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DIREÇÃO ESPIRITUAL

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Para quem quer tornar-se santo

“Fica claro que o maior inimigo da verdadeira direção espiritual é a tibieza:


‘O apóstolo tíbio: este é o grande inimigo das almas.’ (Forja, n. 488 [de S.
José M. Escriva]).” (Pe. Faus, II,d.)

(18 de janeiro de 2022, Pe. Titus)


Direção espiritual particular, 2

A finalidade dessas linhas


é dar luz sobre uma parte da vida consagrada a DEUS que por muito tempo ficou
negligenciada, porém dado atenção de novo nos últimos anos.
É uma dimensão escondida na dinâmica da vida, porém, não por ser insignificante,
mas pela discrição do amor! Conhecemos DEUS PAI pelas criaturas e a vida e
DEUS FILHO pela palavra que ilumina e cria comunicação; mas o DEUS
ESPÍRITO SANTO fica Aquele DEUS Escondido pela natureza de amor que
atribuímos em particular a Ele: Amor é pessoalíssimo, único e unitivo com ELE,
incomunicável com outros.
É isto de um lado a vida mais íntima e pessoal espiritual, do outro lado é o coração
da vida e a raiz de todo pensar e desejar, falar e agir de uma alma religiosa. Daí se
vê sua importância.
Desde as origens da Igreja1, o acompanhamento da alma por um outro sempre foi
conhecido. Direção espiritual é compreendida como ajuda para alcançar a vida
eterna por meio de decisões corretas nas circunstâncias mais avariadas da vida
terrestre. Por esta ajuda se quer evitar que alguém seja deixado sozinho na
caminhada espiritual que naturalmente entra em áreas desconhecidas antes e
expostas ao diabo sedutor, que as vezes é travestido em formas aparentemente
santas.

“Na face do Senhor está a solução de todas as nossas perguntas.” 2

1
R. FRATTALLONE. La Direzione spirituale oggi. Torino: Società Editrice Internazionale, 1996,
p. 22-121.
2
Lema 352; 18 de dezembro. Outros lemas que convidam a refletir:
“Se Deus se tornar uma rotina para a alma, então extingue-se o crescimento desta alma, por ser
podre e estéril o seu cerne.” (30 de Set) – “A rotina causa a esterilidade da alma.” (16 de Julho)
Direção espiritual particular, 3

1º O que é a “direção espiritual” e a que se refere

Por “direção espiritual” se entende a assistência de uma pessoa apta por certas
qualidades e pela aplicação da verdade do dogma e dos princípios morais às
condições e necessidades concretas de almas, especialmente na luta contra pecados
e no avanço a vida espiritual.

A direção espiritual é considerada e chamada “arte das artes” por vários motivos. Os
principais que nos interessam são dois:
A meta sublima que é a SANTIDADE PESSOAL e única, determinada por DEUS
a essa pessoa;
a preciosidade e unicidade da alma no caminho a esta meta única.

A santidade é escrita no coração de DEUS: só Ele a conhece.


Se chega a ela primeiro pela estrada comum que a Igreja indica, com ajuda de tantos
teólogos e pesquisadores, e com sua admirável prudência em escutar a todos,
também as ciências humanas.
Para as exigências da vocação específica sacerdotal ou religiosa é apenas necessário
de conhecer e seguir a orientação da Igreja.
Numa fase mais avançada, é importante de escutar atentamente a obra de DEUS na
alma em vista da chamada mais pessoal e única.

a) A direção espiritual se ocupa com a santidade pessoal de uma alma

A Vontade de DEUS particular e específica deve-se realizar e viver dentro da


chamada universal à santidade de todos os Cristãos; ela é marcada pela obediência
aos mandamentos e à Lei de Deus.
Quando se observa sinais de vocação para uma imitação de CRISTO mais estreita,
se procura essa santidade correspondente segundo as normas da vida consagrada ou
das exigências da santidade sacerdotal. Ela é descrita pelas leis e ordens da
comunidade e conforme a interpretação dos superiores legítimos.
Essa determinação deve-se completar com à atenção ao interior de cada pessoa, pois
não se quer funcionários que cumprem horários ou deveres, mas pessoas que doam
sua vida totalmente. E esta doação total vem do coração, é decidida no interior da
pessoa. Daí surgem por exemplo, perguntas básicas como as seguintes:
Quão longe quero ir no caminho à santidade?
Até qual ponto quero DEUS deixar mandar sobre mim?
Qual é a minha vida interior?
Qual é minha imagem (compreensão) de JESUS?
Qual é minha compreensão de liberdade?
Quais condições guardo no meu coração?
Quais expectativas pondero no meu coração?
Qual importância tem outras pessoas na minha vida na presença de DEUS?
Direção espiritual particular, 4

Quero identificar-me com a Igreja / com essa Comunidade religiosa?

Ninguém conhece a chamada de DEUS para uma santidade única individual a


não ser a quem é destinado e quem a recebe, e também este apenas na medida em
que DEUS quer revelar (já). A Igreja pode apenas observar “por fora” e “julgar”
segundo as manifestações exteriores, os comportamentos etc.
A vocação individual é única e singular. Isto envolve dois aspectos, a incomunica-
bilidade da percepção da chamada e ao mesmo tempo o desconhecimento do plano
de DEUS com a pessoa chamada.
É aqui necessário um aconselhamento prudente que a Igreja recomenda e quer
oferecer pela direção espiritual.
As áreas são a percepção da vocação e a interpretação do que é percebido mesmo no
íntimo da alma. Ao mesmo tempo cabe a ela de observar a vivência do amor recebido
de DEUS e a verificação de correspondência.
Por isso pertence a direção espiritual a revisão constante de vida e a aplicação dos
meios que estão à disposição e a prestação de contas ao diretor ou acompanhante.
Assim, de novo, a direção espiritual é a ajuda propícia.

b) O pedido da Igreja

Porque a Igreja oferece e deseja o uso desse meio de santificação?


Os Padres do Concílio afirmaram que “a direção espiritual conscienciosa e prudente
é da mais alta utilidade”3. E o teólogo chega à conclusão: “De toda a literatura
mística e dos documentos da Igreja podemos concluir que a direção espiritual não é
absolutamente necessária para chegar à perfeição e viver o Evangelho. Mas na
prática é um meio útil que ajuda e torna mais fácil discernir os caminhos de Deus.
Poderíamos falar que a direção espiritual é uma ‘necessidade relativa’.”4

A Igreja confessa e explica em todos os documentos a respeito do sacerdócio ou da


vida consagrada a grandeza de tal vocação como também, e por causa desse mistério
incompreensível do amor divino, apresenta listas de auxílios com os quais cada
vocacionado pode conseguir responder ao chamado.
Devida da grandeza de uma vocação especial que exige uma vida além das
exigências naturais, e devido de sua responsabilidade diante do próprio DEUS, mas
também considerando a salvação eterna daqueles que aceitam e querem assumir ou
já assumiram tal chamado, a Igreja verifica se DEUS verdadeiramente chamou esta
pessoa para tal missão. A este exame pertence a observação exterior se o candidato
mostra capacidade de corresponder as exigências objetivas exteriores e se possui a
reta intenção interior, ou seja, se possui um coração sedente e mostra a doação total
e incondicional ao chamado, em breve: se quer ser santo.

3
Vaticanum II, Presbyterorum Ordinis, n. 11.
4
Patricio SCIADINI. A pedagogia da Direção Espiritual. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Loyola,
2012, p. 43.
Direção espiritual particular, 5

Este último se manifesta na fidelidade e no zelo, nas palavras e interesses: na


identificação com a Igreja no caso da vocação sacerdotal e com a família religiosa
no caso da vocação para a vida consagrada.
(1) A santidade do próprio DEUS e de Sua vontade, não permite a Igreja de se
contentar com um sacerdote ou religioso “funcionário”, quer dizer, quem
apenas cumpre os deveres, e pelo resto “fica no seu”. Isto significa que a pura
observação exterior da ordem e dos regulamentos não pode ser já critério
suficiente para o reconhecimento da vocação e da aptidão em corresponder a
ela, e assim para a aceitação nesse caminho santo.
(2) Mas também a sacralidade da pessoa humana e do mistério pessoal do amor
de DEUS para cada alma obriga a Igreja de não penetrar demais no interior
de cada pessoa e de um chamado.
(3) Para não negligenciar seu primeiro dever e não ofender o limite do segundo
aspecto, a Igreja pede os que pensam ser chamado por DEUS a uma sequela
mais estreita e união mais profunda com DEUS já nesta vida de aceitar a
“direção espiritual” ou o acompanhamento por um amigo que se poderia
chamar “Anjo da Guarda visível”.5
A este, o candidato abre sua alma, sua interioridade, ou seja, tudo que quer oferecer
a DEUS e colocar à disposição de sua vontade divina, por toda a vida. Logo, expõe
mais de que apenas certos talentos e mais de que apenas o cumprimento de um
horário; mais de que por um contrato se pode fixar e concordar. Com este Anjo da
Guarda visível o candidato compartilha sua vida toda, espiritual e interior diante de
DEUS e dos homens, e não apenas suas fraquezas ou pecados que apresenta ao
confessor, mesmo a um confessor regular.
A Igreja quer que um candidato se abre inteiramente, também a respeito de sua vida
mais íntima e pessoal, com alguém de modo que essa pessoa
- é capaz de avaliar a Vontade de DEUS sobre essa alma (o dirigido),
- pode ajudar o candidato de avaliar e discernir a vontade de DEUS e
- ajudar crescer para à necessária aptidão e dignidade a receber o sacramento e
assumir um ministério em nome da Igreja – ou analogamente prometer esforçar-se
seguir o caminho estreito da consagração religiosa. 6

5
É fundamental ler a publicação da CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. O Sacerdote Ministro
da Misericórdia Divina: Subsídio para Confessores e Diretores espirituais. Vaticano: Libreria
Editrice Vaticana, 2011: “II. O Ministério da Direção Espiritual”, n. 64-134.
6
A Igreja está consciente da vacilação do coração humano, e também das interferências e tentações
pelos anjos caídos, os diabos invejosos. Não faltam alertas deste lado da vida nos próprios
evangelhos, até da própria boca de JESUS que diz a São Pedro, seu vicário:
“Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo.
Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma
os teus irmãos”.
Simão disse: “Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!”(Lc
22,31-33)
Se o próprio Pedro e depois de uma promessa tão solene e uma resolução de fidelidade tão firme
cai – falando; ‘Não conheço este homem” (Mt 26, 74) -, quem entre nos seres humanos toma
coragem pensar: eu sou melhor, a mim isto não acontecerá?
Direção espiritual particular, 6

Então a Igreja no forum externum, nas pessoas de autoridade legítima, respeita a


intimidade da pessoa e não procura o parecer direto do Diretor espiritual sobre o seu
dirigido.7 Mas ela conta com essa prática prudente, como um meio propício de
santificação, em analogia da Encarnação e visibilização de DEUS e Sua
comunicação conforme a natureza humana.
Ela toma esse meio tão sério que se reserva o direito de escolher pessoas para essa
ajuda entre as quais o candidato deve escolher seu acompanhante. 8 Do outro lado,
quando chega o tempo de pedido para a aceitação, em particular, ao sacramento da
ordem “é o dever do candidato de se apresentar como ele é. É dele o dever de
veracidade, até um certo dever de revelação”9. Isto deve-se considerar parte do ser
“movido por reta intenção” (can. 1029).
Para a permissão de perguntar o candidato de ordenação diaconal ou sacerdotal se o
diretor espiritual está de acordo com seu pedido para a admissão e recepção desse
mistério, devo ainda procurar fundação.10
O “Estatuto canônico” do Seminário maior interdiocesano são João Maria Vianney
em Goiânia, que goza a aprovação da Congregação para o Clero no dia 8 de setembro
de 2020, determina no artigo 47 § 1º II “o seminarista poderá indicar o nome de três
sacerdotes e de dois leigos a serem consultados acerca de sua idoneidade”11.

Na última edição da Ratio formationis a Igreja se expressou assim com


indicações bem concretas (n. 107):
“A direção espiritual é um instrumento privilegiado para o crescimento integral da
pessoa. O Diretor Espiritual deve ser escolhido livremente pelo seminarista entre os
sacerdotes designados pelo Bispo (CIC, cân. 239, § 2). Tal liberdade é realmente
autêntica somente quando o seminarista abre-se com sinceridade, confiança e docilidade.
O encontro com o Diretor Espiritual não deve ser ocasional, mas sistemático e regular; a
qualidade do acompanhamento espiritual é, de fato, importante para a própria eficácia de
todo o processo formativo.”

Por isso, entre outros motivos naturais, a Igreja, mais que nunca, não quer que os sacerdotes sejam
sozinhos ...
7
DIREITO CANÔNICO, Cân. 240 § 2. Ao tomar decisões relativas à admissão dos alunos às
ordens ou à sua demissão do seminário, nunca se pode pedir o parecer do diretor espiritual e dos
confessores.
8
DIREITO CANÔNICO, Cân. 239 § 2. Em cada seminário haja ao menos um diretor espiritual,
deixando-se aos alunos a liberdade de procurar outros sacerdotes que tenham sido destinados pelo
Bispo para esse encargo.
9
M. SCHNEIDER. Die Unterscheidung vom ‘Forum externum‘ und ‚Forum internum‘ in der
Priesterausbildung. Köln: Koinonia - Oriens e. V., 2012, p. 122s.
10
Essa prática parece comum. Schneider menciona já certa cautela quando o bispo pergunta pelo
nome do diretor espiritual devido de uma possível influência a avaliação pelo bispo (cf. ibid., p.
123). Porém, o Direito canônico dá certa permissão ao Bispo diocesano ou ao Superior maior
quando diz: “Para que o escrutínio se faça convenientemente, pode empregar outros meios que lhe
pareçam úteis, segundo as circunstâncias de tempo e lugar, tais como cartas testemunhais,
proclamas e outras informações” (cân. 1051, 2º).
11
SEMINÁRIO MAIOR INTERDIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY. Estatuto
canônico. Goiânia, 2020.
Direção espiritual particular, 7

2º O caminho longo de formação até a porta da Comunidade ou do Seminário

“Ouvi-me, ó casa de Jacó, resto que sobrou da casa de Israel, que desde
o ventre eu carreguei, que desde o útero eu levei.
Já na idade adulta, continuo eu e na velhice eu mesmo sustentarei, fui
eu quem fez, eu mesmo hei de levar, eu mesmo hei de carregar e hei de
livrar:
Como reproduzir minha imagem? A quem me assemelhar? Com quem
me podereis comparar? Há algo que se pareça comigo?

Há pessoas que despejam ouro da sacola, ou pesam na balança certa


quantidade de prata, e contratam um ourives para fazer um deus. Então
de joelhos o adoram.
Lembrai-vos do princípio, há muito tempo, pois eu sou Deus e outro
não há. Deus igual a mim não existe.
Eu anuncio lá no começo o que virá por último, lá na origem, o que
ainda não foi feito. Eu digo: “O meu projeto fica de pé, vou realizar
tudo o que desejo.”
Eu chamo lá do oriente uma ave de rapina, chamo, de um país distante,
o homem dos meus planos. Eu falei e hei de trazer, imaginei e hei de
fazer.
Escutai-me, corações valentes, que estais longe da vitória.” (Is 46)

No caminho de um vocacionado deve-se distinguir três níveis, que se pode relacionar


com as pessoas da Santíssima TRINDADE e atribuir a cada uma.
O primeiro nível é a vida segundo a natureza humana e os dez Mandamentos que
DEUS PAI como Criador propõe a cada homem, e que é a base e condição para
qualquer grau maior de perfeição; se realiza na vida antes de seguir um chamado
particular, se vive “no mundo” ou com a família, na paróquia e sociedade.
O segundo nível é a formação segundo a meta de uma vocação especial, seja no
seminário para o sacerdócio, seja numa comunidade religiosa, e que é descrita com
palavras e pelas normas particulares que se quer seguir e por isso deixa-se atribuir
ao FILHO, a PALAVRA do PAI.
Um terceiro nível deve-se ainda distinguir, que se deixa atribuir ao ESPÍRITO
SANTO que inspira e educa na profundidade do coração, logo na intimidade da
pessoa, onde não se decide apenas sobre a sinceridade da motivação, mas também
sobre o ânimo, amor e zelo em seguir a Vontade de DEUS com todo o coração e
empenho. Aí está o campo do discernimento, da animação e direção espiritual.

Estas dimensões podem-se suceder como um amadurecimento ou podem ir paralelo


e se entrelaçar.
Direção espiritual particular, 8

a) O caminho vocacional em forma sucessiva a outras fases de formação

Como se pensa num caminho longo, que se estende até por toda a vida terrestre, é
exigida a atenção à alma e ao que ela passou, como é formada e o que ainda precisa
de formação conforme a meta de santidade.
Quem é o dirigido e qual é o seu estado de alma, isto vem, primeiro, do seio de sua
família.
Depois é formado pelos contatos escolares, por trabalhos, amigos ou talvez já por
estudos superiores.
Se tudo correu normalmente, cresceu uma pessoa natural, com emoções e reações
normais à situações de vida; cresceu uma pessoa sóbria, que já aprendeu renunciar
seus desejos e conformar-se a presença e interesses de outras pessoas pelas
convivências, na família com irmãos e irmãs, ou com colegas na escola e no trabalho.

Mesmo com a melhor formação natural, todos devemos ter consciência que cada
pessoa, batizada ou não, mais virtuosa ou menos, continua carregar consigo
“certas consequências temporais do pecado ... como as fraquezas de caráter etc.,
assim como a propensão ao pecado, que a Tradição chama de concupiscência ou,
metaforicamente, o ‘incentivo do pecado’ (“fomes peccati”): ‘Deixada para os
nossos combates, a concupiscência não é capaz de prejudicar aqueles que, não
consentindo nela, resistem com coragem pela graça de Cristo. Mais ainda: ‘um atleta
não recebe a coroa se não lutou segundo as regras’ (2Tm 2,5)’ (Conc. De Trento,
DS 1515)” (Cat 1264).

Então já na vida “no mundo” ou antes da entrada na vida religiosa eram as


circunstâncias ou correções pelos outros que modificaram o comportamento ou até
a maneira de pensar (lá talvez chamadas e conhecidas melhor como “reclamações”
e “críticas”).
Começou na educação em casa pelo ensino dos pais que disseram: Isto é bom e pode,
isto te faz feliz e traz alegria aos outros. E, aquilo não é bom, é mal, e não pode..., te
faz mal, te entristece. E com tempo, na medida que a consciência de DEUS é
presente se pode dizer que aquilo é pecado. E isto não exige muito tempo, já acontece
no segundo ou terceiro ano de vida!
Na idade da escola aprende mais sistematicamente a Lei de DEUS ou os Dez
mandamentos, e eles tocam todas as áreas da vida, o relacionamento com DEUS, na
alma (1º), no comportamento (2º) e no agir (3º), o relacionamento com o próximo
(4º a 6º), consigo (6º, 8º até 10º) e, com o mundo material ao redor (7º). Pela
observação da Lei de DEUS cada homem cresce segundo a natureza, seu
temperamento etc..
A conclusão principal desse ensino da Igreja é que nenhuma alma nessa vida
terrestre é livre de tentações ou já é perfeita; se encontra no caminho e deve andar.
Normalmente, uma pessoa crescida num ambiente natural, não tem dificuldades de
inserir-se numa vida comunitária e submeter-se a obediência. Ela espera e aceita a
continuação de sua formação em todos os níveis, emocionais, intelectuais e
opcionais ou voluntários.
Direção espiritual particular, 9

Esta formação maior acontece pela ordem geral ou comunitária de modo que a
direção espiritual assume a ordem e o regulamento da Comunidade religiosa
segundo essa fase de formação, talvez no aspirantado a formação humana, no
postulantado a cristã e no noviciado a específica dessa congregação ou ordem. Green
diz que antes nem era permitido um acompanhamento pessoal durante o noviciado,
pois se apontou às normas objetivas e regras externas; e a responsabilidade para esta
parte pertence ao forum externum e aos formadores oficiais. Hoje se dá mais atenção
ao crescimento interior da pessoa, suas motivações e convicções. Por isso pode ser
paralelo, mas com clara subordinação de competência.12 Aqui se abre a delicada
determinação da competência do Mestre do noviciado, e do Magister para junioristas
ou de votos temporários.13

Tomar consciência das dificuldades possíveis no nosso tempo


É verdade que se deve apontar que hoje, nas sociedades atuais14 com a quebra de
tradições e costumes sociais e culturais se encontra facilmente jovens,
- pessoas com inclinações más encorajadas, seguidas e não-corrigidas e, conse-
quentemente, endurecidas.
- Jovens que estão acostumado uma vida no espírito democrático,
- com a mentalidade platônica, ou seja, que pensam já saber tudo e não precisam
aprender mais nada, e em consequência,
- não são acostumados de submeter-se e até
- têm dificuldades em ouvir e assimilar o que é dito.15
12
Cf. Thomas H. GREEN. The Friend of the Bridegroom: Spiritual Direction and the encounter
with Christ. Notre Dame, IN: Ave Maria Press, 2000; a Igreja fala hoje (e/ou sempre) em vários
documentos sobre a direção espiritual por toda vida (cf. p. ex. CONGREGAÇÃO PARA OS
INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA. «
Potissimum institutioni » Orientações sobre a formação nos Institutos religiosos, 1990, n. 71; veja
o texto no fim entre os “Documentos da Igreja”).
13
Cf. Potissimum institutioni, n. 63 (veja cá no fim).
14
Com isto é dito que se pode observar, e deve-se contar com um desenvolvimento em quase todas
as partes do mundo de hoje: Caraterísticas locais e nacionais, típicos de certos povos e grupos
nacionais ou regiões geográficas são sempre mais neutralizadas ou extintas pela comunicação
global e universal de hoje.
15
Vale para mais de que só uma nota do rodapé... dizer que de várias áreas, psicológicas (e talvez
começou com elas como aplicação do idealismo subjetivo), e pedagógicas (como Piaget), políticas
e até segundo os códigos penais, vem a “sugestão sutil” que “todo o mundo”, isto é cada indivíduo,
criança, jovem ou adulto, é perfeito, só precisa esperar de se desenvolver. Em outros termos: não
existe mal, não há algo como o pecado original e menos ainda consequências dele até hoje, como
acabamos citar que a Igreja ainda hoje ensina no Catecismo. O relativismo respeito à verdade já
se estendeu a moral e legislação, se impõe aos “costumes” e comportamentos, privados e públicos,
e se impõe e formar a nova “cultura”, e se encontra quando um formando responde à uma
observação do formador: “vou pensar,” e “eu vejo diferente”.
Porém, segundo a visão cristã vale a observação de Santo Agostinho que se refere a quem acha
que não precisa mudar e crescer mais, isto é, não precisa mais se aperfeiçoar, quando diz: Quem
não anda, cai para trás.
E se alguém, seriamente, tem boa vontade e reta intenção entende essa regra de oro:
Na vida natural conta se algo é verdade – e não quem fala (qual autor, jornal, ...);
Direção espiritual particular, 10

Uma dificuldade de tempos anteriores se encontra menos, em consequência dessa


formação hodierna, mas não é totalmente excluída: o perigo que o candidato esconde
sua verdadeira intenção atrás do “muro” da observação exemplar das regras e do que
os superiores esperam de um “bom candidato”.
Aqui surgem vários problemas na formação á santidade – e que exigem o devido
remédio:
- O descontentamento ou a miséria, que segue a não-observação da lei de DEUS, é
uma chamada de consciência do Bom DEUS e um convite ao filho pródigo de voltar
para a Casa do Pai.
A própria parábola indica o remédio sugerido, que é a confissão sacramental:
Vou ao meu pai e digo, pequei e não sou mais digno ...
- Tal experiência do Bom DEUS pode ser interpretada não apenas como convite,
como chamada de mudar de vida, mas pode ser interpretada até como chamada para
a vida mais perfeita. Porém, a vida mais perfeita de que aquela no pecado, não
significa já uma vida de maior perfeição de que a do Cristão comum; não significa
já uma chamada para a vida á sequela de Cristo mais estreita. Para sair de uma vida
demorada no pecado é necessário uma graça especial, que, porém, não se deve de
imediato interpretar como uma chamada à uma vida de maior perfeição. Apenas a
perseverança por um maior tempo permite distinguir tal ação divina; isto pode ser
ocasião de lembrar que já na tradição, anterior á quebra do sustento cultural de hoje,
se esperava cinco anos com convertidos à fé antes de permitir entrar na vida
consagrada.16
Então, aqui se pede primeiro a perseverança na vida ordinária do Cristão,
mesmo que hoje o ambiente não é muito favorável.
- Se deve até não esquecer o que São Paulo VI disse já no início da nossa era neo-
pagã, na sua encíclica sobre o Celibato17: “Não se deve pretender que a graça supra

Na vida sobrenatural conta quem fala (a autoridade legítima) e não se é verdade (pois não cabe a
mim de julgar sobre assuntos sobrenaturais).
16
Cf. uma referência análoga a este fato respeito a admissão ao sacramento da ordem no cân. 1042
3º: “São simplesmente impedidos de receber as ordens:
3º o neófito, a não ser que já esteja suficientemente provado, a juízo do Ordinário.”
17
S. Paulo VI. Sacerdotalis coelibatus - Sobre o celibato. (24-VI-1967), nn. 51ss:
(51) A Igreja, por outro lado, não pode nem deve ignorar que a escolha do celibato é obra da graça,
quando é feita com prudência humana e cristã e com responsabilidade. Mas a graça não destrói
nem violenta a natureza: eleva-a e dá-lhe capacidade e vigor sobrenatural. ... (53) Não é justo
repetir ainda (cf. n.10) que o celibato vai contra a natureza, por se opor a legítimas exigências
físicas, psicológicas e afetivas, cuja satisfação seria necessária para a completa realização e
maturidade da pessoa humana. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26-27),
não é somente carne, e o instinto sexual não é tudo nele. O homem é também e sobretudo
inteligência, vontade, liberdade e, graças a estas faculdades, é e deve ter-se como superior ao
universo: elas tornam-no senhor dos próprios apetites físicos, psicológicos e afetivos. (55) O
celibato, elevando integralmente o homem, contribui efetivamente para a sua perfeição. ... (64)
Uma vida tão inteira e amavelmente dedicada, no interior e no exterior, como a do sacerdote
celibatário, exclui, de fato, candidatos com insuficiente equilíbrio psicofísico e moral. Não se deve
pretender que a graça supra o que falta à natureza.”
Direção espiritual particular, 11

o que falta à natureza.” Em outras palavras: Pode ser que a “natureza” é tão ferida
que não suportará mais uma exigência extraordinária que é a vida consagrada de
continência total ou a vida sacerdotal celibatária.
Neste caso pode ser o remédio o casamento ou o direcionamento ordinário da
natureza.
- Pode ser que se observa no comportamento de uma pessoa o que se pode chamar
um “bloqueio”. Isto quer dizer: mesmo se uma pessoa quer fazer algo pela sua
vontade espiritual, ela é tão fortemente pressionada no nível sensitivo emocional que
não consegue agir como gostaria. São Paulo se confronta com isso uma vez
extensamente, quando escreveu aos Romanos: “Não faço o bem que quero, mas faço
o mal que não quero. Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que
estou agindo, mas o pecado que habita em mim.”18
É este o caso em que a ajuda profissional de psicologia pode tornar-se um
recurso possível, a escuta paciente da história de vida que permite ao
“ouvido treinado” do psicólogo de ver onde travou o desenvolvimento da
pessoa em relação ao ponto que a área do bloqueio indica.

b) O caminho vocacional em forma entrelaçada

Mas se deve ainda considerar, como caminho mais ordinário, que DEUS chama a
pessoa mais cedo na vida, já na infância, junto com a Primeira Santa Comunhão ou
como coroinha...
O exemplo da santa Faustina é demasiado exemplar para colocar apenas no rodapé.
Vamos “gastar” mais umas linhas para ver o que acontece, hoje muito mais
facilmente de que no tempo dessa Santa. Quantas forças lutam para ganhar a alma
para si:
“A graça da vocação para a vida religiosa,
eu senti desde os sete anos de vida. Aos sete anos, ouvi pela primeira vez a voz de
Deus na alma, ou seja, o convite para uma vida mais perfeita,
18
“Sabemos que a Lei é espiritual; eu, porém, sou carnal, vendido ao pecado como escravo. De
fato, não entendo o que faço, pois não faço o que quero, mas o que detesto. Ora, se faço o que não
quero, estou concordando que a Lei é boa. No caso, já não sou eu que estou agindo, mas sim o
pecado que habita em mim.
(18) De fato, estou ciente de que
o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não,
porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero.
Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita
em mim.
Portanto, descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Como
homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus; mas sinto em meus membros outra
lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus
membros.
(24) Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte?
Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Em suma: pela minha mente sirvo à
Lei de Deus, mas pela carne sirvo à lei do pecado.” (Rm 7,14-25)
Direção espiritual particular, 12

mas nem sempre fui obediente à voz da graça.


Não encontrei ninguém que me pudesse explicar essas coisas.”19
A Santa continua:
“Aos dezoito anos, fiz um ardente pedido aos meus pais para que me deixassem
entrar no convento; a recusa foi decisiva.
Depois dessa recusa, voltei-me às vaidades da vida, passei a viver uma vida de
vaidades, não prestando nenhuma atenção à voz da graça, embora minha alma não
encontrasse satisfação em nada.
O contínuo chamado da graça era para mim um grande sofrimento que eu procurava
sufocar com divertimentos.
Deus, eu evitava interiormente e com toda a alma, inclinava-me ás criaturas.
Contudo, a graça do Senhor venceu em minha alma.” (Diário, n. 8)
“Numa ocasião eu estava com uma de minhas irmãs num baile. Quando todos se
divertiam a valer, a minha alma sentia [tormentos] interiores. No momento em que
comecei a dançar, de repente vislumbrei: vi Jesus ao meu lado, Jesus sofredor ... me
disse estas palavras: Até quando te suportarei e até quando tu me enganarás? ... fui
à Catedral...” (Diário, 9)

Infelizmente, esta história se repete ainda e hoje muitas vezes, pois DEUS não falha
em chamar.
Ao lado de uma vida comum como de tantos outros, chamamo-la “pública”, há outra
dimensão, a vida interior, pessoal em que DEUS “entra” e Se comunica, chama.
Estas “visitas” divinas marcam a alma, mesmo que, provavelmente, na minoria dos
casos, são marcantes, mas não milagrosas ou extraordinárias. – Mas apesar da
suficiente clareza, a alma precisa apoio, interpretação ou indicações de caminhos.
Semelhante ao caminho da Santa Faustina e muito mais seriamente, se pode afirmar
que se perdem muitas vocações na fase da adolescência. Pérolas de pureza são
sujadas ou destruídas de tal maneira, que mais tarde talvez “a graça” não “supra o
que falta à natureza” (S. Paulo VI).
c) A direção espiritual em forma de amizade espiritual

Seja qual for a história concreta nestes casos, a dimensão exterior ou o caminhar no
“público” ou numa comunidade é sempre entrelaçada com a dimensão pessoal única
interior. Já neste tempo, principalmente quando o jovem percebe indicações de
vocação especial, uma pessoa que acompanha espiritualmente é uma grande graça.
Pode ser que no início do caminho da formação a autoridade pede escolher depois
um novo diretor, diferente do que tinha antes de entrar na comunidade ou no
seminário, seja porque tal goza da confiança do superior, seja por ter o necessário
conhecimento da nova meta, do sacerdócio ou da espiritualidade específico da
comunidade religiosa.

19
Santa Faustina KOWALSKA. Diário. Curitiba, Pa 1982, n. 7. Mais tarde, a Santa anotou:
“Desde o momento em que o Senhor me deu um guia de alma, sou mais fiel à graça. Graças ao
diretor espiritual, a sua vigilância sobre a minha alma, conheci o que é a direção espiritual e como
Jesus vê isso. Jesus me admoestava pela menor falta e fazia-me sentir que Ele mesmo julga as
coisas que eu apresento ao confessor, - e toda falta contra ele atinge a Mim Mesmo” (n. 145).
Direção espiritual particular, 13

Quando se toca a questão de vocação particular, a direção espiritual torna-se mais


importante.
Em primeiro lugar, o diretor não se deve, preocupar com a vivência no forum
externum ou na vida comunitária; a atenção a esta parte cabe aos Superiores devidos.
A direção espiritual ou a comunicação – ou pode-se até chamar: comunhão ? – entre
o dirigido e o diretor não exclui a atenção ao exterior, mas só como manifestação do
interior. Ela se concentra à vida interior, espiritual, à vida íntima e pessoalíssima da
alma com DEUS. Nesta dimensão, a direção espiritual assume um caráter quase
sagrado, e não é apenas pela “privacidade” que a coloca perto do sacramento da
penitência, mas também por essa temática, do chamado pessoal do Amor Divino!
São muitos aspectos da Igreja que aqui começam tornar-se vivos, da Igreja como
sacramento, como comunhão de bens sagrados (cf. Cat 932), de “bens espirituais”
(Cat 949-953), uma comunhão em CRISTO pelo Batismo (cf. Cat 1271) e mais ainda
pela SS. Eucaristia, O CRISTO EUCARÍSTICO (cf. Cat 1396) – e ainda tudo mais
intensamente quando um dos dois ou os dois são sacerdotes.
Hoje, autores como Green consideram a direção espiritual não tanto uma ajuda para
resolver problemas, mas para cuidar do crescimento, com a consequência que ela
não é tanto temporária que pela vida, e o diretor um amigo.20 Também podemos
pensar nele, como foi dito, como um Anjo da Guarda visível, ajudante do invisível
Anjo da Guarda que DEUS dá a cada um dos seus filhos adotivos. Como este, o
diretor espiritual acompanha o dirigido discretamente ou silenciosamente, mas com
atenção, com paternal interesse (pode ser preocupação?). Recomenda o dirigido na
oração a DEUS, mas também observa e admoesta se for pelo seu bem; porém,
semelhante ao Anjo da Guarda, só na medida em que seja sinceramente acolhido.
O diretor deve primeiro educar, quer dizer, conduzir fora de pecados e falhas
costumeiras, fortalecer a vontade e orientar ao caminho da mortificação prudente, à
humildade e submissão (segundo São João da Cruz21).
Acompanha como um amigo no caminho ordinário, aconselha e orienta e, por fim,
oferece segurança pela sua vigilância e discernimento, confirmação ou correção nos
passos aventureiros da graça no encontro com DEUS.
Em forma mais breve:
o diretor vai primeiro enfrente como um pai, orientando,
depois acompanha como um amigo, “amigo do noivo” (Jo 3,29), e
por fim, fica atrás do dirigido, observando, apoiando ou corrigindo.

Como a santidade nunca é apenas segundo um padrão comum, mas sempre


individual e única, é necessário a percepção individual, pessoal, íntima e a aplicação
de meios particulares, individuais, específicos...
20
“Mas também se velará para que as religiosas e os religiosos, ao longo da sua vida, possam
dispor de acompanhantes ou conselheiros espirituais, segundo as pedagogias já colocadas em
prática durante a formação inicial e segundo as modalidades adaptadas à maturidade adquirida e
às circunstâncias que atravessam.” (CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA
CONSAGRADA E AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA. « Potissimum Institutioni »
Orientações sobre a Formação nos Institutos religiosos, 1990, n. 71)
21
São JOÃO DA CRUZ. Subida ao monte Carmelo, I,3; II, 16-18.
Direção espiritual particular, 14

Para tudo isso podem servir orientações gerais – como cada vocação se pode realizar
sempre somente dentro da santidade universal e comum.
Se faz uso dos meios gerais para o crescimento à perfeição cristã como a dos
sacramentos, das orações e básicas renuncias do ego e da satisfação de prazeres
sensuais e de língua). Aqui entra tudo que encontramos na “espiritualidade cristã”,
nos “catálogos de virtudes” e nos conselhos prudentes de aperfeiçoamento natural e
da graça. Nenhuma vocação especial se realiza corretamente sem ter cuidado
primeiro deste fundamento básico e comum. Qualquer prédio alto cai, se não é
construído sobre um sólido fundamento.
Por ex.
Como evitar o mal?
Que faço para evitar o pecado?
Concedo-me ainda pecados veniais?
Que faço para evitar fraquezas frequentes?
Quais queixas me fazem os outros? ...
Como pratico o bem?
Como rezo?
Como pratico a oração interior, a meditação?
Será que DEUS está contente comigo?
Percebo “toques da graça” – como?
Recebo ‘luzes’ da parte Dele? ...

Depois seguem os meios específicos ao ideal da vocação sacerdotal ou religiosa.


Estes são especificados segundo a sua natureza pelas leis particulares, sejam os
documentos sobre a formação sacerdotal, sejam pelas Constituições, Diretório e
outras leis de caráter legal da Comunidade religiosa ou da Ordem. 22

A prestação de contas faz parte da amizade e confiança, do pedido de ajuda para


crescer no amor de DEUS; por isso convém que o diretor é sacerdote e pode oferecer
absolvição.
Também é evidente que no início há encontros mais frequentes, depois menos e mais
por necessidades.

Amizade é um relacionamento mútuo entre duas pessoas.


“Nessa relação especial, o acompanhamento alcança o foro interno da vida do
vocacionado, chamado a abrir-se, em confiança, livre e totalmente, ao seu diretor,
resguardadas todas as orientações canônicas relativas ao absoluto sigilo que incidem
sobre este.”23

22
Por ex. Pastores dabo vobis, ou: Diretório para a vida dos presbíteros... Para a santidade do
sacerdote, cf. o “Exame de Consciência”, proposto pela Congregação para o Clero, aqui p. 25-27;
para as condições para a Ordem, cf. Constituições e Diretório, 58-62.
23
SEMINÁRIO MAIOR INTERDIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY. Sequor autem:
Plano pedagógico e regulamento de Vida. S.a., p. 62.
Direção espiritual particular, 15

Não há dúvida que a Igreja espera o uso desse meio daqueles que pensam de ser
chamado para uma vocação especial e uma imitação de CRISTO mais estreita.
Aí o vocacionado se vê diante da pergunta se aceita escolher uma pessoa em
particular (melhor um padre) como diretor da sua alma no caminho a DEUS?
- Quero submeter-me tanto a um ser humano?
- Quero dar-lhe conhecimento e uma certa autoridade sobre a minha vida interior?
- Quero expor-me – mesmo neste horizonte tão particular e do clima quase sigilado
como no sacramento de penitência?
- Quero ser ajudado mesmo por uma pessoa que me orienta e corrige em matéria que
essa mesma não vive?
- Quero ?
- Quero, de todo o coração, conhecer e corresponder à chamada de DEUS para mim?
A abertura a tal amizade é um sinal de sincera procura de santidade!

Aceitar já a vocação cristã seriamente e mais ainda uma vocação especial significa
que resolvo de largar as carreiras neste mundo (cf. 1Jo 2,15) e procuro já o Reino de
DEUS por certas mortificações e submissão voluntária. Resolvo expor-me à
Vontade de DEUS.
Reconheço ser morno é nos olhos de DEUS igual a ser morto – “porque és morno,
... estou para vomitar-te de minha boca” (Ap 3, 16). Repete-se: DEUS não quer
funcionários, apenas cumpridores de leis. Tibieza é mediocridade, caracteriza o
minimalista que diz: para mim basta chegar ao Purgatório. Mas será que DEUS
aceita esse pensamento? Santo Afonso cita o Sermão 169 de santo Agostinho: “Logo
que disseste: ‘Basta,’ estás perdido.”24 Quem diz para si, isto basta para mim, e não
quer procurar maior perfeição, para ele o inferno abre a boca. Isto não deve
surpreender-nos.
Pois, estou consciente a quem escuto quando digo não, e a quem obedeço aí?
Significa, ficar no “meu” e julgar sobre mim mesmo, e – quem é juiz no próprio
caso? Nem vou julgar pois já me considero “chegado”!
Quantas orações rezamos com as quais dizemos a DEUS: “Quero!”
Na “oração da comunidade” pedimos: “Senhor, ensinai-nos a alegre obediência
alada dos vossos anjos,” e; onde ela está? E ser “atentos à Vossa Vontade, dia e
noite” – quero isto mesmo, em cada instante, dentro e fora da Igreja, no meio de
outros e quando estou sozinho?
Na oração a São José dizemos querer “cumprir com todo fervor e toda fidelidade a
Vontade de DEUS”.
Quantas vezes pedimos a são Gabriel na “Suplica ardente”, “Ajudai-nos a estar
sempre disponíveis e vigilantes”, e

24
Sto. AFONSO M. LIGÓRIO. A verdadeira esposa de Jesus Cristo ou Religiosa Santificada.
São Paulo: Ed. Paulinas, 1964, p. 84.
Na nossa “Oração para pedir perdão no fim do ano” rezamos: “Queremos pedir perdão pela falta
de reverência ..., a raiz ... do desculpar-se a si mesmo, como se tudo o que fazemos estivesse certo.
... Queremos pedir perdão pelo nosso orgulho, ... que fez com que o nosso eu se justificasse
continuamente e quisesse ter sempre razão”.
Direção espiritual particular, 16

a são Rafael: “Feri o nosso coração com amor ardente a DEUS ... que não cessemos
de procurá-l’O com ansiedade”!
É justo que somos humanos, somos alma e corpo, indivíduos e comunidade,
exatamente por isso é uma grande ajuda quando temos ao nosso lado uma pessoa
que nos acorda, faz lembrar dos desejos de nosso coração, que não se contenta com
o que somos e desperta para o que ainda DEUS quer fazer de nós, alguém a quem
damos a liberdade de nos lembrar de certos compromissos e do primeiro amor ... e
a quem podemos ir com tudo.

3º Os pontos delicados

a) A dificuldade de encontrar um diretor

Tudo na nossa vida tem os seus dois lados, um positivo e outro negativo, e até se
condicionam mutuamente, como preciso soltar uma coisa para poder receber outra,
devo calar para o outro falar...
É evidente que não se encontra um diretor que caiu do céu, que possui toda a
santidade desejada, que é perfeito como seu invisível irmão, o Anjo da Guarda
pessoal do dirigido. Cada ser humano possui suas forças e limitações. Cabe a
prudência e sabedoria de aprofundar e aplicar as primeiras e superar ou excluir os
segundas.

a.1) Do lado do diretor pode-se distinguir


Capacidades e Qualificações
Só quem tem uma visão clara sabe guiar um com menos clareza. Isto indica
condições ao lado do diretor, capacidades e qualificações das quais o dirigido
beneficia!
Vários autores dão acentos diferentes. “O diretor deve não somente ser sábio e
prudente, mas também experimentado” (São João da Cruz; em: Cat 2690). Então se
exige
- a ciência (competência doutrinal, ou certos estudos, teológicos, mas também de
antropologia ou da natureza humana),
- a prudência (segurança no juízo; isto é maturidade, caráter equilibrado e sóbrio,
desprendido de si, possui sensibilidade para o ambiente, circunspeção e percepção
dos sinais que revelam o que está escondido), e
- o amor (Santidade de vida, com a experiência, ou seja o interesse na glorificação
de DEUS em primeiro lugar e em tudo, o que liberta do respeito humano e dá
coragem de corrigir em visto do bem superior e distante).
Em resumo se pede do diretor: Objetividade rumo a meta real e eterna junto com a
sensibilidade pelo estado atual do dirigido e a capacidade e vontade desse de
Direção espiritual particular, 17

crescer.25 Como olha a partir da ordem e das regras objetivas á vida do dirigido, ele
pode observar os frutos, o crescimento ou sua falta.

Há limitações do diretor:
Como limitações deve-se ter consciência de várias:
- O diretor possui mais ou menos as qualidades exigidas; ninguém nesta vida é
perfeito. Limitações ou até defeitos dele não justificam de tentar caminhar sem
diretor quando a Igreja altamente recomenda esse meio de santificação; apenas exige
de avaliar bem quem se escolhe como seu diretor e que o dirigido sempre deve rezar
para que o seu diretor consegue cumprir sua missão como intérprete autêntico da
Vontade de DEUS para si.
- O diretor depende – quase exclusivamente ou em tudo – na sua “avaliação” e nos
conselhos daquilo que o dirigido lhe comunica. Ele deve partir da confiança mútua,
da sinceridade do dirigido, mesmo que sua posição objetiva e obrigação de conduzir
para a meta objetiva obriga de ter uma perspectiva mais ampla e por questões
também ampliar a própria visão do dirigido.
- O diretor não conhece – a não ser por graças extraordinárias – o estado da alma e
o que passa nela,
- também não conhece a Vontade de DEUS para ela, o dirigido. O que conhece é a
vontade de DEUS para santidade comum e para todos os seus filhos. Mas que vale
aqui e o caminho particular desta alma! Isto leva a duas consequências; primeiro só
sabe o que a alma comunica; e só pode observar, escutar e – devido de sua posição
objetiva – confirmar ou corrigir.26

25
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. O Sacerdote Ministro da Misericórdia Divina, nn. 101-
105; cf. Pastores dabo vobis, 26.6; 59.3; CCC 2690: sábio, prudente, experimentado. Santa Teresa
de Ávila espera dos diretores principalmente circunspecção, inteligência e experiência (cf. Vida,
23,6-18); São Francisco de Sales: Caridade, ciência e prudência (cf. Filotea, I, 4 que é breve e
denso!); Scaramelli: Ciência, virtude e experiência (cf. Diretório ascético, I, 3).
No mundo se anota como qualidades de líderes amor e liderança. Essas se manifestam nas seguin-
tes atitudes:
Paciência = mostrar autocontrole;
bondade = dar atenção, apreciação e incentivo;
humildade = Ser autêntico e sem pretensão ou arrogância;
respeito = tratar os outros como pessoas importantes;
abnegação = satisfazer as necessidades dos outros;
perdão = desistir de ressentimento quando prejudicado;
honestidade = ser livre de engano;
compromisso = Sustentar suas escolhas;
resultados: serviços e sacrifício.
Resumindo: Pôr de lado as suas vontades e necessidades; buscar o maior bem para os outros.
(Segundo James C. HUNTER, The Servant, 1998; O Monge e o executivo. Uma História sobre a
essência da Liderança, Sextante, Rio de Janeiro RJ, 182004).
26
Verdadeiros defeitos seriam quando o diretor tenta ocupar o lugar de DEUS ou quando nem se
interessa pelo dirigido. Outros defeitos seriam
- a incompetência por falta de preparação e formação;
- despotismo (mandando sobre o dirigido sem escutar e tentar compreende-lo);
- querer agradar, sem devida sobriedade e guia a meta objetiva;
Direção espiritual particular, 18

a.2) Do lado do dirigido pode-se ver


o lado positivo que ele
- goza a graça de nunca estar sozinho (pois: “vae soli - ai quem está sozinho”),
- de modo que possa generosamente avançar na vida (semelhante a um cego que
anda confiantemente quando tem alguém que vê, o pega na mão e anda com ele),
- mesmo que o futuro é desconhecido e a vontade de DEUS é única e nova para cada
pessoa.
- Pelo acompanhante a alma pode confiar receber apoio ou será corrigida, se está em
perigo de errar.
Quando se trata de uma matéria maior, grave e principalmente quando toca a vida
exterior, o dirigido tem uma pessoa visível e audível, experimentada e conhecedora,
prudente e com avaliação objetiva.
Se se trata de matéria mínima e interior, atual e momentânea, o Anjo da Guarda que
é enviado por DEUS, passa a luz d’Ele à alma, a guia e consegue influenciá-la, não
diretamente a vontade, mas pode iluminar seu entendimento, incliná-la e atraí-la pelo
bem e fazê-la “sentir mal” diante de algo nocivo.

O lado negativo
- baseado na condição inicial e necessária de confiança, há a possibilidade de apego
humano (principalmente quando o dirigido e o dirigente são de sexo oposto);
- em tal caso, uma criatura entra entre a alma e DEUS, e torna-se assim um obstáculo,
escurece a visão clara á vontade de DEUS ou até desvia do rumo inicial.

Ainda duas observações:


(1ª) Por poder observar e encontrar em tudo estes dois lados, também o lado
negativo, não se justifica de recusar o lado positivo simplesmente por existir o lado
negativo e por medo de ficar afetado por ele. Ao menos a Igreja não age assim; ela
está consciente de perigos, por isso fica vigilante e tenta proteger-se deles, mas não
renuncia o lado positivo por isso.
(2ª) Quando falta a confiança básica entre o dirigido e o diretor – seja por qual
motivo – nem se chega a aquilo que se entende por “direção espiritual”, como se
entenderá quando aprofundamos e esclarecemos sua verdadeira identidade nos
próximos passos.27

- a curiosidade tentando penetrar na intimidade do dirigido;


- um egocentrismo que projeta suas ideias ao dirigido ou quer fazer uma cópia de si;
- sensacionalismo – procurar e consultar carismas e fazer-se dependente deles.
27
O decisivo é o “querer”, querer descobrir mais perfeitamente a Vontade de DEUS. Mas quem
não quer, é melhor nem falar de “direção espiritual” pois engana se mesmo e o outro, e o tempo
dedicado é perdido. - É a SANTIDADE de DEUS que nos deve fazer tremer e “ir aos joelhos”:
“Realizai a vossa salvação, com temor e tremor. ... Fazei tudo sem murmurar nem questionar, para
que sejais irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e
perversa, na qual brilhais como luzeiros no mundo” (Fil 2,12.14-15).
Direção espiritual particular, 19

b) A dificuldade de humilhar-se diante de um diretor

O dirigido ou o candidato na formação deve-se perguntar: Estou pronto a assumir a


minha parte, a abertura da minha alma para ser orientada?
Enquanto a Igreja chegou a sua posição a respeito da direção espiritual, fica ainda
aberto a posição do próprio candidato.28 Ele se vê confrontado com duas perguntas:
se realmente quer se abrir com tal franqueza como a igreja espera; e, segundo, se se
quer abrir-se com uma das pessoas acessíveis para tal acompanhamento tão pessoal.
Estamos aprendendo com a vida e contentamo-nos com o fato que não vivemos já
no céu. Então a primeira pergunta não deveria ser: Onde está o diretor santo que é
capaz de me ajudar. A primeira pergunta é antes esta:
Quero me esforçar seriamente para ser um bom Cristão, e bom sacerdote ou
religioso?
Quero ser mais que apenas um “funcionário público” da Igreja e na Igreja?
Quero não apenas ser bem visto pelos homens; ser “como todos”?
Quero ser transparente e com reta intenção servir a Igreja?
Quero corresponder, na maneira melhor possível, à vocação que DEUS me deu?
Quero chegar ao céu e por isso renuncio as “ofertas desse mundo”?
Quero renunciar certos prazeres legítimos?
Quero iniciar o processo da morte por pequenas mortificações?
Quero viver e permanecer na Presença de DEUS, e para isso guardar distância às
criaturas?
Quero ser um santo ?
Quero ser aquele Santo que DEUS tem in mente para mim, ou segundo a Sua
Vontade?
Quero abraçar todo e qualquer meio para me unir e guardar unido com DEUS?
Quero aceitar o que DEUS pelos superiores me pede?
Quero aceitar um companheiro espiritual que me apoia e corrige onde for
necessário, como faz um bom e sincero amigo?
Quero ?
Ainda mais: suponhamos que quero, então me preocupo do seguinte:
O que é que DEUS quer de mim?
O que penso que DEUS quer de mim?
O que, em particular, DEUS quer que eu vivo
– na Sua união e na imitação do exemplo de JESUS,
– na espiritualidade oferecida?
O que é que DEUS espera encontrar comigo quando me chama ao meu Juízo
particular?

A sinceridade da resposta a estas perguntas se vê no zelo diário na vida cotidiana.

28
DIREITO CANÔNICO, Cân. 246 § 4. Acostumem-se os alunos a se aproximar frequentemente
do sacramento da penitência; recomenda-se que cada um tenha seu diretor espiritual, escolhido
livremente, ao qual possa manifestar com confiança a própria consciência.
Direção espiritual particular, 20

Quantas vezes o superior deve dizer algo até que eu não esqueço mais? – uma vez
não basta?

Será necessário lembrar o que aprendemos por tantos testemunhos santos: O maior
inimigo nosso é nosso próprio Ego, o amor desordenado a nós mesmos29. Somos nós
que nos colocamos limites – não damos este direito a DEUS!30

4º No concreto

Primeiro é bom saber que há muitas ajudas de caráter comum que cada alma zelosa
encontra e pode aproveitar no seu caminho. Estes são
- Leitura de biografias de Santos,
- Homilias, palestras e conferências,
- Orientação geral pelo Catecismo da Igreja,
- Manuais espirituais, alguns escritas especialmente para a orientação espiritual de
almas iniciantes enquanto se encontram ainda no meio do mundo (por exemplo L.
Scupoli. O Combate espiritual ou São F. de Sales. Filotea).

a) Compete a quem?

Olhando aos seguintes temas que tocam o crescimento espiritual no caminho á


santidade cristã em geral e á santidade particular de um estado de vida, seja de vida
sacerdotal, seja de vida consagrada, podemos e aqui devemos perguntar primeiro:
É exagerado dar atenção a todos estes assuntos?
A atenção a eles leva já a escrúpulos?
Ou estes fazem parte do caminho á devida santidade procurada e exigida?
Em caso que é bom de tomar estes temas em consideração e trabalhar sobre estes
pontos, então deve-se perguntar:
1º Cada um consegue resolver e crescer sozinho nestes pontos?
2º Em quais destes pontos posso confiar na ajuda pela correção fraterna dos irmãos?

29
Cf. por ex. ST, p. I-II, q. 77, a. 4; Imitação de Cristo. III, 27, 32, 56.
30
Há grande perigo para aquelas pessoas que acham que não precisam de tal ajuda em forma
nenhuma, pois seriam capazes de avaliar e corrigir a si mesmos. Tais pessoas estão no risco de
absolutizar a sua própria consciência, de não terem ou nem aceitarem alguém que quer corrigir-
lhes! (Cf. encima, nota 24) Papa Francisco disse uma vez, na reflexão sobre o dom do Anjo da
Guarda: “Contudo, ‘ninguém caminha sozinho!’. E ‘se alguém de nós julgar que pode caminhar
sozinho, cometeria um erro enorme’, que ‘é a soberba: pensar que é grande!’ e acaba por ter a
atitude de ‘suficiência’ que o leva a dizer a si mesmo: ‘Eu posso, consigo’ sozinho. ... ‘a rebelião,
o desejo de ser independente, é algo que todos nós temos: é a mesma soberba que também o nosso
pai Adão teve no paraíso terrestre’.” (Meditação, 2 de outubro de 2014). Numa longa instrução
“sobre a luta spiritual” Jesus disse a Santa Faustina: “Nunca confies em ti!” (Diário, n. 1760).
Direção espiritual particular, 21

3º Pode-se tratar todos destes pontos por meio da confissão e/ou com o confessor
regular?
4º Posso tratar com o Magister sobre estes pontos?
5º São estes assuntos para tratar com esse amigo acompanhante no crescimento
espiritual (que se chama tradicionalmente diretor espiritual)?

b) Se trata concretamente de que?

Para o encontro inicial entre a alma e o diretor espiritual31 ajudam algumas


perguntas iniciais com a intenção de conhecer o estado atual da alma. Isto pode
ajudar de já descobrir uns nós no progresso espiritual:
- Quais desejos (interesses, valores) o dirigido tem?
- Quais são as suas faltas principais?
- Qual é o seu temperamento predominante?
- Do que reclamam as pessoas com que convive?
- Há ordem na sua vida que lhe leva à paz, ordem exterior e interior no ambiente
familiar, de trabalho, nas atividades...?
- Qual é a situação na família ? (É o filho(a) mais velho(a) ou mais novo(a)? Os pais
são ainda unidos?
- Tem dificuldade com o silêncio e a solidão ou gosta?
- Como descreve sua vida de oração?
- Quais graças já podia constatar?
- Quais livros de vida espiritual já leu?
- Já passou por certas crises espirituais?
- Tem lembranças que “carrega” consigo sem solução ?
Porque se trata de ajudar a alma do dirigido, é ele que deve dirigir a conversa, os
assuntos a serem tratados... Assim, certos vícios ou vocações particulares exigem
atenção a áreas particulares.

Mas para ajudar a crescer a partir de um estado ordinário de alma, Fernández-


Carvajal sugere os seguintes temas:
- Oração
- Vida de fé
- Pureza
- Vocação
- Mortificação – o encontro com a cruz
- Conhecimento de si (em geral como o temperamento e particular pelas fraquezas
ou vívios pessoais);
- O Exame de consciência

31
Cf. FERNÁNDEZ-CARVAJAL, cap. 4.2: “As primeiras conversas”; JOÃO DA CRUZ, Chama, III, 47.
É tarefa do diretor de procurar causas, aplicar remédios e inspirar novas motivações (por exemplo
com a ajuda de leituras direcionadas).
Direção espiritual particular, 22

- Caridade e apostolado (cf. S. Bernardo’s 4 graus de amor)


- A comunidade
- Alegrias e sofrimentos
- Amor pela Igreja e a Comunhão dos Santos
- Ser medíocre e a procura de comodismo
- Humildade e esquecimento de si mesmo
- Pobreza e desprendimento
- Obediência
- Trabalho
- Saúde e doença, descanso
- Uso do tempo.

Se pode também agrupar os temas mais especificamente olhar à nossa vida:

AJUDAR em problemas e dificuldades


- diante de DEUS: Pecados
(cf. Is 6, 1-4) Com a confissão
Com a fé em algo
- comigo mesmo: Inclinações,
(cf. Is 6, 5-7) Ideias inesperadas
Tentações (repetidas)
Dúvidas (sobre ...; vocação)
Susceptível (quando? sobre que?)
aversões
veracidade (ou: mentirinhas)
aproveitar (ou perder) o tempo
estudo

- diante do próximo: tensões,


Ou com Conflitos na comunidade
A comunidade Pontualidade
(cf. Is 6, 8-9) Certos exercícios ...
Fuga de serviços
Desobediência em ... .... ....

CRESCER: Onde? Em que ? Como ?


Obediência (medo de perder ...)
Leitura espiritual ?
Oração - adoração,
- Liturgia das Horas
- Terço (em si; em comunidade)
- Meditação (recebo “luzes”? Dificuldades?)
Passio Domini (O SENHOR pode contar comigo?
Direção espiritual particular, 23

Tenho algumas dificuldades?


Quais esforços faço para superar dificuldades?
Recorro a renúncias para superar defeitos,
Recorro a renúncias para eliminar maus costumes
Silêncio: Exterior? – interior?
Estimo? Tem valor para mim? Sinto necessidade?
Qual é minha motivação? Qual é o esforço para aprofundá-lo?

APERFEIÇOAR ainda
Devoção Mariana: Como a pratico? É frutuosa? ...)
Vida com os Anjos da Guarda – meu e de ... ?
Escuto? Obedeço? Que faço para melhorar?
Práticas de piedade por própria iniciativa?
Aprofundo na espiritualidade particular da Obra e da Ordem ?
Como? Em que medida?
Estou disponível para a Vontade de DEUS (= flexível)?

c) Por fim – e se falha?

Por fim, essas colocações queriam levar à pergunta e ajudar também a chegar a uma
resposta: a direção espiritual tem algum valor, é realmente um “meio para alcançar
a santificação”?
A direção espiritual é uma amizade espiritual, uma troca de coração. Leva á
segurança no avançar, e, talvez até mais importante, á segurança de não errar.
Se pode sem dúvida dizer: Direção espiritual é querido por DEUS. A muitas almas
especiais, DEUS disse a partir de uma certa altura: Daqui para frente, não vai mais
escutar Minha voz. Vou te falar e orientar por meio do teu diretor espiritual. Escuta-
o.
Mas isto é possível quando há unidade com DEUS e entre si com amor sincero. Não
há um laço de obediência ou uma obrigação legal na direção espiritual; porém, se
quer ter algum valor, deve ter uma certa obrigação de amor, de gratidão e prudência.
Pois, para caminhar tanto juntos, que acontece se o dirigido age contra o conselho
de um sério amigo, na hora quando parecem chegar momentos de decisões interiores
e espirituais ou também o tempo de passos exteriores e públicos, ou, mais simples,
quando chegam sérias tentações? Essa amizade era “por lei”, mas não de coração?
Não quis “de verdade” a dedicação de uma pessoa, seus sacrifícios e orações para o
benefício de sua alma? Onde estava a “sinceridade” consigo mesmo, o
reconhecimento das limitações diante de um plano de DEUS tão grande? Coberta
hoje pela “autossuficiência” ensinado por tantas ideologias na educação? Onde
estava a “confiança” que o dirigido é suposto de por no “pai espiritual”? Onde está
a “docilidade” que faz tal ajuda frutuosa ou, sem ela, perdida?

Se pode olhar dos dois lados ao fim de uma direçao espiritual.


Direção espiritual particular, 24

De princípio, o dirigido vem com confiança (no saber e experiência), logo com
abertura e conforme a boa intenção com docilidade. E o pai espritual deve mostrar
querer o bem do ‘filho’, sendo consciente que o dirigido não reconhece sempre a
razão do conselho, mas, por querer ser ajudado, quer beneficiar das “vantagens” do
pai. Agora se o dirigido não escuta, quer dizer quando não acolhe os conselhos32,
esse “não” vem ou da ração (quer entender e não entende) ou da vontade
(desconfia a intenção do pai ou de sua capacidade em entender, ou não crê de
precisar ajuda (“eu sei”, - somente nesse assunto, pois disse-se “eu sei” – intelecto;
ou em geral, “eu sei” – vontade; uma atitude com a qual retira sua intenção inicial),
então o pai olha calado com certa paciência (cf. Lc 15,20), aceita ser desconfiado,
se sacrifica e espera a conversã(o) do filho.
Mas, como ele não é pai absoluto, no nivel existencial como DEUS, ele não pode
pedir obediência ou submissão, só deve ajudar na vida da graça (com DEUS) e na
vocação pessoal (sacerdotal / religiosa). Logo, se as circunstâncias pedem e seu(s)
conselho(s) não é (são) acolhido(s), reconhecido(s), abraçado(s) ele deve – para o
bem do dirigido! – enviá-lo a outro ajudante ou pai espiritual.33
Mas se o dirigido tem intenção reta, ele não simplesmente ignora um conselho bem
intencionado e também fundado, devido de muitas comunicações e conhecimentos
trocados. Porém, é possível, depois de várias trocas de informações e intenções, de
pensamentos e reflexões, o dirigido pensa de não ser entendido, ou de não beneficiar
mais desse “pai espiritual”. Esse pode faltar na sensibilidade, em escutar e procurar
entender. Neste caso, não pode simplesmente ignorar o seu diretor e se afastar dele;
isto seria, em mínimo, falta de caridade e gratidão. Aí, o dirigido deve explicar que
não se sinta entendido (o que, devido dos contatos, não deve ser um secreto pelo
diretor). Ele precisa procurar outro conselheiro, e isto na seguinte forma: Primeiro
apresenta esta necessidade ao um confessor e, seguindo o conselho dele, pedir
direção de DEUS para um outro diretor de sua alma. Encontrado, com a graça de
DEUS, tome coragem e conversa com o diretor atual e, recomendando-se ás suas
orações, encerra a “direção espiritual” com ele.
Se o dirigido toma decisões por própria iniciativa e sem devida prudência, arrisca de
seguir sua própria vontade – que é muito provavelmente a indicação que está para
cometer um erro.

32
Deve-se ter consciência que nesse nível de relacionamento não há obediência (ou lei e justiça), mas amor e confiança
na união – Scott HAHN pensa de poder ver no sábado, 7º dia da criação, o sinal de conclusão de duas alianças, a entre
DEUS e a Criação, e entre Adão e Eva – e se pode continuar juntar as várias uniões que no tempo aparecem, a entre
espírito e matéria na essência do homem com sua alma e seu corpo, a na pessoa de Cristo entre divindade e
humanidade, a entre Cristo e a Igreja, e – nessa profundidade onde ninguém deveria andar sozinho e não pode ser juiz
do seu próprio caso, aparece então essa amizade espiritual que é marcado pela unicidade e meta tão sublime do
aprofundamento na união em DEUS.
33
Isso, como toda a Direção espiritual deve-se entender em certa analogia a – rara, mas de princípio possível – recusa
da absolvição no sacramento da penitência.
Direção espiritual particular, 25

DIREÇÃO ESPIRITUAL segundo documentos da Igreja

Sobre a direção espiritual, além dos documentos já citados, consulte-se:


CONC. ECUM. VAT. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, 9; 18.
- Decr. Optatam totius 3; 8; 19.
JOÃO PAULO II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 40; 50; 81.
- Exort. ap. pós-sinodal Vita consecrata, 21; 67; 46.
CÔDIGO DO DIREITO CANÔNICO: CIC, cc. 239; 246; CCEO, cân. 337-339; 346 § 2.
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros, 39,
54, 85, 92 [2ª ed. de 2013: 50, 73, 103, 110].
- Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, 2016, n. 43; 88b; 107; 126; 136; 178.
CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA, Ratio Fundamentalis Institutionis
Sacerdotalis (19 de março de 1985), 44-59 (nova edição 2016 pela Congregação para o
Clero).
- Carta circ. sobre alguns aspectos mais urgentes da formação espiritual nos Seminários (6 de
janeiro de 1980).
- Diretrizes sobre a preparação dos educadores nos Seminários (4 de novembro de 1993), 55; 61
(diretor espiritual).
CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E AS SOCIEDADES
DE VIDA APOSTÓLICA, Diretrizes sobre a formação nos Institutos Religiosos
Potissimum Institutioni (2 de fevereiro de 1990), 13; 63.
- Instrução partir novamente de Cristo: um renovado empenho da vida consagrada no terceiro
milênio (19 de maio de 2002), 8.
CONGREGAÇÃO PARA A EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS, Guia da Vida Pastoral para os
Sacerdotes diocesanos nas Igrejas que dependem da Congregação para a Evangelização
dos Povos (1 de outubro de 1989), 19-33 (espiritualidade e vida sacerdotal).

CONC. ECUM. VAT. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, 9


“Os presbíteros, portanto, procurem pôr diante dos olhos dos fiéis ... a excelência e a necessidade
do sacerdócio, e, não se poupando a cuidados e a incômodos, ajudem aqueles que, jovens ou
mais adultos, prudentemente julgarem idôneos para tão grande ministério, a preparar-se
convenientemente e assim poder um dia, com plena liberdade externa e interna, ser chamados
pelos bispos. Para atingir este fim, é da máxima utilidade a diligente e prudente direção
espiritual.”

18: ... “Para desempenhar com fidelidade o seu ministério, tenham a peito o colóquio cotidiano
com Cristo Senhor, na visita e culto pessoal à santíssima eucaristia; entreguem-se ao retiro
espiritual e tenham, em grande apreço, a direção espiritual.”

CONC. ECUM. VAT. II, Decr. Optatam totius 3; 8; 19:

Formação espiritual e intelectual nos seminários menores


3. Nos seminários menores, erigidos para cultivar os gérmens da vocação, os alunos sejam
formados com uma educação religiosa especial, e sobretudo com uma direção espiritual
apropriada, de maneira que sigam de alma generosa e coração puro a Cristo Redentor. ...
Direção espiritual particular, 26

Vida espiritual aprofundada


8. A formação espiritual vá a par com a formação doutrinal e pastoral, e graças sobretudo aos
esforços do diretor espiritual,34 seja ministrada de tal maneira que os alunos aprendam a viver em
união familiar e assídua com o Pai, por meio de seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo.

Educar ao diálogo
19. A finalidade pastoral, que deve enformar toda a educação dos alunos,35 pede também que
eles sejam instruídos... com diligência na arte da direção das almas, a fim de que possam,
primeiramente, levar todos os filhos da Igreja a uma vida cristã plenamente consciente e
apostólica e ao cumprimento dos deveres próprios do seu estado.

CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E AS


SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA. « Potissimum institutioni » Orientações sobre a
formação nos Institutos religiosos, 1990:
63: “Embora os superiores sejam designados justamente como «mestres e rituais, segundo o
projeto evangélico do seu instituto» (Mutuae relationes, 13a), os religiosos devem ter à sua
disposição para o foro interno, inclusive não sacramental o que se convencionou chamar um diretor
ou conselheiro espiritual. «Seguindo a tradição dos primeiros padres do deserto e de todos os
grandes fundadores, os institutos religiosos todos têm membros particularmente qualificados e
designados para ajudar os seus irmãos neste campo. O seu papel varia segundo a etapa alcançada
pelo religioso, porém, a sua responsabilidade essencial consiste no discernimento da ação de Deus,
a condução do religioso nas vias divinas e a alimentação da vida por uma doutrina sólida e pela
prática da oração. Especialmente nas primeiras etapas, será necessário avaliar o caminho já
andado». (EE 11, 47)
Essa direção espiritual, que «não poderá ser substituída por meios psico-pedagógicos,» (DCVR II,
11) e para a qual o Concilio reclama uma «justa liberdade» (PC 14), deverá, pois, ser «favorecida
pela disponibilidade de pessoas competentes e qualificadas» (DCVR II, 11).
Essas disposições, indicadas especialmente para esta etapa da formação dos religiosos, servem
para todo o resto da sua vida. Nas comunidades religiosas sobretudo aquelas que reúnem um
grande número de membros e especialmente ali onde há professos temporários, é necessário que,
ao menos, um religioso seja designado oficialmente para o acompanhamento ou aconselhamento
espiritual dos seus membros.”

71. Os superiores designarão uma pessoa responsável pela formação permanente no instituto.
Mas também se velará para que as religiosas e os religiosos, ao longo da sua vida, possam dispor
de acompanhantes ou conselheiros espirituais, segundo as pedagogias já colocadas em prática
durante a formação inicial e segundo as modalidades adaptadas à maturidade adquirida e às
circunstâncias que atravessam.

34
Cf. Pio XII, Exortação apostólica Menti Nostrae, de 23 set. 1950: AAS 42 (1950) p. 674; S. Congregação dos
Seminários e Universidades, La formazione spirituale del candidato al sacerdozio, Cidade do Vaticano 1965.
35
A forma perfeita do pastor pode deduzir-se dos recentes documentos pontifícios que tratam expressamente da
vida, dos dotes e da instrução dos sacerdotes, principalmente: S. Pio X, Exortação ao clero Haerent animo, S. Pii
XActa IV, p. 237ss. - Pio XI, Carta encíclica ad Catholici Sacerdotii: AAS 28 (1936), p. 5ss.; - Pio XII, Exortação
apostólica Menti Nostrae: AAS 42 (1950), p. 657s.; - João XXIII, Carta encíclica Sacerdotii Nostri primordia:
AAS 51 (1959), p. 545s.; - Paulo VI, Carta apostólica Summi Dei Verbum: AAS 55 (1963) p. 979ss.
Acerca da formação pastoral, Cf. as Cartas encíclicas Mystici Corporis (1943), Mediator Dei (1947), Euangelii
Praecones (1951), Sacra Virginitas (1954), Musicae Sacrae Disciplina (1955), Princeps Pastorum (1959), bem
como a Constituição apostólica Sedes Sapientiae (1956), para os religiosos.
Pio XII, João XXIII e Paulo VI descreveram também freqüentemente o tipo do bom pastor, em alocuções aos
seminaristas e aos sacerdotes.
Direção espiritual particular, 27

S. JOÃO PAULO II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 40:
“Nesta perspectiva, o cuidado pelas vocações ao sacerdócio saberá exprimir-se também numa
firme e persuasiva proposta de direcção espiritual. É preciso redescobrir a grande tradição do
acompanhamento espiritual pessoal, que sempre deu tantos e tão preciosos frutos, na vida da
Igreja: esse acompanhamento pode, em determinados casos e em condições bem precisas, ser
ajudado, mas não substituído, por formas de análise ou de ajuda psicológica ( 111 = cf. CIC, can.
220 ... e can 642). As crianças, os adolescentes e os jovens sejam convidados a descobrir e a
apreciar o dom da direcção espiritual, e a solicitá-lo com confiante insistência aos seus
educadores na fé. Os sacerdotes, pela sua parte, sejam os primeiros a dedicar tempo e energias a
esta obra de educação e de ajuda espiritual pessoal: jamais se arrependerão de ter transcurado ou
relegado para segundo plano muitas outras coisas, mesmo boas e úteis, se for necessário para o
seu ministério de colaboradores do Espírito na iluminação e guia dos chamados.”

50: ... “De máxima importância na formação para a castidade no celibato, são a solicitude do
Bispo e a vida fraterna entre os sacerdotes. No seminário, ou seja, no seu programa de formação,
o celibato deve ser apresentado com clareza, sem qualquer ambiguidade e de modo positivo. O
seminarista deve possuir grande maturidade psíquica e sexual, bem como uma vida assídua e
autêntica de oração e deve colocar-se sob a guia de um director espiritual. Este deve ajudar o
seminarista para que ele mesmo chegue a uma decisão madura e livre, que se fundamente na
estima da amizade sacerdotal e da autodisciplina, como também na aceitação da solidão e num
recto equilíbrio pessoal físico e psicológico. Para isto, os seminaristas conheçam bem a doutrina
do Concílio Vaticano II, a Encíclica Sacerdotalis Caelibatus e a Instrução sobre a formação para
o celibato sacerdotal, emanada da Congregação para a Educação Católica em 1974.”

81: ... “Também a prática da direcção espiritual contribui muito para favorecer a formação
permanente dos sacerdotes. É um meio clássico, que nada perdeu do seu precioso valor, não só
para assegurar a formação espiritual mas ainda para promover e sustentar uma contínua
fidelidade e generosidade no exercício do ministério sacerdotal. Como então escrevia o futuro
Papa Paulo VI, "a direcção espiritual tem uma função belíssima e pode dizer-se indispensável
para a educação moral e espiritual da juventude que queira interpretar e seguir com absoluta
lealdade a vocação da própria vida, seja ela qual for, e conserva sempre uma importância
benéfica para todas as idades da vida, quando à luz e à caridade de um conselho piedoso e
prudente se pede a comprovação da própria rectidão e o conforto para o cumprimento generoso
dos próprios deveres. É meio pedagógico muito delicado, mas de grandíssimo valor; é arte
pedagógica e psicológica de grande responsabilidade para quem a exercita; é exercício espiritual
de humildade e de confiança para quem a recebe" 232.”

CONGREGAÇÃO PARA O CLERO,


O Sacerdote Ministro da Misericórdia Divina - Subsídio para Confessores e
Diretores Espirituais, 2011

(Apresentação) “Acolhendo com motivação intensa o apelo do Santo Padre e seguindo a sua
intenção mais profunda, com o presente subsídio, fruto ulterior do Ano Sacerdotal, deseja-se
oferecer um instrumento útil à formação permanente do Clero e uma ajuda à redescoberta do
valor imprescindível da celebração do sacramento da reconciliação e da direção espiritual.”
INTRODUÇÃO: RUMO À SANTIDADE
1. « Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme e obra
justamente (cfr. At. 10,35). Contudo, aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não
individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O
Direção espiritual particular, 28

conhecesse na verdade e O servisse santamente »2. No caminho verso a santidade a qual o


Senhor nos chama (cf. Mt. 5,48; Ef. 1,4), Deus quis que nos ajudássemos mutuamente, fazendo-
nos mediadores em Cristo, para aproximar os irmãos ao seu eterno amor.
É nesse horizonte de caridade que se inserem a celebração do sacramento da penitência e a
prática da direção espiritual, objetos do presente documento.
A este propósito, chama-nos a atenção algumas palavras de Bento XVI: « Neste nosso tempo,
sem dúvida uma das prioridades pastorais é formar retamente a consciência dos crentes », e
acrescenta o Papa: « Para a formação das consciências contribui também a “direção espiritual”.
Hoje mais que no passado há necessidade de “mestres de espírito” sábios e santos: um
importante serviço eclesial, para o qual sem dúvida é necessária uma vitalidade interior que deve
ser implorada ao Espírito Santo como dom mediante uma oração intensa e prolongada e uma
preparação específica cuidadosamente adquirida.
2. O ministério do sacramento da reconciliação, estreitamente ligado ao aconselhamento ou à
direção espiritual ...
3. O ministério da reconciliação em relação com a direção espiritual é uma urgência de amor...
4. O ministério da reconciliação e o serviço do aconselhamento ou direção espiritual inserem-se
no contexto da chamada universal à santidade como plenitude da vida cristã e « perfeição da
caridade » (LG 40).

- Em relação á confissão: n. 41-43, 70-76

68. A formação inicial ao sacerdócio, desde os primeiros momentos de vida no Seminário,


abrange efetivamente esta ajuda: « os alunos sejam formados com uma peculiar educação
religiosa, e sobretudo por uma apta direção espiritual, de maneira a seguir Cristo Redentor de
alma generosa e coração puro » (CONC. ECUM. VAT. II, Decr. Optatam totius, 3).
69. Não se trata apenas de uma consulta sobre temas doutrinais, mas, antes, sobre a vida de
relacionamento, intimidade e configuração com Cristo, que é sempre uma participação na vida
trinitária: « A formação espiritual deve estar estreitamente unida com a formação doutrinal
e pastoral graças sobretudo à colaboração do Diretor espiritual; seja dada de tal maneira que os
alunos aprendam a viver em união familiar e assídua com o Pai por meio de Seu Filho Jesus
Cristo, no Espírito Santo » (Ibid., 8).
71. Pode-se afirmar que esta atenção à vida espiritual dos fiéis, guiando-lhes no caminho da
contemplação e da santidade, também como um auxílio para o discernimento vocacional, é uma
prioridade pastoral: « nesta perspectiva, o cuidado pelas vocações ao sacerdócio saberá
exprimir-se também numa firme e persuasiva proposta de direção espiritual [...] Os sacerdotes,
pela sua parte, sejam os primeiros a dedicar tempo e energias a esta obra de educação e de ajuda
espiritual pessoal: jamais se arrependerão de ter transcurado ou relegado para segundo plano
muitas outras coisas, mesmo boas e úteis, se for necessário para o seu ministério de
colaboradores do Espírito na iluminação e guia dos chamados » (JOÃO PAULO II, Exort. ap.
pós-sinodal Pastores dabo vobis, 40).
72. O cuidado pelos jovens, em particular, com a finalidade de discernir a própria vocação
específica na vocação cristã em geral, requer esta atenção de aconselhamento e acompanhamento
espiritual: « como então escrevia o futuro Papa Paulo VI, “ a direção espiritual tem uma função
belíssima e pode dizer-se indispensável para a educação moral e espiritual da juventude que
queira interpretar e seguir com absoluta lealdade a vocação da própria vida, seja ela qual for, e
conserva sempre uma importância benéfica para todas as idades da vida, quando à luz e à
caridade de um conselho piedoso e prudente se pede a comprovação da própria retidão e o
conforto para o cumprimento generoso dos próprios deveres. É meio pedagógico muito delicado,
mas de grandíssimo valor; é arte pedagógica e psicológica de grande responsabilidade para quem
a exercita; é exercício espiritual de humildade e de confiança para quem a recebe” » (Pdv, 81)
Direção espiritual particular, 29

73. A direção espiritual está habitualmente relacionada com o sacramento da reconciliação, ao


menos no sentido de uma consequência possível, quando os fiéis peçam para ser guiados no
caminho da santidade, inclusive no itinerário específico de sua vocação pessoal: « paralelamente
ao sacramento da reconciliação, o presbítero não deixará de exercer o ministério da direção
espiritual. A descoberta e a difusão desta prática, em momentos diversos da administração da
penitência, é um grande benefício para a Igreja no tempo presente.
74. Os próprios ministros necessitam da prática da direção espiritual, que está sempre
intrinsecamente ligada à intimidade com Cristo: « para desempenhar com fidelidade o seu
ministério, tenham a peito o colóquio quotidiano com Cristo Senhor, na visita e culto pessoal à
Sagrada eucaristia; entreguem-se de bom grado ao retiro espiritual, e tenham em grande apreço a
direção espiritual » (PO 18).
75. A realidade ministerial exige que o ministro receba pessoalmente a direção espiritual,
procurando-a e recebendo-a com fidelidade, para poder dirigir melhor os outros: « para
contribuir para o melhoramento da sua espiritualidade é necessário que os presbíteros recebam
eles mesmos a direção espiritual. Colocando nas mãos dum sábio colega a formação da sua alma,
a partir dos primeiros anos de ministério, crescerão na consciência da importância de não
caminhar sozinhos pelos caminhos da vida espiritual e do empenho pastoral. Recorrendo a este
meio eficaz de formação, tão experimentado na Igreja, os presbíteros terão plena liberdade na
escolha da pessoa a quem confiar a direção da sua vida espiritual » (Diretório para ... os
presbíteros, 1993, 54).

Objetivo específico 78. O objetivo da direção espiritual consiste principalmente em ajudar a


discernir os sinais da vontade de Deus. Normalmente, fala-se de discernir a luz e as moções do
Espírito Santo. Existem momentos nos quais tais consultas são mais necessárias. É necessário
levar em conta o “ carisma ” peculiar da vocação pessoal ou da comunidade na qual vive quem
pede ou dá o conselho.
79. Quando se procura discernir os sinais da vontade de Deus, com o auxílio do conselho
fraterno, inclui-se eventualmente a consulta referente a temas de moral e prática das virtudes, e
também a confidência acerca das situações que se queiram esclarecer. Mas, se faltasse o
verdadeiro desejo de santidade, perder-se-ia o objetivo principal da direção espiritual. ... O fiel
que recebe o conselho deve assumir a própria responsabilidade e iniciativa.
80. A consulta moral, a exposição confidencial dos próprios problemas, a vivência prática dos
meios de santificação, devem compor o contexto da busca pela vontade de Deus. Sem o desejo
sincero de santidade, que equivale a colocar em prática as bem-aventuranças e o novo
mandamento do amor, não subsistiria o objetivo específico da direção espiritual na vida cristã.
Dinamismo e processo 81ss...
83. No caminho da oração (pessoal, comunitária e litúrgica) será necessário ensinar a orar,
cuidando particularmente da postura filial do « Pai nosso », que é de humildade, confiança e
amor. ...
Em todas as vocações eclesiais 84 ss.
3. Orientações práticas: Itinerário ou caminho concreto de vida espiritual 87ss.
88. É oportuno começar o caminho da direção espiritual com uma releitura da vida. É de grande
ajuda ter alguns propósitos ou um plano de vida que enfatize o relacionamento com Deus (oração
litúrgica e pessoal), a relação fraterna, a família, o trabalho, as amizades, as virtudes concretas,
os deveres pessoais, o apostolado e os instrumentos de espiritualidade. Em tal projeto de vida
podem aparecer as aspirações e dificuldades e o desejo de doar-se mais a Deus. É muito útil
concretizar os meios a serem empregados no caminho da oração, da santidade (virtudes), dos
deveres do próprio estado, da mortificação ou das « pequenas canseiras da vida quotidiana »
(Bento XVI, Spe Salvi, 40) etc.
Qualidades de quem é objeto de direção espiritual
Direção espiritual particular, 30

106. Da parte de quem é objeto de direção espiritual deve existir abertura, sinceridade,
autenticidade e coerência, colocada em prática através dos meios de santificação (liturgia,
sacramentos, oração, sacrifício, exame...). A periodicidade das conversas depende dos momentos
e das situações, porque não existe uma regra fixa. Os momentos iniciais da formação requerem
uma periodicidade mais frequente e assídua. É melhor que a conversa seja feita espontaneamen-
te, sem esperar para ser chamado.
107. A liberdade na escolha do diretor não reduz a atitude de respeito. Se aceita a ajuda com
espírito de fé. A conversa deve ser feita com sobriedade, oralmente ou lendo qualquer coisa
anteriormente escrita, prestando contas da própria consciência e da situação na qual se encontra
em relação ao plano de vida pensado em vista da direção.
O normal é que se peça conselho sobre as virtudes, os defeitos, a vocação, a oração, a vida de
família, a vida fraterna, os próprios deveres (especialmente o trabalho) e o apostolado. A
abordagem de fundo é aquela de quem pergunta como agradar a Deus e como ser fi el à sua
vontade.
108. A autenticidade da vida espiritual é evidenciada na harmonia entre os conselhos solicitados
ou recebidos e a vida prática coerente. O exame pessoal é muito útil para o conhecimento
próprio, além da participação aos retiros espirituais coligados à direção espiritual.
109. O cristão deve sempre agir com total liberdade e responsabilidade. A função do diretor
espiritual é ajudar a pessoa a escolher, e também a decidir livre e responsavelmente, diante de
Deus, aquilo que deve fazer, com maturidade cristã. A pessoa dirigida deve assumir livre e
responsavelmente o conselho espiritual, e se vier a errar não deve descarregar a responsabilidade
sobre o diretor espiritual.
112. Neste ministério ou serviço de direção espiritual, o sacerdote, como no ministério da
reconciliação sacramental, representa Cristo Bom Pastor, guia, mestre, irmão, pai, médico.
115. O convite a praticar a direção espiritual deveria ser um capítulo importante e permanente de
qualquer plano de pastoral, que deve ser sempre e ao mesmo tempo pastoral da santificação e da
missão.
131. Como é lógico, a direção espiritual privilegia o nível ou dimensão espiritual, porque o
aconselhamento destina-se principalmente a melhorar a fidelidade à própria vocação, o
relacionamento com Deus (a oração e a contemplação), a santidade ou perfeição, a fraternidade
ou a comunhão eclesial, e a disponibilidade para o apostolado.
134. O caminho da direção espiritual é de ajuda para fazer com que a formação teológica e
pastoral seja relacional. Em qualquer tema doutrinal e prático, procura-se viver o encontro
pessoal com Cristo (cfr. Mc. 3,13-14; Jo. 1,39) e o seguimento evangélico (cfr. Mt. 4,19-
22; Mc. 10,21-31.38), em comunhão com os irmãos (cfr. Lc. 10,1; Jo. 17,21-23), para partilhar e
continuar a sua missão (cfr. Jo. 20,21). O serviço da direção espiritual contribui para a formação
pessoal e para a construção da Igreja de comunhão.

CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros,


2. ed. 2013:
Direção espiritual para si e para os outros
73. Paralelamente ao Sacramento da Reconciliação, o presbítero não deixará de exercer o
ministério da direção espiritual[338]. A descoberta e a difusão desta prática, em momentos
diversos da administração da Penitência, é um grande benefício para a Igreja no tempo
presente[339]. A disponibilidade generosa e ativa os presbíteros para praticá-la constitui também
uma ocasião importante para determinar e sustentar as vocações ao sacerdócio e às várias formas
de vida consagrada.
Para contribuir para o melhoramento da sua espiritualidade, é necessário que os presbíteros
recebam eles mesmos a direção espiritual, porque «com a ajuda do acompanhamento ou
conselho espiritual [...] é mais fácil discernir a ação do Espírito Santo na vida de cada
Direção espiritual particular, 31

indivíduo»[340]. Colocando nas mãos dum sábio colega – instrumento do Espírito Santo – a
formação da sua alma, a partir dos primeiros anos de ministério, crescerão na consciência da
importância de não caminhar sozinhos pelos caminhos da vida espiritual e do empenho pastoral.
Recorrendo a este meio eficaz de formação, tão experimentado na Igreja, os presbíteros terão
plena liberdade na escolha da pessoa que lhes possa dirigir.

CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, O dom da vocação presbiteral. Ratio fundamentalis


Institutionis sacerdotalis. Edições CNBB, 2017:
n. 43 (recomendação entre os meios);
n. 88b (ajuda em união com o Sacramento da Confissão);
n. 107: “A direção espiritual é um instrumento privilegiado para o crescimento integral da
pessoa. O Diretor Espiritual deve ser escolhido livremente pelo seminarista entre os sacerdotes
designados pelo Bispo (CIC, cân. 239, § 2). Tal liberdade é realmente autêntica somente quando
o seminarista abre-se com sinceridade, confiança e docilidade. O encontro com o Diretor
Espiritual não deve ser ocasional, mas sistemático e regular; a qualidade do acompanhamento
espiritual é, de fato, importante para a própria eficácia de todo o processo formativo.”
n. 136 (direção espiritual no seminário);
n. 178 (formação para oferecer direção espiritual na futura missão pastoral).
Direção espiritual particular, 32

APÊNDICE I EXAME DE CONSCIÊNCIA PARA OS SACERDOTES

1. « Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade » (Jo. 17,19)
Proponho-me seriamente à santidade em meu ministério?
Estou convencido de que a fecundidade do meu ministério sacerdotal vem de Deus e que, com a
graça do Espírito Santo, devo identificar-me com Cristo e dar a minha vida pela salvação do
mundo?

2. « Isto é o meu Corpo » (Mt. 26,26)


O Santo Sacrifício da Missa é o centro da minha vida interior?
Preparo-me bem, celebro devotamente e, depois, me recolho em ação de graças?
A Missa constitui o ponto de referência habitual em minha jorna da para louvar a Deus, agradecê-
lo pelos seus benefícios, recorrer à sua benevolência e reparar pelos meus pecados e pelos de todos
os homens?

3. « O zelo pela tua casa me devora » (Jo. 2,17)


Celebro a Missa segundo os ritos e as normas estabelecidas, com autêntica motivação, com os
livros litúrgicos aprovados?
Estou atento às sagradas espécies conservadas no Sacrário, renovando-as periodicamente?
Conservo os vasos sagrados com atenção?
Uso dignamente todas as vestes sagradas previstas pela Igreja, tendo presente que atuo in persona
Christi Capitis?

4. « Permanecei em meu amor » (Jo. 15,9)


Causa-me alegria permanecer diante de Jesus Cristo presente no Santíssimo Sacramento, em
minha meditação e silenciosa adoração?
Sou fiel à visita diária ao Santíssimo Sacramento?
O meu tesouro é o Sacrário?

5. « Explica-nos a parábola » (Mt. 13,36)


Faço diariamente a minha meditação, com atenção e procurando superar qualquer tipo de distração
que me separe de Deus, buscando a luz do Senhor, a quem sirvo?
Medito assiduamente a Sagrada Escritura? Recito atentamente as minhas orações habituais?

6. É necessário « orar sempre, sem desfalecer » (Lc. 18,1)


Celebro quotidianamente a Liturgia das Horas integralmente, dignamente, atentamente e
devotamente?
Sou fiel ao meu compromisso com Cristo nesta dimensão importante do meu ministério, orando
em nome de toda a Igreja?

7. « Vem e segue-me » (Mt. 19,21)


Nosso Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro amor da minha vida?
Observo com alegria meu compromisso de amor a Deus na continência celibatária?
Detive-me conscientemente em pensamentos, desejos ou atos impuros;
tive conversas inconvenientes?
Coloquei-me em ocasião próxima de pecado contra a castidade? Procuro guardar a vista?
Fui imprudente ao tratar as diversas categorias de pessoas?
A minha vida representa, para os fiéis, um testemunho do fato de que a pureza é possível, fecunda
e alegre?

8. « Quem tu és? » (Jo. 1,20)


Encontro elementos de fraqueza, preguiça e fragilidade em minha conduta habitual?
Direção espiritual particular, 33

As minhas conversas estão de acordo com o sentido humano e sobrenatural que um sacerdote deve
ter?
Estou atento para que não se introduzam em minha vida elementos superficiais ou frívolos?
Sou coerente, em todas as minhas ações, com a minha condição de sacerdote?

9. « O Filho do homem não há onde repousar a cabeça » (Mt. 8,20


Amo a pobreza cristã?
Coloco meu coração em Deus e sou desapega do, interiormente, de todo o resto?
Estou disposto a renunciar, para melhor servir a Deus, às minhas comodidades atuais, aos meus
projetos pessoais, aos meus afetos legítimos?
Possuo coisas supérfluas, fiz gastos desnecessários ou me deixo levar pela ânsia do comodismo?
Faço o possível para viver os momentos de repouso e de férias na presença de Deus, recordando
que sou sacerdote sempre e em todo lugar, também nestes momentos?

10. « Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos » (Mt. 11,25)
Existem em minha vida pecados de soberba: dificuldades interiores, suscetibilidade, irritação,
resistência a perdoar, tendência ao desencorajamento, etc.?
Peço a Deus a virtude da humildade?

11. « Imediatamente, saiu sangue e água » (Jo. 19, 34)


Tenho a convicção de que, ao agir « na pessoa de Cristo », sou diretamente envolvido no próprio
Corpo de Cristo, a Igreja?
Posso dizer sinceramente que amo a Igreja e que sirvo com alegria ao seu crescimento, as suas
causas, cada um de seus membros e toda a humanidade?

12. « Tu és Pedro » (Mt. 16,18)


Nihil sine episcopo – nada sem o bispo – dizia Santo Inácio de Antioquia: estas palavras são a base
do meu ministério sacerdotal?
Recebi docilmente as indicações, conselhos ou correções do meu Ordinário?
Rezo especialmente pelo Santo Padre, em plena união com os seus ensinamentos e intenções?

13. « Amai-vos uns aos outros » (Jo. 13,34)


Tenho vivido com diligência a caridade ao tratar com os meus ir mãos sacerdotes ou, ao contrário,
desinteresso-me deles por egoísmo, apatia ou frieza?
Tenho criticado os meus irmãos no sacerdócio?
Tenho estado junto daqueles que sofrem pela enfermidade física ou pelas dores morais?
Vivo a fraternidade afim de que ninguém esteja só?
Trato todos os meus irmãos sacerdotes e também aos fiéis leigos com a mesma caridade e paciência
de Cristo?

14. « Eu sou o caminho, a verdade e a vida » (Jo. 14,6)


Conheço profundamente os ensinamentos da Igreja?
Os assimilo e transmito fielmente?
Sou consciente de que ensinar o que não corresponde ao Magistério, solene ou ordinário, é um
grave abuso, que causa dano às almas?

15. « Vai e não tornes a pecar » (Jo. 8,11)


O anúncio da Palavra de Deus leva os fiéis aos sacramentos. Confesso-me com regularidade e com
frequência, de acordo com o meu estado e com as coisas santas que trato?
Celebro generosamente o sacramento da reconciliação?
Sou amplamente disponível à direção espiritual dos fiéis, dedicando a isto um tempo específico?
Preparo com desvelo a minha pregação e a minha catequese?
Direção espiritual particular, 34

Prego com zelo e com amor de Deus?

16. « Chamou os que ele quis. E foram a ele. » (Mc. 3,13)


Estou atento a descobrir os sinais das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada?
Preocupo-me em difundir entre todos os fiéis uma maior consciência da chamada universal à
santidade?
Peço aos fiéis para que rezem pelas vocações e pela santificação do clero?

17. « O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir » (Mt. 20,28)
Tenho procurado doar-me aos outros na vida de cada dia, servindo evangelicamente?
Manifesto a caridade do Senhor através de minhas obras?
Na Cruz, vejo a presença de Jesus Cristo e o triunfo do amor?
Dou ao meu dia-a-dia a marca do espírito de serviço?
Considero o exercício da autoridade ligada ao ofício uma forma imprescindível de serviço?

18. « Tenho sede » (Jo. 19,28)


Tenho efetivamente rezado e me sacrificado com generosidade pelas almas que Deus me confiou?
Cumpro os meus deveres pastorais?
Tenho solicitude pelas almas dos fiéis defuntos?

19. « Eis o teu filho. Eis a tua mãe » (Jo. 19,26-27)


Acudo cheio de esperança à Santíssima Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes, para amar e fazer com
que amem mais ao seu Filho Jesus?
Cultivo a piedade mariana?
Reservo um espaço a cada dia para o Santo Rosário?
Recorro à sua materna intercessão na luta contra o demônio, a concupiscência e o mundanismo?

20. « Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito » (Lc. 23,44)


Sou solícito em assistir e administrar os sacramentos aos moribundos?
Considero a doutrina da Igreja sobre os Novíssimos em minha meditação pessoal, na catequese e
na pregação ordinária?
Peço a graça da perseverança final e convido os fiéis a fazerem o mesmo?
Sufrago frequente e devotamente as almas dos fiéis defuntos?

Que DEUS que quer para todos a felicidade eterna na união definitiva consigo
na glória celeste!,
Que Ele nos ajude
a corresponder à Sua Santa Vontade nesta breve vida terrestre.
Direção espiritual particular, 35

Algumas fontes
Literatura não falta; não há livro sobre a Espiritualidade Sacerdotal que não toca esse tema, e assim
se encontra nos documentos eclesiásticos, p. ex.
Presbiterorum Ordinis 11; Codigo do Direito Canônigo, can. 239 § 2; 240 § 2; 246 § 4.
Catecismo da Igreja católica, n. 2672, 2690.
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. O Sacerdote Ministro da Misericórdia Divina: Subsídio
para Confessores e Diretores espirituais. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2011; e nota 122.
ID. Diretório para o Ministério e a vida dos Presbítero, (ed. 2013), nn. 24-25, 34, 37, 49-51, 73,
103, 110.
Para a Vida religiosa: Potissimum Institutioni (sobre a formação), n. 63 e 71.

Aqui apenas algumas indicações.


COSTA, M., Direzione Spirituale e Discernimento, ADP, Roma 1993.
DUBAY, Thomas, Seeking Spiritual Direction. How to Grow the Divine Life Within, Servant
Publications, Ann Arbor, MI, 1993.
ELDREDGE, John, Wild at Heart. Discovering the Secret of a Man’s Soul, Thomas Nelson
Publisher, Nashville, 462004.
ESPA, Fulgentius. Canta comigo: O acompanhamento spiritual. São Paulo: Cultor de Livros,
2017.
GOYA, Benito. Luce e guida nel cammino: Manuale di direzione spirituale. Bologna, 2004.
FAUS, F. O Sacerdote: Pastor, pai, médico, mestre, juiz. www.padrefaus.org
FERNÁNDEZ-CARVAJAL, F., Para llegar a puerto: El sentido de la ayuda espiritual, Ed.
Palabra, Madrid 32010.
FLEMING, D. L. (ed.) The Christian Ministry of Spiritual Direction. St. Louis, MO: Review for
Religious,1988 (44 articles, 445 p.).
FRATTALLONE, R. La Direzione spirituale oggi: Una proposta di ricomprensione. Torino:
Società Editrice Internazionale, 1996.
GREEN, Thomas H. The Friend of the Bridegroom: Spiritual Direction and the encounter with
Christ. Notre Dame, IN: Ave Maria Press, 2000.
HUNTER, James C., The Servant, 1998; O Monge e o executivo. Uma História sobre a essência
da Liderança, Sextante, Rio de Janeiro RJ, 182004.
JOÃO DA CRUZ. Chama viva. III, 27-67.
KIENINGER, J. T. Teologia pastoral – Direção e Aconselhamento Espiritual. (Apostila), 2020.
MACHADO, Gonçalo Rosa. Teologia Espiritual Geral (Pro manuscripto ad usum privatum)
Anápolis GO 2021, cap. 9: “Direção e acompanhamento spiritual” (p. 75-84).
PEREZ MILLA, C., Direzione Spirituale. Amicizia in Cristo?, Teresianmum, Roma 1975.
PLUS-STERNAUX, A arte do aconselhamento, ed. Formatto, São Paulo 2009.
SEMINÁRIO MAIOR INTERDIOCESANO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY. Estatuto
canônico. Goiânia, 2020.
ID. Sequor autem: Plano pedagógico e regulamento de Vida. S.a., p. 62.
SCHNEIDER, M. Die Unterscheidung vom ‘Forum externum‘ und ‚Forum internum‘ in der
Priesterausbildung. Köln: Koinonia - Oriens e. V., 2012.
SCIADINI, P., A pedagogia da Direção espiritual, Ed. Carmelitas e ed. Loyola, São Paulo 2006
(versão abreviada, 2008)
VAZ Filho, O. Aládio. A Importância para a Igreja da direção espiritual na vida dos Padres e
Seminaristas. 2013 – paróquia@avalon.sul.com.br .
Direção espiritual particular, 36

Índice:

1º O que é a “direção espiritual” e a que se refere - 03


a) A direção espiritual se ocupa com a santidade pessoal de uma alma - 03
b) O pedido da Igreja - 04

2º O caminho longo de formação até a porta do mosteiro (ou seminário) - 07


a) O caminho vocacional em forma sucessiva a outras fases de formação - 08
b) O caminho vocacional em forma entrelaçada - 12
c) A direção espiritual em forma de amizade espiritual - 13

3º Os pontos delicados - 16
a) A dificuldade de encontrar um diretor - 16
b) A dificuldade de humilhar-se diante de um diretor - 19

4º No concreto - 20
a) Compete a quem? - 20
b) Se trata concretamente de que? - 21
c) Por fim – e se falha? - 23

DIREÇÃO ESPIRITUAL segundo documentos da Igreja - 25

EXAME DE CONSCIÊNCIA PARA OS SACERDOTES - 32

Algumas fontes (bibliográficas) - 35

Índice - 36

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