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A ENCARNAÇÃO DE CRISTO

- O SIGNIFICADO -
Significa que a segunda pessoa da Trindade, que não possuía a natureza humana, se fez homem (Jo 1.14;
1Jo 4.2; 2 Jo 7).

- AS PROFECIAS SOBRE A ENCARNAÇÃO -


Sobre o Deus-homem - Isaías anunciou a união da Deidade e da humanidade no Senhor (Is 9.6). Ele fez o
mesmo ao anunciar, pelo nome Emanuel (Deus conosco), a presença de Deus entre seu povo na pessoa do menino
que nasceria (Is 7.14).
Sobre o nascimento virginal - Em Is 7.14 está predita a encarnação por meio de uma virgem.

- OS PROPÓSITOS DA ENCARNAÇÃO -
Revelar Deus a nós (Jo 1.18; 14.7-11; Hb 1.3);
Prover um sacrifício efetivo pelo pecado (Hb 10.1-10);
Cumprir a aliança davídica (Lc 1.31-33 cf. 2 Sm 7.11,16);
Dar exemplo de vida (1Pe 2.21; 1 Jo 2.6);
Destruir as obras do diabo (1Jo 3.8);
Ser um sumo sacerdote misericordioso (Hb 4.14-16).

- A DIVINDADE ABSOLUTA DO CRISTO ENCARNADO -


Ele possui atributos divinos como eternidade (Jo 8.58; 17.5), onisciência (Lc 6.8), onipotência (Mt 28.18;
Jo 11.38-44) e imutabilidade (Hb 13.8);
Ele faz o que somente Deus poderia fazer, como perdoar pecados (Mc 2.1-12), dar vida (Jo 5.21),
ressuscitar os mortos (Jo 11.43) e julgar todas as pessoas (Jo 5.22,27);
Ele recebeu nomes e títulos divinos, como "Filho de Deus" (Jo 10.36), "Senhor" (Mt 22.43-45; Rm 10.9,13),
"Deus" (Jo 1.1; 20.28; Hb 1.8) e "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ap 19.16);
Ele afirmou ser Deus (Jo 10.30).

- A PERFEITA HUMANIDADE DO CRISTO ENCARNADO -


Ele possuía um corpo humano que cresceu e se desenvolveu (Lc 2.52) e chamava a si mesmo de homem (Jo
8.40);
Ele estava sujeito às limitações e sentimentos de um ser humano, como fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28),
cansaço (Jo 4.6), compaixão (Mt 9.36) e tristeza (Jo 11.35).

- A UNIÃO DA DIVINDADE E DA HUMANIDADE NO CRISTO ENCARNADO -


A união das duas naturezas de Cristo é chamada de "união hipostática". É um dos conceitos complexo
dentro da teologia cristã.
O significado de "natureza": É um conjunto de atributos. Jesus mantinha todos os atributos divinos e todos
os atributos de um perfeito ser humano;
O caráter da união: As duas naturezas de Cristo estavam unidas, sendo inconfundíveis, imutáveis,
indivisíveis e inseparáveis e formando uma única pessoa.
A comunhão dos atributos: Os atributos das duas naturezas estavam presentes em uma só pessoa, sem
misturar as naturezas ou dividir a pessoa. Isso exemplifica como Jesus tinha limitações, mesmo sendo onipotente
e infinito. Se isso não fosse real ele não poderia morrer.

- O AUTOESVAZIAMENTO DE CRISTO -
O conceito que explica como Cristo podia ser Deus e homem está ligada à palavra derivada de kenosis
contida em Fp 2.7.
"Antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana" (ARA).
A teologia reformada discute como Cristo teria se esvaziado de seus atributos como onipotência,
onipresença e onisciência sem, contudo, afetar sua divindade.

- ENTENDENDO ESTE CONCEITO -


A passagem central está em Filipenses 2.5-11. O verso 6 apresenta Cristo antes da encarnação existindo
em "forma de Deus". A palavra grega morphê significa "natureza", "forma visível", em outras palavras, é a
"substância de um ser ou de algo". A mesma palavra aparece em Mc 16.12. Nesse caso, a morphê aponta para
uma forma diferente da qual Jesus era comumente reconhecido.
Entretanto, no caso de Deus que não tem uma forma corpórea, o termo revela que Jesus é da mesma
substância ou natureza de Deus. Jesus não existia na pré-encarnação como um ser que não fosse "exatamente
Deus".
Esse auto esvaziamento foi algo que Cristo impôs a si mesmo. Envolve tudo que ele fez para morrer na
cruz, incluindo assumir a forma de servo. Ao fazer isso, Jesus foi encontrado em figura (skema) humana.
Isso indica que ele tinha a aparência de um homem e uma vida como a de um homem. Assim, sendo
completamente Deus, Jesus passou a ser em tudo como um homem, com exceção apenas do pecado. O contraste
é entre os termos morphe e skema.
O auto esvaziamento de Cristo é o caminho que ele fez saindo da glória celestial até chegar na vergonha
da cruz do Calvário. Nesse processo está inclusa a encarnação. Somente assim sua morte pode ser considerada
substitutiva.
O processo em nada afeta a divindade de Jesus, nem seus atributos divinos. O auto esvaziamento mostra
que o verdadeiro Deus morreu na condição de um homem, para salvar homens perdidos.

- A IMPECABILIDADE DE CRISTO -
As duas naturezas de Cristo também levantam questionamentos quando à sua impecabilidade. O termo
significa que Jesus jamais fez qualquer coisa que desagradasse a Deus, que violasse a lei ou que tenha deixado de
demonstrar a glória de Deus em sua vida (Jo 8.29).
As Escrituras dão testemunho da vida sem pecado de Jesus:
Ele foi chamado santo desde seu nascimento (Lc 1.35).
Jesus desafiou seus inimigos a provarem que ele tinha pecado (Jo 8.46).
Nada que Jesus falou pode acusar-lhe justamente (Mt 22.15).
Ele guardava os mandamentos (Jo 15.10).
Nos momentos em que precederam a crucificação foi declarado inocente onze vezes (Mt
27.4,19,24,54; Lc 23.14,15,22,41; Jo 18.38; 19.4,6).
Paulo atestou a impecabilidade de Cristo (2Co 5.21), assim como Pedro (1Pe 1.19; 2.22); João (1Jo
3.5), o autor de Hebreus (Hb 4.15; 7.26,27).

- O DEBATE SOBRE A IMPECABILIDADE -


A questão debatida na teologia é se Cristo não era capaz de pecar ou se era e decidiu não pecar. O principal
argumento é que se Cristo foi tentado é porque poderia pecar, caso contrário a tentação não seria real. Isso leva
a necessidade de entendimento da natureza das tentações de Cristo.
A Bíblia afirma que Cristo foi tentado como um ser humano (Hb 4.15), já que como Deus isso não poderia
acontecer (Tg 1.13). As tentações de fato ocorreram e foram apropriadas ao Deus-homem, visto que um homem
qualquer não é tentado a transformar uma pedra em pão. Mesmo assim, Jesus foi tentado à semelhança dos
homens.
Uma melhor compreensão da natureza das tentações de Cristo ocorre na análise do texto de Mt 4.1-11,
onde é possível perceber que ele foi tentado em todas as áreas comuns ao ser humano.

- ENTENDENDO QUE JESUS NECESSARIAMENTE ERA PLENAMENTE HUMANO -


Para possibilitar uma obediência representativa. Jesus era nosso representante e obedeceu em nosso
lugar naquilo que Adão falhou e desobedeceu. Existem paralelos claros entre a tentação de Jesus (Lc 4.1-13) e a
prova de Adão e Eva no jardim (Gn 2.15-3.7). Paulo aborda os paralelos entre a desobediência de Adão e a
obediência de Cristo em Romanos 5.18-19.
Para ser um sacrifício substitutivo. Se Jesus não fosse homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e
pago a penalidade que nos cabia. O autor de Hebreus diz: "convinha que, em todas as coisas, se tornasse
semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer
propiciação pelos pecados do povo" (Hb 2.16-17; cf. v. 14).
Para ser o único mediador entre Deus e os homens. Estávamos longes de Deus por causa do pecado, por
isso necessitávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a Ele. Esse mediador
precisaria nos representa diante de Deus e representar Deus para nós. Jesus que preencheu esse requisito:
"Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1Tm 2.5). Essa
função de mediador reforça o conceito que Jesus tinha de ser plenamente homem e plenamente Deus.
Para compadecer-se como sumo sacerdote. O autor de Hebreus lembra que se Jesus não tivesse existido
na condição de homem, não teria sido capaz de conhecer por experiência o que sofremos em nossas tentações e
lutas nesta vida (Hb 2.18; cf. 4.15-16). A imagem do sumo-sacerdote é uma figura clara de mediador no Antigo
Testamento.
Para ser nosso exemplo e padrão na vida. João mostra isso em 1Jo 2.6 e 1Jo 3.2-3. Paulo nos diz que somos
"transformados [...] na sua própria imagem" (2Co 3.18), e que devemos ser "conformes à imagem de seu Filho"
(Rm 8.29). Pedro afirma que Cristo nos dá o exemplo contínuo (1Pe 2.21).
Para ser o padrão de nosso corpo redimido. Jesus ressuscitou num novo corpo "na incorrupção [...] em
glória [...] em poder [...] corpo espiritual" (1Co 15.42-44). Esse novo corpo ressurreto de Jesus aponta como será
nosso corpo quando formos ressuscitados dos mortos, porque Cristo é "as primícias" (1Co 15.23).

- JESUS SERÁ UM HOMEM PARA SEMPRE -


Cristo não abandonou a natureza terrena após sua morte e ressurreição. Ele apareceu aos discípulos
como homem após a ressurreição, preservando as cicatrizes dos cravos nas mãos (Jo 20.25-27). O NT afirma que
ele possuía carne e ossos (Lc 24.39) e comia (Lc 24.41-42).

- O JESUS-HOMEM -
Estabelecido o entendimento de sua humanidade, vamos aprofundar a questão do Jesus "homem".
Existem mais de 200 profecias sobre o Messias no Antigo Testamento, durante seus anos de vida na terra, Jesus
cumpriu muitas delas. Existem várias que ainda cumprirá na segunda vinda, especialmente as que dizem respeito
ao Messias governando o mundo,
O nome Jesus significa "Jeová é salvação", sendo a forma grega de "Josué" (Mt 1.21). O termo Cristo foi
incorporado quando houve o reconhecimento de que ele era o "Ungido", pois é a forma grega do termo hebraico
MESSIAS (At 17.3).

- A HUMANIDADE DE CRISTO -
O nascimento virginal é uma questão dogmática, que não pode ser "provado" a não ser pelo testemunho
das Escrituras. O Novo Testamento afirma claramente que Jesus foi concebido no ventre de sua mãe, Maria, por
obra miraculosa do Espírito Santo e sem um pai humano. José apenas o criou como pai.
As genealogias mostram sua linhagem humana. Mateus apresenta 41 nomes (até Abraão) da linhagem
materna, enquanto Lucas aponta 77 (até Adão) da linhagem paterna.

- CARACTERÍSTICAS DA HUMANIDADE -
a. Jesus possuía um corpo humano.
O fato de que Jesus possuía um corpo humano exatamente como o nosso. Ele nasceu assim como
nascem todos os bebês humanos (Lc 2.7). Ele viveu assim como crescem todas as outras crianças judias
de sua época (Lc 2.40).
b. Jesus possuía uma mente humana.
O fato de Jesus ter crescido em sabedoria (Lc 2.52) significa que ele passou por um processo de
aprendizado assim como acontece com todas as outras crianças ? ele aprendeu a comer, a falar, a ler e a
escrever, e a ser obediente a seus pais (veja Hb 5.8).
c. Jesus possuía alma/espírito humano emoções humanas
Existem várias indicações de que Jesus possuía alma humana (ou espírito). Logo antes de sua
crucificação disse que sua alma estava angustiada (Jo 12.27). João também escreve que Jesus "angustiou-
se em espírito" (Jo 13.21).
Sentia emoções (Mt 9:36; 14:14; 15:32; 20:34), mais especificamente tristeza e angústia (Mt
26:37)alegria (Jo 15:11; 17:13; Hb12:2)indignação (Mc 3:5; 10:14)ira (Mt 21: 12,13) Se comove e chora
(Jo 11:33,35,38)As pessoas próximas de Jesus consideravam-no apenas humano.
Provavelmente por isso foi rejeitado na sua própria cidade de Nazaré, onde o povo que o conhecia
havia muitos anos não o recebeu (Mt 13.53-58)

- O TÍTULO "FILHO DO HOMEM" -


Esse é um termo que causa amplo debate. Primeiramente deve-se entender que o termo não era utilizado
em seus dias como é hoje. Chegando ao Novo Testamento, "filho do homem" é usado quase exclusivamente para
falar sobre Jesus.
O próprio Cristo utilizou esta expressão para se identificar (Mt 8:6; 9:20; 11.18, entre outros). O título
aparece mais de 80 vezes nos evangelhos e também em Atos dos Apóstolos 7,56, em Hebreus 2,6 e em Apocalipse
1,13 e 14,14
Fazendo isso, enfatiza sua própria humanidade, que se fez carne e habitou entre homens (Jo 1:14). Mas
esta descrição jamais é usada para sugerir que Jesus era mero homem.
Para os judeus, o termo fora usado profeticamente Daniel e Ezequiel.
Em João 6:62 ele diz: "Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro
estava?" Estevão disse que viu "o Filho do Homem, em pé à destra de Deus" (Ato 7:56). Ou seja, ele usava esse
título como uma maneira de enfatizar que era humano, mas não o separava de Deus.

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