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Os 8 Temperamentos:

Introdução à Psicologia do Carácter


de René Le Senne
Os 8 Temperamentos:
Introdução à Psicologia do Carácter
de René Le Senne
Obs.: Recomendo o leitor iniciar pelo questionário a fim de respondê-lo
ANTES de obter conhecimento sobre o conteúdo. Uma vez que, caso leia o
presente artigo primeiro, pode ficar influenciado na hora de responder o
teste a fim de obter a resposta desejada em vez da resposta real.

KLEBER MACEDO

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Justificativa
A intenção do presente artigo é apresentar uma introdução geral à Psicologia do Carácter de René
Le Senne, ou como podemos chamar, a teoria dos 8 temperamentos. Além disso, ao fim do artigo,
constará em anexo o questionário com as questões concernentes aos chamados três fatores
fundamentais ou três fatores de carácter para que o leitor, se se interessar, possa respondê-lo
devidamente como se seguem as instruções e me contactar para corrigi-lo e apresentá-lo ao tipo
psicológico do qual faz parte.
Não há aqui nenhuma pretensão de validar ou invalidar nem a teoria caracterológica, nem a eficácia
do questionário, uma vez que o artigo não se propõe a estudos experimentais, mas somente a um
esboço introdutório a esse conhecimento, com o bônus das questões que servem de base para a
aferição de um dos oito tipos psicológicos existentes, segundo essa teoria.
Portanto, espero que o conteúdo aqui presente sirva para que o leitor seja introduzido à noção básica
de o que seriam esses oito temperamentos, como eles são classificados, quais são os traços
psicológicos que compõem cada um deles, o que é o carácter humano e onde ele se localiza na
psique humana.

KLEBER MACEDO, janeiro de 2024

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Justificativa 3
Breve introdução ao conceito de carácter 5
A Caracterologia de René Le Senne 7
Pressupostos da Caracterologia de René Le Senne: a origem holandesa 7
Pressupostos da Caracterologia de René Le Senne: a influência francesa 8
Os Fatores de carácter 10
EMOTIVIDADE 10
ATIVIDADE 10
RESSONÂNCIA 10
Os 8 tipos caracterológicos 11
COLÉRICO (E+ A+ 1) 11
PASSIONAL (E+ A+ 2) 12
NERVOSO (E+ A- 1) 13
SENTIMENTAL (E+ A- 2) 13
SANGUÍNEO (E- A+ 1) 14
FLEUMÁTICO (E- A+ 2) 15
AMORFO (E- A- 1) 16
APÁTICO (E- A- 2) 16
Comentários adicionais aos 8 tipos 17
Resumo pontual dos 8 tipos de carácter 18
Considerações finais 21
Referências bibliográficas 22
Anexo 23
Questionário de identificação dos 8 temperamentos 23

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Breve introdução ao conceito de carácter
Quando falamos em carácter1 normalmente o que nos vem à mente é algo relacionado à conduta
moral de um indivíduo. Quando queremos nos referir a uma pessoa com princípios bem definidos,
costumamos dizer “fulano de tal é uma pessoa de caráter”. Quando, porém, queremos nos referir a
uma pessoa desonesta, interesseira, mentirosa, odiosa, costumamos nos referir a esse tipo de pessoa
como alguém “mau-caráter”. Portanto, o “caráter” é comumente usado por nós para definir se
alguém é moralmente bem visto ou não.
No entanto, nem em todos os ramos da psicologia é exatamente desse jeito que costumamos nos
referir ao carácter humano. A principal linha que vamos seguir tem por base Gordon Allport, um dos
principais psicólogos do século XX. Ele ofereceu uma definição de caráter que se destacou por sua
abordagem focada na individualidade e na consistência dos traços de personalidade. Para Allport, o
caráter é um complexo composto pela totalidade dos traços de personalidade de um indivíduo, cada
um contribuindo de maneira única para moldar como essa pessoa percebe, interage e responde ao
mundo ao seu redor.
Nesta perspectiva, os traços de personalidade são padrões duradouros de comportamento,
pensamento e sentimento. Eles são consistentes ao longo do tempo e em diferentes situações,
fornecendo uma estrutura estável que define o caráter de uma pessoa. Allport enfatizou que, embora
alguns traços possam ser comuns a muitas pessoas, a combinação específica e a intensidade desses
traços em um indivíduo criam uma singularidade inerente. Ou seja, o caráter é profundamente
pessoal e distintivo. Além disso, Allport considerou o caráter como algo que se desenvolve ao longo
da vida. As experiências, interações sociais, e as escolhas feitas por um indivíduo desempenham
papéis significativos na formação e na evolução do seu caráter. Nesse sentido, o caráter é tanto um
produto da natureza (traços inatos) quanto da educação (experiências e aprendizados). Em suma,
sua visão é a de que o caráter é uma síntese complexa e dinâmica de traços de personalidade que se
manifestam de maneira única em cada indivíduo, influenciando sua conduta, suas decisões éticas e
sua interação com o ambiente.
Dito isto, devo esclarecer que o meu intuito aqui é apresentar ao leitor o que vem a ser a
Caracterologia franco-holandesa ou a Psicologia do carácter de René Le Senne. Não me cabe aqui
apresentar um tratado de caracterologia, mas apenas explicar a simples definição de Carácter2 em
vez de apresentar o longo percurso no qual essa definição foi construída ou as diferentes
concepções de diferentes autores ao longo da história.
Pois bem, de antemão devo dizer que, basicamente, descrevemos o carácter humano, dentro da
perspectiva psicológica do termo, em duas fases diferentes da vida: temos uma espécie de carácter
inato e outra de carácter construído.
Quando entramos em contato com a teoria das 12 camadas da personalidade, de Olavo de
Carvalho, identificamos que o carácter é mencionado em duas camadas distintas. Temos o carácter
da primeira camada e o carácter da oitava camada da personalidade. Há uma diferença grande entre
esses “caracteres”. O carácter descrito na primeira camada é identificado pelas características inatas
de um indivíduo. Todos nós nascemos com, digamos, regras pré-estabelecidas nas quais toda a
nossa personalidade será desenvolvida em cima. Já o carácter descrito na oitava camada da

1 Que pode ser escrito tanto por “carácter” quanto por “caráter”.
2 A pretenção aqui é explicar o carácter nas visões de determinados autores que o viam como uma espécie de elemento
fixo da psique humana.
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personalidade é fruto do desenvolvimento da personalidade até aquele momento, id est, todo ser
humano possui um itinerário de desenvolvimento pessoal que, ao longo do desenvolvimento, vai
construindo novas características em cima de características já existentes até que essa “fusão”
culmine num estabelecimento de características fixas e bem definidas de um indivíduo em sua
maturidade.
Para deixar mais claro, imagine um bebê, que ao longo de seu desenvolvimento infantil torne-se
uma criança mais agitada, com características ativas e expansivas. Uma criança agitada, traquina,
que ousa explorar todos os ambientes que frequenta, sendo naturalmente tachada como “danada”.3
Essa criança cresce, e durante seu amadurecimento vai aprendendo, seja com a cultura em volta,
seja com a educação dos pais, modos diferentes de se comportar em diferentes ambientes e
ocasiões, tornando-se um adulto sensato, comedido, discreto e até um tanto quanto reservado. O que
temos aqui? Temos uma pessoa que, à vista de terceiros, era percebida como uma criança agitada e
após crescer tornou-se um adulto reservado. Em ambos os períodos da vida dessa pessoa hipotética
estamos apontando o seu carácter. A diferença é que apontamos dois diferentes tipos de carácter
desse mesmo indivíduo. O carácter descrito na infância é referente ao carácter inato, referente ao
carácter da primeira camada da personalidade, a forma mais pura e essencial da personalidade, onde
não há interferência suficiente de outros fatores de molde da personalidade e, portanto, sua
expressão é “basicamente direta”, sem intermediação.4 O carácter descrito na oitava camada da
personalidade é o resultado de toda uma experiência de vida vivida, onde o indivíduo apreende
elementos do mundo, da cultura, de seus afetos, suas conquistas, seu valor, seu papel na sociedade e
nas relações que estabeleceu ao longo desse tempo e a partir de todos esses elementos ele fecha um
corpo de características que agora se “cristalizam” e se apresentam como um molde temporário,5
mas bem definido, de quem ele é.
Portanto, há um carácter primeiro, que se apresenta como um conjunto de características fixas nas
quais todo ser humano nasce. E há um segundo carácter que se apresenta como um conjunto de
características construídas e bem definidas, resultado de um longo processo de amadurecimento
adquirido pelas mais diversas experiências de vida vividas pelo indivíduo.
Entendida a distinção dos dois tipos de carácter existentes, cabe agora definirmos em qual carácter
a Psicologia de René Le Senne se situa.

3 Só para deixar claro: estou utilizando exemplos de características dentro do espectro de normalidade da condição
humana de saúde mental. O referido exemplo não pode ser confundido com a condição de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), que é tido como um transtorno psicológico e deve ser devidamente tratado com
acompanhamento psicológico e tratamento farmacológico.
4 A explicação dada é didática. Lógico que, mesmo sendo uma criança, o carácter denominado por mim inato sofre
interferência de outros fatores da personalidade. Uma vez que esse carácter “aparece” primordialmente no ser e após a
manifestação do corpo desse ser, imediatamente ele “passa” já para a segunda camada da personalidade, onde fatores
hereditários começam a compor a personalidade. Tratando-se de uma criança, já há a interferência da terceira camada
com a aquisição da linguagem e o contato com a cultura. De qualquer forma, a interferência de diferentes elementos da
personalidade especificamente na manifestação do carácter é menor e mais fraca numa criança de 4 anos do que num
adulto de 30. Para saber mais, leia: As 12 camadas da personalidade, de Olavo de Carvalho.
5 Esse molde é temporário pelo simples fato de que a personalidade é dinâmica. Apesar de haverem elementos que,
aparentemente na prática, nunca irão mudar, principalmente com o decorrer da idade, o potencial de mudança existe e
não pode ser considerado como cristalizado.
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A Caracterologia de René Le Senne
Achei melhor antes de iniciar os pressupostos dessa caracterologia, defini-la e situá-la sobre qual
carácter é nela estudado.
O carácter, define René Le Senne, é o esqueleto mental de um homem. E ele completa dizendo:

“Desde o alvorecer da vida, cada um de nós é assaltado por acontecimentos


que nos marcam mais ou menos profundamente. Além disso, cada um de
nós reage a esses acontecimentos e, dessas reações, resultam maneiras de
sentir, de pensar e de falar, hábitos, toda a espécie de ‘feitios’ que se
tornam partes integrantes do que somos (…) Em suma, pouco a pouco, o
caráter, como acabamos de defini-lo, o carácter puro, investe-se numa
individualidade, onde o que é adquirido é acrescentado ao congênito. É a
condição do homem variável. Sem dúvida, o que foi adquirido não suprime
o congênito, continua, antes, a pressupô-lo. Mas especificando-o e
orientado-o, ele o reveste, enriquece-o, enche-o, como faz a carne ao
esqueleto. (René Le Senne, 1965)”.6

Le Senne identifica o objeto de seu estudo como uma espécie de conjunto de características
adquiridas ao longo do tempo, que se unem a outro conjunto de características, estas, congênitas.
Ou seja, o carácter visto por Le Senne é o constructo de características adquiridas com a
experiência de vida que, ao fazer parte de algo já pré-existente, define o “esqueleto mental do
homem”.
Portanto, o carácter estudado pela Caracterologia de René Le Senne é aquele descrito por Olavo de
Carvalho como o que faz referência à oitava camada da personalidade.7

Pressupostos da Caracterologia de René Le Senne: a origem


holandesa
Essa teoria tem origem franco-holandesa. Foi concebida por Gerard Heymans e E. D. Wiersma.
Dois psicólogos holandeses que se debruçaram a estudar o carácter humano.
Gerard Heymans foi um filósofo e psicólogo holandês, nascido em 1857 e falecido em 1930. Ele é
notável por ser um dos fundadores da psicologia experimental na Holanda e por suas contribuições
à filosofia. Heymans desenvolveu um interesse pela psicologia enquanto estudava filosofia e

6 BERGER, Gaston. Tratado prático de análise do carácter, p. 8.


7 Vale notar que essa identificação de que o carácter do Le Senne é apontada por Olavo de Carvalho em seus primeiros
estudos sobre as 12 camadas da personalidade. Pois, muitos teóricos antes do filósofo identificam esse carácter como
parte da primeira camada, um dos motivos pelos quais essa Caracterologia é criticada pela falta de consistência na
relação dos conceitos com o questionário de testagem tipológica. Quando situamos devidamente o “local” desse
carácter conseguimos compreender melhor essa relação entre a teoria psicológica e a prática de testagem.
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tornou-se influente no campo da psicometria8 e da psicologia experimental.9 Ele também foi um dos
primeiros a introduzir testes psicológicos e experimentos laboratoriais em seus estudos na Holanda.
Além disso, Heymans teve um papel importante no desenvolvimento da fenomenologia e da
filosofia da mente.
É possível que o colaborador de Heymans, Wiersma, tenha sido o médico e professor universitário
holandês Enno Dirk Wiersma, que se destacou em sua carreira na Universidade de Groningen,
mesma universidade onde Heymans foi professor. Wiersma nasceu em Pieterzijl, faleceu em 1940
em Groningen. Uma de suas colaborações notáveis foi um questionário desenvolvido em 1905, que
mais tarde foi reanalisado em 1985. Este questionário é frequentemente mencionado em pesquisas
relacionadas ao trabalho de Heymans e Wiersma.
Provavelmente esse questionário é o mesmo no qual falaremos adiante. Ele é um teste
caracterológico baseado em pesquisas acerca de tendências de comportamento e foi desenvolvido
para identificar o tipo psicológico da pessoa que se submete a respondê-lo. Esse teste de carácter foi
desenvolvido a partir de uma pesquisa baseada em dois pilares:
1- O estudo de 100 biografias
2- Centenas de perguntas entregues a 3 mil psiquiatras, psicoterapeutas e educadores, sobre
pacientes e alunos deles.
Com o desenvolvimento da pesquisa, foram agrupados vários tipos de tendências de
comportamento, até definirem-nas e nomearem de Fatores do Carácter.
Chegaram em um número de 3 fatores de carácter, pois esses fatores agrupavam em si um grande
número de tendências de comportamento.
Esses três fatores de carácter foram chamados de Emotividade (E), Atividade (A) e Ressonância
(R).

Pressupostos da Caracterologia de René Le Senne: a


influência francesa
Posteriormente esse estudo foi aprimorado pelo filósofo e psicólogo René Le Senne e pelo filósofo
Gaston Berger. Ambos franceses.
René Le Senne foi um influente filósofo e psicólogo francês, nascido em 1882 e falecido em 1954.
Ele é conhecido por seu trabalho na filosofia idealista e pelas suas reflexões sobre o papel da
consciência, liberdade e dever na experiência humana. Le Senne desenvolveu uma filosofia que se
inicia com a relação e não com o ser, focando na salvação da pessoa em vez de uma explicação do
mundo. Ele considerava o dever como uma relação privilegiada, à qual dedicou sua dissertação de

8A Psicometria é uma área da psicologia focada na teoria e técnica da medição psicológica. Ela lida com a construção e
validação de instrumentos de medição, como questionários, testes e escalas, que são projetados para medir variáveis
psicológicas como inteligência, personalidade, e atitudes. A psicometria utiliza métodos estatísticos para analisar os
resultados desses testes, visando garantir a confiabilidade e validade das medidas obtidas.
9A Psicologia Experimental é um ramo da psicologia que utiliza métodos experimentais para estudar comportamentos,
processos mentais e fenômenos psicológicos. Esta área enfoca o uso de métodos científicos rigorosos para investigar
como e por que as pessoas pensam, sentem e se comportam de certas maneiras.
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doutorado Le Devoir10 em 1930. Para Le Senne, a dialética era um dever, e o dever, por sua vez, era
uma dialética. Ele acreditava que os seres humanos participam de um mundo de valor absoluto e de
uma realidade bruta, criando-se incessantemente através de ambos.
Mas o que nos interessa do Le Senne aqui são os seus estudos relacionados especificamente à
psique humana. Então, além de sua contribuição filosófica, Le Senne também se destacou na área
da caracterologia, onde, como já dito anteriormente, concebeu o caráter como o esqueleto mental do
homem, e não apenas um conjunto de virtualidades equivalentes à sua pessoa. Ele reformulou e
aprofundou a distinção entre os dois tipos de caráter, um que é mutável, e outro, que retém toda a
reverberação interna.
Suas publicações incluem obras como Obstacle et valeur11, Traité de morale générale12, Traité de
caractérologie13 e La destinée personnelle14. Seu trabalho é reconhecido por abordar temas como a
moral, o caráter e a descoberta de Deus, oferecendo uma visão única sobre a natureza humana e a
busca pelo significado e valor na vida.
Le Senne aprimorou o conhecimento dos fatores de carácter, pois apenas três, na visão dele, seriam
insuficientes para conceber traços mais específicos do ser humano e identificou mais fatores,15
agrupando neles mais tendências de comportamento:16
• Amplitude de Consciência (AC)
• Polaridade (P)
• Avidez (Av)
• Interesse Sensorial (IS)
• Ternura (T)
• Paixão Intelectual: identificada como Inteligência abstrata (Ia) ou Inteligência concreta (Ic)

10 “O dever”
11 “Obstáculo e valor” (1934).
12 “Tratado sobre moralidade geral” (1942)
13 “Tratado de caracterologia” (1946)
14 “O destino pessoal” (1951)
15 Neste artigo iremos nos atentar somente aos Fatores de carácter, que correspondem aos três primeiros fatores
identificados por Heymans e Wiersma, aprimorados por Le Senne e Berger, também chamados por este último de “Os
três fatores fundamentais”. Pois, embora os demais fatores identificados por Le Senne sejam importantes para
identificar traços mais finos, esses três primeiros fatores são suficientes para identificar um dos 8 tipos psicológicos
apontados pelo teste de carácter.
16 A aferição desses novos fatores, apesar de não ser importante para a identificação de um dos 8 tipos caracterológicos,
são de extrema importância para “refinar” os traços de carácter de uma pessoa. Além disso, a identificação de cada um
desses traços resulta em diferentes disposições seja qual for o tipo caracterológico, exemplo: um sanguíneo com um
nível alto de inteligência abstrata é diferente de um sanguíneo com maior inteligência concreta.
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Os Fatores de carácter
EMOTIVIDADE
É a reação interna aos estímulos externos. Partindo do pressuposto de que todas as pessoas se
emocionam, cada uma à sua maneira, esse é um fator que define se um indivíduo se emociona mais
ou menos do que outros, ou seja, se o indivíduo sente mais as diferenças causadas pelo meio
externo do que outros. Um indivíduo emotivo é aquele que se perturba mais do que a média das
pessoas ou aquele que se comove mais violentamente do que a média. É preciso ter a noção da
exclusão de objeto de grande interesse em jogo. Pois um indivíduo caracterizado como não-emotivo
irá facilmente se emocionar diante de situações onde algo de seu interesse está relacionado. Mas
quando colocamos dois indivíduos numa mesma situação, onde não há objetos de grande interesse
deles, podemos identificar aquele que é emotivo e aquele que não é.
Para que um indivíduo seja considerado como emotivo, são necessárias duas condições:
1. É necessário que determinados órgãos e tecidos internos sejam mais frágeis do que na
maioria das pessoas.
2. É necessário que órgãos dos sentidos sejam “melhores” do que em outras pessoas.
Isto, porque o carácter é psicofísico, id est, o carácter do indivíduo está relacionado à sua fisiologia.
Dessa forma, poderíamos identificar a partir do carácter de alguém a propensão a determinados
tipos de doenças para diferentes tipos de carácter.

ATIVIDADE
O termo Atividade em caracterologia não quer dizer sobre o comportamento de agir muito, mas se
refere à disposição de quem age facilmente. A atividade, portanto, é a disposição interior para
decidir e para agir em função do que foi decidido. Como diz Berger, “o ativo age por iniciativa
pessoal parecendo o impulso provir dele próprio, sendo as coisas meras ocasiões”.17 Le Senne
descreve o inativo como aquele que age contra a própria vontade, tendo dificuldade e por muitas
vezes se queixando. Em suas obras, Goethe buscou ressaltar a dificuldade do ser humano em alinhar
as ações com os pensamentos, mostrando que uma das coisas mais difíceis é a conformidade entre o
agir e o pensar. Para o indivíduo ativo essa dificuldade não é sobressalente, o fator da atividade
descreve uma pessoa capaz justamente de fazer o que decidiu de modo natural.
O inativo, por outro lado, tende a se comportar de modo diferente à sua decisão. Isso acontece
porque este indivíduo (o inativo) reflete mais a respeito de si mesmo, possui dúvidas acerca de suas
decisões, o que ocasiona em um “não-agir”.
Em geral, indivíduos ativos têm grande capacidade de se refazer, bastam-lhes poucos dias de férias,
algumas horas de sono, para recobrar suas forças. A ação consome pouca energia.

RESSONÂNCIA
Também chamado de Secundariedade, esse fator de carácter refere-se às informações recebidas
pelo organismo psicofísico e, portanto, essas informações alteram o organismo por dentro. A
alteração que acontece no organismo interno acontece de modo imediato e se prolonga após o
impacto inicial. Isso acontece porque a informação dos sentidos provoca alteração no organismo

17 BERGER, Gaston. Tratado prático de análise do carácter, p. 52.


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psicofísico no instante em que ocorre e, além disso, essa informação reverbera mesmo depois do
ocorrido, pois fica retida na memória, o que permite o prolongamento do impacto recebido
inicialmente.
Essa dinâmica desse fator de carácter o faz ter duas fases: a primária e a secundária.
A fase primária é o impacto inicial das informações recebidas pelo organismo psicofísico. Enquanto
a fase secundária é o desdobramento interior do impacto inicial recebido. Todos os indivíduos
possuem a função primária da ressonância, porém a função secundária não se apresenta de modo
igual para todos. Em alguns indivíduos, essas impressões se prolongam com mais força do que em
outros. Esses que possuem uma intensidade maior na repercussão dessas impressões são
denominados indivíduos de ressonância secundária, enquanto aos que isso não acontece, ou que
essa repercussão é fraca, são chamados de indivíduos de ressonância primária.

Os 8 tipos caracterológicos
Há ao todo, segundo a Psicologia de Le Senne e Berger, nove fatores. Sendo os três primeiros
denominados fatores caracterológicos fundamentais, os dois seguintes são os fatores
complementares e os quatro últimos são denominados fatores de tendência.
No entanto, os oito tipos caracterológicos já são definidos a partir da análise dos três fatores de
carácter fundamentais, são eles: emotividade, atividade e ressonância (primária e secundária).
Cada um desses fatores possui uma letra que o representa para simplificar a avaliação, análise e
identificação do tipo caracterológico correspondente.18 Usaremos para Emotividade (E) e Atividade
(A) o sinal de positivo (+) para os que possuem um grau de identificação alto com o fator e o sinal
de negativo (-) para aqueles que não possuem esse grau. Para o fator Ressonância, utilizaremos o
número 1 para ressonância primária e o número 2 para a ressonância secundária.
Portanto, um indivíduo que é emotivo, não-ativo, e de ressonância primária será identificado por E+
A- 1 (indivíduo de carácter nervoso).

COLÉRICO (E+ A+ 1)19


Emotivo, ativo e primário.
Generoso, cordial, cheio de vitalidade e de exuberância. Otimista, geralmente de bom humor, é por
muitas vezes grosseiro sem perceber. Sua atividade é intensa e múltipla. Possui dom de liderança e
tem como valor dominante a ação, esta orienta a sua vida.
Ele ressente fortemente os conflitos. Estes tomam frequentemente a forma de alternativa: é preciso
decidir logo! Enquanto o sentimental é indeciso e o nervoso se evade, o Colérico enfrenta, porque
sente-se com suficiente capacidade para conseguir. De modo geral, o trabalho lhe será prazeroso,
porque a ação é a manifestação da exuberância da vida, é por meio da atividade que ele expressará a
sua capacidade, a finalidade da ação lhe importará menos do que a própria ação.

18Aqui usaremos o sistema simplificado criado por Olavo de Carvalho para facilitar a compreensão da combinação dos
fatores e suas correspondências a cada um dos oito tipos de carácter.
19Essas breves descrições a partir daqui serão uma espécie de fusão às características descritas tanto por Gaston Berger,
quanto por Olavo de Carvalho.
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O Colérico vê o obstáculo não como uma resistência que o impeça de prosseguir, mas como uma
barreira em que ele precisa saltar.
O problema do Colérico está em sua inconstância, pois ele tem confiança de que possui forças de
sobra. Se tiver algum ímpeto de violência, tende a extravasar. Sua vida interna (sentimentos, afetos,
impulsos etc.) transborda, ele age ao compasso dos impulsos do momento. suas emoções lhe
subirão à cabeça, seja sob a forma de reação (porque ele é emotivo), seja sob a forma de ação
(porque ele é ativo). Tudo o que se passar dentro dele virá à tona, com manifestações de adoção ou
de ação, pois ele é um indivíduo de ressonância primária. Toda reação de um Colérico se dá porque
ele foi afetado naquele momento.

PASSIONAL (E+ A+ 2)
Emotivo, ativo e secundário.
Também chamado de Apaixonado, o Passional é o ambicioso que realiza. Tensão extrema de toda a
personalidade (esforço coordenado de todas as funções, de todos os aspectos da personalidade em
vista de um fim). Dominador e controlador de seus ímpetos. É geralmente solícito e gosta do
convívio social.
É bom conversador, tem sentido da grandeza, sabendo dominar e reduzir seus impulsos e
necessidades. Assim como o colérico, o Passional também tem característica de liderança. Uma das
principais diferenças entre esses dois tipos, é que o Passional tende a não agir de modo
inconsequente, apesar de também ser emotivo, portanto sente as coisas profundamente, e também
ser ativo, ou seja, as emoções que o abalam tendem a transformar-se em ações, ao contrário do
colérico, que tende a ter suas emoções transbordadas em ação imediata, o Passional possui um
intervalo entre emoção e ação, devido à sua característica de secundariedade do fator ressonância.
Portanto, para quem observa, as causas de ação para um Passional não serão perfeitamente claras
como são para um colérico. Essa característica dá ao Passional uma espécie de “vontade dolorosa”,
no sentido de que lhe tomará mais esforço, uma vez que, por conta do “atraso emoção-ação” se verá
na situação de ter de coordenar suas decisões a fim de alcançar seus objetivos.
“O colérico não sacrifica seus apetites: gasta totalmente suas forças porque sabe que
quando precisar de mais, terá. Ao passo que o passional, não: ele terá a consciência
da dificuldade do objetivo que se impôs e, por isto, tenderá a poupar suas forças e a
nada fazer que não concorra para esse objetivo. O passional sacrifica os seus
desejos pelo ideal, pelo plano que traçou. O termo que identifica - passional-
decorre do fato de haver uma paixão dominante à qual tudo o mais se subordina.”20

Se um Passional for ofendido, ele vai medir se convém aos seus objetivos responder ou não, se sim,
pensará em como responder, se não, pensará se vale a pena responder em algum momento ou não
responder definitivamente. Diferentemente de um Nervoso (falaremos adiante), que é emotivo, não-
ativo e primário, que tenderá a responder na hora, mas não conseguirá coordenar todo o seu ímpeto
e personalidade na resposta.

20 CARVALHO, Olavo de. Tratado de Astrocaracterologia, parte I, 1990.


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NERVOSO (E+ A- 1)21
Emotivo, não-ativo e primário.
O caráter nervoso é marcado por um humor variável e uma tendência a querer atrair a atenção.
Essas pessoas muitas vezes distorcem a realidade para se adequar aos seus desejos, elas têm uma
inclinação para o bizarro, o estranho e o extravagante, e seu ritmo de trabalho é irregular,
concentrando-se apenas no que lhes interessa. Os Nervosos buscam estímulos para evitar o tédio e
são inconstantes em suas afeições.
Enquanto o colérico trabalha de forma irregular por ter múltiplas linhas de ação, o Nervoso é
impulsionado pelo tédio e frequentemente pára de trabalhar não por decisão, mas por exaustão. Eles
são guiados pelo gosto e se perdem no trabalho quando não estão mais interessados. Diante dos
desafios da vida social e do trabalho monótono, os Nervosos recorrem à fantasia para embelezar
artificialmente a realidade.
Quando enfrentam uma ofensa, os Nervosos podem ter reações impulsivas, mas muitas vezes ficam
insatisfeitos com suas próprias ações, sentindo-se arrependidos ou covardes. Eles têm menos
controle e liberdade de ação do que os coléricos ou passionais, reagindo no momento, mas sem uma
verdadeira ação voluntária.
O Nervoso também pode recorrer à evasão, especialmente quando se sente oprimido pelo mundo
exterior e mal adaptado à vida social. Eles podem buscar escapes físicos, como no exemplo de
Verlaine fugindo para os braços de sua mãe.22 Eles criam máscaras, como o orgulho de Baudelaire
ou a impassibilidade de Benjamin Constant, para se protegerem.23 Atrás dessas máscaras, muitas
vezes se esconde uma verdadeira angústia.
Além disso, os Nervosos buscam refúgio no mundo dos sonhos, onde encontram satisfações que a
vida real lhes nega. Este mundo imaginário se torna um lugar idealizado, um refúgio da realidade.
Pessoas como Edgar Allan Poe achavam que a luz do sonho era mais valiosa do que a da
realidade.24
Nem todos os nervosos possuem habilidades criativas, mas podem encontrar outras formas de
compensação, como o orgulho do perito ou o apreço pelo refinamento. Em casos extremos,
fantasias comuns ou até o uso de álcool e entorpecentes podem servir como formas de escape para
alcançar um estado de embriaguez e fuga da realidade.

SENTIMENTAL (E+ A- 2)
Emotivo, não-ativo e secundário.

21 Vale ressaltar que o carácter nervoso e o carácter sentimental (que será descrito adiante) são os que identifico como
relacionados ao temperamento melancólico da teoria tradicional dos 4 temperamentos. Isto se deve às características de
emoção e inatividade.
22 Gaston Berger utiliza o poema como exemplo e explica: “Verlaine foi internado num colégio. No momento de subir
para o dormitório, aproveita o instante de conf são criada pela partida dos externos. Sai da fila, transpõe o portão aberto
e se põe a correr em meio à bruma. Cabelo ao vento, respirando com dificuldade, chega à Rua Saint-Louis, encontra a
família à mesa e se precipita, chorando, nos braços da mãe.” BERGER, p. 68.
23 “‘Dêem-me uma máscara!’, exclama Henri Heine. ‘Quero disfarçar-me de velhaco, a fim de que os patifes que se
pavoneiam sob máscaras de respeito não me tomem por um dêles.’ (Sonnets à la fresque, XX, t. I, pág. 67.)” BERGER,
p. 68.
24“Comprazi-me, escreve êle, quando o sol brilhava num céu de verão, em sonhos de luz radiante e de beleza.” (…)
“Oh! Por que minha vida não é um sonho perene!” (XXII, pág. 322.).
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Ambicioso que permanece no estado da aspiração. Meditativo, introvertido, esquizotímico.25
Frequentemente melancólico e descontente consigo mesmo. Tem dificuldade de se relacionar com
os outros, característica de ruminar o passado e de se auto-analisar. Geralmente o Sentimental
inquieta-se com o futuro e busca por segurança. Por ser um não-ativo, de tanto hesitar, costuma
deixar passar a oportunidade. Concentra-se em si mesmo, numa solidão que pretende manter.
Apesar de ambicioso, como dito anteriormente, possui grande dificuldade de chegar a decisões
porque tem uma consciência demasiado aguda dos aspectos contraditórios que se agitam dentro dele
mesmo, e não chega a uni-los para tomar decisões. Tão logo decide, questiona a sua própria
decisão. Por isso se diz que é escrupuloso.26
Enquanto o nervoso reage rapidamente e de forma contraditória aos estímulos, alternando entre
ação e retratação, o Sentimental tende a não agir, e sim a refletir profundamente. Por exemplo, se
alguém ofende uma pessoa de temperamento nervoso, ela reagirá de forma exagerada e depois
poderá se arrepender e pedir desculpas. Em contraste, uma pessoa Sentimental provavelmente se
retirará para refletir sobre o incidente, considerando as várias consequências de ações que poderia
ter tomado, mas não tomou.
Os Sentimentais são introspectivos e tendem a analisar seus próprios sentimentos e desejos,
buscando entendimento e coerência interna. Eles frequentemente expressam seus pensamentos e
emoções através de diários ou memórias, escrevendo para si mesmos mas com a esperança secreta
de que um dia alguém os leia e os compreenda completamente.
Este desejo profundo por compreensão e a apreciação pela intimidade são características marcantes
do Sentimental. Ele é bom em compreender os outros, assim como o nervoso é bom em usar a
fantasia para se adaptar a diferentes situações.

SANGUÍNEO (E- A+ 1)
Não-emotivo, ativo e primário.
O caráter sanguíneo é marcado por um traço de personalidade extrovertido e comunicativo, com
uma abordagem prática e flexível da vida. As pessoas Sanguíneas são geralmente bem articuladas,
espirituosas e irônicas, possuindo habilidades diplomáticas notáveis. Eles são adeptos em manobrar
situações sociais a seu favor, frequentemente usando suas habilidades para influenciar os outros, e
tendem a valorizar experiências práticas mais do que teorias abstratas. Este tipo de temperamento
tende a ter um forte apreço pelo sucesso social.
O Sanguíneo, sendo ativo e não muito dado à emoção, não se satisfaz com adaptações passivas às
situações. Ele tende a ser imperturbável e não se deixa abalar facilmente por conflitos, encarando-os
mais como oportunidades para demonstrar suas habilidades e dominar a situação. Isso se manifesta
tanto em atividades físicas, como nos esportes, quanto em relacionamentos, onde o amor é
frequentemente experimentado de forma superficial e descompromissada.

25 Pessoas que apresentam um comportamento bem isolado, introvertido, estando quase no limite da esquizofrenia.
26Em latim, scrupulum quer dizer “pedrinhas”: é um sujeito que fica pesando pedrinhas e mais pedrinhas, levantando
objeções contra si mesmo e contra seus próprios projetos, não no sentido crítico de planejar direito e criticar o plano
com antecedência para não dar errado, e sim por uma compulsão.
Página 14
Para os sanguíneos com uma forte inclinação intelectual,27 há um prazer especial nos jogos mentais
e na manipulação astuta de situações sociais. Eles veem a sociedade como um campo de jogo, onde
conhecem as regras e as usam a seu favor, enquanto observam com ironia aqueles que levam essas
regras muito a sério. Eles podem usar sua sagacidade para fazer comentários espirituosos sobre
temas como religião e moralidade.
No entanto, os sanguíneos que não são intelectualmente apaixonados podem não chegar a esse nível
de astúcia. Eles podem se contentar com comentários engraçados ou anedotas, ou se concentrar na
técnica e estratégia de seus hobbies e interesses, coletando dicas e truques para ter sucesso em
jogos, esportes ou política.
Em resumo, o Sanguíneo é uma pessoa socialmente ágil, que encontra prazer na interação, na
atividade e na manipulação hábil das circunstâncias ao seu redor.

FLEUMÁTICO28 (E- A+ 2)
Não-emotivo, ativo e secundário.
O caráter fleumático é definido por uma personalidade marcada por hábitos, regras e princípios
bem estabelecidos. As pessoas fleumáticas são pontuais, objetivas, confiáveis, equilibradas e
mantêm um humor constante. Elas são pacientes, persistentes e muitas vezes têm uma forte
inclinação moralista. Se religiosas, tendem a interpretar a religião principalmente do ponto de vista
moral. Além disso, têm um senso de humor aguçado e valorizam a norma e a lei.
O Fleumático se diferencia do Sentimental, apesar de ambos serem escrupulosos, o são por razões
diferentes. Enquanto os sentimentais são introspectivos e analisam suas próprias contradições, os
fleumáticos buscam manter a coerência entre suas ações e o sistema abstrato de regras ao qual
aderem. Quando enfrentam um problema sem uma norma estabelecida, são propensos a criar uma
regra geral para lidar com situações semelhantes no futuro.29
No que se refere à abordagem de problemas, o Fleumático traz seriedade e gravidade para a vida.
Ele substitui a zombaria por uma análise objetiva e busca soluções práticas. Fleumáticos são
conhecidos por sua observação objetiva precisa e raramente se perturbam, exceto em situações
excepcionais que desafiam os princípios fundamentais de suas vidas. Diante de questões religiosas
ou filosóficas, por exemplo, eles não se deixam levar por paixões, mas refletem calmamente sobre
os fatos.
Diferente dos temperamentos emotivos, o Fleumático mantém a calma e busca extrair elementos
racionais das situações para encontrar soluções. Ele tende a acreditar que os outros compartilham de
sua racionalidade e abordagem calma.

27 Um fator complementar de carácter — paixão intelectual.


28 É interessante apontar que, ao meu ver, o Fleumático da Caracterologia de Le Senne é diferente do Fleumático da
teoria dos 4 Temperamentos. No máximo o carácter fleumático pode se assemelhar a um tradicional “fleumático-
sanguíneo” dos 4 temperamentos. Uma vez que o carácter fleumático é um ativo, enquanto o tradicional fleumático é
caracterizado pela sua tendência à inatividade.
29Olavo de Carvalho aponta Immanuel Kant como um fleumático, por ser famoso por sua adesão rigorosa a regras
morais e princípios.
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AMORFO30 (E- A- 1)
Não-emotivo, não-ativo e primário.
O caráter amorfo é caracterizado por um traço de personalidade flexível, conciliador e muitas vezes
percebido como agradável ou de “bom caráter”. As pessoas com este tipo de carácter tendem a ser
tolerantes, muitas vezes por indiferença, e podem fingir concordar com os outros simplesmente para
manter as coisas como estão. Sua abordagem da vida é geralmente relaxada e descompromissada,
podendo ser negligentes e indiferentes a muitos aspectos ao seu redor.
Esse caráter é frequentemente associado a habilidades em áreas como música e teatro, mais na
execução do que na criação. Os Amorfos têm a capacidade de se adaptar a diferentes papéis,
partituras ou instrumentos, buscando principalmente o prazer e o bem-estar pessoal. Eles são
focados em manter uma harmonia interna e parecem não ser facilmente afetados pelo que acontece
ao seu redor, mantendo um estado de homeostase constante.
O Amorfo é também caracterizado por sua adaptabilidade e tendência a ceder a diferentes impulsos.
Sua primariedade o torna propenso a seguir qualquer novidade ou aventura que apareça, sem ser
profundamente afetado por desilusões ou decepções. Ele se move rapidamente de uma experiência
para outra, e uma desilusão amorosa, por exemplo, é rapidamente substituída por uma nova
aventura, mesmo que seja inferior à anterior.
Em resumo, o Amorfo é alguém que flui facilmente com as circunstâncias, evitando profundidades
emocionais ou compromissos duradouros.

APÁTICO (E- A- 2)
Não-emotivo, não-ativo e secundário.
O caráter apático é caracterizado por uma natureza distante e reservada, com uma tendência a ser
introvertido e focado em si mesmo, embora não necessariamente possuindo uma vida interior
intensa. Essas pessoas são frequentemente escravas dos hábitos e conservadoras.31 Elas podem ser
sombrias e taciturnas, geralmente guardando rancor e achando difícil reconciliar-se após
desentendimentos.32
Os Apáticos reagem às forças externas como se estas fossem uma carga pesada, difícil de alterar a
trajetória. Sua resistência às mudanças, representada pela força de seus hábitos, lhes confere uma
forma de independência e autonomia em relação ao ambiente em que vivem. Sua maneira de se
adaptar é, muitas vezes, ignorar ou deixar as coisas acontecerem, optando por uma abordagem
passiva, como se estivessem “fingindo-se de mortos”. Sua principal força reside na inércia — na
resistência à mudança ou perturbação.
Em resumo, o Apático é uma pessoa que se mantém distante e desapegada, tanto emocional quanto
socialmente, confiando na inércia e nos hábitos para manter um senso de estabilidade e controle em
sua vida.

30A partir daqui veremos os não-emocionais e inativos. Diferentemente do carácter fleumático, este — o amorfo — e o
que veremos adiante — o apático — estão mais relacionados ao tradicional fleumático.
31 Não no sentido político, mas no sentido de resistir a mudanças.
32 Olavo de Carvalho identifica Luís XVI como exemplo de Apático, pois aponta que ele era tão focado em seus
interesses, como a marcenaria, que até mesmo em eventos significativos, como a tomada da Bastilha, ele permaneceu
aparentemente indiferente.
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Comentários adicionais aos 8 tipos
O colérico é conhecido por sua inconstância, acreditando ter mais energia do que realmente possui.
Já o passional é mais reservado com suas energias, focando apenas no que ajuda a alcançar seus
objetivos, consciente de que suas forças são limitadas. Por outro lado, o nervoso também é
inconstante, mas por razões diferentes do colérico: o tédio e a falta de energia o fazem abandonar
projetos iniciados.
Existem três tipos que tendem a usar a ironia: o nervoso, o fleumático e o sanguíneo. O fleumático
usa a ironia por ver as coisas de uma perspectiva distante, o sanguíneo por não levar as coisas muito
a sério, e o nervoso como um meio de defesa, escondendo suas verdadeiras emoções.
O passional aceita a derrota, sabendo que remoer o passado não ajuda em seus planos futuros,
enquanto o sentimental tende a se resignar a uma derrota que poderia ter evitado. Diferente de
ambos, o amorfo se resigna por pura indiferença.
O sentimental é um psicólogo nato, buscando compreender e controlar tendências que vê como
conflitantes. Mesmo quando não consegue tomar decisões, ele busca, pelo menos teoricamente, uma
explicação que ofereça uma sensação de unidade. Ele está sempre aberto a bons conselhos e tenta
superar suas fraquezas.
O nervoso, sendo impulsivo, não reflete tanto quanto o sentimental, optando pela fantasia como
forma de defesa. Essa fantasia pode manifestar-se artisticamente ou como uma fuga da realidade, às
vezes levando à mitomania33 ou ao uso de drogas.
O sentimental justifica sua inação com a busca pela pureza do ideal ou rigor nas exigências, mas às
vezes isso se transforma em autoengano. Ele pode usar isso como desculpa para não agir, alegando
que as oportunidades perdidas não eram dignas dele.34
O nervoso e o sentimental muitas vezes enfrentam desafios na esfera social, seja por contradições
internas ou dificuldades de comunicação. Por outro lado, se um sanguíneo tem problemas de
adaptação, isso é considerado anormal.
Os emotivos, como coléricos, passionais, nervosos e sentimentais, sentem os conflitos de maneira
intensa e têm diferentes maneiras de lidar com essa dor interna. Já os não-emotivos, como
fleumáticos, sanguíneos, amorfos e apáticos, não sentem essas contradições de maneira tão aguda.
Enquanto o fleumático pode parecer frio, ele na verdade possui um senso de humor aguçado e vive
pelas ideias. Os não-emotivos evitam a emoção e a contradição de diferentes maneiras: o fleumático
através da racionalização, o sanguíneo pelo desejo de sucesso, o amorfo pela indiferença e o
apático pela resistência a qualquer influência externa. Enquanto o amorfo pode parecer mudar, o
apático é imutável, comparável a uma pedra.

33Característica de quem mente compulsivamente. Condição também conhecida como pseudologia fantástica ou
mentira patológica.
34 Olavo de Carvalho aponta que personagens como o Amanuense Belmiro e Amiel exemplificam bem o sentimental na
literatura.
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Resumo pontual dos 8 tipos de carácter
1. Colérico
• Fórmula: Emotivo-Ativo-Primário (E+A+1).
• Perfil: Generoso, cordial, cheio de vitalidade e de exuberância. Otimista, geralmente de bom
humor, falta-lhe com freqüência gosto e elegância. Atividade intensa e febril. Líder.
• Características: Inconstante devido à confiança em suas próprias forças.
• Comportamento: Tende a iniciar muitas atividades, mas pode não concluí-las todas.
• Abordagem da vida: Age de maneira impulsiva e enérgica.
• Valor dominante: A ação.
2. Passional
• Fórmula: Emotivo-Ativo-Secundário (E+A+2)
• Perfil: Ambicioso que realiza. Tensão externa de toda a personalidade. Atividade concentrada
num fim único. Sabe dominar — e utilizar — sua violência. Tem um senso profundo de
grandeza. Sabe subjugar suas necessidades orgânicas.
• Características: Cauteloso e focado, economiza energia para objetivos específicos.
• Comportamento: Abstém-se de atividades que não contribuem para suas metas.
• Abordagem da vida: Consciente de suas limitações e seletivo em suas ações.
• Valor dominante: A obra a realizar.
3. Nervoso
• Fórmula: Emotivo-Inativo-Primário (E+A-1).
• Perfil: Humor variável. Quer espantar, atrair a atenção alheia. Necessita embelezar a
realidade, o que vai da mentira à ficção poética. Tem um gosto pelo bizarro, às vezes pelo
macabro. Trabalha irregularmente e só no que lhe agrada. Tem necessidade de excitações que
o tirem do tédio. Inconstante nas afeições. Fácil de consolar.
• Características: Inconstante como o colérico, mas devido ao tédio e fraqueza.
• Comportamento: Tende a abandonar projetos por falta de interesse ou energia.
• Abordagem da vida: Busca na fantasia uma forma de defesa e escape.
• Valor dominante: O divertimento.
4. Sentimental
• Fórmula: Emotivo-Inativo-Secundário (E+ A- 2).
• Perfil: Ambicioso que permanece no nível da aspiração. Meditativo, introvertido,
esquizotímico. Melancólico e descontente de si. Tímido, vulnerável, escrupuloso, alimenta a
sua vida interior pela ruminação do passado. Auto-análise. Dificuldade de relacionamento.
Resignado a derrotas evitáveis. Vivo sentimento da natureza.

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• Características: Psicólogo nato, busca compreender e dominar tendências internas.
• Comportamento: Pode ter dificuldade em tomar decisões, mas busca a unidade teórica.
• Abordagem da vida: Enfrenta conflitos internos, justifica inação com a busca por ideais
puros.
• Valor dominante: A intimidade.
5. Sanguíneo
• Fórmula: Não-emotivo-Ativo-Primário (E-A+1).
• Perfil: Extrovertido. Prático, polido, espirituoso, irônico. Sabe manejar os homens. Tem
iniciativa e flexibilidade. Oportunista.35
• Características: Não leva as coisas muito a sério, busca sucesso e evita obstáculos.
• Comportamento: Age com otimismo e desejo de superação.
• Abordagem da vida: Prioriza a vitória e o progresso, afastando-se do que é incômodo.
• Valor dominante: O sucesso.
6. Fleumático
• Fórmula: Não-emotivo-Ativo-Secundário (E-A+2).
• Perfil: Homem de hábitos e princípios.36 Pontual, objetivo e ponderado. De humor igual,
geralmente impassível, paciente, tenaz, sem afetação. Às vezes, um vivo senso de humor.
Ama os sistemas abstratos.
• Características: Observador distante, vive pelas ideias e possui senso de humor aguçado.
• Comportamento: Racionaliza as situações, evitando conflitos emocionais.
• Abordagem da vida: Encara as ideias de maneira concreta, muitas vezes encontrando humor
nelas.
• Valor dominante: A lei.
7. Amorfo
• Fórmula: Não-emotivo-Não-ativo-Primário (E- A- 1).
• Perfil: Disponível, conciliador, tolerante por indiferença, mostra às vezes uma teimosia
passiva muito tenaz, negligente, preguiçoso, indiferente. Frequentes aptidões para a música e
o teatro.
• Características: Indiferente e focado no bem-estar interno.
• Comportamento: Muda de acordo com estímulos externos, mas retorna ao estado original.
• Abordagem da vida: Busca conforto e evita ser incomodado, cedendo à preguiça.

35Essa característica — oportunista — não deve ser levada como um termo pejorativo. Apesar de poder haver um
sanguíneo oportunista, no sentido de quem se aproveita de situações, o termo aqui utilizado designa aquele que sabe
aproveitar oportunidades.
36Por princípios entenda: alguém que possui (cria ou segue) regras pré-estabelecidas para sua própria conduta. Não
necessariamente diz respeito a alguém que siga uma doutrina religiosa, como é comum de se entender esse termo.
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• Valor dominante: O prazer.
8. Apático
• Fórmula: Não-emotivo-Não-ativo-Secundário (E- A- 2).
• Perfil: Fechado, secreto, mas sem vida interior intensa. Sombrio e taciturno. Escravo dos seus
hábitos, conservador.37 Tenaz nas inimizades, difícil de reconciliar. O menos tagarela dos
homens. Ama a solidão.
• Características: Resistente a qualquer influência externa, comparável a uma pedra.
• Comportamento: Não muda nem mesmo na aparência, demonstra forte inércia.
• Abordagem da vida: Mantém-se distante e desapegado emocional e socialmente.
• Valor dominante: A tranquilidade.

37 Como explicado anteriormente, diz-se que o apático é conservador no sentido de que resiste a mudanças.
Página 20
Considerações finais
O presente trabalho visou dar uma introdução à Psicologia do Carácter (ou Caracterologia) de René
Le Senne, apresentando o conceito de carácter e localizando-o na psique humana. Além disso,
apresentando os pressupostos dessa Caracterologia que também viria a ser chamada de Teoria dos 8
temperamentos.
A intenção aqui foi não só apresentar esses conceitos, mas tornar possível a compreensão de cada
um dos oito tipos caracterológicos, bem como entender a partir de quais fatores de carácter eles são
formados, dando oportunidade ao leitor de conseguir fazer uma espécie de auto-análise para ser
capaz de se identificar com algum dos tipos. Embora haja um questionário que serve de teste de
aferição de um dos oito tipos de carácter, é de extrema importância conhecer com detalhes as
particularidades de cada um para conseguir se reconhecer e compreender o seu tipo de acordo com
o resultado do teste.
Esse questionário será apresentado a seguir.

Kleber Macedo, 21/01/2024

Página 21
Referências bibliográficas
• ALLPORT, Gordon W. Personality: A Psychological Interpretation, Henry Holt and Company,
1917. Disponível em: <https://archive.org/details/personalitypsych0000allp/page/n7/mode/2up>.
Acesso em: 14 de Janeiro de 2024.
• BERGER, Gaston. Tratado prático de análise do carácter, Artes Gráficas Indústrias Reunidas
S.A. (AGIR) Editora, 1965.
• CARVALHO, Olavo de. As doze camadas da personalidade humana e as formas pr prias de
sofrimento, Seminário de filosofia, 2017. Disponível em: <https://olavodecarvalho.org/wp-
content/uploads/2017/06/As-12-Camadas-da-Personalidade.pdf>. Acesso em: 14 de janeiro de
2024.
• __________. Tratado de Astrocaracterologia, Parte I, 1990.
• HAVARD UNIVERSITY. Department of Psychology: Gordon W. Allport, ano desconhecido,.
Disponível em: <https://psychology.fas.harvard.edu/people/gordon-w-allport>. Acesso em: 14 de
janeiro de 2024.
• KLAGES, LUDWIG. The Science of Character, George Allen & Unwin, 1929.
• MARTINS, Isabel Faria. O questionário caracterológico: resultados de uma aplicação
experimental, Serviço de Produtividade do Instituto Nacional de Investigação Industrial, 1966.
• UNIVERSITY OF GRONIGEN. University Museum: Gerard Heymans, 2023. Disponível em:
<https://www.rug.nl/museum/history/prominent-professors/gerard-heymans?lang=en>. Acesso
em: 14 de janeiro de 2024.
• WIKIPEDIA. Wikipédia: Gaston Berger, ano desconhecido. Disponível em: <https://
en.wikipedia.org/wiki/Gaston_Berger>. Acesso em 14 de janeiro de 2024.
• __________. Wikipedia: René Lé Senne, ano desconhecido. Disponível em: <https://
en.wikipedia.org/wiki/René_Le_Senne>. Acesso em: 14 de janeiro de 2024.
• __________. Wikipedia: Roger Mucchielli, ano desconhecido. Disponível em: <https://
fr.wikipedia.org/wiki/Roger_Mucchielli>. Acesso em: 21 de janeiro de 2024.

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Anexo

Questionário de identificação dos 8 temperamentos38

Instruções
Este questionário compreende 30 perguntas, respeitantes a traços de carácter.39
Cada pergunta está subdividida em 2 alíneas, por vezes em 3, descrevendo dois comportamentos
nitidamente opostos e por vezes um terceiro comportamento intermediário. Deve escolher aquele
que corresponde a você, não a quem você gostaria de ser, nem a quem você já foi um dia, mas
quem você é hoje.
No questionário figuram os números e as alíneas correspondentes aos das perguntas. A resposta é
dada marcando uma cruz (um X) na letra da alínea escolhida ou circulando a alternativa. As
questões estão divididas em 3 grupos por questão de facilitação de compreensão e correção.
Quando a sua própria reacção não está exatamente expressa nas perguntas que apenas descrevem
dois comportamentos opostos, quer dizer quando a sua resposta for «nem um nem outro» ou «entre
os dois», crie e marque a cruz na (ou circule a) alternativa c, embora essa alínea não esteja expressa
em todas as perguntas do questionário. Mas deverá esforçar-se por responder em a ou b; a
escolha de c deve limitar-se às ocasiões em que lhe pareça impossível decidir entre a e b.
Quando tiver terminado de marcar todas as respostas de cada grupo de perguntas, some a
quantidade de marcações a), b) e c) e coloque o resultado nas linhas correspondentes.

Obs.: Ao responder o questionário, entre em contato comigo para obter a correção e a


identificação de seu tipo caracterológico.

38 O presente questionário é uma adaptação do questionário original, que não modifica o seu conteúdo. Parte de sua
adaptação foi feita por Isabel Faria Martins, em um trabalho feito no Serviço de Produtividade do Instituto Nacional de
Investigação Industrial, intitulado “O questionário caracterológico: resultados de uma aplicação experimental”. Essa
adaptação consistiu em duas coisas: 1) diminuir a influência que poderia ocorrer no avaliando durante as respostas das
perguntas. Neste sentido foi adaptada a estrutura do questionário, substituindo as pontuações das alternativas
(necessárias para o cálculo final da avaliação, que cabe apenas ao avaliador) por letras, bem como retirando a
categorização das questões indicando cada fator de carácter, omitindo a estrutura original a fim de não influenciar nas
respostas; e 2) acrescentando 10 questões a mais em relação ao questionário original, pois foram introduzidas pelo
neuropsiquiatra Roger Mucchielli, ao identificar a necessidade de inclusão dos fatores de polaridade júpiter-saturno.

Vale salientar, no entanto, que esta segunda adaptação do questionário não terá relevância neste material, uma vez que
ela foi feita para acrescentar questões relacionadas aos chamados fatores de tendência, e no questionário aqui
apresentado só constarão perguntas relacionadas aos fatores de carácter.

Outra parte da adaptação foi feita por mim, a fim de tornar mais compreensível cada questão com um vocabulário mais
adequado aos tempos atuais.
39O número total de perguntas do questionário é de 100. Pois o questionário completo visa identificar os 9 fatores
avaliados por Le Senne e os 10 adicionais identificados por Roger Mucchielli. Aqui, como já dito anteriormente, serão
apresentadas somente as questões que avaliam os fatores de carácter fundamentais, a saber: emotividade, atividade e
ressonância (primária ou secundária).
Página 23
Perguntas

Grupo 1

1.
a) Preocupa-se muito com pequenas coisas, sabendo no entanto que não têm importância? Fica, às vezes,
impressionado com insigni câncias?
b) Ou não se perturba senão com acontecimentos graves?

2.
a) Entusiasma-se ou indigna-se facilmente?
b) Ou aceita as coisas, tranquilamente, como são?

3.
a) É suscetível? Fica facilmente ferido com uma crítica mais contundente, uma observação irônica ou
deselegante?
b) Ou suporta a crítica sem car magoado?

4.
a) Fica facilmente abalado quando acontece um imprevisto? Sobressalta-se quando o chamam bruscamente?
Empalidece ou cora com facilidade?
b) Ou di cilmente se perturba?

5.
a) Entusiasma-se quando fala? Eleva a voz quando conversa? Experimenta a necessidade de empregar
palavras mais enfáticas, violentas ou termos muito expressivos?
b) Ou fala sem pressa, de maneira calma, ponderada?

6.
a) Fica perturbado (atrapalhado) diante de uma nova tarefa?
b) Ou aborda os problemas, as situações com calma?

7.
a) Passa alternadamente da exaltação ao abatimento, da alegria à tristeza e vice-versa, por um motivo
insigni cante ou mesmo sem motivo aparente?
b) Ou tem o humor constante?

8.
a) Acontece-lhe muitas vezes ter a mente obcecada por dúvidas em relação a atos e decisões, que por muitas
vezes se mostram sem importância? Conserva muitas vezes na alma um pensamento constante que o
importuna?
b) Ou apenas raramente conhece este penoso estado de preocupação?

9.
a) Acontece-lhe por vezes estar tão violentamente emocionado que aquilo que quer fazer se torna quase
impossível (medo que impede os movimentos, timidez que o impede de falar, etc.)?
b) Ou isso nunca lhe acontece?
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c) Ou isso só lhe acontece raramente?

10.
a) Tem frequentemente o sentimento de ser infeliz, de estar triste?
b) Ou está geralmente contente com a sua vida? Ou ainda quando as coisas não correm como quer, pensa mais
no que seria necessário fazer para mudar, do que nos seus próprios sentimentos?

Número total de respostas a)___________


Número total de respostas b)___________
Número total de respostas c)___________

Grupo 2

11.
a) Ocupa-se activamente durante as suas horas livres (estudos, social, trabalhos manuais, e em geral todo o
trabalho não obrigatório)?
b) Ou ca muito tempo sem fazer nada, ou ca pensando (sonhando com desejos) ou procura se distrair
(leitura de diversão, lmes, séries, passeios etc.)?
c) Ou aproveita para repousar?

12.
a) Executa imediatamente e sem di culdade o que decidiu?
b) Ou é-lhe necessário um esforço muito grande para tirar as coisas do papel, de pôr em prática as suas
decisões?

13.
a) Sente-se estimulado pelas di culdades que se impõem ao realizar uma tarefa?
b) Ou, pelo contrário, desencoraja-se facilmente diante das di culdades ou diante de uma tarefa que lhe
demande muito esforço?

14.
a) Prefere agir, ou pelo menos fazer projetos concretos que preparem realmente o futuro?
b) Ou gosta de sonhar, seja com o passado, seja com o futuro, seja até mesmo com coisas absolutamente
imaginárias?

15.
a) Faz o que tem para fazer imediatamente e sem que isso lhe custe muito (responder uma mensagem, resolver
um problema, cumprir uma tarefa etc.)?
b) Ou é acaba adiando, deixando para o dia seguinte?

16.
a) Toma decisões imediatas, mesmo nos casos difíceis?
b) Ou ca indeciso hesitando por muito tempo?

17.
a) Está geralmente agitado, mexe-se muito (gesticular, vai e vem dentro de algum ambiente)
independentemente de estar ou não abalado, emocionado, por algum acontecimento?
b) Ou está geralmente calmo, quieto, quando não há fortes emoções?

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18.
a) Nunca hesita em empreender uma mudança útil mesmo quando sabe que ela exigirá de si um grande
esforço?
b) Ou recua diante do trabalho a empreender e prefere contentar-se em como está?

19.
a) Quando atribui uma tarefa para alguém, vigia esta execução de perto, assegurando-se que tudo está bem
feito nas condições e no momento requerido?
b) Ou desinteressa-se da execução, sentindo que se livrou de uma preocupação?

20.
a) Gosta mais de fazer do que de olhar, não tem paciência para acompanhar um evento, um jogo, e prefere
estar participando?
b) Ou gosta mais de ver fazer do que fazer, assistir do que participar (achar agradável ver muitas vezes e
durante muito tempo um jogo que não se pratica, uma brincadeira que não participa, por exemplo)?

Número total de respostas a)___________


Número total de respostas b)___________
Número total de respostas c)___________

Grupo 3

21.
a) Quando faz algo, é muitas vezes guiado pela ideia de longo prazo (poupar para a velhice, juntar material
para um trabalho de grande fôlego) ou pelas consequências remotas que os seus atos possam ter.
b) Ou interessa-se sobretudo pelos resultados imediatos?

22.
a) Encara tudo «o que pode acontecer» e prepara-se cuidadosamente (equipamento minucioso, estudo dos
itinerários, previsão de incidentes possíveis, etc.)?
b) Ou entrega-se à inspiração do momento?

23.
a) Tem princípios rígidos, normas de conduta às quais procura sempre seguir?
b) Ou prefere se adaptar às circunstâncias com exibilidade?

24.
a) É constante nas suas decisões e objetivos? Acaba sempre o que começou?
b) Ou abandona muitas vezes uma tarefa antes que esteja terminada (começando tudo, não acabando nada)?

25.
a) É muito constante nas suas relações (continua com amizades de infância, convive regularmente com as
mesmas pessoas, os mesmos grupos)?
b) Ou muda muitas vezes de amigos (deixando, por exemplo, sem razões graves, de ver pessoas com quem se
dava bem)?

26.

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a) Depois de se enfurecer (ou se nunca se enfurece, depois de ter sofrido uma afronta) é di cil de se reconciliar
(rancor persistente)?
b) Ou procura reconciliar-se imediatamente (de modo a voltar tudo como antes, sem pensar mais nisso)?
c) Ou ca algum tempo de mau humor?

27.
a) Tem hábitos regulares aos quais é muito apegado? Aprecia o retorno, a repetição, de certos fatos, hábitos e
tarefas?
b) Ou não gosta do que é habitual e previsto com antecedência, sendo a surpresa para você um elemento
essencial de satisfação?

28.
a) Gosta da ordem, da simetria, da regularidade?
b) Ou acha a regularidade, o método, muito entediantes e tem necessidade de encontrar fantasia e novidades o
tempo todo?

29.
a) Prevê com antecedência o emprego do seu tempo e das suas energias? Gosta de fazer planos, horários,
programas?
b) Ou toma atitude espontaneamente, sem uma regra precisa, xada com antecedência?

30.
a) Quando adota uma opinião agarra-se a ela com obstinação e teimosia?
b) Ou facilmente se convence e se deixa convencer pela novidade de uma ideia?

Número total de respostas a)___________


Número total de respostas b)___________
Número total de respostas c)___________

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