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MIQUEIAS

MIQUEIAS

INTRODUÇÃO
1. Título - O livro leva o nome do profeta portador de sua mensagem. Miqueias (do
heb. Milw h) é uma forma abreviada de Milwyah, que signi fica "quem é como Yahweh ". No
texto hebraico, como nas versões em português, o livro ocupa a sexta posição na ordem
dos Profetas Menores. Na LXX, ocupa a terceira, depois de Amós e O seias, possivelmente
devido à sua extensão.
2. Autoria - Miqueias foi chamado de "morastita", termo aplicado, provavelmente, aos
nativos da vila de Moresete-Gate, que, acredita-se, ficava na parte sul de Judá , em dire-
ção a Filístia. Miqueias não deve ser confundido com Micaías, filho de lnlá, que profetizou
nos di as de Acabe (lRs 22:8-28). N ada se sabe do profeta, exceto o que é revelado no pró-
prio livro. O fato de o nom e do pai não ser mencionado pode indicar que ele era de origem
humilde. Era, sem dúvida, um judeu, como pode ser deduzid o do fato de ele só mencionar
os reis de Jud á (Mq 1: 1). Ele foi o mais jovem contemporâneo de Isaías e de Osei as, os qu ais
começaram seu ministério no rein ado de Uzias, o antecessor de ] otão (I s 1:1 ; Os 1: 1). A tra-
dição diz que ele morreu pacificamente, no loca l de seu nascimento, no início do reinado
de Ezequi as, antes da queda de Samaria.
A linguage m de Miqueias é poética, rítmica e mensurada. Seu estilo pode ser tom ado
como indicati vo de uma origem camponesa, uma vez que é rústico, simples e direto. O pro-
feta é con hecido pelo uso frequente de figuras de linguagem e jogo de palavras. Ele é ous ado ,
inflexível e intransigente no trato com o pecado, mas terno de coração, sensível de espírito,
amorável e empático.
3. Cenário Histórico- Ass im como Isaías, Miqueias desenvolveu seu ministério profé-
tico no período crítico da segund a metade do 8° século a.C., quando a Assíria era a potência
mundial dominante. Ele começou o ministério profético no rein ado de Jotão, rei de Judá, o
qual "fez o que era reto perante o SENHOR", apesa r de que "o povo ainda sacrificava e queimava
incenso nos altos" (2 Rs 15:34, 35). Acaz, filho de Jotão e seu sucessor, praticou todo tipo de ido-
latria, chega ndo mesmo a queim ar "seus próprios filhos, segundo as abominações dos gentios"
(2Cr 28:3). Ele não hesitou em reorgan izar e mudar o altar de bron ze do holocausto e a pia, a
fim de colocar dentro dos recintos sagrados do templo um altar idól atra que ele tinha visto em o

Damasco (2Rs 16:10-12, 14-17). Esses e outros atos injustos contra a verdadei ra adoração do
Senhor foram praticados por Acaz, provavelm ente o rei mais idólatra que reinou sobre Jud á.
Durante esse tempo de declínio espiritu a l entre os habita ntes de Je ru sa lém e de Jud á,
M ique ias exerceu o ministério proféti co. O conteúdo do seu livro estabelece as condições
morais e religiosas entre as pessoas dura nte os reinados m encion ados. Essa idolatria foi
agravada pela atitude inconsequ ente que muitos tom aram ao observa r exteriormente as for-
mas tradicion ais de adoração ao Senhor enqu anto prati cava m a idol atria. Os sacerdotes do
Senhor se encontrava m em condição de apostasi a. Tolerava m o paganismo a fim de ma nter
a popularidade entre o povo; e, em vez de defender os pobres contra os ri cos pred atórios,
eles próprios estava m possuídos de um espírito avarento. Muitos fa lsos profetas obtinh am
o favo r do povo, assegurando -lhe que haveri a bons tempos pela frente, enqu anto zombava m

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COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

dos julgamentos ameaçadores que os verdadeiros profetas do Senhor previam, certamente


como res ultado das muitas transgressões da nação. Esses falsos profetas embalavam as pes-
soas em um sono espiritual mortal, acalmando seus temores com mensagens enganosas ao
dizer-lhes que os descendentes de Abraão eram pessoas especiais para Deus, e que eles
podiam ter certeza de que o Senhor nunca os abandonaria.
Os nobres e os líderes hav iam se entregado a uma vida de luxo. Em seu impulsivo desejo
pelas coisas boas da vida , tornaram-se inescrupulosos e cruéis nas relações com os campo-
neses. Por causa da ganância, eles humilhavam os pobres através de extorsões excessivas e
os privava m de seus direitos legais.
Como acontece de modo ocasional e gratificante, um mau governante é seguido por
um filho que se torna um bom governante. Ezequias, sucessor de Acaz, foi tão dedicado a
Deus como seu pai tinha sido dedicado aos ídolos. "Confiou no SENHOR, Deus de Israel, de
maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá , nem entre
os que foram antes dele" (2Rs 18:5). Ele resolutamente começou a desfazer a apostasia de
seu pai, a reformar as condições morais e espirituais de Judá e a abolir a idolatria, a fim de
reconduzir o povo à verdadeira adoração ao Senhor. Nisso, ele foi apoiado por Miqueias.
A luta amarga que o homem de Moresete-Gate teve durante grande parte de sua vida, ao
plantar as sementes da verdade sobre o solo quase estéril do coração de seu povo, começou
a render frutos. A reforma caracterizou o reinado de Ezequias.
4. Tema - Dois temas principais predominam: (I) a condenação dos pecados do povo
e o consequente castigo no cativeiro e (2) a libertação de Israel para a glória e a alegria no
reino messiânico. Ao longo do livro de Miqueias, ameaças e promessas, julgamento e mise-
ricórdia se alternam.
As profecias de Isaías e Miqueias têm muito em comum. Por terem sido contemporâ-
neos, os dois profetas tiveram de lidar com as mesmas condições e os mesmos problemas.
Assim, pode-se facilmente entender por que suas palavras e mensagens foram tantas vezes
semelhantes.
Embora Miqueias afirme, nas palavras de abertura de seu livro, que a mensagem era
"sobre Samaria e Jerusalém", sua profecia lida mais com Judá do que com Israel. Apesar de
as dez tribos se afastarem de Judá e de Jerusalém, o centro do culto ao Senhor, elas ainda
pertenciam ao povo de Deus, e Ele estava procurando restaurar a lealdade desse povo.

5. Esboço.
l. Corrupção e culpa nacional, 1:1 - 3: 12.
A. Introdu ção, I: 1-4.
B. Julgame nto sobre Israel e Judá, 1:5-16.
C. Ameaças sobre os príncipes e falsos profetas , 2: 1-3 :11.
D. A destrui ção de Sião e do templo , 3: 12.
I!. A era messiânica e suas bênçãos, 4: I-5:15.
A. A glória do monte da casa do Senhor, 4:1-5.
B. Restauração e reavivam ento de Israe l, 4:6-1 O.
C. Vitória de Sião sobre os inimigos , 4: I I -13.
D. O nascimento e o poder do Messias, 5:1-4.
E. Vitória sobre os adversários, 5:5-9.
F. A abolição da idolatria, 5:10- I 5.

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MIQUEIAS 1:1

III. Punição pelo pecado e espera nça no arrependimento, 6: 1-7:20.


A. A controvérsia de Deus por causa da ingratidão, 6:1-5.
B. Obediência ac ima do sacrifício, 6:6-8 .
C. A reprovação divina e a ameaça de punição, 6:9- 16.
D. A penitência de Israel e confi ssão de fé, 7:1-13.
E. Oração pela restauração e pela segura nça divina, 7:14-17.
F. A misericórdia e a fid e lid ade de Deus são louvadas, 7: 18-20.

CAPÍTULO 1
1 Miqueias mostra a ira de Deus contra Jacó por causa da idolatria.
1O O profeta exorta o povo a lamentar.

Palavra do SENHOR que em visão veio a 8 Por isso, lamento e uivo; ando despojado e
M iqueias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz nu ; faço lamentações como de chacais e pranto
e Ezequias, reis de Judá, sobre Samaria e como de avestr uzes.
Jerusalém. 9 Porque as suas feridas são incuráveis; o mal
2 Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó chegou até Judá; estendeu-se até à porta do Meu
terra e tudo o que ela contém, e seja o SENHOR povo, até Jerusalém.
Deus testemunha contra vós outros, o Senhor lO Não o anuncieis em Gate, nem choreis;
desde o Seu santo templo. revolvei-vos no pó, em Bete-Leafra.
3 Porque eis que o SENHOR sai do Seu lugar, li Passa, ó moradora de Safir, em vergonho-
e desce, e anda sobre os altos da terra . sa nudez; a moradora de Zaanã não pode sair; o
4 Os montes debaixo dEle se derretem, e pranto de Bete-Ezel tira de vós o vosso refúgio.
os vales se fendem; são como a cera di ante do 12 Pois a moradora de Marote suspira pelo
fogo, como as águas que se precip itam num bem, porque desceu do SENHOR o ma l até à porta <11 S
abismo. de Jerusalém . ""
5 Tudo isto por causa da transgressão de Jacó 13 Ata os corcéis ao carro, ó moradora de Laquis;
e dos pecados da casa de Israel. Qual é a trans- foste o princípio do pecado para a filha de Sião, por-
gressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos que em ti se acharam as transgressões de Israel.
de Judá? Não é Jerusalém? 14 Portanto, darás presentes de despedida
6 Por isso, farei de Samaria um montão de a Moresete-Gate; as casas de Aczibe serão para
pedras do campo, uma terra de plantar vin has; engano dos reis de Israel.
farei rebolar as suas pedras para o vale e desco- 15 Enviar-te-ei ainda quem tomará posse de
brirei os seus fundamen tos. ti, ó moradora de Maressa; chegará até Adulão
7 Todas as suas imagens de escultura serão a glória de Israel.
despedaçadas , e todos os salários de sua impu- 16 Faze-te calva e tosquia-te , por causa dos fi-
reza serão queimados , e de todos os seus ídolos lhos que era m as tuas delícias ; alarga a tua calva
eu farei uma ruína, porque do preço da prostitui- como a águia, porque de ti serão levados para o
ção os ajuntou, e a este preço volve rão. cativeiro .

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1:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

1. Palavra do SENHOR. Ver Jr 46:1. Samaria. Como capitais de Israel e


Morastita. H abitante de 1\!Ioresete- Judá , respectivamente, Samaria e Jerusalém
Gate (v. 14), povoado supostamente locali- h aviam se tornado em centros de idol atria
zado na parte baixa de Judá, cerca ele 35 km a e iniquidade. Samaria fora co nstruída pelo
sudoeste ele Jerusalém, atualmente chamado ímpio Onri e seu filho Acabe, que, seguindo
de Tell ej-]udeideh. O nome Moresete-Gate os passos do pai, erigiu ali um templo a Baal
significa "propriedade [ou, vinha] de Cate". (ver 1Rs 16:2 3-33; para um a des crição de
Nos dias de Jotão. Ver p. 1115. Isaías, Samaria, ver com. ele 1Rs 16:24).
Oseias e Amós começaram a profetizar pouco Os altos. A LXX diz aqui: "qual é o
antes de Miqueias, durante o reinado de Uzias, pecado da casa ele Juclá?" Essa leitura provê
pai de Jotão (Is 1:1 ; O s 1:1; Am 1:1). Sem um melhor paralelismo com a frase prece-
dúvida, os reis mencionados são os de Judá de nte: "qual é a transgressão de Jacó?" Se
porque a missão de !Vliqueias se desenvolveu "altos" eleve ser mantido, há uma referência
particularmente no reino de Judá, no sul. No óbvia aos sa ntuários pagãos erguidos sobre
entanto, como A mós (ver p. 1053), ele também lugares elevados onde os habitantes de Judá
profetizou contra o reino do norte de Israel. praticavam a idol atria (ver 1Rs 14:22-24;
2. Todos os povos. O mundo inteiro é 15:9-15 ; 22:43; etc.). Ezequias foi o primeiro,
convocado a testemunhar os juízos divinos dentre os reis de Judá, a combater severa-
contra Samaria e Jerusalém . No des tino do mente esses centros idól atras (ver 2Rs 18:4).
povo escolhido de Deus, as pessoas podem ler Evidenteme nte, a profecia ele Miqueias pre-
o destino de todas as nações que se recusam a cedeu essa reform a.
seguir o plano divino (ver PR, 364; Dn 4:1 7). 6. Farei. O tempo verbal no futuro
Seu santo templo. Comparar com indica que a destruição de Samari a, que teve
Hc 2:20. lugar no sexto ano do reinado de Ezequias,
3. Eis que o SENHOR sai. Os v. 3 e 4 ainda não havia ocorrido (2Rs 18:9-11 ).
apresentam uma terrível descrição figura- Um montão. Do heb. 'i, "um monte de
tiva do julgamento divino sobre Samaria e rumas ".
/

Jerus além (co mparar com Is 26:2 1). Campo. O u, "pl antações". Samaria dev ia
Seu lugar. Ou , "Seu santo templo" (v. 2). ser destruída tão completamente que vinhas
Os altos da terra. De us é representado cresceriam em seu lugar.
como descendo e caminh ando sobre o topo Farei rebolar. Sa maria situava-se em
das montanhas e colinas (ver Am 4:13). uma colina cujo topo era pl ano e as encos-
4. Os montes [...] se derretem. Fre- tas, íngremes (ver 1Rs 16:24).
quentemente, a vinda do Senhor é represen- Descobrirei. Literalmente, "mostrarei",
tada como acompanha da por convulsão da "revelarei" ou "desnudarei".
natureza (ver Jz 5:4, 5, S1 97:4, 5; ver com. 7. Despedaçadas. Comparar com 2Cr
do SI 18:7, 8). Uma agitação mais terrível no 34:3, 4, 7.
mundo físico vai preceder a segunda vinda de Salários. Do heb. 'ethnan, palav ra fre- · ~
Cristo (Mt 24:29; Ap 16:18-2 1; GC , 636, 637). quentemente usada em conexão com o alu-
5. Transgressão. O s v. 5 a 7 descrevem guel ele um a prostituta (ver Dt 23:18; Ez
a punição vindoura sobre Israel, o reino elo 16:31 , 34; Os 9:1). O significado desta pa rte
norte, por se us pecados. do versículo não é claro .
Jacó. Este nome representa aqui as dez Ajuntou. O objeto "os" foi acrescenta-
tribos que formava m a "casa de Israel", como do, e deve se refe rir às image ns de esc ultu-
fica evidente nesta expressão. ra e aos ídolos que deviam ser des truídos .

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MIQUEIAS 1: l3

Eles haviam sido adquiridos por meio do "alu - Gate. Uma da s cinco principais c id a-
guel de uma prostituta". A prostituição era des dos filisteus, cuja localização é incerta
praticada em certos templos pagãos, como (sobre os lugares sugerid os, ver 2Rs 2: 17).
parte da adoração à deusa da fertilid ade. A ruína de Judá não devia ser proc lamada
Volverão. O significado exato deste neste centro inimigo. Em hebraico, a pa la-
termo não é claro. A linguagem é altamente vra para Gate se aproxim a do som da pa la-
poética e o literalismo provavelmente deve vra "decla rar". Alguns estudiosos acreditam
ser evitado. O sentido geral da passagem que há aqui um jogo de palavras que pod e ser
parece claro. Samaria deveria sofrer a perda reprodu zido como: "Não con te na cidade que
daquilo em que confiava . conta." Esses jogos de palavras são co muns
8. Lamento. Ou seja, a desgraça qu e na poesia hebraica.
viria sobre Samar ia também amea ça ria a Nem choreis. Alg un s sugerem outro
segurança de Judá. jogo de palavras nesta frase, que pode ser
Despojado. Do heb. shelal, "p és reproduzi do da segu inte form a: "Pranteiem
descal ços". n a Cidade- Pranto." Mas essa leitura só
Nu. Do heb. 'aram, designando nudez pode ser obtida por um a mudança no texto
completa ou alguém semi -despido. Miqueias hebraico. O hebra ico não me nciona o nome
representa a si mesmo, não só como um enlu- de um a cidade; mas, um a vez que todas as
tado que tira suas vestes exteriores, ma s demais frases no co ntexto o fa zem, a lguns
também como um cativo que está comple- pensam que se pretendia o mesmo aqui.
tamente despido e é levado nu e despojado Os nomes Baca e Boq uim , a partir do radi-
(ver Is 20:2 , 3). ca l Balwh, "prantear" ou "chorar", têm sido
Chacais. Do heb. tannim. A tradução sugeridos.
"dragões" parece ter surgido de uma con fu- Bete-Leafra. Ou, transliterado de
são entre tannim co m tannin, propriamente for m a mais completa, Beth-le-afmh, tal-
uma "serpente" ou "m onstro". O ch acal é vez a et-Taiyiheh, próxim a a Hebrom. Afrah
conhecido por seu uivo triste. vem de uma raiz hebraica qu e sign ifica "pó".
Avestruzes. Do heb. henoth ya'anah, Estudiosos sugerem outro jogo de palavras
acred ita-se que representa o avestruz. Esta aqui , que pode ser reproduzido como: "Rolem
ave emite um som triste e la mentoso. no pó da C id ade-Pó".
9. Suas feridas. Literalmente, "seus li. Safir. O nome significa "lindo". A lo-
ferim entos", embora a LXX e a Siríaca ver- calização é incerta. Algun s sugeriram Khirhet
tam no singular. el-Kôm, cerca l3 km de Hebrom.
Incuráveis. O dia de graça havia aca- Zaanã. Talvez idêntico ao Zaanã (] s 15: 3 7),
bado para Samaria. A taça de iniquidade da uma cidade em Sefelá, de Judá.
n ação estava cheia; as contas, encerradas. O pranto. O hebraico desta passagem é
C h ega ra o tempo da ira divina entrar em obscuro. A NVI di z: "Bete-Ezel es tá em pran-
ação (ver PR, 364). tos; foi-lh e tirada a proteção." No enta nto, o
Até Judá. Tam bém Jud á era cu lpad a significado permanece incerto.
(v. 5) e deveria rece ber o castigo. Bete-Ezel. Poss ivelmente Deir el-Atsal,
10. Não o anuncieis. Os v. 10 a 16 perto de Debir, no su l de ]ud á.
con stituem um canto fúnebre sobre o julga- 12. Marote. Provavelmente o m es mo
mento que cairi a sobre Judá. A frase de aber- que Maarate (Js 15:59), perto de H ebrom.
tura é tirada do la mento de Davi em relação 13. Ata os corcéis. Ou seja, e nga t e
a Saul (2Sm 1: 20). os cava los ao carro para qu e h aja um a <~~ :;,

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l: 14 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

fuga precipitada . Há aqui outro jogo de traduzida como "mentira" é ahab, há aqui
palavras, que seria: "Sela os cavalos para as outro jogo de palavras significativo: "As
carruagens, habitante da Cidade-Cavalo." casas de Aczib e [Cidade-Menti ra] serão
O som da palavra para Laquis sugere o 'ahzab [mentira]".
nome "Cidade-Cavalo". 15. Maressa. Cidade situ ada em
Laquis. Uma cidade-fortaleza de Judá, Sefelá, de Judá (ver Js 15:44; 2Cr 14:9), 37, 5
cerca de 43 km a sudoeste de Jerusalém. km a sudoeste de Jerusa lém, hoje identifi-
A cidade caiu sob Senaqueribe, no momento cada com Tell Sandahannah . Por ser seme-
da invasão de Judá (ver 2Rs 18:14). Um lhante em som à palavra heb. wwrashah,
baixo-relevo no museu Britânico, levado da que significa "herança", provavelmente
Assíria, descreve o cerco de Laquis (ver vol. aqui há outro jogo de palavras: "Por tanto,
2, p. 47). As ruínas de Laquis hoje são cha- trarei um herdeiro que vai reivindicar sua
madas de Tell ed-Duweir. Cidade-Herança."
O princípio do pecado. Não é reve- Chegará. A sentença pode ser tradu-
lado como Laquis se tornou o princípio do zida como na NVI: "a glória de Israel irá a
pecado de Judá. Adulão" . No entanto, o significado é obs-
14. Portanto. Evidentemente Judá é curo. Alguns pensam que a referê ncia é à
abordada aqui. nobreza de Israel, que iri a buscar refúgio em
Presentes. Do heb. shilluchim, "enviar lugares como a caverna de Adulão, onde Davi
presentes", como um dote para o casamento se escondeu (l Sm 22 :1 , 2) .
da fi lha (ver 1Rs 9:16). A passagem pode sig- 16. Faze-te calva. Um símbolo de luto
nificar que Judá deve entregar a posse de (ver Am 8:10). Jerusalém é chamada a lamen-
Moresete-Gate. tar seus filhos levados ao exílio.
Moresete-Gate. Ver o v. 1. Tosquia-te. Do heb. gazaz, "cortar os
Aczibe. Do heb. 'Abib, possivelmente , cabelos". A frase é paralela a "faze-te calva".
uma cidade localiza da em Sefelá ou na vár- Águia. Do heb. nesher, usada para
zea de Judá, perto de Adulão. Talvez deva designar tanto a águia quanto o falcão.
ser id entificada com a moderna Te ll el- Provavelmente, aqui, a palavra se refere ao
Beida (ver Js 15:44). Como a palavra abutre careca.

CAPÍTULO 2
1 A opressão é condenada. 4 Uma lamentação. 7 Reprovação à injustiça
e à idolatria. 12 Promessa da restauração de Jacó.

I Ai daqueles que, no se u leito, imaginam a vossa cerviz; e não andareis altivamente, por-
a iniquidade e maquinam o mal' À luz da alva, que o tempo será mau.
o praticam, porque o poder está em suas mãos. 4 Naquele dia, se criará contra vós outros
2 Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, um prové rbio , se leva ntará pran to las timoso
as tomam; assim, fazem violência a um homem e e se dirá : Estamos inte iram e nte deso lados!
à sua casa, a uma pessoa e à sua herança. A porção do meu povo, De us a troca! Como
3 Portanto, assim diz o SENHOH: Eis que pro- me despoja! Reparte os nossos campos aos
jeto mal contra esta fam ília, do qual não tirareis rebeldes!

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MIQUEIAS 2:4

5 Portanto, não terás , na congregação do não é lugar aqui de descanso; ide-vos por causa
SENHOR, quem, pe la sorte, lançando o cordel, da imundícia que destrói , sim , que destrói
meça possessões. dolorosame nte.
6 Não babujeis, di zem eles. Não babujeis tais ll Se houver alguém que, seguindo o vento
coisas, porque a desgraça não cairá sobre nós. da falsid ade, mentindo, diga: Eu te profeti za rei
7 Tais coisas a nunciadas não alcançarão a do vin ho e da bebida forte, será este tal o profe-
casa de Jacó. Está irritado o Espírito do SENHOR? ta deste povo.
São estas as Suas obras? Sim, as Minhas palavras 12 Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; cer-
faz em o bem ao que anda retamen te ; tamente, congregarei o restante de Israel; pô-los-
8 mas, há pouco, se levantou o Meu povo ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como
como inimigo; além da roupa, roubais a capa àque- rebanho no meio do seu pasto; fa rão grande ru ído,
les que passam seguros, sem pensar em guerra. por causa da multidão dos homens.
9 La nçais fora as mulheres de Meu povo do 13 Subirá diante deles o que abre caminho;
seu lar querido; dos filhinhos delas tirais a Minha e les romperão, entrarão pela porta e sairão por
>.0
~ "' glóri a, para sempre. ela; e o seu Rei irá adian te deles; sim, o SENHOR,
lO Levantai-vos e ide-vos e mbora, porque à sua frente.

1. Ai daqueles. Nos v. 1 e 2, Miqueias devia voltar ao proprietário original no ano


condena a injustiça e a opressão para com do jubileu (Lv 25 :10, 28). As propriedades
os pobres. não deviam ser transferidas de tribo para
No seu leito. Isto é, à noite, eles elabo - tribo (Nm 36:7).
ram o plano que esperam exe cutar no dia 3. Eis que projeto. O pecado tinh a
seguinte (ver Jó 4:1 3, Sl4:4 ; 36 :4). Assim, despertado desrespeito às relações familia-
tão intencionais eram esses malfeitores res. Deus traria juízo "contra esta família" de
que esperavam cumprir seu propósito logo toda a nação. Assim como eles projetavam
que irrompess e a luz do dia. a iniquidade, Deus iria "projetar um mal".
O poder. Eles operavam sob o princí- Não tirareis a vossa cerviz. O cas-
pio perverso de que "o poder dá o direito". tigo seria como um jugo pesado e irritante,
Quando os homens tiram proveito de seu do qual não poderiam se livrar.
poder, é quase certo que irão abusar dele. Andareis altivamente. Isto é, com a
O texto da LXX: "pois eles não levantaram cabeça erguida. O orgulho dos opressores
as mãos para Deus", provavelmente res ulta seria humilhado.
de um mal-entendido do hebraico aqui Será mau. Ou , "vou retribuir m aldade
empregado. A palavra tradu zida por "poder" com maldade" (BV). O profeta está falando
é 'el, frequentemente traduzida por "Deus". do julgamento futuro que Deus enviaria
No entanto, essa expressão idiomática parece sobre o Seu povo.
claramente ter o significado de "poder" (ver o 4. Um provérbio. Do heb. mashal, aqui,
mesmo idiomatismo em Gn 31:29 ; Dt 28:32; provavelmente, no sentido de "uma canção
Ne 5:5 ; Pv 3:27). insultuosa". "Naqu ele di a", ou no tempo mau
2. Cobiçam campos. Eles eram tão mencionado no versículo anterior, o inimigo
cobiçosos e vorazes pela posse da terra que provocaria os israelitas, empregando as pala-
executavam se us projetos avarentos atra- vras que eles mesmos usaram em lamento por
vés da violência (cf. 1Rs 21 ; Is 5:8; Os 5:10, sua calamidade (ver Hc 2:6). Com zomba ria,
A m 4:1 ). Anteriormente, a terra vendida eles imitariam os judeus aflitos em lamentar

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2:5 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

o fa to ele out rora terem sido prósperos, mas, Suas obras. Castigos e julgamentos não
nesse momento, "inteiramente clesolaclos", vêm porqu e Deus quer que seja assim (ver
reduzidos à ruína, com a herança, "a por- SI 103:8-14; Ez 18:25-32). Ele é um Deus ele
ção elo meu povo", tendo sido tirada deles. amor e tem prazer na misericórdia. A puni-
Em outras palavras, a terra de Canaã, que ção é para Ele uma "estranha obra", u rn "ato
Deus prometeu aos descendentes ele Abraão estranho" (ver Is 28 :21 ; Jr 31:20; Lm 3:32,
(cf. Gn 13:14, 15 ), seria transferida para os 33; 1Jo 4:7, 8). Miqueias afirm a que o castigo
inimigos. Não há zombaria mais ferina do resulta ele nossas próprias "obras", não elas ele
que a repetição em tom jocoso para lamen- Deus (ver Ez 33:11). "O pecador é, neste sen-
tar o mal ocorrido a alguém . tido, o próprio executor ela sua sentença" (ve r
Reparte. Do heb. shovev, "ret roceder" GC, 36, 37). Assim corno o sol não pode ser
ou "apostatar". Com este último sentido, a responsabilizado pela som bra projetada por
frase diria: "Ele divide nossos ca mpos com um objeto, elo mesmo modo Deus não pode
um apóstata". Por uma mud ança no texto ser responsabili zado pela iniquiclacle do peca-
hebraico, a NTLH diz: "Ele tirou o que era dor (Tg 1:13-15).
nosso e deu aos que nos conquistaram." Fazem o bem. A Palavra ele Deus é boa
5. Lançando o cordel. Não está intei- e carregada ele bênçãos para quem a obe-
ramente claro quem fala nem a quem se diz. dece (Dt 7:9- 11 ; SI 18:25, 26 ; 25 :10; 103:17,
A sentença não segue a es trutura poética 18; Rm 7:12; 11:22).
elo v. 4, e assim não é, evidentemente, uma Retamente. Literalmente, "encur-
continuação ela provocação. Provavelmente, tado". Usado em conexão com "espírito", a
Miqueias esteja se dirigindo a um membro palavra significa "ser [ou, tornar-se] impa-
impenitente da classe alta tirânica e opres- ciente". Aqui, o profeta repreende aqueles que
sora, mencionada nos v. 1 e 2, ou ao grupo acusam o Sen hor ele ser impaciente e ele ame-
como um todo. Migueias informa ao opres- açar Seu povo. Isso não é assim, pois Deus
sor que ele não terá mais herança em Israel tem sido sempre longâ nimo em suas relações
porque negociou injustamente com a terra de com Israel. No entanto, quando pecam , as
seu vizin ho. O cordel era a linh a de medição pessoas elevem esperar colher os resultados
utilizada na divisão da terra (ver Am 7:17). ele suas más ações (Êx 34:6 , 7).
~ ... 6. Não babujeis. O significado des te 8. Há pouco. Literalm ente , "ontem".
- versíc ulo é obscuro e muitas interpreta- O significado ela fra se é obscuro. Por um a
ções têm sido sugeridas. O texto di z, literal- mudança no hebraico, a NTLH diz: "Mas
mente: "Não profetize desse jeito, não diga vocês, corno se fossem inimigos, atacaram
coisas assim. Essas coisas ruins nunca aco n- o Meu povo."
tecerão conosco." As palavras parecem ser Como inimigo. Uma acusação contra os
um protes to por parte dos repreendidos por ela classe alta que tratava m as pessoas comun s
Miqueias. como inimigas, roubando e pilhando as mes-
7. Coisas anunciadas. Do heb. 'a mur, mas. Embora eles fossem apóstatas e pecado-
do radical 'amar, "falar", portanto, indica "algo res, em Seu amor constante, Deus os chama
falado" ou "anunciado por alguém". Como a ele "Meu povo" (ver Is 49:14-16; Jo 1:11).
palavra em hebraico traz o prefixo interroga- A capa. Do heb. salmah, um manto
tivo, a frase pode ser traduz ida como: "Acaso externo também utilizado para cobrir o corpo
di r-se-á , ó casa de Jacó[ ... ]?" (TB). Miqueias durante o sono. Não era permitido ao credor
repreende os que fa lam (v. 6) para expressar manter consigo o salmah do devedor durante
pensam entos estranhos ao Espírito de Deus . a noite (ver com. de Êx 22:26).

1122
MIQUEIAS 2:13

Que passam seguros. Os da classe alta a minoria , o rema nescente, que entraria na
apreendi am essas peças de vestuário das pes- promessa de resta uração e libertação após o
soas pacíficas e comuns. cativeiro. Desse modo, o profeta nega a acusa-
9. Lançais fora. Do heb. garash, cuja ção repetida pelos falsos profetas de que ele
forma aqui usada indica uma expulsão for- era um in curável prognosticador de tristeza e
çada. A mesma forma do verbo ocorre em angústia. Com um otimismo de longo alcan-
G ênesis 3:24. ce profético, ele afirma que, depois do exí-
As mulheres. Provavelmente, as viúvas lio, haveria um futuro de alegria e felicid ade
que deveriam ser defendidas (ver Is 10:2). para os que servem ao Senhor.
Minha glória. As crianças seria m des- Todo. Ou seja, todo o remanesce nte.
pojadas de suas bênçãos, provavelmente E mbora Deus deseje que todo o seu povo
devido a necessidades e ignorância, ou por professo "seja salvo" (lTm 2:3, 4; cf. Tt 2:11 ;
serem vendidas como escravas, sendo priva- 2Pe 3:9), apenas poucos, "o restante", qu e
das da liberdade dada por Deus. sinceramente se converterem dos seus peca-
10. Ide-vos. Os opressores devi am ser dos e andarem no caminho da justiça, serão
expulsos de suas terras, assim como haviam salvos (ver ls 10:20-22; Jr 31:7, 8: Ez 34:11-
banido os outros. 16; Sf 3: 12 , 13). Pela graça de Deus, "muitos
Descanso. Ou, a terra de Canaã (Dt 12:9; são chamados", mas, por causa da iniquidade
SI 95: lO, 11). perversa do coração humano, infelizmente,
Imundícia. Por causa de suas iniquid a- "poucos são escolhidos" (Mt 22: 14, NVI;
des (ver Lv 18:2 5, 27). cf. Mt 7:13, 14).
Que destrói. Esta frase é obscura no Bozra (ARC). Uma cidade de Edom
hebraico. Seria a terra que destrói por expul- tinha este nome (Gn 36:33 ; cf. Is 63:1), be m
sar seus habitantes, ou seria a imundícia que como outra em Moabe (]r 48:24). No entanto,
destrói os contaminados por ela. nenhuma cidade parece se encaixar no sen-
11. Se houver alguém. Por causa de tido da passagem. Um a mudança na pontua-
su as iniquidades, os pecadores entre o povo ção vogal (ver vol. 1, p. 1, 2) possibilita a leitura
de Deus não gostavam dos que repreendiam e "no aprisco" (ARA), que apropriadamente se
condenavam suas transgressões. Os que fler- encaixa no contexto do paralelismo hebraico.
tavam com o mal tomavam uma atitude de Pasto. Uma mud ança nas vogais altera
indiferença para com o pecado e profetizava m o significado para "c urral".
mentiras agradáveis. Eram os profetas popu- Grande ruído. O remanescen te se tor-
lares (ver Jr 14:13-15; 23:25-27; Ez 13:1-7). naria uma grande multidão.
O vento. Do heb. ruach, significando 13. O que abre caminho. Do heb. parats,
também "espírito", daí a tradução: "Se houver "abrir uma brecha", "abrir passagem". O para-
algum que siga o espírito de falsidade" (ARC). lelismo do versículo aponta para Yahweh, des-
Eu te profetizarei. Não h á nada que truindo toda oposição diante de Seu povo.
possa enganar tanto as pessoas crédulas como Romperão. Ou, "a travessa rão". O s cati-
revestir a Palavra de Deus com ensina men- vos seguem seu líder. Sua passagem através
tos falsos (Mt 7: 15; 15:7-9). dos portões mostra a saída da terra do exílio.
Vinho. Esses videntes espúrios prometiam O seu Rei. O mesmo Deus que tirou Seu
§ 11>- prosperidade material e prazeres sensuais. povo da terra da servidão no Egito e, mais
12. Certamente, te ajuntarei. Mi- tarde, o livrou do cativeiro, libertará, em um
queias volta a atenção da maioria do povo, futuro próximo, os Seus remidos da servid ão
que havia tomado o caminho do mal, para e do cativeiro deste mundo de pecado.

1123
3: 1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

7- T1 , 261 lO - MDC , 205 ; PR, 319

CAPÍTULO 3
1 A crueldade dos príncipes. 5 A falsidade dos profetas. 8 A segurança de ambos.

l Disse eu: Ouvi, agora, vós, cabeças de Jacó, 7 Os videntes se envergonharão, e os adivi-
e vós, chefes da casa de Israel: Não é a vós ou- nhadores se confundirão ; sim, todos eles cobrirão
tros que pertence saber o juízo? o seu bigode, porque não há resposta de Deus.
2 Os que aborreceis o bem e amais o mal ; 8 Eu , porém, estou cheio do poder do Espírito
e deles arrancais a pele e a carne de cima dos do SENHOR , cheio de juízo e de fo rça, para declarar
seus ossos; a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado.
3 que comeis a carne do meu povo, e lhes ar- 9 Ouvi, agora, isto, vós, cabeças de Jacó, e
rancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os re- vós, chefes da casa de Israe l, que abominais o ·é
parti s como para a panela e como carne no meio juízo, e perverteis tudo o que é direito, '"'
do caldeirão? lO e edificais a Sião com sangue e a Jerusalém,
4 Então, chamarão ao SEN HOR, mas não os com perversidade.
ouvirá; an tes, esconderá deles a Sua face, naquele ll Os seus cabeças dão as sentenças por subor-
tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras. no, os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os
5 Assim diz o SENHOR acerca dos profetas que seus profetas adivinham por dinheiro; e ai nda se
fazem errar o meu povo e que clamam: Paz, quan- encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR
do têm o que mastigar, mas apregoam guerra santa no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.
contra aq ueles que nada lhes metem na boca. 12 Portanto, por causa de vós, Sião será lavra-
6 Portanto, se vos fará noite sem visão, e te- da como um campo, e Jerusalém se tornará em
reis treva sem adivinhação; pôr-se-á o sol sobre os montões de ruínas, e o monte do templo, numa
profetas, e sobre eles se enegrecerá o dia. colina coberta de mato.

1. Cabeças de Jacó. Miqueias denun- 2. Os que aborreceis o bem. Ver Am


cia então as injustiças e a opressão dos líde - 5:14, 15 ; Jo 3:20; Rm 1:28-32.
res e dos falsos profetas. Arrancais. Em vez de serem pastores
Não é a vós outros [...]? Com certeza para guia r e proteger as ovelhas, esses líde-
esses líderes do povo deviam saber o que era res eram como açougueiros do rebanho, apro-
justo e certo e d eviam tê-lo praticado. No veitando-se dele (ver Ez 34:2-6) .
entanto, como ocorre com frequ ência , os 3. Comeis a carne. De um modo
detentores do poder abu saram de sua autori- metafórico choc a nte , o profe ta e nfa ti za a
dade. Quanto m ais destacado é alguém entre extrem a cobiça e a voracid ade dos líderes
seus companheiros e mais importante é seu em seu s n egócios com o povo comum (ver
trabalho, maior é o alcance de sua influê ncia . SI 14:4 ; A m 8:4).
E le pode usa r essa influência para o bem ou 4. Não os ouvirá. Qua ndo a mise ricór-
empregar sua autoridade para encorajar o mal. dia divin a é persistentemente reje itad a e a

1124
MIQUEIAS 3:11

conta é finalmente fechada, será inútil plei- 8. Cheio do poder. Em contraste com
tear a remoção do juízo. Todos tiveram seu os falsos profetas que seguiam "seu próprio
dia de oportunidade e, ainda que recebes- espírito" (Ez 13:3), Miqueias era dirigido "pelo
sem outra chance, persistiriam no caminho Espírito do SENHOR" (ver 2Sm 23:2; 1Pe 1:10,
da impiedade. 11; 2Pe 1:20, 21). Seu dom tríplice pode ser
5. Acerca dos profetas. Nos v. 5 a 8, analisado do segu inte modo: (1) ele estava
Miqueias denuncia os pecados dos falsos cheio de poder para proclamar a mensagem
profetas que enganavam o povo, e pronuncia divina que atingiu com força seus ouvintes
os juízos de Deus sobre eles. Ele mostra que (ver L c 1:17, At 1:8); (2) o julgamento e o
eles pensavam apenas em si mesmos e em conhecimento da justiça de Deus tornavam
seu ganho. Ao se unir aos ricos , eles fecha- suas palavras certas e justas; e (3) ele tinha
ram os olhos para as necessidades do povo e poder e coragem para comunicar as mensa-
não condenavam os pecados de seu tempo. gens divinas contra toda e qualquer oposição
Quando têm o que mastigar. Uma (ver Is 50:7-9; Jr 1:8, 17-19; 15:20; 2Tm 1:7). -o~ i§
comparação com a frase seguinte sugere que Quão oposto era o ministério de Miqueias ao o
o profeta deve estar se referindo a comida . dos profetas falsos, enganadores e bajulado-
A expressão poderia significar que os profe- res que assim se autodesignavam, ao chama-
tas, qua ndo subornados com comida, profeti- rem "o mal bem e ao bem mal" (ver Is 5:20).
zariam o bem estar do povo. No entanto, a 9. Vós, cabeças. Os v. 9 a 12 retomam
palavra traduzida aqui é "morder" (nashak), brevemente a iniquidade dos governantes,
sempre usada no AT para mordida de um a sacerdotes e profetas e anunciam a destrui-
serpente (Gn 49:17; Nm 21:6-9; Pv 23:32; ção vindoura de Sião e do templo. O profeta
E c 10:8, 11; Jr 8: 17). Alguns consideram destemidamente condena os que deveriam
que a referência feita aqui é ao "veneno" ser os líderes na justiça, pela rejeição ao "jul-
ejetado pelos falsos profetas ao profetizar gamento" e pela perversão de todo direito.
"paz" quando "não havia paz" (Ez 13:9, 10; Os que deveriam ser exemplos de pureza e
cf. Jr 8:11; 14:13, 14). Esse tipo de conforto protetores e tutores da justiça e da equidade
espúrio somente injetava o veneno do desas- zombavam das leis de Deus e do homem.
tre e da morte nos ouvintes ingênuos. 10. Com sangue. Ou, por meio de extor-
Na boca. Os falsos profetas se torna- são, voracidade e assassinatos (ver 1Rs 21;
vam hostis àqueles que não os subornavam. Jr 22:13-15; Am 5:11).
6. Portanto, se vos fará noite. Estas 11. Por suborno. Em vez de administrar
palavras de calamidade anunciada são diri- imparcialmente a justiça, os juízes aceitavam
gidas aos falsos profetas ou aos governantes. subornos para decisões favoráveis contra o
Miqueias informa que, no tempo da angús- pobre e o indefeso (ver Is 1:23, Ez 22:12),
tia, nenhuma profecia viria para orientá-los uma prática proibida pela lei (ver Êx 23:8,
(ver 1Sm 28:6; Lm 2:9). Dt 16: 18-20).
Enegrecerá. O dia do julgamento reve- Por interesse. Os sacerdotes, loucos por
laria a falsidade das previsões de paz. O sol dinheiro, recebiam presentes além de seu sus-
de sua prosperidade e influência se poria. tento regular (Nm 18:20-24) e, sem dúvida ,
7. Os videntes se envergonharão. Por- proviam instrução favorável ao inquiridor que
que as previsões de paz eram enganadoras. lhes fosse generoso. Assim, esses apóstatas
Cobrirão o seu bigode. Cobrir o bigode corromperam o ofício sagrado, tornando-o
ou a barba era sinal de luto e vergonha (ver um meio de assegurar o ganho. Da mesma
Lv 13:45; Ez 24:17, 22). forma, os profetas, "por dinheiro", proviam

1125
3:1 2 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

"revelações" agradáveis àqueles que se dispu- 12. Sião. Originalmente, era o nome da
nham a pagar por elas. Eles eram atormen- fortaleza jebusita (2Cr 5:2; cf. 2Sm 5:7), mais
tados pe lo espírito de Balaão, "que amou o tarde, poré m, foi aplicado ao cume orien-
prêmio da injustiça" (2Pe 2:15; cf. Jd li ). tal todo e, poeticamente, a tod a a cidade de
Ainda se encostam. Embora engaja- Jerusalém (ver com . do Sl48:2).
dos na mald ade, os magistrados, sacerdotes Lavrada. Simboliza a tota l des truição
e falsos profeta s alegavam ser adoradores de de Sião. Esta profecia foi dada nos di as de
Yahweh. Tinham uma religião formal apro- Ezequias (Jr 26:17-19). A previsão foi , literal-
priada para substituir a justiça e a verdade inte- mente, cumprid a em 586 a.C .
rior pela conformidade externa. Enganavam a Montões. Comparar co m Ne 2:17; 4:2;
si mesmos ao pensar que, por terem o templo Jr9:1l.
de Jerusalém , eles tinham a garantia ela pre- Monte. Ou, "bosq ues a ltos". A alt ura
sença divina em seu favor e uma defesa con- imponente do Moriá se tornaria tão deso-
tra o mal (ver Is 48:1, 2; Jr 7:1-15). lada como o topo de qualqu er montanha.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

5 - T4, 185 10 - GC, 27 12 - GC, 27


9-11 - GC, 26 lO , ll - PR, 322

CAPÍTULO 4
1 A glória, 3 a paz, 8 o reino e 11 a vitória do Israel de Deus .

Mas, nos últimos di as, acontecerá que o 5 Porque todos os povos a nd a m , cad a um em
monte da Casa do SEN HOR será estabelecido no nome do se u deu s; mas, quanto a nós, anda re-
cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, mos e m o nome do SENHOR, nosso D e us, para
e para ele afluirão os povos. todo o sempre.
2 Irão muitas nações e dirão: Vínde, e suba- 6 Naquele dia, di z o SENHOR, congregarei os
mos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de que coxeiam e recolhe rei os qu e foram expulsos
Jacó, para que nos ensine os Seus cami nh os, e an- e os qu e Eu afligira.
demos pelas Suas veredas; porq ue de Sião proce- 7 Dos que coxeiam farei a parte res ta nte e
derá a lei, e a pal av ra do SENHOR, de Jer usalém. dos qu e foram arrojados para longe, um a podero -
3 E le julgará e ntre muitos povos e corrigirá sa nação; e o SE NHOR re inará sobre eles no monte
nações pode ros as e longínquas; estes converte- Sião, desde agora e para sempre.
rão as suas espadas e m relh as de arados e suas 8 A ti , ó torre do rebanho, monte da filha de
la nças, e m podadeiras; um a nação não levanta- Sião, a ti virá; sim, virá o primeiro domínio, o
rá a espada contra outra na ção, nem a prenderão reino da filh a de Je rusal ém .
~ .. mai s a guerra . 9 Agora , por que tamanho gr ito? Não há rei
4 Mas assentar-se-á cada um debai xo da sua em ti? Pereceu o teu conselhe iro? Apoderou-se de
vide ira e debaixo da sua figu e ira , e n ão h averá ti a dor como da que es téí para dar à lu z?
q uem os espante, porque a boca do SENHOR dos lO Sofre dores e esforça-te, ó filh a de Sião,
Exé rcitos o disse . como a que está para dar à lu z, porqu e, agora ,

1126
MIQUEIAS 4:8

sairás da cidade, e habitarás no campo, e virás SEN HOR , ne m lhe ente ndem o pla no que as ajun-
até à Ba bilônia ; ali , porém , serás libertada ; a li , tou como feixes na eira.
te re mirá o SENHOR das mãos dos teus inimigos. 13 Levanta-te e de bulha , ó filha de Si ão, por-
11 Acham-se, agora, congregadas muitas na- que farei de fe rro o te u chifre e de bronze , as
ções contra ti , qu e di zem: Seja profanada , e vejam tuas unha s; e esmiuçarás a muitos povos, e o seu
os nossos oi hos o se u desejo sobre Sião. ga nho sen1 dedicado ao SENHOR , e os seus be ns ,
12 M as não sabem os p e ns a m e ntos do ao Senhor de tod a a te rra .

I. Nos últimos dias. Miqueias 4:1 a 3 de Israel. Esperava-se que um renascimento


é pratica mente idêntico a Isaías 2:2 a 4 (ver religioso alcança ria as fileiras dos exilados
com. a estes versículos). Na ARA, as dife- e que os israelitas, fina lmente, aceitariam
renças são pequenas; a ordem das palavras seu destino divino. Miq ueias está prevendo
e algum as mudanças representam sim- os resultados gloriosos de tal avivamento.
plesmente diferenças de tradução. O texto Infelizmente, o fracasso dos judeus tor-
hebraico é o mesmo. Não se pode determinar nou impossível a reali zação desses eventos
se Miqueias citou Isaías ou se Isaías cito u com respeito ao Israel literal. Os propósi -
Miquei as, ou se ambos citaram uma fo nte tos do Céu seriam então realizados através
anterior inspirada, ou ainda se cada um foi da semente espiritual, o novo Israel (Gl 3:7,
inspirado de forma direta ou independente 9, 29). Convertidos de todas as nações serão
ao esc rever a passagem. Os dois eram con- reunidos no reino espiritual da graça, que, na ... ~
temporâneos (Mq 1:1; Is l:l ). segunda vinda de Cristo, se tornará o reino
Depois do pronunciamento do juízo sobre da glória (ver p. 15-17).
Sião (Mq 3:12), Miqueias se volta abrupta- 8. Torre do rebanho. Do heb. mig-
mente para as promessas de restauração. dal-'eder. O nome ocorre em Gênesis 35:21
Essa passagem pertence às declarações do como "torre de Éder", um local desconhe-
AT que "contêm grande encorajamento" cido, onde Jacó acampou em sua jornada de
(C PPE , 455, 456) para o povo de Deus hoj e, Padã-Arã para o Hebrom . Torres de vigia , de
como para quem as mensagens foram origi- onde os pastores guardavam os seus reba-
nalmente dirigidas. nhos , eram com un s (2 Rs 18:8, 2Cr 26:10).
4. Debaixo da sua videira. Uma ima- O profeta podia ter em mente a figura de
gem de abundância e segurança (ver I Rs 4:25 ; Jerusalém como a torre de onde o Senhor
Is 65: 17-25). montava guarda sobre S e u povo (sobre o sen-
Disse. A gloriosa promessa foi, porta nto, tido messiânico, ver Jr 4:7).
confirmada. Era certa porque a reputação de Monte. Do heb. 'ofel, literalmente, "um a
Deus era a gara ntia. protuberância", "uma sa liência". O nome Ofel
5. Seu deus. Nesta fase da restauração, era aplicado à parte norte da colina a sudeste
os pagãos ainda não haviam se convertido. de Jerusalém (2Cr 27:3 ; 33: 14; Ne 3:26, 27).
Mais tarde, de acordo com o plano divino, O primeiro domínio. Ou, "o a nti go
muitos seriam ganhos para o culto do Deus domínio", provável alu são à glória sob o rei-
de Israel (ver p. 16). nado de Davi e Salomão. Em um sentido
6. Os que coxeiam. Do heb. tsala', mais ampl o e na form a em que esta previ-
"mancar", "coxear". Israel, no exílio, é compa- são será cumprid a, a passagem se refere à
rado a um rebanho disperso. Os v. 6 e 7 apre - recuperação do "primeiro domínio", que foi
sentam o plano de Deus para o remanescente temporariamente perdido como resultado da

1127
4:9 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

transgressão de Adão (ver Mq 4:6 ; SI 8:6; ver a gloriosa perspectiva retratada em Miqueias
também p. 13 -17). 4:1 a 8 não se cumpriu n aqueles que volta-
9. Por que tamanho grito? Antes das ram para a terra de Judá após o exílio babi-
bênçãos previstas nos v. 1 a 8, viria a a ngús- lônico (ver com. do v. 6).
tia do cativeiro. Antes da coroa, haveria a 11. Muitas nações. Se a n ação que
cruz; antes dos sorrisos, lágrim as. retornou tivesse desfrutado a prosper idade
Não há rei. Isto se cumpriu quando descrita nos v. 1 a 8, a oposição teria se levan-
Jeoaq uim e Zedequias foram levados em tado. As nações vizinhas tentariam esmaga r
cativeiro (2Rs 24; 25). a nação próspera, mas Deus interviria para
Conselheiro. Aqui usado como sinô- livrar Seu povo (ver com. de Ez 38:1; Joel 3:1).
nimo de "rei ". A raiz da palavra hebraica para 12. Não sabem. Em seu cego autoen-
"rei ", malah, em sua forma acadiana, malãhu, gano, eles não percebiam que estavam des-
significa "aconselhar", "admoestar". truindo não a Sião, mas a si próprios.
Dor. A m etáfora das dores de parto é Na eira. A eira é uma figura comum
usada nas Escrituras para descrever tristeza, (Is 41:15; Jr 51:33; Hc 3:12). Há a possibilidade
angústia e surpresa (Is 13:8; Jr 6:24; 50:43 ; de traduzir "vale da decisão" como "vale da
Os 13:13; 1Ts 5:3). debulha" (ver com. de ]13:14; cf. Ap 14:17-20).
10. Sofre dores. Por causa do cativeiro 13. Levanta-te. O povo de Deus é repre-
então vindouro. sentado sob a figura de um boi durante a
Esforça-te. Um anúncio do cativeiro debulha do trigo (ver Dt 25:4; cf. Is 41 :13-16).
que se aproximava . Os judeus seriam obri- De ferro o teu chifre. Provavelmente
gados a sair de Jerusalém, pousar em lugar um símbolo adicional da destruição. Assim
aberto, "no campo", enquanto viajariam como o boi chifra suas vítimas, do mes mo
para Babilônia. Isaías, contemporâneo de modo Israel destruiria seus inimigos.
Miqueias, também previu a conquis ta de Unhas. Os grãos eram trilhados pelos
Judá por Babilônia (ver Is 39:3-8). bois enquanto pisavam os molhos em um a
Para dar à luz. Um cumprimento eira. Às vezes, um carro pesado era arrastado
parcial desta profecia ocorreu, evidente- atrás dos bois. Cascos de metal facilit ariam
mente, em 536 a.C. sob Ciro (ver Ed 1:1-4; muito o processo de debulha.
]r 29: 10) e, posteriormente, sob Artaxerxes. Será dedicado. A LXX e os Targuns
No enta nto, os que retornaram não eram dizem: "será consagrado". Os ganhos de
pessoas espiritualmente reavivadas como guerra não deviam ser utilizados para o
se esperava em resultado da di sciplina do engrandecimento pessoal, mas dedicados ao
exílio e da instrução dos profetas. Por isso, Senhor e usados para o avanço de Seu reino.

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

2 - CPPE, 455 PR, 682; PP, 67; HR, 430


8- LA, 540; GC, 484, 674; 10-12- Ed, 181; PR, 538

11 28
MIQUEIAS 5:2

CAPÍTULO 5
1. O nascimento do Messias, 4 Seu reino e 8 Sua conquista.

l Agora, aj unta-te em tropas, ó filha de tro- 7 O restante de Jacó estará no meio de mui-
pas; pôr-se-á sítio contra nós; ferirão com a vara tos povos, como orvalho do SENHOR, como chu-
a face do juiz de Israel. visco sobre a erva, que não espera pelo hom em,
2 E tu, Belém-Efrata, pequena demais para nem depende dos filhos de homens.
figurar como grupo de milhares de Jud á, de ti 8 O restante de Jacó estará entre as nações,
Me sairá o que há de reinar em Israel , e cujas no meio de muitos povos, como um leão entre
origens são desde os tempos antigos, desde os os animais das selvas, como um leãozi nho entre
di as da eternidade. os rebanhos de ovelhas, o qual, se passar, as pi-
3 Portanto, o SENHOR os entregará até ao sará e despedaçará, sem que haja quem as livre.
tempo em que a que está em dores tiver dado à 9 A tua mão se exaltará sobre os teus adver-
luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos sários; e todos os teus inimigos serão eliminados.
filhos de Israel. lO E sucederá, naquele dia, diz o SENI-fOR ,
4 Ele Se manterá firme e apascentará o povo que Eu eliminarei do meio de ti os teus cavalos
na força do SENHOR, na majestade do nome do e destruirei os teus carros de guerra;
SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, por- 11 destruirei as cidades da tua terra e deita-
que, agora , será Ele engrandecido até aos con- rei abaixo todas as tuas fortalezas;
fins da terra. 12 eliminarei as feitiçarias das tuas mãos , e
5 Este será a nossa paz. Quando a Assíria não terás adivinhadores;
vier à nossa terra e quando passar sobre os nos- 13 do meio de ti eliminarei as tuas imagens
sos palácios, levantaremos contra ela sete pasto- de escultura e as tuas colunas, e tu já não te in-
res e oito príncipes dentre os homens. clinarás di ante da obra das tuas mãos;
6 Estes consumirão a terra da Assíria à espa- 14 eliminarei do meio de ti os teus postes-
da e a terra de Ninrode, dentro de suas próprias ídolos e destruirei as tuas cidades.
portas. Assim, nos livrará da Assíria , quando esta 15 Com ira e furor, tomarei vingança sobre
vier à nossa terra e pisar os nossos limites. as nações que não me obedeceram.

I. Ajunta-te. Jerusalém é chamada a con- 2. Belém-Efrata. Sobre o significado,


vocar seus exércitos em vista da aproximação ver Gn 35:19. Uma cidade que dista 8,5 km
do perigo. Ela é chamada de "filha de tropas", do sul de Jerusalém, a moderna Beit Lahm.
provavelmente por causa da concentração de A cidade era também chamada Efrata
tropas reunidas ali. A LXX apresenta a pri- (Gn 35:19; cf. Rt 4:11) e de Belém-Judá,
meira parte do versículo como: "agora a filha sem dúvida, para distingui-la de Belém, em
de Efraim será completamente protegida", lei- Zebulom (Js 19:15, 16). Belém era a terra natal
tura amplamente seguida pela RSV. de Davi (lSm 16:1 , 4; cf. Lc 2:11).
Ferirão com a vara a face. Um dos Milhares. Do heb. 'alafim, que pode defi-
piores insultos (ver 1Rs 22:24; Jó 16:10; nir tribos ou clãs, de um ponto de vista numé-
Mt 26:67, 68). A profecia é mes siânica e pre- rico. Portanto, a tradução "clãs" (NVI) pode,
diz o tratamento que o Messias devia receber assim, se referir ao clã representado pelos
das mãos dos inimigos. No texto hebraico, habitantes de Belém ou à própria cidade, que
este versículo está ligado ao cap. 4. nunca atingiu uma posição de importância.

1129
5:3 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

De ti Me sairá. Os judeus reconhece- comparada ao títul o "Prín cipe da Pa z" dado


ram essa profecia como messiâ nica, e em ao Messias pelo profeta contemporâneo de
resposta à pergunta de Herocles sobre onde Miqueias (Is 9:6). O Messias não governari a
o Messias havia nascido, eles c itava m a pas- em paz, mas Ele próprio é o autor e a fonte
sagem de Miqueias (Mt 2:3-6; cf. Jo 7:42). da paz (ver Jo 14:27; 16:33; Ef 2:13, 14).
Desde os dias. Do heb. motsa'oth, o plu- Assíria. No tempo da profecia de
ral de mosa'ah, ela raiz yatsa', "sair". Não é M iqueias, a Assíria era o principal empeci-
totalmente claro a que se refere este termo. lho a Israel e um a ameaça sinistra à sua exis-
Já que o Messias é aqui representado como tênci a (2 Rs 18; 19). No enta nto, já que a era
um rei, alguns pensam que a referência é messi ân ica está em discussão aqui , a Assíria,
feita a um soberano que ocuparia a posição sem dúvida, representa as nações qu e se opo-
rea l. Outros veem como um a referê ncia às riam ao desenvolvimento do Israel restaurado
várias aparições de Cristo no AT, como a (ver com. de Mq 4:11 ; ver a p. 17).
Abraão (Gn 18) e a Jacó (Gn 32:24 -3 2). Sete pastores. Os números dados aqui,
Da eternidade. Miqueias apresenta a "sete" e "oito", embora indiquem um a cifra
pré-existê ncia daq uele que devia nascer em indefinida, mostra m que Israel havia ajustado
Belém. As manifestações ele Cristo alcançam sua lidera nça contra a agressão estra ngeira.
a etern idade no passado. "No princípio era 6. Consumirão. Do heb. ra'ah, "pas to-
o Verbo" (ver Jo 1: 1-3). "Desde dias da eter- rear" (NVI), "guardar", "alimenta r" e, num
nid ade o Senhor Jes us Cristo era um com o sentido de adaptaç ão, "subjugar" (ver RSV).
Pai" (DTN, 19; cf. DTN, 530; Ev, 615 ). Israel devia "s ubjugar" os inimigos com a
Em vez de "saídas" (ACF, TB), a ARA tra- "espada".
duz motsa'oth como "origens". Se o term o "ori- Ninrode. Aqui empregado como sinô-
gem" for interpretado como significa ndo que nimo para Assíria. Ninrode vem da raiz
houve um tempo em que o Mes sias não exis- marad, "rebelar-se" (sobre Ninrode, ver com.
ti a, então essa tradução seria enganosa (ve r de Gn 10: 8-10).
Problems in Bible Translation, p. 188-190). 7. Como orvalho. D e acordo com o
3. A que está em dores. Alguns comen- plan o de Deus para o anti go Israel , a vitó-
taristas e nco ntram neste versículo um a refe- ria sobre a oposição do inimigo deveria ter
rênci a ao sofrimento e à aflição qu e Israel sido seg uida de intenso progra ma de eva n-
suportari a até o livram ento do cativeiro. gelismo. O s filh os de Israel deveriam ilumi-
E m o utras palavras, D eus "desistiria" de nar o mundo co m o conhecimento de Deu s
Seu povo até aquele tempo. Outros veem (ver p. 13-1 7; cf. DTN, 27). O orva lh o e a
um a referência ao n asci mento elo Messias chuva eram as figuras mais apropriadas em
(ver ls 7: 14). uma terra , onde de maio a outubro, para
4. Ele se manterá. Como "o bom pas- propósitos práticos, não hav ia c huvas (ver
tor", o M essias permaneceria firme no cui- vol. 2, p. 94).
dado e na defesa de Suas ave! has . 8. Como um leão. Uma figura do pod er
Apascentará. A LXX acrescenta "seu conquistador. Era propósito de De us qu e
reba nho". Se u povo fo sse a "cabeça" e não a "cauda"
Até aos confins. O domínio elo Messias (Dt 28: 13).
seria universal (ver SI 2:7, 8; 72:8 ; Lc 1:30-33). 9. Serão eliminados. Compl eta vitó-
5. A nossa paz. A fras e diz, literalm ente, ria foi assegurada (ver Is 60 :1 2). Esta eleve-
"e isso será a pa z". Se o pronome "este" se ria ter sido a sorte ele Israe l após o ex ílio; no
refere ao Messias, a expressão pode ser en tanto, o povo falh ou e Deus vai cumprir

1130
MIQUEIAS 5:15

esse pl a no de evangelism o mundi al através Israel mostrou um a tend ênci a para a idola-
do novo Israel (ver p. 21-23). tri a. O segundo ma nd a mento do decálogo
10. Eliminarei. Os v. lO e ll descrevem p roibia a fabricação e a adoração deu m pesel
a elimin ação daqueles a rtefatos de guerra (Êx 20:4).
nos qu ais Israel havia confiado em vez de Colunas. Do heb. matseboth (ver com.
confiar no Senhor. Era proibido multiplic ar de Dt 16: 22; 1Rs 14:23). Em todos os tem-
cava los (Dt 17: 16; ver com. de lRs 4:26). pos, houve e há a tendência de se confia r em
11. As cidades. As fortalezas e as cida- coisas materi ais e seculares, em obras huma-
~ ... des fortificad as , como fontes de confia nça nas em vez de se confiar no Deus qu e dá ao
hum ana, ser iam removidas . ser hum ano tudo o que proporciona "satis-
12. Feitiçarias. Feitiçaria ou necroman- fação" (lTm 6:1 7, NVI). Na devoç ão id ólat ra
cia, ou consultar os mortos, era comum nos às coisas feitas hum anamente, as pessoas se
tempos antigos (ver Dn 1:20; 2:2) . O s israe- esquecem daquele que é o Criador de tod as
litas foram proibidos de pratica r feitiça ria e as coisas (ver Dt 8:1 7-20).
adivinhação (Dt 18:9-12). 14. Postes-ídolos. Do heb. 'asherim (ver
13. Imagens. Do heb. pesilim., de pasal, com. de Dt 16:21; 2Rs 17: 10).
"cortar", "talhar". O ugarítico psl significa 15. Que não me obedeceram. Esta
"cortador de pedra" ou "talhador". Im agens frase pode ser também tradu zid a por "qu e
antigas (também designadas como pesel) não ouviram", ou "que não atentaram". "E , se
era m talhadas em pedra, feit as de a rgil a , é com dificuldade que o justo é sa lvo, onde
esc ulpidas em madeira ou cobertas com va i compa recer o ímpio, sim , o p ec ador?"
metal fundido. Desde os primeiros tempos, (l Pe 4:1 8).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

l - AA, 225 GC , 313; PR, 697; 7 - DTN , 27; MDC , 28;


2 - AA, 224; DTN , 44, 470; PP, 34 CBV, 404

CAPÍTULO 6
1 A controvérsia de Deus por causa da rebeldia, 6 ignorância,
1O injustiça e 16 idolatria.

I Ou vi, agora, o qu e di z o S EN HO R: Leva nta- el a servidão te remi ; e e nviei adi ante de t i Moisés,
te, defend e a tua ca usa p e ra nte os m onte s, e Arão e M iriã.
ouça m os outeiros a t ua voz. 5 Povo M eu , lembra-te, agora, elo qu e m aqu i-
2 Ou vi, montes, a cont rovérs ia d o S EN HO R, na u Balaq ue , rei de M oa be, e elo qu e lh e res po n-
e vós , duráve is fund a mentos d a te rra , po rque o de u Ba laão, filh o de Beor, e do q ue aco ntece u
S EN I-IOH tem co ntrové rsia co m o Se u povo e com desde Sitim até G ilga l, pa ra qu e conheças os atos
Israe l e ntrará em juízo . ele justi ça do SE NHOH .
3 Povo M eu , qu e te tenh o feito? E co m qu e 6 Com q ue me a present a rei ao S EN HOR e me
te e nfad e i? Responde-M e ! inc lina rei a nte o D e us excelso? Vire i pe ra nte E le
4 Po is te fi z sair el a terra elo Egito e el a cas a co m holoca ustos, co m beze rros el e um a no?

11 3 1
6: I COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de car- violência, e os seus habitantes fal am mentiras , e


neiros , de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu a língua deles é e nganosa na sua boca .
primogênito pela minha transgressão, o fruto do 13 Assim , também passarei Eu a ferir-te e
meu corpo, pelo pecado da minha alma? te deixarei desolad a por causa dos teus pecados.
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e 14 Comerás e não te fartarás; a fome estará ..,. §o-
que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques nas tuas entranhas; removerás os te us bens, mas
a justiça, e ames a misericórdia, e a ndes humil- não os livrarás; e aquilo que livrares, Eu o entre-
demente com o teu Deus. ga rei à espada.
9 A voz do SENHOR clama à cidade (e é ver- 15 Semearás ; contudo, não segarás; pisarás a
dadeira sabedoria temer-Lhe o nome): Ouvi , ó azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás
tribos, aquele que a cita . a vindima; no entanto, não lh e beberás o vinho,
!O Ainda há , na casa do ímpio, os tesouros da 16 porque observaste os estatutos de Onri e
impied ade e o detestável efa minguado? todas as obras da casa de Acabe e andaste nos con-
11 Poderei Eu inocentar balanças falsas e bol- selhos deles. Por isso, Eu farei de ti uma desolação
sas de pesos enga nosos? e dos habitantes da tua cidade, um alvo de vaias;
12 Porque os ricos da cidade estão cheios de assim, trareis sobre vós o opróbrio dos povos.

1. Causa. Miqueias é chamado a plei- saíram" (NTLH). Sitim foi o último ponto de
tea r pelo povo diante da natureza inanimada, parada dos israelitas antes de a travessa rem o
"as montanhas" e as "colinas", testemunhas Jordão (Js 3:1) e Gilgal, o primeiro acampa-
silenciosas dos grandes feitos de Deus para mento na terra de Canaã (Js 4: 19). Em sua
com os israelitas e da ingratidão deles para viagem de Sitim a Gilgal, e les atravessaram
com o Senhor. o Jordão e viram a interve nção m a ravilhosa
2. Montes. Eles devia m se defender, de Deus em favor deles (Js 3, 4).
como se fosse num júri. 6. Com que [... ]? Uma nova seção
3. Que te tenho feito? Comparar com começa aqui , ou pode ser que a série de p er-
Is 5:3 , 4 ; Jr 2:5, 21; Jo 10:32. guntas nos v. 6 e 7 represente a resposta do
4. Pois te fiz sair. Deus defende Seu povo à revelação de sua ingratidão. As opi-
caso, rememorando alguns dos benefícios niões variam sobre se, no segundo caso, as
notáveis que concedera a Seu povo. O êxodo palavras foram ditas num espírito de justiça
foi um dos sin ais evidentes de Seu interesse própria ou com humildade, com o reconhe-
amoroso e constante cuidado (ver Is 63:11-13; cimento do pecado, acompanhado de um
Am 2:10). desejo sincero de conhecer os passos neces-
Moisés. O Senhor proveu liderança espe- sários para a justificação. Em qualquer caso,
cialme nte qualificada e in spirada (SI 77:20; essas palavras revelam uma falta de com-
Os 12:13). preensão da natureza de De us e do úni co
5. Maquinou. Do heb. ya'ats, "aconse- tipo de serviço que Ele aceita.
lhar". Balaão atendeu ao p edido de Balaque Deus excelso. Literalmente, "o Deus das
para amaldiçoar Israel, mas pronunciou, em alturas" (comparar com Is 33:5; 57:15 ; 66:1).
vez disso, uma bênção (ver Nm 22-24). Com holocaustos. O serviço ritual pre-
Desde Sitim. Um a nova advertê ncia via ofertas de vários tipos. El as foram con-
é introduzida com a frase "desde Sitim", e cebidas pa ra ilustrar as vári as características
pod eria ser dita com palavras como "lem- do pla no da sa lvação. De si m esmos, quando
brem de tudo o que aconteceu desde que não acompanhados de espírito verdadeiro por

1132
MIQUEIAS 6:8

parte do ofertante, os sacrifícios eram sem No entanto, o povo parecia ter se esq ue-
valor e o ritual, uma abominação (ver com. cido de que a mera prática dos ritos exterio-
de Is 1:11). res não tem valor sem a verdadeira piedade.
De um ano. Os "filhos de um ano" Uma das principais funções dos profetas era
(Lv 9:3; Nm 7:17) eram os nascidos no pre- ensinar às pessoas que a prática religiosa
sente ano (ver Êx 12:5), pelo menos, com externa não podia substituir o caráter e a
uma semana de idade (Lv 22:27). obediência interna (lSm 15:22; Sl51:16, 17;
7. Milhares. Como se tão grande Is l:ll-17; Os 6:6; cf. Jr 6:20; 7:3-7; Jo 4:23,
número pudesse garantir o maior favor de 24). Deus desejava não a formalidade exte-
Deus, e assim uma maior disposição divina rior, mas o espírito; não só o culto, mas a von-
para perdoar os pecados. tade; não só o serviço, mas a vida.
Azeite. Usado em conexão com as ofertas Pratiques a justiça. Do heb. 1nishpat,
de manjares (Lv 2:1, 4-7; 7:10-12; Nm 15:4). da raiz shafat, "julgar". A forma plural,
Primogênito. Aqui se faz referência a mishpatim, geralmente traduzida por "juízos",
um costume pagão comum nos tempos anti- é empregada a partir dos preceitos adicio-
gos, e que era proibido aos israelitas; mas, nais dando instruções minuciosas de como
que foi praticado por alguns dos reis de Israel o decálogo deveria ser observado (Êx 21:1;
(Lv 18:21, 20:2; 2Rs 3:27; 16:3; 23:10; Sl106:37, ver PP, 364). Praticar mishpat é ordenar a
38; Jr 7:31). O costume parece que se baseava vida de alguém de acordo com o "julga-
na ideia de que Deus deveria receber do ser mento" de Deus .
humano o que ele possuía de melhor e de mais Misericórdia. Do heb. chesed, pala-
caro, e que o Céu atribuiria valor a uma oferta vra que descreve ampla gama de qualida-
de acordo com o seu custo. Apesar da declarada des como indica suas várias traduções, como
santidade da vida humana (Gn 9:6) e da prática "bondade", "amabilidade", "benignidade",
de se resgatar o filho primogênito (Êx 13:13), "misericórdia" (para uma discussão sobre
o paganismo exerceu influência sobre Israel. chesed, ver Nota Adicional ao Salmo 36).
A questão aqui levantada é retórica e, como E andes. Quando andam com Deus (ver
todas as outras, exige uma resposta negativa. Gn 5:22; 6:9), as pessoas ordenam a vida em
8. Ele te declarou. A resposta de harmonia com a vontade divina.
Miqueias não era uma nova revelação e não Humildemente. Do heb. tsana', cuja
representa uma mudança nas exigências forma encontrada aqui ocorre somente uma
8.. divinas. O objetivo do plano da salvação, vez. Um significado sugerido além de "humil-
ou seja, a restauração da imagem de Deus demente" é "circunspectamente", "com cau-
na vida humana , foi claramente revelado a tela", "cuidadosamente".
Adão e um conhecimento sobre esse objetivo O objetivo da verdadeira religião é o
foi passado para as gerações seguintes. Esse desenvolvimento do caráter. A cerimônia
conhecimento foi confirmado através dotes- exterior só tem valor se contribuir para esse
temunho pessoal do Espírito (cf. Rm 8:16) e desenvolvimento. Mas, como muitas vezes é
amplificado pelas posteriores revelações dos mais fácil prestar um culto externo do que
profetas. As pessoas do tempo de Miqueias mudar as más inclinações do coração, as pes-
tinh am o Pentateuco escrito, e, sem dúvida, soas sempre foram mais propensas a adorar
porções de outras partes da Bíblia hebraica, externamente do que cultivar as graças do
bem como o testemunho de profetas contem- espírito. Assim foi com os escribas e fariseus
porâneos, como Isaías e Oseias (ver Is l:l; a quem Jes us repreendeu. Eles ciosamente se
Os 1:1 ; cf. Mq 1:1). guardavam de qualquer infração em matéria

113 3
6:9 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

de dízimo, mas negligenciavam "os preceitos 10. Tesouros da impiedade. Hiquezas


mais import antes da Lei: a justiça, a miseri- obtidas por meios ilícitos (ver Am 8: 5).
córdia e a fé " (Mt 23 :23). 11. Balanças falsas. Ver com . de
Praticar a "justiça" e amar a "misericór- Dt 25:13 , 15 ; Am 8:5.
dia" é agir com justiça e bond ade. Essas 12. Os ricos. Enquanto os ricos são
virtudes afetam a relação com o próximo condenados por sua violência , todos são
e refletem a inten ção da segund a parte do igualmente acusados de desonestidade e tra -
decálogo (ver com . de Mt 22:39, 40). And ar paça. Dada a oportunidade, provavelme nte
"humildemente com o teu Deus" é viver em os oprimidos seriam tão cru éis quanto seus
harmonia com os princípios da primeira opressores.
parte do decá logo (ver com. de Mt 22:37, 13. Ferir-te. A LXX diz: "E u vou come-
38), que tem a ver com nossa relação com çar a te ferir." Os v. 13 a 15 desc revem a
Deus. O a mor expresso nas ações e no res- punição que viria sobre as pessoas por suas
peito a De us e aos semelhantes é "bom", e transgressões flagrantes e in sensibilid ade
é tudo o que Deus requer, pois "o cumpri - de coração.
mento da lei é o amor" (Rm 13: 10). 14. Comerás. Ve r Lv 26:26; O s 4:10;
9. À cidade. Presumivelmente, Jerus a- Ag 1:6.
lém é esta cidade. Os v. 9 a 16 aprese ntam Fome. Do he b. yeshach, pal avra que
uma lista dos pecados de Israel e os con- ocorre somente aqui e cujo significado é obs-
sequentes juízos que cairiam sobre o povo. curo. O paralelismo hebraico sugere o possí-
Sabedoria. O signific ado des ta fras e vel significado de "va zio" ou "fom e".
não é claro. Várias mudan ças no hebra ico Removerás. Do heb. sug, provavelmente
foram su geridas a fim de se elimin ar a a mbi- usado aqui no sentido de "tirar" ou "remover".
guidade. A LXX diz: "Ele salvará aqueles que O povo proc uraria em vão salvar se us tesou-
temem o Seu nome." ros remove ndo-os.
Vara (ARC). Do heb. m atteh, pala- 15. Não segarás. Ver Dt 28:38-40; Ag 1:6.
vra que descreve um cajado, um "bordão" 16. Estatutos de Onri. A Bíblia não
(Êx 4:2-4; etc.) ou uma "tribo" (Nm 1:4, etc.). mencion a "estatutos" especiais deste rei de
Se o texto quer di zer "va ra", então a referên- Israel. Talvez seja um a provável referência às
cia seria aos assírios cuja "va ra" represen- regras idólatras do culto que Onri instituiu
tava "a indign ação de Deus" (cf. Is 10:5); e, (ver 1Rs 16:25, 26). Onri foi o fundador da
se significa "tribos" (ARA), e ntão se refere dinastia iníqu a que produ ziu Acabe e Atalia
aos habita ntes de Jerusalém. (ver 1Rs 16:29-33; 2Rs 8:26; 11:1).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

1-5 - PR, 325 6-8 - PJ, 210; MDC , 54; 559; T6, 149; T 7, 180, 262;
2 - FEC , 222; TM, 373; TS, PR, 326; TS, 63 0 T8, 68, 123, 137
215; T8, 186 8- LA, 184, 309; CS, 33; 10, 11 - CS , 77
3- T8, 275 CE, 154; CM, 138; OP, 11- TM , 372; T4, 31 0
4- PP, 382 105, 106; TM 281, 459, 12 - TM, 373
6, 7 - OTN, 469 462; T3, 187, 201, 269, 13 - CS, 78
539; T4, 337, 621; TS, 502,

1134
MIQUEIAS 7:1

CAPÍTULO 7
1 O Israel de Deus reclama por ser pequeno em número; 3 a corrupção é geral. 5 Apelo
para se confiar em Deus e não no homem. 8 Israel triunfa sobre seus inimigos.
14 Deus o consola com promessas, 16 confunde seus iniwtigos
e 18 derrama sobre ele Suas misericórdias.

1 Ai de mim! Porque estou como quando são teu Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora,
colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da será pisada aos pés como a la ma das rua s.
vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem 11 No dia da reedificação dos teu s muros ,
figos temporãos que a minha alma deseja. nesse di a, serão os teus limites removidos para
2 Pereceu da terra o piedoso, e não há entre mais longe.
os homens um q ue seja reto; todos espreitam 12 Nesse dia , virão a ti , desde a Assíria até às
para derramarem sangue; cada um caça a seu cidades do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e
irm ão com rede. do mar até ao mar, e da montanha até à montanha. <~ B
3 As suas mãos estão sobre o mal e o fazem 13 Todavia, a terra será posta em desolação, -.o
diligentemente; o príncipe ex ige condenação, o por causa elos seus moradores, por causa elo fruto
juiz aceita suborno, o grande fal a dos maus de- das suas obras.
sejos de sua alm a, e, assim, todos eles juntamen- 14 Apascenta o Teu povo com o Teu bordão, o
te urdem a trama . re banho ela Tua herança, que mora a sós no bos-
4 O melhor deles é como um espinheiro; o que, no meio da terra fértil ; apascentem-se em
ma is reto é pior do que uma sebe de espinhos. Basã e Gileade, como nos dias de outrora.
É c hegado o di a anunciado por tuas sentinelas, 15 Eu lhe mostrarei m aravilhas, como nos
o dia do teu castigo; aí está a confusão deles. dias da tua saída da terra do Egito.
5 Não creiais no amigo, nem confieis no com- 16 As nações verão isso e se envergon ha rão
panheiro . Guarda a porta de tua boca àquela que de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca,
reclina sobre o teu pei to. e os seus ouvidos fi ca rão surdos.
6 Porque o filho des preza o pai, a filha sele- 17 Lamberão o pó como serp entes; como rép-
va nta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os teis da te rra, tremendo, sairão elos seus esconde-
inimigos do homem são os da sua própria casa. rijos e, tremendo, virão ao SENHOR , nosso Deus ;
7 Eu , porém, olharei pa ra o SENHOR e espe- e terão medo de ti.
rarei no Deus da minha salvação; o meu Deus 18 Quem, ó Deus, é semelha nte a Ti, que
me ouvirá. perdoas a iniquidade e Te esqueces da transgres-
8 Ó inimiga m inh a, não te alegres a meu res- são do restante da Tua herança? O SENHOR não
peito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; retém a Sua ira para sempre, porque tem praze r
se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz. na misericórdi a.
9 Sofrerei a ira do SENHO R, porque pequei 19 Tornará a ter compaixão de nós; pisa rá aos
contra E le, até que julgue a minha causa e exe- pés as nossa s iniquidades e la nçará todos os nos-
cute o meu direito; E le me tirará para a lu z, e eu sos pecados nas profundezas do mar.
verei a Sua justiça . 20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão,
10 A minha inimiga verá isso, e a ela cobrirá a a misericórd ia , as quais juraste a nossos pa is,
vergonh a, a ela que me diz: Onde está o SENHOR, desde os dias an tigos.

1135
7:1 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

1. Ai de mim! Israel, ou Sião, parece ser pena. Ele acredita que tudo o que Deus faz
o locutor ou, provavelmente, a parte arrepen- é para seu bem.
dida de Israel. 10. Onde está o SENHOR, teu Deus?
Frutas do verão. A aplicação da figura Comparar com Is 37:10-13; }12:17.
pode ser sugerida pelo v. 2. Assim como Pisada. Ver Is 10:6; Zc 10:5.
depois da colheita nenhum fruto se encon- 11. No dia. Literalmente, "um dia". A cer-
tra no ca mpo, do mesmo modo, depois da teza da restauração.
colheita do mal nenhum justo seria encon- Limites. Do heb. choq, que, embora
trado em Israel. Pode ser também que Sião frequentemente utilizado para um decreto,
esteja representado como quem busca frutos também pode significar limite ou fronteira.
após a colheita e não os encontra. Se for o que se pretende aqui , há uma previ-
2. Pereceu. Comparar com Jr 5:1. são da extensão dos limites de Israel.
3. As suas mãos. O hebraico da frase 12. Virão. No plural, em harmonia com
inicial é obscuro. A LXX di z: "Eles preparam vá rios manuscritos da LXX.
suas mãos para o enga no." Cidades do Egito. Do heb. matsor, que
Suborno. Este é um vício antigo, con- pode também ser "cidades fortes" (ARC).
denado aqui (ver Is 1:23). Assíria e Egito levaram o povo de Deus em
Urdem a trama. O hebraico da fra- cativeiro e o escraviza ram .
se traduzida deste modo é obscuro. O ver- Rio. O Eufrates .
bo ocorre somente aqui e o significado é Do mar até ao mar. Não é certo a que
incerto. mares o texto se refere. A expressão indica
4. Espinheiro. Do heb. chedheq, tam- ampla extensão. É o mesmo caso da expres-
bém traduzido por "espinhos" (Pv 15:19). são, "de montanha a montanha".
Os espin hos são duros , perfurantes e ferem 13. Em desolação. A terra dos pagãos
todos os que esbarram neles . parece ser indicada aqui . Como resultado
5. Não creiais. Os v. 5 e 6 descrevem dos julgamentos de D eus na libertação
as condições morais como tão graves que de Israel, muitas regiões se tornariam em
não se podia confiar num amigo, vizinho, grande parte despovoadas.
nem na esposa de um homem que deitasse 14. Apascenta o Teu povo. A profecia
em seu "peito", ou em qualquer membro pró- de Miqueias termina com uma oração para .,. §
ximo da família. Deus cumprir as promessas. Yahweh é repre- o
6. Despreza. Jesus citou as palavras sentado como o pastor divino (ver Sl23:l) que,
deste versículo para descrever as condições com Sua "va ra" ou "cajado" (ver SI 23:4), vai
morais na era cristã (Mt 10: 21, 35, 36). conduzir o Seu povo, o rebanho da Sua "he-
7. Eu, porém. Ao falar em nome de rança" (ver SI 28:9 ; 95:7) para boas pastagens
Israel, o profeta expressa fé em Deus, ape- (ver Ez 34: ll-15).
sar do castigo, e aguarda confiante a restau- Que mora a sós. Comparar com Nm 23:9.
ração prometida. No meio da terra fértil. Ou, "Carmelo"
8. Não te alegres. Israel está tão seguro (TB) , que significa "terra de jardins". Possi-
de sua salvação final que entoa a nota de velmente o texto esteja se referindo às pasta-
triunfo sobre o inimigo que D eus usou para gens luxuriantes em vez da cadeia de montes
discipliná-lo. que formam a fronteira sudoeste da planície
9. Sofrerei. Esta é a linguagem do verda- de Esdraelon .
deiro penitente. Ele sabe que sua única espe- Basã e Gileade. Estes lugares são men-
rança está em Deus e não pede a redução da cionados por causa de suas ricas pastagens,

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MIQUEIAS 7:2 0

e, possivelmente, também porque esses ter- sido tristes demais para Miqueias descrever,
ritórios a leste do rio Jordão, que haviam seriam gratuitamente perdoadas. Embora
sido perdidos para a Assíria (ver com. de aqui não seja particularmente enfatizado, o
1Cr 5:26), seriam recuperados. perdão se deu apenas com base em profundo
15. Egito. Deus promete prodígios arrependimento e reforma. A disciplina
"maravilhosos" semelhantes aos que acom- do cativeiro foi designada para efetuar esse
panharam o êxodo. reavivamento espiritual entre o povo. Isso não
16. Verão isso. O inimigo havia se foi conseguido em escala nacional e, assim,
vangloriado anteriormente: "Onde está o as gloriosas promessas com que Miqueias
SENHOR, teu Deus?" (v. 10). Então, os papéis fecha suas profecias nunca foram alcan-
se inverteriam, e as nações iriam reconhe- çadas pela nação de Israel como um todo .
cer o poder do Senhor e teriam vergonha do É claro que indivíduos experimentaram a
poder de que se vangloriaram. graça salvadora de Deus e obtiveram o per-
17. Lamberão o pó. Uma figura que dão prometido. Essa bênção também pode
descreve a mais extrema humilhação (ver ser reivindicada pelo cristão. Pelos méritos
SI 72:9; ver também Is 49:23). da graça de Cristo, seus pecados podem ser
Esconderijos. Os abrigos para os quais perfeitamente perdoados. Se persistir até o
os ímpios tinham fugido de terror por causa fim , seus pecados nunca mais serão men-
do Senhor. cionados contra ele. Se, contudo, apostatar
18. Quem, ó Deus [...]? Miqueias fecha e se perder, todos os seus pecados o encon-
sua profecia com uma nota de louvor pela trarão novamente no dia do julgamento (ver
misericórdia e fidelidade de Deus (ver expres- Ez 18:21-24).
sões semelhantes em Êx 15:11, SI 71:19). 20. As quais juraste. Ver Gn 17:1-
Perdoas a iniquidade. Comparar com 9; 22:16-18; 28:13-15; cf. Hb 6:13-18. Estas
Êx 34:7; Is 55:7. promessas que teriam o seu glorioso cumpri-
Não retém. Comparar com o Sl103:9. mento na semente literal de Israel são trans-
19. Pisará aos pés as nossas iniqui- feridas para o novo Israel, a semente espiritual
dades. As iniquidades de Israel, que tinham de Abraão (Gl3:7, 9, 29; ver p. 21-23).

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

2, 4 - PR, 324 8, 9- GC 346; CBV, 166; T6, 149


7, 8 - CBV, 182 PR, 377; PP, 738 18, 19- T8, 278
7-9 - PR, 334 18- OTN, 241, 582; PJ, 19 - OTN, 162, 806; CBV, 182 -<~~ ê
186; MDC, 116; CC, lO;

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