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As Marcas de um Líder Espiritual

John Piper

Éden Publicações
Direitos autorais © 2022 Éden Publicações

Título original em inglês: The Marks of a Spiritual Leader


Copyright © 2022 by Éden Publicações

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Produção editorial
Editor: Rafael Salazar
Capa & Arte Gráfica: Rebeca Salazar
Tradução: Rafael B. Salazar
Revisão: Rebeca Salazar e Michelline Bastos
Diagramação: Marcos Jundurian

Todas as citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e


Atualizada, 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzida de qualquer
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Impresso no Brasil / Printed in Brazil


Índice

Página do título
Direitos autorais
Introdução
O Círculo Interno de Liderança Espiritual
O Círculo Externo de Liderança Espiritual
Conclusão
Sobre o autor
Introdução
Eu defino liderança espiritual como o saber onde Deus quer
que as pessoas estejam e o tomar a iniciativa de usar os métodos
de Deus para levá-las até lá, confiando no poder de Deus. A
resposta para onde Deus quer que as pessoas estejam está em
uma condição espiritual e um estilo de vida que mostre a glória de
Deus e honre seu nome.
Portanto, o objetivo da liderança espiritual é fazer com que as
pessoas venham a conhecer a Deus e glorificá-lo em tudo o que
fazem. A liderança espiritual visa não tanto dirigir as pessoas, mas
sim mudar as pessoas. Se quisermos ser o tipo de líderes que
devemos ser, precisamos ter como objetivo desenvolver pessoas em
vez de ditar planos. Você pode levar as pessoas a fazerem o que
quer, mas se elas não mudarem em seus corações, você não as
liderou espiritualmente. Você não as levou para onde Deus quer que
elas estejam.
Todos têm a responsabilidade de liderança em alguns
relacionamentos. Mas minha preocupação neste pequeno livro é
com as características que uma pessoa deve ter para ser um líder
espiritual que se destaca tanto na qualidade de sua direção quanto
no número de pessoas que o seguem.
A liderança espiritual bíblica contém um círculo interno e um
círculo externo. O círculo interno da liderança espiritual é aquela
sequência de eventos na alma humana que devem acontecer se
alguém quiser dar o primeiro passo na liderança espiritual. Estes
são os fundamentos básicos absolutos. São coisas que todos os
cristãos devem alcançar em algum grau, e quando são alcançadas
com grande fervor e profunda convicção, muitas vezes levam a uma
liderança forte. No círculo externo, estão as qualidades que
caracterizam tanto os líderes espírituais quanto os não-espirituais.
O Círculo Interno de Liderança Espiritual
1. Para que outros glorifiquem a Deus
O objetivo final de toda liderança espiritual é que outras
pessoas possam vir a glorificar a Deus, isto é, possam sentir, pensar
e agir de modo a magnificar o verdadeiro caráter de Deus. De
acordo com Mateus 5:14-16, um dos meios cruciais pelos quais um
líder cristão leva outras pessoas a glorificar a Deus é ser uma
pessoa que ama tanto o amigo quanto o inimigo. “Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte;
nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire,
mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.
Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus.” Este texto mostra que há uma atitude e estilo de vida que é
tão distinto que, quando aparece na arena da humanidade caída,
fornece evidência válida de que existe um Deus, e ele é um Pai
celestial gloriosamente confiável.
Quando a realidade das promessas de Deus sobre cuidar de
nós, e fazer tudo cooperar para o nosso bem, toma nossos corações
para que não sejamos vítimas da ganância, medo ou vanglória, mas
sim manifestemos um contentamento e um amor e liberdade para os
outros, então o mundo terá que admitir que aquele que nos dá
esperança e liberdade deve ser real e glorioso.

2. Amar tanto amigo quanto inimigo confiando em Deus e


esperando em suas promessas Mas como alcançaremos um amor
forte o suficiente para abençoar e orar por nossos inimigos? A
resposta dada nas Escrituras (e este é o terceiro nível no círculo
interno) é que a confiança em Deus e a esperança em suas
promessas levam ao amor.
Gálatas 5:6 diz: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão,
nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”.
Isto é, quando temos uma fé intensa na bondade de Deus, ela
inevitavelmente se desenvolve em amor.
Colossenses 1:4-5 diz: “desde que ouvimos da vossa fé em
Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; por
causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual
antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho”. Em outras
palavras, quando nossa esperança é forte, nos libertamos de medos
e cuidados que impedem o livre exercício do amor.
Portanto, um líder espiritual deve ser uma pessoa que tem
forte confiança na bondade soberana de Deus em fazer tudo
cooperar para o seu bem. Caso contrário, ele inevitavelmente cairá
na armadilha de manipular as circunstâncias e explorar as pessoas
para garantir para si um futuro feliz o qual ele não tem certeza de
que Deus proverá.
3. Medite e ore sobre sua palavra
Mas, como nós pecadores chegaremos a ter esse tipo de
confiança em Deus? Romanos 10:17 diz: “E, assim, a fé vem pela
pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”. E o Salmo 119:18
diz: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as
maravilhas da tua lei”. Esses dois textos juntos nos mostram que a
fé em Deus está enraizada na palavra de Deus. Quando ouvimos a
palavra de Deus, especialmente a pregação da pessoa e obra de
Jesus, em quem todas as promessas de Deus têm seu sim, somos
levados a confiar nele.
Mas isso não acontece automaticamente. Devemos orar para
que nossos olhos estejam abertos para a verdadeira importância da
palavra de Deus nas Escrituras. Assim, o líder espiritual deve ser
uma pessoa que medita nas Escrituras e ora por iluminação
espiritual. Caso contrário, sua fé enfraquecerá e seu amor se
esvanecerá, e ninguém será levado a glorificar a Deus por causa
dele.

4. Reconheça sua impotência Mas, finalmente, devemos


perguntar: como uma pessoa pode estar disposta a passar tempo
com a palavra de Deus e estar aberta a ela? A resposta parece ser
que devemos reconhecer nossa impotência. Toda verdadeira
liderança espiritual tem suas raízes no desespero. Jesus elogiou o
homem que disse: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador” (Lucas
18:13). Jesus disse acerca de seu próprio ministério: “Os sãos não
precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e
sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:31-32). Isso significa
que o início da liderança espiritual deve estar no reconhecimento de
que somos os doentes que precisam de um médico.
Uma vez que estivermos humilhados até o ponto de
desespero, estaremos dispostos a ler a prescrição do médico. E ao
lermos as maravilhosas promessas que existem para aqueles dentre
nós que confiam no médico, nossa fé se fortalecerá e nossa
esperança se tornará sólida. E quando nossa fé for forte e nossa
esperança for sólida, todas as barreiras contra o amor, como a
ganância e o medo, serão varridas para longe. Quando nos
tornamos o tipo de pessoa que pode arriscar a vida, mesmo por
nossos inimigos, e que não guarda rancor e que dedica energia para
fazer o bem aos outros em vez de buscar nosso próprio
engrandecimento, então as pessoas verão e darão glória ao nosso
Pai que está nos céus.
A implicação desse círculo interno de liderança é que, para
liderar, você precisa estar à frente de seu povo no estudo da Bíblia e
na oração. Eu penso que não haverá liderança espiritual bem
sucedida sem longos períodos de oração e meditação nas
Escrituras. Os líderes espirituais devem acordar cedo para encontrar
Deus antes de encontrar qualquer outra pessoa. Eles provavelmente
vão querer manter um diário de insights e ideias enquanto lêem a
Bíblia e oram. Vão querer ler livros sobre a Bíblia e sobre oração.
Eventualmente, vão querer separar uma tarde ou um dia inteiro para
um retiro com uma Bíblia, um caderno e um hinário. Se você quer
ser um grande líder de pessoas, precisa se afastar das pessoas, às
vezes, para estar com Deus.
O exemplo de Hudson Taylor
O Dr. Howard Taylor, em Hudson Taylor’s Spiritual Secret,
descreve uma experiência que teve ao viajar com seu pai, Hudson
Taylor, pela China. Ele escreve,

Não foi fácil para o Sr. Taylor, em sua vida cheia de


mudanças, reservar tempo para oração e estudo da Bíblia, mas
ele sabia que isso era vital. Os escritores bem se lembram de
viajar com ele mês após mês no norte da China, de carroça e
carrinho de mão, na mais pobre das estalagens à noite. Muitas
vezes, com apenas um quarto grande para trabalhadores
chineses e viajantes, eles separavam um canto para seu pai e
outro para eles mesmos, com cortinas de algum tipo; e então,
depois que o sono finalmente havia trazido uma medida de
silêncio, eles escutariam um fósforo sendo aceso e procurariam
o lampejo de luz de vela que dizia que o Sr. Taylor, embora
cansado, estava se derramando sobre a pequena Bíblia em
dois volumes que sempre carregava. Das duas às quatro da
manhã era o horário que costumava dedicar à oração; o horário
em que ele poderia estar mais certo de não ser incomodado ao
esperar em Deus. Aquele lampejo de vela significou mais para
eles do que tudo o que leram ou ouviram sobre a oração
secreta; significava realidade, não pregação, mas prática.

A parte mais difícil da carreira do missionário, o Sr. Taylor


descobriu, é manter a regularidade no estudo bíblico com
oração. “Satanás sempre encontrará algo para você fazer”, dizia
ele, “quando você deveria estar ocupado com isso, ainda que
seja apenas arrumar uma cortina de janela”.
O exemplo de George Mueller
George Mueller é notável por sua grande fé no trabalho de
seus orfanatos. Em sua autobiografia, ele tem uma seção intitulada
“Como ser constantemente feliz no Senhor”. Ele se queixa de como,
durante anos, tentou orar de manhã cedo e descobriu que sua
mente vagava repetidas vezes. Então, ele fez uma descoberta. Ele
registra o acontecido assim:

O ponto é este: vi mais claramente do que nunca que o


primeiro grande e principal assunto que eu deveria tratar todos
os dias era ter minha alma feliz no Senhor. A primeira coisa
com que me preocupar não era o quanto poderia servir ao
Senhor, como poderia glorificar o Senhor; mas como poderia
levar minha alma a um estado feliz e como meu homem interior
poderia ser nutrido... Antes desse momento, minha prática
havia sido por dez anos, pelo menos, como uma coisa habitual,
me dedicar à oração depois de me vestir pela manhã. Agora, vi
que o mais importante que eu tinha para fazer era me entregar
à leitura da palavra de Deus e meditar nela, para que assim
meu coração pudesse ser consolado, encorajado, advertido,
reprovado, instruído; e que assim, enquanto meditava, meu
coração pudesse ser levado à comunhão experimental com o
Senhor. Comecei, portanto, a meditar no Novo Testamento,
desde o início, de manhã cedo. A primeira coisa que fiz, depois
de ter pedido em poucas palavras a bênção do Senhor sobre
sua preciosa palavra, era começar a meditar na palavra de
Deus, pesquisando, por assim dizer, em cada versículo para
obter bênçãos dela; não por causa do ministério público da
palavra; não para pregar sobre o que eu havia meditado; mas
para obter alimento para minha alma. Descobri que o resultado
é quase invariavelmente este, que depois de alguns minutos
minha alma foi levada à confissão, ou ação de graças, ou
intercessão, ou súplica; de modo que, embora não me
dedicasse, por assim dizer, à oração, mas à meditação, ela se
transformou quase imediatamente, mais ou menos, em oração.
Quando estive dessa forma por um tempo fazendo confissão ou
intercessão ou súplica, ou ação de graças, passo para as
próximas palavras ou versículos, transformando tudo, à medida
que prossigo, em oração por mim mesmo ou pelos outros,
conforme a palavra me conduzir; mas ainda mantendo
continuamente diante de mim aquele alimento para minha alma
como objeto de minha meditação. O resultado disso é que há
sempre muita confissão, ação de graças, súplica, ou
intercessão misturada com minha meditação e que meu homem
interior quase invariavelmente é nutrido e fortalecido, de modo
quase sensível, e que na hora do café da manhã, com raras
exceções, estou em um estado de coração pacífico, se não
feliz.

Agora que Deus me ensinou este ponto, ele é tão claro para
mim como qualquer outro: que a primeira coisa que o filho de
Deus tem que fazer manhã após manhã é obter alimento para o
homem interior. Assim como o homem exterior não está apto
para trabalhar por muito tempo, a não ser que comamos, e
como esta é uma das primeiras coisas que fazemos pela
manhã, assim deve ser com o homem interior. Devemos tomar
comida para ele, como todos precisam. Agora, qual é o alimento
para o homem interior? Não a oração, mas a palavra de Deus; e
aqui novamente, não a simples leitura da palavra de Deus, para
que ela apenas passe pela nossa mente, como a água corre por
um cano, mas considerando o que lemos, refletindo sobre isso
e aplicando-o ao nosso coração.

Pela bênção de Deus, atribuo a este modo a ajuda e a força


que tive para passar em paz por provações mais profundas de
maneiras diferentes do que jamais tive antes; e depois de ter
agora mais de quarenta anos experimentado desta forma,
posso mais plenamente, no temor de Deus, recomendá-la.
Quão diferente é quando a alma está revigorada e feliz de
manhã cedo, do que quando, sem preparação espiritual, o
serviço, as provações e as tentações do dia vêm sobre a
pessoa!

Deveria ser um encorajamento para todos nós perseverarmos


em meditação nas Escrituras quando lemos uma carta que, em
1897, George Mueller enviou à British and Foreign Bible Society
(Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira) na qual ele teve que se
desculpar de não participar de uma reunião em Burmingham. Ele
disse: “Você faria a gentileza de ler para a reunião que tenho sido,
por sessenta e oito anos e três meses, a saber, desde julho de 1929,
um amante da palavra de Deus e isso ininterruptamente. Durante
esse tempo, li consideravelmente mais de cem vezes todo o Antigo
e o Novo Testamento com oração e meditação”. Se quisermos ser
líderes espirituais poderosos, devemos nos mover na direção de
Hudson Taylor e George Mueller.
O Círculo Externo de Liderança Espiritual

Todos na igreja têm um ou mais dons espirituais. Todos


devem estar envolvidos no ministério. Todos devem procurar levar
os outros ao ponto em que tragam glória a Deus pela maneira como
pensam, sentem e agem. Mas há algumas pessoas a quem Cristo,
que ressuscitou e reina, deu qualidades de personalidade que
tendem a torná-las líderes mais capazes do que outros. Nem todas
essas qualidades são distintivamente cristãs, mas quando o Espírito
Santo enche a vida de uma pessoa, cada uma dessas qualidades é
aproveitada e transformada para os propósitos de Deus.
1. Inquieto

Os líderes espirituais têm um santo descontentamento com o


status quo. Os não-líderes têm uma inércia que faz com que eles se
acomodem e os torna muito difíceis de sair do ponto morto. Os
líderes anseiam por mudar, mover, estender a mão, crescer e levar
um grupo ou uma instituição a novas dimensões de ministério. Eles
têm o espírito de Paulo, que disse em Filipenses 3:13: “Irmãos,
quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para
as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Os líderes são sempre
pessoas muito orientadas em objetivos.
A história da redenção de Deus não está terminada. A igreja
está cheia de imperfeições, ovelhas perdidas ainda não estão no
aprisco, necessidades de todo tipo no mundo não foram atendidas,
o pecado infecta os santos. É impensável que devamos nos
contentar com as coisas do jeito que estão em um mundo caído e
uma igreja imperfeita. Portanto, Deus se agradou em colocar uma
santa inquietação em alguns de seu povo, e essas pessoas muito
provavelmente serão os líderes.
2. Otimista

Os líderes espirituais são otimistas não porque o homem é


bom, mas porque Deus está no controle. O líder não deve deixar
seu descontentamento se tornar desconsolo. Quando ele vê a
imperfeição da igreja, deve dizer junto ao escritor de Hebreus:
“Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das
coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que
falamos desta maneira” (Hebreus 6:9). O fundamento de sua vida é
Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito”. Ele argumenta com Paulo que: “Aquele
que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?” (Romanos 8:32).
Sem essa confiança baseada na bondade de Deus manifesta
em Jesus Cristo, a perseverança do líder vacilaria e as pessoas não
seriam inspiradas. Sem otimismo, a inquietação se torna desespero.
3. Intenso

A grande qualidade que desejo em meus associados é a


intensidade. Romanos 12:8 diz que se o seu dom for liderança faça-
o “com diligência”. Romanos 12:11 diz: “No zelo, não sejais
remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor”. Quando
os discípulos se lembraram da maneira como Jesus havia se
comportado em relação ao templo de Deus, eles o descreveram
com palavras do Antigo Testamento como esta: “O zelo da tua casa
me consumirá” (João 2:17). O líder segue o conselho de Eclesiastes
9:10: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças”.
Quando Jonathan Edwards era jovem, ele escreveu uma lista
de cerca de 70 resoluções. A que mais me inspirou é escrita assim:
“Viver com todas as minhas forças enquanto eu viver”. O Conde
Zinzendorf dos Morávios disse: “Eu tenho uma paixão. É Ele e
somente Ele.” Jesus nos adverte em Apocalipse 3:16 que ele não
tem nenhum gosto por pessoas que são mornas: “Assim, porque és
morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da
minha boca”.
Os líderes espirituais devem sair sozinhos para algum lugar e
refletir sobre as coisas indizíveis e estupendas que sabem sobre
Deus. Se a vida deles for um bocejo prolongado, eles estão
simplesmente cegos. Os líderes devem dar evidências de que as
coisas do Espírito são intensamente reais. Eles não podem fazer
isso a menos que eles próprios sejam intensos.
4. Autocontrolado

Por autocontrolado não quero dizer formal e conveniente,


mas sim mestre de nossos impulsos. Se devemos levar outros a
Deus, não podemos ser conduzidos em direção ao mundo. De
acordo com Gálatas 5:23, o domínio próprio é um fruto do Espírito.
Não é mera força de vontade. É apropriar-se do poder de Deus para
dominar nossas emoções e nossos apetites que podem nos desviar
ou fazer com que ocupemos nosso tempo com esforços infrutíferos.
Em 1 Coríntios 6:12 Paulo diz: “Todas as coisas me são
lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. O líder
cristão deve examinar sua vida implacavelmente para ver se ele é o
menos escravizado pela televisão, Internet, mídia social, comida,
álcool, café, refrigerante, esportes, jogos de computador, compras,
livros de romances, pornografia, masturbação ou preocupação com
agradar os outros.
Paulo disse em 1 Coríntios 9:25: “Todo atleta em tudo se
domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a
incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto,
não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o
reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha
eu mesmo a ser desqualificado”. E ele diz em Gálatas 5:24: “E os
que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões
e concupiscências”.
Líderes espirituais perseguem os maus hábitos
implacavelmente e os rompem pelo poder do Espírito. Eles ouvem e
seguem Romanos 8:13, “Porque, se viverdes segundo a carne,
caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os
feitos do corpo, certamente, vivereis”. Os líderes espirituais anseiam
por estar livres de tudo que impede seu pleno deleite em Deus e
serviço aos outros.
5. Pele grossa

Pelo menos isso é certo na liderança: se você começar a


liderar os outros, será criticado. Ninguém será um líder espiritual
significativo se seu objetivo for agradar os outros e buscar sua
aprovação. Paulo disse em Gálatas 1:10: “Porventura, procuro eu,
agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a
homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo”.
Os líderes espirituais não buscam os louvores dos homens.
Eles buscam agradar a Deus. Dr. Carl Lundquist, ex-presidente do
Bethel College and Seminary, disse em seu relatório final à
Conferência Geral Batista que dificilmente houve um dos vinte e oito
anos em que serviu que não sofreu oposição ativa de muitas
pessoas.
Se a crítica nos incapacita, nunca teremos êxito como líderes
espirituais. Não quero dizer que devemos ser o tipo de pessoa que
não se sente magoada, mas sim que não devemos ser varridos pela
dor. Devemos ser capazes de dizer junto com Paulo em 2 Coríntios
4:8: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos,
porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados;
abatidos, porém não destruídos”. Sentiremos a crítica, mas não
seremos incapacitados por ela. Como Paulo diz em 2 Coríntios 4:16:
“Não desanimamos”.
Os líderes devem ser capazes de digerir a depressão, porque
vão comer bastante dela. Haverá muitos dias em que a tentação é
muito forte para desistir por causa de pessoas ingratas. A crítica é
uma das armas favoritas de Satanás para tentar fazer com que
líderes cristãos eficazes joguem a toalha.
Devo, no entanto, qualificar essa característica de ser “pele
grossa”. Não quero dar a impressão de que os líderes espirituais
estão fechados para crítica legítima. Um bom líder não deve apenas
ser inflexível, mas também aberto e humildemente pronto a aceitar e
aplicar críticas justas. Nenhum líder é perfeito, e Jonathan Edwards
disse certa vez que tornou uma disciplina espiritual o buscar a
verdade em todas as críticas que cruzassem seu caminho antes de
descartá-las. Esse é um bom conselho.

6. Enérgico

Pessoas preguiçosas não podem ser líderes. Os líderes


espirituais “redimem o tempo” (Efésios 5:16). Eles trabalham
enquanto é dia, porque sabem que a noite vem quando ninguém
pode trabalhar (João 9:4). Eles “não [se cansam] de fazer o bem”,
pois sabem que no devido tempo colherão se não desanimarem
(Gálatas 6:9). Eles são “firmes, inabaláveis e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é
vão” (1 Coríntios 15:58).
Mas eles não levam o crédito por essa grande energia, nem
se gabam de seus esforços, porque dizem junto com o apóstolo
Paulo: “trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas
a graça de Deus comigo” (1 Coríntios 15:10). E: “para isso é que eu
também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua
eficácia que opera eficientemente em mim” (Colossenses 1:29).
O mundo é governado por homens cansados, alguém já
disse. Um líder deve aprender a viver com a pressão. Nenhum de
nós realiza muito sem prazos, e prazos sempre criam uma sensação
de pressão. Um líder não vê a pressão do trabalho como uma
maldição, mas como uma glória. Ele não deseja desperdiçar sua
vida em excesso de lazer. Ele adora ser produtivo. E ele lida com a
pressão e evita que ela se torne preocupante por meio de
promessas como Mateus 11:27–28, Filipenses 4:7–8 e Isaías 64:4.

7. Um pensador sério

“Na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede


homens amadurecidos” (1 Coríntios 14:20). Não é fácil ser líder de
pessoas que podem superar você em pensamento. Um líder deve
ser aquele que, quando vê um conjunto de circunstâncias, pensa
sobre isso. Ele se senta com um bloco de notas e lápis, rabisca,
escreve e cria. Testa todas as coisas com sua mente e se apega ao
que é bom (1 Tessalonicenses 5:21).
Ele é crítico no melhor sentido da palavra — isto é, não é
ingênuo, caprichoso ou seguidor de modismos. Ele pesa as coisas e
considera prós e contras e sempre tem uma razão significativa para
as decisões que toma. O pensamento com rigor e cuidado não é
contrário à dependência em oração e na revelação divina. O
apóstolo Paulo disse a Timóteo em 2 Timóteo 2:7: “Pondera o que
acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as
coisas”. Em outras palavras, a maneira de Deus transmitir
entendimento para nós não é proporcionando um atalho do
processo intelectual.
8. Articulado

É difícil liderar os outros se você não pode expressar seus


pensamentos com clareza e força. Líderes como Paulo visam
persuadir os homens, não coagi-los (2 Coríntios 5:11). Líderes que
são espirituais não reúnem seguidores com calor, ondas ou palavras
quentes, mas sim com frases nítidas, sólidas, e convincentes. O
apóstolo Paulo visava, como todos os bons líderes, a clareza no que
dizia. De acordo com Colossenses 4:4, ele pediu ao povo que
orasse por ele, “para que eu o manifeste, como devo fazer”.
É surpreendente e lamentável quantas pessoas hoje não
conseguem falar em frases completas. O resultado é que uma
grande neblina envolve seu pensamento. Nem eles, nem seus
ouvintes sabem exatamente do que estão falando. Uma névoa se
instala sobre a discussão, e você vai embora se perguntando do que
se tratava. Se ninguém se eleva acima da confusão e do caos verbal
de “Você sabe... Quero dizer... Tipo, sério”, não haverá nenhuma
liderança.
9. Capaz de ensinar

Não me surpreende que alguns dos grandes líderes de nossa


igreja tenham sido homens que também são mestres importantes.
De acordo com 1 Timóteo 3:2, qualquer pessoa que aspira ao cargo
de presbítero na igreja deve ser capaz de ensinar. O que é um bom
mestre? Acho que um bom mestre tem pelo menos as seguintes
características: * Um bom mestre se faz as perguntas mais difíceis,
elabora as respostas e, em seguida, formula perguntas provocativas
para que seus alunos estimulem seu pensamento.
* Um bom mestre analisa sua matéria em partes e vê
relações e descobre a unidade do todo.
* Um bom mestre conhece os problemas que os alunos terão
com sua matéria e incentiva-os e os faz superar as corcundas do
desânimo.
* Um bom mestre prevê objeções e pensa nelas para poder
respondê-las de um modo inteligente.
* Um bom mestre pode se colocar no lugar de vários alunos
e, portanto, explicar coisas difíceis em termos que sejam claros do
ponto de vista deles.
* Um bom mestre é concreto, não abstrato, específico, não
geral, preciso, não vago, vulnerável, não evasivo.
* Um bom mestre sempre pergunta: “E então?” e tenta ver
como as descobertas moldam todo o nosso sistema de pensamento.
Ele tenta relacionar as descobertas com a vida e tenta evitar a
compartimentação.
O objetivo de um bom mestre é a transformação de toda a
vida e pensamento em uma unidade que honre a Cristo.

10. Um bom juiz de caráter


Jesus conhecia o coração dos homens (João 2:17) e nos
exortou a sermos perspicazes ao avaliar os outros (Mateus 7:15).
Os líderes devem saber quem está apto para que tipo de trabalho.
Bons líderes têm bons narizes. Eles podem farejar cracas
rapidamente, ou seja, pessoas que estão sempre ouvindo, mas
nunca aprendendo ou mudando. Eles podem detectar potencial
quando o vêem em um iniciante. Eles podem ouvir em pouco tempo
os ecos de orgulho, hipocrisia e mundanismo. O líder espiritual
segue um curso cuidadoso entre os perigos da rígida rotulação, por
um lado, e a indiferença, por outro.
11. Possuir tato

Paulo disse em Colossenses 4:5-6: “Portai-vos com


sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades.
A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
saberdes como deveis responder a cada um”. E o escritor de
Provérbios disse: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é
a palavra dita a seu tempo” (Provérbios 25:11).
Devemos lembrar que os líderes têm como objetivo mudar os
corações, não apenas terminar o trabalho. Portanto, alienar as
pessoas desnecessariamente é algo autodestrutivo. O tato é aquela
qualidade da graça que conquista a confiança das pessoas que têm
certeza de que você não serve ou dirá algo estúpido. Você não pode
inspirar seguidores se as pessoas tiverem que abaixar a cabeça de
vergonha pelas coisas inapropriadas e insensíveis que você diz ou
faz. O tato é especialmente necessário em um líder para ajudá-los a
lidar com situações constrangedoras ou trágicas.
Por exemplo, muitas vezes, quando você está liderando um
grupo, alguém diz algo totalmente irrelevante, que é reconhecido
como muito tolo por todos no grupo. Um líder com tato deve ser
capaz de desviar a atenção do grupo de volta para o curso principal
da discussão sem acumular desprezo sobre o indivíduo.
Outro exemplo, que me lembro, vem de minha experiência na
Wheaton College. Eu estava presente no culto de capela onde V.
Raymond Edman teve um ataque cardíaco no púlpito e caiu e
morreu. Hudson Armerding, que o seguiu como presidente, estava
sentado atrás dele quando o Dr. Edman fez uma pausa em sua
palestra, deu um passo para o lado e caiu. Em uma das mais belas
e sensíveis demonstrações de tato que eu já vi, o Dr. Armerding
rapidamente se ajoelhou ao lado dele enquanto 2.000 alunos
ficaram em silêncio. Então ele se levantou, nos guiou em uma breve
oração entregando o Dr. Edman ao Senhor, e dispensou os alunos
em silêncio. Dr. Edman morreu enquanto saíamos.
O tato de um líder deve se manifestar diante de confronto
direto. A pessoa que não está disposta a se aproximar de alguém
que precisa de admoestação ou repreensão não será um líder
espiritual bem-sucedido. Combinado com seu julgamento de caráter
das pessoas, o tato de um líder o capacitará a lidar com
negociações delicadas e pontos de vista opostos. Sua escolha de
palavras será astuta em vez de desajeitada. (Há uma grande
diferença entre dizer “Seu pé é muito grande para este sapato” e
“Este sapato é muito pequeno para o seu pé”).
12. Orientado teologicamente

Colossenses 3:17 diz: “E tudo o que fizerdes [...] fazei-o em


nome do Senhor Jesus”, e 1 Coríntios 2:16 fala do homem espiritual
como tendo a “mente de Cristo”. Um líder espiritual sabe que tudo
na vida, até os mínimos detalhes, tem a ver com Deus. Se devemos
levar as pessoas a ver e refletir a glória de Deus, devemos pensar
teologicamente sobre tudo. Devemos trabalhar para uma síntese de
todas as coisas. Devemos sondar para ver como as coisas se
encaixam. Como a guerra e os esportes e a pornografia e as
celebrações de aniversário e literatura e viagens espaciais e
doenças e empreendimentos todos se encaixam? Como eles se
relacionam com Deus e seus propósitos?
Os líderes devem ter um ponto de vista teológico que ajude a
dar coerência a todas as coisas. Isso dará ao líder uma estabilidade
que o impedirá de ser derrubado por mudanças repentinas nas
circunstâncias ou novos ventos de doutrina. Ele sabe o suficiente
sobre Deus e seus caminhos para que as coisas geralmente se
encaixem em um padrão e façam sentido mesmo quando são
desagradáveis. Assim, o líder não joga as mãos ao vento, mas
aponta o caminho para Deus.
13. Um sonhador

De acordo com Joel 2:28, nos últimos dias (nos quais


vivemos agora), “vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão
visões”. Esta é a contrapartida positiva da inquietação. Não
devemos apenas estar descontentes com o presente, mas também
sonhar com o que poderia existir no futuro. Em 2 Reis 6:15–17,
Eliseu e seu servo foram cercados por assírios na cidade de Dotã.
Quando o servo vê isso e grita com desânimo, Eliseu ora e diz:
“Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja”. O Senhor
respondeu à oração de Eliseu e “O Senhor abriu os olhos do moço,
e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em
redor de Eliseu”.
Os líderes podem ver o poder de Deus ofuscando os
problemas do futuro. Este é um dom raro - ver o poder soberano de
Deus em meio à oposição que parece ser esmagadora. A maioria
das pessoas são especialistas em ver todos os problemas e motivos
para não avançar em um empreendimento. Muitos pastores são
arruinados por conselhos que pensam que cumpriram seu dever
quando lançam todos os obstáculos e problemas sobre uma ideia
que ele traz. Isso é barato. Esperança e soluções são caras.
O espírito de aventura está em alta hoje. Ó, como precisamos
de pessoas que dediquem apenas cinco minutos por semana para
sonhar com o que poderia ser. O texto diz que os velhos sonharão
sonhos. Como é triste, então, ver tantos velhos supondo que sua
idade significa que agora eles podem se afastar e repassar a
criatividade para os jovens. É trágico quando a idade torna um
homem cansado em vez de cada vez mais criativo. Cada nova
igreja, cada agência, cada novo ministério, cada instituição, cada
empreendimento, é o resultado de alguém tendo uma visão e se
apegando a ela como uma tartaruga mordedora.
14. Organizado e eficiente
Um líder não gosta de desordem. Ele gosta de saber onde e
quando as coisas estão para rápido acesso e uso. Sua forma
favorita é a linha reta, não o círculo. Ele lamenta em reuniões que
não se movem das premissas para as conclusões, mas sim em
círculos irrelevantes. Quando algo precisa ser feito, ele vê um plano
de três etapas para fazê-lo e o apresenta. Um líder vê as ligações
entre uma decisão do conselho e sua implementação. Ele vê
maneiras de usar o tempo ao máximo e molda sua agenda para
maximizar sua utilidade. Ele separa grandes blocos de tempo para
suas principais atividades produtivas. Ele usa pequenos pedaços de
tempo para que não sejam desperdiçados. (Por exemplo, o que
você faz enquanto escova os dentes? Poderia colocar uma revista
no toalheiro e ler um artigo?) Um líder leva tempo para planejar seus
dias e semanas e meses e anos. Embora seja Deus quem, em
última análise, dirija os passos do líder, ele deve planejar seu
caminho. Um líder não é uma água-viva que é sacudida pelas
ondas, nem uma ostra que é imóvel. O líder é o golfinho do mar e
pode nadar contra a corrente ou com a corrente conforme planeja.
15. Decisivo

Em 1 Reis 18:21, Elias clama: “Até quando coxeareis entre


dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-
o”. Um líder não pode ficar paralisado pela indecisão. Ele vai correr
riscos ao invés de não fazer nada. Vai mergulhar em oração e no
evangelho e depois descansar na soberania de Deus enquanto toma
decisões, sabendo que muito provavelmente cometerá alguns erros.
16. Perseverante

Jesus disse em Mateus 24:13: “Aquele, porém, que


perseverar até o fim, esse será salvo”. Paulo disse em Gálatas 6:9:
“E não nos cansemos de fazer o bem”. Vivemos em uma época em
que a gratificação imediata é geralmente exigida. Isso significa que
muito poucas pessoas se destacam na virtude da perseverança.
Muito poucas pessoas continuam e continuam no mesmo ministério
quando existe uma dificuldade significativa. A visão sem
perseverança, no entanto, resulta em contos de fadas não em um
ministério frutífero.
Meu pai uma vez me disse que a razão pela qual ele achava
que muitos pastores não veem avivamento em suas igrejas é que
eles saem delas pouco antes de acontecer. O longo prazo é difícil,
mas compensa. A grande árvore é derrubada por muitas, muitas
pequenas machadadas. As críticas que surgirem em seu caminho
serão bem esquecidas se você continuar fazendo a vontade do
Senhor.
17. Um amante

Aqui estou falando diretamente aos homens que são maridos


e líderes. Paulo disse em Efésios 5:25: “Maridos, amai vossa
mulher”! Ame-a! Ame-a! De que adianta ao homem se ganhar um
grande número de seguidores e perder sua esposa? Para onde
lideramos as pessoas se eles enxergam que isso nos leva ao
divórcio? O que precisamos hoje são líderes que são grandes
amantes. Maridos que escrevem poemas para suas esposas e
cantam canções para suas esposas e compram flores para suas
esposas sem motivo algum, exceto que eles as amam.
Precisamos de líderes que saibam que devem passar um dia
a sós com suas esposas de vez em quando; líderes que não têm o
hábito de desprezar e menosprezar suas esposas, especialmente
com pequenas atitudes descuidadas em público; líderes que falam
bem de suas esposas em público e as elogiam espontaneamente
quando estão sozinhos; líderes que as tocam com ternura em outros
momentos além de quando estão na cama.
Uma das maiores tentações de um líder ocupado é começar
a tratar sua esposa como uma espécie de objeto sexual. Isso
começa a se manifestar quando a única vez em que ele a beija
apaixonadamente ou a toca com ternura é quando está tentando
atraí-la para a cama. É uma coisa trágica quando uma esposa se
torna um manequim para masturbação. Aprenda quais são suas
alegrias e leve-a à experiência mais completa do clímax sexual.
Converse com ela e estude seus desejos. Olhe-a nos olhos quando
falar com ela. Largue o papel e desligue a televisão. Abra a porta
para ela. Ajude-a com as louças. Faça uma festa para ela. AME-A!
AME-A! Se não o fizer, todo o seu sucesso como líder
provavelmente explodirá em fracasso no lar.
18. Descansado

Começamos com a qualidade de inquieto e terminamos com


a qualidade de descansado. “Se o Senhor não edificar a casa, em
vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade,
em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos
seus amados ele o dá enquanto dormem” (Salmo 127:1-2). O líder
espiritual sabe que, em última análise, a produtividade de seu
trabalho descansa em Deus e que Deus pode fazer mais enquanto
ele está dormindo do que poderia fazer acordado sem Deus. Ele
sabe que Jesus disse a seus discípulos ocupados: “Vinde repousar
um pouco, à parte, num lugar deserto” (Marcos 6:31). Ele não é tão
viciado em trabalho que não seja capaz de descansar. É um bom
mordomo de sua vida e saúde. Ele maximiza a totalidade de sua
obra ao medir as possíveis tensões sob as quais ele pode trabalhar
sem diminuir sua eficiência ou encurtar indevidamente sua vida.
Conclusão
Sem dúvida, muitas outras qualidades poderiam ser
mencionadas que, se uma pessoa as possui, a tornariam um líder
ainda mais bem-sucedido. Estas são simplesmente as que vieram à
minha mente enquanto ponderava sobre este assunto. Não é
preciso ser excelente em cada uma delas. Mas quanto mais
plenamente cada uma se desenvolver em uma pessoa, mais
poderosa e frutífera ela será como líder.
Deixe-me enfatizar novamente que é o círculo interno que
torna a liderança espiritual. Toda liderança genuína começa em um
sentimento de desespero; conhecimento de que somos pecadores
impotentes que precisam de um grande Salvador. Isso nos leva a
ouvir a Deus nas Escrituras e clamar a ele por ajuda e discernimento
em oração. Nos leva a confiar em Deus e esperar em suas grandes
e preciosas promessas. Isso nos liberta para uma vida de amor e
serviço que, no final, faz com que as pessoas vejam e deem glória
ao nosso Pai celestial.
Sobre o autor
John Piper

John Piper foi pastor da Bethlehem Baptist Church em Minneapolis,


nos EUA, por 33 anos. Atualmente, dedica-se à produção de livros, à
pregação e ao ensino em vários países, através do ministério que
preside, o Desiring God. Ele obteve seu doutorado pela Universidade
de Munique e é autor de mais de 50 livros. É casado com Noël Piper,
com quem tem 4 filhos.

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