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ISBN 978-85-7499-278-5

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA


SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM
Diretoria de Geologia e Recursos Minerais
Departamento de Recursos Minerais
Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos

Programa Geologia do Brasil

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE TERRAS


RARAS NO BRASIL

AUTORES:
Lucy Takehara
Issao Shintaku
Débora Matos Rabelo
Francisco Valdir Silveira

INFORME DE RECURSOS MINERAIS


Série Minerais Estratégicos, nº 02

Brasília
2015
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA


SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM
Diretoria de Geologia e Recursos Minerais
Departamento de Recursos Minerais
Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos

Programa Geologia do Brasil

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE TERRAS


RARAS NO BRASIL

INFORME DE RECURSOS MINERAIS


Série Minerais Estratégicos, nº 02

Informe de Recursos Minerais


Série Minerais Estratégicos, nº 02
T136a Takehara, Lucy
Avaliação do potencial de Terras Raras no Brasil. / Organizado
por Lucy Takehara. – Brasília: CPRM, 2015.
218 p.: il. – (Informe de Recursos Minerais, Série Minerais
Estratégicos, 02).

ISBN 978-85-7499-278-5

1. Geologia Econômica – Brasil. 2. Depósitos Minerais – Brasil.


3. Recursos Naturais – Brasil. 4. Terras Raras – Brasil. I. CPRM –
Serviço Geológico do Brasil. II Título. III. Série.

CDD 553.493

Direitos desta edição: Serviço Geológico do Brasil – CPRM


É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM
Diretoria de Geologia e Recursos Minerais
Departamento de Recursos Minerais
Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos

Programa Geologia do Brasil

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE TERRAS


RARAS NO BRASIL

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA


Carlos Eduardo de Souza Braga
Ministro de Estado

SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL


Carlos Nogueira da Costa Junior
Secretário

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM

Manoel Barretto da Rocha Neto


Diretor-Presidente
Roberto Ventura Santos
Diretor de Geologia e Recursos Minerais
Stênio Petrovich Pereira
Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial
Antônio Carlos Bacelar Nunes
Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento
Nelson Victor Le Cocq D’Oliveira
Diretor de Administração e Finanças
Francisco Valdir Silveira
Chefe do Departamento de Recursos Minerais
Marcelo Esteves Almeida
Chefe da Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM
Diretoria de Geologia e Recursos Minerais
Departamento de Recursos Minerais
Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TERRAS RARAS NO BRASIL

CRÉDITOS DE AUTORIA DO RELATÓRIO


Capítulo 1 - INTRODUÇÃO REVISORES:
Lucy Takehara e Issao Shintaku Carlos Schobbenhaus Filho
Fernando Marcelo de Sá Rego
Capítulo 2 - ELEMENTOS TERRAS RARAS
Maisa Bastos Abram
Lucy Takehara e Débora Matos Rabelo
Capítulo 3 - TIPOS DE DEPÓSITOS DE TERRAS RARAS
Lucy Takehara APOIO TÉCNICO
Maria Tereza da Costa Dias
Capítulo 4 – USOS E APLICAÇÕES
(Editoração, Diagramação e Projeto Multimídia-Flash)
Lucy Takehara e Issao Shintaku
Capítulo 5 – TERRAS RARAS EM COMPLEXOS ALCALINOS
Lucy Takehara
Capítulo 6 - TERRAS RARAS EM ROCHAS GRANÍTICAS
Lucy Takehara
Capítulo 7 – TERRAS RARAS EM DEPÓSITOS TIPO PLACERS
Lucy Takehara
Capítulo 8 - CONCLUSÃO
Lucy Takehara e Francisco Valdir Silveira
Capítulo 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EDIÇÃO DO PRODUTO DIGITAL


Diretoria de Relações Institucionais e Desenvolvimento
Departamento de Relações Institucionais e Divulgação - DERID - Ernesto von Sperling
Divisão de Marketing e Divulgação - DIMARK - José Márcio Henriques Soares
Divisão de Geoprocessamento - DIGEOP - João Henrique Gonçalves - SIG/GEOBANK
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM
Diretoria de Geologia e Recursos Minerais
Departamento de Recursos Minerais
Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL
DE TERRAS RARAS NO BRASIL

COORDENAÇÕES NACIONAIS (DEPARTAMENTOS E DIVISÕES) E REGIONAIS (GERÊNCIAS)


DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS Petrografia Divisão de Estratigrafia, Paleontologia
Chefe do Departamento e Sedimentologia
Francisco Valdir Silveira José Torres Guimarães
Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos Divisão de Geologia Marinha
Marcelo Esteves Almeida
Ivo Bruno Machado Pessanha
Divisão de Geologia Econômica
GERENTES DE GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS
Evandro Luiz Klein
Ana Cláudia Aguiar Accioly – SUREG-RE
Divisão de Geoquímica Antonio Maurílio de Vasconcelos – REFO
João Henrique Larizzatti Cassiano Castro – REPO
Divisão de Economia Mineral e Geologia Exploratória Elizângela Soares Amaral – RETE
Rubem Sardou Filho Elizete Domingues Salvador – SUREG-SP
Erison Soares Lima – SUREG-SA
Divisão de Minerais e Rochas Industriais
João Ângelo Toniolo – SUREG-PA
Vanildo Almeida Mendes
Lúcia Travassos da Rosa-Costa – SUREG-BE
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA Luciana Felicio Pereira – SUREG-GO)
Chefe do Departamento Luis Emanoel Goulart – SUREG-MA
Reginaldo Alves dos Santos Marcio Antonio da Silva – SUREG-BH
Divisão de Geologia Básica Editoração do Produto Digital
Edilton José dos Santos Washington J F Santos
Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica
Luis Gustavo Rodrigues Pinto
Divisão de Geodinâmica
Carlos Eduardo Ganade de Araújo

EDIÇÃO DO PRODUTO DIGITAL


Diretoria de Relações Institucionais e Desenvolvimento
Departamento de Relações Institucionais e Divulgação – DERID - José Márcio Henriques Soares (interino)
Divisão de Marketing e Divulgação – DIMARK - José Márcio Henriques Soares
Divisão de Geoprocessamento – DIGEOP/SA - Reginaldo Leão Neto
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

APRESENTAÇÃO

A Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil é um produto que vem


ao encontro da política e planejamento formulado pelo Ministério das Minas e
Energia no Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM2030). Dentre os objetivos
estratégicos e ações está o estabelecimento de diretrizes para Minerais
Estratégicos. Ao Serviço Geológico do Brasil-CPRM coube o papel de realizar
levantamento geológico de áreas potenciais para minerais estratégicos carentes
e portadores do futuro. O Projeto Avaliação do Potencial de Terras Raras no
Brasil está inserido no empreendimento Minerais Estatégicos conduzidos pela
CPRM, dentro da Ação do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC do
Governo Federal.
O presente Informe de Recursos Minerais, da Série Minerais Estratégicos,
traz o levantamento dos depósitos e ocorrências com potencial econômico
para exploração de terras raras no Brasil. Tem como objetivo disponibilizar à
comunidade acadêmica e aos empresários do setor mineral, um produto com o
potencial de Terras Raras no Brasil. Neste produto estão reunidos os principais
conceitos sobre os Elementos Terras Raras, bem como os depósitos e ocorrências
mais importantes do território brasileiro.
O trabalho consiste num extenso levantamento bibliográfico de projetos
de pesquisa realizados no Brasil pelos diferentes órgãos governamentais e do
setor privado. Nas décadas 1980 e 1990, a CPRM executou alguns projetos de
pesquisas voltados para Terras Raras, tais como: Morro dos Seis Lagos (AM),
Serra do Repartimento (RR) e Costa Marques (RO). O Informe apresenta áreas
com maior potencialidade para exploração de Terras Raras e também uma breve
análise de cenários futuros para este commodity.
A apresentação deste informe mostra o comprometimento do Serviço
Geológico do Brasil - CPRM na execução das políticas governamentais,
proporcionando um aumento no conhecimento geológico em trabalhos
temáticos. Bem como, vem contribuindo para o desenvolvimento nacional
subsidiando a formulação de políticas públicas para as tomadas de decisão de
investimento no setor mineral.

MANOEL BARRETTO DA ROCHA NETO ROBERTO VENTURA SANTOS


Diretor - Presidente Diretor de Geologia e Recursos Minerais
Serviço Geológico do Brasil - CPRM Serviço Geológico do Brasil - CPRM

VII
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

RESUMO

O interesse na exploração dos elementos terras raras (ETR) deve-se às oscilações


que ocorreram no seu mercado nos últimos anos. Isto fez com que, em diversos países,
empresas de mineração buscassem por novos depósitos ou reabertura /reavaliação
de minas paralisadas e depósitos potenciais. Neste sentido, os órgãos governamentais
de diversos países passaram a incentivar o desenvolvimento da cadeia produtiva
deste bem mineral. No Brasil, diversos setores públicos e privados iniciaram debates
para viabilização da exploração ao consumo de ETR. Dentro do Plano Nacional de
Mineração 2030, coube ao Serviço Geológico do Brasil – CPRM, entre outras questões,
a identificação de alvos de minerais estratégicos para a indústria de alta tecnologia.
O Projeto Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil é um dos instrumentos
governamentais com objetivo de identificar o potencial brasileiro deste bem mineral.
Os depósitos e ocorrências de ETR conhecidos no país são encontrados distribuídos
em todo o território nacional. Os que apresentam maior importância econômica estão
associados aos complexos alcalinos carbonatíticos, principalmente da Província Ígnea do
Alto do Paranaíba. Nesta Província ocorrem associados aos depósitos de nióbio e fosfato
que estão sendo minerados e os ETR poderão ser extraídos como produto secundário
durante o processamento do minério. Em outras regiões, os complexos alcalinos estão
mineralizados, no entanto tem problemas de logísticas e questões legais como Morro
dos Seis Lagos (AM), ou pequeno volume, como no caso de Barra do Itapirapuã (SP/PR).
Em Araxá (MG) tem-se o projeto executado pela Companhia Brasileira de Metalurgia e
Mineração (CBMM) que está em fase mais avançada, produzindo 100 toneladas/mês
de bicarbonatos e hidróxidos de ETR desde 2013. Outros projetos que estão sendo
executados neste tipo de depósito são os da MBAC Fertilizantes Ltda. em Araxá, na
área conhecida como Área Zero e, da Prime Star no Complexo Alcalino de Poços de
Caldas (MG), conhecida como Morro do Ferro. Ambos os projetos estão em fase de
estudo de viabilidade econômica. Neste tipo de depósito a produção está relacionada
aos ETR leves, associados principalmente à monazita como mineral de minério,
ocorrendo também mineralizações secundárias como os fosfatos aluminosos de ETR.
Dentro da tipologia de depósitos associados às rochas graníticas tardias com
enriquecimento de ETR nas fases finais da granitogênese., há duas minerações realizando
estudos de viabilidade econômica, quais são Mineração Taboca SA no depósito de
Pitinga em Presidente Figueiredo (AM) e a Mineração Serra Verde SA no Granito Serra
Dourada em Minaçu (GO). O mineral de minério de Pitinga é a xenotima que ocorre
como cristais prismáticos milimétricos e podem ocorrer na forma de veios relacionados
ao processo de faturamento que corta o corpo álcali-granito Madeira. A mineralização
econômica do granito Serra Dourada está relacionado ao saprolito que ocorre
sobre o biotita granito, denominada como depósito tipo íons adsorvidos em argilas.

IX
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

O Brasil foi grande produtor de monazita no passado associada a tipologia de


depósitos relacionada a placer marinhos, no entanto, dentro do contexto atual,
este tipo de mineralização não mostra ser econômico. O retorno da exploração
deste tipo de mineralização é pouco provável, pois geralmente apresentam-se
como depósitos pequenos e dispersos, além de ser mineral rico em ETRL com
alto teor de Th, o que traz sérios problemas de manuseio e armazenamento.
O potencial brasileiro para ETR é grande. Hoje, o país tem a segunda maior reserva
mundial com 22 Mt de reserva lavrável de óxidos de terras raras (OTR). Esta reserva
poderá ser maior quando os projetos em desenvolvimento finalizarem os seus estudos de
viabilidade econômica. Apesar de já ter produzido compostos de elementos terras raras
(ETR) até início dos anos 2000, a partir das monazitas de placers marinho. Estes cenários,
no entanto, não colocam o país em vantagem em relação aos demais países, visto que há
necessidade de forte investimento no desenvolvimento das rotas tecnológicas de cada
depósito. Isto porque cada mineralização exige rotas adequadas ao tipo de minério de
forma a ser economicamente viável, pois são processos caros, de baixo rendimento e
altamente poluente. Por outro lado, conta ao favor do país, o fato das mineralizações de
ETR estarem associadas com outros bens minerais que já estão sendo minerados, que é
um fator que pode contribuir para a sua exploração, pois minimiza os custos de mineração.
O desenvolvimento da cadeia produtiva de ETR dependerá, não apenas de
esforço governamental como o que está sendo feito nos últimos anos, tanto no
setor executivo quanto legislativo. O fator mercadológico tem grande peso neste
desenvolvimento, pelo fato do mercado ser pequeno, pelo desenvolvimento de
pesquisa em materiais substitutivos e/ou diminuição na quantidade de ETR utilizado
no produto e pelo monopólio chinês de produção de OTR. Apesar do crescimento
no consumo de produtos de energia limpa e carros elétricos, que utilizam OTR
na sua fabricação, a demanda por este bem mineral não apresentará um aumento
significativo para viabilizar os diferentes projetos que estão em andamento no
mundo. Assim, a viabilização dos depósitos brasileiros, a exceção da produção de ETR
por parte da CBMM, dependerá do comportamento favorável do mercado externo.

X
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................17
1.1 Panorama Nacional ..............................................................................................................18
1.2 Estuda de Mercado ..............................................................................................................23
1.2.1 Mercado Internacional .......................................................................................................23
1.2.2 Mercado Nacional ..............................................................................................................26
2 ELEMENTOS TERRAS RARAS ....................................................................................................29
2.1 Geoquímica dos Elementos Terras Raras ...............................................................................29
2.2 Minerais de Terras Raras .......................................................................................................36
3 TIPOS DE DEPÓSITOS DE TERRAS RARAS .................................................................................43
3.1 Depósitos Primários .............................................................................................................44
3.1.1 Rochas Alcalinas/Carbonatíticas .........................................................................................44
3.1.2 Rochas Peralcalinas Subsaturadas em Sílica ........................................................................49
3.1.3 Rochas Graníticas Diferenciadas .........................................................................................50
3.1.4 Outros Tipos de Depósitos ..................................................................................................51
3.2 Depósitos Secundários .........................................................................................................51
3.2.1 Depósitos Tipo Placer .........................................................................................................52
3.2.2 Depósitos de Intemperismo Residual (Supergênico) - Lateríticos .......................................53
4. USOS E APLICAÇÕES ...............................................................................................................57
4.1 Caracteríticas de Cada Elemento ...........................................................................................59
4.1.1 Escândio (Sc) .......................................................................................................................59
4.1.2 Ítrio (Y) ................................................................................................................................59
4.1.3 Lantânio (La) .......................................................................................................................60
4.1.4 Cério (Ce) ............................................................................................................................60
4.1.5 Praseodímio (Pr) .................................................................................................................61
4.1.6 Neodímio (Nd) ....................................................................................................................61
4.1.7 Promécio (Pm) ....................................................................................................................62
4.1.8 Samário (Sm) ......................................................................................................................63
4.1.9 Európio (Eu) ........................................................................................................................63
4.1.10 Gadolínio (Gd) ..................................................................................................................63
4.1.11 Térbio (Tb) ........................................................................................................................64
4.1.12 Disprósio (Dy) ...................................................................................................................64
4.1.13 Hólmio (Ho) ......................................................................................................................65
4.1.14 Érbio (Er) ...........................................................................................................................65
4.1.15 Túlio (Tm) ..........................................................................................................................66
4.1.16 Itérbio (Yb) ..................................................................................................................................... 66
4.1.17 Lutécio (Lu) .......................................................................................................................66
5. TERRAS RARAS EM COMPLEXOS ALCALINOS ...........................................................................67
5.1 Depósitos com Potencial Econômico Reconhecido para Terras Raras .....................................61
5.1.1 Morro dos Seis Lagos (AM) ................................................................................................ 71
5.1.1.1 Características do Depósito ................................................................................... 72
5.1.1.2 Histórico .................................................................................................................72
5.1.1.3 Importância Econômica ......................................................................................... 73
5.1.1.4 Geologia ................................................................................................................ 74
5.1.1.5 Mineralização de ETR ............................................................................................. 79
5.1.2 BARRA DO ITAPIRAPUÃ I E II (SP e PR) ................................................................................ 80
5.1.2.1 Características do Depósito ....................................................................................81
5.1.2.2 Histórico .................................................................................................................81
5.1.2.3 Importância Econômica ..........................................................................................82
5.1.2.4 Geologia ................................................................................................................ 82

XI
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.1.2.5 Mineralização de ETR............................................................................................. 83


5.1.3 ARAXÁ (MG) ....................................................................................................................... 84
5.1.3.1 Características do Depósito ................................................................................. 85
5.1.3.2 Histórico ............................................................................................................... 86
5.1.3.3 Importância Econômica ....................................................................................... 86
5.1.3.4 Geologia ............................................................................................................... 87
5.1.3.5 Mineralização de ETR ........................................................................................... 89
5.1.4 Catalão I e Catalão II (GO) ................................................................................................ 90
5.1.4.1 Características do Depósito ................................................................................. 90
5.1.4.2 Histórico ............................................................................................................... 93
5.1.4.3 Importância Econômica ....................................................................................... 93
5.1.4.4 Geologia ............................................................................................................... 96
5.1.4.5 Mineralização de ETR .......................................................................................... 98
5.1.5 Tapira (MG) ..................................................................................................................... 103
5.1.5.1 Características do Depósito ............................................................................... 103
5.1.5.2 Histórico.............................................................................................................. 104
5.1.5.3 Importância Econômica ..................................................................................... 104
5.1.5.4 Geologia.............................................................................................................. 105
5.1.5.5 Mineralização de ETR ......................................................................................... 106
5.1.6 Morro do Ferro – Poços de Caldas (MG)........................................................................ 108
5.1.6.1 Características do Depósito ................................................................................. 108
5.1.6.2 Histórico ............................................................................................................. 109
5.1.6.3 Importância Econômica ..................................................................................... 109
5.1.6.4 Geologia .............................................................................................................110
5.1.6.5 Mineralização de ETR......................................................................... ................ 111
5.2 Outros Corpos Alcalinos Potenciais.................................................................................... 113
5.2.1 Angico dos Dias (BA)....................................................................................................... 113
5.2.1.1 Características do Depósito ............................................................................... 113
5.2.1.2 Aspectos Geológicos .......................................................................................... 114
5.2.2 Maicuru (PA)................................................................................................................... 116
5.2.2.1 Características do Depósito ............................................................................... 116
5.2.2.2 Aspectos Geológicos .......................................................................................... 118
5.2.3 Mata da Corda (MG)....................................................................................................... 120
5.2.3.1 Características do Depósito................................................................................ 120
5.2.3.2 Aspectos Geológicos........................................................................................... 121
5.2.4 Serra do Repartimento (RR) ........................................................................................... 123
5.2.4.1 Características do Depósito................................................................................ 124
5.2.4.2 Aspectos Geológicos .......................................................................................... 124
5.2.5 SALITRE I, II E III (MG) ..................................................................................................... 127
5.2.5.1 Características do Depósito................................................................................ 127
5.2.5.2 Aspectos Geológicos........................................................................................... 128
5.2.6 Serra Negra (MG)............................................................................................................ 131
5.2.6.1 Características do Depósito ............................................................................... 131
5.2.6.2 Aspectos Geológicos........................................................................................... 132
5.2.7 Lages (SC) ..................................................................................................................... 134
5.2.7.1 Características do Depósito ............................................................................... 134
5.2.7.2 Aspectos Geológicos........................................................................................... 135
5.2.8 - Mato Preto (PR).............................................................................................................. 136
5.2.8.1 Características do Depósito ............................................................................... 137
5.2.8.2 Aspectos Geológicos........................................................................................... 138
5.2.9 - Anitápolis (SC)................................................................................................................. 139
5.2.9.1 Características do Depósito ............................................................................... 140
5.2.9.2 Aspectos Geológicos.......................................................................................... 140

XII
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.2.10 Juquiá (SP) ....................................................................................................................142


5.2.10.1 Características do Depósito ..............................................................................142
5.2.10.2 Aspectos Geológicos ........................................................................................143
5.2.11 - JACUPIRANGA (SP) ........................................................................................................144
5.2.11.1 Características do Depósito ..............................................................................144
5.2.11.2 Aspectos Geológicos .........................................................................................145
6 TERRAS RARAS EM ROCHAS ..................................................................................................149
6.1 Depósitos com Potencial Econômico Reconhecido para Terras Raras ..................................149
6.1.1 Depósito de Pitinga (AM) .................................................................................................149
6.1.1.1 Características do Depósito ................................................................................149
6.1.1.2 Histórico .............................................................................................................151
6.1.1.3 Importância Econômica ......................................................................................152
6.1.1.4 Geologia .............................................................................................................153
6.1.1.5 Mineralização de ETR .........................................................................................156
6.1.2 Granito Serra Dourada ..................................................................................................... 158
6.1.2.1 Características do Depósito ................................................................................158
6.1.2.2 Histórico .............................................................................................................159
6.1.2.3 Importância Econômica ......................................................................................159
6.1.2.4 Geologia .............................................................................................................160
6.1.2.5 Mineralização de ETR .........................................................................................162
6.1.3 Depósitos Estaníferos de Rondônia ..................................................................................163
6.1.3.1 Complexo Costa Marques (RO) ...........................................................................164
6.1.3.1.1 Características do Depósito ............................................................. 164
6.1.3.1.2 - Histórico..............................................................................................165
6.1.3.1.3 - Importância Econômica .....................................................................166
6.1.3.1.4 - Geologia ............................................................................................166
6.1.3.1.5 - Mineralização de ETR ........................................................................167
6.1.3.2 Mineralizações de Terras Raras Relacionados aos Depósitos Estaníferos de
Rondônia..1786.1.3.2.1 - Características do Depósito .........................................168
6.1.3.2.2 Histórico..............................................................................................169
6.1.3.2.3 Importância Econômica ......................................................................169
6.1.3.2.4 Geologia ............................................................................................. 170
6.1.3.2.5 Mineralização de ETR ......................................................................... 173
7 TERRAS RARAS EM DEPÓSITOS TIPO PLACERS .......................................................................175
7.1 Placer Marinhos .................................................................................................................175
7.1.1 Histórico ..........................................................................................................................177
7.1.2 Importância Econômica ..................................................................................................178
7.1.3 Aspectos Geológicos do Depósito ...................................................................................179
7.2 Reservas de Monazita em Placers Marinhos .......................................................................180
7.2.1 Maranhão ........................................................................................................................180
7.2.1.1 Área Tutóia (Litoral maranhense) ........................................................................180
7.2.2 Piauí .................................................................................................................................180
7.2.2.1 Sudeste da Vila De Bitupitá (Litoral piauiense) ....................................................180
7.2.3 Rio Grande do Norte..........................................................................................................181
7.2.3.1 Tibaú, Cunhaú, Estrelas e Baia Formosa...................................................................181
7.2.4 Ceará ................................................................................................................................181
7.2.4.1 Beberibe, Majorlândia e Paracurú .......................................................................181
7.2.5 Paraíba .............................................................................................................................181
7.2.5.1 Mina Guaju – Mataraca [6° 32’ 23,07”S; 34° 58’ 31,58”W]...................................181
7.2.6 Sergipe .............................................................................................................................182
7.2.6.1 Brejo Grande - Pacatuba (SE) [10° 30’S; 36° 26’W] ..............................................182
7.2.7 Bahia .................................................................................................................................183

XIII
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

7.2.7.1 Alcobaça (BA) [17° 15’S; 39° 14’W] .....................................................................183


7.2.7.2 Cumuruxatiba (BA) [18° 22’S; 40° 42’W] .............................................................183
7.2.7.3 Pratigi (BA) [13° 30’S; 38° 55’W] .........................................................................184
7.2.8 Espirito Santo ...................................................................................................................184
7.2.8.1 Anchieta (ES) (Parati, Imbiri, Pipa De Viho, Maebá) [20° 46’S; 40° 35’W] .............185
7.2.8.2 Aracruz (ES) [19° 58’S; 40° 09’W] .........................................................................185
7.2.9 Rio de Janeiro ..................................................................................................................185
7.2.9.1 São Francisco de Itabapoana (Unidade de Minerais Pesados da Indústria
Nuclear do Brasil Buena) [21° 22’S; 40° 30’W] ..................................................................185
7.2.9.2 Delta do Rio Paraíba do Sul (São João da Barra) [21° 38’S; 41° 03’W] .....................187
7.2.10 São Paulo .......................................................................................................................188
7.2.10.1 Iguape e Cananéia [24° 47’S; 47° 38’W]...............................................188
7.2.11 Paraná ............................................................................................................................188
7.2.11.1 Paranaguá [25° 31’S; 48° 17’W] ...........................................................188
7.2.12 Rio Grande do Sul ..........................................................................................................189
7.2.12.1 São José do Norte (Depósito de Bojuru) [31°57’07,23”S; 51°
41’15,41”W] ................................................................................................ ......189
7.3 Placer Fluviais ....................................................................................................................189
7.3.1 São Gonçalo do Sapucaí (MG) .........................................................................................189
7.3.2 Mineração Oriente Novo (RO) ........................................................................................190
8 CONCLUSÕES .....................................................................................................................191
9 REFERÊNCIAS ...................................... ..............................................................................195
LISTAGEM DOS INFORMES DE RECURSOS MINERAIS............................................................197

XIV
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL
DE TERRAS
RARAS NO BRASIL

Sir William Crookes (1832–1919) proeminente físico e químico britânico do


século 19 fez a seguinte observação: “RARE EARTH ELEMENTS perplex us in our
researches, baffle us in our speculations and haunt us in our very dreams. They
stretch like an unknown sea before us, mocking, mystifying and murmuring strange
revelations and possibilities”. (Elementos de terras raras nos deixa perplexos em
nossas pesquisas, nós confundem em nossas especulações e nos assombram em
nossos próprios sonhos. Eles surgem como um mar desconhecido diante de nós,
zombando, mistificando e murmurando revelações e possibilidades estranhas.)
Tradução livre da autora.
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

1 - Introdução

No Plano Nacional de Mineração 2030 lantanídeos [elementos com número atômico (Z)
(PNM2030), programa plurianual do governo entre 57 e 71, isto é do lantânio – La ao lutécio –
federal, os elementos terras raras (ETR), lítio e Lu], aos quais se juntam o escândio (Z = 21) e o
agrominerais (minerais aplicados na agricultura) ítrio (Z = 39). Estes dois últimos elementos foram
são considerados estratégicos e contam com incluídos por apresentarem propriedades físico-
investimento efetivo e de longo prazo. Neste químicas semelhantes aos ETR.
programa, o governo brasileiro vem reunindo os O início do processo de extração de ETR dos
diferentes órgãos estatais, bem como a iniciativa minerais era na forma de mistura de óxidos,
privada para realizarem em conjunto, estudos recebendo designação de "terra" pelo seu
de desenvolvimento da verticalização da cadeia aspecto terroso, por Johan Gadolin químico
produtiva de ETR no Brasil. finlandês em 1794 (WILLIAM-JONES; MIGDISOV;
A demanda nacional e internacional por SAMSON, 2012). Por serem apenas conhecidos
esses minerais estratégicos fez com que o em minerais oriundos da Escandinávia e a
Ministério de Minas e Energia – MME e o separação em óxidos individuais serem de
Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT, difíceis, foram considerados "raros", daí
em esforço conjunto, instituíssem um Grupo resultando a denominação "terras raras". O
de Trabalho Interministerial sobre Minerais termo ainda é utilizado, apesar de alguns destes
Estratégicos - GTI-ME, Portaria Interministerial elementos serem mais abundantes que muitos
Nº 614 de 30 de Junho de 2010. O GTI-ME tem elementos de interesse econômico encontrados
como finalidade a elaboração de propostas na composição da crosta terrestre.
de integração, coordenação e aprimoramento Apesar da sua abundância relativamente
das políticas, diretrizes e ações voltadas para elevada, os minerais de ETR podem ser
minerais estratégicos. O projeto “Avaliação do facilmente explotados, como a monazita
Potencial dos Minerais Estratégicos do Brasil” oriunda dos depósitos tipo placer. A separação
em realização pela CPRM – Serviço Geológico dos ETR dos outros elementos é relativamente
do Brasil vem ao encontro da necessidade de se fácil, no entanto a sua separação em óxidos e /
produzir um diagnóstico do potencial brasileiro ou metais individuais são processos complexos
para esses bens minerais, entre os quais os e dispendiosos, devido às pequenas diferenças
ETR. O projeto Terras Raras vem dar suporte à nos seus comportamentos químicos. O processo
formulação e execução de políticas públicas para de separação em escala industrial foi possível
seu aproveitamento no desenvolvimento da com desenvolvimento e aprimoramento de
indústria brasileira. técnicas de extração, tais como a troca iônica,
Os ETR fazem parte de um grupo de cristalização fracionada e extração líquido -
dezessete elementos quimicamente coerentes, líquido. Estas técnicas foram desenvolvidas
de acordo com a classificação da International nas décadas de 1950 e de 1960, após o
Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC). entendimento da química dos lantanídeos, que
Deste grupo, quinze pertencem ao grupo dos foi a chave para a metalurgia dos actinídeos

17
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

(CHAKHMOURADIAN & WALL, 2012). O novo panorama fez com que aumentasse a
Atualmente está sendo desenvolvida extração produção ilegal de ETR na China, que o governo
por técnicas de eletroforese, bioextração, entre chinês procura controlar, tanto pela questão de
outras; que poderão vir a ser utilizadas como mercado quanto pela tentativa de minimizar os
método industrial alternativo de separação de danos ambientais provocados pela sua extração.
ETR. Este controle, também motivou a diminuição
Os ETR são conhecidos por diversos adjetivos, da oferta de ETR no mercado mundial. A menor
tais como: “vitaminas da indústria”, “elementos oferta de ETR no mercado fez com que vários
do futuro” e “ouro do século XXI”, que refletem países retomassem as pesquisas deste bem
seu aumento de importância em muitas mineral. Como exemplo destacamos o depósito
aplicações industriais. Os ETR são considerados descoberto no mar pelo Japão (TORRES,
elementos da "terceira onda", por sua ampla 2013), a extração de ETR de lama de rejeito
aplicação em produtos de alta tecnologia. A de bauxita da Jamaica (WESTLAKE, 2013), a
importância dos ETR na indústria moderna deve- reativação de empreendimentos já existentes,
se às suas inúmeras aplicações na metalurgia, como Mountain Pass nos EUA (MOLYCORP
energia eólica e nuclear, indústria petrolífera, INC., 2013), além de vários novos projetos em
agricultura, entre outras. Estas aplicações em andamento ao redor do mundo, inclusive no
produtos de alta tecnologia agregam valor, pois Brasil. Associado a estas movimentações, em
melhoram a sua eficiência, como por exemplo: 2012, os EUA, Europa e Japão denunciaram a
(1) liga de NdFeB (Neodímio-Ferro-Boro) para política de cotas de exportação impostas pela
produzir super imã, de ampla aplicação em China, junto a Organização Mundial do Comércio
carros elétricos, sistema de energia e trens (OMC). Esta organização deu parecer favorável
de alta velocidade; (2) o uso do Európio (Eu) aos países denunciantes, pedindo ao governo
nas telas de computadores e televisão; dentre chinês o encerramento da cota de exportação
outras. (YOUNG, 2014). Em dezembro de 2014, a China
A implantação de cotas de exportação de ETR encerrou a política de cota de exportação para
pela China é uma política iniciada no começo ETR, no entanto especialistas garantem que a
dos anos 2000 e foi intensificada em 2010 (TSE, regularização do suprimento e estabilização
2011). Esta política de cotas de exportação afetou dos preços de ETR não deverá ocorrer em curto
o mercado com forte aumento nos preços de ETR prazo (PAUL, 2015).
em 2011 e problemas de suprimento de matéria
prima. Além da política de cotas de exportação, 1.1 - PANORAMA NACIONAL
o governo chinês adotou algumas medidas de Em 29 de Julho de 2010 foi realizada uma
proteção, tais como: proibição de investimento reunião do Grupo de Trabalho Interministerial
externo na mineração e participação restrita – Ministério de Minas e Energia e Ministério da
nos projetos de fundição e separação de Ciência, Tecnologia e Inovação (GTI-ME MME/
ETR; incentivo de exportação de produtos MCTI) para tratar sobre minerais estratégicos. O
manufaturados; proibição de mineração de grupo de trabalho teve como objetivo agrupar as
monazita com elementos radioativos, entre competências técnico-científicas e empresariais
outras medidas (HURST, 2010; TSE, 2011). existentes no país na área de ETR. Entre os quais,

18
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

apresentar as áreas temáticas, bem como suas e Terras Raras, publicado em novembro de 2014
linhas de pesquisas prioritárias e as respectivas (BRASIL, 2014).
ações, metas e fontes de financiamentos. O Senado Federal realizou Audiências
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos Públicas sobre a questão das ETR na Comissão
(CGEE) a pedido do MCTI realizou em 2013 o de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicações
estudo prospectivo “Estudo de Usos e Aplicações e Informática do Senado (CCT). Nas audiências
de Terras Raras” para subsidiar políticas da Subcomissão Temporária para Elaboração
de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Marco Regulatório de Mineração em Terras-
(PD&I) fundamentais para o desenvolvimento Raras (CCTTSTTR) foram realizados debates
socioeconômico sustentável da cadeia produtiva com diferentes setores da cadeia produtiva. Os
de ETR no país (BRASIL, 2013). O Departamento resultados destes debates foram publicados
de Transformação e Tecnologia Mineral na Revista de Audiências Públicas do Senando
(DTM) da Secretaria de Geologia, Mineração e Federal, cujo título é “Terras Raras Estratégia
Transformação Mineral (SGM) do MME vem para o Futuro” (EM DISCUSSÃO, 2013).
realizando reuniões sistemáticas desde 2012 Neste sentido, os esforços dos poderes
com as empresas de mineração que estão executivo e legislativo estão voltados para a
desenvolvendo projetos de pesquisas para ETR. discussão e busca de soluções para viabilizar a
Além destas ações realizadas pelos MME e extração e o desenvolvimento da cadeia produtiva
MCTI, tanto a Câmara quanto o Senado Federal dos ETR no Brasil. Estes esforços proporcionarão
criaram comissões específicas para estudos a busca por fontes seguras de suprimento desta
dos ETR. No Congresso Nacional, o Conselho commodity antecipando futuras demandas da
de Altos Estudos tem convidado especialistas indústria brasileira e colocando o país na rota da
para discutir o assunto, resultando na realização inovação tecnológica.
do seminário e publicação do livro “Minerais O alinhamento dos órgãos públicos de
Estratégicos e Terras Raras” (BRASIL, 2014). Em pesquisas, universidades e empresas privadas,
9 de novembro de 2011, o engenheiro Leonam em torno dessa cadeia produtiva dos ETR, faz-se
dos Santos Guimarães fez uma palestra neste oportuna para o desenvolvimento de tecnologias
Conselho versando sobre o assunto e uma de de concentração e extração dos óxidos de ETR
suas conclusões foi a de que “O Brasil começa (OTR). Isto se traduz em pré-requisito básico para
a despertar para o assunto, até porque domina a reativação e aprimoramento dessa cadeia que
as tecnologias para mineração e processamento. conduzirão a novos desafios e desenvolvimentos
Mais do que isso, dispõe de apreciáveis reservas tecnológicos.
e, no passado (década de 1990), demonstrou O Serviço Geológico do Brasil - CPRM tem tido
competência tanto na pesquisa quanto em participação ativa nesses fóruns de discussões,
experimentos de caráter laboratorial, a ponto com apresentação dos trabalhos que estão
de haver criado uma empresa para produzir sendo realizados nesta área do conhecimento.
superímãs, lamentavelmente logo fechada em O Projeto de Avaliação do Potencial de Terras
face de dumping chinês” (GUIMARÃES, 2011). Raras no Brasil, desenvolvido pela CPRM, está
As discussões e apresentações dos especialistas inserido dentro do empreendimento “Avaliação
estão publicadas no livro: Minerais Estratégicos do Potencial de Minerais Estratégicos do Brasil”

19
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

e vem sendo executado desde 2011, dentro desses minerais no Brasil.


da Ação de Recursos Minerais custeada pelo No Brasil, já foram identificados diferentes
Programa de Aceleração do Crescimento II (PACII). tipos de depósitos minerais e ocorrências de
O projeto desenvolvido pela SGB-CPRM vem ao ETR em várias partes do território nacional
encontro da recomendação para a empresa no (Figura1.1) (LAPIDO-LOUREIRO, 1994; ORRIS;
relatório do GTI-ME MME/MCT, que diz que o GRAUCH, 2002). Alguns destes depósitos já
papel do SGB-CPRM será: “Implementação e/ou foram estudados com métodos de concentração
fortalecimento de programa de levantamento do minério desenvolvidos (VIEIRA; LINS, 1997).
geológico detalhado, conjugado com o apoio à Algumas empresas também, já desenvolveram
exploração mineral pelo setor privado”. O projeto pesquisas de extração de ETR em monazita
prevê pesquisas para a avaliação dos depósitos e (aluvionar e carbonatítica), bastnaesita e
ocorrências existentes e identificação de novas xenotima, conforme pode ser visto nos trabalhos
áreas potenciais para ETR, com o objetivo de apresentados no SEMINÁRIO DE TERRAS RARAS
ampliar as reservas e a capacidade produtiva (2011).

Figura 1.1 - Áreas com depósitos e ocorrências de ETR no território nacional (modif. de LAPIDO-LOUREIRO,
1994; ORRIS; GRAUCH, 2002).

O Brasil foi um dos maiores produtores de de 1984, a China iniciou a produção de ETR
monazita até meados do século passado (ROCIO compartilhando o mercado mundial com os
et al.,2012), substituído pelos EUA na década EUA e de 1990 em diante, passou a dominar
de 1980, que passou a dominar o mercado o mercado gradativamente (Figura 1.2). A
com a produção de Mountain Pass (Figura 1.2) produção brasileira de concentrados de terras
(HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011). A partir raras foi encerrada em 2002, quando chegou

20
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

a produzir 110 t/ano. E a produção atual da DE METALURGIA E MINERAÇÃO, 2013), que


usina da Companhia Brasileira de Metalurgia leva o Brasil a importar 1% (US$ 7 milhões) do
e Mineração (CBMM) ainda não atende à mercado mundial de compostos de ETR em 2013
demanda nacional, pois são sulfatos duplos e (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
hidratados de ETR (COMPANHIA BRASILEIRA MINERAL, 2013a).

Figura 1.2 – Produção mundial de ETR de 1950 até 2010. (modif. de HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011).

As maiores reservas mundiais conhecidas Córrego do Garimpo e Lagoa Seca Norte, com
de ETR estão apresentadas na Tabela 1.1 reserva medida de 41,4 Mt @ 5,39% de OTR
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO (RIBEIRO, 2008). Reservas de depósitos tipo
MINERAL, 2013a), destacando-se China, Brasil placer têm mais de 600 mt (DEPARTAMENTO
e EUA. A reserva brasileira lavrável aprovada NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013a),
em 2013 é de aproximadamente 22 milhões de que despertam interesse comercial pelo baixo
toneladas (Mt) de OTR contidos, com 14, Mt @ volume de cada depósito e alto teor de tório das
3,02% OTR pertencentes à CBMM e 7,73 Mt @ monazitas.
2,35% óxido de terras raras (OTR) pertencente
à Companhia de Desenvolvimento de Minas Tabela 1.1 – As maiores reservas mundias de ETR
Gerais (CODEMIG) e uma área em Barra do (U.S.GEOLOGICAL SURVEY, 2015).
Itapirapuã com 97,96 mil toneladas (mt) @ Reservas (Milhões de
4,89% OTR (DEPARTAMENTO NACIONAL DE País
toneladas - Mt)
PRODUÇÃO MINERAL, 2013a). Em curto prazo, China 55
a reserva brasileira poderá ser maior, visto que
Brasil 22
outros estudos de viabilidade econômica estão
sendo desenvolvidos, como os Projetos: Morro EUA 1,8
do Ferro, em Poços de Caldas (MG) com 7 Mt @
2,89% OTR (EDEM PROJETOS, 2014); Mineração Índia 3,1
Terras Raras com 6 Mt de reserva medida e Austrália 3,2
em processo de reavaliação; Mina de Pitinga,
Presidente Figueiredo (AM), com reserva
estimada de 2 Mt de xenotima (DEPARTAMENTO Na China e nos EUA, os ETR estão contidos
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013a); em bastnaesita [(Ce)2 (Ce,La)(CO3)F], a qual
Complexo de Catalão (GO), que tem os depósitos representa a principal fonte de ETR mundial,

21
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

enquanto que a reserva brasileira está associada produtos derivados (ou transformados) de
com monazita [(Ce,La,Nd,Th)PO4], como nos ETR. Vale ressaltar que há um esforço mundial
carbonatitos de Araxá (MG) e Catalão (GO) e no desenvolvimento da cadeia produtiva de
também nos depósitos tipo placers marinhos; ETR diante da sua importância em produtos de
no depósito de Pitinga o mineral de minério é alta tecnologia e energia limpa. No entanto,
a xenotima (YPO4); e no granito Serra Dourada a viabilidade dos projetos de extração de
a mineralização está associada às argilas de ETR depende de pontos importantes a serem
adsorção iônica. Os dois primeiros minerais são destacados, como: mercado pequeno, altos
portadores de ETR leves (ETRL) e os dois últimos custos de produção, questões tecnológicas e
de ETR pesados (ETRP). ambientais.
Atualmente alguns depósitos minerais estão O fator mercadológico atual, mercado versus
em processo de desenvolvimento da rota riscos de produção, é um dos grandes problemas
tecnológica para produção de óxidos e metais para esta commodity, além das incertezas
de ETR. Os projetos avançados são: (i) CBMM de fornecimento, diante da instabilidade da
que está produzindo 100 t/mês de sulfato dependência de um único fornecedor. Por
duplo e hidróxidos de ETR no depósito de Araxá outro lado, estão ocorrendo movimentações
(COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E de grupos de pesquisas no desenvolvimento de
MINERAÇÃO, 2013) e firmaram parceria com o rotas tecnológicas alternativas aos existentes,
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para como por exemplo: a separação de ETR por fluxo
a produção de Nd metálico (VILLELA, 2014); livre eletroforesis em desenvolvimento pela
(ii) MbAC Fertilizantes em fase de estudo GéoMéga (GÉOMÉGA RESOURCES INC., 2014).
de viabilidade com previsão para entrar em Os maiores dependentes desta matéria prima
operação em 2016 no depósito de Araxá são França, Japão, EUA e Áustria e os principais
na área conhecida como Área Zero (MBAC produtores e/ou detentores de tecnologia com
FERTILIZANTES CORP., 2013); (iii) Mineração uso de ETR são EUA, China, Índia, França, Japão
Taboca S.A. também tem realizado estudos e Áustria. A previsão do Walters et al. (2010) é
de viabilidade para xenotima no depósito de que a partir de 2014 haja deficiência em Nd, Eu,
Pitinga (GARCIA, 2012); (iv) MINERAÇÃO SERRA Tb e Dy, conhecidos como ETR críticos dos quais
VERDE está realizando estudos de viabilidade o Nd é o de maior déficit. A entrada da produção
no Granito Serra Dourada (GO) (porção centro no mercado dos novos empreendimentos de
– sul) (MINERAÇÃO SERRA VERDE, 2014); ETR mostram que a deficiência desses ETR
e (v) Mineração Mata Azul está firmando críticos pode não ser totalmente solucionada
parcerias com a Canada Rare Earth (CREC) para e que poderá haver super oferta de La e Ce.
desenvolvimento de negócio integrado em ETR Estudos realizados pela Adamas Intelligence em
na porção norte do Granito Serra Dourada (TO) 2014 indicam que a demanda pelos ETR críticos
(BRASIL MINERAL ONLINE, 2014). serão menores do que diagnosticados, por
A integração dos esforços de diferentes outro lado, atualmente é conhecida apenas uma
setores na cadeia produtiva de ETR brasileira pequena fração das aplicações potenciais destes
possibilitará suprir a demanda interna e tornar elementos (CASTILLOUX, 2014).
o país um exportador de matéria prima e de A demanda mundial por ETR e o crescimento

22
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

econômico e tecnológico do Brasil são situações 1.2.1 - Mercado Internacional


de demanda que poderão contribuir para a A China possui cerca de 50% das reservas
retomada da produção nacional. Isto porque a mundiais de ETR, seguida pela Comunidade dos
produção de compostos de ETR foi encerrada na Estados Independentes (CEI) e dos EUA, sendo
década de 2000, devido às condições ambientais que em 2013 o Brasil figura como a segunda
e de mercado e também pela falta de visão maior reserva (Figura 1.3). A China também
futura do Estado brasileiro e da própria iniciativa continua na liderança da produção mundial,
privada. No entanto, o desenvolvimento pleno com diminuição na sua produção a partir de
da cadeia produtiva de ETR dependerá de 2012 (Figura 1.4). A China consome mais de
investimentos em inovação tecnológica tanto 67% da produção mundial, seguida pelo Japão,
no processamento mineral quanto metalúrgico EUA e Alemanha. A concentração da produção
para produção de óxidos e metais de ETR. Esta na China faz com que dados definitivos sobre
produção poderá contribuir para um aumento produção, consumo e comercialização desses
substancial da escala de produção de alta minerais sejam revisados a todo o momento,
tecnologia com retorno financeiro ao país. Dentro com informações por vezes imprecisas ou
deste universo, as políticas públicas brasileiras incompletas.
estão trabalhando no sentido de fomentar e Apesar da importância dos ETR nos produtos
proteger a cadeia produtiva nacional de ETR de alta tecnologia, estes elementos formam
em quatro eixos principais da indústria mineral um mercado pequeno e relativamente recente.
exploração, lavra, produção, e transformação. Em 2012, a demanda global de ETR foram de
120 mt a 130 mt de OTR e o mercado global
1.2 - ESTUDO DE MERCADO foi avaliado entre US$ 3 bilhões a US$5 bilhões
A proporção de ETR nos minerais explorados (PEAK RESOURCES LIMITED, 2014). Apesar do
atualmente, não tem correlação com as crescimento nas últimas décadas, o mercado
demandas de mercados existentes, visto que ainda é muito pequeno, se comparado ao
alguns elementos são considerados críticos de petróleo de cerca de US$ 3 trilhões, ou
devido às suas propriedades específicas de uso. ao de minério de ferro, que movimenta
ERNST & YOUNG (2011) fez a seguinte previsão aproximadamente US$ 200 bilhões por ano
em relação à oferta de ETR: (LIMA, 2012).
(i) A partir de 2015, excesso de oferta de Ce e La; A demanda pelos ETR, conhecidos também
(ii) Desde 2010, Sm, Gd e os ETRP (Ho, Tm, Yb, como minerais de alta tecnologia, aumenta
Lu) estão em excesso de oferta, alguns dos ETRP em resposta a novos usos, como baterias de
não têm mercado, pois ainda não tem aplicação, alto desempenho usadas em celulares e carros
caso do Lu; elétricos. A previsão da demanda e suprimento
(iii) Hoje, mais oferta que demanda de Pr e Y e; global para os ETR feita pelo ERNST & YOUNG
(iv) Hoje, demanda maior que oferta de Eu, Tb, (2011) é que o maior risco de suprimento está
Dy, Er e Nd, sendo mais significativo o Nd, com para os ETR críticos que são Dy, Y, Tb, Eu e Nd
demanda muito maior que oferta a partir de (Figura 1.5).
2015.

23
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 1.3 - Principais reservas medidas de ETR entre 2010 e 2013. (Dados do USGS 2011 a 2014).

Figura 1.4 - Principais países produtores de ETR entre 2010 e 2013. (Dados do USGS 2011 a 2014).

A dependência mundial em relação à a cerca de 40% das exportações chinesas. Já os


produção chinesa preocupa principalmente Estados Unidos importam outros 18% do que os
os países com plataformas industriais chineses produzem (LIMA, 2012). Outros países
avançadas, intensivas no uso de alta tecnologia. se destacam na importação: Alemanha, França,
Especialmente o Japão, que importa 82% de Áustria, Estônia, China, Coreia do Sul, Brasil e
sua demanda de ETR da China, o que equivale Rússia.

24
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 1.5 - Previsão da demanda e suprimento global para os ETR, estimado para 2010, 2015 e 2020 (ERNST
& YOUNG, 2011).

As mineradoras se movimentam para atender seus minerais de minério. Ou seja, as empresas


a demanda. Os projetos de ETR avançados estão ponderando entre os muitos cenários
consistem de 58 recursos minerais de ETR possíveis, bem como os riscos existentes para
associados a 53 projetos avançados e sendo sua produção, processos de reciclagem de ETR e
desenvolvidos em 16 países, atualizados em desenvolvimento de novos usos.
5/12/2014 (HATCH, 2014). Especialistas que A evolução dos preços de ETR no mercado
acompanham o mercado de ETR indicam que mundial mostra um aumento após o anúncio
muitos dos projetos não serão bem sucedidos. da política de cotas de exportações impostas
Isto devido ao mercado restrito, os altos custos pela China (Figura 1.6). Os preços começaram a
envolvidos no desenvolvimento tecnológico de diminuir a partir do quarto trimestre de 2011 e
extração de ETR e pelas questões ambientais estabilizando em 2013. O Ce e o La retornaram
envolvidas no processo. A China, hoje, é aos preços antes da política de cotas e os demais
responsável por mais de 90% da produção, ETR apresentados mostram valores muito acima,
gerando instabilidade neste mercado por como o Pr que está 500 % mais caro.
depender das decisões internas chinesas. E Os investimentos são estimulados pela alta
também, associado a isto tem a questão das dos preços e os valores praticados em 2011
deficiências no mercado de alguns elementos, mostram ser pontual (Figura 1.6). Porém, mesmo
principalmente os ETR críticos citados acima. com preços mais remuneradores, as grandes
Assim, os projetos em andamento podem não mineradoras continuam fora desse mercado.
atender as demandas específicas do mercado, Elas preferem trabalhar com larga escala e os ETR
causando superoferta de alguns elementos, são utilizados em baixo volume pela indústria. E
baixando seus preços e gerando pouca produção tem a questão das muitas pequenas e médias
dos elementos críticos. Isto faz com que os empresas chinesas, que estão inundando o
projetos atentem para o tipo e composição de mercado paralelo de ETR, contrariando as

25
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

determinações do governo central chinês. Este baixo custo de produção, apenas para manter o
mercado paralelo é favorecido pelos preços fluxo de caixa.
favoráveis do produto e também por terem

Figura 1.6 – Evolução dos preços dos ETR após o anúncio de cotas de exportações feitas pela China (http://
static.businessinsider.com/image/54184eff69bedd666485259c/image.jpg, acesso em 20/10/2014).

1.2.2 - Mercado Nacional o Brasil pode se tornar competitivo no mercado


A produção em 2012, no município de de tecnologias desenvolvidas com uso de ETR.
São Francisco do Itabapoana (RJ) – areia de A construção de uma cadeia produtiva de ETR,
paleopraia com minerais pesados - foi de 205 t da lavra até a produção industrial de alto valor
de monazita contida (0,18% em peso do ROM) agregado, é o que se deseja no Brasil. Mas os
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO especialistas admitem que o desenvolvimento
MINERAL, 2013a). A monazita ocorre juntamente desta cadeia dependa de pré-requisitos como:
com a ilmenita, a zirconita e o rutilo; está sendo mercado interno com demanda constante, que
estocada pela empresa e não é comercializada garanta ao minerador a venda da produção a
por conter alto teor de tório (regida por legislação preços sustentáveis. E, Edson Ribeiro (diretor
especial). As reservas de monazita devem estar da Vale) afirma que “O gargalo para a produção
esgotadas dentro de 3 a 4 anos, no ritmo atual de terras-raras no Brasil não está na mineração.
de produção. O maior estímulo que pode ser dado para o
O estudo desenvolvido pela Fundação Centro desenvolvimento da cadeia de produção de
de Referência em Tecnologias Inovadoras terras raras no Brasil é a criação de um mercado.
(Fundação CERTI) aponta que em até quatro anos É a demanda”. Isso, porém, requer tempo.

26
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Afinal, o Brasil tem um consumo aparente permanente para motores miniaturizados,


de compostos químicos e manufaturados de ressonância magnética nuclear, cristais geradores
ETR, de 1082t e188t por ano, respectivamente de laser, supercondutores e absorvedores de
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO hidrogênio. O maior consumidor de compostos
MINERAL, 2013a). de ETR é a Fábrica de Catalisador Carioca (FCC),
Em 2011, o Brasil importou compostos na produção de catalisador para craqueamento
químicos e produtos manufaturados com ETR de petróleo da Petrobrás.
no montante de US$ 53,64 milhões (FOB) dos A aplicação de cotas de exportações da
seguintes países: produtos manufaturados da China de 2010 (TSE, 2011), levou à elevação
China (74%), Bulgária (11%), Estados Unidos dos preços internacionais (Figura I.6). Este novo
da América (9%), Austrália (2%) e Bélgica cenário no mercado de ETR provocou muitos
(2%) e; compostos químicos da China (92%), países a retornarem a pesquisa mineral e / ou
Estados Unidos da América (3%), França (3%) e na produção de ETR, principalmente aqueles
Espanha (1%) (DEPARTAMENTO NACIONAL DE com maior demanda; como por exemplo, a
PRODUÇÃO MINERAL, 2013a). reativação da mina de Mountain Pass nos
O Brasil exportou, em 2012, compostos EUA. De qualquer forma, o uso dos ETR em
químicos e produtos manufaturados no materiais de alta tecnologia tem significado
montante de US$ 1.996 mil (FOB). A China foi estratégico para qualquer país consumidor.
o principal destino da exportação de monazita Assim sendo, estão sendo buscadas as medidas
(2.700 t). O principal país de destino dos necessárias à retomada da produção interna,
compostos químicos exportados foi a Espanha seja no desenvolvimento de rotas tecnológicas
(96%), seguida pela República Dominicana (2%), avançadas, seja na intensificação da pesquisa
Argentina (1%) e Chile (1%) (DEPARTAMENTO mineral e definição de novas jazidas. No
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013a). Brasil, provocou o retorno à discussão sobre o
Enquanto que o destino dos produtos desenvolvimento da cadeia produtiva de ETR,
manufaturados foram Angola (38%), Canadá cuja produção de compostos foi paralisada no
(17%), Estados Unidos da América (16%), Reino início dos nãos 2000. Este retorno foi iniciado
Unido (12%), e Uruguai (4%) (DEPARTAMENTO com a criação do GTI-ME (MME/MCTI) e com a
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013a). realização do 1º Seminário Brasileiro de Terras
As principais aplicações dos compostos de Raras, em 07/12/2011, no Rio de Janeiro,
ETR no Brasil são: composição e polimentos promovido pelo Centro de Tecnologia Mineral
de vidros e lentes especiais, catalisadores de (CETEM). Neste seminário foi apresentado o
automóveis, refino de petróleo, fósforo para histórico da produção de ETR no país e também
tubos catódicos de televisor em cores, imãs perspectivas futuras para a sua retomada.

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

2 - Elementos Terras Raras

A família dos ETR consiste em dezessete recolhida numa pedreira próxima à localidade
metais de transição pertencentes ao grupo III da de Ytterby, na Suécia (CHAKHMOURADIAN;
tabela periódica (Figura 2.1). Os ETR em ordem WALL, 2012). Na Tabela 2.1 é apresentado de
crescente de número atômico são: lantânio forma resumida o registro da descoberta dos
(La), cério (Ce), praseodímio (Pr), neodímio ETR (HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011).
(Nd), promécio (Pm), samário (Sm), európio
(Eu), gadolínio (Gd), térbio (Tb), disprósio (Dy), 2.1 - GEOQUÍMICA DOS ELEMENTOS TERRAS
hólmio (Ho), érbio (Er), túlio (Tm), itérbio (Yb) RARAS
e lutécio (Lu). O Sc possui raio iônico menor Os quinze elementos lantanídeos podem ser
e pode ser facilmente substituído por Mg, subdivididos em ETR Leves (ETRL) – La ao Eu e
Fe2+, Zr e Sn, por isto não é classificado como ETR Pesados (ETRP) – Gd ao Lu; ou em: ETRL
pertencente a esta família por alguns cientistas (La ao Pm), ETR Médios (ETRM) (Sm ao Ho) e
(CHAKHMOURADIAN; WALL, 2012). ETRP (Er ao Lu). Em algumas classificações os
Os ETR foram observados pela primeira elementos Sm e Eu são mais transicionais e
vez, quando da descrição do mineral yterbita podem ser colocados como ETRL quanto ETRP.
(Y2Fe2Be2Si2O10), também conhecido como Apesar do seu baixo peso atômico, o Y é incluído
gadolinita–Y [(Ce,La,Nd,Y)2FeBe2Si2O10], a partir no grupo do ETRP, devido ao seu raio iônico e as
de 1800. A descoberta foi feita pelo militar e suas propriedades serem muito semelhantes ao
mineralogista Carl Axel Arrhenius de amostra Ho (ETRP).

Figura 2.1 - Tabela Periódica com destaque para os 15 ETR.

29
Tabela 2.1 – Registro da descoberta cronológica dos ETR (HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011).

Número
Elemento (Símbolo) Ano Descobridor Origem do nome
atômico
Yttrium (Y) 39 1794 Johan Gadolin (finlandês) Mina de Ytterby, Suécia
Jöns Jacob Berzelius e Wilhelm von Hisinger
Cerium (Ce) 58 1803 Planetóide de Ceres
(sueco); Martin Heinrich Klaproth (alemão)
Grego: lanthana (oculto ou não observado) uma vez que estava escondido na
Lanthanum (La) 57 1839 Carl Gustaf Mosander (sueco)
terra.
Terbium (Tb) 65 1843 Carl Gustaf Mosander (sueco) Mina de Ytterby, (Suécia)
Erbium (Er) 68 1843 Carl Gustaf Mosander (sueco) Mina de Ytterby, (Suécia)
Jacques-Louis Soret e Marc Delafontaine (suiço);
Holmium (Ho) 67 1878 Latim: holmia para ‘Estocolmo’
Per Theodor Cleve (sueco)
Jean Charles Galissard de
Ytterbium (Yb) 70 1878 Mina de Ytterby, (Suécia)
Marignac (francês)

30
Scandium (Sc) 21 1879 Lars Fredrik Nilson (sueco) Latim: scandia para ‘Escandinavia’
O mineral samarskita e seu descobridor, o Coronel official Von Samarsky da
Samarium (Sm) 62 1879 Paul Émile Lecoq de Boisbaudran (francês)
mina Russa
Thulium (Tm) 69 1879 Per Theodor Cleve (sueco) Latim: Thule para o nome antigo da ‘Escandinavia’
Gadolinium (Gd) 64 1880 Jean Charles Galissard de Marignac (Suiço) Hebreu: gadol para ‘grande’ e em honra ao químico finlandês Johan Gadolin
Praseodymium (Pr) 59 1885 Carl Auer von Welsbach (austríaco)
Neodymium (Nd) 60 1885 Carl Auer von Welsbach (austríaco) Grego: neos para ‘o novo’ e didimios para os ‘gêmeos’
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Grego: dysprositos ‘difícil de conseguir’; dificuldade envolvida com sua


Dysprosium (Dy) 66 1886 Paul Émile Lecoq de Boisbaudran (francês)
detecção e separação
Europium (Eu) 63 1896 Eugène-Anatole Demarçay (francês) Grego: Europa da mitologia
Lutetium (Lu) 71 1907 Georges Urbain (francês) Latim: Lutetia para o local onde Paris foi fundada
Charles D. Coryell; Jacob A. Marinsky; Lawrence E. Grego: Prometheus que trouxe fogo para a humanidade - referência ao
Promethium (Pm) 61 1945
Glendenin (estadunidenses) aproveitamento da energia da fissão nuclear e alerta contra os perigos.
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

O comportamento geoquímico dos ETR se ao preenchimento do orbital 4f, até atingir


é dado pela configuração eletrônica de seus quatorze elétrons, sua capacidade máxima, e a
elementos. Os seus elétrons ocupam níveis configuração eletrônica 6s2 ou 5d16s2 permanece
energéticos designados por números quânticos, inalterada (Tabela 2.2). A entrada de mais um
de um a sete para átomos estáveis, que contêm elétron aumenta a atração entre o núcleo e os
certa quantidade de elétrons nos orbitais s, p, elétrons no orbital 6s, levando a diminuição
d e f. Os orbitais são preenchidos por elétrons no raio iônico dos átomos (Tabela 2.2). Esta
de acordo com sua estabilidade (Tabela 2.2). diminuição progressiva do raio atômico é uma
O elemento Xenônio (Xe – quinto período da particularidade dos ETR e é conhecida como a
Tabela Periódica) tem os orbitais 4s, 4p, 4d, 5s e “contração dos lantanídeos” (GOLDSCHMIDT,
5p preenchidos. No início do sexto período, são 1925, apud CHAKHMOURADIAN; WALL, 2012).
adicionados dois elétrons no orbital 6s, para os O fenômeno se processa a uma carga constante
elementos Césio (Cs) e Bário (Ba). E para o La, (3+), que é o único estado de valência possível
primeiro ETR, um terceiro elétron ocupa o orbital para Sc, Y e La, pois não há alteração de elétrons
5d1. Assim, obedecendo a lei de Linus Pauling, na camada mais externa (camada de valência).
com o aumento no número atômico passa-

Tabela 2.2 – Configuração eletrônica dos ETR. [Ar] 1s22s22p63s23p6; [Kr] 1s22s22p63s23p63d104s24p6; [Xe]
1s22s22p63s23p63d104s24p64d105s25p6.
Número Raios iônicos por número de coordenação (Å)
Nome Íon Configuração Eletrônica
Atômico VI VIII XII

21 Escândio Sc 3+
[Ar] 3d 4s
1 2
7,45
39 Ítrio Y3+ [Kr] 4d15s2 9,0 10,19
57 Lantânio La3+ [Xe] 5d16s2 10,32 11,60 13,6
58 Cério Ce 3+
[Xe] 4f 6s
2 2
10,10 11,43 13,4
59 Praseodímio Pr3+ [Xe] 4f36s2 9,90 11,26
60 Neodímio Nd3+ [Xe] 4f46s2 9,83 11,09 12,7
61 Promécio Pm 3+
[Xe] 4f 6s
5 2
12,4
62 Samário Sm3+ [Xe] 4f66s2 9,58 10,79
63 Európio Eu3+ [Xe] 4f76s2 9,47 10,66
64 Gadolínio Gd 3+
[Xe] 4f 5d 6s
7 1 2
9,38 10,53
65 Térbio Tb3+ [Xe] 4f96s2 9,23 10,40
66 Disprósio Dy3+ [Xe] 4f106s2 9,12 10,27
67 Hólmio Ho 3+
[Xe] 4f 6s
11 2
9,01 10,15
68 Érbio Er3+ [Xe] 4f126s2 8,90 10,04
69 Túlio Tm3+ [Xe] 4f136s2 8,80 9,94
70 Itérbio Yb 3+
[Xe] 4f 6s
14 2
8,68 9,85
71 Lutécio Lu3+ [Xe] 4f145d16s2 8,61 9,77

Os ETR são utilizados como indicadores especiais (Figura 2.2). Os elementos Ce, Tb e
geoquímicos, principalmente pelas importantes Pr podem ocorrer como cátions tetravalentes,
implicações de suas propriedades. Os íons sendo que somente o Ce4+ é encontrado na
de ETR com valências diferentes de 3+ (Ce4+ e natureza, em ambientes restritos e altamente
Eu2+), não obedecem a regra da contração dos oxidantes, como em alguns casos de processos
lantanídeos, e a sua ocorrência é muito restrita, superficiais.
pois dependem de condições ambientais

31
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os elementos Eu, Yb e Sm, por sua vez, podem Por ocorrer tanto no estado trivalente quanto
ocorrer no estado divalente, dos quais o Eu2+ no estado tetravalente, o Ce é utilizado como
é mais comum e ocorre em ambiente redutor, um indicador de processos de oxidação no ciclo
onde a fugacidade de oxigênio é baixa, como exógeno. E a dupla valência do Eu permite seu
encontrado em alguns sistemas magmáticos. uso no estudo de certos processos magmáticos.

Figura 2.2 - Gráfico mostrando a diminuição do raio iônico com aumento do número atômico dos ETR nas
diferentes valências, chamado de ‘contração dos lantanídeos’. Nota-se a ausência do elemento Pm, porque
não possui um isótopo estável. (Valores para o raio atômico obtidos de WHITTAKER; MUNTUS, 1970).

Na Tabela 2.3 podemos ver as principais O potencial iônico ou resistência de campo é


propriedades físicas e químicas dos ETR. A usado para diferenciar os elementos compatíveis
razão definida pela carga iônica / raio iônico do e incompatíveis geoquimicamente. No entanto,
elemento também conhecida como potencial a compatibilidade de um elemento também
iônico (ou força de campo) é uma propriedade depende do tipo de mineral, da composição do
descrita como “carga eletrostática por unidade magma, e do processo geológico operante. Os
de área superficial do cátion”, e é dado a partir elementos compatíveis são os que apresentam
do quociente da valência pelo raio iônico. Os maior afinidade geoquímica com a fase
ETR possuem baixo potencial de ionização, que sólida (mineral). Enquanto que os elementos
resulta em elementos com comportamento incompatíveis (ou higromagmatófilos) têm
químico altamente eletropositivos. preferência pela fase líquida (magma).

32
Tabela 2.3 - Principais propriedades químicas e físicas dos ETR (modif. de GUPTA; KRISHNAMURTHY, 2005 e Tabela 2.3; outras fontes).
Número Peso Densidade Ponto fusão Ponto Ebulição Abundância Crustal Dureza Estrutura
Elemento (Símbolo)
atômico atômico (g/cm3)1 (°C)1 (°C)1 (ppm)2 Vickers3 cristalina1,4
Escâncio (Sc) 21 44,95 2,989 1541 2832 8 85 Hex
Yttrium (Y) 39 88,90 4,469 1522 3337 30 38 Hex
ETR Leves
Lanthanum (La) 57 138,9 6,146 918 3469 30 37 Hex
Cerium (Ce) 58 140,11 6,773 789 3257 60 24 Cub
Praseodymium (Pr) 59 140,90 6,773 931 3127 7 37 Hex
Neodymium (Nd) 60 144,24 7,008 1021 3217 25 35 Hex
Promethium (Pm)5 61 145,00 7,264 1042 3000 4,5x10-20 - Hex
Samarium (Sm) 62 150,36 7,520 1074 1900 5 45 Rom

33
Europium (Eu) 63 151,96 5,244 822 1597 1 17 Cub
ETR Pesados
Gadolinium (Gd) 64 257,25 7,901 1313 3233 4 57 Hex
Terbium (Tb) 65 158,92 8,230 1356 3041 0,7 46 Hex
Dysprosium (Dy) 66 162,50 8,551 1412 2562 3,5 42 Hex
Holmium (Ho) 67 164,93 8,795 1474 2720 0,8 42 Hex
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Erbium (Er) 68 167,26 9,066 1529 2510 2,3 44 Cub


Thulium (Tm) 69 168,93 9,321 1545 1727 0,32 48 Hex
Ytterbium (Yb) 70 173,04 6,966 819 1466 2,2 21 Hex
Lutetium (Lu) 71 174,97 9,841 1663 3315 0,4 77 Hex
1
Fonte do dado: Tabela periódica dos elementos. 2 Abundância crustal em ppm (partes por milhão) de CHRISTIE et al (1998). 3 10 kg carga, kg/mm3. 4 Abreviação: Hex – hexagonal;
Cub = cúbica; Romb – Romboédrica. 5 ETR mais raro que é radioativo e tem vida curta ou isótopos estáveis.
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os ETR, por pertencerem ao grupo dos íons elementos mais raros da série, o Tm e o Lu, são
de Alto Potencial Iônico (High Field Strength 200 vezes mais comuns do que o ouro (USGS,
- HFS), tendem a ser incompatíveis, todavia 2002). A exceção é o promécio, que por ser um
aqueles que não ocorrem em estado trivalente, isótopo instável é muito raro e a sua quantidade
são considerados compatíveis. Assim, os ETR são estimada existente na Terra é cerca de 600 g
incompatíveis na estrutura cristalina do mineral, (CHAKHMOURADIAN; WALL, 2012).
deixando-o mais facilmente. O comportamento As abundâncias dos ETR individuais na crosta
litófilo dos ETR leva-os a se concentrar continental superior da Terra são diferenciadas
predominantemente em minerais silicáticos ao devido a dois efeitos que ocorrem associados:
invés de metais puros ou minerais sulfetados nuclear e geoquímico. O primeiro é relacionado
(HENDERSON, 1984). à maior abundância cósmica e terrestre dos
A similaridade geoquímica de todos os ETR ETR pares em relação aos impares (Figura 2.3),
permite a substituição entre si na estrutura gerado pelo processo de nucleossíntese. E o
cristalina do mineral. Isto resulta na sua ampla segundo, os elementos mais leves são mais
distribuição na crosta terrestre e na formação incompatíveis (devido a seu maior raio iônico)
de minerais composto por vários dos ETR e são mais fortemente concentrados na crosta
(CASTOR; HEDRICK, 2006). Apesar dessas continental do que os ETR pesados. No gráfico
similaridades nas propriedades geoquímicas dos de abundância, os ETR são distribuídos na forma
ETR; as propriedades metalúrgicas, químicas, de zig-zag (Figura 2.3). Este princípio é conhecido
catalíticas, elétricas, magnéticas e ópticas como regra de Oddo-Harkins, baseado na maior
variam sutilmente de um elemento para outro, estabilidade relativa das energias de ligação do
tornando a separação em elementos individuais núcleo com nucleons pareados do que com os
difíceis (VERPLANCK; VAN GOSEN, 2011). Por não pareados.
outro lado, estas pequenas diferenças
permitem a sua larga utilização em
diversas tecnologias modernas. E o
fato da indústria de ETR ser jovem,
qualquer previsão de demanda futura
pode ser errônea, pois não tem como
estimar o seu potencial de utilização
em novas tecnologias (CASTILLOUX,
2014).
A concentração média estimada
dos ETR na crosta terrestre varia de
150 a 220 ppm, mais do que alguns Figura 2.3 – Abundância dos ETR na crosta continental superior
metais que são minerados em escala da Terra em relação ao número atômico. Dados de abundância
na crosta, segundo Taylor, 1964.
industrial, como Cu (55 ppm) e Zn (70
ppm) (LONG et al., 2010). O Ce, por exemplo, Este padrão em zig-zag é difícil de ser utilizado
é o 25º elemento mais abundante na crosta para comparar materiais geológicos. A solução
terrestre (WALTERS et al., 2010). Ainda assim, os deste problema é feita com a normalização das

34
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

concentrações de ETR medidas por meio de “anomalia” de Eu ou de Ce, causadas pelos


valores de referência de ETR. A normalização estados de valência destes elementos, que estão
tem duas funções: (i) elimina a variação entre relacionadas ao estado de oxidação do sistema.
números atômicos pares e ímpares e; (ii) A anomalia será positiva ou negativa se Ce ou
permite identificar fracionamento dos ETR na Eu estão acima ou abaixo, respectivamente, da
amostra. Os valores de referência utilizados linha de distribuição geral dos ETR.
normalmente são: manto primitivo, meteoritos A variação da solubilidade dos ETR em fluidos
condríticos carbonáceos tipo C1, rochas crustais, aquosos já era conhecida desde o início do século
entre outros. A escolha da referência depende XIX, mas o estabelecimento do comportamento
do objetivo do estudo realizado. A composição dos ETR foi estabelecido apenas na década de
do meteorito condrito é um dos mais utilizados 1920. Neste período também, foi observado
para normalização dos dados de ETR, isto porque que a solubilidade dos lantanídeos varia com a
esta rocha não mostra fracionamento entre os natureza dos sais envolvidos no fluido. Apesar
ETRL e ETRP. disto, os fatores que controlam o padrão de
A concentração de ETR depende do distribuição dos ETR + Y nos fluidos hidrotermais
coeficiente de partição do fluido/fusão, ainda estão em debate (BAO et al., 2008).
além da presença de fluidos carreadores, da Os ETR formam complexos aquosos estáveis
temperatura e pressão, bem como dos fatores com vários tipos de ligantes em temperatura
cristaloquímicos. Ou seja, os padrões de ETR ambiente; porém, o transporte de ETR depende
de magmas gerados em diversos ambientes da solubilidade e especiação dos fluidos
podem fornecer informações da área fonte hidrotermais, que também promovem sua
e dos processos petrogenéticos (como fusão concentração e seu fracionamento (WILLIAM-
parcial) e evolutivos (como cristalização JONES; MIGDISOV; SAMSON, 2012).
fracionada, assimilação, mistura e imiscibilidade Migdisov et al. (2009) observaram que a
de líquidos). Apesar do comportamento quantidade de ETR transportado como fluoretos
geoquímico coerente dos ETR, as pequenas ou cloretos, dependem da temperatura e pH. O
diferenças entre os ETR são apresentadas pH influencia no comportamento dos complexos
quando os valores são normalizados, que podem de carbonatos, óxidos e hidróxidos de ETR, que
apresentar retas crescentes ou decrescentes, são estáveis em condições alcalinas e se tornam
que estão relacionados ao processo de solúveis em condições ácidas. Os complexos de
fracionamento dos ETR. O fracionamento dos fluoretos de ETR, não controlam o transporte
ETR nos sistemas naturais é conduzido pelas nos sistemas hidrotermais para a formação de
diferenças no raio iônico, estado de oxidação e minério, interferem apenas na precipitação dos
energia de ligação, estas informações permitem tipos de minerais de ETR como a fluocerita-
ser utilizadas para a separação industrial dos ETR (Ce) [(La,Ce)F3] e bastanaesita-(Ce) [(Ce,La)
(CHAKHMOURADIAN; WALL, 2012). CO3F] (WILLIAM-JONES; MIGDISOV; SAMSON,
O Ce e o Eu podem apresentar valores 2012). O mesmo ocorre com os fosfatos, visto
normalizados maiores ou menores ao pela solubilidade muito baixa da monazita.
apresentado pelos demais ETR. Este Geralmente, o fator de resfriamento do fluido
comportamento anômalo é conhecido como hidrotermal é responsável pela formação dos

35
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

minerais de ETR, pois modificam a estabilidade Os depósitos de ETR são formados, pela
dos fluidos: concentração dos ligantes, pH, associação de rochas com teores anômalos em
ebulição e perda de gás. ETR e também pela intensa participação dos
O estado de oxidação do sistema e reações de fluidos hidrotermais. Por isto, o entendimento
oxidação-redução podem ser importantes para da mobilidade hidrotermal dos ETR torna-se
o Eu e Ce. A estrutura cristalina e/ou número muito importante (WILLIAM-JONES; MIGDISOV;
de coordenação dos sítios para ETR também SAMSON, 2012). Normalmente os depósitos
influencia na abundância de ETRL e ETRP nos estão associados geneticamente a carbonatitos
minerais (KANAZAWA; KAMITANI, 2006). A e rochas silicáticas peralcalinas a graníticas
abundância relativa de ETRL e ETRP depende do diferenciadas que tipicamente possuem altas
número de coordenação de cada classe mineral concentrações de ETR.
(Figura 2.4).

Figura 2.4 - O número de coordenação e abundância de ETRL e ETRP nos sítios estruturais de cada classe
mineral de ETR: (O) e (●) mostra ETRL e ETRP respectivamente. O tamanho dos círculos mostra a abundância
de ETR em cada classe mineral (KANAZAWA; KAMITANI, 2006).

2.2 - MINERAIS DE TERRAS RARAS bom entendimento da mineralogia do minério e


do seu contexto geológico para que o depósito
A caracterização mineralógica do minério a
possa ser explorado e o minério beneficiado.
ser explotado antecipa o tipo de processamento
necessário, o que possibilita prever o custo Os ETR não ocorrem como metais livres na
operacional para competição no mercado crosta terrestre, devido ao seu comportamento
mundial (MARIANO; MARIANO JR., 2012a). geoquímico e ocorrem como mistura de
A exploração e pesquisa mineral de ETR terá vários ETR em minerais. Estes elementos são
êxito se for acompanhada pela caracterização encontrados como componentes de minerais
mineralógica, geoquímica e petrológica, com acessórios ou na forma de inclusões (cristais
integração e interpretação dos resultados dentro estranhos) ou preenchendo fraturas em outros
do contexto tecnológico (MARIANO; MARIANO minerais e / ou como elementos de substituição
JR., 2012b). A viabilidade do projeto depende do no mineral (LAPIDO-LOUREIRO, 1994).

36
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

O tamanho grande do raio atômico dos três minerais de ETR com maior importância
ETR restringe a sua entrada nos minerais, econômica, correspondendo a 95% da produção
por serem diferentes dos raios atômicos dos mundial de ETR (JACKSON; CHRISTIANSEN,
elementos passíveis de substituição. Os íons 1993; LAPIDO-LOUREIRO, 1994; WOOD, 2004).
trivalentes, maioria dos íons de ETR, substituem A loparita e a apatita são minerais que podem
os elementos Ca+2, Th+4, U+4, Mn+2, e Zr+4 nos conter importantes concentrações de ETR,
minerais. Enquanto o íon de Eu+2 pode substituir porém de menor expressão econômica. Os
o Pb+2, Ca+2, Sr+2 e Na+; e o Ce+4 substitui o U+4 argilominerais com íons de ETR adsorvidos são
e o Th+4. Apesar do tamanho dos íons serem importantes fontes de ETR pesados – ETRP,
semelhantes, a diferença de carga requer a exemplo dos depósitos chineses (KYNICKY;
compensação ou substituição dupla (diadóquia) SMITH; XU, 2012). Estes argilominerais são: a
ou pela geração de vacância. A compensação caulinita - Al2Si2O5(OH)4; a haloisita - Al4Si4OH8O10.
de carga pode ser feita pela adição de um 8H2O; e a família da esmectita - (½Ca, Na)0,7 (Mg,
ânion nos interstícios da estrutura cristalina, Fe, Al)4 ou 6 [(Si, Al)8O20]OH4.nH2O. No entanto,
como a substituição na anortita, por exemplo, há mais de 200 minerais que contém ETR como
(ETR+3, Al+3) = (Ca+2, Si+4) e (ETR+3, Na+) = (2Ca+2) elementos essenciais ou significantes (CHRISTIE
(HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011) . et al., 1998 apud HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS,
O número de coordenação influencia 2011). Na Tabela 2.4 temos os principais minerais
no processo de substituição causando de ETR com as suas fórmulas químicas, com
destaque aos minerais com potencial econômico
fracionamento de ETR nos vários minerais.
no Brasil. Apesar da diversidade de minerais
Os minerais com poliedros de coordenação
portadores de ETR, poucos formam depósitos
maiores, como a alanita, são substituídos
viáveis economicamente.
por íons ETRL (La ao Sm), enquanto que os
A bastnaesita é um fluorcarbonato composto
de menor coordenação como o zircão são
de ~70% de ETR (principalmente Ce, La e
substituídos por ETRP (Gd ao Lu). Os minerais
Nd); ocorre em quantidades econômicas em
que possuem coordenação intermediária, como
carbonatitos. Também pode ser encontrada
apatita e esfeno, não mostram preferência
em granitos peralcalinos e sienitos, associadas
entre ETRL ou ETRP. Os minerais formadores
a minerais ricos em ETRP, todavia não é
de rocha apresentam teores variados de ETR,
encontrada em concentração com potencial
onde plagioclásio e muscovita apresentam-se
econômico (MARIANO; MARIANO JR., 2012a).
enriquecidos em ETRL e granada enriquecida em
Esse mineral é a principal fonte de ETR nos
ETRP. Os minerais acessórios, por sua vez, são
depósitos Bayan Obo e Maoniuping, na China e
normalmente minerais pesados e geralmente
em outros carbonatitos, como no depósito de
compostos por altos teores de ETR, alguns dos
Mountain Pass (EUA). Neste último depósito, foi
quais são os minerais de ETR, como a monazita,
o principal mineral de ETR extraído por décadas.
xenotima, entre outros.
No Brasil, é o mineral de minério do Projeto
A bastnaesita [(Ce,La)(CO3)F], a monazita Morro do Ferro, em Poços de Caldas-MG (EDEM
[(Ce,La,Nd,Th) PO4] e a xenotima (YPO4) são os PROJETOS, 2014).

37
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Tabela 2.4 - .Principais minerais de ETR com teores de ETR maiores que 10 %. Em negrito estão os principais
minerais com extração de ETR conhecidas. Os minerais que poderão ser explorados no Brasil estão sublinhados
(JACKSON; CHRISTIANSEN, 1993; LAPIDO-LOUREIRO, 1994; CASTOR; HEDRICK, 2006; LONG et al., 2010; entre
outros).

% em peso
Mineral Química mineral
ETR Th U
Aeschinita (Ce,Ca,Fe,Th)(Ti,Nb)2(O,OH)6 36
Alanita (ortita) (Ce,Ca,Y)2(Al,Fe)3(SiO4)3(OH) 30 <3
Ancilita (Ce) SrCe(CO3)2(OH)•H2O 46 <0,4 0,1
Apatita Ca5(PO4,CO3)3(F,Cl,OH) 19
Bastnaesita (Ce)2 (Ce,La)(CO3)F 76 <0,3 0,09
Britolita (Ce,Ca)5(SiO4,PO4)3(OH,F) 62 1,5
Cerianita (Ce4+,Th)O2 81
Churchita YPO4.2H2O 44
Eudialita Na4(Ca,Ce)2(Fe ,Mn2+,Y) ZrSi8O22(OH,Cl)2
2+
10
Euxenita (Y,Ca,Ce,U,Th)(Nb,Ta,Ti)2O6 <40
Fergusonita (Ce,La,Y)NbO4 47
Florencita CeAl3(PO4)2(OH)6 32 1,4
Gadolinita (Ce,La,Nd,Y)2Fe2+Be2Si2O10 52
Gagarinita NaCaY(F,Cl)6 38
Huanghoita BaCe(CO3)2F 38
Kainosita Ca2(Y,Ce)2Si4O12(CO3)•H2O 38
Loparita (Ce,Na,Ca)(Ti,Nb)O3 36
Monazita (Ce,La,Nd,Th)PO4 71 <20 <16
Mosandrita (Na,Ca,Ce)3Ti(SiO4)2F <65
Parisita Ca(Ce,La)2(CO3)3F2 64 <0,5 <0,3
Rabdofana (Ce,La)PO4•H2O 54
Samarskita (Y,Ce,U,Fe3+)3(Nb,Ta,Ti)5O16 12
Sinchisita Ca(Ce,La,Y)(CO3)2F 51 <1,6
Talenita Y3Si3O10(OH) 63
Xenotima YPO4 61 <5
Ytrotantalita (Y,U,Fe )(Ta,Nb)O4
2+
<24

A monazita é um fosfato de ETR e Th, LOUREIRO, 1989). Porém, as monazitas de


mineral acessório encontrado em vários tipos placers, mineral de minério explorado no litoral
de rochas ígneas e metamórficas. E pode brasileiro até início dos anos 2000 (SERRA, 2013),
ocorrer em quantidades significativas em apresentam alto teor de Th, que podem conter
perfis intemperizados de carbonatitos, onde é mais de 27% de Th. A monazita é o principal
concentrada facilmente por processos físicos, mineral de minério dos depósitos alcalinos
permitindo a formação de depósito de grande carbonatíticos de Catalão (GO) e Araxá (MG).
tonelagem e de altos teores. Estas monazitas A xenotima é um fosfato de Y, com teor
são importantes porque apresentam baixo médio de 30% em peso de Y, que geralmente
teor de Th, geralmente < 1% em peso (LAPIDO- ocorre associado com os ETRP, como Dy,
38
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Er, Yb e Lu. É um mineral acessório comum na superfície dos argilominerais. Os fenômenos


em rochas graníticas diferenciadas e rochas de adsorção mais importantes nas argilas são
metamórficas. A sua concentração, juntamente a troca de cátions nas camadas superficiais e
com a monazita, em depósitos tipo placer, quimisorção de ânions nas bordas das camadas
está associada ao intemperismo destas rochas (KYNICKY; SMITH; XU, 2012). O depósito de ETR
graníticas e pegmatitos. No entanto, este encontrado no Granito Serra Dourada (Minaçu,
tipo de depósito forma pequenas reservas e GO) se enquadra neste tipo de depósito, e tem
ocorre de forma inconsistente. Este mineral como vantagem a não associação dos ETRP com
é fonte importante de ETRP e Y, porém nunca elementos radioativos.
foi explorado economicamente; é o principal A itriosinchisita foi um mineral explorado no
mineral minério do Depósito de Pitinga (AM) depósito de Kutessay (República do Quirguistão)
que ocorre associado à rocha sã (GARCIA, 2012), para suprir a deficiência de ETRP na Comunidade
para o qual ainda não há rota de extração de ETR dos Estados Independentes (CEI) iniciando seu
estabelecida. beneficiamento em 1996 (LAPIDO-LOUREIRO,
Loparita é um óxido, pertencente ao grupo 1994). A mineralização é relacionada aos
da perovskita, com teores de 38,5% TiO2, 30% granitos associados com xistos anfiboliticos. No
– 36% ETR2O3 e 10% – 12% de óxido de Nb e complexo de Barra de Itapirapuã a sinchisita é
Ta (CASTOR; HEDRICK, 2006). É um mineral um dos minerais de ETR.
acessório primário comum em intrusões de A alanita, um mineral do grupo do epidoto,
nefelina sienito e pegmatitos; pode ser também pode incorporar tanto ETRL quanto ETRP na sua
encontrado substituindo as perovskitas em estrutura cristalina. O teor de ETR raramente
carbonatitos. Este mineral foi a maior fonte de excede 15% em peso, normalmente limitado a
ETRL, Nb e Ta da indústria soviética na década 5% de OTR (JACKSON; CHRISTIANSEN, 1993).
1990 (HEDRICK; SINHA; KOSYNKIN, 1997; É um mineral refratário, resistente à quebra
CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012). Para este química. Isto faz com que seu processo de
tipo de depósito, o processo de extração de ETR extração de ETR não permite competir com a
já está estabelecido, o qual é feito por digestão bastnaesita e a monazita. A menos que tenha
ácida. altos teores de Nd ou ocorra como alanita-(Y)
As argilas são fontes importantes de ETR, pelo em quantidades econômicas. Este mineral foi
poder de adsorção de íons e representam a maior explorado por vários anos na região de Jaú (TO)
fonte de ETRP em produção, principalmente, na associado ao contato da alcalina do Peixe com
Província de Jiangxi (China). Este tipo de depósito o granito Mata Azul. A alanita ocorria na forma
ocorre em perfis de alteração sobre rochas de veios métricos de alaninitos perpendiculares
graníticas, onde a acumulação de ETRP + Y é ao contato, associados com veios decimétricos
fortemente controlada pelos minerais acessórios de biotititos (KITAJIMA, 2002). É também
ricos em ETR resistentes ao intemperismo (BAO; encontrado como subproduto em minas de
ZHAO, 2008; KYNICKY; SMITH; XU, 2012). Os urânio (Canadá) (JACKSON; CHRISTIANSEN,
principais minerais secundários de ETR são 1993; MARIANO; MARIANO JR., 2012a).
os fluorcarbonatos ou fosfatos do grupo da Eudialita é um silicato hidratado, encontrado
crandalita que liberam os ETR que são adsorvidos como mineral formador de rocha em diversos

39
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

locais no mundo com teor e tonelagem que total de ETR (∑ETR) no zircão raramente excede
pode vir a ser minerado. O teor de ETR é de 4 1% em peso e pode chegar a 6% em peso de
a 7% e mostra um enriquecimento em ETRP. ETRP, como os zircões secundários do depósito
Este mineral pode ser solubilizado em ácidos de Bokan Mountain (Alaska) (MARIANO;
fracos, mas o isolamento de ZrO2, Y2O3 e ETR2O3 MARIANO JR., 2012a). A sua natureza refrataria
é problemático devido a formação de SiO2 gel e sua resistência à dissolução química evidencia
associado (MARIANO; MARIANO JR., 2012a). problema do processamento químico deste
A solução deste problema será crucial para mineral. No Brasil, é minerado em placers
viabilizar a extração de ETR deste mineral de marinhos e é matéria prima para pigmento,
forma econômica. fundição, cerâmico e refratário (BERTOLINO et
A apatita contém teores significativos de al. 2009).
ETR, principalmente os ETRL, substituindo o Ca, Outros minerais portadores de ETR são
que pode atingir 6% em peso ETR (MARIANO; a fergusonita, euxenita e brannerita, são
MARIANO JR., 2012a). A mina de Khibiny (NE da fontes importantes de ETRP encontrados em
Rússia) produz concentrados de apatita desde rochas graníticas peralcalinas, pegmatitos
1929 e os ETR não têm sido recuperados dos e metamórficas, associados a depósitos de
rejeitos; calcula-se que 50 a 60 mt de ETR tenham urânio e acumulação coluvionar (MARIANO;
sido descartados (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, MARIANO JR., 2012a). No entanto, são minerais
2012). O depósito de Phalabora na África do sul encontrados em quantidades insuficientes para
tem potencial para extração de OTR a partir da gerar depósitos econômicos.
apatita que tem 125 Mt com 1,5% de apatita As principais fontes de ETR estão associadas
com 7% de OTR (JACKSON; CHRISTIANSEN, com a bastnaesita, com as maiores reservas
1993). A extração de ETR a partir de apatita seria na China (Bayan Obo) e nos EUA (Mountain
tecnologicamente factível, principalmente pelos Pass, Califórnia). E a monazita, produto de
altos teores encontrados de ETR e também pelo carbonatitos e em areias pesadas, como nos
volume minerado e processado de fosfatos. depósitos que ocorrem no Brasil, Austrália, Índia,
No entanto, não há tecnologias de extração de África do Sul, Tailândia, Sri Lanka, entre outros.
ETR neste tipo de mineralização (LINNEN et al., No Brasil, atualmente, destacam-se a ocorrência
2013). de importantes depósitos primários de monazita
O zircão é um silicato, mineral acessório em carbonatitos, como em Araxá (MG) e Catalão
comum em carbonatitos, granitos, sienitos, (GO) e de xenotima associados a granitos em
nefelina sienitos e rochas metamórficas, Pitinga (AM) e os depósitos secundários tipo
podendo ser encontrado enriquecido em ETR em placer em São João da Barra (RJ) e tipo argilas de
algumas ocorrências hidrotermais (MARIANO; adsorção iônica em Minaçu (GO).
MARIANO JR., 2012a). Este mineral pode formar A mineralização de ETR em sua maioria, além
depósitos primários tipo segregação magmática de ser complexa química e mineralogicamente,
(Pitinga – AM), relacionados a intrusões alcalinas geralmente está associada com elementos
(Tapira–MG); bem como depósitos secundários, radioativos como o Th e U (LONG et al., 2010).
tipo placer, encontrados nos cordões litorâneos Assim, depósito de ETR com mineralogia simples
(Mataraca - PB) (BERTOLINO et al. 2009). O e sem presença de elementos radiogênicos tem

40
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

grande vantagem competitiva, como o caso da transporte devem ser autorizados por este
bastnaesita de Bayan Obo e de Mountain Pass órgão. Os cuidados especiais necessários
(LONG et al., 2010). aumentam o custo operacional, principalmente
As fases minerais que requerem tecnologia de para a disposição adequada de material
extrações distintas torna a separação do minério radioativo. Este foi um dos fatores responsáveis
de alto custo e baixo rendimento. A maior pelo fechamento da extração de monazita para
dificuldade do processo metalúrgico é devido produção de ETR durante a década de 1980 em
às características particulares de cada mineral, diversos países (LONG et al., 2010) e também no
não sendo possível usar o mesmo processo Brasil em 2002 (SERRA, 2013).
para minerais diferentes (LONG et al., 2010). A distribuição dos ETR dentro do depósito
Neste contexto, o processamento de minério de e entre depósitos distintos é variável,
novas minas de ETR deve ser testado por vários principalmente quando há associação com
métodos de extração para ser utilizado àquele processos secundários de enriquecimento
com melhor processamento / rendimento (LONG do minério, que permitem a geração de
et al., 2010). diversos minerais secundários de ETR. Além
Além das dificuldades de processamento desta questão, a maior parte dos depósitos
mineral, a separação e refino dos 15 elementos é enriquecida em ETRL em relação aos ETRP,
individuais necessitam processos tecnológicos gerando produtos com menor valor agregado.
complexos. Estes processos envolvem Muitos minérios enriquecidos em ETRP são
diversas etapas para remoção das impurezas e aqueles que contêm xenotima e doverita [YFCO3.
individualização dos diferentes ETR (LONG et al., CaCO3], como principal mineral de ETR (BAO;
2010). O custo de extração pode ser minimizado ZHAO, 2008; LONG et al., 2010).
quando os ETR são extraídos como subproduto A abundância relativa de ETR no minério é de
ou coproduto de uma mina em operação, grande importância na exploração mineral, além
como o caso da produção iniciada pela CBMM das restrições relacionadas aos tipos de minerais
em Araxá, onde os ETR serão subprodutos do e a disponibidade relativa de ETR específicos e a
processamento de Nb (COMPANHIA BRASILEIRA coordenação das várias etapas de processamento
DE METALURGIA E MINERAÇÃO, 2013). e (LINNEN et al., 2013). Isto porque o mesmo
A presença de elementos radioativos é mineral pode ter concentrações e padrões de
outro complicador, visto que devem obedecer ETR diferentes. Esta variação geoquímica pode
a regulamentos específicos. No Brasil estes afetar o potencial comercial do recurso de ETR
elementos são regulados pelo Conselho Nacional (LINNEN et al., 2013).
de Energia Nuclear (CNEN); cujo manuseio e

41
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

42
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

3 - Tipos de Depósitos de Terras Raras

As concentrações econômicas de ETR podem redistribuição e concentração por processos


ser encontradas em diferentes ambientes superficiais (HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011;
geológicos associadas a rochas ígneas incomuns, CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012).
principalmente rochas alcalinas/carbonatitos e
Walters et al. (2010) propõe a divisão
granitos diferenciados e por seus produtos de
simplificada de depósitos de ETR em duas
intemperismo, gerando depósitos tipo placer
categorias principais: primário - associado
e residual (Figura 3.1) (LONG et al., 2010). A
a rochas ígneas e processos hidrotermais e;
geração de depósitos de ETR ocorre em rochas
secundário - formado pela concentração por
naturalmente ricas e também é influenciada
processos sedimentares e intempéricos. Na
pelos processos formadores de rochas, como
Tabela 3.1 são apresentados os principais
o enriquecimento magmático por fluidos
depósitos brasileiros segundo esta classificação.
hidrotermais, segregação magmática e/ou

Figura 3.1– Contexto tectônico dos maiores tipos de depósitos de ETR. Tipos de rochas estão na legenda,
processos associados estão em letras maiúsculas e os produtores potenciais de ETR no Brasil. (Modif. de
CHAKHMOURADIAN; WALL, 2012).

Tabela 3.1 – Classificação dos depósitos brasileiros de ETR, de acordo com o critério estabelecido por Walters
et al. (2010).
Associação Tipos Exemplos
Magmáticos / Veios Araxá (MG), Catalão (GO), Seis
Carbonatito e Stockworks Lagos (AM)
Primário Rochas peralcalinas Plutons/stocks e Repartimento (RR), Morro do
subsaturadas em sílica diques Ferro (MG)
Pitinga (AM), Serra Dourada
Granitos
Rochas graníticas (GO), Granitos Rondonianos
diferenciados (RO)
Buena (RJ), Guarapari (ES),
Placer marinho Sedimentar Cumuruxativa (BA)
São Gonçalo do Sapucaí (MG),
Secundários Placer fluvial Sedimentar Pitinga (AM)
Argilas com íons Perfil laterítico Serra Dourada (GO)
adsorvidos

43
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

3.1 - DEPÓSITOS PRIMÁRIOS que se observa é um enriquecimento de ETR


Os depósitos associados a rochas ígneas das rochas mais básicas para as mais ácidas,
têm aumentado de importância a partir de com seu maior teor na fase carbonatítica, como
1960, dada a sua participação na produção de dolomitos baritíferos (LAPIDO-LOUREIRO, 1989).
ETR (Figura I.2) (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, Grande parte dos depósitos de ETR ocorre
2012). A maior parte dos projetos avançados em em ambientes intracontinentais e anorogênicos
desenvolvimento de ETR atual está relacionada extensionais formados por tectônica de extensão
a este tipo de depósito (HATCH, 2014). Dos 50 ou soerguimento astenosférico (VERPLANK;
projetos avançados atuais, 20 são relacionados a VAN GOSEN, 2011). O afinamento da litosfera
rochas carbonatíticas e 13 são em outros tipos de continental propicia fusão parcial do manto por
rochas alcalinas (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, decompressão adiabática, formando extensas
2012). No início dos anos 90, a produção total províncias ígneas e produzindo diferentes tipos
de ETR era em torno de 50 mt, produzidos pelos de magmas, ricos em álcalis e subsaturados em
depósitos de: Mountain Pass nos EUA (305 – sílica (CHAKHMOURADIAN; ZAITEV, 2012). Estes
35%); Bayan Obo da China (5% – 10%), ambos magmas normalmente estão associados com
em carbonatitos, e também, a partir das minas rifts, grabens, descontinuidades e sistemas de
de loparita em nefelina sienitos de Lovozero falhas crustais profundas (BELL; KJARSGAARD;
(Rússia) com 10% a 15% (CHAKHMOURADIAN; SIMONETTI, 1999; CHAKHMOURADIAN;
ZAITSEV, 2012). Na década de 1980, a demanda WALL, 2012). Estas estruturas são ativadas
de Y era muito maior que a oferta, isto fez com episodicamente, formando depósitos de idades
que a exploração buscasse por novos depósitos diferentes dentro da mesma província.
ricos em Y, o que levou às pesquisas de recursos
de Zr e ETRP associados a rochas peralcalinas 3.1.1 - Rochas Alcalinas/Carbonatíticas
sieníticas e graníticas (CASTOR; HEDRICK, 2006). As rochas alcalinas formam-se pelo
Os depósitos primários ígneos de ETR resfriamento de magmas derivados da fusão
podem ser agrupados em categorias diferentes, parcial da porção superior do manto terrestre.
divididos segundo a proveniência e evolução Estes magmas durante a sua ascensão na crosta
do magma. Aqui será adotada a divisão passam por variações de pressão e temperatura
segundo Chakhmouradian e Zaitev (2012), em e a interação com as rochas circundantes. Isto
três grupos principais: carbonatitos, rochas faz com que seja gerada grande diversidade
peralcalinas subsaturadas em sílica (rochas de rochas enriquecidas em elementos
alcalinas) e granitos diferenciados. Os dois incompatíveis com viabilidade econômica,
primeiros formam as rochas conhecidas como entre os quais Zr, Nb, Sr, Ba, Li e ETR (CASTOR;
alcalinas, que em muitos casos, podem ocorrer HEDRICK, 2006; LONG et al., 2010). Estas rochas
associadas às rochas silicáticas (peralcalinas) estão relacionadas com as diversas fases de
formando as fases tardias (BELL; KJARSGAARD; evolução magmática, dificultando a classificação
SIMONETTI, 1999). No entanto, podem ser dos depósitos (LAPIDO-LOUREIRO, 1989; BELL;
relacionadas a fontes e evolução de magmas KJARSGAARD; SIMONETTI, 1999). O carbonatito
parentais de origem diferente (LONG et al., é definido pela União Internacional de Ciências
2010; CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012). O Geológicas (International Union Geological

44
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Science - IUGS) como rocha ígnea que contêm mineralização:


> 50% de minerais de carbonatos primários o Magma ultramáfico alcalino – cumulados
e menos que 20% de SiO2. Os outros minerais ricos em olivina (Ni?), clinopiroxênio, apatita
formadores da rocha são: apatita, magnetita e (P), perovskita (Ti), flogopita (vermiculita). Ex.:
silicatos ferromagnesianos. Fosfato e Titânio em cumulados bebedourítico
Os complexos carbonatíticos podem ser de Tapira e Salitre; Nb em nelsonitos Araxá,
gerados como carbonatitos primários, vulcânicos Catalão I e Catalão II; Titânio e vermiculita de
ou plutônicos, formados diretamente do Catalão I.
manto litosférico, caracterizados pela presença o Magma sienítico – cumulados de apatita (P),
de xenólitos do manto e ausência de rochas feldspato, +/- silicatos ricos em Zr (e.g. eudialita).
silicáticas relacionadas (WOOLLEY; KJARSGAARD, Ex.: Fosfato de Khibina (Rússia).
2008). Também podem ser formados por o Magma carbonatítico – cumulados de olivi-
diferenciação de fundido silicatado-carbonatado na, apatita (P), magnetita, +/- pirocloro (Nb),
(imiscibilidade de líquidos e cristalização carbonato. Ex.: Nb de Tapira e Salitre.
fracionada) (BELL; KJARSGAARD; SIMONETTI, o Magma foscorítico – cumulados de olivina,
1999). Entretanto, a maioria dos carbonatitos apatita (P), magnetita (Fe), pirocloro (Nb) Ex.:
distribuídos ao redor do mundo, tem sido gerada Fosfato de Araxá e Catalão, Palabora (Africa do
por processo de diferenciação magmática Sul).
(WOOLLEY; KJARSGAARD, 2008). A associação
• Imiscibilidade de líquidos – propicia a geração
espacial e temporal de rochas silicáticas com
de magmas carbonatíticos imiscíveis formados
os carbonatitos formam os complexos alcalino-
a partir de magmas silicáticos ricos em CO2 e
carbonatíticos. Apesar da verificação da
iônicos (carbonato + fosfato). Ex.: Fosfato em
consanguiniedade entre estas rochas, certas
foscorito e carbonatito em Araxá e Catalão I; Nb
rochas silicáticas podem ser resultantes de fusão
em foscoritos e nelsonitos em Araxá; e Nb em
parcial por processo metassomático gerados
nelsonitos em Catalão I. Os depósitos de ETR
em níveis mais rasos na litosfera (WOOLLEY;
também podem ser gerados por este processo.
KJARSGAARD, 2008; CHAKHMOURADIAN;
• Desgaseificação e metassomatismo (fenitiza-
ZAITSEV, 2012).
ção) – possibilita a geração de mineralizações
O controle do tipo de mineralização nos
tardias com enriquecimento de ETR, vermiculita,
carbonatitos pode ser influenciado pela
barita e fluorita. Ex.: Cu em sulfetos (bornita,
afinidade química, associações petrogenéticas,
principalmente) disseminados nos carbonatitos
processo de evolução do magma e processo de
e foscoritos bandados e em veios (calcopirita) em
intemperismo (RIBEIRO et al., 2014). O tipo de
Palabora (Africa do Sul); ETR em monazita tardia
diferenciação magmática também influencia
em carbonatitos e foscoritos e enriquecimento
na gênese e controle dos depósitos minerais por metassomatismo em Catalão I.
em complexos carbonatíticos, com geração
• Concentração supergênica - é um processo
de depósitos relacionados a diferentes bens
muito importante na geração de depósitos
minerais (BROD, 2012):
de ETR e outros bens minerais, onde os
• Cristalização fracionada – conduz a formação minerais de minérios resistatos podem formar
de cumulados com controle estratigráfico da depósitos, como monazita (ETR), apatita (P)

45
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

e pirocloro (Nb) e também, pela formação de de carbonatitos que se encontram distribuídas


minerais secundários anatásio (Ti) e vermiculita em todo o país e estão associadas com grandes
(vermiculita). alinhamentos tectônicos (Figura 3.2). A
A afiliação petrogenética destas rochas associação entre a geração de magmas alcalinos
também permite conhecer o potencial para e o controle estrutural é bem evidenciado pelos
mineralização, os que apresentam afiliação lineamentos e suas derivações secundárias
sódica (nefelinítica) tem menor diversidade de (Figura 3.2), como os lineamentos Alto
minérios do que a afiliação potássica (BROD, Paranaíba (denominado de grande Lineamento
2012). Os carbonatitos associados com sienitos 125° por BARDET, 1973), Lancinha-Cubatão e
saturados a subsaturados em sílica ricos em Transbrasiliano (BIONDI, 2003).
potássio tem maior abundância de elementos As idades das rochas alcalinas e carbonatitos
de elevado campo de força (HFSE) como Ti, Zr, associados à borda da Bacia do Paraná indicam
Hf, Nb, Ta, Rb, U e V (CASTOR; HEDRICK, 2006; pelo menos dois episódios magmáticos distintos:
CHAKHMOURADIAN, 2009; LONG et al., 2010). entre 60 e 90 Ma – corpos aflorantes em Minas
O posicionamento dos corpos carbonatitos/ Gerais, Goiás, Mato Preto (PR) e Lages (SC) e;
rochas peralcalinas gera alteração hidrotermal entre 110 e 130 Ma – complexos do Vale do Ribeira
nas rochas encaixantes, conhecida como (SP e PR) e a principal atividade magmática em
álcali-metassomatismo ou fenitização. Os Anitápolis (SC) (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI,
fluidos ricos em álcalis liberados durante a 1990). Os depósitos carbonatíticos importantes
fase de cristalização interagem com as rochas no Brasil estão geneticamente associados com
circundantes, transformando os minerais intenso processo de intemperismo, que forma
desta rocha em minerais ricos em sódio (Na) um espesso manto laterítico, principalmente
ou potássio (K), conhecidos como fenitos sobre as intrusões que ocorrem em MG e GO
(VERPLANCK; VAN GOSEN, 2011). Os estágios (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, 1990).
iniciais do processo de fenitização exibem zonas Os carbonatitos ocorrem como intrusões
brechadas, com formação de fraturas e veios, tardias associadas aos complexos alcalinos,
que são normalmente preenchidos com minerais na forma de diques e sills isolados, pequenos
ricos em álcalis (piroxênio e anfibólio sódicos, plugs ou massas irregulares que podem ou
álcali-feldspato). Estas feições, por exemplo, são não estar associados com rochas alcalinas
observadas no Complexo Barreiro de Araxá, onde (BELL; KJARSGAARD; SIMONETTI, 1999). Os
a auréola de rochas fenitizadas atinge mais de 2 complexos carbonatíticos brasileiros ocorrem
km de largura (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, como corpos maciços (stocks e plugs) na forma
1990). Além desses fluidos alcalinos, o CO2 é oval a circular em planta (GOMES; RUBERTI;
utilizado na formação dos minerais de rochas MORBIDELLI, 1990). Também é encontrado na
e o flúor tem papel importante na evolução forma de diques e veios e como corpos simples
de magmas álcali-carbonatíticos altamente ou até formando um sistema complexo cortando
diferenciados tanto como transportador (volátil) litologias correlatas e encaixantes. Os diques
como formador de fluorita (LAPIDO-LOUREIRO, ocorrem em gerações diferentes com padrão de
1989). distribuição radial ou anelar. Os corpos maciços
No Brasil, são conhecidas diversas ocorrências formam estruturas dômicas com arqueamento

46
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

das rochas encaixantes e formação de zonas MORBIDELLI (1990) para Araxá (MG) e Catalão
brechadas, como descrito por GOMES; RUBERTI; (GO).

Figura 3.2 - Mapa do Brasil evidenciando a relação entre o controle estrutural, os principais complexos
alcalinos e carbonatíticos associados. (Modificado de BIONDI, 2003).

As encaixantes dos complexos carbonatíticos, sendo que vários são depósitos minerais. A
geralmente, estão deformadas em estruturas geofísica é uma ferramenta importante, pois
dômicas, gerando padrões de drenagens radiais a permite modelar o corpo alcalino, mesmo em
partir destas rochas circundantes, normalmente, subsuperfície (MARANGONI; MONTOVANI,
mais resistentes (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, 2013).
1990). Este tipo de drenagem permite o Carbonatitos brasileiros tendem a ter
desenvolvimento de espessa cobertura de composição calcítica com alguns complexos
solo em muitos complexos, o que favoreceu a apresentando intrusões mais dolomíticas
concentração econômica de fosfato e nióbio, subordinadas, como por exemplo, em Araxá,
bem como de titânio e ETR. Muitos destes corpos Catalão, entre outros (GOMES; RUBERTI;
alcalinos apresentam interesses econômicos, MORBIDELLI, 1990). Enquanto que os

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

carbonatitos do complexo de Lages, Jacupiranga e foscoritos tardios, com imiscibilidade de


e Morro de Seis Lagos têm composição rica em líquidos associados ao metassomatismo e
ferro, sendo que os dois primeiros apresentam enriquecimento supergênico. Os minerais de
ankerita como mineral principal e o último minérios são monazita e carbonatos de ETR
a siderita (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, e seus produtos de alteração (MORTEANI;
1990). Os carbonatitos com maior teor de ferro PREINFALK, 1996; BROD, 2012). A concentração
são denominados de carbonatitos tardios e, e enriquecimento de ETR nos carbonatitos
também, são os que geralmente contêm os são controlados, principalmente, pelas fases
maiores teores de ETR (WALL; MARIANO, 1996). minerais dominantes, carbonatos e apatitas
Os carbonatitos apresentam forte (HORNIG-KJARSGAARD, 1998). Os carbonatos
enriquecimento em ETRL, apesar de seu caráter representam 30% a 90 % dos minerais com
altamente fracionado, em relação aos magmas teores de ETR (270 a 3.900 ppm) e a apatita, que
parentais, alguns carbonatitos apresentam pode conter até 3,4 % ∑ETR como no carbonatito
mineralização de ETRP, como o depósito de de Alnö (HORNIG-KJARSGAARD, 1998). As fases
Loftal (Namíbia) com xenotima pós-magmática acessórias como perovskita e pirocloro também
(CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012). Grande podem conter ETR na sua composição e podem
parte dos principais minerais portadores de influenciar no teor e padrão de ETR se ocorrerem
ETR provenientes de carbonatitos é encontrada em quantidades substantivas na rocha. Durante
dispersa entre os minerais formadores de rocha, o processo de resfriamento do magma, alguns
o restante é incorporado em diferentes tipos de elementos destes minerais são substituídos
carbonatos, fosfatos, óxidos e silicatos de ETR por outros elementos, liberando os ETR, que
(REGUIR et al., 2012). são incorporados na monazita, bastnaesita,
As principais mineralizações associadas parisita e em outros minerais secundários.
com os carbonatitos brasileiros são de fosfato Secundariamente, os ETR lixiviados das rochas
(fluorapatita), nióbio (pirocloro), titânio pelo processo intempérico, formam novos
(anatásio), níquel (garnierita) e vermiculita. As minerais como os fosfatos de Al, a exemplo do
mineralizações subordinadas são de urânio – tório que ocorre nos Complexos Alcalinos de Catalão
(Araxá, Serra Negra), barita (Araxá, Mato Preto), e Araxá (MORTEANI; PREINFALK, 1996).
bauxita (Lages), magnetita (Itapirapuã) (GOMES; Os depósitos de ETR em carbonatitos podem
RUBERTI; MORBIDELLI, 1990) e manganês (Seis ser divididos segundo os minerais encontrados
Lagos) (JUSTO, 1983). A concentração econômica em primário, hidrotermal ou de intemperismo
de ETR nesses depósitos, normalmente, é (MARIANO, 1996). Nos depósitos com
relacionada com fluidos tardios preenchendo mineralização primária, como o de Mountain
veios e mineralizações de substituição em Pass (Califórnia, EUA), as evidências texturais
carbonatitos ou rochas circundantes. Assim, demonstram que os minerais de bastnaesita e
nesses depósitos geralmente são encontrados parisita cristalizaram junto com os de calcita,
muitos minerais portadores de ETR primários e barita e dolomita (MARIANO, 1996). O processo
secundários (LAPIDO-LOUREIRO, 1989). hidrotermal altera e destrói os minerais primários
As mineralizações de ETR podem estar por fluidos de baixa temperatura liberando os ETR
associadas, principalmente com carbonatitos que podem formar minerais secundários (WALL;

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

MARIANO, 1996). A mineralização hidrotermal (SORENSEN, 1997). A composição, bem como


de ETR é representada pelos fluorcarbonatos, a distribuição espacial, temporal e de tamanho
como os de Barra do Itapirapuã (SP), resultantes do corpo é influenciada pelo local de extração
da alteração hidrotermal com introdução de ETR do magma gerador (CHAKHMOURADIAN;
em dois estágios, provavelmente associados ZAITSEV, 2012). Estas rochas são pobres em
com fluidos magmáticos de composições ricas feldspatos, sendo compostos essencialmente
em ETR. Os depósitos de Araxá, Catalão I, de feldspatóide, silicatos ferromagnesianos,
Seis Lagos e Maicuru encontram-se no grupo conhecidas como rochas da série melteigito–
de mineralização do tipo supergênica, com ijolito–urtito (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV,
a presença de minerais secundários como 2012).
rabdofana, crandalita, florencita, entre outros O controle da mineralização, concentração e
(MARIANO, 1996). distribuição de ETR, depende de vários processos
petrogenéticos, que estão relacionados aos
3.1.2 - Rochas Peralcalinas Subsaturadas em estágios finais do magmatismo ou interação
Sílica com fluidos hidrotermais tardios, fracionamento
As rochas peralcalinas são formadas por em fases minerais, oxidação ou redução e
magma supersaturado em álcalis, principalmente redistribuição durante intemperismo (CASTOR;
sódio, sob condições de aprisionamento de HEDRICK, 2006). Os principais minerais
voláteis (fases ricas em gases de hidrocarbonetos) concentradores de ETR dessas rochas são aqueles
e apresentam alta razão (Na+K)/Al (SORENSEN, que contêm cálcio e sódio, especialmente
1997). Estas rochas permanecem em estado eudialita, loparita entre outros, sendo a eudialita
de fusão por longo período, devido baixa um mineral concentrador de ETRP (SCHEIBE,
temperatura de sólido (500° C a 400°C). 1989). Alguns depósitos têm evidências de
Os depósitos peralcalinos associados com mineralização magmática, como os cumulados
carbonatitos são fontes primárias de Nb e ETR ricos em eudialitas do depósito de Lovozero
associados a Y e Zr (LINNEN; CUNEY, 2005). As (Rússia) e Ilímaussaq (Groenlândia). Outros
maiores concentrações de ETR (300 ppm – 800 mostram fortes evidências hidrotermais, como
ppm) são encontradas em granitos peralcalinos a associação da mineralização com as zonas de
anorogênicos e pegmatitos associados alteração (SALVI; WILLIAMS-JONES, 2005). Este
(CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012). tipo de depósito gera grandes recursos de baixo
O principal estágio de cristalização é teor (CASTOR; HEDRICK, 2006). O Complexo de
caracterizado pelos minerais feldspatóides ricos Lovozero (Rússia), por exemplo, é formado por
em potássio e sódio. A habilidade de retenção intrusões em camadas de nefelina (+/- sodalita)
e o tipo de volátil no magma influenciam no sienito superposto por nefelina sienito (lujavrito)
tipo de feldspatóide presente, normalmente traquitoide meso a melanocrático e a parte
nefelina ou menos comum, sodalita superior ocorre como pacotes estratificados
(CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012). Nos com eudialita lujavritos (CHAKHMOURADIAN;
estágios finais de cristalização os fluidos ricos em ZAITSEV, 2012).
sódio causam alteração tardia ou pós-magmática As rochas nefelina sienitos peralcalinos (e
com formação de mineralização hidrotermal fonolitos) são enriquecidos em Li, Be, Zr, Ta, Nb,

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

ETR, Th, entre outros e voláteis - principalmente (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012).


halogênios (F e Cl) (SORENSEN, 1997). Esta
diversidade de elementos incompatíveis geram 3.1.3 - Rochas Graníticas Diferenciadas
diversos tipos de minerais, dos quais mais de As rochas graníticas ricas em ETR representam
500 minerais são encontrados nos complexos os membros finais, mais fracionados da intrusão
da Província de Kola, 250 no Mont Saint-Hilaire e são dominantemente associadas com
(Quebec) e 200 espécies no Complexo Ilímaussaq magmatismo peralcalino e peraluminoso, além
(Groenlândia) (SORENSEN, 1997). dos pegmatitos relacionados a estes granitos
A paragênese magmática primária de (POLLARD, 1995; LINNEN et al., 2013). As partes
rochas peralcalinas feldspatóides e os ETR são apicais (ou cúpulas) dos granitos ricos em ETR
distribuídos entre o grupo fosfatos (apatita), são mineralizadas em Nb, Ta, ou Sn e também
zircono e titano-silicatos (minerais do grupo fortemente enriquecidas em voláteis do tipo F,
da eudialita e rinkita) (CHAKHMOURADIAN; Li, P e/ou B (MANNING; HILL, 1990). Um fator
ZAITSEV, 2012). O mineral loparita é um que favorece o enriquecimento de ETR nos
acessório comum em muitos tipos de rochas do líquidos residuais é a presença desses voláteis (F,
Complexo de Lovozero, algumas unidades ricas Li, P e B), visto que estes elementos diminuem
em loparita têm sido mineradas desde 1951 a viscosidade e temperatura solidus do
por mina subterrânea (CHAKHMOURADIAN; magma, facilitando a separação cristal-fundido
ZAITSEV, 2012). A eudialita é um zirconosilicato (MANNING; HILL, 1990).
de ETR com potencial econômico. Em Lovozero, Os granitos peralcalinos tem uma
representa mais de 10% com teor de 2,0 a 2,5 peculiaridade importante que é o seu
% em peso OTR. Apesar do baixo teor, tem a enriquecimento em ETRP, interpretado como
vantagem de ser um depósito de maior tonelagem resultado da baixa solubilidade da monazita em
e acessibilidade (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, magmas ricos em sílica (CHAKHMOURADIAN;
2012). O teor de OTR deste mineral nos depósitos ZAITSEV, 2012). Os minerais de ETRP são
norte americanos é maior, em torno de 4,0 a xenotima, fergusonita, samarskita e gagarinita
7,0% (MARIANO; MARIANO JR., 2012). O projeto e possuem também os minerais portadores de
do depósito de Kipawa em Quebec em sienito ETRL (monazita e alanita) (MARIANO; MARIANO
foliado com zona rica em Y e Zr, a mineralogia JR., 2012a). Outros minerais portadores de ETR
de ETR é eudialita, britolita e mosandrita, são os zirconosilicatos (zircão a eudialita, que
com teor de Y é variável em torno de 0,18% dependem da atividade de sódio e sílica no
de Y2O3, (CASTOR; HEDRICK, 2006; MATAMEC sistema), pirocloro e fluocarbonatos (LINNEN;
EXPLORATIONS INC., 2013). Outro mineral que CUNEY, 2005; CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV,
pode ser fonte importante de ETR é a apatita 2012). Os minerais podem ser encontrados
extraída em Khibiny, que contém 0,9% ETR com disseminados, sendo formados durante a
quantidades apreciáveis de ETRP (SAMONOV cristalização do magma ou pela alteração
2008, in CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, 2012). hidrotermal (POLLARD, 1995).
Caso seja investido no desenvolvimento de Outro tipo de granito com potencial para
tecnologia de separação e extração de ETR, esta mineralização de ETR são os granitos álcali-
fonte supriria 40% da demanda global de ETR feldspato peraluminosos ricos em fósforo,

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

que são fortemente enriquecidos em F, teores Madeira (POLLARD, 1995). A extração de ETR das
variados de Sn, W, Nb, Ta, Rb, Cs, Be, Li e argilas na China é uma mostra de que este tipo
depletados em Mg, Ti e elementos de transição de depósito em granitos podem gerar depósitos
(LINNEN; CUNEY, 2005). competitivos a custo baixo (KYNICKY; SMITH; XU,
Os pegmatitos relacionados a estes granitos 2012; MARIANO; MARIANO JR., 2012a).
são enriquecidos em elementos incompatíveis
(LINNEN; VAN LICHTERVELDE; CERNY, 2012). 3.1.4 - Outros Tipos de Depósitos
Estes pegmatitos podem ser divididos em duas Os depósitos tipo IOCG (Iron Oxide Copper
famílias, uma rica em Li-Cs-Ta (LCT) e outra rica em and Gold) têm mineralização de ETR associada
Nb, Y e F (NYF) (CERNY, LONDON; NOVÁK, 2012). com as mineralizações principais de Fe, Cu e Au.
A primeira família é extremamente rica em Rb, Esta associação pode estar relacionada com a
Cs, Be, Ta, Nb e Sn, e também em componentes contribuição de magmas alcalinos carbonatíticos,
fluxantes (Li, P, F e B) (CERNY; LONDON; NOVÁK, conforme sugerido por Groves e Vielreicher
2012). O segundo tipo (NYF) pode produzir ETR (2001), que classificam o carbonatito Palabora
e outros metais, mas tem menos importância (África do Sul) como a fase final do magmatismo
econômica que o tipo LCT (LINNEN; VAN IOCG. O depósito de Olympic Dam contém
LICHTERVELDE; CERNY, 2012). Apesar dos aproximadamente 10 Mt de ETR, principalmente
pegmatitos terem sido fonte de ETR de rochas La e Ce, a sua recuperação não é econômica
exploradas em meados do século passado, com a tecnologia existente (REYNOLDS, 2000).
este tipo de depósito é de pequena extensão A mineralização de ETR deste depósito está
e tonelagem (CHAKHMOURADIAN; ZAITSEV, relacionada ao processo hidrotermal com
2012). Além disto, apresentam mineralogia formação dos minerais: bastnaesita, florencita,
bastante complicada e com baixa concentração monazita, xenotima e britolita, que ocorrem em
de minerais de ETR de fácil recuperação (LINNEN; todos os tipos de brechas (ORESKES; EINAUDI,
VAN LICHTERVELDE; CERNY, 2012). Este subtipo 1990). No futuro, estes depósitos poderão
de depósito é encontrado associado a grandes ser importantes fontes de ETR no Brasil, isto
intrusões graníticas, geralmente formam corpos porque a região de Carajás (PA) possui os mais
pequenos e de baixo interesse econômico (LONG importantes depósitos tipo IOCG (WILLIAMS
et al., 2010). et al., 2005). Os depósitos desta região que
A economicidade dos depósitos associados possuem mineralização de ETR associadas são
às rochas graníticas depende da associação Cristalino, Igarapé Bahia, Salobo e Sossego.
com processo intempérico superimposto, que Outro tipo de depósito que pode conter
além de fragilizar a rocha (POLLARD, 1995), ETR associado é o do tipo Skarn, gerados pelo
liberar e transportar íons de ETR, que podem contato de um corpo intrusivo em rochas
formar os depósitos tipo argilas iônicas da China carbonáticas. Este tipo de depósito geralmente
(WU; YUAN; BAI, 1996) e/ou formar depósitos geram depósitos de pequeno porte, sendo de
aluvionares (MARIANO; MARIANO JR., 2012a). baixo potencial econômico.
Como exemplo citamos o depósito de Pitinga,
onde a mineralização de Sn (Ta-Nb) aluvionar foi 3.2 - DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS
formada por processo intempérico do granito Os depósitos secundários de ETR ocorrem

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

sobre fontes primárias enriquecidas, ou seja, marinhos (LONG et al., 2010). O transporte de
rochas com altos teores destes elementos, mas material erodido/desfragmentado através do
inviáveis economicamente. Estes depósitos meio aquoso e ação dos ventos pode concentrar
secundários são gerados por concentração minerais mais densos e resistentes em locais
associada aos processos de intemperismo, de menor energia, formando os placers. Estes
enriquecimento supergênico, como laterização depósitos são conhecidos também como
e também por processos de transporte e depósito de minerais pesados, cujos minerais
sedimentação. No entanto, essa divisão é são constituintes comuns a muitas rochas
um pouco complicada, pois dificilmente são ígneas, metamórficas e sedimentares antigas. As
encontrados depósitos gerados por apenas um maiores concentrações de monazita e xenotima
tipo de processo secundário superimposto na são encontradas associadas aos depósitos de
rocha primária. minerais pesados como ilmenita e cassiterita
O processo de intemperismo destrói os (LONG et al., 2010).
minerais acessórios de ETR (alanita, apatita, Nos anos 1980, a exploração de monazita
etc) nos seus primeiros estágios, liberando a e xenotima associada aos depósitos de Ti – Zr
maior parte dos ETR, que serão fracionados e em paleoplacer na Austrália foi a terceira mais
redistribuídos na zona saprolítica (BRAUN et importante fonte de ETR do mundo (CASTOR;
al., 1993). No perfil de intemperismo, a maior HEDRICK, 2006). Atualmente, na Austrália, como
parte dos ETR é lixiviada do horizonte superior no Brasil, não há comércio de minerais de ETR
rico em ferro, apenas o Ce é depositado como provenientes destas fontes devido ao alto teor
cerianita (CeO2) pela mudança no pH e estado de Th e também por questões ambientais de
de oxidação. Enquanto os demais ETR movem extração (POLLARD, 1995; CASTOR; HEDRICK,
para a base deste perfil. Os fosfatos formados 2006). Até 1988, a maior fonte de Y era da
neste processo são fortemente enriquecidos xenotima proveniente de placer na Malasia.
em ETRL. Em ambientes superficiais, os ETR são Com a entrada em produção de Y das lateritas de
encontrados em baixas concentrações e possuem Longnan no sul da China, a produção da Malasia
baixa solubilidade em águas superficiais. Apesar diminuiu sua participação no mercado (CASTOR;
de formarem acumulações que podem vir a HEDRICK, 2006).
ser econômicas em ambientes sedimentares Os depósitos de placer mais importantes
(fosforitos, lignito) e em ambientes regolíticos com mineralizações de ETR são aqueles gerados
(laterita residual e bauxita). Enquanto que os durante o Cenozóico, sendo identificados mais
minerais resistados podem ser preservados no de 360 depósitos em diferentes continentes
solo e com o processo de erosão ser desagregado (ORRIS; GRAUCH, 2002). O mineral de ETR mais
da rocha e transportado até serem despositados. importante, neste tipo de depósito, é a monazita;
enquanto os demais minerais ocorrem em
3.2.1 - Depósitos Tipo Placer menor expressão, não gerando concentrações
Os sedimentos produzidos por processos significativas.
intempéricos de todos os tipos de rocha são A monazita de placer apresenta conteúdo
transportados e depositados em diferentes de ERTP relativamente alto quando comparado
ambientes sedimentares continentais e com os depósitos fortemente dominados por

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

ETRL em rocha fonte carbonatítica como Bayan depósitos residuais. Os corpos de minérios de
Obo e Mountain Pass (CASTOR; HEDRICK, 2006). ETR ocorrem principalmente na zona totalmente
A distribuição de ETR em monazitas e xenotimas alterada e às vezes, na parte inferior da zona do
de muitos depósitos de placer apresentam solo e/ou na parte superior da zona saprolítica
fortes anomalias negativas de Eu, indicando que (WU; YUAN; BAI, 1996; LONG et al., 2010). No
a sua fonte provavelmente continha plagioclásio Granito Serra Dourada o horizonte argiloso,
(CASTOR; HEDRICK, 2006). acima do saprólito, é o mais enriquecido em ETR
(SANTANA, 2013). Este horizonte também é o
3.2.2 - Depósitos de Intemperismo Residual mais enriquecido em ETR nos granitos estudados
(Supergênico) - Lateríticos por Murakami e Ishihara (2008).
Os depósitos lateríticos formados sobre As condições de climas úmidos e quentes,
rochas graníticas, estudados desde o início associadas a topografia de relevo suave da
da década de 1970, descobertos no Sul da região, levam ao estabelecimento de um perfil
Província de Jiangxi (WU; YUAN; BAI, 1996; CHI de intemperismo bem desenvolvido, onde o
et al, 2006; KYNICKY; SMITH; XU, 2012), ocorrem processo de lixiviação é contínuo e com baixa
em vários outros locais, como no granito Serra taxa de denudação. O relevo suave associado ao
Dourada em Goiás (MARIANO; MARIANO JR., processo intempérico favorece o enriquecimento
2012a; SANTANA, 2013). Também conhecidos de ETR em níveis inferiores do perfil de solo. No
como depósitos de adsorção de íons, onde os horizonte mais superficial (horizonte A), ocorre
ETR ocorrem como íons adsorvidos em argilas a depleção de ETR com enriquecimento das
(CASTOR; HEDRICK, 2006; KYNICKY; SMITH; XU, camadas subjacentes (horizontes B e C) (BAO;
2012). Estes depósitos são geralmente de baixo ZHAO, 2008).
teor, porém de fácil extração (WU; YUAN; BAI, O perfil de intemperismo mostra-se
1996), constituindo grandes recursos e poucos claramente zonado, mas com mudanças
depósitos têm altos teores de ETR (CASTOR; composicionais e texturais graduais (BAO; ZHAO,
HEDRICK, 2006). 2008). Kynicky, Smith e Xu (2012) observaram
Os maiores depósitos conhecidos estão que a porção coluvionar é composta das argilas:
localizados no sul da China, nas províncias de caolinita, haloisita e esmectitas, que possuem
Jiangxi, Hyna, Fujian, Guangdong e Guangxi ETR adsorvidos na sua superfície e chegam a ser
(KYNICKY; SMITH; XU, 2012). Estes depósitos enriquecidas mais de cinco vezes em comparação
estão concentrados, principalmente, próximos com o protólito. A caolinita e haloisita são os
ao paralelo 28°N e são desenvolvidos sobre principais argilominerais portadores de ETR
rochas graníticas altamente evoluídas e em no perfil intempérico e indicam que os ETR
menor expressão sobre rochas piroclásticas, inicialmente estavam como íons aquosos ou
tufos e lamproítos (BAO; ZHAO, 2008). As rochas com hidroxila antes de serem adsorvidos nos
bastante alteradas apresentam perfis de solo argilominerais (CHI, 2006). Apesar dos ETR serem
lateríticos ricos em ferro e alumínio com dezenas considerados relativamente imóveis, é assumido
de metros de espessura nos climas tropicais que a composição de ETR dos sedimentos dos
(LONG et al., 2010). Este processo de laterização rios reflete a composição de materiais fontes
geralmente concentra minerais pesados como que foram intemperizados (BAO; ZHAO, 2008).

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os ETR podem estar contidos em quatro fases, (BAO; ZHAO, 2008; MURAKAMI; ISHIHARA,
do mais para o menos importantes são: fase íon 2008). No horizonte A (horizonte laterítico)
trocável aquosa ou hidroxila (que tem maior há enriquecimento do Ce e nas camadas
proporção no minério, mais de 80%), fase inferiores há empobrecimento deste elemento,
mineral, sedimento coloidal e fase solúvel em provavelmente devido à oxidação do Ce+3
água (muito pouco representativa) (CHI, 2006). para Ce+4. O Ce+4 é menos solúvel que o Ce+3
A diferença nas afinidades relativas dos e é fixado nos minerais secundários como as
ETR é causada pela propriedade da contração argilas. O processo de oxidação ocorre logo
lantanídea, onde os ETRL+3 são preferencialmente após a dissolução do Ce+3 pela solução aquosa,
absorvidos na superfície e os ETRP+3 são retidos na que durante a migração é removido da solução
solução e acumulados nas partes mais profundas pela captura (adorção) em argilo-minerais e/ou
do perfil de intemperismo (BAO; ZHAO, 2008). A óxidos de Fe e Al (BAO; ZHAO, 2008). O Ce+4 tem
adsorção de cátions pelas argilas está associada baixa solubilidade e alta atividade de adsorção,
a dois centros adsortivos ativos: estrutura de onde o Ce ocorre como cerianita ou está
substituição e ligação residual de superfície adsorvido pelas argilas e/ou oxi-hidróxidos de
fraturada. A afinidade de ETR pelos argilominerais Fe e Al (BAO; ZHAO, 2008). Este enriquecimento
diminui com o aumento do número atômico, nestes minerais gera anomalias negativas de Ce
o que causa um enriquecimento de ETRP nas em águas meteóricas que percolam o perfil, bem
partes mais profundas do perfil intempérico como o enriquecimento na camada superior
(BAO; ZHAO, 2008). Além dos argilominerais, os (horizonte A) o que induz o empobrecimento nos
materiais de oxi-hidróxidos de Fe e fosfatos de níveis inferiores do perfil intempérico. A maior
alumínio e matéria orgânica podem absorver parte dos ETR é incorporada, nestes perfis, em
grandes quantidades de ETR, (WALTER et al., minerais acessórios menos resistentes, doverita,
1995; BAO; ZHAO, 2008). Murakami e Ishihara parisita, etc. (BAO; ZHAO, 2008).
(2008) observaram que a adsorção de ETR em A acumulação de ETR nos perfis intempéricos
caolinitas pode estar relacionada com o fluxo sobre granitos é fortemente influenciada pela
de água subterrânea como possível carreador resistência ao intemperismo dos minerais
destes elementos. O grau de acidez da água portadores destes elementos (BAO; ZHAO, 2008;
meteórica também influencia no processo que se MURAKAMI; ISHIHARA, 2008). Os principais
tornam mais ácidas com contribuição de ácidos minerais acessórios portadores de ETR são:
orgânicos das camadas superficiais e associado à bastnaesita, parisita [CaCe1.1La0.9(CO3)3F2],
presença de microgorganismo podem acelerar a gadolinita [Y2Fe2+Be2(Si2O10)], doverita [YFCO3.
dissolução de apatita e minerais secundários de CaCO3], alanita, xenotima, monazita, apatita,
fosfatos (BAO; ZHAO, 2008). entre outros. Minerais resistentes tendem a
Nos perfis de intemperismo bem ser preservados na sua forma original no perfil,
desenvolvidos, ocorre diferenciação nas enquanto os menos resistentes podem ser
concentrações de ETR, provavelmente associada encontrados como relictos apenas no horizonte
com a baixa taxa de denudação que permite a C do perfil (BAO; ZHAO, 2008). Dentre os minerais
acumulação de ETR + Y nos horizontes B (zona no depósito de Xunxiu, na província de Longnan
intemperizado) e C (frente de intemperismo) (China), destaca-se a doverita que é o mineral

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

rico em ETRP, que concentra 60% do total de em depósitos carbonatíticos é rara a formação
ETRP+Y da rocha e contribui para acumulação de argilominerais, devido às características
desses elementos no perfil intempérico (BAO; mineralógicas desta rocha (WALTER et al, 1995).
ZHAO, 2008). O depósito de Heling, por sua vez, O comportamento de ETR durante os
apresenta a bastnaesita-(Ce) e apatita como processos intempéricos não depende somente
principais minerais portadores de ETR, sendo da mineralogia da rocha fonte e química do
assim um depósito de ETRL (BAO; ZHAO, 2008). fluido intempérico. A distribuição dos ETR nos
Nos depósitos de carbonatitos ricos em minerais secundários pode ser influenciada
apatita (P), este mineral se transforma em pela razão água/rocha, visto pela depleção e
vários fosfatos calco-aluminosos (WALTER fracionamento de ETR nos sistemas abertos,
et al., 1995). Em clima tropical ocorre onde a microporosidade entre grãos preserva
enriquecimento de ETRL em relação aos ETRP o teor de ETR (WALTER et al, 1995). As
(alta razão La/Yb) nos materiais altamente substituições por minerais de baixa cristalinidade
intemperizados destes carbonatitos. Walter et como pseudomorfos de minerais primários são
al. (1995) observaram que os padrões de ETR caracterizadas pelo forte enriquecimento de ETR
nos minerais primários e secundários mostram associado com forte fracionamento ETRL-ETRP.
que o processo de intemperismo fraciona Os depósitos do sul da China são normalmente
ETRL e ETRP. A redistribuição de ETR dentro do de baixos teores, cujo minério tem teor em
perfil de intemperismo e dentro de diferentes torno de 0,05 – 0,2 % em peso e são de grande
minerais secundários, indicando diferenças na extensão (BAO; ZHAO, 2008; KYNICKY; SMITH;
mobilização de ETR, em escala de afloramento, XU, 2012). Eles representam a principal fonte
pode proporcionar zonas de acumulação e mundial de ETRP, com produção significativa
lixiviação. Nos perfis de intemperismo, as zonas de ETRL (KYNICKY; SMITH; XU, 2012). O
abundantes de produtos de Fe-Mn tendem a ser desenvolvimento das minas na década de
enriquecidas em ETRP, pois formam compostos 1980 influenciou significantemente o mercado
com baixa cristalinidade e os poros presentes mundial (WU; YUAN; BAI, 1996). No sul da
agem como armadilhas para ETR (WALTER et China, há dois tipos de depósitos explorados de
al., 1995). Os minerais secundários precipitados forma econômica: Longnan (produz ETRP + Y)
nos espaços vazios apresentam depleção e e Xunwu (ETRL). Apesar deste tipo de depósito
fracionamento de ETR; enquanto que os que ser economicamente viável na China, podem
cristalizam em microporos intergranulares não ser viáveis em outros países, devido aos
mostram preservação do teor de ETR e da maiores custos operacionais e fortes restrições
distribuição dos minerais primários substituídos ambientais (MARIANO; MARIANO JR., 2012a).
(WALTER et al., 1995). Nos perfis lateríticos

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

4 - Usos e Aplicações

As propriedades químicas e físicas dos ETR (GAMBOGI, 2011). Os óxidos de Ce, La, Y, Nd,
permitem que sejam utilizadas numa grande Pr, Sm e Gd são os mais utilizados nos diferentes
variedade de aplicações tecnológicas. As formas setores do mercado mundial (Figura 4.1). O Y,
elementares dos ETR são metais tipicamente Nd e Pr são considerados elementos críticos por
macios, maleáveis e dúcteis, geralmente apresentarem demanda maior que a oferta no
reativos, especialmente a temperaturas cenário de mercado atual.
elevadas ou quando finamente divididos

Figura 4.1 – Distribuição do consumo de ETR em 2008 (GOONAN, 2011).

Os óxidos e metais de ETR estão incorporados ETR agrupados, conhecidos como mischmetal,
em aplicações como os supercondutores, e apenas cerca de 1% era usado como ETR
magnetos miniaturizados, catalisadores individuais. Atualmente o uso dos ETR é mais
utilizados em refinamento de produtos diversos diversificado e distribuído em diversos setores
e componentes para carros híbridos (HATCH, industriais, conforme pode ser visto abaixo.
2014). Além das aplicações tecnológicas, a A Tabela 4.1 apresenta o ETR necessário em
concentração relativa de ETR é usada em geologia cada tipo de aplicação. Os principais usos dos
para a determinação da fonte dos magmas que ETR são:
constituem as rochas ígneas e para a datação de • Catalisadores: automotivos, refino de petróleo,
alguns minerais, p. ex. através da abundância aditivo para combustível, controle de poluição
relativa do par samário/neodímio (Sm/Nd). do ar e filtragem de água.
No passado, a partir de 1964 até os anos 1980, • Imãs permanentes e cerâmicos: carros híbridos
o consumo de ETR vinha crescendo cerca de 25% e elétricos, eletrônicos, sistema de som, energia
ao ano. Até 1972, o maior consumo era para limpa, motores elétricos, imagens médicas e

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

sistemas sem fio. recarregáveis, eletrodos de bateria, baterias


• Fósforos: monitores e televisões LCD, telas nucleares.
de celulares, luz fluorescente eficiente, LED, • Equipamentos médicos: equipamentos de
lâmpadas de vapor de mercúrio, fósforo ressonância magnética, imagens de raios X,
vermelho (Eu), azul (Eu) e verde (Tb). ferramentas e perfuratrizes cirúrgicas, lasers
• Pós para polimento: lentes de precisão ótica, cirúrgicos, tubos de feixe de elétrons, tomografia
componentes eletrônicos, telas de televisão e computadorizada e captura de nêutrons.
computador, transistores wafers e chips de sílica. • Uso nuclear: barras de controle (Eu e Dy),
• Aditivos em vidros: cria cor variando do ama- venenos queimáveis (Sm e Gd), segurança em
relo ao violeta, modifica as propriedades de reatores (Sm e Gd).
absorção da luz e aumenta o índice de refração • Metalurgia: Superligas (altas temperaturas e
para lentes e fibras ópticas; resistência à corrosão), ductibilidade do ferro e
• Cerâmicas: cores em cerâmicas e vidros, ama- qualidade do aço.
relo (Ce), verde (Pr) e violeta (Nd); sensores de • Outros usos: cerâmicas para alta temperatura,
gases. lubrificantes, fertilizantes, sondas biológicas de
• Armazenamento de energia: baterias NiMH pesquisas.

Tabela 4.1 – As principais aplicações de ETR nos diferentes setores industriais (JACKSON; CHRISTIANSEN, 1993;
GUPTA; KRISHNAMURTHY, 2005; HOATSON; JAIRETH; MIEZITIS, 2011; HUMPHRIES, 2013).
Polimentos
Catalisador

Eletrônicos
Cerâmicas
Aditivos e

Medicina
de vidros
Fósforos

Baterias
Lentes

Lasers
óticas
Imãs
 

La X X X X X X X X
Ce X X X X X X X X
Pr X X X X X X X X X
Nd X X X X X X X X
Pm X X
Sm X X X X X X
Eu X X X
Gd X X X X X X X X
Tb X X X X X X
Dy X X X X X
Ho X   X X X X
Er X X X X X
Tm X X X X
Yb X X X X
Lu X X

As principais aplicações dos ETR podem ser (1993); Gupta e; Krishnamurthy (2005); Hoatson,
encontradas em vários trabalhos disponíveis Jaireth, e Miezitis, (2011); Humphries (2013);
na literatura tais como: Jackson e Christiansen entre outros.

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

4.1 - CARACTERÍSTICAS DE CADA ELEMENTO estado de oxidação mais comum é +3, devido sua
4.1.1 - Escândio (Sc) propriedade física / química ser similar ao Ho,
O escândio é um elemento classificado como e a sua separação dos ETR é complexa. O metal
ETR por apresentar propriedades similares aos tem brilho prateado metálico e é relativamente
do ítrio, actínios e lantanídios. Não é encontrado estável no ar, exceto quando granulação fina,
no estado nativo. O estado de oxidação mais o seu pó tem cor cinza escuro, e lascas ou
comum é +3 e os sais formados por este elemento fragmentos podem inflamar em temperatura
são incolores. O metal é obtido industrialmente superior a 400°C. O metal tem uma seção de
por processo de redução do fluoreto de escândio choque baixa para captação nuclear. A principal
com cálcio; e é dúctil, muito leve, de coloração fonte de Y é a xenotima, no entanto, pode ser
branca prateada e quando exposto ao ar adquire encontrado em outros minerais portadores de
coloração rosada. ETR.

A principal fonte de escândio é o mineral Os principais usos e aplicações do ítrio são:


thortveitita [Sc1.5Y0.5Si2O7], outras fontes • Aumenta a resistência das ligas de alumínio e
minerais conhecidas são euxenita e gadolinita. magnésio; pode ser usado para reduzir metais
O elemento é extraído como subproduto dos não ferrosos como o vanádio; é usado como
resíduos da extração do urânio e da wolframita. catalisador para a polimerização do etileno.
É encontrado como elemento traço deste metal • O óxido de ítrio é o seu composto mais
em mais de 800 minerais. Por exemplo, a cor importante. YBCO (óxido de ítrio, bário e cobre)
azul da água-marinha, variedade de berilo, é é supercondutora a -178°C.
atribuída à presença de escândio. • O óxido de ítrio é usado em granadas como:
Os principais usos e aplicações do escândio de ítrio e alumínio (Y3Al5O12) e de ítrio e ferro
são: (Y3Fe5O12).
• Produção de lâmpadas de vapor de mercúrio o Granada de ítrio e alumínio é usada para
como: óxido de escândio (Sc2O3) obtendo-se lapidação ou como gema, substituindo o
luz artificial de mais alta qualidade; e iodeto de diamante, devido sua dureza ser igual a 8.
escândio (ScI3) torna fonte de luz parecida com o Granadas de ítrio e ferro são eficazes como
a luz solar. filtros de micro-ondas
• O isótopo radioativo Sc46 é usado no o Granadas de ítrio, ferro e gadolínio, pelas suas
craqueamento do petróleo como traçador. propriedades magnéticas, podem ser utilizadas
• A sua adição no metal alumínio aumenta o como transmissor e transdutor da energia
ponto de fusão da liga e tem aplicação nas sonora, bloqueando algumas frequências, e
indústrias aeroespacial e aeronáutica. permitindo outras frequências em sistemas de
• As ligas metálicas de escândio ainda estão comunicação, como nos satélites.
restritas à indústria metalúrgica, seu uso o Granada de alumínio e ítrio, fluoreto de
poderá ser estendido, devido suas propriedades lítio e ítrio e o vanadato de ítrio são usados
semelhantes ao ítrio e ETR. em combinação com dopantes de neodímio ou
érbio em lasers infravermelhos.
4.1.2 - Ítrio (Y) • O ítrio dopado com európio é usado para
O ítrio, também classificado como ETR. O produzir fósforos de coloração vermelha em

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

cinescópios de televisão. • Eletrodos de baterias catódicas em função


• O óxido de ítrio pode ser usado na composição da sua alta emissão de elétrons; e eletrodo de
de cerâmicas e vidros por apresentar elevado carbono para a produção de luz, principalmente
ponto de fusão, alta resistência mecânica e para iluminação de estúdios e projeções na
baixas características de expansão. indústria cinematográfica.
• Alguns dos seus isótopos radioativos são • Adição de pequena quantidade de lantânio
usados na radioterapia do câncer. no aço melhora sua maleabilidade, ductilidade
e resistência ao impacto; e também, são
4.1.3 - Lantânio (La) adicionadas ao ferro para produzir ferro
fundido nodular; e 0,2% a 5% são adicionadas
O lantânio é encontrado em alguns minerais,
ao molibdênio para diminuir a sua dureza e
geralmente em combinação com cério e outros
sensibilidade a variações de temperaturas.
ETRL. O metal lantânio é de cor branca prateado,
maleável, dúctil e mole bastante para ser cortado • O metal é pirofórico, por isso é usado em
com uma faca. É um dos ETR mais reativos, ligas (25% a 45%) para a produção de pedras de
oxidando quanto exposto ao ar. isqueiros.

Os principais usos e aplicações do lântanio • Ligas de lantânio como esponjas de hidrogênio


são: são capazes de absorver até 400 vezes o seu
volume de hidrogênio gasoso e é um processo
• Baterias NiMH recarregáveis de automóveis
reversível.
híbridos, p. ex.: bateria do carro elétrico Prius da
Toyota requer 10 kg deste elemento. • Método La-Ba em datações de rochas e
minérios
• Óxido de lântanio usado em vidros ópticos
especiais, pois aumenta a resistência do vidro, 4.1.4 - Cério (Ce)
bem como eleva o índice de refração e diminui a
O cério exibe características químicas
dispersão, sendo aplicados na produção de: vidro
interessantes, devido à distribuição eletrônica no
absorvente de radiação infravermelho; lentes
subnível 4f e de outros orbitais mais externos,.
ópticas para câmeras de máquinas fotográficas e
Por exemplo, a compressão ou refrigeração do
telescópios; e na forma de compostos para polir
metal pode modificar o seu estado de oxidação
vidros e em processo de lapidação.
de +3 a +4. O cério com estado de oxidação
• Nitrato de lantânio é aplicado principalmente +3 é denominado ‘ceroso’, quando apresenta
em vidros especiais, tratamento da água estado de oxidação +4 de ‘cérico’. Os sais de
(remoção de fosfatos de água) e como catalisador cério IV (céricos) são vermelhos, alaranjados
no craqueamento do petróleo (transformação ou amarelos, e os de cério III (cerosos) são
do óleo cru nos seus derivados). geralmente brancos. O óxido de cério (IV) é
• Carbonato de lantânio [La2(CO3)3] é usado formado pela calcinação do oxalato de cério ou
em medicamentos para tratamento renal no hidróxido de cério, com a fórmula química CeO2,
controle de hiperfosfatemia, absorvendo o que é a fase mais estável à temperatura ambiente
fosfato nos casos de falhas renais e sob condições atmosféricas. O cério também
• Cloreto de lantânio (LaCl3) é conhecido por forma óxido de cério (III) Ce2O3. O cério é um
apresentarem propriedades anticoagulantes. metal macio, maleável e dúctil, brilho metálico

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

e cor prateada, perde o lustro rapidamente em orgânica.


presença do ar. O metal é rapidamente atacado • O sulfato cérico é usado extensivamente
em soluções alcalinas e os ácidos diluídos e como agente oxidante em análises quantitativas
concentrados, quando puro pode inflamar-se volumétricas (titulação volumétrica).
quando riscado com uma faca. O cério em pó
é ligeiramente higroscópico e também absorve 4.1.5 - Praseodímio (Pr)
uma pequena quantidade de dióxido de carbono O praseodímio é metal prateado, macio,
da atmosfera. dúctil, mais resistente à corrosão no ar do que
Os principais usos e aplicações do cério são: o európio, lantânio, cério ou neodímio. É muito
reativo quando exposto ao ar, desenvolvendo
• O metal cério é adicionado ao ferro fundido
uma cobertura de óxido verde que se fragmenta
produz ferro maleável, age como endurecedor
e expõe mais metal para oxidação. Por essa
em aço inoxidável, e a adição de 3 a 4% em ligas
razão, o praseodímio deve ser armazenado
de magnésio; é usado nas ligas para a produção
imerso em óleo mineral ou selado em plástico
de imãs permanentes; é usado em lâmpadas de
ou vidro.
arco de carbono, principalmente na indústria
cinematográfica; e é um componente de ligas Os principais usos e aplicações do praseodímio
pirofosfóricas usados em isqueiros. são:

• O óxido de cério IV (CeO2) poderá substituir o • O metal praseodímio é usado: associado


óxido de zinco e dióxido de titânio em protetores com o neodímio para fabricação de magnetos
solares, por ser transparente para a luz visível permanentes de alta potência por sua
e absorver fortemente a radiação ultravioleta; resistência e durabilidade, que são essenciais
é usado nas paredes de fornos auto-limpantes para motores elétricos e geradores de carros
como catalisador de hidrocarbonetos durante o híbridos e turbinas eólicas; em ligas metálicas
processo de limpeza a alta temperatura; é usado com o magnésio produz metal de alta resistência
em conversores catalíticos de escapamentos usado em motores de aviões; como núcleo nas
para redução de emissão de óxidos de nitrogênio lâmpadas de arco de carbono para a indústria
NOx; é usado em cerâmica, para sensibilizar cinematográfica, para iluminação de estúdios e
vidro fotossensível, como um catalisador e no projetores.
suporte de catalisadores; é usado para polir • Sais de praseodímio são usados para colorir
vidro e pedras, para lapidação, como alternativa vidro e esmalte de amarelo.
ao “rouge de joalheiro” ou “rouge de ópticos”; é • É um componente do didímio, usado em vidros
usado tanto como componente como descorante para a fabricação de óculos de proteção.
de vidro e para coloração de esmalte; e foi usado • O mischmetal utilizado na fabricação de pedras
em mantas (camisas) de lampiões a gás. de isqueiro, contem cerca de 5% do metal.
• O óxido de cério III (Ce2O3) no vidro permite a • O óxido de praseodímio (Pr2O3) é um dos
absorção da luz ultravioleta; e está encontrando melhores refratários conhecidos.
uso como catalisador no craqueamento e
refinamento do petróleo. 4.1.6 - Neodímio (Nd)
• O cloreto de cério III é usado para facilitar O neodímio representa cerca de 18% dos
reações em grupos carbonilas em química metais do grupo de ETR. O metal prateado que

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Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

escurece no ar, formando óxido, sendo um dos bandas espectrais nítidas. O seu uso faz com que
metais de ETR mais reativos. É um dos elementos luz transmitida tenha banda de absorção estreita
denominados de ETR críticos devido ao mercado e bem definida. Estes cristais são utilizados
apresentar maior demanda que oferta. por astrônomos para calibrar dispositivos
Os principais usos e aplicações do neodímio denominados espectrômetros e filtros de
são: radiação infravermelha.
• O Nd2O3 é utilizado como componente • Provavelmente devido a semelhança com o
refratário, apresentando maior resistência Ca2+, o Nd3+ foi divulgado como elemento para
térmica em relação aos demais lantanídeos. promover o crescimento vegetal, e são utilizados
• O metal de neodímio: quando adicionado às com frequência na China como fertilizantes.
ligas metálicas de magnésio proporciona maior • Em equipamento cinematográfico como
resistência, sendo utilizadas na fabricação de componente de luzes e refletores para
motores de aviões e na indústria aeroespacial; iluminação.
é usado para produção de lasers, como rubis • O mischmetal utilizado em pedras de isqueiro,
sintéticos dopados com neodímio que produz contem cerca de 6 a 10% do metal.
radiações no infravermelho (1054 – 1064 nm),
e também como o Nd:YAG (granada de ítrio 4.1.7 - Promécio (Pm)
e alumínio dopado com Nd), Nd:YLF (fluoreto O promécio não é encontrado de forma
de ítrio e lítio), Nd:YVO (vanadato de ítrio), em natural na terra. Pouco é conhecido sobre as
odontologia e medicina como lasers para cortes propriedades químicas e físicas do promécio
precisos, entre outros usos; é usado também metálico, sabe-se que são semelhantes ao
para remover a cor verde causada pelo ferro neodímio e samário. Sais deste metal apresentam
contaminante do vidro. luminescência na obscuridade com um fulgor
• A presença do neodímio em imãs permanentes azul ou acinzentado pálido devido à sua elevada
do tipo Nd2Fe14B aumenta o poder de atração radioatividade.
do imã e são mais baratos do que os imãs de Os principais usos e aplicações do promécio
samário-cobalto. São componentes de produtos são:
como fones de ouvido, alto-falantes, disco rígido • Os sais luminescentes na produção de ponteiros
de computadores, acionadores de partidas de e mostradores de relógios.
motores, sensores etc.
• A radiação beta ao incidir sobre o fósforo gera
• O neodímio é um componente do didímio para luz que pode ser usada para produzir baterias
coloração de vidros e fabricação de óculos de muito pequenas, convertem luz em corrente
proteção para os soldadores e assopradores de elétrica com uso de fotocélulas. Tem vida útil de
vidros, pois absorve a luz amarela da chama. aproximadamente cinco anos usando o Pm147, e
• Sais de neodímio são utilizados em corantes podem ser usados em pesquisas espaciais, como
de esmaltes , onde o neodímio confere cores fonte portátil de raios X e de calor em sondas
delicadas aos vidros que variam desde o violeta espaciais, satélites artificiais, aplicações médicas,
puro, vinho até ao cinza claro. para produção de lasers para serem empregados
• A presença de neodímio em fabricação de em comunicação com submarinos, quando
lentes usadas na astronomia permite obter submersos, e também produzir medidores de

62
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

espessuras muito finas. reação com a água. Como outros ETR (a exceção
do lantânio), o európio inflama-se com o ar entre
4.1.8 - Samário (Sm) 150°C e 180°C, aproximadamente. Apresenta
O samário metal é preparado frequentemente uma ductilidade muito alta e é tão duro quanto
pela eletrólise de uma mistura fundida de cloreto o chumbo. Tem um magnetismo elevado, em
de samário III com cloreto de sódio ou de cálcio condições normais de temperatura e pressão.
(GUPTA; KRISHNAMURTHY, 2005). O metal tem Este elemento possui supercondutividade a
brilho prateado brilhante, razoavelmente estável baixas temperaturas de –271,35ºC e pressões de
no ar e inflama-se a temperatura de 150 °C. O 80 gigapascal (GPa).
samário também pode ser obtido reduzindo seu Os principais usos e aplicações do európio
óxido com lantânio. O mischmetal contém até são:
1% de samário, tem sido usado por muito tempo
• O óxido de európio (Eu2O3) é extensivamente
como fonte de samário, por ser difícil separá-lo
usado como componente do fósforo vermelho
dos demais ETR.
(Eu3+) e azul (Eu2+) usado em tubos de raios
Os principais usos e aplicações do samário catódicos para televisores e na fabricação
são:
de cristal líquido para tela de computadores,
• O metal é usado na dopagem de cristais de quando ocorrem as duas valências gera a luz
fluoreto de cálcio (CaF2) para produção de lasers branca usada em lâmpadas fluorescentes
ópticos e em óculos de sol; como absorvente de compactas.
nêutrons em reatores nucleares; e em ligas para
• Európio é usado para dopar alguns tipos de
a produção de fones de ouvido.
plásticos para a fabricação de lasers e como
• Liga de samário-cobalto (SmCo5) é usado para a agente para a produção de vidros fluorescentes.
produção de imãs permanentes com resistência
• Isótopos de európio são bons absorvedores de
à desmagnetização em altas temperaturas.
nêutrons para uso em reatores nucleares.
• O óxido de samário é usado em vidros ópticos
para absorção de radiação infravermelha e 4.1.10 - Gadolínio (Gd)
usado como catalisador para a desidratação e O gadolínio é um metal branco prateado,
desidrogenação do etanol. maleável, dúctil com um brilho metálico
• Sais de samário são usados em cintiladores e é fortemente magnético à temperatura
fotossensíveis na região do infravermelho e ambiente (possui 2 elétrons desemparelhados).
vermelho. Ao contrário dos demais ETR, o metal é
• O titanato de samário estabilizar o desempenho relativamente estável no ar seco, porém perde
de condensadores elétricos. o brilho rapidamente no ar úmido formando um
óxido sobre a superfície, reage lentamente com
• Em lâmpadas de eletrodos de carbono
a água e é solúvel em ácido diluído. O gadolínio
na indústria cinematográfica utilizadas em
tem a mais elevada secção de captura de nêutrons
iluminação de cenários e projetores de filmes.
térmicos conhecido entre os elementos, 49.000
4.1.9 - Európio (Eu) barns, porém tem uma rápida taxa de perda de
O európio é o mais reativo dos ETR; oxida-se efetividade, limitando sua utilidade como barras
rapidamente ao ar e assemelha-se ao cálcio na sua de controle em centrais de fissão nuclear. O

63
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

gadolínio torna-se supercondutor abaixo de uma zircônio IV, ZrO2.


temperatura crítica de 1.083 K (-272,067ºC). • Óxido de térbio é um ativador da coloração
Os principais usos e aplicações do gadolínio verde em tubos de imagem é usado como fósforo
são: verde em lâmpadas fluorescentes e tubos de
• Compostos de gadolínio são usados para a televisões coloridas. Os referidos fósforos
produção de fósforo de cor verde em tubo de verdes, que emitem um brilho amarelo-limão,
TV e telas para computador; e na fabricação de são combinados com fósforos azuis de európio
telescópios a lasers. divalente e fósforos vermelhos de európio
• Gadolínio usado em ligas de ferro, crômio trivalente para criar tecnologia de iluminação
ou outros elementos aumenta a resistência à “tricromática” – um gênero de luz branca de
corrosão em elevadas temperaturas. elevada eficiência usada em espaço interior.
• Granadas de ítrio dopado com gadolínio são • O borato de térbio e sódio usados é usado
utilizadas na fabricação de forno de micro-ondas. como materiais de lasers que emitem radiação
• Ligas de gadolínio, sílica e germânio tem em 546 nm.
forte efeito magnetocalórico em temperatura • É também útil em atuadores, em sistema
ambiente. de sonares navais, e em sensores enquanto
• O sulfato de gadolínio é utilizado na fabricação constituinte do Terfenol-D, uma liga metálica
de dispositivos amplificadores que podem ser que apresenta a mais elevada taxa conhecida de
de som, CDs e memorias de computador. expansão e contração quando exposta a campos
• Os quelatos de gadolínio são utilizados como magnéticos.
contraste em exame de ressonância magnética e 4.1.12 - Disprósio (Dy)
tomografia computadorizada em virtude de suas O metal de disprósio apresenta brilho
propriedades magnéticas amplificarem os sinais metálico prateado e é relativamente estável no
emitidos pelo equipamento. ar em temperatura ambiente, porém dissolve
em ácidos minerais diluídos ou concentrados
4.1.11 - Térbio (Tb)
com liberação de hidrogênio, isto é, oxidando-
O térbio é um metal cinza-prateado, maleável
se. É macio o bastante para ser cortado com uma
e dúctil. É macio o bastante para ser cortado
faca, e pode ser processado com máquinas sem
com uma faca. É razoavelmente estável no ar,
emitir faíscas, evitando o superaquecimento.
apresentando duas formas cristalinas com uma
As características do disprósio podem ser
temperatura de transformação de 1289°C.
muito afetadas por pequenas quantidades de
Os principais usos e aplicações do térbio são: impurezas. Entre algumas propriedades estão
• O térbio é utilizado para dopar fluoreto de alto ponto de fusão e capacidade de absorção de
cálcio, tungstato de cálcio e molibdato de nêutrons indicando possibilidade de aplicações
estrôncio em dispositivos semicondutores; em em diversas áreas.
ligas metálicas para a produção de dispositivos Os principais usos e aplicações do disprósio
eletrônicos; e como estabilizador cristalino das são:
células de combustíveis que funcionam em • O disprósio é usado, em conjunto com o
temperaturas elevadas, junto com o óxido de vanádio e outros elementos, como componente

64
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

de materiais para lasers; e na fabricação de muito elevado é apropriado para a produção de


discos compactos; e quando adicionados nos lasers: Ho-YIG (cristal de ítrio e ferro) e Ho-YLF
magnetos de NdFeB aumenta a sua eficiência. (fluoreto de ítrio e lantânio) usados em medicina
• Óxido de disprósio e níquel absorvem nêutrons, e odontologia.
não contraem e nem dilatam com bombardeio • Os sais e outros compostos de hólmio são
prolongado de nêutrons, por isso é usado para utilizados: na fabricação de vidros especiais e
barras de resfriamento em reatores nucleares. na cerâmica; em catalisadores na produção de
Isto devido a sua alta secção de absorção de combustíveis e sínteses orgânicas; e na mistura
nêutrons térmicos e seu alto ponto de fusão. entre compostos de fósforo, haletos metálicos.
• Alguns calcogênios de disprósio e cádmio são • Haletos de hólmio são utilizados na fabricação
fontes de radiação infravermelha para o estudo de lâmpadas especiais e tubos de televisores.
de reações químicas.
4.1.14 - Érbio (Er)
4.1.13 - Hólmio (Ho) É um elemento metálico, que na forma
O hólmio na forma pura tem aspecto pura é maleável, macio, relativamente estável
metálico, prateado e brilhante, é um metal no ar. Não oxida rapidamente como os outros
macio, maleável, razoavelmente resistente à metais de ETR. Seus sais são coloridos (rosa) e
corrosão e estável no ar seco nas condições o elemento tem faixas de absorção espectral no
normais de pressão e temperatura. Entretanto, visível, ultravioleta e próximo do infravermelho,
no ar úmido e temperaturas elevadas oxida- que está associado com a sua configuração
se rapidamente formando um óxido. O hólmio electrônica. O seu sesquióxido é chamado de
possui o mais elevado momento magnético "érbia". As propriedades do érbio dependem em
(10.6µB) de todos os elementos naturais, grande parte das impurezas que contém.
gerando outras propriedades magnéticas Os principais usos e aplicações do érbio são:
incomuns. Quando combinado com ítrio forma • O óxido de érbio apresenta uma coloração
compostos altamente magnéticos. rosada, por isso, é usado para tingir vidros e em
Os principais usos e aplicações do hólmio são: esmalte para porcelanas. O vidro é usado para
• O metal absorve nêutrons de fissão nuclear, produzir óculos de sol e jóias baratas.
sendo usado para controlar e moderar as reações • Os hidróxidos, sais e óxidos do metal são
nos reatores nucleares; também é adicionado utilizados: na fabricação de tubos para
em ligas para fabricação de superimãs, em televisores coloridos; na fabricação de lâmpadas
virtude de sua extraordinária característica de fluorescentes; na fabricação de lasers especiais.
proporcionar campos magnéticos superiores aos • Érbio forma ligas especiais com granada de
existentes, é trabalhado em várias formas como ítrio e alumínio que são utilizadas: na fabricação
chapas, discos, esferas entre outras formas. de equipamentos de raios X; e aparelhos
• O óxido de hólmio, substância de cor amarela, de projeção com o objetivo de aumentar a
é utilizado para colorir vidros. intensidade das ondas emitidas.
• Os sais e outros compostos de hólmio são • O metal quando adicionado ao vanádio como
utilizados na dopagem de granadas para liga diminui a dureza e melhora a sua condição
fabricação de lasers. Seu momento magnético de ser trabalhado; é usado: em tecnologia

65
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

nuclear como um absorvente de nêutrons; multiplica por dez, porém a 40.000 atm, cai
como dopante em amplificadores ópticos a fibra bruscamente para próximo de 10% da sua
(EDFAs); e em filtro fotográfico. resistividade à temperatura ambiente.
Os principais usos e aplicações do itérbio são:
4.1.15 - Túlio (Tm) • Yb2Co13Fe3Mn é considerado imã mais forte
O túlio é fácil de ser trabalhado, apresenta do mundo, porém o custo de sua produção é
boa ductilidade, tem brilho cinza prateado e excessivamente elevado.
pode ser cortado com uma faca. É o elemento • Um isótopo do itérbio tem sido usado como
do grupo menos abundante e os seus compostos fonte de radiação alternativa para uma máquina
não são comercialmente importante. Apresenta de raios X portátil, quando não há energia
certa resistência a corrosão quando no ar seco. disponível.
O túlio natural é composto inteiramente de um
• O metal adicionado no aço inoxidável melhora
único isótopo estável, o Tm169.
o refinamento dos grânulos, aumentando a
Os principais usos e aplicações do Érbio são: resistência e de outras propriedades mecânicas;
• O túlio estável (Tm169), bombardeado em algumas ligas metálicas são usadas em
reatores nucleares, pode ser usado como fonte odontologia.
de radiação em dispositivos portáteis de raio-X. • É utilizado na produção de determinados
• O Tm171 é instável pode ser possivelmente ácidos; e também na tecnologia do laser.
usado como fonte de energia.
4.1.17 - Lutécio (Lu)
• Tm169 tem potencial uso em materiais
O lutécio é o elemento mais pesado e duro
magnéticos cerâmicos denominados ferritas,
de todos ETR. O metal tem coloração branco
que são usados em equipamentos de micro-
prateado, resistente à corrosão e relativamente
ondas.
estável em presença do ar. É o elemento mais
difícil de isolar entre todos eles, o que justifica o
4.1.16 - Itérbio (Yb)
seu preço e sua pouca utilização.
O metal itérbio é um elemento macio,
Os principais usos e aplicações do lutécio são:
maleável e bastante dúctil que exibe um brilho
prateado, facilmente atacável e solúvel por • O metal é empregado como catalisador no
ácidos minerais, reage lentamente com a água e craqueamento do petróleo nas refinarias, e em
se oxida no ar. O itérbio apresenta 3 alótropos, diversos processos químicos como alquilação,
denominados de alfa, beta e gama, com pontos hidrogenação e polimerização.
de transformação a -13°C e a 795°C. A forma beta • Oxiortosilicato de Lutécio para ativar cintilador
ocorre na temperatura ambiente e apresenta de Cério em câmera gama de última geração, na
estrutura cristalina centrada nas faces, por outro medicina nuclear.
lado, a forma gama ocorre em temperaturas • O seu isótopo de massa 177 é utilizada como
elevadas e apresenta uma estrutura cristalina fonte de radiação beta (-), associado a partículas
corpo centrado. A forma beta tem condutividade de hidroxiapatita, para pesquisas em tratamento
elétrica similar a dos metais e se comporta como de tumores. As partículas carreadoras do isótopo
semicondutor em pressões próximas a 16.000 podem atuar de forma seletiva nas células
atm; a 39.000 atm sua resistência elétrica se tumorais evitando a irradiação de células sadias.

66
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5 - Terras Raras em Complexos Alcalinos

Os Complexos Alcalinos-Carbonatíticos do Na porção centro-sul do país, são observadas


Brasil ocorrem distribuídos nas áreas cratônicas duas direções principais: NW-SE conhecido
brasileiras (Figuras 5.1 e 5.2). E ocorrem na sua como Lineamento Alto Paranaíba ou Lineamento
maior parte associados a descontinuidades da 125º (denominação dada por BARDET, 1973); e
crosta continental nas bordas das bacias do de direção NE-SW conhecido como lineamento
Paraná, Parnaíba e Amazonas (Figuras 5.1 e 5.2). Lancinha – Cubatão (Figura 5.2).

Figura 5.1 - Mapa com localização das ocorrências de complexos alcalinos no norte do Brasil (modif. de
ULBRICH; GOMES, 1981).

Nas bordas da Bacia do Paraná estão Goiás) e Serra do Mar.


localizadas as principais ocorrências de rochas Os complexos alcalinos, geralmente, formam
alcalinas plutônicas e vulcânicas brasileiras importantes depósitos minerais de classe
(DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001). Foram mundial e de relevante interesse econômico,
agrupadas em províncias alcalinas, assim tais como jazidas de bauxita, fosfato, nióbio,
denominadas: Alto Paranaíba, Ponta Grossa, titânio, barita, magnetita, vermiculita, fluorita,
Lages – Anitápolis, Iporá – Rio Verde (Alcalina de urânio, níquel e terras raras. Dentre os
67
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

complexos brasileiros, os que apresentam maior Lineamento 125º, a exemplo dos complexos
importância econômica estão relacionados ao alcalinos minerados atualmente no Brasil.

Figura 5.2 - Mapa com os locais de ocorrências alcalinas no sul do Brasil. Os limites da Bacia do Paraná e o
Craton São Francisco estão delineados. Os cinturões de dobramento metamórficos estão representados por
BB (Brasília) e RB (Ribeira), são caracterizados por estruturas e idades do ciclo Brasiliano (modif. de ULBRICH;
GOMES, 1981).

O enriquecimento das mineralizações 2001). O processo de alteração destas rochas


ocorre por dois mecanismos principais: desempenha papel importante na geração de
concentração relativa dos minerais resistatos depósitos economicamente viáveis.
no manto laterítico (apatita, pirocloro, barita) BROD (2012) apresentou uma estimativa
e; neoformação de minerais secundários de do volume de minério de REE para a maioria
níquel (silicatos e óxidos), alumina (gibbsita) e dos depósitos brasileiros em associação com
titânio (anatásio) (DARDENNE; SCHOBBENHAUS, a afinidade química dos complexos alcalinos

68
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

(Figura 5.3). Segundo este autor, os depósitos apresentam maiores volumes.


com afinidade potássica a ultrapotássica

Figura 5.3 - Tamanho estimado das reservas de ETR em diferentes complexos alcalinos brasileiros com sua
afinidade química (modif. de BROD, 2012).

Na Tabela 5.1 estão sumarizadas as reservas DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001):


minerais em diferentes depósitos alcalinos • Fosfato - principal mineral de minério é
carbonatíticos brasileiros. Outros depósitos apatita, em Tapira e Araxá (MG), Catalão I (GO),
minerais relacionados com corpos alcalinos Jacupiranga, Ipanema e Juquiá (SP) e Anitápolis
distribuídos em torno da Bacia do Paraná são (SC);
(COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA • Nióbio - principal mineral de minério de
E MINERAÇÃO, 1984; NEUMANN, 1999; Araxá (MG) é o bariopirocloro, e é a maior

69
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

mina de nióbio do mundo. Outros depósitos de • Terras raras - a monazita é o principal mineral
nióbio estão relacionados com carbonatitos de de ETR, que podem ocorrer também associados
complexos alcalino-ultramáficos em Catalão I, ao fosfato de alumínio. São encontrados
Tapira e Serra Negra (MG) e ao ferrocarbonatito principalmente em Catalão I (GO) e Araxá (MG);
de Seis Lagos (AM). e possivelmente em Salitre, Serra Negra e Tapira
• Titânio - mineralização associada a ilmenita, (MG), devido às gêneses similares.
perovskita, anatásio, titanita, rutilo e leucoxênio • Fluorita em Mato Preto (PR);
(óxidos / hidróxidos amorfos TI), em Tapira, • Urânio em Poços de Caldas (MG);
Catalão I, Salitre e Serra Negra (MG). • Bauxita em Lages (SC) e Poços de Caldas (MG).

Tabela 5.1 - Tabela com as reservas minerais medidas e / ou estimadas dos principais corpos alcalinos
brasileiros (modif. de COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO, 1984; BROD, 2012).

70
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

As idades dos complexos alcalinos são na estimada, serão abordados ao final do capítulo.
sua maioria do Cretáceo Superior, gerados após
a geração do magmatismo da Formação Serra 5.1 - DEPÓSITOS COM POTENCIAL ECO-
Geral (ULBRICH; GOMES, 1991). Ocorrem alguns NÔMICO RECONHECIDO PARA TERRAS
complexos do Cretáceo Inferior (Província RARAS
Ponta Grossa), enquanto os mais jovens são da 5.1.1 - Morro dos Seis Lagos (AM)
Província da Serra do Mar cujas idades variam O Complexo Alcalino Carbonatítico Seis Lagos
do Cretáceo Superior ao Eoceno (BROD et al., é definido por três corpos circulares alinhados
2004; MARANGONI; MONTOVANI, 2013). Os N-S (Figura 5.4), denominados de Morro dos
complexos da região norte e nordeste, por Seis Lagos (corpo maior), Morro do Meio e
sua vez, são mais antigos, sendo o Complexo Morro do Norte, cujos diâmetros são 6 km, 1
Angico do Dias de idade Paleoproterozóica e o km e 2 km, respectivamente (PINHEIRO et al.,
depósito de Maicuru de idade Neoproterozóica 1976). Estas estruturas intrudem as rochas do
(DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001). O depósito embasamento precambriano nos domínios da
de Seis Lagos tem idade provável do Mesozoico bacia do rio Cauaburi (VIÉGAS FILHO; BONOW,
(VIEGAS FILHO; BONOW, 1976). Os depósitos 1976). As reservas estimadas para nióbio (JUSTO,
serão apresentados em ordem cronológica do 1983), tornou este complexo carbonatítico
mais antigo para o mais novo. conhecido como um dos maiores depósitos
Os complexos alcalinos com reservas de Nb do mundo. O minério de ETR associado
estimadas de ETR serão descritos com a este depósito é composto, principalmente,
abordagem de sua geologia e mineralização de por florencita e monazita, enquanto o Ce é o
ETR. Aqueles que têm características geológicas principal elemento de ETR encontrado e possui
e mineralizações de ETR e não tem reserva teores menores que 2% (JUSTO, 1983).

Figura 5.4 - Mapa de localização do Morro dos Seis Lagos (Fonte da imagem esquerda: Esri, DigitalGlobe,
GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo,
and the GIS User Community).

71
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.1.1.1 - Características do Depósito com altas concentrações de ETR, no qual foram


Localização: [0° 16’ 47,46”N; 66° 40’ 48,20”W] feitos estudos de caracterização tecnológica
O depósito de Seis Lagos localiza-se a 64 km para a reserva de Nb (SILVA, CARVALHO; VEIGA,
a nordeste do município de São Gabriel da 1983). Não foi feita caracterização para definir
Cachoeira, estado do Amazonas (Figura 5.4). viabilidade econômica para ETR.
Aspectos gerais: O complexo tem como litologia IMPEDIMENTOS: É importante salientar que
principal a siderita, sendo caracterizado a região de Seis Lagos faz parte da Terra
sendo ferrocarbonatito (GOMES; RUBERTI; Indígena Balaio criado pelo Decreto Federal em
MORBIDELLI, 1991). As litologias secundárias 21/12/2002. A Terra Indígena Balaio reúne índios
são carbonatito dolomítico, brecha carbonatada de dez diferentes etnias Tukáno, Yepamashã,
e sienito. As rochas encaixantes são: gnaisses, Desána, Kobéwa, Pirá-Tapúya, Tuyúka, Baníwa,
granitos, granodioritos e migmatitos do Baré, Kuripáko e Tariáno, que ocupam uma
Complexo Guianense. As estruturas regionais superfície de 255.823 ha.
são fraturamentos regionais com direções NW- 5.1.1.2 - Histórico
SE e NE-SW; e as locais, estrutura dômica e
Os corpos foram identificados durante o
faturamento NE. O corpo carbonatítico é coberto
mapeamento geológico levantamento dos
por uma espessa camada laterítica ferruginosa
recursos naturais na Folha NA.19-Pico da
com profundidade média de 230 m (VIÉGAS
Neblina, realizado em meados da década de
FILHO; BONOW, 1976).
1970 (PINHEIRO et al., 1976). O Projeto Seis Lagos
Mineralização: Nb, Fe, ETR, Mn associados às foi criado para buscar uma melhor definição
cangas lateríticas (VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976; da potencialidade econômica da região, sendo
COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E executado entre 1975 e 1976. O Projeto Seis
MINERAÇÃO, 1984). Lagos realizado pela CPRM foi desenvolvido
Minerais de Minério: Ilmenorutilo, Nb-brookita, entre 1975 e 1986, com realização de diversas
florencita, monazita, hematita, goethita, campanhas de pesquisa mineral com enfoque
holandita (VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976; inicial para titânio.
CORRÊA, 1996). A primeira etapa de trabalho consistiu no
Tipo de jazimento: canga laterítica compacta mapeamento geológico na escala de 1:25.000
(COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E de uma área de 19 km2, apoiados por análises de
MINERAÇÃO, 1984). imagens e fotografias aéreas e de levantamentos
Recurso estimado: O recurso estimado de topográfico e cintilométrico. Após a definição
ETR é de 43,5 Mt @ 1,5% OTR (SOUSA, 1996). do alvo, serviços de sondagem rotativa foram
Recurso estimado para nióbio é de 2,9 Mt @ executados com perfuração de 1089,10 m e
2,81% Nb2O5 (JUSTO; SOUZA, 1986). O ferro distribuídos em quatro furos no Morro dos Seis
tem reserva inferida de 3,8 Mt @ 50,0% Fe2O3. Lagos. Na segunda etapa, foram enviadas as
O manganês ocorre em duas áreas formando amostras para análises químicas, confecção e
depósitos que têm reserva inferida de 0,32 Mt @ descrição petrográficas de lâminas delgadas. As
> 40,0% MnO2 (VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976). amostras de rochas e minerais coletadas foram
Idade da mineralização: Mesozoica. submetidas a análises químicas para elementos
Situação atual: Trata-se de um depósito de Nb maiores, traços e terras raras.

72
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

O Projeto Uaupés foi criado em complemento semelhantes ao Morro dos Seis Lagos,
aos resultados do Projeto Seis Lagos e resultou com volumes de crosta laterítica menores.
na cubagem do depósito de Nb de classe Ocorrências de fosfato com teores de 26,6%
mundial. As informações estão sumarizadas nos e 15,8% de P2O5 foram identificadas no Morro
relatórios: Projeto Uaupés – Relatório Preliminar do Norte, onde pode ter até 1,46% de Ce. Os
de Pesquisa (PAIONE, 1981); Projeto Uaupés – teores expressivos de Fe (> 40%) nos três morros
Relatório Final de Pesquisa (JUSTO, 1983), Vol estudados mostra ser economicamente viável
I (Textos) e Vol. II (Anexos) e Informe Técnico para produção de ferro-gusa (CARNEIRO et al,
(1984); Caracterização Tecnológica do Depósito 1984).
Niobífero do Morro de Seis Lagos (Projeto
5.1.1.4 - Geologia
Uaupés) (CARNEIRO et al, 1984) e; demais
As alcalinas do Morro dos Seis Lagos, de idade
relatórios auxiliares.
provável Mesozóica, estão inseridas no Domínio
5.1.1.3 - Importância Econômica Imeri (COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS
O depósito de Morro dos Seis Lagos MINERAIS, 2006), que é caracterizado por
consiste de uma elevação sustentada por estruturas regionais NW-SE a EW truncadas por
crosta laterítica ferruginosa (canga ferrífera) estruturas NE-SW e estão relacionadas a zonas
com mais de 250 metros de espessura. Esta de cisalhamento destrais (Figura 5.5). As rochas
crosta laterítica apresenta o nióbio (Nb) como deste domínio, que forma o embasamento, são
principal mineralização, associado aos minerais constituídas por ortognaisses e metagranitóides
de Nb-brookita e ilmenorutilo, com pirocloro cálcico-alcalinos (fácies Santa Izabel), além de
ocorrendo de forma subordinada. O teor médio augen gnaisses monzograníticos (fácies Tarsira),
estimado de Nb é de 2,81% Nb2O5 (JUSTO, com idades entre 1.810 Ma a 1.790 Ma (idades
1983). A mineralização de ferro também mostra dos protólitos ígneos). Anfibolitos e migmatitos
ser significativa, visto que recobre mais de 95% são bem mais raros. Todo este conjunto de
da área do corpo, constituída por goethita e litótipos está agrupado no Complexo Cauaburi
hematita que forma o protominério de ferro. (COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS
Há três ocorrências expressivas de minério de MINERAIS, 2006, ALMEIDA et al., 2011, 2013),
Mn distribuídas nas encostas do Morro dos Seis anteriormente definida como Complexo
Lagos em cotas inferiores a 200 metros (VIÉGAS Guianense. A região foi afetada por uma tectônica
FILHO; BONOW, 1976). Concentrações de ETR mais jovem (evento K´Mudku: 1,38-1,20 Ga),
na canga laterítica também são expressivas, com além de dois orógenos acrescionários (Cauaburi
Ce e La atingindo valores de até 2,0% e 0,1%, e Querari) e um colisional (Içana) (ALMEIDA et
respectivamente. Além dessas mineralizações, o al., 2011). A tectônica mais jovem seria o reflexo
complexo revela potencialidade econômica para intracratônico de uma orogenia com idade
outras mineralizações como Th, Zn, V, Sc e Ba similar ao da Orogenia Sunsás (ALMEIDA et al.,
(VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976). 2011). Esse evento seria em tese responsável
Os outros dois morros, do Meio e do Norte, por boa parte dos cataclasitos e milonitos da
apresentam contexto geológico e mineralizações região (“cataclasitos K´Mudku”)

73
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.5 - Mapa geológico


do depósito do Morro dos Seis
Lagos (modif. de SILVA, 2013).

A delimitação dos corpos alcalinos do A crosta laterítica é que sustenta o morro


Complexo de Morro dos Seis Lagos em imagens formando uma superfície plana no topo com
de satélites é bem demarcada, pois se destacam escarpas abruptas de mais de 100 m de altura
sobre o relevo da região (Figura 5.6A). A sua (Figura 5.6A). A espessura desta crosta laterítica
assinatura radiométrica é bem definida, mesmo é de mais de 250 m de profundidade e pode
com levantamentos aerogeofísicos de baixa conter estreitas bacias com depósitos argilo-
resolução, como pode ser visto pela anomalia carbonosos, gerados no Paleógeno e Quaternário
de eTh (Figura 5.6B). O Depósito do Morro (Figura 5.7) (VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976). As
dos Seis Lagos é um depósito de Nb>Ta com duas outras estruturas menores, Morros do
desenvolvimento de crosta laterítica (níveis de Meio e Norte, apresentam crostas ferruginosas
enriquecimento supergênico residual) sobre as menos desenvolvidas.
intrusões carbonatíticas, similar aos depósitos de A presença dos lagos no interior do
Araxá, no Brasil e Mt. Weld, na Austrália (POHL, corpo laterítico (Figura 5.7) é relacionada
2011). O modelo evolutivo do depósito ocorre a depressões cársticas. Pela extensão de
com a intrusão das chaminés/corpos alcalinos sedimentos encontrados no furo de sondagem
carbonatíticos nas rochas do embasamento do SG-AM-04, com mais de 150 m de espessura,
Escudo da Guiana Central durante o Mesozoico. sugere-se que o processo de sedimentação foi
No final do Mesozoico ocorre o processo de prolongado (CORRÊA, 1996; GIOVANNINI, 2013).
denudação das rochas encaixantes e a formação A formação dos lagos pode ter sido controlada
de capa laterítica. por falhas que cortam o corpo alcalino o que

74
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

facilitou a interligação de algumas bacias alteração e consequente redução de volume


internas (ROSSONI, 2012). A grande extensão (LOTTERMOSER, 1990). Este processo pode
da crosta laterítica foi favorecida pelo fluxo provocar o enriquecimento de alguns elementos
intenso de soluções aquosas que percolam o tanto pela mobilização quanto pela redução de
carbonatito contribuindo para o processo de volume da crosta laterítica.

A B

Figura 5.6 - (A). Imagem de satélite com destaque às alcalinas de Seis Lagos, Folha NA.19-Z-D (PINHEIRO et
al., 1976). (B) Mapa Radiométrico da Concentração de Tório (em ppm). O ponto verde corresponde ao centro
do depósito de Morro dos Seis Lagos.

Figura 5.7 - Imagem do Google


Earth do Morro dos Seis Lagos
com a localização dos furos de
sondagens do Projeto Seis Lagos
(VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976).

A presença de cavidades, com ou sem dissolução da crosta e formação de crostas


preenchimento de argila, confere um aspecto ferríferas compactas e também contribui para a
cavernoso a crosta laterítica (Figura 5.8), o geração de lagos. A composição dominante da
que testemunha a ação efetiva da água, com canga é de limonita (dominada pela presença de

75
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

hidróxidos de ferro como a goethita) e hematita influencia na estabilidade de complexos de


(VIÉGAS FILHO; BONOW, 1976). ETRL e ETRP, causando fracionamento durante a
A alteração dos carbonatitos mostra zonação deposição dos mesmos (LOTTERMOSER, 1992).
mineralógica/composicional e textural vertical Isso favorece a mobilidade lateral e vertical de
da crosta laterítica, gerada pela movimentação ETR e também, pode provocar o enriquecimento
de água subterrânea. Por serem rochas mais localizado ou formação de camadas ricas
reativas, as rochas carbonáticas podem ganhar de aluminofosfatos e fosfatos secundários,
ou perder quantidades significantes de ETR conforme a variação do fluxo e composição da
(LOTTERMOSER, 1990). A modificação do pH água subterrânea (LOTTERMOSER, 1992).
pelo processo de descalcificação do perfil

A B

Figura 5.8 - Cangas limoníticas e hematíticas do Carbonatito Seis Lagos, mostrando estrutura do tipo bandada
(A) e pisolítica (B), Folha NA.19-Z-D (PINHEIRO et al., 1976).

No perfil laterítico do furo de sondagem após a laterização.


SG-01-AM ocorre uma camada enriquecida de A crosta ferruginosa superficial apresentou
manganês de 10 metros, entre a profundidade altos teores de Fe2O3 < 89,00% (45,00% a
do furo de 30 e 40 m (Figura 5.9). A sua formação 90,80%), bem como valores altos de Ti (< 12,54%)
indica a variação do lençol freático, assim os e Mn (< 9,90%) (CORRÊA, 1996; RODRIGUES;
elementos lixiviados das camadas superiores e ALCOVER; NEUMANN, 2006). As goethitas
inferiores podem ser depositados ou retirados. apresentam várias gerações, com ocorrência
A camada manganesífera encontrada parece de minerais euédricos a amorfos indicando
influenciar no comportamento de alguns diferentes migrações e movimentações das
elementos, isto pode ser devido às características soluções com Fe no meio aquoso. Dependendo
dos minerais de manganês presentes. A camada das condições ambientais diferentes, podem
de manganês tem forte correlação positiva passar por processo de dissolução e precipitação
com o Ba e Co e correlação negativa com o Fe. (CORRÊA, 1996) e a sua composição pode conter
Além disso, observou-se também que os teores Al, Ni, Si e P, mas raramente contém Nb. O teor
de Al e P são mais enriquecidos acima desta de Fe varia com a profundidade nos intervalos
camada (Figura 5.9B), conforme já descrito manganesíferos, como apresentado pelo furo
por GIOVANNINI (2013), que atribui o maior SG-AM-01, que tem teores médios de 50%
enriquecimento de Al e o P à formação de (Figura 5.9).
alumino-fosfatos por processo de bauxitização

76
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.9 - Variação de teores dos elementos no perfil laterítico do furo de sondagem SG-01-AM. (A)
Distribuição dos elementos Ce, La, Nd, Pb, Nb, TiO2 e MnO; (B) Ce, P2O5 e Al2O3.

77
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

As estruturas apresentadas pelas rochas do que as variações estruturais, como bandamento


perfil laterítico mostram-se bastante variáveis. (Figura 5.10B), está relacionado à estruturação
Os diferentes intervalos texturais apresentados do processo superficial de laterização. As
pelos testemunhos dos furos de sondagens SG- amostras têm variações nos teores de Ti, Nb e
01-AM estão apresentados na Figura 5.10. Mn dos óxidos/hidróxidos de ferro, com texturas
Os testemunhos mostram variações com variações bruscas ou gradativas em escala
composicionais associadas às cores, micrométrica (Figuras 5.9 e 5.10).
principalmente dos óxidos de ferro. Enquanto

A B

C D
Figura 5.10 - Amostras de testemunhos do Furo de sondagem 1-SG-01-AM. (A) 2,3 m - Crosta pisolítica, com
bandas de Fe, bandas ocre de argila; (B) 16, 55 m - Crosta faixas verticalizadas com argila esverdeada; (C)
34,5 m - Crosta homogênea óxido de manganês maciços; (D) 75,0 m - Crosta mais homogênea coloração
vermelha-marronzada. (Fotos: L.Takehara).

Na Figura 5.9A observa-se que o Nb e o manganês servir de barreira para o movimento


Ti apresentam comportamento coerente e dos fluidos superficiais e fazer com que haja
de correlação negativa com o Mn. O Pb, que precipitação de fases minerais ricas em ETR, na
apresenta padrão similar ao Nb, pode estar forma de cerianita (Figura 5.11). A presença de
associado com o pirocloro, pois análises de cerianita ocorre em maior proporção dentro da
microssonda eletrônica mostram que este camada de manganês. Enquanto a florencita
mineral pode conter altas concentrações de Pb. ocorre na porção mais superficial, conforme
Os ETR apresentam um aumento no seu pode ser visto pelas variações nos teores de Al
teor no início da camada manganesífera (30 m). e P, que acompanha o Ce na porção superior do
Isto pode ser associado ao fato da camada de perfil (Figura 5.9B).

78
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.11 - Difratograma da amostra entre 31,2 m e 32,0 m de profundidade do furo de sondagem SG-01-
AM (Análise de Difração de Raios X realizados na SUREG-MA).

5.1.1.5 - Mineralização de ETR de oxi-hidróxidos de Mn, óxidos de Ti–Nb e


O carbonatito tem como mineral principal minerais do grupo da crandalita (CORRÊA,
a siderita que forma um depósito do tipo ferro 1996). Na difração de raios X, os principais
carbonatito, onde localmente se observa a minerais identificados foram hematita,
presença de Mg, indicando a possibilidade goethita, anatásio, brookita, rutilo, ilmenorutilo,
da existência de ankerita (GOMES; RUBERTI; hollandita e pirolusita (RODRIGUES; ALCOVER;
MORBIDELLI, 1991; GIOVANNINI, 2013). NEUMANN, 2006). Outros minerais identificados
A composição mineralógica da crosta também foram pirocloro, cerianita e fostatos de
ferruginosa tem o predomínio dos minerais de alumínio de Ce e La, tipo florencita (RODRIGUES;
ferro goethita e hematita (Figura 5.12), seguido ALCOVER; NEUMANN, 2006).

Figura 5.12 - Imagem de elétrons retroespalhados da amostra do furo de sondagem SG-01-AM a 36 m de


profundidade. Os espectros de EDS de canga ferruginosa (I) cortada por veios de manganês com Ba, e (II)
cristalização de minerais secundários de ETR nos interstícios da canga ferruginosa (III). (Dados obtidos em
microscópio eletrônico de varredura CPRM-UnB por Thaís T. Magaldi).

79
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os minerais portadores de Nb são os de até 4% da rocha carbonatítica (GIOVANNINI,


Ti, como o ilmenorutilo que pode ter teor de 2013). Os principais minerais portadores de
até 20% de Nb2O5. O pirocloro, que é rico em ETR são produtos de alteração monazita e
Pb e pode conter Ti e Ce na sua composição, também minerais do grupo da crandalita, como
também pode ter teor de Nb2O5 dessa ordem a florencita. A florencita foi identificada como
(RODRIGUES; ALCOVER; NEUMANN, 2006). Os o principal mineral portador de ETR (CORRÊA,
principais minerais de Ti, também são os de 1996; GIOVANNINI, 2013). Este mineral ocorre
Nb, tais como ilmenorutilo, rutilo e brookita, como cristais muito finos disseminados na canga
sendo o primeiro mais frequente. Os teores ferruginosa (Figura 5.12), e também associados
de Ti na crosta laterítica variam de 1,2% a com as zonas de crescimento dos minerais
13,6% (CORRÊA, 1996). Estes minerais, que são hidratados de ferro (Figura 5.13).
pequenos e estão dispersos na crosta laterítica, Os minerais identificados na canga laterítica
apresentam na sua composição Ti, Nb, Fe e em de interesse econômico foram ilmenita-rutilo
menor teor V2O5, Ta2O5 e SnO2 (CORRÊA, 1996). e brookita ricos em Nb e florencita (fosfato de
Em microssonda foi determinada a composição cério), que indicam concentrações significativas
média de TiO2 = 72%, Nb2O5 = 20,34% e FeO = de Nb, Ti e ETR. Este depósito é o único depósito
7,64% (CORRÊA, 1996). brasileiro a ter ferro associado a Nb (RODRIGUES;
Os principais minerais de manganês ALCOVER; NEUMANN, 2006).
pertencem ao grupo da psilomelana (hollandita,
romanechita) e óxidos hidróxidos de manganês, 5.1.2 - Barra do Itapirapuã I E II (SP e PR)
que devido às suas características podem ter tido
O Complexo Alcalino de Barra do Itapirapuã
papel de absorvedores de alguns elementos.
é formado por um maciço alcalino, carbonatito
O Mn tem teores variáveis, podendo chegar
e chaminés alcalinas laterais. As rochas alcalinas
até 41,9% nas crostas manganesíferas a SW do
ocorrem como maciços e plugs/stocks dispersos,
corpo do Morro dos Seis Lagos (CORRÊA, 1996).
cujas litologias são nefelina sienito, pulaskitos,
A textura encontrada varia de pulverulento,
malignitos, melteigito e carbonatitos (GOMES,
botrioidal e fibro-radial, em cujas estruturas
1970). O carbonatito é do tipo calcítico rico em
cristalinas podem permitir a presença de
feldspatos, ocorre como uma intrusão irregular
outros elementos. O mineral romanechita
alongada e, também, tem associados pequenos
(BaMn9O16[OH4] - mistura de vários óxidos de
veios e diques. Este corpo carbonatítico é
manganês) pode conter teores elevados de
dividido entre os estados de São Paulo e Paraná
ETR < 1,4% (CORRÊA, 1996). Os altos teores de
pelo Rio Ribeira. Na parte paranaense tem uma
Mn (20% a 40%) estão restritos ao intervalo
reserva estimada para ETR e fósforo. A magnetita
manganesífero (Figura 5.9A), que ocorrem
foi a principal mineralização explorada e ocorre
preenchendo veios e espaços vazios (Figura
como porções dentro do sienito, na parte
5.12), o que indica forte remobilização e um
meridional da intrusão. Os principais minerais
caráter tardio (GIOVANNINI, 2013).
de ETR, gerados pelos processos tardios, são
A fase fosfatada (monazita e florencita) é a bastnaesita, ancylita e sinchisita/parisita.
portadora de ETR e localmente pode representar

80
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.13 - Imagem de elétrons retroespalhados da amostra do furo de sondagem SG-01-AM a 89 m de


profundidade. O espectro de EDS de minerais secundários de ETR acompanhando as zonas de crescimento de
goethita (I). (Dados obtidos em microscópio eletrônico de varredura CPRM-UnB por Thaís T. Magaldi).

5.1.2.1 - Características do Depósito Tipo de jazimento: Eluvial (manto de


Localização: [24° 41’ 30” S; 49° 13’ 00” W] O intemperismo) e em rocha fresca.
distrito alcalino de Itapirapuã situa-se na região Recurso estimado: Reserva estimada de 44,8 Mt
sul do estado de São Paulo e está a 130 km da @ 0,7% TR2O3 (LAPIDO-LOUREIRO, 1988).
cidade Itapeva (Figura 5.14). Idade da mineralização: 66 - 103 Ma (K-Ar)
Aspectos gerais: O complexo é formado por (GOMES; CORDANI, 1965 apud GOMES, 1970).
carbonatito calcítico com ocorrência subordinada Produção: Na década de 70 ocorreu exploração
de carbonatito dolomítico, ferro carbonatítico, de magnetita pela Companhia de Cimento
sílicocarbonatito, brecha carbonatítica, silexito Portland Maringá de Itapeva (SP).
e piroxenito. As rochas encaixantes são rochas 5.1.2.2 - Histórico
graníticas de idade pré-cambriana. As estruturas
O reconhecimento do maciço Alcalino de
regionais são fraturamentos regionais com
Itapirapuã ocorreu, em 1958, pelo engenheiro
direção geral NW, associados ao Arco de Ponta
José Epitácio Passos Guimarães do Instituto
Grossa e; as locais, complexo sistema de falhas
Geográfico e Geológico do Estado de São Paulo
de direção NE.
(GOMES, 1970). O propósito desse engenheiro
Mineralização: Terras raras, fluorita e chumbo. foi estudar a ocorrência de magnetita localizada
Minerais de Minério: Carbonatos e fosfatos de nas imediações da barra do Rio Itapirapuã. Na
TR; fluorita e galena. ocasião supervisionou as primeiras pesquisas

81
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

com levantamento magnetométrico e trabalhos ocorria na porção meridional da intrusão. O


de aberturas de poços e trincheiras realizados corpo de magnetita, na forma de funil, aflorava
pela Companhia de Cimento Portland Maringá numa área de poucos metros, associado
de Itapeva (SP). Esta companhia explorou aos nefelinas sienitos em zonas de brechas
comercialmente o corpo de magnetita que magmáticas (GOMES, 1970).

Figura 5.14 - Mapa de localização do Complexo Barra do Itapirapuã (Imagem do GoogleEarth, preparada por
Helena Zanetti Eyben).

5.1.2.3 - Importância Econômica chaminés alcalinas laterais na porção SE,


Este complexo carbonatítico possui reserva encaixados nas rochas graníticas do complexo
estimada de 2,4 Mt @ 1,29% de TR2O3, com Três Córregos de idade pré-cambriana (Figura
reserva avaliada em 30,8 mt de OTR somente 5.15) (RUBERTI, 1998). Lapido-Loureiro (1988)
no lado paranaense (LAPIDO-LOUREIRO, 1988; observa que o carbonatito é separado em
SAAD et al., 1996). No lado paulista não há duas partes pelo rio Ribeira, que limita os
reserva estimada. Outro bem mineral com estados de São Paulo e Paraná, onde a calha
reserva estimada é o fósforo, com 146 mt de do rio é formada por rochas graníticas. Estes
P2O5. corpos estão condicionados por falhas NE e
S e com expressão segundo um alinhamento
NW acompanhado pelo maciço alcalino de
5.1.2.4 - Geologia Itapirapuã. Lapido-Loureiro (1988) observa
O complexo carbonatítico de Barra de também que este complexo carbonatítico não
Itapirapuã é composto de corpo elipsoidal apresenta estrutura anelar e que sua morfologia
a subcircular de 2 km2 de área e pequenas não permite depósitos residuais significativos.

82
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.15 - Mapa geológico do Maciço Alcalino de Barra do Itapirapuã (modif de RUBERTI, 1998).

RUBERTI (1998) identificou também que rica em ETR e minerais de ETR, principalmente
as rochas carbonatíticas ocorrem formando fluorcarbonatos (RUBERTI, 1998).
stockwork. Nos níveis superficiais, em filões
milimétricos a centimétricos e, nas porções 5.1.2.5 - Mineralização de ETR
mais profundas, em diques e venulações
Os carbonatitos são compostos
decimétricos a métricos. Os stockworks de
principalmente de carbonatos calcíticos (>50%)
carbonatitos dolomíticos e ferro dolomíticos,
e apatita, pirocloro, fluorcarbonatos de ETR,
que cortam as rochas graníticas ferritizadas,
óxidos hidratados de ferro e quartzo em menores
pode ser atribuídos a dois focos principais de
quantidades. Os principais minerais de ETR
carbonatitos (LAPIDO-LOUREIRO, 1988). Outra
identificados foram a bastnaesita e a sinchisita –
forma de ocorrência observada são brechas
parisita (apatitas ricas em ETR), e ancilita de forma
sílico-carbonatíticas, formadas na transição
entre as rochas fenitizadas e os carbonatitos. O esporádica (RUBERTI; ENRICH; GOMES, 2008). A
carbonatito apresenta composição heterogênea, bastnaesita pode ser substituída por sinchisita e
com dolomitas enriquecidas em ferro, ankeritas parisita ou apresentar como sobrecrescimento.
diversas e calcita, apesar do teor de cálcio As variações de Ca e ETR sugerem também que
ser homogêneo, mostra grande variação em estes minerais formam camadas com diferentes
teores de magnésio e ferro e na granulação proporções de bastanaesita e sinchisita
desses carbonatos (RUBERTI, 1998). Este autor (RUBERTI; ENRICH; GOMES, 2008). A cerianita
observou predomínio do litotipo magnésio foi encontrada em uma amostra de rocha
carbonatitos nas variedades texturais média bastante alterada, com 11,9% de CeO2 e 6,9% de
a grossas. Essas rochas são cortadas por veios La2O3 (LAPIDO-LOUREIRO, 1988). Uma amostra
tardi-magmáticos e/ou hidrotermais portadores de granito rico em apatita apresentou teor de
de quartzo, fluorita (incolor e roxas), apatita 3,21% de TR2O3 (LAPIDO-LOUREIRO, 1988).

83
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os fluorcarbonatos de ETR são minerais de cristalização tardia, o qual ocorre em


acessórios em muitas amostras de carbonatitos maiores concentrações associados às fases
dolomíticos e ocorrem como cristais pós-magmáticas e em venulações de origem
subidiomorfos (<0,2 mm). Esses minerais hidrotermal. As variações texturais mostram
possuem hábitos prismáticos finos e longos, passagem gradacional de bandas mais grosseiras
normalmente fibrosos, ocorrem na forma radial para mais fina. Esta variação é acompanhada
e nos insterstícios de grãos de carbonatos, de processos de recristalização dos carbonatos
associados a quartzo e/ou fluorita (Figura 5.16) originais, normalmente nas proximidades de
(RUBERTI, 1998). veios ricos em quartzo, fluorita e minerais de
As relações texturas indicam ser produto ETR (RUBERTI, 1998).

Figura 5.16 - Ferrocarbonatito de granulação média/grossa com quartzo e abundante fluorcarbonato de ETR
fibrosos e fibrorradiados, normalmente impregnados com óxido de ferro. 10 X (foto lado maior 1,39 mm, filtro
azul e polarizador cruzado) (RUBERTI, 1998, pag. 68).

5.1.3 - Araxá (MG) local, enquanto as rochas ultramáficas estão


O complexo alcalino carbonatítico de Araxá fortemente metassomatizadas e com grande
está inserido na Província Ígnea Alto Paranaíba extensão da fenitização das encaixantes. O
e é um dos principais corpos economicamente processo de enriquecimento supergênico
explorados desta província. O complexo de permitiu a geração de altas concentrações
Araxá tem a maior reserva mundial de nióbio, de apatita e pirocloro. Este enriquecimento
sendo também um importante depósito de secundário gerou depósito homogêneo e de
fosfato. O mineral de minério de nióbio é o fácil desmonte e concentração de minério. A
bariopirocloro. O complexo carbonatítico de alteração supergênica foi potencializada pelo
Araxá apresenta características peculiares, sistema de drenagem radial típico destes corpos
quando comparados com outros complexos alcalinos, principalmente quando as encaixantes
desta província. O carbonatito predominante são rochas mais resistentes (GOMES; RUBERTI;
é o dolomítico com calcítico de ocorrência MORBIDELLI, 1991).

84
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.17 - Mapa de localização do Complexo Carbonatítico de Araxá (Imagem do GoogleEarth, preparada
por Helena Zanetti Eyben).

5.1.3.1 - Características do Depósito pelo Departamento Nacional de Produção


Localização: [19° 40’ 00,61”S; 46° 55’ 55,23”W]. Mineral (DNPM) em 2013 para este depósito é de
Situa-se 6 km ao sul da cidade de Araxá (MG) 14,20 Mt @ 3,02% de OTR contido, pertencente
(Figura 5.17). à CBMM e 7,73 Mt @ 2,35% pertencente
Aspectos gerais: A litologia principal deste à CODEMIG (DEPARTAMENTO NACIONAL
complexo é o carbonatito dolomítico, seguido DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013a). A MBAC
de carbonatito calcítico, glimerito, foscorito, Fertilizantes Corp tem reserva estimada de 6,3
lamprófiro e silexito. As rochas encaixantes Mt @ 5,01% (2% de cut-off) de ∑ETR (MBAC
são quartzitos com micaxistos subordinados FERTILIZANTES CORP., 2014). Outras reservas:
do Grupo Araxá de idade mesoproterozoica. Nióbio 462 Mt @ 2,48% Nb2O5; Fosfato 210
As estruturas regionais são fraturamentos Mt @ 10% P2O5; Bário 51 Mt @ 7,26% BaSO4
paralelos e profundos com direção geral NW-SE, (BROD, 2012).
associados ao Arco Alto Paranaíba e, as locais, Idade da mineralização: 77 a 97 Ma, idade de
fraturas radiais e concêntricas, falhas radiais, K-Ar (SONOKI; GARDA, 1988).
estrutura dômica e zonas de cisalhamento. O Situação atual: A Companhia Brasileira de
solo laterítico tem espessura média de 80 metros Mineração e Metalurgia - CBMM explora a
e localmente atingem 230 m. reserva de bariopirocloro e comercializa os
Mineralização: Nióbio; fosfato; bário, terras produtos acabados de nióbio, tais como:
raras e urânio. ferronióbio, óxidos, liga de grau vácuo e
Minerais de Minério: Ba-pirocloro; apatita; nióbio metálico (COMPANHIA BRASILEIRA DE
barita e fosfatos. METALURGIA E MINERAÇÃO, 2013). Atualmente,
está produzindo compostos de ETR extraídos
Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
do resíduo do processamento de Nb e também
intemperismo).
estão desenvolvendo parcerias para produção de
Recurso estimado: Reservas lavráveis aprovadas
óxidos e metais de ETR (COMPANHIA BRASILEIRA

85
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

DE METALURGIA E MINERAÇÃO, 2013). A MBAC (VALE, 2014). A partir de 2010 a VALE iniciou os
Fertilizantes Corp é outra empresa que está trabalhos na pesquisa e desenvolvimento de
trabalhando no desenvolvimento de tecnologia tecnologia mineral de terras raras (VALE, 2014).
para extração de ETR (MBAC FERTILIZANTES A MBAC Fertilizantes Corp é outra
CORP., 2014). empresa que também está trabalhando neste
Produção: A CBMM tem capacidade atual de depósito, com estudos de viabilidade para
produção de sulfato duplo e hidróxido de ETR ETR em finalização (final de 2014), em fase de
em 1,2 mt/ano. licenciamento e com planta piloto em operação
produzindo concentrado de óxidos de ETR (OTR)
5.1.3.2 - Histórico com > 99% de pureza (BRASIL, 2014). A previsão
de entrar em operação é em 2015 com produção
O carbonatito foi inicialmente caracterizado
de 8,75 mt/ano de OTR.
por J. F. de Andrade Júnior e Djalma Guimarães
em 1925 (LEONARDOS, 1956). A primeira reserva
de rocha apatítica com 100 Mt foi calculada entre 5.1.3.3 - Importância Econômica
1947 a 1949.A reserva de nióbio foi reconhecida O complexo alcalino carbonatítico de Araxá
em 1955 como depósito de pirocloro gerado a pertence à Província Ígnea do Alto Paranaíba
partir da decomposição da rocha magnetítica. e é conhecido principalmente como o maior
Os trabalhos de prospecção indicaram reserva produtor de nióbio do mundo (CBMM) e um
de 120 Mt @ 2% de minério de pirocloro, 4 Mt grande produtor de fosfato no Brasil (VALE). O
de columbita, 130 mt de ThO2, 60 mt de uranila e depósito de Araxá está com previsão de produzir
de 60 a 90 mt de ETR (LEONARDOS, 1956). 150 mt de ferronióbio até 2016 (COMPANHIA
A CBMM foi fundada em 1955, com início BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO,
das operações de lavra e produção de nióbio em 2013). A produção de fosfato deste depósito
1961, chegando a produzir 3.600 toneladas de representou 16% da produção nacional de
concentrados de nióbio em 1965. Na década de concentrado pela VALE (DEPARTAMENTO
1970 passou a produzir também o ferronióbio NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013c).
e óxidos de nióbio, enquanto na década de O depósito apresenta o maior potencial
80 passou a produzir ligas grau vácuo. Estes econômico de ETR conhecido no Brasil. O total de
produtos tiveram aumento de sua produção até reserva obtido pelas três empresas totaliza 24,23
a década de 2010, quando iniciou a produção de Mt de OTR. Outra empresa que trabalha neste
sulfatos duplos e hidróxidos de ETR (COMPANHIA corpo é a VALE, mas não apresentou o cálculo
BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO, de reserva para este depósito. O depósito conta
2013). A CBMM firmou parceria com o IPT para com o projeto de ETR mais avançado no Brasil,
desenvolvimento de tecnologia para fabricação é o desenvolvido pela CBMM. A empresa já
de Nd metálico (VILLELA, 2014). está produzindo sulfatos duplos e hidróxidos de
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), atual ETR. Atualmente, está buscando parceiros para
VALE, é outra empresa que explora fosfato neste desenvolvimento tecnológico para produção de
depósito, desenvolvendo pesquisas geológicas óxidos e metais de ETR. A MBAC Fertilizantes
e tecnológicas desde 1972 (MAIA, 2001), com Corp está realizando estudos de viabilidade
produção de rocha fosfática e de ácido sulfúrico econômica para exploração de fosfato, nióbio

86
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

e ETR, e também está investindo em pesquisas recursos minerais. O complexo é uma intrusão
para produção de óxidos de ETR (BRASIL, circular com 4,5 km de diâmetro e 15 km2 de
2014). Além dos minérios de nióbio e fosfato, o área, encaixada em xisto e quartzitos do Grupo
depósito também será importante produtor de Ibiá (Figura 5.18) (BROD et al., 2004). O tipo de
ETR, conforme pode ser visto pelas empresas rocha dominante são carbonatitos, glimeritos,
atuantes. foscoritos, piroxenitos, lamprófiros e silexitos
(GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, 1991). O intenso
5.1.3.4 - Geologia processo de intemperismo formou um manto de
O complexo Alcalino de Araxá, também alteração complexo com horizontes pedológicos
conhecido como Barreiro, é um dos complexos transicionais da rocha sã ao capeamento (Figura
alcalino-carbonatíticos com importantes 5.19) (BROD et al, 2004).

Figura 5.18 - Geologia do Complexo Carbonatítico do Barreiro (modif. de BROD et al., 2004).

87
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

O complexo é formado por intrusões de de sinal analítico apresentado na Figura 5.20.


carbonatitos e foscoritos, onde se observa um Torres (2008) identificou dois ciclos intrusivos
sistema complexo de veios e diques concêntricos principais; (i) o primeiro com o posicionamento
e radiais de carbonatitos calcíticos e dolomíticos de rochas ultramáficas (piroxenitos e peridotitos)
cortando rochas alcalinas e encaixantes (Figura nas rochas metassedimentares encaixantes e;
5.18) (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, 1990; (ii) o segundo ciclo foi, um longo ciclo intrusivo,
BROD et al., 2004). acompanhado de alteração metassomática
O complexo apresenta anomalia aerogeofísica devido aos fluidos ricos em álcalis gerados pelo
bem marcada conforme pode ser vista pelo mapa magma carbonatítico, originalmente alcalino.

Figura 5.19 - Logs dos testemunhos de sondagem 5.18 da mina de fosfato da Bunge Fertilizantes S. A. (BROD
et al., 2004 pontos 4 e 5 na Figura).

Figura 5.20 - Mapa do Sinal Analítico do Complexo de Araxá (MBAC FERTILIZANTES CORP., 2012).

88
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

O processo de fenitização foi bastante granulação média a grossa, com calcita e ankerita
intenso nas rochas encaixantes, com auréolas subordinadas, dentre os minerais acessórios
de até 2,5 km nos quartzitos e mica xistos, bem são encontrados a barita, apatita, magnetita,
como se observa forte flogopitização das rochas perovskita, quartzo secundário, pirita, monazita,
ultramáficas (GOMES; RUBERTI; MORBIDELLI, entre outros (BROD et al, 2004).
1990), como a zona de flogopitito metassomático O processo de concentração gerou acúmulo
observado entre o núcleo carbonatítico/ de apatita primária no horizonte denominado
foscorítico e a encaixante fenitizada (BROD et Saprólito Fino, onde as fases carbonáticas
al., 2004). e silicáticas foram transformadas em
Os depósitos de fosfato e nióbio gerados argilominerais do grupo da caolinita (TORRES,
por processo de concentração residual durante 2008). A monazita ocorre associada aos silexitos
intenso intemperismo e o sistema de drenagem (TORRES, 1996). A complexidade de veios e
radial permitiu a formação de espessa camada de diques cortando as camadas de rochas pode ser
solo (250 m) (BROD et al., 2004). Este processo de visualizada na Figura 5.21. No saprólito a apatita
alteração das rochas carbonatíticas e foscoríticas é o principal carreador de ETR, principalmente
geraram altas concentrações de minerais de nas fases secundárias e tardias. A transformação
minério de fosfato e nióbio. As mineralizações de apatita em monazita pode ser observada
estão concentradas em locais diferentes: (i) a nos pseudomorfos (Figura 5.21). O fluido
de nióbio está na porção central do complexo; enriquecido de ETR dissolvido dos minerais
(ii) a de fosfato está na porção nordeste e; (iii) primários descem no perfil laterítico, onde os
na porção norte tem as de fosfato, urânio e ETR ETR substituem o cálcio das apatitas.
(TORRES, 2008).

5.1.3.5 - Mineralização de ETR


O carbonato predominante é a dolomita de

Figura 5.21 - Pseudomorfos de monazita substituindo as apatitas dos carbonatitos de Araxá (MARIANO E
MARIANO, 2012a).

89
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A mineralização de ETR ocorre de três PREINFALK, 1996).


formas distintas: (i) enriquecimento residual A gorceixita [aluminofosfato de bário –
formado por material terroso (conhecida BaAl3(PO4)2O2,5] é o principal mineral carreador
como Área Zero); (ii) associadas ao minério de de ETR nos solos e na laterita acima do saprólito
nióbio e; (iii) associadas ao minério de fosfato em Araxá e Catalão, (MORTEANI; PREINFALK,
(LAPIDO-LOUREIRO, 2013). Na Área Zero (hoje 1996). A cristalização da gorceixita é favorecida
pertencente à MBAC Fertilizantes Corp.) os ETR em relação a apatita e crandalita, devido a
concentram-se na camada ferruginosa, logo grande disponibilidade de Ba (MORTEANI;
abaixo do solo superficial (LAPIDO-LOUREIRO, PREINFALK, 1996). Além da gorceixita, os
2013). Nos lateritos do depósito de Araxá, o teor hidratados de ferro também são carreadores de
total de ETR mostra variações em diferentes ETR, correspondendo de 2 a 30% de ETR nestes
níveis do perfil intempérico, com maiores teores níveis do perfil de intemperismo (MORTEANI;
na zona de acumulação e no saprólito. PREINFALK, 1996).
Os principais minerais portadores de ETR
nas rochas alcalinas são a apatita e calcita. No 5.1.4 - Catalão I e Catalão II (GO)
saprólito os principais minerais portadores de Na região de Catalão (GO) ocorrem dois
ETR são possivelmente a apatita secundária e os corpos alcalinos carbonatíticos conhecidos
fosfatos de Al; e nos horizontes sobrejacentes é como Complexo Carbonatítico Catalão I (Catalão
o fosfato de Al (MORTEANI; PREINFALK, 1996). I) e Complexo Carbonatítico Catalão II (Catalão II)
Os hidróxidos de ferro também podem adsorver (Figura 5.22). A assinatura geofísica mostra boa
quantidades consideráveis de ETR (MORTEANI; definição desses corpos alcalinos (Figura 5.23).
PREINFALK, 1996; WALTER et al., 1995). Os Catalão I é formado por intrusões multifásicas.
ETR liberados da calcita e apatita, enriquecidas Os principais tipos litológicos deste complexo
em ETR pelo processo de laterização, foram são dunitos, clinopiroxenitos, bebedourito,
incorporados nos aluminofosfatos (MORTEANI; carbonatito e foscorito, além de abundantes
PREINFALK, 1996).
flogopititos metassomáticos (BROD et al., 2001).
As apatitas residuais estão
fortemente corroídas, indicando
que passaram por processos
de dissolução. Enquanto que
as apatitas mais jovens são
euédricas e crescidas em espaços
vazios e associadas aos cristais
euédricos de barita (MORTEANI;
PREINFALK, 1996). As apatitas
secundárias geralmente
ocorrem nas bordas dos cristais
primários e são mais ricas em
ETR, provavelmente devido à
Figura 5.22 - Mapa de localização dos Complexos Alcalinos de Catalão
incorporação de ETR proveniente I e Catalão II. (Imagem do GoogleEarth, preparada por Helena Zanetti
das calcitas (MORTEANI; Eyben).

90
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

As rochas encaixantes são os quartzitos, xistos e intrusões formadas no Cretáceo Superior,


filitos da Faixa Brasília do Neoproterozoico. Os associadas com carbonatitos, kimberlitos
foscoritos e carbonatitos ocorrem como enxame e rochas relacionadas (MACHADO JUNIOR,
de diques e menos como intrusões maciças, 1991). Este Complexo, que intrude rochas
onde o carbonatito domina o centro do complexo metassedimentares do Grupo Araxá, forma um
(BROD et al., 2001; CORDEIRO et al., 2010). O alto topográfico irregular, alongado na direção
Complexo de Catalão contém mineralizações de NE-SW (BROD et al, 2004). É constituído por
apatita, pirocloro, monazita, anatásio, barita, quatro tipos de rochas principais: piroxenitos,
magnetita e vermiculita, sendo minerado para sienitos, carbonatitos e lamprófiros (MACHADO
fosfato, nióbio e barita, nas rochas da série JUNIOR, 1991). Este depósito está relacionado
foscorito (CORDEIRO et al., 2010). com mineralizações de Nb2O5, P2O5, ETR e tem
Catalão II é composto de um conjunto de também cobre associado.

Figura 5.23 - Mapa do aerolevantamento magnetométrico (sinal analítico) dos complexos de Catalão I (a SE)
e Catalão II (a NW), superposto a imagem de radar. A anomalia magnética na porção oeste de Catalão I cor-
responde a uma barragem de rejeito rico em magnetita (PALMIERI, 2011).

91
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Catalão I é o maior complexo e tem sido raras e vermiculita (COMPANHIA BRASILEIRA DE


estudado de forma mais extensiva. É explorado METALURGIA E MINERAÇÃO, 1984).
atualmente para fosfato e nióbio, onde o fosfato Minerais de Minério: fluorapatita e dalhita
extraído representa 35% da produção nacional. [Ca5(PO4,CO3)3(OH)]; pirocloro; perovskita,
Em termos de ETR tem dois depósitos conhecidos, titatno-magnetita, ilmenita e anatásio; monazita,
Córrego do Garimpo e Lagoa Seca Norte, cujo rabdofana (monazita hidratada), parisita e
mineral de minério é a monazita. No depósito de florencita; e vermiculita.
Córrego do Garimpo, a monazita ocorre como Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
três tipos de minérios: carbonatítico, saprolítico intemperismo).
e silicoso. Já no depósito de Lagoa Seca Norte
Recurso estimado: Reserva lavrável de ETR2O3
é caracterizado pelo minério do tipo nelsonítico
(78,9 Mt@ 8,67%) (RIBEIRO et al. 2014)., e teor
(RIBEIRO, 2008).
de U e Th menor que 0,01% (RIBEIRO, 2008).
Catalão II, por sua vez, é explorado apenas Reservas totais: P2O5 (966 Mt @8,5 %), Nb2O5
para fosfato, mas está com projeto para (19 Mt@ 1.8% + 29 Mt@ 1,22%) Ti02 (339,4 Mt,
exploração de nióbio a partir de rocha fresca pela > 10%), Vermiculita (35,9 Mt (@ 17%), (Ba), (U),
Anglo American (DEPARTAMENTO NACIONAL DE (Fe) (RIBEIRO et al. 2014).
PRODUÇÃO MINERAL, 2013b).
Idade da mineralização: 77 a 97 Ma, idade de
5.1.4.1 - Características do Depósito K-Ar (SONOKI; GARDA, 1988).
Catalão I
Catalão II
Localização: Catalão I [18° 08’ S; 47° 48’ W].
Localização: Catalão II [18° 02’ S; 47° 52’ W]
O complexo carbonatítico situa-se a 20 km a
(Figura 5.22). Este complexo situa-se a 10 Km NW
nordeste da cidade de Catalão (GO) (Figura
do Complexo Catalão I e é um corpo semicircular
5.22). É um corpo circular com 27 km2, com 6
com área de 18 km2 (MACHADO JUNIOR, 1991).
km na direção N-S e 5,5 km em E-W (BROD et
al., 2004). Aspectos gerais: Constituído por um carbonatito
calcítico, associado com foscorito, glimerito e
Aspectos gerais: Predomina um carbonatito
silexito. As rochas encaixantes são quartzitos
calcítico, seguido das litologias: peridotito,
com hematita xistos subordinados do Grupo
piroxenito (serpentinito), silexito e glimerito. As
Araxá do Mesoproterozoico. As estruturas
rochas encaixantes são quartzitos com hematita
regionais são fraturamentos paralelos e
xistos subordinados do Grupo Araxá de idade
profundos com direção geral NW-SE, associados
mesoproterozoica. As estruturas regionais
ao Arco Alto Paranaíba e; as locais, fraturas
são fraturamentos paralelos e profundos com
radiais e concêntricas, falhas radiais, estruturas
direção geral NW-SE, associados ao Arco Alto
dômica e zonas de cisalhamento. O solo laterítico
Paranaíba. As estruturas locais ocorrem como
tem espessura média de 3 metros e localmente
fraturas radiais e concêntricas, falhas radiais,
atingem 10 m.
estruturas dômica e zonas de cisalhamento.
O solo laterítico tem espessura média de 150 Mineralização: Nióbio, fóforo.
metros e localmente atingem 250 m. Minerais de Minério: Ba-pirocloro; apatita.
Mineralização: Fosfato; nióbio; titânio; terras Tipo de jazimento: Eluvial (manto de

92
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

intemperismo). O minério de fosfato é produzido pelas


Tipo de lavra: Céu aberto. empresas Anglo/Copebrás e VALE. Em 2012 este
Recurso estimado: ETR203 (25 Mt @ 0.98%) depósito foi responsável por 35% da produção
Nb2O5 (13,5 Mt@ 1,35%+ 55.5 Mt @ 1.23%), nacional de fosfato e seus subprodutos, onde a
P2O5 (400 Mt @ 9.5%) (RIBEIRO et al. 2014). Anglo/Copebrás foi responsável por 20% desta
produção e a VALE por 15% (DEPARTAMENTO
Idade da mineralização: 83,4 ± 0,9 e 83,2 ± 0,9
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013c). O
idade de Rb/Sr (MACHADO JUNIOR, 1992).
minério de nióbio deste depósito tem produção
Situação atual: Atualmente, as empresas que
de 0,9 Mtpa de pirocloro (Run of Mine -
trabalham neste complexo não divulgaram
ROM), com teores variáveis de 0,51% a 2,71%
pesquisas para ETR.
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
Produção: A produção de P2O5 e Nb2O5 é MINERAL, 2013b). A mineralização de ETR
realizada pela Anglo American/Copebrás e P2O5 está associada principalmente à monazita,
pela VALE. em menor grau à apatita e outros minerais. A
monazita é encontrada em três tipos de minério:
5.1.4.2 - Histórico
carbonatítico, saprolítico/laterítico e silicoso
Catalão I é conhecido desde 1892, quando
(NEUMANN, 1999; TOLEDO, 1999; RIBEIRO,
o geólogo E. Hussake interpretou os blocos
2008).
de magnetita titanada em argila rubra como
No entanto, além da monazita, os ETR estão
decomposição de jacupiranguito (LEONARDOS,
associados aos minérios de fosfato, titânio
1956). Nas décadas de 1960 e 1970, foram
(anatásio) e de nióbio (pirocloro), apresentando
realizados diversos trabalhos de pesquisa tanto
maior concentração nas escórias da produção
por órgãos estatais (DNPM, METAGO, Petrofértil)
da liga ferro-nióbio (LAPIDO-LOUREIRO, 2013).
quanto por empresa privada (Brasilmet)
A produção de ETR poderá ser viabilizada como
(RIBEIRO, 2008). Estes trabalhos descobriram
subproduto de outros bens minerais, como o que
e viabilizaram economicamente os depósitos
vem acontecendo com a produção da CBMM em
de fosfato e nióbio, pertencentes à VALE Anglo
Araxá.
American/Copebrás (NEUMANN, 1999; TOLEDO,
1999; RIBEIRO, 2008). A Vale vem desenvolvendo estudo de algumas
rotas tecnológicas para extração de ETR a partir
5.1.4.3 - Importância Econômica do rejeito do minério de fosfato (Catalão) e
Catalão I é conhecido depósito de fosfato titânio (Tapira), inclusive com desenvolvimento
(apatita) e nióbio (pirocloro), possui duas de patentes (Edson Ribeiro, comunicação
minas de fosfato e uma de nióbio e barita em verbal). Apesar de ter solicitado estudo de ETR no
operação (Figura 5.24) (LAPIDO-LOUREIRO, depósito de Córrego do Garimpo, junto ao DNPM
2013; CORDEIRO et al., 2010; RIBEIRO 2008). (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
O complexo carbonatítico de Catalão I, além MINERAL, 2013a), o processo desenvolvido não
de apatita e pirocloro, contêm mineralizações tem mostrado ser economicamente viável, ainda
de monazita, anatásio, barita, magnetita e (Edson Ribeiro, comunicação verbal).
vermiculita.

93
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.24 - Distribuição dos depósitos minerais constituindo recursos e reservas no Complexo Carbonatítico
Catalão I (RIBEIRO, 2008).

94
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A produção de fosfato a partir de apatita 1,44% de OTR (NEUMANN, 1999), indicando que
ocorre há mais de 30 anos e não foi aproveitado importante quantidade de recursos de ETR tenha
o ETR contido na apatita, que pode chegar a se perdido (TASSINARI; KAHN; RATTI, 2001).

Tabela 5.2 - Estimativa dos recursos por tipo de minério a um teor médio de 5,5% de ETR e teor de corte >
2% de ETR.

DEPÓSITOS CÓRREGO DO GARIMPO


Tipo de Minério Toneladas de ETR
Silicoso 8.254.383
Saprolítico 54.506.757
Carbonatítico 15.903.072
DEPÓSITOS CÓRREGO DO GARIMPO
Tipo de Minério Toneladas de ETR
Nelsonítico 41.058.784

Catalão II tem o seu potencial conhecido desde geoquímicos e mineralógicos neste alvo
a década de 1970. A Mina Boa Vista entrou em (PALMIERI, 2011), identificando a presença de
operação em 1973, produz aproximadamente novos depósitos de nióbio e fosfato. A Anglo
4.000 toneladas de nióbio por ano a partir do American produz fosfato na porção norte e
saprólito (ANGLO AMERICAN, 2013). A partir nióbio na porção sul do complexo, conforme
de 2005, a empresa Anglo American Brasil Ltda. Figura 5.25. Não se tem conhecimento de
intensificou os estudos geológicos, geofísicos, estudos para ETR neste complexo.

Figura 5.25 - Áreas de fosfato e nióbio explorados pela Anglo American Brasil Ltda no Complexo Catalão II.
(CAIXETA, 2009).

95
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.1.4.4 - Geologia carbonatito, foscorito, nelsonito, apatita e


Catalão I e Catalão II pertencem a Província magnetita (CORDEIRO et al., 2011). Os litotipos
Ígnea do Alto Paranaíba e formam associação podem ser agrupados em: (i) rochas ultramáficas
de rochas alcalinas ultrapotássica do Cretáceo e metassomática, (ii) rochas carbonatíticas
Superior que cortam/intrudem rochas e (iii) fenitos (NEUMANN, 1999). A estrutura
neoproterozoicas da Faixa Brasília (CORDEIRO circular deste complexo é definida por uma zona
et al., 2010). As intrusões destes complexos carbonatito-foscorito-nelsonito no centro e
provocaram o arqueamento das rochas rochas alcalinas ultramáficas metassomatizadas
encaixantes (quartzitos, xistos e filitos) do Grupo (flogopitito) na parte externa da intrusão (Figura
Araxá (MACHADO JUNIOR, 1991; NEUMANN, 5.26) (CORDEIRO et al., 2011).
1999). O domo coincide com o próprio platô, A estimativa dos recursos por tipo de minério
que está preservado pela presença do quartzito é apresentada na Tabela 5.2. Na década de 1980,
mais resistente que contorna o corpo ígneo os recursos (medidos, indicados e inferidos) era
(NEUMANN, 1999). Estas encaixantes também da ordem de 78 Mt de ETR para um teor de corte
são encontradas brechadas e fenitizadas, com de 2% (RIBEIRO, 2008). Na década de 1990, foram
formação de ortoclásio, aegerina e riebeckita estimados 119 Mt com teor médio de 5,5% de
nos quartzitos (BROD et al., 2004). ETR e teor de corte > 2% de ETR, dos quais 78
Catalão I é formado por intrusões múltiplas Mt para o depósito Córrego do Garimpo e 41
entre as rochas magmáticas primárias Mt para o depósito Lagoa Seca Norte (RIBEIRO,
incluem dunito, clinopiroxenito, bebedourito, 2008).

Figura 5.26 - Mapa geológico esquemático do Complexo Carbonatítico de Catalão I, após informações obtidas
por furos de sondagens e afloramenteos (modif. de BROD et al., 2004).

96
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

As rochas magmáticas de Catalão I são apatita (FERRARI, 2000). A disponibilização pela


cortadas por uma ou mais gerações de veios dissolução de ETR com sua mobilização lateral
carbonatíticos, sofrendo quatro processos de e vertical no perfil laterítico é observado pela
transformação importantes, cuja sequência precipitação e acumulação das fases portadoras
e intensidade na ordem decrescente é: de ETR (WALTER et al., 1995; OLIVEIRA;
flogopitização, serpentinização, carbonatização IMBERNON, 1998).
e silicificação (NEUMANN, 1999). Para As rochas alcalinas de Catalão II apresentam
este depósito, o papel do magmatismo foi uma exposição mais completa na porção norte
importante na geração das mineralizações de (Figura 5.27), com sequência acamadada
P, Nb e Ti, enquanto que o metassomatismo de piroxenitos/bebedouritos, foscoritos e
foi importante na geração da mineralização de carbonatitos, indicando uma câmara magmática
ETR (RIBEIRO, 2008). O processo de silicificação rasa, na forma de camadas concêntricas em
é importante porque a mineralização de ETR projeção horizontal (PALMIERI, 2011). Neste
está associada aos silexitos. O processo foi domínio ocorre depósito de fosfato associado ao
mais intenso na porção central, onde pode foscorito, conhecido como depósito Coqueiros,
ser encontrado mais de 100 m de puro silexito enquanto que o nióbio está associado com os
(NEUMANN, 1999). O processo de laterização nelsonitos (CAIXETA, 2009). A porção sul do
dos carbonatitos desenvolveu um complexo complexo é dominada por enxame de diques
perfil de intemperismo, que geralmente exibe de carbonatito e nelsonito cortando as rochas
uma zonação mineral vertical bem desenvolvida encaixantes, estes diques têm orientação
(OLIVEIRA; IMBERNON, 1998). preferencial E-W, com maiores teores na
O perfil laterítico típico de Catalão I tem 70 porção central (CAIXETA, 2009). Esta forma
metros de espessura, da base para o topo a de ocorrência pode ser indicativa de câmara
rocha fresca muda gradualmente em rocha magmática profunda (PALMIERI, 2011).
alterada, saprólito isalterítico e saprólito As diferenças encontradas nos dois domínios
aloterítico (MORTEANI; PREINFALK, 1995; do Catalão II são indicativas de que foram geradas
OLIVEIRA; IMBERNON, 1998). O fósforo tem a por câmaras magmáticas distintas (MACHADO
apatita como o mineral principal concentrado JUNIOR, 1991; PALMIERI, 2011). Palmieri (2011)
no horizonte isalterítico. No horizonte aloterítico sugere que na história evolutiva do complexo,
ocorre a desestabilização da apatita, onde o a mineralização de fosfato (domínio norte)
P é parcialmente lixiviado para fora do perfil precedeu a mineralização do nióbio (domínio
ou incorporados nos minerais hidratados de sul). MACHADO JUNIOR (1991) sugere que a
fosfatos neoformados e compõe o estéril fixação de nióbio foi favorecida pela presença
do depósito (RIBEIRO, 2008). A formação de de sódio, relacionado ao processo de fenitização
fosfatos aluminosos hidratados é dependende e pelas altas temperaturas, que também gerou
da disponibilidade de alumínio no ambiente minerais ricos em sódio.
para complexar com o fósforo liberado da

97
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.1.4.5 - Mineralização de ETR ao manto de intemperismo e o carbonatítico


Catalão I tem dois depósitos de ETR está situado na rocha fresca (Figura 5.28). Já
denominados de Córrego do Garimpo e Lagoa no depósito de Lagoa Seca Norte, o tipo de
Seca Norte. No depósito de Córrego do Garimpo minério é nelsonítico saprolítico (RIBEIRO 2008).
há três tipos de minérios de ETR que são: Os principais minerais de ETR são monazita,
carbonatítico, saprolítico e silicoso – silcretes rabdofana (monazita hidratada), parisita,
(NEUMANN, 1999; TOLEDO, 1999). Na Figura florencita e demais minerais que possam conter
5.28, Ribeiro (2008) apresenta a seção típica com estes elementos na estrutura (CARVALHO;
a ocorrência dos tipos de minérios. O minério BRESSAN, 1997).
silicoso e o saprolítico ocorrem associados

Figura 5.27 - Mapa Geológico de Catalão II, com indicação da localização dos depósitos. (Modif. PALMIERI,
2011).

A gênese da mineralização de monazita foscorítica e carbonatítica (NEUMANN, 1999;


de Córrego do Garimpo é carbo-hidrotermal TOLEDO, 1999; RIBEIRO, 2008). A presença de
associada com as suítes de rochas bebedourítica, monazita em carbonatitos frescos substituindo a

98
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

apatita confirma sua origem carbo-hidrotermal até 3 m de espessura (RIBEIRO, 2008). Este autor
(RIBEIRO, 2008). O minério nelsonítico da propõe que as mineralizações do Córrego do
Lagoa Seca Norte também sofreu alteração por Garimpo e Lagos Seca Norte têm uma gênese
fluidos carbo-hidrotermais, visto pelos veios e única, onde os eventos metassomáticos tardios,
diques preenchidos por brechas com monazita relacionados ao magmatismo carbonatítico,
cortando rochas foscoríticas (RIBEIRO, 2008). rico em ETRL derivado da transformação da
A monazita ocorre associada com carbonatos, perovskita para anatásio, teria alterado outros
apatita e ilmenita em camadas horizontais com litotipos.

Figura 5.28 - Seção típica de distribuição de ETR no depósito Córrego do Garimpo (RIBEIRO, 2008).

A carbonatização e dissolução parcial das para anatásio durante o metassomatismo. Esta


rochas hospedeiras seriam responsáveis pela possibilidade está amparada nas observações de
introdução da monazita em substituição a Neumann (1999) que mostrou que a perovskita
apatita e/ou dolomita. Morteani e Preinfalk pode conter até 6% de ETR.
(1996), por sua vez, concluíram que os minerais A mineralogia associada em cada tipo de
carreadores de ETR no perfil laterítico eram a minério do Córrego do Garimpo está apresentada
apatita e carbonatos, com teores de 936 ppm e na Tabela 5.3. Ribeiro (2008) observou que a
6.074 ppm, respectivamente. A alteração destes monazita nos diferentes tipos de minérios tem
minerais durante o processo de laterização distribuição de ETR variável (Figura 5.29). O Ce
liberariam os ETR que seriam incorporados em apresenta a mesma concentração nos diferentes
outros minerais, como a apatita secundária, tipos de minérios; o La, por sua vez, apresenta
que possuem teores elevados de ETR. Ribeiro menores teores no minério saprolítico; o Pr
(2008), entretanto, sugere que a fonte de ETR e Nd possuem os maiores valores no minério
seria da perovskita após sua transformação carbonatítico.

99
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Tabela 5.3 – Tipos de minério do depósito do Córrego do Garimpo com mineralogia relacionada (modif. de
NEUMANN, 1999).

Minérios Características mineralógicas

Carbonatítico Magnesita, dolomita, monazita, estroncianita, pirita, etc.


Saprolítico ou Quartzo, apatita, magnetita, ilmenita, hematita, goetita,
laterítico monazita, etc.
Silicoso Quartzo, monazita, hematita, barita, cerianita, apatita, etc.

A monazita do depósito Córrego do Garimpo nos foscoritos em camadas horizontais de


é o principal carreador de ETR, no entanto a nelsonitos (RIBEIRO 2008). A ocorrência
sua forma de ocorrência varia de um minério criptocristalina como agregados policristalinos
para outro (MORTEANI; PREINFALK, 1996; evidenciam a sua formação em ambiente
NEUMANN, 1999; TOLEDO; PEREIRA, 2003). De supergênico, bem como a sua ocorrência na
uma maneira geral, a monazita deste complexo forma de crostas ou em esferulitos (TOLEDO;
é criptocristalina, mas difere na forma de PEREIRA, 2003). No minério carbonatítico, a
ocorrência e rochas associadas. No depósito monazita criptocristalina ocorre na forma de
Córrego do Garimpo ocorre na forma de dique bolsões amebóides centimétricos (Figura 5.28),
e está associada aos carbonatitos magnesíticos finamente granulados impregnando a rocha
e flogopititos/bebedouritos; enquanto que em de forma irregular, bem como pode constituir
Lagoa Seca Norte a mineralização está encaixada intervalos de espessura métrica (RIBEIRO, 2008).

Figura 5.29 - Padrão de distribuição dos ETR em monazitas nos diferentes tipos de minério. (RIBEIRO, 2008).

100
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os estudos morfológicos demonstram que a a ganga, independente do tipo de minério


monazita do Córrego do Garimpo, associada aos (NEUMANN, 1999). O tipo silicoso é o de maior
carbonatitos é tardia em relação aos carbonatos. teor e livre de tório (NEUMANN, 1999). No
Já as apatitas são contemporâneas ao quartzo entanto, apresenta problema de processamento
nos silexitos (TOLEDO et al, 2004). No minério mineral, pois sua associação com óxidos de
silexito, a monazita tem textura muito fina ferro requer maior quantidade de ácidos e pela
(< 1 µm) e ocorre em diversas formas como característica friável da monazita em associação
agulhas, substituição pseudomórficas, sendo com quartzo, durante o processo de moagem
a forma esferoidal, a mais comum. No minério do minério, ocorre a cominuição preferencial da
laterítico, há o predomínio da monazita porosa, monazita (NEUMANN, 1999; TASSINARI; KAHN;
associada com apatita, gorceixita e minerais RATTI, 2001). A característica deste minério traz
de ferro, sendo comum ser encontrada inclusa implicações negativas para o processamento,
nas apatitas. Enquanto que no terceiro tipo de pois apresenta uma baixa recuperação da
minério, o carbonatítico, a monazita tem os monazita na flotação (NEUMANN, 1999). Em
prismas hexagonais ocos como sua forma mais relação ao minério saprolítico, a monazita está
comum e também, apresenta textura muito associada principalmente a apatita, gorceixita e
fina, sendo liberada a partir de 1 µm. O pirocloro com minerais de ferro e tem baixo teor de U e
deste complexo é rico em ETR (> 6%) e como é Th, mas não é necessário processo de separação
o mineral de minério de Nb explotado, o ETR específico (TASSINARI; KAHN; RATTI, 2001). A
fica no rejeito da aluminotermia, junto com os apatita apresenta inclusões de monazita ou está
elementos radioativos. presente no seu próprio retículo, o que permite
As características morfológicas apresentadas que os ETR possam ser recuperados como
pelas monazitas mostram ser desfavoráveis subproduto da fabricação de ácido fosfórico
ao seu aproveitamento econômico (TOLEDO; (NEUMANN, 1999).
PEREIRA, 2003), pois ocorrem principalmente O minério carbonatítico, por sua vez, tem
na forma de agregados submicrométricos muito o menor teor de ETR dentre os três tipos. A
porosos e descontínuos (TOLEDO et al, 2004). liberação de ETR se inicia abaixo de 64 µm, com
Além destas características, a monazita também 50% de liberação. Denota-se que há melhora à
tem a capacidade de reter os actinídeos (TOLEDO; medida que o tamanho é reduzido, no entanto a
PEREIRA, 2003). As monazitas do minério liberação expressiva é obtida apenas abaixo de 1
laterítico deste depósito, tem presença de U e µm (NEUMANN, 1999).
Th, mas em teores muito baixos (NEUMANN, O método de processamento mineral
1999). proposto é associado com a tendência natural de
O péssimo grau de liberação da monazita a monazita quebrar-se facilmente e concentrar
está associado com a sua forma de ocorrência, nas frações mais finas. O processo compreende
com expressiva concentração na fração ciclos de moagem sucessiva e classificação
abaixo de 20 µm em torno de 13,3% de TR2O3, com hidrociclone, gerando concentrados com
que corresponde a 50% de ETR do minério teores médios de aproximadamente 20% OTR e
(NEUMANN, 1999). Isto faz com que o minério recuperação acima de 65% de ETR (TASSINARI;
apresente baixo grau de liberação em relação KAHN; RATTI, 2001). O processamento

101
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

metalúrgico com uso de lixiviação com ácido trabalhos de pesquisa da mineração Catalão
sulfúrico à temperatura ambiente mostra bom de Goiás Ltda é a primeira manifestação
desempenho para minérios com alto ferro e carbonatítica deste complexo, que constitui
apatita, com recuperação em torno de 55%. Já o protólito da mineralização de nióbio. Os
para o minério silexito esta recuperação é de minerais de ETR estão associados aos calcíticos
30%, em média (TASSINARI; KAHN; RATTI, 2001). anqueríticos e silexitos, juntamente com o bário
Isto porque para o minério silexítico há perda de e o tório (MACHADO JUNIOR, 1991).
ETR na solução lixiviada. Assim, para minérios A mineralização de ETR em Catalão II está
com maiores quantidades de material silexítico, associada à série anquerítica calcítica dos
o uso de temperaturas maiores melhora carbonatitos deste complexo, como carbonatos
a eficiência no processo hidrometalúrgico de ETR, associadas ao quartzo e barita
(TASSINARI; KAHN; RATTI, 2001). integrantes de fase intersticiais (MACHADO
Apesar do baixo teor de ETR recuperado JUNIOR, 1991). Este autor descreve que os
no processamento mineral, os fatores que carbonatos de ETR ocorrem como pequenos
favorecem a exploração do depósito de ETR do cristais prismáticos ou aciculares, dispostos
Córrego do Garimpo é o tamanho da reserva, em arranjo radial formando drusas. Análises
custo mínino de lavra e processamento mineral. químicas deste composto calcítico anquerítico
Os teores baixos de U e Th, processamento indica altos teores de Ce, bem como de F. Pela
hidrometalúrgico a temperatura ambiente e ausência de fluorita e apatita, conclui-se que
possível integração desse processamento com estes elementos provavelmente representam
plantas de ácido sulfúrico e fosfórico são fatores fluorcarbonatos de Ce, do tipo bastnaesita,
que diminuem o custo global do processamento sinchisita ou parisita (MACHADO JUNIOR, 1991).
hidrometalúrgico de ETR (TASSINARI; Além dos carbonatos, o pirocloro também é um
KAHN; RATTI, 2001). Conforme já descrito mineral portador de ETR, com teores de mais de
anteriormente, a VALE está desenvolvendo 4,5% de ∑OTR (MACHADO JUNIOR, 1991).
pesquisas para extração de ETR como subproduto Bilal et al. (2012) observaram que os minerais
de seu minério de fosfato. A Anglo American de ETR de piroxenitos e carbonatitos calcíticos de
por sua vez não tem manifestado publicamente Catalão II mostram enriquecimento substancial
qualquer estudo para exploração de ETR de seus de ETR nos estágios magmáticos. Estes autores
depósitos de fosfato e nióbio. sugerem que o enriquecimento magmático
As mineralizações de Catalão II, por sua vez, em ETR e Ti é favorecido pela presença da fase
apresentam associações com tipo(s) litológico(s) carbonato, relacionada à elevada atividade de
distinto(s) (MACHADO JUNIOR, 1991). O fosfato CO32- e atividades de Ti e Na no carbonatito,
pode estar associado com piroxenitos, foscoritos, explicando a ausência de apatita. O estágio de
“rocha mineralizada” e sílico calcíticos, quase intemperismo promove a perda de ETR e Ba dos
todos os tipos principais de rochas, enquanto minerais, que são incorporados no pirocloro,
que o nióbio está associado com os foscoritos que quando alterado perde Na, Ca, F (BILAL et al,
e “rocha mineralizada”. Segundo este autor, 2012). Este depósito não tem estudo específico
“rocha mineralizada”, termo usado à época dos para ETR publicados.

102
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.1.5 - Tapira (MG) Alto Paranaíba e;as locais, fraturas radiais e


O Complexo Alcalino Carbonatítico de Tapira concêntricas, falhas radiais, estruturas dômica
faz parte da Província Ígnea Alto Paranaíba e e zonas de cisalhamento. O solo laterítico tem
consiste de um corpo intrusivo semicircular espessura média de 30 metros e localmente
alongado na direção N-S, encaixado em rochas atinge 250 m.
quartzíticas do Grupo da Canastra. O depósito Mineralização: Fosfato, titânio, nióbio e terras
de Tapira é conhecido pelas mineralizações de raras (MELO, 1997).
fosfato, nióbio e titânio e os ETR ocorrem de Minerais de Minério: Apatita, anatásio, Ba-
forma subordinada. É um dos maiores depósito pirocloro e fosfatos de TR (MELO, 1997).
de fostato do Brasil. Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
5.1.5.1 - Características do Depósito intemperismo).
Localização: [19° 52’ 04,46”S; 46° 51’ 16,90”W]. Recurso estimado: Lapido-Loureiro (1988)
O complexo de Mineração Tapira situa-se no estimou que 350 Mt de minério de anatásio com
município de Tapira (MG) (Figura 5.30). 23% de TiO2 poderá conter 1 Mt de minério de
Aspectos gerais: As litologias principais do TR2O3. As reservas estimadas são: (i) para fosfato
complexo são carbonatito calcítico seguidas (P2O5 solúvel) - 744 Mt @ 8,35% P2O5 com teor
de piroxenito, peridotito, uncompahgrito, de corte de 5,0% P2O5 + 637 Mt @ 8,20% P2O5;
traquito, sienito e silexito. As rochas encaixantes (ii) para titânio (minério de anatásio) - 191 Mt
são quartzitos e xistos do Grupo Canastra de @ 21,9% TiO2 com teor de corte de 15,0% TiO2 +
idade neoproterozoica. As estruturas regionais 233 Mt @ 14,34% TiO2 e; (iii) para Nióbio - 113
são fraturamentos paralelos e profundos Mt @ 0,9% Nb2O5 com teor de corte de 0,5%
com direção geral NW-SE, associados ao Arco Nb2O5 + 53 Mt @ 0,36% Nb2O5 (MELO, 1997).

Figura 5.30 - Mapa de localização do Complexo Tapira (Imagem do GoogleEarth, preparada por Helena
Zanetti Eyben).

103
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Idade da mineralização: 71,2 – 87,2 Ma (SONOKI; reconhecido pelo trabalho de mapeamento


GARDA, 1988). de detalhe das alcalinas da região pelo Projeto
Situação atual: O complexo da mineração ocupa Chaminés Alcalinas do oeste de Minas Gerais
área de 78.403.000 m2 e engloba atividades entre 1966 a 1969 (PINHO-TAVARES, 2007).
de lavra a céu aberto, beneficiamento do A partir de 1968 foram concedidos pelo
minério, mineroduto e instalações de suporte DNPM pedidos de alvarás de pesquisas para o
(GUIMARÃES, 2004). A VALE fez estudos de Complexo. Com novos trabalhos sistemáticos de
recuperação de ETR contidos em anatásio, no pesquisa, em 1971, encontraram importantes
entanto não apresentou viabilidade econômica ocorrências de fosfato, titânio, nióbio, ETR e
(Edson Ribeiro, comunicação verbal). vermiculita (PINHO-TAVARES, 2007).
Produção: Não há produção de ETR; produz 2,17 O Complexo de Tapira iniciou suas atividades
Mtpa de fosfato. O minério de titânio associado em 1979 com produção de rocha fosfática
ao fosfato é armazenado em pilhas separadas convencional e ultrafina (VALE, 2014). O produto
por teor para futuro aproveitamento (MELO, deste complexo é o concentrado fosfático com
1997). teor de 35,5% de P2O5 a partir de minério com teor
da ordem de 7,8% de P2O5, que é transportado
5.1.5.2 - Histórico por mineroduto até o Complexo Industrial de
A presença de titanomagnetita com Uberaba (GUIMARÃES, 2004). Atualmente é a
perovskita já era conhecida desde a década 1920, maior mineração de rocha fosfática da América
sendo que o Complexo foi mencionado como Latina, com capacidade produtiva é de 2,17 Mtpa
chaminé de piroxenito pela primeira vez, em (VALE, 2014). As reservas já cubadas têm uma
1955, pelo Prof Octávio BARBOSA (LEONARDOS, vida útil de 65 anos de produção (VALE, 2014).
1956). O reconhecimento aeroradiométrico
realizado pela PROSPEC em 1953 revelou que 5.1.5.3 - Importância Econômica
os Complexos de Tapira e Salitre apresentavam O Complexo de Tapira é produtor de
anomalias menores do que as de Araxá. Isto era fosfato, mas contêm importantes depósitos de
devido ao manto de intemperismo, visto que nas titânio, nióbio, ETR e vermiculita formados por
regiões de ravinas as anomalias eram o dobro concentração residual no manto intempérico
das encontradas em Araxá (LEONARDOS, 1956). (GUIMARÃES, 2004; BROD et al., 2013).
Neste complexo, a perovskita columbífera é Os minérios de fosfato do Brasil apresentam
mais abundante que o pirocloro, e o pirocloro mineralogia complexa com teores baixos e
presente é mais alterado que os de Araxá. irregulares de apatita, que oneram as operações
Djalma Guimarães determinou que a perovskita de processamento mineral, exigindo forte
fosse um hidro-fosfo-columbato com 27% Cb2O5, controle das frentes de lavra (GUIMARÃES,
4,8% ThO2; 4,5% TiO2; 4% ZrO2; 6% P2O5; 3,4% 2004).
ETR e 8,1% H2O (LEONARDOS, 1956). A primeira Em relação ao depósito de titânio, há uma
tentativa de cubagem deste depósito indicou grande reserva de anatásio que se encontra acima
200 Mt de rocha mineralizada (LEONARDOS, do depósito de fosfato. O seu aproveitamento
1956). econômico é prejudicado devido a dois fatores
O potencial para fosfato, nióbio e titânio foi principais: (i) primeiro, ocorre intercrescido

104
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

com perovskita (processo de transformação rochas são cortadas por diques de ultramáficas
progressiva) e/ou minerais portadores de ETR, e carbonatitos de granulação fina, que são ricos
Th e U (GUIMARÃES, 2004); e (ii) segundo, os em carbonatos, que indicam imiscibilidade do
processos metalúrgicos disponíveis para extração líquido carbonatítico nos estágios iniciais da
de titânio utilizam apenas ilmenita e/ou rutilo evolução do complexo (BROD, 1999). Os diques
(Edson Ribeiro, comunicação verbal). A Vale tem de carbonatitos em contato com os piroxenitos
desenvolvido estudos de aproveitamento deste e dunitos foram convertidos para flogopititos
minério, com extração de Ti e de ETR, a partir metassomáticos (BROD, 1999). Estas rochas
do rejeito de Ti. No entanto, as rotas até então são cortadas também por bolsões de silexitos
desenvolvidas não apresentaram resultados intemperizados associados a zonas de falhas
satisfatórios. Além disso, há a presença do Th no (GUIMARÃES, 2004).
rejeito como material radiogênico que deve ser As rochas deste complexo intrudem e
avaliado (Edson Ribeiro, comunicação verbal). deformam o embasamento formado por
quartzitos e filitos do Grupo Canastra (BROD et
5.1.5.4 - Geologia al., 2000; DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001),
O Complexo de Tapira é formado pela que apresentam auréola de fenitização restrita
amalgamação de várias intrusões de rochas aos quartzitos, com presença de piroxênio sódico
silicáticas e carbonáticas (Figura 5.31). As rochas e feldspatos (BROD, 1999). O anel de quartzito
deste complexo são principalmente rochas que circunda o complexo foi responsável
ultrabásicas como piroxenitos/bebedouritos pelo desenvolvimento do espesso manto de
com dunitos serpentinizados, carbonatitos, intemperismo sobre as rochas alcalinas, gerando
sienitos, melilitolito subordinados (BROD, 1999; os depósitos de fosfato (apatita) e titânio
GUIMARÃES, 2004; BROD et al., 2013). Estas (anatásio) (PINHO-TAVARES, 2007).

Figura 5.31 - (A) Mapa geológico do Complexo Alcalino Carbonatítico de Tapira; (B) perfil NW-SE, mostrando
os perfis de mineralização, (modif. de MELO, 1997).

105
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os depósitos minerais deste complexo são (90%), minerais de magnetita, apatita, flogopita
resultado do processo de enriquecimento e pirocloro, bem como barita e sulfetos tardios
supergênico gerado pelo intemperismo (BROD, 1999).
das rochas ultramáficas (FERRARI, 2000; As anomalias geofísicas demarcam bem este
GUIMARÃES, 2004). Os piroxenitos apresentam complexo (Figura 5.32), cujo mapa da amplitude
enriquecimento em apatita, magnetita e do sinal analítico apresenta dois picos de maior
perovskita, que podem se apresentar como intensidade com baixo magnético no centro.
bandas monominerálicas com concentrações Isto ocorre devido à presença de piroxenito
de perovskita, normalmente entre 8% a 10%, contornando o corpo de carbonatito no centro,
(DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001). Os que é menos ferromagnético (RIBEIRO, 2011).
carbonatitos podem conter, além da calcita

Figura 5.32 - Mapa da Amplitude do Sinal Analítico da região da alcalina de Tapira; (B) Mapa da concentração
radiométrica do Tório (Th) (RIBEIRO, 2011).

5.1.5.5 - Mineralização de ETR delimitados (CONCEIÇÃO; BONOTTO, 2006).


A geração dos depósitos minerais está A apatita sofreu lixiviação mais intensa nos
relacionada com processo de intemperismo da horizontes mais superficiais, sendo parcialmente
rocha matriz, pela solubilização e lixiviação dos transformada em fosfato secundário, visto
carbonatos e minerais máficos. Esta mobilização que nas porções mais profundas permaneceu
de componentes permitiu a concentração como mineral resistato (PINHO-TAVARES et
supergênica no manto de intemperismo. O al., 2008). Enquanto que o anatásio é produto
Complexo de Tapira é constituído principalmente da descalcificação da perovskita, que pode
de piroxenitos e foscoritos, com depósitos corresponder ao início de alteração meteórica,
de apatita e anatásio associados ao manto desorganizando o retículo cristalino, e que
de intemperismo. O perfil de alteração/ permitiu a entrada de ETR.
laterização das rochas fosfáticas relacionadas O pirocloro concentrado residualmente
com carbonatitos é bem desenvolvido, gerando tem concentrações anômalas de ETR, bem
horizontes e enriquecimento dos elementos bem como a perovskita que possui intercrescimento

106
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

com anatásio e minerais secundários de ETR, amostras minerais puras. A monazita ocorre
principalmente rabdofânio. Segundo Soubiès, em menor proporção que a rabdofana, onde
Melfi e Autefage (1991) a perovskita seria o Soubiès, Melfi e Autefage (1991) sugerem que
principal mineral portador de ETR na rocha mãe a monazita foi formada a partir da desidratação
(TR2O3 = 1,9%), muito superiores aos teores da rabdofana.
encontrados na apatita. A zona mais profunda Neste depósito, o perfil mineralizado
apresenta maiores teores de nióbio e ETR com gerado por transformações progressivas dos
presença de titânio e apatita (GUIMARÃES, minerais primários, pode ser dividida em
2004). A rocha fresca mineralizada pode conter cinco zonas principais. Do topo para a base,
teores de até 1,2% de Nb2O5, geralmente as zonas mineralizadas são: estéril, titânio,
associado com os ETR (MELO, 1997). Lapido- fosfato com titânio, fosfato e nióbio (Figura
Loureiro (1988) por sua vez associa a ocorrência 5.31) (GUIMARÃES, 2004). As principais fases
de ETR com o minério de anatásio, com teores minerais ocorrem nas diferentes zonas do perfil
oscilando entre 1 a 10% de TR2O3. intempérico de Tapira (Tabela 5.4).
Ferrari (2000) identificou
três gerações de apatitas neste
depósito, apatitas primárias,
hidrotermais e supergênica. As
apatitas secundárias (hidrotermal
e supergênica) apresentaram
maiores teores de ETR (0,1 a
0,4% de TR2O3) (SOUBIÈS; MELFI;
AUTEFAGE, 1991; FERRARI, 2000).
A rabdofana ocorre intimamente
associado com o anatásio,
preenchendo e revestindo suas
cavidades (Figura 5.33) (SOUBIÈS; Figura 5.33 - (A) Apatita primária (p) inclusa em anatásio (an) e
MELFI; AUTEFAGE, 1991; FERRARI, rabdofânio (Rh) no contato entre os dois minerais. (B) Rabdofânio
2000). Esta associação torna difícil (rh) crescido em anatásio (an) (MEV – BSE). (C) Fosfato de ETR
(ftr) em fissura da apatita primária alterada (p) (SOUBIÈS; MELFI;
a sua separação para obtenção de AUTEFAGE, 1991).

Tabela 5.4 - Fases minerais encontradas nos perfis de alteração do Complexo de Tapira (CONCEIÇÃO;
BONOTTO, 2006).

Horizonte Solo Mineralogia Principal Mineralogia Secundária


Solo (T1) Caolinita, goethita e quartzo Anatásio e Al-fosfatos
Aloterita (T2, T3 e T4) Goethita e anatásio Perovskita, Al-fosfatos e magnetita
Apatita, flogopita, goethita e Al-fosfatos, anatásio, magnetita e
Isoalterita (T5 e T6)
perovskita granada
Carbonatito (T7) Calcita e flogopita Magnetita-ilmenita e perovskita
Piroxenito (T8) Apatita, perovskita e flogopita Diopsídio, magnetita e granada

107
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os fosfatos aluminosos (grupo da crandalita) O Complexo Alcalino de Poços de Caldas


foram formados a partir de soluções ricas em apresenta estrutura tipo caldeira formada por
P, Al e álcalis liberados da alteração da apatita atividades magmáticas policíclicas, o qual ocorre
e silicatos aluminosos (FERRARI, 2000). O ETR, intrudindo o embasamento e parcialmente os
liberados dos minerais primários, formam os arenitos da Formação Botucatu. As principais
fosfatos de ETR e posteriormente os fosfatos rochas intrusivas são tinguaítos, enquanto
aluminosos da série da crandalita. Estes fonolitos, nefelina sienitos com lavas, tufos e
últimos são compostos principalmente de ETR, brechas vulcânicas ocorrem subordinadamente.
Sr e Ca (florencita e goyazita), não havendo a Estas rochas são cortadas por diques de fonolitos
formação de gorceixita (não há disponibilidade com associação de intensa atividade hidrotermal
de Ba). Isto ocorre devido à maior dificuldade e processos de brechação. A mineralização
de circulação e homogeneização das soluções está relacionada aos processos de alteração e
ricas em Ba (FERRARI, 2000). A presença de brechação que afetaram os tinguaitos precoces
florencita neoformada indica mobilização dos e os nefelinas sienitos de forma parcial.
ETR, liberados pela hidrólise e que circularam 5.1.6.1 - Características do Depósito
nas soluções fosfatadas, produto de alteração, Localização: [21° 55’S; 46° 34’W] O Complexo
e posteriormente, aprisionadas neste fosfato Alcalino situa-se no município de Poços de
aluminoso (SOUBIÈS; MELFI; AUTEFAGE, 1991). Caldas e corresponde a uma estrutura circular
com 30 km de diâmetro (Figura V.34).
5.1.6 - Morro do Ferro – Poços de Caldas (MG)

Figura 5.34 - Mapa de localização do Complexo Morro do Ferro – Poços de Caldas (Fonte da imagem
esquerda: Esri, DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX,
Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, and the GIS User Community).

108
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Aspectos gerais: As litologias principais do Produção: Não há produção atual, mas foi região
complexo são tinguaítos e fonolitos, nefelina produtora de urânio até a década de 1990. Há
sienitos com lavas, tufos e brechas vulcânicas ocorrência de bauxita sobre este Complexo
ocorrem de forma subordinada. As rochas (DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001).
encaixantes são quartzitos e xistos do Grupo
5.1.6.2 - Histórico
Canastra de idade neoproterozoica. As estruturas
Os recursos minerais da região de Poços
regionais são fraturamentos paralelos e
de Caldas são conhecidos desde o século XIX,
profundos com direção geral NW-SE e, as locais,
descritos inicialmente por O. A. Derby (1887)
fraturas radiais e concêntricas, falhas radiais,
(LEONARDOS, 1956). As rochas que compõem
estruturas dômica e zonas de cisalhamento. O
a chaminé são todas alcalinas formadas
manto intempérico deste depósito é de 20 a 50
por associações plutônicas e vulcânicas
m de espessura.
(LEONARDOS, 1956). No centro do complexo
Mineralização: terras raras (EDEM, 2014);
é encontrado o Morro do Ferro, formado por
urânio, molibdênio, zircônio (FRAENKEL et al.,
rochas completamente decompostas que
1985) e bauxita (DARDENNE; SCHOBBENHAUS,
formam um depósito de magnetita e manganês,
2001).
bem como um depósito de tório (LEONARDOS,
Minerais de Minério: bastnaesita, cerianita 1956). O depósito de tório é formado por
e thorugummita (EDEM, 2014); uraninita, uma parte superficial e massa subjacente que
jordisita/ilsemannita – minerais secundários de reunidas tinha uma reserva total de 36 mt de
molibdênio, fluorita, pirita e zirconita (FRAENKEL óxido de Th. À época foram realizadas pesquisas
et al., 1985). por meio de sondagens e túneis, onde J. J. R.
Tipo de jazimento: Associado às estruturas Branco identificou bastnaesita como o mineral
circulares secundárias e também gerado pelo carbonático que preenchia as fissuras dos
processo hidrotermal e posterior enriquecimento foiaitos alterados (LEONARDOS, 1956). Além
superficial laterítico (CAVALCANTE et al., 1977). do Th e ETR também foi identificada presença
Recurso estimado: 7 Mt @ 2,89% OTR, com de zircônio, principalmente badeleita uranífera
potencial para 10 Mt @ 5% OTR de minério no (0,2% a 2,0% de uranila).
saprólito (EDEM, 2014) e também reservas de Na década de 1970 foram realizados estudos
26,8 mt de U3O8, 25 mt de MoO2, e 172,4 mt de para ser usado como depósito de lixo radioativo
ZrO3 (FRAENKEL et al., 1985). natural, porque a radioatividade nos solos
do Morro do ferro é tão alta que folhagem
Idade da mineralização: Os tinguaítos e fonolitos
natural poderia ser facilmente autoradiografado
apresentam idade em torno de 72 a 78 Ma e
(WABER, 1992).
os nefelinas sientitos com idades entre 60 e
64 Ma, interpretadas como idades mínimas de 5.1.6.3 - Importância Econômica
resfriamento (ULBRICH, 1984). O Morro do Ferro muito conhecido por ser
Situação atual: A PRIME STAR BRASIL a primeira mina de Urânio Osamu Utsumi com
MINERAÇÃO LTDA é a empresa que está lavra iniciada em 1981 (FRAENKEL et al., 1985),
realizando estudo de viabilidade econômica explorada pela NUCLEBRAS/INB até a década
para ETR. de 1990. Na década de 1970 teve indicações de

109
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

reservas de Th e ETR (CAVALCANTE et al., 1977). 1956; ULBRICH; GOMES, 1981), cuja evolução
Além destes bens minerais é conhecido também iniciou em 87 Ma e terminou em torno de 52 Ma
pela ocorrência de bauxita sobre este Complexo (ULBRICH; GOMES, 1981). O alojamento desta
(DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001). intrusão alcalina soergueu as rochas encaixantes,
As pesquisas realizadas pelo DNPM na década gerando estruturas verticalizadas nas bordas.
de 1970 indicaram reservas na ordem de 6 Mt Esta estrutura circular, segundo Marangoni
@ 5% TR2O3, dos quais 5 Mt com teor médio e Montovani (2013) seria de dique anelar de
de 0,5% de ThO2 e 1 Mt com teor médio de 1% rochas nefelínicas circundadas por migmatitos
ThO2, estimada uma reserva de 35 mt de ThO2 e precambrianos. No centro da intrusão, na parte
300 mt de TR2O3, (LAPIDO-LOUREIRO, 1994). Os mais baixa e na depressão, são encontradas
teores de ETR são variáveis, localmente atingem rochas sedimentares areno argilosas e materiais
22% de TR2O3, geralmente acompanham teores vulcânicos. O corpo é constituído por tinguaítos,
de Th. No minério com 1% de ThO2 os teores foiaítos e fonolitos seguidos de nefelina sienitos,
de TR2O3 são maiores que 10%. Dentre os ETR tufos e brechas vulcânicas. Estas rochas são
predominam o Ce, La, Nd e Pr. cortadas por diques anelares e intrusões de
Atualmente, a mineração Prime Star Brasil lujauritos, chibinito e foiaítos, associados
Mineração Ltda está com projeto avançado neste por forte atividade hidrotermal e brechação
depósito. Após reavaliação dos testemunhos (DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001).
de sondagens, reamostragem em galerias (210
m de amostragem de
canal), trincheiras (5) e
novas sondagens estimam
os recursos de 7 Mt @
2,89% OTR, com potencial
para 10 Mt @5% OTR
de minério no saprólito
(EDEM, 2014).
O conceito preliminar
do projeto da mina será
uma mina a céu aberto,
com alimentação de 600
Kt/ano ROM; produção de
117 Kt de OTR ao longo Figura 5.35 - Mapa geológico do Complexo de alcalino de Poços de Caldas
(MG) (RICARDI, 2010).
de 12 anos, com 70% de
recuperação de OTR. Os resultados das respostas magnetométricas
e radiométricas mostram anomalias geofísicas
5.1.6.4 - Geologia bem visíveis, como podem ser observadas pelo
A chaminé alcalina de Poços de Caldas é a recorte de uma área dentro do complexo (Figura
maior do país e forma um planalto circular de 5.36).
30 km de diâmetro (Figura 5.35) (LEONARDOS, O depósito de urânio é formado por

110
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

mineralização primária disseminada de hidrotermal e a mineralização primária mostram


U-Zr (ETR-Mo) de baixo grau e também de relação intrínseca à intrusão de duas chaminés
mineralização de Zr-ETR-U-Th-Mo em veios de de brechas. O processo de intemperismo intenso
stockwork alterados por soluções hidrotermais resultou na laterização das rochas superficiais e
de padrão zonado concêntrico (WABER; enriquecimento de urânio secundário ao longo
SCHORSCHER; PETERS, 1991). As rochas das frentes de redox (WABER; SCHORSCHER;
mineralizadas consistem de suíte de corpos PETERS, 1991). Este processo também foi
intrusivos e fluxos fonolitos de vulcânicos e responsável pela geração do depósito de Th-ETR
subvulcânicos e os nefelinas sienitos alterados neste complexo (WABER, 1992).
hidrotermal e metassomaticamente. A alteração

7,5

A B
Figura 5.36 - Interpretação geofísica terrestre. (A) Sinal analítico; (B) anomalia de Th. (PRIME STAR BRASIL
MINERAÇÃO LTDA, 2013).

O corpo de minério, forma de lentes argilosa, existência de um carbonatito primário no Morro


é circundado por estrutura de camadas de do Ferro é inferida pela comparação do material
magnetita, cujo dique principal tem mais de 300 alterado com a zona intemperizada que sobrepõe
m de extensão e até 10 m de espessura. Associado rochas silicáticas alteradas e não alteradas
a este dique ocorre veios tanto paralelos hidrotermalmente e também pela paragênese
quanto transversais de espessuras e direções mineral primária e secundária (WABER, 1992).
variáveis. A rocha encaixante destes veios é
provavelmente sienito totalmente alterado por 5.1.6.5 - Mineralização de ETR
eventos hidrotermais e intempéricos. Waber A formação do depósito de Morro do
(1992) propôs que o protolito do depósito era Ferro ocorreu pela associação dos processos
um carbonatito enriquecido em Th e ETR. A hidrotermais e intempéricos (CAVALCANTE et

111
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

al., 1977). O processo hidrotermal transformou (Ba,ETR)A13(PO4)2(OH)5H2O, goyazita (Sr,ETR)


a rocha encaixante em hidrotermalito potássico, Al3(PO4 )2(OH)5 H2O e o carbonato de ETR Nd-
destruindo minerais primários e provocando lantanita são de origem secundária e ocorrem
enriquecimento de Th, ETR e U (em menor disseminados na matriz (WABER, 1992). Estes
proporção), bem como a geração dos diques de minerais secundários são de granulometria
magnetita. O enriquecimento de Th e ETR foi mais fina e ocorrem de forma mais frequente na
controlado pelos diques e veios de magnetita, rocha hospedeira do que no corpo do minério.
onde os maiores teores são encontrados Os minerais primários disseminados na matriz
próximos aos veios principais (CAVALCANTE et da rocha são fortemente corroídos e formam a
al., 1977). Os maiores teores são encontrados cerianita e minerais do grupo da crandalita. A
nas porções superiores deste depósito indicando monazita é um mineral que ocorre como fase
ser resultado de fenômenos hidrotermais primária e secundária. A primária ocorre como
associados com enriquecimento superficial inclusões na magnetita e de granulometria
laterítico (CAVALCANTE et al., 1977). A massa mais grossa que a monazita secundária que é
argilosa gerada pela alteração intempérica da de granulometria mais fina e forma agregado
magnetita para limonita serviu de retentor terroso na matriz (WABER, 1992).
desses elementos (Th, U e ETR). O teor desses Nos fonolitos ocorre a mesma mineralogia,
elementos aumenta quando na presença com cristais de granulação fina disseminados na
de soluções limonitizadas, está ausente na rocha e principalmente na forma de cluster ao
magnetita inalterada e nas argilas isentas de redor das partes mais porosas da rocha (WABER;
impregnações ferruginosas. O saprólito argiloso SCHORSCHER; PETERS, 1991). A monazita e
é composto basicamente de caulinita, mica e cheralita ocorrem intercrescidas com ilita,
gibbsita, cujos minerais têm disseminações ricas caolinita, pirita e k-feldspato, cuja textura indica
em Th e ETR. origem hidrotermal, provavelmente durante os
As fases minerais portadoras de ETR no estágios iniciais do evento de mineralização.
perfil de intemperismo da rocha hospedeira, A bastnaesita, de mesma origem, ocorre em
carbonatito (WABER, 1992) e no corpo de minério cavidades e interstícios e de ocorrência menos
Th – ETR, são bastante diversificadas e de difícil disseminada na rocha matriz. Os minerais do
identificação devido sua granulação muito fina grupo da crandalita são mais abundantes na
e o intercrescimento destes diferentes minerais zona oxidada e laterítica; sendo que a florencita
(WABER; SCHORSCHER; PETERS, 1991). Os ocorre em associação próxima com a monazita,
minerais primários e secundários são separados sem indícios de fenômenos de reações (WABER;
pelas relações texturais (WABER, 1992). Os SCHORSCHER; PETERS, 1991).
minerais primários são bastnaesita (Ce,La)(CO3)F No ambiente superficial (oxidante) há um
cheralita (Ca,Ce,Th)(PSi)O4; monazita (Ce,La,Nd) forte enriquecimento de Th e Ce, com formação
PO4; torita, zircão e pirocloro e ocorrem como de torita que fixa o Th e a oxidação do Ce3+ para
inclusões na magnetita (WABER, 1992). Os o menos solúvel Ce4+ formando a cerianita,
minerais identificados pelos autores do grupo que também são adsorvidos nos minerais
da crandalita (Ca,ETR)A13(PO4)2(OH)3H20, pouco cristalizados como os hidróxidos de Al
florencita CeAI3(PO4)2(OH)6, gorceixita e Fe (WABER, 1992). Os elementos trivalentes

112
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

não são retidos neste ambiente superficial e 5.2.1 - Angico dos Dias (BA)
migram para baixo no perfil intempérico. Com O Complexo foi conhecido inicialmente pelas
a alta concentração em profundidade são ocorrências de vermiculita, com identificação
disponibilizados para formação de minerais do potencial para fosfato após trabalhos de
secundários, como o carbonato Nd-lantanito pesquisas realizados pela CBMM na década de
e hidroxifosfatos de ETR e adsorvidos em 1980 (SILVA et al., 1997).
hidróxidos de ferro e alumínio de baixa Os trabalhos de pesquisa mineral realizado
cristalinidade (WABER, 1992).
pela CBMM identificaram teores anômalos para
A zona mineralizada do Morro do Ferro, com P, Zr, Sr, Ba e ETR. Na década de 1980 foi realizado
500 m de extensão e largura máxima de 130 m e estudos de detalhe com desenvolvimento de
chega a atingir 100 m de profundidade na porção ensaios de beneficiamento para fosfato. A
mais rica do depósito (CAVALCANTE et al., 1977). partir de 2005, a Galvani explora o fosfato deste
O corpo de minério Th – ETR é composto por complexo (GALVANI, 2014). Pereira et al. (2000)
matriz argilo-siltosa cortado por abundantes estudaram a viabilidade de recuperação de ETR
veios de magnetita de espessuras variáveis, como subprodutos do processo de produção de
que protegeu o morro da erosão e permitiu o ácido fosfórico de concentrados de apatitas.
enriquecimento residual de minerais de Th e
Atualmente o complexo é produtor de
ETR (WABER, 1992). O minério a ser explotado
fosfato, explorado pela empresa Galvani desde
é o material saprolítico argiloso derivado do
2005, conhecido como Unidade de Mineração
processo de alteração que afetaram as rochas,
de Angico dos Dias (UMA), que desenvolveu
com geração de rochas alcalinas profundamente
tecnologia de concentração a seco (GALVANI,
brechadas, alteradas hidrotermalmente e
2014).
intemperizada (PRIME STAR BRASIL MINERAÇÃO
LTDA, 2013). A bastnaesita é o principal mineral
de ETR deste depósito. Lapido-Loureiro (2011) 5.2.1.1 - Características do Depósito
apresentou que, localmente, o depósito contém Localização: [9° 19’ 25”S; 43° 24’ 12”W]. O
intervalo de cinco metros de minério com teor complexo está situado no Noroeste do estado da
de 14,3% de TR2O3. A bastnaesita representou Bahia na fronteira com o estado do Piauí (Figura
22,5% do minério ou 74,9% de TR2O3 (CeO2 5.37).
=32,8%; La2O3 = 22,1%; Nd = 11,5%; Pr6O11 =
Aspectos gerais: A litologia principal deste
4,4%).
complexo são carbonatitos calcíticos, que
ocorrem associados com olivina-apatita, biotita-
5.2 - OUTROS CORPOS ALCALINOS PO- apatita e magnetita-olivina, seguido de álcali-
TENCIAIS feldspato sienito, álcali diorito e albitito (SILVA et
Os complexos apresentados neste item são al., 1997). As rochas encaixantes são as rochas
aqueles que possuem mineralizações de ETR e do embasamento gnaisse migmatitíco da Faixa
tem potencial reconhecido. No entanto, não há Riacho do Pontal. Na parte noroeste ocorrem
cálculos de recursos e/ou reservas estimadas platôs sustentados por arenitos e conglomerados
para ETR. siluro-devonianos da Formação Serra Grande,

113
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Bacia do Parnaíba (SILVA et al., 1997). As rochas corpo carbonatítico (SOUZA, inédito).
deste complexo estão deformadas, gerando Minerais de Minério: Apatita. Minerais de ETR:
sistema de dobramentos, eixo na direção NE-SW, Monazita e Xenotima.
seguido de dobramento com eixo na direção NW Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
– SE (SILVA et al., 1997). intemperismo) (SILVA et al., 1997).
Mineralização Principal: Fosfato, apresenta Recurso estimado: O depósito de fosfato residual
teores anômalos para Zr, Sr, Ba e ETR em tem reserva medida de 15 Mt @ 15,4% de P2O5
amostras de solo e sedimento de corrente (SILVA (SILVA ET AL., 1997). Não tem reserva medida
et al., 1997). Os concentrados de bateia da para ETR.
Folha Peixe mostram anomalias de monazita e
xenotima, em menor expressão, relacionada ao

Figura 5.37 - Mapa de localização do Complexo Angico dos Dias (Fonte da imagem esquerda: Esri, DigitalGlobe,
GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo,
and the GIS User Community).

Idade da mineralização: 2011 ± 6 Ma U-Pb em 5.2.1.2 - Aspectos Geológicos


baddeleyta e zircão (SILVA et al., 1997). O Complexo de Angico dos Dias é formado
Situação atual: A empresa Galvani explora por associação carbonatítica de idade
o complexo para fosfato. A amostragem de paleoproterozoica que é uma idade incomum para
concentrado de minerais pesados realizado este tipo de rocha. O embasamento gnáissico-
pela CPRM (Folha Peixe) indica altos teores de migmatítico é formado por protomilonitos e
monazita e xenotima (menor expressão) dentre milonitos gnaisses lecucocráticos de composição
os minerais pesados associados a este complexo. granítica com plagioclásio sericitizado, quartzo

114
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

estirado, feldspato alcalino, com ilmenita, zircão manto de decomposição. O manto supergênico
e apatita como minerais acessórios (SILVA et al., residual de crosta fosfática recobrem os corpos
1997). carbonatíticos e está mineralizado para fósforo
As principais rochas do complexo são os e ETR, principalmente cério (LAPIN; IWANUCH;
carbonatitos calcíticos e suas associações e as PLOSHKO, 1999). A apatita é encontrada tanto
rochas feldspáticas (álcali-feldspato sienito, na crosta fosfática quanto no carbonatito
álcali diorito e albitito) (Figura 5.38), onde são primário, onde seu teor varia de 16,5% a 32,5%
observadas interações nos contatos entres essas P2O5. Os processos supergênicos geraram perfis
litologias (SILVA et al., 1997). Essas rochas são de alterações diferentes sobre o carbonatito
cortadas por corpos alongados de rochas básicas formando variações bruscas no contato com
de granulação fina e de piroxenitos distribuídos outras rochas. A mineralização fosfática residual
de forma esparsa (SILVA et al., 1997; LAPIN; (apatitito) tem espessura média de 10 metros.
IWANUCH; PLOSHKO, 1999).
As zonas fenitizadas típicas dos
complexos carbonatíticos não são
encontradas, apenas auréolas com
fácies diferenciadas pelo grau de
interação carbonatito e rochas
feldspáticas (LAPIN; IWANUCH;
PLOSHKO, 1999). A fácies mais
proximal ao carbonatito é formada
por rocha de carbonato e albita. A
fácies intermediária é composta
por albitito, com diversos minerais
associados, entre os quais os
fosfatos e carbonatos de ETR. A
fácies mais distal é representada
pelos quartzo-sienitos com
texturas cataclásticas. No entanto,
Lapin, Iwanuch e Ploshko (1999)
interpretam esta zonação
como fenitos reomórficos e Figura 5.38 - Mapa geológico do Complexo Angico dos Dias
metassomáticos, produzidos pela (modif. de SILVA et al., 1997).
intrusão carbonatítitca de alta
temperatura rica em sódio e voláteis no milonito Os carbonatitos formam dois corpos principais
gnaisses leucocráticos. de forma tabular e subvertical com direção
A rocha fresca de carbonatitos é identificada geral N20E-S20W deformados no Brasiliano
em apenas dois afloramentos superficiais, (Neoproterozoico a Eopaleozoico) pela faixa
sendo identificados em trincheiras, poços e/ Riacho do Pontal (SILVA et al., 1997; LAPIN;
ou testemunhos de sondagens abaixo do IWANUCH; PLOSHKO, 1999). Segundo estes

115
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

autores os carbonatitos foram submetidos a pelo por uma espessa crosta laterítica. Estudos
menos duas fases de deformação, o primeiro realizados neste complexo identificaram
dobramento com eixo na direção NE-SW e o potencial econômico para Fe, Ti, P e ETR. No
segundo, na direção NW – SE. Estes processos entanto, a sua viabilidade econômica está
tectônicos geraram a recristalização parcial ou intrinsicamente relacionada à questão de
total dos minerais, bem como deformação e logística e infraestrutura.
estiramento dos minerais do complexo (SILVA et No início da década de 1970, as primeiras
al., 1997). sondagens rasas foram realizadas pela Companhia
A apatita é preservada por ser mais resistente Meridional de Mineração, com quatro furos
que o carbonato durante o intemperismo de sondagens na porção norte do complexo
(SILVA et al., 1997). A badeleita (óxido de (COSTA et al., 1991). A investigação geológica
zircônio) é encontrada na interface carbonato foi sucedida pelo Projeto RADAMBRASIL
/ apatita, e em poucas lâminas delgadas é (ARAÚJO et al., 1976), com coletas de amostras
observada englobando os carbonatos. A barita lateríticas da porção norte do corpo. Estes
é de ocorrência eventual e ocorre preenchendo autores reconheceram a natureza alcalina com
microfraturas. A monazita ocorre em bordas e carbonatito associado, recoberto por espessa
fraturas da apatita e como cristais dispersos nos camada de lateritos. O potencial deste complexo
carbonatos, cujos aspectos texturais sugerem é para fosfatos apatíticos (fosfatos aluminosos)
a neoformação da monazita por blastese sin e e titânio (anatásio e ilmenita) identificados
pós-tectônica. nos lateritos ferruginosos (COSTA et al., 1991;
A mineralização de ETR deve ser mais LEMOS; COSTA, 1987).
bem estudada, visto que foi identificada nos O depósito apresenta teores de mais de 20%
concentrados de bateia coletados ao redor de TR2O3 em alguns pontos amostrados, cuja
deste complexo (SOUZA, inédito e Maisa Abram mineralização está associada com a florencita,
comunicação verbal). A monazita, também mineral do grupo da crandalita, e demonstra
identificada por Silva et al (1997), ocorre nas forte correlação com os fosfatos (LEMOS, 1990).
bordas e fraturas da apatita como diminutos
cristais dispersos na rocha carbonatítica (teores 5.2.2.1 - Características do Depósito
de 0,25% ETR), e nas apatitas, onde têm teores
Localização: [0° 30’N; 54° 14’W]. O complexo
de até 0,8% TR2O3.
está situado na região Norte do estado do Pará
(Figura 5.39), próximo da divisa com o estado
5.2.2 - Maicuru (PA) do Amapá, município de Monte Alegre, 40 km a
O Complexo de Maicuru é um complexo leste do rio Maicuru.
alcalino – ultramáfico – carbonatítico recoberto

116
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.39 - Mapa de localização do Complexo Maicuru Dias (Fonte da imagem esquerda: Esri, DigitalGlobe,
GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo,
and the GIS User Community).

Aspectos gerais: O Complexo Ultramáfico intemperismo tem espessura média de 100 m


Alcalino Carbonatítico Maicuru é constituído e localmente atingem mais de 200 m (LEMOS;
principalmente de piroxenito com sienito COSTA, 1987).
e dunito de forma subordinada. As rochas Mineralização Principal: fosfato, titânio e terras
encaixantes são gnaisses e granito granodioríticos raras; Nb e Cu ocorrem de forma subordinada
a tonalíticos do Craton da Guiana (COSTA et al., (COSTA et al., 1991).
1991). As litologias aflorantes deste complexo
Minerais de Minério: O principal mineral de
são lateritos e pequenos corpos apatíticos
fosfato é a apatita, seguido dos minerais do
silicificados isolados. As litologias principais em
grupo da Crandalita, o qual forma solução sólida
subsuperfície são representadas por piroxenitos
entre a crandalita-goyazita-florencita (COSTA et
cortados por veios de apatitas e carbonatitos
al., 1991). A variedade florencita pode conter
(predomina o calcítico), glimeritos, sienitos e
teores de até 17% TR2O3 (LEMOS; COSTA, 1987).
traquitos (LEMOS, 1990; COSTA et al., 1991). O
O mineral de TiO2 residual é o anatásio
complexo forma um alto estrutural composto de
lateritos e solos derivados das rochas primárias, Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
cujo posicionamento no embasamento do intemperismo).
Craton Guianense parece estar relacionado Recurso estimado: o depósito residual tem
principalmente ao sistema de falha NE-SW que reservas estimadas de minério fosfático (primário
corta a região (COSTA et al., 1991). O manto de e laterítico) de 200 Mt @ 15% P2O5 (BEISIEGEL;

117
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

SOUZA, 1986 apud LEMOS, 1990); a reserva de logística.


titânio é de 5 Bt @ 20% de TiO2 (SANTOS, 1981
apud LEMOS, 1990). A concentração de TR2O3 5.2.2.2 - Aspectos Geológicos
nas crostas dos perfis é de 0,49% e em superfície
O Complexo Acalino Ultramáfico Carbonatítico
é de 4,79%, localmente atinge teores maiores
de Maicuru é um corpo alongado que forma um
que 20% (LEMOS, 1990).
alto estrutural de 300 a 400 m de altitude (Figura
Idade da mineralização: 589 ± 18 Ma datação 5.40) (LEMOS; COSTA, 1987). A estrutura externa
Rb/Sr (COSTA et al., 1991). é formada por espessa superfície laterítica,
Situação atual: É um depósito de Ti, P e ETR, não crosta de ferro e seus solos derivados, cujo
é explorado economicamente devido a falta de embasamento é formado por rochas granito
infraestrutura da região. granodioríticas a tonalíticas do Craton Guianene
Impedimentos: Área sem infraestrutura e (COSTA et al., 1991).

Figura 5.40 - Mapa geológico simplificado com a distribuição dos Complexos alcalinos carbonatíticos do norte
do Pará (VASQUEZ, 2012).

As rochas primárias deste complexo são predominantemente de diopsídio, aegirina-


formadas por piroxenitos como rocha dominante augita e aegerina, com perovskita, titanita,
do complexo cortadas por veios de apatita titanomagnetita e apatita subordinados. Os
e carbonatitos e por sienitos, que ocorrem veios de carbonatitos são dominantemente
numa estreita faixa na borda do complexo calcíticos e raramente dolomíticos. Apatita,
(LEMOS, 1990). Os piroxenitos são compostos flogopita, olivina e opacos ocorrem como

118
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

acessórios. No contato com os piroxenitos são O estudo dos furos de sondagens realizados
encontradas zonas de glimerito com vários em um projeto da DOCEGEO permitiu observar
centímetros de espessura, compostos de que os processos supergênicos geraram perfis
flogopita, calcita, dolomita, apatita e opacos de alterações diferentes. O perfil laterítico
(COSTA et al., 1991). também apresenta variações nos seus diferentes
As unidades litológicas identificadas na horizontes, que contém concentrações
superfície da estrutura podem ser separadas diferentes dos minerais de minério (LEMOS,
conforme apresentado na Figura 5.41 (COSTA et 1990; LEMOS; COSTA, 1987):
al., 1991), onde se percebe que as mineralizações • Crosta – Texturas oolítica-pisolítica, vesicular e
predominam em porções diferentes na brechóide. Abundância de maghemita, goethita,
superfície do corpo. A superfície do corpo anatásio e fosfatos de Al.
do complexo apresenta perfis lateríticos com • Horizonte Argilo-Fosfático – raras estruturas
variações litológicas diferenciadas segundo o primárias. Relictos de titanita. Predomínio de
protólito do qual foi gerado, cujos perfis e seus caolinita, goethita e anatásio.
processos evolutivos podem ser encontrados em • Horizonte Transição – Fragmentos de rochas
Lemos (1990). A variação textural e mineralógica com estruturas originais e minerais primários
mostram que os teores de P e Ti no perfil (apatita, titanita, perovskita e ilmenomagnetita)
apresentam correlação negativa (COSTA et al., preservados, dispersos em matriz esmectítica-
1991). clorítica.
• Substrato – Piroxenito, glimerito, sienito, dunito
e biotitito cortado por veios de carbonatito e
apatitito.
As rochas mineralizadas em apatita são,
principalmente, piroxenitos, apatititos e
carbonatitos (COSTA et al., 1991). Os altos teores
de P2O5 estão distribuídos de forma irregular
no perfil laterítico e nas rochas primárias, cuja
heterogeneidade nas rochas primárias é refletida
na superfície laterítica (COSTA et al., 1991).
O mineral de titânio principal, no perfil
laterítico é o anatásio com ilmenita subordinada,
enquanto que na rocha primária a mineralogia de
titânio inclui perovskita, titanita, titnaomagnetita
e ilmenita (COSTA et al., 1991). Os teores dos oxi-
hidróxidos de ferro e titânio são normalmente
maiores dos que os dos fosfatos, enquanto
os principais minerais são hematita, goethita,
Figura 5.41 - Mapa com a distribuição dos domínios
maghemita, ilmenita e anatásio. Gibbsita e
dos diferentes tipos de mineralição na superfície
intemperizada do complexo (modif. de COSTA et al, bohemita são produtos secundários (LEMOS;
1991). COSTA, 1987). O teor de TiO2 nos lateritos é

119
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

alto, sendo maiores do que 18% na parte sul do desenvolvendo testes de caracterização dos
complexo (Figura 5.41). minérios juntamente com o CETEM (Centro
O principal mineral de ETR é do grupo da de Tecnologia Mineral) para definição de
crandalita e é denominado de florencita quando rotas tecnológicas para a recuperação dos ETR
os teores de TR2O3 são maiores que 10% em (BEMISA, 2014).
peso. Neste complexo ocorrem teores de até
20% TR2O3 (LEMOS; COSTA, 1987; COSTA et al.,
5.2.3.1 - Características do Depósito
1991). A formação deste grupo funcionaria como
Localização: [18° 30’N; 46° 30’W, ponto central]
extrator de ETR e outros elementos relacionados
O Grupo Mata da Corda forma um planalto
aos fosfatos (ANGÉLICA; COSTA, 1993). Neste
homônimo que ocupa uma área de 2.200 km2
depósito há o predomínio dos ETRL sobre os
que se estende ao longo do flanco ocidental da
pesados que apresentam razão média de ETRL/
zona de arqueamento do Alto Paranaíba (Figura
ETRP de 16,2, cuja razão aumenta à medida que
5.42).
há o domínio do membro florencita (LEMOS;
COSTA, 1987). Aspectos gerais: O Grupo Mata da Corda é
caracterizado por derrames, plugs subvulcânicos
O cobre ocorre localmente, na forma de
e depósitos piroclásticos e epiclásticos de
turquesa e crisocola (COSTA et al., 1991). O
afinidade kamafugítica. As litologias que
Nb ocorre substituindo o Ti na estrutura do
compreendem este Grupo formam um conjunto
anatásio, com maiores teores em materiais
diversificado de rochas vulcanoclásticas (lavas,
intemperizados dos piroxenitos e solos de
tufos, aglomerados) e epiclásticas, sendo
concreções ferruginosas.
predominantes os depósitos explosivos do
vulcanismo (DANNI; SCARTEZINI, 1990)
5.2.3 - Mata da Corda (MG)
Mineralização Principal: fosfato, ferro, titânio
O Grupo Mata da Corda é formado por
com ETR subordinado e diamante (ROLIM, 2014).
rochas vulcânicas e vulcanoclásticas, todos de
afinidade kamafugítica que foram divididas em Minerais de Minério: fluorapatita e seus produtos
duas Formações: Patos e Capacete (CAMPOS; secundários para o fosfato; Ti-magnetita com
DARDENNE, 1997). produção de ferro fundido ou gusa e escória
titanífera; titanomagnetita e anatásio e; terras
A região do Planalto Mata da Corda consiste
raras como subproduto da lixiviação de minério
de uma área de grande extensão territorial
de titânio (ROLIM, 2014).
(~2.200 km2) que apresenta potencial para
fosfato, titânio e subprodutos como ferro-titânio Recurso estimado: Potencial para fosfato e Ti, o
e ETR (ROLIM, 2014). Entretanto, a viabilidade ETR seria subproduto do processamento de Ti.
econômica depende do desenvolvimento de Idade da mineralização: 68 – 81 Ma (U-Pb em
rotas de processos tecnológicos para extração perovskita; Sgarbi, Gaspar e Valença, 2000).
destes elementos (ROLIM, 2014). A região conta Situação atual: Há três empresas trabalhando na
com algumas empresas de mineração (Bemisa, região do Planalto de Mata da Corda, quais são:
TerrAtiva Mineração e Vicenza Mineração) Vicenza Mineração, Brasil Exploração Mineral
realizando pesquisa mineral. A Bemisa está S.A. (Bemisa) e TerrAtiva Mineração.

120
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Impedimentos: os recursos minerais deste (Figura 5.43) (CAMPOS; DARDENNE, 1997). Na


depósito dependem de rotas tecnológicas para porção sul, este grupo sobrepõe os sedimentos
extração dos elementos de interesse (ROLIM, do Grupo Areado e ao norte o Grupo Urucuia
2014). (CAMPOS; DARDENNE, 1997). Os dados geofísicos
mostram anomalias bem marcadas destacando
5.2.3.2 - Aspectos Geológicos o Grupo Mata da Corda, conforme pode ser visto
O Grupo Mata da Corda é formado por rochas na Figura 5.44. A coluna estratigráfica do Grupo
vulcânicas alcalinas efusivas e piroclásticas, Mata da Corda mostra intercalações de rochas
plutônicas alcalinas e sedimentares de afinidade sedimentares e vulcânicas, cujas litologias estão
kamafugítica. É dividido em duas unidades geralmente bastante alteradas por processos
denominadas de Formações: Patos e Capacete intempéricos.

Figura 5.42 - Mapa de localização da região de Mata da Corda (Imagem do GoogleEarth, preparada por
Helena Zanetti Eyben).

Figura 5.43 - Mapa geológico simplificadoda região aflorante do Grupo Mata da Corda e adjacências (modif.
de MELO, 2012).

121
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A Formação Patos, base deste Grupo, é Neste Grupo a perovskita é abundante (SGARBI;
formada por rochas vulcânicas e subvulcânicas GASPAR; VALENÇA, 2000). Na base da sequência
de afinidade kamafugítica (mafuritos e vulcanoclástica a matriz é composta de
uganditos) e rochas vulcanoclásticas associadas fluorapatita, gorceixita, wavellita, argilominerais
(MELO, 2012). Os mafuritos e uganditos são e zeólitas, onde se concentram os maiores teores
rochas básicas e ultrabásicas, sem feldspatos de fosfato neste Grupo (MELO, 2012).
com abundantes clinopiroxênios e Ti-magnetita.

A B

Figura 5.44 - (A) Mapa de anomalia do sinal analítico e (B) Mapa do levantamento aerogamaespectrométrico
da região aflorante do Grupo Mata da Corda (ROLIM, 2014).

As rochas vulcanoclásticas (lapilitos, brechas Loureiro (1994) e relacionada como pertencente


e tufos) são incluídas por alguns autores na ao Grupo Bambuí, tem a mineralização de
Formação Capacete. No entanto, os diques ETR provavelmente associada ao Grupo Mata
semelhantes aos kamafugitos, que cortam da Corda. Esta correlação também pode
estas rochas vulcanoclásticas, dificultam o ser reforçada pela forma de associação das
posicionamento estratigráfico destas rochas anomalias de ETR e Th com estruturas filonianas
(MELO, 2012). Os lapilitos podem ser encontrados e diatremas, preenchidas por brechas, típicas
intercalados com as brechas, indicando mais das ocorrências do Grupo Mata da Corda.
de um episódio vulcânico na região, esta rocha A distribuição dos elementos no perfil
apresenta mineralogia semelhante às brechas estratigráfico desta ocorrência pode ser vista
ricas em fosfato (MELO, 2012). na Figura 5.45, onde se observa que o Fe e Ti
As rochas destas formações são cobertas estão presentes principalmente na laterita e no
por canga laterítica que formam chapadões de saprólito e o fósforo encontra-se na camada de
coloração ocre / avermelhada de oxi-hidróxidos kamafugito alterado.
de ferro, geradas por processos intempéricos. A mineralização de fosfato está associada a
O solo destas cangas lateríticas é argiloso minerais primários e secundários gerados por
e apresenta forte magnetismo atribuído à processos hidrotermais e intempéricos (ROLIM,
presença de magnetita. 2014). A fluorapatita pode ser primária ou
A ocorrência Bambuí citada por Lapido- secundária, sendo que a primária pode ocorrer

122
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

disseminada ou em poros. Enquanto que, a intempéricos são as apatitas aluminosas, tipo


secundária pode ser encontrada em veios e a gorceixita, que são encontradas no saprólito
brechas, que sugerem percolações geradas por e rocha alterada. O seu aproveitamento
processos hidrotermais, associadas à gorceixita, econômico é comprometido devido aos baixos
wavellita, carbonato, ilita e esmectita. Os teores de minério disseminado e altos teores em
minerais de fosfato gerados por processos fraturas sem geometria definida (ROLIM, 2014).

Figura 5.45 - Distribuição dos elementos no perfil estratigráfico do furo de sondagem PMC-FD-0020 da Vicenza
Mineração (modif. de ROLIM, 2014).

A mineralização de titânio, por sua vez, 5.2.4 - Serra do Repartimento (RR)


tem altos teores e grande volume, mas o seu O prospecto Serra do Repartimento foi
aproveitamento econômico está associado á inicialmente avaliado para níquel, sendo que
rota de concentração e extração do Ti (ROLIM, após a conclusão dos trabalhos foi identificado
2014). Para o anatásio, o qual não tem rota de potencial para outros bens minerais (Figura 5.46).
extração de Ti industrial. Outro fator negativo As rochas encontradas na área foram alcalinas,
é a presença de contaminantes radiogênicos. O granitos, anortositos encaixados em litologias de
aproveitamento econômico do Ferro – Titânio sequência infracrustal (BORGES; SOUZA, 1990).
tem outra perspectiva, é de fácil concentração, Os resultados analíticos de amostras de solo e
bons teores e grande volume, no entanto, o rocha apresentaram elevados teores para Ce,
mercado e logística de transporte é deficiente La, P, Nb, Sr e Ba. O levantamento cintilométrico
(ROLIM, 2014). Os ETR teriam que ser terrestre confirmou a anomalia radiométrica
aproveitados como subprodutos da lixiviação do obtida pela aerogeofísica (BORGES; SOUZA,
minério de titânio, que apesar do seu baixo teor, 1990). As rochas alcalinas (e encaixantes) são
apresenta um grande volume e os ETRP, com cortadas por veios milimétricos de carbonato,
maior valor comercial, representam 8% do total sendo encontradas ocorrências de baritas na
de ETR. forma de veios e stockworks.
123
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

5.2.4.1 - Características do Depósito 50 km (em linha reta) a SW do município de


Localização: [2° 02’ 01,91”N; 61° 27’ 24,39”W]. Iracema (RR), próximo ao cruzamento da rodovia
A área das alcalinas do Apiaú da Serra do BR 210 com o Igarapé Repartimento do Ajarani
Repartimento (RR) situa-se a aproximadamente (Figura 5.46).

Figura 5.46 - Mapa de localização do depósito Serra do Repartimento, áreas com os direitos minerários
pertencentes à CPRM (linha amarela) e aTerra Indígena Yanomami demarcada em linha azul. (Fonte imagem
esquerda: Esri, DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping,
Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, and the GIS User Community).

Aspectos gerais: A mineralização está inserida 5.2.4.2 - Aspectos Geológicos


na suíte de rochas alcalinas pertencentes a Suíte A geologia da região sudoeste do estado de
Sienítica Apiaú. Esta suíte é uma associação Roraima é composta por uma associação de
alcalina composta essencialmente por sienitos corpos de anortosito e gabronorito, mangerito-
e traquitos (com ou sem feldspatóides) e charnockito e granito rapakivi de idade
monzonitos, cortados por diques de traquitos, mesoproterozóica (Calimiano) (Figura 5.47)
fonolitos e nefelinitos. Em concentrados (FRAGA, 2002). Esta associação de rochas está
de minerais pesados são encontradas altas distribuída no embasamento paleoproterozóico,
concentrações de fosfatos, tais como: monazita que é dominado por rochas metamórficas de
e xenotima, que são os principais minerais alto grau e metagranitóides.
portadores de ETR. Os resultados analíticos de
A estruturação regional observada neste setor
amostragem do perfil laterítico indicaram teores
do Escudo das Guianas reflete os vários eventos
de até 6% de ETR, bem como valores anômalos
tectono metamórficos que afetaram o Cinturão
para Ba, P e Nb.
Guiana Central (FRAGA. 2002). As estruturas
Idade da mineralização: 108 Ma (método apresentam direção preferencial NE-SW bem
isócrona Rb/Sr, GAUDETTE et al., 1996). marcadas. Esta estruturação está impressa
Situação atual: Atualmente está inserida na em litologias geradas em diferentes estágios
Terra Indígena Yanomami homologada pelo evolutivos deste escudo, do Paleoproterozoico
Decreto Federal em 25 de Maio de 1992. até a sua reativação no Mesozóico, durante a
Impedimentos: Terra Indígena Yanomami. instalação do Graben do Tacutu (BRANDÃO;

124
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

FREITAS, 1994). Neste período ocorreu a Anortosito Repartimento. A idade dessas rochas
intrusão indistinta de corpos alcalinos, traquitos é de 1.527 ± 7 Ma em badeleitas pelo método
e sienitos, nas rochas mais antigas (FRAGA, U-Pb por SHRIMP (SANTOS et al. 1999). Próximos
2002). a estes corpos de anortositos afloram corpos
Os corpos de anortosito intrusivos em rochas gabróicos de pequena extensão, denominados
do embasamento foram definidos por BORGES; como Gabro Caracaraí por Montalvão et al.
SOUZA (1990) e BRANDÃO; FREITAS (1994) como (1975).

Figura 5.47 - Mapa geológico da região, com destaque em branco da área do Projeto Serra do Repartimento
(modif. de FRAGA, 2002).

O Complexo Alcalino Serra do Repartimento As litologias principais das rochas alcalinas são
(BORGES, 1990), Suíte Alcalina Apiaú (BRANDÃO; sienitos e traquitos (com ou sem feldspatóides)
FREITAS, 1994) ou Suíte Sienítica Apiaú e monzonitos. São também identificados diques
(BORGES; SOUZA, 1990) e Complexo Vulcânico de traquitos com ou sem feldspatóides, fonolito
Apiaú (COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS e nefelinito, de ampla ocorrência na região
MINERAIS, 1999) são denominações utilizadas (BORGES; SOUZA, 1990; BRANDÃO; FREITAS,
para as rochas alcalinas. Estas rochas alcalinas 1994). Estes corpos alcalinos apresentam
foram caracterizadas como os nefelina sienitos e anomalias radiométricas identificadas nos
litchfelditos formando diversos stocks de rochas levantamentos aeroradiométricos da região
sieníticas e monzoníticas e, também, traquitos (BORGES; SOUZA, 1990). Como pode ser visto na
e fonolitos (BORGES, 1990; BRANDÃO; FREITAS, Figura 5.48 que apresenta forte anomalia de Th
1994). no corpo alcalino da Folha Vila Nova (1:100.000).

125
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Na área do Projeto Serra do Repartimento, nefelina foidito (BORGES; SOUZA, 1990). Além
o corpo alcalino principal forma elevação de disto, os processos de alteração observados
dois patamares, a qual é cercada por cristas são feldspatização, localmente silicificação e/ou
de rochas de composição sílico-feldspática e oxidação das rochas encaixantes, o que indica
lateritos no topo (BORGES; SOUZA, 1990). O atuação do processo de fenitização (BORGES;
corpo alcalino principal ocorre em associação SOUZA, 1990). A associação do processo de
com corpos menores e diques alcalinos, fenitização com as rochas alcalinas fez com que
identificados por meio de geoquímica de solo os autores sugerissem se tratar de um complexo
e radiometria terrestre. As rochas próximas à alcalino com possibilidade de ser encontrado
borda do corpo principal apresentam textura carbonatito do tipo miascítico (BORGES; SOUZA,
muito fina, classificadas como fonotefrito e 1990).

Figura 5.48 - Mapa geológico simplificada Folha Vila Nova (1:100.000) com anomalia de tório superposto, em
vermelho as áreas pesquisadas pela CPRM.

Nos topos das maiores elevações são em drusas, feldspato caulinitizado, manganês e
encontrados os lateritos. A crosta laterítica possui sílica (BORGES; SOUZA, 1990).
em média três metros e meio, chegando a até A mineralogia identificada por difração de
nove metros de profundidade. Em alguns locais, raios X (DRX) em algumas amostras de solo
esta crosta laterítica pode estar fragmentada, foi: grupo da caulinita, goyazita, gorceixita,
presente em diferentes profundidades. Neste ilmenita, magnetita, rutilo, monazita, quartzo,
perfil laterítico, ocorre também, camadas de gibbsita, brookita, zircão, goethita, hematita,
argila vermelha e de aspecto mosqueado, bem lepidocrosita, barita, anatásio, ilita, entre outros
como níveis de aglomerado de barita, às vezes (BORGES; SOUZA, 1990). Dos quais, os prováveis

126
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

portadores de ETR, são monazita e xenotima e, onde predominam bebedouritos com diques
em menor expressão, a gorceixita. A gorceixita é anelares de carbonatitos e subordinadamente
um fosfato de alumínio de Ba, mineral secundário foscoritos. O Complexo Salitre I é composto por
gerado a partir de apatitas e pode conter altos três sistemas intrusivos principais, porção norte
teores de ETR (DUTRA; FORMOSO, 1995). onde ocorrem perovskita bebedouritos que
A monazita encontrada em concentrados de formam pilha de cumulados. Na porção sul, a
bateia tem ampla distribuição e localmente, intrusão é composta de melanita bebedouritos.
chega a ser encontrada entre 5 a 50%. Enquanto Na porção central, o complexo é cortado por
que a xenotima é de ocorrência restrita com sistema tardio de diques anelares radiais de
concentração máxima de 5% em alguns locais. foscorito e carbonatito. O complexo de Salitre
Os resultados de análises químicas das amostras II é composto de rochas da série bebedourítica
dos perfis lateríticos em alguns locais atingem (dunitos, perovskitos, clinopiroxenitos) cortadas
valores de até 24% do somatório de ETR (∑ETR). localmente por diques e veios de carbonatitos.
Em lâminas delgadas observou-se também Por sua vez, o Complexo de Salitre III tem a
presença de apatita e alanita (~1%), sendo composição principal de piroxenitos, associados
este último encontrado principalmente nas com rochas da série foscoríticas que se localizam
amostras coletadas sobre o corpo alcalino. A na porção sul do corpo.
apatita apresenta ampla ocorrência tanto nas
rochas alcalinas, quanto nas encaixantes e com 5.2.5.1 - Características do Depósito
potencial de ser fonte de ETR, conforme exemplo Localização: [19° 00’ S; 46° 47’ W] (Figura 5.49).
das apatitas de Angico dos Dias, Catalão e Araxá Estes complexos estão localizados na região de
(DUTRA; FORMOSO, 1995). Todos os minerais Patrocínio (MG). Salitre I tem forma oval de 35
citados são portadores de ETR, no entanto, km2, com 7 km N-S e 5 km E-W; Salitre II é um
o mineral de maior potencial desta área é a corpo arredondado com 2,5 7 km2 e; Salitre III
monazita, apesar de não ter sido determinado o tem diâmetro de 2 km. Os três complexos não
potencial econômico para este depósito. apresentam altos topográficos.
O fosfato ocorre como depósito residual Aspectos gerais: Os complexos tem como
associado a ETR e apresenta ampla distribuição litologia principal o carbonatito calcítico, com
espacial. No perfil laterítico há uma maior peridotito, piroxenito, álcali-sienito, glimerito e
concentração entre 7m e 10 m de profundidade, outras rochas alcalinas.
conforme resultados dos poços de pesquisas As rochas encaixantes são quartzitos do
(BORGES; SOUZA, 1990). A barita, por sua vez, Grupo Bambuí de idade neoproterozoica.
também tem ampla distribuição, tanto em As estruturas regionais são fraturamentos
superfície quanto em subsuperfície, e ocorre paralelos e profundos com direção geral NW-SE,
como veios na forma de stockworks. associados ao Arco Alto Paranaíba, enquanto,
as locais, fraturas radiais e concêntricas,
5.2.5 - SALITRE I, II E III (MG) falhas radiais, estruturas dômica e zonas de
Os complexos de Salitre I, II e III intrudidos cisalhamento. O solo laterítico tem espessura
por rochas metassedimentares do Grupo variável e localmente atinge 100 m.
Bambuí, são compostos por intrusões múltiplas

127
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.49 - Mapa de localização Complexo Serra Negra e Salitre (Fonte da Imagem da esquerda: Esri,
DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN,
IGP, swisstopo, and the GIS User Community).

Idade da mineralização Salitre I: idade K/Ar 86,3 É composto por três sistemas de intrusões
± 5,7 Ma (flogopita do bebedourito) (SONOKI; denominadas Salitre I, Salitre II e Salitre III
GARDA, 1988). (último a ser descoberto) (BARBOSA, 2009).
Idade da mineralização Salitre II: idade K/Ar 79 São caracterizados por intrusões múltiplas com
Ma (SONOKI; GARDA, 1988). predomínio de bebedouritos, associados com
Mineralização Principal: Titânio, fosfato, nióbio, diques anelares de carbonatitos, foscoritos
águas minerais e vermiculita (MELO et al., 1997). ocorrendo de forma subordinada (Figura 5.50).
Minerais de Minério: Anatásio, hidroxiapatita, As rochas deste complexo intrudem rochas
vermiculita (COMPANHIA BRASILEIRA DE metassedimentares do Grupo Bambuí, sem
METALURGIA E MINERAÇÃO, 1984). evidências de ter atingido a superfície à época
da intrusão (MELO et al., 1997). As anomalias
Tipo de jazimento: enriquecimento residual.
geofísicas definem bem o Complexo Alcalino
Recurso estimado: 852 Mt @ 10,7% P2O5; 694,3
de Salitre que juntamente com o Complexo
Mt @ 17,5 % TiO2 e 166 Mt @ 0,73% de Nb2O5
Serra Negra, formam uma grande anomalia,
(MELO et al., 1997).
conforme pode ser visto pela anomalia Bouguer
Situação atual: Projeto de produção de fosfato apresentada na Figura 5.51.
no Complexo de Salitre I, cuja estimativa da VALE
O Complexo Salitre I é composto por três
é de produzir 2,0 Mtpa com reserva estimada
sistemas intrusivos principais: (i) porção norte
para mais de 100 anos (FOSFERTIL, 2008).
composta por perovskita bebedouritos que
formam pilha de cumulados; (ii) porção sul, onde
5.2.5.2 - Aspectos Geológicos
a intrusão é composta de melanita bebedouritos
O complexo alcalino carbonatítico de Salitre e ; (iii) porção central que é cortada por um
faz parte da Província Ígnea do Alto Paranaíba. sistema tardio de diques anelares radiais de

128
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

foscorito e carbonatito (BARBOSA, 2009). Além formam cinturões concêntricos, indicando ser
dos bebedouritos típicos, as rochas ultramáficas enxame de diques anelares interconectados
apresentam variações modais significativas, intimamente associados com enxame de diques
com fácies ricas em olivina perovskita e apatita de carbonatito (BARBOSA, 2009).
(BROD et al., 2004). Os foscoritos deste complexo

Figura 5.50 - Mapa geológico do Complexo de Salitre I, baseado nas zonas de predominâinca dos principais
tipos litológicos em testemunhos de sondagem do Complexo de Salitre (BARBOSA, 2009).

As rochas da série carbonatítica são Complexo de Salitre III (Figura 5.52), último corpo
predominantemente as calcíticas, com tipo a ser descoberto, tem a composição principal de
dolomítico subordinado, no qual são encontrados piroxenitos/bebedouritos e menor quantidade
bolsões irregulares de apatita. Os flogopititos de titanita, a qual está associada com rochas
são produtos do metassomatismo carbonatítico da série foscorítica localizadas na porção sul do
sobre as rochas ultramáficas (BROD et al., 2004). corpo (BARBOSA, 2009).
Estas zonas metassomáticas podem variar de Estes complexos são conhecidos como
poucos milímetros a muitos metros (BARBOSA, depósitos de fosfato e titânio, enquanto o
2009). ETR é considerado apenas ocorrência. O
O complexo de Salitre II é composto de rochas enriquecimento gerado pela decomposição e
da série bebedourítica (dunitos, perovskitos, transformação por processos de lixiviação e
clinopiroxenitos), cortados localmente por solubilização dos componentes está relacionado
diques e veios de carbonatitos. Por sua vez, o aos processos intempéricos (MELO et al., 1997).

129
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.51 - Anomalia Bouguer dos Complexos Alcalinos de Serra Negra e Salitre I e II, em detalhe o carbonatito
do Complexo Serra Negra (RUGENSKI, 2005).

Figura 5.52 - Mapa geológico do complexo de Salitre III (FONSECA, 2012).

130
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A mineralização de ETR está associada com A vermiculita ocorre disseminada na rocha,


a monazita que, por sua vez, ocorre associada localmente concentrada na forma de palhetas
que não ultrapassam 1 cm de comprimento.
aos minérios de fosfato e também à perovskita
Muitas vezes está associada às zonas de
com altos teores de ETR, enquanto que a apatita mineralizações de anatásio (MELO et al., 1997).
ocorre de forma subordinada. Os principais
minerais portadores de ETR deste depósito 5.2.6 - Serra Negra (MG)
são monazita, apatita, anatásio e perovskita. O complexo está intrudido nos quartzitos do
Grupo Canastra, gerando deformação dômica
O estudo de caracterização realizado por
com 10 km de diâmetro (GRASSO, 2010). É
Uliana (2010) permitiu a separação em seis o maior complexo alcalino carbonatítico da
tipologias de minérios de fosfatos: apatítico, PIAP e o menos conhecido (GRASSO, 2010).
foscorito intemperizado, foscorito silicificado, Este complexo tem potencial para titânio, no
piroxenito, piroxenito intemperizado e zona entanto, o mineral de minério é o anatásio, que
não permite explotação diante dos processos
de mistura. Nestas tipologias, são encontradas
metalúrgicos existentes.
baixas concentrações de monazita, geralmente
< 1%. A fração granulométrica 0,074+0,020 mm 5.2.6.1 - Características do Depósito
apresentou maior concentração de monazita Localização: [18° 55’S; 46° 50’W] O complexo
nos diferentes tipos de minério (ULIANA, 2010). está situado 25 km a leste da cidade de Patrocínio
A perovskita é um mineral que pode conter até (Figura 5.49).
6,5% de ETR, mas que estão associados com Aspectos gerais: A litologia principal do
altos teores de U e Th (BARBOSA, 2009). Outro complexo é o carbonatito calcítico, seguido de
mineral que pode conter ETR é a apatita com dunito (serpentinito), micaperidotito, tinguaíto,
teores menores que 1% de ETR. silexito, perovskitito, piroxenito e glimerito. As
rochas encaixantes são quartzitos do Grupo
As apatitas são formadas desde os estágios
Bambuí de idade neoproterozoica. As estruturas
precoces até os estágios tardios da evolução regionais são fraturamentos paralelos e
do complexo, como fluorapatita. Normalmente profundos com direção geral NW, associados ao
possuem baixos teores de TR2O3 (< 1,0%), mas Arco Alto Paranaíba e, as locais, fraturas radiais
seu valor tende a aumentar com a diferenciação e concêntricas, falhas radiais, estruturas dômica
(BARBOSA, 2009). e zonas de cisalhamento. O solo laterítico tem
espessura média de 150 metros e localmente
O anatásio é o mineral de titânio no manto atingem 250 m.
de intemperismo, provavelmente foi formado
Mineralização Principal: Titânio e fosfato.
pela alteração da perovskita (CaTiO3), após a
Minerais de Minério: Anatásio, apatita.
solubilização do cálcio a baixa temperatura.
Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
O pirocloro acessório dos foscoritos que são intemperismo).
constituídos essencialmente de olivina, apatita e
Recurso estimado: Os concentrados de Ti contêm
magnetita, é outro mineral portador de ETR (< altos teores de ETR, cujo teor foi calculado em
6,5% de TR2O3), com associação do UO2 (< 7,7%) 0,9% TR2O3 (KAMITANI; HIRANO, 1990). Reservas
e ThO2 (< 17%) (BARBOSA, 2009). Este mineral totais: 200 Mt @ 27,68% TiO2 (COMPANHIA
indica ter sido formado nos estágios iniciais BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO,
e intermediários na evolução dos foscoritos. 1984). Reservas de fosfato: Medida + Indicada =
No entanto, os maiores teores de ETR estão 228 Mt @ 10% de P2O5, totalizando 22,8 Mt de
relacionados à série bebedourítica. P2O5 contido (FONSECA, 2012).

131
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Idade da mineralização: 83,7 – 83,4 Ma em K – de fosfato a partir de 2003, onde foi revelada
Ar biotita de peridotito (AMARAL et al., 1967). a presença de intrusão carbonatítica com
Situação atual: Recurso de Ti e P com potencial foscoritos subordinados na depressão central de
econômico e com ETR como subprodutos. Serra Negra, após interpretações dos dados das
sondagens (GRASSO, 2010).
5.2.6.2 - Aspectos Geológicos
O complexo alcalino carbonatítico de Serra
O complexo forma um chapadão com crosta Negra é o maior da PIAP e ocorre intrudindo
laterítica de 10 km por 20 km de diâmetro e rochas metassedimentares do Grupo Canastra,
foi interpretado por Horace E. Williams como que geram estruturas dômicas formadas por
chaminé vulcânica que intrudiu e deformou múltiplos anéis concêntricos (Figura 5.53)
as rochas do Supergrupo Minas (LEONARDOS, (GRASSO, 2010). O complexo é coberto por
1956). Posteriormente, foi descrito por Andrade espessa camada laterítica que localmente
Jr e Djalma G, em 1825, como jacupiranguito pode atingir 200 m de espessura, sendo raros
constituído de augita, biotita (produto de afloramentos frescos, conforme pode ser visto
alteração do piroxênio), magnetita, perovskita pelos logs dos furos de sondagens (Figura 5.54)
e apatita (LEONARDOS, 1956). A Fosfertil iniciou (GRASSO, 2010).
trabalhos de pesquisa mineral para estudo

Figura 5.53 - Mapa geológico do Complexo de Serra Negra (BROD et al., 2004). Os pontos 15-17 são os furos
de sondagens

132
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.54 - Logs dos furos de


sondagem apresentando os perfis de
alteração dos pontos apresentadna
Figura 5.54 (BROD et al, 2004).

O complexo é composto tanto por carbonatito de brechação na forma de veios e diques de


calcítico, quanto carbonatito dolomítico. O carbonatitos. Na intrusão setentrional, há duas
primeiro tipo apresenta associações com regiões com predomínio de veios e diques de
apatita, sendo classificado como apatita calciocarbonatitos, que é equigranular fina com
calciocarbonatitos (GRASSO, 2010). Este tetra-ferriflogopita e magnetita que podem
complexo é uma intrusão com predomínio ocorrer na forma de bandas (GRASSO, 2010).
de dunito que corresponde a 70%, ocorre na As apatitas estão relacionadas aos
forma de cumulados e pode ser encontrado calciocarbonatitos, sendo denominadas
desde o contato com o quartzito até a região de apatita calciocarbonatitos, composto
central (GRASSO, 2010). O dunito é formado por basicamente de carbonatos e apatita, com
cumulados finos, com predomínio de olivina e magnetita e flogopita subordinada. A apatita
Cr-magnetita, flogopita aluminosa e carbonato ocorre como bandas centimétricas irregulares
intercumulus de forma subordinada. com olivina entre as bandas (GRASSO, 2010).
Os carbonatitos magnesianos são A rocha apatita calciocarbonatitos gradam
encontrados como intrusões e veios na parte para cumulados foscoríticos, passando de
central e ao norte do complexo. Estas intrusões intercalações decimétricas até dezenas de
ocorrem como cumulado grosso de dolomita metros. Os cumulados foscoríticos tem textura
com magnetita, flogopita e barita subordinada. granular hipidiomórfica com apatita, e mais
Na parte setentrional ocorre também como tardiamente a magnetita como fase cúmulos e o
diques de granulometria fina essencialmente carbonato ocorre como fase intercumulus ou na
dolomíticos com magnetita e flogopita forma de bolsões (GRASSO, 2010).
subordinada (GRASSO, 2010). Ao cortar o A série bebedourítica apresenta variações
dunito, estes carbonatitos geraram auréolas modais e está acamadada, com zonas em

133
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

estratos ou diques ricas em apatita ou de O complexo é caracterizado por rochas alcalinas


magnetita + perovskita (BROD et al, 2004). O leucocráticas, rochas ultrabásicas alcalinas,
processo de silicificação é o único processo carbonatitos e brechas vulcânicas intrusivas em
de alteração observado neste complexo, não rochas sedimentares (SCHEIBE, 1986).
sendo encontrado fenitização, gerada pelo O Complexo Alcalino de Lages encontra-se
posicionamento do complexo (BROD et al, 2004). entre duas estruturas regionais importantes,
As fases portadoras de ETR são apatita o Arco de Ponta Grossa e o Sinclinal de Torres
e anatásio. Dados de prospecção aluvionar (ROLDAN et al., 2010). Esta associação leva vários
realizada por TORRES (1977) identificaram autores a sugerirem sua ligação com rifteamento
outros minerais portadores de ETR, tais como continental do Gondwana e evolução da margem
monazita e xenotima, as quais estão associadas continental brasileira. A estruturação do domo
com as rochas alcalinas, principalmente na estaria vinculada ao estágio mais avançado
porção oeste do complexo. desse processo (ROLDAN et al., 2010).

5.2.7 - Lages (SC) 5.2.7.1 - Características do Depósito


O Complexo Alcalino de Lages aflora a 100 Localização: [28° 25’S; 49° 18’W]. A ocorrência
km a leste de Anitápolis, numa área em torno ocorre a Norte da cidade de Lages (SC) (Figura
de 50 km2 (COMIN-CHIARAMONTI et al., 2002). 5.55).

Figura 5.55 - Mapa de localização do Complexo Lages (Fonte do mapa da esquerda: Esri, DigitalGlobe, GeoEye,
Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, and
the GIS User Community).

Aspectos gerais: As litologias principais do brecha carbonatítica, nefelina sienito, fonolito,


complexo são carbonatito dolomítico, que é o tinguaíto, olivina melilito, kimberlito. As rochas
tipo de carbonatito principal, seguido de ankerita encaixantes são basaltos do Grupo São Bento
carbonatito dolomítico, brecha feldspática, e rochas sedimentares (arenitos, folhelho e

134
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

ilitios) dos Grupos Tubarão e Passa Dois da O Complexo Alcalino de Lages é formado
sequência gondwânica. As estruturas regionais por várias intrusões rasas, brechas de chaminé
são fraturamentos regionais com direção geral e diques concêntricos dispersos dentro de uma
NW-SE, associados ao Arco Lagoa Vermelha e, estrutura de domo encaixada em sedimentos
as locais, estruturas dômicas e fraturas radiais e Permianos e Triássicos (SCHEIBE, 1986; COMIN-
concêntricas. Manto de intemperismo tem solo CHIARAMONTI et al., 2002). O complexo associa-
residual com espessura média inferior a 1 metro, se ao soerguimento de um grande bloco crustal
localmente ultrapassa a 12 metros. limitado, a norte pelo alinhamento de Corupá
Mineralização: Alumínio (COMPANHIA e, ao sul, pelo Rio Engano (SCHEIBE, 1986). A
BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO, pequena profundidade das rochas aflorantes
1984). é indicada pela textura e estrutura observadas
(SCHEIBE, 1986). O termo Distrito Alcalino de
Minerais de Minério: Bauxita (COMPANHIA
Lages (Figura 5.56) foi proposto por SCHEIBE
BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO,
(1986) diante da diversidade de rochas alcalinas
1984).
encontradas na região de Lages, carbonatito
Tipo de jazimento: Eluvial (manto de Fazenda Varela, kimberlito Janjão e diversas
intemperismo) e em rocha fresca (COMPANHIA brechas de chaminés.
BRASILEIRA DE METALURGIA E
MINERAÇÃO, 1984).
Recurso estimado: Não foi estimado
recurso para ETR. Alumínio 0,05 Mt@
56,81% Al2O3 (COMPANHIA BRASILEIRA
DE METALURGIA E MINERAÇÃO, 1984).
Idade da mineralização: 76 Ma (TRAVERSA
et al., 1996).
Situação atual: Produtora de fonolito
para indústria de vidraria, metalúrgica
e cerâmica com reserva medida de 27
Mt @ 20%. A vida útil da jazida prevista
é de 379 anos com produção mensal
de 2,5 Kt/mês. A lavra a céu aberto é
feita em 2 bancadas de 3,0 metros cada
(CRIPPA, 2003 em http://pt.scribd.com/
Figura 5.56 - Mapa geológico simplificado do Complexo
doc/34723338/Relatorio-de-Pesquisa- Alcalino de Lages (modif. de ROLDAN, 2007).
de-Fonolito, acesso 26 Mai2014).
A reativação das estruturas secundárias
Produção: Produção de fonolito para indústria
NW presentes no embasamento do escudo
cerâmica e metalúrgica. Há ocorrência de
catarinense indicam ser a responsável pela
bauxita sobre este Complexo (DARDENNE;
estruturação do Domo de Lages, conforme
SCHOBBENHAUS, 2001).
estudo de lineamento estruturais com uso de
5.2.7.2 - Aspectos Geológicos imagens de satélite realizado por Roldan et al

135
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

(2010). Estes lineamentos condicionaram os magmático cujos fluidos percolaram fraturas e


diques básicos associados à Formação Serra contornos de grão. Estes processos resultam na
Geral de forma semelhante às estruturas NW na geração de domínios hidrotermais com minerais
região do Arco de Ponta Grossa, que serviram de secundários, dentre os quais a parisita de Ce,
condutos para o magmatismo extrusivo desta descrita por SCHEIBE (1986) como sinchisita.
região (ROLDAN et al., 2010). Além dos minerais de carbonatos (ankerita,
As rochas deste complexo são fonolitos Fe-dolomita, dolomita), a mineralogia de ETR
peralcalinos e nefelina sienitos com rochas associada a esta rocha são parisita e sinchisita
ultramáficas subordinadas, tais como melilitito, e, como raros acessórios, têm-se a apatita e
olivina nefelinito, basanito e tefrito (COMIN- monazita. A composição química do carbonatito
CHIARAMONTI et al., 2002), cortadas por diques indica altas concentrações de ETR, Ba, Ca, Sr, CO2
de carbonatito (MENEGOTTO; FORMOSO, 1998). e SO3 e teores significativos de Th e U, enquanto
Estas rochas foram agrupadas em dois grupos que P, Nb e Ta são baixos (MENEGOTTO;
maiores, as rochas leucocráticas (fonolitos, FORMOSO, 1998). Os eventos tardi-magmáticos
analcima traquitos e nefelina sienitos) e as rochas são evidenciados nesta rocha, observados pela
ultrabásicas (olivina melilitos e lamprófiros) formação de minerais de barita, apatita, quartzo,
(ROLDAN, 2007). O modelo petrogenético calcita e ferro dolomita e parisita. Esta última é
proposto por Scheibe (1986) indica que as encontrada nos interstícios / limites de cristais,
rochas sofreram fusão parcial limitada do manto indicando percolação de fluidos pelas fraturas
superior metassomatizado, com contribuição (MANFREDI, 2013).
de CO2, em região de descompressão. As rochas Segundo Manfredi (2013) a parisita – Ce
ultrabásicas alcalinas seriam resultantes da [Ca(Ce,La)2(CO3)3F2] é o principal mineral de
cristalização fracionada dos líquidos parentais ETR, pois é deficiente em ETR e com excesso
nefelinítico.
de Ca, quando comparado com a sinchisita/
O carbonatito deste complexo, também bastnaesita. A parisita é uma fase tardia,
conhecido como Fazenda Varela, corresponde a presente nos interstícios dos minerais presentes
Fe-carbonatitos, que ocorrem na forma de veios nos domínios hidrotermalizados, como cristais
cortando os arenitos da Formação Rio Bonito, fibrosos a fibrorradiais bem desenvolvidos
fortemente brechado e metassomatizado (MANFREDI, 2013).
(MANFREDI, 2013). O carbonatito também é
encontrado como veios verticais a subverticais 5.2.8 - Mato Preto (PR)
formando brechas ao cortar as rochas O Complexo Alcalino de Mato Preto é um
sedimentares. As brechas são arenitos quartzo importante depósito de fluorita, cuja produção
feldspato afetados por processos de silicificação representa 47% ROM da produção nacional
e carbonatação. (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
Manfredi (2013) observou que o carbonatito MINERAL, 2013d). Este complexo intrude
de Fazenda Varela cristalizou em dois estágios. os metassedimentos do Grupo Açungui do
No primeiro estágio formaram carbonatos meso- a neoproterozoico e os granitos Três
romboédricos primários de 0,4 mm diâmetro. Córregos do neoproterozoico. É controlado
Enquanto que, no segundo estágio, o carbonatito tectonicamente pelo Arco de Ponta Grossa
foi fortemente afetado por processos tardi a pós- (COMIN-CHIARAMONTI et al, 2002). As rochas

136
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

deste complexo encontram-se intensamente As rochas encaixantes são rochas graníticas e


intemperizadas, tendo sido investigadas em metassedimentos do Grupo Açungui de idade
detalhe para prospecção de urânio (RUBERTI, neoproterozoica. As estruturas regionais são
1998). fraturamentos regionais com direção geral NW-
SE, associados ao Arco de Ponta Grossa e, as
5.2.8.1 - Características do Depósito locais, a um complexo sistema de falhas.
Localização: [24° 44' 50,0”S; 49° 10' 57,92” O] Mineralização: Fluorita, barita, chumbo e terras
Situa-se no município de Cerro Azul (PR), a leste raras (COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA
das confluências dos rios Mato Preto e Ribeira E MINERAÇÃO, 1984).
de Iguape (Figura 5.57). Minerais de Minério: Fluorita, barita, galena e
Aspectos gerais: As litologias principais são minerais de TR (monazita, rabdofana e florencita)
carbonatito calcítico, seguido de fonolito, brecha (LAPIDO-LOUREIRO, 1988).
feldspático-carbonatítica, malignito e silexito.

Figura 5.57 - Mapa de localização do Complexo Mato Preto (Fonte da imagem da esquerda: Esri, DigitalGlobe,
GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo,
and the GIS User Community).

Tipo de jazimento: Rocha fresca. Carmo Ltda explora mina a céu aberto em Cerro
Recurso estimado: Não foi estimado recurso Azul, (PR), por bancada em cava, os teores de
para ETR. A reserva lavrável de fluorita é de 2,58 CaF2 variam de 44,9% a 27,6%. Esta mina produz
Kt de CaF2 contido (DEPARTAMENTO NACIONAL 47% da produção nacional de fluorita ROM
DE PRODUÇÃO MINERAL, 2014d). (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
Idade da mineralização: 70,2 e 71,7 Ma (datação MINERAL, 2014d). O depósito de fluorita de
K-Ar de diques fonolito) (CORDANI E HASSUI, Mato Preto II é a maior do Brasil, com reserva
1968; SONOKI; GARDA, 1984). medida na ordem de 3,15 Mt de minério com
60% de CaF2.
Situação atual: A Mineração Nossa Senhora do

137
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Produção: Mina produtora de fluorita. DARDENNE; OLIVEIRA, 1996; RUBERTI, 1998;


COMIN-CHIARAMONTI et al, 2002). Segundo
5.2.8.2 - Aspectos Geológicos
Gomes et al (2011) os fonolitos e traquifonolitos
O complexo alcalino carbonatítico consiste de ocorrem exclusivamente neste complexo na
quatro estruturas circulares com diâmetros de 1 província do Arco de Ponta Grossa. Essas rochas
km cada, numa área de 24 km2 (Figura 5.58). ocorrem intrudindo metassedimentos do Grupo
O Complexo é composto de rochas silicáticas Açungui e o Granito Três Córregos e estão
e carbonatitos, com predomínio de carbonatitos fenitizadas. Nesta região ocorrem, também,
calcíticos, enquanto o carbonatito ferrífero é diques básicos de direção NW-SE, relacionados
menos comum e tardio (COMIN-CHIARAMONTI aos derrames basálticos toleíticos da Bacia do
et al, 2002). As rochas predominantes são sienitos Paraná (LAPIDO-LOUREIRO, 1994).
fenitizados, fonolitos e carbonatitos (SANTOS;

Figura 5.58 - Esboço geológico do Complexo Alcalino Carbonatítico de Mato Preto (PR) (Modif. RUBERTI,
1998).
Os carbonatitos são encontrados em duas RUBERTI, 1998). O tipo calcítico é dominante e
áreas distintitas, divididas em: (i) Mato Preto geneticamente mais antigo, com mais de 95%
I, representada principalmente por brechas de calcita e de forma subordinada, pirocloro,
carbonatíticas com abundantes clastos de apatita e minerais tardi-magmáticos em veios
k-feldspatos e veios carbonatíticos e; (ii) (RUBERTI, 1998). O tipo ferrocarbonatítico é
Mato Preto II, área onde se encontra o corpo tardio e de menor expressão, restrito à matriz
carbonatítico principal (RUBERTI, 1998; COMIN- de brechas e vênulas que cortam os diques e
CHIARAMONTI et al, 2002). Os carbonatitos veios de calciocarbonatitos e fenitos (RUBERTI,
apresentam duas gerações principais: (i) tipo 1998). Estas gerações de carbonatitos são
calcítico, relacionado a matriz de brechas normalmente encontradas no depósito Clugger,
carbonatíticas e; (ii) tipo dolomita a ankerita, o mais importante, localizado no quadrante NE,
comumente associado com clastos de feldspatos onde os processos de intemperismo atingiram
(SANTOS; DARDENNE; OLIVEIRA, 1996; profundidades de até 70 m (SANTOS; DARDENNE;

138
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

OLIVEIRA, 1996; SANTOS, 1988). Segundo este autor, o enriquecimento das


A presença de rochas sieníticas e xenólitos fluoritas está relacionado a sua proximidade
graníticos fenitizados indicam processos com os carbonatitos, cujo padrão mostra forte
metassomáticos oriundos das rochas graníticas enriquecimento nos ETRL.
regionais (LAPIDO-LOUREIRO, 1994; RUBERTI, Os resultados químicos da pesquisa mineral
1998). Após e/ou durante a formação do realizada neste depósito indicam que além dos
complexo são observados ainda os fenômenos citados acima, os solos associados a carbonatitos
tardi magmáticos que geraram os processos de tem teor médio de 3,94% de OTR e as rochas
silicificação e enriquecimento de fluorita. Os alcalinas intemperizadas apresentam teor médio
fluidos carbonatíticos cortam as rochas alcalinas de 1,25% de TR2O3 em Mato Preto I e 0,75%
do complexo gerando silicocarbonatitos, na de TR2O3 em Mato Preto II (SANTOS, 1988). O
forma de chaminés de brechas carbonatíticas, intemperismo foi de grande importância para o
gerando uma textura tipo stockwork e lentes enriquecimento em ETR.
e corpos irregulares. Esta fase carbonatítica Os principais minerais de ETR identificados
foi precursora da concentração de vários foram monazita, rabdofana, e, em menor
elementos, tais como ETR, Th, Fe, P e, em menor quantidade, a florencita e niocalita
proporção, de U, Nb, Ti, minerais de fluorita e [Ca14Nb2(Si2O7)4O6F2]. A monazita é rica em Nd e
sulfetos (LAPIDO-LOUREIRO, 1994). pode conter de 2% a 3% de Th (LAPIDO-LOUREIRO,
Os maiores teores de ETR estão associados 1988). Os fluorcarbonatos de ETR, minerais
principalmente à magnetita dos carbonatitos acessórios comuns em quase todas as amostras,
(< 12,84%) e da fluorita (< 9%). As estruturas ocorrem associados tanto aos carbonatitos
filonianas mostram feições que indicam reações calcíferos quanto ferríferos, bem como nos
com as encaixantes, bem como remobilização e carbonatitos tardimagmáticos (RUBERTI, 1998).
transporte de fragmentos de rochas silicáticas, Esses minerais estão na forma acicular e fibrosa
gerando zonas gradacionais (RUBERTI, 1998). e podem ocorrer de forma isolada ou associada
O posicionamento do complexo e o depósito a fases residuais preenchendo os espaços
de fluorita indicam forte correlação com a intergranulares e fraturas (RUBERTI, 1998).
zona de falha Morro Agudo e outras estruturas
regionais (SANTOS; DARDENNE; OLIVEIRA, 5.2.9 - Anitápolis (SC)
1996). A fluorita ocorre em lentes subparalelas O complexo alcalino de Altos do Rio Pinheiros,
N50-60E – S50-60W com 250 m por 80 m de também conhecido como Complexo Alcalino de
dimensão, envelopadas em fonolitos e diques Anitápolis (Figura 5.59), teve sua reserva medida
de tinguaítos alterados hidrotermalmente de mais de 12 Mt de P2O5 contido, na década
(SANTOS; DARDENNE; OLIVEIRA, 1996). Ambas de 1980 (KAUL, 1977). Em 1987, o depósito foi
ocorrem intrudindo o carbonatito e brechas de adquirido pela empresa Adubos Trevo S.A., hoje
carbonatito. SANTOS (1988) observou quatro Yara do Brasil, e em 2005 formou a empresa
gerações de fluoritas: púrpura escura, púrpura, Indústria de Fertilizantes Catarinense com a
microcristalina sem cor, e as fluoritas mais Bunge Fertilizantes S.A. No entanto, o depósito
escuras. As de cor roxa podem conter até 3% não chegou a ser explorado devido às questões
∑ETR (SANTOS; DARDENNE; OLIVEIRA, 1996). judiciais. O Complexo Alcalino Carbonatítico de

139
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Anitápolis é um stock, que forma depressão locais, fraturas radiais e concêntricas e complexo
circular de 6 km2, do Cretáceo Inferior (~132 sistema de falhas. O manto de intemperismo é
Ma), intrudido em rochas granito gnáissicas carcterizado por um solo residual com espessura
proterozóicas de idade Brasiliana (570 Ma – 630 média de 30 metros, localmente atingindo 50
Ma) (COMIN-CHIARAMONTI et al., 2002). metros.
Mineralização: Fosfato.
5.2.9.1 - Características do Depósito Minerais de Minério: Apatita.
Localização: [27° 49’S; 49° 06’W]. Situa-se a SW Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
da capital Florianópolis (Figura 5.59). intemperismo) e em rocha fresca.
Aspectos gerais: As litologias principais do Recurso estimado: Não foi estimado recurso
complexo são carbonatito calcítico (VERGARA, para ETR. Fosfato residual 53,5 Mt@ 8,20% P2O5
1997), seguido de piroxenito, urtito, ijolito, com teor de corte de 5,0%; Fosfato de rocha
melteijito, shonkinito, glimerito, nefelina sienito 206,5 Mt@ 5,9% P2O5 com o teor de corte 4,0%
e tinguaíto. As rochas encaixantes são granitos (COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E
do Pré-cambriano. As estruturas regionais são MINERAÇÃO, 1984).
fraturamentos regionais com direção geral NW- Idade da mineralização: 131 Ma – 132 Ma (K –
SE, associados ao Arco Lagoa Vermelha (?) e, as Ar, SONOKI; GARDA, 1988).

Figura 5.59 - Mapa de localização do Complexo Anitápolis (Fonte da imagem da esquerda: Esri, DigitalGlobe,
GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo,
and the GIS User Community).

Situação atual: Produziu fosfato na década 1980 de fosfato, mas com pendências em questões
a 1990 a partir de apatita. Não houve produção ambientais (SOUZA; FONSECA, 2009).
de ETR, foi uma mina de fosfato até a década Produção: Não houve produção de fosfato.
de 1990. A reserva de fosfato era de 189 Mt @
6,72% P2O5 (KAUL, 1977). Em 2009, a empresa 5.2.9.2 - Aspectos Geológicos
Bunge anunciou novo projeto de produção O complexo alcalino representa um stock

140
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

intrusivo, que forma uma depressão vulcânica (KAUL, 1977). As rochas básicas e ultrabásicas
com 6 km2 (Figura 5.60), composta de flogopita alcalinas apresentam faixas de carbonatitos,
piroxenitos e apatita biotita piroxenitos formando corpos lenticulares com presença
circundados por nefelina sienitos e ijolitos, em de magnetita compacta, associada a biotita,
menor proporção (COMIN-CHIARAMONTI et al., hornblenda, apatita, entre outros minerais (KAUL,
2002). Localmente, são cortados por diques de 1977). A depressão vulcânica é circundada por
nefelinito e melanefelinito. O carbonatito deste rochas do Grupo Taboleiro, formando morros
complexo é formado por um corpo pequeno de encostas abruptas com altitudes em torno de
(10 m2) e diques e veios dispersos abundantes 1200 m.
(COMIN-CHIARAMONTI et al., 2002; GRASSO, Os dados isotópicos de oxigênio e carbono
2010). Pereira e Formoso (1994) definem duas dos carbonatitos deste complexo indicam
gerações de carbonatitos calcíticos e que os composição primária, sem processos de
veios tardios são de nelsonitos e glimeritos. empobrecimento ou enriquecimento posterior
Segundo PEREIRA; FORMOSO; TOLEDO (1997), (COMIN-CHIARAMONTI et al., 2002). Os dados
este complexo é formado por múltiplas injeções petrográficos das rochas alcalinas mostram
alcalinas e carbonatíticas de composições zoneamento concêntrico. No centro, encontram-
variadas, provocando autometassomatismo e se as rochas básicas alcalinas, ultrabásicas
fenitização das rochas encaixantes. alcalinas e carbonatitos e, nas bordas, são
O carbonatito é um Ca-carbonatito e ocorre encontradas as rochas sieníticas (Figura 5.60)
como pequeno corpo no centro da depressão (KAUL, 1977). A ausência de rochas vulcânicas
e também, como diques e veios dispersos e a associação das rochas básica/ultrabásicas/
que apresentam uma notável associação carbonatitos podem ser indicativas de zonas mais
com piroxenitos. A mineralização de fosfato, profundas das chaminés alcalinas, onde o atual
apatita, ocorre na forma de filões, filonetes ou nível de erosão foi interpretado como sendo de
disseminações em todas as unidades litológicas nível médio a profundo por Kaul (1977).

Figura 5.60 - Mapa geológico simplificado da região de Anitápolis (Modif. COMIN-CHIARAMONTI et al., 2002).

141
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A evolução dos processos hidrotermais e estão associados principalmente às rochas


intempéricos permitiram o desenvolvimento de alcalinas intemperizadas e depósito de tálus,
perfis distintos sobre o flogopita piroxenito e cujos teores anômalos de lantânio podem
sobre o sienito (PEREIRA; FORMOSO; TOLEDO, ser maiores do que 1000 ppm (KAUL, 1977).
1997). Os processos hidrotermais geraram Os altos valores, obtidos por três amostras
depósito econômico de fosfato e enriquecimento acima do limite de detecção na espectrografia
das porções hidrotermalizadas em Ba e Fe semiquantitativa utilizada por Kaul (1977), não
(PEREIRA; FORMOSO; TOLEDO, 1997). permitem caracterizar concentração de valor
A mineralização fosfatada deste complexo econômico. Os altos teores observados nas
está relacionada com a apatita, que pode apatitas tardias, também não se caracterizam
ocorrer disseminada nas seguintes formas: de interesse econômico diante da ocorrência
(i) relativamente homogênea, localmente relativamente restrita destas apatitas. A reserva
formando aglomerados e; (ii) de depósito de final deste tipo de apatita é de 32,3 Mt com
tálus e residual (KAUL, 1977; VERGARA, 1977). A teor ponderado de 8,4% (VERGARA, 1977). Os
apatita como mineral primário é encontrado em minerais acessórios de ETR são fluorcarbonatos
diversas litologias deste complexo, sendo que (ancilita, bastnaesita) associados aos veios
no carbonatito a sua concentração apresenta tardios de carbonatitos (FURTADO, 1989 apud
variação considerável (KAUL, 1977). As apatitas COMIN-CHIARAMONTI et al., 2002).
relacionadas aos veios hidrotermais tardios
mostram enriquecimento de ETR, atribuído 5.2.10 - Juquiá (SP)
ao enriquecimento dos líquidos residuais ricos 5.2.10.1 - Características do Depósito
em voláteis e também a diferenciação com Localização: [24° 24' S; 47° 21' O] Localiza-se a
diminuição da temperatura de cristalização sudeste do Estado de São Paulo (Figura 5.61),
(PEREIRA; FORMOSO; TOLEDO, 1997). No no município de Registro, distante 170 km da
depósito residual, os teores de P2O5 são maiores cidade de São Paulo com acesso pela BR 116.
que os da rocha,
cuja diferença
aumenta com
a distância
do centro do
corpo, o que
se deve à
maior lixiviação
de minerais
argilosos e car-
bonatos e/ou
maior concen-
tração residual
de apatita. Figura 5.61 - Mapa de localização do Complexo Juquiá (Fonte da imagem esquerda:
Os ETR Esri, DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX,
Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, and the GIS User

142
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Aspectos gerais: As litologias principais são fenitizados (ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993;
carbonatito dolomítico, seguido de piroxenito, MARANGONI; MONTOVANI, 2013). As rochas
peridotito, ijolito, pulaskito, lamprófiro, sienito, fenitizadas consistem de cumulados de olivina
álcali-gabro, nefelina sienito e tinguaíto. As clinopiroxenito na parte norte, que representa
rochas encaixantes são gnaisses com quartzitos 74% do volume e, na sua parte sul, é composta de
e micaxistos subordinados do Grupo Açungui, ijolitos-melteigitos-urtitos e nefelinas sienitos,
neoproterozoico. As estruturas regionais são com essexitos e sienodioritos subordinados,
fissuramentos Guapiara, de direção geral NW- com núcleo de carbonatito magnesífero (1%)
SE e, as locais, fraturas radiais e concêntricas, (BECCALUVA et al, 1992).
lineamentos N15W e N45W. O solo residual Os dados aeromagnéticos indicam forte
possui espessura média de 5 metros, localmente anomalia com polaridade reversa que circunda
atinge 10 metros. uma anomalia menos intensa de polaridade
Mineralização: Fosfato e ferro. normal (MARANGONI; MONTOVANI, 2013). A
anomalia reversa foi interpretada por Rugenski,
Minerais de Minério: Ca-apatita e magnetita.
Montovani e Shukowsky (2006) como sendo
Tipo de jazimento: Eluvial (manto de
devido ao posicionamento do corpo durante o
intemperismo) e em rocha fresca.
episódio de campo magnético reverso ou pela
Idade da mineralização: 133 Ma (SONOKI; baixa susceptibilidade magnética do piroxenito
GARDA, 1988). em relação ao sienito.
Recurso estimado: Não foi estimado recurso
para ETR. Fosfato 0,02 Mt@ 16,0% P2O5;
Ferro 0,01 Mt@ 63,9% Fe2O3 (COMPANHIA
BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO,
1984).
Situação atual: Até 2009, a empresa SOCAL
S.A. operava na produção de rocha fosfática
(SOUZA; FONSECA, 2009).
5.2.10.2 - Aspectos Geológicos
O Complexo Alcalino Carbonatítico
de Juquiá, de idade cretácica (130 – 135
Ma), é uma intrusão circular que cortam
Figura 5.62 - Mapa geológico esquemático e seção do
gnaisses do embasamento Pré-cambriano complexo Juquiá (Modif. de BECCALUVA et al, 1992).
(Figura 5.62) (BECCALUVA et al, 1992). O
complexo é considerado uma das estruturas O carbonatito que aflora numa área de 2
mais antigas ao redor da bacia do Paraná e km2, é formado basicamente por dolomita rica
contemporâneo ao magmatismo toleítico da em Fe e Mn e apatita, com magnetita, barita,
bacia (MARANGONI; MONTOVANI, 2013). É flogopita, pirocloro, monazita e carbonatos de
uma intrusão circular zonada com 14 km2 de Sr, Ba e ETR, como fases acessórias (BECCALUVA
área exposta, encaixada em gnaisses compostos et al, 1992; ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993). Na
por migmatitos heterogêneos parcialmente porção interna é de composição ankerítica e

143
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

dolomítica pobre em apatita e a parte externa no perfil, promovendo seu enriquecimento


é o carbonatito dolomítico, onde a apatita seria (ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993; WALTER et
posterior aos carbonatos (ALCOVER NETO; al, 1995). Esses minerais, especialmente os do
TOLEDO, 1993; MARANGONI; MONTOVANI, grupo da crandalita, são favoráveis à fixação
2013). O carbonatito ocorre na forma de de diversos elementos no perfil de alteração,
maciço, não como veios e diques. A associação tais como Sr, Ba, ETR, U e Th. Os fosfatos de
da apatita com as rochas carbonatíticas (e não ETR, monazita e rabdofana, deste depósito
silicáticas) favoreceram o desenvolvimento foram encontrados junto com pseudomorfos
de perfil de alteração muito rico em apatita de gorceixitas de difícil identificação (Figura
(ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993). Estes autores 5.63) (FERRARI, 2000). Os fosfatos aluminosos
classificaram como isoalterito, pois não ocorreu do grupo da crandalita deste depósito não são
modificação do volume original da rocha. Na enriquecidos em ETR, provavelmente por não
fase alterita do carbonatito ocorre os minerais estarem disponíveis, ou seja, as litologias não
do grupo da crandalita em quantidades ínfimas, eram ricas em ETR (FERRARI, 2000).
enquanto que na zona de transição entre rochas
alcalino-silicáticas e carbonatitos e na aloterita,
estes minerais são mais abundantes e ocorrem
associados a produtos argilosos (FERRARI, 2000).
O processo de laterização do carbonatito é
caracterizado por baixa concentração de espécies
silicosas e aluminosas nas soluções lixiviantes,
gerando poucos minerais neoformados na
laterita (ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993). Durante
estágios mais avançados de laterização ocorre
Figura 5.63 - Imagens de elétrons secundários
o processo de aloterização, com deslocamento
por MEC de cristais de turquesa (t) associados aos
mecânico do material residual. agregados microcristalinos de fosfato da série da
crandalita (fsc) de Juquiá (FERRARI, 2000).
Os minerais neoformados mais abundantes
são os produtos ferruginosos (ALCOVER NETO; 5.2.11 - JACUPIRANGA (SP)
TOLEDO, 1993). Nos estágios iniciais da alteração 5.2.11.1 - Características do Depósito
do carbonatito estes minerais ocupam os Localização: [24° 42' 8.81"S; 48° 07' 26.88"O] O
espaços deixados pela dissolução de carbonatos Complexo de Jacupiranga (Figura 5.64) localiza-
ou recobrindo minerais primários e secundários. se a 200 km a SW do município de São Paulo.
Nas fases mais evoluídas são caracterizados Aspectos gerais: As litologias principais do
como produtos de alteração da magnetita, complexo são carbonatito calcítico, seguido
sendo o mais abundante contendo manganês e de jacupiranguito, piroxenito, peridotito,
o outro titânio (ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993). sienito, essexito, ijolito, monchiquito, tinguaíto
As mineralizações que ocorrem neste e nefelina sienito. As rochas encaixantes são
complexo estão associadas ao manto de micaxistos e granodioritos do Grupo Açungui
alteração, no caso do fósforo, devido a geração e arenitos e siltitos do Grupo Tubarão. As
de fosfatos secundários, fixando esse elemento estruturas regionais são fissuramentos Guapiara,

144
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

direção geral NW-SE e, as locais, fraturas radiais BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO,


concêntricas, pequenas falhas o carbonatito. 1984). Fosfato: 80 Mt @ 6,15% P2O5 (REIS, 1997)
Manto de intemperismo: solo residual com Idade da mineralização: 130 Ma
espessura média de 5 metros, localmente atinge Situação atual: Pertence a Vale e em 2012
10 metros. produziu 8% do concentrado produzido no país
Mineralização: Ferro, fosfato e níquel. (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
Minerais de Minério: Magnetita, apatita e MINERAL, 2013c).
garnierita. Produção: Produtora de fosfato a partir de
Tipo de jazimento: Eluvial (manto de apatita, já tendo sido explorado talco e ouro,
intemperismo) e em rocha fresca. sendo também detectado níquel, na região de
Piricia foi pesquisado para sulfetos (COMPANHIA
Recurso estimado: Ferro 10 Kt @ 65,0%
DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS, 1987).
Fe2O3; Níquel 30 Kt @ 1,39% Ni (COMPANHIA

Figura 5.64 - Mapa de localização do Complexo Jacupiranga (Fonte da imagem esquerda:Esri, DigitalGlobe,
GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo,
and the GIS User Community).

5.2.11.2 - Aspectos Geológicos As principais rochas que compõem este


O complexo é a maior jazida carbonatítica complexo são dunitos com peridotitos,
do estado de São Paulo Brasil (RUGENSKI, piroxenitos (jacupiranguitos), ijolitos, sienitos,
2005), conhecido como depósito de magnetita álcali granitos e carbonatitos intrudidos em
titanífera desde 1877 (LEONARDOS, 1956). O rochas grantito-gnáissicas fenitizadas do
Complexo é uma intrusão máfico-ultrabásica embasamento Pré-cambriano (MARANGONI;
alcalina de forma elíptica, com 10,5 km por 6,7 MONTOVANI, 2013). O termo jacupiranguito
km, orientada na direção NNW-SSE (Figura 5.65) foi assim denominado para a rocha constituída
e apresenta assinatura magnética bem definida essencialmente de titanoaugita, dentro da
(Figura 5.66). A anomalia Bouguer do corpo de qual é encontrada a magnetita associada com
Jacupiranga é o maior do lineamento Guapiara. calbonato (LEONARDOS, 1956).

145
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 5.65 - Mapa geológico simplificado da área do Complexo Alcalino de Jacupiranga (modif. de ALVES,
2008).
O carbonatito foi definido por Melcher em limites não são claros visto que ocorre aumento
1954, após mapeamento de detalhe e descrição de carbonatito dolomítico próximo aos contatos
petrográfica, que propôs que a intrusão teria de borda do corpo que pode estar associado
ocorrido em dois eventos distintos. Gaspar ao processo metassomático de dolomitização
e Wyllie (1983) propõem cinco intrusões de (GASPAR; WYLLIE, 1983). Há áreas cortadas
diferentes idades, na parte sul (C1, C2 e C3) e por diques deste carbonatito que ocorrem
na parte norte (C4 e C5), onde o ordenamento intrudindo os carbonatitos calcíticos.
indica do mais antigo (1) para o mais novo (5). Os

Figura 5.66 - Anomalia Bouguer observada para a alcalina de Jacupiranga (RUGENSKI, 2005).

146
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A apatita é mineral chave na cristalização zirconolita [(Ca, ETR) Zr (Ti, Fe)2 O7]; estroncianita
dos carbonatitos, pois são formados desde as [SrCO3] e monazita-Ce (Ce, La, Nd, Th, Y)PO4.
fases líquidas precoces até os estágios finais de Outra forma de ocorrência de ETR são halos
atividade hidrotermal. A mineralização principal enriquecidos em ETR circundando os cristais de
deste corpo para fosfato é a apatita , que ocorre apatita dentro de dolomitas (CONSTANZO et al,
em veios, porções enriquecidas, disseminadas 2006).
ou agregados maciços (ALVES, 2008). A exploração do fosfato ocorre há várias
Aparentemente forma um corpo de minério décadas, iniciado pela parte alterada no topo
contínuo de importância econômica. As apatitas do corpo carbonatítico deste complexo, com
deste depósito apresentam baixos teores de ETR contínuo desenvolvimento da mina a céu
variando de 0,04% a 0,49%, sendo que as fases aberto (ALVES, 2008). Em comparação com
precoces dos carbonatitos apresentam apatitas outros depósitos de fosfatos em carbonatitos
pouco mais ricas (La2O3 + Ce2O3 = 0,17% a 1,21%) brasileiros, este minério de apatita é o mais
(ALVES, 2008). homogêneo, provavelmente por não ter sido
As fases ricas em ETR ocorrem como pequenas afetado por processos de laterização posterior
porções anédricas dispersas dentro de dolomitas (ALVES, 2008). As apatitas de áreas próximas
e apatitas, circundado cristais primários, dentro às falhas são avermelhadas e produzem menor
de fraturas que cortam inclusões e preenchido recuperação no processo de flotação. Assim
com minerais secundários de ETR (CONSTANZO como àquelas associadas com silicatos das zonas
et al, 2006). Os principais minerais de ETR ricas em xenólitos e aos fluidos hidrotermais
ocorrem como cristais isolados ou agregados, a (podem ser mais duras) que também apresentam
saber: ancilita-(Ce) [Sr (La, Ce)(CO3)2 (OH)* H2O], ; menor rendimento na flotação (ALVES, 2008).

147
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

148
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

6 - Terras Raras em Rochas Graníticas

Os depósitos de ETR são associados a As mineralizações de ETR ocorrem nas zonas


complexos graníticos multifásicos em ambientes apicais dessas pequenas intrusões ou na forma
anorogênicos. Os corpos graníticos apresentam de lentes, e também apresentam elevados
zoneamento vertical, às vezes lateral, bem teores de Fe, F, Nb, Zr, Rb e Sn (BOTELHO;
desenvolvido com mudanças mineralógicas, MOURA, 2011 e referências citadas). Observa-se
texturais e composição modal (BOTELHO; que a correlação entre as mineralizações de Sn e
MOURA, 2011). As fases tardias formam corpos ETR existe devido às características geoquímicas
menores, mais especializados geoquimicamente, destes elementos. Esta correlação é encontrada
enriquecidos em elementos incompatíveis, e em diversos depósitos de estanho conhecidos
normalmente estão posicionados nas porções que ocorrem no Brasil, conforme pode ser visto
superiores do complexo. A geração de depósitos a seguir.
depende de alguns fatores determinantes tais
como: fonte do magmatismo, taxa de fusão, 6.1 - DEPÓSITOS COM POTENCIAL
processos de fracionamento, duração do ECONÔMICO RECONHECIDO PARA TERRAS
processo magmático, processos de mistura RARAS
de magmas e/ou contaminação crustal,
6.1.1 - Depósito de Pitinga (AM)
profundidade de colocação do corpo, estado
O depósito de Pitinga é conhecido como um
de oxidação do magma e natureza da rocha
distrito mineiro de vários bens minerais, dos
encaixante (BOTELHO; MOURA, 2011).
quais a cassiterita é o bem mineral principal. A
O processo de alteração hidrotermal
extração de cassiterita de aluviões teve início
gerado por fluidos graníticos tardios, podem
na década de 1980 e encerrou em meados da
formar mineralizações proximais ou distais em
década de 2000. Após este período, o depósito
relação a intrusão do complexo granítico. As
de aluvião foi substituído pela extração da
mineralizações proximais estão normalmente
mineralização primária conhecida como rocha sã.
na cúpula do pluton e formam depósitos de
Nesta nova fase, a extração da cassiterita ocorre
Au, Mo, Cu, W, Sn e metais raros. Enquanto
associada à extração de nióbio e tântalo como
que as mineralizações distais, afastadas do
produtos secundários (MINERAÇÃO TABOCA
centro da intrusão, formam depósitos do tipo
SA, 2014). Atualmente, a Mineração Taboca S.A.
epitermais, escarnitos, em veios e sulfetos
está desenvolvendo avaliação econômica para
maciços. A atuação de processos hidrotermais
extração de ETR (GARCIA, 2012).
nestes complexos graníticos tem papel
importante no transporte e deposição dos ETR, 6.1.1.1 - Características do Depósito
que podem estar associados, principalmente, Localização: [0° 45’N; 60° 00’W]. A mina de
aos complexos de fluoretos e/ou cloretos, cuja Pitinga está situada a 130 km a norte de Manaus,
especiação depende da temperatura e pressão no município de Presidente Figueiredo, (Figura
(WILLIAMS-JONES; MIGDISOV; SAMSON, 2012). 6.1).

149
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 6.1 - Mapa de localização do depósito de Pitinga (Fonte da imagem esquerda: Esri, DigitalGlobe, GeoEye,
Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, and
the GIS User Community).

Aspectos gerais: O depósito de Pitinga Tipo de jazimento: (i) depósitos aluvio-


está associado principalmente aos corpos coluvionares e greisens com Sn, relacionados
graníticos Água Boa e Madeira, que são aos corpos graníticos Madeira e Água Boa; (ii)
granitos anorogênicos e fazem parte da Suíte mineralização em rocha sã (albita granito) de Sn,
Intrusiva Madeira de idade paleoproterozoica Nb, Ta, Y, Zr, ETR, Li, Th, U e criolita (Na, F) e; (iii)
(DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001; LENHARO; depósitos de rejeito da planta de concentração,
MOURA; BOTELHO, 2002; COSTI; BORGES; Grota C e Paxíuba (GARCIA, 2012).
DALL’AGNOL, 2005; BASTOS NETO et al., 2005). Recurso estimado: a reserva de estanho
As principais unidades litológicas relacionadas está medida em 189 mt de Sn contido
às mineralizações são sienogranitos, feldspato (DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
alcalino granitos e leucogranitos.
MINERAL, 2013e). A reserva lavrável do minério
As rochas encaixantes destes granitos são as columbita-tantalita é de 175 Mt com 35 mt de
rochas vulcânicas Iricoumé do Supergrupo Ta2O5 contido (DEPARTAMENTO NACIONAL DE
Uatumã e Suíte Intrusiva Mapuera. (DARDENNE; PRODUÇÃO MINERAL, 2013f). A criolita tem
SCHOBBENHAUS, 2001; COSTI; BORGES; reserva medida de ROM de 9 Mt @ 31,9%
DALL’AGNOL, 2005). Na3AlF6, com 3 Mt de criolita contida (BASTOS et
Mineralização Principal: cassiterita, metais raros al., 2005). A xenotima tem reserva estimada de
(Zr, Nb, Ta, Y, ETR), criolita e fluorita, Li, entre 2Mt @ 1% de ítrio (DEPARTAMENTO NACIONAL
outros. DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013a). As reservas
Minerais de Minério de ETR: xenotima, gagarinita apresentadas pelo Projeto rocha sã encontram-
[NaCaYF6], niobidatos e fluocerita [(Ce, La)F3] se na tabela abaixo (Tabela 6.1) (GARCIA, 2012).
(GARCIA, 2012). Idade da mineralização: a idade U-Pb em zircão

150
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

da fácies albita granito é de 1.822 ± 22 Ma e Ta. Estão sendo realizados estudos de viabilidade
do topázio granito é de 1.816 ± 20 Ma (BASTOS econômica para xenotima (GARCIA, 2012).
NETO et al., 2014). Produção: a mina de Pitinga produz, atualmente,
Situação atual: mina em produção de Sn, Nb e cassiterita, nióbio e tântalo.

Tabela 6.1 - Reserva operacionalizada do Projeto Rocha Sã (modif. de GARCIA, 2012).


PROJETO ROCHA SÃ RESERVA OPERACIONALIZADA (% dos óxidos)
Classe Mt Sn ZrO2 Nb2O5 Ta2O5 Y2O3 U3O8 ThO2 Rb2O
Medida 112 0,177 0,783 0,222 0,028 0,036 0,028 0,104 0,621
Indicada 83 0,175 0,835 ,0224 0,028 0,037 0,032 0,099 0,570
Total 195 0,176 0,805 0,223 0,028 0,036 0,030 0,101 0,599
PROJETO ROCHA SÃ – RESERVA OPERACIONALIZADA (x 1000t de óxidos)
Classe Mt Sn ZrO2 Nb2O5 Ta2O5 Y2O3 U3O8 ThO2 Rb2O
Medida 112 198 877 249 31 40 31 116 695,520
Indicada 83 145 693 186 23 31 27 82 473,100
Total 195 343 1.570 435 55 71 58 199 1.168,620

6.1.1.2 - Histórico DALL’AGNOL, 2005).


O depósito inicialmente conhecido como Em 1982 teve início a lavra experimental dos
depósito apenas de cassiterita foi lavrado na sua depósitos aluvionares do Granito Água Boa. E na
fase inicial a partir de aluviões. Na década de abertura da estrada ligando o depósito de Pitinga
1990, a Mineração Taboca S. A. passou a realizar à BR-174, foram encontrados novos depósitos
pesquisas na rocha sã conhecido como Projeto aluvionares, associados ao pluton do Granito
Rocha Sã (MINERAÇÃO TABOCA SA, 2014). Madeira, de menor expressão topográfica
Diante da exaustão do minério de aluvião, a (COSTI; BORGES; DALL’AGNOL, 2005). Nestes
partir de 2006, iniciou-se a extração de Sn da depósitos os teores de Sn eram da ordem de
rocha primária, juntamente com a extração de dezenas de quilos por metro cúbico de minério,
nióbio e tântalo como produtos secundários. tornando Pitinga a maior mina de estanho do
A região do rio Pitinga foi alvo de estudo de Brasil, ultrapassando as minas produtoras de
recursos minerais em meados da década de Sn em Rondônia. Este depósito teve grande
1970, com identificação de teores anômalos influência sobre o mercado de Sn nas décadas
para Sn (MANDETTA; VEIGA JUNIOR; OLIVEIRA, 1980 e 1990, quando passou a explorar os
1974). O potencial econômico para cassiterita depósitos aluviais.
em depósitos aluvionares da região de Pitinga A ampliação dos trabalhos de prospecção
foi confirmado no Projeto Sulfetos do Uatumã, pela empresa Paranapanema S. A. identificou
após mapeamento geológico do pluton granítico a fácies albita granito, fácies mais evoluída do
Água Boa (VEIGA JUNIOR et al., 1979). Os Granito Madeira, como fonte da mineralização
trabalhos seguintes identificaram a relação entre de Sn. O avanço dos estudos identificaram
a mineralização de Sn com as zonas fraturadas importantes concentrações de criolita, tanto na
e preenchidas por greisens no granito (COSTI; forma disseminada quanto em veios e bolsões
BORGES; DALL’AGNOL, 2005). As áreas foram maciços, e também as demais mineralizações
requeridas pela CPRM e pela subsidiária da conhecidas atualmente.
empresa Paranapanema S. A. (COSTI; BORGES; Os depósitos aluvionares, próximos às fontes,

151
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

de pequeno a médio porte, com largura de 40 m principal mineral de minério de ETR que tem
a 600 metros e profundidade média de 2 m a 3 como grande atrativo seu alto teor de ETRP
metros são distribuídos numa área de 700 km2. (Y, Dy e Tb), que é de aproximadamente 98 %
Os depósitos do Complexo Madeira mostraram (Figura 6.2). A mineralização de xenotima está
quantidades significativas de cassiterita, associada às zonas pegmatíticas dos sistemas de
associada a zircão, columbita-tantalita, pirocloro falhas, indicando forte controle estrutural. Esta
e xenotima, enquanto que os do Complexo composição coloca o depósito de Pitinga numa
Água Boa são de cassiterita, columbita-tantalita posição privilegiada em comparação com outros
e topázio (KOURY; ANTONIETTO, 1988). projetos de ETR no mundo (GARCIA, 2012).
Os testes do processo de concentração
6.1.1.3 - Importância Econômica indicam recuperação maior que 60% – 70% no
O depósito de Pitinga é conhecido como beneficiamento de Y2O3 com teores de ROM
província mineral devido à diversidade de bens entre 0,1% e 5 %, quando utilizado processos de
minerais com potencial econômico, como Sn, separação mecânica ou flotação. Além disto, no
Nb, Ta, Zr, Li, topázio, criolita (Na3AlF6), Y e REE. processamento mineral para Nb-Ta, o resíduo da
A pesquisa exploratória desenvolvida pela flotação apresenta teores de aproximadamente
Mineração Taboca S.A. confirma a ocorrência 0,3% Y2O3. Os recursos e reservas potenciais
de minerais ricos em ETR: xenotima, gagarinita para xenotima é em torno de 2 Mt @ 0,1% Y2O3
e fluocerita. Dentre os quais, a xenotima é o ROM (run-of-mine) (GARCIA, 2012).

Figura 6.2 - Gráfico apresentando a distribuição de ETRP por projetos em andamento no mundo; no detalhe
tem a distribuição dos OTR contido no minério de Pitinga (GARCIA, 2012).

152
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A Mineração Taboca S.A. está realizando 6.1.1.4 - Geologia


estudos de caracterização de recursos/reservas O depósito de Pitinga localiza-se na porção
e processos de beneficiamento e metalurgia, sul do Escudo das Guianas, formado por
bem como desenvolvendo rotas tecnológicas grandes grupos de associações vulcânicas e
para o aproveitamento deste material (GARCIA, plutônicas relacionadas ao ciclo Transamazônico
2012). Os principais desafios da Mineração até o Mesoproterozoico (COSTI; BORGES;
Taboca S. A. são (GARCIA, 2012): (i) presença de DALL’AGNOL, 2005). Esta província mineral está
minerais de urânio e tório que são concentrados inserida neste contexto geológico, conforme
em conjunto com a xenotima e; (ii) as restrições pode ser vista pelo mapa geológico e coluna
ambientais devido a localização do depósito estratigráfica (Figura 6.3).
(reservas indígenas e florestais).

Figura 6.3 - Mapa Geológico e coluna estratigráfica da província mineral de Pitinga (modif. de COSTI, 2000).

153
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A unidade estratigráfica mais antiga da rápida pelo alívio de pressão e possível separação
região é conhecida como Complexo Anauá e é da fase fluida com as fases posteriores (topázio
intrudida pelos granitos cálcio-alcalinos da Suíte granito e albita granito).
Água Branca. Esta Suíte é cortada pelas rochas A Suíte Madeira é sobreposta pela Formação
vulcânicas ácidas a intermediárias relacionadas Urupi, que é uma sequência de sedimentos
ao Grupo Iricoumé do Supergrupo Uatumã fluvio-eólicos continentais e rochas piroclásticas
(COSTI; BORGES; DALL’AGNOL, 2005). Os e cortada por rochas básicas toleíticas da
equivalentes plutônicos das rochas vulcânicas Formação Quarenta Ilhas de idade 1780 ± 3Ma
do Grupo Iricoumé, são os granitos alcalinos a (SANTOS et al., 2002) . A Formação Seringa,
subalcalinos anorogênicos agrupados na Suíte rochas magmáticas mais jovem de idade ~1.100
Intrusiva Mapuera (VEIGA JÚNIOR et al., 1979). Ma (VEIGA JUNIOR et al., 1979), corta essa
A correlação genética entre as rochas vulcânicas sequência de rochas e consiste de extensos
do Grupo Iricoumé e as rochas plutônicas da derrames de diabásios, basaltos e andesitos,
Suíte Mapuera são confirmadas pelas idades relacionados aos processos extensionais (COSTI;
próximas, 1,87 Ga e 1,88 Ga, respectivamente BORGES; DALL’AGNOL, 2005).
(COSTI; BORGES; DALL’AGNOL, 2005). A geologia da área da mina de Pitinga é
Os granitos Madeira, Água Boa e Europa, por formada predominantemente por rochas
sua vez, apresentam idades em torno de 1,82 vulcânicas ácidas do Grupo Iricoumé, intrudidos
Ga e estão agrupados na Suíte Madeira (COSTI, pelos complexos ígneos multifásicos da Suite
2000). O alongamento dos corpos graníticos Madeira (Figura 6.4) (LENHARO; POLLARD;
da Suíte Madeira paralelo às falhas maiores BORN, 2003; COSTI; BORGES; DALL’AGNOL,
na região é indício de que seu posicionamento 2005). Estes estágios múltiplos são identificados
foi controlado por estruturas preexistentes pelos dados geocronológicos da Suíte Madeira
(LENHARO; POLLARD; BORN, 2003). (Tabela 6.2) (BASTOS NETO et al., 2014).
As diferentes profundidades de cristalização Os Complexos Ígneos Água Boa e Madeira
dos corpos graníticos são mostradas pelas integram a Suíte Madeira, apresentam a mesma
variações composicionais e texturais (rapakivi, direção NE-SW, com área aproximada de 350 km2
porfirítica e granofírica) (LENHARO; POLLARD; e de 60 km2, respectivamente, e são circundados
BORN, 2003). Os magmas são originados pelas rochas vulcânicas e piroclásticas do Grupo
a partir de fontes distintas, gerados por Iricoumé (Figura 6.3) (LENHARO; POLLARD;
fracionamento magmático em dois a três BORN, 2003; COSTI; BORGES; DALL’AGNOL,
estágios de cristalizações, devido ao processo 2005). Estes dois complexos são formados por
de descompressão durante ascensão do magma três fácies principais. As fácies mais evoluídas
(DARDENNE; SCHOBBENHAUS, 2001). Segundo para Água Boa é o granito topázio e para a
LENHARO; POLLARD; BORN (2003) a evolução Madeira é o albita granito (Figura 6.3). Os
destes granitos ocorreu da seguinte forma: (1) granitos Madeira e Água Boa apresentam como
estágio de lento equilíbrio de cristalização na mineralização primária principal o Sn, associado
câmara magmática profunda; (2) ascensão da principalmente as fácies mais evoluídas. No
fusão e cristais com posicionamento em níveis primeiro, a mineralização está relacionada
mais rasos e; (3) estágio final de cristalização ao albita granito e está associada com outras

154
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

mineralizações, tais como Nb, Ta, Zr, ETR, micáceos e episienitos sódicos (COSTI; BORGES;
criolita (Na3AlF6) e fluorita. Já no granito Água DALL’AGNOL, 2005).
Boa a mineralização é controlada por greisens
Tabela 6.2 - Dados geocronológicos de trabalhos anteriores para o Complexo Ígneo Madeira (modif. BASTOS
NETO et.al., 2014). (a 207Pb/206Pb evaporação zircão;. b U-Pb zircão – TIMS; c U-Pb zircão SHRIMP II; d Ar- Ar
mica; e e U-Pb zircão LA-MC-ICPMS).
Idade (Método)
Granito Madeira
Granito fácies rapakivi 1.824±2 Ma (Pb-Pb Zra)
Fácies biotita granito 1.822±2 Ma (Pb-Pb Zra) e 1.810±6 Ma (U-Pb Zrc)
Granito fácies hipersolvus 1.818±2 Ma (Pb-Pb Zra)
1.834±6 Ma (U-Pb Zrb); 1.794±19 Ma (U-Pb Zrc); 1.782±4 Ma (Ar-
Fácies albita granito enriquecido
Ard); e 1.822±22 Ma (U-Pb Zre)
Granito Água Boa
Granito fácies rapakivi 1.824±2 Ma (U-Pb Zre)
Fácies biotita granito 1.824±2 Ma (U-Pb Zre)
Fácies topázio granito 1.824±2 Ma (U-Pb Zre)
Greisen 1.824±2 Ma (Ar-Ard)
Granito Europa
Granito alcalifeldspato Europa 1.824±2 Ma (Pb-Pb Zra); 1.824±2 Ma (U-Pb Zre)

COSTI (2000) divide o albita granito em dissolução das fases primárias preenchidas por
duas fácies: núcleo e borda (Figura 6.4). A fases tardias, como criolita, micas e pirocloro
fácies borda é a derivação da fácies núcleo (COSTI; BORGES; DALL’AGNOL, 2005). Ambas
por metassomatismo. O metassomatismo é subfácies são importantes economicamente,
evidenciado: (i) pela modificação da mineralogia principalmente pelas mineralizações de Sn, Nb e
peralcalina por ação de fluidos residuais Ta disseminadas, bem como para os ETR (COSTI,
e também (ii) pelas feições texturais de 2000).

Figura 6.4 - Mapa geológico de detalhe da Mina de Pitinga com apresentação das diferentes fácies do albita-
granito do Granito Madeira onde as falhas principais e locais abrigam zonas pegmatíticas ricas em xenotima
(modif. de COSTI; BORGES; DALL’AGNOL, 2005; GARCIA, 2012).

155
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

6.1.1.5 - Mineralização de ETR destas mineralizações durante o Cenozoico


As principais mineralizações associadas aos gerou extensas reservas de placers (KOURY;
complexos ígneos do depósito de Pitinga estão ANTONIETTO, 1988). A evolução das
apresentados na Figura 6.3. As mineralizações mineralizações de Sn, Nb e Ta dos granitos do
primárias estão associadas com as fácies albita distrito de Pitinga são apresentadas no diagrama
granito no Complexo Madeira e aos greisens abaixo (Figura 6.5).
no Complexo Água Boa, e o retrabalhamento

Figura 6.5 - Diagrama esquemático apresentando a evolução dos granitos ricos em Sn, Nb e Ta do depósito de
Pitinga (modif. de GARCIA, 2012).

As mineralizações do Complexo Água Boa No complexo Madeira os principais minerais


foram principalmente cassiterita, columbita- de minérios estão relacionados à fácies albita
tantalita e topázio, enquanto que as do granito apresentados na Tabela 6.3 (GARCIA,
Complexo Madeira apresentaram quantidades 2012). A principal mineralização deste complexo
significativas de cassiterita, associadas com é a cassiterita que ocorre disseminada no
zircão, columbita-tantalita, pirocloro e xenotima albita granito (COSTI; DALL’AGNOL; BORGES,
(KOURY; ANTONIETTO, 1988). A mineralização de 2005). As fases ricas em nióbio são pirocloro
estanho no Complexo Água Boa está relacionada [(Na,REE,Ca)2Nb2O6(OH,F)] e columbita [(Fe,Mn)
principalmente aos corpos de greisen, formados Nb2O6] que são encontradas como principais
como produto de processos metassomáticos minerais de Nb no albita granito, fácies de núcleo
das fácies biotita granito e topázio granito, que e de borda, respectivamente. Os principais
ocorrem próximos às falhas e diques de rochas minerais de ETR são xenotima, gagarinita
vulcânicas (LENHARO; POLLARD; BORN, 2003; [NaCaYF6], niobidatos e fluocerita [(Ce,La)F3],
COSTI; DALL’AGNOL; BORGES, 2005). A erosão destacados em roxo na tabela. O albita granito
destes corpos de greisen gerou os depósitos de tem também importante ocorrência de mineral
cassiterita de aluvião. O potencial econômico da lítio como polilitionita, que é mica de lítio. O
mineralização na rocha primária deste complexo zircão, torita e xenotima estão presentes em
é restrito, com teores entre 0,5% a 5%, devido ambas as fácies. A waimirita é outro mineral
à pequena profundidade dos veios (KOURY; de ETR que ocorre em veios tardios associada a
ANTONIETTO, 1988). argilominerais (PIRES, 2010).

156
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Tabela 6.3 - Principal mineralogia de minério do albita granito (modif. de GARCIA, 2012).
Elementos Mineral Outros
Estanho Cassiterita [SnO2]
Columbita – tantalita [(Fe,Mn)
Nióbio e Tântalo Niobidatos metamícticos de pirocloro [(Na3Ca)2 (Nb,Ta).(O,F)7]
(Nb,Ta)7O6]
Xenotima [YPO4], gagarinita [NaCaYF6] e waimirita [fluoreto de Y
Ítrio
com ETRP]
Catapleita (zirconado de sódio
Zircônio Malacon [ZrSiO4.nH2O] e zircão [ZrSiO4]
hidratado)
Urânio e Tório Toriae [Th(SiO4)]
ETRP Xenotima [YPO4], [(Na3Ca)2(Nb,Ta).(O,F)7] e fluocerita [(Ce,La)F3]
Poliotionita / annita siderofilita e
Lítio [K2Li3Al3(AlSi3O10)2(O,OH,F)4]
biotita

A pesquisa exploratória realizada pela até 5 % de Y2O3, onde são formadas zonas
MINERAÇÃO TABOCA SA confirma a ocorrência pegmatíticas no albita granito do Complexo
de minerais ricos em ETR como xenotima, Madeira (Figura 6.5 e 6.6) (GARCIA, 2012).
gagarinita e fluorcerita (GARCIA, 2012). A Estudos realizados indicaram que este minério
xenotima é o principal mineral ETR do albita de xenotima tem alto conteúdo de ETRP (Y, Dy
granito do Complexo Madeira. As mineralizações e Tb), conteúdo global é de aproximadamente
de xenotima estão associadas com os sistemas 98%, pois são também considerados como ETR
de falhas principais e locais, que podem conter críticos (GARCIA, 2012).

A B

C D

Figura 6.6 - Formas de ocorrências de xenotima. (A) Sistema de falhas e o veio de xenotima. (B) Lente sub-
horizontal do veio de xenotima. (C) Detalhe do veio de xenotima. (D) Detalhe do veio de xenotima, com
observação dos cristais. (Fotos tiradas por Lucy Takehara).

157
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

6.1.2 - Granito Serra Dourada análises químicas de diversos corpos graníticos


O Granito Serra Dourada é o maior corpo desta província dos quais o Granito Serra
granítico da Província Estanífera de Goiás. Esta Dourada indicou ter grande potencial econômico
província foi muito estudada, nas décadas de para ETR. Outros corpos mostram também
1980 e 1990, para as mineralizações relacionadas grande potencial, como os granitos Pedra
ao estanho (MARINI; BOTELHO; ROSSI, 1992). Branca e Mocambo que, apresentam dimensões
A área passou a ser destaque para ETR diante e condições topográficas para desenvolvimento
da crise do mercado destes elementos em de perfis de alteração adequados para maior
2010, quando as empresas: Mineração Mata concentração de ETRP que o Granito Serra
Azul e Mineração Serra Verde, iniciaram as Dourada segundo o prof. Nilson Botelho (UnB),
pesquisas exploratórias para ETR no Granito em comunicação verbal.
Serra Dourada. Atualmente, ambas estão
6.1.2.1 - Características do Depósito
investindo em parcerias para desenvolvimento
Localização: [13° 31’ 54,34”S; 48° 29’ 24,74”W].
de processamento mineral, conforme pode ser
A ocorrência situa-se a 30 km a Norte-Noroeste
acompanhado pela divulgação em mídia digital
da cidade de Minaçu (GO) (Figura 6.7).
e impresso no setor mineral.
Marini, Botelho e Rossi (1992) apresentam

Figura 6.7 - Mapa de localização do depósito Granito Serra Dourada (Fonte da imagem esquerda: Esri,
DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN,
IGP, swisstopo, and the GIS User Community.).

Aspectos gerais: o depósito de Serra Dourada é diretamente proporcional ao estágio de


está relacionado com mineralização em evolução dos mesmos (MARINI; BOTELHO;
rochas graníticas. O enriquecimento em ETR ROSSI, 1992), ou seja, quanto mais félsicas
dos granitos da Província Estanífera de Goiás (monzogranitos, sienogranitos etc.), maior a

158
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

concentração de ETR. O Granito Serra Dourada levantamento gama-espectroradiométrico


apresenta predomínio do biotita granito de realizado pela Companhia Brasileira de Geofísica
caráter metaluminoso a peraluminoso, faz parte na década de 1970. O convênio realizado entre
do grupo de granitos mais jovens da subprovíncia a CPRM e o CNEN, foi desenvolvido para checar
estanífera de Tocantins (TEIXEIRA; BOTELHO, estes alvos anômalos, executado pelo Projeto
1999). O enriquecimento de ETR é favorecido Serra da Mesa (JAIME FILHO, 1975). Os corpos
pela alteração hidrotermal da rocha, como graníticos desta região constituíram área de
verificado pelos maiores teores nos albititos e garimpo de cassiterita, principalmente os
biotititos (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006). granitos Serra Dourada e Pedra Branca. A região
Mineralização Principal: cassiterita, pedras é conhecida pelo seu histórico de garimpos
semipreciosas (esmeralda, amazonita e berilo), de cassiterita em atividade até a década de
minerais de ETR. 1990 e, também, com exploração de pedras
Minerais de Minério de ETR: alanita, apatita, semipreciosas esmeralda, amazonita e berilo.
bastnaesita, fluocerita, monazita, xenotima e Hoje se encontram diversas cavidades geradas
zircão (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006); argilas de pela extração de cassiterita, algumas com mais
adsorção iônica (SANTANA, 2013). de centenas de metros de comprimento por
dezenas de metros de largura. Estas cavidades
Tipo de jazimento: a mineralização está associada
são encontradas nas porções associadas aos
ao horizonte saprolítico do solo e também em
biotititos e zonas greisenizadas, onde ocorriam
aluviões (MINERAÇÃO SERRA VERDE, 2014).
a mineralização de cassiterita. Ao longo de todo
Recurso estimado: o recurso estimado é de
o corpo granítico, também foram explorados
412 Mt @ 0,16% ∑ETR com cut-off a 0,10%
a esmeralda, o berilo e a amazonita, com
(MINERAÇÃO SERRA VERDE, 2014). A Mineração
aberturas de galerias nos veios pegmatíticos.
Mata Azul ainda não apresentou o seu recurso
Ainda possível encontrar estas galerias com
estimado.
dezenas de metros de comprimento.
Idade da mineralização: 1,70 a 1,60 Ga
(PIMENTEL et al., 1991). 6.1.2.3 - Importância Econômica

Situação atual: A empresa Mineração Serra O granito Serra Dourada é um corpo com
Verde está desenvolvendo estudos para altos teores de ETR em toda sua extensão,
Avaliação da Viabilidade econômica do Projeto sendo prospectado pela Mineração Mata Azul,
na parte Sul do corpo granítico e apresentou o na parte norte, e a Mineração Serra Verde, na
NI 43-101 (MINERAÇÃO SERRA VERDE, 2014). A parte centro e sul.
Mineração Mata Azul na parte norte, no estado A Mineração Serra Verde, nos trabalhos de
de Tocantins, assinou carta de intenções com prospecção no alvo Pela Ema, porção sul deste
Canadá Rare Earth Corp, para criação de uma granito, definiu uma reserva medida de 0,7 a 1
joint venture para desenvolvimento integrado Mt com teor de ETRP de 0,05% a 0,4%, usando
de terras raras no Brasil (BRASIL MINERAL, 2014). sondagem a trado para a coleta de amostras
(MINERAÇÃO SERRA VERDE, 2014).
6.1.2.2 - Histórico O potencial da área está associado ao evento
Os corpos graníticos da região da Província de lateritização e a região de maior potencial são
Estanífera de Goiás foram identificados pelo os platôs preservados, com teores anômalos de

159
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

3% a 4% de OTR + Y. Apesar de a rocha sã ter altos gnáissico e na Formação Ticunzal e recobertos


teores, o foco para a exploração é o saprólito lateralmente por rochas do Grupo Araí. Os da
enriquecido por processos supergênicos, onde a Subprovíncia Tocantins são intrusivos nas rochas
extração é mais fácil. A mineralização do corpo metassedimentares dos Grupos Araí e Serra da
está dividida em zona de ETRL que se concentra Mesa e metassedimentares e paragnaisses da
na porção sudoeste e os ETRP que estão Formação Ticunzal (TEIXEIRA; BOTELHO, 2002).
concentrados na porção centro-leste (Rocha da Os granitos da Província Estanífera de Goiás
Rocha, comunicação verbal). são naturalmente enriquecidos em ETR; este
Atualmente a Mineração Serra Verde enriquecimento é diretamente proporcional
desenvolve estudos de viabilidade econômica ao estágio de sua evolução, ou seja, quanto
deste depósito. A proposta é que a lavra seja mais félsico (monzogranitos, sienogranitos,
iniciada ao final de 2017. A Mineração Mata etc.) maior a concentração de ETR (MARINI;
Azul, por sua vez, acaba de assinar cartas BOTELHO; ROSSI, 1992; POLLARD, 1995).
de intenções com a
canadense Canadá Rare
Earth Corp com criação
de joint venture para
o desenvolvimento de
negócio integrado de
terras raras no Brasil
(BRASIL MINERAL,
2014). O projeto envolve
o desenvolvimento
de unidade de
concentração e
refinaria para produção
de óxidos de TR.

6.1.2.4 - Geologia
Figura 6.8 - Mapa geológico simplificado da subprovíncia Tocantins da Província
A Província Estanífera de Goiás (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006)
Estanífera de Goiás
(Figura 6.8) é formada
por diferentes corpos de granitos com idades O granito Serra Dourada pertence à Sub
paleo a neoproterozoicas e é dividida em província Tocantins, com o biotita granito de
quatro sub províncias, das quais, somente afinidade metaluminosa a peraluminosa como
duas são economicamente importantes: litologia predominante. Este biotita granito
Subprovíncia Paranã (NE do Estado de Goiás) foi dividido pela petrologia e textura, em três
e Subprovíncia Tocantins (N do Estado fácies: Principal, Porfirítico e Borda (TEIXEIRA;
de Goiás) (TEIXEIRA; BOTELHO, 2002). Os BOTELHO, 2002). A fácies Principal é o litotipo
corpos graníticos da Subprovíncia Paranã dominante, está cortado pela fácies Porfirítica
são intrusivos no embasamento granito- que representa a fácies mais evoluída. A Fácies

160
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Principal é caracterizada por um biotita granito granito primário (MARINI; BOTELHO; ROSSI,
rosa; a Porfíritica é formado por veios e filões 1992). Os albititos e biotititos, produtos de
de granito porfirítico; e a Fácies de Borda é um alteração hidrotermal do granito Serra Dourada,
ortognaisse milonitizado que ocorre nas bordas têm maiores teores de ETR do que as fases
do maciço (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006). greisenizadas (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006).
Marini, Botelho e Rossi (1992) observaram As diferenças no comportamento dos ETR
que quanto mais feldspato potássico na rocha durante o processo hidrotermal devem-se às
granítica maior era o teor do somatório de todos composições do fluido. A intensa greisenização
ETR (∑ETR) e observaram também que quanto que ocorre na região da subprovíncia Paranã
maior o metassomatismo sofrido pela rocha, é devido ao fluido ser mais ácido e rico em F,
menor é o teor do ∑ETR. Ou seja, os granitos mobilizando e lixiviando os ETR. No granito Serra
primários (biotita granitos) apresentam valores Dourada, este fluido era mais alcalino e pobre em
maiores de ETR que nos greisens. A diferença F, favorecendo a formação de albititos e biotititos
entre o granito Serra Dourada e o granito e os ETR tendem a permanecer no sistema
Pedra Branca é que neste último o processo de (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006). Os granitos Serra
greisenização foi mais intenso e os teores de Dourada e Serra do Encosto mais diferenciados
ETR são menores e são proporcionalmente mais com texturas e estruturas ígneas preservadas
enriquecidos em ETRP. Os autores observaram são mais enriquecidos em ETR. Normalmente,
ainda que há um maior empobrecimento dos estes granitos apresentam teores anômalos em
ETRL e enriquecimento em ETRP na Subprovíncia ETR, que localmente, atingem quase 2.000 ppm
Paranã. Enquanto que no granito Serra Branca (Figura 6.9) (POLO; DIENER, 2013). Os maiores
da Subprovíncia Tocantins há um maior teor teores de ETR estão associados com os monzo
de ETR com empobrecimento de ETRP, que foi a sienogranitos com processos incipientes de
atribuído ao metassomatismo progressivo do deformação e metamorfismo.

Figura 6.9 - Distribuição de ETR nos granitos com maiores teores da Folha Mata Azul (1:100.000) (POLO;
DIENER, 2013).

161
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Os aerolevantamentos realizados no início analítico (Figura 6.10A) e forte anomalia de Th


da década de 1970 já identificaram anomalias (Figura 6.10B). Sendo que a porção Sul deste
gamaespectrométricas dos corpos graníticos da corpo apresenta maiores anomalias de tório,
região norte-noroeste de Goiás, checadas pelo e é onde a empresa Mining Venture Brasil está
Projeto Serra da Mesa (JAIME FILHO, 1975). desenvolvendo o Projeto Serra Verde com
A Figura 6.10 mostra que o corpo granítico pesquisa para ETR.
do Serra Dourada apresenta um baixo sinal

A B

Figura 6.10 - Recorte dos levantamentos geofísicos do Granito Serra Dourada. (A) Sinal Analítico; e (B)
anomalia de Th.

6.1.2.5 - Mineralização de ETR 2014). Os minerais portadores de ETR do


Os principais minerais de ETR nos granitos granito Serra Dourada são alanita, apatita,
da Província Estanífera de Goiás tem o seu bastnaesita, fluocerita, monazita, xenotima e
grau de importância que variam com o corpo zircão (TEIXEIRA; BOTELHO, 2006). Dos quais
granítico. Os principais minerais magmáticos monazita e xenotima, tanto no granito quanto
ou hidrotermais portadores de ETR são alanita, na rocha saprolitizada, são os principais minerais
monazita, xenotima e fergusonita; e os minerais primários de ETR e a alanita e bastnaesita,
hidrotermais são fluocerita, bastnaesita, tipicamente hidrotermais, são os minerais
parisita, britholita e oxifluoretos (BOTELHO secundários principais (SANTANA, 2013).

162
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A formação de um horizonte de solo argiloso SANTANA (2013). Esta transformação da alanita


abaixo do horizonte B e acima do saprólito para bastnaesita sugere atuação de fluido
neste depósito é favorecida pelas condições rico em F e CO2. No horizonte saprolitizado
climáticas e geomorfológicas da região (LONG do granito ocorre presença considerável de
et al., 2010; SANTANA, 2013). Este horizonte é argilominerais hidratados que podem ser os
enriquecido pelos ETR provenientes da alteração agentes de adsorção de ETR, conforme os
dos minerais portadores de ETR. Os resultados depósitos chineses (KYNICKY; SMITH; XU, 2012).
obtidos por microssonda eletrônica, em cristais Segundo Rocha da Rocha (comunicação
de xenotima dos granitos e dos placers, mostram verbal), é observado que nos horizontes com
que as xenotimas provenientes de placers muita muscovita e quartzo recristalizados dos
são empobrecidas em Y, e provavelmente granitos, os teores de ETR são bem menores.
ETRP, quando comparado com os do granito A mineralização de ETR está associada com os
(SANTANA, 2013). Ou seja, uma das fontes processos de k-feldspatização e biotitização,
de ETR no solo argiloso pode ser da xenotima onde ocorre a presença dos minerais de xenotima
detrítica. Os ETR são retidos neste horizonte (ETRP) e cassiterita. Estes processos também
devido à sua adsorção nos argilominerais pela estão relacionados com as mineralizações de
troca catiônica na superfície das argilas. Os Nb e Y, como as associações observadas com
resultados de DRX obtidos por SANTANA (2013) os biotititos que ocorrem na porção sudeste
não encontrou minerais de ETR nesta camada, do granito Serra Dourada (Rocha da Rocha,
o que permitiu concluir que estes elementos comunicação verbal).
estão adsorvidos nas argilas. Os processos Segundo dados da Mineração Serra Verde
de adsorção e desorção dos ETR favorecem o o minério primário de ETR são xenotima,
fracionamento e enriquecimento de ETRP, que monazita, fergusonita, alanita e os secundários
são retidos em maior proporção pelas argilas são bastnaesita e pirocloro, bem como ETR
devido à maior razão carga/raio iônico destes adsorvidos nas argilas. A reserva total é
cátions. O enriquecimento de ETRP do horizonte composta de 70 % de ETRL e 30 % de ETRP, com
argiloso comparado com a rocha biotita granito presença de elementos críticos (Nd, Eu, Er, Dy e
é de três vezes (SANTANA, 2013). Y) (Rocha da Rocha, comunicação verbal),e o Nb
A monazita e a xenotima são encontradas será aproveitado como subproduto importante.
no biotita granito da Fácies Principal, rocha
dominante do granito Serra Dourada, nas
zonas saprolitizadas, de colúvio relacionado 6.1.3 - Depósitos Estaníferos de Rondônia
a este granito, causando o enriquecimento A Província Estanífera de Rondônia contribui
em ETR (MARIANO; MARIANO JR., 2012a) e com quase 50 % da produção de estanho no
nos depósitos de placer (TEIXEIRA; BOTELHO, Brasil, com crescimento de 27 % em 2012,
2002; SANTANA, 2013). A alanita também é quando comparado com 2011 (DEPARTAMENTO
encontrada no biotita granito, comumente NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013e).
está alterada a muito alterada e fraturada e O aumento está relacionado aos investimentos
está sendo substituída por bastnaesita e outros realizados pelas empresas produtoras, como
minerais secundários, conforme descrito por o caso da empresa Estanho de Rondônia S. A.

163
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO pela CPRM no estado têm mostrados resultados


MINERAL, 2013e). geoquímicos interessantes para ETR, que devem
O estudo de mineralização de ETR não tem sido ser investigados. Os estudos voltados para os ETR
realizado nesta província estanífera. No entanto, foram realizados apenas no Complexo Granítico
pelas condições geológicas semelhantes aos Costa Marques (COSTA, 1990). Atualmente estão
outros depósitos descritos é provável que venha sendo realizadas pesquisas para ETR no estado,
a apresentar potencial econômico para este conforme alvarás de pesquisa expedidos pelo
bem mineral. Além disto, projetos realizados DNPM (áreas em vermelho na Figura 6.11).

Figura 6.11 - Dados do SIGMINE 08/10/2014 para Cassiterita (amarelo) e ETR (vermelho) (DEPARTAMENTO
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2014).

6.1.3.1 - Complexo Costa Marques (RO) mundial.


O Complexo Costa Marques foi o único 6.1.3.1.1 - Características do Depósito
projeto específico para ETR realizado pela Localização: [12° 12’S; 64° 17’W]. Situa-se no
CPRM na década de 1990 (COSTA, 1990). A área município de Costa Marques, SW de Rondônia
apresentou anomalias geoquímicas e geofísicas (Figura 6.12), abrange parte das drenagens dos
para este bem mineral, no entanto, não rios São Domingos e Ouro Fino.
apresentaram resultados que indicassem seu Aspectos gerais: Intrusões múltiplas de rochas
potencial econômico. Isto pode ser devido às graníticas associadas com atividades vulcânicas e
condições econômicas da época, pois coincidiu fases pegmatíticas diferenciadas (COSTA, 1990).
com a entrada da produção chinesa no mercado

164
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 6.12 - Mapa de localização do Complexo de Costa Marques (Fonte da imagem esquerda: Fonte da
imagem esquerda: Esri, DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics, CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AEX,
Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, swisstopo, and the GIS User Community).

Mineralização Principal: Monazita, fluorita, como indicadores de depósitos estaníferos


zircão?, apatita?. (TORRES et al., 1979). Foi também constatado
Minerais de minério de ETR: Monazita, argilas de altos teores de ítrio nos sedimentos de corrente
adsorção iônicas?. próximos aos granitos da Serra Grande,
Idade da mineralização: Proterozóico médio a conhecido como Morro Ouro Fino (TORRES et
superior (COSTA, 1990). al., 1979). Os altos teores de Y mostraram forte
correlação com a monazita dos concentrados
Situação atual: A área possui requerimento de
de bateia. Além das anomalias geoquímicas,
pesquisa para ETR protocolizado junto ao DNPM
as anomalias magnéticas e aeromagnéticas
em 21/05/2014 (áreas vermelhas na Figura
expressivas a sudoeste desta Serra, observados
6.12). Atualmente, na região do Complexo
em COMPANHIA DE PESQUISAS E RECURSOS
Costa Marques existem cadastros minerais
MINERAIS (1978), mostraram ser uma possível
para ouro, cassiterita, rochas ornamentais
área com potencialidade econômica para ETR.
e um requerimento de pesquisa para ETR
De acordo com estes dados prévios, criou-se a
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO
expectativa de viabilidade econômica para os
MINERAL, 2014).
depósitos tipo “granitos de elementos raros”,
6.1.3.1.2 - Histórico para possíveis mineralizações de Th, U, Zr, ETR,
O Projeto Sudoeste de Rondônia indicou Hf, F, Li, Nb e W. O Projeto Costa Marques foi
correlação entre cassiterita e monazita e executado para verificar viabilidade econômica
eventualmente columbita-tantalita, sugerindo para ETR na região do distrito de Costa Marques.
que estes dois últimos minerais fossem utilizados No projeto foram realizados trabalhos de

165
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

pesquisa mineral em quatro áreas requeridas com a entrada da produção de ETR pela
junto ao DNPM em 1984 (COSTA, 1990). No China, que tinham baixos custos operacionais,
entanto, a conclusão do projeto foi a de que as inviabilizando inclusive a produção do depósito
áreas apresentavam pouco potencial econômico estabelecido de Mountain Pass nos Estados
para ETR (COSTA, 1990). Unidos da América (CASTOR E HENDRICK, 2006).

6.1.3.1.3 - Importância Econômica 6.1.3.1.4 - Geologia


O Complexo de Costa Marques foi alvo de O Complexo Costa Marques, assim definido
trabalhos de prospecção mineral para ETR e a por TORRES et al.. (1979), é representado por
conclusão do projeto Costa Marques finalizado cinco corpos graníticos (Figura 6.13), sendo
em 1990, foi de que não havia potencial três com aspecto porfirítico, representando
econômico para ETR. Isto pode ter sido diante maciços plutônicos e vulcânicos, genericamente
da situação do mercado à época, que coincidiu mineralizados a cassiterita (COSTA, 1990).

Figura 6.13 - Mapas geológico simplificado da região de Costa Marques (RIZZOTO et al., 2004).

Os maciços deste Complexo, alongados e plagioclásio, com quantidades variáveis de


segundo a direção NW-SE, ocorrem controlados minerais ferromagnesianos. Os principais
por falhas e formam lajedos que se destacam minerais acessórios são fluorita, apatita, zircão,
na planície do rio Guaporé, como os maciços opacos, titanita e, em menor proporção,
Serra Grande e Serra da Conceição (TORRES et monazita (TORRES et al., 1979).
al., 1979). As principais unidades litológicas são Os álcali-granitos, por sua vez, ocorrem na Serra
biotita granitos, hornblenda, hornblenda augita Grande, apresentam granulometria grosseira e
e álcali-granitos e vulcânicas intermediárias são associados às fases porfiríticas, Nesta rocha,
e ácidas (TORRES et al., 1979). Nas três o mineral predominante é feldspato pertítico
primeiras litologias principais, o ortoclásio é com quartzo e minerais ferromagnesianos
o mineral predominante, seguido de quartzo alcalinos. Dentre os acessórios ocorrem alanita,

166
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

epidoto zoisita, titanita (leucoxênio), sericita, apatita, zircão, argilas e sericita.


óxidos de ferro e minerais argilosos (TORRES et A assinatura geofísica deste corpo mostra
al., 1979). anomalias gamaespectrométricas bem definidas
As vulcânicas intermediárias ocorrem, e diretamente relacionadas com os corpos
principalmente, na Serra da Conceição e no graníticos da região (Figura 6.14). Todo o Maciço
vale entre esta e a Serra Grande. Estas rochas Serra Grande (Ouro Fino) é o mais anômalo
apresentam tanto estrutura maciça de coloração (corpo centro-noroeste), inclusive foi o alvo de
escura e textura afanítica como pórfiros de investigação de pesquisa mineral para ETR no
feldspatos em matriz microgranular. A matriz Projeto Costa Marques (COSTA, 1990). Os demais
afanítica é constituída por feldspato e minerais corpos apresentam alguns altos anômalos que
ferromagnesianos e seus produtos de alteração. ocorrem de forma localizada.
Dentre os fenocristais destaca-se o feldspato
com preenchimento secundário de quartzo.
Os minerais secundários são titanita, opacos,

Figura 6.14 - Mapas com o recorte de anomalia gamaespectrométrica de Th obtida pelo aerolevantamento
do Sudoeste de Rondônia (RIZZOTO et al., 2004).

6.1.3.1.5 - Mineralização de ETR às vezes topázio, turmalina, monazita (TORRES


A mineralogia acessória dos corpos graníticos et al., 1979). Considerando mineralização de
da região é composta por minerais como ETR em rochas graníticas, seria interessante a
zircão, óxido de ferro, ilmenita, rutilo, fluorita, investigação das argilas dos perfis lateríticos

167
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

deste complexo, visto os depósitos de ETR em de detecção da técnica. Destaca-se aqui que
argilas adsorvidas ser fonte importante de ETRP. as de solo apresentaram muitas amostras com
Talvez, novos estudos com nova abordagem resultados acima do limite de detecção.
podem gerar conclusões diferentes do estudo
anterior, onde se procurava depósito de ETR 6.1.3.2 - Mineralizações de Terras Raras
conforme modelo de exploração em rochas Relacionados aos Depósitos Estaníferos de
alcalinas/carbonatitos (COSTA, 1990). Rondônia
Os resultados químicos para fósforo nos
6.1.3.2.1 - Características do Depósito
diferentes tipos de amostras de solo, sedimento
de corrente e rocha, mostram teores muito Localização: Em todo o estado de Rondônia,
baixos para a ocorrência de mineralização o estanho é explotado por diversas empresas
fosfatada (COSTA, 1990). Os dados químicos de mineração, garimpeiros e cooperativas de
para Ce, La, Y e Yb analisados por espectroscopia garimpeiros. Na base de dados do GEOBANK
ótica, por sua vez, apresentaram resultados (Banco de dados da CPRM) estão cadastrados
interessantes, considerando a mineralização 39 depósitos, 109 ocorrências e 11 indícios de
em rochas graníticas. Análises de algumas estanho, dos quais 33 são minas, 16 garimpos e
amostras de rochas, sedimento de corrente, solo 110 são ocorrências ou indícios não explorados
e bateia mostraram resultados acima do limite (Figura 6.15) (QUADROS, 2007).

Figura 6.15 - Mapa com a distribuição dos principais depósitos, ocorrências e indícios de estanho no Estado
de Rondônia, dados do GEOBANK (QUADROS, 2007).

Aspectos gerais: Os depósitos estaníferos pós-orogênicos a anorogênicos da Suíte


primários estão relacionados aos granitos Intrusiva Rondônia, dos quais os mais ricos

168
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

são aqueles mais tardios, conhecidos como de cassiterita no estado de Rondônia ocorreu
Granitos Rondonianos afetados por processos em 1952, quando o mineral preto, pesado
hidrotermais. As mineralizações estão associadas encontrado pelos garimpeiros de diamante
às porções apicais das cúpulas destas intrusões foi analisado pelo geólogo Donald Campbell
graníticas (granitos tardios) e nas encaixantes, (LOBATO et al., 1966). A partir de 1959, a região
como endogreisens e exogreisens e em veios despertou para a importância desta ocorrência
e venulações/stockworks de quartzo, que econômica, cuja extração era na forma de
podem estar associados a zinwaldita, topázio, garimpo. Em 1960, houve grande incremento,
wolframita e columbita-tantalita (QUADROS, com estabelecimento de pontos de garimpagem
2007). A mineralização de ETR pode estar em locais mais afastados, o que contribuiu
associada à de estanho conforme apresentado também para a expansão da colonização no
nos depósitos anteriores. território. A produção de cassiterita passou de
O depósito secundário de estanho é 30 t/ano em 1960 para quase 1.000 t/ano em
representado por placers aluviais associados 1962. A atividade de garimpo foi muito ativa até
a rios anastomosados, coluvionais, coluviais- o início da década de 1970.
eluviais que são as fácies mais propícias à Os estudos realizados pelo DNPM em meados
acumulação de minerais pesados (BETTENCOURT da década de 1960 selecionaram algumas áreas
et al., 1988). que foram cubadas para avaliar a potencialidade
Mineralização Principal: Cassiterita, wolframita, econômica de cassiterita no estado de Rondônia
columbita-tantalita, topázio, fluorita, monazita, (LOBATO et al., 1966). Além da cassiterita,
zircão, apatita e minerais de Li (zinwaldita) foram identificadas ocorrências de outros
Minerais de minério de ETR: Monazita e minérios como o manganês, ilmenita e cinábrio.
xenotima. A ocorrência de cassiterita primária está
associada à fácies greisenizadas dos granitos,
Idade da mineralização: depósito primário
principalmente, na forma de veios, onde este
(Meso- a Neoproterozoico, 1 Ga); depósitos
mineral está associado com quartzo, topázio
secundários: Pleistoceno médio a Holoceno.
e turmalina. Entretanto, o maior potencial
Tipo de jazimento: Depósito associados à
econômico está associado com depósitos
fácies greisenizadas dos granitos Rondonianos
secundários, nos depósitos aluvionares,
(primário) e aluviões (secundário)
eluvionares e coluvionares, gerados a partir da
(BETTENCOURT et al., 1988; CARVALHO, 1988).
alteração e desagregação das rochas graníticas
Tipo de lavra: Garimpo e lavra a céu aberto.
e greisens. Nestes depósitos secundários, a
Situação atual: O principal mineral minério concentração de cassiterita atingiam teores
explorado é a cassiterita. Nas minas Santa maiores que 60% de Sn, os quais normalmente
Bárbara/CESBRA e Bom Futuro, a wolframita estavam associados com ilmenita, magnetita,
ocorre como subproduto; na Mina Cachoeirinha,
hematita e zircão e, mais raramente xenotima,
a columbita-tantalita (nióbio) é o subproduto e
monazita e tântalo-columbita (LOBATO et al.,
na Mina Massangana, o topázio é o subproduto
1966).
(QUADROS, 2007).
6.1.3.2.2 - Histórico 6.1.3.2.3 - Importância Econômica
O primeiro reconhecimento da presença A Província Estanífera de Rondônia abrange

169
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

a bacia do rio Madeira e seus tributários, Rondônia, apresentaram várias ocorrências


compreendendo uma área de aproximadamente anômalas de ETR em sedimento de corrente (Y)
87.000 km2 (ISOTTA et al, 1978). Atualmente, e concentrados de bateias (xenotima).
a sua produção de estanho representa quase O potencial econômico deste bem mineral
50 % da produção nacional, (DEPARTAMENTO deve ser investigado com utilização de integração
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL, 2013e). de interpretação dos resultados geoquímicos e
O estudo do potencial econômico para ETR geofísicos, para delimitação de áreas potenciais
não tem sido realizado para esta Província. e eventuais definição de depósitos econômicos.
No entanto, é observado que resultados
6.1.3.2.4 - Geologia
geoquímicos dos projetos de mapeamento
geológico e de recursos minerais realizados pela As rochas graníticas rapakivi e as máficas e
CPRM indicam áreas com anomalias significantes ultramáficas associadas da Província Estanífera
e consistentes. Além disto, condições geológicas de Rondônia foram posicionadas durante seis
com corpos graníticos anorogênicos mostram episódios discretos de magmatismo entre
ser favorável a ocorrência econômica deste bem 1,6 Ga a 0,97 Ga (BETTENCOURT et al., 1999).
mineral. Os resultados do trabalho de Souza et Neste período foram identificadas sete Suítes
al. (1975), de mapeamento e de geoquímica Intrusivas de granito rapakivi, conforme tabela
prospectiva na porção Noroeste do Estado de abaixo (Tabela 6.4).

Tabela 6.4 - Relação de idades de posicionamento entre as diferentes Suítes Intrusivas encontradas na
Província Estanífera de Rondônia (BETTENCOURT et al., 1999).
Suite Intrusiva Idade de posicionamento (Idade U-Pb)
Serra da Providência Entre 1.606 Ma e 1.532 Ma
Santo Antônio 1.406 Ma
Teotônio 1.387 Ma
Alto Candeias Entre 1.346 Ma e 1.338 Ma
São Lourenço - Caripunas Entre 1.341 Ma e 1.309 Ma
Santa Clara Entre 1.082 Ma e 1.074 Ma
Granitos Jovens ou Rondonianos Entre 998 Ma e 974 Ma

A Suíte Intrusiva Serra da Providência corta a extensional (BETTENCOURT et al., 1999). As duas
crosta Paleoproterozoica Rio Negro – Juruena, suítes mais jovens, Santa Clara e Rondonianos,
enquanto as demais estão posicionadas na representariam o magmatismo durante os
crosta Rondônia – San Ignácio de idade 1,50 episódios de retrabalhamento da Província Rio
Ga a 1,30 Ga, que são contemporâneas com as Negro – Juruena, durante os estágios de colisão
atividades orogênicas da região (BETTENCOURT da orogenia Sunsás/Aguapeí em 1,1 Ga a 1,0
et al., 1999). As Suítes Intrusivas Santo Antônio, Ga (BETTENCOURT et al., 1999). A evolução do
Teotônio, Alto Candeias e São Lourenço- posicionamento destes corpos relacionados
Caripunas são relacionados com os estágios com os eventos orogênicos estão representados
finais da orogenia Rondônia – San Ignácio, na Figura 6.16.
representando o magmatismo anorogênico

170
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Figura 6.16 - Diagrama com a distribuição das Suítes Intrusivas da Província Estanífera de Rondônia em
relação aos diferentes eventos orogênicos no Sudeste do Craton Amazônico (BETTENCOURT ET AL., 1999).

Os três granitos rapakivi mais jovens, São et al., 2005). Estas suítes são formadas por
Lourenço-Caripunas, Santa Clara e os granitos várias intrusões, sendo que o estágio tardio
Rondonianos estão associados com geração de é volumetricamente menor. O estágio tardio
depósitos de Sn polimetálicos por processos pode ser dividido em dois grupos de rochas: (1)
de alteração hidrotermal (BETTENCOURT et grupo metaluminoso a peralcalino composto
al., 1999; BETTENCOURT et al., 2005). A Suíte principalmente de hornblenda álcali feldspato
Intrusiva São Lourenço – Caripunas pode sienito e microsienito, traquiandesito e traquito,
ter sido posicionada dentro do regime de bem como biotita álcali feldspato granito e
extensão tectônica relacionada com a quebra riolito e; (2) o grupo peraluminoso é formado
do continente, representando o início de novo por biotita álcali feldspato granito, alasquito,
ciclo de Wilson (Sunsás – Aguapeí) (Figura mica de lítio- riolito (BETTENCOURT et al., 2005).
VI.16) (BETTENCOURT et al., 1999). Enquanto Os depósitos Sn polimetálicos dos maciços de
os dois mais jovens representariam os efeitos Oriente Novo da Suíte Intrusiva Santa Clara e o
magmáticos mais distais do orógeno colisional maciço Santa Bárbara dos Granitos Rondonianos
Sunsás – Aguapeí na crosta Rondônia – San são associados às fácies greisenizadas do
Ignácio (BETTENCOURT et al., 1999). segundo grupo.
Os depósitos de Sn na Província Estanífera de Os depósitos secundários ocorrem
Rondônia estão associados com o álcali feldspato intimamente relacionados com os granitos
granito peraluminoso rico em flúor, relacionado estaníferos (ISOTTA et al., 1978, 1978a;
ao processo de greisenização (BETTENCOURT BETTENCOURT et al., 1988; CARVALHO, 1988;

171
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

QUADROS, 2007). Os principais depósitos (BETTENCOURT et al., 1988). A sedimentação


estaníferos são aluviais associados a rios destas unidades ocorreu em condições
anastomosados, e os associados com sequências climáticas semiáridas com movimentação
sedimentares coluviais e eluviais (BETTENCOURT de massas que permitiu o enriquecimento
et al., 1988). Estes depósitos estão situados nos de cassiterita e formação de depósitos tipo
flancos ou cortando os corpos graníticos, ou placer fanglomeráticos. Os principais tipos de
em lineamentos e fraturas associados a rochas mineralizações associadas com este tipo de
metamórficas de alto grau (BETTENCOURT et al., depósito são: Sn, W, Ta, Nb, F, topázio, berilo
1988). (BETTENCOURT et al., 1988).
O depósito tipo placer é dividido em duas Os levantamentos aerogeofísicos do estado de
sequências baseadas nas discordâncias erosivas Rondônia mostram que muitos corpos graníticos
resultantes de mudanças climáticas: Sequência I – apresentam assinaturas gamaespectrométricas
relacionada à glaciação Illinoiana do Pleistoceno anômalas (Figura 6.17), estes corpos podem ter
Médio; e Sequência II, relacionada à glaciação potencial para mineralização de ETR.
Wisconsiniana Pleistoceno Superior-Holoceno

Figura 6.17 - Mapa de anomalias gamaespectrométricas do estado de Rondônia. Relatório Interno.

172
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

6.1.3.2.5 - Mineralização de ETR quantidades de rutilo, tantalita-columbita,


A mineralização de ETR desta Província berilo, feldspatos, limonita, turmalina, anatásio,
Estanífera não tem sido estudada, no entanto, é amazonita, xenotima, granada e leucoxênio
observada que possui características geológicas (Tabela 6.5) (BETTENCOURT et al., 1988).
semelhantes ao depósito de Pitinga. A presença Em alguns distritos pode ser encontrado a
de minerais acessórios de ETR, como a monazita wolframita, que é explorada como subproduto,
e cerianita, nas rochas graníticas do depósito como no caso das minas de Santa Bárbara e Bom
Santa Bárbara (BETTENCOURT et al., 2005), deve Futuro (QUADROS, 2007).
ser estudada com mais detalhe. Isto porque nos Os minerais lavrados de interesse econômico
depósitos secundários são encontrados estes são principalmente cassiterita e columbita-
minerais e também a xenotima. tantalita. A columbita-tantalita é separada no
Nos depósitos secundários da Província rejeito magnético da cassiterita, juntamente
Estanífera de Rondônia, os principais minerais com zircão, monazita, xenotima, ilmenita e rutilo
são quartzo, topázio, cassiterita, zircão, monazita, (BETTENCOURT et al., 1988).
ilmenita e ilmeno-magnetita, com pequenas

Tabela 6.5 - Análises químicas de concentrados e rejeitos magnéticos de separadoras dos principais distritos
mineiros de Rondônia (Mineração Oriente Novo S. A.). As análises de estanho para todas as amostras é > 1000
ppm (modif. de BETTENCOURT et al., 1988).

% ppm
Am Tipo Minério
Ti La Nd Th Ce Zr Ta Nb Y
Rejeito
1 8,86 915 1.200 435 1.930 1.460 120 1.184 400
separadora
Rejeito
2 5,11 300 1.600 4.240 >10.000 3.100 600 2.695 5.487
separadora
Rejeito
3 21,36 12 100 30 265 40 <10 124 <20
separadora
Rejeito
4 7,69 3.630 4.200 1.035 7.530 1.300 3.040 >10.000 2.066
separadora
Pré-
5 17,48 9 <50 15 125 <20 10 169 <20
concentrado
Pré-
6 0,42 15 <300 60 210 <600 >10.000 >10.000 <20
concentrado
Escória
7 5,03 5.540 3.000 2.410 >10.000 4.000 >10.000 >10.000 1.044
secundária

Amostras: 1 – Mina Belém – Distrito Oriente Novo; 2 – Mina Primavera – Distrito Oriente Novo; 3 – São Lourenço – Distrito São
Lourenço – Macisa; 4 – Igarapé Cachoeirinha – Distrito Cachoeirinha; 5 – Lateral Saubinha – Distrito São Lourenço; 6 – Queimada –
Distrito Cachoeirinha; 7 – Bera do Brasil (metalúrgica) – Grupo Brumadinho.

A Tabela 6.5 apresenta as análises químicas indicando a maior contribuição de minerais


dos concentrados e rejeitos magnéticos das portadores de ETR. Diante disto, é observado que
separadoras dos principais distritos de Rondônia há necessidade de estudos específicos para ETR
em 1985 (BETTENCOURT et al., 1988). Nesta nestes depósitos de cassiterita, bem como nas
tabela podemos observar que em alguns rochas graníticas tardias, que tem possibilidade
rejeitos os teores de ETR são bastante elevados, de ter depósito do tipo argila de adsorção iônica.

173
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

174
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

7 - Terras Raras em Depósitos Tipo Placers


7.1 - PLACER MARINHOS placers marinhos, estão distribuídos ao longo
de toda a costa brasileira desde o Pará até o
Os placers marinhos são mais comuns em Rio Grande do Sul (Figura 7.1) (CAVALCANTI,
ambientes costeiros de margens continentais 2011). Ao longo do tempo, este tipo de depósito
passivas e frequentemente formadas durante teve as suas areias exploradas para extração de
o Cenozóico (CABRAL JUNIOR et.al., 2001). No minerais pesados, tais como: ilmenita (Ti), rutilo
Brasil, os depósitos de minerais pesados emersos (Ti), zircão (Zr) e monazita (ETR) (DARDENNE;
e submersos, normalmente denominados de SCHOBBENHAUS, 2001).

Figura 7.1 - Distribuição de minerais pesados na zona econômica exclusiva e extensão da plataforma
continental do Brasil (modif. de CAVALCANTI, 2011).

175
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

A proveniência destes minerais pesados está a década de 1950. A exploração da monazita


relacionada principalmente aos processos de neste período foi mais intensa principalmente
intemperismo de rochas ígneas continentais, na parte sul da costa baiana, onde ocorreu
cristalizadas durante ciclos orogenéticos. A a exaustão do depósito de Cumuruxatiba
erosão destas rochas concentrou os minerais (VANUZZI et al., 1984). A mineração dos placers
pesados de interesse econômico e, ao longo de marinhos atualmente é realizada no estado da
toda a costa, principalmente em unidades do Paraíba (Mina de Guaju) e Rio de Janeiro (Mina
Grupo Barreiras de idade Terciária. de Buena), mas também já foram intensamente
Arai (2006) classifica o Grupo Barreira como explorados na Bahia e Espirito Santo. Nas minas
cobertura sedimentar terrígena continental e de Guaju e de Buena ainda estão em operação
marinha. Este Grupo ocorre ao longo do litoral de lavra e beneficiamento industrial, sendo
brasileiro, estendendo até a região amazônica, produzido concentrado de ilmenita, monazita
encontrado na forma de lençol quase contínuo e rutilo nas duas minas, e zirconita na segunda
que podem corresponder à sedimentação mina (CAVALCANTI, 2011). Este tipo de depósito
associada ao evento de abertura do oceano de placer é explorado em diversas regiões do
Atlântico (NUNES, SILVA; VILAS BOAS, 2011). O mundo, tanto em ambiente de praias quanto
Grupo Barreiras desempenhou função de agente em plataforma continentais (porções emersas e
pré-concentrador; principalmente quando submersas) (SILVA, 2000).
forma escarpas vivas, propiciando o acúmulo Além dos placers marinhos, o Brasil criou
de minerais pesados no seu sopé (VANUZZI et uma Comissão Interministerial para os Recursos
al, 1984). Dentre os minerais pesados neste tipo do Mar em dezembro de 1997, que tinha como
de depósito, o presente trabalho irá focar na objetivo e metas avaliar o potencial mineral
monazita que é um mineral de ETR. da Plataforma Continental Jurídica Brasileira
A proveniência dos minerais pesados também (MARINHA DO BRASIL, 2014). A comissão criou
está relacionada aos eventos ígneos, como os projetos divididos em sistemáticos e temáticos,
pegmatitos e augen-gnaisses que ocorrem nos para caracterizar e classificar o potencial mineral
estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que de 8% da plataforma continental brasileira.
chegam a conter mais de 0,2% de monazita Dentre os projetos estão pesquisas de minerais
(LEONARDOS JUNIOR, 1974). A erosão destas pesados da plataforma continental do litoral
rochas concentrou a monazita nos quartzitos capixaba, maranhense e paraense.
precambrianos do Grupo Sepetiba e a monazita Estudos realizados na plataforma continental
erodida foi reconcentrada no Grupo Barreiras. brasileira pelo Projeto Recursos Minerais da
Os principais depósitos conhecidos, que Margem Continental Brasileira e das Áreas
ocorrem nos sedimentos do Grupo Barreiras, Oceânicas Adjacentes (REMAC) identificaram
são encontrados no Rio de Janeiro (Barra de São concentrações anômalas (>0,5%) de minerais
João, Sepetiba), Espírito Santo (Guarapari, São pesados com predomínio de ilmenita, seguido de
Mateus), Bahia (Prado e Cumuruxatiba) e Paraíba zirconita e monazita em amostra total (PALMA,
(Mataraca). Hoje, a monazita não é explorada 1979), conforme segue:
comercialmente, apesar de ter colocado o Brasil • Plataforma continental norte/nordeste –
como um importante exportador de 1885 até Salinópolis (PA) e em Jaguaribe-Apodi, região

176
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

limítrofe entre os estados do Ceará e Rio Grande VANUZZI, 1997; SERRA, 2013). O período de 1886
do Norte; foram identificados teores entre 0,5% a 1900 foram exportadas 117.706 toneladas de
e 2,4% de minerais pesados; monazita do litoral baiano, enquanto entre 1900
• Plataforma continental nordeste/leste e 1947 foram exportados 62.115 toneladas do
– nas desembocaduras dos rios: Pardo e litoral capixaba (TESCH, 1984).
Jequitinhonha (BA) e Doce (ES), próximo às O Brasil até a década de 1950 foi um dos
cidades de Itapemirim e Guarapari e Itabapoana maiores produtores de monazita do mundo.
(RJ), bem como no delta do rio Paraíba do Sul A partir desta década, após a proibição de
(RJ); os teores da maior parte das amostras são exportação de concentrados de monazitas,
maiores que 1% de minerais pesados na amostra buscou-se despertar o interesse de companhias
total, sendo que, na última área, são detectados estrangeiras para o seu processamento no país.
teores de até 5,2% em paleocanais afogados; Assim foram montadas usinas de concentração
• Plataforma continental sudeste/sul – entre primária de monazita em Buena e Cumuruxatiba
Iguape (SP) e Paranaguá (PR), os teores de e usina de processamento químico em São Paulo
minerais pesados variam entre 0,6% a 1,4% por um grupo alemão (TOREZAN; VANUZZI,
e também estão relacionados à paleocanais 1997). Também foram constituídas as empresas
SULBA – Sociedade Comercial de Minérios
afogados; nas lagunas dos Patos e Mirim (RS) os
Ltda e ORQUIMA – Indústria Química Ltda para
minerais pesados são encontrados em frente à
minerar, concentrar e industrializar a monazita
barra de Rio Grande em três áreas com teores
e os demais minerais pesados de interesse
de até 2,4%.
econômico (TOREZAN; VANUZZI, 1997). Foi
7.1.1 - Histórico também criada a CNEN – Comissão Nacional
A descoberta da monazita no Brasil é de Energia Nuclear, autarquia que passou a ter
atribuída ao Professor Gorceix que caracterizou direito de lavra das minas de areias monazíticas,
amostras da região de Prado (BA), as quais bem como para coordenar e executar a política
foram encaminhadas pelo inglês John Gordon de energia atômica do Brasil (TOREZAN;
via Orville, conforme comunicado feito na VANUZZI, 1997).
Academia de Ciências de Paris em 1885 Ainda na década de 1950, o Brasil dominou
(TESCH, 1984). O aproveitamento das areias o processo de obtenção de óxidos puros a partir
monazíticas brasileiras iniciou em 1886 com o de monazitas das praias do Espírito Santo e Rio
estabelecimento da mina de Cumuruxatiba por de Janeiro, realizado pela ORQUIMA (SERRA,
John Gordon (TOREZAN; VANUZZI, 1997). Em 2013). Esta empresa, que chegou a processar
1889, foram descobertas areias monazíticas mais de 200 toneladas de monazita por ano, foi
e ilmeníticas no litoral capixaba pelos irmãos nacionalizada no início da década de 1960, onde
Anibal e Dioclécio Pereira Borges, cujas passou a lavrar monazita e produzir ETR de baixa
exportações iniciaram em 1900 para a Alemanha pureza e concentrado de CeO2 (SERRA, 2013). A
com 600 toneladas (TESCH, 1984). O principal produção de todo e qualquer produto de ETR foi
destino da monazita era Áustria e Alemanha, desativada pelo Indústrias Nucleares do Brasil
onde eram processadas para produção de sais em 2002.
de tório e de terras raras para produzir mantas Os projetos Cumuruxatiba (BA) e Buena
incandescentes para lampiões a gás (TOREZAN; (RJ) foram executados pelo convênio CNEN/

177
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

CPRM, na década de 1970 e englobavam a compostos de ETR a partir de concentrados de


plataforma continental adjacente (BARRETO; monazitas oriundos destes depósitos costeiros.
PINTO, 1972; COUTO; GOMES; NETO, 1974). A Os depósitos de Cumuruxatiba, Guaratibas,
reserva calculada pelo Projeto Cumuruxatiba Prado, Guarapari, São João da Barra estão
foi de cerca de 171.000 toneladas de ilmenita, situados na zona de espraiamento com maiores
4.000 toneladas de monazita e 3.000 toneladas teores (>30 %) e de dunas eólicas com teores
de zirconita (BARRETO; PINTO, 1972). Enquanto menores (< 10 %) (DARDENNE; SCHOBBENHAUS,
que as reservas calculadas no Projeto Buena 2001). As reservas dos minerais pesados destes
foram de 758.000 toneladas de ilmenita, 47.000 placers atingem 2,9 Mt, e o depósito de São João
toneladas de monazita e 365.000 toneladas de da Barra tem uma reserva de 40 toneladas de
zirconita/rutilo (COUTO; GOMES; NETO, 1974). monazita.
Na costa do Estado do Ceará foram No início da década de 1980, diante da
pesquisados minerais pesados, na década de verificação da exaustão dos depósitos de monazita
1980, com alguns resultados positivos nas em ambientes costeiros, foi recomendado apoio
dunas da região litorânea dos municípios governamental para pesquisas no sentido de
de Aracati e Beberibe. As reservas medidas conhecer melhor as reservas potenciais do
da região de Beberibe foram de mais de 80 Brasil (SOUZA et al., 1980). Apesar de na época,
milhões de toneladas de minério (CAVALCANTI, os ETR não terem grande impacto na balança
2011). Enquanto que no Rio Grande do Norte e comercial, as importações de compostos de TR
Maranhão, as reservas indicadas eram de 12.000 apesar de pequena, mostravam tendência de
toneladas de OTR (SOUZA et al., 1980). alta. A produção interna era constante e apenas
Nas dunas atuais da restinga da laguna para uso interno; a insuficiência de matéria
dos Patos, zona costeira do Rio Grande do prima era a principal dificuldade encontrada pela
Sul, identificou-se importantes depósitos de NUCLEMON (única produtora de TR no Brasil)
minerais pesados no início da década de 1990. (SOUZA et al., 1980). A monazita proveniente
As reservas calculadas foram de 700 milhões de de placers também foi explorada pela indústria
toneladas de minério. No município de São José brasileira para produção de compostos de ETR.
do Norte existem várias áreas tituladas junto ao A produção anual era de 130 mil toneladas de
DNPM, em fase de requerimento de lavra, para cloreto de lântanio e 30 mil toneladas hidróxido
minério de titânio e zircônio. de cério (TAVARES, 2011).
A monazita foi explorada até a década de 1990
em areias de praias da zona litorânea dos estados 7.1.2 - Importância Econômica
da Bahia, Espirito Santo e Rio de Janeiro, onde Este tipo de depósito foi de grande importância
o Rio de Janeiro liderava com 76 % do total das no passado, principalmente no desenvolvimento
reservas de monazita (SCHOBBENHAUS; BORGES, de rota tecnológica de extração de ETR a partir
1994). A reserva da Bahia representava 15 % e de monazita. Uma das maiores vantagens deste
estavam distribuídas nos municípios de Porto tipo de depósito é a extração de baixo custo. No
Seguro, Prado e Alcobaça; enquanto Espirito entanto, o alto teor de Th torna a monazita um
Santo correspondia a 9 % do total de reserva problema em termos radioativos e ambientais, o
e estavam situadas em Aracruz, Guarapari, que torna este mineral não atrativo. Além disto,
Anchieta e Itapemerim. A NUCLEMON produzia é um mineral que possui concentrações de ETRL

178
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

maiores e isto faz com que gere produtos de próximas ao litoral. A concentração de minerais
baixo valor agregado. pesados ocorre em diferentes formas associadas
O Brasil possui reservas conhecidas deste tipo com o processo de sedimentação em ambiente
de depósito da ordem de 140,21 mil toneladas, costeiro. A mineralização é gerada pelo acúmulo
associadas com minerais pesados (ilmenita, de minerais em dunas, areias de praias,
zircão, rutilo, principalmente). Esta reserva sedimentos lacustres e de brejos formadas por
poderá ser muito maior, visto que durante o processos de regressão do mar encontrados ao
levantamento aerocintilométrico, realizado em longo da costa brasileira.
1967 entre Rio de Janeiro até Fortaleza foram A declividade da plataforma continental é
identificadas 101 áreas anômalas e na região de um fator importante na remodelação do relevo
Tutóia (MA) foram identificadas mais 67 áreas litorâneo e a sedimentação é favorecida quanto
(LAPIDO-LOUREIRO, 1994). mais suave for esta declividade. A amplitude
As áreas mineralizadas estão em superfície e altura da maré também influenciam na
ou em subsuperfície, a poucos metros de acumulação de material fluvial no litoral.
profundidade, conhecidos como depósitos de Outro ponto importante é a geomorfologia
minerais pesados, composto de ilmenita, rutilo, litorânea. Na região norte não ocorre barreiras,
zircão e monazita (INDÚSTRIAS NUCLEARES DO a costa e a rede de drenagem têm um pequeno
BRASIL, 2014). gradiente. Na região oriental, no entanto, o
O processo de lavra do minério e a comportamento é diversificado, tem linhas
recomposição do solo lavrado são feitos de escarpas do planalto Atlântico que entram
concomitantemente, minimizando o impacto para o continente formando largas faixas de
ambiental (INDÚSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL, terras baixas e quando os depósitos terciários
2014). Este processo inicia-se com a retirada do aproximam da costa formam as falésias.
solo rico em matéria orgânica, que é armazenado Ocorre também a presença de restingas que
para uso após a lavra para recuperação do são formadas pela pequena declividade da
terreno lavrado. Após esta etapa utilizam-se plataforma continental, associadas à pequena
escavadeiras hidráulicas para extrair o minério amplitude no movimento das marés e morfologia
que é transportado para unidade de tratamento em forma de amplas enseadas, que permitem
a deposição de sedimentos transportados por
de minério por caminhões basculantes. Onde a
drenagens. A sedimentação contínua provoca o
fração estéril, 85 % a 90% do material retirado
avanço da linha de praia, levando ao aumento
retorna para a mina para obturação da cava
constante das planícies costeiras.
minerada. O processo de retirada do minério e
As observações de feições submersas de vales
recomposição do terreno é realizado de forma
fluviais e praias antigas na plataforma continental
integrada, seguida da colocação do solo retirado.
podem ser usadas como guia prospectivo de
O material útil corresponde a 10 % ou 15 % do
minerais pesados, onde os prospectos com
volume total retirado.
melhores potenciais geralmente se situam
7.1.3 - Aspectos Geológicos do Depósito próximos a depósitos emersos conhecidos
O depósito é gerado pela concentração de (CAVALCANTI, 2011). Os antigos canais de rios
minerais provenientes da desagregação de associados a depósitos fluviais permitem a
rochas ígneas e metamórficas encontradas preservação de placers marinhos importantes,

179
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

sendo expostos nas fases regressivas e afogados Parnaíba e Piriá, é de 3,3 Mt de ilmenita, que
na transgressão marinha final do Pleistoceno é o mineral mais abundante representando em
e início do Holoceno (CAVALCANTI, 2011). média 33,5 % do peso total dos minerais pesados
Outras acumulações marinhas submersas são (ARTHAUD; MORAIS; FREIRE, 1976). A monazita,
encontradas em concentrações irregulares, por sua vez, representa pequena proporção
no fundo marinho, devido ao transporte menor que 3 %.
e retrabalhamento dos minerais pesados Idade da mineralização: Quaternário
pelas correntes em regiões de alta energia Situação atual: Ocorrência.
(CAVALCANTI, 2011).
Os placers enriquecidos nos minerais 7.2.2 - Piauí
ilmenita, rutilo, zircão e monazita de idade 7.2.2.1 - Sudeste da Vila De Bitupitá (Litoral
Cenozóica estão associados à maior exposição piauiense)
de terrenos cristalinos que tem estes minerais Tipo de Depósito e Geologia Básica: os depósitos
como acessórios comuns (CABRAL JUNIOR et costeiros estão relacionados com a formação
al., 2001). Apesar de que os placers costeiros de dunas e areias de praia, condicionados
podem ser formados com materiais distantes de com o desenvolvimento morfológico do litoral
suas áreas fontes. (COSTA et al., 1979). A morfologia das dunas
As deposições dos minerais ocorrem como apresenta-se com escalonamento acentuado
lentes de espessuras, comprimentos e teores da linha da costa com as pontas voltadas para
variáveis. A espessura varia de decímetros a NW, possivelmente conduzidas pelo maciço
decâmetros, onde a berma presente atinge 40 quartzítico de Jericoacoara subjacente. É também
metros, enquanto que o comprimento pode encontrada na forma de barcanas isoladas. As
variar de centenas de metros a dezenas de areias são quartzosas, de granulação fina, bem
quilômetros. O teor também é variável, em classificada e com leitos finos estratiformes
alguns locais atinge 80 %. de minerais mais escuros (minerais pesados)
na superfície das barcanas e como filetes nas
7.2 - RESERVAS DE MONAZITA EM PLACERS marcas de jusante sob as dunas que bordejam
MARINHOS os canais limítrofes das ilhas. Os principais
7.2.1 - Maranhão minerais pesados mais comuns são hornblenda
7.2.1.1 - Área Tutóia (Litoral maranhense) e ilmenita, seguidos de epidoto, zircão e cianita.
Tipo de Depósito e Geologia Básica: os minerais Onde a ilmenita representa 20 % da fração de
pesados estão associados com os sedimentos minerais pesados, foi alvo de maior investigação
eólicos, cujas dunas alcançam mais de 60 km de pela empresa Rutilo e Ilmenita do Brasil S.A.,
extensão por 25 km de largura e altura média que não se mostrou viável economicamente
de 20 m. Estas dunas são constituídas de areias (COSTA et al., 1979). Esta ocorrência é similar
quartzosas com minerais pesados, tais como ao que ocorre no litoral cearense, com menores
turmalina, feldspato, ilmenita e anatásio, que concentrações e teores de zircão mais elevados
geralmente ocorrem com granulometria fina (LAPIDO-LOUREIRO, 1994).
(RIBEIRO; SANTOS, 1988). As reservas estimadas Idade da mineralização: Quaternário.
da faixa costeira maranhense, entre os rios Situação atual: Ocorrência está situada a 2 km a

180
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

SE da vila de Bitupitá (COSTA et al., 1979). pela seleção de material pelas vagas marinhas e
Recurso estimado: A avaliação indicou não ser por gravidade, onde a água transporta a fração
viável economicamente. fina do material clástico, separando os minerais
pesados, concentrados por processos eólicos.
7.2.3 - Rio Grande do Norte Estes depósitos são diferentes dos depósitos do
7.2.3.1 - Tibaú, Cunhaú, Estrelas e Baia Formosa sul da Bahia e do Espírito Santo e Rio de Janeiro,
Tipo de Depósito e Geologia Básica: os minerais por serem de baixa concentração de minerais
pesados formam camadas centimétricas de pesados (1,10 % - 1,87 %). Bem como pela
minerais escuros, intercaladas em sedimentos proporção dos minerais como ilmenita (79,92 %
arenosos inconsolidados de dunas móveis, a 85 %), monazita (0,55 % - 4,12 %) e zirconita
paleodunas e sedimentos (BARBOSA; BRAGA, (13,18 % - 15,18%) (LAPIDO-LOUREIRO, 1994).
1974). Dentre os minerais pesados predominam Idade da mineralização: Quaternário.
ilmenita e zircão e, de forma subordinada, Situação atual: Ocorrência.
ocorrem magnetita, granada, monazita,
7.2.5 - Paraíba
turmalina, cianita e leucoxênio. A ocorrência
7.2.5.1 - Mina Guaju – Mataraca [6° 32’ 23,07”S;
mostra não ser economicamente viável devido
34° 58’ 31,58”W]
a espessura reduzida das camadas ricas em
minerais pesados. Tipo de Depósito e Geologia Básica: O depósito
é formado por processos sedimentares recentes
Idade da mineralização: Cenozóico.
de formação de dunas que recobrem as rochas
Situação atual: Tem ocorrências conhecidas
sedimentares do Grupo Barreiras (SANTOS,
de monazita em Tibau, Cunhaú, Estrelas e
2010; SABEDOT; SAMPAIO, 2002). Este depósito
Baia Formosa, no entanto, não têm viabilidade
está inserido na faixa sedimentar costeira da
econômica.
Paraíba, onde o Grupo Paraíba é formado por
Recurso estimado: Não há recurso estimado.
sequencia basal clástica (Formações Beberibe
Em 1972, a reserva estimada de monazita foi de
e Itamaracá) e sequencia superior carbonática
390 t no litoral do Rio Grande do Norte (MACIEL;
(Formações Gramame e Maria Farinha). Este
CRUZ, 1973).
grupo encontra-se recoberto por sedimentos
7.2.4 - Ceará areno-argilosos do Grupo Barreiras e sedimentos
7.2.4.1 - Beberibe, Majorlândia e Paracurú inconsolidados de idade Quaternária.
Tipo de Depósito e Geologia Básica: os cordões A mineralização ocorre nestes sedimentos
litorâneos de idade recente são representados quaternários, representados por coberturas
por arenitos flúvio-marinhos e sedimentos arenosas, terraços fluviais, aluviões, areia de
inconsolidados de origem eólica (dunas) (BRAGA praias e dunas. O tipo deste depósito pode
et al., 1977). Os depósitos eólicos formam ser comparado com os depósitos de dunas
cordões contínuos que se desenvolvem de existentes nos litorais maranhense e piauiense,
forma irregular paralelo à costa, sobrepostas sendo diferente dos depósitos litorâneos da
a sequencia sedimentar do Grupo Barreiras. Bahia, Espirito Santo e Rio de Janeiro (SANTOS,
Os sedimentos de praia e de dunas estão 2010).
relacionados com concentração de ilmenita O depósito de minerais pesados ocorre associado
(BRAGA et al., 1977). A concentração ocorre principalmente a dunas, onde a mineralização

181
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

está associado a pré-dunas e praias pretas são encontradas nas frações mais grossa > 80 #
paralelas à costa, compreendendo uma área (SABEDOT; SAMPAIO, 2002).
aproximada de 1,2 km2 e espessura de até 60m Idade da mineralização: Quaternário.
(CAÚLA E DANTAS, 1997). É um depósito de Situação atual: É o maior depósito de titânio
ilmenita/rutilo e zircão, com teores de até 47 % em fase de exploração no Brasil, os teores
de ilmenita nas faixas de praias pretas, que se variam entre 3,3 % e 5,0 %, sendo explorado
estendem por várias centenas de metros e são economicamente ilmenita, zircão, rutilo e cianita.
formadas por retrabalhamento das pré-dunas. A monazita encontra-se em concentrações muito
A monazita é encontrada em pequenas baixas (SANTOS, 2010). O depósito pertence à
concentrações, principalmente, como mineral empresa Millennium Inorganic Chemicals do
liberado e pode estar inclusa nos cristais de Brasil S.A.
ilmenita (FERREIRA ET AL, 2007). A baixa Produção: Há produção de ilmenita (114.000 t/
susceptibilidade magnética da monazita faz com ano), zirconita (19.000 t/ano), rutilo (1.950 t/
que acompanhe a ilmenita nas demais etapas ano) e cianita (400 t/ano) (SANTOS, 2010).
de beneficiamento do mineral (FERREIRA ET
Recurso estimado: Possui reservas de 2,7 Mt
AL, 2007). Durante o processamento mineral foi
de minerais pesados, com 81,54 % ilmenita,
observado que nos concentrados de ilmenita
2,4 % rutilo e 16,06 % zirconita (DARDENNE;
o teor de monazita é 0,10 % (Tabela VII.1)
SCHOBBENHAUS, 2001).
(FERREIRA et al., 2007). E nos concentrados de
zircão, as maiores concentrações de monazita
Tabela 7.1 - Caracterização mineralógica do concentrado de ilmenita (FERREIRA et. al, 2007).
Mineral Composição (%)
Ilmenita 98,66
Estaurolita 0,20
Zircão 0,17
Monazita 0,10
Turmalina 0,08
Rutilo 0,08
Cianita 0,02
Outros 0,69
Total 100

7.2.6 - Sergipe Os minerais pesados formam extensos depósitos


7.2.6.1 - Brejo Grande - Pacatuba (SE) [10° 30’S; em terraços e placer de praia, 2,2 % de minerais
36° 26’W] pesados com até 1,5% de monazita (BARRETO;
Tipo de Depósito e Geologia Básica: Depósito PINTO, 1972). No entanto os depósitos
associado às areias do Grupo Barreiras são areias mais expressivos de minerais pesados estão
retrabalhadas que ocupam quase toda largura encobertos por areias eólicas quaternárias.
da plataforma (PALMA, 1979). As ocorrências Nos depósitos encobertos, os horizontes
de monazita na Foz do rio São Francisco são mineralizados podem atingir 8 metros de
conhecidas desde 1953. espessura, com teores de ilmenita (40 %), rutilo

182
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

(5 %), zircão (1,4 %) e monazita (1,4 %), recurso é formada por lentes estreitas com gradação
estimado cerca de 2 Mt de minerais pesados longitudinal para as zonas menos enriquecidas.
(BARRETO; PINTO, 1972). As lentes podem atingir teores que chegam a
Idade da mineralização: Terciário. 80 %. A geometria do depósito exata não pode
Situação atual: Ocorrência. ser definida devido a intensa mobilização dos
minerais devido dinâmica no ambiente praia,
Recurso estimado: Recurso estimado de 62 mt
o que modifica constantemente os teores de
de monazita (BARRETO; PINTO, 1972).
minerais pesados (BARRETO; PINTO, 1972).
7.2.7 - Bahia
Um destaque deste depósito é a alta concentração
Os depósitos do sul da Bahia são formados por de ilmenita (70 %), bem como pela sua qualidade,
vários corpos de minerais pesados (Figura 7.1). tipo pseudorutilo, sendo considerada uma das
Estes depósitos são importantes, pois foi onde melhores do Brasil para produção de dióxido de
a monazita foi descoberta em 1885 (depósito titânio. Outra característica importante deste
de Prado) e o primeiro depósito explorado depósito é a localização da mineralização na área
(Cumuruxatiba). de atuação das marés, permitindo migração dos
7.2.7.1 - Alcobaça (BA) [17° 15’S; 39° 14’W] corpos de minério dentro dos limites da enseada
(VANUZZI et al., 1984). Os principais minerais
Tipo de Depósito e Geologia Básica: depósito
pesados são ilmenita, leucoxênio, rutilo,
associado com areias de dunas e de praia, placer
granada, turmalina, epidoto, monazita, entre
marinho. O mineral de ETR é a monazita.
outros; a granulometria dos minerais apresenta
Idade da mineralização: Terciário superior ou
uma razão inversa em relação à sua gravidade
Pleistoceno – Holoceno.
específica (BARRETO; PINTO, 1972). A monazita
Situação atual: Depósito exaurido. Produtor de apresenta-se muito fina.
monazita no passado, como produto secundário
A mineralização está sempre voltada para a
das areias pesadas do litoral brasileiro, explorado
crista contrária ao mar, com grande número de
pela Nuclebras/Nuclemon 1989.
lâminas regulares, com profundidade de 4,5m –
Recurso estimado: teor de 0,47 % monazita 5,0m e lentes de 0,20m a 0,30 m. A composição
(ORRIS; GRAUCH, 2002). do concentrado é de 70% de ilmenita, 10% – 20
7.2.7.2 - Cumuruxatiba (BA) [18° 22’S; 40° 42’W] % de zirconita, 4% a 5% de monazita e 1% de
Tipo de Depósito e Geologia Básica: este rutilo (VANUZZI et al. ,1984).
depósito marcou o início da explotação das Idade da mineralização: Quaternário.
areias monazíticas do Brasil, Situação atual: Depósito exaurido, com
A concentração de minerais pesados está paralização da usina de beneficiamento de
distribuída ao longo de cordões litorâneos que minerais pesados em 1971 (BARRETO; PINTO,
controla a geomorfologia da praia atual numa 1972). Produtor de monazita no passado, como
extensão de 6.200 metros e 20 metros de largura produto secundário das areias negras do litoral
média (BARRETO; PINTO, 1972). O depósito está brasileiro, explorado pela Nuclemon Minero-
localizado na zona de espraiamento, relacionado Química Ltda. até 1989. Atualmente as reservas
às ondas que atingem o sopé da Grupo Barreiras. estão tituladas à Indústrias Nucleares do Brasil.
A maior concentração dos minerais pesados Recurso estimado: As reservas medidas do

183
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

depósito de Cumuruxatiba são de 171,5 mt de em paleo-praia (Boa Vista e Guarapari) e às


ilmenita, 4,5 mt de monazita e 3,7 mt de zircão areias litorâneas de deposição recente (Saco dos
(BARRETO; PINTO, 1972). Cações, Caculucagem, Mãe-Bá).
Nos depósitos de Boa Vista e Guarapari, a
7.2.7.3 - Pratigi (BA) [13° 30’S; 38° 55’W]
mineralização ocorre nos cordões litorais
Tipo de Depósito e Geologia Básica: o depósito regressivos, formados no sopé dos sedimentos
de minerais pesados está em placer antigo do Grupo Barreiras (VANUZZI et al., 1984):
relacionados a cordões litorâneos. São areias
• O depósito de Boa Vista é formado pela
ilmeníticas, com ilmenita e rutilo, cianita e
concentração de minerais pesados em uma
zirconita associados, a monazita representa
enseada, cuja deposição foi gerada pelo
0,02 % em peso do total de minerais pesados
retrabalhamento das ondas nos sedimentos do
(COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINERAL,
Grupo Barreiras. O corpo é composto de duas
2015).
partes com extensão total de 2 km por 150 m
Idade da Mineralização: Quaternário de largura, sendo que a parte mais próxima
Situação Atual: Dez áreas de pesquisas de ao sopé da Grupo Barreiras é a mais rica com
titularidade da CBPM, localizados na região de concentrações de até 40 % de minerais pesados
Valença a Itacaré. com até 6 m de profundidade. A outra porção,
Recurso estimado: reserva medida de 8,2 Mt de mais pobre, está próxima à atual praia. O
areias ilmeníticas com cut-off 1,5%) e teor médio depósito apresentou elevado teor de monazita
de 3,09% de minerais pesados (COMPANHIA no concentrado de minerais pesados, em torno
BAIANA DE PESQUISA MINERAL, 2015) de 20 %.
• O depósito de Guarapari é formado por dois
7.2.8 - Espirito Santo corpos mineralizados, um na praia de Ypiranga
Algumas das praias capixabas são conhecidas com largura de 40m – 50m com 4 km de
pelas suas areias monazíticas, como por exemplo extensão e o outro é formado na enseada de
a praia de Guarapari (Figura 7.1). A extração Ubaia de mesmo comprimento e mais estreito.
destas areias monazíticas iniciou em 1937 pela O primeiro corpo, Ypiranga não forma relevo
empresa Monazita Ilmenita do Brasil (MIBRA) expressivo, enquanto que o de Ubaia é dividido
e a partir de 1960 passou a ser extraída pela em duas partes. A parte sul está soerguida
NUCLEMON que extrai estas areias por lavagem e dezenas de metros acima do mar atual, com
eletroímã (http://www.guaraparivirtual.com.br/ formação de dunas pós-praia. Estes dois
areia_m.asp, acesso 28/10/2014). (GUARAPARI depósitos devem ter sido formados por minerais
VIRTUAL, 2014). pesados redepositados após erosão das falésias
Tipo de Depósito e Geologia Básica: os minerais do Grupo Barreiras, visto que não há cursos de
pesados do litoral capixaba se caracterizam águas de grande porte para fornecer material.
pelos altos teores de monazita, em torno de Os depósitos de Saco dos Cações, Caculucagem
20 %, apresentando situações diferentes de e Mãe-Bá são formados de deposições recentes
deposição / concentração entre os diversos de areias litorâneas. O depósito de Saco dos
depósitos (LAPIDO-LOUREIRO, 1994). O sul Cações está relacionado com a deposição
do estado do Espírito Santo tem dois tipos atual dos sedimentos marinhos. Enquanto os
depósitos de associados aos cordões litorâneos depósitos de Caculucagem e Mãe-Bá estão
184
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

associados com zona de espraiamento, onde negras do litoral brasileiro, explorado pela
são observados trabalho de classificação pelas Nuclemon de Monazita e Associados Ltda. 1989.
ondas. Estes depósitos não contêm grandes Recurso estimado: Reservas medidas 698
concentrações de minerais pesados, mas o toneladas de monazitas (com 60,02% de OTR)
aproveitamento pode ser feito de forma manual (ORRIS; GRAUCH, 2002).
ou semi-mecanizada com lavra, onde o material
depositado na maré alta pode ser retirado na 7.2.8.2 - Aracruz (ES) [19° 58’S; 40° 09’W]
maré baixa. A construção do Porto Ponta Ubú Tipo de Depósito e Geologia Básica: Este depósito
interferiu na deposição do depósito de Mãe- está associado às areias do Grupo Barreiras.
Bá, reduzindo a deposição de minerais pesados Mineral de ETR é a monazita, como subproduto
(VANUZZI et al., 1984). de extração de ilmenita, rutilo e zircão das areias
O estudo da estratigrafia do Grupo Barreiras negras.
para determinação de áreas fontes de minerais Idade da mineralização: Terciário superior.
pesados mostra que ocorreram vários ciclos de
Situação atual: Produtor de monazita no passado,
sedimentação com indicação de maturidade
como produto secundário das areias pesadas
mineralógica decrescente da base para o topo
do litoral brasileiro, explorado pela Nuclebras/
(TESCH, 1984). A distribuição dos minerais
Nuclemon 1989. Atualmente as reservas estão
pesados provenientes do Grupo Barreiras que
tituladas às Indústrias Nucleares do Brasil.
se encontram no litoral capixaba apresentam
Recurso estimado: reserva medida de 2,9 mt de
variações composicionais. Esta variabilidade
monazita com teor de 59,98% OTR (1986).
está associada com as diferentes rochas mãe que
forneceram os minerais, bem como as condições
7.2.9 - Rio de Janeiro
de exposição do corpo alimentador.
Os depósitos de minerais pesados na costa
Idade da mineralização: Holocênica.
fluminense estão associados principalmente
Situação atual: Depósitos do litoral capixaba
aos complexos deltáicos dos grandes rios que
estão exauridos ou não são economicamente
desembocam no mar, como por exemplo, os
viáveis.
depósitos relacionados ao rio Paraíba do Sul
7.2.8.1 - Anchieta (ES) (Parati, Imbiri, Pipa De (Figura 7.2). A monazita extraída do depósito
Viho, Maebá) [20° 46’S; 40° 35’W] de Buena já foi processada pela Indústrias
Nucleares do Brasil até a década de 2000. Hoje
Tipo de Depósito e Geologia Básica: Este
são extraídos outros minerais pesados como a
depósito está associado aos sedimentos do
ilmenita e o zircão.
Grupo Barreiras. Os depósitos estão associados
com pequenos placers marinhos modernos 7.2.9.1 - São Francisco de Itabapoana (Unidade
e nas barras elevadas. Os minerais de ETR são de Minerais Pesados da Indústria Nuclear do
monazita, como subproduto de extração de Brasil Buena) [21° 22’S; 40° 30’W]
ilmenita, rutilo e zircão das areias negras. Tipo de Depósito e Geologia Básica: Os
Idade da mineralização: Terciário superior. sedimentos que formam este depósito são os
Situação atual: Produtor de monazita no do Grupo Barreiras retrabalhados, formado por
passado, como produto secundário das areias extensas falésias “fósseis” de direção norte sul e

185
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

com desníveis maiores que seis metros (COUTO; NETO, 1974; SCHNELLRATH et al., 2002).
GOMES; NETO, 1974). A Figura 7.2 mostra a Estes cordões formam corpos alongados com
influencia das correntes marítimas na formação centenas de metros a alguns quilômetros de
e distribuição dos corpos mineralizados de extensão e dezenas a centena de metros de
minerais pesados. largura. A maior parte dos cordões se destaca
Os depósitos dos cordões litorâneos são na topografia com cota média de 4 metros e
formados durante as fases de avanço e recuo se encontram margeando áreas pantanosas,
do mar (tipo paleopraia), ou seja, processo de muitos destes corpos já foram lavrados (COUTO;
retrabalhamento e deposição (COUTO; GOMES; GOMES; NETO, 1974).

Figura 7.2 - (A) Transporte litorâneo das correntes marítimas; e (B) Áreas com tendência erosiva e deposicional
estimado para o Delta do Rio Paraíba do Sul (GONÇALVES; SILVA, 2005).

Segundo DIAS; SILVA; RODRIGUES (1997), base das falésias “fósseis” da Grupo Barreiras.
neste depósito é encontrado três tipos de A erosão dos sedimentos do Grupo Barreiras é
mineralizações: (i) formado diretamente da praia a principal origem dos minerais pesados deste
atual, corpos arenosos paralelos à praia atual; depósito atual.
(ii) situados sobre sedimento argilo-arenosos do A composição de minerais é ilmenita/
Grupo Barreiras; e (iii) depósitos formados na pseudorutilo, óxidos de ferro, zirconita, rutilo
186
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

monazita, silimanita e espinélio (COUTO; para reabilitação da área lavrada (SCHNELLRATH


GOMES; NETO, 1974). O mineral minério de et al., 2002).
ETR é a monazita com maior frequência de Produção: A fração de monazita tem teores
distribuição entre ¼ e 1/8 mm de diâmetro, acima de 80 % e passa por separadores
ou seja, concentra-se na classe de areia fina eletromagnéticos, onde é eliminada a ilmenita
dentro da classificação de Wentworth e é bem e zirconita, atingindo coeficientes de 99 % de
selecionado (COUTO; GOMES; NETO, 1974). monazita (COUTO; GOMES; NETO, 1974).
Idade da mineralização: Terciário superior. Recurso estimado: A mina em operação (Buena
Situação atual: Unidade de Minerais Pesados da Sul) possuía reservas medidas da ordem de 6,86
Indústria Nuclear do Brasil Buena é encarregada Mt @ > 5 % de minério bruto (COUTO; GOMES;
da prospecção e pesquisa, lavra, industrialização NETO, 1974). O minério é representado por
e comercialização de minerais pesados reservas medidas entre Guaxindiba e Barra do
(INDÚSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL, 2014). Itabapoana, nos minerais pesados acima de 5
A lavra é a céu aberto, consiste na remoção do % (Tabela 7.2). As reservas medidas de minerais
capeamento, desmonte, explotação, transporte pesados para os diversos corpos mineralizados
e a recuperação das áreas lavradas. A camada são apresentadas na (Tabela 7.3).
superficial rica em matéria orgânica é estocada

Tabela 7.2 - Reservas de minerais pesados (mt) em concentrações acima de 5 % entre Guaxindiba e Barra do
Itabapoana (COUTO; GOMES; NETO, 1974).
Fração/Reserva Ilmenita Monazita Zirconita/Rutilo Retidos Total
Medida 525.256 31.883 259.859 210.578 1.027.846
Indicada 144.379 8.768 65.230 49.644 268.021
Inferida 88.751 6.284 40.754 34.093 169.882
Total 758.556 46.935 365.843 294.315 1.465.749

Tabela 7.3 - Reservas medidas de minerais pesados para os diversos corpos localizados entre Guaxindiba e
Barra do Itabapoana de acordo com a NUCLEMON (DIAS, SILVA; RODRIGUES, 1997).;

Corpo Minério (103 t) Teor (%) Minerais pesados (103 t x 3 %)


Asmo 430 11 47
Caçador 340 13 45
Largo 309 17 85
Salinas 60 30 18
Caveiras 600 24 145
Guaxindiba 940 21 200

7.2.9.2 - Delta do Rio Paraíba do Sul (São João da indicam que a paleodrenagem do rio Paraíba
Barra) [21° 38’S; 41° 03’W] do Sul teve grande influencia na concentração
Tipo de Depósito e Geologia Básica: Ao longo dos minerais pesados. Estes depósitos minerais
do delta do rio Paraíba do Sul é encontrada estão associados aos cordões litorâneos
áreas anômalas de minerais pesados em arenosos dos terraços marinhos e apresentam
prováveis paleocanais dos distributários deste variações faciológicas complexas de aluviões,
delta (PALMA, 1979). A relação entre as zonas sedimentos de brejos e lagos associados aos
anômalas e a expressão batimétrica do canal cordões litorâneos (VANUZZI et al.,1984). As

187
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

deposições dos minerais pesados formam lentes Indústrias Nucleares do Brasil .


finas de profundidades variando de 0 m a 5 m, Recurso estimado: Reservas medidas para a
com o topo do cordão e a canaleta oposta à praia monazita é de 13,7 m, dados da NUCLEMON
formando as maiores concentrações de minerais (TOREZAN; VANUZZI, 1997).
pesados. 7.2.10 - São Paulo
Os maiores teores de minerais pesados estão 7.2.10.1 - Iguape e Cananéia [24° 47’S; 47° 38’W]
concentrados na plataforma média a interna,
associada a zona em que a fração grossa é rica Tipo de Depósito e Geologia Básica: a monazita
em feldspatos (KOWSMANN E COSTA, 1979). está associada a parte das coberturas
Os minerais pesados têm teores de até 5,2 % fanerozóicas, este tipo de depósito está restrito
na amostra total (PALMA, 1979), composta aos sedimentos costeiros, conhecidos desde a
predominantemente de ilmenita (60%), década de 1940, onde chegaram a ser lavrados
zirconita (5 a 10 %), monazita (3 – 4%) e rutilo no litoral de Caraguatatuba (CABRAL JUNIOR et
(1%) (LAPIDO-LOUREIRO, 1994; TOREZAN; al., 2001). A Praia da Juréia e a Ilha do Cardoso
VANUZZI, 1997). As maiores anomalias estão apresentam acumulações de minerais pesados
em profundidades de 20m a 40m de lâmina formando depósitos de pequeno porte, sem
de água, cobertas por areias relativamente valor econômico. No entanto, nos municípios de
maduras. Com base nas análises litológicas e Iguape e Cananéia foram feitos os cálculos das
micropaleontológicas de testemunhos foram reservas conforme tabela abaixo (COMPANHIA
interpretadas como paleocanais preenchidos DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS, 1987).
por areias marinhas nos últimos períodos de Idade da mineralização: Final do Wisconsiniano
transgressão holocênica (KOWSMANN; COSTA, e início do Holoceno.
1977). Situação atual: Ocorrência.
Idade da mineralização: Holocênica. Recurso estimado: As reservas medidas de
Situação atual: Produtor de monazita, como minerais pesados nas praias do litoral sul de
produto secundário das areias negras do litoral São Paulo (MORGENTAL et al, 1975) constam na
brasileiro, explorado pela Nuclebras/Nuclemon Tabela 7.4.
1989. Atualmente as reservas estão tituladas à
Tabela 7.4 - Reservas medidas de minerais pesados nas praias do litoral sul de São Paulo (MORGENTAL et al,
1975).
Conteúdo de Distribuição de pesados (%) Reservas(x 103 t)
Local
pesados I R Z M Medida Inferida
Praia da Juréia (Iguape) 20 40 0,8 3,0 3,0 1,5 20,9
Praia de Fora (Ilha do
2 50 0,6 1,6 3,6 0,4 5,4
Cardoso)
Praia das Pedras (Ilha do
23 63 1,1 6,2 1,2 0,1 6,2
Cardoso)
I = Ilmenita; R = Rutilo; Z = Zircão; M = Monazita.

7.2.11 - Paraná anômalos de ilmenita (0,6 a 1,4 %) são associados


7.2.11.1 - Paranaguá [25° 31’S; 48° 17’W] a minerais pesados contidos em areias
Tipo de Depósito e Geologia Básica: os teores retrabalhadas (PALMA, 1979). Entre Paranaguá

188
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

e Iguape (SP) são encontradas duas ocorrências Tinto) com estimativa de produção de 400 mt/
dispostas obliquamente à plataforma, o que ano de ilmenita, 50 mt/ano de zircão e 20 mt/
sugere uma associação com paleocanais da ano de rutilo quando a mina estiver em plena
plataforma média (Figura 7.1) (KOWSMANN; capacidade de produção (LAGUARDIA, 2014).
COSTA, 1977). O mineral de ETR é monazita. Produção: Previsão de produção anual esperada
Idade da mineralização: Final do Wisconsiniano de 900 mil toneladas de TiO2 pela empresa Rio
e início do Holoceno. Grande Mineração S.A (BIZZI, 2013).
Situação atual: Ocorrência. Recurso estimado: A reserva estimada foi de 10,8
Recurso estimado: Reserva medida na ocorrência Mt de titânio. Não há estimativa para monazita.
de Paranaguá é de 55 ton de monazita com 1,81
7.3 - PLACER FLUVIAIS
% OTR (ORRIS; GRAUCH, 2002).
Os placers fluviais no Brasil apresentam
7.2.12 - Rio Grande do Sul potencial para minerais pesados contendo
7.2.12.1 - São José do Norte (Depósito de Bojuru) monazita e xenotima e outros bens minerais.
[31° 57’07,23”S; 51° 41’ 15,41”W] Estão associados às redes de drenagens que
Tipo de Depósito e Geologia Básica: A monazita cortam complexos alcalinos e em algumas
deste depósito encontra-se localizada próximo regiões em unidades sedimentares contendo
ao Farol de Albardão (PALMA, 1979). estes minerais de interesse, a exemplo do Grupo
Barreiras. No estado da Bahia são conhecidas
O depósito está relacionado com os campos
ocorrências de monazita nos municípios de
de dunas litorâneas com largura de 1 km a
Canavieiras, Maracas, Lençóis e Areias, todas
4 km e 1 m a 5 m de espessura (DARDENNE;
com baixas concentrações, ou seja, sem valor
SHOBBENHAUS, 2001). Estas barreiras
econômico e; no estado do Rio Grande do Norte,
costeiras, formadas por dunas de areia, são
foram descobertas eluviões com monazita em
de natureza transgressiva, formadas pela
Florânia e São Rafael (MACIEL; CRUZ, 1973).
migração no sentido do continente de barreiras
pré-existentes (DILLENBURG, 2005). Estas No Estado do Rio Grande do Sul tem
barreiras ocorrem sobrepondo os sedimentos ocorrências conhecidas de monazita aluvial no
lagunares que acompanham a atual linha de Arroio das Pedras, no município de Encruzilhada
praia (DARDENNE; SHOBBENHAUS, 2001). É um do Sul. O cascalho aluvial foi explorado para
depósito de ilmenita, rutilo e zircônio associado cassiterita e wolframita, sendo que o rejeito
aos sedimentos inconsolidados da planície desta mineração gera concentrações de 20 a 30
Costeira do Rio Grande do Sul. O mineral mais % de monazita, com 1 a 2 % de ThO2 (MACIEL;
abundante é a ilmenita que constitui 55 % do CRUZ, 1973).
concentrado de minerais pesados. 7.3.1 - São Gonçalo do Sapucaí (MG)
Idade da mineralização: Holocênico. Localização: este depósito ocorre nas margens
Situação atual: A empresa Rio Grande Mineração do rio São Gonçalo do Sapucaí, envolvendo os
S.A tem quatro áreas a serem exploradas municípios mineiros de Turvolância, Cordislândia,
no projeto denominado Atlântico Sul (BIZZI, São Gonçalo do Sapucaí, Careaçu, Silvianópolis,
2013). O projeto consiste na junção de antigos São Sebastião da Bela Vista e Pouso Alegre.
projetos Bojuru (Paranapanema) e Retiro (Rio Tipo de Depósito e Geologia Básica: é conhecido

189
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

como depósito de ouro, ilmenita, zirconita e ocorreu em ambiente semi-árido com grande
monazita, contidos em 27,6 Mt de minério movimento de massas, que permitiram o
(LAPIDO-LOUREIRO, 1994). O minério é formado enriquecimento de cassiterita durante formação
por camadas de cascalho e areia dos aluviões de depósito tipo placer fanconglomerático
atuais e recentes. A camada econômica do leito (LAPIDO-LOUREIRO, 1994). Este depósito tipo
tem espessura média de 3,5 m de espessura. placer foi lateritizado que foi retrabalhado e
Enquanto que nas várzeas são encontrados os sedimentos foram redepositados formando
canais econômicos dos aluviões com espessura depósitos estaníferos de baixo teor e não
média de 2,9 m e 3,6 m de estéril, normalmente econômicos. Os principais depósitos secundários
argilas (LAPIDO-LOUREIRO, 1994). As reservas de estanho são de placers aluviais associados
medidas + indicadas dos aluviões perfazem de principalmente, a rios anastomosados. O
34,7 Mt, com 27,6 Mt de cascalho e 6,1 Mt de produto dos depósitos tipo placer é resultante
estéril. do intemperismo e denudação dos granitos
Idade da mineralização: Quaternário estaníferos, granitos Rondonianos. Estes granitos
Situação atual: Depósito de pequeno porte com apresentam corpos mineralizados na forma de
ocorrência de monazita. A Vale é a detentora stockwork de filetes, corpos de greisen, pipes
dos direitos minerários, após a compra da S. A. brechados diapíricos e corpos pegmatíticos
Mineração Trindade (SAMITRI). (LAPIDO-LOUREIRO, 1994). Os principais
minerais de minério de interesse econômico são
Recurso estimado: as reservas em termos
cassiterita e tantalita-columbita (enriquecido
econômicos são: ilmenita 631,8 mt; zirconita
nos rejeitos magnéticos). Outros mineriais de
70,7 mt e monazita 29,3 mt (LAPIDO-LOUREIRO,
interesse econômico podem estar associados
1994).
com a tantalita-columbita, pois se concentram
7.3.2 - Mineração Oriente Novo (RO) no rejeito magnético como zirconita, monazita,
xenotima, ilmenita e rutilo (BETTENCOURT et al.,
Localização: Região Central de Rondônia
1988).
Tipo de Depósito e Geologia Básica: Em Rondônia
Idade da mineralização: Quaternário
são conhecidas diversas áreas com presença
Situação atual: Depósito de pequeno porte.
de monazita e xenotima. A mineralização está
associada com duas sequencias sedimentares Recurso estimado: Não há recurso estimado de
quaternárias ricas em cassiterita. A primeira monazita para estas ocorrências.

190
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

8 - Conclusões

Os ETRs são considerados como elementos de compostos de ETR no país, não nos coloca
portadores do futuro com riscos de oferta nos em vantagem competitiva no mercado, pois a
próximos anos, em relatórios publicados por monazita dos placers marinhos brasileiros é rica
diferentes órgãos americanos e europeus. E no em tório. O que faz com que seja um material
entendimento do Plano Nacional de Mineração complicado para manuseio e descarte, não
2030, elaborado pelo Ministério de Minas e despertando interesse no momento. Além disto,
Energia em 2010, os ETRs são considerados este tipo de depósito geralmente é de pequeno
estratégicos como materiais “portadores do volume e disperso ao longo da costa brasileira.
futuro” (PLANO NACIONAL DE MINERAÇÃO As reservas brasileiras de ETR são relacionadas
2030, 2010). O Projeto Avaliação do Potencial tanto aos depósitos primários quanto
de Terras Raras no Brasil foi desenvolvido como secundários, observa-se que os depósitos
parte das Metas e Investimentos em Geologia primários poderão fornecer tanto ETRL quanto
e Recursos Minerais estabelecidas neste Plano. ETRP. Enquanto que o depósito secundário,
O projeto tem como enfoque a pesquisa de ETR com projeto em desenvolvimento no Granito
(minerais estratégicos) para a avaliação dos Serra Dourada, fornecerá principalmente ETRP,
depósitos e ocorrências existentes e identificação a partir de argilas de adsorção iônica.
de novas áreas potenciais para ETR, com o Os depósitos primários associados aos
objetivo de ampliar as reservas e a capacidade complexos carbonatíticos são os mais
produtiva desses minerais no Brasil. Isto para conhecidos e de maior potencial econômico na
subsidiar o desenvolvimento desta indústria de atualidade, devido a possibilidade de extração
alta tecnologia no médio e em longo prazo. como subproduto de outros commodities que
O Brasil contem reservas e ocorrências de já estão sendo minerados. Dentre os depósitos
ETR distribuídos em todo o território nacional, mais importantes estão Araxá (MG) e Catalão I
com depósitos de mineralizações primárias (GO), que possuem minas de nióbio e fosfato.
(carbonatitos, alcalinas e granitos) e secundárias Outros depósitos com menor potencial para
(enriquecimento residual e supergênico e lavra, pois no momento não há mineração
placers fluvial e marinho). Esta condição coloca associada, são os de Morro do Ferro (MG); Barra
o país, dentro do cenário mundial, como uma de Itapirapuã (SP), Seis Lagos (AM); Maicuru
das maiores potencialidades para estes tipos de (PA), Tapira e Salitre (MG), entre outros. Este tipo
elementos estratégicos da sociedade atual. de depósito é conhecido como ser enriquecido
O depósito secundário tipo placer foi a maior em ETRL, sendo a monazita e bastnaesita os
fonte de monazita, colocando o Brasil entre os principais minerais de minério. O depósito de
maiores produtores mundiais até a década de Araxá é o primeiro com extração de compostos
1950. O Brasil produziu compostos de ETR, a de ETR, que vem sendo realizado pela CBMM
partir desta fonte, até o início dos anos 2000, como subproduto do processamento de nióbio
quando foi encerrado todo o seu processamento (CBMM, 2013). Neste depósito também, a
(SERRA, 2013). O fato de termos produção MBAC Fertilizantes está realizando estudos de

191
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

viabilidade econômica (MBAC FERTILIZANTES e legislativo) no sentido de desenvolver a


CORP., 2013). A empresa Prime Star está verticalização desta cadeia produtiva.
realizando estudo de viabilidade econômica no A CPRM está em fase de reavaliação de
depósito de Morro do Ferro (PRIME STAR BRASIL depósitos já identificados e pouco estudados
MINERAÇÃO LTDA, 2013). Os demais depósitos e também dos depósitos já cubados com
apresentam mineralização de ETR conhecida, no objetivo de apresentar um novo quadro de
entanto, não tem divulgação de projetos para potencialidades de ETR no Brasil. Os estudos
estudos de viabilidade econômica. até então realizados confirmam a riqueza destes
As rochas graníticas podem gerar depósitos elementos no subsolo Brasileiro. A perspectiva é
primários e são importantes por apresentar que nos próximos anos, o Brasil poderá vir a se
minerais ricos em ETRP, como a xenotima, tornar um grande produtor mundial de ETRL e
principalmente. Os mais importantes exemplos ETRP, se o país tomar decisões acertadas sobre
brasileiros deste tipo de depósito são Pitinga o tema. Esforços governamentais têm sido feitos
(AM) (GARCIA, 2012) e Granito Serra Dourada para que o país venha a ser um produtor de
(GO) (MINERAÇÃO SERRA VERDE, 2014), inclusive equipamentos de alta tecnologia com uso destes
com projetos de estudo de viabilidade econômica elementos.
para extração de ETR. No Granito Serra Dourada, Os estudos realizados de suprimento e
o projeto está sendo desenvolvido com enfoque demanda de alguns elementos para uso em
no material saprolítico gerado sobre o biotita novas tecnologias, colocam alguns dos ETR
granito, também conhecido como depósito tipo como elementos com forte tendência ao risco
adsorção em argilas. de suprimento. Os ETR críticos são neodímio,
O panorama atual do potencial brasileiro para európio, térbio, disprósio e ítrio. Isto porque,
exploração de ETR se configura com depósitos o mercado de ETR está em forte crescimento
de grandes volumes, minério de baixo teor em tanto com a diversificação no seu uso quanto no
actinídeos (U e Th) e em locais com infraestrutura aumento no consumo de energia “verde”. Por
adequada para sua extração. Atualmente, o país outro lado, a viabilidade e/ou continuidade dos
tem a segunda maior reserva desta commodity, projetos mundiais em andamento dependem da
segundo dado do DEPARTAMENTO NACIONAL estabilidade e no crescimento desta demanda.
DE PRODUÇÃO MINERAL (2013a), com 22 Mt de A incerteza se deve ao mercado atual de ETR
reserva lavrável em OTR (óxido de terras raras). ser pequeno, o processo extrativo muito
Esta reserva pode ser bem maior, visto que há caro, envolvendo desenvolvimento de rotas
alguns projetos em andamento no país que estão tecnológicas complexas e questões ambientais
em fase de estudos de viabilidade econômica. e radiológicas complicadas. Neste cenário, a
A implantação dos projetos nacionais que abertura de apenas uma mina que forneça
estão em andamento para extração de ETR os ETR críticos pode inviabilizar grande parte
colocará o Brasil como um importante fornecedor dos projetos em andamento. É observado que
de ETR (ETRL e ETRP) no mercado mundial. apesar da grande “corrida” em projetos de
Há também a possibilidade do país se tornar pesquisas para ETR no mundo, que ocorreu após
consumidor importante destas matérias primas, a diminuição na cota de exportação chinesa
visto que há interesse governamental (executivo em 2010. Muitos destes projetos, hoje, estão

192
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

aparentemente aguardando a consolidação do nacional é importante, mesmo que nem todos


crescimento deste mercado e/ou a definição os depósitos sejam explorados atualmente. Pois
clara da oferta ao mercado externo da produção caso seja necessário no futuro, já será conhecido
chinesa. as características do depósito que poderá vir a ser
O cenário futuro mostra que poderá haver, no explorado. Apesar dos esforços governamentais
mercado, maior dependência dos produtos finais no sentido de incentivar desenvolvimento da
do que das reservas disponíveis. Isto porque verticalização da cadeia produtiva para ETR.
estão sendo feitos estudos de substituição e/ou Mesmo que seja importante para a soberania
diminuição no consumo dos ETR nos produtos nacional, o desenvolvimento desta cadeia
fabricados. Por outro lado, o consumo de ETR produtiva dependerá da movimentação dos
pode ser favorecido pelo aumento no consumo diferentes players mundiais envolvidos na
de produtos tecnológicos e de energia limpa. A produção e consumo deste bem mineral.
sua utilização pode aumentar, pois é conhecido Apenas o aumento na demanda por geração
apenas parte do potencial tecnológico de ETR, de energia limpa e equipamentos de alta
que está em fase de desenvolvimento contínuo, tecnologia requeridos pela sociedade moderna,
visto que teve grande expansão nas últimas não é garantia de mercado estável para os altos
décadas com as descobertas de algumas de suas investimentos necessários para viabilizar este
propriedades. tipo de mineração.
O conhecimento do potencial mineral

193
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

194
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

9 - Referências

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211
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

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2014.

212
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

LISTAGEM DOS INFORMES DE RECURSOS MINERAIS

1
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

SÉRIE METAIS DO GRUPO DA PLATINA E ASSOCIADOS

Nº 01 - Mapa de Caracterização das Áreas de Trabalho (Escala 1:7.000.000), 1996.


Nº 02 - Mapa Geológico Preliminar da Serra do Colorado - Rondônia e Síntese Geológico-Metalogenética,
1997.
Nº 03 - Mapa Geológico Preliminar da Serra Céu Azul - Rondônia, Prospecção Geoquímica e Síntese Geológico-
Metalogenética, 1997.
Nº 04 - Síntese Geológica e Prospecção por Concentrados de Bateia nos Complexos Canabrava e Barro Alto -
Goiás, 1997.
Nº 05 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica/Aluvionar da Área Migrantinópolis - Rondônia, 2000.
Nº 06 - Geologia e Prospecção Geoquímica/Aluvionar da Área Corumbiara/Chupinguaia - Rondônia, 2000
Nº 07 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica/Aluvionar da Área Serra Azul - Rondônia, 2000.
Nº 08 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Rio Branco/Alta Floresta - Rondônia, 2000.
Nº 09 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Santa Luzia - Rondônia, 2000.
Nº 10 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Nova Brasilândia - Rondônia, 2000.
Nº 11 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica da Área Rio Madeirinha - Mato Grosso, 2000.
Nº 12 - Síntese Geológica e Prospectiva das Áreas Pedra Preta e Cotingo - Roraima, 2000.
Nº 13 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Santa Bárbara - Goiás, 2000.
Nº 14 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Barra da Gameleira - Tocantins, 2000.
Nº 15 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Córrego Seco - Goiás, 2000.
Nº 16 - Síntese Geológica e Resultados Prospectivos da Área São Miguel do Guaporé - Rondônia, 2000.
Nº 17 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Cana Brava - Goiás, 2000.
Nº 18 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Cacoal - Rondônia, 2000.
Nº 19 - Geologia e Resultados Prospectivos das Áreas Morro do Leme e Morro Sem Boné - Mato Grosso, 2000.
Nº 20 - Geologia e Resultados Prospectivos das Áreas Serra dos Pacaás Novos e Rio Cautário - Rondônia, 2000.
Nº 21 - Aspectos Geológicos, Geoquímicos e Potencialidade em Depósitos de Ni-Cu-EGP do Magmatismo da
Baciado Paraná - 2000.
Nº 22 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Tabuleta - Mato Grosso, 2000.
Nº 23 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Rio Alegre - Mato Grosso, 2000.
Nº 24 - Geologia e Resultados Prospectivos da Área Figueira Branca/Indiavaí - Mato Grosso, 2000.
Nº 25 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica/Aluvionar das Áreas Jaburu, Caracaraí, Alto Tacutu e
Amajari - Roraima, 2000.
Nº 26 - Prospecção Geológica e Geoquímica no Corpo Máfico-Ultramáfico da Serra da Onça - Pará, 2001.
Nº 27 - Prospecção Geológica e Geoquímica nos Corpos Máfico-Ultramáficos da Suíte Intrusiva Cateté - Pará,
2001.
Nº 28 - Aspectos geológicos, Geoquímicos e Metalogenéticos do Magmatismo Básico/Ultrabásico do Estado
de Rondônia e Área Adjacente, 2001.
Nº 29 - Geological, Geochemical and Potentiality Aspects of Ni-Cu-PGE Deposits of the Paraná Basin
Magmatism, 2001.
Nº 30 - Síntese Geológica e Prospecção Geoquímica da Área Barro Alto – Goiás, 2010.

SÉRIE MAPAS TEMÁTICOS DE OURO - ESCALA 1:250.000

Nº 01 - Área GO-09 Aurilândia/Anicuns - Goiás, 1995.


Nº 02 - Área RS-01 Lavras do Sul/Caçapava do Sul - Rio Grande do Sul, 1995.
Nº 03 - Área RO-01 Presidente Médici - Rondônia, 1996.
Nº 04 - Área SP-01 Vale do Ribeira - São Paulo, 1996.
Nº 05 - Área PA-15 Inajá - Pará, 1996.
Nº 06 - Área GO-05 Luziânia - Goiás, 1997.
Nº 07 - Área PA-01 Paru - Pará, 1997.
Nº 08 - Área AP-05 Serra do Navio/Cupixi - Amapá, 1997.
Nº 09 - Área BA-15 Cariparé - Bahia, 1997.
Nº 10 - Área GO-01 Crixás/Pilar - Goiás, 1997.
Nº 11 - Área GO-02 Porangatu/Mara Rosa - Goiás, 1997
Nº 12 - Área GO-03 Niquelândia - Goiás, 1997.

2
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Nº 13 - Área MT-01 Peixoto de Azevedo/Vila Guarita - Mato Grosso, 1997.


Nº 14 - Área MT-06 Ilha 24 de Maio - Mato Grosso, 1997.
Nº 15 - Área MT-08 São João da Barra - Mato Grosso/Pará, 1997.
Nº 16 - Área RO-02 Jenipapo/Serra Sem Calça - Rondônia, 1997.
Nº 17 - Área RO-06 Guaporé/Madeira - Rondônia, 1997.
Nº 18 - Área RO-07 Rio Madeira - Rondônia, 1997.
Nº 19 - Área RR-01 Uraricaá - Roraima, 1997.
Nº 20 - Área AP-03 Alto Jari - Amapá/Pará, 1997.
Nº 21 - Área CE-02 Várzea Alegre/Lavras da Mangabeira/Encanto - Ceará, 1997.
Nº 22 - Área GO-08 Arenópolis/Amorinópolis - Goiás, 1997.
Nº 23 - Área PA-07 Serra Pelada - Pará, 1997.
Nº 24 - Área SC-01 Botuverá/Brusque/Gaspar - Santa Catarina, 1997.
Nº 25 - Área AP-01 Cassiporé - Amapá, 1997.
Nº 26 - Área BA-04 Jacobina Sul - Bahia, 1997.
Nº 27 - Área PA-03 Cuiapucu/Carará - Pará/Amapá, 1997.
Nº 28 - Área PA-10 Serra dos Carajás - Pará, 1997.
Nº 29 - Área AP-04 Tumucumaque - Pará, 1997.
Nº 30 - Área PA-11 Xinguara - Pará, 1997.
Nº 31 - Área PB-01 Cachoeira de Minas/Itajubatiba/Itapetim - Paraíba/Pernambuco, 1997.
Nº 32 - Área AP-02 Tartarugalzinho - Amapá, 1997.
Nº 33 - Área AP-06 Vila Nova/Iratapuru - Amapá, 1997.
Nº 34 - Área PA-02 Ipitinga - Pará/Amapá, 1997.
Nº 35 - Área PA-17 Caracol - Pará, 1997.
Nº 36 - Área PA-18 Vila Riozinho - Pará, 1997.
Nº 37 - Área PA-19 Rio Novo - Pará, 1997.
Nº 38 - Área PA-08 São Félix - Pará, 1997.
Nº 39 - Área PA-21 Marupá - Pará, 1998.
Nº 40 - Área PA-04 Três Palmeiras/Volta Grande - Pará, 1998.
Nº 41 - Área TO-01 Almas/Natividade - Tocantins, 1998.
Nº 42 - Área RN-01 São Fernando/Ponta da Serra/São Francisco - Rio Grande do Norte/Paraíba, 1998.
Nº 43 - Área GO-06 Cavalcante - Goiás/Tocantins, 1998.
Nº 44 - Área MT-02 Alta Floresta - Mato Grosso/Pará, 1998.
Nº 45 - Área MT-03 Serra de São Vicente - Mato Grosso, 1998.
Nº 46 - Área AM-04 Rio Traíra - Amazonas, 1998.
Nº 47 - Área GO-10 Pirenópolis/Jaraguá - Goiás, 1998.
Nº 48 - Área CE-01 Reriutaba/Ipu - Ceará, 1998.
Nº 49 - Área PA-06 Manelão - Pará, 1998.
Nº 50 - Área PA-20 Jacareacanga - Pará/Amazonas, 1998.
Nº 51 - Área MG-07 Paracatu - Minas Gerais, 1998.
Nº 52 - Área RO-05 Colorado - Rondônia/Mato Grosso, 1998.
Nº 53 - Área TO-02 Brejinho de Nazaré - Tocantins, 1998.
Nº 54 - Área RO-04 Porto Esperança - Rondônia, 1998.
Nº 55 - Área RO-03 Parecis - Rondônia, 1998.
Nº 56 - Área RR-03 Uraricoera - Roraima, 1998.
Nº 57 - Área GO-04 Goiás - Goiás, 1998.
Nº 58 - Área MA-01 Belt do Gurupi - Maranhão/Pará, 1998.
Nº 59 - Área MA-02 Aurizona/Carutapera - Maranhão/Pará, 1998.
Nº 60 - Área PE-01 Serrita - Pernambuco, 1998.
Nº 61 - Área PR-01 Curitiba/Morretes - Paraná, 1998.
Nº 62 - Área MG-01 Pitangui - Minas Gerais, 1998.
Nº 63 - Área PA-12 Rio Fresco - Pará, 1998.
Nº 64 - Área PA-13 Madalena - Pará, 1998.
Nº 65 - Área AM-01 Parauari - Amazonas/Pará, 1999.
Nº 66 - Área BA-01 Itapicuru Norte - Bahia, 1999.
Nº 67 - Área RR-04 Quino Maú - Roraima, 1999.

3
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Nº 68 - Área RR-05 Apiaú - Roraima, 1999.


Nº 69 - Área AM 05 Gavião/Dez Dias - Amazonas, 1999.
Nº 70 - Área MT-07 Araés/Nova Xavantina - Mato Grosso, 2000.
Nº 71 - Área AM-02 Cauaburi - Amazonas, 2000.
Nº 72 - Área RR-02 Mucajaí - Roraima, 2000.
Nº 73 - Área RR-06 Rio Amajari - Roraima, 2000.
Nº 74 - Área BA-03 Jacobina Norte - Bahia, 2000.
Nº 75 - Área MG-04 Serro - Minas Gerais, 2000.
Nº 76 - Área BA-02 Itapicuru Sul - Bahia, 2000.
Nº 77 - Área MG-03 Conselheiro Lafaiete - Minas Gerais, 2000.
Nº 78 - Área MG-05 Itabira - Minas Gerais, 2000.
Nº 79 - Área MG-09 Riacho dos Machados - Minas Gerais, 2000.
Nº 80 - Área BA-14 Correntina - Bahia, 2000.
Nº 81 - Área BA-12 Boquira Sul - Bahia, 2000
Nº 82 - Área BA-13 Gentio do Ouro - Bahia, 2000.
Nº 83 - Área BA-08 Rio de Contas/Ibitiara Sul - Bahia, 2000.
Nº 84 - Área MT-05 Cuiabá/Poconé - Mato Grosso, 2000.
Nº 85 - Área MT-04 Jauru/Barra dos Bugres - Mato Grosso, 2000.

SÉRIE OURO - INFORMES GERAIS

Nº 01 - Mapa de Reservas e Produção de Ouro no Brasil (Escala 1:7.000.000), 1996.


Nº 02 - Programa Nacional de Prospecção de Ouro - Natureza e Métodos, 1998.
Nº 03 - Mapa de Reservas e Produção de Ouro no Brasil (Escala 1:7.000.000), 1998.
Nº 04 - Gold Prospecting National Program - Subject and Methodology, 1998.
Nº 05 - Mineralizações Auríferas da Região de Cachoeira de Minas – Municípios de Manaíra e Princesa Isabel
- Paraíba, 1998.
Nº 06 - Mapa de Reservas e Produção de Ouro no Brasil (Escala 1:7.000.000), 2000.
Nº 07 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Minas do
Camaquã - Rio Grande do Sul, 2000.
Nº 08 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Ibaré –
Rio Grande do Sul, 2000.
Nº 09 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Caçapava
doSul - Rio Grande do Sul, 2000.
Nº 10 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Passo do
Salsinho - Rio Grande do Sul, 2000.
Nº 11 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea
Marmeleiro - Rio Grande do Sul, 2000.
Nº 12 - Map of Gold Production and Reserves of Brazil (1:7.000.000 Scale), 2000
Nº 13 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea
Cambaizinho - Rio Grande do Sul, 2001.
Nº 14 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Passo do
Ivo - Rio Grande do Sul, 2001.
Nº 15 - Resultados da Prospecção para Ouro na Área RS-01 - Lavras do Sul/Caçapava do Sul, Subárea Batovi –
Rio Grande do Sul, 2001.
Nº 16 - Projeto Metalogenia da Província Aurífera Juruena-Teles Pires, Mato Grosso – Goiânia, 2008.
Nº 17 - Metalogenia do Distrito Aurífero do Rio Juma, Nova Aripuanã, Manaus, 2010.

SÉRIE INSUMOS MINERAIS PARA AGRICULTURA

Nº 01 - Mapa Síntese do Setor de Fertilizantes Minerais (NPK) no Brasil (Escala 1:7.000.000), 1997.
Nº 02 - Fosfato da Serra da Bodoquena - Mato Grosso do Sul, 2000.
Nº 03 - Estudo do Mercado de Calcário para Fins Agrícolas no Estado de Pernambuco, 2000.
Nº 04 - Mapa de Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais nos Estados de Pernambuco, Alagoas,
Paraíba e Rio Grande do Norte, 2001.

4
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

Nº 05 - Estudo dos Níveis de Necessidade de Calcário nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio
Grande do Norte, 2001.
Nº 06 - Síntese das Necessidades de Calcário para os Solos dos Estados da Bahia e Sergipe, 2001.
Nº 07 - Mapa de Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais de Rondônia, 2001.
Nº 08 - Mapas de Insumos Minerais para Agricultura nos Estados de Amazonas e Roraima, 2001.
Nº 09 - Mapa-Síntese de Jazimentos Minerais Carbonatados dos Estados da Bahia e Sergipe, 2001.
Nº 10 - Insumos Minerais para Agricultura e Áreas Potenciais nos Estados do Pará e Amapá, 2001.
Nº 11 - Síntese dos Jazimentos, Áreas Potenciais e Mercado de Insumos Minerais para Agricultura no Estado
da Bahia, 2001.
Nº 12 - Avaliação de Rochas Calcárias e Fosfatadas para Insumos Agrícolas do Estado de Mato Grosso, 2008.
Nº 13 - Projeto Fosfato Brasil – Parte I, 2011.
Nº 14 - Projeto Fosfato Brasil – Estado de Mato Grosso – Áreas Araras/Serra do Caeté e Planalto da Serra,
2011.
Nº 15 - Projeto Mineralizações Associadas à Plataforma Bambuí no Sudeste do Estado do Tocantins (TO) –
Goiânia, 2012.
Nº 16 – Rochas Carbonáticas do Estado de Rondônia, Porto Velho, 2015.

SÉRIE PEDRAS PRECIOSAS

Nº 01 - Mapa Gemológico da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, 1997.


Nº 02 - Mapa Gemológico da Região Lajeado/Soledade/Salto do Jacuí - Rio Grande do Sul, 1998
Nº 03 - Mapa Gemológico da Região de Ametista do Sul - Rio Grande do Sul, 1998.
Nº 04 - Recursos Gemológicos dos Estados do Piauí e Maranhão, 1998.
Nº 05 - Mapa Gemológico do Estado do Rio Grande do Sul, 2000.
Nº 06 - Mapa Gemológico do Estado de Santa Catarina, 2000.
Nº 07 - Aspectos da Geologia dos Pólos Diamantíferos de Rondônia e Mato Grosso – O Fórum de Juína –
Projeto Diamante, Goiânia, 2010.
Nº 08 - Projeto Avaliação dos Depósitos de Opalas de Pedro II – Estado do Piauí, Teresina, 2015.
Nº 09 - Aluviões Diamantíferos da Foz dos Rios Jequitinhonha e Pardo - Fase I – Estado da Bahia, Salvador,
2015.

SÉRIE OPORTUNIDADES MINERAIS – EXAME ATUALIZADO DE PROJETO

Nº 01 - Níquel de Santa Fé - Estado de Goiás, 2000.


Nº 02 - Níquel do Morro do Engenho - Estado de Goiás, 2000.
Nº 03 - Cobre de Bom Jardim - Estado de Goiás, 2000.
Nº 04 - Ouro no Vale do Ribeira - Estado de São Paulo, 1996.
Nº 05 - Chumbo de Nova Redenção - Estado da Bahia, 2001.
Nº 06 - Turfa de Caçapava - Estado de São Paulo, 1996.
Nº 08 - Ouro de Natividade - Estado do Tocantins, 2000.
Nº 09 - Gipsita do Rio Cupari - Estado do Pará, 2001.
Nº 10 - Zinco, Chumbo e Cobre de Palmeirópolis - Estado de Tocantins, 2000.
Nº 11 - Fosfato de Miriri - Estados de Pernambuco e Paraíba, 2001.
Nº 12 - Turfa da Região de Itapuã - Estado do Rio Grande do Sul, 1998.
Nº 13 - Turfa de Águas Claras - Estado do Rio Grande do Sul, 1998.
Nº 14 - Turfa nos Estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, 2001.
Nº 15 - Nióbio de Uaupés - Estado do Amazonas, 1997.
Nº 16 - Diamante do Rio Maú - Estado da Roraima, 1997.
Nº 18 - Turfa de Santo Amaro das Brotas - Estado de Sergipe, 1997.
Nº 19 - Diamante de Santo Inácio - Estado da Bahia, 2001.
Nº 21 - Carvão nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, 1997.
Nº 22 - Coal in the States of Rio Grande do Sul and Santa Catarina, 2000.
Nº 23 - Kaolin Exploration in the Capim River Region - State of Pará - Executive Summary, 2000.
Nº 24 - Turfa de São José dos Campos - Estado de São Paulo, 2002.
Nº 25 - Lead in Nova Redenção - Bahia State, Brazil, 2001.

5
Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil

SÉRIE DIVERSOS

Nº 01 - Informe de Recursos Minerais - Diretrizes e Especificações - Rio de Janeiro, 1997.


Nº 02 - Argilas Nobres e Zeolitas na Bacia do Parnaíba - Belém, 1997.
Nº 03 - Rochas Ornamentais de Pernambuco - Folha Belém do São Francisco - Escala 1:250.000 - Recife, 2000.
Nº 04 - Substâncias Minerais para Construção Civil na Região Metropolitana de Salvador e Adjacências -
Salvador, 2001.

SÉRIE RECURSOS MINERAIS MARINHOS

Nº 01 – Potencialidade dos Granulados Marinhos da Plataforma Continental Leste do Ceará – Recife, 2007.

SÉRIE ROCHAS E MINERAIS INDUSTRIAIS

Nº 01 – Projeto Materiais de Construção na Área Manacapuru-Iranduba-Manaus-Careiro (Domínio Baixo


Solimões) – Manaus, 2007.
Nº 02 – Materiais de Construção Civil na região Metropolitana de Salvador – Salvador, 2008.
Nº 03 – Projeto Materiais de Construção no Domínio Médio Amazonas – Manaus, 2008.
Nº 04 – Projeto Rochas Ornamentais de Roraima – Manaus, 2009.
Nº 05 – Projeto Argilas da Bacia Pimenta Bueno – Porto Velho, 2010.
Nº 06 – Projeto Quartzo Industrial Dueré-Cristalândia – Goiânia, 2010.
Nº 07 – Materiais de Construção Civil na região Metropolitana de Aracaju – Salvador, 2011.
Nº 08 – Rochas Ornamentais no Noroeste do Estado do Espírito Santo – Rio de Janeiro, 2012.
Nº 09 – Projeto Insumos Minerais para a Construção Civil na Região Metropolitana do Recife – Recife, 2012.
Nº 10 – Materiais de Construção Civil da Folha Porto Velho – Porto Velho, 2013.
Nº 11 – Polo Cerâmico de Santa Gertrudes – São Paulo, 2014.
Nº 12 – Projeto Materiais de Construção Civil na Região Metropolitana de Natal – Recife, 2015.
Nº 13 – Materiais de Construção Civil para Vitória da Conquista, Itabuna-Ilhéus e Feira de Santana – Salvador,
2015.
Nº 14 – Projeto Materiais de Construção da Região de Marabá e Eldorado dos Carajás – Belém, 2015.
Nº 15 – Panorama do Setor de Rochas Ornamentais do Estado de Rondônia – Porto Velho, 2015
Nº 16 – Projeto Materiais de Construção da Região Metropolitana de Goiânia – Goiânia, 2015

SÉRIE METAIS - INFORMES GERAIS

Nº 01 – Projeto BANEO – Bacia do Camaquã – Metalogenia das Bacias Neoproterozóico-eopaleozóicas do Sul


do Brasil, Porto Alegre, 2008
Nº 02 – Mapeamento Geoquímico do Quadrilátero Ferrífero e seu Entorno - MG – Rio de Janeiro, 2014.
Nº 03 – Projeto BANEO – Bacias do Itajaí, de Campo Alegre e Corupá – Metalogenia das Bacias Neoproterozoico-
eopaleozoicas do Sul do Brasil, Porto Alegre, 2015

SÉRIE PROVÍNCIAS MINERAIS DO BRASIL

Nº 01 – Áreas de Relevante Interesse Mineral - ARIM, Brasília, 2015


Nº 02 - Metalogenia das Províncias Minerais do Brasil: Área Tróia-Pedra Branca, Estado do Ceará, Fortaleza,
2015
Nº 03 - Metalogenia das Províncias Minerais do Brasil: Área Sudeste do Tapajós, Estado do Pará, Brasília, 2015

SÉRIE MINERAIS ESTRATÉGICOS

Nº 01 – Diretrizes para Avaliação do Potencial de Potássio, Fosfato, Terras Raras e Lítio no Brasil, Brasilia, 2015
Nº 02 – Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil, Brasilia, 2015.

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