Você está na página 1de 32

CENTRO PRESBITERIANO ANDREW JUMPER

ESTRATÉGIA PAULINA PARA MISSÃO DA IGREJA

RICARDO BERBET PORTO

2022
2

SUMÁRIO

1 RESUMO DAS AULAS ........................................................................................................ 3

2 RELATÓRIO DO LIVRO .................................................................................................... 22

3 COMENTÁRIOS EXEGÉTICOS ........................................................................................ 24

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 32
3

1 RESUMO DAS AULAS

Estratégia de missões

Roland Allen escreve o livro em 1918.

É a primeira reflexão de retorno da estratégia de missões para a Bíblia.

Não havia uma reflexão da estratégia bíblica de Paulo par ase fazer missões

Foram transplantados os modelos já existentes de igrejas anglicanas, batistas e


reformadas sem a contextualização.

Quando o livro foi lançado já havia 100 anos que o primeiro missionário Willian Carey
chegara na índia.

Os missionários já haviam chegado, mas o evangelho não crescia.

Durante esses 100 anos foi feito um alto investimento e pouco resultado efetivo (não
inclui os holandeses).

Willian Carey se tornou governador do norte da índia e começou a investir em


missões.

A grande falha de WC foi não treinar líderes indianos.

Roland Allen afirmou que o grande problema era não utilizar o método bíblico.

Conferência de Edinburgo – 1910

Primeira conferência missionária.

Uma apoteose do triunfalismo missionário – um otimismo exacerbado.

Superioridade europeia (levando salvação e civilização).

Otimismo distante da realidade. Foi o auge das piores atitudes dos missionários do
ocidente, devido à superioridade dos missionários.

1 - Alto orgulho racial e religioso.


4

2 - Falta de confiança na liderança local

3 - Extrema dependência do ocidente.

Essa conferência foi uma grande motivadora ao lançamento do livro.

A evangelização dependia totalmente dos missionários, sem treinamento do povo


local, sem igrejas completamente locais

Dependência do governo, divulgação e finanças

Faltava crença e confiança no Espírito Santo.

No Brasil Simonton levou a igreja local a uma independência com a criação de


seminário e também favorecida por sua morte precoce.

O primeiro pastor foi um padre que se converteu. JMC.

O Brasil foi uma das poucas exceções, sendo bíblico em sua estratégia missionária.
Outro caso foi a Coréia.

O livro começa a partir do tratamento de dois pressupostos:

• A distância cultural que Paulo enfrentou foi menor da que nós enfrentamos hoje.
o A desculpa é que Paulo tinha menos problemas culturais.
• Paulo pôde confiar as igrejas plantadas aos convertidos das sinagogas.
o A sinagoga tinha pessoas mais preparadas.

Um dos problemas era o Paternalismo: A ideia que a igreja e sua liderança ocidental
era como se fossem pais. Assim a igreja local nunca conseguiria se libertar da dependência
ocidental.

Início do liberalismo. Missionários liberais sendo enviados.

INTRODUÇÃO:

Paulo em pouco mais de 10 anos plantou igrejas em 4 províncias romanas. Galácia,


Macedônia, Acaia e Ásia

Sucesso de Paulo:

Foi por ser um homem extraordinário?


5

Viveu em circunstâncias extraordinárias?

Com relacionamentos, educação e chamado extraordinário?

Será que essas coisas explicam esse sucesso?

Respostas:

1 Paulo não foi o único a plantar igrejas.

2 Hoje temos toda a Bíblia impressa e Paulo tinha apenas o AT.

3 Se colocarmos Paulo num pedestal, jamais poderemos afirmar o caráter universal


do seu ministério. Seria perda de tempo estudar o livro de Atos e as cartas paulinas.

Questões importantes:

Paulo teria escolhido cuidadosamente cidades estratégicas para a plantação?

Será que é porque ele apelou para um público alvo específico?

As condições sociais, morais e religiosas seriam melhores na época de Paulo?

Milagres foram fatores determinantes?

Qual o papel das finanças no ministério de Paulo?

Existia algo no conteúdo da pregação que favorecia o crescimento da igreja?

Como foi o treinamento da liderança?

Como lidou com a organização das igrejas?

Como a disciplina era aplicada?

1 – PONTOS ESTRATÉGICOS:

Plantação de igrejas em locais estratégicos (centros urbanos) – estratégia de Paulo,


segundo Tim Keller e outros.

A conclusão de RA é que Paulo não escolheu deliberadamente cidades estratégicas.

Primeira viagem: 4 igrejas na Galácia.


6

Desentendimento inesperado com João Marcos. Não acontece de acordo com o


planejado. “Vamos para onde der”

Segunda viagem: Paulo vai por terra:

Paulo segue uma direção e gostaria de continuar na Ásia, mas o Espírito Santo impediu
de continuar ali e ordenou a ir à Macedônia.

Paulo então vai para Filipos. A partir da casa de Lídia. Foi expulso da macedônia e
foi para Atenas e depois Corinto. Sem planejamento.

Terceira viagem: O plano de Paulo foi cumprido até Éfeso. A única grande cidade que
Paulo escolheu foi Éfeso.

O planejamento de Paulo era chegar em Roma enviado pela igreja, mas foi preso.

O chamado de Paulo não foi para cidades, mas para regiões (Macedônia, Acaia). Essas
cidades juntas propagariam o evangelho para uma região mais ampla.

Critério de escolha das cidades ou regiões de Paulo: Isaías 49.6; 66.18-19 e Gn 10.
Alguns dizem que esses são os critérios.

Evidência era de que não havia grande estratégia, mas seguir onde havia portas
abertas.

CLASSE SOCIAL:

Judeus e prosélitos?

O cristianismo não se estabeleceu em solo judaico, pois havia legalismo e perseguição.


Pregou em sinagogas, mas por pouco tempo.

O espírito cristão estava em harmonia com a liberdade da mente grega. Porém, um


dos perigos era a liberdade grega virar libertinagem. O grande problema em corinto era a
libertinagem. Por isso Paulo faz o tratado a respeito da liberdade cristã.

Uma das teorias de crescimento da igreja é que se você quer que a igreja cresça,
estabeleça um público alvo de mesma classe social. A maior parte dos convertidos eram
pessoas pobres e de classes trabalhadoras, livres e escravos.

O apóstolo Paulo nunca teve foco específico para qualquer classe social.
7

CONDIÇÃO SOCIOLÓGICA FAVORÁVEL?

1 Idolatria e misticismo.

Crença em demônios, práticas comuns, livros que custavam 50mil moedas de prata –
magias e encantamentos.

2 Cosmovisão:

Dualismo: corpo ruim / alma boa; deuses / mundo; conhecimento / ignorância.

3 Circo e teatro

Lutas dos gladiadores. Resultados:

A Divisão da humanidade: pessoas com direitos e outras sem.

B Anestesiamento moral da sociedade. Nada era nojento e indecente demais

4 Escravidão

Sociedade baseada na escravidão. Grande quantidade de escravos e escravos bem


educados (médicos, professores...).

CONCLUSÃO

Não é possível ver nenhuma vantagem significativa no ambiente do primeiro século


para a propagação do primeiro século.

PREGAÇÃO DE PAULO

Pregação – 1 Simpatia:

Apelo ao passado tentando ganhar simpatia dos ouvintes e encontra algo em comum
com eles.

Função de preparar o solo para a mensagem.

2 Argumentação:

Declaração de fatos, verdades que podiam ser entendidas, aceitas e provadas. Sua
pregação era contextualizada.

3 Resposta:

Dupla – ou objeção e protesto instintivo ou conversão.


8

4 Necessidades

Desejo de ser perdoado

5 Advertência:

Rejeição tem condenação.

PREPARANDO OS NOVOS CONVERTIDOS

Como os novos convertidos seriam preparados para a liderança da igreja.

Desde o início ele levava as pessoas à dependência do Espírito Santo.

Paulo deixava claro que nasceram e cresceram no poder do Espírito Santo.

Qual o método de Paulo: pregava 5 ou 6 semanas e ia embora, mas precisavam de


direção e liderança capaz de se expandir e crescer sozinho.

OS COMPANHEIROS

Co-pastores – Timóteo, Silas, Barnabé, Tito, entre outros – Supervisores como ele.

Paulo mantinha contato e recebia notícias através desses obreiros.

A PREPARAÇÃO

Que a mensagem do evangelho fosse simples e direta. Paulo foca na morte e


ressurreição.

O AT deveria ser interpretado cristologicamente.

RISCO DE HERESIAS

Esse era um risco sempre presente. Cartas escritas para combater falsos mestres.
Praticamente todas as cartas são apologéticas para combater as heresias.

BATISMO

Não pessoas despreparadas, mas realmente convertidas.

LIDERANÇA LOCAL

Paulo escolheu presbíteros e muitos deles foram eleitos pela igreja.

QUALIFICAÇÃO DA LIDERANÇA
9

Moral

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1 Paulo não pregou a lei, mas o evangelho.

LIVRO: MÉTODOS MISSIONÁRIOS DE PAULO.

AVALIAÇÃO DE DAVID HESSELGRAVE:

• Ressubmissão geracional
• Não convencer missionários que este ou aquele método está correto, mas cada geração
deve se voltar à submissão às Escrituras e ao Espírito Santo.
• Livros de missiologia tem vida curta
• Devem ser fiéis à Palavra de Deus e ao Espírito
• Com a independência das antigas colônias, as igrejas tornam-se mais ativas

12 discípulos para restaurar o Israel – 12 tribos.

Jesus mostra que os samaritanos não são os piores, mas são parte das 12 tribos de
Israel. O único que retorna dos 10 leprosos é o samaritano.

ATOS 1.8 ÍNDICE DE ATOS

A igreja é perseguida e Filipe prega em Samaria e os Samaritanos se convertem.

Conversão dos samaritanos, agora o povo era 1 novamente.

Agora restaurada as 12 tribos, a sequência é:

1 Conversão do primeiro gentio.

2 Conversão e chamado do apóstolo aos gentios.

O Apóstolo Paulo é o profeta dos últimos dias, pois ele assumiu a função de
levar o evangelho aos gentios (confins da terra)
10

Envio de Paulo e Barnabé (Atos 13)

Aproximadamente 22 anos de ministério.

Conversão se dá em 31/32 A/D

O que ele teria feito durante 13 anos?

R: Missão na Arábia, Síria e Cicília (Capital – Tarso).

Há mais indícios de que Paulo ficou evangelizando e plantando igrejas nessas 3


regiões.

Sua base era Damasco e ia plantar igrejas na Arábia e Tarso.

Gl 1.15-17 – Arábia e retorno para Damasco

2Co 11.32 – Rei Aretas montou guarda em Damasco para prender Paulo (rei Aretas
dos Nebateus – Arábia)

Atos 9.19-22 – Após sua conversão já (logo) começou pregar o evangelho em


Damasco.

Atos 15.23 – Cicília também tinha igreja.

25/05/2022 - tarde

Divisão do trabalho

Pedro e Paulo – Judeus e gentios – Procede?

Gálatas 2

A visita de Paulo a Jerusalém em 44AD

Durante a história isso aconteceu quando as missões denominacionais chegaram ao


Brasil e Coréia.

Gálatas 2.1-10 não menciona divisão, mas koinonia e associação com interesses
mútuos.

Discussão sobre a missão e não sobre divisão. Paulo sempre pregou primeiro aos
judeus e depois aos gentios.
11

Os pilares da igreja reconhecem a legitimidade das igrejas plantadas por Paulo e


Barnabé.

A perseguição em Antioquia da Psídia na primeira viagem missionária rendeu


perseguição por Icônio, Derbe e Listra.

Após a saída de Paulo, os judeus passaram por todos os lugares que Paulo pregou
ordenando a circuncisão e guarda do sábado e da lei mosaica. Nessa época Paulo está em
Antioquia e então escreve aos Gálatas.

Paulo nessa carta trabalha a essência do evangelho e combate especialmente aos


judaizantes.

Esse é um problema do legalismo judaico.

Uma nova teologia chamada a nova perspectiva de Paulo

É uma teologia que surgiu na década de 1990. Ela afirmava que os judeus não eram
tão legalistas. James Dun escreveu um comentário sobre Gálatas. Série: Greek New Testament

Outro é N. T. Write. É o pai dos neo calvinistas que tem notoriedade. Não é uma
heresia, mas teve um encontro teológico que teve uma reunião somente para falar sobre a nova
perspectiva de Paulo. O próprio John Piper se debruçou sobre essa perspectiva.

Eles entenderam que era necessário cautela. Essa nova perspectiva combate a reforma
na justificação pela fé.

Nosso entendimento é que esta teologia está equivocada. Gálatas sim combate aos
judaizantes.

O concílio de Jerusalém tem como questão principal a centralidade do evangelho.

Esse concílio é convocado por um problema no campo missionário.

Os judaizantes entendiam a questão ritualística como a questão central para a salvação.

Gálatas foi escrita logo após a primeira viagem missionária.

Alguns problemas que surgiram foram os judaizantes e os questionadores da


autoridade apostólica de Paulo.

O conflito com Pedro por causa da essência do evangelho. Pedro fazia um tratamento
diferente entre judeus e gentios e Paulo chama a atenção.
12

Em Atos 15 a questão é o que é o coração do evangelho?

At. 15.19-21 sai o parecer ou resolução final. O problema da circuncisão (cerne da


discussão) não é mencionado. A circuncisão não era mais necessária.

Não há distinção entre judeus e gentios.

A questão cerimonial da guarda do sábado foi mencionada. A questão da carne com


sangue.

3 proibições:

1 - Contaminação dos ídolos – questões importantes na missão transculturais. Jesus


acaba sendo apenas mais um, quando ele deve ser o único. Portanto os gentios que se convertem
não deveriam mais servir aos ídolos. Muitas vezes os relacionamentos dependiam disso.

2 - Imoralidade sexual. O leito era sagrado, portanto a imoralidade deveria se afastar


da vida das pessoas. A mudança genuína incluía o corpo, fugindo da dualidade grega, que
afirmava que o corpo não importa e o importante é a alma (totalidade do ser). Muito dos
problemas de imoralidade sexual vem dessa dualidade platônica. O mais importante é o que
sinto e penso, quem eu quero ser e o corpo precisa se adaptar. Entre adolescentes há a cultura
de ter vida sexual ativa não tendo envolvimento emocional. Nesse aspecto, essa afirmação
contra a imoralidade sexual é uma antítese ao dualismo grego trazendo corpo e alma como
unidade.

3 – Se abster da carne de animais sufocados e sangue – Por que? Porque Moisés tem
aqueles que pregam nas sinagogas. Eles não deveriam abandonar a lei e seguir aquele que
completou a lei? Importância de se considerar a evangelização dos judeus e não escandalizá-
los. Essa era uma maneira de remover a barreira que existia entre eles. Por que não a
circuncisão? É um sacramento substituído pelo batismo. A carne e sangue envolvia a constante
comunhão para se abster do alimento. Os próprios gentios deveriam seguir essas leis para que
os judeus não ficassem escandalizados. 2 problemas: escândalo com os judeus e escândalo com
o paganismo romano.

Esse Concílio então busca unir judeus e gentios. Não poderia mais haver em Cristo
Judeu ou grego. E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles. Não por sacramentos e
ritos, mas pela fé.
13

Isso trouxe clareza na época. Gálatas foi escrito antes do concílio, e teria se resolvido
de maneira mais tranquila com a carta do concílio.

Estima-se que em 35 anos do ministério de Paulo ele tenha percorrido 25mil km em


suas viagens.

A TAREFA MISSIONÁRIA NAS CARTAS

Paulo entende que a obra missionária é realizada em estágios.

Plantação inicial crescimento consolidação.

Paulo entende que se papel é lançar os fundamentos. Há também a consolidação e a


maturação. Os chamados e dons são diferentes.

1Co 9.19-23 – texto que fala sobre contextualização não do evangelho, mas da cultura.

A atitude de Paulo é ele se fazer fraco ele se adaptar ao contexto para salvar alguns e
por causa do evangelho. A atitude de um missionário é fundamental para que o obstáculo ao
evangelho não seja colocado de forma voluntária ou involuntária.

Muitos missionários precisam entender que são apenas mensageiros e que esses
devem ser diminuídos em função da mensagem.

2º período da quarta a tarde?


14

AULA MANHÃ QUINTA-FEIRA

Atos 13.16-41 - 3 partes: Narratio, Argumentatio, Peroratio

NARRATIO

Revisão da história da Salvação Atos 13.16-25

Mesmo com a dispersão, o povo manteve sua fé. As sinagogas foram importantes
ferramentas para isso.

Nas sinagogas havia grande presença dos prosélitos. Eles que vão à festa de
pentecostes.

O contexto é que havia tanto judeus como prosélitos. Isso era preparação para o
evangelho.

Paulo tinha nas sinagogas pessoas que tinham conhecimento da lei.

Deus – Eloim escolheu nossos pais. Exaltou o povo (v.17)

O tema escolhido nessa narrativa é a liderança:

Moisés, Saul e foco em Davi.

Falou rapidamente sobre Josué e passou pelos Juízes até Samuel.


15

Samuel exercia: Profeta, sacerdote e Rei (Juiz) prefigurando Cristo.

Exemplo negativo de liderança: Saul – tempo de retrocesso em Saul

Grande declaração: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração.

Nessa mensagem do apostolo Paulo, conseguiu a atenção dos ouvintes e gera a


expectativa da nova liderança (esperança).

A solução era um líder da descendência de Davi e mostra quem é o grande líder: Jesus.

Ele baseia seu argumento sob a autoridade de João Batista. Um profeta depois de 400
anos.

Pessoas vinham de todo o mundo. Apolo era um prosélito judeu discípulo de João
Batista.

Paulo menciona João Batista por sua grande influência (liderança reconhecida mais
atual).

Conteúdo da mensagem: arrependam-se porque vem aquele de cujos pés não sou
digno de desamarrar as sandálias.

O Arauto que anuncia a chegada do grande Rei.

Tudo isso pra dizer que o verdadeiro líder é Jesus.

ARGUMENTATIO

Paulo chama de irmãos e descendentes de Abraãos os judeus étnicos. E todos vocês


que temem a Deus – Prosélitos.

Então vem a argumentação sobre Cristo.

O povo não conhecendo a Jesus, cumpriram as Escrituras. A fama foi de que Jesus foi
como um falso Messias que resultou em morte. Como se fosse um revolucionário não bem
sucedido.

Aqui há um argumento em que eles não conheciam Jesus, nem os profetas e nem as
profecias. Isso é ofensivo, pois os principais doutores da lei estavam em Jerusalém. Paulo fala
que todos eles não conheciam as profecias e os profetas nem a Jesus.

Tudo isso deve ter chocado aqueles da Antioquia da Psídia.


16

A palavra da salvação chegou a Antioquia.

Os judeus de Jerusalém rejeitaram a Jesus. Provavelmente Paulo está trazendo um rixa


entre capital e interior. Como se os judeus de Jerusalém desprezassem os do interior.

Ao afirmar que os judeus de Jerusalém não entenderam os profetas, Paulo está


questionando aquela liderança e exaltando uma outra grande influência de Antioquia. Ele é
perspicaz em mostrar que os judeus de Jerusalém não entenderam a profecia e como se jogasse
para que eles tivessem um melhor entendimento.

Paulo fala de Pilatos e da sua injustiça em que não achou causa de morte e ainda assim
condenou Jesus à morte.

Paulo fala das provas da ressurreição de Jesus. Foi colocado no túmulo e ressuscitou
e foi visto por grande quantidade de testemunhas, muitas das quais ainda viviam.

Essa boa notícia é continuidade da promessa.

Então chega as profecias.

A ressurreição é ligada ao salmo dois – não fala do nascimento de alguém, mas da


ressurreição de Jesus Cristo.

Em seguida cita Isaías 55 e Salmo 16.

O Salmo 2 abre o saltério junto ao primeiro salmo.

O caminho do justo é justo por causa do Messias, o Justo.

É um Salmo Cristológico. A interpretação correta é falar da ressurreição do Messias.


A ressurreição é o cumprimento dessa profecia.

Essa é a questão da argumentação. Jesus é Filho gerado e ressurreto por Deus.

A segunda profecia está em Isaías 55. E cumprirei as santas promessas feitas a Davi:
não permitirás que te santo veja corrupção. Ele aplica a corrupção como a morte. Ele chama a
autoridade do texto em que Davi viu corrupção, pois morreu. Mas a ressurreição faz com que
o verdadeiro sentido do salmo seja cumprido em Cristo, que não viu a corrupção.

O foco está totalmente em Jesus, sua ressurreição e o cumprimento das profecias em


Jesus.
17

O CERNE DA TEOLOGIA PAULINA É A RESSURREIÇÃO. Está na pregação, no


chamado de Paulo.

PERORATIO

CHAMADO AO ARREPENDIMENTO.

V38-41

Portanto, meus irmãos: Saibam que é por meio de Jesus Cristo (único caminho,
exclusivo)

O sistema de salvação era o sacrifício, mas agora o único caminho é Jesus por meio
da fé.

Vocês não puderam ser justificados pela lei. Então ele cita uma profecia dura...
desprezadores.

No chamado, nós vemos a Palavra de Deus como autoridade para que eles ficassem
maravilhados. Era uma mensagem revolucionária.

Não obstante há a profecia de que eles ficariam maravilhados. Uma obra que seria
difícil de acreditar. Esse é o fato. Aquilo que parecia tão difícil de acreditar aconteceu.

Então esse se torna um chamado ao arrependimento.

Paulo então os conclama a uma decisão.

RESUMO DO SERMÃO:

1. Clímax da história da salvação.


2. Cumprimento da profecia.
3. Base: o perdão e a justificação.
4. Chamado ao arrependimento.

Uma igreja nasce em Antioquia, mas gerou outra reação que era a perseguição. Duas
reações esperadas: aceitação e rejeição radical (perseguição).

Isso que acontece na primeira viagem missionária.

SEGUNDO SERMÃO (pregado em Listra para os gentios)


18

Um paralítico é curado e então os gentios interpretam o fenômeno como a visitação


dos deuses Zeus (Júpiter) e Hermes (Mercúrio).

Diante da reação dos gentios há uma pregação de Paulo

Atos 14.15-17

Paulo em sua pregação chama o povo pra tentar corrigir o erro afirmando que ele não
é um deus disfarçado.

No AT não há menção de cura de paralíticos. Quando João Batista pergunta se Jesus


é o Cristo, Jesus menciona que os cegos veem e os paralíticos andam.

Por isso o evangelho de João mostra a cura de um cego como um dos milagres mais
importantes.

Somente o Messias poderia curar cegos. Quando isso acontece, é um sinal. Não há
deuses que realmente possam fazer isso.

Antes de começas a pregar, Paulo e Barnabé rasgaram suas vestes ao serem


confundidos com deuses.

PREGANDO EM CONTEXTOS CÍVICOS

Atos 17.22-31

A pregação de Paulo na 2ª viagem missionária é evangelística, mas no contexto cívico.


Areópago de Atenas.

Introdução nos primeiros versículos v.22-23

Essa parte introdutória é uma ponte para Paulo se conectar com seus ouvintes.

O fator Melquisedeque traz a ideia de analogia da redenção.

Houve muitos anos antes dessa pregação uma peste que dominou, então ofertaram a
todos os deuses conhecidos e ninguém resolveu. Então ofereceram um sacrifício a um deus
desconhecido e ao oferecer esse sacrifício a praga cessou. Não é um documento muito
confiável. Outros acadêmicos não utilizam essa história.
19

Don Richardson faz uma analogia de que o elemento evangelho está presente em todas
as culturas, quase afirmando que não há necessidade de uma revelação especial. Esse elemento
na cultura pode ser usado como analogia redentiva.

Toten da paz – Duas tribos que se gabavam de serem enganadores. Quanto mais
elaborado o plano enganador, melhor. Havia canibalismo. Como falar a verdade em uma
cultura de mentira. Como é possível confiar? A única maneira de fazer um pacto era pegando
uma criança de uma outra tribo para ser entregue a outra tribo como um totem da paz. Confiava
o filho do cacique ao outro para mostrar que era verdade. Então isso se tornou muito famoso.

A analogia da redenção não é salvífica, mas pode ser usada como ponte para anunciar
o evangelho, sem poder de salvação.

Outra analogia famosa – Charles Studie. Ele se perde no meio da mata e nesse
momento ele encontra uma tribo isolada e começa a tentar comunicação. Ele é muito bem
recebido pela tribo, é acolhido, honrado. Quando ele consegue se comunicar com eles, ele
percebe que havia uma profecia de que alguém de fora viria ensinar uma verdade sobre Deus
no Livro sagrado. É uma analogia que não salva.

É provável que há um zelo extremado dos deuses que em seu politeísmo não gostaria
de deixar nenhum deus desconhecido. Paulo então usa essa brecha para fazer conhecido o Deus
de Israel.

V.24-29 – Paulo vai combater os epicureus e os estóicos

Epicureus – havia imortalidade da alma e é possível conhecimento de deus


desconhecido, deuses não vivem em templos e não sacrificam aos deuses.

Estóicos – imortalidade dos deuses, mas não da alma, providência e juízo.

Paulo sabia que havia basicamente os dois grupos.

Na primeira parte Paulo fala do Deus criador. Deus fez o mundo e tudo o que nele
existe. É Senhor do céu e da terra. Não somente a terra, senão seria o demônio (deuses de
segunda categoria). Todos os deuses tem algumas características de imoralidade.

Ele mostra que não está falando dos senhores somente da terra, mas da terra e céu.

Zeus era somente dos céus. Deus, assim, é superior.

Ele mostra um Deus presente na providência e na história.


20

De um único homem (Adão) é uma ideia que afirma sobre a criação, monoteísmo, não
está preso a uma jurisdição. Acreditava-se que os deuses tinham seus limites. Ou seja o sermão
de Paulo mostra que Deus não está preso a um limite territorial.

É a Diana dos Efésios, Artemis em Perge... e assim vai – cada deus tinha sua jurisdição
e cada povo tem seu deus e Paulo fala que Deus é sobre todas as nações.

Está desafiando o relativismo. Deus é Senhor absoluto que invade toda e qualquer
jurisdição.

Em seguida ele fala que conhecimentos filosóficos é como se fosse tatear.

Depois ele cita Aratos “dele somos geração”. Há um confronto entre Adão x
panteísmo. Aratos afirmava o panteísmo (deus está presente nas coisas). Paulo afirma que a
vida está em que Deus pois a vida em um ser humano, combatendo o panteísmo.

Por fim ele condena sacrifícios e templos existentes.

Só é possível conhecer esse Deus por uma revelação especial.

Parte 3 – Chamado ao arrependimento. V.30-31

Paulo então mostra que esse era o momento de se renderem a Deus. Mas ele confronta
o dualismo grego falando que o mundo é mau e precisamos de Deus.

Poucas pessoas se converteram e não vemos nascer uma igreja.

4 CONVERSÃO DE INDIVÍDUOS

A conversão não é em coletivo, mas individual. As culturas mais tradicionais


entendiam que quando o líder se convertia, isso resultava também para toda a família.

5 ESTABELECIMENTO DE COMUNIDADES DE SEGUIDORES

Termo Eklesia – 1Ts 1.1

Igreja de Deus – 1Co 1.2; 2Co 1.1


21

Corpo – Cl 1.12; Ef 1.22-23

Edificação – Cl 3.16; Ef 5.18-20

6 ENSINANDO NOVOS CONVERTIDOS

• Ensino teológico
• Ético
• Vida eclesiástica
• Evangelismo

7 TREINANDO MISSIONÁRIOS

• Timóteo
• Tito
• Outros

MÉTODOS OU PRINCÍPIOS?

Paulo tinha princípios e métodos, mas não foi inflexível.

Paulo escolheu cidades, regiões ou províncias?

Como Paulo selecionou as cidades?

Damasco: cidade instantaneamente disponível após sua conversão. At 9.23-25

Arábia: pela proximidade de Damasco era conveniente e facilmente alcançável.

Chipre – ilha natal de Barnabé e também havia cristãos que foram pra lá em função
da morte de Estêvão. Salamina e Pafos.

Galácia (Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe.)

Por que Paulo não ficou em Perge no litoral e foi para Antioquia?

Há grandes cidades, base naval e o templo de Artemis.

2 Teses:

1 – Paulo contraiu Malária (Gl 4.13). É uma doença endêmica na região e é possível
pegar mais de uma vez.
22

2 – O procônsul Sérgio Paulo é da região de Antioquia da Psídia.

2 RELATÓRIO DO LIVRO

LOPES, Augustus Nicodemus. O Pentecostes e o Crescimento da Igreja: A extraordinária


ação do Espírito Santo em Atos 2. São Paulo: Vida Nova, 2017.

Augustus Nicodemus é um pastor presbiteriano e também escritor. Formou-se em


teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, concluiu seu mestrado em uma universidade
na Universidade Reformada da África do Sul e fez seu doutorado no no Westminster
Theological Seminary nos Estados Unidos. Atualmente é pastor na Primeira Igreja
Presbiteriana do Recife. Publicou várias obras, das quais destacam-se comentários bíblicos e
livros como “Apóstolos”, “Pornografia, Há Algum Mal Nisso?” e “Culto Espiritual”.

O livro o pentecostes e o crescimento da igreja mostra um pouco do evento histórico


chamado de Pentecostes e como ele se relaciona com o crescimento da igreja. O primeiro
capítulo mostra a historicidade do livro de Atos, o qual traz princípios bíblicos especialmente
relacionados ao dia de pentecostes e à missão para os nossos dias. Lopes mostra como essa
comemoração foi cumprimento de promessa e que o local e o dia em que aconteceu foi
providencial para o crescimento da igreja. A soberania de Deus é demonstrada como fator
essencial para as missões, assim como a ação do Espírito Santo. A reação humana ao
acontecimento, uns com perplexidade, outros com zombaria se mostram ainda hoje nas
missões. Por fim, o autor mostra qual deve ser a ação do cristão nas missões.

O segundo capítulo mostra como o pentecostes está relacionado com a obra


missionária. Lopes analisa o discurso de Pedro. Pedro mostra que o que está acontecendo
naquele dia se refere ao que o profeta Joel anunciara: a vinda do Espírito Santo sobre as pessoas
e também a inauguração dos últimos dias. Pedro também relaciona a morte de Cristo,
ressurreição e ascensão à vinda do Espírito Santo. Pedro aponta três testemunhas da
ressurreição: a Bíblia, os apóstolos e o Espírito Santo e enfatiza que Cristo morreu, mas
ressuscitou e hoje está exaltado à destra do Pai. Por fim Lopes mais uma vez mostra nossa
função dentro dessa missão nesses últimos tempos em que estamos vivendo e que nossa maior
motivação para pregação é a escatologia.

O terceiro capítulo mostra a reação do povo de não saber o que fazer diante do discurso
que apontou sua responsabilidade na morte de Cristo, ao que Pedro responde com um padrão
23

bíblico. Primeiro a Palavra é pregada em seguida há o arrependimento, em seguida vem o


batismo como uma prova do arrependimento ou conversão e a fé em Cristo, quando o Espírito
Santo é dado a nós. A pregação de Pedro mostra que a salvação não era somente para eles, mas
que a igreja já nascia com incumbência missionária. Lopes apresenta alguns destaques da igreja
primitiva: seu crescimento numérico, seu apego à doutrina dos apóstolos, comunhão e oração,
uma igreja temente a Deus, uma igreja que presenciava o sobrenatural, e também sua unidade.

O quarto capítulo aponta para o livro de Atos como uma transição da Antiga para a
Nova Aliança. O livro de Atos também nos mostra como Deus costuma agir com relação às
missões. O livro de Atos apresenta oito pequenos relatórios do crescimento da igreja e Lopes
analisa esses relatórios à luz do seu contexto trazendo princípios para esse crescimento. Os
princípios são: a Palavra de Deus promove o crescimento verdadeiro, a vida saudável da igreja,
a disposição em renunciar a tudo por causa do evangelho, a oração comunitária, aplicação da
disciplina, o emprego de medidas sábias diante das dificuldades, a providência de Deus
trazendo períodos de paz à igreja promovendo assim o seu crescimento e o poder do Espírito
Santo para confrontar as forças espirituais do mal.
24

3 COMENTÁRIOS EXEGÉTICOS

Dependência do Espírito Santo

1º comentário: Filipenses 1.3 “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós,”

Paulo é grato por tudo (πάσῃ) que se lembra da igreja de Filipos. Essa palavra no
original pode ter a tradução de (tudo ou cada), de maneira que Paulo a gratidão de Paulo não
se dava somente por todas as lembranças que tinha da igreja de forma genérica, mas cada
lembrança para ele tinha valor e a elas ele era grato. Não são todas as lembranças de Paulo
sobre a igreja de Filipos que temos relatadas em Atos ou na própria carta aos filipenses. Com
certeza Paulo teria diversas outras situações para se lembrar dessa igreja tão amada. Entretanto,
em Atos temos o relato primeiro de como foi o direcionamento do Espírito Santo para que
Paulo e sua equipe fossem até Filipos. Após ser impedido pelo Espírito de pregar na Ásia e em
Bitínia, Paulo teve uma visão de um varão macedônio dizendo, Passe à Macedônia e ajude-
nos" (Atos 16.9). Paulo e sua equipe vão para Filipos e ali, após proclamarem o evangelho,
eles presenciam a conversão de Lígia e sua casa. Depois disso, uma moça escrava com
espírito adivinhador é liberta, o que resulta na condenação de Paulo e Silas. Essa prisão
permitiu que o carcereiro e sua casa também tivessem um encontro com Deus.

Tendo em vista todos esses acontecimentos, Paulo dá graças a um Deus pessoal (θεῷ
μου - meu Deus). Hendriksen afirma que “o louvor é dirigido não aos deuses ou a alguma
divindade particular (como era o costume entre os pagãos nos dias de Paulo)”1. Ele é grato a
um Deus que o direciona através do Espírito Santo, seja ao impedi-lo de ir à Ásia ou a Bitínia,
assim como por ser conduzido por ele à prisão para que o carcereiro fosse salvo, mas sempre
tendo um Deus que está presente em sua vida, assim como dirigindo sua missão.

2º comentário: Filipenses 1.13 “de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram
conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais;”

Nesse texto Paulo mostra como Deus tem usado sua prisão como ferramenta para a
proclamação do evangelho. Há algumas controvérsias sobre qual seria essa prisão de Paulo

1
William Hendriksen, Efésios e Filipenses, org. Cláudio Antônio Batista Marra, trad. Valter Graciano
Martins, 3a edição, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 1992), 411.
25

enquanto ele escreve aos filipenses, mas na maioria dos casos, entende-se que é sua primeira
prisão em Roma, hipótese na qual me baseio. Esse versículo, especialmente, aponta para o fato
de que a guarda pretoriana ficou sabendo o motivo de sua prisão, isso demonstra que Paulo
estaria preso em Roma ou em colônias romanas.

Essa prisão em Roma, em primeiro lugar serviu para que ele proclamasse o evangelho
livremente. Barclay afirma que “a história do Crucificado de Nazaré tinha percorrido todo
mundo em seu curso de conquista e agora abertamente e sem impedimento estava sendo
pregada em Roma, a capital do mundo. O evangelho alcançou o centro do mundo e pode ser
proclamado livremente”2. Em segundo lugar serviu como impulsionador para o evangelho,
tendo em vista que esse se tornou o assunto da cidade e que muitos começaram a pregar seja
de boa vontade, ou por inveja (Fp 1.14,15); Por fim, foi também foi o local de onde Paulo
escreveu algumas de suas cartas mais belas. Stott afirma que “as três principais cartas da
prisão (Efésios, Filipenses e Colossenses), mais que todas as outras, apresentam de forma
poderosa o supremo, soberano, inquestionável e inigualável senhorio de Jesus Cristo.”3 Deus
em sua soberana providência, direciona através do seu Espírito até mesmo prisões para a
expansão do evangelho. Paulo é forte evidência disso.

3º comentário: Filipenses 1.27 “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo,
para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes
em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica;”

Paulo chama a igreja de Filipos a viver por modo digno do evangelho. O termo
traduzido por viver é “πολιτεύεσθε” que traz a ideia de exercer a cidadania de modo digno do
evangelho. É importante compreender que um filipense era um cidadão romano, e além disso,
muitos soldados que serviam a Roma não eram cidadãos romanos e depois de um tempo
servindo Roma se tornava cidadão romano e era enviado para as colônias romanas, como em
Filipos. Sendo assim, havia um orgulho nessa cidade por obter a cidadania romana. O próprio
apóstolo Paulo se utiliza dessa vantagem quando está preso em Filipos e é açoitado. Ele exige
a presença dos pretores, pois eles haviam prendido e açoitado um cidadão romano sem processo
formal. Então os pretores pedem desculpas a ele e Silas e solicitam que eles saiam da cidade.

Ser um cidadão romano era algo digno de orgulho, mas também um romano deveria
honrar sua cidadania sendo dignos de Roma. Paulo, portanto, usa essa metáfora para mostrar

2
STOTT, John R. W. A Mensagem de Atos: Até os confins da Terra. São Paulo: Editora ABU, 1990, p. 455.
3
BARCLAY, Willian. The Acts of the Apostles. Lousiville: Westminster John Knox Press, 1976, p. 166.
26

que a cidadania dos Filipos era acima de tudo celestial e deveria ser vivida de modo digno do
evangelho. A partir dessa cidadania, os filipenses deveriam se tornar um exército de Deus que
em unidade lutaria em favor de sua pátria, o evangelho. Entretanto, os soldados desse exército
não são pessoas que ganharam sua cidadania por lutar por sua pátria, nem mesmo pessoas que
pagaram para obter sua cidadania, mas por pessoas compradas pelo precioso sangue de Cristo.
E uma vez cidadãos do reino de Deus, somos convocados a lutar por essa causa, exercendo
nossa cidadania celestial de modo digno do evangelho.

A pergunta é como, agora cidadãos celestiais, podem lutar pelo evangelho? A resposta
é: “unidos de alma e espírito”. Calvino afirma que “A primeira é que tenhamos os mesmos
pontos de vista; a segunda é que sejamos unidos no coração. Pois quando esses dois termos
são enfeixados, espírito denota o entendimento, enquanto que anima (alma) denota a
vontade.”4, demonstrando que entendimento e vontade devem ser os mesmos dentro desse
exército e tal unidade só é possível pelo Espírito Santo de Deus, conforme Filipenses 2.1 que
mostra que a comunhão é do Espírito. Para que a luta desse exército seja unânime pelo
evangelho, é necessário dependência da unidade no Espírito para que haja o avanço do
evangelho.

4º comentário: Filipenses 4.15 “E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do


evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar
e receber, senão unicamente vós outros;”

A igreja de Filipos era extremamente generosa, sendo a única igreja que auxiliou
quando Paulo esteve em Tessalônica (Fp 4.16), auxiliaram quando Paulo estava em Corinto
(2Co 11.9) e agora associando-se a Paulo em sua prisão romana (Fp 4.14). Paulo é grato e usa
a palavra “ἐκοινώνησεν” para mostrar que a igreja se associou ou tomou parte na obra que ele
estava fazendo. Essa palavra que é derivada de koinonia, que nos remete à comunhão e
participação. Ser parte na proclamação do evangelho, como Paulo afirmou em Fp 1.7 quando
fala que a igreja de Filipos é participante (συγκοινωνούς – também derivada de koinonia) da
graça juntamente com ele. E essa comunhão (κοινωνία) no Espírito que Paulo deduz que a
igreja possui em Fp 2.1.

4
João Calvino, Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses, org. Tiago J. Santos Filho et al.,
trad. Valter Graciano Martins, Primeira Edição, Série Comentários Bíblicos (São José dos
Campos, SP: Editora FIEL, 2010), 397.
27

Dessa maneira é possível perceber, primeiro a dependência que Paulo tinha de Deus,
que vai cumprir sua missão sem se preocupar com a situação que terá pela frente, pois foi
moldado por Deus de maneira que aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação (Fp
4.11), mas também a direção do Espírito à igreja de Filipos para que contribuísse com Paulo e
se tornasse participante ou unidos em Espírito à missão que Paulo estava realizando.

5º comentário: Filipenses 4.22 “Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de


César”

Como já dito no primeiro comentário, não há certeza absoluta de que Paulo esteja
preso em Roma, mas tudo indica isso. Esse texto também mostra que há grande possibilidade
de que Paulo estivesse em Roma tendo em vista que ele afirma que os da casa de César saúdam
a igreja filipense. É extremamente maravilhoso ver o caminho de Paulo em Atos sendo
conduzido para que Lucas ao final concluísse que Paulo estava preso em Roma, porém tendo
liberdade para pregar o evangelho dentro de sua casa. O Espírito Santo conduziu Paulo até
Roma, conforme já havia dito em sua conversão que seria usado para testemunhar perante
gentios e reis (Atos 9.15). Depois Deus se coloca ao lado de Paulo dizendo que ele não
precisaria se preocupar, mas que seria levado para testemunhar em Roma (Atos 23.11) e até
mesmo perante César (Atos 27.24). No livro de Atos não mostra Paulo comparecendo perante
César, entretanto em Filipos Paulo, aparentemente tinha algum acesso à casa de César.
É possível que Paulo tenha chegado a testemunhar perante César, embora não seja narrado em
Atos ou em alguma de suas cartas, entretanto, independentemente disso, vemos o Espírito
Santo guiando os caminhos de Paulo à Roma, até mesmo livrando Paulo e seus companheiros
da morte em naufrágio ou até mesmo sendo picado por uma serpente. Deus conduz sua missão
e somos submissos a Ele e seguimos sua vontade.

6º comentário: Gálatas 1.2 “e todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia:”

A carta aos Gálatas foi enviada pelo apóstolo Paulo, provavelmente em um momento
anterior ao concílio de Jerusalém (Atos 15), tendo em vista que ela tem objetivo de corrigir a
conduta das igrejas dessa região frente aos judaizantes que ensinam um falso evangelho que
coloca a observância dos ritos judaicos, especialmente a circuncisão como essenciais à
salvação. Mas quais são essas igrejas e como elas chegaram ao conhecimento do evangelho?
28

Em primeiro lugar essas igrejas se formaram na primeira viagem de Paulo, juntamente com
Barnabé quando foram enviados pela igreja de Antioquia. Os líderes dessa igreja estando em
jejum e serviço ao Senhor foram direcionados pelo Espírito Santo que ordenou que separassem
a Barnabé e Paulo para a obra que ele tinha para eles e assim o fizeram (At 13.1-3). Após a
passagem pela ilha de Chipre, passaram por Perge, mas pararam em Antioquia da Psídia, já
uma cidade da Galácia. Ali, após pregarem o evangelho na sinagoga, foram expulsos da cidade
(At 13.50) e continuaram a viagem para Icônio, também cidade da Galácia, onde após pregarem
o evangelho, formou-se uma conspiração para maltratá-los e apedrejá-los, entretanto quando
souberam disso fugiram para as cidades licaônicas: Listra e Derbe (At 14.5,6). Em Listra Paulo
foi apedrejado e dado como morto (At 14.19) e então foram para Derbe, fizeram muitos
discípulos (At 14.20,21) e voltaram para Listra, Icônio e Antioquia fortalecendo os discípulos
(At 14.22). Assim, sob a direção do Espírito Santo, agindo desde o envio de Paulo e Barnabé
até mesmo através de perseguições se formaram as igrejas da Galácia, aos quais Paulo escreve
nessa carta.

7º comentário: Gálatas 1.6 “Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente
aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho”

A carta aos Gálatas foi escrita provavelmente em uma data anterior ao concílio de
Jerusalém. Acredita-se nisso especialmente porque o assunto em questão na carta aos Gálatas
foi exatamente o assunto ali tratado (Atos 15.1). A questão era que os judaizantes afirmavam a
necessidade de que houvesse a circuncisão para que a salvação alcançasse os gentios. Stott
afirma que “é claro que a circuncisão era o sinal da aliança instituído por Deus, e sem dúvida
os judaizantes enfatizavam isso, mas eles iam mais longe, fazendo da circuncisão uma condição
para a salvação. (...) Em outras palavras, eles precisavam permitir que Moisés completasse o
que Jesus havia começado, e permitir que a lei completasse o evangelho”5.

A igreja estava frente a discussão mais séria da sua pequena história, que poderia
atravancar o crescimento da igreja. Era uma situação delicada, mas que precisava ser resolvida
urgentemente. Para evitar o risco de divisão da igreja cristã, o problema dos judaizantes
precisava ser resolvido. Uma decisão que fosse contrária à suficiência de Cristo para a salvação
seria inconcebível a Paulo e a Barnabé. A atuação poderosa do Espírito Santo se manifesta para

5
STOTT, John R. W. A Mensagem de Atos: Até os confins da Terra. São Paulo: Editora ABU, 1990, p. 237.
29

chegar a resolução encontrada. Deus agiu antes para que a resolução fosse favorável, não a
Paulo, Barnabé e à igreja de Antioquia, mas à verdade do evangelho e sua expansão.

Uma vez que esse concílio decidiu e resolveu a situação, agora Paulo e Silas iriam
levar a resolução que Paulo já havia alertado em sua carta aos Gálatas, porém agora essa
resolução seria com aprovação de toda a igreja e dos apóstolos. O Espírito determina que o
evangelho prevaleça em sua essência e na suficiência de Cristo e o outro evangelho se torna
obsoleto, mesmo que ainda assim os judaizantes pregassem coisas diferentes. Essa foi uma
guerra constante durante o ministério de Paulo, mas que foi vencida por Deus e pelo evangelho.

8º comentário: Gálatas 1.15 “Mas Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por
sua graça. Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os
gentios, não consultei pessoa alguma”

Nesse texto Paulo anuncia a maravilhosa graça, soberania e providência de Deus não
apenas para a vida de Paulo, mas para tantas vidas que foram alcançadas pelo ministério de
Paulo ou até mesmo de pessoas influenciadas por seus escritos, que alcançam até nossos dias
pessoas para Cristo. Deus revela seu Filho a Paulo de uma forma miraculosa, primeiramente
através de uma visão em que Jesus pergunta a ele por que o persegue e em seguida o ordena a
entrar na cidade para encontrar-se com alguém que falaria o que ele deveria fazer. Após isso
Paulo se encontra com Ananias, mas antes desse encontro, as palavras descritas nesses
versículos de Gálatas são proferidas por Deus a Ananias (At 15.9). Paulo foi um homem que
se dedicou ao evangelho, mas para que isso se realizasse em sua vida, precisou antes consentir
com a morte de Estêvão, encarcerar alguns cristãos, para que enfim, durante uma perseguição
fosse transformado e direcionado para a proclamação do evangelho especialmente aos gentios.
Ananias ao se encontrar com Paulo, impõe suas mãos sobre ele e diz que foi enviado para que
Paulo voltasse a ver e fosse cheio do Espírito Santo. Desde então Paulo caminha sob direção e
tendo consigo a presença do Espírito. Assim Paulo proclamou em tantas cidades, a tantas
pessoas e seus escritos alcançaram e continuam a alcançar pessoas para a glória de Deus.

9º comentário: Gálatas 3:28 “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”

Classe social sempre foi algo com potencial para minar o crescimento da igreja. Ao
mesmo tempo, a Bíblia sempre mostrou a importância que Deus dá a esse assunto. Keller em
30

seu livro, “Justiça Generosa”, afirma que no Antigo Testamento, havia o “quarteto da
vulnerabilidade”, formado por órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres. Esse quarteto era
contemplado pela lei, havendo sobre eles proteção da parte do Senhor. Da mesma forma, na
expansão do evangelho há essa preocupação, tanto que, quando Paulo sai para suas viagens
missionárias, os apóstolos recomendam que se lembre dos pobres, e ele diz que se esforçou por
fazer isso (Gl 2.10). Em Atos 2 e 4 vemos a igreja de Jerusalém se juntando para auxiliar
aqueles que tinham menos ou nenhum recurso. Em Atos 6 Aparece um problema relacionado
ao crescimento estrondoso da igreja que chegou a um momento de dificuldades no rompimento
das barreiras sócio-econômicas do povo. As viúvas dos helenistas foram esquecidas na
distribuição diária (At 6.1).

A igreja não se omitiu ao problema e precisou se organizar. Os apóstolos não tinham


como se dedicar a esse momento, por isso orientaram o povo para que escolhessem sete homens
cheios do Espírito Santo que suprissem essa necessidade. Ao serem escolhidos, foram
apresentados aos apóstolos que lhes impuseram as mãos e oraram por eles. A consequência
dessa nova organização também foi o crescimento da Palavra de Deus, multiplicação dos
discípulos em Jerusalém e muitíssimos sacerdotes que obedeciam à fé (At 6.7).

Fato é que essas barreiras precisaram ser rompidas pelo Espírito Santo de Deus para
que o evangelho pudesse alcançar pessoas de diferentes classes sociais, sexo, etnias, pois somos
um em Cristo.

10º comentário: Efésios 2.14 “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo
derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade,”

Em Atos 1.8 Jesus afirma que chegaria o tempo em que o evangelho chegaria aos
samaritanos e até aos confins da terra. Isso era algo inimaginável ao judeu, pois entendiam que
apenas eles, como nação eleita teriam a salvação, apesar de o Senhor sempre ter mostrado a
Israel sua função missionária. Havia uma barreira étnica em que judeus não aceitavam a
salvação dos gentios. Deus atua providencialmente na história da humanidade, fazendo com
que o evangelho ultrapasse as barreiras raciais chegando aos gentios incircuncisos. Essa
barreira começa a se despedaçar quando Pedro visita Cornélio e o Espírito Santo desce sobre
ele e sua casa (Atos 11). Ali “o evangelho da paz não faz distinção entre judeu e gentio, homem
e mulher, doutor e analfabeto, religioso e ateu. O evangelho quebra muralhas, despedaça
31

grilhões, rompe tabus, quebra preconceitos e torna a igreja um único povo, um único rebanho,
uma única família.”6

Esse fato torna possível a missão paulina na sequência do livro de Atos e é


fundamental para a expansão do evangelho, assim como é crucial para ser, ainda hoje, alvo da
graça maravilhosa e da providência de Deus que não se limitou àqueles momentos, mas se
estende por toda a história da humanidade, pela qual Deus cumprirá todos os seus propósitos.

Essa união promovida pelo Espírito Santo por intermédio de Pedro rompeu as
barreiras étnicas que haviam separando judeus e gentios, formando um único povo de um único
reino debaixo do evangelho da paz.

6
LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012, p. 213.
32

BIBLIOGRAFIA
BARCLAY, Willian. The Acts of the Apostles. Lousiville: Westminster John Knox Press,
1976.

CALVINO, João, Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses, org. Tiago J. Santos Filho et al.,
trad. Valter Graciano Martins, Primeira Edição, Série Comentários Bíblicos (São José dos
Campos, SP: Editora FIEL, 2010)

HENDRIKSEN, Efésios e Filipenses, org. Cláudio Antônio Batista Marra, trad. Valter
Graciano Martins, 3a edição, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura
Cristã, 1992).

LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos,
2012.

STOTT, John R. W. A Mensagem de Atos: Até os confins da Terra. São Paulo: Editora ABU,
1990.

Você também pode gostar