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Sermão – Quarta Igreja – Culto Matutino – em 12 de fevereiro de 2023

Texto base: Mateus 11:28-30 (Vinde a mim)


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INTRODUÇÃO

Tem um ditado que diz: “Humildade é aquela virtude que, quando você
percebe que a tem, já a perdeu”. Mas, aí vem as perguntas, esse ditado se sustenta à
luz das Escrituras? Jesus deixou de ser humilde ou perdeu a sua mansidão quando
afirmou ser manso e humilde? Evidentemente que não.

E mais, na mesma mensagem em que se declara manso e humilde de coração,


Jesus exige submissão e não se despoja daquilo que é e possui. Ele é Senhor e
Salvador, e é o guardião das coisas entregues pelo Pai. Veja Mt 11.27: “Tudo me foi
entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece
o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

Em que contexto o Senhor está falando isso? Irmãos, Mateus não nos diz o
contexto das palavras que vão do v.25 ao 30 e que envolvem adoração ao Pai, que
informam da revelação aos pequeninos e que expressam o convite a todos os
cansados e sobrecarregados. Lucas 10 nos dá o contexto histórico de que essas
palavras foram pronunciadas após o regresso dos setenta a quem Jesus enviou, de
dois em dois, a todo lugar por onde ele haveria de passar.

Note que o contexto é de evangelização, é de propagação do evangelho. Aqui a


revelação que a Palavra de Deus faz acerca de Jesus é que Ele é o Redentor que dá
descanso para a nossa alma – v. 28-30. E essa verdade têm trazido calma, cura,
descanso e, principalmente, redenção para milhares e milhares de pessoas aflitas ao
longo dos séculos. Aqui nós temos a oferta do Evangelho.

Nesta manhã quero meditar com os irmãos sobre o seguinte tema:

O Verdadeiro Descanso para a alma


O verdadeiro descanso para a alma começa com:
I. O GRACIOSO CONVITE DE JESUS – V. 28

28 – Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos


aliviarei.
Só o Senhor Jesus Cristo, em todo o universo, tem autoridade e graça para fazer
este convite. Porque ninguém pode ir até Deus, o Pai, a menos que o Mediador entre
Deus e os homens o revele, como diz o final do v. 27 – “ninguém conhece o Pai,
senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Já o v. 25 diz que o
“Senhor do céu e da terra” fez a sua revelação aos pequeninos – ou seja, aqueles
que compreendem que só podem ser salvos pela graça, aos humildes de espírito (Mt
5.3), aos convencidos do pecado, da justiça e do juízo – e o que o “Senhor do céu e
da terra” revelou? Ele revelou o Seu reino, o evangelho, a salvação na Pessoa de
Jesus – o único que é Senhor e Salvador. E é o Senhor e Salvador que faz o
maravilhoso convite a todos: Vinde a mim.

Ir a Jesus significa crer nele. Jesus está convidando os cansados e


sobrecarregados para um encontro pessoal e salvífico com Ele, porque só Ele conhece
o íntimo do pecador e só Ele pode suprir as necessidades do pecador. Os cansados e
sobrecarregados são todos os que se acham oprimidos pelo pesado fardo de regras e
regulamentos postos sobre seus ombros pelos escribas e fariseus, como se uma pessoa
só pudesse ser salva quando em sua vida a obediência a todas essas tradições
sobrepujasse a seus atos de desobediência. Mt 23.4 diz que os escribas e os fariseus
“atas fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos
homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los”. Então, o
convite é primeiramente para os chamados “religiosos”, todos aqueles que pensando
que a salvação depende de seus esforços, do que eles podem fazer para serem salvos,
se encontram em uma penosa incerteza, em uma ansiedade que os consome, em um
desespero sem qualquer vislumbre de esperança (Rm 8.15a). Esse convite é a todos
os que estão cansados e sobrecarregados com o peso do pecado, e também, aqueles
que estão cansados e sobrecarregados com o peso do legalismo. Vir a Cristo significa
confiar nEle. Entregar-se a ele.
Eis a promessa: v. 28 – Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Esse refrigério não é só ausência de incerteza,
temor, ansiedade e desespero; positivamente é a paz de mente e coração, a certeza de
salvação. Só em Cristo há descanso para a nossa alma.

O Verdadeiro Descanso para a alma


O verdadeiro descanso para a alma começa com O GRACIOSO CONVITE
DE JESUS. Mas o convite de Jesus é acompanhado, em segundo lugar, de:

II. UMA EXIGÊNCIA – V. 29-30

29 – Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
O convite de Jesus não é para ir a Ele, receber descanso para a alma, e a partir
daí ter uma vida autônoma, uma vida onde você vai governar a você mesmo pelos
seus próprios meios. Não. O convite de Jesus não é para o autogoverno, mas para ter
o governo do alto, a direção do alto sobre a sua vida. O comentário da Bíblia de
Genebra diz que “Jesus não oferece independência, mas um jugo diferente”, o
jugo diferente do jugo do legalismo, o jugo diferente das obrigações que uma pessoa
acredita que deve assumir para ser aceita ou salva por Deus segundo o ensino dos
rabinos. O jugo de Jesus é estar sob o evangelho, é viver a vida transformada pelo
evangelho, resumindo, é viver com o evangelho a vida de discípulos do Senhor.

Hendriksen diz que a intenção de Jesus ao dizer, Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, é: “Aceitem meu ensino, a saber, que uma pessoa é salva por
meio da simples confiança em mim... aprendam de mim e se tornem meus
discípulos”. A intenção do Senhor é que você e eu, tenhamos um relacionamento
vivo com o Ele, uma vida compromissada como discípulos, como a vida daqueles que
ao longo da história da redenção, assumiram para si responsabilidades com a
propagação do evangelho e com uma vida vivida de acordo com os princípios do
reino dos céus.
Por isso Jesus prossegue dizendo no v. 29 – “aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração;”. Aprendam de mim sobre a mansidão e a humildade,
porque segundo Mt 5.5 – “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a
terra”, a pessoa mansa é aquela que encontra refúgio no Senhor e entrega ao Senhor
inteiramente o seu caminho, deixando tudo nas mãos daquele o ama e dele cuida.
Cada um de nós deve aprender do Senhor a ser pacífico – amante da paz – e humilde
– porque Deus resiste aos soberbos, aos orgulhosos.

O resultado de tomar o jugo de Cristo e de tornar-se seu discípulo é, veja a parte


final do v. 29 – “e achareis descanso para a vossa alma”. Vocês acharão descanso
para si mesmos, porque Deus fará cada verdadeiro discípulo conhecer esse glorioso
descanso.
E o Senhor conclui dizendo: v. 30 – “Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo
é leve”. O jugo para ser usado por uma pessoa, era uma armação de madeira colocada
sobre os ombros para tornar o fardo mais fácil de carregar, porém, quando o fardo era
pesado demais, o jugo causava estresse e irritação nos ombros. Simbolicamente,
Jesus aqui assegura às pessoas oprimidas a quem se dirige, que seu jugo, isto é, a
confiança nele é agradável e seu fardo, ou seja, aquilo que Ele requer de nós, a nossa
obediência aos seus mandamentos, obediência que procede da gratidão pela salvação
já comunicada por Ele, é algo deleitoso. Essa é a vida verdadeiramente livre, pois o
jugo e o fardo de Cristo é o sinal da verdadeira liberdade.

CONCLUSÃO

Isaías 57.15 – “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o
nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de
espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos”.

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