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MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL


SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO


SECRETARIA DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO, MINAS E ENERGIA

Volume 1 – Textos SISTEMA DE INFORMAÇÃO


Geologia, Recursos Minerais, GEOAMBIENTAL DE
Formações Superficiais,
Geomorfologia, Solos, CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE
Aptidão Agrícola das Terras,
Uso e Cobertura das Terras,
E ENTORNO
Geoquímica, Hidrologia,
Hidrogeologia, SIG CUIABÁ
Unidades de Conservação,
Geoambiental.
2006
Sistema de Informação Geoambiental de
Cuiabá, Várzea Grande e Entorno

SIG CUIABÁ

Volume 1 – Textos
Foto Capa - Gilberto Scislewski - Vista do contato por discordância angular e erosiva entre os metassedimentos
do Grupo Cuiabá e arenitos da Formação Furnas – Município Chapada dos Guimarães.
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL

SICME – SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO,


MINAS E ENERGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO

Sistema de Informação Geoambiental de


Cuiabá, Várzea Grande e Entorno

SIG CUIABÁ

Volume 1 – Textos

2006
Sistema de Informação Geoambiental de Cuiabá,
Várzea Grande e Entorno
SIG CUIABÁ

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA


SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL
SICME – SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO,
MINAS E ENERGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO

T452s THOMÉ FILHO, Jamilo José (Org.)

Sistema de Informação Geoambiental de Cuiabá, Várzea


o
Grande e Entorno – SIG CUIABÁ. Org. Jamilo J. Thomé F , Gilberto
Scislewski, Edgar Shinzato, Gustavo A. Rocha, Marcelo Dantas,
Prudêncio R. Castro Jr., Eric S. Araújo, Denise C. R. Melo,
Regina Célia Gimenez Armesto, Lígia Maria Nascimento de Araújo.
Goiânia: CPRM, 2004. (Convênio CPRM/SICME).
2 v. il. + mapas
v. 1 – Texto
v. 2 – Mapas

1.Geologia Ambiental 2. Recursos Minerais 3. Recursos


Hídricos 4. Solos 5. Geomorfologia I. Thomé Filho, Jamilo José
II. Título
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
Silas Rondeau Cavalcante Silva
Ministro de Estado

Cláudio Scliar
Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS


CPRM – Serviço Geológico do Brasil
Agamenon Sérgio Lucas Dantas
Diretor-Presidente

José Ribeiro Mendes Manoel Barretto da Rocha Neto


Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial Diretor de Geologia e Recursos Minerais

Álvaro Rogério Alencar Silva Fernando Pereira de Carvalho


Diretor de Administração e Finanças Diretor de Relações Institucionais e
Desenvolvimento

Superintendência Regional de Goiânia


Maria Abadia Camargo
Superintendente

José Mário da Silva


Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial

Jamilo José Thomé Filho


Supervisor de Área

Waldemar Abreu Filho


Núcleo de Apoio de Cuiabá

Escritório Rio de Janeiro


Cássio Roberto da Silva Regina Célia Gimenez Armesto
Departamento de Gestão Territorial – DEGET Divisão de Gestão Territorial – DIGATE

Frederico Cláudio Peixinho Lígia Maria Nascimento de Araújo


Departamento de Hidrologia – DEHID Divisão de Hidrologia Aplicada – DIHAPI

Sabino Orlando da C. Loguércio Paulo Roberto Macedo Bastos


Departamento de Apoio Técnico – DEPAT Divisão de Cartografia – DICART

Valter Alvarenga Barradas Maria Alice Ibanães Duarte


Divisão de Editoração Geral – DIEDIG Laboratório de Análises Minerais – LAMIN

Jorge E. Pinto Hausen João Henrique Gonçalves


Departamento de Relações Institucionais e Divisão de Geoprocessamento – DIGEOP
Divulgação – DERID
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
Blairo Borges Maggi
Governador

SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO, MINAS E ENERGIA


DO ESTADO DE MATO GROSSO – SICME
Alexandre Furlan
Secretário

José Epaminondas Mattos Conceição Márcio Luiz de Mesquita


Secretário Adjunto de Desenvolvimento Secretário Adjunto de Gestão

Joaquim Jurandir Pratt Moreno


Unidade Gestora de Política Mineral/SICME – MT

COMPANHIA MATOGROSSENSE DE MINERAÇÃO – METAMAT


João Justino Paes Barros
Diretor-Presidente

Wilson Menezes Coutinho André Barbosa de Oliveira


Diretor Técnico Diretor Administrativo e Financeiro

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO


Luiz Carlos Guedes Pinto
Ministro de Estado

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Embrapa


Sílvio Crestana
Diretor-Presidente

EMBRAPA AMAZÔNIA OCIDENTAL EMBRAPA SOLOS


Maria do Rosário Lobato Rodrigues Celso Vainer Manzatto
Chefe Geral Chefe Geral
CRÉDITOS DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS


CPRM – Serviço Geológico do Brasil

COORDENAÇÃO GERAL
Cássio Roberto da Silva
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Regina Célia Gimenez Armesto
SUPERVISÃO/CHEFIA DO PROJETO
Jamilo José Thomé Filho
INTRODUÇÃO
Texto: Gilberto Scislewski
Jamilo José Thomé Filho
GEOLOGIA
Texto: Gilberto Scislewski
Mapa: Gilberto Scislewski
Gustavo Adolfo Rocha
RECURSOS MINERAIS
Texto: Gilberto Scislewski
Mapa: Gilberto Scislewski
Gustavo Adolfo Rocha
Cadastro Mineral: Gilberto Scislewski
Gustavo Adolfo Rocha
Marcus Vinicius Paes de Barros – METAMAT4
Banco de Dados: Patrícia Wagner Sotério
Gustavo Adolfo Rocha
FORMAÇÕES SUPERFICIAIS
Texto: Gilberto Scislewski
Mapa: Gilberto Scislewski
Gustavo Adolfo Rocha
GEOMORFOLOGIA
Texto: Prudêncio Rodrigues de Castro Junior – UFMT5
Fernando Ximenes de Tavares Salomão – UFMT5
Suíse Monteiro Leon Bordest – UFMT5
Colaboração: Marcelo Eduardo Dantas
Mapa: Prudêncio Rodrigues de Castro Junior – UFMT5
Fernando Ximenes de Tavares Salomão – UFMT5
Suíse Monteiro Leon Bordest – UFMT5
Geoprocessamento: Salatiel Alves de Araújo – METAMAT4
Colaboração: Marcelo Eduardo Dantas
RECONHECIMENTO DE SOLOS
Texto: Edgar Shinzato
Wenceslau Geraldes Teixeira – Embrapa3b
João Souza Martins – Embrapa3a
Mapa: Edgar Shinzato
Wenceslau Geraldes Teixeira – Embrapa3b
João Souza Martins – Embrapa3a
Bruno Barros Xavier Dester – Estagiário1
APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS
Texto: Edgar Shinzato
Wenceslau Geraldes Teixeira – Embrapa3b
Marcos Bacis Ceddia – UFRRJ6
Mapa: Edgar Shinzato
Wenceslau Geraldes Teixeira – Embrapa3b

GEOQUÍMICA
Texto: Eric Santos Araújo
Mapa: Eric Santos Araújo
Amostragem: Claudionor Francisco de Souza
Glauco Morales – METAMAT4

HIDROLOGIA
Texto: Denise Christina de Rezende Melo
Marco Antônio Correntino Cunha
Mapa: Denise Christina de Rezende Melo
Marco Antônio Correntino Cunha
Colaboradores: Lígia Maria Nascimento de Araújo
Ivete Souza de Almeida
Daniel Medeiros Moreira

HIDROGEOLOGIA
Texto: Jamilo José Thomé Filho
Mapa: Jamilo José Thomé Filho
Cadastro de Poços : Thomas Edison de Vasconcelos
Talita Menezes – Prestadora de Serviços2

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E LEGISLAÇÃO - ECOTURISMO


Texto: Gilberto Scislewski

USO E COBERTURA DAS TERRAS


Mapa: Edgar Shinzato
Wenceslau Geraldes Teixeira – Embrapa3b
Patrícia Duringer Jacques
Bruno Barros Xavier Dester – Estagiário1
Rafael Monteiro Valadão – Estagiário1
MAPA GEOAMBIENTAL
Coordenação: Marcelo Eduardo Dantas
Equipe Executora: Marcelo Eduardo Dantas
Edgar Shinzato
Gilberto Scislewski
Gustavo Adolfo Rocha
Jamilo José Thomé Filho
Prudêncio R. de Castro Júnior – UFMT5
Fernando Ximenes de Tavares Salomão – UFMT5

GEOPROCESSAMENTO
João Henrique Gonçalves
Patrícia Duringer Jacques
Gabriela Figueiredo de Castro Simão
Elaine de Souza Cerdeira

DIGITALIZAÇÃO E EDITORAÇÃO CARTOGRÁFICA


SECART – GO: Luiz Carlos de Melo
Valdivino Patrocínio da Silva
Fernanda Xavier Araújo – Estagiária1
Escritório Rio: Marília Santos Salinas do Rosário
Risonaldo Pereira da Silva – Prestador de Serviços2
Regina Célia Gimenez Armesto

REVISÃO DE TEXTO, EDITORAÇÃO, DIAGRAMAÇÃO


Hélio Tomassini – Prestador de Serviços2
Maria Gasparina de Lima
Gilberto Scislewski
Andréia Continentino

APOIO TÉCNICO
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
Fernanda Xavier Araújo – Estagiária1
Hélio Pedro da Silva
José Estevão de Farias
Luiz Carlos de Melo
Luis de Oliveira
Mario Cavalcanti de Albuquerque
Rubens Villar Siqueira – Estagiário1
Valdivino Patrocínio da Silva
Waldemar Abreu Filho

EDITORAÇÃO DOS MAPAS


DICART
REVISÃO TÉCNICA
Antônio Ivo Medina
Cássio Roberto da Silva
Fernanda Gonçalves da Cunha
Fernando Antonio C. Feitosa
Gilberto Machado
Gilberto Scislewski
Jamilo José Thomé Filho
João Olímpio Souza
Lígia Maria Nascimento de Araújo
Marcelo Dantas
Regina Celia Gimenez Armesto

CAPA
DIMARK

SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO, MINAS E ENERGIA


DO ESTADO DE MATO GROSSO – SICME
Joaquim Jurandir Pratt Moreno

COMPANHIA MATOGROSSENSE DE MINERAÇÃO – METAMAT


Glauco Morales
José Roque Soares
Wilce Figueiredo

1
Estagiários CPRM
2
Prestador de Serviços
3
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: 4
METAMAT – Companhia Matogrossense de Mineração
3a
Embrapa Solos 5
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
3b
Embrapa Amazônia Ocidental 6
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
SUMÁRIO
VOLUME 1

APRESENTAÇÃO

1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Introdução .................................................................................................... 19
1.2 – Justificativas ................................................................................................. 22
1.3 – Objetivo Geral ............................................................................................. 23
1.4 – Objetivo Específico ...................................................................................... 23
1.5 – Metodologia ................................................................................................. 23
1.6 – Temas Abordados ......................................................................................... 24
1.6.1 – Geologia .............................................................................................. 24
1.6.2 – Recursos Minerais ............................................................................... 24
1.6.3 – Geomorfologia .................................................................................... 25
1.6.4 – Hidrologia ........................................................................................... 25
1.6.5 – Hidrogeologia ...................................................................................... 26
1.6.6 – Geoquímica ......................................................................................... 27
1.6.7 – Solos e Aptidão Agrícola ...................................................................... 28
1.6 8 – Uso Atual das Terras e Cobertura Vegetal ............................................. 28
1.6.9 – Diagnóstico Geoambiental .................................................................. 29
1.7 – Produtos....................................................................................................... 29

2 – GEOLOGIA
2.1 – Introdução .................................................................................................... 31
2.2 – Descrição das Unidades .............................................................................. 31
2.2.1 – Grupo Cuiabá ...................................................................................... 31
2.2.1.1 – Subunidade 3 .......................................................................... 32
2.2.1.2 – Subunidade 4 .......................................................................... 33
2.2.1.3 – Subunidade 5 .......................................................................... 33
2.2.1.4 – Subunidade 6 .......................................................................... 35
2.2.1.5 – Subunidade 7 .......................................................................... 36
2.2.1.6 – Ambiente de Sedimentação ...................................................... 37
2.2.1.7 – Idade ........................................................................................ 37
2.2.1.8 – Metamorfismo e Efeitos de Catáclase ........................................ 37
2.2.2 – Bacia do Paraná ................................................................................... 38
2.2.2.1 – Grupo Rio Ivaí ......................................................................... 38
2.2.2.1.1 – Ambiente de Sedimentação e Idade ............................ 39
2.2.2.2 – Grupo Paraná ........................................................................... 39
2.2.2.2.1 – Formação Furnas ........................................................ 39
2.2.2.2.2 – Formação Ponta Grossa .............................................. 40
2.2.2.2.3 – Ambiente de Sedimentação e Idade ............................ 41
2.2.2.3 – Grupo São Bento ..................................................................... 41
2.2.2.3.1 – Formação Botucatu..................................................... 41
2.2.2.3.2 – Ambiente de Deposição e Idade ................................. 42
2.2.3 – Coberturas Detrítico-lateríticas ............................................................ 42
2.2.4 – Formação Pantanal .............................................................................. 43
2.2.4.1 – Ambiente de Deposição e Idade ............................................... 44
2.2.5 – Aluviões Recentes ................................................................................ 44
2.2.5.1 – Subunidade Q2a1 ..................................................................... 44
2.2.5.2 – Subunidade Q2a2 ..................................................................... 44
2.3 – Geologia Estrutural ....................................................................................... 44
2.3.1 – Introdução ........................................................................................... 44
2.3.2 – Faixa Alto Paraguai .............................................................................. 45
2.3.2.1 – Zonas Estruturais da Faixa Alto Paraguai ................................... 45
2.3.2.2 – Deformações ............................................................................ 45
2.3.2.2.1 – Primeira Fase de Deformação ..................................... 45
2.3.2.2.2 – Segunda Fase de Deformação ..................................... 46
2.3.2.2.3 – Terceira Fase de Deformação ...................................... 46
2.3.2.2.4 – Quarta Fase de Deformação ....................................... 46
2.3.3 – Bacia do Paraná ................................................................................... 46
2.3.4 – Bacia do Pantanal ................................................................................ 46
2.3.5 – Interpretação Estrutural das Feições de Interesse Hidrogeológico .......... 47
2.4 – Bibliografia................................................................................................... 48

3 – RECURSOS MINERAIS
3.1 – Introdução.................................................................................................... 51
3.2 – Situação dos Direitos Minerários na Área do Projeto .................................... 51
3.3 – Descrição das Ocorrências ........................................................................... 52
3.3.1 – Areias e Cascalhos Aluvionares ........................................................... 52
3.3.1.1 – Método de Lavra ....................................................................... 54
3.3.1.2 – Impactos Ambientais ................................................................ 54
3.3.1.3 – Recomendações ....................................................................... 55
3.3.2 – Argila .................................................................................................. 55
3.3.2.1 – Método de Lavra ....................................................................... 59
3.3.2.2 – Impactos Ambientais ................................................................ 59
3.3.2.3 – Recomendações ....................................................................... 59
3.3.3 – Lateritas/Cascalho Laterítico ................................................................. 60
3.3.3.1 – Método de Lavra ....................................................................... 60
3.3.3.2 – Impactos Ambientais ................................................................ 61
3.3.3.3 – Recomendações ....................................................................... 61
3.3.4 – Cascalho de Veios de Quartzo ............................................................. 61
3.3.4.1 – Método de Lavra ....................................................................... 62
3.3.4.2 – Impactos Ambientais ................................................................ 62
3.3.4.3 – Recomendações ....................................................................... 62
3.3.5 – Ouro .................................................................................................... 62
3.3.5.1 – Métodos de Lavra ..................................................................... 63
3.3.5.2 – Impactos Ambientais ................................................................ 65
3.3.5.3 – Recomendações ....................................................................... 65
3.4 – Regimes de Aproveitamento dos Recursos Minerais ...................................... 66
3.4.1 – Tributação Minerária ............................................................................ 67
3.4.2 – Aspectos Institucionais ......................................................................... 68
3.4.3 – Legislação Ambiental ........................................................................... 69
3.4.3.1 – Constituição Federal ................................................................. 69
3.4.3.2 – Normas Federais ...................................................................... 70
3.4.4 – Legislação Ambiental (Estado de Mato Grosso) .................................... 70
ANEXO I ............................................................................................. 72
ANEXO II ............................................................................................ 72
3.4.5 – Normas Municipais ............................................................................. 72
3.4.5.1 – Gerenciamento Urbano de Cuiabá ........................................... 72
3.4.6 – Legislação Minerária ............................................................................ 73
3.4.6.1 – Constituição Federal ................................................................. 73
3.4.6.2 – Normas Federais ...................................................................... 73
3.4.7 – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais .......... 76
3.4.7.1 – Constituição Federal ................................................................. 76
3.4.7.2 – Normas Federais ...................................................................... 76
3.5 – Bibliografia................................................................................................... 77

4 – FORMAÇÕES SUPERFICIAIS – SUBSÍDIOS PARA O PLANEJAMENTO


4.1 – Introdução.................................................................................................... 79
4.2 – Definição e Análise Teórico-Conceitual ........................................................ 79
4.3 – Características Gerais dos Domínios ............................................................ 80
4.4 – Ocupação Urbana ........................................................................................ 81
4.4.1 – Características a Serem Observadas ..................................................... 81
4.4.2 – Problemas Constatados ........................................................................ 82
4.4.3 – Recomendações ................................................................................... 82
4.5 – Uso Agropecuário ........................................................................................ 83
4.5.1 – Problemas Constatados ........................................................................ 84
4.5.2 – Recomendações ................................................................................... 84
4.6 – Implantação de Obras Viárias ....................................................................... 85
4.6.1 – Problemas Constatados ........................................................................ 85
4.6.2 – Recomendações ................................................................................... 86
4.7 – Disposição de Rejeitos ................................................................................. 86
4.7.1 – Situação Atual ...................................................................................... 86
4.7.1.1 – Cuiabá ..................................................................................... 86
4.7.1.2 – Santo Antônio de Leverger ........................................................ 86
4.7.1.3 – Várzea Grande/Nossa Senhora do Livramento .......................... 86
4.7.1.4 – Chapada dos Guimarães ........................................................... 87
4.7.2 – Características a Serem Consideradas e Recomendações ...................... 87
4.7.3 – Critérios Recomendados para a Seleção de Áreas para a
Implantação de Aterros Sanitários ........................................................ 88
4.8 – Bibliografia................................................................................................... 89

5 – GEOMORFOLOGIA
5.1 – Introdução.................................................................................................... 91
5.2 – Metodologia ................................................................................................. 91
5.2.1 – Dados Básicos ..................................................................................... 91
5.2.2 – Documentação Cartográfica ................................................................. 93
5.2.3 – Compartimentação Geomorfológica ..................................................... 94
5.3 – Resultados.................................................................................................... 96
5.3.1 – Domínios Morfoestruturais .................................................................. 96
5.3.1.1 – Bacia Sedimentar do Paraná ...................................................... 96
5.3.1.2 – Faixa de Dobramentos Paraguai-Araguaia ................................. 97
5.3.1.3 – Bacia Sedimentar do Pantanal ................................................... 98
5.3.2 – Regiões Geomorfológicas .................................................................... 98
5.3.2.1 – Planalto dos Guimarães ............................................................ 99
5.3.2.2 – Depressão Cuiabana ................................................................. 99
5.3.2.3 – Pantanal Mato-grossense ........................................................ 100
5.3.3 – Unidades Morfológicas ...................................................................... 100
5.3.3.1 – Planalto Conservado ............................................................... 101
5.3.3.2 – Planalto Dissecado ................................................................. 101
5.3.3.3 – Depressão Dissecada ............................................................. 102
5.3.3.4 – Depressão Pediplanada .......................................................... 103
5.3.3.5 – Planícies Fluviais .................................................................... 104
5.3.4 – Formas de Relevo .............................................................................. 104
5.3.4.1 – Chapadas................................................................................ 105
5.3.4.2 – Colinas Amplas ...................................................................... 105
5.3.4.3 – Patamar .................................................................................. 106
5.3.4.4 – Morros e Morrotes Alongados................................................. 106
5.3.4.5 – Colinas Médias e Amplas ....................................................... 107
5.3.4.6 – Escarpa Erosiva ....................................................................... 107
5.3.4.7 – Rampas Coluvionadas ............................................................ 108
5.3.4.8 – Morros com Cristas e Encostas Ravinadas ............................... 109
5.3.4.9 – Morros e Morrotes Alinhados ................................................. 109
5.3.4.10 – Morrotes ............................................................................... 110
5.3.4.11 – Colinas Médias ..................................................................... 110
5.3.4.12 – Rampas Pediplanadas ........................................................... 111
5.3.4.13 – Planície Fluvial - Terraços Altos ............................................. 112
5.3.4.14 – Planície Fluvial - Terraços Baixos........................................... 112
5.3.4.15 – Planície Aluvionar Meandriforme .......................................... 113
5.3.4.16 – Leque Fluvial ........................................................................ 113
5.4 – Conclusões ................................................................................................ 113
5.5 – Bibliografia................................................................................................. 114

6 – SOLOS
6.1 – Aspectos Iniciais ........................................................................................ 117
6.2 – Métodos de Trabalho .................................................................................. 117
6.2.1 – Pesquisa Bibliográfica ........................................................................ 117
6.2.2 – Serviços Iniciais de Escritório e Campo .............................................. 117
6.2.3 – Serviços de Laboratório ..................................................................... 118
6.2.4 – Serviços Finais de Escritório ............................................................... 120
6.2.4.1 – Critérios, Definições e Conceitos para o Estabelecimento
das Classes de Solos e Fases Empregadas ............................... 120
6.3 – Aplicação e Importância do Estudo de Pedologia
para o Projeto SIG Cuiabá .......................................................................... 130
6.4 – Descrição das Classes de Solos .................................................................. 131
6.4.1 – Argissolos .......................................................................................... 131
6.4.1.1 – Argissolo Vermelho-Amarelo .................................................. 131
6.4.2 – Cambissolo Háplico .......................................................................... 133
6.4.3 – Gleissolo Háplico .............................................................................. 135
6.4.4 – Latossolos .......................................................................................... 135
6.4.4.1 – Latossolo Vermelho ................................................................ 136
6.4.4.2 – Latossolo Vermelho-Amarelo .................................................. 137
6.4.5 – Neossolo Litólico ............................................................................... 138
6.4.6 – Neossolo Flúvico ............................................................................... 140
6.4.7 – Neossolo Quartzarênico .................................................................... 141
6.4.8 – Planossolo Nátrico ............................................................................ 143
6.4.9 – Planossolo Háplico ............................................................................ 143
6.4.10 – Plintossolos ..................................................................................... 144
6.4.10.1 – Plintossolo Argilúvico ........................................................... 144
6.4.10.2 – Plintossolo Pétrico ................................................................ 145
6.4.11 – Vertissolo Háplico ........................................................................... 148
6.4.12 – Afloramentos de Rocha .................................................................... 149
6.5 – Legenda de Solos ........................................................................................ 149
6.6 – Conclusões e Recomendações .................................................................... 149
6.7 – Bibliografia................................................................................................. 155
6.8 – Glossário ................................................................................................... 157

7 – APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS


7.1 – Aspectos Iniciais ........................................................................................ 163
7.2 – Critérios Básicos ........................................................................................ 164
7.3 – Níveis de Manejo Considerados ................................................................. 164
7.3.1 – Grupos, Subgrupos e Classes de Aptidão Agrícola das Terras ............. 165
7.3.1.1 – Grupos de Aptidão Agrícola ................................................... 165
7.3.1.2 – Subgrupos de Aptidão Agrícola .............................................. 166
7.3.1.3 – Classes de Aptidão Agrícola ................................................... 166
7.3.2 – Representação Cartográfica ................................................................ 167
7.3.2.1 – Simbolização .......................................................................... 167
7.3.2.2 – Convenções Adicionais .......................................................... 168
7.4 – Condições Agrícolas das Terras .................................................................. 168
7.4.1 – Fatores de Limitação .......................................................................... 168
7.4.1.1 – Deficiência de Fertilidade ....................................................... 168
7.4.1.2 – Deficiência de Água ............................................................... 169
7.4.1.3 – Excesso de Água ou Deficiência de Oxigênio .......................... 170
7.4.1.4 – Susceptibilidade à Erosão ....................................................... 171
7.4.1.5 – Impedimentos à Mecanização ................................................ 171
7.5 – Avaliação das Classes de Aptidão Agrícola das Terras ................................. 172
7.6 – Viabilidade de Melhoramento das Condições Agrícolas das Terras .............. 174
7.7 – Classes de Aptidão Agrícola Segundo a Legenda de Identificação
dos Solos.................................................................................................... 174
7.8 – Descrição dos Subgrupos de Aptidão Agrícola ........................................... 189
7.8.1 – Terras com Aptidão Agrícola para Uso com Lavouras nos
Sistemas de Manejo A, B ou C ....................................................................... 189
7.8.2 – Terras com Aptidão Agrícola para Uso com Pastagem Plantada .......... 190
7.8.3 – Terras com Aptidão Agrícola para Uso com Silvicultura ..................... 190
7.8.4 – Terras com Aptidão Agrícola para Uso com Pastagem Natural ........... 190
7.8.5 – Terras Não-Indicadas para Utilização Agrícola ................................... 190
7.9 – Bibliografia................................................................................................. 191
8 – GEOQUÍMICA
8.1 – Introdução.................................................................................................. 193
8.2 – Objetivo ..................................................................................................... 194
8.3 – Métodos e Materiais ................................................................................... 194
8.3.1 – No Campo ......................................................................................... 194
8.3.2 – No Laboratório .................................................................................. 196
8.4 – Controle de Qualidade ............................................................................... 196
8.5 – Tratamento Estatístico ................................................................................. 197
8.6 – Resultados Obtidos .................................................................................... 197
8.6.1 – Sedimentos de Corrente ..................................................................... 197
8.6.2 – Água .................................................................................................. 212
8.7 – Conclusões ................................................................................................ 226

9 – HIDROLOGIA
9.1 – Reconhecimento da Área em Estudo ........................................................... 230
9.2 – Características Físicas das Bacias Hidrográficas .......................................... 230
9.2.1 – Forma da Bacia .................................................................................. 231
9.2.2 – Sistema de Drenagem ........................................................................ 231
9.2.3 – Relevo do Terreno .............................................................................. 232
9.3 – Caracterização Climática ............................................................................ 232
9.3.1 – Temperatura do Ar ............................................................................. 232
9.3.2 – Umidade Relativa do Ar..................................................................... 233
9.3.3 – Evaporação Total ................................................................................ 233
9.3.4 – Precipitação Total ............................................................................... 234
Precipitação Média na Área do Projeto .............................................. 236
Máximo Percentual de Contribuição (MPC)........................................ 236
Precipitação Máxima de 1 Dia ........................................................... 237
Número de Dias de Chuva ................................................................ 238
9.4 – Estudo das Vazões ...................................................................................... 238
9.4.1 – Caracterização do Regime Fluvial do Rio Cuiabá ............................... 239
Influência da Barragem no Rio Manso nas Vazões do Rio Cuiabá ....... 239
Estudo de Vazões Mínimas ................................................................. 243
Curva de Permanência das Vazões ..................................................... 243
Vazão Mínima de Sete Dias Consecutivos com Período de
Retorno de 10 Anos (Q7,10) ................................................................. 244
Curva de Recessão ............................................................................. 244
Estudo das Vazões Máximas ............................................................... 245
9.4.2 – Vazões Medidas na Área do Projeto ................................................... 245
9.5 – Sedimentologia ........................................................................................... 246
9.6 – Qualidade da Água..................................................................................... 251
Parâmetros Físicos, Químicos e Biológicos Analisados ....................... 251
Parâmetros Analisados para Detecção de Pesticidas ........................... 254
9.7 – Balanço Hidrológico Mensal ...................................................................... 260
9.8 – Balanço Hídrico ......................................................................................... 260
9.9 – Disponibilidade Hídrica ............................................................................. 260
9.10 – Projeto de Rede Hidrológica ..................................................................... 261
9.11 – Conclusões ............................................................................................... 261
9.12 – Bibliografia ............................................................................................... 263
ANEXO – Tabela A1 – Dados Hidrológicos .............................................. 265
10 – HIDROGEOLOGIA
10.1 – Introdução ................................................................................................ 269
10.2 – Metodologia ............................................................................................. 270
10.2.1 – Distribuição dos Poços .................................................................... 271
10.3 – Trabalhos Anteriores ................................................................................. 271
10.4 – Uso da Água Subterrânea ......................................................................... 272
10.5 – Compartimentação Hidrogeológica .......................................................... 274
10.5.1 – Aqüíferos Porosos ............................................................................ 274
10.5.1.1 – Aluviões - Q2a1/Q2a2 .......................................................... 274
10.5.1.2 – Pantanal - Q1p1 ................................................................... 275
10.5.1.3 – Cobertura Detrito-laterítica - NQdl ....................................... 276
10.5.1.4 – Botucatu - J3K1bt ................................................................. 276
10.5.1.5 – Ponta Grossa - Dpg .............................................................. 276
10.5.1.6 – Furnas/Rio Ivaí - D1f/O3S1rv ................................................ 276
10.5.2 – Aqüífero Fraturado - Cuiabá - NPcu ................................................. 277
10.5.2.1 – Profundidade dos Poços ....................................................... 280
10.5.2.2 – Nível Estático ....................................................................... 280
10.5.2.3 – Nível Dinâmico .................................................................... 281
10.5.2.4 – Vazão ................................................................................... 282
10.5.2.5 – Capacidade Específica .......................................................... 282
10.6 – Qualidade da Água................................................................................... 282
10.7 – Vulnerabilidade dos Aqüíferos .................................................................. 283
10.8 – Reserva Explotável .................................................................................... 284
10.9 – Conclusão ................................................................................................ 285
10.10 – Bibliografia ............................................................................................. 286

11 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E LEGISLAÇÃO – ECOTURISMO


11.1 – Introdução ................................................................................................ 287
11.2 – Unidades de Conservação ........................................................................ 287
11.2.1 – Tipos de Unidades de Conservação Existentes na Área do Projeto .... 287
11.2.1.1 – APAs - Áreas de Proteção Ambiental ..................................... 287
11.2.1.1.1 – APA da Chapada dos Guimarães ............................ 288
11.2.1.2 – Parques Nacionais, Estaduais e Municipais ........................... 289
11.2.1.2.1 – Parque Nacional da Chapada dos Guimarães ......... 289
11.2.1.2.2 – Parque da Cidade - Mãe Bonifácia .......................... 289
11.3 – Ecoturismo ............................................................................................... 289
11.3.1 – Caverna do Aroe Jari ........................................................................ 289
11.3.2 – Mirante ............................................................................................ 290
11.3.3 – Morro de São Jerônimo .................................................................... 290
11.3.4 – Cidade de Pedra ............................................................................... 291
11.3.5 – Portão do Inferno ............................................................................. 292
11.3.6 – Cachoeira do Véu da Noiva ............................................................. 292
11.3.7 – Cachoeirinha ................................................................................... 292
11.3.8 – Salgadeira ........................................................................................ 293
11.3.9 – Caminho das Águas ......................................................................... 293
11.3.10 – Casa de Pedra ................................................................................ 293
11.3.11 – Morro de Santo Antônio ................................................................. 294
11.3.12 – Baía Grande ................................................................................... 294
12 – MAPA GEOAMBIENTAL – NOTA EXPLICATIVA
12.1 – Introdução ................................................................................................ 295
12.2 – Metodologia ............................................................................................. 295
12.3 – Domínios e Unidades Geoambientais ...................................................... 296
12.4 – Análise Regional para Planejamento Territorial ......................................... 300
12.5 – Bibliografia ............................................................................................... 303
APRESENTAÇÃO

“Governar é tomar decisão e a decisão correta é aquela


baseada em informações confiáveis”

As crescentes necessidades humanas e a expansão das atividades econômicas


estão exercendo pressão cada vez maior sobre os recursos naturais, criando
competição e conflitos, tendo em geral, como resultado, o uso impróprio da
aptidão natural da terra.
Para o uso adequado da terra é necessária uma abordagem integrada dos
meios físico, biótico, socioeconômico e cultural, pois a sobrevivência da
humanidade dependerá, principalmente neste milênio, da nossa capacidade de
entender os princípios básicos da ecologia, como: interdependência, reciclagem,
parceria, flexibilidade, diversidade e, tendo como conseqüência a incansável busca
do desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, foi elaborado o Projeto “Sistema de Informação
Geoambiental de Cuiabá, Várzea Grande e Entorno” (SIG Cuiabá), iniciado em
maio de 2004, por meio de convênio firmado entre a CPRM – Serviço Geológico
do Brasil e a Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Estado de
Mato Grosso – SICME, contando ainda com a colaboração local da Companhia
Matogrossense de Mineração (METAMAT); da EMBRAPA (CNPS e Amazônia
Ocidental) e participação de professores do Departamento de Geologia da
Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT.
Os estudos consistiram em produzir um diagnóstico dos problemas ligados
ao meio físico, na região que abrange totalmente os municípios de Cuiabá e
Várzea Grande e parte dos municípios de Santo Antônio de Leverger, Nossa
Senhora do Livramento e Chapada dos Guimarães, retratados em cartas temáticas
relacionadas a: geologia, geomorfologia, recursos hídricos, solos, aptidão
agrícola, formações superficiais, geoquímica, uso atual do solo e cobertura
vegetal/unidades de conservação, material para construção civil/insumos
agrícolas e outros bens minerais.
Concomitantemente, foram levantadas as informações básicas da mineração
tais como: localização das ocorrências e lavras, aspectos legais e os impactos
ambientais. Estes dados propiciarão a elaboração do Plano Diretor de Mineração
da região em estudo.
O conjunto de informações acima relatadas foi integrado, sintetizado e
espacializado no Mapa Geoambiental, contendo informações relativas às
potencialidades minerais, hídricas, agrícolas/pastagens e ecoturísticas, bem como
as limitações frente ao uso como urbanização, disposição de resíduos sólidos,
obras viárias e dutos. Esses produtos estão disponibilizados em um Sistema de
Informações Geográficas – SIG, com acesso via Internet (www.cprm.gov.br) .
Finalmente, temos a satisfação de estar entregando aos atuais e futuros gestores
da região, bem como a sociedade, importante instrumento de planejamento e
gestão do território, o qual contribuirá significativamente para o desenvolvimento
sustentável de Cuiabá, Várzea Grande e Entorno.

José Ribeiro Mendes


Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

1– INTRODUÇÃO

1.1 – INTRODUÇÃO cas e os conflitos de uso do solo come-


çam a ocorrer: como as áreas de lixões
Através de convênio com a SICME localizadas próximo às zonas frágeis, a
– Secretaria da Industria, Comércio, Mi- produção agrícola contamina o solo e a
nas e Energia do Estado de Mato Grosso, água; desmatamentos aceleram os pro-
a CPRM – Serviço Geológico do Brasil ini- cessos erosivos provocando assoreamen-
ciou estudos do meio físico de uma área to dos cursos de água resultando em
de 5.250km2, abrangendo os municípios freqüentes inundações; áreas tradicional-
da região de Cuiabá, Várzea Grande e mente destinadas a mineração são en-
Entorno. Esta região apresenta expressivo globadas por núcleos urbanos e a
adensamento populacional e uma consi- crescente poluição dos recursos hídricos
derável concentração de renda, além de superficiais e subterrâneos torna crítico
possuírem graves distorções urbanas, tais o abastecimento das cidades.
como: crescimento físico desmesurado e Compõe-se, assim, um quadro em
desordenado, conurbação, conflito entre que estas regiões, a um só tempo se cons-
diversas atividades econômicas, retenção tituem em áreas concentradoras de renda
especulativa do solo urbano e produção e espaços urbanos de elevado grau de
de vazios urbanos infra-estruturados, uso pobreza e degradação ambiental. Fica
e ocupação de solos inadequados, peri- evidenciado que essas áreas exigem atua-
ferização do crescimento físico, com for- ção especificamente dirigida para o en-
mação de cidades dormitórios e segrega- frentamento dessas graves questões.
ção espacial da população de baixa Assim, torna-se imperativo a implan-
renda, aumento da poluição e da agres- tação de projetos que forneçam informa-
são ao meio ambiente, com comprometi- ções que venham a sanar esta deficiência
mento dos recursos naturais. e contribuir, para que nestas Regiões o de-
Ao se desenvolverem, estas regiões senvolvimento econômico seja acompa-
incrementam suas atividades econômi- nhado de uma melhoria da qualidade

19
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

de vida da população e uma convivên- Jataí (GO); a BR-070 de Cuiabá a Ara-


cia harmônica com meio ambiente. garças (GO); a BR-158 de Cuiabá a San-
Para tanto foram executados levanta- tana do Araguaia no Pará e a BR-174 de
mentos nos temas: Geologia; Geomorfo- Cuiabá a Vilhena (RO). Dentre as rodo-
logia; Geoquímica; Hidrologia; Hidro- vias estaduais destacam-se a MT-251 de
geologia; Formações Superficiais; Solos; Cuiabá a Chapada dos Guimarães, a MT-
Aptidão Agrícola, Uso e Ocupação Atual 040 de Cuiabá a Santo Antônio de Le-
das Terras e Unidades de Conservação, verger; e a MT-060 de Cuiabá a Nossa
na escala 1:100.000. Senhora do Livramento. Além disso a
Todos esses temas foram reunidos em região pode ser alcançada por via aérea
um mapa único, denominado de Mapa por aeronaves de pequeno e grande porte
Geoambiental, de forma clara e acessí- através do Aeroporto Marechal Rondon.
vel para a utilização dos órgãos oficiais O rio Cuiabá apesar de no passado ter
de planejamento e da comunidade sido de grande importância para se atin-
como um todo. gir a região, atualmente não é utilizado
A área do projeto abrange os municí- como via de acesso regular.
pios de Cuiabá e Várzea Grande em sua A área em estudo possui uma popu-
totalidade e parcialmente os municípios lação em torno de 950.000 habitantes,
de Chapada dos Guimarães, Santo Antô- sendo que 97% concentram-se nos mu-
nio de Leverger e Nossa Senhora do Li- nicípios de Cuiabá e Várzea Grande.
vramento, estando localizada entre os A densidade demográfica tem média
meridianos 55°00’ e 57°00’ de longitude de 11,36 habitantes por quilômetro qua-
oeste e os paralelos 15°00’ e 16°00’ de drado, sendo que em Cuiabá/Várzea Gran-
latitude sul (Figura 1.1). de esta densidade é de aproximadamente
O acesso à região faz-se através das 25 habitantes por quilômetro quadrado.
rodovias: BR-163 que liga Cuiabá a Cam- O clima da região de Cuiabá/Várzea
po Grande (MS); a BR-364, de Cuiabá a Grande e entorno é um clima típico de

Figura 1.1 – Área abrangida pelo projeto.

20
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

savanas tropicais, caracterizando-se por xipó e ribeirão Bandeira. Esses rios são
apresentar dois períodos bem definidos, importantes tanto pelas áreas que suas
um seco (inverno) que vai de abril a outu- bacias ocupam como também pelo pa-
bro e outro úmido (verão) de novembro a pel que exercem na economia regional.
março. Desta forma os meses de novem- Essas drenagens apresentam caracte-
bro a março marcam o período mais chu- rísticas diversas, influenciadas pela natu-
voso do ano e também o mais quente reza geológica do terreno, condicionados
quando as temperaturas médias chegam às estruturas, litologias e formas de relevo.
a 35°C. Nos meses de junho a agosto as A bacia do rio Aricá-Açu é a princi-
temperaturas chegam a cair abaixo de pal bacia hidrográfica da área. Ocupa
10°C. A umidade relativa do ar é variável uma área de 1.686km2 e drena a porção
com uma média anual em torno de 74%. leste da região estudada e percorre apro-
A cobertura vegetal é caracterizada ximadamente 80km no sentido de leste
principalmente por cerrado; campos cerra- para oeste infletindo para sul até desa-
dos; matas-galerias e campos pantanosos. guar no rio Cuiabá. Suas nascentes situ-
Predominam os cerrados e campos am-se na Chapada dos Guimarães com
cerrados representados por um extrato ar- altitudes que ultrapassam 600m. Seus
bóreo com árvores muito espaçadas en- principais tributários da margem direita
tre si e um extrato herbáceo constituído são os córregos: Pesqueiro; Taquarussu;
por gramíneas. Em geral as árvores são Chagas; Traíra; Sucuri; das Pedras; Ca-
de pequeno a médio porte, variando de bral e Médico; e os ribeirões: Formosa;
dois a oito metros de altura com troncos e do Couro; Sumidouro e dos Cágados,
galhos retorcidos, folhas graúdas e áspe- além do rio Aricazinho. Pela margem
ras. O extrato de gramíneas em geral não esquerda destacam-se os córregos Poção
ultrapassa 50 centímetros de altura e é e Marcação.
representado principalmente por capim A bacia do rio Pari ocupa uma área
flecha, capim membeca, capim barba-de- de 753km2 na porção oeste do projeto.
bode e capim mimoso. O rio segue de sudoeste para nordeste
As matas-galerias desenvolvem-se ao em percurso de aproximadamente 70km
longo das margens das drenagens consti- até o rio Cuiabá. Suas nascentes estão
tuindo uma vegetação mais densa e com em cotas que não ultrapassam 450m.
árvores de médio a grande porte que so- Pela margem direita seus principais aflu-
bressaem em relação ao cerrado e aos entes são os córregos: Marcelino; Fun-
campos cerrados. do; João Rodrigues; Torrado; Tarumã e
No limite sul da área do projeto na Pitomba. E pela margem esquerda os
baixada do rio Cuiabá tem-se o Pantanal córregos: Aguaçu; Buriti; Jacaré; Salinas
Mato-grossense cuja cobertura vegetal va- e da Lavadeira. Durante o período de
ria de local para local ora com caracterís- estiagem tanto o rio Pari como seus aflu-
ticas da vegetação de planalto, ora com entes secam totalmente, tornando-se a
características de vegetação de baixada região extremamente árida, com fazen-
com uma alternância de espécies hidró- das fechadas e abandonadas pela carên-
filas com mesófilas e xerófilas. Nas por- cia de água para o gado e pastagens.
ções mais elevadas do pantanal são O rio Coxipó drena uma área de
comuns manchas de uma vegetação 676km2 na região nordeste do projeto,
mais densa e alta. percorrendo de nordeste para noroeste
A área é drenada pelas bacias dos cerca de 60km sobre um relevo bastante
rios Cocaes, Pari, Esmeril, Aricá-Açu, Co- acidentado, com leito regular e sinuoso.

21
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Suas nascentes estão na Chapada dos esta situação modificou-se drasticamente


Guimarães em altitude superior a 600m. e hoje mais de 80% da população brasi-
Seu principal afluente pela margem es- leira concentra-se nas regiões urbaniza-
querda é o córrego Castelhano e pela das, principalmente nas grandes cidades
margem direita os rios: dos Peixes; Mu- institucionalizadas como Regiões Metro-
tuca e Claro, além dos córregos Moinho; politanas. Este êxodo rural em direção às
Pirapora e Salgadeira. grandes cidades foi motivado pela tenta-
A bacia do rio Cocaes localiza-se na tiva de busca de novas oportunidades de
porção noroeste e drena uma área de emprego. Conforme atestam os dados do
490km2, percorrendo de oeste para leste IBGE, o crescimento populacional dessas
uma distância de 20km, infletindo então regiões cresce em índices superiores aos
para norte, percorrendo mais 8km até o estaduais e federais e tendem a concen-
rio Cuiabá. Suas nascentes situam-se em trar de 50% a 70% do PIB dos estados.
cotas não superiores a 350m e seus prin- Frente a este rápido crescimento po-
cipais afluentes pela margem esquerda pulacional, o déficit habitacional, o abas-
são os córregos: Barbeiro; Aguaçu; Ca- tecimento de água, educação, saúde,
randazinho e Formigueiro. Pela margem segurança e a alimentação da população,
direita destacam-se os córregos: Buritizi- passaram a ser os problemas mais difíceis
nho; João Leme; Tabatinga e Traíras. de serem resolvidos. Na ausência de um
O rio Bandeira drena uma área de programa habitacional associado a uma
337km2, nascendo no limite norte do pro- política de uso e ocupação do solo, a ex-
jeto e percorrendo de norte para sul pansão urbana ocorre, em grande parte
aproximadamente 20km quando então em áreas impróprias ou de forma inade-
inflete para oeste percorrendo mais 15km quada, acarretando inúmeros problemas
até o rio Cuiabá. Suas nascentes não ul- não só ao meio ambiente, como à pró-
trapassam 300m de altitude. Seus aflu- pria população aí assentada e aos pode-
entes pela margem esquerda são os res públicos responsáveis pelos serviços
córregos Capitão e do Nicolau e pela de infra-estrutura nestas áreas.
margem direita o córrego do Ouro e o Dentre estes problemas cabe salien-
ribeirão Dois Córregos. tar a ocupação de áreas com declivida-
A bacia do ribeirão Esmeril situa-se na des muito acentuadas, geologicamente
porção norte/noroeste da área do projeto instáveis, sujeitas à erosão e deslizamen-
drenando 365km2. O ribeirão percorre tos, situadas junto a curso de água, com
cerca de 15km no sentido oeste para les- vegetação de preservação permanente,
te, então infletindo para nordeste percor- sujeitas à inundação etc.
rendo mais 12km até o rio Cuiabá. O lixo, depositado irregularmente,
Na margem esquerda seus afluentes obstrui o sistema de esgotamento sani-
que merecem destaque são os córregos tário e polui as águas superficiais e sub-
do Paulo e das Antas e pela margem di- terrâneas.
reita os córregos Salinas e Carandá. Inúmeros são os casos conhecidos na
literatura geológica de áreas que possuíam
1.2 – JUSTIFICATIVAS depósitos minerais passíveis de serem usa-
dos pela indústria da construção civil e
Nas décadas de 1950 e 1960 a distri- que foram ocupados por vilas populares,
buição da população brasileira dividia-se obrigando aos mineradores explotar jazi-
em 50% na zona rural e 50% nas áreas das cada vez mais distantes dos centros
urbanas. Nas décadas de 1970 a 1990, consumidores, a custos crescentes.

22
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Outrossim, é importante racionalizar a de informações básicas sobre o meio fí-


utilização dos recursos naturais existentes sico, contribuindo para a otimização dos
na região, necessários para o incremento investimentos e atividades dos setores
da produção agrícola, para o fornecimen- público e privado, com ganhos de qua-
to de material para a construção civil, abas- lidade de vida para a população.
tecimento de água para a população e de
insumos básicos para a atividade industrial, 1.4 – OBJETIVO ESPECÍFICO
de forma a compatibilizar a aptidão do
meio físico e a preservação ambiental com Disponibilizar aos órgãos de plane-
o desenvolvimento econômico e a melho- jamento, na esfera federal, estadual e
ria da qualidade vida da população. Por municipal, mapas temáticos, de síntese,
falta de planejamento é comum encontrar na escala 1:100.000 numa área de
áreas adequadas à agricultura e a localiza- 5.230km², e informes técnicos, que retra-
ção de pedreiras para material de constru- tem as características do meio físico da
ção civil, ocupadas por outros usos, obri- região, com ênfase nas suas potencialida-
gando os agricultores e mineradores des minerais, aqüíferas, agrícolas e bele-
buscarem áreas cada vez mais distantes dos zas cênicas; suas fragilidades ambientais
centros consumidores, encarecendo o pre- e nos problemas ligados ao meio físico
ço final dos produtos produzidos. decorrentes do processo de urbanização.
Esta situação, comum à maioria das O Plano Diretor de Mineração visa dis-
regiões metropolitanas, deve-se em parte ponibilizar um diagnóstico das atividades
à falta de um planejamento adequado minerárias nas regiões urbanas e entornos,
para o qual é de fundamental importân- considerando-se o planejamento e a re-
cia a disponibilidade de um sistema de gulamentação do espaço metropolitano,
informações básicas sobre as característi- objetivando eliminar os conflitos na dis-
cas do seu meio físico, contemplando suas puta pela ocupação do solo, garantindo
aptidões e restrições ao uso e ocupação o desenvolvimento da mineração, com a
para fins urbano, agrícola e mineral. conseqüente segurança no suprimento de
A execução deste projeto de respon- matérias-primas minerais.
sabilidade da CPRM – Serviço Geológico
do Brasil, tem como atores importantes os 1.5 – METODOLOGIA
órgãos federais, estaduais, municipais e as
universidades, que atuam no planejamen- A metodologia utilizada para a exe-
to e gestão destas regiões. Este arranjo ins- cução dos trabalhos foi aquela normal-
titucional é de extrema importância para mente utilizada pela CPRM, quando da
que as informações geradas pelo Serviço realização de levantamentos desse tipo.
Geológico do Brasil e demais órgãos par- Em uma primeira fase procurou-se um
ceiros, sejam efetivamente integradas aos arranjo institucional, uma integração com
Planos Diretores Municipais. os órgãos de planejamento, em níveis fe-
deral, estadual e municipal, e com as uni-
1.3 – OBJETIVO GERAL versidades, para o estabelecimento de
parcerias, no sentido de colaborar/parti-
O Sistema de Informação Geoambi- cipar no planejamento e execução das ati-
ental de Cuiabá, Várzea Grande e Entor- vidades do projeto;
no – SIG Cuiabá tem como objetivo A fase seguinte constou de uma ava-
maior subsidiar a gestão e o planejamen- liação preliminar, ou seja, da identifi-
to da região, através da disponibilização cação dos problemas do meio físico, já

23
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

implantados e potenciais, relacionados dados, os quais fornecerão as informa-


à ocupação urbana e atividades antrópi- ções básicas sobre os principais aspec-
cas associadas. tos do meio físico, necessários ao
Para tanto foram visitadas e contac- planejamento urbano e que possibilita-
tadas as prefeituras e organizações que rão uma visão geral do território, quan-
atuam nos municípios que compõem a do as suas aptidões e restrições ao uso e
área de estudo, buscando informações ocupação do solo.
sobre os problemas decorrentes das inun-
dações, erosão, colapsos, poluição dos 1.6 – TEMAS ABORDADOS
recursos hídricos superficiais e subterrâ-
neos, conflitos com a mineração e as 1.6.1 – GEOLOGIA
principais potencialidades naturais dos
municípios. Após a revisão do acervo bibliográ-
Este diagnóstico preliminar permitiu fico compreendendo trabalhos desenvol-
prognosticar as áreas que futuramente vidos pela CPRM e outras entidades,
poderiam apresentar problemas ambien- efetuou-se uma integração desses dados
tais em função do avanço da urbaniza- com a elaboração de um mapa de servi-
ção. A partir destas informações foram ço na escala 1:100.000, que serviu para
elaboradas as Cartas Temáticas, a serem o planejamento de perfis geológicos para
executadas visando o equacionamento atualização. Após as incursões expeditas
dos problemas diagnosticados. de campo, para fins de conferência e co-
A seguir partiu-se para outra fase que leta de dados adicionais, fez-se a consoli-
constou do levantamento dos temas de dação de todas as informações.
geologia; recursos minerais; solos; hidro- O resultado dessa revisão deu origem
logia, dentre outros desenvolvidos na a Carta Geológica final apresentada em
área abrangida pelo projeto. escala 1:100.000.
A fase seguinte constou da interpreta-
ção de imagens de satélite e fotografias 1.6.2 – RECURSOS MINERAIS
aéreas a partir do que juntamente com as
informações obtidas do diagnóstico pre- Os recursos minerais na área do pro-
liminar e dos levantamentos dos dados jeto concentram-se principalmente no se-
existentes elaboraram-se as bases carto- tor de materiais para a construção civil
gráficas sobre as quais foram lançados (argila, areia, cascalhos), ouro e água po-
todos os dados relacionados aos temas a tável de mesa. Assim, a argila é extraída
serem abordados durante a execução dos às margens do rio Cuiabá e a areia é dra-
trabalhos. gada no leito do mesmo rio. O cascalho
Seguiu-se então a fase de verificação laterítico e o cascalho quartzoso são
de campo para cada tema proposto com abundantes e explotados para utilização
o levantamento de dados que caracte- em revestimento e encascalhamento de
rizassem e auxiliassem na elaboração rodovias. Ainda, em Chapada dos Gui-
das cartas temáticas finais na escala marães, há uma ocorrência de água po-
1:100.000. tável de mesa que é explotada e engar-
Com todos os dados obtidos através rafada pela firma Águas Minerais
de trabalhos anteriores e os levantados Lebrinha Ltda. A região tem potencial ele-
durante a etapa de campo foram então vadíssimo para ouro, porém toda a ex-
elaborados os mapas temáticos e de sín- tração está paralisada por órgãos gover-
tese, relatórios e construção de bases de namentais federais e estaduais.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Em parceria com a SICME e a Com- zamentos, fraturas no solo), áreas depri-


panhia Mato-grossense de Mineração – midas e alagadiças.
METAMAT, foram detalhados os seguin- A partir da identificação das diferen-
tes itens: ças litoestruturais, feições de modelado e
– cadastramento e descrição de todas as dos processos que ocorrem, foi possível
ocorrências minerais existentes; definir as unidades geomorfológicas e es-
– perfil dos insumos minerais (reservas, tabelecer a influência de cada sistema na
produção mineral x oferta x demanda; dinâmica superficial – seu potencial ero-
uso dos bens minerais); sivo e potencial como fonte de sedimen-
– descrição dos métodos de lavra e bene- tos. O reconhecimento da dinâmica su-
ficiamento; perficial (erosão-transporte-deposição
– estudo dos impactos ambientais causa- de sedimentos) permitiu avaliar o grau
dos pela extração mineral e medidas de fornecimento de detritos para a rede
mitigadoras a serem adotadas para a de drenagem. Foram mapeadas também
reabilitação do solo; as áreas de risco onde foram delimita-
– legislações mineira e ambiental. dos os domínios sujeitos a desmorona-
Os dados obtidos por este levanta- mentos, erosão e inundações.
mento estão plotados na Carta de Recur- As feições geomorfológicas da área
sos Minerais na escala 1:100.000 e podem apresentam um comportamento que re-
ser acessados no sistema SIG através de flete nitidamente as influências de um con-
uma base de dados em Access. junto de condicionamentos que insere di-
versos fatores no seu desenvolvimento.
1.6.3 – GEOMORFOLOGIA Entre eles estão os fatores geológico-
estruturais representados pela formação
Os estudos geomorfológicos foram das escarpas da Chapada do Guimarães
executados em íntima relação com os es- e pela Depressão Cuiabana.
tudos geológicos e pedológicos já exis- Neste trabalho foram identificadas 5
tentes na região, tendo como objetivo (cinco) unidades morfológicas distintas:
precípuo a avaliação da suscetibilidade 1 – Planalto Conservado; 2 – Planalto Dis-
dos terrenos aos processos erosivos atu- secado; 3 – Depressão Dissecada; 4 – De-
antes e principalmente, na dinâmica flu- pressão Pediplanada; e, 5 – Planícies
vial do rio Cuiabá. O Mapa Geomorfo- Fluviais.
lógico foi elaborado na escala 1:100.000,
representa um tema de grande impor- 1.6.4 – HIDROLOGIA
tância para o planejamento territorial e
gestão ambiental. Para a execução do Nas últimas décadas a região de Cuia-
mapa, procedeu-se a análise de fotogra- bá, Várzea Grande e entorno sofreu uma
fias aéreas, cartas topográficas e imagens profunda alteração relativa à qualidade e
de satélites, acompanhada de pesquisa quantidade dos seus recursos hídricos, de-
bibliográfico-cartográfica e de trabalhos vido ao desmatamento, ocupação desorde-
de campo. nada, instalação de indústrias poluidoras e
O reconhecimento de campo incluiu queimadas, além de várias chácaras e sítios
a observação de formas de modelado, de- de lazer, nas margens dos cursos de água.
clividades, tipos de rocha, fontes poten- Enfim, problemas ligados ao meio físico,
ciais de sedimentos (solo exposto), áreas decorrentes do processo de urbanização.
suscetíveis a movimentos de massas (en- A precipitação pluviométrica média
costas declivosas com cicatrizes de desli- anual entre os anos de 1974 a 2003 foi da

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ordem de 1.556mm, concentrando-se nos – Estudo sobre a disponibilidade hídrica


meses de novembro a março, quando as superficial da região;
médias mensais ficam acima de 200mm. – Estudo da influência da barragem no rio
Nos meses de outubro e abril, início e fim Manso nas vazões do rio Cuiabá no tre-
das chuvas respectivamente, a média men- cho em estudos;
sal cai para 130mm. Entre os meses de – Elaboração de um projeto de rede hi-
maio e setembro as médias são inferiores a drológica visando o monitoramento das
60mm, limite estabelecido para que um sub-bacias, com a finalidade de forne-
mês seja considerado seco. cer informações para múltiplos usos e
O balanço hídrico contabiliza o con- para outorga de água.
fronto entre a precipitação e a evapotrans- A Carta Hidrológica será apresentada
piração sintetizando de uma maneira na escala 1:250.000.
geral os regimes climáticos. No caso, o
balanço hídrico foi calculado para a esta- 1.6.5 – HIDROGEOLOGIA
ção fluviométrica de Cuiabá, utilizando
dados relativos de pluviometria, evapo- Esse levantamento de parte da região
transpiração potencial e evapotranspira- de Cuiabá, Várzea Grande e Entorno, na
ção real, demonstrando uma situação de escala 1:100.000, deve ser encarado
déficit entre julho e setembro e excesso como uma etapa de um programa contí-
em janeiro. Nota-se que o período de ex- nuo de monitoramento e estudo dos re-
cesso coincide com a época mais chuvo- cursos hídricos.
sa e o déficit corresponde ao período em Foram cadastrados 525 poços na
que a evapotranspiração potencial supe- região estudada e proximidade, dos
ra a precipitação pluviométrica e a repo- quais 445 poços com dados foram usa-
sição de água no solo acontece quando dos nos cálculos estatísticos e estudos
a precipitação é maior que a evapotrans- dos aqüíferos. Compõem um banco de
piração potencial. dados, em Access, que faz parte da do-
Os estudos hidrológicos nesta região, cumentação do projeto, e também es-
com área de drenagem de 5.230km2, tão no cadastro nacional de poços
compreendendo o trecho da bacia do rio (SIAGAS) da CPRM que pode ser aces-
Cuiabá que abrange as sub-bacias dos sado via internet.
rios Coxipó, Pari, Aricá-Açu, Bandeira, Es- O reconhecimento dos diversos tipos
meril e Cocaes, virão subsidiar as infor- de aqüíferos foi baseado nas caracterís-
mações necessárias para o estudo e ticas litológicas e estruturais, documen-
planejamento do meio físico, levando em tadas no mapa geológico, e nos dados
consideração a integração com a geolo- obtidos dos poços. Dessa forma, diver-
gia e a hidrogeologia. sas unidades geológicas foram agrupa-
Os estudos hidrológicos realizados das de acordo com as características
compreenderam as seguintes etapas: hidrogeológicas semelhantes, resultando
– Levantamento de dados hidroclimato- em dois grandes grupos: o Domínio Po-
lógicos e trabalhos ambientais já elabo- roso, composto pelas formações areno-
rados, dentro da área do projeto; sas da Bacia Sedimentar do Paraná e
– Coleta de dados em campo, em diferen- pelas formações superficiais do Cenozói-
tes meses do ano, contemplando as épo- co, e o Domínio Fraturado, composto
cas de estiagem e cheia; pelas rochas das unidades do Proterozói-
– Tratamento estatístico dos dados obti- co do Grupo Cuiabá, que afloram na
dos; maior parte da área.

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A vulnerabilidade natural à contami- É recomendado um maior controle


nação foi avaliada com base no grau de sobre o lançamento de contaminantes nos
exposição direta e tipos litológicos dos cursos d’água e solo, para diminuir a de-
aqüíferos. gradação da qualidade da água subterrâ-
Foi constatado que, na área de con- nea, bem como estudos detalhados dos
centração populacional de Cuiabá/Vár- sistemas aqüíferos, principalmente em
zea Grande, há uma intensa utilização de áreas com maior demanda devido à con-
água subterrânea. Do total de poços ca- centração populacional, ou em áreas com
dastrados na área do projeto, a maioria alta potencialidade exploratória.
está nessa área urbana, sendo que 43%
do total cadastrado destina-se ao abaste- 1.6.6 – GEOQUÍMICA
cimento público.
O principal aqüífero da área é forma- Foram coletadas e analisadas amos-
do pelos metassedimentos de baixo grau tras de água e sedimentos de corrente
do Grupo Cuiabá, que é um aqüífero fra- para verificar: a) o nível de contamina-
turado livre com relativamente pouca pro- ção dos rios em toda a região de estudo
fundidade, onde, em 56% dos poços, o e sua correlação com as endemias locais;
nível estático estava a profundidade me- b) possíveis ocorrências de minerais me-
nor que 15m. tálicos e industriais.
A profundidade dos poços varia de Como o estudo abrange todo o siste-
30m a 250m, sendo que 60% estão na ma de sub-bacias, a coleta de sedimentos
faixa de 90m a 130m. de corrente, água e solos, compatível
A capacidade específica dos poços é, com a escala 1:100.000, estendeu-se a
em geral baixa, com média de 0,48m³/h/m, todos os tributários representativos. Foram
sendo a maioria abaixo de 0,3 m³/h/m. coletadas 105 amostras de sedimentos de
Alguns poços apresentaram vazões al- corrente e 105 de água.
tas, acima de 60m³/h, no entanto a mé- Sendo a água um elemento funda-
dia é de 12m³/h, sendo que a maioria mental da vida, seus múltiplos usos são
dos poços apresentaram vazões abaixo indispensáveis a um largo espectro das
da média. atividades humanas, onde se destacam,
Os poços que exploram o aqüífero fra- entre outros, o abastecimento público e
turado, sob uma cobertura de sedimen- industrial, a irrigação agrícola, a produ-
tos quaternários, mostraram uma ção de energia elétrica e as atividades de
tendência de se encontrar vazões acima lazer e recreação, bem como a preserva-
da média. Esses locais coincidem tam- ção da vida aquática. A crescente expan-
bém com zonas de falha, o que faz su- são demográfica e industrial observadas
por a influência maior das zonas de nas últimas décadas trouxe como conse-
falhas reativadas. qüência o comprometimento das águas
A qualidade da água é em geral boa, dos rios, lagos e reservatórios.
do ponto de vista químico. No entanto há Os trabalhos mais recentes da CPRM
a contaminação bacteriológica de poços – Serviço Geológico do Brasil, na área de
e parte do aqüífero devido a lançamen- geoquímica, estão sendo direcionados
tos de esgoto in natura nos córregos e solo. não só à exploração geoquímica, mas apli-
A recarga ocorre diretamente através cados a estudos da distribuição espacial,
da infiltração das chuvas e cursos d’água, dos excessos e das carências dos elemen-
tendo o regime anual de chuvas grande tos químicos de origem natural ou antro-
influência na área da Baixada Cuiabana. pogênica, levando ao conhecimento do

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quimismo do meio físico relacionado a sa de Solos da EMBRAPA, compreenden-


diversas áreas do conhecimento, como do trabalhos de fotointerpretação, servi-
agronomia, saúde pública, uso e ocupa- ços de campo, de laboratório e finais de
ção do solo e monitoramento ambiental. escritório.
O estado do Mato Grosso caracteri- O material utilizado na fase de foto-
zado pela cultura da pecuária, e hoje di- interpretação compreendeu fotografias
ante de uma nova fronteira de desen- aéreas, imagens de satélite e cartas topo-
volvimento com o crescimento da gráficas. O resultado dessas interpreta-
agricultura e agroindustriais, e notada- ções, somado às informações existentes,
mente com o aumento da população, serviram de base para elaboração de um
transformaram alguns de seus rios em va- mapa preliminar de solos na escala
zadouros de efluentes agrícolas, domés- 1:100.000.
ticos e industriais. Na área em estudo lo- Na fase de campo, foram realizadas
calizada no entorno de Cuiabá, descrições de perfis e coletas de amostras
abrangendo principalmente as bacias do de solos, quando necessários, comple-
rio Cuiabá que corta a cidade, foram de- mentados com sondagens a trado, para
tectados alguns rios poluídos e contami- análises de laboratório.
nados, apresentando sérios problemas Foi elaborado um mapa final de so-
ambientais relacionados à contaminação los, contendo as unidades de mapeamen-
das águas e sedimentos ativos. to composta das unidades taxonômicas,
O levantamento de dados sobre po- de acordo com o novo Sistema Brasileiro
luentes e metais pesados registrados no de Classificação de Solos na escala
Mapa de Amostragem Geoquímica cons- 1:100.000.
titui um importante diagnóstico sobre o A partir do Mapa de Solos foi elabo-
atual estado de degradação dos recursos rado o Mapa de Aptidão Agrícola, com
hídricos e um indicador para recupera- vistas a indicar áreas passíveis de conter
ção de áreas degradadas por poluentes um cinturão verde, para abastecer a po-
industriais e domésticos. Trata-se, tam- pulação da região em estudo com produ-
bém de um alerta para todo o setor de tos hortifrutigranjeiros.
saúde da sociedade, haja vista que mui-
tos desses elementos contaminantes, 1.6.8 – USO ATUAL DAS TERRAS E
quando consumidos em altas quantida- COBERTURA VEGETAL
des e por vários anos, podem provocar
diversos tipos de doenças graves. A identificação dos padrões de uso e
cobertura do solo representa o processo
1.6.7 – SOLOS E APTIDÃO AGRÍCOLA de apropriação dos recursos naturais,
constituindo-se em importante elemento
As regiões urbanizadas normalmente de análise multidisciplinar para a avalia-
são alvos de vários estudos de solos em ção da qualidade do ambiente na área de
diferentes níveis de detalhe. A primeira estudo.
etapa do levantamento pedológico foi reu- O mapeamento desses padrões repre-
nir as informações até então geradas de senta a distribuição espacial das ativida-
modo a permitir que se possa integrá-las des econômicas desenvolvidas na região.
a outros mapas temáticos. A adoção de quaisquer medidas de pla-
A metodologia para a elaboração dos nejamento requer conhecimentos dos ti-
estudos de solos foi baseada nas normas pos de uso e cobertura vegetal em
em uso pelo Centro Nacional de Pesqui- qualquer região.

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O mapa desse tema representa, por- agrícola das terras, ao potencial mineral,
tanto, um instrumento básico para nortear às águas de superfície e subterrâneas, à
as propostas de redirecionamento da in- beleza cênica e à capacidade de carga)
tervenção humana no território e, enfati- visando à sustentabilidade a médio e lon-
zar a preservação de remanescentes da go prazos.
vegetação existente. Tais recomendações contemplam
Como produto final foi confecciona- áreas destinadas a: mineração, uso agrí-
do um mapa, na escala 1:100.000, en- cola e pastagem, preservação ambiental,
volvendo o uso atual das terras e a recuperação de áreas degradadas e con-
cobertura vegetal. trole ambiental.
As informações sintetizadas nesse
1.6.9 – DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL diagnóstico buscam fornecer subsídios
para a elaboração de estratégias de de-
Os estudos dos vários temas apresen- senvolvimento da região, identificando e
tados anteriormente foram integrados e caracterizando os principais problemas
sintetizados no Mapa Geoambiental, na ambientais de cada unidade reconheci-
escala 1:100.000, com a espacialização da e mapeada, constituindo assim, as ba-
das informações temáticas, de tal manei- ses técnicas que servirão de apoio ao
ra que forneça indicações quanto as limi- planejamento territorial das RMs.
tações e potencialidades ao uso do
território. 1.7 – PRODUTOS
No Mapa Geoambiental foram indi-
vidualizadas as unidades homogêneas Com a realização do projeto foram dis-
(geoambientais), levando-se em conside- ponibilizados genericamente, dependendo
ração o tipo litológico, relevo, vegetação, das necessidades de cada RM, os seguintes
clima e solos. produtos constituídos por bases de dados,
Definidas as unidades geoambientais, mapas e os respectivos relatórios:
elaborou-se uma legenda matricial, onde 1. Mapa Geológico;
foram descritas as condições naturais do- 2. Mapa de Formações Superficiais;
minantes de cada unidade (uma breve 3. Mapa de Ocorrências Minerais;
descrição da geologia, atividades mine- 4. Mapa Geomorfológico;
rárias, geomorfologia, solos, uso atual das 5. Mapa da Bacia do Rio Cuiabá;
terras, hidrologia, hidrogeologia, aspectos 6. Mapa das Sub-bacias/Rede Hidro-
ambientais e climáticos). Essa legenda in- meteorológica Proposta;
clui recomendações que tratam do uso 7. Mapa Hidrogeológico;
compatível da terra para cada uma das 8. Mapa de Amostragem Geoquímica/
unidades geoambientais, conforme suas Concentrações Geoquímicas Anô-
limitações (relativas ao lençol freático, à malas;
contaminação da água, ao solo e aos se- 9. Mapa de Reconhecimento de Solos;
dimentos de corrente, à fertilidade do solo, 10. Mapa de Aptidão Agrícola das Terras;
ao déficit hídrico, à erosão e à inunda- 11. Mapa de Uso e Cobertura das Terras;
ção) e potencialidades (relativas à aptidão 12. Mapa Geoambiental.

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2 – GEOLOGIA

2.1 – INTRODUÇÃO 2.2 – DESCRIÇÃO DAS UNIDADES

A região abrangida pelo Projeto SIG 2.2.1 – GRUPO CUIABÁ


Cuiabá é constituída principalmente por
rochas metassedimentares dobradas do As primeiras referências às rochas epi-
Grupo Cuiabá, de baixo grau metamórfi- metamórficas do Grupo Cuiabá devem-
co, fácies xisto-verde, compreendendo a se ao Conde Francis de Castelnau (1850)
unidade tectônica Faixa Paraguai, desen- quando descreveu os quartzitos e filitos
volvida durante o Ciclo Pan-Africano/Bra- da cidade de Cuiabá. Evans (1894) deno-
siliano (1.000-500Ma). minou de “Cuyaba Slates” as ardósias aflo-
Além do Grupo Cuiabá, ocorrem no rantes na Baixada Cuiabana.
limite norte da área do projeto, na re- Posteriormente, Oliveira & Leonardos
gião da Chapada dos Guimarães, ro- (1943) descreveram como “Série Cuiabá”
chas sedimentares pertencentes à Bacia os filitos e metaconglomerados que ocor-
do Paraná e representadas pelos grupos: rem nas proximidades de Cuiabá, no que
Rio Ivaí (formações Alto Garças e Vila foram seguidos por outros autores como
Maria, de idade neo-ordoviciana a eo- Almeida (1948; 1954; 1964; 1965) e
siluriana); Paraná (formações Furnas e Vieira (1965).
Ponta Grossa, de idade eo-devoniana) Hennies (1966) substituiu o termo “Sé-
e São Bento – Formação Botucatu, de rie Cuiabá” por “Grupo Cuiabá”, no que
idade jurássica. foi corroborado por Guimarães & Almei-
As unidades cenozóicas são repre- da (1971).
sentadas pela Formação Pantanal, pro- Mais recentemente, Luz et al. (1980),
vavelmente de idade pleistocênica; pe- baseados em critérios litoestratigráficos,
las Aluviões Recentes, subdivididas em subdividiram o Grupo em 8 (oito) subuni-
duas subunidades; e pelas Coberturas dades (1 a 7 e uma indivisa). Na área ora
Detrítico-lateríticas. mapeada não ocorrem as subunidades

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

1 e 2, e a subunidade indivisa foi correla- metarenito, metarcóseo e raramente gra-


cionada às subunidades 6 e 7. nito, subarredondados, com boa esferici-
No presente trabalho adotou-se a sub- dade e orientados segundo a foliação S2,
divisão de Luz et al. (op. cit.). variando de tamanho desde grânulos até
matacões, com a predominância da fra-
2.2.1.1 – SUBUNIDADE 3 ção grânulos (Ponto GS-037 – Foto 2.1).

As litologias dessa subunidade aflo-


ram na porção oeste do projeto, na bacia
do rio Pari, cobrindo uma área de aproxi-
madamente 450km2, abrangendo 9% da
área total do projeto.
Litologicamente é constituída por fili-
tos, filitos conglomeráticos, metarcóseos,
metarenitos, quartzitos e lentes de meta-
calcários. Os filitos são as rochas mais
abundantes, com variações faciológicas
para metarenitos e metarcóseos.
A porção basal da unidade é consti- Foto 2.1 – Ponto GS-37. Detalhe de seixo de
tuída por filitos com intercalações de me- quartzo arredondado, contornado pela foliação
tarenitos e metarcóseos. Na parte inter- S2 em filito conglomerático da Subunidade 3.
mediária intercaladas nos filitos ocorrem
lentes de rochas carbonáticas como ob- Quanto mais próximo do contato
servado no afloramento GR-003. No com a Subunidade 4 os clastos são maio-
topo da seqüência predominam filitos res e aparecem em maior quantidade, su-
conglomeráticos. gerindo uma passagem gradacional para
Em geral os filitos apresentam cores aquela subunidade.
variando de cor cinza-claro a cinza-es- Os metarcóseos e metarenitos são de
verdeado quando inalterados e averme- cor cinza-claro quando inalterados a
lhados a amarronzados quando alterados. amarronzados quando alterados, de gra-
Mostram granulação fina a muito fina, as- nulação fina a média, por vezes grossa,
pecto laminar, brilho sedoso e estrutura com minerais micáceos orientados segun-
filitosa. Mineralogicamente são constituí- do a foliação S2.
dos por minerais argilosos, sericita e quart- Petrograficamente caracterizam-se
zo. Normalmente a sericita está orientada por apresentarem estrutura foliada, tex-
segundo o plano de foliação S2 . tura granolepidoblástica, e são constitu-
Petrograficamente caracterizam-se por ídos por grãos de quartzo subarredon-
textura granolepidoblástica fina, estrutura dados, feldspato potássico, plagioclásio,
foliada e aspecto laminar plano-paralelo. agregados de sericita, muscovita e rara-
Compõem-se de cristais de quartzo xeno- mente clorita. A principal diferença en-
blástico, alongados e recristalizados, agre- tre os metarenitos e os metarcóseos é que
gados de clorita e palhetas de sericita. Os estes últimos apresentam maior quanti-
principais minerais acessórios são zircão, dade de feldspatos.
turmalina e argilominerais. As rochas carbonáticas ocorrem som
Os filitos conglomeráticos diferen- a forma de lentes, como observado no
ciam-se dos filitos apenas por apresenta- ponto GR-003. O metacalcário encon-
rem clastos de quartzo, quartzito, tra-se intercalado em metarcóseos e apre-

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senta cor cinza-escuro, aspecto maciço 2.2.1.2 – SUBUNIDADE 4


e com boa efervescência ao HCl diluído.
O contato com as rochas que lhe são Está presente na porção oeste da área,
sobrepostas, da Subunidade 4, é grada- na bacia do rio Pari, abrangendo uma
cional como observado na região do área de apenas 96km2 correspondendo a
Monjolo (bacia do rio Pari). Também 2% do total da área, é a subunidade com
pode ser tectônico através de falha nor- menor representatividade.
mal (próximo à fazenda Rancharia) ou É constituída principalmente de me-
inversa e/ou de empurrão como ocorre taparaconglomerados petromíticos (meta-
a oeste de N. Sra. do Livramento, onde diamictitos) com raras intercalações de fi-
a Subunidade 3 está em contato com a litos e metarenitos.
Subunidade 5, através de falha de em- Estes metaparaconglomerados apre-
purrão, resultante do segundo evento sentam cor cinza-esverdeado a cinza-es-
tectônico. curo, com tonalidade avermelhada quan-
De acordo com Luz et al. (op. cit.), a do alterados. Os clastos, em geral de quart-
espessura desse pacote é estimada em zo, quartzito, metarenito, filito, granito e
550m. raramente de rochas básicas, constituem
Em geral as rochas apresentam-se do- de 20 a 30% da rocha e estão imersos em
bradas (meso e microdobras), simétrica e matriz síltica, por vezes arenosa. Predo-
assimetricamente, nos estilos recumben- mina a fração grânulos e seixos, mas ocor-
te e isoclinal. rem também matacões. Normalmente são
Possuem aspecto laminar devido a fo- subarredondados, achatados e orientados
liação S2, de direção N30o-50oE e mergu- de acordo com a foliação S2.
lho variável de 20o a 50o para NW. Em direção ao topo a seqüência gra-
A foliação S3 quase não é observada da para uma fácies mais fina (filitos, filitos
por ser incipiente e pouco penetrativa. sericíticos, metarenitos e metarcóseos),
São comuns veios de quartzo de se- que representa a Subunidade 5.
gregação de espessura centimétrica, ori- A foliação S2 é bem desenvolvida e
ginados pelo primeiro evento tectônico e mostra direção N40o-50oE, com mergulho
paralelos a foliação S2. Também ocorrem variando de 40o a 60o para NW. A foliação
veios de quartzo hidrotermal preenchen- S3 é incipiente e só observável nos filitos.
do fraturas (Ponto GS-071 – Foto 2.2). Uma característica marcante desta
subunidade é a ausência quase total de
veios de quartzo, que quando presentes
são apenas de preenchimento de fraturas.
O contato com as rochas sotopostas
é do tipo gradacional ou por falha de em-
purrão e/ou inversa. O mesmo ocorren-
do com a Subunidade 5 que lhe é sobre-
posta.
Luz et al. (op. cit.) estimam para a su-
bunidade 4 uma espessura de 150m.

2.2.1.3 – SUBUNIDADE 5
Foto 2.2 – Ponto GS-071. Veios de quartzo para-
lelos, perpendiculares e oblíquos a foliação S2 Expõe-se por toda a extensão da área
da Subunidade 3. em estudos. É a unidade com maior área

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de distribuição, ocupando aproximada-


mente 1.900km2 totalizando 36% da área
total do projeto.
Suas litologias afloram em núcleos de
anticlinórios e sinclinórios e também em
faixas limitadas por falhas de empurrão de
direção N45o-50oE.
As rochas predominantes são filitos e
filitos sericíticos ocorrendo subordinada-
mente intercalações de metarcóseos, me-
tarenitos, quartzitos e mais raramente Foto 2.3 – Ponto GS-121. Metarcóseo conglo-
metamicroconglomerados. merático da Subunidade 5.
Caracteriza-se por apresentar um rele-
vo aplainado, com as rochas muito altera- Por serem mais resistentes à ero-
das superficialmente, originando depósitos são estas rochas, em determinados locais,
de cascalhos oriundos da desagregação dos formam elevações de pequeno porte,
veios de quartzo. Em fotografias aéreas, na alongadas na direção NE-SW, ou mes-
região da Baixada Cuiabana é difícil a se- mo constituindo morros-testemunhos
paração desta subunidade da Formação (monadnoks) como é o caso dos morros
Pantanal, devido à peneplanização que de Santo Antônio (Foto 2.4) e do Jacaré.
atinge estes dois pacotes de rochas.
Os melhores afloramentos situam-se
ao longo das margens e leito dos rios Pari
e Cuiabá.
Os filitos e filitos sericíticos mostram
cores variando de cinza-prateado a cin-
za-escuro quando inalterados e tonalida-
des avermelhadas e amarronzadas quan-
do alterados. Mesoscopicamente apresen-
tam granulação de muito fina a fina, tex-
tura granolepidoblástica, estrutura foliada,
com a foliação S2 bastante proeminente.
Foto 2.4 – Morro de Santo Antônio. Morro-
Os metarcóseos e metarenitos são de testemunho composto por quartzitos da
cor cinza-esverdeado a cinza-claro tor- Subunidade 5.
nando-se avermelhados a amarronzados
quando alterados. A granulação varia de Ao longo de todo o pacote aparecem
fina a grosseira gradando localmente para pequenas intercalações de quartzito de no
metamicroconglomerados. Os grãos são máximo 3 metros de espessura, e com cor
mal selecionados, subarredondados a variando de cinza-claro a amarelo quan-
angulosos, orientados paralelamente à do intemperizados. Mostra-se compacto,
foliação S2 a qual é incipiente e não se de granulação fina a média e composto
observa a foliação S3. Composicional- por quartzo, feldspato, clorita, sericita e
mente os metarcóseos são constituídos óxido de ferro.
por quartzo, sericita, feldspatos e óxido Os metamicroconglomerados afloram
de ferro, e diferem dos metarenitos por intercalados a filitos e metarcóseos. Apre-
apresentarem maiores quantidades de sentam-se com cor cinza-esverdeado e
feldspatos (Ponto GS-121 – Foto 2.3). boa compacidade quando inalterados e

34
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

amarelados e friáveis quando alterados. Dentro dos limites do projeto todas as


Sua textura é granoblástica conglomerá- ocorrências, garimpos e minas de ouro
tica, com grânulos de quartzo, quartzito situam-se nesta subunidade.
e feldspatos, subarredondados e alonga-
dos, dispersos em matriz fina. 2.2.1.4 – SUBUNIDADE 6
O contato com a Subunidade 6 é tran-
sicional ou por falha como pode ser ob- Aflora principalmente na porção nor-
servado na região de Várzea Grande- te da área, cobrindo uma área de
Cuiabá, onde uma falha de empurrão de 1.120km2, o que representa cerca de 22%
direção N45oE coloca em contato as lito- da área total do projeto.
logias destas duas subunidades. Ocupa a aba de anticlinórios e sincli-
Nota-se também contato erosivo e nórios cuja direção dos eixos varia de
por discordância angular com os sedimen- N35o-60oE com caimento de 5o a 30o para
tos tércio-quaternários da Formação Pan- nordeste.
tanal, além das aluviões recentes (Q2a2), Com relação às subunidades 3, 4 e 5,
principalmente ao longo dos rios Cuiabá apresenta relevo mais acentuado e aci-
e Aricá-Açu e do Ribeirão do Couro. dentado, formando colinas com cotas aci-
A espessura do pacote foi estimada ma de 200m.
por Luz et al. (op. cit.) em 350m. Na área é representada litologicamen-
Esta subunidade é a que apresenta te por filitos conglomeráticos com interca-
maior número de veios de quartzo, tanto lações de metarenitos e mais raramente de
de segregação ao longo da foliação S1, quartzitos. Não foram observadas interca-
acompanhando os dobramentos da fo- lações de mármore como acontece em ou-
liação S2 , como de preenchimento de fra- tras regiões em que esta subunidade aflora.
turas em duas direções principais (N25o- Os filitos apresentam-se de cor cinza-
60oW e N15o-35oE). Observam-se tam- claro a esverdeado, tornando-se averme-
bém veios de quartzo de origem hidroter- lhados ou amarronzados quando altera-
mal, cortando essas rochas em várias dos. Normalmente são de granulação fina,
direções, e com espessuras superiores a matriz filitosa, englobando fragmentos de
1metro. Como as demais, esta subunida- quartzo, quartzito e filitos subarredonda-
de encontra-se muito dobrada e fratura- dos a angulosos, variando de grânulos a
da (Ponto GS-121 – Foto 2.5). calhaus (Ponto GS-132 – Foto 2.6).

Foto 2.6 – Ponto GS-132. Detalhe de um seixo


Foto 2.5 – Ponto GS-121. Veios de quartzo de de quartzito subarredondado contornado pela
até 1 metro de espessura cortando obliquamente foliação S2 em filito conglomerático da Subuni-
filitos e metarcóseos da Subunidade 5. dade 6.

35
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

A quantidade de clastos aumenta em Luz et al. (op. cit.) estimaram uma es-
direção ao topo. pessura de 800m para essas litologias.
Os metarenitos formam pequenos
corpos alongados na direção NE-SW, so- 2.2.1.5 – SUBUNIDADE 7
bressaindo no relevo devido a maior re-
sistência a erosão. Apresentam cor cinza- Assim como a Subunidade 6, aflora
claro a esverdeado quando inalterados, na porção norte da área, abrangendo um
adquirindo tonalidade avermelhada total de 320km2 representando 6% da
quando alterados. Apresentam textura gra- área total do projeto.
noblástica, granulação fina a média e são É a subunidade que apresenta melhor
friáveis e formados por grãos de quartzo preservação e relevo mais acidentado
subarredondados a angulosos, sericita e principalmente nas proximidades da Cha-
algum feldspato. A foliação S2 é incipien- pada dos Guimarães onde atinge cotas de
te e o sistema de fraturas mostra duas di- até 750m.
reções principais: N30o-60oW e N30o- Litologicamente é constituída por
50oE (Ponto GS-132 – Foto 2.7). metaparaconglomerados petromíticos (di-
amictitos), com raríssimas intercalações de
filitos e metarenitos.
Os metaparaconglomerados possu-
em cor cinza-claro a cinza-esverdeado e
matriz silto-arenosa, na qual encontram-
se dispersos fragmentos angulosos a su-
barredondados de tamanho variando de
grânulos até matacões de quartzo, quart-
zito, filito, granitos, metacalcáreos e rochas
básicas (Ponto GR-116A – Foto 2.8).

Foto 2.7 – Ponto GS-132. Sistema de fraturas


que cortam as rochas da subunidade 6.

Os quartzitos são semelhantes aos


metarenitos apenas mais compactados e
com grãos de quartzo recristalizados.
Os veios de quartzo de segregação são
comuns e estão dobrados juntamente com
a foliação S2. Os veios de quartzo hidroter-
mal são menos freqüentes em relação a
Subunidade 5 e de espessura centimétrica. Foto 2.8 – Ponto GR-116A. Detalhe do sistema
O contato com a Subunidade 7 é gra- de fraturas da Subunidade 7.
dacional, não tendo sido observado con-
tato tectônico. Os filitos e os raros metarenitos for-
No extremo-leste da área, observa- mam camadas de pequena espessura in-
se contato erosivo e por discordância tercaladas nos metaparaconglomerados.
angular com os sedimentos da Forma- A foliação S2 é menos desenvolvida
ção Pantanal (Q1p1), e com aluviões re- nesta unidade e crenulada pela S3 bem
centes (Q2a2). mais nítida.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

O contato superior é por discordân- 2.2.1.7 – IDADE


cia angular e erosiva com as rochas do
Grupo Rio Ivaí, a leste, e as da Formação As litologias deste grupo não foram
Furnas a norte (Foto 2.9). datadas geocronologicamente, Luz et al.
(op. cit.) inferiram para o pacote uma ida-
de no intervalo 1.800 a 1.300Ma. Alva-
renga (1999) acredita que a deposição
destas rochas tenha ocorrido provavel-
mente durante o período glacial Varan-
giano (670-630Ma).

2.2.1.8 – METAMORFISMO E EFEITOS


DE CATÁCLASE

A composição mineralógica das ro-


chas que constituem o Grupo Cuiabá per-
Foto 2.9 – Vista regional do contato por mite que as mesmas sejam consideradas
discordância angular e erosiva entre os metas-
sedimentos da Subunidade 7 e os arenitos
como pertencentes a fácies metamórfica
da Formação Furnas. xisto-verde, subfácies quartzo-sericita-
clorita.
Com base na largura da faixa afloran- Luz et al. (op. cit.) identificaram três
te e no mergulho das camadas pode-se fases de deformação (a primeira e a ter-
afirmar que sua espessura não é superior ceira de direção NW-SE e a segunda de
a 300m. direção NE-SW) associadas ao desenvol-
vimento das foliações S1, S2 e S3 respecti-
2.2.1.6 – AMBIENTE DE SEDIMENTAÇÃO vamente.
O primeiro evento de SE para NW
De acordo com Luz et al. (op. cit.), as provocou o metamorfismo e originou a
subunidades 3, 5 e 6 apresentam carac- foliação S1, desenvolveu dobramentos si-
terísticas de ambiente marinho, fácies métricos e assimétricos e segregou quart-
flysch, caracterizando a evolução de um zo na forma de 44veios.
cinturão geossinclinal exemplificado O segundo evento de NW para SE deu
por uma alternância rítmica de estratos origem à foliação S2 (a mais evidente na
psamíticos e pelíticos. área) e a um segundo dobramento com iso-
A instabilidade tectônica teria origina- clinais assimétricas, localmente recumben-
do correntes de turbidez que por sua vez, tes e mais apertadas que as anteriores.
provocaram fluxos de detritos represen- O terceiro e último evento ocorreu de
tados pelas fácies conglomeráticas. SE para NW foi de menor intensidade,
A deposição de turbiditos com inter- pouco penetrativo e originou a clivagem
calações de rochas carbonáticas represen- de crenulação S3.
tariam períodos de calma tectônica. Alvarenga (1986) identificou quatro
Estes mesmos autores, baseados em fases de deformação que geraram dobras
dados e observações de campo consi- fechadas, inversas e isoclinais com mer-
deram as subunidades 4 e 7 como gera- gulhos de 40-60o para NW e com caimen-
das em ambiente glaciomarinho, relacio- to dos eixos para NE, e também originan-
nado a grandes massas de gelo flutuante do lineamentos retilíneos paralelos ao aca-
(icebergs). mamento e caracterizados por falhas in-

37
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

versas de mergulho 45-50oNW, acompa- Suas melhores exposições localizam-


nhados por veios de quartzo com dire- se nas proximidades da caverna Aroe Jari
ções concordantes com a estruturação re- (caverna do Francês, Ponto GS-001– Foto
gional D1, e mergulho entre 25-40oNW 2.10). O contato inferior com a Subuni-
(Alvarenga & Trompette, 1993). dade 7 do Grupo Cuiabá é por discordân-
cia angular (inconformidade). O contato
2.2.2 – BACIA DO PARANÁ superior com a Formação Vila Maria é por
discordância erosiva.
2.2.2.1 – GRUPO RIO IVAÍ

Assine et al. (1994) denominaram de


Grupo Rio Ivaí a seqüência de unidades
areníticas (Formação Alto Garças) reco-
bertas por diamictitos (Formação Iapó) e
por arenitos e folhelhos (Formação Vila
Maria), que ocorre logo acima do emba-
samento da Bacia do Paraná e sotoposta
a Formação Furnas.
O Grupo Rio Ivaí aflora no limite nor-
deste da área do projeto, ocupando uma
área de 96km2, o que corresponde a 2%
Foto 2.10 – Ponto GS-001. Arenitos da Forma-
da área total mapeada.
ção Alto Garças. Ocorre uma alternância de
Na região, Borghi & Moreira (1997) camadas de arenitos maciços com arenitos com
descreveram as formações Alto Garças e Skolithos linearis.
Vila Maria, não sendo observada a For-
mação Iapó. A espessura máxima (em torno de
Neste trabalho, as duas formações fo- 30m) foi observada na caverna Aroe Jari.
ram observadas e descritas no campo, A Formação Vila Maria descrita por Fa-
porém não foi possível individualizá-las ria & Reis Neto (1978) como uma seqüência
na escala utilizada. de diamictitos, folhelhos fossilíferos e areni-
Suas litologias formam uma escarpa tos sotopostos à Formação Furnas na locali-
logo acima do Grupo Cuiabá com cotas dade de Vila Maria (GO) é constituída na área
em torno de 650-700m desde a região por: conglomerados com estratificação cru-
denominada de Urumbamba estendendo- zada, conglomerado e arenitos tabulares e
se para fora do limite leste do projeto. arenitos com Arthrophycus alleghaniensis na
A Formação Alto Garças (basal) é base; folhelhos com Chondrites ichnosp. e
constituída na base, no contato com as Teichichnus ichnosp. na porção média; e are-
rochas do Grupo Cuiabá, por um conglo- nitos tabulares e arenitos com Arthrophycus
merado de cor cinza-claro a branco, que alleghaniensis e Palaeophycus ichnosp. e
grada para um arenito de granulação fina arenitos com Skolithos linearis no topo (Bor-
a média formado por grãos de quartzo ghi & Moreira, op. cit.).
bem selecionados e arredondados, por Os metaconglomerados possuem cor
vezes grosso a conglomerático contendo cinza-claro a amarelo-claro e matriz de
seixos de quartzo, de aspecto maciço ou granulação fina a média formada por
com estratificação cruzada tangencial com grãos de quartzo subangulosos a arre-
fósseis do tipo Skolithos linearis (icnofácies dondados englobando seixos de quart-
Skolithos) (Borghi & Moreira, op. cit.). zo leitoso angulosos a subarredondados.

38
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Os arenitos, freqüentes em todo o pa- ças como de origem fluvial e os arenitos


cote, são de cor amarelo-claro, maturos, de superiores como marinhos litorâneos. Ad-
granulação desde muito fina a média, com- mitem uma idade Caradac/Ashgill (Neo-
postos por grãos de quartzo subarredonda- Ordoviciano).
dos a arredondados e bem selecionados. Faria (1982) caracterizou o ambiente
Os diamictitos apresentam cor cinza- de deposição da Formação Vila Maria
claro a amarelo-claro e matriz quartzosa de como marinho de águas rasas, com influ-
granulação fina a média, com grãos bem ência de marés, com a fácies pelítica ca-
arredondados e selecionados englobando racterizando temporariamente um ambi-
grânulos e seixos de quartzo leitoso, às ve- ente sublitorâneo.
zes hialino, e fragmentos de folhelho e sei- Os arenitos e diamictitos seriam evi-
xos de quartzito. Suas melhores exposições dências de que próximo à bacia deposi-
situam-se em escarpas nas proximidades da cional, o relevo era acentuado propician-
fazenda Nossa Senhora Medianeira (pon- do fluxos periódicos de detritos.
tos GS-002 e GR-137 e na caverna Aroe Caputo & Crowell (1985) interpretaram
Jari, ponto GS-001 – Foto 2.11). uma origem glacial para os diamictitos.
Borghi & Moreira (1997) sugerem um
ambiente glaciomarinho sob a ação de
tempestades.
Grahm (1992) e Gray et al. (1985), es-
tudando os microfósseis confirmam a hipó-
tese de Faria (op. cit.), atribuindo a esse pa-
cote uma idade Llandovery (Eo-Siluriano).

2.2.2.2 – GRUPO PARANÁ

2.2.2.2.1 – FORMAÇÃO FURNAS

Oliveira (1912) designou de “grés de


Foto 2.11 – Ponto GS-001. Contato entre areni- Furnas” aos arenitos expostos na serra de
tos com Skolittus linearis da Formação Alto
Garças e arenitos basais conglomeráticos da Furnas e Serrinha, no estado do Paraná.
Formação Vila Maria (Caverna Aroe Jari). Petri (1948) denominou essa seqüência
de Formação Furnas.
O contato inferior com a Formação Na área ora em estudos, a Formação
Alto Garças é, por discordância erosiva, Furnas aflora sob a forma de uma faixa
o mesmo ocorrendo com a Formação Fur- estreita, com a borda sul escarpada, em
nas que a recobre. contato com rochas dos grupos Cuiabá e
De acordo com Borghi & Moreira (op. Rio Ivaí desde as cabeceiras do rio Ban-
cit.) a formação atinge uma espessura de 20m deira na Folha Acorizal, passando pela
nas proximidades da fazenda Nossa Senho- localidade denominada Portão do Infer-
ra de Medianeira e na caverna Aroe Jari. no, a oeste da cidade de Chapada dos
Guimarães, ultrapassando o limite leste da
2.2.2.1.1 – AMBIENTE DE área na região das cabeceiras do rio Ari-
SEDIMENTAÇÃO E IDADE cá-Açu, totalizando 176km2, o que cor-
responde a menos de 3% da área total.
Assine et al. (1994) descrevem o con- Da base para o topo é representada por
glomerado basal da Formação Alto Gar- arenitos conglomeráticos que gradam para

39
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

arenitos puros, de cor branca a amarela- O contato superior com a Formação


da, localmente arroxeados, com estratifi- Ponta Grossa é transicional.
cações cruzadas do tipo hummocky que Na região sua espessura não ultrapas-
por sua vez passam a arenitos com estra- sa os 100m.
tificações cruzadas por ondas. Em geral
apresentam granulação média a grossa 2.2.2.2.2 – FORMAÇÃO PONTA
com grãos de quartzo subangulosos a su- GROSSA
barredondados, friáveis, imaturos e felds-
páticos na base (Ponto GR-081– Foto Oliveira (1912) denominou de “schis-
2.12; Ponto GS-136 – Foto 2.13). tos Ponta Grossa” os argilitos fossilíferos
aflorantes nas proximidades da cidade de
Ponta Grossa no Paraná. Petri (1948) de-
nominou formalmente de Formação Pon-
ta Grossa.
Ocorre sobreposta aos arenitos da
Formação Furnas na região da cidade de
Chapada dos Guimarães estendendo-se
para leste para fora dos limites do projeto.
Ocupa uma área de 32km2 o que corres-
ponde a menos de 1,0% da área total.
Normalmente não apresenta bons
afloramentos pois está bastante oxidada.
Uma das melhores exposições situam-se
Foto 2.12 – Ponto GR-081. Arenito conglomerá-
tico basal da Formação Furnas. Observam-se na localidade denominada Mirante a les-
grãos angulosos de quartzo leitoso variando de te da Chapada dos Guimarães.
milimétricos a centimétricos. Litologicamente é representada por
siltitos e arenitos finos que quando inalte-
rados são de tonalidade creme passando
a avermelhadas e arroxeadas quando al-
terados (Ponto GR-056 – Foto 2.14).
No siltito são comuns conchas fós-
seis de brachiópodos (Ponto GS-135 –
Foto 2.15).

Foto 2.13 – Ponto GS-136. Afloramento de are-


nito da Formação Furnas. Observam-se finas
intercalações de siltitos em camadas mais
espessas de arenitos.

O contato inferior com as rochas do


Grupo Cuiabá é por discordância angu-
lar (inconformidade) e com as rochas do Foto 2.14 – Ponto GR-056. Siltito da Formação
Grupo Rio Ivaí por discordância erosiva. Ponta Grossa, parcialmente lateritizado.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Já, pelo seu conteúdo fossilífero, tipos


de estratificações, intercalações de níveis
de siltitos e arenitos finos sugerem que a
Formação Ponta Grossa tenha se deposi-
tado em ambiente marinho de águas ra-
sas, com pulsos de fluxos de alta energia
e deposição, sendo que no topo do pa-
cote ocorreu uma regressão.
Pelo seu conteúdo fossilífero a forma-
ção é considerada devoniana.

2.2.2.3 – GRUPO SÃO BENTO


Foto 2.15 – Ponto GS-135. Moldes de conchas
de brachiópodos em siltito da Formação Ponta
Grossa. 2.2.2.3.1 – FORMAÇÃO BOTUCATU

Para o topo forma espessas capas fer- Gonzaga de Campos (1889), deno-
ruginosas semelhantes a uma laterita, di- minou de “gres de Botucatu” a um paco-
ferindo destas por apresentar fragmentos te de arenitos vermelhos que ocorrem na
de rocha totalmente oxidados mas ainda serra de Botucatu entre as cidades de São
preservando a estruturação primária. Paulo e Botucatu (SP).
Na área, aflora na região norte, ocupan-
2.2.2.2.3 – AMBIENTE DE do uma área de 80km2 , o que representa
SEDIMENTAÇÃO E IDADE em torno de 1,5% da área do trabalho.
Litologicamente é formado por are-
Assine (1996) subdividiu a Formação nitos finos a médios, bimodais, verme-
Furnas em três associações faciológicas lhos, com grãos de quartzo bem arre-
distintas: dondados, com boa esfericidade, com
I – Fácies conglomerática com paleo- superfície fosca e recobertos por uma
correntes para oeste, tendo sido deposi- película ferruginosa, sendo comum ci-
tada em sistemas deltaicos de rios entre- mento silicoso ou ferruginoso. Apresen-
laçados em contexto retrogradacional; tam estratificações cruzadas acanaladas
II – Fácies essencialmente arenosa de grande porte, bem como estratifica-
com hummockys, caracterizando um ção cruzada tabular, tangencial na base
ambiente marinho raso, no início predo- e estratificação plano-paralela (Ponto
minando as marés e depois ondas normais GR-073 – Foto 2.16).
e de tempestades; Está diretamente assentado sobre os
III – Fácies dominada por arenitos com arenitos da Formação Furnas por discor-
laminações cruzadas por ondas. A presen- dância erosiva.
ça de Skolithos linearis e restos de plantas A noroeste da cidade de Chapada dos
fósseis levam a um ambiente de offshore Guimarães, nas cabeceiras do rio Claro
transicion. Borghi (op. cit.) descreve como este arenito forma morros de topo pontia-
sendo um ambiente costeiro. gudo a semelhança de edifícios sendo
Quanto à idade devido a transição denominado de “Cidade de Pedra”. Tam-
entre os depósitos litorâneos de topo da for- bém na rodovia MT-251, na região do Por-
mação com os de plataforma rasa da Forma- tão do Inferno, apresenta formas ruinifor-
ção Ponta Grossa, levaram diversos auto- mes com topos pontiagudos (Ponto GR-
res a atribuírem uma idade eo-devoniana. 082 – Foto 2.17).

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

2.2.3 – COBERTURAS DETRITO-


LATERÍTICAS

Na área foram definidas duas ge-


rações de coberturas lateríticas: uma de
idade neógeno-quaternária (NQdl) cor-
relacionada à Superfície Sul-America-
na de King (1956); e outra de idade
quaternária (Qdl), provavelmente cor-
relacionável ao Ciclo Velhas do mes-
mo autor.
A unidade tem ampla distribuição na
Foto 2.16 – Ponto GR-073. Detalhe das estratifi- área do projeto, formando superfícies
cações cruzadas eólicas de grande porte que
aplainadas com altitudes em torno de
ocorrem nos arenitos da Formação Botucatu.
250m quando sobre rochas do Grupo
Cuiabá na Baixada Cuiabana (Ponto GS-
051 – Foto 2.18) e em torno de 750m na
Chapada dos Guimarães onde está geo-
morfologicamente correlacionada a Su-
perfície Sul-Americana de King (op. cit.) e
ocorrendo sobre rochas da Formação
Ponta Grossa (Foto 2.19).

Foto 2.17 – Ponto GR-082. Vista geral da escarpa


da Formação Botucatu. Observando-se as for-
mações ruiniformes localmente denominadas
de “Cidade de Pedra”.

2.2.2.3.2 – AMBIENTE DE
DEPOSIÇÃO E IDADE

As características das estruturas sedi-


Foto 2.18 – Ponto GS-051. Contato entre a
mentares tais como tipos de estratificações, Cobertura Detrito-laterítica imatura (Qdl) com
a bimodalidade evidenciada por proces- o filito conglomerático da Subunidade 5.
sos de grain fall e grain flow, as intercala-
ções pelíticas, as ripples de adesão, o ar- Na Chapada dos Guimarães os lateri-
redondamento e a esfericidade boa como tos desenvolvem-se sobre rochas da For-
sua opacidade caracterizam um ambien- mação Ponta Grossa, apresentam perfis
te desértico com depósitos de dunas e in- imaturos, bem desenvolvidos, onde se
terdunas. notam os seguintes horizontes:
Com base no conteúdo fossilífero (pe- Horizonte superficial – caracterizado
gadas de celurossauros e ornitópodos e por um latossolo marrom-avermelhado,
icnofósseis), é atribuída uma idade juro- desestruturado, fino, menos de 50cm e
cretácea para a unidade. ausente quando o declive se acentua.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

queado, carapaças, plintitos, pisólitos ou


nódulos de hematita e/ou goethita do ho-
rizonte avermelhado ou amarelado dos
solos ferruginosos tropicais.
Na área a relevância econômica das
coberturas lateríticas reside nos depósitos
supergênicos de ouro detrítico e para a
construção civil onde é utilizada in natura
como blocos ou pedras de mão de usos di-
versos, conhecidas como “tapiocangas” ou
“pedras de canga”. Também é utilizada em
estradas, devido as boas características de
Foto 2.19 – Aspecto da Cobertura Detrito- compactação e resistência para uso em
laterítica imatura (NQdl) que ocorre sobre os
siltitos da Formação Ponta Grossa, com os obras de pavimentação como revestimen-
horizontes bem desenvolvidos. to solto ou mesmo como base para asfalto.

Horizonte pisolítico ou concrecional 2.2.4 – FORMAÇÃO PANTANAL


– inclui a crosta propriamente dita, forma-
da por concreções freqüentemente colu- Oliveira & Leonardos (1943) denomi-
nares, parcialmente cimentadas por óxi- naram de Formação Pantanal os sedimen-
dos de ferro e alumínio. Os minerais pre- tos que ocorrem ao longo de toda a área
dominantes são hematita terrosa e goethita denominada Pantanal Matogrossense. Fi-
de ferro ou alumínio e gibbsita. gueiredo et al. (1974) dividiram esta for-
Horizonte pálido – caracterizado por mação em três unidades: Qp1 – sedimen-
argilas claras e de forma irregular na inter- tos arenosos e conglomeráticos localmen-
fácie rocha fresca/saprólito. te laterizados que constituem a planície
Rocha alterada/saprólito – zona da aluvial mais antiga; Qp2 – sedimentos pre-
rocha alterada, mas ainda apresentando dominantemente argilosos da planície alu-
as características primárias da mesma. vial sub-recente ocupando zonas ainda
Na Baixada Cuiabana os lateritos for- sujeitas a inundação; e, Qp3 – sedimentos
mam manchas pouco expressivas ocu- areno-siltosos das aluviões recentes asso-
pando altitude entre 160 e 230m. ciados às calhas das principais drenagens.
Os perfis são imaturos, pouco desen- Neste trabalho excluímos as unidades
volvidos, com a formação de solo raso Qp2 e Qp3, pois acreditamos que as mes-
de cobertura; horizonte concrecionário pi- mas devam ser denominadas de Aluviões
solítico incipiente; e, rocha alterada. Recentes, devido ao fato de representa-
Utilizamos o termo laterito para de- rem sedimentos ainda em deposição ao
signar as formações resultantes do pro- longo de todas as drenagens não sendo
duto de intenso intemperismo, formado a uma deposição exclusiva dos rios que
partir de um conjunto de minerais, inclu- cortam o Pantanal Mato-grossense, fican-
indo óxidos ou hidróxidos de ferro ou alu- do apenas com uma unidade que deno-
mínio, caulinita e quartzo, caracterizados minamos de Q1p1(Formação Pantanal).
pela razão SiO2(Al2O3 + Fe2O3), cujo va- Na área estudada esta unidade ocorre
lor não pode exceder aquele requerido ao longo da planície de inundação dos rios
para quartzo e caulinita. Nestas condições Cuiabá e Aricá-Açu nas folhas Cuiabá e
inclui: bauxitas, ferricretes, crostas ferru- Aricá-Açu, em uma extensão de 256km2
ginosas ou aluminosas, horizonte mos- o que equivale a 5% da área trabalhada.

43
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Corresponde a antigos terraços de ro, semiconsolidados e localmente por


inundação dessas drenagens e é formada bolsões de areia fina.
principalmente por sedimentos arenosos
semi-consolidados, de cor cinza-claro a 2.2.5.2 – SUBUNIDADE Q2a2
amarelados, de granulação fina a média
e com grãos bem arredondados e polidos. É constituída por sedimentos incon-
São comuns intercalações de canga limo- solidados predominantemente arenosos,
nítica onde predominam fragmentos de de granulação média a grosseira e com
quartzo, quartzito, metarenito e metarcó- grãos subangulosos a subarredondados,
seos com cimento ferruginoso. com níveis de cascalhos e lentes silto-ar-
gilosas. São depósitos de acresção lateral
2.2.4.1 – AMBIENTE DE DEPOSIÇÃO de margem de canal e de carga de fundo
E IDADE incluindo barras em pontal, barras de
meio de canal, e depósitos de carga de
A bacia aluvionar da Baixada Cuiaba- fundo e ainda na planície de inundação
na é constituída pelos depósitos aluviona- principalmente dos rios Cuiabá e Aricá-
res da planície de inundação do rio Cuiabá Açu, em ambiente lacustrino e com me-
e seus afluentes, com destaque para os rios andros abandonados.
Aricá-Açu e Coxipó. Localmente, como por exemplo, no
O material que forma essa subunida- rio Cuiabá no limite sul da área do proje-
de é originário de rochas do Grupo Cuia- to, esses depósitos chegam a atingir mais
bá e da Bacia do Paraná. de 2km de largura e espessura de até 5m.
É atribuída uma idade quaternária A idade desses depósitos é pleistocênica
para essa formação. Os únicos dados pa- até o presente.
leontológicos devem-se a Almeida (1945;
1965), que descreveu a existência de res- 2.3 – GEOLOGIA ESTRUTURAL
tos de gastrópodos não extintos, nas pro-
ximidades de Corumbá (MS). 2.3.1 – INTRODUÇÃO

2.2.5 – ALUVIÕES RECENTES A história deformacional da área do


projeto é complexa e polifásica e nela fo-
Na área ocorrem associados à calha ram caracterizadas três unidades geotec-
dos rios: Cuiabá, Aricá-Açu e Pari, e seus tônicas: a primeira, representada pelas ro-
afluentes principais. chas do Grupo Cuiabá, faz parte da Faixa
Alto Paraguai de idade neoproterozóica,
2.2.5.1 – SUBUNIDADE Q2a1 edificada na borda sul do Cráton Amazo-
nas. A segunda é constituída por sedimen-
Ocorre apenas ao longo da planí- tos paleo-mesozóicos da Bacia do Para-
cie de inundação do rio Cuiabá na fo- ná (grupos Rio Ivaí e Paraná e Formação
lha homônima, ocupando uma área de Botucatu). A terceira é a Planície Aluvio-
128km2, equivalendo a 2,5% da área nar do Pantanal Mato-grossense, que faz
total. parte da grande bacia intracratônica ce-
Corresponde à região ainda sujeita a nozóica do Pantanal.
inundações periódicas. São depósitos flu- Após a formação das Coberturas De-
violacustrinos compostos por deposição trito-lateríticas, há fortes evidências de fa-
de sedimentos de suspensão siltosos e ar- lhamentos normais reativando antigas es-
gilosos , de cor cinza-claro a cinza-escu- truturas.

44
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

2.3.2 – FAIXA ALTO PARAGUAI 2.3.2.1 – ZONAS ESTRUTURAIS DA


FAIXA ALTO PARAGUAI
A Faixa Alto Paraguai possui a forma
de um arco de direção NE-SW na porção De acordo com Alvarenga & Trom-
norte e N-S na parte sul, cuja concavida- pette (op. cit.), a atuação progressiva de
de direciona-se para SE,com uma exten- esforços com o aumento do strain da zona
são de 1.500km com uma largura média externa para a zona interna foi a respon-
de 300km. sável pela estruturação da Faixa Alto Pa-
Anteriormente era dividida em zona raguai, com o registro dessa progressão
interna, mais antiga (Grupo Cuiabá), me- marcado nas foliação, clivagens, dobra-
tamorfizada e dobrada, e zona externa mentos, etc., constituindo litótipos da fá-
mais jovem (formações Bauxi, Puga, Ara- cies xisto-verde na zona interna.
ras, Raizama e Diamantino). Alvarenga et al. (2000) descrevem
Lacerda Filho et al. (2004) dividem a nesta faixa uma zonação sedimentar, tec-
Faixa Alto Paraguai em dois domínios prin- tônica e metamórfica assim compartimen-
cipais: Margem Passiva (FAPmp) com re- tada: 1 – Zona cratônica com estratos ho-
manescentes de Crosta Oceânica (FAPco), rizontais; 2 – Zona pericratônica com do-
e bacia de Ante-País (FAPba). bras holomórficas de grandes extensão e
De acordo com esses autores, o re- amplitude; 3 – Zona bacinal profunda
manescente de Crosta Oceânica regis- com dobras e empurrões com vergência
tra o estágio inicial rift de abertura da para oeste. Foram caracterizadas por es-
bacia evidenciado por vulcânicas máfi- ses autores como: cobertura sedimentar
cas da Unidade Metavulcanossedimen- de plataforma; zona externa não dobra-
tar Nova Xavantina e rochas do Grupo da com pouco ou sem metamorfismo; e,
Cuiabá. No sudeste de Mato Grosso, zona interna metamórfica com intrusões
marcando o início da tentativa de aber- graníticas.
tura oceânica.
A Margem Passiva é caracterizada 2.3.2.2 – DEFORMAÇÕES
por uma sedimentação inicialmente quí-
mica e camadas de filitos carbonosos, tí- De acordo com Alvarenga & Trompet-
picos de ambientes profundos e reduto- te (op. cit.), as deformações (D1 a D4) da
res em região de talude e distal à mar- Faixa Alto Paraguai tem idade brasiliana.
gem da plataforma, correspondendo ao Assim, citam que a primeira fase (D1)
Grupo Cuiabá. é a principal e ocorreu ao longo de toda
Alvarenga & Trompette (1992) des- a faixa. A segunda e a terceira têm caráter
crevem uma sedimentação glacial nas local e são marcadas por clivagens de cre-
áreas proximais da plataforma, que trans- nulação, a quarta, tardiorogenética, é de
correu durante a glaciação Varangiana caráter rúptil.
(610 -590Ma) com correspondentes la-
terais na zona de talude retrabalhados 2.3.2.2.1 – PRIMEIRA FASE DE
por fluxos de gravidade, com a deposi- DEFORMAÇÃO
ção de turbiditos distais e pelitos baci-
nais (sedimentos superiores do Grupo É o traço estrutural mais característi-
Cuiabá). co onde as rochas do Grupo Cuiabá
Após, vem uma transgressão com de- (zona interna) desenvolveram um siste-
posição de carbonatos (Formação Araras ma de empurrões e dobras inversas e iso-
e Grupo Corumbá). clinais de direção NE-SW a ENE-WSW,

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

com planos axiais mergulhando de 40o o forte fraturamento orientado N50o-


a 60o para W e com caimento dos eixos 70oW, com mergulhos para SW.
de dobramentos não superiores a 15oNE. Os veios de quartzo que se desenvol-
Associada às dobras D1, tem-se uma veram paralelamente a esse fraturamento
foliação S1 bem desenvolvida. possuem espessura centimétrica a métri-
Paralelamente a essa foliação desen- ca, e muitas vezes no contato com a ro-
volveram-se lineamentos estruturais re- cha encaixante apresentam-se minerali-
presentados por falhas inversas, que zados em ouro.
como pode ser observado a leste de
Cuiabá, são acompanhadas de veios de 2.3.3 – BACIA DO PARANÁ
quartzo concordantes com D 1 e com
mergulho 25o-40o para NW, caracteri- Nesta bacia foram caracterizados
zando uma subida do bloco NW em quatro ciclos de subsidência: Rio Ivaí; Pa-
relação ao bloco SE. raná; Gondwana I; e, Gondwana II (Mila-
Esta fase de deformação afetou duas ni, 1997). Na área do projeto não ocorre
gerações de veios de quartzo: uma ante- o Gondwana I.
rior a D1, que foi dobrada originando as A Superseqüência Rio Ivaí (Ordovi-
dobras F1; outra contemporânea a D1, dis- ciano-Siluriano) é uma transgressão que
posta paralelamente a S1. abrange as formações Alto Garças forma-
da por arenitos fluviais, transicionais e cos-
2.3.2.2.2 – SEGUNDA FASE DE teiros e Vila Maria, constituída por areni-
DEFORMAÇÃO tos e folhelhos.
O Grupo Paraná (Devoniano) carac-
É reconhecida nas rochas do Gru- teriza um ciclo transgressivo constituído
po Cuiabá pela presença de uma folia- pelas formações Furnas, composta por
ção S2 de caráter penetrativo e está as- arenitos e conglomerados fluviais e tran-
sociada a recristalização de minerais fi- sicionais, e Ponta Grossa, representada
litosos. É bastante nítida nos filitos e fra- por siltitos marinhos.
camente distinguível nas camadas mais Já a Superseqüência Gondwana II,
arenosas. correspondente à abertura do Oceano
Atlântico, compreende a Formação Bo-
2.3.2.2.3 – TERCEIRA FASE DE tucatu de idade juro-cretácica, constituí-
DEFORMAÇÃO da por arenitos eólicos de ambiente de-
sértico, Lacerda et al. (2004).
É marcada pela presença da clivagem
de crenulação de plano axial S3, observa- 2.3.4 – BACIA DO PANTANAL
da em filitos e ausente nas rochas mais
arenosas como os quartzitos. As dobras É representada pela planície aluvio-
D3 são abertas. nar do Pantanal, ainda em deposição,
cuja área-fonte dos sedimentos são as
2.3.2.2.4 – QUARTA FASE DE rochas da Bacia do Paraná e do Grupo
DEFORMAÇÃO Cuiabá.
Na área, é constituída pelas planícies
É caracterizada por dobras de grande de inundação dos rios Cuiabá, Coxipó e
comprimento de onda, com eixos perpen- Aricá-Açu, cujos sedimentos são de na-
diculares aos eixos das três fases anterio- tureza arenosa e síltico-argilosa e raramen-
res. A característica principal desta fase é te conglomerática. Na região sul do pro-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

jeto, nas proximidades de Santo Antônio é importante utilizar-se da classificação


de Leverger, a planície de inundação do genética das mesmas, que, dependendo
rio Cuiabá é caracterizada por inúmeros da maneira como se apresentam em re-
meandros abandonados e lagoas. lação ao esforço atuante, podem ser im-
portantes com relação ao aspecto hidro-
2.3.5 – INTERPRETAÇÃO geológico.
ESTRUTURAL DAS FEIÇÕES DE Dentre as falhas e as fraturas as mais
INTERESSE HIDROGEOLÓGICO favoráveis são as extensionais ou aber-
tas. Destacam-se ainda as transversais,
As rochas que afloram na região cons- fraturas paralelas aos eixos das dobras e
tituem um meio heterogêneo onde a cir- as longitudinais. A presença de fraturas
culação da água subterrânea é condicio- abertas tem um importante papel na
nada as descontinuidades físicas das mes- prospecção de água subterrânea, porque
mas, característica própria dos aqüíferos quanto maior é a densidade de fratura-
fissurados. Uma simples observação dos mentos maior será a sua capacidade de
cursos dos rios Cuiabá, Coxipó e Aricá- acumulação e circulação de água sub-
Açu e outros de menor porte mostra que terrânea. As grandes falhas e fraturas pre-
a retilinidade de alguns dos seus trechos sentes na área podem, portanto, se trans-
coincide com as direções de fraturamen- formar em grandes canais de circulação
to regional. Considerando-se que estes e acumulação de água e fornecer gran-
elementos fissurais se constituem nas pró- des vazões. Já as falhas de cisalhamento,
prias formas primárias de recarga, arma- provenientes de esforços compressivos,
zenamento e circulação hídrica, é de se acarretam planos fechados, portanto não
esperar a existência de áreas fraturadas favoráveis. Neste caso conterão pouca
que possam se constituir em aqüíferos. Em quantidade de água ou nenhuma. As de
especial, os lineamentos NE-SW, interpre- cisalhamento que possuírem zonas de
tados como reativados tectonicamente milonitização e catáclase tornam-se fa-
durante o Cenozóico, são sítios favoráveis voráveis, quando estas zonas estão sub-
à intensa circulação de água. metidas a ação do intemperismo, provo-
Os principais litótipos são filitos, fili- cando a alteração e decomposição das
tos conglomeráticos, quartzitos, metare- rochas, propiciando desta forma, a infil-
nitos e metarcóseos submetidos a inten- tração e acumulação de água. Neste
sos fraturamentos e dobramentos. A sua caso, poderão produzir um volume mo-
análise estrutural fornece importantes in- derado de água (Ladeira, 1985).
formações para o entendimento das ca- Já no relacionamento entre os dobra-
racterísticas hidrogeológicas da área, uma mentos e a hidrogeologia, os efeitos são
vez que a partir deste conhecimento discutíveis. Embora os dobramentos fa-
pode-se traçar importantes parâmetros voreçam a infiltração de água por inter-
para a infiltração, armazenamento e cir- médio dos planos de estratificação o seu
culação de água subterrânea, bem como, potencial hidrogeológico depende de
a vulnerabilidade natural do aqüífero e outros fatores tais como as fraturas exten-
conseqüentemente a locação de poços. sionais e de alívio geradas no seu desen-
Constata-se que as melhores estrutu- volvimento.
ras favoráveis a infiltração e armazena- Quando observados em conjunto so-
mento de água são as falhas e fraturas. bre o mapa geológico, um sistema prefe-
Na identificação das estruturas com boas rencial de direção NE-SW destaca-se na
probabilidade de acumulação de água, área. Em observações de campo este con-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

junto apresentou algumas fraturas abertas, ALMEIDA, F. F. M. de. Evolução Tectôni-


portanto, com características extensionais. ca do Centro-Oeste Brasileiro no Pro-
Este sistema afeta principalmente as rochas terozóico Superior. Anais Acad. Bras.
metassedimentares do Grupo Cuiabá e em Ciências, n. 40, p. 285-295, 1968.
virtude de seu paralelismo com a direção ALVARENGA, C. J. S. Dobramentos da fai-
do cisalhamento regional, sugere tratar- xa Paraguai na borda sudeste do Cra-
se de um sistema composto de fraturas ton Amazônico. In: CONGRESSO BRA-
de cisalhamento, isto é, pouco aberto. No SILEIRO DE GEOLOGIA, 33, 1984, Rio
entanto as fraturas abertas poderiam ser de Janeiro, Anais.... Rio de Janeiro, SBG,
interpretadas como fraturas paralelas à di- 1984, v.7, p. 3.258-3.271.
reção do esforço atuantes e geradas por ALVARENGA, C. J. S. Evolução das defor-
tração perpendicular ao esforço, enquan- mações polifásicas brasilianas na faixa
to as fechadas seriam fraturas formadas ao Paraguai, Região de Cuiabá - MT.
longo do eixo do esforço. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
As primeiras também poderiam ser GEOLOGIA, 34. 1986, Goiânia. Anais...
fraturas de cisalhamento reativadas em re- Goiânia: SBG, 1986, v. 3, p. 1.170-1.
gime extensional. ALVARENGA, C. J. S. & TROMPETTE, R.
As rochas do Grupo Cuiabá apresen- Glacial infuenced turbidite sedimenta-
tam-se regionalmente dobradas e por isso tion in the uppermost Proterozoic and
têm grande importância com relação aos Lower Cambrian of the Paraguay Belt
aspectos hidrogeológicos. (Mato Grosso, Brazil). Paleogeography,
Paleoclimatology, Paleoecology, n. 92,
p. 85-105, 1992.
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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

3 – RECURSOS MINERAIS

3.1 – INTRODUÇÃO argila para cerâmica vermelha; cascalho


laterítico e de veios de quartzo (agrega-
A exploração de materiais para a dos para a construção civil, revestimento
construção civil e insumos agrícolas nas e encascalhamento de rodovias); e, ouro.
proximidades de áreas urbanas e em áreas
de proteção ambiental vem sendo coibi- Até o final de 2005, existiam na
da na maioria dos municípios. Assim, o área 03 concessões de lavra
abastecimento dos centros consumidores (01 para água mineral e 02 para
pode encarecer, uma vez que esta explo- ouro); 01 requerimento de lavra
ração é deslocada para áreas cada vez (quartzito); 27 registros de licencia-
mais distantes. Portanto, é necessário que mento (14 para areia/cascalho,
se faça um estudo da localização e po- 07 para argila e 06 para cascalho
tencialidades desses bens minerais e de laterítico); 06 requerimentos de la-
como a atividade de exploração pode
vra garimpeira (todos para ouro);
produzir as matérias-primas necessárias
81 requerimentos de autorização de
ao desenvolvimento desses centros urba-
pesquisa (20 para areia/cascalho,
nos a custos mais baixos e compatíveis
03 para argila, 03 para quartzito,
com a realidade de cada município.
52 para ouro, 01 para prata e
Neste trabalho, procuramos mostrar a
01 para água mineral) e 01 requeri-
localização de cada bem mineral e sua
mento de licença (cascalho).
potencialidade, visando produzir dados
capazes de orientar o desenvolvimento
da atividade mineral integrada ao plane- 3.2 – SITUAÇÃO DOS DIREITOS
jamento municipal. MINERÁRIOS NA ÁREA DO PROJETO
A atividade mineral na região do Pro-
jeto SIG Cuiabá engloba a produção de A situação dos direitos minerários
areia e cascalho aluvionar (agregados por municípios é apresentada nas tabe-
para a construção civil); água mineral; las 3.1 e 3.2.

51
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 3.1 – Direitos minerários por município.

Requerim. Requerim. Concessão Autoriz.


Município Licenciamento TOTAL
Pesquisa Licença Lavra Pesquisa
Chapada dos Guimarães 1 1 2
Cuiabá 7 2 3 14 26
N. Sra. Livramento 4 10 14
Sto. Antônio Leverger 1 4 5
Várzea Grande 5 7 2 14
TOTAL 17 1 3 10 30 61

No primeiro semestre de 2005 reali- cipalmente no canal ativo, podendo, en-


zou-se um levantamento de campo, tretanto, ocorrer nos terraços aluviais.
abrangendo toda a área do SIG Cuiabá, Em geral estão associados à desagre-
utilizando-se o GPS – Sistema de Posi- gação de arenitos da Bacia do Paraná e
cionamento Global, para se locar com de rochas do Grupo Cuiabá, do qual, a
precisão as áreas de ocorrências mine- fragmentação dos veios de quartzo e
rais passíveis de serem exploradas. quartzitos resulta em um cascalho consti-
Esses dados cadastrados no campo tuído principalmente por seixos com bom
apresentaram um total de 114 ocorrên- arredondamento.
cias ou atividades minerais, sendo 53 não A areia grossa é utilizada como agre-
conhecidas e 61 já conhecidas, das quais gado miúdo na indústria de construção
apenas 04 em atividade. civil para a fabricação de concreto.
Das ocorrências observou-se que: Sua extração é realizada em regime
– 22 são de areias e cascalhos aluviona- de licenciamento.
res (19%); Dados obtidos junto aos mineradores
– 2 de argila (2%); apontam uma produção estimada de
– 29 de cascalho laterítico (25%); 57.000m³/mês de areia (fina e grossa) e
– 25 de cascalho de veio de quartzo (22%); cascalho.
– 01 de cascalho aluvionar (1%); A produção de areias e cascalhos, uti-
– 01 de cascalho de seixos (1%); lizados para argamassa e concreto, não
– 32 de ouro (28%); está atendendo a demanda de Cuiabá e
– 01 de água mineral (1%); Várzea Grande, o que é preocupante,
– 01 de cristal-de-rocha (1%). pois a principal fonte, o rio Cuiabá, po-
derá ter suas reservas exauridas em curto
3.3 – DESCRIÇÃO DAS OCORRÊNCIAS espaço de tempo.
Temos que lembrar ainda que muitas
3.3.1 – AREIAS E CASCALHOS das áreas favoráveis à extração, estão em
ALUVIONARES locais de proteção ambiental. Além disso,
o rio Manso, afluente do rio Cuiabá que
Os principais depósitos estão associa- corta os sedimentos da Chapada dos Gui-
dos ao rio Cuiabá. Normalmente estes marães, e o principal responsável pelo
depósitos são formados por areias finas a transporte da fração arenosa dos depósitos,
grossas, de cor creme, contendo casca- foi represado. É necessário um estudo de
lho, alguma argila e material orgânico detalhe para verificar se a areia continua a
(folhas e pedaços de madeira). ser transportada até o rio Cuiabá ou se está
A extração desse material é feita prin- se depositando a montante da barragem.

52
Tabela 3.2 – Ocorrências minerais com e sem registro no DNPM cadastradas na área do projeto.

Município Regime Areia/Cascalho Casc. Lat. Casc. Veios Qz Casc. Aluv. Casc. Seixos Argila Ouro Cristal Água Min. Total
Requerim. Pesquisa
Requerim.Licença 1 1
Chapada dos Guimarães Concessão Lavra 1 1
Nº Ocorrências c/registro 1 1 2
Nº Ocorrências s/registro 1 1 2
Total 2 1 1 4
Licenciamento 1 2 3
Requerim. Pesquisa 3 4 7
Autoriz. Pesquisa 4 10 14
Cuiabá Concessão Lavra 2 2
Nº Ocorrências c/registro 8 2 16 26
Nº Ocorrências s/registro 20 7 1 1 29
Total 8 22 7 1 16 1 55
Licenciamento
Requerim. Pesquisa 4 4

53
N. Sra. Livramento Autoriz. Pesquisa 10 10
Nº Ocorrências c/registro 14 14
Nº Ocorrências s/registro 10 10
Total 10 14 24
Requerim. Pesquisa 1 1
Autoriz. Pesquisa 4 4
Sto. Antônio Leverger Requerim. Lavra
Nº Ocorrências c/registro 4 1 5
Nº Ocorrências s/registro 1 2 3
Total 4 1 2 1 8
Licenciamento 6 1 7
Requerim. Pesquisa 2 2 1 5
Várzea Grande Autoriz. Pesquisa 2 2
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Nº Ocorrências c/registro 10 2 1 1 14
Nº Ocorrências s/registro 2 6 1 1 10
Total 10 4 6 1 2 1 24
Nº Ocorrências c/registro 22 5 1 32 1 61
Total Nº Ocorrências s/registro 24 25 1 1 1 1 53
Total de Ocorrências 22 29 25 1 1 2 32 1 1 114
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Em conversas informais com donos


de dragas, nos foi dito que apenas 70%
do material extraído por ano é reposto no
período chuvoso, quando ocorre maior
aporte de material.
Durante os trabalhos de campo foram
visitados 26 pontos de extração ou de
ocorrência desse tipo de areia, todos ao
longo do rio Cuiabá.

3.3.1.1 – MÉTODO DE LAVRA


Foto 3.1 – Ponto GS-195. Draga estacionária ex-
A areia e o cascalho são extraídos do traindo areia e cascalho do leito do rio Cuiabá.
leito ativo do rio através de dragagem. O
material extraído passa por uma peneira
a qual separa os seixos, calhaus e mate-
rial orgânico. Posteriormente este material
é estocado às margens da drenagem, mui-
tas vezes a uma distância inferior a 100m,
podendo acarretar desmoronamentos,
além de que para construir o depósito é
necessário desmatar a mata ciliar.
A dragagem é realizada através de
dois métodos:
a) Fixo – As dragas instaladas em bal-
sas são ancoradas com cabos de aço à Foto 3.2 – Ponto GS-195. Peneira de separação
margem do rio e succionam e bombeiam do material sugado pela draga.
através de tubulação o material do canal
para uma caixa ou fervedouro, onde uma Os pequenos produtores utilizam pá
peneira separa a areia do cascalho e en- manual para o carregamento em cami-
tulhos (fotos 3.1 e 3.2 – Ponto GS-195). nhões de carroceria convencional, na
b) Móvel – As dragas são móveis, e maioria das vezes de terceiros.
após a coleta do material atracam às mar- As extratoras de maior porte utilizam-
gens do rio e bombeiam o material para a se de pás carregadeiras e transporte em
margem. caminhões-caçamba basculantes.
O material obtido pela dragagem é A maioria possui barragem de rejei-
composto por areia e cascalho. A areia pro- tos e barragem de clarificação e algumas
duzida é classificada em areia grossa possuem cortina verde.
(>5mm); areia média (1mm) e, areia fina
(<1mm). O cascalho é composto por sei- 3.3.1.2 – IMPACTOS AMBIENTAIS
xos e blocos de quartzo, quartzito e silexito,
com diâmetro variando de 5mm a 250mm. Normalmente a extração de areia do
As peneiras ficam muito próximas leito ativo das drenagens provoca a alte-
das margens o que pode ocasionar o re- ração da dinâmica fluvial. Como na área
torno do material retido na peneira para em estudo, a capacidade de descarga dos
o leito da drenagem, causando assorea- cursos de água é reduzida, principalmente
mento no local. no período de estiagem. A modificação

54
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das condições hidrodinâmicas pelo rebai- que este material retorne ao leito ativo e
xamento do leito ativo do rio Cuiabá se- evite a formação de uma barreira que pos-
ria mínima se as lavras ocorressem de sa causar o desvio do leito original.
forma adequada e correta, e até contri- – realizar a dragagem do leito do rio sob
buiriam para o desassoreamento. a forma de leque, de montante para jusan-
Porém, quando essa extração é desen- te, seguindo o eixo principal do canal.
volvida de forma inadequada, pode acar- – construir as estradas e o pátio de de-
retar sérios danos ao meio ambiente uma pósito fora da mata ciliar, evitando assim
vez que as dragas são estacionárias e lo- impactos maiores advindos de sua elimi-
calizadas muito próximas às margens, o nação.
mesmo ocorrendo com as peneiras que – evitar a dragagem nas proximidades
retêm o cascalho, o qual se acumula en- de pilares de pontes ou outras obras de
tre a peneira e a drenagem e em determi- engenharia (distância mínima de 200m).
nado momento retorna ao leito ativo – recomenda-se ainda cuidados espe-
provocando seu assoreamento e muitas ciais quanto ao uso de óleos e graxas e
vezes desvio do canal. remoção de todo o lixo para evitar a con-
O pátio de depósito do material extraí- taminação da drenagem e do solo em suas
do é construído dentro da mata ciliar, pro- proximidades.
vocando sua destruição. O mesmo – não permitir a exploração em áreas
acontece com as estradas de acesso que de lazer (praias, ilhas, foz de córregos e
cortam paralelamente e muito próximas ao reservas pesqueiras).
canal, também causando desmatamento – não permitir a exploração em mean-
da vegetação ciliar e desestabilização das dros abandonados a não ser com a finali-
margens devido ao tráfego de caminhões dade de correção comprovada do canal.
pesados sobre um terreno pouco compac- – não lançar os rejeitos no leito do rio
tado, o que provoca um impacto ambien- ou estocá-los nas margens, devendo os
tal maior do que a própria extração mineral. mesmos serem utilizados para a recupe-
Os óleos e graxas derramados afugen- ração das áreas degradadas.
tam a fauna e causam poluição hídrica. – lançar a água de retorno diretamente
Além disso, podem ser observados outros no leito do rio para impedir a erosão dos
impactos tais como: poluição sonora, barrancos e colocar filtros para que rete-
emissão de gases, concentração de lixo e nham o material sólido em suspensão
vasilhames contaminados. contido nessas águas.
– exigir a construção de barragens de
3.3.1.3 – RECOMENDAÇÕES contenção de rejeitos e de clarificação da
água de retorno.
Sugere-se que para esse tipo de extra- – construir barreiras de proteção
ção mineral (dragas), os mineradores sejam para que o material não escoe para den-
conscientizados da importância de uma la- tro da drenagem ou para a faixa de ve-
vra planejada, de modo que o canal fluvial getação ciliar.
mantenha sua regularidade e configuração
original, e que a areia seja extraída apenas 3.3.2 – ARGILA
do leito ativo e não de barrancos e terraços
aluviais. Além disso, recomenda-se que: As argilas que ocorrem na área do
– as peneiras de retenção de casca- projeto são de origem fluvial e foram de-
lho e outras impurezas sejam instaladas positadas na planícies de inundação dos
afastadas da margem, de modo a impedir rios Cuiabá (predominantemente) e Ari-

55
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cá-Açu, durante o período das cheias. Umidade de Extrusão – a umidade


Geralmente apresentam-se sob a forma de de extrusão em argilas para cerâmica
lentes e gradam lateralmente para silte e/ vermelha deve ser em torno de 18 a
ou material arenoso. 30%. A amostra apresentou um teor de
umidade de 30%, sendo necessário ve-
Durante a verificação de cam- rificar e controlar os teores de umidade
po foi encontrada uma significativa da argila na produção, pois a está no
ocorrência de argila na planície de limite máximo.
inundação do rio Aricá-Açu (ponto Retração de Secagem – as argilas nos
GS-213), com uma área de aproxi- ensaios de retração de secagem devem
madamente 650ha (6.500.000m²). apresentar na secagem a 110oC no máxi-
Em uma escavação foi constatada mo 6%, o mesmo índice para a queima a
uma espessura de 2m de argila so- 950oC e retração total de no máximo 12%.
bre uma camada arenosa. Em prati- A amostra analisada apresentou os seguin-
camente toda área plana aflora a tes resultados para retração de secagem a
argila. Exame táctil e visual mostra 110oC: 05,57% (tabelas 3.3 e 3.4).
uma argila quase branca (tons de
Tabela 3.3 – Ensaio de retração de queima.
cinza-claro e creme) com raríssimos
e finos níveis arenosos. % de retração após queima
850oC 900oC 950oC 1.050oC
Esta argila foi enviada para análise no
Laboratório de Tecnologia da Cerâmica e 0,00 0,23 1,99 7,94
da Construção Civil – SENAI/MT.
Tabela 3.4 – Ensaio de retração total (secagem e
A argila foi seca a céu aberto, moída,
queima).
retirado um lote para ensaios de matéria
prima em forma de pó e os demais passa- % de retração total
ram pelos processos de homogeneização,
850oC 900oC 950oC 1.050oC
extrusão, secagem e queima com a reali-
zação dos seguintes ensaios: 5,05 5,42 7,02 12,69
1 – Plasticidade;
2 – Umidade de extrusão; Perda ao Fogo – de acordo com as
3 – Retração de secagem a 110oC e Retra- normas laboratoriais, a perda ao fogo na
ção de queima em temperaturas de 850o a temperatura de 950oC deve ser no máxi-
1.050oC. Retração Total (secagem e quei- mo de 10%.
ma), nas mesmas condições; A amostra em questão apresentou teor
4 – Perda ao fogo; dentro dos parâmetros exigidos (Tabela 3.5).
5 – Absorção da água, porosidade aparen- Tabela 3.5 – Ensaio de perda ao fogo.
te, massa específica aparente;
6 – Cor de secagem e queima. % de perda ao fogo
Os resultados obtidos foram: 850oC 900oC 950oC 1.050oC
Plasticidade – apresentou um índice
de plasticidade 15, o que a caracteriza 5,09 5,36 5,44 6,11
como de boa plasticidade e caso seja mis-
turada a outras argilas para fins de cerâ- Cor de Secagem e Queima – é prefe-
mica vermelha, estas deverão apresentar rível, mas não imprescindível que uma
bons índices de plasticidade para obten- argila típica para cerâmica vermelha apre-
ção de uma boa mistura. sente coloração avermelhada após a

56
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queima. No caso a amostra estudada que a argila da amostra analisada poderá


apresentou cor de secagem creme e cor ser utilizada na fabricação de produtos de
de queima a 950oC vermelha. cerâmica vermelha – blocos e telhas, po-
A Tabela 3.6 mostra os parâmetros de dendo ser utilizada como argila de base
ensaios para Tensão de Ruptura à Tensão (principal).
(TRF), Absorção de Água (AA), Porosida- Atualmente toda a argila é extraída em
de Aparente (PA) e Massa Específica um mesmo local (planície de inundação
Aparente (MEA) para os diversos tipos de do rio Cuiabá) pela COOPENCER (Coo-
produtos de cerâmica vermelha. perativa de Exploração Mineral para
Para esses parâmetros a argila anali- Cerâmica e Setores da Construção de MT),
sada apresentou os seguintes resultados atendendo atualmente a 22 cerâmicas e
para Tensão de Ruptura à Flexão a 110oC: 10 olarias com uma produção mensal em
Kgf/cm = 17,99; Mpa = 1,76 (Tabela 3.7). torno de 29.000m³.
Com isso, as amostras apresentaram Esta área possui 50ha e foi pesquisa-
resultados onde os valores atendem a to- da através de trado, sondagem rotativa e
das as especificações. amostragem para análises laboratoriais.
Conclusão: De acordo com os resul- Mesmo sendo um produto de altera-
tados (Tabela 3.8), o laboratório concluiu ção, selecionado pelos processos naturais

Tabela 3.6 – Parâmetros de ensaios.

Tijolo maciço Bloco Cerâmico Telha Laje


Parâmetros
Kgf/cm Mpa Kgf/cm Mpa Kgf/cm Mpa Kgf/cm Mpa
TRF a 110°C
15 1,50 25 2,50 30 2,90 25 2,50
Mínimo de
TRF a 950°C
20 2,00 55 5,40 65 6,40 55 5,40
Mínimo de
Absorção Entre Máximo de Entre
de água
– 8 a 25% 20% 8 a 25%
Porosidade Entre Entre Entre Entre
Aparente 17 a 35% 17 a 35% 17 a 35% 17 a 35%
Massa
Mínimo de Mínimo de Mínimo de Mínimo de
Específica
1,70g/cm2 1,70g/cm2 1,70g/cm2 1,70g/cm2
Aparente

Tabela 3.7 – Ensaio de tensão de ruptura à flexão após queima.

TRF
850oC 900oC 950oC 1.050oC
Kgf/cm Mpa Kgf/cm Mpa Kgf/cm Mpa Kgf/cm Mpa
51,20 5,02 94,58 9,27 172,50 16,91 348,17 34,12

Tabela 3.8 – Análise quantitativa por espectrometria de fluorescência de raio X (dados dos ensaios).

Ensaios Resultados (%) Ensaios Resultados (%)


Perda ao Fogo 6,71 MgO 1,63
SiO2 62,84 Na2O 0,18
Al2O3 17,78 K2O 3,62
Fe2O3 5,44 MnO 0,05
TiO2 0,88 P2O5 0,04
CaO 0,02 – –

57
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

de transporte e deposição, a natureza da Os mesmos autores citam que ensai-


área-fonte tem uma importância que re- os realizados no Senai/Fiemtec, indicaram
fletirá na quantidade e tipos de argilas de- boa plasticidade, queima vermelha a
positadas. 950oC, perda ao fogo em torno de 7,16%
Em geral são argilas de cor cinza-es- a 1.050oC, retração total em torno de
curo quando úmidas e cinza-claro quan- 9,5% a 1.050oC, tensão de ruptura a fle-
do secas. A espessura média do depósito xão média de 33,12oK.at/cm a 1.050oC,
é de 15m, sendo que por 9m o pacote absorção média de 10,43%, porosidade
apresenta-se homogêneo. Os níveis de aparente de 20,57% e massa específica
areia são delgados e de forma lenticular aparente de 2,56g/cm2.
(fotos 3.3 e 3.4 – aspectos do depósito de O processo de beneficiamento inclui
argila no rio Cuiabá). moagem, umidificação, marombagem, se-
A argila extraída é utilizada como cagem e queima em temperatura por vol-
matéria-prima na indústria da cerâmica ta de 800oC. O processo de secagem e
vermelha, para a fabricação de telhas, queima dura em torno de 48 horas, sen-
tijolos comuns e tijolos furados, além de do que o combustível utilizado é lenha e
lajes. palha de arroz.
Ensaios tecnológicos mostram que es- De acordo com Quadros & Paes de
sas argilas possuem características ade- Barros (op. cit.), a produção mensal de ti-
quadas para a sua utilização em cerâmi- jolos e blocos cerâmicos gira em torno de
ca vermelha, sendo classificadas como 5.500.000 peças/mês e a de telhas é bem
argilas ilíticas (alto ferro e potássio) com menor.
médios teores de Al2O3, MgO, CaO e O preço médio do milheiro do tijolo
Na2O, plasticidade alta, queima vermelha, é de R$ 208,00 e o de telha de R$ 520,00.
fundente. A área está regularizada pelo DNPM
De acordo com Quadros & Paes de nº 866.468/2003 e a atividade desenvol-
Barros (2005) a composição química mé- ve-se sob regime de licenciamento, cuja
dia dessas argilas obtida por fluorescên- Licença da Prefeitura é nº027/2004 e o
cia de raio X é mostrada na Tabela 3.9. processo da FEMA é de nº 00075/2004.

Foto 3.3 – Aspecto do depósito de argila do rio Foto 3.4 – Vista geral do depósito de argila ex-
Cuiabá, explorada pela COOPENCER. plorado pela COOPENCER no rio Cuiabá.

Tabela 3.9 – Composição química das argilas.


Comp SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 LO1
% 64,19 16,80 6,57 0,99 0,08 1,48 0,23 0,42 3,01 0,10 6,09

58
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

3.3.2.1 – MÉTODO DE LAVRA – Poluição do ar;


– Poluição do lençol freático;
A extração é realizada a céu aberto – Utilização das cavas abandonadas co-
através da lavra por bancada em cava, de mo “lixões”.
maneira mecanizada e a argila transpor-
tada por caminhões até as cerâmicas.
O equipamento utilizado na extração
consta de 06 carros de mão; 01 retroes-
cavadeira; vários caminhões-caçamba;
03 correias transportadoras; 01 marom-
ba; e, 01 caminadora.
Trabalham no local 43 funcionários,
os quais usam EPI (luvas, protetores auri-
culares, mascaras e óculos).
Para minimizar os impactos ambien-
tais são utilizadas barragem de rejeito; Foto 3.5 – Aspectos das cavas de extração de argi-
la preenchidas por águas pluviais estagnadas.
barragem de clarificação; aspersores;
umectação e cortina verde.
Existe controle ambiental, licencia- 3.3.2.3 – RECOMENDAÇÕES
mento ambiental e PRAD.
Os maiores problemas na exploração No caso das argilas recomenda-se que
dessas argilas são: a) devido ao grande a extração seja efetuada pelo método de
volume e o baixo preço, este material é cavas fechadas, sem ligação com a drena-
extraído próximo à periferia da área ur- gem, para que esta não seja contaminada
bana zona em que se localiza a indústria por águas de elevado teor de sólidos em
cerâmica, gerando conflitos com outros suspensão. Se não for possível a adoção
tipos de uso dos solos; b) como a cava desse sistema, é recomendável a implan-
aberta é de grande porte, torna-se proble- tação de diques ou bacias de decantação
mática a drenagem da água acumulada antes da água retornar à drenagem.
nessas depressões, devido à baixa per- Deve-se manter uma faixa de prote-
meabilidade do terreno. ção, definida pela área de preservação
permanente, especificada pelo IBAMA e
3.3.2.2 – IMPACTOS AMBIENTAIS órgão ambiental estadual.
Os rejeitos devem ser estocados de
Os principais fatores negativos e que forma planejada e em locais adequados,
provocam um impacto ambiental degra- previamente selecionados.
dante na área de explotação são: Quando do início da lavra, deve-se
– Erradicação da mata ciliar; estocar o solo orgânico que recobre a ja-
– Retirada da cobertura de solo; zida para uso posterior.
– Aceleração da erosão próximo às dre- Manter uma única frente de lavra até
nagens por águas pluviais; que se esgote o material. A nova frente de
– Transformação da paisagem pela abertu- lavra só poderá ser aberta se tiver sido ini-
ra e abandono de cavas (poluição ciado o processo de recuperação da área
visual); degradada de acordo com o plano de re-
– Preenchimento das cavas por águas plu- cuperação de áreas degradadas.
viais estagnadas (Foto 3.5); Após a exaustão da jazida, procurar
– Poluição sonora; reabilitar a área aplainando o terreno e re-

59
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

cobrindo-o com o solo orgânico que ha- de rocha subjacente, com uma reserva es-
via sido retirado e estocado para esse fim. timada de 94 milhões de metros cúbicos.
Após o recobrimento, reflorestar com
espécies vegetais originais. 3.3.3.1 – MÉTODO DE LAVRA
Se a cava for muito profunda, o que
não ocorre na área do projeto, recomen- As lateritas são explotadas através de la-
da-se a construção de lagoas e criatórios vra por escarificação (raspagem mecânica).
de peixes evitando que sejam utilizadas A lavra consiste basicamente das se-
como depósito de lixo. guintes etapas:
Quadros & Paes de Barros (op. cit.) – Desmatamento da cobertura vegetal
sugerem para o caso das cavas serem uti- quando existente, por meio de trator de
lizadas para a piscicultura, que os tanques esteira com lâmina;
obedeçam aos seguintes parâmetros: – Raspagem do solo que recobre a laterita;
– comprimento - 40 a 80m; – Desmonte do cascalho laterítico por tra-
– largura - 25 a 50m; tor de esteira com escarificador;
– profundidade máxima - 1,70 a 2,00m; – Carregamento do material em caminhões
– taludes (paredes) com 30% de inclina- basculantes; e,
ção; – Transporte para o local de utilização.
– distância entre cavas - mínima de 3,00m. As fotos 3.6 e 3.7 mostram aspectos
desse tipo de exploração.
3.3.3 – LATERITAS/CASCALHO
LATERÍTICO

Sua relevância econômica reside na


possibilidade de uso na construção civil.
São utilizadas in natura como blocos ou
pedras de mão de usos diversos, conhe-
cidas como “tapiocanga” ou “pedra can-
ga” e como fontes dos materiais de em-
préstimo utilizados nas obras rodoviárias.
Este emprego advém tanto da natureza
do latossolo desenvolvido e de sua espes- Foto 3.6 – Ponto GR-149. Aspecto do carrega-
sura (1metro ou mais, em média 2 me- mento de cascalho laterítico.
tros), quanto do relevo plano que desen-
volveu, e, além disso, quase sempre, são
encontradas próximas a estradas ou áreas
de expansão urbana. O enriquecimento
em sesquióxido de ferro e alumínio e a
deficiência em húmus possibilitam que,
quando desidratado, esse material ori-
gine crostas, cangas e concreções, ma-
teriais estes com ótimas características
para a construção de estradas.
Neste trabalho foram cadastradas 27
ocorrências de cascalho laterítico passíveis Foto 3.7 – Ponto GR-154. Característica do cas-
de serem exploradas, distribuídas por todo calho laterítico extraído para encascalhamento
o município independentemente, do tipo de rodovias.

60
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

3.3.3.2 – IMPACTOS AMBIENTAIS 3.3.3.3 – RECOMENDAÇÕES

A lavra do cascalho laterítico provo- Recomenda-se que nas áreas onde se


ca o desmatamento e a formação inade- está extraindo o material use-se aspersão
quada de taludes que, aliados a remoção e que os caminhões de transporte sejam
dessa capa laterítica, provoca aumento cobertos para diminuir a poeira.
no escoamento superficial e que facilita Não se retire toda a capa laterítica de
o processo de erosão do solo originan- modo a permitir que a camada frágil, sub-
do voçorocas e desmoronamentos. O de- jacente, fique protegida, minimizando
capeamento dessa cobertura laterítica assim o impacto erosivo provocado pelas
pode também contribuir para o assorea- águas pluviais.
mento e poluição da drenagem pelo ma- Já que praticamente não existe solo
terial carreado pelas águas pluviais. para a sua recuperação, estas áreas po-
Um outro fato marcante e que chama dem ser utilizadas para a instalação de
a atenção nessas áreas é a grande quanti- indústrias e até mesmo urbanização.
dade de poeira em suspensão devido à
movimentação dos equipamentos de ex- 3.3.4 – CASCALHO DE VEIOS DE
tração e transporte do material. Este fato QUARTZO
gera desconforto para os moradores pró-
ximos e também ao longo do trajeto até o As cascalheiras originadas pela desa-
local de consumo, pois o transporte é fei- gregação dos veios de quartzo aparecem
to por caminhões caçamba sem proteção principalmente na Subunidade 5 do Gru-
alguma. po Cuiabá. Predominam em duas regiões:
Um fato comum não só na explora- a primeira na Folha Cuiabá, no limite sul
ção das lateritas, mas em todas as lavras do projeto, entre as cidades de Santo An-
mecanizadas é a geração de ruídos que tônio de Leverger e Nossa Senhora do
afugentam a fauna e incomodam a vizi- Livramento e a segunda na Folha Aricá-
nhança. Açu, na porção leste da área.
O que mais chama a atenção é que Esses depósitos apresentam espessu-
apesar de se situarem longe de núcleos ra média em torno de 2m e são constituí-
urbanos, estes locais quase sempre são uti- dos por fragmentos de quartzo leitoso,
lizados como depósitos de lixo (Foto 3.8). angulosos e de vários tamanhos, origina-
dos pela fragmentação e desagregação
dos veios de quartzo que cortam os
metassedimentos da Subunidade 5 do
Grupo Cuiabá, sendo que as águas super-
ficiais carregam o material fino, acumu-
lando-se no local a fração grossa.
Assim como as lateritas, este material,
após sofrer peneiramento para seleção, é
amplamente utilizado na construção ci-
vil e encascalhamento de rodovias.
Neste trabalho foram cadastradas 25
ocorrências de cascalho de veios de
quartzo passíveis de serem exploradas
Foto 3.8 – Ponto GR-157. Utilização dos locais
de onde foi extraído o cascalho laterítico como com uma reserva estimada de 45 milhões
depósito de lixo. de metros cúbicos.

61
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

3.3.4.1 – MÉTODO DE LAVRA dem ser utilizadas para a instalação de in-


dústrias e até mesmo urbanização.
As cascalheiras são explotadas atra-
vés de lavra por escarificação (raspagem 3.3.5 – OURO
mecânica) diferindo da exploração dos
cascalhos lateríticos por não necessitar da Todos os jazimentos de ouro na área
raspagem do solo. do projeto estão relacionados às rochas
A lavra consiste basicamente das se- metassedimentares da Subunidade 5 do
guintes etapas: Grupo Cuiabá, seqüência basal da Faixa
– Desmatamento da cobertura vegetal de Dobramentos Paraguai.
quando existente, por meio de trator de O início de sua exploração data do
esteira com lâmina; século XVIII, e desenvolve-se até os dias
– Desmonte do cascalho por trator de es- atuais, apesar de sua diminuição devido
teira com escarificador; a um maior controle dos órgãos de fisca-
– Carregamento do material em cami- lização e de meio ambiente e também por
nhões basculantes; e, problemas operacionais.
– Transporte para o local de utilização. Neste trabalho foram cadastradas 75
ocorrências de ouro. Destas, 74 corres-
3.3.4.2 – IMPACTOS AMBIENTAIS pondem a minas e garimpos abandona-
dos e/ou paralisados,sendo que apenas
A lavra deste cascalho provoca o des- um garimpo está em atividade e assim
matamento e a formação inadequada de mesmo na clandestinidade.
taludes, facilitando o surgimento de pe- De acordo com Lacerda Filho et al.
quenos desmoronamentos e o início de (2004) estudos realizados pelo DNPM
voçorocas. O decapeamento dessa cober- e IBGE apontam que de 1986 a 1990 a
tura pode também contribuir para o asso- produção de ouro da região da Baixa-
reamento e poluição da drenagem pelo da Cuiabana foi de 14.403kg e de 1991
material carreado pelas águas pluviais. a 1995 a produção garimpeira
Um outro fato marcante e que cha- (14.927kg) foi superior a das empresas
ma a atenção nessas áreas é a grande de mineração (4.494kg), totalizando
quantidade de poeira em suspensão de- 19.421kg de ouro, o que corresponde-
vido a movimentação dos equipamen- ria a uma média de 4 toneladas/ano no
tos de extração e transporte do material. período de 1991 a 1995, a 6% da pro-
Este fato gera desconforto para os mora- dução aurífera brasileira.
dores próximos e também ao longo do Luz et al. (1980) caracterizaram três
trajeto até o local de consumo, pois o modos de ocorrência para o ouro da Bai-
transporte é feito por caminhões-caçam- xada Cuiabana:
ba sem proteção alguma. 1 – Ouro associado a veios de quartzo;
2 – Ouro das coberturas elúvio-coluvio-
3.3.4.3 – RECOMENDAÇÕES nares; e,
3 – Ouro nas aluviões recentes.
São semelhantes às do cascalho late- Esses mesmos autores levantaram
rítico, ou seja, aspersão de água nos locais três hipóteses para a origem do enrique-
de extração e cobertura nos caminhões, cimento em ouro das litologias do Gru-
visando a diminuir a poeira. po Cuiabá:
Já que praticamente não existe solo 1 – Ouro associado a veios de quartzo de
para a sua recuperação, estas áreas po- origem hidrotermal relacionados às

62
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

intrusões ácidas que ocorrem em São sobre as litologias do Grupo Cuiabá


Vicente e Barão do Melgaço. enriquecidas em ouro. Corresponde a
2 – Origem sedimentar, onde o ouro na um padrão irregular e geram pepitas.
forma coloidal tenderia a se deposi- 2 – Ouro disseminado no protólito sedi-
tar em ambiente de sedimentação mentar (Fagundes & Veiga, 1991) ou
argilosa e/ou nos horizontes ferrugi- nas intercalações dos metassedimen-
nosos, e remobilizado juntamente tos (Silva et al., 2003). Caracterizam-se
com a sílica durante o metamorfismo por baixos teores em ouro.
e concentrado nos veios de quartzo, 3 – Ouro associado aos veios de quartzo
ou permanecendo na rocha quando que cortam as litologias do Grupo
associado a sulfetos (arsenopirita). Cuiabá. É o mais importante e o mais
3 – Origem vulcanogênica, onde o ouro rico em ouro.
inicialmente estaria contido em ro- Silva et al. (2002, in Lacerda Filho et
chas ígneas básicas, possivelmente al., 2004) propuseram uma separação des-
associado a sulfetos e teria sido remo- ses veios em três tipos:
bilizado por processos metamórficos. 1 – Veios tipo 1 - paralelos a S0;
Gambier et al. (1998) identificaram 2 – Veios tipo 2 - paralelos a Sn;
nas rochas do Grupo Cuiabá três fases de 3 – Veios tipo 3 - subperpendiculares a
deformação com geração de veios de direção de Sn.
quartzo mineralizados: Os veios do tipo 3 seriam os mais ri-
Fase F1 – Caracterizada por dobras re- cos em ouro, com uma média de 2 a 5g/t,
cumbentes e inversas (D1) e zonas de registrando localmente “bonanzas” com
cisalhamento reversas. Os veios gerados teores superiores a 100g/t.
nesta fase foram subdivididos em dois
tipos: a) veios alongados, lineares, subo- 3.3.5.1 – MÉTODOS DE LAVRA
rizontalizados e gerados durante os
processos de dobramento e cisalhamen- Em um dos únicos garimpos em ativi-
to dúctil-rúptil de baixo ângulo. São veios dade na fazenda Santa Edwiges a
sigmoidais e em sela nas charneiras das exploração se dá por shafts. A abertura do
dobras, alongados na direção N30o- 40oE poço mede 2m x 2m e com profundida-
e com teores de mineralização em torno de de aproximadamente 40m, de onde
de 1g/t; e b) veios tabulares, distensivos, partem pequenas galerias de onde é reti-
subverticais, de direção NW (filões) e NE rado tanto o filito como os veios de
(travessões), e com teores de até 5g/t. quartzo. Esse material é içado através de
Fase F2 – Dobras abertas (D2), leve- um sarilho rudimentar (fotos 3.9 e 3.10) e
mente assimétricas coaxiais a D1. amontoado ao lado do poço e posterior-
Fase F3 – Dobras suaves a abertas, si- mente colocado por pá carregadeira em
métricas, normais, não-coaxiais a D1 e D2. caminhões-caçamba e levado para a es-
Os veios gerados nesta fase são tabulares, tação de tratamento a qual é composta
sub-verticalizados, distensivos e sem re- por moinho, centrífuga e bica canadense
gistro de deformações anteriores. (fotos 3.11, 3.12 e 3.13).
De acordo com Souza (1988) e Silva Trabalham no local cerca de 30 garim-
(1999), as mineralizações auríferas da peiros no sistema de meeiros com o
Baixada Cuiabana dividem-se em três ti- proprietário da terra. O garimpo não se en-
pologias de jazimentos: contra protocolizado no DNPM e nem nos
1 – Processos supergênicos relativos à evo- órgãos estaduais e municipais e não pos-
lução do capeamento elúvio-laterítico sui licenciamento ou controle ambiental.

63
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Os demais garimpos atualmente estão como ocorre no garimpo do Jatobá (fotos


paralisados ou abandonados. 3.14 e 3.15). Essas “cavas” ocorrem dis-
O método de lavra utilizado era o de persas por toda a área do projeto e
bancadas a céu aberto, com cavas chegan- normalmente não são cercadas ou prote-
do até 90m de profundidade parcialmente gidas colocando em risco pessoas e
preenchidas por águas do lençol freático animais.

Foto 3.9 – Ponto GR-164. Dimensões do shaft Foto 3.12 – Ponto GR-164. Vista da bica cana-
do garimpo de ouro da faz. Santa Edwiges. Ob- dense do garimpo da faz. Santa Edwiges.
serva-se a precariedade do sarilho por onde os
garimpeiros descem e o minério é içado.

Foto 3.13 – Ponto GR-164. Detalhe do equipa-


mento de separação do ouro no garimpo da faz.
Foto 3.10 – Ponto GR-164. Detalhe do revesti- Santa Edwiges.
mento do shaft do garimpo da faz. Santa
Edwiges.

Foto 3.14 – Buraco de garimpo preenchido por


águas do lençol freático que percolam através
Foto 3.11 – Ponto GR-164. Vista da centrífuga de fraturas nas rochas da Subunidade 5 do Gru-
do garimpo da faz. Santa Edwiges. po Cuiabá.

64
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Foto 3.15 – Outra vista dos “buracos” de garim-


pos preenchidos por águas pluviais e do lençol
freático.
Foto 3.16 – Aspecto da paisagem após a ação
garimpeira. Restam imensas cicatrizes na super-
3.3.5.2 – IMPACTOS AMBIENTAIS fície do terreno onde o solo e a vegetação foram
totalmente devastados.
Os fatores negativos para o meio físi-
co devido à atividade garimpeira do ouro 3.3.5.3 – RECOMENDAÇÕES
são inúmeros e muitos deles de difícil so-
lução. Dentre os principais citam-se: No caso dos garimpos de ouro nas
– erradicação da vegetação nativa e da proximidades dos núcleos urbanos, como
camada de solo; é o caso que ocorre na Baixada Cuiaba-
– abertura de enormes e profundos “bu- na, a única maneira de se controlar os
racos”; impactos ambientais locais é a proibição
– contaminação das drenagens por mer- local dessa atividade.
cúrio; Para as áreas já degradadas sugere-se
– preenchimento das cavas abandonadas que as cavas preenchidas por água sejam
por águas originadas pelo fluxo do len- aproveitadas para a irrigação, distribuição
çol freático através de percolação pelas para o gado e mesmo para lazer, como é
fraturas do substrato rochoso; feito na fazenda São João Batista. Depen-
– aceleração da erosão nas encostas das dendo da profundidade das cavas, elas
cavas pelas águas pluviais; podem ser utilizadas como criatórios de
– transformação da paisagem pela aber- peixes .
tura das cavas, extração da vegetação Em muitos locais onde a vegetação foi
e do solo (Foto 3.16); erradicada, observa-se uma lenta mas gra-
– utilização das cavas como depósitos de dual recuperação da vegetação nativa
lixo. (fotos 3.17 e 3.18).

65
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Os regimes legais de pesquisa e ex-


ploração minerais estão definidos no arti-
go 2º do Código de Mineração (Decreto
Lei nº 227 de 28 de fevereiro de 1967 ati-
vidade mineira o qual diz:
“Art. 2º – Os regimes de aproveita-
mento das substâncias minerais, para
efeito desse Código são:
I - regime de concessão, quando de-
pender de portaria de concessão do
Ministro de Estado de Minas e Energia;
II - regime de autorização, quando
Foto 3.17 – Recuperação natural da vegetação depender de expedição de alvará de
em área devastada pela ação garimpeira. Note- autorização do Diretor Geral do De-
se que as árvores já estão bem desenvolvidas e partamento Nacional de Produção
o cerrado já está quase com sua feição original.
Mineral – DNPM;
III - regime de licenciamento, quan-
do depender de licença expedida em
obediência a regulamentos adminis-
trativos locais e de registro de licença
no Departamento Nacional da Produ-
ção Mineral – DNPM;
IV - regime de permissão de Lavra Ga-
rimpeira, quando depender de porta-
ria de permissão do Diretor Geral do
Departamento Nacional de Produção
Mineral – DNPM;
V - regime de monopolização, quan-
Foto 3.18 – Aspecto da recuperação natural de do, em virtude de lei especial, depen-
uma área devastada pela ação garimpeira. Nes-
der de execução direta ou indireta do
te local a recuperação ainda está em fase inicial
com as árvores de pequeno porte e muito novas. Governo Federal.”
As substâncias que podem ser apro-
3.4 – REGIMES DE APROVEITAMENTO veitadas de acordo com o Inciso III do ar-
DOS RECURSOS MINERAIS tigo 2º do Código de Mineração são
definidas pelo artigo 1º da Lei nº 6.567,
O caput do artigo 176 da Constitui- de 24 de setembro de 1978:
ção Federal, estabelece claramente a “Art. 1º – Poderão ser aproveitadas pelo
relação entre o poder público e o mine- regime de licenciamento, ou de autori-
rador: zação ou concessão, na forma da lei:
“Art.176 – As jazidas em lavra ou não, I - areias, cascalhos e saibros para apro-
e demais recursos minerais e os po- veitamento imediato na construção ci-
tenciais de energia hidráulica consti- vil, no preparo de agregados e
tuem propriedade distinta da do solo, argamassa, desde que não sejam sub-
para efeito de exploração ou aprovei- metidos a processo industrial de bene-
tamento, e pertencem à União, garan- ficiamento, nem se destinem como
tida ao concessionário a propriedade matéria-prima à indústria de transfor-
do produto da lavra.” mação;

66
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

II - rochas e outras substâncias mine- de que com a guia de utilização. Para isso
rais quando aparelhadas para parale- é necessário que o minerador tenha um
lepípedos, guias, sarjetas, moirões e acordo com o proprietário do solo onde
afins; está a jazida, e um estudo prévio das con-
III - argilas usadas no fabrico de cerâ- dições da jazida através de relatório pré-
mica vermelha; vio de pesquisa e também da licença de
IV - rochas, quando britadas para uso operação expedida pelo órgão ambien-
imediato na construção civil, e os cal- tal estadual conforme Resolução nº 9/90
cários empregados como corretivo de do CONAMA.
solo na agricultura.” De acordo com o artigo 22 do De-
O regime de licenciamento para as creto nº 98.812, de 9 de janeiro de 1990,
substâncias minerais acima descritas pres- que regulamentou a Lei nº 7.805 de 18
supõe como determinante que o titular de julho de 1989, a atividade de minera-
minerário tenha autorização do proprie- ção não autorizada é crime:
tário do solo, se isto não for obtido deve “Art. 22 – A realização de trabalhos
então obter autorização da Prefeitura do de extração de substâncias minerais
Município onde se encontra a jazida e sem a competente concessão, permis-
com prazo estipulado. É melhor que esse são ou licença constitui crime sujeito
prazo seja o mesmo autorizado pelo ór- a pena de reclusão de três meses a três
gão ambiental do Estado (FEMA). anos e multa.
No regime de autorização de pesqui- §1º. Constatada ex officio ou por de-
sa ou concessão de lavra o minerador não núncia, a situação prevista neste arti-
precisa de autorização da prefeitura e go, o DNPM comunicará o fato ao
nem de início do superficiário, desde que Departamento de Polícia Federal
a jazida esteja fora do perímetro urbano. (DPF), para instauração do competen-
O DNPM é quem fornece a autorização. te inquérito e demais providências
Se toda a documentação estiver cor- cabíveis.
reta e a área livre de outros requerimentos, § 2º. Sem prejuízo da ação penal e
será outorgado o alvará de autorização de da multa cabível, a extração mine-
pesquisa, que permitirá que se realizem as ral realizada sem competente con-
pesquisas necessárias a cubagem da jazi- cessão, permissão ou licença
da. Depois de realizada a pesquisa é apre- acarretará a apreensão do produto
sentado ao DNPM um relatório dos mineral, das máquinas, veículos e
trabalhos executados. Se este estiver cor- equipamentos utilizados, os quais
reto o pretendente poderá requerer a la- depois de transitada em julgado a
vra de jazida, desde que apresente ao sentença que condenar o infrator,
DNPM o Plano de Aproveitamento Eco- serão vendidos em hasta pública, e
nômico (PAE). Aprovado o PAE e tendo a o produto da venda recolhido à con-
licença de instalação outorgada pelo ór- ta do Fundo Nacional de Minera-
gão ambiental estadual, o processo será ção, instituído pela Lei nº 4.425, de
submetido ao Ministro de Minas e Ener- 8 de outubro de 1964.”
gia que outorgará a concessão de lavra
por prazo indeterminado. 3.4.1 – TRIBUTAÇÃO MINERÁRIA
Mesmo durante os regimes de autori-
zação e concessão, excepcionalmente, Desde a promulgação da Constitui-
qualquer substância mineral poderá ser ção Federal de 1988, a produção e a co-
extraída, ainda na fase de pesquisa, des- mercialização de bens minerais está sujeita

67
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

a incidência do Imposto de Circulação de lapidáveis, carbonatos e metais no-


Mercadorias e Serviços (ICMS), e a partir bres: 0,25 (dois décimos por cento);
de dezembro de 1989 do recolhimento do IV - ouro: 1% (um por cento), quan-
CFEM (Compensação Financeira pela Ex- do extraído por empresas minerado-
ploração de Recursos Minerais). Esta co- ras, isentos os garimpeiros;
brança é autorizada pela Lei nº 7.990 de §2º. A distribuição da compensação
28 de dezembro de 1989 e diz: financeira de que trata este artigo, será
“Art. 1º – O aproveitamento de recur- feita da seguinte forma:
sos hídricos para fins de geração de I - 23% (vinte e três por cento) para os
energia elétrica e dos recursos mine- estados e o Distrito Federal;
rais, por quaisquer dos regimes pre- II - 65% (sessenta e cinco por cento)
vistos em lei, ensejará compensação para os municípios;
financeira aos Estados, Distrito Fede- III - 12% (doze por cento) para o De-
ral, e Municípios, a ser calculada, dis- partamento Nacional da Produção
tribuída e aprovada na forma Mineral (DNPM), que destinará 2%
estabelecida na lei. (dois por cento) à proteção ambiental
Art. 6º – A compensação financeira nas regiões mineradoras por intermé-
pela exploração de recursos minerais, dio do Instituto Brasileiro do Meio
para fins de aproveitamento econô- Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
mico, será de até 3% do faturamento nováveis (Ibama), ou de outro órgão
líquido resultante da venda do pro- federal competente que o substituir.”
duto mineral, obtido após a última
etapa do processo de beneficiamen- 3.4.2 – ASPECTOS INSTITUCIONAIS
to adotado e antes de sua transforma-
ção industrial.” Para o estabelecimento do plano dire-
A regulamentação desta norma deu- tor de um município se faz necessário o
se através da Lei nº 8.001 de 13 de março estudo das áreas passíveis de serem mine-
de 1990 na seguinte forma: radas e definidas medidas que possibilitem
“Art.2º – Para efeito do cálculo da o desenvolvimento da atividade de mine-
compensação financeira de que trata ração, sem entretanto prejudicar o meio
o artigo 6 da Lei nº 7.990 de 28 de ambiente. As leis orgânicas dos municí-
dezembro de 1989, entende-se por pios que integram a região devem ter a
faturamento líquido o total das recei- preocupação com o estabelecimento de
tas de vendas, excluídos os tributos in- áreas de proteção permanente (parques,
cidentes sobre a comercialização do patrimônio cultural, sítios paleontológi-
produto mineral, as despesas de trans- cos, sítios arqueológicos, praias, lagoas,
porte e as de seguros. rios e suas nascentes, etc).
§ 1º. O percentual de compensação, Assim na área ora em estudos foram
de acordo com as classes de substân- identificadas: uma área de proteção am-
cias minerais será de: biental (APA) denominada APA Estadual
I - minério de alumínio, manganês, sal- Chapada dos Guimarães e dois parques
gema e potássio: 3% (três por cento); – Parque Nacional da Chapada dos Gui-
II - ferro, fertilizantes, carvão e demais marães, controlado pelo IBAMA e situa-
substâncias minerais: 2% (dois por do dentro da APA de mesmo nome, e
cento), ressalvado o disposto no inci- Parque Cidade Mãe Bonifácia, locali-
so IV deste artigo; zado na área urbana de Cuiabá (Tabela
III - pedras preciosas, pedras coradas 3.10).

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 3.10 – Áreas de conservação do uso do solo na região do SIG Cuiabá.

Nível Responsável legal Unidade Instrumento legal

Federal IBAMA Parque Nacional da Chapada Decreto nº 97.656,


dos Guimarães (32.776,80ha) de 12/04/1989
Estadual FEMA APA Estadual Chapada dos Lei Estadual nº 7.804,
Guimarães (251.847,9336ha) de 05/12/2002
Estadual FEMA Parque Cidade Mãe Bonifácia Decreto Estadual nº 1.470,
(771.609m²) de 09/06/2000

Com relação a exploração mineral na nistração pública, que vierem cons-


área a mesma deve ser observada sob dois truir, instalar, ampliar e funcionar no
aspectos diferentes. O primeiro compre- Estado de Mato Grosso, cujas ativida-
ende a extração de substâncias minerais des possam ser causadoras de polui-
de emprego imediato na construção civil ção ou degradação ambiental,
(areia, argila, cascalho laterítico, etc.) e dependerão de prévio licenciamento
aquela voltada para a extração de ouro ambiental.”
tanto aluvionar como primário. Existem três modalidades de licenças
Neste contexto procuramos abordar que são expedidas pela FEMA - MT:
as normas e preceitos legais que devem Licença Prévia (LP) – é concedida na
ser resguardados pelas instituições que fase preliminar do planejamento da ativi-
controlam e fiscalizam a mineração no Es- dade e corresponde à fase de estudo para
tado de Mato Grosso. a localização do empreendimento, obser-
É do conhecimento de todos que vado o plano municipal, estadual e fede-
compete a União legislar sobre as jazidas, ral de uso dos recursos naturais.
minas, outros recursos minerais e meta- Licença de Instalação (LI) – é conce-
lurgia. Resta aos estados e municípios le- dida para autorizar o início da implanta-
gislar sobre a preservação ambiental ção do empreendimento, de acordo com
nesses locais. as especificações constantes do projeto
Em Mato Grosso esse controle com- executivo aprovado.
pete a FEMA (Fundação Estadual do Meio Licença de Operação (LO) – é con-
Ambiente) a qual tem as atribuições de cedida depois de cumpridas todas as exi-
normatização, gestão e execução da Po- gências feitas por ocasião da expedição
lítica Estadual do Meio Ambiente. da LI, autorizando o início da atividade
Esta atuação está representada pelo licenciada e o funcionamento de seus
Licenciamento Ambiental, regulamenta- equipamentos de controle ambiental,
do pela Lei Complementar nº 38 de 21/ tudo em acordo com o previsto na LP e
11/1995, artigos 17 e 18: na LI.
“Art 17 – O licenciamento ambien-
tal tem como objetivo disciplinar à 3.4.3 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
implantação e funcionamento das
atividades que utilizem recursos am- 3.4.3.1 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
bientais considerados efetiva ou
potencialmente poluidoras ou degra- “Art. 225 – Todos têm direito ao meio
dadoras do meio ambiente. ambiente ecologicamente equilibra-
“Art 18 – As pessoas físicas ou jurídi- do, bem de uso comum do povo e
cas, inclusive as entidades da admi- essencial à sadia qualidade de vida,

69
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

impondo-se ao poder público e à co- Resolução CONAMA nº 10, 06/12/


letividade o dever de defendê-lo e 1990. Estabelece critérios específicos para
preservá-lo para as presentes e futu- o licenciamento ambiental das substân-
ras gerações. cias minerais extraídas sob regime de li-
§2º. Aquele que explorar recursos mi- cenciamento.
nerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com 3.4.4 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
solução técnica exigida pelo órgão pú- (ESTADO DE MATO GROSSO)
blico competente, na forma de lei.”
Resolução CONSEMA nº 03, de
3.4.3.2 – NORMAS FEDERAIS 04/03/87. Dispõe da suspensão da ativi-
dade garimpeira ilegal nos municípios de
Lei nº 4.771, de 15/09/1965. Institui Poconé e Nossa Senhora do Livramento,
o novo Código Florestal. pois estudos indicam que quantidades ex-
Lei nº 6.938, de 31/08/1981. Dispõe pressivas de mercúrio vem sendo lança-
sobre a Política Nacional do Meio Ambi- dos no ecossistema pantaneiro até que o
ente, seus fins e mecanismos de formula- CONDEMA se posicione conclusivamen-
ção e aplicação. te sobre o assunto.
Resolução CONAMA nº 4, de 18/09/ Resolução CONSEMA nº 30, de
1985. Estabelece conceitos e definições 11/07/1989. Relata a Instrução Técnica para
sobre reservas ecológicas. Exploração de Areia e Cascalho nos Cur-
Resolução CONAMA nº 1, de 23/01/ sos D’Água no Estado de Mato Grosso.
1986. Estabelece critérios básicos e dire- Lei Estadual nº 7.803, de 18/07/1989.
trizes gerais para elaboração de relatório Altera a Lei nº 477/75 e revoga a Lei
de impacto ambiental (RIMA). nº 6.535/78. Dispõe sobre a preservação
Decreto nº 97.632, de 10/04/1989. da mata ciliar ao longo das drenagens e
Dispõe sobre a regulamentação do art. 2o nascentes, bordas de tabuleiros e chapa-
inciso VIII, da Lei nº 6.938/81, instituindo das e propriedades rurais.
o Plano de Recuperação de Áreas Degra- Portaria Estadual nº 017, de 18/01/
dadas (PRAD). 1994. Dispõe que o licenciamento am-
Decreto nº 97.656, de 12/04/1989. biental para lavra garimpeira será efetua-
Cria o Parque Nacional da Chapada dos do através das seguintes licenças
Guimarães no município homônimo, em obrigatórias: Licença Prévia – LP, Licen-
Mato Grosso. ça de Instalação – LI e Licença de Ope-
Decreto nº 99.274, de 06/06/1990. ração – LO.
Regulamenta as Leis nos 6.902/81 e 6.938/ Resolução CONSEMA nº 11, de
81, que dispõem, respectivamente, sobre 22/03/1995. Dispõe sobre o Licenciamen-
a criação de estações ecológicas e áreas to Simplificado para atividades minerado-
de proteção ambiental e sobre a Política ras de pequeno porte.
Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONSEMA nº 022, de
Resolução CONAMA nº 8, de 06/12/ 13/06/1995. Dispõe sobre as normas que
1990. Estabelece normas específicas para disciplinam os procedimentos para o li-
o licenciamento ambiental das substâncias cenciamento ambiental de empreendi-
minerais das classes I, III, IV, V, VII, VIII e IX mentos minerários de pequeno porte, que
do Código de Mineração e estabelece ain- se enquadrarem no regime de permissão
da a licença ambiental para a extração de de lavra garimpeira e no regime de licen-
bens minerais com guias de utilização. ciamento (classe II).

70
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Portaria Conjunta nº 003, de 29/06/ “Art. 1º – A construção, instalação,


1995. Dispõe sobre a criação de um ampliação e funcionamento de esta-
Grupo de Trabalho com o objetivo de belecimentos e atividades utilizado-
avaliar a situação dos órgãos e instru- ras de recursos ambientais, conside-
mentos existentes na área florestal, pro- rados efetiva e potencialmente
pondo diretrizes para a implementação poluidores ou degradadores depen-
da Política Florestal no Estado de Mato derão das seguintes licenças, que
Grosso. serão expedidas pela Fundação Es-
Lei Estadual Complementar nº 038, tadual do Meio Ambiente, sem pre-
de 21/11/1995 – Código Estadual do Meio juízo de outras licenças legalmente
Ambiente: exigíveis:
“Art. 1º – Esta Lei Complementar, res- I - Licença Prévia (LP) – é concedida
salvada a competência da União, ins- na fase preliminar do planejamento
titui o Código Ambiental do Estado de da atividade corresponde à fase de es-
Mato Grosso e estabelece as bases nor- tudos para a localização do empre-
mativas para a Política Estadual do endimento, observados os planos
Meio Ambiente.” municipais estaduais e federais de uso
Portaria Estadual nº 049, de 15/03/ dos recursos naturais;
1996. Dispõe sobre a renovação de Li- II - Licença de Instalação (LI) – é
cença Minerária nos regimes de Permis- concedida para autorizar o inicio da
são de Lavra Garimpeira, Licenciamento implantação do empreendimento,
e Autorização/Concessão. de acordo com as especificações
Portaria Estadual nº 129, de 01/11/ constantes do projeto executivo
1996. Estabelece as modalidades de Licen- aprovado;
ciamento ambiental para a construção, ins- III - Licença de Operação (LO) – é con-
talação, ampliação e funcionamento de cedida depois de cumpridas todas as
estabelecimentos e atividades utilizadoras exigências feitas por ocasião da ex-
de recursos ambientais. pedição da LI, autorizando o início da
Decreto Estadual nº 1.795, de 04/11/ atividade licenciada e o funciona-
1997. Dispõe sobre a regulamentação do mento de seus equipamentos de con-
Sistema Estadual de Unidades de Conser- trole ambiental, de acordo com o
vação – SEUC, estabelecendo seus objeti- previsto nas Licenças Prévias (LP) e de
vos, normas para criação, implantação e Instalação (LI);
gestão dos espaços territoriais e seus com- IV - Licença Ambiental Única (LAU)
ponentes a serem especialmente protegidos. – é concedida nos termos do regula-
Lei Estadual nº 6.945, de 05/11/1997. mento, autorizando localização, im-
Dispõe sobre as normas e princípios que plantação e operação das atividades
regerão a Política Estadual, o Gerencia- de desmatamento, exploração flores-
mento e o Plano Estadual de Recursos tal e projetos agropecuários.”
Hídricos de Mato Grosso. Lei Estadual nº 7.153, de 21/07/1999.
Decreto Estadual nº 012, de 22/12/ Altera a Lei Estadual nº 7.083 de 23/12/
1999. Cria o Grupo Técnico Operacio- 98. Dispõe sobre o valor da renovação
nal de Ecoturismo – GTO/MT. da Licença Prévia, Licença de Instalação
Decreto Estadual nº 790 de 06/03/ e Licença de Operação.
1999. Regulamenta dispositivo do Códi- Decreto Estadual nº 129, de 14/04/
go Estadual de Meio Ambiente do Estado 2000. Dispõe sobre a utilização e explo-
de Mato Grosso: ração das águas subterrâneas e institui o

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Cadastro Estadual de Poços Tubulares de – 20.000 m³/ano para as substâncias


Captação de Águas Subterrâneas no es- minerais definidas no inciso III;
tado de Mato Grosso. – 240.000 m³/ano para as substân-
“Art. 6º – É obrigatória a opção da li- cias minerais definidas no inciso IV.“
cença da Fundação Estadual do Meio Lei Estadual nº 8.097, de 25/03/
Ambiente – FEMA, para qualquer 2004. Dispõe sobre a administração e a
obra de captação de água subterrâ- conservação das águas subterrâneas de
nea, incluída em projetos, estudos e domínio do Estado e dá outras provi-
pesquisas.“ dências.
Decreto Estadual nº 1.470, de 09/06/
2000. Dispõe sobre a criação do Parque 3.4.5 – NORMAS MUNICIPAIS
Cidade Mãe Bonifácia (771.609m²).
Lei Estadual nº 7.330, de 27/09/2000. 3.4.5.1 – GERENCIAMENTO URBANO
Dispõe sobre a aquisição de áreas dentro DE CUIABÁ
de Unidades de Conservação.
Resolução CONSEMA nº 13, de Lei Complementar do Gerenciamen-
27/08/2003. Dispõe sobre a dispensa de to Urbano nº 004, de 24/12/1992:
elaboração de EIA/RIMA as atividades de “Art. 515 – A Política Municipal de
extração de substâncias minerais de acor- Meio Ambiente deverá levar em con-
do com os Anexos: ta as seguintes diretrizes gerais:
“ANEXO I I - o desenvolvimento e a implemen-
Art. 1º – tação de mecanismos, que garantam
I - areias, cascalhos e saibros para uti- a integração dos diversos organis-
lização imediata na construção civil, mos da ação setorial do Município
no preparo de agregados e argamas- na consecução dos objetivos da Po-
sas, desde que não sejam submetidos lítica;
a processo industrial de beneficia- V - o planejamento com formulação
mento, nem se destinem como de estratégias para a preservação,
matéria-prima à indústria de transfor- conservação e recuperação do meio
mação; ambiente e gestão dos recursos am-
II - rochas e outras substâncias mine- bientais de interesse local, bem como
rais, quando aparelhadas para as diretrizes para seu detalhamento
paralelepípedos, guias, sarjetas, moi- em planos setoriais e de acompanha-
rões e afins; mento e avaliação.
III - argilas usadas no fabrico de cerâ- Art. 568 – Compete ao Poder Públi-
mica vermelha; co Municipal:
IV - rochas, quando britadas para uso II - elaborar o Plano Municipal dos
imediato na construção civil e os cal- Recursos Hídricos, observando o
cários empregados como corretivo de que dispõe o Plano Estadual e os
solo na agricultura. consórcios de bacias hidrográficas,
ANEXO II assim como seus respectivos planos
Limites de exploração mineral que tra- de manejo;
ta o Anexo I desta Resolução: V - registrar, acompanhar e fiscalizar
– 60.000m³/ano para as substâncias as outorgas de uso ou derivação de
minerais definidas no inciso I; recursos hídricos;
– 10.000 m³/ano para as substâncias VI - exigir que a captação em cursos
minerais definidas no inciso II; d’água para fins industriais seja feita a

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

jusante do ponto de lançamento dos Art. 595 – Quando se localizem nas pro-
efluentes líquidos da própria indústria, ximidades de assentamentos urbanos e/
sendo proibido o despejo de qualquer ou lançarem suas águas servidas em
substância poluente capaz de tornar cursos d’água, deverão automonitorar
as águas impróprias, ainda que tem- a qualidade de seus efluentes, das águas
porariamente, para o consumo e do curso receptor e seus padrões de
utilização normais ou para sobrevi- emissão de gases, partículas e ruídos.”
vência das espécies.
Art. 570 – As edificações e/ou depó- 3.4.6 – LEGISLAÇÃO MINERÁRIA
sitos de unidades industriais, que
armazenam substâncias capazes de 3.4.6.1 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
causar riscos aos recursos hídricos,
deverão ser localizados a uma dis- “Art. 22 – Compete privativamente a
tância mínima de 300m (trezentos União legisle sobre:
metros) de corpos d’água em áreas XII - jazidas, minas, outros recursos mi-
urbanas e 1.000m (mil metros) em nerais e metalurgia.
áreas rurais. Art.176 – As jazidas em lavra ou não,
Art. 571– As empresas que utilizam e demais recursos minerais e os po-
diretamente recursos hídricos, ficam tenciais de energia hidráulica consti-
OBRIGADAS a restaurar e a manter tuem propriedade distinta da do solo,
os ecossistemas naturais, conforme as para efeito de exploração ou aprovei-
condições exigíveis para o local, tamento, e pertencem a União, garan-
numa faixa marginal de 100 m (cem tida ao concessionário a propriedade
metros) dos reservatórios. do produto da lavra.
Art. 594 – A atividade minerária de- § 1º. A pesquisa e a lavra de recursos
verá ser desenvolvida mediante minerais e o aproveitamento dos po-
observância, dentre outras, das se- tenciais a que se refere o caput deste
guintes normas: artigo somente poderão ser efetuados
I - seus efluentes, quer oriundos da mediante autorização ou concessão
extração, lavagem, concentração ou da União.”
beneficiamento, deverão apresentar
qualidade compatível com a classifi- 3.4.6.2 – NORMAS FEDERAIS
cação do rio em cuja bacia a atividade
se desenvolva; Portaria MME nº 380, de 15/07/1943.
II - observar o zoneamento das ati- Regulamenta a liberação de Guias de uti-
vidades minerárias, parte do zonea- lização pelo DNPM.
mento antrópico-ambiental; Portaria MME nº 380, de 17/07/1943.
III - do depósito e descarga de subs- Estabelece as quantias máximas de miné-
tâncias minerais dentro do território rios que podem ser explotadas através de
municipal, bem como de sua locali- Guia de Utilização.
zação; Decreto-Lei nº 227, de 28/02/1967.
IV - de localização em função da de- Código de mineração alterado pela Lei
manda observada a necessidade de nº 9.314, de 14/11/1996.
dragagem; Decreto nº 62.934, de 02/07/1968.
V - do transporte adequado das subs- Regulamento do Código de Mineração
tâncias minerais dentro do território Portaria DG DNPM nº 117, de 17/07/
municipal. 1972. Estabelece instruções sobre os es-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

tudo in loco de fontes de águas minerais de lavra clandestina de minérios e extin-


ou potáveis de mesa como condição in- gue o regime de matrícula.
dispensável à aprovação do relatório fi- Portaria DG DNPM nº 71, de 31/05/
nal de pesquisa. 1990. Dispõe sobre a dispensa aos titula-
Instrução Normativa nº 8, de 22/11/ res de alvarás de pesquisa de apresenta-
1974. Estabelece instruções sobre a libe- rem o documento intitulado “Síntese do
ração de guias de utilização pelo DNPM. Relatório de Pesquisa”.
Portaria DG DNPM nº 124, de 13/09/ Portaria DG DNPM nº 10, de 25/07/
1976. Torna obrigatório a formulação de 1991. Regulamenta os procedimentos para
requerimento de autorização de pesqui- habilitação de outorga de permissão de
sa em formulário padronizado. lavra garimpeira e dá outras providências.
Lei nº 6.567, de 24/09/1978. Dispõe Lei nº 8.901, de 30/06/1994. Altera
sobre o regime de licenciamento e dá os critérios de pagamento de indenização
outras providências. ao superficiário e redefine o que é Em-
Portaria DG DNPM nº 148, de 27/10/ presa de Mineração.
1980. Regulamenta a Lei nº 6.567/78, que Lei nº 8.932, de 24/01/1995. Dá nova
dispõe sobre o regime de licenciamento. redação ao artigo 1º da Lei nº 6.567/78,
Portaria DG DNPM nº 143, de 27/05/ permitindo a utilização dos minerais da
1982. Dispõe sobre a protocolização de classe II, argila para cerâmica vermelha e
requerimento de autorização de pesqui- calcário para corretivo de solo, pelo regi-
sa e de registro de licença. me de autorização e de concessão.
Portaria DG DNPM nº 103, de 17/05/ Portaria DG DNPM nº 257, de 16/11/
1983. Torna obrigatória a apresentação da 1995. Uniformiza em todos os estados do
anotação de responsabilidade técnica País os procedimentos para outorga de
para os casos que especifica. permissão de lavra garimpeira.
Portaria DG DNPM nº 68, de 19/03/ Portaria DG DNPM nº 456, de 21/10/
1984. Trata da instrução do processo judi- 1996. Disciplina o funcionamento do pro-
cial de avaliação dos danos, para ingresso tocolo do DNPM, a protocolização de
na área de pesquisa e do fornecimento ao documentos e estabelece as faixas nume-
juiz de direito da comarca, dos elementos rárias dos processos, por Distrito.
essenciais para o referido procedimento. Portaria DG DNPM nº 15, de 13/01/
Portaria DG DNPM nº 269, de 28/08/ 1997. Trata do memorial descritivo das
1986. Estabelece instruções para o adita- áreas requeridas para pesquisa e das
mento de novas substâncias à concessão “plantas” de situação.
de lavra. Portaria DG DNPM nº 16, de 13/01/
Portaria DG DNPM nº 315, de 02/10/ 1997. Trata das áreas máximas autoriza-
1986. Conceitua cerâmica vermelha em das para pesquisas.
razão da Lei nº 6.567/78. Portaria MME nº 12, de 16/01/1997.
Lei nº 7.805, de 18/07/1989. Extin- Estabelece condições para a disponibili-
gue o regime de matrícula, cria o regime dade de áreas para pesquisa ou lavra.
de permissão de lavra garimpeira e pe- Portaria MME nº 13, de 16/01/1997.
nalidades para a prática de lavra clan- Estabelece os valores e condições para o
destina. recolhimento da taxa anual de vida por
Decreto no 98.812, de 09/01/1990. hectare e revoga a Portaria nº 663/90.
Regulamenta a Lei nº 7.805, de 18/07/ Portaria DG DNPM nº 22, de 16/01/
1989, que institui o regime de lavra ga- 1997. Estabelece condições para renún-
rimpeira, cria penalidades para a prática cia ao alvará de pesquisa.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Portaria DG DNPM nº 23, de 16/01/ Portaria DG DNPM nº 158, de 17/06/


1997. Estabelece condições para a pror- 1999. Aprova as fichas de registro de apu-
rogação do prazo de autorização de ração da Compensação Financeira pela
pesquisa. Exploração de Recursos Minerais – CFEM.
Portaria DG DNPM nº 71, de 19/02/ Portaria DG DNPM nº 362, de 14/10/
1997. Estabelece as regras e os critérios 1999. Altera o inciso II da Portaria nº 22
para habilitação, julgamento e apresen- de 16/01/1997.
tação de recursos para pesquisa ou lavra Portaria DG DNPM nº 419, de 23/11/
em áreas em disponibilidade, nos termos 1999. Estabelece as regras e os critérios
do artigo 26 do Código de Mineração. específicos para habilitação, julgamento,
Decreto nº 3.358, de 02/02/2000. bem como apresentação de recursos, em
Regulamenta o disposto na Lei nº 9.827, decorrência de despacho declaratório de
de 27 de agosto de 1999, que “acrescen- disponibilidade de áreas desoneradas, nos
ta parágrafo único ao art. 2º do Decreto- termos do art. 26, e dos Editais de Dispo-
Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967, nibilidade de áreas, mencionados nos arts.
com a redação dada pela Lei nº 9.314, 32 e 65, § 1º , respectivamente, do Códi-
de 14 de novembro de 1996”: go de Mineração.
“Condições de Extração Portaria DG DNPM nº 40, de 11/02/
Art. 2º – A extração de substâncias 2000. Revê limites máximos de áreas para
minerais de emprego imediato na pesquisa mineral.
construção civil, definidas em porta- Portaria DG DNPM nº 251, de 01/11/
ria do Ministro de Estado de Minas e 2001. Dispõe sobre áreas postas em dis-
Energia, por órgãos da administração ponibilidade.
direta e autárquica da União, dos Es- Decreto de 09/07/2002. Cria Grupo
tados, do Distrito Federal e dos Executivo destinado a promover ações de
Municípios, para uso exclusivo em integração entre a pesquisa e a lavra de
obras públicas por eles executadas águas minerais termais, gasosas, potáveis
diretamente, depende de registro no de mesa ou destinadas a fins balneários e
Departamento Nacional de Produ- a gestão de recursos hídricos, e dá outras
ção Mineral – DNPM, autarquia providências.
vinculada ao Ministério de Minas e Portaria DG DNPM nº 367, de 04/09/
Energia, na forma do disposto neste 2003. Dispõe sobre a regulamentação do
Decreto.” art. 22, § 2º do Código de Mineração, que
Portaria DG DNPM nº 222, de 28/07/ trata da extração de substâncias minerais
1997. Dispõe sobre as “Especificações antes da outorga de concessão de lavra.
Técnicas para o Aproveitamento das Portaria DG DNPM nº 19, de 12/01/
Águas Minerais e Potáveis de Mesa”. 2004. Institui a nova versão do Relatório
Portaria DG DNPM nº 248, de Anual de Lavra – RAL em meio eletrôni-
04/09/1997. Dispõe sobre a fixação de li- co (RAL 2004), de uso obrigatório e ex-
mite da jazida ou mina em profundidade clusivo para a declaração dos dados
por superfície horizontal. referentes ao Ano-Base 2003 pelos deten-
Portaria DG DNPM nº 231, de 07/08/ tores de Títulos de Lavra ou por seus ar-
1998. Regulamenta as Áreas de Proteção rendatários, bem como titulares de
das fontes de águas minerais. Alvarás de Pesquisa objetos de Guia de
Portaria DG DNPM nº 56, de 26/02/ Utilização vigentes no Ano-Base 2003.
1999. Aprova os modelos de formulários Portaria DG DNPM nº 178, de 13/04/
do Relatório Anual de Lavra. 2004. Estabelece o procedimento para

75
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

outorga e transformação do Regime de Decreto nº 1, de 11/01/1991. Regu-


Permissão de Lavra Garimpeira. lamenta o pagamento da compensação
Portaria DG DNPM nº 323, de 16/09/ financeira pela exploração de recursos
2004. Dispõe sobre a atualização do minerais (CFEM).
Manual de Procedimentos para Cobran- Portaria DG DNPM nº 6, de 21/03/
ça da Taxa Anual por Hectare. 1991. Aprova o modelo da guia de reco-
Decreto de 17/09/2004. Cria Grupo lhimento para a Compensação Financei-
Operacional para coibir a exploração ra pela Exploração de Recursos Minerais
mineral em terras indígenas, e dá outras (CFEM).
providências. Portaria DG DNPM nº 157, de 17/06/
Portaria DG DNPM nº 11, de 17/01/ 1999. Disciplina a compensação do pa-
2005. Estabelece procedimentos gerais gamento indevido ou a maior da Com-
para a apresentação do Relatório Anual pensação Financeira pela Exploração de
de Lavra – RAL. Recursos Minerais – CFEM.
Portaria DG DNPM nº 201, de 28/07/ Portaria DG DNPM nº 175, de 02/07/
2005. Dispõe sobre o estudo de exeqüi- 1999. Regulamenta o recolhimento da
bilidade técnico-econômica da lavra. Compensação Financeira pela Explora-
ção de Recursos Minerais – CFEM, para
3.4.7 – COMPENSAÇÃO FINANCEIRA substâncias oriundas do Regime de Per-
PELA EXPLORAÇÃO DE RECURSOS missão de Lavra Garimpeira.
MINERAIS Portaria DG DNPM nº 136, de 11/07/
2001. (Texto Completo e o Manual de
3.4.7.1 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL Procedimentos). Aprova a Segunda Atua-
lização do Manual de Procedimentos de
“Art. 20 – Arrecadação e Cobrança da Compensa-
§ 1º. É assegurada, nos termos da lei, ção Financeira pela Exploração de Recur-
aos Estados, ao Distrito Federal e aos sos Minerais – CFEM.
Municípios, bem como aos órgãos da Decreto nº 3.866, de 17/07/2001.
administração direta da União, parti- Regulamenta o inciso II-A do § 2º do art.
cipação no resultado da exploração 2º da Lei nº 8.001, de 13 de março de
de petróleo ou gás natural, de recur- 1990, e a Lei nº 9.993, de 24 de julho
sos hídricos para o fim de geração de 2000, no que destina recursos da Com-
energia elétrica e de outros recursos pensação Financeira pela Exploração de
minerais no respectivo território, pla- Recursos Minerais para o setor de ciência
taforma continental ou zona econô- e tecnologia.
mica exclusiva, ou compensação Portaria DG DNPM nº 353, de 14/
financeira por essa exploração.” 08/2003. Aprova o modelo da Guia de
Recolhimento para pagamento da
3.4.7.2 – NORMAS FEDERAIS Compensação Financeira pela Explo-
ração de Recursos Minerais – CFEM, re-
Lei nº 7.990, de 28/12/1989. Institui gula a disponibilização da guia de
a compensação financeira pela explora- recolhimento via internet, e dá outras
ção de recursos minerais (CFEM). providências.
Lei nº 8.001, de 13/03/1990. Define Portaria DG DNPM nº 439, de 25/11/
os percentuais de distribuição da com- 2003. Dispõe sobre a Compensação Fi-
pensação financeira pela exploração de nanceira pela Exploração de Recursos
recursos minerais (CFEM). Minerais (CFEM).

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Portaria DG DNPM nº 304, de 09/12/ da Cuiabana – Aspectos Técnicos. In:


2004. Atualiza os valores em Real de Minerais e Rochas Industriais e o Uso
emolumentos, taxa anual por hectare e e Ocupação de Solo em Mato Grosso.
multas, e estabelece os valores de servi- Cuiabá, 2005, p. 27-34.
ços prestados pelo Departamento Nacio- SILVA, C. H. Caracterização Estrutural de
nal de Produção Mineral. Mineralizações Auríferas do Grupo
Cuiabá. Baixada Cuiabana (MT). 1999,
3.5 – BIBLIOGRAFIA 134p. Dissertação de Mestrado . Uni-
versidade do Estado de São Paulo.
FAGUNDES, R. P. & VEIGA, A. T. C. Dire- IGCE/UNESP, 1999.
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GAMBIER, J. L. C. Controle Estrutural do S. Mineralização de Ouro em Veios de
Depósito Aurífero da Fazenda Salinas, Quartzo no Garimpo do Abdala, Bai-
Poconé – MT. In: CONGRESSO BRA- xada Cuiabana – MT. SIMPÓSIO DE
SILEIRO DE GEOLOGIA, 40, Belo Ho- GEOLOGIA DO CENTRO-OESTE, 8,
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J. O.; MOTTA, J. F. M.; TANNO, L. C.; Ocupação de Solo em Mato Grosso.
SOUZA, N. B. de; ABREU FILHO, W. Cuiabá, 2005, p. 16-26.
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QUADROS, A. P. & PAES DE BARROS, LOGIA, 35, Belém, 1988. Anais... Be-
M. V. Os depósitos de argila da Baixa- lém, SBG, 1988, v. 1, p. 116-129.

77
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

78
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

4 – FORMAÇÕES SUPERFICIAIS
SUBSÍDIOS PARA O PLANEJAMENTO

4.1 – INTRODUÇÃO Cada um desses domínios foi anali-


sado separadamente, com vistas as
As Formações Superficiais são de ações de planejamento público, consi-
suma importância quando do planeja- derando-se as potencialidades para
mento territorial, tanto do ponto de vista ocupação urbana, uso agropecuário,
geológico quanto do geomorfológico, implantação de obras viárias e disposi-
pois suas características físicas e geodi- ção de rejeitos.
nâmicas ajudam sobremaneira na defi-
nição, delimitação e potencialidade de 4.2 – DEFINIÇÃO E ANÁLISE
cada tipo litológico e sua utilização. TEÓRICO-CONCEITUAL
Na área foram caracterizados cinco
domínios: Geólogos e geógrafos normalmente
a) Residual de metassedimentos do Gru- utilizam a terminologia “Formação Su-
po Cuiabá; perficial” para caracterizar a cobertura
b) Residual de sedimentos da Bacia do de material decomposto sobreposto às
Paraná; rochas sãs podendo ser autóctone ou
c) Residual da Formação Pantanal; alóctone.
d) Domínio das Coberturas Detrito-late- Os solos residuais e saprólitos intem-
ríticas, que mostram duas gerações perizados in situ são caracterizados
distintas, uma de idade tércio-quater- como de origem autóctone.
nária, correlacionável à Superfície de Na área do projeto foram definidas
Aplainamento Sul-Americana de King como autóctonas as formações superfi-
(1956) e uma quaternária provavel- ciais originadas da alteração in situ de
mente correlacionável ao Ciclo Velhas diversas litologias, sendo representadas
do mesmo autor; e, por solos residuais de metassedimentos
e) Domínio da Formação Pantanal e Alu- do Grupo Cuiabá e sedimentos da Ba-
viões Recentes. cia do Paraná.

79
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Quando esse manto de alteração so- por um relevo colinoso acentuado nas
fre transporte pela ação de processos ero- proximidades da escarpa da Chapada dos
sivo-deposicionais, vão formar as cober- Guimarães tendendo ao aplainamento na
turas alóctones (solos transportados). Os região da Baixada Cuiabana, em direção
processos gravitacionais (movimentos de ao Pantanal Mato-grossense, com solos
massa latu sensu) são os mais marcantes rasos, com espessura de 0,5 a no máximo
neste contexto e tendem a gerar depósi- 2m, com textura argilo-arenosa, conten-
tos de tálus, colúvios e cones de dejeção. do fragmentos de quartzo de veios, e bai-
Já os processos hidro-erosivos (erosão xa permeabilidade. Onde predomina a
laminar, ravinamentos e voçorocamentos) Subunidade 5 os solos são menos espes-
produzem rampas elúvio-coluvionares, sos (inferior a 1 metro), com textura argilo-
leques aluviais e planícies fluviais. Na re- arenosa e pedregosos devido a desagre-
gião foram detectadas três formações su- gação de veios de quartzo. Constituem
perficiais alóctones: uma desenvolvida áreas onde o ouro foi intensamente explo-
em rochas da Bacia do Paraná; as Alu- rado na Baixada Cuiabana, como por
viões Recentes e as aluviões da Forma- exemplo no garimpo do Jatobá e na mina
ção Pantanal. Cidade de Pedra.
Os processos químico-pedológicos O Domínio Residual da Bacia do Pa-
também colaboraram na constituição das raná caracteriza-se por um relevo escar-
formações superficiais, interferindo na pado onde predominam os arenitos do
gênese das Coberturas Detrito-lateríticas. Grupo Rio Ivaí e formações Furnas e Bo-
Na área foram definidas duas gerações tucatu, e tabular onde ocorrem os siltitos
de coberturas lateríticas: uma de idade da Formação Ponta Grossa.
tércio-quaternária, correlacionada a Su- Os solos originados das litologias do
perfície Sul-Americana de King (1956); Grupo Rio Ivaí, caracterizam-se por serem
e outra de idade quaternária, provavel- autóctones, de textura arenosa, com
mente correlacionável ao Ciclo Velhas do fragmentos e seixos de quartzo leitoso,
mesmo autor. pouco espessos e permeáveis. Os solos
Por último, foram caracterizadas tam- oriundos da Formação Furnas originaram-
bém as áreas onde predominam as rochas se da desagregação dos arenitos que for-
aflorantes (solos delgados ou retirados por mam a escarpa da Chapada dos
fenômenos erosivos, expondo assim o Guimarães e foram depositados sobre ro-
saprólito ou a rocha sã. chas do Grupo Cuiabá que ocorrem no
sopé da escarpa, são alóctones mas com
4.3 – CARACTERÍSTICAS GERAIS pouquíssimo transporte, podendo ser con-
DOS DOMÍNIOS siderados autóctones. Em geral são pou-
co expressivos, de textura arenosa e
Como dito anteriormente, foram ob- bastante permeáveis, o mesmo ocorren-
servados na área cinco domínios princi- do com os solos da Formação Botucatu.
pais cada um com suas características Onde predominam os siltitos da Forma-
próprias: Residual de Metassedimentos do ção Ponta Grossa, o relevo é aplainado,
Grupo Cuiabá; Residual de Sedimentos com solos pouco espessos, de textura
da Bacia do Paraná; Residual da Forma- silto-arenosa, poucos permeáveis e geral-
ção Pantanal; Coberturas Detrito-lateríti- mente lateritizados.
cas; e, Domínio das Aluviões recentes. O Domínio da Formação Pantanal
O Domínio Residual de Metassedi- restringe-se a parte oeste da área, às mar-
mentos do Grupo Cuiabá caracteriza-se gens dos rios Cuiabá e Aricá-Açu, for-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

mando verdadeiras “ilhas” entre as Alu- colinoso o relevo (subunidades 6 e 7


viões Recentes e os solos da Subunida- do Grupo Cuiabá). Quanto mais próxi-
de 5 do Grupo Cuiabá. Em geral são mo do Pantanal Mato-grossense, mais
solos de pequena espessura, relevo pla- dissecado e aplainado (subunidades 5,
no, areno-argilosos inconsolidados, de 4 e 3 do Grupo Cuiabá na Baixada
cor cinza, sem estruturas sedimentares e Cuiabana). Em geral os solos apresen-
bastante permeáveis. tam espessura entre 0,5 e 2m, sendo
As Coberturas Detrítico-lateríticas muito argilosos e micáceos com frag-
ocorrem tanto no topo da Chapada dos mentos angulosos de quartzo leitoso,
Guimarães sobre as rochas da Formação oriundos da desagregação dos veios de
Ponta Grossa, com na Baixada Cuiabana quartzo que cortam as litologias desse
sobre litologias do Grupo Cuiabá. grupo, a permeabilidade é baixa o que
O domínio de menor relevância é o favorece a dissecação fluvial e a ero-
das Aluviões Recentes, sendo que as áreas são laminar. A fragilidade nas proximi-
mais expressivas localizam-se ao longo dades da escarpa é moderada tendendo
dos rios Cuiabá e Aricá-Açu. a baixa na Baixada Cuiabana.
Por fim devemos considerar as exten- – no Domínio dos sedimentos arenosos
sas áreas onde predominam as rochas ou da Bacia do Paraná (Grupo Rio Ivaí e
saprólitos aflorantes que ocupam mais da formações Furnas e Botucatu), o relevo
metade da área. Consistem em terrenos é escarpado, com solos praticamente
de colinas dissecadas (Baixada Cuiaba- inexistentes, com exceção da Formação
na) ou áreas serranas (Chapada dos Gui- Botucatu. A fragilidade é muito alta, e
marães), com intensa atuação dos sujeito a quedas por deslizamento, ero-
processos morfogenéticos, com solos fi- são e voçorocamento. Na Formação
nos ou decepados por fenômenos erosi- Botucatu, no topo da serra, ocorre solo
vos, expondo o saprólito (Horizonte C) ou arenoso, bastante poroso, de fácil cor-
mesmo a rocha sã. te, constituindo área de recarga de aqüí-
feros e por isso devem ser tratados com
4.4 – OCUPAÇÃO URBANA muito cuidado para não servir de con-
dutor da poluição para a água subter-
4.4.1 – CARACTERÍSTICAS A SEREM rânea. Devido a alta permeabilidade, a
OBSERVADAS construção de fossas certamente irá
colocar os detritos em contato direto
Na implantação de projetos e planos com as águas do subsolo. Por serem
diretores urbanos é primordial que os pla- sedimentos pouco consolidados, as
nejadores mesmo contemplando a baixa edificações de qualquer tipo poderão
fragilidade dos terrenos dos diversos do- sofrer trincamento e desestabilização
mínios para a ocupação urbana, consi- das fundações devido a compactação
derem ainda que: dos sedimentos.
– onde predominam os metassedimentos – no topo da Chapada dos Guimarães
do Grupo Cuiabá, as rochas apresen- onde afloram os siltitos da Formação
tam maior resistência ao intemperismo Ponta Grossa, o terreno é plano, bas-
químico e os solos são pouco profun- tante impermeável e apresenta fragili-
dos e o relevo é constituído por coli- dade baixa, caracterizando terrenos
nas e morros dissecados. Quanto mais estáveis em seu estado natural.
próximo da escarpa da Chapada dos – no Domínio da Formação Pantanal, os
Guimarães menos dissecado e mais solos são pouco espessos, pouco con-

81
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

solidados, de fácil corte, bastante per- mais núcleos urbanos localizam-se às


meáveis, constituindo-se em áreas de margens do rio Cuiabá, onde existe en-
recarga do aqüífero fraturado subja- tão alta susceptibilidade de contamina-
cente e por isso devem ser utilizados ção das águas do rio.
com cuidado para não contaminar o – esgotos lançados diretamente (sem tra-
aqüífero. tamento) na rede de drenagem (ex.:
– o Domínio das Coberturas Detrítico- Cuiabá e Várzea Grande.
lateríticas subdivide-se em dois subdo- – lixões e cemitérios situados em locais
mínios – o primeiro ocorre sobre as li- inadequados próximos às drenagens e
tologias da Formação Ponta Grossa no residências. Disposição de lixo a céu
topo da Chapada dos Guimarães, e em- aberto próximo às drenagens, favore-
bora sejam terrenos estáveis em seu es- cendo o espalhamento da contamina-
tado natural, a retirada da crosta ção durante as enxurradas (ex.: lixão de
laterítica pode desestabilizar o perfil do Várzea Grande e de Nossa Senhora do
solo principalmente porque sotoposto Livramento).
a ele ocorrem arenitos muito porosos e – fossas domésticas construídas em locais
friáveis, o que com certeza, acarretará inadequados provocando contamina-
problemas erosionais, com formação ção do lençol freático e provocando
de voçorocas e conseqüente desliza- doenças na população (ex.: Santo An-
mentos e desmoronamentos da escar- tônio de Leverger e Nossa Senhora do
pa da serra; o segundo, subdomínio das Livramento).
lateritas, ocorre sobre as litologias do – crescimento desordenado de Cuiabá e
Grupo Cuiabá na Baixada Cuiabana, é Várzea Grande, sem um estudo prévio
menos susceptível a cataclismos pois do terreno, com conseqüência danosa
forma terrenos aplainados, com baixa à flora, à fauna e, principalmente, às nas-
declividade e solos bastante drenados centes de drenagens formadoras das
e permeáveis, devendo-se no entanto áreas de captação de águas para o abas-
tomar cuidado para não contaminar o tecimento desses municípios.
aqüífero fraturado subjacente.
4.4.3 – RECOMENDAÇÕES
4.4.2 – PROBLEMAS CONSTATADOS
Em geral a área do projeto apresenta
Com relação a urbanização das se- características favoráveis do meio físico
des municipais situadas dentro dos limi- para o adensamento urbano, desde que
tes da área do projeto destacam-se os sejam tomados cuidados tais como:
seguintes problemas: – preservação das áreas de fundo de va-
– processos erosivos e de assoreamento les, destinando-as como áreas de lazer.
de drenagens devido a eliminação da – preservação da vegetação das margens
vegetação e cobertura laterítica por das drenagens, com isso evitando o as-
conta de obras de terraplanagem para soreamento das mesmas.
loteamentos sem o cuidado de medi- – manter limpo de entulhos o leito do
das preventivas. rio Cuiabá, diminuindo assim o ris-
– poluição das águas superficiais e sub- co de enchentes e contaminação da
terrâneas devido a falta de saneamento ictiofauna.
básico e por fossas em contato com o – controlar e fiscalizar a construção de
lençol freático. Com exceção da cida- fossas sépticas para que não contami-
de de Chapada dos Guimarães, os de- nem o lençol freático.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

– evitar a edificação em encostas de co- solos são pobres em nutrientes. Estas


linas e morros, principalmente nas pro- áreas devem ser destinadas a preserva-
ximidades da escarpa da Chapada dos ção ambiental.
Guimarães. – nos locais onde predominam as demais
– proibir o desenvolvimento de garimpos subunidades (3, 4, 5 e 6) os solos tam-
nas proximidades da área de urbaniza- bém são rasos, litólicos, argilo-arenosos
ção, pois os “buracos” já existentes, por e com muitos fragmentos de quartzo
si só, já impossibilitam a urbanização oriundos dos veios de segregação, mui-
desses terrenos. ta mica, ferruginosos. O relevo é coli-
– proteger e manter livres as áreas de re- noso a aplainado, mas devido a sua
carga dos aqüíferos subterrâneos, evi- pobreza em nutrientes, pequena espes-
tando a impermeabilização excessiva sura e quantidade de fragmentos de
que impede a percolação das águas. quartzo, não são favoráveis à agricul-
– controlar e fiscalizar a execução de tura, podendo no entanto serem utili-
poços profundos que possam vir a con- zados para a pecuária.
taminar os aqüíferos. – no Domínio dos sedimentos da Bacia
– realizar estudos geotécnicos nas obras do Paraná onde predominam as rochas
que necessitem de fundações e esca- do Grupo Rio Ivaí e formações Furnas
vações profundas. e Botucatu, onde o relevo é escarpado
– a região da Chapada dos Guimarães e verticalizado é impossível a prática da
deve ser destinada exclusivamente para agropecuária. São áreas que devem ser
a preservação ambiental e atividades de destinadas exclusivamente a proteção
ecoturismo. A região, devido a seus inú- ambiental. Na zona de contato entre as
meros atrativos naturais (cachoeiras, ca- rochas das Formações Furnas e Botu-
vernas, monumentos geológicos, flora, catu, ocorre uma mistura de solo oriun-
fauna, beleza cênica), tem grande po- do da desagregação dos arenitos dessas
tencial turístico. A criação da APA e do duas formações, sendo que no local
Parque da Chapada dos Guimarães foi está sendo implantado um programa de
um grande passo para o desenvolvi- reflorestamento por eucaliptos. Já onde
mento turístico da região. ocorre o solo do Grupo Rio Ivaí, no
contato com o Grupo Cuiabá, o relevo
4.5 – USO AGROPECUÁRIO é colinoso acentuado, o solo muito are-
noso, contendo seixos de quartzo, raso
Para a implantação de projetos agro- e pobre em nutrientes, sendo que sua
pecuários os planejadores devem levar melhor utilização é para a pecuária. No
em consideração cada tipo de solo, ca- topo da Chapada, onde ocorre o are-
racterizando sua fragilidade. Na área do nito da Formação Botucatu, o relevo é
projeto devem ser considerados os seguin- plano e, a partir da desagregação des-
tes aspectos: sa litologia, forma-se um solo arenoso,
– no Domínio dos metassedimentos do vermelho, muito poroso, pouco com-
Grupo Cuiabá, principalmente nas pro- pactado, de baixa pedregosidade, fa-
ximidades da Chapada dos Guimarães, cilmente manuseável por maquinário
onde aflora a Subunidade 7, a declivi- e portanto favorável à agricultura me-
dade é alta, os solos são pouco espes- canizada, o que inicialmente foi feito,
sos e a freqüente presença de blocos e porém, com a criação da APA da Cha-
matacões rolados da serra, tornam im- pada dos Guimarães, esta área foi de-
praticável a agricultura, além disso os sapropriada e atualmente a vegetação

83
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

nativa está em franca recomposição. 4.5.2 – RECOMENDAÇÕES


– nas áreas onde predominam os siltitos
da Formação Ponta Grossa, os solos são Apesar de a área não ser muito utili-
argilo-arenosos, pouco profundos, nor- zada para a agricultura, sendo mais apro-
malmente laterizados, com relevo aplai- priada para a pecuária, mesmo assim
nado e são favoráveis a agricultura recomenda-se que:
mecanizada. – observar o grau de interferência da ati-
– no Domínio da Formação Pantanal vidade agrícola (soja na Chapada dos
pode-se observar as seguintes condi- Guimarães) na qualidade das águas e
ções: tomar medidas que controlem o uso ex-
• devido a baixa declividade, solos pou- cessivo de adubos e defensivos polu-
co compactados e de baixa pedregosi- entes.
dade, as áreas desse domínio são – incentivar o reflorestamento, pastagens
facilmente manuseáveis por maquiná- e sítios de lazer em regiões em que a
rios e portanto favoráveis a prática da poluição possa afetar a população.
agricultura mecanizada. – exigir que seja preservada a vegetação
• os terrenos apresentam permeabili- primária ainda existente nas margens
dade alta e o solo é areno-argiloso em- das drenagens e reflorestar com espé-
pobrecido em nutrientes e em alguns cimes nativas, aquelas já desmatadas,
locais está laterizado. pois elas funcionam como barreiras
naturais para a contenção do fluxo de
4.5.1 – PROBLEMAS CONSTATADOS sedimentos e da poluição dos manan-
ciais hídricos superficiais.
Como a área não é muito utilizada – exigir a utilização de técnicas conser-
para a agricultura, os problemas consta- vacionistas dos solos, visando diminuir
tados com relação ao uso agropecuário o fluxo de sedimentos para as drena-
dos solos não são muito relevantes. As- gens e o depauperamento dos solos.
sim, observou-se que: – instruir a população rural para que
– no Domínio dos siltitos da Formação conservem as áreas com declives mais
Ponta Grossa, já fora da área do proje- acentuados para a preservação ambi-
to, pratica-se intensamente o cultivo da ental.
soja, com aplicação intensiva de adu- – realizar campanhas educativas visando
bos e defensivos altamente poluentes. a alertar e ensinar a população rural
Este domínio pelas suas características sobre a fragilidade e a importância am-
topográficas apresenta alta favorabili- biental e hidrológica da região.
dade à recarga dos aqüíferos locais. – nas regiões de terrenos com declivida-
Essas águas com certeza carregam alta de mais acentuada (bordas da Chapa-
taxa de poluentes agrícolas podendo da), onde há a possibilidade de
contaminar o lençol freático e a rede movimentos de massa, coibir sua utili-
de drenagem. zação para a agropecuária, e se não for
– as queimadas, muito comuns nos pe- possível, planejar e restringir a utiliza-
ríodos mais secos, realizadas sem os ção a pequenas parcelas associadas aos
devidos cuidados, como a ausência sopés das encostas e fundos de vales,
de aceiros, tornam-se um agente de- adotando técnicas que minimizem os
gradador do meio ambiente, com im- problemas de erosão.
pactos não apenas locais mas também – controlar, fiscalizar, coibir e exigir cui-
regionais. dados especiais nas queimadas.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

– fiscalizar e controlar o uso das margens viárias serão necessários grande nú-
do rio Cuiabá, com vistas a preserva- mero de canais de drenagem, aterros
ção de suas praias e seus pesqueiros. e obras de contenção de encostas, o
que implica em dificuldades opera-
4.6 – IMPLANTAÇÃO cionais e grandes gastos. Por esses
DE OBRAS VIÁRIAS motivos deve-se evitar a implantação
de obras nesses locais.
Quando da elaboração de projetos – como os solos no Domínio dos metas-
que visem a implantação de obras viárias, sedimentos do Grupo Cuiabá, na região
os planejadores devem considerar as ca- da Baixada Cuiabana, são pouco espes-
racterísticas do meio físico de cada domí- sos, deve-se prever a necessidade de
nio e levar em consideração o seguinte: cortes em rochas de difícil desmonte.
– prever dificuldades na operação de – os cascalhos originados pela desagre-
maquinários no Domínio dos sedimen- gação de veios de quartzo da Subuni-
tos da Bacia do Paraná, Formação Pon- dade 5 do Grupo Cuiabá servem como
ta Grossa, onde o solo é silto-argiloso, matéria-prima para a construção de ater-
muito aderente e plástico, devido ao ros e encascalhamento de rodovias, o
emplastamento. mesmo ocorrendo com as coberturas
– nas regiões da Baixada Cuiabana e no lateríticas existentes na área.
topo da Chapada dos Guimarães, onde – nas áreas onde predomina a Formação
predomina um terreno colinoso muito Pantanal os solos são bastante friáveis
suave a aplainado, com baixos desní- e pouco compactados, e a infiltração
veis altimétricos e por isso com baixo da água das chuvas poderá acarretar
potencial para movimentos de massa, pequenos colapsos, ruptura de taludes
é bem menor a necessidade de aterros, e ravinamento.
pontes, cortes de taludes e portanto são
regiões favoráveis à implantação de 4.6.1 – PROBLEMAS CONSTATADOS
obras viárias.
– nas proximidades da escarpa da serra Os impactos negativos observados
onde o relevo é colinoso acentuado, devido à implantação de obras viárias, sem
a declividade é alta com altos desní- ter sido consideradas as características do
veis altimétricos, devendo-se conside- meio físico foram:
rar que são terrenos instáveis e – deslizamento de taludes em cortes de
sujeitos a grandes movimentações de estrada em razão da falta de obras de
massa. Este risco aumenta nas zonas revestimento.
tectonizadas, nas proximidades da – rompimento de rodovias por enxurra-
escarpa e nas zonas com alta densi- das no período das chuvas devido ao
dade de planos estruturais verticaliza- mau dimensionamento do escoamen-
dos (fraturas e foliações metamórficas). to das águas.
Esses terrenos possuem características – voçorocamento nas encostas devido à
que favorecem os processos de desli- concentração de águas de escoamen-
zamentos e, portanto, os cortes de to superficial.
obras viárias devem ser ortogonais às – retirada inadequada de material de
direções desses planos. Ainda nesses empréstimo (cascalhos) e abandono do
terrenos a existência de vales profun- local sem obras de proteção contra a
dos lhes conferem alto potencial ero- erosão provocam escorregamentos e
sivo e para a implantação de obras entulhamento dos vales.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

– pontes danificadas devido à acomoda- – não usar o material de alteração dos


ção de blocos e à força das águas no metassedimentos para aterros, pois é
período das chuvas. um material muito rico em micas.

4.6.2 – RECOMENDAÇÕES 4.7 – DISPOSIÇÃO DE REJEITOS


SÓLIDOS
Para que os problemas acima citados
não ocorram durante a implantação de 4.7.1 – SITUAÇÃO ATUAL
obras viárias na região ora em estudos,
recomenda-se: 4.7.1.1 – CUIABÁ
– sejam evitados cortes em locais que
exponham a transição solo/rocha. Na cidade de Cuiabá o lixo produzi-
– analisar com cuidado as zonas de do, aproximadamente 300 toneladas dia,
movimentação tectônica (falhas, é depositado em um aterro sanitário cons-
fraturas), pois são regiões instáveis truído em uma área de 14ha cuja base é
e podem constituir-se em planos de revestida por uma manta de poliuretano
deslizamentos. para reter o chorume, o qual, após ser dre-
– o traçado das rodovias deve ser plane- nado, é conduzido às lagoas de tratamen-
jado de acordo com o relevo, evitan- to e posteriormente escoado para as
do-se que as rampas contenham solos drenagens próximas.
coluvionares. A área situa-se em antigas “cavas” de
– realizar estudos geológicos e geotécni- garimpos em zona de rocha bastante fra-
cos detalhados que informem as con- turada, exigindo cuidados extremos para
dições subterrâneas do terreno. não contaminar o aqüífero tanto superfi-
– procurar minimizar ou mesmo eliminar cial como subterrâneo.
os efeitos do escoamento das águas
superficiais (erosão), colocando uma 4.7.1.2 – SANTO ANTÔNIO DE
cobertura vegetal adequada nos locais LEVERGER
atingidos.
– dimensionar corretamente as obras de Em Santo Antônio de Leverger não
arte, principalmente pontes e manilhas existe local adequado para a implantação
de escoamento das águas pluviais, pois de um aterro sanitário, pois a cidade
no período chuvoso as corredeiras são situa-se muito próxima ao rio Cuiabá e
muito fortes e transportam muito mate- o lençol freático é quase aflorante. De-
rial rochoso e troncos. vido a isso, os resíduos sólidos produzi-
– procurar evitar a construção de obras dos (em torno de uma tonelada por dia)
de cortes, aterros e terraplanagem no são despejados no aterro sanitário de
período chuvoso. Cuiabá, distante 50km, o que torna o cus-
– drenar os taludes com surgências de to bastante elevado, porém é a melhor
água para melhorar a estabilidade dos solução para o município.
mesmos.
– revestir as obras de terraplanagem, cor- 4.7.1.3 – VÁRZEA GRANDE/NOSSA
tes e aterros logo após a sua execução. SENHORA DO LIVRAMENTO
– nas regiões onde ocorrem os metasse-
dimentos do Grupo Cuiabá, evitar o tra- Várzea Grande não tem aterro sani-
çado em posição desfavorável em tário, o lixo produzido é lançado em um
relação aos planos estruturais. “lixão” a céu aberto localizado no muni-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

cípio vizinho de Nossa Senhora do Livra- A drenagem mais próxima do local


mento, porém administrado pela prefeitu- dista cerca de 1.100m a sul.
ra de Várzea Grande. Quando de nossa Embora a área escolhida seja uma uni-
visita ao local constatamos que o lixo era dade medianamente vulnerável à conta-
amontoado de qualquer maneira, sem minação do aqüífero, é uma alternativa
cuidado nenhum, em uma área situada viável para a cidade de Chapada dos Gui-
próxima a drenagens. No local existiam inú- marães. Os valores de condutividade hi-
meros catadores de lixo, inclusive crianças, dráulica e distância de cursos de água
vivendo em condições imundas. Quando conferem uma segurança para adoção de
de nossa visita à prefeitura, fomos infor- um modelo de depósito do tipo “aterro
mados pelo secretário responsável pela controlado”.
coleta e disposição do lixo, que atitudes
drásticas e urgentes já estavam sendo to- 4.7.2 – CARACTERÍSTICAS
madas para resolver a situação. A SEREM CONSIDERADAS
E RECOMENDAÇÕES
4.7.1.4 – CHAPADA DOS GUIMARÃES
Nos projetos visando a seleção de
O município não tem um aterro sani- áreas para a disposição de rejeitos, os pla-
tário, os resíduos sólidos atualmente são nejadores devem levar em consideração
lançados em um lixão. as características do meio físico do local,
A prefeitura municipal está construin- atentando para os seguintes pontos:
do um aterro sanitário próximo à cidade, Os parâmetros de avaliação devem
na saída para Água Fria. No local já exis- ser definidos a partir de características do
tem cavas que estão sendo utilizadas sem meio físico (rocha, solo, recursos hídricos
nenhuma impermeabilização ou contro- superficiais subsuperficiais e subterrâ-
le do chorume. neos), aspectos de ocupação e uso do solo
Em uma cava ainda não utilizada, fo- e aspectos socioeconômicos. As caracte-
ram realizados ensaios em furos não re- rísticas do meio físico devem ser conside-
vestidos e métodos de nível constante, radas em função de sua relevância para a
com o objetivo de caracterizar a conduti- proteção do meio ambiente em relação
vidade hidráulica abaixo da cava, zona aos riscos de contaminação por disposi-
que será percolada por um eventual va- ção de resíduos.
zamento de chorume. Os demais aspectos devem levar em
No local o solo é arenoso, prove- consideração o grau de incômodo que a
niente da desagregação do arenito Bo- atividade causa à população.
tucatu, que aqui está muito próximo do Os parâmetros relativos à avaliação do
contato com a Formação Ponta Grossa solo baseiam-se nas suas características
(subjacente). Devido à proximidade físicas, nas condicionantes de infiltração
deste contato, pode-se deduzir que a es- e/ou percolação das águas de drenagem
pessura do arenito é pequena e logo se- da área de disposição, no tempo de es-
rão encontrados os siltitos Ponta Grossa coamento destas águas, no perfil pedoló-
de baixíssima permeabilidade. O coefi- gico e na sua erodibilidade.
ciente de condutividade hidráulica No caso dos recursos hídricos, os pa-
encontrado para o trecho no perfil vertical râmetros são subdivididos em: recursos
do terreno, compreendido entre o fundo hídricos superficiais, subsuperficiais e
da cava e 3 metros de profundidade va- subterrâneos. Nos dois primeiros, devem
riou de 2,9 x 10-4cm/s e 3,7 x10-4cm/s. ser selecionados, respectivamente, a dis-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

tância dos cursos de água e a profundi- Eliminatórios:


dade do lençol freático, em função do
risco de contaminação direta dos manan- • Distância do centro produtor de lixo –
ciais, por água do escoamento superfi- 4 a 10km.
cial e por infiltração. Para os recursos hí- • Distância de moradias > 500m.
dricos subterrâneos devem-se considerar • Distância de cursos de água, alagados,
as características do substrato rochoso, reservas > 400m.
que condiciona a passagem e o acúmu- • Profundidade do lençol freático > 5m.
lo de água no subsolo e a potencialida- • Distância de poços > 400m.
de do aqüífero para a preservação de sua • Distância de zonas propensas a riscos
utilização. geológicos e hidrogeológicos (erosão,
Nos parâmetros de uso e ocupação escorregamentos, colapsos, falhas, fra-
do solo devem ser considerados os turas abertas, etc.).
usos atuais das áreas pré-selecionadas,
levando-se em conta a importância Seletivos:
desses usos para a população atingida
e suas condições para disposição de • Compatibilidade com usos atuais e fu-
lixo. Também deve ser avaliada a ca- turos.
pacidade de utilização das áreas de • Distância da via rodoviária mais próxi-
acordo com a geração de lixo e a sua ma < 2km (devido ao custo de implan-
distância de núcleos populacionais, vi- tação).
sando controlar os transtornos causa- • Topografia do terreno – preferência para
dos à população por essa atividade. As áreas de relevo suave: 2 a 5% de incli-
áreas com atividades de mineração e nação.
as áreas já degradadas por disposição • Disponibilidade do material de emprés-
inadequada do lixo, também devem ser timo – distância economicamente
contempladas quanto ao seu uso, con- viável.
siderando a potencialidade para a ati- • Adequação das características do ma-
vidade e as condições ambientais em terial de empréstimo – solo argilo-are-
seu entorno. noso ou areno-argiloso, permeabilidade
Em relação aos parâmetros socioeco- muito baixa pós-compactação.
nômicos, devem ser selecionadas: a vida • Capacidade (vida útil do terreno) > 5
útil para a atividade e a distância de nú- anos.
cleos populacionais, tendo em vista a • Direção dos ventos – de preferência ci-
área a ser impactada, o grau de incômo- dade-aterro.
do que irá causar à população e os cus- • Cortina vegetal.
tos de infra-estrutura. • Valorização da terra – baixa.
• Aceitação da população e de entidades
4.7.3 – CRITÉRIOS RECOMENDADOS ambientais não-governamentais.
PARA A SELEÇÃO DE ÁREAS PARA • Uso e ocupação das terras – de prefe-
A IMPLANTAÇÃO DE ATERROS rência, áreas devolutas ou pouco utili-
SANITÁRIOS zadas.
• Menor potencial para a geração de im-
Segundo a ABNT (1993), os critérios pactos ambientais.
eliminatórios e seletivos para a seleção de Como se observa, com relação às
uma área destinada à implantação de ater- unidade de formações superficiais, fazem
ro sanitário são: parte dos critérios eliminatórios, as áreas

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cujo lençol freático seja raso, bem como préstimo e pela heterogeneidade e estru-
as áreas propensas a riscos geológicos e turação do substrato.
hidrogeológicos (erosão, escorregamen- A Formação Pantanal, apesar da to-
tos, colapsos, falhas, fraturas abertas, etc.). pografia plana e disponibilidade de ma-
Como critério seletivo, os terrenos terial de empréstimo para a construção de
devem apresentar relevos suaves, 2-5% aterros sanitários, mostra extrema per-
de inclinação, havendo disponibilidade meabilidade, erodibilidade e baixa capa-
de material de empréstimo. cidade de carga, logo com problemas
O Domínio Residual dos metassedi- para a disposição de rejeitos.
mentos do Grupo Cuiabá mostra relevo As Coberturas Detrito-lateríticas são
colinoso, com solos rasos e friáveis, apre- planas, estáveis em seu estado natural,
sentando dificuldades para a construção com boa capacidade de carga e freático
de aterros sanitários. profundo. Não mostram-se problemáticas
O Domínio Residual dos siltitos e are- para a implantação de aterros sanitários.
nitos fora da escarpa da Chapada dos Gui- Por fim, as Aluviões Recentes são to-
marães tem relevo tabular ou de colinas talmente desfavoráveis para a disposição
suaves. O solo é raso, pouco permeável. de rejeitos pelo fato de serem áreas alagá-
Apesar da carência de material de emprés- veis, com freático raso e altamente per-
timo, não mostram maiores problemas para meáveis.
a construção de aterros sanitários.
As áreas com predomínio de sapró- 4.8 – BIBLIOGRAFIA
lito e rocha aflorante mostram relevo
acentuado, com solos rasos ou inexisten- ABNT. Projeto de Norma 001.603.06-
tes; falhas, fraturas e foliações metamór- 006. 1993.
ficas estão generalizadamente distribuí- KING, L. C. A. Geomorfologia do Brasil
das. São áreas com problemas para a Oriental. Revista Brasileira de Geo-
implantação de aterros sanitários pelo ciências, Rio de Janeiro, n. 2, 1956,
relevo, pela carência de material de em- p. 174-265.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

90
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

5 – GEOMORFOLOGIA

5.1 – INTRODUÇÃO levo de acordo com Ponçano et al.


(1979), no mapeamento do Radambrasil
O mapeamento geomorfológico de (1982), aprimorada por Ross (1992), bem
Cuiabá, Várzea Grande e entorno, elabo- como no mapeamento geomorfológico
rado na escala 1:100.000, abrange também do Zoneamento Sócio-Econômico-Ecoló-
parte dos municípios de Chapada dos Gui- gico do Estado de Mato Grosso (2000).
marães, Nossa Senhora do Livramento e Os procedimentos adotados envol-
Santo Antônio de Leverger, envolvendo um vem a análise de dados do meio físico
segmento do médio-baixo curso do rio existentes na área-objeto, a interpretação
Cuiabá, abrangendo as sub-bacias dos rios de cartas planialtimétricas, fotografias aé-
Aricá-Açu; Coxipó e Pari, dentre os princi- reas, imagens de satélite e modelos digi-
pais. Busca o mapeamento e descrição das tais e numéricos do terreno, visando uma
formas de relevo, de maneira a interpretar compartimentação preliminar em labora-
os processos geomorfológicos operantes na tório, seguida de trabalhos de campo com
área, permitindo a definição e avaliação das a finalidade de delinear com maior preci-
unidades geoambientais, orientando a for- são a compartimentação inicial, bem
ma mais adequada de uso e ocupação do como descrever as unidades geomorfo-
solo e considerando os diferentes graus de lógicas identificadas.
risco de cada uma das unidades mapeadas.
Tem, assim, como objetivo principal, subsi- 5.2.1 – DADOS BÁSICOS
diar as ações de planejamento e gestão am-
biental do aglomerado urbano de Cuiabá. O mapa geomorfológico do Estado de
São Paulo, elaborado na escala 1:500.000,
5.2 – METODOLOGIA em 1979 pelo Instituto de Pesquisas Tec-
nológicas do Estado de São Paulo S.A., uti-
A metodologia utilizada encontra-se lizou o conceito de sistemas de relevo,
amparada no conceito de sistemas de re- abordagem pioneira no País.

91
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

O método de mapeamento de sistemas atual (geomorfologia) e do clima sob o


de relevo foi desenvolvido a partir da déca- qual atuaram estes processos (Stewart &
da de 40 pela CSIRO – Commonwealth Perry, 1953). O sistema de relevo é, por-
Scientific and Industrial Research Organi- tanto, uma classificação baseada em to-
zation of the Australia, para o reconheci- pografia, solos e vegetação, correlaciona-
mento expedito de áreas não mapeadas ou dos com geologia, geomorfologia e clima.
pobremente mapeadas, visando classificar O presente mapeamento geomorfoló-
a adequação da terra para fins agrícolas, em gico, considerando várias propostas de
grandes regiões da Austrália e de Nova classificação do relevo, tais como a de
Guiné. Este método foi adotado pela LRD – Kudrnovská (1948 e 1969, apud Demeck,
Land Resources Division, de administração 1972), adotou critérios baseados na am-
inglesa, em mapeamentos geomorfológicos plitude e gradiente topográfico, conforme
de quase uma dezena de países africanos. apresentado pelo Instituto de Pesquisas
Na África do Sul, tal abordagem foi uti- Tecnológicas do Estado de São Paulo
lizada na engenharia rodoviária para o pla- (1981), porém, devido a características da
nejamento de traçados e identificação de área mapeada, que abrange as extensas
materiais de construção, além de ter auxi- áreas de topografia praticamente plana,
liado no planejamento urbano. Há referên- com declividades inexpressivas, incluiu-
cias da aplicação de métodos semelhan- se a forma de relevo plano, conforme ilus-
tes também na antiga URSS, Inglaterra, tra a Tabela 5.1.
Japão e EUA (Cooke & Doornkamp, 1974). O Mapa Geomorfológico do Projeto
De acordo com Ponçano et al. (1979), Radambrasil, apresentado em escala
o mapeamento de sistemas de relevo ba- 1:1.000.000, contempla uma comparti-
seia-se em distinguir, numa dada região, mentação do território brasileiro em gran-
áreas cujos atributos físicos sejam distintos des unidades geomorfológicas que corres-
das áreas adjacentes. Isto leva a subdivisão pondem aos planaltos, depressões e
da região em áreas de dimensões variáveis planícies. Na área do SIG Cuiabá estão
desde dezenas até algumas centenas de presentes a Depressão Cuiabana, ocupan-
km2, onde é comum existir um padrão re- do a maior parte da área, parte do Planal-
corrente de topografia, solos e vegetação. to dos Guimarães ao norte e as Planícies
A topografia e os solos dependem da e Pantanais Mato-grossenses ao sul.
natureza das rochas subjacentes (geolo- O Mapa Geomorfológico do SIG
gia), dos processos erosivos e deposicio- Cuiabá é norteado pela Taxonomia do
nais que teriam produzido a topografia Relevo Terrestre proposta por Ross (1992),

Tabela 5.1 – Classificação das formas de relevo.

Amplitude local Gradiente predominante Formas de relevo


< 1% Plano
< 100m 1a 5% Rampa
5 a 10% Colina
> 15% Morrote
5 a 15% Morro com encosta suave
100 a 300m
> 15% Morro
> 300m > 15% Montanha

Fonte: IPT (1981, apud Moreira et al., 1988), modificado.

92
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

que define seis níveis hierárquicos na clas- O Manual Técnico de Geomorfolo-


sificação do relevo terrestre, encontrados gia do IBGE, elaborado por Nunes et al.
de forma implícita no trabalho de Ponça- (1995), foi também de grande utilidade
no et al. (1979). neste mapeamento, no sentido de forne-
O primeiro táxon representa as maio- cer a simbologia dos fatos geomorfológi-
res unidades de relevo representando os cos encontrados na área, relacionados à
principais tipos de substrato geológico- ação fluvial, à dissecação e às feições re-
estrutural, ou seja, as plataformas ou crá- siduais, bem como à ação tectônica.
tons, as bacias sedimentares e os cintu- Também foi considerada a comparti-
rões orogênicos, denominados unidades mentação geomorfológica apresentada para
morfoestruturais ou morfoestruturas. o Estado de Mato Grosso por Ross et al.
O segundo táxon refere-se às unida- (1997), que define sete unidades morfoes-
des morfoesculturais ou morfoesculturas, truturais e 32 unidades morfoesculturais e
geradas pela ação climática ao longo do apresentada por Latrubesse et al. (1998),
tempo geológico dentro das morfoestru- adotada pelo Zoneamento Econômico-Eco-
turas, conhecidas como planaltos, depres- lógico do Estado de Mato Grosso.
sões e planícies. Na área do SIG Cuiabá, o sistema de
O terceiro táxon refere-se às unida- classificação geomorfológica apresentado
des de relevo, formadas por um conjun- pelo Zoneamento Sócio-Econômico-Eco-
to de formas semelhantes onde os pro- lógico abrange os sistemas denudacional
cessos morfoclimáticos atuais são mais e agradacional. O sistema denudacional,
evidentes. por sua vez, envolve sistemas em faixas
O quarto táxon corresponde às formas dobradas, de dissecação, de dissecação
de relevo originadas por processos agra- em colinas e morros, de aplanamento e
dacionais como as planícies e terraços flu- de pedimento, enquanto que o sistema
viais, lacustres ou marinhos, e aquelas ge- agradacional envolve os sistemas de pla-
radas por processos denudacionais como nície fluvial, de planície aluvionar mean-
as rampas, colinas, morrotes, morros e driforme e de leques fluviais.
montanhas. As unidades denudacionais mapeadas
O quinto táxon corresponde às encos- receberam uma representação alfanumé-
tas ou vertentes, que são setores das for- rica estabelecida com base nos sistemas
mas de relevo, podendo apresentar morfo- geomorfológicos e na matriz dos índices
logia côncava, convexa, retilínea e plana. de dissecação do relevo acompanhados
O sexto táxon corresponde aos pro- de letras que qualificam quanto à morfolo-
cessos geomorfológicos, tais como erosão, gia do topo das formas dissecadas (Ross,
movimentos de massa, colapsos, subsi- 1992), conforme ilustra a Tabela 5.2.
dências, inundação e assoreamento.
O presente mapeamento geomorfoló- 5.2.2 – DOCUMENTAÇÃO
gico considera ainda os estudos realizados CARTOGRÁFICA
por Bordest (1984 e 1992) na alta bacia
do rio Coxipó, que define cinco unidades A documentação cartográfica utiliza-
geomorfológicas sobre as unidades mor- da compreende a carta planialtimétrica em
foesculturais Planalto dos Guimarães e escala 1:100.000, com eqüidistância de
Depressão Cuiabana: Planalto Dissecado, 40m entre as curvas de nível, preparada
Planalto Conservado, Patamares e Rampas pelo Serviço Geológico do Brasil; cartas to-
Coluvionadas, Patamares em Cristas Ravi- pográficas DSG/IBGE, escala 1:100.000;
nadas e Depressão Pediplanada. fotografias aéreas, escala 1:60.000, obtidas

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Tabela 5.2 – Índices de dissecação do relevo.

Matriz dos Índices de Dissecação do Relevo


Densidade de drenagem ou dimensão interfluvial média
(2º dígito)
Muito Baixa Média Alta Muito
baixa 1.750 a 750 a 250 a alta
< 3.750m 3.750m 1.750m 750m < 250m

Muito Fraco
< 20m 11 12 13 14 15
1
Grau de Entalhamento dos Vales

Fraco
20 a 40m 21 22 23 24 25
3
(Classes) 1º dígito

Médio
40 a 80m 31 32 33 34 35
3

Forte
80 a 160m 41 42 43 44 45
4

Muito forte
> 160m 51 52 53 54 55
5

Classificação dos índices de dissecação


Suave dissecação: índices 11, 12, 13, 21, 22, 31, 41, 51.
Média dissecação: índices 14, 15, 23, 24, 32, 33, 42, 52.
Forte dissecação: índices 25, 34, 35, 43, 44, 45, 53, 54, 55.
Qualificadores do índice de dissecação do relevo
a – formas dissecadas com topos apresentando morfologias aguçadas
c – formas dissecadas com topos apresentando morfologias convexas
t – formas dissecadas com topos apresentando morfologias tabulares
p – formas de topos planos sem dissecação, ou interflúvios com dimensão superior a 3.750m
Fonte: Ross (1992).

pela USAF em 1966; imagem de satélite 5.2.3 – COMPARTIMENTAÇÃO


Landsat escala 1:100.000; modelo digital GEOMORFOLÓGICA
do terreno, relevo sombreado, extraído de
imagens Aster com resolução espacial de A hierarquização das formas de relevo
30m, bem como o modelo numérico do em unidades morfoestruturais e regiões
terreno, derivado do produto Shuttle Ra- geomorfológicas, unidades morfológicas
dar Topography Mission – SRTM. e formas de relevo foram definidas com

94
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base na metodologia desenvolvida pelo lecer apenas por meio da fotointerpre-


Radambrasil (1982), aprimorada por Ross tação; os modelos digital e numérico do
(1992) e oficializada pelo IBGE (1995). terreno foram ferramentas auxiliares bem
A compartimentação geomorfológica eficazes, especialmente para estabelecer
foi feita inicialmente a partir da interpreta- limites entre as unidades morfológicas
ção de fotografias aéreas, com o minucioso que compõem a Depressão Cuiabana.
traçado da rede de drenagem e das feições Tendo elaborado um esboço das uni-
geomorfológicas, possibilitando identificar dades de formas semelhantes de relevo,
a partir dos diferentes padrões de drenagem, a partir de imagens de satélite e fotogra-
unidades de formas semelhantes de relevo, fias aéreas, iniciaram-se os trabalhos de
que foram denominadas unidades morfo- campo buscando-se caracterizar as for-
lógicas, correspondendo ao 3º nível da Ta- mas de relevo de cada unidade, tendo
xonomia do Relevo Terrestre. como guia os critérios estabelecidos por
O limite entre algumas unidades mor- Ponçano et al. (1979), conforme ilustra
fológicas nem sempre foi possível estabe- a Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Critérios de caracterização de unidades de relevo em sistemas geomorfológicos.

Critério Categoria Intervalo Conceito


Pequena 0 - 100m Altura máxima da unidade em
Amplitude local Média 100 - 300m metros, acima do assoalho dos
Grande > 300m grandes vales adjacentes.
Baixa 0 - 15%
Inclinação média do perfil da
Declividade Média 15 - 30%
encosta expressa em porcentagem.
Alta > 30%
Baixa 0-5
Densidade de Número de cursos d’água perenes
Média 5 - 30
drenagem numa área de 10km2.
Alta > 30
Pequenas < 1km2 Área ocupada pelas unidades de
Expressão de relevos entre seus vales limítrofes,
Médias 1 - 4km2
colinas em área Amplas > 4km2 ou seja, área dos interflúvios.
Extensos _____ Convencional
Topos
Restritos
Aplanados
Arredondados _____ Convencional
Formas de topos
Angulosos
Convexo
Perfil das vertentes Retilíneo _____ Convencional
Côncavo
Dendrítico
Paralelo
Padrão de Retangular _____ Convencional
drenagem Pinulado
Treliça
Abertos _____ Convencional
Vales Fechados
Planícies Desenvolvidas _____ Convencional
aluvionares interiores Restritas
Existência de Presente _____ Ocorrência de lagoas perenes
drenagem fechada Ausente ou intermitentes
Existência de
ravinamento nas Presente _____ Convencional
vertentes Ausente

Fonte: Ponçano et al. (1979).

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Delimitadas todas as unidades mor- as Regiões Geomorfológicas, as Unidades


fológicas e descritas as formas de rele- Morfológicas e as Formas de Relevo, que
vo que as compõem, procurou-se inse- foram devidamente delimitadas e discuti-
ri-las nas unidades morfoesculturais ou das.
regiões geomorfológicas definidas por
Ross (1982 e 1997) como Planalto dos 5.3.1 – DOMÍNIOS MORFOESTRUTURAIS
Guimarães, Depressão Cuiabana e Pan-
tanal Mato-grossense, e, por conseguin- Os domínios morfoestruturais ou uni-
te, nos respectivos domínios morfoes- dades morfoestruturais (Guerassimov,
truturais, qual sejam, a Bacia Sedimen- 1946 e Mecerjakov, 1968, apud Ross,
tar do Paraná, a Faixa de Dobramentos 1992) correspondem às grandes estrutu-
Paraguai-Araguaia e a Bacia Sedimen- ras geológicas representadas pelas bacias
tar do Pantanal. sedimentares, plataformas ou crátons e cin-
Desta forma, foi possível construir turões orogênicos (Ross, 1992).
uma legenda contemplando os quatro Na área mapeada estão presentes pe-
primeiros níveis da Taxonomia do Rele- quenas porções de duas bacias sedimen-
vo Terrestre. A primeira coluna refere-se tares, uma atual ou quaternária, a Bacia
aos domínios morfoestruturais represen- Sedimentar do Pantanal e outra pretérita
tados pela Bacia Sedimentar do Paraná, ou paleozóica, a Bacia Sedimentar do Pa-
Faixa de Dobramentos Paraguai-Ara- raná, bem como a parte mais denudada
guaia e Bacia Sedimentar do Pantanal. de um cinturão orogênico pré-cambria-
A segunda coluna refere-se às respecti- no, ou seja a Faixa de Dobramentos Pa-
vas regiões geomorfológicas, denomina- raguai-Araguaia.
das Planalto dos Guimarães, Depressão
Cuiabana e Pantanal Mato-grossense. A 5.3.1.1 – BACIA SEDIMENTAR DO
terceira coluna corresponde às unidades PARANÁ
morfológicas contidas em cada região
geomorfológica, a quarta coluna com- Na área estudada a Bacia Sedimentar
preende as formas de relevo, e, por fim, do Paraná é representada por rochas are-
a quinta coluna contendo a descrição níticas e conglomeráticas pertencentes ao
das formas de relevo de acordo com Grupo Rio Ivaí, de idade siluriana; rochas
Ponçano et al. (1979). areníticas e argilíticas pertencentes às for-
A avaliação da amplitude ou grau de mações Furnas e Ponta Grossa, de idade
entalhamento dos vales, bem como da devoniana, que juntas compõem o Gru-
densidade de drenagem ou dimensão in- po Paraná, bem como a Formação Botu-
terfluvial média, permitiu estabelecer o catu, de idade juro-cretácea (Radambra-
índice de dissecação do relevo de cada sil, 1982). Sobrepõem-se às formações da
unidade de formas semelhantes, com a Bacia do Paraná, rochas cretáceas do Gru-
devida qualificação da morfologia dos po Bauru e Cobertura terciário-quaterná-
topos das formas de relevo, de acordo ria Detrito-laterítica.
com Ross (1992). As características litológicas e estru-
turais dessas rochas sedimentares confe-
5.3 – RESULTADOS rem um aspecto suavemente ondulado
àquelas superfícies, produzindo geral-
A Tabela 5.4 apresenta a comparti- mente formas com suave dissecação e de-
mentação geomorfológica obtida, desta- clividades baixas a médias, revelando um
cando-se os Domínios Morfoestruturais, relevo cuestiforme.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 5.4 – Compartimentação geomorfológica de Cuiabá, Várzea Grande e entorno.

Domínios Regiões Unidades Formas


Morfoestruturais Geomorfológicas Morfológicas de Relevo
Chapadas
Planalto
Colinas Amplas
Conservado
Patamar
Bacia Morros e Morrotes
Planalto dos
Sedimentar Alongados
Guimarães
do Paraná Planalto Colinas Médias e Amplas
Dissecado Escarpa Erosiva
Rampas

Relevos de
Transição
Coluvionadas
Morros com
Cristas e
Encostas
Ravinadas
Depressão
Morros e Morrotes
Faixa de Dissecada
Alinhados
Dobramentos Depressão Morrotes
Paraguai- Cuiabana Colinas Médias
Araguaia
Depressão
Rampas Pediplanadas
Pediplanada
Planície Fluvial e
Planície Fluvial
Terraços Altos
Planície Fluvial e
Bacia do Terraços Baixos
Pantanal
Sedimentar Planícies Fluviais Planície Aluvionar
Mato-grossense
Pantanal Meandriforme
Leque Fluvial

A passagem do domínio morfoestru- morros com cristas e encostas ravinadas


tural da Bacia Sedimentar do Paraná para que acompanha essa escarpa.
o domínio da Faixa de Dobramentos Pa-
raguai-Araguaia é feito através de frentes 5.3.1.2 – FAIXA DE DOBRAMENTOS
de cuestas com notáveis escarpamentos, PARAGUAI-ARAGUAIA
sendo que o mais expressivo é o da es-
carpa festonada elaborada sobre os are- A Faixa de Dobramentos Paraguai-
nitos da Formação Botucatu, com espo- Araguaia, estende-se desde o estado de
rões digitados, depósitos de tálus e feições Mato Grosso do Sul, na fronteira com o
ruiniformes, cujo processo de recuo pos- Paraguai, passando por baixo do Panta-
sibilitou o surgimento de uma considerá- nal Mato-Grossense, ressurgindo em Mato
vel área com formas inumadas constituí- Grosso na Província Serrana, até o norte
das por rampas coluvionadas. de Goiás, Tocantins e sul do Pará, na re-
Outra escarpa mais simples, em con- gião do rio Araguaia. Em grande parte en-
tinuidade à escarpa anteriormente men- contra-se arrasada pela erosão, estando
cionada, encontra-se elaborada sobre os parcialmente preservada ao norte de Cuia-
arenitos das formações Furnas e Ponta bá, na região conhecida como Província
Grossa, representada em alguns trechos Serrana, constituída por serras geradas
por discretos ressaltos, cujo processo de por dobramentos antigos, formadas por
recuo favoreceu a formação de relevos rochas sedimentares ou metamórficas de
exumados, como é o caso da franja de baixo grau, destacando-se os calcários

97
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

da serra das Araras, no município de No- cional. O sistema deposicional é composto


bres, largamente utilizado como corretivo por uma planície fluvial meandriforme com
de solo e na fabricação de cimento. pequenos leques aluviais dominados por
Na área estudada a Faixa de Dobra- rios, dos quais o mais notável é o megale-
mentos Paraguai-Araguaia está represen- que do rio Taquari (Assine, 2004).
tada pelo Grupo Cuiabá, consistindo de Na área estudada o sistema deposicio-
rochas metamórficas de origem sedimen- nal é composto pelo leque aluvial do rio
tar, com estruturas dobradas, datadas do Aricá-Açu na margem direita da Planície
Pré-Cambriano Superior, cujos tipos lito- Aluvionar Meandriforme do rio Cuiabá, e
lógicos mais comuns são o filito, filito ar- na margem esquerda, pelo leque aluvial
dosiano, quartzitos e conglomerados xis- formado pelos córregos Espinheiro e San-
tosos (Radambrasil, 1982). ta Bárbara, bem como pelo ribeirão São
Estas rochas, expostas em longo perí- Lourenço, responsáveis pela deposição de
odo de denudação, compõem uma am- sedimentos aluvionares atuais.
pla superfície deprimida, com formas de
relevo dissecadas em rampas pediplana- 5.3.2 – REGIÕES GEOMORFOLÓGICAS
das, colinas, morrotes e morros.
As regiões geomorfológicas represen-
5.3.1.3 – BACIA SEDIMENTAR DO tam neste mapeamento os domínios mor-
PANTANAL foesculturais, consistindo de grandes uni-
dades de relevo “geradas pela ação
A Bacia Sedimentar do Pantanal possui climática ao longo do tempo geológico,
tectônica ativa devido ao processo de sub- no seio da morfoestrutura”, caracterizan-
sidência que caracteriza a instalação da do-se nos Planaltos, Depressões e Planí-
bacia e recebe os sedimentos trazidos pela cies (Ross, 1992).
rede hidrográfica que compõe a bacia do Na área mapeada está presente uma
alto rio Paraguai. Abrange os estados de parte da borda do Planalto dos Guima-
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, atingin- rães, bem como da Depressão Cuiabana
do 700km de extensão ocupada por depó- e da Planície do Pantanal Mato-grossen-
sitos quaternários que atingem mais de se (Radambrasil, 1982), conforme ilustra
500m de profundidade no centro deposi- a Figura 5.1.

Figura 5.1 – Modelo tridimensional do relevo confeccionado a par-


tir de dados topográficos da missão SRTM. Fonte: Araújo (2005).

98
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

5.3.2.1 – PLANALTO DOS GUIMARÃES de tálus, elaboradas em arenitos friáveis


da Formação Botucatu, cujo recuo pro-
O Planalto dos Guimarães, de acor- duz uma superfície inumada, com ram-
do com Ross (1982 e 1997) estende-se pas coluvionares, que aloja em seu inte-
pela extremidade noroeste da Bacia Se- rior nascentes e cursos d’água de 1ª
dimentar do Paraná, configurando-se ordem contornados por veredas.
como uma unidade contínua e alonga- Essas superfícies rampeadas marcam
da, atingindo cerca de 200km no senti- a transição entre a Depressão Cuiabana
do leste-oeste e 120km no sentido nor- e o Planalto dos Guimarães, ocupando
te-sul, correspondendo a um trecho dos posições altimétricas que vão de 320 a
planaltos divisores entre as bacias do Pra- 600m, que as posicionam na subunida-
ta e do Amazonas. de geomorfológica Planalto do Casca.
Devido às características topográfi-
cas e geomórficas distintas é possível re- 5.3.2.2 – DEPRESSÃO CUIABANA
conhecer três compartimentos, definidos
como as subunidades geomorfológicas Inicialmente definida por Almeida
Chapada dos Guimarães, com cotas que (1964) como Baixada Cuiabana, foi des-
variam de 600 a 800m; Planalto do Cas- crita por Ross & Santos (1982) como uma
ca com cotas que vão de 300 a 600m e subunidade geomorfológica da Depres-
o Planalto dos Alcantilados que oscila são do Rio Paraguai, referindo-se a área
entre 300 e 600m de altitude (Radam- topograficamente rebaixada, com altitu-
brasil, 1982). des entre 200 e 450m, delimitada pela
Na área estudada está presente a Província Serrana de norte a oeste; pela
subunidade geomorfológica Chapada Chapada dos Guimarães, Planaltos Ar-
dos Guimarães. As formas de relevo ruda-Mutum e São Vicente-São Jerônimo
desta subunidade foram elaboradas so- a leste; e pelo Pantanal Mato-grossense
bre as rochas areníticas da Formação ao sul.
Furnas, rochas argilíticas da Formação Na área mapeada apresenta formas
Ponta Grossa, bem como dos arenitos da de relevo variadas destacando-se as dis-
Formação Botucatu. secadas em colinas, morrotes e morros
Nas porções norte e nordeste da área com controle estrutural sob influência da
estão presentes as bordas da subunida- Faixa de Dobramentos Paraguai-Ara-
de Chapada dos Guimarães, que contor- guaia (NE-SO), formas pediplanadas em
na a superfície pediplanada da Depres- rampas, e formas aplanadas na planície
são Cuiabana, por meio de escarpas e e terraço fluvial do rio Cuiabá.
ressaltos sustentados por arenitos da For- Essas formas de relevo foram mode-
mação Furnas e argilitos da Formação ladas em rochas de idade pré-cambria-
Ponta Grossa, bordejado por morros com na do Grupo Cuiabá, representadas por
cristas ravinadas, exumados pelo recuo metagrauvacas, metarcóseos, filitos, fili-
da escarpa, marcando a transição entre tos arcoseanos, quartzitos e metaconglo-
a depressão e o planalto. merados, normalmente encobertas por
Nas porções norte e noroeste, as bor- coberturas detríticas relacionadas a cou-
das da Chapada dos Guimarães contor- raças ferruginosas intemperizadas e so-
nam as superfícies dissecadas da Depres- los rasos a pouco profundos, constituí-
são Cuiabana, por meio de escarpas dos por material argilo-arenoso com
abruptas, festonadas, com esporões di- ocorrência comum de horizonte con-
gitados, feições ruiniformes e depósitos crecionário e cascalheiras.

99
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

5.3.2.3 – PANTANAL MATO-GROSSENSE das baías, cordilheiras, vazantes e corixos


(Mamede, 1993).
Os principais aspectos geomorfológi- As baías são áreas deprimidas, com
cos da região tradicionalmente denomi- formas diversas e dimensões que variam
nada de Pantanal Mato-grossense encon- de dezenas a centenas de metros, cheias
tram-se descritos no Zoneamento de água doce ou salobra. As cordilheiras
Sócio-Econômico-Ecológico do Estado de consistem em pequenas elevações do ter-
Mato Grosso (1997), ocupando a facha- reno que atingem até 2m acima do nível
da sul do estado, limitando-se a noroeste das águas dos rios e baías próximas, atin-
com a Depressão do Alto Paraguai, e a gidas apenas pelas cheias excepcionais e
norte, nordeste e leste com a Depressão por isso são utilizadas como local para
Cuiabana. instalação das sedes de fazendas e abrigo
Esta extensa unidade estende-se a do gado. As vazantes correspondem a
oeste e a sul para os territórios da Bolívia depressões entre as cordilheiras, longas e
e de Mato Grosso do Sul, respectivamen- pouco profundas, que atuam como vias
te, com altimetrias em torno de 80m, jun- de escoamento temporário das baías du-
to ao rio Paraguai e 150m no contato com rante a época de cheias. Os corixos cons-
a Depressão Cuiabana. tituem pequenos cursos d’água de cará-
Constituída por sedimentos da Forma- ter predominantemente perene, que
ção Pantanal e aluviões recentes, esta interligam baías próximas, seu poder de
unidade apresenta uma topografia bas- erosão é superior ao das vazantes, sendo
tante plana, com caimentos quase inex- seus canais mais estreitos e aprofundados.
pressivos, maiores no sentido leste-oeste A baixa declividade dos rios da bacia
(0,3 a 0,5m/km) e menores no sentido nor- do Paraguai, ao dificultar o escoamento
te-sul (0,003 e 0,15m/km), que constitui fluvial, possibilitou a acumulação de se-
o eixo da bacia. Desta forma, o escoamen- dimentos, formando planícies e terraços
to do rio Paraguai provoca um barramen- fluviais, constituindo superfícies extrema-
to natural ao fluxo dos afluentes, ocasio- mente planas, suscetíveis a inundações
nando o alagamento de extensas áreas. periódicas, onde se depositam sedimen-
Estas áreas são diferenciadamente tos atuais.
atingidas em função das variações topo- Nas planícies fluviais os processos de
gráficas e de solo. Nas áreas mais eleva- deposição e erosão são constantes, fator
das, em torno de 150m, mais distantes evidenciado pela migração e abandono
dos cursos d’água e com solos com hori- dos leitos e pela formação de cordões mar-
zonte superficial de textura arenosa, a in- ginais, sendo comum a presença de me-
filtração é mais rápida e o encharcamento andros abandonados, em processo de col-
do solo menos prolongado. Nas áreas matagem ou constituindo lagoas.
mais baixas, com solos de textura média
e argilosa, o tempo de permanência da 5.3.3 – UNIDADES MORFOLÓGICAS
água é maior, especialmente nas áreas
deprimidas, com altimetrias inferiores a As unidades morfológicas, de acordo
100m, situadas próximas das planícies com Ross (1992), representam áreas onde
fluviais, onde o alagamento torna-se qua- os processos morfoclimáticos atuais co-
se permanente. meçam a ser mais facilmente notados e
Nessas planícies e pantanais são en- constituem “conjuntos de formas meno-
contradas feições geomórficas peculiares res do relevo, que apresentam distinções
com terminologias regionais denomina- de aparência entre si em função da rugo-

100
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

sidade topográfica ou índice de disseca- de sufosão, contornando o topo das es-


ção do relevo bem como do formato dos carpas e se constituindo em bacias de
topos vertentes e vales de cada padrão captação da água pluvial que cai em di-
existente”. reção às escarpas.
Na área do presente mapeamento fo- Durante a estação seca, o solo are-
ram definidas as unidades morfológicas noso e a vegetação escassa facilitam a
Planalto Conservado, Planalto Dissecado, ação do vento com redemoinhos fre-
Depressão Dissecada, Depressão Pedipla- qüentes, principalmente nos meses de
nada e Planícies Fluviais. agosto a setembro. Durante o período
chuvoso o escoamento pluvial em len-
5.3.3.1 – PLANALTO CONSERVADO çol permite a formação de filetes de água
que contornam os obstáculos e promo-
A unidade morfológica denominada vem remoção das partículas resultantes
Planalto Conservado ocorre sob a forma da desagregação do solo. No entanto, ele
de uma estreita e sinuosa faixa contornan- é fraco, como se pode constatar pelos
do as extremidades norte, nordeste e este montículos depositados ao pé dos vege-
da área mapeada, abrangendo formas de tais com espaçamento e desníveis centi-
relevo tabular ou com suave dissecação, métricos. A permeabilidade das areias,
pequena amplitude e baixa declividade bem como dos arenitos da Formação
da região geomorfológica Planalto dos Botucatu, aliada à baixa declividade, fa-
Guimarães, dentro do domínio morfoes- vorece a infiltração da água neste setor
trutural da Bacia Sedimentar do Paraná. de chapada, indo alimentar o lençol fre-
O presente mapeamento considera ático que se exfiltra nos pés da serra, for-
no Planalto Conservado a existência de mando o rio Claro, bem como os riachos
três unidades distintas de formas de rele- Salgadeira e Mutuca entre outros.
vo: relevo tabular de suave dissecação,
ocupando posições de cimeira, denomi- 5.3.3.2 – PLANALTO DISSECADO
nada por Chapada, sustentada por argili-
tos da Formação Ponta Grossa e pela Co- A unidade morfológica denominada
bertura Detrito-laterítica, dominada por Planalto Dissecado ocorre na porção nor-
Latossolo Vermelho; colinas amplas, com deste da área mapeada, abrangendo for-
média dissecação, sustentadas por areni- mas de relevo com forte a média disseca-
tos das formações Bauru e Botucatu, cons- ção, média a alta declividade. No limite
tituídas por Neossolos Quartzarênicos sul da unidade estão presentes ressaltos e
(Areias Quartzosas) e patamar em forma escarpamentos, bem como Morros com
de rampa, entre as cristas ravinadas e as Cristas e Encostas Ravinadas, marcando
colinas amplas. a transição entre as regiões geomorfoló-
A definição desta unidade geomor- gicas Planalto dos Guimarães e Depres-
fológica foi originalmente feita por Bordest são Cuiabana.
(1992) referindo-se a um divisor de águas, O presente mapeamento considera a
alongado e estreito, entre os afluentes da existência no Planalto Dissecado de três
margem direita do rio Coxipó e as verten- unidades distintas de formas de relevo:
tes do rio Quilombo no reverso da cuesta. morros e morrotes alongados, com forte
Segundo Bordest (1992), a ausência dissecação, sustentada por argilitos da For-
de drenagem organizada é compensada mação Ponta Grossa; colinas médias e co-
por freqüentes embaciamentos com bai- linas amplas, com média dissecação, sus-
xas declividades, vinculados ao processo tentadas por arenitos da Formação Furnas;

101
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

rampas coluvionares, com fraca disseca- tas, e nos setores de baixa encosta obser-
ção, situada na transição entre a Depres- va-se o escoamento pluvial concentrado
são Dissecada e o Planalto Dissecado. em sulcos preenchidos de vegetação. O
Esta unidade morfológica, definida escoamento pluvial acha-se também con-
por Bordest (1992), caracteriza-se por centrado em canaletas facilitado pelo in-
apresentar formas de relevo do tipo mor- tenso diaclasamento das rochas que
ros e morrotes alongados, colinas médias possibilita a penetração das raízes dos ar-
e amplas, com vales encaixados entalha- bustos e herbáceas e que ao se aprofun-
dos pelo rio Coxipó e seus tributários da darem amplia as fraturas facilitando a
margem esquerda, bem como rampas co- erosão e provocando desabamentos, fato
luvionadas e morros com cristas e encos- que se verifica com freqüência nas bor-
tas ravinadas na transição para a Depres- das de canyons.
são Dissecada, além de formas residuais Os rios que dissecam o planalto for-
com topos planos e vertentes abruptas, a mam uma rede de drenagem superimpos-
exemplo dos morros de São Jerônimo, ta com aprofundamentos de dezenas de
com 850m de altitude, Atmã e Tope de metros entre os topos conservados e os
Fita com 830m de altitude. fundos dos vales principais. Trechos
Geologicamente é sustentada por ro- retilíneos revelam o importante papel de-
chas sedimentares das formações Furnas sempenhado pelas fraturas e falhas duran-
e Ponta Grossa, parcialmente recobertas te a organização da drenagem.
por sedimentos terciário/quaternários de-
trito-lateríticos. Os solos são predominan- 5.3.3.3 – DEPRESSÃO DISSECADA
temente rasos, tendo em vista a ocorrên-
cia de rocha e couraça ferruginosa A Depressão Dissecada corresponde
subaflorantes, mas com ocorrências loca- à unidade morfológica de maior extensão
lizadas de solos profundos (Latossolos e em toda área mapeada, ocupando as por-
Neossolos Quartzarênicos). ções norte, centro-norte, noroeste e oes-
Os ruiniformes que aparecem nesta te, abrangendo formas de relevo com
unidade são sustentados pelos arenitos de dissecação média a forte, amplitude pe-
cor cinza, pertencentes a Formação Fur- quena a média, declividade média a alta,
nas e formam paredões fissurados verti- formando colinas médias, morrotes e mor-
calmente. Lajedos em blocos mais resis- ros, com presença freqüente de lineamen-
tentes ocorrem entre o arenito mais friável; tos e cristas de quartzitos na direção
quando o rio escava o arenito silicifica- SW-NE.
do, surgem grutas e cavernas de pedras, A designação utilizada para esta uni-
como é o caso da “Casa de Pedras”. dade morfológica baseia-se em Latrubes-
Onde afloram os folhelhos argilo-are- se, Rodrigues & Mamede (1998), corres-
nosos da Formação Ponta Grossa, como pondendo a áreas “onde as formas de
acontece preferencialmente na porção ori- relevo são predominantemente modela-
ental da unidade, as formas das vertentes das pelo entalhamento fluvial e pluvial.
são mais suavizadas, tanto para as encos- O entalhe fluvial está associado aos tra-
tas côncavas como para as convexas, balhos de canais perenes, que proporcio-
embora guardem certa retilinidade, e com nam a esculturação das vertentes e
ausência de cornijas. aprofundamento dos vales. O entalhe plu-
A dinâmica superficial nesta unidade vial é promovido apenas nos episódios
reflete a predominância do escoamento chuvosos, onde as águas que escoam em
pluvial difuso nos topos e médias encos- canais temporários proporcionam, em es-

102
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pecial, próximo às cabeceiras de drena- fiteatros erosivos, marcados por nítidas


gem, o aprofundamento das mesmas”. rupturas de declives, onde é comum a pre-
Nessas áreas observa-se a presença de sença de grotas, denunciando a energia
rochas do Grupo Cuiabá sobrepostas por da ação erosiva pelo escoamento super-
camada pouco espessa de couraça ferru- ficial concentrado das águas de chuva, e,
ginosa, normalmente intemperizada e so- na maior parte das vezes, a influência de
los rasos a pouco profundos; colinas, contrastes litológico-estruturais.
morrotes e morros residuais, com diferen- Linhas de talvegue entalhadas em
tes intensidades de aprofundamento de couraças ferruginosas ou em rochas aflo-
drenagem, constituem as formas disseca- rantes, multiplicam-se em direção a por-
das do relevo. Regionalmente, as formas ções rebaixadas do relevo, que se ligam a
residuais encontram-se alinhadas, acom- cursos d’água permanentes, onde é co-
panhando preferencialmente as zonas de mum a presença de áreas de agradação
ocorrência de veios de quartzo, que jun- de pequenas proporções relativas, onde
tamente à persistência de crostas lateríti- se acumulam sedimentos. Pela sua situa-
cas, constituem-se nos fatores principais ção rebaixada e aplanada, e presença co-
mantenedores de elevações topográficas mum de pequenos e sutis embaciados,
do terreno. essas áreas de agradação comportam so-
Essas crostas lateríticas ocorrem, em los relativamente profundos, com carac-
geral, no topo das formas de relevo, de- terísticas hidromórficas, e presença de
nunciando seu importante papel mante- lençol freático suspenso, que aflora du-
nedor do relevo, deixando muitas vezes rante o período chuvoso formando ala-
de existir nas porções mais inferiores das gados temporários.
vertentes, provavelmente pelo entalhe dos Assim, nesses ambientes de agrada-
vales que favorece a ação erosiva. Prova- ção, o funcionamento hídrico se contra-
velmente, é a presença no topo de coli- põe ao das áreas de dissecação,
nas de crostas lateríticas na forma de prevalecendo a retenção das águas de
couraças pouco permeáveis, o principal chuva que caem diretamente sobre eles,
fator condicionante de amplas superfícies e das águas provenientes do escoamento
aplanadas. Comumente nessas superfíci- verificado ao longo das vertentes e ao lon-
es ocorrem porções ligeiramente deprimi- go das linhas de talvegue.
das saturadas em água durante períodos
chuvosos, com solos com características 5.3.3.4 – DEPRESSÃO PEDIPLANADA
hidromórficas em ecossistemas de cam-
pos úmidos, diferenciados do domínio do A unidade morfológica denominada
cerrado. Depressão Pediplanada (Bordest, 1992)
Nessas condições, as águas pluviais abrange uma ampla superfície aplanada
infiltram-se apenas nas partes superficiais nas bacias do rio Aricá-Açu, na porção
dos terrenos, sendo retidas a pequena pro- nordeste, bem como do ribeirão Cocais e
fundidade, escoando em direção aos córrego Formigueiro na porção sudoeste
talvegues, normalmente situados em locais da área mapeada.
onde o condicionante litológico-estrutural As formas de relevo apresentam-se
favoreceu a concentração do escoamen- com superfícies arrasadas até a cota de
to. Esses talvegues, normalmente efême- 200m, às vezes conservando cristas quart-
ros, e em certos casos intermitentes, zíticas, colinas e lombadas. Entre os pon-
iniciam-se nas porções intermediárias e tos mais elevados e fundos dos vales o des-
inferiores das vertentes, em pequenos an- nível permanece em torno de 40-50m.

103
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A Depressão Pediplanada se carac- inundável sazonalmente, Planície Aluvio-


teriza por apresentar relevo aplanado nar Meandriforme, nas margens do rio
formando rampas constituídas por sedi- Cuiabá quando a morfologia do canal
mentos, pouco espessos, predominante- fluvial passa a apresentar comportamento
mente areno-argilosos com cascalhos meandrante, com barras arenosas e
de quartzo e laterita, nível freático ele- meandros abandonados, bem como
vado, e presença de embaciados. Leque Fluvial, quando as partículas que
Esses sedimentos são produtos da pedi- vem sendo transportadas pelo regime
planação ocorrida em paleoclima semi- fluvial espalham-se em ampla superfície,
árido, provavelmente do início da Era devido a diminuição da velocidade do
Quaternária, no Pleistoceno. transporte fluvial, tendo em vista a baixa
Colinas de pequena amplitude e bai- declividade dos terrenos.
xa declividade, resultantes do entalha- Desta forma, a bacia do rio Paraguai,
mento das superfícies pediplanadas sob da qual faz parte a do rio Cuiabá, onde se
ação climática atual são normalmente en- insere a presente área mapeada, é repre-
contradas. sentada por um conjunto de planícies flu-
Os pedimentos dessa unidade encon- viais em ambientes de agradação,
tram-se freqüentemente encouraçados compondo o Pantanal Mato-grossense,
por processo de laterização, formando considerado a maior planície inundável
couraças ferruginosas intemperizadas por do mundo.
ação climática atual, e dando origem a
cascalheiras. 5.3.4 – FORMAS DE RELEVO

5.3.3.5 – PLANÍCIES FLUVIAIS Cada unidade morfológica é consti-


tuída por formas de relevo relativamente
A unidade morfológica denominada semelhantes. Neste mapeamento, adotou-
Planícies Fluviais associa-se à rede hidro- se o critério de classificação de formas de
gráfica do rio Cuiabá, tanto na margem relevo segundo a amplitude e o gradien-
direita, ao longo do ribeirão Esmeril, do te, conforme IPT (1981, apud Moreira et
rio Pari, e dos ribeirões Cocais e São Lou- al., 1998), apresentado na Tabela 5.1,
renço e do córrego Formigueiro, como na com a inclusão do relevo plano para as
margem esquerda, ao longo do córrego superfícies com amplitude local menor
Aricazinho, do ribeirão do Couro e do rio que 10m e gradiente menor que 1%, co-
Aricá-Açu, convergindo para uma exten- muns nos relevos de agradação das pla-
sa planície inundável, excepcional ou sa- nícies fluviais, bem como nas superfícies
zonalmente, na porção sul da área de cimeira do planalto conservado.
mapeada, apresentando barras fluviais are- A esse critério ajustaram-se termos re-
nosas, meandros abandonados, campos lacionados à gênese ou morfologia. Assim,
brejosos com murundus e baías perenes as superfícies planas de cimeira foram de-
ou intermitentes. nominadas de Chapada; superfícies pla-
Esta unidade morfológica compreen- nas entre ressaltos/escarpa, com controle
de vários tipos de planície fluvial, tais estrutural das rochas sedimentares da Ba-
como a Planície Fluvial com terraços al- cia do Paraná, foram denominadas de Pa-
tos, correspondendo ao trecho do rio tamar; superfícies planas em áreas de
Cuiabá inundável nas cheias excepcio- agradação foram denominadas de Planí-
nais, a Planície Fluvial com terraços cies; aos morros e morrotes acrescentou-
baixos, nas margens do rio Aricá-Açu, se designações referentes a morfologia, tais

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como o alongamento das formas, o alinha- Por outro lado, em porções aplana-
mento com a estrutura regional, ou ainda das da Chapada, associadas a Plintosso-
o topo aguçado, constituindo Cristas com los, o impedimento de drenagem impos-
Encostas Ravinadas; as Rampas receberam ta pela couraça favorece a processos de
designação relacionadas à sua origem, por alagamento com erosão praticamente
coluvionamento ou pediplanação. ausente.
A Foto 5.1 ilustra a conformação to-
5.3.4.1 – CHAPADAS pográfica da Chapada.

As Chapadas ocorrem na porção nor-


te da área mapeada, em partes descontí-
nuas da mesma superfície que ocupa as
cotas 800 e 840m de altitude, encontran-
do-se em uma delas a cidade de Chapa-
da dos Guimarães, e em outra, a sede do
Sistema Integrado de Defesa Aérea e Con-
trole de Tráfico – SINDACTA, órgão do
Ministério da Aeronáutica, alcançando a
altitude de 850m, sendo que a leste da
área do projeto a altitude alcança 900m.
Foto 5.1 – Aspecto de uma superfície de Chapa-
Representam superfícies conservadas
da, observado na área urbana do município de
do Planalto dos Guimarães, caracterizan- Chapada dos Guimarães. Foto: P. R. Castro Júnior
do-se por formas tabulares de suave disse- (2005).
cação, ocupando posições de cimeira,
pequena amplitude, baixa declividade, 5.3.4.2 – COLINAS AMPLAS
interflúvios extensos e aplanados, verten-
tes com perfil retilíneo, drenagem de baixa Ocorrem nos limites norte, noroeste e
densidade, padrão paralelo, vales abertos. leste da área mapeada, ocupando as co-
Quando as Chapadas são constituídas tas 720 a 800m de altitude do Planalto dos
por Latossolos, a água de chuva infiltra-se Guimarães, caracterizando-se por formas
com relativa facilidade, dirigindo-se ao len- de relevo com suave dissecação, peque-
çol freático que se encontra em grande pro- na amplitude, baixa declividade, amplos
fundidade, impondo, assim, baixa susce- interflúvios, topos extensos e aplanados,
tibilidade à erosão laminar e linear. Entre- vertentes com perfis retilíneos a convexos,
tanto, nas bordas das Chapadas, junto às drenagem de baixa densidade, padrão
escarpas, e em encostas de vale e cabecei- subdendrítico, vales abertos, conforme
ras, onde a declividade aumenta, o Latos- ilustra a Foto 5.2.
solo passa para Plintossolo, tornando o ter- Essas áreas de Colinas Amplas asso-
reno pouco permeável em subsuperfície, ciam-se a Latossolos e a Neossolos Quart-
tendo em vista a existência de camada cons- zarênicos que, por apresentarem alta per-
tituída por couraça ferruginosa. Nestas con- meabilidade, favorecem a infiltração das
dições, as águas de chuva praticamente não águas de chuva, que se dirigem ao lençol
se infiltram, favorecendo a saturação do ho- freático situado a grandes profundidades
rizonte superficial e o escoamento concen- relativas. Entretanto, esses solos compor-
trado das águas, impondo assim alta susce- tam-se diferentemente com relação aos
tibilidade a processos erosivos, com processos erosivos, tendo em vista a bai-
formação de sulcos e ravinas. xa erodibilidade dos Latossolos, em con-

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ção do Planalto dos Guimarães controla-


do pelo acamamento das rochas sedi-
mentares da Bacia do Paraná.
Esta unidade caracteriza-se por for-
mas de relevo em rampa com suave dis-
secação, pequena amplitude, baixa
declividade, baixa densidade de drena-
gem, amplos interflúvios, topos extensos
e aplanados, padrão de drenagem para-
lelo, vertentes com perfil retilíneo, vales
abertos. Nota-se nessa unidade a presen-
Foto 5.2 – Colinas Amplas observadas nas pro- ça de cavernas e grutas, e de formas resi-
ximidades da estrada de Água Fria, Chapada
duais isoladas de aspecto ruiniforme, e
dos Guimarães. Foto: P. R. Castro Júnior (2005).
junto às drenagens ocorrência comum de
traposição à alta erodibilidade dos Neos- veredas.
solos Quartzarênicos. Dessa forma, Coli- Associados às formas de relevo em
nas Amplas com ocorrência de Latosso- Patamar, nota-se a ocorrência de Latos-
los apresentam baixa suscetibilidade à solos e de Neossolos Quartzarênicos, com
erosão, que somente é observada quan- comportamento das águas pluviais e sus-
do condicionada a determinadas formas cetibilidade à erosão semelhantes ao apre-
de ocupação, como por exemplo, estra- sentados para as Colinas Amplas. Por
das, que imprimem concentração e ele- outro lado, a presença de veredas impõe
vada energia de escoamento das águas processos diferenciados, sendo áreas
pluviais. Por outro lado, quando em Neos- muito frágeis sujeitas alagamentos, e que
solos Quartzarênicos, a ausência de coe- devem ser preservadas, especialmente por
são do solo permite a instalação de pro- se constituírem em áreas de recarga dos
cessos erosivos imediatamente após aqüíferos. Solos Hidromórficos, onde o
desmatamento independentemente das lençol freático encontra-se subaflorante,
formas de ocupação do solo. Nessas áreas e, quando interceptado (por simples pi-
é comum a presença de profundas ravi- soteio), ativa fenômenos de piping, com
nas, e de boçorocas, quando o lençol erosão interna do solo, e desenvolvimen-
freático é interceptado. to de processos de boçorocamento, recal-
ques e colapsos do terreno, além de
5.3.4.3 – PATAMAR possibilidades de se instalar escorrega-
mentos na forma de corridas de lama.
Ocorre na porção nordeste da área
mapeada, constituindo uma superfície 5.3.4.4 – MORROS E MORROTES
aplanada, ocupando as cotas 680 e 720m ALONGADOS
de altitude, compreendida entre as coli-
nas amplas na parte superior, e os morros Ocorre na porção norte da área ma-
com cristas e encostas ravinadas, na par- peada, em altitudes em torno de 800m,
te inferior, contornada por ressaltos ligei- onde se encontram as nascentes do rio
ramente escarpados. Coxipó, conhecida popularmente como
Entre as duas superfícies desenvolve- Vale da Benção, apresentando vegetação
se um patamar litoestrutural com 50 a de grande porte nos vales e nas encostas.
80m de desnivelamento, associado a um Apresenta formas de relevo com forte
processo diferencial de erosão e denuda- dissecação, amplitude média a elevada,

106
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alta declividade, topos restritos e arredon- 720m, chegando a alcançar 800m de alti-
dados, vertentes com perfis retilíneos a con- tude nas proximidades com a unidade
vexos, drenagem de média densidade, Morros e Morrotes Alongados.
pequenos interflúvios, padrão paralelo a Apresentam formas de relevo com
subdendrítico, vales estreitos, entalhados média dissecação, declividade média, to-
sobre rochas argilíticas da Formação Pon- pos extensos e aplanados, vertentes com
ta Grossa, conforme ilustra a Foto 5.3. perfis retilíneos a convexos, drenagem de
baixa densidade, padrão paralelo, vales
abertos a fechados, às vezes escarpados
com córregos encachoeirados e feições
ruiniformes elaboradas sobre os arenitos
friáveis da Formação Furnas, conforme
ilustra a Foto 5.4.

Foto 5.3 – Aspecto dos Morros e Morrotes Alon-


gados, observados no Vale da Benção, nascen-
tes do rio Coxipó. Foto: P. R. Castro Júnior (2005).

Nesta unidade, a cobertura pedológi-


ca, constituída por solos pouco profundos
(Argissolos) e rasos (Neossolos Litólicos,
Cambissolos e Plintossolos), as águas de Foto 5.4 – Colinas Médias e Amplas que reco-
chuva apresentam tendência ao escoa- brem o Planalto dos Guimarães, observadas na
Cachoeira Véu de Noiva, Parque Nacional de
mento superficial com alta energia, favo- Chapada dos Guimarães. Foto: P. R. Castro Júnior
recendo a instalação de processos erosivos (2005).
por erosão laminar e linear (sulcos e ravi-
nas). Os fundos de vales e cabeceiras de Apresentam solos essencialmente are-
drenagem, por apresentar surgências nosos e relativamente profundos, compor-
d’água e lençol freático de pequena pro- tando-se, em relação ao funcionamento
fundidade, permitem, quando intercepta- hídrico e suscetibilidade à erosão, de ma-
dos, a instalação de boçorocas. Em função neira similar às áreas de Colinas Amplas
da alta suscetibilidade à erosão, e por con- associadas a Neossolos Quartzarênicos
templar cabeceiras do rio Coxipó, essas anteriormente descritas. Bordas de escar-
áreas deveriam ser preservadas, entretanto pas, cabeceiras de drenagem e veredas,
nota-se, em boa parte, desmatamentos para existentes nessas áreas, constituem terre-
uso em pastagem e significativo avanço da nos ainda mais sensíveis à erosão.
urbanização de Chapada dos Guimarães.
5.3.4.6 – ESCARPA EROSIVA
5.3.4.5 – COLINAS MÉDIAS E AMPLAS
Ocorre no extremo-norte da área
Ocorrem na porção norte da área ma- mapeada, posicionada entre as cotas 320
peada, no Parque Nacional de Chapada a 680m de altitude, totalizando um des-
dos Guimarães, ocupando as cotas 680 e nível de 400m e constituindo uma escar-

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pa erosiva sustentada por arenitos de ori- 5.3.4.7 – RAMPAS COLUVIONADAS


gem eólica da Formação Botucatu, com
aspecto festonado devido às feições rui- Ocorrem no extremo-norte da área
niformes no topo e nas bordas do Planal- mapeada, posicionada entre as cotas 320
to, aos depósitos de tálus no sopé das es- e 360m, compreendida entre o sopé das
carpas, bem como aos grandes espigões escarpas festonadas e as Colinas Médias
lineares subparalelos que se projetam so- da Depressão Dissecada, representando
bre as rampas coluvionadas em direção uma superfície inumada, correspondente
à Depressão Cuiabana. à unidade geomorfológica de transição
Trata-se de uma unidade de relevo, entre o Planalto dos Guimarães e a De-
com uma configuração relativamente es- pressão Cuiabana.
treita, alongada e sinuosa, com grande am- Esta forma de relevo apresenta indícios
plitude, alta declividade devido ao perfil de processos de movimento de massa,
retilíneo e subvertical da encosta, baixa evidenciando coluvionamentos, contem-
densidade de drenagem, topos estreitos e plando formas de relevo em rampa com
angulosos, padrão de drenagem paralelo. suave dissecação, pequena amplitude,
A alta declividade do terreno, a pre- declividade baixa, baixa a média densi-
sença de solos rasos (Neossolos Litólicos), dade de drenagem, amplos e médios in-
afloramentos rochosos e coberturas detrí- terflúvios, topos extensos e aplanados,
ticas (corpos de tálus) condicionam a ocor- vertentes com perfil retilíneo, padrão de
rência tanto de processos erosivos (espe- drenagem paralelo a subdendrítico, vales
cialmente por sulcos e ravinas) e de abertos, conforme ilustra a Foto 5.6.
processos de escorregamento. As águas de São áreas cobertas por solos relativa-
chuva praticamente não se infiltram, esco- mente profundos e essencialmente areno-
ando com grande energia, sendo retidas sos (Neossolos Quartzarênicos), com ocor-
em fraturas abertas em rochas expostas, e rência freqüente de veredas/campos
nos corpos de tálus acumulados nas por- úmidos, e surgências que dão origem a im-
ções inferiores das encostas. A exuberante portantes cursos d’água. Comportam-se em
vegetação existente é fator importante na relação ao funcionamento hídrico e à sus-
dissipação das energias erosivas e de mo- cetibilidade à erosão de maneira similar ao
vimentos de massa, e, se destruídas, po- anteriormente descrito para as colinas e
dem provocar desequilíbrios com a inten- patamares com cobertura arenosa.
sificação desses processos (Foto 5.5).

Foto 5.6 – Rampas Coluvionadas das nascentes


Foto 5.5 – Escarpa erosiva de aspecto festonado, e vereda do rio Paciência, observadas no Par-
com feições ruiniformes, depósitos de tálus e es- que Nacional de Chapada dos Guimarães.
porões digitados. Foto: Gustavo Rocha (2005). Foto: P. R. Castro Júnior (2005).

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

5.3.4.8 – MORROS COM CRISTAS E Apresentam vertentes com alta decli-


ENCOSTAS RAVINADAS vidade, cobertura pedológica pouco
profunda a rasa (Neossolos Litólicos e
Esta forma de relevo ocorre mais ex- Cambissolos), afloramentos rochosos e
tensamente na porção norte da área ma- corpos de tálus na porção inferior. Tais
peada, acompanhando, como uma franja, características refletem alta energia ero-
o escarpamento formado pelas rochas ar- siva e possibilidades de ocorrência de
gilíticas da Formação Ponta Grossa e are- movimentos de massa, comportando-se,
níticas das formações Vila Maria e Furnas. portanto, de forma similar ao apresen-
Ocupa as cotas 360 a 760m, com topo- tado para a Escarpa Erosiva.
grafia bem movimentada, compreendida
entre o sopé das escarpas e as Colinas 5.3.4.9 – MORROS E MORROTES
Médias da Depressão Dissecada, caracte- ALINHADOS
rizando-se como uma unidade geomorfo-
lógica de transição entre a Depressão Esta forma de relevo ocorre em qua-
Cuiabana e o Planalto dos Guimarães. tro áreas distintas: na porção oeste da área
Esta forma de relevo, com nítidos pro- mapeada ocupando as cotas 280 a
cessos de ravinamento nas encostas, foi 440m de altitude, com forte controle es-
exumada durante o processo de recuo da trutural, associado à Faixa de Dobramen-
escarpa. Apresenta formas de relevo com tos Paraguai-Araguaia; na porção norte,
forte dissecação, amplitude média, alta ocupando as cotas 280 a 400m de alti-
declividade, média densidade de drena- tude, onde morros alinhados formam li-
gem de cursos d’água perenes, e alta den- nhas cumeadas conferindo o aspecto de
sidade dos cursos d’água intermitentes e um extenso conjunto de serras rebaixa-
efêmeros, interflúvios médios, topos restri- das, resultante do desmonte e recuo di-
tos e angulosos formando cristas, vertentes ferencial da escarpa erosiva, na porção
ravinadas com perfil retilíneo, padrão de sudeste, na Depressão Pediplanada,
drenagem perene com padrão paralelo, acompanhando os Morros com Cristas e
vales fechados. Presença de formas resi- Encostas Ravinadas, entre as cotas 320 e
duais isoladas configurando morros-teste- 400m de altitude, e formando um notá-
munhos do tipo mesa, dentre os quais o vel alinhamento de morrotes com cristas
Morro de São Jerônimo é o principal re- aguçadas, configurando uma linha cu-
presentante, conforme ilustra a Foto 5.7. meada ao longo de um conjunto de inú-
meros morrotes alinhados na direção
SW-NE, que delimita uma escarpa de li-
nha de falha com considerável recuo ero-
sivo, onde se observa, entre o atual front
da escarpa e os morrotes alinhados, le-
ques aluviais ou rampas de tálus e colú-
vio em sopé de encosta e, finalmente, no
interior da Depressão Pediplanada, pró-
ximo às Planícies e Leques Fluviais em
altitudes variando de 300 a 450m, cons-
tituindo morros do tipo inselbergs, no mu-
Foto 5.7 – Cristas e Encostas Ravinadas, observa-
nicípio de Santo Antônio de Leverger.
das ao longo da rodovia Emanuel Pinheiro, próxi- As formas de relevo desta unidade
mo ao rio Claro. Foto: Gustavo Rocha (2005). estão associadas ao controle estrutural da

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faixa de dobramentos, apresentando for- drítico, vales fechados a abertos, confor-


te dissecação, amplitude média, alta de- me ilustra a Foto 5.9.
clividade (> 30%), média densidade de Apresentam características e compor-
drenagem, interflúvios médios, topos res- tamento da dinâmica superficial similar ao
tritos, convexos, ligeiramente arredonda- descrito para a unidade de Morros e Mor-
dos, vertentes com perfil retilíneo, padrão rotes Alongados.
de drenagem paralelo a retangular, vales
fechados. Presença freqüente de feições
do tipo lineamentos e linhas cumeadas,
conforme ilustra a Foto 5.8.

Foto 5.9 – Aspecto de Morrotes na zona norte da


cidade de Cuiabá. Foto: P. R. Castro Júnior (2005).

5.3.4.11 – COLINAS MÉDIAS


Foto 5.8 – Aspecto dos Morros e Morrotes Alinha-
dos, observados nas proximidades da rodovia Trata-se de uma das formas de relevo
Vicente Bezerra Neto.Foto: P. R. Castro Júnior predominantes na área mapeada, corres-
(2005).
pondendo à extensa área localizada nas
Apresentam características topográfi- porções central, norte, noroeste, oeste e
cas e de cobertura detrítica similar às apre- sudoeste, ocupando as cotas 200 e 240m,
sentadas para a unidade de Morros e onde se localiza a maior parte das áreas
Morrotes Alongados, comportando-se urbanas de Cuiabá e Várzea Grande.
também similarmente em relação aos pro- Apresentam média dissecação, peque-
cessos de dinâmica superficial. na amplitude, declividade média, interflú-
vios médios, topos extensos, arredondados,
5.3.4.10 – MORROTES perfis das vertentes convexos a retilíneos,
densidade de drenagem média, padrão
Esta forma de relevo apresenta-se ali- sub-retangular a dendrítico, vales abertos
nhada com a direção SW-NE, sustenta- a fechados, conforme ilustra a Foto 5.10.
da por veios de quartzo, que se desta- A cobertura pedológica com espessu-
cam no interior da Depressão Dissecada, ra relativamente pequena (Neossolos Li-
ocupando as cotas de 200 e 240m de tólicos, Cambissolos e Plintossolos) difi-
altitude, na porção centro-norte da área culta a infiltração das águas de chuva que
mapeada. tendem ao escoamento superficial. A de-
Esta forma de relevo apresenta disse- clividade média das vertentes, dificilmente
cação média, declividade média, ampli- inferior a 15%, permite controlar com re-
tude pequena a média, topos restritos e lativa facilidade a energia do escoamen-
arredondados, vertentes com perfil con- to das águas, especialmente quando tais
vexo a retilíneo, média densidade de dre- áreas encontram-se cobertas por vegeta-
nagem, interflúvios médios, padrão den- ção. Entretanto, quando desprovidas da

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

residuais do tipo inselberg, sendo o mais


conhecido o Morro de Santo Antônio de
Leverger, conforme ilustra a Foto 5.11.

Foto 5.10 – Aspecto das Colinas Médias, obser-


vadas em um loteamento de chácaras de recreio
na rodovia Emanuel Pinheiro.Foto: P. R. Castro
Júnior (2005).

Foto 5.11 – Aspecto das rampas da Depressão


cobertura vegetal, processos erosivos por Pediplanada tendo ao fundo o morro do tipo in-
erosão laminar e linear (sulcos e ravinas selberg, conhecido como Morro de Santo Antô-
pouco profundos) desenvolvem-se com nio de Leverger. Foto: P. R. Castro Júnior (2005).
relativa facilidade.
Em relação à cobertura pedológica,
5.3.4.12 – RAMPAS PEDIPLANADAS três situações foram observadas, condi-
cionando diferentes comportamentos de
Esta forma de relevo ocupa uma área dinâmica superficial:
equivalente a da Unidade de Colinas Mé- 1-Superfícies em rampa associadas a Ar-
dias, correspondendo à extensa área lo- gissolos e Plintossolos. São áreas com
calizada nas porções centro-sul e centro- drenagem imperfeita pela presença em
oeste, na bacia do ribeirão Cocais, e nas subsuperfície de camadas de impedi-
porções centro-norte, nordeste e leste, na mento constituídas por horizontes pe-
bacia do rio Aricá-Açu, estendendo-se do dológicos praticamente impermeáveis,
sopé da frente de escarpas, e das cristas favorecendo o escoamento concentra-
ravinadas, até as superfícies planas dos le- do das águas e processos erosivos e ala-
ques fluviais que compõem o Pantanal gamentos.
Mato-grossense, bem como na porção 2-Áreas bem drenadas associadas a so-
noroeste, em uma pequena área no inte- los rasos (Neossolos Litólicos e Plintos-
rior da Depressão Dissecada. solos Petroplínticos). As águas pluviais
Ocupam freqüentemente as cotas 160 praticamente não se infiltram, escoan-
a 200m, apresentando suave dissecação, do-se com baixa energia, ou causando
pequena amplitude, baixa declividade, alagamentos, dependendo da declivi-
baixa densidade de drenagem, amplos dade da vertente, impondo, tão somen-
interflúvios, topos extensos e aplanados, te, processos erosivos superficiais (ero-
vertentes com perfil retilíneo a convexo, são laminar).
padrão de drenagem subparalelo a den- 3-Áreas de agradação mal drenadas, li-
drítico, vales abertos, planícies aluviona- geiramente embaciadas, associadas a
res interiores desenvolvidas. Campos Úmidos, com ocorrência de
Observa-se a presença de drenagem Solos Hidromórficos, que permanecem
fechada, formando lagoas intermitentes ou alagados durante período chuvoso. Se-
embaciadas, e no seu interior, raras formas tores ligeiramente declivosos são sub-

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

metidos a processos erosivos, poden- dimentos semiconsolidados silto-arenosos,


do, por interceptação do lençol freáti- livres das inundações.
co, desenvolver fenômenos de piping Nesta unidade de relevo, o risco a
com manifestação de colapsos por bo- alagamentos e inundações nas cheias
çorocamento. excepcionais é alto; quando em solos
argilosos, podem-se observar processos
5.3.4.13 – PLANÍCIE FLUVIAL - de recalques e colapsos. Setores ligei-
TERRAÇOS ALTOS ramente declivosos permitem a instala-
ção de processos erosivos, com
Esta forma de relevo corresponde aos possibilidades de desenvolver fenôme-
Terraços Fluviais do rio Cuiabá, com pe- nos de piping com manifestação de bo-
ríodos de recorrência de cheias de cinco çorocas. Tais processos da dinâmica
anos, atingindo a cota 148m de altitude. superficial manifestam-se com similari-
Cheias maiores ocorrem com período de dade nas demais unidades associadas a
recorrência de 50 anos, atingindo a cota Planícies e Terraços, que serão, a seguir,
150,23m de altitude. descritas.
Apresenta superfície praticamente
plana, sem dissecação ao longo do rio 5.3.4.14 – PLANÍCIE FLUVIAL -
Cuiabá, sujeita a inundações nas cheias TERRAÇOS BAIXOS
excepcionais, com terraços fluviais em
posição topográfica visivelmente alçada Superfície plana de formato alonga-
em relação às margens do curso d’água, do, desenvolvida em alguns trechos do
constituídas por depósitos sedimentares, rio Aricá-Açu com inundações freqüen-
dentre eles argilas expansivas, conforme tes e presença de áreas alagadas, consti-
ilustra a Foto 5.12. tuindo depósitos aluviais em superfícies
praticamente planas ou levemente incli-
nadas, formando um patamar entre o li-
mite externo do canal fluvial e os depósi-
tos sedimentares atuais, conforme ilustra
a Foto 5.13.

Foto 5.12 – Aspecto da Planície Fluvial - terra-


ços altos, mostrando a ocupação urbana em área
de alto risco à inundação quando das cheias
excepcionais. Foto: Mário Castro (1990).

Nesta Planície Fluvial observa-se a


presença de diques marginais, que são for- Foto 5.13 – Aspecto dos terraços baixos da Planí-
cie Fluvial do rio Aricá-Açu ao fundo, contornados
mas estreitas e alongadas acompanhando pelas rampas da Depressão Pediplanada, em pri-
as margens do rio, resultantes do seu pre- meiro plano, mais elevadas topograficamente.
térito transbordamento, constituídos de se- Foto: P. R. Castro Júnior (2005).

112
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

5.3.4.15 – PLANÍCIE ALUVIONAR relevos que posteriormente serão ocupa-


MEANDRIFORME dos por térmitas edificando os murundus,
conforme ilustra a Foto 5.15.
Superfície plana inundável nas cheias
anuais, com presença de barras fluviais are-
nosas assinalando a migração do canal flu-
vial, diques marginais e meandros aban-
donados, que correspondem a depósitos
sedimentares do canal fluvial meandran-
te, com gênese associada ao baixo gradi-
ente de terrenos praticamente planos.
Os meandros possuem feições carac-
terísticas, como as margens côncavas,
onde ocorre o processo de escavação
(bancos de solapamento), enquanto nas
Foto 5.15 – Aspecto da superfície plana do Le-
margens convexas ocorre a sedimentação que Fluvial do rio Aricá-Açu, com microrrele-
(point bar), conforme ilustra a Foto 5.14. vos de térmitas. Foto: Gilberto Scislewski (2005).
Pântanos de reverso podem ocorrer à re-
taguarda dos diques marginais, com pre- 5.4 – CONCLUSÕES
sença de depósitos orgânicos.
O mapeamento geomorfológico da
região de Cuiabá e Várzea Grande con-
templa uma parte de três grandes unida-
des morfoestruturais brasileiras: a Bacia
Sedimentar do Paraná, de idade paleozói-
ca, com suas rochas areníticas e argilíti-
cas estratificadas; a Faixa de Dobramen-
tos Paraguai-Araguaia, onde predominam
rochas metamórficas de baixo grau, de
idade pré-cambriana, especialmente fili-
tos com xistosidade bem desenvolvida e
metarenitos com veios de quartzo; e a Ba-
Foto 5.14 – Aspecto da Planície Aluvionar Me-
cia Sedimentar do Pantanal com sedimen-
andriforme, evidenciando processo erosivo an-
trópico causado pelo desmatamento das margens tos recentes.
côncavas do rio Cuiabá. A ação climática sobre essas morfo-
estruturas elaborou três importantes re-
5.3.4.16 – LEQUE FLUVIAL giões geomorfológicas do estado de Mato
Grosso conhecidas como Planalto dos
Superfície plana composta pela coa- Guimarães, ocupando a extremidade nor-
lescência de cones aluviais sujeita, conco- te a oeste da área mapeada, alcançando
mitantemente, aos processos de sedimen- altitudes em torno de 800m, sendo uma
tação e erosão nas inundações anuais. A fonte ativa de sedimentos; a Depressão
inundação dessas áreas ocasiona a depo- Cuiabana, representando a maior parte da
sição de partículas, ao mesmo tempo em área mapeada, com altitudes que variam
que o fluxo de água em filetes entrelaça- entre 150 a 300m; e o Pantanal Mato-
dos na superfície do terreno provoca a ero- grossense, na porção sul da área, carac-
são, muitas vezes individualizando micror- terizando-se como uma imensa planície

113
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

inundável com altitudes inferiores a 150m, inselbergs, sugerindo que a denudação


que recebe a deposição dos sedimentos da unidade deu-se em paleoclima árido.
gerados à montante, caracterizando-se Na Depressão Cuiabana identifica-se
por relevos agradacionais. também a presença de uma unidade mor-
A transição entre o Planalto dos Gui- fológica de origem agradacional, repre-
marães e a Depressão Cuiabana é feita por sentada pela planície de inundação do rio
meio de escarpamentos elaborados sobre Cuiabá, caracterizada por uma superfície
arenitos friáveis da Formação Botucatu, plana, sujeita à inundação durante as
originando uma escarpa festonada com cheias excepcionais.
depósitos de tálus, feições ruiniformes e O Pantanal Mato-grossense é identi-
esporões digitados, cujo recuo deixa para ficado como uma única unidade morfo-
trás uma superfície inumada sob a forma lógica denominada Planícies Fluviais,
de rampas coluvionadas. Onde ocorrem sendo possível separá-las em três unida-
os arenitos da Formação Furnas sobrepos- des de relevo agradacional, denomina-
tos pela Formação Ponta Grossa, o escar- das Planície Fluvial com terraços baixos,
pamento é simples, às vezes apenas res- Planície Aluvionar Meandriforme e Le-
saltos, cujo recuo revela um relevo que Aluvial.
exumado sob a forma de morros com cris- A Planície Fluvial com terraços bai-
tas e encostas ravinadas. xos representa uma superfície plana de
O Planalto dos Guimarães é nitida- formato alongado, desenvolvida em al-
mente compartimentado em duas unida- guns trechos do rio Aricá-Açu; a Planície
des morfológicas, uma, representada Aluvionar Meandriforme, está represen-
pela Chapada dos Guimarães, com su- tada por uma superfície plana inundável
perfícies cimeiras, conservadas a suave- nas cheias anuais, ao longo do rio Cuia-
mente dissecadas com pequena ampli- bá, desenvolvendo barras fluviais e me-
tude, cujas formas de relevo receberam andros abandonados; e o Leque Fluvial
a denominação de Chapadas, Colinas representa as superfícies planas compos-
Amplas e Patamar. A outra unidade mor- tas pela coalescência de cones aluviais.
fológica apresenta formas de relevo com
média a forte dissecação, amplitude mé- 5.5 – BIBLIOGRAFIA
dia e declividade média a alta, com a pre-
sença de vales fechados e córregos en- ALMEIDA, F. F. M. de. Geologia do Cen-
cachoeirados. tro-Oeste Mato-Grossense. Boletim da
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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

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Técnico, 1997. 70 p. sentação Geral das Memórias Técnicas
ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO- – Geomorfologia. Parte 2: Sistematiza-
ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓ- ção das Informações Temáticas, Nível
CIO- ECONÔMICO-ECOLÓGICO Compilatório. Cuiabá: Relatório Técni-
DO ESTADO DE MATO GROSSO E co, 2000. 40 p.

116
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

6 – SOLOS

6.1 – ASPECTOS INICIAIS tes e constitui, sem dúvida, uma importan-


te contribuição para o conhecimento das
Grande parte dos problemas concer- suas condições ambientais, com ênfase
nentes aos estudos dos solos está relacio- especial à distribuição de solos, com gran-
nada às dificuldades de identificação e de potencial para orientar o planejamento
mapeamento dos mesmos em escalas do uso e ocupação das terras visando um
compatíveis com as necessidades de cada desenvolvimento racional e sustentável.
região. Essas dificuldades são fundamen-
tais para a determinação correta da sua 6.2 – MÉTODOS DE TRABALHO
aptidão agrícola, manejo e conservação
do solo, da água e também na preserva- 6.2.1 – PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
ção ambiental.
O conhecimento sobre os solos é, por- Para aquisição de informações e da-
tanto, indispensável à avaliação das po- dos secundários sobre a área do projeto
tencialidades e limitações ambientais de foram pesquisados diversos relatórios téc-
uma dada região, e de fundamental im- nicos disponíveis na Universidade Fede-
portância para a compreensão das inter- ral de Mato Grosso, SICME, Prefeituras, tra-
relações entre os diversos componentes balhos publicados em congressos, teses
do meio ambiente. de doutorado, dissertações de mestrado
Este trabalho consistiu no levantamen- e relatórios de projetos desenvolvidos pela
to dos solos na área de Cuiabá, Várzea CPRM e pela EMBRAPA.
Grande e Entorno, realizado em nível de
reconhecimento, de acordo com as normas 6.2.2 – SERVIÇOS INICIAIS DE
preconizadas pela Embrapa Solos. Procura ESCRITÓRIO E CAMPO
condensar as informações de forma a pos-
sibilitar uma visão geral da distribuição e das O trabalho foi executado em acordo
principais características dos solos dominan- as normas em uso pela Embrapa Solos,

117
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

com identificação de solos realizada no Nos métodos tradicionais as interpre-


campo, onde foram percorridos a maio- tações são transferidas para base planial-
ria dos acessos que cobrem as áreas dos timétrica, muitas vezes em papel ou po-
municípios de Cuiabá e Várzea Grande, liéster, para posterior digitalização. Nesse
partes dos municípios de Santo Antônio método desenvolvido para o projeto a
do Leverger e Nossa Senhora do Livra- passagem direta das interpretações, num
mento, objeto deste estudo. Nessa etapa, sistema digital, resultou na melhoria da
além das principais características dos precisão ao evitarem-se os erros de trans-
solos, avaliadas em trincheiras (perfis), ferências, as distorções das bases e os er-
sondagens a trado e observações de bar- ros da digitalização manual.
rancos, procedeu-se à observação dos No presente trabalho produziu-se um
demais aspectos do meio, como vegeta- Mapa de Solos na escala 1:100.000, em
ção, material de origem, relevo, posição nível de reconhecimento. Como resulta-
relativa na paisagem, intensidade do pro- do, foi elaborado um relatório técnico, no
cesso erosivo etc., de modo a identificar qual, além de uma visão geral sobre as
suas inter-relações e estabelecer os limi- principais características ambientais de
tes dos distintos ecossistemas que carac- Cuiabá, Várzea Grande e entorno, são
terizam a área. Em locais representativos, apresentados os critérios utilizados para
foram realizadas descrição e coleta de distinção e classificação dos solos e uma
perfis, conforme Lemos & Santos (1996), descrição das principais classes de solos,
cujos materiais foram analisados de acor- acompanhada por perfis representativos.
do com os métodos constantes em Em- A distribuição espacial dos solos é repre-
brapa (1979, 1997). sentada em um mapa na escala
A partir dos registros de campo, em 1:100.000, constituído por 40 unidades
conjunto com os dados analíticos, reali- de mapeamento, que compõem a legen-
zou-se a interpretação de fotografias da de identificação dos solos. Aplicaram-
aéreas, escala 1:60.000, com apoio adi- se as classificações do Sistema Brasileiro
cional de imagens de satélite, escala de Classificação de Solos (Embrapa,
1:100.000, e assim estabelecidos os limi- 1999). Na legenda os solos foram indivi-
tes das unidades de mapeamento. As uni- dualizados até o quarto nível categórico,
dades de solos foram discriminadas utili- seguido de textura, tipo de horizonte A,
zando-se da estereoscopia e delineadas fases de vegetação, relevo e, para solos
diretamente sobre as fotografias aéreas, pouco evoluídos, substrato geológico.
sem a utilização de overlays. Essas foto-
grafias foram escanerizadas e ajustadas 6.2.3 – SERVIÇOS DE LABORATÓRIO
quase que perfeitamente sobre a imagem
de satélite Landsat 7ETM+ ortorretificada Os materiais de solo amostrados fo-
para a captura das linhas de solos. Como ram analisados nos laboratórios da Em-
forma de aumentar a precisão do mapea- brapa Solos, conforme os métodos cons-
mento utilizou-se das curvas de nível so- tantes em Embrapa (1979, 1997).
bre as fotos já georrefenciadas e ajusta- As determinações analíticas foram fei-
das, para auxiliar na digitalização dos tas na terra fina seca ao ar (TFSA), obtida
polígonos de solos. Esse processo foi rea- após destorroamento e tamização da
lizado utilizando-se o software ArcGis 9. amostra total para separação e quantifi-
0 com auxílio da extensão advanced edit- cação volumétrica das frações calhaus
ing para melhor delineamento das linhas (2 -20cm) e cascalhos (2-20mm), e os re-
do mapeamento. sultados referem-se à terra fina seca a

118
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

105oC. Na determinação da composição (H++Al+++) por titulação com solução de


granulométrica empregou-se NaOH 4% NaOH 0,0606N, após extração com so-
como dispersante e agitação em alta lução de acetato de cálcio 1N ajustada a
rotação por 15 minutos: areia grossa pH = 7, na proporção 1:15. Pela soma
(0,2-2mm) e areia fina (0,05-0,2mm) dos cátions básicos trocáveis (Ca, Mg, K e
foram obtidas por tamização, argila Na) obteve-se o valor S (soma de bases)
(< 0,002mm) determinada por densime- que, acrescido da acidez extraível (H +
tria pelo método do hidrômetro de Bouy- Al), corresponde à capacidade de troca
oucos e o silte (0,002-0,05mm) obtido por catiônica (valor T). Dividindo-se o valor S
diferença. Pelo mesmo procedimento, e o conteúdo de sódio trocável pelo va-
com substituição do dispersante químico lor T, obteve-se, respectivamente, as per-
por água destilada, foi determinada a ar- centagens de saturação por bases (V%) e
gila dispersa em água e então calculado por sódio (Sat. Na). A saturação por alu-
o grau de floculação, que expressa a pro- mínio (Sat. Al) refere-se à proporção des-
porção de argila não dispersa por este tra- se elemento em relação ao somatório dos
tamento em relação ao teor total. teores de cátions básicos trocáveis com o
Os valores de pH em água e em KCl de alumínio extraível.
1N foram medidos com eletrodo de vi- Pelo tratamento com H2SO4 na pro-
dro, em suspensão solo-líquido na pro- porção 1:1 por fervura, sob refluxo, com
porção 1:2,5; o conteúdo de carbono (C) posterior resfriamento, diluição e filtragem
orgânico foi determinado por oxidação da (ataque sulfúrico), foram determinados os
matéria orgânica pelo bicromato de po- teores de Si, Al, Fe e Ti constituintes dos
tássio 0,4N em meio sulfúrico e titulação minerais secundários (com eventual con-
por sulfato ferroso 0,1N, e o de nitrogê- tribuição de magnetita e ilmenita), que são
nio total (N) por digestão de amostra com expressos na forma de óxidos. Em uma
mistura sulfúrica na presença de sulfatos alíquota do filtrado foram determinados
de cobre e sódio e dosagem por volume- Fe2O3, por volumetria com solução de
tria com HCl 0,01N, após retenção do EDTA 0,01M em presença de ácido sul-
NH2 em ácido bórico, em câmara de di- fossalicílico como indicador, e em segui-
fusão (método Kjeldahl). Fósforo assimi- da, juntamente, Al2O3, com solução de
lável (P assim.) foi extraído com solução EDTA 0,031M e sulfato de zinco
de HCl 0,05N e H2SO4 0,025N (North 0,0156M, e TiO2, pelo método colorimé-
Carolina) e dosado colorimetricamente trico clássico da água oxigenada, após
pela redução do complexo fosfomolíbdi- eliminação da matéria orgânica. No resí-
co com ácido ascórbico, em presença de duo, após solubilização com solução de
sal de bismuto. Com solução de HCl 1N NaOH 0,8% sob fervura branda e reflu-
na proporção 1:20 foram extraídos cál- xo, foi determinado, por espectrofotome-
cio (Ca++) e magnésio (Mg++) trocáveis e tria, o teor de SiO2 em alíquota do filtrado,
alumínio (Al+++) extraível. Numa mesma após a redução do complexo silicomo-
alíquota, após a determinação do Al por líbdico pelo ácido ascórbico. Os teores
titulação da acidez com NaOH 0,025N, desses óxidos foram usados para cálculo
foram determinados Ca e Mg, com solu- das relações moleculares SiO2/Al2O3 (ín-
ção de EDTA 0,0125M, e em outra so- dice Ki), SiO2/(Al2O3 + Fe2O3)(índice Kr),
mente Ca. Potássio (K+) e sódio (Na+) tro- e Al2O3/Fe2O3.
cáveis foram extraídos com HCl 0,05N na Para determinação do equivalente de
proporção 1:10 e determinados por foto- CaCO3 (que expressa o conteúdo em car-
metria de chama, e a acidez extraível bonatos de cálcio e de magnésio), foi rea-

119
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

lizado ataque por HCl 0,5N a quente e A seguir, são descritos, de forma resu-
titulação da acidez com NaOH 0,25N, mida, os critérios adotados para a indivi-
com fenolftaleína como indicador. O teor dualização das classes de solo, conforme
de enxofre total foi determinado por gra- estabelecido em Embrapa (1999), com
vimétrica, após ataque com HCl 1:1 (v/v) referência às diferenças que porventura
e precipitação com BaCl2. ocorram em relação ao sistema anterior.
Em horizontes com teores elevados de Como critério adicional para distinção de
sais foram realizadas determinações de unidades de mapeamento foram também
percentagem de água na pasta saturada, empregadas fases, visando prover mais
que refere-se ao percentual (v/p) de água informações sobre as condições ambien-
de saturação contida em preparo pastoso tais da área.
da terra fina, e no extrato obtido por filtra-
ção da pasta saturada determinando a 6.2.4.1 – CRITÉRIOS, DEFINIÇÕES
condutividade elétrica, por condutimetria, E CONCEITOS PARA O ESTABELECI-
e conteúdo de sais solúveis: Ca++, Mg++, MENTO DAS CLASSES DE SOLOS E
K+ e Na+, por métodos similares aos de FASES EMPREGADAS
bases trocáveis, CO3–, HCO3– e Cl– por
volumetria e SO4– por gravimetria. „Atributos e Características
Por métodos óticos, com emprego de Diagnósticas
lupa binocular e microscópio petrográfi-
co, e em alguns casos microtestes quími- Material orgânico – refere-se ao ma-
cos complementares, foi realizada a de- terial de solo constituído por quantidades
terminação qualitativa e semiquantitativa expressivas de compostos orgânicos, que
das espécies mineralógicas das frações impõem preponderância de suas proprie-
areia, cascalhos e calhaus, com os resul- dades sobre os constituintes minerais, ca-
tados expressos em percentagem aproxi- racterizados por conteúdos de carbono
mada; para caracterização mineralógica (C) iguais ou superiores a 120g/kg, ou que
da fração argila empregou-se difratome- satisfaçam à equação: C ≥ 80 + 0,067 x
tria de raios X e análise termo-diferencial. teor de argila (g/kg).
A descrição detalhada dos métodos Material mineral – refere-se ao mate-
utilizados em análises para caracterização rial de solo constituído essencialmente
dos solos está contida em Embrapa (1979, por compostos inorgânicos, em graus va-
1997). riáveis de intemperização, misturados ao
material orgânico, porém em quantidades
6.2.4 – SERVIÇOS FINAIS DE inferiores às especificadas acima.
ESCRITÓRIO Atividade da fração argila – refere-se
à capacidade de troca de cátions (CTC)
Com base nos resultados analíticos e atribuída à fração argila, determinada pela
observações de campo, procedeu-se aos divisão do valor T pelo teor de argila. Bai-
ajustes finais do delineamento e foram es- xa atividade (Tb) refere-se a capacidade
tabelecidos em definitivo os conceitos das de troca inferior a 27cmolc/kg de argila(1),
unidades de mapeamento que compõem e alta atividade (Ta) a valores maiores ou
a legenda representativa dos solos da área. iguais a este. Este critério é considerado

Pelo sistema de classificação anteriormente adotado no Brasil, para essa distinção era considerado o valor
(1)

de 24cmolc/kg de argila, referente à atividade da argila calculada após descontar-se a participação da matéria
orgânica, considerada como de 0,45cmolc/g de carbono.

120
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

em pertinência ao horizonte B, ou ao C teúdo de argila, dentro de uma pequena


quando não existir B; não se aplicam a distância vertical (≤ 7,5cm), na zona de
materiais de solo das classes texturais areia transição entre o horizonte A, ou E, e o
e areia franca. horizonte B, referente a, no mínimo, o
Saturação por bases – refere-se à pro- dobro do conteúdo de argila, ou a um
porção de cátions básicos trocáveis em acréscimo absoluto de pelo menos 200g/
relação a CTC (valor T) determinada a pH kg de argila, caso o teor de argila do ho-
= 7; alta saturação específica saturação rizonte sobrejacente seja igual ou supe-
por bases (valor V) igual ou superior a 50% rior a este valor.
e baixa saturação indica valores inferio- Plintita – corpo distinto, com diâme-
res a este. São designadas, respectivamen- tro maior que 2mm, de material rico em
te, pelos termos: eutrófico e distrófico. óxidos de ferro, ou de ferro e alumínio, e
Este critério é considerado em relação pobre em húmus, constituído por uma
ao horizonte B, ou ao C, quando não exis- mistura de argila com quartzo e outros
tir B, ou ao A, na ausência de B ou C; materiais, com a propriedade de endure-
exceto no caso de solos ricos em sódio cer irreversivelmente, sob efeito de ciclos
trocável, em que não é considerado. alternados de umedecimento e secagem.
No caso de ocorrer diferença em pro- Suporta amassamento e rolamento mode-
fundidade quanto a esse caráter, o prefi- rado entre o polegar e o indicador, po-
xo epi é acrescido às designações acima, dendo ser quebrado com a mão, mas não
para indicar o estado de saturação da(s) se esboroa quando submerso em água
camada(s) superficial (ais), empregado por duas horas. É formado pela segrega-
como elemento distintivo em sexto nível ção de ferro em ambientes de drenagem
categórico. restrita, importando em mobilização,
São utilizadas ainda, em quinto nível transporte e concentração de compostos
categórico, as designações hipodistrófico ferruginosos, e em geral constitui mosquea-
(indicativa de saturação por bases inferior dos de cor vermelha, vermelho-amarela-
a 35%), mesodistrófico (V ≥ 35% e da ou vermelho-escura, com padrões la-
< 50%), mesoeutrófico (V ≥ 50% e < 75%) minares, poligonais ou reticulados.
e hipereutrófico (V ≥ 75%). Petroplintita – material endurecido,
Saturação por alumínio – refere-se à na forma de concreções ferruginosas, ou
proporção de alumínio trocável em rela- ferro-aluminosas, de dimensões e formas
ção à soma de bases, que quando maior variadas (laminar, nodular, esferoidal ou
ou igual a 50%, em associação com teo- irregular), individualizadas ou aglomera-
res deste elemento superiores a 0,5cmolc/ das, normalmente proveniente da conso-
kg, é considerada na distinção de classes lidação irreversível da plintita em
em quinto nível categórico, indicada pelo decorrência de repetidos ciclos de ume-
termo álico. decimento e secagem.
Caráter alumínico – é distingüido Caráter petroplíntico – refere-se à
pela ocorrência de teores muito elevados presença de petroplintita em quantidade
de alumínio extraível, em quantidades igual ou superior a 50%, por volume, em
iguais ou superiores a 4cmolc/kg, em as- um ou mais horizontes ou camadas que
sociação com saturação por esse elemen- em conjunto perfazem espessura mínima
to igual ou superior a 50% ou saturação de 15cm.
por bases inferior a este valor. Cerosidade – consiste em filmes mui-
Mudança textural abrupta – consis- to finos de material inorgânico de nature-
te em um considerável aumento no con- zas diversas, orientadas ou não, constitu-

121
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

indo revestimentos ou superfícies brilhan- Relação sílica/alumínio e sílica/ses-


tes nas faces de elementos estruturais, quióxidos – as relações moleculares
poros ou canais, resultante de movimen- Ki (SiO2/Al2O3) e Kr (SiO2/Al2O3 +Fe2O3)
tação, segregação ou rearranjamento de são utilizadas para separar solos cauliní-
material coloidal inorgânico (< 0,002mm); ticos (Ki > 0,75 e Kr > 0,75) e oxídicos
quando bem desenvolvidos são facilmen- (Kr ≤ 0,75).
te perceptíveis, apresentando aspecto lus- Cor e teor de óxidos de ferro – para
troso e brilho graxo. separação de algumas classes de solo são
Superfície de fricção (slickensides) – empregados, como critérios distintivos,
superfície alisada e lustrosa, na maioria das cor úmida e teores de ferro (Fe2O3 do ata-
vezes com estriamento marcante, tipica- que sulfúrico) do horizonte B, conforme
mente inclinada em relação ao prumo dos segue:
perfis, que se forma por deslizamento e • solos amarelos - matiz mais amarelo que
atrito da massa do solo, causados por 5YR;
movimentação devido à forte expansão • solos vermelho-amarelos - matiz 5YR ou
do material de solo quando submetido a mais amarelo que 2,5YR;
umedecimento. • solos vermelhos - matiz 2,5YR ou mais
Superfície de compressão – superfí- vermelho;
cie alisada, sem estriamento, que pode • solos com baixos teores de óxidos de fer-
apresentar algum brilho quando úmida ou ro (hipoférricos) - teor de Fe2O3 menor
molhada, formada pela compressão da que 80g/kg;
massa do solo em decorrência da expan- • solos com médios teores de óxidos de
são do material devido a umedecimento. ferro (mesoférricos) - teor de Fe2O3 entre
Contato lítico – refere-se à presença 80 e 180g/kg (para Nitossolos entre 80
de material endurecido subjacente ao e 150g/kg);
solo, contínuo na extensão de alguns • solos com altos teores de óxidos de fer-
metros de superfície horizontal, exceto ro (férricos) - teor de Fe2O3 entre 180 e
pela presença de fendas distanciadas por 360g/kg (para Nitossolos maior ou igual
no mínimo 10cm, representado pela ro- a 150g/kg e menor que 360g/kg);
cha sã ou parcialmente consolidada, de • solos com muito altos teores de óxidos
tal forma coeso que torna-se impraticável, de ferro (perférricos) - teor de Fe2O3 igual
ou pelo menos muito difícil, de ser seccio- ou superior a 360g/kg.
nado com pá de corte. Textura – empregada na distinção de
Caráter ácrico – refere-se a conteú- classes em quinto nível categórico, refere-
dos de bases trocáveis (Ca++, Mg++, K+, Na+) se à composição granulométrica da fração
somadas a alumínio extraível por KCl 1N terra fina, representada pelos grupamen-
em quantidades inferiores a 1,5cmolc/kg, tos de classes texturais, conforme segue:
em associação com valor de pH em KCl • textura arenosa - compreende composi-
1N igual ou superior a 5,0 ou maior ou ções granulométricas que correspondem
igual ao pH em água (∆pH≥ 0). às classes texturais areia e areia franca,
Caráter argissólico – refere-se aos so- ou seja, que satisfazem à equação: (teor
los com características intermediárias para de areia – teor de argila > 700g/kg);
argissolos em posição não diagnóstica. • textura média - compreende composi-
Caráter solódico – refere-se a valores ções granulométricas com menos de
de saturação por sódio entre 6 e 15%, 350g/kg de argila e mais de 150g/kg de
encontrados em algum horizonte nos pri- areia, excluídas as classes texturais areia
meiros 150cm do solo. e areia franca;

122
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

• textura argilosa - compreende composi- Reação do solo – é representada pe-


ções granulométricas com 350 a 600g/ los valores de pH para distinguir solos
kg de argila; ácidos (pH < 5,6), neutros (pH ≥ 5,6 e < 7,4)
• textura muito argilosa - compreende e alcalinos (pH ≥ 7,4).
composições granulométricas com mais
de 600g/kg de argila; „ Horizontes-diagnóstico Superficiais
• textura siltosa - compreende composi-
ções granulométricas com menos de Horizonte A proeminente – constitui
350g/kg de argila e menos de 150g/kg horizonte superficial relativamente espes-
de areia. so (com pelo menos 18cm de espessura –
Para indicar a variação de textura em a menos que a ele siga um contato lítico,
profundidade no perfil a qualificação tex- quando deve ter pelo menos 10cm – e
tural é expressa na forma de fração. No com 1/3 da espessura do solum, ou 25cm
caso dos Latossolos, a qualificação tex- se este tiver mais de 75cm); com estrutura
tural refere-se exclusivamente ao hori- suficientemente desenvolvida para não ser
zonte B, exceto quando a variação em simultaneamente maciço e duro, ou mais
profundidade for devida à presença de coeso, quando seco, ou constituído por
cascalhos. prismas maiores que 30cm; escuro (cro-
Proporção de cascalhos em relação à ma úmido inferior a 3,5 e valores mais
terra fina – quando em quantidades signifi- escuros que 3,5 quando úmido e que 5,5
cativas, a presença de cascalhos (materiais quando seco); com saturação por bases
endurecidos com 2 a 20mm de diâmetro) é (V) inferior a 65%(2) e conteúdo de carbo-
considerada modificadora da classe textu- no igual ou superior a 6,0g/kg.
ral, sendo reconhecidas as distinções ex- Horizonte A fraco – é um horizonte
pressas pelas especificações a seguir: mineral superficial que apresenta teores
• pouco cascalhenta - indica a ocorrên- de carbono inferiores a 5,8g/kg, cores
cia de cascalhos em quantidade igual ou muito claras na maior parte do horizon-
superior a 80 e inferior a 150g/kg; te, com valores quando úmido ≥ 4, e
• cascalhenta - indica a ocorrência de cas- quando seco ≥ 6.
calhos em quantidade igual ou superior Horizonte A moderado – é um hori-
a 150 e inferior a 500g/kg; zonte mineral, superficial, com conteúdos
• muito cascalhenta - indica a ocorrência de carbono variáveis e características que
de cascalhos em quantidade igual ou expressam um grau de desenvolvimento
superior a 500g/kg. intermediário entre os outros tipos de ho-
Caráter aniônico - é caracterizado rizonte A. Apresenta requisitos de cor ou
por valor de pH em KCl igual ou superior espessura insuficientes para caracterizar
ao de pH em água (∆pH positivo ou nulo). horizonte A chernozêmico ou A proemi-
Profundidade do solum – indica a es- nente, diferindo também do horizonte A
pessura dos horizontes A e B, representa- fraco seja por sua estrutura, mais desen-
da pelas designações: raso (A + B ≤ 50cm); volvida, ou pelos conteúdos de carbono
pouco profundo (> 50 e ≤ 100cm); pro- superiores a 6g/kg, ou ainda pela presen-
fundo (> 100 e ≤ 200cm) e muito profun- ça de cores mais escuras (valor < 4, quan-
do (> 200cm). do úmido, ou croma < 6, quando seco).

Pelo sistema de classificação anteriormente adotado no Brasil, para caracterizar o horizonte A chernozêmi-
(2)

co, era exigida saturação por bases igual ou superior a 50%, valor considerado para distinção entre ele e o
horizonte A proeminente (Embrapa, 1988b).

123
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

„ Horizontes-diagnóstico Subsuperficiais fina; ou < 6% de muscovita), assim como


de fragmentos de rocha ou do saprólito
Horizonte B textural – é um horizon- (< 5%, em volume) e de argilominerais do
te mineral subsuperficial com textura fran- grupo das esmectitas (argilominerais 2:1).
co-arenosa ou mais fina, onde houve in- Sua gênese é marcada por intensa lixivia-
cremento de argila, orientada ou não, ção de bases, resultando em concentra-
desde que não exclusivamente por des- ção residual de sesquióxidos e argilas do
continuidade, resultante da acumulação tipo 1:1. Apresenta espessura mínima de
ou concentração absoluta ou relativa de- 50cm; pouca diferenciação entre subori-
corrente de processos de iluviação e/ou zontes; estrutura forte muito pequena ou
formação in situ e/ou herdada do mate- pequena granular, ou em blocos suban-
rial de origem e/ou infiltração de argila ou gulares com grau de desenvolvimento
argila mais silte, com ou sem matéria or- não mais que moderado e cerosidade no
gânica e/ou destruição de argila no hori- máximo pouca e fraca; textura franco-are-
zonte A e/ou perda de argila no horizon- nosa ou mais fina e reduzidos teores de
te A por erosão diferencial. O conteúdo silte (relação silte/argila inferior a 0,6, ou
de argila do horizonte B textural é maior 0,7 se de textura média); grau de flocula-
que o do horizonte A e pode, ou não, ser ção igual ou próximo a 100%, com teo-
maior que o do horizonte C. res de argila dispersa menores que 200g/
Horizonte concrecionário – são hori- kg, desde que o conteúdo de carbono não
zontes normalmente característicos de so- exceda 4,0g/kg e o pH em KCl seja infe-
los de zonas tropicais do planeta, encon- rior ao determinado em água; CTC da fra-
trados, tanto em solos de boa drenagem, ção argila(3) inferior a 17cmolc/kg; e rela-
onde, via de regra, tratam-se de resquícios ção molecular SiO2/Al2O3 (índice Ki)
de climas pretéritos diferenciados, como menor do que 2,2.
em solos de drenagem restrita de baixadas, Horizonte B incipiente – consiste em
planícies, terraços, depressões etc., onde horizonte mineral cujas características
quase sempre têm formação atual e ocu- evidenciam um estádio de alteração em
pam as posições de drenagem mais favo- grau não muito avançado, porém o sufi-
recidas no perfil do solo. São constituídos ciente para o desenvolvimento de cor ou
de 50% ou mais, por volume, de material estrutura. É um horizonte de caráter bas-
grosseiro com predomínio de petroplintita tante variável em decorrência do seu grau
do tipo concreções ou nódulos de ferro ou de evolução ainda incipiente, mas com
ferro e alumínio, numa matriz terrosa de insuficiência de requisitos distintivos de
textura variada ou matiz de material mais outros horizontes diagnósticos. Apresen-
grosseiro, identificado com horizonte Ac, ta textura franco-arenosa ou mais fina, po-
Ec, Bc, ou Cc (IBGE, 2005). dendo conter quantidades expressivas de
Horizonte B latossólico – é um hori- materiais em decomposição ou com es-
zonte mineral em avançado estádio de trutura da rocha original, neste caso des-
intemperização, evidenciado pela com- de que não ultrapassem mais da metade
pleta ou quase completa ausência de mi- de seu volume. Quando apresentar carac-
nerais primários facilmente intemperizá- terísticas morfológicas semelhantes ao B
veis na fração areia (< 4%, referente à terra latossólico, distingue-se pela maior capa-

Pelo sistema anteriormente adotado no Brasil, grau de floculação e teor de argila dispersa em água não constituíam
(3)

requisitos distintivos de B latossólico, assim como 13cmolc/kg era o valor máximo admitido para a CTC da fração
argila, descontada a contribuição da matéria orgânica, considerada como de 0,45cmolc/kg de carbono.

124
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

cidade de troca da fração argila, ou damentalmente pela presença de plintita


maior ocorrência de fragmentos de rocha, em quantidade igual ou superior a 15% e
minerais alteráveis ou argilas 2:1, pelo Ki espessura de pelo menos 15cm. Apresen-
superior a 2,2, ou ainda pela espessura ta coloração mosqueada ou variegada,
inferior a 50cm. em um arranjamento de cores vermelhas,
Horizonte B plânico – é um tipo es- acinzentadas ou brancas, formando um
pecial de horizonte B textural, subjacen- padrão reticulado, poligonal ou laminar.
te a horizonte A ou E e precedido por Horizonte litoplíntico – é constituído
uma mudança textural abrupta. Apresen- de material consolidado, contínuo ou pra-
ta estrutura prismática colunar, ou em ticamente contínuo, endurecido por fer-
blocos angulares e subangulares grandes ro e alumínio, no qual o carbono orgâni-
ou médios, e às vezes, maciça, permea- co está ausente ou presente em pequena
bilidade lenta ou muito lenta e cores quantidade. Pode-se apresentar muito fra-
acinzentadas ou escurecidas, podendo turado, desde que exista predomínio de
ou não possuir cores neutras de redução, blocos com tamanho, no mínimo, 20cm
com ou sem mosqueados. Este horizon- ou as fendas que aparecem são poucas e
te é adensado, com teores elevados de separadas de 10cm ou mais, umas das
argila dispersa e por ser responsável pela outras. Este horizonte deve ter uma espes-
retenção de lençol de água suspenso, de sura de 10cm ou mais.
existência temporária. Horizonte vértico – é um horizonte
Horizonte glei – é um horizonte mi- mineral subsuperficial que, devido à ex-
neral, subsuperficial ou eventualmente su- pansão e contração das argilas, apresen-
perficial, com espessura mínima de 15cm, ta feições pedológicas típicas, que são as
cujas características de cor refletem a pre- superfícies de fricção (slikensides) em
valência de processos de redução, com ou quantidade no mínimo comum e/ou a
sem segregação de ferro, em decorrência presença de unidades estruturais cunei-
de saturação por água durante algum pe- formes e/ou paralelipédicas, cujo eixo lon-
ríodo ou o ano todo. Quando úmido, apre- gitudinal tem inclinação de 10o ou mais
senta em 95% ou mais da matriz do em relação à horizontal, e fendas por al-
horizonte, ou das faces dos elementos es- gum período mais seco do ano com pelo
truturais, cores neutras (N) ou mais azuis menos 1cm de largura.
que 10Y, ou se os valores forem menores Horizonte E álbico – horizonte mi-
que 4 os cromas são menores ou iguais a neral comumente subsuperficial no qual
1, ou para valores maiores ou iguais a 4 os a remoção ou segregação de material
cromas são iguais ou inferiores a 2 (para coloidal inorgânico e orgânico progre-
matiz 10YR ou mais amarelo é admitido diu a tal ponto que a cor do horizonte é
croma 3, desde que diminua no horizonte mais determinada pela cor das partícu-
seguinte); ou a presença de ferro reduzido las primárias de areia, silte, e até mes-
seja evidenciada pela forte coloração azul- mo da argila, do que por revestimentos
escura desenvolvida com o ferricianeto de nessas partículas.
potássio ou pela cor vermelha intensa de- Fragipã – é um horizonte mineral sub-
senvolvida pelo alfa, alfa dipiridil. O hori- superficial, com 10cm ou mais de espes-
zonte glei pode corresponder a horizonte sura, que tem conteúdo de matéria orgâ-
B, C, A, ou E. nica muito baixo, a densidade do solo é
Horizonte B plíntico – constitui hori- alta em relação aos horizontes sobreja-
zonte mineral, B ou C, de textura franco- centes e é aparentemente cimentado
arenosa ou mais fina, caracterizado fun- quando seco, tendo então consistência

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

dura, muito dura ou extremamente dura. cifólio, campo cerrado tropical, campo
O fragipã dificulta ou impede a penetra- tropical, campo tropical higrófilo de vár-
ção das raízes e da água no horizonte em zea e formações rupestres.
que ocorre. Floresta tropical subperenifólia – tam-
Duripã – é um horizonte mineral sub- bém denominada floresta tropical semi-
superficial, com 10cm ou mais de espes- sempre-verde (Bennema, 1966), é uma
sura, que apresenta grau variável de ci- formação densa, alta, rica em espécies,
mentação por sílica, podendo ainda com presença de um estrato de até 20 a
conter óxido de ferro e carbonato de cál- 30m de altura, somente decídua em par-
cio. Como resultado disto, os duripãs va- te. Ocorre em ambientes com estação seca
riam de aparência, porém todos têm con- de 2 a 3 meses, na maioria dos casos com
sistência, quando úmidos, muito firme ou mais de 1.400mm de precipitação anual.
extremamente firme e são sempre que- Muitas das espécies sempre-verdes com-
bradiços, mesmo após prolongado ume- põem o extrato superior. Entretanto, apre-
decimento. sentam propensão a perder suas folhas em
estação seca anormal, constituindo for-
„Critérios para Distinção de Fases de mação mesófila.
Unidades de Mapeamento Cerradão Tropical Subcaducifólio –
o cerradão, tipo florestal peculiar, é co-
O critério de fases tem como objetivo mum tanto na área da Baixada Cuiabana
fornecer informações adicionais sobre as quanto nas partes mais elevadas da Cha-
condições ambientais, assim como cha- pada dos Guimarães. Os capões são ra-
mar a atenção para características do solo ros e geralmente bastante devastados. Na
ou do ambiente julgadas importantes, maioria das vezes, suas áreas de ocorrên-
porém, não contempladas pelos critérios cia podem ser apenas visualizadas pelos
de ordenamento taxonômico, de forma a exemplares arbóreos remanescentes. Em
subsidiar as interpretações sobre o poten- geral, o estrato arbóreo é composto por:
cial de uso das terras. Foram utilizadas Terminalia fagifolia Mart. “capitão”, Scle-
fases de vegetação, relevo, pedregosida- rolobium paniculatum Benth. “carvoeiro”,
de, rochosidade e de substrato. Qualea cordata Warm. “pau-terra”, Luehea
paniculata Mart. “açoita-cavalo”, Xylopia
Fases e Condições Edáficas Indicadas grandiflora Mart. “pindaíba, Pterodon
pela Vegetação Primária pubescens Benth. “sucupira-branca”,
Bonwdichia virgiloides H. B. K. “sucupi-
Por permitir inferências com relação ra-preta”, Virola sebifera Aubl. “bicuíba”,
aos regimes térmico e hídrico do solo, so- Aspidosperma macrocarpon Mart. “pero-
bretudo quanto à duração e intensidade ba”, Diospyros sericea D. C. “maria-pre-
do período seco, o tipo de vegetação na- ta”, Erythrina mulungu Mart. “mulungu”,
tural é utilizado como fase distintiva de Machaerium opacum Vog. “jacarandá”,
unidade de mapeamento. É subdividida Guazuma ulmiflora Lam. “mutamba”,
segundo critérios fitofisionômicos, como Qualea dichotoma Mart. “pau-terra”, en-
deciduidade, porte, composição e densi- tre outras.
dade (Embrapa, 1988b e 1999). Foram re- Cerrado Tropical Subcaducifólio –
conhecidos os seguintes tipos de vegeta- formação dominante na área da Baixada
ção, descritos anteriormente: floresta Cuiabana, embora não apresente unifor-
tropical subperenifólia, cerradão tropical midade em seu estrato arbóreo e arbusti-
subcaducifólio, cerrado tropical subcadu- vo, assim como em sua composição florís-

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tica. Em certos trechos, o estrato mais alto boleta”, Baccharis dracunculifolia A. P.


oscila entre 3 e 4m, raramente 5m, sem D. C. “alecrim-do-campo”, Pterocaulon
espécies emergentes, apresentando-se den- lanatum e Eremanthus glomerulatus Less.
so. Nesses locais, o estrato arbustivo-subar- “boleiros”, Kielmeyera corimbosa Mart.
bustivo e o herbáceo-graminoso são pou- “pau-santinho”, Banisteria campestris
co representativos, em termos de espécies. Juss. “borboleta”, Ouratea spectabilis
No estrato arbóreo podem ser citadas as Mart. “chuva-de-ouro”, Crematrus scep-
seguintes espécies: Qualea grandiflora trum (Cham.) Bur. et. K. Schum. “trombe-
Mart.“pau-terra-de-folha-larga”, Bowdi- ta”, Helicteris ovata Lam. “saca-rolha”,
chia virgilioides H. B. K. “sucupira-preta”, Tocoyena brasiliensis Mart. “marmelada-
Didymopanax macrocarpa “mandiocão”, de-cachorro”, Cassia rugosa G. Don. “fe-
Pouteria torta Radlk. “bacupari-de-árvo- degoso-do-campo”, Memora glaberrima
re”, Enterolobium gummiferum (Mart.) K. Schl. “trombeteira”, Zeyhera digitallis
Mach. “boizinho”. Nos platôs entre 900 Vell. “bolsa-de-pastor”, Salacia campes-
e 1.000m, há dominância de Vochysia tris (Camb.) Walp. “bacupari”, Memora no-
thyrsoidea Phl. “pau-de-tucano”, Salvertia dosa Miers. “esqueleto”, etc. O estrato
convallariodora St. Hil. “bate-caixa”, subarbustivo e herbáceo é pouco repre-
Vanillosmopsis erythropappa (D. C.) sentativo, com espécies como: Anemo-
Schultz. “candeia”, Stryphnodendron ads- paegma arvense (Vell.) Stelf. “catuaba”,
tringens (Mart.) Coville “barbatimão”, Byr- Vernonia apiculata Mart., Vernonia remo-
sonima verbascifolia Juss. e Byrsonima tiflora L. “roxinha”, Stylosanthes guianen-
coccolobifolia (Spreng) Kunth. “murici”, sis (Aubl.) Swartz, Stylosanthes scabra
Machaerium opacum Vog. “jacarandá”, Vog., Stylosanthes capitata Vog., Stylo-
Hymenaea stigonocarpa Mart. “jatobá-do- santhes viscosa Swartz “alfafas-do-cam-
campo, Tabebuia ochracea Cham. ipê- po”, Cassia latistipula Benth. “prateada”,
do-cerrado”, Dalbergia violacea (Vog.) etc. Trepadeiras como: Serjanea erecta
Malme “caviúna”, Piptocarpha rotundifo- Radlk, Serjanea gracilis, Aristolochia ar-
lia (Less.) Baker “cartucheira”, Hyptis cana cuata e Aristilichia galeata Mart. et Zucc.
Pohl. “erva-canudo”, Solanum lycocar- “jarrinha”, Banisteriopsis clausseniana
pum St. Hil. “fruta-de-lobo”, Eugenia dy- (Juss.) And. Gates e Banisteriopsis argiro-
senterica D. C. “cagaita”, Qualea parvi- phylla (Juss.) And. Gates “amarelinhas”,
flora Mart. “pau-terrinha”, Kielmeyera mostram-se freqüentes. O estrato herbá-
coriacea Mart. “pau-santo”, Cabralea po- ceo é composto por: Echinolaena infle-
lytricha Sald. “cangerana”, Bombax pu- xa (Poir.) Chase “capim-flexa”, Aristida
bescens Mart. e Zucc. “paineira-do-cam- setifolia H. B. K., Aristida pallens Caw.,
po”, Ourates castanaefolia Engl. Eragrostis ciliaris (L.) Br. “capins-finos, de-
“douradinha”, Annona crassiflora Mart. rivados do campo-limpo. Muitas vezes,
“marolo”, entre aquelas mais freqüentes. essas áreas são invadidas por Mellinis mi-
Entre as arvoretas de menor ocorrência, nutiflora (L.) Beauv. “capim-gordura” ou
podem ser destacadas: Plenkia polpunea “meloso”. O estrato graminoso apresen-
Reiss. “treme-treme”, Caryocar brasilien- ta-se mais rico e variado, com gramíneas
sis Camb. “pequi”, que passam a inte- dos gêneros: Aristida, Axonopus, Meso-
grar esse estrato. O estrato arbustivo mos- setum, Chloris e Ctenium (flora invasora
tra-se pobre, sendo pouco denso e do campo limpo). Muitas vezes nessas
constituído pelas espécies: Arrabidea áreas aparecem trechos com “murun-
brachypoda (D. C.) Bur et K. Schum. “ca- dus”, quando então, o estrato arbóreo-
roba”, Peixotoa cordistipula Juss. “bor- arbustivo acumula-se nas elevações.

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Campo Cerrado Tropical – compreen- tra Miers. “cipó-são-joão”. O estrato gra-


de as áreas mais degradadas do cerrado, minoso-herbáceo é constituído por espé-
mostra estrato arbóreo de altura variável, cies oriundas do campo limpo, como:
ralo, pouco rico em espécies, envolvido Andropogon bicornis L., Andropogon pa-
por estrato arbustivo e graminoso-herbá- niculatum Kunth, Andropogon hirtiflorus
ceo denso. Entre as árvores observam-se: (Nees) Kunth “capins-rabo-de-burro”, Aris-
Peixotia “caju”, Qualea spectabilis Mart. tida adcensionis L. “capins-finos”, entre-
“chuva-de-ouro”, Vernonia bardanoides meadas de moitas de Echinolaena inflexa
Less. “cravina”, Banisteria campestris Juss. (Poir.) Chase “capim-flexa. Em alguns lo-
“cipó-prata”, Camera affinis St. Hil., Peltaea cais verifica-se a presença do “capim-gor-
speciosa (H. B. K.) Stand., Calliandra bre- dura”, do colonião e outras gramíneas
vipes Benth. “esponjeira”, Baccharis dra- cultivadas que se portam como invasoras.
cunculifolia A. P., D. C. “alecrim”, Cassia Campo Tropical – ocorre preferen-
trichopoda Benth. “grude”, Manihot tripar- cialmente na forma de grandes faixas no
tita (Spreng.) Muell Arg. “mandioquinha”, topo das ondulações ou em continuação
Byrsonima verbascifolia Juss. “murici”, ao campo cerrado, nas encostas mais
Vochysia elliptica (Spr.) Mart. e Vochysia abruptas. O estrato arbustivo mostra-se
rufa (Spr.) Mart. “paus-de-tucano”, Zeyhe- esparso, contendo espécies, como: Byr-
ra digitallis Vell. “bolsa-de-pastor”, Didy- sonima verbascifolia Juss. “murici”, Qua-
nopanax macrocarpum (Cham. & Schl.) lea grandiflora Mart. “pau-terra”,
Scott “mandiocão”, Qualea parvifora Mart. Vochysia rufa (Spr.) Mart. e Vochysia ellip-
“pau-terrinha”, Eugenia dysenterica D. C. tica (Spr.) Mart. “paus-de-tucano”, entre
“cagaiteira”, Dimorphandra mollis Benth. outras. O graminoso-herbáceo-subarbus-
“faveiro”, Hyptis cana Pohl. “erva-canudo”, tivo é caracterizado por Ctenium cirro-
Stryphnodendron adstringens (Mart.) bar- sum (Ness.) Kinth., Aristida adcensionis L.,
batimão”, Kielmeyera coriacea (Spr.) Mart. Aristida pallens Cav. e Aristida recurvata
“pau-santo”, entre as mais freqüentes. O H. B. K. “capins-finos”, Andropogon
estrato inferior é composto por: Anemo- bicornis e Andropogon hirtiflorus (Nees)
paegma arvense (Vell.) Stelf. e Anemopaeg- Kunth. “rabos-de-burro”, Tristachya
ma glauca Mart. “catuabas”, Myrcia chrysothrix Nees “capim-ouro”, Meso-
variabilis D. C., Psidium firmum Mart. “goia- setum ferrugineum (Trin.) Chase, Paspa-
binha”, Myrcia tomentosa (Aubl.) D. C. lum blepharopharum “capim-lua”,
“goiaba-miúda”, Casearis sylvestris Sw. “lín- Axonopus canescens (Ness.) Pilyes, Era-
gua-de-teni”, Memora nodosa Miers. e Me- grostis solida Ness, entre as gramíneas,
mora glaberrima K. Schl. “trombeteiras”, além de: Andira humilis Mart. “mata-ba-
Jacaranda paucifoliolata Mart., e Jacaran- rata”, Camarea affinis St. Hil., Cambes-
da decurrens Cham. “carobas”, Collaea sedesia espora D. C., Clitoria guyanensis
grewiaefolia Benth. “cobre-pasto, Stylosan- Benth, Hyptis nudicaulis Benth., Eriose-
thes viscosa Sw., Stylosanthes scabra Vog. ma defoliolatum Benth., Gomphrena
e Stylosanthes gracilis H. B. K. “alfafas”, officinalis Mart., Stylosanthes viscosa
Oxalis hirsutissima (Mart.) Zucc. “trevo-pe- Sw., Cassia trichopoda Mart., Ereman-
ludo”, Lippia lupulina Cham. “camará”, thus spharocephalus, Pterocaulon rugo-
Bauhinia bongardi Steud. “unha-de-vaca”, sa, etc. Nas áreas de contato com as
entre outras. Espécies de hábito trepador faixas estreitas de matas de galeria, ocor-
mostram-se raras, espalhando-se pelo chão rem exemplares de Erythrina mulungu
ou cobrindo os arbustos, como: Serjanea Mart. e de Tibouchina candolleana
gracilis Radlk “tingui” e Pyrostegia venus- Cogn. “quaresmeira”.

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Campo tropical higrófilo de várzea – co movimentada, constituída por con-


são formações graminosas densas e ocor- junto de colinas, apresentando declives
rem nas várzeas úmidas e alagadas, nas moderados, predominantemente variá-
periferias de cursos d’água, brejos e lu- veis de 8 a 20%;
gares onde ocorre acúmulo das águas • forte ondulado – superfície de topogra-
dos rios, lagoas, riachos etc. Distinguem- fia pouco movimentada, formada por
se os campos das áreas alagadas, deno- morros (elevações de 100 a 200m de al-
minados campos hidrófilos, cuja com- titudes relativas) e, raramente, colinas,
posição é dominada por espécies dos com declives fortes, predominantemen-
gêneros Panicum, Paspalum e Cyperus, te variáveis de 20 a 45%;
e os campos higrófilos, relacionados a • montanhoso – superfície de topografia vi-
condições mais brandas de encharca- gorosa, com predomínio de formas aci-
mento, dominados pelas famílias Gra- dentadas, usualmente constituída por
minaceae, Araceae, Typhaceae e Po- morros, montanhas e maciços montanho-
lypodiaceae. sos, apresentando desnivelamentos relati-
Formações rupestres – ocorrem re- vamente grandes (superiores a 200m) e
lacionadas aos afloramentos rochosos. A declives fortes ou muito fortes, predomi-
vegetação é constituída por associações, nantemente variáveis de 45 a 75%;
notadamente, bromeliáceas, cactáceas, • escarpado – superfície muito íngreme,
veloziáceas e euforbiáceas (arbustos), or- com vertentes de declives muito fortes,
quidiáceas, pteridófitas, musgos e lí- que ultrapassam 75%.
quens que normalmente ocorrem agru-
pados, separados por espaços despro- Fase de pedregosidade
vidos de vegetação, deixando exposta a
rocha. Utilizada para qualificar áreas em que
a presença superficial ou subsuperficial de
Fases de Relevo quantidades expressivas (3% ou mais) de
calhaus (2-20cm) e/ou matacões (20-
Subdividido segundo critérios de de- 100cm) interfere no uso das terras, sobre-
clividade, forma do terreno, altura relati- tudo no referente ao emprego de máqui-
va das elevações, tipo e comprimento das nas e implementos agrícolas. Tem como
pendentes, com o objetivo principal de objetivo subsidiar a avaliação da aptidão
fornecer subsídios ao estabelecimento dos agrícola das terras no tocante às limitações
graus de limitações com relação ao em- à mecanização.
prego de implementos agrícolas e à sus- É indicada pelas seguintes especifica-
ceptibilidade à erosão, em: ções:
• plano – superfície de topografia esbati- • pedregosa – indica a ocorrência de ca-
da ou horizontal, onde os desnivela- lhaus ou matacões ao longo de todo o
mentos são muito pequenos, com decli- perfil, ou na parte superficial até profun-
vidades variáveis de 0 a 3%; didades superiores a 40cm;
• suave ondulado – superfície de topogra- • epipedregosa – indica a ocorrência de
fia pouco movimentada, constituída por calhaus ou matacões na parte superfici-
conjuntos de colinas (elevações de alti- al ou dentro do solo até a profundidade
tudes relativas até 100m), apresentando máxima de 40cm;
declives suaves, predominantemente va- • endopedregosa – indica a ocorrência de
riáveis de 3 a 8%; calhaus ou matacões a partir de profun-
• ondulado – superfície de topografia pou- didades maiores que 40cm.

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Fase de rochosidade para a escolha de áreas representativas,


quer para auxiliar na transferência da
Refere-se à exposição do substrato tecnologia gerada (Resende, 1983; San-
rochoso, lajes de rochas, parcelas de ca- tana, 1983).
madas delgadas de solos sobre rochas e/ É inquestionável que o levantamento
ou predominância de bolders com diâ- de solos constitui uma ferramenta impor-
metro médio maior que 100cm, na super- tante para o planejamento de uso das ter-
fície ou na massa do solo, em quantida- ras. Além de mostrar a distribuição espa-
des tais que tornam impraticável o uso de cial das diversas classes de solos, fornece
máquinas agrícolas. Os afloramentos ro- informações essenciais sobre as caracte-
chosos e/ou matacões cobrem 25% ou rísticas químicas, físicas, mineralógicas e
mais da superfície do terreno. também sobre as características ambien-
tais dos solos, segundo critérios referen-
Fase de substrato tes às condições das terras que interferem
direta ou indiretamente no comportamen-
Refere-se ao tipo de material subja- to e qualidade do meio ambiente.
cente ao solo, utilizado para qualificar Grande parte dos problemas relacio-
solos de pequeno desenvolvimento pe- nados ao solo está ligada à complexi-
dogenético, com o objetivo de diferen- dade e a dificuldade de sua identifica-
ciar características peculiares relaciona- ção a qual facilita a determinação
das ao material de origem. Devido à correta das potencialidades e limita-
grande diversidade de tipos de rocha na ções, com reflexos diretos na conserva-
área em estudo, e estar sendo realizado ção do solo, da água e na preservação
mapeamento geológico da área, a fase de ambiental. Os levantamentos de solos
substrato foi empregada na apenas classi- têm por objetivo caracterizar, ordenar e
ficação dos perfis e para distinção das uni- cartografar os solos segundo um siste-
dades de mapeamento constituídas por ma de classificação de solos organiza-
Neossolos Litólicos desenvolvidos de xis- do (Lepsch, 1985), em geral, com finali-
tos, filitos, arenitos e quartzitos, face à im- dades de exploração agrícola. Todavia,
possibilidade de diferenciá-los conforme além dessa importância, servem também
os critérios atuais previstos até o quarto a vários outros propósitos (Iturri, 1983,
nível categórico. citado por Resende et al., 1995), como
para fins de construção de estradas, alo-
6.3 – APLICAÇÃO E IMPORTÂNCIA cação de equipamentos urbanos, no
DO ESTUDO DE PEDOLOGIA PARA auxílio a trabalhos de geologia, biolo-
O PROJETO SIG CUIABÁ gia e, evidentemente, para o planeja-
mento ambiental etc.
O Mapa de Solos é, em primeiro lu- A área do Projeto SIG Cuiabá, Várzea
gar, uma estratificação de ambientes (Re- Grande e Entorno apresenta acentuada
sende, 1995), que possibilita separar influência do material de origem nas ca-
áreas para os diversos fins, além de racterísticas de seus solos. A caracteriza-
fornecer subsídios para programas espe- ção e distribuição espacial dos solos desta
ciais de conservação de solos e preser- região revestem-se de grande importância,
vação do meio ambiente. Também para não só para ampliar o conhecimento so-
as pesquisas agronômicas, o mapa de bre seu ecossistema, mas ainda como ins-
solos constitui importante acervo de in- trumento auxiliar na busca de alternativas
formações do ambiente, quer como base de uso e planejamento das atividades eco-

130
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

nômicas, e como subsídio a programas A Figura 6.1 ilustra a distribuição das


especiais de conservação de solos e pre- unidades de mapeamento de solos em
servação do meio ambiente. hectares e em percentual.

6.4 – DESCRIÇÃO DAS CLASSES 6.4.1 – ARGISSOLOS


DE SOLOS
Esta classe compreende solos mine-
A seguir são apresentadas as princi- rais, não hidromórficos, que apresentam
pais características das classes de solos horizonte B textural, com baixa atividade
que ocorrem na área do Projeto SIG Cuia- da fração argila, subjacente a horizonte A
bá, Várzea Grande e Entorno. Foram ou E. São solos em geral profundos e bem
identificadas as seguintes classes de so- drenados, com seqüência de horizontes
los: Argissolo Vermelho-Amarelo Distró- A, Bt, C ou A, E, Bt, C. Apresentam ocor-
fico e Eutrófico, Cambissolo Háplico Tb rência bastante restrita e distribuem-se em
Distrófico, Gleissolo Háplico Tb e Ta Eu- condições ambientais bastante diversas.
trófico, Latossolo Vermelho Distrófico, São subdivididos, em nível categóri-
Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico, co subseqüente, em função de diferenças
Neossolo Litólico Distrófico, Neossolo Flú- de cor do horizonte B textural, conforme
vico Ta e Tb Eutrófico e Distrófico, Neos- descrito a seguir para as classes de ocor-
solo Quartzarênico Órtico, Plintossolo rência mais expressiva da área de estudo.
Pétrico Concrecionário Distrófico, Plin-
tossolo Argilúvico Eutrófico, Plintossolo 6.4.1.1 – ARGISSOLO VERMELHO-
Pétrico Epiconcrecionário Distrófico e Ver- AMARELO
tissolo Háplico Órtico. Como forma de fa-
cilitar o entendimento deste estudo e com Os Argissolos Vermelho-Amarelos dis-
o objetivo de atingir um maior público, tingüem-se pela dominância de cores de
incluindo principalmente os planejadores, matiz 5YR ou mais amarelas do que
utilizou-se uma linguagem mais simplifi- 2,5YR nos primeiros 100cm do horizon-
cada para caracterizar os solos da região. te B. Correspondem, em grande parte dos

Figura 6.1 – Distribuição das unidades de mapeamentos de solos em hectares e percentagem.

131
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solos anteriormente denominados Podzó- Normalmente, os Argissolos são solos


licos Vermelho-Amarelos. São diferenci- que, ao contrário dos Latossolos, bastan-
ados, em terceiro nível categórico, pela te erodíveis, principalmente por decorrên-
saturação por bases dos primeiros 100cm cia das suas características físicas intrín-
do horizonte B, sendo denominados “Dis- secas, como o gradiente textural, isto é,
tróficos”, quando predomina baixa satu- diferença de textura entre os horizontes
ração por bases (V% < ou = 50%), e “Eu- superficiais e subsuperficiais.
tróficos” quando alta (V% > 50%). Os Argissolos da unidade PVAe são
Quase invariavelmente de caráter dis- solos eutróficos, saturação de bases supe-
trófico, encontram-se em geral associados rior a 50% e estão cobertos por vegeta-
a Plintossolos Pétricos, Cambissolos Há- ção de cerrado (Savana Arborizada) ou
plicos e Neossolos Litólicos, sob vegeta- de cerradão (Savana Florestada). O prin-
ção predominante de cerradão (Savana cipal tipo de uso verificado sobre os mes-
Florestada) e cerrado tropical subcaduci- mos também é a pastagem plantada.
fólio (Savana Arborizada), em relevo que Pequenas são as limitações à sua uti-
varia de suave ondulado ao forte ondula- lização agrícola, sendo principal a eleva-
do e apresentam pequena expressão ter- da acidez que obriga a execução de prá-
ritorial na área do projeto. ticas corretivas de ordem química. A
À exceção das áreas de relevos mais susceptibilidade à erosão é menor quan-
declivosos, poucas são as limitações à sua do comparada aos distróficos, pois pos-
utilização agrícola, sendo principalmen- sui maior estabilidade estrutural e melhor
te baixa a soma de bases trocáveis, que condição de desenvolvimento radicular.
obriga à execução de práticas corretivas Apesar desse aspecto, a sua susceptibili-
de ordem química. A baixa fertilidade dade à erosão é um dos principais fatores
natural e a suscetibilidade à erosão nos limitantes, devendo-se ainda mencionar
locais mais declivosos e/ou com presen- as possibilidades de implicações acarre-
ça de forte gradiente textural em alguns tadas pelo relevo mais movimentado e a
indivíduos são os principais fatores limi- pequena profundidade efetiva desses so-
tantes, devendo-se ainda mencionar a los, dominantemente, pouco profundos a
presença de pedregosidade nas unidades profundos.
em associação com os Cambissolos Ocorrem três unidades de mapea-
(PVAe) e Neossolos Litólicos (PVAd2). A mento onde o Argissolo constitui a
profundidade efetiva desses solos também principal componente da unidade,
constitui-se num fator limitante ao uso, sendo duas unidades distróficas e uma
pois a maioria dos indivíduos encontra- eutrófica.
dos nesse estudo é pouco profundo (50 a – PVAd1 - ARGISSOLO VERMELHO-
100cm) e profundos (> 100cm e < AMARELO Distrófico típico, textura mé-
200cm), sendo raramente muito profun- dia/argilosa + PLINTOSSOLO PÉTRICO
dos (maior > 200cm). Concrecionário Distrófico típico ou ar-
Pode-se afirmar que a presença do gissólico, textura média/argilosa, ambos
horizonte B textural é um fator negativo A moderado, fase Cerradão Tropical
em termos da erosão do tipo superficial. Subcaducifólio, relevo suave ondulado
Assim, aspectos relacionados ao gradi- e ondulado.
ente textural, mudança textural abrupta, – PVAd2 - ARGISSOLO VERMELHO-
ao tipo de estrutura e à permeabilidade, AMARELO Distrófico típico, textura mé-
entre outros, influenciam na sua maior dia/argilosa, Cerradão e Floresta Tropi-
erodibilidade. cal Caducifólia, relevo ondulado e forte

132
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Dis- variando quanto ao relevo em que ocor-


trófico típico, textura arenosa e média, re- rem sendo o ondulado (8-20% de decli-
levo forte ondulado, ambos A modera- ve) e forte ondulado (20-45% de declive)
do, fase Cerradão Tropical Caducifólio. mais freqüentes. É comum observar a ocor-
– PVAe - ARGISSOLO VERMELHO-AMA- rência de grandes quantidades de casca-
RELO Eutrófico típico, textura média/ar- lhos de quartzo nesses solos, muitas ve-
gilosa, relevo ondulado e forte ondula- zes misturados com a petroplintita.
do + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Ocupam principalmente as áreas de bor-
Eutrófico e Distrófico típico, textura ar- das das colinas e morros sob vegetação
gilosa cascalhenta, relevo ondulado, de Campo Cerrado (Savana parque), su-
ambos A moderado, fase Cerradão Tro- bordinadamente Cerrado (Savana arbori-
pical Subcaducifólio. zada) e pastagens.
As principais limitações desses solos
6.4.2 – CAMBISSOLO HÁPLICO compreendem a pequena profundidade
efetiva, baixa fertilidade natural, presen-
São solos minerais não hidromórficos, ça de cascalhos e de pedregosidade (fo-
pouco evoluídos, caracterizados pela pre- tos 6.1 e 6.2) e a elevada suscetibilidade
sença de horizonte B incipiente, imedia- aos processos erosivos principalmente nas
tamente abaixo do horizonte A, de cará- áreas de maior declividade.
ter distrófico, com argila de baixa
atividade. Apresentam fertilidade natural
baixa, são medianamente profundos a ra-
sos, apresentando seqüência de horizon-
tes A, Bi e C, com pequena diferenciação
entre eles. Em geral, verifica-se forte influ-
ência do material de origem em suas ca-
racterísticas, o que evidencia a pouca evo-
lução desses solos expressa também pelo
fraco desenvolvimento pedogenético do
horizonte B, ou mesmo pelo grau de in-
temperização pouco avançado, inferido
pela presença, na fração grosseira, de con- Foto 6.1 – Pedregosidade em Cambissolos Há-
teúdos minerais primários de fácil intem- plicos, desenvolvidos em relevo plano.
perização superiores a 4% ou, ainda, por
teores de silte relativamente elevados.
As condições de drenagem desses so-
los variam de bem drenados a imperfeita-
mente drenados, dependendo da posição
em que ocupam na paisagem. São solos
em processo de transformação, razão pela
qual não apresentam características sufici-
entes para serem enquadrados em outras
classes de solos mais desenvolvidos.
Os Cambissolos ocorrem associados
principalmente aos Neossolos Litólicos,
Plintossolos Pétricos e em menor propor- Foto 6.2 – Paisagem de Cambissolo Háplico pe-
ção aos Latossolos Vermelho-Amarelos, dregoso em relevo suave ondulado e ondulado.

133
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Ocorrem as seguintes unidades de muito cascalhenta/argilosa muito casca-


mapeamento: lhenta + LATOSSOLO VERMELHO-
– CXbd1 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb AMARELO Distrófico típico, textura mé-
Distrófico típico, textura média casca- dia e argilosa, ambos A moderado, fase
lhenta, fase Campo Cerrado Tropical, re- Cerrado Tropical Subcaducifólio, rele-
levo suave ondulado e ondulado + LA- vo suave ondulado.
TOSSOLO VERMELHO-AMARELO – CXbd6 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico ou câmbico, textura Distrófico câmbico, textura média mui-
média, fase Cerrado Tropical Subcadu- to cascalhenta, relevo suave ondulado
cifólio, relevo suave ondulado + NEOS- e ondulado + PLINTOSSOLO PÉTRICO
SOLO LITÓLICO Distrófico típico, tex- Concrecionário distrófico, textura média
tura média cascalhenta, fase Campo muito cascalhenta + CAMBISSOLO
Cerrado Tropical, relevo ondulado e for- HÁPLICO Tb Distrófico plíntico ou típi-
te ondulado, substrato filito, todos A co, textura média muito cascalhenta,
moderado. fase pedregosa, relevo ondulado, todos
– CXbd2 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb A moderado, Cerrado Tropical Subca-
Distrófico típico, textura média casca- ducifólio.
lhenta, fase Campo Cerrado Tropical, re- – CXbd7 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
levo ondulado e suave ondulado + Distrófico latossólico, textura média
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, muito cascalhenta e argilosa muito cas-
textura média cascalhenta, fase Campo calhenta, relevo suave ondulado e on-
Cerrado Tropical, relevo ondulado e for- dulado + LATOSSOLO VERMELHO-
te ondulado substrato filito + LATOSSO- AMARELO Distrófico típico, textura
LO VERMELHO-AMARELO Distrófico média e argilosa, relevo suave ondula-
típico ou câmbico, textura média, fase do, ambos A moderado, fase Cerrado
Cerrado Tropical Subcaducifólio, rele- Tropical Subcaducifólio.
vo suave ondulado, todos A moderado. – CXbd8 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
– CXbd3 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, textura média
Distrófico típico, textura média casca- muito cascalhenta e argilosa muito cas-
lhenta, fase pedregosa, Campo Cerrado calhenta, relevo ondulado e suave on-
Tropical, relevo forte ondulado e ondu- dulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distró-
lado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófi- fico típico, textura média cascalhenta,
co típico, textura média cascalhenta, fase pedregosa + LATOSSOLO VERME-
fase pedregosa, Campo Cerrado Tropi- LHO-AMARELO Distrófico típico, tex-
cal, relevo forte ondulado, ambos A mo- tura média e argilosa, relevo suave on-
derado. dulado, todos A moderado, fase Cerrado
– CXbd4 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Tropical Subcaducifólio.
Distrófico típico, textura média, fase pe- – CXbd9 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
dregosa, Campo Cerrado e Cerrado Tro- Distrófico latossólico, textura média
pical Subcaducifólio + NEOSSOLO LI- muito cascalhenta, fase Campo Cerra-
TÓLICO Distrófico típico, textura média do Tropical relevo ondulado + NEOS-
cascalhenta, fase pedregosa, Campo SOLO LITÓLICO Distrófico típico, tex-
Cerrado Tropical, relevo forte ondulado tura média, relevo forte ondulado,
substrato filitos, ambos A moderado, substrato arenito, ambos A moderado,
relevo forte ondulado. fase Campo Cerrado Tropical.
– CXbd5 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb – CXbd10 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico argissólico, textura média Distrófico câmbico ou plíntico, textura

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média muito cascalhenta, relevo suave Devido à topografia plana em que


ondulado e ondulado + CAMBISSOLO ocorrem, apresentam muito baixo poten-
HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura cial erosivo; no entanto, em razão da proxi-
média muito cascalhenta, relevo ondu- midade do lençol freático, constituem áreas
lado e suave ondulado + PLINTOSSO- de grande importância ambiental, que de-
LO PÉTRICO Epiconcrecionário Distró- vem ser manejadas com muito cuidado.
fico, textura média/argilosa, relevo suave Estão sujeitos à riscos de inundação
ondulado, ambos A moderado, fase Cer- por acumulação de água de chuvas na
rado Tropical Subcaducifólio. maior parte do ano. São considerados de
boa potencialidade agrícola devido à ele-
6.4.3 – GLEISSOLO HÁPLICO vada condição de umidade. As áreas de
várzeas, onde ocorrem, são de relevo pla-
Esta classe compreende solos mine- no, favorecendo a prática de pequenos
rais hidromórficos que apresentam hori- cultivos, mas, muitas vezes, estão ocupa-
zonte glei dentro de 50cm de profundi- dos com pastagem.
dade subjacente a horizonte A de Foram identificadas duas unidades de
qualquer tipo ou a horizonte hístico com mapemento na área de estudo onde os
menos de 40cm de espessura, ou entre Gleissolos aparecem associados aos
50 e 125cm de profundidade se imedia- Neossolos Flúvicos e Vertissolos Háplicos
tamente abaixo de horizonte A ou E, ou e, como inclusão, ocorrem também os
de horizonte B incipiente, B textural ou Cambissolos Flúvicos, representando me-
horizonte C que apresentem cores de re- nos de 1/5 da unidade de mapeamento.
dução e mosqueamento abundante – ex- – GXbe - GLEISSOLO HÁPLICO Tb e Ta
cluídos solos com textura arenosa até Eutrófico, textura argilosa + NEOSSO-
150cm de profundidade ou mais. LO FLÚVICO Ta e Tb Eutrófico e Dis-
Em geral, são solos mal ou muito mal trófico vérticos ou típico, textura média/
drenados, com lençol freático elevado na argilosa/arenosa + VERTISSOLO HÁPLI-
maior parte do ano. Na área estudada de- CO Órtico gleico ou típico, textura argi-
senvolvem-se sobre sedimentos aluviais e losa e muito argilosa, todos A modera-
coluviais de idade quaternária depositados do, fase Floresta Tropical Hidrófila de
nas áreas abaciadas. São solos relativamen- Várzea relevo plano.
te recentes, pouco evoluídos, portanto com – GXbd - GLEISSOLO HÁPLICO Tb Dis-
grande variabilidade espacial. Apresentam trófico típico, textura argilosa e média +
seqüência de horizontes do tipo A, Cg, em NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico e
geral marcados por forte descontinuidade Eutrófico, textura indiscriminada, am-
entre suborizontes com textura desde mé- bos A moderado, fase Floresta Tropical
dia a muito argilosa. Higrófila de Várzea relevo plano.
São divididos, em níveis categóricos
subseqüentes, em duas classes, onde apre- 6.4.4 – LATOSSOLOS
sentam argila de alta ou baixa atividade e
caráter eutrófico e distrófico. Compreende solos minerais, não hi-
Localizam-se nas áreas de topogra- dromórficos, com horizonte B latossólico
fias mais baixas ou deprimidas, normal- imediatamente abaixo de qualquer um
mente com vegetação nativa adaptada à dos tipos de horizonte A. São solos em
condição de maior encharcamento, avançado estádio de intemperização, mui-
como o campo tropical de várzea, ou ain- to evoluídos, em resultado de enérgicas
da a floresta de várzea. transformações no material constitutivo.

135
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São normalmente muito profundos, no e suave ondulado, ocupado dominan-


com espessura do solum em geral supe- temente com soja e milho. Ocorre somen-
rior a dois metros, de elevada permea- te uma unidade de mapeamento dessa
bilidade e comumente bem a acentua- classe de solo na área de estudo.
damente drenados. Apresentam – LVd - LATOSSOLO VERMELHO Distró-
seqüência de horizontes do tipo A, Bw, fico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
C, com reduzido incremento de argila AMARELO Distrófico típico, ambos tex-
em profundidade. tura argilosa, A moderado, fase Cerrado
São solos com elevada porosidade e, Tropical Subcaducifólio, relevo plano e
sendo a capacidade do solo de armaze- suave ondulado.
nar e transmitir líquido diretamente rela-
cionada com geometria do sistema po-
roso, os Latossolos apresentam excelente
permeabilidade interna, excessiva ou
muito rápida, garantindo a maior resis-
tência aos processos erosivos entre as
classes de solos.

6.4.4.1 – LATOSSOLO VERMELHO

Compreendem solos com matiz


2,5YR ou mais vermelho na maior parte
dos 100cm do horizonte B (inclusive Ba).
Corresponde, no sistema anterior, à clas-
se dos Latossolos Vermelho-Escuros, áli-
cos ou distróficos (Camargo et al., 1987;
Embrapa, 1988b).
Diferenciam-se quanto à composi-
ção granulométrica, em solos de textu-
ra média ou argilosa, em que a influên-
Foto 6.3 – Perfil de Latossolo Vermelho Distró-
cia do material de origem tem caráter fico, desenvolvido no topo das chapadas em
preponderante. relevo suave ondulado e plano.
Não obstante tais diferenças, os so-
los dessa classe apresentam de forma in-
distinta fertilidade natural extremamen-
te baixa, com presença de alumínio
trocável em níveis tóxicos e valores
muito reduzidos de soma e saturação
por bases, mais elevados apenas na ca-
mada superficial.
Estão associados aos Latossolos Ver-
melho-Amarelos que possuem caracte-
rísticas semelhantes, diferindo-se princi-
palmente pela coloração e pelo teor de
ferro no solo. Foto 6.4 – Área com Latossolo Vermelho Distró-
Estão localizados somente no topo da fico com plantio de milho na Chapada dos Gui-
chapada (fotos 6.3 e 6.4), em relevo pla- marães.

136
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

6.4.4.2 – LATOSSOLO VERMELHO-


AMARELO

Nesta classe estão compreendidos


solos profundos e muito profundos com
horizonte B latossólico, de cores com ma-
tiz 5YR ou mais vermelhos e mais amare-
los que 2,5YR na maior parte dos primei-
ros 100cm do horizonte B, inclusive BA.
São solos em avançado estágio de intem-
perização, muito evoluídos, como resul-
tado de enérgicas transformações no ma-
terial constitutivo.
Embora seja comum a tendência a
aumento gradativo dos teores de argila ao
longo do perfil, o incremento de argila do
horizonte A para o B é inexpressivo, com
relação textural (B/A) insuficiente para Foto 6.5 – Perfil de Latossolo Vermelho-Amare-
caracterizar o horizonte B textural. lo, desenvolvido em relevo plano sob pastagem.
Na área em estudo apresentam hori-
zonte A moderado, textura argilosa e mé-
dia, espessura do solum (A+B) geralmen-
te superior a dois metros. Os Latossolos
apresentam, portanto, elevada porosida-
de e permeabilidade interna, com drena-
gem excessiva ou muito rápida, garantin-
do maior resistência aos processos
erosivos em relação às outras classes de
solos encontradas nesse estudo.
Os Latossolos Vermelho-Amarelos
possuem ótimas condições físicas que
aliadas ao relevo suavemente ondulado Foto 6.6 – Área de Latossolo Vermelho-Amarelo,
onde ocorrem, favorecem sua utilização em relevo plano com vegetação de cerradão.
com as mais diversas culturas adaptadas
à região. Estes solos por serem ácidos e
distróficos, ou seja, com baixa saturação
de bases, requerem sempre correção de
acidez e fertilização. A ausência de ele-
mentos, tanto os considerados macros
quanto os micronutrientes, é uma cons-
tante para os mesmos (fotos 6.5, 6.6 e 6.7).
As características físicas referem-se à
boa drenagem interna, à boa aeração e à
ausência de impedimentos físicos à me-
canização e penetração de raízes. Entre-
tanto, aqueles de textura média, tenden- Foto 6.7 – Paisagem de Latossolo Vermelho-
do para arenosa, são mais restritivos ao Amarelo desenvolvido em relevo plano.

137
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

uso por possuírem baixa retenção de água distrófico, relevo plano e suave ondu-
e de nutrientes a eles incorporados, o que lado, A moderado, fase Cerrado Tropi-
agrava a situação de déficit hídrico deter- cal Subcaducifólio.
minada pelo clima regional. Mesmo ten- – LVAd4 - LATOSSOLO VERMELHO-
do o Latossolo essas boas condições de AMARELO Distrófico típico, textura ar-
drenagem e permeabilidade ou pouca gilosa e média + PLINTOSSOLO PÉTRI-
formação de enxurradas na superfície do CO Concrecionário Distrófico típico ou
solo, é possível observar erosão nesses argissólico, textura média/argilosa, am-
solos, principalmente nos de textura mé- bos A moderado, fase Cerrado Tropical
dia leve que não suportam a carga de Subcaducifólio, relevo suave ondulado.
água, desbarrancando de maneira seme-
lhante aos solos essencialmente areno- 6.4.5 – NEOSSOLO LITÓLICO
sos como os Neossolos Quartzarênicos.
Esses solos mais leves foram mapeados na Nesta classe estão compreendidos
área da chapada em patamares mais bai- solos minerais pouco desenvolvidos, ra-
xos que os Latossolos Vermelhos sendo sos, constituídos por um horizonte A as-
representados pela unidade LVAd3. sentado diretamente sobre a rocha, ou
Os Latossolos ocorrem principalmen- sobre um horizonte C ou B pouco es-
te em associação com os Plintossolos Pé- pesso, e apresentam contato lítico den-
tricos e diferem-se deles pela sua locali- tro de 50cm da superfície do solo (fotos
zação mais central nas colinas, isto é, mais 6.8 e 6.9), que de acordo com o sistema
distantes das linhas de drenagem. Mesmo de classificação enquadram-se no con-
com esse aspecto distinto de diferencia- ceito de Solos Litólicos. Devido a pou-
ção não foi possível, nessa escala de tra- ca espessura, é comum possuírem ele-
balho, individualizar esses solos. vados teores de minerais primários
Foram mapeadas as seguintes unida- pouco resistentes ao intemperismo, as-
des de Latossolos na área de estudo: sim como cascalhos e calhaus de rocha
– LVAd1 - LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, textura ar-
gilosa e média, relevo suave ondulado
e plano + PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico ou la-
tossólico, textura argilosa, relevo suave
ondulado, ambos A moderado, fase Cer-
rado Tropical Subcaducifólio.
– LVAd2 - LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, textura ar-
gilosa e média, relevo suave ondulado
e plano + PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico, textu-
ra média/argilosa, relevo suave ondula-
do, ambos A moderado, fase Cerrado
Tropical Subcaducifólio.
– LVAd3 - LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, textura mé-
dia, relevo suave ondulado e plano + Foto 6.8 – Perfil de Neossolo Litólico com ve-
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico getação de campo cerrado.

138
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

na borda da chapada e nas encostas de


morros e colinas associados aos Cambis-
solos Háplicos e Afloramentos de Rochas.
Predomina o relevo forte ondulado, na
borda da chapada, seguido do ondulado
e raramente em relevo mais suavizado.

Foto 6.9 – Perfil de Neossolo Litólico com pe-


dregosidade e vegetação de campo cerrado.

semi-intemperizada na massa do solo.


São distróficos com saturação por ba-
ses inferior a 50%.
A pequena espessura do solo, a fre-
qüente ocorrência de cascalhos e frag-
Foto 6.10 – Detalhe da erosão superfical em
mentos de rocha no seu perfil, a presença Neossolo Litólico, relevo plano e vegetação de
de pedregosidade e rochosidade, a ele- campo cerrado.
vada suscetibilidade à erosão, mormente
das manchas situadas em áreas declivo- As fases pedregosa e/ou rochosa
sas, são as limitações mais comuns des- (Foto 6.9) são comuns para esta classe
ses solos. São solos de vocação agrícola de solos principalmente nas áreas de
muito restrita, em que a pequena profun- borda da chapada. A pequena espessu-
didade efetiva limita o desenvolvimento ra do solo, a freqüente ocorrência de
radicular da maioria das plantas e cultu- cascalhos e fragmentos de rocha no seu
ras comerciais, sendo indicados para pre- perfil, a grande susceptibilidade à ero-
servação da flora e da fauna. são, mormente nas áreas de relevo aci-
Apresentam capacidade de armazena- dentado que são as mais comuns de sua
mento de água muito baixa e essas carac- ocorrência, são as limitações mais co-
terísticas, associadas à ocorrência do subs- muns para este tipo de solo. Há também
trato rochoso, a pequena profundidade, em o problema da baixa fertilidade natural,
relevo muito movimentado, tornam tais que impõe a necessidade de correções
áreas muito vulneráveis aos processos ero- químicas.
sivos (Foto 6.10), que se intensificam nos As áreas de ocorrência destes solos
locais de declives mais acentuados. são mais apropriadas para preservação
São de textura variável, freqüente- da flora e fauna. A susceptibilidade à ero-
mente média ou argilosa e são também são é elevada em qualquer dos casos e é
heterogêneos quanto às propriedades determinada, basicamente, pela ocorrên-
químicas. Têm sua origem relacionada cia do substrato rochoso à pequena pro-
aos xistos, filitos e arenitos, e ocorrem sob fundidade. Este fato é agravado pela sua
vegetação de Campo Cerrado e, subordi- ocorrência preferencialmente em locais
nadamente, Cerrado. declivosos.
Preferencialmente, ocupam locais Foram identificadas as seguintes uni-
com fortes declividades, principalmente dades de mapeamento:

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– RLd1 - NEOSSOLO LITÓLICO Distró- 6.4.6 – NEOSSOLO FLÚVICO


fico típico, textura média cascalhenta,
substrato filitos e arenitos + CAMBIS- Os Neossolos Flúvicos compreen-
SOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, dem solos minerais, pouco evoluídos,
textura média cascalhenta, ambos A não-hidromórficos, formados em terraços
moderado, fase pedregosa, Campo Cer- de deposição aluvionar recente, referi-
rado Tropical, relevo forte ondulado. dos ao Quaternário, isto é, às planícies
– RLd2 - NEOSSOLO LITÓLICO Distró- aluvionares. Caracterizam-se por apre-
fico típico, textura média cascalhenta, sentar estratificação de camadas, que
relevo forte ondulado, substrato filito e devido à sua origem de fontes as mais
quartzito + CAMBISSOLO HÁPLICO diversas, são muito heterogêneos quan-
Tb Distrófico típico, textura média cas- to à textura e demais propriedades físi-
calhenta, relevo forte ondulado e on- cas e químicas, que podem variar num
dulado, ambos A moderado, fase mesmo perfil entre as diferentes cama-
pedregosa, Cerrado Tropical Subcadu- das, que não possuem relação pedoge-
cifólio. nética entre si. Portanto, são solos que
– RLd3 - NEOSSOLO LITÓLICO Distró- apresentam grande variabilidade espa-
fico típico, textura média cascalhenta cial. Possuem seqüência de horizontes
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distró- A-C, eventualmente com evidências de
fico típico, textura média e argilosa cas- gleização em subsuperfície, sendo o ho-
calhenta, ambos A moderado, fase pe- rizonte A moderado. Correspondem aos
dregosa, Campo Cerrado Tropical, antigos Solos Aluviais da classificação
relevo forte ondulado substrato quart- anterior de solos.
zito e argilito + AFLORAMENTOS DE Uma das características mais marcan-
ROCHA. tes dos Neossolos Flúvicos é a sua varia-
– RLd4 - NEOSSOLO LITÓLICO Distrófi- ção textural e de carbono em profundi-
co típico, textura média cascalhenta, dade. São solos profundos, de fertilidade
relevo forte ondulado, substrato filitos + natural média, sendo encontrados em re-
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico levo plano (Foto 6.11). Essa variação tex-
típico, textura média cascalhenta, rele- tural em profundidade tem implicação
vo forte ondulado e ondulado, ambos direta sobre o fluxo vertical da água e,
A moderado, fase pedregosa, Floresta e conseqüentemente, sobre o estabeleci-
Cerrado Tropical Subcaducifólio, mento de sistemas de drenagem; mas,
– RLd5 - NEOSSOLO LITÓLICO Distrófi- como a topografia destes solos é normal-
co típico, textura média, A moderado, mente plana ou suavemente ondulada,
fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, apresentam limitação nula ou apenas li-
relevo forte ondulado e ondulado, subs- geira quanto a erodibilidade.
trato arenito + AFLORAMENTOS DE Esses solos são altamente susceptí-
ROCHA. veis a inundações devido à proximida-
– RLd6 - NEOSSOLO LITÓLICO Distrófi- de dos rios, considerando que o lençol
co típico, textura média cascalhenta + freático, em geral, encontra-se em pe-
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico quena profundidade, e mesmo em so-
típico, textura média e argilosa casca- los bem drenados, raramente está
lhenta, ambos A moderado, fase pedre- abaixo de 2m.
gosa, Campo Cerrado Tropical, relevo Apresentam argila de atividade baixa
forte ondulado e ondulado + AFLORA- e alta e são dominantemente eutróficos,
MENTOS DE ROCHA. com saturação por bases superior a 50%.

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Ocorrem as seguintes unidades de


mapeamento:
– RYbd - NEOSSOLO FLÚVICO Tb Dis-
trófico típico, textura média/argilosa/are-
nosa + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Dis-
trófico, textura argilosa, ambos A
moderado, fase Floresta e Campo Tro-
pical Hidrófila de Várzea, relevo plano.
– RYve - NEOSSOLO FLÚVICO Ta e Tb
Eutrófico e Distrófico vérticos ou típico,
textura média/argilosa/arenosa + GLEIS-
SOLO HÁPLICO Ta Eutrófico, textura
argilosa + PLINTOSSOLO ARGILÚVI-
CO Eutrófico típico, textura média/argi-
losa + VERTISSOLO HÁPLICO Órtico
gleico ou típico, textura argilosa e mui-
to argilosa, todos A moderado, fase Flo-
resta Tropical Hidrófila de Várzea rele-
vo plano.
Foto 6.11 – Perfil de Neossolo Flúvico, Tb Dis-
trófico. 6.4.7 – NEOSSOLO QUARTZARÊNICO

Os Neossolos Flúvicos, de uma for- Compreende solos minerais arenosos,


ma geral, são considerados de grande com seqüência A-C, sem contato lítico
potencialidade agrícola; entretanto, po- dentro de 50cm de profundidade, apre-
dem ocorrer restrições ao desenvolvi- sentando textura areia ou areia franca nos
mento dos cultivos, dada a presença de horizontes até, no mínimo, a profundida-
sais e/ou sódio e sua elevada suscetibili- de de 150cm a partir da superfície do solo
dade à inundação. As áreas onde ocor- ou até um contato lítico. São bem a forte-
rem são de relevo plano, favorecendo a mente drenados, normalmente profundos
prática de mecanização agrícola, no en- ou muito profundos, essencialmente
tanto, a trafegabilidade das máquinas quartzosos, virtualmente destituídos de
pode ser prejudicada em períodos chu- minerais primários pouco resistentes ao
vosos, uma vez que o escorrimento su- intemperismo.
perficial é pequeno. Nesse caso, essa Possuem textura nas classes areia e
característica fica potencializada, princi- areia franca até pelo menos 2 metros de
palmente, nas áreas onde as argilas são profundidade. São solos normalmente
de atividade alta (RYve), intensificando- muito pobres, com capacidade de troca
se as restrições ao tracionamento. de cátions e saturação de bases baixas,
Devido à topografia plana em que freqüentemente distróficas (Foto 6.12).
ocorrem, apresentam muito baixo po- Têm cores vermelhas e brunadas e
tencial erosivo. Em razão da proximida- vermelho-amareladas, baixa fertilidade
de do lençol freático à superfície, o que natural, baixa capacidade de retenção
facilita bastante a sua contaminação, de água e de nutrientes, excessiva dre-
constituem áreas de relevância ambien- nagem e grande propensão ao desen-
tal que devem ser manejadas com mui- volvimento de erosão profunda (voço-
to cuidado. rocas e ravinas).

141
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

constituição arenosa com grãos soltos,


condicionando fácil desagregabilidade de
seu material constituinte, o que facilita o
seu desbarrancamento, principalmente no
caso de barrancos de beira de estradas e
de caixas de empréstimo para retirada de
material para construção.
A erosão superficial também é verifi-
cada (Foto 6.13), porém perde sua eficá-
cia em razão da grande permeabilidade
dos solos, determinada principalmente
pela textura arenosa. Entretanto, pode-se
verificar alguns focos de erosão nesses
solos, como apresentada na Foto 6.7, ra-
zão pela qual observa-se um rigoroso con-
trole de erosão nas fazendas mesmo ocor-
rendo em relevo suave.

Foto 6.12 – Perfil de Neossolo Quartzarênico,


relevo plano, com pasto sujo.

Ocorrem geralmente em relevo que


varia do plano ao suave ondulado, sob
vegetação de cerrado e campo cerrado e
têm como material de origem os quartzi-
tos ou arenitos das formações Botucatu,
Furnas e Ponta Grossa.
Decorrem da extrema pobreza dos
solos, refletida em capacidade de troca de
cátions e saturação de bases muito baixas. Foto 6.13 – Pasto sujo em Neossolo Quartzarê-
A textura muito arenosa condiciona nico desenvolvido em relevo plano e com ero-
uma baixa retenção de umidade e de são laminar.
eventuais elementos nutrientes aplicados,
se caracterizando como uma forte limita- Os Neossolos ocorrem nas partes
ção ao seu aproveitamento agrícola, ape- aplainadas no topo da chapada e nos pa-
sar de esses solos serem um tanto quanto tamares associados aos Latossolos de tex-
ocupados com culturas altamente adap- tura média leve sob vegetação de cerra-
tadas ou sob regime irrigado. do e, subordinadamente, campo cerrado.
A preservação da vegetação natural Foram mapeadas as seguintes unida-
seria a mais razoável recomendação no des de Neossolo Quartzarênico:
caso destes solos. Entretanto podem ser – RQo1 - NEOSSOLO QUARTZARÊNI-
usados para cultivo de espécies adaptadas CO Órtico típico, A moderado, fase
como o cajueiro e reflorestamentos, desde Cerrado Tropical Subcaducifólio, rele-
que com espécies pouco exigentes em vo suave ondulado.
nutrientes, e ainda para pastagens nativas. – RQo2 - NEOSSOLO QUARTZARÊNI-
São particularmente susceptíveis à CO Órtico típico + LATOSSOLO VER-
erosão em profundidade, em razão de sua MELHO-AMARELO Distrófico típico,

142
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

textura média, ambos A moderado, fase mudança textural abrupta entre os hori-
Cerrado Tropical Subcaducifólio, rele- zontes A e Bt, e possuem saturação por
vo plano e suave ondulado. bases superior ou igual a 50%.
O horizonte superficial possui desen-
6.4.8 – PLANOSSOLO NÁTRICO volvimento moderado, estruturas modera-
das, pequenas e médias, granulares e em
Sob essa denominação estão compre- blocos, textura arenosa e média. O hori-
endidos solos minerais, com horizonte B zonte B possui estruturas prismáticas mé-
plânico com caráter sódico imediatamen- dias e grandes, com texturas média e argi-
te abaixo de um horizonte A ou E. Carac- losa. Do ponto de vista químico, alguns
teriza-se pela ocorrência de mudança tex- indivíduos apresentam caráter solódico
tural abrupta, de tal forma marcante que
no solo seco é comum formar-se uma fra-
tura de separação entre este horizonte B
e o sobrejacente. É comum observar nes-
tes solos, nos períodos mais chuvosos do
ano, a formação de um lençol freático
suspenso temporário devido à presença
do horizonte B plânico, de baixa permea-
bilidade. Ocorre também o estabeleci-
mento de um ambiente redutor no seu
topo e na base do horizonte suprajacen-
te. A presença do gradiente textural e da
característica “abrúptica”, constituem fa-
tores que funcionam como indutor dos
processos erosivos, pois favorecem ao
escoamento superficial.
Entre as principais limitações estão os
problemas relacionados à baixa permea-
bilidade devido ao adensamento que
pode ocorrer no horizonte subsuperfical.
Foto 6.14 – Perfil de Planossolo Nátrico desen-
Além disso, os solos são de baixa fertili- volvido em relevo plano.
dade natural apresentando saturação de
bases inferior a 50%, sendo distróficos (fo-
tos 6.14 e 6.15).
Esta classe apenas ocorre associados
aos Plintossolos Argilúvicos como com-
ponente secundário da unidade FTd1
sob relevo plano da planície pantaneira
sob vegetação de cerradão e campo
graminoso.

6.4.9 – PLANOSSOLO HÁPLICO

Os Planossolos Háplicos compreen- Foto 6.15 – Detalhe das estruturas prismáticas


dem solos minerais que apresentam B plâ- retiradas do perfil de Planossolo de muito difícil
nico com densidade aparente elevada, escavação.

143
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

imediatamente abaixo do horizonte A, ou maior parte dos primeiros 100cm do


às vezes, podem ocorrer também logo horizonte B ou C.
abaixo do horizonte E. Esses solos ocorrem geralmente em
O horizonte B plânico apresenta bai- terço inferior de vertente e planícies, em
xa condutividade o que determina a for- posições que impliquem em escoamen-
mação de um lençol suspenso temporário to lento, alagamento temporário ou mo-
nos períodos mais chuvosos do ano e o vimento interno da água no solo. Cons-
estabelecimento de ambiente redutor no tituem solos com restrições à penetração
seu topo e na base do horizonte supraja- da água e raízes.
cente (pseudoglei) com o aparecimento de São definidos como solos que apre-
cores acinzentadas ou mosqueadas nessa sentam B textural com densidade aparente
profundidade. Nesse caso, dois processos elevada, mudança textural abrupta entre
podem ser desencadeados: perda da coe- os horizontes A e Bt. Do ponto de vista
são entre as partículas do horizonte super- químico, são distróficos, apresentam A
ficial e o caminhamento lateral do fluxo moderadamente desenvolvido de textura
de água em cima do horizonte B plânico, média sobre horizonte Bt de textura argi-
ambos contribuindo para o processo de losa em relevo plano e suave ondulado.
erosão. Essa condição fica agravada com Geralmente ocupam os terrenos bai-
o aumento da declividade. xos, terraços ou terço inferior de encostas
Esses solos ocupam as áreas de baixa- pouco íngremes, locais favoráveis ao acú-
da e de relevos planos abaciados com pro- mulo de água na estação chuvosa, fato
blemas de drenagem e inundações perió- que, aliado à baixa permeabilidade cau-
dicas e desenvolvem-se sob vegetação de sada pelo adensamento do horizonte B,
campo graminosos e “ilhas de cerrados”, favorece uma predominância de cores
ocupados normalmente com pastagem. indicadoras de processos de redução e
Da mesma maneira que a unidade mosqueamentos (fotos 6.16 e 6.17).
anterior, esses solos ocorrem somente
como unidades secundárias associadas aos
Plintosolos Argilúvicos, descritos a seguir.

6.4.10 – PLINTOSSOLOS

Compreende solos constituídos por


material mineral, com horizonte plíntico ou
litoplíntico iniciando-se dentro de 40cm ou
dentro de 200cm quando imediatamente
abaixo do horizonte A ou E, ou subjacen-
te, há horizontes que apresentem colora-
ção pálida ou variegada, ou com mosquea-
dos em grandes quantidades.

6.4.10.1 – PLINTOSSOLO ARGILÚVICO

Os Plintossolos Argilúvicos são so-


los com horizonte B textural coincidin-
do com horizonte plíntico e com baixa Foto 6.16 – Perfil de Plintossolo Háplico, desen-
saturação por bases (V < 50%) na volvido em relevo plano e sob pastagem.

144
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

– FTd3 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO


Distrófico típico, textura média/argilo-
sa + PLINTOSSOLO ARGILÚVICO
Distrófico arênico, textura arenosa/
média, ambos A moderado, fase Cam-
po Cerrado (covoal), relevo plano
com murundus.

6.4.10.2 – PLINTOSSOLO PÉTRICO

São solos que apresentam horizonte


Foto 6.17 – Área de pastagem desenvolvida em
com 50% ou mais de petroplintita, forman-
Plintossolo Háplico, relevo plano. do uma camada com espessura mínima
de 15cm, dentro de 40cm da superfície
Decorrem dos problemas relacionados dos solos ou imediatamente abaixo do ho-
à baixa permeabilidade devido ao aden- rizonte A ou E, e baixa saturação por ba-
samento que pode ocorrer no horizonte ses (V < 50%), na maior parte dos primei-
subsuperfical. Além disso, os solos são po- ros 120cm de profundidade.
bres, com baixa saturação de bases. Com exceção do horizonte petro-
Os Plintossolos Argilúvicos ocorrem plíntico presente, compreendem solos
associados aos Planossolos Háplicos e com grande diversificação morfológica
Nátricos desenvovidos em relevo planos e analítica, dificultando bastante sua ca-
com vegetação de campo cerrado (co- racterização morfológica, física, quími-
voal) e campo graminoso, onde freqüen- ca ou mesmo mineralógica.
temente observa-se os murunduns. O horizonte superficial mais comum
Suas áreas de ocorrência distintas e é moderado, apresentando estruturas gra-
são apropriadas com restrições para pas- nulares com grau moderado e forte e de
tagens. Foram identificadas três unidades tamanhos pequenos e médios, com tex-
de Plintossolo Argilúvico: turas média e argilosa.
– FTd1 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO O horizonte subsuperficial apresen-
Distrófico típico, textura arenosa/média ta-se geralmente compacto e com aspec-
e média/argilosa, fase Campo Cerrado to variegado, constituindo manchas es-
(covoal), relevo plano com murundus + parsas pelo perfil do solo com destaque
PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico so- para as colorações avermelhadas desta-
lódico e típico, textura média/argilosa + cando-se as plintitas. A consistência des-
PLANOSSOLO NÁTRICO Órtico típico, se material é, normalmente, quando úmi-
textura arenosa/média e média, ambos do, firme e muito firme, podendo
fase Floresta Tropical Subcaducifólia, re- apresentar-se como extremamente firmes
levo plano, todos A moderado. quando secos, o que se reflete na gran-
– FTd2 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO de dificuldade de escavação e retirada
Distrófico típico ou arênico, textura mé- de amostras desses solos.
dia e arenosa/média + PLANOSSOLO A camada de petroplintita ocorre em
HÁPLICO Eutrófico Solódico ou típico, diferentes quantidades, formas e intensi-
textura arenosa/média e média, ambos dade de cimentação, assim como tam-
A moderado, fase Campo Cerrado (co- bém pode estar presente desde a
voal), relevo plano e suave ondulado, superfície do solo ou em diferentes pro-
com murundus. fundidades, constituindo-se em um solo

145
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

muito complexo para ser mapeado (fo-


tos 6.18, 6.19, 6.20 e 6.21).
Do ponto de vista analítico, na área
de estudo, são dominantemente distrófi-
cos, com argila de atividade baixa e com
variação textural ao longo do perfil do
solo. Entretanto, a principal característica
que determina o seu potencial agrícola é
a profundidade em que ocorre o horizon-
te petroplíntico. É comum observar a
ocorrência de plintita e petroplintita no
mesmo perfil. Quando esse horizonte se
encontra pouco profundo, formando uma
camada contínua e espessa, as limitações
para a utilização agrícola são intensifica-
das devido à maior restrição ao enraiza-
mento das plantas, à mecanização e à
Foto 6.19 – Perfil de Plintossolo Pétrico, sob ve-
permeabilidade do solo. getação de campo cerrado na região da Chapa-
Essa classe compreende solos com da dos Guimarães.
drenagem variável, encontrados em situa-
ções que impliquem em escoamento len-
to ou mesmo até em ambientes bem dre-
nados como no topo das chapadas.
Pode-se observar a ocorrência desse ma-
terial em diferentes posições na paisagem

Foto 6.20 – Pastagem em Plintossolo Pétrico,


relevo plano.

Foto 6.18 – Perfil de Plintossolo Pétrico, relevo Foto 6.21 – Área com Plinotossolo Pétrico sob
plano com pastagem. pastagem em relevo plano.

146
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

sendo as mais comuns ao longo dos bar- – FFcd2 - PLINTOSSOLO PÉTRICO Con-
rancos em encostas e capeando antigas crecionário Distrífico câmbico, texura
superfícies de erosão. média muito cascalhenta, relevo suave
Trata-se da classe de solos mais signi- ondulado e ondulado + CAMBISSOLO
ficativa da área de estudo abrangendo HÁPLICO Tb Distrófico plíntico ou típi-
mais de 50% da área total, estando asso- co, textura média muito cascalhenta,
ciados na parte oeste, principalmente aos fase pedregosa, relevo ondulado, am-
solos rasos e pouco profundos da classe bos A moderado, Cerrado Tropical Sub-
dos Cambissolos e Neossolos Litólicos e, caducifólio.
nas porções leste e norte, aos Latossolos. – FFcd3 - PLINTOSSOLO PÉTRICO Con-
Em ambos os casos, esses solos ocorrem crecionário Distrófico típico, textura
nas áreas próximas às bordas tanto de média muito cascalhenta e argilosa mui-
colinas como morrotes e morros. Ocor- to cascalhenta, relevo suave ondulado
rem, portanto, em relevo suave ondulado e ondulado + LATOSSOLO VERME-
e plano e subordinadamente em relevos LHO-AMARELO Distrófico típico, tex-
mais declivosos. Nas áreas em associação tura média e argilosa, relevo suave on-
com os Cambissolos é comum observar a dulado, ambos A moderado, fase
ocorrência de petroplintitas envolvendo Cerrado Tropical Subcaducifólio.
cascalhos de quartzo, constituindo-se em – FFcd4 - PLINTOSSOLO PÉTRICO Con-
ambientes de difícil separação dessas di- crecionário Distrófico típico, textura
ferentes classes de solos. média muito cascalhenta e argilosa mui-
Os vários fatores de caráter limitante to cascalhenta, relevo suave ondulado
como pequena profundidade efetiva, bai- e ondulado + LATOSSOLO VERME-
xa fertilidade natural, e grandes quantida- LHO-AMARELO Distrófico típico, tex-
des de concreções e cascalhos, não im- tura média e argilosa, relevo suave on-
pede o uso desses solos, principalmente dulado + ARGISSOLO VERMELHO-
aqueles com maiores profundidades com AMARELO Distrófico plíntico, textura
horizontes B textural e B latossólico (So- média/argilosa, todos A moderado, fase
brinho, 1988). Cerrado Tropical Subcaducifólio.
A pequena espessura desses solos – FFcd5 - PLINTOSSOLO PÉTRICO Con-
somada às características de baixa per- crecionário Distrófico típico, textura mé-
meabilidade, influenciadas principal- dia muito cascalhenta e argilosa muito
mente pela granulometria fina do cascalhenta, relevo ondulado + NEOS-
material de origem, favorece ao escoa- SOLO LITÓLICO Distrófico típico, tex-
mento superficial, mesmo em relevos tura média, relevo forte ondulado e on-
mais suavizados, facilitando o desenvol- dulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
vimento de processos erosivos. Distrófico típico, textura média muito cas-
Foram identificadas as seguintes uni- calhenta, relevo ondulado, todos A mo-
dades de Plintossolos Pétricos: derado, fase Campo Cerrado Tropical.
– FFcd1 - PLINTOSSOLO PÉTRICO Con- – FFcd6 - PLINTOSSOLO PÉTRICO Con-
crecionário Distrófico argissólico, textu- crecionário Distrófico típico ou léptico,
ra média muito cascalhenta/argilosa textura média muito cascalhenta, rele-
muito cascalhenta + LATOSSOLO VER- vo suave ondulado e ondulado + CAM-
MELHO-AMARELO Distrófico típico, BISSOLO HÁPLICO Tb Eutrófico típico
textura média e argilosa, ambos A mo- ou léptico, textura média, cascalhenta,
derado, fase Cerrado Tropical Subcadu- relevo ondulado e suave ondulado +
cifólio, relevo suave ondulado. PLINTOSSOLO PÉTRICO Epiconcre-

147
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

cionário Distrófico, textura média/argilo-


sa, relevo suave ondulado e ondulado +
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico, textura média, relevo
suave ondulado, todos A moderado, fase
Cerrado Tropical Subcaducifólio.

6.4.11 – VERTISSOLO HÁPLICO

Compreende os solos constituídos


por material mineral com horizonte vér-
tico entre 25 e 100cm de profundidade
e relação textural insuficiente para ca-
racterizar um B textural, e apresentan-
do, além disso, fendas verticais no perío-
do seco, com pelo menos 1cm de largura,
atingindo, no mínimo, 50cm de profun-
didade.
Possuem dominância da textura ar-
gilosa ao longo do perfil, caracterizado Foto 6.22 – Perfil de Vertissolo Háplico em rele-
pela elevada atividade da argila, com vo plano.
predomínio das argilas do tipo 2:1 na sua
composição mineralógica. São sempre
de natureza eutrófica e com saturação
de bases chegando até 100%.
No campo, esses solos são facilmen-
te detectáveis principalmente pelo fen-
dilhamento na superfície (Foto 6.22) e em
muitos casos ocorrem os “gilgais” que
constituem os microrrelevos originados
pela intensa movimentação do solo de-
vido a grande expansibilidade desse ma-
terial. A elevada atividade da argila gera
uma forte compressão entre as partícu- Foto 6.23 – Detalhe das superfícies de compres-
las do solo devido aos movimentos de são e slikensides em Vertissolo Háplico.
expansão e contração, podendo apare-
cer os slikensides (Foto 6.23) que são ra- tracionamento de máquinas e implemen-
nhuras nas estruturas prismáticas do solo. tos agrícolas, tanto em condições de bai-
Normalmente, ocorrem em relevo pla- xa como de alta umidade do solo.
no e abaciado com pouca vegetação A drenagem imperfeita, com permea-
adaptada a condição de drenagem imper- bilidade lenta a muito lenta, faz com que
feita, alta densidade e a grande alteração na estação chuvosa tomem-se encharca-
expansibilidade do solo. dos. Quando úmidos, apresentam eleva-
Face as suas características físicas e das plasticidade e pegajosidade e, quan-
morfológicas, apresentam severas limita- do secos, consistência muito dura,
ções ao desenvolvimento do sistema ra- dificultando bastante a trafegabilidade e o
dicular para a maioria das culturas, e ao próprio manejo. São solos considerados

148
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

como de média a alta suscetibilidade à ero- pre como componente secundário. Ocor-
são, mesmo no relevo mais suavizado. rem também nos morros remanescentes
Os Vertissolos ocorrem, somente em Santo Antônio do Leverger, morros de
como unidade secundária da unidade de Santo Antônio e do Jacaré. Para sua indi-
Neossolo Flúvico, nas áreas de relevo pla- vidualização são necessários estudos em
no e abaciado, onde é comum observar maior nível de detalhe, que permita car-
murunduns e vegetação de campo gra- tografá-los. Entretanto, ao saber da sua
minoso, com pequenos arbustos esparsos. existência em determinadas unidades já
se pode fazer inferências a seu respeito a
6.4.12 – AFLORAMENTOS DE ROCHA partir das unidades de mapeamento.
Normalmente ocorrem associados
Compreendem os afloramentos de aos solos rasos, como os Neossolos Li-
rochas que ocorrem associados às diver- tólicos e Cambissolos Háplicos, acom-
sas outras classes de solos dentro das uni- panhados do caráter pedregoso e
dades de mapeamento. Podem também rochoso. Da mesma forma que essas uni-
não aparecer como componente da uni- dades, possuem grandes limitações de
dade, sendo apenas inclusões devido ao uso, os Afloramentos de Rocha acabam
fato de conterem menos de 20% da uni- sempre por intensificar essas limitações
dade. Portanto, quando os Afloramentos na unidade.
de Rochas aparecem na unidade eles re-
presentam, no mínimo, 1/5 da unidade. 6.5 – LEGENDAS DE SOLOS
Esses afloramentos se distribuem em
toda a área, principalmente nas partes O Quadro 6.1 ilustra a legenda final
mais declivosas como a borda da Chapa- de solos com as unidades de mapeamen-
da dos Guimarães (Foto 6.24) e na por- to e as respectivas unidades componentes.
ção oeste da região estudada, porém, sem-
6.6 – CONCLUSÕES
E RECOMENDAÇÕES

A seguir, são destacados os principais


tópicos referentes ao estudo pedológico
desenvolvido na área do Projeto SIG Cui-
abá, Várzea Grande e Entorno:
– o presente trabalho caracteriza e a apre-
senta a distribuição das classes de solos
em escala adequada ao planejamento
do uso da terra e ordenamento territo-
rial. Para planejamentos em nível de
propriedades rurais, recomendam-se
estudos pedológicos em maior escala de
detalhe (> 1:25.000) e, conseqüente-
mente, maior freqüência de amostra-
gem;
– os solos além de áreas individualizadas
foram agrupados em associações de dois
Foto 6.24 – Paredão rochoso na borda da Cha-
pada dos Guimarães, com Neossolos Litólicos e ou três componentes, totalizando 40
Afloramentos de Rochas. unidades de mapeamento;

149
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Quadro 6.1 – Unidades taxonômicas componentes das unidades de mapeamento de solos das
terras do Projeto SIG Cuiabá.

Unidade de
Classes de Solos
Mapeamento
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/
argilosa + PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico
PVAd1
ou argissólico, textura média/argilosa, ambos A moderado, fase
Cerradão Tropical Subcaducifólio, relevo suave ondulado e ondulado.
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média/
argilosa, Cerradão e Floresta Tropical Caducifólia, relevo ondulado e
PVAd2 forte ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura
arenosa e média, relevo forte ondulado, ambos A moderado, fase
Cerradão Tropical Caducifólio.
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico típico, textura média/
argilosa, relevo ondulado e forte ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO
PVAe
Tb Eutrófico e Distrófico típico, textura argilosa cascalhenta, relevo
ondulado, ambos A moderado, fase Cerradão Tropical Subcaducifólio.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média
cascalhenta, fase Campo Cerrado Tropical, relevo suave ondulado e
ondulado + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico ou
CXbd1 câmbico, textura média, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo
suave ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura
média cascalhenta, fase Campo Cerrado Tropical, relevo ondulado e
forte ondulado substrato filito, todos A moderado.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média
cascalhenta, fase Campo Cerrado Tropical, relevo ondulado e suave
ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média
CXbd2 cascalhenta, fase Campo Cerrado Tropical, relevo ondulado e forte
ondulado substrato filito + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico ou câmbico, textura média, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio, relevo suave ondulado, todos A moderado.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média
cascalhenta, fase pedregosa, Campo Cerrado Tropical, relevo forte
CXbd3 ondulado e ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico,
textura média cascalhenta, fase pedregosa, Campo Cerrado Tropical,
relevo forte ondulado, ambos A moderado.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média, fase
pedregosa, Campo Cerrado e Cerrado Tropical Subcaducifólio +
CXbd4 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média cascalhenta,
fase pedregosa, Campo Cerrado Tropical, relevo forte ondulado
substrato filitos, ambos A moderado, relevo forte ondulado.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico, textura média
muito cascalhenta/argilosa muito cascalhenta + LATOSSOLO
CXbd5 VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média e argilosa,
ambos A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo
suave ondulado.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico câmbico, texura média muito
cascalhenta, relevo suave ondulado e ondulado + PLINTOSSOLO
PÉTRICO Concrecionário distrófico, textura média muito cascalhenta
CXbd6
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico plíntico ou típico, textura
média muito cascalhenta, fase pedregosa, relevo ondulado, todos A
moderado, Cerrado Tropical Subcaducifólio.

150
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Quadro 6.1 (continuação)


Unidade de
Classes de Solos
Mapeamento
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, textura média
muito cascalhenta e argilosa muito cascalhenta, relevo suave
CXbd7 ondulado e ondulado; + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico, textura média e argilosa, relevo suave ondulado,
ambos A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, textura média
muito cascalhenta e argilosa muito cascalhenta, relevo ondulado e
CXbd8 suave ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura
média cascalhenta, fase pedregosa + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, textura média e argilosa, relevo suave
ondulado, todos A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico, textura média
muito cascalhenta, fase Campo Cerrado Tropical relevo ondulado;
CXbd9 + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média, relevo
forte ondulado, substrato arenito, ambos A moderado, fase Campo
Cerrado Tropical.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico câmbico ou plíntico, textura
média muito cascalhenta, relevo suave ondulado e ondulado +
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média muito
CXbd10 cascalhenta, relevo ondulado e suave ondulado + PLINTOSSOLO
PÉTRICO Epiconcrecionário Distrófico, textura média/argilosa, relevo
suave ondulado, ambos A moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio.
GLEISSOLO HÁPLICO Tb e Ta Eutrófico, textura argilosa +
NEOSSOLO FLÚVICO Ta e Tb Eutrófico e Distrófico vérticos ou
GXbe típico, textura média/argilosa/arenosa + VERTISSOLO HÁPLICO
Órtico gleico ou típico, textura argilosa e muito argilosa, todos A
moderado, fase Floresta Tropical Hidrófila de Várzea relevo plano.
GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura argilosa e média
+ NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico e Eutrófico, textura
GXbd
indiscriminada, ambos A moderado, fase Floresta Tropical Higrófila
de Várzea relevo plano.
LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO
LVd VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, ambos textura argilosa, A
moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo plano e
suave ondulado.
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura
argilosa e média, relevo suave ondulado e plano + PLINTOSSOLO
LVAd1 PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico ou latossólico, textura
argilosa, relevo suave ondulado, ambos A moderado, fase Cerrado
Tropical Subcaducifólio.
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura
argilosa e média, relevo suave ondulado e plano + PLINTOSSOLO
LVAd2 PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico, textura média/argilosa,
relevo suave ondulado, ambos A moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio.
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura
média, relevo suave ondulado e plano + NEOSSOLO
LVAd3
QUARTZARÊNICO Órtico distrófico, relevo plano e suave ondulado,
A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio.

151
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Quadro 6.1 (continuação)


Unidade de
Classes de Solos
Mapeamento
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura
LVAd4 argilosa e média + PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário
Distrófico típico ou argissólico, textura média/argilosa, ambos A
moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo suave ondulado.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média cascalhenta,
RLd1 substrato filitos e arenitos + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico
típico, textura média cascalhenta, ambos A moderado, fase
pedregosa, Campo Cerrado Tropical, relevo forte ondulado.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média cascalhenta,
relevo forte ondulado, substrato filito e quartzito + CAMBISSOLO
RLd2 HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média cascalhenta, relevo
forte ondulado e ondulado, ambos A moderado, fase pedregosa,
Cerrado Tropical Subcaducifólio.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média cascalhenta +
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média e
RLd3 argilosa cascalhenta, ambos A moderado, fase pedregosa, Campo
Cerrado Tropical, relevo forte ondulado substrato quartzito e argilito +
AFLORAMENTOS DE ROCHA.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média cascalhenta,
relevo forte ondulado, substrato filitos + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
RLd4 Distrófico típico, textura média cascalhenta, relevo forte ondulado e
ondulado, ambos A moderado, fase pedregosa, Floresta e Cerrado
Tropical Subcaducifólio,
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média, A moderado,
RLd5 fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo forte ondulado e
ondulado, substrato arenito + AFLORAMENTOS DE ROCHA.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média cascalhenta
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, textura média e
RLd6 argilosa cascalhenta, ambos A moderado, fase pedregosa, Campo
Cerrado Tropical, relevo forte ondulado e ondulado +
AFLORAMENTOS DE ROCHA
NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico típico, textura média/argilosa/
RYbd arenosa + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, textura argilosa,
ambos A moderado, fase Floresta e Campo Tropical Hidrófila de
Várzea, relevo plano.
NEOSSOLO FLÚVICO Ta e Tb Eutrófico e Distrófico vérticos ou
típico, textura média/argilosa/arenosa + GLEISSOLO HÁPLICO Ta
RYve Eutrófico, textura argilosa + PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Eutrófico
típico, textura média/argilosa + VERTISSOLO HÁPLICO Órtico gleico
ou típico, textura argilosa e muito argilosa, todos A moderado, fase
Floresta Tropical Hidrófila de Várzea relevo plano.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A moderado, fase
RQo1
Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo suave ondulado.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico + LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média, ambos A
RQo2
moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio, relevo plano e
suave ondulado.
PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico argissólico,
textura média muito cascalhenta/argilosa muito cascalhenta +
FFcd1 LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média
e argilosa, ambos A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio,
relevo suave ondulado.

152
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Quadro 6.1 (continuação)


Unidade de
Classes de Solos
Mapeamento
PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrífico câmbico, texura
média muito cascalhenta, relevo suave ondulado e ondulado +
FFcd2 CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico plíntico ou típico, textura
média muito cascalhenta, fase pedregosa, relevo ondulado, ambos A
moderado, Cerrado Tropical Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico, textura
média muito cascalhenta e argilosa muito cascalhenta, relevo suave
FFcd3 ondulado e ondulado + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico, textura média e argilosa, relevo suave ondulado,
ambos A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico, textura
média muito cascalhenta e argilosa muito cascalhenta, relevo suave
ondulado e ondulado + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
FFcd4 Distrófico típico, textura média e argilosa, relevo suave ondulado +
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico plíntico, textura
média/argilosa, todos A moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico, textura
média muito cascalhenta e argilosa muito cascalhenta, relevo
ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico, textura média,
FFcd5
relevo forte ondulado e ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico, textura média muito cascalhenta, relevo ondulado;
todos A moderado, fase Campo Cerrado Tropical.
PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico típico ou léptico,
textura média muito cascalhenta, relevo suave ondulado e ondulado
+ CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Eutrófico típico ou léptico, textura
FFcd6 média, cascalhenta, relevo ondulado e suave ondulado +
PLINTOSSOLO PÉTRICO Epiconcrecionário Distrófico, textura média/
argilosa, relevo suave ondulado e ondulado + LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, textura média, relevo suave
ondulado, todos A moderado, fase Cerrado Tropical Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico, textura arenosa/média
e média/argilosa, fase Campo Cerrado (covoal), relevo plano com
murundus + PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico solódico e típico,
FTd1 textura média/argilosa + PLANOSSOLO NÁTRICO Órtico típico,
textura arenosa/média e média, ambos fase Floresta Tropical
Subcaducifólia, relevo plano, todos A moderado.
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico ou arênico, textura
média e arenosa/média + PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico
FTd2 Solódico ou típico, textura arenosa/média e média, ambos A
moderado, fase Campo Cerrado (covoal), relevo plano e suave
ondulado, com murundus.
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico, textura média/argilosa
FTd3 + PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico arênico, textura arenosa/
média, ambos A moderado, fase Campo Cerrado (covoal), relevo
plano com murundus.

153
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

O Quadro 6.2 ilustra a distribuição por hectares e em percentual das unidades de


mapeamento de solos.

Quadro 6.2 – Distribuição em hectares e em percentual das unidades de mapeamento.

Unidade de Mapeamento Hectares (ha) Percentagem (%)


PVAd1 398,23 0,08
PVAd2 1.152,30 0,22
PVAe 3.130,72 0,60
CXbd1 6.653,77 1,28
CXbd2 20.671,20 3,98
CXbd3 4.883,24 0,94
CXbd4 5.907,74 1,14
CXbd5 18.144,57 3,49
CXbd6 6.185,52 1,19
CXbd7 1.449,46 0,28
CXbd8 6.642,11 1,28
CXbd9 2.969,95 0,57
CXbd10 13.589,80 2,61
GXbd 174,88 0,03
GXbe 231,93 0,04
LVAd1 42.348,34 8,14
LVAd2 17.116,77 3,29
LVAd3 11.257,46 2,17
LVAd4 2.815,24 0,54
LVd 4.774,00 0,92
RLd1 24.679,05 4,75
RLd2 8.611,23 1,66
RLd3 3.271,71 0,63
RLd4 1.268,93 0,24
RLd5 2.483,62 0,48
RLd6 482,99 0,09
RYbd 6.298,16 1,21
RYve 40.327,33 7,76
RQo1 5.220,55 1,00
RQo2 1.579,16 0,30
FFcd1 69.248,71 13,32
FFcd2 20.422,50 3,93
FFcd3 44.538,63 8,57
FFcd4 21.242,17 4,09
FFcd5 42.495,46 8,17
FFcd6 28.606,58 5,50
FTd1 5.510,83 1,06
FTd2 375,62 0,07
FTd3 18.779,53 3,61
Corpos D’água 4.022,43 0,77
Total 519.962,44 100

154
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

– os Plintossolos Pétricos compreendem – a vegetação dominante é o Cerrado so-


os solos mais representativos da área de bre os solos são mais profundos e nas
estudo e correm, praticamente, em toda margens das drenagens observam-se à
a região em diferentes formas de relevo. ocorrência de vegetação de maior por-
Constituem solos bastante limitantes ao te como o cerradão. Nas partes de solos
uso agrícola devido à pequena profun- mais rasos é comum observar os Cam-
didade, presença de concreções, cara- pos Cerrados e nas baixadas inundáveis
paças ferruginosas e cascalhos. as áreas de mata ciliar e campo grami-
– os Latossolos Amarelos distróficos, portan- noso e algumas “ilhas de cerrado”.
to de baixa fertilidade natural, ocorrem de – o principal uso dos solos da área de es-
maneira restrita na área de estudo. Devi- tudo é a pastagem com pequenos culti-
do às pequenas variações de relevo em vos de fruteiras e hortaliças nas proxi-
que ocorrem e a grande ocorrência de midades de Cuiabá e Várzea Grande.
petroplintita, além da manifestação de ca- Nas áreas da chapada observa-se uma
racterísticas intermediárias para outras clas- agricultura mecanizada de maior porte
ses de solos, não possibilitaram a sua com cultivo principalmente de soja.
separação cartográfica sendo necessário – considerando que o rio Cuiabá é o mais
associá-la principalmente aos Plintossolos importante sistema hídrico da região se-
Pétricos. Entretanto, sua ocorrência está guido do rio Aricá-Açu e que a manu-
mais condicionada a parte central das tenção desses recursos hídricos está di-
manchas longe das linhas de drenagem retamente relacionada a ocupação e o
ao contrário dos Plintossolos. manejo dos solos dessas bacias, a utili-
– devido à grande dificuldade de separa- zação das informações geradas nesse le-
ção das áreas com domínio de petro- vantamento tornam-se imprescindíveis
plintitas e cascalhos torna-se necessário para o estabelecimento de uma plano
estudos em escalas maiores e com maior de preservação desses recursos.
densidade de amostragem.
– a área de estudo observa-se um predo- 6.7 – BIBLIOGRAFIA
mínio de solos pouco profundos e pro-
fundos a exceção das partes no topo da BENNEMA, J. Report to the Government
chapada, onde predominam solos pro- of Brazil on Classification of Brazilian
fundos e muito profundos. Além dessa Soils. Rome: FAO, 1966. 83p. (FAO.
característica observa-se uma marcante EPTA Report, 2197).
ocorrência de petroplintitas e cascalhos BURINGH, P. The aplication of aerial
em diversas classes de solos. photografhy in soils surveys. In: AME-
– na porção oeste domina os solos mais RICAN SOCIETY OF FOTOGRAME-
rasos e com menores profundidades TRY. Manual of photography and in-
efetivas compreendendo a classe dos terpretation. Washington, D.C., 1960,
Neossolos Litólicos e Cambissolos p.633-636.
Háplicos de textura muito cascalhenta, CAMARGO, M. N.; KLAMT, E.; KAUFF-
associadas aos Plintossolos Pétricos. MAN, J. H. Sistema brasileiro de clas-
– na porção sul e sudeste estão os solos sificação de solos. Boletim Informati-
sob influência fluvial, compreendendo as vo da Sociedade Brasileira de Ciência
planícies aluviais e as áreas baixas onde do Solo, Campinas, v. 12, n. 1, p. 11-
predominam os Neossolos Flúvicos as- 33, jan./abr. 1987.
sociados aos Gleissolos, Plintossolos Ar- CARVALHO FILHO, A. de; LUMBRERAS,
gilúvicos, Vertissolos e Planossolos. J. F.; SANTOS, R. D. dos. Os solos do

155
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Estado do Rio de Janeiro. In: CPRM. Classificação de Solos - Brasília: Em-


Serviço Geológico do Brasil. Rio de brapa Produção de Informação; Rio
Janeiro: geologia, geomorfologia, geo- de Janeiro: Embrapa Solos, 2000.
química, geofísica, recursos minerais, XXVI, 412p. il.
economia mineral, hidrogeologia, es- EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa
tudos de chuvas intensas, solos, apti- de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual
dão agrícola, uso e cobertura do solo, de métodos de análise de solo. Rio de
inventário de escorregamentos, diag- Janeiro, 1997. 212p. (EMBRAPA-
nóstico geoambiental. Rio de Janeiro: CNPS. Documentos, 1).
CPRM: Embrapa Solos; [Niterói]: EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa
DRM-RJ, 2001. 1 CD-ROM. Contém de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema
texto e mapa color., escala brasileiro de classificação de solos.
1:500.000. Cap. 6 (Capítulo de livro). Brasilia: Embrapa-SPI, 1999. 412p.
COELHO, M. R.; SANTOS, H. G.; SILVA, EMBRAPA. Serviço Nacional de Levan-
H. F.; AGLIO, M. L. D. O Recurso Na- tamento e Conservação de Solos (Rio
tural Solo. In: MANZATTO, C. V.; de Janeiro, RJ). Definição e notação
JUNIOR, E. F.; PERES, J. R. R. (Ed.). de horizontes e camadas do solo. Rio
Uso Agrícola dos Solos Brasileiros. de Janeiro, 1988a. 54p. (EMBRAPA-
Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2002, SNLCS. Documentos, 3).
p.1-11. EMBRAPA. Serviço Nacional de Levan-
COUTO, E. G.; JACOMINE, P. TK. T.; CAL- tamento e Conservação de Solos (Rio
DERANO, S. B. Guia da Excursão de Janeiro, RJ). Critérios para distinção
Técnica da XIV RBMCSA. Reunião de classes de solos e de fases de uni-
Brasileira de Manejo e Conservação dades de mapeamento: normas em
do Solos e Água. UFMT. Cuiabá, uso pelo SNLCS. Rio de Janeiro,
2002. 68p.il. 1988b. 67p. (EMBRAPA-SNLCS. Do-
DANTAS, M. E.; SHINZATO, E.; MEDINA, cumentos, 11).
A. I. de M.; SILVA, C. R. da; PIMEN- ESRI. Environmental Systems Research
TEL, J.; LUMBRERAS, J. F.; CALDERA- Institute. Arc GIS 9.0. 2005 (3 CDs).
NO, S. B.; CARVALHO FILHO, A. de. USA: ESRI. 2005.
Diagnóstico geoambiental do Estado ESTADOS UNIDOS. Department of Agri-
do Rio de Janeiro. In: CPRM. Serviço culture. Soil Survey Division. Soil Con-
Geológico do Brasil. Rio de Janeiro: servation Service. Soil Survey Staff.
geologia, geomorfologia, geoquímica, Soil taxonomy: a basic system of soil
geofísica, recursos minerais, econo- classification for making and inter-
mia mineral, hidrogeologia, estudos preting soil surveys. Washington,
de chuvas intensas, solos, aptidão 1975. 754p. (USDA. Agriculture Han-
agrícola, uso e cobertura do solo, in- dbook, 436).
ventário de escorregamentos, diag- ESTADOS UNIDOS. Department of Agri-
nóstico geoambiental. Rio de Janeiro: culture. Soil Survey Division. Soil Con-
CPRM: Embrapa Solos; [Niterói]: servation Service. Soil Survey Staff.
DRM-RJ, 2001. 1 CD-ROM. Contém Soil survey manual. Rev. enlarg. ed.
texto e mapa color., escala Washington, D.C., 1993. 437p.
1:500.000. Cap. 11 (Capítulo de livro). (USDA. Agriculture Handbook, 18).
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de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro de 1974, v. 1.

156
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

KÄMPF, N.; KLAMT, E.; SCHNEIDER, P. RIBEIRO, J. C. A Morfopedologia Aplicada


Óxidos de ferro em latossolos do Bra- ao Diagnóstico e Prevenção dos Pro-
sil Sudeste e Sul. In: REUNIÃO DE cessos Erosivos Lineares da Bacia Hi-
CLASSIFICAÇÃO, CORRELAÇÃO drográfica do Alto Rio da Casca. UFMT.
DE SOLOS E INTERPRETAÇÃO DE Cuiabá. 2001. Tese de mestrado. 111p.
APTIDÃO AGRÍCOLA, 3., 1988, Rio SANTANA, D. P. A importância da classi-
de Janeiro, RJ. Anais... Rio de Janeiro: ficação dos solos e do meio ambien-
EMBRAPA-SNLCS, 1988, p.153-183. te na transferência de tecnologia. In-
LEMOS, R.C.; SANTOS, R.D. dos. Manual forme Agropecuário. Belo Horizonte,
de descrição e coleta de solo no cam- 9 (105): 80-82, setembro, 1983.
po. 3. ed. Campinas : Sociedade Bra- SOBRINHO, J. B. P. L. Caracterização e
sileira de Ciência do Solo / Rio de Classificação de alguns Perfis de So-
Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1996. 83p. los Concrecionários lateríticos, nos
LEPSCH, I. F. O inventário de solos como Municípios de Cuiabá e Várzea Gran-
base ao planejamento racional do de – MT. UFMT. Cuiabá. 1998. Tese
uso da terra. In: Fundação Cargill (ed.). de Mestrado. 96p.
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nas, 1985, p.1-42. tointerpretation. 2.ed. New York: Ro-
LUEDER, D. R. Aerial photographic inter- nald Press, 1960. 472p.
pretation principles and applications.
New York : McGraw-Hill, 1959. 462p. 6.8 – GLOSSÁRIO
OLIVEIRA, J. B. de; JACOMINE, P. K. T.;
CAMARGO, M. N. Classes gerais de argila de atividade alta (Ta). refere-se à
solo do Brasil: guia auxiliar para seu capacidade de troca de cátions (va-
reconhecimento. 2. ed. Jaboticabal, lor T) da fração mineral. Atividade alta
FUNEP, 1992. 201p. designa valor igual ou superior a
RAMALHO FILHO, A.; PEREIRA, E. G.; 27cmolc/kg de argila. Para esta dis-
BEEK, K. J. Sistema de avaliação da tinção é considerada a atividade das
aptidão agrícola das terras. 3. ed. rev. argilas no horizonte B, ou no C quan-
Rio de Janeiro: SUPLAN/EMBRAPA- do não existe B.
SNLCS, 1995. 65p. argila de atividade baixa (Tb). refere-se à
RESENDE, M. Sistema de Classificação da capacidade de troca de cátions (valor
aptidão agrícola dos solos (FAO/Bra- T) da fração mineral. Atividade alta
sileiro) para algumas culturas especí- designa valor inferior à 27cmolc/kg de
ficas – necessidades e sugestões para argila Para esta distinção é considera-
o desenvolvimento. Informe Agrope- da a atividade das argilas no horizon-
cuário. Belo Horizonte, 9(105): 83- te B, ou no C quando não existe B.
88, setembro, 1983. Argissolo. solos constituídos por material
RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B. mineral, com argila de atividade baixa
DE; CORRÊA, G. F. Pedologia; base e horizonte B textural (Bt), imediata-
para distinção de ambientes. Viçosa: mente abaixo de qualquer tipo de ho-
NEPUT, 1995. 304p. rizonte superficial, exceto o hístico.
REUNIÃO TÉCNICA DE LEVANTAMEN- B. vide: horizonte B.
TO DE SOLOS, 10., 1979, Rio de Ja- Bi. vide: horizonte B incipiente ou câm-
neiro, RJ. Súmula... Rio de Janeiro: bico.
EMBRAPA-SNLCS, 1979b. 83p. (EM- Bt. vide: horizonte B textural.
BRAPA-SNLCS. Série Miscelânia, 1). Bw. vide: horizonte B latossólico.

157
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

C. horizonte ou camada mineral subsu- determinadas propriedades e que se


perficial de material inconsolidado re- distingüem de quaisquer classes, por
lativamente pouco afetado por pro- diferenças nessas propriedades.
cesso pedogenéticos. consistência do solo. trata-se de uma
camadas do solo. é uma seção de consti- avaliação a campo das forças de
tuição mineral ou orgânica, à superfí- coesão e adesão que atuam no solo,
cie do terreno ou aproximadamente em vários teores de umidade, seco,
paralela a esta, possuindo conjunto de úmido e molhado.
propriedades não resultantes ou pou- contato lítico. limite entre o solo e o ma-
co influenciadas pela atuação dos terial subjacente constituído pelo
processos pedogenéticos. material coeso subjacente.
Cambissolos. solos constituídos por ma- distrófico. especifica distinção de solos
terial mineral, com argila de ativida- com saturação por bases (valor V) in-
de baixa e horizonte B incipiente ou ferior a 50%. Para esta distinção é con-
câmbico (Bi), imediatamente abaixo siderada a saturação por bases no
de qualquer tipo de horizonte super- horizonte B, ou no C quando não
ficial, exceto o hístico. existe B.
capacidade de troca de cátions (CTC ou estrutura do solo. agregação de partícu-
valor T). é a soma do valor S com os las primárias do solo em unidades
teores de hidrogênio e alumínio tro- compostas ou agrupamento de partí-
cáveis em cmolc/kg de solo. culas primárias, que são separadas de
caráter salino. refere-se à presença de agregados adjacentes por superfície
sais solúveis em água fria que o sul- de fraca resistência. São classificados
fato de cálcio (gesso), em quantida- quanto a forma, tamanho e grau de
des que interferem com a maioria das distinção.
culturas, expresso por condutivida- eutrófico. especifica distinção de solos
de elétrica do extrato de saturação (a com saturação por bases (valor V) su-
25°C) igual ou maior que 4dS/m e perior ou igual a 50%. Para esta dis-
menor que 7dS/m. tinção é considerada a saturação por
caráter solódico. refere-se a valores de bases no horizonte B, ou no C quan-
saturação por sódio entre 6 e 15%, do não existe B.
encontrados em algum horizonte nos Gleissolos. solos constituídos por material
primeiros 150cm do solo. mineral com horizonte glei imediata-
cerosidade. são filmes muito finos de ma- mente abaixo de horizonte A, ou de
terial inorgânico de naturezas diver- horizonte hístico com menos de 40cm
sas, orientadas ou não, constituindo de espessura; ou horizonte glei come-
revestimentos ou superfícies brilhan- çando dentro de 50cm da superfície
tes nas faces de elementos estruturais, do solo; não apresentam horizonte
poros ou canais, resultante de movi- plíntico ou vértico, acima do horizon-
mentação, segregação ou rearranja- te glei ou coincidente com horizonte
mento de material coloidal inorgâni- glei, nem qualquer tipo de horizonte e
co (< 0,002mm); quando bem diagnóstico acima do horizonte glei.
desenvolvidos são facilmente percep- horizonte A. horizonte superficial mine-
tíveis, apresentando aspecto lustroso ral, no qual a feição enfatizada é a
e brilho graxo. acumulação de matéria orgânica de-
classe de solo. grupo de solos que apre- composta intimamente associada com
sentam uma variação definida em a fração mineral.

158
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

horizonte A chernozêmico. é um hori- do de matéria orgânica satisfazem às


zonte mineral, superficial, relativa- exigências requeridas para A cherno-
mente espesso, com estrutura sufici- zêmico, do qual difere apenas por
entemente desenvolvida, escuro apresentar saturação por bases infe-
(croma úmido inferior a 3,5 e valores rior a 65%.
mais escuros que 3,5 quando úmido horizonte B incipiente. horizonte mine-
e que 5,5 quando seco), de caráter eu- ral subsuperficial que sofreu alteração
trófico (V > 65%), saturado predomi- física e química em grau não muito
nantemente por cátions bivalentes e avançado, porém suficiente para o de-
com conteúdo de carbono igual ou senvolvimento de cor ou de estrutu-
superior a 5,8g/kg. ra, e no qual mais da metade do
horizonte A fraco. é um horizonte mine- volume de todos os suborizontes não
ral, superficial, com conteúdos de car- devem consistir em estrutura da rocha
bono inferiores a 5,8g/kg (média pon- original.
derada), cores muito claras, com valor horizonte B latossólico. horizonte mine-
maior ou igual a 4 quando úmido e a ral subsuperficial, com espessura mí-
6 quando seco, e com estrutura au- nima de 50cm, cujos constituintes
sente ou fracamente desenvolvida. evidenciam avançado estágio de in-
horizonte A húmico. é um horizonte su- temperização, caracterizado pela
perficial que, além das características presença de quantidades variáveis
do horizonte A proeminente, apresen- de óxidos de ferro e alumínio, argi-
ta maior desenvolvimento, expresso lominerais do tipo 1:1 e minerais pri-
por maior espessura e/ou riqueza em mários resistentes ao intemperismo
matéria orgânica, associada à cor mais e pela ausência quase absoluta de
escura, desde que não satisfaça aos re- argilominerais do tipo 2:1.
quisitos de horizontes turfosos. Para o horizonte B plânico. é um tipo especial
caso específico de Latossolos, o requi- de horizonte B textural, subjacente a
sito de espessura mínimo é de 80cm. horizonte A ou E, e precedido por
horizonte A moderado. é um horizonte uma mudança textural abrupta. Apre-
mineral, superficial, com conteúdos senta estrutura prismática colunar, ou
de carbono variáveis e características em blocos angulares e subangulares
que expressam um grau de desenvol- grandes ou médios, e às vezes, maci-
vimento intermediário entre os outros ça, permeabilidade lenta ou muito
tipos de horizonte A. Apresenta requi- lenta e cores acinzentadas ou escu-
sitos de cor ou espessura insuficien- recidas, podendo ou não possuir co-
tes para caracterizar horizonte A cher- res neutras de redução, com ou sem
nozêmico ou A proeminente, mosqueados. Este horizonte é aden-
diferindo também do horizonte A fra- sado, com teores elevados de argila
co, seja por sua estrutura, mais desen- dispersa e por ser responsável pela re-
volvida, ou pelos conteúdos de car- tenção de lençol de água suspenso,
bono superiores a 5,8g/kg, ou ainda de existência temporária.
pela presença de cores mais escuras horizonte B textural. é um horizonte mi-
(valor < 4, quando úmido, ou croma neral subsuperficial no qual há evi-
> 6, quando seco). dências de acumulação, por iluvia-
horizonte A proeminente. constitui hori- ção, de argila silicatada. O horizonte
zonte superficial, cujas características B textural possui expressivo incre-
de cor, espessura, estrutura e conteú- mento de argila em relação ao(s)

159
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horizonte(s) a ele sobreposto(s) e, usu- origem em caulinita ou óxidos de fer-


almente, apresenta cerosidade que ex- ro e alumínio. Apresentam baixa re-
cede quanto ao grau de desenvolvi- serva de nutrientes para as plantas,
mento, isto é, nitidez fraca, e quanto mas em contrapartida, possuem óti-
à quantidade – pouca. mas condições físicas para o desen-
horizonte B. horizonte subsuperficial com volvimento radicular.
predomínio das características gené- mudança textural abrupta. consiste em
ticas sobre as características herdadas. considerável aumento no conteúdo
horizonte C. vide: C. de argila dentro de uma pequena dis-
horizonte do solo. são seções de consti- tância vertical, menor que ou igual a
tuição mineral ou orgânica, aproxi- 8cm, na zona de transição entre o
madamente paralelas à superfície do horizonte A ou E, e o horizonte sub-
terreno e dotados de propriedades jacente B.
geradas por processos formadores do Neossolos. solos constituídos por mate-
solo. rial mineral ou por material orgânico
horizonte E álbico. horizonte mineral co- pouco espesso com pequena expres-
mumente subsuperficial no qual a re- são dos processos pedogenéticos em
moção ou segregação de material co- conseqüência da baixa intensidade
loidal inorgânico e orgânico de atuação destes processos, que não
progrediu a tal ponto que a cor do conduziram, ainda, a modificações
horizonte é mais determinada pela cor expressivas do material originário, de
das partículas primárias de areia, sil- caracteríticas do próprio material,
te, e até mesmo da argila, do que por pela sua resitência ao intemperismo
revestimentos nessas partículas. ou composição química, e do relevo,
horizonte glei. horizonte mineral subsuper- que podem impedir ou limitar a evo-
ficial ou eventualmente superficial ca- lução desses solos.
racterizado pela intensa redução de Planossolos. solos minerais imperfeita-
ferro e formado sob condições de ex- mente ou mal drenados, com hori-
cesso de água, o que lhe confere co- zonte superficial ou subsuperficial
res neutras ou próximas de neutras na eluvial, de textura mais leve, que con-
matriz do solo, com ou sem mosquea- trasta abruptamente com o horizonte
dos. Este horizonte é fortemente influ- B imediatamente subjacente, adensa-
enciado pelo lençol freático, sob pre- do, geralmente de acentuada concen-
valência de um regime de umidade tração de argila, permeabilidade len-
redutor, virtualmente livre de oxigênio ta ou muito lenta, constituindo, por
dissolvido, em virtude da saturação vezes, um horizonte pã, responsável
com água durante todo o ano ou pelo pela detenção de lençol d’água sobre-
menos por um longo período. posto, de existência periódica e pre-
latossólico. identifica solos intermediá- sença variável durante o ano.
rios para a classe dos Latossolos. plíntico. qualificação referente a classes
latossolo. são solos minerais, não hidro- de solos que contém plintita, mas em
mórficos, sempre com argila de ativi- quantidade insuficiente para caracte-
dade baixa, com horizonte do B tipo rizar um horizonte plíntico.
latossólico. São considerados solos plintita. formação constituída de mistura
em avançado estágio de evolução, de argila, pobre em húmus e rica em
suficiente para transformar os mine- ferro e alumínio, com quartzo e ou-
rais primários oriundos do material de tros minerais.

160
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

pouco profundo. vide: profundidade dos soma de bases (valor S). é a soma das
solos. quantidades de cálcio, magnésio, po-
profundidade de solos. designa condi- tássio e sódio, em cmolc/kg de solo.
ções de solos nos quais o contato líti- textura. refere-se à composição granulo-
co ocorre conforme os limites especi- métrica do solo, em termos de percen-
ficados a seguir: tagem de areia do tamanho entre 2 e
– muito profundo > 200cm de pro- 0,5mm, silte entre 0,5 e 0,002mm e
fundidade argila no tamanho igual ou menor
– pouco profundo > 50cm < 100cm que 0,002mm. Conforme o teor de
de profundidade argila os solos são classificados em:
– profundo > 100cm < 200cm de pro- – textura arenosa - compreende as
fundidade classes texturais areia e areia franca.
– raso < 50cm de profundidade – textura argilosa - teor de argila entre
profundo. vide: profundidade dos solos. 35 e 60%.
r. sufixo utilizado na nomenclatura de ho- – textura média - teor de argila infe-
rizontes e camadas indicativo de ro- rior a 35% e com mais de 15% de
cha branda ou saprolito. areia, exceto as classes texturais areia
R. utilizado para rocha consolidada. e areia franca.
raso. vide: profundidade dos solos. – textura muito argilosa - teor de argi-
salino. propriedade caracterizada pela la acima de 60%.
presença de sais solúveis que interfe- – textura siltosa - teor de argila infe-
re no desenvolvimento da maioria rior a 35% e de areia inferior a 15%.
das culturas, expressa por condutivi- unidade de mapeamento de solos. gru-
dade elétrica do extrato de saturação po de delineações que representam
igual ou maior que 4 ds/m e menor áreas de paisagens similares, compos-
que 7dS/m (a 25oC). tas de 1 ou mais classes de solos ou
saturação por bases (valor V). percentu- tipos de terreno.
al entre a soma de bases e a capaci- valor S. vide: soma de bases.
dade de troca de cátions (100 x valor valor T. vide: capacidade de troca de cá-
S / valor T). tions.

161
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162
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7 – APTIDÃO AGRÍCOLA
DAS TERRAS

7.1 – ASPECTOS INICIAIS Solos (CNPS), da Embrapa, e ampliada


pela equipe da SUPLAN-MA, com
O presente estudo refere-se à avalia- assessoria técnica da FAO (Ramalho
ção da aptidão agrícola das terras do Filho et al., 1983; 1995).
Projeto SIG Cuiabá, Várzea Grande e Trata-se de um sistema de avaliação
Entorno, de caráter essencialmente in- que se baseia nos resultados dos levan-
terpretativo, que tem como finalidade a tamentos de solos. Tem como cerne a
indicação do potencial agrícola das ter- avaliação das condições agrícolas das
ras para diferentes tipos de uso. Tenta- terras, sintetizadas em cinco qualidades
se estabelecer uma relação custo/ básicas, visando à identificação do uso
benefício favorável, sob os pontos de mais intensivo possível sob diferentes
vista econômico e ambiental (Ramalho tipos de manejo. Com o objetivo de
Filho et al., 1983). Representa uma base mostrar as alternativas de uso de uma
para o planejamento agrícola, uma vez determinada área, as terras são posicio-
que ela fornece várias opções de uso nadas em seis grupos, em função da via-
dentro das quais a escolha deve consi- bilidade de melhoramento das cinco
derar ainda outros fatores, como o socio- qualidades básicas (fertilidade natural,
econômico, a legislação ambiental, o excesso de água, deficiência de água,
interesse do produtor etc., não sendo, susceptibilidade à erosão e impedimen-
portanto, uma recomendação direta tos à mecanização) e da intensidade de
para os produtores rurais. limitação que persistir após a utilização
Tem como base a metodologia do de práticas agrícolas inerentes aos siste-
sistema de interpretação desenvolvido mas de manejo A (baixo nível tecnoló-
pela então Divisão de Pedologia e gico), B (médio nível tecnológico) e C
Fertilidade do Solo, do Ministério da (alto nível tecnológico).
Agricultura (Bennema et al., 1965), atu- Para facilitar a compreensão dos
almente Centro Nacional de Pesquisa de processos envolvidos e resultados po-

163
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

tenciais, são apresentados, a seguir, as 7.3 – NÍVEIS DE MANEJO


estrutura do sistema e os princípios me- CONSIDERADOS
todológicos adotados na classificação
da aptidão agrícola das terras. Tendo em vista práticas agrícolas ao
alcance da maioria dos agricultores num
7.2 – CRITÉRIOS BÁSICOS contexto específico, técnico, social e eco-
nômico, são considerados três níveis de
A metodologia da interpretação ob- manejo, visando diagnosticar o compor-
jeto deste estudo, desenvolvida por Ra- tamento das terras em diferentes níveis tec-
malho Filho & Beek (1995), segue orien- nológicos. Sua indicação é feita através
tações contidas no “Soil Survey Manual” das letras A, B e C, as quais podem apare-
(Estados Unidos, 1951) e na metodologia cer escritas de diferentes formas na sim-
da FAO (1976) que recomendam que a bologia da classificação, segundo as clas-
avaliação da aptidão agrícola das terras ses de aptidão que apresentam as terras
seja baseada em resultados de levanta- em cada um dos níveis adotados.
mentos sistemáticos, realizados com base – Nível de Manejo A (primitivo)
nos vários atributos das terras – solo, cli- Baseado em práticas agrícolas que re-
ma, vegetação, geomorfologia etc. fletem um baixo nível tecnológico. Pra-
Como a classificação da aptidão agrí- ticamente não há aplicação de capital
cola das terras é um processo interpretati- para manejo, melhoramento e conser-
vo, seu caráter é efêmero, podendo sofrer vação das condições das terras e das la-
variações com a evolução tecnológica. vouras. As práticas agrícolas dependem
Portanto, está em função da tecnologia do trabalho braçal, podendo ser utiliza-
vigente na época de sua realização. da alguma tração animal, com imple-
A classificação da aptidão agrícola, mentos agrícolas simples.
como tem sido empregada, não é preci- – Nível de Manejo B (pouco desenvol-
samente um guia para obtenção do má- vido)
ximo benefício das terras, e sim uma ori- Baseado em práticas agrícolas que re-
entação de como devem ser utilizados fletem um nível tecnológico médio. Ca-
seus recursos, em nível de planejamento racteriza-se pela modesta aplicação de
regional e nacional. O termo terra está capital e de resultados de pesquisas para
sendo considerado no seu mais amplo manejo, melhoramento e conservação
sentido, incluindo todas as suas relações das condições das terras e das lavouras.
ambientais. As práticas agrícolas estão condiciona-
A metodologia em questão procura das principalmente à tração animal.
atender, embora subjetivamente, a uma – Nível de Manejo C (desenvolvido)
relação custo/benefício favorável. Aten- Baseado em práticas agrícolas que re-
de a uma realidade que represente a mé- fletem um alto nível tecnológico. Carac-
dia das possibilidades dos agricultores teriza-se pela aplicação intensiva de ca-
numa tendência econômica de longo pra- pital e de resultados de pesquisa para
zo, sem perder de vista o nível tecnológi- manejo, melhoramento e conservação
co a ser adotado. Trata-se de uma meto- das condições das terras e das lavouras.
dologia apropriada para avaliar a aptidão A motomecanização está presente nas
agrícola de grandes extensões de terras, diversas fases da operação agrícola.
devendo sofrer reajustamento no caso de Os níveis B e C envolvem melhora-
ser aplicada à pequenas glebas de agri- mentos tecnológicos em diferentes moda-
cultores individualmente. lidades. Contudo, não leva em conta a ir-

164
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

rigação na avaliação da aptidão agrícola dão agrícola. As letras indicativas das clas-
das terras. A este respeito vale mencionar ses de aptidão, de acordo com os níveis
que a maioria absoluta dos solos da área de manejo, podem aparecer nos subgru-
apresenta limitações fortes para o empre- pos em maiúsculas, minúsculas ou minús-
go da irrigação. Dentre as principais pode- culas entre parênteses, com indicação de
se mencionar a textura arenosa de boa diferentes tipos de utilização, conforme
parte dos mesmos, a pequena profundi- pode ser observado no Quadro 7.1.
dade e a presença de cascalhos e/ou con- A ausência de letras representativas
creções. das classes de aptidão agrícola na simbo-
No caso da pastagem plantada e da lização dos subgrupos indica não haver
silvicultura, está prevista uma modesta aptidão para uso mais intensivo. Essa si-
aplicação de fertilizantes, de defensivos e tuação não exclui, necessariamente, o uso
de corretivos, que corresponde ao nível da terra com um tipo de utilização menos
de manejo B. Para a pastagem natural está intensivo.
implícita uma utilização sem melhoramen-
tos tecnológicos, condição que caracteri- 7.3.1 – GRUPOS, SUBGRUPOS E CLASSES
za o nível de manejo A. DE APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS
As terras consideradas viáveis de to-
tal ou parcial melhoramento mediante a 7.3.1.1 – GRUPOS DE APTIDÃO
aplicação de fertilizantes e corretivos ou AGRÍCOLA
o emprego de técnicas como drenagem,
controle à erosão, proteção contra inun- Trata-se de mais um artifício cartográ-
dações, remoção de pedras etc., são clas- fico, que identifica, no mapa, o tipo de
sificadas de acordo com as limitações per- utilização mais intensivo das terras, ou
sistentes, tendo em vista os níveis de ma- seja, sua melhor aptidão. Os grupos 1, 2
nejo utilizado. No caso do nível de ma- e 3, além da identificação de lavouras
nejo A, a classificação é feita de acordo como tipos de utilização, desempenham
com as condições naturais da terra, uma a função de representar, no subgrupo, as
vez que esse nível não prevê técnicas de melhores classes de aptidão das terras in-
melhoramento. dicadas para lavouras, conforme os ní-
Em função dos graus de limitação atri- veis de manejo. Os grupos 4, 5 e 6
buídos a cada uma das unidades das ter- apenas identificam tipos de utilização
ras resultará a classificação de sua apti- (pastagem plantada, silvicultura e/ou pas-

Quadro 7.1 – Simbologia correspondente às classes de aptidão agrícola das terras.

Tipo de utilização
Pastagem Pastagem
Lavoura Silvicultura
Classe de plantada natural
aptidão Nível de manejo Nível de manejo Nível de manejo
Nível de manejo
agrícola B B A
A B C
Boa A B C P S N
Regular a b c p s n
Restrita (a) (b) (c) (p) (s) (n)
Inapta – – – – – –

Fonte: Ramalho Filho & Beek (1995).

165
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

tagem natural e preservação da flora e 7.3.1.3 – CLASSES DE APTIDÃO


da fauna, respectivamente), independen- AGRÍCOLA
temente da classe de aptidão. A repre-
sentação dos grupos é feita com Uma última categoria constitui a tô-
algarismos de 1 a 6, em escalas decres- nica da avaliação da aptidão agrícola das
centes, segundo as possibilidades de uti- terras nesta metodologia, sendo represen-
lização das terras. As limitações que tada pelas classes de aptidão denomina-
afetam os diversos tipos de utilização au- das Boa, Regular, Restrita e Inapta, para
mentam do grupo 1 para o grupo 6, di- cada tipo de utilização indicado.
minuindo, conseqüentemente, as As classes expressam a aptidão agrí-
alternativas de uso e a intensidade com cola das terras para um tipo de utilização
que as terras podem ser utilizadas, con- determinado, com um nível de manejo
forme demonstra no Quadro 7.2. definido dentro do subgrupo de aptidão.
Quadro 7.2 – Alternativas de utilização das terras de acordo com os grupos de aptidão agrícola.

Aumento da intensidade de uso


Grupo de Silvicultura Lavouras
Preservação
Aptidão e/ou Pastagem
da flora e Aptidão Aptidão Aptidão
Agrícola pastagem plantada
da fauna restrita regular boa
natural
1
intensidade da limitação

2
alternativas de uso
Diminuição das
Aumento da

n
3
4

Fonte: Ramalho Filho & Beek (1995).

7.3.1.2 – SUBGRUPOS DE APTIDÃO Elas refletem o grau de intensidade com


AGRÍCOLA que as limitações afetam as terras, sen-
do definidas em termos de graus, refe-
É o resultado conjunto da avaliação da rentes aos fatores limitantes mais signifi-
classe de aptidão relacionada com o nível cativos. Esses fatores, que podem ser
de manejo, indicando o tipo de utilização considerados subclasses, definem as
das terras. No exemplo 1(a)bC, o algarismo condições agrícolas das terras. Os tipos
1, indicativo do grupo, representa a melhor de utilização em pauta são lavouras,
classe de aptidão das componentes do pastagem plantada, silvicultura e pasta-
subgrupo, uma vez que as terras pertencem gem natural.
à classe de aptidão boa no nível de manejo As classes são assim definidas:
C (grupo 1); classe de aptidão regular, no – Classe Boa: terras sem limitações signi-
nível de manejo B (grupo 2); e classe de ficativas para a produção sustentada de
aptidão restrita, no nível de manejo A (gru- um determinado tipo de utilização, ob-
po 3). Em certos casos, o subgrupo refere-se servando-se as condições do manejo
somente a um nível de manejo relaciona- considerado. Há um mínimo de restri-
do a uma única classe de aptidão agrícola. ções que não reduz a produtividade ou

166
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

benefícios expressivamente e não au- O enquadramento das terras em clas-


menta os insumos acima de um nível ses de aptidão resulta da interação de suas
aceitável. condições agrícolas, do nível de manejo
– Classe Regular: terras que apresentam considerado e das exigências dos diver-
limitações moderadas para a produção sos tipos de utilização. As terras de uma
sustentada de um determinado tipo de classe de aptidão são similares quanto ao
utilização, observando-se as condições grau, mas não quanto ao tipo de limita-
do manejo considerado. As limitações ção ao uso agrícola. Cada classe inclui
reduzem a produtividade ou os benefí- diferentes tipos de solo, muitos requeren-
cios, elevando a necessidade de insu- do tratamento distinto.
mos, de forma a aumentar as vantagens
globais a serem obtidas do uso. Ainda 7.3.2 – REPRESENTAÇÃO
que atrativas essas vantagens são sensi- CARTOGRÁFICA
velmente inferiores àquelas auferidas
das terras da Classe Boa. 7.3.2.1 – SIMBOLIZAÇÃO
– Classe Restrita: terras que apresentam
limitações fortes para a produção sus- Como ficou exposto, os algarismos
tentada de um determinado tipo de uti- de 1 a 5 que aparecem na simboliza-
lização, observando-se as condições do ção cartográfica representam os grupos
manejo considerado. Essas limitações de aptidão agrícola que identificam os
reduzem a produtividade ou os benefí- tipos de utilização indicados para as
cios, ou então aumentam os insumos ne- terras – lavouras, pastagem plantada,
cessários de tal maneira que os custos silvicultura e pastagem natural. As ter-
só seriam justificados marginalmente. ras que não se prestam para nenhum
– Classe Inapta: terras apresentando con- desses usos constituem o grupo 6, o qual
dições que parecem excluir a produção deve ser mais bem estudado por órgãos
sustentada do tipo de utilização em específicos, que poderão decidir pela
questão. Ao contrário das demais, essa sua melhor destinação. Esses mesmos al-
classe não é representada por símbolos. garismos dão uma visão, no mapa, da
Sua interpretação é feita pela ausência ocorrência das melhores classes de
das letras do tipo de utilização conside- aptidão dentro do subgrupo. Portanto,
rado. As terras consideradas inaptas para identificam o tipo de utilização mais in-
lavouras têm suas possibilidades anali- tensivo permitido pelas terras. As letras
sadas para usos menos intensivos (pas- A, B ou C, que acompanham os algaris-
tagem plantada, silvicultura ou pastagem mos referentes aos três primeiros grupos,
natural). No entanto, as terras classifica- expressam a aptidão das terras para
das como inaptas para os diversos tipos lavouras em pelo menos um dos níveis
de utilização considerados têm como al- de manejo considerados. Conforme as
ternativa serem indicadas para a preser- classes de aptidão boa, regular ou res-
vação da flora e da fauna, recreação ou trita, essas letras podem estar maiúscu-
algum outro tipo de uso não-agrícola. las, minúsculas ou entre parênteses. Para
Trata-se de terras ou paisagens perten- os grupos 4 e 5, que se referem aos ou-
centes ao grupo 6, nas quais deve ser tros tipos de utilização menos intensi-
estabelecida uma cobertura vegetal, vos, a indicação da aptidão é feita de
não só por razões ecológicas, como modo similar, em maiúsculas, minús-
também para proteção de áreas contí- culas e minúsculas entre parênteses, uti-
guas agricultáveis. lizando-se as letras P, S e N.

167
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

7.3.2.2 – CONVENÇÕES ADICIONAIS rência para indicar a intensidade dessa va-


riação. Os cinco fatores tomados tradicio-
Está evidente que o uso indicado para nalmente para avaliar as condições agrí-
as terras é o mais adequado, do ponto de colas das terras são aqui considerados:
vista de suas qualidades. No entanto, em deficiência de fertilidade; deficiência de
face de certas características especiais água; excesso de água ou deficiência de
dessas mesmas terras ou do conjunto oxigênio; susceptibilidade à erosão e im-
ambiental, podem existir outras possibili- pedimentos à mecanização.
dades de utilização ou, ao contrário, im- Além das características inerentes ao
pedimento a certos usos. Basicamente, solo implícitas nesses cinco fatores, tais
terras aptas para culturas de ciclo curto o como textura, estrutura, profundidade efe-
são também para culturas de ciclo longo, tiva, capacidade de permuta de cátions,
consideradas menos exigentes. Mas há saturação de bases, teor de matéria orgâ-
fatores, como a ocorrência de solos mui- nica, pH etc., outros fatores ecológicos
to rasos, de terras localizadas em áreas (temperatura, umidade, pluviosidade, lu-
inundáveis ou sujeitas a freqüentes inun- minosidade, topografia, cobertura vege-
dações ou, ainda, de condições climáti- tal, etc.) são considerados na avaliação da
cas desfavoráveis, que constituem exce- aptidão agrícola. Em fase posterior, quan-
ção. Essas áreas são indicadas no Mapa do numa análise de adequação do uso
de Aptidão Agrícola com convenções es- das terras, deverão ser considerados fato-
peciais. res socioeconômicos. De modo geral, a
No caso particular deste trabalho, al- avaliação das condições agrícolas das ter-
gumas poucas convenções foram utiliza- ras é feita em relação a vários fatores,
das e estão contidas no Quadro 7.3. muito embora alguns deles atuem de for-

Quadro 7.3 – Convenções adicionais utilizadas.

2abc * Um asterisco sobre o símbolo indica haver na associação de terras,


componentes, em menor proporção, com aptidão inferior à representada no
mapa.
2abc ** Dois asteriscos sobre o símbolo indicam haver na associação de terras,
componentes, em menor proporção, com aptidão superior à representada no
mapa.

7.4 – CONDIÇÕES AGRÍCOLAS DAS ma mais determinante, como a declivida-


TERRAS de, pedregosidade ou profundidade, que
por si já restringem certos tipos de utiliza-
Para a análise das condições agrícolas ção, mesmo com tecnologia avançada.
das terras toma-se hipoteticamente, como
referência, um solo que não apresente pro- 7.4.1 – FATORES DE LIMITAÇÃO
blemas de fertilidade, deficiência de água
e oxigênio, que não seja susceptível à ero- 7.4.1.1 – DEFICIÊNCIA DE
são e nem ofereça impedimentos à meca- FERTILIDADE
nização. Como normalmente as condições
das terras fogem a um ou a vários desses A fertilidade está na dependência prin-
aspectos, estabeleceram-se diferentes graus cipalmente da disponibilidade de macro
de limitação em relação ao solo de refe- e micronutrientes, incluindo também a

168
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

presença ou ausência de certas substân- cia. Normalmente se caracterizam pela


cias tóxicas, solúveis, como alumínio e baixa soma de bases trocáveis (S), poden-
manganês, que diminuem a disponibilida- do estar a condutividade elétrica quase
de de alguns minerais importantes para as sempre entre 8 e 15mmhos/cm a 25oC e
plantas, bem como a presença ou ausên- a saturação com sódio acima de 15%.
cia de sais solúveis, especialmente sódio. • Muito Forte (MF) – terras mal providas
São os seguintes os graus de limitação: de nutrientes, com remotas possibilida-
• Nulo (N) – esse grau refere-se a terras des de ser exploradas com quaisquer
que possuem elevadas reservas de nu- tipos de utilização agrícola. Podem
trientes para as plantas, sem apresentar ocorrer, nessas terras, grandes quanti-
toxidez por sais solúveis, sódio trocável dades de sais solúveis, chegando até a
ou outros elementos prejudiciais ao de- formar desertos salinos. Apenas plan-
senvolvimento das plantas. Solos per- tas com muita tolerância conseguem
tencentes a esse grau apresentam ao lon- adaptar-se a essas áreas. Podem incluir
go do perfil mais de 80% de saturação terras em que a condutividade elétrica
de bases; soma de bases acima de 6mE/ seja maior que 15mmhos/cm a 25oC,
100g de solo e são livres de alumínio compreendendo solos salinos, sódicos
trocável (Al+++) na camada arável. A con- e tiomórficos.
dutividade elétrica é maior que
4mmhos/cm a 25oC. 7.4.1.2 – DEFICIÊNCIA DA ÁGUA
• Ligeiro (L) – terras com boa reserva de
nutrientes para as plantas, sem a presen- É definida pela quantidade de água
ça de toxidez por excesso de sais solú- armazenada no solo possível de ser apro-
veis ou sódio trocável, devendo apresen- veitada pelas plantas, a qual está na de-
tar saturação de bases (V%) maior que pendência de condições climáticas (espe-
50%, saturação de alumínio menor que cialmente precipitação e evapotranspira-
30% e soma de bases trocáveis (S) sem- ção) e edáficas (capacidade de retenção
pre acima de 3mE por 100g de T.F.S.A. de água). A capacidade de armazena-
(Terra Fina Seca ao Ar). A condutividade mento de água disponível, por sua vez, é
elétrica do extrato de saturação deve ser decorrente de características inerentes ao
menor que 4mmhos/cm a 25oC e a satu- solo, como textura, tipo de argila, teor de
ração com sódio inferior a 6%. matéria orgânica, quantidade de sais e
• Moderado (M) – terras com limitada re- profundidade efetiva. Além dos fatores
serva de nutrientes para as plantas, refe- mencionados, a duração do período de
rente a um ou mais elementos, poden- estiagem, distribuição anual da precipita-
do conter sais tóxicos capazes de afetar ção, características da vegetação natural
certas culturas. A condutividade elétri- e comportamento das culturas são tam-
ca no solo pode situar-se entre 4 e bém utilizados para determinar os graus
8mmhos/cm a 25oC e a saturação com de limitação por deficiência de água. São
sódio entre 6 e 15%. Torna-se necessá- os seguintes os graus de limitação:
ria a aplicação de fertilizantes e correti- • Nulo (N) – terras em que não há falta de
vos após as primeiras safras. água disponível para o desenvolvimen-
• Forte (F) – terras com reservas muito limi- to das culturas em nenhuma época do
tadas de um ou mais elementos nutrien- ano. A vegetação natural é normalmen-
tes, podendo conter sais tóxicos em te de floresta perenifólia, campos hidró-
quantidades tais que permitam apenas o filos e higrófilos e campos subtropicais
desenvolvimento de plantas com tolerân- sempre úmidos.

169
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• Nulo/Ligeiro (N/L) – terras sujeitas à ocor- cipitação está compreendida entre 500
rência de uma pequena falta de água e 700mm por ano, com muita irregula-
disponível durante um período de um a ridade em sua distribuição e com altas
dois meses, limitando o desenvolvimen- temperaturas. A vegetação é tipicamen-
to de culturas mais sensíveis, principal- te de caatinga hipoxerófila ou outras
mente as de ciclo vegetativo longo. A espécies de caráter seco muito acentua-
vegetação normalmente é constituída de do, equivalente à do sertão do rio São
floresta e cerrado subperenifólios e de Francisco. Terras com estação seca me-
alguns campos. nos pronunciada, porém com baixa dis-
• Ligeiro (L) – terras em que ocorre uma ponibilidade de água para as culturas,
considerável deficiência de água dispo- estão incluídas nesse grau, bem como
nível durante um período de três a cin- aquelas que apresentem alta concen-
co meses por ano, o que elimina as pos- tração de sais solúveis, capaz de ele-
sibilidades de grande parte das culturas var o ponto de murchamento. Está im-
de ciclo longo e reduz significativamen- plícita a eliminação de quaisquer pos-
te as possibilidades de dois cultivos de sibilidades de desenvolvimento de cul-
ciclo curto, anualmente. As formações turas de ciclo longo não adaptadas à
vegetais que normalmente se relacio- falta de água.
nam a esse grau de limitação são o cer- • Muito Forte (MF) – corresponde a uma
rado e a floresta subcaducifólia, bem severa deficiência de água, que pode
como a floresta caducifólia em solos durar mais de 9 meses, com uma pre-
com alta capacidade de retenção de cipitação normalmente abaixo de
água disponível. 500mm, baixo índice hídrico (Im =
• Moderada (M) – terras nas quais ocorre > -30) e alta temperatura. A vegetação
uma acentuada deficiência de água du- relacionada a este grau é a caatinga
rante um longo período, normalmente hiperxerófila.
quatro a seis meses. As precipitações os-
cilam de 700 a 1.000mm por ano, com 7.4.1.3 – EXCESSO DE ÁGUA OU
irregularidade em sua distribuição, e DEFICIÊNCIA DE OXIGÊNIO
predominam altas temperaturas. A ve-
getação que ocupa as áreas dessas ter- Normalmente relaciona-se com a
ras é constituída, normalmente, de flo- classe de drenagem natural do solo, que
resta caducifólia, transição de floresta e por sua vez é resultante da interação de
cerrado para caatinga e caatinga hipo- vários fatores (precipitação, evapotrans-
xerófila, ou seja, de caráter seco menos piração, relevo local e propriedades do
acentuado. Terras com estação seca solo). Estão incluídos na análise desse
menos marcante, porém com baixa dis- aspecto os riscos, freqüência e duração
ponibilidade de água, pertencem a esse das inundações a que pode estar sujei-
grau. As possibilidades de desenvolvi- ta à área. São os seguintes os graus de
mento de culturas de ciclo longo não limitação:
adaptadas à falta de água estão seriamen- • Nulo (N) – terras que não apresentam
te comprometidas, e as de ciclo curto problemas de aeração ao sistema radi-
dependem muito da distribuição das chu- cular da maioria das culturas durante
vas na sua estação de ocorrência. todo o ano. São classificadas como ex-
• Forte (F) – terras com uma severa defi- cessivamente e bem drenadas.
ciência de água durante um período • Ligeiro (L) – terras que apresentam certa
seco que oscila de 7 a 9 meses. A pre- deficiência de aeração às culturas sen-

170
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

síveis ao excesso de água, durante a es- variando os declives de 3 a 8%.


tação chuvosa, sendo em geral mode- • Moderado (M) – terras que apresentam
radamente drenadas. moderada susceptibilidade à erosão.
• Moderado (M) – terras nas quais a maio- Seu relevo é normalmente ondulado,
ria das culturas sensíveis não se desen- com declive de 8 a 13%. Esses níveis
volve satisfatoriamente, em decorrência de declive podem variar para mais de
da deficiência da aeração durante a es- 13%, quando as condições físicas forem
tação chuvosa. São consideradas imper- muito favoráveis, ou para menos de 8%,
feitamente drenadas, estando sujeitas a quando muito desfavoráveis, como é o
riscos ocasionais de inundação. caso de solos com horizonte B, com
• Forte (F) – terras que apresentam sérias mudança textural abrupta.
deficiências de aeração, só permitindo • Forte (F) – terras que apresentam forte sus-
o desenvolvimento de culturas não ceptibilidade à erosão. Ocorrem em rele-
adaptadas, mediante trabalho de drena- vo ondulado a forte ondulado, com de-
gem artificial, envolvendo obras ainda clive normalmente de 13 a 20%, os quais
viáveis ao nível do agricultor. São con- podem ser maiores ou menores, depen-
sideradas, normalmente, mal drenadas dendo de suas condições físicas. Na maio-
e muito mal drenadas, estando sujeitas ria dos casos a prevenção à erosão de-
a inundações freqüentes, prejudiciais à pende de práticas intensivas de controle.
maioria das culturas. • Muito Forte (MF) – terras com suscepti-
• Muito Forte (MF) – terras que apresen- bilidade maior que a do grau forte, ten-
tam praticamente as mesmas condições do o seu uso agrícola muito restrito.
de drenagem do grau anterior, porém os Ocorrem em relevo forte ondulado, com
trabalhos de melhoramento compreen- declives entre 20 a 45%. Na maioria dos
dem grandes obras de engenharia em casos o controle à erosão é dispendio-
nível de projetos fora do alcance do agri- so, podendo ser antieconômico.
cultor, individualmente. • Extremamente Forte (EF) – terras que
apresentam severa susceptibilidade à
7.4.1.4 – SUSCEPTIBILIDADE À EROSÃO erosão. Tratam-se de terras com decli-
ves superiores a 45%, nas quais deve
Diz respeito ao desgaste que a super- ser estabelecida uma cobertura vegetal
fície do solo poderá sofrer, quando sub- de preservação ambiental.
metida a qualquer uso, sem medidas con-
servacionistas. Está na dependência das 7.4.1.5 – IMPEDIMENTOS
condições climáticas (especialmente do À MECANIZAÇÃO
regime pluviométrico), das condições do
solo, das condições do relevo (declivida- Esse fator é relevante no nível de ma-
de, extensão da pendente e microrrele- nejo C, ou seja, o mais avançado, no qual
vo) e da cobertura vegetal. São os seguin- está previsto o uso de máquinas e imple-
tes os graus de limitação: mentos agrícolas nas diversas fases da
• Nulo (N) – terras não susceptíveis à ero- operação agrícola. São os seguintes os
são. Geralmente ocorrem em solos de graus de limitação:
relevo plano ou quase plano (0 a 3% • Nulo (N) – terras que permitem, em qual-
de declive), e com boa permeabilidade. quer época do ano, o emprego de to-
• Ligeiro (L) – terras que apresentam pou- dos os tipos de máquinas e implementos
ca susceptibilidade à erosão. Geralmen- agrícolas ordinariamente utilizados. São
te, possuem boas propriedades físicas, geralmente de topografia plana e prati-

171
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

camente plana, com declividade infe- 7.5 – AVALIAÇÃO DAS CLASSES DE


rior a 3%, não oferecendo impedimen- APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS
tos relevantes à mecanização. O
rendimento do trator (número de horas A avaliação das classes de aptidão
de trabalho usadas efetivamente) é su- agrícola das terras e, por conseguinte,
perior a 90%. dos grupos e subgrupos é feita através do
• Ligeiro (L) – terras que permitem, durante estudo comparativo entre os graus de li-
quase todo o ano, o emprego da maio- mitação atribuídos às terras e os estipu-
ria das máquinas agrícolas. São quase lados no quadro-guia (Quadro 7.4),
sempre de relevo suave ondulado, com elaborado para atender regiões de clima
declives de 3 a 8%, profundas a mode- tropical úmido. O quadro-guia de ava-
radamente profundas, podendo ocorrer liação da aptidão agrícola das terras, tam-
em áreas de relevo mais suaves, apre- bém conhecido como tabela de
sentando, no entanto, outras limitações, conversão, constitui uma orientação ge-
como textura muito arenosa ou muito ral para a classificação da aptidão agrí-
argilosa, restrição de drenagem, peque- cola das terras em função de seus graus
na profundidade, pedregosidade, sulcos de limitação, relacionados com os níveis
de erosão etc. O rendimento do trator de manejo A, B e C. Na referida tabela
deve estar entre 75 a 90%. constam os graus de limitação máximos
• Moderado (M) – terras que não permi- que as terras podem apresentar com re-
tem o emprego de máquinas ordinaria- lação a cinco fatores, para pertencer a
mente utilizadas durante todo o ano. cada uma das categorias de classificação
Essas terras apresentam relevo ondula- definidas. Assim, a classe de aptidão agrí-
do com declividade de 8 a 20% ou to- cola das terras, de acordo com os dife-
pografia mais suave, no caso de rentes níveis de manejo, é obtida em
ocorrência de outros impedimentos à função do grau limitativo mais forte, re-
mecanização (pedregosidade, rochosi- ferente a qualquer um dos fatores que in-
dade, profundidade exígua, textura fluenciam a sua utilização agrícola:
muito arenosa ou muito argilosa do tipo deficiência de fertilidade, deficiência de
2:1, grandes sulcos de erosão, drena- água, excesso de água (deficiência de
gem imperfeita etc.). O rendimento do oxigênio), suscetibilidade à erosão e im-
trator deve estar entre 50 e 75%. pedimentos à mecanização.
• Forte (F) – terras que permitem apenas o Nesta avaliação, visa-se diagnosticar
uso de implementos de tração animal o comportamento das terras para lavou-
ou máquinas especiais. Caracteriza-se ras, nos níveis de manejo A, B e C; para
pelos declives acentuados (20 a 45%) pastagem plantada e silvicultura, no ní-
em relevo forte ondulado. O rendimen- vel de manejo B; e para pastagem natu-
to do trator é inferior a 50%. ral, no nível de manejo A. A adoção dos
• Muito Forte (MF) – terras que não per- cinco fatores limitantes mencionados tem
mitem o uso de maquinaria, sendo difí- por finalidade representar as condições
cil até mesmo o uso de implementos de agrícolas das terras no que concerne às
tração animal. Normalmente são de to- suas propriedades físicas e químicas e
pografia montanhosa, com declives su- suas relações com o ambiente. O qua-
periores a 45%, com impedimentos dro-guia deve ser utilizado para uma ori-
muito fortes devido à pedregosidade, ro- entação geral, em face do caráter
chosidade, profundidade ou problemas subjetivo da interpretação, sujeito ao cri-
de drenagem. tério pessoal do usuário.

172
Quadro 7.4 – Quadro-guia de avaliação da aptidão agrícola das terras – região tropical úmida.

APTIDÃO AGRÍCOLA GRAUS DE LIMITAÇÃO DAS CONDIÇÕES AGRÍCOLAS DAS TERRAS PARA OS NÍVEIS MANEJO A, B e C
TIPO DE UTILIZAÇÃO
DEFICIÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE EXCESSO DE SUSCEPTIBILIDADE IMPEDIMENTOS À INDICADO
GRUPO SUBGRUPO CLASSE
FERTILIDADE ÁGUA ÁGUA À EROSÃO MECANIZAÇÃO

A B C A B C A B C A B C A B C
N
1 1ABC BOA N/L N/L1 N2 L/M L/M L/M L L1 N/ L1 L/M N/L1 N2 M L
LAVOURAS
2 2abc REGULAR L/M L1 L2 M M M M L/M1 L2 M L/M1 L2 M/F M L
3 3(abc) RESTRITA M/F M1 L2/M2 M/F M/F M/F M/F M1 L/M2 F* M1 L2 F M/F M
4P BOA M1 M F1 F1 M/F1 M/F
PASTAGEM
4 4p REGULAR M/F1 M/F F1 F1 F1 F
PLANTADA
4(p) RESTRITA F1 F F1 F1 MF F
5S BOA M/F1 M L1 L1 F1 M/F
5s REGULAR F1 M/F L1 L1 F1 F
5(s) RESTRITA MF F L/M1 L/M1 MF F SILVICULTURA E/OU

173
5 PASTAGEM
5N BOA M/F M/F M/F F MF NATURAL
5n REGULAR F F F F MF
5(n) RESTRITA MF MF F F MF
SEM APTIDÃO PRESERVAÇÃO DA
6 6 AGRÍCOLA – – – – –
FLORA E DA FAUNA
NOTAS: 1 Os algarismos sublinhados correspondem aos níveis de viabilidade de melhoramento Graus de Limjitação: N - Nulo
das condições agrícolas das terras. Os demais representam os grupos de aptidão. L - Ligeiro
– Terras sem aptidão para lavouras em geral, devido ao excesso de água, podem ser M - Moderado
indicadas para arroz de inundação. F - Forte
* No caso de grau forte por susceptibilidade à erosão, o grau de limitação por deficiência MF - Muito Forte
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de fertilidade não deve ser maior do que ligeiro a moderado para a classe restrita - 3(a). I - Intermediário
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7.6 – VIABILIDADE DE 7.7 – CLASSES DE APTIDÃO


MELHORAMENTO DAS CONDIÇÕES AGRÍCOLA SEGUNDO A LEGENDA DE
AGRÍCOLAS DAS TERRAS IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS

A viabilidade de melhoramento das Na classificação da aptidão agrícola


condições agrícolas das terras em suas das terras do Projeto SIG Cuiabá, Várzea
condições naturais, mediante a adoção Grande e Entorno (Quadro 7.5), que es-
dos níveis de manejo B e C, é expressa tão representadas pelas unidades de ma-
por algarismos sublinhados que acom- peamento constantes nos mapas de solos
panham as letras representativas dos em escala 1:100.000 (CPRM, 2006), me-
graus de limitação estipulados no qua- rece destaque o caráter qualitativo da es-
dro guia. Os graus de limitação são atri- timativa da limitação por deficiência de
buídos às terras em condições naturais e água. Uma vez que a metodologia não
também após o emprego de práticas de prevê o uso da irrigação, essa estimati-
melhoramento compatíveis com os ní- va, para todos os níveis de manejo, é rea-
veis de manejo B e C. Da mesma forma, lizada com base nos tipos climáticos
no quadro guia estão as classes de apti- conjugados com a vegetação natural,
dão de acordo com a viabilidade ou não visando, com isso, a possibilitar inferên-
de melhoramento da limitação. A irriga- cias sobre as prováveis características do
ção não está incluída entre as práticas ambiente. Assim, a deficiência de água
de melhoramento previstas para os níveis foi considerada nula para áreas com co-
de manejo B e C. bertura original de floresta subperenifó-
Consideram-se três classes de melho- lia (Chapada), ligeira para floresta
ramento, conforme as condições especi- subperenifólia e moderada para Cerra-
ficadas para os níveis de manejo B e C: dão (Savana florestada), admitindo-se
• Classe 1 – Melhoramento viável com para esse tipo de vegetação limitação um
práticas simples e pequeno emprego de pouco mais acentuada (moderada) quan-
capital. Essas práticas são suficientes do nas regiões de clima mais seco, por-
para atingir o grau indicado no quadro- ção oeste, enquanto para Cerrado
guia. (Savana arborizada) e Campo Cerrado
• Classe 2 – Melhoramento viável com (Savana parque) essa limitação foi consi-
práticas intensivas e mais sofisticadas e derada como moderada a forte.
consideráveis aplicação de capital. Essa Todavia, é importante ressaltar a ne-
classe ainda é considerada economica- cessidade de determinações mais preci-
mente compensadora. sas da disponibilidade de água nos solos,
• Classe 3 – Melhoramento viável somen- visando a melhor caracterizar cada am-
te com práticas de grande vulto, aplica- biente, já que a classificação climática
das a projetos de larga escala, que estão não leva em consideração a variabilida-
normalmente além das possibilidades de dos solos, e a vegetação natural devi-
individuais dos agricultores. do à diversidade estrutural do sistema
• Classe 4 – Sem viabilidade técnica ou radicular, podem não indicar a real dis-
econômica de melhoramento. A ausên- ponibilidade de água para lavouras e
cia de algarismo sublinhado acompa- pastagem.
nhando a letra representativa do grau
de limitação indica não haver possibi-
lidades de melhoramento daquele fa-
tor limitativo.

174
Quadro 7.5 – Aptidão agrícola das terras do Projeto SIG Cuiabá, Várzea Grande e Entorno.

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

ARGISSOLO VERMELHO- Terras com aptidão


AMARELO Distrófico típico, suave REGULAR para lavouras
textura média/argilosa, A ondulado e 2(a)bc nos níveis de manejo B e Terras com aptidão
moderado, fase Cerradão Tropical ondulado. C e RESTRITA no nível de REGULAR para lavouras
Subcaducifólio. manejo A. nos níveis de manejo B e
PVAd1 2(a)bc* C e RESTRITA no nível de
PLINTOSSOLO PÉTRICO
suave manejo A. * Há na
Concrecionário Distrófico típico Terras com aptidão
ondulado e 4(p) associação componente
ou argissólico, textura média/ RESTRITA para pastagem
ondulado. com aptidão inferior.
argilosa, A moderado, fase plantada.
Cerradão Tropical Subcaducifólio.
ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ondulado e Terras com aptidão

175
textura média/argilosa, A forte 4(p) RESTRITA para pastagem Terras com aptidão
moderado, fase Cerradão e ondulado. plantada. RESTRITA para pastagem
PVAd2 Floresta Tropical Caducifólia. 4(p)* plantada. * Há na
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico associação componente
típico, textura arenosa e média, A relevo forte Terras sem aptidão com aptidão inferior.
6
moderado, fase Cerradão Tropical ondulado. agrícola.
Caducifólio.
ARGISSOLO VERMELHO- ondulado e Terras com aptidão BOA
AMARELO Eutrófico típico, textura forte 1Ab para o nível de manejo A,
média/argilosa, A moderado, fase REGULAR no B e INAPTA Terras com aptidão BOA
ondulado.
Floresta Tropical Subcaducifólia. no nível C. para o nível de manejo A,
1Ab* REGULAR no B e INAPTA
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

PVAe CAMBISSOLO HÁPLICO Tb


no nível C. * Há na
Eutrófico e Distrófico típico, relevo Terras com aptidão
4p associação componente
textura argilosa cascalhenta, A ondulado. REGULAR para pastagem
com aptidão inferior.
moderado, fase Floresta Tropical plantada.
Subcaducifólia.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
suave Terras com aptidão
Distrófico típico, textura média 4(p)
ondulado e RESTRITA para pastagem
cascalhenta, A moderado, fase
ondulado. plantada.
Campo Cerrado Tropical.
LATOSSOLO VERMELHO- Terras com aptidão
AMARELO Distrófico típico ou Terras com aptidão RESTRITA para pastagem
CXbd1 suave RESTRITA para lavouras
câmbico, textura média, A 3(bc) 4(p)** plantada.** Há na
ondulado. nos níveis de manejo B e
moderado, fase Cerrado Tropical associação componente
Subcaducifólio. C e INAPTA no nível A. com aptidão superior.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
ondulado e
típico, textura média cascalhenta, Terras sem aptidão
forte 6
A moderado, fase Campo Cerrado agrícola.
ondulado.

176
Tropical.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb ondulado e Terras com aptidão
Distrófico típico, textura média suave RESTRITA para pastagem
cascalhenta, A moderado, fase 4(p)
ondulado. plantada.
Campo Cerrado Tropical.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico Terras com aptidão
típico, textura média cascalhenta, ondulado e Terras sem aptidão RESTRITA para pastagem
CXbd2 forte 6 4(p)*
A moderado, fase Campo Cerrado agrícola. plantada. * Há na
Tropical. ondulado. associação componente
LATOSSOLO VERMELHO- com aptidão inferior.
Terras com aptidão
AMARELO Distrófico típico ou suave RESTRITA para lavouras
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

câmbico, textura média, A ondulado. 3(bc) nos níveis de manejo B e


moderado, fase Cerrado Tropical
C e INAPTA no nível A.
Subcaducifólio
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico, textura média forte
cascalhenta, fase pedregosa, A ondulado e 6 Terras sem aptidão
moderado, Campo Cerrado ondulado. agrícola.
CXbd3 Tropical. Terras sem aptidão
6 agrícola.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
típico, textura média cascalhenta, forte Terras sem aptidão
ondulado. 6
fase pedregosa, A moderado, agrícola.
Campo Cerrado Tropical.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico, textura média, forte Terras sem aptidão
A moderado, fase pedregosa, ondulado. 6
agrícola.

177
Campo Cerrado e Cerrado Tropical
CXbd4 Subcaducifólio. 6 Terras sem aptidão
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico agrícola.
típico, textura média cascalhenta, forte 6 Terras sem aptidão
fase pedregosa, A moderado, ondulado. agrícola.
Campo Cerrado Tropical.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico argissólico, textura
suave Terras com aptidão
média muito cascalhenta/argilosa 4(p)
ondulado. RESTRITA para pastagem
muito cascalhenta, A moderado, Terras com aptidão
plantada.
fase Cerrado Tropical RESTRITA para pastagem
CXbd5 4(p)*
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Subcaducifólio. plantada. * Há na
LATOSSOLO VERMELHO- Terras com aptidão associação componente
AMARELO Distrófico típico, REGULAR para lavouras no com aptidão inferior.
suave
textura média e argilosa, A 2(b)c nível de manejo C,
ondulado.
moderado, fase Cerrado Tropical RESTRITA no B e INAPTA
Subcaducifólio. no A.
Quadro 7.5 (continuação)
Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Terras com aptidão


suave
Distrófico câmbico, texura média RESTRITA para pastagem
ondulado e 5(n)
muito cascalhenta, A moderado, natural.
ondulado.
Cerrado Tropical Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário distrófico, textura Terras com aptidão Terras com aptidão
média muito cascalhenta, A ondulado. 4(p) RESTRITA para pastagem RESTRITA para pastagem
CXbd6 moderado, Cerrado Tropical natural. ** Há na
plantada. 5(n)**
Subcaducifólio. associação componente
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb com aptidão superior.
Distrófico plíntico ou típico, Terras com aptidão
textura média muito cascalhenta, ondulado. RESTRITA para pastagem
5(n)

178
fase pedregosa, relevo ondulado, natural.
A moderado, Cerrado Tropical
Subcaducifólio.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico latossólico, textura suave Terras com aptidão
média muito cascalhenta e ondulado e 4(p) Terras com aptidão
RESTRITA para pastagem
argilosa muito cascalhenta, A ondulado. RESTRITA para pastagem
plantada.
moderado, fase Cerrado Tropical plantada. Aptidão
CXbd7 Subcaducifólio. 4(p)** RESTRITA para pastagem
LATOSSOLO VERMELHO- Terras com aptidão natural. ** Há na
AMARELO Distrófico típico, suave REGULAR para lavouras no associação componente
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

textura média e argilosa, A ondulado. 2(b)c nível de manejo C, com aptidão superior.
moderado, fase Cerrado Tropical RESTRITA no B e INAPTA
Subcaducifólio. no A.
Quadro 7.5 (continuação)
Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico latossólico, textura ondulado e Terras com aptidão
média muito cascalhenta e suave 4(p) RESTRITA para pastagem
argilosa muito cascalhenta, A ondulado. plantada.
moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio. Terras com aptidão
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico RESTRITA para pastagem
CXbd8 típico, textura média cascalhenta, suave Terras sem aptidão plantada. * Há na
6 4(p)*
fase pedregosa, A moderado, fase ondulado. agrícola. associação componente
Cerrado Tropical Subcaducifólio. com aptidão inferior.
LATOSSOLO VERMELHO- Terras com aptidão
AMARELO Distrófico típico, suave REGULAR para lavouras no

179
textura média e argilosa, A ondulado. 2(b)c nível de manejo C,
moderado, fase Cerrado Tropical RESTRITA no B e INAPTA
Subcaducifólio. no A.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico latossólico, textura Terras com aptidão
média muito cascalhenta, A ondulado. 4(p) RESTRITA para pastagem
plantada. Terras com aptidão
moderado, fase Campo Cerrado
RESTRITA para pastagem
CXbd9 Tropical.
4(p)* plantada. * Há na
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico associação componente
típico, textura média, relevo forte com aptidão inferior.
forte Terras sem aptidão
ondulado, substrato arenito, A 6
ondulado. agrícola.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

moderado, fase Campo Cerrado


Tropical.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico plíntico, textura média suave Terras com aptidão
muito cascalhenta, A moderado, ondulado e 4(p) RESTRITA para pastagem
fase Cerrado Tropical ondulado. plantada.
Subcaducifólio.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Distrófico típico, textura média ondulado e Terras com aptidão Terras com aptidão
CXbd10 muito cascalhenta, A moderado, suave RESTRITA para pastagem
4(p) RESTRITA para pastagem 4(p)
fase Cerrado Tropical ondulado. plantada. plantada.
Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO
Epiconcrecionário Distrófico, Terras com aptidão
suave

180
textura média/argilosa, A 4(p) RESTRITA para pastagem
ondulado. plantada.
moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio.
GLEISSOLO HÁPLICO Tb e Ta
Terras com aptidão
Eutrófico, textura argilosa, A plano. 5n REGULAR para pastagem
moderado, fase Floresta Tropical
natural.
Hidrófila de Várzea.
NEOSSOLO FLÚVICO Ta e Tb Terras com aptidão
Eutrófico e Distrófico vérticos ou Terras com aptidão 5n** REGULAR para pastagem
GXbe típico, textura média/argilosa/ plano. 4p REGULAR para pastagem natural. ** Há na
arenosa A moderado, fase Floresta plantada. associação componente
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tropical Hidrófila de Várzea. com aptidão superior.


VERTISSOLO HÁPLICO Órtico
gleico ou típico, textura argilosa e Terras com aptidão
muito argilosa, A moderado, fase plano. 5n REGULAR para pastagem
Floresta Tropical Hidrófila de natural.
Várzea.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

Terras com aptidão


GLEISSOLO HÁPLICO Tb REGULAR para lavouras no Terras com aptidão
Distrófico típico, textura argilosa e 2(b)c nível de manejo C,
plano. REGULAR para lavouras
média, A moderado, fase Floresta RESTRITA no B e INAPTA no nível de manejo C,
GXbd Tropical Higrófila de Várzea. no A.
2(b)c** RESTRITA no B e INAPTA
NEOSSOLO FLÚVICO Tb Terras com aptidão BOA no A.** Há na associação
Distrófico, textura indiscriminada, para lavouras no nível de componente com aptidão
plano. 1(a)Bc superior.
A moderado, fase Floresta Tropical manejo B, REGULAR no
Higrófila de Várzea. nível C e RESTRITA no A.
plano e Terras com aptidão BOA
LATOSSOLO VERMELHO
suave 1(b)C para lavouras no nível de
Distrófico típico, A moderado, fase
ondulado. manejo C, RESTRITA no B Terras com aptidão BOA
Cerrado Tropical Subcaducifólio.

181
e INAPTA no A. para lavouras no nível de
LVd1 1(b)C
LATOSSOLO VERMELHO plano e Terras com aptidão BOA manejo C, RESTRITA no B
Distrófico típico, textura argilosa, suave 1(b)C para lavouras no nível de e INAPTA no A.
A moderado, fase Cerrado Tropical ondulado. manejo C, RESTRITA no B
Subcaducifólio. e INAPTA no A.
LATOSSOLO VERMELHO- suave Terras com aptidão BOA
AMARELO Distrófico típico, ondulado e 1bC para lavouras no nível de
textura argilosa e média, fase manejo C, REGULAR no B Terras com aptidão BOA
plano. para lavouras no nível de
Cerrado Tropical Subcaducifólio. e INAPTA no A.
LVAd1 manejo C, RESTRITA no B
PLINTOSSOLO PÉTRICO 1bC* e INAPTA no A. * Há na
Concrecionário Distrófico típico suave Terras com aptidão
associação componente
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ou latossólico, textura argilosa, A ondulado. 4p REGULAR para pastagem


com aptidão inferior.
moderado, fase Cerrado Tropical plantada.
Subcaducifólio.
Quadro 7.5 (continuação)
Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

LATOSSOLO VERMELHO- Terras com aptidão BOA


suave
AMARELO Distrófico típico, para lavouras no nível de
ondulado e 1bC Terras com aptidão BOA
textura argilosa e média, A manejo C, REGULAR no B
plano. para lavouras no nível de
moderado, fase Cerrado Tropical e INAPTA no A.
LVAd2 Subcaducifólio. manejo C, RESTRITA no B
1bC*
PLINTOSSOLO PÉTRICO e INAPTA no A. * Há na
Concrecionário Distrófico típico, Terras com aptidão associação componente
suave
textura média/argilosa, A 4p REGULAR para pastagem com aptidão inferior.
ondulado.
moderado, fase Cerrado Tropical plantada.
Subcaducifólio.
LATOSSOLO VERMELHO- suave Terras com aptidão BOA
AMARELO Distrófico típico,

182
ondulado e 1bC para lavouras no nível de Terras com aptidão BOA
textura média, A moderado, fase plano. manejo C, REGULAR no B para lavouras no nível de
LVAd3 Cerrado Tropical Subcaducifólio. e INAPTA no A. manejo C, RESTRITA no B
1bC*
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO e INAPTA no A. * Há na
plano e Terras com aptidão
Órtico distrófico, A moderado, 4(p) associação componente
suave RESTRITA para pastagem
fase Cerrado Tropical com aptidão inferior.
ondulado. plantada.
Subcaducifólio.
LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, Terras com aptidão BOA
suave 1bC para lavouras no nível de Terras com aptidão BOA
textura argilosa e média, A
ondulado. manejo C, REGULAR no B para lavouras no nível de
moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio. e INAPTA no A. manejo C, RESTRITA no B
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

LVAd4 1bC*
PLINTOSSOLO PÉTRICO e INAPTA no A. * Há na
Concrecionário Distrófico típico Terras com aptidão associação componente
suave 4(p) com aptidão inferior.
ou argissólico, textura média/ RESTRITA para pastagem
ondulado.
argilosa, A moderado, fase plantada.
Cerrado Tropical Subcaducifólio.
Quadro 7.5 (continuação)
Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico


típico, textura média cascalhenta, forte Terras sem aptidão
substrato filitos e arenitos, A ondulado. 6
agrícola.
moderado, fase pedregosa, Campo
Cerrado Tropical.
RLd1 6 Terras sem aptidão
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb agrícola.
Distrófico típico, textura média forte
cascalhenta, A moderado, fase Terras sem aptidão
ondulado. 6
pedregosa, Campo Cerrado agrícola.
Tropical.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
típico, textura média cascalhenta,
forte Terras sem aptidão
substrato filito e quartzito, A 6
ondulado. agrícola.
moderado, fase pedregosa,

183
Cerrado Tropical Subcaducifólio. Terras sem aptidão
6
RLd2 CAMBISSOLO HÁPLICO Tb agrícola.
Distrófico típico, textura média forte ondu-
Terras sem aptidão
cascalhenta, A moderado, fase lado e 6
agrícola.
pedregosa, Cerrado Tropical ondulado.
Subcaducifólio.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
típico, textura média cascalhenta, forte 6 Terras sem aptidão
A moderado, fase pedregosa, ondulado. agrícola.
Campo Cerrado Tropical.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Terras sem aptidão
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

RLd3 Distrófico típico, textura média e 6 agrícola.


forte Terras sem aptidão
argilosa cascalhenta, A moderado, 6
ondulado. agrícola.
fase pedregosa, Campo Cerrado
Tropical.
forte Terras sem aptidão
AFLORAMENTOS DE ROCHA. 6 agrícola.
ondulado.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico


típico, textura média cascalhenta, forte
substrato filitos; A moderado, fase Terras sem aptidão
ondulado. 6
pedregosa, Floresta e Cerrado agrícola.
Tropical Subcaducifólio, 6
RLd4 Terras sem aptidão
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb agrícola.
Distrófico típico, textura média forte
Terras sem aptidão
cascalhenta, A moderado, fase ondulado e 6 agrícola.
pedregosa, Floresta e Cerrado ondulado.
Tropical Subcaducifólio.
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
forte
típico, textura média, A Terras sem aptidão
ondulado e

184
moderado, fase Cerrado Tropical 6 agrícola.
RLd5 ondulado. 6 Terras sem aptidão
Subcaducifólio, substrato arenito.
agrícola.
forte
Terras sem aptidão
AFLORAMENTOS DE ROCHA. ondulado e 6 agrícola.
ondulado.
NEOSSOLO FLÚVICO Tb Terras com aptidão BOA
Distrófico típico, textura média/ para lavouras no nível de
argilosa/ arenosa, A moderado, plano. 1(a)Bc Terras com aptidão BOA
manejo B, REGULAR no C
fase Floresta e Campo Tropical e RESTRITA no A. para lavouras no nível de
RYbd1 Hidrófila de Várzea. manejo B, REGULAR no C
1(a)Bc*
Terras com aptidão e RESTRITA no A. * Há na
GLEISSOLO HÁPLICO Tb
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

REGULAR para lavouras no associação componente


Distrófico, textura argilosa, A plano. 2(bc) nível de manejo C, com aptidão inferior
moderado, fase Floresta e Campo RESTRITA no B e INAPTA
Tropical Hidrófila de Várzea. no A.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

NEOSSOLO FLÚVICO Ta e Tb
Eutrófico e Distrófico vérticos ou Terras com aptidão
típico, textura média/argilosa/ plano. 4p REGULAR para pastagem Terras com aptidão
arenosa, A moderado, fase Floresta plantada. RESTRITA para pastagem
RYbd2 Tropical Hidrófila de Várzea. plantada.** Há na
4p**
GLEISSOLO HÁPLICO Ta associação componente
Terras com aptidão com aptidão superior.
Eutrófico, textura argilosa, A
plano. 5n REGULAR para pastagem
moderado, fase Floresta Tropical
natural.
Hidrófila de Várzea.
VERTISSOLO HÁPLICO Órtico
gleico ou típico, textura argilosa e Terras com aptidão
muito argilosa, A moderado, fase plano. 5n REGULAR para pastagem

185
Floresta Tropical Hidrófila de natural. Terras com aptidão
RQo1 4(p) RESTRITA para pastagem
Várzea.
plantada.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO suave Terras com aptidão
Órtico típico, A moderado, fase ondulado. 4(p) RESTRITA para pastagem
Cerrado Tropical Subcaducifólio. plantada.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO plano e Terras com aptidão
Órtico típico, A moderado, fase suave 4(p) RESTRITA para pastagem Terras com aptidão
Cerrado Tropical Subcaducifólio. ondulado. plantada. RESTRITA para pastagem
RQo2 LATOSSOLO VERMELHO- 4(p)** plantada.** Há na
plano e Terras com aptidão
AMARELO Distrófico típico, 4p associação componente
suave REGULAR para pastagem
textura média, A moderado, fase com aptidão superior.
ondulado. plantada.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Cerrado Tropical Subcaducifólio.


Quadro 7.5 (continuação)
Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico
Terras com aptidão
argissólico, textura média muito suave 4(p) RESTRITA para pastagem
cascalhenta/ argilosa muito Terras com aptidão
ondulado. plantada.
cascalhenta, A moderado, fase RESTRITA para pastagem
FFcd1 Cerrado Tropical Subcaducifólio. 4(p)** plantada.** Há na
LATOSSOLO VERMELHO- Terras com aptidão BOA associação componente
AMARELO Distrófico típico, para lavouras no nível de com aptidão superior.
suave 2bC
textura média e argilosa, A manejo C, REGULAR no B
ondulado.
moderado, fase Cerrado Tropical e INAPTA no A.
Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico suave Terras com aptidão
câmbico, texura média muito ondulado e 4(p) RESTRITA para pastagem
Terras com aptidão

186
cascalhenta, A moderado, Cerrado ondulado. plantada.
RESTRITA para pastagem
Tropical Subcaducifólio.
FFcd2 4(p)* plantada. * Há na
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb associação componente
Distrófico plíntico ou típico, Terras com aptidão com aptidão inferior.
textura média muito cascalhenta, ondulado. 5(n) RESTRITA para pastagem
fase pedregosa, A moderado, natural.
Cerrado Tropical Subcaducifólio.
PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico, suave Terras com aptidão
textura média muito cascalhenta e ondulado e 4(p) RESTRITA para pastagem
argilosa muito cascalhenta, A ondulado. Terras com aptidão
plantada.
moderado, fase Cerrado Tropical RESTRITA para pastagem
4(p)**
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

FFcd3 Subcaducifólio. plantada.** Há na


LATOSSOLO VERMELHO- associação componente
Terras com aptidão BOA com aptidão superior.
AMARELO Distrófico típico,
suave para lavouras no nível de
textura média e argilosa, A 2bC
ondulado. manejo C, REGULAR no B
moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio. e INAPTA no A.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico,
Terras com aptidão
textura média muito cascalhenta e
ondulado. 4(p) RESTRITA para pastagem
argilosa muito cascalhenta, A
plantada.
moderado, fase Campo Cerrado Terras com aptidão
Tropical. RESTRITA para pastagem
FFcd4 4(p)* plantada. * Há na
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
ondulado e Terras sem aptidão associação componente
típico, textura média, A moderado, 6
ondulado. agrícola. com aptidão inferior.
fase Campo Cerrado Tropical.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb
Terras com aptidão
Distrófico típico, textura média
ondulado. 5(n) RESTRITA para pastagem
muito cascalhenta, A moderado,
natural.

187
fase Campo Cerrado Tropical.
PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico suave Terras com aptidão
ou léptico, textura média muito ondulado e 5(n) RESTRITA para pastagem
cascalhenta, A moderado, fase ondulado. natural.
Cerrado Tropical Subcaducifólio.
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Terras com aptidão RES-
Distrófico típico, textura média ondulado e Terras com aptidão TRITA para pastagem
FFcd5 muito cascalhenta, A moderado, suave 5(n) RESTRITA para pastagem natural. ** Há na associa-
fase Cerrado Tropical ondulado. natural. 5(n)**
ção componente com
Subcaducifólio. aptidão superior.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

PLINTOSSOLO PÉTRICO
Epiconcrecionário Distrófico, Terras com aptidão
suave RESTRITA para pastagem
textura média/argilosa, A 4(p)
ondulado. plantada.
moderado, fase Cerrado Tropical
Subcaducifólio.
Quadro 7.5 (continuação)

Aptidão da Aptidão da
Unidade de Relevo dos Aptidão dos Aptidão dos
Componentes Unidade de Unidade de
Mapeamento Componentes Componentes Componentes
Mapeamento Mapeamento

PLINTOSSOLO ARGILÚVICO
Distrófico típico, textura arenosa/ Terras com aptidão
plano, com
média e média/argilosa, A 5n REGULAR para pastagem Terras com aptidão
murundus.
moderado, fase Campo Cerrado natural. REGULAR para pastagem
FTd1 (covoal). 5n* natural. * Há na
PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico associação componente
solódico e típico, textura média/ Terras sem aptidão com aptidão inferior.
argilosa, A moderado, fase Floresta plano. 6 agrícola.
Tropical Subcaducifólia.
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO plano e
suave Terras com aptidão Terras com aptidão
FTd2 Distrófico arênico, textura
ondulado, 5(n) RESTRITA para pastagem 5(n) RESTRITA para pastagem
arenosa/média, A moderado, fase

188
com natural. natural.
Campo Cerrado (covoal).
murundus.
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO
plano, com Terras com aptidão
Distrófico típico, textura média/
5n REGULAR para pastagem Terras com aptidão
argilosa, A moderado, fase Campo murundus.
natural. REGULAR para pastagem
Cerrado (covoal).
FTd3 5n* natural. * Há na
PLINTOSSOLO ARGILÚVICO associação componente
Terras com aptidão
Distrófico arênico, textura plano, com com aptidão inferior.
5(n) RESTRITA para pastagem
arenosa/média, A moderado, fase murundus.
natural.
Campo Cerrado (covoal).
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

7.8 – DESCRIÇÃO DOS SUBGRUPOS domínio de Neossolos Flúvicos desenvol-


DE APTIDÃO AGRÍCOLA vidos sobre sedimentos aluviais, é neces-
sário um controle cuidadoso do nível do
7.8.1 – TERRAS COM APTIDÃO lençol freático. Além disso, os riscos de
AGRÍCOLA PARA USO COM inundação inerentes à posição que ocu-
LAVOURAS NOS SISTEMAS DE pam na paisagem incorporam um fator
MANEJO A, B OU C restritivo a mais, que precisa ser conside-
rado quando da implantação de projetos
Os principais fatores limitantes ao uso agropecuários. Já as áreas livres de inun-
das terras com possibilidades de utilização dação têm como principal limitação a
com lavouras em pelo menos um dos três deficiência de água relacionada ao clima
sistemas de manejo referem-se à baixa fer- seco, além de, em alguns casos, ocorrer
tilidade natural para os níveis A e B e ao também ligeiro impedimento ao empre-
relevo movimentado para o manejo C, go de maquinário, em função do relevo
além da deficiência hídrica em áreas mais suave ondulado.
secas, que impõe restrições para o uso nos De qualidade inferior às descritas an-
três níveis, já que a irrigação não está entre teriormente, nas terras enquadradas nos
as práticas de redução previstas. subgrupos 2(a)bc* e 2(b)c**, a baixa ferti-
As terras do Projeto SIG Cuiabá, Vár- lidade natural, às vezes associada à alta
zea Grande e Entorno com aptidão para saturação por alumínio, inviabiliza a uti-
lavouras enquadram-se nos seguintes lização no nível de manejo A e restringe
subgrupos de aptidão: 1(a)Bc*, 1(b)C, acentuadamente as possibilidades de uso
1Ab*, 1bC*, 2(a)bc* e 2(b)c**. no manejo B. As boas condições topo-
Os subgrupos 1(a)Bc*, 1(b)C e 1bC* gráficas (declives abaixo de 8%) são, no
correspondem às terras de maior poten- entanto, bastante favoráveis ao manejo
cial agrícola da região de estudo. Carac- mais tecnificado, cujas principais limita-
teriza-se pela boa profundidade dos solos ções referem-se à deficiência de água
associada à topografia suave, apesar de quando moderada e aos impedimentos à
apresentar baixa fertilidade natural. Em mecanização em grau ligeiro nos relevos
geral, referem-se a áreas de Latossolos e um pouco mais declivosos. A essas restri-
Argissolos localizados nas áreas de cha- ções acresce-se a susceptibilidade à ero-
padas, patamares e na porção leste da são no caso dos solos com gradiente
Baixada Cuiabana. O relevo aplainado textural acentuado.
facilita as operações mecanizadas e as li- O subgrupo 1Ab corresponde prefe-
mitações de fertilidade podem ser trans- rencialmente a terras em que a suscepti-
postas pelo nível de manejo mais bilidade à erosão e os impedimentos à
elevado. São terras, portanto, aptas ao uso mecanização constituem as principais li-
com lavouras em qualquer um dos três mitações ao uso. Refere-se a áreas de so-
níveis de manejo, à exceção das unida- los eutróficos, ou pelo menos com
des 1(b)C, 1bC* e 2(b)c**, onde a limita- fertilidade natural moderada, e de relevo
ção de fertilidade é muito limitante. em geral ondulado (8 a 20% de declive).
Nas várzeas, que requerem trabalhos Deve-se ressaltar ainda a inviabilidade ao
de drenagem para possibilitar usos mais uso com culturas anuais nesses dois ní-
intensivos, a principal limitação diz res- veis de manejo, devido ao relevo mais
peito à deficiência de oxigênio na época movimentado em que ocorrem, embora
chuvosa. Mesmo naquelas já drenadas há com possibilidades restritas para lavouras
vários anos, como é o caso da área de no manejo primitivo.

189
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

7.8.2 – TERRAS COM APTIDÃO ções que apresentam, onde a suscepti-


AGRÍCOLA PARA USO COM bilidade à erosão é o principal fator que
PASTAGEM PLANTADA condiciona a indicação para esse tipo de
uso. Referem-se, principalmente, a áreas
As terras que inviáveis ao uso com de solos profundos, situados em relevo
lavouras apresentam aptidão para pasta- muito movimentado, predominantemen-
gem plantada, caracterizam-se em geral te montanhoso (declives superiores a
pela elevada susceptibilidade à erosão e 45%). O reflorestamento é aqui conside-
severas dificuldades de mecanização, ou rado como o plantio de espécies arbó-
por forte deficiência de fertilidade asso- reas visando à melhoria da qualidade
ciada a condições de má drenagem. ambiental (estabilização do solo das en-
O subgrupo 4p corresponde a terras costas, recuperação de áreas degrada-
que apresentam elevada susceptibilida- das, pequenos pomares, arborização de
de à erosão, devido ao relevo acidenta- áreas de lazer etc.).
do, em geral forte ondulado e ondulado,
mas com deficiência de fertilidade infe- 7.8.4 – TERRAS COM APTIDÃO
rior a moderada a forte. Apresentam tam- AGRÍCOLA PARA USO COM
bém condições regulares para uso com PASTAGEM NATURAL
silvicultura. Esse subgrupo refere-se tam-
bém a várzeas onde a acentuada defici- Encontra-se na área de estudo terras
ência de nutrientes, associada a sérias com aptidão apenas restrita para pasta-
dificuldades de drenagem, impossibilita gem natural determinada, principalmen-
usos mais intensivos. te, pela deficiência de fertilidade muito
Nas terras com aptidão restrita para acentuada, pequena profundidade efe-
pastagem plantada, subgrupo 4(p), as tiva do solo e presença de pedregosida-
principais limitações dizem respeito à de e textura muito cascalhenta.
acentuada susceptibilidade à erosão ve- Referem-se também as áreas com condi-
rificada para os solos de relevo forte on- ções de drenagem onde os impedimen-
dulado, que ocorrem em condições de tos à mecanização são bastante
baixa fertilidade natural. Apesar de não acentuados.
indicada na simbologia do subgrupo,
essas terras têm ainda como opção o uso 7.8.5 – TERRAS NÃO-INDICADAS
com silvicultura, indicação que se baseia PARA UTILIZAÇÃO AGRÍCOLA
no fato dessa atividade auxiliar no con-
trole da erosão. Nessa categoria são Esse grupo, representado pelo nú-
enquadradas ainda áreas pouco ex- mero 6, corresponde às terras que apre-
pressivas de várzeas, com solos de cará- sentam fortes limitações ao uso agrícola
ter sódico. devido, sobretudo, à elevada suscepti-
bilidade à erosão, inferida pela pouca
7.8.3 – TERRAS COM APTIDÃO espessura do horizonte B, condiciona-
AGRÍCOLA PARA USO COM da principalmente pelo relevo movi-
SILVICULTURA mentado. Predominam solos rasos,
situados em áreas muito acidentadas,
Em grandes áreas do estado verifica- não raro associados a afloramentos ro-
se a ocorrência de terras com aptidão res- chosos. Em virtude dessas condições,
trita para uso apenas com silvicultura – são mais indicadas para preservação do
subgrupo 5(s) – devido às fortes limita- meio ambiente.

190
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

7.9 – BIBLIOGRAFIA aptidão agrícola das terras. 2. ed. rev.


Rio de Janeiro: SUPLAN/EMBRAPA-
BENNEMA, J.; BEEK, K. J.; CAMARGO, M. SNLCS, 1983. 57p.
N. Interpretação de levantamento de RAMALHO FILHO, A.; PEREIRA, E. G.;
solos no Brasil: um sistema de classi- BEEK, K. J. Sistema de avaliação da ap-
ficação de capacidade de uso da ter- tidão agrícola das terras. 3. ed. rev. Rio
ra para levantamentos de de Janeiro: SUPLAN/EMBRAPA-
reconhecimento de solos. Rio de Ja- SNLCS, 1995. 65p.
neiro: DPFS/DPEA/FAO, 1965. 50p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa
Mimeografado. de Solos. Os solos do estado do Rio
RAMALHO FILHO, A.; PEREIRA, E. G.; de Janeiro. Rio de Janeiro: CNPS,
BEEK, K. J. Sistema de avaliação da 2000. 33p.

191
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

192
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

8 – GEOQUÍMICA

8.1 – INTRODUÇÃO estão no solo ou em suspensão no ar vão


poluir a água e substâncias sedimentadas
Desde a Antigüidade há sinais de na água acabam por poluir a terra.
luta contra a poluição, mas esta só se tor- A degradação das condições ambi-
nou realmente um problema com o ad- entais tem aumentado de maneira con-
vento da Revolução Industrial. Já no iní- siderável e preocupante nas regiões mais
cio do século XIX registraram-se queixas desenvolvidas do mundo, sobretudo a
no Reino Unido, contra o ruído ensur- partir de meados do século XX. E hoje
decedor de máquinas e motores. As cha- percebe-se a deterioração das condições
minés das fábricas lançavam no ar quan- físicas, químicas e biológicas de um ecos-
tidades cada vez maiores de cloro, sistema, que afeta negativamente a vida
amônia, monóxido de carbono e meta- humana e de espécies animais e vege-
no, aumentando a incidência de doen- tais. A preservação do meio ambiente,
ças pulmonares. Os rios foram contami- ou seja, o sistema de relações no qual a
nados com a descarga de grande volume existência de uma espécie depende do
de dejetos, o que provocou epidemias mecanismo de equilíbrio da outra, é vi-
de cólera e febre tifóide. tal para manter processos naturais des-
No século XX surgiram novas fontes truidores e regeneradores. Do meio am-
de poluição, como a radioativa e, sobre- biente depende a sobrevivência biológi-
tudo, decorrente dos gases lançados por ca. A atividade clorofiliana produz o oxi-
veículos automotores. A poluição e seu gênio necessário a animais e vegetais; a
controle são, em geral, tratados em três ação de animais, plantas e microrganis-
categorias naturais: poluição da água, po- mos garantem a pureza das águas nos
luição do ar e poluição do solo. Os depó- rios, lagos e mares; os processos biológi-
sitos de lixo poluem a terra, mas sua inci- cos que ocorrem no solo possibilitam as
neração contribui para a poluição do ar. colheitas. A vida no planeta está ligada
Carregados pela chuva, os poluentes que ao conjunto desses fenômenos, cuja in-

193
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ter-relação é denominada ecossistema. Os dados geoquímicos (resultados


Mesmo antes da existência do homem, analíticos brutos, dados de campo, etc.)
a própria natureza já produzia materiais foram armazenados num banco de dados
nocivos ao meio ambiente, como os pro- como também, em mapas de distribuição
dutos da erupção de vulcões e das tem- de elementos-traço, disponibilizados para
pestades de poeira. a sociedade, para que possam ser utiliza-
A coleta de água superficial e sedi- dos em outros estudos, quer no âmbito
mentos de corrente é útil, tanto para pes- da Geologia, como também, em outras
quisa de novos recursos minerais, como áreas, como agricultura, pecuária, uso e
também, para prover soluções para pro- ocupação do solo, saúde pública e sanea-
blemas ambientais, visto que os metais mento básico.
pesados, durante as épocas de cheia nos
rios, são carreados junto com os sedimen- 8.3 – MÉTODOS E MATERIAIS
tos finos, e depositados nas margens dos
rios. A história sedimentar desses rios ofe- Previamente aos trabalhos de cam-
rece informações sobre o “antes” e o “de- po foi elaborado um mapa-base das ba-
pois”, tanto em relação à época das en- cias hidrográficas a serem estudadas, na
chentes, como em épocas remotas, que escala 1:100.000, sobre o qual, após aná-
podem ser utilizadas para delimitar car- lise da distribuição e extensão das dre-
gas críticas e bombas químicas potenciais nagens, foram locados os pontos de
(Ottensen, 1992). amostragem.
Foram coletadas amostras em 105
estações, espacializadas em um mapa in- 8.3.1 – NO CAMPO
tegrado na escala 1:100.000, envolven-
do as folhas SD.21-Z-C-II, SD.21-Z-C-III, Os trabalhos de campo foram reali-
SD-21-Z-C-IV, SD-21-Z-C-V e SD-21-Z- zados em duas etapas: a primeira abran-
C-VI, em drenagens com área de capta- gendo toda a área, com amostragem regio-
ção em torno de 50km2, nos córregos e nal realizada em 03 etapas de campo, du-
ribeirões que cobrem a área estudada, rante os meses de agosto a outubro de
sendo percorrido um total de 11 mil km. 2001, e outra mais específica (verificação
de anomalias), com reamostragem e rea-
8.2 – OBJETIVO nálise em áreas selecionadas a partir dos
resultados da primeira fase.
O objetivo do Projeto Sistema de In- O procedimento metodológico ado-
formação Geoambiental de Cuiabá, Vár- tado nas duas campanhas de amostragem
zea Grande e Entorno foi efetuar o reco- geoquímica pode ser assim resumido:
nhecimento geoquímico, através da co- uma vez acessado o ponto de amostra-
leta de amostras de sedimentos de corren- gem nos cursos de água, a amostra é co-
te e água no entorno de Cuiabá, com a letada no canal principal, com o auxílio
finalidade de determinar a abundância e de seringas descartáveis. Após passar por
dispersão dos elementos químicos nesses um processo de filtragem, por meio de
meios amostrados, de tal modo que pos- membrana ultrafina (retenção do materi-
sam ser utilizados como indicadores de al em suspensão), duas amostras de água
contaminação natural ou poluição pro- com 50 ml cada são coletadas em cada
vocada no meio ambiente, por atividade ponto: uma para análise dos cátions e ou-
antrópica, bem como definir áreas para tra para análise dos ânions presentes
pesquisa mineral. (Foto 8.1).

194
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Foto 8.2 – Coleta de sedimentos de corrente uti-


Foto 8.1 – Filtragem utilizando unidades fil- lizando peneiras para evitar os materiais mais
trantes e seringa. grosseiros.

Após a coleta da água efetua-se a co-


leta dos sedimentos de corrente em di-
versos pontos do leito da drenagem,
estabelecendo uma amostra composta
(Foto 8.2). Este material, após sua descri-
ção, é acondicionado em embalagens
plásticas (Foto 8.3).
Todos os materiais assim coletados e
preparados, depois de devidamente etique-
tados e lacrados, eram conservados em
baixas temperaturas até sua remessa para o
laboratório. As amostras de água destina-
das à análise dos cátions foram sempre aci-
dificadas com HNO3 (1 gota para cada 5ml),
Foto 8.3 – Detalhe na preparação do sedimento
antes de seu acondicionamento final. de corrente.
Cada sítio de coleta é descrito por
uma ficha de campo de amostragem geo-
química, onde consta sua exata localiza-
ção através de GPS, e principais
características da drenagem amostrada. O
local é identificado através de inscrição
com tinta spray em algum ponto bem vi-
sível, com vista a facilitar as amostragens
futuras (monitoramento).
Simultaneamente à coleta das amostras
para análises efetuou-se, em cada ponto,
medições instantâneas dos parâmetros físi-
co-químicos de qualidade das águas: pH,
condutividade, oxigênio dissolvido, turbi-
dez e temperatura utilizando o phgâmetro, Foto 8.4 – Detalhe dos equipamentos para me-
oxímetro e condutivímetro (Foto 8.4). dir os parâmetros físico-químicos da água.

195
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

8.3.2 – NO LABORATÓRIO Obs: entre os cátions, Be, B, Co, Cr,


Ni, V e Zn não serão discutidos, em
Os sedimentos de corrente coletados função dos valores serem abaixo do li-
nas duas etapas de campo foram analisa- mite de detecção para todas as amos-
dos pelos Laboratórios da UCB – Univer- tras. Entre os ânions, não serão con-
sidade Católica de Brasília, sendo siderados o NO2, PO4 e o Br, pelo mesmo
empregado o método ICP/OES – espec- motivo.
troscopia de emissão atômica por plasma
de argônio induzido (Tabela 8.1) para os 8.4 – CONTROLE DE QUALIDADE
35 elementos químicos.
Nas amostras de água coletadas nas Na programação da amostragem, foi
duas fases e analisadas no Laboratório da prevista a coleta de 10% das amostras
UCB, as concentrações são totais, pois as para controle de qualidade. As duplica-
amostras de água foram introduzidas no tas para controle da amostragem e as
ICP/OES sem tratamento prévio. As amos- replicatas para monitoramento da varia-
tras foram filtradas em 0,45µ no campo. bilidade analítica.
Foram analisadas 29 cátions via ICP/OES Os procedimentos laboratoriais tam-
– espectrometria de emissão com fonte de bém incluíram amostras-padrão para con-
plasma, e 7 ânions, através de cromato- trole analítico e “brancos”, para calibração
grafia (Tabela 8.2). dos equipamentos.

Tabela 8.1 – Elementos analisados nos sedimentos de corrente coletados nas duas fases e respectivos
limites de sensibilidade dos métodos analíticos.

Análises realizadas no Laboratório da Universidade Católica de Brasília


Elementos Limite de Sensibilidade Método Analítico
Fe, Al, Mg, Ca, Na, K, Ti 0,01%
Cd 0,2ppm
Cu, Zn, Mo, Ni, Co, Mn,
1ppm
Ba, Cr, V, La, Sr, Y, Li, Nb, Zr ICP/OES
Pb, Ga 2ppm
Bi, As, Sb, Sc 5ppm
Te, Ta 10ppm
Sn, W 20ppm

Tabela 8.2 – Elementos analisados nas amostras de água coletadas nas duas fases e respectivos
limites de sensibilidade dos métodos analíticos.

Elementos Limite de Sensibilidade (mg/L) Métodos


Al, Ca 0,1
As, Cu, Mg, Sn, Si, W 0,01
Ba, B, Co, Fe, Ni 0,002 ICP/OES
Be, Cd, Li, Sr, Zn, Mn, Hg 0,001
Mo, Pb, Sc 0,005
Cr, Se,V 0,02
Ti 0,05
F– 0,01 Cromatografia
NO2–, NO3–, SO4– 0,1
PO4–3 0,2
Br–, Cl– 0,05

196
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

8.5 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO sociações geoquímicas a partir das ma-


trizes de correlação das concentrações
O tratamento estatístico e as matri- dos elementos químicos analisados.
zes de correlação para as amostras co- Para efeito de melhor entendimen-
letadas foram desenvolvidos através do to, divide-se a apresentação dos resul-
software OASIS 4.3 – módulo Chimera. tados de acordo com o tipo de material
A primeira determinação diz respeito à amostrado, sedimentos de corrente e
obtenção dos parâmetros estatísticos água, e respectivos períodos de amos-
(média aritmética, desvio-padrão e va- tragem (regional e verificação de ano-
lores anômalos de 1ª, 2ª e 3ª ordem) de malia).
cada elemento, e à construção das ma-
trizes de correlação desses elementos. 8.6.1 – SEDIMENTOS DE CORRENTE
É a partir dessas determinações que são
definidas as associações geoquímicas O sumário estatístico dos resultados
(afinidades entre elementos) que servem analíticos das amostras de sedimentos
de base para a confecção dos mapas de de corrente está apresentado na Tabela
distribuição regional dos elementos se- 8.3. As médias e os desvios-padrão são
lecionados. aritméticos. Nas tabelas 8.4a a 8.4d en-
Para confecção dos mapas interpre- contram-se as concentrações anômalas
tativos da distribuição dos elementos de 1ª, 2ª e 3ª ordem para os elementos
foi utilizado o GEOSOFT Mapping and selecionados.
Processing System (MPS), associado a Os resultados analíticos foram con-
um software de modelamento, ambos de- solidados em arquivos xyz para a con-
senvolvidos pela empresa canadense fecção dos mapas de distribuição dos
GEOSOFT. Estes mapas estão apresenta- elementos selecionados. A partir do tra-
dos na forma de figuras, de acordo com tamento estatístico, foram excluídos os
as associações geoquímicas estabeleci- elementos Be, As, Co, Cr, Se e V,
das através das matrizes de correlação. por apresentarem todos os resultados
As amostras de sedimentos de cor- analíticos abaixo do limite de sensibi-
rentes foram agrupadas em uma mesma lidade. Para os elementos restantes, foi
população, tendo em vista que não confeccionada uma matriz de correla-
apresentaram variações litológicas sig- ção (Figura 8.1), com o objetivo de
nificativas. definir as principais associações geo-
químicas.
8.6 – RESULTADOS OBTIDOS A análise da matriz de correlação,
considerando o nível de significância de
De posse de todos os resultados pro- 0,95, estabeleceu as seguintes associa-
curou-se definir as mais significativas as- ções geoquímicas:

Mn-Co-Y
Nível de correlação muito forte > 0,84 Ba-Sc-Sr-Al
Cd-Fe-Te

Zn-Cu-Li
Nível de correlação forte > 0,5 < 0,84 Mn-Au-Pb
K-Mg

197
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Figura 8.1 – Matriz de correlação dos sedimentos de corrente.

Entre os elementos selecionados as 8.4a a 8.4d observam-se as amostras


correlações mais significativas foram es- anômalas e respectivas concentrações de
tabelecidas entre CAl-Ba = 0,95, CSr-Ba = 0,90, 1ª, 2ª e 3ª ordem, por elementos selecio-
CBa-Y = 0,89, CSr-Al = 0,88, CCr-V = 0,87, nados.
CMn-Co = 0,87, CBa-Sc = 0,85 e CMn-Y = 0,84. Definidas as associações geoquími-
Na Tabela 8.3, encontra-se o sumá- cas, foi realizada uma integração com
rio estatístico dos sedimentos de corren- o mapeamento geológico, verificando-
te, para os elementos selecionados. se que a associação Mn-Co-Y (figuras
Além dos elementos selecionados a 8.2, 8.3 e 8.4) enquadram-se na Subu-
partir da matriz de correlação, alguns ele- nidade 5 do Grupo Cuiabá, que se es-
mentos serão considerados isola- tende da região leste para a região oeste,
damente, em função de suas concentra- sendo constituída predominantemente
ções e da sua importância em relação ao por filitos, metarcóseos e metarenitos,
estudo do meio ambiente. Nas tabelas cortados por três gerações de quartzo,

198
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Tabela 8.3 – Sumário estatístico dos sedimentos de corrente.

Valores 1ª Ordem 2ª Ordem 3ª Ordem


Elem. Xmin Xmax X S >X+3S entre X+2S e X+3S entre X+S e X+2S
Al 347 26.020 4.249 3.725 15.424 11.699 15.424 7.974 11.699
As 0 34,1 5,3 7,2 26,9 19,7 26,9 12,5 19,7
Au 0,03 6,28 1,5 1,3 5,4 4,1 5,4 2,8 4,1
Ba 3 290 41,7 38,8 158,1 119,3 158,1 80,5 119,3
Ca 113,7 13.815 780 1.373 4.899 3.526 4.899 2.153 3.526
Cd 0,35 31,2 6,0 6,4 25,2 18,8 25,2 12,4 18,8
Co 0,002 33,7 4,3 5,6 21,1 15,5 21,1 9,9 15,5
Cr 0,7 48,6 11,7 10,2 42,3 32,1 42,3 21,9 32,1
Cu 0,13 25,1 5,3 4,9 20 15,1 20,0 10,2 15,1
Fe 695 5.037 13.690 9.859 43.267 33.408 43.267 23.549 33.408
Ga 0,44 11,54 2,9 2,2 9,5 7,3 9,5 5,1 7,3
Hg 0 2,7 0,2 0,4 1,4 1,0 1,4 0,6 1,0
K 3,5 2.398 406 399 1.603 1.204 1.603 805 1.204
La 1,0 119 21 17 72 55,0 72,0 38,0 55,0
Li 0,01 30 1,8 3,7 12,9 9,2 12,9 5,5 9,2
Mg 5,9 3.502 453 561 2.136 1.575 2.136 1.014 1.575
Mn 6,0 1.058 203 209 830 621 830 412 621
Na 0,05 69,1 10,6 11,8 46 34,2 46,0 22,4 34,2
Pb 0,4 44,5 11,3 9,0 38,3 29,3 38,3 20,3 29,3
Sc 0,11 5,0 0,9 0,8 3,3 2,5 3,3 1,7 2,5
Se 0,01 0,35 0,09 0,09 0,36 0,3 0,4 0,2 0,3
Sr 0,32 29,1 4,2 3,9 15,9 12,0 15,9 8,1 12,0
Ta 0,01 72,5 26,5 16,8 76,9 60,1 76,9 43,3 60,1
Te 0,01 18,5 3,9 3,9 15,6 11,7 15,6 7,8 11,7
Ti 5,5 3.630 391 661,8 2.376,4 1.714,6 2.376,4 1.052,8 1.714,6
V 1,2 84,9 17,7 16,8 68,1 51,3 68,1 34,5 51,3
W 0,03 2,8 0,8 0,6 2,6 2,0 2,6 1,4 2,0
Y 0,48 15,8 3,1 2,3 10 7,7 10,0 5,4 7,7
Zn 0,8 155 23.4 28,5 108,9 80,4 108,9 51,9 80,4
Zr 0,21 15,7 3,2 2,7 11,3 8,6 11,3 5,90 8,6
Ni 0,29 21,2 4,26 4,18 16,8 12,62 16,80 8,44 12,62

Observação:
Sn, Nb, Sb, Ag, Mo e Bi não foram considerados por apresentarem, em todas as
amostras, valores abaixo do nível de detecção.
1ª ordem valores > X+ 3S;
2ª ordem valores entre X+2S e X+3S;
3ª ordem valores entre X+S e X+2S.

X – Média aritmética
S – Desvio-padrão aritmético

199
Tabela 8.4a – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (sedimento de corrente).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Al As Au Ba Ca Cd Co Cr Cu Fe Ga Hg K La Li
CF-S-002C 647125 8267443 Cór. Tamanduá
CF-S-003C 648507 8268502 Cór. Angical 847.26
CF-S-005C 653892 8273580 Rio Aricá-Açu 16.52 9.02
CF-S-008C 643773 8275661 Cór. Taguarussú
CF-S-010C 644333 8280306 Cór. Chagas 29.08
CF-S-013C 636795 8267102 Faz. Arica Açu 26022.68 4.58 290.84 13815.88 25.56 48.66 23.49 9.00 1685.08 40.74 30.98
CF-S-014C 632181 8277269 Cór. Sumidouro
CF-S-017C 628404 8275506 Cór. do Médico 23.57 12.48 37.41 29145.36
CF-S-022C 626490 8296368 Cór. Coxipozinho? 26.36
CF-S-025C 617698 8272883 Córrego Água Limpa 11247.36 143.10 28.56 13.28 26.06 25.13 43904.31 6.63 984.75 8.62
CF-S-026C 616812 8274997 Cór. Bêbado
CF-S-028C 617559 8287749 Rio Aricazinho
CF-S-029C 616465 8287618 Afl.marg.dir.Rio Aricazinho
CF-S-031C 618915 8301379 Chacara Sispuc 2226.11 10.79 1251.27
CF-S-033C 614319 8262399 Ribeirão dos Cágados 8091.31 93.82

200
CF-S-034C 615257 8283019 Córrego Pires 11534.40 4.70 100.19 31.26 15.22 38.57 13.00 50732.66 6.62 1038.79 5.81
CF-S-035C 612597 8301410 xxxxx 0.67 51.77
CF-S-045C 603489 8277461 Córrego Gomital 2210.39 26310.51
CF-S-048C 608618 8257646 Cór. Aricazinho 22.51
CF-S-049C 607560 8252708 Cór. Almoço
CF-S-051C 597219 8248147 xxx 32.82 24.01 25.97 35753.96
CF-S-052C 596000 8259449 Cór. Morrinho 13686.27 20.73 4.86 130.81 29.42 33.75 41.95 14.76 45899.74 7.40 923.55 16.86
CF-S-053C 596508 8262220 Faz. Quinta Boa Vista 13.36 26.66 26.81 29.92 17.20 35941.49 6.59
CF-S-057C 602593 8273473 Córrego Moinho
CF-S-058C 598765 8271833 Córrego Barbado 4.01 2325.73 11.72
CF-S-061C 603859 8297815 2.2 km a NE do Bal. Letícia
CF-S-064C 596846 8278078 Córrego Quarta Feira 14.99 11.88 24484.55
CF-S-065C 592458 8272118 Córrego General 8634.53 5.05 95.00 10.08 17.62 26572.26 5.77
CF-S-066C 595190 8265536 Córrego Água Limpa 22.61
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-S-071C 590759 8247586 xxx 34.16 30.11

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.4b – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (sedimento de corrente).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Mg Mn Ni Na Pb Sc Se Sr Ta Te Ti V W Yt Zn Zr
CF-S-002C 647125 8267443 Cór. Tamanduá 71.32
CF-S-003C 648507 8268502 Cór. Angical 8.87 5.61 83.71
CF-S-005C 653892 8273580 Rio Aricá-Açu 10.67 118.87
CF-S-008C 643773 8275661 Cór. Taguarussú 55.43
CF-S-010C 644333 8280306 Cór. Chagas
CF-S-013C 636795 8267102 Faz. Arica Açu 1035.36 21.19 26.61 25.58 5.06 29.15 50.72 1.79 15.82 155.46
CF-S-014C 632181 8277269 Cór. Sumidouro 475.14
CF-S-017C 628404 8275506 Cór. do Médico 0.26 8.87 84.94
CF-S-022C 626490 8296368 Cór. Coxipozinho? 47.88 54.30
CF-S-025C 617698 8272883 Córrego Água Limpa 518.68 12.43 3.57 12.73 59.16 1.65 7.53 89.20
CF-S-026C 616812 8274997 Cór. Bêbado 428.48
CF-S-028C 617559 8287749 Rio Aricazinho 70.33
CF-S-029C 616465 8287618 Afl.marg.dir.Rio Aricazinho 52.63
CF-S-031C 618915 8301379 Chacara Sispuc 10.17 0.24 8.27 89.48
CF-S-033C 614319 8262399 Ribeirão dos Cágados 518.43 3.26 50.18 5.58

201
CF-S-034C 615257 8283019 Córrego Pires 1009.37 22.53 1.97 14.43 77.34 5.84 78.73
CF-S-035C 612597 8301410 xxxxx 1022.71 5.48 9.42
CF-S-045C 603489 8277461 Córrego Gomital 24.20 27.74 1.52 5.97
CF-S-048C 608618 8257646 Cór. Aricazinho 37.38
CF-S-049C 607560 8252708 Cór. Almoço 38.74
CF-S-051C 597219 8248147 xxx 0.34 11.42 37.25
CF-S-052C 596000 8259449 Cór. Morrinho 1058.64 13.84 21.88 4.97 0.35 8.98 13.74 84.36 2.55 11.60 112.67
CF-S-053C 596508 8262220 Faz. Quinta Boa Vista 570.81 13.80 25.62 3.16 9.81 11.94 49.40 9.51 82.29 6.87
CF-S-057C 602593 8273473 Córrego Moinho 1.59
CF-S-058C 598765 8271833 Córrego Barbado 8.21 1.95
CF-S-061C 603859 8297815 2.2 km a NE do Bal. Letícia 9.49 58.81
CF-S-064C 596846 8278078 Córrego Quarta Feira 35.18 1.46
CF-S-065C 592458 8272118 Córrego General 1263.35 547.89 10.40 61.38 33.72 2.36 12.61 35.26 1.93 7.65 8.98
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CF-S-066C 595190 8265536 Córrego Água Limpa 60.08


CF-S-071C 590759 8247586 xxx 41.71

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.4c – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (sedimento de corrente).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Al As Au Ba Ca Cd Co Cr Cu Fe Ga Hg K La Li
CF-S-072C 588872 8239218 Rib. São Lourenço 16.90
CF-S-075C 583179 8273179 Córrego Pitomba 6.28 26595.83 5.67 49.40
CF-S-076C 585002 8275312 Córrego Rodeio 21.27 22.92 11.37 26568.19 6.05
CF-S-080C 587854 8292769 Ribeirão Dois Córrego
CF-S-083C 575940 8287235 Córrego Guanandi
CF-S-086C 577432 8277026 Fazenda São José 11.54 1.53 119.02
CF-S-087C 577219 8272700 Córrego Texeirinha 23.92 3.28 60.51
CF-S-088C 577350 8272454 Córrego Fazendinha 69.60
CF-S-089C 580017 8258673 Córrego Barbeiro
CF-S-090C 580979 8259373 Córrego Aguaçú
CF-S-093C 572364 8256439 Córrego Leme 11470.69 17.36 101.06 884.57
CF-S-095C 563734 8272495 Córrego Pirapora 3.50 25875.24
CF-S-096C 564918 8283662 Córrego das Antas
CF-S-097C 563856 8284694 Córrego Salinas 11463.32 3.10 157.57 2.73 46.61
CF-S-099C 562251 8283709 Córrego Esmeril 59.10

202
CF-S-100C 560308 8274219 Córrego Fundo 11097.89 5.32 90.14 14.90 13.45 30.21 13.97 26210.96 7.68 877.22 38.70
CF-S-101C 557025 8269981 Córrego dos Macacos
CF-S-102C 555778 8271234 Córrego Jacaré 17.41
CF-S-103C 553327 8274537 Córrego do Lopes 11135.86 3.86 93.55 26613.57 5.34 1505.80
CF-S-104C 552559 8274016 Córrego Aguaçú 11429.14 3.51 117.00 27.94 20.20 41.72 15.35 26531.01 11.06 2398.24
CF-S-105C 552347 8273020 Córrego das Onças 9893.74 3.55 10.36 26555.46 5.19 1025.89 39.83
CF-S-106C 550561 8264147 Córrego Maciel 11431.30 3.20 81.41 21.23 16.87 42.55 18.45 26530.53 10.20 51.16
CF-S-107C 546936 8262622 Córrego Fundo 14.63 26549.81 5.28 937.38
CF-S-108C 541822 8264810 Cór. Aguaçú do Monjolo 10985.21 1538.57
CF-S-109C 537815 8259865 xxxxx 15.22
CF-S-110C 537519 8258147 Córrego Parizinho 46.31
CF-S-112C 571634 8276035 xxxxx 2.94
CF-S-113C 565521 8276604 Fazenda Canindé 3.99
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-S-114C 608107 8288938 Balneário Rio do Ouro


CF-S-115C 604252 8278488 Córrego Três Pontas
CF-S-116C 606521 8275812 xxxxxx 17.03

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.4d – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (sedimentos de corrente).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Mg Mn Ni Na Pb Sc Se Sr Ta Te Ti V W Yt Zn Zr
CF-S-072C 588872 8239218 Rib. São Lourenço
CF-S-075C 583179 8273179 Córrego Pitomba 637.23
CF-S-076C 585002 8275312 Córrego Rodeio 34.17 1.59 8.15
CF-S-080C 587854 8292769 Ribeirão Dois Córrego 47.43
CF-S-083C 575940 8287235 Córrego Guanandi 25.55 7.48
CF-S-086C 577432 8277026 Fazenda São José 2.56 1.46 6.65
CF-S-087C 577219 8272700 Córrego Texeirinha 43.53
CF-S-088C 577350 8272454 Córrego Fazendinha 51.84
CF-S-089C 580017 8258673 Córrego Barbeiro 61.02
CF-S-090C 580979 8259373 Córrego Aguaçú 70.91 1446.72
CF-S-093C 572364 8256439 Córrego Leme 1644.12 69.17 21.23 2.21 7.61
CF-S-095C 563734 8272495 Córrego Pirapora 1089.04 11.05 1228.55 5.59
CF-S-096C 564918 8283662 Córrego das Antas 6.85
CF-S-097C 563856 8284694 Córrego Salinas 1236.45 47.87 2.68 15.49
CF-S-099C 562251 8283709 Córrego Esmeril 24.25 3259.60 5.44

203
CF-S-100C 560308 8274219 Córrego Fundo 1499.52 662.37 13.33 32.69 9.93 11.33 1701.67 1.96 10.13
CF-S-101C 557025 8269981 Córrego dos Macacos 24.79 1808.74
CF-S-102C 555778 8271234 Córrego Jacaré 65.61 8.91 3630.97
CF-S-103C 553327 8274537 Córrego do Lopes 1632.06 467.22 8.66 21.10 13.70 69.70 8.97 1851.72 6.13
CF-S-104C 552559 8274016 Córrego Aguaçú 3502.69 483.07 19.09 44.50 1.83 12.94 72.53 18.50 1704.36 48.69 2.48 6.89 15.76
CF-S-105C 552347 8273020 Córrego das Onças 1704.64 430.44 10.17 8.84 44.42 10.44 2211.95 1.42 5.64 6.63
CF-S-106C 550561 8264147 Córrego Maciel 2285.63 468.56 19.94 38.03 12.39 16.09 1606.68 2.83 6.00 59.73 14.78
CF-S-107C 546936 8262622 Córrego Fundo 12.29 2245.33
CF-S-108C 541822 8264810 Córrego Aguaçú do Monjolo 2346.18 9.14
CF-S-109C 537815 8259865 xxxxx
CF-S-110C 537519 8258147 Córrego Parizinho
CF-S-112C 571634 8276035 xxxxx 1134.64
CF-S-113C 565521 8276604 Fazenda Canindé 27.40 1457.81
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-S-114C 608107 8288938 Balneário Rio do Ouro 1198.99


CF-S-115C 604252 8278488 Córrego Três Pontas 1.41
CF-S-116C 606521 8275812 xxxxxx

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.2 – Mapa de distribuição do Mn (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.3 – Mapa de distribuição do Co (ppm) em sedimentos de corrente.

sendo aqueles não paralelos à foliação tes do rio Pari, que está encaixado na Su-
mineralizados em ouro. Esta mesma bunidade 5 do Grupo Cuiabá, onde é
associação no extremo-oeste está en- comum a presença de corpos lateríticos.
quadrada além da Subunidade 5 na Uni- A associação Ba-Sc-Sr-Al (figuras 8.5,
dade 3, composta predominantemente 8.6, 8.7 e 8.8), também está distribuída pre-
de filitos com veios de quartzo. Nas pro- ferencialmente na Subunidade 5 do Grupo
ximidades existem ainda garimpos inter- Cuiabá, apresentando concentrações
mitentes com intercalações de quartzito menos significativas. Chamou atenção
e veios de quartzo. uma anomalia no extremo-nordeste, prin-
A nordeste de Cuiabá esta associação cipalmente para Ba-Sc e Sr.
está relacionada com corpos lateríticos e A associação Cd-Fe-Te (figuras 8.9,
veios residuais, constituindo as “casca- 8.10 e 8.11) está representada por aflu-
lheiras”. Na região noroeste esta mesma entes do rio Pari (amostras CF-S-052,
associação está relacionada com afluen- CF-S-053 e CF-S-051), ao sul da Gran-

204
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.4 – Mapa de distribuição do Y (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.5 – Mapa de distribuição do Ba (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.6 – Mapa de distribuição do Sc (ppm) em sedimentos de corrente.

205
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.7 – Mapa de distribuição do Sr (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.8 – Mapa de distribuição do Al (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.9 – Mapa de distribuição do Cd (ppm) em sedimentos de corrente.

206
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.10 – Mapa de distribuição do Fe (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.11 – Mapa de distribuição do Te (ppm) em sedimentos de corrente.

de Cuiabá. Nesta região a geologia está inserida nas subunidades 3 e 4 do Grupo


caracterizada pela Subunidade 5 do Cuiabá. A Subunidade 3 caracteriza-se
Grupo Cuiabá com a presença de fili- por filitos, filitos conglomeráticos, metar-
tos e filitos sericíticos, ocorrendo subor- cóseos, metarenitos, quartzitos e lentes de
dinadamente intercalações de metarcó- metacalcáreos. Os filitos são as rochas
seos, metarenitos, quartzitos e mais ra- mais abundantes, com variações facioló-
ramente metamicroconglomerados. Os gicas para metarenitos e metarcóseos. Em
filitos e filitos sericíticos mostram cores geral, os filitos são de cor cinza-claro a cin-
variando de cinza-prateado a cinza- za-esverdeado quando inalterados, e aver-
escuro quando inalterados e, tonalida- melhados a amarronzados quando
des avermelhadas e amarronzadas alterados.
quando alterados. Ao sul de Cuiabá a associação ocor-
Já a associação Cr-V (figuras 8.12 e re na Subunidade 5. As rochas principais
8.13), no extremo-noroeste da área, está são filitos e filitos sericíticos ocorrendo su-

207
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.12 – Mapa de distribuição do Cr (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.13 – Mapa de distribuição do V (ppm) em sedimentos de corrente.

bordinadamente intercalações de metar- amostra CF-S-080 e, ao sul de Cuiabá,


cóseos, metarenitos, quartzitos e mais pela amostra CF-S-052.
raramente metamicroconglomerados. Os Na primeira área a litologia predomi-
filitos e filitos sericíticos mostram cores nante é constituída por metaparaconglo-
variando de cinza-prateado a cinza- merados petromíticos (diamictitos), com
escuro quando inalterados, e tonalida- raríssimas intercalações de filitos e meta-
des avermelhadas e amarronzadas quan- renitos pertencentes a Subunidade 7 do
do alterados. Grupo Cuiabá.
A associação Zn-Cu-Li (figuras 8.14, Na região norte-noroeste a amostra
8.15 e 8.16) é mais representativa no ex- encontra-se na Subunidade 6 do Grupo
tremo-leste da área (amostras CF-S- 001, Cuiabá, onde predominam filitos conglo-
CF-S-002, CF-S-003, CF-S-004, CF-S- meráticos com intercalações de metareni-
005 e CF-S-006). Na região norte-noro- tos e mais raramente de quartzitos. Ao sul
este a anomalia está representada pela de Cuiabá, predomina Subunidade 5 com

208
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.14 – Mapa de distribuição do Zn (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.15 – Mapa de distribuição do Cu (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.16 – Mapa de distribuição do Li (ppm) em sedimentos de corrente.

209
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

filitos e filitos sericíticos ocorrendo, subor- A associação K-Mg (figuras 8.19 e


dinadamente, intercalações de metarcó- 8.20) é mais significativa no extremo-
seos, metarenitos, quartzitos e, mais oeste da área com a presença das subu-
raramente, metamicroconglomerados. nidades 3, 4 e 5. As subunidades 3 e 5
A associação Pb-Au (figuras 8.17 e já foram caracterizadas anteriormente.
8.18) é mais evidente ao norte de Cuia- A Subunidade 4 é constituída princi-
bá. O ouro na região NE de Cuiabá está palmente de paraconglomerados petro-
relacionado com os corpos lateríticos. míticos (metadiamictitos) com raras
Em afluentes do ribeirão Pari, no córre- intercalações de filitos e metarenitos.
go Pirapora (amostra CF-S-095), apesar A associação Ga-W (figuras 8.21 e
de não se ter informações sobre garim- 8.22) está inserida na região do extremo-
pos, ocorre uma forte anomalia para oeste nas subunidades 5 e 6 do Grupo
ouro. Este fato também foi observado no Cuiabá e a parte central nas subunida-
córrego Jacaré (amostra CF-S-102). des 5 e 6 já caracterizadas.

Figura 8.17 – Mapa de distribuição do Pb (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.18 – Mapa de distribuição do Au (ppm) em sedimentos de corrente.

210
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.19 – Mapa de distribuição do K (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.20 – Mapa de distribuição do Mg (ppm) em sedimentos de corrente.

Figura 8.21 – Mapa de distribuição do Ga (ppm) em sedimentos de corrente.

211
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.22 – Mapa de distribuição do W (ppm) em sedimentos de corrente.

8.6.2 – ÁGUA Na Tabela 8.5 encontram-se os prin-


cipais parâmetros e os valores máximos
As águas coletadas no entorno de permitidos (VMP), segundo a Resolução
Cuiabá podem ser consideradas pelo CONAMA nº 537 (março 2005).
CONAMA (2005), segundo a classifica- A partir dos resultados analíticos
ção para utilização, como da Classe 1, ou foi confeccionada a matriz de corre-
seja, águas que podem ser destinadas: lação (Figura 8.23) e definidas as
a) ao abastecimento para consumo hu- associações geoquímicas mais expres-
mano, após tratamento simplificado; sivas em função dos maiores níveis
b) à proteção das comunidades aquáticas; de significância.
c) à recreação de contato primário, tais A análise da matriz de correlação,
como natação, esqui aquático e mergu- considerando o nível de significância de
lho, conforme Resolução CONAMA 0,95, estabeleceu as seguintes associa-
nº 274, de 2000; ções geoquímicas:

Cd-Cu-Pb
Nível de correlação muito forte > 0,84 Ca-Ba-Sr-Fe
Sc-Si
SO4-Cl-F
Nível de correlação forte > 0,5 < 8 Li-Sc-Si
Mg-Sr

d) à irrigação de hortaliças que são con- Entre os elementos selecionados, as


sumidas cruas e de frutas, que se de- correlações mais significativas foram esta-
senvolvam rentes ao solo, e que sejam belecidas entre CCd-Pb = 0,97, CCu-Pb = 0,97,
ingeridas cruas sem remoção de pelí- CBa-Sr = 0,86, CSc-Si = 0,85.
cula; e A partir dos resultados das concen-
e) à proteção das comunidades aquáti- trações foram calculados os parâmetros
cas em terras indígenas. estatísticos para definir as amostras de

212
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 8.5 – Valores máximos permitidos das concentrações na água.

VMP (Valor Máximo Permitido – mg/L) Parâmetro


0,1 Al (dissolvido)
0,01 As (total)
0,7 Ba (total)
(–) Ca
0,001 Cd (total)
0,05 Cr (total)
0,009 Cu (dissolvido)
0,3 Fe (dissolvido)
0,0002 Hg (total)
(–) K
2,5 Li (total)
(–) Mg
0,1 Mn (total)
(–) Mo
(–) Na
0,025 Ni (total)
(–) Pb
(–) Sc
0,01 Se (total)
(–) Sn
(–) Sr
0,1 V (total)
(–) W
0,18 Zn (total)
250 Cl (total)
1,4 F (total)
10,0 NO3
250 SO4 (total)
Obs.: Para os VMP assinalados com (–), não existem padrões para comparação.

1ª, 2ª e 3ª ordem, apresentados na Ta- na Subunidade 6, constituída litologica-


bela 8.6. mente por filitos conglomeráticos com in-
Nas tabelas 8.7a a 8.7f encontram- tercalações de metarenitos e mais
se os valores de 1ª, 2ª e 3ª ordem das raramente de quartzitos. É provável que
concentrações nas amostras de água. a anomalia de Pb esteja relacionada a
Definidas as associações geoquími- alguma lente de calcário.
cas foi realizada uma integração com a A associação Ca-Sr-Ba-Fe encontra-
geologia, observando-se que a associa- se na área metropolitana de Cuiabá su-
ção Cd-Cu-Pb (figuras 8.24, 8.25 e gerindo uma contaminação antrópica.
8.26), encontra-se predominantemente Para o Ca-Ba e Sr, no extremo-noroeste,

213
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.23 – Matriz de correlação das concentrações na água.

a anomalia está relacionada com a Subu- coletada a amostra CF-A-058. No cór-


nidade 3, constituída por filitos, filitos con- rego Gomital, na grande Cuiabá, foi re-
glomeráticos, metarcóseos, metarenitos, gistrado uma concentração para Cl
quartzitos e lentes de metacalcáreos. (cloro) de 13,9mg/L na amostra CF-A-
A associação Sc-Si ocorre na região 045. O córrego São João, dentro da gran-
sudeste da área estudada e é pouca re- de Várzea Grande, também apresentou
presentativa. valores altos para Cl (17,5mg/L) e SO4
Já a associação SO4-Cl-F, no entor- (26,3mg/L). Embora estes valores este-
no de Cuiabá, caracteriza uma conta- jam acima da média, apresentam-se
minação extremamente antrópica e abaixo dos valores máximos permitidos
deve estar relacionada a esgotos in na- pelo CONAMA. A amostra CF-A-073
tura. A cidade de Cuiabá não apresenta no córrego Carandazinho encontra-se
saneamento básico e um dos córregos fora da área metropolitana de Cuiabá
mais poluídos é o Barbado, no qual foi e apresentou uma concentração de

214
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 8.6 – Sumário estatístico das amostras de água.

2ª Ordem 3ª Ordem
1ª Ordem
Elem. Xmin Xmax X S entre X+2S e entre X+S e
>X+3S
X+3S X+2S
Al 0,003 0,419 0,043 0,06 > 0,223 0,163-0,223 0,103-0,162
As 0,014 0,046 0,028 0,013 > 0,067 0,054-0,067 0,041-0,053
Ba 0,0 0,083 0,014 0,015 > 0,059 0,044-0,059 0,029-0,043
Ca 0,011 25,829 3,340 5,750 > 20,590 14,84-20,59 9,09-14,83
Cd 0,001 0,318 0,018 0,067 > 0,219 0,152-0,219 0,085-0,151
Cr 0,002 0,007 0,004 0,001 > 0,007 0,006-0,007 0,002-0,005
Cu 0,0 0,292 0,003 0,08 > 0,243 0,163-0,243 0,083-0,162
Fe 0,003 3,173 0,422 0,528 > 2,006 1,478-2,006 0,950-1,477
Hg 0,002 0,024 0,011 0,006 > 0,029 0,023-0,029 0,017-0,022
K 0,005 8,847 2,250 2,094 > 8,532 6,438-8,532 4,344-6,437
Li 0,0 0,008 0,003 0,001 > 0,006 0,005-0,006 0,004-0,005
Mg 0,06 14,455 2,462 2,524 > 10,034 7,510-10,034 4,986-7,509
Mn 0,0 2,548 0,083 0,349 > 1,130 0,781-1,130 0,432-0,780
Mo 0,001 0,021 0,007 0,004 > 0,019 0,015-0,019 0,011-0,014
Na 0,118 27,359 9,118 9,236 > 36,826 27,590-36,826 18,416-27,589
Ni 0,001 0,062 0,045 0,010 > 0,075 0,065-0,075 0,055-0,064
Pb 0,0 0,274 0,034 0,065 > 0,229 0,164-0,229 0,099-0,163
Sc 0,0 0,004 0,002 0,001 > 0,005 0,004-0,005 0,003-0,004
Se 0,004 0,130 0,003 0,026 > 0,081 0,055-0,081 0,029-0,054
Si 0,77 5,195 1,354 1,487 > 5,815 4,328-5815 2,841-4,327
Sn 0,001 0,081 0,027 0,021 > 0,090 0,069-0,090 0,048-0,068
Sr 0,0 0,236 0,030 0,043 > 0,159 0,116-0,159 0,077-0,115
V 0,0 0,005 0,001 0,001 > 0,004 0,003-0,004 0,002-0,003
W 0,02 0,029 0,013 0,006 > 0,031 0,025-0,031 0,019-0,024
Zn 0,001 0,144 0,026 0,024 > 0,098 0,074-0,098 0,050-0,073
Cl 0,02 17,50 2,11 3,76 > 13,39 9,63-13,39 5,87-9,62
F 0,01 1,76 0,096 0,195 > 0,681 0,486-0,681 0,291-0,485
NO3 0,02 714,0 37,883 94,377 > 321,014 226,637-321,014 132,260-226,636
SO4 0,02 26,3 1,196 3,171 > 10,709 7,538-10,709 4,367-7,537

17,2mg/L de cloro, indicando também tração nas amostras em algumas vezes é


uma contaminação antrópica. A con- extremamente elevada.
centração para NO 3 também foi muito O nitrato é um bom indicativo de
alta (325mg/L), confirmando uma con- poluição e contaminação de origem an-
taminação antrópica. trópica (lixões, aterros sanitários, esgo-
A amostra CF-A-104 coletada no tos, fossas sépticas, dejetos animais,
córrego Aguaçú apresentou uma con- etc.), e sua distribuição regional nas
centração para flúor de 1,76mg/L, aci- águas das bacias estudadas também foi
ma do VMP pelo CONAMA, que é de analisada neste estudo. Os teores de
1,4mg/L. nitrato obtidos nas análises químicas
Embora o NO3 (nitrato) não tenha das amostras de água resultaram em
apresentado correlação com nenhum valores muito altos, chegando até
dos elementos analisados, a sua concen- 714mg/L na amostra CF-A-53 coletada

215
Tabela 8.7a – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (água).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Al As Ba Ca Cd Cr Cu Fe Hg K Li Mg Mn Mo
CF-A-001C 644618 8265019 Córrego Conceição 0.021
CF-A-002C 647125 8267443 Córrego Tamanduá 0.002 5.370 0.015
CF-A-003C 648507 8268502 Córrego Angical 0.006
CF-A-004C 649333 8270640 xxx 0.006 6.462 0.006
CF-A-005C 653892 8273580 Rio Aricá-Açu
CF-A-006C 653717 8274321 Rio Aguassú 0.004 0.012
CF-A-008C 643773 8275661 Córrego Taguarussú
CF-A-009C 645697 8280272 Córrego Urubamba 0.007
CF-A-010C 644333 8280306 Córrego Chagas
CF-A-011C 642542 8278409 Córrego Formosa 0.004 0.011
CF-A-012C 639272 8268889 xxx 0.015
CF-A-013C 636795 8267102 Fazenda Arica Açu
CF-A-014C 632181 8277269 Córrego Sumidouro 0.005
CF-A-015C 631196 8278232 Fazenda Rosa
CF-A-017C 628404 8275506 Córrego do Médico 0.004 0.288 0.006 2.548

216
CF-A-019C 621798 8264672 Córrego Marcação 0.006 0.019
CF-A-020C 622134 8270138 Córrego Acorizal
CF-A-021C 624374 8269162 Córrego Leonor
CF-A-022C 626490 8296368 Córrego Coxipozinho? 0.013
CF-A-023C 624591 8295010 Córrego Indepêndencia 0.004 0.011
CF-A-024C 616256 8271815 Bairro Pedra 90 0.004
CF-A-025C 617698 8272883 Córrego Água Limpa 0.005
CF-A-026C 616812 8274997 Córrego Bêbado 0.005
CF-A-027C 618940 8282005 Córrego Fundo 0.004
CF-A-028C 617559 8287749 Rio Aricazinho 0.005 0.013
CF-A-029C 616465 8287618 Afl.Marg.Dir.Rio Aricazinho 0.006 0.013
CF-A-030C 618895 8302235 Córrego Salgadeira 0.018 0.004 0.013
CF-A-031C 618915 8301379 Chacara Sispuc 8.847 0.006
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-032C 618503 8304066 Rio Claro


CF-A-033C 614319 8262399 Ribeirão dos Cágados 0.003 0.008

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.7b – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (água).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Na Ni Pb Sc Se Si Sn Sr V W Zn Cl F NO3 SO4
CF-A-001C 644618 8265019 Córrego Conceição 0.004 0.002
CF-A-002C 647125 8267443 Córrego Tamanduá 0.003 3.697 280.0
CF-A-003C 648507 8268502 Córrego Angical 22.533 0.003 0.130
CF-A-004C 649333 8270640 xxx 0.003 4.446
CF-A-005C 653892 8273580 Rio Aricá-Açu 22.224 0.044
CF-A-006C 653717 8274321 Rio Aguassú 0.003 3.731
CF-A-008C 643773 8275661 Córrego Taguarussú 0.003 3.098 348.0
CF-A-009C 645697 8280272 Córrego Urubamba 0.003
CF-A-010C 644333 8280306 Córrego Chagas 0.003
CF-A-011C 642542 8278409 Córrego Formosa 0.004 3.869 0.002
CF-A-012C 639272 8268889 xxx 0.100 0.003 152.0
CF-A-013C 636795 8267102 Fazenda Arica Açu 0.003 3.292
CF-A-014C 632181 8277269 Córrego Sumidouro 0.003 0.032 4.292
CF-A-015C 631196 8278232 Fazenda Rosa 0.003 2.973
CF-A-017C 628404 8275506 Córrego do Médico 0.003 3.132 191.0

217
CF-A-019C 621798 8264672 Córrego Marcação 0.004 3.029
CF-A-020C 622134 8270138 Córrego Acorizal 0.003
CF-A-021C 624374 8269162 Córrego Leonor 26.563 0.003 0.021
CF-A-022C 626490 8296368 Córrego Coxipozinho? 0.033
CF-A-023C 624591 8295010 Córrego Indepêndencia 0.003 0.029
CF-A-024C 616256 8271815 Bairro Pedra 90 24.278 0.003 8.07
CF-A-025C 617698 8272883 Córrego Água Limpa 23.896 0.003 0.030 3.708
CF-A-026C 616812 8274997 Córrego Bêbado 24.097 0.004
CF-A-027C 618940 8282005 Córrego Fundo 24.438 0.003 3.110
CF-A-028C 617559 8287749 Rio Aricazinho 22.270 0.003 4.610 0.004 148.0
CF-A-029C 616465 8287618 Afl.Marg.Dir.Rio Aricazinho 23.613 0.003 2.936
CF-A-030C 618895 8302235 Córrego Salgadeira 24.631 0.003 0.053
CF-A-031C 618915 8301379 Chacara Sispuc 22.528 0.003 5.195
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-032C 618503 8304066 Rio Claro 22.139 0.003 3.139


CF-A-033C 614319 8262399 Ribeirão dos Cágados 26.366 0.004 3.313

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.7c – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (água).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Al As Ba Ca Cd Cr Cu Fe Hg K Li Mg Mn Mo
CF-A-034C 615257 8283019 Córrego Pires 0.007 0.288 0.006 2.509 0.018
CF-A-039C 610014 8291665 Ponte Dr. Virgilio 0.004
CF-A-040C 608287 8289221 Balneário do Coxipó 0.046
CF-A-042C 609343 8283051 Córrego do Doutor 0.238 0.012
CF-A-044C 609758 8275951 Coxipó Mirim 4.999
CF-A-045C 603489 8277461 Córrego Gomital 20.377 1.249 5.112
CF-A-046C 606268 8272336 Córrego Castelinho 0.040 9.305 1.080
CF-A-048C 608618 8257646 Córrego Aricazinho
CF-A-049C 607560 8252708 Córrego Almoço 6.762 0.005
CF-A-051C 597219 8248147 xxx
CF-A-052C 596000 8259449 Córrego Morrinho 0.012
CF-A-053C 596508 8262220 Fazenda Quinta Boa Vista
CF-A-054C 597044 8266492 Córrego São João 18.056 6.339
CF-A-055C 600756 8270155 Córrego São Gonçalo 0.074 25.829 6.481

218
CF-A-057C 602593 8273473 Córrego Moinho
CF-A-058C 598765 8271833 Córrego Barbado 0.313 0.292 0.024
CF-A-060C 601388 8294888 Córrego do Cocho 4.394 0.005
CF-A-061C 603859 8297815 2.2 km a NE do Bal. Letícia 4.765 0.004
CF-A-062C 593207 8290187 Córrego do Ouro
CF-A-063C 596822 8279212 Ribeirão da Ponte 0.014
CF-A-064C 596846 8278078 Córrego Quarta Feira 0.059 21.047 2.262 0.560
CF-A-065C 592458 8272118 Córrego General 0.037 23.623 4.625 5.197
CF-A-066C 595190 8265536 Córrego Água Limpa
CF-A-067C 593490 8265158 Córrego Traira 16.147 6.644 0.005
CF-A-068C 593450 8265096 Córrego Piçarrão 0.083 2.377 0.018
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-071C 590759 8247586 xxx 0.014


CF-A-072C 588872 8239218 Ribeirão São Lourenço 0.014
CF-A-073C 586136 8262142 Córrego Carandazinho 0.018
CF-A-074C 586097 8262590 Córrego Formigueiro 0.042
CF-A-075C 583179 8273179 Córrego Pitomba
CF-A-078C 589717 8282218 Córrego Sucuri 0.004

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.7d – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (água).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Na Ni Pb Sc Se Si Sn Sr V W Zn Cl F NO3 SO4
CF-A-034C 615257 8283019 Córrego Pires 21.237 0.004 0.051 266.0
CF-A-039C 610014 8291665 Ponte Dr. Virgilio 0.025
CF-A-040C 608287 8289221 Balneário do Coxipó
CF-A-042C 609343 8283051 Córrego do Doutor
CF-A-044C 609758 8275951 Coxipó Mirim 0.062
CF-A-045C 603489 8277461 Córrego Gomital 0.080 13.9 4.52
CF-A-046C 606268 8272336 Córrego Castelinho 0.128 0.021 0.067 6.21
CF-A-048C 608618 8257646 Córrego Aricazinho 22.891 0.004
CF-A-049C 607560 8252708 Córrego Almoço 27.477 0.004 0.053 4.728
CF-A-051C 597219 8248147 xxx 19.428
CF-A-052C 596000 8259449 Córrego Morrinho 26.917 0.003
CF-A-053C 596508 8262220 Fazenda Quinta Boa Vista 21.827 0.003 714.0
CF-A-054C 597044 8266492 Córrego São João 0.118 0.002 17.5 26.3
CF-A-055C 600756 8270155 Córrego São Gonçalo 0.236 0.064 13.6 7.23

219
CF-A-057C 602593 8273473 Córrego Moinho 60 5.55
CF-A-058C 598765 8271833 Córrego Barbado 0.274 8.89 7.69
CF-A-060C 601388 8294888 Córrego do Cocho 24.358 4.667
CF-A-061C 603859 8297815 2.2 km a NE do Bal. Letícia 22.295 0.004 0.060 4.309
CF-A-062C 593207 8290187 Córrego do Ouro 0.020
CF-A-063C 596822 8279212 Ribeirão da Ponte
CF-A-064C 596846 8278078 Córrego Quarta Feira 0.219 10.6 0.62 8.90
CF-A-065C 592458 8272118 Córrego General 0.110 10.1 5.42
CF-A-066C 595190 8265536 Córrego Água Limpa 0.030
CF-A-067C 593490 8265158 Córrego Traira 0.064 12.0 0.44 5.55
CF-A-068C 593450 8265096 Córrego Piçarrão 0.121 0.021 8.21
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-071C 590759 8247586 xxx 23.760 0.003 3.223 0.081


CF-A-072C 588872 8239218 Ribeirão São Lourenço 24.393 0.004 0.081 3.940
CF-A-073C 586136 8262142 Córrego Carandazinho 0.029 17.2 325.0
CF-A-074C 586097 8262590 Córrego Formigueiro 0.060 12.5
CF-A-075C 583179 8273179 Córrego Pitomba 0.063
CF-A-078C 589717 8282218 Córrego Sucuri

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.7e – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (água).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Al As Ba Ca Cd Cr Cu Fe Hg K Li Mg Mn Mo
CF-A-079C 585855 8284102 Córrego Gaspar 1.064 0.006
CF-A-080C 587854 8292769 Ribeirão Dois Córrego 0.318 0.286 0.022
CF-A-081C 611691 8302211 Córrego Mutuca 0.019
CF-A-083C 575940 8287235 Córrego Guanandi 1.213
CF-A-085C 572942 8285291 Córrego Esmeril 0.036 1.395 0.022
CF-A-086C 577432 8277026 Fazenda São José 0.283 0.982
CF-A-087C 577219 8272700 Córrego Texeirinha
CF-A-088C 577350 8272454 Córrego Fazendinha
CF-A-089C 580017 8258673 Córrego Barbeiro
CF-A-090C 580979 8259373 Córrego Aguaçú 1.056
CF-A-092C 577659 8246110 Ribeirão Pescaria
CF-A-093C 572364 8256439 Córrego Leme 0.056 1.558
CF-A-094C 571228 8259134 Córrego Cacais
CF-A-095C 563734 8272495 Córrego Pirapora 0.020 0.005
CF-A-096C 564918 8283662 Córrego das Antas

220
CF-A-097C 563856 8284694 Córrego Salinas 0.305 0.275
CF-A-100C 560308 8274219 Córrego Fundo 0.154 3.173
CF-A-101C 557025 8269981 Córrego dos Macacos 8.264
CF-A-102C 555778 8271234 Córrego Jacaré 0.179 0.992
CF-A-103C 553327 8274537 Córrego do Lopes 0.110 5.320
CF-A-104C 552559 8274016 Córrego Aguaçú
CF-A-105C 552347 8273020 Córrego das Onças 0.105
CF-A-106C 550561 8264147 Córrego Maciel
CF-A-107C 546936 8262622 Córrego Fundo 8.663
CF-A-108C 541822 8264810 Córrego Aguaçú do Monjolo 23.966 14.455
CF-A-109C 537815 8259865 xxx 19.233 0.004 13.669
CF-A-110C 537519 8258147 Córrego Parizinho 0.047 10.136 10.964
CF-A-112C 571634 8276035 xxx 1.138
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-113C 565521 8276604 Fazenda Canindé 0.296 0.275


CF-A-114C 608107 8288938 Balneário Rio do Ouro 0.004
CF-A-116C 606521 8275812 xxx 0.419 0.045 0.003 1.355 0.011
CF-A-117C 570398 8282545 xxx 0.040 1.697 0.011

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
Tabela 8.7f – Amostras selecionadas com concentrações de 1ª, 2ª e 3ª ordem (água).

COORDENADAS ELEMENTOS QUÍMICOS


AMOSTRA TOPONÍMIA
X Y Na Ni Pb Sc Se Si Sn Sr V W Zn Cl F NO3 SO4
CF-A-079C 585855 8284102 Córrego Gaspar
CF-A-080C 587854 8292769 Ribeirão Dois Córrego 0.055 0.263 0.005
CF-A-081C 611691 8302211 Córrego Mutuca 0.027
CF-A-083C 575940 8287235 Córrego Guanandi
CF-A-085C 572942 8285291 Córrego Esmeril
CF-A-086C 577432 8277026 Fazenda São José
CF-A-087C 577219 8272700 Córrego Texeirinha 0.023
CF-A-088C 577350 8272454 Córrego Fazendinha 0.058
CF-A-089C 580017 8258673 Córrego Barbeiro 0.020 139.0
CF-A-090C 580979 8259373 Córrego Aguaçú
CF-A-092C 577659 8246110 Ribeirão Pescaria 0.024
CF-A-093C 572364 8256439 Córrego Leme 0.122 0.068 0.077 0.002 0.054
CF-A-094C 571228 8259134 Córrego Cacais 0.019
CF-A-095C 563734 8272495 Córrego Pirapora 0.004 0.020
CF-A-096C 564918 8283662 Córrego das Antas 0.003

221
CF-A-097C 563856 8284694 Córrego Salinas 0.267
CF-A-100C 560308 8274219 Córrego Fundo
CF-A-101C 557025 8269981 Córrego dos Macacos 0.058 0.002
CF-A-102C 555778 8271234 Córrego Jacaré
CF-A-103C 553327 8274537 Córrego do Lopes 8.12
CF-A-104C 552559 8274016 Córrego Aguaçú 0.028 6.84 1.76
CF-A-105C 552347 8273020 Córrego das Onças 0.30 8.34
CF-A-106C 550561 8264147 Córrego Maciel 0.056 0.026
CF-A-107C 546936 8262622 Córrego Fundo 0.019
CF-A-108C 541822 8264810 Córrego Aguaçú do Monjolo 0.057 0.086 0.053
CF-A-109C 537815 8259865 xxx 0.058 0.082 0.027 0.052
CF-A-110C 537519 8258147 Córrego Parizinho 0.057 0.159 0.144
CF-A-112C 571634 8276035 xxx
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-113C 565521 8276604 Fazenda Canindé 0.270 169.0


CF-A-114C 608107 8288938 Balneário Rio do Ouro 0.062 0.004
CF-A-116C 606521 8275812 xxx 0.081 0.003
CF-A-117C 570398 8282545 xxx

1ª ORDEM
2ª ORDEM
3ª ORDEM
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.24 – Mapa de distribuição do Cd (cádmio) em água.

Figura 8.25 – Mapa de distribuição do Cu (cobre) em água.

Figura 8.26 – Mapa de distribuição do Pb (chumbo) em água.

222
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.27 – Mapa de distribuição do Ca (cálcio) em água.

Figura 8.28 – Mapa de distribuição do Ba (bário) em água.

Figura 8.29 – Mapa de distribuição do Sr (estrôncio) em água.

223
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.30 – Mapa de distribuição do Fe (ferro) em água.

Figura 8.31 – Mapa de distribuição do Sc (escândio) em água.

Figura 8.32 – Mapa de distribuição do Si (silício) em água.

224
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.33 – Mapa de distribuição do SO4 (sulfato) em água.

Figura 8.34 – Mapa de distribuição do Cl (cloro) em água.

Figura 8.35 – Mapa de distribuição do F (flúor) em água.

225
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 8.36 – Mapa de distribuição do NO3 (nitrato) em água.

na Faz. Quinta da Boa Vista. A média fia líquida, foi muito importante para a
aritmética (37,8mg/L) apresenta-se tam- caracterização da distribuição dos ele-
bém acima do Valor Máximo Permiti- mentos químicos e para o entendimen-
do pelo CONAMA (10mg/L). Na to das anomalias.
Tabela 8.8 são apresentadas as con- Chamou atenção, apesar de não es-
centrações para NO 3. tar correlacionado com nenhum dos
As concentrações de NO3 estabele- elementos analisados, o NO3 que carac-
cem duas áreas bem definidas: a região terizou geograficamente duas áreas,
nordeste onde se encontra a Grande mostrando uma contaminação antrópi-
Cuiabá, e a região sudeste caracterizan- ca no entorno de Cuiabá e outro pólo
do uma contaminação antrópica na de contaminação em Várzea Grande.
região de Várzea Grande. Os teores de nitrato obtidos nas
Estes valores correspondem a 36,2% análises químicas das amostras de
das amostras coletadas, mostrando uma água resultaram em valores muito al-
grande incidência de valores anômalos tos, chegando até 714mg/L na amostra
e caracterizando alta contaminação CF-A-53 coletada na Faz. Quinta da
antrópica. Boa Vista. A média aritmética (37,8mg/L)
apresenta-se também acima do Valor
8.7 – CONCLUSÕES Máximo Permitido pelo CONAMA
(10 mg/L). Estes valores caracterizam
A metodologia de amostragem com uma contaminação antrópica no entor-
a coleta de sedimentos de corrente e no de Cuiabá e na região NE da área
água com uma densidade média de 1 estudada.
amostra/20km 2 foi suficiente para de- Em afluentes do ribeirão Pari, no cór-
tectar possíveis fontes naturais e/ou an- rego Pirapora (amostra CF-S-095), ape-
trópicas. sar de não se ter informações sobre
A análise química multielementar garimpos, ocorre uma forte anomalia
para os cátions, através de ICP/OES, e para ouro. Este fato também foi observa-
para os ânions, através de cromatogra- do no córrego Jacaré (amostra CF-S-102).

226
Tabela 8.8 – Concentração de NO3 nas amostras, mostrando valores acima dos VMP (valores máximos permitidos) pelo CONAMA (10 mg/L).

Amostra X Y Toponímia NO3 Amostra X Y Toponímia NO3

CF-A-001C 644618 8265019 Córrego Conceição 108,0 CF-A-045C 603489 8277461 Córrego Gomital 13,1
CF-A-002C 647125 8267443 Córrego Tamanduá 280,0 CF-A-048C 608618 8257646 Córrego Aricazinho 18,5
CF-A-003C 648507 8268502 Córrego Angical 29,7 CF-A-052C 596000 8259449 Córrego Morrinho 63,1
CF-A-004C 649333 8270640 xxxxx 66,7 CF-A-053C 596508 8262220 Faz. Quinta Boa Vista 714,0
CF-A-005C 653892 8273580 Rio Aricá-Açu 43,0 CF-A-066C 595190 8265536 Córrego Água Limpa 56,5
CF-A-008C 643773 8275661 Córrego Taguarussú 348,0 CF-A-071C 590759 8247586 2,2km a NE do Bal. Letícia 11,4
CF-A-009C 645697 8280272 Córrego Urubamba 14,3 CF-A-073C 586136 8262142 Córrego Carandazinho 325,0
CF-A-011C 642542 8278409 Córrego Formosa 122,0 CF-A-074C 586097 8262590 Córrego Formigueiro 11,9
CF-A-012C 639272 8268889 xxxxx 152,0 CF-A-083C 575940 8287235 Córrego Guanandi 118,0
CF-A-017C 628404 8275506 Córrego do Médico 191,0 CF-A-086C 577432 8277026 Fazenda São José 18,0

227
CF-A-020C 622134 8270138 Córrego Acorizal 12,5 CF-A-087C 577219 8272700 Córrego Texeirinha 78,8
CF-A-024C 616256 8271815 Bairro Pedra 90 27,2 CF-A-089C 580017 8258673 Córrego Barbeiro 139,0
CF-A-028C 617559 8287749 Rio Aricazinho 148,0 CF-A-091C 579325 8252610 Córrego Tobatinha 14,0
CF-A-029C 616465 8287618 Afl. marg.dir. Rio Aricazinho 14,3 CF-A-095C 563734 8272495 Córrego Pirapora 31,2
CF-A-032C 618503 8304066 Rio Claro 47,8 CF-A-099C 562251 8283709 Córrego Esmeril 10,3
CF-A-034C 615257 8282019 Córrego Pires 266,0 CF-A-103C 553327 8274537 Córrego do Lopes 23,3
CF-A-036C 608590 8297744 Rio dos Peixes 20,8 CF-A-105C 552347 8273020 Córrego das Onças 95,3
CF-A-043C 608994 8280701 Córrego Pirapora 39,2 CF-A-112C 571634 8276035 xxxxx 33,3
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

CF-A-044C 609758 8275951 Coxipó Mirim 11,7 CF-A-113C 565521 8276604 Fazenda Canindé 169,0
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

228
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

9 – HIDROLOGIA

A região de Cuiabá, Várzea Grande e de aproximadamente 28.000km², indi-


Entorno vem sofrendo, nas últimas déca- cada no Mapa Bacia do Rio Cuiabá em
das, uma profunda alteração relativa à escala 1:1.000.000, em anexo. Nesta
qualidade e quantidade dos seus recur- área destacam-se as sub-bacias dos rios
sos hídricos, devido ao desmatamento, Coxipó, Pari, Aricá-Açu, Bandeira, Es-
ocupação desordenada, instalação de in- meril e Cocaes.
dústrias poluidoras e queimadas, além de As informações geradas pelos estudos
várias chácaras e sítios de lazer, nas mar- hidrológicos, integradas às provenientes
gens dos cursos de água. Enfim, proble- do conhecimento da geologia e da hidro-
mas ligados ao meio físico, decorrentes geologia, poderão subsidiar o planeja-
do processo de urbanização. mento territorial. As etapas de desenvol-
As formações de cerrados ocupam vimento destes estudos foram:
grande parcela da área em estudo, bas- • Levantamento de dados hidroclimatoló-
tante alteradas pela ação antrópica, prin- gicos e trabalhos ambientais já elabora-
cipalmente nas áreas urbanas de Cuiabá dos, dentro da área do projeto;
e Várzea Grande, onde se pode perce- • Coleta de dados em campo, em diferen-
ber a falta de matas ciliares nos cursos tes meses do ano, contemplando as épo-
de água. cas de estiagem e cheia;
A área do projeto pertence à região • Tratamento estatístico dos dados obtidos;
hidrográfica do rio Paraguai, pois se inse- • Estudo sobre a disponibilidade hídrica
re na bacia do rio Cuiabá, que é afluente superficial da região;
do rio São Lourenço, por sua vez, afluen- • Elaboração de um projeto de ampliação
te do rio Paraguai. da rede hidrológica visando ao monito-
Os estudos hidrológicos ora apre- ramento das sub-bacias, com a finalida-
sentados abrangeram a bacia do rio Cuia- de de fornecer informações para
bá até a confluência do rio Aricá-Açu, múltiplos usos e para subsidiar outorga
compreendendo uma área de drenagem de direitos de uso da água.

229
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

9.1 – RECONHECIMENTO DA ÁREA tentes e a poluição do ar através das quei-


EM ESTUDO madas. Sobre esta última, foi manchete
nos jornais de Cuiabá do dia 23 de se-
A primeira tarefa realizada foi o levan- tembro de 2004 um desastre ambiental
tamento dos dados hidroclimatológicos no rio Coxipó, quando uma chuva ácida
de estações existentes na região. No mapa levou cinzas e carvão, provenientes das
da bacia do rio Cuiabá podem ser vistas inúmeras queimadas na região da Cha-
diversas estações hidrometeorológicas de pada dos Guimarães para dentro do rio,
responsabilidade de diferentes entidades, impossibilitando o tratamento da água
23 pluviométricas, 55 fluviométricas e 10 para consumo humano e causando mor-
pluvio-fluviométricas, todas elas figuran- tandade de peixes. Tal desastre provocou
do como em operação no Banco de Da- o desabastecimento de água em pelo
dos Hidro (ANA). Na área do projeto, menos 50 bairros de Cuiabá por cerca de
seriam sete pluviométricas, 25 fluviomé- três dias, comprovando a gravidade das
tricas e uma pluvio-fluviométricas em ope- queimadas.
ração. Porém, no levantamento dos dados
existentes, verificou-se que, para a maio- 9.2 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
ria das estações fluviométricas, havia da- DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS
dos de poucas campanhas descontínuas,
que não produziram séries temporais ade- As características físicas de uma ba-
quadas aos estudos hidrológicos. cia hidrográfica são elementos de grande
Em seguida, analisando-se o mapa da importância em seu comportamento hi-
região com os principais cursos d’água drológico, sendo de grande utilidade prá-
foram definidos locais para medições de tica o conhecimento delas. Pode-se dizer
vazão e coleta de amostras de água e se- que estes elementos físicos constituem a
dimentos. mais conveniente possibilidade de se co-
Foram então planejadas e executadas nhecer a variação no espaço dos elemen-
as primeiras atividades de campo, no mês tos do regime hidrológico (Villela &
de setembro de 2004, envolvendo: Mattos, 1975).
• Reconhecimento das bacias hidrográfi- As bacias hidrográficas principais den-
cas para verificação da ocupação do tro da área em estudo foram delimitadas,
solo e das condições sanitárias dos cur- sendo as dos rios Cocaes, Pari, Esmeril,
sos de água; Aricá-Açu, Coxipó e Bandeira.
• Realização de medições de vazão; Neste estudo as características físicas
• Seleção dos locais para coleta de amos- levantadas foram: área de drenagem, pe-
tras de água e sedimentos para análise; rímetro, coeficiente de compacidade, fa-
• Visitas às entidades ambientais locais para tor de forma, densidade de drenagem,
obtenção de dados hidroclimatológicos extensão média de escoamento superfi-
e estudos ambientais já realizados. cial, declividade do curso principal e
Nessa ocasião foram verificados os comprimento da vazão superficial, sen-
comportamentos das drenagens urbanas do determinadas com o auxílio de apli-
e rurais, os cursos d’água que estavam cativos de geoprocessamento. Vale
secos ou represados, as atividades recrea- salientar que a precisão na definição dos
tivas, principalmente ao longo da bacia valores das características físicas de uma
do rio Coxipó, os loteamentos de cháca- bacia hidrográfica dependem da escala
ras e sítios de recreios nas proximidades do mapa utilizado. Para o presente estu-
dos cursos de água, os assentamentos exis- do, as sub-bacias da área do projeto fo-

230
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ram delimitadas na base cartográfica de Logo, quanto à forma da bacia, com-


escala 1:100.000. parando os valores da Tabela 9.1, pode-
Os valores das características físicas mos avaliar que as bacias dos rios Pari e
são apresentados na Tabela 9.1. Coxipó apresentam menor risco de en-
Os elementos área de drenagem e chentes que as demais.
perímetro são as principais características
físicas de uma bacia. Os demais depen- 9.2.2 – SISTEMA DE DRENAGEM
dem do valor da área de drenagem em
relações matemáticas, caracterizando O estudo do sistema de drenagem da
parâmetros que se relacionam com a de- bacia é importante para indicar a maior
terioração ambiental, em função da for- ou menor velocidade da água até deixar
ma da bacia, do sistema de drenagem e a bacia. Os elementos físicos densidade
do relevo do terreno, onde se localizam. de drenagem e extensão média de escoa-
mento superficial caracterizam o sistema
9.2.1 – FORMA DA BACIA de drenagem de cada bacia.
Densidade de drenagem – definida
As características físicas coeficiente de como a relação entre o somatório dos
compacidade e fator de forma são índi- comprimentos de todos os cursos de água
ces utilizados para determinar a forma da da bacia e a área da mesma. Indica a efi-
bacia, relacionando-a com formas geo- ciência da drenagem da bacia, com valo-
métricas, indicando a maior ou menor ten- res entre 0,5 e 3,5km/km 2 ou mais,
dência para enchentes de uma bacia. respectivamente para bacias com drena-
Coeficiente de compacidade – rela- gem pobre e bem drenada. O valor obti-
ção entre o perímetro da bacia e a circun- do é bastante influenciado pela escala do
ferência de um círculo de área igual a mapa utilizado. Neste caso, a escala usa-
bacia. Um coeficiente igual à unidade cor- da foi 1:100.000.
responderia a uma bacia circular, sendo Portanto, segundo a Tabela 9.1, to-
maior o perigo de enchentes. Portanto, das as microbacias estudadas têm dre-
quanto mais próximo de 1, maior o risco nagem pobre, apresentando valores
de enchentes. próximos de 0,5.
Fator de forma – relação entre a lar- Extensão média de escoamento su-
gura média e o comprimento da bacia. perficial – definido como a distância mé-
Um valor baixo demonstra que a bacia é dia em que a água da chuva teria que
menos sujeita a enchentes que outra de escoar sobre os terrenos de uma bacia,
mesmo tamanho, porém com maior fator supondo que o escoamento se desse em
de forma. linha reta, desde onde caiu até o leito do

Tabela 9.1 – Características físicas das principais bacias hidrográficas dentro da área do projeto.

Densidade Extensão média Declividade do Comprimento


Área Coeficiente de Fator de
Rio 2 Perímetro (km) de drenagem do escoamento curso principal da vazão
(km ) compacidade forma
(km/km2) superficial (km) (m/m) superficial (km)

Cocaes 490 108 1,362 0,286 0,657 0,380 0,0041 55,7


Pari 753 168 1,717 0,069 0,824 0,303 0,0025 112
Esmeril 335 86,7 1,327 0,233 0,599 0,417 0,0034 40,0
Aricá-Açu 1.686 241 1,644 0,141 0,565 0,442 0,0055 194
Coxipó 676 169 1,820 0,087 0,784 0,319 0,0077 115
Bandeira 337 88,7 1,352 0,212 0,619 0,404 0,0049 40,5

231
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

curso d’água. Constitui uma indicação sazonal é representativo do vale do mé-


da distância média do escoamento su- dio curso do rio Cuiabá. De maio a
perficial. agosto o declínio de temperatura, ape-
sar de não ser muito grande, é suficien-
9.2.3 – RELEVO DO TERRENO te para reduzir consideravelmente a
evapotranspiração potencial, motivo
As características do relevo de uma pelo qual, não obstante as chuvas se-
bacia determinam a velocidade do es- rem muito raras e pouco copiosas, os
coamento superficial. A declividade do déficits hídricos não são grandes como
curso principal controla a velocidade da seria de se esperar (Miner & Brandão,
água, afetando o tempo de propagação 1989).
do escoamento. Juntamente com a de- Segundo Weska et al. (1991) e Nimer
clividade, o parâmetro comprimento da (1997), citados por Rocha (2003), o cli-
vazão superficial permite avaliar o risco ma local da área de estudo, conforme
de erosão na bacia. Quanto maiores fo- suas características, está enquadrado
rem seus valores, maior será o risco. como AW na classificação de Köppen,
Declividade do curso principal – sendo dominante na região o tipo tropi-
relação entre a diferença das altitudes na cal, quente, semi-úmido, com quatro a
nascente e na foz do curso d’água prin- cinco meses secos e duas estações bem
cipal da bacia e seu comprimento total. definidas, uma seca (outono-inverno) e
Comprimento da vazão superficial outra chuvosa (primavera-verão).
– é o somatório das extensões eqüidis- Para a caracterização climatológica
tantes desde a linha do divisor de águas deste projeto, foram utilizados os dados
ao primeiro afluente na bacia. Este parâ- das Normais Climatológicas do Instituto
metro deve ser avaliado comparando os Nacional de Metereologia – INMET, re-
resultados das bacias. lativos à estação climatológica de Cuia-
Logo, quanto ao relevo do terreno, bá, adotados como a média histórica de
comparando os valores da Tabela 9.1, a trinta anos (1961 a 1990).
bacia do rio Coxipó demonstra maior ris- As principais características climato-
co de enchentes. Por outro lado, sua for- lógicas: temperatura do ar, umidade re-
ma, como já observado, indicaria um lativa do ar, evaporação total e
risco menor. precipitação total são apresentadas na
Tabela 9.2, em seus valores médios nor-
9.3 – CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA mais, e comentadas a seguir.

A configuração geográfica e a inci- 9.3.1 – TEMPERATURA DO AR


dência insignificante de fortes massas de
ar sobre a região refletem um aspecto cli- Vários fatores influenciam a distribui-
matológico quase homogêneo e sem ção de temperatura sobre uma determi-
grandes anomalias consideráveis. Po- nada área ou parte dela, como: insolação
rém, apresenta características diferentes recebida, a natureza da superfície do ter-
a região da Chapada dos Guimarães, reno, a distância dos corpos hídricos, o
devido ao efeito orográfico sobre as chu- relevo, a natureza dos ventos predomi-
vas e uma temperatura mais amena, em nantes, a densidade e o tipo de vegeta-
virtude da altitude. ção. A temperatura média na região
Cuiabá está situada a cerca de estudada varia entre 22oC a 28oC, con-
150m de altitude e seu balanço hídrico forme se observa na Figura 9.1.

232
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.2 – Características climatológicas da região de Cuiabá.

Característica(1) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Tméd ( C)
o
26,7 25,3 26,5 26,1 24,6 23,5 22,0 24,7 26,6 27,4 27,2 26,6 25,6
Tmín (oC) 23,2 22,9 22,9 22,0 19,7 17,5 16,6 18,3 22,1 17,1 22,9 23,0 20,6
Tmáx (oC) 32,6 32,6 32,9 32,7 31,6 30,7 31,8 34,1 34,1 34,0 31,1 32,5 32,5
ET (mm) 89,4 76,2 78,1 40,5 93,2 106,2 132,8 173,6 156,2 143,4 111,0 92,7 1293
UR (%) 80,7 81,6 81,0 79,5 74,2 73,7 65,4 57,3 61,8 69,9 74,2 78,5 73,1
PT (mm) 202 194 206 127 52 21 6 15 56 120 164 195 1.391
Fonte: INMET, 9º Distrito de Meteorologia.

9.3.2 – UMIDADE RELATIVA DO AR Verifica-se no gráfico que tanto a tem-


peratura quanto a umidade relativa do ar
O grau de umidade relativa do ar at- começam a diminuir em abril, atingindo
mosférico é a relação entre a quantidade os mínimos em julho e agosto, respecti-
de vapor de água presente e a quantida- vamente.
de de vapor de água que o mesmo volu-
me de ar conteria se estivesse saturado, 9.3.3 – EVAPORAÇÃO TOTAL
expresso em porcentagem.
A umidade relativa do ar é de grande O conhecimento da evaporação
importância para o meio ambiente, influ- constitui informação importante para o es-
ência na evaporação, na temperatura sen- tudo da economia de água em um lago,
tida pela pele humana e na migração de na secagem de produtos agrícolas, sendo
animais. elemento de grande influência na ecolo-
Na região estudada a umidade relativa gia animal e vegetal.
do ar varia em média entre 57% a 82%, O cálculo da evaporação do espelho
conforme se observa também na Figura 9.1. de água em um lago pode ser obtido,

90 30

29
85

28
80
Umidade Relativa do Ar (%)

27
Temperatura do ar (ºC)

75
26

70 25

24
65

23
60
22

55
21

50 20
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Umidade relativa do ar Temperatura média do ar

Figura 9.1 – Valores médios mensais da umidade relativa do ar e da


temperatura do ar em Cuiabá.

(1)
Tméd = temperatura média; Tmín = temperatura mínima; Tmáx = temperatura máxima;
ET = evaporação total; UR = umidade relativa do ar; PT = precipitação total.

233
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

multiplicando-se a lâmina evaporada em das estações pluviométricas da rede hi-


um tanque tipo “Classe A” por um coefi- drometeorológica de responsabilidade da
ciente de ajuste. A evaporação depende Agência Nacional de Águas – ANA, mos-
da radiação solar, da temperatura, da ve- tradas na Tabela 9.3, com séries históri-
locidade do vento e da umidade do ar. cas superiores a cinco anos, tempo
Com base nos dados do tanque eva- mínimo necessário para a realização dos
porimétrico da estação Cuiabá estima-se estudos.
que a evaporação diária varie entre 3,2 a Foram obtidos dados de 15 estações
7,8mm. A evaporação média, determina- pluviométricas localizadas dentro e nas
da através do “Tubo de Piché”, tem uma proximidades da sub-bacia onde se lo-
variação mensal entre 40 a 174mm, con- caliza a área do projeto, sendo 13 esta-
forme se observa na Figura 9.2. ções pertencentes à rede de
responsabilidade da ANA, uma perten-
9.3.4 – PRECIPITAÇÃO TOTAL cente à Universidade Federal de Mato
Grosso – UFMT e a outra ao Instituto
Com a finalidade de avaliar o regime Nacional de Meteorologia – INMET. As
de chuvas e permitir a comparação com estações localizadas fora da área do pro-
as demais variáveis climáticas, em varia- jeto, nas proximidades, foram utilizadas
bilidade temporal, foram usados os dados para o preenchimento das falhas nas sé-
das Normais Climatológicas de precipita- ries de totais anuais precipitados das es-
ção total da estação Cuiabá do INMET, tações localizadas dentro da área do
constantes da Tabela 9.2. projeto e para traçado do mapa de isoie-
A maior concentração de precipita- tas dos totais anuais precipitados.
ção pluviométrica ocorre no período de Observa-se que a estação Cuiabá –
outubro a março, conforme se observa na Campus Universitário (P01) possui ape-
Figura 9.2 que mostra a variação da pre- nas 15 anos de dados, enquanto que as
cipitação total e da evaporação total. demais possuem de 27 a 43 anos. Os
Para os estudos de precipitação sobre dados de P01 foram utilizados no tra-
a área do projeto, há dados disponíveis çado do mapa de isoietas, com a fina-

250 200

180

200 160

140
Precipitação Total (mm)

Evaporação Total (mm)

150 120

100

100 80

60

50 40

20

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação total Evaporação total

Figura 9.2 – Valores médios mensais da precipitação total e da evaporação


total em Cuiabá.

234
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

lidade do cálculo da precipitação média máximos diários e número de dias de


na área do projeto, mas não foram consi- chuva.
derados nas demais análises estatísticas. Com as séries de totais precipitados
Como pode ser visto na Tabela 9.3, a mé- das estações foram calculados os valores
dia dos totais anuais precipitados dessa médios mensais e anuais do período ob-
estação apresentou valor menor que o servado. Na Tabela 9.3 podem ser encon-
valor da estação vizinha Cuiabá (PCD trados os valores totais anuais médios de
INPE), ambas situadas dentro da cidade todas as estações usadas no estudo e na
de Cuiabá. Tabela 9.4, os valores totais mensais mé-
O Mapa das Sub-Bacias Hidrográfi- dios das estações localizadas dentro da
cas na área do projeto, na escala área do projeto.
1:250.000, em anexo, mostra a localiza- A Figura 9.3 mostra um histograma
ção das estações pluviométricas, cujas das médias dos totais mensais de chuva
características são apresentadas na Ta- das estações localizadas dentro da área
bela A1, em anexo. do projeto, no período de 1974 a 2003,
Utilizando as séries pluviométricas, onde se pode perceber que a região apre-
foram realizados estudos com os dados senta duas estações: uma chuvosa, de se-
totais diários, mensais e anuais de preci- tembro a abril, e outra seca, de maio a
pitação, para análise de suas caracterís- agosto. Verifica-se, também, a maior plu-
ticas médias de longo período, valores viosidade da Chapada dos Guimarães,

Tabela 9.3 – Estações pluviométricas utilizadas no estudo das precipitações.


Média
Nomenclatura Totais
Localização Nome Código Período Entidade
no mapa Anuais
(mm)
Cuiabá-Campus
Universitário 01556009 P01 1989-2003 UFMT 1.379
Dentro Cuiabá (PCD INPE) 01556002 P02 1961-2003 INMET 1.424
da área Santa Edwiges 01556007 P03 1975-2003 ANA 1.421
do projeto Nossa Senhora do
Livramento 01556001 P04 1971-2003 ANA 1.376
Chapada dos Guimarães 01555001 P05 1969-2003 ANA 2.137
Acorizal 01556005 1969-2003 ANA 1.548
Nossa Senhora da Guia 01556000 1972-2003 ANA 1.627
Seco 01556006 1970-2003 ANA 1.354
São José da Serra 01555005 1977-2003 ANA 1.848
Proximidades
Fazenda Estiva 01555008 1982-2003 ANA 1.503
da área
Baía Nova 01655000 1969-2003 ANA 1.119
do projeto
Barão de Melgaço 01655002 1969-2003 ANA 1.356
Quebó 01456004 1973-2003 ANA 1.669
Rosário Oeste 01456008 1969-2003 ANA 1.473
Poconé 01656002 1969-2003 ANA 1.291

Tabela 9.4 – Totais precipitados (médias mensais do período).

Estação Código Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Cuiabá (PCD INPE) 01556002 207 199 218 126 47,4 24,5 5,66 17,3 65,7 127 177 202
Santa Edwiges 01556007 261 176 202 103 46 15 6 7 70 107 195 224
Nossa Sra. do Livramento 01556001 217 209 226 111 46 18 3 20 52 92 158 187
Chapada dos Guimarães 01555001 327 337 304 189 94 34 22 23 86 189 250 303
Cuiabá-Campus Universitário 01556009 212 200 196 122 47 22 11 26 61 127 149 187

235
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

400

totais pluviométricos médios mensais (mm)


350

300

250

200

150

100

50

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Santa Edwiges Nossa Sra. do Livramento Chapada dos Guimarães Cuiabá (PCD INPE)

Figura 9.3 – Histograma das médias dos totais mensais precipitados do


período (1974-2003).

devido à orografia, com os maiores picos Precipitação Média na Área do Projeto


ocorrendo nos meses de janeiro e feve- Para o cálculo da precipitação média
reiro e precipitação anual igual a na área do projeto, foi traçado um mapa
2.137mm. de isoietas dos totais anuais precipitados,
A Figura 9.4 apresenta os totais anuais utilizando ferramentas de geoprocessa-
precipitados por ano hidrológico, do mento, que pode ser visto na Figura 9.5.
período 1974 a 2003, em relação ao O valor calculado da precipitação média
valor médio das precipitações do pe- na área do Projeto resultou 1.579mm.
ríodo, na estação Cuiabá (PCD INPE).
Observa-se que os anos hidrológicos de Máximo Percentual de Contribuição
1977 e 1980 foram atípicos: o ano (MPC)
de 1977 apresentou valor muito acima e Para expressar quantitativamente
1980, muito abaixo da média de trinta anos. o regime pluviométrico de uma bacia

3500

3000
Totais pluviométricos médios anuais (mm)

2500

2000

1500

1000

500

0
1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002

Cuiabá (PCD INPE) Média 1974-2003

Figura 9.4 – Totais anuais por ano hidrológico das precipitações na esta-
ção Cuiabá (PCD INPE).

236
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 9.5 – Mapa de isoietas das médias dos totais anuais de precipitação para a área
do projeto.

hidrográfica, a relação entre as médias da da concentração estacional do re-


mensais e a média anual define a por- gime anual de chuvas. A Tabela 9.5
centagem de contribuição de um ou mais apresenta os valores do MPC para as
meses em relação à média anual (Mor- estações localizadas na área do proje-
ris, 1966). Se cada mês contribuísse com to, que variam de 41,7 a 53,2% do to-
o mesmo total de chuva, teríamos 8,33% tal anual de chuva.
do total anual de chuva como percen-
tual mensal. O conhecimento do MPC Precipitação Máxima de 1 Dia
de três meses consecutivos é de grande No estudo das precipitações máxi-
importância para a Climatologia, a Geo- mas foram calculadas as médias mensais
morfologia e a Agricultura. e anuais do período, para as estações lo-
Adotando-se o período de janeiro calizadas dentro da área do projeto, sen-
a março como de maior precipitação do os valores apresentados na Tabela
da região, para cálculo do MPC de 3 9.6, juntamente com os valores máximos
meses consecutivos, tem-se uma medi- do período em estudo.

Tabela 9.5 – Máximo Percentual de Contribuição (MPC) na área do projeto.


Estação Cuiabá (PCD INPE) Santa Edwiges Nossa Senhora Chapada dos
do Livramento Guimarães
MPC (%) 41,7 53,2 45,8 43,6

Tabela 9.6 – Precipitações máximas de 1 dia (mm).


Médias Máximas
Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
anuais anuais
Cuiabá (PCD INPE) 94,6 48,9 48,9 57,5 46,6 24,3 14,9 6,0 10,8 31,8 49,1 54,8 53,8 134

Santa Edwiges 85,9 62,8 51,2 54,2 44,7 26,3 7,9 4,7 6,2 33,6 41,3 56,1 52,9 114

Nossa Sra. do Livramento 86,8 48,6 52,1 50,7 28,6 22,6 10,5 3,3 10,1 23,9 39,3 52,3 45,6 125

Chapada dos Guimarães 103 64,5 69,7 57,9 58,5 40,6 17,6 12,6 12,8 34,1 58,6 60,5 56,9 147

237
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Para a estimativa da precipitação má- A Tabela 9.9 apresenta os números de


xima de 1 dia de duração para diferen- dias de chuva no ano (NDC) e os maiores
tes tempos de retorno, foram calculados períodos de estiagem (MPE), entre os anos
valores para os períodos de retorno de de 1974 a 2003 (período comum de 30
2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos, obtidos atra- anos de dados) das estações Santa Edwi-
vés da distribuição de freqüência de Kim- ges, Nossa Senhora do Livramento e Cha-
bal e a fórmula de geral devida a Ven Te pada dos Guimarães, localizadas dentro
Chow, para as estações utilizadas no es- da área do projeto, representando o regi-
tudo. Recomenda-se utilizar, com o de- me da região.
vido cuidado, as precipitações máximas
para períodos de retorno de 25, 50 e 100 9.4 – ESTUDO DAS VAZÕES
anos, em virtude do limitado comprimen-
to das séries históricas de precipitações. Para este projeto foram utilizados
A Tabela 9.7 mostra os resultados ob- dados de vazão somente da estação Cuia-
tidos para as estações dentro da área do bá, pertencente à rede de responsabili-
projeto. dade da ANA, localizada dentro da ci-
dade de Cuiabá, compreendendo uma
Número de Dias de Chuva série histórica com 41 anos de vazão,
Utilizando as séries pluviométricas das de 1962 a 2002. As demais estações da
estações localizadas dentro da área do pro- área não apresentam séries suficiente-
jeto foram calculados: médias mensais e mente longas.
anuais dos dias de chuva, número de dias O Mapa das Sub-bacias na Área
de chuva no ano (NDC) e verificados os do Projeto, em anexo, mostra a locali-
maiores períodos de estiagem. A Tabela 9.8 zação da estação Cuiabá, com a no-
apresenta os valores encontrados das mé- menclatura indicada na Tabela A1 (em
dias mensais e anuais dos dias de chuva. anexo).

Tabela 9.7 – Precipitação máxima de 1 dia para diferentes períodos de retorno (Tr em anos).
Precipitação Máxima (mm)
Estação Código
Tr = 2 Tr = 5 Tr = 10 Tr = 25 Tr = 50 Tr = 100
Cuiabá (PCD INPE) 01556002 99,7 113 128 145 159 172
Santa Edwiges 01556007 102 122 137 155 169 183
Nossa Sra. do Livramento 01556001 84,5 101 112 126 137 148
Chapada dos Guimarães 01555001 85,3 108 124 144 159 174

Tabela 9.8 – Médias mensais e anuais dos dias de chuva.

Estação Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Cuiabá
19 18 17 11 6 3 1 2 6 11 13 17 129
(PCD INPE)
Santa Edwiges 13 11 10 5 3 1 1 1 4 6 10 12 79
Nossa Senhora
24 15 19 10 4 2 0 0 8 10 12 13 122
do Livramento
Chapada dos
18 13 0 0 0 2 0 1 7 8 13 13 88
Guimarães

238
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.9 – Dias de chuva no ano (NDC) e os maiores períodos de estiagem (MPE).

Estação Santa Edwiges Nossa Sra. do Livramento Chapada dos Guimarães


MPE MPE MPE
ANO NDC Dias Período NDC Dias Período NDC Dias Período
1974 – – – 84 83 25/5 a 15/8 155 28 24/6 a 21/7
1975 – 152 1/5 a 29/9 66 95 23/6 a 25/9 130 53 17/7 a 7/9
1976 72 63 1/6 a 2/8 80 75 6/6 a 19/8 120 74 1/6 a 13/8
1977 90 64 24/6 a 25/8 79 71 23/6 a 1/9 86 104 21/5 a 1/9
1978 90 43 26/7 a 7/9 65 102 5/6 a 14/9 115 45 1/6 a 15/7
1979 92 84 31/5 a 22/7 71 76 5/5 a 19/7 – 39 15/6 a 23/7
1980 103 50 3/7 a 21/8 – 93 22/5 a 22/8 130 52 4/7 a 24/8
1981 82 70 7/6 a 15/8 – 146 6/5 a 28/9 111 49 11/8 a 28/9
1982 95 73 26/5 a 6/8 89 50 25/5 a 13/7 143 26 24/4 a 19/5
1983 70 49 20/7 a 6/9 102 60 21/7 a 18/9 118 34 16/6 a 19/7
1984 – – – 84 76 7/6 a 21/8 – – –
1985 – – – 59 60 7/5 a 5/7 – – –
1986 – – – 73 56 6/6 a 31/7 – – –
1987 – – – 81 89 25/6 a 21/9 – 42 25/6 a 5/8
1988 – – – 105 87 9/7 a 3/10 133 87 9/7 a 3/10
1989 – – – 107 37 26/9 a 1/11 – 49 8/5 a 25/6
1990 – – – 60 29 19/5 a 16/6 129 32 19/5 a 19/6
1991 – – – – – – 126 33 12/8 a 13/9
1992 – – – – – – 136 44 24/5 a 6/7
1993 – – – 70 129 17/6 a 23/10 – 39 15/7 a 22/8
1994 – 37 26/7 a 31/8 – 50 8/8 a 26/9 121 21 12/8 a 1/9
1995 81 80 1/7 a 18/9 – 38 27/6 a 3/8 111 39 27/6 a 4/8
1996 70 65 29/6 a 2/9 114 47 30/6 a 15/8 101 45 29/6 a 12/8
1997 74 49 18/6 a 5/8 95 58 18/6 a 4/8 100 51 22/7 a 10/9
1998 65 81 16/5 a 4/8 100 67 30/5 a 4/8 108 39 1/6 a 9/7
1999 68 72 30/6 a 9/9 93 66 6/7 a 9/9 92 74 7/7 a 18/9
2000 69 66 18/5 a 22/7 100 65 19/5 a 22/7 112 65 19/5 a 22/7
2001 82 60 28/5 a 26/7 111 67 19/6 a 24/8 138 31 29/7 a 28/8
2002 65 61 21/5 a 21/7 88,5 50 10/7 a 20/9 112 70 23/5 a 31/7
2003 83 92 25/5 a 24/8 – 96 1/6 a 20/7 117 84 10/6 a 1/9

9.4.1 – CARACTERIZAÇÃO DO REGI- Verificando-se a série de vazões mí-


ME FLUVIAL DO RIO CUIABÁ nimas, observa-se que o trimestre mais
seco da maioria dos anos corresponde a
Para o presente estudo, foram calcu- agosto-setembro-outubro.
ladas as vazões características médias Segundo os dados da Tabela 9.11, o
mensais e anuais, que são apresentadas, menor valor da série histórica das vazões
respectivamente, nas tabelas 9.10 e 9.11, mínimas ocorreu no ano de 1969, e o
juntamente com seus valores específicos. maior valor das vazões máximas, no ano
A Figura 9.6 mostra as vazões específicas hidrológico de 1994-1995.
médias.
Observando a Tabela 9.10 e a Figura Influência da Barragem no Rio Manso nas
9.6, pode-se perceber que as menores Vazões do Rio Cuiabá
vazões ocorrem nos meses de agosto e O rio Manso é o principal afluente do
setembro, enquanto que as maiores são rio Cuiabá pela margem esquerda, e lo-
as dos meses de fevereiro e março. caliza-se a montante da área do projeto.

239
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.10 – Vazões médias mensais do rio Cuiabá na estação Cuiabá (período 1962 a 2002).

Vazão média Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Média (m /s)
3
698 808 745 451 243 155 124 107 114 158 246 464
Máxima (m 3/s) 1354 1407 1383 878 469 203 145 124 173 356 582 1.027
Mínima (m3/s) 316 417 385 268 170 133 110 97,7 96,4 101 124 204
Média específica
30,0 34,79 32,08 19,42 10,46 6,67 5,34 4,61 4,91 6,80 10,59 19,98
(l/s.km 2 )
Máxima específica
58,3 60,58 59,55 37,80 20,19 8,74 6,24 5,34 7,45 15,33 25,06 44,22
(l/s.km 2 )
Mínima específica
13,6 17,95 16,58 11,54 7,32 5,73 4,74 4,21 4,15 4,35 5,34 8,78
(l/s.km 2 )

70

60
Vazões médias específicas(l/s.km2)

50

40

30

20

10

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Média específica (l/s.km2) Máxima específica (l/s.km2) Mínima específica (l/s.km2)

Figura 9.6 – Vazões específicas médias mensais do rio Cuiabá em Cuiabá.

No final da década de 90 foi construí- so no local da UHE é 9.528km² (Eletro-


da a Usina Hidrelétrica do Manso, por brás – SIPOT, 2001) que correspondem
Furnas Centrais Elétricas S. A., em parce- a 41% da área de drenagem da bacia
ria com o consórcio privado Proman. Se- na estação Cuiabá.
gundo dados de Furnas, o fechamento das A análise da influência do reservatório
comportas da barragem no rio Manso de Manso sobre as vazões do rio Cuiabá
ocorreu em novembro de 1999 e o pri- não pode ser conclusiva, pois o período
meiro gerador da UHE entrou em opera- de dados disponíveis posterior ao início de
ção no dia 8 de dezembro de 2000. A sua operação é de apenas três anos (2000-
usina está operando plenamente desde 2002), uma vez que os dados da estação
abril de 2001, com uma potência instala- de Cuiabá de 2003-2005, operada por
da de 210MW. Furnas, não se encontram consistidos.
As vazões no rio Manso foram re- A verificação dos dados de precipita-
gularizadas e estão sujeitas à operação ção nos períodos anterior e posterior ao
do reservatório da UHE de Manso. Pos- início da operação também é necessária,
sivelmente o regime de vazões do rio para confirmar se uma eventual alteração
Cuiabá tenha sido alterado pela opera- da série de vazões se deu por aumento
ção do reservatório de Manso, pois a ou diminuição das precipitações na re-
área de drenagem da bacia do rio Man- gião ou pela operação do reservatório.

240
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.11 – Vazões anuais do rio Cuiabá na estação Cuiabá (1962 a 2002).

Média Máxima Mínima


Ano Ano
Vazão Específica Vazão Específica Vazão Específica
Hidrológico Civil
(m3/s) (l/s.km2) (m3/s) (l/s.km2) (m3/s) (l/s.km2)
1962 314 13,5 1.474 63,5 85,8 3,69 1962
1963 172 7,42 719 30,9 73,5 3,16 1963
1964 351 15,1 1.602 68,9 47,9 2,06 1964
1965 242 10,4 2.149 92,5 74,0 3,19 1965
1966 230 9,92 1.189 51,2 63,0 2,71 1966
1967 269 11,6 1.973 84,9 58,9 2,54 1967
1968 234 10,1 1.735 74,7 51,4 2,21 1968
1969 329 14,2 2.120 91,3 44,9 1,93 1969
1970 176 7,59 1.111 47,8 72,7 3,13 1970
1971 283 12,2 1.894 81,5 61,0 2,63 1971
1972 301 12,9 1.887 81,2 76,6 3,30 1972
1973 467 20,1 2.835 122 82,8 3,56 1973
1974 313 13,5 1.309 56,4 106 4,56 1974
1975 327 14,1 1.585 68,2 85,4 3,68 1975
1976 356 15,3 1.818 78,3 72,0 3,10 1976
1977 423 18,2 1.954 84,1 98,0 4,22 1977
1978 583 25,1 2.282 98,2 120 5,17 1978
1979 535 23,0 2.221 95,6 93,6 4,03 1979
1980 446 19,2 2.165 93,2 116 4,99 1980
1981 499 21,5 2.217 95,4 99,8 4,30 1981
1982 365 15,7 1.494 64,3 106 4,56 1982
1983 420 18,1 1.793 77,2 115 4,95 1983
1984 411 17,7 1.502 64,7 88,6 3,81 1984
1985 306 13,2 1.565 67,4 128 5,51 1985
1986 305 13,1 1.856 79,9 96,5 4,15 1986
1987 521 22,4 2.218 95,5 85,4 3,68 1987
1988 526 22,7 2.218 95,5 95,3 4,10 1988
1989 387 16,7 1.470 63,3 133 5,73 1989
1990 425 18,3 1.766 76,0 130 5,60 1990
1991 363 15,6 1.353 58,2 112 4,82 1991
1992 455 19,6 1.918 82,6 115 4,95 1992
1993 353 15,2 1.699 73,1 111 4,78 1993
1994 591 25,4 3.089 133 88,1 3,79 1994
1995 394 16,9 1.737 74,8 106 4,56 1995
1996 423 18,2 2.234 96,2 91,8 3,95 1996
1997 254 10,9 1.454 62,6 85,7 3,69 1997
1998 309 13,3 1.517 65,3 68,3 2,94 1998
1999 175 7,54 1.451 62,5 67,2 2,89 1999
2000 157 6,76 867 37,3 70,5 3,04 2000
2001 432 18,6 2.120 91,3 83,0 3,57 2001
142 6,11 2002
Média 361 15,5 1.789 77,0 90,3 3,89 Média

Embora com dados insuficientes, fo- 2000 a 2002 ficou abaixo da média do
ram feitas comparações entre os dois pe- período 1962-1999.
ríodos das séries de vazões médias, No caso das vazões mínimas, pode-
máximas e mínimas, através dos gráficos se perceber na Figura 9.8 que a média
das figuras 9.7 a 9.9. do período de 2000 a 2002 ficou aci-
Observa-se na Figura 9.7 que a mé- ma das médias dos períodos 1962-
dia das vazões médias do período de 1999.

241
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

700

600

(m3/s)s)
Vazões médias anuais (m3/ 500

400

300

200

100

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Vazões Médias Média período 1962-1999 Média período 2000-2002

Figura 9.7 – Vazões médias anuais do rio Cuiabá na estação Cuiabá, antes
e depois do fechamento das comportas da Usina do Manso.

160

140

120
(m3/s)s)
Vazões mínimas anuais (m3/

100

80

60

40

20

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Vazões Mínimas Média período 1962-1999 Média período 2000-2002

Figura 9.8 – Vazões mínimas anuais do rio Cuiabá na estação Cuiabá,


antes e depois do fechamento das comportas da Usina do Manso.

3500

3000
(m3/s)s)
Vazões máximas anuais (m3/

2500

2000

1500

1000

500

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Vazões Máximas Média período 1962-1999 Média período 2000-2002

Figura 9.9 – Vazões máximas anuais do rio Cuiabá na estação Cuiabá,


antes e depois do fechamento das comportas da Usina do Manso.

242
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Para as vazões máximas, a Figura 9.9 de dados observados, para a realização


mostra que as médias dos períodos 1962- de um estudo de estacionaridade da série
1999 e 2000-2002, apresentaram valo- de vazões em Cuiabá.
res praticamente idênticos.
De acordo com os valores mostrados Estudo de Vazões Mínimas
nas figuras 9.7, 9.8 e 9.9, as vazões míni- Os estudos de vazões mínimas de um
mas e médias do rio Cuiabá podem ter curso d’água são importantes para a ou-
sofrido alterações devidas à barragem do torga de uso da água. As vazões utiliza-
rio Manso. das como valores de referência para
No entanto, o período de dados dis- outorgas geralmente são a vazão mínima
poníveis de vazões 2000-2002 é muito de sete dias consecutivos com período de
curto (apenas três anos hidrológicos) e, retorno de 10 anos (Q7,10) ou a vazão de
portanto, insuficiente para conclusões a 95% de permanência.
respeito da influência do reservatório de
Manso sobre as vazões do rio Cuiabá. Curva de Permanência das Vazões
A comparação dos dados de vazões A curva de permanência ou duração
e precipitações após 2000 poderia auxi- de vazões é determinada pela freqüência
liar na conclusão, porém, vê-se na Figura de ocorrência das vazões em uma determi-
9.10, que apresenta o fluviograma das nada seção do curso d’água. Ela informa
vazões diárias do período de janeiro de sobre a parcela do tempo em que uma de-

2250

2000

1750
Vazões diárias (m3/s)
(m3/s)

1500

1250

1000

750

500

250

0
jan- mai- ago- dez- abr- ago- dez- abr- ago- dez- abr- ago- dez- abr- ago- dez-
98 98 98 98 99 99 99 00 00 00 01 01 01 02 02 02
dias

Figura 9.10 – Vazões diárias do rio Cuiabá na estação Cuiabá (períodos


janeiro/1998 a dezembro/2000).

1998 a dezembro de 2002, e na Figura terminada vazão é igualada ou superada


9.4, que mostra os totais precipitados no durante o período de dados observados. A
período, que o único ano com dados com- vazão associada a uma permanência carac-
pletos de chuva e vazão é 2001, que foi teriza o valor mínimo que foi garantido ao
o mais úmido do período e conseqüente- longo de determinado percentual do tem-
mente teve o hidrograma de maior pico, po do histórico dos dados.
nada podendo-se concluir sobre a influ- A curva de permanência das vazões
ência do reservatório. foi determinada para o rio Cuiabá na es-
É necessário considerar um período tação Cuiabá, referente ao período de
maior de dados, após mais alguns anos 1962 a 2002. A Tabela 9.12 apresenta

243
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

sete pontos da curva entre 5% e 100%. das vazões durante as estiagens prolon-
A Figura 9.11 mostra o desenho da gadas, correspondendo às contribuições
curva de permanência das vazões. subterrâneas.
A curva de recessão é definida por
Vazão Mínima de Sete Dias uma equação simplificada para a hidró-
Consecutivos com Período de grafa do período de estiagem, podendo
Retorno de 10 Anos (Q7,10) ser representada por: Qt = Q0.e-kt, onde
Utilizando a série de vazões mínimas Q0 é a vazão em um tempo inicial, verifi-
diárias da estação Cuiabá, foi calculada, cada logo após cessarem os escoamen-
através do ajuste da distribuição de Gum- tos superficiais; Qt é a vazão ao final de
bel, a vazão Q7,10, encontrando-se um um tempo t em dias; k é o coeficiente de
valor igual a 60,7m3/s. depleção que depende das características
Comparando-se as vazões Q 7,10 da bacia, principalmente da regularização
(= 60,7m3/s) e Q95 (= 77,2m3/s), verifica-se, do rio e das características hidráulicas do
como esperado, que o valor de Q95 é aqüífero. Quanto menor o valor de k,
maior que o de Q7,10, esta, portanto, é mais regularizado é o trecho do rio.
mais restritiva como valor de referên- Os parâmetros da curva de recessão
cia para cálculos de outorga. para Cuiabá foram definidos usando as
vazões mínimas diárias do ano mais seco
Curva de Recessão da série histórica da estação Cuiabá, o
As descargas de recessão ou deple- ano de 1969, obtendo-se a seguinte
ção de descargas de base são as variações equação: Qt = Q0.e-0,013.t

Tabela 9.12 – Vazões da curva de permanência do rio Cuiabá na estação Cuiabá.

Código do mapa Código Área Vazões da curva de permanência (m 3/s)


anexo ANA (km2) 5% 10% 25% 50% 75% 95% 100%
F1 66260001 23.226 1.160 844 449 203 124 77,2 44,9

2500

2000
/s )

1500
m3/s)
3
vazão ((m

1000

500

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Permanência ( % )

Figura 9.11 – Curva de permanência de vazões diárias do rio Cuiabá


na estação Cuiabá (1962-2002).

244
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

A Figura 9.12 mostra o comporta- 9.4.2 – VAZÕES MEDIDAS NA ÁREA


mento da curva de recessão nessa esta- DO PROJETO
ção, ao longo de 105 dias, de maio a
agosto de 1969, fornecendo uma noção Foram realizadas cinco campanhas
da magnitude das vazões garantidas pelo de medições de vazão, de setembro de
escoamento subterrâneo durante a estia- 2004 a outubro de 2005, em pontos dos
gem de anos mais secos. principais cursos de água afluentes do rio
Cuiabá, localizados na área em estudo.
Estudo das Vazões Máximas As medições de vazão tiveram como
Nos estudos de vazões máximas, im- objetivo:
portantes para os estudos de enchentes • verificar o comportamento do escoa-
e inundações, são calculadas as prová- mento nos períodos de estiagem e de
veis vazões para determinados períodos chuva;
de retorno. • verificar a influência das características
Neste estudo foram calculadas as va- geológicas nas vazões de recessão;
zões máximas prováveis para os perío- • subsidiar informações para estimativa
dos de retorno de 5, 10, 25, 50 e 100 das disponibilidades hídricas e para o
anos, do rio Cuiabá em Cuiabá, ajustan- projeto de uma rede fluviométrica.
do-se a série histórica de vazões máxi- As medições de vazão realizadas per-
mas da estação Cuiabá, à distribuição mitem verificar a situação dos afluentes
Gumbel. Os valores encontrados podem do rio Cuiabá ao longo de um ano. A Ta-
ser verificados na Tabela 9.13. bela 9.14 mostra um resumo com os re-

200

180

160

140
(m3/s)
/s)
(m33/s)

120
vazões (m

100

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100 120

dias

Figura 9.12 – Curva de recessão do rio Cuiabá na estação Cuiabá (período


12/5 a 24/8/69 - 105 dias).

Tabela 9.13 – Vazões máximas prováveis do rio Cuiabá em Cuiabá.

Período de retorno (anos) 5 10 25 50 100


Vazões máximas prováveis (m /s) 3
2.182 2.226 2.776 2.994 3.164

245
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

sultados das medições realizadas nos do, diminuindo a profundidade e a se-


meses de setembro e dezembro de 2004, ção de vazão, aumentando a possibili-
e em março, julho, setembro e outubro dade de inundações desastrosas, possi-
de 2005. bilitando prever que dentro de 7 a 10
Em anexo encontra-se uma tabela anos ele extrapolará em vários pontos o
mais completa, a Tabela A1, apresentan- seu curso a partir de Santo Antônio Le-
do as datas das medições de vazão, as verger à sua foz com o Paraguai, trecho
coordenadas geográficas e dados de qua- de 570km, formando novos braços de-
lidade da água e sedimentos. rivativos, abrindo novos meandros, crian-
Observando a Tabela 9.14, percebe- do novas áreas de inundações, causan-
se que os rios Cocaes, Pari, Esmeril e Ban- do anormalidade e prejuízos para a
deira estavam secos ou cortados em comunidade pantaneira de Barão de
setembro de 2004, e em julho e outubro Melgaço e Poconé”, relata ainda o Pro-
de 2005, podendo-se comprovar que o fessor Iglesias.
regime dos mesmos é pluvial ou intermi- Dentro desse contexto podemos
tente na época de estiagem. perceber a importância dos estudos
A vazão específica para os locais de sedimentológicos na bacia do rio
nascentes dos rios (pontos M01, M05, Cuiabá.
M10, M13, M16, M21 a M25) não foi Para o presente estudo, foram reali-
calculada, pois há grande contribuição zadas coletas de sedimentos em pontos
das surgências das águas subterrâneas distribuídos entre aqueles locais, onde
que influenciam consideravelmente o es- foram realizadas as medições de vazão,
coamento superficial provocado pelas procurando conhecer a situação dos
precipitações. sedimentos nos principais afluentes do
As fotos 9.1 a 9.17 mostram a situa- rio Cuiabá dentro da área do projeto,
ção encontrada pela equipe de técnicos pontos localizados no Mapa Sub-bacias
nos locais de medição de vazão em se- da Área do Projeto (em anexo).
tembro/outubro de 2005. Os pontos para medição de descar-
ga sólida foram escolhidos em função
9.5 – SEDIMENTOLOGIA das características físicas percebidas na
primeira campanha de campo, durante
Segundo relatórios do Professor Do- o reconhecimento das sub-bacias em es-
mingos Iglesias Valério, engenheiro da tudo, realizada em setembro de 2004,
Defesa Civil do Estado de Mato Grosso, quando foi possível verificar as influên-
o assoreamento do rio Cuiabá é uma cias antrópicas e alterações nos leitos dos
preocupação constante da Defesa Civil. cursos de água.
Entre agosto e dezembro de 1975 foram Os resultados de concentração de
realizados estudos para recuperação da sedimentos e descarga sólida em suspen-
sua navegabilidade, resultando em um são são mostrados na Tabela 9.15. Na Ta-
volume de dragagem de 810.000m3. Em bela A1 (em anexo) encontra-se a
2000 foi realizado um levantamento ex- descrição da localização dos pontos.
pedito pela Defesa Civil, que estimou Observa-se que as coletas de sedi-
dragagem de 12.700.000km3 para tor- mentos se deram no mês de março de
nar o rio navegável entre Cuiabá e Por- 2005, já no período chuvoso, após a rea-
to Cercado, o que tornaria a dragagem lização da medição de vazão, e no mês
inviável economicamente. “Nessas con- de outubro de 2005, final da estiagem e
dições o assoreamento vai aumentan- início do período chuvoso.

246
Tabela 9.14 – Resumo das vazões medidas nos afluentes do rio Cuiabá dentro da área do projeto(2).
Período das medições
Ponto Curso d’água Área set-04 dez-04 mar-05 jul-05 out-05
(km2) Q(m3/s) q(l/s.km2) Q(m3/s) q(l/s.km2) Q(m3/s) q(l/s.km2) Q(m3/s) q(l/s.km2) Q(m3/s) q(l/s.km2)
M01 Córrego Gambá 2,42 0,10 rio seco rio seco
M02 Rio Cocaes 40,3 0,052 1,30 0,100 2,47 0,212 5,26 0,019 0,470 0,00014 0,0035
M03 Rio Cocaes 154 rio cortado rio cortado 0,892 5,78 1,22 7,90 rio seco rio seco
M04 Rio Cocaes 492 rio seco rio seco 6,41 13,02 rio seco rio seco
M05 Rio Pari 5,22 rio seco rio seco 0,0046 rio seco rio seco
M06 Rio Pari 59,9 rio seco rio seco 2,06 34,5 0,044 0,736 0,023 0,384
M07 Rio Pari 505 rio seco rio seco 14,5 28,6 rio seco rio seco
M08 Rio Pari 712 0,009 0,013 1,22 1,71 2,53 3,55 0,00045 0,0006 rio seco rio seco
M09 Rio Pari 747 rio cortado rio cortado 2,93 3,93
M10 Rio Esmeril 5,81 rio seco rio seco 0,016 rio seco rio seco
M11 Rio Esmeril 52,3 rio seco rio seco 3,48 66,5 0,121 2,31 rio seco rio seco
M12 Rio Esmeril 258 rio cortado rio cortado 0,226 0,877 0,331 1,28 rio seco rio seco rio seco rio seco
M13 Rio Bandeira 5,82 rio seco rio seco 0,036 rio seco rio seco
M14 Rio Bandeira 30,8 rio seco rio seco 0,346 11,2 rio seco rio seco

247
M15 Rio Bandeira 212 rio cortado rio cortado 1,99 9,37 rio seco rio seco 0,153 0,72
M16 Rio Coxipó 16,7 0,010 0,078 0,559 0,035 0,043
M17 Rio Coxipó 47,4 0,040 0,847 0,137 2,88 0,857 18,1 0,074 1,55 0,472 9,95
M18 Rio Coxipó 259 3,74 14,4 4,29 16,6 6,14 23,7 3,94 15,2 4,02 15,5
M19 Rio Coxipó 524 5,29 10,1 5,20 9,93 8,50 16,2 4,92 9,40 5,81 11,1
M20 Rio Coxipó 667 5,04 7,56 5,15 7,73 10,1 15,2 4,93 7,39 6,02 9,02
M21 Córrego Salgadeira 0,350 0,426 0,409 0,397 0,435 0,476
M22 Rio Claro 33,0 1,76 2,18
M23 Córrego Mutuca 64,4 1,30 1,567 1,67 1,21 1,58
M24 Rio dos Peixes 46,1 0,067 0,096
M25 Rio Aricá-Açu 21,4 0,456 0,203 0,151
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M26 Rio Aricá-Açu 118 0,908 7,71 1,10 9,30 5,01 42,5 1,15 9,74 0,897 7,61
M27 Rio Aricá-Açu 253 0,836 3,31 1,34 5,32 14,4 57,1 1,21 4,77 1,30 5,16
M28 Rio Aricá-Açu 1.273 1,27 1,00 4,15 3,26 43,8 34,4 1,77 1,39 1,05 0,83
M29 Rio Aricá-Açu 1.668 0,949 0,569 5,10 3,06 17,1 10,2 1,54 0,92 0,984 0,59
F1 Rio Cuiabá 23.226 602 25,9
(2)
A descrição da localização dos pontos pode ser encontrada em anexo.
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Foto 9.1 – Ponto M02 - Rio Cocaes na ponte da Foto 9.5 – Ponto M15 - Rio Bandeira próximo à
estrada para Nossa Sra. do Livramento. foz.

Foto 9.2 – Ponto M06 - Rio Pari no segundo pon- Foto 9.6 – Ponto M16 - Rio Coxipó na nascente.
to do rio, de montante para jusante.

Foto 9.3 – Ponto M08 - Rio Pari à montante da Foto 9.7 – Ponto M17 - Rio Coxipó no balneário
ponte da BR-163. Cachoeirinha.

Foto 9.4 – Ponto M12 - Rio Esmeril à jusante Foto 9.8 – Ponto M18 - Rio Coxipó no balneário
ponte da BR-163. próximo à confluência com o córrego Mutuca.

248
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Foto 9.9 – Ponto M19 - Rio Coxipó à montante Foto 9.13 – Ponto M25 - Rio Aricá-Açu na
da antiga ponte de ferro. nascente.

Foto 9.10 – Ponto M20 - Rio Coxipó à jusante da Foto 9.14 – Ponto M26 - Rio Aricá-Açu no
ponte da avenida Fernando Corrêa. segundo ponto, situado à montante da ponte.

Foto 9.11 – Ponto M21 - Córrego Salgadeira, Foto 9.15 – Ponto M27 - Rio Aricá-Açu na ponte à
afluente do rio Coxipó, no balneário Santa Rita. montante da confluência com o ribeirão Formosa.

Foto 9.12 – Ponto M23 - Córrego Mutuca, afluente Foto 9.16 – Ponto M28 - Rio Aricá-Açu próximo
do rio Coxipó, próximo à ponte da MT-305. à ponte da BR-364.

249
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

No mês de outubro de 2005 também


foram coletadas amostras de sedimentos
de fundo. Os laudos das análises granu-
lométricas de sedimentos de fundo são
encontrados em anexo.
Para verificar possíveis alterações no
leito do rio Cuiabá ao longo dos anos, a
Figura 9.13 apresenta os perfis da seção
transversal do rio Cuiabá na estação flu-
viométrica Cuiabá entre os anos de 1995
e 2005.
Analisando a Figura 9.13 pode-se per-
ceber que a variação da seção entre os
anos de 1995 e 2005 foi pequena.

Foto 9.17 – Ponto M29 - Rio Aricá-Açu à mon-


tante da ponte da estrada para Santo Antônio de
Leverger.

Tabela 9.15 – Resultado das análises de concentração de sedimentos em suspensão.

Curso Concentração média do Descarga sólida – Vazão


Ponto Data coleta
d’água sedimento – suspensão (mg/L) suspensão (ton/dia) (m3/s)
M02 Cocaes 6/10/2005 10,26 0,00012 0,00014
M03 Cocaes 16/3/2005 18,04 1,900 1,219
M06 Pari 1/10/2005 7,35 0,015 0,023
M08 Pari 9/3/2005 28,55 6,238 2,529
M12 Esmeril 15/3/2005 45,47 1,300 0,331
M15 Bandeira 14/3/2005 20,3 0,607 0,346
1/10/2005 56,87 0,752 0,153
M16 Coxipó 5/10/2005 18,17 0,068 0,043
M17 Coxipó 8/3/2005 16,31 1,208 0,857
5/10/2005 30,21 1,232 0,472
M18 Coxipó 7/10/2005 1,36 0,472 4,015
M20 Coxipó 5/3/2005 27,06 23,63 10,11
3/10/2005 32,09 16,68 6,016
M21 Salgadeira 8/3/2005 1,05 0,036 0,397
5/10/2005 0,17 0,007 0,476
M23 Mutuca 7/3/2005 5,67 0,817 1,667
7/10/2005 2,1 0,287 1,582
M25 Aricá-Açu 4/10/2005 1,4 0,018 0,151
M26 Aricá-Açu 3/3/2005 22,77 9,856 5,010
4/10/2005 3,98 0,308 0,897
M27 Aricá-Açu 3/10/2005 44,28 4,989 1,304
M28 Aricá-Açu 3/10/2005 23,01 2,095 1,054
M29 Aricá-Açu 4/3/2005 9,72 14,34 17,08
30/9/2005 32,61 2,772 0,984
M30 Cuiabá 4/3/2005 137,43 7.148 602

250
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

1000

750

500
cota (cm)

250

-250

-500
0 50 100 150 200 250

distância (m)

1995 1997 1998 1999 2001 2002 2005

Figura 9.13 – Perfis da seção transversal do rio Cuiabá na estação Cuiabá.

9.6 – QUALIDADE DA ÁGUA A elevação da temperatura em um corpo


de água geralmente é provocada por des-
Com o objetivo de obter dados sobre pejos industriais.
a qualidade da água nos principais aflu-
entes do rio Cuiabá, localizados dentro Características estéticas da água:
da área do projeto, foram coletadas amos- parâmetros cor, turbidez e sólidos
tras de água nos meses de março e julho totais dissolvidos
de 2005, nos mesmos locais onde foram A cor em si não representa má quali-
realizadas as medições de vazão, pontos dade, exceto no caso de efluentes indus-
localizados no Mapa Sub-bacias da Área triais, somente causa rejeição pelo
do Projeto (em anexo). consumidor ou usuário.
No mês de julho não foi possível co- A turbidez da água é devida à presen-
letar amostras em todos os pontos coleta- ça de partículas em suspensão reduzindo
dos no mês de março, porque em muitos a transparência e tornando sua aparência
deles o rio encontrava-se cortado ou seco. indesejável.
Os principais parâmetros para avalia- Os sólidos totais dissolvidos são im-
ção da qualidade da água quanto às ca- portante indicador no monitoramento
racterísticas estéticas, conteúdo orgânico, ambiental, pois representam a quantida-
conteúdo iônico, agressividade natural, de de matéria dissolvida no meio líquido,
produtividade por nutrientes e presença afetando a dureza da água e sugerindo o
de pesticidas foram analisados. grau de poluição.

Parâmetros Físicos, Químicos e Características orgânicas da água:


Biológicos Analisados parâmetros oxigênio dissolvido, demanda
bioquímica de oxigênio (DBO) e
Características físicas da água: demanda química de oxigênio (DQO)
temperatura O teor de oxigênio dissolvido na água
A temperatura influencia as reações é importante para a manutenção e sobre-
químicas e biológicas da água, reduzin- vivência da vida aquática.
do a solubilidade do oxigênio e acentu- A DBO indica a quantidade de oxi-
ando a sensação de sabor e odor da água. gênio necessária para decompor a maté-

251
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ria orgânica presente na água. Despejos gênio em uma solução. Os organismos


de origem predominantemente orgânica aquáticos estão geralmente adaptados às
proporcionam os maiores aumentos em condições de neutralidade. Sendo assim,
termos de DBO em um corpo de água. as alterações bruscas do pH dos corpos
Um alto valor de DBO indica um incre- de água podem causar a morte da vida
mento da microflora presente e interfere aquática, afetar o gosto e o tratamento
no equilíbrio da vida aquática. da água.
A DQO é a quantidade de oxigênio A alcalinidade total mede a capaci-
necessária para oxidação da matéria or- dade da água em neutralizar os ácidos,
gânica através de um agente químico. O sendo de fundamental importância duran-
aumento da concentração de DQO num te os processos de tratamento da água. Em
corpo de água se deve principalmente a níveis elevados pode conferir sabor desa-
despejos de origem industrial. Os valores gradável à água.
da DQO normalmente são maiores que
os da DBO. Produtividade por nutrientes: parâmetros
Portanto, valores de DBO e DQO al- fosfato total e nitratos
tos indicam grande concentração de ma- A presença de fosfatos na água acima
téria orgânica e alto consumo de dos padrões ambientais pode ocasionar
oxigênio dissolvido. A relação DQO/ odores, gostos e toxidez aos organismos
DBO é importante para analisar a biode- aquáticos, além de prejudicar o tratamen-
gradabilidade da água. to da água. A presença de nitrato na água
é uma indicação de poluição de origem
Conteúdo iônico da água: os parâmetros animal.
condutividade e dureza total
A condutividade é diretamente pro- Conteúdo bacteriano sanitário da água:
porcional ao número de íons presentes, coliformes totais e termotolerantes (fecais)
representando a habilidade da água em Os coliformes são indicadores mais
conduzir a corrente elétrica. utilizados de contaminação por matéria
A dureza da água deve-se à presença fecal, sendo a variável bacteriológica bá-
de íons metálicos capazes de dificultar a sica na caracterização e avaliação das
formação de espumas com o sabão e pro- águas em geral.
duzir incrustações. A Tabela 9.16 apresenta os valores li-
mites dos parâmetros analisados, segun-
Agressividade da água: parâmetros pH e do a Resolução CONAMA nº 357/2005,
alcalinidade total para águas doces de classe 2, considera-
O pH (Potencial Hidrogeniônico) re- da boa para consumo humano após tra-
presenta a concentração de íons hidro- tamento convencional.

Tabela 9.16 – Parâmetros analisados e seus limites para as águas doces de classe 2.

Parâmetros(3) pH OD DBO Turb Cor FT NO3 STD


Limites 6a9 ≥5 ≤5 ≤ 100 ≤ 75 0,100 10 500
Fonte: Resolução CONAMA nº 357/2005.

(3)
pH = Potencial Hidrogeniônico; OD = Oxigênio Dissolvido (mgO 2/L); DBO = Demanda
Bioquímica de Oxigênio (mg/L); Turb = Turbidez (uT); Cor = cor verdadeira do rio (mg Pt/l);
FT = Fosfato Total (mg/LP); NO 3 = Nitrato (mg/L); STD = Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L).

252
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Para o parâmetro coliformes termoto- correspondente classificação são apre-


lerantes, os valores limites são apresenta- sentados nas tabelas 9.21 e 9.22, res-
dos na Tabela 9.17, segundo a Resolução pectivamente.
CONAMA nº 274/2000, que avalia a con- Uma descrição da localização dos
dição do curso d’água seguindo os níveis pontos pode ser encontrada em anexo.
estabelecidos para a balneabilidade, uso Observando as tabelas 9.19 e 9.20,
muito comum dos rios localizados den- pode-se perceber que o parâmetro cor
tro da área do projeto. apresentou valores acima do limite da
Para alguns parâmetros analisados classe 2 em quase todos os pontos moni-
as resoluções do CONAMA não apre- torados.
sentam limites de tolerância. Para estes O oxigênio dissolvido, a condutivida-
a Tabela 9.18 apresenta limites aconse- de elétrica, o Fosfato Total, a DQO e os
lháveis pela Fundação Estadual do Meio Coliformes Termotolerantes também esta-

Tabela 9.17 – Limites do parâmetro coliformes termotolerantes (fecais).

Avaliação Condição própria para balneabilidade Condição imprópria para balneabilidade


Limites 250 a 1.000 (NMP/100mL) ≥ 2.500 (NMP/100mL)
Fonte: Resolução CONAMA nº 274/2000.

Tabela 9.18 – Parâmetros analisados e limites aconselháveis à manutenção e preservação da vida


aquática.

Parâmetros(4) DQO Condutividade DT(5) AT


Limites ≤ 30 ≤ 150 ≤ 500 ≤ 75
Fontes: FEMA-MT; Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde.

Ambiente de Mato Grosso – FEMA-MT vam com valores acima dos limites em al-
à manutenção e preservação da vida guns pontos da área.
aquática. Para uma análise visual, as figuras 9.14
As águas nos pontos de coleta atendem, e 9.15 mostram, respectivamente, os valo-
segundo as resoluções do CONAMA nos res dos parâmetros oxigênio dissolvido com
274/2000 e 357/2005, as condições para a temperatura, e da DQO com os Sólidos
águas doces de classe 2, de acordo com os Totais Dissolvidos, nos pontos de coleta de
valores obtidos nas campanhas realizadas amostras, no mês de março de 2005.
em março de 2005 e julho de 2005. Observando as tabelas 9.21 e 9.22,
Os dados de qualidade da água ob- pode-se perceber que os parâmetros Fos-
tidos em março de 2005 e a correspon- fato Total e DBO apresentaram valores aci-
dente classificação são apresentados, ma dos limites da classe 2 em muitos
respectivamente, nas tabelas 9.19 e pontos. Também apresentaram valores
9.20, enquanto que os dados de quali- acima em alguns pontos da área, os parâ-
dade da água obtidos em julho/05 e sua metros Alcalinidade Total, DQO e Cor.

(4)
DQO = Demanda Química de Oxigênio (mg/L); Condutividade = Condutividade Elétrica (µmho/
cm-1); DT = Dureza Total (mg/L CaCO3); AT = Alcalinidade Total (mg/LCaCO3).
(5)
A Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece para a Dureza Total o teor de 500mg/L em
termos de CaCO3 como o valor máximo permitido para água potável.

253
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.19 – Dados de qualidade da água obtidos em março de 2005(6).

Ponto Temp OD pH Cond Turb DT AT FT DQO NO3 STD Cor CT CF


2
M1 24,2 5,82 7,06 246 1,3 112,6 50,5 < 0,005 4,2 < 0,01 138 2,5 9,3x10 9,3x102
3
M2 24,2 5,47 6,98 198 6,7 91,6 30,6 0,009 9,3 < 0,01 126 50 2,1x10 1,5x103
M3 26 6,56 6,89 71 12 22,1 40,5 0,01 11,3 < 0,01 44 85 1,1x104 2,4x103
M4 27,6 6,76 6,32 66 22 30,9 22,5 0,012 13,8 < 0,01 39 120 1,5x103 1,5x103
M5 24,2 7,16 7,27 209 1,1 0,0 0,0 0,012 12,4 < 0,01 124 7,5 2,0x102 1,5x102
M6 26,5 6,45 6,77 81 44 26,5 45,9 0,012 15,42 < 0,01 22 225 1,1x104 4,6x103
M7 26,3 5,34 6,85 106 60 27,6 28,8 0,022 22,3 0,02 60 225 2,1x103 1,5x103
M8 28 6,22 6,83 113 23 23,2 29,7 0,018 13,1 0,02 70 120 1,5x103 1,5x103
M9 27,3 5,99 6,78 102 32 13,2 20,7 0,012 14,1 0,02 63 250 1,5x103 4,3x102
M10 25 6,79 7,1 156 10 97,2 80,2 0,012 14,4 < 0,01 92 55 9,3x102 4,3x102
M11 26,4 6,76 6,71 60 11 24,3 31,5 0,02 13,4 < 0,01 36 75 4,6x103 2,4x103
M12 26,5 6,07 7,2 56 16 19,9 29,7 0,022 18,2 < 0,01 33 100 1,1x104 1,1x104
M13 28,2 4,9 6,41 53 7,6 13,2 28,8 0,013 8,26 < 0,01 31 80 4,3x102 4,3x102
M14 26,3 7,15 7,37 32 25 16,6 19,8 0,012 9,84 < 0,01 20 150 1,1x104 4,6x103
M15 27,4 6,31 6,67 45 13 9,9 22,5 0,017 15,2 < 0,01 26 85 1,1x104 1,1x104
M16 25,7 6,84 6,83 10 8 0,0 6,3 0,026 12,6 < 0,01 7 30 1,5x103 1,5x103
M17 24,1 6,9 7,23 10 8 0,0 8,1 0,025 22,4 < 0,01 7 80 2,1x103 1,5x103
M18 28,2 7,39 6,9 8 12 0,0 9,0 0,018 55,4 < 0,02 5 45 4,6x103 2,1x103
M19 30,7 - 7,02 15,5 8 0,0 13,5 0,017 27,4 < 0,01 9 40 1,1x104 4,6x103
M20 28,7 8,21 6,79 50 13 2,2 23,4 0,02 21,9 < 0,01 30 80 2,1x103 1,5x103
M21 26,2 6,31 6,33 2 0,5 0,0 5,4 0,016 9,3 < 0,01 2 < 2,50 4,6x103 2,4x103
M23 25 8,17 6,6 4 8 0,0 7,2 0,016 58,6 < 0,02 3 40 4,6x103 4,6x103
M25 26,3 - 7,01 76 2,7 24,3 40,5 0,012 7,32 < 0,01 45 < 2,50 1,1x104 4,6x103
M26 27,4 6,91 6,8 41 18 8,8 24,3 0,016 5,5 0,02 25 50 2,4x103 2,1x103
M27 26,2 7,07 6,5 38 47 0,0 17,1 0,017 18,3 0,02 23 40 4,6x103 2,4x103
M28 27,7 5,57 6,6 28 22 0,0 17,1 0,016 13,3 < 0,02 16 10 1,1x104 1,1x104
M29 29,4 4,21 6,4 35 8,7 3,3 18,0 0,018 11,7 < 0,01 21 80 4,6x103 4,6x103

Para melhor análise dos resultados ço de 2005 e os valores obtidos dos pa-
obtidos, as figuras 9.16, 9.17 e 9.18 mos- râmetros: DBO, fosfato total, coliformes
tram os valores, respectivamente, da totais e fecais, analisados em julho de
DBO com Fosfatos Totais, DBO com tem- 2005.
peratura, e Coliformes Termotolerantes
(fecais) com Coliformes Totais, nos pon- Parâmetros Analisados para Detecção de
tos de coleta de amostras, no mês de ju- Pesticidas
lho de 2005.
As figuras 9.19 e 9.20 mostram per- Em setembro de 2004, quando exe-
fis de qualidade da água dos rios Coxi- cutava medição de vazão no ponto M17
pó, Aricá-Açu e Pari, apresentando os do rio Coxipó, no balneário Cachoeiri-
valores obtidos dos parâmetros: condu- nha, a equipe de hidrologia soube, por
tividade elétrica, oxigênio dissolvido, uma funcionária do local, que em meses
temperatura e pH, analisados em mar- anteriores haviam sido encontrados

Parâmetros de Qualidade da Água Medidos: Temp = Temperatura da água (°C); OD = Oxigênio


(6)

Dissolvido (mgO2/L); pH = Potencial Hidrogeniônico; Cond = Condutividade Elétrica (µmho/cm-1);


Turb = Turbidez (uT); DT = Dureza Total (mg/LCaCO3); AT = Alcalinidade Total (mg/LCaCO3);
FT = Fosfato Total (mg/LP); DQO = Demanda Química de Oxigênio (mg/L); NO3 = Nitrato (mg/L);
STD = Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L); Cor = Cor verdadeira do rio; CT = Coliformes Totais
(NMP/100mL); CF = Coliformes Termotolerantes (Fecais) (NMP/100mL).

254
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.20 – Comparação dos resultados das análises da campanha de março/2005 com limites
para classe 2 (CONAMA nº 357/05) e da Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde (FEMA-MT).

Ponto OD pH Cond Turb DT AT FT DQO NO3 STD Cor CF Coleta


M1 16/3/2005
M2 16/3/2005
M3 16/3/2005
M4 15/3/2005
M5 17/3/2005
M6 11/3/2005
M7 10/3/2005
M8 9/3/2005
M9 9/3/2005
M10 17/3/2005
M11 15/3/2005
M12 17/3/2005
M13 12/3/2005
M14 12/3/2005
M15 14/3/2005
M16 8/3/2005
M17 8/3/2005
M18 7/3/2005
M19 4/3/2005
M20 4/3/2005
M21 8/3/2005
M23 7/3/2005
M25 12/3/2005
M26 3/3/2005
M27 3/3/2005
M28 3/3/2005
M29 4/3/2005
Legenda
Sem dados Valor dentro dos limites da Classe 2 Valor fora dos limites da Classe 2

Tabela 9.21 – Dados de qualidade da água obtidos em julho de 2005(7).

Ponto Temp Turb DT AT FT DBO DQO NO3 STD Cor CT CF


M02 20,0 3,6 90 164 0,3 9 14 0,13 114 20 451 39
M06 20,5 30 110 190 0,4 21 36 4 161 78 3.970 1.896
M08 19,7 36 70 110 0,4 18 31 3 189 90 5.200 3.100
M16 19,5 1 4 11 0 2 3,6 0,12 24 2,5 120 0
M17 20,3 2 6 14 0,1 3,5 6 0,19 31 5 370 55
M18 17,8 44 5 21 0,1 6 11 0,4 58 50 660 118
M19 18,2 34 4 18 0,1 6 10 0,3 54 42 730 190
M20 21,4 60 9 17 0,2 7 12 0,5 71 152 900 420
M21 18,1 10 7 16 0,1 2,8 5 0,07 49 19 303 4
M23 18,7 7 2 11 0 2,6 4,7 0,1 26 15 152 14
M25 22,4 15 9 23 0,1 7 12 0,16 67 28 516 30
M26 22,8 0,8 1,6 9 0 1,4 2,7 0,09 19 2,5 97 8
M27 19,0 50 15 29 0,4 12 20 1,4 63 140 3.800 2.640
M28 22,0 3 2 19 0,1 4 7 0,11 23 5 240 2
M29 26,0 0,6 1,1 7 0 1,2 2,5 0,05 17 2,5 76 3

(7)
Parâmetros de Qualidade da Água Medidos: Temp = Temperatura da água (°C); Turb = Turbidez (uT);
DT = Dureza Total (mg/LCaCO3); AT = Alcalinidade Total (mg/LCaCO3); FT = Fosfato Total (mg/LP);
DBO = Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/L); DQO = Demanda Química de Oxigênio (mg/L);
NO3 = Nitrato (mg/L); STD = Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L); Cor = cor verdadeira do rio; CT =
Coliformes Totais (NMP/100mL); CF = Coliformes Termotolerantes (Fecais) (NMP/100mL).

255
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.22 – Comparação dos resultados das análises da campanha de julho/2005 com limites
para classe 2 (CONAMA nº 357/05) e da Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde (FEMA-MT).

Ponto Turb DT AT FT DBO DQO NO 3 STD Cor CF Coleta


M02 29/7/2005
M06 27/7/2005
M08 25/7/2005
M16 21/7/2005
M17 21/7/2005
M18 20/7/2005
M19 20/7/2005
M20 21/7/2005
M21 26/7/2005
M23 22/7/2005
M25 26/7/2005
M26 22/7/2005
M27 20/7/2005
M28 26/7/2005
M29 22/7/2005
Legenda
Sem dados Valor dentro dos limites da Classe 2 Valor fora dos limites da Classe 2

9
Oxigênio dissolvido (mg/ l)

4
20 25 Temperatura (ºC) 30 35

M01 - Afluente do Rio Cocaes - Córrego Gambá M02 - Rio Cocaes M03 - Rio Cocaes
M04 - Rio Cocaes M05 - Rio Pari M06 - Rio Pari
M07 - Rio Pari M08 - Rio Pari M09 - Rio Pari
M10 - Rio Esmeril M11 - Rio Esmeril M12 - Rio Esmeril
M13 - Rio Bandeira M14 - Rio Bandeira M15 - Rio Bandeira
M16 - Rio Coxipó M17 - Rio Coxipó M18 - Rio Coxipó
M20 - Rio Coxipó M21 - Afluente do Coxipó - Córrego Salgadeira M23 - Afluente do Coxipó - Córrego Mutuca
M26 - Rio Aricá-Açu M27 - Rio Aricá-Açu M28 - Rio Aricá-Açu
M29 - Rio Aricá-Açu

Figura 9.14 – Oxigênio dissolvido e temperatura nos pontos de coleta de amostras (março/2005).

60

50
DQO (mg / L)

40

30

20

10

0
0 25 50 75 100 125 150
Sólidos Totais Dissolvidos (mg / L)
M01 - Afluente do Rio Cocaes - Córrego Gambá M02 - Rio Cocaes M03 - Rio Cocaes
M04 - Rio Cocaes M05 - Rio Pari M06 - Rio Pari
M07 - Rio Pari M08 - Rio Pari M09 - Rio Pari
M10 - Rio Esmeril M11 - Rio Esmeril M12 - Rio Esmeril
M13 - Rio Bandeira M14 - Rio Bandeira M15 - Rio Bandeira
M16 - Rio Coxipó M17 - Rio Coxipó M18 - Rio Coxipó
M19 - Rio Coxipó M20 - Rio Coxipó M21 - Afluente do Coxipó - Córrego Salgadeira
M23 - Afluente do Coxipó - Córrego Mutuca M25 - Rio Aricá-Açu M26 - Rio Aricá-Açu
M27 - Rio Aricá-Açu M28 - Rio Aricá-Açu M29 - Rio Aricá-Açu

Figura 9.15 – DQO e os Sólidos Totais Dissolvidos nos pontos de coleta de amostras (março/2005).

256
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

25

20
DBO (mg / L)

15

10

0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Fosfato total (mg / LP)
M02 - Rio Cocaes M06 - Rio Pari M08 - Rio Pari
M16 - Rio Coxipó M17 - Rio Coxipó M18 - Rio Coxipó
M19 - Rio Coxipó M20 - Rio Coxipó M21 - Afluente do Coxipó - Córrego Salgadeira
M23 - Afluente do Coxipó - Córrego Mutuca M25 - Rio Aricá-Açu M26 - Rio Aricá-Açu
M27 - Rio Aricá-Açu M28 - Rio Aricá-Açu M29 - Rio Aricá-Açu

Figura 9.16 – DBO e Fosfatos Totais nos pontos de coleta de amostras (julho/2005).

25

20
DBO (mg / L)

15

10

0
15 20 25 30
Temperatura da água (ºC)

M02 - Rio Cocaes M06 - Rio Pari M08 - Rio Pari


M16 - Rio Coxipó M17 - Rio Coxipó M18 - Rio Coxipó
M19 - Rio Coxipó M20 - Rio Coxipó M21 - Afluente do Coxipó - Córrego Salgadeira
M23 - Afluente do Coxipó - Córrego Mutuca M25 - Rio Aricá-Açu M26 - Rio Aricá-Açu
M27 - Rio Aricá-Açu M28 - Rio Aricá-Açu M29 - Rio Aricá-Açu

Figura 9.17 – DBO e temperatura da água nos pontos de coleta de amostras (julho/2005).

5500
5000
Coliformes totais (NMP / 100 mL)

4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Coliformes fecais (NMP / 100 mL)


M02 - Rio Cocaes M06 - Rio Pari M08 - Rio Pari
M16 - Rio Coxipó M17 - Rio Coxipó M18 - Rio Coxipó
M19 - Rio Coxipó M20 - Rio Coxipó M21 - Afluente do Coxipó - Córrego Salgadeira
M23 - Afluente do Coxipó - Córrego Mutuca M25 - Rio Aricá-Açu M26 - Rio Aricá-Açu
M27 - Rio Aricá-Açu M28 - Rio Aricá-Açu M29 - Rio Aricá-Açu

Figura 9.18 – Coliformes totais e termotolerantes (fecais) nos pontos de coleta de amos-
tras (julho/05).

257
Figura 9.19 – Perfil da qualidade da água dos rios Pari, Aricá-Açu e Coxipó (valores de março/2005).

Data: 17/3/2005 Data: 11/3/2005 Data: 10/3/2005 Data: 9/3/2005 Data: 9/3/2005
Ponto M05 Ponto M06 Ponto M07 Ponto M08 Ponto M09
Q = 0,005 m3/s Q = 2,06 m3/s Q = 14,46 m3/s Q = 2,529 m3/s Q = 2,93 m3/s
Condutividade elétrica Condutividade elétrica = Condutividade elétrica = Condutividade elétrica Condutividade elétrica
= 209 µmho/cm-1 81 µmho/cm-1 106 µmho/cm-1 = 102 µmho/cm-1 = 113 µmho/cm-1
OD = 7,16 mO2/L OD = 6,45 mO2/L OD = 5,34 mO2/L OD = 6,22 mO2/L OD = 5,99 mO2/L
T = 24,2°C T = 26,5°C T = 26,3°C T = 28,0°C T = 27,3°C
RIO PARI pH = 7,27 pH = 6,77 pH = 6,85 pH = 6,83 pH = 6,78
RIO
Nascente
2,17 km 12,72 39,98 19,52 3,91 km 3,78 km CUIABÁ

Data: 12/3/2005 Data: 3/3/2005 Data: 2/3/2005 Data: 3/3/2005 Data: 4/3/2005
Ponto M25 Ponto M26 Ponto M27 Ponto M28 Ponto M29
Q = 0,456 m3/s Q = 5,01 m3/s Q = 14,44 m3/s Q = 43,75 m3/s Q = 17,07 m3/s
Condutividade elétrica Condutividade elétrica Condutividade elétrica = Condutividade elétrica Condutividade elétrica
= 76 µmho/cm-1 = 41 µmho/cm-1 38 µmho/cm-1 = 28 µmho/cm-1 = 35 µmho/cm-1

258
OD = 6,33 mO2/L OD = 6,91 mO2/L OD = 7,07 mO2/L OD = 5,57 mO2/L OD = 4,21 mO2/L
T = 26,3°C T = 27,4°C T = 26,2°C T = 27,7°C T = 29,4°C
RIO ARICÁ-AÇU pH = 7,01 pH = 6,80 pH = 6,50 pH = 6,60 pH = 6,40
Nascente RIO
9,68 km 9,20 km 9,20 km 23,73 32,55 4,04 km CUIABÁ

Data: 8/3/2005 Data: 8/3/2005 Data: 7/3/2005 Data: 4/3/2005 Data: 4/3/2005
Ponto M16 Ponto M17 Ponto M18 Ponto M19 Ponto M20
Q = 0,559 m3/s Q = 0,857 m3/s Q = 6,14 m3/s Q = 8,49 m3/s Q = 10,11 m3/s
Condutividade elétrica Condutividade elétrica Condutividade elétrica Condutividade elétrica Condutividade elétrica
= 10 µmho/cm-1 = 10 µmho/cm-1 = 8 µmho/cm-1 = 15,5 µmho/cm-1 = 50 µmho/cm-1
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

OD = 6,84 mO2/L OD = 6,90 mO2/L OD = 7,39 mO2/L OD = 7,11 mO2/L OD = 8,21 mO2/L
T = 25,7°C T = 24,1°C T = 26,2°C T = 30,7°C T = 28,7°C
RIO COXIPÓ pH = 6,83 pH = 7,23 pH = 6,90 pH = 7,02 pH = 6,79
RIO
Nascente
CUIABÁ
4,20 km 7,91 km 15,43 22,49 20,15 2,07 km
Figura 9.20 – Perfil da qualidade da água dos rios Pari, Aricá-Açu e Coxipó (valores de julho/2005).

Data: 27/7/2005 Data: 29/7/2005 Data: 29/7/2005 Data: 25/7/2005


Ponto M05 Ponto M06 Ponto M07 Ponto M08
Rio seco Q = 0,044m3/s Rio seco Q = 0,000448 m3/s
Temperatura = 20,5°C Temperatura = 19,7°C
DBO = 21,0 mg/L DBO = 18,0 mg/L
FT = 0,400 mg/LP FT = 0,380 mg/LP
CF = 1896 NMP/100 mL CF = 3100 NMP/100 mL
RIO PARI CT = 3970 NMP/100 mL CT = 5200 NMP/100 mL
RIO
Nascente
2,17 km 12,72 39,98 19,52 3,91 km 3,78 km CUIABÁ

Data: 21/7/2005 Data: 21/7/2005 Data: 20/7/2005 Data: 20/7/2005 Data: 21/7/2005
Ponto M25 Ponto M26 Ponto M27 Ponto M28 Ponto M29
Q = 0,203 m3/s Q = 1,15 m3/s Q = 1,21 m3/s Q = 1,77 m3/s Q = 1,54 m3/s
Temperatura = 19,5°C Temperatura = 20,3°C Temperatura = 17,8°C Temperatura = 18,2°C Temperatura = 21,4°C
DBO = 2,00 mg/L DBO = 3,50 mg/L DBO = 6,00 mg/L DBO = 6,00 mg/L DBO = 7,00 mg/L

259
FT = 0,030 mg/LP FT = 0,060 mg/LP FT = 0,120 mg/LP FT = 0,100 mg/LP FT = 0,180 mg/LP
CF = 0 NMP/100 mL CF = 55,0 NMP/100 mL CF = 118 NMP/100 mL CF = 190 NMP/100 mL CF = 420 NMP/100 mL
RIO ARICÁ-AÇU CT = 120 NMP/100 mL CT = 370 NMP/100 mL CT = 660 NMP/100 mL CT = 730 NMP/100 mL CT = 900 NMP/100 mL
Nascente RIO
9,68 km 9,20 km 9,20 km 23,73 32,55 4,04 km CUIABÁ

Data: 26/7/2005 Data: 22/7/2005 Data: 26/7/2005 Data: 22/7/2005 Data: 20/7/2005
Ponto M16 Ponto M17 Ponto M18 Ponto M19 Ponto M20
Q = 0,035 m3/s Q = 0,074 m3/s Q = 3,94 m3/s Q = 4,92 m3/s Q = 4,93 m3/s
Temperatura = 18,1°C Temperatura = 18,7°C Temperatura = 22,4°C Temperatura = 22,8°C Temperatura = 19,0°C
DBO = 2,80 mg/L DBO = 2,60 mg/L DBO = 7,00 mg/L DBO = 1,40 mg/L DBO = 12,0 mg/L
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

FT = 0,05 mg/LP FT = 0,030 mg/LP FT = 0,014 mg/LP FT = 0,020 mg/LP FT = 0,400 mg/LP
CF = 4,00 NMP/100 mL CF = 14,0 NMP/100 mL CF = 30,0 NMP/100 mL CF = 8,00 NMP/100 mL CF = 2640 NMP/100 mL
RIO COXIPÓ CT = 303 NMP/100 mL CT = 152 NMP/100 mL CT = 516 NMP/100 mL CT = 97 NMP/100 mL CT = 3800 NMP/100 mL
RIO
Nascente
CUIABÁ
4,20 km 7,91 km 15,43 22,49 20,15 2,07 km
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

resíduos de pesticidas nas águas daquele sica de apoio à decisão sobre a outorga
ponto do rio, provenientes de hortas situa- de direito de uso de recursos hídricos.
das a montante do balneário. Além disso, a disponibilidade não se re-
Assim, na campanha de julho de fere apenas à quantidade de água, mas a
2005 foi acrescentada a coleta de amos- condições relativas aos parâmetros quali-
tras de água para análise da presença de tativos, que podem indicar maior ou me-
pesticidas naquele local. Foram escolhi- nor capacidade de diluição de poluentes,
dos para os testes os pesticidas mais co- Cruz (2001).
mumente utilizados: Aldrin, DDT, A disponibilidade hídrica máxima de
Dieldrin, Endosulfan, Malathion, Para- um curso d’água é determinada pela va-
thion Methyl. Os resultados da análise zão média, pois esta é a maior vazão que
realizada não detectaram as referidas pode ser regularizada. Porém, em vários
substâncias na amostra. projetos as vazões mínimas, como Q95 e
Q7,10 são utilizadas como valor de referên-
9.7 – BALANÇO HIDROLÓGICO cia para verificação da disponibilidade
MENSAL hídrica, considerando também os aspec-
tos de variabilidade e sazonalidade da re-
O balanço hidrológico mensal foi efe- gião estudada.
tuado considerando a pluviosidade e a A avaliação da disponibilidade hídri-
lâmina escoada, tendo como base a esta- ca de pequenas bacias é necessária para
ção fluviométrica de Cuiabá. A Tabela definir a vazão de projeto de pequenos
9.23 apresenta um balanço hidrológico aproveitamentos de recursos hídricos, pre-
para o local da seção dessa estação, lo- servação ambiental e instrução de proces-
calizada na cidade de Cuiabá. sos de outorga. A ausência de dados de

Tabela 9.23 – Balanço hidrológico em Cuiabá.

Parâmetros Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual
Pluviosidade (mm) 207 199 218 126 47 25 6 17 66 127 177 202 1.424
Lâmina escoada (mm) 80 84 86 50 28 17 14 12 13 18 27 53 482
Déficit de escoamento (mm) 127 115 132 76 19 8 -8 5 53 109 150 149 942
Coeficiente de escoamento (%) 39 42 39 40 60 68 - 71 20 14 15 26 34

9.8 – BALANÇO HÍDRICO vazão em pequenas bacias introduz gran-


des incertezas na disponibilidade hídrica,
Nimer & Brandão (1989) apresentam, principalmente quando os cursos de água
na Tabela 9.24, as características do ba- são intermitentes.
lanço hídrico para Cuiabá.
Tabela 9.24 – Características do balanço hídri-
Os excedentes e os déficits ocorrem co para Cuiabá.
respectivamente nos períodos de janeiro
a março e de maio a outubro. Características Cuiabá
Temperatura 25,6oC
Precipitação 1.375mm
9.9 – DISPONIBILIDADE HÍDRICA Evapotranspiração Potencial 1.495mm
Precipitação efetiva - 120mm
A disponibilidade hídrica pode ser Evapotranspiração Real 1.189mm
estimada a partir da avaliação do regime Excedente 186mm
hidrológico da bacia. É a informação bá- Déficit 306mm

260
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Exemplificando, para o rio Cuiabá Somente com a instalação de estações


tem-se uma disponibilidade hídrica fluviométricas para medições de vazões
média, obtida através da série histórica nos períodos sazonais e leituras do nível
de vazões da estação fluviométrica da água, diariamente, é que se poderá fa-
Cuiabá nas proximidades da cidade de zer um estudo adequado da disponibili-
Cuiabá, cujos valores são mostrados na dade hídrica, nas bacias do Pari, Coxipó,
Tabela 9.25, juntamente com os valo- Cocaes, Esmeril, Aricá-Açu e Bandeira.
res das vazões Q95 e Q7,10, já apresenta- A Tabela A1 (em anexo) mostra as
dos no item 9.4. vazões específicas medidas em várias épo-
Como estimativa a disponibilidade cas do ano e em vários trechos dos cur-
hídrica do rio Cuiabá, próximo à esta- sos d’água, que poderão ser usadas
ção Cuiabá, poderá ser um percentual comparativamente para se ter uma idéia
dos valores 3,3 l/s.km2 ou 2,6 l/s.km2, de- da disponibilidade hídrica, considerando
pendendo do valor de referência ado- o ano hidrológico 2004/2005.
tado pelo órgão gestor de recursos hí-
dricos daquele trecho, se Q95 ou Q7,10, 9.10 – PROJETO DE REDE
do percentual estabelecido e do com- HIDROLÓGICA
prometimento já existente em termos de
outorgas concedidas. É necessário instalar uma rede de
Com base nas campanhas realizadas monitoramento hidrológico sistemático
(Tabela 9.14), pode-se inferir que o rio monitoramento nas sub-bacias dos rios
Coxipó apresenta disponibilidade hídri- Coxipó, Pari, Aricá-Açu, Bandeira, Esme-
ca superior à do rio Aricá-Açu, sendo es- ril e Cocaes, para que se possa avaliar

Tabela 9.25 – Vazões para verificação da disponibilidade hídrica do rio Cuiabá em Cuiabá.

Vazão Média
Vazão Média Q95 Q7,10 q 95 l/s.km² q7,10 l/s.km²
Específica

361 m3/s 15,54 l/s.km 2 77,2 m3/s 60,7 m3/s 3,3 2,6

tes dois os de maior disponibilidade hí- a disponibilidade hídrica destes cursos


drica dentre os afluentes do rio Cuiabá na d’ água com base em informações con-
região do projeto, já que os demais até fiáveis das próprias bacias.
cortam em épocas de estiagem. Propõe-se a instalação de estações
Com base nas poucas campanhas rea- pluviométricas e fluviométricas nos locais
lizadas, é difícil de ser determinada a dis- apresentados na Tabela 9.26 e indicados
ponibilidade hídrica desses afluentes, no Mapa Sub-bacias da Área do Projeto
pelos seguintes motivos: (em anexo) e Rede Hidrometeorológica
• alguns dos cursos de água são intermi- Proposta.
tentes ou secam no período de estiagem;
• existe interferência geológica e hidro- 9.11 – CONCLUSÕES
geológica nas águas superficiais;
• na região não existem estações fluvio- Para se determinar a disponibilidade
métricas com série histórica de vazão hídrica superficial são necessários estudos
com mais de cinco anos, para correla- hidrológicos com base em séries de da-
cionar com as vazões medidas entre se- dos suficientemente longas para análises
tembro/2004 e outubro/2005. estatísticas. Na região do projeto apenas

261
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Tabela 9.26 – Pontos sugeridos para a instalação de estações.

Código Mapa Tipo da estação* Curso d’água Coordenadas


em anexo Latitude Longitude
SF01 Fluviométrica Rio Cocaes -15o47’32” -56o13’51’’
SF02 Fluviométrica Rio Pari -15o44’02’’ -56o38’04’’
SF03 Fluviométrica Rio Pari -15o36’10’’ -56o12’14’’
SF04 Fluviométrica Rio Pari -15o36’07’’ -56o12’13’’
SF05 Fluviométrica Rio Esmeril -15 34’12’’
o
-56o29’06’’
SF06 Fluviométrica Rio Esmeril -15o28‘45’’ -56o17’24’’
SF07 Fluviométrica Rio Bandeira -15o24’28’’ -56o02’19’’
SF08 Fluviométrica Rio Bandeira -15 28’27’’
o
-56o08’45’’
SF09 Fluviométrica Rio Coxipó -15o24’21’’ -55o49’21’’
SF10 Fluviométrica Córrego Salgadeira -15o21’08’’ -55o52’15’’
SF11 Fluviométrica Rio dos Peixes -15o23’40’’ -55o59’18’’
SF12 Fluviométrica Rio Coxipó -15 32’33’’
o
-55o58’34’’
SF13 Fluviométrica Rio Aricá-Açu -15o36’52” -55o33’03’’
SF14 Fluviométrica Rio Aricá-Açu -15o39’15” -55o42’02’’
SF15 Fluviométrica Ribeirão Formosa -15 38‘18’’
o
-55o41’59’’
SF16 Fluviométrica Rio Aricá-Açu -15o39’54’’ -55o51’21’’
SF17 Fluviométrica Rio Aricazinho -15o39’34’’ -55o53’31”
SF18 Fluviométrica Rio Aricá-Açu -15o41’52’’ -55o53’02’’
SP01 Pluviométrica – -15 40’43’’
o
-56o32’58’’
SP02 Pluviométrica – -15o18’34’’ -55o54’20’’
SP03 Pluviométrica – -15o28’39’’ -55o44’44’’
SP04 Pluviométrica – -15 37’59’’
o
-55o39’36’’

*Estação com registrador.

o rio Cuiabá dispõe de estação com série tiagem. Verificaram-se tais características
de mais de 30 anos de dados. nas nascentes dos rios Coxipó, Bandeira,
As estações de responsabilidade das Esmeril, podendo-se destacar o rio Pari
entidades ambientais locais não dispõem que se encontrava quase seco ao longo
de séries contínuas de dados de vazão, de todo seu curso.
além disso, os pontos de monitoramento Há influência geológica e hidrogeo-
existentes concentram-se ao longo do rio lógica no regime das águas superficiais.
Cuiabá não havendo monitoramento Além da situação crítica de escassez
principalmente nas nascentes dos rios Co- e qualidade da água em que se encon-
xipó, Pari, Aricá-Açu, Bandeira, Esmeril e tram os cursos d’água da região, verifica-
Cocaes, que são os principais afluentes se uma carência de estudos hidrológicos,
do rio Cuiabá localizados dentro da área bem como de investimentos para recupe-
estudada. ração e monitoramento dos mananciais
Pôde-se perceber durante o reconhe- nessa região. Isto demonstra a importân-
cimento da bacia hidrográfica em setem- cia do presente estudo, que através da
bro/04, que muitos córregos e rios da verificação da disponibilidade hídrica su-
região são intermitentes, ocorrendo brus- perficial e da degradação ambiental, con-
cas interrupções no fluxo, ou mesmo seca tribuirá bastante com subsídios para a
total, durante vários dias na época de es- gestão e o planejamento da região.

262
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Estas conclusões confirmam a neces- CRUZ, J. C. Disponibilidade hídrica para


sidade de instalação de novas estações outorga: avaliação de aspectos técni-
fluviométricas com medição de vazão e cos e conceituais. Porto Alegre, 2001.
monitoramento da qualidade da água, IPH/UFRGS, Dr., Engenharia, 2001.
dentro de um projeto de rede hidrome- Tese - Universidade Federal do Rio
teorológica. Os dados produzidos por Grande do Sul. 131 p.
esta rede possibilitarão estudos hidrológi- ELETROBRÁS. Sistema de Informação do
cos futuros mais consistentes. Potencial Hidrelétrico Brasileiro –
SIPOT. 2001.
FIGUEIREDO, D. M. A influência dos fa-
9.12 – BIBLIOGRAFIA tores climáticos e geológicos e da ação
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cativo Banco de Dados Hidro, Brasí- do de Mato Grosso. Cuiabá, 1996.
lia. 2001. UFMT, M.Sc., Ecologia, 1996. Disser-
BRANDÃO, A. M. P. M. & NIMER, E. Ba- tação - Universidade Federal do Mato
lanço hídrico e clima da região dos cer- Grosso. 131 p.
rados. Rio de Janeiro. IBGE, 1989. MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. De-
166p. partamento Nacional de Portos e Vias
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Navegáveis. Diretoria de Vias Navegá-
Manual prático de análise de água, Ma- veis. Rio Cuiabá – Estudos de navega-
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Serviço Geológico do Brasil; Embrapa. tamento Nacional de Portos e Vias Na-
Zoneamento ecológico-econômico da vegáveis. Diretoria de Vias Navegáveis.
região integrada de desenvolvimento Rio Cuiabá – Estudos de navegabilidade
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3. Rio de Janeiro, 2004, p. 41-60; mapa gem). Relatório Técnico, vol. II. Cuiabá,
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263
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

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264
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ANEXO – Tabela A1
DADOS HIDROLÓGICOS

265
Tabela A1 – Dados coletados nos afluentes do rio Cuiabá dentro da área do projeto.
1
Ponto Curso d' água Área Coordenadas Data Qmed qmed Sedimentometria Parâmetros de qualidade da água
2 3 2
(km ) Latitude Longitude (m /s) (l/s.km ) CMSS DSS Temp OD pH Cond Turb DT AT FT DBO DQO NO3 STD Cor CT CF
M01 Córrego Gambá 2,33 15 44 37,4 56 22 24,5 22/9/2004 0,00022
17/12/2004
2 2
16/3/2005 24,2 5,82 7,06 246 1,3 112,6 50,5 <0,005 4,2 <0,01 138 2,5 9,3x10 9,3x10
29/7/2005 rio seco rio seco
M02 Rio Cocaes 42,8 15 44 41,0 56 20 8,3 22/9/2004 0,052 1,215
17/12/2004 0,100 2,336
3 3
16/3/2005 0,212 4,953 24,2 5,47 6,98 198 6,7 91,6 30,6 0,009 9,3 <0,01 126 50 2,1x10 1,5x10
29/7/2005 0,019 0,444 20,0 3,6 90 164 0,28 9 14 0,13 114 20 451 39
6/10/2005 0,00014 0,003
M03 Rio Cocaes 157 15 47 32,5 56 13 51,0 22/9/2004 rio cortado rio cortado
17/12/2004 0,892 5,689
4 3
16/3/2005 1,219 7,774 18,04 1,9 26 6,56 6,89 71 12 22,1 40,5 0,01 11,3 <0,01 44 85 1,1x10 2,4x10
29/7/2005 rio seco rio seco
M04 Rio Cocaes 495 15 45 52,9 56 8 54,3 22/9/2004 rio seco rio seco
3 3
15/3/2005 6,41 12,951 27,6 6,76 6,32 66 22 30,9 22,5 0,012 13,8 <0,01 39 120 1,5x10 1,5x10
28/7/2005 rio seco rio seco
M05 Rio Pari 5 15 47 53,1 56 42 31,3 22/9/2004 rio seco rio seco
2 2
17/3/2005 0,0046 24,2 7,16 7,27 209 1,1 0,0 0,0 0,012 12,4 <0,01 124 7,5 2,0x10 1,5x10
27/7/2005 rio seco rio seco
M06 Rio Pari 60 15 44 0,0 56 38 4,7 22/9/2004 rio seco rio seco
4 3
11/3/2005 2,06 34,474 26,5 6,45 6,77 81 44 26,5 45,9 0,012 15,42 <0,01 22 225 1,1x10 4,6x10
29/7/2005 0,044 0,736 20,5 30 110 190 0,4 21 36 4 161 78 3970 1896
1/10/2005 0,023 0,384
M07 Rio Pari 505 15 35 6,8 56 21 6,5 22/9/2004 rio seco rio seco
3 3
10/3/2005 14,46 28,640 26,3 5,34 6,85 106 60 27,6 28,8 0,022 22,3 0,02 60 225 2,1x10 1,5x10

266
27/7/2005 rio seco rio seco
M08 Rio Pari 712 15 36 10,6 56 12 14,3 22/9/2004 0,009 0,013 28,55 6,238
16/12/2004 1,22 1,711
3 3
9/3/2005 2,53 3,552 28 6,22 6,83 113 23 23,2 29,7 0,018 13,1 0,02 70 120 1,5x10 1,5x10
25/7/2005 0,00045 0,001 19,7 36 70 110 0,38 18 31 3 189 90 5200 3100
1/10/2005 rio seco rio seco
M09 Rio Pari 747 15 34 46,2 56 9 56,0 22/9/2004 rio cortado rio cortado
3 2
9/3/2005 2,93 3,929 27,3 5,99 6,78 102 32 13,2 20,7 0,012 14,1 0,02 63 250 1,5x10 4,3x10
M10 Rio Esmeril 5,4 15 34 11,9 56 29 5,6 22/9/2004 rio seco rio seco
2 2
17/3/2005 0,016 25 6,79 7,1 156 10 97,2 80,2 0,012 14,4 <0,01 92 55 9,3x10 4,3x10
27/7/2005 rio seco rio seco
M11 Rio Esmeril 52,3 15 31 22,7 56 25 11,3 22/9/2004 rio seco rio seco
16/12/2004 3,48 66,452
3 3
15/3/2005 0,121 2,313 26,4 6,76 6,71 60 11 24,3 31,5 0,02 13,4 <0,01 36 75 4,6x10 2,4x10
26/7/2005 rio seco rio seco
M12 Rio Esmeril 258,0 15 28 45,2 56 17 24,3 22/9/2004 rio cortado rio cortado
16/12/2004 0,226 0,877
4 4
15/3/2005 0,331 1,284 45,47 1,3 26,5 6,07 7,2 56 16 19,9 29,7 0,022 18,2 <0,01 33 100 1,1x10 1,1x10
27/7/2005 rio seco rio seco
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

29/9/2005 rio seco rio seco


M13 Rio Bandeira 5,2 15 19 25,3 56 1 10,6 20/9/2004 rio seco rio seco
2 3
14/3/2005 0,036 28,2 4,9 6,41 53 7,6 13,2 28,8 0,013 8,26 <0,01 31 80 4,3x10 4,3x10
23/7/2005 rio seco rio seco
M14 Rio Bandeira 25,0 15 24 27,7 56 2 18,6 20/9/2004 rio seco rio seco
4 3
14/3/2005 0,346 20,3 0,607 26,3 7,15 7,37 32 25 16,6 19,8 0,012 9,84 <0,01 20 150 1,1x10 4,6x10
23/7/2005 rio seco rio seco
M15 Rio Bandeira 206,0 15 28 26,6 56 8 44,8 20/9/2004 rio cortado rio cortado
4 4
14/3/2005 1,99 27,4 6,31 6,67 45 13 9,9 22,5 0,017 15,2 <0,01 26 85 1,1x10 1,1x10
23/7/2005 rio seco rio seco
1/10/2005 0,153
Tabela A1 (continuação).
1
Ponto Curso d' água Área Coordenadas Data Qmed qmed Sedimentometria Parâmetros de qualidade da água
2 3 2
(km ) Latitude Longitude (m /s) (l/s.km ) CMSS DSS Temp OD pH Cond Turb DT AT FT DBO DQO NO 3 STD Cor CT CF
M16 Rio Coxipó 17,4 15 26 22,0 55 47 16,8 21/6/2004 0,010
15/12/2004 0,078
3 3
8/3/2005 0,559 25,7 6,84 6,83 10 8 0,0 6,3 0,026 12,6 <0,01 7 30 1,5x10 1,5x10
26/7/2005 0,035 18,1 10 7 16 0,05 2,8 5 0,07 49 19 303 4
5/10/2005 0,043
M17 Rio Coxipó 48,1 15 24 21,5 55 49 21,0 18/9/2004 0,040 0,835 16,31 1,208
15/12/2004 0,137 2,843
8/3/2005 0,857 17,824 24,1 6,9 7,23 10 8 0,0 8,1 0,025 22,4 <0,01 7 80 2,1x103 1,5x10 3
22/7/2005 0,074 1,529 18,7 7 2 11 0,03 2,6 4,7 0,1 26 15 152 14
5/10/2005 0,472 9,813
M18 Rio Coxipó 259 15 22 3,4 55 57 12,3 21/9/2004 3,74 14,449
15/12/2004 4,29 16,571
7/3/2005 6,14 23,707 28,2 7,39 6,9 8 12 0,0 9,0 0,018 55,4 <0,02 5 45 4,6x103 2,1x10 3
26/7/2005 3,94 15,197 22,4 15 9 23 0,14 7 12 0,16 67 28 516 30
7/10/2005 4,02 15,502
M19 Rio Coxipó 524 15 32 32,8 55 58 34,2 19/9/2004 5,29 10,104
14/12/2004 5,20 9,926
4/3/2005 8,50 16,213 30,7 - 7,02 15,5 8 0,0 13,5 0,017 27,4 <0,01 9 40 1,1x104 4,6x10 3
22/7/2005 4,92 9,395 22,8 0,8 1,6 9 0,02 1,4 2,7 0,09 19 2,5 97 8
6/10/2005 5,81 11,088
M20 Rio Coxipó 667 15 37 43,8 56 3 44,1 18/9/2004 5,04 7,556
14/12/2004 5,15 7,727
4/3/2005 10,11 15,157 27,06 23,63 28,7 8,21 6,79 50 13 2,2 23,4 0,02 21,9 <0,01 30 80 2,1x103 1,5x10 3
20/7/2005 4,93 7,394 19,0 50 15 29 0,4 12 20 1,4 63 140 3800 2640
3/10/2005 6,02 9,019
M21 Córrego Salgadeira 4,3 15 21 23,5 55 49 42,5 18/9/2004 0,426

267
15/12/2004 0,409
8/3/2005 0,397 1,05 0,036 26,2 6,31 6,33 2 0,5 0,0 5,4 0,016 9,3 <0,01 2 <2,50 4,6x103 2,4x10 3
22/7/2005 0,435 26,0 0,6 1,1 7 0,02 1,2 2,5 0,05 17 2,5 76 3
5/10/2005 0,476
M22 Rio Claro 33,5 15 20 13,1 55 53 44,9 18/9/2004 1,76
15/12/2004 2,18
M23 Córrego Mutuca 58,2 15 21 55,0 55 57 18,9 18/9/2004 1,30
14/12/2004 1,57
3 3
7/3/2005 1,67 5,67 0,817 25 8,17 6,6 4 8 0,0 7,2 0,016 58,6 <0,02 3 40 4,6x10 4,6x10
26/7/2005 1,21 22,0 3 2 19 0,1 4 7 0,11 23 5 240 2
7/10/2005 1,58
M24 Rio dos Peixes 42,0 15 23 40,1 55 59 17,8 19/9/2004 0,067
14/12/2004 0,096
4 2
M25 Rio Aricá-Açu 22,1 15 36 51,8 55 33 2,8 12/3/2005 0,456 26,3 - 7,01 76 2,7 24,3 40,5 0,012 7,32 <0,01 45 <2,50 1,1x10 4,3x10
21/7/2005 0,203 19,5 1 4 11 0,03 2 3,6 0,12 24 2,5 120 0
4/10/2005 0,151
M26 Rio Aricá-Açu 119 15 38 12,4 55 36 46,3 20/9/2004 0,908 7,659
13/12/2004 1,10 9,241
3 3
3/3/2005 5,01 42,247 22,77 9,856 27,4 6,91 6,8 41 18 8,8 24,3 0,016 5,5 0,02 25 50 2,4x10 2,1x10
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

21/7/2005 1,15 9,677 20,3 2 6 14 0,06 3,5 6 0,19 31 5 370 55


4/10/2005 0,934 7,875
M27 Rio Aricá-Açu 253,6 15 39 15,3 55 42 2,4 20/9/2004 0,836 3,296
13/12/2004 1,34 5,300
3 3
2/3/2005 14,44 56,947 26,2 7,07 6,5 38 47 0,0 17,1 0,017 2 18,3 0,02 23 40 4,6x10 2,4x10
20/7/2005 1,21 4,756 17,8 44 5 21 0,12 6 11 0,4 58 50 660 118
3/10/2005 1,30 5,142
M28 Rio Aricá-Açu 1273 15 41 51,8 53 24 2,0 17/9/2004 1,27 0,999
13/12/2004 4,15 3,260
4 4
3/3/2005 43,76 34,373 27,7 5,57 6,6 28 22 0,0 17,1 0,016 13,3 <0,02 16 10 1,1x10 1,1x10
20/7/2005 1,77 1,389 18,2 34 4 18 0,1 6 10 0,3 54 42 730 190
3/10/2005 1,23 0,965
Tabela A1 (continuação).
1
Ponto Curso d' água Área Coordenadas Data Qmed qmed Sedimentometria Parâmetros de qualidade da água
2 3 2
(km ) Latitude Longitude (m /s) (l/s.km ) CMSS DSS Temp OD pH Cond Turb DT AT FT DBO DQO NO3 STD Cor CT CF
M29 Rio Aricá-Açu 1668 15 56 11,0 55 58 21,6 21/9/2004 0,949 0,569
13/12/2004 5,10 3,060
4/3/2005 17,08 10,237 9,72 14,34 29,4 4,21 6,4 35 8,7 3,3 18,0 0,018 11,7 < 0,01 21 80 4,6x10 3 4,6x10 3
21/7/2005 1,54 0,922 21,4 60 9 17 0,18 7 12 0,5 71 152 900 420
30/9/2005 0,984 0,590
F1 Rio Cuiabá 23226 15 36 56,0 56 6 31,0 4/3/2005 602,00 25,919 137,43 7148

Legenda da Tabela: Estações existentes na área do projeto:

Qmed = Vazão média AT = alcalinidade total (mg/LCaCO 3) Ponto Estação Fluviométrica Curso d'água Código
qmed = Vazão média específica FT = fosfato total (mg/LP) F01 Cuiabá Cuiabá 66260001
CMSS = Concentração Média do Sedimento Suspensão (mg/L) DBO = demanda bioquímica de oxigênio (mg/L) F02 Sto. Ant. Leverger Cuiabá 66270000
DSS = Descarga sólida em suspensão (ton/dia) DQO = demanda química de oxigênio (mg/L)
Temp = temperatura da água (ºC) NO 3 = nitrato (mg/L) Ponto Estação Pluviométrica Código
OD = oxigênio dissolvido (mgO2/L) STD = sólidos totais dissolvidos (mg/L) P01 Cuiabá-Campus Universitário 01556009
-1
Cond = condutividade elétrica (mmho/cm ) CT = coliformes totais (NMP/100 mL) P02 Cuiabá (PCD INPE) 01556002
Turb = turbidez (uT) CF = coliformes fecais (NMP/100 mL) P03 Santa Edwirges 01556007
DT = dureza total (mg/LCaCO3) P04 Nossa Senhora do Livramento 01556001
P05 Chapada dos Guimarães 01555001

1
Localização dos pontos de coleta de dados: Locais sugeridos para instalação de estações da Rede Hidrológica proposta:

Ponto Curso d'água Localização Coordenadas Tipo da

268
M01 Córrego Gambá Afluente do Rio Cocaes na fazenda a 200m da estrada p/ BR-070 Ponto Curso d'água Latitude Longitude Estação* Localização
M02 Rio Cocaes Na ponte da estrada para Nossa Senhora do Livramento SF01 Rio Cocaes -15º47’32” -56º13’51” Fluviométrica No ponto M03
M03 Rio Cocaes Trecho médio do Rio Cocaes SF02 Rio Pari -15º44’02” -56º38’04” Fluviométrica Entre os pontos M06 e M07
M04 Rio Cocaes Próximo à foz do Rio Cocaes SF03 Rio Pari -15º36’10” -56º12’14” Fluviométrica No ponto M08
M05 Rio Pari Nascente do Rio Pari SF04 Rio Pari -15º36’07” -56º12’13” Fluviométrica No ponto M09
M06 Rio Pari Segundo ponto do Rio Pari SF05 Rio Esmeril -15º34’12” -56º29’06” Fluviométrica No ponto M10
M07 Rio Pari Trecho médio do Rio Pari SF06 Rio Esmeril -15º28’45” -56º17’24” Fluviométrica No ponto M12
M08 Rio Pari A montante da ponte da Rodovia BR-163 SF07 Rio Bandeira -15º24’28” -56º02’19” Fluviométrica No ponto M14
M09 Rio Pari Próximo à foz do Rio Pari SF08 Rio Bandeira -15º28’27” -56º08’45” Fluviométrica No ponto M15
M10 Rio Esmeril Nascente do Rio Esmeril SF09 Rio Coxipó -15º24’21” -55º49’21” Fluviométrica No ponto M17
M11 Rio Esmeril Trecho médio do Rio Esmeril SF10 Córrego Salgadeira -15º21’08” -55º52’15” Fluviométrica A jusante do ponto M21
M12 Rio Esmeril A jusante da ponte da Rodovia BR-163 SF11 Rio dos Peixes -15º23’40” -55º59’18” Fluviométrica No ponto M24
M13 Rio Bandeira Nascente do Rio Bandeira SF12 Rio Coxipó -15º32’33” -55º58’34” Fluviométrica No ponto M19
M14 Rio Bandeira Trecho médio do Rio Bandeira SF13 Rio Aricá-Açu -15º36’52” -55º33’03” Fluviométrica No ponto M25
M15 Rio Bandeira Próximo à foz do Rio Bandeira SF14 Rio Aricá-Açu -15º39’15” -55º42’02” Fluviométrica No ponto M27
M16 Rio Coxipó Nascente do Coxipó 10m a montante da ponte da estrada SF15 Ribeirão Formosa -15º38’18” -55º41’59” Fluviométrica Afluente do rio Aricá-Açu após pto. M27
M17 Rio Coxipó No Balneário Cachoeirinha SF16 Rio Aricá-Açu -15º39’54” -55º51’21” Fluviométrica Após o Ribeirão do Couro
M18 Rio Coxipó A montante da confluência com o Córrego Mutuca SF17 Rio Aricazinho -15º39’34” -55º53’31” Fluviométrica Próximo à foz
M19 Rio Coxipó A montante da antiga ponte de ferro SF18 Rio Aricá-Açu -15º41’52” -55º53’02” Fluviométrica No ponto M28
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M20 Rio Coxipó A jusante da Ponte Fernando Corrêa SP1 --- -15º40’43” -56º32’58” Pluviométrica Bacia Córrego Maciel (afluente Rio Pari)
M21 Córr. Salgadeira Afluente do Rio Coxipó - no Balneário Santa Rita SP2 --- -15º18’34” -55º54’20” Pluviométrica Bacia Rio Claro (afluente Coxipó)
M22 Rio Claro Afluente do Rio Coxipó - no balneário jusante da ponte da MT-305 SP3 --- -15º28’39” -55º44’44” Pluviométrica Estação Chapada dos Guimarães (P05)
M23 Córrego Mutuca Afluente do Rio Coxipó - no balneário próximo à ponte da MT-305 SP4 --- -15º37’59” -55º39’36” Pluviométrica Bacia Córr. Pesqueiro (afluente Rio Aricá-Açu)
M24 Rio dos Peixes Afluente do Rio Coxipó - na ponte da rodovia MT-305 * Estação com registrador
M25 Rio Aricá-Açu Nascente do Rio Aricá-Açu
M26 Rio Aricá-Açu A montante da ponte da estrada
M27 Rio Aricá-Açu Na ponte a montante da confluência com o ribeirão Formosa
M28 Rio Aricá-Açu Na ponte da Rodovia BR-364
M29 Rio Aricá-Açu A montante da ponte da estrada para Santo Antônio Leverger
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10 – HIDROGEOLOGIA

10.1 – INTRODUÇÃO cas litológicas e estruturais das forma-


ções geológicas.
Nesse levantamento, os limites da Os dados geológicos e hidrometeo-
área de estudo foram determinados pe- rológicos considerados nesse estudo es-
los divisores dos afluentes da bacia hi- tão, respectivamente, nos capítulos 2 e 9
drográfica do rio Cuiabá, na região de deste volume.
Cuiabá/Várzea Grande. A escolha des- Os resultados também estão con-
ses divisores naturais advém da necessi- substanciados em um mapa hidrogeoló-
dade de se tratar os estudos do meio gico, na escala 1:100.000, com informa-
físico de forma integrada. O enfoque na ções básicas necessárias à orientação
água é justificado por ser ela um recurso dos interessados na obtenção e aprovei-
e, ao mesmo tempo, um elemento inte- tamento das águas subterrâneas, visan-
grador dos outros fatores do ambiente. do a uma melhor gestão no uso e prote-
O conhecimento das diversas fases ção desses recursos naturais.
do ciclo hidrológico é fundamental na Foram cadastrados 525 poços na re-
tomada de decisões, tanto do ponto de gião estudada e proximidades, dos quais
vista do aproveitamento humano quan- 506 poços, com dados parciais ou com-
to do da preservação ambiental. Esse ca- pletos, compõem o banco de dados do
pítulo trata da parte do ciclo hidrológi- projeto. Destes, 445 com maior quanti-
co na sua fase subterrânea, tendo em dade de dados foram usados nos cálcu-
mente a interdependência com a fase los estatísticos do principal aqüífero da
superficial e com os outros fatores am- área, constituído pelos metassedimen-
bientais. Apresenta, ainda, os resultados tos de baixo grau, fraturados, do Grupo
da caracterização hidrogeológica da Cuiabá. As informações dos poços com-
área de estudo com base nos dados hi- põem um banco de dados que faz parte
drometeorológicos, parâmetros obtidos da documentação do projeto e também
de poços (cadastramento) e característi- estão no cadastro nacional de poços

269
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

SIAGAS, da CPRM – Serviço Geológico so, executou-se durante o projeto a ca-


do Brasil, que pode ser acessado via in- racterização geoquímica dos cursos
ternet pelo sítio www.cprm.gov.br. d’água (ver capítulo 8), abrangendo 30
O cadastramento de poços foi feito elementos. Essas análises, realizadas tam-
pelo engenheiro de minas Tomáz Edson bém no período de estiagem, refletem in-
de Vasconcelos, auxiliado pela geóloga diretamente a composição da água
Talita Menezes. subterrânea. As anomalias geoquímicas,
porventura existentes na água subterrânea
10.2 – METODOLOGIA e que teriam expressão regional, certa-
mente apareceriam nas análises da água
Inicialmente foram levantadas nos superficial. Por esses motivos não foi rea-
órgãos públicos, principalmente na Secre- lizada uma campanha específica de aná-
taria de Planejamento do Estado de Mato lise das águas dos poços.
Grosso e na Fundação Estadual do Meio Concluído o levantamento de cam-
Ambiente de Mato Grosso, e nas empre- po procedeu-se à alimentação do banco
sas de perfuração da região, todas as in- de dados SIAGAS, a partir do qual foi ge-
formações disponíveis sobre os poços na rado um banco de dados para o projeto.
área do projeto. Os dados hidráulicos, A análise dos dados dos poços, sua
construtivos, de análise de água e locali- distribuição, e as características litológi-
zação foram reunidos em um banco de cas e estruturais das formações que ocor-
dados preliminar, servindo para orientar rem na área subsidiaram a divisão das
o cadastramento de campo e auxiliar na rochas de acordo com o comportamento
identificação dos poços. O cadastramen- hidrogeológico, mostrada no Mapa Hi-
to consistiu na identificação dos poços drológico que compõe esse estudo.
dos quais se procurou obter as seguintes Devido à grande concentração de
informações in loco: coordenadas do poços na área de Cuiabá/Várzea Gran-
poço (obtida com GPS); situação de fun- de, deparou-se com o problema de os
cionamento; uso da água; profundidade; poços, ao serem plotados no mapa na
capacidade de produção do poço (vazão escala 1:100.000, ficarem com a sua iden-
de teste); vazão explotada; níveis estático tificação individual prejudicada. Para uma
e dinâmico; tipo de bomba; diâmetro do melhor visualização no mapa impresso,
poço; capacidade do reservatório; existên- só foram representados os poços com ca-
cia de fontes potenciais de contaminação pacidade específica igual ou maior que
etc. Durante o trabalho de cadastramen- 0,750m³/h/m e que fornecem uma visua-
to foram adquiridos novos aparelhos de lização melhor das zonas e situações mais
GPS, com barômetro, o que permitiu a produtivas. No ambiente SIG os recursos
medida da cota do terreno em vários po- computacionais contornaram o problema
ços, com precisão de 3 metros. de superposição dos símbolos gráficos,
Devido à existência de resultados de sendo possível o acesso aos dados mais
análises químicas, físicas e bacteriológi- completos de todos os poços cadastrados
cas em uma razoável quantidade de po- na área de estudo.
ços cadastrados e, ainda, trabalhos Na elaboração do Mapa Hidrogeoló-
anteriores que enfocaram esses aspectos, gico procurou-se atender não só ao setor
julgou-se que esse conjunto de dados já técnico especializado como, também, ao
propiciava a macrocaracterização quími- usuário com algum conhecimento técni-
ca do aqüífero predominante e de maior co, fazendo-se constar, ali, um grande
importância para a população. Além dis- número de informações de ordem práti-

270
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ca, como profundidade, vazão, nível es- uma pelítica (com laminação plano-pa-
tático e nível dinâmico. Na representação ralela) e uma argilo-areno-conglomeráti-
pontual, a numeração obedece à seqüên- ca, esta com melhor característica de
cia adotada no SIAGAS, suprimido o pre- produtividade. Na Formação Rio Coxipó
fixo 520000. individualizou duas associações litológi-
cas: os metadiamictitos de matriz argilosa
10.2.1 – DISTRIBUIÇÃO DOS POÇOS e os metadiamictitos de matriz arenosa.
Concluiu que a principal área de re-
Foram cadastrados 506 poços na área carga tem direção N40-50oE, concordan-
do projeto. Comparando-se o número de te com o trend regional e que,
poços com a área de estudo, que é de aparentemente, coincide com uma zona
5.230km², obtém-se um índice de apro- de charneira de antiforme invertida. Estu-
ximadamente 10 poços/km², o que seria dou 288 poços com dados completos ob-
uma excelente amostragem para a escala tendo, por meio da estatística dos
proposta. No entanto, a distribuição desi- parâmetros, as seguintes médias: profun-
gual dos poços, citada anteriormente, não didade = 121m, nível estático = 9m, ní-
proporcionou uma amostragem que re- vel dinâmico = 55m, vazão = 13,7m³/h,
fletisse a realidade de forma mais aproxi- capacidade específica = 0,52m³/h/m.
mada. Soma-se a essa deficiência o fato Apresentou também um modelo hidro-
de muitos poços terem dados incomple- geológico para a área.
tos. Por exemplo, nenhum poço foi ca- Realizou um estudo da qualidade fí-
dastrado na Formação Botucatu e no sico-química e bacteriológica das águas
Grupo Rio Ivaí. Há somente dois pontos concluindo que, de um modo geral, as
com dados da Formação Furnas. Apesar águas subterrâneas são de boa qualidade
de 69 poços atravessarem os aqüíferos físico-química, porém os parâmetros bac-
aluvionares formados pelas coberturas do teriológicos (coliformes totais e/ou fecais)
Quaternário, em nenhum deles há infor- apresentam valores elevados, decorren-
mação sobre captação desses aqüíferos tes de falhas no saneamento básico da
superficiais. Mesmo no Grupo Cuiabá os região, aliadas a inadequadas técnicas
poços estão concentrados na Subunida- construtivas dos poços tubulares. Confir-
de 5, onde foram cadastrados em núme- mou a alta vulnerabilidade do aqüífero
ro de 423, de um total de 445 com dados fraturado. Detectou, também, alguns ca-
nesse grupo. sos de concentração elevada de ferro.
Devido à escala (e também à área de
10.3 – TRABALHOS ANTERIORES trabalho, que é pouco mais de 10% da
área do SIG Cuiabá), a subdivisão das su-
Migliorini (1999), num trabalho pio- bunidades 5 e 6 do Grupo Cuiabá, pro-
neiro, estudou uma área de 584km², cor- posta por Migliorini (1999), não foi
respondendo à área urbana de Cuiabá/ adotada na área do projeto.
Várzea Grande. Executou o mapeamen- Apoitia et al. (2004) enfocaram a qua-
to geológico na escala 1:25.000, propon- lidade da água subterrânea na área ur-
do para o Grupo Cuiabá uma subdivisão bana de Cuiabá. Concordam com as
em Formação Miguel Sutil, corresponden- observações apresentadas por Migliorini
te à Subunidade 5 do Projeto Coxipó (Luz (1999) quanto à caracterização dos sis-
et al., 1980) e Formação Rio Coxipó, cor- temas fraturados e apresentam estatística
respondendo à Subunidade 6. Observou de parâmetros de poços compatíveis com
duas litofácies na Formação Miguel Sutil: os dados daquele autor. Analisaram infor-

271
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

mações de 80 poços do Banco de Dados Apoitia et al. (2004) estimaram na


de Águas Subterrâneas da Fundação época que, em Cuiabá, as fontes subter-
Estadual do Meio Ambiente de Mato râneas correspondiam a 20,5% em rela-
Grosso (FEMA/MT) executados em Cuia- ção ao aproveitamento das águas
bá, no período de 2000 a 2002. Concluem superficiais, sendo a agência municipal de
que 10,15% das amostras de águas estão saneamento o maior usuário, atingindo
com pelo menos um parâmetro acima dos um volume explotado de 1.576m³/h.
valores máximos permitidos para con- Os poços cadastrados no projeto
sumo humano. Os parâmetros mais fre- permitiram obter um panorama do uso da
qüentes acima dos limites foram: água na região. Ressalta-se que devido à
coliformes totais e fecais, ferro e turbidez. dificuldade de acesso e informações, um
Também atribuem a contaminação bio- grande número de poços domésticos dei-
lógica à falta de saneamento básico e ina- xou de ser cadastrado, principalmente os
dequada técnica construtiva de poços. de menor diâmetro e profundidade (ge-
ralmente de 4” de diâmetro e profundi-
10.4 – USO DA ÁGUA dade até 40m) popularmente chamados
SUBTERRÂNEA de “mini-poços”. A Figura 10.1 mostra a
distribuição conforme o uso da água.
Na região do projeto há um significa- Na Figura 10.2 observa-se que as en-
tivo uso da água subterrânea, se compa- tidades de serviço de distribuição de água,
rarmos com outras regiões metropolitanas concessionárias ou departamento muni-
assentadas sobre aqüíferos fraturados. cipal, juntamente com outras entidades
Migliorini (1999), baseado em dados públicas, respondem por quase metade
de Teixeira (1997), concluiu que a água dos empreendimentos de perfuração de
subterrânea respondia por 18,5% das poços. Mesmo que muitos poços estejam
fontes de captação para abastecimento desativados ou sem condições de uso,
de Cuiabá/Várzea Grande, sem incluir as como observado na Figura 10.3, ainda é
captações de uso privado como condo- preponderante o papel do poder público
mínios, indústrias, hotéis, residências, etc. na explotação da água subterrânea.

Figura 10.1 – Usos da água subterrânea na área do projeto. O uso para irriga-
ção, no caso específico da área, é aquele destinado a jardins e gramados.
Doméstico, destinado ao abastecimento residencial unifamiliar ou condomi-
nial. Múltiplo, destinado a usos em estabelecimentos rurais, comerciais, ór-
gãos públicos e outros. Público, ligado a uma rede de distribuição, mesmo
para pequenas comunidades.

272
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Sendo esta utilizada como fração Na Figura 10.4 é mostrada a distribui-


complementar ao atendimento de gran- ção por município. Vale lembrar que em-
des áreas urbanas e mesmo como única bora as sedes municipais estejam dentro
fonte de alguns núcleos populacionais. da área estudada, uma parcela significati-

Figura 10.2 – Proprietários dos poços.

Figura 10.3 – Distribuição de poços por município.

Figura 10.4 – Situação dos poços.

273
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

va dos territórios municipais está fora da área Os aqüíferos da área podem ser
do projeto, onde não houve cadastramen- classificados em dois grandes grupos: Po-
to. É o caso de Chapada dos Guimarães, roso, composto pelas formações arenosas
onde apenas uma pequena parte do territó- da Bacia Sedimentar do Paraná e pelas
rio do município está na área do projeto. formações superficiais do Cenozóico; e
Muitos poços são perfurados e, por Fraturado, composto pelas rochas do Gru-
diversas razões, abandonados. Na área do po Cuiabá.
projeto esse número é significativo, como
mostrado na Figura 10.3. Diante desse 10.5.1 – AQÜÍFEROS POROSOS
quadro, é importante a atenção das auto-
ridades no sentido de exigirem dos pro- Os aqüíferos porosos são representa-
prietários que usem as técnicas corretas dos na área por dois tipos principais: aque-
quando da paralisação ou abandono de les ditos clássicos, formados pelas
poço. Um poço mal construído e/ou aban- camadas de arenitos e conglomerados, de
donado de forma incorreta é um ponto considerável espessura e continuidade la-
de entrada de contaminante com alto po- teral, pertencentes à Bacia Sedimentar do
tencial de dano ao aqüífero. Paraná que afloram ao longo da borda da
Chapada dos Guimarães; e os constituí-
10.5 – COMPARTIMENTAÇÃO dos pelas formações superficiais do Ce-
HIDROGEOLÓGICA nozóico, pouco espessos e pouco
contínuos, situados principalmente nas
A divisão estratigráfica e a cartografia proximidades do rio Cuiabá e na bacia
geológica apresentadas nesse capítulo são do rio Aricá-Açu.
as mesmas descritas no capítulo Geolo- As formações arenosas, que têm as
gia. A distribuição desigual dos poços, ci- mesmas características aqüíferas ou estão
tada anteriormente, não proporcionou interconectadas, foram agrupadas num
uma amostragem uniforme dos aqüíferos único aqüífero no Mapa Hidrogeológico.
que ocorrem na área. Soma-se a essa defi- Na identificação dos mesmos, foram usa-
ciência o fato de muitos poços terem da- das as mesmas siglas do Mapa Geológico.
dos incompletos. Com exceção do aqüí- As Coberturas Lateríticas (Qdl), que
fero representado pelo Grupo Cuiabá, ocorrem na Baixada Cuiabana, são mui-
onde há grande quantidade de poços, as to finas. Marcam eventos de flutuação da
informações sobre os aqüíferos aqui apre- superfície do lençol freático. Não foram
sentadas baseiam-se na interpretação das consideradas com aqüífero, sendo englo-
características litológicas e estruturais das badas na unidade subjacente no Mapa
formações geológicas, sob o ponto de vis- Hidrogeológico.
ta hidrogeológico. Essa interpretação re-
sultou na compartimentação hidrogeo- 10.5.1.1 – ALUVIÕES - Q2a1/Q2a2
lógica mostrada no mapa na escala
1:100.000 (em anexo). Na divisão adotada no Mapa Geo-
Espera-se que a continuidade dos tra- lógico foram individualizadas duas uni-
balhos de cadastramento de poços na dades de aluviões: as depositadas ao longo
área venha a melhorar a amostragem, de dos canais ativos das drenagens e as de-
forma a fornecer meios para conclusões positadas nas áreas sujeitas a inundações
mais seguras a respeito das características sazonais. No Mapa Hidrogeológico essas
dos aqüíferos, principalmente daqueles unidades são agrupadas como um aqüí-
sobre os quais há poucos dados. fero intergranular extenso, livre, compos-

274
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

to por lentes e camadas de areia e con- viões é bastante variável. Os poucos da-
glomerado, intercaladas com sedimentos dos constantes do registro dos poços
variando de argilo-arenosos a argilosos. apontam para espessuras de até 38m.
Devido ao caráter errático das lentes
e camadas de granulometrias diferentes, 10.5.1.2 – PANTANAL - Q1p1
a permeabilidade varia tanto vertical
como lateralmente, conforme a composi- A Formação Pantanal mais para sul,
ção do material das lentes, sendo de mé- dentro da bacia sedimentar quaternária
dia a alta nas porções arenosas e homônima, possui uma razoável espes-
conglomeráticas, e baixa nas argilosas. sura, podendo atingir 400m ou mais. A
O regime de recarga anual está inti- complexidade da sedimentação afetada
mamente ligado ao regime das chuvas, pela história paleoclimática e epirogené-
não só pela infiltração direta da precipi- tica do conjunto área-fonte/bacia de de-
tação. Um fator de grande importância é posição, leva a conclusão de que
a variação do nível dos cursos d’água e a subdivisões estratigráficas surgirão para
conseqüente inundação de grandes designar melhor esse pacote de sedimen-
áreas. A característica perene dos cursos tos, ainda em processo deposição.
d’água, como a verificada na bacia do rio A área do projeto está na borda dessa
Aricá-Açu, está intimamente ligada à bacia sedimentar, onde há evidências de
formação dos estoques propiciados pela mudanças no nível de base ocasionada
recarga anual desse aqüífero. por soerguimento. Nessa área os depósi-
A vulnerabilidade natural à poluição tos aluviais são bastante delgados, repou-
varia conforme a composição da parte sam sobre as rochas do Grupo Cuiabá e
aflorante, ou seja, menos vulnerável onde estão em processo de dissecação. Prova-
afloram as porções argilosas e mais vul- velmente correspondam cronologica-
nerável onde afloram areias e conglome- mente aos sedimentos basais depositados
rados. Mesmo assim, devido à pouca mais ao sul.
espessura e ao fato do nível freático ser Formam um aqüífero intergranular
raso, a vulnerabilidade natural é predo- descontínuo, livre, constituído de terra-
minantemente alta. ços aluviais sub-recentes, composto por
Essas coberturas são importantes na sedimentos arenosos e areno-argilosos
proteção do aqüífero fraturado subjacen- semiconsolidados, com intercalações ou
te, por formarem uma barreira filtrante du- afloramento de concreções limoníticas
rante a recarga indireta anual e mesmo (Qdl). Localmente ocorrem lentes con-
retendo algum eventual fluxo poluente. glomeráticas.
Nenhum poço cadastrado forneceu O caráter errático dessas lentes e ca-
informação de captação nesse aqüífero. madas faz a permeabilidade variar tanto
No entanto, ele pode ser explotado por vertical como lateralmente, sendo de mé-
poços escavados de grande diâmetro e dia a alta nas porções arenosas e conglo-
poços tubulares rasos. meráticas e baixa nas argilosas. Mesmo
As medidas do nível d’água nesse assim, devido à pouca espessura e ao fato
aqüífero livre foram obtidas dos dados dos do nível freático ser raso, a vulnerabilida-
poços que o atravessam para captar água de natural é predominantemente alta.
no meio fraturado subjacente, apresen- A recarga anual está intimamente li-
tando média do nível estático de 9,8m. gada ao regime das chuvas tanto pela in-
Sabe-se que, pela natureza da forma- filtração direta como pela elevação do
ção geológica, a espessura dessas alu- nível d’água das drenagens. Localmente

275
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

estocam água que ajudam a perenizar os aqüífero intergranular extenso livre, for-
cursos d’água. mado de arenito fino a grosso, grãos bem
Essas coberturas são importantes na arredondados, com alta esfericidade, de
proteção do aqüífero fraturado subjacen- origem eólica.
te, por formarem uma barreira filtrante A permeabilidade é alta e, conseqüen-
durante a recarga indireta anual. temente, a vulnerabilidade também é alta,
Nenhum poço cadastrado forneceu devido ao fato de encontrar-se exposto.
informação de captação nesse aqüífero. A recarga ocorre na forma de infiltra-
No entanto, ele pode ser explotado por ção direta das precipitações.
poços escavados de grande diâmetro e Próximo à borda da Chapada, o efei-
poços tubulares rasos. to de drenagem provocado pela escarpa
Informações obtidas de poços que faz com que retenha pouca água. No in-
atravessam o aqüífero, para captar água terior do planalto, no entanto, pode ser
no meio fraturado subjacente, forneceram explotado por poços tubulares, fornecen-
dados do nível estático que resultaram do boas vazões.
numa média de 11m.
Interpretando os dados obtidos dos 10.5.1.5 – PONTA GROSSA - Dpg
poços cadastrados, conclui-se que a pro-
fundidade dessa formação varia, de pou- Formação impermeável a semiper-
cos metros nas cabeceiras do Aricá-Açu, meável, composta por siltitos e siltitos
a 36m no Distrito Industrial de Cuiabá. com lentes de arenito fino.
Ocorre em uma área restrita no alto
10.5.1.3 – COBERTURA da Chapada, onde tem uma porção sob
DETRITO-LATERÍTICA - NQdl os arenitos da Formação Botucatu, e uma
porção, aflorante, que recobre os areni-
São as lateritas mais espessas que tos da Formação Furnas. Funciona como
ocorrem numa área muito pequena den- proteção ao Aqüífero Furnas e forma uma
tro do projeto. Formam um aqüífero inter- barreira impermeável que propicia o sur-
granular descontínuo livre. gimento de algumas nascentes na borda
Fora da área do projeto, no interior da Chapada. Uma dessas fontes é apro-
do planalto, tem importância como área veitada para produção de água mineral.
de recarga, funcionando como um esto- Permite a recarga do aqüífero inferior
que temporário que escoa lentamente somente através de fraturas. Não foi ca-
para o aqüífero subjacente. dastrado poço atravessando a unidade.
Possui alta vulnerabilidade natural à
poluição, considerando o aqüífero em si; 10.5.1.6 – FURNAS/RIO IVAÍ - D1f/O3S1rv
no entanto, serve de barreira de proteção
ao aqüífero subjacente. Esse aqüífero corresponde ao conjun-
to de rochas sedimentares representado
10.5.1.4 – BOTUCATU - J3K1bt pelas unidades geológicas Formação Fur-
nas, no topo e Grupo Rio Ivaí, na base. O
Os arenitos da Formação Botucatu Grupo Rio Ivaí é composto pelas forma-
formam o maior e talvez o mais impor- ções Alto Garças, no topo e Formação
tante aqüífero brasileiro, estendendo-se Vila Maria, na base.
por toda a Bacia Sedimentar do Paraná. Afloram na escarpa da borda da Cha-
Na área do projeto ocorre em uma pada e também em superfície as forma-
área pequena na borda da Chapada. É um ções Furnas e Alto Garças. Esse conjunto

276
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

constitui um aqüífero intergranular exten- 10.5.2 – AQÜÍFERO FRATURADO -


so, com porções livres e confinadas, es- CUIABÁ - NPcu
tas, sob os sedimentos finos da Formação
Ponta Grossa. O Grupo Cuiabá aflora na maior par-
O conjunto pode ser resumidamente te da área do projeto, onde ocorrem as
descrito como sendo constituído de areni- subunidades de 3 a 7.
to médio a grosso, arenito conglomerático Como dito anteriormente, a amos-
e conglomerado, com arenito fino na base. tragem dos parâmetros dos poços con-
Possui alta permeabilidade. A recarga centrou-se na subunidade 5, sendo que
ocorre pela infiltração direta das chuvas. para as outras não há representativida-
Apenas dois poços foram cadastrados de estatística dos parâmetros de poços.
no aqüífero na área de estudo. Entretan- Ressalta-se que a localização dos po-
to, é um dos mais importantes aqüíferos ços, em relação à subunidade explota-
regionais, além de localmente ter grande da, considera a cartografia geológica
importância na estocagem e na pereniza- levantada no projeto na escala
ção dos rios Aricá-Açu e Coxipó, bem 1:100.000. Interpretações diferentes
como na recarga indireta do aqüífero fra- quanto ao enquadramento das litolo-
turado subjacente. gias, especialmente entre as subunida-
Próximo à borda da Chapada, o efeito des 5 e 6 ao longo do trend de direção
de drenagem pela escarpa faz com que NE que corta a área metropolitana de
retenha pouca água. No entanto, no inte- Cuiabá/Várzea Grande, sejam estas in-
rior do planalto pode ser explotado por terpretações embasadas em observa-
poços tubulares, fornecendo boas vazões. ções mais detalhadas ou escala de
Apresenta alta vulnerabilidade na área levantamento maior, poderão alterar a
aflorante e baixa vulnerabilidade na por- distribuição dos poços por subunidade.
ção confinada. Nesse trabalho considera-se o Gru-
Na parte inferior, aflorando somente na po Cuiabá como um aqüífero fraturado
escarpa, ocorre a Formação Vila Maria, extenso, livre na maior parte da área es-
formando um aqüífero intergranular con- tudada. Localmente, pode ser semicon-
finado, constituído por conglomerados e finado devido à presença de cobertura
arenitos tabulares, por vezes com matriz cenozóica mais espessa, em pontos de
argilosa e finas intercalações de folhelho. cota mais baixa em relação à recarga.
A recarga se processa indiretamente Nos limites NE da área está sob um
através da unidade sobreposta. Está sub- espesso pacote de sedimentos da Bacia
metida aos mesmos efeitos de drenagem Sedimentar do Paraná onde, teoricamen-
provocada pela escarpa. te, poderia estar sob condição de confi-
A ocorrência de intercalações de fo- namento. No entanto, não há nenhuma
lhelho e matriz argilosa em alguns arenitos informação sobre o aqüífero nessa área.
faz com que a permeabilidade, normal- O aqüífero é formado por metassedi-
mente alta no restante do conjunto, possa mentos de baixo grau, dobrados e fratu-
variar para média permeabilidade. rados, cortado por veios de quartzo. Os
As formações Vila Maria e Alto Gar- detalhes das litologias e estruturas estão
ças, embora ocorram em muitos pontos no capítulo 2.
da Bacia Sedimentar do Paraná, não têm A acumulação e circulação de água
um caráter contínuo de expressão regio- ocorrem nas fraturas e nas porções de ro-
nal. Na área formam aqüíferos pouco cha alterada. Metassedimentos grossei-
extensos. ros alterados e faixas milonitizadas

277
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

comportam-se, dentro dos pacotes fratu- Nas figuras 10.5 e 10.6 pode ser
rados, como zonas porosas, ampliando observado, pela distribuição percentual
a capacidade de armazenamento. dos poços, que há uma tendência das
Na Tabela 10.1 podem ser observa- vazões e capacidades específicas serem
das as médias dos parâmetros dos poços maiores nos poços que captam água em
que explotam o aqüífero fraturado. A es- partes do aqüífero que estão sob cobertu-
tatística dos dados foi feita a partir das ras de aqüífero poroso.
informações de 445 poços, com dados Apesar do número relativamente pe-
completos de profundidade, nível estáti- queno de dados estatísticos, cabe algu-
co, nível dinâmico e vazão. ma discussão sobre a razão da tendência
Comparando os parâmetros vazão e observada. Aparentemente, a principal
capacidade específica entre os poços que causa dessa tendência de aumento na
explotam o aqüífero em zonas com co- capacidade dos poços seria a ampliação

Tabela 10.1 – Parâmetros dos poços que explotam o Aqüífero fraturado Cuiabá. Mostra também a
variação das médias dos parâmetros correlacionadas à existência ou não de cobertura de aqüíferos
porosos sobre o aqüífero fraturado.

Valores Médios dos Parâmetros dos Poços


que Captam Água do Grupo Cuiabá
Aqüífero
Número Nível Capacidade
superficial Profundidade Nível estático Vazão
de poços dinâmico específica
atravessado (m) (m) (m³/h)
cadastrados (m) (m³/h/m)
pelos poços
Todos os
445 115 11,3 57,3 12,3 0,485
poços*
Sem
376 113,5 11,6 58,9 10,3 0,394
cobertura
Todos** 69 127,4 10,1 50,7 23,1 0,986
Q1p1 29 121,8 11 59,5 14,4 0,331
Q2a1/Q2a2 35 133,5 9,8 42,3 30,8 1,562

* Todos os poços que explotam o aqüífero fraturado indistintamente, com e sem cobertura de
aqüífero superficial.
**Todos os poços onde há cobertura das unidades geológicas Q1p1, Q2a1 e Q2a2, que formam
os aqüíferos porosos que recobrem as rochas do Grupo Cuiabá.

bertura de sedimentos aluvionares com das reservas de água propiciada pelo meio
aqueles em zonas sem essas coberturas, poroso que, estando saturado – NE raso –
observa-se que a profundidade média dos ampliaria também a quantidade de fratu-
níveis estático e dinâmico é maior nos ras alimentadas. No entanto, observando-
poços sem cobertura. A média do abai- se as estruturas geológicas da área
xamento (S = NE - ND) também é maior e deduz-se que outro fator, igualmente im-
a da vazão, menor. Conseqüentemente, portante, pode ser aventado.
há um aumento na média da capacidade No Mapa Hidrogeológico (volume
específica (vazão/abaixamento) dos poços 2) estão plotados 73 poços com capa-
que explotam zonas sob os aqüíferos po- cidade específica igual ou maior que
rosos formados pelas coberturas sedimen- 0,75m³/h/m. Observa-se que uma parte
tares quaternárias. significativa desses poços atravessa co-

278
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Figura 10.5 – Distribuição por faixa de vazão dos poços que explotam o
aqüífero fraturado, comparando as situações com e sem cobertura de
aqüíferos porosos.

Figura 10.6 – Distribuição por faixa de vazão dos poços que explotam o
aqüífero fraturado, comparando as situações com e sem cobertura de
aqüíferos porosos.

berturas porosas. Esses e outros, fora das pecífica elevada podem ser observa-
coberturas, têm em comum o fato de se dos. São paralelos e têm direção apro-
concentrarem também em zonas de fa- ximada N40 o E, e cortam a área
lhas e fraturas. metropolitana de Cuiabá/Várzea Gran-
Dois trends principais com concen- de. Em Cuiabá, concentram-se na re-
tração de poços com capacidade es- gião dos bairros Distrito Industrial e

279
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Nova Esperança I, II e III. Em Várzea 10.5.2.1 – PROFUNDIDADE DOS POÇOS


Grande, concentram-se na região do
Bairro Cristo Rei. Na Figura 10.7 é observada a distri-
Embora não tenham sido encontra- buição dos poços por faixa de profundi-
dos afloramentos com evidências dire- dade que explotam o Aqüífero Cuiabá.
tas de movimentação neotectônica, as Observa-se que 77% dos poços concen-
mesmas são sugeridas pela própria his- tram-se na faixa de 91m a 150m.
tória da formação do Pantanal. Os ali- Os custos de um poço nessa faixa de
nhamentos no curso geral dos rios profundidade são relativamente baixos, con-
Aricá-Açu e Cuiabá, o formato de áreas siderando-se o benefício obtido. Esse fato é
com coberturas recentes tendendo para um incentivo a que se busque a alternativa
direção NE e outras evidências indiretas, de abastecimento por fonte subterrânea.
levam à conclusão da influência dessa
movimentação na produção dos sistemas 10.5.2.2 – NÍVEL ESTÁTICO
de falhas/fraturas abertas.
Conclui-se que os sistemas de fratu- O nível estático na maior parte da área
ramentos abertos são o fator preponde- do projeto que está na Baixada Cuiabana
rante na obtenção de poços com boas pode ser considerado raso. Na Figura
vazões, e que estas podem ser amplia- 10.8, observa-se que 58% dos poços tem
das pela presença de cobertura de aqüí- no máximo 10m de profundidade e, con-
fero poroso saturado. siderando-se o limite de 15m de profun-
Não se fez um estudo estatístico da didade, serão 78% dos poços.
influência do manto de alteração na va- Esse fato pode ser atribuído principal-
zão dos poços devido à relativamente mente à topografia plana na maior parte
pouca quantidade de dados precisos e da área de amostragem, aliada às carac-
características dessas formações. terísticas hidroclimatológicas.

Fig 10.7 – Profundidade dos poços que explotam o aqüífero fraturado.

280
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Fig 10.8 – Nível estático dos poços que explotam o aqüífero fraturado.

Fig 10.9 – Nível dinâmico dos poços que explotam o aqüífero fraturado.

O nível estático pode ser considerado servada na Figura 10.9. A maioria de-
uma característica natural do aqüífero. Nesse les – 57% – está na faixa de 40 a 80m.
ambiente de aqüífero livre é um dado tam- Ressalva-se que os dados aqui apresen-
bém de interesse geotécnico, pois a técni- tados são os obtidos com a vazão de
ca construtiva da maioria dos poços não teste.
isola a pressão dos níveis mais profundos O parâmetro rebaixamento (repre-
do aqüífero. Nesses casos, o NE dos poços sentado pela letra S) obtido pela diferen-
confunde-se com a superfície do freático. ça entre as profundidades dos níveis
estático (NE) e dinâmico (ND) não será
10.5.2.3 – NÍVEL DINÂMICO apresentado nesse relatório, num item es-
pecífico sobre o mesmo. Será abordado
A distribuição da profundidade do no item capacidade específica, parâme-
nível dinâmico dos poços pode ser ob- tro este que contém o valor de “S”.

281
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

10.5.2.4 – VAZÃO 80% dos poços têm capacidade específi-


ca de até 0,6m³/h/m, sendo que 75% dos
O comportamento das vazões obtidas poços apresentam capacidade específica
nos poços que explotam o aqüífero fratu- menor que a média.
rado pode ser observado na Figura 10.10,
na qual 40% dos poços têm vazões de 10.6 – QUALIDADE DA ÁGUA
até 7m³/h e 76% apresentam valores abai-
xo de 15m³/h. Se considerarmos a média No cadastro de poços constam vári-
de 12,3m³/h, verifica-se que em 68% dos os poços com análises químicas e bacte-
poços as vazões estão abaixo da média. riológicas, cuja interpretação está
Vazões excepcionalmente altas foram mostrada na Tabela 10.2. Observa-se que,
verificadas em alguns poços. Esse com- de um modo geral, a água subterrânea é
portamento reflete a característica aniso- de boa qualidade química, ocorrendo re-
trópica do meio fraturado. lativamente poucos pontos com teores de
Comparando os dados estatísticos de elementos químicos acima dos padrões
vazão obtidos na área do projeto com de potabilidade.
outras regiões do país, onde há significa- O levantamento geoquímico multie-
tiva explotação do aqüífero fraturado for- lementar analisou uma grande quantida-
mado por metassedimentos de baixo grau, de de elementos químicos, sendo
pode-se dizer que na área há boas condi- encontrado apenas nitrato – claramente
ções de explotação da água subterrânea. de origem antrópica – como elemento no-
A soma da vazão de teste de todos os civo à saúde. Os teores altos de ferro en-
poços cadastrados dá um valor de contrados em alguns poços são de origem
5.474m³/h. natural, devido à ocorrência de pirita (dis-
sulfeto de ferro – FeS2) disseminada nas
10.5.2.5 – CAPACIDADE ESPECÍFICA rochas do Grupo Cuiabá.
As análises de água superficial efetua-
A distribuição estatística da capacida- das no projeto durante as campanhas de
de específica dos poços pode ser obser- levantamento geoquímico e hidrológico
vada na Figura 10.11. Observa-se que (ver capítulos 8 e 9) mostraram que há uma

Fig 10.10 – Vazão dos poços que explotam o aqüífero fraturado.

282
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Fig 10.11 – Capacidade específica dos poços que explotam o aqüífero fraturado.

Nº de poços com parâmetro acima


dos padrões de potabilidade*
Tipo de Nº de poços
Coliformes
análise com análise
totais e pH Ferro Alumínio Manganês Turbidez
fecais
Biológica 112 38
Química 121 5 2 7
Físico-química 119 10 5

Tabela 10.2 – Resultado de análises que mostram o número de poços com qualidade imprópria para
consumo humano. *Padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria nº 518 de 25 de março de
2004, do Ministério da Saúde.

grande contaminação da água superficial de poços não foi analisado.


na área mais densamente ocupada, justa- Essa contaminação e as suas causas já
mente onde há maior concentração de haviam sido constatadas pelos autores dos
poços. São freqüentes os lançamentos de trabalhos anteriores citados. Os dados aqui
esgoto no solo e nos cursos d’água. O bom- apresentados confirmam que a falta de sis-
beamento desses poços provoca um rebai- tema de esgoto e poços sem isolamento
xamento do nível d’água nas suas áreas de sanitário adequado são as principais cau-
influência, o que induz a uma recarga sas da contaminação por coliformes.
maior que a natural. Este fato, aliado à vul-
nerabilidade do aqüífero, resulta num alto 10.7 – VULNERABILIDADE DOS
risco de contaminação dos aqüíferos. AQÜÍFEROS
Os dados aos quais se teve acesso,
mostram um número relativamente alto A vulnerabilidade natural dos aqüífe-
de poços contaminados por coliformes. ros à contaminação está relacionada à
A contaminação, no entanto, pode ser maior ou menor facilidade dos mesmos
maior, uma vez que um grande número serem afetados por agentes externos con-

283
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

taminantes. É controlada, principalmen- • sob o ponto de vista hidrológico – que


te, pela inacessibilidade hidráulica da se exceda a recarga média anual, tendo
zona saturada e pela capacidade de ate- em conta que, com muita freqüência, um
nuação da zona não saturada. incremento de bombeamento aumenta
A avaliação da vulnerabilidade dos a recarga;
aqüíferos na área do projeto baseou-se na • sob o ponto de vista econômico – que
seleção de parâmetros disponíveis e fa- os níveis piezométricos desçam abaixo
cilmente reconhecidos. Por falta de infor- da profundidade econômica de bom-
mações mais precisas, a avaliação da beamento;
vulnerabilidade dos aqüíferos na área foi • sob o ponto de vista de qualidade – que
efetuada levando-se em conta o tipo de se permita a entrada de águas de quali-
ocorrência das águas subterrâneas, as ca- dade indesejável;
racterísticas dos estratos das zonas não sa- • sob o ponto de vista legal – que se afete
turadas e a profundidade dos aqüíferos. direitos de outros usuários em decorrên-
Concluiu-se que na maior parte da cia de esgotamentos ou redução sensí-
área a vulnerabilidade é alta. A exceção vel da descarga de base dos rios ou de
ocorre na área de afloramento da Forma- poços preexistentes;
ção Ponta Grossa, no alto da Chapada dos • sob o ponto de vista agrícola – que nos
Guimarães. aqüíferos freáticos com nível pouco pro-
Porções argilosas da Formação Pan- fundo, este não desça o suficiente para
tanal que ocorre em pequenas áreas na danificar a vegetação natural, a paisa-
Baixada Cuiabana poderiam ser conside- gem e os cultivos típicos da região;
radas de baixa vulnerabilidade. No entan- • sob o ponto de vista morfológico e geo-
to, na maioria delas o nível d’água é muito técnico – que não se produza uma sub-
raso, ficando esse aqüífero vulnerável. sidência do terreno com efeitos adversos.
Detalhes de zonas menos vulneráveis Um conceito prático é o de disponi-
podem ser obtidos mediante levantamen- bilidade real (Feitosa & Manoel Filho,
to local detalhado. 1997): “é o volume total que pode ser uti-
lizado do aqüífero, de forma não depleti-
10.8 – RESERVA EXPLOTÁVEL va (usando-se apenas as reservas
reguladoras) ou depletiva, quando da pos-
Uma questão importante para gestão sibilidade de que as parcelas utilizadas das
é a quantidade que pode ser explorada reservas permanentes venham a ser repos-
dos recursos hídricos, no caso a água sub- tas a longo prazo”.
terrânea. Os conceitos de reserva e recur- A quantificação dos recursos hídricos
sos explotáveis são objeto de controvérsias em meio poroso é mais precisa, contan-
entre vários autores. do com modelos matemáticos mais apro-
Uma definição objetiva para as reser- ximados da realidade. Nos meios
vas de água que podem ser explotadas é fraturados essa quantificação é mais difí-
fornecida por Conkling (1946, in Feitosa cil, sendo que os modelos matemáticos
& Manoel Filho, 1997) que define safe funcionam quando o grau de conheci-
yield como “a vazão média anual extraí- mento é bastante detalhado. No caso da
da artificialmente do aqüífero sem que se área do projeto predomina o meio fratu-
acarretem resultados indesejáveis”. rado, sobre o qual não há o conhecimen-
Como efeitos indesejáveis podem-se to necessário. O meio poroso ocorre em
considerar (Young, 1970 e Wisscher, áreas restritas e, no caso dos sedimentos
1968, in Custódio & Llamas, 1983): da Bacia do Paraná que afloram na borda

284
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

da Chapada dos Guimarães, tem um flu- • uma parte da reserva permanente, no


xo predominante em direção ao interior meio fraturado, equivalente ao que po-
do planalto. deria ser recarregado, induzido pelo
Para um cálculo aproximado quan- bombeamento, estimado em 10m de es-
to à ordem de grandeza da reserva explo- pessura saturada, com o equivalente a
tável, fez-se uma tentativa com base nos uma porosidade eficaz de 1% (na reali-
dados hidrometeorológicos medidos dade zonas fraturadas e alteradas) em
na área como um todo e considerou-se 80% da área do aqüífero – 10m x 0,01
apenas a área onde as rochas do Grupo x 0,8 x 4,8x109m = 3,84 x 108m³/ano.
Cuiabá afloram ou são cobertas por se- O resultado é que as reservas explo-
dimentos quaternários. Essa área tem táveis, distribuídas na área de ocorrência
aproximadamente 4.800km². do Aqüífero Cuiabá, seriam de 5,63 x
A reserva reguladora é entendida 108m3/ano. Esse valor é altamente espe-
como a quantidade de água que alimenta culativo, porém tem alto grau de seguran-
anualmente o aqüífero o qual, por sua vez, ça, pois é menor que 10% do volume da
alimenta os cursos d’água superficiais du- precipitação média anual de 6,8 x 109m³.
rante o período de recessão. Para efeito de
cálculo considera-se, para a área como um 10.9 – CONCLUSÃO
todo, que é insignificante o efeito do bom-
beamento dos poços existentes. A água subterrânea na região possui
Cunha (co-autor do capítulo 9), ba- boa qualidade química e, embora apre-
seado no estudo Balanço Hídrico na Re- sente locais com contaminação de origem
gião do Serrado (Nimer & Brandão, antrópica, na maior parte da área ainda
1989) e em dados das estações climato- está preservada.
lógica do INMET e fluviométrica situada A relativa facilidade de se perfurar
em Cuiabá (no rio Cuiabá), estima a ta- poços na região e o baixo índice de po-
xa de infiltração em 13% da precipi- ços secos, ou com vazões muito baixas,
tação total de 1.424mm/ano, o que dá são um estímulo à perfuração de poços
186mm/ano. Considerando a área de como uma alternativa de abastecimento,
ocorrência do meio fraturado de mesmo onde existe rede pública ou dis-
4.800km², tem-se uma reserva regula- ponibilidade de fonte superficial. Essa fa-
dora Rr = 8,93x10 8m3/ano. cilidade, aliada à intensa ocupação que
Como já dito anteriormente, o cálcu- se verifica na região metropolitana, faz
lo dos recursos explotáveis é bastante prever um aumento acelerado na explo-
complexo e dependente de um conheci- ração da água subterrânea.
mento mais aprofundado, tanto do meio A maior concentração de poços nos
físico (aqüífero, bacia, regime hidrológi- núcleos urbanos pode exceder a capaci-
co, etc.) como das ações e obras existen- dade de explotação dos aqüíferos e, ain-
tes e planejadas que de alguma forma da, induzir os fluxos de recarga local mais
interferem nos recursos hídricos. intensos, tornando o aqüífero mais vulne-
Diante dessa complexidade e consi- rável. As várias fontes de cargas contami-
derando, ainda, que a explotação induz nantes existentes, como esgoto lançado
a um aumento no volume da recarga, nos cursos d’água e solo, lixões, depósi-
adota-se para um cálculo aproximado dos tos de rejeito, vazamento de redes de es-
recursos explotáveis o que segue: goto, tanques coletores, depósitos de
• o valor de 20% da reserva reguladora – combustíveis e substâncias químicas, re-
8,93x108m3/ano x 0,2 = 1,79x108m3/ano. presentam um alto risco de contamina-

285
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

ção, que, aliás, já se verifica na área me- 10.10 – BIBLIOGRAFIA


tropolitana de Cuiabá/Várzea Grande.
Um poço mal construído, além dos APOITIA, L. F. M. et al. Caracterização
inconvenientes de durabilidade, opera- Preliminar da Qualidade das Águas
ção e manutenção, representa um gran- Subterrâneas na Cidade de Cuiabá –
de risco quanto à contaminação do MT. Boletim Paranaense de Geociên-
aqüífero e, mais freqüentemente, do pró- cias. Curitiba: Editora UFPR, n. 54,
prio poço. 2004, p. 7-17.
É necessário, portanto, que se tenha CUSTODIO, E. & LLAMAS, M. R. Hidro-
uma atenção redobrada quanto à prote- logia Subterrânea. 2. ed. Barcelona,
ção dos poços e aqüíferos. Os regula- Ediciones Omega, 1983. 2v. 2231p.
mentos e fiscalização do uso e ocupação FEITOSA, F. A. C. & MANOEL FILHO, J.
do solo devem contemplar a proteção da Hidrogeologia: Conceitos e Aplica-
água subterrânea. ções. Fortaleza: CPRM / LABHID-
Um programa de educação ambien- UFPE, 1997. 412p. il.
tal, envolvendo toda a população, é a FOSTER, S. & HIRATA, R. Determina-
maior garantia de um eficiente controle ción del riesgo de contaminación de
sobre as fontes de poluição difusas. aguas subterraneas. 2 ed. Lima (Peru):
Nas áreas de maior demanda, reco- Centro Panamenho de Ingeneria Sa-
menda-se o monitoramento dos níveis nitaria y Ciencia del Ambiente, 1991.
piezométricos e da qualidade da água 81p. il.
em toda área de influência das recargas MIGLIORINI, R. B. Hidrogeologia em
e captações locais, como forma de ga- meio urbano: região de Cuiabá e Vár-
rantir a continuidade do abastecimento zea Grande – MT. São Paulo: USP,
e proteger a saúde da população. Tese de Doutorado,1999.

286
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

11 – UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO E LEGISLAÇÃO -
ECOTURISMO

11.1 – INTRODUÇÃO agressão à natureza, faz-se necessário a


adoção de estratégias para a conservação
Nas últimas décadas, a diversidade bio- do meio ambiente, com a criação de Uni-
lógica em todas as partes da Terra vem so- dades de Conservação, onde se reduzam
frendo uma enorme alteração devido ao os riscos de destruição ambiental.
desmatamento, contaminação dos recursos
hídricos tanto superficiais como subterrâ- 11.2 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
neos, ocupação desordenada, instalação de
indústrias em locais impróprios, etc. Unidades de Conservação são áreas
A continuidade desta devastação cer- protegidas pelo poder público a fim de
tamente afetará as gerações que irão nos preservar e resguardar locais representa-
suceder, provocando a falta de alimentos, tivos dos recursos naturais do país.
água, modificações catastróficas de clima e São regidas por instrumentos legais
a extinção de espécimes de flora e fauna. que discriminam o tipo de uso indicado à
Os cerrados e campos cerrados ocu- unidade, seus limites, dimensões, muni-
pam a maior parcela da área em estudos, cípios abrangidos e o organismo gestor.
com grande diversidade de vegetação, so-
los, clima e fauna. Atualmente estas áreas 11.2.1 – TIPOS DE UNIDADES DE
de cerrados têm sofrido uma ação antrópi- CONSERVAÇÃO EXISTENTES NA
ca exagerada, com a sua transformação em ÁREA DO PROJETO
pastagens e plantações de grãos.
Também as matas ciliares têm sido de- 11.2.1.1 – APAS - ÁREAS DE
vastadas, provocando mudanças drásticas PROTEÇÃO AMBIENTAL
no comportamento das drenagens, com o
assoreamento e seca de rios e córregos. Foram criadas pela Lei nº 6.902 de
Assim, para amenizarmos um pouco 27/04/81 e regulamentadas pelo Decreto
as conseqüências desta devastação e nº 99.274 de 06/06/90.

287
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

Referem-se a áreas públicas e/ou pri- ras nascentes de córregos e rios. Proteger
vadas, muito extensas, com certa ocupa- e preservar as cavernas, sítios arqueopa-
ção humana, onde as atividades leontológicos e a fauna.
produtivas exercidas são orientadas e su- A lei de criação restringe na área as
pervisionadas, disciplinando o processo seguintes atividades:
de ocupação das terras e promovendo a “Art. 5º –
proteção dos recursos abióticos e bióti- I - a implantação de atividades indus-
cos dentro de seus limites, resguardando triais potencialmente poluidoras, ca-
as condições ecológicas locais e man- pazes de afetar os mananciais de água
tendo as paisagens e atributos culturais e as matas em seus entornos;
relevantes. II - a realização de obras de terrapla-
Nas áreas das APAs sob domínio pú- nagem e abertura de canais que pre-
blico, a visitação e pesquisas científicas judiquem ou impliquem em alterações
dependem de autorização do IBAMA. das condições ecológicas locais;
Na área trabalhada existe apenas III - o exercício de atividades capazes
uma APA. de provocar acelerada erosão ou as-
soreamento dos mananciais hídricos;
11.2.1.1.1 – APA DA CHAPADA DOS IV - o exercício de atividades que
GUIMARÃES ameacem extinguir as espécies raras
da biota, o patrimônio espeleológico
Foi criada pelo Decreto Estadual nº 537 e arqueológico, as manchas de vege-
de 21/11/95 e efetivada pela Lei Estadual tação primitiva e as nascentes dos cur-
nº 7.804 de 05/12/02, abrangendo uma sos d’água existentes na região.
área de 251.847,93ha nos municípios de Art. 6º – A abertura de vias de comuni-
Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo cação e a implantação de projetos de
Verde e Santo Antônio de Leverger. urbanização, sempre que importarem
A APA foi criada tendo em vista que na realização de obras de terraplana-
a região por ela abrangida é de uma bio- gem, bem como a realização de gran-
diversidade riquíssima, com suas escar- des escavações e obras que causem
pas abruptas, onde nascem córregos e alterações ambientais, dependerão de
rios que formam belas cachoeiras, com licença ambiental junto à FEMA, que
matas galerias que se integram ao ambi- somente poderá concedê-la após con-
ente de cerrados e campos cerrados com sulta ao Município interessado.
grande diversidade de flora, fauna e be- Parágrafo único. Quando da conces-
leza cênica. são de licença ambiental para os em-
Além disso, a fragilidade das escar- preendimentos relacionados no caput
pas formadas por arenitos friáveis e a cres- deste artigo, a FEMA indicará as res-
cente substituição do cerrado por trições necessárias à salvaguarda dos
plantações principalmente de soja e pas- ecossistemas atingidos.
tagens e o turismo desorganizado colo- Art. 7º – Ficam estabelecidas como
cam em risco toda a região. Zonas de Conservação Hídrica as nas-
Assim, seu objetivo principal é o de centes dos rios e córregos denomina-
preservar as feições geomorfológicas das dos Coxipó, Coxipó-Açu, Água Fria,
escarpas e do planalto da Chapada dos Bom Jardim, Cachoeirinha, Aricazi-
Guimarães, as matas ciliares, os cerrados, nho e Formoso.
campos cerrados e demais formas de ve- Art. 8º – A APA Chapada dos Guima-
getação originárias da região, e as inúme- rães será implantada, supervisionada,

288
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

administrada e fiscalizada pela Fun- Dentro do parque existem vários mo-


dação Estadual do Meio Ambiente – numentos geológicos e diversas cachoeiras
FEMA, em articulação com o IBAMA dentre as quais destaca-se o Véu de Noiva.
e os Municípios da área protegida.
Parágrafo único. Com vistas a atingir 11.2.1.2.2 – PARQUE DA CIDADE -
os objetivos previstos para a APA Cha- MÃE BONIFÁCIA
pada dos Guimarães, bem como para
definir as atribuições e competência Foi criado pelo Decreto Estadual nº
no controle de suas atividades, a FEMA 1.470 de 09/06/2000, ocupando uma
poderá firmar convênios com órgãos área de 771,606,00m2 e com um períme-
e entidades públicas ou privadas.”. tro de 3.583,00m, dentro do perímetro
urbano do município de Cuiabá.
11.2.1.2 – PARQUES NACIONAIS, A criação do parque objetiva garan-
ESTADUAIS E MUNICIPAIS tir proteção dos recursos naturais da área
preservando amostra significativa de cer-
Sua legislação foi efetivada pela Lei rado dentro do contexto urbano e propor-
nº 4.771 de 15/09/65 e regulamentada cionando oportunidades controladas para
pelo Decreto nº 84.017 de 21/09/79. uso público, educação ambiental, pesqui-
São áreas extensas delimitadas, dota- sa, recreação e turismo.
das de atributos excepcionais da nature- O parque encontra-se subordinado a
za, ou seja, da flora, fauna, solo e Fundação Estadual de Meio Ambiente,
paisagem natural, ou de valor científico que deve tomar as medidas necessárias
ou histórico, objeto de preservação per- para sua administração e controle.
manente, postas à disposição da popula-
ção. Sua utilização para fins científicos, 11.3 – ECOTURISMO
educacionais e recreativos depende de
prévia autorização do IBAMA. 11.3.1 – CAVERNA DO AROE JARI
Na área do projeto existem apenas um
Parque Nacional e um Parque Estadual. A caverna do Aroe Jari (Foto 11.1),
que em língua bororo significa “Morada
11.2.1.2.1 – PARQUE NACIONAL das Almas”, situa-se a 45km a leste da
DA CHAPADA DOS GUIMARÃES cidade de Chapada dos Guimarães, sen-
do a segunda maior caverna em areni-
Foi criado pelo Decreto nº 97.656 de
12/04/89, ocupando uma área de
33.000ha, situando-se no município de
Chapada dos Guimarães sendo totalmen-
te cercado e administrado pelo IBAMA.
Seu objetivo principal é o de prote-
ger e preservar amostra do ecossistema
ali existentes, assegurando a preservação
de seus recursos naturais, proporcionan-
do oportunidades controladas para uso
pelo público, educação, pesquisa cien-
tífica e também contribuindo para a pre-
servação de sítios arqueológicos Foto 11.1 – Entrada da Gruta do Aroe Jari. Coor-
existentes na área. denadas UTM: 660952/8273197.

289
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

tos no Brasil. O acesso é realizado pela carpa da serra, em uma cota de 845m
rodovia MT-251 que liga Chapada dos acima do nível do mar.
Guimarães a São José da Serra, até a en- Apresenta um relevo plano, esculpi-
trada da fazenda Medianeira e deste pon- do em siltitos parcialmente laterizados e
to até o estacionamento por estrada de contendo restos e moldes de conchas de
terra. Do estacionamento até a caverna brachiópodos que comprovam terem es-
são aproximadamente 3,5km de trilhas sas rochas se depositado em ambiente
através de campos cerrados, veredas e marinho, pertencentes à Formação Ponta
matas galerias, em um percurso agradá- Grossa de idade devoniana (345 a 395
vel onde podem-se observar várias escul- milhões de anos). Na beirada da escarpa
turas produzidas pela erosão nos arenitos observa-se o contato gradacional com os
como a Ponte de Pedra (Foto 11.2). arenitos da Formação Furnas também de-
A caverna foi esculpida em areni- positados no Período Devoniano, porém
tos do Grupo Rio Ivaí depositados du- em ambiente predominantemente conti-
rante o Período Neo-Ordoviciano, com nental e que formam a escarpa da serra.
Em dia claro a vista que se descortina
(Foto 11.3) é maravilhosa, podendo ser ob-
servada a escarpa da serra em várias dire-
ções, as nascentes do rio Coxipó e vários
outros córregos, a Baixada Cuiabana, a ci-
dade de Cuiabá e vários espelhos de água
e lagos derivados de pequenas barragens
e da exploração garimpeira de ouro.

Foto 11.2 – Ponte de Pedra. Esculpida pela ero-


são em arenitos do Grupo Rio Ivaí, no trajeto
para a caverna do Aroe Jari.

idade aproximada de 435 milhões de


anos. Sua formação deve-se a fragili-
dade à erosão dos arenitos da Forma-
ção Alto Garças, constituídos por grãos
de quartzo de granulação fina, subar-
redondados a arredondados e de tona- Foto 11.3 – Vista da Baixada Cuiabana a partir
do Mirante. Observem-se os diversos espelhos
lidade amarelada. de água originados por represas e lagos de ga-
A caverna tem 1.400m de extensão, rimpos abandonados.
e dentro dela existem várias lagoas, sen- Coordenadas UTM: 640601/8288056.
do a mais conhecida a “Lagoa Azul”, de-
vido à tonalidade azulada de suas águas. 11.3.3 – MORRO DE SÃO JERÔNIMO

11.3.2 – MIRANTE Localiza-se dentro do Parque Nacio-


nal, a oeste da cidade de Chapada dos
Situa-se a 7,5km a leste e a sudeste Guimarães. O acesso é por uma estrada
da cidade de Chapada dos Guimarães, vicinal a partir da MT-251. O trajeto até o
às margens da rodovia MT-251, na es- morro é realizado sobre rochas metasse-

290
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

dimentares do Grupo Cuiabá de idade milhões de anos) visto de longe dá uma


neoproterozóica (600 milhões de anos). aparência de um aglomerado de mora-
As litologias do grupo, no local, estão re- dias a estas rochas, daí o nome “Cidade
presentadas por filitos conglomeráticos de de Pedra” (Foto 11.5).
cor cinza-amarelada contendo grânulos O local situa-se a noroeste da cida-
e seixos de quartzo e metarenitos. de de Chapada dos Guimarães e o aces-
Na base do morro, assentando dis- so é feito a partir da MT-251, pela
cordantemente sobre estas rochas aflora rodovia não asfaltada que une esta loca-
microconglomerado da Formação Fur- lidade ao povoado de Água Fria. Após
nas de idade devoniana (345 a 395 mi- um percurso de 10km, toma-se uma es-
lhões de anos) e que em direção ao topo trada vicinal para a fazenda Chafariz, e
grada para arenito homogêneo de cor se percorre aproximadamente 8km. Des-
clara, granulação média e friável e que te ponto em diante se segue por uma tri-
quando desagregado assemelha-se a lha até a escarpa da serra, passando por
“açúcar cristal”. No topo do morro so- várias formações rochosas com formas
bre os arenitos ocorre uma fina camada bizarras. Da borda da serra se avista a
de siltitos parcialmente laterizados da “Cidade de Pedra” e os magníficos pare-
Formação Ponta Grossa também de ida- dões da serra, várias nascentes de córre-
de devoniana. gos e a Baixada Cuiabana (Foto 11.6).
O morro de São Jerônimo (Foto 11.4)
constitui-se em um dos pontos mais altos
de Mato Grosso (1.020m acima do nível
do mar), e a vista que se descortina a par-
tir do topo é deslumbrante. Quando não
há fumaça de queimadas a vista de Cuia-
bá e da Baixada Cuiabana é fabulosa.

Foto 11.5 – Vista panorâmica da “Cidade de


Pedra”. Coordenadas UTM: 624430/8307962.

Foto 11.4 – Morro de São Jerônimo. Coordena-


das UTM: 622562/8292244.

11.3.4 – CIDADE DE PEDRA

O aspecto “ruiniforme” esculpido


pelos ventos e pelas chuvas em arenitos
vermelhos de origem eólica da Forma- Foto 11.6 – Outra vista do mesmo local, obser-
ção Botucatu de idade cretácea (65 a 135 vando-se à direita da foto a Baixada Cuiabana.

291
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

11.3.5 – PORTÃO DO INFERNO dária, dentro do Parque Nacional, con-


trolado e fiscalizado pelo IBAMA.
Localiza-se na rodovia MT-251, des- A cachoeira é formada pelo rio Co-
cida da serra de quem segue de Chapada xipó com uma queda livre de 86m em
para Cuiabá. Constitui-se em um trecho uma escarpa constituída por arenitos da
com inúmeras curvas perigosas tendo do Formação Furnas, depositados durante
lado direito enormes paredões e com di- o Período Devoniano (345 a 395 milhões
versos despenhadeiros do lado esquerdo. de anos). No local, o arenito forma uma
À direita de quem desce, ocorrem escarpa íngreme na qual podem ser ob-
várias formas “ruiniformes” esculpidas nos servados os pacotes tabulares e horizon-
arenitos eólicos vermelhos da Formação tais de arenito, separados por delgadas
Botucatu de idade cretácea (65 a 135 mi- camadas de siltitos e argilitos. Na base
lhões de anos), depositada em ambiente da escarpa esses arenitos assentam dis-
desértico (Foto 11.7). Nos paredões desta cordantemente sobre as rochas metamór-
formação são visíveis estratificações cru- ficas que compõem o Grupo Cuiabá de
zadas de grande porte características de idade criogeana (> 600 milhões de anos).
depósitos sedimentares de dunas. A cachoeira pode ser observada a par-
tir de um mirante (Foto 11.8) ou pode ser
observada de baixo. Mas para se atingir a
parte inferior tem que se seguir por uma
trilha extremamente íngreme, não sendo
aconselhada para pessoas idosas ou não
preparadas para intenso esforço físico.

Foto 11.7 – Estratificações cruzadas de grande


porte em arenitos da Formação Botucatu.
Coordenadas UTM: 623470/8300132.

Do lado esquerdo ocorre um cânion


de 85m de profundidade esculpido em
arenitos tabulares de cor creme a amare-
lada da Formação Furnas de idade de- Foto 11.8 – Cachoeira do Véu da Noiva, rio
voniana (355 a 395 milhões de anos) e Coxipó. Coordenadas UTM: 625455/8296316.
depositados em ambiente continental.
Deste local é possível de se avistar Na área do estacionamento próximo
a “Cidade de Pedra” bem como a Bai- ao posto do IBAMA existe um restaurante
xada Cuiabana. regional típico, que também comercializa
peças do artesanato local.
11.3.6 – CACHOEIRA DO VÉU DA NOIVA
11.3.7 – CACHOEIRINHA
É a principal atração turística de Cha-
pada dos Guimarães. Está localizada a no- Localiza-se no rio Coxipozinho, na
roeste da cidade, próxima a rodovia ponte da rodovia MT-251 que liga Cuia-
MT-251, com acesso por rodovia secun- bá a Chapada dos Guimarães.

292
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

É uma cachoeira de pequenas pro- cidade de Chapada dos Guimarães, pró-


porções em torno de 15m de queda em ximo à rodovia MT-251.
arenitos arcoseanos da Formação Furnas. A queda situa-se sobre uma pequena
Mas por ser de fácil acesso é muito fre- escarpa esculpida em arenitos conglome-
qüentada, principalmente nos finais de ráticos da Formação Furnas, dentro de
semana. Na base da queda forma-se um uma mata ciliar ainda bem preservada e
poço (Foto 11.9) onde os freqüentado- cujo acesso se dá através de uma peque-
res aproveitam para nadar. na trilha. No local existe um restaurante e
No local existe um restaurante parti- uma área de camping.
cular e uma pequena praia cercada.
Próximo a ela, aproximadamente a 11.3.9 – CAMINHO DAS ÁGUAS
50m localiza-se a Cachoeira dos Namo-
rados (Foto 11.10), com uma queda de No córrego Sete de Setembro, afluente
8m e com uma pequena gruta atrás da da margem esquerda do rio Coxipó, ocorre
cachoeira. uma seqüência de cachoeiras, denomina-
da de “Caminho das Águas” (coordenadas
UTM: 624285 / 8295494). Estas cachoei-
ras situam-se dentro do Parque Nacional da
Chapada dos Guimarães e todas elas cor-
tam os arenitos da Formação Furnas de ida-
de devoniana (345 a 395 milhões de anos).
A primeira delas é a Cachoeira Sete
de Setembro – a mais próxima da sede
do IBAMA.
Seguem-se as cachoeiras: das Andori-
nhas – com uma queda de 20m,formando
em sua base uma piscina de águas cristali-
Foto 11.9 – Cachoeirinha. Coordenadas UTM: nas, com 20m de diâmetro; do Pulo – situa-
626411/8296381.
da 50m abaixo e com uma queda livre de
8m de altura; Sonrisal – localiza-se 300m
após a Cachoeira das Andorinhas e leva este
nome por formar bolhas no poço situado
em sua base, semelhante a efervescência
daquele medicamento; do Degrau – locali-
zada 500m após a Cachoeira do Pulo, com-
preendendo uma queda em cascata
formando degraus até cair em um belíssi-
mo poço de águas límpidas. A 100m abai-
xo tem-se a Cachoeira da Prainha. Além
destas existem na região inúmeras outras ca-
Foto 11.10 – Cachoeira do Namorados. Coorde- choeiras de grande beleza cênica.
nadas UTM: 626421/8296215.
11.3.10 – CASA DE PEDRA
11.3.8 – SALGADEIRA
Situa-se a 15km da cidade de Chapa-
Trata-se se uma cachoeira no córrego da dos Guimarães (coordenadas UTM:
Salgadeira (coordenadas UTM: 625588/ 625120/829381), no início do “Caminho
8301820), situada a 20km a noroeste da das Águas”. Trata-se de uma caverna de

293
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

pequenas dimensões (40m2), esculpida 11.3.12 – BAÍA GRANDE


pelo córrego Sete de Setembro em areni-
tos claros e friáveis da Formação Furnas Situa-se no município de Nossa Se-
já descrita anteriormente, e que para o nhora do Livramento, no limite sul da área
topo gradam para siltitos ferruginosos da do projeto. Para se chegar ao local (Foto
Formação Ponta Grossa. 11.2) segue-se pela MT-122 a partir de
Várzea Grande, pela margem direita do
11.3.11 – MORRO DE SANTO rio Cuiabá, por aproximadamente 25km
ANTÔNIO até a entrada da fazenda Conceição e daí
por mais 8km até a baía.
Situa-se a norte-noroeste da cidade Localiza-se em um local repleto de
de Santo Antônio de Leverger. O acesso meandros abandonados do rio Cuiabá e
se dá pela MT-301, que une Santo Antô- tem 5km de extensão e uma largura variá-
nio a Cuiabá e desta segue-se mais 3km vel chegando a atingir até 2,5km. A re-
por estrada vicinal. gião é uma área de preservação ambien-
O morro (Foto 11.11) faz parte da his- tal particular e no percurso até a lagoa
tória de Mato Grosso desde a época dos pode-se ver diversos animais caracterís-
bandeirantes, pois servia de referência ticos do pantanal, uma vegetação exube-
para chegarem a Cuiabá. No período da rante e verdadeiras “cidades de cupinzei-
guerra com o Paraguai era do seu topo ros” (Foto 11.13) com extremidades pontia-
que os brasileiros vigiavam o rio Cuiabá gudas, típicas das zonas de inundação do
para alertar sobre uma possível invasão Pantanal Mato-grossense.
da frota paraguaia.
Recentemente foi tombado como
Patrimônio Paisagístico, Histórico e Cul-
tural do estado de Mato Grosso.
Constitui-se um “morro-testemunho”,
com uma cota de 450m (SRMT), sobressa-
indo na Baixada Cuiabana. As rochas que
o compõem pertencem ao Grupo Cuiabá
de idade criogeana (> 600 milhões de anos)
e são representadas por metarenitos, quart-
zitos e intercalações de filitos cortados por
inúmeros veios de quartzo leitoso, muitos
dos quais auríferos. Foto 11.12 – Vista parcial da Baía Grande.
Coordenadas UTM:593000/8238950.

Foto 11.11 – Morro de Santo Antônio. Foto 11.13 – Cupinzeiros típicos das zonas de
Coordenadas UTM: 597257/8256734. inundação do Pantanal Mato-grossense.

294
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

12 – MAPA GEOAMBIENTAL -
NOTA EXPLICATIVA

12.1 – INTRODUÇÃO nâmica espacial e temporal, dentre os


quais destacam-se: Geologia, Geomor-
O diagnóstico geoambiental da área fologia, Pedologia, Hidrologia e Cli-
de Cuiabá, Várzea Grande e entorno, matologia, dentre outros campos do
produzido na escala 1:100.000, visa conhecimento.
identificar as principais unidades geoam- A classificação geoambiental aqui
bientais presentes, ressaltando suas proposta possui uma hierarquia taxonô-
potencialidades e limitações frente à in- mica, na qual o nível de abrangência e
tervenção humana, apontando as a seleção de critérios de compartimen-
principais vocações socioeconômicas de tação ficam dependentes da escala de
cada terreno, bem como os principais trabalho. Nessa hierarquia, distingue-se
problemas ambientais decorrentes de como táxon superior os domínios geo-
uma intervenção desordenada no terri- ambientais – individualizados pelos
tório. Assim sendo, este produto almeja grandes compartimentos geológico-
contribuir para o desenvolvimento sus- geomorfológicos. Em táxon inferior, são
tentável regional através de um individualizadas as unidades geoambi-
documento que possa subsidiar um pla- entais – definidas, em primeira instância,
nejamento eficiente com vistas à por unidades morfopedológicas (pa-
ordenação do uso do território. drões de relevo com dominância de
determinada classe de solos) e seguidas
12.2 – METODOLOGIA num nível de maior detalhe, por variá-
veis ambientais tais como: formações
O presente estudo baseia-se numa superficiais; uso do solo e cobertura ve-
abordagem geoecológica, na qual o ecó- getal atual; potencial hidrogeológico;
tono ou unidade de paisagem é um potencial mineral; tipos climáticos ; ba-
produto singular da combinação de lanço hídrico e padrões da vegetação
elementos geofísicos em constante di- original.

295
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

A partir da definição dos domínios e lógico. Apresenta solos profundos, aptos


das unidades geoambientais, procede-se à lavoura mecanizada e pastagens plan-
a caracterização das limitações e fragili- tadas. Apto também para urbanização e
dades a diferentes tipos de uso e as di- obras viárias, sendo localmente restrito
versas potencialidades que cada unidade para obras enterradas e disposição de re-
oferece. Analisa-se, sistematicamente as síduos sólidos, devido a ocorrência de
vocações naturais de cunho geotécnico crostas lateríticas. Todavia, esses terrenos
(urbanização; obras viárias e enterradas; podem apresentar moderada suscetibili-
disposição de resíduos sólidos); hídrico; dade à erosão laminar ou linear (sulcos,
mineral; agropecuário e geoturístico. As- ravinas e voçorocas).
sim, fazem-se recomendações em nível A Unidade Geoambiental Chapadas
generalizado, de acordo com as limita- em solos arenosos (CH2) difere da ante-
ções e potencialidades desvendadas, vi- rior pelo fato de estar embasada por are-
sando subsidiar um desenvolvimento nitos quartzíticos da Formação Botucatu.
sustentado do território, seguindo uma li- Apresenta, portanto, solos friáveis e mui-
nha consagrada de trabalhos anteriores to permeáveis, com alta erodibilidade em
da CPRM (Theodorovicz et al., 1994; textura de areia fina. Assim, apresenta
Dantas et al., 2000; Orlandi Filho & Trai- uma alta vulnerabilidade natural dos
nini, 2002; dentre outros). aqüíferos. Consiste de terrenos de baixa
fertilidade natural com restrições para
12.3 – DOMÍNIOS E UNIDADES disposição de resíduos sólidos.
GEOAMBIENTAIS Numa área circunscrita às cabecei-
ras do rio Coxipó, individualiza-se a Uni-
Apresenta-se, a seguir, uma análise dade Geoambiental Planalto dissecado
sumária de todos os domínios e unida- (PLD), caracterizada por um relevo en-
des geoambientais identificados na re- talhado em morros amplos e topos alon-
gião de Cuiabá, Várzea Grande e gados, apresentando vertentes declivosas
entorno: e vales aprofundados. Esta unidade des-
O Domínio Geoambiental Planalto taca-se por ser uma área de mananciais,
dos Guimarães caracteriza-se por um com boa disponibilidade hídrica super-
conjunto de escarpas e planaltos escul- ficial e por exibir notável biodiversidade
pidos em terrenos pertencentes à Bacia (refúgio de bioma florestal). Entretanto,
Gondwânica do Paraná. apresenta terrenos com moderada a alta
Neste domínio destaca-se a Unida- suscetibilidade à erosão laminar ou mo-
de Geoambiental Chapadas em solos ar- vimentos de massa (deslizamentos rasos)
gilo-arenosos (CH1), notabilizada por um em solos pouco espessos. Assim sendo,
relevo plano modelado em extensas e é muito restrita para urbanização, obras
monótonas planuras ou reafeiçoado em viárias e enterradas e disposição de resí-
colinas muito amplas, com amplitudes de duos sólidos.
relevo muito baixas, estando sustentadas A Unidade Geoambiental Escarpas
por rochas das formações Furnas e Pon- erosivas de borda da chapada (ESC) so-
ta Grossa. Consistem de terrenos bem bressai na paisagem regional pelos pare-
drenados, com alta capacidade de car- dões rochosos subverticais com
ga e altas taxas de infiltração dos solos. desnivelamentos superiores a 300m, exi-
Em direção ao interior do planalto cons- bindo típico relevo ruiniforme no topo
titui uma zona de recarga dos aqüíferos da escarpa (“cidades-de-pedra”) e ocor-
e demonstra um alto potencial hidrogeo- rência expressiva de depósitos de tálus

296
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

em seu sopé, em clássica morfologia de dissecadas, esta unidade destaca-se pela


cones detríticos. Esta unidade destaca-se beleza cênica, bem como por ser uma
pela grande beleza cênica e pela biodi- área de mananciais, com ocorrência de
versidade expressiva (formações rupes- uma biodiversidade expressiva (contato
tres), com grande potencial para entre formações florestais e savânicas).
ecoturismo controlado de baixa densi- Do mesmo modo, apresenta expressivas
dade. Por outro lado, apresenta alta sus- fragilidades do meio físico, em especial,
cetibilidade a movimentos de massa, em uma alta suscetibilidade à erosão lami-
especial, queda de blocos, sendo inapta nar e movimentos de massa, em solos
para atividades agropecuárias ou para pouco profundos estando, portanto,
urbanização, obras enterradas e disposi- inapta para atividades agropecuárias, ou
ção de resíduos sólidos. para urbanização e disposição de resí-
A Unidade Geoambiental Patamares duos sólidos. Implantação de obras viá-
litoestruturais (PAT) encontra-se embu- rias e enterradas sob severas restrições
tida, em porções exíguas, numa superfí- geotécnicas.
cie abaixo do topo da chapada, em relevo O Domínio Geoambiental Depres-
plano, com topos tabulares, sustentados são Cuiabana, por sua vez, caracteriza-
por arenitos do Grupo Rio Ivaí, situada se por um conjunto de superfícies
numa área restrita às cabeceiras dos rios aplainadas modeladas na Faixa Dobra-
Aricá-Açu e Formoso. Tratam-se de ter- da Neoproterozóica do Alto Paraguai.
renos planos com alta capacidade de Ocupando uma vasta área neste
carga e altas taxas de infiltração dos so- domínio, a Unidade Geoambiental
los. Contudo, estes são pouco profundos Superfícies aplainadas conservadas
e muito permeáveis, apresentando mo- (SUP-CON) caracteriza-se por um rele-
derada a alta suscetibilidade à erosão la- vo plano a levemente ondulado, em
minar e linear (sulcos e ravinas), sendo colinas rampeadas muito amplas e sua-
mais vulneráveis junto aos rebordos da ves, com amplitudes de relevo muito
escarpa. Consiste numa zona de recarga baixas e sedimentação aluvial expressi-
com moderado a alto potencial hidrogeo- va, ocupando as bacias do rio Aricá-Açu
lógico nas zonas internas do patamar; e ribeirão Cocaes em terrenos a sul e a
todavia apresenta uma alta vulnerabili- leste da cidade de Cuiabá. Consiste de
dade dos aqüíferos. Do mesmo modo, terrenos planos a levemente ondulados
destaca-se por forte restrição para dispo- com alta capacidade de carga. A vazão
sição de resíduos sólidos. dos poços na área varia conforme a exis-
A Unidade Geoambiental Morros tência de zonas de fraturas abertas, sendo
com cristas e encostas ravinadas (MC- que a maioria dos poços apresenta valo-
RAV), a despeito de estar sustentada por res menores que a média de 12m³/h, o
metaconglomerados e filitos do Grupo que em termos absolutos representam
Cuiabá, representa um relevo acidenta- vazões baixas. No entanto, o potencial
do de morros alinhados em vales incisos hidrogeológico foi considerado alto
e cristas declivosas intensamente sulca- devido a existência de um bom arma-
das por uma rede de drenagem de alta zenamento e da possibilidade, compro-
densidade, resultante do recuo da escar- vada por vários casos, de se conseguir
pa da Chapada dos Guimarães, razão poços com vazões superiores à 30m³/h
pela qual foi inserida no Domínio Geo- ou mesmo 60m³/h, valores estes altos
ambiental da Chapada dos Guimarães. para o meio fraturado. Predomínio de
Assim como as escarpas e as chapadas solos profundos e bem drenados (Latos-

297
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

solos) com baixa suscetibilidade à ero- aplainadas dissecadas em colinas e mor-


são e em topos planos, aptos à lavoura rotes (SUP-DISS) apresenta relevo disse-
irrigada e pastagens plantadas. Apto para cado em colinas médias de baixa
urbanização, obras viárias e enterradas amplitude de relevo, com ocorrência
e disposição de resíduos sólidos, em esporádica de morros e morrotes alinha-
especial, sobre os Latossolos. Em contra- dos em nítido condicionamento estrutu-
partida, ressalta-se a ocorrência de solos ral. É constituída por terrenos com
pouco espessos, imperfeitamente drena- declividades suave a moderada e alta
dos e concrecionários (Plintossolos capacidade de carga, sendo apta, com
Pétricos), com baixa fertilidade natural, restrições para urbanização e obras viá-
moderada a alta suscetibilidade à erosão rias, tendo em vista os solos rasos e pe-
laminar e linear (sulcos e ravinas) e seve- dregosos e o relevo ondulado. Assim ,
ras restrições para agricultura, sendo estes terrenos apresentam severas restri-
restrito para obras enterradas e disposi- ções para obras enterradas e disposição
ção de resíduos sólidos. de resíduos sólidos. Apta apenas para
Numa área restrita ao sopé da pastagens naturais devido à baixa capa-
escarpa da Chapada dos Guimarães, cidade de suporte do terreno. Apresenta
nos vales dos rios Mutuca e Claro, moderada a alta suscetibilidade à erosão
individualiza-se a Unidade Geoambien- laminar e linear (sulcos e ravinas) e bai-
tal Superfícies aplainadas inumadas xa disponibilidade hídrica superficial,
(SUP-INU) caracterizada por extensa su- exceto nas áreas circunvizinhas aos co-
perfície recoberta por uma espessa cober- letores principais (rios Cuiabá e Coxipó),
tura de rampas coluviais. Caracteriza-se em vista da expressiva ocorrência de
por terrenos planos a suavemente incli- bacias de drenagem com canais princi-
nados e ocorrência de solos profundos e pais intermitentes e canais de primeira
bem drenados, aptos a pastagens planta- ordem efêmeros.
das. Apta também para urbanização, Assim como na unidade anterior, a
obras viárias e obras enterradas. Em con- vazão dos poços na área varia conforme
trapartida, apresenta moderada susceti- a existência de zonas de fraturas aber-
bilidade à erosão laminar ou linear tas, sendo que a maioria dos poços
(sulcos, ravinas e voçorocas) em relevo apresenta valores menores que a média
plano sobre solos friáveis e permeáveis. de 12m³/h, o que em termos absolutos
Restrita para disposição de resíduos sóli- representam vazões baixas. Numa faixa
dos. A despeito dessa unidade estar em- SW-NE, abrangendo as cidades de Vár-
basada pelos arenitos da Formação zea Grande e Cuiabá, ocorrem poços
Furnas, e posicionada numa cota ligei- com alta vazão, como no caso anterior;
ramente mais elevada em relação ao re- porém, as condições de armazenamen-
levo colinoso da Depressão Cuiabana, to no restante dessa unidade são
optou-se por inseri-la no domínio das de- inferiores. Por essa razão o potencial hi-
pressões por situar-se, topograficamente, drogeológico foi considerado moderado.
em cotas muito mais baixas que as dos A Unidade Geoambiental Superfí-
planaltos circunvizinhos. cies aplainadas com escoamento impe-
Também abrangendo extensa área, dido (SUP-IMP), situada numa área res-
correspondente às bacias dos rios Coxi- trita às bacias do rio Esmeril e do córrego
pó e Pari e ribeirão Esmeril, em áreas a Carandá, consiste de uma superfície aplai-
norte e a oeste da cidade de Cuiabá, a nada em posição de interflúvio apre-
Unidade Geoambiental Superfícies sentando relevo tabular com nítidos

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

abaciamentos (depressões fechadas) e intemperismo e erosão diferenciais em


drenagem, localmente impedida. Carac- meio à superfície aplainada. Tratam-se de
teriza-se por terrenos planos com baixa relevos residuais de grande beleza cêni-
suscetibilidade à erosão e moderada ca, mas com alta suscetibilidade à ero-
capacidade de carga com uma alta vul- são laminar e linear (sulcos) e ocorrência
nerabilidade natural dos aqüíferos. Ocor- de movimentos de massa, sendo inaptos
rência de solos profundos e bem para atividades agropecuárias ou para ur-
drenados em topos planos, aptos para banização, obras viárias, obras enterra-
pastagens plantadas, sendo aptos para das e disposição de resíduos sólidos.
urbanização e obras viárias e modera- Por fim, a Unidade Geoambiental
da restrição para obras enterradas. Por Planícies aluviais sobre a Depressão
outro lado, os abaciamentos apresen- Cuiabana (PAC), formada pelas planícies
tam nível freático suspenso raso e solos aluviais dos rios Cuiabá (em seu médio
com problemas de drenagem e alta res- curso), Pari, Coxipó e Aricá-Açu, carac-
trição para disposição de resíduos sóli- teriza-se por planícies periodicamente
dos devido às deficiências de drenagem inundáveis, constituídas por sedimentos
dos solos. de textura arenosa ou areno-argilosa. Tra-
Ocupando toda a porção ocidental tam-se de áreas planas, imperfeitamente
da área de estudo (bacia do alto rio Pari), a mal drenadas, com solos com moderada
a Unidade Geoambiental Colinas, mor- fertilidade natural, sendo aptas para la-
rotes e morros alinhados em cristas vouras de ciclo curto e pesca.
(CMC) exibe um relevo de colinas e mor- O Domínio Geoambiental Pantanal
rotes alinhados e baixas cristas submeti- caracteriza-se por um conjunto de pla-
das a um forte controle estrutural de di- nícies fluviais ou fluviolacustres da Ba-
reção SW-NE. Trata-se de uma área de cia Quaternária do Pantanal.
mananciais (nascentes do rio Pari), com A Unidade Geoambiental Terraços
aptidão restrita para urbanização e obras fluviais antigos com perfis lateríticos in-
viárias. Apta apenas para pastagens na- cipientes (TFA) representa uma unidade
turais devido à baixa capacidade de su- transicional entre os domínios Depressão
porte do terreno. Sendo assim, a fragili- Cuiabana e Pantanal. Consiste de terra-
dade natural dos terrenos é significativa, ços fluviais altos constituídos por sedi-
destacando uma morfologia acidentada mentos arenosos a areno-argilosos da
de declividades moderadas a acentuadas Formação Pantanal (Qp), estando parcial-
com alta suscetibilidade à erosão laminar mente ferruginizados num estágio ini-
e linear (sulcos), sendo moderada nas co- cial de laterização. Apresenta terrenos
linas. Predomínio de solos muito rasos e planos à levemente ondulados, modera-
cascalhentos com baixíssima capacidade damente drenados e não inundáveis.
de retenção de água. Declividades muito suaves com baixa
A Unidade Geoambiental Insel- suscetibilidade à erosão e alta capaci-
bergs (INS) limita-se a duas ocorrências dade de carga, sendo apta, com restri-
(Morro de Santo Antônio – 450m de alti- ções, para urbanização e obras viárias; e
tude; e Serra do Jacaré – 320m de altitu- restrita para obras enterradas e disposi-
de) localizadas próximo à cidade de ção de resíduos sólidos, devido ao len-
Santo Antônio do Leverger. Destaca-se, çol freático elevado.
na paisagem regional, como imponen- Posicionada em cota mais baixa, a
tes montes isolados e rochosos de decli- Unidade Geoambiental Terraços flu-
vidades muito acentuadas, resultantes do viais recentes (TFR), consiste de terraços

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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

fluviais episodicamente inundáveis cons- nizada de canais divagantes, pontilhada


tituídos por sedimentos de textura areno- por lagos pequenos e alguns outros de
argilosa ou argilo-arenosa, estando em grande porte. Assim como as planícies alu-
cotas ligeiramente mais elevadas que as viais, destaca-se como uma área de gran-
planícies aluviais adjacentes. Apresenta de beleza cênica, com biodiversidade
terrenos planos, mas imperfeitamente expressiva, apresentando também as mes-
drenados e declividades muito suaves mas severas limitações decorrentes dos ter-
com baixa suscetibilidade à erosão e renos mal drenados, sujeitos a
moderada capacidade de carga. Ocor- prolongadas inundações sazonais.
rência de solos com boa fertilidade na-
tural e biodiversidade expressiva (ecó- 12.4 – ANÁLISE REGIONAL PARA
tonos melhor drenados do Pantanal). Por PLANEJAMENTO TERRITORIAL
outro lado, ressaltam-se severas restrições
para urbanização, obras viárias e enter- Considerando o Espaço Geográfico
radas e inapta para disposição de resí- como palco de conflitos de interesse en-
duos sólidos devido à ocorrência de ala- tre os diversos atores sociais e que estes
gamentos em cheias excepcionais. conflitos, de ordem geopolítica e geoe-
A Unidade Geoambiental Planícies conômica, são materializados espacial-
Aluviais sobre a planície do Pantanal mente por meio de conflitos territoriais
(PAP), formada pelas planícies aluviais dos (Lacoste, 1985; Becker & Egler, 1993), o
baixos cursos dos rios Cuiabá e Aricá- Estado, por meio de órgãos executivos,
Açu, caracteriza-se por planícies de inun- tais como a CPRM – Serviço Geológico
dação prolongadamente inundáveis, do Brasil, vem sendo chamado a cola-
constituídas por sedimentos de textura borar frente as questões de conflito de
argilo-arenosa ou areno-argilosa. Tratam- uso ou ocupação desordenada visando
se de áreas planas, de solos com modera- subsidiar o planejamento para o uso ade-
da fertilidade natural, sendo aptas para quado do território com o estudo do meio
lavouras de ciclo curto e pesca. Áreas de físico. Neste caso, a análise dos domí-
grande beleza cênica, com biodiversida- nios e unidades geoambientais serve
de expressiva (ecótonos inundáveis do como base conceitual e prática para esta
Pantanal). Entretanto, a unidade apresen- proposição de gestão territorial, salien-
ta terrenos mal drenados, sujeitos a pro- tando a vocação natural de cada unida-
longadas inundações sazonais, com alta de geoambiental.
suscetibilidade à erosão fluvial (desbar- Neste sentido, visando o desenvolvi-
rancamento das margens dos rios). Seve- mento sustentável da área de Cuiabá, Vár-
ras restrições para obras viárias e inapta zea Grande e entorno, sugere-se:
para urbanização, obras enterradas e dis- • A exploração de areia e cascalho, prin-
posição de resíduos sólidos. cipalmente no leito ativo do rio Cuiabá
Por fim, a Unidade Geoambiental Pla- é primordial para o setor de construção
nícies flúvio-lacustres do Pantanal (PFL), civil em Cuiabá e Várzea Grande. Atu-
constituindo o Pantanal propriamente almente, a produção não está atenden-
dito, notabiliza-se por uma baixada alu- do a demanda necessária e a principal
vial lacustrina, prolongadamente inundá- fonte, o rio Cuiabá, poderá ter suas re-
vel, constituída por sedimentos de textura servas exauridas em curto espaço de
argilo-arenosa ou argilosa que preenchem tempo. Some-se a isso o represamento
a Bacia Quaternária do Pantanal. Desta- do rio Manso, principal responsável pelo
ca-se, neste contexto, uma rede desorga- transporte de sedimentos que consti-

300
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

tuem a fração arenosa desses depósitos. • Reordenamento das atividades de ex-


Portanto, devem ser procuradas novas tração de ouro (nas subunidades 3 e 5
fontes (no próprio rio Cuiabá – para sul, do Grupo Cuiabá, que apresentam alto
e também no rio Aricá-Açu) destes ma- potencial aurífero), com o objetivo de
teriais, bem como elaborados planos de conferir uma maior eficiência e renta-
exploração que minimizem o impacto bilidade à atividade mineira, concen-
ambiental causado por sua extração. trando-se em jazidas filonares (em ro-
• A argila para cerâmica vermelha é ex- cha alterada ou sã) e empregando
traída em um único depósito pela técnicas modernas de extração; aban-
COOPENCER (Cooperativa de Explo- dono das jazidas em aluvião remanes-
ração Mineral para Cerâmica e Setores centes; e recuperação ambiental/pai-
da Construção Civil), atendendo a to- sagística das cavas de mineração
das as cerâmicas e olarias da região. A abandonadas e suas respectivas pilhas
sua exploração é controlada e atende de rejeito que ocorrem em profusão no
aos requisitos ambientais, minimizan- ambiente colinoso da Depressão Cuia-
do os impactos ao meio ambiente. De- bana, em especial, nas cercanias da ci-
vem ser pesquisadas novas áreas nas dade de Cuiabá.
planícies de inundação do rio Cuiabá • Exploração racional e controlada dos
e Aricá-Açu, as quais deverão funcio- recursos hídricos, visto que a disponi-
nar nos moldes da cooperativa atual. bilidade hídrica anual é boa (precipita-
Durante os trabalhos de campo, a leste ção média em torno de 1.400mm/ano)
de Cuiabá, na planície de inundação e o rio Cuiabá apresenta uma vazão
do rio Aricá-Açu, foi identificada uma média de 359m3/s. Todavia, a distribui-
área de aproximadamente 650ha, ção das chuvas é desigual, concentra-
constituída por argila com caracterís- da no período de outubro a março.
ticas que permitem que sua utilização Durante a estiagem, apenas as bacias
como argila de base para o fabrico de alimentadas pelos aqüíferos da borda
peças de cerâmica vermelha. Reco- da Chapada são perenes. Há uma ca-
menda-se que sejam realizados tra- rência de água na bacia do rio Pari,
balhos de pesquisa mais aprofundados onde o fluxo diminui drasticamente no
e análises tecnológicas mais detalhadas período seco. Já no período chuvoso,
para determinar a real quantidade ocorrem problemas de enchentes e ero-
de material existente e melhor caracte- são determinados pela quantidade/in-
rizar suas propriedades físicas. tensidade das chuvas, característica
• A exploração de cascalho laterítico e geológica/hidrogeológica dos terrenos
de cascalho de veios de quartzo que e declividade das vertentes.
ocorre na área a sul-sudoeste de Vár- • Saneamento ambiental do aglomerado
zea Grande, muito utilizados como ma- Cuiabá/Várzea Grande devido ao com-
terial de empréstimo em obras viárias, prometimento dos cursos d’água e de
deve ter um controle ambiental rígido, aqüíferos, principalmente, pelo lança-
pois sua extração implica em denuda- mento de esgoto bruto e lixo.
ção do solo, deixando exposta a rocha • Exploração racional e controlada dos
alterada, podendo causar voçoroca- recursos hídricos subterrâneos evitan-
mento e desmoronamentos devido ao do a superexplotação e a contamina-
aumento do escoamento superficial, ção, tendo em vista que a maioria das
contribuindo também para o assorea- formações geológicas que contêm água
mento e poluição das drenagens. (aqüíferos) é do tipo fraturado, não for-

301
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

mando, tradicionalmente, um aqüífero agricultura mecanizada, apesar de ge-


de grande capacidade. Entretanto tais rar um baixo número de empregos, fo-
aqüíferos têm grande importância na re- menta o desenvolvimento regional
gião e podem apresentar estoques de através da geração de riquezas em tor-
boa qualidade, para aproveitamento no do agronegócio. Todavia, tal ativida-
em poços na faixa de 100m, com va- de deve ser desenvolvida somente nas
zões médias de 12m³/h. Estima-se que zonas afastadas do rebordo da escarpa
20% do abastecimento, da mancha ur- (área de preservação permanente – APP)
bana Cuiabá/Várzea Grande é feito por e fora das Unidades de Conservação
poços, com tendência a aumentar, de- (UC): Parque Nacional da Chapada dos
vido à relativa facilidade de se perfurar Guimarães e Área de Proteção Ambien-
poços e a boa qualidade da água. A tal (APA) da Chapada dos Guimarães.
maior concentração de poços nos nú- • Implantação de um Cinturão Verde e
cleos urbanos pode exceder a capaci- uma Bacia Leiteira de Cuiabá. Tal pro-
dade de explotação dos aqüíferos, e posição se viabilizaria por meio de uma
ainda induzir fluxos de recarga locais agricultura irrigada sobre as superfícies
mais intensos, tornando o aqüífero mais aplainadas conservadas (SUP-CON)
vulnerável à contaminação, num local em especial, na bacia do rio Aricá-Açu,
onde as cargas contaminantes, repre- com emprego moderado de tecnologia,
sentadas pelas várias fontes existentes utilização mínima de defensivos agrí-
nos núcleos urbanos, são maiores. Isso colas e uso intensivo de mão-de-obra.
já deve estar ocorrendo em Cuiabá/ Este modelo de agricultura, calcado em
Várzea Grande onde há muitos poços áreas restritas aos topos das colinas (La-
contaminados por coliformes. Poços tossolos) com solos de melhor aptidão
mal construídos e poços abandonados agrícola, gera um elevado número de
sem proteção sanitária, são um vetor de empregos, visando abastecer o merca-
contaminação do aqüífero. Assim, de- do local vizinho, constituído por Cuia-
vido à alta vulnerabilidade, torna-se bá e Várzea Grande (Cinturão Verde).
necessária uma atenção redobrada Em consórcio, as áreas de menor apti-
quanto a proteção dos poços e aqüífe- dão agrícola (vales amplos com Plintos-
ros. Os regulamentos e fiscalização do solos Pétricos) seriam destinadas à
uso e ocupação do solo devem dedi- introdução de pastagens plantadas para
car especial atenção a lixões, depósi- pecuária leiteira (Bacia Leiteira). Preser-
tos de rejeito, vazamento de redes de vação e recuperação de matas ciliares
esgoto, tanques coletores, depósitos de e cabeceiras de drenagem com desen-
combustíveis e substâncias químicas. volvimento de turismo rural.
Nas áreas de maior demanda recomen- • Implantação e/ou consolidação de áreas
da-se o monitoramento dos níveis pie- de pastagens plantadas (para pecuária
zométricos e da qualidade das águas. de corte), com preservação e recupe-
• Incremento de agricultura irrigada e me- ração de matas ciliares e cabeceiras de
canizada nos topos da Chapada dos drenagem, sobre os patamares estrutu-
Guimarães quando embasados pelas ro- rais (PAT); nas superfícies aplainadas
chas das formações Furnas e Ponta Gros- com escoamento impedido (SUP-IMP);
sa, com emprego intensivo de tecnologia e em trechos de terraços fluviais melhor
e utilização mínima de defensivos agrí- drenados no Pantanal.
colas para evitar contaminação do len- • Delimitação e conservação dos abacia-
çol freático e das águas superficiais. A mentos e lagos temporários sobre as su-

302
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

perfícies aplainadas com escoamento priorizar a preservação e recomposição


impedido (SUP-IMP), com vistas à pro- dos ecossistemas nativos. As atividades
teção dos recursos hídricos superficiais humanas devem se limitar a pesquisa
e subterrâneos. científica e ao desenvolvimento de pro-
• Implantação e/ou consolidação de áreas jetos de Geoecoturismo – turismo cien-
de pastagens naturais extensivas de pe- tífico para divulgação do patrimônio
quena produtividade e pouco conteú- natural (Mirante da Chapada; Cidade
do tecnológico devido à baixa capa- de Pedra) com rígido controle ambien-
cidade de suporte dos terrenos situados tal. Especial atenção à preservação/re-
a oeste da área de estudo (superfícies composição ambiental dos biomas de
aplainadas dissecadas – SUP-DISS – e o refúgio florestal na bacia do alto rio Co-
relevo de colinas e morrotes e serrotes xipó; e de cerradão que reveste a su-
da bacia do rio Pari – CMC). Inserção perfície aplainada inumada em posição
de técnicas de armazenamento de água de sopé da escarpa da Chapada dos
superficial e explotação de água subter- Guimarães.
rânea. Preservação e recuperação de • Consagração do Monumento Natural
matas ciliares e cabeceiras de drenagem do Morro de Santo Antônio. Ecoturis-
e conservação de fragmentos de cam- mo com rígido controle ambiental, res-
pos-cerrado e cerrado nativos. trito à consolidação da trilha que acessa
• Implantação e/ou consolidação, junto às o topo do monte. Demais atividades li-
planícies aluviais, de lavouras de ciclo mitadas a pesquisas científicas sobre a
curto próximo aos centros urbanos (hor- geobiodiversidade deste Patrimônio
ticultura e olericultura), com destaque às Histórico do Estado Mato Grosso.
planícies de inundação – PAC e PAP – • No Pantanal, em algumas regiões,
lindeiras às cidades de Cuiabá, Várzea deve-se permitir a consolidação de
Grande e Santo Antônio do Leverger. Im- áreas como pastagens naturais exten-
pedimento de expansão urbana nas pla- sivas (atividade econômica tradicional
nícies fluviais. na região). No restante, sugere-se limi-
• Incremento de atividade pesqueira sus- tar as atividades ao turismo ecológico
tentável em consórcio com projeto de e à pesca esportiva. Desenvolvimento
turismo ecológico (passeios de barco ao das atividades científicas e de pesqui-
longo do rio Cuiabá e no Pantanal) e pes- sa da geobiodiversidade do Patrimô-
ca esportiva. Preservação e recomposi- nio Ecológico. Implantação de um
ção de matas ciliares ao longo do perfil centro de ecoturismo junto à Baía
longitudinal dos canais. Grande.
• Na área circunscrita à APA da Chapada
dos Guimarães sugere-se a implantação 12.5 – BIBLIOGRAFIA
de projetos ecoturísticos de consolida-
ção de trilhas sobre vegetação de cerra- BECKER,B.K. & EGLER, C. A. G. Brasil:
do no topo da chapada, assim como o uma nova potência regional na eco-
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SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOAMBIENTAL DE CUIABÁ, VÁRZEA GRANDE E ENTORNO

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CPRM - Serviço Geológico do Brasil – http://www.cprm.gov.br

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305
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10°0'0"S

MATO GROSSO
14°0'0"S

CUIABÁ

18°0'0"S

60°0'0"W 56°0'0"W 52°0'0"W

Localização do Projeto no Estado de Mato Grosso

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