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Peça – Acampamento Marcos - Setembro 2019

Personagens:
Maldanado –
Vermelhinho –
Jovem cobaia –
Música – Entrada demônios

(música fundo)
(Entra Maldanado lendo o Jornal Infernal com a notícia “Acampamento de Jovens converte mais de
200 para o Inimigo”)
Maldanado: Acampamento de Jovens converte mais de 200 jovens para o Inimigo! O que? 200? 200
fedorentos? 200 perdas importantes para a nossa casa. Vermelindo! Onde você está seu
incompetente?
Vermelindo: (Chega correndo como um moleque arteiro) Tio, oi tio! Cheguei, fala aí coroa!
Maldanado: Coroa? Olha seu moleque! Não se tem respeito mais, nem aqui no inferno! Escuta
aqui, você viu o que sua negligência causou?
Vermelindo: Minha negli... o que? Fala português tio!
Maldanado: Negligência seu idiota... ah deixa pra lá! Está percebendo a quantidade de pessoas que
vão para o lado do Inimigo? Acha mesmo que isso vai ficar assim?
Vermelindo: Claro que não vai ficar assim! Esses jovens vão sair por aí evangelizando e convertendo
mais pessoas para o Deus deles...
Maldanado: (Olhando irritado) Você é um completo idiota, mas tem razão! Se não impedirmos a
situação vai piorar!
Vermelindo: Isso, vamos impedí-los... vamos mostrar o prazer do pecado, dos desejos, da falsa
liberdade...
Maldanado: Ah! Sério? Jura? Que inteligência da sua parte! Acha mesmo que depois da experiência
que eles tiveram vão mesmo cair nessas nossas armadilhas de amadores? Você é um demônio ou
não é?
Vermelindo: (todo orgulhoso) Ora, mas é claro que sou! E claro que não vamos permitir a conversão
desses fedorentos... (confuso) Mas não tenho a menor ideia de como vamos fazer isso!
Maldanado: Claro que não tem, você ainda pensa que nós somos aqueles diabinhos de chifre e
rabinho pontudo que aparecem nos desenhos animados!
Vermelindo: Bom na verdade não! Ando me sentindo quase que como um “Lúcifer Morningstar”, sabe
aquele bonitão da série? Todo simpaticão que todo mundo adora?
Maldanado: É claro que eu sei, aliás achei uma falta de respeito nos colocarem como “bonzinhos” e
cheio de cuidado com esses humanos pestilentos...
Vermelindo: Mas e então tio? Estamos ficando sem tempo e sem saída!
Maldanado: Nosso tempo ainda não acabou, o Inimigo ainda não voltou para buscar os seus filhinhos
nojentos... até lá vamos levar o maior número de pessoas conosco... ou eu não me chamo
“Maldanado”.
Vermelindo: Que orgulho tio, quando crescer quero ser um diabo como o senhor!
Maldanado: Vamos seu idiota, temos muito a pensar! (saem)

(Entra jovem com uma Bíblia na mão, extremamente empolgado com a experiência que teve, cantando
a última música que ouviu no retiro)
(música)
Jovem: Ow glória a Deux! Aleluia! Nunca senti nada parecido na minha vida, é muito melhor que ter
uma crush... eu finalmente descobri meu lugar!! Deus existe!!! (e continua rezando num canto,
entusiasmado)

(no outro canto da cena entram os demônios, e ouvem a euforia do jovem)

Vermelindo: Que cara idiota! É claro que Deus existe, se Ele não existisse a gente não precisaria
perder tempo tentando fazer ele se afundar...
Maldanado: É isso! É isso sobrinho! Até que enfim você disse algo de útil para o nosso plano!
Vermelindo: Mas é claro... mas o que eu disse?
Maldanado: Que Deus existe! É isso! Nós infelizmente sabemos, mas os humanos não O conhecem
pessoalmente, tem muitas dúvidas, incertezas... se soubermos plantar novamente a dúvida no
coração dele vamos ganha-lo de volta!

Jovem: Eu vou me arrumar e sair porque tem muita gente precisando experimentar esse Deus que tô
experimentando! (sai)

(demônios se aproximam e começar a arquitetar o plano)

Maldanado: A argumentação já não é mais o melhor método para mantê-lo afastado das garras do
Inimigo. Talvez fosse esse o caso se ele tivesse vivido alguns séculos atrás. Naquela época, os
humanos sabiam muito bem quando algo era provado ou não, se era provado eles acreditavam. Esse
nosso paciente sempre foi acostumado, desde criança, a ter uma dezena de filosofias incompatíveis
dentro de sua cabeça. Se argumentarmos ele também vai argumentar e pode ganhar a batalha para
o Inimigo. Temos que chama-lo a “vida real”, eles são escravos do seu dia-a-dia, um Deus que ignora
a condição humana, que brinca com a humanidade como se fossem marionetes.
Vermelindo: Sim tio! Entendi, vamos mostrar que Deus não os ama de verdade...
Maldanado: Vamos ao trabalho! Lembre-se que nós existimos para confundir os humanos.

(saem, e um deles volta disfarçado de mendigo, se aproxima e espera pelo jovem que volta feliz)
Mendigo: Por favor, jovem! Ei, garoto! Pelo amor de Deus me dá uma ajudinha!
Jovem (constrangido) – Mas, mas eu não tenho! Não posso ajudar, me desculpe senhora! (saindo)
Mendigo (gritando) – E ainda dizem que Deus existe né? Se existe não gosta de gente pobre que nem
eu...

(Jovem se assusta e vai embora pensativo, quando entra uma mulher machucada e com um exame
de gravidez nas mãos)

Mulher: Que desgraça de vida! Deus? Onde está Deus na hora que meu próprio marido levantou a
mão pra me bater? E agora, isso? Grávida desse covarde! Não sou obrigada a carregar essa coisa
aqui, eu não quero essa criança, não sirvo pra ser mãe, o corpo é meu... (sai)

(Jovem começa a se confundir quando encontra um homem passando por ele com símbolos cristãos
[crucifixo, camiseta...])
Homem: Você por acaso viu minha esposa por aí? Ela é doida, não suporto mais ela, esse tal de
casamento é uma prisão, Deus inventa essas coisas porque Ele não é casado só pode... vou dar um
fim nisso hoje mesmo... fica com Deus viu amigo?! (vai saindo enquanto jovem tenta argumentar)
Jovem: Irmão, mas... não! Espera! Não pense assim! Não é possível que Deus erre... (pensando
consigo mesmo)...Deus?
Homem (voltando): Olha garoto, vou ser sincero, Deus as vezes é bom sim, mas Ele coloca umas
rédeas na gente, sinceramente eu sinto que perdi toda a minha liberdade... mas se cuida aí... (sai)

(enquanto isso entra uma mulher falando ao telefone)

Mulher – Oi irmã! A paz! Tô boa e você? Empurrando com a barriga né? Ah eu sei, eu também viu! Tá
difícil né irmã? Você não sabe o inferno que é essa vida de missão, tô cansada, é pregação todo dia,
não paro mais em casa, meu marido já tá até falando na minha cabeça. (enquanto vai conversando
entra outra fofoqueira)

Fofoqueira – Oi querida (bem falsa)! Como vai irmã?


Mulher (mais falsa): Tô bem irmã! Graças ao bom Deus! Ah menina, preciso te contar, ontem você
não sabe o que o Tião pregou no grupo: Santidade, acredita?
Fofoqueira: Santidade? Logo ele que não tem moral nenhuma pra isso! É um absurdo uma pessoa
dessas subir no púlpito pra pregar!
Mulher: Então amiga, que horror...
(enquanto fofocam o jovem vai a frente e se questiona)
Jovem: Isso não pode ser possível! Eu não estou entendendo mais nada, como as pessoas podem
ser assim? Será que a tal experiência de Deus é tudo uma mentira? Uma manipulação? Liberdade?
Santidade? Quanta hipocrisia! Como pude me enganar tanto?
(enquanto ele sai revoltado, os demônios se aproximam e tiram os disfarces)

Maldanado: Enfim! A semente da decepção foi plantada! Esse nós tiramos das mãos do nosso Inimigo!
Vermelindo: Tio! Mas, supostamente... assim, não que isso aconteça! Mas e se ele voltar a rezar? E
se Deus falar a verdade pra ele?
Maldanado: Não! Não vai rezar seu idiota! Ele está decepcionado demais para isso! Mas agora vamos,
é hora de comemorar, temos ainda muitas almas para perder... (saem)

(começa música do ministério enquanto o jovem entra no quarto sozinho, enquanto a música toca ele
reflete...até que mexendo na Bíblia ele encontra a passagem)

Jovem (lendo): Quando o diabo fala mentiras, fala o que é próprio dele, pois ele é mentiroso e pai da
mentira...

(a partir daí ele começa uma oração sincera, o ministério leva a assembleia a rezarem juntos por
alguns minutos, quando estiverem chegando ao final os demônios chegam atormentados, tentam tocá-
lo, fazer ele parar, gritar, mas nada acontece, é como se não existissem ali, o jovem todo cheio de
força pega sua Bíblia e desce para a Assembleia deixando os dois parados ali, estáticos)

Vermelindo: Tio! Tio! O senhor tá me ouvindo? Acorda tio! Ele rezou, tio! Eu disse que ele ia rezar,
Deus falou com Ele, tio! Contou o que nós somos... tio! Acorda tio!
Maldanado (desparalisando): Cale a bocaaa! Eu já sei, já percebi seu idiota!
Vermelindo: Calei já! To quietinho! (espera um pouco e volta) Mas tio, o senhor sabe que a gente
perdeu né?
Maldanado: Ora cale a boca eu já disse! (admitindo) Eu sei que vamos perder, mas ainda não
perdemos, enquanto temos tempo ainda podemos levar muitos conosco! É isso que vou fazer até o
fim, vou levar muitos de vocês comigo!
(Virando as costas e saindo)
Vermelindo: Vai mesmo! (risada macabra) (para e começa a pensar) A não ser que vocês perseverem
na Vida no Espírito e busquem todos os dias a santidade, aí eu acho bem difícil ele con... (é
interrompido)
Maldanado: Seu idiotaaaa! Cale a boca... eu vou te matar! (Sai correndo atrás de Vermelindo)

FIM

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