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1
R. FRATTALLONE. La Direzione spirituale oggi. Torino: Società Editrice Internazionale, 1996,
p. 22-121.
2
Lema 352; 18 de dezembro. Outros lemas que convidam a refletir:
“Se Deus se tornar uma rotina para a alma, então extingue-se o crescimento desta alma, por ser
podre e estéril o seu cerne.” (30 de Set) – “A rotina causa a esterilidade da alma.” (16 de Julho)
Direção espiritual particular, 3
Por “direção espiritual” se entende a assistência de uma pessoa apta por certas
qualidades e pela aplicação da verdade do dogma e dos princípios morais às
condições e necessidades concretas de almas, especialmente na luta contra pecados
e no avanço a vida espiritual.
A direção espiritual é considerada e chamada “arte das artes” por vários motivos. Os
principais que nos interessam são dois:
A meta sublima que é a SANTIDADE PESSOAL e única, determinada por DEUS
a essa pessoa;
a preciosidade e unicidade da alma no caminho a esta meta única.
b) O pedido da Igreja
3
Vaticanum II, Presbyterorum Ordinis, n. 11.
4
Patricio SCIADINI. A pedagogia da Direção Espiritual. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Loyola,
2012, p. 43.
Direção espiritual particular, 5
5
É fundamental ler a publicação da CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. O Sacerdote Ministro
da Misericórdia Divina: Subsídio para Confessores e Diretores espirituais. Vaticano: Libreria
Editrice Vaticana, 2011: “II. O Ministério da Direção Espiritual”, n. 64-134.
6
A Igreja está consciente da vacilação do coração humano, e também das interferências e tentações
pelos anjos caídos, os diabos invejosos. Não faltam alertas deste lado da vida nos próprios
evangelhos, até da própria boca de JESUS que diz a São Pedro, seu vicário:
“Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo.
Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma
os teus irmãos”.
Simão disse: “Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!”(Lc
22,31-33)
Se o próprio Pedro e depois de uma promessa tão solene e uma resolução de fidelidade tão firme
cai – falando; ‘Não conheço este homem” (Mt 26, 74) -, quem entre nos seres humanos toma
coragem pensar: eu sou melhor, a mim isto não acontecerá?
Direção espiritual particular, 6
Por isso, entre outros motivos naturais, a Igreja, mais que nunca, não quer que os sacerdotes sejam
sozinhos ...
7
DIREITO CANÔNICO, Cân. 240 § 2. Ao tomar decisões relativas à admissão dos alunos às
ordens ou à sua demissão do seminário, nunca se pode pedir o parecer do diretor espiritual e dos
confessores.
8
DIREITO CANÔNICO, Cân. 239 § 2. Em cada seminário haja ao menos um diretor espiritual,
deixando-se aos alunos a liberdade de procurar outros sacerdotes que tenham sido destinados pelo
Bispo para esse encargo.
9
M. SCHNEIDER. Die Unterscheidung vom ‘Forum externum‘ und ‚Forum internum‘ in der
Priesterausbildung. Köln: Koinonia - Oriens e. V., 2012, p. 122s.
10
Essa prática parece comum. Schneider menciona já certa cautela quando o bispo pergunta pelo
nome do diretor espiritual devido de uma possível influência a avaliação pelo bispo (cf. ibid., p.
123). Porém, o Direito canônico dá certa permissão ao Bispo diocesano ou ao Superior maior
quando diz: “Para que o escrutínio se faça convenientemente, pode empregar outros meios que lhe
pareçam úteis, segundo as circunstâncias de tempo e lugar, tais como cartas testemunhais,
proclamas e outras informações” (cân. 1051, 2º).
11
SEMINÁRIO MAIOR INTERDIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY. Estatuto
canônico. Goiânia, 2020.
Direção espiritual particular, 7
“Ouvi-me, ó casa de Jacó, resto que sobrou da casa de Israel, que desde
o ventre eu carreguei, que desde o útero eu levei.
Já na idade adulta, continuo eu e na velhice eu mesmo sustentarei, fui
eu quem fez, eu mesmo hei de levar, eu mesmo hei de carregar e hei de
livrar:
Como reproduzir minha imagem? A quem me assemelhar? Com quem
me podereis comparar? Há algo que se pareça comigo?
Como se pensa num caminho longo, que se estende até por toda a vida terrestre, é
exigida a atenção à alma e ao que ela passou, como é formada e o que ainda precisa
de formação conforme a meta de santidade.
Quem é o dirigido e qual é o seu estado de alma, isto vem, primeiro, do seio de sua
família.
Depois é formado pelos contatos escolares, por trabalhos, amigos ou talvez já por
estudos superiores.
Se tudo correu normalmente, cresceu uma pessoa natural, com emoções e reações
normais à situações de vida; cresceu uma pessoa sóbria, que já aprendeu renunciar
seus desejos e conformar-se a presença e interesses de outras pessoas pelas
convivências, na família com irmãos e irmãs, ou com colegas na escola e no trabalho.
Mesmo com a melhor formação natural, todos devemos ter consciência que cada
pessoa, batizada ou não, mais virtuosa ou menos, continua carregar consigo
“certas consequências temporais do pecado ... como as fraquezas de caráter etc.,
assim como a propensão ao pecado, que a Tradição chama de concupiscência ou,
metaforicamente, o ‘incentivo do pecado’ (“fomes peccati”): ‘Deixada para os
nossos combates, a concupiscência não é capaz de prejudicar aqueles que, não
consentindo nela, resistem com coragem pela graça de Cristo. Mais ainda: ‘um atleta
não recebe a coroa se não lutou segundo as regras’ (2Tm 2,5)’ (Conc. De Trento,
DS 1515)” (Cat 1264).
Esta formação maior acontece pela ordem geral ou comunitária de modo que a
direção espiritual assume a ordem e o regulamento da Comunidade religiosa
segundo essa fase de formação, talvez no aspirantado a formação humana, no
postulantado a cristã e no noviciado a específica dessa congregação ou ordem. Green
diz que antes nem era permitido um acompanhamento pessoal durante o noviciado,
pois se apontou às normas objetivas e regras externas; e a responsabilidade para esta
parte pertence ao forum externum e aos formadores oficiais. Hoje se dá mais atenção
ao crescimento interior da pessoa, suas motivações e convicções. Por isso pode ser
paralelo, mas com clara subordinação de competência.12 Aqui se abre a delicada
determinação da competência do Mestre do noviciado, e do Magister para junioristas
ou de votos temporários.13
Na vida sobrenatural conta quem fala (a autoridade legítima) e não se é verdade (pois não cabe a
mim de julgar sobre assuntos sobrenaturais).
16
Cf. uma referência análoga a este fato respeito a admissão ao sacramento da ordem no cân. 1042
3º: “São simplesmente impedidos de receber as ordens:
3º o neófito, a não ser que já esteja suficientemente provado, a juízo do Ordinário.”
17
S. Paulo VI. Sacerdotalis coelibatus - Sobre o celibato. (24-VI-1967), nn. 51ss:
(51) A Igreja, por outro lado, não pode nem deve ignorar que a escolha do celibato é obra da graça,
quando é feita com prudência humana e cristã e com responsabilidade. Mas a graça não destrói
nem violenta a natureza: eleva-a e dá-lhe capacidade e vigor sobrenatural. ... (53) Não é justo
repetir ainda (cf. n.10) que o celibato vai contra a natureza, por se opor a legítimas exigências
físicas, psicológicas e afetivas, cuja satisfação seria necessária para a completa realização e
maturidade da pessoa humana. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26-27),
não é somente carne, e o instinto sexual não é tudo nele. O homem é também e sobretudo
inteligência, vontade, liberdade e, graças a estas faculdades, é e deve ter-se como superior ao
universo: elas tornam-no senhor dos próprios apetites físicos, psicológicos e afetivos. (55) O
celibato, elevando integralmente o homem, contribui efetivamente para a sua perfeição. ... (64)
Uma vida tão inteira e amavelmente dedicada, no interior e no exterior, como a do sacerdote
celibatário, exclui, de fato, candidatos com insuficiente equilíbrio psicofísico e moral. Não se deve
pretender que a graça supra o que falta à natureza.”
Direção espiritual particular, 11
o que falta à natureza.” Em outras palavras: Pode ser que a “natureza” é tão ferida
que não suportará mais uma exigência extraordinária que é a vida consagrada de
continência total ou a vida sacerdotal celibatária.
Neste caso pode ser o remédio o casamento ou o direcionamento ordinário da
natureza.
- Pode ser que se observa no comportamento de uma pessoa o que se pode chamar
um “bloqueio”. Isto quer dizer: mesmo se uma pessoa quer fazer algo pela sua
vontade espiritual, ela é tão fortemente pressionada no nível sensitivo emocional que
não consegue agir como gostaria. São Paulo se confronta com isso uma vez
extensamente, quando escreveu aos Romanos: “Não faço o bem que quero, mas faço
o mal que não quero. Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que
estou agindo, mas o pecado que habita em mim.”18
É este o caso em que a ajuda profissional de psicologia pode tornar-se um
recurso possível, a escuta paciente da história de vida que permite ao
“ouvido treinado” do psicólogo de ver onde travou o desenvolvimento da
pessoa em relação ao ponto que a área do bloqueio indica.
Mas se deve ainda considerar, como caminho mais ordinário, que DEUS chama a
pessoa mais cedo na vida, já na infância, junto com a Primeira Santa Comunhão ou
como coroinha...
O exemplo da santa Faustina é demasiado exemplar para colocar apenas no rodapé.
Vamos “gastar” mais umas linhas para ver o que acontece, hoje muito mais
facilmente de que no tempo dessa Santa. Quantas forças lutam para ganhar a alma
para si:
“A graça da vocação para a vida religiosa,
eu senti desde os sete anos de vida. Aos sete anos, ouvi pela primeira vez a voz de
Deus na alma, ou seja, o convite para uma vida mais perfeita,
18
“Sabemos que a Lei é espiritual; eu, porém, sou carnal, vendido ao pecado como escravo. De
fato, não entendo o que faço, pois não faço o que quero, mas o que detesto. Ora, se faço o que não
quero, estou concordando que a Lei é boa. No caso, já não sou eu que estou agindo, mas sim o
pecado que habita em mim.
(18) De fato, estou ciente de que
o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não,
porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero.
Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita
em mim.
Portanto, descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Como
homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus; mas sinto em meus membros outra
lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus
membros.
(24) Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte?
Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Em suma: pela minha mente sirvo à
Lei de Deus, mas pela carne sirvo à lei do pecado.” (Rm 7,14-25)
Direção espiritual particular, 12
Infelizmente, esta história se repete ainda e hoje muitas vezes, pois DEUS não falha
em chamar.
Ao lado de uma vida comum como de tantos outros, chamamo-la “pública”, há outra
dimensão, a vida interior, pessoal em que DEUS “entra” e Se comunica, chama.
Estas “visitas” divinas marcam a alma, mesmo que, provavelmente, na minoria dos
casos, são marcantes, mas não milagrosas ou extraordinárias. – Mas apesar da
suficiente clareza, a alma precisa apoio, interpretação ou indicações de caminhos.
Semelhante ao caminho da Santa Faustina e muito mais seriamente, se pode afirmar
que se perdem muitas vocações na fase da adolescência. Pérolas de pureza são
sujadas ou destruídas de tal maneira, que mais tarde talvez “a graça” não “supra o
que falta à natureza” (S. Paulo VI).
c) A direção espiritual em forma de amizade espiritual
Seja qual for a história concreta nestes casos, a dimensão exterior ou o caminhar no
“público” ou numa comunidade é sempre entrelaçada com a dimensão pessoal única
interior. Já neste tempo, principalmente quando o jovem percebe indicações de
vocação especial, uma pessoa que acompanha espiritualmente é uma grande graça.
Pode ser que no início do caminho da formação a autoridade pede escolher depois
um novo diretor, diferente do que tinha antes de entrar na comunidade ou no
seminário, seja porque tal goza da confiança do superior, seja por ter o necessário
conhecimento da nova meta, do sacerdócio ou da espiritualidade específico da
comunidade religiosa.
19
Santa Faustina KOWALSKA. Diário. Curitiba, Pa 1982, n. 7. Mais tarde, a Santa anotou:
“Desde o momento em que o Senhor me deu um guia de alma, sou mais fiel à graça. Graças ao
diretor espiritual, a sua vigilância sobre a minha alma, conheci o que é a direção espiritual e como
Jesus vê isso. Jesus me admoestava pela menor falta e fazia-me sentir que Ele mesmo julga as
coisas que eu apresento ao confessor, - e toda falta contra ele atinge a Mim Mesmo” (n. 145).
Direção espiritual particular, 13
Para tudo isso podem servir orientações gerais – como cada vocação se pode realizar
sempre somente dentro da santidade universal e comum.
Se faz uso dos meios gerais para o crescimento à perfeição cristã como a dos
sacramentos, das orações e básicas renuncias do ego e da satisfação de prazeres
sensuais e de língua). Aqui entra tudo que encontramos na “espiritualidade cristã”,
nos “catálogos de virtudes” e nos conselhos prudentes de aperfeiçoamento natural e
da graça. Nenhuma vocação especial se realiza corretamente sem ter cuidado
primeiro deste fundamento básico e comum. Qualquer prédio alto cai, se não é
construído sobre um sólido fundamento.
Por ex.
Como evitar o mal?
Que faço para evitar o pecado?
Concedo-me ainda pecados veniais?
Que faço para evitar fraquezas frequentes?
Quais queixas me fazem os outros? ...
Como pratico o bem?
Como rezo?
Como pratico a oração interior, a meditação?
Será que DEUS está contente comigo?
Percebo “toques da graça” – como?
Recebo ‘luzes’ da parte Dele? ...
22
Por ex. Pastores dabo vobis, ou: Diretório para a vida dos presbíteros... Para a santidade do
sacerdote, cf. o “Exame de Consciência”, proposto pela Congregação para o Clero, aqui p. 25-27;
para as condições para a Ordem, cf. Constituições e Diretório, 58-62.
23
SEMINÁRIO MAIOR INTERDIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY. Sequor autem:
Plano pedagógico e regulamento de Vida. S.a., p. 62.
Direção espiritual particular, 15
Não há dúvida que a Igreja espera o uso desse meio daqueles que pensam de ser
chamado para uma vocação especial e uma imitação de CRISTO mais estreita.
Aí o vocacionado se vê diante da pergunta se aceita escolher uma pessoa em
particular (melhor um padre) como diretor da sua alma no caminho a DEUS?
- Quero submeter-me tanto a um ser humano?
- Quero dar-lhe conhecimento e uma certa autoridade sobre a minha vida interior?
- Quero expor-me – mesmo neste horizonte tão particular e do clima quase sigilado
como no sacramento de penitência?
- Quero ser ajudado mesmo por uma pessoa que me orienta e corrige em matéria que
essa mesma não vive?
- Quero ?
- Quero, de todo o coração, conhecer e corresponder à chamada de DEUS para mim?
A abertura a tal amizade é um sinal de sincera procura de santidade!
Aceitar já a vocação cristã seriamente e mais ainda uma vocação especial significa
que resolvo de largar as carreiras neste mundo (cf. 1Jo 2,15) e procuro já o Reino de
DEUS por certas mortificações e submissão voluntária. Resolvo expor-me à
Vontade de DEUS.
Reconheço ser morno é nos olhos de DEUS igual a ser morto – “porque és morno,
... estou para vomitar-te de minha boca” (Ap 3, 16). Repete-se: DEUS não quer
funcionários, apenas cumpridores de leis. Tibieza é mediocridade, caracteriza o
minimalista que diz: para mim basta chegar ao Purgatório. Mas será que DEUS
aceita esse pensamento? Santo Afonso cita o Sermão 169 de santo Agostinho: “Logo
que disseste: ‘Basta,’ estás perdido.”24 Quem diz para si, isto basta para mim, e não
quer procurar maior perfeição, para ele o inferno abre a boca. Isto não deve
surpreender-nos.
Pois, estou consciente a quem escuto quando digo não, e a quem obedeço aí?
Significa, ficar no “meu” e julgar sobre mim mesmo, e – quem é juiz no próprio
caso? Nem vou julgar pois já me considero “chegado”!
Quantas orações rezamos com as quais dizemos a DEUS: “Quero!”
Na “oração da comunidade” pedimos: “Senhor, ensinai-nos a alegre obediência
alada dos vossos anjos,” e; onde ela está? E ser “atentos à Vossa Vontade, dia e
noite” – quero isto mesmo, em cada instante, dentro e fora da Igreja, no meio de
outros e quando estou sozinho?
Na oração a São José dizemos querer “cumprir com todo fervor e toda fidelidade a
Vontade de DEUS”.
Quantas vezes pedimos a são Gabriel na “Suplica ardente”, “Ajudai-nos a estar
sempre disponíveis e vigilantes”, e
24
Sto. AFONSO M. LIGÓRIO. A verdadeira esposa de Jesus Cristo ou Religiosa Santificada.
São Paulo: Ed. Paulinas, 1964, p. 84.
Na nossa “Oração para pedir perdão no fim do ano” rezamos: “Queremos pedir perdão pela falta
de reverência ..., a raiz ... do desculpar-se a si mesmo, como se tudo o que fazemos estivesse certo.
... Queremos pedir perdão pelo nosso orgulho, ... que fez com que o nosso eu se justificasse
continuamente e quisesse ter sempre razão”.
Direção espiritual particular, 16
a são Rafael: “Feri o nosso coração com amor ardente a DEUS ... que não cessemos
de procurá-l’O com ansiedade”!
É justo que somos humanos, somos alma e corpo, indivíduos e comunidade,
exatamente por isso é uma grande ajuda quando temos ao nosso lado uma pessoa
que nos acorda, faz lembrar dos desejos de nosso coração, que não se contenta com
o que somos e desperta para o que ainda DEUS quer fazer de nós, alguém a quem
damos a liberdade de nos lembrar de certos compromissos e do primeiro amor ... e
a quem podemos ir com tudo.
3º Os pontos delicados
Tudo na nossa vida tem os seus dois lados, um positivo e outro negativo, e até se
condicionam mutuamente, como preciso soltar uma coisa para poder receber outra,
devo calar para o outro falar...
É evidente que não se encontra um diretor que caiu do céu, que possui toda a
santidade desejada, que é perfeito como seu invisível irmão, o Anjo da Guarda
pessoal do dirigido. Cada ser humano possui suas forças e limitações. Cabe a
prudência e sabedoria de aprofundar e aplicar as primeiras e superar ou excluir os
segundas.
crescer.25 Como olha a partir da ordem e das regras objetivas á vida do dirigido, ele
pode observar os frutos, o crescimento ou sua falta.
Há limitações do diretor:
Como limitações deve-se ter consciência de várias:
- O diretor possui mais ou menos as qualidades exigidas; ninguém nesta vida é
perfeito. Limitações ou até defeitos dele não justificam de tentar caminhar sem
diretor quando a Igreja altamente recomenda esse meio de santificação; apenas exige
de avaliar bem quem se escolhe como seu diretor e que o dirigido sempre deve rezar
para que o seu diretor consegue cumprir sua missão como intérprete autêntico da
Vontade de DEUS para si.
- O diretor depende – quase exclusivamente ou em tudo – na sua “avaliação” e nos
conselhos daquilo que o dirigido lhe comunica. Ele deve partir da confiança mútua,
da sinceridade do dirigido, mesmo que sua posição objetiva e obrigação de conduzir
para a meta objetiva obriga de ter uma perspectiva mais ampla e por questões
também ampliar a própria visão do dirigido.
- O diretor não conhece – a não ser por graças extraordinárias – o estado da alma e
o que passa nela,
- também não conhece a Vontade de DEUS para ela, o dirigido. O que conhece é a
vontade de DEUS para santidade comum e para todos os seus filhos. Mas que vale
aqui e o caminho particular desta alma! Isto leva a duas consequências; primeiro só
sabe o que a alma comunica; e só pode observar, escutar e – devido de sua posição
objetiva – confirmar ou corrigir.26
25
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. O Sacerdote Ministro da Misericórdia Divina, nn. 101-
105; cf. Pastores dabo vobis, 26.6; 59.3; CCC 2690: sábio, prudente, experimentado. Santa Teresa
de Ávila espera dos diretores principalmente circunspecção, inteligência e experiência (cf. Vida,
23,6-18); São Francisco de Sales: Caridade, ciência e prudência (cf. Filotea, I, 4 que é breve e
denso!); Scaramelli: Ciência, virtude e experiência (cf. Diretório ascético, I, 3).
No mundo se anota como qualidades de líderes amor e liderança. Essas se manifestam nas seguin-
tes atitudes:
Paciência = mostrar autocontrole;
bondade = dar atenção, apreciação e incentivo;
humildade = Ser autêntico e sem pretensão ou arrogância;
respeito = tratar os outros como pessoas importantes;
abnegação = satisfazer as necessidades dos outros;
perdão = desistir de ressentimento quando prejudicado;
honestidade = ser livre de engano;
compromisso = Sustentar suas escolhas;
resultados: serviços e sacrifício.
Resumindo: Pôr de lado as suas vontades e necessidades; buscar o maior bem para os outros.
(Segundo James C. HUNTER, The Servant, 1998; O Monge e o executivo. Uma História sobre a
essência da Liderança, Sextante, Rio de Janeiro RJ, 182004).
26
Verdadeiros defeitos seriam quando o diretor tenta ocupar o lugar de DEUS ou quando nem se
interessa pelo dirigido. Outros defeitos seriam
- a incompetência por falta de preparação e formação;
- despotismo (mandando sobre o dirigido sem escutar e tentar compreende-lo);
- querer agradar, sem devida sobriedade e guia a meta objetiva;
Direção espiritual particular, 18
O lado negativo
- baseado na condição inicial e necessária de confiança, há a possibilidade de apego
humano (principalmente quando o dirigido e o dirigente são de sexo oposto);
- em tal caso, uma criatura entra entre a alma e DEUS, e torna-se assim um obstáculo,
escurece a visão clara á vontade de DEUS ou até desvia do rumo inicial.
28
DIREITO CANÔNICO, Cân. 246 § 4. Acostumem-se os alunos a se aproximar frequentemente
do sacramento da penitência; recomenda-se que cada um tenha seu diretor espiritual, escolhido
livremente, ao qual possa manifestar com confiança a própria consciência.
Direção espiritual particular, 20
Quantas vezes o superior deve dizer algo até que eu não esqueço mais? – uma vez
não basta?
Será necessário lembrar o que aprendemos por tantos testemunhos santos: O maior
inimigo nosso é nosso próprio Ego, o amor desordenado a nós mesmos29. Somos nós
que nos colocamos limites – não damos este direito a DEUS!30
4º No concreto
Primeiro é bom saber que há muitas ajudas de caráter comum que cada alma zelosa
encontra e pode aproveitar no seu caminho. Estes são
- Leitura de biografias de Santos,
- Homilias, palestras e conferências,
- Orientação geral pelo Catecismo da Igreja,
- Manuais espirituais, alguns escritas especialmente para a orientação espiritual de
almas iniciantes enquanto se encontram ainda no meio do mundo (por exemplo L.
Scupoli. O Combate espiritual ou São F. de Sales. Filotea).
a) Compete a quem?
29
Cf. por ex. ST, p. I-II, q. 77, a. 4; Imitação de Cristo. III, 27, 32, 56.
30
Há grande perigo para aquelas pessoas que acham que não precisam de tal ajuda em forma
nenhuma, pois seriam capazes de avaliar e corrigir a si mesmos. Tais pessoas estão no risco de
absolutizar a sua própria consciência, de não terem ou nem aceitarem alguém que quer corrigir-
lhes! (Cf. encima, nota 24) Papa Francisco disse uma vez, na reflexão sobre o dom do Anjo da
Guarda: “Contudo, ‘ninguém caminha sozinho!’. E ‘se alguém de nós julgar que pode caminhar
sozinho, cometeria um erro enorme’, que ‘é a soberba: pensar que é grande!’ e acaba por ter a
atitude de ‘suficiência’ que o leva a dizer a si mesmo: ‘Eu posso, consigo’ sozinho. ... ‘a rebelião,
o desejo de ser independente, é algo que todos nós temos: é a mesma soberba que também o nosso
pai Adão teve no paraíso terrestre’.” (Meditação, 2 de outubro de 2014). Numa longa instrução
“sobre a luta spiritual” Jesus disse a Santa Faustina: “Nunca confies em ti!” (Diário, n. 1760).
Direção espiritual particular, 21
3º Pode-se tratar todos destes pontos por meio da confissão e/ou com o confessor
regular?
4º Posso tratar com o Magister sobre estes pontos?
5º São estes assuntos para tratar com esse amigo acompanhante no crescimento
espiritual (que se chama tradicionalmente diretor espiritual)?
31
Cf. FERNÁNDEZ-CARVAJAL, cap. 4.2: “As primeiras conversas”; JOÃO DA CRUZ, Chama, III, 47.
É tarefa do diretor de procurar causas, aplicar remédios e inspirar novas motivações (por exemplo
com a ajuda de leituras direcionadas).
Direção espiritual particular, 22
APERFEIÇOAR ainda
Devoção Mariana: Como a pratico? É frutuosa? ...)
Vida com os Anjos da Guarda – meu e de ... ?
Escuto? Obedeço? Que faço para melhorar?
Práticas de piedade por própria iniciativa?
Aprofundo na espiritualidade particular da Obra e da Ordem ?
Como? Em que medida?
Estou disponível para a Vontade de DEUS (= flexível)?
Por fim, essas colocações queriam levar à pergunta e ajudar também a chegar a uma
resposta: a direção espiritual tem algum valor, é realmente um “meio para alcançar
a santificação”?
A direção espiritual é uma amizade espiritual, uma troca de coração. Leva á
segurança no avançar, e, talvez até mais importante, á segurança de não errar.
Se pode sem dúvida dizer: Direção espiritual é querido por DEUS. A muitas almas
especiais, DEUS disse a partir de uma certa altura: Daqui para frente, não vai mais
escutar Minha voz. Vou te falar e orientar por meio do teu diretor espiritual. Escuta-
o.
Mas isto é possível quando há unidade com DEUS e entre si com amor sincero. Não
há um laço de obediência ou uma obrigação legal na direção espiritual; porém, se
quer ter algum valor, deve ter uma certa obrigação de amor, de gratidão e prudência.
Pois, para caminhar tanto juntos, que acontece se o dirigido age contra o conselho
de um sério amigo, na hora quando parecem chegar momentos de decisões interiores
e espirituais ou também o tempo de passos exteriores e públicos, ou, mais simples,
quando chegam sérias tentações? Essa amizade era “por lei”, mas não de coração?
Não quis “de verdade” a dedicação de uma pessoa, seus sacrifícios e orações para o
benefício de sua alma? Onde estava a “sinceridade” consigo mesmo, o
reconhecimento das limitações diante de um plano de DEUS tão grande? Coberta
hoje pela “autossuficiência” ensinado por tantas ideologias na educação? Onde
estava a “confiança” que o dirigido é suposto de por no “pai espiritual”? Onde está
a “docilidade” que faz tal ajuda frutuosa ou, sem ela, perdida?
De princípio, o dirigido vem com confiança (no saber e experiência), logo com
abertura e conforme a boa intenção com docilidade. E o pai espritual deve mostrar
querer o bem do ‘filho’, sendo consciente que o dirigido não reconhece sempre a
razão do conselho, mas, por querer ser ajudado, quer beneficiar das “vantagens” do
pai. Agora se o dirigido não escuta, quer dizer quando não acolhe os conselhos32,
esse “não” vem ou da ração (quer entender e não entende) ou da vontade
(desconfia a intenção do pai ou de sua capacidade em entender, ou não crê de
precisar ajuda (“eu sei”, - somente nesse assunto, pois disse-se “eu sei” – intelecto;
ou em geral, “eu sei” – vontade; uma atitude com a qual retira sua intenção inicial),
então o pai olha calado com certa paciência (cf. Lc 15,20), aceita ser desconfiado,
se sacrifica e espera a conversã(o) do filho.
Mas, como ele não é pai absoluto, no nivel existencial como DEUS, ele não pode
pedir obediência ou submissão, só deve ajudar na vida da graça (com DEUS) e na
vocação pessoal (sacerdotal / religiosa). Logo, se as circunstâncias pedem e seu(s)
conselho(s) não é (são) acolhido(s), reconhecido(s), abraçado(s) ele deve – para o
bem do dirigido! – enviá-lo a outro ajudante ou pai espiritual.33
Mas se o dirigido tem intenção reta, ele não simplesmente ignora um conselho bem
intencionado e também fundado, devido de muitas comunicações e conhecimentos
trocados. Porém, é possível, depois de várias trocas de informações e intenções, de
pensamentos e reflexões, o dirigido pensa de não ser entendido, ou de não beneficiar
mais desse “pai espiritual”. Esse pode faltar na sensibilidade, em escutar e procurar
entender. Neste caso, não pode simplesmente ignorar o seu diretor e se afastar dele;
isto seria, em mínimo, falta de caridade e gratidão. Aí, o dirigido deve explicar que
não se sinta entendido (o que, devido dos contatos, não deve ser um secreto pelo
diretor). Ele precisa procurar outro conselheiro, e isto na seguinte forma: Primeiro
apresenta esta necessidade ao um confessor e, seguindo o conselho dele, pedir
direção de DEUS para um outro diretor de sua alma. Encontrado, com a graça de
DEUS, tome coragem e conversa com o diretor atual e, recomendando-se ás suas
orações, encerra a “direção espiritual” com ele.
Se o dirigido toma decisões por própria iniciativa e sem devida prudência, arrisca de
seguir sua própria vontade – que é muito provavelmente a indicação que está para
cometer um erro.
32
Deve-se ter consciência que nesse nível de relacionamento não há obediência (ou lei e justiça), mas amor e confiança
na união – Scott HAHN pensa de poder ver no sábado, 7º dia da criação, o sinal de conclusão de duas alianças, a entre
DEUS e a Criação, e entre Adão e Eva – e se pode continuar juntar as várias uniões que no tempo aparecem, a entre
espírito e matéria na essência do homem com sua alma e seu corpo, a na pessoa de Cristo entre divindade e
humanidade, a entre Cristo e a Igreja, e – nessa profundidade onde ninguém deveria andar sozinho e não pode ser juiz
do seu próprio caso, aparece então essa amizade espiritual que é marcado pela unicidade e meta tão sublime do
aprofundamento na união em DEUS.
33
Isso, como toda a Direção espiritual deve-se entender em certa analogia a – rara, mas de princípio possível – recusa
da absolvição no sacramento da penitência.
Direção espiritual particular, 25
18: ... “Para desempenhar com fidelidade o seu ministério, tenham a peito o colóquio cotidiano
com Cristo Senhor, na visita e culto pessoal à santíssima eucaristia; entreguem-se ao retiro
espiritual e tenham, em grande apreço, a direção espiritual.”
Educar ao diálogo
19. A finalidade pastoral, que deve enformar toda a educação dos alunos,35 pede também que
eles sejam instruídos... com diligência na arte da direção das almas, a fim de que possam,
primeiramente, levar todos os filhos da Igreja a uma vida cristã plenamente consciente e
apostólica e ao cumprimento dos deveres próprios do seu estado.
71. Os superiores designarão uma pessoa responsável pela formação permanente no instituto.
Mas também se velará para que as religiosas e os religiosos, ao longo da sua vida, possam dispor
de acompanhantes ou conselheiros espirituais, segundo as pedagogias já colocadas em prática
durante a formação inicial e segundo as modalidades adaptadas à maturidade adquirida e às
circunstâncias que atravessam.
34
Cf. Pio XII, Exortação apostólica Menti Nostrae, de 23 set. 1950: AAS 42 (1950) p. 674; S. Congregação dos
Seminários e Universidades, La formazione spirituale del candidato al sacerdozio, Cidade do Vaticano 1965.
35
A forma perfeita do pastor pode deduzir-se dos recentes documentos pontifícios que tratam expressamente da
vida, dos dotes e da instrução dos sacerdotes, principalmente: S. Pio X, Exortação ao clero Haerent animo, S. Pii
XActa IV, p. 237ss. - Pio XI, Carta encíclica ad Catholici Sacerdotii: AAS 28 (1936), p. 5ss.; - Pio XII, Exortação
apostólica Menti Nostrae: AAS 42 (1950), p. 657s.; - João XXIII, Carta encíclica Sacerdotii Nostri primordia:
AAS 51 (1959), p. 545s.; - Paulo VI, Carta apostólica Summi Dei Verbum: AAS 55 (1963) p. 979ss.
Acerca da formação pastoral, Cf. as Cartas encíclicas Mystici Corporis (1943), Mediator Dei (1947), Euangelii
Praecones (1951), Sacra Virginitas (1954), Musicae Sacrae Disciplina (1955), Princeps Pastorum (1959), bem
como a Constituição apostólica Sedes Sapientiae (1956), para os religiosos.
Pio XII, João XXIII e Paulo VI descreveram também freqüentemente o tipo do bom pastor, em alocuções aos
seminaristas e aos sacerdotes.
Direção espiritual particular, 27
S. JOÃO PAULO II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 40:
“Nesta perspectiva, o cuidado pelas vocações ao sacerdócio saberá exprimir-se também numa
firme e persuasiva proposta de direcção espiritual. É preciso redescobrir a grande tradição do
acompanhamento espiritual pessoal, que sempre deu tantos e tão preciosos frutos, na vida da
Igreja: esse acompanhamento pode, em determinados casos e em condições bem precisas, ser
ajudado, mas não substituído, por formas de análise ou de ajuda psicológica ( 111 = cf. CIC, can.
220 ... e can 642). As crianças, os adolescentes e os jovens sejam convidados a descobrir e a
apreciar o dom da direcção espiritual, e a solicitá-lo com confiante insistência aos seus
educadores na fé. Os sacerdotes, pela sua parte, sejam os primeiros a dedicar tempo e energias a
esta obra de educação e de ajuda espiritual pessoal: jamais se arrependerão de ter transcurado ou
relegado para segundo plano muitas outras coisas, mesmo boas e úteis, se for necessário para o
seu ministério de colaboradores do Espírito na iluminação e guia dos chamados.”
50: ... “De máxima importância na formação para a castidade no celibato, são a solicitude do
Bispo e a vida fraterna entre os sacerdotes. No seminário, ou seja, no seu programa de formação,
o celibato deve ser apresentado com clareza, sem qualquer ambiguidade e de modo positivo. O
seminarista deve possuir grande maturidade psíquica e sexual, bem como uma vida assídua e
autêntica de oração e deve colocar-se sob a guia de um director espiritual. Este deve ajudar o
seminarista para que ele mesmo chegue a uma decisão madura e livre, que se fundamente na
estima da amizade sacerdotal e da autodisciplina, como também na aceitação da solidão e num
recto equilíbrio pessoal físico e psicológico. Para isto, os seminaristas conheçam bem a doutrina
do Concílio Vaticano II, a Encíclica Sacerdotalis Caelibatus e a Instrução sobre a formação para
o celibato sacerdotal, emanada da Congregação para a Educação Católica em 1974.”
81: ... “Também a prática da direcção espiritual contribui muito para favorecer a formação
permanente dos sacerdotes. É um meio clássico, que nada perdeu do seu precioso valor, não só
para assegurar a formação espiritual mas ainda para promover e sustentar uma contínua
fidelidade e generosidade no exercício do ministério sacerdotal. Como então escrevia o futuro
Papa Paulo VI, "a direcção espiritual tem uma função belíssima e pode dizer-se indispensável
para a educação moral e espiritual da juventude que queira interpretar e seguir com absoluta
lealdade a vocação da própria vida, seja ela qual for, e conserva sempre uma importância
benéfica para todas as idades da vida, quando à luz e à caridade de um conselho piedoso e
prudente se pede a comprovação da própria rectidão e o conforto para o cumprimento generoso
dos próprios deveres. É meio pedagógico muito delicado, mas de grandíssimo valor; é arte
pedagógica e psicológica de grande responsabilidade para quem a exercita; é exercício espiritual
de humildade e de confiança para quem a recebe" 232.”
(Apresentação) “Acolhendo com motivação intensa o apelo do Santo Padre e seguindo a sua
intenção mais profunda, com o presente subsídio, fruto ulterior do Ano Sacerdotal, deseja-se
oferecer um instrumento útil à formação permanente do Clero e uma ajuda à redescoberta do
valor imprescindível da celebração do sacramento da reconciliação e da direção espiritual.”
INTRODUÇÃO: RUMO À SANTIDADE
1. « Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme e obra
justamente (cfr. At. 10,35). Contudo, aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não
individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O
Direção espiritual particular, 28
106. Da parte de quem é objeto de direção espiritual deve existir abertura, sinceridade,
autenticidade e coerência, colocada em prática através dos meios de santificação (liturgia,
sacramentos, oração, sacrifício, exame...). A periodicidade das conversas depende dos momentos
e das situações, porque não existe uma regra fixa. Os momentos iniciais da formação requerem
uma periodicidade mais frequente e assídua. É melhor que a conversa seja feita espontaneamen-
te, sem esperar para ser chamado.
107. A liberdade na escolha do diretor não reduz a atitude de respeito. Se aceita a ajuda com
espírito de fé. A conversa deve ser feita com sobriedade, oralmente ou lendo qualquer coisa
anteriormente escrita, prestando contas da própria consciência e da situação na qual se encontra
em relação ao plano de vida pensado em vista da direção.
O normal é que se peça conselho sobre as virtudes, os defeitos, a vocação, a oração, a vida de
família, a vida fraterna, os próprios deveres (especialmente o trabalho) e o apostolado. A
abordagem de fundo é aquela de quem pergunta como agradar a Deus e como ser fi el à sua
vontade.
108. A autenticidade da vida espiritual é evidenciada na harmonia entre os conselhos solicitados
ou recebidos e a vida prática coerente. O exame pessoal é muito útil para o conhecimento
próprio, além da participação aos retiros espirituais coligados à direção espiritual.
109. O cristão deve sempre agir com total liberdade e responsabilidade. A função do diretor
espiritual é ajudar a pessoa a escolher, e também a decidir livre e responsavelmente, diante de
Deus, aquilo que deve fazer, com maturidade cristã. A pessoa dirigida deve assumir livre e
responsavelmente o conselho espiritual, e se vier a errar não deve descarregar a responsabilidade
sobre o diretor espiritual.
112. Neste ministério ou serviço de direção espiritual, o sacerdote, como no ministério da
reconciliação sacramental, representa Cristo Bom Pastor, guia, mestre, irmão, pai, médico.
115. O convite a praticar a direção espiritual deveria ser um capítulo importante e permanente de
qualquer plano de pastoral, que deve ser sempre e ao mesmo tempo pastoral da santificação e da
missão.
131. Como é lógico, a direção espiritual privilegia o nível ou dimensão espiritual, porque o
aconselhamento destina-se principalmente a melhorar a fidelidade à própria vocação, o
relacionamento com Deus (a oração e a contemplação), a santidade ou perfeição, a fraternidade
ou a comunhão eclesial, e a disponibilidade para o apostolado.
134. O caminho da direção espiritual é de ajuda para fazer com que a formação teológica e
pastoral seja relacional. Em qualquer tema doutrinal e prático, procura-se viver o encontro
pessoal com Cristo (cfr. Mc. 3,13-14; Jo. 1,39) e o seguimento evangélico (cfr. Mt. 4,19-
22; Mc. 10,21-31.38), em comunhão com os irmãos (cfr. Lc. 10,1; Jo. 17,21-23), para partilhar e
continuar a sua missão (cfr. Jo. 20,21). O serviço da direção espiritual contribui para a formação
pessoal e para a construção da Igreja de comunhão.
indivíduo»[340]. Colocando nas mãos dum sábio colega – instrumento do Espírito Santo – a
formação da sua alma, a partir dos primeiros anos de ministério, crescerão na consciência da
importância de não caminhar sozinhos pelos caminhos da vida espiritual e do empenho pastoral.
Recorrendo a este meio eficaz de formação, tão experimentado na Igreja, os presbíteros terão
plena liberdade na escolha da pessoa que lhes possa dirigir.
1. « Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade » (Jo. 17,19)
Proponho-me seriamente à santidade em meu ministério?
Estou convencido de que a fecundidade do meu ministério sacerdotal vem de Deus e que, com a
graça do Espírito Santo, devo identificar-me com Cristo e dar a minha vida pela salvação do
mundo?
As minhas conversas estão de acordo com o sentido humano e sobrenatural que um sacerdote deve
ter?
Estou atento para que não se introduzam em minha vida elementos superficiais ou frívolos?
Sou coerente, em todas as minhas ações, com a minha condição de sacerdote?
10. « Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos » (Mt. 11,25)
Existem em minha vida pecados de soberba: dificuldades interiores, suscetibilidade, irritação,
resistência a perdoar, tendência ao desencorajamento, etc.?
Peço a Deus a virtude da humildade?
17. « O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir » (Mt. 20,28)
Tenho procurado doar-me aos outros na vida de cada dia, servindo evangelicamente?
Manifesto a caridade do Senhor através de minhas obras?
Na Cruz, vejo a presença de Jesus Cristo e o triunfo do amor?
Dou ao meu dia-a-dia a marca do espírito de serviço?
Considero o exercício da autoridade ligada ao ofício uma forma imprescindível de serviço?
Que DEUS que quer para todos a felicidade eterna na união definitiva consigo
na glória celeste!,
Que Ele nos ajude
a corresponder à Sua Santa Vontade nesta breve vida terrestre.
Direção espiritual particular, 35
Algumas fontes
Literatura não falta; não há livro sobre a Espiritualidade Sacerdotal que não toca esse tema, e assim
se encontra nos documentos eclesiásticos, p. ex.
Presbiterorum Ordinis 11; Codigo do Direito Canônigo, can. 239 § 2; 240 § 2; 246 § 4.
Catecismo da Igreja católica, n. 2672, 2690.
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. O Sacerdote Ministro da Misericórdia Divina: Subsídio
para Confessores e Diretores espirituais. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2011; e nota 122.
ID. Diretório para o Ministério e a vida dos Presbítero, (ed. 2013), nn. 24-25, 34, 37, 49-51, 73,
103, 110.
Para a Vida religiosa: Potissimum Institutioni (sobre a formação), n. 63 e 71.
Índice:
3º Os pontos delicados - 16
a) A dificuldade de encontrar um diretor - 16
b) A dificuldade de humilhar-se diante de um diretor - 19
4º No concreto - 20
a) Compete a quem? - 20
b) Se trata concretamente de que? - 21
c) Por fim – e se falha? - 23
Índice - 36