga passará à frente da
lebre. ■ É mais fácil um boi voar. VIDE: ● Citius testudo
leporem praevertat. ● Prius testudo leporem praeverterit.
● Prius testudo leporem praecurret. ● Prius testudo
antevertere lepori. ● Prius testudo cursu vinceret
leporem. ● Villosum pedibus leporem testudo praeibit.
1756. Primum vivere, deinde philosophare. [Atribuído a
Hobbes / Rezende 5181]. ■ Primeiro viver, depois filosofar.
■ Primeiro o bucho, depois o luxo. ■ Primeiro a obrigação,
depois a devoção. ■ Louvarás o lírio, mas plantarás
batatinhas. VIDE: ● Primum manducare, deinde
philosophare. ● Primum panem, deinde philosophare.
1757. Primus amor potior. [Mota 43]. O primeiro amor (tem)
maior valor. ■ Amor primeiro não tem companheiro.
1758. Primus error veniam meretur. [Manúcio, Adagia 194].
■ O primeiro erro merece perdão. VIDE: ● Gratuita primus
venia dignissimus error. ● Quae semel aut bis accidunt
contemnunt legislatores. ● Venia primum experienti.
1759. Primus est deorum cultus deos credere. [Sêneca,
Epistulae Morales 95.50]. A primeira forma de cultuar os
deuses é confiar neles.
1760. Primus et novissimus ego sum. [Vulgata, Isaías 41.4].
Eu sou o primeiro e o último. VIDE: ● Ego primus, et ego
novissimus.
1761. Primus in orbe deos fecit timor. [Estácio, Thebaida
3.661; Petrônio, Fragmenta 22]. Primeiro no mundo foi o
medo que criou os deuses. ■ Na hora da aflição todo o
mundo se lembra de Deus. ■ O medo é o pai da crença.
1762. Primus inter pares. O primeiro entre os seus iguais.
1763. Primus lapsus vel casui datur, vel imprudentiae;
iteratus stultitiae tribuitur, aut inscitiae. [Manúcio,
Adagia 194]. O primeiro engano atribui-se ou ao acaso, ou à
imprudência; repetido, atribui-se à burrice ou à ignorância.
1764. Primus non sum nec imus. [Stevenson 815]. Não sou
nem o primeiro nem o último.
1765. Primus veniens, primus molet. [Pereira 120]. ■ Quem
primeiro vem primeiro mói. ■ Quem primeiro anda primeiro
manja. ■ Quem primeiro anda primeiro ganha. ■ Quem vem
adiante bebe água limpa. VIDE: ● Grana prior subdit
pistrino qui prior astat. ● Qui primus venerit, primus
molet.
1766. Primusque dies dedit extremum. [Sêneca, Oedipus
990]. O primeiro de nossos dias determinou o último.
1767. Princeps iniqua et aequa pariter audias. [Schottus,
Adagia 607]. Sendo governante, ouvirás igualmente coisas
injustas e justas. VIDE: ● Magistratum gerens, audi et iuste
et iniuste. ■ O bom juiz ouve o que cada um dia. ● Princeps
iniqua et aequa pariter audias. ● Si praees, audi et iuste et
iniuste dicta.
1768. Princeps legibus solutus est. [Ulpiano, Digesta 1.3.31].
O príncipe é liberado da lei.
1769. Princeps pater patriae est. [Digesta 48.22.18.1]. O
príncipe é o pai da pátria.
1770. Princeps qui delatores non castigat, irritat. [Suetônio,
Domitianus 9]. Encoraja os delatores o príncipe que não os
castiga. VIDE: ● Delatores qui non castigat, irritat.
1771. Principale quando est caducum, et accessorium etiam
caducum est. [Jur]. Quando o principal é caduco, também o
acessório é caduco. ● Principale si non valet, nec
accessorium. [Grynaeus 393]. Se o principal não vale, o
acessório também não vale.
1772. Principatus sensati stabilis erit. [Vulgata, Eclesiástico
10.1]. O governo do homem sensato será estável.
1773. Principes assentatores pro amicis habere coguntur.
[Erasmo, Moriae Encomium 36]. Os governantes são
obrigados a ter aduladores por amigos.
1774. Principes mortales, rempublicam aeternam esse.
[Tácito, Annales 3.6]. Os governantes são mortais, o país é
eterno.
1775. Principes non sunt qui sceptra ferunt, sed qui regere
sciunt. Não são governantes os que portam cetros, mas os
que sabem governar. VIDE: ● Qui recte faciet, qui non
dominatur, erit rex. ● Rex eris, si recte facies. ● Rex eris, si
recte facis, si autem non facis, non eris. ● Rex erit qui
recte faciet, qui non faciet non erit.
1776. Principes pro victoria pugnant, comites pro principe.
[Tácito, Germania 14]. Os príncipes batalham pela vitória; os
companheiros batalham pelo príncipe.
1777. Principi obtemperandum in omnibus. [Erasmo, Adagia
5.2.5]. Deve-se obedecer ao chefe em tudo. ■ O chefe sempre
tem razão.
1778. Principia, non homines. [Divisa]. Princípios, não
homens.
1779. Principibus placuisse viris non ultima laus est.
[Horácio, Epistulae 1.17.35]. Ter agradado a homens
eminentes não é a menor das glórias.
1780. Principii boni finis bonus. [Grynaeus 393]. ■ De bom
começo, bom fim. VIDE: ● Accipit optatum finem, qui
coeperit apte. ● Boni principii bonus finis.
1781. Principiis cognitis, facilius extrema intelleguntur.
Conhecidos os princípios, compreendem-se os extremos com
mais facilidade.
1782. Principiis obsta. [DAPR 422]. Impede no começo.
■ Antes que o mal cresça, corte-se-lhe a cabeça. ● Principiis
obstandum. É no começo que se deve impedir. ● Principiis
obstare opus est. [Palingênio / Binder, Thesaurus 2652]. É
preciso impedir no começo. ● Principiis obsta: sero
medicina paratur cum mala per longas convaluere moras.
[Ovídio, Remedium Amoris 91]. Enfrenta (o mal) no
começo; chega tarde o remédio, quando o mal se fortaleceu
com a longa demora. VIDE: ● Obsta principiis. ● Sero
medicina paratur cum mala per longas convaluere moras.
1783. Principio magis quam sero medicina paranda est.
[Schottus, Adagia 373]. O remédio deve ser providenciado
imediatamente, e não retardado. ■ Antes que o mal cresça,
cortar-lhe a cabeça. ■ No perigo com tento, e ao remédio
com tempo. ■ Remédio só serve cedo. ■ Mata o lobito
enquanto é pequenito. ● Principio melius quam fini tu
medearis. [Schottus, Adagia 581]. É melhor cuidar no
princípio do que no fim. ● Principio praestat, quam fini
adhibere medelam. [Manúcio, Adagia 9]. É melhor dar o
remédio no princípio do que no fim. VIDE: ● Incipientibus
malis obstruendae sunt viae. ● Multo quam finem,
medicari initia praestat. ● Pharmaca nascenti sunt
adhibenda malo. ● Praestat principio mederi quam fini.
● Satius est initiis mederi quam fini. ● Satius mederi est
initiis quam finibus.
1784. Principis est virtus maxima nosse suos. [Marcial,
Epigrammata 8.15]. O maior mérito de um príncipe é
conhecer os seus.
1785. Principium bello, cenaeque incendia praestat. [Pereira
94]. O princípio ateia fogo à guerra e à ceia. ■ A guerra e a
ceia, começando, se ateia.
1786. Principium dimidium totius est. [Apostólio, Paroimiai
4.46]. O princípio é a metade do todo. ■ Metade da obra tem
feito quem começa bem e com jeito. ■ Trabalho bem
começado, meio acabado. ■ O bom princípio é a metade.
● Principium dimidium operis est. [Medina 597]. O
princípio é a metade da obra. VIDE: ● Dimidium facti, qui
coepit, habet. ● Incipe: dimidium facti est coepisse.
Superfit dimidium: rursum hoc incipe et efficies.
1787. Principium dulce est, sed finis amoris amarus. O
princípio do amor é doce, mas o fim é amargo. ■ O amor é
doce no começo, mas amargo no fim. ● Principium dulce
est, at finis amoris amarus; laeta venire Venus, tristis
abire solet. [John Owen, Epigrammata 1.13]. O princípio do
amor é doce, mas o fim é amargo; Vênus costuma chegar
alegre, mas partir triste.
1788. Principium est discordiae ex communi facere
proprium. [Publílio Siro]. Tornar particular o que é de
todos, eis a origem da discórdia. ● Principium discordiae
est, aliquid ex communi suum facere.
1789. Principium est potissima pars cuiusque rei. [Jur / Coke
/ Black 1417]. O princípio de qualquer coisa é sua parte mais
poderosa.
1790. Principium lauda, quod consequitur bona cauda.
Louva o princípio a que segue um bom fim.
1791. Principium nihil est, si consummatio desit. O princípio
não é nada, se falta o término. ■ Não acabar é não fazer.
■ Nada acabar é nada fazer.
1792. Principium non poteris cum fine conectere. [Apostólio,
Paroimiai 18.56]. Não poderás amarrar o princípio ao fim.
1793. Principium omne sequitur. [Medina 605]. Tudo segue o
princípio. ■ Princípio querem as coisas. ■ Sobre um ovo põe
a galinha.
1794. Principium quantitate est minimum, potestate
maximum. O princípio, considerando-se a quantidade, vale
pouco, mas considerando-se sua importância, vale muito.
■ Princípios ruins, desgraçados fins. ■ O que bem começa,
bem acaba.
1795. Principium sapientiae timor Domini. [Vulgata,
Provérbios 9.10]. O princípio da sabedoria é o temor do
Senhor. VIDE: ● Corona sapientiae timor Domini. ● Ecce
timor Domini, ipsa est sapientia. ● Initium sapientiae,
timor Domini. ● Timor Domini principium sapientiae.
● Timor Domini principium scientiae.
1796. Principum favor necessarius. [Grynaeus 552]. O favor
dos governantes é necessário.
1797. Prior atque potentior est, quam vox, mens dicentis.
[Jur]. A intenção de quem diz é mais importante e mais
poderosa do que a palavra.
1798. Prior in tempore, potior in iure. [Jur]. Quem é primeiro
no tempo, tem preferência no direito. ■ Quem chega primeiro
é servido primeiro. ■ Quem antes nasce antes pasce. ● Prior
in tempore, melior in iure. ● Prior tempore, prior iure.
● Prior tempore, potior iure. [Black 1418; Broom 279].
VIDE: ● Potior in tempore, potior in iure. ● Qui prior est
tempore, potior est iure. ● Praevalet iure, qui praevenit
tempore. ● Sicut prior es tempore, ita potior es iure.
1799. Prisca fides. [Divisa]. A fidelidade antiga.
1800. Prisca iuvent alios: ego me nunc denique natum
gratulor: haec aetas moribus apta meis. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.121]. Que os tempos antigos agradem aos outros;
eu me felicito de ter nascido agora: esta época é adequada
aos meus gostos.
1801. Priscis credendum. [Manúcio, Adagia 1204; Rezende
5196]. Deve-se acreditar nos antigos. VIDE: ● Credendum est
veteribus.
1802. Pristinae virtutis memor. [Divisa]. Recordando o valor
passado.
1803. Prius antidotum quam venenum adhibes. [S.Jerônimo /
Stevenson 1825]. Ofereces o antídoto antes do veneno. ■ O
carro vai à frente dos bois. ● Prius antidotum quam
venenum. [Erasmo, Adagia 4.3.98]. VIDE: ● Antidotum ante
venenum. ● Ne prius antidotum quam venenum.
1804. Prius cogitandum est quid loquaris, quam lingua
prorumpat in verba. [Rezende 5198]. Deve-se pensar o que
se vai falar, antes que a língua comece a expelir as palavras.
■ Antes que fales, pensa o que fazes.
1805. Prius duo echini, marinus ac terrestris, in amicitiam
coëant. [Apostólio, Paroimiai 16.80]. É mais fácil dois
ouriços, um marinho e outro terrestre, fazerem amizade.
● Prius duo echini societatem ineant, terrestris et
marinus. [Schottus, Adagia 305].
1806. Prius iungentur capreae lupis. [Horácio, Carmina
1.33.8]. Seria mais fácil atar cabras a lobos.
1807. Prius locusta pariet Lucam bovem. [Ênio / Grynaeus
291]. É mais fácil um gafanhoto parir um elefante. ■ É mais
fácil um boi voar. ● Prius locusta bovem pariet. [Erasmo,
Adagia 2.1.89]. É mais fácil um gafanhoto parir um boi.
● Prius pariet locusta Lucam bovem. [Névio / Varrão, De
Língua Latina 7.3]. VIDE: ● Locusta prius pariet lucam
bovem.
1808. Prius lupus ovem ducat uxorem. [Erasmo, Adagia
3.7.36]. Antes disso acontecer o lobo casar-se-á com a
ovelha. ■ É mais fácil um boi voar. VIDE: ● Ante lupus sibi
iunget ovem. ● Prius ovem lupus ducat uxorem.
1809. Prius lupus ovem pascet. [Schottus, Adagialia Sacra
121]. É mais fácil o lobo levar a ovelha a pastar. ■ É mais
fácil um boi voar. VIDE: ● Prius ovem pascat lupus.
1810. Prius mori quam foedari. Antes morrer que se desonrar.
■ Antes a morte que a desonra. VIDE: ● Candorem praefero
vitae. ● Malo mori quam foedari. ● Malo mori quam
maculari. ● Mavult mori quam maculari vir probus.
● Melius mori quam foedari. ● Mori melius est quam
peccare. ● Mori satius est, quam turpiter vivere. ● Mors
servituti turpitudinique anteponenda. ● Mors turpitudini
anteponenda. ● Potius mori milies quam semel foedari.
● Potius mori quam foedari.
1811. Prius negare, post fecisse, fallere est. [Publílio Siro].
Primeiro negar, depois fazer, é enganar. VIDE: ● Prius si
negaveris, fecisse postea fallere est.
1812. Prius nihil fide. Nada é preferível à fidelidade. VIDE: ● Nil
prius esse fide.
1813. Prius ovem lupus ducat uxorem. [Tosi 126]. É mais
fácil o lobo casar-se com a ovelha. ■ É mais fácil um boi
voar. VIDE: ● Ante lupus sibi iunget ovem. ● Prius lupus
ovem ducat uxorem.
1814. Prius ovem pascat lupus. [Schottus, Adagia 305]. É
mais fácil o lobo levar a ovelha a pastar. ■ É mais fácil um
boi voar. VIDE: ● Prius lupus ovem pascet.
1815. Prius pelagus vitem ferret quam hoc fiat. [Apostólio,
Paroimiai 19.28]. Antes de isso acontecer, o mar produzirá
vinha. ■ É mais fácil um burro voar.
1816. Prius quam assa sit farina. [Erasmo, Adagia 3.3.14].
Antes que a farinha fique torrada. ■ Num piscar de olhos.
● Prius quam coxeris farinam. [Erasmo, Chiliades 16].
Antes que torres a farinha.
1817. Prius quam gallus cantet bis, ter me negabis. [Vulgata,
Marcos 14.72]. Antes que o galo cante duas vezes, negar-me-
ás três vezes. ● Prius quam gallus cantet, ter me negabis.
[Vulgata, Mateus 26.75]. Antes que o galo cante, negar-me-
ás tres vezes. ● Prius quam gallus iterum cecinerit.
[Erasmo, Adagia 3.7.66]. Antes que o galo cante de novo.
● Prius quam galli cantent. [Plauto, Miles Gloriosus 690].
Antes que os galos cantem.
1818. Prius quam incipias, consulto et, ubi consulueris,
mature facto opus est. [Salústio, Catilina 1.2]. Antes de
começar, é preciso um plano, e depois de planejar, é preciso
execução imediata. VIDE: ● Antequam incipias, consulta.
1819. Prius quam iugulata est, pecudem excorias. [Schottus,
Adagia 518]. Antes que o animal tenha sido sacrificado, já o
esfolas. ■ Ainda não montamos e já cavalgamos! VIDE:
● Excorias ante necem. ● Priusquam mactaris, excorias.
● Priusquam mactaveris, excorias.
1820. Prius redde quod debes. [Sêneca, Epistulae Morales
18.14]. Antes devolve-me o que me deves. VIDE: ● Redde
quod debes.
1821. Prius sanguinem pluet. [Albertatius 1104]. É mais fácil
chover sangue.
1822. Prius si negaveris, fecisse postea fallere est. [Publílio
Siro]. Se antes tiveres negado, depois fazer é enganar. VIDE:
● Prius negare, post fecisse, fallere est.
1823. Prius testudo leporem praeverterit. [Erasmo, Adagia
1.8.84]. Será mais fácil a tartaruga ultrapassar a lebre. ■ É
mais fácil um burro voar. ● Prius testudo leporem
praecurret. [Apostólio, Paroimiai 16.76]. ● Prius testudo
antevertere lepori. [Schottus, Adagia 520]. ● Prius testudo
cursu vinceret leporem. [Schottus, Adagia 397]. Será mais
fácil a tartaruga vencer a lebre na corrida. ● Prius testudo
cursu praeveniet leporem. [Polydorus, Adagia]. VIDE:
● Villosum pedibus leporem testudo praeibit.
1824. Prius undis flamma miscebitur. [Cícero, Philippica
13.49, adaptado]. É mais fácil misturar-se o fogo com a água.
1825. Prius vendas domum quam maceras iuxta malum
vicinum. [Albertano da Brescia, Liber de Amore 2.8]. Antes
vender a casa do que sofrer perto de mau vizinho. ■ De mau
vizinho nem o diabo quer saber. ■ Guarda-te de mau vizinho
e de homem mesquinho. ● Primum vendas domum quam
maneas iuxta malum vicinum. [Petrus Alfonsus, Disciplina
Clericalis]. Antes vender a casa que ficar perto de mau
vizinho. VIDE: ● Noxa malus vicinus. ● Qui habet malum
vicinum habet malum matutinum. ● Vicinus bonus,
ingens bonum; vicinus malus, ingens malum.
1826. Priusquam audias, ne respondas verbum. [Vulgata,
Eclesiástico 11.8]. Antes de teres ouvido, não respondas
nada.
1827. Priusquam interroges, ne vituperes quemquam.
[Vulgata, Eclesiástico 11.7]. Não censures ninguém antes de
te informar.
1828. Priusquam mactaris, excorias. [Erasmo, Adagia 3.3.13].
Esfolas o animal antes de matá-lo. ■ Ainda não mataste o
urso, e queres vender-lhe a pele. ■ Antes de matar a onça,
não lhe vendas a pele. ■ Antes de matar a onça, não se faz
negócio com o couro. ● Priusquam mactaveris, excorias.
[Pereira 94]. ● Priusquam iugulata est, pecudem excorias.
[Albertatius 1108]. Esfolas a rês antes de ser ela morta. VIDE:
● Excorias ante necem. ● Prius quam iugulata est,
pecudem excorias.
1829. Priusquam offa sit, farina. [Pereira 94]. Antes de haver
bolo, é preciso haver farinha. ■ Sem farinha não se faz pão.
1830. Priusquam promittas, deliberes, et, cum promiseris,
facias. [DM 25]. Antes de prometeres, pensa, e quando
prometeres, cumpre. ■ Antes de falar, põe-te um pouco a
pensar. ● Priusquam promittas, deliberes, ne post
promissa minime expleta mendax dicaris. [S.Beda,
Proverbiorum Liber]. Pensa bem antes de prometeres, para
que não sejas classificado de mentiroso, se as promessas não
forem cumpridas.
1831. Privata domus valet aurum. [Werner 27]. A casa da
gente vale ouro. ■ Minha casinha, meu lar, não há melhor
lugar. ■ A própria morada a ninguém desagrada. ■ Nossa
casa, nossa brasa. VIDE: ● Domus propria, domus optima.
● Est dictum verum: privata domus valet aurum. ● Est
foculus proprius multo pretiosior auro. ● Propria domus
omnium optima. ● Propria domus valet aurum. ● Proprius
focus auro comparandus.
1832. Privata studia publicum evertunt bonum. [PSa].
Esforços privados tornam-se bem público.
1833. Privatis pactionibus non dubius est non laedi ius
ceterorum. [Digesta 2.15.3]. Sem dúvida o direito dos outros
não deve ser ferido pelos contratos privados.
1834. Privato sumpto. À própria custa. Por conta própria.
1835. Privatorum conventio iuri publico non derogat.
[Digesta 50.17.45.1]. Convenção de particulares não derroga
o direito público. VIDE: ● Pacta privata iuri publico
derogare non possunt. ● Pactis privatorum iuri publico
non derogatur.
1836. Privatorum conventionibus ius publicum infringi non
potest. [Jur]. O direito público não pode ser rompido por
contratos de particulares.
1837. Privatum commodum publico cedit. [Jur / Black 1420].
O interesse particular se submete ao interesse público.
1838. Privatum incommodum publico bono pensatur. [Jur /
Black 1420]. O prejuízo particular é compensado pelo
benefício público.
1839. Privilegia quae re vera sunt in praeiudicium
reipublicae, magis tamen habent speciosa frontispicia, et
boni publici praetextum, quam bonae et legales
concessiones; sed praetextu liciti non debet admitti
illicitum. [Jur / Coke / Black 1422]. Os privilégios que, na
verdade, são concedido em prejuízo do bem público têm a
aparência atraente e a justificativa do bem público, mais do
que garantias boas e legais; mas a pretexto do lícito não se
deve admitir o ilícito.
1840. Privilegium clericale. [Jur / Black 1423]. Privilégio do
clero.
1841. Privilegium est beneficium personale, et exstinguitur
cum persona. [Jur / Black 1423]. Privilégio é benefício
pessoal, e extingue-se com a pessoa. VIDE: ● Privilegium
personale personam sequitur, et cum persona
exstinguitur.
1842. Privilegium est quasi privata lex. [Jur / Black 1423].
Um privilégio é uma espécie de lei particular.
1843. Privilegium fori. [Jur]. Privilégio de foro.
1844. Privilegium meretur amittere qui concessa sibi
abutitur potestate. [VES 47]. Merece perder o privilégio
aquele que abusa do poder que lhe foi concedido.
1845. Privilegium non valet contra rempublicam. [Jur / Black
1423]. Contra o estado o privilégio não tem força.
1846. Privilegium personale personam sequitur, et cum
persona exstinguitur. [Jur]. O privilégio pessoal segue a
pessoa e se extingue com ela. VIDE: ● Privilegium est
beneficium personale, et exstinguitur cum persona.
1847. Pro amphora urceus. Um pote por uma ânfora. ■ Bilha
de leite por bilha de azeite.
1848. Pro aris et focis. [Cícero, De Natura Deorum 3.40.49].
Pelos nossos altares e lares. (=Pela defesa da pátria).
1849. Pro beneficio maleficium accipio. [Pereira 117]. Por um
benefício recebo um malefício. ■ Por bem fazer mal haver.
VIDE: ● Ex beneficio maleficium reportare. ● Ex beneficio
maleficium. ● Numquid redditur pro bono malum? ● Pro
bono malum. ● Pro gratia odium redditur.
1850. Pro beneficio sat magna usura est, memoria. [Publílio
Siro]. O reconhecimento é uma compensação bem grande do
benefício. ■ O reconhecimento é a memória do coração.
1851. Pro bono et malo. Pelo bem e pelo mal.
1852. Pro bono malum. Por um benefício, um malefício. ■ Por
bem fazer mal haver. VIDE: ● Ex beneficio maleficium
reportare. ● Ex beneficio maleficium. ● Numquid redditur
pro bono malum? ● Pro beneficio maleficium accipio.
● Pro gratia odium redditur.
1853. Pro bono omnium. [Divisa]. Para o bem de todos.
1854. Pro bono pacis. Pela paz. Em favor da paz. ● Pro bono
pacis omnia alia bona sunt praetermitenda. [Remigius
Florentinus, De Bono Pacis 179]. Pelo bem da paz, todas as
demais vantagens devem ser esquecidas.
1855. Pro bono publico. [Black 1425]. Pelo bem público. Em
benefício do público.
1856. Pro Brasilia fiant eximia. [Divisa do Estado de São
Paulo]. Pelo Brasil façam-se coisas grandes.
1857. Pro cane malo porcum postulas. [Schottus, Adagia
185]. Em troca de um cão ruim exiges um porco. ■ Dás um
ovo para ter um boi. VIDE: ● Pro mala cane suem postulas.
● Pro malo cane suem reposcis. ● Suem reposcis pro malo
quovis cane.
1858. Pro captu lectoris habent sua fata libelli. [Terenciano
Mauro, Carmen Heroicum 250]. Por causa da inteligência do
leitor, os livrinhos têm seus destinos. VIDE: ● Habent sua fata
libelli.
1859. Pro coniuge movimus arma. [Ovídio, Metamorphoses
5.219]. Em defesa do cônjuge tomamos armas.
1860. Pro cuiusque morbo medicina quaeratur. [Sêneca, De
Ira 1.16.4]. Procure-se para a doença de cada um o remédio
adequado.
1861. Pro cupro cuprea missa. [Bebel / Eiselein 404]. Com
moeda de cobre, só missa de cobre. ■ Pobre bispo, pobre
serviço. ■ Tal paga, tal trabalho. ■ Sem dinheiro de contado
não há soldado. ● Pro cupro cuprea missa habenda est.
[DAPR 248]. Com moeda de cobre só se obtém missa de
cobre. ● Pro cupreis nummis cupreas cantant tibi missas.
[Binder, Thesaurus 2659]. Por moedas de cobre, cantam para
ti missas de cobre. VIDE: ● Exilis nummus brevem parit
missam. ● Quale pretium, tale sacrificium. ● Si modicum
valet aes, missae sunt pauca valentes.
1862. Pro defectu iustitiae. [Jur / Black 1425]. Por falta de
justiça.
1863. Pro Deo et Ecclesia. [Divisa]. Por Deus e pela Igreja.
1864. Pro Deo et patria. [Divisa]. Por Deus e pela pátria.
1865. Pro Deo et principe. [Divisa]. Por Deus e pelo rei.
1866. Pro Deo, patria et vicino. [Divisa]. Por Deus, pela minha
pátria e pelo meu vizinho.
1867. Pro derelicto. [Cícero, Ad Atticum 8.1.1]. Em completo
abandono.
1868. Pro derelicto aedes longo silentio dominus videatur
habuisse. [Digesta 39.2.15.21]. Quando há um longo
silêncio, considere-se que o dono tenha abandonado a casa.
1869. Pro derelicto rem a domino habitam si sciamus,
possumus acquirere. [Digesta 41.7.2]. Podemos tomar
posse de uma coisa, si soubermos que é tida como
abandonada pelo proprietário.
1870. Pro dii immortales! [Grynaeus 225]. Ó deuses imortais!
1871. Pro dolor! Ó dor! Ó sofrimento!
1872. Pro domo sua. [Rezende 5230]. Em defesa da própria
casa. (=Título de uma oração de Cícero, de volta do exílio,
contra o patrício Clódio, que fez com que lhe fossem
confiscados os bens. A expressão é utilizada para indica um
pleito em defesa dos próprios interesses). ■ Em causa
própria. VIDE: ● Cicero pro domo sua.
1873. Pro eo. No lugar dele.
1874. Pro et contra. [Bacon, Advancement of Learning 1.7.15].
A favor e contra. (=Os dois lados da questão).
1875. Pro fide, pro rege. [Divisa]. Pela fé, pelo rei.
1876. Pro forma. [Jur / Black 1425]. Por mera formalidade.
● Pro forma tantum. ● Pro formula.
1877. Pro gratia odium redditur. [Tácito, Annales 4.18].
Paga-se o favor com o ódio. ■ Por bem fazer mal haver. VIDE:
● Ex beneficio maleficium reportare. ● Ex beneficio
maleficium. ● Numquid redditur pro bono malum? ● Pro
beneficio maleficium accipio. ● Pro bono malum.
1878. Pro hac vice. [Jur / Black 1425]. Só para esta ocasião.
Para esta ocasião específica.
1879. Pro incerta spe, certa praemia. [Grynaeus 606]. Uma
compensação certa para uma esperança incerta.
1880. Pro indiviso. [Jur / Black 1425]. Por inteiro.
1881. Pro labore. Pelo trabalho. (=Pro-labore. Remuneração
ou ganho que se percebe como compensação por trabalho
realizado).
1882. Pro lege et pro grege. [Bernardes, Nova Floresta 5.128].
Pela lei e pela grei.
1883. Pro lege, pro libertate, pro patria. [Divisa]. Pela lei,
pela liberdade, pela pátria.
1884. Pro lege, rege, grege. [Divisa de Guilherme de Orange].
Pela lei, pelo rei, pelo povo.
1885. Pro legibus et patria. [Divisa]. Pelas leis e pela pátria.
1886. Pro libertate patriae. Pela liberdade da pátria.
1887. Pro libito. De acordo com a própria vontade.
1888. Pro loco et tempore. De acordo com o lugar e o tempo.
1889. Pro luce exactum cenam praestabit olivum. [Pereira
120]. O azeite dado para a candeia fornecerá a ceia. ■ Quem
pede para a candeia nunca se deita sem ceia.
1890. Pro lucro tibi pone diem quicumque sequetur.
[Dionísio Catão, Disticha 1.33]. Considera como teu lucro
qualquer dia que chegue.
1891. Pro mala cane suem postulas. [Apostólio, Paroimiai
3.63]. Em troca de um cão ruim exiges um porco. ■ Dás um
ovo para ter um boi. ● Pro malo cane suem reposcis.
[Erasmo, Adagia 3.6.12]. ● Pro malo cane suem exigis.
[Suidas / Albertatius 1115]. VIDE: ● Pro cane malo porcum
postulas. ● Suem reposcis pro malo quovis cane.
1892. Pro maleficio beneficium summum reddere. [Terêncio,
Phormio 336]. Fazer um grande bem em troca do mal
recebido.
1893. Pro medicina est dolor, dolorem qui necat. [Publílio
Siro]. A dor que mata outra dor vale um remédio. ■ A dor por
que vem algum proveito não se sente.
1894. Pro memoria. Para a recordação. Como auxílio à
memória.
1895. Pro mensura peccati erit et plagarum modus. [Vulgata,
Deuteronômio 25.2]. O número de golpes regular-se-á pela
qualidade do pecado.
1896. Pro mundi beneficio. [Divisa da República do Panamá].
Para o benefício do mundo.
1897. Pro nihilo, nihil fit. Nada se faz em troca de nada. ■ É
dando que se recebe. ■ Sem dinheiro de contado não há
soldado. VIDE: ● Da, si vis accipere. ● Da, ut accipias.
1898. Pro nostra semper amicitia. [Propércio, Elegiae 1.22.2].
Em nome de nossa velha amizade.
1899. Pro nostris opibus aedificamus moenia. Por causa de
nossas riquezas construímos os muros.
1900. Pro nulla re mundi. Por nada deste mundo. ● Pro nulla
re mundi, et pro nullius hominis dilectione aliquod
malum est faciendum. [Tomás de Kempis, De Imitatione
Christi 1.15.1]. Por nada deste mundo, nem pelo amor de
ninguém, deve-se fazer qualquer mal.
1901. Pro opibus tuis strue moenia. Constrói teu muro de
acordo com tuas rendas. ■ Quem gasta mais do que tem a
pedir vem. ■ Não estendas as pernas além do cobertor. VIDE:
● Messe tenus propria vive. ● Sumptus censum ne superet.
1902. Pro Patria. [Brasão de Pinheiro Machado, RS]. Pela
Pátria.
1903. Pro Patria et Urbe. [Divisa da cidade de Juiz de Fora,
Minas Gerais]. Pela pátria e pela cidade.
1904. Pro patria laboremus. [Divisa]. Trabalhemos pela
pátria.
1905. Pro patria non timidus mori. [Horácio, Carmina
3.19.2]. Pela pátria, não ter medo de morrer.
1906. Pro patria, pro liberis, pro aris atque focis suis
certare. [Salústio, Catilina 59.2]. Lutar pela pátria, pelos
filhos, pela fé e pelo lar. ● Pro patria, pro liberis, pro aris
atque pro focis. [Divisa].
1907. Pro patria, pro libertate, pro vita certamus. [Salústio,
Catilina 58.2]. Lutamos pela pátria, pela liberdade, pela vida.
1908. Pro patriae salute. [Divisa]. Pela segurança da pátria.
1909. Pro patria vivere et mori. [Divisa]. Viver e morrer pela
pátria.
1910. Pro peccato magno paullum supplicii satis est patri.
[Terêncio, Andria 903]. Para um pai, por uma grande falta
basta um pequeno castigo.
1911. Pro perca scorpium. [Erasmo, Adagia 2.6.6]. Um
escorpião por uma perca. ■ Bilha de leite por bilha de azeite.
VIDE: ● Palumbem pro columba. ● Pilos pro lana.
1912. Pro populo et Deo. [Divisa]. Pelo povo e por Deus.
1913. Pro possessore habetur qui dolo desiit possidere. [Jur /
Black 1426]. Considera-se possuidor quem deixou de possuir
por dolo.
1914. Pro pudor! Ó vergonha!
1915. Pro qualitate audientium formari debet sermo
doctorum. [S.Beda, Proverbiorum Liber]. A qualidade do
discurso dos professores deve ser adequada à qualidade dos
ouvintes.
1916. Pro rata itineris. [Broom 507]. Em proporção à distância
percorrida.
1917. Pro rata parte. [Cícero, De Republica 2.69]. Em
proporção. Proporcional. ● Pro rata.
1918. Pro rata temporis. Em proporção ao tempo.
1919. Pro ratione Deus dispertit frigora vestis. [Trench,
Proverbs; DAPR 251]. ■ Deus dá o frio conforme a roupa.
VIDE: ● Quae Deus immittit, non vincunt frigora vestem.
1920. Pro ratione temporum. Segundo a exigência dos
tempos.
1921. Pro re nata. [Jur / Black 1426]. Para a ocasião que se
apresenta. Para uma emergência. Conforme as
circunstâncias. ● Pro re.
1922. Pro re nitorem, et gloriam pro copia. [Plauto, Aulularia
497]. A elegância de acordo com a fortuna, e a glória de
acordo com seus meios.
1923. Pro rege et patria. [Divisa]. Pelo rei e pela pátria.
1924. Pro rege, lege et grege. [Divisa]. Pelo rei, pela lei e pelo
povo,
1925. Pro rege saepe; pro patria semper. [Divisa de Colbert].
Pelo rei, muitas vezes; pela pátria, sempre.
1926. Pro salute populi. [Divisa]. Pela segurança do povo.
1927. Pro São Paulo fiant eximia. [Divisa]. Por São Paulo
façam-se coisas grandes.
1928. Pro scientia et religione. [Divisa da Universidade de
Denver, EUA]. Pela ciência e pela religião.
1929. Pro scientia et sapientia. [Divisa da Universidade de
Mississipe, EUA]. Pelo conhecimento e sabedoria.
1930. Pro societate. Em benefício da sociedade.
1931. Pro solo puncto caruit Martinus asello. ■ Por um ponto,
Martinho perdeu seu burro. ■ Por um ponto perdeu o diabo o
mundo. VIDE: ● Ob unum punctum cecidit Martinus
asellum. ● Ob unum punctum perdit Martinus asellum.
● Uno pro puncto caruit Martinus asello.
1932. Pro soluto. [Jur]. A título de pagamento.
1933. Pro solvendo. [Jur]. Para pagar. Destinado ao pagamento.
1934. Pro sua causa quisque disertus erit. [Medina 601]. A
favor de sua causa, qualquer pessoa será eloqüente. ■ Para
seu proveito, cada um sabe. ● Pro sua causa quisque
disertus erat. [Ovídio, Fasti 4.112]. Para seu proveito, todo
mundo era eloqüente.
1935. Pro sua parte. Cada um de acordo com seus recursos.
1936. Pro tanto. Para tanto.
1937. Pro te solo crucifixus est Christus? Cristo foi
crucificado para salvar só a ti? ■ O sol nasce para todos.
■ Todos somos filhos de Adão e Eva.
1938. Pro tempore. [Jur / Black 1426]. Para certo tempo. De
acordo com as necessidades. Segundo as circunstâncias.
Temporariamente.
1939. Pro tempore et pro re. Conforme o tempo e a ocasião.
1940. Pro thesauro mihi carbones exhibuisti. [Luciano /
Schottus, Adagia 27]. Em lugar do tesouro, mostraste-me
carvões. ■ Fui logrado. ● Pro thesauro carbones. VIDE:
● Carbonem pro thesauro invenimus. ● Carbonem pro
thesauro. ● Carbones thesaurus erant. ● Sub specie auri
carbones. ● Thesaurus carbones erant.
1941. Pro una libera patria pugnavi. [Divisa de Sorocaba,
SP]. Pugnei por uma pátria unida e livre.
1942. Pro vehiculo est in via comes facundus. [Albertatius
1123]. ■ Andando de dois se encurta caminho. VIDE: ● Comes
facundus in via pro vehiculo est. ● Comes iucundus in via
pro vehiculo est. ● Facetus comes in via pro vehiculo est.
● Nullum iter longum est, amico comitante.
1943. Pro veritate habetur. É tido como coisa verdadeira. VIDE:
● Res iudicata pro veritate habetur.
1944. Pro veteri debito accipimus stramen avenae. [Bebel,
Adagia Germanica]. Por dívida antiga aceitamos palha de
aveia. ■ De ruim pagador, em farelos. VIDE: ● Ab improbo
debitore quidvis accipe. ● Accipias paleam, si non vult
solvere nequam. ● Arripias paleas, si non vult solvere
nequam debitor; accipias, si miser est, paleas. ● Debitor,
accipias, si miser est, paleas.
1945. Pro viribus. Com toda força.
1946. Pro vita. [Divisa]. Pela vida.
1947. Pro vitio virtus crimina saepe tulit. [Ovídio, Remedium
Amoris 324]. Muitas vezes a virtude foi condenada como se
fosse um vício.
1948. Proba est materia, si probum adhibeas artificem.
[Erasmo, Adagia 3.6.14]. O material é bom, se se usa um
bom artífice. ■ Para bom mestre não há má ferramenta.
● Proba materia, probo artifici. [Grynaeus 152]. ● Proba
materies data est, si probum adhibes fabrum. [Plauto,
Poenulus 913]. VIDE: ● Probae materiae probus est
adhibendus faber.
1949. Proba merx facile emptorem reperit. Mercadoria
excelente facilmente encontra comprador. ■ O bom vinho
escusa pregão. ■ O bom pano na arca se vende. ● Proba
merx facile emptorem reperit, tametsi in abstruso sita est.
[Plauto, Poenulus 338]. Mercadoria de boa qualidade
facilmente encontra comprador, mesmo que esteja escondida.
VIDE: ● Merce proba emptor adest ultro.
1950. Proba te haud barbarum esse! Latine loquere! Mostra
que tu não és um estrangeiro! Fala em latim!
1951. Probabilius est quod non. O mais provável é que não.
1952. Probae etsi in segetem sunt deteriorem datae fruges,
tamen ipsae suaptae natura enitent. [Áccio, Atreus].
Sementes boas, mesmo que sejam plantadas em terra ruim, se
distinguirão por sua própria natureza.
1953. Probae materiae probus est adhibendus faber.
[Publílio Siro]. Para um bom material deve-se usar um bom
operário. ■ Para bom mestre não há má ferramenta. VIDE:
● Proba est materia, si probum adhibeas artificem.
● Proba materia, probo artifici. ● Proba materies est, si
probum adhibes fabrum.
1954. Probanda salsamenta egenti carnium. [Schottus,
Adagia 605]. Quem não dispõe de carne deve experimentar
peixe salgado. ■ Quem não tem pão alvo come do ralo.
■ Quem não tem cão caça com gato. ● Probanda salsamenta
ubi desunt carnes. [Dumaine 238]. Deve-se comer peixe
salgado, quando falta carne fresca. VIDE: ● Salsamento egenti
carnibus contentum esse oportet. ● Si carnes non
affuerint, in salsamentis acquiescendum. ● Si caro non
adsit, salsamentum adhibendum. ● Si deficit faenum,
accipe stramen. ● Si non adsunt carnes, tarico contentos
esse oportet. ● Taricus bone consulitur, ubi desunt carnes.
1955. Probandi necessitas incumbit illi qui agit. [Jur / Black
1428]. A necessidade de provar recai no autor da ação.
1956. Probare amicos difficile est re prospera. [PSa]. É difícil
avaliar os amigos na prosperidade. ■ É na adversidade que se
conhecem os amigos. ● Probare amicos in re adversa
facilius est. [Tosi 1307]. Na adversidade é mais fácil avaliar
os amigos. VIDE: ● Amicus certus in re incerta cernitur.
1957. Probare oportet, non sufficit dicere. [Jur]. É preciso
provar; não basta afirmar.
1958. Probatio dilectionis exhibitio est operis. [Medina 590].
A prova do amor é a exibição da obra. ■ O amor e a fé nas
obras se vê. ● Probatio amoris exhibitio est operis. VIDE:
● Claret amor factis, non secus atque fides.
1959. Probatio fortior debiliorem tollit. [Jur]. A prova mais
forte destrói a mais fraca.
1960. Probatio incumbit asserenti. [Jur]. A prova cabe a quem
afirma. VIDE: ● Affirmanti, non neganti, incumbit probatio.
● Affirmanti incumbit probatio. ● Alleganti probatio
incumbit. ● Ei incumbit probatio, qui dicit, non qui negat.
● Factum asseverans onus subit probationis.
1961. Probatio mutatae voluntatis ab heredibus exigenda
est. [Ulpiano, Digesta 32.11.12]. A prova da mudança da
vontade deve ser exigida dos herdeiros.
1962. Probatio per testes eamdem vim quam per
instrumenta habet. [Jur]. A prova testemunhal tem a mesma
força que a documental.
1963. Probatio vincit praesumptionem. [Jur]. A prova vence a
presunção.
1964. Probatione non indigent manifesta. [Jur]. As coisas
evidentes não exigem comprovação. VIDE: ● Manifesta non
indigent probatione. ● Manifesta probatione non indigent.
1965. Probationes debent esse evidentes, scilicet perspicuae
et faciles intellegi. [Jur / Broom 1429]. As provas devem ser
evidentes, isto é, transparentes e fáceis de serem entendidas.
1966. Probatis extremis, praesumuntur media. [Broom
1429]. Comprovados os extremos, presumem-se os
procedimentos intermediários.
1967. Probatum est. [Jur / Black 1429]. Está comprovado.
1968. Probavit non rem publicam suam esse, sed se rei
publicae. [Sêneca, De Clementia 1.19.8]. (O rei) mostrou
que ele é que pertence ao país, e não o país a ele.
1969. Probe vixit, improbos vinxit, hostes vicit. Viveu
honestamente, prendeu os desonestos, venceu os inimigos.
1970. Probitas laudatur, et alget. [Juvenal, Satirae 1.74]. A
honestidade é gabada, mas morre de frio.
1971. Probitas verus honor. A honestidade é a verdadeira
glória.
1972. Probitas viri per comparationem lucidius apparet.
[VES 118]. O valor de um homem brilha mais pela
confrontação.
1973. Probitate et labore. [Divisa]. Com honestidade e
trabalho.
1974. Problema Archimedeum. [Manúcio, Adagia 1380]. Um
problema de Arquimedes. (=Diz-se de uma questão
complicada, que ninguém ou poucos conseguem entender).
1975. Probo beneficium qui dat, ex parte accipit. [Publílio
Siro]. Quem presta benefício a um homem honesto de certa
maneira também recebe. ■ Bem fazer nunca se perde.
1976. Probo bona fama maxima est hereditas. [Publílio Siro].
Para o homem honesto uma boa reputação é a melhor
herança.
1977. Probum non paenitet. O homem honesto não se
arrepende.
1978. Probus invidet nemini. [Platão]. O homem honesto não
tem inveja de ninguém.
1979. Probus libertus sine natura est filius. [Publílio Siro].
Um escravo honesto liberto é um filho sem a intervenção da
natureza.
1980. Procellae quanto plus habent virium, tanto minus
temporis. [Sêneca, Quaestiones Naturales 7.9]. As
tempestades, quanto mais força têm, tanto menos duram. ■ O
que é intenso dura pouco.
1981. Procerum domus. [Tácito, Annales 4.63]. As casas dos
patrícios. VIDE: ● Domus Procerum.
1982. Procerum superbia deficit cum rex adest. O orgulho
dos nobres desaparece quando o rei está presente.
1983. Procreare liberos lepidum est onus. [Plauto, Miles
Gloriosus 681]. Fazer filhos é um encargo prazeroso. VIDE:
● Ultroneus dolor est creare liberos. ● Ultroneus dolor est
parare liberos.
1984. Procrastinare lusitanum est. [Eça de Queirós, A Ilustre
Casa de Ramires 1]. Adiar é próprio do português.
1985. Procul a Iove, procul a fulmine. [Suidas / Albertatius
1113]. Longe de Júpiter, longe do raio. ■ Raio não cai em
pau deitado. ■ Quanto mais alto o coqueiro, maior é o
tombo. ● Procul a Iove et fulmine. [Apostólio, Paroimiai
16.51]. ● Procul a Iove, procul a fulgure. VIDE: ● Porro a
Iove atque fulmine.
1986. Procul a pedibus equinis! [Erasmo, Adagia 1.3.95].
(Fica) longe dos pés do cavalo! ■ Não te metas entre martelo
e bigorna. VIDE: ● Ab equi pedibus procul secedite. ● Ab
equinis pedibus procul recede.
1987. Procul ab oculis nostris urbs nostra diripiatur,
incendatur. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 45.24]. Longe dos
nossos olhos, nossa cidade está sendo saqueada, incendiada.
1988. Procul amicis sunt viri in malis siti. [Schottus, Adagia
25]. Longe dos amigos os homens ficam em dificuldade.
VIDE: ● Viri infortunati procul amicis.
1989. Procul ex oculis, procul ex mente. [DAPR 397]. ■ Longe
dos olhos, longe do coração. VIDE: ● Qui procul est oculis,
procul est a limine cordis. ● Tam procul ex oculis, quam
procul ex corde. ● Tam procul ab oculis, quam procul a
corde.
1990. Procul hinc, procul este, severi! [Ovídio, Amores 2.1.3].
Fora daqui, fora, ó gente séria!
1991. Procul hinc, procul hinc! Fora! Fora daqui!
1992. Procul negotiis. [Horácio, Epodon 2.1]. Longe dos
negócios. Longe das atividades.
1993. Procul, o procul este, profani! [Virgílio, Eneida 6.258].
Longe, ficai longe, profanos!
1994. Procul omen abesto! [Ovídio, Amores 1.14.41]. Longe
de nós esse agouro!
1995. Procul videns, comminus videns nihil. [Stevenson 263].
Vê as coisas que estão longe, mas não vê nada que esteja
perto.
1996. Procurator est qui aliena negotia mandatu domini
administrat. [Digesta 3.3.1]. Procurador é aquele que
administra negócios alheios com mandato do proprietário.
1997. Prodenda quia sunt prodita. [Plínio Antigo, Historia
Naturalis 2.85]. Devem ser transmitidas porque foram
transmitidas. VIDE: ● Narrata refero. ● Relata refero.
1998. Prodesse enim sibi unusquisque, dum alii non nocet,
non prohibetur. [Digesta 39.3.1.11]. A ninguém é proibido
tirar proveito para si, desde que não prejudique a outrem.
1999. Prodesse magis quam praeesse. [RSB 64.8]. Antes ser
útil que comandar. VIDE: ● Magis prodesse quam praeesse.
2000. Prodesse quam conspici. [Divisa]. Antes ser útil que
admirado.
2001. Prodesse qui vult nec potest, aeque est miser. [Publílio
Siro]. Quem quer ajudar, mas não pode, é igualmente infeliz.
2002. Prodest an obest gloria? [Ovídio, Metamorphoses
11.120, adaptado]. A glória favorece ou prejudica?
2003. Prodest et linguam compescere sive ligare. Vale a pena
não só refrear a língua, mas até amarrá-la. VIDE: ● Linguam
compescere virtus non minima est. ● Virtutem primam
esse puto compescere linguam.
2004. Prodest ipse rogus tempus in omne bonus. [Pereira
121]. O bom fogo faz bem a qualquer tempo. ■ Sempre o
fogo faz gasalhado.
2005. Prodest morbum suum nosse, et vires eius antequam
spatientur opprimere. [Sêneca, De Ira 3.10]. É útil
conhecer a própria doença e aniquilar suas forças, antes que
se alastrem.
2006. Prodest quicumque obesse non vult, cum potest.
[Publílio Siro]. Ajuda quem não quer prejudicar quando
pode. ■ Muito ajuda quem não atrapalha.
2007. Prodiga fertilitas paucis consumitur annis; servatur
longo tempore rara seges. [Pereira 94]. A riqueza
desregrada se consome em poucos anos; conserva-se por
muito tempo a seara pouco abundante. ■ A grão gastador o
muito não basta; a grão poupador o pouco sobeja.
2008. Prodigere est, cum nihil habeas, te irrideri. Ser
pródigo, quando não se tem nada, é expor-se ao ridículo.
2009. Prodigus est natus de parco patre creatus. [Binder,
Thesaurus 2669]. É pródigo o filho criado por pai avarento.
■ Pai avarento, filho pródigo.
2010. Proditionem amo, sed proditores odi. [Plutarco, Vita
Romuli 17.7 / Maloux 518]. Amo a traição, mas odeio os
traidores. ■ Ama-se a traição, aborrece-se o traidor.
● Proditionem amo, sed proditorem non laudo. [Stevenson
2366]. Amo a traição, mas não louvo o traidor. ● Proditio
amatur, sed proditor non laudatur. Ama-se a traição, mas
não se louva o traidor. VIDE: ● Amo proditionem, odi
proditorem.
2011. Proditor patriae. [Cícero, De Finibus 3.64]. Um traidor
da pátria.
2012. Proditores etiam iis, quos anteponunt, invisi sunt.
[Tácito, Annales 1.58.1]. Os traidores são odiados até por
aqueles a quem servem. ■ Ama el-rei a traição, mas não o
traidor. ■ Ama-se a traição, mas aborrece-se o traidor.
2013. Producta sceleris. [Jur]. O produto do crime.
2014. Proelio victus, non bello. [Erasmo, Adagia 5.1.66]. Foi
vencido na batalha, mas não na guerra.
2015. Profanum vulgus. [Horácio, Carmina 3.1.1]. O vulgo
ignorante.
2016. Profectio fugae consimilis videtur. Considera-se o recuo
igual à fuga.
2017. Profecto aliud est, aliud dicitur. Sem dúvida, uma coisa
é o que é, outra coisa é o que se diz.
2018. Profecto deliramus interdum senes. [DAPR 608]. Sem
dúvida nós velhos deliramos de vez em quando. ■ Quanto
mais velho, mais tolo. ■ A cabeça branca, e o juízo por vir.
2019. Profecto enim vita vigilia est. [Plínio Antigo, Naturalis
Historia, Praefacio 18]. Por certo a vida é uma vigília.
2020. Profecto fortuna in omni re dominatur. [Salústio,
Catilina 8.1]. Sem dúvida a sorte governa todas as coisas.
2021. Proferre in apricum. Trazer à luz. (=Tornar conhecido o
fato).
2022. Professa perdunt odia vindictae locum. [Sêneca, Medea
154]. Ódios declarados perdem toda oportunidade de
vingança.
2023. Professio fidei. A profissão de fé.
2024. Professor sapientiae. Um filósofo.
2025. Professoria lingua. [Tácito, Annales 13.14]. Linguagem
professoral.
2026. Profestus dies. Dia não feriado. Dia de trabalho.
2027. Proficiat! Que tenha bom êxito!
2028. Profugiens hostem, inimici invadam in manus. [Áccio /
Stevenson 2047]. Fugindo de um inimigo, caio nas mãos de
outro inimigo. ■ Fugi do lobo, caí no arroio.
2029. Profuit multis capi. [Sêneca, Troades 888]. Para muitos
terem sido feitos escravos conduziu à glória.
2030. Profundere verba ventis. [Rezende 5236]. Gastar
palavras com o vento. ■ Perder o latim. VIDE: ● Tu fac ne
ventis verba profundam.
2031. Progenitorum ornamenta nec virtutem nec
honestatem, mea quidem sententia, minoribus praebent.
[Garcia de Meneses / Ramalho 16]. Em minha opinião, nem
o valor nem a glória dos antepassados se estendem aos
descendentes.
2032. Progredi ex noto ad ignotum. Avançar do conhecido ao
desconhecido. VIDE: ● Ex notis ad ignota. ● Ex noto ad
ignotum.
2033. Progrediamur. [Divisa]. Avancemos.
2034. Progrediente tempore. Com o passar do tempo.
2035. Progredimur quo ducit quemque voluptas. [Lucrécio,
De Natura Rerum 2.258]. Dirigimo-nos para onde o prazer
conduz cada um de nós. ● Progredimur quo ducit quemque
voluntas. Vamos para onde a vontade conduz cada um de
nós.
2036. Prohibe linguam tuam a malo, et labia tua ne
loquantur dolum. [Vulgata, Salmos 33.14]. Guarda a tua
língua do mal, e os teus lábios não falem engano.
2037. Prohibenda maxime ira est in puniendo. [Cícero, De
Officiis 1.25]. A cólera deve ser inteiramente afastada do
castigo.
2038. Prohibere non potes quod tibi non nocet et alteri
prodest. [Jur]. Não podes proibir o que não te prejudica e a
outrem aproveita.
2039. Prohibito principali, prohibitur omnia quae sequentur
ex illo. [Jur]. Proibido o principal, proíbe-se tudo que segue
dele.
2040. Proice super Dominum curam tuam, et Ipse te
sustentabit. Lança sobre o Senhor o teu cuidado, e Ele te
sustentará. VIDE: ● Iacta super Dominum curam tuam, et
Ipse te enutriet.
2041. Proicere margaritas ante porcos. [DAPR 529]. Atirar
pérolas aos porcos. VIDE: ● Mittere margaritas ante porcos.
● Spargere porcis margaritas.
2042. Prolem sine matre creatam. [Ovídio, Metamorphoses
2.553]. Um filho gerado sem mãe. (=Diz-se de obra original,
sem modelo anterior).
2043. Promissio boni viri obligatio est. [Rezende 5245]. A
promessa do homem honesto é uma obrigação. ■ Promessa é
dívida. ■ Quem promete deve.
2044. Promissio debet intellegi rebus sic stantibus. [Jur]. A
promessa deve ser compreendida como dependendo de se
manterem inalteradas as circunstâncias.
2045. Promissio parit debitum. [Bebel, Adagia Germanica /
DAPR 556]. A promessa gera uma dívida. ■ Promessa é
dívida. ■ O prometido é devido. VIDE: ● Promissum cadit in
debitum.
2046. Promissis dives quilibet esse potest. [Binder, Thesaurus
2672]. De promessas qualquer um pode ser rico. ■ De
promessas, quem vive é santo. VIDE: ● Pollicitis dives
quilibet esse potest. ● Quid enim promittere laedit?
2047. Promissis standum. Deve-se permanecer firme nas
promessas. ■ Promessa é dívida.
2048. Promissum cadit in debitum. [Binder, Thesaurus 2674].
Promessa vira dívida. ■ Promessa é dívida. VIDE: ● Promissio
parit debitum.
2049. Promit intima cordis. Ele expõe as coisas íntimas do
coração.
2050. Promotor fidei. Promotor da fé.
2051. Promotor iustitiae. [Jur]. Promotor de justiça.
2052. Promoveatur, ut amoveatur. [Rezende 5247]. Promova-
se, para que seja removido.
2053. Promptius est omnibus iudicare quam facere. [DAPR
201]. Para todos é mais fácil criticar do que fazer. ■ Criticar
é fácil, fazer é difícil. ■ De obras feitas todos são mestres.
2054. Promptus homo et experiens. Um homem disponível e
com experiência.
2055. Promus magis quam condus. [Erasmo, Adagia 2.4.73].
Mais gastador que guardador.
2056. Prona est timori semper in peius fides. [Sêneca,
Hercules Furens 316]. A credulidade é sempre inclinada ao
medo exagerado.
2057. Prona est iuventus in quodcumque malum. [Binder,
Thesaurus 2676]. A juventude está sempre inclinada a
qualquer mal.
2058. Pronuntiatio iudicis. [Jur]. A sentença do juiz.
2059. Prope est a te Deus, tecum est, intus est: sacer intra
nos spiritus sedet, malorum bonorumque nostrorum
observator. [Sêneca, Epistulae Morales 41.1]. Deus está
perto de ti, está contigo, está dentro de ti: dentro de nós
permanecce um espírito sagrado observador de nossos males
e de nossos bens.
2060. Prope est enim, ut libenter damnet, qui cito; prope est,
ut inique puniat, qui nimis. [Sêneca, De Clementia 1.14.3].
Está perto de punir com prazer, quem condena
apressadamente; está perto de punir injustamente, quem
condena com excesso. ● Prope est non aeque ut damnet,
qui damnat nimis. Está perto de condenar injustamente,
quem condena com excesso.
2061. Prope graculum saepe alter astat graculus. [Schottus,
Adagia 603]. Junto a um gralho com freqüência se encontra
outro gralho. ■ Um gambá cheira outro. VIDE: ● Assidet
usque graculus graculo. ● Aves discolores raro simul
volitant. ● Concolores aves facillime congregantur.
● Graculus graculo assidet. ● Graculus graculo, pica picae
sociatur. ● Monedulae semper monedula assidet. ● Pares
cum paribus facillime congregantur. ● Pares cum paribus
maxime congregantur. ● Parium cum paribus facilis
congregatio est. ● Semper graculus assidet graculo.
● Semper graculus cum graculo. ● Solent pares facile
congregari cum paribus. ● Volatilia ad sibi similia
conveniunt.
2062. Prope ignem assidere. Estar sentado junto ao fogo.
2063. Propensiores sumus ad nostra quam ad aliena. [Branco
298], Nós cuidamos mais do nosso do que do alheio.
■ Primeiro os dentes, depois os parentes. VIDE: ● Mihi magis
quam aliis consulere debeo. ● Necessitas plus posset quam
pietas solet.
2064. Propera ad rem propositam. [Schottus, Adagia 456].
Apressa-te ao teu objetivo. VIDE: ● Impelle equum ad
metam. ● Incita equum iuxta nyssam.
2065. Propera, nec venturas differ in horas. [Ovídio,
Remedium Amoris 93]. Apressa-te e não deixes para depois.
■ Na tardança está o perigo.
2066. Propera vivere, et singulos dies singulas vitas puta.
[Sêneca, Epistulae Morales 101.10]. Apressa-te em viver, e
cada dia teu como uma vida.
2067. Properans nimis, minus viator proficit. Apressando-se
demais, o viajante avança menos. ■ Quem muito se apressa,
perde tempo. ■ Quem muito corre, cansa.
2068. Properat cursu vita citato. [Sêneca, Hercules Furens
178]. A vida passa apressadamente em uma rápida carreira.
■ A vida são dois dias.
2069. Properet licet, sero beneficium dedit, qui roganti
dedit. [Sêneca, De Beneficiis 2.2.1]. Mesmo que se tenha
apressado, demorou a fazer o favor quem o fez a quem teve
de pedir.
2070. Propheta in sua patria honorem non habet. [Vulgata,
João 4.44]. Um profeta não tem glória na sua pátria.
■ Ninguém é profeta em sua terra. ■ Santo de casa não faz
milagre. VIDE: ● Cernitur in propria raro multum regione
vates portare decus ornatumque coronae. ● In patria
natus non est propheta vocatus. ● Nemo in patria
propheta acceptus est. ● Nemo propheta acceptus est in
patria sua. ● Nemo propheta in sua patria. ● Nemo
propheta in patria. ● Non est propheta sine honore, nisi in
patria sua, et in domo sua.
2071. Prophetias nolite spernere. [Vulgata, 1Tessalonicenses
5.20]. Não desprezeis as profecias.
2072. Propinquum potius quam vicinum defenderis. [Cícero,
De Officiis 1.59]. Defenderás antes um parente que um
vizinho.
2073. Propinquus occisi homicidam interficiet. [Vulgata,
Números 35.19]. O parente do morto matará o homicida.
2074. Propior est tunica pallio. [Pereira 103]. A camisa está
mais perto do corpo do que o capote. ■ Mais próximos estão
os dentes do que os parentes. ■ Em tal signo nasci, que mais
quero para mim que para ti. VIDE: ● Genu sura propius.
● Genu sura propius, et tunica pallio propior. ● Tunica
propior pallio est.
2075. Propiora videamus. [Cícero, De Natura Deorum 3.80].
Vejamos o que está mais perto de nós. VIDE: ● A fabulis ad
facta veniamus. ● Abeamus a fabulis, propiora videamus.
2076. Propius periculo it timor. [Virgílio, Eneida 8.556]. O
medo acompanha de perto o perigo.
2077. Propositum capiunt Tartara, facta Polus. [Rezende
5260]. O inferno fica com a intenção, o céu, com a ação.
■ De bons propósitos está cheio o inferno, e o céu de boas
obras. ■ De boas intenções o inferno está calçado.
2078. Propositum mutat sapiens, at stultus inhaeret.
[Petrarca, Ecloga 8.12]. O sábio muda de parecer, mas o tolo
persiste. VIDE: ● Prudentis est mutare consilium; stultus sic
luna mutatur. ● Sapientis est mutare consilium.
2079. Propositum perfice opus. [Ovídio, Remedium Amoris
40]. Leva a termo a obra projetada.
2080. Propria domus omnium optima. [Schrevelius 1184;
Rezende 5254]. Para cada um sua casa é a melhor de todas.
■ Minha casa, meu lar, não há melhor lugar. ■ A própria
morada a ninguém desagrada. ● Propria domus valet
aurum. A casa da gente vale ouro. VIDE: ● Domus propria,
domus optima. ● Est dictum verum: privata domus valet
aurum. ● Est foculus proprius multo pretiosior auro.
● Privata domus valet aurum.
2081. Propria laus sordet. [Binder, Thesaurus 2678]. O louvor
de si mesmo fede. ■ Elogio em boca própria é vitupério.
■ Quem se gaba, suja-se que nunca mais se lava. VIDE: ● Laus
in proprio ore sordescit. ● Laus in ore proprio vilescit.
● Laus propria sordet. ● Non te laudabis: propria laus
foetet in ore. ● Proprio laus sordet in ore.
2082. Proprie "bona" dici non possunt, quae plus
incommodi quam commodi habent. [Iavolenus, Digesta
50.16.83]. Não podem ser adequadamente denominados
“bens” os que têm mais desvantagem que vantagem.
2083. Proprie dicitur res non reddita quae deterior redditur.
[Ulpiano, Digesta 13.6.3]. É correto considerar-se como não
devolvida a coisa devolvida em pior estado.
2084. Proprietas cum possessione nihil commune habet.
[Jur]. Propriedade e posse não se confundem. VIDE: ● Nihil
commune habet proprietas cum possessione.
2085. Proprietas est ius perfecte disponendi de bonis
materialibus intra limites legis. [Jur]. Propriedade é o
direito de dispor completamente dos bens materiais dentro
dos limites da lei.
2086. Proprio laus sordet in ore. [Stevenson 1863]. O louvor
na própria boca fede. ■ Elogio em boca própria é vitupério.
■ Quem se gaba, suja-se que nunca mais se lava. VIDE: ● Laus
in proprio ore sordescit. ● Laus in ore proprio vilescit.
● Laus propria sordet. ● Non te laudabis: propria laus
foetet in ore. ● Propria laus sordet.
2087. Proprio Marte. Com as próprias forças. Com os próprios
recursos.
2088. Proprio motu. Por iniciativa própria. VIDE: ● De motu
proprio. ● De proprio motu. ● Ex proprio motu. ● Motu
proprio. ● Sponte propria. ● Sponte sua. ● Sua sponte.
2089. Proprio nomine. No próprio nome. Em seu próprio
nome.
2090. Proprio sensu. Em sentido próprio.
2091. Proprio sordescit in ore gloria. [Owen / Binder,
Thesaurus 2678]. Elogio em boca própria fede. ■ Elogio em
boca própria é vitupério. ■ Quem se gaba, suja-se que nunca
mais se lava. VIDE: ● Propria laus sordet.
2092. Proprio vigore. [Jur / Black 1450]. Por sua própria força.
Pelo significado intrínseco.
2093. Proprium est animi bene constituti laetari bonis rebus
et dolere contrariis. [Cícero, De Amicitia 13]. É próprio do
espírito bem formado alegrar-se com a felicidade (do amigo)
e sofrer com os (seus) reveses.
2094. Proprium est magnitudinis verae non sentire
percussum. [Sêneca, De Ira 3.25.3]. É sinal de verdadeira
grandeza não sentir o golpe recebido.
2095. Proprium est nocentium trepidare. [Sêneca, Epistulae
Morales 97.14]. É próprio dos culpados tremerem de medo.
■ Quem deve não dorme quando quer. ■ Quem tem culpa tem
medo.
2096. Proprium hoc miseros sequitur vitium nunquam rebus
credere laetis. [Sêneca, Thyestes 937]. O defeito de nunca
acreditar na felicidade persegue os infelizes.
2097. Proprium humani ingenii est odisse quem laeseris.
[Tácito, Agricola 42]. É próprio da natureza humana odiar a
quem se prejudicou. ■ Depois que te enganei, não mais te
amei. ■ Quem ofende não perdoa. VIDE: ● Odimus quem
laesimus.
2098. Proprius focus auro comparandus. [Bebel 453]. A casa
da gente é comparável ao ouro. ■ Casa própria, casa ótima.
■ Minha casinha, meu lar, não há melhor lugar. ■ A própria
morada a ninguém desagrada. ■ Nossa casa, nossa brasa.
VIDE: ● Domus propria, domus optima. ● Est dictum
verum: privata domus valet aurum. ● Est foculus
proprius multo pretiosior auro. ● Privata domus valet
aurum. ● Propria domus omnium optima. ● Proprius
focus auro comparandus.
2099. Propter crapulam multi obierunt. Muitos morreram por
causa do copo. ■ A gula mata mais do que a espada. VIDE:
● Plures interficit cena quam gladius.
2100. Propter legem. Por causa da lei.
2101. Proprium nomen oblivisci. {Grynaeus 541]. Esquecer-se
do próprio nome.
2102. Proprius focus auro comparandus. A lareira da gente
deve ser comparada com o ouro. VIDE: ● Privata domus valet
aurum.
2103. Propter nuptias. [Jur]. Em razão do casamento.
2104. Propter officium. [Jur]. Por obrigação. Em razão do
cargo. VIDE: ● Ratione officii.
2105. Propter pacem. Por causa da paz.
2106. Propter pecuniam uxorum maritorumque noctes
strepunt litibus. [Sêneca, De Ira 2.33]. Por causa do
dinheiro, as noites das esposas e dos maridos estrondeiam em
rixas.
2107. Propter scandalum evitandum veritas non est
omittenda. [Gregório 9º, Decretalia 5.41.3]. Não se deve
omitir a verdade para evitar o escândalo.
2108. Propter speciem mulieris multi perierunt. [Vulgata,
Eclesiástico 9.9]. Por causa da beleza da mulher muitos
pereceram.
2109. Propter verrucas manuum porto chirothecas. [DAPR
274]. Por causa das verrugas das mãos, eu uso luvas. ■ Uma
boa capa tudo tapa.
2110. Propter vitam, vivendi perdere causas. [Juvenal,
Satirae 8.84]. Para salvar a vida, perder toda a razão de viver.
VIDE: ● Summum, crede, nefas animam praeferre pudori,
et, propter vitam, vivendi perdere causas.
2111. Propter vos egenus factus est, cum esset dives, ut illius
inopia vos divites essetis. [Vulgata, 2Coríntios 8.9]. Sendo
rico, se fez pobre por vosso amor, a fim de que vós fôsseis
ricos pela sua pobreza.
2112. Prora et puppis omnium est Deus. [Albertatius 1119].
Deus é a proa e a popa de tudo.
2113. Prora mihi et puppis. Eu tenho a proa e a popa. (=Tudo
é meu).
2114. Prorsus divina providentia regna constituuntur
humana. [S.Agostinho, De Civitate Dei 5.1]. Sem dúvida os
reinos humanos são estabelecidos pela providência divina.
2115. Prosit tibi! Que te seja favorável. ■ Boa sorte! ● À tua
saúde! ● Prosit!
2116. Prospectandum cane vetulo latrante. [Pereira 103].
Quando late o cão velho, deve-se ir olhar. ■ Cachorro velho
não ladra em vão. ■ Cão velho, quando late, dá aviso.
● Prospectandum vetulo latrante cane. [Manúcio, Adagia
122]. ● Prospecta vetulo semper latrante molosso.
[Eiselein 24]. VIDE: ● Annoso prospectandum latrante
molosso. ● Cane vetulo latrante prospectandum est.
● Canes vetuli non latrant temere. ● Latrans annosus,
foris aspice quaeso, molossus.
2117. Prospera animos efferunt. [Sêneca, Agamemnon 251].
O sucesso exalta os espíritos.
2118. Prospera in adversis desidero, adversa in prosperis
timeo. [S.Agostinho, Confessiones 10.28]. Na adversidade
desejo êxito; quando tudo vai bem, temo a adversidade.
2119. Prospera sic maneat vobis fortuna. [Ovídio, Tristia
3.4B,31]. Que a sorte vos permaneça favorável.
2120. Prospera sors volucri praecipienda manu. [Pereira
108]. A sorte favorável deve ser apanhada com mão rápida.
■ Apanha a ocasião por um cabelo. ■ Um dia bom metê-lo
em casa. VIDE: ● Oblatam occasionem arripe. ● Occasio
capienda est. ● Occasionem arripe.
2121. Prosperante Deo. Se Deus favorecer. Com o favor de
Deus. VIDE: ● Deo iuvante.
2122. Prosperis sinentibus fatis. [Salvador Fernandes /
Ramalho 100]. Se os prósperos fados assim o permitirem.
2123. Prosperum ac felix scelus virtus vocatur. [Sêneca,
Hercules Furens 251]. O crime bem sucedido e proveitoso é
chamado de virtude. VIDE: ● Saepe habet malus famam boni
viri, et bonus vir famam mali.
2124. Prospicere in pace oportet, quod bellum iuvet.
[Publílio Siro]. Em tempo de paz é preciso procurar os
instrumentos que na guerra serão úteis. VIDE: ● Pacis
tempore, cogitandum de bello. ● Qui desiderat pacem,
praeparet bellum. ● Qui desiderat pacem, praeparet
bellum; qui victoriam cupit, milites imbuat diligenter; qui
secundos optat eventus, dimicet arte, non casu. ● Si pace
frui volumus, bellum gerendum est. ● Si vis pacem, para
bellum. ● Suscipienda quidem bella sunt ob eam causam,
ut sine iniuria in pace vivatur. ● Tempore pacis
cogitandum de bello.
2125. Prostrata est in pulvere anima mea. A minha alma está
prostrada no pó. VIDE: ● Adhaesit pavimento anima mea.
2126. Protectio trahit subiectionem. A proteção traz sujeição.
● Protectio trahit subiectionem, et subiectio protectionem.
[Jur / Broom 64]. Proteção traz submissão, e submissão traz
proteção.
2127. Protegat vos incolumes et feliciores dextera Altissimi.
[S.Agostinho, Epistulae 150]. Que a mão do Altíssimo vos
proteja e vos mantenha incólumes e bem sucedidos.
2128. Proteo mutabilior. [Erasmo, Adagia 2.2.74]. É mais
mutável do que Proteu. VIDE: ● Chamaleonte mutabilior.
● Mutabilior est Proteo, et varius magis.
2129. Protervia ignominiam praecedit. [Grynaeus 491]. O
atrevimento precede a desonra. ● Protervia ruinam
praecedit. [Grynaeus 491]. O atrevimento precede a ruína.
● Proterviam comitatur ruina, humiliationem gloria.
[Manúcio, Adagia 1269]. A queda acompanha a petulância; a
glória acompanha a humildade.
2130. Protinus apparet quae plantae frugiferae futurae.
[Erasmo, Adagia 4.2.13]. Logo se vê que árvores darão
frutos. ■ De pequeno verás que boi terás. ● Protinus apparet
quae arbores frugiferae futurae. ● Protinus apparet quae
fructum planta datura est. [Schottus, Adagia 581].
● Protinus apparet quem fructum planta datura est.
[Binder, Thesaurus 2682]. Logo se vê que fruto a planta dará.
● Protinus apparet planta futura ferax.
2131. Prout vultis ut faciant vobis homines, et vos facite illis
similiter. [Vulgata, Lucas 6.31]. O que quereis que vos
façam a vós os homens, isso mesmo fazei vós a eles. ■ Fazei
aos outros aquilo que quereríeis que os outros vos fizessem.
VIDE: ● Quaecumque vultis ut faciant vobis homines, et vos
facite illis. ● Quemadmodum vultis ut faciant vobis
homines, vos quoque eis facite.
2132. Provehimur portu, terraeque urbesque recedunt.
[Virgílio, Eneida 3.72]. Afastamo-nos do porto, e as terras e
as cidades recuam.
2133. Proverbium, probatum verbum. Provérbio, uma
afirmação comprovada.
2134. Providentia divina. A providência divina. VIDE: ● Divina
providentia potest efficere quidquid velit.
2135. Providentia summi Dei, non fortuita temeritate
regitur mundus. [S.Agostinho, De Civitate Dei 9.13.2]. O
mundo é governado pela providência do Deus supremo, e
não pelo cego acaso.
2136. Provocatio ad agendum. [Jur]. Provocação a agir.
2137. cProxima aestate cecinistis, nunc choros ducitote. No
último verão cantastes; dançai agora. VIDE: ● Aestate
cantasti, hieme tripudiasti. ● Aestate cecinistis, hieme
igitur saltate. ● Si aestate cecinisti, hieme salta.
2138. Proxima puris sors est manibus, nescire nefas. [Sêneca,
Hercules Furens 1097]. Não perceber os próprios crimes é
uma condição próxima da inocência.
2139. Proxime accessit. Chegou muito perto. VIDE: ● Accessit.
2140. Proxime vel remote. Perto ou longe.
2141. Proximo anno. No ano seguinte. No próximo ano.
2142. Proximo mense. No mês seguinte. No próximo mês.
2143. Proximorum incuriosi, longinqua sectemur. [Plínio
Moço, Epistulae 8.20.1]. Busquemos o passado, sem
preocupar-nos com o presente.
2144. Proximum tenet locum confessio innocentiae. [Publílio
Siro]. A confissão tem lugar perto da inocência. ■ Pecado
confessado está meio perdoado. ■ Quem se arrepende salva-
se.
2145. Proximus a tectis ignis defenditur aegre. [Ovídio,
Remedium Amoris 625]. É difícil defender-se do fogo que
vem da casa vizinha. ■ O fogo junto à estopa, vem o diabo e
assopra.
2146. Proximus ardet Ucalegon. [Virgílio, Eneida 2.311]. Já
está em chamas o palácio do vizinho Ucálegon. ■ Quando
arde a barba do teu vizinho, põe a tua de molho.
2147. Proximus ecclesiae semper vult ultimus esse. [DAPR
367]. Quem mora perto da igreja sempre quer ser o último a
chegar. ■ Perto da igreja, longe de Deus.
2148. Proximus est melior vicinus fratre remoto. ■ Mais vale
vizinho à mão que ao longe nosso irmão. VIDE: ● Melior est
vicinus iuxta, quam frater procul. ● Utilior praesto
vicinus fratre remoto.
2149. Proximus esto bonis, si non potes optimus esse.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 8]. Fica perto dos
bons, se não podes ser o melhor.
2150. Proximus ille deo est, qui scit ratione tacere. [Dionísio
Catão, Disticha 1.3]. Quem sabe calar, na hora certa
assemelha-se a um deus.
2151. Proximus Iovi, proximior fulgori. [Rezende 5275].
Perto de Júpiter, mais perto do raio. ■ Quanto mais alto se
sobe, maior queda se dá.
2152. Proximus sum egomet mihi. [Terêncio, Andria 636].
Meu parente sou eu mesmo. ■ Mais perto estão os dentes que
os parentes. ■ Parentes são meus dentes. ■ Sinto mais e é-me
mais precisa a pele que a camisa. ● Proximus mihi ego.
VIDE: ● Ego proximus mihi. ● Omnes sibi malle melius esse
quam alteri. ● Quisque sibi est proximus.
2153. Prudens beatus est, et prudentia ad beatam vitam satis
est. [Sêneca, Epistulae Morales 85]. O homem prudente é
feliz, e basta a prudência para uma vida feliz.
2154. Prudens consilio vetus est vir, tardus eundo. [Bebel,
Adagia Germanica]. O homem velho é prudente no conselho,
mas lento no andar. VIDE: ● Possumus effugere senum
pedes, sed consilio carere non possumus.
2155. Prudens cum cura vivit, stultus sine cura. [Sweet 1]. O
prudente vive com cuidados, o insensato vive sem cuidados.
2156. Prudens futuri temporis exitum caliginosa nocte
premit deus. [Horácio, Carmina 3.29.29]. Prudentemente a
divindade esconde entre brumosas trevas os acontecimentos
futuros.
2157. Prudens in flammam ne manum inicito. [S.Jerônimo /
Stevenson 805]. Sê prudente, não enfies tua mão no fogo.
■ Não metas as mãos onde te fiquem as unhas. VIDE: ● In
flammam ne manum inicito.
2158. Prudens in loquendo est tardus. [Pereira 114]. O
homem prudente é lento no falar. ■ O bem saber é calar, até
ser tempo de falar. ■ Bom saber é o calar, até ser tempo de
falar.
2159. Prudens interrogatio quasi dimidium sapientiae.
[Bacon / Stevenson 1925]. Um questionamento prudente é
como a metade da sabedoria. ● Prudens quaestio dimidium
scientiae.
2160. Prudens ut serpens, simplex ut columba. [Divisa].
Prudente como a serpente, simples como a pomba.
2161. Prudenti diffidentia nihil quidquam est utilius
mortalibus. [Eurípides / Grynaeus 585]. Nada é mais útil aos
mortais do que uma prudente desconfiança. ■ Desconfiança é
a mãe da segurança.
2162. Prudenti vultus etiam sermonis loco est. [Publílio Siro].
Para o homem prudente a fisionomia também é uma
linguagem. ■ O que há de haver na alma escrito está na
palma. VIDE: ● Prudentis vultus etiam sermonis loco est.
2163. Prudentia coniuncta cum viribus. [Erasmo, Adagia
3.8.76]. A prudência ligada à força.
2164. Prudentia est rerum bonarum et malarum
neutrarumque scientia. [Cícero, De Inventione 2.160].
Prudência é a percepção das coisas boas, das coisas más e
das neutras.
2165. Prudentia est rerum expetendarum fugiendarumque
scientia. [Cícero, De Officiis 1.153]. A prudência é o
conhecimento das coisas desejáveis e das que devem ser
evitadas.
2166. Prudentia est virtus moralis, qua dignoscitur quid in
quolibet negotio agendum sit, vel fugiendum. A prudência
é a virtude moral pela qual se distingue o que, em qualquer
atividade, deve ser feito ou evitado.
2167. Prudentia maior viribus. [Aviano, Fabulae 27.10]. A
reflexão é mais poderosa do que a força.
2168. Prudentia praepropera periculosa est. É perigosa a
decisão precipitada. ■ Quem cedo se determina, cedo se
arrepende. ■ Pressa só é útil para apanhar moscas. VIDE:
● Periculosa est praepropera prudentia. ● Praepropera
consilia raro sunt prospera.
2169. Prudentia sine fortitudine, timor est; fortitudo sine
prudentia, temeritas. A prudência sem a coragem é medo; a
coragem sem a prudência é temeridade.
2170. Prudentia velox ante pilos venit. [Pérsio, Satirae 4.4]. A
prudência chegou rápida, antes da barba. VIDE: ● Ante pilos
sapit. ● Rerum prudentia velox ante pilos venit, dicenda
tacendaque calles. ● Scilicet ingenium ante pilos venit?
2171. Prudentiae sunt universa subdita. [Apostólio, Paroimiai
4.16]. Tudo está subordinado à prudência.
2172. Prudentiam malitia imitatur. [Cícero, De Partitione 81].
A malignidade simula a prudência.
2173. Prudentibus fortuna semper est comes. [Schottus,
Adagia 625]. A sorte sempre é companheira dos homens
prudentes.
2174. Prudentis enim est tuta ac praesentia, quam nova ac
periculosa malle. O prudente, portanto, prefere o seguro e
atual ao antigo e arriscado. VIDE: ● Tuta et praesentia quam
vetera et periculosa mallunt.
2175. Prudentis est irasci sero et semel. [Publílio Siro]. É do
homem prudente zangar-se imediatamente e de uma só vez.
2176. Prudentis est mutare consilium; stultus sic luna
mutatur. [Rezende 5279]. É do homem prudente mudar de
parecer; o néscio, porém, muda como a lua. VIDE:
● Propositum mutat sapiens, at stultus inhaeret.
● Sapientis est mutare consilium. ● Stultus ut luna
mutatur.
2177. Prudentis est nonnunquam silere. [Stevenson 2113].
Cabe ao avisado às vezes ficar calado.
2178. Prudentis vultus etiam sermonis loco est. O rosto do
homem sábio substitui sua palavra. ■ O que há de haver na
alma escrito está na palma. VIDE: ● Prudenti vultus etiam
sermonis loco est.
2179. Psittacus vetus non discit loqui. [Mota 162]. ■ Papagaio
velho não aprende a falar.
2180. Publica fama non semper vana. [DAPR 222]. A voz do
povo nem sempre é sem fundamento. ■ O que todos dizem,
ou é, ou quer ser. ■ O povo aumenta, mas não inventa. VIDE:
● Haud semper errat fama. ● Haud semper errat fama;
aliquando et eligit. ● Non est de nihilo quod publica fama
susurrat, et partem veri fabula semper habet. ● Non
semper errat fama.
2181. Publica privatis potiora. [Grynaeus 436]. O bem público
deve ser preferido ao particular. VIDE: ● Publicum bonum
privato est praeferendum. ● Sanis hominibus publica
privatis potiora sunt.
2182. Publica privatis secernere, sacra profanis. [Horácio,
Ars Poetica 397]. Distinguir o público do privado, o sagrado
do profano.
2183. Publice et per domos. [Vugata, Atos 20.20].
Publicamente e dentro de vossas casas.
2184. Publico sumpto. Às custas do erário.
2185. Publicum bonum privato est praeferendum. [Jur]. O
interesse público deve ser preferido ao particular. VIDE:
● Publica privatis potiora. ● Sanis hominibus publica
privatis potiora sunt.
2186. Pudeat illos qui ita in studiis se abdiderunt, ut ad
vitam communem nullum fructum proferre possint.
[Cícero, Pro Archia 6]. Envergonhem-se aqueles que de tal
maneira se dedicaram aos seus interesses, que nenhum
proveito puderam oferecer à vida da coletividade.
2187. Pudere quam pigere praestat. [Plauto, Trinummus 307].
Mais vale ter vergonha que arrependimento. ■ Mais vale
vergonha na cara que mágoa no coração. ● Pudere praestat
quam pigere. [Pereira 110]. VIDE: ● Praestat pudere quam
pigere.
2188. Pudet dictu. [Tácito, Agrícola 1.32]. Envergonho-me de
dizê-lo.
2189. Pudet et metuo semperque eademque precari. [Ovídio,
Ex Ponto 4.15.29]. Tenho vergonha e medo de implorar
sempre as mesmas coisas.
2190. Pudet fateri: paveo. [Sêneca, Hercules Furens 1157].
Tenho vergonha de confessar: estou com medo.
2191. Pudicitia quam maxime mulieres exornat. A pudicícia
é o maior ornamento das mulheres.
2192. Pudor autem non est bonus indigenti viro ut adsit.
[Homero, Odisséia 17.347]. Não é bom para o homem
necessitado ter vergonha.
2193. Pudor dimissus nunquam redit in gratiam. [Publílio
Siro]. A honra perdida nunca se recupera. ■ A honra é como
o vidro: quebrado, não solda mais. ■ Vergonha só se perde
uma vez. VIDE: ● Redire cum perit nescit pudor.
2194. Pudor doceri non potest, nasci potest. [Publílio Siro]. O
pudor não pode ser ensinado, pode nascer. ● Pudor doceri
non potest; potest innatus esse. O pudor não pode ser
ensinado, pode ser inato.
2195. Pudor egenti inutilis. [Binder, Medulla 1413]. Ao
necessitado a vergonha é inútil. ■ Quem tem vergonha cai de
magro.
2196. Pudor enim, veluti vestis, quanto obsoletior est, tanto
incuriosius habetur. [Apuleio, Apologia 3]. A honra é como
uma roupa; quanto mais gasta pelo tempo, menos se cuida
dela.
2197. Pudor est miscendus amori. [Ovídio, Heroides 4]. O
pudor deve unir-se ao amor.
2198. Pudor est non licuisse mori. [Propércio, Elegiae
3.13.20]. É uma vergonha não lhe ter sido permitido morrer.
2199. Pudor est ubicumque pavor stat. [Schottus, Adagia
595]. Vergonha há onde quer que se encontre o medo. ■ O
medo guarda a vinha, não o cão.
2200. Pudor impudentem celat, audacem quies, pietas
nefandum. [Sêneca, Hippolytus 920]. O pudor esconde o
cínico, a moderação esconde o ousado, a clemência esconde
o criminoso.
2201. Pudor quemcumque non flectit, frangat timor.
[Publílio Siro]. Aquele a quem a vergonha não dobra, o medo
o esmaga.
2202. Pudor si quem non flectit, non frangit timor. [Publílio
Siro]. Se a vergonha não dobra uma pessoa, o medo não o
esmaga. ■ Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu. VIDE:
● Pudore quem non flectis, non frangit timor.
2203. Pudor te malus angit insanos qui inter vereare
insanum haberi. [Horácio, Sermones 2.3.39]. Aflige-te uma
vergonha injustificada por teres medo de parecer louco entre
loucos.
2204. Pudore et liberalitate liberos retinere satius esse credo
quam metu. [Terêncio, Adelphi 57]. Penso ser preferível
conter os filhos pela honra e pelos bons sentimentos a contê-
los pelo medo.
2205. Pudore quem non flectis, non frangit timor. Quem não
dobras pela honra, a esse não esmaga o medo. VIDE: ● Pudor
si quem non flectit, non frangit timor.
2206. Pudorem alienum qui eripit, perdit suum. [Publílio
Siro]. Quem viola a honra alheia perde a sua.
2207. Pudorem habere servitus quodammodo est. [Publílio
Siro]. Ter o sentimento de honra é de certo modo uma
servidão.
2208. Puella non est mortua, sed dormit. [Vulgata, Marcos
5.39]. A menina não está morta, mas dorme.
2209. Puer, abige muscas. [Cícero, De Oratore 247]. Rapaz,
espanta as moscas.
2210. Puer aeternus. [Ovídio, Metamorphoses 4.18]. O eterno
menino.
2211. Puer es; nec te quicquam, nisi ludere oportet; lude.
[Ovídio, Remedium Amoris 23]. És um menino; a ti não cabe
senão brincar; brinca.
2212. Puer glaciem retinens. [Medina 584]. É um menino com
uma pedra de gelo na mão. ■ Amor de velho e de menino,
água em cestinho. ● Puer glaciem. [Erasmo, Adagia 2.2.41].
2213. Puer in deliciis matris nutritus. [Brewer, Dictionary of
Phrase and Fable]. Um menino alimentado com as delícias da
mãe. ■ É um menino mimado.
2214. Puer minoris aetatis. Um rapaz de menor idade.
2215. Puer osculatur propter matrem. [Bebel / DAPR 29].
Beija-se a criança por causa da mãe. ■ Pela mãe se beija a
criança. ■ Por amor dos santos se adoram os altares.
■ Beijam-se os altares por causa dos santos. VIDE: ● Osculor
hunc ore natum nutricis amore. ● Osculor hunc ore
puerum nutricis amore.
2216. Puer, sacer est locus; extra mingito. [Rezende 5287].
Menino, este lugar é sagrado; urina lá fora. VIDE: ● Hospes,
ad hunc tumulum ne meias. ● Pueri, sacer est locus; extra
meite.
2217. Pueri ac vinum vera profantur. [Schottus, Adagia 599].
Crianças e vinho contam a verdade. ■ As crianças e os loucos
dizem a verdade. VIDE: ● Ebrios, stultos, ac pueros verum
plerumque effari. ● Pueros, ebrios ac stultos verum
profari. ● Stultus puerque semper vera dicunt. ● Stultus
puerque vera dicunt. ● Vera dicunt ebrii. ● Vinum et
pueri veraces. ● Vinum et pueri sunt veraces.
2218. Pueri erunt pueri. Crianças serão crianças. ■ Crianças
são crianças. VIDE: ● Parvulus facit ut parvulus. ● Sunt
pueri pueri; pueri puerilia tractant. ● Sunt pueri pueri;
vivunt pueriliter illi.
2219. Pueri facillime corriguntur. [Cícero, De Officiis 1.146].
Crianças corrigem-se com muita facilidade.
2220. Pueri, sacer est locus; extra meite. [Pérsio, Satirae
1.113]. Crianças, este lugar é sagrado; ide urinar lá fora. VIDE:
● Hospes, ad hunc tumulum ne meias. ● Puer, sacer est
locus; extra mingito.
2221. Pueri vespertinum amant, matutinum oderunt.
[Pereira 94]. Os meninos amam à noite, de manhã já odeiam.
■ Amor de menino, água em cestinho.
2222. Puerili specie, sed senili prudentia. [Cícero, De
Divinatione 2.23]. Jovem na aparência, mas velho na
sabedoria.
2223. Puerilis haec sententia est. [Pereira 108]. Isso é conversa
de criança. ■ Isto é jogo de meninos.
2224. Puero etiam perspicuum. [Pereira 97]. É evidente até
para uma criança. ■ Até as crianças sabem isso. ■ Até um
cego vê isso. VIDE: ● Et puero perspicuum est.
2225. Puerorum ore nonnunquam Deus loquitur. Deus às
vezes fala pela boca das crianças. ■ Da boca das crianças sai
a verdade.
2226. Pueros, ebrios ac stultos verum profari. [Schottus,
Adagia 80]. Crianças, ébrios e tolos falam verdade. ■ As
crianças e os loucos dizem a verdade. VIDE: ● Ebrios, stultos,
ac pueros verum plerumque effari. ● Pueri ac vinum vera
profantur. ● Stultus puerque semper vera dicunt.
● Stultus puerque vera dicunt. ● Vera dicunt ebrii.
● Vinum et pueri veraces. ● Vinum et pueri sunt veraces.
2227. Pueros prostare cogit indigentia, viros furari,
mendicari ipsos senes. [Plauto, Aulularia 886]. A
necessidade empurra as crianças para a prostituição, os
homens para o furto, os próprios velhos para a mendicância.
2228. Pugio plumbeus. Um punhal de chumbo. (=Um
argumento fraco). VIDE: ● Ficulneus gladius. ● Gladio
plumbeo te iugulabo. ● Telum imbelle sine ictu.
2229. Pugna classium. A luta de classes.
2230. Pugna erat in saxis, neque saxum tollere quibant.
[Manúcio, Adagia 116], Lutavam entre pedras, mas não
podiam pegar uma pedra. VIDE: ● Inter lapides pugnas, nec
lapidem tollis. ● Inter lapides pugnabant, neque lapidem
tollere poterant.
2231. Pugna magna victi sumus. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita
22.7]. Fomos vencidos numa grande batalha.
2232. Pugna peracta venisti. [Pereira 124]. Chegaste depois
que a batalha estava terminada. ■ Vieste ao atar das feridas.
■ Agora é tarde, Inês é morta. VIDE: ● Post acta festa
venimus lente nimis. ● Post festum venisti. ● Post festum
venimus.
2233. Pugna pro patria. [Dionísio Catão, Monosticha 30]. Luta
pela tua pátria.
2234. Pugna suum finem, cum iacet hostis, habet. [Ovídio,
Tristia 3.5.34]. A luta termina quando o inimigo está caído.
2235. Pugnabit iterum quisquis aufugit semel. [Menandro /
Schottus, Adagia 605]. Quem fugiu lutará de novo. ■ Mais
vale correr que morrer. VIDE: ● Qui fugiebat, rursus
proeliabitur. ● Vir fugiens, et denuo pugnabit.
2236. Pugnandum, tamquam contra morbum, sic contra
senectutem. [Cícero, De Senectute 35]. Deve-se lutar contra
a velhice como se luta contra a doença.
2237. Pugnare cum diis cumque fortuna grave est. [Manúcio,
Adagia 612]. Disputar com os deuses ou com a sorte é
perigoso. ■ O que há de ser tem muita força. ● Pugnare cum
Deo atque fortuna grave. [Schottus, Adagia 613]. Lutar
com Deus e com a sorte é perigoso. VIDE: ● Cum diis ne
contendas. ● Cum diis non pugnandum. ● Cum Iove ego
sane nolim certamen inire. ● Haud pugnare potest
hominum cum numine quisquam. ● Inevitabile est fatum.
● Non convenit cum deo contendere.
2238. Pugnat aliquando cum utilitate honestas. O dever está
algumas vezes em oposição ao interesse.
2239. Pugnat simul multa et probanda dicere. [Apostólio,
Paroimiai 20.100]. É uma contradição falar ao mesmo tempo
muito e certo. ■ Muito falar, pouco acertar. ■ Muito e mal é
geral; muito e bem, há pouco quem.
2240. Pugnis et calcibus. [Erasmo, Adagia 3.1.21]. Com os
punhos e com os pés.
2241. Pugno pro patria. [Divisa]. Luto pela minha pátria.
● Pugno pro patria libera. [Divisa]. Luto pela minha pátria
livre.
2242. Pulcherrima mulierum. [Vulgata, Cântico 5.9]. A mais
formosa das mulheres.
2243. Pulcherrimum est omnia praestare, nihil exigentem.
[Publílio Siro]. É muito bonito oferecer tudo, sem nada
exigir. VIDE: ● Pulchrum est praestare cuncta, nihil exigere.
2244. Pulchra dos pecunia est. [Plauto, Epidicus 184]. O
dinheiro é um belo dote.
2245. Pulchra enim dicuntur quae visa placent. [S.Tomás de
Aquino, Summa theologiae I, q.5, a.4, ad 1]. Consideram-se
belas as coisas que, ao serem vistas, agradam. VIDE: ● Pulchra
sunt quae visa placent.
2246. Pulchra mulier nuda erit quam purpurata pulchrior.
[Plauto, Mostellaria 284]. Uma bela mulher será mais bela
nua do que coberta de púrpura.
2247. Pulchra placent. [Grynaeus 295]. As coisas belas
agradam.
2248. Pulchra saepius esse narranda. Das boas notícias deve-
se falar com freqüência. VIDE: ● Bis, ac ter, quod pulchrum
est. ● Bis et ter quod pulchrum, malum vero nec unquam.
2249. Pulchra semper apud pueros simia. [Galeno / Grynaeus
431]. Para as crianças o macaco é sempre bonito. ■ Quem
não te conhecer, que te compre.
2250. Pulchra sunt quae visa placent. [S.Tomás de Aquino,
Summa Theologica, adaptado]. Belas são as coisas que, ao
serem vistas, agradam. VIDE: ● Pulchra enim dicuntur quae
visa placent.
2251. Pulchra ut luna, electa ut sol. [Vulgata, Cântico 6.9].
Formosa como a lua, brilhante como o sol.
2252. Pulchras frustra habet claudus tibias. [Vulgata,
Provérbios 26.7]. Ao coxo de nada serve ter as pernas
bonitas.
2253. Pulchre, bene, recte! [Horácio, Ars Poetica 100]. Belo,
bem, perfeito!
2254. Pulchre fallit vulpem. [Erasmo, Adagia 4.5.22].
Enganou bonitinho a raposa. ■ Quem mata a alvéloa sabe
mais que ela. ■ Muito sabe a raposa, mas mais quem a toma.
■ Ladrão que furta a ladrão ganha cem dias de perdão.
2255. Pulchrior ab umbris. [Inscrição em quadrante solar].
Mais belo quando sai das sombras.
2256. Pulchrior est miles in proelio caesus, quam in fuga
salvus. [Medina 599]. É mais bonito o soldado morto em
combate do que salvo na fuga. ■ Mais vale morte que
vergonha. ■ Mais vale morrer com honra que viver com
desonra.
2257. Pulchritudine animi corpus ornatur. O corpo se
embeleza com a beleza do espírito. ● Pulchritudine animi
corpus ornari. [Sêneca, Epistulae Morales 66.5].
2258. Pulchritudo corporis apta compositione membrorum
movet oculos et delectat. [Cícero, De Officiis 1.28]. A
beleza do corpo, pela justa disposição dos membros, atrai e
deleita os olhos.
2259. Pulchritudo corporis et nobilitas generis sine doctrina
et virtute parum prosunt hominibus. Beleza física e
família nobre sem estudo e virtude pouco bem fazem aos
homens.
2260. Pulchritudo est modo tam alta quam cutis. A beleza só
é tão profunda quanto a pele.
2261. Pulchrius multo parari quam creari nobilem.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Solon]. É muito
mais bonito ficar nobre do que nascer nobre. ■ É melhor ser
bom do que de boa raça.
2262. Pulchrorum etiam autumnus pulcher est. [Eurípides /
Apostólio, Paroimiai 19.74]. Das pessoas belas até o outono
é belo. ● Pulchrorum autumnus pulcher. [Bacon, De
Pulchritudine].
2263. Pulchrum eminere est inter illustres viros. [Sêneca,
Octavia 472]. É glorioso destacar-se entre homens ilustres.
2264. Pulchrum esse inimicos ulcisci. [Cornélio Nepos,
Fragmenta 1]. É agradável vingar-se dos inimigos.
2265. Pulchrum est accusari ab accusandis. É honroso ser
acusado por pessoas que merecem ser acusadas.
2266. Pulchrum est digito monstrari et dici: hic est! [Pérsio,
Satirae 1.27]. É belo ser mostrado com o dedo e ouvir
dizerem: É aquele!
2267. Pulchrum est praestare cuncta, nihil exigere. [Publílio
Siro]. É bonito oferecer tudo, sem nada exigir. VIDE:
● Pulcherrimum est omnia praestare, nihil exigentem.
2268. Pulchrum est vitam donare minori. [Estácio, Thebaida
6.815]. É nobre poupar a vida ao mais fraco. ● Pulchrum est
vitam donare petenti. É nobre poupar a vida a quem pede.
2269. Pulchrum ornatum turpes mores peius caeno
collinunt. [Plauto, Poenulus 302; Mostellaria 286]. O mau
caráter suja o belo ornamento pior que a lama.
2270. Pulchrum sane aurum, sed femina pulchrior auro.
[Tosi 1394]. O ouro sem dúvida é belo, mas a mulher é mais
bela do que o ouro.
2271. Pulchrum, sed vitiosum. [Pereira 105]. Formoso, mas
corrompido. ■ Formoso e aleivoso.
2272. Pullulat herba satis, quae nil habet utilitatis. [DAPR
349]. Cresce muito a erva que não tem nenhuma utilidade.
■ Erva ruim cresce muito. VIDE: ● Crescit herba satis, quae
nihil habet utilitatis.
2273. Pulsate, et aperietur vobis. [Vulgata, Lucas 11.9]. Batei
e abrir-se-á a vós.
2274. Pulsis cunctis dubiis. Eliminadas todas as dúvidas.
2275. Pulverem anus pedibus plaudens multam excitat
omnis. [Apostólio, Paroimiai 6.53]. Quando a velha bate
com os pés, levanta muita poeira. (=Diz-se da pessoa que,
tendo grande habilidade, é extremamente ativa). ■ Muito
pode a velha para o seu moinho. VIDE: ● Anus saltans
multum excitat pulverem. ● Anus saltat. ● Anus
subsultans multum excitat pulveris. ● Anus ubi plaudere
coepit, magnum excitat pulverem. ● Dum saltat vetula, it
fumus permultus in auras.
2276. Pulverem oculis offundere. [Erasmo, Adagia 2.9.43].
Atirar poeira aos olhos.
2277. Pulverulenta novis bene verritur area scopis. [Werner
73]. Quintal poeirento se varre bem com vassouras novas.
■ Vassoura nova sempre varre bem. VIDE: ● Novam scopam
bene purgare et verrere domum: sic novos servos in
principio bene servire. ● Quam bene, quam munde scopa
nova purgat abunde. ● Scopae recentiores semper
meliores. ● Verrit humum bene scopa recens.
2278. Pulvis es et in pulverem reverteris. [Vulgata, Gênesis
3.19]. Tu és pó, e ao pó tornarás. VIDE: ● Memento, homo,
quia pulvis es et in pulverem reverteris. ● Memento quia
pulvis es. ● Memento te pulverem esse. ● Terra es, et in
terram ibis.
2279. Pulvis et umbra sumus. [Horácio, Carmina 4.7.16].
Somos pó e sombra.
2280. Pulvis et umbra sumus, pulvis nihil est nisi fumus; sed
nihil est fumus: nos nihil ergo sumus. [Tosi 512]. Somos
pó e sombra; pó não é mais que fumaça; mas fumaça não é
nada: nós, portanto, não somos nada.
2281. Pumilio cum sis, cede. [Apostólio, Paroimiai 13.58]. Já
que és anão, submete-te. ■ Contra a força não há resistência.
VIDE: ● Adversus leonem capra pugnam non ineat.
● Adversus leonem damae pugnam ineunt. ● Cum sis
nanus, cede. ● Nanus cum sis, cede. ● Ne ad pugnam vocet
aquilam luscinia. ● Ne capra contra leonem pugnet. ● Non
cum leone capra decertem fero. ● Non cum leone caprea
pugnare audeas.
2282. Pumilio, licet in monte, non est magnus. [Binder,
Thesaurus 2691]. O anão não é grande, mesmo que esteja em
cima de um monte. ■ O anão, quando mais sobe, menor
parece. VIDE: ● Non est magnus pumilio, licet in monte
constiterit.
2283. Punctum dolens. O ponto que causa dor. O ponto
sensível.
2284. Punctum est quod vivimus. [Sêneca, Epistulae Morales
49.3]. O que vivemos é apenas um ponto. ■ A vida são dois
dias. VIDE: ● Quod vivimus proximum nihilo est.
2285. Punctum finale. Ponto final.
2286. Punctum saliens. [Jur]. O ponto importante. (=O ponto
mais importante de uma argumentação).
2287. Punctum temporis. Um instante.
2288. Punica fides. A fidelidade púnica. (=A perfídia. Os
romanos acusavam os cartagineses de não cumprirem os
acordos). VIDE: ● Fides Punica. ● Graeca fides.
2289. Puniri non est malum, sed fieri poena dignum.
[S.Tomás de Aquino, Summa Theologiae 1.48]. O mal não é
ser castigado, mas ser merecedor do castigo. ■ A vergonha
está no crime, não na pena. VIDE: ● Estque pati poenam,
quam meruisse, minus. ● Pati poenam minus est quam
meruisse.
2290. Puniri non potuit tota multitudo, sed multis
grassantibus opus est exemplo. [VES 74]. Toda a multidão
não podia ser punida, mas quando há muitos transgressores
há necessidade de um exemplo.
2291. Punitis ingeniis, gliscit auctoritas. [Tácito, Annales
4.35]. Quando homens de talento são castigados, cresce a
autoridade deles.
2292. Punitur quia peccatum est. Pune-se porque é uma falta.
2293. Punitur ut ne peccetur. Pune-se para que não se
cometam faltas.
2294. Punivi ambitum, non innocentiam. [Cícero, Pro Murena
67]. Castiguei a intriga, não a inocência.
2295. Pupillus nec velle nec nolle in ea aetate, nisi apposita
tutoris auctoritate creditur. [Digesta 50.17.189]. O pupilo,
nessa idade, só tem o direito de querer ou não querer com a
autorização do tutor.
2296. Pupillus pati posse non intellegitur. [Digesta
50.17.110.2]. Entende-se que o pupilo não pode sofrer
prejuízo (por ato seu).
2297. Pupillus sine tutoris auctoritate non obligatur iure
civili. [Digesta 44.7.43]. Pelo direito civil, o pupilo não se
obriga sem autorização do tutor.
2298. Puras Deus, non plenas, aspicit manus. [PSa]. Deus
olha as mãos limpas, não as cheias. VIDE: ● Deo magis placet
qui sibi puras quam qui plenas manus praebet.
2299. Purga vasa: nisi purges, liquor omnis acescit infusus,
peremit semina, messis obit. Lava as vasilhas: se não as
lavares, todo o líquido nelas posto azedará, destruirá as
sementes, perder-se-á a seara. VIDE: ● Sincerum est nisi vas
quodcumque infundis, acescit.
2300. Purges nisi molasque, non edes, piger. [Apostólio,
Paroimiai 9.87]. Se não limpares e moeres, não comerás,
preguiçoso. ■ Quem quiser comer depene. VIDE: ● Ni purges,
et molas, non comedes. ● Nisi repurges et molas haud
unquam edes.
2301. Puri sermonis amator. É um apreciador da linguagem
pura. (=Diz-se de quem escreve com correção e elegância).
2302. Purificate corda, duplices animo. [Vulgata, Tiago 4.8].
Vós, homens de duas almas, purificai os corações.
2303. Puris omnia pura. Para os puros tudo é puro.
2304. Puro pretiosus est purus. [Grynaeus 651]. O homem
honesto é valioso para o honesto.
2305. Purpura indutus pauper, sui ipsius saepe immemor
est. [Schrevelius 1173]. O pobre coberto de púrpura se
esquece até de si mesmo. ■ Quando o vilão vai de mulo, não
conhece Deus nem o mundo.
2306. Purpura iuxta purpura diiudicanda. [Erasmo, Adagia
2.1.74]. A púrpura deve ser comparada com a púrpura.
2307. Purpura vendit causidicum. [Juvenal, Satyrae 7.135]. O
luxo recomenda o advogado. VIDE: ● Causidicum vendit
purpura.
2308. Purus grammaticus, purus asinus. [Rezende 5304].
Grande gramático, grande burro. Purus mathematicus,
purus asinus. [Fumagalli, L'Ape Latina 2119]. Grande
matemático, grande burro.
2309. Purus idiota. Um grande idiota.
2310. Pusilla res est hominis anima, sed ingens res
contemptus animae. [Sêneca, Quaestiones Naturales
6.32.4]. A vida humana é bem pouca coisa, mas é coisa
grande desprezar a própria vida.
2311. Pusillae aviculae construunt nidulos. [Eiselein 621].
Passarinhos pequeninos controem ninhos pequeninos.
■ Pequeno passarinho, pequeno ninho. ● Pusillae aviculae
pusillos nidos construunt. VIDE: ● Parva avis, parvus nidus.
2312. Pusillo amantum durat ira tempore. [Grynaeus 49]. A
cólera dos namorados dura um instante. ■ Rusgas de
namorados fortalecem o amor. ■ Pelejas de namorados são
amores renovados.
2313. Pusillum et magnum ipse fecit, et aequaliter cura est
illi de omnibus. [Vulgata, Sabedoria 6.8]. Ele fez tanto o
pequeno como o grande, e tem igualmente cuidado de todos.
2314. Pusillum fermenti mazam fermentat. [Schrevelius
1186]. Um pouquinho de fermento fermenta toda a massa.
2315. Pusillum malum, ingens bonum. [Grynaeus 557]. Um
pequeno mal é um grande bem. ■ Mal pequenino, antes em
mim do que em meu marido. VIDE: ● Exiguum malum,
ingens bonum.
2316. Pusillum pusillo si addas, fiet ingens acervus. [Pereira
101]. Se juntares o pouco ao pouco, logo se fará uma
quantidade enorme. ■ De muitos poucos se faz um muito.
■ De grão em grão a galinha enche o papo.
2317. Putasne, mortuus homo rursum vivat? [Vulgata, Jô
14.14]. Crês porventura que, morto um homem, tornará a
viver?
2318. Putatis dona carere dolis? [Virgílio, Eneida 2.43].
Julgais que as dádivas não contêm ciladas? ■ Debaixo desse
angu tem torresmo. VIDE: ● Aut ulla putatis dona carere
dolis Danaum?
2319. Puto deus fio. [Suetônio, Vespasianus 23.4]. Penso que
me estou tornando um deus. (=Palavras do imperador
Vespasiano, ao morrer).
2320. Puto multos potuisse ad sapientiam pervenire, nisi
putassent se pervenisse. [Sêneca, De Tranquillitate Animi
1.16]. Imagino que muitos teriam podido chegar à sabedoria,
se não tivessem imaginado já ter chegado a ela.
2321. Putredo ossium invidia. [Vulgata, Provérbios 14.30]. A
inveja é a cárie dos ossos.
2322. Pyraustae gaudium gaudes. [Erasmo, Adagia 3.3.8].
Gozas o gozo da mariposa. (=A mariposa esvoaça em torno
do fogo e acaba queimando-se). ■ A bom bocado, bom grito.
VIDE: ● Gaudes pyraustae gaudium.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

Q
1. Qua caput, et cetera membra. [S.Agostinho / Tosi 966].
Por onde vai a cabeça, vão também os demais membros. ■ A
cabeça manda os membros. VIDE: ● Cui caput infirmum,
cetera membra dolent. ● Cum caput aegrotat, corpus
simul omne laborat. ● Dum caput aegrotat, omnia alia
membra dolent. ● Dum caput dolet, cetera membra
dolent. ● Dum caput dolet, omnia alia membra dolent. ● Si
caput doleat, cetera membra dolent. ● Membra deficiunt
cum caput deprimitur. ● Si caput dolet, omnia membra
languent.
2. Qua dii vocant, eundum. [Alciato, Emblemata 8]. Para
onde os deuses chamam, deve-se ir.
3. Qua flumen placidum est, forsan latet altius unda.
[Dionísio Catão, Disticha 4.31]. Onde o rio é tranqüilo talvez
se esconda a água mais profunda. ■ Águas tranqüilas, águas
profundas. ■ A água silenciosa é a mais perigosa. VIDE:
● Altissima quaeque flumina minimo labuntur sono.
● Aqua profunda est quieta. ● Flumina tranquillissima
saepe sunt altissima. ● Gurgite sub leni fallit metuenda
vorago. ● Quamvis sint lenta, sint credulla nulla fluenta.
● Qui fuerit lenis, tamen haud bene creditur amni.
● Quietae aquae non credere.
4. Qua fugiunt hostes, via munienda est. [DAPR 275]. Deve-
se construir a estrada pela qual os inimigos fujam. ■ A
inimigo que foge, ponte de prata. VIDE: ● Fugientem hostem
adiuva. ● Hosti non solum dandam esse viam fugiendi
verum etiam muniendam. ● Hostibus fugientibus pontem
argenteum exstruendum esse. ● Via hostibus munienda,
qua fugiant.
5. Qua in re clarus quisque est, ad eam properat. [Grynaeus
203]. Cada qual se dedica ao ofício em que é hábil. ■ Cada
qual no seu ofício. VIDE: ● In quo quisque sibi
excellentissimus videtur, in eo versatur.
6. Qua positus fueris in statione, mane. [Ovídio, Fasti 2.674].
Permanece na condição em que tiveres sido colocado.
7. Qua pote quisque, in ea conterat arte diem. [Propércio,
Elegiae 2.1.46]. Cada um deve gastar seu tempo na arte em
que é capaz. ■ Cada um faz no que sabe. VIDE: ● Quam
quisque norit artem, in hac se exerceat. ● Quam scit
uterque, libens, censebo, exerceat artem. ● Quod quisque
norit in hoc se exerceat. ● Unusquisque in qua vocatione
vocatus est, in ea permaneat.
8. Qua vicit, victos protegit ille manu. [Ovídio, Amores
1.2.52]. Com a mesma mão com que venceu, ele protege os
vencidos.
9. Quacumque via data. [Jur / Black 1471]. Não importa qual
seja o caminho.
10. Quadra panis non est beneficium. [Sêneca, De Beneficiis
4.29]. Pedaço de pão não é favor.
11. Quadrantem de stercore mordicus tollet. [Petrônio,
Satiricon 43]. Ele (o avarento) é capaz de tirar um vintém do
estrume com os dentes.
12. Quae ab initio sunt voluntatis pro facto fiunt
necessitatis. [Jur]. Coisas que inicialmente são de vontade,
pelo uso passam a ser de necessidade.
13. Quae amanti parcet, eadem sibi parcet parum. [Plauto,
Asinaria 162]. A mulher que poupa seu namorado pouco
poupa a si mesma.
14. Quae amentia est, poenas a se infelicitatis exigere et
mala sua manu augere. [Sêneca, Ad Marciam 3.4]. Que
loucura é punir-se por sua má sorte e com a própria mão
aumentar os seus males.
15. Quae amicitia potest esse inter ingratos? [Cícero, Pro
Plancio 80]. Que amizade pode haver entre ingratos?
16. Quae animi affectio suum cuique tribuens iustitia
dicitur. [Cícero, De Finibus 5.23.65]. Denomina-se justiça o
sentimento que dá a cada um o que é seu.
17. Quae ante pedes sunt non novit. [Apostólio, Paroimiai
18.5]. Não sabe o que está diante de seus próprios pés. ■ Não
vê um palmo à frente do nariz. VIDE: ● Quod ante pedes sit
non vident.
18. Quae apud alios iracundia dicitur, ea in imperio
superbia atque crudelitas appellatur. [Salústio, Catilina
51.2]. O que nos outros se chama cólera, nos que detêm o
poder se chama orgulho e crueldade.
19. Quae autem procedunt de ore, de corde exeunt, et ea
coinquinant hominem. [Vulgata, Mateus 15.18]. O que sai
da boca vêm do coração, e isto contamina o homem.
20. Quae belua ruptis, cum semel effugit, reddit se prava
catenis? [Horácio, Satirae 2.7.70-1]. Que animal selvagem,
uma vez que tenha fugido, tendo quebrado as correntes, seria
insensato a ponto de voltar?
21. Quae casta est? De qua mentiri fama veretur. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Bias 5]. Que mulher é casta?
Aquela sobre quem a voz pública tem medo de mentir.
22. Quae caret ora cruore nostro? [Horácio, Carmina 2.1.36].
Qual a terra que não está banhada com o nosso sangue?
23. Quae cernimus, scire affirmabimus. [Rezende 5310].
Aquilo que vemos, afirmaremos que sabemos. ■ Os olhos
merecem mais fé do que os ouvidos.
24. Quae communicatio sancto homini ad canem? [Vulgata,
Eclesiástico 13.22]. Que relação tem um homem santo com
um cão?
25. Quae concordiam gignunt sunt illa, quae ad iustitiam,
aequitatem, et honestatem referuntur. [Espinosa, Ethica
4.15]. O que gera a concórdia é o que está relacionado com a
justiça, a eqüidade e a honestidade.
26. Quae consequi non possis, ne aggrediaris. [Apostólio,
Paroimiai 19.73]. Não tentes o que não possas realizar. VIDE:
● Non tentanda quae effici omnino non possint.
27. Quae contra ius fiunt, debent utique pro infectis haberi.
[Jur / Rezende 5311]. O que se faz contra o direito, deve logo
ser considerado como não feito. VIDE: ● Ea quae contra leges
fiunt pro infectis habenda sunt.
28. Quae conventio lucis ad tenebras? Que há de comum
entre a luz e as trevas? VIDE: ● Nulla societas est lucis ad
tenebras. ● Non est conventio lucis ad tenebras. ● Non est
convenientia lucis ad tenebras. ● Quae enim
communicatio lucis ad tenebras? ● Quae luci cum tenebris
communio? ● Quae societas luci ad tenebras?
29. Quae culpare soles, ea tu ne feceris ipse. [Binder,
Thesaurus 2699]. Não faças tu mesmo o que costumas
condenar. ● Quae culpare soles, ea tu ne feceris ipse: turpe
est doctori, cum culpa redarguit ipsum. [Dionísio Catão,
Disticha 1.30]. Não faças tu mesmo aquilo que costumas
condenar; fica mal para o censor, quando a acusação recai
sobre ele.
30. Quae dant, quaeque negant, gaudent tamen esse
rogatae. [Ovídio, Ars Amatoria 1.345]. Tanto as que
concedem, como as que recusam, as mulheres têm prazer em
serem rogadas.
31. Quae dantur munera lauda. [Schottus, Adagia 591].
Elogia os presentes que te são dados. ■ Tudo que vier é
ganho.
32. Quae dantur necesse est accipere. É preciso receber as
coisas que nos são dadas.. ■ Quando te derem o porquinho,
acode logo com o baracinho. VIDE: ● Accipe quam primum,
brevis est occasio lucri. ● Arripienda quae offeruntur.
● Noli oblatam occasionem praetermittere.
33. Quae datur officio non est mihi grata voluptas. [Ovídio,
Ars Amatoria 687]. Não me é agradável o prazer que é dado
por obrigação.
34. Quae dedit infidus mella, venena puto. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 30.14]. Considero veneno o
mel que me dá um embusteiro. ■ Dádiva de ruim a seu dono
se parece.
35. Quae defloruerit, ne iterum quaeratur rosa. [PSa]. Não
se procure de novo a rosa que tiver murchado. ■ Rosa caída
não volta à haste. ■ Ao perdido, perder-lhe o sentido. VIDE:
● Ne quaere rursum praeteritam semel rosam. ● Quam
praeteristi ne amplius quaeras rosam. ● Rosam quae
praeteriit, ne quaeras iterum. ● Rosam praeteritam ne
quaeras. ● Rosam quam praeterieris, ne quaeras iterum.
36. Quae dementia est supervacua discere in tanta temporis
egestate! [Sêneca, Epistulae Morales 48.12]. Que loucura é
aprender coisas inúteis em tão grande falta de tempo!
37. Quae desiit amicitia, nec coepit quidem. [Publílio Siro].
Uma amizade que acabou, nem mesmo começou. ■ Quem
deixa de ser amigo nunca o foi. VIDE: ● Amicitia quae desiit
nunquam vera fuit. ● Amicitia quae desinere potest vera
nunquam fuit. ● Amor qui desinere potest, nunquam
verus fuit. ● Non est amicus hic qui amare desinit. ● Non
est amicus quisquis amare desiit.
38. Quae Deus immittit, non vincunt frigora vestem. [Pereira
100]. O frio que Deus manda não vence a roupa. ■ Deus dá o
frio conforme a roupa. VIDE: ● Pro ratione Deus dispertit
frigora vestis.
39. Quae dolent, ea molestum est contingere. [Erasmo,
Adagia 4.1.57]. As coisas que causam dor, faz mal tocar.
■ Em casa de enforcado não fales de corda. ■ Em casa de
ladrão não fales em baraço. VIDE: ● Ea quae dolent,
molestum est contingere. ● Ne restim memores apud
ipsum reste neccatum.
40. Quae dos matronis pulcherrima? Vita pudica. [Ausônio,
Semptem Sapientum Sententiae, Bias]. Qual o mais belo dote
da esposa? A vida honesta.
41. Quae dubites, ne feceris. [Polydorus, Adagia]. Não farás
aquilo em que não acredites. ■ Na dúvida, abstém-te. VIDE:
● Nolito facere quod dubites num liceat. ● Quod dubites,
ne feceris.
42. Quae durum fuit pati, meminisse dulce est. [Sêneca,
Hercules Furens 656]. É agradável recordar aquilo que foi
penoso sofrer. ■ O que é duro de passar, é bom de lembrar.
VIDE: ● Dulcis malorum praeteritorum memoria. ● Iucundi
acti labores. ● Meminisse dulce est quod fuit durum pati.
● Memoria dulcis iam peracti olim mali. ● Memoria dulcis
iam peracti incommodi. ● Quae fuit durum pati,
meminisse dulce est. ● Quod durum fuit pati, meminisse
dulce est. ● Suavis laborum est praeteritorum memoria.
● Suavis laborum post salutem memoria est.
43. Quae e longinquo magis placent. [Stevenson 592]. As
coisas de longe agradam mais. ■ O desconhecido sempre
parece sublime. VIDE: ● Maior e longinquo reverentia.
44. Quae efficere nequeas, nec vel ordiri decet. [Sófocles,
Antígona / Manúcio, Adagia 1230]. O que não podes
realizar, não convém nem começar. VIDE: ● Quod effectum
dare nequeas, tentandum non esse. ● Quod fieri non
potest, nec incipiendum quidem est.
45. Quae emeris, vendere gentium ius est. [Sêneca, De
Beneficiis 1.9.5]. É do direito das gentes vender o que se
comprou.
46. Quae enim communicatio lucis ad tenebras?[São
Jerônimo, Epistula 22.29]. Que há de comum entre a luz e as
trevas? VIDE: ● Nulla societas est lucis ad tenebras. ● Non
est conventio lucis ad tenebras. ● Non est convenientia
lucis ad tenebras. ● Quae conventio lucis ad tenebras?
● Quae luci cum tenebris communio? ● Quae societas luci
ad tenebras?
47. Quae enim domus tam stabilis, quae tam firma civitas
est, quae non odiis atque discidiis funditus possit everti?
[Cícero, De Amicitia 23]. Qual é a casa tão estável, qual é a
cidade tão firme, que não se possam revirar de alto a baixo
pelo ódio e pelo desentendimento?
48. Quae enim in occulto fiunt ab ipsis, turpe est et dicere.
[Vulgata, Efésios 5.12]. As coisas que eles fazem em secreto,
vergonha é ainda o dizê-las. VIDE: ● Quae in occulto fiunt,
turpe est et dicere.
49. Quae enim participatio iustitiae cum iniquitate?
[Vulgata, 2Coríntios 6.14]. Que união pode haver entre a
justiça e a iniqüidade?
50. Quae enim seminaverit homo, haec et metet. [Vulgata,
Gálatas 6.8]. Aquilo que semear o homem, isso também
segará. ■ Como semeares, assim colherás. VIDE: ● Sementem
ut feceris, ita metes. ● Turpiter seminasti, male messuisti.
● Ut sementem feceris, ita et metes. ● Ut severis, ita metes.
51. Quae enim sunt terrena omnia, nisi quaedam corporis
indumenta? [S.Gregório / Bernardes, Nova Floresta 1.155].
Que são todas as coisas terrenas, senão invólucros do corpo?
52. Quae est ars parandae amicitiae? Si vis amari, ama.
[PSa]. Qual é a arte para conservar-se a amizade? Se queres
ser amado, ama.
53. Quae est ista laus quae possit e macello peti? [Cícero, De
Finibus 2.15]. Que glória é essa que se pode buscar no
mercado?
54. Quae est maxima egestas? Avaritia. [DM 57]. Qual é a
maior pobreza? A avareza. ■ A avareza é a suma pobreza.
VIDE: ● Maxima egestas avaritia.
55. Quae ex longinquo in maius audiebantur. [Tácito,
Annales 4.23]. O que vem de longe faz mais barulho. ■ Quem
vem de longe vende como quer. ■ Longas viagens, longas
mentiras.
56. Quae ex necessitate fiunt, non dicitur fieri in fraudem.
[Jur]. O que se faz por necessidade não se considera fazer em
fraude.
57. Quae ex usu sunt non timentur. [Vegécio, Epitoma Rei
Militaris 3.12]. Não se temem as coisas a que se está
acostumado. VIDE: ● Non timentur quae ex usu sunt.
58. Quae facere turpe est, ea nec dicere honestum puto.
[Sócrates / Albertano da Brescia, Liber de Amore 1.2]. O que
é indigno de fazer, também considero que não é digno de
dizer. ● Quae facere turpe est, etiam dicere turpe est.
[S.Beda, Proverbiorum Liber]. O que é indigno de fazer
também é indigno de dizer. VIDE: ● Quod facere turpe est,
dicere ne honestum puta. ● Quod factu foedum est, idem
est et dictu turpe.
59. Quae facere vellemus, pati nolumus. [Sêneca, De Ira
3.12.3]. O que queremos fazer, não queremos sofrer.
60. Quae facta sunt, infecta fieri non possunt. [Aulo Gélio,
Noctes Atticae 6.3.42]. ■ O que está feito não pode ser
desfeito. ■ A flecha não torna depois de lançada. VIDE:
● Facta infecta fieri nequeunt. ● Factum fieri nequit
infectum. ● Factum fieri infectum non potest. ● Factum est
illud, fieri infectum non potest. ● Non potest exacta
revocari. ● Quod factum est infectum fieri nequit. ● Quod
factum est, infectum fieri non potest. ● Quod semel est
factum, fieri infectum haud queat unquam.
61. Quae fieri fas est, tempore haec fiunt suo. [Publílio Siro].
Tudo que pode acontecer acontece a seu tempo. ■ Tudo tem o
seu tempo e a sua hora.
62. Quae fieri necesse est, illa pro tempore fiunt. [DAPR
304]. As coisas que devem acontecer acontecem na hora
certa. ■ O que há de ser tem muita força. ■ O que tem de ser
não precisa empurrar.
63. Quae fieri non possunt, venaris. [Grynaeus 292]. Buscas
coisas que não podem acontecer. ● Quae fieri non possunt,
sectaris. [Schottus, Adagia 8]. VIDE: ● Impossibilia venaris.
● Impossibilia captas.
64. Quae finxere, timent. [Lucano, Bellum Civile 1.486]. Têm
medo do que eles mesmos inventaram. VIDE: ● Quod finxere,
timent.
65. Quae fuerunt vitia, mores sunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 39.6]. Coisas que eram consideradas vícios hoje são
costumes.
66. Quae fugiunt, celeri carpite poma manu. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.575]. Colhei com mão rápida os frutos que
fogem.
67. Quae fuit durum pati, meminisse dulce est. [Sêneca,
Hercules Furens 660]. ■ O que foi duro de passar é doce de
lembrar. VIDE: ● Dulcis malorum praeteritorum memoria.
● Iucundi acti labores. ● Meminisse dulce est quod fuit
durum pati. ● Memoria dulcis iam peracti olim mali.
● Memoria dulcis iam peracti incommodi. ● Quae durum
fuit pati, meminisse dulce est. ● Quod durum fuit pati,
meminisse dulce est. ● Suavis laborum est praeteritorum
memoria. ● Suavis laborum post salutem memoria est.
68. Quae gratis accepimus, gratis demus. Devemos dar de
graça o que de graça recebemos. VIDE: ● Dono accepistis,
dono date. ● Gratis accepistis, gratis date.
69. Quae harmonia a musicis dicitur in cantu, eam esse in
civitate concordiam. [Cícero, De Republica 2.42]. O que no
canto é chamado pelos músicos de harmonia, isso na cidade é
a concórdia.
70. Quae ignoramus, spernuntur. [Grynaeus 432]. Despreza-
se o que não se conhece. ■ O que os olhos não vêem, o
coração não deseja. VIDE: ● Ignoti nulla cupido. ● Nihil
volitum quin praecognitum. ● Nihil volitum quod non
cognitum. ● Nihil volitum, nisi cognitum. ● Nihil volitum,
nisi praecognitum. ● Quod latet ignotum est; ignoti nulla
cupido. ● Volitum nihil, nisi cognitum.
71. Quae illi litteris, ego militando didici. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 85.4]. O que eles aprenderam nos livros eu
aprendi guerreando.
72. Quae in aliis libertas est, in aliis licentia vocatur.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 3.8.48]. O que em uns é
liberdade, em outros é chamado de indisciplina.
73. Quae in curia regis acta sunt, rite agi praesumuntur.
[Jur / Black 1472]. O que se faz na corte, presume-se que se
faz de acordo com as regras.
74. Quae in eodem tertio conveniunt, et inter se conveniunt.
[Bacon, Advancement of Learning 2.5.3]. Coisas que
combinam com uma terceira, também combinam entre si.
VIDE: ● Quae sunt eadem uni tertio, sunt eadem inter se.
75. Quae in iuventute tua non congregasti, quomodo in
senectute tua invenies? [Vulgata, Eclesiástico 25.5]. O que
não acumulaste na tua juventude, como poderás encontrar na
tua velhice? ■ Velho abandonado não foi moço ajuizado.
76. Quae in nullius bonis sunt, iure gentium sunt
occupantis. [Jur]. As coisas que não são de ninguém, pelo
direito das gentes são de quem as ocupa.
77. Quae in occulto fiunt, turpe est et dicere. O que se faz em
segredo é vergonhoso contar. VIDE: ● Quae enim in occulto
fiunt ab ipsis, turpe est et dicere.
78. Quae in tenebris dixistis, in lumine dicentur; et quod in
aurem locuti estis in cubiculis praedicabitur in tectis.
[Vulgata, Lucas 12.3]. As coisas que dissestes nas trevas, às
claras serão ditas, e o que falastes ao ouvido no gabinete,
será apregoado sobre os telhados.
79. Quae infra nos, nihil ad nos. [Grynaeus 38]. O que está
abaixo de nós não nos diz respeito.
80. Quae inviti audimus libenter credimus et antequam
iudicemus irascimur. [Sêneca, De Ira 22.3]. Nós
prontamente acreditamos no que ouvimos sem querer, e nos
zangamos antes de qualquer exame.
81. Quae iura a lege sunt, Typographus sibi reservat. O
editor se reserva os direitos garantidos pela lei. (=Informação
colocada em livro para indicar os direitos de propriedade).
VIDE: ● Quae proprietatis iura legibus sanctiuntur ea sibi
vindicat libri editor.
82. Quae legeris, memento. [Dionísio Catão, Monosticha 17].
Lembra-te do que leres. VIDE: ● Quod legeris, intellege et
memento.
83. Quae lex non prohibet, debent permissa videri. [Binder,
Thesaurus 2701]. Devem ser consideradas permitidas as
coisas que a lei não proíbe.
84. Quae longo tempore extenuantur corpora, lente reficere
opportet. [Hipócrates / Rezende 5320]. Convém restaurar
lentamente os organismos que se depauperam a pouco e
pouco.
85. Quae luci cum tenebris communio? [Schrevelius 1186].
Que há de comum entre a luz e as trevas? VIDE: ● Non est
conventio lucis ad tenebras. ● Non est convenientia lucis
ad tenebras. ● Quae conventio lucis ad tenebras? ● Quae
enim communicatio lucis ad tenebras? ● Quae societas
luci ad tenebras?
86. Quae lucis miseris tam dira cupido? [Virgílio, Eneida
6.721]. Por que têm os infelizes tão espantoso desejo de
viver? VIDE: ● Cupido lucis.
87. Quae mala cum multis patimur, leviora videntur.
[Palingênio / Pereira 110]. Os males que sofremos com
muitos nos parecem mais suaves. ■ Mal de muitos, consolo é.
VIDE: ● Levius communia tangunt.
88. Quae manibus tenentur, meliora sunt iis quae
exspectantur. [Apostólio, Paroimiai 18.4]. O que se tem nas
mãos é melhor do que o que se espera. ■ Mais vale um “toma
lá” que dois “te darei”. ■ Mais vale um passarinho na mão
que dois voando.
89. Quae medicamenta non sanant, ferrum sanat; quae
ferrum non sanat, ignis sanat; quae vero ignis non sanat,
insanabilia reputari oportet. [Hipócrates / Rezende 5326].
O que os remédios não curam, cura o bisturi; o que o bisturi
não cura, cura o fogo; o que o fogo não cura, deve-se
considerar incurável.
90. Quae mens est hodie, cur eadem non puero fuit?
[Horácio, Carmina 4.10.7]. Por que não pensava quando
menino como penso hoje?
91. Quae mihi post festum misisti munera, amice, sunt sera,
tamen grata fuere mihi. [Pereira 98]. Os presentes que me
enviaste depois da festa, amigo, estão atrasados, mas me
foram muito agradáveis. ■ Boas são mangas depois da festa.
92. Quae minime sunt pulchra, ea pulchra videntur amanti.
[Teócrito, Eclogae 6 / Medina 582]. Coisas que de maneira
alguma são bonitas parecem bonitas para quem delas gosta.
■ Quem o feio ama, bonito lhe parece. ■ A afeição cega a
razão. ■ O desejo faz o formoso do feio. VIDE: ● Foeda licet
cunctis ea, pulchra videntur amanti. ● Sit bufo carus, fiet
luna mage carus. ● Unicuique delectabile est quod amat.
93. Quae modo pugnarunt, iungunt sua rostra columbae.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.465]. Pombos que há pouco
brigaram, agora juntam seus bicos. ■ Brigas de namorados
fortalecem o amor. VIDE: ● Cari rixantur, rixantes
conciliantur.
94. Quae molitio, quae ferramenta, qui vectes, quae
machinae, qui ministri tanti operis fuerunt? [Cícero, De
Natura Deorum 1.19]. Quais foram os meios de ação, quais
os instrumentos, quais as alavancas, quais as máquinas, quais
os operários que construíram uma obra tão grandiosa?
95. Quae multo ante praevisa sunt, languidius incurrunt.
[Sêneca, Ad Marciam 9]. As coisas que são previstas com
muita antecedência, sobrevêm mais brandamente. ■ Homem
prevenido a custo é vencido. VIDE: ● Levius laedit quicquid
praevidimus ante. ● Mala praevisa minus nocent. ● Mala
praevisa vitantur facilius. ● Minus enim iacula feriunt
quae praevidentur. ● Minus nocent iacula quae
praevidentur. ● Praevisa minus laedere tela solent.
● Praevisa minus tela nocere solent. ● Tela nocent levius
visa venire prius. ● Tela praevisa minus nocent.
96. Quae nata sunt, ea omnia denasci aiunt. [Tosi 596].
Dizem que tudo que nasce morre. VIDE: ● Omnia orta
cadunt. ● Omnia orta occidunt et aucta senescunt. ● Orta
omnia cadunt. ● Orta omnia intereunt.
97. Quae natio non comitatem, non benignitatem, non
gratum animum et beneficii memorem diligit? [Cícero, De
Legibus 1.11]. Que povo não ama a afabilidade, a bondade, o
espírito grato e reconhecido pelo benefício recebido?
98. Quae natio superbos, quae maleficos, quae crudeles,
quae ingratos non aspernatur, non odit. [Cícero, De
Legibus 1.11]. Que povo não despreza e não odeia os
orgulhosos, os maus, os cruéis e os ingratos?
99. Quae nimis apparent retia vitat avis. [Ovídio, Remedium
Amoris 516]. Pássaro não cai em redes muito visíveis.
100. Quae nimis est sera, non est confessio vera. [Binder,
Thesaurus 2702]. Confissão que é muito tardia não é
verdadeira.
101. Quae nocent, docent. [Aristóteles / Manúcio, Adagia 41].
■ O que prejudica ensina. ■ O que arde, cura; o que aperta,
segura. VIDE: ● Nocumentum, documentum. ● Nocumenta,
documenta. ● Quod nocet, docet. ● Quod nocet, saepe
docet. ● Vexatio dat intellectum. ● Vexatio intellectum
dabit auditui.
102. Quae nocitura tenes, quamvis sint cara, relinque.
[Rabelais, Carta de 15 fev. 1556]. Abandona o que te pode
fazer mal, por mais querido que te seja.
103. Quae non dicta sunt, dici posse; quae dicta sunt, ut
dicta non sint, fieri non posse. [Bernardes, Luz e Calor
1.140]. O que não foi dito, pode ser dito; mas o que já foi
dito, não pode ficar como se não fora dito. ■ Palavra fora da
boca é pedra fora da mão. ■ Palavra e pedra solta não tem
volta.
104. Quae non fecimus ipsi, vix ea nostra voco. [Ovidio,
Metamorphoses 13.140]. Dificilmente chamo de minhas as
coisas que não fiz pessoalmente. VIDE: ● Vix ea nostra voco.
105. Quae non posuisti, ne tollas. [Erasmo, Adagia 3.4.43].
Não tires o que não puseste. VIDE: ● Ut vites poenas, non
tangas res alienas.
106. Quae non prosunt singula, multa iuvant. [Ovídio,
Remedium Amoris 420]. Os remédios que isolados não são
eficazes, agrupados funcionam. ■ A união faz a força. VIDE:
● Iuncta iuvant. ● Multa iuvant collecta simul. ● Quae non
valeant singula, iuncta iuvant. ● Singula quae non
prosunt, multa collecta iuvant.
107. Quae non sunt prohibita, permissa intellegentur. [Jur].
O que não é proibido considerar-se-á permitido.
108. Quae non valeant singula, iuncta iuvant. [Jur / Broom
447]. Coisas que isoladas não têm força, reunidas têm força.
VIDE: ● Iuncta iuvant. ● Multa iuvant collecta simul. ● Quae
non valeant singula, iuncta iuvant. ● Singula quae non
prosunt, multa collecta iuvant.
109. Quae non videt oculus, cor non dolet. ■ O que os olhos
não vêem, o coração não sofre. VIDE: ● Quod non videt
oculus, cor non dolet. ● Quod oculus non videt, cor non
dolet. ● Quod oculus non videt, cor non desiderat.
110. Quae optima sunt, rara sunt. O que é muito bom, é raro.
VIDE: ● Optima quaeque rarissima sunt. ● Optimum
quidque rarissimum est. ● Rara esse nimis res pretiosa
solet.
111. Quae pater occultos inter proferre penates assolet, haec
nati prodere luce solent. [Pereira 102]. O que o pai costuma
dizer no segredo da casa, os filhos costumam dizer na praça.
■ O que o menino ouviu ao lar, di-lo ao portal. ■ Dizem os
filhos ao soalheiro o que ouvem aos seus pais ao fumeiro.
112. Quae patimur, multo spicula felle madent. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.520]. Os espinhos que estamos sofrendo estão
cheios de fel.
113. Quae patitur meruit. [Ausônio, Caesares, Opilius
Macrinus]. Ele mereceu o que está sofrendo.
114. Quae pax hyaenae ad canem? [Schottus, Adagialia Sacra
121]. Que paz pode haver entre a hiena e o cão?
115. Quae peccamus iuvenes, ea luimus senes. [Rezende
5332]. Os erros que cometemos quando jovens, pagamos
quando velhos. ■ Pagam-se na velhice os pecados da
mocidade. ● Quae peccamus iuvenes, luimus senes.
116. Quae pigeat invenisse, cave quaesiveris. [Publílio Siro].
Evita procurar o que lamentarias encontrar. ■ Não bulas em
casa de maribondo.
117. Quae post vitam futura sunt, incerta. [Grynaeus 341]. O
que vai acontecer depois da vida, é incerto. ■ O futuro a Deus
pertence.
118. Quae potest esse iucunditas vitae, sublatis amicitiis?
[Cícero, Pro Plancio 80]. Qual pode ser a alegria da vida, se
lhe são retiradas as amizades?
119. Quae potest spes esse in ea republica in qua nec leges
ullae sunt nec iudicia? [Cícero, Ad Familiares 10.1]. Qual
pode ser a esperança em um país em que não há leis nem
direitos?
120. Quae potus peccas, ignoscere tu tibi noli, nam crimen
vini nullum est, sed culpa bibentis. [Dionísio Catão,
Disticha 2.21]. Não te desculpes dos erros que cometes
embriagado, pois o vinho não tem nenhuma culpa, mas a
culpa é de quem bebe. VIDE: ● Crimen nullum vini est, sed
culpa bibentis.
121. Quae pretiosa putas, aliquando vilia. [Rezende 5333]. O
que julgas valioso, muitas vezes não tem valor. ■ O caro é
barato, e o barato é caro.
122. Quae probat populus ego nescio. [Sêneca, Epistulae
Morales 29.10]. O que o povo aprova, eu não sei. VIDE:
● Nunquam volui populo placere, nam quae ego scio, non
probat populus, quae probat populus, ego nescio.
123. Quae procedunt de labiis meis non faciam irrita.
[Vulgata, Salmos 88.35]. Não farei vãs as promessas que
saem dos meus lábios.
124. Quae proprietatis iura legibus sanctiuntur ea sibi
vindicat libri editor. O editor deste livro reivindica para si
os direitos de propriedade que as leis garantem.
(=Informação colocada em livro para indicar os direitos de
propriedade). VIDE: ● Quae iura a lege sunt, Typographus
sibi reservat.
125. Quae prosunt iuveni, nocent seni, et contra. [Rezende
5334]. O que é bom para o jovem faz mal ao velho, e vice-
versa. ■ O que é bom para um, pode não ser para outro.
126. Quae publice fiunt, nulli licet ignorare. [Jur]. A ninguém
é lícito ignorar o que acontece publicamente.
127. Quae pulchra, eadem difficilia. Coisas belas são
custosas. ■ O que é bom custa caro. ■ Não se apanham trutas
com as bragas enxutas. VIDE: ● Ardua quae pulchra. ● Atqui
quae pulchra, eadem difficilia. ● Difficilia quae pulchra.
● Difficilia sunt, quae praeclara.
128. Quae quousque tandem patiemini, o fortissimi viri?
[Salústio, Catilina 20.4]. Até quando, ó homens valentes,
suportareis essas coisas?
129. Quae rara, cara. ■ O que é raro é caro. ● Quae
rarissima, carissima. O que é muito raro é muito caro. VIDE:
● Omnia rara, cara.
130. Quae recta tene. [Divisa]. Mantém-te no caminho reto.
131. Quae recte data sunt, non licet rursus eripi. [DAPR
220]. As coisas que foram bem dadas, não se devem tomar
de volta. ■ Quem dá e torna a tirar no inferno vai parar.
■ Quem dá e tira fica corcunda.
132. Quae recte fiunt nunquam benefacta peribunt. [Pereira
114]. O que bem se faz nunca se perderá. ■ Fazer o bem
nunca se perde.
133. Quae rerum natura prohibentur, nulla lege confirmata
sunt. [Celso, Digesta 50.17.188.1]. O que é proibido pela
natureza não é confirmado por lei alguma.
134. Quae reverentia legum, quis metus, aut pudor est
unquam properantis avari? [Juvenal, Satirae 14.175]. Que
respeito das leis, que medo, que pudor tem o ambicioso
apressado?
135. Quae rursus repetunt, oderunt proelia multi. [Rezende
5349]. Muitos odeiam a guerra, mas voltam a ela. ■ Muitos
dizem mal da guerra e não deixam de ir a ela.
136. Quae semel ancilla, nunquam era. [Erasmo, Adagia
4.5.57]. Uma vez criada, nunca senhora. ■ Quem nasceu para
cinco não chega a dez. ■ Não peças a quem pediu, nem
sirvas a quem serviu.
137. Quae semel aut bis accidunt contemnunt legislatores.
Erros que acontecem uma ou duas vezes não preocupam os
juízes. ■ A quem faz um erro e, podendo, mais não faz, por
bom o terás. ■ O primeiro erro merece perdão. VIDE:
● Gratuita primus venia dignissimus error. ● Primus error
veniam meretur. ● Venia primum experienti
138. Quae sentimus ipsi reliquos sentire speramus. O que
nós mesmos sentimos, esperamos que os outros o sintam.
VIDE: ● Quae volumus, ea credimus libenter, et quae
sentimus ipsi, reliquos sentire speramus.
139. Quae sero contingunt, magnifica. [Manúcio, Adagia
959]. O que demora acontecer é magnífico. ■ O que custa é o
que lustra. VIDE: ● Sero contingunt magnifica.
140. Quae si videres, lacrimas non teneres. [Cícero, Ad
Familiares 7.30.2]. Se visses essas coisas, não conterias as
lágrimas.
141. Quae sibi quisque facilia factu putat, aequo animo
accipit. [Salústio, Catilina 3]. Qualquer um aceita com
naturalidade aquilo que acredita ser fácil de lhe acontecer.
142. Quae simulate geruntur, pro infectis habentur. [Jur]. O
que se faz por simulação, tem-se por não feito.
143. Quae societas luci ad tenebras? [Vulgata, 2Coríntios
6.14]. Que comércio entre a luz e as trevas? VIDE: ● Non est
convenientia lucis ad tenebras. ● Non est conventio lucis
ad tenebras. ● Quae conventio lucis ad tenebras? ● Quae
enim communicatio lucis ad tenebras? ● Quae luci cum
tenebris communio?
144. Quae subito adveniunt multo graviora videntur.
[Columbano, Monosticha 74]. O inesperado nos parece
muito mais sério.
145. Quae sunt, abire omnia, et manere nihil. [Heráclito].
Tudo que existe, desaparece, e nada permanece. ■ Tudo
passa sobre a terra. VIDE: ● Firmum in vita nihil.
146. Quae sunt Caesaris, Caesari. [Vulgata, Mateus 22.21].
■ A César o que é de César. ■ O seu a seu dono.
147. Quae sunt certa, tene, quae sunt incerta, relinque. [Tosi
1731]. As coisas certas, segura-as; as incertas, abandona-as.
■ Não se deve deixar o certo pelo duvidoso.
148. Quae sunt eadem uni tertio, sunt eadem inter se.
[Bernardes, Nova Floresta 1.136]. Duas coisas iguais a uma
terceira são iguais entre si. VIDE: ● Quae in eodem tertio
conveniunt, et inter se conveniunt.
149. Quae sunt maximae divitiae? Non desiderare divitias.
[DM 45]. Qual é a maior riqueza? Não desejar riquezas.
150. Quae supra nos nihil ad nos. [Sócrates / Grynaeus 38].
As coisas que estão acima de nós, não nos dizem respeito.
VIDE: ● Altiora te ne quaesieris, et fortiora te ne scrutatus
fueris. ● Quod supra nos, nihil ad nos.
151. Quae sursum sunt sapite, non quae super terram.
[Vulgata, Colossenses 3.2]. Cuidai nas coisas que são lá de
cima, não nas que há sobre a terra.
152. Quae te dementia cepit? [Virgílio, Eclogae 2.69]. Que
loucura se apoderou de ti? ■ Que loucura é essa?
153. Quae te mala crux agitat? [Plauto, Aulularia 630]. Que
tormento te perturba?
154. Quae tu aegre fers in proximo, ea ipse ne feceris. [Tales
de Mileto / Rezende 5357]. Não farás aquilo que tu mesmo
não toleras no próximo. VIDE: ● Quod aliis vitio vertas, ipse
ne feceris.
155. Quae uncis sunt unguibus ne nutrias. [Manúcio, Adagia
22]. Não alimentes animais com unhas em forma de gancho.
(=Foge das pessoas ávidas ou prepotentes). ■ De ave de bico
encurvado, guarda-te dela como do diabo. VIDE: ● Aduncos
ungues habentes ne alas. ● Animalia recurvis unguibus ne
nutrias.
156. Quae utilitas putridi caepis? [Apostólio, Paroimiai
18.84]. Qual é a utilidade da cebola podre? VIDE: ● Quis
putris caepae est usus? ● Quis usus caepis putridi?
157. Quae venit ex tuto, minus est accepta voluptas. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.603]. O prazer que vem sem risco é menos
bem recebido. ■ É doce de gozar o que é duro de ganhar.
■ Quem sem perigo vence sem prazer triunfa. VIDE: ● Dulcior
est fructus post multa pericula ducta.
158. Quae venit exacto tempore, peius amat. [Ovídio,
Heroides 4]. A mulher que ama depois de passado o tempo
do amor, ama com mais ardor.
159. Quae venit indigno poena, dolenda venit. A punição que
atinge quem não a merece é de se lamentar. ● Quae venit
indignae poena, dolenda venit. [Ovídio, Heroides 5.10]. O
castigo que veio à mulher que não o merece é de se lamentar.
160. Quae veritati operam dat oratio, incomposita sit et
simplex. [Sêneca, Epistulae Morales 40.4]. O discurso que
dá apoio à verdade deve ser simples e sem artifício. ■ A
linguagem da verdade é simples.
161. Quae virtus et quanta, boni, sit vivere parvo. [Horácio,
Sermones 2.2.1]. Que grande virtude, bons amigos, é viver
com parcimônia.
162. Quae volumus, ea credimus libenter. Acreditamos com
prazer no que queremos. ● Quae volumus, libenter
credimus. ● Quae volumus, ea credimus libenter, et quae
sentimus ipsi, reliquos sentire speramus. [César, De Bello
Civili 2.27]. Acreditamos facilmente no que queremos, e
esperamos que os demais sintam o que nós mesmos
sentimos. VIDE: ● Ea credimus libenter quae cupimus.
● Fere libenter homines id quod volunt credunt.
● Homines libenter credunt quod volunt. ● Libenter
homines quod volunt credunt. ● Quod valde volumus,
facile credimus. ● Quod volumus, facile credimus.
163. Quae vos, dementissimi homines, tanta vecordia agitat?
[Sêneca Retórico, Controversiae 10.6]. Que grande demência
é essa que vos agita, ó homens insensatos?
164. Quae vult rex fieri, sanctae sunt congrua legi. [Pereira
109]. O que o rei quer que se faça, está de acordo com a
santa lei. ■ Lá vão as leis, onde as querem os reis.
165. Quae vult videri bella nimis, nulli negat. [Publílio Siro].
A mulher que quer ser considerada muito bela não se recusa
a ninguém.
166. Quaecumque adsunt, iis nos contentos esse oportere.
[Schottus, Adagia 24]. Temos de ficar satisfeitos com o que
houver. ■ Na falta de capão, cebola e pão.
167. Quaecumque dixerint vobis, facite; secundum opera
eorum nolite facere. Fazei tudo que vos disserem, mas não
façais segundo a obra deles. ■ Faze o que eu digo, mas não
faças o que eu faço. VIDE: ● Omnia ergo quaecumque
dixerint vobis, servate, et facite; secundum opera vero
eorum nolite facere: dicunt enim, et non faciunt.
168. Quaecumque ex merito spes venit, aequa venit. [Ovídio,
Heroides 2.62]. Toda esperança que vem do merecimento é
legítima.
169. Quaecumque in somnio videntur. Em sonho se vê
qualquer coisa. ■ Sonhos são sonhos.
170. Quaecumque sunt vera, quaecumque pudica,
quaecumque iusta, quaecumque sancta, quaecumque
amabilia, quaecumque bonae famae, siqua virtus, siqua
laus disciplinae, haec cogitate. [Vulgata, Filipenses 4.8].
Tudo que é verdadeiro, tudo que é honesto, tudo que é justo,
tudo que é santo, tudo que amável, tudo que é de boa fama,
se há alguma virtude, se há algum louvor de costumes, isto
seja o que ocupe os vossos pensamentos.
171. Quaecumque vultis ut faciant vobis homines, et vos
facite illis. [Vulgata, Mateus 7.12]. O que quereis que vos
façam os homens, também vós fazei a eles. VIDE: ● Prout
vultis ut faciant vobis homines, et vos facite illis similiter.
● Quemadmodum vultis ut faciant vobis homines, vos
quoque eis facite.
172. Quaedam enim falsa veri speciem ferunt. [Sêneca, De
Ira 2.22.2]. Muitas coisas falsas têm aparência de verdade.
173. Quaedam iura non scripta, sed omnibus scriptis
certiora sunt. [Sêneca Retórico, Controversiae 1.1.14].
Certas leis não estão escritas, mas são mais respeitadas que
todas as escritas.
174. Quaedam non nisi decepta sanantur. [Sêneca, De Ira
3.39.4]. Certas coisas só se curam amputadas.
175. Quaedam personae sui iuris sunt, quaedam alieno iuri
subiectae sunt. [Digesta 1.6.1]. Algumas pessoas são de
direito próprio, outras estão sujeitas ao direito alheio. VIDE:
● Alieno iuri subiectus. ● Non sui iuris. ● Persona non sui
iuris. ● Persona sui iuris. ● Quaedam personae sui iuris
sunt, quaedam alieno iuri subiectae sunt. ● Sui arbitrii.
● Sui iuris.
176. Quaedam possum per me, quae per alium non possum.
[Jur / Reznde 5312]. Há coisas que posso fazer pessoalmente,
mas que não posso fazer por intermédio de outrem.
177. Quaedam remedia graviora ipsis periculis sunt. [Sêneca
Retórico, Controversiae 6.7]. Certos remédios são mais
perigosos do que as próprias doenças. VIDE: ● Graviora
quaedam sunt remedia periculis.
178. Quaelibet artes et quaelibet scientiae suos habent
terminos. [Cataldo / Ramalho 48]. Qualquer arte e qualquer
ciência tem os seus limites.
179. Quaelibet avis a proprio cantu dignoscitur. [Bebel,
Adagia Germanica]. Conhece-se qualquer ave pelo seu
próprio canto. ■ Pelo canto se conhece a ave. VIDE: ● A cantu
avis dignoscitur. ● Avis a cantu dignoscitur. ● E cantu
cognoscitur avis. ● E cantu dignoscitur avis. ● Ex cantu
dignoscitur avis. ● Ex cantu et plumis volucris dignoscitur
omnis. ● Nulla unquam avis mala bene cecinit. ● Nulla
unquam avis mala bonum cantum edidit. ● Qualis avis,
talis cantus. ● Qualis avis, talis cantus; qualis vir, talis
oratio.
180. Quaelibet ex proprio fructu cognoscitur arbor.
[Columbano / Binder, Thesaurus 2708]. Qualquer árvore é
reconhecido pelo próprio fruto. ■ Pelo fruto conheço a
árvore. ■ Tal pai, tal filho. ■ Pela obra se conhece o obreiro.
181. Quaelibet infirmis ipse dat arma dolor. [Ovídio,
Heroides 6.142]. A própria dor dá armas aos fracos.
182. Quaelibet officio causa sit apta. [Ovídio, Ars Amatoria
1.152]. Qualquer pretexto serve para se fazer um favor.
183. Quaelibet vulpes caudam suam laudat. [Tosi 548]. Toda
raposa elogia a própria cauda. ■ Cada oleiro gaba a sua
telha.
184. Quaenam ista iocandi saevitia? [Claudiano, In
Eutropium 1.24]. Que brincadeira selvagem é essa?
185. Quaenam ista regio est? [Sêneca, Thyestes 626]. Que
país é este?
186. Quaenam summa boni est? Mens semper conscia recti.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Bias]. Qual é o bem
perfeito? Um espírito sempre consciente do justo.
187. Quaeque in prora, quaeque in puppi, omnia perierunt.
[Apostólio, Paroimiai 17.96]. Tanto o que estava na proa
como o que estava na popa, tudo se perdeu. ■ Não sobrou
nada. ■ Foi tudo para o brejo.
188. Quaeque ipse miserrima vidi, et quorum pars magna
fui. [Virgílio, Eneida 2.5]. Eu mesmo presenciei esses tristes
acontecimentos, e deles fui parte importante.
189. Quaere adulescens, utere senex. [Grynaeus 204]. Junta
quando moço, usa quando velho. ■ Guarda moço, acharás
velho. VIDE: ● Iuveni parandum, seni utendum.
● Laborandum in iuventa, quo seni suppetat commodius
vivendi facultas. ● Quaerere divitias debet iuvenilior
aetas, nutriat unde graves cana senecta dies.
190. Quaere puero monachi victum, neu quaere laborem.
[Pereira 111]. Ao moço de frade procura-lhe comida, não lhe
procures trabalho. ■ Moço de frade, mandai-o comer, e não
que trabalhe.
191. Quaere quid scribas, non quemadmodum. [Sêneca,
Epistulae Morales 115.1]. Procura o que escrever, não como
escrever.
192. Quaere scientiam a cunis ad sepulcrum. [Erpênio /
Rezende 5344]. Procura o saber desde o berço até o túmulo.
193. Quaere verum. Busca a verdade.
194. Quaere vicinum ante domum, et socium ante viam.
[Rezende 5345]. Escolhe o vizinho antes de escolher a casa,
e o companheiro antes da viagem.
195. Quaerendae facultates; deinde virtus. [Erasmo, Adagia
2.9.38]. Primeiro deve-se buscar o dinheiro, depois a virtude.
196. Quaerendi et custodiendi scientia vel altera locupletem
facere potuisset. [Sêneca, Epistulae Morales 101.2]. Saber
ganhar dinheiro e saber guardar dinheiro, qualquer um dos
dois poderia fazer um homem rico.
197. Quaerendo invenietis. Procurando, encontrareis.
198. Quaerendus cuneus est malus trunco malo. [PSa]. Para
tronco duro, deve-se procurar cunha dura. ■ Para maroto,
maroto e meio. VIDE: ● Cuneus cuneum trudit. ● Malo
arboris nodo, malus cuneus requirendus. ● Malo nodo,
malus quaerendus cuneus.
199. Quaerens obsonium, vestem perdidi. [Erasmo, Adagia
2.5.55]. Procurando comida, perdi a roupa. ■ Fui buscar lã e
voltei tosquiado. ■ O avarento por um real perde um cento.
● Quaerens obsonium, vestem amisi. [Schottus, Adagia 82].
● Quaerens cibum, et vestem amisi. [Schottus, Adagia 217].
Procurando comida, perdi até a roupa. ● Quaerens
obsonium, et vestem amisi. ● Quaerentes pecuniam
vestem perdiderunt. [Medina 618]. Os que buscavam
dinheiro perderam a roupa. VIDE: ● Dum obsonium quaero,
vestem perdidi. ● Obsonium dum quaero, vestes perdidi.
● Obsonium quaerens, tunicam amisi.
200. Quaerens quem devoret. Está à procura de alguém para
devorar. VIDE: ● Adversarius vester diabolus tamquam leo
rugiens circuit, quaerens quem devoret.
201. Quaerent mortem, et fugiet mors ab eis. [Vulgata,
Apocalipse 9.6]. Buscarão a morte, mas a morte fugirá deles.
202. Quaerenti derisori scientiam ipsa se abscondit, sed
studioso fit obviam. A sabedoria se esconde do mofador que
a busca, mas vai ao encontro do estudioso. VIDE: ● Quaerit
derisor sapientiam, et non invenit; doctrina prudentium
facilis.
203. Quaerenti multum reddatur blanda repulsa. [Pereira
93]. A quem muito pede, é dada uma recusa carinhosa. ■ A
bom pedidor bom tenedor.
204. Quaerenti propere danda est responsio lenta. [Pereira
93]. A quem pergunta com pressa deve ser dada resposta
devagar. ■ A apressada pergunta vagarosa resposta. ■ A
pergunta apressada resposta demorada.
205. Quaerentibus bona vix obveniunt; mala autem etiam
non quaerentibus. [Apostólio, Paroimiai 7.14]. O bem
dificilmente ocorre aos que o procuram; mas o mal ocorre até
aos que não o procuram.
206. Quaerere alas lupi. [Pereira 98]. Procurar as asas do lobo.
■ Procurar chifre em cabeça de cavalo. ■ Procurar agulha
em palheiro.
207. Quaerere Deum. Buscar a Deus. VIDE: ● Cum adhuc esset
puer, coepit quaerere Deum patris sui.
208. Quaerere divitias debet iuvenilior aetas, nutriat unde
graves cana senecta dies. [Pereira 106]. A idade mais jovem
deve procurar riquezas de que a branca velhice possa
alimentar seus dias difíceis. ■ Guarda na mocidade para a
velhice. ■ Guarda moço, acharás velho. VIDE: ● Iuveni
parandum, seni utendum. ● Laborandum in iuventa, quo
seni suppetat commodius vivendi facultas. ● Quaere
adulescens, utere senex.
209. Quaeretis me, et invenietis, cum quaesieritis me in toto
corde vestro. [Vulgata, Jeremias 29.13]. Vós me buscareis e
vós me achareis, quando me buscardes de todo o vosso
coração.
210. Quaeretis me, et non invenietis, et ubi ego sum, vos non
potestis venire. [Vulgata, João 7.34]. Vós me buscareis, e
não me achareis; nem vós podeis vir aonde eu estou.
211. Quaerimus non quale sit quidque, sed quanti. [Sêneca,
Epistulae Morales 115.12]. Não estamos buscando qualidade,
mas o valor.
212. Quaeris Alcidae parem? Nemo est nisi ipse. [Sêneca,
Hercules Furens 84]. Procuras alguém igual a Alcides? Não
há ninguém assim, a não ser ele mesmo. VIDE: ● Nemo est,
nisi ipse.
213. Quaeris enim aliquid supra summum. [Sêneca, De Vita
Beata 9.4]. Procuras algo extraordinário.
214. Quaeris quo iaceas post obitum loco? Quo non nata
iacent. [Sêneca, Troades 401]. Perguntas onde ficarás depois
da morte? Onde ficam os que não nasceram.
215. Quaerit amor pariles, dissimiles odium. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 21]. O amor procura os iguais; o
ódio, os diferentes.
216. Quaerit aquas in aquis. Procura água na água. ■ Está na
igreja e não vê os santos. ■ Está na aldeia e não vê as casas.
● Quaerit aquas in aquis, et poma fugacia captat
Tantalus. [Ovídio, Amores 2.2.43]. Tântalo procura água
estando dentro d'água, e persegue maçãs que fogem.
217. Quaerit delirus quod non respondet Homerus. [Binder,
Thesaurus 2712]. O louco pergunta coisa que nem Homero
responde. ■ Mais fácil é ao burro perguntar que ao sábio
responder. VIDE: ● Plura interrogantur a stulto, quam
queant a sapiente dilui.
218. Quaerit derisor sapientiam, et non invenit; doctrina
prudentium facilis. [Vulgata, Provérbios 14.6]. O mofador
busca a sabedoria, e não a acha; a doutrina dos prudentes é
fácil. VIDE: ● Quaerenti derisori scientiam ipsa se
abscondit, sed studioso fit obviam.
219. Quaerit et inventis miser abstinet ac timet uti. [Horácio,
Ars Poetica 170]. O infeliz busca, mas se abstém e tem medo
de usar do que conseguiu.
220. Quaerite ergo primum regnum Dei, et iustitiam eius: et
haec omnia adicientur vobis. [Vulgata, Mateus 6.33].
Buscai, pois, primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, e
todas estas coisas se vos acrescentarão. VIDE: ● Primum
quaerite regnum Dei, et ista omnia adicientur vobis.
● Quaerite primum regnum Dei.
221. Quaerite et invenietis. [Vulgata, Lucas 11.9]. Procurai e
achareis.
222. Quaerite iustum, quaerite mansuetum. [Vulgata,
Sofonias 2.3]. Buscai a justiça, buscai a mansidão.
223. Quaerite primum regnum Dei. [Divisa de
Newfoundland, Canadá]. Buscai em primeiro lugar o reino
de Deus. VIDE: ● Primum quaerite regnum Dei, et ista
omnia adicientur vobis. ● Quaerite ergo primum regnum
Dei, et iustitiam eius: et haec omnia adicientur vobis.
224. Quaerite quos agitat mundi labor. [Lucano, Bellum
Civile 1.417]. Buscai a quem o labor do mundo agita.
225. Quaeritur belli exitus, non causa. [Sêneca, Hercules
Furens 407]. Da guerra, pergunta-se o resultado, não a causa.
226. Quaesitum nomen tempore in omni iuvat. [Medina 587].
O bom nome obtido é útil em qualquer tempo. ■ Cobra boa
fama e deita-te a dormir.
227. Quaeso ne ad malum hoc addas malum. [Estácio,
Comoediarum Fragmenta 125; Tosi 1641]. Peço-te que a este
mal não acrescentes outro.
228. Quaestio facti. [Jur]. Uma questão de fato.
229. Quaestio fit de legibus, non de personis. [Jur]. A
controvérsia é a respeito de leis, não de pessoas.
230. Quaestio iuris. [Jur]. Uma questão de direito.
231. Quaestio voluntatis. [Jur]. Uma questão de vontade.
232. Quaestiones, quo simpliciores, eo lucidiores. [Black
1212]. As questões, quanto mais simples, tanto mais claras.
233. Quaestus non consistet, si eum sumptus superat.
[Plauto, Poenulus 286]. Não há possibilidade de lucro, se a
despesa o excede.
234. Quaestus sine impendio non instituitur. [Binder,
Thesaurus 2714]. Não se constitui lucro sem despesa.
235. Quaevis commoditas sua secum fert incommoda.
[Binder, Thesaurus 2715]. Toda vantagem traz consigo suas
desvantagens. ■ Não há lucro sem trabalho. ■ Não há
proveito sem custo. VIDE: ● Omnis commoditas sua fert
incommoda secum.
236. Quaevis terra alit artificem. [Stevenson 2623]. Toda
terra alimenta o artesão. ■ Quem tem ofício tem benefício.
■ Quem tem ofício não morre de fome. ● Quaevis terra alit
artem. [DAPR 705]. Toda terra alimenta a arte. ● Quaevis
terra alit artes. VIDE: ● Artem quaevis alit terra.
237. Quaevis terra conviciatorem alit. [Schrevelius 1179].
Toda terra alimenta o difamador.
238. Quaevis terra patria. [Zenódoto / Erasmo, Adagia
2.2.93]. Toda terra é minha pátria. ■ Onde prendem a vaca,
aí pasta. VIDE: ● Ubi bene, ibi patria.
239. Quale dixisti verbum, tale contra audies. Tal palavra
disseste, tal resposta ouvirás. ■ Como falares, assim ouvirás.
■ Conforme a pergunta, assim a resposta. VIDE: ● Qualia
dixeris, talia audies. ● Si quemquam verbo laedis, laederis
et ipse. ● Talia dicentur tibi, qualia dixeris ipse.
240. Quale forum, tale vectigal. [Binder, Thesaurus 2717]. Tal
mercado, tal preço.
241. Quale ingenium, talis oratio. [Rezende 5361]. Tal
caráter, tal discurso. ■ Tal sino, tal badalada. ■ A
conversação mostra o que cada um é. ■ Cada um fala como
quem é. ● Quale ingenium haberes, fuit indicio oratio.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 383]. Qual é o teu caráter,
já o indicou teu discurso. ● Quale ingenium quis habet
indicio est oratio. O discurso indica o caráter que a pessoa
tem. VIDE: ● Tale ingenium, talis oratio. ● Viri nota ore
proprio dignoscitur.
242. Quale pretium, tale sacrificium. [Binder, Thesaurus
2718]. Tal preço, tal sacrifício. ■ Pobre bispo, pobre serviço.
■ Tal paga, tal trabalho. ■ Sem dinheiro de contado não há
soldado. VIDE: ● Exilis nummus brevem parit missam.
● Pro cupro cuprea missa habenda est. ● Pro cupreis
nummis cupreas cantant tibi missas. ● Si modicum valet
aes, missae sunt pauca valentes.
243. Quale principium, talis et clausula. [S.Jerônimo,
Epistulae 69.9]. Como é o princípio, assim é o encerramento.
■ Acabou como começou. ■ O que dará tal colheita di-lo tal
nascença. VIDE: ● Ut quisque rem accurat suam, sic ei
procedit postprincipio.
244. Quale semen, talis est messis. [Binder, hesaurus 2719].
Qual semente, tal colheita. ■ Qual fizeres, tal terás.
245. Quale sit id, quod amas, celeri circumspice mente.
[Ovídio, Remedium Amoris 89]. Pondera cuidadosamente de
que qualidade é aquilo que amas.
246. Qualem te invenio, talem te iudico. ■ Qual te acho, tal te
julgo. VIDE: ● Talem te iudico, qualem te invenio.
247. Qualem te parentibus praestiteris, tales tibi filios
exspecta. [Branco 469]. Qual tu te mostrares a teus pais, tais
filhos espera para ti. ■ Filho és, pai serás, assim como
fizeres, acharás. VIDE: ● Qualia tu contuleris in parentes,
talia prorsus a tuis liberis exspecta.
248. Quales apud te proximos esse expetis, sis talis ipse.
[S.Gregório Nazianzeno / Schottus, Adagialia Sacra 73].
Deves ser tal como desejas que sejam as pessoas à tua volta.
249. Quales in republica principes essent, tales reliquos
solere esse cives. [Cícero, Ad Familiares 1.9]. Tal como são
os governantes do país, assim costumam ser os demais
cidadãos. ■ Tal rei, tal povo. ■ Um fraco rei faz fraca a forte
gente. [Camões, Os Lusíadas, Canto III]. ● Quales principes,
tales populi. [Grynaeus 518]. Tais governantes, tais povos.
VIDE: ● Qualis rector est civitatis, tales et inhabitantes in
ea. ● Qualis sit rector, tales illi qui reguntur. ● Talis sit
rector, quales illi qui reguntur.
250. Quales intrastis, tales exite. [Sêneca, Epistulae Morales
22.13]. Quais éreis quando entrastes, assim saí.
251. Quales sumus, tales esse videamur. [Cícero, De Officiis
2.44]. Devemos parecer o que somos.
252. Qualescumque sunt summi civitatis viri, talis est
civitas. Como são os cidadãos mais importantes da cidade,
assim é a cidade. ● Qualescumque summi civitatis viri
fuerint, talem civitatem fuisse. [Cícero, De Legibus 3.31].
VIDE: ● Talis est civitas, qualis sunt summi civitatis viri.
253. Qualia dixeris, talia audies. ■ Como falares, assim
ouvirás. VIDE: ● Quale dixisti verbum, tale contra audies.
● Si quemquam verbo laedis, laederis et ipse. ● Talia
dicentur tibi, qualia dixeris ipse.
254. Qualia fecerunt, talia patiantur. Assim fizeram, assim
paguem. ■ O que fizeres, encontrarás.
255. Qualia quisque geret, talia quisque feret. [DAPR 217].
Como cada um fizer, assim receberá. ■ Assim como fizeres,
de outro o esperes. ■ Como for teu trato, assim te trato.
256. Qualia sunt opera, talia praemia. ■ Tal trabalho, tal
salário. ● Qualia sunt opera, talis est retributio. [Pedro
Abelardo, In Epistulam ad Romanos].
257. Qualia tu contuleris in parentes, talia prorsus a tuis
liberis exspecta. [Pítaco / Rezende 5363]. Espera dos teus
filhos o que tiveres feito a teus pais. ■ Espera do filho o que
fizeste ao pai. VIDE: ● Qualem te parentibus praestiteris,
tales tibi filios exspecta.
258. Qualia verba viri, talis et ipse vir est. [Bernardes, Nova
Floresta 5.380]. Quais são as palavras do homem, tal é esse
homem. ■ Cada um fala como quem é. VIDE: ● Qualis homo,
talis sermo. ● Qualis ipse homo esset, talem eius esse
orationem.
259. Qualis ab incepto. [Horácio, Ars Poetica 127 / Divisa].
Tal como no princípio. O mesmo desde o começo.
260. Qualis agricola, talis cultura. [Vulgata, 4Esdras 9.17].
Tal agricultor, tal cultura. ● Qualis agricola, talis et area.
261. Qualis artifex pereo! [Suetônio, Nero 49.1]. Que grande
artista se perde com a minha morte! (=Essas teriam sido as
últimas palavras de Nero).
262. Qualis avis, talis cantus. [Bebel, Adagia Germanica]. Tal
ave, tal canto. ■ Pelo canto se conhece a ave. ■ Tal pássaro,
tal ovo. ● Qualis avis, talis cantus; qualis vir, talis oratio.
[Stevenson 1428]. Tal ave, tal canto; tal homem, tal discurso.
VIDE: ● A cantu avis dignoscitur. ● Avis a cantu
dignoscitur. ● E cantu cognoscitur avis. ● E cantu
dignoscitur avis. ● Ex cantu dignoscitur avis. ● Ex cantu et
plumis volucris dignoscitur omnis. ● Quaelibet avis a
proprio cantu dignoscitur.
263. Qualis confessio, talis absolutio. Qual confissão, tal
absolvição. ■ Pecado confessado está meio perdoado.
■ Quem se arrepende salva-se. ■ Quem erra e se emenda a
Deus se recomenda. VIDE: ● Initium est salutis notitia
peccati. ● Locum tenet proximum innocentiae confessio:
ubi confessio, ibi remissio. ● Ubi est confessio, ibi est
remissio
264. Qualis de te rumor, talis ipse eras. [Schottus, Adagia
438]. Qual era a tua fama, assim eras.
265. Qualis domina, catella talis est quoque. [Schottus,
Adagia 617]. Como é a dona, assim é também o cãozinho.
VIDE: ● Qualis era, talis et canis.
266. Qualis dominus, talis et servus. [Petrônio, Satiricon
58.4]. ■ Tal senhor, tal servo. ■ Tal amo, tal criado. ■ Tal é o
servo como o senhor. ● Qualis dominus, talis servus. VIDE:
● Qualis rex, talis grex.
267. Qualis era, tales pedisequae. [Cícero, Ad Atticum 5.2].
Tal ama, tais criadas. ● Qualis era, tales ancillae.
268. Qualis era, talis catella. [Polydorus Virgilius]. Qual é a
dona, tal é a cadela. ● Qualis era, talis et canis. [Grynaeus
318]. Como é a dona, assim é também o cão. VIDE: ● Qualis
domina, catella talis est quoque.
269. Qualis erat radix, talem spera arbore fructum. Qual era
a raiz, tal fruto espera da árvore. ■ Tal árvore, tais frutos.
270. Qualis est essentia, talis est potentia. [Signoriello 276].
Qual é a essência, tal é a potência. VIDE: ● Talis est essentia,
qualis potentia.
271. Qualis foliorum generatio, talis est et hominum.
[Homero, Ilíada 6.146]. Qual é a geração das folhas, assim
também é a geração dos homens. ■ Geração vai, geração
vem. ● Qualis foliis generatio, talis et viris. [Schrevelius
1188]. VIDE: ● Hominum generatio et nascitur, et desinit.
272. Qualis fusus, talis colus. [Schrevelius 1175]. Tal fuso, tal
roca. ■ Cada terra com seu uso; cada roca com seu fuso.
273. Qualis grex, talis et pastor. Como é o rebanho, assim
também é o pastor. ■ Pela obra se conhece o obreiro.
274. Qualis grex, talis rex. Tal grei, tal rei. ■ Pelo servo se
conhece o amo. VIDE: ● Qualis rex, talis grex.
275. Qualis homo, talis sermo. [Bebel, Adagia Germanica].
Tal homem, tal dircurso. ■ Cada um fala como quem é. ■ O
estilo é o homem. ● Qualis homo, talis orator. ● Qualis ipse
homo esset, talem eius esse orationem. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.16]. Tal é o homem, tal é o seu discurso.
VIDE: ● Qualia verba viri, talis et ipse vir est. ● Qualis vir,
talis oratio.
276. Qualis mater, talis et filia. ■ Tal mãe, tal filha. VIDE:
● Sicut mater, ita et filia eius.
277. Qualis modus essendi, talis modus operandi. Tal modo
de ser, tal modo de agir.
278. Qualis operator, talis et creatio. [Vulgata, 4Esdras 9.17].
Tal operário, tal trabalho.
279. Qualis pagatio, talis laboratio. [Latim macarrônico /
Rezende 5367; DAPR 505]. ■ Tal paga, tal trabalho. ■ Tal
salário, tal trabalho. ■ Qual a paga, tal a cura. ■ Assim como
tocam, assim dançamos. VIDE: ● Opera pro pecunia. ● Talis
pagatio, talis cantatio.
280. Qualis pagatio, talis pictatio. [Latim macarrônico /
Rezende 5367]. Tal pagamento, tal pintura. ■ Assim como
tocam, assim dançamos.
281. Qualis pater, talis filius. [Rezende 5368]. ■ Tal pai, tal
filho. ■ Pela linha vem a tinha. ■ Cobra não gera passarinho.
● Qualis pater, talis filius; bona arbor bonum fructum
facit. [Stevenson 770]. Tal pai, tal filho; árvore boa dá bom
fruto. VIDE: ● Talis filius qualis pater. ● Talis pater, talis
filius.
282. Qualis rector est civitatis, tales et inhabitantes in ea.
[Vulgata, Eclesiástico 10.2]. Qual é o governador da cidade,
tais são os seus habitantes. ■ Como vive o rei, vivem os
vassalos. ■ Tal senhor, tal servo. ● Qualis rector est
civitatis, tales inhabitantes. [S.Beda, Proverbiorum Liber].
Qual é o governador da cidade, tais são os habitantes. VIDE:
● Quales in republica principes essent, tales reliquos
solere esse cives. Quales principes, tales populi. ● Qualis
sit rector, tales illi qui reguntur. ● Talis sit rector, quales
illi qui reguntur.
283. Qualis rex, talis grex. [Pensées d'Oxenstirn 217 / DAPR
326]. ■ Qual o rei, tal a grei. VIDE: ● Regis ad exemplum
totus componitur orbis. ● Qualis grex, talis rex.
284. Qualis sermo, talis vita. [Clemente Alexandrino /
Schottus, Adagialia Sacra 38]. Tal discurso, tal vida. VIDE:
● Qualis vita, talis oratio. ● Talis hominibus fuit oratio
qualis vita.
285. Qualis sit animus, ipse animus nescit. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.53]. A própria mente não sabe
como é a mente.
286. Qualis sit quilibet pastor, lupus adveniens indicat.
[S.Beda, Proverbiorum Liber]. O lobo, quando chega, mostra
de que tipo é o pastor.
287. Qualis sit rector, tales illi qui reguntur. Qual é o
governador, tais são os governados. ■ Tal senhor, tal servo.
Como vive o rei, vivem os vassalos. VIDE: ● Quales in
republica principes essent, tales reliquos solere esse cives.
Quales principes, tales populi. ● Qualis rector est civitatis,
tales et inhabitantes in ea. ● Talis sit rector, quales illi qui
reguntur.
288. Qualis sum, talem me praebere cupio. Desejo mostrar-
me tal como sou.
289. Qualis unusquisque est, talis finis videtur ei. [S.Tomás
de Aquino, Summa Theologiae 1.83.1.5]. Como cada um é,
tal será seu fim. ■ Tal vida, tal morte.
290. Qualis unusquisque intus est, taliter iudicat exterius.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.4.2]. Como cada
um é por dentro, assim julga as coisas exteriores. ■ Cada um
julga os outros por si.
291. Qualis vestis erit, talia corda gerit. [Rabelais, Gargantua
3.42]. Qual roupa usa, tais sentimentos tem.
292. Qualis vir, talis oratio. [Manúcio, Adagia 261]. Tal
homem, tal discurso. ■ Qual é o varão, tal é a oração.
■ Cada um fala como quem é. ■ A conversação mostra o que
todos são. ■ O estilo é o homem. VIDE: ● E cantu dignoscitur
avis. ● Qualis homo, talis orator. ● Qualis homo, talis
sermo. ● Qualis ipse homo esset, talem eius esse
orationem.
293. Qualis vis videri, talis esto. Sê como queres ser visto.
VIDE: ● Tales simus, quales videri et haberi vellimus.
● Talis sis, qualis videri cupis.
294. Qualis vita, finis ita. [Rezende 5370]. Tal vida, tal fim.
■ Tal vida, tal morte. ■ Como se vive, assim se morre. VIDE:
● Conveniens vitae mors fuit ista tuae! ● Mors similis
vitae: respondent ultima primis. ● Sicut vita, finis ita.
● Vitae mors consentanea.
295. Qualis vita, talis oratio. [DM 73]. Tal vida, tal discurso.
■ A boca fala do que está cheio o coração. VIDE: ● Imago
animi sermo est; qualis vita, talis oratio. ● Qualis sermo,
talis vita. ● Talis hominibus fuit oratio qualis vita.
296. Qualitas est nobilior quantitate. [Signoriello 290]. A
qualidade vale mais do que a quantidade. ■ Mais vale pouco
e bom do que muito e mau. ● Qualitas, non quantitas.
Qualidade, não quantidade. ● Qualitate, non quantitate!
Pela qualidade, não pela quantidade! VIDE: ● Pauca sed bona.
297. Quam ad probos propinquitate proxime te adiunxeris,
tam optimum est. [Plauto, Aulularia 235]. Quanto mais
perto ficares dos bons, tanto melhor és. ■ Chega-te aos bons
e serás um deles.
298. Quam angusta innocentia est ad legem bonum esse!
[Sêneca, De Ira 2.28.2]. Que virtude limitada é ser bom
somente de acordo com a lei! VIDE: ● Exiguum est ad legem
bonum esse.
299. Quam bene navigant, quos fortuna dirigit! Como
navegam bem aqueles que a fortuna dirige! ■ Com vento de
feição não há má navegação.
300. Quam bene, quam munde scopa nova purgat abunde.
[Werner74]. Como e quanto limpa bem a vassoura nova.
■ Vassoura nova sempre varre bem. VIDE: ● Novam scopam
bene purgare et verrere domum: sic novos servos in
principio bene servire. ● Pulverulenta novis bene verritur
area scopis. ● Scopae recentiores semper meliores.
● Verrit humum bene scopa recens.
301. Quam bene valere, melius in vita nihil. [Grynaeus 104].
Não há nada melhor na vida do que ter saúde. ■ Mais vale
saúde boa do que pesada bolsa.
302. Quam bene vivas refert, non quam diu. [Sêneca,
Epistulae Morales 101.15]. O importante não é por quanto
tempo viverás, mas que qualidade de vida terás.
303. Quam benefacta placent et speciosa nitent! [Pereira 97].
Como agradam as boas obras e como brilham as coisas belas!
■ Bem parece o bem-fazer.
304. Quam bonum esse difficile est! [Schottus, Adagia 165].
Como é difícil ser bom!
305. Quam bonum tempus in re mala perdis! [Sêneca, De Ira
3.28]. Quanto tempo bom perdes em coisa ruim! ■ Gastas
cera com mau defunto. VIDE: ● O quam bonum tempus in re
mala perdis!
306. Quam caeca avaritia est! [Cícero, Philippica 2.97]. Como
é cega a ambição!
307. Quam cara sint bona, homines carendo intellegent.
[DAPR 107]. Os homens só perceberão como são queridos
os bens, quando já não os tiverem. ■ O bem não é conhecido,
senão depois que é perdido. ■ Borrasca faz apreciar
bonança. ● Quam cara sint bona, homines carendo
intellegunt. Os homens só percebem quanto valem os bens,
quando os perdem.
308. Quam citissime conficies, tam maxime expediet.
[Marcos Catão, De Agri Cultura 64]. Quanto mais rápido
realizares, tanto melhor será.
309. Quam continuis et quantis longa senecta plena malis!
[Juvenal, Satirae 10.190]. De quantos males e quão
duradouros está cheia a longa velhice! ■ A velhice é um
pesado fardo.
310. Quam curat testudo muscam. [Erasmo, Adagia 2.8.100].
(Ligo tanto para isso) tanto quanto se importa a tartaruga
com a mosca. Quam curat testudo muscas. [Albertatius
1130]. (Ligo tanto para isso) tanto quanto se importa a
tartaruga com as moscas. VIDE: ● Non curat testudo
muscam. ● Non curat culicem elephantus.
311. Quam dederat nobis bonitas divina farinam, perdidit
ignavo femina servitio. [Pereira 102]. A farinha que a
bondade divina nos deu, perdeu-a a mulher por preguiça.
■ Deu-o Deus na eira, perdeu-o Maria na maceira.
312. Quam difficile sit hominem nosse. [Appendix Perottina
Fabularum Phaedri 10.1]. Como é difícil conhecer um ser
humano.
313. Quam diu stabit Colyseus, stabit et Roma; quando
cadet Colyseus, cadet et Roma; quando cadet Roma,
cadet et mundus. [Byron, Childe Harold’s Pilgrimage
4.145]. Enquanto o Coliseu estiver de pé, também Roma
estará de pé; quando cair o Coliseu, Roma também cairá;
quando cair Roma, cairá também o mundo.
314. Quam dulcis libertas! Como é doce a liberdade!
315. Quam est felix vita, quae sine odiis transiit! [Publílio
Siro]. Como é feliz a vida que transcorreu sem ódios!
316. Quam facile est alterius luctu fortia verba loqui!
[Pseudo-Ovídio, Consolatio ad Liviam, 9]. Como é fácil
dizer palavras de encorajamento na dor alheia! ■ Diz o são ao
doente: Deus te dê saúde.
317. Quam facile irati verbo mutantur amantes! [Propércio,
Elegiae 2.5.13]. Com que facilidade os apaixonados
zangados se transformam pela palavra!
318. Quam facile offuscant iucundum tristia lumen! Com
que facilidade as tristezas ofuscam a alegre claridade!
319. Quam facile vulpes pirum comest. [Erasmo, Adagia
3.5.70]. Com a mesma facilidade com que a raposa come
uma pera. ■ Fácil como quem bebe um copo d'água. VIDE:
● Tam facile vinces, quam pirum vulpes comest.
320. Quam felix, et quanta foret respublica, cives si cunctos
unus conciliaret amor! Como seria feliz e grande o país, se
um mesmo amor unisse todos os cidadãos!
321. Quam felix vita transit sine negotiis! [Publílio Siro].
Como é agradável a vida que passa sem obrigações!
322. Quam ferus et vere ferreus ille fuit! [Tibulo, Elegiae
1.10.2]. Como ele era feroz e, na verdade, de ferro!
323. Quam firma res est concordia, quamque imbecillis
discordia! [Esopo, Fabulae, Agricolae et Filii]. Como é forte
a união, e como é fraca a discórdia! VIDE: ● Concordia
parvae res crescunt, discordia maximae dilabuntur.
● Concordia parvae res crescunt, discordia maximae
corruunt. ● Concordia res parvae crescunt. ● Discordia
non tantum parvae res non crescunt, sed etiam magnae
res miserabiliter dilabuntur.
324. Quam inique comparatum! Hi qui minus habent, ut
semper, aliquid addant divitioribus. [Terêncio, Phormio
41]. Que destino iníquo! Como sempre aqueles que têm
menos devem dar algo aos mais ricos.
325. Quam iniqui sunt patres in omnes adulescentes iudices!
[Terêncio, Heauton Timorumenos 212]. Que juízes injustos
são os pais para todos os jovens!
326. Quam iucunda libertas et quam misera sub
dominatione vita. [Cícero, Ad Familiares 31]. Como é doce
a liberdade e como é miserável a vida sob a tirania.
327. Quam longe absunt a virtutibus vitia et a bonitate
malitia! [S.Agostinho, De Civitate Dei 8.14.6]. Como os
vícios estão longe das virtudes, e a maldade da bondade!
328. Quam longe alia est nostra agendi ratio! Como é bem
diferente nossa maneira de agir!
329. Quam magnum est non laudari et esse laudabilem!
[PSa]. Como é nobre não ser elogiado e ser digno de elogios!
VIDE: ● Bonum est non laudari, sed esse laudabilem.
330. Quam magnus mirantium tam magnus invidentium
populus est. [Sêneca, De Vita Beata 2.4]. O grupo de
invejosos é tão grande quanto o grupo de teus admiradores.
331. Quam male inaequales veniunt ad aratra iuvenci. Como
puxam mal o arado bois diferentes. ● Quam male inaequales
veniunt ad aratra iuvenci, tam premitur magno coniuge
nupta viro. [Ovídio, Heroides 9.31]. Da mesma maneira que
bois diferentes puxam mal o arado, assim é oprimida a
mulher casada com homem importante. VIDE: ● Bovem asino
non iunges. ● Non arabis in bove simul et asino. ● Non
bene inaequales veniunt ad aratra iuvenci.
332. Quam malus est, culpam qui suam alterius facit!
[Publílio Siro]. Como é desonesto aquele que atira sobre
outro a própria culpa!
333. Quam mellea res sit oratio! [Ausônio, Epistulae 17].
Como o poder da palavra é doce!
334. Quam meruit poenam solus, digessit in omnes. [Ovídio,
Metamorphoses 14.469]. Distribuiu com todos o castigo que
só ele merecia.
335. Quam minutae sunt guttae pluviae! nonne flumina
implent et domos deiciunt? [S.Agostinho, Sermones 9].
Como são pequenas as gotas da chuva! Mas elas não enchem
rios e derrubam casas? VIDE: ● Multae guttae implent
flumen.
336. Quam miser est omni tempore quisquis amat! Como é
infeliz em todos os momentos quem ama!
337. Quam miser est qui excusare sibi se non potest!
[Publílio Siro]. Como é infeliz quem não pode desculpar-se
perante si mesmo!
338. Quam miseri sunt illi qui invido oculo vident fratrum
suorum successum! Como são infelizes os que vêem com
olho invejoso o sucesso de seus irmãos!
339. Quam miserum est, bene quod feceris, factum queri!
[Publílio Siro]. Como é triste lamentar-se de ter feito o bem
que se fez!
340. Quam miserum est cogi opprimere, quem salvum velis!
[Publílio Siro]. Como é triste ser obrigado a condenar a quem
quererias salvar!
341. Quam miserum est, cum se renovat consumptum
malum! [Publílio Siro]. Como é doloroso quando se renova
um mal que havia desaparecido!
342. Quam miserum est, id quod pauci habent amittere!
[Publílio Siro]. Como é doloroso perder aquilo que poucos
têm!
343. Quam miserum est mortem cupere, nec posse emori!
[Publílio Siro]. Como é doloroso desejar a morte e não poder
morrer!
344. Quam miserum est, ubi consilium casu vincitur!
[Publílio Siro]. Como é triste quando a prudência é vencida
pela sorte!
345. Quam miserum est, ubi te captant, qui defenderent!
[Publílio Siro]. Como é triste, quando te atacam os que
deveriam defender-te!
346. Quam miserum est nescire mori! [Sêneca, Agamemnon
610]. Que infelicidade não saber morrer!
347. Quam miserum officium est quod successum non
habet! [Publílio Siro]. Que coisa triste um serviço que não
tem resultado!
348. Quam miserum, porta vitam muroque tueri vixque
suae tutum viribus esse domus! [Ovídio, Tistia 4.69].
Como é triste ter alguém necessidade de uma porta e de um
muro para defender a vida e apenas achar segurança em sua
casa por meio da força!
349. Quam multa iniusta ac prava fiunt moribus! [Terêncio,
Heauton Timorumenos 839]. Quantas coisas injustas e
viciosas se fazem por causa do hábito!
350. Quam multa fieri non posse priusquam sunt facta
iudicantur! [Plinio Antigo, Naturalis Historia 7.1.6].
Quantas coisas que, antes de terem acontecido, acredita-se
que não possam acontecer!
351. Quam multa mutata sunt! [Plínio Moço, Epistulae
4.24.4]. Quanta coisa mudada!
352. Quam multa, quae nostra causa nunquam faceremus,
facimus causa amicorum. [Cícero, De Amicitia 57].
Quantas coisas que nós nunca faríamos por nós, fazemos
pelos amigos.
353. Quam multa quam paucis! [Cícero, Ad Familiares
11.24]. Quantas coisas em tão pouco!
354. Quam multi indigni luce sunt! Tamen dies oritur.
[Sêneca, De Beneficiis 1.1.11]. Como são numerosos os
indignos da luz! E no entanto o dia nasce. ■ O sol, quando
nasce, é para todos.
355. Quam multos clarissimos suis temporibus viros
scriptorum inops delevit oblivio! [Boécio, De Consolatione
Philosophiae 2.7.13]. Quantos homens famosíssimos em seu
tempo ficaram no esquecimento por falta de biógrafos!
356. Quam multum interest quid a quo fiat! [Plínio Moço,
Epistulae 6.24.1]. Que grande diferença há entre o que foi
feito por quem!
357. Quam nactus es Spartam adorna. [Schottus, Adágia
253]. Tu conquistaste Esparta; trata de valorizá-la.
■ Aproveita a sorte favorável. VIDE: ● Exorna Spartam quam
sortitus es. ● Spartam nactus es, hanc orna. ● Spartam
nactus, hanc adorna. ● Spartam nactus es, hanc adorna.
● Spartam nactus es, hanc exorna. ● Spartam nactus es,
illam orna. ● Spartam quam nactus es, exorna. ● Spartam
quam nactus es, hanc orna. ● Spartam sortitus es, hanc
orna. ● Spartam quisque suam fas est ornare.
358. Quam noceat saepe verum dicere! [Appendix Perottina
Fabularum Phaedri 17.1]. Como faz mal, muitas vezes, dizer
a verdade! ■ A verdade amarga.
359. Quam paenitenda incurrunt viventi diu! [Publílio Siro].
Quantas coisas lamentáveis acontecem a quem vive muito
tempo!
360. Quam parva sapientia regitur mundus! [Axel de
Oxenstierna / Rezende 5378]. Com quão pouco saber se
governa o mundo! ● Quam pauca sapientia mundus
regitur! [Stevenson 1016]. VIDE: ● An nescis quantilla
prudentia mundus regatur? ● Nescis, fili mi, quantilla
sapientia regitur mundus. ● Nescis, fili, quam parva
sapientia hic noster mundus regitur. ● Videbis, fili mi,
quam parva sapientia regitur mundus.
361. Quam praeteristi ne amplius quaeras rosam.
[Apostólio, Paroimiai 17.21]. Não procures mais a rosa que
deixaste para trás. ■ Rosa caída não volta à haste. ■ Ao
perdido, perder-lhe o sentido. ■ O que passou, passou. VIDE:
● Ne quaere rursum praeteritam semel rosam. ● Quae
defloruerit, ne iterum quaeratur rosa. ● Rosam quae
praeteriit, ne quaeras iterum. ● Rosam praeteritam ne
quaeras. ● Rosam quam praeterieris, ne quaeras iterum.
362. Quam procul est oculus, tam procul ibit amor. Quanto
mais longe estão os olhos, mais se afastará o amor. ■ Longe
dos olhos, longe do coração. ■ A mortos e idos, poucos
amigos. VIDE: ● Quantum oculis, animo tam procul ibit
amor.
363. Quam quisque norit artem, in hac se exerceat. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 1.18.41]. Cada qual pratique o
ofício que conhece. ■ Cada qual no seu ofício. ■ Cada
macaco no seu galho. ■ Cada leitão em sua teta. VIDE: ● Qua
pote quisque, in ea conterat arte diem. ● Quam scit
uterque, libens, censebo, exerceat artem. ● Quod quisque
norit in hoc se exerceat. ● Unusquisque in qua vocatione
vocatus est, in ea permaneat.
364. Quam saepe forte temere eveniunt quae non audeas
optare! [Terêncio, Phormio 758]. Quantas vezes ocorrem
por acaso coisas que não ousarias desejar!
365. Quam saepe veniam, qui negaverat, petit! [Sêneca, De
Ira 2.34.4]. Quantas vezes aquele que negara perdão é
obrigado a pedi-lo!
366. Quam scit uterque, libens, censebo, exerceat artem.
[Horácio, Epistulae 1.14.44]. Entendo que cada um deve
exercer com prazer o ofício que conhece. VIDE: ● Qua pote
quisque, in ea conterat arte diem. ● Quam quisque norit
artem, in hac se exerceat. ● Quod quisque norit in hoc se
exerceat. ● Unusquisque in qua vocatione vocatus est, in
ea permaneat.
367. Quam semel errare, melius bis terve rogare. [Binder,
Thesaurus 2730]. É melhor perguntar duas ou três vezes que
errar uma só. ■ Ninguém se envergonhe de perguntar o que
não sabe.
368. Quam serum est tunc vivere incipere, cum desinendum
est! [Sêneca, De Brevitate Vitae 3.5]. Como é tarde começar
a viver quando é hora de terminar!
369. Quam sint morosi, qui amant. [Cícero, Ad Familiares
7.15]. Como são difíceis de contentar os apaixonados.
370. Quam sordet mihi tellus, dum caelum aspicio!
[S.Inácio]. Como me é desagradável a terra, quando
contemplo o céu!
371. Quam speciosa veteranis sapientia. [Vulgata,
Eclesiástico 25.7]. Quão bem parece a sabedoria nos velhos.
372. Quam subito, quam certo, experto credite Roberto.
[Rezende 5381]. Crede imediatamente e com segurança no
experimentado Roberto. VIDE: ● Experto crede Roberto.
● Experto crede Ruperto.
373. Quam temere in nosmet legem sancimus iniquam!
[Horácio, Satirae 3.67]. Com que leviandade aprovamos uma
lei injusta em relação a nós mesmos!
374. Quam timidus is est paupertatem qui timet! Como é
medroso quem teme a pobreza! VIDE: ● Qui paupertatem
timet, quam timidus est!
375. Quam veterrimus homini optimus est amicus! [Plauto,
Truculentus 173]. Como um amigo muito velho é ótimo para
o homem! ■ Amigo velho mais vale que dinheiro.
376. Quamcumque viam dederit Fortuna sequatur. [Virgílio,
Eneida 10.49]. Siga-se qualquer caminho que a Fortuna nos
der. ● Quamcumque viam dederit Fortuna sequamur.
[Binder, Thesaurus 2731]. Sigamos qualquer caminho que a
Fortuna nos der.
377. Quamdiu animus remanet in nobis, tamdiu sensus et
vita remanent. [Cícero, De Natura Deorum 2.23]. Enquanto
permanece em nós a respiração, permanecem os sentidos e a
vida.
378. Quamdiu enim vivimus, in certamine sumus.
[S.Jerônimo, Adversus Pelagianos 2.5.47]. Enquanto
vivemos, estamos em combate. ■ Viver é lutar. VIDE: ● Vita
perpetuum proelium. ● Vivere militare est.
379. Quamdiu in mundo vivimus, sine tribulatione et
tentatione esse non possumus. [Tomás de Kempis, De
Imitatione Christi 1.13.1]. Enquanto vivemos neste mundo,
não podemos estar sem aflição e sem tentação.
380. Quamdiu se bene gesserit. [Jur / Black 51; 1475].
Enquanto se conduzir bem. Enquanto tiver bom
comportamento. (=A expressão se opõe a durante bene
placito). VIDE: ● Ad vitam aut culpam. ● Dum bene se
gesserit.
381. Quamdiu solita decurrunt, magnitudinem rerum
consuetudo subducit. [Sêneca, Quaestiones Naturales
7.1.1]. À medida em que ocorrem as coisas costumeiras, a
familiaridade tira-lhes a grandeza.
382. Quamdiu vixeris, mutabilitati subiectus es, etiam
nolens. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 3.33.1].
Enquanto viveres, estarás sujeito a mudanças, mesmo sem
querer.
383. Quamlibet infirmas adiuvat ira manus. [Ovídio, Amores
1.766]. Por mais fracas que sejam as mãos, a ira as ajuda.
384. Quamlibet saepe obligati, si quid unum neges, hoc
solum meminerunt, quod negatum est. [Plínio Moço,
Epistulae 3.5]. Ainda que sejam atendidos muitas vezes, se
negas um único favor, os ingratos se lembram somente do
que foi negado.
385. Quamlibet viam iumenta patiuntur, quorum durata in
aspero ungula est. [Sêneca, Epistulae Morales 2.10].
Animais cujos cascos são enrijecidos no chão duro, suportam
qualquer estrada.
386. Quamquam haec etiam auditu acerba sunt, tamen
audire tolerabilius est quam videre. [Cícero, Ad Familiares
7.30]. Embora esses fatos sejam duros até de ouvir, no
entanto é mais tolerável ouvi-los do que presenciá-los. VIDE:
● Acerba audire tolerabilius est quam videre.
387. Quamquam non dixeris, tamen apparet e pelle.
[Erasmo, Adagia 3.4.91]. Embora não digas, aparece no teu
rosto.
388. Quamvis acerbus, qui monet, nulli nocet. [Publílio Siro].
Por mais áspero que seja, quem adverte não prejudica a
ninguém. ■ Quem avisa amigo é.
389. Quamvis agas, ut ne quis merito tuo te oderit, erunt
tamen semper qui oderint. [Publílio Siro]. Por mais que
faças para que ninguém te odeie por tua culpa, sempre haverá
os que odeiam.
390. Quamvis aliquid per se non sit malum, tamen, si sit
mali exempli, non est faciendum. [Jur / Black 1475].
Embora uma coisa não seja um mal por si mesma, mas se
serve de mau exemplo, não deve ser feita.
391. Quamvis nolim, cogar amare tamen. [Ovídio, Amores
3.11.52]. Mesmo sem querer, serei obrigado a te amar.
392. Quamvis non rectum, quod iuvat rectum putes.
[Publílio Siro]. Mesmo que não seja justo, considera justo o
que é útil.
393. Quamvis pulchrius sit senem docere quam discere,
mihi tamen nulla aetas sera est ad discendum. Embora
seja mais bonito o velho ensinar do que aprender, para mim
nenhuma idade é tardia para aprender. ■ Nunca é tarde para
aprender. VIDE: ● Ad discendum nulla aetas sera. ● Ad
discendum quod opus est, nulla mihi aetas sera videri
potest. ● Discendum quamdiu vivas. ● Etiam seni est
discendum. ● Tamdiu discendum est, quamdiu vivas.
● Tamdiu discendum, quamdiu vivitur.
394. Quamvis si liberum esse noluissem, tamen coactus
volui. [Digesta 4.2]. Embora se eu fosse livre não
concordasse, contudo coagido concordei.
395. Quamvis sint lenta, sint credulla nulla fluenta. [Tosi
214]. Não se confie em nenhum rio, por mais calmo que seja.
● Águas tranqüilas, águas profundas. VIDE: ● Aqua profunda
est quieta. ● Altissima quaeque flumina minimo labuntur
sono. ● Flumina tranquillissima saepe sunt altissima.
● Gurgite sub leni fallit metuenda vorago. ● Qui fuerit
lenis, tamen haud bene creditur amni. ● Quietae aquae
non credere. ● Qua flumen placidum est, forsan latet
altius unda.
396. Quamvis sublimes, debent humiles metuere, vindicta
docili quia patet sollertiae. [Fedro, Fabulae 1.28.1]. Por
mais importantes que sejamos, devemos temer os humildes,
pois a vingança está disponível à dócil astúcia.
397. Quamvis vetus arbustum posse transferri. [Sêneca,
Epistulae Morales 86.14]. Por mais velha que seja a planta,
pode ser transplantada. ■ Nunca é tarde para o bem. ■ Nunca
é tarde para aprender. VIDE: ● Etiam vetus arbustum
transferri potest. ● Non unquam sera est ad bonos mores
via.
398. Quando aliquid mandatur, mandatur et omne per quod
pervenitur ad illud. [Jur / Coke / Broom 371]. Quando se
ordena alguma coisa, ordena-se também tudo por meio do
qual se chega àquilo.
399. Quando aliquid prohibetur, prohibetur et omne per
quod devenitur ad illud. [Jur / Broom 374]. Quando algo é
proibido, também é proibido tudo por meio de que se chega
àquilo.
400. Quando caput dolet, omnia membra dolent. [Maloux
515]. Quando dói a cabeça, todos os membros doem. ■ A
cabeça manda os membros.
401. Quando conveniunt Domitilla, Sibylla, Drusilla,
sermones faciunt et ab hoc et ab hac et ab illa. Quando se
reúnem Domitila, Sibila, Drusila, conversam sobre este,
sobre esta e sobre aquela. ● Quando conveniunt Catharina,
Camilla, Sybilla, sermones faciunt et ab hoc, et ab hac, et
ab illa. [Rezende 5382]. ● Quando conveniunt Ludmilla,
Sybilla, Camilla, miscent sermones et ab hoc et ab hac et
ab illa. [Tosi 1387]. Quando se reúnem Catarina, Camila,
Sibila, misturam conversas sobre este, sobre esta e sobre
aquela.
402. Quando ergo sermones alicuius dissonant ab operibus
sensibiliter in ipso apparentibus, tales sermones
contemnuntur. [S.Tomás de Aquino, Sententia Libri
Ethicorum 10.9]. Quando os discursos de alguém discordam
das ações nele vistas, tais discursos são desprezados.
403. Quando fortuna non mutat fidem? [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.53.2]. Quando a sorte não modifica a
palavra dada?
404. Quando hic sum, non ieiuno sabbato; quando Romae
sum, ieiuno sabbato. [S.Ambrósio / S.Agostinho, Epistulae
36.32]. Quando estou aqui (em Milão), não jejuo no sábado;
quando estou em Roma, jejuo no sábado. ■ Em Roma, como
os romanos. ■ Na casa aonde fores ter faze como vires fazer.
405. Quando id fieri non potest quod vis, id velis quod
possis. [Erasmo, Adagia 3.6.4]. Quando não pode ser o que
queres, deves querer o que podes. ■ Se não fazes o que
queres, faze o que puderes. VIDE: ● Qui non potest quod
vult, velle oportet quod potest. ● Quoniam non potest fieri
id quod vis, id velis quod possit. ● Si non possis quod velis,
velis id quod possis. ● Si non potes ut vis, utcumque potes
facito. ● Si non ut volumus, tamen ut possumus.
406. Quando igitur orator est vir bonus, is autem citra
virtutem intellegi non potest. [Quintiliano, Institutio
Oratoria 12.2.1]. Quando, pois, o orador é um homem de
bem, não se pode concebê-lo sem virtude. VIDE: ● Citra
virtutem vir bonus intellegi non potest.
407. Quando fatuo delectari volo, non est mihi longe
quaerendus: me rideo. [Sêneca, Epistulae Morales 50.2].
Quando quero me divertir à custa de um tolo, não preciso ir
longe: rio de mim mesmo.
408. Quando ius domini regis et subditi concurrunt, ius
regis praeferri debet. [Jur / Broom 55]. Quando o direito do
senhor rei e o dos súditos se chocam, o direito do rei deve ser
preferido. VIDE: ● Detur digniori.
409. Quando leoni fortior eripuit vitam leo? [Juvenal, Satirae
16.160]. Quando o leão mais forte tirou a vida a outro leão?
■ Lobo não come lobo.
410. Quando lex aliquid concedit, conceditur et id sine quo
res ipsa esse non potest. [Jur / Broom 372]. Sempre que a
lei autoriza algo, é autorizado também o que sem o qual a
própria coisa não pode acontecer.
411. Quando licet id quod maius, videtur et licere id quod
minus. [Jur / Black 1476]. Quando o maior é permitido,
entende-se que também é permitido o menor. ■ Quem pode o
mais, pode o menos.
412. Quando lingua malum loquitur, mala percipit auris.
[Pereira 114]. Quando a língua fala coisas más, o ouvido
ouve coisas más. ■ Como falares, assim ouvirás. ■ No
açougue quem mal fala mal ouve.
413. Quando lupum lupula vorat, esurit undique silva.
[DAPR 406]. Quando a loba come o lobo, a floresta está toda
esfomeada. ■ Quando um lobo come outro, fome há no souto.
414. Quando mulcetur villanus, peior habetur. [Trench,
Proverbs]. Quanto mais se afaga o vilão, pior se comporta.
■ Quanto se faz ao vilão, tudo é maldição. ■ O vilão morde a
mão que o afaga e beija o pé que o esmaga.
415. Quando occasio perit, post sero cupit. [Plauto, Aulularia
248]. Quando se perde a oportunidade, depois é tarde para
desejá-la. ■ O tempo e a ocasião não esperam por ninguém.
416. Quando plus fit quam fieri debet, videtur etiam illud
fieri quod faciendum est. [Jur / Broom 143]. Quando se faz
mais do que se deve fazer, entende-se que também se faz o
que deve ser feito.
417. Quando quod ago non valet ut ago, valeat quantum
valere potest. [Jur / Black 1476]. Quando o que eu faço não
tem efeito como eu o faço, que tenha tanto efeito quanto
possa ter. ● Quando res non valet ut ago, valeat quantum
valere potest. [Black 476]. Quando uma coisa não tem efeito
como eu faço, que tenha tanto efeito quanto possa ter.
418. Quando res non valet ut ago, valeat quantum valere
potest. [Jur / Broom 413]. Quando o ato não vale como eu
desejo, que valha quanto possa valer.
419. Quando secessus mei non desidiae nomen, sed
tranquillitatis accipient? [Plínio Moço, Epistulae 4.23.4].
Quando o meu isolamento não mais receberá o nome de
preguiça, mas de tranqüilidade?
420. Quando senectus venerit, pulchritudo fugiet. Quando a
velhice chegar, tua beleza fugirá.
421. Quando tacet stolidus, prudenti corde putatur. [Pereira
115]. Quando o parvo fica calado, é julgado prudente. ■ O
parvo calado por sábio é reputado. ■ O parvo calado pouco
dista do avisado. VIDE: ● Dum tacet insipiens, sapiens
tantisper habetur. ● Est tacens qui invenitur sapiens.
● Intellegis me esse philosophum? Intellexeram, si
tacuisses. ● Sapiens est, qui tacere novit. ● Si tacuisses,
philosophus mansisses. ● Sile et philosophus esto.
● Stultitiam dissimulare non potes, nisi taciturnitate.
● Stultus quoque si tacuerit, sapiens reputabitur. ● Stultus
tacebit: pro sapiente habebitur. ● Taciturnitas stulto
homini pro sapientia. ● Tunc sapient stolidi, cum fuerint
taciti.
422. Quando terra iter facere possis, ne mari facias.
[Stevenson 2050]. Quando puderes ir por terra, não vás por
mar. ■ Quem tem pressa, vá por terra, que por mar pode-se
afogar. ■ Quem tem pressa, vai por terra, que viagens por
mar não são certas.
423. Quando timor maior, tunc Deus est propior. [DAPR
92]. Quando o medo é maior, então Deus está mais perto.
■ Quando a necessidade é grande, a Providência é vizinha.
■ Ao baixel sem esperança, Deus depara o porto.
424. Quando unquam regni societas aut cum fide coepit aut
sine cruore discessit? [Minúcio Félix, Octavius 1.2].
Quando jamais um poder supremo em sociedade começou
com confiança ou acabou sem sangue? VIDE: ● Nulla enim
fides regni sociis.
425. Quando verba et mens congruunt, non est
interpretationi locus. [Jur / Black 1476]. Quando as
palavras e a intenção concordam, não há lugar para
interpretação.
426. Quando verba sunt clara, non admittitur mentis
interpretatio. [Jur]. Quando as palavras são claras, não se
admite a interpretação da intenção. VIDE: ● In claris non fit
interpretatio.
427. Quando voles alios verbis mordere caninis, foeda tui
cordis respice, mutus eris. [Pereira 110]. Quando quiseres
morder os outros com palavras caninas, olha as indignidades
do teu coração, e ficarás mudo. ■ Mete a mão no próprio
seio, não dirás do fado alheio. VIDE: ● Foeda tui cordis
respice, mutus eris. ● Qui alteri vult iniuste dicere, se
prius respiciat. ● Vitia qui aliorum punit, sua prius
corrigere debet.
428. Quandoque bonus dormitat Homerus. [Horácio, Ars
Poetica 359]. O bom Homero às vezes cochila. ■ Até o sábio
se engana. ■ Ninguém há perfeito. VIDE: ● Aliquando bonus
dormitat Homerus. ● Aliquando dormitat et Homerus.
● Dormitat et Homerus. ● Indignor quandoque bonus
dormitat Homerus. ● Interdum etiam bonus dormitat
Homerus. ● Qui enim nimium invigilat, interdum
dormitat.
429. Quandoque hamus latebit sub esca. [Boncompagno,
Palma 26.1]. Às vezes haverá um anzol escondido debaixo
da comida. ■ Anzol sem isca, peixe não belisca.
430. Quandoque magna iucunditas est nihil sapere.
[Dumaine 244]. Às vezes é uma grande alegria não saber de
nada.
431. Quandoquidem accepto claudenda est ianua damno.
[Henderson, Latin Proverbs / Stevenson 2541]. Já que se
recebeu o prejuízo, a porta deve ser trancada.
432. Quanta dementia! Que loucura!
433. Quanta dementia est spes longas inchoantium! [Sêneca,
Epistulae Morales 101.4]. Como é grande a loucura dos que
acalentam longas esperanças!
434. Quanta est vis eloquentiae! [Sêneca Retórico,
Controversiae 7.2.7]. Como é grande a força da eloqüência!
435. Quanta pax! Que serenidade!
436. Quanta pax õbitus tulit! [Sêneca, Hercules Oeteus 1685].
Quanta pax nos traz a morte!
437. Quanta quanta haec mea paupertas est, tamen adhuc
curavi unum hoc quidem, ut mihi esset fides. [Terêncio,
Phormio 903]. Por maior que seja minha pobreza, até aqui
cuidei de uma única coisa: de ser fiel à minha palavra.
438. Quanta sit admirabilitas caelestium rerum atque
terrestrium! [Cícero, De Natura Deorum 2.90]. Como é
admirável o espetáculo das coisas celestes e terrestres!
439. Quanta stupiditas mea! Como foi grande a minha falta de
senso!
440. Quanta vir bonus accepit beneficia, tanta reddit. O
homem honesto retribui tantos benefícios quantos tenha
recebido.
441. Quanta vis amicitiae concordiaeque sit, ex
dissensionibus atque discordiis percipi potest. [Cícero, De
Amicitia 23]. Como é grande a força da amizade pode-se
perceber no momento dos desentendimentos e das discórdias.
442. Quanti casus humana rotant! [Sêneca, Hippolytus 1123].
Quanto a sorte mexe com o destino dos homens!
443. Quanti est sapere! [Terêncio, Eunuchus 791]. Quanto
vale o saber!
444. Quanti fama? Qual é o preço da fama?
445. Quanti minoris. [Jur / Bouvier, Law Dictionary]. De
quanto menos. (=A ação quanti minoris visa a reduzir o
preço de uma coisa vendida com defeito).
446. Quanti quanti bene emitur quod necesse est. [Cícero,
Ad Atticum 12.23]. O que é necessário por qualquer preço se
compra bem. VIDE: ● Quod non opus est, asse carum est.
447. Quanti vero aestimanda est ista civitas, ex qua boni
sapientesque pelluntur? [Cícero, Tusculanae Disputationes
5.109]. Que valor se atribuirá a esta cidade, da qual os
honestos e os sábios são expulsos?
448. Quantitas delicti. [Jur]. A gravidade do crime.
449. Quanto altior est ascensus, tanto durior descensus.
[S.Jerônimo / Sweet 129]. Quanto mais alta a subida, tanto
mais dura a descida. ■ Quanto mais alto se vai, de mais alto
se cai. ■ Quanto mais alto o coqueiro, maior é o tombo.
● Quanto altior gradus, tanto profundior casus. [S.Beda,
Proverbiorum Liber]. Quanto mais alta a subida, tanto mais
profunda a queda. ● Quanto gradus altior, tanto casus
gravior. [Stevenson 749]. VIDE: ● Ex alto casus gravior. ● Ex
alto enim ruina gravior est, et magnum sonum facit.
● Periculosior casus ab alto. ● Quo altior gradus, tanto
profundior casus.
450. Quanto altius ascendit homo, lapsus tanto altius cadet.
[Pedro Crisólogo / DAPR 596]. Quanto mais alto sobe o
homem, ao escorregar, tanto mais fundo cairá. ■ Quem muito
alto vai de muito alto cai.
451. Quanto in loco superiore, tanto in periculo maiore.
[RSA 47]. Quanto mais alta a posição, tanto maior o perigo.
■ Quanto mais alta a berlinda, maior o trambolhão.
452. Quanto magis in via vitae quis errat, tanto minus sapit.
[S.Agostinho, De Libero Arbítrio 2.9.26]. Quanto mais
alguém vaga no caminho da vida, tanto menos sabe.
453. Quanto magis melior est homo ove? [Vulgata, Mateus
12.12]. Quanto mais excelente é um homem do que uma
ovelha?
454. Quanto magis procedit dilectio, tanto magis dolet
infortunio. [VES 30]. Quanto mais longe vai o amor, tanto
mais se sofre com a desventura.
455. Quanto magnus es, humilia te in omnibus, et coram
Deo invenies gratiam. [Vulgata, Eclesiástico 3.20]. Quanto
maior és, mais te deves humilhar em todas as coisas, e
acharás graça diante de Deus.
456. Quanto maior eris, tanto moderatior esto. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 20]. Quanto mais poderoso
fores, sê tanto mais comedido.
457. Quanto minus spei est, tanto magis amo. [Terêncio,
Eunuchus 1053]. Quanto menos esperança há, tanto mais
amo.
458. Quanto plura parasti, tanto plura cupis. [Horácio,
Epistulae 2.2.147]. Quanto mais juntaste, tanto mais queres.
■ Quanto mais temos, mais desejamos. ● Quanto plura
paramus, tanto plura cupimus. Quanto mais conseguimos,
mais queremos.
459. Quanto plus bibunt, tanto magis sitiunt. [Augustin
Tunger, Facetiae Latinae et Germanicae 46]. Quanto mais
bebem, mais sede têm. (=Diz-se dos que são dados a bebidas
espirituosas). ■ Quanto mais bebe, mais quer beber. ■ Bebem
como uma esponja. ● Quanto plus biberint, tanto plus
sitient Parthi. [Albertatius 1133]. Os persas, quanto mais
beberem, mais sede terão.
460. Quanto plus honoramur, tanto plus periclitamur.
[S.Agostinho / Bernardes, Luz e Calor 1.219.25]. ■ Quanto
mais honrados, mais arriscados.
461. Quanto plus liceat, tam libeat minus. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Cleobulus]. Quanto mais nos for
permitido, tanto menos prazer nos dá.
462. Quanto plus tormenti, tanto plus erit gloriae. [Sêneca,
De Providentia 3.9]. Quanto maior for seu sofrimento, tanto
maior será sua glória.
463. Quanto quisque sibi plura negaverit, ab dis plura feret.
[Horácio, Carmina 3.16.21]. Quanto mais alguém recusar a
si, mais receberá dos deuses.
464. Quanto satius est iram relinquere quam ab ira relinqui.
[Sêneca, De Ira 3.27.4]. Quanto é melhor abandonar a ira do
que ser abandonado por ela.
465. Quanto satius est, rectum sequi limitem, et eo se
perducere. [Sêneca, Epistulae Morales 123]. Como é melhor
tomar o caminho reto e por ele se conduzir.
466. Quanto satius est sanare iram quam ulcisci! [De Ira,
3.27.1]. Quanto é melhor sanar a ira que vingar-se!
467. Quanto serius peccatur, tanto incipitur turpius.
[Publílio Siro]. Quanto mais tarde alguém se entrega ao
vício, mais vergonhoso é o começar.
468. Quanto superiores simus, tanto nos submissius
geramus. [Cícero, De Officiis 1.26]. Quanto mais elevados
estamos, tanto mais escravos nos tornamos.
469. Quanto timor maior, tunc Deus est propior. [DAPR 92].
Quanto maior é o medo, Deus está mais próximo.
470. Quantula sunt hominum corpuscula! Como são
minúsculos os corpinhos dos homens! VIDE: ● Mors sola
fatetur quantula sint hominum corpuscula.
471. Quantum. Quanto. (=Quantum. Palavra latina que
significa uma quantidade ou soma que não se designa: Os
árbitros fixarão o quantum da indenização. Dicionário
Prático Ilustrado, Lello & Irmão Editores).
472. Quantum ad plebem, ab iis raro creatur periculum, nisi
habeant ductores potentes et populares. [Bacon, De
Imperio 12]. Quanto à plebe, deles raramente vem alguma
ameaça, a não ser que tenham líderes poderosos e populares.
473. Quantum arbitror. Na minha opinião. VIDE: ● Iudice me.
● Me iudice. ● Mea sententia. ● Meo animo. ● Meo
arbitratu. ● Meo iudicio. ● Sicut arbitror. ● Ut arbitror.
474. Quantum astronomi metiuntur, tantum astrologi
mentiuntur. [Rezende 5387]. Quanto os astrônomos medem,
tanto os astrólogos mentem.
475. Quantum boni opportuna mors habet! [Sêneca, Ad
Marciam 20]. Que grande vantagem tem a morte na hora
certa!
476. Quantum deperdit se concinnando puella, tantum
siccando pocula perdit anus. [Pereira 94]. Quanto perde a
moça a se enfeitar, tanto perde a velha esvaziando copos. ■ A
moça em se enfeitar e a velha em beber, gastam todo o seu
haver.
477. Quantum dignus es, tantum tibi tribuitur. Ser-te-á dado
de acordo com teu mérito.
478. Quantum discordet parcus avaro! [Horácio, Epistulae
2.2.194]. Quanto o econômico se diferença do avarento! VIDE:
● Parcus discordat avaro.
479. Quantum est adhibere hominem amicum, ubi quid
geras! [Plauto, Persa 600]. Como é importante recorrer-se a
um amigo, quando se está tratando de um negócio!
480. Quantum est quod nescimus! [Daniel Heinsius / Rezende
5392]. Quanta coisa há que ignoramos!
481. Quantum habet quisque, tanti sit. [Grynaeus 215].
Quanto uma pessoa tem, tanto vale. ■ Quanto tens, tanto
vales. ■ Vale quem tem. ● Quantum habebis, tantus eris.
[S.Agostinho / Grynaeus 215]. Quanto tiveres, tanto valerás.
VIDE: ● Nihil satis est, quia tanti, quanti habeas, sis. ● Tanti
quantum habeas, sis. ● Tanti quisque sit, quantum
possidet. ● Tanti revera estis, quantum habetis. ● Ubique
tanti quisque, quantum habuit, fuit.
482. Quantum homo bilinguis saepe concinnet mali. [Fedro,
Fabulae 2.5.25]. Quanto mal faz um homem de duas
palavras.
483. Quantum libet. Tanto quanto quiser. A gosto. VIDE: ● Ad
libitum. ● Ad libita. ● Quantum placet. ● Quantum vis.
● Quantumvis.
484. Quantum meruit. [Jur]. Tanto quanto mereceu.
485. Quantum mortalia pectora caecae noctis habent!
[Ovídio, Metamorphoses 6.472]. Em que tenebrosa
ignorância estão mergulhados os corações dos mortais!
486. Quantum mutatus ab illo! [Rezende 5393]. Como está
diferente do que era! ■ Quem te viu e quem te vê! ■ Cavalo
formoso de potro sarnoso. ● Quantum mutatus ab illo
Hectore! [Virgílio, Eneida 2.274]. Como está diferente do
Heitor que era! VIDE: ● Sui dissimilis est.
487. Quantum oculis, animo tam procul ibit amor.
[Propércio, Elegiae 3.21.10]. O amor, quanto mais se afastar
dos olhos, tanto mais se afastará do coração. ■ Longe dos
olhos, longe do coração. ■ A mortos e idos, poucos amigos.
VIDE: ● Non sunt amici, amici qui degunt procul. ● Quam
procul est oculus, tam procul ibit amor. ● Qui semotus sit
ab oculis, eumdem ab animo quoque semotum esse.
488. Quantum opus est et quantum satis est. [Quintiliano,
Institutiones 4.2.45]. Quanto é necessário e quanto é
bastante. ■ Dá e sobra. VIDE: ● Quantum satis est, et plus
satis.
489. Quantum ore dixerimus, sane cor cordi loquitur, lingua
non nisi aures pulsat. [S.Francisco de Sales]. Tudo que
dissermos com a boca, fale o coração diretamente ao
coração, pois a língua fala somente ao ouvido. VIDE: ● Cor ad
cor loquitur.
490. Quantum pater colligit, tantum filius dissipat. [DAPR
352]. Quanto o pai junta, tanto o filho dissipa. ■ A pai avaro,
filho pródigo. ■ Pai ganhão, filho lambão, neto ladrão.
491. Quantum placet. Quanto te agradar. A gosto. VIDE: ● Ad
libitum. ● Ad libita. ● Quantum libet. ● Quantum vis.
● Quantumvis.
492. Quantum potes, tantum aude. Ousa só quanto puderes.
493. Quantum quisque ferat, respiciendus erit. [Ovídio,
Amores 1.8.37]. Cada um deverá ser avaliado pelo que te
oferecer. ■ Vale quem tem.
494. Quantum quisque se ipse facit, sic fit ab amicis.
[Rezende 5395]. Como cada um se estima, assim se faz
estimar pelos amigos. ■ Como cada um se estima, assim o
estimam.
495. Quantum quisque sua nummorum servat in arca,
tantum habet et fidei. [Juvenal, Satirae 3.43]. Quanto
dinheiro alguém guarda na arca, tanto crédito tem. ■ Quem
tem dinheiro tem graça e amigos.
496. Quantum satis. Quanto baste. ● Quantum sufficit.
497. Quantum satis est, et plus satis. [Plauto, Epidicus 345]. É
bastante e mais que bastante. ■ Dá e sobra. VIDE: ● Quantum
opus est et quantum satis est.
498. Quantum vis. Quanto quiseres. A gosto. ● Quantumvis.
VIDE: ● Ad libitum. ● Ad libita. ● Quantum placet.
499. Quantus in exiguo tempore fugit amor! [Propércio,
Elegiae 1.12.11]. Que grande amor desapareceu em tempo
tão curto!
500. Quare appenditis argentum non in panibus, et laborem
vestrum non in saturitate? [Vulgata, Isaías 55.2]. Por que
motivo empregais o dinheiro não em pães, e o vosso trabalho
não em fartura?
501. Quare (...) facis homines quasi pisces? [Vulgata,
Habacuc 1.44]. Por que fazes os homens como os peixes?
■ Peixão graúdo come peixito miúdo.
502. Quare frusta laboravi? [Vulgata, Jó 9.29]. Por que
trabalhei eu em vão?
503. Quare hodie, et non cras? [S.Agostinho, Sermones
87.11]. Por que hoje, e não amanhã?
504. Quare loquelam meam non cognoscitis? [Vulgata, João
8.43]. Por que não conheceis vós a minha fala?
505. Quare non permittitur applicare dexteram meam
dexterae tuae, atque audire et reddere verba non
simulata? Por que não nos é permitido unir a minha mão à
tua, e ouvir e dizer palavras verdadeiras? VIDE: ● Cur dextrae
iungere dextram non datur, ac veras audire et reddere
voces?
506. Quare seduceris, fili mi, ab aliena, et foveris in sinu
alterius? [Vulgata, Provérbios 5.20]. ]. Por quê, meu filho, te
deixas enganar pela mulher alheia, e repousas no seio duma
estranha?
507. Quare tristis es, anima mea? [Vulgata, Salmos 41.6]. Por
que estás triste, minh'alma?
508. Quare verbis parcam? gratuita sunt. [Sêneca, Epistulae
Morales 29.2]. Por que eu economizaria palavras? Elas são
gratuitas. ■ Palavras não custam dinheiro.
509. Quare vitia sua nemo confitetur? Quia etiam nunc in
illis est: somnium narrare vigilantis est. [Sêneca, Epistulae
Morales 53.8]. Por que ninguém confessa seus defeitos? É
porque as pessoas ainda agora permanecem neles: só quem
está acordado pode contar seu sonho.
510. Quarumdam rerum initia in nostra potestate sunt:
ulteriora nos sua vi rapiunt, nec regressum relinquunt.
[Sêneca, De Ira 1.7]. O começo de certas coisas está em
nosso domínio, a sua continuação nos arrasta por sua força, e
não permite retorno.
511. Quas dederis, solas semper habebis opes. [Marcial,
Epigrammata 5.42.8]. As únicas riquezas que sempre terás,
são as que doares. ■ Fazer bem nunca se perde.
512. Quas voluit Numen condere, rebus adest. [Pereira 111].
Deus assiste aquilo que Ele quis criar. ■ Não fez Deus a quem
desamparasse.
513. Quasi agnum committere lupo, ad devorandum. Como
se entregasse o cordeiro ao lobo, para devorar.
514. Quasi aurum igni, sic benevolentia fidelis periculo
aliquo perspici possit. [Cícero, Ad Familiares 9.16]. Do
mesmo modo que se pode conhecer o ouro pelo fogo, pode-
se conhecer a dedicação fiel pelo perigo. ■ Amigo certo
conhece-se na fortuna incerta. VIDE: ● Ut fulvum spectatur
in ignibus aurum, tempore sic duro est inspicienda fides.
515. Quasi bos ductus ad victimam. [Vulgata, Provérbios
7.22]. Como boi que é levado ao sacrifício.
516. Quasi in procella navis. [Vulgata, Eclesiástico 33.2].
Como uma nave na tempestade.
517. Quasi incudem me caedis. [Pereira 110]. Malhas-me
como se eu fosse uma bigorna. ■ Malhais em mim como em
centeio verde.
518. Quasi incudem me miserum homines octo validi
caedant. [Plauto, Amphitruo 161]. É como se oito homens
fortes malhassem em mim, pobre coitado, como numa
bigorna.
519. Quasi nix tabescit dies. [Plauto, Stichus 639]. O dia está-
se derretendo como neve.
520. Quasi oliva speciosa in campis. [Vulgata, Eclesiástico
24.19]. Como uma bela oliveira no campo.
521. Quasi oves non habentes pastorem. [Vulgata, 1Reis
22.17]. Como ovelhas que não têm pastor.
522. Quasi per risum stultus operatur scelus. [Vulgata,
Provérbios 10.23]. O tolo rindo pratica a iniqüidade.
523. Quasi piscis, itidem est amator lenae: nequam est, nisi
recens. [Plauto, Asinaria 178]. Como o peixe, assim é o
amante da prostituta: só presta se for fresco.
524. Quasi qui apprehendit umbram et persequitur ventum
sic et qui attendit ad visa mendacia. [Vulgata, Eclesiástico
34.2]. Como quem agarra a sombra e persegue o vento, assim
é quem confia nos sonhos mentirosos.
525. Quasi quicquam infelicius sit homine cui sua figmenta
dominantur? [Montaigne, Éssais 2.12.2]. Que há de mais
infeliz do que o homem que é escravizado pelas coisas que
imagina?
526. Quasi solstitialis herba, paulisper fui; repente exortus
sum, repentino occidi. [Plauto, Pseudolus 37]. Como o
capim que nasce no verão, floresci um pequeno momento; de
repente nasci, de repente morri.
527. Quasi stultus stultis persuadere conaris. [Tosi 399].
Procurarás convencer o tolo como se tu fosses tolo.
528. Quasi umbra, quoquo tu ibis, te semper sequar. [Plauto,
Casina 4]. Aonde quer que vás, seguir-te-ei sempre como
uma sombra. ● Quasi umbra te semper sequar. Sempre te
seguirei como se fosse tua sombra.
529. Quasi vero forti viro vis possit adhibere. [Cícero, De
Officiis 2.39]. Como se a violência pudesse alguma coisa
sobre o homem corajoso.
530. Quatenus nobis denegatur diu vivere, relinquamus
aliquid, quo nos vixisse testemur. [Plínio Moço, Epistulae
3.7]. Na medida em que nos é negado viver por muito tempo,
deixemos algo por meio de que provemos termos vivido.
531. Quattuor abscondi non possunt: tussis, amor, ignis,
dolor. [Tosi 1422]. Quatro coisas não se podem esconder:
tosse, amor, fogo e dor. ■ Tosse, amor e febre ninguém
esconde. ■ Amor, fogo e tosse a seu dono descobrem. ■ Mal
finge quem quer bem. VIDE: ● Amor tussisque non celantur.
● Difficile est abscondere pectoris aestus. ● Nec amor nec
tussis celatur. ● Quis enim bene celat amorem?
532. Quattuor essentiae. [Filosofia]. Os quatro elementos
essenciais. (=Terra, água, ar, fogo).
533. Quattuor ista: metus, munus, dilectio, rancor, saepe
solent hominum rectos pervertere sensus. [Rezende 5408].
O medo, o mando, o amor e o ódio, essas quatro coisas
muitas vezes pervertem os sentimentos retos dos homens.
■ Quatro coisas desterram a justiça: o amor, o ódio, o medo
e a ignorância.
534. Quavis re dignus. Digno de qualquer coisa. ■ Digno de
um monumento. VIDE: ● Dignus obelisco. ● Dignus re quavis.
535. Quem ad finem? A que propósito?
536. Quem alienum fidum invenies, si tuis hostis fueris?
[Salústio, Bellum Iugurthinum 10.2]. Em que estranho
confiarás, se és inimigo dos teus?
537. Quem amabit qui ipse semet oderit? A quem amará
aquele que odeia a si mesmo? VIDE: ● Quemquam amabit,
qui ipse semet oderit?
538. Quem amat, amat, quem non amat, non amat.
[Petrônio, Satiricon 37]. De quem ele gosta, gosta; de quem
não gosta, não gosta.
539. Quem amat Deus, moritur iuvenis. [Schrevelius 1169].
Quem Deus ama, morre jovem. ■ Quem Deus ama, cedo
chama. VIDE: ● Deus saepe quem diligit, a vita citius aufert.
● Quem di diligunt adulescens moritur. ● Quem diligunt
di, iuvenis ille tollitur.
540. Quem arma Persarum non fregerunt, vitia vicerunt.
[Quinto Cúrcio, Historiae 6.2]. Aquele a quem as armas dos
persas não esmagaram os vícios venceram.
541. Quem bono tenere non potueris, contineas malo.
[Publílio Siro]. Aquele que não puderes conter pelo bem
contém pelo mal.
542. Quem Deus vehit, scirpea navigat rati. Aquele a quem
Deus conduz, navega até numa cesta de vime. ■ A quem Deus
quer bem, o vento lhe apanha a lenha. ■ Ventura te dê Deus,
filho, que o saber pouco te basta. VIDE: ● Deo favente,
naviges vel vimine. ● Deo volente, et viminibus naviges.
● Qui cum Deo navigat, vel in vimine naviget
543. Quem dies veniens vidit superbum, hunc dies videt
fugiens iacentem. [Sêneca, Thyestes 612]. Quem o dia
nascente viu soberbo, o dia que parte vê morto.
544. Quem dii diligunt adulescens moritur. [Menandro /
Plauto, Bacchides 776]. Quem os deuses amam, morre
jovem. ■ Quem Deus ama, cedo chama. VIDE: ● Deus saepe
quem diligit, a vita citius aufert. ● Quem amat Deus,
moritur iuvenis. ● Quem diligunt di, iuvenis ille tollitur.
545. Quem dii oderunt, paedagogum fecerunt. [Gallus]. A
quem os deuses odeiam, fizeram professor.
546. Quem diligas, ni recte moneas, oderis. [Publílio Siro]. Se
não advertes honestamente a quem amas, certamente tu o
odeias. ■ Quem ama castiga.
547. Quem diligunt dii, iuvenis ille tollitur. [Menandro /
Grynaeus 713]. Quem os deuses amam é levado jovem.
■ Quem Deus ama, cedo chama. VIDE: ● Deus saepe quem
diligit, a vita citius aufert. ● Quem amat Deus, moritur
iuvenis. ● Quem dii diligunt adulescens moritur.
548. Quem enim diligit Dominus, corripit. [Vulgata,
Provérbios 3.12]. O Senhor corrige aquele a quem ama.
■ Quem bem ama bem castiga. ■ Quem ama castiga. ● Quem
enim diligit Dominus, castigat. [Vulgata, Hebreus 12.6].
549. Quem fama semel oppressit, vix restituitur. [Publílio
Siro]. Dificilmente se restabelece quem a opinião pública
esmagou uma vez. ● Quem fama semel oppressit, vix aut
nunquam restituit. [Albertano da Brescia, Liber de Amore
3.3]. Dificilmente ou nunca se restabelece quem a opinião
pública esmagou uma vez.
550. Quem fata pendere volunt, non mergitur undis. [DAPR
304]. Aquele a quem o destino quer enforcar não se afoga no
mar. ■ Quem nasceu para a forca não morre afogado. ■ O
que vai morrer enforcado não vai morrer afogado. VIDE:
● Destinatus cruci non submergitur. ● Quod corvis natum
est, non submergitur aquis. ● Quod corvis natum est,
nunquam submergitur undis.
551. Quem felicitas amicum fecit, infortunium faciet
inimicum. [Boécio, De Consolatione Philosophiae 5. Prosa
3.13]. ■ A quem a prosperidade fez amigo a adversidade fará
inimigo. ■ Amigo de bom tempo muda-se com o vento.
552. Quem ferret, si parentem non ferret suum? [Terêncio,
Heauton Timorumenos 202]. Quem é que ele vai aturar, se
não aturar o próprio pai?
553. Quem fortuna nigrum pinxerit, illum nec universum
tempus candidum reddere potest. [Apostólio, Paroimiai
14.51]. Quem a sorte tiver pintado de negro, a esse nem a
eternidade pode fazer branco. (=Aquele a quem a sorte
repele, tudo que tentar dará errado). ■ Quando se está infeliz,
cai-se de costas e quebra-se o nariz. ■ Urubu, quando está
infeliz, não há galho de pau que o agüente. ● Quem fortuna
nigrum pinxit, hunc nulla aetas dealbabit.
554. Quem fugis, a! demens? Habitarunt di quoque silvas.
[Virgílio, Eclogae 2.60]. Ai! De quem estás fugindo, louco?
Até deuses viveram nestes bosques.
555. Quem Iuppiter odit, servum hunc primum facit.
[Plauto, Aulularia 811]. Júpiter, a quem odeia, a primeira
coisa que lhe faz é torná-lo escravo.
556. Quem Iuppiter vult perdere, dementat prius. Aquele a
quem Júpiter quer arruinar, primeiro priva-o do juízo.
■ Formiga, quando se quer perder, cria asas. VIDE: ● Iuppiter
quos vult perdere, dementat prius. ● Perdere quos vult
deus dementat. ● Quos deus perdere vult, dementat prius.
● Quos vult Iuppiter perdere dementat. ● Quos vult
perdere Iuppiter, dementat prius. ● Stultum facit
Fortuna, quem vult perdere.
557. Quem magis admiraberis, quam qui imperat sibi, quam
qui se habet in potestate? [Sêneca, De Beneficiis 5.7]. Que
mais admirarás do que aquele que governa a si mesmo, do
que aquele que tem domínio sobre si? VIDE: ● Potentissimus
est qui se habet in potestate.
558. Quem metuit quisque, periisse cupit. [Ovídio, Amores
2.2.10]. A quem se odeia, deseja-se que morra. ■ A quem
muito tememos, morto o queremos. ● Quem metuunt,
oderunt; quem quisque odit periisse expetit. [Ênio /
Cícero, De Officiis 2.7]. Odeiam a quem temem, e a quem se
odeia, deseja-se que morra. VIDE: ● Quem quisque metuit,
odit; quem odit, periisse cupit.
559. Quem nemo ferro potuit superare, nec auro. [Ênio,
Fragmenta 230]. Ninguém pôde vencê-lo, nem com a espada,
nem com o ouro.
560. Quem neque gloria neque pericula excitant,
nequicquam hortere. [Salústio, Catilina 58.1]. Não
estimules em vão a quem nem a glória nem os perigos
excitam.
561. Quem paenitet peccasse, paene est innocens. [Sêneca,
Agamemnon 243]. Quem se arrepende de ter errado é quase
inocente. ■ Quem se arrepende salva-se. ■ O arrependimento
lava a culpa.
562. Quem prospera non corrumpunt, adversa non deiciunt.
Aquele a quem a prosperidade não corrompe a adversidade
não abate.
563. Quem quaeritis? A quem procurais?
564. Quem quaeritis adsum. [Virgílio, Eneida 1.595]. Sou
aquele a quem procurais.
565. Quem quis amat, sciens non laedit. [Quintiliano,
Institutiones 5.74]. Ninguém fere conscientemente a quem
ama.
566. Quem quisque metuit, odit; quem odit, periisse cupit.
Odeia-se a quem se teme, e a quem se odeia, deseja-se que
morra. ■ A quem muito tememos, morto o queremos. VIDE:
● Quem metuit quisque, periisse cupit. ● Quem metuunt,
oderunt; quem quisque odit periisse expetit.
567. Quem ratio non percutit, nec baculus percusserit.
[Apostólio, Paroimiai 14.54]. A quem a razão não convence,
a esse nem o bastão convencerá.
568. Quem res plus nimio delectavere secundae, mutatae
quatient. [Horácio, Epistulae 10.30]. Aqueles a quem a sorte
favorável muito protegeu, esses ela mais abate quando se
torna adversa.
569. Quem saepe transit casus aliquando invenit. [Sêneca,
Hercules Furens 328]. A adversidade um dia atinge a quem
ela muitas vezes roçou. ■ Tantas vezes vai o caldeirão ao
poço, que um dia lá fica. ■ Quem em pedra duas vezes
tropeça, não é muito quebrar a cabeça. ■ Quem muitas vezes
vai à cadeia, é sinal de forca. VIDE: ● Amphora quae saepius
petit fontem valde periclitatur. ● Cantharus assidue
gestatus perdidit ansam. ● Frangitur assidua fictilis urna
via. ● Casus quem saepe transit, aliquando invenit.
● Frangitur assidua fictilis urna via. ● Hydria tam diu ad
fontem portatur, donec vel tandem frangatur. ● Ollula
tam crebro fertur ad aquam, quod fracta refertur.
570. Quem semel ipse Deus fecit, non deserit unquam.
[Rezende 5416]. Deus jamais desampara a quem ele mesmo
fez. ■ Não fez Deus a quem desamparasse.
571. Quem spes delusit, huic querela convenit. [Fedro,
Fabulae 5.6.7]. O homem que a esperança enganou tem o
direito de queixar-se.
572. Quem taurum metuis, vitulum mulcere solebas.
[Ovídio, Ars Amatoria 2.1.341]. O touro que temes,
costumavas acariciar quando era bezerro. VIDE: ● Ante fuit
vitulus, qui nunc fert cornua taurus.
573. Quem una uxor non castigat, dignus est pluribus.
[Petrarca / Rezende 5417]. Aquele a quem uma única mulher
não corrige, merece várias.
574. Quem Venus arbitrum dicet bibendi? [Horácio, Carmina
2.7.20]. A quem Vênus indicará para rei do festim? VIDE:
● Arbiter bibendi.
575. Quemadmodum aqua contraria igni, sic immodestia
vini rationem exstinguit. [S.Basílio, Contra Ebrietatem /
Bernardes, Nova Floresta 1.22]. Do mesmo modo que a água
é contrária ao fogo, também o excesso de vinho apaga a
razão. ■ A água apaga o fogo, e o vinho, a razão.
576. Quemadmodum desiderat cervus ad fontes aquarum,
ita desiderat anima mea ad te, Deus. [Vulgata, Salmos
41.2]. Assim como o servo suspira pelas fontes das águas,
assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
577. Quemadmodum eadem catena et custodiam et militem
copulat, sic ista, quae tam dissimilia sunt, pariter
incedunt: spem metus sequitur. [Sêneca, Epistulae Morales
5.7]. Do mesmo modo que a corrente liga o prisioneiro e o
guarda, assim também coisas tão diferentes se mantém
juntas: o medo é companheiro da esperança.
578. Quemadmodum omnia vitia penitus insidunt, nisi, dum
surgunt, oppressa sunt. [Sêneca, Ad Marciam 1.7]. Todos
os vícios se arraigam profundamente, a não ser que sejam
eliminados ao surgirem.
579. Quemadmodum urbium, imperiorumque, ita gentium
nunc florere fortunam, nunc senescere, nunc interire.
[Veleio Patérculo, Historia Romana 2.11.3]. Do mesmo
modo que o destino das cidades e dos impérios, também o
destino das raças é florescer, envelhecer e desaparecer.
580. Quemadmodum vultis ut faciant vobis homines, vos
quoque eis facite. [Schottus, Adagialia Sacra 73]. Como
querei que vos façam os homens, fazei-lhes vós também.
■ Fazei aos outros o que quereis que eles vos façam. VIDE:
● Prout vultis ut faciant vobis homines, et vos facite illis
similiter. ● Quaecumque vultis ut faciant vobis homines,
et vos facite illis.
581. Quemcumque fortem videris, miserum neges. [Sêneca,
Hercules Furens 464]. O bravo que vires, não digas que ele é
infeliz.
582. Quemcumque miserum videris, hominem scias.
[Sêneca, Hercules Furens 463]. Qualquer infeliz que vires,
reconhece-o como um ser humano.
583. Quemcumque quaerit calamitas, facile invenit. [Publílio
Siro]. A má sorte encontra com facilidade aquele a quem
procura. ● À desgraça ninguém foge. VIDE: ● Quoscumque
calamitas quaerit, facile invenit.
584. Quemlibet ignavum facit indignatio fortem. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 23]. A ira faz de qualquer
covarde um homem valente.
585. Quemquam amabit, qui ipse semet oderit? [Erasmo,
Moriae Encomium 22]. Amará alguém aquele que odeia a si
mesmo? VIDE: ● Quem amabit qui ipse semet oderit?
586. Quemvis dolorem lenit una oratio. [Schottus, Adagia
615]. Somente a palavra alivia qualquer dor.
587. Quercus multis ictibus deicitur. [Binder, Medulla 1449].
Com muitos golpes derruba-se o carvalho. ■ Com
perseverança tudo se alcança. ■ Não se fez Roma num dia.
VIDE: ● Multis ictibus deicitur quercus. ● Multis ictibus
subigitur quercus. [Schottus, Adagia 246]. ● Multis ictibus
quercus domatur. [Apostólio, Paroimiai 16.26].
588. Qui a multis timetur, multos timet. [DM 61]. Quem é
temido por muitos a muitos teme. ■ Deve temer a muitos
aquele a quem muitos temem. VIDE: ● Multis terribilis,
caveto multos. ● Multis terribilis, timeto multos. ● Multos
timere debet, quem multi timent. ● Necesse est multos
timeat quem multi timent. ● Qui sceptra duro saevus
imperio regit, timet timentes. ● Qui terret, plus ipse timet.
589. Qui ab uno non potest occidi, a multis occiditur.
[Grynaeus 116]. Quem não pode ser morto por um só, é
morto por muitos. ■ O que um não pode, muitos fazem.
■ Contra dois nem Hércules.
590. Qui abscondit frumenta maledicitur in populis.
[Vulgata, Provérbios 11.26]. O que esconde o trigo é
amaldiçoado entre o povo.
591. Qui accipit mutuum servus est foenerantis. [Vulgata,
Provérbios 22.7]. O que aceita empréstimo é servo do que lhe
empresta.
592. Qui accusare volunt, probationes habere debent.
[Codex Iustiniani 2.1.4]. Quem quer acusar deve ter provas.
593. Qui accusat integrae famae sit, et non criminosus. [Jur /
Black 1480]. Quem acusa deve ser pessoa de boa reputação,
e não ser criminoso.
594. Qui addit scientiam, addit et laborem. [Vulgata,
Eclesiástico 2.1]. Quem aumenta o saber aumenta também o
sofrimento. ● Qui addit sapientiam, addit et dolorem.
[DAPR 591]. ● Qui apponit scientiam, apponit dolorem.
[Erasmo, Encomium Moriae 63]. ● Qui apponit scientiam,
apponit dolorem et laborem. Quem aumenta o saber
aumenta o sofrimento e o trabalho. VIDE: ● Nihil scire est vita
iucundissima. ● Qui multiplicat scientiam, multiplicat
dolorem.
595. Qui adimit medium dirimit finem. [Jur / Black 1480].
Quem tira o meio, destrói o fim.
596. Qui adipisci veram gloriam volet, iustitiae fungatur
officiis. [Cícero, De Officiis 11.44]. Quem quiser alcançar a
verdadeira glória, cumpra os deveres de justiça.
597. Qui aequo malis animo immiscetur, malus est. [DM 75].
Quem com espírito indiferente tem relações com pessoas más
também é mau. ■ Quem com o mal trata sempre se lhe
apega.
598. Qui alias delinquit, delinquentibus facile parcit. Quem
em algumas ocasiões comete erros facilmente perdoa a quem
erra.
599. Qui aliena calamitate gaudet, mox suam deplorabit.
Quem se regozija com a infelicidade alheia, logo lamentará a
própria. ■ Não te alegre com meu mal, que, quando o meu for
velho, o teu será novo.
600. Qui alieno nomine obligatur, fideiussor vocatur. [Gaio,
Digesta 44.7.1]. Denomina-se fiador quem se obriga em
nome de terceiro.
601. Qui alii maledicit, sibi convicium facit. [PSa]. Quem diz
mal de outrem causa confusão para si. ■ Quem fala, paga.
602. Qui aliis nocere existimavit, ipse suam sentiat iacturam.
[Rezende 5421]. Quem pensou prejudicar os outros, deve
sentir o próprio dano.
603. Qui aliquid statuerit, parte inaudita altera, aequum
licet dixerit, haud aequum fecerit. [Jur / Coke / Black
1480]. Quem determinasse alguma coisa sem ouvir a outra
parte, mesmo que fosse imparcial nas palavras, não seria
imparcial na ação. ■ Quem só ouve uma das partes só sabe
parte da verdade. VIDE: ● Qui statuit aliquid, parte inaudita
altera, aequum licet statuerit, haud aequus fuit.
604. Qui aliud occultat animo, aliud vero loquitur.
[Schrevelius 1180]. Esse esconde uma coisa no coração e
fala outra.
605. Qui altari deserviunt, cum altari participant. [Vulgata,
1Coríntios 9.13]. Os que servem ao altar participam do altar.
■ Quem serve o altar dele deve comer. ■ O abade onde canta
daí janta. ● Qui altari servit, de altari manducat. [DAPR
17]. Quem serve ao altar come do altar. VIDE: ● Qui in
sacrario operantur, quae de sacrario sunt, edunt.
606. Qui alteri vult iniuste dicere, se prius respiciat. [DAPR
388]. Quem quer dizer desaforo a outrem, que se olhe antes.
■ Macaco, olha teu rabo. ■ Mete a mão no próprio seio, não
dirás do fado alheio. ■ Quem julga, será julgado. VIDE:
● Foeda tui cordis respice, mutus eris. ● Quando voles
alios verbis mordere caninis, foeda tui cordis respice,
mutus eris. ● Vitia qui aliorum punit, sua prius corrigere
debet.
607. Qui alterum incusat probri, eum se ipsum enitere
oportet. [Plauto, Truculentus 160]. Quem acusa a outrem de
ignomínia, é preciso que ele mesmo seja puro. ■ Quem tem
telhado de vidro não atira pedra no do vizinho. VIDE: ● Qui
carpit mores, labe carere debet.
608. Qui amans egens ingressus est in amoris vias, superavit
aerumnis in suis aerumnas Herculis. [Plauto, Persa 1].
Aquele apaixonado que entrou sem dinheiro no caminho do
amor, excedeu em seus infortúnios a todos os infortúnios de
Hércules. ■ Amor sem dinheiro não é bom companheiro.
609. Qui amant, ipsi sibi somnia fingunt. [Erasmo, Adagia
2.3.90]. Os apaixonados inventam os próprios sonhos.
■ Quem porcos busca, a cada moita lhe grunham. VIDE:
● Amantes sibi somnia fingunt. ● An qui amant ipsi sibi
somnia fingunt? ● Sibi amantes somnia fingunt. ● Quod
quisque sperat, facile credit.
610. Qui amat, circa rem amatam caecus redditur.
[Apostólio, Paroimiai 19.69]. Quem ama fica cego em volta
da coisa amada. ■ O amor é cego. ■ A afeição cega a razão.
VIDE: ● Amor caecus est. ● Caeca amore est. ● Nemo in
amore videt.
611. Qui amat cui odio ipse est, bis facere stulte duco:
laborem inanem ipse capit, et illi molestiam affert.
[Terêncio, Hecyra 343]. Aquele que ama a quem o odeia é,
na minha opinião, duas vezes tolo: traz para si um sofrimento
inútil e um aborrecimento para o outro.
612. Qui amat divitias fructum non capiet ex eis. [Vulgata,
Eclesiastes 5.9]. Quem ama as riquezas não obterá lucro
delas.
613. Qui amat me, amat et canem meum. [Grynaeus 776].
Quem me ama, também ama meu cão. ■ Quem bem quer a
Beltrão bem quer a seu cão. ■ Quem bate no cão, bate no
dono. ● Qui amat me, amet et canem meum. Quem me
ama, também ame meu cão. VIDE: ● Cui dominus gratus,
canis huic meus amicus. ● Qui me amat, amet et canem
meum. ● Qui me amat, amat et canem meam. ● Quisquis
amat dominum, diligit et catulum. ● Tu si me amas,
canem meum dilige.
614. Qui amat periculum in illo peribit. [Vulgata, Eclesiástico
3.27]. Quem ama o perigo nele perecerá. ■ Quem busca
perigo em perigo morre. ■ Quem o mal procura o mal
encontra. ■ Quem com o diabo cava a vinha, com o diabo a
vindima. ● Qui amat periculum, incidet in illud.
[S.Agostinho, Confessiones 6.22]. Quem ama o perigo o
encontrará.
615. Qui amat, si eget, misera afficitur aerumna. [Plauto,
Curculio 1.146]. Quem ama e não tem dinheiro é perseguido
por miserável infortúnio. ■ Amor sem dinheiro não é bom
companheiro.
616. Qui amat, si esurit, nullum esurit. [Plauto, Casina 689].
Quem ama, se tem fome, perde a fome.
617. Qui ambulat in tenebris, nescit quo vadat. [Vulgata,
João 12.35]. Quem caminha em trevas não sabe para onde
vai.
618. Qui ambulat simpliciter, ambulat confidenter. [Vulgata,
Provérbios 10.9]. Quem anda lealmente, anda sem medo.
■ Quem não deve não teme.
619. Qui amicis multis studet, et inimicos ferat. [Publílio
Siro]. Quem deseja muitos amigos ature também muitos
inimigos. VIDE: ● Qui studet multis amicis, multos inimicos
ferat.
620. Qui amicus esse coepit, quia expedit, et desinet, quia
expedit. [Sêneca, Epistulae Morales 9.9]. Quem começa a
ser teu amigo porque é vantajoso, também deixa de sê-lo
porque é vantajoso. ■ Amigo de bom tempo muda com o
vento. VIDE: ● Qui causa utilitatis assumptus est, tamdiu
placebit, quamdiu utilis fuerit.
621. Qui amicus est, amat; qui amat, non utique amicus est.
[Sêneca, Epistulae Morales 35.1]. Quem é amigo ama; quem
ama nem sempre é amigo.
622. Qui an magni sapientesque sint nescio, homines non
sunt. [Plínio Moço, Epistulae 8.17.3]. Se eles são grandes ou
sábios, ignoro, mas humanos não são.
623. Qui animum vincunt, quam quos animus, semper
probiores cluent. [Plauto, Trinummus 274]. Aqueles que
dominam seu coração, serão considerados sempre mais
virtuosos que aqueles a quem o coração domina.
624. Qui appellat, prior agit. [Jur]. Quem apela é o primeiro a
agir.
625. Qui approbat non reprobat. [Jur / Black 1480]. Quem
aprova não reprova. (=Não se pode num momento aceitar e
noutro rejeitar a mesma coisa). VIDE: ● Quod approbo non
reprobo.
626. Qui arat olivetum, rogat fructum. [Columela, De Re
Rústica 5.9.15]. Quem ara campo de oliveiras pede fruto.
■ Quem trabalha, ganha pão.
627. Qui asinum non potest, stratum caedit. [Petrônio,
Satiricon 45.8]. ■ Quem não pode dar no asno dá na albarda.
■ Com raiva do asno, torna-se a albarda. ■ Paga o justo pelo
pecador. VIDE: ● Clitellam plectis, at fuerat plectendus
asellus.
628. Qui asservat aliquid, paupertati succurret. [Medina
607]. Quem guarda alguma coisa, desafiará a pobreza.
■ Quem guarda acha.
629. Qui audiunt, audita dicunt, qui vident plane sciunt.
[Plauto, Truculentus 467]. Os que ouvem, contam o que foi
ouvido; os que vêem, sabem com certeza. ■ Mais vale uma
testemunha de vista do que dez de ouvido. VIDE: ● Pluris est
oculatus testis unus quam auriti decem.
630. Qui autem acquiescit arguenti glorificabitur. [Vulgata,
Provérbios 13.18]. O que concorda com quem o repreende
será glorificado.
631. Qui autem biberit ex aqua quam ego dabo ei, non sitiet
in aeternum. [Vulgata, João 4.13]. O que beber da água que
eu lhe ei de dar, nunca jamais terá sede. VIDE: ● Aquam
quam ego dedero, qui biberit ex ea, non sitiet unquam.
632. Qui autem de summo bono dissentit, de tota
philosophiae ratione dissentit. [Cícero, De Finibus 5.14].
Quem discorda a respeito de um bem supremo discorda a
respeito de toda a lógica da filosofia.
633. Qui autem diligit iniquitatem, odit animam suam.
[Vulgata, Salmos 10.6]. Aquele que ama a iniqüidade,
aborrece a sua alma.
634. Qui autem diligit me, diligetur a Patre meo, et ego
diligam eum, et manifestabo ei meipsum. [Vulgata, João
14.21]. E aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o
amarei também, e me manifestarei a ele.
635. Qui autem dissimulat iniuriam callidus est. [Vulgata,
Provérbios 12.16]. Quem dissimula a ofensa que recebeu é
prudente.
636. Qui autem facit voluntatem Dei, manet in aeternum.
[Vulgata, 1João 2.17]. O que faz a vontade de Deus
permanece eternamente.
637. Qui autem faciunt peccatum, hostes sunt animae suae.
[Vulgata, Tobias 12.10]. Os que cometem pecado, são
inimigos de sua alma.
638. Qui autem festinat ditari non erit innocens. [Vulgata,
Provérbios 28.20]. Aquele que se dá pressa a se enriquecer,
não será inocente. VIDE: ● Qui festinat ad divitias, non erit
insons.
639. Qui autem invenit illum, invenit thesaurum. [Vulgata,
Eclesiástico 6.14]. Quem o encontrou encontrou um tesouro.
■ Aqueles são ricos, que têm amigos. VIDE: ● Beatus qui
invenit amicum verum. ● Qui invenit amicum, invenit
thesaurum.
640. Qui autem odit fratrem suum, in tenebris est, et in
tenebris ambulat. [Vulgata, 1João 2.11]. Quem tem ódio a
seu irmão está em trevas, e anda em trevas.
641. Qui autem perseveraverit usque in finem, hic salvus
erit. [Vulgata, Mateus 24.13]. O que perseverar até ao fim,
esse será salvo.
642. Qui autem sapiens est, audit consilia. [Vulgata,
Provérbios 12.15]. O que é sábio, ouve os conselhos.
643. Qui autem se exaltaverit, humiliabitur, et qui se
humiliaverit, exaltabitur. [Vulgata, Mateus 23.12]. Aquele
que se exaltar, será humilhado, e o que se humilhar, será
exaltado. VIDE: ● Qui se humiliat, exaltabitur.
644. Qui autem semper cogitavisset, accidere posse aliquid
adversi, ei fieri illud sempiternum malum. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.15]. A quem pensar sempre que
alguma infelicidade lhe pode acontecer, isso se torna um mal
sem fim.
645. Qui autem stertit aestate, filius confusionis. [Vulgata,
Provérbios 10.5]. O que dorme no estio é um insensato.
646. Qui baculo non corrigitur in ollam mittitur.
[S.Ambrósio / Tosi 363]. Quem não se corrige com o bordão
é jogado no caldeirão.
647. Qui beatus est, non intellego quid requirat, ut sit
beatior; si est enim quod desit, non beatus est. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 5.23]. Quem é feliz, não sei de que
precise para ser mais feliz; se falta alguma coisa, não é feliz.
648. Qui bene amat, bene castigat. [DAPR 154]. Quem bem
ama, bem corrige. ■ Quem bem ama bem castiga. ■ Quem
ama castiga. ● Qui bene amat, satis castigat. VIDE: ● Ego
quos amo, arguo et castigo. ● Qui diligit filium suum
assiduat illi flagella ut laetetur in novissimo suo. ● Qui
parcit virgae, odit filium suum.
649. Qui bene cantat, bis orat. Quem bem canta reza dobrado.
VIDE: ● Bis orat qui bene cantat. ● Cantare amantis est.
● Qui cantat, bis orat.
650. Qui bene colloquitur coram, sed postea prave, illic erit
invisus, bina quod ora gerat. [Aviano, Fabulae 29.24].
Quem na presença fala bem, mas por trás fala mal, com razão
será odiado, pois usa uma linguagem dupla.
651. Qui bene dissimulat, citius inimico nocet. [Publílio Siro].
Quem bem dissimula, faz mal ao inimigo mais depressa.
652. Qui bene dissimulat et tacet, ille sapit. Quem bem
dissimula e se cala, esse tem juízo.
653. Qui bene distinguit, bene docet. [Black 1480]. Quem
organiza bem, ensina bem. VIDE: ● Bene docet qui bene
distinguit. ● Distingue frequenter.
654. Qui bene ducit, bene sequi facit. [Apostólio, Paroimiai
14.34]. Quem conduz bem, faz andar bem. ■ O bom amo faz
o bom criado. VIDE: ● Bonus dux bonum reddit comitem.
● Dux bonus bonum reddit comitem. ● Qui bonum se
praebet ducem, is facit ut alii bene sequantur.
655. Qui bene imperat, paruerit aliquando necesse est, et
qui modeste paret, videtur qui aliquando imperet, dignus
esse. [Cícero, De Legibus 3.25]. Quem bem comanda, é
preciso que alguma vez tenha obedecido a ordens, e quem
obedece modestamente considera-se digno de algum dia vir a
comandar. ■ É obedecendo que se aprende a mandar. ■ Bem
manda quem soube obedecer. ■ Quem não sabe sofrer, não
sabe reger. VIDE: ● Bene imperat qui bene paruit
aliquando. ● Dominari nequeat qui prius alicui servitutem
praebere denegat. ● Nemo bene imperat, nisi qui paruerit
imperio. ● Non bene imperat, nisi qui paruerit imperio.
● Qui modeste paret, videtur qui aliquando imperet,
dignus esse.
656. Qui bene interrogat, bene docet. [Black 1480]. Quem
examina bem, ensina bem. ● Qui bene interrogat, bene
dignoscit. Quem bem examina, bem distingue.
657. Qui bene latuit, bene vixit. [DAPR 825]. Quem bem se
escondeu, bem viveu. VIDE: ● Bene qui latuit, bene vixit.
658. Qui bene legit, multa mala tegit. [DAPR 766]. Quem
escolhe bem evita muitos enganos.
659. Qui bene olet, male olet. [Rezende 5435]. Quem usa
cheiro, é porque não cheira bem.
660. Qui bene perquirunt, promptius inveniunt. [Pereira
119]. Os que procuram bem, encontram mais depressa.
■ Quem procura, acha. ■ Quem faz pelas coisas, há-as.
661. Qui bene servit ero sincera mente benigno, venturo
magnus tempore fiet erus. [Pereira 117]. Quem bem serve
com honestidade a um bom amo, no futuro será um grande
amo. ■ Pelo caminho do bem obedecer chega-se ao bem
mandar.
662. Qui bene vivit, bene docet. [Tomás de Kempis, Hortulus
Rosarum 6 / Bernardes, Nova Floresta 1.265]. Quem bem
vive bem ensina.
663. Qui bene vult fari, debet bene praemeditari. [Binder,
Thesaurus 2757]. Quem quer falar bem, deve antes pensar
bem. ■ Falar sem pensar é atirar sem mirar. ■ Entende
primeiro, fala derradeiro.
664. Qui beneficium collocat in ingratum perdit operam.
[Grynaeus 390]. Quem faz favor a ingrato perde o esforço.
■ Quem faz bem ao ingrato compra caro e vende barato.
■ Quem fia de vilão é parvo de antemão.
665. Qui beneficium dedit taceat: narret qui accepit. Quem
fez o favor cale; fale quem o recebeu. ■ Cale o que deu e fale
o que recebeu. VIDE: ● Qui dedit beneficium taceat; narret
qui accepit.
666. Qui bibit, bibet. ■ Quem bebeu beberá. ■ Quem o foi
sempre será. VIDE: ● Utrem accipiet, qui prior biberit.
667. Qui binos lepores una sectabitur hora, uno quandoque,
quandoque carebit utroque. [VES 14]. Quem caçar duas
lebres ao mesmo tempo ou perderá uma, ou perderá ambas.
■ Quem corre a duas lebres não apanha nenhuma. ■ Quem
duas lebres caça uma perde, a outra passa. ■ Quem tudo
quer tudo perde. ● Qui binos lepores una sectabitur hora,
non uno saltem, sed saepe carebit utroque. [Binder,
Thesaurus 2758]. VIDE: ● Ad duo festinans, neutrum bene
peregeris. ● Duos insequens lepores, neutrum capit.
● Duos qui sequitur lepores neutrum capit. ● Lepores duos
qui insequitur, is neutrum capit. ● Lepores duos
insequens neutrum capit. ● Qui duos insectatur lepores,
neutrum capit. ● Qui duos lepores sequitur, neutrum
capit. ● Qui duos sectatur lepores, neutrum capiet. ● Qui
simul duplex captat commodum, utroque frustratur. ● Si
binas sectere feras, neutra potieris.
668. Qui bona sectatur, prima bene surgit in hora.
[Columbano]. Quem procura a riqueza sai da cama ao
amanhecer. ■ Deus ajuda a quem cedo madruga. ■ Quem
cedo se deita e cedo se levanta, doença, pobreza e velhice
espanta.
669. Qui bonum respuit consilium, sibi ipsi nocet. [DAPR
26]. Quem rejeita um bom conselho prejudica a si mesmo.
■ Quem não quer ser aconselhado não quer ser ajudado.
VIDE: ● Qui spernit consilium, spernit auxilium.
670. Qui bonum se praebet ducem, is facit ut alii bene
sequantur. [Grynaeus 218]. Quem se mostra bom chefe faz
que os outros o acompanhem bem. VIDE: ● Bonus dux bonum
reddit comitem. ● Dux bonus bonum reddit comitem.
● Qui bene ducit, bene sequi facit.
671. Qui bonus est, ab eo bona discito. [Teógnidis / Manúcio,
Adagia 1167]. Aprende coisas boas com quem é bom. ■ Com
o bom só se aprende o bem. ■ Chega-te aos bons, e serás um
deles. VIDE: ● A bonis bona disce. ● Disce, sed a doctis.
● Disce, sed a doctis; consilium pete, sed a consultis.
672. Qui canem alit exterum, huic praeter lorum nil fit
reliquum. [Erasmo, Adagia 3.3.46]. Quem alimenta cão
alheio, nada lhe sobra senão a trela. ■ Quem dá pão a cão
alheio, perde o pão. ■ Filho alheio, brasa no seio. ● Qui
canem alit exterum, huic praeter funiculum nil fit reliqui.
[Eiselein 326]. ● Qui canem alit peregrinum, huic praeter
linum nil fit reliqui. [Albertatius 1143]. ● Qui canem alit
exterum, funem retinet. Quem alimenta cão alheio fica com
a trela. VIDE: ● Quisquis canem peregrinum alit, huic solus
funis sit reliquus.
673. Qui canis arrosit pelles, non desinet unquam. [Schottus,
Adagia 585]. Cão que roeu couro nunca mais deixa.
■ Cachorro que come ovelha só deixa depois que morre.
674. Qui canit, maerorem abigit. [Branco 186]. Quem canta,
espanta sua tristeza. ■ Quem canta seus males espanta.
675. Qui cantat, bis orat. Quem canta, reza em dobro. VIDE:
● Bis orat qui bene cantat. ● Cantare amantis est. ● Qui
bene cantat, bis orat.
676. Qui capit, capitur. [Henderson, Latin Proverbs /
Stevenson 1969]. Quem caça é caçado. ■ Quem faz, paga.
677. Qui caret argento, frustra utitur argumento. [Owen /
Binder, Thesaurus 2761]. Quem não tem dinheiro, em vão se
vale de argumento. ■ Sem dinheiro, nada se alcança. ■ Sem
dinheiro, tudo é vão. ■ Dinheiro é chave que destranca toda
porta.
678. Qui caret asino, clitellam ne quaerat. [Pereira 119].
Quem não tem burro não procure albarda. ■ Quem não tem
farinha, para que quer peneira? ■ Quem não tem farinha
escusa peneira.
679. Qui caret uxore, lite caret atque dolore; qui capit
uxorem, capit absque quiete laborem. [Bivar 397]. Quem
não tem mulher não tem contenda nem dor; quem toma
mulher toma trabalho sem descanso.
680. Qui carpit mores, labe carere debet. [Medina 608].
Quem censura os costumes deve ser isento de mancha.
■ Quem tem telhado de vidro não atire pedra no dos outros.
VIDE: ● Qui alterum incusat probri, eum se ipsum enitere
oportet.
681. Qui causa utilitatis assumptus est, tamdiu placebit,
quamdiu utilis fuerit. [Sêneca, Epistulae Morales 9]. O
(amigo) que foi escolhido por motivo de interesse, agradará
somente enquanto for útil. ■ Amigo de bom tempo muda-se
com o vento. VIDE: ● Qui amicus esse coepit, quia expedit, et
desinet, quia expedit.
682. Qui causam praebuit damni dandi, damnum dedisse.
[Digesta 47.8.4.14]. Quem proporcionou a causa do dano,
esse causou o dano. VIDE: ● Damnum dedisse videtur, qui
occasionem damni dat.
683. Qui causam vidit in uno iudicii gradu, nequit eamdem
causam in alio iudicare. [Jur]. Quem examinou a causa em
um grau de juízo não pode julgar a mesma causa em outro
grau.
684. Qui causas agit, ex causis vivat necesse est. Quem
defende causas, precisa viver das causas. ■ O abade, onde
canta, daí janta.
685. Qui celare potest odium, pote laedere quem vult.
[Dionísio Catão, Disticha, Appendix 4]. Quem pode esconder
seu ódio pode fazer mal a quem quiser.
686. Qui celocem regere nequit, onerariam petit. [Apuleio,
Fragmenta, De Republica / Grynaeus 587]. Não consegue
governar uma lancha, e quer um navio. ■ Quem não pode o
menos, não pode o mais.
687. Qui certat in agone, non coronatur nisi legitime
certaverit. [Vulgata, 2Timóteo 2.5]. O que combate nos
jogos públicos não é coroado, senão depois que combateu
conforme a lei.
688. Qui choragus esse non potest, choraulem agat. Quem
não pode ser maestro, seja flautista. ■ Quem não pode como
quer, faça como puder.
689. Qui coculum radit, dicetur iure gulosus. [Rezende
5441]. ■ Quem rapa tachos, com razão lhe chamam guloso.
690. Qui cogitat, nec agit nec perficit. Quem pensa, nem age,
nem tem sucesso. ■ De pensar morreu um burro.
691. Qui cognoverit semetipsum, universos cognovit.
[S.Antão / Bernardes, Luz e Calor 1.183]. Quem conhecer a
si mesmo, conhece a todos.
692. Qui commodum appetit, ne fugiat laborem. [Manúcio,
Adagia 727]. Quem deseja avantagem não rejeite o trabalho.
■ Quem quer fogo busque a lenha. VIDE: ● Qui quaerit
voluptatem, prius experiatur sudorem.
693. Qui commodum sentit et incommodum sentire debet.
Quem tem a vantagem deve sentir também o ônus. ■ Quem
comeu a carne, que roa os ossos. VIDE: ● Qui sentit
commodum debet sentire et onus. ● Qui sentit
commodum, sentire debet etiam incommodum. ● Qui
sentit onus, sentire debet commodum, et contra.
694. Qui concedit aliquid, condedit omne id sine quo
concessito est irrita. [Jur / Black 1480]. Quem concede
alguma coisa, concede tudo aquilo sem o que a concessão é
ineficaz.
695. Qui contemnit praeceptum contemnit praecipientem.
[Jur / Coke / Black 1480]. Quem despreza uma
determinação, despreza aquele que a determinou.
696. Qui contra iura mercatur, bonam fidem praesumitur
non habere. [Jur]. Quem faz negócios contra as leis,
presume-se que não tenha boa-fé.
697. Qui convenit cum paupertate, dives est. [PSa]. Quem se
acomoda com a pobreza é rico. ■ Rico é quem se contenta
com o que tem. VIDE: ● Qui cum fortuna convenit, dives est.
● Qui cum paupertate bene convenit, dives est.
698. Qui crediderit, non festinet. [Vulgata, Isaías 28.16].
Quem crer não se apresse.
699. Qui crimen urit ipse se arguit. [Pereira 120]. Quem
comete um crime, esse mesmo se acusa. ■ A culpa condena.
■ Quem se queima, alhos come.
700. Qui culpae ignoscit uni, suadet pluribus. [Publílio Siro].
Quem perdoa uma única falta estimula muitas. ■ O perdão
faz o ladrão. VIDE: ● Qui dubitat ulcisci, improbos plures
facit. ● Qui ulcisci dubitat, improbos plures facit.
701. Qui culpa sua damnum sentit, nullum damnum sentire
videtur. Quem sofre prejuízo por própria culpa, considera-se
como não ter nenhum prejuízo. VIDE: ● Culpa sua damnum
sentiens non intellegitur damnum pati. ● Quod quis ex
culpa sua damnum sentit, non intellegitur damnum
sentire.
702. Qui cum alio contrahit, vel est, vel debet esse non
ignarus condicionis eius. [Ulpiano, Digesta 50.17.19].
Quem contrata com outra pessoa, não ignora, ou não deveria
ignorar sua condição.
703. Qui cum canibus concumbunt, cum pulicibus surgent.
[CODP 160]. Quem com cães se deita, levantar-se-á com
pulgas. ■ Quem com cães se deita, com pulgas se levanta.
■ Quem se deita com crianças amanhece borrado.
704. Qui cum Deo navigat, vel in vimine naviget. [Schottus,
Adagia 525]. Quem navega com Deus navegará até num
cesto de vime. ■ A quem Deus quer ajudar, o vento lhe
apanha lenha. ■ Quem com Deus anda, Deus o ajuda. VIDE:
● Deo favente, naviges vel vimine. ● Deo volente, et
viminibus naviges. ● Quem Deus vehit, scirpea navigat
rati.
705. Qui cum felibus venatur mures capiet. [Bebel, Adagia
Germanica]. Quem caça com gatos, apanhará ratos.
706. Qui cum fortuna convenit, dives est. [Henderson, Latin
Proverbs / Stevenson 414]. Quem se contenta com sua sorte é
rico. ■ Rico é quem se contenta com o que tem. VIDE: ● Qui
convenit cum paupertate, dives est. ● Qui cum paupertate
bene convenit, dives est.
707. Qui cum insanis non insanit, is insanit. [Schottus,
Adagia 480]. Quem, ao lidar com loucos, não se faz de
louco, está louco. ■ Na terra aonde fores ter, faze o que vires
fazer. ■ Em terra de lobos, uiva-se com eles. VIDE: ● Cum
aegrotis insanire pulchrum est. ● Insanire cum
insanientibus. ● Necesse cum insanientibus furere.
● Necesse est cum insanientibus furere, nisi solus
relinqueris.
708. Qui cum loqui non posset, tacere non poterat. [Aulo
Gélio, Noctes Atticae 15.1.16]. Embora não soubesse falar,
ele não conseguia calar-se. ■ Quem não sabe falar não sabe
calar. VIDE: ● Dum loqui nescis, tacere non vales. ● Dum
loqui nescit, tacere non valet.
709. Qui cum paupertate bene convenit, dives est. [Sêneca,
Epistulae Morales 4.11]. Quem bem se acomoda com a
pobreza é rico. ■ Rico é quem se contenta com o que tem.
VIDE: ● Qui convenit cum paupertate, dives est. ● Qui cum
fortuna convenit, dives est.
710. Qui cum sapientibus versatur, sapiens erit. [Rezende
5450]. Quem vive entre sábios será sábio. ■ Quem com lobos
anda aprende a uivar. ● Qui cum sapientibus graditur,
sapiens erit: amicus stultorum, similis efficietur. [Vulgata,
Provérbios 13.20]. Quem anda com sábios será sábio; amigo
de tolos acabará igual a eles.
711. Qui cupit aut metuit, servus est. [Grynaeus 640]. Quem é
ambicioso ou medroso é escravo. ● Qui cupit aut metuit,
liber mihi non erit unquam. [Rezende 5451]. Não me
parece livre aquele que deseja ou teme. VIDE: ● Qui metuens
vivet, liber mihi non erit unquam.
712. Qui Curios simulant, et Bacchanalia vivunt. [Juvenal,
Satirae 2.3]. Estes se fingem de virtuosos, e vivem em orgias.
■ Unhas de gato e hábito de beato. ■ Contas na mão e o
demo no coração.
713. Qui custodit os suum, custodit animam suam. [Vulgata,
Provérbios 13.3]. Aquele que guarda a sua boca, guarda a sua
alma. ● Qui custodit os suum et linguam suam, custodit ab
angustiis animam suam. [Vulgata, Provérbios 21.23].
Aquele que guarda sua boca e sua língua, guarda sua alma de
grandes apertos. VIDE: ● Custos animae suae servat viam
suam. ● Diligens vitam suam parcit ori suo.
714. Qui damnare potest, is absolvendi quoque potestatem
habet. [Digesta 42.1.3]. Quem pode condenar tem também o
poder de absolver.
715. Qui dare multa potest, multa et amare potest.
[Propércio, Elegiae 2.26b.8]. Quem muito pode dar, pode
também muito amar.
716. Qui dare vult aliis, non debet dicere: “vultis?” [DAPR
418]. Quem quer dar alguma coisa aos outros não deve dizer:
“quereis?”
717. Qui dat beneficia deos imitatur. [Sweet 180]. Quem faz
benefícios imita os deuses. ● Qui dat beneficia, deos
imitatur: qui repetit, faeneratores. [Sêneca, De Beneficiis
3.15]. Quem dá benefícios imita os deuses; quem exige
retribuição, imita os especuladores.
718. Qui dat et repetit, fit gibbosus. [Rezende 5458]. Quem
dá e toma de volta o que deu, fica corcunda. ■ Quem dá e
toma fica corcunda. VIDE: ● Qui datum repetit fit gibbosus.
719. Qui dat finem, dat media ad finem necessaria. [Jur /
Black 1480]. Quem dá o fim, dá os meios necessários a esse
fim. ■ Quem dá a tarefa, dá os meios. ■ Quem dá o ungüento,
dá o trapinho.
720. Qui dat mutuum, amicum vendit, inimicum emit.
[DAPR 56]. Quem dá um empréstimo vende um amigo,
compra um inimigo. ■ Amigo ao pedir, inimigo ao restituir.
VIDE: ● Mutua qui dederat, repetens, sibi comparat
hostem.
721. Qui dat pauperi non indigebit. [Vulgata, Provérbios
28.27]. Quem dá ao pobre não sofrerá privação. ■ Dar
esmola não empobrece.
722. Qui dat pauperibus, thesauros colligit astris, in quos nil
fures iuris habere queunt. [Tosi 1794]. Quem dá aos pobres
junta tesouros nos céus, onde os ladrões não podem ter
nenhum direito.
723. Qui datum repetit fit gibbosus. [Pereira 118]. ■ Quem dá
e toma fica corcunda. ■ Quem dá e toma, nasce-lhe uma
corcova. VIDE: ● Qui dat et repetit, fit gibbosus.
724. Qui de iure suo utitur, neminem laedit. [Jur]. Quem usa
do seu direito não prejudica ninguém. VIDE: ● Iure suo qui
utitur nemini iniuriam facit. ● Qui iure suo utitur, nemini
iniuriam facit. ● Qui utitur suo iure, laedit neminem.
● Quisquis iure suo utitur, iniuriam nulli facit.
725. Qui de terra est, de terra loquitur. [Rezende 5472].
Quem é da terra, fala da terra. ■ Quem é do chão, não trepa.
■ Cada qual fala do que trata. VIDE: ● Qui est de terra, de
terra est, et de terra loquitur.
726. Qui debet, limen creditoris non amat. [Publílio Siro].
Quem deve, não gosta da porta do credor. ■ Quem deve, não
levanta a cabeça.
727. Qui debitum tempus ignorant, saepe decipiuntur et in
vanum laborant. Os que ignoram o momento apropriado
muitas vezes se desenganam e trabalham em vão.
728. Qui decipit iustos in via mala, in interitu suo corruet.
[Vulgata, Provérbios 28.10]. Aquele que seduz os justos a
um mau caminho, cairá no fosso que ele mesmo abriu.
729. Qui dedit beneficium taceat; narret qui accepit.
[Sêneca, De Beneficiis 2.11.2]. Que fez o favor cale; fale
quem o recebeu. ■ Cale quem deu, fale quem recebeu. VIDE:
● Qui beneficium dedit taceat: narret qui accepit.
730. Qui dedit hoc hodie, cras, si volet, auferet. [Horácio,
Epistulae 1.16.33]. Quem deu isto hoje, se quiser, pode tomar
de volta amanhã.
731. Qui dedit incipere Deus, dabit et perficere. Deus, que
permitiu começar, também permitirá acabar.
732. Qui delicate a pueritia nutrit servum suum, postea
sentiet eum contumacem. [Vulgata, Provérbios 29.21].
Aquele que mima seu servo desde a infância, depois o sentirá
arrogante.
733. Qui delinquit in conspectu eius qui fecit eum, incidet in
manus medici. [Vulgata, Eclesiástico 38.15]. Aquele que
peca na presença de quem o criou virá a cair nas mãos do
médico.
734. Qui denudat arcana amici, fidem perdit. [Vulgata,
Eclesiástico 27.17]. Aquele que descobre os segredos do
amigo, perde o crédito.
735. Qui descenderit ad inferos, non ascendet. [Vulgata, Jó
7.9]. Aquele que descer aos infernos, não subirá.
736. Qui descendunt mare in navibus, facientes operationem
in aquis multis, ipsi viderunt opera Domini, et mirabilia
eius in profundo. [Vulgata, Salmos 106.23-24]. Os que
descem ao mar em naus, para fazerem as suas manobras nas
muitas águas, eles mesmos viram as obras do Senhor, e as
suas maravilhas no profundo.
737. Qui desiderat pacem, praeparet bellum. Quem quer a
paz, prepare a guerra. ■ Se queres a paz, prepara-te para a
guerra. ● Qui desiderat pacem, praeparet bellum; qui
victoriam cupit, milites imbuat diligenter; qui secundos
optat eventus, dimicet arte, non casu. [Vegécio, Epitoma
Rei Militaris, Prologus 3]. Quem procura a paz, que se
prepare de antemão para a guerra; quem ambiciona a vitória
treine os soldados com diligência; quem deseja resultados
favoráveis lute usando arte, não a sorte. VIDE: ● Pacis
tempore, cogitandum de bello. ● Si pace frui volumus,
bellum gerendum est. ● Si vis pacem, para bellum.
● Suscipienda quidem bella sunt ob eam causam, ut sine
iniuria in pace vivatur. ● Tempore pacis cogitandum de
bello.
738. Qui despicit amicum suum, indigens corde est.
[Vulgata, Provérbios 11.12]. Quem despreza o amigo é
indigente de coração.
739. Qui despicit deprecantem, sustinebit penuriam.
[Vulgata, Provérbios 28.27]. Aquele que despreza o pobre
que pede, cairá em penúria.
740. Qui despicit pauperem, exprobrat factori eius. [Vulgata,
Provérbios 17.5]. Quem despreza o pobre insulta o seu
criador.
741. Qui despicit proximum suum, peccat. [Vulgata,
Provérbios 14.21]. Aquele que despreza o seu próximo, peca.
742. Qui dicere tibi nisi clam non vult, paene non dicit.
[Sêneca, De Ira 2.4.29]. Quem não te quer falar senão em
voz baixa, é como se não te dissesse nada.
743. Qui diligit disciplinam, diligit et sapientiam. [S.Beda,
Proverbiorum Liber]. Quem ama o estudo, também ama a
sabedoria.
744. Qui diligit epulas, in egestate erit. [Vulgata, Provérbios
21.17]. Aquele que ama os banquetes viverá na indigência.
■ Cozinha gorda, testamento magro. ● Qui diligit convivia,
in egestate erit. [Nova Vulgata, Provérbios 21.17]. VIDE:
● Pingui popinae, vicina mendicitas.
745. Qui diligit filium suum, assiduat illi flagella ut laetetur
in novissimo suo. [Vulgata, Eclesiástico 30.1]. Aquele que
ama o seu filho, castiga-o com freqüênia, para que se alegre
com isso mais tarde. ■ Quem bem ama bem castiga. ■ Quem
ama castiga. VIDE: ● Qui bene amat, bene castigat. ● Qui
parcit virgae, odit filium suum.
746. Qui diligit fratrem suum, in lumine manet. [Vulgata,
1João 2.10]. O que ama o seu irmão permanece na luz.
747. Qui diligit ranam, ranam putat esse Dianam. [Pereira
120]. Quem ama uma rã julga que essa rã seja Diana. ■ Quem
ama o feio, formoso lhe parece. VIDE: ● Quisquis amat
cervam, cervam putat esse Minervam; quisquis amat
ranam, ranam putat esse Dianam. ● Si quis amat ranam,
ranam putat esse Dianam.
748. Qui diligit rixas, meditatur discordias. [Tosi 1191].
Quem ama rixas medita discórdias. VIDE: ● Qui meditatur
discordias, diligit rixas.
749. Qui distulit diu, noluit. Quem adiou por muito tempo não
quis. ■ Dar tarde é recusar.
750. Qui docet, discit. Quem ensina aprende. VIDE: ● Cum
docemus, discimus. Quando ensinamos, aprendemos.
● Docendo, discimus. ● Docendo, discitur. ● Dum docent,
discunt. ● Homines, dum docent, discunt. ● Homines
discunt, dum docent. ● Si vis scire, doce.
751. Qui docte servit, partem dominatus tenet. [Publílio
Siro]. Quem serve com sabedoria tem parte do mando.
752. Qui dolore premitur, remedium quaerat. [Medina 584].
Quem é atacado pela dor procure remédio. ■ A quem dói o
dente, que vá ao dentista.
753. Qui domum intraverit nos potius miretur quam
supellectilem nostram. [Sêneca, Epistulae Morales 5.7].
Quem entrar em nossa casa, que nos admire mais do que aos
nossos móveis.
754. Qui dormientem necat, absentem ulciscitur. [Publílio
Siro]. Quem mata um homem que dorme, vinga-se de um
ausente.
755. Qui dormit, non peccat. ■ Quem dorme não peca.
756. Qui dubitat ulcisci, improbos plures facit. [Publílio
Siro]. Quem hesita em punir aumenta o número dos
atrevidos. ■ Perdoar ao mau é dizer-lhe que o seja. VIDE:
● Qui culpae ignoscit uni, suadet pluribus. ● Qui ulcisci
dubitat, improbos plures facit.
757. Qui dum saturatus aliquid asservat, inops paupertati
succurret. [Pereira 119]. Quem guarda alguma coisa, quando
está na abundância, quando está na falta, alivia a pobreza.
■ Quem guarda, acha. ■ Guarda o que não presta, acharás o
que precisas.
758. Qui duos insectatur lepores, neutrum capit. [Apostólio,
Paroimiai 14.3]. ■ Quem corre a duas lebres não apanha
nenhuma. ■ Quem duas lebres caça uma perde, a outra
passa. ■ Quem tudo quer tudo perde. ● Qui duos lepores
sequitur, neutrum capit. [DAPR 790]. ● Qui duos sectatur
lepores, neutrum capiet. [Pereira 120]. VIDE: ● Ad duo
festinans, neutrum bene peregeris. ● Duos insequens
lepores, neutrum capit. ● Duos qui sequitur lepores
neutrum capit. ● Lepores duos qui insequitur, is neutrum
capit. ● Lepores duos insequens neutrum capit. ● Qui
binos lepores una sectabitur hora, uno quandoque,
quandoque carebit utroque. ● Qui binos lepores una
sectabitur hora, non uno saltem, sed saepe carebit
utroque. ● Qui simul duplex captat commodum, utroque
frustratur. ● Si binas sectere feras, neutra potieris.
759. Qui duram callet pauperiem pati? [Horácio, Carmina
4.9.47]. Quem sabe suportar a dura pobreza?
760. Qui durioribus laboribus corpus exercent, plus
alimentorum assumant necesse est, ut corpus laboribus
ferendis par esse queat. [Nenter 97]. É preciso que aqueles
que submetem o corpo a trabalhos mais severos, tomem mais
alimentos, para que o corpo fique preparado para suportar os
trabalhos.
761. Qui e nuce nucleum esse vult, frangit nucem. [Plauto,
Curculio 55]. Quem quer comer a amêndoa, quebra a noz.
■ Quem quer uste, que lhe custe. ■ Não se pescam trutas a
bragas enxutas. ■ Não há lucro sem trabalho. VIDE: ● Frangat
nucleum qui vult nucem. ● Nucleum qui esse vult, frangit
nucem. ● Qui vult esse nucleum, frangat nucem. ● Qui vult
nucleum, frangat nucem.
762. Qui ebrium ludificat, laedit absentem. Quem zomba de
um bêbedo faz mal a um ausente. VIDE: ● Absentem laedit
cum ebrio qui litigat.
763. Qui educat, pater magis quam qui genuit. Quem cria é
mais pai do que quem gerou.
764. Qui egent lucerna, infundunt oleum. [Plutarco /
Grynaeus 281]. Quem precisa da lâmpada, coloca o azeite.
■ Quem precisa de candeia, que traga azeite. ■ Quem quiser
comer depene. ● Qui eget lucerna, infundit oleum. VIDE:
● Lucerna qui indigent, oleum affundunt. ● Qui lucerna
egent, infundant oleum.
765. Qui enim diligit proximum, legem implevit. [Vulgata,
Romanos 13.8]. Aquele que ama o próximo, tem cumprido
com a lei.
766. Qui enim habet, dabitur illi; et qui non habet, etiam
quod habet, auferetur ab eo. [Vulgata, Marcos 4.25]. Ao
que já tem, dar-se-lhe-á, e ao que não tem, ainda o que tem se
lhe tirará. ● Qui enim habet, dabitur illi; et quicumque non
habet, etiam quod putat se habere, auferetur ab illo.
[Vulgata, Lucas 8.18]. Àquele que tem, lhe será dado, e ao
que não tem, ainda aquilo mesmo que entende ter lhe será
tirado. VIDE: ● Omni enim habenti dabitur, et abundabit; ei
autem qui non habet, et quod videtur habere, auferetur
ab eo.
767. Qui enim nimium invigilat, interdum dormitat. [Bacon,
Sermones Fideles, De Mora]. Quem vigia demais, às vezes
cochila. VIDE: ● Aliquando bonus dormitat et Homerus.
● Aliquando dormitat et Homerus. ● Dormitat et
Homerus. ● Indignor quandoque bonus dormitat
Homerus. ● Interdum etiam bonus dormitat Homerus.
● Quandoque bonus dormitat Homerus.
768. Qui enim non est adversum vos, pro vobis est. [Vulgata,
Marcos 9.39; Lucas 9.50]. Quem não é contra vós é por vós.
VIDE: ● Qui non est mecum, contra me est.
769. Qui enim sic credit ut loquitur, etsi non vera loquitur,
fideliter loquitur, qui autem non credit quae loquitur, etsi
vera loquitur, infideliter loquitur. [S.Agostinho, Epistulae
110.3]. Quem acredita no que diz, mesmo que não diga a
verdade, fala lealmente, mas quem não acredita no que diz,
mesmo que fale a verdade, fala deslealmente.
770. Qui enim vindicat, sentit. [Publílio Siro]. Quem castiga
sente.
771. Qui ergo alium doces, teipsum non doces. [Vulgata,
Romanos 2.21]. Tu que ensinas a outro, não ensinas a ti
mesmo.
772. Qui est de terra, de terra est, et de terra loquitur.
[Vulgata, João 3.31]. O que vem da terra, é da terra, e fala da
terra. VIDE: ● Qui de terra est, de terra loquitur.
773. Qui estis vos? Unde et quando venistis? Ubi tamdiu
latuistis? [Tertuliano / Bernardes, Nova Floresta 5.218].
Quem sois vós? Donde e quando viestes? Onde estivestes
escondidos até agora?
774. Qui ex errore imperitae multitudinis pendet, hic in
magnis viris non est habendus. [Cícero, De Officiis 1.19].
Quem se submete à insensatez da multidão ignorante não
deve ser considerado entre os grandes homens.
775. Qui exspectat ut rogetur, officium levat. [Publílio Siro].
Quem aguarda ser solicitado diminui o serviço prestado.
776. Qui extendit aquilonem super vacuum, et appendit
terram super nihilum. [Vulgata, Jó 26.7 ]. É Ele que
extende o aquilão sobre o vácuo, e que suspende a terra no
nada.
777. Qui extra continentia urbis est, abest. [Digesta
50.16.173.1]. Quem está fora dos limites da cidade está
ausente.
778. Qui facile credit, facile quoque fallitur idem.
[Palingênio / Binder, Thesaurus 2772]. Quem confia com
facilidade, também é enganado com facilidade. ■ Quem crê
de ligeiro, água lhe cai no seio. ● Qui facile credit, facile
decipitur. [DAPR 199]. VIDE: ● Qui leviter credit, deceptus
saepe redit. ● Qui leviter credit, deceptus cito recedit.
779. Qui facile iurat, facile peierat. [Decretalia 2.26]. Quem
jura com facilidade com facilidade perjura. ■ Quem jura
mente.
780. Qui facit per alium, est perinde ac si faciat per se
ipsum. [Jur / Rezende 5522]. Quem pratica um ato por
intermédio de outrem, é como se o praticasse pessoalmente.
● Qui facit per alium, facit per se. [Jur / Broom 670;
Maloux 287]. VIDE: ● Qui per alium facit per seipsum
facere videtur.
781. Qui fallit mille, a solo fallitur ille. [Binder, Thesaurus
2773]. Quem engana mil, é enganado por um só.
782. Qui falsum nesciens allegavit, falsi poena non tenetur.
[Jur]. Quem alegou o falso sem o saber não está sujeito à
pena de falsidade.
783. Qui favoris gloriam veri petit, animo magis quam voce,
laudari volet. [Sêneca, Thyestes 209]. Quem aspira a glória
de uma verdadeira popularidade preferirá o elogio do coração
ao da palavra.
784. Qui felicem mutat statum, ne aegre ferat fortunae
casum. [Pereira 118]. Quem modifica uma situação que lhe é
favorável não se zangue com a mudança de sorte. ■ Quem
bem está e mal escolhe, por mal que lhe venha, não se anoje.
■ O melhor é inimigo do bom. VIDE: ● Bene qui stat, non
moveatur. ● Regula certa datur, bene qui stat, non
moveatur.
785. Qui fert malis auxilium post tempus dolet. [Fedro,
Fabulae 3.25.1]. Quem presta auxílio aos maus depois de
pouco tempo sofre. ■ Cria o corvo, tirar-te-á o olho.
786. Qui festinat ad divitias, non erit insons. [Bacon, De
Divitiis 1]. Quem se precipita às riquezas não será inocente.
VIDE: ● Qui autem festinat ditari non erit innocens.
787. Qui festinus est pedibus, offendet. [Vulgata, Provérbios
19.2]. Quem tem pés apressados tropeçará.
788. Qui fidelis est in minimo, et in maiori fidelis est.
[Vulgata, Lucas 16.10]. O que é fiel no menos também é fiel
no mais. ● Qui fidelis est in minimo, et in maximo est.
[Schottus, Adagialia Sacra 81].
789. Qui fingit sacros auro vel marmore vultus, non facit ille
deos: qui rogat, ille facit. [Marcial, Epigrammata 8.24.5].
Quem esculpe imagens sagradas de ouro ou mármore não faz
deuses; quem os faz é quem lhes roga.
790. Qui fodit foveam, incidet in illam. [Rezende 5524].
Quem cava o fosso, nele cairá. ■ Quem arma a esparrela, às
vezes cai nela. ● Qui fodit foveam, incidet in eam, et qui
volvit lapidem, revertetur ad eum. [Vulgata, Provérbios
26.27]. Aquele que abre a cova cairá nela, e aquele que
volveu a pedra, ela cairá sobre ele. ● Qui foveam fodit,
incidet in eam, et qui statuit lapidem proximo, offendet in
eo. [Vulgata, Eclesiástico 27.29]. ● Qui fratri suo parat
foveam, ipse incidet in illam. [S.Beda, Proverbiorum Liber].
Quem prepara cova para seu irmão cairá nela. VIDE: ● Incidit
in foveam qui primus fecerat illam. ● Incidit in foveam
quam fecit. ● Praecaveat lapsum qui fratri suffodit
antrum. ● Suo ipsius laqueo captus est. ● Suo laqueo
captus est.
791. Qui fortasse de alieno neglegentes, certe de suo
diligentes erunt. [Plínio Moço, Epistulae 4.13.8]. Os que
provavelmente serão descuidados com o alheio, certamente
serão cuidadosos com o próprio.
792. Qui fortiter emungit elicit sanguinem. [Bacon, De
Officio Iudicis 2]. Quem assoa o nariz com força tira sangue.
VIDE: ● Emungens acrius elicet sanguinem. ● Qui
vehementer emungit elicit sanguinem.
793. Qui fratri providet, se ipse curat. Quem olha pelo seu
irmão cuida de si próprio. ■ Quem dá ao pobre empresta a
Deus.
794. Qui frumentum necessariumque commeatum non
praeparat, vincitur sine ferro. [Vegécio, Epitoma Rei
Militaris 3.26]. Quem não prepara o trigo e as provisões
necessárias, é vencido sem armas.
795. Qui fuerit lenis, tamen haud bene creditur amni. [Tosi
214]. Não se deve confiar em nenhum rio, mesmo que seja
calmo. ● Águas tranqüilas, águas profundas. ● Água
silenciosa, a mais perigosa. ■ Cuidado com o homem que
não fala e com o cão que não ladra. VIDE: ● Aqua profunda
est quieta. ● Altissima quaeque flumina minimo labuntur
sono. ● Flumina tranquillissima saepe sunt altissima.
● Gurgite sub leni fallit metuenda vorago. ● Quamvis sint
lenta, sint credulla nulla fluenta. ● Quietae aquae non
credere. ● Qua flumen placidum est, forsan latet altius
unda.
796. Qui fugerit a facie pavoris, cadet in foveam. [Vulgata,
Jeremias 48.44]. O que fugir diante do medo, cairá no fosso.
797. Qui fugiebat, rursus proeliabitur. [Tertuliano, De Fuga
in Persecutione 10.1]. Quem fugiu, logo voltará a combater.
■ Mais vale correr que morrer. ● Qui fugerit, rursum ille
praeliabitur. [Manúcio, Adágia 415]. ● Qui fugit, rursus
ille praeliabitur. [Eiselein 175]. VIDE: ● Pugnabit iterum
quisquis aufugit semel. ● Vir fugiens, et denuo pugnabit.
798. Qui fugit molam, fugit farinam. [Apostólio, Paroimiai
15.52]. Quem foge do moinho foge da farinha. ■ Quem foge
do moinho não tem fubá. ■ Quem foge do trabalho foge do
ganho. ● Qui fugit molam, farinam non invenit.
[Schrevelius 1175]. Quem foge do moinho não acha farinha.
VIDE: ● Devitat quicumque molam, fugit ille farinam.
● Farinam fugit quicumque molam vitat. ● Molam qui
vitat, farinam vitat. ● Qui vitat molam, vitat farinam.
● Quicumque molam fugit, ille farinam.
799. Qui fugit patellam, cadit in prunas. [Tosi 1560]. Quem
foge do prato, cai nas brasas. ■ Fugiu do lobo, caiu no
arroio. ■ Fugiu do alcaide, caiu no meirinho. VIDE:
● Fugientes fumum in ignem incidimus. ● Fumum fugiens,
in ignem incidi. ● Fumum fugi, in ignem incidi. ● Incidit in
flammas, cupiens vitare favillas. ● Incidit in prunas,
cupiens vitare patellam.
800. Qui fuit in furno, socium sibi quaerit in illo. [Binder,
Thesaurus 2775]. Quem está no forno, procura companheiro
lá dentro. ■ Cuida o ladrão que todos são de sua condição.
● Qui fuit in furno, pares suos inibi quaerit. Quem está no
forno, procura seus iguais ali mesmo.
801. Qui fuit rana nunc est rex. [Petrônio, Satiricon 77.6].
Quem foi rã agora é rei. ■ Ontem vaqueiro, hoje cavalheiro.
VIDE: ● Amicus vester, qui fuit rana, nunc est rex. ● Hodie
nihil, cras omnia. ● Qui nullus hodie, cras erit vel
maximus.
802. Qui furtim accipit, palam exsolvit. [Pereira 120]. Quem
pega escondido devolve em público. ■ Quem o alheio veste
na praça o despe.
803. Qui genus iactat suum, aliena laudat. [Sêneca, Hercules
Furens 340]. ■ Quem sua geração gaba coisa alheia louva.
804. Qui gladio ferit, gladio perit. [Rezende 5528]. Quem fere
com a espada pela espada morre. ■ Quem com ferro mata
com ferro morre. ■ Quem com ferro fere, com ferro será
ferido. ● Qui gladio percutit, gladio morietur.
[S.Agostinho, Sermones 4]. VIDE: ● Omnes enim qui
acceperint gladium, gladio peribunt. ● Qui in gladio
occiderit, opportet eum gladio occidi. ● Quicumque gladio
utitur, gladio peribit.
805. Qui grate beneficium accipit, primam eius pensionem
solvit. [Sêneca, De Beneficiis 11.22.1], Quem recebe um
benefício com gratidão, paga a primeira prestação de seu
débito.
806. Qui gratum dat ave, responsum fertque suave. [DAPR
578]. Quem dá um alô gentil recebe uma resposta amável.
■ A palavra doce multiplica os amigos. ■ Boas palavras
custam pouco e valem muito. VIDE: ● Ut salutas, ita
salutaberis. ● Ut salutamus, ita resalutamur.
807. Qui gravi morbo correpti dolores non sentiunt, iis mens
aegrotat. [Hipócrates / Bacon, Advancement of Learning
2.22.1]. Aqueles que, afligidos de grave doença, não sentem
dores, estão doentes da mente.
808. Qui habet aures audiendi, audiat. [Vulgata, Mateus
11.15; 13.9. Marcos 4.9]. O que tem ouvidos de ouvir ouça.
● Qui habet aurem, audiat. [Vulgata, Apocalipse 2.29].
● Qui habet aures, audiat. [Vulgata, Mateus 13.43]. VIDE:
● Si quis habet aures audiendi, audiat.
809. Qui habet commoda, ferre debet et onera. [Jur]. Quem
tem as vantagens deve suportar também os encargos. ● Qui
habet commoda, ferre debet onus. VIDE: ● Secundum
commoda, quae quisque sentit, ita onus subire tenetur.
810. Qui habet malum vicinum habet malum matutinum.
[Albertano da Brescia, Liber de Amore 2.8]. Quem tem mau
vizinho, tem manhã ruim. ■ De vizinho ruim, nem o diabo
quis saber. ■ Guarda-te de mau vizinho e de homem
mesquinho. VIDE: ● Noxa malus vicinus. ● Prius vendas
domum quam maceras iuxta malum vicinum. ● Primum
vendas domum quam maneas iuxta malum vicinum.
● Vicinus bonus, ingens bonum; vicinus malus, ingens
malum.
811. Qui habet sponsam, sponsus est. [Vulgata, João 3.29]. O
que tem a esposa é o esposo.
812. Qui habet tempus, habet vitam. Quem tem tempo tem
vida.
813. Qui haeret in littera haeret in cortice. [Jur / Broom 533].
Quem se prende à letra, se prende à pele. (=Quem considera
somente a letra de um instrumento, fica somente na
superfície, não se aprofunda em seu significado).
814. Qui homo mature quaesivit pecuniam, nisi eam mature
parsit, mature esurit. [Plauto, Curculio 385]. Quem ganhou
dinheiro cedo, se não economizou cedo, cedo morre de fome.
815. Qui honorat patrem suum, vita vivet longiore. [Vulgata,
Eclesiástico 3.7]. O que honra o seu pai, viverá uma vida
mais longa.
816. Qui honorat parentes suos, seipsum honorat. ■ Quem
honra seus pais a si mesmo se honra.
817. Qui honorat, seipsum honorat. [Grynaeus 545]. Quem
respeita, a si mesmo respeita. ■ Quem honras faz, cortesias
merece. VIDE: ● Honorans alios, se ipsum honorat.
818. Qui iacet in terra, non habet unde cadat. [Rezende
5534]. Quem jaz no chão não tem de onde cair. ■ Ninguém
pode perder o que nunca teve. VIDE: ● Tutior in terra locus
quam turribus altis: qui iacet in terra non habet unde
cadat.
819. Qui ignorat, ignorabitur. [Polydorus, Adagia]. Quem o
ignora, será ignorado. VIDE: ● Si quis autem ignorat,
ignorabitur.
820. Qui ignorat quantum solvere debeat, non potest
improbus videri. [Jur / Black 1481]. Quem não sabe quanto
deveria pagar, não pode ser considerado desonesto. VIDE:
● Non potest improbus videri, qui ignorat quantum
solvere debeat.
821. Qui ignoratis quid erit in crastino. [Vulgata, Tiago
4.14]. Vós não sabeis o que sucederá amanhã.
822. Qui imponit stulto silentium, iras mitigat. [Vulgata,
Provérbios 26.10]. Aquele que impõe silêncio a um
insensato, apazígua as contendas.
823. Qui in acie pro re publica perimuntur semper per
gloriam vivere intelleguntur. [VES 54]. Acredita-se que os
que morrem pelo seu país no campo de batalha viverão
sempre por sua glória.
824. Qui in altum mittit lapidem, super caput eius cadet.
[Vulgata, Eclesiástico 27.28]. Quem atirar uma pedra para o
alto, na própria cabeça lhe cairá. ■ Quem cospe para o céu,
na cara lhe cai. VIDE: ● In exspuentis recidit faciem, quod
in caelum exspuit. ● In faciem recidit, quidquid in astra
iacit.
825. Qui in amorem praecipitavit, peius perit quam si saxo
saliat. [Plauto, Trinummus 236]. Quem se apaixonou
desgraça-se mais do que se saltasse de um rochedo.
826. Qui in ius dominiumve alterius succedit, iure eius uti
debet. [Digesta 50.17.177]. Que sucede no direito ou na
propriedade de outra pessoa, deve usar do direito dela.
827. Qui in gladio occiderit, opportet eum gladio occidi.
[Vulgata, Apocalipse 13.10]. Aquele que matar à espada, à
espada deve ser morto. ■ Quem com ferro fere com ferro será
ferido. ■ Quem com ferro mata com ferro morre. VIDE:
● Omnes enim qui acceperint gladium, gladio peribunt.
● Qui gladio ferit, gladio perit. ● Qui gladio percutit,
gladio morietur. ● Quicumque gladio utitur, gladio
peribit.
828. Qui in homine calamitoso est misericors, meminit sui.
Quem se compadece de um homem que sofre lembra-se de si
mesmo. VIDE: ● Homo, qui in homine calamitoso est
misericors, meminit sui.
829. Qui in modico iniquus est, et in maiori iniquus est.
[Vulgata, Lucas 16.10]. o que é injusto no pouco também é
injusto no muito. ■ Quem rouba um cesto, rouba um cento.
● Qui in modico iniquus est, etiam in multo iniquus erit.
830. Qui in pergula natus est, aedes non somniatur.
[Petrônio, Satiricon, 74.14]. Quem nasceu em cabana, não
sonha com palácio.
831. Qui in sacrario operantur, quae de sacrario sunt,
edunt. [Vulgata, 1Coríntios 9.13]. Os que trabalham no
santuário comem do que é do santuário. ■ Quem serve o altar
dele deve comer. ■ O abade onde canta daí janta. VIDE: ● Qui
altari deserviunt, cum altari participant. ● Qui altari
servit, de altari manducat.
832. Qui in solem venit, licet non in hoc venerit, colorabitur.
[Sêneca, Epistulae Morales 108.4]. Quem vem para o sol,
embora não venha para isso, ficará queimado.
833. Qui in vero dubitat, male agit cum deliberat. [Publílio
Siro]. Quem não acredita na verdade erra quando toma uma
decisão.
834. Qui in vino indulget, quemque alea decoquit, ille in
venere putret. Apodrece na concupiscência quem se entrega
ao vinho e quem o dado leva à ruína. ■ Os três perigos da
alma: mundo, diabo e carne. ■ Três coisas matam o homem:
moças, dados e cominos de odre.
835. Qui inimicum palam despicit, in suam perniciem
accendit. [Branco 736]. Quem ostensivamente despreza seu
inimigo, provoca a própria desgraça. ■ Quem seu inimigo
poupa, nas mãos lhe morre. VIDE: ● Saepe contemptus hostis
cruentus certamen edidit.
836. Qui intellegit alienum se possidere, mala fide possidet.
[Digesta 41.3.38, adaptado]. Quem sabe que possui o alheio
possui de má fé.
837. Qui interrogatus cur possideat, responsurus sit "quia
possideo". [Digesta 5.3.12]. Ele, interrogado por que possui,
deverá responder “porque tenho a posse”. VIDE: ● Possideo,
quia possideo.
838. Qui inutilis est omnibus, sibi utilis esse non potest. [Frei
João dos Prazeres, Abecedário Real72]. Quem é inútil a
todos não pode ser útil a si.
839. Qui invenit amicum, invenit thesaurum. [DAPR 57].
Quem encontrou um amigo encontrou um tesouro. ■ Aqueles
são ricos, que têm amigos. VIDE: ● Beatus qui invenit
amicum verum. ● Qui autem invenit illum, invenit
thesaurum.
840. Qui invenit thesaurum, invenit et amicos. Quem acha
um tesouro acha também amigos. ■ Quem tem dinheiro tem
graça e amigos.
841. Qui investigator est malorum, opprimetur ab eis.
[DAPR 603]. Quem investiga os maus, será oprimido por
eles. ■ Quem muito apura pouco dura. VIDE: ● Qui malignos
sermones inquirit, se ipse inquietat. ● Qui nimis inquirit,
multa pericla subit.
842. Qui invident, egent; illis quibus invidetur, i rem habent.
[Plauto, Truculentus 719]. Os que invejam são necessitados;
os invejados são os que têm abundância.
843. Qui invidet, minor est. [Plínio Moço, Epistulae 6.17.4].
Quem inveja é inferior.
844. Qui invitus servit, fit miser, servit tamen. [Publílio
Siro]. Quem serve contra a vontade é infeliz, mas, ainda
assim, serve.
845. Qui ipse se contemnit, in eo est indoles industriae.
[Plauto, Trinummus 322]. Quem nunca está contente consigo
tem inclinação para o esforço.
846. Qui ipse sibi sapiens esse non potest, nequicquam sapit.
[Eiselein 519]. Quem não pode saber para si, nada sabe.
■ Nada sabe quem para si não sabe. ● Qui ipse sibi sapiens
prodesse non quit, nequidquam sapit. [Ênio, Medea /
Cícero, Ad Familiares 7.6]. Um sábio que não sabe resolver
os próprios problemas nada sabe. VIDE: ● Nequicquam
sapere sapientem, qui ipse sibi prodesse non quiret.
● Sapiens sibi sapiat. ● Sapit nequicquam, qui sibi ipsi non
sapit.
847. Qui iuramentum a malo viro postulat, insanit. [Jur].
Está louco quem exige juramento de um homem desonesto.
848. Qui iure suo utitur, nemini facit iniuriam. [Jur / Black
1481; Broom 302]; Quem usa de seu direito não prejudica
ninguém. ● Qui iure suo utitur, neminem laedit. [Rezende
5535; Maloux 143]. VIDE: ● Iure suo qui utitur nemini
iniuriam facit. ● Qui de iure suo utitur, nemini iniuriam
facit. ● Qui utitur suo iure, laedit neminem.
849. Qui iusiurandum servat, quovis pervenit. [Publílio
Siro]. Quem cumpre a palavra chega aonde quiser.
850. Qui iussu iudicis aliquod fecerit, non videtur dolo malo
fecisse, quia parere necesse est. [Jur / Coke / Black 1481].
Quem fizer algo por ordem judicial não é considerado como
ter usado de dolo, pois era sua obrigação obedecer.
851. Qui laborat, orat. Quem trabalha está orando. ■ Trabalhar
é orar. VIDE: ● Bene orasse est bene studuisse. ● Laborare
est orare. ● Ora et labora. ● Operatio fere idem est atque
oratio.
852. Qui laboribus durioribus corpus exercent, appetitu
maiore gaudent. [Nenter 3]. Os corpos que realizam
trabalhos mais duros, gozam de maior apetite.
853. Qui laqueum alii ponit, peribit in illo. [Vulgata,
Eclesiástico 27.29]. Quem arma um laço a outrem cairá nele.
■ Quem arma a esparrela às vezes cai nela.
854. Qui lavat asinum, perdit aquam et saponem. [Erpênio /
Rezende 5538]. Quem lava um burro perde a água e o sabão.
■ Quem lava focinho a burro preto perde sabão e tempo.
VIDE: ● Asini caput ne laves nitro. ● Asino caput non laves
sapone. ● Caput asini ne laves nitro. ● Nitro caput asini ne
laves.
855. Qui legit, intellegat. [Vulgata, Mateus 24.15]. O que lê
entenda. ■ Quem lê leia para saber; quem souber saiba para
obrar.
856. Qui legitis flores et humi nascentia fraga, frigidus, o
pueri, fugite hinc, latet anguis in herba. [Virgílio, Eclogae
3.92]. Ó crianças que colheis flores e morangos que nascem
no chão, fugi daqui, há uma fria cobra escondida no capim.
VIDE: ● In ista vipera est veprecula. ● Latet anguis in
herba. ● Plurimum doli ac fraudis latet. ● Vipera est in
veprecula.
857. Qui leviter credit, deceptus saepe redit. [Rezende 5539].
Quem confia com facilidade muitas vezes é enganado.
■ Quem crê de ligeiro, água lhe cai no seio. ● Qui leviter
credit, deceptus cito recedit. [DAPR 199]. Quem crê de
ligeiro logo volta desiludido. VIDE: ● Qui facile credit, facile
decipitur. ● Qui facile credit, facile quoque fallitur idem.
858. Qui loquitur mendacia, peribit. [Vulgata, Provérbios
19.9]. O que fala mentiras perecerá.
859. Qui lucerna egent, infundant oleum. [Pereira 120].
Quem precisa da lâmpada, que coloque o azeite. ■ Quem
precisa de candeia, que traga azeite. ■ Quem quiser comer
depene. ● Qui lucerna egent, infundunt oleum. [Erasmo,
Adagia 4.7.63]. VIDE: ● Lucerna qui indigent, oleum
affundunt. ● Qui egent lucerna, infundant oleum.
● Quibus lucerna est opus, infundunt oleum. ● Quibus
opus est fructu, stercorant agrum.
860. Qui lusus non novit leges, abstineat. [Manúcio, Adágia
110; Rezende 5541]. Quem não conhece as regras do jogo
fique fora. ■ Ninguém se meta no que não sabe. VIDE:
● Oportet remum ducere qui didicit.
861. Qui luxuriosus est, necesse est ut et avarus sit.
[Grynaeus 88]. Quem vive no luxo necessariamente tem de
ser ambicioso.
862. Qui maiora cupit, saepe minora capit. [Werner]. Quem
deseja o maior muitas vezes só consegue o menor.
863. Qui mala diligit et bona neglegit, intrat abyssum; nulla
pecunia, nulla scientia liberat ipsum. [Werner]. Quem ama
o mal e despreza o bem cai no abismo; não há dinheiro nem
ciência que o livre.
864. Qui male agit, odit lucem. [S.Anselmo, De Veritate 5;
Pereira 117]. ■ Quem obra mal detesta a luz. ● Qui male egit,
odit lucem. Quem agiu mal odeia a luz. VIDE: ● Male agens
odit lucem. ● Omnis enim qui male agit, odit lucem.
865. Qui malevolo sunt animo, deteriores fiunt rogati.
[Cícero, Ad Familiares 2.17, adaptado]. Os que têm espírito
malvado pioram, quando são rogados. ■ Ao ruim, quanto
mais se lhe rogam, mais se estende. VIDE: ● Pravo animo qui
sunt, deteriores fiunt rogati. ● Rusticus, quanto plus
rogatur, tanto magis inflatur.
866. Qui mali sunt, habeant mala, qui boni, bona. [Plauto,
Pseudolus, Prologus]. Os que são maus devem ter castigo, os
que são bons devem ter prêmio.
867. Qui malignos sermones inquirit, se ipse inquietat.
[Sêneca, De Ira 3.11.1]. Quem investiga maledicências
perturba a própria paz. ■ Quem escuta de si ouve. ■ Quem as
coisas muito apura não vive vida segura. VIDE: ● Qui
investigator est malorum, opprimetur ab eis. ● Qui nimis
inquirit, multa pericla subit.
868. Qui mandat, ipse fecisse videtur. [Jur / Black 1481].
Quem manda, considera-se como se tivesse feito
pessoalmente. ● Qui mandat dicitur ipse facere.
869. Qui mandat solvi, ipse videtur solvere. [Digesta
46.3.56]. Quem manda pagar, entende-se que paga
pessoalmente.
870. Qui manet diu, vacuus non redit. [Pereira 120]. Quem
demora muito não volta com as mãos vazias. ■ Quem tarda
arrecada.
871. Qui matrimonio iungit virginem suam bene facit, et qui
non iungit melius facit. [Vulgata, 1Coríntios 7.38]. O que
casa a sua filha donzela, faz bem, e o que a não casa, faz
melhor. ■ Casar é bom, não casar é melhor.
872. Qui me amat, amat et canem meum. [S.Bernardo, In
Festo Sancti Michaelis 3]. Quem me ama, ama também meu
cão. ■ Quem bem quer a Beltrão bem quer a seu cão. ■ Quem
bate no cão, bate no dono. ● Qui me amat, amet et canem
meam. [DAPR 532]. Quem me ama, ame também a meu
cão. VIDE: ● Cui dominus gratus, canis huic meus amicus.
● Qui amat me, amat et canem meum. ● Qui amat me,
amet et canem meum. ● Quisquis amat dominum, diligit
et catulum. ● Tu si me amas, canem meum dilige.
873. Qui me amat, meos diligit. [Pereira 118]. Quem me ama
também ama os meus. ■ Quem ama a Beltrão ama também a
seu irmão. ■ Quem ama a Beltrão ama a seu cão. ■ Amigo do
meu amigo meu amigo é. ■ Quem bate no cão, bate no dono.
874. Qui me laesit, item laedet, si laedere possit. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 30.9]. Quem me fez mal uma
vez, fará mal de novo, se puder. ■ Quem fez uma vez fará
duas ou três. VIDE: ● Qui primo nocuit, vult posse nocere
secundo.
875. Qui medice vivit, misere vivit. [Erasmo, Encomium Artis
Medicae]. Quem vive sob cuidados médicos vive
miseravelmente. ● Qui medice vivit, miserrime vivit.
[Benito Jerónimo Feijoo, Cartas 5.21].
876. Qui meditatur discordias, diligit rixas. [Vulgata,
Provérbios 17.19]. Aquele que medita discórdias ama as
rixas. VIDE: ● Qui diligit rixas, meditatur discordias.
877. Qui medium vult, finem vult. Quem quer o meio quer o
fim.
878. Qui melius probat, melius habet. [Jur / Black 1481].
Quem mais prova, mais ganha.
879. Qui melius scit pati, maiorem tenebit pacem. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 2.3.19]. Quem melhor sabe
suportar terá maior paz.
880. Qui mentiri, aut fallere insuerit patrem, aut audebit,
tanto magis audebit ceteros. [Terêncio, Adelphi 55].
Aquele que ousar mentir a seu pai ou costuma enganá-lo,
com mais forte razão ousará mentir e enganar aos estranhos.
881. Qui mentiri solet, peierare consuevit. [Cícero, Pro
Roscio 46]. Quem costuma mentir, habituou-se a perjurar.
● Qui mentitur, peierare solet. Quem mente costuma
perjurar.
882. Qui mercedes congregavit, misit eas in sacculum
pertusum. [Vulgata, Ageu 1.6]. O que ajuntou muitos
ganhos meteu-os num saco roto.
883. Qui metuens vivet, liber mihi non erit unquam.
[Horácio, Epistulae 1.16.64]. Quem viver com medo, para
mim nunca será um homem livre. VIDE: ● Qui cupit aut
metuit, servus est.
884. Qui metuens vivit, miser est. [Epígrafe de Fábula de
Fedro / Rezende 5548]. Quem vive assustado é infeliz.
885. Qui metuit, arma induat. [Schrevelius 1177]. Quem tem
medo, porte armas.
886. Qui metuit calamitatem, raro accipit. [Publílio Siro].
Quem teme o desastre raramente é atingido por ele. ■ A
desconfiança é a sentinela da segurança.
887. Qui minus habent, semper aliquid addant divitioribus.
[Terêncio, Phormio 41]. Os que menos têm sempre dão
alguma coisa aos mais ricos.
888. Qui misere credit, creditur esse miser. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 24.10]. Quem confia demais
considera-se digno de pena.
889. Qui misericordiam inimico impertit, sibi denegat.
[Bacon / Stevenson 682]. Quem mostra misericórdia ao
inimigo nega-a a si mesmo. ■ Quem tem pena morre
penando.
890. Qui moderatur sermones suos doctus et prudens est.
[Vulgata, Provérbios 17.27]. Quem modera suas palavras é
douto e prudente.
891. Qui modeste paret, videtur, qui aliquando imperet,
dignus esse. [Cícero, De Legibus 2.5]. Suponho que quem
obedece modestamente, quando tiver o poder, mostrar-se-á
digno. ■ Quem não sabe sofrer não sabe reger. VIDE: ● Bene
imperat qui bene paruit aliquando. ● Nemo bene imperat,
nisi qui paruerit imperio. ● Non bene imperat, nisi qui
paruerit imperio. ● Qui bene imperat, paruerit aliquando
necesse est, et qui modeste paret, videtur qui aliquando
imperet, dignus esse.
892. Qui modica spernit, paulatim decidet. [S.Beda,
Proverbiorum Liber]. Quem despreza o pouco cairá aos
poucos. VIDE: ● Qui spernit modica, paulatim decidet.
893. Qui molitur insidias in patriam id facit quod insanus
nauta perforans navem in qua vehitur. [Jur / Black 1481].
Quem arma insídias contra sua pátria, age como o marinheiro
louco que fura o casco do navio em que navega.
894. Qui monet, amat. ■ Quem avisa amigo é. ■ Quem avisa
quer bem. ● Qui monet, amat. Ave et cave. [Robert Burton,
The Anatomy of Melancholy 1.2.2]. Quem te avida, quer o
teu bem. Adeus, e cuida de ti.
895. Qui monet, quasi adiuvat. [Plauto, Curculio 464]. Quem
adverte de algum modo ajuda. ■ Quem me repreende, do mal
me defende.
896. Qui mori didicit, servire dedidicit. [Sêneca, Epistulae
Morales 26.10]. Quem aprendeu a morrer desaprendeu de ser
escravo.
897. Qui mortem in malis ponit, non potest eam non timere.
[Cícero, De Finibus 3.29]. Quem coloca a morte entre as
coisas más não pode deixar de temê-la.
898. Qui mortem metuit, quod vivit, perdit id ipsum.
[Dionísio Catão, Disticha 1.22]. Quem teme a morte perde
até o que vive. ■ Quem teme a morte perde quanto vive.
● Qui mortem metuit amittit gaudia vitae. Quem teme a
morte, perde as alegrias da vida.
899. Qui mortem timebit, nihil unquam pro homine vivo
faciet. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 11.6]. Quem temer a
morte nunca fará nada digno de um homem vivo.
900. Qui morus omnia cernit, haud sese videt. [Schottus,
Adagia 617]. O louco que tudo vê, não vê a si mesmo. ■ O
macaco vê o rabo da cutia, mas não vê o seu.
901. Qui multa rapuerit, pauca suffragatoribus dederit,
salvus erit. [Manúcio, Adagia 511]. Quem roubar muito e
der um pouco aos seus parceiros, esse estará salvo. ■ Quem
furta pouco é ladrão; quem furta muito é barão. ■ Ladrão
endinheirado nunca morre enforcado. ● Qui multa tollit,
pauca dat, servabitur. [Manúcio, Adagia 511]. Quem rouba
muito e dá um pouco, se salvará.
902. Qui multiplicat scientiam, multiplicat dolorem.
[Henderson, Latin Proverbs / Stevenson 1321]. Quem
multiplica o saber multiplica o sofrimento. VIDE: ● Qui addit
sapientiam, addit dolorem. ● Qui addit scientiam, addit et
laborem. ● Qui apponit scientiam, apponit dolorem.
903. Qui multum habet piperis, etiam oleribus indit.
[Apostólio, Paroimiai 14.6]. Quem tem muita pimenta
mistura-a até nas verduras. ■ Quem tem sangue faz chouriços.
■ Quem tem muita manteiga assa-a na ponta do espeto.
■ Quem muito mel tem nas berças o deita. VIDE: ● Cui
multum est piperis, etiam oleribus immiscet. ● Pipere
abundans etiam oleribus illud admiscet. ● Pipere
abundans etiam oleribus immiscet. ● Pipere qui abundat,
oleribus miscet piper.
904. Qui multum habet, plus cupit. [Sêneca, Epistulae
Morales 119.6]. ■ Quem muito tem mais deseja. ■ Quem mais
tem mais quer. VIDE: ● Homines, quo plura habent, eo
ampliora cupiunt. ● Plurima qui tenet, plura tenere cupit.
905. Qui multum peregrinantur, raro sanctificantur. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 1.23.24]. Os que fazem
muitas romarias raramente se tornam santos. ■ Das muitas
romarias, poucos trazem virtudes. ● Qui multum
peregrinatur, raro sanctificatur. [Binder, Thesaurus 2784].
Quem faz muitas romarias rarament se torna santo.
906. Qui ne tuberibus propriis offendat amicum postulat,
ignoscet verrucis illius. [Horácio, Satirae 3.73]. Quem
espera que o amigo não se incomode com seus tumores
deverá desculpar as verrugas dele.
907. Qui negat esse Deum, nec scit quam providus idem est.
Quem nega que Deus exista, nem sabe quão generoso Ele é.
908. Qui negat esse Deum, spectet modo sidera caeli! Quem
nega que Deus exista olhe apenas os astros do céu!
909. Qui neminem habet inimicum, nec amicum habet
quemquam. [Erasmo, Colloquia Familiaria 29]. Quem não
tem nenhum inimigo também não tem nenhum amigo.
■ Amigo de todos, amigo de nenhum, tudo é um.
910. Qui neminem non laudat, laudat neminem. [Rezende
5550]. Quem elogia a todos não elogia a nenhum. ■ Amigo de
todos, amigo de ninguém.
911. Qui nescit dissimulare, nescit regnare. [Bernardes, Nova
Floresta 2.214]. ■ Quem não sabe fingir não sabe reinar.
■ Bem dissimular para bem governar. (=Máxima favorita de
Luís XI, da França). VIDE: ● Nescit regnare, qui nescit
dissimulare.
912. Qui nescit dissimulare, nescit vivere. [John Case,
Sphaera Civitatis]. Quem não sabe fingir não sabe viver.
913. Qui nescit oboedire, is nesciet imperare. ■ Quem não
sabe obedecer não sabe mandar. VIDE: ● Non potest bene
imperare qui male ante serviit. ● Parere cum didiceris,
imperare scies. ● Praeesse nescit qui subesse nescit.
914. Qui nescit orare, pergat ad mare. [DAPR 433]. Quem
não sabe rezar vá para o mar. ■ Se queres aprender a rezar,
entra no mar. ■ Quem anda no mar aprende a rezar. ● Qui
nescit orare, ascendat ad mare. [Grynaeus 776]. ● Qui
nescit orare, vadat ad mare. [Binder, Thesaurus 2785].
VIDE: ● Qui vult scire preces, aequoris intret aquas.
915. Qui nescit tacere, nescit et loqui. [DM 132]. ■ Quem não
sabe calar também não sabe falar. VIDE: ● Homo tacere qui
nescit, nescit loqui. ● Loqui ignorabit, qui tacere nesciet.
● Qui tacendi non habet artem, nec non loquendi.
● Tacere nescit idem, qui nescit loqui. ● Tacere qui nescit,
et nescit loqui.
916. Qui nesciunt quid sit inter dexteram et sinistram suam.
[Vulgata, Jonas 4.11]. Eles não sabem discernir entre a sua
mão direita e a sua mão esquerda.
917. Qui nihil aeris habet, nihil aeris perdit unquam.
[Binder, Thesaurus 2786]. Quem não tem nenhum dinheiro,
nunca perde nenhum dinheiro. ■ Quem não tem, não teme.
918. Qui nihil amat, quid ei homini opus vita est? [Plauto,
Persa 182]. Ao homem que não gosta de nada, de que lhe
adianta a vida?
919. Qui nihil debet, lictores non timet. [Rezende 5552;
Stevenson 529]. Quem nada deve não teme os meirinhos.
■ Quem não deve não teme.
920. Qui nihil habet, huic nullus amicus adest. [Eiselein 38].
Quem nada tem, não tem nenhum amigo. ■ Quem anda sem
dinheiro não arranja companheiro.
921. Qui nihil habet in vita iucundius vita, is cum virtute
vitam non potest colere. [RH 4.14.20]. Aquele que na vida
nada vê de mais agradável que a vida, não pode levar uma
vida virtuosa.
922. Qui nihil habet nihil perdit. [Bebel, Adagia Germanica].
Quem nada tem, nada perde. ■ Quem nada tem, nada teme.
923. Qui nihil potest sperare, desperet nihil. [Sêneca, Medea
163]. Quem nada pode esperar, de nada se desespere.
924. Qui nimis est humilis, saepe calcatur in imis. Quem é
demasiado humilde, muitas vezes é pisado nos pés. ■ Quem
se faz verme, que muito é que o pisem?. ■ Quem se faz de
ovelha, o lobo o come.
925. Qui nimis inquirit, multa pericla subit. [Pereira 118].
Quem muito indaga muito se arisca. ■ Quem as coisas muito
apura, não vive vida segura. VIDE: ● Qui investigator est
malorum, opprimetur ab eis. ● Qui malignos sermones
inquirit, se ipse inquietat.
926. Qui nimis probat, nihil probat. [DAPR 794]. ■ Quem
prova demais não prova nada. ■ Quando a esmola é demais,
o santo desconfia. VIDE: ● Nihil probat qui nimium probat.
● Qui nimium probat, nihil probat.
927. Qui nimis propere, minus prospere. Quem vai com
pressa excessiva, tem resultado menos favorável. ■ Quem
muito se apressa perde tempo. ■ Quem corre cansa; quem
anda alcança. VIDE: ● Nimium properans, serius absolvit.
928. Qui nimium capit, parum stringit. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 27]. ■ Quem muito abarca
pouco abraça. VIDE: ● Nimio amplexu parum stringitur.
● Plurima conantes prendere, pauca ferunt. ● Qui plura
ambit, male astringit. ● Qui plura angit, male astringit.
929. Qui nimium festinat, caldum edit. [Grynaeus 776].
Quem muito se apressa come quente. ■ Apressado come cru.
VIDE: ● Qui nimium properat, serius absolvit.
930. Qui nimium multis non amo dicit, amat. [Ovídio,
Remedium Amoris 648]. Quem insiste em dizer a muitas
pessoas ‘eu não amo’, esse ama.
931. Qui nimium probat, nihil probat. ■ Quem prova demais
não prova nada. VIDE: ● Nihil probat qui nimium probat.
● Qui nimis probat, nihil probat.
932. Qui nimium properat, serius absolvit. [Erasmo, Adagia
3.5.60]. Quem se apressa demais, acaba sua tarefa mais tarde.
■ Quem muito corre cedo cansa. ■ A mor pressa é o mor
vagar. VIDE: ● Qui nimium festinat, caldum edit. ● Qui plus
satis festinat initio, serius ad finem pervenit. ● Qui
properat nimium, res absolvit serius.
933. Qui nimium vili studet emere, semper merces vitiosas
emit. [Grynaeus 83]. Quem procura comprar barato demais
sempre compra mercadorias defeituosas. ■ Mercadoria
barata é roubo de bolsa. VIDE: ● Extrahit a clausa merx
vilior aera crumena. ● Nihil prodest improbam mercem
emere.
934. Qui nocere potest, et idem prodesse. [Erasmo, Adagia
3.9.74]. Quem pode prejudicar também pode ajudar.
935. Qui nocuit primo, vult posse nocere secundo.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 30.13]. Quem fez
mal ao primeiro quer poder fazer mal ao segundo. ■ Cesteiro
que faz um cesto faz um cento. ■ Quem fez uma vez fará duas
ou três. VIDE: ● Qui me laesit, item laedet, si laedere possit.
936. Qui nolet fieri desidiosus, amet. [Ovídio, Amores
1.9.46]. Quem não quiser ficar ocioso, ame.
937. Qui nolunt occidere quemquam, posse volunt. [Juvenal,
Satirae 10.95]. Mesmo as pessoas que não querem matar
ninguém, querem ter esse poder.
938. Qui non amat, non zelat. Quem não ama não tem ciúme.
■ Não há amor sem ciúme. VIDE: ● Qui non zelat, non amat.
● Qui non zelat, amare non potest.
939. Qui non assuescit virtuti, dum iuvenescit, a vitiis nescit
desistere, quando senescit. [Albertano da Brescia, Liber
Consolationis 10]. Quem não se habitua à virtude quando é
jovem não se livra dos vícios quando envelhece. ■ Quem más
manhas há tarde ou nunca as perderá. ■ Pau que nasce torto
nunca endireita.
940. Qui non colligit mecum, dispergit. [Vulgata, Lucas
11.23]. O que não colhe comigo, desperdiça. ● Qui non
congregat mecum, spargit. [Vulgata, Mateus 12.30]. O que
não se ajunta comigo, desperdiça. ● Qui non colligit mecum,
spargit. [Schottus, Adagialia Sacra 37].
941. Qui non diligit, non novit Deum, quoniam Deus caritas
est. [Vulgata, 1João 4.8]. Aquele que não ama não conhece a
Deus, porque Deus é amor. VIDE: ● Deus caritas est.
942. Qui non est hodie, cras minus aptus erit. [Ovídio,
Remedium Amoris 94]. Quem não está preparado hoje
amanhã estará menos ainda. VIDE: ● Qui paratus non est
hodie, cras minus paratus erit.
943. Qui non est mecum, contra me est. [Vulgata, Mateus
12.30]. Quem não está comigo está contra mim. ■ Quem não
é por mim é contra mim. VIDE: ● Qui enim non est adversum
vos, pro vobis est.
944. Qui non est tentatus quid scit? [Vulgata, Eclesiástico
34.9]. Quem não foi provado conhece o quê?
945. Qui non facit quod debet, non recipit quod oportet. [Jur
/ Rezende 5565]. Quem não faz o que deve não recebe o que
convém.
946. Qui non facit quod vult, facit quod potest. ■ Quem não
faz o que quer, faz o que pode. VIDE: ● Qui non potest quod
vult, velle oportet quod potest.
947. Qui non habet, ille non dat. [Jur / Black 1481]. Quem
não tem, não dá. ■ Mal dá quem não há. VIDE: ● Nemo dat
quod non habet. ● Nemo dat quod non habet. ● Nemo dat
quod non habet, nec plus quam habet. ● Nemo dat qui
non habet.
948. Qui non habet in aere, luat in corpore. [Grynaeus 730].
Quem não tem dinheiro pague com seu corpo. ■ Quem não
pode pagar do bolso pague com sua pele. ● Qui non habet
in nummis, luat in corpore. [Binder, Thesaurus 2790].
● Qui non habet in aere, luat in corpore, ne quis peccetur
impune. [Jur / Black 1481]. Quem não pode pagar em
dinheiro, pague com seu corpo, para que ninguém cometa
falta sem punição. ● Qui non habet in crumena, luat in
corpore. Quem não tem na bolsa, paga no corpo. VIDE:
● Luat in corpore qui non habet in aere.
949. Qui non improbat,’at. [Jur / Black 1481]. Quem não
desaprova, aprova.
950. Qui non intrat per ostium in ovile ovium, sed ascendit
aliunde, ille fur est et latro. [Vulgata, João 10.1]. Quem não
entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra
parte, é ladrão e salteador.
951. Qui non irascitur, inconcussus iniuria persistit. [Sêneca,
De Ira 1.25.3]. Quem não se irrita fica insensível à injustiça.
952. Qui non laborat, non manducat. [Rabelais, Gargantua
3.41]. ■ Quem não trabalha não come. ■ Não pode o filho de
Adão sem trabalho comer pão. ● Qui non laborat, non
manducet. [Rezende 5560]. Quem não trabalha não comerá.
VIDE: ● Bos hic non comedat, qui iam iuga ferre recusat.
● Nemo otiosus comedat. ● Ni purges et molas, non
comedes. ● Si quis non vult operari, nec manducet.
953. Qui non libere veritatem pronunciat proditor est
veritatis. [Jur / Black 1481]. Quem não fala a verdade
livremente é traidor da verdade.
954. Qui non litigat, caelebs est. [S.Jerônimo / Erasmo,
Adagia 4.2.35]. Quem não briga é solteiro.
955. Qui non negat, fatetur. [Jur / Black 1481]. Quem não
nega confessa. ■ Quem cala consente. ■ Quem cala confessa.
956. Qui non obstat quod obstare potest, facere videtur. [Jur
/ Black 1481], Quem não impede o que pode impedir é
considerado o autor.
957. Qui non pote celare vitium, non facit. [Publílio Siro].
Quem não pode ocultar o crime não o pratica.
958. Qui non potest condemnare, non potest absolvere. [Jur].
Quem não pode condenar não pode absolver.
959. Qui non potest quod vult, velle oportet quod potest.
[Bailey, Divers Proverbs 41; Stevenson 540]. Quem não
pode o que quer, deve querer o que pode. ■ Quem não pode
como quer queira como puder. ■ Se não fazes o que queres,
faze o que puderes. VIDE: ● Quando id fieri non potest quod
vis, id velis quod possis. ● Quoniam non potest fieri id
quod vis, id velis quod possit. ● Si non possis quod velis,
velis id quod possis. ● Si non potes ut vis, utcumque potes
facito. ● Si non ut volumus, tamen ut possumus.
960. Qui non proficit, deficit. [Tosi 767]. ■ Quem não avança
recua. ■ Não esqueças um instante que é ficar para trás não
ir avante. VIDE: ● Naturaliter, quod procedere non potest,
recedit. ● Non progredi regredi est. ● Non progredi
regredi est, et nolle proficere deficere est. ● Quod
procedere non potest, recedit.
961. Qui non prohibet cum potest, iubet. [Jur / Rezende
5561]. Quem não proíbe, quando pode, ordena. VIDE:
● Facere dicitur qui, cum possit, non prohibet. ● Qui non
vetat peccare, cum possit, iubet.
962. Qui non prohibet, cum prohibere possit, in culpa est.
[Jur / Black 913]. Quem não impede, quando pode proibir, é
culpado. VIDE: ● Idem est facere et non prohibere cum
possis.
963. Qui non prohibet id quod prohibere potest assentire
videtur. [Jur / Black 1481]. Quem não proíbe o que pode
proibir, considera-se concordar.
964. Qui non propulsat iniuriam quando potest, infert. [Jur /
Black 1481]. Quem não repele uma injustiça, quando pode
repelir, provoca outras.
965. Qui non reverentur homines, fallunt deos. [Quinto
Cúrcio, Historiae 7.8]. Quem não respeita os homens engana
os deuses.
966. Qui non sentit Deum per beneficia, sentiet per
supplicia. [S.Jerônimo / Bernardes, Luz e Calor 1.220.46].
Quem não sente a Deus nos benefícios senti-lo-á nos
castigos.
967. Qui non vetat peccare, cum possit, iubet. [Sêneca,
Troades 292]. Quem não impede um crime, quando pode, é
como se o ordenasse. VIDE: ● Qui non prohibet cum potest,
iubet.
968. Qui non vult cum potest, non utique poterit cum volet.
[John of Salisbury, Polycratici libri 8.17]. ■ Quem não quer,
quando pode, não poderá, quando quiser.
969. Qui non vult matri, debet parere novercae. [DAPR
200]. Quem não quer obedecer à mãe deve obedecer à
madrasta. ■ Quem não crê boa mãe crê boa madrasta. ● Qui
non vult matri oboedire, debet novercae.
970. Qui non vult serere, fructus non debet habere. [Tosi
809]. Quem não quer semear não deve colher os frutos.
■ Quem não semeia não colhe.
971. Qui non zelat, non amat. [S.Agostinho, Contra
Adimantum 13.2]. Quem não cuida, não ama. ■ Quem não
zela não ama. ■ Não há amor sem ciúme. ■ Quem tem amor,
tem ciúme. ● Qui non zelat, amare non potest. [Albertano
da Brescia, Liber de Amore 2.1]. Quem não tem ciúme não
pode amar. VIDE: ● Qui non amat, non zelat.
972. Qui notus nimis omnibus, ignotus moritur sibi. [Sêneca,
Thyestes 400 / Bacon, De magistratibus et Dignitatibus 1].
Quem é muito conhecido para todos morre desconhecido
para si mesmo. VIDE: ● Illi mors gravis incubat qui, notus
nimis omnibus, ignotus moritur sibi. ● Notus nimis
omnibus, ignotus moritur sibi.
973. Qui nulli debet, fortunatissimus ille est. [Manúcio,
Adagia 690]. Muita sorte tem quem não deve a ninguém.
VIDE: ● Felix qui nihil debet.
974. Qui nullum fere scribendi genus non tetigit, nullum
quod tetigit non ornavit. [Epitáfio do escritor Oliver
Goldsmith]. Ele não deixou de tocar em quase nenhum
gênero literário, e não deixou de honrar nenhum que tenha
tocado. VIDE: ● Nihil tetigit quod non ornavit. ● Nullum
quod tetigit non ornavit.
975. Qui nullus hodie, cras erit vel maximus. [Aristófanes /
Schottus, Adagia 617]. Quem hoje não é ninguém, amanhã
poderá ser o máximo. ■ Ontem vaqueiro, hoje cavalheiro.
VIDE: ● Amicus vester, qui fuit rana, nunc est rex. ● Hodie
nihil, cras omnia. ● Hodie nullus, cras maximus. ● Qui fuit
rana nunc est rex.
976. Qui nunc it per iter tenebricosum illuc, unde negant
redire quemquam. [Catulo, Carmina 3.11]. Agora ele segue
por um caminho escuro para aquele lugar, de onde dizem que
ninguém volta.
977. Qui nunquam didicit subesse, nulli potest rite praeesse.
[S.Beda, Proverbiorum Liber]. Quem nunca aprendeu a ser
subordinado não pode governar ninguém adequadamente.
978. Qui nunquam male, nunquam bene. [Binder, Thesaurus
2794]. Quem nunca está mal, nunca está bem.
979. Qui nunquam quievit, quiescit. [Inscrição em túmulo /
Rezende 5571]. Aqui descansa quem nunca descansou.
980. Qui ob rem iudicandam pecuniam accepit, et ob
discendum falsum testimonium accipiet. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 5.10.87]. Quem recebeu dinheiro para
julgar uma causa também receberá dinheiro para prestar um
falso testemunho.
981. Qui obesse, cum potest, non vult, prodesse vult.
[Publílio Siro]. Quem, quando pode, não quer prejudicar
quer-te ajudar. ● Qui obesse, cum potest, non vult, prodest
tibi. Quem, quando pode, não te quer prejudicar, esse te
favorece.
982. Qui obsequium praestare nescit, iniuste petit, imo
etiam in odium cadit. [Bernardes, Nova Floresta 4.292].
Quem não sabe fazer um favor não tem o direito de pedir, e
até causa ódio.
983. Qui observat ventum, non seminat; et qui considerat
nubes, nunquam metet. [Vulgata, Eclesiastes 11.4]. O que
observa o vento, não semeia; e o que considera as nuvens,
nunca segará. VIDE: ● Qui respicit ad ventos, non seminat;
et qui respicit ad nubes, non metet.
984. Qui obticescit, vel pudet, vel quid respondeat non
habet. [Pereira 118]. Quem cala, ou está envergonhado, ou
não tem o que responder. ■ Quem cala não diz nada.
985. Qui obturat aurem suam ad clamorem pauperis, et ipse
clamabit, et non exaudietur. [Vulgata, Provérbios 21.13].
Aquele que tapa os seus ouvidos ao clamor do pobre, esse
mesmo também clamará, e não será ouvido.
986. Qui occasionem praestat, damnum fecisse videtur.
[Digesta 9.2.30.3]. Considera-se que quem cria a
oportunidade é o causador do dano. ■ Quem dá a mão à pera
quer comer dela.
987. Qui occupatam habet manum, et non vult dimittere
quod tenet, ille non potest accipere quod offertur. Quem
tem a mão ocupada e não quer largar o que está segurando,
esse não pode receber o que lhe é oferecido.
988. Qui omnes despicit, omnibus displicet. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 4.2]. Quem despreza a todos
desagrada a todos.
989. Qui omnes insidias timet, in nullas incidit. [Publílio
Siro]. Quem desconfia de todas as armadilhas não cai em
nenhuma. ■ A desconfiança é a mãe da segurança.
990. Qui omni tempore praesto fuit, vere amicus est. [Pereira
96]. É verdadeiramente teu amigo aquele que em qualquer
tempo está à tua disposição. ■ Aquele é teu amigo, que te tira
do arruído.
991. Qui omnia se simulant scire, neque quicquam sciunt.
[Plauto, Trinummus 204]. Eles fingem que sabem tudo, mas
não sabem nada.
992. Qui omnibus se periculis exponit, vel tandem
periclitabitur. [Bebel, Adagia Germanica]. Quem se expõe a
todos os perigos, acabará dando-se mal. ■ Tantas vezes vai o
pote à fonte que uma vez lá fica. VIDE: ● Hydria tam diu ad
fontem portatur, donec vel tandem frangatur.
993. c. Qui operatur terram suam inaltabit acervum frugum.
[Vulgata, Eclesiástico 20.30]. Aquele que cultiva a sua terra
tornará mais alto o monte de seus frutos.
994. Qui operatur terram suam, satiabitur panibus.
[Vulgata, Provérbios 12.11; 28.19]. Aquele que lavra a sua
terra, terá fartura de pão.
995. Qui orat et laborat, cor levat ad Deum cum manibus.
[S.Bernardo de Clairvaux, Ad Sororem / Maloux 519]. Quem
ora e trabalha eleva o coração a Deus com as mãos. VIDE:
● Laborare est orare. [Divisa da Ordem dos Beneditinos].
● Operatio fere idem est atque oratio. ● Ora et labora.
● Qui laborat, orat.
996. Qui paratus non est hodie, cras minus paratus erit.
Quem hoje não está pronto amanhã estará menos preparado.
VIDE: ● Qui non est hodie, cras minus aptus erit.
997. Qui parce seminat, parce et metet. [Vulgata, 2Coríntios
9.6]. Quem semeia pouco também segará pouco. ● Qui parce
seminat, parce et metit. Quem semeia pouco também sega
pouco.
998. Qui parcit nocentibus, innocentes punit. [Jur / Black
1482]. Quem poupa os culpados castiga os inocentes. ■ Quem
poupa o mau prejudica o bom. VIDE: ● Bonis nocet qui malis
parcet. ● Bonis nocet quisquis pepercerit malis. ● Iniuria
probos afficit qui malis parcit. ● Minatur innocentibus
qui parcit nocentibus. ● Parcit quisque malis, perdere vult
bonos.
999. Qui parcit virgae, odit filium suum. [Vulgata, Provérbios
13.24]. Quem poupa a vara odeia seu filho. ■ Quem bem ama
bem castiga. ■ Quem ama castiga. VIDE: ● Diligit hic natum,
virga qui corripit illum. ● Qui bene amat, bene castigat.
1000. Qui patitur, vincit. [Stevenson 2238]. Quem agüenta
vence. ■ Quem sofreu venceu.
1001. Qui pauca legit, pauca scit. Quem pouco lê pouco sabe.
VIDE: ● Cum pauca legat, pauca scit.
1002. Qui paupertatem timet, quam timidus est! [DM 99].
Como é medroso quem teme a pobreza! VIDE: ● Quam
timidus is est paupertatem qui timet!
1003. Qui pavet vanos metus, veros meretur. [Sêneca,
Oedipus 700]. Quem treme de medos vãos merece os
verdadeiros.
1004. Qui peccat ebrius, luat sobrius. [Jur / Black 1482;
Rezende 5578]. Quem comete falta embriagado, pague-a
quando estiver sóbrio. ■ Quem bebe para falar, apanhe para
calar.
1005. Qui pecuniam abscondit in terra, diabolo domicilium
facit. [João Tritênio / Bernardes, Luz e Calor 1.220.4].
■ Quem enterra dinheiro faz casa ao diabo.
1006. Qui per alium facit per seipsum facere videtur. [Jur /
Broom 639]. Quem faz algo por meio de outra pessoa,
considera-se que faz pessoalmente. VIDE: ● Qui facit per
alium, est perinde ac si faciat per se ipsum. ● Qui facit per
alium, facit per se.
1007. Qui per virtutem perbitat, is non interit. [Plauto,
Captivi 619]. Quem perece por causa da virtude não morre.
1008. Qui peragit vitium, simul et se vulgat iniquum, dicitur
ille duas prodere stultitias. [Pereira 106]. Diz-se que
comete duas tolices quem comete uma falta e logo se anuncia
culpado. ■ É duas vezes tolo quem faz o mal e o apregoa.
1009. Qui perversis graditur viis, concidet semel. [Vulgata,
Provérbios 28.18]. Aquele que anda por caminhos perversos,
cairá por uma vez.
1010. Qui pessime canit, primus incipiet. [Erasmo, Colloquia
Familiaria 27]. O que pior canta será o primeiro a começar.
1011. Qui petit a stulto sensum, nil stultius illo. [Pereira 118].
Não há nada mais tolo do que quem pede conselho a um tolo.
■ Quem a tolo pede conselho é ainda mais tolo que ele.
1012. Qui petit a te, da ei [Vulgata, Mateus 5.42]. Dá a quem
te pede. VIDE: ● Omni autem petenti te, tribue.
1013. Qui petit, accipit; qui quaerit, invenit; pulsanti
aperietur. [Vulgata, Mateus 7.8]. Quem pede recebe; quem
procura acha; ao que bate, abrir-se-á.
1014. Qui petit alta nimis, retro lapsus ponitur imis. [Trench,
Proverbs]. Quem busca lugares altos demais, ao escorregar
para trás, vai ao fundo. ■ Quem muito alto vai, de muito alto
cai. ■ Quanto mais alta a berlinda, maior o trambolhão.
1015. Qui petit excelsa debet vitare ruinam. [Tosi 987].
Quem procura as alturas deve evitar o tombo. ■ Quem mais
alto sobe de mais alto vai cair.
1016. Qui picem tractat, facile manum maculat. [Bebel,
Adagia Germanica]. Quem lida com pez, facilmente suja a
mão. ■ Ninguém toca em carvão que não fique enfarruscado.
■ Quem se encosta ao ferro enferruja-se. ■ Quem anda com
traça, traça o come. VIDE: ● Qui tangit picem,
contaminabitur. ● Omnes contacta denigrat pix calefacta.
● Qui tetigerit picem, inquinabitur ab ea.
1017. Qui pingit florem, non pingit floris odorem. [Trench,
Proverbs]. Quem pinta a flor não pinta o perfume da flor.
■ Vai grande diferença do vivo ao pintado. VIDE: ● Flos in
pictura non est flos, immo figura; qui pingit florem, floris
non pingit odorem.
1018. Qui plantavit, curabit. [Divisa da Família Roosevel].
Quem plantou, cuidará. VIDE: ● Qui transtulit, sustinet.
1019. Qui plura angit, male astringit. ■ Quem muito abarca
pouco abraça. ● Qui plura ambit, male astringit. [Grynaeus
752]. VIDE: ● Nimio amplexu parum stringitur. ● Plurima
conantes prendere, pauca ferunt. ● Qui nimium capit,
parum stringit.
1020. Qui plura intulerit lembo, plura auferet inde. [Rezende
5592]. Quem mais meter na barca, mais de lá tirará. ■ Quem
mais mete na barca mais saca.
1021. Qui plura loquitur, is ineptus esse dicitur. [Cícero, De
Oratore 2.17]. Considera-se tolo quem fala muito. ■ Quem
fala muito dá bom-dia a cavalo.
1022. Qui plura novit, eum maiora sequuntur dubia. [Papa
Pio II / Maloux 477]. As maiores dúvidas acompanham quem
conhece mais coisas. ■ Quem mais sabe menos afirma.
1023. Qui plus appetit, omnia perdit. Quem quer de mais
perde tudo. ■ Quem tudo quer tudo perde.
1024. Qui plus satis festinat initio, serius ad finem pervenit.
[Platão / Erasmo, Adagia 2.1.1]. Quem se apressa demais no
começo, atinge o fim mais tarde. ■ Quem muito corre cedo
cansa. ■ A mor pressa é o mor vagar. VIDE: ● Qui properat
nimium, res absolvit serius. ● Qui nimium properat,
serius absolvit.
1025. Qui plus petit, a ratione cadit. [Jur]. Quem pleiteia além
do seu direito tira a força de suas razões.
1026. Qui possidet et contendit, Deum tentat et offendit.
Quem possui e litiga desafia a Deus e o ofende.
1027. Qui postremus abit, redeuntibus ostia claudet. [Pereira
120]. Quem sair por último fecha a porta aos que voltam.
■ Quem vier atrás, que feche a porteira.
1028. Qui potare non potestis, ite procul ab his festis: non
est locus hic modestis. [De um poema goliardesco]. Vós que
não podeis beber afastai-vos desta festa: aqui não há lugar
para tímidos.
1029. Qui pote nocere, timetur, cum etiam non adest.
[Publílio Siro]. Quem pode fazer mal é temido, mesmo
quando não está presente. VIDE: ● Qui potest nocere,
timetur, cum etiam non nocet.
1030. Qui pote transferre amorem, pote deponere. [Publílio
Siro]. Quem pode trocar o amor pode esquecê-lo. ■ Pelos
amores novos se esquecem os velhos. ● Qui potest
transferre amorem, potest deponere. [DAPR 63].
1031. Qui poterit aut corporis firmitate aut fortunae
stabilitate confidere? [Cícero, Tusculanae Disputationes
5.40]. Quem poderá confiar na força do corpo ou na
constância da sorte?
1032. Qui poterit sanum fingere, sanus erit. [Ovídio,
Remedium Amoris 504]. Quem puder imaginar-se são ficará
são.
1033. Qui potest capere, capiat. [Vulgata, Mateus 19.12].
Quem puder compreender, que compreenda. VIDE: ● Capiat
qui capere possit. ● Qui vult capere, capiat.
1034. Qui potest facere mundum de immundo conceptum
semine? [Vulgata, Jó 14.4]. Quem pode fazer puro ao que foi
concebido de imunda semente?
1035. Qui potest maius, potest et minus. [Aristóteles /
Signoriello 296]. Quem pode o mais também pode o menos.
■ Quem pode o mais pode o menos. VIDE: ● Cui licet quod est
plus, licet utique quod est minus. ● Cui licet quod maius,
non debet quod minus est non licere. ● Decet licere
minimum cui multum licet. ● Non debet, cui plus licet, id
quod minus est, non licere.
1036. Qui potest mulieres vitare, vitet. [Plauto, Stichus 126].
Quem puder evitar as mulheres, que as evite.
1037. Qui potest nocere, timetur, cum etiam non nocet.
Quem pode fazer mal é temido, mesmo quando não o faz.
VIDE: ● Qui pote nocere, timetur, cum etiam non adest.
1038. Qui praedicas non furandum, furaris? [Vulgata,
Romanos 2.21]. Tu que pregas que não se deve furtar, tu
mesmo furtas?
1039. Qui praesumit, minus veretur, minus praecavet, plus
periclitatur. [Tertuliano / Bernardes, Nova Floresta 1.382].
Quem confia, menos receia, menos se acautela, mais periga.
■ Quem confia zelos não cria.
1040. Qui prendidistis iidem edite testudines. [Schottus,
Adagia 180]. Vós mesmos, que apanhastes as tartarugas,
comei-as. ■ Quem fez seu angu, que o coma. ■ Quem pariu
Mateus, que o embale. VIDE: ● Colo quod aptasti, ipsi tibi
nendum est. ● Compedes quas ipse fecit, ipsus ut gestet
faber. ● Faber compedes, quas fecit ipse, gestet.
● Intrivisti, exedendum tibi. ● Tibi, quod intristi,
exedendum. ● Tute hoc intristi, tibi omne est exedendum.
1041. Qui pretium meriti ab improbis desiderat, bis peccat.
[Fedro, Fabulae 1.8.1]. Quem deseja (receber) dos
desonestos a recompensa de seu trabalho erra duas vezes.
1042. Qui primus venerit, primus molet. [Manúcio, Adagia
747]. Quem chegar primeiro moerá primeiro. ■ Quem
primeiro vem primeiro mói. ■ Quem primeiro anda primeiro
manja. ■ Quem primeiro anda primeiro ganha. ■ Quem vem
adiante bebe água limpa. VIDE: ● Grana prior subdit
pistrino qui prior astat. ● Primus veniens, primus molet.
1043. Qui prior est tempore, potior est iure. [Rabelais,
Gargantua 3.39]. Quem é primeiro no tempo, tem preferência
no direito. ■ Quem chega primeiro é servido primeiro.
■ Quem antes nasce antes pasce. VIDE: ● Potior in tempore,
potior in iure. ● Prior in tempore, potior in iure. ● Prior in
tempore, melior in iure. ● Prior tempore, prior iure.
● Prior tempore, potior iure. ● Sicut prior es tempore, ita
potior es iure.
1044. Qui prior strinxerit ferrum, eius victoria erit. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 24.38]. Quem primeiro
desembainhar a espada, desse será a vitória. ● Qui prius
strinxerit ferrum, eius victoria erit.
1045. Qui prius respondet quam audiat, stultum se esse
demonstrat, et confusione dignum. [Vulgata, Provérbios
18.13]. Quem responde antes de ouvir mostra-se um
insensato, e digno de confusão.
1046. Qui pro innocente dicit, satis est eloquens. [Publílio
Siro]. Quem fala a favor de um inocente é bastante
eloqüente.
1047. Qui pro quo. Este por aquele. VIDE: ● Quid pro quo.
1048. Qui pro rege subit certamina, se quoque servat.
[Pereira 117]. Quem participa da luta pelo rei preserva
também a si mesmo. ■ Por teu rei pelejaste, tua casa
guardaste.
1049. Qui procul est oculis, procul est a limine cordis.
[Albertano da Brescia, Líber de Amore 2.22]. Quem está
longe dos olhos está longe da porta do coração. ■ O amor
entra pelos olhos. ■ Quem não aparece esquece. ■ Longe dos
olhos, longe do coração. ● Qui procul ex oculis, procul est
a limine mentis. [Eiselein 46]. VIDE: ● Procul ex oculis,
procul ex mente. ● Tam procul ex oculis, quam procul ex
corde. ● Tam procul ab oculis, quam procul a corde.
1050. Qui proficit in litteris, et deficit in moribus, plus
deficit quam proficit. [Binder, Thesaurus 2796]. Quem
cresce no estudo, mas tem falta no caráter, tem mais
deficiência do que crescimento. ● Qui proficit in studiis, et
deficit in moribus, plus deficit quam proficit.
1051. Qui properant, nova musta bibant. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.1.695]. Pessoas apressadas bebem vinho novo.
■ Apressado come cru.
1052. Qui properat nimium, res absolvit serius. [Publílio
Siro]. Quem se apressa demais acaba sua tarefa mais tarde.
■ Quem muito corre cedo cansa. ■ A mor pressa é o mor
vagar. VIDE: ● Qui nimium properat, serius absolvit. ● Qui
plus satis festinat initio, serius ad finem pervenit.
1053. Qui propter amorem pecuniae et libidinum moritur,
ostendit se nunquam sui causa vixisse. [DM 119]. Quem
morre por amor ao dinheiro ou aos prazeres demonstra que
nunca viveu para si. ● Qui propter pecuniae vel libidinis
amorem moritur, ostendit se nunquam sui causa vixisse.
1054. Qui providet sibi providet heredibus. [Jur / Black
1482]. Quem provê para si, provê para seus herdeiros.
1055. Qui provocat iras, producit discordias. [Vulgata,
Provérbios 30.33]. Aquele que excita a ira, provoca
discórdias.
1056. Qui pulchrius loquuntur, peius faciunt. Os que falam
mais bonito são os que pior fazem. ■ Fala de lisonjeiro,
sempre vã e sem proveito. ■ Falas de mel, coração de fel.
1057. Qui putat esse turpe non reddere, non vult esse cui
reddat. [Sêneca, Epistulae Morales 81.32, adaptado]. Quem
considera vergonhoso não retribuir (o benefício) não quer
achar a quem retribuir.
1058. Qui quae vult dicit, quae non vult audit. [Erasmo,
Adagia 1.1.27]. ■ Quem diz o que quer ouve o que não quer.
VIDE: ● Cum dixeris quod vis, audies quod non vis. ● Qui
quod vult dicit, quod non vult saepius audit; et mala
verba malum provocat alloquium. ● Si mihi male dixeris,
tu quoque male audies. ● Si mihi perget quae vult dicere,
ea quae non vult, audiet.
1059. Qui quaerit, invenit. [Vulgata, Mateus 7.8]. ■ Quem
procura acha. ■ A perseverança tudo alcança. VIDE: ● Domat
atque subigit cuncta diligentia. ● Donat atque subigit
omnia diligentia. ● Exercitatio potest omnia.
1060. Qui quaerit lucrum, necesse est faciat sumptum. Quem
busca lucro precisa fazer despesa. ■ Não há proveito sem
custo. ■ Não se ganham trutas a bragas enxutas. VIDE:
● Necesse est facere sumptum, qui quaerit lucrum.
1061. Qui quaerit voluptatem, prius experiatur sudorem.
[Erasmo, Adagia 2.9.35]. Quem busca prazer deve primeiro
suar por ele. ■ Não há ganho sem trabalho.■ Quem quer fogo
busque a lenha. VIDE: ● Qui commodum appetit, ne fugiat
laborem.
1062. Qui queruli sunt in amicos, non sunt ad amicitiam
idonei. [Grynaeus 45]. Os que se queixam dos amigos não
são dignos de amizade. ■ Quem rói por trás é rato. ● Qui
querulus est, commodus amicitiae parum. [Schottus,
Adagia 605]. Quem muito se queixa é pouco apropriado à
amizade.
1063. Qui quod vult dicit, quod non vult saepius audit; et
mala verba malum provocat alloquium. [Sweet 129].
Quem diz o que quer, na maioria das vezes ouve o que não
quer; uma frase má provoca palavras más. ■ Quem diz o que
quer ouve o que não quer. VIDE: ● Cum dixeris quod vis,
audies quod non vis. ● Qui quae vult dicit, quae non vult
audit. ● Si mihi male dixeris, tu quoque male audies. ● Si
mihi perget quae vult dicere, ea quae non vult, audiet.
1064. Qui rapitur spumante salo sua brachia cauti porrigit,
et spinas duraque saxa capit. [Ovídio, Ex Ponto 2.2.33].
Quem é arrastado pela onda espumante estende os braços e
se agarra tanto aos espinhos como às duras pedras. ■ Quem se
afoga às palhas se agarra.
1065. Qui rationis egent, sapientis verba recusant. [Pereira
96]. Os que não têm racionalidade, recusam as palavras do
ajuizado. ■ Aquele é da razão alheio, que do sábio despreza
o conselho.
1066. Qui recte faciet, non qui dominatur, erit rex. [Ausônio,
Opuscula]. Quem agir honestamente, quem não agir como
déspota, esse será rei. VIDE: ● Principes non sunt qui sceptra
ferunt, sed qui regere sciunt. ● Rex eris, si recte facies.
● Rex eris, si recte facis, si autem non facis, non eris. ● Rex
erit qui recte faciet, qui non faciet non erit.
1067. Qui recte vivendi prorogat horam, rusticus exspectat
dum defluat amnis. [Horácio, Epistulae 1.2.41]. Quem adia
o momento de viver bem espera, como o camponês, que o rio
termine de correr.
1068. Qui rempublicam salvam esse volunt, me sequantur!
[Rezende 5606]. Siga-me quem quer a salvação do país!
● Qui rempublicam salvam esse volunt me sequantur!
[Llomond, De Viris Illustribus, Tiberius Gracchus]. Sigam-
me os que querem a salvação do país! ● Qui rempublicam
salvam esse vellent, se sequi iussit. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 4.51]. Ordenou o seguissem os que quisessem
que o país fosse salvo.
1069. Qui replicat, multiplicat. [Bacon / Stevenson 73]. Quem
replica multiplica. ■ Quem muito explica complica.
1070. Qui respicit ad ventos, non seminat; et qui respicit ad
nubes, non metet. [Bacon, Advancement of Learning
2.23.3]. O que observa o vento, não semeia; e o que
considera as nuvens, nunca segará. VIDE: ● Qui observat
ventum, non seminat; et qui considerat nubes, nunquam
metet.
1071. Qui ridet de rebus vanis, de malo suo ridet.
[S.Agostinho, Sermones 31 / Bernardes, Nova Floresta 1.58].
Quem se ri das coisas vãs ri do seu próprio mal.
1072. Qui rogat potentior, rogando cogit. [Medina 609].
Quando o mais poderoso pede, pedindo obriga. ■ Rogo de rei
mandado é. ■ Rogo de grande mandamento é. VIDE: ● Blando
vis latet imperio. ● Cogit rogando, cum rogat potentior.
● Potestas et si supplicet, cogit. ● Potestas, non solum si
invitet, sed etiam si supplicet, cogit. ● Si opulentus it
petitum pauperioris gratiam, pauper metuit.
1073. Qui saepe rixantur, a paucis amantur. [Bragança, Nota
4]. Os que brigam com freqüência são amados por poucos.
1074. Qui sapiens est corde appellabitur prudens et qui
dulcis eloquio maiora percipiet. [Vulgata, Provérbios
16.21]. O que é sábio de coração, será chamado prudente; e o
que é doce no falar, receberá coisas maiores.
1075. Qui sapientes nunquam consulit, omnia se ignorare
fatetur. [Medina 591]. Quem nunca consulta os que sabem,
confessa que nada sabe. ■ Quem não pergunta não quer
saber. ■ Quem não duvida não sabe coisa alguma.
1076. Qui sapit exitio alterius cavet atra pericla. Quem
aprende com a desgraça alheia evita perigos terríveis.
1077. Qui sapit, in tacito gaudeat ille sinu. [Tibulo, Elegiae
3.19.8]. Quem tem juízo alegra-se no silêncio do coração.
1078. Qui sapit, innumeris moribus aptus erit. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.760]. Quem tem juízo adaptar-se-á aos
variadíssimos caracteres.
1079. Qui sapit, non iterum ad eumdem offendit lapidem.
[Manúcio, Adagia 606; Rezende 5609]. Quem tem juízo não
tropeça duas vezes na mesma pedra. ■ Só o tolo cai duas
vezes no mesmo buraco. ■ Duas vezes é moléstia.
1080. Qui satis exspectat, prospera cuncta videt. [DAPR
292]. Quem espera bastante vê tudo favorável. ■ A quem sabe
esperar ensejo, tudo vem a seu tempo e desejo. VIDE: ● Quod
ratio nequiit, saepe sanavit mora.
1081. Qui satur est, alios esse putat saturos. [Pereira 110].
Quem está farto julga que os outros também estão fartos.
■ Mal se dói o farto do faminto.
1082. Qui satur est, pleno laudat ieiunia ventre. [Mantuano /
Binder, Thesaurus 2803]. Quem está farto, elogia o jejum de
barriga cheia. ■ O farto de jejum não tem cuidado algum.
1083. Qui sceleratus, et furiosus erit. [Horácio, Sermones
2.3.221]. Quem for criminoso, será também um louco
furioso.
1084. Qui sceptra duro saevus imperio regit, timet timentes.
[Sêneca, Oedipus 705]. Quem governa com crueldade teme
os que o temem. ■ Deve temer a muitos aquele a quem
muitos temem. ■ A quem muito tememos, morto o queremos.
VIDE: ● Metus in auctorem redit. ● Necesse est multos
timeat quem multi timent. ● Qui a multis timetur, multos
timet.
1085. Qui sciens solvit indebitum, donandi consilio id
videtur fecisse. [Jur / Black 1482]. Quem, sabendo, paga o
que não deve, entende-se que o fez com intenção de doar.
● Qui sciens indebitum solvit, donare videtur. Quem paga
o indevido sabendo, considera-se que faz doação.
1086. Qui scribit, bis legit. [Rezende 5612]. Quem escreve lê
duas vezes. VIDE: ● Bis legit qui scribit.
1087. Qui scribit multos sibi sumit iudices. Quem escreve,
atrai muitos juízes.
1088. Qui se consuluit solus, secum ipse dolebit. [Pereira
120]. Quem aconselhou a si mesmo, sofrerá sozinho. ■ Quem
só se aconselha, só se arrepende. ■ Quem só se aconselha, só
se depena. ■ Quem não aceita conselhos não merece ajuda.
1089. Qui se continere non potest, habeat uxorem suam.
Quem não se pode conter tenha sua mulher. ■ É melhor casar
que arder. ● Qui se continere non possunt sortiri uxores
debent. [Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum 1.27.8]. Os
que não podem conter-se devem procurar esposas. VIDE:
● Melius est enim nubere quam uri. ● Si non se continent,
nubant.
1090. Qui se existimat stare, videat ne cadat. [Vulgata,
1Coríntios 10.12]. Quem crê estar em pé, veja que não caia.
■ Quem está bem não se mexe. VIDE: ● Qui se putat stare,
videat ne cadat. ● Qui stat, videat ne cadat. ● Si stas, ne
cadas.
1091. Qui se humiliat, exaltabitur. [Vulgata, Lucas 14.11].
Quem se humilha será exaltado. ■ Quem mais se humilha,
mais se exalta. VIDE: ● Qui autem se exaltaverit,
humiliabitur, et qui se humiliaverit, exaltabitur.
1092. Qui se ipse accusat, accusari non potest. [Publílio Siro].
Quem acusa a si mesmo não pode ser acusado por outrem.
VIDE: ● Qui semet accusat, ab alio non potest accusari.
● Qui semet accusat, ab alio non potest criminari. ● Qui
sese accusat ipse, ab alio non potest.
1093. Qui se ipse laudat, cito derisorem invenit. [Publílio
Siro]. Quem louva a si mesmo logo encontra quem o
ridicularize. ■ Quem se exalta será humilhado. ■ Quem se
gaba suja-se, que nunca mais se lava. ● Qui se ipsum
laudat, cito derisorem invenit. [Rezende 5617].
1094. Qui se ipse norit, aliquid se habere sentiet divinum.
[Cícero, De Legibus 1.59]. Quem se conhecer sentirá que
tem algo de divino.
1095. Qui se ipse occidit, homicida est. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 1.17.2]. Quem mata a si mesmo é um homicida.
1096. Qui se laudari gaudet verbis subdolis fere dat poenas
turpi paenitentia. [Fedro, Fabulae 1.13.1]. Quem gosta de
ser elogiado com palavras enganadoras geralmente sofre um
vergonhoso arrependimento. VIDE: ● Qui se verbis subdolis
laudari gaudet, eum mox paenitebit.
1097. Qui se laudat, malos habet vicinos. [DAPR 45]. Quem
se elogia tem maus vizinhos. ■ Quem se exalta será
humilhado.
1098. Qui se non habet, Samum habere postulat. [Erasmo,
Adagia 1.7.83; Pereira 120]. Quem não governa a si, quer
governar Samos. ■ Quem não se governa a si, como quer
governar os outros? VIDE: ● Qui semet ipse non habet,
Samum petit.
1099. Qui se putat stare, videat ne cadat. [S.Agostinho, De
Civitate Dei 20.10]. Quem se julga firme, veja que não caia.
■ Quem está bem não se mexe. VIDE: ● Qui se existimat stare,
videat ne cadat. ● Qui stat, videat ne cadat. ● Si stas, ne
cadas.
1100. Qui se sibi magistrum constituit, stulto se discipulum
tradidit. [S.Bernardo, Epistulae 82 / Bernardes, Luz e Calor
1.22.7]. Quem se faz professor de si mesmo torna-se aluno
de um tolo. ● Qui se sibi magistrum constituit, stulto se
discipulum subdit.
1101. Qui se verbis subdolis laudari gaudet, eum mox
paenitebit. Quem aprecia ser elogiado com palavras
enganadoras, esse logo se arrependerá. VIDE: ● Qui se laudari
gaudet verbis subdolis fere dat poenas turpi paenitentia.
1102. Qui secum dissentit, nullo modo cum alio consentiet.
[Grynaeus 178]. Quem discorda de si mesmo de maneira
alguma entrará em acordo com outrem.
1103. Qui secum loqui poterit, sermonem alterius non
requiret. [Cícero, Tusculanae Disputationes 5.40.117].
Quem puder falar consigo mesmo não precisará da conversa
de outrem.
1104. Qui sedet in vertice, caveat ruinam. Quem se encontra
no topo tome cuidado com a queda. VIDE: ● Rex sedet in
vertice, caveat ruinam!
1105. Qui semel effugit naufragus, horret aquas. [Pereira
106]. O náufrago que escapou uma vez tem horror à água.
■ Gato escaldado de água fria tem medo. VIDE: ● Felis aqua
calida perfusus callidus exit: fit cautus, gelidam dum
fugit, ipse cattus! ● Horrescit gelidas felis adustus aquas.
● Igne semel tactus, timet ignem postmodo cattus.
● Tranquillas etiam naufragus horret aquas.
1106. Qui semel est laesus fallaci piscis ab hamo, omnibus
unca cibis aera subesse putat. [Ovídio, Ex Ponto 2.7.9B].
Peixe que uma vez foi enganado por um anzol traiçoeiro
acredita que em todas as comidas está escondido um gancho
de ferro. ■ Gato que cobra morde tem medo à corda.
1107. Qui semel est malus, is semper praesumitur esse.
[Binder, Thesaurus 2805]. Quem é desonesto uma vez,
sempre se considera desonesto. ■ Quem uma vez furta, fiel
nunca. ● Qui semel est malus, semper praesumitur esse
malus in eodem genere. [Jur / Black 1482]. Quem é
desonesto uma vez, presume-se que sempre o seja na mesma
espécie de crime.
1108. Qui semel furatur, semper fur est. [Schrevelius 1179].
Quem furta uma vez sempre é ladrão. ■ Quem furta uma vez
é ladrão. ■ Quem uma vez furta, fiel nunca. ■ Ladrão de
tostão, ladrão de milhão. ● Qui semel furatur, semper fur
habetur. [DAPR 366]. Quem furta uma vez sempre é
considerado ladrão. VIDE: ● Semel malus, semper malus.
● Semel malus semper praesumitur malus.
1109. Qui semel scurra, nunquam paterfamilias. [Erasmo,
Adagia 2.4.11]. Uma vez libertino, nunca chefe de família.
■ Nunca de bom mouro bom cristão. ■ Quem foi ruim não
deixa de ser. VIDE: ● Aliquando qui lusit, iterum ludet. ● De
scurra multo facilius divitem quam patrem familias fieri
posse. ● E scurra facilius dives quam paterfamilias sit.
● Scurra semel nunquam paterfamilias.
1110. Qui semel verecundiae finis transierit, eum bene et
naviter oportet esse impudentem. [Cícero, Ad Familiares
5.12]. Quem uma vez ultrapassar os limites do pudor deve
resolutamente ser despudorado.
1111. Qui semet accusat, ab alio non potest accusari.
[Publílio Siro]. Quem acusa a si mesmo não pode ser
acusado por outrem. ● Qui semet accusat, ab alio non
potest criminari. VIDE: ● Qui se ipse accusat, accusari non
potest. ● Qui sese accusat ipse, ab alio non potest.
1112. Qui semet ipse non habet, Samum petit. [Manúcio,
Adagia 3]. Quem não governa a si, quer governar Samos.
■ Quem não se governa a si, como quer governar os outros?
VIDE: ● Qui se non habet, Samum habere postulat.
1113. Qui seminant in lacrimis, in exsultatione metent.
[Vulgata, Salmos 125.5]. Os que semeiam em lágrimas em
regozijo ceifarão. ● Qui seminant in lacrimis, in gaudio
metent.
1114. Qui seminat in benedictionibus, de benedictionibus et
metet. [Vulgata, 2Coríntios 9.6]. Aquele que semeia em
abundância, também segará em abundância.
1115. Qui seminat iniquitatem, metet mala. [Vulgata,
Provérbios 22.8]. Aquele que semeia a iniqüidade segará
males. ■ Quem semeia abrolhos espinhos colhe. VIDE:
● Arastis impietatem, iniquitatem messuistis.
1116. Qui seminat ventum, turbinem metet. [Polydorus,
Adagia]. Quem semeia vento, colherá tempestade. ■ Quem
semeia ventos colhe tempestades. ■ Quem semeia urzes colhe
espinhos. VIDE: ● Qui ventum seminant, et turbinem
metent. ● Qui ventum seminabunt, et turbinem metent.
● Qui ventum seminavit, turbinem metet. ● Qui seminat
ventum, turbinem metet. VIDE: ● Ventum seminabunt et
turbinem metent.
1117. Qui seminaverit homo, metet. O homem que semear
colherá. ■ Quem planta colhe. ■ Quem semeia colhe. VIDE:
● Nemo colligit, nisi qui seminaverit.
1118. Qui semotus sit ab oculis, eumdem ab animo quoque
semotum esse. [Manúcio, Adagia 561]. Quem está afastado
dos olhos, esse também está afastado do coração. ■ Longe
dos olhos, longe do coração. ■ A mortos e idos, poucos
amigos. VIDE: ● Non sunt amici, amici qui degunt procul.
● Quam procul est oculus, tam procul ibit amor.
● Quantum oculis, animo tam procul ibit amor.
1119. Qui semper aegrotant, diutissime vivunt. [DAPR 264].
As pessoas que estão sempre doentes vivem muito tempo.
■ Mulher doente, mulher para sempre.
1120. Qui sentit commodum sentire debet et onus. [Jur /
Coke / Broom 551]. Quem recebe a vantagem deve suportar
também o ônus. ■ Quem comeu as maduras chuche as duras.
● Qui sentit commodum, sentire debet etiam
incommodum. ● Qui sentit onus, sentire debet et
commodum. [Coke / Broom 556]. Quem tem o ônus deve ter
também o proveito. VIDE: ● Qui commodum sentit et
incommodum sentire debet.
1121. Qui sequitur me, non ambulat in tenebris. [Vulgata,
João 8.12]. Quem me segue não caminha na escuridão.
1122. Qui sero sapit, frustra sapit. [Palingênio, Zodiacus
Vitae]. Quem aprende tarde aprende em vão.
1123. Qui sero solvit, minus solvit. [Jur]. Quem paga atrasado
paga menos. VIDE: ● Minus solvit, qui tardius solvit. ● Qui
tardius solvit, minus solvit.
1124. Qui servat ficum, comedet fructus eius. [Vulgata,
Provérbios 27.18]. Quem cuidar da figueira comerá seus
frutos. ■ Quem planta colhe. ■ O abade onde canta, daí
janta.
1125. Qui servit communi, servit nulli. [Pereira 94]. ■ Quem
serve a comum serve a nenhum. ■ Amigo de todos e de
nenhum, tudo é um.
1126. Qui sese accusat ipse, ab alio non potest. [Publílio
Siro]. Quem acusa a si mesmo não pode (ser acusado) por
outrem. VIDE: ● Qui se ipse accusat, accusari non potest.
● Qui semet accusat, ab alio non potest accusari. ● Qui
semet accusat, ab alio non potest criminari.
1127. Qui sibi amicus est, scito hunc amicum omnibus esse.
[Sêneca, Epistulae Morales 1.6]. Fica sabendo que quem é
amigo de si mesmo, é amigo de todos.
1128. Qui sibi fidit dux regit examen. [Horácio, Epistulae
1.19.22]. O chefe que confia em si, comanda a multidão.
1129. Qui sibi malus nulli bonus. [Bebel, Adagia Germanica].
Quem é mau para si, não é bom para ninguém. ■ Quem não é
bom para si, pior será para ti. VIDE: ● Qui sibi nequam est,
cui bonus erit?
1130. Qui sibi modo vivit, merito aliis est mortuus. [Publílio
Siro]. Quem vive exclusivamente para si merecidamente está
morto para os outros. ■ Não é amado quem só de si tem
cuidado. VIDE: ● Qui sibimet vivit, aliis merito est mortuus.
1131. Qui sibi nequam est, cui bonus erit? [S.Beda,
Proverbiorum Liber]. Quem é mau para si, para quem será
bom? ■ Quem não é bom para si, pior será para ti. VIDE:
● Qui sibi malus nulli bonus.
1132. Qui sibi non est amicus, vix amicus alteri est.
[Gruterus, Bibliotheca exulum 55]. Quem não é amigo de si
mesmo, dificilmente é amigo de outra pessoa.
1133. Qui sibi non parcit, mihi vel tibi quo modo parcet?
[Marbodus Redonensis, De Ornamentis Verborum 9; Sweet
244]. Quem não poupa a si, como poupará a mim ou a ti?
1134. Qui sibi non prodest, aliis prodesse nequibit. [Binder,
Thesaurus 2808]. Quem não é útil a si mesmo, não poderá
ser útil aos outros.
1135. Qui sibi non vivit, aliis merito est mortuus. [Publílio
Siro]. Quem não vive para si com razão está morto para os
outros. ■ Quem não se enfeita por si se enjeita.
1136. Qui sibi semitam non sapiunt, alteri monstrant viam.
[Ênio / Cícero, De Divinatione 1.52.132]. Eles, que não
conhecem nem o próprio caminho, mostram aos outros a
estrada. ■ Cego não pode guiar cego. VIDE: ● Qui tibi non
sapis, alteri viam monstras.
1137. Qui sibimet vivit, aliis merito est mortuus. Quem vive
para si mesmo merecidamente está morto para os outros.
■ Não é amado quem só de si tem cuidado. VIDE: ● Qui sibi
modo vivit, merito aliis est mortuus.
1138. Qui silet, est firmus. [Ovídio, Remedium Amoris 697].
Quem controla a língua é forte. ■ Quem cala vence.
1139. Qui similibus vitiis laborant amant sese mutuo.
Pessoas que sofrem dos mesmos vícios amam-se
mutuamente. ■ Pássaros das mesmas penas voam juntos.
1140. Qui simul duplex captat commodum, utroque
frustratur. [Grynaeus 271]. Quem pega dois proveitos ao
mesmo tempo, com os dois se frustra. ■ Dois proveitos não
cabem num saco. ■ Quem corre a duas lebres não apanha
nenhuma. VIDE: ● Ad duo festinans, neutrum bene
peregeris. ● Duos insequens lepores, neutrum capit.
● Duos qui sequitur lepores neutrum capit. ● Lepores duos
qui insequitur, is neutrum capit. ● Lepores duos
insequens neutrum capit. ● Qui binos lepores una
sectabitur hora, uno quandoque, quandoque carebit
utroque. ● Qui binos lepores una sectabitur hora, non uno
saltem, sed saepe carebit utroque. ● Qui duos insectatur
lepores, neutrum capit. ● Qui duos lepores sequitur,
neutrum capit. ● Qui duos sectatur lepores, neutrum
capiet. ● Si binas sectere feras, neutra potieris.
1141. Qui sine lege vivit, sine lege vitam finit. Quem vive sem
lei, acaba sua vida sem lei. ■ Tal vida, tal morte. ■ Como se
vive, assim se morre. VIDE: ● Qualis vita, finis ita.
1142. Qui sine peccato est vestrum, primus in illam lapidem
mittat. [Vulgata, João 8.7]. O que de vós está sem pecado
seja o primeiro a atirar nela uma pedra. VIDE: ● Si quis sine
peccato est, mittat in eam lapidem.
1143. Qui sine tristitia est, beatus est. [Sêneca, Epistulae
Morales 85]. Quem não tem tristeza é feliz.
1144. Qui sis, non unde natus sis reputa. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 1.41]. Conta quem és, não de que família nasceste.
VIDE: ● Non tam refert unde natus sis, sed qui sis.
1145. Qui sitit, veniat; qui vult, accipiat aquam vitae gratis.
[Vulgata, Apocalipse 22.17]. O que tem sede, venha; e o que
a quer, receba de graça a água da vida. VIDE: ● Aqua vitae.
1146. Qui socius mensae est, verum ne reris amicum. [Owen,
Monosticha 43 / Binder, Thesaurus 2810]. Não consideres
amigo verdadeiro quem é teu companheiro de mesa. ■ Amigo
de mesa não é de firmeza.
1147. Qui solus comedit, solus sua pondera gestat. [Pereira
120]. Quem comeu sozinho, sozinho leva sua carga. ■ Quem
sozinho comeu seu galo, sozinho sele seu cavalo. VIDE: ● Qui
sua solus habet, alienis saepe carebit.
1148. Qui solvit, liberatur obligatione. [Gaio, Institutionum
Commentarius 2.85]. Quem paga a dívida libera-se da
obrigação.
1149. Qui sordido vehiculo erubescit, pretioso gloriabitur.
[Sêneca, Epistulae Morales 87.4]. Quem se envergonha de
viajar num carro maltratado orgulhar-se-á de um carro de
alto preço.
1150. Qui spe aluntur, pendent, non vivunt. [Erasmo,
Colloquia 2]. Os que se alimentam de esperança, estão
sofrendo castigo, não vivem. ■ Quem vive de esperança
morre de fome.
1151. Qui speraverint, spem decepisse multos. [Plauto,
Rudens 400]. A esperança enganou a muitos que tinham
esperança. ■ Quem vive de esperança, morre de fome.
1152. Qui spernit consilium, spernit auxilium. Quem
despreza conselho despreza auxílio. ■ Quem não quer ser
aconselhado não quer ser ajudado. VIDE: ● Qui bonum
respuit consilium, sibi ipsi nocet.
1153. Qui spernit legem vita durante supernam, spernitur a
summo, morte furente, Deo. [Pereira 119]. Quem despreza
a lei suprema durante a vida, é desprezado pelo Deus
supremo, quando a morte o arrebata. ■ Quem não busca a
Deus na vida é deixado de Deus na morte. ■ Quem não busca
a Deus na vida, tema a sua ira.
1154. Qui spernit modica, paulatim decidet. [Vulgata,
Eclesiástico 19.1]. O que despreza as coisas pequenas, pouco
a pouco cairá. ■ Quem despreza o pouco não ama o muito.
VIDE: ● Qui modica spernit, paulatim decidet.
1155. Qui stat, videat ne cadat. Quem está em pé veja que não
caia. ■ Quem está bem não se mexe. VIDE: ● Qui se existimat
stare, videat ne cadat. ● Qui se putat stare, videat ne
cadat. ● Si stas, ne cadas.
1156. Qui statuit aliquid, parte inaudita altera, aequum licet
statuerit, haud aequus fuit. [Sêneca, Medea 199]. Quem
decidiu alguma coisa sem ouvir a outra parte não foi
imparcial, mesmo que a decisão tenha sido imparcial.
■ Quem só ouve uma das partes só sabe parte da verdade.
VIDE: ● Qui aliquid statuerit, parte inaudita altera,
aequum licet dixerit, haud aequum fecerit.
1157. Qui struit in callem, multos habet ille magistros.
[Binder, Thesaurus 2812]. Quem constrói na rua, tem muitos
mestres. ■ Quem faz casa na praça, uns dizem que é alta,
outros que é baixa. VIDE: ● Mille docent hominem prope
callem qui struit.
1158. Qui studet multis amicis, multos inimicos ferat.
[Publílio Siro]. Quem deseja muitos amigos suporte muitos
inimigos. VIDE: ● Qui amicis multis studet, et inimicos
ferat.
1159. Qui studet optatam cursu contingere metam, multa
tulit, fecitque puer, sudavit et alsit. [Horácio, Ars Poetica
412]. O rapaz que deseja alcançar na corrida a meta
escolhida, muito suportou e fez, suou e tremeu de frio.
1160. Qui stultis videri eruditi volunt, stulti eruditis
videntur. [Quintiliano, Institutio Oratoria 10.7.21]. Os que
querem mostrar-se cultos para os ignorantes, mostram-se
ignorantes para os cultos.
1161. Qui stultus est, serviet sapienti. [Vulgata, Provérbios
11.29]. O néscio servirá ao sábio.
1162. Qui stultus exit, stultus revertitur. [Bebel / Eiselein
594]. Quem parte néscio, volta néscio. ■ Asno que a Roma vá
asno volta de lá. ■ Burro que vai a Santarém, burro vai e
burro vem. VIDE: ● Ignarus rediit Romam deductus asellus.
● Lutetiam si quis asinum mittat, equum non redire.
● Quod natura non dat Salmantica non praestat.
1163. Qui sua membra cremat, nimis ignibus ille
propinquat. [Pereira 119]. Quem se aproxima demais do
fogo queima seu corpo. ■ Quem muito ao fogo se chega
queima-se.
1164. Qui sua metitur pondera, ferre potest. [Marcial,
Epigrammata 12.98.8]. Quem pesa sua carga pode
transportá-la.
1165. Qui sua neglexit, stulte aliena petit. [Alciato,
Emblemata 66]. A que não cuidou do próprio é tolice querer
o alheio.
1166. Qui sua solus habet, alienis saepe carebit. Quem tem o
seu só para si, muitas vezes lhe faltará o alheio. ■ Quem
sozinho comeu seu galo sozinho sele seu cavalo. VIDE: ● Qui
solus comedit, solus sua pondera gestet.
1167. Qui suadet, sua det. [W.R.Inge / Stevenson 955]. Quem
exorta a dar, que dê do seu.
1168. Qui suam uxorem diligit, seipsum diligit. [Vulgata,
Efésios 5.28]. O que ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.
1169. Qui subit invitus, bene nil agit ille, laborem. [Tosi
542]. Quem faz um trabalho contra a vontade certamente não
o faz bem.
1170. Qui succurrere perituro potest, cum non succurrit,
occidit. [Publílio Siro]. Quem pode socorrer um homem que
está para morrer, e não o socorre, mata-o.
1171. Qui suis rebus contentus est, huic maximae ac
certissimae divitiae. [Publílio Siro]. Quem está contente
com o que tem, esse tem as maiores e mais confiáveis
riquezas. ■ Rico é quem se contenta com o que tem. ● Qui
suis contentus est, is vere ditissimus. Quem está satisfeito
com o seu, esse é verdadeiramente muito rico.
1172. Qui sustinere non potest suum malum, alios inspiciat,
et discat tolerantiam. [Binder, Thesaurus 2815]. Quem não
pode suportar seus males, observe os outros, e aprenda a
paciência.
1173. Qui sustinet hamos, novit quae multo pisce natentur
aquae. [Ovídio, Ars Amatoria 1.43]. Quem segura o anzol
sabe em que águas nadam mais peixes.
1174. Qui tacendi non habet artem, nec non loquendi.
■ Quem não sabe calar, também não sabe falar. VIDE: ● Qui
nescit tacere, nescit et loqui.
1175. Qui tacet, consentit. ■ Quem cala consente. ● Qui tacet,
consentire videtur. [Bonifácio 8º, Decretales 5.12.43 /
Maloux 509]. Quem cala, considera-se que concorda. VIDE:
● Confessionem imitatur taciturnitas. ● Nil contra dicens
satis assentire videtur. ● Taciturnus in iudicio consensum
inducit.
1176. Qui tacet, cum loqui potuit et debuit, consentire
videtur. [Jur]. Entende-se que concorda quem se cala,
quando podia e devia falar.
1177. Qui tacet non utique fatetur, sed tamen verum est eum
non negare. [Paulo, Digesta 50.17.142]. Quem cala
certamente não confessa, porém é certo que também não
nega. ■ Quem cala não diz nada. VIDE: ● Is qui tacet non
fatetur, sed nec utique negare videtur.
1178. Qui talia agunt digni sunt morte; et non solum qui ea
faciunt, sed etiam qui consentiunt facientibus. [Vulgata,
Romanos 1.32]. Os que fazem semelhantes coisas são dignos
de morte; e não somente quem as faz, mas também quem
aprova aqueles que as fazem. VIDE: ● Agentes et
consentientes pari poena puniendi. ● Agentes et
consentientes pari poena plectuntur. ● Agentes et
consentientes pari poena puniuntur. ● Consentientes et
agentes pari poena plectuntur. ● Consentientes et
cooperantes pari poena sunt plectendi. ● Consentientes et
facientes pari poena sunt plectendi. ● Facientem et
consentientem par poena constringit. ● Non solum qui
male agunt, sed qui consentiunt facientibus, digni sunt
poena. ● Par poena agentes et consentientes
comprehendit.
1179. Qui tangit picem, contaminabitur. [DAPR 427]. Quem
tocar o pez ficará manchado. ■ Ninguém toca em carvão que
não fique enfarruscado. ■ Quem se encosta ao ferro
enferruja-se. ■ Quem anda com traça, traça o come. ● Qui
tangit picem, inquinabitur ab ea. [Binder, Thesaurus
2813]. VIDE: ● Omnes contacta denigrat pix calefacta. ● Qui
picem tractat, facile manum maculat. ● Qui tetigerit
picem, inquinabitur ab ea.
1180. Qui tardius solvit, minus solvit. [Jur / Black 1482].
Quem paga atrasado paga menos. VIDE: ● Minus solvit, qui
tardius solvit. ● Qui sero solvit, minus solvit.
1181. Qui taurum stimulent multi, sed rarus arator.
[Manúcio, Adagia 286; Pereira 111]. Há muitos para
aguilhoar o touro, mas é raro o lavrador. ■ Muitos falam e
exortam, mas poucos obram. ● Qui tauros stimulent multi,
sed rarus arator. [Binder, Thesaurus 2817]. Há muitos para
aguilhoar os touros, mas o lavrador é raro. VIDE: ● Cum
plerique boves stimulent, est rarus arator. ● Multi qui
boves stimulent, pauci aratores. ● Multi qui tauros
stimulent, sed rarus arator. ● Multi boum stimulatores
pauci autem terrae aratores.
1182. Qui taurum sustulit, vitulum tollere potest. [Rezende
5658]. Quem carregou o touro, pode carregar o vitelo.
■ Quem pode o mais, pode o menos. VIDE: ● Potest taurum
tollere qui vitulum sustulerit. ● Qui tulerit vitulum, ille
potest et tollere taurum. ● Taurum tollet, qui vitulum
sustulerit.
1183. Qui te fortior est, hunc tu vitare memento. [Grynaeus
205]. Lembra-te de evitar quem é mais forte do que tu. VIDE:
● Cave a commercio potentium: habe commercium cum
aequalibus. ● Cave virum maiorem. ● Cavendum a
potentiore. ● Cum viro potentiore ne communica. ● Fuge
procul a viro maiore. ● Pondus super se tollet qui
honestiori se communicat.
1184. Qui tegit secretum suum, quod cupit consequitur.
[Erpênio / Rezende 5661]. Quem guarda o seu segredo
consegue o que deseja. ■ O segredo é a alma do negócio.
1185. Qui tempus praestolatur, tempus ei deest. [Grynaeus
776]. Quem espera o tempo, falta-lhe tempo. ■ Quem tem
tempo e tempo perde, lá vem tempo em que se arrepende.
1186. Qui tenet anguillam per caudam, non habet illam.
[Werner 80]. Quem segura enguia pelo rabo, não a tem.
■ Quem segura enguia pelo rabo e mulher pela palavra,
nada segura. VIDE: ● Anguilla a digitis saepe est dilapsa
peritis. ● Non tenet anguillam, per caudam qui tenet
illam.
1187. Qui terram sterilem vineis occupat, et laboribus suis et
sumptibus est inimicus. [Paládio, Opus Agriculturae 1.7].
Quem planta vinhas em terra estéril é inimigo do seu trabalho
e do seu ganho.
1188. Qui terret, plus ipse timet. Quem espalha medo, esse
deve temer mais. ■ Deve temer a muitos aquele a quem
muitos temem. ● Qui terret, plus ipse timet: sors ista
tyrannis convenit. [Claudiano, De Quarto Consulatu 294].
Quem semeia o terror é quem mais teme: esta sorte é
adequada aos tiranos. VIDE: ● Multis terribilis, caveto
multos. ● Multis terribilis, timeto multos. ● Multos timere
debet, quem multi timent. ● Necesse est multos timeat
quem multi timent. ● Qui a multis timetur, multos timet.
● Qui sceptra duro saevus imperio regit, timet timentes.
1189. Qui tetigerit picem, inquinabitur ab ea. [Vulgata,
Eclesiástico 13.1]. Quem tocar o pez ficará manchado dele.
■ Ninguém toca em carvão que não fique enfarruscado.
■ Quem se encosta ao ferro enferruja-se. ■ Quem anda com
traça, traça o come. VIDE: ● Omnes contacta denigrat pix
calefacta. ● Qui tangit picem, contaminabitur.
1190. Qui texere non vult, linteo carebit. [Schrevelius 1187].
Quem não quer tecer, não terá pano. ■ Quem não quer
trabalho não quer ganho. ■ Quem foge do moinho, não tem
fubá.
1191. Qui tibi dormitat, scit vigilare sibi. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 58.18]. Quem cochila, quando
trabalha para ti, sabe ficar acordado, quando trabalha para si.
1192. Qui tibi non sapis, alteri viam monstras. [Pereira 123].
Tu, que não sabes para ti, mostras a estrada ao outro. ■ Cego
não pode guiar cego. VIDE: ● Qui sibi semitam non sapiunt,
alteri monstrant viam.
1193. Qui timent pruinam, irruet super eos nix. [Vulgata, Jó
6.16]. Os que temem a geada, cairá sobre eles neve.
1194. Qui timere desierint, odisse incipient. [Tácito, Agricola
32]. Os que deixarem de temer, começarão a odiar.
1195. Qui timet amicum, vim non novit nominis. [Publílio
Siro]. Que tem medo do amigo, não conhece a força dessa
palavra.
1196. Qui timet Deum, omnia timent eum; qui vero non
timet Deum, timet omnia. [Petrus Alphonsus, Disciplina
Clericalis, De Timore Dei]. Quem teme a Deus, todas as
coisas o temem; mas quem não teme a Deus, esse teme todas
as coisas.
1197. Qui timet Dominum, nihil trepidabit. [Vulgata,
Eclesiástico 34.16]. Aquele que teme ao Senhor de nada
tremerá.
1198. Qui timide rogat, docet negare. [Sêneca, Hippolytus
593]. Quem pede a medo ensina a que lhe neguem. ● Qui
timide petit, negaturum docet. [Bernardes, Nova Floresta
5.320]. VIDE: ● Timidus in petendo contra se habet arma.
1199. Qui totum vult, totum perdit. [Grynaeus 776]. ■ Quem
tudo quer tudo perde.
1200. Qui tranquille volet vivere, nec agat multa. Quem
quiser viver tranqüilamente não cuide de muitos negócios.
● Qui tranquille volet vivere, nec privatim agat multa, nec
publice. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 12]. Quem quiser
viver tranqüilamente não deve tratar de muitos negócios
particulares nem públicos.
1201. Qui transtulit, sustinet. [Divisa do Estado de
Connecticut, EUA]. Quem transplantou mantém. VIDE: ● Qui
plantavit, curabit.
1202. Qui tulerit vitulum, ille potest et tollere taurum.
Aquele que tiver carregado o vitelo, pode também carregar o
touro. ■ Quem furta um cesto, furta um cento. VIDE: ● Potest
taurum tollere qui vitulum sustulerit. ● Qui taurum
sustulit, vitulum tollere potest. ● Taurum tollet, qui
vitulum sustulerit.
1203. Qui ulcisci dubitat, improbos plures facit. [Publílio
Siro]. Quem hesita em punir aumenta o número dos
abusados. ■ Perdoar ao mau é dizer-lhe que o seja. VIDE:
● Qui culpae ignoscit uni, suadet pluribus. ● Qui dubitat
ulcisci, improbos plures facit.
1204. Qui unam habet, omnes habet virtutes. [Lodeiro 887].
Quem tem uma só virtude, tem todas as virtudes. ● Qui
unam haberet, omnes habere virtutes. [Cícero, De Officiis
2.35]. Quem tivesse uma virtude teria todas.
1205. Qui uti scit, ei bona; illi qui non utitur recte, mala.
[Terêncio, Heauton Timorumenos 196]. Essas coisas são
benefícios para quem sabe utilizá-las, e malefícios para quem
não as utiliza corretamente.
1206. Qui utilitatis causa fingunt amicitias. [Cícero, De
Amicitia 51]. Algumas pessoas fazem amizades por motivo
de interesse.
1207. Qui utitur suo iure, laedit neminem. Quem usa do seu
direito não prejudica ninguém. VIDE: ● Iure suo qui utitur
nemini iniuriam facit. ● Non videtur vim facere qui iure
suo utitur. ● Nullus videtur dolo facere, qui iure suo
utitur. ● Qui de iure suo utitur, neminem laedit. ● Qui iure
suo utitur, nemini iniuriam facit.
1208. Qui utuntur vino vetere sapientes puto, et qui libenter
veteres spectant fabulas. [Plauto, Casina 5]. Considero
sábios os que tomam vinho velho e os que apreciam
comédias antigas. VIDE: ● Sapientes sunt qui veteri vino
utuntur.
1209. Qui uxorem non ducit, mala non sentit. Quem não se
casou, não sofre.
1210. Qui vadit plane, vadit sane. [Hugh Latimer, Sermon
Preached before King Edward, March 8 1549]. Quem vai
sem desvios, vai em segurança. ■ Quem caminha por atalhos
nunca sai de sobressaltos.
1211. Qui vehitur curru spei, sociam habet paupertatem.
[Erpênio / Rezende 5666]. Quem viaja no carro da esperança
tem a pobreza por companheira. ■ Quem vive de esperança
dança sem música.
1212. Qui vendit, ad id quod vendidit non revertetur.
[Vulgata, Ezequiel 7.13]. O que vende, não tornará a possuir
o que vendeu.
1213. Qui venit ut noceat, semper meditatus venit. [Publílio
Siro]. Quem vem para fazer mal sempre vem com
premeditação.
1214. Qui vehementer emungit elicit sanguinem. [Vulgata,
Provérbios 30.33]. Quem se assoa violentamente, tira sangue.
VIDE: ● Emungens acrius elicet sanguinem. ● Qui fortiter
emungit elicit sanguinem.
1215. Qui vendit, ad id quod vendit non revertetur. [Vulgata,
Ezequiel 7.13]. O que vende, não tornará a possuir o que
vendeu.
1216. Qui ventum seminant, et turbinem metent. Quem
semeia vento colherá tempestade. ■ Quem semeia ventos
colhe tempestades. ● Qui ventum seminabunt, et turbinem
metent. [DAPR 603]. Quem semear vento colherá
tempestade. ● Qui ventum seminavit, turbinem metet. Que
semeou vento colherá tempestade. ● Qui seminat ventum,
turbinem metet. VIDE: ● Ventum seminabunt et turbinem
metent.
1217. Qui verba sua metiri nesciunt, procul dubio ad otiosa
dicta dilabuntur. [S.Gregório, Moralium Líber 16.3]. Os
que não sabem medir suas palavras, certamente escorregam
em frases ociosas.
1218. Qui verbis lenibus potest corrigi, non debet
increpatione exasperari. [S.Beda, Proverbia / Bernardes,
Nova Floresta 4.146]. Quem pode ser corrigido com palavras
suaves, não deve ser irritado com reprimendas.
1219. Qui vere diligens est in negotio, nunquam sibi
satisfacit, semperque videt aliquid quod operi coepto
adiciat; cum ignavis, quicquid egerint, nimium videatur.
[S.Crisóstomo / Grynaeus 200]. Quem é verdadeiramente
dedicado ao trabalho nunca está satisfeito consigo e sempre
vê algo a acrescentar à obra começada, enquanto que aos
preguiçosos, o que quer que façam, parece-lhes excessivo.
1220. Qui vero custodit legem, beatus est. [Vulgata,
Provérbios 29.18]. Quem guarda a lei é feliz.
1221. Qui vero mentis est durae, corruet in malum. [Vulgata,
Provérbios 28.14]. Quem é de coração duro cairá no mal.
1222. Qui verrant, pauci; est multus qui sordidet aedes.
[Pereira 109]. Para varrer a casa há poucos; há muita gente
para sujar. ■ Mais há quem suje a casa do que quem a varra.
● Qui verrant, pauci; sunt multi qui sordident aedes
1223. Qui vexant alios, tandem vexantur ipsi. Os que
maltratam os outros acabam sendo maltratados.
1224. Qui viam nescit ad mare, amnem quaerat. Quem não
conhece o caminho para o mar, procure um rio.
1225. Qui vicit non est victor nisi victus fatetur. [Ênio].
Quem venceu, só é vencedor se o vencido o reconhece.
1226. Qui vicit, periit; plorant qui succumbuere. [Grynaeus
706]. O vencedor morreu; choram os vencidos. VIDE:
● Effundit victus lacrimas; victor periit ipse. ● Flet victus,
victor interiit.
1227. Qui videt ardere vicini tecta, timere debet de propriis:
nequeunt sua tuta manere. [Tosi 1376]. Quem vê queimar-
se a casa do vizinho deve temer pela sua: ela não pode ficar
segura. ■ Põe as tuas barbas de molho, que as do vizinho
estão a arder. VIDE: ● Accensa domo proximi, tua quoque
periclitatur. ● Nam tua res agitur, paries cum proximus
ardet. ● Res agitur tua, paries cum proximus ardet. ● Tua
res agitur, et de tuo periculo, non de meo agitur. ● Tunc
tua res agitur, paries dum proximus ardet.
1228. Qui videt, is peccat: qui te non viderit ergo, non
cupiet: facti lumina crimen habent. [Propércio, Elegiae
2.32.1]. Quem te vê peca; portanto quem não te vir não te
desejará: os olhos é que são culpados.
1229. Qui vim facit, dolo malo fecit. [Digesta 47.8.2.8]. Quem
usa de violência usa de dolo.
1230. Qui vinci sese patitur pro tempore, vincit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 42]. Quem no momento certo
aceita ser vencido, esse é vencedor. ■ Quem quer subir se
abaixa.
1231. Qui vitat molam, vitat farinam. [Grynaeus 367]. Quem
foge do moinho foge da farinha. ■ Quem foge do moinho não
tem fubá. ■ Quem foge do trabalho foge do ganho. VIDE:
● Devitat quicumque molam, fugit ille farinam. ● Farinam
fugit quicumque molam vitat. ● Molam qui vitat, farinam
vitat. ● Ni molas, non comedes. ● Ni purgaris et molas, non
comedes. ● Ni purges et molas, non comedes. ● Nisi
repurges et molas haud unquam edes. ● Purges nisi
molasque, non edes piger. ● Qui fugit molam, farinam non
invenit. ● Qui fugit molam, fugit farinam. ● Quicumque
molam fugit, ille farinam.
1232. Qui vitia odit, homines odit. [Plínio Moço, Epistulae
8.22]. Quem odeia os vícios odeia os homens. ■ Ninguém há
sem pecado.
1233. Qui volunt divites fieri, incidunt in tentationem, et in
laqueum diaboli. [Vulgata, 1Timóteo 6.9]. Os que querem
fazer-se ricos, caem na tentação e no laço do diabo.
1234. Qui voluptatibus dediti, quasi in diem vivunt, vivendi
causas cotidie finiunt. [Plínio Moço, Epistulae 5.5.4]. Os
que, entregues aos prazeres, vivem exclusivamente o dia
presente, diariamente esgotam as causas de viver.
1235. Qui vult amari, languida regnat manu. [Sêneca,
Phoenissae 659]. Quem quer ser amado governa com mão
suave.
1236. Qui vult caedere canem, facile invenit fustem. [Brewer,
Dictionary of Phrase and Fable]. Quem quer bater no cão
acha vara com facilidade. ■ A quem quer fazer mal, não lhe
faltarão pretextos. . ■ Quem seu cão quer perder, de raiva
lhe põe o nome.
1237. Qui vult capere, capiat. [Rezende 5670]. Quem quiser
entender, que entenda. VIDE: ● Capiat qui capere possit.
● Qui potest capere, capiat.
1238. Qui vult decipi, decipiatur. [Rezende 5671; Black
1482]. Quem quer ser enganado, que o seja. VIDE: ● Mundus
vult decipi, ergo decipiatur. ● Populus vult decipi,
decipiatur. ● Si mundus vult decipi, decipiatur. ● Vulgus
vult decipi, ergo decipiatur.
1239. Qui vult esse nucleum, frangat nucem. [Rezende 5514].
Quem quer comer a amêndoa, quebre a noz. ■ Quem quer
fogo, busque a lenha. ■ Quem quiser comer, depene. ■ Para
lograr o proveito, há de se sofrer o dano. ■ Não há lucro sem
trabalho. ● Qui vult nucleum, frangat nucem. [Pereira
120]. Quem quer a amêndoa, quebre a noz. VIDE: ● Frangat
nucleum qui vult nucem. ● Nucleum qui esse vult, frangit
nucem. ● Qui e nuce nucleum esse vult, frangit nucem.
1240. Qui vult finem vult et media. Quem quer o fim, quer
também os meios.■ Quem quer o fim quer os meios. ● Qui
vult finem vult media necessaria ad illum obtinendum.
Quem quer o fim quer os meios necessários para consegui-lo.
● Qui vult finem, velle etiam creditur media sine quibus
finis obtineri nequit. [Jur]. Quem quer o fim, presume-se
também querer os meios, sem os quais o fim não pode ser
alcançado.
1241. Qui vult rite mori, ne prave vivat oportet. [Pereira
118]. Quem quer morrer bem, é preciso que não viva
depravadamente. ■ Quem bem vive, bem morre.
1242. Qui vult scire preces, aequoris intret aquas. [Pereira
121]. Quem quer aprender a rezar entre na água do mar. ■ Se
queres aprender a rezar, entra no mar. VIDE: ● Qui nescit
orare, pergat ad mare. ● Qui nescit orare, ascendat ad
mare.
1243. Quia me vestigia terrent. [Horácio, Epistulae 1.1.74].
Porque essas pegadas me assustam. (=Resposta dada pela
raposa ao leão que a convidara a visitá-lo, por ter visto que
havia numerosas pegadas que iam para dentro da caverna,
mas nenhuma dela proveniente). VIDE: ● Vestigia nulla
retrorsum. ● Vestigia terrent.
1244. Quia mihi es alter ego, quid libentius tecum loquerer,
nisi quod mecum loquor? [S.Agostinho, Epistulae 38.1]. Já
que és meu alter ego, o que eu conversaria contigo com mais
prazer do que aquilo que falo comigo mesmo?
1245. Quia natura mutari non potest, idcirco verae amicitiae
sempiternae sunt. [Cícero, De Amicitia 9.32]. Como a
natureza não pode ser mudada, portanto as verdadeiras
amizades são eternas. VIDE: ● Verae amicitiae sempiternae
sunt.
1246. Quia nominor leo. Porque eu me chamo leão. (=Posso
impor minha vontade, porque sou o mais poderoso). ■ Manda
quem pode, obedece quem tem juízo. VIDE: ● Ego primam
tollo, nominor quoniam leo. ● Infida societas regni.
● Iniqua partitio. ● Leonina societas. ● Nunquam est fidelis
cum potente societas. ● Primo mihi.
1247. Quia non erit impossibile apud Deum omne verbum.
[Vulgata, Lucas 1.37]. Porque a Deus nada é impossível.
1248. Quia res fere sine exitu futura est propter naturalem
hominum ad dissentiendum facilitatem. [Ulpiano, Digesta
4.8.17.6]. Porque geralmente as questões ficarão sem solução
por causa da facilidade de discordar que os homens têm. VIDE:
● Homines sunt faciles ad dissentiendum. ● Homines sunt
faciles ad dissentionem.
1249. Quia vinum bibere voluisti, una etiam faeces tibi sunt
exhauriendae. [Schottus, Adagia 426]. Já que quiseste beber
o vinho, deves tomar junto a borra. ■ Quem comeu a carne
roa os ossos. ■ Quem quer a rosa agüente o espinho.
1250. Quibus agrestis vita est, fraus ignota est. [Sêneca, De
Ira 2.1]. A má-fé é desconhecida de quem vive vida
campestre.
1251. Quibus nihil in ipsis opis ad bene beateque vivendum,
iis omnis aetas gravis est. [Cícero, De Senectute 2]. Toda
idade é penosa para aqueles que não têm seus próprios meios
para viver bem e com felicidade.
1252. Quibus lucerna est opus, infundunt oleum. [Manúcio,
Adagia 1148]. Quem precisa da lâmpada, coloca o azeite.
■ Quem precisa de candeia, que traga azeite. ■ Quem quiser
comer depene. VIDE: ● Lucerna qui indigent, oleum
affundunt. ● Qui egent lucerna, infundant oleum. ● Qui
lucerna egent, infundant oleum. ● Quibus opus est fructu,
stercorant agrum. ● Qui lucerna egent, infundant oleum.
1253. Quibus non est datum intellegere civilia, multo magis
denegatum est disserere divina. [Minúcio Félix, Octavius
12]. Àqueles a quem não é dado entender as coisas
mundanas, mais negado ainda lhes é discutir as coisas
divinas.
1254. Quibus opus est fructu, stercorant agrum. [Manúcio,
Adagia 1148]. Quem precisa do fruto, aduba o campo.
■ Quem precisa de candeia, que traga azeite. ■ Quem quiser
comer depene. VIDE: ● Qui lucerna egent, infundant oleum.
● Qui lucerna egent, infundunt oleum. ● Lucerna qui
indigent, oleum affundunt. ● Qui egent lucerna, infundant
oleum. ● Quibus lucerna est opus, infundunt oleum.
1255. Quibus sunt verba sine penu et pecunia. [Plauto,
Captivi 471]. Eles têm muitas palavras, mas faltam-lhes
comida e dinheiro.
1256. Quibuscumque viis. Por quaisquer caminhos. Por
quaisquer meios.
1257. Quicquam inoptatum cadit, hoc homo corrigat arte.
[Dionísio Catão, Monosticha, Appendix 69]. O que acontece
de indesejável, o homem deve corrigir com um artifício. VIDE:
● Quicquid inoptatum cadit, hoc homo corrigat arte.
1258. Quicquid ad summum pervenit, ab exitu prope est.
[Sêneca, Ad Marciam 23.3]. O que quer que tenha chegado
ao ponto máximo, está perto do fim. VIDE: ● Quidquid ad
summum pervenit, incremento non relinquit locum. ● Ubi
incremento locus non est, vicinus occasus est.
1259. Quicquid bene dictum est ab ullo, meus est. [Sêneca,
Epistulae Morales 16.7]. O que quer de bom que tenha sido
dito por alguém, é meu.
1260. Quicquid bono concedas, des partem tibi. [Publílio
Siro]. O que quer que concedas ao homem honesto, darás
parte a ti mesmo.
1261. Quicquid conaris, quo pervenias, cogites. [Publílio
Siro]. O que quer que empreendas, considera aonde chegarás.
■ Pensa antes, age depois. VIDE: ● Quidquid agas, operis
primo finem mediteris.
1262. Quicquid coquus peccaverit, tibicen accipere solet
plagas. [Eiselein 8]. O que quer que o cozinheiro tenha feito
de errado, é o flautista que costuma receber as pancadas.
■ Paga o justo pelo pecador. VIDE: ● Alius peccat, alius
plectitur. ● Canis peccatum sus dependit. ● Faber cadit
cum ferias fullonem. ● Fabrum caedere cum ferias
fullonem. ● Innocentes pro nocentibus poenas pendunt.
● Ob textoris peccatum coquus vapulavit. ● Quod peccant
sontes, insontes saepe luerunt. ● Quod peccant sontes,
insontes saepe tulerunt. ● Quod sus peccavit, succula
saepe luit. ● Tibicen vapulat, coquo peccante.
1263. Quicquid erit, superanda omnis fortuna ferendo est.
[Virgílio, Eneida 5.710]. Aconteça o que acontecer, deve-se
vencer toda sorte, suportando-a.
1264. Quicquid est factum, semper factum est totum.
[Grynaeus 293]. Tudo que foi feito, sempre foi totalmente
feito.
1265. Quicquid est in intellectu, praeesse debere in sensu.
[Pedro Gassendi / Rezende 5444]. O que está no cérebro,
deve antes ter estado nos sentidos. VIDE: ● Nihil est in
intellectu quod non prius fuerit in sensu. ● Tota humana
notitia a sensibus surgit.
1266. Quicquid est plus quam necesse, possidentes deprimit.
[Publílio Siro]. Tudo que é mais que o necessário, oprime os
possuidores. ■ Todo excesso prejudica. ■ O que é de mais, é
moléstia. VIDE: ● Quicquid plus quam necesse est possideas,
premit.
1267. Quicquid excelsum est, cadet. Tudo que está no alto
cairá. ■ Quanto mais alto é o pau, mais bonita é a queda.
● Quicquid excelsum est, cadat! [Sêneca, Octavia 471]. Que
seja abatido tudo que se elevou!
1268. Quicquid fit cum virtute, fit cum gloria. [Publílio Siro].
Tudo que se faz com coragem, faz-se com glória.
1269. Quicquid fortuna exornat, cito contemnitur. [Publílio
Siro]. Tudo que a sorte nos dá, logo é desprezado.
1270. Quicquid futurum est summum, ab imo nascitur.
[Publílio Siro]. Tudo que vai chegar ao cume começa de
baixo.
1271. Quicquid imperio cogitur, exigenti magis quam
praestanti acceptum refertur. [Valério Máximo, Dicta et
Facta Memorabilia 2.2.6]. Tudo que é imposto, interessa
mais ao que ordena do que ao que obedece.
1272. Quicquid in buccam tibi venerit, loquaris. [Marcial,
Epigrammata 12.24.5]. Falarás tudo que te vier à boca.
● Quicquid in buccam venerit stultus loquitur. O tolo fala
tudo que lhe vem à boca. ● Quicquid in buccam venerit,
effutit. Fala tudo que lhe vier à boca. VIDE: ● Cito transit
lancea stulti. ● In buccam tibi quod venerit loquaris
1273. Quicquid inoptatum cadit, hoc homo corrigat arte. O
que acontece de indesejável, o homem deve corrigir com um
artifício. VIDE: ● Quicquam inoptatum cadit, hoc homo
corrigat arte.
1274. Quicquid multis peccatur, inultum est. [Lucano,
Pharsalia 5.260]. Qualquer falta cometida por muitos fica
impune.
1275. Quicquid non licet, nefas putare debemus. [Cícero,
Paradoxa 25]. Tudo que não é permitido, devemos considerar
proibido.
1276. Quicquid patimur, mortale genus, quicquid facimus,
venit ex alto. [Sêneca, Oedipus 983]. Tudo que sofremos, ó
raça mortal, tudo que fazemos, vem do alto.
1277. Quicquid plantatur solo, solo cedit. [Jur / Broom 314].
Tudo que se planta no solo pertence ao solo.
1278. Quicquid plus quam necesse est possideas, premit.
[Publílio Siro]. Tudo que possuas que é mais que o
necessário, oprime. ■ Todo excesso prejudica. ■ O que é de
mais, é moléstia. VIDE: ● Quicquid est plus quam necesse,
possidentes deprimit.
1279. Quicquid quaeritur, optimum videtur. [Petrônio,
Satiricon 93.10]. Tudo que se deseja, parece ótimo. ■ O
desejo faz o formoso do feio.
1280. Quicquid regi placuerit, quamvis ratione careat, legis
habet vigorem. [VES 136]. O que quer que agrade ao rei,
por mais que falte razão, tem força de lei. ■ A vontade do rei
tem força de lei. ■ Vontade de rei não conhece a lei. ■ Vão as
leis aonde querem os reis. VIDE: ● Quo volunt reges, vadunt
leges. ● Quo voluntas regis vadunt leges. ● Quod placuit
principi legis habuit vigorem. ● Quod principi placuit,
legis habet vigorem. ● Quod principi placuit, legis habet
rationem. ● Regis voluntas suprema lex esto. ● Ut volunt
reges, ita valent leges. ● Voluntas principis suprema lex
est.
1281. Quicquid sub terra est, haec in apricum proferet
aetas. [Horácio, Epistulae 1.6.24]. Tudo que está debaixo da
terra, o tempo exporá à luz do dia. ■ O que de noite se faz,
pela manhã aparece. ■ O tempo tudo descobre.
1282. Quicquid tangebam, crescebat tamquam favus.
[Petrônio, Satiricon 76.8]. O que quer que eu tocasse, crescia
como favo de mel.
1283. Quicquid vindicandum est, omnis optima est occasio.
[Publílio Siro]. Toda ocasião é boa para a vingança.
1284. Quicquid vis esse tacitum, nulli dixeris. [PSa]. O que
queres que se mantenha secreto, não contes a ninguém. ■ O
segredo melhor guardado é o que a ninguém é revelado.
VIDE: ● Quod esse tacitum vis, id nulli dixeris.
1285. Quicumque amisit dignitatem pristinam, ignavis etiam
iocus est in casu gravi. [Fedro, Fabulae 1.21.1]. Quem
perdeu seu poder antigo torna-se, na desgraça, motivo de
gracejo até para os covardes.
1286. Quicumque effuderit humanum sanguinem, fundetur
sanguis illius. [Vulgata, Gênesis 9.6]. Todo o que derramar
sangue humano, será castigado com a efusão do seu próprio
sangue. ■ Violência gera violência.
1287. Quicumque fuerit ergo narrantis iocus, dum capiat
aurem, et servet propositum suum, re commendatur, non
auctore nomine. [Fedro, Fabulae 2 Prologus]. Qualquer que
seja o gracejo do narrador, quando capta o ouvido e atinge
seu objetivo, ele se recomenda por si mesmo, não pelo nome
do autor.
1288. Quicumque gladio utitur, gladio peribit. Quem usa da
espada morrerá pela espada. ■ Quem com ferro mata com
ferro morre. VIDE: ● Omnes enim qui acceperint gladium,
gladio peribunt. ● Qui gladio ferit, gladio perit. ● Qui
gladio percutit, gladio morietur. ● Qui in gladio occiderit,
opportet eum gladio occidi.
1289. Quicumque ille fuit, puerum qui pinxit Amorem,
nonne putas miras hunc habuisse manus? [Propércio,
Elegiae 2.12.1]. Não achas que quem pintou o deus Amor
como um menino tinha mãos maravilhosas?
1290. Quicumque me diligunt, aequalem amoris vicem a me
recipiunt. [Roswitha, Lapsus et Conversio Mariae / Tosi
1423]. Todos que me amam recebem em troca amor igual.
■ Amor com amor se paga.
1291. Quicumque molam fugit, ille farinam. [Schottus,
Adagia 603]. Quem foge do moinho foge da farinha. ■ Quem
foge do moinho não tem fubá. ■ Quem foge do trabalho foge
do ganho. VIDE: ● Devitat quicumque molam, fugit ille
farinam. ● Farinam fugit quicumque molam vitat.
● Molam qui vitat, farinam vitat. ● Qui fugit molam, fugit
farinam. ● Qui fugit molam, farinam non invenit. ● Qui
vitat molam, vitat farinam.
1292. Quicumque solitudine delectatur aut fera aut deus est.
[Bacon, De Amicitia]. Quem aprecia a solidão ou é uma fera,
ou um deus.
1293. Quicumque tibi aliquid operatus fuerit, statim ei
mercedem restitue. [Vulgata, Tobias 4.15]. A todo homem
que te tiver feito um trabalho, paga-lhe logo o salário.
1294. Quicumque turpi fraude semel innotuit, etiam si
verum dicit, ammittit fidem. [Fedro, Fabulae 1.10.1].
Quem uma vez ficou conhecido por mentira vergonhosa,
mesmo se diz a verdade, não merece confiança. . ■ Quem
uma vez furta, fiel nunca. VIDE: ● Mendaci homini ne verum
quidem dicenti credere solemus.
1295. Quicumque usu rationis habitu caret, censetur non sui
compos et infantibus assimilatur. [CIC 99]. Todo aquele
que habitualmente não tem o uso da razão, considera-se não
cônscio de si e é equiparado às crianças.
1296. Quicumvis depugno multo facilius, quam cum fame.
[Plauto, Stichus 626]. Combato com muito mais facilidade
qualquer adversário do que a fome.
1297. Quid. O quê. O ponto difícil.
1298. Quid Achivos a turre iudicatis? [Erasmo, Adagia
3.2.93]. Por que julgais os gregos da torre? (=Julgais de
longe, sem conhecer a questão). ● Quid Achivos iudicatis ex
moenibus? Por que julgais os gregos das muralhas? VIDE:
● Achivos e turre iudica.
1299. Quid actum est? Que é que aconteceu?
1300. Quid ad aeternum? Que (significa isso) diante da
eternidade?
1301. Quid ad farinas? [Erasmo, Adagia 3.6.31]. Que é que
isso tem a ver com a farinha? ■ Que é que tem uma coisa com
a outra? ■ E eu com isso? VIDE: ● Quid nobis ad farinam?
1302. Quid ad nos? Tu videris. [Vulgata, Mateus 27.4]. A nós
que se nos dá? Viras tu lá o que fazias. (=Resposta dos
fariseus a Judas).
1303. Quid adhuc tibi esse conaris inimicus? [S.Agostinho,
Epistulae 173.6]. Por que procuras ser teu inimico?
1304. Quid agas ad me pertinet nihil. O que fazes, não me diz
respeito.
1305. Quid agendum? Que se deve fazer? Que fazer?
1306. Quid agis? Quid fit? [Plauto, Mercator 283]. Como vais?
Como vão as coisas? ● Quid agites? Como passais?
1307. Quid aliud est vir senex, quam vox et umbra?
[Eurípides / Bernardes, Nova Floresta 3.44]. Que é um
homem velho, senão uma voz e uma sombra? VIDE: ● Quid
praeter istaec vox et umbra vir senex?
1308. Quid aperto pectore in hostem mittor? [Ovídio, Ars
Amatoria 3.667]. Por que avanço contra o inimigo de peito
aberto? VIDE: ● Aperto pectore.
1309. Quid arenae semina mandas? [Ovídio, Heroides 5.117].
Por que semeias na areia?
1310. Quid arma possint regis irati scies. [Sêneca, Oedipus
519]. Saberás o que podem as armas de um rei irado.
1311. Quid autem est amare, nisi velle bonis aliquem affici
quam maximis, etiamsi ad se ex iis nihil redeat? [Cícero,
De Finibus 2.78]. Que é amar, senão querermos que alguém
receba os maiores bens, mesmo que deles não tiremos nada
para nós?
1312. Quid autem stultius homine verba metuente? [Sêneca,
Epistulae Morales 91.19]. Que é mais néscio do que um
homem que tem medo de palavras?
1313. Quid autem tentare nocebit? [Bailey, Divers Proverbs
75]. Que mal fará tentar? ■ Quem não arrisca, não petisca.
1314. Quid autem turpius quam illudi? [Cícero, De Amicitia
99]. O que há de mais vergonhoso do que ser escarnecido?
1315. Quid autem vides festucam in oculo fratris tui, et
trabem in oculo tuo non vides? [Vulgata, Mateus 7.3]. Por
que vês tu a aresta no olho do teu irmão, e não vês a trave no
teu olho? ■ Fala o roto do esfarrapado, e o sujo do mal
lavado. ● Quid autem vides festucam in oculo fratris tui,
trabem autem, quae in oculo tuo est, non consideras?
[Vulgata, Lucas 6.41]. Por que vês tu uma aresta no olho de
teu irmão, e não reparas na trave que tens no teu olho? VIDE:
● Cernere festucam mos est in fratris ocello, in propriis
oculis non videt ipse trabem. ● Festucam in oculo fratris
cernimus; at in proprio ne trabem quidem
animadvertimus. ● Festucam in alterius oculo vides, in tuo
trabem non vides.
1316. Quid boni sanitas habeat, languor ostendit. [Medina
590]. A doença mostra o que a saúde tem de bom. ■ O bem
não é conhecido até que é perdido.
1317. Quid bove firmius? [Ovídio, Ex Ponto 1.4.11]. O que é
mais forte do que um boi?
1318. Quid brevi fortes iaculamus aevo multa? [Horácio,
Carmina 2.16.17]. Por que nós, corajosos, para um tempo tão
curto, projetamos tanta coisa?
1319. Quid caeco cum speculo? [Erasmo, Adagia 3.7.54]. Que
tem o cego a ver com o espelho? ■ Para quê cego com
espelho? ■ Para quê pobre com baú? ■ Ao cego não dão
cuidado os espelhos. ■ Cágado, para que botas, se tens as
pernas tortas? ● Quid caeco cum speculo et surdo cum
lyra? [Dumaine 243]. Que faz o cego com o espelho e o
surdo com a lira? VIDE: ● Quid namque caeco cum speculo
est commercii? ● Speculum caecus poscit. ● Speculum
caecus.
1320. Quid canis in balneo? [Schottus, Adagia 550]. Que faz o
cão na sala de banhos? ■ Que há de comum entre o asno e a
lira? ● Quid cani et balneo? [Erasmo, Adagia 1.4.39]. VIDE:
● Quid commune cani cum balneo?
1321. Quid cautus caveas aliena exempla docebunt. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 38]. Os exemplos alheios
ensinarão o que deves cautelosamente evitar. ■ O mal alheio
dá conselho.
1322. Quid cessas? an tibi Mavors ventosa in lingua
pedibusque fugacibus istis semper erit? [Virgílio, Eneida
11.390]. Por que paras? Será que Marte para ti estará sempre
na língua ventosa e nesses teus pés fugazes? VIDE: ● Re
secunda fortis est, dubia fugax. ● Ventosa lingua, pedes
fugaces.
1323. Quid clarius astris? [Divisa / Sweet 148]. O que há mais
brilhante do que as estrelas?
1324. Quid commune cani cum balneo? [Apostólio, Paroimiai
18.81]. Que tem o cão com a sala de banhos? ■ Que há de
comum entre o asno e a lira? VIDE: ● Quid cani et balneo?
● Quid canis in balneo?
1325. Quid commune habent opifex et doctus? [Schrevelius
1172]. Que têm de comum o operário e o sábio?
1326. Quid communicabit cacabus ad ollam? Quando enim
se colliserint, confringetur. [Vulgata, Eclesiástico 13.3].
Como se juntará uma panela de barro a uma panela de ferro?
Quando se chocarem, aquela se quebrará.
1327. Quid congregare cum leonibus vulpes? [Marcial,
Epigrammata 10.100]. Por que juntar raposas com leões?
VIDE: ● Congregantur cum leonibus vulpes. ● Congregare
cum leonibus vulpes.
1328. Quid crastina volvere aetas scire nefas homini.
[Estácio, Thebais 3.562]. É proibido ao homem saber o que o
dia de amanhã lhe trará. VIDE: ● Omnia quae ventura sunt in
incerto iacent.
1329. Quid curo stellas, si mihi, Phoebe, faves? [DAPR 611].
Por que me preocupo com as estrelas, ó sol, se tu me
favoreces? ■ O sol me luza, que do lume não hei cura.
1330. Quid datur a divis felici optatius hora? [Catulo,
Carmina 75.30]. O que é dado pelos deuses mais desejável
do que uma hora feliz?
1331. Quid de pusillis magna prooemia? [Erasmo, Adagia
3.3.96]. Por que uma longa introdução para coisas pequenas?
VIDE: ● Quid in re parva longa exordia facis? ● Quid
magna fari rebus in parvis opus?
1332. Quid, de quoque viro et cui dicas, saepe videto.
[Horácio, Epistulae 1.18.18]. Considera com freqüência o
quê, de quem e a quem falas.
1333. Quid deceat, quid non. [Horácio, Ars Poetica 308]. O
que convém, o que não convém.
1334. Quid deformius quam scaenam in vitam transferre?
[Bacon, Advancement of Learning 2.23.3]. O que será mais
inadequado que transportar o teatro para a vida real?
1335. Quid delphini et bovi commune? [Schottus, Adagia
550]. Que têm o golfinho e o boi em comum? ■ O que tem
Judas com a alma dos pobres?
1336. Quid dem? Quid non dem? [Horácio, Epistulae 2.2.63].
O que devo dar? O que não devo?
1337. Quid Deus intendat, noli perquirere sorte; quid
statuat de te, sine te deliberat ille. [Dionísio Catão,
Disticha 2.12]. Não consultes oráculos para saber a intenção
de Deus; o que Ele reserva para ti, Ele decide sem te
consultar.
1338. Quid Deus? Quod initio et fine caret. [Diógenes
Laércio / Rezende 5464]. Que coisa é Deus? O que não tem
princípio nem fim.
1339. Quid distent aera lupinis! [Erasmo, Adagia 1.3.79].
Quanto diferem as moedas dos tremoços! (=No teatro,
usavam-se tremoços para fazer as vezes de dinheiro). ■ Muito
vai de alhos a bugalhos. VIDE: ● Aera lupinis distant. ● Nec
tamen ignorat quid distent aera lupinis.
1340. Quid divinum. Um quê de divino.
1341. Quid domini faciant, audent cum talia fures? [Virgílio,
Eclogae 3.16]. Que devem fazer os donos, quando os ladrões
ousam tais coisas?
1342. Quid dulcius hominum generi ab natura datum est
quam sui cuique liberi? [Cícero, Ad Quirites 2.2]. O que de
mais doce foi dado pela natureza à raça humana do que os
filhos de cada um?
1343. Quid dulcius melle, et quid fortius leone? [Vulgata,
Juízes 14.18]. Que coisa há mais doce do que o mel, e que
coisa há mais forte do que o leão?
1344. Quid dulcius, quam habere, quocum omnia audeas sic
loqui, ut tecum? [Cícero, De Amicitia 6]. Que é mais
agradável do que ter com quem ouses falar tudo como a ti
próprio? ● Quid dulcius quam habere amicum, cum quo
audeas ut tecum omnia sic loqui? [DM 20]. Que é mais
agradável do que ter um amigo com quem se ousa tudo dizer
como a si próprio?
1345. Quid egisti? [Terêncio, Phormio 682]. Que fizeste? VIDE:
● Stulte, quid egisti?
1346. Quid enim aliud est natura quam Deus et Divina Ratio
toti mundo partibusque eius inserta? [Sêneca, De
Beneficiis 4.7.1]. Que outra coisa é a natureza senão Deus e a
Razão Divina inserida no mundo e em todas as suas partes?
1347. Quid enim cane adulantius? At rursum quid fidelius?
[Erasmo, Moriae Encomium 44]. O que há mais adulador
que o cão? E o que há mais fiel que ele?
1348. Quid enim contendat hirundo cycnis? [Lucrécio, De
Rerum Natura 3.6]. Por que uma andorinha brigaria com
cisnes?
1349. Quid enim est oraculum? Nempe voluntas divina
hominis ore enuntiata. [Sêneca Retórico, Controversiae
1.9]. O que é um oráculo? Sem dúvida a vontade divina
enunciada pela voz do homem.
1350. Quid enim est quod contra vim sine vi fieri possit?
[Cícero, Ad Familiares 12.3]. Que se pode fazer contra a
força sem usar da força? ■ Contra força de vilão, ferro na
mão.
1351. Quid enim foedius avaritia dici potest? [Cícero, De
Legibus 1.19]. Que coisa pode ser considerada mais torpe do
que a avareza?
1352. Quid enim iniquius, quam ut oderint homines quod
ignorant, etiam si res meretur odium? [Tertuliano,
Apologeticus 1.3]. O que poderia ser mais injusto do que
odiarem os homens aquilo que não conhecem, mesmo que a
coisa mereça ódio?
1353. Quid enim maius aut fortius quam malam fortunam
retundere? [Sêneca, De Clementia 1.5.3]. O que é mais
glorioso e de mais coragem do que rebater a má sorte?
■ Peito forte zomba da má sorte.
1354. Quid enim prodest foris esse strenuum, si domi male
vivitur? [Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 2.9].
De que serve ser valoroso fora, se em casa não se vive bem?
1355. Quid enim prodest homini, si mundum universum
lucretur, animae vero suae detrimentum patiatur?
[Vulgata, Mateus 16.26]. De que aproveita o homem ganhar
todo o mundo, se vier a perder a sua alma? ● Quid enim
proderit homini, si lucretur mundum totum et
detrimentum animae suae faciat? [Vulgata, Marcos 8.36].
1356. Quid enim promittere laedit? Pollicitis dives quilibet
esse potest. [Ovídio, Ars Amatoria 1.443]. Em que prejudica
prometer? Qualquer um pode ser rico em promessas. VIDE:
● Pollicitis dives quilibet esse potest. ● Promissis dives
quilibet esse potest.
1357. Quid enim refert quantum habeas? Multo illud plus
est, quod non habes. [PSa]. Que importa quanto tens? Muito
mais é o que não tens. VIDE: ● Quid quantum habeas refert?
Multo illud plus est, quod non habes.
1358. Quid enim salvis infamia nummis? [Juvenal, Satirae
1.48]. Que importa a vergonha, se o dinheiro está seguro?
1359. Quid enim stultius est, quam via deficiente viaticum
augere? [DM 18]. O que há de mais tolo que aumentar o
farnel de viagem, quando não há mais viagem? VIDE:
● Exacta via, viaticum quaeris. ● Potest enim quicquam
esse absurdius quam, quo viae minus restet, eo plus
viatici quaerere?
1360. Quid enim stultius quam incerta pro certis habere,
falsa pro veris? [Cícero, De Senectute 68]. Que é mais
insensato do que preferir o incerto ao certo, o falso ao
verdadeiro?
1361. Quid enim sum servus tuus canis? [Vulgata, 4Reis
8.13]. Então eu, teu servo, sou um cão?
1362. Quid enim sunt terrena omnia, nisi quaedam corporis
indumenta? [S.Gregório / Bernardes, Luz e Calor 1.212].
Que são as coisas do mundo, senão vestiduras do corpo?
1363. Quid enim sunt verba, nisi verba? [Tomás de Kempis,
De Imitatione Christi 4.46.2]. O que são as palavras, senão
palavras?
1364. Quid enim tam contrarium est servituti quam
libertas? [Digesta 4.5.21]. Que é tão oposto à servidão
quanto a liberdade?
1365. Quid enim videant qui solem non vident? [Lactâncio,
Divinae Institutiones / Tosi 451]. O que veriam os que não
vêem o sol?
1366. Quid eo dementius, qui ea miratur, quae ad alium
transferri protinus possint? [Sêneca, Epistulae Morales
41]. Que cousa mais insensata há do que admirar coisas que
logo depois poderão ser transferidas a outrem?
1367. Quid ergo? E daí? ● Quid enim? VIDE: ● Quid inde?
1368. Quid ergo opponitur clementiae? Crudelitas. [Sêneca,
De Clementia 2.4.1]. Qual é o contrário da clemência? A
crueldade.
1369. Quid ergo philosophia praestabit? Scilicet ut sine
metu deorum hominumque vivas. [Sêneca, Epistulae
Morales 29.12, adaptado]. Para quê, pois, servirá a filosofia?
Para que se viva sem medo dos deuses e dos homens.
1370. Quid est autem misericordia nisi alienae miseriae
quaedam in nostro corde compassio, qua utique si
possumus subvenire compellimur? [S.Agostinho, De
Civitate Dei 9.5]. Que é, pois, a misericórdia, senão a
compaixão em nosso coração da desgraça alheia, pela qual,
se podemos, somos compelidos a socorrer?
1371. Quid est autem tam secundum naturam, quam senibus
emori? [Cícero, De Senectute 19]. O que há de mais
conforme com a natureza que morrerem os velhos?
1372. Quid est beneficium dare? Deum imitari. [DM 47]. O
que é fazer o bem? É imitar a Deus.
1373. Quid est caritas? Est pallium monachi. Quid sic? Quia
operit multitudinem peccatorum. [Erasmo, Responsio ad
Albertum Pium]. Que é amor? É o manto do monge. Por
quê? Porque cobre a multidão dos peccados. VIDE: ● Caritas
operit multitudinem peccatorum.
1374. Quid est enim dulcius otio litterato? [Cícero,
Tusculanae Disputationes 5.105]. O que é mais agradável do
que o descanso com cultura?
1375. Quid est enim fides nisi credere quod non vides?
[S.Agostinho, In Ioannis Evangelium 40.9]. O que é a fé
senão crer-se no que não se vê?
1376. Quid est enim libertas? Potestas vivendi ut velis.
[Cícero, Paradoxa 34]. Que é, pois, a liberdade? O poder de
alguém viver como quiser.
1377. Quid est ergo ratio? Naturae imitatio. [Sêneca,
Epistulae Morales 66.39]. Que é a razão? A imitação da
natureza.
1378. Quid est ergo tempus? Si nemo ex me quaerat, scio; si
quaerenti explicare velim, nescio. [S.Agostinho,
Confessiones 11.14]. Que é o tempo? Se ninguém me
perguntar, eu sei; se eu quiser explicar a quem perguntou,
não sei.
1379. Quid est fides? Quod non vides. Quid est spes? Magna
res. Quid est caritas? Magna raritas. Que é a fé? O que
não vês. Que é a esperança? Uma grande coisa. Que é o
amor? Coisa muito rara. ● Quid est fides? Quod non vides.
Quid est spes? Quod non habes. Quid est caritas?
Maxima raritas. Que é a fé? O que não vês. Que é a
esperança? O que não tens. Que é o amor? Coisa
extremamente rara.
1380. Quid est gloriosius quam iram amicitia mutare?
[Sêneca, De Ira 2.34.4]. O que há de mais honroso do que
mudar a ira em amizade?
1381. Quid est homini inimicissimum? Alter homo. [DM 5].
Qual é o maior inimigo do homem? Outro homem.
1382. Quid est homo? Animal rationale mortale. O que é o
homem? Um animal racional mortal.
1383. Quid est homo? Prius lutum, statim puer, repente vir,
cito senex, brevi cinis, dehinc nihil, merum nihil. Que é o
ser humano? Primeiro lodo, pouco depois criança, logo
homem, depressa velho, em breve cinza, depois nada, não
mais que nada.
1384. Quid est in homine ratione divinius? [Cícero, De
Legibus 1.22]. Que há no homem mais divino do que a
razão?
1385. Quid est in hominis vita diu? [Cícero, De Senectute
4.10]. Que significa longo tempo na vida do homem?
1386. Quid est iniquius quam secreto credere, palam irasci?
[Sêneca, De Ira 2.4.29]. Que é mais iníquo do que sem
testemunhas acreditar, em público reprovar?
1387. Quid est otiosius verme? [Sêneca, Epistulae Morales
87.19]. O que é mais inútil do que um verme?
1388. Quid est pietas, nisi voluntas grata in parentes?
[Cícero, Pro Cneo Plancio 33]. Que é o amor filial, senão o
reconhecimento para com o pai e a mãe?
1389. Quid est regi resistere nisi propriam vitam
contemnere et omnia bona pariter amittere? [VES 74]. O
que é resistir ao rei, senão desprezar a própria vida e ao
mesmo tempo perder todos os bens?
1390. Quid est sanctius, quid omni religione munitius quam
domus uniuscuiusque civium? [Cícero, Pro Domo Sua
109]. O que é mais sagrado e mais seguro do que a casa de
cada cidadão?
1391. Quid est sapientia? Semper idem velle atque idem
nolle. [Sêneca, Epistulae Morales 20.4]. Que é sabedoria? É
sempre querer o mesmo e não querer o mesmo.
1392. Quid est somnus, gelidae nisi mortis imago! [Ovídio,
Amores 2.9,41]. Que é o sono, senão a imagem da fria
morte!
1393. Quid est stultius, quam in homine aliena laudare?
[Sêneca, Epistulae Morales 41]. Que haverá de mais tolo do
que elogiar num homem coisas que ele não possui?
1394. Quid est tam futile, quam quidquam approbare non
cognitum? O que é tão frívolo quanto aprovar alguma coisa
que não se conhece?
1395. Quid est tam iucundum cognitu atque auditu quam
sapientibus sententiis, gravibus verbis ornata oratio?
[Cícero, De Oratore 1.31]. O que dá tanto prazer de se
conhecer e de se ouvir quanto o discurso ornado de frases
inteligentes, de palavras significativas?
1396. Quid est veritas? [Vulgata, João 18.38]. Que coisa é a
verdade?
1397. Quid existis in desertum videre? Harundinem vento
agitatam? [Vulgata, Mateus 11.7]. Que saístes vós a ver no
deserto? Uma cana agitada do vento?
1398. Quid faciant leges, ubi sola pecunia regnat, aut ubi
paupertas vincere nulla potest? [Petrônio, Satiricon 14.2].
Que valem as leis onde só manda o dinheiro, ou onde
nenhum pobre pode vencer?
1399. Quid faciemus, viri fratres? [Vulgata, Atos 2.37].
Irmãos, o que havemos de fazer?
1400. Quid faciendum? Que se deve fazer? VIDE: ● Quid nobis
faciendum est?
1401. Quid faciendum sit, a faciente discendum est. [Sêneca,
Epistulae Morales 98.17]. O que deve ser feito deve ser
aprendido com quem faz.
1402. Quid facies odio, sic ubi amore noces? [Ovídio,
Heroides 21.58]. Que farás com o ódio, quando com o amor
és tão cruel?
1403. Quid faciet is homo in tenebris qui nihil timet nisi
testem et iudicem? [Cícero, De Legibus 1.41]. Que faria no
escuro aquele homem que só tem medo de testemunha e de
juiz?
1404. Quid faciunt pauci contra tot milia fortes? [Ovídio,
Fasti 2.229]. Que valem uns poucos contra tantos milhares de
valentes?
1405. Quid fata possunt! [Sêneca, Agamemnon 512]. Que
força tem o destino!
1406. Quid fecisti? Que fizeste?
1407. Quid festinas? Por que te apressas?
1408. Quid fit ut nemo contentus sit sua sorte? Por que será
que ninguém está contente com sua sorte? VIDE: ● Nemo
contentus sua sorte.
1409. Quid flere iubes, nulla surgens dolor ex causa?
[Sêneca, Thyestes 942]. Por que me mandas chorar, ó dor
sem causa?
1410. Quid fletis, pueri? Por que chorais, meus filhos?
1411. Quid folia arboribus, quid pleno sidera caelo, in freta
collectas alta quid addis aquas? [Ovídio, Amores 2.10.13].
Por que acrescentas folhas às árvores, astros ao rico céu,
águas ao mar profundo?
1412. Quid forma est, nempe cuticula bene colorata?
[Ludovicus Vives / Stevenson 140]. O que é a beleza, senão
uma pele bem colorida?
1413. Quid habes? Que tens?
1414. Quid hic sic loquitur? Por que este fala assim?
1415. Quid hic stantibus spei est? [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 4.28]. Que esperais, ficando aqui parados?
1416. Quid hic statis tota die otiosi? [Vulgata, Mateus 20.6].
Por que estais aqui o dia todo ociosos?
1417. Quid hoc pertinet ad eam questionem? O que isso tem
a ver com esta questão?
1418. Quid hoc sibi vult? Que quer dizer isso? VIDE: ● Quid
sibi vult? ● Quid significat? ● Quidnam vult hoc esse?
1419. Quid, homo nihili, non pudet te? [Plauto, Trinummus
982]. Isso não te envergonha, palerma? VIDE: ● Etiam tu,
homo nihili? ● Homo nihili.
1420. Quid homo nitatur loqui quod non potest eloqui?
[S.Agostinho, Epistulae 191.1]. Por que o homem tenta falar
aquilo que não pode exprimir?
1421. Quid id ad nos attinet? [Aulo Gélio, Noctes Atticae
6.3.49]. Que me toca isso? ■ Que é que eu tenho com isso?
VIDE: ● Quid istud ad me attinet?
1422. Quid igitur erit verum? Fortassis hoc unum, nihil esse
certi. [Descartes, Meditariones 2.2]. O quê, então, será
verdadeiro? Talvez somente isto: não existe nada certo. VIDE:
● Hoc unum certum est, nihil esse certi.
1423. Quid igitur lex? [Vulgata, Gálatas 3.19]. Para quê, então,
a lei?
1424. Quid igitur, o mortales, extra petitis intra vos posita
felicitatem? [Boécio, De Consolatione Philosophiae 2.4.22].
Por quê, ó mortais, buscais lá fora a felicidade que está
dentro de vós?
1425. Quid ille gannit? quid vult? [Terêncio, Adolphoe 556].
Que é que ele está resmungando? Que é que ele quer?
1426. Quid in lingua Latina excellentius Cicerone inveniri
potest? [S.Agostinho, De Magistro 5.16]. Que se pode
encontrar na língua latina mais excelente do que Cícero?
1427. Quid in re parva longa exordia facis? [Apostólio,
Paroimiai 18.82]. Por que fazes uma longa introdução para
uma coisa pequena? VIDE: ● Quid de pusillis magna
prooemia? ● Quid magna fari rebus in parvis opus?
1428. Quid in tragoedia comici? [Binder, Thesaurus 2831].
Que fazem os cômicos nessa tragédia?
1429. Quid in ventum verba fundis? Por que espalhas palavras
ao vento? VIDE: ● Dat verba in ventos. ● In ventum verba
profertis.
1430. Quid inde? E daí? Que resultou disso? VIDE: ● Quid
ergo? ● Quid enim?
1431. Quid interest inter periurum et mendacem? [Cícero,
Pro Roscio Comodeo 46]. Que diferença há entre um perjuro
e um mentiroso? VIDE: ● Nihil interest inter periurum et
mendacem.
1432. Quid interest inter suasorem facti et probatorem?
[Cícero, Philippica 2.29]. Que diferença há entre o
incentivador da ação e quem a aprova?
1433. Quid interest inter tyrannum ac regem? [Sêneca, De
Clementia 1.11.4]. Qual é a diferença entre o tirano e o rei?
1434. Quid ipse sis, non quid habearis, interest. [Publílio
Siro]. O que interessa é o que tu és, não o que tens. ■ Vale
mais crédito que dinheiro. VIDE: ● Quid sis interest, non
quid habearis.
1435. Quid iste argutat molestus? [Petrônio, Satiricon 46.1].
Que é que está dizendo esse chato?
1436. Quid istud ad me attinet? [Plauto, Poenulus 635]. Que
isso me diz respeito? ■ Que é que eu tenho com isso? VIDE:
● Quid id ad nos attinet?
1437. Quid iuris? [Jur]. Que coisa de direito? (=Que solução dá
a isso a jurisprudência?).
1438. Quid iuvat deferre quae sunt tamen post facienda? De
que serve adiar aquilo que, de qualquer maneira, depois
deverá ser feito?
1439. Quid iuvat dolori suo occurrere? [Sêneca, Epistulae
Morales 13.10]. De que adianta correr em direção ao próprio
sofrimento? ■ Não procures sarna para te coçar. ■ Não
mexas em casa de marimbondos.
1440. Quid iuvat errorem, mersa iam puppe, fateri?
[Claudiano, In Eutropium 2.7]. De que serve reconhecer o
erro, quando o barco já está naufragado?
1441. Quid iuvat insanis lucem consumere verbis? De que
adianta gastar o dia com palavras loucas?
1442. Quid iuvat mala gravare questu? [Sêneca, Oedipus 81].
De que adianta agravar os próprios males com lamentações?
1443. Quid iuvat et nullo ponere verba loco? [Propércio,
Elegiae 2.22.44]. De que adianta falar ao vento?
1444. Quid lacrimae delicta levant? [Claudiano, In Eutropium
2.8]. Em quê as lágrimas aliviam os crimes?
1445. Quid laedit, si totus populus in te sibilet, modo tute
tibi plaudas? [Erasmo, Moriae Encomium 31]. Que mal faz
se o povo todo te vaia, se tu mesmo te aplaudes? ■ Durma eu
quente, e ria-se a gente.
1446. Quid laetius quam clarissimos iuvenes nomen et
famam ex studiis petere? [Plínio Moço, Epistulae 6.11.3].
Que há de mais satisfatório do que jovens de famílias nobres
buscarem o renome e a glória nas letras?
1447. Quid leges sine moribus? De que servem as leis sem a
moral? ● Quid leges sine moribus vanae proficiunt?
[Horácio, Carmina 3.24.35]. De que servem as ineficazes
leis, se a moral está ausente? ■ Os homens fazem as leis; as
mulheres, os costumes.
1448. Quid leo cum mure? Que é que o leão tem com o rato?
■ A águia não se entretém catando moscas.
1449. Quid levius fumo? Flamen. Quid flamine? Ventus.
Quid vento? Mulier. Quid muliere? Nihil. [Bernardes,
Nova Floresta 1.220]. Que é mais volúvel do que a fumaça?
A brisa. Do que a brisa? O vento. Do que o vento? A mulher.
Do que a mulher? Nada. ■ A mulher é um cata-vento: vai ao
vento que soprar. ● Quid levius flamma? Fulmen. Quid
fulmine? Ventus. Quid vento? Mulier. Quid muliere?
Nihil. [Sweet 124]. O que é mais volúvel do que a chama? O
raio. Do que o raio? O vento. Do que o vento? A mulher. Do
que a mulher? Nada. ● Quid levius vento? Fulmen. Quid
fulmine? Fama. Quid fama? Mulier. Quid muliere? Nihil.
Que é mais volúvel que o vento? O raio. Do que o raio? A
fama. Do que a fama? A mulher. Do que a mulher? Nada.
VIDE: ● Quid pluma levius? Pulvis. Quid pulvere? Ventus.
Quid vento? Mulier. Quid muliere? Nihil. ● Vento quid
levius? Fulmen. Quid fulmine? Fama. Fama quid?
Mulier. Quid muliere? Nihil.
1450. Quid libertate pretiosius? [Plínio Moço, Epistulae 8.24].
Que há de mais precioso do que a liberdade?
1451. Quid luci cum tenebris? [Tertuliano, De Spectaculis
26.1]. Que tem que ver a luz com as trevas?
1452. Quid lucidius sole? [Vulgata, Eclesiástico 17.30]. Que é
mais brilhante do que o sol?
1453. Quid magis est saxo durum? quid mollius unda? Dura
tamen molli saxa cavantur aqua. [Ovídio, Ars Amatoria
1.473]. Que é mais duro do que a pedra? Que é mais mole do
que a água? No entanto as duras pedras são furadas pela água
mole. ■ A água mole em pedra dura tanto dá até que fura.
VIDE: ● Gutta cavat lapidem. ● Gutta cavat lapidem,
consumitur anulus usu. ● Decidens scabrum cavat unda
tophum. ● Dura tamen molli saxa cavantur aqua. ● Longa
dies molli saxa peredit aqua.
1454. Quid magna fari rebus in parvis opus? [Schottus,
Adagia 619]. Por que é preciso dizer palavras eloqüentes nos
pequenos acontecimentos? VIDE: ● Quid de pusillis magna
prooemia? ● Quid in re parva longa exordia facis?
1455. Quid me alta silentia cogis rumpere? [Virgílio, Eneida
10.63]. Por que me obrigas a romper o meu profundo
silêncio?
1456. Quid me caedis? [Vulgata, João 18.23]. Por que me
bates? VIDE: ● Cur me verberas? ● Cur percutis me?
1457. Quid me interrogas? [Vulgata, João 18.21]. Por que me
fazes perguntas?
1458. Quid me laetius est beatiusve? [Catulo, Carmina 9.11].
O que é mais alegre ou mais feliz do que eu? VIDE: ● Quis me
laetius beatiusve?
1459. Quid melius auro? Iaspis. Quid iaspide? Sensus. Quid
sensu? Mulier. Quid muliere? Nihil. [Albertano da Brescia,
Liber Consolationis 5]. Que é melhor do que o ouro? A
ágata. E do que a ágata? O juízo. E do que o juízo? A
mulher. E do que a mulher? Nada.
1460. Quid meritum dicas, cui sua terra parum est?
[Propércio, Elegiae 3.7.56]. Que valor dirás ter o homem a
quem sua pátria não lhe basta?
1461. Quid messes uris, acerba, tuas? [Tibulo, Elegiae
1.2.100]. Por que queimas, ó cruel, a tua seara?
1462. Quid mihi opus est tua amicitia, si quod rogo non
facis? [Valério Máximo, Facta et Dicta Memorabilia 6.4]. De
que me serve tua amizade, se não fazes o que te peço?
1463. Quid mihi prodest scire agellum in partes dividere, si
nescio cum fratre dividere? [Sêneca, Epistulae Morales
10.88]. De que me adianta saber dividir um cordeiro em
partes, se não sei dividi-lo com meu irmão?
1464. Quid minus utibile fuit quam hoc ulcus tangere?
[Terêncio, Phormio 690]. Que poderia ser menos útil do que
tocar essa ferida? ■ Não fales de corda em casa de
enforcado.
1465. Quid mirum est, fortunatos semper parem quaerere?
[Quinto Cúrcio, Historiae 5.5]. O que há de espantoso em
que os homens afortunados sempre procurem seus iguais?
1466. Quid multa? Para que mais palavras?
1467. Quid namque caeco cum speculo est commercii?
[Apostólio, Paroimiai 18.69]. Qual é a relação entre o cego e
o espelho? ■ Que há de comum entre o asno e a lira? ■ Ao
cego não dão cuidado os espelhos. VIDE: ● Quid caeco cum
speculo? ● Quid caeco cum speculo et surdo cum lyra?
● Speculum caecus poscit. ● Speculum caecus.
1468. Quid nobis ad farinam? Que é que eu tenho com a
farinha? ■ Que é que eu tenho com isso?. ■ Lá se haja Marta
com seus doilos. VIDE: ● Quid ad farinas?
1469. Quid nobis certius ipsis sensibus esse potest, qui vera
ac falsa notemus? [Lucrécio, De Rerum Natura 1.699]. Que
podemos ter mais seguro do que nossos sentidos para
distinguirmos o verdadeiro e o falso?
1470. Quid nobis faciendum est? Que devemos fazer? ● Quid
nobis faciendum est ignoro. [Cícero, Ad Atticum 14.1].
Não sei o que fazer. VIDE: ● Quid faciendum?
1471. Quid nocet latratus canis, si non mordeat? [Bebel,
Adagia Germanica]. Que mal faz o latido do cão, se não
morde? ■ Os cães ladram, mas a caravana passa. VIDE: ● Si
non morderis, cane quid latrante vereris.
1472. Quid non argento, quid non corrumpitur auro?
[Medina 588]. O que não se corrompe com prata, o que não
se corrompe com ouro? ■ Não há cerradura, se de ouro é a
gazua. ■ O dinheiro é a medida de todas as coisas.
1473. Quid non ebrietas designat? [Pereira 121]. O que não
revela a embriaguez? ■ Cachaceiro não tem segredo.
■ Segredos queres saber, busca-os no pesar e no prazer.
● Quid non ebrietas designat? operta recludit, spes iubet
esse ratas, ad proelia trudit inertem, sollicitis animis onus
eximit, addocet artes. [Horácio, Epistulae 1.5.16]. O que é
que a embriaguez não faz? Ela descobre os segredos, ela faz
a esperança parecer realidade, ela empurra o covarde à luta,
tira o peso das preocupações dos espíritos, ensina as artes.
1474. Quid non mortalia pectora cogis, auri sacra fames?
[Virgílio, Eneida 3.56]. A que não obrigas os corações
humanos, ó maldita fome de ouro? VIDE: ● Auri imperiosa
fames. ● Auri sacra fames.
1475. Quid novi? Que há de novo? ● Quid novum? ● Quid
novum evenit? Que ocorreu de novo? VIDE: ● Quid portas
novi?
1476. Quid novi ex Africa? [Rezende 5491]. Que novidades
vêm da África? VIDE: ● Ex Africa semper aliquid novi.
1477. Quid numeras annos? Vixi maturior annis; acta
senem faciunt, haec numeranda tibi. [Bernardes, Nova
Floresta 1.286]. Por que contas os anos? Vivi anos
produtivos; as obras fazem a idade, essas é que devem ser
contadas por ti.
1478. Quid nunc? Que há agora?
1479. Quid nunc te, asine, litteras doceam? [Cícero, In
Calpurnium Pisonem 30]. Por que agora deveria ensinar-te a
ler, ó asno?
1480. Quid obmutuistis? quid tacetis? [Apuleio, Apologia
102]. Por que ficastes mudos? Por que vos calais?
1481. Quid observatis auribus fundis preces? [Horácio,
Epodon 17.53]. Por que dirigis pedidos a ouvidos fechados?
1482. Quid opus est plura? [Cícero, De Senecture 1]. Para quê
é preciso dizer mais?
1483. Quid opus est tibi? De que necessitas?
1484. Quid opus est verbis? [Plauto, Curculio 79]. De que nos
servem palavras? ● Quid opus verbis est, ubi facta vides?
[John Owen, Epigrammata 3.110]. De que servem as
palavras, quando vês os fatos? VIDE: ● Nihil opus verbis.
1485. Quid opus nota noscere? [Plauto, Miles Gloriosus 635].
De que vale aprender o que já se sabe?
1486. Quid paterna carius esset viro tellure? [Eurípides /
Rezende 7063]. O que seria mais caro ao homem do que a
sua pátria?
1487. Quid pectunt, qui non habent capillos? [Bebel, Adagia
Germanica / Mota 64]. O que penteiam os que não têm
cabelos? ■ Careca não gasta pente. ■ Mal haja quem calvo
penteia. ● Quid pectunt illi, quibus absunt fronte capilli?
[Eiselein 356]. Que penteiam aqueles a quem faltam cabelos
na testa? VIDE: ● Calvus pectinem poscit. ● Difficile est
calvum evellere.
1488. Quid peius domo ubi femina habet imperium super
virum? [S.Agostinho, Tractatus 2.14]. Que há de pior que a
casa onde a mulher tem domínio sobre o homem? ■ Triste da
casa onde a galinha canta e o galo cala. VIDE: ● Ibi nihil,
parumve pacis, ubi mulier viri partes sibi arrogat.
1489. Quid pluma levius? Pulvis. Quid pulvere? Ventus.
Quid vento? Mulier. Quid muliere? Nihil. [Rezende 5482].
Que é mais volúvel que a pluma? O pó. Do que o pó? O
vento. Do que o vento? A mulher. Do que a mulher? Nada.
VIDE: ● Quid levius fumo? Flamen. Quid flamine? Ventus.
Quid vento? Mulier. Quid muliere? Nihil. ● Quid levius
flamma? Fulmen. Quid fulmine? Ventus. Quid vento?
Mulier. Quid muliere? Nihil. ● Quid levius vento?
Fulmen. Quid fulmine? Fama. Quid fama? Mulier. Quid
muliere? Nihil. ● Vento quid levius? Fulmen. Quid
fulmine? Fama. Fama quid? Mulier. Quid muliere? Nihil.
1490. Quid plura dicam? Que mais posso dizer? Para que
dizer mais? ● Quid plus dicere? ● Quid plura?
1491. Quid portas novi? [Sêneca, Thyestes 625]. Que notícias
trazes? VIDE: ● Quid novi? ● Quid novum? ● Quid novum
evenit?
1492. Quid potes alibi videre, quod hic non vides? Ecce
caelum et terra et omnia elementa, nam ex istis omnia
sunt facta. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.20.4].
O que podes ver em outro lugar que não vês aqui? Olha o céu
e a terra e todos os elementos, pois destes são feitas todas as
coisas.
1493. Quid potest ab eo quisquam sperare, quem malum
esse docuit? [PSa]. Que pode alguém esperar daquele a
quem ensinou ser mau?
1494. Quid praeter istaec vox et umbra vir senex? [Eurípides
/ Apostólio, Paroimiai 18.85]. Que é um homem velho, senão
uma voz e uma sombra? VIDE: ● Quid aliud est vir senex,
quam vox et umbra?
1495. Quid pro quo. Isto por aquilo. (=Qüiproquó. Um
equívoco. Uma confusão).
1496. Quid proderit, fratres mei, si fidem quis dicat se
habere, opera autem non habeat? [Vulgata, Tiago 2.14].
Que aproveitará, irmãos meus, a um que diz que tem fé, se
não tem obras?
1497. Quid proderit libatio idolo? Nec enim manducabit, nec
odorabit. [Vulgata, Eclesiástico 30.19]. De que servirá ao
ídolo a oblação? Pois que ele nem a comerá, nem lhe tomará
o cheiro.
1498. Quid prodest? [Rezende 5493]. Para que serve? De que
adiantaria? VIDE: ● Quid prodest? Quid me ista laedunt?
1499. Quid prodest dispergere dando pauperibus et
pauperem fieri, cum anima misera superbior efficitur
divitias contemnendo, quam fuerat possidendo? [RSA 8].
De que serve distribuir seus bens, dando-os aos pobres, e
ficar pobre, se a alma miserável, desprezando as riquezas,
ficar mais soberba do que fora quando as possuia?
1500. Quid prodest inopi locuples opulentia avari? [Pereira
111]. De que serve ao pobre a rica opulência do avarento?
■ Muito pão tem Castela, mas quem o não tem, lazeira.
1501. Quid prodest? Quid me ista laedunt? [Cícero, De Lege
Agraria 2.32]. Qual é o benefício? Que mal isto me pode
fazer?
1502. Quid prodest si quod non possumus volumus, aut si
quod possumus nolumus? [S.Agostinho, De Gratia et
Libero Arbítrio 15 / Bernardes, Nova Floresta 5.340]. Que
aproveita a vontade do impossível ou a possibilidade do que
não queremos?
1503. Quid proprium est stulti? Non posse et velle nocere.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Bias Prieneus /
Bernardes, Nova Floresta 5.81]. ■ Este é do néscio o selo:
não poder fazer mal e querer fazê-lo.
1504. Quid prosunt scripta, lecta et intellecta, nisi
temetipsum legas et intellegas? [S.Bernardo, Meditationes
15]. De que adiantam as coisas escritas, lidas e entendidas, se
não leres e entenderes a ti mesmo?
1505. Quid quaeris? Que procuras?
1506. Quid quantum habeas refert? Multo illud plus est,
quod non habes. [Publílio Siro]. Que importa quanto tens?
Muito mais é o que não tens. VIDE: ● Quid enim refert
quantum habeas? Multo illud plus est, quod non habes.
1507. Quid quisque possit, nisi tentando, nescit. [Sêneca, De
Providentia 4.3]. O que cada um pode, só sabe tentando.
1508. Quid rei tibi cum illa? [Terêncio, Eunuchus 511]. Que
há entre ti e ela?
1509. Quid rides, berbex? [Petrônio, Satiricon 57]. De quê ris,
estúpido? ● Quid rides, vervex?
1510. Quid rides me flente? Novum tibi crede futurum
luctum, forte meus cum mihi priscus erit. [Pereira 113].
Por que ris, quando eu choro? Espera um sofrimento novo
para ti, talvez quando o meu já for velho. ■ Não te alegres
com meu doilo, que, quando o meu for velho, o teu será
novo. ■ Quando os meus males forem velhos, os de alguém
serão novos.
1511. Quid rides? Mutato nomine de te fabula narratur.
[Horácio, Satirae 1.1.69]. Por que ris? A anedota fala de ti, só
que com outro nome. ■ A vós o digo, filha; entende-me, nora.
VIDE: ● De te fabula narratur.
1512. Quid Romae faciam? Mentiri nescio. [Juvenal, Satirae
3.41]. Que vou fazer em Roma? Eu não sei mentir.
1513. Quid sanctius, quid munitius quam domus
uniuscuiusque civium? O que é mais sagrado e mais seguro
do que a casa de cada cidadão? VIDE: ● Quid est sanctius,
quid omni religione munitius quam domus uniuscuiusque
civium?
1514. Quid, si nunc caelum ruat? [Terêncio, Heauton
Timorumenos 719]. Que seria, se o céu desmoronasse agora?
1515. Quid si velis gubernatorem in piscina aestimare?
[Sêneca Retórico, Controversiae 3.14]. O que seria se
quisesses avaliar o piloto num tanque?
1516. Quid significat? Que quer dizer isso? VIDE: ● Quid hoc
sibi vult? ● Quid sibi vult? ● Quidnam vult hoc esse?
1517. Quid sis interest, non quid habearis. [DM 22]. O que
interessa é o que tu és, não o que tu tens. ■ Vale mais crédito
que dinheiro. VIDE: ● Quid ipse sis, non quid habeas,
interest.
1518. Quid sit futurum cras, fuge quaerere. [Horácio,
Carmina 1.9.13]. Evita indagar o que vai acontecer amanhã.
VIDE: ● Nolite ergo solliciti esse in crastinum.
1519. Quid est ius, et in quo consistit iniuria, legis est
definire. [Jur / Black 1483]. Cabe à lei definir o que constitui
o direito e em que consiste o crime.
1520. Quid solutis est beatius curis! [Catulo, Carmina 31.7]. O
que é mais abençoado do que as preocupações resolvidas!
1521. Quid spolias nudum? [Manúcio, Adagia 783]. Por que
roubas um homem nu? ■ Levas água ao mar! VIDE: ● Actum
ne agas. ● Gallos quid exsecas?
1522. Quid stulti proprium? non posse et velle nocere. O que
caracteriza o tolo? Não poder e querer fazer mal.
1523. Quid stultius quam inutilem potentiam anteferre
verae gloriae? [Cícero, Philippica 5.50]. Que há de mais tolo
do que preferir o poder inútil à glória verdadeira?
1524. Quid sub sole novum? Quid cernis in orbe
modernum? Quaequae veternis viguerunt credita saeclis.
[Tosi 799]. O que há de novo sob o sol? O que distingues de
novo no mundo? Tudo que existe envelheceu durante longos
séculos.
1525. Quid superbit terra et cinis? [Vulgata, Eclesiástico
10.9]. Por que se ensoberbece a terra e a cinza?
1526. Quid surdo cum lyra? Que tem o surdo a ver com a lira?
1527. Quid tandem non efficiant manus? [Erasmo, Adagia
3.7.28]. O que é que as mãos não conseguirão realizar?
1528. Quid te igitur retulit, beneficium esse oratione, si ad
rem auxilium emortuum est? [Plauto, Epidicus 120]. De
que te adianta ser generoso em palavras, se para as ações tua
generosidade está morta?
1529. Quid tentare nocebit? [Ovídio, Metamorphoses 1.397].
Que mal fará tentar? ■ Quem não arrisca, não petisca.
■ Quem não se aventura, não passa o mar.
1530. Quid tibi cum pelago? Terra contenta fuisses. [Ovídio,
Amores 3.8.49]. Que é que tens com o mar? Devias
contentar-te com a terra.
1531. Quid tibi divitiis opus est quae esurire te cogunt?
[Quinto Cúrcio, Historiae 7.8]. De que te servem as riquezas
que só aumentam teu apetite? VIDE: ● Divitiae te esurire
cogunt.
1532. Quid tibi pecunia opus est, si uti non potes? [Publílio
Siro]. Para que precisas de dinheiro, se não podes usá-lo?
1533. Quid tibi promisit Deus, o homo mortalis?
[S.Agostinho, In Psalmum 148]. O que Deus te prometeu, ó
homem mortal?
1534. Quid tibi vis faciam? [Vulgata, Lucas 18.41]. Que
queres que te faça? VIDE: ● Quid vultis ut faciam vobis?
1535. Quid timeam ignoro; timeo tamen omnia demens.
[Ovídio, Heroides 1.71]. Por que tenho medo, não sei, mas,
como sou insensato, tenho medo de tudo.
1536. Quid times? Caesarem vehis. [Floro, Epitomae 2.13].
Tens medo de quê? Tu estás conduzindo César. (=Palavras
com que César encorajou o comandante do navio durante a
tempestade).
1537. Quid timidi estis? [Vulgata, Marcos 4.40]. Por que sois
vós assim tímidos?
1538. Quid timidi estis, modicae fidei? [Vulgata, Mateus
8.26]. Por que temeis, homens de pouca fé?
1539. Quid tumultuaris, soror? quid insanis? [Cícero, Pro
Caelio 36]. Por que te agitas, irmã? Por que estás furiosa?
1540. Quid turpi ex causa promissum est, non valet. [Jur /
Black 1483]. Não tem valor o que se prometeu a partir de
circunstância imoral.
1541. Quid vana verba loqueris? Por que dizes palavras vãs?
VIDE: ● Vana verba. ● Ventis loqueris.
1542. Quid verba audiam, cum facta videam? [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.48]. Por que prestarei atenção
nas palavras, quando estou vendo os fatos?
1543. Quid vero est stultius quam venditorem eius rei, quem
vendat, vitia narrare? [Cícero, De Officiis 3.13]. O que
será mais tolo do que o vendedor revelar os defeitos da coisa
que quer vender?
1544. Quid vesper ferat incertum est. [Tito Lívio, Ab Urbe
Condita 45.8]. O que a noite trará é incerto. ■ Ninguém sabe
do porvir. ■ Ainda não se acabou o dia de hoje. ■ A noite
coroa o dia. ● Quid vesper vehat incertum est. [Walther
Raleigh, History of the World, Preface]. VIDE: ● Nescimus
quid vesper serus vehat. ● Nescis quid serus vesper vehat.
● Nescis quod serus vesper vehat. ● Nescis quid vesper
serus trahat.
1545. Quid vesper serus vehat, sol tibi signa dabit. [Virgílio,
Georgica 1.461]. O sol te dará indicação do que a noite te
trará.
1546. Quid violentius aure tyranni? [Juvenal, Satirae 4.85]. O
que é mais cruel do que o ouvido do tirano?
1547. Quid virus in angues adicis, et rabidae tradis ovile
lupae? [Ovídio, Ars Amatoria 3.7]. Por que aumentas o
veneno às serpentes, e entregas o aprisco ao lobo devorador?
1548. Quid vis videre quod non licet habere? [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 1.20.7]. Por que queres ver o
que não podes ter?
1549. Quid vitae et morti? [Tertuliano, De Spectaculis 16.4].
Que têm a vida e a morte em comum?
1550. Quid vultis ut faciam vobis? [Vulgata, Mateus 20.32;
Marcos 10.36]. Que quereis que vos faça? VIDE: ● Quid tibi
vis faciam?
1551. Quidam. Uma certa pessoa. (=Um qüidam. Um indivíduo
sem importância).
1552. Quidam affirmant, alii negant. Uns afirmam, outros
negam. VIDE: ● Alii affirmant, alii negant.
1553. Quidam fallere docuerunt, dum timent falli. [Sêneca,
Epistulae Morales 3.3]. Há os que, por terem medo de ser
enganados, ensinaram a enganar.
1554. Quidam inimici graves, amici sunt leves. [Publílio
Siro]. Certas pessoas são temíveis como inimigos, mas
desprezíveis como amigos.
1555. Quidam, quos parva pecunia movere non potuit,
cognoscuntur in magna. [Cícero, De Amicitia 63]. Certos
homens, que pouco dinheiro não pôde mover, são provados
por meio de muito dinheiro.
1556. Quidam saepe in parva pecunia perspiciuntur quam
sunt leves. [Cícero, De Amicitia 17.63]. Com pouco dinheiro
conhece-se freqüentemente como são fracos certos homens.
1557. Quidam tam sunt umbratiles, ut putent in turbido esse
quicquid in luce est. [Bacon, Advancement of Learning
2.2.6]. Certos homens são tão ligados às sombras, que
pensam estar em confusão tudo que está na luz.
1558. Quidlibet audendi potestas. [Horácio, Ars Poetica 10].
O direito de tudo ousar.
1559. Quidnam est hoc? Que é isto?
1560. Quidnam vult hoc esse? [Vulgata, Atos 2.15]. Que quer
dizer isso? VIDE: ● Quid hoc sibi vult? ● Quid sibi vult?
● Quid significat?
1561. Quidquid ad summum pervenit, incremento non
relinquit locum. [Sêneca, Epistulae Morales 79.8]. Tudo que
chegou ao máximo, não deixa espaço para crescer. VIDE:
● Quicquid ad summum pervenit, ab exitu prope est.
● Ubi incremento locus non est, vicinus occasus est.
1562. Quidquid aetatis retro est, mors tenet. [Sêneca,
Epistulae Morales 1.2]. Qualquer parte da vida que ficou
para trás pertence à morte.
1563. Quidquid agant homines, intentio iudicat omnes.
[Rezende 5495]. O que quer que façam os homens, a
intenção é que julga a todos.
1564. Quidquid agas, operis primo finem mediteris. [Tosi
1567]. Seja lá o que fizeres, reflete antes sobre a conclusão
da obra. ■ Pensa antes, age depois. VIDE: ● Quicquid conaris,
quo pervenias, cogites.
1565. Quidquid agas, agere pro viribus. [Cícero, De
Senectute 27]. O que quer que faças, seja feito com todas as
forças.
1566. Quidquid agas, prudenter agas et respice finem. [Gesta
Romanorum 103]. O que quer que faças, faze-o com
prudência e observa o fim. ● Quidquid agas, semper respice
finem. Faças o que fizeres, sempre pensa no fim. VIDE:
● Finem respice. ● Respice finem. ● Si quid agas,
prudenter agas et respice finem.
1567. Quidquid agas, semper regis mandata capesses.
[Pereira 121]. O que quer que faças, sempre procurarás
cumprir as ordens do rei. ■ Rou, rou, rou, faça-se o que el-rei
mandou.
1568. Quidquid agunt homines, intentio iudicat omnes.
[Binder, Thesaurus 2836]. O que quer que façam os homens,
é a intenção que os julga a todos. ■ A intenção é que faz a
ação.
1569. Quidquid agunt homines, votum, timor, ira, voluptas,
gaudia, discursus nostri farrago libelli est. [Juvenal,
Satirae 1.85]. O que quer que façam os homens - desejo,
medo, ira, prazer, alegria, andanças - é alimento do meu
livro.
1570. Quidquid bonum est, optabile est. [Sêneca, Epistulae
Morales 67]. Tudo que é bom é desejável.
1571. Quidquid calcat rosa fit. Tudo que ele pisa vira rosa. ■ É
um sortudo. ■ Tudo que toca vira ouro.
1572. Quidquid contingat, finis postrema coronat. [Medina
583]. Aconteça o que acontecer, é o fim que coroa o
resultado. ■ No fim é que se cantam as glórias. ■ O fim coroa
a obra. VIDE: ● Exitus acta probat. ● Finis coronat opus.
● Omnia tunc bona sunt, clausula quando bona ● Si finis
bonus est, totum bonum est. ● Totum laudatur, si finis
laude beatur.
1573. Quidquid delirant reges, plectuntur Achivi. [Horácio,
Epistulae 1.2.14]. Quando os reis deliram, os gregos é que
são punidos. ■ Pelas loucuras dos reis são punidos os
aqueus. ■ A grei paga as loucuras do seu rei. ■ Pagam os
justos pelos pecadores. VIDE: ● Inferior horret, quidquid
peccat superior.
1574. Quidquid des, celere. [Ênio / Stevenson 956]. O que
quer que deres, dá rápido.
1575. Quidquid dicturus es, antequam aliis, dicito tibi. [DM
105]. O que quer que estejas para dizer, antes de dizeres aos
outros, dize a ti mesmo.
1576. Quidquid discis, tibi discis. [Petrônio, Satiricon 46.8].
Tudo que aprendes, aprendes para ti.
1577. Quidquid egi, quidquid gessi, reipublicae causa feci.
[Sêneca, Controversiae 5.8]. Tudo que fiz, todas as
iniciativas que tomei, fiz pelo país.
1578. Quidquid est domi, vile est. [Sêneca, De Beneficiis
3.3.1]. O que já está dentro de nossa casa não tem valor.
■ Ninguém se embebeda com vinho de sua adega.
1579. Quidquid est in effectu, est in causa. O que está no
efeito, encontra-se na causa.
1580. Quidquid excessit modum, pendet instabili loco.
[Sêneca, Oedipus 911]. Tudo que ultrapasse a medida, pende
sobre um abismo. ■ Quanto mais alto o coqueiro, maior é o
tombo. ■ Quem mais sobe, de mais alto cai.
1581. Quidquid facis, respice ad mortem. [Sêneca, Epistulae
Morales 114.27]. O que quer que faças, considera a morte.
1582. Quidquid fit, causam habet. Tudo que acontece, tem sua
causa.
1583. Quidquid fit contra legem, nullum est. [Jur]. Tudo que
se faz contra a lei é nulo. ● Quidquid fit contra legem, pro
infecto habendum. Tudo que se faz contra a lei deve ser
considerado nulo. VIDE: ● Quod contra legem fit, pro infecto
habetur.
1584. Quidquid habebo, nec sordide custodiam nec prodige
spargam. [Sêneca, De Vita Beata 20]. Qualquer coisa que eu
venha a ter, nem guardarei com avareza, nem desperdiçarei
com prodigalidade.
1585. Quidquid habet circa se commodi, apprehendendum
est. [Sêneca, De Tranquillitate Animi 10.4]. Deve-se
aproveitar de qualquer vantagem que se tem perto de si.
1586. Quidquid homo nescit, vix discit, quando senescit. O
que o homem desconhece dificilmente aprende quando
envelhece. ■ Papagaio velho não aprende a falar.
1587. Quidquid id est, timeo Danaos et dona ferentes.
[Virgílio, Eneida 2.49]. O que quer que isso seja, tenho medo
dos gregos, mesmo quando trazem presentes. (=Trata-se do
cavalo de Tróia). VIDE: ● Timeo Danaos, et dona ferentes.
1588. Quidquid in alio reprehenditur, id unusquisque in sino
suo inveniet. [Sêneca, De Ira 3.26.4]. O que se censura em
outrem, cada um encontrará no próprio seio. ■ Mete a mão no
teu seio, não dirás do fado alheio.
1589. Quidquid in altum fortuna tulit, ruitura levat. [Sêneca,
Agamemnon 100]. Tudo que a sorte leva ao alto, levanta para
depois destruir. ■ A fortuna, quando afaga, então espreita, e
a próspera é a mais suspeita.
1590. Quidquid in buccam tibi venerit loquaris. [Marcial,
Epigrammata 12.24.4]. Fala o que te vier à boca. ● Quidquid
in buccam venerit effutit. [Bailey, Divers Proverbs 14]. Ele
fala tudo o que lhe vem à boca. VIDE: ● In buccam tibi quod
venerit, loquaris.
1591. Quidquid iurarunt, ventus et unda rapit. [Propércio,
Elegiae 2.28.8]. O vento e o mar roubaram todos os seus
juramentos.
1592. Quidquid licet minus desideratur. [S.Jerônimo /
Grynaeus 733]. O que é permitido é menos desejado.
■ Ninguém se embriaga com o vinho de sua adega. ■ O fruto
proibido é mais doce.
1593. Quidquid micat non est aurum. ■ Nem tudo que reluz é
ouro. ● Quidquid micat aurum non est. VIDE: ● Aurea ne
credas quaecumque nitescere cernis. ● Auri natura non
sunt splendentia plura. ● Non est aurum omne quod
radiat. ● Non est aurum quicquid rutilat fulvum. ● Non est
aurum totum quod lucet ut aurum. ● Non est hoc aurum
totum quod lucet ut aurum. ● Non omne id quod fulget
aurum est. ● Non omne quod micat aurum est. ● Non
omne quod nitet aurum est. ● Non teneas aurum totum
quod splendet ut aurum. ● Non teneas aurum totum quod
splendet ut aurum, nec pulchrum pomum quodlibet esse
bonum. ● Omnia quae nitent aurea non sunt.
1594. Quidquid praecipies, esto brevis, ut cito dicta
percipiunt animi dociles, teneantque fideles. [Horácio, Ars
Poetica 335]. O que quer que ensines, sê breve, para que os
espíritos dóceis entendam imediatamente o que foi dito e o
retenham com fidelidade.
1595. Quidquid praeter spem eveniat, omne id deputare esse
in lucro. [Terêncio, Phormio 245]. Tudo que venha sem ser
esperado, deve ser contado como vantagem. ■ Tudo que vier
é lucro.
1596. Quidquid principes faciunt, praecipere videntur.
[Quintiliano, Declamationes 3 / Montaigne, Éssais 1.43]. O
que os poderosos fazem, parece prescreverem aos outros.
■ Tal senhor, tal servo.
1597. Quidquid probis eripitur, improbis datur. Tudo que se
tira dos bons, dá-se aos maus. VIDE: ● Quod improbis
eripitur, donatur probis. ● Quod improbis donatur,
eripitur probis.
1598. Quidquid prospici potest, prospice. [Sêneca, Epistulae
Morales 98]. Prevê tudo que pode ser previsto.
1599. Quidquid quadratum est, in quamcumque partem
vertatur, manet semper idem, firmum et solidum.
[Pe.Carlo Willi, Breviario Spiegato 8]. Tudo que é quadrado,
para qualquer lado que seja girado, permanece sempre igual,
firme e sólido.
1600. Quidquid servatur cupimus magis. [Ovídio, Amores
3.4.25]. Tudo que é protegido desejamos mais. ■ O proibido
é desejado. ■ O proibido aguça o dente.
1601. Quidquid sine detrimento commodari possit, id
tribuatur vel ignoto. [Cícero, De Officiis 1.16]. Tudo que se
puder conceder sem prejuízo deve ser dado, mesmo a um
desconhecido.
1602. Quidquid tentabam dicere versus erat. [Rezende 5498].
Tudo que eu tentava dizer era verso. VIDE: ● Et, quod
tentabam dicere, versus erat.
1603. Quidquid terret, et trepidat. [Sêneca, De Ira 2.11.4].
Tudo que assusta, também treme de medo.
1604. Quidquid videri cupis fac ut sis, aliter frustra cupis,
nam falsa tempus infirmat, vera corroborat. Nulla
simulatio diuturna. [Ludovicus Vives, Introductio
Sapientiae / Rezende 5501]. Procura ser o que queres
parecer; de outro modo desejarás em vão, pois o tempo
destrói a mentira e fortalece a verdade. Não há fingimento
que dure.
1605. Quidquid videtur dimissum esse, dilatum est. [DAPR
244]. Aquilo que parece ter sido abandonado, apenas foi
adiado. ■ O diferido não está perdido.
1606. Quidquid vult, habere nemo potest; illud potest nolle
quod non habet. [Sêneca, Epistulae Morales 123]. Ninguém
pode ter tudo que deseja; pode não querer o que não tem.
1607. Quidvis citius dissolvi posse videmus, quam rursus
refici. [Lucrécio, De Rerum Natura 1.556]. Vemos que tudo
pode ser desfeito mais depressa do que ser refeito. ■ É mais
fácil rasgar que costurar. ■ É mais fácil demolir que edificar.
1608. Quidvis egestas imperat. [Plauto, Asinaria 670]. A
necessidade obriga a tudo. ■ A necessidade não tem lei.
1609. Quies est cessatio voluntaria a motu et labore corporis
voluntario, a natura instituta, ut membra lassa pristinum
vigorem recipere queant. [Nenter 13]. O descanso é a
cessação voluntária do movimento e do trabalho voluntário
do corpo, determinada pela natureza, para que os membros
cansados possam recuperar o vigor primitivo.
1610. Quies gentium sine armis haberi nequit. [Pereira 113].
Sem armas, não é possível garantir a tranqüilidade do povo.
■ Rei desarmado não tem seguro o seu estado. VIDE: ● Neque
quies gentium sine armis, neque arma sine stipendiis.
1611. Quies nimia enervat corpus et ad labores suscipiendos
ineptum reddit. [Nenter 96]. O descanso exagerado
enfraquece o corpo e o torna inadequado para empreender
trabalhos.
1612. Quies post motum fortiorem non statim suscipiatur,
sed corpus adhuc aliquandiu leniter moveatur. [Nenter
96]. Não se tome descanso imediatamente depois de
exercício mais forte, mas o corpo deve mover-se suavemente
durante algum tempo.
1613. Quieta non movere. [Rezende 5518; DAPR 696]. Não
agitar o que está quieto. ■ Não acordes o cão que dorme.
■ Deixa como está, para ver como fica. VIDE: ● Mota
quietare, quieta non movere. ● Non quieta movere.
1614. Quieta vita his qui tollunt meum, tuum. [Publílio Siro].
A vida é tranqüila para aqueles que suprimem o meu e o teu.
● Quietissimam vitam agerent homines in terris, si duo
haec verba e natura rerum tollerentur: meum et tuum.
[DM 98]. Viveriam vida muito tranqüila os homens na terra,
se estas duas palavras fossem excluídas da natureza: meu e
teu. ● Quietissime viverent homines, si duo verba
tollerentur: meum et tuum. Viveriam os homens com
muita paz, se se eliminassem duas palavras: meu e teu. VIDE:
● Meum et tuum causa totius orbis discordiarum. Si duo
de nostris tollis pronomina rebus, proelia cessarent, pax
sine lite foret.
1615. Quietae aquae non credere. Não confies em água
tranqüila. ■ Não te fies em água que não corra, nem em gato
que não mie. ● Águas tranqüilas, águas profundas. VIDE:
● Aqua profunda est quieta. ● Altissima quaeque flumina
minimo labuntur sono. ● Flumina tranquillissima saepe
sunt altissima. ● Gurgite sub leni fallit metuenda vorago.
● Quamvis sint lenta, sint credulla nulla fluenta. ● Qui
fuerit lenis, tamen haud bene creditur amni. ● Qua
flumen placidum est, forsan latet altius unda.
1616. Quieti sitis. [Vulgata, 1Tessalonicenses 4.11]. Procurai
ficar quietos.
1617. Quietum nemo impune accessit. [Divisa de Francisco
Sforza, Duque de Milão / Rezende 5519]. A mim, que estou
quieto, ninguém atacou impunemente.
1618. Quietum non move lutum. [Tosi 1202]. Não mexas o
lodo que está quieto. ■ Não mexas no santo, que borras a
pintura.
1619. Quilibet ad propriam tortellam confovet ignem.
[DAPR 452]. Cada um puxa o fogo para seu pastelão. ■ Cada
qual puxa a brasa para sua sardinha.
1620. Quilibet est optimus verborum suorum interpres.
[Jur]. Cada um é o melhor intérprete das próprias palavras.
1621. Quilibet est tugurii rex, dominusque sui. [Pereira 103].
Cada um é rei e senhor de sua cabana. ■ Em sua casa
governa o carvoeiro, como o galo em seu poleiro. ● Quilibet
est rex in domo sua. [DAPR 146]. ● Quilibet domi suae
rex. [Eiselein 110]. ■ Cada um em sua casa é rei. VIDE:
● Domi suae quilibet rex. ● Omnis est rex in domo sua.
1622. Quilibet est subditus legibus patriae suae, et extra
territorium. [Jur]. Todo cidadão está sujeito às leis de seu
país, mesmo fora do território.
1623. Quilibet homo iure naturali habet potestatem et ius
defendendi se. [Pe.Francisco de Vitoria]. Qualquer homem
tem, pelo direito natural, o poder e o direito de defender-se.
1624. Quilibet nautarum vectorumque tranquillo mare
gubernare potest. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 24.8]. No
mar calmo, qualquer marinheiro ou passageiro sabe pilotar.
VIDE: ● Tranquillo quilibet gubernator est.
1625. Quilibet potest renunciare iuri pro se introducto. [Jur /
Black 1484]. Qualquer pessoa pode renunciar a direito criado
em seu benefício.
1626. Quilibet praesumitur bonus donec contrarium
probetur. [Jur]. Considera-se inocente qualquer pessoa, até
se provar o contrário. VIDE: ● Quivis praesumitur bonus,
donec probetur malus.
1627. Quilibet tenetur diligere seipsum. [Pe.Francisco de
Vitoria]. Considera-se que cada pessoa ama a si mesmo.
1628. Quin petat, eximio donatur munere gratus. [Pereira
95]. Mesmo que não peça, ao agradecido será dado um ótimo
presente. ■ Ao agradecido mais do que o pedido.
1629. Quin tu te suspendis? [Plauto, Menaechmi 911]. Por que
tu não te enforcas?
1630. Quinam estis vos? et unde venistis? [Vulgata, Josué
9.8]. Quem sois vós? e donde viestes?
1631. Quinque etenim sunt corporis sensus, videlicet: visus,
auditus, gustus (sive gustatus), odoratus (sive olfactus), et
tactus. São cinco os sentidos do corpo, a saber: visão,
audição, gosto, olfato e tato. VIDE: ● Sensus corporei, qui
sunt quinque, videlicet: visus, auditus, gustus, odoratus et
tactus.
1632. Quinta dies lunae reliqui tibi nuntia mensis. [Pereira
96]. O quinto dia da lua informar-te-á o resto do mês. ■ Ao
quinto dia verás que mês terás.
1633. Quinta essentia. [Termo de filosofia]. Quintessência.
1634. Quippe insimulari quivis innocens potest; revinci, nisi
nocens, non potest. [Apuleio, Apologia 1]. É certo que
qualquer inocente pode ser acusado, mas só o culpado pode
ser condenado.
1635. Quippe iudicare munus publicum est. [Digesta 5.1.78].
Sem dúvida, julgar é uma função pública.
1636. Quippe venit maior comitata labore voluptas. [Medina
599]. Maior vem o prazer acompanhado pelo trabalho.
■ Melhor sabe o descansar depois de muito trabalhar.
1637. Quis amicior quam frater fratri? [Salústio, Bellum
Iugurthinum 10.2]. Quem é mais amigo de um irmão do que
seu irmão?
1638. Quis aut eum diligat quem metuit aut eum a quo se
metui putat? [Cícero, De Amicitia 15]. Quem poderá amar
aquele a quem teme ou aquele por quem julga ser temido?
VIDE: ● Quis eum diligat quem metuat?
1639. Quis autem ex vobis patrem petit panem, numquid
lapidem dabit illi? Aut piscem, numquid pro pisce
serpentem dabit illi? Aut si petierit ovum, numquid
porriget illi scorpionem? [Vulgata, Lucas 11.11-12]. Se
algum de vós pedir pão a seu pai, acaso dar-lhe-á ele uma
pedra? Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á ele em lugar de
peixe uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo, porventura dar-
lhe-á um escorpião?
1640. Quis autem hic est, qui emendet publicos mores?
[Plínio Moço, Epistulae 5.9.6]. Quem será esse reformador
dos costumes?
1641. Quis autem non timeat illud examen, in quo erit
dominus accusator, advocatus et iudex? [Henry de
Bracton]. Quem não temerá aquele processo em que o seu
senhor será o acusador, o advogado e o juiz?
1642. Quis bonus dubitet pro patria mortem oppetere?
[Cícero, De Officiis 1.57]. Que homem honesto duvidará
afrontar a morte pela pátria?
1643. Quis casum meritis ascribere talibus audet?
[Claudiano, Aponus 81]. Quem ousaria atribuir ao acaso
esses méritos?
1644. Quis crederet unquam äerias hominem carpere posse
vias? [Ovídio, Ars Amatoria 2.43]. Quem acreditaria poder
algum dia o homem percorrer caminhos aéreos? (=O poeta se
refere à lenda de Dédalo e Ícaro).
1645. Quis custodit custodes? Quem vigia os guardas? VIDE:
● Nempe ridiculum esset, custode indigere custodem.
● Sed quis custodiet ipsos custodes?
1646. Quis dabit mihi pennas sicut columbae, et volabo, et
requiescam? [Vulgata, Salmos 54.7]. Quem me dará asas
como de pomba, e voarei e descansarei?
1647. Quis deus magnus sicut Deus noster? [Vulgata, Salmos
76.14]. Que deus há grande como o nosso Deus?
1648. Quis dives? Qui nil cupiet. Quis pauper? Avarus.
[Ausônio, Septem Sapientum Sententiae, Bias]. Quem é o
homem rico? O que nada deseja. Quem é o homem pobre? O
avarento. VIDE: ● Dives est qui nihil cupit.
1649. Quis divitiis adverso gaudet Amore? [Propércio,
Elegiae 1.14.15]. Quem se satisfaz com riquezas, quando o
deus Amor lhe é contrário?
1650. Quis docuit picas nostra verba conari? [Pérsio, Satuera,
Prologus 8; Rezende 5614]. Quem ensinou às pegas imitar
nossas palavras? ■ Quem ensinou a Pedro falar galego?
1651. Quis dubitare potest quin deorum immortalium
munus sit quod vivimus, philosophiae quod bene
vivimus? [Sêneca, Epistulae Morales 90.12]. Quem pode
duvidar de que o que vivemos seja uma dádiva dos deuses
imortais, e o que vivemos bem seja uma dádiva da filosofia?
1652. Quis ego sim cognosces. [Salústio, Catilina 44,
adaptado]. Saberás quem sou eu.
1653. Quis enim alius usus clavium nisi ad aperiendum aut
claudendum? [Pe.Francisco de Vitoria]. Qual então seria
outro uso das chaves, senão para abrir e fechar?
1654. Quis enim bene celat amorem? [Ovídio, Heroides
12.37]. Quem é que consegue esconder o amor? ■ Mal finge
quem quer bem. ■ Tosse, amor e febre ninguém esconde.
■ Amor, fogo e tosse a seu dono descobrem. VIDE: ● Amor
tussisque non celantur. ● Difficile est abscondere pectoris
aestus. ● Nec amor nec tussis celatur. ● Quattuor abscondi
non possunt: tussis, amor, ignis, dolor.
1655. Quis enim celaverit ignem, lumine qui semper
proditur ipse suo? [Ovídio, Heroides 16.7; Pereira 95].
Quem esconderia o fogo, que sempre se revela pela sua luz?
■ Amor, fumo e tosse a seu dono descobrem.
1656. Quis enim dubitet nihil esse pulchrius in omni ratione
vitae, dispositione atque ordine. [Columela, De Re Rustica
12.2.4]. Quem, pois, duvidaria de que nada é mais belo em
todas as relações da vida do que o método e a ordem. VIDE:
● Nihil esse pulchrius in omni ratione vitae, dispositione
atque ordine.
1657. Quis enim erit finis? Como vai acabar tudo isto?
1658. Quis enim est qui non possit contumeliam facere, si
quisquam potest? [Sêneca, De Constantia 19.2]. Quem é
esse que não poderia fazer uma afronta, se qualquer um
pode?
1659. Quis est enim, qui totum diem iaculans non aliquando
colliniet? [Cicero, De Divinatione 2. 121]. Quem é que,
atirando o dia todo, não acerte o alvo alguma vez? VIDE:
● Invenit interdum caeca columba pisum.
1660. Quis enim ex vobis volens turrim aedificare, non prius
sedens computat sumptus qui necessarii sunt? [Vulgata,
Lucas 14.28]. Qual de vós, querendo edificar uma torre, não
se põe a contar primeiro os gastos que são necessários?
1661. Quis enim filius, quem non corripit pater? [Vulgata,
Hebreus 12.7]. Qual é o filho a quem não corrige seu pai?
1662. Quis enim materna iura possit abolere? [Codex
Iustiniani 8.47.10]. Quem poderia suprimir os direitos
maternos? VIDE: ● Materna iura non possunt aboleri.
1663. Quis enim modus adsit amori? [Virgílio, Eclogae 2.68].
Que limite deve ter o amor?
1664. Quis enim phrenetico medicus irascitur? [Sêneca, De
Constantia 13.1]. Que médico se zanga com um lunático?
1665. Quis enim scire omnia, aut reminisci potest? Quem
pode saber tudo, ou lembrar-se de tudo?
1666. Quis est enim qui non deliquerit in lingua sua?
[Vulgata, Eclesiástico 19.16]. Quem há que não tenha pecado
pela língua?
1667. Quis est enim qui totum diem iaculans non aliquando
collineet? [Cícero, De Divinatione 2.121]. Quem é que,
atirando o dia todo, não acertará o alvo alguma vez?
1668. Quis est haec simia? [Afrânio]. Quem é esse macaco?
1669. Quis est hic? Quem é este? ● Quis est iste?
1670. Quis est homo, qui vivet et non videbit mortem?
[Vulgata, Salmos 88.49]. Que homem há que viva e não veja
a morte?
1671. Quis est ita sapiens, qui omnia plene scire potest?
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.9.8]. Quem é tão
sábio, que pode saber tudo com perfeição?
1672. Quis est iste involvens sententias sermonibus
imperitis? [Vulgata, Jó 38.2]. Quem é este que mistura
sentenças com discursos sem sentido?
1673. Quis est iste qui se profitetur omnibus legibus
innocentem? [Sêneca, De Ira 2.28.2]. Qual é o homem que
pode declarar-se inocente em relação a todas as leis?
1674. Quis est pauper? Qui sibi videtur dives. [DM 60].
Quem é pobre? Quem se julga rico.
1675. Quis est qui habet omnia secundum suam voluntatem?
Nec ego, nec tu, nec aliquis hominum super terram.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.22.3] Quem é
aquele que tem tudo segundo sua vontade? Nem eu, nem tu,
nem nenhum homem sobre a terra.
1676. Quis est tam lynceus, qui in tantis tenebris nihil
offendat, nusquam incurrat? [Cícero, Ad Familiares 9.2].
Quem tem vista tão penetrante, que em tão grandes trevas
não tropece em nada, não esbarre em nenhum lugar?
1677. Quis et unde es hominum? [Homero, Odisséia 1.170].
Quem és e de que comunidade vens?
1678. Quis eum diligat quem metuat? Quem poderá amar
aquele a quem teme? VIDE: ● Quis aut eum diligat quem
metuat aut eum a quo se metui putet?
1679. Quis fallere possit amantem? [Virgílio, Eneida 4.296].
Quem poderia enganar uma mulher apaixonada?
1680. Quis famulus amantior domini quam canis?
[Columela, De Re Rustica 7.12]. Qual é o serviçal que mais
ame seu senhor do que o cão?
1681. Quis feret uxorem cui constant omnia? [Juvenal,
Satirae 6.166]. Quem suportará uma mulher que tenha todas
as perfeições?
1682. Quis fluvius est quem non recipiat mare? Qual é o rio
que o mar não vai receber? VIDE: ● Quisnam istic fluvius est,
quem non recipiat mare?
1683. Quis fortunae mutationes, quis dubios rerum
humanarum casus satis mirari queat? [Veleio Patérculo,
Historia Romana 2.75.2]. Quem se espantaria dos caprichos
da sorte e do destino incerto das coisas humanas?
1684. Quis fuit horrendos primus qui protulit enses? [Tibulo,
Elegiae 10.1]. Quem foi o primeiro que desembainhou essas
terríveis espadas?
1685. Quis furor census corpore ferre suos! [Ovídio, Ars
Amatoria 3.172]. Que loucura é essa de trazer às costas todos
os seus bens!
1686. Quis habet fortius certamen quam qui nititur vincere
seipsum? [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.2.19].
Quem tem uma batalha mais difícil do que aquele que se
esforça para vencer a si mesmo?
1687. Quis hic se contineat a risu? Quem aqui conseguirá
conter o riso? VIDE: ● Risum teneatis, amici?
1688. Quis hoc negaverit? [S.Agostinho, De Civitate Dei 2.4].
Quem o negaria?
1689. Quis hoc potest videre, quis potest pati? [Grynaeus
225]. Quem pode ver isso? Quem pode suportar?
1690. Quis hoc statuit, quod aequum sit in Quinctium, id
iniquum esse in Naevium? [Cícero, Pro Quinctio 14]. Quem
determinou que o que é justo contra Quinto é injusto contra
Névio?
1691. Quis hominum videndo aequabitur aquilis et
vulturibus? quis odorando canibus? quis velocitate
leporibus, cervibus, omnibus avibus? quis multum
valendo leonibus et elephantis? quis diu vivendo
serpentibus, qui etiam deposita tunica senectutem
deponere atque in iuventam redire perhibentur? Sed
sicut his omnibus ratiocinando et intellegendo meliores
sumus, ita etiam daemonibus bene atque honeste meliores
esse debemus. [S.Agostinho, De Civitate Dei 8.15.1]. Qual é
o homem que se iguala às águias e aos abutres em visão? e
aos cães em olfato? e às lebres, aos cervos e a todas as aves
em velocidade? E aos leões e elefantes em força? e quem
vivendo longamente se iguala às serpentes, que, tirando a
túnica da velhice, retomam a aparência de juventude? Mas,
do mesmo modo que, raciocinando e entendendo, somos
melhores do que todos esses, assim, pela nossa bondade e
honestidade, também devemos ser melhores do que os
demônios.
1692. Quis homo est me hominum miserior? [Plauto, Captivi
471]. Dos seres humanos, qual é o mais infeliz do que eu?
VIDE: ● Quis me est mortalium miserior? ● Quis me homo
miserior?
1693. Quis iam locus, quae regio in terris nostri non plena
laboris? [Virgílio, Eneida 1.460]. Que lugar, que região da
terra não está cheia de notícias de nossos sofrimentos? ● Quis
iam locus est quae plaga in terris non plena nostrorum
casuum?
1694. Quis ignorat propter mulieres vel sapientissimos
periisse? Quem não sabe que por causa de mulheres até
homens muito sábios se perderam?
1695. Quis impedit quin proficiscaris? Quem te impede de
partires?
1696. Quis influentis dona fortunae abnuit? [Sêneca,
Thyestes 535]. Quem recusa as ofertas da sorte favorável?
1697. Quis legem det amantibus? Maior lex amor est sibi.
[Boécio, De Consolatione Philosophiae 3.12.47]. Quem pode
dar uma lei aos que amam? O amor é a maior lei para si
mesmo.
1698. Quis leget haec? [Pérsio, Satirae 1.2]. Quem lerá isso?
1699. Quis locus est templis augustior? [Ovídio, Tristia
2.288]. Que lugar há mais augusto que um templo?
1700. Quis luxuriosus est, necesse est ut et avarus sit. Quem
ama o luxo, não pode deixar de ser também ambicioso.
1701. Quis matrem, nisi mentis inops, in funere nati flere
vetet? [Ovídio, Remedium Amoris 127]. Quem, senão um
louco, impedirá a mãe de chorar no funeral de seu filho?
1702. Quis me est fortunatior venustatisque plenior?
[Terêncio, Hecyra 848]. Quem é mais feliz e mais venturoso
do que eu?
1703. Quis me est mortalium miserior? [Plauto, Rudens
1202]. Dos mortais quem é mais infeliz do que eu? ● Quis
me homo miserior? VIDE: ● Quis homo est me hominum
miserior?
1704. Quis me laetius beatiusve? Quem há mais alegre ou
mais feliz do que eu? VIDE: ● Quid me laetius est beatiusve?
1705. Quis militat suis stipendiis unquam? [Vultaga,
1Coríntios 9.7]. Quem jamais vai à guerra à sua custa? VIDE:
● Nemo militat suis stipendiis. ● Nemo tenetur militare
propriis stipendiis.
1706. Quis minor est autem quam tacuisse labor? [Ovídio,
Amores 2.2.28]. Que trabalho há mais simples que ficar
calado?
1707. Quis miserum sciret, verba nisi haberet dolor?
[Publílio Siro]. Quem tomaria conhecimento do infeliz, se a
dor não tivesse voz?
1708. Quis nescit primam esse historiae legem, ne quid falsi
dicere audeat? [Cícero, De Oratore 62]. Quem não sabe que
a primeida lei da história é não ousar dizer nada de falso?
VIDE: ● Prima est historiae lex ne quid falsi dicere audeat.
1709. Quis nomen unquam sceleris errori indidit? [Sêneca,
Hercules Furens 1236]. Quem jamais chamou de crime ao
próprio erro?
1710. Quis non illacrimet? Quem poderia reter as lágrimas?
1711. Quis non odit sordidos, vanos, leves, futiles? [Cícero,
De Finibus 3.38]. Quem não detesta os ignóbeis, os vaidosos,
os frívolos, os fúteis?
1712. Quis nosset Homerum, Ilias aeternum si latuisset
opus? [Ovídio, Ars Amatoria 3.413]. Quem conheceria
Homero, se a Ilíada, essa obra imortal, permanecesse oculta?
1713. Quis nostrum sine vitiis est? Qual de nós não tem
vícios? ■ Ninguém há sem pecado. ■ Todo homem põe a mão
no chão de quando em quando. VIDE: ● Quis sine peccato
est?
1714. Quis pascit gregem, et de lacte gregis non manducat?
[Vulgata, 1Coríntios 9.7]. Quem apascenta um rebanho e não
come do leite do rebanho? ■ O abade donde canta, daí janta.
● Quis pascit gregem, et de lacte gregis non vescitur?
1715. Quis patrem laudat misera nisi sorte creatus?
[Schottus, Adagia 587]. Quem gaba o pai, senão o filho
criado em meio de dificuldades?
1716. Quis patrem laudet, nisi proles indiga laudis?
[Schottus, Adagia 253]. Quer gabará o pai, senão a prole que
merece elogio? VIDE: ● Anne suum laudet patrem, nisi
prospera proles?
1717. Quis plantat vineam et de fructu eius non edit?
[Vulgata, 1Coríntios 9.7]. Quem planta uma vinha e não
come do seu fruto? ■ O abade onde canta daí janta.
1718. Quis plurimum habet? Is qui minimum cupit. [DM
46]. Quem é que mais tem? Aquele que menos ambiciona.
■ A quem nada deseja, nada falta. ■ Tem tudo que lhe apraz
quem com pouco se satisfaz.
1719. Quis posuit in visceribus hominis sapientiam? vel quis
dedit gallo intellegentiam? [Vulgata, Jó 38.36]. Quem pôs a
sabedoria no coração do homem, ou quem deu o instinto ao
galo?
1720. Quis potest dicere: Mundum est cor meum, purus sum
a peccato? [Vulgata, Provérbios 20.9]. Quem pode dizer: O
meu coração está puro, eu estou isento de pecado?
1721. Quis potest dimittere peccata, nisi solus Deus?
[Vulgata, Lucas 5.21]. Quem pode perdoar pecados, senão só
Deus?
1722. Quis potest sine offula vivere? [Suetônio, Divus
Claudius 40]. Quem pode viver sem sua comidinha?
1723. Quis, putas, est iste? [Vulgata, Marcos 4.40]. Quem
julgas que é este?
1724. Quis putris caepae est usus? [Schottus, Adagia 601].
Qual é a utilidade de uma cebola podre? VIDE: ● Quae utilitas
putridi caepis? ● Quis usus caepis putridi?
1725. Quis recte rex est? Se ratione regens. [Tosi 1002].
Quem é bom rei? Aquele que se governa com a razão.
1726. Quis rex unquam fuit, quis populus, qui non uteretur
praedictione divina? [Cícero, De Divinatione 1.96]. Qual o
rei, qual o povo que nunca tenha utilizado a predição
profética?
1727. Quis Salomone sapientior? Quem seria mais sábio que
Salomão? VIDE: ● Salomone sapientior.
1728. Quis separabit? [Inscrição no selo de Carolina do Sul,
EUA]. Quem nos separará?
1729. Quis sibi verum dicere ausus est? [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 1.16]. Quem já ousou dizer a verdade a
si mesmo?
1730. Quis sine amico vivere possit? Quem poderia viver sem
um amigo? ■ Vida sem amigo, morte sem testemunha.
1731. Quis sine peccato est? Quem há sem pecado? ■ Ninguém
há sem pecado. VIDE: ● Quis nostrum sine vitiis est?
1732. Quis sit divitiarum modus quaeris? primus habere
quod necesse est, proximus quod satis est. [Sêneca,
Epistulae Morales 2.6]. Queres saber qual seria o limite
adequado da riqueza? Primeiro, ter o que é indispensável; a
seguir, ter o que baste.
1733. Quis sit summi boni locus quaeris? Animus. [Sêneca,
Epistulae Morales 87.21]. Perguntas qual é o lugar do bem
supremo? O espírito.
1734. Quis stultior, qui hircum mulget, an qui cribrum
supponit? Quem é mais tolo, o que ordenha o bode, ou o que
põe uma peneira debaixo? VIDE: ● Uter stultior, qui hircum
mulget, an qui cribrum supponit? ● Uter insipientior, is
qui hircum mulget, aut qui cribrum supponit?
1735. Quis talia fando temperet a lacrimis? [Virgílio, Eneida
2.6]. Quem reteria as lágrimas ao contar tais coisas?
1736. Quis tam demens, ut sua voluntate maereat? [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.71]. Quem é tão louco, a ponto
de sofrer por própria vontade?
1737. Quis tardus aut cordatus, usus docet. [Apostólio,
Paroimiai 20.93]., A experiência informa quem é lento ou
prudente.
1738. Quis te constituit principem et iudicem super nos?
[Vulgata, Êxodo 2.14]. Quem te constituiu a ti nosso príncipe
e nosso juiz?
1739. Quis tu, ut timeres ab homine mortali? [Vulgata, Isaías
51.12]. Quem és tu, para teres medo de um homem mortal?
1740. Quis ullam calamitosis deberi putat gratiam? [Veleio
Patérculo, Historia Romana 2.53.2]. Quem julga que deve
favor aos que estão em desgraça?
1741. Quis unquam innocens periit, aut quando recti deleti
sunt? [Vulgata, Jó 4.7]. Que inocente pereceu jamais? ou
quando foram os justos destruídos?
1742. Quis unquam res suas quasi periturus aspexit?
[Sêneca, Ad Marciam 9.4]. Quem jamais, às portas da morte,
se preocupou com os seus bens?
1743. Quis usus caepis putridi? [Erasmo, Adagia 3.2.94]. Qual
é a utilidade da cebola podre? VIDE: ● Quae utilitas putridi
caepis? ● Quis putris caepae est usus?
1744. Quis ventus te illuc adegit? [Erasmo, Colloquia 5]. Que
vento te levou lá? ● Quis ventus te huc adegit? Que vento te
trouxe aqui?
1745. Quis vetat a magnis ad res exempla minores sumere?
[Ovídio, Ars Amatoria 3.525]. Quem me impede de tomar
das grandes coisas exemplos para as coisas menores?
1746. Quis vetet apposito lumen de lumine sumi? [Ovídio,
Ars Amatoria 3.93]. Quem proibirá acender-se uma lâmpada
com a chama de uma lâmpada próxima? VIDE: ● Damnum
non est lumini alteri de sua claritate largiri. ● Non
minuitur lux solis ex eo, quod multi ex ea participent.
1747. Quis vos impedivit veritati non oboedire? [Vulgata,
Gálatas 5.7]. Quem vos criou dificuldades para que não
obedecésseis à verdade?
1748. Quisnam igitur liber? Sapiens sibi qui imperiosus.
[Horácio, Satirae 2.7.83]. Quem, pois, é livre? O sábio que
governa a si mesmo.
1749. Quisnam igitur sanus? Quis non stultus? [Horácio,
Sermones 2.3.158]. Quem é são? Quem não é estulto?
1750. Quisnam istic fluvius est, quem non recipiat mare?
[Plauto, Curculio 86]. Qual é esse rio que o mar não vai
querer receber? VIDE: ● Quis fluvius est quem non recipiat
mare?
1751. Quisque ad suum commodum refert quaecumque agit.
[Cícero, De Legibus 1.49]. Faça o que fizer, cada um trata do
seu interesse. ■ Cada um pede para o seu santo.
1752. Quisque aestimat magni illud ipsum quo caret. Cada
um dá grande valor àquilo que lhe falta.
1753. Quisque dies vitae est velut ultimus esse putandus.
[Tosi 613]. Cada dia da vida deve ser considerado como
sendo o último. VIDE: ● Omnis dies velut ultimus
ordinandus est. ● Omnis dies velut ultimus iudicandus est.
● Omnis dies velut ultimus putandus est.
1754. Quisque es, assiduas aufuge blanditias. [Propércio,
Elegiae 1.9.30]. Quem quer que sejas, foge das lisonjas
constantes.
1755. Quisque fortunae suae faber est. [Eiselein 244]. Cada
um é artífice da própria sorte. ■ O homem faz-se por si.
■ Cada um é filho de suas obras. VIDE: ● Fortunae suae
quisque faber est. ● Quisque suae fortunae faber. ● Sui
cuique mores fingunt fortunam.
1756. Quisque miser casu alterius solacia sumit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 63]. Todo infeliz tira consolo
da desgraça de outrem. ■ Mal alheio dá consolo.
1757. Quisque quod possit gerat. Cada qual faça o que puder.
1758. Quisque se suo modulo metiatur. Cada um deve medir-
se por sua medida. ■ Macaco, olha teu rabo! ■ Cada um
mede o trigo alheio por seu alqueire. VIDE: ● Metiri se
quemque suo modulo, ac pede, verum est. ● Suo se
modulo metiri.
1759. Quisque semet plus amico diligit. Cada qual gosta mais
de si mesmo do que de seu amigo. ■ Em tal signo nasci, que
mais quero para mim que para ti. VIDE: ● Nemo se ipso
diligit quemquam magis.
1760. Quisque sibi carus est. Cada qual gosta de si. ■ Cada
santo quer sua vela.
1761. Quisque sibi fascem sentit inesse gravem. [Pereira 99].
Cada um sente que seu fardo é pesado. ■ Cada qual sente o
seu mal.
1762. Quisque sibi est proximus. Cada um é o seu parente
mais próximo. ■ Parentes são os dentes. VIDE: ● Ego
proximus mihi. ● Proximus mihi ego. ● Proximus sum
egomet mihi.
1763. Quisque sibi placet et sapiens sibi videtur. [Binder,
Thesaurus 2844]. Cada um gosta de si e se considera
inteligente.
1764. Quisque sua contentus sorte vivat. Cada qual viva
contente com sua sorte. ■ Cada um se contente com o que
Deus lhe dá.
1765. Quisque suae fortunae faber. Cada qual é o artesão de
sua sorte. ■ Cada um colhe segundo semeia. VIDE: ● Quisque
fortunae suae faber est.
1766. Quisque suas sustinet cruces. [DAPR 202]. Cada qual
suporta suas cruzes. ■ Cada qual carrega sua cruz. VIDE:
● Non potest inveniri vita hominis carens molestia.
1767. Quisque suos patimur Manes. [Virgílio, Eneida 6.743].
Cada um de nós carrega sua sorte. ■ Cada qual com seu
bocado de mau caminho.
1768. Quisque tanti sit quanti possidet. [Albertatius 1021].
Quanto uma pessoa tem, tanto vale. ■ Quanto tens, tanto
vales. ■ Vale quem tem. VIDE: ● Nihil satis est, quia tanti,
quanti habeas, sis. ● Quantum habet quisque, tanti sit.
● Quantum habebis, tantus eris. ● Tanti quantum habeas,
sis. ● Tanti quisque sit, quantum possidet. ● Tanti revera
estis, quantum habetis. ● Ubique tanti quisque, quantum
habuit, fuit.
1769. Quisque, ut habet mores, ita iudicat atque ita fatur.
[Palingênio / Binder, Thesaurus 2846]. Cada um julga e fala
conforme seu caráter.
1770. Quisquis alit pecus, et terram proscindit aratro,
deducit locuples aurea fila colo. [Pereira 119]. Quem cria
gado e lavra a terra é rico e apanha fios de ouro com o cesto.
■ Quem lavra e cria ouro fia.
1771. Quisquis amas, loca sola nocent, loca sola caveto!
[Ovídio, Remedium Amoris 579]. Ó tu que amas, os lugares
solitários fazem mal; evita os lugares solitários.
1772. Quisquis amat cervam, cervam putat esse Minervam;
quisquis amat ranam, ranam putat esse Dianam.
[Rezende 5646]. Quem ama uma corça julga que a corça seja
Minerva; quem ama uma rã julga que a rã seja Diana.
■ Quem ama o feio, bonito lhe parece. ● Quisquis amat
ranam, censet esse Dianam. Quem ama uma rã, pensa que
ela é Diana. VIDE: ● Qui diligit ranam, ranam putat esse
Dianam. ● Si quis amat ranam, ranam putat esse Dianam.
1773. Quisquis amat dictis absentum rodere famam, hanc
mensam indignam vetitam esse sibi. [Binder, Thesaurus
2852]. Quem gosta de corroer a reputação dos ausentes por
meio de críticas, saiba que esta mesa é vedada a ele.
1774. Quisquis amat dominum, diligit et catulum. [Pereira
118]. Quem ama o dono da casa ama também seu cãozinho.
■ Quem ama a Beltrão ama a seu cão. VIDE: ● Cui dominus
gratus, canis huic meus amicus. ● Qui amat me, amat et
canem meum. ● Qui amat me, amet et canem meum. ● Qui
me amat, amet et canem meum. ● Qui me amat, amat et
canem meam. ● Tu si me amas, canem meum dilige.
1775. Quisquis amat luscam, luscam putat esse venustam.
[Trench, Proverbs]. Quem ama uma vesga, acha que a vesga
é muito linda. ■ Para quem ama, catinga de bode é cheiro.
■ Quem ama o feio, formoso lhe parece.
1776. Quisquis amat, servit; sequitur captivus amatam.
Quem ama, é escravo; o escravo segue a amada.
1777. Quisquis amat, valeat; pereat qui nescit amare. Bis
tanto pereat quisquis amare vetat. [Inscrição em Pompéia].
Viva todo aquele que ama; morra quem não sabe amar.
Morra duas vezes quem proíbe de amar.
1778. Quisquis ambitiosum et avarum ingenium habet, nihil
ille iustum sapit, neque cupit, difficilisque est amicis, et
toti civitati. [Eurípides / Estobeu / Bernardes, Nova Floresta
1.486]. Todo aquele que tem caráter ambicioso e avaro não
aprecia nem deseja nada justo, e não presta nem para os
amigos, nem para toda a cidade.
1779. Quisquis apes undasque timet, spinasque roseti, non
mel, non pisces nec feret ille rosas. [Tosi 1674]. Quem
teme as abelhas, o mar e os espinhos do roseiral, não terá
mel, nem peixes, nem rosas.
1780. Quisquis bis naufragium faciet, frustra Neptunum
accusat. [Apostólio, Paroimiai 14.83]. Acusa sem razão a
Netuno aquele que naufraga pela segunda vez. ■ Só o tolo cai
duas vezes no mesmo buraco. VIDE: ● Improbe Neptunum
accusat, qui iterum naufragium facit.
1781. Quisquis canem peregrinum alit, huic solus funis sit
reliquus. [Apostólio, Paroimiai 14.90]. Quem alimenta cão
alheio, nada lhe sobra senão a trela. ■ Quem dá pão a cão
alheio, perde o pão. ■ Filho alheio, brasa no seio. VIDE: ● Qui
canem alit exterum, huic praeter lorum nil fit reliquum.
● Qui canem alit peregrinum, huic praeter linum nil fit
reliqui.
1782. Quisquis dixit ‘vixi,’ cotidie ad lucrum surgit. [Sêneca,
Epistulae Morales 12.9]. Quem disse ‘vivi’, toda manhã se
levanta para receber o seu benefício.
1783. Quisquis es, observa legem. Quem quer que sejas,
obedece à lei.
1784. Quisquis habet nummos, rerum sibi comparat usus.
[Pereira 118]. Quem tem dinheiro obtém para si o uso das
coisas. ■ Quem dinheiro tiver fará o que quiser. ■ Quem tem
dinheiro quebra penedos. VIDE: ● Ille agit ad votum, cui
multum supererit aeris. ● Ille agit ad votum, cui multum
suppetit aeris.
1785. Quisquis habet nummos, secura navigat aura.
[Petrônio, Satiricon 137.9]. Quem tem dinheiro navega com
vento favorável. ■ Dinheiro faz o mar chão. ■ Quem unta,
amolenta. VIDE: ● Si non ungitur axis, tardius incoeptum
continuatur iter.
1786. Quisquis in culpa fuit, dimissus odit. [Sêneca, Oedipus
701]. Quem foi acusado, quando é absolvido, guarda ódio.
1787. Quisquis in primo obstitit pepulitque amorem, tutus
ac victor fuit. [Sêneca, Hippolytus 132]. Quem logo no
princípio resistiu e repeliu o amor ficou seguro e vitorioso.
■ No amor, quem foge é vencedor. VIDE: ● Quisquis repulit
amorem, tutus ac victor fuit.
1788. Quisquis in vita sua parentes colit, hic et vivus et
defunctus deis est carus. [Estobeu / Sweet 174]. Quem em
vida respeita seus pais, esse, tanto vivo como morto, é
querido dos deuses.
1789. Quisquis iniqua facit, patiatur iniqua necesse est.
[Pereira 119]. Quem faz o mal, é necessário que sofra o mal.
■ Quem fizer o mal, que o pague. ■ Aqui se faz, aqui se paga.
■ Quem faz neste mundo, aqui mesmo paga.
1790. Quisquis iure suo utitur, iniuriam nulli facit. [Jur].
Quem usa do seu direito não prejudica ninguém. VIDE: ● Qui
iure suo utitur, nemini iniuriam facit.
1791. Quisquis laborat, huic manum praebet Deus. [Ésquilo /
Manúcio, Adagia 1309]. Deus oferece a mão a todo aquele
que trabalha. ■ Deus ajuda a quem trabalha. ■ Põe tu a mão,
e Deus te ajudará. VIDE: ● Adesse gaudet, sed laboranti,
Deus. ● Ad opus manum admovendo fortunam invoca.
● Cum Minerva et manum move. ● Cum Minerva manus
etiam move. ● Cum Minerva manum quoque move. ● Di
facientes adiuvant. ● Deus facientes adiuvat. ● Deus
laborantibus opem fert prospere. ● Deus laborantes ope
adiuvat sua. ● Fac aliquid ipse, deinde Numen invoca.
● Fac interim aliquid ipse, dein deos voca. ● Facientes
Deus adiuvat. ● Huic qui laborat, Numen adesse assolet.
● Manum admoventem Deum quemvis invocare debere.
● Manum admoventi fortuna est imploranda. ● Manum
admoventi fortuna est invocanda. ● Manum admoventi
sunt vocanda numina. ● Minerva auxiliante, manum
etiam admove. ● Nulla preces numina flectunt ignavorum.
● Nunc ipse quid peragito, dein deos voca. ● Nunc ipse
quid peragito, dein Deum voca. ● Sine opera tua, nihil di
facere possunt.
1792. Quisquis magna dedit, voluit sibi magna remitti.
[Marcial, Epigrammata 5.59.2]. Quem deu grandes coisas
quis que lhe fossem dadas grandes coisas.
1793. Quisquis medium defugit iter, stabili nunquam
tramite curret. [Sêneca, Hercules Oetaeus 675]. Quem se
afasta do meio da estrada nunca andará em caminho firme.
■ Quem se mete por atalhos não se livra de trabalhos.
1794. Quisquis nocere didicit meminit cum potest. [Publílio
Siro]. Quem aprendeu a fazer o mal lembra-se de fazê-lo,
quando tem oportunidade.
1795. Quisquis non videt, caecus, quisquis videt nec laudat,
ingratus, quisquis laudanti reluctatur, insanus est.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 1.7]. Quem não o vê, é cego;
quem o vê e não o admira, é ingrato; quem protesta contra
quem o admira, é insano.
1796. Quisquis ovem simulat, hunc lupus ore vorat. [Pereira
122]. ■ Quem se faz de ovelha, o lobo o devora. ■ Se te
fizeres mel, comer-te-ão as moscas. ■ Quem não quer ser
lobo, não lhe vista a pele.
1797. Quisquis peccat inops, minor est reus. [Petrônio,
Satiricon 133]. Quem peca por fraqueza não é um grande
culpado.
1798. Quisquis plus iusto non sapit, ille sapit. [Marcial,
Epigrammata 14.110]. Quem não sabe mais do que o
suficiente, esse é sábio.
1799. Quisquis repulit amorem, tutus ac victor fuit. [DAPR
65]. Quem repeliu o amor ficou seguro e vitorioso. ■ No
amor, quem foge é vencedor. VIDE: ● Quisquis in primo
obstitit pepulitque amorem, tutus ac victor fuit.
1800. Quisquis secundis rebus exsultat nimis, fluitque luxu,
semper insolita appetit. [Sêneca, Hippolytus 204]. Quem
vive na prosperidade excessiva e goza da opulência sempre
ambiciona o que não tem. ■ Ninguém se contenta com o que
tem. ■ Quem muito tem, mais deseja.
1801. Quisquis secundo navigarit numine, is vel saligno
navigarit vimine. [Manúcio, Adagia 464]. Quem navegar
com o favor de um deus, esse navegará até numa palha. VIDE:
● Deo favente, naviges vel vimine. ● Deo volente, et
viminibus naviges. ● Quem Deus vehit, scirpea navigat
rati. ● Qui cum Deo navigat, vel in vimine naviget.
● Quisquis secundo navigarit numine, is vel saligno
navigarit vimine.
1802. Quisquis sequitur priores male iter ingressos, quidni
habeat excusationem cum publica via erraverit? [Sêneca,
De Ira 2.10.3]. E quem segue os que, indo na frente, entraram
no caminho errado, não terá uma desculpa por se ter afastado
da estrada real?
1803. Quisquis sine ratione facultates possidet, non diu
possidet. Quem possui bens, mas não tem juízo, não os
possui por muito tempo.
1804. Quisquis ubique habitat nusquam habitat. [Marcial,
Epigrammata 7.73.6]. Quem mora em toda parte não mora
em parte alguma. ■ Amigo de todos, amigo de nenhum. VIDE:
● Nusquam est qui ubique est. ● Nusquam habitat qui
ubique habitat.
1805. Quivis beatus, versa rota Fortunae, ante vesperum
potest esse miserrimus. [Amiano Marcelino, Historia
26.13]. Qualquer homem feliz, com o girar da roda da
Fortuna, antes do anoitecer pode tornar-se infelicíssimo.
1806. Quivis homo potest quamvis turpem de quolibet
rumorem proferre. [RH 2.12]. Qualquer homem pode
espalhar um boato infame a respeito de qualquer um.
1807. Quivis praesumitur bonus, donec probetur malus.
[Jur]. Toda pessoa presume-se boa, até que se prove que é
má. VIDE: ● Quilibet praesumitur bonus donec contrarium
probetur.
1808. Quivis ruentis ligna quercus colligit. [Schottus, Adagia
609]. Qualquer um cata lenha do carvalho caído. ■ De árvore
caída todos fazem lenha. ■ Em pau caído todo o mundo faz
graveto. VIDE: ● Arbore deiecta, ligna quivis colligit.
● Cadente quercu quilibet ligna colligit. ● Cadente quercu,
quilibet lignatum adest. ● Deiecta arbore, quivis ligna
colligit. ● Deiecta quivis arbore ligna legit. ● Ruente quivis
ligna colligit arbore.
1809. Quo abiit dilectus tuus, o pulcherrima mulierum?
[Vulgata, Cântico 5.17]. Para onde foi o teu amado, ó tu, que
és a mais formosa de todas as mulheres?
1810. Quo agis? Aonde vais? VIDE: ● Domine, quo vadis?
● Quo tu vadis? ● Quo vadis?
1811. Quo altior gradus, tanto profundior casus. [Bebel,
Adagia Germanica]. Quanto mais alta a subida, tanto mais
profunda a queda. ■ Quanto mais alto o coqueiro, maior é o
tombo. VIDE: ● Periculosior casus ab alto. ● Quanto altior
est ascensus, tanto durior descensus. ● Quanto altior
gradus, tanto profundior casus. ● Quanto gradus altior,
tanto casus gravior.
1812. Quo altior mons, tanto profundior vallis. [Bebel,
Adagia Germanica / DAPR 615]. Quanto mais alto o monte,
tanto mais profundo o vale. ■ Quanto mais alta a berlinda,
maior o trambolhão. ■ Quem mais alto subir de mais alto vai
cair. VIDE: ● Si mons sublimis, profundior est tibi vallis.
● Vallis optime collem monstrat.
1813. Quo altius eo suavius. Quanto mais alto, tanto mais
agradável.
1814. Quo altius surrexerit, opportunius est in occasum.
[Sêneca, De Brevitate Vitae 17]. Quanto mais alto se elevar,
mais exposto está a uma queda.
1815. Quo animo? [Black 112]. Com que intenção?
1816. Quo brevior, dilucidior et cognitu facilior narratio
fiet. [RH 1.14]. Quanto mais breve, a narração ficará mais
brilhante e mais fácil de se entender. VIDE: ● Eo dilucidior
narratio fiet, quo brevior.
1817. Quo celerius, eo melius. Quanto mais rápido, tanto
melhor. ● Quo citius, eo melius. ■ Quanto mais cedo,
melhor.
1818. Quo communius est bonum, eo divinius est.
[Signoriello 48]. O bem, quanto mais pessoas atinge, tanto
mais divino é. VIDE: ● Bonum quanto communius, tanto
divinius.
1819. Quo deus et quo dura vocat Fortuna, sequamur.
[Virgílio, Eneida 12.667]. Caminhemos para onde nos chama
esse deus e a cruel Fortuna.
1820. Quo difficilius, hoc praeclarius. [Cícero, De Officiis
1.19]. Quanto mais difícil, mais grandioso. ● Quo difficilius
est, eo praeclarius. VIDE: ● Quod difficilius, hoc
praeclarius.
1821. Quo diversus abis? [Virgílio, Eneida 5.166]. Aonde vais
por esse caminho diferente?
1822. Quo ducis me? Aonde me estás levando? ● Quo ducis
nunc me? [Plauto, Bacchides 406]. Agora estás-me levando
para onde?
1823. Quo ego vado, non potestis venire. [Vulgata, João 8.21].
Para onde eu vou, não podeis vós vir.
1824. Quo fas et gloria ducunt. Para lá me conduzem o dever e
a glória.
1825. Quo fata ferunt. [Divisa das Bermudas]. Para onde
conduz o destino.
1826. Quo fata trahunt retrahuntque, sequamur. [Virgílio,
Eneida 5.709]. Sigamos para onde os fados puxam e repelem.
1827. Quo fata trahunt, virtus secura sequetur. [Lucano,
Bellum Civile 2.288]. A coragem seguirá despreocupada
para onde o destino conduzir.
1828. Quo fata vocant. [Divisa]. Para lá me chama o destino.
1829. Quo iure? Com que direito? Com que autoridade?
1830. Quo longius a papa, eo melius. [Grynaeus 599]. Quanto
mais longe do papa, tanto melhor.
1831. Quo magis vero hominum potentia crescit, eo latius
ipsorum responsabilitas, sive singulorum sive
communitatum extenditur. [Vaticano II]. Quanto mais se
acrescenta o poder dos homens, tanto mais ampla é
responsabilidade deles, seja dos individuos seja das
comunidades.
1832. Quo maior es, eo te geras submissius. [Schottus, Adagia
4] Quanto mais poderoso fores, mostra-te tanto mais
humilde.
1833. Quo maior est ardor, eo vividior est actio. Quanto
maior é o entusiasmo, tanto mais enérgica é a ação.
1834. Quo me, Bacche, rapis, tui plenum? Baco, aonde tu me
levas, quando estou cheio de ti?
1835. Quo me cumque rapit tempestas, deferor hospes.
[Horácio, Epistulae 1.1.15]. Aonde quer que me atire a
tempestade, lá chego como hóspede.
1836. Quo me vertam nescio. [Cícero, Ad Quintum 6.6]. Não
sei para onde me virar. VIDE: ● Quo se vertere nescit. ● Quo
se verteret nesciebat.
1837. Quo melius cibi masticantur, eo felicius procedit
digestio et contra. [Nenter 95]. Quanto melhor se mastigam
os alimentos, tanto melhor se realiza a digestão, e vice-versa.
1838. Quo mihi fortunam, si non conceditur uti? [Horácio,
Epistulae 1.5.12]. De que me serve a felicidade, se não me é
dado usá-la?
1839. Quo minime credas gurgite, piscis erit. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.426]. No rio em que menos se desconfia estará o
peixe. ■ Donde se não cuida salta a lebre. ■ Donde não se
espera, daí é que sai. ● Quo minime creditur gurgite piscis
erit. [Medina 590]. ● Quo minime quaeris gurgite piscis
erit. [DAPR 403]. O peixe estará no rio em que menos
procurares. ● Quo minime reris de gurgite pisce frueris.
[Binder, Thesaurus 2859]. Do rio em que menos imaginas, tu
conseguirás um peixe. VIDE: ● Casus ubique valet: semper
tibi pendeat hamus; quo minime credas gurgite, piscis
erit.
1840. Quo minor spes est, hoc magis ille cupit. [Ovídio, Fasti
2.765]. Quanto menor é a esperança, tanto mais ele deseja.
1841. Quo minus est murmur, plerumque est altior unda.
[Binder, Thesaurus 2860]. Quanto menos ruído há,
geralmente é mais profunda a água. ● Águas tranqüilas,
águas profundas. ● Água silenciosa, a mais perigosa. VIDE:
● Ab homine et flumine taciturno cave. ● Cave tibi a cane
muto et aqua silenti. ● Cave tibi ab aquis silentibus et a
cane muto.
1842. Quo minus petebat gloriam, eo magis illum
assequebatur. [Salústio, Bellum Catilinae 54]. Quanto
menos buscava a glória, tanto mais ela o perseguia. VIDE:
● Honor fugientem sequitur, sequentem fugit.
1843. Quo, misera, pergis? [Sêneca, Hippolytus 142]. Aonde
vais, infeliz?
1844. Quo natura vergit, eo ducendum. [Rezende 5775]. Para
onde se inclina a natureza, para lá se deve levar.
1845. Quo nequit ire satan, transmittit saepe ministrum.
[DAPR 241]. Aonde o diabo não pode ir, muitas vezes
manda seu auxiliar. ■ O diabo, onde não pode meter a
cabeça, mete a cola. VIDE: ● Diabolus unde prohibetur
mittit nuntium suum.
1846. Quo non ars penetrat? [Ovídio, Ars Amatoria 3.291].
Onde não penetra a arte?
1847. Quo non ascendet? Aonde ele não chegará? VIDE: ● Et
quo non ascendam?
1848. Quo non pervenit leonis pellis, vulpina assuenda est.
[Albertatius 1172]. Aonde a pele do leão não alcança, deve-
se costurar a da raposa. ■ Quem não pode trapaceia. ■ Se não
basta a pele de leão, põe uma de raposa. VIDE: ● Dolo
pugnandum dum quis par non est armis. ● Si in leonina
sat haud sit pelle, vulpinam adhibe. ● Si leonina non
sufficit, vulpina assuenda. ● Si leonina pellis non satis est,
assuenda est vulpina. ● Si leonina pellis non satis est,
vulpina addenda. ● Si leonina pellis non sufficerit, etiam
vulpinam assuito. ● Si leonina pellis non sufficit, vulpinam
adhibe. ● Si leonina pellis non sufficit, vulpinam assume.
● Ubi deficiunt vires, astu utendum. ● Ubi leonina pellis
non pertingit, assumenda est et vulpina. ● Ubi leonis pellis
deficit, vulpina induenda est. ● Ubi leonis pellis deficit,
vulpina insuenda est. ● Ubi leonis pellis deficit, vulpinam
induendam esse.
1849. Quo pergis, amens? [Sêneca, Hercules Furens 1032].
Aonde vais, insensato? ● Quo pergis, audax? [Sêneca,
Hercules Furens 772]. Aonde vais, audacioso?
1850. Quo plura possis, plura patienter feras. [Sêneca,
Troades 255]. Quanto mais poder tiveres, mais coisas
suportarás com paciência.
1851. Quo plures hostes, tanto maior honor. [Bebel, Adagia
Germanica]. Quanto mais inimigos, tanto maior a
homenagem. ■ Não se atiram pedras senão às árvores que
têm frutos. ■ A inveja sempre atina lugares altos.
1852. Quo plus habent, eo plus cupiunt. [Henderson, Latin
Proverbs / Stevenson 444]. ■ Quanto mais se tem, mais se
quer. ■ Quem muito tem, mais deseja. ● Quo plura haberes,
acrius quae non habes cuperes. [Quinto Cúrcio, Historiae
7.8]. Quanto mais possuíres, com mais ardor desejarás o que
não tens.
1853. Quo plus sunt potae, plus sitiuntur aquae. [Ovídio,
Fastos 1.216]. Quanto mais água se bebe, mais sede se tem.
■ Quanto mais água, mais sede. ■ Bebedice de água nunca se
acaba. VIDE: ● Cum plus sint potae, plus potiuntur aquae.
1854. Quo quis versutior et callidior est, hoc invisior et
suspectior, detracta opinione probitatis. [Cícero, De
Officiis 2.9.34]. Quanto mais sagaz e hábil alguém é, mais
odioso e suspeito se torna, ao perder sua fama de
honestidade.
1855. Quo quisque est altior, eo est periculo proximior.
[Pereira 118]. Quanto mais alto alguém sobe, mais perto do
perigo está. ■ Quem mais alto vai de mais alto cai. ■ Quanto
um mais alto sobe, maior queda dá. ■ Quanto mais alta a
berlinda, maior é o trambolhão.
1856. Quo quisque est doctior, eo modestior esse debet.
Quanto mais culto alguém é, tanto mais modesto deve ser.
1857. Quo quisque sapientior, eo taciturnior. [Pereira 115].
Quanto mais sábio alguém é, mais calado é. ■ Onde vai mais
fundo o rio, aí faz menos ruído.
1858. Quo quisque stultior, eo magis insolescit. [Robert
Burton, The Anatomy of Melancholy]. Quanto mais estúpido
alguém é, tanto mais arrogante fica. ■ Quanto mais parvo,
mais confiado.
1859. Quo, quo, scelesti, ruitis? [Horácio, Epodi 7.1].
Criminosos, para onde, para onde correis?
1860. Quo regna sine usu? [Ovídio, Amores 3.7.49]. Para que
serve o poder sem uso?
1861. Quo ruis? [Ovídio, Heroides 16.122]. Para onde corres?
1862. Quo ruitis? quaeve ista repens discordia surgit?
[Virgílio, Eneida 12.313]. Para onde correis? Que discórdia é
essa que surge assim de repente?
1863. Quo ruitis? Vestras quisque redite domos! [Ovídio,
Heroides 13.128]. Para onde correis? Retornai todos às
vossas casas!
1864. Quo se fortuna, eodem etiam favor hominum inclinat.
[Justino, Historiae Philippicae 5.1]. Para onde se inclina a
sorte, para aí se inclina o favor dos homens. ● Quo se
fortuna vertit, eo se favor hominum inclinat. Para onde se
volta a sorte, para lá o interesse dos homens se inclina.
1865. Quo se vertere nescit. [DAPR 592]. Não sabe para onde
se virar. ■ Não sabe o mato em que há de ir fazer lenha.
● Quo se verteret nesciebat. [Cícero, In Verrem 2.74]. Não
sabia para onde se virar. VIDE: ● Quo me vertam nescio.
1866. Quo se vertere non habebat. [Cícero, Philippica 2.62].
Não tinha para onde se voltar.
1867. Quo securius quis se putat, eo latentius insidiatur
inimicus. [S.Agostinho]. Quanto mais seguro alguém se
julga, tanto mais emboscadas lhe arma o inimigo. ■ A
desconfiança é a sentinela da segurança.
1868. Quo semel imbuta est recens, servabit odorem testa
diu. [Horácio, Epistulae 1.2.69]. O vaso novo conservará por
longo tempo o cheiro do líquido que foi nele colocado. ■ A
quem o demo toma uma vez, sempre lhe fica o jeito. ■ O que
se aprende no berço dura até a sepultura. ■ Quem más
manhas há, tarde ou nunca as perderá. VIDE: ● Demere nemo
potest vasi cuicumque saporem primum sive bonum
teneat sive deteriorem. ● Quod nova testa capit, inveterata
sapit. ● Sapiunt vasa, quicquid primum acceperunt.
● Sapor quo nova imbuas vasa, durat.
1869. Quo simpliciores sunt cibi, eo meliores. [Nenter 97].
Quanto mais simples são os alimentos, tanto melhores.
1870. Quo spinosior, fragrantior. [Divisa]. Quanto mais
espinhosa, mais perfumada.
1871. Quo tamen adversibus fluctibus ire paras? [Ovídio,
Heroides 7.42]. Aonde tentas ir, com as ondas adversas?
1872. Quo tardius, hoc gravius. Quanto mais demora, mais
difícil de suportar.
1873. Quo timoris minus est, eo minus ferme periculi est.
[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 22.5]. Quanto menos medo há,
geralmente menos perigo há.
1874. Quo vadis? [Vulgata, João 13.36]. Aonde vais? ● Quo tu
vadis? [Vulgata, Zacarias 2.2]. ● Quo vadis, Domine?
Aonde vais, Senhor? VIDE: ● Domine, quo vadis? ● Quo
agis? ● Unde venis et quo tendis? ● Unde venis et quo
vadis?
1875. Quo volunt reges, vadunt leges. ■ Vão as leis aonde
querem os reis. ● Quo voluntas regis vadunt leges. As leis
vão para onde vai a vontade do rei. VIDE: ● Quicquid regi
placuerit, quamvis ratione careat, legis habet vigorem.
● Quod placuit principi legis habuit vigorem. ● Quod
principi placuit, legis habet vigorem. ● Quod principi
placuit, legis habet rationem. ● Regis voluntas suprema
lex esto. ● Ut volunt reges, ita valent leges. ● Voluntas
principis suprema lex est.
1876. Quo vult, ducit frena, cuius bursa plena. [Carmina
Burana]. Quem tem a bolsa cheia puxa as rédeas para onde
quiser. ■ Quem dinheiro tiver, fará o que quiser.
1877. Quocumque aspexi, nihil est nisi mortis imago.
[Ovídio, Tristia 1.11.23]. Para qualquer lado que eu olhei, só
há o retrato da morte. ● Quocumque aspicio nihil est, nisi
portus et aër. [Ovídio, Tristia 1.2.23]. Para onde quer que eu
olhe, não há nada, senão mar e ar.
1878. Quocumque enim perrexeris, pergam, et ubi morata
fueris, et ego pariter morabor. [Vulgata, Rute 1.16]. Para
onde tu fores, irei também eu, e onde quer que morares,
morarei eu também.
1879. Quocumque es, talis es. Com quem estás, assim és.
■ Quem com lobo anda, aprende a uivar.
1880. Quocumque iaceris, stabit. Aonde quer que o jogues,
permanecerá.
1881. Quocumque incedis, sequitur Mors corporis umbram.
[Dionísio Catão, Disticha 4.37]. Para onde te diriges, a morte
segue a sombra do teu corpo.
1882. Quocumque modo. De qualquer maneira. De qualquer
modo. VIDE: ● Quovis modo.
1883. Quocumque nomine. Sob qualquer nome.
1884. Quod a multis petitur, difficulter custoditur. [DAPR
328]. É difícil vigiar o que é desejado por muitos. ■ Coisa
muito desejada, não há como guardá-la. ■ Quem tem mulher
formosa, castelo na fronteira e vinha na carreira, nunca lhe
falta canseira. VIDE: ● Custoditur periculo quod placet
multis. ● Difficile custoditur quod plures amant. ● Difficile
est custodire quod multis placet. ● Magno cum periculo
custoditur, quod multis placet. ● Maximo periculo
custoditur quod multis placet. ● Non facile solus serves
quod multis placet.
1885. Quod ab alio oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando
alteri facias. [Vulgata, Tobias 4.16]. O que não gostarias que
a ti fosse feito por outrem, toma cuidado para que nunca
faças a outrem. ■ Não faças a outrem o que não queres que te
façam. VIDE: ● Aliis ne feceris, quod tibi fieri non vis.
● Alteri ne facias quod tibi fieri non vis. ● Facere non
debet quis alteri, quod sibi fieri nolit. ● Ne alteri feceris
quod tibi non vis fieri. ● Quod sibi quis fieri non vult, alii
ne faciat. ● Quod tibi fieri non vis, alteri ne facias. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris. ● Quod tibi non optes,
alii ne feceris ulli. ● Quod tibi non vis, alteri ne facies.
● Quod tibi non vis fieri, alii ne feceris. ● Quod tibi non vis
fieri, alteri ne feceris. ● Quod tibi non vis, utinam alteri ne
facias.
1886. Quod ab amico est profectum, iucundum, si cum
studio est profectum. [Cícero, De Amicitia 14]. O que vem
de um amigo é sempre agradável, quando vem com interesse
afetuoso.
1887. Quod ab initio non valet, in tractu temporis non
convalescit. [Jur / Broom 144]. O que é vicioso desde o
começo, não ganha força com o passar do tempo. ● Quod ab
initio nullum est, non potest lapsu temporis convalescere.
O que desde o princípio é vicioso, não pode ganhar força
com o decurso do tempo. ● Quod ab initio nullum est,
nullum habet effectum. O que é nulo desde o início, não
tem qualquer efeito. VIDE: ● Quod initio vitiosum est, non
potest tractu temporis convalescere. ● Quod initio non
valet, tractu temporis non valet.
1888. Quod abundat non nocet. ■ O que abunda não
prejudica. ■ O que é de mais mal não faz. ● Quod abundat
non vitiat. [Maloux 427].
1889. Quod acciderit, feramus. [Cícero, Pro Sestio 143].
Suportemos tudo que acontecer.
1890. Quod ad ius naturale attinet, omnes homines aequales
sunt. [Digesta 50.17.32]. No que diz respeito ao direito
natural, todos os homens são iguais. ● Quod ad ius naturale
pertinet, omnes homines aequales sunt. VIDE: ● Natura
omnes homines aequales genuit.
1891. Quod ad me attinet. [Sêneca, Quaestiones Naturales
3.25.11]. No que me concerne.
1892. Quod ad omnium cedit utilitatem, sine omnium
detrimento interire non potest, vel etiam infirmari.
[Dante, Epistulae 6]. Aquilo que está sujeito ao interesse de
todos, não pode perecer, nem mesmo debilitar-se, sem o
prejuízo de todos.
1893. Quod aedificatur in area legata cedit legato. [Jur /
Broom 329]. O que se constrói em área doada por testamento
vai para o legatário.
1894. Quod aegris evenit, hoc accidit nobis. [Sêneca,
Epistulae Morales 7.1]. Tudo que acontece aos infelizes,
acontece a nós.
1895. Quod aetas vitium posuit, aetas auferet. [Publílio Siro].
O defeito que o tempo trouxe, o tempo o levará.
1896. Quod alias non fuit licitum, necessitas licitum facit.
[Jur / Black 1486]. O que em outra situação não era legal, a
necessidade torna legal.
1897. Quod alibi deminutum, exsequatur alibi. [Erasmo,
Adagia 3.8.71]. O que se perde num lugar, ganha-se noutro.
1898. Quod alicui suo non licet nomine, nec alieno licebit.
[Jur]. O que a alguém não é permitido fazer em seu nome,
também não será permitido em nome de outrem.
1899. Quod aliis cibus est, aliis fuat acre venenum. [Lucrécio,
De Rerum Natura 4.637]. O que para uns é alimento, para
outros será um veneno violento. ■ O que é bom para um,
pode não ser para outro. ■ O que para uns é mel para outros
é fel. VIDE: ● Quod cibus est aliis, aliis est venenum.
1900. Quod aliis vitio vertas, ipse ne feceris. [Erasmo, Adagia
3.9.33]. Tu mesmo não deves fazer o que nos outros
consideras vício. VIDE: ● Quae tu aegre fers in proximo, ea
ipse ne feceris.
1901. Quod ante pedes sit non vident. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 5.114]. Não vêem o que está diante seus
próprios pés. ■ Não vêem um palmo à frente do nariz. VIDE:
● Quae ante pedes sunt non novit.
1902. Quod antecedit tempus, maxima venturi supplicii pars
est. [Sêneca, De Beneficiis 2.5]. O tempo que precede o
castigo esperado é a pior parte desse castigo.
1903. Quod approbo non reprobo. [Jur / Broom 556]. O que
eu aprovo eu não reprovo. (=Não posso receber o benefício
de um instrumento e ao mesmo tempo repudiá-lo). VIDE:
● Qui approbat non reprobat.
1904. Quod assequi non potest, sequi desinit. [Veleio
Patérculo, Historia Romana 1.17.8]. O que não se pode
alcançar, deixa-se de perseguir.
1905. Quod autem antiquatur, et senescit, prope interitum
est. [Vulgata, Hebreus 8.13]. O que se dá por antiquado, e
envelhece, perto está de perecer.
1906. Quod avertat Deus! Que Deus nos livre disso! ■ Deus
me livre! ■ Deus nos livre! VIDE: ● Avertat Deus! ● Avertat
Deus omen! ● Deus avertat! ● Di omen avertant! ● Hoc
omen avertant superi! ● Omen avertant dei! ● Omen
avertat Deus! ● Quod Deus avertat! ● Quod di omen
avertant!
1907. Quod bene dicitur, repetere non nocet. O que se diz de
bom, não faz mal repetir.
1908. Quod bene notandum. Isso deve ser cuidadosamente
registrado.
1909. Quod bene potes facere, noli differre. [Albertano da
Brescia, Liber Consolationis 49.24]. Não adies o bem que
podes fazer. VIDE: ● Noli differre in aliud tempus quod hic
et nunc facere potes. ● Noli differe res serias in crastinum
diem.
1910. Quod bibas nunquam reperies, si caeno inquines
limpidam aquam. [Apostólio, Paroimiai 5.83]. Nunca
encontrarás o que beber, se sujares com lodo a água limpa.
VIDE: ● Caeno puram aquam turbans nunquam invenies
potum. ● Caeno limpidam aquam inquinans nunquam
invenies potum.
1911. Quod bonis benefit beneficium, gratia ea gravida est
bonis. [Plauto, Captivi 290]. O benefício que favorece aos
bons, esse favor está sempre repleto de vantagens.
1912. Quod bonum est, bonos facit. [Sêneca, Epistulae
Morales 87.12]. O que é bom, faz homens bons.
1913. Quod bonum, faustum, felix fortunatumque esset.
[Cícero, De Divinatione 1.45]. Que seja bom, ditoso, feliz e
afortunado. VIDE: ● Quod faustum, felix, fortunatumque sit.
1914. Quod caret alterna requie durabile non est. [Ovídio,
Heroides 4.89]. O que não tem intervalo de repouso não pode
durar. ■ O que é intenso, dura pouco.
1915. Quod canis in Aegypto: bibit et fugit; quando in illis
regionibus constat canes raptu crocodilorum exterritos
currere et bibere. [Macróbio, Saturnalia 2.2]. Como um cão
no Egito: bebe e foge, já que se sabe que, naquelas regiões,
os cães, assustados com o ataque dos crocodilhos, correm e
bebem água. VIDE: ● Canes currentes bibere in Nilo
flumine, a corcodillis ne rapiantur, traditum est. ● Ille
homo agit quod canis in Aegypto. ● Sicut canis ad Nilum,
bibens et fugiens. ● Tamquam canis e Nilo. ● Ut canis e
Nilo.
1916. Quod cavere possis, stultum admittere est. [Terêncio,
Eunuchus 761]. É tolice aceitar o (mal) que se pode evitar.
VIDE: ● Tu quod cavere possis, stultum admittere est.
1917. Quod Christus perdit, fiscus habebit. [Pereira 115]. O
que Cristo perde, ganhará o fisco. ■ O que perde Cristo,
ganha o fisco. VIDE: ● Quod non capit Christus, rapit fiscus.
1918. Quod cibus est aliis, aliis est venenum. O que para uns é
alimento para outros é veneno. ■ O que é bom para o fígado
é mau para o baço. VIDE: ● Quod aliis cibus est, aliis fuat
acre venenum.
1919. Quod cito acquiritur, cito perit. O que depressa se
consegüe depressa se perde. ■ Vem fácil, vai fácil.
1920. Quod cito fit, cito perit. [Binder, Thesaurus 2867]. O
que depressa se faz depressa se desfaz. ■ O que cedo
amadurece, cedo apodrece. VIDE: ● Citius pubescunt, citius
senescunt. ● Cito maturum, cito putridum. ● Indicium
imminentis exitii nimia maturitas est. ● Is cadit ante
senem qui sapit ante diem.
1921. Quod cito prodideris medico, curabitur ulcus; quod
tegitur, maius creditur esse malum. A ferida que mostrares
logo ao médico, sarará; acredita-se que é maior o mal que se
esconde. ■ Mal maior é o que se encobre do que o que se
descobre.
1922. Quod clausum in pectore, hoc in lingua promptum
habeo. [DAPR 191; Tosi 54]. O que está fechado no peito,
tenho pronto na língua. ■ Diz a boca o que o coração sente.
VIDE: ● Aliud clausum in pectore, aliud in lingua
promptum habere. ● Aliud conditum habere in pectore,
aliud sermone fingere.
1923. Quod commune cum alio est, desinit esse proprium.
[Quintiliano, Institutio Oratoria 7.3]. O que é propriedade
comum com outrem, deixa de ser particular.
1924. Quod commune, ne tuum solum dicas. [Schrevelius
1174]. O que é comum, não digas que é só teu.
1925. Quod communiter omnibus prodest, hoc rei privatae
nostrae utilitati praeferendum esse. [Codex Iustiniani
6.51.1.14a]. O que aproveita a todos em geral, deve ser
preferido ao nosso interesse particular.
1926. Quod communiter possidetur, communiter
neglegitur. O que é propriedade comum, é negligenciado por
todos. ■ Panela de muitos, mal cozida, pior mexida. ■ Asno
de muitos, lobos o comem. ● Quod communiter possidetur,
vitio naturali neglegitur. O que se possui em comum, por
vício natural se negligencia em comum. VIDE: ● Communiter
neglegitur quod communiter possidetur. Id quod
communiter possidetur a pluribus neglegi consuevit. Id
quod communiter possidetur a pluribus neglegi
consuevit. ● Naturale vitium est neglegi quod communiter
possidetur.
1927. Quod constat clare non debet verificari. [Jur /Black
1486]. O que está exposto com clareza não deve ser
verificado.
1928. Quod consuetum est velut innatum est. [Aristóteles]. O
que é de uso costumeiro, é como se fosse inato.
1929. Quod consuescit quis, post dimittere nescit. Aquilo a
que a pessoa se acostuma, depois não sabe dispensar. ■ O
hábito é uma segunda natureza. ■ O que se aprende na
mocidade dura para sempre.
1930. Quod contemnitur saepe utilissimum est. O que se
despreza muitas vezes é de grande utilidade. VIDE: ● Saepe
quae contempseris utiliora inveniuntur laudatis.
1931. Quod contra legem fit, pro infecto habetur. [Jur / Coke
/ Black 1486]. Tudo que se faz contra a lei, é considerado
nulo. VIDE: ● Quidquid fit contra legem, pro infecto
habendum. ● Quidquid fit contra legem, nullum est.
1932. Quod cor viventi, hoc oratio est animae. O que o
coração é para o corpo, é a oração para a alma.
1933. Quod corvis natum est, non submergitur aquis.
[DAPR 304]. O que nasceu para os corvos não afunda nas
águas. ■ Quem nasceu para a forca não morre afogado. ■ O
que há de ser tem muita força. ● Quod corvis natum est,
nunquam submergitur undis. VIDE: ● Destinatus cruci non
submergitur. ● Quem fata pendere volunt, non mergitur
undis.
1934. Quod crebro vidit, non miratur, etiam si cur fiat
nescit. Quod ante non vidit id, si evenerit, ostentum esse
censet. [Cícero, De Divinatione 2.49]. Não se admira do que
vê com freqüência,, mesmo se não sabe por que acontece. O
que não viu antes, se acontecer, pensa que é um milagre.
1935. Quod cuiquam contigit, cuivis potest. [Robert Burton,
The Anatomy of Melancholy]. O que aconteceu a um, pode
acontecer a qualquer um. VIDE: ● Cuivis potest accidere
quod cuidam potest. ● Cuivis potest accidere quod
cuiquam potest. ● Cunctis potest accidere quod cuivis
potest.
1936. Quod cuique obtigit, id quisque teneat. [Cícero, De
Officiis 1.21]. Cada um guarde o que lhe coube. ■ A quem
Deus deu, São Pedro que o benza.
1937. Quod cupio mecum est, inopem me copia fecit.
[Ovídio, Metamorphoses 3.466]. O que desejo, está comigo;
a abundância me fez pobre. VIDE: ● Inopem me copia fecit.
1938. Quod cupis, capis. [Grynaeus 599]. Alcanças o que
desejas.
1939. Quod dare non possis, verbis promittere noli. [Dionísio
Catão, Disticha 1.25]. Não prometas o que não podes dar.
■ Não prometas a pobre, não devas a rico.
1940. Quod dari posset, et eripi posse. [Sêneca, Epistulae
Morales 98.13]. O que pode ser dado, também pode ser
tomado.
1941. Quod datur, accipimus. O que nos é dado, aceitamos.
■ Quando te derem o porquinho, acode logo com o
baracinho. ● Quod dat, accipimus. [Cícero, Ad Familiares
1.1]. Aceitamos o que ele nos dá. ● Quod datur, accipe.
Aceita o que te é dado. VIDE: ● Oblata arripe.
1942. Quod datur ex facili, male nutrit amorem. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.579]. O que é dado com facilidade, alimenta mal
o amor.
1943. Quod decet honestum est, et quod honestum est, decet.
[Cícero, De Officiis 1.94]. O que convém ser feito, é digno, e
o que é digno, convém ser feito.
1944. Quod decet optandum, quae turpia sunt fugienda.
[Schottus, Adagia 585]. Deve-se desejar o que é digno, deve-
se fugir do que é desonesto.
1945. Quod dedi, datum non vellem; quod reliquum est, non
dabo. [Plauto, Cistellaria 238]. O que dei, quisera não ter
dado; o que me resta, não darei. ● Quod dedi, datum
nollem, quod reliquum est, non dabo.
1946. Quod dedit, recipit. [Terêncio, Phormio 22]. O que deu,
recebeu. ■ Teve o que mereceu.
1947. Quod Dei Deo, quod Caesaris Caesari. [José de
Alencar, Ao Correr da Pena]. A Deus o que é de Deus, a
César o que é de César. ■ A César o que é de César. VIDE:
● Date Caesari quae sunt Caesaris. ● Reddite ergo quae
sunt Caesaris, Caesari, et quae sunt Dei, Deo.
1948. Quod deo teste promiseris, id tenendum est. [Cícero,
De Officiis 3.104]. O que prometeres, tendo um deus por
testemunha, deve ser cumprido.
1949. Quod Deus avertat! Que Deus nos livre disso! ■ Deus
me livre! ■ Deus nos livre! VIDE: ● Avertat Deus! ● Avertat
Deus omen! ● Deus avertat! ● Di omen avertant! ● Hoc
omen avertant superi! ● Omen avertant dei! ● Omen
avertat Deus! ● Quod avertat Deus! ● Quod di omen
avertant!
1950. Quod di dant boni cave culpa tua amissis. [Plauto,
Bacchides 1187]. Cuidado para não perderes por tua culpa o
que de bom te dão os deuses.
1951. Quod di omen avertant! [Cícero, Philippicae 3.14]. Que
os deuses afastem esse presságio! VIDE: ● Di omen avertant!
● Hoc omen avertant superi!
1952. Quod dicis, facere non quis. [Plauto, Persa 294]. Não
consegues fazer o que aconselhas aos outros.
1953. Quod differtur, non aufertur. [Arnóbio, Commentarius
/ Pereira 115]. O que se adia, não se perde. ■ O diferido não
está perdido. ■ O que não se faz no dia de Santa Luzia, faz-se
no outro dia. VIDE: ● Res quae differtur auferri saepe
videtur.
1954. Quod difficilius, hoc praeclarius. O que é mais difícil,
(é) mais grandioso. ■ O que custa é o que lustra. VIDE: ● Quo
difficilius est, eo praeclarius. ● Quo difficilius, hoc
praeclarius.
1955. Quod dixi, dixi! O que eu disse, está dito!
1956. Quod domi non est, et habet vicinus, amatur. Gosta-se
do que não há em nossa casa e o vizinho possui. ■ A cabra da
vizinha tem tetas maiores que a minha.
1957. Quod donare mora nequit annua, dat brevis hora.
[DAPR 759]. O que não pode conceder o espaço de um ano,
dá uma breve hora. ■ O que não acontece num ano acontece
num minuto. VIDE: ● Accidit in puncto quod non contingit
in anno. ● Accidit uno puncto quod non speratur in anno.
● Quod praestare mora nequit annua, dat brevis hora.
● Saepe dat una dies quod non evenit in anno. ● Saepe dat
una dies quod totus denegat annus. ● Solet hora, quod
multi anni abstulerunt, reddere.
1958. Quod dubites, ne feceris. [Plínio Moço, Epistulae 1.18].
Não farás aquilo em que não acredites. ■ Na dúvida, abstém-
te. VIDE: ● Nolito facere quod dubites num liceat. ● Quae
dubites, ne feceris.
1959. Quod durum fuit pati, meminisse dulce est. É
agradável recordar aquilo que foi penoso sofrer. ■ O que é
duro de passar, é bom de lembrar. VIDE: ● Dulcis malorum
praeteritorum memoria. ● Iucundi acti labores.
● Meminisse dulce est quod fuit durum pati. ● Memoria
dulcis iam peracti olim mali. ● Memoria dulcis iam
peracti incommodi. ● Quae durum fuit pati, meminisse
dulce est. ● Quae durum fuit pati, meminisse dulce est.
● Suavis laborum est praeteritorum memoria. ● Suavis
laborum post salutem memoria est.
1960. Quod edi, bibi, mecum habeo; quod reliqui, perdidi.
[Inscrição em túmulo]. O que comi e bebi, tenho comigo; o
que deixei, perdi.
1961. Quod effectum dare nequeas, tentandum non esse.
[Schottus, Adagia 8]. O que não podes terminar, não deve ser
tentado. VIDE: ● Quae efficere nequeas, nec vel ordiri decet.
● Quod fieri non potest, nec incipiendum quidem est.
1962. Quod ego dixi per iocum, id eventurum esse et
severum et serium. [Plauto, Poenulus 1168]. O que eu disse
por gracejo, tornar-se-á grave e sério. ■ Brincando,
brincando, vão-se dizendo as verdades.
1963. Quod ego sum, ipsi fuerunt, et quod ipsi sunt, ego ero.
[S.Bernardo de Clairvaux, Meditationes Piissimae 2.4]. O
que eu sou, estes foram, e o que estes são, eu serei.
1964. Quod enim ab omnibus communiter dicitur,
impossibile est totaliter falsum. [S.Tomás de Aquino,
Contra Gentiles 2.343]. O que é dito por todos é impossível
que seja totalmente falso. VIDE: ● Quod famam obtinuit non
est omnino falsum.
1965. Quod enim mavult homo verum esse, id potius credit.
[Bacon, Novum Organum 1.49]. O homem acredita mais
naquilo que ele prefere que seja verdade.
1966. Quod enim nullius est, id naturale ratione occupanti
conceditur. [Digesta 41.1.3]. O que não é de ninguém, pela
razão natural se concede a quem o ocupa. VIDE: ● Quod
nullius est, primo occupanti cedit.
1967. Quod enim omnes tangit, ab omnibus debet
approbari. [Jur]. O que toca a todos, deve ser aprovado por
todos. VIDE: ● Quod omnes tangit, debet ab omnibus
approbari. ● Quod omnes similiter tangit, ab omnibus
comprobetur.
1968. Quod enim quisque iuris in alios statuit, ipse eodem
iure uti debet. [Pe.Francisco de Vitoria]. Cada um deve usar
para si a mesma lei que estabelece para os outros. VIDE:
● Quod quisque iuris in alium statuerit, ipso iure utatur.
1969. Quod erat demonstrandum. [Euclides, Elementa]. É
isto que era para ser demonstrado.
1970. Quod erat faciendum. É o que devia ser feito.
1971. Quod erat inveniendum. É o que devia ser encontrado.
1972. Quod ergo Deus coniunxit, homo non separet.
[Vulgata, Mateus 19.6; Marcos 10.9]. Não separe, pois, o
homem o que Deus juntou.
1973. Quod erit victori brabeum, aut quae victo poena?
[Erasmo, Colloquia 10]. Qual será o prêmio do vencedor e
qual a pena do vencido?
1974. Quod es, hoc es; nec maior dici vales quam Deo teste
sis. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 2.6.19]. És o
que és; e não se pode dizer que és maior do que és, segundo
o testemunho de Deus.
1975. Quod esse tacitum vis, id nulli dixeris. [PSa]. A
ninguém contarás o que queres que se mantenha secreto. ■ O
segredo melhor guardado é o que a ninguém é revelado.
VIDE: ● Quicquid vis esse tacitum, nulli dixeris.
1976. Quod est ante pedes, nemo spectat; caeli scrutantur
plagas. [Demócrito / Cícero, De Divinatione 2.30]. O que
está diante dos pés, ninguém olha; todos perscrutam as
regiões do céu. VIDE: ● Ad secreta poli curas extendere noli.
1977. Quod est in corde sobrii, est in lingua ebrii. [Apostólio,
Paroimiai 19.25]. O que está no coração do sóbrio está na
língua do ébrio. ■ O que está no pensamento do sóbrio, está
na língua do ébrio. ■ Quando o vinho desce, as palavras
sobem. VIDE: ● Ibi nullum sit arcanum, ubi regnet ebrietas.
● Quod in animo sobrii, id est in lingua ebrii. ● Quod in
corde sobrii, id est in lingua ebrii.
1978. Quod est inconveniens aut contra rationem non
permissum est in lege. [Jur / Black 1486]. O que é
inconveniente ou contra a razão não é permitido na lei.
1979. Quod est necessarium est licitum. [Jur / Black 1486]. O
que é necessário é lícito.
1980. Quod est nefas quaeris. [Schottus, Adagia 627]. O que
buscas é proibido.
1981. Quod est parergon, expedimus tamquam opus: opus
parergon rursus esse credimus. [Schottus, Adagia 623]. O
que é acessório apresentamos como principal: a seguir
acreditamos que o acessório é o principal.
1982. Quod est secundum naturam, iucundum est. O que é
segundo a natureza, é agradável.
1983. Quod est venturum, sapiens ut praesens cavet.
[Publílio Siro]. O homem prudente se precavê dos
acontecimentos futuros como se fossem atuais. ● Quod est
venturum, sapiens quasi praesens cavet.
1984. Quod est violentum, non est durabile. [DAPR 677]. O
que é violento, não é durável. ■ Tudo que é violento, não
dura muito tempo. ■ O que é intenso, dura pouco. VIDE: ● Nil
violentum perpetuum. ● Nullum violentum perpetuum.
1985. Quod evincitur, in bonis non est. [Digesta 50.17.190]. A
coisa evicta não faz parte do patrimônio.
1986. Quod exemplo fit, id etiam iure fieri putant. [Cícero,
Ad Familiares 4.3]. O que é acontece como precedente (os
homens) julgam que pode ser feito por ser justo.
1987. Quod expendi habui; quod donavi habeo. [Gesta
Romanorum / Maloux 139]. O que eu gastei, eu tive; o que
eu doei, eu tenho. ■ Fazer bem nunca se perde.
1988. Quod facere ausa mea est, non audet scribere, dextra.
[Ovídio, Heroides 12.117]. Minha mão não ousa escrever o
que ousou fazer.
1989. Quod facere instituis, nolli praedicare, nam, si facere
nequiveris, rideberis. [Diógenes Laércio / Schottus,
Adagialia Sacra 80]. O que decidires fazer, não anuncies,
pois, se não conseguires fazer, serás ridicularizado. VIDE:
● Quod facturus es, ne praedixeris; frustratus enim spe,
irrideberis.
1990. Quod facere turpe est, dicere ne honestum puta. [PSa].
Não julgues digno de dizer o que é indigno de fazer. ■ O que
não se pode fazer, não se deve dizer. ● Quod factu foedum
est, idem est et dictu turpe. [Rezende 5696]. O que é feio
de fazer, também é indigno de dizer. VIDE: ● Quae facere
turpe est, ea nec dicere honesta puto. ● Quae facere turpe
est, etiam dicere turpe est.
1991. Quod facis, fac citius. [Vulgata, João 13.27]. O que
fazes, faze mais depressa. ■ Para quem diz "já" e não
"depois", um dia vale dois. ● Quod facis, hoc cito fac. VIDE:
● Quod facturus es, facito citius. ● Quod vis facere, fac
cito. ● Quodcumque facere potest manus tua, instanter
operare.
1992. Quod factum est infectum fieri nequit. ■ O que está
feito não pode ser desfeito. ■ A flecha não torna depois de
lançada. ● Quod factum est, infectum fieri non potest.
[Erasmo, Adagia 2.3.72]. ● Quod factum est, infectum esse
non posse. [Descartes, Meditationes 6.15]. ● Quod factum
est, infectum reddi non potest. [Polydorus, Adagia].
● Quod factum est, infectum manere impossibile est.
[Spalding, Pequeno Dicionário 108]. VIDE: ● Facta infecta
fieri nequeunt. ● Factum fieri nequit infectum. ● Factum
fieri infectum non potest. ● Factum est illud, fieri
infectum non potest. ● Non potest exacta revocari. ● Quae
facta sunt, infecta fieri non possunt. ● Quod semel est
factum, fieri infectum haud queat unquam.
1993. Quod facturus eris, dicere distuleris. [Ausônio, Septem
Sapientum Sententiae, Thales Milesius]. Antes de agir, não
tenhas pressa de falar.
1994. Quod facturus es, facito citius. O que vais fazer, faze
logo. ■ Para quem diz "já" e não "depois", um dia vale dois.
VIDE: ● Quod facis, fac citius. ● Quod vis facere, fac cito.
● Quodcumque facere potest manus tua, instanter
operare.
1995. Quod facturus es, ne praedixeris; frustratus enim spe,
irrideberis. [Tales de Mileto / Rezende 5697]. , Não
anuncies o que vais fazer, pois, se não conseguires fazer,
serás ridicularizado. ● Quod facturus es ne predica, ne
deficiens irrideberis. VIDE: ● Quod facere instituis, nolli
praedicare, nam, si facere nequiveris, rideberis.
1996. Quod famam obtinuit non est omnino falsum. O que
chegou a obter fama não é totalmente falso. ■ Onde há fumo,
há fogo. ■ Quando o povo diz, ou é, ou está para ser. VIDE:
● Fama non temere spargitur. ● Quod enim ab omnibus
communiter dicitur, impossibile est totaliter falsum.
● Rumor publicus non omnino frustra est. ● Verum dicere
Fama solet. ● Vulgus opinatur quod postmodum
verificatur.
1997. Quod faustum, felix, fortunatumque sit. [Rezende
5698]. Que seja ditoso, feliz e afortunado. (=Fórmula augural
usada pelos romanos). VIDE: ● Quod bonum, faustum, felix
fortunatumque sit.
1998. Quod feminae iurant aquae inscribo lubens. [Schottus,
Adagia 609]. O que as mulheres juram, com prazer escrevo
na água.
1999. Quod fieri debet facile praesumitur. [Jur / Black 1487].
O que deve acontecer, facilmente se presume.
2000. Quod fieri non debuit, factum valet. [Jur / Black 1487].
O que não deveria acontecer, quando acontece, tem força.
● Quod fieri non debet, factum valet. [Broom 147]. O que
não se é obrigado a fazer, quando é feito, tem força.
2001. Quod fieri non potest, nec incipiendum quidem est.
[Grynaeus 750]. O que não pode ser feito, nem se deve
começar. VIDE: ● Quae efficere nequeas, nec vel ordiri
decet. ● Quod effectum dare nequeas, tentandum non
esse.
2002. Quod fieri potest per pauca, non fieri debet per plura.
[Regra da Homeopatia / Spalding, Pequeno Dicionário 108].
O que pode ser feito por pouco, não deve ser feito por muito.
● Quod fieri potest per pauca, non debet fieri per multa.
2003. Quod finxere, timent. [Montaigne, Éssais 2.12.2]. Têm
medo do que inventaram. VIDE: ● Quae finxere, timent.
2004. Quod fore paratum est, id summum exsuperat Iovem.
[Homero / Cícero, De Divinatione 2.25]. O que está decidido
que será, isso ultrapassa o poder do grande Júpiter. ■ O que
há de ser, azos há de ter.
2005. Quod fors feret, feremus aequo animo. [Terêncio,
Phormio 138]. O que a sorte me trouxer, suportarei com
serenidade.
2006. Quod fugere credas, saepe solet occurrere. [Publílio
Siro]. Muitas vezes acontece esbarrar com aquilo que se
pensa estar fugindo.
2007. Quod fugimus prodest, et quod amamus obest.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 47.10]. Fugimos do
que é útil e amamos o que prejudica.
2008. Quod fugit ex oculis, mentis ab arce fugit. O que foge
dos olhos, foge da proteção do espírito. ■ A mortos e idos,
poucos amigos. ■ Longe dos olhos, longe do coração.
2009. Quod fuimus lauda, si iam damnas quod sumus.
[Fedro, Fabulae 5.10.9]. Louva o que fui, se já condenas o
que sou.
2010. Quod gaudium quo maerore mutatum est! [Plínio
Moço, Epistulae 5.16.6]. Em que tristeza se transformou
tanta alegria!
2011. Quod genus hoc hominum? [Virgílio, Eneida 1.539].
Que raça de homens é essa?
2012. Quod gratis asseritur, gratis negatur. [Rezende 5700].
O que se afirma sem prova, nega-se sem prova.
2013. Quod habeo, tibi do. [Inscrição das medalhas do Papa
Inocêncio XI / Rezende 5701]. Dou-te o que possuo.
2014. Quod hic dies tibi suadet, quo expertus es quam
caduca felicitas esset. [Quinto Cúrcio, Historiae 8.14].
(Faze) o que te ensina este dia, em que aprendente quão
frágil é o sucesso.
2015. Quod hodie non est, cras erit. O que hoje não é, amanhã
será. ■ O que não se faz no dia de Santa Luzia, faz-se no
outro dia. ■ O que não traz o mês, traz o ano. ● Quod hodie
non est, cras erit: sic vita truditur. [Petrônio, Satiricon
45.1]. O que hoje não é, amanhã será: assim é que a vida
avança.
2016. Quod homo amicus tibi dat, potius dat mutuum quam
donum, quia redditionem exspectat. [Helvetius Teotonicus,
De Dilectione Dei et Proximi 11]. O que o homem teu amigo
te dá é mais um empréstimo que uma dádiva, pois espera
retribuição.
2017. Quod ignis est auro, hoc est animis tribulatio, sordem
abstergens, faciens mundos, claros reddens et splendidos.
[S.João Crisóstomo]. O que o fogo é para o ouro, é o
sofrimento para as almas, tirando-lhes a imundície, tornando-
as limpas, fazendo-as claras e brilhantes.
2018. Quod ignorare asseritis iam pervenit ad tabernarios et
tonsores. [Boncompagno, Breviloquium 5.18]. O que
afirmais desconhecer já chegou aos taberneiros e barbeiros.
■ Sabem-no cães e gatos.
2019. Quod improbis eripitur, donatur probis. [Publílio
Siro]. O que se tira aos desonestos, dá-se às pessoas de bem.
● Quod improbis donatur, eripitur probis. O que se dá aos
desonestos, tira-se das pessoas de bem. VIDE: ● Quidquid
probis eripitur, improbis datur.
2020. Quod in animo sobrii, id est in lingua ebrii. [Erasmo,
Adagia 2.1.55]. ■ O que está no pensamento do sóbrio, está
na língua do ébrio. ● Quod in corde sobrii, id in lingua
ebrii. [Manúcio, Adagia 290]. ● Quod in corde sobrii, id in
ore est ebrii. [Schottus, Adagia 303]. ● Quod in corde
sobrii, id in ore ebrii. VIDE: ● Ibi nullum sit arcanum, ubi
regnet ebrietas. ● Quod est in corde sobrii, est in lingua
ebrii. ● Subsidente vino, supernatant verba.
2021. Quod in corde, hoc est in ore. [Stevenson 1106]. O que
está no coração, está na boca. ■ A boca diz quanto lhe manda
o coração.
2022. Quod in facto reicitur, etiam in dicto non est
recipiendum. [Tertuliano, De Spectaculis 17.7]. O que é
rejeitado na ação, não deve ser aceito na palavra. ■ O que não
se pode fazer, não se deve dizer.
2023. Quod in iuventute non discitur, in matura aetate
nescitur. [Cassiodoro, Variae 1.24]. O que não se aprende na
juventude, não se sabe na maturidade.
2024. Quod indebitum per errorem solvitur, aut ipsum aut
tantumdem repetitur. [Digesta 12.6.7]. O indébito que se
paga por erro, deve ser reclamado, ou por ele mesmo ou por
coisa do mesmo valor.
2025. Quod index auro, id aurum homini. [Erasmo, Adagia
2.4.51]. O que a pedra-de-toque é para o ouro, o ouro é para
o homem. ■ A pedra-de-toque faz conhecer a qualidade do
ouro, e o ouro, o caráter do homem. VIDE: ● Quod Lydius
lapis est auro, hoc aurum est homini.
2026. Quod infirmum fuit non consolidastis, et quod
aegrotum non sanastis, quod confractum est non
alligastis, et quod abiectum est non reduxistis, et quod
perierat non quaesistis. [Vulgata, Ezequiel 34.4]. Vós não
fortalecestes as ovelhas débeis, não curastes as enfermas, não
ligastes os membros às que tinham algum quebrado, não
fizestes voltar as desgarradas, nem buscastes as que se
tinham perdido.
2027. Quod initio vitiosum est, non potest tractu temporis
convalescere. [Paulo, Digesta 50.17.29]. O que no princípio
é vicioso, não pode ganhar força com o decurso do tempo.
● Quod initio non valet, tractu temporis non valet. [Black
1487]. VIDE: ● Quod ab initio nullum est, non potest lapsu
temporis convalescere. ● Quod ab initio non valet, in
tractu temporis non convalescit.
2028. Quod instat agamus. Façamos o que está à mão.
2029. Quod invenisse pigeat, ne quaeras. Não procures o que
seria desagradável encontrar.
2030. Quod Iovi, hoc regi licet. [Sêneca, Hercules Furens 489].
O que é permitido a Júpiter é permitido ao rei.
2031. Quod iuras, aures non penetrat deum. [Grynaeus 249].
Os teus juramentos não penetram nos ouvidos dos deuses.
■ Jurarás, jurarás, e não serás crido.
2032. Quod iussu alterius solvitur pro eo est quasi ipsi
solutum esset. [Digesta 50.17.180]. O que é pago por ordem
de outro é como se tivesse sido pago a ele.
2033. Quod iustum est petito, vel quod videatur honestum,
nam stultum est petere id quod possit iuste negari.
[Dionísio Catão, Disticha 1.31]. Pede o que é justo, ou o que
se considera honesto, pois é tolice pedir o que se pode com
justiça negar. ■ O discreto só pede o que a razão já de antes
lhe concede: é necedade cega pedir o que a justiça clara
nega. VIDE: ● Stultum est petere id quod possit iuste negari.
2034. Quod iuvenis assuescit, senex dimittere nescit. [DAPR
198]. Daquilo a que o jovem se acostuma, não pode livrar-se
o velho. ■ O que se aprende no berço sempre dura. ■ Quem
más manhas há tarde ou nunca as perderá. VIDE: ● Quod
puer assuescit, leviter dimittere nescit.
2035. Quod laboriosius acquiritur, magis diligitur.
[Aristóteles, Ethica]. Tem-se mais amor ao que se conseguiu
com mais trabalho. ■ O que mais custa melhor sabe.
2036. Quod latet ignotum est; ignoti nulla cupido. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.397]. O que está escondido é desconhecido;
não se deseja o que não se conhece. ■ Não se deseja o que o
olhar não veja. VIDE: ● Ignoti nulla cupido. ● Nihil volitum
quin praecognitum. ● Nihil volitum, nisi cognitum. ● Nihil
volitum, nisi praecognitum. ● Nihil volitum quod non
cognitum. ● Quae ignoramus, spernuntur. ● Volitum nihil,
nisi cognitum.
2037. Quod lege non cavetur, in practica non habetur. [Jur].
O que não é protegido pela lei, na prática não existe.
2038. Quod legeris, intellege et memento. [Rezende 5712]. O
que leres, entende e lembra. ■ Ler sem entender é olhar e não
ver. VIDE: ● Quae legeris, memento.
2039. Quod legitime factum est, nullam poenam meretur.
[Codex Iustiniani 9.9]. O que foi feito legalmente, não
merece punição.
2040. Quod libet. O que agrada. O que se quer.
2041. Quod libet non omne licet, nec quod licet statim
expediet. Nem tudo de que se gosta é permitido, nem o que é
permitido é sempre conveniente.
2042. Quod licet, ingratum est; quod non licet, acrius urit.
[Ovídio, Amores 2.19.3]. O que é permitido desagrada; o que
não é permitido excita. ■ O proibido aguça o dente. VIDE:
● Aquae furtivae dulciores sunt. ● Illicita amantur;
excidit, quidquid licet. ● Nitimur in vetitum semper,
cupimusque negata. ● Omnium rerum cupido languescit,
cum facilis occasio est.
2043. Quod licet Iovi, non licet bovi. [Binder, Thesaurus
2882]. O que é permitido a Júpiter não é permitido ao boi.
■ Nem tudo é para todos. ■ Quem pode, pode. VIDE: ● Aliis
alia licentia. ● Aliis si licet, tibi non licet. ● Cuiuslibet non
est Corinthum appellere. ● Non cuilibet Corintho fas esse
adnavigare. ● Non cuivis homini contingit adire
Corinthum. ● Non est Corinthum fas cuique appellere.
● Non est cuiuslibet Corinthum appellere. ● Non est
datum cuivis Corinthum appellere. ● Non licet omnibus
adire Corinthum. ● Non omnium est virorum ad
Corinthum navigatio.
2044. Quod Lydius lapis est auro, hoc aurum est homini.
[Quílon / Bernardes, Nova Floresta 4.139]. O que a pedra-de-
toque é para o ouro, o ouro é para o homem. ■ A pedra-de-
toque faz conhecer a qualidade do ouro, e o ouro, o caráter
do homem. VIDE: ● Quod index auro, id aurum homini.
2045. Quod male coeptum est, ne pudeat mutasse. Não te
envergonhes de ter mudado o que começou mal. ■ Melhor é
mudar conselho que perseverar no erro. VIDE: ● Praestat
mutare consilium in melius, quam in male institutis
pergere.
2046. Quod male fers, assuesce: feres bene. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.647]. Acostuma-te ao que toleras mal: assim
suportarás melhor.
2047. Quod male lucratur, male perditur et nihilatur.
[Stevenson 926]. O que se mal ganha, mal se perde, e se
reduz a nada. ■ O mal ganhado, leva-o o diabo. ■ O que mal
se adquire mal se perde. ■ Bens mal adquiridos não se
logram. ● Quod male quaesitum est, peius abire solet.
[Binder, Thesaurus 2883]. O que foi mal ganho geralmente
pior se perde. VIDE: ● Daemonium repetit quidquid procedit
ab ipso. ● Male parta male dilabuntur. ● Male partum
male disperit. ● Male quaesitum male consumetur. ● Non
habet eventus sordida praeda bonos. ● Res male partae
non sunt diuturnae. ● Res male quaesita saepe recedit ita.
● Res quasi bruma fluit, quae male parta fuit.
2048. Quod medicamenta morbis exhibent, hoc iura negotiis.
[Rabelais, Le Tiers Livre 40 / Spalding 109]. O mesmo que
representam os remédios para as doenças, representam as leis
para as disputas.
2049. Quod medicorum est, promittunt medici; tractant
fabrilia fabri. [Horácio, Epistulae 2.1.115]. O que diz
respeito aos médicos, só os médicos tratam; de ferragens
cuidam os ferreiros. ■ Cada macaco em seu galho. VIDE:
● Fabri tractant fabrilia. ● Tractant fabrilia fabri.
● Tractent fabrilia fabri.
2050. Quod merito pateris, patienter ferre memento.
[Dionísio Catão, Disticha 3.17]. O que sofres
merecidamente, trata de suportar com paciência. ■ Sofre,
viverás.
2051. Quod metuit, auget, qui scelus scelere obruit. [Sêneca,
Agamemnon 151]. Aumenta seus temores quem esconde um
crime por meio de outro. ● Quod metuis cumulas, si velas
crimine crimen. [Dionísio Catão, Monosticha, Appendix
46]. Aumentas o que temes, se escondes um crime por meio
de outro.
2052. Quod meum est, sine facto meo vel defectu meo amitti,
vel in alium transferri, non potest. [Jur / Broom 359]. O
que é meu não pode ser tirado de mim sem ato meu ou sem
desistência minha, nem transferido.
2053. Quod mihi prodest, possum in re mea facere, quamvis
alteri nocet. [Jur / Rezende 5715]. O que a mim aproveita,
posso fazê-lo no que é meu, ainda que prejudique a outrem.
2054. Quod mirabile est, delectabile est. [Aristóteles,
Retórica]. O que é admirável é agradável.
2055. Quod monuit speculum, hoc suppressit lingua senatus.
[Rezende 5716]. O que o espelho te disse, isso o conselho
escondeu. ■ O que te disser o espelho, não te dirão em
conselho.
2056. Quod morum inficit unum, aliud morum eluit inde.
[Rezende 5717]. O que uma amora suja, outra amora limpa.
■ Uma amora tinge, outra destinge. ● Água dá, água o leva.
VIDE: ● Morus moro purgatur.
2057. Quod movetur, ab alio movetur. [S.Tomás de Aquino,
Summa Theologiae, Quaestio 2]. O que se move, move-se
por ação de outrem.
2058. Quod multorum commune est, minima adhibetur
diligentia. [Aristóteles / Pereira 116]. Ao que é comum a
muitos, dedica-se pouco cuidado. ■ Panela de muitos, mal
cozida e bem comida. ■ Panela que muitos mexem, ou sai
insossa ou salgada.
2059. Quod multum est, nunquam satis; quod satis,
nunquam parum. O que é muito, nunca basta; o que basta,
nunca é pouco.
2060. Quod munus reipublicae magis meliusve afferre
possumus quam si docemus, atque erudimus iuventutem?
[Rezende 5718]. Que maior e melhor serviço podemos
prestar ao país do que ensinar e educar a juventude?
2061. Quod mutari non potest, id tacite fere ferendum est.
[Pontanus / Stevenson 684]. O que não pode ser modificado,
deve ser suportado tacitamente. ■ O que não pode al ser,
deve-se sofrer.
2062. Quod natum est, poterit mori. [Sêneca, Hercules Oetaus
1099]. O que nasceu poderá morrer.
2063. Quod natura dat, nemo negare potest. [Rezende 5720].
O que a natureza dá, ninguém pode recusar. ■ Cada qual
conforme seu natural. ■ O que o berço dá, só o túmulo tira.
■ O que está na massa do sangue não se pode negar.
2064. Quod natura dedit, tollere nemo potest. [Signoriello
301]. O que a natureza deu, ninguém pode tirar. ■ Gênio e
figura, até a sepultura. VIDE: ● Nemo potest tollere quod
natura dedit.
2065. Quod natura negat, caelestis gratia donat. O que a
natureza nos nega, a graça do céu nos dá.
2066. Quod natura negat, labor praebet. [Grynaeus 370].■ O
trabalho dá o que a natureza nega. ● Quod natura negat,
industria et labor saepe praebet. [Grynaeus 370]. A
dedicação e o trabalho muitas vezes proporcionam o que a
natureza nega.
2067. Quod natura negat, nemo feliciter audet. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 17.15]. O que a natureza nega,
ninguém, ao tentar, terá sucesso.
2068. Quod natura negat, reddere nemo potest. [Cornélio
Galo, Elegiae 1.54]. O que a natureza nega, ninguém pode
oferecer.
2069. Quod natura non dat Salmantica non praestat. O que a
natureza não dá (a Universidade de) Salamanca não concede.
■ Asno que a Roma vá, de lá asno voltará. ■ Tolo vai a
Santarém, tolo vai, tolo vem. VIDE: ● Ignarus rediit Romam
deductus asellus. ● Lutetiam si quis asinum mittat, equum
non redire. ● Qui stultus exiit, stultus revertetur.
2070. Quod naturae minimum, quod avaritiae nihil satis est.
[Boécio, De Consolatione Philosophiae, 3. Prosa 3.19]. Para
a natureza o mínimo é bastante, para a ambição nada é
suficiente.
2071. Quod naturae satis est, homini non est. [Sêneca,
Epistulae Morales 119.7]. O que basta para a natureza, para o
homem não basta.
2072. Quod necessitas cogit, defendit. [Black 1487]. A
necessidade justifica aquilo que impõe. ■ A necessidade não
tem lei.
2073. Quod neque vis neque ira consequitur, constanti
labore perficitur atque mora. O trabalho constante e o
tempo realizam o que não conseguem nem a força nem a
violência.
2074. Quod nescias, damnare summa est temeritas. [PSa]. É
uma grande temeridade condenar o que não se conhece.
2075. Quod nimis miseri volunt, hoc facile credunt. [Sêneca,
Hercules Furens 313]. Os infelizes acreditam facilmente
naquilo que desejam ardentemente.
2076. Quod nimium est fugito, parvo gaudere memento: tuta
magis est puppis modico quae flumine fertur. [Dionísio
Catão, Disticha 2.6]. Foge ao excesso, trata de satisfazer-te
com o pequeno: mais seguro é o barco que vai por um rio
pequeno. VIDE: ● Tuta mage est puppis modico quae
flumine fertur.
2077. Quod nimium est, laedit. [Pereira 93]. O que é de mais
prejudica. ■ Tudo que é de mais, aborrece. ■ A cera sobeja
queima a igreja. ● Quod nimium est, ubique vitiosum est.
O que é de mais em toda parte é mau.
2078. Quod nimium placuit, malum est. [Ovídio, Amores
2.5]. É mau o que agradou demais.
2079. Quod nocet, docet. ■ O que prejudica ensina. ■ O que
arde cura, o que aperta segura. ● Quod nocet, saepe docet.
Muitas vezes, o que prejudica ensina. VIDE: ● Nocumentum,
documentum. ● Nocumenta, documenta. ● Quae nocent,
docent.
2080. Quod nocet interdum, si prodest, ferre memento:
dulcis enim labor est, cum fructu ferre laborem. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 52]. Trata de suportar o que
por um momento te faz mal, se vai trazer benefício: é doce a
dor de suportar o sofrimento que traz proveito.
2081. Quod non apparet non est. [Broom 132]. O que não se
vê, não existe. VIDE: ● De non apparentibus, et non
existentibus, eadem est ratio. ● Idem est non esse et non
apparere.
2082. Quod non capit Christus, rapit fiscus. [Alciato,
Emblemata 148]. O que Cristo não pega, leva o fisco. ■ O
que perde Cristo, ganha o fisco. VIDE: ● Quod Christus
perdit, fiscus habebit.
2083. Quod non dedit Fortuna, non eripit. [Sêneca, Epistulae
Morales 59.18]. O que a sorte não deu, ela também não tira.
● Quod non dedit Fortuna, non eripuit. O que a sorte não
deu, ela não tirou.
2084. Quod non es, simula. [Ovídio, Remedium Amoris 496].
Finge o que não és.
2085. Quod non est calidum, non calefacit. [S.Tomás de
Aquino, Summa Theologiae , Quaestio 75]. O que não é
quente, não transmite calor.
2086. Quod non est in actis, non est in mundo. [Maloux 107].
O que não está nos documentos, não existe no mundo. ■ O
preto no branco fala como gente. ● Quod non est in libris,
non est in mundo. O que não está nos livros não está no
mundo.
2087. Quod non est licitum lege, necessitas facit licitum.
[Jur]. A necessidade torna lícito o que pela lei não é lícito.
2088. Quod non exspectes, ex transverso fit. [Petrônio,
Satiricon 55.3]. O que não esperas acontece de repente.
2089. Quod non habet principium non habet finem. [Broom
146]. O que não tem começo não tem fim.
2090. Quod non legitur, non creditur. [Coke / Black 1487].
Não se confia no que não se lê. ■ A escritura é a vida das
palavras. ■ O preto no branco fala como gente. ■ Palavras,
levam-nas os ventos. VIDE: ● Littera scripta manet, verbum
at inane perit. ● Litterae scriptae manent. ● Sit verbum
vox viva licet, vox mortua scriptum, scripta diu vivunt,
non ita verba diu. ● Verba volant, scripta manent. ● Verba
sicut ventus volant, scripta sicut monumenta manent.
● Vox audita perit, littera scripta manet. ● Vox emissa
volat, littera scripta manet.
2091. Quod non longa mora dare solet, dat brevis hora. O
que uma longa espera não costuma dar, dá um breve hora.
■ O que não acontece num ano acontece num minuto. VIDE:
● Accidit in puncto quod non contingit in anno. ● Quod
praestare mora nequit annua, dat brevis hora.
2092. Quod non minus absurde sit quam si quis de calceo
magnopere sollicitus pedem ipsum neglegat, aut summo
studio curet ne quid vitii sit in veste, de corporis
valetudine securus. Isso não seria menos absurdo que se
alguém extremamente preocupado com o sapato descuidasse
do próprio pé, ou se com a máxima atenção cuidade de não
haver nenhum defeito na roupa, sem preocupar-se com a
saúde do corpo. VIDE: ● De calceo sollicitus, et pedem nihil
curans.
2093. Quod non opus est, asse carum est. [Marcos Catão /
Sêneca, Epistulae Morales 94.28]. O que não é necessário,
por um centavo é caro. VIDE: ● Quanti quanti bene emitur
quod necesse est.
2094. Quod non potest diabolus, mulier evincit. [DAPR 467].
■ O que o diabo não pode, consegue-o a mulher. ■ O que a
mulher quer, nem o diabo dá jeito.
2095. Quod non potest vult posse, qui nimium potest.
[Sêneca, Hippolytus 215]. Quem pode demais quer poder o
que não pode. ■ Quem muito pode muito deseja.
2096. Quod non queo mutare, fero aequo animo. Suporto
com tranqüilidade aquilo que não posso mudar. ■ O que não
pode al ser deves sofrer. VIDE: ● Aequo animo excipe
necessaria.
2097. Quod non rite factum est, pro infecto habetur. [Jur]. O
que se faz sem as formalidades legais, considera-se
inexistente. VIDE: ● Si non rite factum est, inofficiosum
testamentum est.
2098. Quod non satis est, non multum est. [Grynaeus 755]. O
que não basta, não é muito.
2099. Quod non vetat lex, hoc vetat fieri pudor. [Sêneca,
Troades 335]. O que a lei não proíbe, a honra impede que se
faça. ■ Nem sempre o que é legal é moral.
2100. Quod non videt oculus, cor non dolet. [S.Bernardo,
Sermo 5]. ■ O que os olhos não vêem, o coração não sofre.
■ Mal que se ignora, coração que não chora. VIDE: ● Quae
non videt oculus, cor non dolet. ● Quod oculus non videt,
cor non desiderat.
2101. Quod non noris, non ames. Não ames o que não
conheceres.
2102. Quod nostrum est, sine facto nostro alterius fieri non
potest. [Jur]. O que é meu, sem ato meu não pode tornar-se
de outrem. VIDE: ● Id quod nostrum est sine facto nostro ad
alium transferri non potest.
2103. Quod nova testa capit, inveterata sapit. [DAPR 73]. A
ânfora velha sabe o que carregou a ânfora nova. ■ O que se
aprende no berço, sempre dura. ■ O que o berço dá só o
túmulo tira. VIDE: ● A teneris consuescere, multum est.
● Cui puer assuescit, maior dimittere nescit. ● Demere
nemo potest vasi cuicumque saporem primum sive
bonum teneat sive deteriorem. ● Quo semel imbuta est
recens, servabit odorem testa diu. ● Sapiunt vasa,
quicquid primum acceperunt. ● Sapor quo nova imbuas
vasa, durat.
2104. Quod noveris, aut videris, non statim dic. [Sólon /
Rezende 5732]. O que souberes ou vires, não o digas logo.
2105. Quod nullius est, est domini regis. [Broom 278]. O que
não é de ninguém, pertence ao senhor rei.
2106. Quod nullius est, primo occupanti cedit. [Jur]. O que
não é de ninguém vai para o primeiro ocupante. VIDE: ● Quod
enim nullius est, id naturale ratione occupanti conceditur.
● Res nullius est primi occupantis. ● Res nullius
naturaliter fit primi occupantis.
2107. Quod nullum est, nullum producit effectum. [Jur /
Black 1488]. O que é nulo não produz nenhum efeito.
● Quod nullum est, nullum parit effectum.
2108. Quod nunc es fueram, famosus in orbe, viator, et quod
nunc ego sum, tuque futurus eris. [Do epitáfio de Alcuíno].
Ó viandante, o que tu és agora, eu fui, famoso no mundo, e o
que sou agora, tu também vais ser.
2109. Quod nunc quisque bene facit, hoc debet reperire.
[DAPR 108]. O bem que alguém faz agora, deve encontrar.
■ Bem fazer nunca se perde; quem mal faz por mal espere.
2110. Quod nunc ratio est, impetus ante fuit. [Ovídio,
Remedium Amoris 10]. O que agora é razão, antes foi
impulso.
2111. Quod oculus non videt, cor non desiderat. [DAPR
664]. ■ O que o olho não veja, o coração não deseja. ● Quod
oculus non videt, cor non dolet. ■ O que os olhos não vêem,
o coração não sofre. VIDE: ● Quae non videt oculus, cor non
dolet. ● Quod non videt oculus, cor non dolet.
2112. Quod oculus non vidit, nec auris audivit. [Vulgata,
1Coríntios 2.9]. Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu.
2113. Quod odi malum, illud facio. [Vulgata, Romanos 7.15].
O mal que aborreço, esse é que faço.
2114. Quod omnes similiter tangit, ab omnibus
comprobetur. [Codex Iustiniani 5.59.5]. O que toca
igualmente a todos, seja aprovado por todos. ● Quod omnes
tangit, debet ab omnibus approbari. O que toca a todos,
deve ser aprovado por todos. VIDE: ● Quod enim omnes
tangit, ab omnibus debet approbari.
2115. Quod omnes tangit, ab omnibus debet supportari. [Jur
/ Black 1488]. O que toca a todos, por todos deve ser
suportado.
2116. Quod optimum inter homines est, libertas est. A
liberdade é o que há de melhor entre os homens.
2117. Quod parat exitium ipse subit. [Pereira 108]. Ele
mesmo sofre o mal que prepara. ■ Caiu na rede que armou.
2118. Quod parcus quaeres, effundit prodigus heres. [DAPR
554]. O que o econômico junta, desperdiça o herdeiro
pródigo. ■ Pai guardador, filho gastador. ■ Depois de um
bom poupador, um bom gastador.
2119. Quod parum novit, nemo docere potest. [Ovídio,
Tristia 2.1.348]. Ninguém pode ensinar o que pouco conhece.
■ Quem não sabe não ponha escola.
2120. Quod peccant sontes, insontes saepe luerunt. [Pereira
116]. Muitas vezes os inocentes pagaram pelos erros
cometidos pelos culpados. ■ Paga o justo pelo pecador.
● Quod peccant sontes, insontes saepe tulerunt. VIDE:
● Alius peccat, alius plectitur. ● Canis peccatum sus
dependit. ● Faber cadit cum ferias fullonem. ● Fabrum
caedere cum ferias fullonem. ● Innocentes pro nocentibus
poenas pendunt. ● Ob textoris peccatum coquus
vapulavit. ● Quicquid coquus peccaverit, tibicen accipere
solet plagas. ● Quod sus peccavit, succula saepe luit.
● Tibicen vapulat, coquo peccante.
2121. Quod per me non possum, nec per alium. [Jur / Coke /
Black 1488]. O que não posso fazer pessoalmente, também
não posso fazer através de outro.
2122. Quod per se rectum et utile est, non indiget
probatione. Não precisa de comprovação aquilo que por si é
honesto e útil.
2123. Quod perditissimus quisque per diem concupiverit,
per tenebras audet. [Tácito, Annales 14.20]. O que o
indivíduo depravado desejou ardentemente durante o dia,
ousará fazer nas trevas.
2124. Quod periit, periit. [Plauto, Cistellaria 703; Grynaeus
167]. O que está perdido, está perdido. ■ Ao perdido, perder-
lhe o sentido.
2125. Quod periit, quaeri pote, reprendi non potest. [Publílio
Siro]. O que está perdido, pode ser procurado, mas nunca
encontrado.
2126. Quod persuaseris, erit diuturnum; quod cöegeris, erit
in occasione. [DM 110]. O que conseguires por
convencimento, será permanente; o que conseguires por
coação, será temporário.
2127. Quod petiit, spernit. [Horácio, Epistulae 1.98].
Desdenha o que desejava.
2128. Quod petis, alter habet. [Ovídio, Heroides 17.110]. O
que desejas, outro o tem.
2129. Quod peto da, Cai: non peto consilium. [Marcial,
Epigrammata 2.30.6]. Dá-me o que estou pedindo, Caio: não
estou pedindo conselho. ■ Dá-me dinheiro, não me dês
conselhos. VIDE: ● Auxilium peto, non consilium.
2130. Quod placuit principi legis habuit vigorem. [Stevenson
1299]. O que agradou ao príncipe adquiriu força de lei. ■ A
vontade do rei tem força de lei. ■ Vontade de rei não conhece
a lei. VIDE: ● Quicquid regi placuerit, quamvis ratione
careat, legis habet vigorem. ● Quo volunt reges, vadunt
leges. ● Quo voluntas regis vadunt leges. ● Quod principi
placuit, legis habet vigorem. ● Quod principi placuit, legis
habet rationem. ● Regis voluntas suprema lex esto. ● Ut
volunt reges, ita valent leges. ● Voluntas principis
suprema lex est.
2131. Quod plerumque accidit. É o que geralmente acontece.
● Quod plerumque fit. VIDE: ● Ut plerumque fit.
2132. Quod potes, id tenta. [Dionísio Catão, Disticha 3.14].
Tenta somente o que tens possibilidade de alcançar.
2133. Quod potest fieri paucioribus, non debet fieri
pluribus. [Eiselein 502]. O que pode ser feito com pouco,
não deve ser feito com muito.
2134. Quod potius est, antiquius esse. [Tosi 1324]. O melhor é
o mais velho.
2135. Quod potui, nolui; quod volui, adimplere nequivi.
[Rezende 5740]. O que pude, não quis; o que eu quis, não
consegui realizar.
2136. Quod potui, perfeci. [Divisa]. Fiz o que pude.
2137. Quod praestare mora nequit annua, dat brevis hora.
[Walther 2594 / Tosi 582]. O que não pode conceder o
espaço de um ano, dá uma breve hora. ■ O que não acontece
num ano acontece num minuto. VIDE: ● Accidit in puncto
quod non contingit in anno. ● Accidit uno puncto quod
non speratur in anno. ● Quod donare mora nequit annua,
dat brevis hora. ● Quod non longa mora dare solet, dat
brevis hora. ● Saepe dat una dies quod non evenit in anno.
● Saepe dat una dies quod totus denegat annus. ● Solet
hora, quod multi anni abstulerunt, reddere.
2138. Quod praeteriit, certum est, futurum vero obscurum.
[Tales de Mileto / Rezende 5741]. O que passou é certo; o
que vai acontecer é desconhecido. ■ O futuro a Deus
pertence.
2139. Quod praeteriit, levius est. [Grynaeus 293; 496]. O que
passou é mais suave.
2140. Quod primum est intentione ultimum est in
operatione. [Black 1488]. O que é o primeiro em intenção é
o último em operação. VIDE: ● Primum in intentione est
ultimum in executione. ● Sapiens incipit a fine, et quod
primum est in intentione, ultimum est in executione.
2141. Quod principi placuit, legis habet vigorem. [Ulpiano,
Digesta 1.4.1; Institutiones Iustiniani 1.2]. O que agradou ao
príncipe tem força de lei. ■ A vontade do rei tem força de lei.
■ Vontade de rei não conhece a lei. ● Quod principi placuit,
legis habet rationem. VIDE: ● Quicquid regi placuerit,
quamvis ratione careat, legis habet vigorem. ● Quo volunt
reges, vadunt leges. ● Quo voluntas regis vadunt leges.
● Quod placuit principi legis habuit vigorem. ● Regis
voluntas suprema lex esto. ● Ut volunt reges, ita valent
leges. ● Voluntas principis suprema lex est.
2142. Quod prius ordine verbum est, posterius facias,
praeponens ultima primis. [Horácio, Sermones 1.4.58]. A
palavra que, pela ordem, vem antes, colocas depois,
antepondo as últimas às primeiras. VIDE: ● Ultima primis
praeponere.
2143. Quod procedere non potest, recedit. O que não pode
avançar, recua. ■ Quem não avança recua. VIDE:
● Naturaliter, quod procedere non potest, recedit. ● Non
progredi regredi est. ● Non progredi regredi est, et nolle
proficere deficere est. ● Qui non proficit, deficit.
2144. Quod prudentis opus? Cum possis, nolle nocere. Quid
stulti proprium? Non posse et velle nocere. [Ausônio,
Septem Sapientum Sententiae, Bias]. Qual é a característica
do sábio? Poder e não querer fazer mal. E do tolo? Não poder
e querer fazer mal. ■ Este é do néscio o selo: não poder fazer
mal e querer fazê-lo.
2145. Quod pudet debere, ne acceperis. [Sêneca, De
Beneficiis 2.23.2]. Não aceitarás favor que te cause vergonha
dever.
2146. Quod pudet facilius fertur, quam quod piget. [Plauto,
Pseudolus 274]. O que envergonha suporta-se com mais
facilidade do que o que aflige. ■ Melhor é vergonha na cara
que mágoa no coração.
2147. Quod pudet socium, prudens celare memento.
[Stevenson 896]. O que causa vergonha ao amigo, como
ajuizado que és, cuida de esconder.
2148. Quod puer assuescit, leviter dimittere nescit.
[Stevenson 1379]. O menino não desaprende facilmente
aquilo a que se acostuma. ■ O que se aprende no berço
sempre dura. ■ Quem más manhas há tarde ou nunca as
perderá. VIDE: ● Cui puer assuescit, maior dimittere nescit.
● Quod iuvenis suescit, senex dimittere nescit.
2149. Quod puer non didiceris, seni tibi discendum erit. O
que não tiveres aprendido quando menino, deverá ser
aprendido por ti, quando fores velho.
2150. Quod pulcherrimum, idem tutissimum. [Tito Lívio, Ab
Urbe Condita 34.14]. O que é mais honroso, é também mais
seguro.
2151. Quod pulchrum, amicum. [Platão / Grynaeus 254]. O
que é belo é agradável. ● Quod pulchrum, idem amicum.
[Manúcio, Adagia 1153]. ● Quod pulchrum est, placet.
[Grynaeus 256]. O que é bonito agrada. ● Quod pulchrum
est gratum esse. [Apostólio, Paroimiai 19.3].
2152. Quod quidem perquam durum est, sed ita lex scripta
est. [Digesta 40.9.12.1]. Isso, na verdade, é extremamente
duro, mas assim está escrita a lei. VIDE: ● Dura lex, sed lex.
● Durum est, sed ita lex scripta est. ● Ita lex scripta est.
2153. Quod quis ex culpa sua damnum sentit, non
intellegitur damnum sentire. [Digesta 50.17.203].
Considera-se não sofrer prejuízo quem sofre prejuízo por
culpa própria. VIDE: ● Culpa sua damnum sentiens non
intellegitur damnum pati. ● Qui culpa sua damnum sentit,
nullum damnum sentire videtur.
2154. Quod quis mandato facit iudicis, dolo facere non
videtur, cum habeat parere necesse. [Regula Iuris
Bonifacii VIII / Rezende 5744]. O que alguém faz por ordem
do juiz, não se considera que faça com dolo, pois que é
obrigado a obedecer.
2155. Quod quis non habuit, non perdidit. [Quintiliano,
Institutio Oratória 5.74]. O que a pessoa não teve, não
perdeu. ■ Ninguém perde o que não tem.
2156. Quod quis non novit, hoc non dolet. O que não se sabe,
não dói. ■ Mal que se ignora, coração não chora.
2157. Quod quis ob tutelam sui fecerit, iure fecisse videtur.
[VES 30]. O que alguém fizer para a própria segurança,
considera-se que fez legalmente.
2158. Quod quisque facit, patitur. Cada um paga pelo que faz.
■ Quem faz aqui acha acolá. ■ O que fizeres, encontrarás.
● Quod quisque fecit, patitur: auctorem scelus repetit,
suoque premitur exemplo nocens. [Sêneca, Hercules
Furens 735]. Cada qual sofre o mal que cometeu: o crime se
reflete sobre o autor, e o culpado é castigado na mesma
forma de sua falta.
2159. Quod quisque iuris in alium statuerit, ipso iure utatur.
Cada um deve usar para si a mesma lei que estabelece para
os outros. VIDE: ● Quod enim quisque iuris in alios statuit,
ipse eodem iure uti debet.
2160. Quod quisque norit in hoc se exerceat. [Coke / Black
1488]. Cada um se ocupe daquilo em que entende. VIDE:
● Qua pote quisque, in ea conterat arte diem. ● Quam
quisque norit artem, in hac se exerceat. ● Quam scit
uterque, libens, censebo, exerceat artem. ● Unusquisque
in qua vocatione vocatus est, in ea permaneat.
2161. Quod quisque sperat, facile credit. [Manúcio, Adagia
562; Pereira 122]. Cada um acredita facilmente no que
espera. ■ Sonhava o cego que via, sonhava o que queria.
VIDE: ● Qui amant, ipsi sibi somnia fingunt.
2162. Quod raro cernit oculi lux, cor cito spernit. [Trench,
Proverbs]. O que a luz dos olhos vê raramente, o coração
logo despreza. ■ Longe os olhos, longe do coração. ■ Quem
não aparece, esquece.
2163. Quod raro fit, non observant legislatores. [Jur]. Os
legisladores não dão atenção ao que raramente acontece.
● Quod raro evenit, praetereunt legislatores.
2164. Quod rarum est, carum est. [Brewer, Dictionary of
Phrase and Fable]. O que é raro é amado. ■ Toda coisa nova
apraz. ■ Tudo que é novo cativa. ● Quod rarum carum,
vilescit cotidianum. [Trench, Proverbs]. O que é raro é
valorizado; o rotineiro perde o valor. VIDE: ● Est nova res
grata: vilescit res inveterata. ● Grata rerum novitas.
● Omne rarum carum, vilescit cotidianum. ● Omne rarum
carum. ● Omne novum carum, vilescit cotidianum.
● Omnia rara cara.
2165. Quod ratio nequiit, saepe sanavit mora. [Sêneca,
Agamemnon 130]. O que a razão não conseguiu, muitas
vezes o tempo resolveu. ■ O tempo dá remédio onde falta o
conselho. VIDE: ● Qui satis exspectat, prospera cuncta
videt.
2166. Quod ratio poscit, vicit ac regnat furor. [Sêneca,
Hippolytus 184]. A paixão vence e domina o que a razão
exige. ■ A paixão vence a razão.
2167. Quod recte datum est non oportet reposcere.
[Manúcio, Adagia 13]. Não se deve retomar o que se deu a
justo título. ■ Quem dá e torna a tirar, ao inferno vai parar.
VIDE: ● Non licet eripere quod recte datum est.
2168. Quod refugit, multae cupiunt; odere quod instat.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.717]. Muitas mulheres desejam o
que lhes foge, e odeiam o que está perto.
2169. Quod reticere voles alios, prius ipse taceto. [Binder,
Thesaurus 2901]. O que queres que os outros não falem,
antes tu mesmo fica calado. ■ O segredo mais bem guardado
é o que a ninguém é revelado. VIDE: ● Alium silere quod
voles, primus sile. ● Quod vis taceri, cave ne cuiquam
dixeris.
2170. Quod rogo responde, quae novi nota relinque. [Medina
592]. Responde o que estou perguntando, deixa para lá o que
eu já sei.
2171. Quod sapiens prius facit, stultus posterius. [Rezende
5748]. ■ O que o sábio faz primeiro, faz o néscio derradeiro.
2172. Quod satis est, cui contingit, nil amplius optet.
[Horácio, Epistulae 1.2.46]. Quando a alguém coube o
bastante, não deve desejar mais.
2173. Quod satis est dormi. [Dionísio Catão, Monosticha 27].
Dorme somente o que baste.
2174. Quod scieris opus esse tibi, dimittere noli. [Dionísio
Catão, Appendix 2]. Não deixes escapar o que sabes que te é
necessário.
2175. Quod scimus loquimur, et quod vidimus testamur.
[Vulgata, João 3.11]. Nós dizemos o que sabemos, e damos
testemunho do que vimos.
2176. Quod scis ignoras: digito compelle labellum. [Tosi
339]. O que sabes, ignoras: aperta os lábios com o dedo.
■ Boca de siri! VIDE: ● Tu, si sapis, quod scis nescis.
2177. Quod scripsi, scripsi. [Vulgata, João 19.22]. O que
escrevi, escrevi.
2178. Quod segnitia erat, sapientia vocaretur. [Tácito,
Historiae 1.49]. O que era indolência, era chamado de
sabedoria.
2179. Quod semel aut bis exsistit praetereunt legislatores.
[Teofrasto / Digesta 1.3.6]. Os legisladores omitem aquilo
que acontece somente uma ou duas vezes.
2180. Quod semel est factum, fieri infectum haud queat
unquam. [Schottus, Adagia 585]. Uma vez feita a coisa,
nunca pode ser desfeita. ■ O que está feito não pode ser
desfeito. ■ A flecha não torna depois de lançada. VIDE:
● Facta infecta fieri nequeunt. ● Factum fieri nequit
infectum. ● Factum fieri infectum non potest. ● Factum est
illud, fieri infectum non potest. ● Non potest exacta
revocari. ● Quae facta sunt, infecta fieri non possunt.
● Quod factum est infectum fieri nequit. ● Quod factum
est, infectum fieri non potest.
2181. Quod semel, et saepius. [Quintiliano, Institutio Oratória
5.90]. O que é feito uma vez, também pode ser feito muitas
vezes. ■ Quem faz uma vez, faz duas e três.
2182. Quod semel in lucem prodiit, abdat sese in decursu
temporis, ac tandem extinguatur necesse est. O que uma
vez apareceu à luz, com o passar do tempo se gasta, e no fim
necessariamente se extingue.
2183. Quod semper est paratum, non semper iuvat. [Publílio
Siro]. O que está sempre disponível nem sempre agrada.
2184. Quod semper, quod ubique, et quod ab omnibus
creditum est. [Vicente de Lerins, Commonitorium 2.3]. Isto
sempre, em toda parte e por todos foi tido por verdadeiro.
2185. Quod senior loquitur, omnes consilium putant.
[Publílio Siro]. O que o mais velho diz todos tomam por
advertência. ■ Se queres bom conselho, pede-o ao homem
velho. ■ Cachorro velho, quando ladra, dá aviso. ● Quod
senior loquitur, omnes consilium putent. O que o mais
velho diz todos tomem por advertência. VIDE: ● Senectus
primum consulenda.
2186. Quod sensus ostendit, id credit animus. [Sêneca,
Epistulae Morales 117.13, adaptado]. O que os sentidos
mostram, nisso acredita o coração.
2187. Quod sentimus, loquamur; quod loquimur sentiamus;
concordet sermo cum vita. [Sêneca, Epistulae Morales
75.4]. Falemos o que sentimos; sintamos o que falamos: que
o nosso discurso esteja de acordo com a nossa vida.
2188. Quod sequitur fugio; quod fugit, ipse sequor. [Ovídio,
Amores 2.19.36]. Fujo do que me persegue; persigo o que
me foge.
2189. Quod serimus, metimus; quod damus, accipimus.
[Schottus, Adagialia Sacra 127]. Colhemos o que plantamos;
recebemos o que damos. ■ O que plantas, isso colhes.
2190. Quod servavi, perdidi. [Stevenson 959]. Perdi o que
guardei.
2191. Quod si nocueris, noceberis ab alio. Se fizeres mal a
um, outro te fará mal. ■ Mal com mal se paga. ■ Quem faz
aqui, acha acolá. ■ Quem mal faz, por mal espere.
2192. Quod sibi quis fieri non vult, alii ne faciat. O que
alguém não quiser que lhe seja feito, não faça a outrem.
■ Não faças a outrem o que não queres que te façam. ● Quod
sibi quis nolit fieri, non inferat ulli. [Schottus, Adagialia
Sacra 73]. O que alguém não quiser que lhe seja feito, não
imponha a ninguém. VIDE: ● Aliis ne feceris, quod tibi fieri
non vis. ● Alteri ne facias quod tibi fieri non vis. ● Facere
non debet quis alteri, quod sibi fieri nolit. ● Ne alteri
feceris quod tibi non vis fieri. ● Quod ab alio oderis fieri
tibi, vide ne tu aliquando alteri facias. ● Quod tibi fieri
non vis, alteri ne facias. ● Quod tibi fieri non vis, alteri ne
feceris. ● Quod tibi non optes, alii ne feceris ulli. ● Quod
tibi non vis, alteri ne facies. ● Quod tibi non vis fieri, alii
ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri, alteri ne feceris.
● Quod tibi non vis, utinam alteri ne facias.
2193. Quod sis esse velis, nihilque malis. [Marcial,
Epigrammata 10.47.12]. Contenta-te com o que és, e não
queiras mudança.
2194. Quod sol in caelo, princeps in populo. Sol oculus
mundi, princeps oculus multitudinis. [Manúcio, Adagia
117]. O que o sol é no céu, o governante é no povo: o sol é o
olho do mundo; o governante é o olho da multidão.
2195. Quod solo inaedificatur solo cedit. [Jur / Black 1488]. O
que se constrói no solo pertence ao solo.
2196. Quod spiro et placeo, si placeo, tuum est. [Horácio,
Carmina 4.4.24]. O que exponho e agrado, se agrado, é teu.
2197. Quod suave est aliis, aliis fit amarum. [Henderson
1825]. O que para uns é agradável, para outros torna-se
amargo. ■ O que é bom para um, pode não ser para outro.
VIDE: ● Quod uni bene sapit, alteri desipit.
2198. Quod suave est in amore, abit; quod turpe est, manet.
[DAPR 66]. O que é agradável no amor vai embora; o que é
desagradável fica. ■ Vão-se os amores, e ficam as dores.
2199. Quod subintellegitur non deest. [Jur / Black 1489]. O
que se subentende não falta. VIDE: ● Quod tacite intellegitur
deesse non videtur.
2200. Quod superest, date pauperibus. [Rezende 5754]. O
que sobra, dai aos pobres. ■ O que te cai da mão, dá-o a teu
irmão.
2201. Quod supra nos nihil ad nos. [Polydorus, Adagia;
Rezende 5755]. O que está acima de nós, não nos diz
respeito. VIDE: ● Altiora te ne quaesieris, et fortiora te ne
scrutatus fueris. ● Quae supra nos, nihil ad nos.
2202. Quod sursum est, deorsum faciunt. [Petrônio, Satiricon
63.9]. O que está em cima, põem em baixo. ■ Põem tudo de
cabeça para baixo.
2203. Quod sus peccavit, succula saepe luit. [Binder,
Thesaurus 2902]. Muitas vezes a porquinha é quem paga
pelos erros cometidos pela porca. ■ Pecados dos nossos avós,
fazem-nos eles, pagamo-los nós. ■ Paga o justo pelo
pecador. VIDE: ● Alius peccat, alius plectitur. ● Crimina
saepe luunt nati scelerata parentum. ● Patres comederunt
uvam acerbam, et dentes filiorum obstupescunt. ● Patres
comederunt uvam acerbam, et dentes filiorum
obstupuerunt.
2204. Quod tacite intellegitur deesse non videtur. [Jur / Coke
/ Black 1489]. O que é tacitamente compreendido considera-
se que não está ausente. VIDE: ● Quod subintellegitur non
deest.
2205. Quod tacitum esse velis, verbosis dicere noli. [Dionísio
Catão, Appendix 8]. Não diga aos faladores o que queres que
não seja comentado.
2206. Quod tacitum velis esse, nemini dixeris: si tibi ipse non
imperasti, quomodo ab aliis silentium speras?. [DM 16].
Não dirás a ninguém o que queres que fique em sigilo: se não
controlaste a ti mesmo, como esperas sigilo dos outros?
● Quod tacitum esse velis, nemini dixeris, quia non poteris
ab alio exigere silentium, si tibi ipse non praestas.
[Publílio Siro]. Não dirás a ninguém o que queres que fique
em sigilo, pois não poderás exigir silêncio de outrem, se tu
mesmo não o guardas. VIDE: ● Alium silere quod voles,
primus sile. ● Quod vis taceri, cave ne cuiquam dixeris.
2207. Quod te non tangit hoc te nullatenus angit. [Albertano
da Brescia, Ars Loquendi et Tacendi]. O que não te toca, não
deve angustiar-te de nenhum modo. ■ O que não te queima,
não o apagues. ● Água que não há de beber, deixá-la correr.
VIDE: ● De ea re quae te non molestat ne certeris.
2208. Quod tegitur, maius creditur esse malum. [Marcial,
Epigrammata 3.42.3]. O mal que se esconde parece ser
maior. ■ Mal maior é o que se encobre do que o que se
descobre. VIDE: ● Quod cito prodideris medico, curabitur
ulcus; quod tegitur, maius creditur esse malum.
2209. Quod tellus largitur, idem post illa reposcit. [Binder,
Thesaurus 2903]. O que a terra dá, depois ela o toma de
volta. ■ O que vem da terra, deve para a terra voltar.
2210. Quod tibi bonum et rectum videtur, fac nobis.
[Vulgata, Josué 9.25]. Faze de nós o que julgares que é bom
e justo.
2211. Quod tibi dico, ceteris ita dico. [Medina 585]. O que a ti
digo, digo assim aos outros. ■ A ti te digo, filha; entende-o tu,
minha nora. VIDE: ● Quod uni dictum est, sibi quisque
dictum putet.
2212. Quod tibi fieri non vis, alteri ne facias. [DAPR 338].
■ Não faças a outrem o que não queres que te façam. ● Quod
tibi fieri non vis, alteri ne feceris. [S.Agostinho, Sermones
9]. ● Quod tibi non vis, alteri ne facies. ● Quod tibi non vis
fieri, alii ne feceris. ● Quod tibi non vis fieri, alteri ne
feceris. ● Quod tibi non vis, utinam alteri ne facias. VIDE:
● Aliis ne feceris, quod tibi fieri non vis. ● Alteri ne facias
quod tibi fieri non vis. ● Facere non debet quis alteri,
quod sibi fieri nolit. ● Ne alteri feceris quod tibi non vis
fieri. ● Quod ab alio oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando
alteri facias. ● Quod sibi quis fieri non vult, alii ne faciat.
● Quod tibi non optes, alii ne feceris ulli.
2213. Quod tibi libet, idem mihi libet. [Plauto, Mostelaria
295]. O que agrada a ti, a mim também agrada.
2214. Quod tibi nomen est? [Vulgata, Marcos 5.9]. Qual é o
teu nome?
2215. Quod tibi non faceres, aliis fecisse cavebis: vulnera ne
facias quae potes ipse pati. [Gualterius Anglicus, Fabulae
Aesopicae 33.14]. Cuidado para não fazeres a outro, o que
não terias feito a ti. Não provoques feridas que tu mesmo
podes vir a sofrer.
2216. Quod tibi non nocet et alteri prodest, facile est
concedendum. [Jur / Rezende 5757]. Deve ser concedido
com facilidade o que a ti não prejudica e é útil a outrem.
● Quod tibi prodest et mihi non nocet, facile
concedendum. O que te favorece e a mim não prejudica
facilmente pode ser concedido.
2217. Quod tibi non optes, alii ne feceris ulli. [Columbano /
Bonder, Thesaurus 2904]. O que para ti não desejas, não
faças a ninguém. ■ Não faças aos outros o que não queres
que te façam. ● Quod tibi non vis fieri, alii ne feceris.
● Quod tibi non vis fieri, alteri ne feceris. ● Quod tibi non
vis, alteri ne facies. ● Quod tibi non vis, alteri non feceris.
● Quod tibi non vis, utinam alteri ne facias. VIDE: ● Aliis ne
feceris, quod tibi fieri non vis. ● Alteri ne facias quod tibi
fieri non vis. ● Facere non debet quis alteri, quod sibi fieri
nolit. ● Ne alteri feceris quod tibi non vis fieri. ● Quod ab
alio oderis fieri tibi, vide ne tu aliquando alteri facias.
● Quod sibi quis fieri non vult, alii ne faciat. ● Quod tibi
fieri non vis, alteri ne facias. ● Quod tibi fieri non vis,
alteri ne feceris.
2218. Quod tibi vis fieri, hoc alii praestare memento.
[Columbano / Binder, Thesaurus 2905]. Lembra-te de fazer
aos outros o que queres que te façam
2219. Quod timeas, citius quam quod speres, evenit. [Publílio
Siro]. Mais depressa acontece o que receias do que o que
desejas.
2220. Quod tribus est notum, non est a plebe remotum. O
que é conhecido por três pessoas não é desconhecido do
povo. ■ Segredo de dois, segredo de Deus; segredo de três,
segredo de todos. ● Quod tribus est notum, nunquam
debet esse secretum. O que é conhecido por três pessoas
nunca deve ser considerado segredo.
2221. Quod tu es, ego fui; quod nunc sum, et tu eris.
[Inscrição em túmulo / Tosi 514]. O que tu és, eu fui; o que
sou, tu também serás. ■ Quando os meus males forem velhos,
os de alguém serão novos. ■ Eu sou você amanhã. ■ Hoje sou
eu, amanhã serás tu. VIDE: ● Ego fui quod tu es, tu eris quod
ego sum. ● Ego sum quod hic fuit, quod hic est, ego ero.
2222. Quod tu, et ego; quod ego, et omnes. [Inscrição em
túmulo]. O que tu (és), eu também (fui); o que eu (sou),
todos também (serão).
2223. Quod tua non refert, percontari desinas. [Rezende
5760]. Do que não te diz respeito, evita indagar. ■ Cozido
que não hás de comer, não o queiras remexer. VIDE: ● Desine
percontari, quod tua non refert scire. ● Tua quod nihil refert, ne cures.
● Tua quod nil refert, percontari desinas.
2224. Quod tuum est, meum est, omne meum est autem
tuum. [Plauto, Trinummus 291]. O que é teu, é meu; tudo
que é meu, é também teu.
2225. Quod tuum est teneas tuum. [Plauto, Cistellaria 496].
Guarda para ti o que é teu.
2226. Quod tuum, tene! [CODP 131]. Segura o que é teu!
2227. Quod uni bene sapit, alteri desipit. [Salvador Fernandes
/ Ramalho 100]. Aquilo que a um sabe bem, a outro
desagrada. ■ O que é bom para um, pode não ser para outro.
VIDE: ● Quod suave est aliis, aliis fit amarum.
2228. Quod uni dictum est, sibi quisque dictum putet. [Sólon
/ DAPR 483]. O que foi dito a um, cada qual considere que
lhe foi dito. ■ A ti digo, filha; entende-me, nora. VIDE: ● Quod
tibi dico, ceteris ita dico.
2229. Quod uni dixeris omnibus dixeris. [Tertuliano, De
Virginibus Velandis 1.3]. O que disseres a uma, terás dito a
todas.
2230. Quod uni profuit, hoc aliis erat exitio. [Robert Burton,
The Anatomy of Melancholy]. O que beneficiou um, foi a
desgraça de outros. ■ O que é bom para um, pode não ser
para outro. ■ O que urubu come e morre, eu como e engordo.
2231. Quod utile, honestum. [Erasmo, Adagia 4.7.93]. O que é
útil é digno. ● Quod utile est, honestum est; quod autem
noxium, turpe. O que é útil é digno, mas o que prejudica, é
vergonhoso.
2232. Quod valde volumus, facile credimus. [Brewer,
Dictionary of Phrase and Fable]. Acreditamos facilmente no
que muito desejamos. VIDE: ● Ea credimus libenter quae
cupimus. ● Fere libenter homines id quod volunt credunt.
● Homines libenter credunt quod volunt. ● Libenter
homines quod volunt credunt.
2233. Quod venditor ut commendet dicit, sic habendum
quasi neque dictum neque promissum est. [Digesta
4.3.37]. O que o vendedor diz para recomenda (uma
mercadoria) deve ser considerado como nem dito, nem
prometido. VIDE: ● Simplex commendatio non obligat.
2234. Quod venit ex rapto quaelibet aura rapit. [Masen,
Palaestra Eloquentiae Ligatae]. O que é produto de rapina,
qualquer vento o toma. ■ O que mal se adquire mal se perde.
■ Bens mal adquiridos não se logram. ■ O mal ganhado,
leva-o o diabo. VIDE: ● Male parta male dilabuntur.
2235. Quod verum est, lateat quamvis, aliquando patebit.
[John Owen, Epigrammata 3.122]. O que é verdadeiro, por
mais que se esconda, algum dia aparecerá. ■ A verdade não
sofre estar muito tempo encoberta. ■ A verdade é como o
azeite: vem sempre à tona.
2236. Quod verum est, meum est. [Sêneca, Epistulae Morales
12.11]. O que é verdadeiro é meu.
2237. Quod verum est, refelli nunquam potest. [Platão /
Bernardes, Nova Floresta 3.191]. O que é verdadeiro nunca
pode ser refutado.
2238. Quod verum naturae hominis aptissimum. [Cícero, De
Officiis 1.13]. O que é verdadeiro, é o mais adequado à
natureza do homem.
2239. Quod verum, tutum. [Divisa / Stevenson 2379]. O que é
verdadeiro, é seguro.
2240. Quod vetat bene vivere, non vetat bene mori. O que
impede de bem viver, não impede de bem morrer.
2241. Quod vi contingit, vix voluptatem parit. O que nos
acontece pela força, dificilmente nos dá prazer.
2242. Quod vide. Vê isto.
2243. Quod video, id credo mihi. [DAPR 495]. Acredito no
que vejo. ■ A vista faz fé. ■ O que o olho vê, crê o coração.
2244. Quod vile est, carum, quod carum vile putato.
[Dionísio Catão, Disticha 1.29]. O que é desprezível,
considera caro; o que é caro, considera desprezível.
2245. Quod vis facere, fac cito. Faze depressa o que queres
fazer. ■ Para quem diz "já" e não "depois", um dia vale dois.
VIDE: ● Quod facis, fac citius. ● Quod facturus es, facito
citius. ● Quodcumque facere potest manus tua, instanter
operare.
2246. Quod vis, nummis praesentibus opta, et veniet.
[Petrônio, Satiricon 137]. Com dinheiro na mão, escolhe o
que quiseres, e aparecerá. ■ Dinheiro faz o mar chão.
2247. Quod vis taceri, cave ne cuiquam dixeris. [Tosi 14]. O
que queres que não seja divulgado, cuida de não o dizer a
ninguém. VIDE: ● Alium silere quod voles, primus sile.
● Quod reticere voles alios, prius ipse taceto. ● Quod
tacitum velis esse, nemini dixeris: si tibi ipse non
imperasti, quomodo ab aliis silentium speras?.● Quod
tacitum esse velis, nemini dixeris, quia non poteris ab alio
exigere silentium, si tibi ipse non praestas.
2248. Quod vis tibi fieri, hoc idem fac alteri. Faze aos outros
o mesmo que queres que te seja feito. ● Quod tibi vis ut
homines faciant, idem fac hominibus. Faze aos homens o
mesmo que queres que os homens te façam. VIDE: ● Fac
alteri, quod ipse vis fieri tibi. ● Fac alteri, tibi ipse quod
fieri cupis. ● Hoc fac aliis quod cupis fieri ab aliis tibi.
2249. Quod vis ut alii sibi faciant, tute tibi facies. Faze a ti
mesmo aquilo que queres que os outros façam a si.
2250. Quod vis ut alii tibi faciant, tu ipse facies. O que queres
que os outros te façam, tu mesmo farás a eles.
2251. Quod vitari non potest, ferendum est, non culpandum.
[Manúcio, Adagia 1228]. O que não pode ser evitado, deve
ser suportando, e não censurado. ■ O que não pode al ser
deves sofrer. VIDE: ● Fato non repugnandum. ● Nemo potest
vitare quod Deus nobis immittit.
2252. Quod vitiose multi faciunt, consuetudinis vim obtinere
non potest. O que muitos fazem de errado não pode obter a
força de costume.
2253. Quod vivimus proximum nihilo est. [Sêneca, Epistulae
Morales 99.31]. O que vivemos é quase nada. ■ A vida são
dois dias. VIDE: ● Punctum est quod vivimus.
2254. Quod vix contingit plus voluptatis parit. [Publílio Siro].
O que dificilmente acontece produz mais prazer. ■ O que
custa é o que lustra.
2255. Quod voles gratum esse, rarum effice. [Sêneca, De
Beneficiis 1.14]. Faze raramente o que quiseres que te seja
agradável.
2256. Quod volumus, facile credimus. [Rezende 5764].
Facilmente acreditamos no que queremos (acreditar). VIDE:
● Ea credimus libenter quae cupimus. ● Fere libenter
homines id quod volunt credunt. ● Homines libenter
credunt quod volunt. ● Libenter homines quod volunt
credunt. ● Quae volumus, ea credimus libenter, et quae
sentimus ipsi, reliquos sentire speramus. ● Quae volumus,
ea credimus libenter. ● Quae volumus, libenter credimus.
● Quod valde volumus, facile credimus.
2257. Quod volumus, sanctum est. [S.Agostinho, Contra
Cresconium / Erasmo, Adagia 4.7.16]. O que desejamos, é
aprovado.
2258. Quod vult, cupiditas cogit, non quod decet. [Publílio
Siro]. A paixão impõe o que deseja, não o que é correto.
■ Vêem os olhos o que o coração deseja.
2259. Quod vult habet, qui velle, quod satis est, potest. [PSa].
Tem o que quer quem sabe querer o que lhe baste.
2260. Quod vult quisque credat, quod non vult non credat.
[S.Agostinho, Epistulae 28.3.5]. Cada um acredite no que
quiser e não acredite no que não quiser.
2261. Quodcumque celes, ipse tibi fias timor. [Publílio Siro].
Seja o que for que ocultes, teme a ti mesmo.
2262. Quodcumque facere potest manus tua, instanter
operare. [Vulgata, Eclesiastes 9.10]. Tudo que puder fazer a
tua mão, realiza imediatamente. ■ Para quem diz "já" e não
"depois", um dia vale dois. VIDE: ● Quod facis, fac citius.
● Quod facturus es, facito citius. ● Quod vis facere, fac
cito.
2263. Quodcumque laesurum est, multo ante quam accidat,
speculare et averte. [Sêneca, Epistulae Morales 98].
Observa e evita tudo que te pode fazer mal, muito antes que
aconteça.
2264. Quodcumque libuit facere victori, licet. [Sêneca,
Troades 336]. Ao vencedor é permitido fazer tudo que lhe
tenha agradado.
2265. Quodcumque non licet in imperatorem, id nec in
quemquam. [Tertuliano, Apologeticum 36.4]. O que não é
permitido contra imperador, também não é permitido contra
ninguém.
2266. Quodcumque sibi imperat animus, obtinet. Tudo que a
mente se determina, obtém.
2267. Quodcumque volunt homines, se bene velle putant.
[S.Próspero de Aquitânia, Epigrammata 100]. O que os
homens querem, acham que querem com razão.
2268. Quolibet in capite viget ingenium speciale. Em cada
cabeça vigora uma inteligência diferente. ■ Tantas cabeças,
tantas sentenças. VIDE: ● Quot homines, tot sententiae.
2269. Quomodo cantabimus canticum Domini in terra
aliena? [Vulgata, Salmos 136.4]. Como cantaremos o
cântico do Senhor em terra alheia? ● Quomodo cantabimus
in terra aliena? [Rezende 5769]. Como podemos alegrar-
nos em terra alheia?
2270. Quomodo ceciderunt fortes in proelio? [Vulgata,
2Samuel 1.25]. Como caíram os valorosos no combate?
2271. Quomodo cecidisti de caelo, Lucifer, qui mane
oriebaris? [Vulgata, Isaías 14.12]. Como caíste do céu, ó
Lúcifer, tu que ao nascer do dia brilhavas?
2272. Quomodo ergo sapientia pauperis contempta est, et
verba eius non sunt audita? [Vulgata, Eclesiastes 9.16]. Por
que então a sabedoria do pobre é desprezada, e as palavras
dele não são ouvidas?
2273. Quomodo fabula sic vita: non quam diu refert sed
quam bene acta sit, refert. [Sêneca, Epistulae Morales
77.17]. A vida é como uma peça de teatro: não importa por
quanto tempo dura, mas quão bem é representada.
2274. Quomodo fecit mihi, sic faciam ei. [Vulgata, Provérbios
24.29]. Como ele me fez a mim, assim farei eu a ele.
2275. Quomodo habeas id, refert, iurene anne iniuria.
[Plauto, Rudens 1067]. Importa o modo como o consegues,
se justo ou injusto.
2276. Quomodo hic litteras scit, cum non didicerit? [Vulgata,
João 7.15]. Como sabe este letras, não as tendo estudado?
2277. Quomodo nix in aestate, et pluviae in messe, sic
indecens est stulto gloria. [Vulgata, Provérbios 26.1].
Assim como a neve é imprópria no estio, e as chuvas no
tempo da ceifa, assim a glória está mal a um insensato.
2278. Quomodo possunt haec fieri? [Vulgata, João 3.9]. Como
essas coisas podem acontecer?
2279. Quomodo potestis bona loqui, cum sitis mali?
[Vulgata, Mateus 12.34]. Como podeis falar coisas boas,
sendo maus?
2280. Quomodo potueris, ita esto misericors. Si multum tibi
fuerit, abundanter tribue: si exiguum tibi fuerit, etiam
exiguum libenter impertire stude. [Vulgata, Tobias 4.8-9].
Da maneira que puderes, sê caritativo. Se tiveres muito, dá
muito; se tiveres pouco, procura dar de boa mente também
este pouco.
2281. Quomodo si fugiat vir a facie leonis, et occurrat ei
ursus. [Vulgata, Amós 5.19]. Como se um homem fugisse de
diante de um leão, e lhe saísse ao encontro um urso.
2282. Quomodo vales? Como vais? Como passas? ● Quomodo
tibi? VIDE: ● Ut vales?
2283. Quomodo video. Na minha opinião.
2284. Quomodo vis vocari? Como queres ser chamado?
(=Pergunta que o cardeal decano formula ao Papa, assim que
este é eleito).
2285. Quoniam non potest fieri id quod vis, id velis quod
possit. [Terêncio, Andria 305]. Visto que não se pode fazer o
que se quer, queira-se aquilo que se pode. ■ Se não como
queremos, passamos como podemos. VIDE: ● Quando id fieri
non potest quod vis, id velis quod possis. ● Qui non potest
quod vult, velle oportet quod potest. ● Si non possis quod
velis, velis id quod possis. ● Si non potes ut vis, utcumque
potes facito. ● Si non ut volumus, tamen ut possumus.
2286. Quoniam variant animi, variabimus artes. [Ovídio,
Remédia Amoris 525]. Como variados são os espíritos,
usaremos artifícios variados. VIDE: ● Variant animi.
2287. Quoquo te vertas, omnia plena malis. [Pereira 95]. Para
onde quer que te voltes, tudo está cheio de males. ■ Aonde
irá o boi que não are?
2288. Quorsum ea res spectat? Que significa isso?
2289. Quorsum opus amicis, cum benigna sors favet?
[Eurípides, Orestes / Manúcio, Adagia 126]. Para que
precisamos dos amigos, se a sorte benigna nos favorece?:
● Quorsum opus amicis, si modo faveat Deus? Para que
precisamos de amigos, se Deus nos sorri?
2290. Quorum. Dos quais. (=É utilizado como abreviação da
expressão Quorum praesentia sufficit, cuja presença é
suficiente. Em português, quórum significa número mínimo
legal de participantes de uma deliberação coletiva).
2291. Quorum corpus aegrotat, iis medico opus est.
[Schottus, Adagialia Sacra 24]. Precisam de médico aqueles
cujo corpo está doente. VIDE: ● Cum nullus sit morbus, nulla
medela opus. ● Cum nullus sit morbus, nulla medela
indigeamus. ● Indigent infirmi medici auxilium. ● Infirmi
medicina opus habent. ● Non egent qui sani sunt medico,
sed qui male habent. ● Non est opus sanis medicus, sed
male habentibus. ● Non est opus valentibus medicus, sed
male habentibus. ● Non necesse habent sani medico, sed
qui male habent. ● Recte qui valeat, medicae non indigus
artis. ● Sanus non eget medico, sed male habens.
2292. Quorum dentes vel silicem comesse possunt. [Catulo,
Carmina 23.3]. Os dentes deles podem mastigar até uma
pedra. VIDE: ● Eius dentes vel silicem comedere possunt.
2293. Quorum lingua prompta ac temeraria est, haud aeque
in pugna vigent manus. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 3.2].
As mãos dos que têm a língua pronta e abusada não são
igualmente eficazes na luta. ■ Língua comprida, mão curta.
■ Quem muito fala não é o que mais faz.
2294. Quorum pars magna fui. [Virgílio, Eneida 2.6]. Desses
acontecimentos fui parte importante.
2295. Quos amo, arguo et castigo. Advirto e corrijo os que
amo. ■ Quem ama castiga. VIDE: ● Ego quos amo, arguo et
castigo
2296. Quos amor verus tenuit, tenebit. [Sêneca, Thyestes
551]. O amor verdadeiro continuará sustentando aqueles a
quem sustentou.
2297. Quos cogit metus laudare, eosdem reddit inimicos
metus. [Sêneca, Thyestes 206]. Aqueles a quem o medo
obriga a elogiar, a esses mesmos o medo torna inimigos.
2298. Quos credis fidos effuge, tutus eris. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.750]. Foge daqueles que consideras fiéis, ficarás
seguro.
2299. Quod Deus dedit, custodiamus! [Petrus Alfonsus,
Disciplina Clericalis 17]. Guardemos aquilo que Deus nos
deu. ● Quod Deus donavit, custodiamus! [Idem, ibidem].
Guardemos aquilo que Deus nos doou.
2300. Quos deus perdere vult, dementat prius. [DAPR 526].
Aqueles a quem Júpiter quer arruinar, primeiro priva-o do
juízo. ■ Formiga, quando se quer perder, cria asas. VIDE:
● Iuppiter quos vult perdere, dementat prius. ● Perdere
quos vult deus dementat. ● Quem Iuppiter vult perdere,
dementat prius. ● Quos vult Iuppiter perdere dementat.
● Quos vult perdere Iuppiter, dementat prius. ● Stultum
facit Fortuna, quem vult perdere.
2301. Quos ipse alueris, tibi invenire maxime contrarios.
[Fedro, Fabulae 4.11.17]. Aqueles que tu mesmo alimentaste,
muitas vezes se tornarão teus maiores inimigos. ■ Cria o
corvo, que ele te arrancará o olho.
2302. Quos laeserunt, et oderunt. [Sêneca, De Ira 2.33.1]. A
quem eles prejudicaram, também odeiam. ■ Depois que te
enganei, não mais te amei.
2303. Quos viceris, amicos tibi esse cave credas: inter
dominum et servum nulla amicitia est. [Quinto Cúrcio,
Historiae 7.8]. Não acredites que sejam teus amigos aqueles
que tiveres vencido: entre senhor e escravo não existe
amizade. VIDE: ● Inter dominum et servum nulla amicitia
est.
2304. Quos vult Iuppiter perdere dementat. [Dumaine 246].
Júpiter tira o juízo dos que ele quer arruinar. ● Quos vult
perdere Iuppiter, dementat prius. Aqueles a quem Júpiter
quer arruinar, primeiro priva-os do juízo. ■ Formiga, quando
se quer perder, cria asas. VIDE: ● Iuppiter quos vult
perdere, dementat prius. ● Perdere quos vult deus
dementat. ● Quem Iuppiter vult perdere, dementat prius.
● Quos deus perdere vult, dementat prius. ● Stultum facit
Fortuna, quem vult perdere.
2305. Quos vult sors ditat, et quos vult sub pede tritat.
[Trench, Proverbs]. A sorte enriquece a quem ela quer, e a
quem ela quer, ela pisa em cima. ■ A uns morrem as vacas, a
outros parem os bois. ■ A sorte é como o raio: nunca se sabe
onde vai cair.
2306. Quoscumque calamitas quaerit, facile invenit. A má
sorte encontra com facilidade aqueles a quem procura. VIDE:
● Quemcumque quaerit calamitas, facile invenit.
2307. Quot aureae silendi sunt nobis occasiones! Quantas
oportunidades de ouro se apresentam para ficarmos calados!
2308. Quot bonis obstat iracundia, quot autem mala ex ea
sequuntur! Quantos bens a impaciência impede, e quantos
males ela causa!
2309. Quot caelum stellas, tot habet tua Roma puellas.
[Ovídio, Ars Amatoria 1.59]. Tua Roma tem tantas garotas,
quantas estrelas tem o céu.
2310. Quot campo lepores, tot sunt in amore dolores.
[Bragança 7.1.8]. Tantas são as dores no amor quantas as
lebres no campo.
2311. Quot capita, tot pulices. Quantas cabeças, tantas pulgas.
● Quot capita, tot pediculi. Quantas cabeças, tantos piolhos.
2312. Quot capita, tot sensus. [DAPR 515]. ■ Quantas
cabeças, tantas opiniões. VIDE: ● Tot capita, tot sensus.
2313. Quot capita, tot sententiae. [Pereira 99]. Quantas são as
cabeças, tantas são as opiniões. ■ Quantas cabeças, tantas
sentenças. ■ Quantos homens, tantas opiniões. ■ Cento de um
ventre, cada um de sua mente. VIDE: ● Quot homines, tot
sententiae. ● Quolibet in capite viget ingenium speciale.
● Tot capita, tot sententiae.
2314. Quot capita, tot temperies. [Munaret, Le Médecin dês
Villes et dês Campagnes 64]. Quantas cabeças, tantos
temperamentos.
2315. Quot capitum vivunt, totidem studiorum milia.
[Horácio, Satirae 2.1.26]. Quantas cabeças vivem, tantos
milhares de gostos. ■ Tantos gostos, quantos indivíduos.
■ Cada doido com sua mania. ● Quot capitum vivunt, tot
studiorum. [Branco 527]. Quantas cabeças vivem, tantas
inclinações.
2316. Quot delicta, tot poenae. [Jur]. Tantos crimes, tantas
penas.
2317. Quot homines, tot causae. [Cícero, De Oratore 2.140].
Tantos homens, tantos litígios.
2318. Quot homines, tot sententiae. [Terêncio, Phormio 454].
■ Quantos homens, tantas opiniões. VIDE: ● Quot capita, tot
sententiae. ● Quolibet in capite viget ingenium speciale.
● Suus cuique mos. ● Tot capita, tot sententiae.
2319. Quot homines, tot stultitiae. Quantos homens, tantas
tolices.
2320. Quot irrisiones, detractiones, proditiones sunt in
conviviis?! [S.Pedro Crisólogo / Bernardes, Nova Floresta
2.50]. Quantos escárnios, maledicências, traições acontecem
nos banquetes?!
2321. Quot linguas calles, tot homines vales. [Brewer,
Dictionary of Phrase and Fable]. Quantas línguas sabes,
tantos homens vales.■ Saber muitas línguas é ser muitas
vezes homem. ● Quot linguas quis callet, tot homines valet.
Quantas línguas alguém sabe, tantos homens vale.
2322. Quot natant pisces aequoribus, tot abundat amor
laboribus. [Carmina Burana]. Quantos peixes nadam no mar,
de tantos males está cheio o amor. ■ Amor no peito é espora
à ilharga.
2323. Quot panes habetis? [Vulgata, Marcos 6.38]. Quantos
pães tendes vós?
2324. Quot regiones, tot mores. [Bebel, Adagia Germanica /
DAPR 196]. Tantas regiões, tantos costumes. ■ Cada terra
com seu costume. ■ Cada terra com seu uso, cada roca com
seu fuso.
2325. Quot servi, tot hostes. [Festo, De Verborum
Significatione 15]. Quantos escravos, tantos inimigos.
■ Quantos criados, tantos inimigos. ● Quot servos, totidem
habemus quisque hostes domi. [PSa]. Tantos servos, tantos
inimigos temos em casa. ● Quot servos habemus, totidem
habemus hostes. [Erasmo, Adagia 2.3.31]. ● Quot servos,
tot hostes alis. [Dumaine 245]. Quantos servos tens, tantos
inimigos alimentas. VIDE: ● Tot hostes quot servi. ● Totidem
domi hostes habemus quot servos. ● Totidem hostes esse
quot servos.
2326. Quot territoria, tot iudicia. Quantos forem os territórios,
tantos serão os direitos.
2327. Quota hora est? Que horas são? VIDE: ● Hora quota est?
2328. Quota sit hora petis; dum petis, hora fugit. [Inscrição
em relógio de sol]. Perguntas que horas são: enquanto
perguntas, a hora foge.
2329. Quotidie. VIDE Cotidie.
2330. Quotiens volui congregare filios tuos, quemadmodum
gallina congregat pullos suos sub alas, et noluisti?
[Vulgata, Mateus 23.37]. Quantas vezes eu quis juntar teus
filhos, como a galinha recolhe debaixo das asas os seus
pintos, e tu não deixaste! VIDE: ● Quotiens volui congregare
filios tuos quemadmodum avis nidum suum sub pennis et
noluisti? [Vulgata, Lucas 13.34]. Quantas vezes quis juntar
os teus filhos como a galinha recolhe os seus pintainhos
debaixo das asas, mas tu não quiseste!
2331. Quotiens bonus atque fidus iudex honestum praetulit
utili. [Horácio, Carmina 4.9.40]. Quantas vezes um juiz bom
e honesto prefere o digno ao útil.
2332. Quotiens conaberis, te simul et ea quae paras,
quibusque pararis, ipse metire. [Sêneca, De Ira 3.7.2].
Toda vez que empreenderes (algo), avalia tanto a ti quanto o
que projetas, bem como (os recursos) com que projetas.
2333. Quotiens enim dicimus, totiens de nobis iudicatur.
[Cícero, De Oratore 1.27.125]. Quantas vezes falamos, tantas
vezes se faz juízo de nós.
2334. Quotiens inter homines fui, minor homo redii. [Tomás
de Kempis, De Imitatione Christi 1.20.2]. Todas as vezes que
estive entre os homens, voltei menos humano. ● Quotiens
inter homines fui, minus homo redii. [Bernardes, Luz e
Calor 1.131].
2335. Quotiens lucerna impiorum exstinguetur! [Vulgata, Jó
21.17]. Quantas vezes se apagará a lucerna dos ímpios!
2336. Quotiens voluit Fortuna iocari! [Horácio, Satira 3.40].
Quantas vezes quis a sorte gracejar!
2337. Quoties ab indocto praeceptore proficiscitur
discipulus eruditus. [Manúcio, Adagia 705]. Quantas vezes,
de um professor inculto surge um aluno erudito. VIDE: ● A
tardigradis asinis equus prodiit. ● E tardo asino equus
prodiit. ● Emersit ex asinis equus tardigradis.
2338. Quotus quisque accusator vacat culpa? [Sêneca, De
Clementia 1.6.2]. Quantos acusadores há isentos de culpa?
2339. Quousque promittas tardus, ut festinus praestes.
[Rezende 5795]. Até prometeres, demora, para servires
rápido. ■ Até prometer, sê escasso. ■ Promete pouco e
cumpre muito. ■ Devagar pensa, e obra depressa.
2340. Quousque tandem? Até quando? ● Quousque tandem,
Catilina, abutere patientia nostra? [Cícero, In Catilinam
1.1.1]. Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?
2341. Quovis modo. De qualquer maneira. De qualquer modo.
VIDE: ● Quocumque modo.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

R
1. Rabidae tradis ovile lupae? [Ovídio, Ars Amatoria 3.8].
Entregas o rebanho ao lobo raivoso?
2. Rabidus fame, ceu canis. [Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable]. Está raivoso de fome, como um cão. ■ Está com uma
fome canina. ● Rabidus fame, ceu lupus. Faminto como um
lobo.
3. Rabiem livoris acerbi nulla potest placare quies.
[Claudiano, De Raptu Proserpinae 3.290]. Nenhuma paz
pode aplacar a fúria da violenta inveja.
4. Racemos non producit spina. [Schrevelius 1179].
Espinheiro não produz cachos de uvas. ■ De tal gente, tal
semente. ■ Das águias não nascem pombas. ■ Cobra não
gera passarinho.
5. Radit usque ad cutem. [Erasmo, Adagia 3.3.34]. Raspa até
chegar à pele. ■ Leva couro e cabelo. ■ Vai fundo.
6. Radius solis, et si cum stercore conversatur, purus manet,
et non coinquinatur. [Bernardes, Nova Floresta 4.339]. O
raio de sol, mesmo que conviva com o esterco, permanece
puro, e não se mancha. VIDE: ● Sol et in cloacam radios suos
defert, nec inquinatur.
7. Radix enim omnium malorum est cupiditas. [Vulgata,
1Timóteo 6.10]. ■ A cobiça é a raiz de todos os males. ■ O
dinheiro é a raiz de todo mal. VIDE: ● Avaritia est radix
omnium malorum. ● Fons et origo malorum avaritia.
● Radix omnium malorum aviditas. ● Radix malorum est
cupiditas.
8. Radix infecta arborem et fructum inficit. [Rezende 5800].
A raiz corrompida corrompe a árvore e o fruto.
9. Radix iustorum non commovebitur. [Vulgata, Provérbios
12.3]. A raiz dos justos não será abalada. VIDE: ● Non
commovebitur.
10. Radix malorum grandium habendi est furor. [Walther
26237]. A fúria de possuir é a raiz de grandes males.
11. Radix omnium bonorum caritas. [S.Agostinho, Sermones
72.4]. O amor é a raiz de todos os bens.
12. Radix omnium malorum aviditas. [Rezende 5801]. ■ A
cobiça é a raiz de todos os males. ● Radix malorum est
cupiditas. A raiz dos males é a cobiça. VIDE: ● Radix enim
omnium malorum est cupiditas.
13. Rami correcti rectificantur, trabs minime. [Henderson,
Latin Proverbs / Stevenson 2371]. Os ramos que se corrigem
ficam direitos, mas o tronco de modo algum. ■ É de
pequenino que se torce o pepino.
14. Rana ad paludes resilit, etiam si in solium locaveris.
[Bebel, Adagia Germanica]. A rã salta de volta ao charco,
mesmo se a colocares num trono. ■ Passarinho que na água
se cria, sempre por ela pia. ● Rana petit saltum, quamvis
ponatur in altum. [Eiselein 190]. Por mais alto que seja
colocada, a rã sempre procura a terra.
15. Rana gyrino sapientior. [Erasmo, Adagia 2.1.34]. A rã é
mais prudente do que o girino. ■ A velhice faz o homem
prudente. VIDE: ● Nihila gyrina est rana sapientior.
16. Ranae aquam ministras. [Grynaeus 12]. Dás água à rã.
(=Dar a alguém aquilo de que ele gosta. Dar oportunidade de
fazer o que gosta). ■ Juntar o útil ao agradável. ● Ranae
aquam.
17. Ranae vinum infundis. [Albertatius 1183]. Dás vinho à rã.
■ Dá Deus nozes a quem não tem dentes. ● Ranis vinum
ministratur. [Pereira 100]. Dão vinho às rãs.
18. Ranarum more bibere. Beber como as rãs. (=Beber sem
comer).
19. Rape, congere, aufer, posside; relinquendum est.
[Marcial, Epigrammata 8.44.9]. Pega, amontoa, tira, apossa-
te; tudo deverá ser deixado para trás. (=Aproveita a vida
enquanto é tempo, pois não ficará nada). ■ Mortalha não tem
bolso.
20. Rape, trahe, fuge, late. [Plauto, Trinummus 256]. Pega,
carrega, foge, esconde-te.
21. Rapere est accipere quod non possis reddere. [Publílio
Siro]. Aceitar o que não se pode devolver equivale a roubar.
22. Rapere est, non petere, quicquid invito auferas. [Publílio
Siro]. É roubar, não pedir, tirar algo de alguém contra sua
vontade.
23. Rapere in ius. [Jur]. Levar à justiça.
24. Rapiamus, amici, occasionem de die. [Horácio, Epodon
13.3]. Amigos, agarremos a ocasião, quando ela se apresenta.
25. Rapida fortuna ac levis. [Sêneca, Medea 219]. A sorte é
veloz e inconstante.
26. Rapienda est occasio. Deve-se agarrar a oportunidade.
■ Quando a sorte chega, abre a porta.
27. Rapienda occasio est, quae praebet benignius
responsum. [Digesta 50.17.168]. Deve-se aproveitar a
oportunidade que dá a melhor solução.
28. Rapienda rebus in malis praeceps via est. [Sêneca,
Agamemnon 154]. Na adversidade, deve-se tomar o primeiro
caminho que se oferece.
29. Rapimur quo cuncta feruntur. [Lucano, Bellum Civile
8.522]. Somos arrastados para o lugar aonde são levadas
todas as coisas. ■ A morte não poupa nem o fraco nem o
forte.
30. Rara avis. [Erasmo, Adagia 2.1.21]. Uma ave rara. (=Um
fenômeno. Um prodígio. Uma maravilha). VIDE: ● Avis rara.
31. Rara avis, cara avis. Ave rara, ave cara. ■ O que é raro é
caro.
32. Rara avis in terris, nigroque simillima cygno. [Juvenal,
Satirae 6.165]. Uma ave rara na região, parecidíssima com
um cisne negro.
33. Rara esse nimis res pretiosa solet. [Thomas Campion,
Epigrammata 1.13]. O que é muito valioso costuma ser raro.
■ O que é caro é raro. VIDE: ● Optima quaeque rarissima
sunt. ● Optimum quidque rarissimum est. ● Quae optima
sunt, rara sunt.
34. Rara est adeo concordia formae atque pudicitiae.
[Juvenal, Satirae 10.298]. É coisa rara a união da beleza com
o pudor. ■ Beleza e juízo raramente andam juntos. ■ Moça
louçã, cabeça vã. VIDE: ● Forma raro cum sapientia.
35. Rara est gratia fratrum. A concórdia entre irmãos é rara.
VIDE: ● Fratrum concordia rara, discrepatio crebra.
● Fratrum quoque gratia rara est.
36. Rara fides, ubi iam melior fortuna ruit. [Sêneca,
Hercules Oetaeus 602]. É rara a fidelidade, quando a boa
sorte já desmoronou. ■ Em tempo de murici, cada qual cuida
de si. ■ Amigo de bom tempo muda-se com o vento.
37. Rara hora, et parva mora. [S.Bernardo de Clairvaux].
Oportunidade rara e de pouca duração.
38. Rara in tenui facundia panno. [Juvenal, Satirae 7.145]. É
rara a eloqüência em andrajos.
39. Rara iuvant. [Marcial, Epigrammata 4.29.3]. As coisas
raras agradam.
40. Rara iuvant animos; crebris sit nausea rebus; gratior et
fueris quominus ipse frequens. [Pereira 95]. As coisas raras
agradam ao espírito; com as repetidas nasce o enjôo; darás
mais prazer quanto menos apareceres. ■ Aonde te querem
muito, não vás amiúde.
41. Rara menda facies caret. [Ovídio, Ars Amatoria 3.261].
Raro é o rosto que não tem imperfeições.
42. Rara quidem virtus, quam non fortuna gubernet: quae
maneat stabili, cum fugit illa, pede. [Ovídio, Tristia
5.14.29]. É rara a virtude que a sorte não governe, que se
mantenha firme em sua base, quando a sorte foge. ■ Quando
a miséria entra pela porta, a virtude sai pela janela.
43. Rara temporum felicitas, ubi sentire quae velis, et quae
sentias dicere licet. [Tácito, Historiae 1.1]. Rara é a
felicidade dos tempos em que é permitido sentir o que se
quer e dizer o que se sente.
44. Rara viget probitas, ubi regnat grandis egestas. [Pereira
96]. Raramente existe a probidade, quando reina grande
necessidade. ■ A pobreza obriga a vileza. ■ A necessidade
não tem lei.
45. Rara virtus in homine longo. É rara a coragem no homem
alto. ■ Homem grande, besta de pau.
46. Rarae fumant felicibus arae. [Binder, Thesaurus 2919].
Raramente fumegam as lareiras dos homens felizes.
47. Raram facit mixturam cum sapientia forma. [Petrônio,
Satiricon 94.1]. A formosura raramente se une à sabedoria.
48. Rari nantes. [Virgílio, Eneida 1.118]. Uns poucos homens
nadando. (=Emprega-se a expressão para nomear os que se
dedicam desinteressadamente a determinada ação ou empresa
difícil). VIDE: ● Apparent rari nantes in gurgite vasto.
49. Rari quippe boni. [Juvenal, Satirae 13.26]. Os homens
honestos são raros.
50. Raris forma viris impunita fuit. [Sêneca, Hippolytus 820].
Para poucos homens a beleza não foi prejudicial.
51. Rarissima est in paupertate integritas. [Binder,
Thesaurus 2921]. Na pobreza é muito rara a inocência.
■ Pobreza é inimiga da virtude.
52. Raritas pretium facit. A escassez faz o preço. A escassez
determina o valor.
53. Raro admodum forma insignis honestasque uno sub lare
habitant. [Petrarca,. De Remediis utriusque fortunae 1.2].
Raramente a beleza notável e a virtude moram na mesma
casa.
54. Raro antecedentem scelestum deseruit pede poena
claudo. [Horácio, Ode 3.2.31]. O castigo, embora
claudicante, raramente deixou de atingir o criminoso em sua
carreira. ■ A pena é coxa, mas chega. ■ O castigo é coxo, mas
atinge sempre o culpado. ■ O castigo tarda, mas não falha.
■ Nunca o castigo tarda a quem o tempo avisa e não se
guarda.
55. Raro breves humiles vidi, rufosque fideles. [Bebel /
Binder, Thesaurus 2922]. Raramente vi homens pequenos
que fossem humildes, e homens ruivos que fossem fiéis. VIDE:
● Rufos esse minus fideles.
56. Raro est eiusdem hominis multa et opportune dicere.
[Publílio Siro]. É raro um homem falar muito e ao mesmo
tempo com oportunidade. ■ Muito falar, muito errar. ■ Quem
mais grita não é quem tem mais razão. ■ Muito e mal é
geral; muito e bem, há pouco quem. VIDE: ● Copia sermonis
non est consors rationis. ● Diversa sunt, multa eloqui,
opportunius. ● Multa dicere et opportune non eiusdem
est.
57. Raro est quando in conviviis multa vana et irrisoria non
miscentur. [S.Antonino / Bernardes, Nova Floresta 2.51]. É
raro que nos banquetes não se misturem muitas coisas vãs e
ridículas.
58. Raro lupi lenti praebentur fercula denti. [DAPR 260].
Raramente se oferecem alimentos ao dente do lobo
preguiçoso. ■ Raposa que dorme não apanha galinhas.
■ Cobra que não anda não engole sapo. VIDE: ● Dormienti
vulpi cadit intra os nihil. ● Dum stertit cattus, nunquam
sibi currit in os mus.
59. Raro meliora subsecutura. [DAPR 525]. Raramente o que
está para vir é melhor. ■ Como a Felícia d'Abrantes, pior que
dantes. ● Raro meliora subsequuntur. [Bebel / Binder,
Thesaurus 2924].
60. Raro senex mutat sententiam. [Binder, Thesaurus 2925].
Raramente velho muda de opinião. ■ Papagaio velho não
aprende a falar.
61. Raro simul hominibus bonam fortunam bonamque
mentem dari. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 30.42].
Raramente são dados aos homens ao mesmo tempo boa sorte
e bom-senso.
62. Raro ventus tempestuosus sine pluvia. [Bebel, Adagia
Germanica]. Raramente acontece um vento tempestuoso sem
chuva.
63. Raros tibi quaere sodales. [Binder, Thesaurus 2926].
Busca para ti poucos companheiros.
64. Rarum, carum. [Grynaeus 616]. ■ O que é raro é caro.
● Rarum esse oportet, quod diu carum velis. [Publílio
Siro]. Deve ser raro o que queres que seja apreciado por
muito tempo. ■ Visita rara, convidado amável.
65. Rarum est felix idemque senex. [Sêneca, Hercules
Oetaeus 643]. A mesma pessoa feliz e velha é coisa rara.
66. Rarum, in societate potentiae, concordes. [Tácito,
Annales 13.2]. É raro, na comunidade do poder, estarem as
pessoas em harmonia. ■ Dois bicudos não se beijam.
67. Rarus fidus amicus. Amigo fiel é coisa rara. ● Rarus fidus
amicus, in cunctis amici perseverans pressuris. [Tomás de
Kempis, De Imitatione Christi 4.45.10]. É raro o amigo fiel,
que persevere em todas dificuldades do amigo.
68. Rarus sermo concordiam servat. [Hugo a S.Victore /
Bernardes, Luz e Calor 1.221.68]. A pouca conversa mantém
a concórdia. ■ Guardando a língua, se guarda a concórdia.
69. Rarus sermo illis, et magna libido tacendi. [Juvenal,
Satirae 2.14]. É rara a conversa deles, e grande a sua paixão
pelo silêncio.
70. Ratam testis debet habere fidem. [Ovídio, Tristia
3.10.36]. A testemunha deve merecer confiança reconhecida.
71. Ratio agendi. [Jur]. A maneira de agir.
72. Ratio attenditur magis quam dictum. [Rezende 5812].
Dá-se mais atenção à razão que às palavras.
73. Ratio contra vim parum valet. Pouco pode a razão contra
a força.
74. Ratio decidendi. A razão de decidir.
75. Ratio docet et explanat, quid faciendum fugiendumve
sit. [Cícero, De Officiis 1.101, adaptado]. A razão ensina e
explica o que deve ser feito ou evitado.
76. Ratio dubitandi. A razão da dúvida.
77. Ratio essendi. A razão de ser. A maneira de ser.
78. Ratio est anima legis; mutata legis ratione mutatur et
lex. [Jur / Coke / Black 1497]. A razão é a alma da lei;
mudada a razão da lei, muda-se também a lei. VIDE: ● Ratio
legis est anima legis.
79. Ratio est radius divini luminis. [Black 1497]. A razão é
um raio da luz divina.
80. Ratio et auctoritas, duo clarissima mundi lumina.
[Edward Coke / Black 1497]. Razão e autoridade, as duas
luzes mais claras do mundo.
81. Ratio et consilium propriae ducis artes. [Tácito, Historiae
3.20]. Razão e deliberação são as qualidades próprias do
general.
82. Ratio fatum vincere nulla valet. [Ovídio, Tristia 3.6.18].
Nenhum plano consegue vencer o destino.
83. Ratio id iudicare vult quod aequum est; ira ad aequum
videri vult quod iudicavit. [Sêneca, De Ira 1.18.1]. A razão
quer determinar o que é justo; a cólera quer que se considere
justo o que ela determinou.
84. Ratio iuris. [Jur]. A razão do direito. O fato gerador do
direito. ● Ratio legis. [Jur]. A razão da lei.
85. Ratio legis est anima legis. [Jur / Black 1497]. A razão da
lei é a sua alma. VIDE: ● Ratio est anima legis; mutata legis
ratione mutatur et lex.
86. Ratio loquendi. A maneira de falar.
87. Ratio naturalis potest allegari; deficiente lege, vim legis
habet. [Jur / Rezende 5816]. Pode-se alegar a razão natural;
na falta de lei, ela tem força de lei.
88. Ratio naturalis quasi lex quaedam tacita. [Digesta
48.20.7]. A razão natural é uma espécie de lei tácita.
89. Ratio nihil aliud est quam in corpus humanum pars
divini spiritus mersa. [Sêneca, Epistulae Morales 66.12]. A
razão não é senão uma porção do espírito divino colocada no
corpo humano.
90. Ratio patientiam suadet, ira vindictam. [Sêneca, De Ira
2.14.3]. A razão convida à tolerância, a cólera, à vingança.
91. Ratio perfecta proprium hominis bonum est, cetera illa
cum animalibus satisque communia sunt. [Sêneca,
Epistulae Morales 76.9]. A razão perfeita é um bem próprio
do homem; as outras características são bastante comuns com
os animais.
92. Ratio quasi quaedam lux lumenque vitae. A razão é
como que a luz e a lâmpada da vida. VIDE: ● Lux lumenque
vitae ratio. ● Si ista vera sunt, ratio omnis tollitur quasi
quaedam lux lumenque vitae.
93. Ratio stricta. A razão estrita.
94. Ratio summa. A razão suprema.
95. Ratio ubi est eadem, debet esse eadem iuris dispositio.
[Jur]. Quando a razão é a mesma, deve ser a mesma a
disposição do direito. ● Ratio ubi eadem, ibi ius idem esse
debet.
96. Rationale animal est homo. [Sêneca, Epistulae Morales
41.8]. O homem é um animal racional.
97. Ratione contractus. Em razão do contrato.
98. Ratione domicilii. Em razão do domicílio.
99. Ratione fori. Em razão do foro.
100. Ratione legis. Em razão da lei.
101. Ratione loci. Em razão do lugar.
102. Ratione materiae. [Jur]. Em razão da matéria envolvida.
103. Ratione muneris. [Jur]. Em razão do cargo. Em razão da
função.
104. Ratione, non vi. [Divisa]. Pela razão, não pela força.
● Ratione, non vi, vincenda adulescentia est. [Publílio
Siro]. A juventude deve ser governada pela razão, não pela
força.
105. Ratione officii. Em razão da obrigação. VIDE: ● Propter
officium.
106. Ratione personae. [Jur]. Em razão da pessoa de que se
trata.
107. Ratione praestamus beluis. Pela razão somos superiores
aos animais. ● Ratione superamus beluis.
108. Ratione soli. Em razão do lugar.
109. Ratione temporis. Em razão do tempo.
110. Ratione vel vi. Argumentando ou usando a força.
111. Ratione vivendum est. Deve-se viver de acordo com a
razão.
112. Rationem reddere. Prestar contas.
113. Rationem vero harum gravitatis proprietatum ex
phænomenis nondum potui deducere, et hypotheses non
fingo. [Isaac Newton, Leges Motus, Scholium Generale]. O
fato é que eu ainda não pude deduzir dos fenômenos a razão
dessas propriedades da gravidade, e eu não invento hipóteses.
VIDE: ● Hypotheses non fingo.
114. Rationes crebras ponito, ut firma omnia custodias.
Examina as contas com freqüência, para vigiares todas as
coisas com firmeza. ■ Boas contas fazem os bons amigos.
VIDE: ● Clara pacta, amicitia longa.
115. Re enim, non verbis, peculium augendum est.
[Pompônio, Digesta 15.1.4.1]. O patrimônio deve ser
aumentado com atos, não com palavras.
116. Re et verbis pariter obligamur. [Digesta 44.7.52.3]. Nós
nos obrigamos tanto por ato como por palavras.
117. Re fruere ut natus mortalis; dilige sed rem tamquam
immortalis. [Ausônio, Epigrammata 145]. Goza dos teus
bens como mortal, mas ama-os como se fosses imortal.
118. Re gesta sapit amens. [Schottus, Adagia 525]. O tolo
aprende com o fato acontecido. ■ Depois do fato acontecido,
todo mundo é sábio. VIDE: ● Eventus docet, stultorum iste
magister est. ● Eventus stultorum magister est. ● Factum
autem stultus cognovit. ● Factum novit et excors.
● Factum stultus cognovit. ● Factum stultus cognoscit.
● Factum vero et stultus agnovit. ● Malo accepto stultus
sapit. ● Rem factam etiam stultus intellegit. ● Rem
peractam stultus intellexit. ● Stultorum eventus magister
est. ● Stultus accepto malo sapit. ● Stultus cum est
perpessus, tum demum sapit. ● Stultus factum cognoscit.
● Stultus post facto peritus.
119. Re in nulla prodest mora, nisi in iracundia. [Psa]. Adiar
só ajuda nos momentos de cólera. VIDE: ● Rei nulli prodest
mora, nisi iracundiae.
120. Re infecta. Estando incompleto o trabalho. Não tendo sido
realizado o negócio.
121. Re ipsa repperi facilitate nil esse homini melius neque
clementia. [Terêncio, Adelphoe 831]. Pela experiência
aprendi que nada é mais adequado ao homem do que a
indulgência e a bondade.
122. Re, non verbis. Com atos, não com palavras. VIDE:
● Rebus, non verbis.
123. Re opitulandum, non verbis. [Erasmo, Adagia 3.9.7].
Deve-se ajudar com fatos, não com palavras. ■ Falar não
enche barriga. ■ Obras são amores, e não palavras doces.
VIDE: ● Cum re opus est, nihil prosunt verba.
124. Re potius declarabo quam oratione. [Cícero, Ad
Familiares 6.13]. Demonstrarei antes por atos que por
palavras.
125. Re salva et perdita. [Terêncio, Eunuchus 258]. Na
prosperidade e no insucesso.
126. Re secunda fortis est, dubia fugax. [Fedro, Fabulae
5.2.15]. Nos momentos favoráveis, é valente, na adversidade,
é fujão. ■ Língua solta, pés ligeiros. VIDE: ● Ventosa lingua,
pedes fugaces.
127. Re vera. De fato. Na verdade.
128. Rebus angustis animosus atque fortis appare. [Horácio,
Carmina 2.10.21]. Nas situações adversas, conduze-te com
ânimo e coragem.
129. Rebus in adversis animum submittere noli: spem
retine, spes una hominem nec morte relinquit. [Dionísio
Catão, Disticha 2.25]. Na adversidade, não te deixes abater:
mantém a esperança; a esperança é a única coisa que não
abandona o homem nem na morte.
130. Rebus in adversis certa probanda fides. [Owen / Binder,
Thesaurus 2931]. É na adversidade que dever ser
comprovada a fidelidade. ■ Na adversidade se conhece a
amizade. VIDE: ● Amici probantur rebus adversis. ● Amicus
certus in re incerta cernitur. ● Rebus incertis amor est
probandus.
131. Rebus in adversis magnum munimen amici. [Palingênio
/ Binder, Thesaurus 2931]. Na adversidade os amigos são
uma grande proteção.
132. Rebus in adversis melius sperare memento. [Binder,
Thesaurus 2932]. Na adversidade, lembra-te de esperar dias
melhores. ■ Dias melhores virão. ■ Depois da tempestade,
vem a bonança. ■ Não há mal que sempre dure.
133. Rebus in adversis venit accelerata senectus. [Homero /
Manúcio, Adagia 846]. Na adversidade, a velhice aproxima-
se veloz. VIDE: ● Cura facit canos. ● Cura facit canos,
quamvis homo non habet annos.
134. Rebus in angustis facile est contemnere vitam. [Marcial,
Epigrammata 11.56.15]. Na adversidade é fácil desprezar a
vida. ● Rebus in adversis facile est contemnere mortem.
Na adversidade é fácil desdenhar a morte.
135. Rebus in humanis tria sunt peiora venenis: uxor
amara, malus socius, malefidus amicus. [Sweet 148]. Das
coisas humanas, três são piores do que venenos: a esposa
rabugenta, o mau companheiro, o amigo infiel. ● Rebus in
humanis tria sunt peiora venenis: perversus socius, mala
femina, falsus amicus. Das coisas humanas, três são piores
do que venenos: o companheiro perverso, a mulher má, o
falso amigo.
136. Rebus incertis amor est probandus. O amor deve ser
conhecido na adversidade. ■ Na adversidade se conhece a
amizade. ■É nos tempos maus que se conhecem os amigos
bons. VIDE: ● Amici probantur rebus adversis. ● Amicum
res secundae parant, adversae probant. ● Amicus certus
in re incerta cernitur. ● Amicus certus in necessitate
cernitur. ● Amicus certus in re incerta. ● Amicus in
necessitate probatur. ● Difficile est in re prospera amicos
probare, in adversa facile. ● In adversis et paupertate
cognoscitur amicus. ● In angustiis amici apparent. ● In
necessitate probatur amicus. ● Noscitur adverso tempore
verus amor. ● Noscitur in magno discrimine quis sit
amicus. ● Vera amicitia in calamitatibus dignoscitur.
137. Rebus, non verbis. Com fatos, não com palavras. VIDE:
● Ostende rebus, non verbis. ● Re, non verbis.
138. Rebus novis nova ponenda nomina. [Cícero, De Natura
Deorum 1.44]. A coisas novas devem ser atribuídos nomes
novos. VIDE: ● Imponenda nova novis rebus nomina.
139. Rebus nox abstulit atra colorem. [Virgílio, Eneida
6.272]. A noite negra tira a cor das coisas. ■ De noite todos
os gatos são pardos.
140. Rebus sic stantibus. [Jur]. Permanecendo as coisas como
estão. (=É a locução latina utilizada na terminologia jurídica
para designar a cláusula contratual, que se julga inserta nas
convenções, em virtude da qual o devedor é obrigado a
cumprir o contrato somente quando subsistem as condições
econômicas existentes quando firmado o ajuste. De Plácido e
Silva, Dicionário Jurídico 4.32). VIDE: ● Contractus qui
habent tractum successivum et dependentiam de futuro
rebus sic stantibus intelleguntur. ● Conventio omnis
intellegitur rebus sic stantibus. ● Sic stantibus rebus.
141. Rebus tranquillis metuas adversas sub illis. [Binder,
Thesaurus 2934]. Quando as coisas estão tranqüilas, temerás
as ameaças escondidas debaixo delas. ■ Atrás da cruz se
esconde o diabo.
142. Rebus turbatis, est pessimus in honore. [Pereira 111].
Quando as coisas estão confusas, o pior é prestigiado. ■ Na
água revolta pesca o pescador. ● Rebus turbatis vel
pessimus est in honore. [Schottus, Adagia 583]. Quando as
coisas estão confusas, até o pior é prestigiado. VIDE:
● Mendicus etiam plurimum in loco potest.
143. Recede a me, non appropinques mihi. [Vulgata, Isaías
65.5]. Afasta-te de mim, não te aproximes de mim. VIDE:
● Vade a me! Non appropies ad me!
144. Recede longius, et ride. [Sêneca, De Ira 3.37.3]. Afasta-te
e ri.
145. Receditur a placitis iuris potius quam iniuriae et delicta
maneant impunita. [Jur / Broom 8]. É preferível afastar-se
dos preceitos da lei a permanecerem impunes as injustiças e
os delitos.
146. Recepto dulce mihi furere est amico. [Horácio, Carmina
2.7.28]. Quando encontro um amigo, deliro de prazer.
147. Receptui canere. Tocar a retirada. ● Receptui signum
dare.
148. Reconventio reconventionis fieri non potest. [Jur]. Não
se pode fazer reconvenção de reconvenção. ● Reconventio
reconventionis non admittitur. Não se admite reconvenção
de reconvenção.
149. Recordatus est mei, Deus, et non dereliquisti diligentes
te. [Vulgata, Daniel 14.37]. Tu te lembraste de mim, ó Deus,
e não abandonaste os que te amam.
150. Recta ingenia debilitat verecundia, perversa confirmat
audacia. [Plínio Moço, Epistulae 4.7.3]. O escrúpulo tira a
iniciativa dos corações honestos, enquanto a audácia fortifica
os pervertidos. ■ Quem não tem vergonha, todo o mundo é
seu.
151. Recta prava faciunt. [Terêncio, Phormio 771]. Eles
transformam o justo em injusto.
152. Recta ratio. A razão certa.
153. Rectam ingredi viam. [Erasmo, Adagia 3.5.16]. Seguir o
caminho reto. ● Recta via ambulat. [Apostólio, Paroimiai
13.99]. Segue o caminho reto.
154. Rectam instas viam. [Plauto, Asinaria 39]. Vais no
caminho certo.
155. Recte et suaviter. [Divisa]. Reta e suavemente.
156. Recte faciendo neminem timeas. [Divisa]. Agindo
corretamente, não temerás ninguém. ■ Cumpre sempre o teu
dever, se não te queres arrepender. ● Recte faciendo
neminem timeo. [Divisa]. Agindo corretamente, não tenho
medo de ninguém.
157. Recte facti fecisse merces est. [Sêneca, Epistulae Morales
81]. O prêmio da boa ação é tê-la praticado. ■ O prêmio da
virtude é ela mesma. ● Recte factorum verus fructus sit
fecisse. [Sêneca, De Clementia 1.1.1]. O verdadeiro prêmio
das boas ações é tê-las praticado. VIDE: ● Non exercentur
virtutes ad praemium: recte facti, fecisse merces est.
158. Recte laudat se, cui nemo alius contigit laudator
[Erasmo, Moriae Encomium 3]. Com razão se louva aquele a
quem não apareceu outra pessoa que o louvasse.
159. Recte qui valeat, medicae non indigus artis. [Schottus,
Adagialia Sacra 24]. Quem tem saúde não precisa da
medicina. VIDE: ● Cum nullus sit morbus, nulla medela
opus. ● Cum nullus sit morbus, nulla medela indigeamus.
● Indigent infirmi medici auxilium. ● Infirmi medicina
opus habent. ● Non egent qui sani sunt medico, sed qui
male habent. ● Non est opus sanis medicus, sed male
habentibus. ● Non est opus valentibus medicus, sed male
habentibus. ● Non necesse habent sani medico, sed qui
male habent. ● Quorum corpus aegrotat, iis medico opus
est. ● Sanus non eget medico, sed male habens.
160. Recte rempublicam gerere. [Divisa do Estado do Rio de
Janeiro]. Administrar corretamente o estado. VIDE: ● Ars
difficilis recte rempublicam regere.
161. Recte valere et sapere, duo vitae bona. [Grynaeus 104].
Ter saúde e ser sensato são os dois bens da vida. ■ Riqueza a
valer é saúde e saber.
162. Rectene sunt omnia? [Vulgata, 3Reis 9.17]. Acaso vai
tudo bem?
163. Rectius. Mais corretamente. Ou melhor.
164. Rectum est, quod cum virtute et officio fit. [RH 3.2.3].
Considera-se justo o que é feito de acordo com a honestidade
e o dever.
165. Rectum haud fit tortile lignum. [Schottus, Adagia 597].
O pau torto não fica reto. ■ Pau que nasce torto morre torto.
■ Pau que nasce torto, até a cinza é torta. VIDE: ● Curvum
lignum nunquam rectum. ● Lignum curvum nunquam
rectum. ● Lignum curvum nunquam fit rectum. ● Lignum
incurvum nunquam rectum. ● Lignum quod tortum haud
unquam vidimus rectum. ● Lignum tortum nunquam fiet
rectum. ● Lignum tortum haud unquam rectum.
● Nunquam rectum tortile lignum. ● Pravum lignum
nunquam rectum.
166. Rectus in curia. [Jur]. Honesto na corte. (=Pessoa que está
em gozo de todos os seus direitos). ■ Com as mãos limpas.
167. Recursus ad superius tribunal. [Jur]. Um recurso a
tribunal superior.
168. Recursus adversus sententiam. [Jur]. Um recurso contra
a sentença.
169. Recusans exhibere libros habet contra se
praesumptionem mali iuris. [Jur]. Quem se recusa a exibir
os livros tem contra si a presunção de mau direito.
170. Reddam unicuique secundum opus suum. [Vulgata,
Provérbios 24.29]. Tornarei a cada um segundo as suas
obras. VIDE: ● Reddet unicuique secundum operam eius.
171. Reddam vobis annos quos comedit locusta. [Vulgata,
Joel 2.25]. Eu vos recompensarei os anos cujos frutos comeu
o gafanhoto.
172. Redde cantionem veteri pro vino novam. [Plauto,
Stichus 767]. Dá-nos uma canção nova em troca do vinho
velho.
173. Redde cuique quod suum. [Inscrição em moeda inglesa].
Dá a cada um o que é dele. VIDE: ● Cuique suum.
174. Redde mihi nummos. [Marcial, Epigrammata 8.13.2].
Devolve-me o dinheiro.
175. Redde quod debes. [Vulgata, Mateus 18.28; Sêneca, De
Beneficiis 3.14.3]. Paga-me o que me deves. VIDE: ● Debita
redde mihi. ● Prius redde quod debes.
176. Redde rationem vilicationis tuae. [Vulgata, Lucas 16.2].
Presta as contas da tua administração.
177. Reddenda est terrae terra. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 3.25]. A terra deve ser restituída à terra.
178. Reddere gaudet homo nequam pro melle venenum, pro
fructu poenam, pro pietate dolum. [Gualterius Anglicus,
Fabulae Aesopicae 10.11]. O homem malvado se compraz
em dar veneno pelo mel, sofrimento pelo benefício, falsidade
pelo amor.
179. Reddet unicuique secundum operam eius. [Vulgata,
Mateus 16.27; Romanos 2.6]. (Deus) premiará cada um
segundo suas obras. VIDE: ● Reddam unicuique secundum
opus suum.
180. Reddit hominem ferociorem victoria. A vitória torna o
homem mais feroz.
181. Reddit mercatum mox prompta pecunia gratum.
[Binder, Thesaurus 2939]. Dinheiro à vista deixa o mercado
satisfeito. ■ Com dinheiro à vista, toda gente é benquista.
182. Reddit, non perdit, cui quod alienum est perit. [Publílio
Siro]. Devolve, não perde, quem fica sem o que pertence a
outrem.
183. Reddite ergo quae sunt Caesaris, Caesari, et quae sunt
Dei, Deo. [Vulgata, Mateus 22.21]. Dai a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus. VIDE: ● Date Caesari quae
sunt Caesaris. ● Quod Dei Deo, quod Caesaris Caesari.
184. Reddite omnibus debita: cui tributum, tributum; cui
vectigal, vectigal; cui timorem, timorem; cui honorem,
honorem. [Vulgata, Romanos 13.7]. Pagai a todos o que lhes
é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a
quem temor, temor; a quem honra, honra.
185. Redditum non videtur quod deterius redditur. [Jur].
Entende-se como não restituído o que se restitui em pior
estado.
186. Reddunt delirum femina, vina, virum. [Binder,
Thesaurus 2940]. Mulher e vinho fazem o homem delirar.
■ Vinho, mulher e tabaco põem o homem fraco.
187. Redeamus ad rem. Voltemos ao assunto. ■ Voltemos à
vaca fria. ● Redeamus ad nuces. Voltemos às nozes.
188. Redimebat tamen vitia virtutibus. [Sêneca Retórico,
Controversiae, Praefatio 11]. Ele compensava seus defeitos
com suas qualidades.
189. Redire, cum perit, nescit pudor. [Sêneca, Agamemnon
113]. A honra que se perde não consegue voltar. ■ Vergonha
só se perde uma vez. VIDE: ● Pudor dimissus nunquam redit
in gratiam.
190. Redire saepe fraus in auctorem solet. Muitas vezes a
trapaça recai sobre seu autor. ■ O feitiço se volta contra o
feiticeiro. ■ Quem laço me armou nele caiu. ■ Quem faz
trelas cai nelas. VIDE: ● Fraus in auctorem recidit.
191. Redit ad auctores genus, stirpemque primam degener
sanguis refert. [Sêneca, Hippolytus 906]. A descendência
retorna aos antepassados, e o sangue degenerado indica sua
origem.
192. Reditus quisque suos amat. [Ovídio, Ex Ponto 2.3.17].
Cada um gosta de seus interesses. ■ Cada um puxa a brasa
para a sua sardinha. ■ Cada qual procura as suas melhoras.
193. Redolet lucernam. Cheira a lampião. (=Diz-se de obra
resultante de muito esforço). ● Redolet lucernā. VIDE:
● Lucernam olet. ● Olet lucernam.
194. Reductio ad absurdum. Redução ao absurdo.
195. Reductio ad impossibile. Redução ao impossível.
196. Referendum. Aquilo que deve ser proposto para
deliberação. (=Referendum. Direito que têm os cidadãos de
se pronunciar diretamente a respeito das questões de
interesse geral).
197. Refert, quam quis bene vivat; quam diu, non refert.
[PSa]. Importa quão bem se vive, não importa por quanto
tempo.
198. Reficit animos ac reparat varietas ipsa. [Quintiliano,
Institutio Oratoria 1.12.4]. A variedade serve para refrescar e
restaurar a mente.
199. Reflectere noli ad terminum ubi perveneris. [Publílio
Siro]. Não recues, quando tiveres chegado ao fim do
caminho.
200. Reformatio in peius. [Jur]. Reforma para pior.
(=Agravamento da pena).
201. Refrenanda est cupiditas. [Schottus, Adagia 298]. A
cupidez deve ser controlada.
202. Refricare cicatricem. [Erasmo, Adagia 1.6.80]. Reabrir
uma ferida. ■ Renovar feridas velhas. VIDE: ● Noli obductam
refricare cicatricem
203. Refugium peccatorum, ora pro nobis. [Das Litaniae
Beatae Mariae Virginis, da liturgia católica]. Ó refúgio dos
pecadores, ora por nós.
204. Rege dormiente, populi ferociunt. [Schrevelius 1174].
Quando o rei dorme, o povo pratica crueldades.
205. Regenda magis est fervida adulescentia. [Sêneca,
Octavia 446]. A juventude fogosa deve ser mais orientada.
206. Regenti imperium omnia nimia, velut praecipites
scopuli, sunt evitanda. [Amiano Marcelino, Historia
30.8.3]. O governante deve evitar todo excesso, do mesmo
modo que evitaria um precipício.
207. Reges qui vivunt non omnia omnes possunt. [Werner].
Todos os reis que estão vivos não podem tudo.
208. Regia, crede mihi, res est succurrere lapsis. [Ovídio, Ex
Ponto 2.9.11]. Podes crer, socorrer os infelizes é coisa digna
de reis. ● Regia, crede mihi, laus est succurrere lapsis.
209. Regia via. A estrada real.
210. Regibus boni quam mali suspectiores sunt. [Salústio,
Catilina 7.1]. Para os reis as pessoas honestas são mais
suspeitas que as más.
211. Regibus certior est ex mansuetudine securitas. [Sêneca,
De Clementia 1.8.6]. Para os reis é mais garantida a
segurança que vem da benevolência.
212. Regibus mos est. [Horácio, Sermones 1.2.86]. É costume
dos reis.
213. Regibus peius est multo, quam ipsis servientibus.
[Publílio Siro]. A sorte dos reis é muito pior do que a dos
próprios servos. ● Regibus peius est multo, quam ipsis
servientibus: quia illi singulos, isti universos timent. A
sorte dos reis é muito pior do que a dos que servem, pois
estes temem a indivíduos, aqueles, a todos. VIDE:
● Regnantibus multo peius est periculum quam his qui
iudicantur: hi enim singulos timent, illi universos.
214. Regina Caeli. [Da liturgia católica]. A Rainha do Céu.
● Regina Caelorum. A Rainha dos Céus.
215. Regio quaeque suis utitur legibus. [Grynaeus 776]. Cada
terra usa suas leis. ■ Cada terra com seu uso, cada roca com
seu fuso. VIDE: ● Sunt usus rerum totidem, quot climata
mundi. ● Suus est mos cuique genti.
216. Regis ad exemplum totus componitur orbis. [Rezende
5834; Medina 605]. A terra toda se adapta ao exemplo do rei.
■ Qual o rei, tal a lei; qual a lei, tal a grei. ■ Manda quem
pode, obedece quem tem juízo. VIDE: ● Componitur orbis
regis ad exemplum. ● Qualis rex, talis grex.
217. Regis observator esto: non tamen ipsius redituum
exactor. [Rezende 5835]. Presta reverência ao rei, mas não
cobres de seus rendimentos. ■ A teu rei nunca ofendas, nem
lances em suas rendas.
218. Regis voluntas suprema lex esto. [Rezende 5837]. Que a
vontade do rei seja a suprema lei. ■ A vontade do rei tem
força de lei. ■ Manda quem pode. VIDE: ● Quicquid regi
placuerit, quamvis ratione careat, legis habet vigorem.
● Quo volunt reges, vadunt leges. ● Quo voluntas regis
vadunt leges. ● Quod placuit principi legis habuit
vigorem. ● Quod principi placuit, legis habet vigorem.
● Quod principi placuit, legis habet rationem. ● Ut volunt
reges, ita valent leges. ● Voluntas principis suprema lex
est.
219. Regitur fatis mortale genus. [Sêneca, Octavia 924]. A
humanidade é governada pelo destino.
220. Regna cum scelere omnibus sunt exsiliis graviora.
[Sêneca, Phoenissae 624]. O trono que se ganhou por meio
de um crime é pior do que todos os exílios.
221. Regna custodit metus. [Sêneca, Oedipus 703]. O medo é
o guardião dos tronos. ■ O medo guarda a vinha, não o
vinheiro.
222. Regna, non impera! Reina, não sejas déspota!
223. Regnabit sanguine multo quisquis ad imperium venit
ab exsilio. [Suetônio, Vita Tiberii 59 / Pereira 113].
Governará com muito sangue quem veio do exílio para o
poder. ■ Não peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu.
224. Regnant populi. Os povos governam. VIDE: ● Regnat
populus.
225. Regnant qualibet urbe lupi. [Gualterius Anglicus,
Fabulae Aesopicae 1.2 / Pereira 99]. Em qualquer cidade
governam os lobos. ■ Cá e lá más fadas há. ■ Em toda parte
há um pedaço de mau caminho. ■ Em toda parte há pedras
na estrada.
226. Regnanti et stulto lex non est scripta. [Schottus, Adagia
597]. A lei não foi escrita nem para quem governa nem para
o louco.
227. Regnantibus multo peius est periculum quam his qui
iudicantur: hi enim singulos timent, illi universos. [DM
141]. Há muito mais risco para os que governam do que para
os que julgam: estes temem indivíduos, aqueles temem a
todos. VIDE: ● Regibus peius est multo, quam ipsis
servientibus: quia illi singulos, isti universos timent.
228. Regnare Christum volumus. [Da liturgia católica].
Queremos que Cristo reine.
229. Regnare nolo, liber ut non sim mihi. [Fedro, Fabulae
3.7.27]. Não quero reinar, para não perder minha liberdade.
230. Regnare non vult, esse qui invisum timet. [Sêneca,
Phoenissae 654]. Não quer reinar quem teme ser odiado.
231. Regnare quid sit, quando gustavit semel, subesse nescit.
Quem uma vez provou o que é reinar, não sabe mais
obedecer.
232. Regnat carnalis cupiditas, ubi non est Dei caritas.
[Publílio Siro]. Reina cupidez carnal onde não há amor a
Deus.
233. Regnat, non regitur, qui nihil nisi quod vult facit.
[Publílio Siro]. Quem só faz o que quer, é rei, e não súdito,.
234. Regnat populus. [Divisa do Estado de Arcansas, EUA]. O
povo governa. VIDE: ● Regnant populi.
235. Regnet iustitia et ruat caelum. Reine a justiça, ainda que
desabe o céu. VIDE: ● Fiat iustitia, etsi caelum ruat. ● Fiat
iustitia, ruat caelum. ● Fiat iustitia et ruant caeli.
236. Regnum caelorum vim patitur et violenti rapiunt illud.
[Vulgata, Mateus 11.12]. O reino dos céus padece força, e os
que fazem violência são os que o arrebatam.
237. Regnum meum non est de hoc mundo. [Vulgata, João
18.36]. O meu reino não é deste mundo.
238. Regnum non est divisibile. [Jur / Black 1518]. O poder
não é divisível. ■ Duas espadas não cabem na mesma
bainha.
239. Regnum peccati. O reino do pecado. VIDE: ● Ubi non est
timor Dei, ibi regnum peccati.
240. Regnum saepius ab assentatoribus, quam ab hostibus
everti solet. Com mais freqüência costuma ser o reino
derrubado pelos bajuladores do que pelos inimigos. VIDE:
● Magis adulatio quam hostis reges et principes perdet.
241. Regula certa datur, bene qui stat, non moveatur.
[Pereira 118]. É uma regra certa: quem está bem não se
mexa. ■ Quem está bem, deixe-se estar. ■ Quem bem está,
não se levante. VIDE: ● Bene qui stat, non moveatur. ● Qui
felicem mutat statum, ne aegre ferat fortunae casum. ● Si
qua sede sedes, et est tibi commoda sedes, illa sede sede,
nec ab ista sede recede.
242. Regula ex iure, non ius ex regula sumitur. A prática vem
da lei, e não a lei da prática. VIDE: ● Non ex regula ius
sumatur, sed ex iure quod est regula fiat. ● Non ius ex
regula, sed regula ex iure.
243. Regula fidei. [Tertuliano, Adversus Praxean 1.2]. A regra
da fé.
244. Regula pro lege, si deficit lex. [Black 1518]. Na falta da
lei, a máxima jurídica vale como lei.
245. Regula regularum. A regra suprema.
246. Regum casus norunt omnes. [Grynaeus 518]. Todos
conhecem a sorte dos reis.
247. Regum ultima ratio. [Incrição em canhão / Bernardes,
Nova Floresta 5.162]. O último argumento dos reis. VIDE:
● Ultima ratio regum. ● Ultima ratio regis.
248. Rei bonae vel vestigia delectant. [Epígrafe de Fábula de
Fedro 3.1 / Rezende 5844]. Do que é bom até o rasto deleita.
249. Rei nulli prodest mora, nisi iracundiae. [Publílio Siro].
Adiar só vale a pena nos momentos de cólera. VIDE: ● Re in
nulla prodest mora, nisi in iracundia.
250. Reipublicae forma laudari facilius quam evenire.
[Tácito, Annales 4.33]. É mais fácil ser louvada a forma de
governo republicana que ser realizada.
251. Reipublicae interest ne crimina remaneant impunita.
Ao país interessa que os crimes não permaneçam impunes.
252. Relata refero. [Heródoto, Historia 7.152 / Rezende 5845].
Conto o que me foi contado. VIDE: ● Narrata refero.
● Prodenda quia prodita.
253. Relicta non bene parmula. [Horácio, Carmina 2.7.10]. O
escudo foi abandonado com pouca glória.
254. Religio deos colit, superstitio violat. [Sêneca, De
Clementia 5.1]. A religião cultua os deuses, a superstição os
desrespeita.
255. Religio est praecipuum humanae societatis vinculum.
[Bacon, De Unitate Ecclesiae 1, adaptado]. A religião é o
principal vínculo da sociedade humana. VIDE: ● Legem
vinculum humanae societatis. ● Lex est civilis societatis
vinculum.
256. Religio et fides anteponatur amicitiae. [Cícero, De
Officiis 3.46]. A religião e a lealdade devem antepor-se à
amizade.
257. Religio loci. [Virgílio, Eneida 8.349]. O espírito do lugar.
258. Religio vera est firmamentum reipublicae. [Platão /
Sweet 154]. A verdadeira religião é a base do estado.
259. Relinquet homo patrem et matrem, et adhaerebit uxori
suae, et erunt duo in carne una. [Vulgata, Gênesis 2.24].
Deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua
mulher, e serão ambos uma carne.
260. Reliquas etiam virtutes frugalitas continet. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.16]. A moderação contém todas
as virtudes.
261. Reluctante natura, irritus labor est. [Sêneca, De
Tranquillitate Animi 6.2]. Quando a natureza se opõe,
qualquer esforço é inútil. VIDE: ● Stultitia est venatum
ducere invitas canes.
262. Rem actam agis. [Plauto, Pseudolus 253]. Fazes o que
está feito. ■ Arrombas porta aberta.
263. Rem acu tetigisti. Tocaste a coisa com uma agulha.
■ Acertaste na mosca. ■ Acertaste em cheio. VIDE: ● Acu
tangere. ● Tetigisti acu. ● Tetigisti ulcus!
264. Rem alienam suo periculo curare stultitia est. É tolice
velar por bem alheio com risco próprio.
265. Rem facias, rem, si possis, recte, si non, quocumque
modo rem. [Horácio, Epistulae 1.1.65]. Ganha dinheiro,
dinheiro, se puderes honestamente, se não puderes, de
qualquer maneira. ■ Entre honra e dinheiro, o segundo é o
primeiro. VIDE: ● Si possis, recte, si non, quocumque modo
rem.
266. Rem factam etiam stultus intellegit. [Homero / Erasmo,
Chiliades 1]. Diante do acontecido até o tolo aprende.
■ Depois do fato todo o mundo é sábio. ■ O tolo aprende à
sua própria custa, o avisado, à custa do tolo. ● Rem factam
stultus cognoscit. [Albertatius 1189]. VIDE: ● Eventus docet,
stultorum iste magister est. ● Eventus stultorum magister
est. ● Factum novit et excors. ● Factum autem stultus
cognovit. ● Factum stultus cognovit. ● Factum stultus
cognoscit. ● Factum vero et stultus agnovit. ● Malo
accepto stultus sapit. ● Re gesta sapit amens. ● Rem
peractam stultus intellexit. ● Stultorum eventus magister
est. ● Stultus accepto malo sapit. ● Stultus cum est
perpessus, tum demum sapit. ● Stultus factum cognoscit.
● Stultus post facto peritus.
267. Rem gerere. Administrar bens.
268. Rem ipsam putemus. [Terêncio, Adelpho 766].
Examinemos os fatos.
269. Rem maximam promittit tibi sapientia, ut te reducat
tibi. [Publílio Siro]. A filosofia te promete a coisa mais
importante, que é te reconduzir a ti mesmo.
270. Rem meam ubi invenio, ibi vindico. [Jur]. Coisa minha,
onde a encontro, eu a exijo. VIDE: ● Ubi rem meam invenio,
ibi vindico.
271. Rem, non spem, quaerit amicus. [Sweet 1]. O amigo
quer coisa concreta, não esperança. ■ Promessa de feijão não
enche barriga. ● Rem, non spem, factum, non dictum
quaerit amicus. [Anônimo, Carmen de Figuris 104]. O
amigo busca resultado, não promessas; atos, não palavras.
VIDE: ● Auxilium peto, non consilium. ● Auxilium, non
consilium. ● Factum, non dictum. ● Quod peto da, Cai,
non peto consilium.
272. Rem omnem considera. [Periandro / Rezende 5858].
Considera a questão inteira.
273. Rem peractam stultus intellexit. [Grynaeus 226]. O tolo
aprendeu com o acontecimento. ■ O tolo aprende à sua
própria custa, o avisado, à custa do tolo. ■ Depois do fato
todo o mundo é sábio. VIDE: ● Eventus docet, stultorum iste
magister est. ● Eventus stultorum magister est. ● Factum
autem stultus cognovit. ● Factum novit et excors.
● Factum stultus cognoscit. ● Factum stultus cognovit.
● Factum vero et stultus agnovit. ● Re gesta sapit amens.
● Rem factam etiam stultus intellegit. ● Stultorum eventus
magister est. ● Stultus accepto malo sapit. ● Stultus cum
est perpessus, tum demum sapit. ● Stultus factum
cognoscit. ● Stultus post facto peritus.
274. Rem perpende prius; tunc age, quando libet. [Binder,
Thesaurus 2951]. Primeiro avalia a questão; depois age,
quando quiseres. ■ Pensa antes, procede depois.
275. Rem prorsus ignotam amare omnino nullus potest.
[S.Agostinho, De Trinitate 10.1]. Ninguém pode, de maneira
nenhuma, amar uma coisa desconhecida.
276. Rem quam nix celat, pulsa nive, terra revelat. Aquilo
que a neve esconde, afastada a neve, a terra mostra. ■ A
verdade não sofre estar por muito tempo encoberta.
277. Rem strenuus auge. [Horácio, Epistulae 1.7.71]. Aumenta
com dedicação os teus bens.
278. Rem tene, verba sequentur! [Tosi 48]. Persiste no
assunto, que as palavras adequadas virão! VIDE: ● Verba
provisam rem non invita sequentur.
279. Rem tenes. Estás com a coisa na mão. ■ Acertaste em
cheio!.
280. Rem tibi quam nosces aptam dimittere noli. [Dionísio
Catão, Disticha 2.26]. Não deixes escapar aquilo que sabes
ser vantajoso para ti.
281. Rem tuam custodi. [Dionísio Catão, Monosticha 13].
Guarda teu patrimônio.
282. Remedia amara amaram bilem diluunt. [Manúcio,
Adagia 77]. São amargos os remédios que diluem a amarga
bílis. ■ Para males extremos, remédios extremos.
283. Remedia degustata quidem mordeant, interius autem
recepta dulcescant. [Boécio, De Consolatione Philosophiae
3. Prosa 1.2-3]. Há remédios que, ao serem provados, são
amargos, mas que, sorvidos, adoçam.
284. Remedia quotiens invenit nobis deus periculis peiora.
[Sêneca, Medea 433]. Quantas vezes a divindade encontra
para nós remédios piores do que os perigos.
285. Remedium aliquando peius est quam malum. Às vezes
o remédio é pior do que a doença.
286. Remedium extraordinarium. [Jur]. O remédio
extraordinário. (=O habeas-corpus).
287. Remedium frustra est contra fulmen quaerere. [Publílio
Siro]. É inútil procurar remédio contra o raio.
288. Remedium iniuriarum oblivio est. O esquecimento é o
remédio para as ofensas. ■ O esquecimento é o maior
remédio das injúrias. ■ A maior vingança é o desprezo. VIDE:
● Iniuriarum remedium est oblivio. ● Iniuriarum
remedium est oblivium. ● Magnanimo iniuriae remedium
oblivio est.
289. Remedium iuris. [Jur]. O remédio do direito. A solução
jurídica.
290. Remedium tumultus fuit alius tumultus. [Tácito,
Historiae 2.68]. O remédio para a rebelião foi outra rebelião.
291. Remigiis utar, si non afflaverit aura. [Divisa / Rezende
5851]. Usarei dos remos, se o vento não soprar.
292. Remigio meo rem gero. [Plauto, Miles Gloriosus 746]. Eu
guio a coisa com o meu remo. ■ Eu mesmo governo a minha
barca. ■ Sou dono do meu nariz.
293. Remigio veloque quantum poteris festina. [Plauto,
Asinaria 156]. Com remo e vela apressa-te quanto puderes.
294. Remis adice vela tuis. [Ovídio, Remedia Amoris 790].
Aos remos acrescenta as velas.
295. Remis velisque. [Erasmo, Adagia 1.4.18]. Com remos e
velas. (=Com todos os recursos possíveis). VIDE: ● Velis
remisque.
296. Remis ventisque. [Virgílio, Eneida 3.563]. Com remos e
ventos. (=Apressadamente).
297. Remissius imperanti melius paretur. [Sêneca, De
Clementia 1.24.1]. Obedece-se melhor ao que comanda com
mais doçura. ■ Mais se consegue com amor que com dor.
VIDE: ● Mitius imperanti melius paretur.
298. Remittere animum quasi amittere est. [Musonius /
Stevenson 1580]. Relaxar o espírito é como perdê-lo.
299. Remittuntur ei peccata multa, quoniam dilexit multum.
[Vulgata, Lucas 7.47]. Perdoados lhe são seus muitos
pecados, porque amou muito.
300. Remota itaque iustitia, quid sunt regna nisi magna
latrocinia? [S.Agostinho, De Civitate Dei 4.4.1]. Sem a
justiça, que são os governos, senão grandes rapinagens? VIDE:
● Ablata iustitia, quid sunt regna nisi magna latrocinia?
301. Remoto ioco. [Cícero, Ad Familiares 7.11]. Fora de
brincadeira. VIDE: ● Amoto ludo. ● Ioco remoto. ● Omissis
iocis.
302. Remove existimationem hominum: dubia semper est.
[Sêneca, Epistulae Morales 26]. Esquece o julgamento dos
homens: é sempre duvidoso.
303. Renovate animos. [Divisa]. Restaurai vossa coragem.
304. Renuis quod tu, iubet alter. [Horácio, Epistulae 2.2.63].
O que tu proíbes, outro obriga.
305. Renuntianti iuri suo non datur regressus. [Jur / Rezende
5860]. Ao renunciante não se dá regresso ao seu direito.
306. Renuntiare iuri de futuro nemo potest. [Jur]. Ninguém
pode renunciar a direito futuro.
307. Renuntiare iuri, vel favori suo quilibet potest. [Jur].
Qualquer um pode renunciar a direito ou a favor.
308. Renuntiatio ut valeat, peragenda est in scriptis. [Jur]. A
renúncia, para ter força, deve ser feita por escrito.
309. Reo favere in dubio est potius quam actori. [Jur]. Na
dúvida, é preferível favorecer o réu a favorecer o autor. VIDE:
● In dubio pro reo.
310. Repelli se homo facilius fert quam decipi. [Publílio
Siro]. O homem suporta melhor ser rejeitado do que ser
enganado. ● Repelli se homines facilius quam decipi
ferunt. [Publílio Siro]. Os homens suportam melhor serem
rejeitados do que enganados.
311. Repellit ver hiemem. [Ovídio, Metamorphoses 10.164]. A
primavera expulsa o inverno. VIDE: ● Sequitur ver hiemem.
● Ver hiemem sequitur; sequitur post triste serenum.
312. Repente dives nemo factus est bonus. [PSa]. Nenhum
homem de bem ficou rico de repente. VIDE: ● Ne festines
locupletari, ne celerius fias pauper.
313. Repente liberalis stultis gratus est, verum peritis irritos
tendit dolos. [Fedro, Fabulae 1.23.1]. Quem fica liberal de
uma hora para outra agrada aos tolos, mas às pessoas
avisadas ele arma ardis inúteis.
314. Repente oritur non exspectatum. [Grynaeus 421]. De
repente acontece o inesperado. VIDE: ● Fungus una nocte
nascitur.
315. Reperit Deus nocentem. [Erasmo, Adagia 2.6.11]. Deus
encontra o culpado. ■ O castigo tarda, mas não falha.
316. Reperto quod est optimum, qui quaerit aliud, peius
invenit. [Quintiliano, Institutio Oratoria 2.15.38, adaptado;
Rezende 5866]. Quem, tendo encontrado o que é muito bom,
procura outra coisa, encontra o pior. ■ O melhor é inimigo do
bom. ■ Quem quer mais do que tem a mal vem.
317. Repertrix omnium artium paupertas. A pobreza é a
criadora de todas as artes. ■ A pobreza é descobridora das
artes. VIDE: ● Egestas artes docet. ● Egestas docet artes et
fames artium magistra. ● Paupertas artes omnes
perdocet. ● Paupertas omnes artes perdocet, ubi quem
attingit. ● Paupertas omnium artium repertrix.
318. Repetita iuvant. [Rezende 5867]. As coisas repetidas
agradam. ● Repetita placebunt. As coisas repetidas
agradarão. VIDE: ● Displicent repetita.
319. Repetitio est mater studiorum. [Tosi 378]. ■ A repetição
é a mãe do estudo. ● Repetitio est mater memoriae. A
repetiçào é a mãe da lembrança.
320. Reposita est haec spes mea in sinu meo. [Vulgata, Jó
19.27]. Esta minha esperança está depositada no meu peito.
321. Repperi quod non quaerebam. [Schottus, Adagia 216].
Encontrei o que não procurava. ■ Fui buscar lã e voltei
tosquiado.
322. Reprehendere omnes sciunt. [Schrevelius 1171]. Criticar,
todos sabem. ■ Criticar é fácil, difícil é fazer.
323. Reprehendet aliquis, citius atque imitabitur. [Schottus,
Adagia 617]. Alguém critica, mas logo esse mesmo imitará.
324. Reproba pecunia non liberat solventem. [Ulpiano,
Digesta 13.7.24]. Moeda falsa não libera a quem paga.
325. Reprobare non possum in alium, quod in me approbo.
[Jur]. Não posso condenar em outrem o que aprovo em mim.
326. Reprobari non potest quod approbatum. [Jur]. Não se
pode condenar o que foi aprovado.
327. Reprobata pecunia liberat solventem. [Jur / Black 1536].
A recusa do dinheiro (oferecido) libera (da dívida) o pagador.
328. Reprobatio unius alios instruat, et ruina reprobati ad
aliorum cedat documentum. [VES 14]. A punição de um
ensinará a outros, e a degraça do punido será a advertência
dos outros.
329. Repugnante natura, nihil medicina proficit. [Celso, De
Medicina 3.1.4]. Quando a natureza se opõe, o remédio não
funciona. VIDE: ● Adversante natura.
330. Requiem aeternam dona eis, Domine; et lux perpetua
luceat eis. [Da Missa dos Mortos, da liturgia católica].
Descanso eterno dá-lhes, Senhor, e que a luz perpétua os
ilumine. ● Requiem aeternam donet ei Dominus. [Do
epitáfio de Alcuíno]. Que o Senhor lhe dê repouso eterno.
331. Requiem faciet tibi Altissimus. [Vulgata, 4Esdras 10.24].
O Altíssimo te dará o descanso. VIDE: ● Et requiem tibi dabit
Dominus semper.
332. Requies aeterna. [Vulgata, Eclesiástico 30.17]. O
descanso eterno.
333. Requiescat in pace. Descanse em paz. ● Requiescant in
pace. Descansem em paz.
334. Requiesce, comede, bibe, epulare. [Vulgata, Lucas
12.19]. Descansa, come, bebe, regala-te.
335. Requiescite pusillum. [Vulgata, Marcos 6.31]. Descansai
um pouco.
336. Requietus ager bene credita reddit. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.1.351]. O campo repousado devolve com juros o
que lhe é confiado.
337. Rerum amissarum remedium est oblivio. [Publílio Siro].
O esquecimento é o remédio para as perdas sofridas. ■ Ao
perdido, perder-lhe o sentido. VIDE: ● Rerum
irrecuperabilium remedium est oblivio. ● Rerum
irrecuperabilium summa felicitas oblivio.
338. Rerum cognoscere causas. [Divisa da London School of
Economics]. Conhecer as causas das coisas. VIDE: ● Felix qui
potuit rerum cognoscere causas.
339. Rerum copia verborum copiam gignit. [Cícero, De
Oratore 31.125]. A abundância das coisas produz a
abundância das palavras.
340. Rerum concordia custos. [Binder, Thesaurus 2952]. A
união é a guardiã das coisas.
341. Rerum enim vocabula immutabilia, hominum
mutabilia. [Ulpiano, Digesta 4.1]. Os nomes das coisas são
imutáveis, os dos homens, mutáveis.
342. Rerum honestarum nulla satietas. [Schottus, Adagia 62].
Não há fastio de coisas boas. ■ Por muito pão, nunca mau
ano. ■ O que é bom nunca foi de mais. VIDE: ● Nulla satietas
rerum honestarum.
343. Rerum honestarum pretium in ipsis est. [Sêneca, De
Beneficiis 4.1]. O prêmio da virtude está nela mesma. ■ O
prêmio da virtude é ela mesma. VIDE: ● Virtutem pretium
esse sui. ● Virtutum omnium pretium in ipsis est.
344. Rerum humanarum divinarumque potestas Fors.
[Petrônio, Satiricon 120]. A sorte é a senhora das coisas
humanas e divinas. ● Rerum humanarum domina Fortuna.
[Cícero, Pro Marcello 7]. A Fortuna é a senhora das coisas
humanas.
345. Rerum irrecuperabilium remedium est oblivio. [Binder,
Medulla 1548]. O remédio das coisas irrecuperáveis é o
esquecimento. ■ Ao perdido, perder-lhe o sentido. ● Rerum
irrecuperabilium summa felicitas oblivio. O esquecimento
das coisas irrecuperáveis é a maior felicidade. VIDE: ● Rerum
amissarum remedium est oblivio.
346. Rerum magistra experientia est. [Walther 26588ª / Tosi
394]. A experiência é a mestra das coisas. ■ A experiência é a
mãe das coisas. ■ A experiência é a mestra da vida. ● Rerum
magister usus est. O uso é o mestre das coisas. VIDE:
● Experientia est omnium magistra rerum. ● Experientia
magistra rerum. ● Experientia rerum omnium mater est
et magistra. ● Rerum omnium magister usus.
347. Rerum natura creatrix. [Lucrécio, De Rerum Natura
1.629]. A natureza é a criadora das coisas.
348. Rerum natura nihil dicitur perdere, quia, quidquid illi
avellitur, ad illam redit, nec perire quicquam potest.
[Sêneca, De Beneficiis 5.8.5]. Diz-se que a natureza nada
perde, porque tudo que dela se separa a ela volta, e nada pode
perder-se.
349. Rerum natura nullam nobis dedit cognitionem finium.
[Cícero, Academica 2.29]. A natureza não nos deu o
conhecimento dos limites das coisas.
350. Rerum naturam quam errorem nostrum damnare
malumus. [Cícero, Tusculanae Disputationes 5.4].
Preferimos condenar a natureza a condenar nosso próprio
erro.
351. Rerum omnium difficillimae tacere audireque. [Aulo
Gélio, Noctes Atticae 1.9.5]. De todas as coisas as mais
difíceis são calar e ouvir.
352. Rerum omnium magister usus. [César, De Bello Civili
2.8]. O uso é o mestre de todas as coisas. ■ O uso faz o
mestre. VIDE: ● Experientia est omnium magistra rerum.
● Experientia magistra rerum. ● Experientia rerum
omnium mater est et magistra. ● Rerum magistra
experientia est.
353. Rerum omnium thesaurus memoria. [Isidoro de Sevilha,
Sententiae 1.13.7b; Rezende 5877]. A memória é o tesouro
de todas as coisas. ■ A memória é o estojo da ciência. VIDE:
● Memoria est thesaurus omnium rerum et custos.
● Thesaurus rerum omnium memoria.
354. Rerum omnium vicissitudo. [Erasmo, Adagia 3.9.72].
Todas as coisas têm sua sorte. ■ Tudo tem seu tempo. VIDE:
● Est rerum omnium vicissitudo.
355. Rerum primordia pandam. [Lucrécio, De Rerum Natura
1.129]. Revelarei as origens das coisas.
356. Rerum prudentia velox ante pilos venit, dicenda
tacendaque calles. [Pérsio, Satirae 4.4]. A sagacidade
chegou veloz antes da barba: sabes perfeitamente o que deve
ser dito e o que deve ser calado. VIDE: ● Ante pilos sapit.
● Prudentia velox ante pilos venit. ● Scilicet ingenium ante
pilos venit?
357. Rerum, quas assequi cupias, praesumptio ipsa iucunda
est. [Plínio Moço, Epistulae 4.15.11]. É agradável o antegozo
das coisas que desejas conseguir.
358. Res ab exitu spectanda et dirigenda est. [Pereira 121]. A
ação deve ser planejada e realizada tendo em vista seu
resultado. ■ Antes de entrar, pensar na saída. ■ Sempre deves
medir teus negócios pelos fins, para que melhor atines.
359. Res accendent lumina rebus. [Lucrécio, De Rerum
Natura 1.1111]. Umas coisas jogarão luz nas outras.
360. Res accessoria sequitur rem principalem. [Jur / Broom
376]. O acessório segue o principal. VIDE: ● Accessio cedat
principali. ● Accessorium sequitur naturam sui
principalis. ● Accessorium sequitur suum principale.
361. Res acta est. A questão está encerrada.
362. Res ad triarios pervenit. [Bernardes, Nova Floresta
5.128]. A questão chegou aos triários. (=Os triários, corpo de
soldados veteranos, formavam, nos exércitos romanos, a
terceira linha, que só entrava em combate em situações de
grande perigo. Res ad triarios pervenit significa que há
necessidade de empregar todos os recursos disponíveis). ●
Res ad triarios rediit. [Tito Lívio, Ab Urbe Condita 8.2.8,
adaptado / Polydorus, Adagia].
363. Res adiudicata. Uma coisa julgada. Uma coisa decidida.
VIDE: ● Res iudicata.
364. Res adversae. A adversidade. O infortúnio. VIDE: ● Res
angustae. ● Res dubia. ● Res tristes.
365. Res age quae prosunt. [Dionísio Catão, Disticha 4.7]. Só
toma iniciativas que te tragam proveito.
366. Res agitur tua, paries cum proximus ardet. Trata-se de
interesse teu, quando a parede vizinha está pegando fogo.
■ Quando a barba do vizinho pega fogo, põe a tua de molho.
VIDE: ● Nam tua res agitur, paries cum proximus ardet.
● Qui videt ardere vicini tecta, timere debet de propriis:
nequeunt sua tuta manere. ● Tua res agitur, et de tuo
periculo, non de meo agitur. ● Tunc tua res agitur, paries
dum proximus ardet.
367. Res aliena. [Jur]. A coisa alheia. A propriedade de outro.
368. Res amicorum communes sunt. [Schottus, Adagia 466].
As coisas dos amigos são comuns. ■ Quem a mim quer bem
diz-me do que sabe e dá-me do que tem. VIDE: ● Amicorum
omnia sunt communia: amicus est alter ego. ● Amicorum
bona sunt communia. ● Amicorum communia omnia.
● Amicorum esse communia omnia. ● Amicorum res
communes. ● Communia esse amicorum inter se omnia.
● Inter enim amicos cuncta sunt communia.
369. Res amicos invenit. [Plauto, Stichus 521]. Dinheiro faz
amigos. ■ Quem tem dinheiro, tem graça e amigos.
370. Res amissa. [Jur]. A coisa perdida.
371. Res angusta domi. [Juvenal, Satirae 3.165]. A escassez de
recursos da casa. A pobreza.
372. Res angustae. A adversidade. O infortúnio. VIDE: ● Res
adversae. ● Res dubia. ● Res tristes.
373. Res ardua vetustis novitatem dare, novis auctoritatem,
obsoletis nitorem, obscuris lucem, fastiditis gratiam,
dubiis fidem. [Plínio Antigo, Naturalis Historia, Praefatio
15]. É coisa difícil renovar o que é antigo, dar
responsabilidade ao que é novo, beleza ao que é obsoleto, luz
ao que é escuro, graça ao que é desdenhado, confiança ao
que é duvidoso.
374. Res auctorem qualis sit coarguit. [Grynaeus 226]. A obra
demonstra quem é o autor. ■ Pela obra se conhece o obreiro.
■ As obras mostram o que cada um é. VIDE: ● Ex arte
cognoscitur artifex. ● Opus artificem probat. ● Opus
laudat artificem. ● Opus opificem commendat. ● Opus
opificem probat.
375. Res autem durissima vivere solum. É muito duro viver
só. VIDE: ● Res sane durissima est vivere solum.
376. Res bona est, non exstirpare sceleratos, sed scelera.
[Psa]. O bom não é eliminar os criminosos, mas os crimes.
VIDE: ● Res optima est non sceleratos exstirpare, sed
scelera.
377. Res bona fide vendita, propter minimam causam,
inempta fieri non debet. [Paulo, Digesta 18.1.54]. Não se
deve, por causa mínima, anular a compra de coisa vendida
em boa-fé.
378. Res clamat domino. [Jur]. A coisa clama por seu dono.
■ O alheio chora por seu dono. ● Res clamat ad dominum.
[Binder, Thesaurus 2954]. VIDE: ● Res, ubicumque sit, pro
domino suo clamat.
379. Res communes. [Jur / Black 371]. Coisas comuns.
(=Coisas que pertencem a muitos. Coisas públicas). VIDE:
● Communia.
380. Res communis omnium. [Jur]. Uma propriedade comum.
381. Res concupita vetando fit dulcior. [Binder, Thesaurus
2955]. A coisa ardentemente desejada, ao ser proibida, fica
mais doce. ■ O fruto proibido é mais doce.
382. Res controversa. [Jur / Black 1539]. Uma matéria
controvertida. ● Res controversa est: aliis iudicandum
relinquimus. A matéria é controvertida: cabe aos outros
julgar.
383. Res crescit domino suo. [Jur]. A coisa cresce em
benefício de seu dono. VIDE: ● Res fructificat domino suo.
384. Res cunctas tempus, mors seniumque vorant. O tempo,
a morte e a velhice devoram tudo. ■ O tempo gasta tudo.
385. Res debita. [Jur]. A coisa devida.
386. Res derelicta. [Jur / Black 1539]. Uma propriedade
abandonada.
387. Res divinae. Coisas divinas.
388. Res dubia. A coisa duvidosa. A incerteza. A adversidade.
O infortúnio. VIDE: ● Res adversae. ● Res angustae.
389. Res dubia hominem neglegentem facit. A desventura
torna o homem negligente. ■ Onde falta ventura, diligência é
escusada.
390. Res dubias ab se animus abdit. O espírito rejeita a
incerteza.
391. Res dura. A extrema necessidade.
392. Res empta ex pecunia aliena acquiritur emptori et non
ei cuius erat pecunia. [Jur / Rezende 5883]. A coisa
comprada com dinheiro alheio é adquirida para o comprador,
e não para o dono do dinheiro.
393. Res est admodum fragilis humanum corpus. O corpo
humano é coisa muito frágil.
394. Res est arbitrio non dirimenda meo. [Ovídio, Fasti
6.98]. A questão não deve ser dirimida pelo meu arbítrio.
395. Res est blanda canor. [Ovídio, Ars Amatoria 3.315]. O
canto é uma coisa agradável.
396. Res est forma fugax. [Sêneca, Hippolytus 773]. A beleza
é coisa efêmera. ■ A beleza é um bem frágil. ■ A beleza
depressa acaba. VIDE: ● Forma bonum fragile est. ● Forma
bonum fragile est, aeterna sapientia lucet.
397. Res est imperiosa timor. [Marcial, Epigrammata 11.58.8].
O medo é coisa irresistível.
398. Res est iam in vado. [Terêncio, Andria 845]. A situação já
está garantida. VIDE: ● Res in vado est.
399. Res est in tuto. [Pereira 103]. O negócio está em
segurança. ■ Tudo corre às mil maravilhas. ■ Em boa mão
está o pandeiro. VIDE: ● Res in portu est. ● Res integra est.
400. Res est ingeniosa dare. [Ovídio, Amores 1.8.62]. Doar é
uma coisa inteligente. ■É melhor dar que receber.
401. Res est magna tacere. [Marcial, Epigrammata 4.80.6].
Calar é uma grande coisa.
402. Res est misera ubi ius est vagum et incertum. [Jur /
Black 1540]. A situação é deplorável quando a lei é
imprecisa e incerta.
403. Res est sacra miser. [Rezende 5887]. O infeliz é coisa
sagrada. VIDE: ● Res sacra, miser.
404. Res est solliciti plena timoris amor. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.633]. O amor é cheio de ansiedade e medo.
■ Alma namorada de pouco é assombrada. ■ Quem ama
teme.
405. Res familiaris augeatur ratione, diligentia, parsimonia.
[Cícero, De Officiis 1.92, adaptado]. O patrimônio da família
deve ser aumentado com método, perseverança e economia.
406. Res fortuna ex libidine sua agitat. A sorte dirige os
acontecimentos por seu capricho.
407. Res fructificat domino suo. [Jur]. A coisa frutifica em
benefício do dono. VIDE: ● Res crescit domino suo.
408. Res fungibiles. {Jur / Black 1539]. Coisas fungíveis.
(=Coisas que podem ser substituídas em iguais quantidades e
qualidades).
409. Res furtiva. [Jur]. Coisa futada. ● Res furtivae. [Black
1539]. Coisas furtadas. Mercadorias furtadas.
410. Res geritur haud male. [Schottus, Adagia 637]. A coisa
não vai mal. ■ O negócio está em caminho.
411. Res gestae. As coisas realizadas. Os feitos. As transações.
VIDE: ● Gesta.
412. Res hominum sic sunt ut citrea poma: aut matura
cadunt, aut immatura leguntur. [Inscrição em túmulo]. As
coisas humanas são como limões: ou caem maduras, ou são
colhidas verdes. fragiles caducaeque sunt. [Cícero, De
Amicitia 27]. As coisas humanas são frágeis e perecíveis.
413. Res humanae ita sese habent: in victoria vel ignavis
gloriari licet; adversae res etiam bonos detractant.
[Salústio, Bellum Iugurthinum 53.2]. As ações humanas são
assim: na vitória até os covardes se jactam; a derrota
envergonha até os valorosos.
414. Res humanas ordine nullo Fortuna regit. [Sêneca,
Hippolytus 977]. A sorte governa as coisas humanas sem
qualquer regra.
415. Res in cardine est. [Grynaeus 206]. A coisa está numa
extremidade. (=A coisa está num momento decisivo. Não se
sabe qual será o resultado).
416. Res in meo foro vertitur. [Saraiva 501]. Eu pleiteio
perante o meu tribunal. (=Sei onde estou. Conheço o terreno
que piso. Sei o que faço). ● Res in foro nostro vertitur.
[Eiselein 506].
417. Res in iudicium deducta est. [Jur]. A questão foi trazida a
juízo. VIDE: ● Res iudicanda.
418. Res in portu est. [Rezende 5889]. A coisa está no porto.
■ Tudo corre às mil maravilhas. ■ O negócio está em
caminho. ■ Em boa mão está o pandeiro. VIDE: ● Res est in
tuto. ● Res integra est.
419. Res in vado est. A coisa no vau. (=A situação está segura.
O negócio não oferece risco). ● Res in tuto est. VIDE: ● Res
est iam in vado. ● Res omnis in vado est.
420. Res incorporales. [Jur]. Os bens incorpóreos.
421. Res incrementum tempore suscipiunt. [Grynaeus 599].
Com o tempo as coisas sofrem aumento.
422. Res integra est. A coisa está em segurança. ■ Tudo corre
às mil maravilhas. ■ Em boa mão está o pandeiro. VIDE: ● Res
est in tuto. ● Res in portu est.
423. Res inter alios acta aliis nec nocet nec prodest. [Jur]. O
negócio que é feito entre uns, nem prejudica nem beneficia a
outros. ● Res inter alios acta aliis neque nocet neque
prodest. ● Res inter alios acta aliis nocere non potest. O
negócio feito entre uns, não pode prejudicar a outros. ● Res
inter alios acta alteri nocere non debet. [Jur / Broom 748].
O negócio feito entre uns, não deve prejudicar a outro. ● Res
inter alios acta nobis nec prodesse nec obesse debet. O
negócio realizado entre outros nem deve favorecer-nos, nem
prejudicar-nos. VIDE: ● Inter alios acta vel iudicata aliis non
nocere.
424. Res ipsa loquitur. [Cícero, Pro Milone 53]. O fato fala por
si mesmo. ● Res ipsa clamat. ● Res ipsa indicat. [Terêncio,
Eunuchus 705]. ● Res ipsa monstrat. ● Res ipsa testis est.
[Plauto, Aulularia 420]. ● Res ipsa monstrabit. [Schottus,
Adagia 376]. O próprio fato mostrará.
425. Res iudicanda. [Jur]. Uma questão que deve ser julgada.
VIDE: ● Res in iudicium deducta est.
426. Res iudicata. [Jur / Black 1540]. Uma questão julgada.
VIDE: ● Res adiudicata.
427. Res iudicata dicitur quae finem controversiarum
iudicis pronuntiatione accipit. [Ulpiano, Digesta 42.1.1].
Considera-se coisa julgada aquela que chega ao fim das
controvérsias pelo pronunciamento do juiz.
428. Res iudicata facit de albo nigrum; ex nigro, album; ex
curvo, rectum; ex recto, curvum. [Jur / Black 1540]. A
causa julgada faz do branco negro; do negro, branco; do
curvo, reto; do reto, curvo. VIDE: ● Sententia facit de albo
nigrum, de quadrato rotundum.
429. Res iudicata ius facit inter partes. [Jur]. A coisa julgada
faz lei entre as partes.
430. Res iudicata pro veritate accipitur. [Digesta 1.5.25;
50.17.207]. A coisa julgada é aceita como verdade. ● Res
iudicata pro veritate habetur. VIDE: ● Iudicata res pro
veritate accipitur. ● Sententia, quae in rem iudicatam
transit, pro veritate habetur.
431. Res litigiosa. [Jur / Black 1540]. A coisa litigiosa.
432. Res loquentur nobis tacentibus. [Sêneca, De Beneficiis
2.11.6]. Os fatos falarão, mesmo que fiquemos calados.
433. Res magnae clementiae est, indulgendo corrigere
peccata quam vindicando. [Publílio Siro]. É ato de grande
clemência corrigir os erros pela indulgência, e não pela
punição.
434. Res magnas a magnis considerari oportet. As grandes
questões devem ser consideradas pelos grandes homens.
435. Res mala vir malus est; mala femina pessima res est.
[Werner / Sweet 124]. Um homem mau é coisa ruim; uma
mulher má é coisa péssima. VIDE: ● Nihil super malitiam
pravae mulieris.
436. Res male dilabitur, quae conspectu domini caret.
[Medina 582]. Perde-se a coisa a que falta a presença do
dono. ■ Onde não vai o dono, vai o dolo. ■ Dono fora, dia
santo na loja. VIDE: ● Fertilissimus in agro oculus domini.
● Maiores fertilissimum in agro oculum domini esse
dixerunt. ● Oculos et vestigia domini, res agro
saluberrimas. ● Oculus domini in agro fertilissimus est.
● Praesentia domini provectus est agri. ● Stercus optimum
domini vestigium. ● Vestigia domini optimum stercus.
437. Res male partae non sunt diuturnae. [Pereira 115]. As
coisas mal adquiridas não são duradouras. ■ O mal ganhado,
leva-o o diabo. ■ O que mal se adquire mal se perde.
■ Dinheiro, assim como veio, vai. ● Res male quaesita saepe
recedit ita. [DAPR 248]. Coisa mal adquirida muitas vezes
vai embora do mesmo modo. VIDE: ● Daemonium repetit
quidquid procedit ab ipso. ● Male parta male dilabuntur.
● Male partum male disperit. ● Male quaesitum male
consumetur. ● Non habet eventus sordida praeda bonos.
● Quod male lucratur, male perditur et nihilatur. ● Quod
male quaesitum est, peius abire solet. ● Res quasi bruma
fluit, quae male parta fuit.
438. Res miranda nova, picae fur abstulit ova. Novidade
espantosa: o ladrão roubou os ovos da gralha. (=Corresponde
ao provérbio inglês An egg is stolen even from a witch).
439. Res miranda populo. [Rezende 5894]. É coisa que causa
admiração ao povo. VIDE: ● Advocatus et non latro? Res
miranda gentibus.
440. Res mobiles. [Jur / Black 1540]. Bens móveis. VIDE:
● Mobilia.
441. Res modo formosae foris, intus erunt maculosae.
[DAPR 301]. Por fora coisas formosas, por dentro estarão
manchadas. ■ Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.
■ Por fora muita farofa, por dentro molambo só. VIDE: ● Intus
Nero, foris Cato.
442. Res mutata in pristinum statum redire non facile
potest. [Pontanus]. Uma coisa modificada não pode
facilmente voltar ao estado anterior. ■ O que está feito não
pode ser desfeito.
443. Res nata ex re mea ad me pertinet. [Jur / Binder,
Thesaurus 2958]. Coisa nascida de coisa minha a mim
pertence.
444. Res naturaliter perit domino. [Jur]. O prejuízo
naturalmente é do dono. VIDE: ● Casum sentit dominus.
● Damnum sentit dominus. ● Res perit domino.
445. Res non parta labore, sed relicta. [Marcial, Epigrammata
10.47.3]. Coisa não adquirida pelo trabalho, mas deixada em
testamento.
446. Res non posse creari de nihilo. [Lucrécio, De Rerum
Natura1 265]. A matéria não se pode criar do nada.
447. Res non semper, spes mihi semper adest. [Ovídio,
Heroides 18.180]. Nem sempre tenho sucesso, mas sempre
tenho esperança.
448. Res, non verba. ■ Atos, não palavras. ■ Falar, falar não
enche barriga. VIDE: ● Agere, non loqui. ● Plurimum facere,
et minimum de se ipso loqui. ● Verba non implent
marsupium.
449. Res nostra ab aliis retineri non potest, nobis invitis.
[Jur]. Coisa nossa não pode ser retida por outros contra nossa
vontade.
450. Res nullius. [Jur / Black 1540]. Coisa de ninguém. Coisa
sem dono.
451. Res nullius naturaliter fit primi occupantis. [Jur / Black
1540]. ● Res nullius est primi occupantis. A coisa que não
tem dono pertence ao primeiro que a ocupa. ]. ● Res nullius
est primi capientis. VIDE: ● Quod nullius est, primo
occupanti cedit.
452. Res omnis in vado est. [Manúcio, Adagia 3]. Está tudo em
segurança. VIDE: ● Res in vado est.
453. Res optima est non sceleratos exstirpare, sed scelera.
[Publílio Siro]. O melhor não é eliminar os criminosos, mas
os crimes. VIDE: ● Res bona est, non exstirpare sceleratos,
sed scelera.
454. Res optimae. A sorte favorável. A prosperidade. A
felicidade. VIDE: ● Res prosperae. ● Res secundae.
● Secunda. ● Secundae res.
455. Res optimae amicos parant, res adversae probant. A
prosperidade atrai amigos, a adversidade prova-os. ■ O
amigo certo se conhece na ocasião incerta. ● Res parant
secundae amicos optime, adversae probant. [Tosi 1378].
VIDE: ● Secundae amicos res parant, tristes probant.
456. Res palam omnibus est. [Plauto, Truculentus 818]. O fato
está diante de todos.
457. Res parta furto durabit tempore curto. [DAPR 583].
Coisa obtida por furto durará tempo curto. ■ Quem com o
alheio se veste na praça o despe.
458. Res parva, sed initium non parvae. [Plínio Moço,
Epistulae 5.4.1]. É coisa pequena, mas início de uma grande.
459. Res peracta nihil opus est consultatione. Depois do
acontecimento, não há necessidade de conselho. ■ Conselho
só serve cedo. VIDE: ● Post factum, nullum consilium.
● Serum est post facta consilium.
460. Res perit domino. [Maloux 138; Broom 611]. A coisa se
perde para o dono. (=O prejuízo é do dono). ● Res perit suo
domino. [Broom 199]. ● Res periit domino. [Black 1540], A
coisa está perdida para o dono. VIDE: ● Casum sentit
dominus. ● Damnum sentit dominus. ● Res naturaliter
perit domino.
461. Res perit emptori. [Jur]. A coisa perece para o
comprador.
462. Res perridicula est. [Marcial, Epigrammata 7.75]. É uma
coisa grotesca.
463. Res plurimas magister edocet fames. [Apostólio,
Paroimiai 16.40]. A mestra fome nos ensina muitas coisas.
VIDE: ● Artificia docuit fames. ● Artificia docet fames.
● Fames artium magistra. ● Fames magistra.
464. Res plus valent quam verba. [Salústio, Oratio Pompei 3].
Atos têm mais força que palavras.
465. Res praecedentis anni semper meliores. [Apostólio,
Paroimiai 18.10]. As coisas do ano passado são sempre
melhores. ■ Qualquer tempo do passado foi melhor que o de
agora. VIDE: ● Anni superioris semper meliora. ● Annus
superior, semper melior. ● Semper anteriora meliora.
● Semper praestat prior annus. ● Semper superior annus
melior sequenti. ● Semper superiora meliora. ● Semper
superioris anni proventus melior. ● Semper superioris
anni meliora.
466. Res, pretium et consensus. [Jur]. Coisa, preço e
concordância. (=São os requisitos da compra e venda).
467. Res primi capientis. [Jur]. A coisa é do primeiro que lhe
deita a mão. VIDE: ● Res nullius naturaliter fit primi
occupantis. ● Res nullius est primi occupantis. ● Res
nullius est primi capientis.
468. Res privatae. [Jur / Black 1540]. Bens privados.
469. Res procedit ex sententia. A ação avança conforme o
plano.
470. Res propria est quae communis non est. [Jur / Black
1541]. Bem particular é aquele que não é de propriedade
coletiva.
471. Res prosperae. A sorte favorável. A prosperidade. A
felicidade. VIDE: ● Res optimae. ● Res secundae. ● Secunda.
● Secundae res.
472. Res publica est res populi. Populus est coetus
multitudinis iuris consensus et utilitatis communione
sociatus. [Cícero, De Republica 1.39]. O estado é coisa do
povo. O povo é o conjunto de cidadãos associados por
consenso de direitos e comunhão de interesses.
473. Res publicae. [Jur / Black 1540]. Bens públicos.
474. Res quae differtur auferri saepe videtur. [Tosi 944].
Coisa que é adiada muitas vezes parece perder-se. VIDE:
● Quod differtur, non aufertur. ● Sperando melius, fit
vetus ipse lupus. ● Tolle moras; semper nocuit differre
paratis.
475. Res quaeque tanti est, quanti emptorem invenerit.
[Publílio Siro]. Cada coisa vale o preço por quanto encontrar
comprador.
476. Res quaesita mora, parva consumitur hora. [Eiselein
589]. Coisa que se conseguiu devagar, se perde num
momento. VIDE: ● Perditur exiguo quaesitum tempore
longo.
477. Res quanto est maior, tanto est insidiosior. [Publílio
Siro]. Quanto maior a riqueza, tanto mais traiçoeira.
478. Res quasi bruma fluit, quae male parta fuit. [Bebel,
Proverbia Germanica 434]. Esvai-se como bruma o que se
consegue por mal. ■ O mal ganhado, leva-o o diabo. VIDE:
● Daemonium repetit quidquid procedit ab ipso. ● Male
parta male dilabuntur. ● Male partum male disperit.
● Male quaesitum male consumetur. ● Non habet eventus
sordida praeda bonos. ● Quod male lucratur, male
perditur et nihilatur. ● Quod male quaesitum est, peius
abire solet. ● Res male partae non sunt diuturnae.
479. Res quotquot sunt occidere, et nihil permanere. Tudo
que existe perece,, e nada permanece. ■ Tudo no mundo tem
fim.
480. Res rediit ad restim. [Terêncio, Phormio 685]. Só sobrou
uma corda. ■ Tudo está perdido. ■ Dei com os burros n’água!
481. Res sacra consilium. [Manúcio, Adagia 458]. O conselho
é coisa sagrada. ■ Bom conselho não tem preço. VIDE:
● Consilium, res sacra.
482. Res sacra consultor. [Erasmo, Adagia 2.1.47; Grynaeus
128]. O conselheiro é coisa sagrada. ■ Um bom conselheiro
alumia como candeeiro.
483. Res sacra miser. O infeliz é coisa sagrada. VIDE: ● Res est
sacra miser.
484. Res sacra non recipit aestimationem. [Digesta 1.8.9.5].
Objeto sagrado não admite avaliação.
485. Res sane durissima vivere solum. Não há dúvida que é
muito duro viver só. VIDE: ● Res autem durissima est vivere
solum.
486. Res satis est nota: plus foetent stercora mota. [Binder,
Thesaurus 2959; Rezende 5907]. É coisa bem sabida: fede
mais o esterco mexido. ■ Merda, quanto mais se mexe, mais
fede. ● Res satis est nota: plus dolent vulnera mota. É fato
bem sabido: doem mais as feridas remexidas. ■ Não se fala
de corda em casa de enforcado. VIDE: ● Plus foetent stercora
mota. ● Stercus quo plus commovetur et agitatur tanto
plus foetet.
487. Res se vera quidem semper declarat honeste.
[Columbano]. A verdade sempre se apresenta honestamente.
■ A verdade não quer enfeites.
488. Res secundae. A sorte favorável. A prosperidade. A
felicidade. VIDE: ● Res optimae. ● Res prosperae. ● Secunda.
● Secundae res.
489. Res secundae mire sunt vitiis obtentui. O sucesso serve
maravilhosamente de disfarce para os vícios. VIDE:
● Secundae res sunt vitiis obtentui.
490. Res serias omnes extollo ex hoc die in alium diem.
[Plauto, Poenulus 496]. Transfiro de hoje para outro dia
todos os negócios sérios.
491. Res severa est gaudium verum. A alegria verdadeira é
coisa séria. VIDE: ● Mihi crede, verum gaudium res severa
est. ● Verum gaudium est res severa.
492. Res sola potest facere et servare beatum. [Horácio,
Epistulae 1.6.47]. Só o dinheiro pode fazer e conservar
alguém feliz.
493. Res tanti est, quanti emptorem invenerit. [Binder,
Thesaurus 2960]. A coisa vale o preço pelo qual encontrar
comprador. ■ Tanto vale a coisa quanto dão por ela. ● Res
tantum valet quantum vendi potest. A coisa vale tanto, por
quanto pode ser vendido. VIDE: ● Valet quantum vendi
potest.
494. Res transit cum suo onere. [Jur / Black 1541]. A coisa é
transferida com seu ônus. ● Res transit cum suo onere ad
quemcumque vadat. [Rezende 5910]. A coisa passa com
seu ônus a quem quer que ela vá. ● Res transit cum suo
onere ad quemcumque veniat. VIDE: ● Omne commodum
cum suo onere pertransit. ● Omnis commoditas sua fert
incommoda secum.
495. Res tua te reperit Argum, res altera caecum. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 58.17]. Teus interesses te
reconhecem um Argos; os interesses dos outros te encontram
um cego. (=Segundo a mitologia, Argos tinha cem olhos, dos
quais cinqüenta estavam sempre abertos). ■ Cada um quer
levar a água ao seu moinho e deixar seco o do vizinho.
496. Res tuas tibi habe. [Sêneca Retórico, Controversiae 2].
Fica com tuas coisas. (=Fórmula do divórcio entre os
romanos). VIDE: ● Tuas res tibi habeto.
497. Res, ubicumque est, sui domini est. [Jur / Rezende 5911].
A coisa, onde quer que esteja, é do seu dono.
498. Res, ubicumque sit, pro domino suo clamat. [Mota 143].
A coisa, onde quer que esteja, clama por seu dono. ■ O alheio
chora por seu dono. VIDE: ● Res clamat domino.
499. Res valet, ars praestat; si res perit, ars mihi restat.
[DAPR 494]. O dinheiro tem poder, o ofício pode mais; se o
dinheiro acaba, fica-me o ofício. ■ Quem tem ofício não
morre de fome. ■ A fome chega à porta do oficial, mas não
ousa entrar. VIDE: ● Artem quaevis alit terra.
500. Res viderunt, causas non viderunt. [Pascal]. Viram o
fato, mas não viram suas causas.
501. Reseca in me, Factor mei, otiositatem, somnolentiam,
pigritiam et mentis hebetudinem. [S.Agostinho]. Suprime
de mim, ó meu Criador, a ociosidade, a sonolência, a
preguiça e a fraqueza de espírito.
502. Resiste, et iras comprime, ac retine impetum. [Sêneca,
Medea 381]. Pára, reprime tua ira, contém teu ímpeto.
503. Resistite autem diabolo, et fugiet a vobis. [Vulgata,
Tiago 4.7]. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
504. Resistito gratiae, cum officium et fides postulabit.
[Cícero, Pro Murena 65]. Resiste ao favor, quando o dever e
a fidelidade o exigirem.
505. Resoluto iure concedentis resolvitur ius concessum. [Jur
/ Broom 361]. Extinto o direito do concedente, extingue-se o
direito concedido. ● Resoluto iure concedentis resolvitur
ius accipientis. [Resende 5900]. Extinto o direito do
concedente, extingue-se o direito do recipiente.
506. Respice, adspice, prospice. [Divisa da City University, de
Nova Iorque, EUA]. Olha o passado, o presente e o futuro.
● Respice et prospice. [Divisa]. Pensa no passado e no
futuro.
507. Respice finem. [Rezende 5902]. Considera o resultado.
(=Mede as conseqüências). VIDE: ● Finem respice.
● Quidquid agas, prudenter agas et respice finem. ● Si
quid agas, prudenter agas et respice finem.
508. Respice finem, respice funem! [Tosi 1567]. Pensa no teu
fim, pensa na corda!
509. Respice in nos. [Vulgata, Atos 3.4]. Olha para nós.
510. Respice post te! Hominem te memento. [Tertuliano,
Apologeticus 23.1]. Olha em torno, lembra-te de que és um
ser humano. (=Palavras ditas por um escravo a seu senhor,
quando este entrava em Roma em triunfo).
511. Respice quid moneant leges. [Juvenal, Satirae 8.91]. Olha
o que determinam as leis.
512. Respicere nihil consuevit iracundia. [Publílio Siro]. A
cólera não costuma tomar conhecimento de nada.
513. Respiciet deus bene cogitata. [Sêneca, Thyestes 490]. O
deus olhará o que foi bem planejado.
514. Respicite volatilia caeli, quoniam non serunt, neque
metunt, neque congregant in horrea. [Vulgata, Mateus
6.26]. Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem
segam, nem fazem provimentos nos celeiros.
515. Responde stulto iuxta stultitiam suam. [Vulgata,
Provérbios 26.5]. Responde ao louco segundo a sua loucura.
516. Respondeat superior. [Jur / Broom 226]. O senhor é o
responsável. (=O patrão é o responsável pelos erros do
empregado, e o chefe, pelos de seu agente).
517. Respondet positis monachi devotio nummis. [Binder,
Thesaurus 2964]. A devoção do monge corresponde às
moedas ofertadas. ■ Tal paga, tal trabalho.
518. Responsa prudentum. [Jur / Black 1547]. Respostas dos
juristas (sobre questões jurídicas a eles submetidas).
519. Responsio mollis frangit iram. [Pereira 96]. ■ Resposta
branda ira quebranta. ■ Mais apaga a boa palavra que
caldeira d’água. ● Responsio mollis frangit iram, sermo
durus suscitat furorem. [Vulgata, Provérbios 15.1]. A
resposta branda quebra a ira; e a palavra dura suscita o furor.
VIDE: ● Frangit iram dulce verbum. ● Frangitur ira gravis,
cum sit responsio suavis. ● Lingua mollis confringet
duritiam. ● Mollis responsio frangit iram; sermo quoque
durus suscitat furorem.
520. Responsio unius non omnino audiatur. [Jur / Black
1547]. A resposta de uma única testemunha não deve de
maneira nenhuma ser considerada.
521. Responsio secundum interrogationem intellegenda. [Jur
/ Binder, Thesaurus 2965]. A resposta deve ser entendida de
acordo com a pergunta.
522. Respue crudelitatem et matrem crudelitatis iram.
[Publílio Siro]. Repele a crueldade e a mãe da crueldade, que
é a ira.
523. Respue quod non es. [Pérsio, Satirae 4.51]. Não queiras
ser o que não és. ■ Fazei-vos mel, comer-vos-ão as moscas.
524. Restat iter caeli. [Ovídio, Ars Amatoria 2.37]. Resta o
caminho do céu.
525. Restim tu tibi cape crassam ac suspende te. [Plauto,
Persa 815]. Pega uma corda grossa e te enforca. VIDE:
● Capias restim ac te suspendas.
526. Restitui spoliatus ante omnia, qualibetque exceptione
postposita. [Jur / Rezende 5909]. Antes de tudo o espoliado
tem de ser ressarcido, qualquer que seja a exceção
apresentada depois.
527. Restitutio in integrum. [Jur / Black 1548]. Uma
restituição integral. Uma restauração integral.
528. Resurgam. [Ovídio, Tristia 2.23]. Vou reerguer-me. VIDE:
● Post tres dias resurgam.
529. Rete inflas. [Schottus, Adagia 268]. Estas soprando na
rede. (=Fazes trabalho inútil).
530. Rete ne tendas accipitri et milvo. [Epígrafe de fábula de
Fedro 1.24 / Rezende 5913]. Não estendas rede para o gavião
nem para o milhafre. ■ Ninguém pode despir um homem nu.
■ Quem não tem, não teme. ● Rete non tenditur milvo.
[Bailey, Divers Proverbs 10]. Não se estende rede para
milhafre. ● Rete non tenditur accipitri et milvo. [Bailey,
Divers Proverbs 30]. Não se estende rede nem para gavião
nem para milhafre. VIDE: ● Non rete accipitri tenditur nec
milvo.
531. Reti ventos venaris. [Zenódoto / Erasmo, Adagia 1.4.63].
Caças os ventos com uma rede. ■ Carregas água em cesto.
● Reti ventos captas. [Dumaine 240]. ● Reti ventum
venaris. [Schottus, Adagia 403]. VIDE: ● Ventos retibus
captas. ● Ventum reti venaris.
532. Retinenda mediocritas, et animi in utraque fortuna
aequabilitas. Deve-se manter a moderação e o equilíbrio de
espírito, seja a sorte favorável ou desfavorável.
● Retinendam esse in utraque fortuna animi
aequabilitatem. Deve-se manter o equilíbrio de espírito em
qualquer situação.
533. Retro. Para trás. Atrás.
534. Retro sedet ianuam non invitatus ad aulam. [DAPR
380]. Quem não foi convidado para entrar na casa fica atrás
da porta. ■ A boda e a batisado não vás sem ser convidado.
VIDE: ● Assideat ianuae non invitatus honeste.
535. Retro, Satana! Para trás, Satanás! VIDE: ● Vade post me,
Satana. ● Vade retro me, Satana. ● Vade retro, Satana.
536. Retrorsum vela dare. Velejar para trás. (=Recuar. Mudar
de intenção. Desistir).
537. Retrovenditio est pactum, quo venditor sibi reservat ius
rem suam redimendi, sub condicione, quod pretium eius
restituat, sumptus solvat, aliaque damna resarciat. [Jur].
A retrovenda é um contrato pelo qual o vendedor se reserva o
direito de comprar de volta um bem seu, sob a condição de
restituir seu preço, pagar as despesas e ressarcir outros
prejuízos.
538. Retroversus crescit, tamquam coda vituli. [Petrônio,
Satiricon 44.12]. Cresce para baixo, como rabo de bezerro.
■ Cresce para baixo, como rabo de cavalo. ■ Cresce como
rabo de cavalo. VIDE: ● Haec colonia retroversus crescit
tamquam coda vituli.
539. Reus citatus qui sine iusta causa nec ipse per se nec per
procuratorem comparet, contumax declarari potest. [Jur].
O réu citado que, sem justa causa, não comparece, nem
pessoalmente nem por meio de procurador, pode ser
declarado contumaz.
540. Reus est mortis. [Vulgata, Mateus 26.66]. É réu de morte.
541. Reus, in exceptionibus, fit actor. [Jur]. O réu, nas
exceções, torna-se autor. ● Reus excipiendo fit actor.
542. Reus innocens fortunam, non testem timet. [Publílio
Siro]. O réu inocente teme a sorte, não a testemunha.
543. Reus sacra res est. [Rezende 5914]. O réu é coisa sagrada.
544. Revela oculos meos, et considerabo mirabilia de lege
tua. [Vulgata, Salmos 118.18]. Tira o véu dos meus olhos, e
eu considerarei as maravilhas da tua lei.
545. Reverentiam debitam exhibere matri filius cogatur.
[Jur]. O filho é obrigado a mostrar à sua mãe o respeito
devido.
546. Revertere ad locum tuum. [Vulgata, Números 24.11].
Retorna ao teu lugar. (=Inscrição freqüente em portões de
cemitérios).
547. Reverti eo, unde venerit, nulli grave est. A ninguém é
difícil retornar ao ponto de partida. ● Reverti unde veneris
nihil grave est. Voltar ao lugar de onde se veio não é difícil.
548. Revocat aurora laborem. A aurora traz de volta o
trabalho.
549. Revocate animos maestumque timorem mittite; forsan
et haec olim meminisse iuvabit. [Virgílio, Eneida 1.202].
Reanimai-vos e expulsai a tristeza e o medo; talvez algum
dia ser-vos-á agradável recordar estes acontecimentos. VIDE:
● Forsan et haec olim meminisse iuvabit.
550. Rex a regendo et consulendo, non a regnando atque
dominando, denominatur. Chama-se rei por dirigir e
orientar, não por reinar e dominar. VIDE: ● Non a regnando
rex est, sed iure regendo.
551. Rex aut asinus. [Erasmo, Adagia 3.5.4]. Ou rei ou asno.
■ Ou tudo ou nada. VIDE: ● Aut Caesar aut nihil. ● Aut
Caesar aut nullus. ● Aut rex, aut asinus.
552. Rex aut poëta non quotannis nascitur. [Florus, De
Qualitate Vitae 9.2]. Não nasce um rei ou um poeta a cada
ano.
553. Rex datur propter regnum, et non regnum propter
regem. [Rezende 5918]. Tem-se o rei por causa do reino, e
não o reino por causa do rei.
554. Rex debet esse sub lege, quia lex facit regem. [Jur /
Black 1557]. O rei deve estar sob a lei, pois é a lei que faz o
rei.
555. Rex eris, si recte facies. [Horácio, Epistulae 1.1.59]. Serás
rei, se obrares bem. ● Rex eris, si recte facis, si autem non
facis, non eris. [Rezende 5920]. Serás rei, se andares direito,
mas, se não andares, não serás. ● Rex erit qui recte faciet,
qui non faciet non erit. Será rei quem obrar bem; quem não
obrar bem não será. VIDE: ● Principes non sunt qui sceptra
ferunt, sed qui regere sciunt. ● Qui recte faciet, qui non
dominatur, erit rex.
556. Rex esse nolim ut esse crudelis velim. [Publílio Siro]. Eu
não gostaria de ser rei, só por querer ser cruel.
557. Rex est lex vivens. [Jur / Black 1557]. O rei é a lei viva.
558. Rex est maior singulis, minor universis. [Jur / Black
1557]. O rei é maior do que qualquer pessoa isolada, mas
menos que o conjunto de pessoas.
559. Rex est qui metuit nihil; rex est qui cupiet nihil; hoc
regnum sibi quisque dat. [Sêneca, Thyestes 387]. É rei
quem nada teme; é rei quem nada ambiciona; tal reino cada
qual conquista para si.
560. Rex est similis igni: cui si nimis admotus fueris,
cremaberis; si ex toto remotus, frigebis. [Albertano da
Brescia, Liber de Amore 2]. O rei se parece com o fogo: se te
aproximares muito dele, tu te queimarás; se te afastares
completamente, gelarás.
561. Rex hodie est, et cras morietur. [Vulgata, Eclesiástico
10.12]. O que hoje é rei amanhã morrerá. ■ Hoje em canto,
amanhã em pranto.
562. Rex imperator in regno suo. O rei é o comandante no seu
reino.
563. Rex legem instituit, sic quoque lex populum. [Pereira
118]. O rei regulamenta a lei, assim também a lei
regulamenta o povo. ■ Qual o rei, tal a lei; qual a lei, tal o
povo.
564. Rex, lex, et egomet. O rei, a lei e eu mesmo.
565. Rex me alit, me equus portat. [Pereira 104]. O rei me
alimenta, o cavalo me leva. ■ Estou como o peixe n'água.
■ Vivo à custa da barba longa. VIDE: ● Equus me portat, alit
rex. ● Equus ut me portet, alat rex, officium facio.
566. Rex non debet esse sub homine, sed sub Deo et sub lege,
quia lex facit regem. [Henry de Bracton, De Legibus
Angliae]. O rei não pode ficar subordinado a um homem,
mas somente a Deus e à lei, porque a lei faz o rei.
567. Rex non potest fallere nec falli. [Jur / Black 1557]. O rei
não pode enganar, nem ser enganado.
568. Rex non potest peccare. [Black 1557; CODP 150]. O rei
não pode cometer erros. ■ O rei não erra. ■ O chefe sempre
tem razão. VIDE: ● Rex quod est iniustum facere non potest.
569. Rex nunquam moritur. [Broom 36]. O rei nunca morre.
■ Rei morto, rei posto. ■ O rei morreu! Viva o rei! VIDE: ● In
Anglia non est interregnum.
570. Rex omnis terrae Deus. [Vulgata, Salmos 46.8]. Deus é o
rei de toda a terra.
571. Rex probavit non rempublicam suam esse, sed se
reipublicae. [Sêneca, De Clementaia 1.19, adaptado /
Rezende 5926]. O rei comprovou que o estado não lhe
pertencia, e sim que ele pertencia ao estado.
572. Rex quod est iniustum facere non potest. [Broom 39]. O
rei não pode fazer o que é injusto. VIDE: ● Rex non potest
peccare.
573. Rex regnat, sed non gubernat. [Rezende 5925]. O rei
reina, mas não governa.
574. Rex regum, et Dominus dominantium. [Vulgata,
1Timóteo 6.15]. O Rei dos reis, e o Senhor dos senhores.
VIDE: ● Dominus dominorum est et Rex regum.
575. Rex regum reges regit. [Jacobus Bornitius, Emblemata
Ethico-Politica]. O Rei dos reis governa reis.
576. Rex sedet in vertice, caveat ruinam! [Carmina Burana].
O rei senta-se no alto: cuidado com a queda! VIDE: ● Qui
sedet in vertice, caveat ruinam.
577. Rex sum. [Erasmo, Adagia 4.10.44]. Eu sou o rei.
578. Rex velit honesta, nemo non eadem volet. [Sêneca,
Thyestes 213]. Se o rei quiser o que é honesto, ninguém
quererá outra coisa.
579. Rexque paterque audisti. [Horácio, Epistulae 1.1.37].
Ouviste tanto o rei como o pai.
580. Ride, cum tibi flendus eris. [Ovídio, Remedia Amoris
494]. Ri, quando tiveres motivo para chorar.
581. Ride, si sapis. [Marcial, Epigrammata 2.41.1]. Ri, se te dá
prazer.
582. Ridenda imbecillorum superbiloquentia. [Epígrafe de
Fábula de Fedro 3.6 / Rezende 5930]. As fanfarronadas dos
tolos são dignas de riso.
583. Ridendo castigat mores. (A sátira,) rindo, corrige os
costumes. VIDE: ● Castigat ridendo mores.
584. Rident stolidi verba Latina Getae. [Ovídio, Tristia
10.38]. Os tolos getas riem da língua latina. (=Getas, povo
que habitava a região do Danúbio, para onde Ovídio fora
exilado).
585. Ridentem dicere verum quid vetat? [Horácio, Satirae
1.1.24]. O que impede quem ri de dizer a verdade? VIDE:
● Ludo sive ioco vir verum fert aliquando. ● Nihil tamen
impedit ridentem dicere verum.
586. Ridenti domino et caelo ne crede sereno, nam facili
causa dominus mutatur et aura. [Binder, Thesaurus 2970].
Não confies em amo risonho, nem em céu sereno, pois por
pequeno motivo se transforma o amo e o vento. ■ Serve o
senhor, e saberás o que é dor. ■ Sol de inverno, chuva de
verão, amor de rameira e palavrinhas doces do meu capitão,
a mim não me enganarão. VIDE: ● Decipiunt multos: favor
principis, muliebris amor, aprile serenum, labile folium
rosae.
587. Ridentibus arride. [Henderson, Latin Proverbs /
Stevenson 1353]. Sorri para quem te sorri. VIDE: ● Arridemus
ridentibus et contristat nos turba maerentium. ● Gaudere
cum gaudentibus, flere cum flentibus. ● Iniustum est
gaudere velle cum gaudentibus et flere non velle cum
flentibus. ● Ut ridentibus arrident, ita flentibus adsunt
humani vultus. ● Ut ridentibus arrident, ita flentibus
afflent.
588. Rideo advocatum qui patrono egeat. [S.Jerônimo /
Manúcio, Adagia 1242]. Rio do advogado que precise de
defensor.
589. Rideo, ergo sum. Eu rio, logo existo.
590. Ridere concessum est, vituperetur tamen cachinatio.
[Cícero, Tusculanae Disputationes 4.31]. O riso é permitido,
mas censure-se a gargalhada.
591. Ridere in stomacho. Rir no estômago. (=Rir por dentro.
Rir à socapa). ● Ridere secum. Rir consigo mesmo.
592. Ridetur chorda qui semper oberrat eadem. [Horácio,
Ars Poetica 356]. É ridicularizado quem erra sempre na
mesma corda. VIDE: ● Chorda semper oberrat eadem.
593. Ridicula in imbelli virtutis ostentatio! [Epígrafe de
Fábula de Fedro 1.11 / Rezende 5931]. No covarde é ridícula
a ostentação de valentia!
594. Ridiculum caput nihilo ornatur. [Pereira 98]. Uma
cabeça ridícula não se enfeita com nada. ■ Cabeça louca não
há mister touca.
595. Ridiculum est aliquem odio nocentis innocentiam suam
perdere. [DM 17]. É ridículo alguém perder a inocência por
ódio ao criminoso. ● Ridiculum est odio nocentis perdere
innocentiam.
596. Ridiculum est custode indigere custodem. [Platão]. É
ridículo um guardião precisar de guardião.
597. Ridiculum est, cum sua quis ignoret, aliena curare. É
ridículo preocupar-se alguém com o alheio, quando ignora o
próprio. VIDE: ● Stulti est aliena curare, sua neglegere.
598. Ridiculus aeque nullus est, quam quando esurit.
[Plauto, Stichus 223]. Ninguém é tão ridículo como quando
tem fome.
599. Ridiculus mus. Um ratinho ridículo. (=Um resultado
ridículo). ■ Tanto barulho por nada. ■ O parto da montanha.
VIDE: ● Mons parturiens.
600. Rigent horrore comae. Os cabelos se eriçam de horror.
VIDE: ● Comae terrore rigebant.
601. Riget amissa spina relicta rosa. [Ovídio, Ars Amatoria
2.116]. Quando cai a rosa, fica o rígido espinho. ■ Rosa bela
também tem espinhos. ■ Não há rosa sem espinho. ■ Vão-se
os amores, ficam as dores.
602. Rigidum ius est et inevitabile mortis.[Fragmenta
Ovidiana, Consolatio ad Liviam 443]. É rígida e inevitável a
lei da morte. ■ A morte não poupa nem o fraco nem o forte.
603. Rigor iuris. [Jur / Black 1562]. O rigor da lei.
604. Rigor mortis. [Jur / Black 1562]. A rigidez da morte.
605. Rigori aequitas praeferenda est. [Jur]. Ao rigor deve-se
preferir a eqüidade.
606. Riparum usus publicus est iure gentium, sicut ipsius
fluminis. [Digesta 1.8.5]. De acordo com o direito das
gentes, o uso das barrancas do rio é público, da mesma
maneira que o do próprio rio.
607. Risu dissolvebat ilia sua. [Petrônio, Satiricon 24.5]. A
barriga dele estourava de tanto riso.
608. Risu omnes qui aderant emoriri. [Terêncio, Eunuchus
432]. Todos os presentes morreram de rir. VIDE: ● Emori risu.
609. Risu inepto res ineptior nulla est. [Catulo, Carmina
39.16]. Nada mais estúpido do que um riso estúpido. ● Risus
abundat in ore stultorum.
610. Risum in lacrimis vertit. Transforma o riso em lágrimas.
■ O riso está perto do pranto.
611. Risum reputavi errorem. [Vulgata, Eclesiastes 2.2].
Reputei o riso por um erro.
612. Risum teneatis, amici? [Horácio, Ars Poetica 5].
Contereis o riso, amigos? VIDE: ● Quis hic se contineat a
risu?
613. Risus abundat in ore stultorum. [Menandro / Rezende
5938]. ■ O riso sobeja na boca do tolo. ■ Risinho pronto,
miolo tonto. ■ Muito riso é sinal de pouco siso. VIDE:
● Magnus ubi risus, magna est ibi cordis egestas.
● Magnus ubi risus, magna est ibi egestas. ● Risu inepto
res ineptior nulla est.
614. Risus dolore miscebitur, et extrema gaudii luctus
occupat. [Vulgata, Provérbios 14.13]. O riso se misturará
com a dor, e a tristeza toma o lugar da grande alegria.
615. Risus habet fletum, nectarque molestat acetum. [Pereira
106]. O riso tem lágrimas, e o vinagre estraga o mel. ■ O riso
está perto do pranto.
616. Risus, neque multus sit, neque ob multa, neque solutus.
[Epícteto / Rezende 5941]. O riso nem seja muito, nem por
muitas causas, nem desatado. ■ O rir e o zombar não há de
passar de brincar.
617. Risus profundior lacrimas parit. [DAPR 804]. O riso
mais profundo gera lágrimas. ■ O riso está perto do pranto.
618. Ritu naturae capite hominem gigni, mos est pedibus
efferri. [Plinio Antigo, Naturalis Historia 7.8.46]. Pelo ritual
da natureza, o homem nasce com a cabeça na frente; é
costume que seja levado (para a sepultura) com os pés na
frente.
619. Rivalem patienter habe. [Ovídio, Ars Amatoria 539].
Trata o rival com paciência.
620. Rivalem possum non ego ferre Iovem. [Propércio,
Elegiae 2.34.18]. Eu não posso suportar Júpiter como meu
rival.
621. Rivalitatem non amat victoria. [Publílio Siro]. A vitória
não gosta de rivalidade. ■ Mandar não quer par.
622. Rixa rixae causa est. [Schrevelius 1178]. Uma discussão
é causa de outra. ■ Questão puxa questão. ■ Uma demanda
traz outra. VIDE: ● Lis litem parit. ● Lis litem generat. ● Lis
litem serit. ● Lis litem parit, et noxa noxam. ● Lis lite
paritur, noxa noxam procreat. ● Litem parit lis; noxa
item noxam parit. ● Litem lis procreat ex se.
623. Rixatur de lana saepe caprina. [Horácio, Epistulae
1.18.15]. Muitas vezes disputa-se por causa da lã de uma
cabra. ■ Zangam-se por cousa de cacaracá. ■ Discutem o
sexo dos anjos. ■ Discutem se penico de barro dá ferrugem.
VIDE: ● De lana caprina contendere. ● De lana caprina
rixare. VIDE: ● De asini umbra disputare. ● De asini umbra
disceptare. ● De asini prospectu incusatio est. ● De fumo
disceptare. ● De pilis lutove disceptare. ● De umbra aselli
verba sunt.
624. Robori prudentia praestat. [Divisa]. Mais vale prudencia
que força.
625. Robur confirmat labor, at longa otia solvunt. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 71]. O trabalho cria a força,
mas o descanso prolongado a destrói.
626. Robur, murus, et arma, sapientis est prudentia.
[Apostólio, Paroimiai 10.61]. A prudência é a força, a
muralha e as armas do sábio.
627. Robusta res est turba, mente sed caret. [Menandro /
Artur Bivar, Dominus Tecum 605]. A multidão é coisa forte,
mas falta-lhe juízo.
628. Robustus animus est liber omni cura et angore. [Cícero,
De Finibus 1.49]. O espírito forte está livre de toda
preocupação e angústia.
629. Robustus fossor rege est felicior aegro. O camponês com
saúde é mais feliz que o rei doente.
630. Roditur scabra positum robigine ferrum. [Ovídio,
Exponto 1.71, adaptado]. O ferro em parado é corroído pela
suja ferrugem. ■ Ferro que não se usa enche-se de ferrugem.
631. Roganti melius quam imperanti pareas. [Publílio Siro].
Obedece-se melhor a quem pede do que a quem ordena.
632. Rogare officium servitus quodammodo est. [Publílio
Siro]. Pedir um favor é uma espécie de servidão. ■ O que se
roga sai caro. ■ Quem rogou não recebeu de graça.
● Rogare beneficium servitus quodammodo est. ● Rogare
ingenuo, servitus quodammodo est. Para o homem honesto,
pedir é uma espécie de servidão.
633. Rogatu meo. [Cícero, Ad Familiares 36]. A meu pedido.
● Rogatu tuo. [Cícero, Ad Atticum 14.20.3]. aeu pedido
634. Roma aeterna. A eterna Roma.
635. Roma caput mundi. Roma é a capital do mundo. ● Roma
caput mundi regit orbis frena rotundi. [Inscrição em
moedas do Senado Romano / Rezende 5944]. Roma, capital
do mundo, comanda as rédeas do orbe redondo.
636. Roma communis nostra patria est. [Digesta 1.50.1].
Roma é nossa pátria comum.
637. Roma deliberante Saguntum periit. Enquanto Roma
discutia, Sagunto caiu. ■ Enquanto disputam os cães, come o
lobo a ovelha. ■ Quem muito fala pouco faz. VIDE: ● Deliberat
Roma, perit Saguntum. ● Dum Romae consulitur,
Saguntum expugnatur. ● Dum Roma deliberat, Saguntum
perit. ● Senatu deliberante, Saguntum perit.
638. Roma illic est, ubi est imperator. Onde está o imperador,
aí é Roma. VIDE: ● Ubi est imperator, ibi est Roma. ● Ubi
Helena est, Troiam puta. ● Ubi Papa, ibi Roma. ● Ubi
Petrus, ibi ergo Ecclesia. ● Ubi Petrus, ibi et Ecclesia.
639. Roma locuta est, causa finita est. [S.Agostinho,
Sermones 131.10]. Roma falou, a causa está encerrada.
● Roma locuta, causa finita.
640. Roma non fuit una die condita. [Bebel / Binder,
Thesaurus 2975]. Roma não foi construída num só dia.
■ Roma não se fez num dia. ■ Roma não foi feita num dia. ■ É
preciso dar tempo ao tempo. ● Roma non uno die condita
est. ● Roma non uno condebatur die. VIDE: ● Alta die solo
non est exstructa Corinthus. ● Haud facta est una Martia
Roma die. ● Non fuit in solo Roma peracta die. ● Non
stilla una cavat marmor, nec protinus uno est condita
Roma die.
641. Romae omnia venalia esse. [Salústio, Bellum
Iugurthinum 8]. Em Roma tudo estava à venda. ● Romae
omnia cum pretio. Tudo em Roma tem preço. VIDE: ● Omnia
cum pretio. ● Omnia Romae cum pretio. ● Omnia Romae
venalia esse. ● Omnia venalia Romae.
642. Romae quoque homines moriuntur. [Amiano Marcelino
/ Grynaeus 495]. Até em Roma os homens morrem. ■ A
morte não poupa nem o fraco nem o forte. ■ Tanto morre o
papa como quem não tem capa.
643. Rorantur oculi lacrimis. Os olhos estão lacrimejando.
VIDE: ● Lacrimis oculi rorantur obortis.
644. Rorate, caeli, desuper, et nubes pluant iustum;
aperiatur terra, et germinet Salvatorem. [Vulgata, Isaías
45.8]. Distilai, ó céus, lá dessas alturas o vosso orvalho, e as
nuvens chovam ao justo; abra-se a terra, e brote o Salvador.
645. Rore non pascitur. [Eiselein 435; DAPR 620]. Ninguém
se alimenta de orvalho. ■ Ninguém vive de vento. ■ Só de
vento não se toma alento. ■ Conversa fiada não bota panela
no fogo.
646. Ros lucis ros tuus. [Vulgata, Isaías 26.19]. O Teu orvalho
será um orvalho de luz.
647. Rosa sine spina. [Inscrição em moeda inglesa]. Uma rosa
sem espinho. VIDE: ● Rutilans rosa sine spina.
648. Rosam cape, spinas cave. [Gabriele d’Annunzio]. Colhe a
rosa; cuidado com os espinhos.
649. Rosam cum anemona confers. [Teócrito / Erasmo,
Adagia 2.6.41]. Comparas uma rosa com uma anêmona.
● Rosam anemonae comparas. [Schottus, Adagia 182].
● Rosam papaveri comparas. [Schottus, Adagia 249].
Comparas uma rosa com uma papoula.
650. Rosam quae praeteriit, ne quaeras iterum. [Pereira
115]. Não procures novamente a rosa que passou. ■ Rosa
caída não volta à haste. ■ Ao perdido, perder-lhe o sentido.
● Rosam praeteritam ne quaeras. [Pereira 96]. ● Rosam
quam praeterieris, ne quaeras iterum. [Erasmo, Adagia
2.6.40]. Não procures novamente a rosa que deixaste para
trás. VIDE: ● Ne quaere rursum praeteritam semel rosam.
● Quae defloruerit, ne iterum quaeratur rosa. ● Quam
praeteristi ne amplius quaeras rosam.
651. Rosam tibi si obtulero, non fastidies creatorem.
[Tertuliano, Adversus Marcionem 1.14.4]. Se eu te der uma
rosa, tu não desdenharás o criador dela.
652. Rosas mihi locutus es. [Apostólio, Paroimiai 17.19].
Falaste-me rosas. (=Disseste-me coisas agradáveis). ■ Falas
bocados de ouro. ● Rosas mihi dixisti. [Schottus, Adagia
526]. Disseste-me rosas. ● Rosas loquitur. [Pereira 104]. Ele
diz rosas.
653. Rota fortunae. A roda da fortuna. VIDE: ● Orbis fortunae.
654. Rota fortunae pertimescenda est. [Medina 600]. A roda
da fortuna deve ser temida. ■ Ninguém diga desta água não
beberei. ■ Guarda da volta do touro. VIDE: ● Pertimescenda
est fortunae rota. ● Pertimescenda rota fortunae.
655. Rota plaustri male uncta stridet. [Rezende 5952]. A roda
da carroça, quando mal untada, chia. ■ Untar o carro para
andar e não chiar. ■ Quem unta, amolenta. ■ Quem seu carro
unta, seu boi ajuda. VIDE: ● Dum caret unguento, currus
vadit pede lento. ● Semper deterior vehiculi rota
perstrepit. ● Si non ungitur axis, tardius incoeptum
continuatur iter. ● Unctus si fuerit currus, sine murmure
vadit.
656. Rotat omne fatum. [Sêneca, Thyestes 617]. Toda sorte
muda. ■ A roda da fortuna anda mais que a do moinho.
657. Rotunda tabula. [VES 6]. Mesa redonda. Mesa-redonda.
(=Mesa-redonda. Reunião de pessoas que discutem, em pé
de igualdade, determinado assunto).
658. Rubeculas duas saltus non capit. [Schottus, Adagialia
Sacra 14]. Um jardim não suporta duas amoreiras. ■ Dois
carneiros chifrudos não bebem numa cumbuca. ■ Dois
narigudos não se beijam.
659. Rubo neglecto, vitis impeditur. [Pereira 113]. ■ Não se
arrancando a silveira, sofre a videira.
660. Rubor est virtutis color. [Bacon, Advancement of
Learning 1.3.2]. O rubor é a cor da virtude. VIDE: ● Erubuit:
salva res est.
661. Ruborem amico excutere, amicum est perdere. [Publílio
Siro]. Provocar o rubor de um amigo é perdê-lo.
662. Rudis indigestaque moles. [Ovídio, Metamorphoses 1.7].
Uma massa confusa e sem forma. (=O caos).
663. Rudius ac planius mihi dicito. [Schottus, Adagia 353].
Fala-me direta e claramente. ■ Fala-me português velho e
relho. ● Rudius et planius aliquantum mihi rem narrato.
664. Ruebant victores victique. [Virgílio, Eneida 10.756].
Caíram mortos tantos os vencedores como os vencidos.
665. Ruente quivis ligna colligit arbore. [Grynaeus 218].
Quando a árvore cai, qualquer um colhe lenha. ■ De árvore
caída todos fazem lenha. ■ Em pau caído todo o mundo faz
graveto. ● À árvore caída todos vão buscar lenha. VIDE:
● Arbore deiecta, ligna quivis colligit. ● Cadente quercu
quilibet ligna colligit. ● Cadente quercu, quilibet lignatum
adest. ● Deiecta arbore, quivis ligna colligit. ● Deiecta
quivis arbore ligna legit. ● Quivis ruentis ligna quercus
colligit.
666. Rufos esse minus fideles. [DAPR 584]. Os ruivos são
menos confiáveis. ■ Ruivo de má pele mete o demo no
capelo. VIDE: ● Raros vidi breves humiles, rufosque fideles.
667. Rufum et barbatam a longe saluta. [Binder, Proverbia
Germanica 561]. ■ Homem ruivo e mulher barbada, de longe
os saúda. VIDE: ● Mulierem barbatam eminus esse
salutandam.
668. Ruina maioris sit cautela minoris. [Binder, Thesaurus
2982]. Que a desgraça do maior seja aviso para o menor.
669. Ruina quae de alto est, semper magna est. A queda que
vem do alto é sempre grande. ■ Quanto mais alto o coqueiro,
maior é o tombo.
670. Ruinis imminentibus musculi praemigrant. [Plínio
Antigo, Naturalis Historia 8.103]. Quando o barco está para
afundar, os ratinhos caem fora.
671. Ruit caelum. Desabou o céu.
672. Ruit hora. ■ O tempo voa.
673. Rumor est sermo quidam sine ullo certo auctore
dispersus. [Quintiliano, Institutio Oratoria 5.3.1, adaptado].
Boato é a conversa espalhada sem qualquer autor
identificado.
674. Rumor iste ad aures omnium iam pervenit.
[Boncompagno, Breviloquium 5.22]. Esse boato já chegou
aos ouvidos de todos. ■ Já o sabem cães e gatos. ● Rumor
iste per totam regionem percrebuit. Esse boato espalhou-se
por toda a região. ● Rumor iste per omnes populos exiit.
Esse boato já se espalhou por todos os povos.
675. Rumor publicus non omnino frustra est. [Erasmo,
Adagia 4.8.34]. Nenhum boato é inteiramente sem motivo.
■ Onde há fumaça, há fogo. ■ Perto vai o fumo da chama.
■ Quando o povo diz, ou é, ou está para ser. ● Rumor
publicus non omnino temere est. VIDE: ● Fama non temere
spargitur. ● Quod famam obtinuit non est omnino falsum.
● Verum dicere Fama solet. ● Vulgus opinatur quod
postmodum verificatur.
676. Rumor sat est velox, agitatis pervolat alis. [Ovídio, Fasti
6.527]. O boato é bastante rápido, atravessa os ares batendo
asas.
677. Rumores fuge. [Dionísio Catão, Disticha 1.12]. Evita os
boatos. ● Rumores hominum cures vitare molestos.
[Eiselein 226]. Procura evitar os boatos prejudiciais.
678. Rumpetur tensus funiculus. [Apostólio, Paroimiai 3.93].
A corda esticada se romperá. ■ Corda puxada se quebra.
● Rumpetur tensus funis. [Schottus, Adagia 369]. VIDE:
● Funem abrumpis nimium tendendo. ● Ne abrumpamus
funem, nimium tendendo. ● Nimium tendendo rumpi
funiculus solet. ● Vide ne abrumpamus, dum nimium
tendimus funiculum.
679. Rumpit interdum, interdum moratur proposita
hominum fortuna. [Veleio Patérculo, Historia Romana
2.110]. A sorte, às vezes, derruba, às vezes retarda os
projetos dos homens.
680. Rumpitur invidia quidam, carissime Iuli, quod me
Roma legit. [Marcial, Epigrammata 9.97]. Há um certo
indivíduo, meu caro Júlio, que estoura de inveja, porque
Roma lê meus poemas.
681. Rure tibi vivas dum aliis vixeris urbe. [DAPR 714]. No
campo viverás para ti, enquanto na cidade viverias para os
outros.
682. Rursum prorsum. De um lado para o outro. ● Rursum
versum. ● Rursum vorsum.
683. Rus in urbe. [Marcial, Epigrammata 12.57.21]. O campo
na cidade.
684. Rustica gens est optima flens et pessima gaudens. O
vilão é ótimo chorando e péssimo rindo. ■ Zomba com o tolo
em casa, zombará contigo na praça. ● Rustica gens est
optima flens et pessima ridens. ● Rustica gens est optima
flens sed pessima ridens; ungentem pungit, pungentem
rusticus ungit. [Neander / Binder, Thesaurus 2983]. O vilão
é ótimo chorando, mas péssimo rindo; ele fere quem o
acaricia, e acaricia quem o fere. ■ O vilão morde a mão que o
afaga e beija o pé que o esmaga.
685. Rustica natura semper sequitur sua iura. [Trench,
Proverbs]. A natureza do vilão sempre segue sua condição.
■ O lobo muda o pelo, mas não o vezo. ■ O que o berço dá,
só a cova tira. ● Rustica natura semper repetit sua iura.
● Rustica natura semper tenet sua iura.
686. Rustica progenies nescit habere modum. [Pereira 96;
Goldoni, Il Ventaglio 2.6]. O vilão não conhece limite. ■ Ao
vilão dão-lhe o pé e toma a mão.
687. Rustica turba suos nescit deponere mores. [Binder,
Thesaurus 2984]. A gente rude não sabe mudar o
comportamento.
688. Rustica veritas. [Marcial, Epigrammata 10.72.11]. A rude
verdade. ■ A verdade nua e crua.
689. Rusticanum oratorem ne contempseris. [Erasmo,
Adagia 2.6.45]. Não desprezes o orador aldeão. ■ Debaixo de
ruim capa há um bom dizedor. ■ As aparências enganam.
VIDE: ● Agrestem ne contemnas oratorem. ● Agrestem ne
contemneres rhetorem. ● Ne rusticanum temne, sodes,
rhetorem. ● Ne tenues fastidiamus. ● Philosophantem
rhetorem intellegunt pauci, loquentem rusticum multi.
● Rusticum ne contempseris rhetorem. ● Rusticum ne
despice oratorem. ● Rusticum noli rhetorem contemnere.
690. Rusticatio de ligno ostendit fructum illius. [Vulgata,
Eclesiástico 27.7]. O cuidado que se tem da árvore se dá a
conhecer no fruto.
691. Rusticitati parcendum. [Binder, Thesaurus 2985]. Deve-
se desculpar a rusticidade.
692. Rusticum beneficare, et laterem lavare idem est.
[DAPR 374]. Fazer bem ao vilão e lavar o tijolo é a mesma
coisa. ■ Fazer bem a vilão ruim é deitar água em cesto roto.
■ Não deites pérolas a porcos. VIDE: ● Inepta est largitio,
quae indignis accidit. ● Malo si quid benefacias, id
beneficium interit. ● Noli mittere margaritas ante porcos.
693. Rusticum iuvenem! Praematura severitas non est
frugalitas, sed tristitia: quid tu senex facies? [Sêneca
Retórico, Controversiae 2.10]. Jovem tolo! A seriedade
prematura não é austeridade, mas tristeza: que farás, quando
fores velho?
694. Rusticum ne contempseris rhetorem. [Schottus, Adagia
4]. Não desprezes o orador aldeão. ■ Debaixo de ruim capa
há um bom dizedor. ■ As aparências enganam. ● Rusticum
noli rhetorem contemnere. [Schottus, Adagia 177].
● Rusticum ne despice oratorem. [Albertatius 1212]. VIDE:
● Agrestem ne contemnas oratorem. ● Agrestem ne
contemneres rhetorem. ● Ne rusticanum temne, sodes,
rhetorem. ● Ne tenues fastidiamus. ● Philosophantem
rhetorem intellegunt pauci, loquentem rusticum multi.
● Rusticanum oratorem ne contempseris.
695. Rusticus, dum rogatur, intumescit ei venter. [Bebel,
Adagia Germanica]. O vilão, quando é solicitado, a barriga
lhe incha. ■ Ao ruim, quanto mais se lhe rogam, mais se
estende. ● Rusticus inflatur nimium, si saepe rogatur.
[Binder, Thesaurus 2987]. VIDE: ● Rusticus, quanto plus
rogatur, tanto magis inflatur.
696. Rusticus est vere qui turpia dicit de muliere. [Rezende
5963]. É verdadeiramente grosseiro quem diz coisas feias a
respeito de uma mulher.
697. Rusticus exspectat dum defluat amnis; at ille labitur et
labetur in omne volubilis aevum. [Horácio, Epistulae
1.2.42]. O tolo espera que o rio acabe de correr; mas este
corre e continuará correndo por toda a eternidade.
698. Rusticus iratus sibi affert incommoda. [Pereira 121]. O
vilão irado só atrai a si prejuízos. ■ Ira de vilão, perda de sua
casa.
699. Rusticus, quanto plus rogatur, tanto magis inflatur.
[Bebel, Adagia Germanica / DAPR 584]. Ao homem rude,
quanto mais lhe rogam, mais se infla. ■ Ao ruim, quanto mais
se lhe rogam, mais se estende. VIDE: ● Pravo animo qui sunt,
deteriores fiunt rogati. ● Qui malevolo sunt animo,
deteriores fiunt rogati. ● Rusticus, dum rogatur,
intumescit ei venter.
700. Rutilans rosa sine spina. [Inscrição em moeda inglesa]. É
uma rosa vermelha sem espinho. VIDE: ● Rosa sine spina.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES E FRASES LATINAS
Compilado por HENERIK KOCHER

S
1. Sabbatum propter hominem factum est, et non homo
propter sabbatum. [Vulgata, Marcos 2.27]. O sábado foi
feito por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado.
2. Saccus adaptetur, porcellus cum tibi detur. [DAPR 216].
Prepare-se o saco, quando te for dado um leitão. ■ Quando te
dão o porquinho, vai logo com o baracinho. [Gil Vicente,
Triumpho do Inverno]. ■ Quando te derem a vaca, vem logo
com a corda. ■ Aproveita a ocasião. VIDE: ● Cum sus
praebetur, tunc saccus proptificetur. ● Oblata arripe.
3. Sacer est ignis nimiumque potens amor. [Sêneca,
Hippolytus 330]. O amor é um fogo violento e muito
poderoso.
4. Sacer esto! [Horácio, Sermones 2.3.181]. Maldito sejas!
5. Sacer intra nos spiritus sedet, malorum bonorumque
nostrorum observator. [Sêneca, Epistulae Morales 41.2].
Existe dentro de nós um espírito sagrado que observa nossas
ações boas e más.
6. Sacra populi lingua est. [Sêneca Retórico, Controversiae
1.1]. A língua do povo é sagrada. ■ O que o povo diz, ou é,
ou quer ser. VIDE: ● Nec audiendi sunt qui solent dicere vox
populi, vox Dei, cum tumultuositas vulgi semper insaniae
proxima sit. ● Vox populi, vox Dei.
7. Sacrae Litterae. As Sagradas Escrituras. ● Sacra Scriptura.
● Sacrae Scripturae. VIDE: ● Scriptura Sacra.
8. Sacrilegia minuta puniuntur, magna in triumphis
feruntur. [Sêneca, Epistulae Morales 87.23]. Os pequenos
sacrilégios são punidos, mas os grandes são levados em
triunfo.
9. Sacrilegii enim vel maxime instar est, humi quaerere
quod in sublimi debeas invenire. [Minúcio Félix, Octavius
17]. Equivale a um sacrilégio buscar na terra o que se deve
encontrar no céu.
10. Sacrilegium verius quam sacrum. [Quinto Cúrcio,
Historiae 4.3]. Isto é mais um sacrilégio do que um sacrifício
aos deuses.
11. Sacris non sunt miscenda frivola. Ninharias não devem
ser misturadas com coisas sagradas.
12. Sacrum Sepulchrum. O Santo Sepulcro.
13. Saeculum Dei est, saecularia autem diaboli. [Tertuliano,
De Spectaculis 15.8]. O mundo pertence a Deus, mas as
coisas mundanas são do diabo.
14. Saeculum sic est. O mundo é assim.
15. Saepe audivi inter os et offam multa intervenire posse.
[Aulo Gélio, Noctes Atticae 13.18]. Muitas vezes ouvi dizer
que entre a boca e a comida muita coisa pode acontecer. ■ Da
mão para a boca, se perde a sopa. ■ Entre a boca e a mão,
vai o bocado ao chão. VIDE: ● De cocleare interdum cadit
quod hianti porrigis ori. ● Inter calicem et os multa
interveniunt. ● Inter calicem et os multa cadunt. ● Inter
manum et mentum multa cadunt. ● Inter os et offam
multa cadunt. ● Inter os et offam multa intercedunt.
● Multa cadunt inter calicem supremaque labra. ● Multa
cadunt inter calicem et suprema labra. ● Multa cadunt
inter calicem et labra. ● Saepe inter buccam contingit
casus, et offam. ● Saepe os inter et offam multa venire
solent. ● Vel mille calamitates sunt inter calicem et labra.
16. Saepe autem ne utile quidem est scire quid futurum sit;
miserum est enim nihil proficientem angi. [Cícero, De
Natura Deorum 3.6]. Muitas vezes não é útil saber o que vai
acontecer, pois é deplorável atormentar-se com coisa que
nada ajuda. VIDE: ● Saepe ne utile quidem est scire quid
futurum sit.
17. Saepe bona materia cessat sine artifice. [Sêneca,
Epistulae Morales 47.16]. Muitas vezes um bom material se
perde por falta de um artista.
18. Saepe caballus erit qui pulli more subhinnit. [Walther
27081 / Tosi 815]. Virá a ser cavalo aquele que agora dá
pequenos relinchos de potro. VIDE: ● Ante fuit vitulus, qui
nunc fert cornua taurus. ● De parvo puero saepe peritus
homo. ● Omnium enim rerum principia parva sunt. ● Sub
qua nunc recubas arbore, virga fuit. ● Tandem fit
surculus arbor.
19. Saepe calamitatis solacium est nosse sortem suam.
[Quinto Cúrcio, Historiae 4.10]. Muitas vezes na aflição é
um consolo conhecer a própria sorte.
20. Saepe caput scaberet vivos et roderet ungues. [Horácio,
Sermones 1.10.71]. Muitas vezes coçaria a cabeça e roeria as
unhas com vivacidade.
21. Saepe carent multa responsis verbula stulta. [Bindeer,
Thesaurus 2990]. Muitas palavras tolas ficam sem resposta.
■ A palavras loucas, ouvidos moucos. ■ A pergunta tola não
dês resposta. VIDE: ● Non est omnium rerum reddenda
ratio.
22. Saepe cautor captus est. [Plauto, Captivi 255]. Muitas
vezes o homem vigilante foi surpreendido.
23. Saepe condita luporum fiunt rapinae vulpium. [Querulus
2.39]. Muitas vezes o que é guardado dos lobos torna-se
presa das raposas. ■ Guardou-se da mosca, comeu-a a
aranha.
24. Saepe contemptus hostis cruentus certamen edidit. [Tito
Lívio, Ab Urbe Condita 1.3]. Muitas vezes o inimigo
desdenhado saiu vencedor da luta. ■ Quem o inimigo poupa
às mãos lhe morre. ■ Não há inimigo pequeno. VIDE: ● Qui
inimicum palam despicit, in suam perniciem accendit.
25. Saepe creat molles aspera spina rosas. Muitas vezes
roseira brava dá rosas delicadas.
26. Saepe Cupido huic malus esse solet, cui bonus ante fuit.
[Propércio, Elegiae 2.18b.17]. Cupido costuma ser mau hoje
para quem ele foi bom ontem.
27. Saepe dat una dies quod non evenit in anno. [DAPR 22].
Muitas vezes um único dia dá o que não acontece em um
ano. ■ O que não acontece num ano acontece num minuto.
● Saepe dat una dies quod totus denegat annus. [Stevenson
494]. Muitas vezes um único dia nos dá o que nos nega um
ano inteiro. VIDE: ● Accidit in puncto quod non contingit in
anno. ● Accidit uno puncto quod non speratur in anno.
● Praestat saepe dies, annus quod ferre recusat. ● Quod
donare mora nequit annua, dat brevis hora. ● Quod
praestare mora nequit annua, dat brevis hora. ● Solet
hora, quod multi anni abstulerunt, reddere.
28. Saepe dato, cum te scieris bene ponere dona. [Dionísio
Catão, Disticha, Appendix]. Dá muitas vezes, quando
souberes que aplicas bem as doações.
29. Saepe de aliis ex te iudicas. Muitas vezes julgas os outros
por ti. ■ Cada um julga os outros por si.
30. Saepe desperatio spei causa est. [Quinto Cúrcio, Historiae
5.4]. O desespero muitas vezes é causa de esperança.
31. Saepe dissimulare, quam ulcisci, satius est. [PSa]. Muitas
vezes, é melhor ignorar a ofensa do que vingar-se. VIDE:
● Saepe satius fuit dissimulare quam ulcisci.
32. Saepe ea, quae sanari ratione non poterant, sanata sunt
tempore. [DM 118]. Muitas vezes, o que não pode ser
curado pela ciência é curado pelo tempo.
33. Saepe enim praesumimus aliquid memoria retenturos, et
cum id putamus, non scribimus, nec nobis postea cum
volumus, venit in mentem. [S.Agostinho, De Anima
4.7.10]. Muitas vezes julgamos que reteremos uma coisa na
memória, e, ao pensarmos assim, não a escrevemos, mas,
depois, quando queremos, não nos lembramos dela.
34. Saepe enim saluti fuere pestifera. [Sêneca, De Ira 1.12.6].
Muitas vezes venenos serviram de remédio.
35. Saepe error ingens sceleris obtinuit locum. [Sêneca,
Hercules Furens 1237]. Muitas vezes um erro grande
equivaleu a um crime.
36. Saepe eruentis veritas patuit malo. [Sêneca, Oedipus
829]. Muitas vezes a verdade é descoberta para o mal de
quem a desvenda.
37. Saepe est etiam sub palliolo sordido sapientia. [Cícero,
Tusculanae Disputationes 3.23.56]. Muitas vezes se encontra
sabedoria sob uma veste miserável. ■ Debaixo de ruim capa
há um bom dizedor. ■ Quanta vez se esconde um bom
coração debaixo de casca bruta. ■ Muitas vezes a má folha
esconde o melhor fruto. VIDE: ● Saepe sub palliolo sordido
latet sapientia. ● Saepe sub sordido palliolo habitat
sapientia. ● Sub laceris crebro virtus latet aurea pannis.
● Sub pallio sordido sapientia. ● Sub sordido palliolo latet
sapientia. ● Sub sordido pallio ingenium saepe latet.
38. Saepe etiam est stultus valde opportuna locutus.
[Apostólio, Paroimiai 16.55]. Muitas vezes até o néscio disse
coisas bastante oportunas. ■ Do néscio às vezes bom
conselho. ● Saepe etiam stultus fuit opportuna locutus.
[Grynaeus 274]. ● Saepe etiam est morio valde opportuna
locutus. [Eiselein 488]. ● Saepe etiam est olitor valde
opportuna locutus. [Erasmo, Adagia 1.6.1]. Muitas vezes
até um hortelão disse coisas bem oportunas. VIDE: ● Interdum
stultus bene loquitur.
39. Saepe fit ut catulus dat maxima vulnera parvus.
[Walther 27124 / Tosi 1227]. Muitas vezes acontece que um
cãozinho cause grandes ferimentos. ■ Pequeno machado
derruba grande carvalho. VIDE: ● A cane non magno saepe
tenetur aper. ● Parva necat morsu spatiosum vipera
taurum.
40. Saepe fortuna innocentem, nunquam spes bona deserit.
[PSa]. A sorte muitas vezes abandona o inocente, mas a boa
esperança nunca.
41. Saepe fuit brevior quam mea verba dies. [Ovídio, Ex
Ponto 4.12]. Muitas vezes o dia foi mais curto que minhas
palavras.
42. Saepe gerit nimios causa pusilla metus. [Gualterius
Anglicus, Fabulae Aesopicae 25.8]. Muitas vezes uma
pequena causa provoca grande medo.
43. Saepe grandis natu senex nullum aliud habet
argumentuum quo se probet diu vixisse, praeter aetatem.
[Sêneca, De Tranquillitate Animi 3.8]. Muitas vezes um
velho muito idoso não tem nenhuma outra prova de ter
vivido muito, senão a sua idade. VIDE: ● Nihil turpius est,
quam grandis natu, qui nullum aliud habet argumentum,
quo se probet diu vixisse, praeter aetatem.
44. Saepe habet malus famam boni viri, et bonus vir famam
mali. [DAPR 302]. Muitas vezes o mau tem fama de homem
de bem, e o homem de bem, fama de mau. ■ Cobra boa fama
e deita-te a dormir. ■ Cria fama e deita-te na cama. VIDE:
● Prosperum ac felix scelus virtus vocatur.
45. Saepe homo de ipso vanae gloriae contemptu vanius
gloriatur. [S.Agostinho, Confessiones 10.38]. Muitas vezes
o homem se vangloria com muita vaidade do próprio
desprezo pela glória vã.
46. Saepe homo rem aliquam vehementer agitat quam
desiderat, sed, cum ad eam pervenerit, aliter sentire
incipit. [Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 4.39.5].
Muitas vezes o homem busca com ímpeto uma coisa que
deseja, mas, quando a consegue, começa a sentir de modo
diferente.
47. Saepe ignavavit fortem ex spe exspectatio. [Áccio,
Aeneadae]. A impaciência causada pela esperança muitas
vezes abateu um homem valente.
48. Saepe ignoscendo, des iniuriae locum. [Publílio Siro].
Desculpando com freqüência, darás lugar à injustiça. ■ Quem
a ruim perdoa, a ruindade lhe aumenta. VIDE: ● Folia nunc
cadunt; tum arbores in te cadent. ● Leviores iniurias si
quis ferat, sequuntur atrociores. ● Nunc in te cadunt folia,
post cadent arbores. ● Post folia cadent in te arbores.
● Post folia cadunt arbores. ● Semper ignoscendo, des
iniuriae locum. ● Semper quiescens des locum iniuriae.
● Veterem ferendo iniuriam, invitas novam.
49. Saepe impetravit veniam confessus reus. [Fedro, Fabulae
3, Epilogus 22]. Muitas vezes o réu que confessou, obteve
perdão. ■ Pecado confessado é meio perdoado.
50. Saepe imprudenti fortuna occurrit amanti. [Propércio,
Elegiae 1.20.3]. Muitas vezes a sorte favorece o namorado
imprudente. ● Saepe imprudenti occurrit fortuna. Muitas
vezes a sorte favorece quem não tem juízo.
51. Saepe in magistrum scelera redeunt. Muitas vezes os
crimes tornam ao seu mentor. ■ Muitas vezes volta-se o
feitiço contra o feiticeiro. ● Saepe in magistrum scelera
redierunt sua. [Sêneca, Thyestes 310]. Muitas vezes os
crimes recaíram sobre seu mentor.
52. Saepe ingenia calamitate intercidunt. [Fedro, Fabulae,
Appendix 14.8]. Muitas vezes os talentos se perdem por
causa da má sorte.
53. Saepe inter buccam contingit casus, et offam. [Pereira
101]. Muitas vezes o azar acontece entre a boca e a comida.
■ Da mão para a boca se perde a sopa. VIDE: ● De cocleare
interdum cadit quod hianti porrigis ori. ● Inter calicem et
os multa interveniunt. ● Inter calicem et os multa cadunt.
● Inter manum et mentum multa cadunt. ● Inter os et
offam multa cadunt. ● Inter os et offam multa
intercedunt. ● Saepe audivi inter os et offam multa
intervenire posse. ● Saepe os inter et offam multa venire
solent. ● Vel mille calamitates sunt inter calicem et labra.
54. Saepe intereunt aliis meditantes necem. [Fedro / Binder,
Thesaurus 2993]. Muitas vezes morrem os que planejam a
morte de outros. ■ Quem arma a esparrela às vezes cai nela.
55. Saepe labor siccat lacrimas et gaudia fundit. [Dionísio
Catão, Monosticha, Appendix 36]. Muitas vezes o trabalho
seca as lágrimas e traz alegria.
56. Saepe latent membris ingentia corda pusillis. [Pereira
106]. Muitas vezes vontades enormes se escondem em
corpos pequenos. ■ Grande esforço em pequeno corpo.
57. Saepe latet vitium proximitate boni. [Ovídio, Ars
Amatoria 2.662, adaptado]. Muitas vezes o vício se esconde
na proximidade da virtude.
58. Saepe locus et tempus homines timidos audaces reddit.
[John D. Ogilby, Fables From Aesop, Hoedus et Lupus].
Muitas vezes o lugar e o momento transformam homens
medrosos em valentes.
59. Saepe luit populus poenas unius iniqui. [Hesíodo /
Eiselein 100]. Às vezes o povo paga a pena de um único
culpado. ■ A grei paga as loucuras de seu rei.
60. Saepe malum petitur, saepe bonum fugitur. [Sweet 32].
Busca-se muitas vezes o mal, e foge-se do bem.
61. Saepe mecum ipse cogito. Muitas vezes fico pensando
comigo mesmo.
62. Saepe minus faciunt homines qui magna minantur.
[Gualterius Anglicus, Fabulae Aesopicae 25.7]. Muitas vezes
aqueles que muito ameaçam pouco fazem. ■ Cão que muito
ladra, pouco morde.
63. Saepe minus pecces, si scias quod nescias. [Publílio Siro].
Muitas vezes errarias menos, se soubesses o que não sabes.
64. Saepe mora remedium est mali. [Binder, Thesaurus
2995]. Muitas vezes a demora é remédio para o mal. ■ O
tempo tudo cura.
65. Saepe mores patris imitatur filius infans. [Binder,
Thesaurus 2999]. Com freqüência o filho pequeno imita os
costumes do pai. ■ Tal pai, tal filho. ■ Cão de caça vem de
raça.
66. Saepe mulier quem coniux diligit, odit. [Dionísio Catão,
Disticha 1.8]. Muitas vezes a mulher odeia a quem o marido
ama.
67. Saepe multa doceat hostis, vel sapientum gregem.
[Schottus, Adagia 641]. Com freqüência um inimigo ensina
muito, até a um bando de sábios.
68. Saepe natatores summerguntur meliores. [Rezende
5977]. Muitas vezes os melhores nadadores se afogam. ■ O
melhor nadador se afoga. VIDE: ● Optimi natatores saepe
summerguntur.
69. Saepe ne utile quidem est scire quid futurum sit. Muitas
vezes não é útil saber o que vai acontecer. ■ O futuro é
segredo de Deus. VIDE: ● Saepe autem ne utile quidem est
scire quid futurum sit; miserum est enim nihil
proficientem angi.
70. Saepe nihil interest inter amicorum munera et hostium
vota. [Sêneca, De Beneficiis 2.14]. Muitas vezes não há
diferença entre as dádivas dos amigos e as tramas dos
inimigos. VIDE: ● Saepe nihil interest inter amicorum
munera et hostium acta.
71. Saepe nocet multis omnia vera loqui. [Pereira 114]. A
muitos prejudica dizer tudo que é verdade. ■ Nem tudo que é
verdade se diz.
72. Saepe nocet puero miratio blanda magistri.
[Columbano]. O olhar meigo do professor muitas vezes
prejudica a criança.
73. Saepe obstinatis induit frenos amor, et odia mutat.
[Sêneca, Hippolytus 575]. Muitas vezes o amor põe freio nos
obstinados e vence o ódio.
74. Saepe oculi et aures vulgi testes sunt mali. [PSa]. Muitas
vezes os olhos e os ouvidos da populaça são más
testemunhas.
75. Saepe opera alicuius pro pecunia valet. [Institutiones
3.3]. Freqüentemente o trabalho de alguém vale como
dinheiro.
76. Saepe optime cogitata pessime cadunt. [Binder,
Thesaurus 3000]. Com freqüência, coisas muito bem
planejadas falham.
77. Saepe os inter et offam, ut verbum vetus est, multa
venire solent. [Tomas Morus, Epigrammata, Venatus
Araneae 3]. Muitas vezes entre entre a boca e a comida,
como diz o velho provérbio, muita coisa costuma acontecer.
■ Da mão para a boca se perde a sopa. VIDE: ● De cocleare
interdum cadit quod hianti porrigis ori. ● Inter calicem et
os multa interveniunt. ● Inter calicem et os multa cadunt.
● Inter manum et mentum multa cadunt. ● Inter os et
offam multa cadunt. ● Inter os et offam multa
intercedunt. ● Saepe audivi inter os et offam multa
intervenire posse. ● Saepe inter buccam contingit casus, et
offam. ● Vel mille calamitates sunt inter calicem et labra.
78. Saepe parit vitulos ditis bona vacca novellos; pauperis
occumbit, quidquid onusta parit. [Pereira 117]. A boa vaca
com freqüência dá ao rico novos bezerros; do pobre, morre
tudo que a vaca prenhe gera. ■ A uns parem os bois, a outros
morrem os bezerros. ■ Ao rico, crescem-lhe os bois.
79. Saepe perit ventis obruta cumba suis. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.584]. Muitas vezes um esquife naufragou por
causa dos ventos favoráveis. ■ Muita ajuda atrapalha.
80. Saepe post magna siccitate venit ingens pluvia. [Bebel,
Adagia Germanica]. Muitas vezes, depois de grande seca
vem uma imensa chuva. VIDE: ● Tempestas mutatur facile in
serenitatem. ● Venit post pluvias lucida saepe dies.
81. Saepe potestatem solita est superare voluntas. [Pereira
109]. Muitas vezes aconteceu a vontade superar a
possibilidade. ■ Mais faz quem quer do que quem pode.
82. Saepe precor mortem, mortem quoque deprecor idem.
[Ovídio, Ex Ponto 1.2.57]. Muitas vezes eu suplico a vinda
da morte, mas também suplico que ela vá embora.
83. Saepe, premente deo, fert deus alter opem. [Ovídio,
Tristia 3.2.4]. Muitas vezes, se um deus nos persegue, outro
deus nos traz ajuda. ■ Quando uma porta se fecha, outra se
abre.
84. Saepe quae contempseris utiliora inveniuntur laudatis.
[Fedro, Fabulae 1.12.1, adaptado], Muitas vezes se descobre
que o que se desprezou é mais útil que o que se louvou. VIDE:
● Quod contemnitur saepe utilissimum est.
85. Saepe quod avarus summa congessit solicitudine,
praecipiti effusione delapidat heres luxuriosus.
[S.Ambrósio / Bernardes, Nova Floresta 1.503]. Muitas
vezes o que juntou o avarento com sumo desvelo, espalha o
perdulário herdeiro com despesa precipitada. ■ Pai
guardador, filho gastador.
86. Saepe reposcit idem, quod iactavit prius idem. [DAPR
236]. Muitas vezes a mesma pessoa pede aquilo mesmo que
antes desprezou. ■ Quem diz mal da coisa, esse a compra.
■ Quem rezinga quer comprar.
87. Saepe rogas: Quot habes annos? Respondeo: Nullos.
Quomodo? Quos habeo, Pontice, non habeo. [John Owen,
Epigrammata 3.114 Ad Ponticum / Bernardes, Nova Floresta
2.124]. ■ Perguntas-me com empenho pela idade, e que anos
somo. Respondo: Nenhum. Isso como? Os que tenho, já os
não tenho.
88. Saepe sagittantem didicit referire sagitta, inque reum
conversa recurrere plaga. [Walther 27267 / Tosi 271].
Muitas vezes o dardo soube voltar e ferir o arqueiro, e a rede
voltar e cair sobre quem a lançou. ■ Quem laço me armou
nele caiu. VIDE: ● Sagitta interdum resiliens percutit
dirigentem.
89. Saepe satius fuit dissimulare quam ulcisci. [Sêneca, De
Ira 2.33.1]. Muitas vezes, foi melhor ignorar (a ofensa) do
que vingar-se. VIDE: ● Saepe dissimulare, quam ulcisci,
satius est.
90. Saepe simul iuncta male stant pariter ioca damna.
[DAPR 97]. Muitas vezes vêm juntos os prejuízos e a
zombaria. ■ Além de queda, coice. ■ Trás apedrejado chovem
pedras.
91. Saepe simultates ira morata facit. [Ovídio, Amores
1.8.82]. Muitas vezes a ira prolongada cria inimizades.
92. Saepe solent auro multa subesse mala. [Tibulo, Elegiae
1.9.18]. Muitos males costumam esconder-se debaixo do
ouro.
93. Saepe solent census hominis pervertere sensus. [Walther
27285 / Tosi 999]. As riquezas costumam perverter os
sentimentos do homem.
94. Saepe solet similis filius esse patri, et sequitur leviter
filia matris iter. [Rabelais, Gargantua 3.41]. O filho costuma
parecer-se com o pai, e a filha facilmente segue o caminho da
mãe.
95. Saepe stilum vertas iterum quae digna legi sint
scripturus. [Horácio, Satirae 1.10.72]. Para escreveres
coisas dignas de serem lidas, vira teu estilete muitas vezes.
(=Com uma das extremidades do estilete se escrevia na cera
das tábuas, com a outra se apagava o que estava escrito, para
reescrever).
96. Saepe sub palliolo sordido latet sapientia. Muitas vezes se
encontra sabedoria sob uma veste miserável. ■ Debaixo de
ruim capa há um bom dizedor. ■ As aparências enganam.
● Saepe sub attrita latitat sapientia veste. Muitas vezes a
sabedoria se esconde sob uma roupa gasta. ● Saepe sub
sordido palliolo habitat sapientia. [Branco 187]. VIDE:
● Saepe est etiam sub palliolo sordido sapientia. ● Sub
laceris crebro virtus latet aurea pannis. ● Sub pallio
sordido sapientia. ● Sub sordido palliolo latet sapientia.
● Sub sordido pallio ingenium saepe latet.
97. Saepe subactus erit, alium qui sternere quaerit. Muitas
vezes, será vencido aquele que quer destruir outro. ■ Muitas
vezes, volta-se o feitiço contra o feiticeiro. VIDE: ● Lanam
petierat, ipseque tonsus abiit.
98. Saepe summa ingenia in occulto latent. [Plauto, Captivi
97]. Muitas vezes grandes talentos se escondem na
obscuridade. VIDE: ● Summa ingenia in occulto latent.
99. Saepe tacens odii semina vultus habet. [Ovídio, Ars
Amatoria 3.512]. Muitas vezes uma fisionomia carrancuda
traz a semente do ódio.
100. Saepe tacens vocem verbaque vultus habet. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.572]. Muitas vezes um rosto mudo tem voz e
palavras.
101. Saepe tamen vere coepit simulator amare. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.615]. Muitas vezes aconteceu que o fingidor se
apaixonou sinceramente.
102. Saepe tegit nequam lata cuculla caput. [Medina 591].
Muitas vezes um grande capuz cobre uma cabeça sem valor.
■ O hábito não faz o monge. ■ Por se andar vestido de lã não
se é carneiro. ■ O hábito elegante cobre, às vezes, um
tratante. ■ As aparências enganam. VIDE: ● Barba non facit
philosophum. ● Barba non facit philosophum, neque vile
gerere pallium. ● Cucullus non facit monachum. ● Cuculla
non facit monachum. ● Habitus non facit monachum. ● In
vestimentis non est sapientia mentis. ● Non habitus
monachum reddit. ● Non tonsura facit monachum. ● Non
tonsura facit monachum, nec horrida vestis.
● Philosophum non facit barba. ● Vestimenta pium non
faciunt monachum.
103. Saepe tulit lassis sucus amarus opem. [Ovídio, Amores
3.11.8]. Muitas vezes um remédio amargo trouxe ajuda a
pessoas esgotadas.
104. Saepe unus puer improbus atque impurus inquinat
totum gregem. [Schottus, Adagialia Sacra 109]. Muitas
vezes um único menino mau e impuro corrompe todo o
bando. ■ Uma ovelha tinhosa faz todo o rebanho tinhoso.
VIDE: ● Grex totus in agris unius scabie cadit. ● Infecta ovis
eiciatur, ne totum ovile inficiatur. ● Mala vicini pecoris
contagia laedent. ● Morbida sola pecus totum corrumpit
ovile. ● Morbida facta pecus totum corrumpit ovile.
● Scabiosa ovis totum inquinat gregem. ● Scabiosam ovem
totum inquinare gregem. ● Una infecta ovis totum
corrumpit ovile. ● Una mala pecus inficit omne pecus.
● Unius pecudis scabies totum commaculat gregem.
105. Saepe valens odii littera causa fuit. [Ovídio, Ars
Amatoria 1.466]. Muitas vezes uma palavra enérgica foi
motivo de ódio.
106. Saepe vane ridemus, quando merito flere debemus.
[Tomás de Kempis, De Imitatione Christi 1.21.1]. Muitas
vezes rimos vãmente, quando, na verdade, devemos chorar.
107. Saepe venit magno faenore tardus amor. [Propércio,
Elegiae 1.8.26]. Muitas vezes o amor tardio chega com
grande vantagem.
108. Saepe via obliqua praestat quam tendere recta. [Binder,
Thesaurus 3003]. Muitas vezes é mais vantajoso seguir o
caminho curvo do que prosseguir pelo caminho reto. ● Saepe
via brevior recta, quae flexior videtur. Muitas vezes o
caminho que parece cheio de voltas é mais curto que o
caminho reto.
109. Saepe viatorem nova, non vetus, orbita fallit. [Black
1574]. Muitas vezes não é a trilha velha que engana o
viajante, mas a nova.
110. Saepe vindicta obfuit. [Sêneca, Hercules Furens 1186].
Muitas vezes a vingança foi funesta.
111. Saepe viri fallunt, tenerae non saepe puellae. [Ovídio,
Ars Amatoria 3.1.31]. Os homens enganam com freqüência;
as moças, ternas, raramente.
112. Saepe virtus plus proficit quam humilitas. [Cícero, De
Inventione 1.109]. Muitas vezes a coragem é mais útil que a
humildade.
113. Saepem vir calcat ibi, plus ubi passa exstat. [DAPR
609]. O homem pisa na cerca lá onde está mais baixa.
■ Atravessa-se o rio onde ele é mais raso.
114. Saepius emendant incautum damna aliena,
flammarumque minae vicino ardente timentur. [Walther
27376 / Tosi 1376]. Muitas vezes os danos alheios corrigem
o imprudente, e temem-se as ameaças das chamas quando a
casa do vizinho arde. ■ Mal alheio dá conselho. ■ Quando
vires a barba do vizinho pegar fogo, põe a tua de molho.
VIDE: ● Accensa domo proximi, tua quoque periclitatur.
● Nam tua res agitur, paries cum proximus ardet.
115. Saepius incautae nocuit victoria turbae. [Claudiano, De
Quarto Consulatu 336]. Na maioria das vezes a vitória
prejudicou a multidão incauta.
116. Saepius insanus culpat temerarius omnes verbaque non
dubitat fundere mentis inops. [Pereira 115]. O ignorante
abusado a todos repreende e, desgraçado, não vacila em
vomitar as palavras que lhe vêm à mente. ■ O ignorante a
todos repreende, e fala mais do que menos entende. ■ O
ignorante é sempre o que mais fala.
117. Saepius locutum, nunquam me tacuisse paenitet. [PSa].
Na maioria das vezes me arrependo de ter falado; nunca de
me ter calado.
118. Saepius olim religio peperit scelerosa atque impia facta.
[Lucrécio, De Rerum Natura 1.71]. Muitas vezes, no
passado, a própria religião gerou atos criminosos e ímpios.
119. Saepius opinione quam re laboramus. [Sêneca, Epistulae
Morales 13.4]. Sofremos mais vezes com a imaginação que
com a realidade.
120. Saepius pauper et fidelius ridet. [Sêneca, Epistulae
Morales 9.80.6]. O pobre ri com mais freqüência e mais
sinceridade.
121. Saepius plantata arbor fructum profert exiguum.
[Brewer’s Dictionary of Phrase and Fable]. Árvore que é
replantada muitas vezes produz fruto pequeno. ■ Planta
muitas vezes transposta não medra nem cresce. ● Árvore
mudada, árvore matada. VIDE: ● Non coalescit planta quae
saepe transfertur. ● Non convalescit planta quae saepe
transfertur. ● Planta quae saepius transfertur non
coalescit.
122. Saepius pöetice quam humane locutus es. [Petrônio,
Satiricon 90]. Muitas vezes falaste mais como poeta do que
como humano. VIDE: ● Plus pöetice quam humane locutus
es.
123. Saepius ventis agitatur ingens pinus. [Horácio, Carmina
2.10.9]. É o pinheiro alto que na maioria das vezes é
sacudido pelos ventos. ■ Raio não dá em pau deitado.
124. Saeva noverca dies nunc est, nunc mater amica.
[Schottus, Adagia 581]. Ora o dia é malvada madrasta, ora é
mãe amiga. ■ Cada dia tem sua pena e sua alegria. ■ Vento e
ventura pouco duram. ■ Não são todos os dias iguais. ■ Nem
todo dia é dia santo. VIDE: ● Dies noverca et parens. ● Dies
quandoque noverca, quandoque est parens. ● Ipsa dies
modo parens, modo noverca. ● Ipsa dies quandoque
parens, quandoque noverca.
125. Saeva paupertas. [Horácio, Carmina 1.12.43]. A cruel
pobreza.
126. Saeva quidem plures leto gula tradit acerbo quam
gladius. [Palingênio, Zodiacus Vitae 3.629]. A terrível gula
leva mais gente à morte prematura do que a espada. ■ Mais
mata a gula do que a espada. VIDE: ● Ancipiti plus ferit ense
gula. ● Gula plures occidit, quam gladius. ● Gula plures
occidit quam gladius, estque fomes omnium malorum.
● Plures interficit cena quam gladius. ● Plures necat gula
quam gladius. ● Plures occidit gula quam gladius.
127. Saevior armis, luxuria incubuit. [Juvenal, Satirae 6.293].
Mais cruel do que as armas, a luxúria nos assaltou.
128. Saevior ignibus Aetnae fervens amor ardet habendi.
[Boecio, Consolatio Philosophiae 2.5.25]. O amor fervente
das riquezas arde mais que o Etna.
129. Saevis tranquillus in undis. [Divisa de Guilherme de
Nassau, Príncipe de Orange / Rezende 5989]. Tranqüilo no
meio de ondas furiosas.
130. Saevit in absentes. [Virgílio, Eneida 9.63]. Ele ataca os
ausentes.
131. Saevus iocus. Um gracejo cruel.
132. Sagena ex omni genere piscium congregat. [Polydorus,
Adagia]. A rede reúne todo tipo de peixes.
133. Sagitta Cupido cor meum transfixit. [Plauto, Persa 25].
Cupido atravessou meu coração com sua flecha.
134. Sagitta in caelum excussa in ferientem recidet. [DAPR
161]. A flecha lançada ao céu retornará sobre quem a lançou.
■ Cuspo para o céu; cai-me no rosto.
135. Sagitta interdum resiliens percutit dirigentem.
[S.Jerônimo / Tosi 265]. Às vezes a flecha, voltando, fere o
atirador. VIDE: ● Saepe sagittantem didicit referire sagitta,
inque reum conversa recurrere plaga.
136. Sal abiit illuc, unde dimanaverat. [Apostólio, Paroimiai
2.39]. O sal de onde veio, para aí foi. ■ A água o dá, a água o
leva. VIDE: ● Haec unde venit sarcina rediit salis. ● Sal,
unde venerat, redit. ● Salis onus unde venerat, illuc abiit.
● Salis onus unde venit, eo redit.
137. Sal Atticum. O sal ático. (=A finura, a sagacidade no
expressar o pensamento).
138. Sal culinarius. O sal de cozinha.
139. Sal dicendi. A graça no dizer.
140. Sal est vita. [Divisa]. O sal é vida.
141. Sal nigrum. O sal negro. (=Uma sátira ofensiva).
142. Sal non inest illi. [Schottus, Adagia 188]. É uma pessoa
insossa.
143. Sal sapit omnia. [Brewer, Dictionary of Phrase and
Fable]. O sal tempera tudo.
144. Sal, unde venerat, redit. [Binder, Thesaurus 3006]. O sal,
donde tiver vindo, para lá volta. ■ A água o dá, a água o
leva. VIDE: ● Haec unde venit sarcina rediit salis. ● Salis
onus unde venit, eo redit. ● Salis onus unde venerat, illuc
abiit. ● Sal abiit illuc, unde dimanaverat.
145. Sal vitae amicitiae. As amizades são o sal da vida.
146. Salarium est merces ab operario pro suo labore
accepta. O salário é a compensação recebida pelo operário
em troca do seu trabalho.
147. Salarium non dat multis salem. [Burton, The Anatomy
of Melancholy]. A muitos o salário não dá sal.
148. Sale nihil utilius. [Erasmo, Adagia 4.9.68]. Nada há mais
útil que o sal. ● Sale et sole nihil utilius. Não há nada mais
útil do que o sal e o sol. VIDE: ● Nihil esse utilius sale et sole.
● Nihil utilius sale et sole. ● Nil sole et sale utilius.
149. Salem appone. Põe sal. (=Sê prudente em tuas ações).
■ Juízo!
150. Salem et mensam non praetereas. [Erasmo, Adagia
1.6.10]. Não evites o sal e a mesa. (=Não desprezes a
companhia dos amigos).
151. Salis absumendus modius, priusquam habeas fidem.
[PSa]. Deve ser consumido um módio de sal antes que
confies em alguém. VIDE: ● Multos modios salis simul
edendos esse, ut amicitiae munus expletum sit. ● Multos
modios salis simul edendos esse amicis aiunt. ● Multos
modios salis cum amicis edendos esse. ● Nemini fidas nisi
cum quo prius modium salis absumpseris.
152. Salis onus unde venerat, illuc abiit. [Erasmo, Adagia
1.7.80]. O peso do sal de onde veio, para aí foi. ■ A água o
dá, a água o leva. ● Salis onus unde venit, eo redit.
[Schottus, Adagia 347]. VIDE: ● Haec unde venit sarcina
rediit salis. ● Sal abiit illuc, unde dimanaverat. ● Sal, unde
venerat, redit.
153. Salivam hoc movet. [Binder, Thesaurus 3011]. ■ Isto dá
água na boca.
154. Salix flectitur, sed non frangitur. [Divisa / Rezende
5991]. O salgueiro se dobra, mas não se quebra.
155. Salomone sapientior. É mais sábio que Salomão. VIDE:
● Quis Salomone sapientior?
156. Salsamento egenti carnibus contentum esse oportet.
[Schottus, Adagia 175]. Quem tem falta de carne deve
contentar-se com peixe salgado. ■ Quem não tem pão alvo
come do ralo. ■ Quem não tem cão caça com gato. VIDE:
● Probanda salsamenta egenti carnium. ● Probanda
salsamenta ubi desunt carnes. ● Si carnes non affuerint, in
salsamentis acquiescendum. ● Si caro non adsit,
salsamentum adhibendum. ● Si deficit faenum, accipe
stramen. ● Si non adsunt carnes, tarico contentos esse
oportet. ● Taricus bone consulitur, ubi desunt carnes.
157. Salsitudo non inest illi. [Manúcio, Adagia 547]. Falta-lhes
sal. ■ Que gente mais sem sal! ● Salsitas non inest illi.
[Idem, ibidem].
158. Salsuginem misces, antequam pisces ceperis. [Apostólio,
Paroimiai 18.59]. Antes de apanhar os peixes, já preparas a
salmoura. ■ Ainda não montamos e já cavalgamos. VIDE:
● Ante captos pisces, muriam commisces. ● Antequam
pisces ceperis, muriam misces.
159. Salus animarum suprema est lex. [CIC 1752]. A
salvação das almas é a lei suprema.
160. Salus autem ubi multa consilia. [Vulgata, Provérbios
11.14]. Onde há muitos conselhos, há segurança. ■ Há
salvação onde há muita precaução. VIDE: ● Salus, ubi multi
consiliarii.
161. Salus et felicitas. [Divisa]. Saúde e felicidade.
162. Salus extra Ecclesiam non est. [S.Agostinho, De
Baptismo 4.17]. Fora da Igreja não há salvação. VIDE: ● Extra
Ecclesiam nulla salus. ● Nemini salus esse nisi in Ecclesia
potest.
163. Salus, honor, et argentum, atque bonum appetitum.
[Molière]. Saúde, glória e dinheiro, e bom apetite.
164. Salus in fide. [Divisa]. A salvação está na fé
165. Salus meorum civium mihi semper fuit mea carior vita.
[Cícero, Pro Sestio 45, adaptado]. A segurança dos meus
concidadão sempre me foi mais cara do que minha vida.
166. Salus mundi. O bem-estar do mundo.
167. Salus omnium non veritate solum sed etiam fama
nititur. [Cícero, Ad Quintum 1.1]. O bem-estar de todos se
firma não só na verdade como também na reputação.
168. Salus populi suprema lex esto. [Cícero, De Legibus 3.3.8
/ Divisa do Estado de Missouri, EUA]. Seja o bem-estar do
povo a lei suprema. ● Salus populi suprema lex est. O bem-
estar do povo é a lei suprema. ● Salus publica suprema lex.
169. Salus publica, salus mea. A segurança pública é a minha
segurança.
170. Salus publica timor Dei. [Divisa]. O temor de Deus é a
segurança do povo. ● Salus publica timor Domini. [Divisa /
Rezende 5993]. O temor do Senhor é a segurança do povo.
171. Salus rei publicae suprema lex. [Black 1579]. O bem-
estar do país é a lei suprema.
172. Salus tua ego sum. [Vulgata, Salmos 34.3]. Eu sou a tua
salvação.
173. Salus, ubi multi consiliarii. [Black 1579]. Onde há muitos
conselheiros, há segurança. ■ Há salvação onde há muita
precaução. VIDE: ● Salus autem ubi multa consilia.
174. Saluta libenter. [Dionísio Catão, Monosticha 10].
Cumprimenta com satisfação.
175. Salutaris severitas vincit inanem speciem clementiae.
[Cícero, Ad Brutum 1.2a.1]. Uma salutar severidade vence
uma vazia aparência de indulgência.
176. Salute tenus amici. [Pereira 94]. Amigos só de
cumprimentos. ■ Amigos só de beijo-vo-las mãos. ■ Amigo da
boca para fora. VIDE: ● Lingua amicus. ● Ne lingua mihi
quis sit amicus, sed mage facto. ● Verbo tenus amicus.
177. Salutem hominum in Dei tutela esse. [Cícero, De Finibus
3.66]. A salvação dos homens está na proteção de Deus.
178. Salutem plurimam. Saudações. Cumprimentos.
179. Salutis causa bene fit homini iniuria. [Publílio Siro].
Para salvar um homem, é permitido causar-lhe um prejuízo.
180. Salva animam tuam. [Vulgata, Gênesis 19.17]. Salva a
tua vida.
181. Salva conscientia. Sem comprometer a consciência.
182. Salva dignitate. Sem comprometer a dignidade.
183. Salva fide. [Cícero, De Officiis 3.44]. Sem quebra do
dever. Sem quebra da fidelidade. Sem quebra da honra.
184. Salva iustitia. [Jur]. Resguardada a justiça.
185. Salva veritate. Resguardada a verdade.
186. Salvam fac reginam, o Domine. Ó Senhor, guarda a
rainha. ■ Deus guarde a rainha. VIDE: ● Salvum fac regem, o
Domine.
187. Salvator mundi. O salvador do mundo.
188. Salve! Salve! (=No plural: Salvete!)
189. Salve, parens rerum omnium Natura! [Plínio Antigo,
Naturalis Historia 37.205]. Salve, ó Natureza, mãe de todas
as coisas!
190. Salve, Regina Misericordiae. [Da liturgia católica]. Salve,
Rainha da Misericórdia.
191. Salvis legibus. [Cícero, Ad Familiares 1.2]. Respeitadas as
leis. Sem transgressão das leis.
192. Salvo iure. [Jur]. Resguardado o direito. Sem prejuízo de
seu direito.
193. Salvo iure proprietatis et translationis. [Jur]. Reservado
o direito de propriedade e de tradução.
194. Salvo officio. Sem faltar à obrigação.
195. Salvo pudore. Sem ofensa ao pudor.
196. Salvum fac regem, o Domine. Senhor, guarda o rei.
■ Deus guarde o rei. VIDE: ● Salvam fac reginam, o Domine.
197. Sana me, Domine, et sanabor; salvum me fac, et salvus
ero. [Vulgata, Jeremias 17.14]. Cura-me, Senhor, e eu serei
curado; salva-me, e serei salvo.
198. Sana meditari incipe, et placida fare. [Sêneca, Medea
537]. Trata de pensar coisas saudáveis e de dizer coisas
suaves.
199. Samsone fortior. É mais forte que Sansão. VIDE: ● Hercule
fortior.
200. Sana quippe ratio etiam exemplis anteponenda est.
[S.Agostinho, De Civitate Dei 1.22]. Deve-se preferir a sã
razão até aos exemplos.
201. Sanabimur, si volemus. [Cícero, Tusculanae
Disputationes 3.5]. Ficarei bom, se eu quiser.
202. Sanabit nulla vulnera cordis ope. [Ovídio, Ex Ponto
1.3.22]. Nenhum poder curará as feridas do coração.
203. Sanae mentis. De mente sã. (=Em plena posse das
faculdades mentais). ● Sanae mentis et bonae memoriae.
[Black 233]. De mente sã e boa memória. (=Afirmação da
capacidade mental do testador). VIDE: ● Homo sanae mentis.
● Id qui neget, vix eum sanae mentis existimem.
204. Sanat, sanctificat et ditat te surgere mane. Acordar cedo
mantém a saúde, abençoa e enriquece. ■ Deus ajuda a quem
madruga. ■ Quem cedo se deita e cedo se levanta, doença,
pobreza e velhice espanta. ● Sanat, sanctificat, ditat
quoque surgere mane.
205. Sancta parvis habitat in tectis Venus. [Sêneca,
Hippolytus 211]. O amor puro habita nas cabanas.
206. Sancta sancte tractanda sunt. [Rezende 6004]. As coisas
sagradas devem ser tratadas com respeito.
207. Sancta sanctorum. [Vulgata, Números 4.19]. O Santuário.
(=A parte mais secreta do templo hebreu, onde somente o
sumo-sacerdote podia entrar). VIDE: ● Sanctum sanctorum.
208. Sanctae nomine crucis. [Divisa]. Em nome da santa cruz.
209. Sanctae partes sunt, si universum venerabile est.
[Sêneca, De Ira 2.31.7]. Se o todo é venerável, as partes são
sagradas.
210. Sancti habentur legati. [Digesta 50.7.18]. Os
embaixadores são considerados invioláveis. VIDE: ● Legatus
nec violatur nec laeditur. ● Legatus non laeditur, nec
violatur. ● Legatus nec cogitur nec violatur. ● Legatus
haud violatur, haudque caeditur. ● Legatus non caeditur,
neque violatur. ● Nuntio nihil imputandum. ● Orator nec
percutitur, nec violatur. ● Sanctum per saecula nomen
legatus.
211. Sanctio legis. [Jur]. A sanção da lei.
212. Sanctissimum est meminisse, cui te debeas. [Publílio
Siro]. É dever sagrado lembrar-se daquele a quem se deve a
existência.
213. Sanctitas est scientia colendorum deorum. [Cícero, De
Natura Deorum 1.116]. A religiosidade é o conhecimento dos
deuses que devem ser venerados.
214. Sanctius est ac reverentius visum de actis deorum
credere quam scire. [Tácito, Germania 34]. É considerado
mais justo e mais respeitoso confiar nos atos dos deuses do
que entendê-los.
215. Sanctorum vitas legere et non vivere frusta est;
sanctorum vitas degite, non legite. [John Owen,
Epigrammata 3.80]. Ler as vidas dos santos e não vivê-las é
inútil; vivei as vidas dos santos, não as leiais.
216. Sanctum est vetus omne poëma. [Horácio, Epistulae
2.1.54]. Todo poema antigo é coisa sagrada.
217. Sanctum per saecula nomen legatus. [DAPR 442]. O
nome do mensageiro é eternamente respeitado. ■ Mensageiro
não merece pancada. VIDE: ● Legatus nec violatur nec
laeditur. ● Legatus non laeditur, nec violatur. ● Legatus
nec cogitur nec violatur. ● Legatus haud violatur,
haudque caeditur. ● Legatus non caeditur, neque violatur.
● Ne impediatur legatio. ● Nuntio nihil imputandum.
● Orator nec percutitur, nec violatur.
218. Sanctum sanctorum. [Vulgata, Êxodo 29.37]. O santo dos
santos. (=Lugar sagrado proibido aos profanos. Coisa
consagrada por Deus). VIDE: ● Sancta sanctorum.
219. Sanctus amor patriae dat animum. [Divisa]. O sagrado
amor dá pátria nos dá coragem.
220. Sanctus Yvo erat Brito, advocatus et non latro, res
miranda populo. Santo Ivo era bretão, advogado e não
ladrão, coisa prodigiosa aos olhos do povo. (=”Dizem alguns
escritores que

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