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Texto da aula Aulas do curso

Terapia das Doenças Espirituais

As três causas do pecado


O pecado entrou no mundo quando as criaturas tentaram ser igual a Deus pelas
próprias forças, sem o auxílio da graça. Ao contrário das mãos de Eva, que se
fecharam para roubar o fruto proibido, as mãos de Cristo se abriram para tudo
entregar.

Conheça, nesta aula de nosso curso de Terapia das Doenças Espirituais, quais são as
três "raízes" do pecado, que atravessam toda a história da humanidade.

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O livro do Gênesis diz que “Deus criou o ser humano à sua imagem" [1].
Antes disso, o pecado já existia, não por natureza, mas pela má vontade
dos anjos decaídos, os demônios. Foram eles quem, por inveja, se
aproximaram do primeiro homem para tentá-lo. Até então, Deus o havia
colocado em um jardim de benesses [2], com múltiplas possibilidades de
árvores e animais para comer e inúmeras coisas para fazer, tendo
proibido apenas uma coisa: “Podes comer de todas as árvores do jardim.
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer,
porque, no dia em que dele comeres, com certeza morrerás" [3].

Por medo da morte e pelo aviso divino, Adão e Eva não tinham comido
da árvore, até que o demônio lhes tentou, invertendo o apelo de Deus e
transformando em atrativo aquilo que era proibido: “De modo algum
morrereis. Pelo contrário, Deus sabe que, no dia em que comerdes da
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árvore, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecedores do
bem e do mal" [4]. Seduzidos pelo maligno, os primeiros pais pecaram e
a desordem entrou na humanidade.

Para este curso de Terapia das Doenças Espirituais, o relato do livro do


Gênesis sublinha um fato de notável importância: quando a serpente
apresentou o fruto da árvore à mulher, ela “viu que seria bom comer da
árvore, pois era atraente para os olhos e desejável para obter
conhecimento" [5]. Estas três realidades – “comer", “atraente para os
olhos" e “desejável para obter conhecimento" – perpassam toda a
história da humanidade: representam a tendência do homem para o
prazer, para possuir as coisas e para o poder, essa última entendida
como uma espécie de astúcia operativa.

São João entendeu bem isso, quando escreveu que “tudo o que há no
mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
ostentação da riqueza [a soberba da vida] – não vem do Pai, mas do
mundo" [6]. E o próprio Senhor, no deserto, foi tentado pelo demônio com
essas três matérias [7]. Primeiro, Satanás propôs a Ele que
transformasse pedras em pão, a fim de comer. Depois, “mostrou-lhe,
num relance, todos os reinos da terra" e prometeu dar-Lhe tudo aquilo,
se Se prostrasse diante dele. Por fim, tentou Jesus a fazer uma
demonstração de poder: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo".
Nosso Senhor venceu as três tentações, mostrando ao homem que é
possível, com a Sua graça, vencer a carne, decaída pelo pecado original.

Mas, que são essas três coisas que com razão se podem chamar de
“raízes" do pecado? Tratam-se de três libidos ( libidines, em latim). As
duas primeiras são chamadas por São João de “ἐπιθυμία" (lê-se:
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epithumía) – assim, há a “ἐπιθυμία τῆς σαρκὸς", que é a concupiscência
da carne, e a “ἐπιθυμία τῶν ὀφθαλμῶν", que é a dos olhos –, pois estão
radicadas na potência concupiscível do homem. A terceira, por sua vez,
está na potência irascível: é a “ἀλαζονεία τοῦ βίου", a soberba da vida.

A primeira, a libido amandi, é o apetite desordenado que “tem por objeto


tudo o que pode fisicamente sustentar o corpo seja para a conservação
do indivíduo, alimento, bebida etc., seja para a conservação da espécie,
as coisas venéreas" [8]. O objeto dessa concupiscência é tanto a gula
quanto o sexo desordenado, que é o vício da luxúria. É curioso que, na
mesma época em que se vê o fenômeno da anorexia, de meninas que
morrem de fome porque não querem comer, percebe-se uma
humanidade que busca o prazer venéreo, mas não quer assumir a
responsabilidade dos filhos. As pessoas querem comer, mas não querem
engordar; querem fazer sexo, mas não querem estar abertas à vida.

A segunda, a libido possidendi, “é concupiscência animal, e tem por


objeto as coisas que não se apresentam para a sustentação e o prazer da
carne, mas que agradam à imaginação [delectabilia secundum
apprehensionem imaginationis] ou a uma percepção semelhante, por
exemplo, o dinheiro, o ornato das vestes, e outras coisas deste gênero. É
esta espécie de concupiscência que se chama de concupiscência dos
olhos" [9].

A terceira é a libido dominandi. É a soberba fundamental de querer ser


igual a Deus, como fez Satanás. Enraizada no irascível, essa libido deseja
o bem enquanto algo árduo: “Quanto ao apetite desordenado do bem
difícil, pertence à soberba da vida, sendo que a soberba é o apetite
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desordenado da excelência [appetitus inordinatus excellentiae]" [10].

É para combater essas três causas do pecado que se praticam as três


obras quaresmais: o jejum, a esmola e a oração; e também os três votos
evangélicos: a castidade, a pobreza e a obediência. Também aqui se
identificam os nossos relacionamentos com o outro, com as coisas e
conosco mesmos. Se abusamos de outra pessoa, usando-a como objeto
para obter prazer, estamos cedendo à concupiscência da carne; se
idolatramos as coisas, pensando estar nelas a nossa felicidade, cedemos
à concupiscência dos olhos; e se fazemos de nós mesmos deus, estamos
na soberba da vida.

Deus criou o homem para que ele participasse de Sua divindade, mas ele
deveria sê-lo pela graça, não por suas próprias forças. Quando Eva “se
apega ciosamente ao ser igual a Deus", ela rouba, com “ἁρπαγμὸς" (lê-se:
harpagmós): as suas mãos se fecham para pegar para si. As mãos de
Cristo são o contrário das mãos de Eva: elas se abrem para dar. Enquanto
Eva quis, Cristo tudo entregou. Enquanto as mãos de Eva se voltam ao
lenho para pegar, as de Cristo se deixam pregar ao lenho da Cruz para
dar. Da primeira árvore nos vêm a desgraça e a morte; da segunda, a
graça e a vida, a nossa salvação.

Referências

1. Gn 1, 27

2. Cf. Gn 2, 8

3. Gn 2, 16-17

4. Gn 3, 4-5
5. Gn 3, 6
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6. 1 Jo 2, 16

7. Cf. Lc 4, 1-13

8. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, I-II, q. 77, a. 5

9. Idem

10. Idem

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