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HABACUQUE

HABACUQUE

INTRODUÇÃO
1. Título- O título deste livro, como o dos outros livros dos Profetas Menores, é simples-
mente o nome do autor. Habacuque, do heb. Chabaqquq, é derivado do verbo chabaq, "abraçar".
Alguns têm relacionado o nome com a forma acádia !J.arnbaququ, que é a designação de uma
planta de jardim aromática. O nome Habacuque não ocorre em nenhuma outra parte do AT.
2. Autoria- Não se sabe nada mais sobre Habacuque, além do que é revelado em seu livro.
Não é informado se, como Amós (ver com. de Am 7:14), Habacuque foi chamado por Deus de
alguma outra ocupação, ou se foi especialmente treinado para o ofício nas escolas dos profetas.
Em meio aos famosos pergaminhos descobertos em Khirbet Qumrân (ver p. 73; vertam-
bém vol. 1, p. 7-10), havia um que tratava do livro de Habacuque. Ao ser examinado, verifi-
cou-se que era um antigo midrash, ou comentário, que consistia de passagens curtas, citadas
de Habacuque, seguidas pela interpretação dessas passagens por parte do autor. A escrita
foi bem preservada, mas infelizmente há muitas lacunas. O comentário consiste de 13 colu-
nas de escrita e cobre apenas os dois primeiros capítulos de H abacuque. O manuscrito foi
datado de c. 100 a.C ., mais ou menos a mesma época dos dois pergaminhos de Isaías (ver
p. 74, 75). Juntamente com o rolo mais completo de Isaías (lQls•, ver p. 74, 75), o Comentário
de Habacuque foi publicado em fac-símile, com um texto paralelo em caracteres hebraicos
modernos, editado por Millar Burrowns (The Dead Sea Scrolls of St. Mark's Monastery,
vol. 1 [New Haven: American Schools of Oriental Research , 19 50]).
A importância primária do Comentário de Habacuque para a erudição bíblica não são os
comentários em si, por mais interessantes que sejam, mas o texto bíblico. Esse texto, copiado
por algum antigo escriba sectário, provavelmente um essênio, antecede em quase um milênio
os mais antigos manuscritos do texto massorético (ver vol. 1, p. 12). Daí seu valor inestimável
para qualquer estudo textual do livro de Habacuque (ver com. de Hc 1:4, 17; 2:1, 4, 5, 15, 16).
3 . Contexto histórico -O livro deve ter sido escrito durante uma época de aposta-
sia (PR, 386), provavelmente durante a última parte do reinado de Manassés, no reinado
de Amam ou na primeira parte do reinado de Josias. É muito provável que o ministério de
Habacuque tenha vindo logo em seguida ao ministério do profeta Naum. Um argumento a
favor desse ponto de vista é a posição do livro tanto no cânon hebraico como no grego. Os 1 ~
males que Habacuque atribui a seu povo, e dos quais se queixa, também apontam para esse
período. A data geral de 630 a.C. tem sido atribuída a esta profecia (ver as razões, na p. 9,
lO). O profeta conhecia bem a crise que Babilônia logo ocasionaria a seu povo por causa
dos pecados deste - uma crise que finalmente resultaria no cativeiro de Judá. Habacuque
advertiu antecipadamente a nação acerca dessa crise e também predisse o juízo divino sobre
a idólatra e iníqua Babilônia, a inimiga de Deus e de Seu povo.
4. Tema- Embora lamentasse os pecados de Judá e soubesse que seu povo merecia
a punição, H abacuque estava preocupado com o resultado das aflições que viriam sobre
eles e também com o destino do instrumento que Deus usaria para infligir a punição, os
caldeus, que pareciam desfrutar prosperidade cada vez maior. Deus responde ao questio-
namento do coração de Seu servo e mostra a Habacuque que o castigo dos israelitas seria,

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

no final, para seu bem, enquanto a prosperidade terrena dos ímpios , que são representados
por Babilônia, iria se desvanecer, como resultado do juízo divino. Na "oração" do capítulo
três , este livro atinge o clímax por meio de uma descrição vívida do destino dos ímpios e da
triunfante recompensa dos justos.
Com este contraste, era propósito de D eus revelar ao profeta como o crescente orgulho
dos caldeus e, semelhantemente, o de todos os ímpios, leva à morte, enquanto a confiante
submissão dos justos a Deus por meio da fé leva à vida. Nesta ênfase sobre a santidade e
a fé, Habacuque se une a Isaías como um profeta evangélico.
O livro de Habacuque fornece uma solução para o dilema por que Deus permite aos peca-
dores prosperarem; essa solução é comparável ao que ilustra o livro de Jó acerca do problema
de Deus permitir que os santos sofram (ver vol. 3, p. 550). Habacuque amava sinceramente
ao Senhor e ansiava pelo triunfo da justiça, mas não podia entender por que Deus aparen-
temente permitia que a apostasia e o crime de Judá ficassem sem restrição e sem punição
(Hc 1: 1-4; cf. Jr 12: 1). D eus mostra que tem um plano para restringir e punir a Judá por seus
maus caminhos, e que os caldeus seriam o instrumento pelo qual Ele realizaria esse plano
(Hc 1:5-11 ; ver p. 18, 19; cf. Is 10:5-16).
Esta explicação faz surgir outro problema na mente de H abacuque: Como Deus pode-
ria usar, para punir aJudá, uma nação mais ímpia do que Judá? Como esse plano pode ser
conciliado com a justiça divina (Hc 1:12-1 7)?
De forma precipitada, mas com fervor e inocência , H abacuque exige uma resposta de Deus
(2 :1). Passando temporariamente por alto a temeridade da exigência de Habacuque, Deus
assegura ao profeta Seu propósito em relação a Judá (v. 2, 3) e, então, salienta a Habacuque
que ele precisa ter humildade e fé (v. 4). O Senhor prossegue, enumerando os pecados de
Babilônia (Hc 2:5-19). Ele está plenamente ciente da perversidade de Babilônia e assegura a
Habacuque que Ele, o Senhor, está no controle dos negócios da Terra. Consequentemente,
todos os seres humanos , inclusive Habacuque, fariam bem em calar-se diante dEle (v. 20),
isto é, em não questionar a sabedoria dos caminhos divinos.
Percebendo que havia passado dos limites ao se atrever a desafiar a sabedoria e a von-
tade divinas , Habacuque se arrepende humildemente. Porém, ao mesmo tempo, sua pre-
ocupação com Judá como o instrumento escolhido do plano de Deus sobre a Terra (ver p.
13, 14) se manifesta na súplica para que a justiça divin a seja temperada com misericórdia
~ '* ( H c 3:1, 2). Essa oração é seguida de uma revelação da glória e do poder divinos que mos-
tra D eus em ação para salvar Seus fiéis e derrotar os inimigos (v. 3-16). O livro termina
com a afirmação de confiança, por parte de Habacuque, na sabedoria e no êxito final do
plano divino (v. 17-19).

5. Esboço.
I. O problema: a tolerância divin a para com Judá e Babilônia, 1:1 -17.
A. A queixa de Habacuque acerca da perversidade de Judá , 1:1-4.
E. O plano divino para Judá, !:5-ll.
C . O protesto de Habacuque contra o plano de Deus, 1:12-17.
li. A solução: confiança na sabedoria e no plano de Deus, 2:1-20.
A. Habacuque exige uma resposta, 2:!.
E. Deus recomenda confiança na sabedoria e no êxito de Seu plano, 2:2-4, 20.
C. Deus enumera os pecados coletivos de Babilônia, 2:5 -19.

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HABACUQUE 1:2

li!. A resposta de Habacuque, 3:1-19.


A. Intercessão em busca da misericórdia divina, 3:1, 2.
B. Uma visão de juízo e livramento, 3:3-16.
C. Habacuque afirma sua fé em Deus, 3:17-19.

CAPÍTULO 1
1 Habacuque se queixa da iniquidade da terra. 5 Ele visualiza a vingança a sobrevir por
meio dos caldeus e 12 se queixa de que ela será executada por alguém bem pior.

l Sentença revelada ao profeta Habacuque. lO Eles escarnecem dos reis; os príncipes são
2 Até quando, SENHOR, clamarei eu, e Tu objeto do seu riso; riem-se de todas as fortalezas,
não me escutarás? Gritar-Te-ei: Violência! E não porque, amontoando terra, as tomam.
salvarás? li Então, passam como passa o vento e seguem;
3 Por que me mostras a iniquidade e me fazes fazem-se culpados estes cujo poder é o seu deus.
ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão 12 Não és Tu desde a eternidade, ó SENHOR,
diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita. meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos.
4 Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aque-
nunca se manifesta, porque o perverso cerca o le povo; Tu, ó Rocha, o fundaste para servir de
justo, a justiça é torcida. disciplina .
5 Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos 13 Tu és tão puro de olhos, que não podes
e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra ver o mal e a opressão não podes contemplar; por
tal, que vós não crereis, quando vos for contada. que, pois, toleras os que procedem perfidamente
6 Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e Te calas quando o perverso devora aquele que
e impetuosa, que marcham pela largura da terra, é mais justo do que ele?
para apoderar-se de moradas que não são suas. 14 Por que fazes os homens como os peixes
7 Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles do mar, como os répteis, que não têm quem os -<~ §
mesmos o seu direito e a sua dignidade. governe? "'
8 Os seus cavalos são mais ligeiros do que os 15 A todos levanta o inimigo com o anzol,
leopardos, mais ferozes do que os lobos ao anoi- pesca-os de arrastão e os ajunta na sua rede var-
tecer são os seus cavaleiros que se espalham por redoura; por isso, ele se alegra e se regozija.
toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de 16 Por isso, oferece sacrifício à sua rede e quei-
longe, voam como águia que se precipita a devorar. ma incenso à sua varredoura; porque por elas enri-
9 Eles todos vêm para fazer violência; o seu queceu a sua porção, e tem gordura a sua comida.
rosto suspira por seguir avante; eles reúnem os 17 Acaso, continuará, por isso, esvaziando a
cativos como areia. sua rede e matando sem piedade os povos?

1. Sentença. Do heb. massa', um "pro- 2. Até quando [... ]? O profeta estava


nunciamento" (ver com. de Is 13:1). angustiado por causa da pecaminosidade
Profeta. Dos outros Profetas Menores, do povo e dos resultados que certamente
apenas Ageu e Zacarias reivindicam para si se seguiriam. Pela linguagem que emprega,
o título de "profeta". parece que Habacuque apresentava sua

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1:3 COM ENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

perplexidade a Deus já havia algum tempo, ira divina chegaria quando os daquela época
m as D eus não o escutava, isto é, aparente- ainda estariam vivos.
mente não fazia nada para deter os males em Não crereis. Um a indicaç ão da severi-
Judá. H abacuque deixa implícito que parece dade do juízo que estava por vir.
estar mais interessado na retidão e na justiça 6. Os caldeus. Do heb. Kasdim (ver com.
do que o próprio Deus. de Dn 1:4). A nação de Babilônia é então
Violência. Do heb. chamas, delitos em revelad a como o agente da ira divina que
geral, n ão necessariamente envolvendo o Deus suscitaria para servir ao Seu propósito.
causar dano corporal a outra pessoa, como Impetuosa. Do heb . n imhar. Isto pre-
a palavra "violência" sugere. diz o rápido movimento das conquistas babi-
3. Destruição. Do heb . shod, "violên- lônicas, bem representadas pela figura das
cia" ou "devastação", referindo-se com fre- "asas de águia" da profecia de D aniel (ver
quência à destruição causada pela pilhagem . com. de Dn 7: 4 ).
Violência. Ver com. do v. 2. N a LXX, a 7. Seu direito. O s caldeus eram tão for-
última fra se do v. 3 diz: "A sentença foi dada tes e autoconfian tes que não reconheciam
contra mim e o juiz recebe uma recompensa." nenhum poder exceto o deles, e atribuíam
4. Lei. Do heb . torah (ver com . de Dt suas grandes realizações à própria capaci-
31:9; Pv 3: 1). dade (ver Dn 4: 28 -30).
Afrouxa. Do heb . pug, "ficar entorpe- 8. Os leopardos. A rapidez do leopardo
cido". O profeta atribui a paralisação da efi- para apanhar a presa é proverbial (ver com.
cácia da lei entre os habitantes de Judá ao de Dn 7:6).
fato de D eus não pôr fim à iniquidade. Em Os lobos ao anoitecer. Ou, "os chacais
vez de "se afrouxa", a LXX diz: "é frustrada". ao anoitecer". Estes animais são os mais fero -
Contudo, o hebraico do texto m as sorético zes à noite, quando estão vagueando à pro-
é confirmado pelo texto hebraico citado no cura de alimento (ver Jr 5:6; Sf 3:3).
Comentário de Habacuque dos M s do M ar Que se espalham. O contexto favorece
Morto (ver p. 1153). a tradução da LXX: "avançam montados" (ver
Cerca. Cercar com má intenção (ver SI NTLH); isto é, avançam para vencer.
22: 12, 13). C omo resultado, os justos são viti- Águia. Do heb. nesher, "um abutre", ou
mados pelos ímpios, e a "justiça" é torcida e "uma águia". Moisés havia profetizado que
pervertida com relação a eles. se Israel se desviasse de Deus, seria punido
5. Entre as nações. Deus passa a por seus pecados por uma nação que tivesse
resp onder à queixa do profeta. Ele acu sa cavalos tão velozes que poderiam apropriada-
H abacuque de procurar entre as nações vizi- mente ser comparados a águias (Dt 28:47-50). ,. §i
o
nhas a que D eus usará para punir o povo por 9. Para fazer violência. A "violência",
seu s pecados. A LXX começa este versículo mencionada anteriormente como o pecado
assim : "Vede, ó desprezadores", que é a ver- de Judá (ver com . do v. 2), será a punição
são que Paulo usa em Atos 13:41. infligida a Judá pelos caldeus .
Maravilhai-vos e desvanecei. Quando Suspira. A palavra hebraica pode ser tra-
ch egar rep entinamente, a punição divina duzida como "vento oriental" (cf. AC F, BJ;
levará terror aos corações . ou "vento do deserto", cf. N VI) e também
Em vossos dias. Uma vez que como "para o oriente" (cf. ARC; ver com . de
H abacuque havia perguntado "até quando" Jr 4:11 ; 18 :1 7).
(v. 2) seria p ermitido que e sta iniq uidade Seguir avante. D o heb. m egammath ,
continuasse , o Senhor lhe assegura que a palavra cujo significado é obscuro. Ela ocorre

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HABACUQUE 1:17

apenas aqui em todo o ATe, devido à incer- 13. Tão puro de olhos. Uma vez que a
teza de sua definição, a frase toda tem sido natureza sem pecado de Deus não pode tole-
traduzida de formas variadas. rar o "mal" (ver SI 5:4-6) e não pode aprovar
Como areia. Uma figura que indica a "iniquidade" (ver SI 145: 17), o profeta fica
o grande número de prisioneiros e os des- perplexo pelo fato de Deus permitir que os
pojos que seriam tomados. Isto concorda caldeus procedam "perfidamente" em rela-
naturalmente com a figura anterior do ção a Seu povo. Eles são idólatras e, segundo
temido vento oriental que, ao soprar, forma o ponto de vista de Habacuque, eram muito
dunas de areia . piores do que Judá. Como, então, Deus pode-
10. Escarnecem. Do alto de sua autos- ria, com justiça, usá-los para punir aJudá?
suficiência (ver com. do v. 7), os babilônios Do que ele. Isto é, do que "o perverso".
olhavam para baixo e riam de reis e prínci- 14. Os peixes. Muitas vezes o justo
pes estrangeiros. fica tão mudo e indefeso nas mãos de um
Amontoando terra. Uma alusão à cons- opressor ímpio quanto o peixe na rede dos
trução de rampas ou aterros para atacar uma pescadores.
cidade (ver com. de 2Sm 20:15; ver também Os répteis. Ver SI 104:25.
ilustração no vol. 2, p. 47). A LXX diz: "fazer Não têm quem os governe. No
um aterro". Comentário de Habacuque dos Ms do Mar
11. Passam. Com o sentido de seguir Morto, a última frase diz: "Como uma cria-
em frente e avançar pela terra, ou de extra- tura rastejante a ser governada" (ver Gn 1:26).
polar todos os limites do orgulho. 15. Levanta. Aqui o profeta mostra figu-
Fazem-se culpados. Isto se devia ao rativamente como os babilônios conquista-
fato de os babilônios atribuírem seu sucesso vam as nações, sendo que o equipamento
à própria força e habilidade, fazendo de seu de pesca representa os exércitos caldeus.
poder um deus (ver com. do v. 7). O pro- Contudo, esta mesma figura poderia repre-
feta deixa implícito que a nação usada para sentar a atividade de qualquer pessoa ímpia.
punir a Judá seria, ela própria, punida por Ele. Isto é, "o perverso" (ver com. do v. 13).
seus pecados. 16. Oferece sacrifício. Um modo
12. Não és Tu [... ]? Habacuque, fa- metafórico de indicar que os caldeus não
lando por seu povo, apela a Deus por mi- reconheciam o Deus verdadeiro, mas atri-
sericórdia para que não pereçam (v. 12-17). buíam o sucesso à sua própria habilidade (ver
Olhando para além das perspectivas amea- com. de Hc 1:7; cf. ls 10:12, 13).
çadoras, o profeta afirma, com fé: "Não mor- 17. Esvaziando. O profeta pergunta
reremos" (ver PR, 386). se será permitido aos caldeus prossegui-
Juízo. No sentido de "punição". rem em suas conquistas e continuarem
Rocha. Do heb. Tsur (ver Dt 32:31; 2Sm "esvaziando a sua rede" para enchê-la nova-
22:3, 47). Este título enfatiza a ideia de que mente com os despojos de guerra. O v. 17
Deus é um apoio seguro e inamovível para no texto hebraico, citado no Comentário de
Seu povo. A frase final do texto hebraico Habacuque dos Ms do Mar Morto (ver p.
citada no Comentário de Habacuque dos Ms 1153), diz: "Portanto, ele desembainhará sua
do Mar Morto (ver p. ll53) diz: "Ó Rocha, espada continuamente para matar nações
como Aquele que o castiga, Tu o escolheste." sem mostrar misericórdia."

li 57
2:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

2-7- PR, 385 13 - Ed, 255; FEC, 252; T2 , 447; T7, 193
12 - PR, 386 GC , 310; PR, 323;

CAPÍTULO 2
1 Habacuque deseja uma resposta, mas lhe é mostrado que ele precisa esperar pela fé.
5 O juízo sobre os caldeus, por serem insaciáveis, 9 cobiçosos,
12 cruéis, 15 beberrões e 18 idólatras.

Pôr-me -ei na minha torre de vigia, colo- adquiridos, para pôr em lugar alto o seu ninho, a
car-me-ei sobre a for taleza e vigiarei para ver fim de livrar-se das garras do mal!
o que Deus me dirá e que resposta eu terei à 1O Vergonha maquinaste para a tua casa;
minha queixa. destruindo tu a muitos povos, pecaste contra
2 O SENHOR me respondeu e disse: Escreve a tua alma .
a visão, grava-a sobre tábuas , para que a possa 11 Porque a pedra clamará da parede, e a
ler até quem passa correndo. trave lhe responderá do madeiramento.
3 Porque a visão ainda está para cumprir-se 12 Ai daquele que edifica a cidade com san-
no tempo determinado, mas se apressa para o fim gue e a fundamenta com iniquidade!
e não falhará ; se tardar, espera-o, porque, certa- 13 Não vem do SENHOR dos Exércitos que
mente, virá, não tardará. as nações labutem para o fogo e os povos se fa-
4 Eis o soberbo! Sua alma não é reta n ele; tiguem em vão?
mas o justo viverá pela sua fé. 14 Pois a terra se encherá do conhecimen-
5 Assim como o vinho é enganoso, tampouco to da glória do SENHOR, como as águas cobre m
permanece o arrogante, cuja gananciosa boca se o mar.
escancara como o sepulcro e é como a morte, que 15 Ai daque le que dá de beber ao seu com-
não se farta; ele ajunta para si todas as nações e panhe iro, misturando à bebida o seu furor,
congrega todos os povos. e que o em b ebeda para lh e contemplar as
6 Não leva ntarão, pois, todos estes contra vergonhas!
ele um prové rbio , um dito zombador? Dirão: 16 Serás farto de opróbrio em vez de honra;
Ai daquele que acumula o que não é seu (até bebe tu também e exibe a tua incircuncisão; che-
quando?), e daquele que a si mesmo se carre- gará a tua vez de tornares o cálice da m ão direita
ga de penhores! do SENHOR, e ignomínia cairá sobre a tua glória.
7 Não se levantarão de repente os teus cre- 17 Porque a violência contra o Líba no te
dores? E não despertarão os que te hão de aba- cobrirá, e a destruição que fizeste dos an imais
lar? Tu lhes servirás de despojo. ferozes te assombrará, por causa do sangue dos
8 Visto como despojaste a muitas nações , homens e da violência contra a terra, contra a ci-
todos os mais povos te despojarão a ti, por causa dade e contra todos os seus moradores.
do sangue dos homens e da violência contra a 18 Que aproveita o ídolo, visto que o seu artí-
terra, contra a cidade e contra todos os seus fice o escu lpiu? E a imagem de fundição, mestra
moradores . de mentira s, para que o artífice confie na obra,
9 Ai daqu ele que ajunta em sua casa bens mal fazendo ídolos mudos?

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HABACUQUE 2:4

19 Ai daquele que diz à madeira: Acorda! E à interior, não há fôlego nenhum.


pedra muda: Desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis 20 O SENHOR, porém, está no Seu santo tem-
que está coberto de ouro e de prata, mas, no seu plo; cale-se diante dEle toda a terra.

I. Pôr-me-ei. Habacuque demons- demorada, no devido tempo ela se cumpri-


tra aqui claramente sua fé em Deus. ria. Segundo o texto da LXX, a ideia parece
Apresenta-se como alguém que toma posi- ser de que, embora o inimigo parecesse tar-
ção, assim como um atalaia (ver Ez 3: 17; dar, certamente viria, conforme o predito.
33:7), num lugar alto, a fim de ter uma visão A referência em Hebreus 10:37 é ao texto
clara de tudo ao redor e poder ver e ouvir da LXX, e as palavras, juntamente com uma
qualquer coisa que se aproxime. frase da LXX em Isaías 26:20, são aplicadas
Torre. Do heb. matsor, "uma fortaleza", ao segundo advento do Senhor.
isto é, um lugar a partir do qual se resiste A profecia de Habacuque 2: I a 4 foi fonte
a um cerco. No texto hebraico citado no de encorajamento e conforto para os primei-
Comentário de Habacuque dos Ms do Mar ros crentes no Advento, conhecidos como
Morto (ver p. 1153), esta palavra é acompa- mileritas. Quando o Senhor não voltou na
nhada de um sufixo que significa "minha". primavera de 1844, como se esperava a prin-
Vigiarei para ver. Habacuque acredita cípio, os mileritas experimentaram profunda
ter apresentado a Deus uma objeção válida ao perplexidade. Foi pouco depois do desapon-
plano de usar os caldeus como instrumentos tamento inicial que eles viram um signifi-
contra Judá (Hc 1:6, 13). Assim, ele espera cado especial nas palavras do profeta: "Pois
~ ~' uma resposta (ver p. 1153, 1154). a visão aguarda um tempo designado; ela fala
~ À minha queixa. Ou, "à minha objeção". do fim, e não falhará. Ainda que se demore,
2. Escreve. O Senhor responde à fé de espere-a" (NVI). Eles se apoiaram "na lin-
Seu servo e o encoraja em sua obra. A escrita guagem do profeta" (TI, 52) e saíram a pro-
daria permanência às mensagens do profeta. clamar o clamor da meia noite: "Eis o noivo!
Tábuas. Do heb. luchoth, geralmente Saí ao seu encontro!" (Mt 25:6; ver GC, 392).
placas de pedra, às vezes, de madeira. A refe- 4. Sua alma. Na primeira metade do
rência deve ser a placas colocadas em lugares versículo, a LXX diz: "Se retroceder, nele não
públicos onde todos poderiam lê-las. se compraz a Minha alma", que é a versão
Quem passa correndo. A frase diz, dada em Hebreus 10:38. É interessante notar
literalmente: "para que seu leitor possa cor- que o texto hebraico citado no Comentário
rer", isto é, lê-la prontamente, fluentemente de Habacuque dos Ms do Mar Morto (ver
e sem esforço. p. 1153) está de acordo com o texto masso-
3. No tempo determinado. A visão se rético neste caso.
cumprirá no devido tempo (ver Gl4:4). Em sua aplicação primária, estas pala-
Mas se apressa. Do heb. puach, "respi- vras reprovam o profeta por sua imprudên-
rar", "soprar". O significado seria: "ela respira cia e falta de fé.
rapidamente [isto é, se apressa] para o fim". Justo. Do heb. tsadiq, "justo", "sem culpa",
Se tardar. Nesta frase, a LXX usa o pro- usado em referência a uma pessoa ou coisa
nome masculino, como o faz a ARA. Segundo que foi examinada e encontrada em boas con-
o texto hebraico, que traz o pronome neu- dições. Esta frase final apresenta o caráter do
tro, embora o cumprimento da visão sobre a homem bom em contraste com o do homem
vinda dos conquistadores caldeus parecesse mau descrito na primeira parte do versículo.

1159
2:5 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Fé. Do heb. 'amunah, "constância", "fide- Em Habacuque 2:5 a 19, Deus enumera
dignidade" ou "fidelidade", usada aqui para os pecados de Babilônia. Ele sabe que os
descrever a relação de alguém para com babilônios são perversos, como Habacuque
Deus. A confiança em Deus vem da certeza os acusa (1:13). Contudo, Deus ainda está no
de que Ele irá guiar, proteger e abençoar os comando dos negócios da Terra, e todos -
que cumprem a Sua vontade. H abacuque inclusive Habacuque - devem calar-se diante
afirma principalmente que o que vive por fé dEle (2:20).
e confiança pura no Senhor será salvo, mas Vinho. Em lugar de "vinho", o texto
que perecerá o soberbo, que mostra orgulho hebraico citado no Comentário de Haba-
obstinado e perversidade no pecado. cuque dos Ms do Mar Morto (ver p. II53)
Onde o texto massorético diz "s ua" fide- traz hon, "poder" ou "riqueza".
lidade (fé), a LXX diz "Minha" fidelidade, Arrogante. Ou, "orgulhoso".
sendo que é Deus mesmo quem está fa lando. Boca. Do heb. nefesh (ver com. de 1Rs
Na citação desse texto, que se encontra em 17:21; SI 16:10).
Hebreus 10:38, comparativamente poucos Sepulcro. Do heb. she'ol (ver com. de Pv
manuscritos do NT seguem a LXX, enquanto 15:11). Como a morte e o she'ol são represen-
a maioria dos manuscritos não traz o pro- tados como insaciáveis (Pv 27:20; Is 5:14),
nome "sua" nem "minha" modificando o assim os babilônios se reuniam e ajuntavam
substantivo "fé". Tanto o texto massoré- para si "todas as nações" e "todos os povos".
tico como o da LXX se baseiam em gran- 6. Todos estes. As "nações" e os "povos"
des verdades, pois uma pessoa "viverá ", ou (v. 5) conquistados pelos babilônios.
será aceita aos olhos divinos, pela fidelidade Provérbio. Ver com. de Mq 2:4.
a Deus, que, por sua vez, baseia-se na fide- Penhores. Do heb. 'abtit, palavra que
lidade de Deus em cuidar de Seus filhos . ocorre apenas aqui no AT e cujo significado é
É provável que esta variante no texto se deva considerado como sendo "penhores", isto é, ves-
à semelhança na forma das letras hebraicas tes ou outras coisas dadas como garantia por
waw e yod percebida na época em que a LXX dívidas. Em outras palavras, faz-se a pergunta:
foi traduzida. N aquele tempo, a escrita des- "Quanto tempo Babilônia vai continuar acumu-
sas letras era praticamente idêntica. Usadas lando dívidas de direito e justiça para com os
junto a 'amunah como sufixos, waw signifi- povos que ela subjuga antes que esses penho-
caria "sua", e yod, "minha". res sejam resgatados mediante a aplicação de
Embora primariamente este versículo se irada retribuição aos habitantes de Babilônia?
refira aos que, por causa de sua fé no Senhor, 7. Os teus credores. Aqueles que os
seriam salvos dos caldeus e ainda encontra- babilônios prejudicaram se levantariam e os
!§ ~ riam paz, ainda que Judá fosse destruída, atacariam. Historicamente, foram os medos
num sentido mais amplo, o versículo enun- e os persas que saquearam os caldeus e des-
cia uma verdade aplicável a todos os tem- truíram o império deles.
pos. Paulo emprega essa declaração do AT Despojo. Isto é, "saque" (ver Jr 50:9, lO).
mais de uma vez como tema de uma disser- 8. Despojarão a ti. Como vingança,
tação sobre a justiça pela fé (ver Rm 1:16, 17; todas as nações tomadas e saqueadas pelos
Gl 3:ll; Hb 10:38, 39). babilônios, principalmente os medos e
5. Assim como. Novamente é enfatizado os persas, iriam destruir os caldeus (ver
o contraste entre o caráter do ímpio, deli- Is 21:2; 33:1). A tomada de Babilônia vinga-
neado na primeira parte do v. 4, e o do justo, ria o "sangue" que os babilônios cruelmente
mencionado no final do mesmo versículo. derramaram.

II60
HABACUQUE 2:17

A terra. Alguns creem que o profeta aqui dá de beber ao seu companheiro para tirar
se refira particularmente à terra da Palestina. vantagem dele, os caldeus fizeram o mesmo
9. Ajunta [... ] bens mal adquiridos. com as outras nações, e era justo que, por
Literalmente, "um ganhador de mau ganho" sua vez, eles tivessem de beber do cálice da
para sua casa; provavelmente, uma referên- ira de Deus (ver Ap 14:8, lO).
cia à família real ou à dinastia babilônica. Contemplar as vergonhas. Esta é
Pôr em lugar alto o seu ninho. Uma uma figura que ilustra (ver Gn 9:20-23) a
figura que significa segurança. condição humilhante à qual as nações con-
Mal. Usado aqui no sentido de calami- quistadas eram reduzidas sob o governo iní-
dade (ver com. de Is 45:7). quo e tirano dos babilônios (ver Lm 4:21).
10. Contra a tua alma. As maquina- Em vez de "vergonhas" ou "nudez" (ARC,
ções do rei caldeu para assegurar glória "des- NVI), o texto hebraico citado no Comentário
truindo [.. .] a muitos povos" provocou sua de Habacuque dos Ms do Mar Morto (ver
própria "vergonha" e assegurou sua queda p. 1153) diz "festas".
(ver Pv 8:36). 16. Farto. O mau tratamento imposto
li. Pedra. Uma figura notável para indi- por Babilônia aos oprimidos provocaria sua
car a enormidade da culpa de Babilônia. própria queda . Eles iri am beber até o fim a
Não só os homens, mas as coisas inanima- taça da retribuição divina.
das iriam condenar a iniquidade dos caldeus Exibe a tua incircuncisão. Literal-
(ver Lc 19:40). mente, "sê contado como incircunciso", do heb.
12. Edifica. Neste terceiro "ai" (ver v. 6, 'aral, "deixar incircunciso". Isto é, que Babilônia
9), a condenação repousa sobre os babilô- receba o mesmo tratamento ignominioso que
nios porque seu poder foi edificado sobre a dispensou a outros (ver com. do v. 15). Neste
matança e a "iniquidade" (ver Dn 4:27; cf. versículo, o texto hebraico citado no Comen-
Mq 3:10). Babilônia foi ampliada e embele- tário de Habacuque dos Ms do Mar Morto
zada por despojos tomados das nações con- (ver p. 1153) mostra uma interessante dife-
quistadas. Embora este versículo se aplique rença em relação ao texto massorético. Em vez
primariamente a Babilônia, as verdades aqui da palavra 'aral, o comentário traz ra'al, "rodo-
declaradas são atemporais. piar" ou "cambalear" (as consoantes hebraicas
13. SENHOR dos Exércitos. Ver com. são as mesmas, mas a posição delas está alte-
de Jr 7:3. rada). A versão ra'al se encaixa bem melhor
Para o fogo. Todos os edifícios e for- no contexto; neste caso a frase diria: "Bebe tu
talezas dos babilônios, erigidos por meio de também e cambaleia." Em outras palavras, os
trabalho escravo, seriam, no final, apenas babilônios deviam sofrer as mesmas indigni-
combustível para o "fogo"; e, assim, eles se dades e crueldades impostas aos inimigos con-
fatigariam "em vão" (ver Jr 51:29, 30, 58). quistados. Esta variante do texto é apoiada pela
14. A terra se encherá. Habacuque rei- LXX, que aqui usa o verbo "tremer".
tera um pensamento já expresso por Isaías 17. Violência contra o Líbano. O que
(Is ll :9). A destruição de Babilônia tipifica Babilônia fez ao Líbano tornaria sobre ela
a destruição de todos os ímpios no dia final. (ver Is 14:4-8). Alguns consideram que
15. Misturando[... ] seu furor. O texto "Líbano" aqui seja uma referência ao templo
massorético diz "teu furor" (ver ACF). A ver- de Jerusalém, que fora construído de cedros
são "seu furor" vem do texto hebraico citado do Líbano (ver 1Rs 5; Zc 11:1 , 2). Outros
no Comentário de Habacuque dos Ms do veem uma referência aos cedros cortados na
:§ ~ Mar Morto (ver p. 1153). Como o homem que época da invasão.

1161
2:18 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

18. Aproveita. O profeta ironicamente se refi ra ao templo de Jerusalém como o


p ergunta qu e benefício os cald eus tiram da lugar da habitação do Deus verdadeiro, em
confiança depositada em seus deuses (ver sentido mais amplo, ele talvez estivesse pen-
Is 44:9, lO; Jr 2:11). Frequentemente, o AT sando também no "templo" de Deus no Céu
enfatiza a loucura de se confiar em "ídolos (ver 1Rs 8:27-30; Slll:4; Mq 1:2, 3). Devido
mudos" (ver Slll5:4-8; Jr 10:1-5; etc.). à exaltada majestade de Deus, "toda a terra",
19. À madeira. Madeira e pedra eram os constituída pelos súditos do Rei do universo,
materiais comuns usados no a ntigo Oriente é convocada a esperar, silenciosa e humil-
para fazer estátuas. demente, diante d Ele (SI 46:10; ver com.
De ouro e de prata. Estes metais ele SI 76:8).
preciosos eram usados para embelezar a Cale-se. Isto é, não se atreva a ques-
pedra ou a madeira (Is 40: 19; ver com. de tionar a sabedoria de Deus na condução do
Dn 3:1). destino das nações , como Habacuque o fez
20. O SENHOR. Deus está em Seu tem- (H c l:l 3; 2: 1). A linguagem deste versículo
plo, sentado no trono. Ele guia o destino é, às vezes, apropriadamente aplicada à reve-
das naç ões (ve r com. de Hc 2:5; Dn 4:17 ). rência na Casa de Deus, embora esse não
Seu santo templo. Habacuque, de fosse o intento original.
m aneira desafiadora, apresenta a diferença Toda a terra. Isto é, todos os seres
entre o Deus vivo e majestoso e os ídolos vãos humanos , inclusive o profeta Habacuque
e sem vida. Embora o profeta prim ariamente (ver com. ele Hc 1:13; 2:1, 4).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

J-T8,172 Tl, 52; T5, lO 15- CBV, 341; Te, 40, 99, 288,
1-4 - CC, 392; PR, 386 3, 4- PR, 388 291
2 - Ev, 129; GC, 521; T7, 25 4-MCH , 55 20 - OC, 540; Ed, 243; OE,
2, 3 - HR , 367 l l - T8, 55 179; CBV, 438; PR, 50,
3 - PE, 236; LS, 58; PP, 170; 14- T8, 47, 60 388; T8, 285

CAPÍTULO 3
1 Em oração, Habacuque treme ante a majestade de Deus. 17 Afinneza de sua fé.

1 Oração do profeta H abac uqu e sob a form a 4 O Seu respl e ndor é como a luz, raios bri-
de canto. lham ela Sua mão; e ali está velado o Seu poder.
2 Tenho ouvido, ó SEN HOR , as Tuas decla- 5 Adiante dEle vai a peste, e a pestilência
rações, e me sinto alarmado; aviva a Tua obra , ó segue os Seus p assos .
SE NHOR, no decorrer elos anos, e, no dec urso elos 6 Ele pára e faz treme r a terra; oi h a e saco-
anos, faze-a conhecida ; na Tua ira, lem bra-Te ela de as nações . Es migalha m-se os montes primiti-
mi sericórdia. vos; os outeiros eternos se abatem. Os caminhos
3 Deus vem de Temã, e do monte Parã ve m de Deus são eternos .
o Sa nto. A Sua glóri a cobre os céus, e a terra se 7 Vejo as tend as de C u sã em aflição; os acam -
enc he do Seu louvor. pamentos da terra de 1\ilicliã trem em .

1162
HABACUQUE 3:3

8 Acaso, é contra os rios , SENHOR, que estás como tempestade, avançam para me des truir;
irado? É contra os ribeiros a Tua ira ou contra o regozijam-se, como se estivessem para devorar
mar, o Teu furor, já que andas montado nos Teus o pobre às ocultas.
cavalos, nos Teus carros de vitória? 15 Marchas com os Teus cavalos pelo mar,
9 Tiras a descoberto o Teu arco, e farta está a pela massa de grandes águas .
Tua aljava de flechas. Tu fendes a terra com rios. 16 Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu , à sua
10 Os montes Te veem e se contorcem; pas- voz, tremeram os meus lábios ; entrou a podridão
sam torrentes de água; as profundezas do mar nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram , pois,
fazem ouvir a sua voz e levantam bem alto as em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que
suas mãos. virá contra o povo que nos acomete.
11 O sol e a lua param nas suas moradas, ao 17 Ainda que a figueira não floresça, nem haja
resplandecer a luz das Tuas flechas sibilantes, ao fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os cam-
fulgor do relâmpago da Tua lança. pos não produzam mantimento; as ovelhas sejam
12 Na Tua indignação, marchas pela terra, arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
na Tua ira, calcas aos pés as nações . 18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto
13 Tu sais para salvamento do Teu povo, para no Deus da minha salvação.
salvar o Teu ungido; feres o telhado da casa do 19 O SENHOR Deus é a minha fortaleza , e faz
perverso e lhe descobres de todo o fundamento. os meus pés como os da corça, e me faz andar al-
14 Traspassas a cabeça dos guerreiros do taneiramente. Ao mestre de canto. Para instru-
inimigo com as suas próprias lanças, os quais, mentos de cordas.

1. Oração. D a maneira usad a aqui, este sobre os inimigos deles. Também com-
termo se aplica a um salmo, um hino ou um preende que, no fim, Israel será redimido
cântico devocional (ver os subtítulos dos e toda a Terra "se encherá do conhecimento
Salmos 17, 90 e 102). d a glória do SENHOR" (Hc 2:14). Por isso, ele <1ª
Sob a forma de canto. O heb. diz: solicita fervorosamente a D eus que essa b oa
"sobre (ou de acordo com) Shigyonoth ". "obra" de restauração seja avivada. Com o
Alguns pensam que o termo designe cânti- espírito corrigido, ele não deseja de maneira
cos apaixonados, de rápidas mudanças emo- menos fervoros a o sucesso do plano de D eus
cion ais expressas por ligeiras mudanças no para Israel (ver p. 13-1 7) do que desejava a
ritmo. A estrutura da oração de H abacuque princípio (ver com . de H c 1:2).
pode ter refle tido esse tipo de poesia (ver No decurso. Habac uque suplica que o
vol. 3, p. 708, 709). propósito redentor de D eus seja manifesto
2. Alarmado. O profeta introduz a "ora- "no decurso dos anos", não depois que os
ção" expressando seu assombro pela imi- anos expirarem. Em outras palavras, o pro-
nente ira divina e pede a D eus que Se lembre feta an seia pelo cumprimento das prom es-
"da misericórdia". O profeta que, anterior- sas divinas de redenção.
mente questionava, re conhece ser sábia a Lembra-Te da misericórdia. O profe ta
maneira de D eu s tratar os seres humanos sabe que a principal esperança está na mise-
(ver com. de Hc 1:2 , 13; 2:1 ) e humildemente ricórdia do Céu, n ão na bondade humana.
admite seu erro. 3. Deus vem. Os v. 3 a 16 apresenta m
Aviva. O profeta sabe que Deus, embora um quadro sublime da vinda do Senh or em
fosse punir Seu próprio povo por causa d a juízo para o livramento de Seu povo. O qua-
apos t asia, h averia de exercer seguros juízos dro é apresen tado no contexto do livramento

11 63
3:4 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

do Israel literal, mas descreve também a "os outeiros eternos" apenas na aparência,
vinda de Cristo para inaugurar o reino de os "caminhos" de Deus são verdadeiramente
justiça (ver GC, 300; no que diz respeito eternos e imutáveis (Nm 23: 19; Ml 3:6).
a princípios de interpretação, ver vol. 4, 7. Cusã. Alguns creem que o termo
p. 22-25). Numa figura impressionante, ele se refira a Cuxe, outro nome para a antiga
descreve o efeito dessa vinda sobre a natu- Etiópia (ver com. de Gn 10:6). A LXX diz: "as
reza e sobre os ímpios. Habacuque usa exem- tendas dos etíopes". Contudo, outros creem
plos do trato passado de Deus para com Seu que Cusã fosse uma tribo vizinha de Midiã.
povo a fim de ilustrar esses eventos finais da Midiã. Ver com. de Gn 25:2. "Tendas"
história (ver com. do v. 11). e "acampamentos" podem figurativamente
Temã. Região que pertencia a uma das representar os moradores de Cusã e Midiã.
divisões tribais de Edom, ou o nome de todo 8. Irado. Para enfatizar o poder divino
o país de Edom (ver com. de Jr 49:7; para sobre toda a criação, Habacuque pergunta
comparação, ver Is 63:1-4). retoricamente se Deus estava irado com a
Parã. O profeta alude aqui a majestosos natureza inanimada quando exibiu Seu poder.
eventos ligados à promulgação da lei no Sinai Andas montado. Deus é representado
(ver com. de Dt 33:2), usando-os como ilus- como se viesse com grande haste de carros
tração do que ocorrerá no dia do juízo. Como e cavalos, por assim dizer, para defender Seu
Deus desceu em esplendor para reiterar a povo e esmagar os inimigos (ver SI 68:17).
lei a Seu povo, Ele aparecerá em glória para 9. Tiras a descoberto. O significado é
a salvação desse povo e para a punição dos deixar pronto para a ação. O profeta retrata
malfeitores (ver com. de Gn 21:21). o Senhor como um guerreiro (ver Êx 15:3),
Selá (ARC). Uma palavra colocada entre que prepara Seu arco para usá-lo.
a primeira parte do versículo e a segunda, Farta está a Tua aljava de flechas.
que não se encontra na ARA. Provavelmente O hebraico desta passagem é obscuro, e
usada para indicar algum tipo de ênfase ou isto gerou variadas interpretações. A LXX
mudança na melodia (ver vol. 3, p. 709). diz: "Certamente retesaste teu arco con-
4. Raios. Literalmente, "chifres". tra os cetros, diz o Senhor." A ARC diz:
Ali está velado o Seu poder. Quando "Descoberto se fez o Teu arco; os juramentos
o Salvador Se manifestar, as feridas do feitos às tribos foram uma palavra segura."
Calvário, os sinais de Sua humilhação, A BJ diz: 'Tu desnudas o Teu arco, sacias de
serão vistos como Sua mais elevada honra; flechas a sua corda."
ali estará Sua glória, "o esconderijo de Sua 10. E se contorcem. Literalmente,
força" (ARC; ver GC, 674; ver com. do v. 3). "se contorcem de dor"; a linguagem figu-
5. A peste. Habacuque apresenta o rada indica um terremoto (ver Êx 19:18;
efeito da vinda do Senhor. Cairá "a peste" SI 114:6, 7; ver com. de SI 114:4).
sobre os injustos. Em outras palavras, sobre- As profundezas. Do heb. tehom (ver
virá destruição aos ímpios. com. de Gn 1:2).
Pestilência. Do heb. reshef, "chama", Mãos. Provavelmente um sinônimo poé-
aqui, provavelmente, usada no sentido figu- tico para as ondas. ~§
rado de "praga", "pestilência". 11. O sol e a lua. Aqui o profeta usa o "
6. Os montes. Os próprios símbolos da evento de quando o sol e a lua se detiveram
estabilidade (ver Gn 49:26; Dt 33:15) "esmi- nos dias de Josué (Js lO: ll-14; ver PP, 508)
galham-se" por ocasião desse grande evento. como ilustração da vinda do Senhor (ver com.
Em contraste com "os montes primitivos" e de Hc 3:3).

1164
HABACUQUE 3: 19

12. Marchas. Ver Jz 5:4. 18. Eu me alegro. Por mais terríveis que
Calcas aos pés as nações. Ver ls 63:1- sejam os eventos que este capítulo prenun-
4; Jl 3:13; Ap 14:14-16. cia, ele se encerra com uma consoladora e
13. Tu sais. O propósito da vinda do reconfortante nota de alegria e de esperança
Senhor é salvar Seu povo, Seu "ungido" (ver da salvação "no SENHOR". O profeta assegura
SI 20:5, 6; 28:8, 9). a si mesmo que, no fim , tudo ficará bem, por
De todo. Literalmente, "até ao pes- causa da fidelidade de Deus (ver SI 13:5, 6;
coço" (ver ARC). Estas palavras indicam 31:19, 20; Mq 7:7). Uma vez resolvido o pro-
que a "casa do ímpio" será completamente blema (ver p. 1153, 1154), o profeta alegre-
destruída. mente submete sua própria vontade à de Deus.
14. Guerreiros. A versão ACF diz 19. Como os da corça. Entre os roche-
"vilas". Do heb. paraz, uma palavra obscura. dos escarpados e os caminhos traiçoeiros das
Tempestade. Ver Is 41:16; Jr 13:24. montanhas, os pés da corça eram rápidos e
Me. Provavelmente o profeta se refira seguros (ver 2Sm 22:34; SI 18:32, 33).
a si próprio para se identificar com o povo. E me faz andar. Habacuque se identi-
15. Pelo mar. Talvez uma alusão ao fica com seu povo, como o fizeram Moisés
êxodo (ver Êx 15:1-19), como um tipo do (Êx 32:30-32), Jeremias (14:19-21) e Daniel
livramento divino do povo de Deus que ocor- (9:3-19). O sucesso de Israel (ver ls 58:14) é
reria posteriormente (ver com. de H c 3: 11). o próprio sucesso dele.
Na época do êxodo, Deus tirou Seu povo do Altaneiramente. O povo de Deus triunfa-
Egito caminhando figurativamente por cima rá sobre toda oposição e habitará seguro sobre os
de "grandes águas" (ver SI 77:19, 20). altos da salvação (ver Dt 32:13; 33:29; Is 58:13,
16. Meu íntimo. Isto é, todo o meu ser. 14; Am 4:13). Todas as perguntas do profeta são
17. Figueira. Neste versículo são previs- respondidas pela fé em Deus, e Habacuque des-
tos os efeitos da invasão babilônica: a destrui- cansa satisfeito, sabendo que, por fim, o direito
ção da "figueira" e da "oliveira", tão prezadas e a verdade triunfarão para sempre.
na Palestina, junto com a igualmente neces- Ao mestre de canto. Provavelmente o
sária "vide", com os cereais e o gado. O mesmo líder da música no templo. É possível que
ocorrerá durante as cenas finais da história o salmo de Habacuque se destinasse a ser
da Terra, quando esta será igualmente deso- usado na adoração pública, para ser acompa-
lada (ver DTN, 122; GC, 629). nhado por "instrumentos de cordas".

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

2- PR, 388 4- PE, 53; GC , 674; T8, 285 17, 18 - CPPE, 318; DTN,
2-6- PR, 388 6- GC , 300; PP, 33 122; GC, 629; T6, 157;
3- Ed, 22; CBV, 412 8, 10, 11- GC , 300 T7, 275
3, 4- GC, 300, 641 11-13 - PP, 508 17-19- PR, 388
13- GC, 301; PR, 388

1165

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