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TEXTO ÁUREO

“[…] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At
13.2,3)

VERDADE PRÁTICA

A oração e o jejum são disciplinas espirituais que potencializam sensivelmente a vida


piedosa do crente.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Mateus 6.5-18

INTRODUÇÃO

Nesta lição, aprenderemos acerca da oração conforme ensinada por Jesus Cristo, bem
como as lições espirituais do jejum. O Divino Salvador nos assegura que, orando e
jejuando ao Pai em secreto, Ele não estará indiferente às aspirações da alma, isto é, às
nossas orações. Contudo, é imprescindível que a oração e o jejum sejam realizados da
maneira que Jesus ensinou. Por isso, estudaremos o modelo verdadeiro de oração e
jejum ensinado pelo Senhor Jesus no Sermão do Monte

COMENTÁRIO

A oração ensinada por Jesus é um modelo, não simplesmente uma liturgia. É notável
pela sua brevidade, simplicidade e abrangência. Das seis petições, três são dirigidas a
Deus (vs. 9-10) e três estão voltadas às necessidades humanas (vs. 11-13). Nela
entendemos que toda oração, em primeiro lugar, submete-se voluntariamente aos
planos, aos propósitos e à glória de Deus; que precisamos clamar pelo perdão das
nossas dívidas (a passagem paralela Lc 11.4, usa uma palavra que significa "pecado" de
modo que, no contexto, as dívidas são espirituais). Os pecadores são devedores a Deus
pela violação de suas leis (Mt 18.23-27). Esse pedido é o cerne da oração; o que Jesus
enfatizou com palavras seguiu-se imediatamente à oração (Mc 11.25).

É importante salientarmos que Jesus a ensinou aos seus discípulos quando lhes falava
sobre esmolas, oração e jejum atendendo a um pedido dos próprios discípulos.

É interessante como, em nossa vida, enfrentamos tanta dificuldade em orar.


Dificilmente poderemos exagerar a importância da oração; e, no entanto, nos vemos
tão preguiçosos em sua prática. Por outro lado, corre-se o risco de incorrer no mesmo
erro farisaico da demonstração pública. De fato, vemos Jesus advertindo contra o
abuso da oração, pois os fariseus e outros líderes religiosos, que deveriam saber
melhor, usavam-na como meio de se glorificarem ante os homens. Jesus não
condenou a adoração pública e nem as orações em público, mas tão-somente
procurou sujeitar tudo ao espírito de humildade. Você certamente já presenciou
orações teatrais, onde o orante muda a voz, usa palavras difíceis, até muda o
sotaque... Nesta passagem Jesus queria libertar as orações das atitudes teatrais,
tornando-as parte do santuário. Quão frequentemente a igreja se transforma em um
teatro, ao invés de ser um santuário!

Vamos em frente?

I- A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI

1. A natureza da oração. Podemos dizer que a oração é o diálogo da alma com Deus, a


qual aparece na Bíblia Sagrada em diversas formas como confissão (1Rs 8.47; Ne 1.6;
Dn 9.3-15), adoração (SI 45-1,8; Mt 14.33; Ap 4.11), comunhão (Gn 18.33; Êx 25.22;
31.18), ações de graças, feito de modo belo por Miriã (Êx 15.20,21), Débora (Jz 5) e
Davi (2Sm 23.1-7). No Novo Testamento, Paulo exortou os cristãos a fazerem sempre
esse tipo de oração (Fp 4.6; Cl 4.2; Ef 5.20). Pelo exposto, e em primeiro lugar, o que
deve marcar prioritariamente nossas orações é a busca da glorificação do Pai (Mt 6.9).
Mas também devemos pedir, suplicar e perseverar em nosso pedido, com o Daniel (Dn
6.10) e a mulher siro-fenícia fizeram (Mt 15.21-28). Há resposta de Deus para quem o
busca incessantemente (Lc 18.1-8), conforme o apóstolo Paulo nos incentiva a fazer (Ef
6.18; 1Tm 2.1,2). Finalmente, podemos ainda pontuar a oração intercessora com o
exemplo de Samuel (1Sm 12.23), bem como o da Igreja Primitiva (At 12.5).

COMENTÁRIO

Mateus 6.9 contém a oração do Senhor, uma composição inigualável pela abrangência
e beleza. Supõe-se que algumas dessas petições foram retiradas daquelas de uso
comum entre os judeus. De fato, alguns deles ainda são encontrados nos escritos
judaicos, mas eles não existiam nessa bela combinação. Esta oração é dada como um
“modelo”. Ele foi projetado para expressar a “maneira” pela qual devemos orar,
evidentemente não as palavras ou petições precisas que devemos usar. A substância
da oração é registrada por Lucas (Lc 11.2-4). Em Lucas, no entanto, isso varia da forma
dada em Mateus, mostrando que ele pretendia não prescrever isso como uma forma
de oração a ser usada sempre, mas expressar a substância de nossas petições ou
mostrar quais petições seriam apropriadas.

Falando da natureza ou da essência da oração, o nome de Deus representa o todo do


seu caráter e de seus atributos (Sl 8.1 ,9; 9.10; 22.22; 52.9; 115.1).

O Comentarista da lição cita o teólogo Charles Hodge: “Oração é a conversa da alma


com Deus. Nela manifestamos ou expressamos diante dele nossa reverência e nosso
amor por sua divina perfeição, nossa gratidão por todas as suas mercês, nossa
penitência por nossos pecados, nossa esperança em seu amor perdoador, nossa
submissão à sua autoridade, nossa confiança em seu cuidado, nossos anelos por seu
favor e pelas bênçãos providenciais e espirituais indispensáveis para nós e para os
outros.

Em grandes obras teológicas, a natureza da oração é descrita em diversos pontos.


Alguns falam dela como ato de submissão. Nesse particular, diz-se que o crente vive em
um mundo que envolve batalhas espirituais, e Paulo falou muito bem disso quando
frisou que nossa luta não é contra carne, mas, sim, contra os principados e potestades,
os dominadores deste mundo tenebroso (Ef 6.12).
Destarte, para sair vitorioso, o cristão precisa submeter -se a Deus, voltar-se para Ele
em oração, o que deve ser feito com toda a confiança e dependência divina (Hb 11.1;
Mt 21.22).

Quando falamos da oração no seu sentido de submissão, estamos dizendo que a alma
do orante coloca-se em total e plena dependência divina, colocamos de lado nossa
capacidade, nossa limitação, nossa inteligência e nos derramamos perante Deus
cientes de que somente dEle vem o livramento, a vitória. Quando nos entregamos ao
Pai em oração, a vitória é certa. Foi assim que procedeu o rei Josafá.

Temendo seus adversários, ele foi sincero e se rendeu a Deus dizendo: “Ah! Nosso Deus,
acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles?

Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra
nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” (2Cr
20.12, ARA).

Quando falamos sobre a oração no sentido de submissão, ela se torna ainda mais
gloriosa, pois quem a faz não está apenas querendo receber algo de Deus, visto que
nela, como a alma está totalmente rendida, entregue ao Pai eterno, o que se prioriza é
o realizar a vontade de Deus, nada mais.

Podemos ainda destacar mais dois aspectos interessantes quanto à natureza da


adoração. A primeira, a oração é também adoração, o que envolve tanto a liturgia
quanto a adoração individual como coletiva. Como adoração, a oração ultrapassa a
experiência simples do pedir e do querer, ela envolve submissão e confiança irrestrita
em Deus, prioriza sua vontade, seu querer e o louva pelas obras de sua criação. Nesse
tipo de oração, além de desejar que a vontade de Deus prevaleça em tudo, o desejo
maior é ser como Jesus (Rm 8.29).

Quanto à essência da oração, o segundo aspecto que podemos salientar é que ela é
considerada como um ato criador. Ao orar, o cristão é consciente de que todas as
coisas que existem foram criadas pelo poder de Deus. Isso implica também dizer que as
coisas são modificadas pelo poder de Deus, como bem se vê em Gênesis capítulo 1.
Falando da oração como ato criador, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosoxa seus
autores pontuam:

Na oração, pois, entregamos nas mãos de Deus na ordem presente de coisas, para que
elas sejam “modificadas”. Essa modificação talvez exija, antes de tudo, a nossa própria
transformação moral. Mas uma vez que nos tornemos seres transformados, podemos
ser, nós mesmos, instrumentos modificadores.

Todavia, a oração também pode criar novas situações nas circunstâncias externas, ou
diferenças de atitude em outras pessoas, as quais podem modificar os acontecimentos.
Quando a oração é um genuíno exercício da alma, isso nos põe sob o controle do poder
criador de Deus. Isso também nos torna mais sensíveis para com a vontade de Deus,
para com as necessidades alheias e para com as nossas próprias necessidades,
diminuindo nossos desejos por cosias meramente físicas. Por conseguinte, em seu
poder criador, a oração eleva o inteiro tom espiritual de nossas vidas.

Ao atentar para a expressão instrumentos modificadores, Tiago fala da importância da


oração de um cristão realmente justo. Ele diz: […] “Muito pode, por sua eficácia, a
súplica do justo” (Tg 5.16, ARA). Vale dizer que não há poder no cristão para curar; isso
vem por meio da oração, quando se volta a Deus pela fé, na certeza de que a operação
resulta pelo seu agir. Como instrumentos modificadores, tanto o presbítero como os
cristãos podem clamar a Deus por todos quantos estão enfermos, pois essa permissão
vem de Cristo Jesus”. Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora
CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 160-163

2. Como os homens de Deus viam a oração? A Bíblia nos incentiva a orar porque há
poder nesse maravilhoso recurso espiritual, o qual não podemos desprezar. Logo que
lemos a Bíblia, percebemos que a oração é apresentada como uma ordem (Lc 18.1; 1Ts
5.17; 1Tm 2.8). No Antigo Testamento, por exemplo, Esdras via a oração como um
recurso mais poderoso que o exército do rei Artaxerxes (Ed 8.21-23). No Novo
Testamento, o Senhor Jesus tinha a oração como tão necessária quanto o sono e o
alimento (Mt 4.2; Lc 6.12; Mc 1.35); e os apóstolos também perseveravam em oração
(At 6.4).
COMENTÁRIO

A oração é um grande mistério! Não oramos para determinar tarefas a Deus, para
satisfazer o nosso ego ou apenas quando tudo vai bem ou tudo vai mal, mas para nos
submeter ao senhorio do Deus Eterno e em reconhecimento de nossa total
incapacidade e dependência d’Ele. Oramos porque Deus se agrada e ordena: “Orai sem
cessar” (1Ts 5.17).

Falar em oração não se pode deixar de lado Jesus, ainda que, nas Escrituras,
encontremos muitos personagens dedicados a esse mistério. Ele é a maior referência
que temos neste assunto. Sua vida, ministério e relacionamento com os discípulos,
com os estranhos e com o Pai foram profundamente marcados pela oração. Jesus
começou seu ministério orando durante quarenta dias no deserto, depois disso Ele
passou uma noite inteira orando para escolher seus primeiros discípulos. Temos que
orar sempre antes de iniciar qualquer tarefa, antes de sonhar e antes de dar qualquer
passo. Oração é colocar tudo diante do Senhor e reconhecer que o sim e o não vem
d’Ele. É saber que o nosso coração pode fazer planos, mas a resposta certa vem do
Senhor. O Pastor Hernandes Dias Lopes comenta: “Três fatos são dignos de observação
acerca do ministério de oração de Jesus: Em primeiro lugar, o cansaço físico não
impedia Jesus de orar (1.35). Jesus se levantou alta madrugada, depois de um dia
intenso de trabalho, e foi para um lugar deserto para orar. Ali ele derramou o seu
coração em oração ao seu Pai celestial. Ele tinha plena consciência que não podia viver
sem comunhão com o Pai, por meio da oração. Jesus entendia que intimidade com o
Pai precede o exercício do ministério.

Jesus dava grande importância à oração. Ele mesmo orou quando foi batizado (Lc
3.21). Orou uma noite inteira antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6.12). Ele se
retirava para orar quando a multidão o procurava apenas atrás de milagres (Lc 5.15-
17). Ele orou antes de fazer uma importante pergunta aos discípulos (Lc 9.18) e
também orou no Monte de Transfiguração, quando o Pai o consolou antes de ir para a
cruz (Lc 9.28). Ele orou antes de ensinar seus discípulos a “Oração do Senhor” (Lc 11.1).
Jesus orou no túmulo de Lázaro (Jo 11.41,42). Orou por Pedro, antes da negação (Lc
22.32). Orou durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 14.16; 17.1-24). Orou no
Getsêmani (Mc 14.32-39), na cruz (Lc 23.34) e também após a ressurreição (Lc 24.30).
Hoje, Ele está orando por nós (Rm 8.34; Hb 7.25).

John Charles Ryle diz que um mestre tão comprometido com a oração não pode ter
servos descomprometidos com ela. Um servo sem oração é um servo sem Cristo, inútil,
na estrada da destruição. Quando há pouca oração, a graça, a força, a paz e a
esperança são escassas. Ryle pergunta:

Se Jesus que era santo, inculpável, puro e apartado dos pecadores orou continuamente,
quanto mais nós que somos sujeitos à fraqueza? Se Ele foi encontrado necessitando
orar com alto clamor e lágrimas (Hb 5.7), quanto mais nós devemos clamar por nós,
que ofendemos a Deus diariamente de tantas formas?

Nós devemos orar com mais empenho se quisermos ter comunhão com o Pai. Devemos
orar com mais fervor se quisermos fazer sua obra. Trabalho sem oração é presunção.
Sigamos as pegadas do nosso Mestre!

Em segundo lugar, a oração para Jesus era intimidade com o Pai e não desempenho
diante dos homens (1.35). Jesus buscava mais intimidade com o Pai do que
popularidade. Ele era homem do povo, mas não governado pela vontade do povo.
Sempre que os homens o buscaram apenas como um operador de milagres, viu nisso
uma tentação, mais do que uma oportunidade e refugiava-se em oração.

Marcos registra três momentos quando Jesus preferiu o refúgio da oração: Primeiro,
depois do seu bem-sucedido ministério de cura em Cafarnaum, quando a multidão o
procurava apenas por causa dos milagres (1.35-37); Segundo, depois da multiplicação
dos pães, quando a multidão o queria fazer rei (6.46). Terceiro, no Getsêmani, antes da
sua prisão, tortura e crucificação (14.32-42).

Em terceiro lugar, Jesus dava mais valor à comunhão com o Pai do que ao sucesso
diante dos homens (1.37). A multidão desejava ver a Jesus novamente, mas não para
ouvir sua Palavra, porém, para receber curas e ver operações de milagres.180
Certamente Pedro não discerniu a superficialidade da multidão, sua incredulidade e sua
falta de apetite pela Palavra de Deus. Todo pregador é fascinado com a multidão, mas
Jesus algumas vezes, fugiu dela para refugiar-se na intimidade do Pai através da
oração. O pregador que busca intimidade com Deus mais do que popularidade diante
dos homens sabe ir ao encontro das multidões e também fugir delas. A intimidade com
Deus em oração é mais importante do que sucesso no ministério. Em 1997, estive
visitando a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, na Coréia do Sul. Certa feita, o
presidente da Coréia do Sul ligou para o pastor da igreja, Paul Yong Cho. A secretária
lhe disse: “O pastor não pode atender o senhor, pois ele está orando”. O presidente,
inconformado, retrucou: “Eu sou o presidente da Coréia do Sul e quero falar com ele,
agora!”. A secretária, firmemente respondeu: “Ele não vai atender o senhor, pois ele
está orando”. Mais tarde, o presidente ligou para o pastor em tom de reprovação, por
não ter sido atendido, mas o pastor lhe disse: “Eu não o atendi, porque estava falando
com alguém muito mais importante do que o senhor. Eu estava falando com o Rei dos
reis e Senhor dos senhores””. LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. 1ª edição 2006.

3. A maneira de orar. A Bíblia nos ensina que a oração tem um interlocutor direto:
“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu
nome” (Mt 6.9). Por isso, não podemos orar de qualquer maneira. É preciso ter a
mesma atitude dos discípulos a respeito da forma de orar: “Senhor, ensina-nos a orar”
(Lc 11.1). E a Palavra de Deus nos ensina a respeito da maneira de orar:

a) A quem a oração deve ser dirigida? A oração deve ser dirigida a Deus Pai em nome
de seu Filho, Jesus Cristo (Ne 4.9; Jo 16.23,24).

b) A postura do corpo na oração. Não há uma exigência específica na Bíblia a respeito


da postura do crente no ato da oração, pois as Escrituras revelam formas diversas de
orar: em pé, deitado, prostrado, assentado, andando, de joelhos, com as mãos
estendidas etc (Is 38.2; 1Rs 8.54).

c) O horário da oração. Ter um horário regular para falar com Deus é bíblico e bom (SI
55.17; Dn 6.10; At 3.1), mas a Bíblia também diz que devemos orar sempre (Lc 18.1; Ef
6.18).
d) O lugar da oração. Jesus disse que podemos orar secretamente em nosso aposento
(Mt 6.6) ou noutro lugar solitário (Mc 1.35). A ideia é de intimidade, de momentos a
sós com Deus. O apóstolo Paulo diz que podemos orar em todo lugar (1T m 2.8).

e) O decoro na oração. O decoro diz respeito à sinceridade, decência e reverência no


ato de orar (At 2.1,2).

f) O estado do coração na oração. Se o coração estiver transformado e cheio da Palavra


de Deus, nossa oração será ouvida (Jo 15.7).

COMENTÁRIO

“Em relação à maneira certa de orar, é preciso que o cristão saiba que o mais
importante não é a postura. Podemos ver que na Bíblia homens e mulheres de Deus
oraram nas mais diversas posições: em pé (Mc 11.25); ajoelhado (1Rs 8.54); prostrado
no chão (Mt 26.39); deitado na cama (Sl 63.6); assentado (1Rs 18.42); pendurado na
cruz (Lc 23.42). Deus nunca disse: “Orem nessa posição”. Para Ele, o que vale não é a
postura, e sim os motivos — se forem sinceros, verdadeiros, buscarem priorizar o
Reino, a resposta é certa.

Acima dissemos que a postura não importa tanto, porém, há uma coisa que precisamos
levar em consideração: a oração de joelho representava duas atitudes — humildade e
entrega absoluta a Deus.

No demais, é verdadeiro o que disse Jesus, que seja a posição que for, se o coração não
for puro, a oração não terá qualquer serventia, pois muitos o honravam apenas com os
lábios, mas o coração estava longe dEle (Mt 15.8).

Ainda envolvendo a maneira de orar, é preciso ressaltar a necessidade de o cristão ter


momentos reservados para falar com Deus. Quando lemos Lucas 18.1, Jesus falou do
dever de orar sempre, isso também foi reforçado por Paulo quando falou que devemos
orar sem cessar (Ef 6.18; 1Ts 5.17). Obviamente, não há nas Escrituras uma exigência
quanto à prática ou lugar da oração, quantas horas ou minutos se deve orar; todavia,
entendemos que ela mostra que reservar momentos para ficar a sós com Deus é de
suma importância (Dn 6.10; Sl 55.17; At 3.1).

A prática de ter um momento para construir intimidade com o Pai por intermédio da
oração é um bom hábito para a vida espiritual, revela também disposição, equilíbrio e
disciplina na vida cristã. Além da necessidade de orar sempre, e dos momentos
reservados para ficar em comunhão a sós com o Pai, lemos na Bíblia que os santos do
Senhor sempre praticavam orações nos momentos das refeições ou em outras
situações especiais (Lc 6.12,13; Jo 6.15; Sl 50.15)”. Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do
Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 165-166.

                 O Pastor Hernandes Dias Lopes escreve no Artigo: Os ensinamentos de Jesus


sobre a oração: “Jesus estava no Cenáculo com seus/as discípulos/as. Passava-lhes
suas últimas instruções. Falou para eles/as sobre a Casa do Pai, a segunda vinda e a
promessa do Espírito Santo. Lavou seus pés, revelou-lhes seu amor e inaugurou a nova
aliança em seu sangue. Nesse feixe de benditos ensinamentos, Jesus falou aos/às
seus/as discípulos/as, também, sobre oração. No texto em tela, Jesus ensina quatro
verdades sublimes sobre oração. Vejamos:

Em primeiro lugar, a abrangência ilimitada da oração. “E tudo o que pedirdes…”. Jesus


não colocou limites no alcance da oração. Podemos apresentar a ele nossas
necessidades, nossos desejos e nossos propósitos. Para ele não há coisa
demasiadamente difícil. Ele pode todas as coisas e nada lhe é impossível. Podemos ser
ousados/as e apresentar a ele aquilo que é impossível na perspectiva humana. Não
oramos a um ídolo mudo, mas ao Todo-Poderoso Deus. Ele está assentado no trono.
Tem as rédeas da história em suas mãos. Ele é poderoso para interferir no curso da
história e atender ao clamor de seu povo. Ouse apresentar grandes pedidos a Deus.
Ouse colocar diante dEle o impossível dos homens. O que o homem não pode fazer e o
que a ciência não pode realizar, Ele pode!

Em segundo lugar, a mediação eficaz da oração. “… em meu nome…”. Não existe


oração forte nem pessoas poderosas na oração. Não oramos fiados/as em nossos
méritos. As orações são atendidas não com base nos méritos de quem ora, mas pelos
méritos daquele/a que media a oração. Achegamo-nos a Ele falidos/as, mas Ele tem
todo o crédito. Chegamos à sua presença fracos/as, mas Ele tem todo o poder.
Chegamos a Ele não em nosso próprio nome, mas em seu nome. Não é a oração que é
poderosa. Poderoso é aquele que responde às orações. Poderoso é o mediador das
nossas súplicas.

    “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado
no Filho” (Jo 14.13)

Em terceiro lugar, a promessa segura da oração. “… isso farei…”. Aquele que nos
ensina a orar promete ouvir nossa oração e garante-nos que a atenderá. Sendo assim,
orar é unir a fraqueza humana à onipotência divina. É conectar o altar da terra com o
trono do céu. Se tudo é possível para Deus, então, tudo é possível por meio da oração.
Sendo Deus soberano, e fazendo todas as coisas conforme o conselho de sua vontade,
escolheu, livremente, agir por meio das orações do seu povo. Tiago, irmão do Senhor,
escreveu: “… nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2). O nosso glorioso Redentor
ensinou: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Orar
as promessas de Deus é orar com plena ousadia. Ele não é homem para mentir.
Nenhuma de suas palavras cai por terra.

Em quarto lugar, o propósito maior da oração. “… a fim de que o Pai seja glorificado no
Filho”. O fim último da oração não é o bem do homem, mas a glória do Pai
manifestada no Filho. Quando o Senhor atende a nossas petições e súplicas, o Pai é
glorificado e o Filho é exaltado nele. A oração não é antropocêntrica, mas teocêntrica.
A oração não visa exaltar o homem, mas a Cristo. Tudo vem de Cristo, tudo é por meio
de Cristo e tudo é para Cristo. Na mesma medida que nossas necessidades são
supridas, em resposta às nossas orações, o Pai é glorificado no Filho. Na mesma
proporção que apresentamos ao Senhor os anseios de nossa alma e encontramos nEle
resposta, a bênção que vem do céu a nós retorna para o céu, como um tributo de
louvor ao Pai, o único que é digno de toda honra, glória e
louvor.” https://www.expositorcristao.com.br/artigo-os-ensinamentos-de-jesus-sobre-a-oracao

II- A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU


1. Jesus não condenou a oração em público. No texto bíblico em estudo, o Senhor
Jesus não condenou a oração pública, visto que pelo aspecto bíblico ela é aceitável e
recomendada (2Cr 6.12-42; At 4.24-31). O que Jesus condena é a oração, quer
individual, quer coletiva, dominada pelo espírito de exibição, ostentação, cuja intenção
do “orador” é ser visto e louvado pelos homens, o que os hipócritas fariseus buscavam
(Mt 6.5; Lc 18.9-14). Um cristão transformado por Jesus anda em sinceridade com
Cristo, não busca glória para si e age com humildade

COMENTÁRIO

CHAMPLIN esclarece o termo Praças assim: “ Tradução que aparece em AA (também


cm Apo. 21:21) e que provavelmente não tem base no grego. Essa palavra indica ruas
ou estradas largas, em contraste com as estreitas. Eram as principais ruas em uma
cidade. O vs. 2 apresenta a outra palavra, que indica as ruas estreitas.

Aqueles homens selecionavam os lugares mais públicos para orar. Lemos que naqueles
dias muitos judeus observavam horas determinadas para suas orações, que nunca
deixavam passar. Eram atores que saíam às ruas propositalmente, especialmente nas
ruas principais, para que, chegada a hora certa, estivessem em algum lugar bem
visível. Chegada a hora da oração, oravam onde se encontravam, sem nenhum pejo da
sua hipocrisia, mas até com orgulho. Provavelmente o costume de orar em horas certas
começou bem cedo na história dos judeus. O trecho de Dan. 6:10-11 parece ser uma
alusão a esse costume. Jesus não condena a prática de orações em horas definidas, e,
sim, censura o costume de orar em lugar público, somente para atrair a atenção
alheia”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 322.

Oração denota comunhão. Na noite anterior a ser entregue, enquanto estava com os
discípulos no cenáculo, Jesus orou ao Pai na presença deles, dizendo: “porque me
amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). A partir dessa afirmação,
entendemos que, mesmo antes da criação, havia uma relação de amor e desfrute
mútuo entre o Pai e o Filho. O Pai alegrava-se com o Filho e vice-versa. Portanto, não é
de surpreender que Jesus tenha passado tempo sozinho para a oração com Deus. O
amor entre os dois era um vínculo indissolúvel e nem se quer foi interrompido pelo
ministério terrestre de nosso Senhor. Portanto, é necessário concluir que Jesus orava
porque desfrutava da comunhão de Seu Pai. Assim, compreendemos por que Jesus
advertiu quanto à exibição teatral. Esse momento íntimo, de comunhão, nos diz que
um cristão é alguém que ora (6.5). Jesus não diz “se orardes…”, mas: quando orardes.
Não há cristianismo verdadeiro sem oração. Quem nasce de novo, clama: “Aba, Pai”.
Um cristão não ora para chamar a atenção para si (6.5). A oração ostentatória não é
endereçada a Deus, mas é feita diante dos homens, para chamar a atenção dos
homens, para receber recompensa apenas dos homens. No culto público, nós oramos
a Deus, e devemos fazê-lo, façamos não teatralmente, mas sincera, desnudada, de
alma rasgada.

2. Jesus quer que sejamos discretos. As expressões “entra no teu aposento” e


“fechando a tua porta” (Mt 6.6) não significam que devemos ter um quarto só para a
oração. É claro que podemos fazer de algum cômodo de nossa casa um local particular
para falarmos com o Pai. Contudo, no ensino de Cristo em Mateus 6.5,6, sua ênfase
não é o lugar, mas a atitude de quem ora. Esse lugar secreto traz o sentido de que
quem tem a mente e coração transformados orará a Deus de modo humilde e sincero,
sem buscar aplauso dos homens. Para o cristão, o lugar secreto é visto com o especial
a fim de se afastar do mundo e estar sozinho com Deus. Ele sabe que a sua
recompensa não vem de homens, mas do Pai que está nos céus.

COMENTÁRIO

Toda casa judaica tinha um lugar para devoção secreta. Os telhados de suas casas
eram lugares planos, bem adaptados para caminhadas, conversas e meditação. Aqui,
em segredo e solidão, o judeu piedoso pode oferecer suas orações, sem ser visto por
ninguém, exceto pelo pesquisador de corações. Nesse lugar, ou em algum lugar
semelhante, nosso Salvador instruiu seus discípulos a reparar quando desejavam
manter comunhão com Deus. Este é o lugar comumente mencionado no Novo
Testamento como o “cenáculo”, ou o local da oração secreta. O significado do Salvador
é que deve haver algum lugar onde possamos estar em segredo – onde podemos estar
sozinhos com Deus. Deve haver algum “lugar” para o qual possamos recorrer, onde
nenhum ouvido nos ouvirá, exceto o ouvido “Dele”, e nenhum olho poderá nos ver, a
não ser Seu olho.

CHAMPLIN  define o termo Quarto (tameion/câmara) assim: “No grego mais antigo, o


termo significava o depósito ou a despensa do administrador da casa. Lugar onde
ninguém suspeitaria encontrar alguém orando. Só o administrador tinha acesso àquele
lugar, pelo que era um lugar privativo dele. Mais tarde, a palavra passou a ser usada
para indicar qualquer sala privada no in te rio r da residência. Essa palavra é usada em
M a t. 2 4 :2 6: «Se vos disserem: Eis que ele está no deserto não saiais. Ei-lo no interior
da casa não acrediteis». Este versículo ilustra muito bem o amplo sentido da palavra. A
expressão alude, portanto, ao lugar que uma pessoa reserva só para si, onde outras
não têm acesso.

Nesse lugar é que se deve orar, onde ninguém nos vê. Com esse ensino Jesus faz
contraste com os lugares públicos, onde era costumeiro ver orando as autoridades do
povo, quer nas sinagogas, quer nas ruas principais.

Fechada a porta. Para frisar mais ainda a lição. Não devia ser apenas um lugar onde
nenhum outro pudesse entrar, mas também não se deveria deixar a porta aberta para
que outros o vissem.

[…] Em secreto. Provavelmente há alusão à crença que Deus habitava no lugar mais
remoto e secreto do templo, o lugar mais santo (Heb. 9:3), onde só o sumo sacerdote
podia entrar, uma vez por ano. A ideia é que nos encontramos com Deus em um lugar
assim, onde a verdadeira oração pode ser oferecida; ali é o lugar secreto de Deus, ali
nos encontramos com Deus”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. Vol. 1. pag. 322.

3. Não useis de vãs repetições nas orações. Quando a oração é balbuciada apenas em


palavras vazias perde o foco, que é Deus, e se firma nas vãs repetições. Sobre esse
assunto, Cristo novamente combate os escribas, os quais faziam longas orações (Mc
12.40; Lc 20.47). Não é verdade que o Senhor desprezava longos períodos de oração,
pois na Bíblia encontramos esse tipo de oração (2Cr 6.14-42; Ne 9; Sl 18); mas o que
Ele contraria aqui é a atitude de alguém achar que quanto mais fizer barulho, Deus lhe
ouvirá. Esse procedimento era peculiar dos pagãos, com o bem se observa no caso dos
profetas de Baal (1Rs 18.25-29). Ora, na Bíblia encontramos orações curtas feitas pelos
homens de Deus, com verdadeiro sentimento, e que foram respondidas prontamente,
como por exemplo: Salomão (1Rs 3.6-12); Ezequias (2Rs 19.14-20). Oração que tem
repetição, mas que não envolve futilidade, o mecanicismo o, tem seu valor e é
aceitável, pois assim Jesus orou (Mt 26.36-46). Quando entregamos tudo nas mãos de
Deus em oração sincera e humilde, Ele cuida de nós.

COMENTÁRIO

Em Mateus 6.7, a palavra original deve derivar do nome de um poeta grego, que fez
versos longos e cansativos, declarando por muitas formas e repetições sem fim o
mesmo sentimento. Portanto, significa repetir uma coisa com frequência; dizer a
mesma coisa em palavras diferentes, ou repetir as mesmas palavras, como se Deus
não tivesse ouvido a princípio. Um exemplo disso temos em 1 Reis 18.26: “Eles
chamaram Baal da manhã até o meio dia, dizendo: Ó Baal, ouça-nos!” Pode servir para
ilustrar essa passagem e mostrar quão verdadeira é a descrição aqui dos modos
predominantes de oração, para se referir às formas e modos de devoção ainda
praticados na Palestina pelos muçulmanos. Na verdade, o que Jesus disse é que muitos
não têm um verdadeiro relacionamento com o Pai, por isso disse: “como os gentios”¸
os quais, por não conhecerem o verdadeiro Deus, mas aos ídolos de pedra e madeira,
oram a eles fazendo repetições constantes de seus nomes, achando que quanto mais
insistirem poderão fazer com que tais deuses se rendam pelas importunações de suas
palavras. Esse procedimento era comum nos adoradores de Baal (1Rs 18.25-29).

Hernandes Dias Lopes escreve: “[…] um cristão não imita os pagãos multiplicando
palavras em vãs repetições (6.7,8). Charles Spurgeon diz que as orações cristãs são
medidas pela sinceridade, e não pela duração. Os pagãos repetiam palavras e mais
palavras, com o fim de serem ouvidos por seus deuses, mas o cristão é alguém que está
na presença daquele que sonda os corações e conhece as necessidades do cristão antes
mesmo que este faça algum pedido. A expressão grega me battalogesete, traduzida
por “vãs repetições”, traz a ideia de mero palavrório ou tagarelice, palavreado oco,
conversa tola, repetição vazia. Traduz a expressão popular “blá-blá-blá”. Podemos
ilustrar isso com a prática dos adoradores de Baal (lRs 18.26) e com os adoradores da
deusa Diana (At 19.34)”. LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 215-216.

III- ORAÇÃO E JEJUM

1. Oração e jejum: uma combinação perfeita. Em inúmeras passagens bíblicas


podemos notar que a oração e o jejum estão bem combinados (1Sm 7.5,6; 2Cr 20.3,5;
Ed 8.21-23; Ne 1.4; 9.1; Lc 2.37; At 13.2,3). Por meio das Escrituras, podemos dizer que
a oração e o jejum são vistos como atos que revelam disciplina, autonegação e
humilhação, e mostram também dependência total de Deus em momentos mais
extremos, quando precisamos buscá-lo para resolver um problema específico ou
receber uma determinada orientação.

COMENTÁRIO

O objetivo principal de fazer jejum e oração é ter mais comunhão com Deus, e é
importante saber como jejuar. Paulo foi claro quando disse que temos uma luta contra
as forças infernais (Ef 6.12). Essa luta começa desde o momento em que aceitamos a
Jesus como nosso salvador. O cristão não deve tratar a oração e o jejum como “coisas
mágicas”, algo místico. Essas duas verdades só têm efeito quando entendemos
primeiramente que nossa vitória vem de Cristo Jesus (Jo 16.11; Ef 1.20-22; Cl 2.15).
Jejuar é um ato de fé em Deus. Quando jejuamos, colocamos Deus acima de nossas
necessidades físicas. O jejum também é um tempo para focar em Deus, sem
distrações. Por isso, o jejum está sempre ligado à oração (conversar com Deus). O
jejum pode ser total ou parcial (só comer alguns alimentos), com ou sem ingestão de
líquidos. O crente também pode escolher abdicar de algumas atividades normais,
como ver televisão. Cada pessoa pode escolher como vai fazer o jejum, de acordo com
o que sentir que é de Deus.

Fazer jejum e oração é uma coisa entre você e Deus. Não serve para se mostrar mais
espiritual nem para ter a aprovação de outras pessoas (Mateus 6:16-18). Você pode
jejuar individualmente ou com outros crentes, orando juntos.
Sente o coração compungido em contribuir com o nosso Ministério? Faça isso de
forma simples, pelo PIX: 69381925291 – Mande-me o comprovante, quero agradecer-
lhe e orar por você (83) 9 8730-1186 (WhatsApp).

2. O aspecto bíblico sobre o jejum. Na Bíblia, há três eventos que caracterizam a


necessidade do jejum: o ato de humilhar-se, que, por meio da confissão, acontecia por
causa da tristeza do pecado (Dt 9.18; Jn 3.5); o da lamentação, fosse por causa de um
mal sofrido, fosse por alguma praga, uma derrota sofrida em uma batalha ou uma
ameaça (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3); e o evento espiritual de grande concentração de fiéis,
como no caso do envio de missionários e a escolha de homens para obra (At 13.2,3;
14.23). Pela Lei Mosaica havia um jejum anual, no dia da expiação (Lv 16.29-34; Nm
29.7-11; At 27.9). Essa prática se multiplicou em diversas formas: do nascer ao pôr do
sol (Jz 20.26); jejum de sete dias (1Sm 31.13); de três semanas (Dn 10.3); de quarenta
dias (Êx 34.2,28; 1Rs 19.8); nos meses quinto e sétimo (Zc 7.5). Diante disso, os judeus
decidiram jejuar duas vezes por semana, o que se tornou uma prática degenerada por
causa do orgulho, como no caso dos fariseus (Lc 18.12). Entretanto, o Senhor Jesus não
estabeleceu dias fixos sobre o jejum. Ele jejuou de modo espontâneo, tendo como
objetivo principal estar mais preparado e sensível à missão para a qual fora enviado
pelo Pai (Mt 4.2), jamais por mera tradição.

COMENTÁRIO

Na Bíblia o jejum não aparece como um mandamento, mas é assumido como prática
normal do cristão. Deve ser voltado para Deus, não para o reconhecimento dos outros.
O jejum e a oração devem fazer parte da natureza do cristão, pois a bíblia é bem clara
no tocante a estas duas práticas. Se fizermos uma analise bíblica sobre os temas,
veremos que homens, mulheres, e até mesmo nações inteiras, alcançaram respostas
favoráveis da parte de Deus, por terem praticado o jejum e a oração. Não é de se
admirar que até o próprio Cristo praticou a combinação do jejum com a oração em seu
ministério terreno. Certamente Jesus deve ser o nosso maior exemplo bíblico de
prática cristã. Se Ele sentiu a necessidade de tais práticas, quem somos nós para não
acatá-las. O intuito deste estudo é resgatar os princípios bíblicos que foram tão
eficazes para aqueles que assim como nós, professaram uma fé firme e sincera no
Deus Todo Poderoso, e que em nossos dias infelizmente está bastante escasso. Creio
que estamos num tempo de grandes realizações da igreja, porém estas dependem
única e exclusivamente de nós nos sujeitarmos totalmente a vontade de Deus.

Por que jejuar?

    Para ficar mais próximo de Deus. Esta é a razão principal para jejuar, todas as outras
são secundárias (Zacarias 7:5). Jejuar é uma forma de adorar a Deus e de o escutar
melhor.

    Para se controlar. Desfrutar da comida é bom, mas não devemos ser dominados por
ela (1 Coríntios 6:12). Jejuar ajuda a pôr o corpo debaixo da autoridade de Deus.

    Para libertação e milagres. Jejuar e orar ajudam a vencer batalhas espirituais, porque
aprendemos a confiar e depender mais de Deus. Por exemplo, Ester, antes de falar
com o rei para resolver um problema que parecia impossível, convocou um jejum de
três dias (Ester 4:15-17).

    Para obter respostas. Em Atos do Apóstolos 13:2-3, Deus falou com as pessoas
enquanto jejuavam. Quando jejuamos e oramos Deus pode revelar-nos coisas úteis ou
importantes.

    Para mostrar tristeza e arrependimento. Quando o povo de Nínive ouviu o profeta


Jonas e se arrependeu, foi proclamado um jejum para pedir perdão a Deus e consertar
as coisas (Jonas 3:5-9).

3. O ensino de Jesus sobre o jejum. Segundo o Sermão do Monte, entendemos que a


prática do jejum é livre, um ato voluntário, espontâneo, isso porque deve nascer do
desejo genuíno da alma com motivos especiais, quer seja diante do perigo, quer seja
diante da tristeza ou da tentação (Mt 9.14,15). No texto de Mateus 6.16-18, o ensino
do jejum também é a respeito da humildade e discrição na prática. Para jejuar não é
preciso desfigurar o rosto e ostentar espiritualidade, pois nosso Senhor ensina: “unge a
cabeça e lava o rosto” (Mt 6.17). Assim como a oferta e a oração, o jejum não pode ser
usado para atrair os olhares humanos, pois trata-se de uma prática piedosa diante do
Pai. Toda prática verdadeiramente piedosa busca a glória de Deus.

COMENTÁRIO

O Dr STOTT esclarece: “Os fariseus jejuavam “duas vezes por semana”, às segundas e
às quintas-feiras. João Batista e seus discípulos também jejuavam regularmente, até
mesmo “com frequência”, mas os discípulos de Jesus não jejuavam. Por que então,
nestes versículos do Sermão do Monte, Jesus não só esperava que seus seguidores
jejuassem, mas também deu instruções sobre como fazê-lo? Eis aqui uma passagem
comumente ignorada. Suspeito que alguns de nós vivemos nossa vida cristã como se
estes versículos tivessem sido arrancados de nossas Bíblias. A maioria dos cristãos
destaca a necessidade da oração diária e da contribuição sacrificial, mas poucos
insistem no jejum.

O Cristianismo evangélico, em particular, cuja ênfase característica está na religião


interior, do coração e do espírito, tem dificuldade em render-se a uma prática física
exterior como o jejum. Não é um hábito do Velho Testamento, perguntamos, ordenado
por Moisés para o Dia da Expiação, e exigido após o retorno do exílio da Babilônia em
outros dias do ano, mas agora revogado por Cristo? Não vieram perguntar a Jesus:
“Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os teus
discípulos não jejuam?” E o jejum não é uma prática católico-romana, a ponto de a
igreja medieval elaborar um calendário sofisticado de “dias de festa” e “dias de
jejum”? Não está também associado a um ponto de vista supersticioso da missa e da
“comunhão em jejum”? Podemos dizer “sim” a todas estas perguntas. Mas ê fácil
sermos seletivos em nosso conhecimento e uso das Escrituras e da história da Igreja.

Eis alguns outros fatos que devemos considerar: o próprio Jesus, nosso Senhor e
Mestre, jejuou por quarenta dias e quarenta noites, no deserto; em resposta à
pergunta que o povo lhe fez, disse: “Dias virão … em que lhes será tirado o noivo, e
nesses dias eles (os meus discípulos) hão de jejuar. ” No Sermão do Monte ele nos disse
como jejuar, pressupondo que o faríamos. E em Atos e nas cartas do Novo Testamento,
temos diversas referências aos apóstolos jejuando. Portanto, não podemos ignorar o
jejum como se fosse uma prática do Velho Testamento revogada no Novo, ou como
uma prática católica rejeitada pelos protestantes. Primeiro, então, o que é o jejum?
Falando estritamente, é uma total abstenção de alimento. Mas pode ser legitimamente
ampliado para uma abstenção parcial ou total, durante períodos de tempo mais curtos
ou mais longos. Daí, naturalmente, vem o nome da primeira refeição do dia,
“desjejum”, uma vez que “quebramos o jejum” do período da noite, quando não
comemos nada. Não temos dúvidas de que, nas Escrituras, o jejum se relacionava de
diversos modos com a renúncia e a autodisciplina. Em primeiro lugar e principalmente,
“jejuar” e “humilhar-se diante de Deus” são termos virtualmente equivalentes (por
exemplo, SI 35:13; Is 58:3, 5). Às vezes era uma expressão de penitência por pecados
passados. Quando as pessoas estavam profundamente amarguradas por seu pecado e
culpa, choravam e jejuavam.

Por exemplo, Neemias reuniu o povo “com jejum e pano de saco” e “fizeram confissão
dos seus pecados”; os habitantes de Nínive arrependeram-se quando Jonas pregou,
proclamaram um jejum e vestiram-se de pano de saco; Daniel buscou a Deus “com
oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza”, orou ao Senhor seu Deus e fez
confissão dos pecados do seu povo; e Saulo de Tarso, depois de sua conversão, foi
levado a penitenciar-se de sua perseguição a Cristo, pois durante três dias não comeu
nem bebeu. Às vezes, mesmo hoje em dia, quando o povo de Deus está convencido do
pecado e é levado ao arrependimento, não é coisa fora de propósito que, em sinal de
penitência e tristeza, chore e jejue. A homília anglicana intitulada “Das Boas Obras, e
do Jejum” dá a entender que esse é o modo de aplicarmos a nós mesmos a palavra de
Jesus: “Dias virão em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.” Refere-
se a Cristo, o noivo, que, pode-se dizer, está “conosco” na festa do casamento, quando
nos regozijamos nele e na sua salvação. Mas o noivo pode ser “tirado” e a festa
interrompida quando somos oprimidos pela derrota, pela aflição e pela adversidade.

“Então é a hora adequada”, diz a homília, “para o homem humilhar-se diante do Deus
Todo-Poderoso, jejuando, chorando e gemendo pelos seus pecados, com um coração
contrito.” Não devemos, entretanto, nos humilhar diante de Deus apenas em
arrependimento por pecados passados, mas também na dependência dele para a
misericórdia futura. E aqui, novamente, o jejum pode expressar a nossa humildade
diante de Deus. Pois se “o arrependimento e o jejum” andam juntos nas Escrituras, “a
oração e o jejum” são ainda mais frequentemente reunidos. Não constitui uma prática
regular, pois nem sempre jejuamos quando oramos, mas algo ocasional e especial,
quando precisamos buscar a Deus para orientação ou bênção especial e, então, nos
abstemos do alimento e de outras distrações para fazê-lo.

Assim, Moisés jejuou no monte Sinai imediatamente depois que foi renovada a aliança
pela qual Deus aceitou a Israel como seu povo; Josafá, vendo que os exércitos de
Moabe e Amom avançavam sobre ele, “se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum
em todo o Judá”; a rainha Ester, antes de arriscar a sua vida apresentando-se diante do
rei, insistiu com Mordecai que reunisse os judeus e que jejuassem por ela, enquanto ela
e suas criadas faziam o mesmo; Esdras proclamou um jejum antes de conduzir os
exilados de volta a Jerusalém, “para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos
filhos e para tudo o que era nosso”; e, como já mencionamos, nosso Senhor Jesus
jejuou exatamente antes de começar o seu ministério público; e a igreja primitiva
seguiu lhe o exemplo; a igreja de Antioquia jejuou antes de Paulo e Barnabé serem
enviados em sua primeira viagem missionária; e eles próprios, antes de designar
anciãos em cada nova igreja que iam organizando. São evidências claras de que
empreendimentos especiais exigem orações especiais, e que orações especiais
envolvem o jejum.

Ainda há outro motivo bíblico para o jejum. A fome é um dos apetites básicos do
homem, e a gula um pecado capital. Portanto, “o domínio próprio” não tem significado
se não incluir o controle de nossos corpos, e é impossível sem a autodisciplina. Paulo
usa o atleta como exemplo. Para participar dos jogos este tem de estar fisicamente
apto, e por isso treina. Seu treinamento inclui a disciplina de um regime alimentar
adequado, sono e exercícios: “Todo atleta em tudo se domina”. E os cristãos
participantes da competição cristã devem fazer o mesmo. Paulo escreve sobre
“esmurrar” o seu corpo (deixando-o todo roxo) e sobre subjugá-lo (conduzindo-o como
um escravo). Isto não se refere ao masoquismo (sentir prazer na dor), nem ao falso
ascetismo (tal como usar uma camisa áspera ou dormir sobre uma cama de pregos),
nem a uma tentativa de ganhar mérito como os fariseus no templo. Paulo rejeitaria
todas essas ideias, e nós também. Não temos motivos para “punir” nossos corpos, pois
são criação de Deus; mas devemos discipliná-los para que nos obedeçam. E o jejum,
sendo uma abstinência voluntária de alimento, é uma forma de aumentar o nosso
autocontrole”. STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 63-65.

CONCLUSÃO

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O cristão que conhece a Palavra de Deus sabe da importância da oração e do jejum


como exercícios espirituais (1Tm 4.8). Pela prática de ambos, o crente estará mais
sensível ao Espírito Santo, de modo que sua realização traz constantes benefícios para
a nossa vida espiritual, especialmente diante de um mundo materialista e utilitarista.

COMENTÁRIO

Cristo é o nosso exemplo de perfeita obediência e uma vida que agrada a Deus. Ele é
nosso exemplo supremo de santidade, piedade e pureza. O apóstolo Pedro disse que
“Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo, para seguirdes os seus passos”
(1Pe 2.21). E nesse mesmo contexto, ele disse que “quando maltratado, não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.22,23). O que o
apóstolo enfatizou foi que a atitude de Jesus de confiar-se a Deus é uma virtude a ser
imitada, especialmente quando sofremos. Além disso, outro apóstolo disse em um
sentido semelhante: “Aquele que diz que permanece nele deve andar como ele
andou” (1Jo 2.6). Isso significa que a vida de Jesus, incluindo a vida de oração, é o
exemplo de uma vida que agrada ao Pai. Ele é o nosso modelo e nós o imitamos. Nosso
Senhor não se limitou a ordenar que orássemos, mas ele próprio era um exemplo de
oração.

Em vista disso, embora a vida de oração de Jesus continue sendo um modelo para nós,
as duas primeiras razões também são aspectos de nossa comunhão com Deus que
devemos levar em consideração. Através do sacrifício de Cristo, agora temos entrada
gratuita (Hb 10.20) e podemos desfrutar de Sua presença e também nos
aproximarmos com confiança (Hb 4.16) para buscar Sua ajuda e socorro. Sendo assim,
temos o privilégio de desfrutar do amor do Pai e podemos depender dEle em todos os
momentos. E, assim como Jesus fez, a oração fornece uma ocasião para ambos os
casos.

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