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Peça: (Mateus)

A SENHA – Jeová Nissi

Cenário: Uma mesa para mercador, uma estante para guardar os talentos.

A peça se inicia com o mercador sentado a mesa e as pessoas com suas senhas formando uma fila,

Aguardando serem chamados pelo número de sua senha.

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Mercador (Wagner) – Senha 2345 !

Jovem (Davi) – Olá Mercador

Mercador (Wagner) – Sim meu jovem, quais são as suas promessas?

Jovem (Davi) – Tenho promessas de libertar no nome de Jesus, Deus vai me usar à orar pelos

enfermos e eles serão curados, sabe, sinto isto forte em meu coração, eu canto no louvor de minha

igreja e sei que através da minha voz, pessoas serão transformadas.

Mercador (Wagner) – E porque quer me vender suas promessas?

Jovem (Davi) – Meu caro mercador, eu não quero vender, quero apenas penhorá-las, eu só preciso

de alguns segundos, 30 segundos é o suficiente, até porque aquela garota é linda demais e eu já não

consigo resistir ao seu encanto.

Mercador (Wagner) – Bom meu jovem, nós não trabalhamos com penhor, eu compro somente, se quiser passar

esses segundos com esta garota, terá que me entregar todas as suas promessas.

Jovem (Davi) – Ora, ora mercador, as minhas promessas são grandes demais para eu perdê-las com

uma bobagem como esta, até porque tem tanta gente por aí pecando e sendo abençoado, eu posso dar o

exemplo de mil pessoas que pecam e libertam em nome do Senhor, porque comigo, logo comigo seria

diferente?

Mercador (Wagner) – Eu tenho a lista deles também, todos querem arriscar e continuam arriscando, todos os dias.

Meu jovem você poderá continuar curando em nome de Jesus, vai chegar o dia que ele vai dizer: aparta-te de mim,

(bate na mesa) pois eu não te conheço, vocês não compreendem mesmo não é, não sabem examinar as escrituras,

Deus não vai dividir os seus segundos com ninguém meu jovem, então, deixa de ser tolo vai, venda-me logo as

suas promessas, elas são valiosas sim, mas essa garota que te seduz é muito mais não é? Pensa comigo, já

teve uma garota tão linda que ficasse babando em você como esta?

Jovem (Davi) – Nunca mercador.

Mercador (Wagner) – Então eu acho que você está perdendo a chance de sua vida.

Jovem (Davi) – Ok, digamos que você tem razão, mas eu preciso pensar, refletir um pouco mais,

o que o senhor pode fazer por mim?

Mercador – Vai para o final da fila e pense muito bem, as promessas serão minhas, não penhoro, agora
pense muito rápido meu jovem, pois esta garota pode desistir de você.

Mercador – Senha 2346.

Cooperador (Mateus) – Quero vender tudo o que eu tenho, não aguento mais.

Mercador ( Wagner) – Calma meu senhor ! O que tem aí para me vender?

Cooperador (Mateus) – Tudo eu já disse, o meu cargo na igreja não me interessa mais, os Pastores não

conseguem valorizar o meu ministério, eu visto esta roupinha todos os dias e fico o culto inteiro em

pé intercedendo, sou sempre o primeiro a chegar e o último a sair e ninguém me valoriza, eu estou cansado, as

coisas não acontecem, eu acho que chegou a hora de vender tudo e me desviar.

Mercador (Wagner) – Eu compreendo a sua dor, mas este seu produto é muito simples, eu compro todos os dias,

te dou uma prato de reconhecimento por eles, agora, não tem coisas melhores para me oferecer?

Quais são as suas promessas?

Cooperador (Mateus) – Eu tenho promessas de ver a minha família toda restaurada, Deus me disse que

se eu continuar persistindo estou prestes a ver o meu filho sendo salvo, eu também fui curado de um

câncer em meu pulmão e também tenho dons de revelação.

Mercador (Wagner) – Ótimas promessas, quer mesmo vendê-las?

Cooperador (Mateus) – Sim, claro, eu não tenho a menor dúvida, do que adianta ter tudo isto se o meu

pastor não muda (o mercador diz: É verdade!), se as pessoas continuam as mesmas,(o mercador diz: Isso mesmo) eu

vendo sim todas as minhas promessas em troca deste prato de reconhecimento.

O cooperador entrega a caixa com a s promessas ao mercador.

(O mercador pega a caixa, cheira e diz:)

Mercador – É verdade, eu concordo, essas vestes de louvor não combinam nada contigo, eu

tenho coisa muito melhor (fala retirando a capa que ela usa e colocando outra de mendigo), roupas de

mendigo! (ele coloca a capa nela e ela sai). O mercador entrega a capa e a caixa para o seu servo

colocar na estante)

Mercador (Wagner) – Todos os dias milhares de pessoas permanecem na fila das necessidades, da inconstância,

hoje mesmo por exemplo nós temos aqui você, fazendo parte desta fila, você está vendo a pessoa

sentada ao seu lado prestes a entregar as promessas na mão do inimigo, você sabe que ela vai para a

desgraça, mas mesmo assim, está entrando na mesma fila que ela está. Você consegue enxergar isso no

reino espiritual hoje? Pessoas tem necessidades eu sei, até mesmo Jesus Cristo foi testado nas

necessidades humanas, comida, reino, poder, mas tu necessitas, tu necessitas, o pecado está batendo

a sua porta e você não está conseguindo dominá-lo não é? Agora você quer me vender as suas

promessas, quer me vender tudo o que Deus te deu, eu posso muito bem pagar , pois afinal este é o

meu trabalho, te dou um prato de lentilha para saciar a sua necessidade, agora eu só preciso saber
qual é a sua necessidade hoje. Vamos, pode pedir, eu te compro, eu sei que foi pago um alto preço

por você, mas isso já não me interessa, sei muito bem que foi pago um alto preço por você andar

livre, só que eu quero pagar um preço para você voltar a ser o meu escravo, eu te compro, estes

seriam os seus últimos dias não é verdade? Você está fraquinho, desanimadinho, prestes a sucumbir,

muito bem, hoje eu te dou a oportunidade para veja o que acontece no mundo espiritual, está quase

chegando a sua senha. E, muitas pessoas aí já estão na minha fila, agora será que hoje é o dia que

você vai sair da fila? Ou será que é o próximo?

Mercador (Wagner) – Senha 2347.

(entra o próximo, mas é interrompido pelo primeiro Jovem da senha 2345)

Jovem (Davi) – Por favor mercador!

Músico (Fabiano) – É a minha vez...

Mercador (Wagner) – Sim meu jovem!

Jovem (Davi) – Eu já decidi, vou lhe vender tudo o que tenho, até porque eu não conseguiria

viver sem aquela garota mesmo e muito menos ser recriminado pelos meus amigos por ser crente, sabe,

este negócio de igreja não é para mim mesmo.

Mercador (Wagner) – Jovem, você é muito esperto, é um exemplo para todos aqui, mas agora deixe aqui a sua

senha, suas vestes, o seu anel e todas as suas promessas (o jovem tira o que foi pedido e o mercador

entrega para o seu servo), agora vem cá, deixa eu limpar esta tua marca de sangue, que afinal você

não vai mais precisar dela (o mercador limpa a testa dele). Muito bem, eu vou até te dar um brinde

(pega uma corrente que foi entregue pelo seu servo), coloque nos seus pés, muito bem, agora caminhe

livremente e vá para o amor da sua vida.

Mercador (Wagner) – Senha 2347.

Músico (Fabiano) – Sou eu Mercador!

Mercador (Wagner) – Como posso te ajudar meu jovem? Quais são as suas promessas?

Músico (Fabiano) – Tenho promessas de alcançar multidões através do meu louvor! Quando eu toco e canto

pessoas são libertas. Tenho promessas de alcançar os quatro cantos do planeta com o meu louvor.

Mercador (Wagner) - Ótimas promessas, mais por que quer vende-las?

Músico (Fabiano) – Quero vender porque não aguento mais esperar essas promessas, as coisas parecem que não

acontecem na minha vida. E tem mais quando aparece uma agendinha ou outra o meu pastor não me deixa fazer

porque fala que eu tenho que ajudar nos cultos e coisas assim. Chega não aguento mais! Alguém com o meu talento

tenho certeza que não fica sem proposta. E depois tenho alguns amigos que tocam em um barzinho e estão me

convidando para tocar com eles, da até pra ganhar um dinheiro, só que aí eu não conseguirei mais ir aos

cultos. Então eu quero vender mesmo todas as minhas promessas!


Mercador (Wagner) – Eu compreendo a sua dor, pois como todos sabem eu também já fui ministro de louvor um

dia, mais isso não vem ao caso agora. Me de aqui as suas promessas, elas são valiosas sim, e pra você meu amigo

eu te entrego isso. (uma garrafa de pinga, cigarro e cocaína).

Músico (Fabiano) – o que significa isso Mercador?

Mercador (Wagner) – Isso é o que você merece, não sabe esperar o tempo das promessas de Deus para sua vida

não tem problema eu compro, mais ao invés de estar libertando pessoas em nome de Jesus com a com o seu louvor,

você vai me ajuda a escraviza-las com essa musicas mundanas de duplo sentido e de brinde ainda de dou uns

víciozinhos para amenizar a sua dor.

Mercador (Wagner) – Senha 2348

Pastor (Victor) – Mas o que eu estou fazendo nesta fila? É melhor eu ir embora antes que alguém

me veja...

Mercador (Wagner) – Qual é o seu problema?

Pastor (Victor) – Eu não quero vender mercador, quero trocar...

Mercador (Wagner) – Não trocamos nada aqui, nós apenas compramos.

Pastor (Victor) – Mas o meu é caro demais e você vai ter que trocar!

Mercador (Wagner)– Neste caso então, nós podemos negociar, fazer uma aliança, você nos entrega tudo o que

tens e nós te damos o mais caro que temos.

Pastor (Victor) – Neste caso então mercador, eu vou embora...

Mercador (Wagner) – Vamos homem, será um novo tempo para a sua vida, e depois a glória da segunda casa será

maior que a da primeira mesmo, experimente, as misericórdias de Deus se renovam a cada manhã, homem,

você pode, todo mundo faz, Deus vai ser bonzinho com você e você nem vai ter prejuízos.

Pastor (Victor) – Mas o meu ministério é muito grande, eu sou um líder por excelência, eu

alcancei milhares de almas, sou um referencial, se eu cair, multidões cairão comigo. Ora mercador, o

que todos irão pensar? Eu conheço e manejo muito bem a palavra.

Mercador (Wagner) – Mas você não será nem o primeiro e nem o último e depois se alguém descobrir nós

poderemos dizer que é calúnia, meu querido, existem tantas maneiras de ninguém saber. Você sabia que

há pessoas famosas no meio gospel que estão como você? A diferença é que eles fazem isto há anos.

Venha cá, deixa eu te contar um caso... (cochicha no ouvido do homem)

Pastor (Victor) – Oque mercador? Você só pode estar brincando, eu conheço muito bem a vida dele,

o ministério dele e sei que ele não seria capaz de fazer uma coisa destas, ele é uma benção.

Mercador (Wagner) – Pois ele já faz há dez anos. Bem vindo ao mundo obscuro, ao mundo que ninguém precisa

saber, você simplesmente deixará de ser um homem de Deus para tornar um homem de negócios, que tal?

Eu não vejo problema nenhum, até mesmo porque há muitas coisas dentro da igreja que precisam mesmo
ser analisadas, sabe por exemplo, o adultério. O adultério precisa ser mudado para não escravizar

tanto os casamentos frustrados como há nas igrejas, hoje em dia, o homem e Deus estão muito

flexíveis com isto, com o passar dos tempos, pecados bobos como o adultério, que aliás, nem incomoda

mais... (o mercador é interrompido pelo Pastor)

Pastor (Victor) – Silêncio mercador, eu te repreendo, não fale mais estas palavras.

Mercador (Wagner) – E quem é você para me repreender homem? Você já não tem mais autoridade para isto, mas

muito bem, nós precisamos mesmo inventar uma desculpinha não é? Adultério ! Podemos dizer que o seu

casamento sempre foi errado e que há muito tempo a sua mulher já não te ama, ao invés de falarmos

que é ganância poderemos dizer que o obreiro é digno de seu salário e que precisa dele para

sustentar a sua família e também o seu ministério. Vamos homem ninguém vai saber.

Pastor (Victor) – Muito bem mercador, você me convenceu. Aqui está o meu diploma, minha

experiência com Deus, meu ministério, minha intimidade com Deus está aqui e eu te entrego também o

meu casamento, Vamos logo com isto mercador, não conte nada a ninguém e diga-me quanto vai me pagar?

Mercador (Wagner) – Para pessoas como você, nós pagamos 30 moedas.

Pastor (Victor) – Mas só isso?

Mercador (Wagner) – Só!? E você sabe quanto custa levar Jesus Cristo para a cruz todos os dias? Você tem

noção que está fazendo o mesmo que Judas? Tem noção que vai continuar sentado na mesa repartindo o

pão com seus irmãos como se nada tivesse acontecendo e acha que 30 moedas é pouco? Pois você nem

vale tudo isto, seu covarde, sabe porque? Vai passar a vida toda beijando a face de Cristo com suas

palavras doces e mentirosas, falará para todos que o ama, que é apaixonado por ele, contará a todos

os seus amigos que é amigo de Cristo, depois acha que 30 moedas é pouco? Você acaba de traí-lo por

30 moedas e esta fazendo o mesmo que eu, ou você pensou que eu sairia perdendo nesta história. Sejam

bem vindos ao mundo dos que dizem que estão vivos, mas estão mortos.

(O mercador tira as vestes dele e coloca uma roupa de mendigo também)

Mercador (Wagner) – Senha 2349

Entra o palhaço apitando

Mercador (Wagner) – Qual é o seu problema?

Palhaço (Thomas) – Ela terminou comigo.

Mercador (Wagner) – Há ela acabou com você.

Palhaço (Thomas) – É!

Mercador (Wagner) – Só que hoje o dia não está muito bom, você quer vender eu quero comprar, então vá direto ao

assunto.

Palhaço (Thomas) – Calma, Calma não precisa ficar nervoso.


Mercador (Wagner) – Não, não, não, não eu não estou nervoso não.

Palhaço (Thomas) – Tá sim!

Mercador (Wagner) – Você quer continuar pecando com aquela garota não é? Então vá direto ao assunto.

Palhaço (Thomas) – Há não é assim, não fala assim que você me machuca.

Mercador (Wagner) – Há então se eu falo assim te machuca.

Palhaço (Thomas) – Eh!

Mercador (Wagner) – Mais esta na sua cara que você quer pecar!

Palhaço (Thomas) – Eh, ela me seduziu me fez pecar depois me meteu um pé na bunda e me abandonou.

Mercador (Wagner) – Há então depois que ela acabou tudo você esta com medo de ficar solteiro pelo

resto da vida.

Palhaço (Thomas) – Eh!

Mercador (Wagner) – E quer que eu a traga de volta?

Palhaço (Thomas) – Eh!

Mercador (Wagner) – E se eu a trouxer de volta, o que me daria em troca?

Palhaço (Thomas) – O que! Eu tenho que pagar?

Mercador (Wagner) – Sim eu sou um homem de negócios.

Palhaço (Thomas) – Rapaz! Pera aí, Só um pouquinho. (ele tira do bolso um bichinho de borracha)

Mercador (Wagner) – Um bichinho de Borracha!

Palhaço (Thomas) – (fica fazendo carinho no bichinho de borracha)

Mercador (Wagner) – então você acha que o grande amor da sua vida vale somente esse bichinho de borracha?

Palhaço (Thomas) – Eh! Espera um pouquinho. (Começa a procurar nos bolsos e tira um carrinho)

Mercador (Wagner) – Carrinho?

Palhaço (Thomas) – Não, não um, dois três carrinhos!

Mercador (Wagner) – Vamos logo com isso homem, me ofereça coisa melhor porque eu não estou de brincadeira.

Palhaço (Thomas) – Tá bom o que você quer?

Mercador (Wagner) – Vamos, já que você não tem coisa melhor para me oferecer, eu vou te sugerir umas coisinhas.

Palhaço (Thomas) – O que?

Mercador (Wagner) – Você se lembra da história de Judá?

Palhaço (Thomas) – Sim.

Mercador (Wagner) – Ele entregou o seu selo, seu cordão e seu cajado a sua nora Tamar enquanto ela estava vestida

de prostituta, se lembra?

Palhaço (Thomas) – Sim.

Mercador (Wagner) – Eu vou pedir o mesmo a você, eu quero aquele seu cordão.
Palhaço (Thomas) – Cordão? Espera um pouco, espera um pouco. ( ele se abaixa e começa a procurar na mala poxa

uma ponta e entrega ao mercador) Eh acabou.

Mercador (Wagner) – Eu quero agora o seu selo.

Palhaço (Thomas) – Selo! Há espera um pouco. ( se abaixa para procurar na mala novamente e pega um selo)

Mercador (Wagner) – Há há há há há há há há! O selo do correio.

Palhaço (Thomas) – Aham.

Mercador (Wagner) – Eu quero agora o seu cajado também.

Palhaço (Thomas) – CA-JA-DO?

Mercador (Wagner) – Cajado!

Palhaço (Thomas) – Cajado? (volta a procurar na mala e joga um monte de objetos para fora, pega um celular de

brinque e fala: Alô, você tem um cajado? Ele fecha a mala fica em pé e fala:) Eu não tenho cajado.

Mercador (Wagner) – se vira.

Palhaço (Thomas) – Há já sei (ele pega a flor e modela como um cajado e entrega ao mercador)

Mercador (Wagner) – Cajado!

Palhaço (Thomas) – Cajado.

Mercador (Wagner) – Muito bem,(o palhaço interfere: Porque) muito bem,(o palhaço interfere: Porque)

Muito bem eu decidi que quero mais umas coisinhas, só que agora eu quero coisa mais profunda. Eu quero a sua

intimidade.

Palhaço (Thomas) – O que! Minha intimidade de jeito nenhum! Tá ficando louco vou sair daqui.

Mercador (Wagner) – Vamos homem eu não tenho o dia todo.

Palhaço (Thomas) – Não você tá louco.

Mercador (Wagner) – homem você não quer a sua mulher?

Palhaço (Thomas) – Eu quero!

Mercador (Wagner) – Eu quero a sua intimidade.

Palhaço (Thomas) – Não dou!

Mercador (Wagner) – Vamos homem.

Palhaço (Thomas) – Tá bom já que você quer. ( ele e abaixa e pega uma cueca na mala e entrega ao mercador)

Mercador (Wagner) – Muito bem, você se saiu melhor do que eu esperava, e te prometo que essa é a ultima

Coisa que eu vou te pedir e darei sim a sua mulher.

Palhaço (Thomas) – Mais uma

Mercador (Wagner) – Sim, a última.

Palhaço (Thomas) – Tá bom.

Mercador (Wagner) – Só que agora eu quero o que há de melhor em você, eu quero o dom precioso que Deus te
deu, eu quero a sua A-LE-GRI-A-A-A, e todo o seu prazer em viver.

Palhaço (Thomas) – A minha alegria?

Mercador (Wagner) – Sim, a sua alegria.

Palhaço (Thomas) – Pra você?

Mercador (Wagner) – Pra mim, eu sou um homem de negócios não se esqueça.

Palhaço (Thomas) – e você devolve ela pra mim?

Mercador (Wagner) – Sim eu te devolvo essa sua mulher.

Palhaço (Thomas) – Nada mais?

Mercador (Wagner) – Nada mais, homem veja como é justo, você me da essa alegria que coce nem vai mais precisar

e eu te dou a mulher que você tanto quer.

Palhaço (Thomas) – É ta bom.

Mercador (Wagner) –Não é justo homem?

Palhaço (Thomas) – Não é!

Mercador (Wagner) – Claro que é, sempre é!

Palhaço (Thomas) – (passa a mão no rosto retira a maquiagem e entrega ao mercador)

Mercador (Wagner) – Muito bem, agora vá e seja muito feliz.

Mercador (Wagner ) – Bom gente, por hoje é só, fechamos, mas lembre-se bem que nós não aceitamos devoluções,

uma vez que me vendem suas promessas, jamais as terão de volta (ele sai de cena).

Muda o cenário (mesa com banquete, cheia de doces e salgados, pães...)

Entram todos com roupas de mendigos, se rastejando pelo chão, ficam ao redor da mesa.

Cooperador (Mateus) – Ei pera aí, você era o meu pastor e você era do louvor, que vergonha, vendemos

tudo para o mercador e agora estamos aqui embaixo desta mesa.

Pastor (Victor) – Eu já não sinto o que sentia antes, falei tanto sobre o primeiro amor, agora

estou sem ele.

Começam a brigar entre si, e o cooperador (Mateus) diz: “tira sua mão de mim que eu te mato, eu te mato mesmo”

E os outros ficam falando coisas sem nexo – todos comem lixo

O músico (Fabiano) acha o violão e diz:

Músico ( Fabiano) - Olha o que eu achei, faz tanto tempo que eu não toco violão, até me lembrei de uma música.

Lembro, antes de vir parar neste lixo, eu cantava na igreja e ainda dizia que conduzia a igreja à adoração, eu cantava

uma música tão linda (Eu navegarei, no oceano do espírito)

Cooperador (Mateus) – A comida tá uma delícia (comendo lixo).


Levanta o jovem (Davi) e diz:

Jovem (Davi) – Sabe, desde o ventre da sua mãe, Deus te escolheu, mas assim como nós, você tem

vendido sua primogenitura por um pouco de migalhas, mas venha, venham todos, o banquete está servido.

Pastor (Victor)– Eu tinha a excelência, os melhores dons estavam sobre mim, mas eu vendi tudo ao

mercador, por consequência do meu pecado eu vim parar aqui neste lugar, talvez algum de vocês que

estão assistindo, possa estar passando o mesmo que eu, tem vendido sua promessa, corrompido o seu

ministério, olhe para mim, eu estou neste lixo, o que me restou foi somente estas migalhas, eu antes

me sentava a mesa do Rei, comia de seus manjares, mas agora por consequência do meu pecado estou

neste lugar, eu espero que você não faça o mesmo que eu, porque ainda há oportunidade para você,

faça a sua escolha ainda hoje,você deseja continuar assentado na mesa do rei? Ou estar debaixo dela

como eu estou agora?

Cooperador (Mateus)- Não, não. Esta pergunta não tem lógica. Quem é que você acha que vai trocar um

banquete por isto aqui? Apesar que eu conheço muita gente que já trocou esse banquete por essas

migalhas, essa lavagem, olha esse lugar, não foi feito para você não viu, esse lugar não foi feito

para um filho de Deus, este lugar aqui não é para gente não, que mal que você encontrou em Deus?

Oque ele te fez de errado para você abandoná-lo e trocar tudo o que você tinha com ele, agora o que

te resta são migalhas, mas se você quiser sair daqui eu acho que ainda pode ter uma chance, mas eu

acho que pra mim não tem mais jeito não, eu já me acostumei com essa vidinha aqui.

Músico (Fabiano)- Você tá com pressa, então come isso aqui mesmo, quem tá com pressa come qualquer coisa,

come mesmo, onde já se viu um bom banquete feito as pressas, todo mundo tem que comer isto aqui mesmo.

Não quer saber mais da sua promessa, tá cansadinho? Então vamos comer aqui também. O que já acabou?

(fica procurando comida e chorando).

Jovem (Davi) – Eu tinha vestes de louvor, eu tinha vestes de adoração, sentia a presença de

Deus todos os dias. A mão de Deus estava sobre mim, mas em troca de prazeres passageiros eu agora

estou aqui neste lixo, aqui é podre, eu sinto frio, alguém pode me ajudar? Ninguém pode me ajudar...

O músico grita:

Músico (Fabiano) - Eu matei o meu filho, eu matei meu filho. O Nome do meu filho é ministério, eu matei meu

ministério, eu matei o meu filho.

Todos gritam

–Precisamos voltar ao primeiro amor.

Jovem (Davi) – Deus, Deus, como eu pude chegar tão baixo, eu troquei toda a intimidade

contigo pela escuridão de dias difíceis, eu preciso sair daqui, eu preciso me levantar, eu preciso

voltar ao primeiro amor. (toca a musica jardim da inocência)


Pastor (Victor)– Não resolve nada meu jovem, o mercador diz que quando ele compra as suas

promessas não há mais devolução, o que nós fizemos foi um contrato, não há chance nenhuma para nós.

Jesus entra e diz:

Advogado (Guga) - Foi aqui que chamaram um advogado?

Jovem (Davi) – Sim, eu chamei, preciso de uma consulta com o Senhor.

Advogado (Guga) - Qual é o seu problema meu jovem.

Jovem (Davi) – Eu tinha as promessas de Deus para a minha vida, sentia a presença de Deus

todos os dias, mas em troca daquilo que eu queria e dos prazeres que eu desejava eu vendi a minha

primogenitura ao mercador.

Advogado (Guga) - Porque você não toma de volta a sua primogenitura?

Cooperador (Mateus) – Não, ele não pode não doutor, contrato é coisa séria, como advogado, no mínimo você

deveria saber que quando a gente assina um contrato uma vez, não tem mais jeito, eu já até desisti, com

aquele tal de mercador não se brinca não, tá me ouvindo? Quer um conselho? Se eu fosse você eu

desistia também.

Advogado (Guga) - Isto é mentira, é contra a minha lei e eu a trouxe aqui para vocês verem.

Pastor (Victor)– Saia daqui, deixem-nos em nosso mundo, olhe para nós, o que fizemos foi um

contrato, agora não há chance alguma para nós, não somos dignos.

Cooperador (Mateus) – Você pensa que é quem para contrariar o mercador?

Advogado (Guga) - Eu sou o advogado dos advogados.

Jovem (Davi) – Eu creio no Senhor.

Advogado (Guga) - É contra a minha lei que vocês comam este lixo, pois você tem o direito de comer o melhor

desta terra, é contra a minha lei que vocês andem prostrados, pois vocês possuem o direito de voar

como águias. É contra a minha lei, que vocês vistam essas vestes de humilhação, vocês devem vestir

vestes de louvor, vocês querem as promessas, é preciso entender que as promessas não são

importantes, mas sim a presença daquele que deu as promessas à vocês.

Pastor (Victor)– Então eu não quero, eu quero sim todas as promessas que eu perdi, a presença de

Deus, essa eu consigo depois.

Cooperador (Mateus)– É doutor, oque me adianta ter a presença de Deus agora, hein? Se o senhor

advogado me garantir que eu terei as minhas promessas de volta, eu até te pago para julgar a minha

causa (risos irônicos).

Pastor (Victor) – A gente tá querendo é ação e ação é resultado rápido .

Advogado (Guga) - Primeiro vocês precisam descer até a casa do oleiro e lá vocês serão quebrados e moldados, a

lei prevê isto, depois deste procedimento vocês serão cheios até transbordarem, promessa é
consequência.

Cooperador (Mateus)– Chega, você fala demais. A sua oportunidade aqui hoje, está encerrada. Alguém

aqui quer contratar esse advogadinho novato?

Todos dizem – eu não, não, menos o jovem.

Jovem (Davi) – Sim, Sim eu quero e aceito tudo que o Senhor falou até agora.

Músico (Fabiano) – Eu também, eu preciso do Senhor.

Jovem (Davi) – Mas como posso fazer para te encontrar?

Jesus vai até ele e entrega uma bíblia e diz:

Advogado (Guga) - Aqui está o meu cartão, marcaremos para amanhã um encontro bem cedo, quando o primeiro

raio de sol surgir, a constituição assegura que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã, aí

está o meu endereço, aguardo todos que quiserem estar comigo bem cedo em minha mesa.

Mercador entra batendo palmas e dizendo:

Mercador (Wagner) – Bravo! Bravo! Bravo! Que lindo, eu quase chorei, mas o que você está fazendo aqui no meu

lixão?

Advogado (Guga) - Seu lixão não mercador, não se esqueça que até do seu lixão eu tenho as chaves e estou aqui

para dar mais uma chance a essas pessoas.

Mercador (Wagner) – Chance a essas pessoas. Você está perdendo tempo com o homem.

Advogado (Guga) - Nunca perco tempo com os homens, meu pai os ama e me enviou para dar mais uma chance.

Mercador (Wagner) – Mas a constituição me assegura que o salário do pecado é a morte e eles pecaram,

assinaram um contrato comigo e agora eu posso fazer com eles o que eu quiser.

Advogado (Guga) - Se bem conhece a constituição, sabes que o dom de Deus é a vida e a vida eterna e é isso o

que eles terão hoje.

Mercador (Wagner)– Vida eterna, eles não querem saber de nada disso não, a única coisa que eles vieram

buscar neste lugar são as migalhas que eu dou à eles, porque somente eu sei satisfazer o homem.

Advogado (Guga) - Está enganado mercador, meu Pai criou os homens e só ele conhece suas reais necessidades, só

espero o tempo oportuno para entregar as suas promessas em suas mãos.

Mercador (Wagner) – Promessas, você ainda fala de promessas depois de ter morrido naquela cruz e sofrido tanto,

agora vai entregar as promessas nas mãos deles como se nada tivesse acontecido. Ah, fala sério né! Eles não

merecem nada disto não, até porque a única coisa que esse povinho merece é o meu inferno.

Advogado (Guga) - Eu morri por eles na cruz, rasguei a cédula de morte que havia contra ele, quebrei as

cadeias que os aprisionavam e a partir de agora eles estão livres, tem o direito de fazer as suas

escolhas, eles não te querem mais.

Mercador (Wagner) – Pois eu tenho a certeza que metade deste bando de covardes vão estar na minha fila,
loucos para vender as promessas uma vez mais.

Advogado (Guga) - Não interessa o passado deles, seus erros, suas falhas, estou aqui pronto para renovar a

aliança que um dia fiz com eles, o pecado deles já não importa mais, mercador, seu tempo aqui está

acabando, não tenho nada contigo.

Mercador vai saindo, depois volta dizendo para a igreja.

Mercador (Wagner) – Oi gente, eu já ia me esquecendo, se você quiser me vender a sua promessa, eu estarei na

porta da sua casa para a gente conversar.

Advogado (Guga) - mercador, basta! (o mercador se retira)

Jesus diz para a igreja:

Advogado (Guga) - Vocês sabem aonde encontrar o mercador, mas também sabem aonde me encontrar. Venha

como está. (Jesus sai)

Pastor (Victor) – Eu não vou comer mais.

Cooperador (Mateus)– Você não vai comer mais seu maluco (se referindo ao Palhaço (Thomas) que está

deitado). Hei, você está me ouvindo infeliz? Além de fedido, ela está gelado como um defunto.

Pastor (Victor)– Ele deve estar morto.

Todos – A morte golpeia o seu peito, sorrateiramente a morte golpeia seu peito, sorrateiramente.

Cooperador (Mateus)– Mais um, o sangue escorre. Vai, vai para o tormento eterno, um lugar onde não

tem mais volta, se tivesse contratado um bom advogado... Amanhã talvez serei eu, ou você, o que

importa? É melhor irmos dormir todos, ei vocês aí! Apaguem todas as luzes antes de dormir.

Pastor (Victor)– Ei moço.

Cooperador (Mateus)– O que foi?

Pastor (Victor)– Sabia que você era uma excelente diácono.

Cooperador (Mateus)– Grande coisa, você também era o melhor ministro que eu já vi pregar e agora nós

estamos aqui no mesmo lugar, quem dera conseguíssemos sair daqui, mas ninguém pode nos ajudar, vamos

dormir, boa noite!

Músico (Fabiano) – Eu preciso lembrar, eu quero trazer a memória aquilo que me dá esperança, agora eu

posso lembrar, a palavra de Deus diz: Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar,

buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos e então eu ouvirei dos céus, perdoarei os

seus pecados e sararei a sua terra.

Jovem (Davi) – Senhor, perdoa-me pai, perdoa-me Deus por ter me afastado de ti, por ter me

afastado da tua presença, por ter me preocupado tanto com o meu eu, com o meu querer, com as minha

vontades, ao invés de procurar a tua vontade, que é boa, perfeita e agradável, perdoa-me Senhor

(retira as correntes) por ter vivido uma vida medíocre, mentirosa, ter levantado as mãos tantas
vezes aos céus falsamente porque o meu coração estava longe de ti, me achegava a ti por interesse no

que me poderias me dar ao invés de te adorar como um verdadeiro adorador. Eu quero voltar a

essência, eu quero negar o meu eu, carregar a minha cruz e te seguir dia após dia. Eu quero voltar

onde tudo começou, eu quero voltar ao primeiro amor.

(todos estão deitados e ele se abaixa e começa a tocar a música (Quero me

apaixonar). Enquanto a música toca Jesus aparece e diz:

Advogado (Guga) - Sentem-se.

Jovem (Davi) – Não podemos.

Advogado (Guga) - Claro que podem, vocês tem esse direito, sentem-se.

Músico (Fabiano) – Não precisa não Senhor, só viemos para explicar de nossos erros.

Advogado (Guga) - Não interessa o seu passado, só estou pedindo para que vocês se assentem à minha mesa.

Músico (Fabiano) – Eu estou condenada a morte.

Advogado (Guga) - Eu rasguei a cédula de morte que havia contra vocês.

Músico (Fabiano) – Mas a minha condenação já saiu.

Advogado (Guga) - Nenhuma condenação há para aqueles que se assentam à minha mesa, os outros, os outros

escolheram ficar comendo as migalhas que caem no chão, mas vocês vieram até mim e de maneira alguma

os lançarei fora.

Jovem (Davi) – Mas nós não merecemos.

Advogado (Guga) - Mas a graça não é para aqueles que merecem, a sentença que estava sobre você saiu,

derrotamos o mercador no tribunal e agora vocês estão livres para viver uma vida em liberdade e

vocês podem fazer suas próprias escolhas.

Jovem (Davi) – Mas como iremos pagar?

Advogado (Guga) - Eu já paguei o preço, está consumado, vá e não peques mais, não venda mais a sua

primogenitura, pois hoje é o dia que a lei do céu veio a seu favor.

Música – Uma chance igual a esta talvez eu não tenha mais.

Jesus fica em pé no meio e as duas pessoas sentadas à mesa.

Entra a Pastora para fazer o apelo e depois convida quem está assistindo a peça para participar do

Banquete.

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