Os 5 Solas Da Reforma Protestante

A reforma protestante se iniciou no dia 31 de outubro de 1517 (esse mês completam-se

505 anos), seu grande precursor é Martinho Lutero (alemão), um devoto da Igreja
Católica Apostólica Romana1, que ao ler Romanos 1:17 entendeu que somos salvos e
justificados somente pela Graça e Fé em Cristo Jesus e não por nossas obras. Lutero não
tinha a pretensão de criar uma religião, o que ele propunha era uma reforma para a igreja
que ele tanto amava, ele desejava que a igreja voltasse ao verdadeiro Evangelho, por isso
na manhã de 31 de outubro fixou suas 95 teses (ou 95 proposições) contra a venda de
indulgências2, na porta da Igreja de Wittenberg.

Depois de Lutero surgiram vários outros grandes reformadores, um dos mais brilhantes é
o famoso João Calvino (francês), um homem com uma mente privilegiada. Foi Calvino
que sistematizou brilhantemente vários princípios doutrinários, principalmente nas suas
“Institutas da Religião Cristã”, obra que ainda é muito usada por vários teólogos e
professores cristãos. Outros e não menos importantes reformadores são: Felipe
Melanchton (alemão), Theodore de Béze (francês), Ulrico Zuínglio (Suíço) e tantos
outros.

As proposições teológicas que serviram como pilares da Reforma Protestante ficaram

conhecidos como os Cinco Solas, este termo, Sola, vem do Latim e significa “somente”
ou “apenas”, na nossa língua. Esses pontos surgiram para enfatizar e fazer distinção entre
a teologia reformada e os ensinos da Igreja Católica Romana, e são estes os CINCO
SOLAS:

1- Sola Fide (Somente a Fé) - somente uma vida pela fé em Cristo pode nos levar
para mais perto d'Ele. Somos justificados unicamente pela fé em Cristo Jesus e
vivemos somente por ela (Romanos 1:17). A fé salvadora é aquela que nos molda
a fazer a vontade do Criador, não é meritória, mas sim, um dom de Deus.

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de
Deus” Efésios 2:8

2- Sola Scriptura (Somente a Escritura) – A Bíblia é a palavra de Deus e como tal,

é inerrante, como nossa única fonte de fé e prática, pois a palavra de Deus é viva
 e eficaz, e ela não volta vazia (Hebreus 4:12). É espada de dois gumes, pois ela
corta tanto quem fala quanto quem a escuta, penetra até o nosso último átomo.
Somente através do conhecimento das escrituras nós conseguimos identificar
tradicionalismos que deturpam a Bíblia, pois a escritura é a única autoridade para
julgar, não os achismos humanos, mas sim o que nela está escrito. Pela escritura
sabemos como devemos agir para agradar aquele que nos formou (Romanos 9:20).
Somente através das escrituras descobrimos que somos eleitos, justificados e
salvos pela Graça que vem de Cristo (Salmos 119:18). O propósito final das
escrituras é testificar a respeito de Cristo, seja no Antigo ou no Novo Testamento,
ajudando-nos a achegar-nos a Ele e a receber a vida eterna (João 5:39).

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto
e plenamente preparado para toda boa obra”.
2 Timóteo 3:16-17

3- Solus Cristhus (Somente Cristo) – No devocional ‘Manhã e Noite’ de Charles

Spurgeon, ele assertivamente nos diz “Contra mim, Terra e inferno se unem, mas
ao meu lado está o poder Divino, Jesus é tudo, e Ele é meu.” Jesus Cristo é o
nosso único e suficiente Salvador, Ele é a Pedra Angular3, onde nós, a Igreja,
podemos ser edificados. Não há outro como Jesus Cristo (Atos 4:10-12), Ele é
tudo e está em todos (Colossenses 3:9-11). A redenção vem d’Ele e Ele é
suficiente, não há corredentor humano ao seu lado. Não há Maria, não há um santo
sequer feito por mãos humanas, que se compare a Cristo, o Filho do Deus vivo
(Mateus 16:13-16). Jesus é tanto homem quanto Deus e por causa de sua
misericórdia se fez como um de nós, para nos mostrar o Caminho. Já Maria ou
qualquer outro santo, por mais piedoso ou usado por Deus que tenham sido,
continuam sendo humanos, como nós, falhos e pecadores. Cristo é único, sem
pecado, o Cordeiro de Deus4, o Coração da Bíblia, aquele que se entregou por
nós, nosso único Redentor (Colossenses 1:18; 3:4). Ele nos amou primeiro por
isso devemos nos espelhar somente na vida de Cristo e nos ensinamentos que Ele
nos deixou, pois é a Ele que prestaremos contas, não há outro, além do próprio
Deus, que irá nos julgar (Atos 17:31).
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava
com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio d’Ele; sem Ele,
nada do que existe teria sido feito. Nele estava a Vida, e esta era a Luz dos homens. A
Luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotam.”
João 1:1-5

4- Sola Gratia (Somente a Graça) - Não somos salvos pelas nossas obras, nada que
façamos ou passamos tem poder para nos salvar, somente a Graça de Deus, que é
de graça, tem esse poder (Tito 3:5). Somente pela Graça de Deus somos
vivificados, pois o pecado nos manchou de tal forma que nós não conseguimos
deseja-Lo se Ele não derramar sobre nós a sua Graça (Efésios 2:5). Uma Graça
tão irresistível que constrange e revela nossos pecados mais ocultos, nos limpa e
nos permite viver com o nosso Consolador (Ezequiel 11:19). Pela Graça de Deus
somos moldados e somos chamados para mais próximo da sua Presença (1 Pedro
5:10, Colossenses 2:13). Para que pudéssemos ter vida, Deus na sua infinita Graça
entregou seu Filho unigênito, Cristo, que sofreu a punição que estava destinada a
nós (João 3:16).

“Mas, quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o

amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas
devido à sua misericórdia, Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus
Cristo, nosso Salvador.”
Tito 3:4-6

5- Soli Deo Gloria (Somente a Deus a Glória) - Depois de feita uma análise dos
pontos acima, só chegamos a uma conclusão lógica, toda Glória seja dada a Deus
(Romanos 11: 33-36). Não há nada, nem ninguém que mereça Glória além do
nosso Criador, nem imagem, nem escultura, somente a Deus toda honra e toda
glória. (Levítico 26:1). Nós aqui na Terra e os anjos nos céus, devemos prestar
culto e louvor somente a Deus, o Altíssimo (Salmos 104:1; Isaías 6:3). Por que
 d’Ele e por Ele são feitas todas as coisas. Quem somos nós diante d’Ele? O nosso
Deus não nos deve nada, tudo que Ele faz, faz pela sua vontade e para Glória do
seu Santo Ser. Sendo assim não nos gloriemos de nossos atos, pois comparado a
Deus, nada que fazemos é digno de Glória. Façamos tudo para Glória do único
que é digno, nosso Deus "YHWH5" e que Ele nos justifique e nos salve, para
entoarmos hinos de Gloria à Ele para todo sempre, amém (1 Coríntios 10:31; Jó
41:11; João 11:40).

“Sabemos que Deus, que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com
Jesus e nos apresentará a Ele com vocês, Tudo isso é para o bem de vocês, para que
a Graça, que está alcançando um número cada vez maior de pessoas, faça que
transbordem as ações de graças para a Glória de Deus.”
2 Coríntios 4:14-15

1
Igreja Católica Apostólica Romana – A palavra Católica deriva da palavra grega
‘katholou’, que significa “em todo mundo”, “universal” ou “geral”. Foi usada pelos
primeiros cristãos para descrever que a Igreja de Cristo era universal, era para todos. Já a
palavra “Apostólica” significa que a Igreja está baseada nas doutrinas dos apóstolos, nos
ensinamentos que eles nos deixaram através da Bíblia. Falar que um reformador é
Católico e Apostólico não está errado, nos só não somos “romanos”. A nossa fé prega que
de fato, a Igreja de Cristo é Católica, ou seja, universal, e nos baseamos nas escrituras
deixadas pelos apóstolos, infelizmente a Igreja de Roma tomou esse termo pra si e
saqueou o seu significado.
2
Indulgências – A palavra indulgência vem do latim ‘indulgentia’, e significa “perdão
de uma pena”. Esse “perdão de uma pena (pecado)”, estava sendo vendida pela Igreja
Católica Romana, sem base bíblica alguma para isso. Enganavam os fiéis da Igreja, que
acreditavam que dando um valor em dinheiro teriam seus pecados perdoados, suas dívidas
espirituais estariam pagas. Quando Lutero entendeu que tudo isso era um completo
absurdo pois “o justo vive pela fé”, ele se revoltou contra a Igreja, por entender que isso
era uma heresia e levaria as pessoas a confiarem nas indulgências e não em Cristo.
3
Pedra Angular – A pedra angular era a pedra fundamental para as construções antigas,
era a primeira pedra a ser colocada, era a base ou a esquina do edifício e a partir dela eram
definidas as colocações das demais pedras alinhando toda a construção. Na Bíblia essa
expressão aparece tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, e sua aplicação mais
importante é quando se refere a Jesus. Pois é sobre Cristo que os fundamentos da Igreja
são estabelecidos, é por meio d’Ele que o cristão deve alinhar a sua vida, tendo Jesus
Cristo como nossa base (1Pedro 2:4-6).
4
Cordeiro de Deus – No Antigo Testamento Deus estabeleceu que para o pagamento de
um pecado, um sacrifício deveria ser feito. Na maioria dos casos o animal escolhido era
um cordeiro (ovelha/cabra) sem defeito (Levítico 5:5-6). Cristo é representado como o
Cordeiro de Deus, aquele que sem ter pecado algum, se entregou na cruz como sacrifício
vivo. Para que nós, pecadores, pudéssemos nos achegar ao Pai, Cristo carregou sobre si
toda a ira que nos era destinada. Por meio do seu sacrifício, nos deu Vida (João 1:29 e 36;
Hebreus 9:22 e 27-28).
5
YHWH – YHWH é um tetragrama que representa o nome que Deus se identificou a
Moisés no monte Horebe (Êxodo 3:14). Muitos teólogos acreditam que sua pronúncia
original seria algo como YAHWEH (Javé) mas não temos como saber ao certo, pois os
judeus tinham tanto medo de pronunciar o verdadeiro nome de Deus em vão que a forma
correta de pronunciar YHWH não chegou até nós. Muitas traduções brasileiras utilizam
o termo ‘Javé’, ‘Jeová’ e em sua maioria ‘Senhor’ para se referir a esse tetragrama para
não gerar confusão ao leitor. Muitas Bíblias tem uma ferramenta chamada interlinear, que
mostra a passagem em português e em hebraico para aqueles que querem entender mais
a fundo o sentido de cada palavra.