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Texto da aula Aulas do curso

Terapia das Doenças Espirituais

As filhas da vaidade
Esta aula pretende ser um verdadeiro exame de consciência. Normalmente, quando
alguém menciona simples e vagamente a palavra "vaidade", tendemos a ficar em
dúvida se possuímos ou não esse pecado capital. É só quando conhecemos as suas
filhas, isto é, os pecados decorrentes desse vício, que identificamos com mais
facilidade onde estamos errando.

Descubra quais são, nesta 21.ª aula de nosso curso de Terapia das Doenças
Espirituais, as filhas da vanglória, a partir das lições de São Gregório Magno e Santo
Tomás de Aquino.

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Esta aula pretende ser um verdadeiro exame de consciência.


Normalmente, quando um pregador menciona simples e vagamente a
palavra "vaidade", as pessoas em volta ficam em dúvida se possuem ou
não esse pecado. É, afinal, quando se conhece as suas filhas, isto é, os
pecados que se originam desse vício capital, que o penitente identifica
com mais facilidade onde está errando e, então, põe os remédios para
livrar-se da doença espiritual.

Diz-se que um pecado, como a vanglória, é capital, justamente por ele


ser "cabeça" (caput/capitis, em latim) de outros pecados. São Gregório
Magno elenca, como filhas da vaidade, sete vícios. "Da vanglória – diz
ele – nascem a desobediência, a jactância, a hipocrisia, a contestação, a
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obstinação, a discórdia e a presunção do novo" [1].

Embora pareça aleatória, a lista apresentada por Gregório tem uma


razão de ser, e é Santo Tomás de Aquino, com a sua capacidade
extraordinária de análise e sistematização, quem explica como esses
pecados se originam da vaidade. A brilhante explanação do Aquinate se
encontra no artigo 5.º da questão 132, da segunda seção da segunda
parte (secunda secundae) da Suma Teológica.

Como já visto, "o fim da vanglória é a manifestação da própria


excelência", que pode se dar de dois modos: diretamente, quando a
pessoa quer fazer brilhar a sua glória exaltando-se a si mesma; e
indiretamente, "quando alguém quer manifestar sua superioridade
mostrando que não é inferior aos outros".

Diretamente, as filhas da vaidade são três:

1. A jactância, que se dá por meio de palavras (per verba), é a


falta de quem fica se gabando e contando as suas pretensas
virtudes aos outros, contaminado que está pela ânsia de louvar a
si próprio;

2. A ânsia de novidades (praesumptio novitatum), que se origina


de atos verdadeiros (per facta vera), é o pecado que leva, por
exemplo, os responsáveis pela liturgia a quererem "inventar a
roda" e adaptar danças e teatros indevidos para a celebração da
Santa Missa; e
3. A hipocrisia, que se origina de atos falsos (per ficta), acontece
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quando uma pessoa quer demonstrar, com as suas ações, alguma
virtude que ela, na verdade, não possui; a origem grega dessa
palavra quer dizer, literalmente, "máscara".

Indiretamente, as filhas da vaidade são quatro:

1. A teimosia (pertinacia), quanto à inteligência, "que nos leva a


nos apegar demais à nossa própria opinião, de modo a não
aceitar nenhuma opinião melhor";

2. A discórdia, quanto à vontade, "quando alguém não quer


abandonar sua vontade para concordar com outros";

3. A disputa (contentio), quanto à linguagem, "quando alguém


briga com outros, entre gestos e gritos (dum aliquis verbis
clamose)"; e

4. A desobediência, quanto à ação, "quando alguém não quer


executar o preceito do superior".

Diagnosticados detalhadamente os vários aspectos do problema, é


possível partir à cura da doença, coisa que faremos na próxima aula.

Referências

1. Comentário Moral ao Livro de Jó, XXXI, 87 (PL 76, 621).

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