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“OS SETE PECADOS CAPITAIS”


Ato único

SINÓPSE:
Deus e o Diabo estão conversando sobre o planeta
Terra. Deus falando de seu belo trabalho e o Diabo
debochando com tudo. No meio da conversa o Diabo propõe
um teste para ver se o ser humano é bom ou não. O teste era
livrar-se de um dos sete pecados capitais e Deus aceita.
Após a escolha do casal para a realização do teste a sorte
esta lançada. Qual pecado deveria sair? Qual você tiraria?
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Personagens:
Deus Luxuria
Diabo Avareza
São Pedro off Gula
Marido Ira
Esposa Inveja
Preguiça Orgulho

Músicas:
Fica a critério do Diretor ou do Elenco escolherem as músicas.
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AÇÃO: Uma casa simples de alguma cidade do Brasil.

ÉPOCA: Atual.

CENARIO: Um sofá de dois lugares e um sofá de três lugares, um


tapete, uma mesinha de centro e dois pufes.

CENA I
Black-out, pois estará passando um vídeo com algumas imagens.
Após o vídeo Deus e o Diabo começam a conversar, ainda em black-
out, e dirigem-se ao palco.

DEUS: Nossa! Realmente eu fiz um bom trabalho! Você não


concorda?
(Diabo bocejando diz)
DIABO: Pode até ser. Mas... Eu acho um pouco chato, parado!
(Deus também bocejando diz)
DEUS: Como assim, para... Ai meu Deus! Que sono!
DIABO: É! Pessoas, animais, flores por toda parte, toda natureza
convivendo em perfeita harmonia, argh. E um velho chato que
fica visualizando tudo!
DEUS: Realmente um velho chato... Epa! Espera um pouco ai esse
velho chato sou eu é?
DIABO: Sim!
DEUS: A ta brigado. Vai te volta. Em primeiro lugar eu não sou
chato sou bem redondinho e em segundo lugar velho não, um
pouquinho antigo, mas velho não!
DIABO: Um pouquinho... Sei!
DEUS: Para a palhaçada em!
DIABO: OK! OK! Mas você pode me fazer um favor?
DEUS: Diga!
DIABO: Bom pra começa, eu queria um pouco de luz. Afinal,
ninguém é obrigado a vir no teatro e não ver o ator principal!
Eu!
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DEUS: Convencido.
(Deus olha para o auto e ordena batendo seu cajado no chão)
DEUS: “Faça-se a luz!”
(Mas a luz não acende)
DEUS: I falou!
DIABO: O que houve?
DEUS: Eu comprei este cajado vindo pra cá ai no xopin azul e já ta
com defeito.
DIABO: A ta.
DEUS: Deve ser a bateria!
DIABO: Essa modernidade! Nada funciona direito!
DEUS: Tem razão. Acho que tenho que faze a moda antiga!
DIABO: Vai lá meu garoto você consegue. Dou-te todo o apoio
moral.
(Deus olhando para o auto ordena novamente mais sem bater o
cajado)
DEUS: “Faça-se a luz!”
(A luz ainda não acende. Diabo tira um sarro na cara de Deus)
DIABO: Já esqueceu como se faz? Velhinho!
DEUS: Arra, arra, arra, muito engraçado. Mais já sei como resolver.
DIABO: Como?
DEUS: Aguarde e confie. Pedro. (Pausa) São Pedro você ta
acordado?

CENA II
São Pedro estava dormindo, acorda assustado quando Deus lhe
chama, boceja e diz.

S. PEDRO: Que foi?


DEUS: Pode acender a luz?
S. PEDRO: Fazer o que?
DEUS: Ai do seu lado. O interruptor.
(São Pedro acende a luz)
DEUS: Enfim... Há luz! Esta do seu agrado?
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DIABO: Sim! Obrigado!


DEUS: Disponha. Mas qual o motivo de sua visita?
DIABO: Nenhum em especial! Somente para averiguar como está
nosso reino!
DEUS: A sim nosso reino vai bem e... (À platéia) Nosso reino?
(Para o Diabo) Como assim NOSSO reino?
DIABO: Deus... Deus... Seus apreciados filhos necessitam de mim!
Eles nunca deixariam que eu fosse embora de seus lares! Sou
lembrado a cada momento, a cada má ação praticada ou palavras
ásperas dirigidas contra outro filho SEU!
DEUS: Você esta enganado... Eu confio em meus filhos! E eles
possuem dentro de si grande sabedoria!
(Diabo gargalha abundantemente ao ouvir suas palavras)
DIABO: Se confia tento assim em seus filhos, escolha então um
deles para a maior prova já realizada por mim.
DEUS: Ta bom eu escolho.
(Deus e o Diabo caminham pela platéia para realizar a escolha.
Mexendo com a platéia. Entra o casal em cena)
DEUS: Já escolhi! Mas não um como me pediu, mas dois!
DIABO: Aquele casal?
DEUS: Sim! Eu venho observando eles há algum tempo.
DIABO: Tudo bem, tudo bem. Pode ser!

CENA III
Na sala de sua casa, um casal esta discutindo sobre o dia que
tiveram. A esposa acaba de chagar de seu consultório muito
chateada.

MARIDO: Como foi seu dia hoje querida?


ESPOSA: Estressante! E imagine... Hoje uma senhora de aparência
muito pobre para agradecer-me a cirurgia que realizei em sua
filha, me trouxe este envelope. (Entrega o envelope ao marido)
Quando abri, sabe o que encontrei?
MARIDO abrindo: Toda a sua aposentadoria?
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ESPOSA: Não der! (Pega o envelope de volta) Uma espécie de


mensagem de agradecimento somente! Não poderia me dar nem
R$ 1,00 acaso quisesse, pois com certeza lhe faria falta no fim
do mês! E a operação foi por conta do SUS! Não gastei nada
querido!
MARIDO: Desta forma esta tudo certo! Agora vou terminar de ler o
meu jornal, tenho que escrever aquela matéria ainda!
ESPOSA: E eu pedir uma pizza! Estou faminta!
(O casal sai de cena. Deus e Diabo entram em cena)
DEUS: E agora o que você ira fazer?
(O Diabo olha fulminantemente para Deus da um leve risinho e diz)
DIABO: Aguarde e confie!
DEUS: A ta brigada!
(Diabo gargalha e diz)
DIABO: Do fundo das profundezas, onde reinam as trevas venham
a mim meus SETE PECADOS!
(Entram os pecados: Preguiça, Luxuria, Avareza, Gula, Ira, Inveja e
Orgulho. Os pecados junto com o Diabo ficam rondando Deus
tentando amedronta-lo. Deus espanta os pecados e sai de cena junto
com o Diabo. O casal retorna e encontram algumas pessoas dentro
de sua casa)

CENA IV
Os pecados estão espalhados na sala da casa do casal, quando de
repente o casal retorna há sala e encontra algumas pessoas que eles
não conhecem.

ESPOSA: Ha! Que é isso, ai meu Deus é um assalto, ladrões,


ladrões.
(Um rapaz atlético aproxima-se dizendo)
PREGUIÇA: Calma pessoal, nós somos velhos conhecidos e
estamos em toda parte do mundo.
ESPOSA: Mas quem são vocês?
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PERGUIÇA: Eu sou a Preguiça e estamos aqui para que vocês


escolham um de nós para sair definitivamente de suas vidas.
ESPOSA: Preguiça? Como pode você ser a Preguiça se tem um
corpo de atleta? Parece mais com o meu personal trinner!
PREGUIÇA: Sou forte como um touro e peso toneladas nos
ombros dos preguiçosos. Comigo ninguém pode chegar a ser um
vencedor.
(Marido olhando para uma velhinha)
MARIDO : Ai meu Deus quem é essa velha?
LUXURIA: Eu, meus filhos, sou a Luxuria.
MARIDO : Não é possível! Você não pode atrair ninguém com essa
feiúra.
LUXURIA: Não há feiúra para mim, queridos. Sou velha porque
existo há muito tempo entre os homens. Sou capaz de destruir
famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos,
até a morte. Sou astuta e posso me disfarçar na mais bela
mulher.
(A esposa olha um homem deitado no chão com a roupa suja e meio
rasgada dando a aparência de um bêbado)
ESPOSA: Hei! Hei!
(O homem acorda assustado. A esposa se assusta também mas
pergunta)
ESPOSA: Quem é você?
AVAREZA: Eu sou a Avareza, por mim muitos já mataram, por
mim muitos abandonaram famílias e pátria. Sou tão antigo
quanto a Luxuria...
GULA interrompendo: E eu sou a Gula!
AVAREZA: Existir...
ESPOSA: E eu que sempre imaginei que a gula fosse gorda!
GULA: Isso é o que vocês pensam! Sou bela e atraente, porque se
assim não fosse, seria muito fácil livrar-se de mim. Minha
natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem tem a mim
não se apercebe, mostro-me sempre disposta a ajudar na busca
da Luxuria.
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(O marido olha um velho que esta sentado no sofá e comenta com


sua esposa)
MARIDO: Bem, olha só que velhinho simpático, que mansidão
aposto que é o único equilibrado de toda essa turma. Quem é
você meu caro velhinho?
(O senhor de idade responde calmamente)
IRA: Eu sou a Ira, alguns me conhecem como Cólera. Tenho muitos
milênios também, assim como meus companheiros que estão
aqui.
ESPOSA: Ira? Parece mais o vovô que todos gostariam ter!
IRA: E a grande maioria me têm! Matam com crueldade. Provocam
brigas horríveis e destroem cidades quando me aproximo. Sou
capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso
estar em qualquer lugar e penetrar nas mais protegidas casas.
Pareço calmo e sereno para mostrar-lhes que eu posso estar no
aparentemente manso. Posso também ficar contido no interior
das pessoas sem me manifestar, provocando úlceras, câncer e as
mais terríveis doenças.
(A esposa espantada com a resposta do velho afasta-se e esbarra em
uma jovem)
ESPOSA: E você quem é?
(Uma moça jovem e bela, que ostenta uma coroa na cabeça
responde)
INVEJA: Eu sou a Inveja. Faço parte da história do homem desde a
sua criação!
MARIDO: Como Inveja, se é rica e bonita e parece ter tudo o que
deseja?
INVEJA: Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são
famosos e os que não são nada disso. Mas eu estou entre todos.
Eu surjo pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade.
Felicidade depende de amor, e isso é o que de mais carece na
humanidade... Onde eu estou, está também à tristeza.
(Ao lado de um pufe o casal vê um rapaz. Ele esta com a barba mal
feita e umas roupas largadas)
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ESPOSA: E você meu rapaz, o que faz junto a esses que parecem
ser a própria personalidade do mal?
(O rapaz responde com um sorriso largo e olhar profundo)
ORGULHO: Eu sou o Orgulho, mas vocês me conhecem como
Vaidade também!
ESPOSA: Orgulho? Mas você é apenas um rapaz! Tão inocente
como todos os outros.
(O semblante do rapaz tomou um ar de serenidade que assustou o
casal)
ORGULHO: Eu sou como um rapaz mesmo, mostro-me inocente e
inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutivo quanto
todos aqui... Quer apostar?
MARIDO: Mas o que vocês querem conosco?
ORGULHO: Vocês devem escolher quem de nós sairá
definitivamente de suas vidas. E...
CORO: Queremos uma resposta.
AVAREZA: Posta!
MARIDO: Calma! Peço somente um momento para entrarmos em
um acordo!
(O casal dirige-se a platéia e questiona, com a platéia, qual será a
melhor escolha)
GULA: E então decidiram?
ESPOSA: Se fosse uma eleição para presidente creio que seria mais
fácil!
MARIDO: Queremos que o Orgulho saia de nossas vidas.
(Orgulho olha com um olhar fulminante para o casal, pos queria
continuar ali. Porem respeita a decisão dirige-se para a saída.
Todos os outros pecados o seguem)
MARIDO: Hei! Vocês vão embora também?
(O Orgulho com ar sereno e com a voz forte de um orador
experiente aproxima-se do casal e diz)
ORGULHO: Escolheram que o Orgulho saísse de suas vidas e
fizeram a pior escolha. Porque onde não há Orgulho, não há
Preguiça, pois aos preguiçosos são aqueles que se orgulham de
nada fazer para viver, não percebem que na verdade vegetam.
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(Orgulho retira a Preguiça de cena com uma ordem de braço)


ORGULHO: Onde não há Orgulho, não há Luxuria, pois os
luxuriosos... (Pausa) Têm orgulho de seus corpos e julgam-se
merecedores.
(Orgulho ajuda a Luxuria a retirar-se de cena)
ORGULHO: Onde não há Orgulho, não há Avareza pois os
avarentos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando
tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo
que na verdade são instrumentos do dinheiro.
(Orgulho cumprimenta a Avareza e essa sai de cena)
ORGULHO: Onde não há Orgulho, não há Gula, pois os gulosos se
orgulham de suas condições jamais admitem que o são,
arrumam desculpas para justificar a gula, não percebendo que na
verdade são marionetes dos desejos.
(Orgulho beija a mão da Gula que sai)
ORGULHO: Onde não há Orgulho, não há Ira, pois os irosos com
facilidade descobrem aquele que, segundo o próprio julgamento,
não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é
resultado de sua própria imperfeição.
(Orgulho aperta a mão da Ira que sai)
ORGULHO: Onde não há Orgulho, não há Inveja, pois os
invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio,
seja ele qual for, precisam constantemente superar os demais nas
conquistas, não percebendo que na verdade são ferramentas da
insegurança.
(Orgulho faz uma reverencia a Inveja, que por sua vez também o
cumprimenta e sai)
ORGULHO: Onde não há Orgulho... (Pausa e apontando para
onde saíram os outros pecados) Os outros pecados não têm
utilidade!
(Orgulho encara o casal como se fosse avançar sobre eles, encara a
platéia e retira-se de cena)
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CENA V
Todos os pecados saem deixando na sala somente o casal, que um
pouco confusos e assustados. Depois que os pecados saíram o
homem e a mulher se abraçam.

MARIDO: Querida, agora que todos já saíram não podemos deixar


a nossa casa vazia, temos que preenche-la o mais rápido
possível.
ESPOSA: Sim, mas com o que nós vamos preencher?
(O casal sai de cena Deus e o Diabo vão à frente da platéia)
DIABO meio aborrecido: Realmente você estava certo.
(Deus tira um sarro da cara do Diabo)
DIABO: O que, que foi isso?
DEUS: Passo, passo...
DIABO: Crise?
DEUS: Sim. Eu nunca duvidei dos meus filhos!
DIABO: Ta, ta. Mais afinal, o que estava escrito na mensagem que
a nobre senhora entregou?
DEUS: Aquela nobre velhinha fazia parte de um teste que eu fiz
com eles. E no bilhete estava escrito, que o amor é o único
sentimento que deve entrar em nossas casas!
DIABO: Não acredito. Quer saber. Fui!
(Diabo sai e Deus se despede)
DEUS: Paciência. (Para a platéia) Bem. Espero que as escolhas de
você sejam sabias como a deste casal. Com a licença de você,
vou me retirar. E você vão em paz! E que eu vos acompanhe!
(Deus sai de cena)

FIM
Texto de Tiago Fernandes
Escrito em 16/10/2006

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