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Organizadores
Lúcia Travassos da Rosa-Costa
César Lisboa Chaves
Cintia Maria Gaia da Silva
Leandro Duarte Campos
Brenda Karoline Correa Abrantes
Felipe Mattos Tavares
Alexandre Lisboa Lago
BELÉM, 2017
ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE MINERAL
RESERVA NACIONAL DO COBRE E ASSOCIADOS
182 p.: il. Color. + 1 mapa (A3). (Informe de Recursos Minerais. Série Províncias
Minerais do Brasil, nº 12)
CRB2-1092
Organizadores MAPAS
Lúcia Travassos da Rosa-Costa (http://geosgb.cprm.gov.br)
César Lisboa Chaves
Cintia Maria Gaia da Silva MAPA GEOLÓGICO-GEOFÍSICO
Leandro Duarte Campos Lúcia Travassos da Rosa-Costa
Brenda Karoline Correa Abrantes Brenda Karoline Correia Abrantes
Felipe Mattos Tavares
Alexandre Lisboa Lago MAPA DE ASSOCIAÇÕES TECTÔNICAS E RECURSOS
MINERAIS
Capítulo 1. Introdução Lúcia Travassos da Rosa-Costa
Lúcia Travassos da Rosa-Costa Brenda Karoline Correia Abrantes
Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros
Capítulo 2. Contexto Geotectônico
Lúcia Travassos da Rosa-Costa SIG GEOLÓGICO
Brenda Karoline Correia Abrantes
Capítulo 3. Associações Tectônicas e Unidades Lúcia Travassos da Rosa-Costa
Litoestratigráficas Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros
Lúcia Travassos da Rosa-Costa
Brenda Karoline Correia Abrantes APOIO TÉCNICO
This report synthesizes the results of the ARIM RENCA Project, and presents the state of the art of the geolo-
gical knowledge of the area located at the limits of the states of Pará and Amapá, which includes the National
Reserve of Copper and Associated Elements (RENCA), constituted by a presidential decree since 1984. The
objective of the ARIM RENCA Project was to analyze geological data from previous projects that were per-
formed mostly in 1980s, in pre- and post-decree times, in order to provide technical products that allow the
overall understanding of the geology and mineral potential of the area.
The study area is located on the eastern border of the Amazonian Craton, southeastern Guiana Shield, in
a large paleoproterozoic orogenic belt that was developed between 2.26 and 1.99 Ga. It includes distinct
tectonic domains, named Amapá Block, Carecuru Domain and Paru Domain. The Amapá Block consists of an
Archean continental block involved in the Paleoproterozoic orogeny, with a high-grade basement assemblage
dated mainly between 2.85 and 2.60 Ga. The Carecuru Domain consists principally of calc-alkaline granitoids
and metavolcanosedimentary sequences that yielded zircon ages between 2.22 and 2.14 Ga and evolved in
continental magmatic arc settings. The Paru Domain represents an Archean high-grade inlier within the Ca-
recuru Domain.
The boundary between the Amapá Block and the Carecuru Domain is marked by the Ipitinga Group (2.26 Ga),
consisting of metavolcanic (mafic-ultramafic) and metasedimentary (chemical-exhalative and clastic) rocks,
strongly deformed by the NW-SE Ipitinga Shear Zone, parallel to the major structural trend.
The Ipitinga Group and the granitoid-greenstone association of the Carecuru Domain apparently have the
highest metallogenetic potential of the area for Au, Cu and Fe. There are several artisanal alluvial and primary
gold mines (“garimpos”) along this context. An orogenic gold model was defined for the primary mineraliza-
tion, which occurs in quartz veins and hydrothermal zones hosted along ductile and brittle NW-SE or NE-SW
structures.
The Ipitinga Group hosts the sole Cu occurrence known in the area, for which a syngenetic VMS (Volcanogenic
Massive Sulphide) model is proposed for the mineralization. The occurrence of large bodies of banded iron
formation, related especially to the Ipitinga Group, suggest the potential of Fe deposits.
Notable are the metallogetic potential of the neoproterozoic Maicuru (alkaline-ultramafic-carbonatitic) and
Maraconaí (alkaline-ultramafic) intracontinental intrusions, which have phosphate and/or titanium resources
in the supergenic cover.
Integration of geological, geochemical, geophysical and metallogenic data, using the mineral system concept,
defined prospective targets: 1) Polimetallic Cu (Au-Ag-Zn) VMS; 2) Orogenic gold; 3) Chemical-exhalative Fe-
-oxides; 4) Supergenic phosphate and titanium related to ultramafic alkaline plutons.
Some prospective targets are located within indigenous sites and environmental reserves, in which mineral
research is prohibited. However, there are prospective targets located in environmental reserves of sustaina-
ble use, where mineral research could be done under special legal conditions. We hope that the set of infor-
mation and products available through the ARIM RENCA Project can be used for public managers and society
in general as technical support in the discussions regarding the future of the National Reserve of Copper and
Associated Elements.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 17
1.1 LOCALIZAÇÃO, ACESSOS E ASPECTOS FISIOGRÁFICOS .........................................18
1.2 ÁREAS ESPECIAIS ......................................................................................19
1.3 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS ..............................................................20
1.3.1 Levantamento de Dados Históricos e Principais Fontes de Consulta ............................20
1.3.2 Atualização da Cartografia Geológica ..................................................................23
1.3.3 Consistência de Informações sobre Recursos Minerais .............................................24
1.3.4 Recuperação e Reavaliação de Dados de Geoquímica Prospectiva ..............................24
1.3.5 Montagem do Sistema de Informações Geográficas (SIG) e Inserção em Bases de Dados .... 24
5 GEOFÍSICA .......................................................................................... 65
5.1 PADRÕES GEOFÍSICOS DE DOMÍNIOS TECTÔNICOS ..............................................65
5.2 CARACTERÍSTICAS GEOFÍSICAS DAS UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS .....................67
5.2.1 Fragmentos Arqueanos Retrabalhados no Riaciano .................................................68
5.2.2 Orógeno Riaciano ..........................................................................................68
5.2.3 Magmatismo Intracontinental ...........................................................................72
5.2.4 Magmatismo Intracontinental Alcalino-Ultramáfico Ediacarano ..................................74
5.2.5 Bacia Intracratônica (Bacia do Amazonas) ............................................................74
5.2.6 Coberturas Superficiais Cenozoicas ....................................................................74
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................151
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................159
ANEXOS...............................................................................................169
ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE MINERAL
1 INTRODUÇÃO
Lúcia Travassos da Rosa-Costa
Na última década a CPRM/SGB – Serviço Ge- nas, promover e acompanhar projetos de desenvol-
ológico do Brasil, subsidiada principalmente por vimento e colonização naquela região, bem como
recursos do Programa de Aceleração do Cresci- propor medidas para a solução de seus problemas
mento (PAC 1 e 2) do Governo Federal, realizou fundiários, sendo as ações financiadas com recur-
investimentos maciços com objetivo primordial de sos da Secretaria Geral do Conselho de Segurança
promover a evolução do conhecimento geológico Nacional.
do território brasileiro, através da realização de Ao longo da década de 1980, em anos pré- e
diversos projetos de cartografia geológica, levan- pós-decreto de criação da RENCA, diversos projetos
tamentos aerogeofísicos (sobretudo magnetomé- de cartografia geológica e pesquisa mineral foram
tricos e radiométricos) e levantamentos geoquími- desenvolvidos na área pela CPRM, em grande parte
cos, priorizando as áreas das principais províncias realizados em parceria com o GEBAM, quando esta
minerais brasileiras, sendo importantes exemplos instituição era definida como uma empresa de eco-
na Amazônia, as províncias de Carajás, do Tapajós nomia mista, criada através do Decreto 764, de 15
e do Gurupi. de agosto de 1969, e que tinha entre seus objetivos
Esta ação do Serviço Geológico do Brasil cum- estimular o descobrimento e intensificar o aprovei-
priu seus objetivos, visto que resultou em signifi- tamento dos recursos minerais em todo território
cativos avanços do conhecimento geológico, e em nacional.
consequência, induziu à ampliação de investimentos
A partir desta fase de pesquisas intensifica-
de empresas privadas do setor mineral em várias
regiões do País, notadamente na porção oriental da das a CPRM restringiu sua atuação na região, es-
Amazônia. pecialmente a partir da década de 1990, quando
esta companhia foi transformada em empresa pú-
A partir de 2015, com a implantação do PAC blica (Decreto 8.970, de 28 de dezembro de 1994),
3 (2015-2018), e impulsionada pelo momento atu- passando a ter atribuições de Serviço Geológico
al do setor mineral do Brasil, a CPRM/SBG, atra- do Brasil. No final desta década a CPRM retomou
vés da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais as atividades na região, com a realização de levan-
– DGM, passou a concentrar seus esforços nas tamentos aerogeofísicos gamaespectométricos
Áreas de Relevante Interesse Mineral – ARIM, que e radiométricos de alta resolução (espaçamento
são definidas como áreas com presença compro- de 500 m entre linhas de voo), através do Projeto
vada ou de alto potencial geológico para conter Aerogeofísico da RENCA (CPRM, 1999), que sub-
recursos minerais (DANTAS, 2010; SILVEIRA; ASSIS; sidiou a cartografia geológica na escala 1:250.000
KLEIN, 2015). em uma extensa área que engloba parcialmente
Neste contexto foi proposto o Projeto Integra- a área da RENCA, realizada pelo Projeto Província
ção da Informação Geológica na Reserva Nacional Mineral da RENCA (PROMIN RENCA), entre 2000 e
do Cobre e Associados (RENCA), também chamado 2001. A retomada da atuação da CPRM/SBG nesta
Projeto ARIM RENCA, desenvolvido pela Superinten- área, que esteve por mais de uma década resguar-
dência Regional de Belém, através da Gerência de dada de ações governamentais no que diz respei-
Geologia e Recursos Minerais – GEREMI. to a estudos geológicos, vem agora através deste
A RENCA foi constituída através do Decreto projeto.
89.404, de 24 de fevereiro de 1984, representando O objetivo fundamental do Projeto ARIM REN-
uma área de cerca de 46.523 km2, localizada na re- CA é a integração de toda informação geológica que
gião de fronteira entre o noroeste do estado do Pará existe na área, a partir da reavaliação de dados ob-
e o sudoeste do Amapá, compreendida entre os pa- tidos nos diversos trabalhos previamente realizados.
ralelos 01°00’00” Norte e 00°40’00” Sul e meridianos Não houve novos levantamentos de campo neste
52°02’00” e 54°18’00” Oeste. Segundo o Art. 2º do projeto, tampouco a obtenção de novos dados ana-
decreto citado, “os trabalhos de pesquisas destina- líticos. Os dados históricos levantados foram consis-
dos à determinação e avaliação das ocorrências de tidos, analisados e reinterpretados face aos concei-
cobre e seus associados na área caberão, com exclu- tos atuais, e são apresentados em um Sistema de
sividade, à CPRM, que os executará com recursos Informações Geográficas – SIG, em mapas temáticos
próprios ou oriundos de convênios firmados com o (Mapa Geológico-Geofísico e Mapa de Associações
Grupo Executivo para a Região do Baixo Amazonas tectônicas e Recursos Minerais), em bases de dados e
– GEBAM”. neste Informe Mineral, que consolida as informações
O GEBAM foi criado ( Decreto nº 86.106, de levantadas. Todos estes produtos estão disponíveis
11 de junho de 1981) com a finalidade de promover para download no GeoSGB, banco de dados corpora-
e coordenar as ações de fortalecimento do Governo tivo da CPRM/SGB, que pode ser acessado através do
Federal na margem esquerda do baixo Rio Amazo- site www.cprm.gov.br (http://geosgb.cprm.gov.br).
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Informe de Recursos Minerais
1.1 LOCALIZAÇÃO, ACESSOS E ASPECTOS vio, Mazagão, Pedra Branca do Amapari, Serra do
FISIOGRÁFICOS Navio e Porto Grande, no Amapá. Em torno das se-
des municipais Laranjal do Jari, Vitória do Jari e Ser-
ra do Navio, localizadas na área do projeto, há res-
O Projeto ARIM RENCA foi realizado em uma tritas vias de acesso rodoviário, representadas por
área limitada pelos paralelos 1°00’00” N e 1°00’00” S estradas e ramais não pavimentados, sendo a mais
e meridianos 52°00’00” e 54°30’00” W, que encerra importante a BR-156 que liga Macapá a Laranjal do
20 folhas no corte cartográfico 1:100.000, perfazen- Jari (Figura 1.1).
do cerca de 60.000 km2, na qual está incluído o po- Na maior parte da área do projeto o aces-
lígono que define a área da RENCA (Figura 1.1 ). so só é possível através da rede de drenagem que
A área do projeto engloba parte dos muni- compõe as bacias hidrográficas dos rios Jari, que
cípios de Almeirim e Monte Alegre, no estado do marca o limite territorial entre os estados do Pará
Pará, e Laranjal do Jari, Vitória do Jari, Serra do Na- e Amapá, e Paru, ambos afluentes da margem es-
Figura 1.1 - (A) Localização das áreas do Projeto ARIM RENCA e da RENCA, na divisa dos estados do Pará e Amapá;
(B) Divisão municipal.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 1.2 - Exemplos de pistas de pouso relacionadas a garimpos da região. Imagem disponível no Google Earth.
Acesso em jul. 2017.
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Informe de Recursos Minerais
legalmente instituído pelo Poder Público, com obje- Conservação. Na Figura 1.4 observa-se a distribuição
tivos de conservação e limites definidos, sob regime das terras indígenas e das Unidades de Conservação
especial de administração, ao qual se aplicam garan- de Uso Sustentável e de Proteção Integral na área do
tias adequadas de proteção (Art. 2º, parágrafo I). Projeto ARIM RENCA.
São agrupadas em duas categorias, as Unida-
des de Conservação de Proteção Integral e as de Uso 1.3 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS
Sustentável. As Unidades de Conservação de Prote-
ção Integral têm como principal objetivo preservar
a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto 1.3.1 Levantamento de Dados Históricos e
dos seus recursos naturais, ou seja, aquele que não Principais Fontes de Consulta
envolve consumo, coleta ou dano aos recursos natu-
rais, como por exemplo o turismo ecológico e a pes- Uma atividade fundamental deste projeto
quisa científica. As Unidades de Conservação de Uso consistiu no levantamento de dados oriundos de
Sustentável, por sua vez, têm como objetivo compati- trabalhos anteriores realizados na área (Figura 1.5).
bilizar a conservação da natureza com o uso sustentá- Dentre estes trabalhos, merece destaque um conjun-
vel dos recursos, conciliando a presença humana nas to de projetos desenvolvidos ao longo da década de
áreas protegidas (http://www.oeco.org.br). 1980, a partir de parceria entre a CPRM e o Grupo
As Unidades de Conservação da esfera federal Executivo para a região do Baixo Amazonas – GEBAM.
de governo são administradas pelo Instituto Chico Estes projetos tiveram como foco as sequências me-
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM- tavulcanossedimentares, hoje definidas como gru-
Bio), e as das esferas estadual e municipal, por meio pos Ipitinga e Vila Nova, e unidades Cuiapocu, Treze
dos Sistemas Estaduais e Municipais de Unidades de de Maio e Serra Samaúma, sendo o Grupo Ipitinga,
Figura 1.3 - Destaques geomorfológicos na área de trabalho, em imagem de relevo sombreado SRTM. A linha branca
tracejada marca a borda da Bacia do Amazonas.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
na área deste projeto, a unidade de principal interes- sondagem BBS-1, que totalizam 917,10 m, 9 furos de
se metalogenético dentre as citadas. sonda Winkie e 31 poços manuais. O Projeto Irata-
Em linhas gerais, nos projetos da parceria puru foi o último projeto fruto da parceria GEBAM-
CPRM-GEBAM foram realizados mapeamento ge- -CPRM, com conclusão em 1986.
ológico (adotando-se escalas entre 1:100.000 e A retomada das ações da CPRM/SGB na área
1:25.000) e levantamentos geoquímicos prospecti- aconteceu em 1999, já com prerrogativas de Serviço
vos (solos, sedimentos de corrente e concentrados Geológico do Brasil, através do Projeto Aerogeofísico
de bateia), e especificamente no projeto Cérbero 1 da RENCA, que realizou levantamentos aerogeofí-
Alfa foi realizado levantamento geofísico terrestre sicos magnetométricos e radiométricos (com espa-
(Magnetometria e Eletrorresistividade), 4 furos de çamento entre linhas de voo de 500 m e altura de
Figura 1.4 - Terras indígenas e unidades de conservação-UC ambiental na área do Projeto ARIM RENCA. Entre
parênteses o mês/ano de criação das UCs. ESEC: Estação Ecológica; PARNA: Parque Nacional; REBIO: Reserva Biológica;
RESEX: Reserva Extrativista; RDS: Reserva de Desenvolvimento Sustentável; FLOTA: Floresta Estadual.
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Informe de Recursos Minerais
voo de 150 m) em grande parte da área da Reserva Mais recentemente a CPRM/SGB realizou ou-
Nacional do Cobre e Associados. Em 2000 foi inicia- tros projetos de levantamentos aerogeofísicos (Figu-
do o Projeto Província Mineral da RENCA (PROMIN ra 1.6), de modo que cerca de 65% da área é reco-
RENCA), que teve como objetivo principal o mape- berta por dados magnetométricos e radiométricos,
amento geológico na escala 1:250.000, subsidiado obtidos com espaçamento de 500 m entre linhas de
pela integração geológico-geofísica, levantamentos voo posicionadas segundo N45°E (ortogonais à dire-
de campo e algumas análises geocronológicas, além ção principal da estruturação regional) e com altura
do estudo de ocorrências minerais de ouro localiza- média de voo de 100 m. Vale ressaltar que a área
das da porção ocidental da área. integral do projeto é recoberta por dados magne-
Figura 1.5 - Principais trabalhos realizados na área do Projeto ARIM RENCA. Ao fundo imagem SRTM. *Projetos
realizados através da parceria CPRM-GEBAM.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 1.6 - Projetos aerogeofísicos (magnetometria e radiometria) na área do Projeto ARIM RENCA, realizados com
espaçamento de 500 m (A) e 2000 m (B) entre linhas de voo. Polígonos com contorno azul e vermelho demarcam os
limites da área do Projeto ARIM RENCA e da RENCA, respectivamente.
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Informe de Recursos Minerais
Figura 1.7 - (A) Estações geológicas reavaliadas; (B) Localização de estações geológicas com dados geocronológicos/
isotópicos consistidos. Polígonos com contorno azul e vermelho demarcam os limites da área do Projeto ARIM RENCA e
da RENCA, respectivamente.
1.3.3 Consistência de Informações sobre ouro, visíveis na ampliação destas, conforme exemplos
Recursos Minerais da Figura 1.3. A localização dos recursos minerais con-
sistidos é apresentada no Capítulo 7.
Para elaboração de uma base atualizada de 1.3.4 Recuperação e Reavaliação de Dados de
recursos minerais foram utilizadas principalmente
Geoquímica Prospectiva
informações oriundas da bibliografia, incorporan-
do-se à base de dados aquelas com maior acuidade
locacional. As principais fontes de consulta foram Uma importante atividade realizada neste
os projetos Macapá-Calçoene (VALE et al., 1972), projeto foi a recuperação e reinterpretação de da-
Paru-Jari (NEVES, 1972), Estudos dos Garimpos dos de geoquímica prospectiva (solos, sedimentos
Brasileiros - Área Amapá (SOUZA; BENOLIEL, 1981), de corrente e concentrados de bateia) de diversos
Programa Nacional de Prospecção de Ouro (PNPO) projetos históricos, vários deles realizados ao lon-
- Áreas Ipitinga (CARVALHO; COSTA, 1997), Cuia- go da Serra do Ipitinga. Vale ressaltar que, à época
pocu-Carará (MATOS, 1997), Vila Nova-Iratapuru de realização destes projetos, na década de 1980
(CARVALHO; COSTA; KLEIN, 1997) e Serra do Navio- (Figura 1.8), o posicionamento das amostras coleta-
-Cupixi (CARVALHO; KLEIN; COSTA, 1997), Geologia das não era realizado com GPS, portanto, para mon-
e Recursos Minerais da Folha Macapá (Barbosa; tagem da base de dados geoquímicos, recorreu-se
Chaves, 2015), além de diversos trabalhos téc- ao georreferenciamento de mapas de amostragem
nicos. Dados adicionais foram obtidos a partir de originais em formato analógico, o que resulta em
consultas a cadernetas de campo do Projeto PRO- uma margem de erro locacional superior a do GPS.
MIN RENCA. No Capítulo 6 são apresentados os quantitativos de
No Mapa Geológico-Geofísico os recursos mine- dados geoquímicos recuperados, assim como os
rais foram classificados conforme o grau de importân- métodos de tratamento e interpretação destas in-
cia (depósito, ocorrência e indício) e status econômico formações.
(mina, garimpo ou não explotado), enquanto que no
Mapa de Associações Tectônicas e Recursos Minerais, 1.3.5 Montagem do Sistema de Informações
foram adicionadas ainda informações sobre classe ge- Geográficas (SIG) e Inserção em Bases de Dados
nética (magmática, hidrotermal, supergênica e detrí-
tico-aluvionar), morfologia (filoneana, estratiforme e
disseminada) e tamanho do depósito (pequeno, médio As informações consistidas neste projeto foram
e grande). Para definição do status “ativo” ou “inativo” consolidadas e organizadas em ambiente SIG, segundo
de minas e garimpos, em geral foram replicadas as in- o datum SIRGAS 2000, utilizando-se o software Arc
formações originais das fontes consultadas, o que não Gis 10, e cadastradas em diversas bases de dados
garante que estas são válidas para data de publicação (Litoestratigrafia, Afloramentos, Geocronologia,
dos produtos citados. Imagens do Google Earth foram Petrografia, Recursos Minerais) disponibilizadas no
importantes para ajustes locacionais de garimpos de GeoSGB, em http://geosgb.cprm.gov.br.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 1.8 - Distribuição de amostras geoquímicas com dados analíticos recuperados e reinterpretados neste projeto.
Solos (A) e (B), sedimentos de corrente (C) e (D) e concentrados de bateia (E) e (F). (B), (D) e (F) apresentam zoom
de (A), (C) e (D). Polígonos com contorno azul e vermelho demarcam os limites da área do Projeto ARIM RENCA e da
RENCA, respectivamente.
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Informe de Recursos Minerais
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
2 CONTEXTO GEOTECTÔNICO
Lúcia Travassos da Rosa-Costa
A área do Projeto ARIM RENCA posiciona-se cos mais jovens no Domínio Carecuru, a exemplo do
na borda oriental do Cráton Amazônico, e está inse- Granito Paru, datado em 2,10 Ga (TDM = 2,83 Ga, ƐNd =
rida dominantemente no contexto de uma faixa oro- -6,61), que é entendido como magmatismo granítico
genética consolidada no Paleoproterozoico, durante relacionado à fase colisional (Rosa-Costa; Lafon;
o ciclo Transamazônico de orogenias (2,26 a 1,99 delor, 2006). A idade TDM arqueana do Granito Paru
Ga), que bordeja a porção nordeste do Escudo Brasil indica o envolvimento de componentes arqueanos
Central, estendendo-se por toda porção oriental do na origem do magma, não obstante o corpo estar lo-
Escudo das Guianas, no norte do Brasil e em direção calizado em domínio paleoproterozoico.
à Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela. Remanescentes de crosta arqueana são inclu-
Considerando-se as propostas de compartimentação sive mapeáveis no interior do Domínio Carecuru, re-
do Cráton Amazônico em províncias tectono-geocro- presentados por gnaisses granulíticos do Complexo
nológicas de Tassinari e Macambira (2004) e Santos Ananaí, cujos protólitos magmáticos foram datados
et al. (2006), esta faixa orogenética coincide aproxi- em 2,60 Ga, e que são intrudidos por plútons char-
madamente com as províncias Maroni-Itacaiúnas e nockíticos de 2,07 Ga (Suíte Intrusiva Igarapé Urucu),
Transamazonas, respectivamente (Figura 2.1). configurando um inlier infracrustal, que recebe a de-
Alguns setores desta faixa têm sido alvo de signação de Domínio Paru (Ricci et al. 2001; Rosa-
estudos geológicos sistemáticos, subsidiados por da- -Costa et al., 2003; ROSA-COSTA; LAFON; DELOR,
dos geocronológicos robustos nas últimas décadas, 2006), cujo significado tectônico ainda é controver-
que conduziram à individualização de domínios tec- so. Rosa-Costa (2006) sugere que este representa
tônicos distintos, os quais, em linhas gerais, repre- uma evidência do prolongamento da crosta conti-
sentam terrenos paleoproterozoicos com evolução nental arqueana do Bloco Amapá para oeste, preser-
envolvendo subducção de litosfera oceânica em am- vada nas raízes do arco magmático Carecuru, ou que
bientes de arcos de ilha ou arcos magmáticos con- este é um terreno alóctone, amalgamado ao arco
tinentais, ou constituem segmentos de crosta conti- magmático no Paleoproterozoico. Neste projeto, a
nental arqueana, retrabalhados durante a orogênese reinterpretação de imagens aerogeofísicas, integra-
paleoproetrozoica. das a imagens de relevo, conduziu a um expressivo
Na porção oriental do Escudo das Guianas, em aumento da área de ocorrência do Complexo Ananaí,
território brasileiro, foram reconhecidos os domínios e consequentemente do Domínio Paru. Mas é válido
paleoproterozoicos Carecuru e Lourenço, além do destacar que este entendimento não é comprovado
Bloco Amapá, de idade arqueana (Ricci et al., 2001; por informações de campo, inexistentes em grande
Rosa-Costa; lafon; delor, 2006; rosa-costa; parte desta nova área cartografada.
chaves; klein, 2014) (Figura 2.2). A área do Proje- O Bloco Amapá foi definido por Rosa-Costa,
to ARIM RENCA engloba a zona de articulação entre Lafon e Delor (2006) como um segmento de crosta
o Domínio Carecuru e o Bloco Amapá. O primeiro continental arqueana, cujo embasamento é consti-
pode ser definido como um segmento crustal peleo- tuído por uma associação do tipo granulito-gnaisse-
proterozoico, composto principalmente por gnaisses -migmatito, com metamorfismo variando da fácies
e (meta)granitoides cálcio-alcalinos da Suíte Intrusiva anfibolito a granulito, que inclui os complexos meta-
Carecuru e sequências metavulcanossedimentares mórficos ortoderivados (Jari-Guaribas, Baixo-Mapa-
(unidades Fazendinha, Treze de Maio e Serra Cuia- ri, Tumucumaque, Guianense e Tartarugal Grande),
pocu), que definem uma associação tipo granitoide- cujos precursores magmáticos têm idades neo- ou
-greenstone eminentemente riaciana, com idades mesoarqueanas, entre 2,85 e 2,60 Ga (AVELAR et
principalmente entre 2,19 e 2,14 Ga (Rosa-Costa al., 2003; ROSA-COSTA et al., 2003; ROSA-COSTA;
et al., 2003; Rosa-Costa; Lafon; delor, 2006). LAFON; DELOR, 2006, ROSA-COSTA; CHAVES; KLEIN
Para esta associação, dados de isótopos de Nd mos- 2014), com relíquias isoladas de crosta ainda mais
tram idades modelo TDM entre 2,5 e 2,28 Ga, e valo- antiga, datados em 3,32 (KLEIN; ROSA-COSTA; LA-
res de ƐNd positivos a fracamente negativos, entre FON, 2003) e 3,49 Ga (Gnaisse Porfírio, ROSA-COSTA;
+1,63 e -0,84 (Rosa-Costa; Lafon; delor, 2006; CHAVES; KLEIN, 2014). Ocorrem ainda granulitos pa-
Faraco et al., 2004). Segundo Rosa-Costa, Lafon e raderivados do Complexo Iratapuru, de idade ainda
Delor (2006), o conteúdo litológico, as idades e os não definida, e uma série de granitoides (Granito
dados de isótopos de Nd disponíveis indicam que a Anauerapucu, Granito Mungubas, Granito Riozinho,
evolução do Domínio Carecuru envolveu a formação Metagranito Pedra do Meio), incluindo charnockitos
de arcos magmáticos continentais, e esta associação (Suíte Intrusiva Noucuru), com idades entre 2,79 e
granitoide-greenstone representa o estágio acrescio- 2,60 Ga (RICCI et al., 2002; ROSA-COSTA; LAFON; DE-
nário, ou pré-colisional, da história orogenética ria- LOR, 2006; BARBOSA; CHAVES, 2015). Idades mode-
ciana. Também há evidências de eventos magmáti- lo Sm-Nd obtidas nestas unidades de embasamento
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Informe de Recursos Minerais
demonstram que a formação de crosta continental pá foi afetado por evento metamórfico de alto grau
no Bloco Amapá se deu principalmente na transição que atingiu condições granulíticas, que marca a fase
Meso-Paleoarqueano (SATO; TASSINARI, 1997; PI- orogenética colisional, e por eventos tectonotermais
MENTEL; FERREIRA FILHO; SPIER, 2002; AVELAR et mais jovens, relacionados a estágios pós-colisionais a
al., 2003; ROSA-COSTA; LAFON; DELOR, 2006; ROSA- tardi-orogênicos (Oliveira et al. 2008; Rosa-Cos-
-COSTA et al., 2008a; ROSA-COSTA; CHAVES; KLEIN, ta et al. 2008a, 2008b; ROSA-COSTA et al., 2009, e
2014; BARBOSA; CHAVES, 2015; e outros). outros).
Durante o ciclo Transamazônico de orogenias, Intenso magmatismo granítico afetou o em-
este segmento arqueano foi deformado, metamorfi- basamento arqueano do Bloco Amapá em diversos
zado e seccionado por diversos corpos magmáticos. estágios da evolução orogenética, representado por
Entre 2,10 e 2,08 Ga o embasamaneto do Bloco Ama- plútons datados entre 2,22 e 1,99 Ga, com idades
Figura 2.1 - Situação da área do Projeto ARIM RENCA nas propostas de compartimentação do Cráton Amazônico em
províncias tectono-geocronológicas. Modificada de Sato e Tassinari (2004) e (B) Santos et al. (2006).
28
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 2.2 - Compartimentação tectônica da porção oriental do Escudo das Guianas, em território brasileiro. Baseado
em Faraco et al. (2004), Rosa-Costa, Lafon e Delor (2006), Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014).
29
Informe de Recursos Minerais
modelo Sm-Nd TDM entre 3,68 e 2,30 Ga e valores de associação paleoproterozoica de (meta)granitoides e
ƐNd dominantemente negativos, que indicam que a faixas de rochas metavulcanossedimentares, para a
origem dos magmas envolveu retrabalhamento de qual também é evocada uma evolução relacionada
crosta continental arqueana (SATO; TASSINARI, 1997; à formação de arcos magmáticos (Avelar, 2002;
BORGES; LAFON; VILLAS, 2002; FARACO et al., 2004; NOGUEIRA; BETTENCOURT; TASSINARI, 2000; ROSA-
ROSA-COSTA; LAFON; DELOR, 2006; BARRETO et al., -COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014; ROSA-COSTA et al., no
2013; ROSA-COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014). Exempli- prelo).
ficam estes eventos magmáticos o Granito Charuto Diversas suítes e corpos magmáticos com assi-
(2,22 Ga), o Granito Igarapé Cumaru (2,19 Ga), o natura cálcio-alcalina e características semelhantes a
Alaskito Urucupatá (2,14 Ga), a Suíte Intrusiva Iga- dos granitos Tipo-I foram individualizados no Domí-
rapé Careta (2,06-2,03 Ga), o Granito Carrapatinho nio Lourenço (ex. Suíte Intrusiva Flexal/2,2-2,18 Ga,
(2,03 Ga), o Granito Amapari (1,99 Ga), e outros a Diorito Rio Mutura/2,17 Ga, Tonalito Lourenço/2,16
serem discutidos no capítulo seguinte. Ga, Tonalito Papa Vento/2,14-2,13 Ga), cujas ida-
Adicionalmente, no Bloco Amapá o Complexo des (Avelar, 2002; NOGUEIRA et al., 2002; ROSA-
Bacuri, corpo máfico-ultramáfico estratiforme que -COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014; BARBOSA; CHAVES,
hospeda importante depósito de cromita (Spier; 2015; ROSA-COSTA et al., no prelo) são semelhantes
Ferreira Filho, 1999), representa um evento àquelas obtidas no Domínio Carecuru em grantoides
magmático de natureza básica-ultrabásica, datado cálcio-alcalinos de arcos magmáticos que marcam a
em 2,22 Ga através de uma errócrona Sm-Nd (Pi- fase acrescionária, pré-colisional, da evolução oroge-
mentel; FERREIRA FILHO; SPIER, 2002), o qual nética riaciana.
está alojado no Complexo Tumucumaque. Com relação à assinatura isotópica do Nd, es-
Faixas de rochas metavulcanossedimenta- tes granitoides podem apresentar idades TDM arque-
res são cartografadas no interior do Bloco Amapá anas (3,02 a 2,51 Ga), com ƐNd entre -4,62 e -2,03, ou
(Unidade Serra Samaúma), ou delineiam aproxima- paleoproterozoicas (2,37 a 2,24 Ga), e neste caso com
damente os limites deste bloco com os domínios ƐNd positivos, entre +0,65 e +3,03 (Avelar, 2002;
paleoproterozoicos Carecuru (Grupo Ipitinga), a sul, NOGUEIRA; BETTENCOURT; TASSINARI, 2000; FARA-
e Lourenço (Grupo Vila Nova), a norte (Figura 2.2), CO et al., 2004; ROSA-COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014;
onde são fortemente controladas por grandes zonas BARBOSA; CHAVES, 2015; ROSA-COSTA et al., 2017).
de cisalhamento NW-SE, a direção estrutural proemi- Estes dados demonstram inequivocamente que a ori-
nente em toda área. gem dos magmas geradores dos diversos granitoides
Os grupos Ipitinga e Vila Nova são constituídos paleoproterozoicos envolveu acresção crustal juvenil
por conjuntos de rochas metamáfico-ultramáficas, no limite Sideriano-Riaciano, e reciclagem de compo-
químico-exalativas e metassedimentares, com meta- nentes crustais meso- e neoarqueanos. Estes eventos
morfismo em fácies xisto-verde a anfibolito, e repre- magmáticos também foram reconhecidos mais a nor-
sentam os mais importantes metalotectos da área te, na Guiana Francesa (VANDERHAEGHE et al., 1998;
para Au, Fe, Cu e Mn. Uma errócrona Sm-Nd em rocha DELOR et al., 2003), onde, entretanto, é evocado um
total forneceu idade em torno de 2,26 Ga para o Gru- ambiente de arcos de ilha, em contexto intra-oceâni-
po Ipitinga (McReath; Faraco, 2006). Não há dados co, em função da assinatura dominantemente juvenil
geocronológicos consistentes para o Grupo Vila Nova, dos magmas, e sem participação significativa de com-
mas entende-se a idade de 2,26 Ga (Barreto; LA- ponentes crustais arqueanos.
FON; ROSA-COSTA, 2009) como uma idade mínima, No Domínio Lourenço foram caracterizados
a qual foi obtida no Diorito Rio Santo Antônio, apa- ainda outros (meta)granitoides, que constituem o
rentemente intrusivo em rochas deste Grupo. Embora Metagranito Sucuriju (2,12 Ga), os complexos Rio
os dados disponíveis não sejam decisivos, os grupos Araguari (2,12-2,10 Ga), Oiapoque (2,10 Ga) e Ca-
Vila Nova e Ipitinga são entendidos atualmente como mopi (2,10 Ga) e a Suíte Cricou (2,11-2,10 Ga), cujas
evoluídos em estágios iniciais do ciclo Transamazôni- características litológicas e assinaturas geoquímicas
co de orogenias, do Eoriaciano, ou até mais antigos. também assemelham-se àqueles com origem rela-
As zonas de articulação entre o Bloco Amapá e cionada a arcos magmáticos (FARACO; THÉVENIAUT,
os domínios paleoproterozoicos Carecuru e Louren- 2011; BARRETO et al., 2013; ROSA-COSTA; CHAVES;
ço são estruturalmente complexas, onde se obser- KLEIN, 2014; ROSA-COSTA et al., 2017). A principal
va a justaposição tectônica de rochas de diferentes implicação geotectônica deste magmatismo mais
idades, origens e grau metamórfico. A ocorrência jovem relacionado a arcos magmáticos é conside-
das faixas metavulcanossedimentares Ipitinga e Vila rar que fase orogenética acrescionária se estendeu
Nova neste contexto faz com que estas regiões sejam até cerca de 2,10 Ga, momento em que registros da
altamente potenciais metalogeneticamente. fase colisional são evidentes em outros setores da
O Domínio Lourenço, proposto por Rosa- província, como no Bloco Amapá (Rosa-Costa et
-Costa, Chaves e Klein (2014), representa o terreno al., 2008a, 2008b).
paleoproetozoico que ocorre a norte do Bloco Ama- Isótopos de Nd indicam que estes granitoides
pá, estendendo-se por toda porção setentrional do de 2,12-2,10 Ga podem ser derivados de magmas
Estado do Amapá (Figura 2.2), em direção à Guiana juvenis paleoproterozoicos, mas com envolvimento
Francesa. Este terreno apresenta analogias com o de componentes crustais arqueanos (idades TDM(Nd)
Domínio Carecuru, especialmente pela ocorrência da variando entre 3,47 e 2,13 Ga, e ƐNd entre -15,37 e
30
Reserva Nacional do Cobre e Associados
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Informe de Recursos Minerais
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
A conjunção de critérios como aspectos de unidades arqueanas do Bloco Amapá e Domínio Paru
campo, conteúdo litológico, características petro- que ocorrem na área do projeto estão sintetizados
gráficas, padrão geomorfológico, assinatura geofí- na Tabela 3.1.
sica e idade, conduziram à individualização de 46
unidades litoestratigráficas na área do Projeto ARIM 3.1.1 Associação Gnáissica-Migmatítica
RENCA. Para estas unidades são mantidas designa- Mesoarqueana (Bloco Amapá)
ções adotadas em trabalhos anteriores (RICCI et al.,
2001; BARBOSA, CHAVES, 2015; VASQUEZ, ROSA-
-COSTA, 2008; etc), e estas aqui serão descritas de O Complexo Tumucumaque é a unidade de
forma bastante sintética, e agrupadas em associa- embasamento mais antiga conhecida da área do
ções tectônicas. projeto. Originalmente esta designação era utili-
Neste trabalho entende-se que uma asso- zada para englobar principalmente as faixas de ro-
ciação tectônica engloba um grupo de unidades chas gnáissicas migmatizadas e fortemente tecto-
litoestratigráficas que representam ambientes nizadas do sudeste do Escudo das Guianas (LIMA;
geotectônicos semelhantes, formadas em um OLIVEIRA; TASSINARI, 1982; MACHADO FILHO et
determinado intervalo de tempo, e que marcam al., 1986), mas a partir de Ricci et al. (2001) este
estágios evolutivos específicos. As associações complexo é entendido como uma unidade tectono-
tectônicas individualizadas estão agrupadas em estratigráfica com ocorrência restrita ao segmento
fragmentos arqueanos retrabalhados no Riaciano, crustal arqueano que posteriormente foi definido
orógeno riaciano, magmatismo intracontinental, como Bloco Amapá (ROSA-COSTA; LAFON; DELOR,
magmatismo intracontinental alcalino-ultramáfico 2006).
ediacarano, bacia intracratônica, magmatismo má- O Complexo Tumucumaque ocorre em uma
fico de margem divergente e coberturas superfi- faixa alongada segundo NW-SE na porção nordeste
ciais cenozoicas. da área, limitada por grandes zonas de cisalhamento
A figura 3.1 mostra o mapa geológico-geofísi- de mesma direção. Na área do projeto esta unida-
co da área do Projeto ARIM RENCA, com a distribui- de foi estudada em afloramentos ao longo dos rios
ção das unidades litoestratigráficas cartografadas, Cupixi e Riozinho, e do Igarapé Água Fria, onde aflo-
e compatível com o estado atual do conhecimen- ram ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, mais
to geológico da área, logo, sujeito a alterações na raramente graníticos, com biotita e hornblenda,
medida em que novos dados sejam obtidos. Este além de granitoides de composições semelhantes,
mapa representa uma versão simplificada da origi- fortemente deformados. Os gnaisses apresentam
nal elaborada em escala 1:250.000, disponível para bandamento bem definido e evidências de meta-
download no banco de dados corporativo da CPRM morfismo em fácies anfibolito, e são fraca a mode-
(http://geosgb.cprm.gov.br). radamente migmatizados (Figura 3.2). Ocorrem en-
claves máficos e lentes de anfibolitos concordantes
à foliação dos gnaisses e granitoides, que em geral
3.1 FRAGMENTOS ARQUEANOS
têm direção NW-SE, e localmente NNW-ESE, com
RETRABALHADOS NO RIACIANO mergulhos para NE a SW.
Foi obtida uma idade de 2849 ± 6 Ma (AVE-
Aqui estão incluídas as associações tectôni- LAR et al., 2003) em gnaisse tonalítico do Igarapé
cas que englobam uma ou mais unidades litoestra- Água Fria, afluente do Rio Amapari, sendo esta con-
tigráficas com idades meso- e neoarqueanas, que siderada uma idade de referência para o Complexo
representam a assembleia de embasamento do Blo- Tumucumque. Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014)
co Amapá e do Domínio Paru. Com relação ao Bloco dataram um biotita granodiorito deformado que
Amapá, deve-se destacar que há outras unidades li- aflora no Rio Amapari, e obtiveram uma idade se-
toestratigráficas arqueanas de embasamento, como melhante, de 2844 ± 2 Ma, interpretada como re-
o Gnaisse Porfírio (3,49 Ga), o Complexo Tartarugal presentando o magmatismo mesoarqueano de 2,85
Grande (2,60-2,67 Ga) e o Metagranitoide Pedra do Ga que caracteriza o Complexo Tumucumaque. Isó-
Meio (2,60 Ga) (ROSA-COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014), topos de Nd definem idades TDM entre 3,41 e 2,94
mas que não afloram na área do Projeto ARIM REN- Ga, com ƐNd entre +0,92 e -7,05 (SATO; TASSINARI,
CA, e por esta razão não serão abordadas neste ca- 1997; FARACO et al., 2004; ROSA-COSTA; CHAVES;
pítulo. Os dados geocronológicos disponíveis para as KLEIN, 2014).
33
Informe de Recursos Minerais
Tabela 3.1 - Dados geocronológicos para as unidades de embasamento arqueanas do Bloco Amapá e Domínio Paru.
Referências: 1 Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014), 2 Avelar et al. (2003); 3 Avelar (2002); 4 Faraco et al. (2004); 5 Sato
e Tassinari (1997); 6 Pimentel, Ferreira Filho e Spier, (2002); 7 Barbosa e Chaves. (2015); 8 Rosa-Costa, Lafon e Delor
(2006), 9 Rosa-Costa et al. (2009), 10 Rosa-Costa et al. (2003), 11 Rosa-Costa et al. (2008a), 12 Klein, Rosa-Costa e
Lafon (2003).
Domínio Idade
Unidade Litologia / Amostra TDM (Ga) εNd (t) Referência
Tectônico Zircão (Ma)
Biotita granodiorito foliado / LT-38 3,41 -7,05 2844 ± 2 1
Gnaisse tonalítico / CA17A 2,94 +1,01 2849 ± 6
2
Gnaisse tonalítico / CA19B 2,96 +0,92
Complexo Mobilizado granítico / CA17B 2130 ± 9 3
Tumucumaque Monzogranito milonítico / GP-280 3,01 4
Tonalito / EG02LP6 3,1
5
Tonalito / EG18AM28 3,06
Gnaisse / SM02 3,3 6
Granito Anauerapucu Biotita sienogranito / RN-06B 2,99 -0,57 2791 ± 23 7
Gnaisse enderbítico / MV-27A 3,19 -2,91 2790 ± 8 8
Complexo Leucossoma charnockítico / MV-27E 2091 ± 5 9
Jari-Guaribas Gnaisse enderbítico / JM-60 3,21 -3,97 2788 ± 2 8
Gnaisse enderbítico / MV-48 3,26 Ga -3,12 2797 ± 3* 8, 10
Granito Mungubas Biotita granito / JB-10A 2,97 Ga -2,78 2661 ± 9 11
Granito Riozinho Biotita-hornblenda sienogranito / JB-92 3,03 -2,49 2626 ± 5 11
Biotita gnaisse granodiorítico / LT-22 3,14 -5,94
Biotita gnaisse granodiorítico / LT-29A 3,04 -3,48
Biotita gnaisse granodiorítico / LT-39 3,15 -5,2 2605 ± 3
1
Bloco Biotita gnaisse monzogratítico / LT-134 3,01 -3,85
Amapá Biotita gnaisse granodiorítico / LT-165B 3,11 -4,06
Biotita gnaisse granodiorítico / LT-134 2632 ± 2
Complexo Guianense
Gnaisse granodiorítico / LT-11A 2,99 -1,95
Gnaisse monzogranítico / LT-126A 2,94 -1,87 2628 ± 2 8
Gnaisse tonalítico / LT-123A 2,92 -1,65
Gnaisse tonalítico / LT-40 2,83 -0,17 2652 ± 4 9
Metatonalito / LR-194 2,67 4
Gnaisse tonalítico / EK-47 3321 ± 11 12
Charnockito / MV-18A 3,01 -2,31 2656 ± 4
Mesopertita granito / LT-213 3,04 -1,65
Suíte Intrusiva
Mesopertita granito / LT-218 3,04 -1,86 2656 ± 4 8
Noucouru
Mesopertita granito / NR-39 2649 ± 2
Charnoenderbito / JM-07 2,99 -2,14 2605 ± 6
Complexo
Gnaisse granítico / MV-39B 3,12 -3,38 8
Baixo Mapari
Metapelito granulítico / NR-35 3,37
Metapelito granulítico / NR-49B 3,31
Complexo Iratapuru 11
Paragnaisse / JM-52A 3,20
Paragnaisse / JM-33 3,02
Paru Complexo Ananaí Gnaisse enderbítico / MV-70D 2,83 -1,16 2597 ± 4 9
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
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Informe de Recursos Minerais
Boas exposições são encontradas no leito do Rio Ira- nada, classificadas como formações ferríferas de fá-
tapuru, e em afloramentos acessados por helicópte- cies silicato e aluminosa, respectivamente.
ro à época do Projeto PROMIN RENCA. Este comple- As rochas deste complexo frequentemente
xo ocorre como faixas estreitas e alongadas segundo apresentam pervasiva foliação dúctil. As microtex-
a estruturação regional NW-SE, que por vezes dese- turas são porfiroblásticas, porfiroclásticas ou milo-
nham dobras, e ocorrem em íntima associação com níticas (Figura 3.4 C, D, E). Rosa-Costa (2006) des-
os complexos Jari-Guaribas e Baixo Mapari. Os prin- taca que a associação silimanita+feldspato alcalino
cipais litotipos são paragnaisses aluminosos (Figura e a presença de ortopiroxênio nos metapelitos são
3.4 A), com sillimanita+biotita±granada±cordierita, suficientes para indicar que o metamorfismo atingiu
metapelitos com biotita+granada+ortopiroxênio+si condições de fácies granulito, e que a associação
llimanita (Figura 3.4 B) e quartzitos com sillimanita granada+sillimanita+quartzo sugere temperaturas
ou granada. Os acessórios reúnem óxidos, zircão, de metamorfismo muito elevadas. Adicionalmen-
monazita, rutilo, e mais raramente grafita e espinélio te, estruturas coroníticas observadas em granadas
nos metapelitos. Ricci et al. (2001) descrevem rochas dos metapelitos, formadas por simplectitos de or-
ricas em quartzo, contendo clinopiroxênio, ou leitos topiroxênio e cordierita e anéis externos de ortopi-
contínuos de clinopiroxênio e porfiroblastos de gra- roxênio (Figura 3.4 F), são interpretadas por Rosa-
Figura 3.3 - Complexo Jari-Guaribas: (A) (B) Gnaisses granulíticos migmatizados. Em (A) a seta preta aponta para enclave
de granulito máfico e as setas vermelhas para neossomas quartzo-feldspáticos; (C) Enclaves de granulitos máficos (setas)
concordantes a foliação de granulito enderbítico; (D) Fotomicrografia exibindo textura granoblástica poligonal de granulito
máfico. Complexo Baixo Mapari; (E) Aspecto mesoscópico de gnaisse granítico bandado; (F) Fotomicrografia de gnaisse granítico
onde se vê plagioclásio antipertítico. Plg: plagioclásio, Opx: ortopiroxênio, Cpx: clinopiroxênio, Qtz: quartzo, Hb: hornblenda.
38
Reserva Nacional do Cobre e Associados
-Costa (2006) como registros da história regressiva A Suíte Intrusiva Noucouru, proposta por Ricci
do metamorfismo, e consideradas como indicativas et al. (2003), agrupa grandes plútons de granitoides,
de descompressão isotérmica pós-pico metamórfi- em geral alongados segundo NW-SE, que caracteris-
co (near-isothermal decompression – ITD, / Harley, ticamente apresentam elevados valores radiométri-
1989), associada a trajetórias horárias de pressão e cos no canal do eTh, baixa susceptibilidade magnéti-
temperatura. ca, além de relevo destacável em relação às unidades
Não há dados geocronológicos que assegurem adjacentes. É representada litologicamente por char-
a idade neoarqueana do Complexo Iratapuru. Rosa- nockitos, charnoenderbitos, enderbitos e mesoper-
-Costa et al. (2008a) obtiveram idades TDM (Nd) entre tita granitos. São granitoides de granulação média
3,37 e 3,20 Ga em paragnaisses e metapelitos, que a grossa, coloração cinza esverdeada, amarronzada
somadas a idades de zircões detríticos entre 2,92 e ou rosada, com feldspato alcalino tipicamente meso-
2,58 Ga, indicam que os protólitos sedimentares são pertítico, quartzo, plagioclásio antipertítico e biotita,
derivados de fontes arqueanas. Idades de 2,1 e 2,08 além de óxidos, zircão, apatita e allanita (Figura 3.5 A
Ga obtidas através de isócronas Sm-Nd (granada-ro- a D). Os tipos charnockíticos a enderbíticos apresen-
cha total) por estes autores são interpretadas como tam ainda ortopiroxênio (Figura 3.5 A), podendo con-
refletindo o pico do metamorfismo granulítico. ter clinopiroxênio, hornblenda e, esporadicamente,
Figura 3.4 - Complexo Iratapuru: (A) Paragnaisse aluminoso, com leitos ricos em granada (setas); (B) Aspecto de
metapelito aluminoso; (C) Textura porfiroblástica de metapelito granulítico, contendo granada+biotita+ortopiroxênio+
sillimanita; (D) Paragnaisse com textura milonítica; (E) Metapelito porfiroblástico com textura coronítica nas granadas,
com simplectitos de ortopiroxênio e cordierita e anel de ortopiroxênio. Grt: granada, Opx: ortopiroxênio, Bt: biotita, Sill:
sillimanita, Qtz: quartzo, Crd: cordierita.
39
Informe de Recursos Minerais
granada. São rochas com intensidades variáveis de dioríticos, trondhjemíticos e monzograníticos, além
deformação, exibindo por vezes foliação milonítica de granitos e tonalitos foliados. Os gnaisses são mé-
nas proximidades de grandes zonas de cisalhamento, dios a grossos, em diferentes tons de cinza, exibem
e ao microscópio exibem textura porfiroclástica e até conspícuo bandamento composicional, com inten-
texturas ígneas preservadas, estas últimas do tipo sidades variáveis de migmatização (Figura 3.6 A, B),
porfirítica (Figura 3.5 B) ou granular hipidiomórfica. e apresentam com frequência enclaves anfibolíticos
As idades obtidas em granitoides desta suíte variam aleitados concordantemente ao bandamento. Ocor-
entre 2656 ± 4 Ma e 2605 ± 6 Ma, e isótopos de Nd rem leucossomas quartzo-feldspáticos em leitos con-
mostram idades TDM entre 3,04 e 2,99, com ƐNd(T) de cordantes ou discordantes ao bandamento, por vezes
-2,31 a -1,86, revelando derivação a partir de fontes dobrados. Alguns gnaisses exibem texturas facoidais
crustais mesoarqueanas (RICCI et al., 2002; ROSA- (augen gnaisses) (Figura 3.6 C). Em domínios mais
-COSTA; LAFON; DELOR, 2006). migmatizados, são reconhecidas estruturas típicas
de rochas migmatíticas, como do tipo agmática,
nebulítica e estromatítica (Figura 3.6 D).
3.1.3 Associação Gnáissica-Migmatítica
Neoarqueana (Bloco Amapá) Sob o microscópio as texturas dominantes são
granolepidoblásticas, porfiroclásticas e miloníticas, e
os enclaves anfibolíticos são principalmente nema-
O Complexo Guianense, termo originalmente toblásticos. Localmente são registrados enclaves de
proposto por Lima et al. (1974) e redefinido por Ric- paragnaisses, com biotita, granada, cordierita e silli-
ci et al. (2001), designa um conjunto de ortognaisses manita. A paragênese metamórfica em equilíbrio dos
dominantemente ortoderivados, metamorfizados em gnaisses orto- e paraderivados, a migmatização e as
fácies anfibolito, migmatizados, cujos protólitos têm feições de reequilíbrio metamórfico (epidoto, clorita,
idades neoarqueanas, e engloba ainda granitoides muscovita/sericita, carbonato, titanita secundária e
deformados ainda não individualizados em unidades minerais opacos associados à transformações, prin-
específicas. Na área deste projeto ocorre em faixas cipalmente a partir da biotita, hornblenda e plagio-
alongadas segundo NW-SE e aflora em excelentes ex- clásio), demonstram que estas rochas foram subme-
posições no leito do Rio Jari. Os litotipos dominantes tidas a metamorfismo regional dínamo-termal sob
são gnaisses tonalíticos e granodioríticos, classifica- condições de fácies anfibolito alto, com retrometa-
dos em função de proporções modais variáveis de morfismo até a fácies xisto-verde.
plagioclásio, feldspato alcalino e quartzo, contendo Ortognaisses do Complexo Guianense datados
biotita e/ou hornblenda. Ocorrem também gnaisses dentro e fora da área deste projeto apresentaram
Figura 3.5 - Suíte Intrusiva Noucouru: (A) Charnockito deformado com veio quartzo-feldspático; (B) Textura porfirítica de
enderbito, com fenocristais de plagioclásio exibindo antipertitas; (C) Detalhe de plagioclásio antipertítico; (D) Granito
com fenocristal de feldspato alcalino mesopertítico, típico dos granitoides desta unidade. Plg: plagioclásio, Bt: biotita,
Hb: hornblenda, Opx: ortopiroxênio, Kfs: fesdspato alcalino
40
Reserva Nacional do Cobre e Associados
idades neoarqueanas, entre 2652 ± 4 e 2605 ± 3 Ma hipidiomórfica. A biotita é o mineral máfico presen-
(ROSA-COSTA et al., 2003; ROSA-COSTA et al., 2006; te. Fator decisivo para individualização do Grani-
ROSA-COSTA et al., 2014), que demonstram que esta to Anauerapucu foi a idade U-Pb de 2791 ± 23 Ma
unidade engloba rochas com idades variáveis em até obtida em biotita sienogranito (BARBOSA; CHAVES,
50 Ma. Foi registrada relíquia isolada de crosta ainda 2015), que posiciona o magmatismo que o define na
mais antiga na porção nordeste da área do projeto, transição Meso-Neoarqueano, portanto, mais antiga
não cartografável na escala de trabalho adotada, que o magmatismo neoarqueano (2,65-2,60 Ga) que
através da datação de gnaisse tonalítico em 3321 ± representa os protólitos dos gnaisses do Complexo
11 (KLEIN; ROSA-COSTA; LAFON, 2003). Idades TDM (Nd) Guianense. Os autores citados obtiveram na mesma
entre 3,14 e 2,83 Ga e ƐNd (T) de -5,94 a -0,17 indicam amostra datada, uma idade modelo TDM (Nd) de 2,99
que os magmas dos protólitos dos gnaisses derivam Ga, com ƐNd (T) = -0,57, indicando fontes mesoarquea-
de fontes mesoarqueanas. nas para o magma granítico.
O Granito Riozinho apresenta valores eleva-
3.1.4 Associação Granitoide Neoarqueana dos de radiação de eTh, é composto por sienogra-
(Bloco Amapá) nitos e monzogranitos de coloração rosa a cinza-es-
branquiçada, com deformação incipiente, e textura
equigranular, fina a média. Ao microscópio mostram
Esta associação é definida basicamente pelos textura granular hipidiomórfica, e mineralogia defini-
granitos Anauerapucu e Riozinho, ambos propostos da por microclínio, plagioclásio, quartzo, biotita, oca-
por Barbosa e Chaves (2015), para designar corpos sionalmente anfibólio, com opacos, zircão e epidoto
de granitoides individualizados a partir dos comple- como acessórios. Barbosa e Chaves (2015) obtiveram
xos gnáissico-migmatíticos Guianense e Tumucuma- uma idade U-Pb de 2626 ± 5 Ma em biotita-anfibólio
que, respectivamente. O Granito Anauerapucu está sienogranito, que também apresentou idade modelo
representado por um plúton localizado a nordeste da TDM de 3,03 Ga e ƐNd (T) = -2,49.
área que, segundo os autores citados, se distingue
das unidades adjacentes por apresentar valores mé- 3.1.5 Associação Granulítica Neoarqueana
dios a altos de radiação de eTh, sendo também bem (Domínio Paru)
marcado em imagem de composição ternária Th-eK-
-eU. Litologicamente é definido por sienogranitos e
monzogranitos, rosados e acinzentados de granula- O termo Complexo Ananaí foi introduzido por
ção média, deformação sutil, com moderada orienta- Ricci et al. (2001), em substituição à Suíte Metamór-
ção dos cristais, com microtexturas do tipo granular fica Ananaí de Jorge João et al. (1978), para designar
Figura 3.6 - (A) e (B) Aspecto geral dos ortognaisses do Complexo Guiananse, em geral migmatizados, com neossomas
quartzo-feldspáticos ressaltando o bandamento. (C) Augen gnaisse com ocelos de feldspato alcalino ou agregados
quartzo-feldspáticos; (D) Gnaisse migmatítico com estruturação estromatítica.
41
Informe de Recursos Minerais
rochas granulíticas que afloram no médio curso do clusivos nestas unidades que permitam considerá-las
Rio Paru. Nesta unidade prevalecem gnaisses en- inequivocamente como mais antigas que 2,26 Ga, mas
derbíticos/charnoenderbíticos e granulitos máficos. este limite mínimo de idade é sugerido com base em
Os gnaisses são finos a médios, acinzentados, cons- dados geocronológicos disponíveis, mesmo que ainda
picuamente bandados, com neossomas quartzo- imprecisos, ou em relações de campo.
-feldspáticos restritos ressaltando o bandamento. Os Optou-se neste trabalho por manter a individu-
granulitos máficos são rochas cinza escuras, de gra- alização dos grupos Vila Nova e Ipitinga em “Forma-
nulação fina, que ocorrem em leitos regulares, con- ções” com as mesmas designações utilizadas em pu-
tínuos e concordantes ao bandamento dos gnaisses blicações prévias, citadas ao longo do texto, o que não
(Figura 3.7A), ou ainda como corpos isolados com quer dizer necessariamente que revisões conceituais e
dezenas de metros de extensão, cujas relações de de nomenclatura não sejam necessárias, mas entende-
contato com os gnaisses são ainda desconhecidas. -se que estas fogem ao escopo principal deste projeto.
As microtexturas são granolepidoblástica, grano-
blástica poligonal ou porfiroclástica nos gnaisses, e a
mineralogia é definida por plagioclásio antipertítico,
quartzo, ortopiroxênio, clinopiroxênio, feldspato me-
sopertítico, opacos, apatita e zircão, podendo conter
ainda hornblenda e/ou biotita (Figura 3.7B). Os gra-
nulitos máficos têm textura granoblástica poligonal,
e são constituídos por plagioclásio, clinopiroxênio,
ortopiroxênio, hornblenda, quartzo, apatita e zircão,
com biotita esporádica (Figura 3.7C). A paragênese
metamórfica é semelhante àquela observada em gra-
nulitos do Complexo Jari-Guaribas, definida por orto
piroxênio+clinopiroxênio+plagioclásio+hornblenda, e
caracteriza condições de fácies granulito. Evidências
de que estes granulitos foram retrometamorfizados
até a fácies anfibolito e/ou xisto verde, são cristais de
piroxênio transformados para hornblenda, biotita ou
actinolita, além do plagioclásio alterado para sericita
(RICCI et al., 2001; ROSA-COSTA, 2006).
Um gnaisse enderbítico forneceu uma idade
média de 2597 ± 4 Ma, interpretada como idade de
cristalização do precursor ígneo, e idade TDM (Nd) de
2,83 Ga, com ƐNd (T) = -1,16 (Rosa-Costa et al., 2003;
ROSA-COSTA; LAFON; DELOR, 2006).
Esta associação é representada pelos grupos Figura 3.7 - Complexo Ananaí: (A) Gnaisse enderbítico
Vila Nova e Ipitinga, que designam as mais proemi- com bandamento proeminente, com leitos tabulares
nentes e metalogeneticamente relevantes unidades concordantes de granulitos máficos (setas); (B) Textura
metavulcanossedimentares da área para Au, Fe, Cu e granolepidoblástica em gnaisse charnoenderbítico, com
Mn. São definidas por grandes faixas supracrustais for- quartzo em cristais fortemente alongados; (C) Textura
temente controladas por zonas de cisalhamento NW- granoblástica com contatos poligonais em granulito
-SE, que extrapolam os limites da área deste projeto, e máfico. Plg: plagioclásio, Qtz: quartzo, Bt: biotita, Opx:
que marcam aproximadamente os limites norte e sul ortopiroxênio, Kfs: feldspato alcalino, Cpx: clinopiroxênio,
do Bloco Amapá. Não há dados geocronológicos con- Hb: hornblenda.
42
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Tabela 3.2 - Dados geocronológicos para as unidades orogênicas que ocorrem na área do projeto. Referências: 1
McReath e Faraco (2006), 2 Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014), 3 Avelar (2002), 4 Faraco et al. (2004), 5 Tavares (2009),
6 Rosa-Costa, Lafon e Delor (2006), 7 Rosa-Costa et al. (2003), 8 Barreto et al. (2013a), 9 Faraco et al. inédito ; 10
Vasquez e Lafon (2001).
(continua)
Idade
Associação TDM
Unidade Litologia / Amostra εNd (t) Zircão Referência
Tectônica (Ga)
(Ma)
Rocha metavulcânica máfica / S-183 2,35 +2,6 1
Grupo Ipitinga Rocha metavulcânica máfica / T3-37 2,37 +2,4 1
Rocha metavulcânica máfica / T2-1 2,26 +3,1 1
Actinolita xisto / LT-27 3,03 2
Anfibolito /LT- 90 2,98 2
Bacias relacionadas
a arcos magmáticos Anfibolito / CA-16 2,70 3
de 2,26 Ga ou mais Actinolita xisto / VB-R-87 2,85 4
antigos Grupo Vila Nova /
Anfibolito / ROB-35 2,23 + 3,14 5
Formação Jornal
Anfibolito / Rio Sucuriju 2,20 5
Anfibolito / ROB-26C 2,88 5
Anfibolito / ROB-28 2,31 5
Anfibolito / ROB-33 2,42 5
Bacias relacionadas Unidade Fazendinha Metadacito / LT-61A 2,49 -0,36 6
a arcos magmáticos
de 2,26 Ga ou mais Unidade
Rocha metavulcânica félsica / LT-182C 2,40 -0,20 6
jovens Treze de Maio
Granito Charuto Monzogranito fitado / LT-114 2218±3 6
Granito
Monzogranito / EK-89 2,30 +1,47 2185±4 6
Igarapé Cumaru
Gnaisse granodiorítico / MV-65A 2,45 +0,22 2191±2 6
Monzogranito / LT-177 2,46 -0,69 2177±3 6
Gnaisse tonalíticos / LT-202A 2,44 -0,15 2150±1 6, 7
Diorito / LT-76 2,5 -0,84 2140±1 6, 7
Suíte Intrusiva Gnaise trondhjemítico / LT-191 A 2,32 +1,17 2141±2 6
Carecuru Diorito porfirítico / LT-193 2,28 +1,63 2139±2 6
Gnaisse diorítico / LT-196B 2,43 -0,15 6
Suítes e corpos
plutônicos Gnaisse granodiorítico / LT-206 A 2,38 -0,58 6
pré-colisionais Monzogranito / LT-201 2,40 -0,51 6
Tonalito / HD-99 2,40 4
Feldspato alcalino granito / MV-02 2146 ± 3 7
Alaskito Urucupatá
Alaskito / MV-07 2,48 -0,77 6
Monzogranito protomilonítico / VB-93 A - - 2124 ± 21 4
Biotita monzogranito / LT-78 2,88 -7,33 (2,12)* 8
Metagranito Biotita monzogranito / LT-79 3,00 -10,54 (2,12) 2
Sucuriju Bitita granodiorito / LT-123 2,89 -4,07 (2,12) 2
Granodiorito / 05ROB37 2,32 + 1,96 5
Granodiorito / 05ROB38 2,83 – 3,91 5
Magmatismo
orogênico Metadiorito Dico Metagabro / HA-112A 2,46 9
máfico-ultramáfico
Granito Paru Sienogranito / LT-207B 2,83 − 6,61 2098±2 6
Charnockito / MV-71A 2,68 -5,89 6
Suíte Intrusiva
Charnockito / LT-185 A 2,61 -4,80 2074±5 6
Suítes e corpos Igarapé Urucu
plutônicos Charnockito / MV-68 A 2,63 -5,51 6
colisionais a tardi- Sienogranito / TF-08C 3,07 2065±33 4
orogênicos
Suíte Intrusiva Monzogranito / JM-25 2,45 -2,51 2049±2 6
Igarapé Careta Sienogranito / LT-17 2,52 -2,42 2030±2 6
Metamonzogranito / TF-51A 2,96 4
43
Informe de Recursos Minerais
Tabela 3.2 - Dados geocronológicos para as unidades orogênicas que ocorrem na área do projeto. Referências: 1 McReath e
Faraco (2006), 2 Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014), 3 Avelar (2002), 4 Faraco et al. (2004), 5 Tavares (2009), 6 Rosa-Costa,
Lafon e Delor (2006), 7 Rosa-Costa et al. (2003), 8 Barreto et al. (2013), 9 Faraco et al. inédito, 10 Vasquez e Lafon (2001).
(conclusão)
Idade
Associação TDM
Unidade Litologia / Amostra εNd (t) Zircão Referência
Tectônica (Ga)
(Ma)
Biotita monzogranito / LT-11 3,07 -11,01 2
Biotita monzogranito / LT-74 3,68 -14,54 2025 ± 17 2, 8
Leucosienogranito / LT-73 2,66 -3,67 2
Granito Monzogranito / CN-37 3,05 4
Carrapatinho Monzogranito / JJ-07 2,52 4
Suítes e corpos Monzogranito / CN-109 2,73 4
plutônicos
Monzogranito / TF-28A 2,49 4
colisionais a tardi-
orogênicos Monzogranito / LR-182 2,49 4
Monzogranito / CN-37 3,05 4
Monzogranito / JJ-07 2,52 4
Granitoides
Monzogranito / CN-109 2,73 4
Indiferenciados
Monzogranito / TF-28A 2,49 4
Monzogranito / LR-182 2,49 4
O Grupo Ipitinga foi proposto por Ricci et al. avermelhadas ricas em granada almandínica, e ban-
(2001) para designar o cinturão metavulcanossedi- das esverdeadas com hastingsita e grunerita (Figura
mentar de relevo destacado, que definem a Serra do 3.9 D). Ricci et al. (2001) as descrevem como rochas
Ipitinga, posicionada no limite do Bloco Amapá com formadas por quartzo e cumingtonita, com variáveis
o Domínio Carecuru, e propõem a individualização quantidades de hematita e magnetita. São descritos
deste Grupo nas formações Igarapé do Inferno, Iga- ainda cherts (Figura 3.10) e quartzitos ferruginosos.
rapé dos Patos e Igarapé Fé em Deus, em alusão às A Formação Igarapé Fé em Deus, cuja toponí-
drenagens homônimas, afluentes da margem direita mia foi herdada do Quartzito Fé em Deus, de Jorge
do Rio Ipitinga. João et al. (1978), foi proposta por Ricci et al. (2001)
A Formação Igarapé do Inferno agrupa rochas para designar as rochas metassedimentares clásti-
metamáficas e metaultramáficas, de granulação fina, cas, exemplificadas por quartzitos puros, muscovita-
cinza escuras a cinza esverdeadas, em geral com fo- -quartzo xistos, clorita-muscovita-quartzo xistos,
liação fina e pervasiva, petrograficamente caracteri- clorita-biotita-muscovita-quartzo xistos e muscovita-
zadas como anfibolitos, actinolita xistos, actinolita- -quartzo-sericita xistos (Figura 3.11 A, B). São descri-
-tremolita xistos, quartzo-clorita-actinolita xistos, tos ainda quartzitos com turmalina, rochas metasse-
cumingtonita xistos, talco-actinolita xistos, talco- dimentares xistosas com mineralogia diversificada
-cordierita-antofilita xistos e tremolita-talco xistos (com quartzo, biotita, muscovita, cordierita, clorita,
(MARINHO; FARIA, 1982; Ricci et al., 2001; Jorge andaluzita, plagioclásio, turmalina, cianita) (JORGE
JoÃO et al., 1978) (Figura 3.8). Faraco (1997) descre- JOÃO et al., 1978; FARACO, 1997).
ve ainda metatufos com clinopiroxênio, epidositos, A individualização e cartografia das formações
metabasaltos, metapiroxenitos, rochas a cordierita- Igarapé do Inferno, Igarapé dos Patos e Igarapé Fé
-antofilita, sendo que alguns litotipos foram observa- em Deus é feita de forma tentativa, visto que traba-
dos apenas em furos de sondagem. lhos de cartografia realizados em escala de maior de-
A Formação Igarapé dos Patos foi proposta talhe na Serra do Ipitinga (MELO; PINHEIRO; LOBATO,
para agrupar as rochas derivadas de sedimentação 1985; FARACO, 1997) demonstram que é comum a
químico-exalativa, sobretudo formações ferríferas intercalação de rochas que caracterizam estas forma-
bandadas, fácies óxido e silicato (Ricci et al., 2001; ções, não sendo possível individualizar na escala de
Faraco, 1997). As primeiras são avermelhadas, fi- trabalho adotada neste projeto.
namente bandadas, com mineralogia a base de qua As faixas supracrustais do Grupo Ipitinga têm
rtzo+hematita+magnetita+goethita, com grunerita e forte controle estrutural através de zonas de cisalha-
actinolita (mais raramente feldspato potássico) nas mento que definem o Lineamento Ipitinga, e estas
bandas mais quartzosas (Figura 3.9 A a C). Faraco em geral apresentam foliação bem marcada, por ve-
(1997) classificou estas rochas como hematita-quart- zes milonítica, com direção geral NW-SE e modera-
zo xistos, hematita-grunerita xistos, feldspato-gru- dos a altos ângulos de mergulho, para NE ou SW. Foi
nerita-hematita-quartzo xistos, feldspato-grunerita delineada uma estrutura anticlinal, com fechamento
xistos, feldspato-hematita-quartzo xistos e actino- na altura do Igarapé Fé em Deus. O metamorfismo
lita-grunerita-hematita-quartzo xistos à magnetita. dínamo-termal varia de xisto verde a anfibolito (RICCI
Esta autora descreve as formações ferríferas de fá- et al., 2001; FARACO, 1997). Faraco (1997) considera
cies silicato como rochas compostas por bandas que as rochas metamáficas-metaultramáficas têm
44
Reserva Nacional do Cobre e Associados
assinaturas dominantemente toleíticas, e até koma- Vila Nova, e que, segundo Rosa-Costa, Lafon e Delor
tiíticas, cuja gênese estaria relacionada a um centro (2006), baliza o limite setentrional do Bloco Amapá.
de expansão de fundo oceânico, em um ambiente de Trabalhos posteriores de cartografia geológica
bacia retroarco formada no Paleoproterozoico. Uma no Grupo Vila Nova na região do entorno da Serra do
errócrona Sm-Nd obtida em rochas metamáficas for- Navio e da confluência dos rios Amapari e Araguari
neceu a idade de 2267 ± 66 Ma (MCReath; Faraco, (Rosa-Costa; chaves; klein, 2014; Barbosa;
2006) que, embora imprecisa, atribui uma evolução chaves, 2015), a leste da área deste projeto, rein-
paleoproetrozoica para esta sequência. troduziram à literatura as designações Jornal, Santa
O Grupo Vila Nova foi proposto inicialmen- Maria do Vila Nova e Serra do Navio, utilizadas nos
te por Lima et al. (1974), em substituição à Série trabalhos precursores realizados naquela área (Scar-
Vila Nova de Ackermann (1948), para designar co- pelli, 1973; Nagell, 1962). No entanto, para a fai-
letivamente as faixas de rochas metavulcanossedi- xa metavulcanossedimentar da região do Rio Cupixi/
mentares, que se estendem por todo o estado do Serra das Coambas, Barbosa e Chaves (2015) manti-
Amapá e no noroeste do Pará. Ricci et al. (2001) veram as designações Formação Serra das Coambas
restringiram o uso do termo para agrupar a sequên- e Formação Igarapé Araújo (Ricci et al., 2001) para
cia metavulcanossedimentar que se distribui como definir as sequências metassedimentar e metamá-
uma faixa NW-SE, que tem como seção-tipo o Rio fica-ultramáfica, respectivamente, que integram o
Figura 3.8 - Exemplo de rochas máficas da Formação Igarapé do Inferno, observadas em afloramentos do Rio Ipitinga (A)
e Igarapé do Inferno (B). Notar foliação bem definida e de alto ângulo; (C) e (D) Fotomicrografias de anfibolito exibindo
típica textura nematoblástica; (E) e (F) Actinolita xisto exibindo cristais lamelares de anfibólio actinolítico orientados e
bem desenvolvidos. C e E em luz natural, D e F em nicois cruzados. Plg: plagioclásio, Hb: hornblenda, Act: actinolita.
45
Informe de Recursos Minerais
Grupo Vila Nova. Neste trabalho é proposto o aban- Grupo Vila Nova na literatura ainda são controversas.
dono do termo Formação Igarapé Araújo, cujo conte- McReath e Faraco (2006) admitem uma evolução em
údo litológico é semelhante ao da Formação Jornal, margem continental passiva/centros de expansão de
evitando-se com isso que duas unidades represen- assoalho oceânico, enquanto Tavares (2009) evocam
tem associações litológicas e significado estratigráfi- ambiente extensional em bacias retroarco, portanto,
co semelhante. Deste modo, para a associação me- ao longo de margens construtivas.
tamáfica-ultramáfica que definiu a Formação Igarapé
Araújo na área deste projeto, passa-se a utilizar o
3.2.2 Bacias Relacionadas a Arcos Magmáticos
também termo Formação Jornal.
≤ 2,26 Ga
A Formação Jornal está representada no ex-
tremo nordeste da área, em faixas cartografadas
por Barbosa et al. (2015), na margem direita do Rio Nesta associação estão inseridas as unidades Fa-
Amapari, assim como na região do Cupixi, em faixa zendinha, Treze de Maio e Serra Cuiapocu, além da Uni-
estreita na porção mais oriental, no sopé da Serra dade Serra Samaúma, todas propostas por Ricci et al.
das Coambas. Nestes setores foram registrados ba- (2001). As três primeiras ocorrem no Domínio Carecu-
sicamente anfibolitos e actinolita xistos. No entanto, ru, e são representadas por faixas alongadas segundo
Barros et al. (1984) descrevem ainda, na faixa do se- NW-SE, intimamente associadas a (meta)granitoides
tor da Serra das Coambas, xistos ultramáficos, meta- da Suíte Intrusiva Carecuru, datados entre 2,19 e 2,14
peridotitos e metapiroxenitos. Ga, com evolução relacionada à fase pré-colisional (ou
A Formação Serra do Navio formalizada por acrescionária), em contexto de arcos magmáticos em
Barbosa e Chaves (2015), deriva da denominação Gru- margem continental arqueana (ROSA-COSTA, 2006;
po Serra do Navio, de Nagell (1962) e Scarpelli (1973). ROSA-COSTA; LAFON; DELOR, 2006). Desta forma,
Na área deste projeto está representada pela extre- entende-se que estes dois conjuntos litológicos (meta-
midade nordeste de uma faixa cartografada na Folha vulcanossedimentar e granitoide) são cronocorrelatos,
Macapá, por Barbosa e Chaves (2015). Segundo Scar- e definem uma associação tipo granitoide-greenstone
pelli1 (informação verbal), neste setor ocorrem rochas evoluída em ambiente de arco magmático. Estas uni-
metassedimentares clásticas e químicas, como biotita dades supracrustais se distinguem dos grupos Vila
xistos, grafita xistos, sericita-quartzo xistos, granada- Nova e Ipitinga, também por serem constituídas do-
-andalusita-biotita xistos, calco-xistos, metacherts, minantemente por rochas metavulcânicas, com raras
lentes de mármores cálcicos e, como protominérios ocorrências conhecidas de rochas metassedimentares
dos depósitos de óxidos de manganês, lentes de már- clásticas e químico-exalativas. Na Unidade Fazendinha
mores manganesíferos e gonditos. Na Formação Serra dominam actinolita xistos e anfibolitos, que definem a
das Coambas dominam rochas metassedimentares Litofácies 1, de natureza metamáfica, contendo ainda
clásticas, como quartzitos (com magnetita, fucsita, metadacitos, litotipo dominante na Litofácies 2, que
sillimanita), xistos ferruginosos, grafitosos e mangane- também inclui mica xistos, xistos máficos e anfibolitos.
síferos, granada-mica xistos, com subordinados meta- São rochas de granulação fina a afaníticas, cinza, cinza
cherts, clorita xistos e formações ferríferas (Barros esverdeadas e cinza amarronzadas. Nos metadacitos
et al., 1984; SCARPELLI1, informação verbal). a foliação não é tão evidente, por vezes se reconhece
A idade mínima do Grupo Vila Nova é inferi- uma textura magmática microporfirítica, enquando os
da pela idade de 2262 ± 1,6 Ma (BARRETO; LAFON; xistos máficos e anfibolitos são conspicuamente folia-
ROSA-COSTA, 2009) obtida em plúton do Diorito Rio dos (Figura 3.12).
Santo Antônio intrusivo nesta sequência, localizado a Na Unidade Treze de Maio foram individualiza-
nordeste, fora dos limites da área de trabalho. Idades das as litofácies 1 e 2, sendo que a Litofácies 1 é am-
isocrônicas Sm-Nd (granada-rocha total) de 2087 ± plamente dominante e engloba anfibolitos, actinolita
22 e 2059 ± 15 Ma, fornecidas por granada anfiboli- xistos, talco-actinolita xistos e subordinadamente ro-
to e xisto paraderivado, são interpretadas como ida- chas metavulcânicas félsicas, intermediárias e ácidas, e
des de metamorfismo (PIMENTEL; FERREIRA FILHO; quartzitos pontuais. São rochas finamente foliadas, por
SPIER, 2002; TAVARES, 2009). Idades modelo TDM va- vezes miloníticas (Figura 3.13). A faixa que representa a
riam entre 3,03 e 2,20 Ga (FARACO et al., 2004; TA- Litofácies 2 foi individualizada com base na assinatura
VARES, 2009; ROSA-COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014), as geofísica (mais alta radiação nos três radioelementos
quais devem ser interpretadas com cautela, pois as K, eTh, eU), que contrasta com a da Litofácies 1 (carac-
razões 147Sm/144Nd obtidas são características de ro- teristicamente com baixa radiação gamma). Uma ocor-
chas que sofreram algum fracionamento químico da rência de BIF na Litofácies 2 foi registrada no Garimpo
razão Sm/Nd. Tavares (2009) analisou rochas parade- do Limão. O desenvolvimento de crostas lateríticas é
rivadas do Grupo Vila Nova, na região de Serra do Na- notável sobre rochas da Litofácies 1.
vio, que forneceram idades modelo TDM entre 2,80 e A Unidade Serra Cuiapocu, que sustenta a
2,40 Ga, com predomínio de idades siderianas. Rosa- serra homônima, é dominantemente máfica, repre-
-Costa, Chaves e Klein (2014) consideram que a análi- sentada basicamente por anfibolitos e xistos actinolí-
se global das idades TDM apontam para uma idade pa- ticos, com ocorrência muito restrita de quartzitos pu-
leoproterozoica para a formação do Grupo Vila Nova. ros e ferruginosos. As metamáficas são rochas finas,
As discussões sobre o ambiente de formação para o cinza escuras a cinza esverdeadas, conspicuamente
1 Wilson Scarpelli. Informações cedidas à Lúcia Travassos da Rosa-
foliadas, com finos leitos quartzosos ou quartzo-fel-
Costa. Belém, jul. 2017. dspáticos concordantes à foliação (Figura 3.14).
47
Informe de Recursos Minerais
Figura 3.13 - Actinolita xisto observado em afloramento do leito do Rio Paru (A) e sob o microscópio (B), em luz natural,
que registra pervasiva foliação. Metadacito com textura glomeroporfirítica, com milonitização superposta, em luz
natural (C) e nicois cruzados (D). Plg: plagioclásio.
48
Reserva Nacional do Cobre e Associados
49
Informe de Recursos Minerais
Figura 3.15 – Exemplos de tonalitos da Suíte Intrusiva Carecuru, sutilmente deformado (A) e conspicuamente foliado
(B). As setas apontam para enclaves dioríticos que ocorrem com forma elíptica ou fortemente alongada, conforme a
intensidade de deformação. Aspecto microtextural de biotita-hornblenda tonalito (C) e diorito (D). (E) e (F) exibem
tipos gnáissicos, com bandamento ressaltado por neossomas quartzo-feldspáticos (C) ou por injeções concordantes de
granitos mais jovens (D) (setas). Plg: plagioclásio, Hb: hornblenda, Qtz: quartzo.
50
Reserva Nacional do Cobre e Associados
plexo Máfico-Ultramáfico Bacuri, datado em 2,22 Ga 3.2.5 Suítes e Corpos Plutônicos Colisionais a
(PIMENTEL; FERREIRA FILHO; SPIER, 2002). Diante Tardi-Orogênicos
da inexistência de dados geocronológicos, admite-se
este magmatismo como relacionado à orogênese ria-
ciana, possivelmente associado à fase pré-colisional Nesta associação estão inseridas unidades
(acrescionária). granitoides datadas entre 2,1 Ga e 2,03 Ga. O pe-
ríodo entre 2,10 e 2,08 Ga, segundo Rosa-Costa et
A unidade informal Máficas-Ultramáficas Indi-
al. (2009), marca a idade de pico do metamorfismo
ferenciadas é utilizada para designar corpos delimi-
registrado na assembleia de embasamento de alto
tados a partir da interpretação de imagens aerogeofí-
grau do Bloco Amapá, que é entendido por estes au-
sicas, que se caracterizam por anomalias magnéticas
tores como comtemporâneo ao desenvolvimento de
de amplitudes elevadas e baixa concentração de ra-
um sistema de cavalgamento, relacionado à fase co-
dioelementos. O corpo que ocorre a oeste da unida- lisional da orogênese riaciana. O Granito Paru, com
de metavulcanossedimentar Fazendinha, apresenta idade mínima estimada em 2098 ± 2 Ma (ROSA-COS-
ainda relevo destacado. TA; LAFON; DELOR, 2006), é o único corpo datado
na área do projeto cronocorrelato à fase colisional.
Trata-se de um plúton intrusivo na Suíte Intrusiva Ca-
recuru, sendo frequente a presença de xenólitos des-
ta suíte (Figura 3.18 A), com bons afloramentos no
médio curso do Rio Paru. São descritos sienogranitos
equigranulares, com foliação incipiente a bem defi-
nida (Figura 3.18 B). Uma idade TDM de 2,82 Ga, com
ƐNd = -6,45 indicam que, embora esteja localizado em
domínio paleopreoterozoico, no magma precursor
desta unidade houve participação de componentes
arqueanos.
A Suíte Intrusiva Igarapé Urucu foi proposta
por Ricci et al. (2001) para agrupar os diversos maci-
ços de granitoides, incluindo charnockitos, intrusivos
em gnaisses de alto grau arqueanos do Complexo
Ananaí, no Domínio Paru. Esta unidade compreende
basicamente charnockitos e granitos, com granula-
ção média a grossa, de coloração castanho-acinzen-
tada, rosada e esverdeada. São rochas que, de acordo
com a intensidade de deformação, apresentam tex-
turas ígneas preservadas, por vezes exibindo feição
de fluxo magmático definida por porfirocristais de
feldspato alcalino alinhados, ou apresentam foliação
protomilonítica a milonítica superposta à estrutura-
ção ígnea primária (Figura 3.19 A, B). Apresentam
xenólitos de granulitos do Complexo Ananaí (Figura
3.19 C). A mineralogia destes granitoides é à base de
feldspato alcalino mesopertítico, quartzo, plagioclá-
sio antipertítico, hornblenda e biotita, sendo que os
tipos charnockíticos têm ainda clinoproxênio e orto-
piroxênio (Figura 3.19 D).
51
Informe de Recursos Minerais
Figura 3.19 - Suíte Intrusiva Igarapé Urucu: (A) Alinhamento de cristais tabulares de feldspato alcalino; (B) Fenocristais
amendoados de feldspato alcalino em charnockito protomilonítico; (C) Xenólito de granulito do Complexo Ananaí; (D)
Associação de feldspato alcalino mesopertítico e clinopiroxênio em charnockito. Cpx: clinopiroxênio, Kfs: feldspato alcalino.
52
Reserva Nacional do Cobre e Associados
casos há apenas uma sutil deformação. Três corpos estágio pós-colisional/tardi-orogenético. Neste mes-
datados forneceram idades de 2065 ± 33 Ma (Fara- mo corpo datado, Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014)
co et al., 2004), 2049 ± 2 Ma e 2030 ± 2 Ma, com ida- obtiveram TDM arqueanas (3,68 a 2,66 Ga), e valores
des TDM de 3,07 Ga, 2,45 Ga e 2,52 Ga (ROSA-COSTA; de ƐNd (T) negativos (-14,35, a -3,67), evidenciando que
LAFON; DELOR, 2006). a origem dos magmas envolve retrabalhamento de
O Granito Carrapatinho foi definido por Rosa- rochas arqueanas.
-Costa, Chaves e Klein (2014) para designar vários A unidade informal Granitoides Indiferen-
plútons de granitos peraluminosos, com caracte- ciados está sendo aplicada para designar diversos
rísticas de granitos tipo-S, na porção sul da Folha plútons de granitoides que ocorrem na área, com
Rio Araguari, sendo que um deles se estende para formas e dimensões variáveis, supostamente pale-
a área deste projeto, na porção nordeste, intrusi- oproterozoicos, cujos dados disponíveis, bastante
vo no Grupo Vila Nova. Esta unidade passa a in- restritos, não permitem ainda associá-los a unida-
corporar também o Granito Igarapé Castanhal, de des formais. Em alguns corpos há dados de campo
Ricci et al. (2001), visto que este último apresenta e petrográficos, onde foram caracterizados principal-
características semelhantes às dos granitos pera- mente monzo e sienogranitos, com biotita, ou com
luminosos. Na área deste trabalho há informações biotita e muscovita, equigranulares a porfiríticos, su-
apenas no corpo anteriormente descrito como Iga- tilmente deformados a francamente miloníticos. Ou-
rapé Castanhal, onde foram registrados granitos com tros corpos foram individualizados apenas com base
biotita+muscovita, ou com biotita+granada, em geral na interpretação de imagens aerogeofísicas e produ-
protomiloníticos. No entanto, na área tipo do Granito tos de sensores remotos. Idades modelo TDM foram
Carrapatinho, Rosa-Costa, Chaves e Klein (2014) des- obtidas em alguns corpos na área deste projeto, que
crevem monzogranitos com diferentes associações variam entre 3,05 e 2,49 Ga (Faraco et al., 2004).
de minerais aluminosos, com bitotita+muscovita,
biotita+granada, biotita+muscovita+granada, bioti- 3.3 MAGMATISMO INTRACONTINENTAL
ta +cordierita+granada e biotita+cordierita, além de
granodioritos com biotita e cordierita. Apresentam-
-se fracamente deformados, até miloníticos e forte- Aqui estão agrupadas associações de rochas
mente controlados por transcorrências. Barreto et al. plutônicas e vulcânicas cuja formação ocorreu em
(2013a) obtiveram uma idade 2025 ± 17 Ma em um contexto anorogênico, intracontinental, no Orosi-
plúton localizado na Folha Rio Araguari, interpreta- riano e no Estateriano, portanto, sem relação com o
da como idade mínima, mas que permite entender evento orogenético riaciano.
a evolução deste magmatismo como relacionada a
3.3.1 Rochas Plutônicas e Vulcânicas
Intracontinentais Orosirianas
53
Informe de Recursos Minerais
são agrupados na Suíte Intrusiva Mapuera (melo et enquanto que nos mapas radiométricos apresentam
al., 1978), onde ocorrem dominantemente granitos assinaturas distintas, evidentes no canal do eTh, onde
e feldspato-alcalino granitos, com subordinados gra- o corpo Maicuru apresenta altos valores, em contraste
nodioritos, com assinatura química típica de granitos com o corpo Maraconaí, de baixa radiação.
tipo-A, e idades variando entre 1,89 e 1,86 Ga (LE- O Complexo Serra de Maicuru é representado
NHARO, 1998; SANTOS et al., 2002; SANTOS, 2003; por um corpo ovalado que define a serra homônima,
ALMEIDA, 2006; VALÉRIO, 2006; FERRON et al., 2006, com topo aplainado por platô laterítico, onde foram
2010; LEAL, 2015). cubadas reservas de P2O5 e TiO2 (vide Capítulo 7). É
entendido como um complexo alcalino-ultrabásico-
3.3.2 Corpos Plutônicos Alcalinos -carbonatítico, constituído principalmente por clino-
Intracontinentais Estaterianos piroxenitos (de natureza kamafugítica), com dunitos
e sienitos subordinados, além de pequenos corpos
intrusivos de carbonatitos e fosforitos (COSTA et al.,
Manifestações plutônicas de idades estaterianas 1991; Lemos; Gaspar, 2002; Lemos; Quadros,
cartografadas na área são representadas pelo Granito 1992). O posicionamento no Neoproterozoico se ba-
Uaiãpi e Alcalinas Camaipi. O Granito Uaiãpi foi pro- seia em datação Rb-Sr que forneceu idade de 589 ±
posto por Ricci et al. (2001) para agrupar um conjunto 18 Ma (COSTA et al., 1991). Mais recentemente Le-
de plútons graníticos circunscritos, com características mos e Gaspar (2002) apresentaram a idade de 612
de granitos tipo-A, que apresentam relevo destacado Ma (método de datação não informado) como sendo
e alta radiação gama nos três canais (K, eTh, eU), e a idade do magmatismo kamafungítico de Maicu-
seccionam unidades arqueanas e paleoproterozoi- ru, associando-o a outros eventos semelhantes que
cas. Dados de campo existem em apenas dois corpos, ocorreram no final do ciclo orogênico Brasiliano em
aquele posicionado entre os rios Paru e Ipitinga e em várias regiões do Brasil. O Complexo Maraconaí tem
um dos corpos localizados na porção centro-norte, na natureza alcalina-ultrabásica, composto por peridoti-
margem esquerda do Rio Mapari, na área da Terra In- tos e piroxenitos serpentinizados, além de pequenos
digena Waiãpi. Os autores citados descrevem granitos corpos de sienitos, nordmarkitos e granitos alcalinos,
isotrópicos, equigranulares a porfiríticos, por vezes segundo Fonseca e Rigon (1984). Estes autores suge-
exibindo textura rapakivi. Vasquez e Lafon (2001) ob- rem que este corpo seja do tipo carbonatítico e/ou
tiveram uma idade de 1753 ± 3 Ma em um hastingsita kimberlítico, devido a ococrrência de veios carbona-
granito, e consideram que este magmatismo marca títicos com texturas semelhantes às das rochas lam-
um evento extensional intraplaca na porção oriental profísiras, e da presença de minerais como apatita,
do Escudo das Guianas. O termo Alcalinas Mapari foi perovskita, granada andradita e ilmenita magnesia-
introduzido por Lima et al. (1974) para designar uma na nas rochas ultrabásicas. Este corpo apresenta-se
série de plútons alcalinos circulares cartografados na parcialmente encoberto por um espesso perfil de
margem esquerda do Rio Mapari, onde registraram intemperismo, onde foi registrado enriquecimento
a ocorrência de sienitos, que no mapa atual estão in- supergênico em Fe2O3 e TiO2 (Oliveira; FONSECA;
corporados à area de plúton do Granito Uaiãpi; e na OLIVEIRA, 1988), discutido no Capítulo 7.
região entre os rios Ipitinga e Paru, estes individuali-
zados com base na interpretação de imagens de radar. 3.5 BACIA INTRACRATÔNICA (BACIA DO
No mapa deste projeto dois corpos são cartografados
AMAZONAS)
e atribuídos à unidade Alcalinas Mapari, também com
base em interpretações de sensores remotos, incluin-
do imagens geofisicas, e sem informações de campo. A Bacia do Amazonas possui uma área de
Estão localizados na porção leste da área, a sul no rio aproximadamente 500.000 km², abrangendo parte
Camaipi, intrusivo no Complexo Guianense, e na re- dos estados do Amazonas e Pará. Possui o eixo maior
gião entre os rios Ipitinga e Paru, intrusivo na Unidade orientado na direção ENE-WSW, encaixada entre os
Treze de Maio. Ambos são marcados por anomalias escudos do Brasil Central, ao sul, e das Guianas, ao
magnéticas, sendo mais expressiva a do corpo a leste, norte, limitada a leste e a oeste pelos arcos regionais
baixa radiação nos três canais (K, eTh, eU), e por suave de Gurupá e Purus, que separam a Bacia do Amazo-
expressão de relevo. nas das bacias do Marajó e do Solimões, respectiva-
mente. A porção sudoeste da área do Projeto ARIM
3.4 MAGMATISMO INTRACONTINENTAL RENCA engloba parte da borda nordeste desta bacia,
ALCALINO EDIACARANO onde estão representados o Grupo Trombetas (uni-
dade indivisa), as formações Maecuru e Ererê, do
Grupo Urupadi, as formações Barreirinha e Curiri, do
Esta associação reúne os corpos Maicuru e Ma- Grupo Curuá, e a Formação Alter do Chão, inserida
raconaí, que fazem parte de uma série de manifesta- no Grupo Javari.
ções magmáticas intracontinentais de idade neoprote-
rozoica, alojadas em contexto de tectônica distensiva 3.5.1 Formações Paleozoicas
responsável pelo rifteamento a partir do qual evoluiu a
Bacia do Amazonas (VASQUEZ et al., 2008). Estes cor-
pos são marcados por relevo destacável, expressivas O Grupo Trombetas representa o estágio ini-
anomalias magnéticas, isoladas e de alta amplitude, cial de deposição da Bacia do Amazonas (Ludwig,
54
Reserva Nacional do Cobre e Associados
1964), constituído pelas formações Autás-Mirim, Caputo (1984) para designar folhelhos cinza escuros,
Nhamundá, Pitinga e Manacapuru e elevadas a hie- físseis e carbonosos da base do Grupo Curuá, que se
rarquia de formações por Cunha et al. (1994). Cunha, depositaram em uma seção condensada de ambien-
Melo e Silva (2007), elevaram o Membro Jatapu da te marinho distal e euxínico. Também estão presen-
Formação Maecuru à condição de formação (Forma- tes na base da sucessão, porém menos comumente,
ção Jatapu) e a incluíram como a unidade superior interdigitações de siltitos micáceos e arenitos finos,
do Grupo Trombetas. Trata-se de uma sequência apresentando laminações cruzadas a onduladas (Lo-
Ordoviciana-Devoniana que registra o estágio inicial boziak et al., 1997; Cunha; MELO; SILVA, 2007).
de deposição na sinéclise, de caráter transgressiva- A idade neodevoniana (Andar Frasniano) foi basea-
-regressiva, depositada durante a glaciação do final da na presença de palinomorfos (Daemon; Con-
do Ordoviciano com a alternância de sedimentos gla- treiras, 1971). A Formação Curiri (LANGE, 1967)
ciais e marinhos. São essencialmente siltitos, folhe- é constituída essencialmente por diamictitos, além
lhos, arenitos e diamictitos. As ingressões marinhas de siltitos e folhelhos com dropstones, arenitos com
ocorreram de leste para oeste, posicionando-se em formas lobadas e acanaladas, incisos nos pelitos. O
onlap sobre o Arco de Purus e impedindo a conexão diamictito é maciço, sustentado pela matriz argilosa,
com a atual Bacia do Solimões. No limite leste da ba- de cores cinza claro e escuro, com seixos angulosos
cia a sedimentação ultrapassou o Arco de Gurupá, de folhelho, riolito, quartzo, quartzito, chert, areni-
conectando-se com as bacias do noroeste africano to, basalto e argilito, alguns estriados e facetados,
(Cunha et al., 1994). Em virtude da semelhança li- chegando a atingir 20 cm de diâmetro. O folhelho é
tológica entre os componentes deste grupo e da es- cinza-chumbo a cinza-claro, micáceo, com lamina-
cala utilizada (1:250.000) neste projeto, considera-se ção ondulada, contendo grãos angulosos de quartzo,
este grupo como uma unidade indivisa, visto que as além de intercalações de siltito e arenito muito fino,
formações constituintes não foram individualizadas encontra-se intensamente bioturbado por fóssil-tra-
em mapa. ços, marcando a base da Formação Curiri. (Cunha
O Grupo Urupadi é constituído pelas forma- et al., 1994; Cunha; MELO; SILVA, 2007). Esta for-
ções Maecuru e Ererê (Caputo, 1984). De acordo mação foi depositada em ambiente glácio-marinho,
com Cunha et al. (1994), um novo ciclo transgressi- com fácies pelíticas e fácies de leques deltaicos com
vo-regressivo pós-Caledoniano teve desenvolvimen- forte influência glacial junto às margens, devido à
to na bacia, depositando sedimentos marinhos e regressão máxima do final do Devoniano (Cunha;
glaciais em ambientes nerítico e flúvio-deltáico, cuja MELO; SILVA, 2007). Melo e Loboziak (2003) atribu-
extensão ocorreu desde o Arco Purus até as bacias íram a Formação Curiri idade fameniana terminal ou
africanas a leste. Representa a base da Sequência “struniana”.
Devoniana-Carbonífera proposta por Ghignone e
Northfleet (1971) e cujo topo atinge o Grupo Curuá 3.5.2 Formações Cenozoicas
sobrejacente. A Formação Maecuru (LANGE, 1967)
é constituída por arenitos finos a conglomeráticos
de cores branca a cinza-claro, micáceos, mal-selecio- Após a atuação dos esforços compressivos
nados, com grãos subangulares a subarredondados, relacionados ao Diastrofismo Juruá, ocorreu um re-
ferruginosos, em parte bioturbados, fossilíferos e sili- laxamento tectônico seguido da implantação de no-
cificados, além de possuir pelitos e cherts subordina- vos ciclos deposicionais representados pela outra
dos. Possui idade neoemsiana/eoeifeliana com base unidade de primeira ordem da bacia, denominada
em análises da biozonação de miosporos (Melo; Lo- Megassequência Mesozoico-Cenozoica, constituída
boziak, 2003). A Formação Ererê foi proposta por pela Sequência Cretácea-Terciária, definida pelo Gru-
Lange (1967) para designar intercalações de siltitos, po Javari (Eiras et al., 1994; Cunha et al., 1994),
arenitos e folhelhos. Segundo Cunha, Melo e Silva então representado pelas formações Alter do Chão
(2007) a formação é constituída por siltitos, areni- e Solimões, assentado diretamente sobre a discor-
tos e folhelhos fossilíferos bioturbados, comumente dância do topo do Paleozoico, conhecida como dis-
apresentando estruturas wavy-linsen e hummocky cordância pré-cretácea. Na área deste projeto está
nos psamitos. As rochas desta unidade exibem fei- representada a Formação Alter do Chão (Caputo;
ções de recristalização mineral, sendo a muscovita a RODRIGUES; VASCONCELOS, 1971), constituída por
fase mais característica, que têm sido interpretadas arenitos finos a médios, vermelhos, argilosos, cauli-
como resultado da intensa atividade ígnea juro-tri- níticos, inconsolidados, contendo grânulos de seixos
ássica na bacia, com intrusão de diques e soleiras do de quartzo esparsos, geralmente com estratificação
Magmatismo Penatecaua (Pastana, 1999). Melo e cruzada (Caputo; RODRIGUES; VASCONCELOS,
Loboziak (2003) atribuem idade neoeifeliana - eogi- 1972). Os níveis conglomeráticos são formados por
vetiana à formação. seixos de quartzo e arenito silicificado e ocupam
O Grupo Curuá se depositou após um peque- paleocanais na base de bancos de arenito (Silva,
no pulso regressivo, sobrepondo-se ao Grupo Urupa- 2005). Ocorrem também horizontes de arenitos si-
di (Ludwig, 1964). De acordo com Cunha, Melo e licificados, informalmente denominados de “Arenito
Silva (2007), o Grupo Curuá é constituído pelas for- Manaus” (Albuquerque, 1922). Diversos estu-
mações Barreirinha, Curiri e Oriximiná, sendo que dos (Caputo; RODRIGUES; VASCONCELOS, 1971;
na área deste projeto estão representadas as duas Cunha et al., 1994; Dino; SILVA; ABRAHÃO, 1999;
primeiras. A Formação Barreirinha foi proposta por Nogueira; VIEIRA; SUGUIO, 1999; Cunha; MELO;
55
Informe de Recursos Minerais
SILVA, 2007) consideram que a Formação Alter do do Oceano Atlântico Central, estabelecida entre o
Chão é representativa de um paleoambiente flúvio- Neojurássico e o Eotriássico. Na área do projeto os
-lacustre. Fácies de preenchimento de canal (barras diques atribuídos ao Diabásio Cassiporé foram de-
conglomeráticas e de acreção lateral e formas de lei- lineados a partir da interpretação de imagens mag-
to arenosas) e de depósitos externos ao canal (planí- netométricas, especialmente da primeira derivada
cie de inundação, canal de crevasse e diques margi- vertical do campo magnético anômalo, onde são
nais) foram definidos em afloramentos na região de demarcados por lineamentos magnéticos contínu-
Óbidos (PA), os quais foram associados a um sistema os, de direções submeridianas a NE-SW. Os tipos
fluvial meandrante (Mendes; TRUCKENBRODT; NO- litológicos principais registrados nesta unidade são
GUEIRA, 2012). Entretanto, Rossetti e Netto (2006), diabásios/doleritos, afíricos ou porfiríticos, além
baseados em dados sedimentológicos e icnológicos, de gabros finos a médios.
sugerem uma influência marinha durante a deposi-
ção dessa unidade. Esta formação posiciona-se dis- 3.7 COBERTURAS SUPERFICIAIS CENOZOICAS
cordantemente sobre o Grupo Tapajós, e é recoberta
por depósitos quaternários. Com base em dados pa-
linológicos, sua idade foi posicionada no Meso-Albia- Esta associação engloba a unidade Coberturas
no/Turoniano (Daemon, 1975) e Aptiano-Cenoma- Lateríticas Maturas, que representa um conjunto de
niano (Dino; SILVA; ABRAHÃO, 1999). platôs lateríticos desenvolvidos sobre algumas unida-
des geológicas, especialmente sobre sequências me-
3.6 MAGMATISMO MÁFICO DE MARGEM tavulcanossedimentares e sobre os corpos alcalino-ul-
DIVERGENTE trabásicos Maicuru e Maraconaí, sendo nestes casos
alvos importantes para pesquisa mineral, e também
expressivamente sobre corpo da Suíte Intrusiva Nou-
Esta associção está representada pelo Dia- couru. Embora não existam dados de campo em gran-
básio Cassiporé (LIMA et al., 1974), que é repre- de parte dos platôs lateríticos, a delimitação é facili-
sentado por um conjunto de diques básicos, de tada pelo relevo característico, além de comumente
caráter toleítico e idade triássico-jurássica, que se destacarem por elevada radiação no canal do eTh.
recortam as unidades pré-cambrianas da porção Os Depósitos Aluvionares também estão incluídos
mais oriental do Escudo das Guaianas. Esta unida- nesta associação, e referem-se aos sedimentos clás-
de faz parte da Província Magmática do Atlântico ticos arenosos a argilosos, com níveis de cascalhos,
Central (CAMP - Central Atlantic Magmatic Pro- inconsolidados, distribuídos em depósitos fluviais de
vince), de Marzolli et al. (1999), que representa canal e de planícies de inundação, relacionados à di-
uma das maiores LIP (Large Igneous Province) do nâmica recente das drenagens, que alcançam maior
planeta, cuja gênese está relacionada à ruptura do expressão quando associados aos rios Jari e Paru, que
Supercontinente Pangea, e consequente abertura representam as principais drenagens da área.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
4 GEOLOGIA ESTRUTURAL
Felipe Mattos Tavares, Lúcia Travassos da Rosa-Costa, Alexandre Lisboa Lago
57
Informe de Recursos Minerais
Dn+1 é de caráter transpressivo sinistral, a partir de mação inicial dentro do sistema colisional, como
encurtamento na direção média E-W. Por outro lado, também pode ter se desenvolvido em outro evento
não é desprezível o grupo de lineações de estira- tectonotermal anterior à colisão, inclusive durante
mento de caimento íngreme a down dip, sugerindo a o Arqueano. O fato de Dn se restringir às unidades
existência de uma etapa prévia de encurtamento na do Bloco Amapá sugere a segunda hipótese como a
direção NE-SW. Da mesma maneira, grande parte das mais provável.
medidas de eixos de dobras Dn+1 são mais compatí- As estruturas da família Dn+2 têm nature-
veis com este vetor de encurtamento, o que também za dúctil-rúptil. Ocorrem em todas as unidades
corrobora a hipótese de evolução em múltiplos está- arqueanas-paleoproterozoicas, com exceção do
gios para o evento. Granito Uaiãpi. Nas imagens aeromagnetométricas,
A família de estruturas Dn+1 é comprovada- é retratada por feixes de descontinuidades discor-
mente correlacionável aos processos orogenéticos dantes a Dn+1, de direção variando entre ENE-WSW
do Ciclo Transamazônico. Rosa-Costa (2006) e Rosa- e WNW-ESE, formando um sistema de pares em X,
-Costa et al. (2008a, 2008b, 2009) o reconheceram em parte anastomosado, na direção média E-W (Fi-
como um episódio colisional, ao qual está relaciona- gura 4.2 C, D). São anomalias magnéticas lineares e
do um evento metamórfico de alto grau, que atin- com rejeitos pouco expressivos, com exceção de um
giu fácies granulito, datado por diferentes métodos corredor principal, na direção ENE-WSW, onde cla-
entre 2,10 e 2,08 Ga (Figura 4.5). Idades mais jo- ramente se observa deslocamento aparente sinistral
vens, que chegam até 2,03 Ga, foram interpretadas das tramas Dn+1, com arraste e rejeito em escala
por aqueles autores como relacionadas a eventos quilométrica (Figura 4.6). Neste setor, é possível ob-
tectônicos-magmáticos tardi-colisionais. Há dúvidas, servar também o arqueamento de medidas estrutu-
entretanto, com relação ao posicionamento de Dn, rais de Sn+1, perfazendo uma megadobra Dn+2, con-
que poderia tanto representar uma fase de defor- trolada pelos lineamentos desta geração.
Figura 4.1 - Imagem da primeira derivada vertical do campo magnético anômalo (1DV) com destaque de lineamentos
magnéticos curvilíneos interpretados como sin-Dn. A sinuosidade foi entendida como resultado de dobramentos e
transposição parcial por Dn+1. A imagem representa a porção noroeste da área de estudo e a linha tracejada marca o
limite a norte da área do Projeto ARIM RENCA.
58
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 4.2 - Principais descontinuidades extraídas de imagens aerogeofísicas, divididas por famílias, sendo: (A) e (B)
Descontinuidades de natureza dúctil da família Dn+1; (C) e (D) Descontinuidades de natureza dúctil-rúptil da família
Dn+2; (D) e (E) Descontinuidades de natureza rúptil-dúctil da família Dn+3. A, C e D são imagens da fusão SRTM+
imagem ternária RGB, e B, D e F são imagens da primeira derivada vertical do campo magnético anômalo.
59
Informe de Recursos Minerais
Figura 4.3 - (A) foliação Sn dobrada e parcialmente transposta por feixes de zonas de cisalhamento sin-Dn+1, associadas
ao desenvolvimento de foliação Sn+1. Nota-se que ambas as foliações possuem bolsões leucossomáticos aparentemente
sin-tectônicos, de duas gerações diferentes, sugerindo que Sn e Sn+1 foram desenvolvidas em ambiente de alto grau
metamórfico; (B) Clivagem de crenulação Sn+1; C) Foliação fina e contínua Sn+1, observada em anfibolito, hospedando bolsões
leucossomáticos boudinados, e cortada por fraturas, provavelmente sin-Dn+3 (linhas amarelas), por vezes preenchidas por veios
de quartzo. Notar boudins rotacionados indicando cinemática sinistral; (D) Lineação mineral e de estiramento Ln+1 de caimento
suave, contida em plano Sn+1; (E) e (F) Dobras sem raiz sin-Dn+1. Em (F) notar juntas de cisalhamento (linhas amarelas), com
indicação do vetor de tensão máxima. Obs: a indicação do norte das escalas nas fotos não representa a orientação real.
Poucas feições observadas em campo pude- imagens aerogeofísicas (Figura 4.7 E). Estima-se que
ram ser correlacionadas a Dn+2. Correspondem a o vetor de máximo encurtamento atuante em Dn+2
bandas de cisalhamento subverticais nas mesmas seja próximo à direção N-S, porém podendo variar
direções das descontinuidades aerogeofísicas, com entre NNE-SSW e NNW-SSE.
rejeitos pouco expressivos, oblíquas à foliação prin- É notável nas imagens que as estruturas Dn+2
cipal Dn+1, com dobras de arraste associadas, típicas são cortadas por granitoides anorogênicos corre-
de ambientes tectônicos relativamente rasos (Figura latos ao Granito Uaiãpi. Dessa maneira, é possível
4.7 A, B). A cinemática aparente é ambígua, mostran- posicionar Dn+2 relativamente como evento do Pa-
do natureza transpressiva ora dextral, ora sinistral, leoproterozoico, tardio ou posterior ao Ciclo Transa-
sugerindo componente compressiva mais significati- mazônico, e anterior à granitogênese Uiãpi, datada
va que a direcional. Ao todo, 11 medidas de bandas em 1,75 Ga (VASQUEZ; LAFON, 2001). Também é vi-
de cisalhamento oblíquas à foliação principal foram sível a correlação espacial entre o principal corredor
aqui correlacionadas a Dn+2, mostrando em este- de estruturas Dn+2 previamente mencionado, de
reograma o mesmo padrão em X reconhecido nas direção ENE-WSW, e a área de ocorrência dos cor-
60
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 4.4 - Estereogramas das medidas de estruturas Dn+1: (A) Polos das foliações Sn+1; B) Densidade de polos de
Sn+1; C) Lineações Ln+1; D) Densidade de lineações Ln+1; E) Eixos de dobras Dn+1.
61
Informe de Recursos Minerais
Figura 4.5 - Histograma de idades compiladas da literatura para a região do Projeto ARIM RENCA e provável
distribuição das fases de deformação principais descritas neste trabalho. Nota-se que Dn possui um vasto intervalo de
idades possíveis, podendo representar tanto evento termotectônico do Arqueano, quanto evento relacionado à fase
acrescionária (de arco magmático), pré-colisional (pré-Dn+1). Compilação de idades com base em Ricci et al. (2002),
Rosa-Costa, Lafon e Delor (2006), Rosa-Costa et al. (2003, 2008b, 2009), Klein, Rosa-Costa e Lafon (2003), Klein et al.
(2009), Faraco et al. (2004), Barbosa e Chaves (2015).
pos graníticos Uaiãpi, na porção noroeste da área de to estruturas de caráter compressivo a transpressivo,
trabalho (Figura 4.6), sugerindo que tais estruturas quanto feições de natureza extensional a transtrati-
atuaram como zonas de fraqueza preferenciais para vo, sugerindo ao menos dois estágios distintos de ati-
a instalação dos plútons. vidade nestas estruturas. Em estereograma, medidas
Rosa-Costa et al. (2009), através de datações de estruturas correlacionáveis a Dn+3 apresentam
Ar-Ar de biotitas de granitoides da Suíte Intrusiva mergulho íngreme a subvertical, ora para leste, ora
Carecuru pelo método Ar-Ar, identificaram atividade para oeste (Figura 4.7 F).
termal remanescente em 1,93 e 1,83 Ga, dezenas de Não é possível correlacionar Dn+3 a nenhum
milhões de anos mais jovem que os episódios tardi- evento previamente registrado na região. Entretanto,
-colisionais correlatos a Dn+1 (Figura 4.5). Estes au- é possível especular que se desenvolveram ao menos
tores interpretaram estas duas idades como reflexo em parte antes da deposição da bacia do Amazonas,
de lento e progressivo resfriamento magmático do visto que as bandas de cisalhamento Dn+3 foram ge-
arco Carecuru e como resultado de interferência tér- radas em profundidade, ainda que rasa, na zona de
mica de plútons anorogênicos mais jovens, respec- transição entre regimes dúctil e rúptil. As rochas da
tivamente. Considerando o posicionamento relativo bacia, por outro lado, não apresentam nenhuma evi-
de Dn+2 discutido no parágrafo anterior, propõe-se dência de deformação neste ambiente. Consideran-
como alternativa que estas idades Ar-Ar represen- do este fator e que o início da deposição da bacia se
tem um segundo pico de atividade termal, síncrono deu no Ordoviciano-Siluriano, é provável que Dn+3
a Dn+2. Klein et al. (2009) obtiveram idades Ar-Ar de tenha origem em algum episódio ocorrido entre o
1,95 e 1,94 Ga em muscovitas nas zonas de alto teor Paleoproterozoico e o Cambriano.
de veios mineralizados em ouro, que não refletem A região ainda apresenta estruturas rúpteis
necessariamente a idade da mineralização, mas que posteriores a Dn+3, de provável natureza extensional
evidenciam atividade hidrotermal, sendo possível se a transtracional, que também afetam as coberturas
especular que o evento mineralizante, ou a formação fanerozoicas. Destaca-se o enxame de diques meso-
de ore shoots de alto teor em depósitos pré-existen- zoicos nas direções submeridianas a NE-SW, ampla-
tes, pode estar relacionado à fase Dn+2. mente distribuídos em toda porção oriental do Es-
As estruturas Dn+3 têm caráter rúptil-dúctil a cudo das Guianas, denominados Diabásio Cassiporé,
francamente rúptil. Assim como as descontinuida- que podem ter se hospedado em zonas de fraturas
des Dn+2, ocorrem como um sistema de fraturas em que aparentemente se aproveitaram de estruturas
X, porém nas direções médias NNW-SSE (principal) pretéritas (especialmente Dn+3) para instalar-se. Es-
e NNE-SSW a NE-SW, afetando todas as unidades tes conjuntos de fraturas/diques, pouco estudados
arqueanas-paleoproterozoicas (Figura 4.2 E, F). Cor- na região do Cráton Amazônico, são reflexos da aber-
respondem a bandas de cisalhamento subverticais tura de diferentes sistemas de riftes e instalação de
de direção média N-S e a feixes de fraturas (Figura bacias, durante a fase de abertura do Oceano Atlân-
4.7 C, D). Sua cinemática é ambígua, ocorrendo tan- tico central.
62
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 4.6 - Relações de corte e superposição entre estruturas Dn+1, Dn+2 e plútons do Granito Uaiãpi (contorno
branco): (A) Imagem de distribuição ternária RGB; (B) Imagem da primeira derivada vertical; (C) Imagem do
campo magnético anômalo. Nota-se o arrasto aparente sinistral de feições Dn+1 na porção central das imagens,
especialmente em B e C, e o truncamento das estruturas de ambas gerações pelos corpos anorogênicos Uaiãpi.
63
Informe de Recursos Minerais
Figura 4.7 - Fotografias e estereogramas de estruturas Dn+2 e Dn+3: (A) Banda de cisalhamento com arraste e rejeito
aparente sinistral, de direção WNW-ESE, correlacionada a Dn+2; (B) Banda de cisalhamento Dn+2 com rejeito aparente
dextral; (C) Feixe de bandas de cisalhamento sin-Dn+3 com rejeito dextral, associadas a dobras de arraste; (D) Feixe
de fraturas N-S preenchidas por veios de quartzo, correlacionada à família Dn+3; (E) Estereograma de polos de 11
medidas de bandas de cisalhamento sin-Dn+2; (F) Estereograma de polos de medidas de 5 bandas de cisalhamento e 7
fraturas sin-Dn+3.
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5 GEOFÍSICA
Alexandre Lisboa Lago, Lúcia Travassos da Rosa-Costa, Iago Sousa Lima Costa
65
Informe de Recursos Minerais
Figura 5.1 - (A) Mapa radiométrico da distribuição ternária de K-eTh-eU (RGB) da área do Projeto ARIM RENCA
fundido à imagem de relevo sombreado SRTM (Shuttle Radar Topography Mission; (B) Mapa radiométrico do
canal do eTh. Em ambos estão plotados os limites entre domínios tectônicos.
66
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a forte estruturação deste compartimento tectôni- O Domínio Paru se destaca do padrão geral
co, recortado por grandes lineamentos estruturais, circundante de baixa radiação e baixa magnetização
representados principalmente por zonas de cisalha- do Domínio Carecuru. Este domínio, que aparece
mento de caráter transpressivo ou compressivo, que como um inlier no Domínio Carecuru (vide Capítulo
configuram a trama dúctil principal NW-SE (estrutu- 2), apresenta assinatura de altos valores radiométri-
ras Dn+1, discutidas no Capítulo 4). cos, como pode ser observado no mapa da distribui-
Em contraste, a associação tipo granitoide- ção ternária K-eTh-eU, onde há predominância de
-greenstone tipifica a assinatura radiométrica do Do- cores esbranquiçadas e esverdeadas, que refletem
mínio Carecuru, como um amplo domínio de baixa a natureza composicional do Complexo Ananaí. Com
radiação, caracterizada por cores escuras no mapa fundamentação principalmente na interpretação
da distribuição ternária. Localmente há áreas anô- de imagens aerogeofísicas e de relevo, neste proje-
malas de concentração de Potássio, ainda não en- to é proposta a extensão da área de ocorrência do
tendidas geologicamente. Este padrão reflete a natu- Complexo Ananaí para oeste, e consequentemente
reza composicional mais primitiva das rochas desta do Domínio Paru, destacando-se a necessidade de
associação, onde dominam rochas máficas e inter- levantamentos de campo para ratificar esta propos-
mediárias, plutônicas e vulcânicas. Há setores de ta. O Domínio Paru também se diferencia das adja-
mais alta radiação neste domínio, bem marcados no cências pela incidência de anomalias magnéticas li-
canal do Th, onde ocorrem intrusões graníticas que neares, por vezes curvilíneas, e pequenas anomalias
seccionam a associação granitoide-greenstone. Nos magnéticas isoladas.
mapas magnéticos também são claras as diferenças
de assinatura geofísica entre o Domínio Carecuru e 5.2 CARACTERÍSTICAS GEOFÍSICAS DAS
o Bloco Amapá. Anomalias magnéticas lineares, que UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS
refletem estruturas tectônicas, são muito menos
frequentes no Domínio Carecuru, caracterizado glo-
balmente por um padrão magnético calmo, com su- As características magnéticas e radiométricas
perfícies magnéticas aplainadas. das diferentes unidades litoestratigráficas individua-
Figura 5.2 - Mapa magnético do gradiente total, com os limites entre domínios tectônicos.
67
Informe de Recursos Minerais
lizadas na área do Projeto ARIM RENCA, aqui sinteti- O Complexo Guianense apresenta gradiente
camente descritas e agrupadas como no Capítulo 3, magnético baixo a médio, caracterizado por super-
foram definidas a partir da interpretação qualitativa fícies magnéticas aplainadas. Anomalias magnéti-
das imagens obtidas pelo processamento dos dados cas lineares expressivas são observadas na área de
aerogeofísicos. ocorrência desta unidade, que refletem a direção do
trend estrutural regional. As assinaturas radiométri-
5.2.1 Fragmentos Arqueanos Retrabalhados cas do Complexo Guianense assemelham-se as do
no Riaciano Complexo Tumucumaque, onde alternam-se domí-
nios de radiação baixa a alta, que refletem a diver-
sidade litológica desta unidade, que pode ser devida
O Complexo Tumucumaque ocorre restrita- à possibilidade deste Complexo ainda incorporar ro-
mente na porção nordeste da área, onde observa-se chas de idades e naturezas distintas, em função das
gradiente magnético baixo a médio, sendo a respos- limitações do mapeamento de escala regional.
ta magnética mais profunda expressa pela cor azul, A Figura 5.3 ilustra os padrões geofísicos dos
além de expressivas anomalias magnéticas lineares complexos Guianense, Baixo-Mapari e Jari-Guari-
de direção NW-SE, e pequenas anomalias magné- bas, na porção centro-norte a nordeste da área, no
ticas circulares isoladas. Este Complexo apresenta âmbito do Bloco Amapá.
intensidades distintas na distribuição dos radioele- Os granitos Anauerapucu e Granito Riozinho
mentos (K-eTh-eU), que refletem a diversidade com- foram individualizados, respectivamente, a partir
posicional das rochas, evidenciada no mapa ternário dos complexos Guianense e Tumucumaque, por Bar-
RGB. A análise da distribuição do eTh no Complexo bosa e Chaves (2015), com base fundamentalmente
Tumucumaque mostra valores moderados a altos, em dados geocronológicos (vide Capítulo 3). No en-
expressos por cores verdes, amarelas e vermelhas. tento, geofisicamente o Granito Anauerapucu se des-
O Complexo Jari-Guaribas é caracterizado por taca por valores radiométricos mais altos em relação
baixa radiação, onde as anomalias radiométricas de- ao Complexo Guianense, especialmente no canal do
senham faixas alongadas na direção NW-SE. Apre- eTh, apresentando predominância de cores esbran-
senta gradiente magnético baixo a alto, com super- quiçadas e esverdeadas no mapa da distribuição ter-
fícies magnéticas aplainadas e anomalias magnéticas nária. O Granito Anauerapucu por sua vez apresenta
lineares expressivas segundo o trend regional. assinatura radiométrica muito semelhante às das en-
O Complexo Baixo-Mapari apresenta alto gra- caixantes, do Complexo Tumucumaque.
diente magnético, sendo caracterizado pela incidên- Neste projeto a área de ocorrência do Com-
cia de anomalias magnéticas lineares de alta ampli- plexo Ananaí foi significativamente ampliada com
tude e alta frequência na direção NW-SE. Este padrão base na interpretação geofísica e de imagens de re-
geofísico é modificado na porção sul da área, onde levo, mas é válido ressaltar que esta prosposta deve
são observados subdomínios de menor magnetiza- ser comprovada por trabalhos de campo futuros.
ção. Este complexo apresenta caracteristicamente Esta unidade apresenta relevo magnético hetero-
valores médios e altos de radiação dos três radioe- gêneo, com gradiente magnético variando de baixo
lementos (K-eTh-eU), especialmente do eTh, desta- a alto. São observadas expressivas anomalias mag-
cando-se no mapa de composição ternária por cores néticas lineares de alta amplitude e alta frequência.
esbranquiçadas a esverdeadas, que o distingue de Esta unidade representa um domínio de altos valores
outras unidades de embasamento arqueano, como radiométricos nos três canais, especialmente do eTh,
os complexos Jari-Guaribas e Baixo Mapari. como constatado no mapa radiométrico da distribui-
A Figura 5.3 ilustra as características geofísicas ção ternária RGB, onde predominam cores esbran-
destas algumas unidades de embasamento arqueano, quiçadas e esverdeadas (Figura 5.4).
na porção central do Bloco Amapá na área do Projeto.
O Complexo Iratapuru apresenta gradiente 5.2.2 Orógeno Riaciano
magnético baixo a alto, com anomalias magnéticas
lineares de alta amplitude e alta frequência na dire-
ção NW-SE (corpos rasos e contíguos). Este padrão O padrão geofísico das sequências metavul-
geofísico é modificado em setores de menor mag- canossedimentares do Grupo Ipitinga reflete sua di-
netização, caracterizados por superfícies magnéticas versidade litológica e o forte controle estrutural. É
aplainadas. Esta unidade é caracterizada por baixos caracterizado pela alternância de faixas alongadas
a médios valores radiométricos, com relativa contri- segundo o trend regional NW-SE, não magnéticas a
buição no canal do K. fortemente magnéticas, e padrões de alta e baixa ra-
A Suíte Intrusiva Noucouru é caracterizada diação, que refletem a natureza composicional das
por um gradiente magnético médio a alto. Os cor- rochas que constituem as formações Igarapé Fé em
pos desta unidade apresentam altos valores dos três Deus, Igarapé do Inferno e Igarapé dos Patos (Figura
radioelementos, como evidenciado no mapa da dis- 5.5).
tribuição ternária, onde prevalecem cores esbran- A Formação Igarapé do Inferno, composta
quiçadas. O padrão de altíssima radiação de eTh sub- essencialmente por rochas máfico-ultramáficas, é
sidiaram a cartografia de corpos desta unidade, que caracterizada por baixos valores radiométricos, re-
apresentam formas alongadas ou sigmoidais. presentada por cores escuras no mapa da distribui-
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ção ternária RGB. Apresenta gradiente magnético A Formação Igarapé Fé em Deus apresenta
médio, embora ocorram anomalias magnéticas de áreas com gradiente magnético alto (anomalias mag-
maior amplitude, alongadas segundo NW-SE. néticas lineares de alta amplitude), que se alternam
À Formação Igarapé dos Patos, onde ocorrem com setores de menor magnetização. Nota-se que a
formações ferríferas bandadas e quartzitos ferrugino- alta magnetização é associada a altos valores radio-
sos, estão associadas as mais destacáveis anomalias métricos e vice-versa. A análise do mapa da distribui-
magnéticas da área, de amplitude muito elevadas, ção ternária dos radioelementos (K-eTh-eU) eviden-
que desenham faixas alongadas segundo NW-SE ou cia uma relativa contribuição maior do Potássio.
até dobradas, refletindo a forma dos corpos (Figuras É importante destacar que ocorrem faixas
4.5 e 4.6). Apresentam padrão geral de radiação mé- hidrotermais associadas a lineamentos que
dia, com destaques locais do radioelemento Th, es- seccionam o Grupo Ipitinga (vide Capítulo 8), o que
pecialmente onde há formação de crostas lateríticas. significa que a assinatura radiométrica desta unidade
Figura 5.3 - (A) Mapa geológico; (B) Mapa radiométrico do canal do eTh; (C) Mapa radiométrico da distribuição ternária
RGB fundida à imagem de relevo sombreado SRTM; (D) Mapa magnético do gradiente total.
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Informe de Recursos Minerais
Figura 5.4 - (A) Mapa geológico sobre imagem SRTM, com destaque ao Complexo Ananaí e Suíte Intrusiva Igarapé
Urucu; (B) Mapa radiométrico da distribuição ternária RGB fundida à imagem SRTM.
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reflete não apenas sua composição litológica origi- eTh e eU, mas se destacam valores de elevada radia-
nal, mas também as alterações hidrotermais super- ção de Potássio, que pode estar relacionada a zonas
postas. hidrotermais associadas aos lineamentos estruturais,
Assim como no Grupo Ipitinga, a faixa meta- uma vez que esta assinatura não é compatível com a
vulcanossedimentar que define o Grupo Vila Nova ocorrência de rochas máficas e ultramáficas, que ca-
apresenta padrão geofísico heterogêneo, que reflete racterizam esta unidade. A cartografia da Formação
a variedade composicional e o controle estrutural. Serra do Navio foi inteiramente baseada em Barbosa
A Formação Serra das Coambas apresenta padrão e Chaves (2015), visto que está representada em cor-
dominante de baixa radiação e baixa magnetização, po muito restrito no extremo nordeste da área.
exceto pela ocorrência de uma anomalia magnética As unidades Fazendinha, Treze de Maio e Ser-
que companha a forma encurvada da faixa cartogra- ra Cuiapocu, onde prevalecem rochas metamáficas,
fada, que pode estar associada à ocorrência de mag- apresentam caracteristicamente baixos valores ra-
netita xistos. diométricos, não sendo claros os contrastes radio-
Expressivas anomalias magnéticas lineares de métricos entre estas faixas supracrustais e os grani-
alta amplitude e alta frequência estão associadas à toides adjacentes da Suíte Intrusiva Carecuru (Figura
área de ocorrência da Formação Jornal, que pos- 5.7 A, B). Variações neste padrão são observadas na
sivelmente refletem mais os grandes lineamentos área de ocorrência da Litofácies 2, da Unidade Tre-
estruturais que seccionam estas rochas, do que pro- ze de Maio, que apresenta valores intermediários de
priamente seu conteúdo litológico. Esta Formação radiação nos três radioelementos. Apresentam um
é caracterizada por baixos valores radiométricos de padrão magnético em geral baixo, com anomalias
Figura 5.5 - (A) Unidades litoestratigráficas sobre imagem de relevo sombreado SRTM; (B) Mapa radiométrico da
distribuição ternária RGB fundido à imagem SRTM; (C) Mapa magnético do gradiente total. É dado destaque às
formações que contituem o Grupo Ipitinga. Notar padrão de alta radiação do Granito Uiãpi. Em B e C linhas brancas
representam contatos geológicos.
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Informe de Recursos Minerais
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que fazem parte do domínio orosiriano (Província foi cartografado um plúton de direção E-W, que está
Amazônia Central) representado na porção sudoes- associado à anomalia magnética de alta amplitude.
te da área, onde os dados aerogeofísicos têm menor Os plútons do Granito Uaiãpi são facilmen-
resolução (obtidos com espaçamento de 2.000 m te cartografados devido às suas formas elípticas ou
entre as linhas de voo) e onde não se têm informa- cincunscritas, relevo destacado, mas sobretudo pelo
ções geológicas de campo. O Grupo Iricoumé apre- padrão de elevada radiação, expressos por cores es-
senta, em geral, gradiente magnético baixo, sendo branquiçadas da distribuição ternária do de K, eTh
observadas pequenas anomalias magnéticas linea- e U (Figura 5.5). Os plútons cartografados em geral
res de alta amplitude e pequenas anomalias magné- apresentam relevo magnético suave, podendo ocor-
ticas subcirculares isoladas. Representa um domínio rer anomalias magnéticas nas bordas dos corpos.
de médios a altos valores radiométricos, com maior Dois plútons atribuídos à unidade Alcalinas
contribuição no canal do Potássio. Mapari foram cartografados, com base principal-
A Suíte Intrusiva Mapuera contrasta fortemen- mente na interpretação de imagens magnéticas,
te com o padrão do Grupo Iricoumé, sua encaixan- marcados por dipolos isolados no mapa de campo
te, pelos elevados valores de radiação nos canais de magnético total. Entretanto, os dois corpos carto-
Potássio, equivalente Tório e equivalente Urânio, que grafados na área apresentam diferentes assinaturas
definem colorações esbranquiçadas no mapa de com- radiométricas, sendo o corpo leste, no Bloco Ama-
posição termária RGB. Os corpos plutônicos cartogra- pá, caracterizado por altos valores de eTh, enquanto
fados, em geral apresentam relevo magnético suave, que o corpo a oeste localizado no Domínio Carecuru
com superfícies magnéticas aplainadas. No entanto, apresenta baixos valores deste radioelemento.
Figura 5.7 - (A) Mapa geológico sobre imagem de relevo sombreado SRTM; (B) Mapa radiométrico da concentração
de Th; (C) Mapa magnético do gradiente total. Em B e C foi inserido o contorno da faixa que define a Unidade Serra
Cuiapocu.
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Informe de Recursos Minerais
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Figura 5.8 - (A) e (B) Imagem de relevo sombreado SRTM; (C) e (D) Mapa radiométrico do canal do Th; (E) e (F) Mapa
magnético do gradiente total. Elm - Coberturas lateríticas. Linhas pretas representam contatos geológicos.
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Informe de Recursos Minerais
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6 GEOQUÍMICA PROSPECTIVA
César Lisboa Chaves, Marcely Pereira Neves, Eduardo Duarte Marques
Neste capítulo é apresentado o resultado da te, a coleta foi executada preferencialmente nas
consistência, tratamento e reinterpretação dos dados calhas das drenagens ativas, de forma composta,
analíticos de sedimentos de corrente, concentrados com volume de amostras que alcançara 2 a 3 kg,
de bateia e solo oriundos de projetos históricos exe- com área da bacia de captação variando de acordo
cutados na área do Projeto ARIM RENCA, comentados com os objetivos e escala de trabalho adotada. A
no Capítulo I, nos quais foram realizados levantamen- concentração dos minerais pesados foi feita através
tos geoquímicos em diversas escalas. No presente do bateamento de um volume inicial de 10 litros de
projeto foram recuperados dados geoquímicos de 11 cascalho aluvionar, coletado preferencialmente em
projetos históricos (Figura 6.1), alguns já disponíveis zonas de acumulação natural na drenagem. Para
no GeoSGB, outros resgatados dos relatórios originais coleta de amostras de solo foi dada preferência ao
dos projetos. Os dados levantados totalizam 1325 horizonte B, sendo a programação baseada em ma-
amostras de sedimentos de corrente, 1104 amostras lhas regulares ou não, com espaçamento de coleta
de concentrados de bateia e 7786 amostras de solo. variável de acordo com os objetivos e critérios esta-
No caso de dados recuperados de relatórios de belecidos em cada projeto.
projetos, a localização das amostras foi feita através da A preparação das amostras de solo e sedi-
escanerização dos mapas analógicos de amostragem mentos de corrente foi realizada em laboratório
originais, e georreferenciamento dos mesmos em Ar- da Superintendência Regional de Belém da CPRM,
cGis. Neste caso ressalta-se que a média de erro de onde estas foram secas em estufa a aproximada-
posicionamento extrapola a do GPS, considerando-se mente 60 °C, peneiradas na fração menor que 80
os erros referentes ao método de posicionamento da mesh e a seguir pulverizadas em moinho de por-
época, quando ainda não se utilizava GPS, e ao proces- celanato, atingindo a granulometria para análise
so de georreferenciamento de mapas analógicos. inferior a 150 mesh. As amostras de concentrado
Os dados recuperados foram tratados esta- de bateia não sofreram preparação prévia, sendo
tisticamente e reinterpretados, com identificação enviadas para análise mineralométrica, ou análise
de padrões e assinaturas geoquímicas muitas vezes química em alguns casos, após a retirada de parte
compatíveis com aqueles identificados nos projetos do material para arquivo.
de origem, outras vezes apontando padrões que po-
dem estar indicando possíveis mineralizações ainda 6.1.2 Métodos Analíticos
não identificadas nos trabalhos anteriores.
Os 11 projetos estudados estão localizados, na
sua maioria, na porção centro-norte da área do Pro- As análises químicas de amostras de sedimen-
jeto ARIM RENCA, na região entre os rios Ipitinga e tos de corrente e solo, e mineralométricas dos con-
Paru (Figura 6.1). Em projetos de caráter regional, a centrados de bateia, foram realizadas no Laboratório
exemplo dos projetos Sudoeste do Amapá e Cérbero de Análises Minerais (LAMIN) da CPRM. Os métodos
II (ambos na escala de 1:100.000), os levantamentos analíticos, aberturas e elementos analisados nas
geoquímicos envolveram a coleta de amostras de se- análises químicas estão listados nas tabelas 6.2 e 6.3.
dimentos de corrente, concentrados de bateia e solos, No tratamento dos resultados analíticos das
enquanto outros projetos realizados ao longo da se- amostras de sedimentos de corrente foi levado em
quência metavulcanossedimentar do Grupo Ipitinga, consideração o método analítico e o grupo de ele-
ou em contato desta com o embasamento, envolve- mentos analisados utilizado em cada projeto. Os re-
ram pesquisa de semi-detalhe ou folow up (ex. Projeto sultados das amostras analisadas por espectrometria
Cérbero II Alfa /Escala 1:25.000, Projeto Cérebro I alfa/ de absorção atômica foram agrupados e tratados a
Escala 1:5.000), basicamente com coleta de amostras partir de um único banco de dados, enquanto que
de solo. Na tabela 6.1 estão contabilizados os quanti- aquelas analisadas por espectrometria de emissão
tativos de dados recuperados os projetos históricos. ótica foram tratadas a parte.
Os resultados analíticos das amostras de solo
6.1 METODOLOGIA foram em geral tratados individualmente por projeto,
mas no caso dos projetos realizados ao longo do trend
da Serra do Ipitinga foi feita a integração e tratamento
6.1.1 Amostragem e Preparação dos dados em conjunto, sempre que possível, a exem-
plo dos dados dos projetos Cérbero II e Mapari.
A amostragem de sedimentos de corrente e Os resultados das análises mineralométricas
concentrados de bateia seguiu os padrões opera- de concentrado de bateia foram tratados a partir de
cionais de campo da CPRM à época de realização um único banco de dados, levando-se em considera-
dos projetos. No caso dos sedimentos de corren- ção os principais destaques mineralógicos, o ouro e
77
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.1 - Localização dos projetos com dados geoquímicos recuperados neste trabalho na área do
Projeto ARIM RENCA. SC – Sedimento de Corrente, CB – Concentrado de Bateia.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
Tabela 6.1 - Dados geoquímicos recuperados em projetos históricos. SC – Sedimento de Corrente, CB – Concentrado de
Bateia, S – Solo.
Tabela 6.2 - Métodos analíticos e elementos analisados para amostras de sedimentos de corrente.
79
Informe de Recursos Minerais
a cassiterita. Em alguns projetos (ex. Cérbero II Alfa, tipo box-plot e definidos os intervalos de classe e
Uirapuru, Ipitinga) foram realizadas análises quími- identificação dos valores de concentração anômalos.
cas em amostras de concentrados de bateia, com Para análise de fatores, duas transformações
resultados disponibilizados no banco de dados. Aqui foram usadas para os dados brutos: 1) logaritmos,
são tratados apenas dados de análises semi-quanti- utilizando o software Excel, e 2) razão log-centraliza-
tativas por amalgamação realizadas em amostras de da (CLR – centered log-ratio, AITCHINSON, 1986) com
concentrado de bateia do Projeto Cérbero I (Subárea uso do aplicativo CoDaPack. A utilização da transfor-
Igarapé Purgatório) (Tabela 6.1). mação CLR permite que alguns fatores apresentem
informações sobre duas associações geoquímicas,
6.1.3 Tratamento Estatístico e Geração de uma com coeficientes (loadings) positivos signifi-
Mapas cativos, com o fator > 0,5, e outra com coeficientes
negativos significativos, com o fator < -0,5. A trans-
formação utilizada foi aquela que melhor se correla-
O tratamento estatístico dos dados de sedimen- cionou com dados geológicos. O método de rotação
tos de corrente e solo foram realizados utilizando-se utilizado foi o Varimax Normalized, e para determi-
os aplicativos Excel (versão 2010) e Statística (versão nação do número de fatores, que são relevantes para
10.0), obedecendo-se as etapas: 1) técnica estatística esta análise, foi utilizado o teste Scree, resultando
univariada com cálculo dos estimadores estatísticos,
em gráfico com autovalores para cada fator. A partir
histogramas e gráficos tipo box-plot e geração de ma-
deste gráfico, utilizou-se o critério de Kaiser (1960),
pas geoquímicos, cujos intervalos de classe foram de-
que considera o autovalor acima de 1 como relevan-
terminados a partir dos gráficos box-plot, e 2) estatísti-
te para análise. Os mapas resultantes de cada fator
ca multivariada, onde foi utilizada a técnica de análise
fatorial, com o objetivo de gerar mapas multielemen- foram confeccionados pelos valores dos scores gera-
tares ou mapas de associações geoquímicas entre os dos na análise fatorial, os quais foram divididos em
elementos analisados. Tais técnicas de exploração de classes a partir de gráficos box-plot.
dados geoquímicos aqui utilizadas são baseadas em Para gerar os mapas geoquímicos de solo,
Grunsky (2010), Reimann et al. (2008), Reimann, Filz- unielementares ou de análise fatorial, foi utilizado
moser e Garrett (2002) e Carranza (2008, 2011). o método de interpolação IDW (inverso do quadra-
Para o tratamento estatístico, após consistên- do da distância), levando em consideração os inter-
cia e organização do banco de dados, os valores quali- valos de classe definidos pelos diagramas box-plot,
ficados (G – maior que limite de detecção superior, L – enquanto que para os sedimentos de corrente a
menor que o limite de detecção e N – não detectado) confecção dos mapas envolveu intervalos de classes,
a serem utilizados no tratamento estatístico foram também definidas pelos box-plot, representados por
multiplicados por 1,5 (G) e 0,5 (L). Posteriormente, pontos e bacias de captação.
para análise dos dados brutos e dos dados log-trans- Os mapas mineralométricos de concentrado
formados, foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk para de bateia foram gerados a partir das informações ob-
verificar a normalidade dos dados e cujos resultados tidas dos projetos Cérbero I (Subárea I e II), Ipitinga,
mostraram que todas as variáveis não apresentaram SW do Amapá e PROMIN RENCA, para ouro e cassite-
distribuição normal. A partir desta análise, os dados rita. As informações estão representadas através de
log-transformados foram plotados nos diagramas pontos e bacias de captação.
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Au Cr Cu Mn Ni Pb Zn
Valores 271 271 271 271 271 271 271
Valores Válidos 2 270 266 271 248 164 271
% Valores Validos 1 100 98 100 92 61 100
Mínimo 0,10 8 3 4 3 5 3
Máximo 0,15 3200 180 8600 450 350 170
Média 0,13 215 40 594 35 11 30
Mediana 0,13 140 28 110 21 8 20
Desvio Padrão 0,04 309 36 1163 53 27 27
Figura 6.2 - Mapa geoquímico de Cromo em solo para as amostras do Projeto Ipitinga.
81
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.3 - Mapa geoquímico de Cobre em solo para as amostras do Projeto Ipitinga.
Figura 6.4 - Mapa geoquímico de Zinco em solo para as amostras do Projeto Ipitinga.
82
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Figura 6.5 - Mapa geoquímico de Níquel em solo para as amostras do Projeto Ipitinga.
Figura 6.6 - Mapa geoquímico de Chumbo em solo para as amostras do Projeto Ipitinga.
83
Informe de Recursos Minerais
destaque para valores anômalos observados na malha oriundos do referido projeto, foram recuperados re-
B, posicionadas no domínio das rochas do Grupo Ipi- sultados analíticos das 2095 amostras para Cu, Ni e
tinga. Para o mapa do Pb (Figura 6.6), destaque para Co, das quais 190 amostras apresentam resultados
as concentrações anômalas da malha E, cujas amostras também para Pb e Zn. No entanto, neste trabalho
estão posicionadas no contato entre as rochas da For- são apresentados os mapas geoquímicos apenas
mação Igarapé do Inferno e as rochas granitoides da para Cu e Ni. Na tabela 6.5 encontra-se o sumário
Suíte Intrusiva Igarapé Careta. Tal anomalia provavel- estatístico para as amostras do Projeto Purgatório,
mente representa assinatura geoquímica das rochas e a figura 6.7 ilustra o gráfico de dispersão Ni x Cu,
granitoides da Suíte Intrusiva Igarapé Careta. que demonstra uma correlação positiva entre esses
dois elementos.
- Projeto Purgatório No mapa da figura 6.8 observa-se que os va-
lores de concentração mais destacados de Cu e Ni
estão associados à área de ocorrência do Grupo Ipi-
O Projeto Purgatório realizou levantamento tinga. A cobertura laterítica desenvolvida sobre as
geoquímico de semidetalhe, cuja malha de amos- rochas do Grupo Ipitinga é destacada pela geoquí-
tragem de solo constou de 21 linhas transversais de mica de solo, onde parte das amostras com concen-
aproximadamente 5 km, espaçadas em 200 m, com trações significativas de Cu e Ni estão na zona do
coleta de amostras a cada 50 m, totalizando 2095 platô ou na encosta, principalmente na sua borda
amostras coletadas. Após consistência dos dados SW (Figura 6.9)
Cu Ni
Valores 2095 2095
Valores Válidos 2074 1346
% Valores Válidos 99 64
Mínimo 3 1
Máximo 160 170
Média 29 21
Mediana 17 12
Desvio Padrão 30.59 20.35
84
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85
Informe de Recursos Minerais
Tabela 6.6 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados nos projetos Cérbero I (subárea I) e Mapari.
Valores em ppm.
Au Co Cu Ni Pb Zn
Valores 1023 1023 1023 1023 1023 1023
Valores Válidos 18 557 1013 881 808 1023
% Valores Válidos 2 54 99 86 79 100
Mínimo 0,05 3 3 3 5 2
Máximo 3 120 850 630 10.000 430
Média 0 35 81 45 32 61
Mediana 0 30 60 32 10 40
Desvio Padrão 1 28 85 50 352 70
Figura 6.10 - Mapa de análise fatorial (Fator 1) para amostras de solo, mostrando a associação geoquímica Cu-Pb-Zn
(scores positivos) e Ni (scores negativos).
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Informe de Recursos Minerais
88
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Tabela 6.7 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados na malha A. Valores em ppm.
Au Co Cu Ni Pb Zn
Valores 352 354 354 354 354 354
Valores Válidos 1 354 354 354 354 354
% Valores Válidos 0,28 100 100 100 100 100
Mínimo 0,06 1 7,4 6 2 12
Máximo 0,06 104 186 118 14 200
Média – 25,5 90,27 33,94 5,34 49,5
Mediana – 20,5 86 28 5 42
Desvio Padrão – 18,93 23,82 18,19 1,97 24,99
89
Informe de Recursos Minerais
Tabela 6.8 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados na malha B. Valores em ppm.
Au Co Cu Ni Pb Zn
Valores 233 234 234 234 234 234
Valores Válidos 1 234 234 234 234 234
% Valores Válidos 0,43 100 100 100 100 100
Mínimo 1,6 2 56 20 2 18
Máximo 1,6 108 168 164 18 206
Média – 35,1 108,09 47,65 6,23 65,1
Mediana – 32 106 44 6 60
Desvio Padrão – 24,42 22,39 20,86 2,51 30,78
Tabela 6.9 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados na malha C. Valores em ppm.
Au Co Cu Ni Pb Zn
Valores 91 274 274 274 274 274
Valores Válidos – 274 274 274 274 274
% Valores Válidos – 100 100 100 100 100
Mínimo – 2 28 12 3 14
Máximo – 98 148 88 20 108
Média – 19,5 78,35 34,36 8,49 37,8
Mediana – 18 82 34 8 36
Desvio Padrão – 15,14 24,28 12,59 3,36 13,97
Tabela 6.10 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados na malha D. Valores em ppm.
Au Co Cu Ni Pb Zn
Valores 169 169 169 169 169 169
Valores Válidos – 167 169 169 169 169
% Valores Válidos – 98,82 100 100 100 100
Mínimo – 1 4 1 4 6
Máximo – 24 38 52 54 44
Média – 3,17 11,24 8,48 8,96 12,36
Mediana – 2 10 6 8 11
Desvio Padrão – 3,53 6,21 7,84 6,63 5,89
Tabela 6.11 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados na malha E. Valores em ppm.
Au Co Cu Ni Pb Zn
Valores 352 355 355 355 355 355
Valores Válidos 1 354 354 354 354 354
% Valores Válidos 0,28 100 100 100 100 100
Mínimo 0,06 1 7,4 6 2 12
Máximo 0,06 104 186 118 14 200
Média – 25,5 90,27 33,94 5,34 49,5
Mediana – 20,5 86 28 5 42
Desvio Padrão – 18,93 23,82 18,19 1,97 24,99
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Figura 6.15 - Mapa geoquímico de solo para Pb, Zn, Ni, Cu e Co.
Figura 6.16 - Mapa geoquímico de solo para Pb, Zn, Ni, Cu e Co.
91
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.17 - Mapa geoquímico de solo para Pb, Zn, Ni, Cu e Co.
Figura 6.18 - Mapa geoquímico de solo para Pb, Zn, Ni, Cu e Co.
92
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 6.19 - Mapa geoquímico de solo para Co, Cu, Ni, Pb e Zn.
- Projetos Cérbero II e Cérbero II Alfa tares é possível observar que as principais anomalias
estão localizadas na subárea II e na porção central da
subárea IV do Projeto Cérbero II Alfa, em domínio de
O Projeto Cérbero II foi desenvolvido em uma
rochas do Grupo Ipitinga.
região localizada na porção sul do trend da Serra
do Ipitinga, aproximadamente entre os igarapés Para a análise de fatores, em que também fo-
Fé em Deus e Dois Irmãos, e teve caráter regional, ram considerados apenas Co, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn, foi uti-
com ênfase ao mapeamento geológico e prospec- lizada a transformação CLR dos dados. As amostras de
ção geoquímica, com objetivo de avaliar o potencial solo apresentaram um fator responsável por 42,85%
metalogenético deste segmento, visando seleção de da variância do sistema, com altos valores de corre-
áreas para trabalhos de detalhe (Figura 6.20). O Pro- lação entre Cr (scores +) e Cu-Ni-Zn (scores -), sendo
jeto Cérbero II Alfa, portanto, representou a etapa destacados aqueles elementos com correlação com o
subsequente, com vistas à prospecção geoquímica- fator < -0,5 e > 0,50 (Figura 6.24). Esta associação é
-geofísica-geológica de detalhe em 4 subáreas, para típica de rochas máficas-ultramáficas, que na região
seleção de alvos favoráveis para sulfetos de metais podem estar associadas ao Grupo Ipitinga, ou alterna-
base, ouro, cromo e estanho, e outros. tivamente por corpos básicos plutônicos ainda não co-
nhecidos. Os valores mais altos para os scores (+) que
Os dados geoquímicos dos dois projetos foram destacam o Cr, coincidem com a subárea III do Proje-
tratados de forma integrada, e somam 1173 amos- to Cérbero II Alfa, interpretada como a área de maior
tras de solo, das quais 353 amostras do Cérbero II potencial para mineralizações auríferas, cromitíferas e
foram analisadas para Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Pb, sulfetadas (PASTANA et al., 1985). A associação Cu-Ni-
Sn e Zn, e 820 do Cérbero II Alfa, para Co, Cr, Cu, Ni, -Zn (scores -) é mais significativa na subárea II, onde na
Pb e Zn. A tabela 6.12 apresenta o sumário estatísti- sua porção SSW afloram rochas do Metadiorito Dico,
co para estas amostras. além de representar zona de contato entre as rochas
Para a elaboração dos mapas unielementares, da Formação Igarapé do Inferno e Suíte Intrusiva Ca-
apresentados nas figuras 6.21 a 6.23, foram conside- recuru. Secundariamente esta associação é observada
rados os elementos comuns analisados nos dois pro- na porção nordeste da Serra do Ipitinga (Subárea IV)
jetos (Co, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn). Nos mapas unielemen- e na porção nordeste da Serra da Agonia (Subárea I).
93
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.20 - Localização das áreas dos projetos Cérbero II e Cérbero II Alfa. Legenda de unidades
litoestratigráficas está restrita àquelas que ocorrem na área do projeto Cérbero II.
Tabela 6.12 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados em amostras dos projetos Cerbero II e Cérbero
II Alfa. Valores em ppm.
Co Cr Cu Fe Mn Mo Ni Pb Sn Zn
Valores 1162 1136 1162 353 662 353 1162 1162 353 1162
Valores Válidos 820 1025 855 351 570 29 837 853 139 869
% Valores Válidos 70,57 88,21 73,58 30,21 49,05 2,50 72,03 73,41 11,96 74,78
Mínimo 1 2 1 0,04 1,1 2 1 1 1 1
Máximo 410 2.400 250 10 12.000 3 600 340 10 230
Média 12,61 67,44 24,71 2,65 614,69 2,21 13,22 6,90 1,80 22,53
Mediana 4 40 9 1,8 190 2 6 6 1,4 12
Desvio Padrão 30,07 112,05 33,84 2,33 1101,36 0,41 30,29 12,93 1,34 28,22
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Figura 6.21 - Mapas de Co e Cr para amostras de solos dos projetos Cérbero II e Cérbero II Alfa.
Figura 6.22 - Mapas de Cu e Ni para amostras de solos dos projetos Cérbero II e Cérbero II Alfa.
Figura 6.23 - Mapas de Pb e Zn para amostras de solo dos projetos Cérbero II e Cérbero II Alfa.
95
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.24 - Mapa de análise fatorial para solo (Fator 1) para Cr (scores positivos) e Cu-Ni-Zn (scores
negativos).
96
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Tabela 6.13 - Sumário estatístico para os principais elementos analisados em amostras de solo do Projeto Cuiapocu.
Valores em ppm.
Au Co Cr Cu Mn Ni Pb Zn Sn Zn
Valores 448 448 448 448 448 448 448 448 – –
Valores Válidos 14 394 447 447 446 406 336 445 139 869
% Valores Válidos 3 88 100 100 100 91 75 99 11,96 74,78
Mínimo 0,05 3,00 10,00 3,00 14,00 3,00 5,00 6,00 1 1
Máximo 1 340 1000 360 4100 400 270 310 10 230
Média 0,15 33,47 94,09 73,07 830,28 33,66 12,49 54,88 1,80 22,53
Mediana 0,10 28,00 65,00 60,00 695,00 26,00 6,00 50,00 1,4 12
Desvio Padrão 0,19 33,37 109,55 66,65 691,41 40,45 18,62 36,64 1,34 28,22
Figura 6.25 - Mapa de análise fatorial (Fator1) para solos do Projeto Cuiapocu.
97
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.26 - Perfil geoquímico de Co, Cu e Ni ao longo da linha base na Serra Cuiapocu (eixo Y - ppm).
Figura 6.27 - Perfil geoquímico de Pb e Zn ao longo da linha base na Serra Cuiapocu (eixo Y - ppm).
98
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Tabela 6.14 - Sumário estatístico para as amostras de sedimentos de corrente analisadas por absorção atômica, dos
projetos Cérbero I - Subáreas I e III, Cérbero II, Uirapuru, Mapari, Ipitinga, Purgatório e Cuiapocu. Valores em ppm.
As Au Co Cr Cu Fe Mn Mo Ni Pb Sn Zn
Valores 820 820 820 820 820 820 820 820 820 820 820 820
Valores Válidos 79 59 426 251 765 609 216 1 635 705 35 807
% Valores Válidos 10 7 52 31 93 74 26 – 77 86 4 98
Mínimo 1 – 1 – 1 – 4 1 – – 1 1
Máximo 340 479 525 260 820 1.100 3.000 216 820 820 216 820
Média 23 10 10 30 16 31 175 55 16 13 11 24
Mediana 10 - 3 15 6 1 70 2 7 8 2 15
Desvio Padrão 42 63 35 41 48 116 314 124 48 42 36 45
99
100
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.28 - (A) Mapa de análise fatorial de dados de sedimentos de corrente analisados por absorção atômica, com distribuição dos scores para a associação Cu-
Zn-Ni-Pb; (B) Mapa das bacias de captação para os scores positivos que representa a associação Cu-Zn-Ni-Pb.
101
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 6.29 - (A) Mapa para Cu a partir de resultados analíticos em sedimentos de corrente; (B) Bacias de captação representadas por intervalos de classes para Cu.
102
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.30 - (A) Mapa para Ni a partir de resultados analíticos em sedimentos de corrente; (B) Bacias de captação representadas por intervalos de classes para Ni.
103
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 6.31 - (A) Mapa para Zn a partir de resultados analíticos em sedimentos de corrente; (B) Bacias de captação representadas por intervalos de classes para Zn.
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Informe de Recursos Minerais
Figura 6.32 - (A) Mapa para Pb a partir de resultados analíticos em sedimentos de corrente; (B) Bacias de captação representadas por intervalos de classes para Pb.
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Tabela 6.15 - Sumário estatístico das amostras de sedimentos de corrente do Projeto Sudoeste do Amapá analisadas por
espectrometria de emissão ótica. Valores em ppm. L – Abaixo do limite de detecção.
Elementos Valores Nº Valore Válidos % Valores Válidos Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão
Ag 426 L – – – – – –
As 426 L – – – – – –
Au 426 L – – – – – –
B 426 219 51 10 700 83 50 98
Ba 426 426 100 30 3.000 355 300 320
Be 426 34 8 1 3 1 1 -
Bi 426 L – – – – – –
Cd 426 L – – – – – –
Co 426 385 90 5 100 17 10 17
Cr 426 399 94 10 700 93 70 127
Cu 426 315 74 5 150 20 10 23
La 426 360 85 20 1.000 111 70 144
Mn 426 425 100 20 5.000 880 700 846
Mo 426 10 2 5 5 5 5 -
Nb 426 310 73 10 150 15 15 11
Ni 426 344 81 5 100 26 15 23
Pb 426 322 76 10 300 37 20 35
Sb 426 L – – – – – –
Sc 426 207 49 5 50 13 10 8
Sn 426 52 12 10 300 27 15 46
Sr 426 46 11 100 1.000 178 100 168
V 426 422 99 10 500 74 50 67
W 426 L – – – – – –
Y 426 408 96 10 1.500 81 30 131
Zn 426 1 – 200 200 200 200 –
Zr 426 147 35 100 1.000 662 700 320
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Informe de Recursos Minerais
Figura 6.33 - (A) Distribuição dos scores para o fator 1 da associação Co-Cr-Ni-V (scores positivos) e La-Y (scores
negativos) em sedimentos de corrente analisados por espectrometria de emissão ótica do Projeto Sudoeste do Amapá.
(B) Mapa do fator 1 com representação em bacias de captação e indicação das estações.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 6.34 - (A) Distribuição dos valores de concentração de Cu em sedimentos de corrente analisados por
espectrometria de emissão ótica do Projeto Sudoeste do Amapá. (B) Mapa geoquímico de Cu com representação em
bacias de captação e indicação das estações.
107
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.35 - (A) Distribuição dos valores de concentração de Cr em sedimentos de corrente analisados por
espectrometria de emissão ótica do Projeto Sudoeste do Amapá. (B) Mapa geoquímico de Cr com representação em
bacias de captação e indicação das estações.
108
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Figura 6.36 - (A) Distribuição dos valores de concentração de Mn em sedimentos de corrente analisados por
espectrometria de emissão ótica do Projeto Sudoeste do Amapá. (B) Mapa geoquímico de Mn com representação em
bacias de captação e indicação das estações.
109
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.37 - Mapa de destaques mineralométricos para ouro e cassiterita em amostras de concentrados de bateia.
111
Informe de Recursos Minerais
Figura 6.38 - Mapa geoquímico para Au em amostras de concentrados de bateia do Igarapé Purgatório.
112
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7 RECURSOS MINERAIS
Cintia Maria Gaia da Silva, Evandro Luiz Klein, Marcos Luís do Espirito Santo Quadros,
Bruce Fabini Franco Chiba, Ricardo Wosniak
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Informe de Recursos Minerais
Figura 7.1 - Versão simplificada do mapa de associações tectônicas do Projeto ARIM RENCA (versão original para
download em http://geosgb.cprm.gov.br), com a distribuição dos depósitos e ocorrências minerais conhecidas na área.
Garimpos citados na tabela 7.1: 1 - Carará, 2 - Catarino, 3 - Castanhal, 4 - Mamão, 5 -Limão, 6 - Nova Divisão, 7 - Nova
Esperança, 8 - Igarapé do Inferno. O status “ativo” ou “inativo” dos garimpos foi atribuído a partir de informações da
literatura, não havendo garantia se estas são válidas para a data de publicação deste produto, ou a partir da análise de
imagens do Google Earth, acessadas em julho de 2017.
114
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fraturas preenchidas por quartzo e/ou muscovita e em muscovita quartzito da Formação Igarapé Fé em
turmalina corta tanto veios quanto rocha hospedeira Deus, Grupo Ipitinga. Os veios de quartzo são parale-
e contém ouro livre (KLEIN; ROSA-COSTA, 2003). los à xistosidade, orientada segundo N20°W/35°SW,
leitosos, maciços a sacaroidais, localmente lamina-
7.1.2 Garimpo do Catarino dos. A alteração hidrotermal em torno dos veios de
quartzo consiste em muscovita grossa, turmalina e
quartzo (Figura 7.4). A turmalina ocorre tanto nas
De acordo com Klein e Rosa-Costa (2003), o paredes dos veios como em lâminas individuais de
garimpo do Catarino encontra-se no mesmo trend quartzo. Klein e Rosa-Costa (2003) não identificaram
estratigráfico e estrutural que a mineralização do de- variações na intensidade de deformação entre zona
pósito do Carará e do garimpo Mamão (Figura 7.1) mineralizada e quartzito hospedeiro e interpretaram
e possui características geológicas similares às apre- o conjunto de veios como depositados aproveitando
sentadas pelo depósito Carará. A mineralização con- os planos de foliação. Partículas de ouro placoides a
siste em um conjunto de veios e vênulas subparalelas, irregulares, normalmente inferiores a 0,5 mm, são
com 3 a 10 cm de espessura (Figura 7.4), hospedados ocasionalmente visíveis.
Tabela 7.1 - Principais características dos depósitos de ouro primários estudados situados no Domínio Carecuru.
Fonte: Klein e Rosa-Costa (2003).
Orientação
Depósito/ Rocha Estilo Textura
Ganga Minério do Veio
Garimpo Hospedeira Estrutral do Veio
(Strike/Dip)
calcopirita
Nova veio de cisalhamento sacaroidal, N85W/40NE
tonalito sericita pirita
Divisão extensional-oblíquo (?) maciço N0E/subvertical
galena
Nova sacaroidal, sericita,
monzogranito extensional-oblíquo (?) pirita N85E/10SW
Esperança laminado muscovita
veio de cisalhamento/ controlado
laminado, sericita, N30W/60SW
Castanhal metapelito pela foliação
extensional-oblíquo (?)
maciço clorita N60E/60SE
maciço,
sericita,
Catarino quartzito controlado pela foliação sacaroidal, N20W/35SW
laminado
turmalina
sacaroidal, sericita,
Carará quartzito veio de cisalhamento N20-55W/80SW
maciço turmalina
metapelito, sacaroidal, N30-45W/60-85SW
Mamão controlado pela foliação sericita
metaultramáfica maciço N50E/45SE-NW
sericita,
Igarapé veio de preenchimento de falha (?)
monzogranito sacaroidal feldspato pirita N50W/58SW
do Inferno controlado pela foliação (?)
potássico
maciço,
formação
Limão veio de cisalhamento laminado, sericita pirita N80W/75SW
ferrífera
xistoso
115
Informe de Recursos Minerais
Figura 7.3 - (A) Vista geral de frente de lavra garimpeira no Depósito do Carará, posterior ao fechamento da mina. A zona
mineralizada está delineada pelas linhas tracejadas em amarelo; (B) Detalhe do veio de quartzo mineralizado (centro),
encaixado em muscovita quartzito com mergulho de alto ângulo e margeado por estreita zona rica em turmalina (seta).
Fonte: Klein e Rosa-Costa (2003).
go de estrutura de direção NW-SE, concordante com de sua descrição (KLEIN; ROSA-COSTA, 2003). Esses
o padrão regional, e que foi explorada longitudinal- veios, de orientação N80°W/75°SW, possuem halos
mente por cerca de 400 m. A rocha hospedeira é centimétricos de alteração sericítica, que também
principalmente xisto pelítico da porção indivisa do marcam os limites da zona de cisalhamento hospe-
Grupo Ipitinga e localmente um anfibólio-serpentina deira, com pirita média ocorrendo no contato dos
xisto da Formação Igarapé do Inferno (Figura 7.6). veios com a rocha hospedeira, que pode ser forma-
Os veios mineralizados são paralelos ou dis- ção ferrífera (Figura 7.7A) ou rocha metassedimen-
cordantes da xistosidade da hospedeira, de orien- tar, relacionada à Litofácies 2 da Unidade Treze de
tação dominante N30°-45°W/60°SW, com inflexões Maio. O ouro (livre) aparenta estar restrito ao veio,
locais para NE, o que foi interpretado por Klein e Ro- uma vez que seu entorno não estava sendo lavrado.
sa-Costa (2003) como reflexo de dobramentos locais. Os cristais de quartzo dos veios são estirados
no sentido do mergulho desses veios, e estrias de
Os veios são maciços a sacaroidais e possuem
alto ângulo em suas paredes foram interpretadas por
halos hidrotermais com poucos decímetros a 4 m,
Klein e Rosa-Costa (2003) como indicativas de movi-
regulares ou não, compostos por sericita (± quartzo)
mento reverso em zona de cisalhamento. A estrutura
e clorita (?). Sericita também preenche pequenas
interna dos veios varia ortogonalmente à direção, de
fraturas no quartzo e na rocha hospedeira alterada. forma assimétrica (Figura 7.7B). No teto, o veio apre-
Klein e Rosa-Costa (2003) classificaram esses veios senta forte deformação dúctil e aspecto laminado ou
como de preenchimento de falhas/zonas de cisalha- xistoso, com alternância de quartzo fitado (ribbon) e
mento, podendo localmente preencher zonas de di- fragmentos de rocha hospedeira alterada. Fora desta
latação na foliação regional. zona o veio é laminado, mas não xistoso, com lâmi-
nas individuais separadas por discretas superfícies
7.1.5 Garimpo Limão de deslizamento. O centro é maciço, variando para
laminado em direção ao piso da estrutura. Klein e
Rosa-Costa (2003) interpretaram essas feições como
A mineralização do Garimpo Limão consiste geradas em estrutura ativa e que a deformação con-
em veios de quartzo com espessura de 0,5 a 2,0 m tinuou após a formação do veio, possivelmente asso-
e comprimento de pelo menos 50 m, explorados ciada com mecanismo de variação cíclica de pressão
em galerias de até 45 m de profundidade, à época de fluidos no regime de esforços.
Figura 7.6 - Aspectos das rochas hospedeiras no Garimpo Mamão. (A) Xisto pelítico, com alteração clorítica (?) e veios
de quartzo. (B) Xisto máfico.
Figura 7.7 - (A) Rocha hospedeira (formação ferrífera) de veio mineralizado no Garimpo Limão. (B) Da esquerda para
direita, veio de quartzo maciço, laminado e xistoso.
117
Informe de Recursos Minerais
7.1.6 Garimpo Nova Divisão galena (Figura 7.8B). Klein e Rosa-Costa (2003) não
observaram relações de corte entre os dois sistemas
e interpretaram o veio secundário como extensional.
De acordo com Klein e Rosa-Costa (2003), duas
zonas mineralizadas, grosseiramente ortogonais, fo-
ram exploradas no Garimpo Nova Divisão. A zona 7.1.7 Garimpo Nova Esperança
principal, hospedada paralelamente a uma zona de
cisalhamento discreta, possui atitude N85°W/40°NE, à
Segundo Klein e Rosa-Costa (2003), a mineraliza-
qual se associa veio de quartzo individual, com até 1
ção aurífera no Garimpo Nova Esperança está contida
m de espessura, ou um sistema de vários veios finos,
em veio de quartzo orientado segundo N85°W/10°SW,
descontínuos e anastomóticos. A coalescência dos ha-
hospedado em estrutura rúptil que corta monzograni-
los de alteração sericítica desses veios gerou uma zona
to grosso da Suíte Intrusiva Carecuru. O veio minerali-
principal com 0,5-1,0 m de espessura (Figura 7.8A). Os
zado possui textura laminada e sacaroidal, com alguma
veios estão fraturados, provavelmente como resultado
concentração de pirita cúbica (Figura 7.9), localmente
de deformação rúptil tardia, e internamente mostram
maciço e desprovido de sulfetos. A textura laminada é
granulação média, com cristais de quartzo de 2-3 mm
formada por lâminas de quartzo separadas por finas
em arranjo sacaroidal. Esta zona mineralizada secciona
superfícies marcadas por agregados de quartzo comi-
biotita tonalito da Suíte Intrusiva Carecuru, nas proxi-
midades de seu contato com rochas metamáficas da nuído, provavelmente devido a cisalhamento. Interna-
Unidade Fazendinha. Klein e Rosa-Costa (2003) classi- mente as lâminas possuem texturas sacaroidal e ma-
ficaram esse estilo como veio de cisalhamento (shear ciça. Sericita ocorre em fraturas do quartzo. O veio foi
vein, no conceito de ROBERT; POULSEN, 2001). interpretado como extensional.
O veio secundário é vertical e possui direção
N5°E. É maciço e composto por quartzo leitoso e 7.1.8 Garimpo Igarapé do Inferno
quantidades subordinadas de calcopirita, pirita e
Klein e Rosa-Costa (2003) descrevem minerali-
zação de ouro em veio de quartzo, grosso e sacaroidal,
com 50 cm de espessura, atitude N50°W/58°SW e dis-
seminação de pirita fina e subeuédrica. O veio é des-
contínuo (lenticular?) e corta monzogranito da Suíte
Intrusiva Carecuru (Figura 7.10A,B). Possui halo sericí-
tico simétrico (além de forte caulinização no granito,
provável produto de alteração supergênica de feldspa-
tos), chegando o conjunto a espessuras da ordem de
3 m. Sericita hidrotermal também preenche fraturas
no veio, o qual foi interpretado por Klein e Rosa-Costa
(2003) como veio de preenchimento de falha ou veio
de quartzo simples, com base em Witt (1993).
Figura 7.10 - Aspectos das rochas no Garimpo Igarapé do Inferno. (A) Veio de quarto. (B) Monzogranito da Suíte
Intrusiva Carecuru (esquerda) e fragmentos caulinizados do granito (direita).
Figura 7.11 - (A) Mapa geológico da área de ocorrência de garimpos visualizados em imagem do Google Earth.
(B) Detalhe de um garimpo da bacia do rio Carecuru (polígono amarelo em A).
119
Informe de Recursos Minerais
pós-pico metamórfico das mineralizações (KLEIN; -rúptil, são associadas a uma fase Dn+2. Os veios de
ROSA-COSTA, 2003). quartzo auríferos reconhecidos nos garimpos visita-
O principal estilo de depósito corresponde a dos, possuem principalmente direção principal NW-
veios de quartzo, tabulares ou irregulares, preen- -SE, e possivelmente relacionados à geração das zo-
chendo estruturas concordantes ou não com a folia- nas de cisalhamentos regionais NW-SE.
ção regional (fault-fill/shear veins e veios extensio-
nais-oblíquos, conforme ROBERT; POULSEN, 2001). 7.1.10.2 Natureza e fonte de fluidos e metais
As estruturas hospedeiras são zonas de cisalhamento
ou juntas, tendo a maioria direção geral N20°-85°W
e localmente N50°-60°E. Arranjos de vênulas descon- Estudos de inclusões fluidas (KLEIN et al., 2009;
tínuas, regulares ou não, também são encontrados. KLEIN; FUZIKAWA, 2010) realizados em veios de quart-
Texturas maciça, sacaroidal e laminada são ubíquas e zo dos garimpos Nova Esperança, Mamão, Castanhal,
indicam profundidade pelo menos moderada para o Limão e Catarino, identificaram fluidos aquo-carbô-
posicionamento dos veios, em geral em estrutura ati- nicos compostos por CO2 e pequena contribuição de
va, atestando um caráter sin a tarditectônico (KLEIN; outros voláteis na fase gasosa (traços a quantidades
ROSA-COSTA, 2003). moderadas de CH4 e, localmente, traços de C2H6). Esses
Klein e Rosa-Costa (2003) interpretam as es- fluidos têm baixa salinidade (5% em peso equivalente
truturas observadas nas frentes de lavra como evi- de NaCl) e homogeneizam predominantemente entre
denciando uma fase de encurtamento crustal (D1), 300° e 335°C. O depósito Carará difere desse padrão
seguida por regime transcorrente (D2), provavel- (Figura 7.12), pois contém apenas inclusões de CO2
mente relacionadas com a fase colisional da evolu- (± N2-C2H6), sem H2O, e, aparentemente, formou-se
ção orogenética (colisão entre Domínio Carecuru e em temperatura algo superior, de 350° a 475°C, e foi
Bloco Amapá). posteriormente reequilibrado em menor temperatura
Considerando-se as interpretações estruturais (KLEIN; FUZIKAWA, 2010).
deste projeto (vide Capítulo 4), a principal e mais Isótopos de oxigênio e hidrogênio indicam su-
marcante estruturação regional NW-SE, de caráter perposição de fontes magmática e metamórfica para
dúctil, é relacionada à fase Dn+1, enquanto as estru- a maioria dos garimpos estudados, exceção feita
turas com direção média NE-SW têm natureza dúctil- a Carará (Figura 7.12). O fluido em Carará também
120
Reserva Nacional do Cobre e Associados
difere isotopicamente dos demais garimpos e sua 2,10-2,08 Ga (ROSA-COSTA et al., 2008b), e poste-
origem, embora incerta, indica fonte profunda (man- rior à intrusão de granitos aluminosos da Suíte Intru-
télica, magmática ou metamórfica). Klein e Fuzikawa siva Igarapé Careta e do Granito Carrapatinho (2,06
(2010) sugerem fluidos derivados do magmatismo a 2,03 Ga / BARRETO et al., 2013a; ROSA-COSTA;
charnockítico de 2,07 Ga (Suíte Intrusiva Igarapé LAFON; DELOR, 2006; FARACO et al., 2004; ROSA-
Urucu) e/ou do metamorfismo granulítico contem- -COSTA; CHAVES; KLEIN, 2014), que marcam estágios
porâneo como fontes possíveis para o CO2 de Carará. pós-colisionais a tardi-orogênicos.
Estudo de isótopos de Pb em sulfetos dos ga- Datação de muscovita hidrotermal, pelo méto-
rimpos Nova Divisão, Igarapé do Inferno e Limão do 40Ar/39Ar, no depósito Carará e Garimpo do Catari-
(KLEIN et al., 2009), mostram composições menos ra- no, geologicamente similares, gerou idades de 1940 ±
diogênicas para galena e pirita de Nova Divisão, plota- 20 Ma e 1930 ± 20 Ma, respectivamente, e são inter-
dos no entorno da curva do Orógeno (segundo ZART- pretadas como idade mínima da mineralização (KLEIN
MAN; DOE, 1981), e mais radiogênicas para pirita de et al., 2009). Como a temperatura de bloqueio do sis-
Igarapé do Inferno e Limão, plotando entre as curvas tema Ar-Ar em muscovita é 375 ± 50°C (QUIGLEY et al.,
do Orógeno e da Crosta Superior (Figura 7.13A). Em 2006), estas idades também podem refletir o resfria-
todos os casos, observa-se ausência de contribuição mento regional ou eventos magmáticos mais jovens.
de chumbo da crosta inferior (Figura 7.13B). Datações Ar-Ar em biotita de granitoides da Suíte In-
trusiva Carecuru forneceram idades de 1,93 e 1,83 Ga
7.1.10.3 Idade da mineralização (ROSA-COSTA et al., 2009), que foram interpretadas
pelos autores como resultado de interferência térmica
de plútons anorogênicos mais jovens em 1,88-1,86 Ga.
As informações geológicas obtidas nos depósi- Klein et al. (2009) também determinaram ida-
tos estudados indicam que a mineralização é poste- des modelo Pb-Pb em galena do garimpo Nova Di-
rior ao pico do metamorfismo regional, relacionado visão, com valores entre 2016 e 2113 Ma (modelo
à fase orogenética colisional, datado em torno de em estágio duplo de STACEY; KRAMERS, 1975). Es-
121
Informe de Recursos Minerais
ses valores são similares à idade da mineralização gerados a partir do hidrotermalismo em fundo oce-
no depósito de ouro Amapari, hospedado no Grupo ânico de rochas máficas. Rochas metassedimentares
Vila Nova (a leste da área do Projeto ARIM RENCA), químicas (formações ferríferas) e clásticas fazem par-
conforme reportado por Galarza, Lafon e Macambira te do conjunto litológico do Grupo Ipitinga, na época
(2006), além de idade de 1902 Ma em pirita do ga- entendido como pertencente ao Grupo Vila Nova.
rimpo Limão (Klein et al., 2009). Faraco (1997) descreve a mineralização de sul-
Com base nessas informações Klein e Fuzi- feto como disseminada ao longo da xistosidade da
kawa (2010), levando em consideração a sincronia rocha, como níveis delgados e irregulares, e também
entre formação de veios e deformação, pelo menos em brechas (Figura 7.14 A, B). A assembleia sulfetada
no depósito Carará, sugeriram que a mineralização consiste principalmente em pirrotita e pirita, com cal-
ocorreu mais próximo de 2030 Ma. copirita e esfalerita subordinadas. A calcopirita é des-
crita como preenchendo fraturas em pirita, intercres-
7.2 COBRE cida com a pirrotita e mais raramente com esfalerita,
substituindo a pirita (Figura 7.15 A, B). Em brechas e
microbrechas, a pirrotita substitui a pirita, com desta-
A única ocorrência de cobre na área do Projeto que para aumento de calcopirita. Ouro, molibdenita,
ARIM RENCA localiza-se na região da Serra do Ipitin- galena, e hessita (telureto de Ag) foram identificados
ga, considerada como potencial para mineralizações em inclusão de pirrotita, através de análises em MEV
metálicas desde a realização do Projeto Sudoeste do – Microscópio Eletrônico de Varredura. Análises quí-
Amapá (JORGE JOÃO et al., 1978). Geologicamente, a micas de pirita e pirrotita apresentaram traços de Co,
Serra do Ipitinga, alongada na direção NW-SE, abran- As, Zn, Cu e Ni e presença de ouro, com aparente pre-
ge a sequência metavulcanossedimentar do Grupo ferência deste metal pela pirrotita.
Ipitinga, considerada como formada em ambiente de A estruturação marcante desta região são zo-
expansão de fundo oceânico, em um sistema de bacia nas de cisalhamento NW-SE, subverticais, com mer-
retroarco (FARACO; McREATH; COSTA, 1991), desen- gulhos para NE, de extensão quilométrica, com gera-
volvido nos estágios iniciais do Ciclo Transamazônico ção de milonitos e dobras apertadas. Melo, Pinheiro
de orogenias, em torno de 2,26 Ga (McREATH; FARA- e Lobato (1985) descreveram a Serra do Ipitinga, na
CO, 2006). O Grupo Ipitinga representa o principal área do Projeto Cérbero I Alfa, como um anticlinal,
metalotecto para metais base e Au da área do Proje- com plano axial de direção NW-SE, com um dos flan-
to ARIM RENCA. Esta faixa está posicionada ao longo cos subvertical e outro menos inclinado, com mer-
do limite entre terrenos tectônicos, Bloco Amapá e gulho de 70-80°, com concentração de sulfetos em
Domínio Carecuru, e é estruturalmente condicionada eixos de dobras em xistos. Brechas, fraturas, cata-
por extensos lineamentos NW-SE, que configuram a clasitos e veios de quartzo também são descritos na
Zona de Cisalhamento Ipitinga (Figura 7.1). área, mas sem correlação temporal e espacial entre
Vários projetos da CPRM desenvolveram pes- elas.
quisas na região da Serra do Ipitinga (Figura 1.5, Entende-se que houve formação de zonas de
Capítulo 1), especialmente mapeamento geológico cisalhamento NW-SE, com aporte de fluidos e trans-
associado a levantamentos geoquímicos prospec- formações retrometamórficas, posteriores à minera-
tivos, com destaque para o Projeto Cérbero I Alfa lização singenética caracterizada por Faraco (1997).
(MELO; PINHEIRO; LOBATO, 1985), que realizou le- Assembleia mineral de baixo grau formada por car-
vantamentos geofísicos terrestres (eletrorresistivi- bonato, sericita, muscovita, clorita e turmalina, com
dade/polarização induzida e magnetometria), além
de sondagem (sondas Winkie até 60,30 m, e BBS até
232,0 m). Foram realizados quatro furos mais pro-
fundos, com metragem variando de 224,80 a 232,0
m, além de nove furos mais rasos, com profundida-
des entre 17,60 e 60,30 m.
Faraco (1990, 1997) a partir de estudos reali-
zados em amostras dos testemunhos de sondagens
e coletadas em afloramentos pelo Projeto Cérbero
I Alfa admite um modelo de mineralização singené-
tica, do tipo vulcanogênico exalativo (VMS), com os
metais lixiviados das rochas encaixantes e, portanto,
com idade em torno de 2,26 Ga.
As rochas hospedeiras da mineralização, se-
gundo Faraco (1997), são principalmente metaba-
saltos toleiíticos e komatiíticos, hidrotermalizados
(quartzo-clorita xistos/antofilita-cordierita xistos) e
brechas tectônicas com quartzo, actinolita, clorita, Figura 7.14 - A) Níveis delgados, descontínuos e irregulares
cummingtonita, talco e apatita. Os antofilita-cordieri- de sulfetos, concordantes com a foliação; B) Fenoblasto
ta xistos são produtos de metamorfismo regional (fá- subidioblástico de pirita brechada (Py) circundada por
cies anfibolito) de quartzo-clorita xistos, estes últimos pirrotita (Po). Fonte: Faraco (1997).
122
Reserva Nacional do Cobre e Associados
geração de epidositos e veios de quartzo diversos (n = 5), que alcança no máximo 150 m de profundi-
são associados a este evento hidrotermal-metamór- dade, acusou esta zona condutiva com valores mais
fico. Segundo esta autora, intrusões graníticas tar- baixos de resistividade que os níveis mais rasos, indi-
dias também produziram alterações hidrotermais na cando que a base do corpo condutor pode estar mais
sequência metavulcanossedimentar contribuindo na profunda. A zona condutora (topo do corpo) possui
complexidade metalogenética da área. direção NW-SE, comprimento superior a 10 km de
Os dados de geofísica terrestre obtidos pelo comprimento, podendo se estender para além dos
Projeto Cérbero I Alfa foram compilados de gráficos limites da área coberta pelo levantamento, largura
e mapas apresentados em relatório daquele proje- média de 500 m, com variações entre 100 m e 700 m,
to, e aqui reinterpretados. Salienta-se que os dados e volume de 247 milhões m3. Estimativas de cálculo
brutos dos levantamentos geofísicos não foram re- indicam forte mergulho do corpo de 60° para NE.
cuperados, e por esta razão não foi possível aplicar O levantamento magnético terrestre indica
metodologias mais robustas de tratamento de dados anomalias correspondentes a um corpo magnetiza-
geofísicos. Os dados terrestres de IP (Polarização In- do, alongado na direção NW-SE (Figura 7.16C). A ele-
duzida) e magnetometria foram obtidos ao longo de vada amplitude e grande comprimento de onda das
picadas com espaçamento de 50 a 30 m, e piquete- anomalias magnéticas sugerem que o topo do corpo
amento de 50 em 50 m. O levantamento elétrico foi é raso, e que sua base pode ser profunda. Também
arranjo dipolo-dipolo, com espaçamento entre ele- é possível inferir um prolongamento do corpo na di-
trodos de 50 metros e 5 níveis de investigação. reção NW-SE, além dos limites da área pesquisada, o
A partir da correção e consistência dos dados que é corroborado pelos dados aeromagnetométri-
elétricos de IP foram produzidos mapas de resistivi- cos do Projeto Aerogeofísico RENCA (CPRM, 1999).
dade aparente em profundidades variadas, de 50 m, Nos produtos aeromagnetométricos, destacam-se
75 m, 100 m, 125 m e 150 m (Figura 7.16B). A partir lineamentos magnéticos de direção NE-SW, que po-
da integração dos dados de resistividade aparente e dem estar associados às estruturas tectônicas, e que
cargabilidade foi possível produzir uma visualização seccionam o corpo magnetizado e podem ter causa-
3-D dessas propriedades (Figura 7.16C), com a deli- do as diferentes concentrações de material condutor
mitação de uma zona de baixa resistividade, com di- ao longo do eixo principal do corpo. Estes lineamen-
reção geral N40°W, que pode corresponder a um cor- tos magnéticos NE-SW são interpretados no presente
po condutivo, alvo de investigação por sondagem no projeto como estruturas dúctil-rúpteis da fase Dn+2,
Projeto Cérbero I Alfa. A geometria foi gerada a partir que seccionam estruturas Dn+1 de direção NW-SE
da interpolação dos dados e sua interpretação deve (vide Capítulo 4).
considerar as limitações impostas pela resolução dos A análise multielementar dos dados geoquími-
dados (espaçamento entre estações e linhas). Apesar cos de solo, coletados no Projeto Mapari (MARINHO;
da metodologia empregada no levantamento forne- FARIA, 1982) e Cérbero I (MARINHO et al., 1983), e
cer resultados a partir de 50 m de profundidade, é reinterpretados no presente projeto (vide Capítulo
provável que o topo do corpo condutor esteja mais 6), destacam uma associação Cu-Pb-Zn (scores +) e Ni
raso devido aos altos contrastes de resistividade apa- (-) com trend contínuo de direção NW-SE e resulta-
rente apresentados. O último nível de investigação dos favoráveis para Au (0,5 a 2,8 ppm) (Figura 7.16E).
123
Informe de Recursos Minerais
Os furos de sondagens executados pelo Proje- região do Igarapé Fé em Deus, como hematita com-
to Cérbero I Alfa foram de caráter exploratório, em pacta, itabiritos (hematita intercalada com sílica),
uma área limitada do prospecto, com o objetivo de quartzitos e quartzitos ferruginosos, as vezes ban-
identificar o corpo condutor apontado pela geofísica, dados, e sobrejacentes a anfibolitos. Três amostras
não sendo representativos do potencial da região. A de minério de ferro foram analisadas, e apresenta-
posição vertical dos furos, em rochas com foliação ram teores de 39,66%, 58,33% e 63,23% de Fe. Em
subvertical, não permitiu definir a profundidade real uma tentativa de quantificar uma reserva e basea-
do corpo dentro da sequência. dos na área de três serras semelhantes (4 km x 1,5
Os furos não ultrapassaram o corpo condutor, km cada) e espessura de 50 m, estes autores cal-
mas revelaram intervalos com valores destacáveis cularam uma “reserva geológica possível” de 2.367
para Cu, Zn, Au e Ag. Especificamente no furo FP-3 Mt de Fe.
foram registrados teores de 0,98% de Cu, 208 ppm Na região do Igarapé dos Patos, na Serra do
de Zn, 26 ppm de Pb, 11 ppm de Au e 74 ppm de Ipitinga, também foram encontradas ocorrências
Ag, em quartzo-clorita xistos, no intervalo de 86,45- de hematita compacta, por vezes com estruturas
86,95 m (CARVALHO, 2008). Faraco (1997) também superficiais botroidais, e quartzito ferrífero, am-
encontrou teores similares para este intervalo, com pliando assim a potencialidade de minério de fer-
1,0% Cu, 8,85 ppm de Au e 49 ppm de Ag (Figura ro para norte na referida serra (MARINHO; FARIA,
7.17). Utilizando-se os dados de Carvalho (2008), foi 1982).
calculado compósito para o intervalo de 86,45-87,45 Outras ocorrências de ferro foram registradas
m do furo FP-03, de 1 m @ 0,7% Cu, 6,5 g/t Au, 48 no Projeto Sudoeste do Amapá (JORGE JOÃO et al.,
g/t Ag. As análises químicas para os furos FP-1, FP-2 1978), nas proximidades dos rios Paru e Jari. As ocor-
e FP-3 foram realizadas apenas nos intervalos com rências do Rio Paru se posicionam nas rochas metas-
ocorrência de sulfetos, com média de 0,20 cm de supracrustais da Unidade Treze de Maio, e a do Rio
espessura. Carvalho (2008) organizou estes resulta- Jari é correlacionável a segmentos do Grupo Ipitin-
dos, alguns realizados após a finalização do Projeto ga, que não foram cartografados na escala do mapa
Cérbero I Alfa, e que estão apresentados nos anexos apresentado no presente projeto.
deste relatório.
Segundo Jorge João et al. (1978), o ferro do
Integrando-se todas as informações geoló- Paru dispõe-se em serras alinhadas segundo NW-
gicas, geofísicas e geoquímicas, observa-se que o -SE, próximas ao rio homônimo, sendo represen-
trend anômalo para a associação Cu-Pb-Zn é coinci- tado por hematita compacta, parcial ou altamente
dente com a direção da anomalia magnética, com a alterada, sem intercalação de sílica, sendo interpre-
projeção do corpo condutivo em superfície, e com tada como resultante da alteração de anfibolitos,
a direção das faixas do Grupo Ipitinga (Figura 7.16), ou mesmo produto de enriquecimento supergê-
definindo a potencialidade desta área para pesquisas nico. O ferro foi encontrado como blocos de cerca
de maior detalhe para Cu-Pb-Zn e Au-Ag, conforme de 3 m de altura em encostas de elevações. Estes
se discute no Capítulo 8. autores destacam também ocorrências de cangas
ferruginosas com concreções de hematita, deriva-
7.3 FERRO das possivelmente do minério de ferro. Duas amos-
tras de minério de ferro parcialmente alteradas fo-
ram analisadas, apresentando teores de 53,32% e
As ocorrências de minério de ferro na área do 55,04% de Fe. Considerando uma espessura de 10
Projeto ARIM RENCA estão associadas às sequências m para a crosta ferruginosa e a extensão dos platôs
metassedimentares do Grupo Ipitinga e Unidade Tre- lateríticos, Jorge João et al. (1978) calcularam uma
ze de Maio, e estão relacionadas a formações ferrí- “reserva geológica possível” de 760 Mt de minério
feras bandadas (itabiritos) e quartzitos ferruginosos, de ferro na área do Rio Paru. A amostra de hematita
ou a crostas lateríticas. Não existe pesquisa de deta- compacta do Rio Jari foi a que forneceu maior teor
lhe para minério de ferro na área, mas a presença de de Fe, com 67,21% (Fe2O3 = 96,1%).
formações ferríferas, aliada a extensão longitudinal Na literatura, tem-se a citação de outras
de anomalias magnéticas, especialmente ao longo duas ocorrências de ferro, e que não foi possível
da Serra do Ipitinga, permite caracterizar a região inseri-las no banco de dados de recursos minerais
com alta potencialidade para minério de ferro. Na deste projeto, em função da escassez de informa-
figura 7.18 pode-se observar a relação das ocorrên- ções e ausência de acurácia locacional. Barros et al.
cias de ferro no contexto geológico e a assinatura nos (1984) citam uma ocorrência de ferro na Serra das
mapas magnéticos. Coambas, na área do Rio Cupixi, em domínios do
O ferro do Ipitinga foi citado inicialmente no Grupo Vila Nova, na forma de canga ferrífera e/ou
Projeto Radambrasil (ISSLER et al., 1974) em camadas em afloramentos de itabiritos e jaspilitos limoníti-
ferríferas associadas ao então Grupo Vila Nova (hoje cos, e que foram objetos de estudo pela ICOMI na
Grupo Ipitinga), onde foi destacada a possança década de 1970. Outra ocorrência de ferro é regis-
destes horizontes. A origem do ferro foi sugerida por trada por Machado Filho et al. (1986) na Serra do
enriquecimento supergênico dos itabiritos. Iratapuru, citada como numerosos blocos de mag-
Jorge João et al. (1978) descreveram as lito- netita granulada e também como blocos de hema-
logias metassedimentares da Serra do Ipitinga, na tita compacta.
124
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 7.16 - (A) Mapa geológico da área do Projeto Cerbero I Alfa (polígono vermelho), sob imagem SRTM, com
localização dos furos de sondagem e estações de medidas elétricas; (B) Mapa de resistividade aparente para
profundidade de 150 m. (C) Modelamento 3-D de zona de baixa resistividade, delineada pelas seções de resistividade.
(D) Mapa do campo magnético anômalo com a localização das estações de medidas magnetométricas. (E) Mapa
geoquímico de análise fatorial (Fator 1) para Cu-Pb-Zn (+) e Ni (-) com resultados para Au.
125
Informe de Recursos Minerais
Figura 7.17- Perfis dos furos FP-1 e FP-3 do Projeto Cérbero I Alfa, com classificação litológica segundo Faraco (1997).
126
Reserva Nacional do Cobre e Associados
127
Informe de Recursos Minerais
de Maraconaí (Ti), localizados na porção sudoeste da (anatásio e ilmenita). Segundo Costa et al. (1991), en-
área deste projeto. Esse magmatismo é relacionado tre 1985 e 1987, a DOCEGEO realizou dezoito furos de
à tectônica distensiva que atuou no Cráton Amazôni- sondagem, em uma zona anômala para fósforo, delimi-
co no final do Neoproterozoico, a partir do qual evo- tada pela geoquímica de solo em cobertura laterítica.
luiu a Bacia do Amazonas (LEMOS; GASPAR, 2002). Posteriormente, a Universidade Federal do Pará em
parceria com a DOCEGEO, desenvolveu várias pesqui-
7.5.1 Depósito de Maicuru sas acadêmicas na área de Maicuru para caracterizar o
corpo ultramáfico e a geoquímica das lateritas.
A superfície da Serra de Maicuru é constituí-
O Complexo Serra de Maicuru (alcalino-ul- da de lateritas maturas, com crosta fosfática (rica em
trabásico-carbonatítico) destaca-se na topografia fosfatos de alumínio), titanífera (rica em anatásio) e
do terreno como uma elevação de formato subcir- ferruginosa magnética (com maghemita abundante),
cular, com cerca de 9 km de comprimento por 6 km além de latossolos que ocupam a porção mais peri-
de largura, apresentando topo tabular irregular com férica do complexo (Figura 7.19; COSTA et al., 1991).
formação de lagos (COSTA et al., 1991). No topo da Através de estudos de testemunhos de sonda-
elevação ocorre platô com espesso perfil laterítico gem, Lemos, Fonseca e Martins (1988) descreveram
enriquecido em fosfatos de alumínio e Ti que descre- dunitos, piroxenitos, sienitos, traquitos, carbonatitos,
ve relevo tipo chapéu de ferro (COSTA et al., 1991). glimeritos e apatititos como constituintes do comple-
O Complexo Serra de Maicuru foi descoberto no xo. Posteriormente, Lemos e Gaspar (2002) caracteri-
início da década de 1970, pela Companhia Meridional zaram o Complexo Serra de Maicuru como de natureza
de Mineração (COSTA et al., 1991). A partir de 1984, a kamafugítica, constituído principalmente por clinopi-
DOCEGEO (hoje Vale) passou a desenvolver prospec- roxenitos alcalinos, com pequenos corpos intrusivos
ção na área, estimulada pelos teores de P2O5 superio- de carbonatitos e foscoritos, com importantes trans-
res a 1,0% em laterita, e de TiO2 da ordem de 18,0% formações metassomáticas nas zonas de contatos.
Figura 7.19 - (A) Mapa geológico da cobertura superficial da Serra de Maicuru, modificado de Costa et al. (1991). (B)
Serra de Maicuru em imagem SRTM.
128
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 7.20 - Distribuição dos teores de P2O5 e TiO2 em furos realizados em perfil laterítico,
desenvolvido sobre rochas do Complexo Serra de Maicuru. Fonte: Costa et al. (1991).
129
Informe de Recursos Minerais
Figura 7.21 - (A) Mapa geológico de subsuperfície do corpo Maraconaí, modificado de Fonseca e
Rigon (1984), (B) Expressão de relevo em imagem SRTM.
130
Reserva Nacional do Cobre e Associados
goethita, anatásio, maghemita, ilmenita, caulinita, Fe2O3+TiO2 raramente perfaz mais que 20%. Os teo-
gibbsita e hematita; 3) crosta ferruginosa, com es- res médios de Fe2O3 e TiO2 obtidos em amostras do
pessuras de 2 a 12 m, coloração vermelha a mar- perfil de alteração desenvolvidos sobre piroxenito
rom, enriquecida em hematita e anatásio, exibindo (Furo 1) e peridotito (Furo 10) encontram-se apre-
três aspectos diferentes: canga limonítica (estrutura sentados na Tabela 7.2 e na Figura 7.22.
cavernosa, concrecionária ou oolítica, cimentadas Segundo relatório de pesquisa para a área
por óxidos de ferro e não magnética), canga mag- Maraconaí (MINERAÇÃO URUPADI, 1988) para os
nética (compacta e fortemente magnética) e canga cálculos de reserva total de Ti de Maraconaí foram
de anatásio (magnética, contendo cristais brancos e considerados dois tipos de minério: 1) superficial
amarelados de anatásio, de dimensões milimétricas (canga titanífera) com 270.200.000 t e teor médio de
a centimétricas). 14,63% de TiO2; e 2) solo+saprólito (minério friável,
Os perfis lateríticos em Maraconaí, segun- sotoposto a canga) com 479.500.000 t e teor médio
do Oliveira, Fonseca e Oliveira (1988), são um bom de 14,09% de TiO2. Os dois minérios dão uma reserva
exemplo de enriquecimento de Ti durante os pro- total de 749.500.000 t, com 107.124.230 t de TiO2
cessos supergênicos de formação de laterita sobre contido e teor médio de 14,29%. Segundo o relató-
rochas ultramáficas. Os teores de TiO2 nas porções rio citado, este depósito, além da reserva de Ti tem
superiores do perfil de alteração atingem até 90% potencial para fosfato, terras raras, nióbio, pode ter
em peso, enquanto na rocha fresca, o somatório mineralização de Ni e platinoides.
Tabela 7.2 - Teores médios de Fe2O3 e TiO2 nos horizontes do perfil de alteração desenvolvido sobre piroxenito (Furo 01)
e peridotito (Furo 10), no Complexo Maraconaí. Fonte: Oliveira, Fonseca e Oliveira, 1988.
FURO 01 FURO 10
Horizonte
Fe2O3 TiO2 Fe2O3 TiO2
Crosta ferruginosa 35,51 19,23 70,07 10,0
Horizonte areno-argiloso 35,80 15,27 69,21 6,22
Saprólito 28,75 21,05 9,44 1,50
Rocha-mãe 13,77 6,08 12,13 0,90
Figura 7.22 - Distribuição de Fe2O3 e TiO2 em furos realizados em perfil laterítico sobre rochas ultramáficas do
Complexo Maraconaí. Modificado de Oliveira, Fonseca e Oliveira (1988).
131
Informe de Recursos Minerais
7.6 ESTANHO, TÂNTALO Brasileiro de 2010 (DNPM, 2010) indicam para este
depósito reserva medida de 581.026.216 t, indicada
de 274.541.220 t, produção bruta de 770.998 t de
As ocorrências de cassiterita conhecidas na minério, e beneficiada de 477.750 t.
região são relacionadas a garimpos aluvionares, com
O distrito caulínico do Morro do Felipe é cons-
destaque ao depósito da porção noroeste da área,
tituído por um conjunto de platôs separados por
relacionado ao Granito Uaiãpi, entendido como um
vales encaixados, representados pela unidade estra-
granito anorogênico, do tipo-A. Este depósito foi
tigráfica Cobertura Laterítica Matura, desenvolvidos
descrito por Neves et al. (1972) em afluentes do
sobre rochas sedimentares da Formação Alter do
Igarapé Carapanaúba, afluente da margem esquer-
Chão (Figura 7.23). Segundo Kotschoubey, Duarte e
da do Rio Paru. A espessura do cascalho é de 30 cm,
Truckenbrodt (1999), os platôs possuem até 180 m
com cobertura estéril formada por níveis arenosos
de altitude, cujos topos são testemunhos da Super-
e de solo de 1 a 3 m de espessura. Dados levanta-
fície Sul-Americana do Terciário Inferior, enquanto
dos à época indicaram concentração de 50 kg/m3.
que patamares mais restritos, e com altitude máxima
Apesar do registro nos domínios do Granito Uaiã-
de cerca de 80 m, são relacionados à Superfície Velha
pi, inexistem estudos que comprovem este granito
do Plio-Pleistoceno.
ser especializado em Sn. Presença de cassiterita em
concentrados de bateia em afluentes da margem Kotschoubey, Duarte e Truckenbrodt (1999)
direita do rio Ipitinga, nos domínios de ocorrência identificaram no depósito Morro do Felipe os seguin-
deste granito também foram identificados no proje- tes horizontes: a) substrato arenítico alterado; b) es-
to Ipitinga (ALMEIDA; QUARESMA, 1982). pesso pacote caulínico, subdividido em caulim infe-
rior e superior, separados por um nível arenoso; c)
A outra ocorrência de cassiterira está relacio- crosta ferruginosa; d) horizonte bauxítico nodular l;
nada a garimpo desativado da bacia do Rio Cupixi, e) horizonte bauxítico nodular 2 e f) Argila de Belter-
no nordeste da área deste projeto. ra. Segundo estes autores, o depósito possui até 35
Adicionalmente, foram registrados indícios de m de espessura, composto quase exclusivamente de
cassiterita em amostras de concentrados de bateia caulinita, mas com feições de desferrificação, e del-
coletados em estudos prospectivos de projetos an- gadas intercalações de arenito friável. Na sua parte
teriores (vide Capítulo 6), localizados nas bacias dos inferior, o caulim é pouco poroso, maleável, exibindo
igarapés Corocal e Ananaí e rio Mopeco, afluentes da orientação dos cristalitos, e se desagrega facilmente
margem esquerda do rio Paru, e igarapés Fé em Deus e em água, enquanto que na parte superior, é poroso,
dos Patos, afluentes da margem direita do Rio Ipitinga. mais litificado, com fratura concoidal a subconcoidal,
No projeto Radambrasil, Lima et al. (1974) ci- e não se desagrega ao contato com a água. A cauli-
taram que desde 1946 existem registros de depósi- nita, em ambas as zonas, possui características próxi-
tos aluvionares de cassiterita e columbita-tantalita mas do tipo fire-clay. Silva (1997) descreve caulinita
nos rios Amapari e Cupixi, que seriam provenientes (92%) como principal constituinte do caulim bruto, e
de pegmatitos graníticos alterados. Leal et al. (1971) o restante constituído por quartzo, ilita, sericita, ana-
registraram no rio Cupixi garimpo primário de tanta- tásio e hidróxidos de ferro.
lita extraída da zona caulinizada de um veio pegmatí- Kotschoubey, Duarte e Truckenbrodt (1999)
tico alterado, subverticalizado, de direção geral N-S, admitem uma evolução in situ para a gênese do cau-
com espessura aparente de 1,5 a 2,0 m, e que cor- lim, interpretada inicialmente como de origem sedi-
tam mica-xistos. Segundo Oliveira (2010), a tantalita mentar (p.ex. SILVA, 1997; COURA; MOERI; KERN,
é o segundo minério mais explorado pela atividade 1986). A espessura excepcional do pacote de cau-
garimpeira no estado do Amapá, após o ouro, seja lim estaria relacionada a uma evolução polifásica,
como produto principal ou subproduto da extração iniciada com lateritização/bauxitização a partir do
aurífera. A cassiterita também é extraída como sub- Terciário Inferior, seguida de movimentos epiroge-
produto em garimpos de ouro. néticos e condições climáticas tropicais no Terciário
Superior/Quaternário, que promoveram a decom-
7.7 CAULIM posição intempérica de argilo-minerais/feldspatos,
dissolução de parte do quartzo, neoformação de
caulinita mal ordenada e quase total desferrificação
A mina de caulim do Morro do Felipe se loca- do horizonte saprolítico.
liza na margem esquerda do Rio Jari, município de
Vitória do Jari (AP), na divisa dos estados do Ama- 7.8 BAUXITA
pá e Pará, enquanto a fábrica de beneficiamento e
o porto de embarque se localizam em Munguba, na
margem esquerda deste rio, distrito de Almeirim (PA) Uma ocorrência de bauxita é registrada na ba-
(Figura 7.23), para onde o minério é transportado cia do Rio Camaipi do Vila Nova, porção leste da área
por um mineroduto. A exploração da jazida ocorre do Projeto ARIM RENCA, e foi encontrada durante
com lavra a céu aberto desde 1975, atualmente re- os trabalhos de campo do Projeto PROMIN RENCA
alizada pela empresa KaMin/CADAM. O caulim é de (CARVALHO et al., 2001). De acordo com Rezende
alta qualidade, destinado ao mercado internacional (2006), foram observados raros blocos centimétricos
para aplicação na indústria de papel (http://www.ka- a decimétricos de rocha alterada, castanho-alaranja-
minllc.com/portuguese/). Dados do Anuário Mineral da e mosqueada de branco, com estruturação pla-
132
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 7.23 - (A) Mapa geológico da região do depósito de caulim Morro do Felipe, nas margens do Rio Jari, divisa dos
estados do Pará e Amapá. (B) Detalhe da mina Morro do Felipe em imagem Google Earth.
133
Informe de Recursos Minerais
Figura 7.24 - (A) Microfotografia em luz natural da ocorrência de grafita (Gr) em metapelitos de alto grau do Complexo
Iratapuru. (B) Detalhe da microfotografia anterior.
134
Reserva Nacional do Cobre e Associados
A análise prospectiva para geração de alvos Ipitinga, Carecuru e Paru, no contexto do Domínio
a partir de integração de dados tem sido cada vez Carecuru, embora não tenham sido obtidos dados
mais utilizada no mundo para indicação de potencial históricos de produção ou sobre a extensão real
e planejamento das atividades de pesquisa mineral, da atividade garimpeira na área. Dados a respeito
especialmente em distritos com pouco conhecimen- das mineralizações primárias de ouro obtidos nes-
to geológico (HARRIS et al., 2001; CARRANZA, 2009; tes garimpos (KLEIN; ROSA-COSTA, 2003; KLEIN et
BOHAM-CARTER, 1995; BROWN; GROVES; GEDEON, al., 2009; KLEIN; FUZIKAWA, 2010), indicam que a
2003; CZARNOTA; BLEWETT; GOSCOMBE, 2010). Em mineralização está associada a veios de quartzo ou
locais de difícil acesso, a análise integrada dos dados à zonas hidrotermalizadas. Dentre os garimpos es-
é fundamental para tomada de decisões de investi- tudados, um deles representava uma mina de ouro
mento por parte das empresas de pesquisa mineral. mecanizada, paralisada à época, com reserva histó-
Além disso, os métodos de integração de dados po- rica de 5,3 toneladas de ouro a 21,2 g/t (Depósito
dem ajudar prospectores a reduzir tempo e custos do Carará). Todas as ocorrências auríferas visitadas
necessários para desenvolvimento de pesquisa mi- foram classificadas como orogênicas.
neral mais detalhada (HRONSKY; GROVES, 2008; MC- Outras mineralizações de destaque na área
CUAIG; HRONSKY, 2014; CZARNOTA; BLEWETT; GOS- estão associadas aos complexos Serra de Maicuru
COMBE, 2010; MCCUAIG; BERESFORD; HRONSKY, (alcalino-ultramáfico-carbonatítico) e Maraconaí
2010; LINDSAY et al., 2016; CAMPOS et al., 2017). (alcalino-ultramáfico). No corpo Maicuru foi esti-
Trata-se de um desafio elaborar mapas pros- mada uma reserva de 200 milhões de toneladas de
pectivos em áreas de baixo conhecimento geológico, fosfato com 15% de P2O5 e 5 bilhões de toneladas
como é o caso da área do Projeto ARIM RENCA, loca- com TiO2 >18%, além de potencial para Nb, Cu e
lizada na calha norte do Rio Amazonas, considerada ETR (LEMOS; COSTA, 1989; COSTA et al., 1991), e
uma das regiões de mais difícil acesso do território em Maraconaí foram descritas crostas lateríticas
nacional para realização de levantamentos de campo. com teores econômicos de titânio (FONSECA; RI-
Não obstante as dificuldades de acesso desta GON, 1984; OLIVEIRA et al., 1988).
região, durante a década de 1980 diversos trabalhos Estes trabalhos acima citados apontam como
de mapeamento geológico e prospecção mineral fo- possíveis sistemas mineralizantes na área: I) Sistema
ram realizados na área, conforme discutido no Capí- VHMS relacionado à bacias trás-arco vulcano-exalati-
tulo 1, especialmente ao longo da faixa metavulcanos- vas com expansão de fundo oceânico (FARACO, 1997);
sedimentar que hoje define o Grupo Ipitinga, os quais II) Sistema exalativo com depósitos de Fe do tipo Lago
produziram dados geológicos consistentes, além de Superior (JORGE JOÃO et al., 1978); III) Sistema aurí-
definirem uma série de anomalias geoquímicas de fero orogênico (KLEIN; ROSA-COSTA, 2003; KLEIN et
sedimentos de corrente, concentrados de bateia e al., 2009; KLEIN; FUZIKAWA, 2010); IV) Sistema super-
solos. No Projeto Cérbero I Alfa (MELO; PINHEIRO; LO- gênico desenvolvido sobre rochas magmáticas alcali-
BATO, 1985), realizado em uma área entre os igarapés nas, com depósitos de fosfato e titânio em lateritas, e
dos Patos e Fé em Deus, na Serra do Ipitinga, a iden- potencial para Nb, Cu e ETR (FONSECA; RIGON, 1984;
tificação de anomalias geoquímicas induziu à realiza- OLIVEIRA; FONSECA; OLIVEIRA 1988; LEMOS; COSTA,
ção de quatro furos por sondagem diamantada, com 1989; COSTA et al., 1991). Adicionalmente, são conhe-
profundidades de 232 a 224 metros, sendo que um cidas ocorrências de cassiterita, tantalita, manganês e
dos furos (furo FP-03) interceptou mineralização em alumínio (vide Capítulo 7), que indicam a presença de
nível de sulfeto maciço, com resultados de 1m @ 0,7% outros sistemas mineralizantes na área, que não serão
de Cu, 6,5 g/t de Au e 48 g/t de Ag (intervalo 86,45 a abordados em função da escassez de dados.
87,45 m) , utilizando-se os dados de Carvalho (2008). O contexto geológico-estrutural, os resultados
Em outros trabalhos realizados foi discutido o positivos dos levantamentos prospectivos anterio-
potencial da área para outras substâncias. No Pro- res, além da intensa atividade garimpeira existente,
jeto Sudoeste do Amapá (JORGE JOÃO et al., 1978) somados à interrupção, por cerca de duas décadas,
foi avaliado o potencial para ferro nas regiões dos de levantamentos prospectivos, colocam a área da
rios Paru e Ipitinga, tendo sido sugerido uma reser- RENCA em um dos distritos brasileiros com maior po-
va potencial de cerca de 2 Bton @ 39 a 63% de Fe tencial para descoberta de novos depósitos minerais.
em itabiritos na Serra do Ipitinga. Trabalhos mais Assim, este capítulo tem como objetivo apresentar
recentes da CPRM – Serviço Geológico do Brasil re- alvos prospectivos para os sistemas mineralizantes
alizados no início dos anos 2000 (Projeto PROMIN VHMS, Fe, Au orogênico e P2O5/Ti, considerados
RENCA, CARVALHO et al., 2001), documentaram a como os mais relevantes e de maior potencial para
presença expressiva de garimpos primários e alu- atração de investimentos em atividades de pesquisa
vionares de ouro, localizados na região entre os rios mineral, quando possível.
135
Informe de Recursos Minerais
136
Reserva Nacional do Cobre e Associados
137
Informe de Recursos Minerais
Figura 8.2 –-Mapa isotópico de distribuição de idades modelo TDM Sm-Nd. Notar a relação espacial das ocorrências
minerais especialmente com os setores crustais interpretados como formados no Paleoproterozoico (ex. associação tipo
granitoide-greenstone do Domíno Carecuru).
Figura 8.3 - Mapa de distribuição de valores do parâmetro ƐNd. Notar a relação espacial da Formação Igarapé do
Inferno (Grupo Ipitinga) e Formação Jornal (Grupo Vila Nova), na qual predominam rochas vulcânicas máficas e
ultramáficas, com áreas isotopicamente primitivas.
138
Reserva Nacional do Cobre e Associados
139
Informe de Recursos Minerais
Figura 8.4 - Mapa de densidade de estruturas. Notar a relação dos depósitos auríferos primários conhecidos com as
zonas de alta densidade de estruturas.
a deposição de metais (ROBB, 2005). O mapeamen- Adiante, Pires (1995) baseou-se na premissa de
to sistemático de processos de alteração hidroter- que tório é geoquimicamente imóvel, ou considera-
mal pode ajudar a indicar áreas com potencial para velmente menos móvel do que potássio e urânio du-
a formação de armadilhas e a descoberta de depósi- rante a alteração hidrotermal. Os autores propuseram
tos minerais. usar Th como um controle litológico para definir valo-
Ambos os sistemas mineralizantes, VHMS e ouro res de K ideais (Ki) (Eq. 3). Assim, o desvio do teor ideal
orogênico, apresentam moderada a forte alteração seri- de potássio (Kd), pode ser usado para identificar zonas
cítica, com intensidades variáveis de silicificação, sulfe- anômalas de enriquecimento de potássio (Eq. 4).
tação e carbonatação. Alteração sericítica é geralmente
caracterizada pela formação de sericita com a liberação Eq. 3
de íons K+. Assim zonas com a presença de sericita hi-
drotermal podem ser identificadas como anomalias de
Ki = ((K médio÷Th médio))/(Th total)
potássio no levantamento aeroradiométrico.
Para diferenciar zonas de enriquecimento de
potássio relacionadas à alteração hidrotermal de Eq. 4
zonas originalmente enriquecidas em potássio, algu-
mas técnicas de processamento de dados foram de- Kd = ((K-Ki))/Ki
senvolvidas. O primeiro método proposto inicialmen-
te por Gnojek e Prichystal (1985) é conhecido como
“Fator F”. Os autores observaram que a elevação da Além disso, baixas relações Th/K também podem
mobilidade do potássio (K) quando comparada a do ser usadas para identificar regiões enriquecidas em po-
tório (Th) e do urânio (U) poderia ser utilizada para tássio e são bons indicadores de alteração hidrotermal.
indicar zonas de alteração hidrotermal. A técnica Estes três métodos foram então integrados no mapa
baseia-se na relação entre a abundância original de RGB de composição ternária K-eU-eTh. As anomalias
potássio e as relações Th/U e Th/K (Eq. 2). relacionadas à relação Th/K foram invertidas para re-
presentar os máximos anômalos e melhor correlacionar
com as outras técnicas. Assim, as possíveis zonas de seri-
Eq. 2 citização foram destacadas por cores claras no mapa ter-
nário RGB, que foi classificado em regiões de interesse
Fator F = ((K×U))/Th=K/((Th ×U))=U/((Th ×K)) utilizando o programa ENVI™, com objetivo de ressaltar
as zonas de forte alteração hidrotermal (Figura 8.5).
140
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 8.5 - Mapa de índice de alteração hidrotermal, sericitização, obtido por processamento dos mapas
radiométricos. Notar relação direta com a principal ocorrência de cobre da Serra do Ipitinga.
141
Informe de Recursos Minerais
Figura 8.6 - Mapa de distribuição de cobre em sedimentos de corrente. As zonas mais anômalas estão localizadas
na porção noroeste da faixa do Grupo Ipitinga, provavelmente relacionadas à predominância de rochas máficas-
ultramáficas, que estão diretamente relacionadas à fertilidade do sistema VMS.
Figura 8.7 - Mapa de distribuição de arsênio em sedimentos de corrente. Identificado como elemento farejador do
ouro, o arsênio apresenta anomalias significativas na região centro-sul da faixa do Grupo Ipitinga. Predomina no
domínio de rochas metassedimentares, as quais hospedam depósitos auríferos conhecidos.
142
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Tabela 8.1 - Relação dos mapas de evidência, pontuação e peso para cada sistema mineralizante modelado.
(continua)
Sistema
Fator Crítico Mapa de Evidência Feição Geológica Pontuação Peso
Mineralizante
143
Informe de Recursos Minerais
Tabela 8.1 - Relação dos mapas de evidência, pontuação e peso para cada sistema mineralizante modelado.
(continua)
Sistema
Fator Crítico Mapa de Evidência Feição Geológica Pontuação Peso
Mineralizante
144
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Tabela 8.1 - Relação dos mapas de evidência, pontuação e peso para cada sistema mineralizante modelado.
(conclusão)
Sistema
Fator Crítico Mapa de Evidência Feição Geológica Pontuação Peso
Mineralizante
Buffer de 1000 m 9
Buffer de 2000 m 6
Dn+1 Buffer de 3000 m 5
Buffer de 4000 m 4
Buffer >4000 m 0
Buffer de 1000 m 6
Estruturas de circulação Buffer de 2000 m 3
de fluidos Dn+2 Buffer de 3000 m 2
Buffer de 4000 m 1
Buffer >4000 m 0
Óxidos de Fe em Intensidade muito alta 6
Sistema Químico Densidade de
Exalativo Intensidade alta 5
fraturamento e
traços de superfície S Intensidade média 4
intensidade baixa 0
Contatos geológicos BIF 8 3
Fm. Igarapé dos Patos 9
Platôs lateríticos
Sequência metavulcanossedimentar 7
Armadilhas para Anomalia magnética Alto magnético 10 4
deposição de metais Fe >9,84 % 10
Geoquímica Fe 9,84-5% 9
prospectiva Fe 5-2,45% 8
Fe 2,45-1,25% 7
Sistema VHMS polimetálico Cu (Au-Ag-Zn) te também indicam que neste setor do Grupo Ipitin-
ga predominam rochas com afinidade máfica-ultra-
máfica, fator definitivo para a alta pontuação desta
Para o modelo do sistema VHMS utilizamos os região (Figura 8.8).
seguintes mapas: i) Mapa isotópico de ƐNd; ii) Mapa
geológico com destaque para as faixas de rochas me-
Sistema ouro orogênico
tamáficas-ultramáficas; iii) Mapa de estruturas pro-
fundas; iv) Mapa de estruturas rasas Dn+1 e Dn+2;
v) Mapa radiométrico de alteração hidrotermal; vi) Para o modelo do sistema aurífero orogêni-
Mapa de armadilhas relacionadas aos contatos ge- co utilizamos os seguintes mapas: i) Mapa isotópi-
ológicos contidos nas sequencias metavulcanossedi- co de idade modelo TDM Sm-Nd; ii) Mapa geológico
mentares; e vii) Mapas das bacias anômalas em sedi- com destaque para rochas metavulcanossedimen-
mentos de corrente. tares; iii) Mapa de estruturas profundas; iv) Mapa
As principais áreas prospectivas para depósi- de estruturas rasas Dn+1 e Dn+2; v) Mapa radio-
tos do sistema VHMS estão concentradas na porção métrico de alteração hidrotermal; vi) Mapa de
noroeste da faixa do Grupo Ipitinga, onde são mape- armadilhas relacionadas aos contatos geológicos
adas as faixas mais expressivas da Formação Igarapé contidos nas sequências metavulcanossedimenta-
do Inferno. A ocorrência de mineralização de cobre res; vii) Mapa de densidade de estruturas Dn+1; e
tipo VHMS na área (vide Capítulo 7) foi mapeada viii) Mapas das bacias anômalas em sedimentos de
pelo modelo. Segundo Faraco (1997), a ocorrência de corrente.
cobre da Serra do Ipitinga está localizada na área de As áreas prospectivas para ouro orogênico
contato dos xistos máfico-ultramáficos, da Formação relacionam-se principalmente com as sequências
Igarapé do Inferno, com lentes de formação ferrífera metavulcanossedimentares do Grupo Ipitinga e do
bandada. O controle estrutural nesta área também Grupo Vila Nova. Os principais garimpos primários
é importante, visto que as anomalias geoquímicas conhecidos na região apresentam um forte con-
e radiométricas se estendem por mais de 20 km ao trole estrutural, notavelmente relacionado a linea-
longo do mesmo alinhamento de relevo. Esta região mentos classificados como Dn+1, de direção média
é marcada pelas maiores anomalias geoquímicas de NW-SE, extraídos a partir de imagens de relevo,
cobre, chumbo e zinco da região. Os resultados da satélite e magnéticas (vide Capítulo 4). Zonas de
associação Cu-Cr-Co-V-Ni em sedimentos de corren- cisalhamento dúctil-rúpteis de direção aproximada
145
Informe de Recursos Minerais
NE-SW (Dn+2) também parecem estar relacionadas predominam sequências químico-exalativas, sobre-
com os depósitos auríferos, conforme observado tudo relacionadas à Formação Igarapé dos Patos, do
em alguns garimpos estudados (vide Capítulo 7). Grupo Ipitinga, a qual apresenta elevada prospec-
A assinatura geoquímica das ocorrências auríferas tividade devido às evidencias de desenvolvimento
foi marcada por associação de As, Ag, Bi, além do de platôs lateríticos sobre corpos mapeados de for-
próprio Au. Os principais alvos para prospecção au- mação ferrífera. Áreas de ocorrência de formação
rífera foram mapeados pela conjunção de rochas ferrífera apresentam uma destacável assinatura
favoráveis à deposição do metal, como rochas me- geofísica, pois são regiões de alta susceptibilidade
tavulcânicas ricas em Fe, formações ferríferas ban- magnética e baixa contagem radiométrica. Além
dadas, e estruturas de primeira e segunda ordem disso, níveis econômicos de mineralização de ferro
de Dn+1 e Dn+2, além das bacias anômalas em As, estão comumente relacionados a regiões de enri-
Ag, Bi e Au (Figura 8.9). quecimento por processos hidrotermais (HAGE-
MANN et al., 2016).
Óxidos de Fe em sistema químico-exalativo A circulação de fluidos hidrotermais é res-
ponsável pela dissolução da sílica associada aos
óxidos de ferro, aumentando consideravelmen-
Para o sistema mineralizante do ferro, foram te o teor do minério, tornando-o econômico e
utilizados como mapas de evidência: i) Mapa isotó- competitivo. Assim, regiões com forte influência
pico de idade modelo TDM Sm-Nd; ii) Mapa geológico de estruturas Dn+1 e Dn+2, além de grande den-
com destaque para as bacias de rochas metavulca- sidade de estruturas Dn+1 apresentam grande
nossedimentares e unidades onde predominam as potencial para circulação de fluidos com capa-
rochas químico-exalativas; iii) Mapa de estruturas cidade para enriquecer as formações ferríferas.
profundas; iv) Mapa de estruturas rasas Dn+1 e Assim, os principais alvos para mineralização de
Dn+2; v) Mapa de densidade de estruturas Dn+1; vi) Fe encontram-se na área de ocorrência da Forma-
Mapa de platôs, ou relevo positivo aplainado, indivi- ção Igarapé dos Patos, em regiões de assinatura
dualizados a partir de imagens de relevo sombreado geofísica característica, relevo aplainado pela for-
SRTM; vii) Mapa de altos magnéticos, e viii) Mapas mação dos platôs lateríticos, com a presença de
das bacias anômalas em sedimento de corrente. estruturas de primeira e segunda ordem, e com
As principais áreas prospectivas para ferro anomalias de Fe em sedimentos de corrente (Fi-
estão relacionadas às formações geológicas onde gura 8.10).
146
Reserva Nacional do Cobre e Associados
147
Informe de Recursos Minerais
Fosfatos e titânio supergênico relacionados às relevo e aeromagnéticas, onde são marcados por
intrusões alcalinas máficas-ultramáficas anomalias dipolares expressivas, e corpos máfico-
-ultramáficos (unidade Máficas-Ultramáficas In-
diferenciadas/Capítulo 3) também marcados por
Dados sobre os depósitos de P2O5 e Ti são anomalias magnéticas de alta amplitude.
escassos e restringem-se às intrusões alcalinas A escassez de dados sobre os complexos Mai-
máfico-ultramáficas conhecidas na área, designa- curu e Maraconaí não permitiu a construção de um
das Complexo Serra de Maicuru e Complexo Ma- modelo matemático de prospectividade. Entretanto,
raconaí. Ambos os complexos estão localizados foi possível elaborar um modelo esquemático, cujo
na porção sudoeste da área, que não foi objeto objetivo é chamar atenção para os controles regio-
de levantamentos prospectivos pela CPRM, e não nais dos complexos. Neste trabalho, inicialmente foi
apresentam cobertura aerogeofísica com espaça- discutida uma possível relação dos corpos alcalinos
mento de 500 metros entre linhas de voo, mas sim com uma forte estruturação de direção E-W na área
de 2000 metros. Informações geológicas sobre es- dos corpos Maicuru e Maraconaí. Contudo, após
tes corpos advém de trabalhos publicados na lite- interpretação estrutural de detalhe, foi ressaltada
ratura e de relatórios de pesquisa consultados no a relação dos complexos intrusivos com estruturas
Departamento Nacional de Produção Mineral (vide rúpteis de direção geral N-S, caracterizadas neste
Capítulo 7). Todavia, não há dúvidas quanto à exis- trabalho como Dn+3 (vide Capítulo 4) (Figura 8.11).
tência de mineralizações possivelmente econômi- Além disso, os complexos apresentam uma assinatu-
cas sobre os dois corpos ígneos. No Complexo Serra ra característica no mapa de relevo. A formação da
de Maicuru, são reportados recursos minerais com crosta laterírica propicia o desenvolvimento de pla-
teores econômicos de P2O5 (>1%) e Ti (>18%) re- tôs ou elevações de topo plano e forma ligeiramente
lacionados ao desenvolvimento de coberturas la- circular, que se em relação às encaixantes. As crostas
teríticas fosfatadas, com níveis ricos em ilmenita fosfatadas do Complexo Serra de Maicuru apresen-
e anatásio, e no Complexo Maraconaí, notável en- tam associados à mineralização de P2O5 e Ti, valores
riquecimento de TiO2+Fe2O3 no perfil laterítico. Os elevados de Nb, Cu e ETRs (COSTA et al., 1991). As-
trabalhos de pesquisa mineral nos complexos per- sim, as principais áreas prospectivas para fostato e
maneceram bloqueados desde a criação da RENCA titânio em corpos intrusivos alcalinos máfico-ultra-
até o presente, e não há conhecimento sobre a pre- máficos estão, obviamente, sobre os complexos co-
sença de outros corpos semelhantes, embora te- nhecidos de Maicuru e Maraconaí, embora se tenha
nham sido individualizados prováveis corpos alcali- ressaltado no modelo como áreas com potencial os
nos circulares menores (unidade Alcalinas Mapari/ corpos relacionados às unidades Alcalinas Mapari e
Capítulo 3) a partir da interpretação de imagens de Máficas-Ultramáficas Indiferenciadas.
Figura 8.11 - Principais alvos prospectivos para P2O5 e Ti associados aos complexos Serra de Maicuru e Maraconaí, e
outros corpos máfico-ultramáficos.
148
Reserva Nacional do Cobre e Associados
8.4.2 Considerações para a Exploração Mineral geológicas favoráveis, os autores identificaram que
as maiores descobertas sempre acompanharam o
acesso ou a liberação de novas áreas. Por consequ-
A exploração mineral historicamente apre- ência, os primeiros investidores a perceberem uma
senta períodos de maiores e menores taxas de oportunidade de entrada, ou a investirem um mé-
novas descobertas. Períodos nos quais predomi- todo inovador de detecção, tendem a descobrir os
naram descobertas relevantes foram normalmente melhores depósitos. Assim, é razoável considerar
marcados por avanços e desenvolvimento em no- que a a área da RENCA, se liberada para pesquisa
vas tecnologias, ou pelo desenvolvimento de no- mineral, poderia ser enquadrada na estratégia First
vos conceitos em pesquisa mineral. A associação Movers. A liberação da RECNA resultaria na disponi-
de depósitos de cobre e ouro porfirítico às zonas bilização de áreas potenciais, as quais foram apenas
de subdução, por exemplo, levaram às descober- localmente trabalhadas. Os primeiros desbravado-
tas de importantes depósitos na extensão oeste do
res, provavelmente, teriam maiores chances de en-
círculo de fogo do Oceano Pacífico, na Oceania e
contrar algum depósito econômico.
na Ásia. Além disso, várias descobertas estão rela-
cionadas com o desenvolvimento de novas técnicas
de prospecção geofísica, como por exemplo, depó- 8.5 CONCLUSÕES
sitos de sulfeto maciço não aflorantes descobertos
por métodos eletromagnéticos aerotransportados.
Assim, é possível afirmar que novas descobertas Uma série de trabalhos publicados indica que
de relevância mundial dependem diretamente de dados regionais e públicos são uma das ferramentas
avanços do conhecimento, tecnológicos ou concei- mais importantes para avaliação geral do potencial
mineral de uma determinada área. Além de deci-
tuais. A liberação da área da RENCA e a realização
sões na escala global e regional, estes dados tam-
de novos estudos provavelmente resultaria em no-
bém podem auxiliar na escala de distrito, principal-
vas descobertas.
mente se estiverem disponíveis dados de geofísica
A decisão para a seleção de áreas por empre- aérea, imagens de sensoriamento remoto e levan-
sas de pesquisa mineral envolve uma série de fato- tamentos geoquímicos de sedimentos de corrente
res, econômicos e geológicos. Estabilidade política, e solos. Com relação à integração dos dados, este
tamanho da empresa, presença estratégica em paí- estudo mostrou que é possível realizar a geração de
ses ou continentes específicos, valores de commodi- alvos para diferentes commodities a partir da abor-
ties, tipos de operações, etc, são fatores econômicos, dagem conceitual dos processos mineralizantes. Os
e estão sujeitos a decisões específicas de cada em- principais processos geológicos podem ser agrupa-
presa, que dependem fundamentalmente das prefe- dos em três grandes grupos, que representam fa-
rências de seus principais controladores. Por outro tores críticos de um sistema mineralizante: i) Pro-
lado, alguns fatores geológicos podem ser conside- cessos relacionados à geração e fonte de fluidos; ii)
rados de forma independente, e podem levar a uma Processos relacionados à migração destes fluidos;
boa decisão exploratória. e iii) Processos relacionados à desestabilização dos
Hronsky e Groves (2008) destacam, a partir fluidos e à deposição dos metais.
de análises do histórico de descobertas em distritos Devido ao reduzido número de ocorrências
conhecidos, que há duas estratégias efetivas de se- conhecidas na área deste projeto, não foi possível re-
leção de áreas em escala global, que podem ser de- alizar a validação dos modelos. Seria estatisticamen-
finidas por critérios geológicos. A primeira foi deno- te irrelevante comparar a eficiência dos modelos,
minada Elephant County, e parte da premissa que a a partir do mapeamento de depósitos conhecidos,
presença de depósitos grandes, especialmente de quando se têm muitos poucos pontos verificados.
gigantes, é uma assinatura muito específica de algu- Mesmo assim, apesar do método não ter utilizado
mas províncias minerais. Isso indica que o sistema os depósitos conhecidos como fator de peso no mo-
mineralizante atuou, por alguma razão, de maneira delamento, todos estes foram mapeados pelos seto-
extremamente anômala e eficiente nesta província, res de maior pontuação. Isso demonstra que o en-
assim aumentando a possibilidade de novas desco- tendimento dos sistemas mineralizantes foi atingido
bertas. Carajás pode ser enquadrado nesta catego- de maneira aceitável neste estudo. Assim, os alvos
ria. A segunda estratégia é denominada First Mo- gerados pelas áreas de maior pontuação podem ser
vers. A partir de dados históricos de descobertas considerados prioritários para seleção de áreas de
em alguns campos virgens, mas com características pesquisa em escala regional.
149
Informe de Recursos Minerais
150
Reserva Nacional do Cobre e Associados
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Lúcia Travassos da Rosa-Costa
O Projeto Integração da Informação Geológica tros entre linhas de voo de direção N-S, e altura média
na Reserva Nacional do Cobre e Associados – Projeto de voo de 150 metros sobre o terreno; 2) Recobrindo
ARIM RENCA foi concebido com intuito principal de cerca de 65% da área do projeto, com espaçamento
reavaliar dados geológicos obtidos em diversos tra- de 500 m entre linhas de voo, posicionadas segundo
balhos previamente realizados na área. A integração N45°E, e com altura média de voo de 100 metros.
das informações prévias conduziu a avanços impor- A análise técnica e crítica destas informações,
tantes no conhecimento geológico, especialmente o reprocessamento de dados analíticos (no caso de
no refinamento da cartografia na escala 1:250.000, geoquímica prospectiva), e a interpretação sob a
assim como possibilitou a avaliação do potencial luz de conceitos geológicos atuais, culminou com a
para determinadas substâncias minerais, a partir da elaboração deste Informe de Recursos Minerais, do
integração de dados geológicos, de geoquímica pros- Mapa de Integração Geológico-Geofísico e do Mapa
pectiva e geofísicos. de Associações Tectônicas e Recursos Minerais.
Neste capítulo serão pontuadas sintetica- Portanto, o Projeto ARIM RENCA representa
mente as principais contribuições do Projeto ARIM uma importante ação do Serviço Geológico do Brasil
RENCA, já discutidas em maior detalhe em capítulos da área da Reserva Nacional do Cobre e Associados,
anteriores, onde se encontram as citações biblio- que esteve por mais de uma década resguardada de
gráficas das diversas fontes de informação consul- ações governamentais no que diz respeito a estudos
tadas. geológicos, e os produtos elaborados, todos disponí-
veis para donwload no GeoSGB (http://geosgb.cprm.
Disponibilização da informação geológica, gov.br/), constituem ferramentas importantes para
geoquímica e geofísica entendimento do contexto geológico e avaliação do
potencial mineral da área, e para subsidiar gestores
públicos e representantes da sociedade em geral na
Conforme discutido no Capítulo 1, um con- tomada de decisões sobre o futuro desta região, atu-
junto de 14 projetos de geologia foi conduzido pela almente sob amplo debate nacional.
CPRM na área enfocada, especialmente ao longo da
década de 1980, em tempos pré- e pós-decreto de
Cartografia e integração geológico-geofísica
criação da RENCA, em 1984. Estes projetos produ-
ziram um volume consistente de informações, nota-
damente através da execução de mapeamentos geo- Neste projeto, a interpretação de dados aero-
lógicos e levantamentos geoquímicos prospectivos, geofísicos e a integração com imagens de sensores
em escalas regional e de detalhe, variando em fun- remotos e com informações geológicas prévias sub-
ção do objetivo da investigação. Somam-se a estes sidiou a atualização da cartografia geológica da área
dados, aqueles produzidos em duas teses de douto- em escala 1:250.000.
rado realizadas na área, e em uma série de artigos
Conforme se discute no Capítulo 4, o processa-
técnico-científicos.
mento digital de dados aerogeofísicos e elaboração
A compilação, consistência e migração das in- de diversas imagens temáticas, visando a interpre-
formações produzidas nestes trabalhos para ambien- tação geofísica qualitativa, possibilitou uma melhor
te de Sistemas de Informações Geográficas e bases compreensão da geologia da área. Exemplificando,
de dados, resultou na disponibilização das seguintes imagens magnetométricas de gradiente total foram
informações, em termos quantitativos: 1) Dados de importantes para a caracterização de diferentes
campo de 3320 estações geológicas; 2) Dados de 110 domínios tectônicos e para a avaliação da assinatu-
análises geocronológicas/isotópicas; 3) Resultados ra magnética de corpos rochosos, e as de primeira
de análises químicas em 7786 amostras de solos e derivada vertical, que destacam anomalias de alta
1325 amostras de sedimentos de corrente; 4) Resul- amplitude e alta frequência, subsidiaram a extração
tados de análises mineralométricas em 1104 amos- de lineamentos magnéticos, tendo sido fundamen-
tras de concentrados de bateia; 5) Levantamento de tais, portanto, para o entendimento dos padrões
134 registros minerais para diferentes substâncias; 6) estruturais. Estes produtos, especialmente o mapa
Recuperação de 526 medidas estruturais, distribuí- de gradiente total, foram também utilizados para
das em 138 estações geológicas. discriminar unidades litológicas específicas, que se
Também são disponibilizados dados de levan- caracterizam por elevada susceptibilidade magnéti-
tamentos aerogeofísicos, magnetométricos e radio- ca, como corpos de formação ferrífera (ex. Formação
métricos, realizados na área do Projeto ARIM RENCA, Igarapé dos Patos/Grupo Ipitinga) e intrusões alca-
obtidos com os seguintes parâmetros: 1) Recobrindo linas máfico-ultramáficas (ex. complexos Serra de
toda a área do projeto, com espaçamento de 2000 me- Maicuru e Maraconaí), além de indicarem a possibi-
151
Informe de Recursos Minerais
lidade de ocorrência de intrusões ainda não mapea- Bloco Amapá para oeste, preservada nas raízes de
das (ex. Unidade Máficas-Ultramáficas Indiferencia- arco magmático Carecuru, ou um terreno alóctone,
das, Alcalinas Mapari). amalgamado ao arco magmático no Paleoprotero-
As imagens radiométricas, especialmente a do zoico. Neste projeto, a reinterpretação de imagens
canal do Th e da distribuição ternária dos radioele- aerogeofísicas e de relevo conduziu a um expressi-
mentos K, eTh e eU, combinadas com as imagens de vo aumento da área arqueana do Domínio Paru, re-
relevo, foram fundamentais para delimitação de con- presentada pelo Complexo Ananaí (2,60 Ga), sendo
tatos e cartografia de unidades geológicas, especial- necessárias informações de campo adicionais para
mente neste contexto da área de trabalho, em que validação desta proposta.
dados de campo estão concentradas em perfis reali- Extensas faixas metavulcanossedimentares
zados ao longo de grandes cursos d’água, restando fortemente controladas por zonas de cisalhamen-
extensas áreas de interflúvio sem informações, nas to NW-SE, que extrapolam os limites da área deste
quais a cartografia geológica só é possível através da projeto, delineiam aproximadamente os limites se-
utilização de métodos indiretos, e da comparação de tentrional e meridional do Bloco Amapá, com os do-
assinaturas geofísicas e de relevo com áreas acessa- mínios paleoproterozoicos adjacentes. A área deste
das em trabalhos de campo. projeto inclui grande parte da zona de articulação
entre o Bloco Amapá e o Domínio Carecuru, que é
Síntese do conhecimento geológico regional marcada pela faixa que define o Grupo Ipitinga, a
qual, juntamente com o Grupo Vila Nova, represen-
tado na área de trabalho por segmentos metavulca-
A área do Projeto ARIM RENCA, posicionada nossedimentares mais restritos localizados na porção
no sudeste do Escudo das Guianas, está inserida do- nordeste, são aqui entendidos como formados em
minantemente no contexto de uma faixa orogenéti- bacias relacionadas a arcos magmáticos, com idade ≥
ca consolidada no Paleoproterozoico, durante o ciclo 2,26 Ga, estimada a partir de dados geocronológicos
Transamazônico de orogenias, onde são reconheci- ainda imprecisos e relações de campo. Estes grupos
dos diferentes terrenos tectônicos, designados Blo- são individualizados em formações, que agrupam, a
co Amapá, Domínio Carecuru e Domínio Paru, que grosso modo, associações de rochas metamáfico-ul-
apresentam características distintivas em termos de tramáficas, químico-exalativas e metassedimentares
conteúdo litológico, assinatura geofísica, padrão es- clásticas. Fora dos limites da área de trabalho é pos-
trutural, idade e evolução tectônica. O conjunto de sível observar que o Grupo Vila Nova marca o limite
informações que subsidiam a compartimentação tec- setentrional do Bloco Amapá com o Domínio Louren-
tônica e o arranjo litoestratigráfico propostos para a ço , que se estende amplamente na porção central e
área são discutidos nos capítulos 2 e 3. norte do Estado do Amapá.
Em linhas gerais, o Bloco Amapá é entendido Estas zonas de articulação entre terrenos tec-
como um segmento de crosta continental arqueana, tônicos são estruturalmente complexas, marcadas
cujo embasamento é constituído por uma associação por extensos corredores de deformação, onde se
de alto grau, do tipo granulito-gnaisse-migmatito, observa a justaposição tectônica de rochas de dife-
com idades entre 2,85 e 2,60 Ga, e com relíquias de rentes idades, origens e grau metamórfico. Exem-
crosta ainda mais antiga que 3,3 Ga. Este segmen- plos em escala global demonstram que estas zonas
to crustal foi deformado, metamorfizado e intrudido são entendidas como sítios de circulação de fluidos,
por corpos magmáticos em diferentes fases da evo- representando áreas férteis para a deposição de
lução orogenética paleoproterozoica, sendo as mais concentrações minerais econômicas. A ocorrência
importantes na área a fase acrescionária ou pré-co- das faixas dos grupos Ipitinga e Vila Nova neste con-
lisional (2,26-2,14 Ga) e colisional a tardi-orogênica texto faz com que estas regiões sejam altamente
(2,10-2,03 Ga). potenciais metalogeneticamente. No caso do Gru-
O Domínio Carecuru pode ser definido como po Vila Nova, o potencial é comprovado pela ocor-
um segmento crustal peleoproterozoico, composto rência de depósitos importantes de Fe, Mn e Au,
principalmente por uma associação, eminentemen- explorados ou em exploração por empresas de mi-
te riaciana, de (meta)granitoides cálcio-alcalinos e neração, localizados fora dos domínios da área de
sequências metavulcanossedimentatres, evoluída trabalho, a nordeste. O Grupo Ipitinga, de ocorrên-
entre 2,26 e 2,14 Ga, a partir da formação de ar- cia extensiva na área, fortemente tectonizado pela
cos magmáticos continentais, durante a fase oroge- Zona de Cisalhamento Ipitinga, de direção NW-SE,
nética acrescionária/pré-colisional. Neste domínio o trend estrutural mais proeminente, representa a
também foram reconhecidas unidades magmáticas faixa de maior potencial metalogenético dentro da
relacionadas à fase colisional, cujo clímax ocorreu área de trabalho, conforme enfocado nos capítulos
em torno de 2,1 Ga, conforme apontam os dados 6, 7 e 8, cujos aspectos mais importantes serão des-
hoje existentes. tacados a frente.
O Domínio Paru representa um inlier infra- Também merecem destaque as unidades me-
crustal de crosta arqueana no interior do Domínio tavulcanossedimentares Fazendinha, Treze de Maio
Carecuru, cujo significado tectônico ainda é con- e Serra de Cuiapocu, individualizadas no interior do
troverso, podendo representar uma evidência do Domínio Carecuru, cuja associação com granitoides
prolongamento da crosta continental arqueana do cálcio-alcalinos datados entre 2,22 e 2,14 Ga indica
152
Reserva Nacional do Cobre e Associados
uma evolução mais jovem, mas igualmente relacio- Destaques da geoquímica prospectiva
nada à formação de arcos magmáticos continentais
em estágios acrescionários/pré-colisionais. Nesta
associação tipo granitoide-greenstone que define o Neste projeto foram recuperados dados ana-
Domínio Carecuru, são conhecidas diversas minera- líticos de sedimentos de correntes, solos e concen-
lizações de ouro primário, discutidas no Capítulo 7. trados de bateia (quantitativos já citados acima),
obtidos em onze projetos históricos, sendo parte
Na área são registradas também manifesta-
significativa destes dados agora reprocessados es-
ções magmáticas intracontinentais, estabelecidas
tatisticamente e reinterpretados, e discutidos no
entre o Orosiriano (Peleoproterozoico) e o Ediacara-
Capítulo 6.
no (Neoproterozoico), representadas principalmente
por corpos de granitos tipo-A e intrusões alcalinas Os resultados analíticos de sedimentos de
máfico-ultramáficas, cuja ocorrência não está con- corrente reavaliados mostraram destaques para a
dicionada estritamente a qualquer um dos domí- associação Cu-Pb-Zn-Ni, localizados especialmente
nios tectônicos acima citados. As intrusões alcalinas na Serra do Ipitinga e na Serra Cuiapocu, esculpidas
máfico-ultramáficas (complexos Serra de Maicuru e com rochas das unidades litoestratigráficas homôni-
Maraconaí) são conhecidas pelo seu potencial para mas (Grupo Ipitinga e Unidade Serra Cuiapocu), e em
depósitos supergênicos de P e/ou Ti. alguns setores da Unidade Treze de Maio, onde os
levantamentos foram de caráter mais regional.
Em termos estruturais, a partir da interpreta-
ção de dados recuperados de trabalhos anteriores Os resultados mais relevantes da prospecção
e da análise macroestrutural integrada de imagens geoquímica de solo foram registrados também na
de aerogeofísica e de relevo realizada neste proje- Serra do Ipitinga, tendo sido caracterizado um trend
to, ficou evidenciada a superposição de pelo menos NW-SE para associação Cu-Pb-Zn, que acompanha
quatro famílias de estruturas nas associações pré- longitudinalmente o eixo da referida serra, e ainda
-cambrianas, de caráter dúctil (Dn e Dn+1), dúctil- amostras com resultados destacáveis para Au.
-rúptil (Dn+2) e rúptil-dúctil a rúptil (Dn+3), além de No caso das análises mineralométricas de con-
estruturas rúpteis tardias (pós-Dn+3), que afetam o centrados de bateia, foram identificadas partículas
embasamento cristalino e as coberturas fanerozoi- de ouro em bacias que drenam das rochas do Gru-
cas da Bacia do Amazonas, representadas na porção po Ipitinga e da Unidade Treze de Maio. Destaca-se
sul-sudeste da área. Estruturas Dn são fortemente ainda indícios de cassiterita relacionados ao Granito
obliteradas por Dn+1, e estão restritas às unida- Uaiãpi, demonstrando potencial para mineralizações
des arqueanas do Bloco Amapá. Lineamentos Dn+1 deste bem mineral.
definem a direção estrutural mais proeminente A análise global dos dados de geoquímica
da área, NW-SE, delimitam os principais domínios prospectiva indicam as unidades metavulcanossedi-
tectônicos, delineiam corpos rochosos arqueanos mentares, especialmente o Grupo Ipitinga, como as
e paleoproterozoicos, e se desenvolveram durante mais potenciais para mineralizações polimetálicas de
a orogênese transamazônica. Os principais corre- Cu-Pb-Zn-Ni e de Au.
dores de deformação identificados estão incluídos
neste conjunto Dn+1, as zonas de cisalhamento Ipi- Características dos principais recursos
tinga (no limite Bloco Amapá/Domínio Carecuru) e minerais conhecidos e geração de áreas
Cupixi (interior ao Bloco Amapá), que seccionam
prospectivas em escala regional
respectivamente as faixas metavulcanossedimen-
tares Ipitinga e Vila Nova. As estruturas da família
Dn+2 deslocam Dn+1, têm direção variando entre Na base de dados de recursos minerais consis-
ENE-WSW e WNW-ESE, seccionam unidades arque- tida constam 134 registros para diferentes substân-
anas e paleoproterozoicas, mas são truncadas por cias na área do Projeto PROMIN RENCA, classificados
granitos anorogênicos correlatos ao Granito Uaiãpi, conforme o grau de importância em: 9 depósitos, 76
de 1,75 Ga. Datações de Ar-Ar em muscovitas de ocorrências e 49 indícios. Com base nas informações
zonas de alto teor de veios mineralizados em ouro, acessadas, o ouro é a substância de maior importân-
permitem que se especule que o evento hidroter- cia em termos quantitativos (93 registros), enquanto
mal mineralizante pode ter relação com a fase Dn+2. o cobre, que empresta o nome à RENCA, é repre-
As estruturas Dn+3 são definidas por sistemas de sentado por uma ocorrência conhecida. Outros re-
juntas de direções médias NNW-SSE (principal) e cursos minerais significativos, não necessariamente
NNE-SSW a NE-SW, e embora não seja possível cor- em termos quantitativos, são: ferro, fósforo, titânio,
relacioná-las a nenhum evento previamente regis- estanho e tântalo. São conhecidas ainda ocorrências
trado na região, entende-se que se desenvolveram de bauxita e manganês, um depósito de caulim, que
ao menos em parte antes da deposição da Bacia do representa a única mina ativa na região, além de in-
Amazonas, devido ao seu caráter rúptil-dúctil em dícios de grafita, diamante e ametista. Todas as infor-
alguns locais. As estruturas pós-Dn+3 afetam uni- mações levantadas acerca dos recursos minerais são
dades desta Bacia, a exemplo das descontinuidades apresentadas no Capítulo 7, e aqui destacam-se ape-
que alojam diques mesozoicos atribuídos à unida- nas as principais características das mineralizações
de Diabásio Cassiporé, estabelecidos na transição de ouro, cobre, ferro, fosfafo e titânio, entendidas
Triássico-Jurássico. como os recursos minerais de maior relevância e/ou
153
Informe de Recursos Minerais
com maior nível de informação na área da Reserva quartzo-clorita xistos. Avaliando-se o conjunto de da-
Nacional do Cobre e Associados. dos existentes, observa-se que o trend anômalo para
As ocorrências de ouro primário conhecidas a associação geoquímica Cu-Pb-Zn é coincidente com
na área estão distribuídas no contexto da associação a direção das anomalias magnéticas, com a projeção
tipo granitoide-greenstone do Domínio Carecuru, do corpo condutor em superfície, e com a direção
ou ao longo da Zona de Cisalhamento Ipitinga, que das faixas supracrustais do Grupo Ipitinga, definindo
marca o limite deste domínio com o Bloco Amapá. um elevado potencial exploratório deste segmento
A mineralização tem como hospedeiras as sequên- para depósitos sulfetados de Cu-Pb-Zn, com Au-Ag
cias metavulcanossedimentares do Grupo Ipitinga associados.
e unidades Fazendinha e Treze de Maio, e os grani- Nas faixas metavulcanossedimentares do Gru-
toides cálcio-alcalinos da Suíte Intrusiva Carecuru, e po Ipitinga e Unidade Treze de Maio foram registra-
está invariavelmente relacionada a veios de quartzo das ocorrências de minério de ferro relacionadas a
e zonas hidrotermais, controladas por zonas de ci- formações ferríferas bandadas (itabiritos) e quartzi-
salhamento ou juntas, posicionadas principalmente tos ferruginosos, ou a crostas lateríticas. Não existe
segundo NW-SE, e localmente segundo NE-SW. Con- pesquisa de detalhe a respeito da mineralização de
siderando-se as interpretações estruturais deste pro- ferro na área, mas a presença de corpos de forma-
jeto, admite-se como hipótese que os veios de quart- ções ferríferas, aliada a extensão longitudinal de ano-
zo auríferos de direção NW-SE estão possivelmente malias magnéticas, especialmente ao longo da Serra
relacionados à geração das zonas de cisalhamentos do Ipitinga, sugere elevado potencial para depósitos
regionais Dn+1. Sericita é registrada em todos os de- de ferro. Análises de amostras de minério de ferro
pósitos conhecidos, ocorrendo localmente ainda tur- da Serra do Ipitinga revelaram teores de 39,66%,
malina, muscovita, clorita e feldspato potássico. Sul- 58,33% e 63,23% de Fe, enquanto aquelas relaciona-
fetos são escassos, sendo pirita o mais comum, com das à Unidade Treze de Maio, coletadas nas proximi-
calcopirita e galena registrados em uma ocorrência. dades do Rio Paru, apresentaram teores de 53,32%
Relações de campo e dados isotópicos restritos indi- e 55,04% de Fe. Adicionalmente, uma amostra de
cam que a mineralização é mais jovem que 2,03 Ga e hematita compacta coletada na margem do Rio Jari,
mais antiga que 1,93 Ga. O conjunto de informações nas proximidades da foz do Rio Ipitinga, revelou o
obtidas nos garimpos primários visitados permite as- mais expressivo teor, com 67,21% (Fe2O3 = 96,1%).
sociar a mineralização ao modelo de ouro orogênico, Destaca-se finalmente o potencial das intru-
estruturalmente controlado. sões alcalina-ultramáfica-carbonatítica (Complexo
A única ocorrência de cobre conhecida na Serra de Maicuru) e alcalina-ultramáfica (Complexo
área está localizada na região da Serra do Ipitinga, Maraconaí). Na superfície da Serra de Maicuru ocor-
nas proximidades do Igarapé dos Patos, afluente da rem lateritas maturas, com crosta fosfática (rica em
margem direita do Rio Ipitinga, onde pesquisas que fosfatos de alumínio), titanífera (rica em anatásio) e
envolveram levantamentos geoquímicos, geofísica ferruginosa magnética (com maghemita abundante).
terrestre e até sondagem, discutidas no Capítulo 7, Estudos prospectivos, que incluíram amostragem em
definiram um modelo singenético para a minerali- malha de solos e um programa de sondagem, reve-
zação, do tipo vulcanogênico exalativo (VMS), por- laram teores anômalos de fosfato (> 2,0%) nas late-
tanto, com idade estimada em torno de 2,26 Ga. A ritas, indicando mineralização de apatita primária,
mineralização sulfetada, caracterizada principalmen- confirmada por teor de até 37% de P2O5 em apatititos
te através do estudo de testemunhos de sondagem, de testemunhos de sondagem. Valores superiores a
é definida principalmente por pirrotita e pirita, com 18,0% de TiO2 nos horizontes lateríticos delinearam
calcopirita e esfalerita subordinadas, ocorre dissemi- uma zona mineralizada na parte sul do complexo.
nada ao longo da xistosidade de metabasaltos com Concentrações anômalas de ETR foram registradas
assinaturas toleítica e komatiítica, metamorfizados em lateritas e solos, que apresentaram também teo-
e hidrotermalizados, e em brechas tectônicas. Ouro, res anômalos de Nb e Cu. Na cobertura supergênica,
molibdenita, galena e hessita foram identificados em foi estimada uma reserva de 200 Mt de fosfato, com
MEV. Interpretação de dados de geofísica terrestre 15% de P2O5, e de titânio de 5 Bt com 20% de TiO2
(eletrorresistividade e magnetometria) sugerem a (anatásio).
presença de um corpo condutor concordante à es- Maraconaí também é marcado por um espes-
truturação das faixas do Grupo Ipitinga, alongado so perfil laterítico, especialmente sobre rochas ul-
segundo NW-SE, que se estende por mais de 10 km, tramáficas, onde há notável enriquecimento em Ti
com mergulho para NE, largura média de 500 m, e através de processos supergênicos. Teores de TiO2
volume estimado em 247 milhões de m3. Os furos de nas porções superiores do perfil de alteração atin-
sondagens realizados com o objetivo de identificar o gem até 90% em peso, enquanto na rocha fresca,
corpo condutor apontado pela geofísica, não permi- o somatório Fe2O3+TiO2 raramente perfaz mais que
tiram avaliar a magnitude de um possível corpo de 20%. Foram realizados cálculos de reserva total de Ti
sulfeto maciço. Embora os furos não tenham ultra- de Maraconaí, considerando-se dois tipos de minério
passado o corpo mineralizado, revelaram intervalos (canga titanífera e minério friável sotoposto a can-
com valores destacáveis para Cu, Zn, Au e Ag, tendo ga), que perfazem uma reserva total de 749.500.000
sido registrados em um deles, teores de 0,98% de Cu, t, com 107.124.230 t de TiO2 contido e teor médio
208 ppm de Zn, 11 ppm de Au e 74 ppm de Ag, em de 14,29%.
154
Reserva Nacional do Cobre e Associados
Neste trabalho, foi aplicado o conceito de sis- dos corpos Maicuru e Maraconaí, que aparente-
temas mineralizantes para análise, integração e inter- mente apresentam relação com estruturas rúpteis
pretação de dados, visando a geração de alvos pros- de direção geral N-S, entendidas neste trabalho
pectivos, sob uma abordagem em escala regional, em como pertencentes à fase Dn+3. Também foram res-
função do nível de conhecimento e do volume de da- saltados como áreas potenciais corpos relacionados
dos existentes. Foram definidos 4 sistemas minerali- às unidades Alcalinas Mapari e Máficas-Ultramáficas
zantes, detalhados no Capítulo 8, considerados como Indiferenciadas.
os mais relevantes e de maior potencial para atração Este estudo mostrou que a análise integrada
de investimentos em atividades de pesquisa mineral, de dados representa uma ferramenta importante
quando possível: 1) Polimetálico Cu (Au-Ag-Zn) rela- para avaliação do potencial mineral em escala regio-
cionado a ambiente vulcano-exalativo (VHMS); 2) Au nal, sendo possível gerar alvos prospectivos para di-
orogênico; 3) Óxidos de ferro em ambiente químico- ferentes substâncias minerais a partir da abordagem
-exalativo; 4) Fosfato e titânio supergênicos relacio- conceitual dos sistemas mineralizantes.
nados a intrusões alcalinas ultrabásicas.
As principais áreas prospectivas para depósi- Recursos minerais x áreas especiais
tos do sistema VHMS estão concentradas na porção
noroeste da faixa do Grupo Ipitinga, onde são mape-
adas as faixas mais expressivas da Formação Igarapé A distribuição espacial dos registros minerais
do Inferno, tendo sido a ocorrência de Cu conhecida em relação às unidades de conservação ambiental e
mapeada pelo modelo. área indígenas é tratada neste item. Considerando-se
os 85 registros de depósitos e ocorrências minerais
As áreas mais prospectivas para ouro orogê- (indícios não incluídos), 23 estão localizados na Re-
nico relacionam-se principalmente às sequências serva Biológica de Maicuru, unidade de conservação
metavulcanossedimentares do Grupo Ipitinga e do integral, sendo 18 referentes ao Au, 4 de Fe, além
Grupo Vila Nova, sendo os principais alvos mapeados da única ocorrência de Cu conhecida. Um depósito
pela conjunção de rochas favoráveis à deposição do de Sn posiciona-se no interior da Terra Indígena Paru
metal, como rochas metavulcânicas ricas em Fe, for- D’Este. As demais mineralizações (61) localizam-
mações ferríferas bandadas, e estruturas de primeira -se em grade maioria na Floresta Estadual do Paru,
e segunda ordem de Dn+1 e Dn+2, e no caso do Gru- unidade de conservação de uso sustentável, e mais
po Ipitinga, também pela presença de bacias anôma- restritamente (apenas 5) em áreas desimpedidas, na
las em As, Ag, Bi e Au, detectadas pela geoquímica. porção nordeste da área deste projeto.
Os principais alvos para mineralização de Fe As figuras 9.1 e 9.2 mostram a posição dos de-
encontram-se na área de ocorrência da Formação pósitos e ocorrências em relação às áreas especiais,
Igarapé dos Patos, em regiões de assinatura geofísi- sendo que na segunda são inseridas ainda algumas
ca característica, relevo aplainado pela formação dos informações geológicas importantes quando se dis-
platôs lateríticos, com a presença de estruturas de cute a potencialidade mineral da área, basicamente,
primeira e segunda ordem (com potencial para circu- as unidades metavulcanossedimentares, que abri-
lação de fluidos e enriquecimento do teor do minério gam mineralizações de Au, Fe, Cu e Mn, os grandes
por processos hidrotermais), e com anomalias de Fe corredores estruturais aos quais está associada gran-
em sedimentos de corrente. de parte das mineralizações auríferas, as zonas de
Para o sistema fosfato e titânio lateríticos re- cisalhamento Ipitinga e Cupixi, além das intrusões
lacionado às intrusões alcalinas-máfico-ultramáficas alcalinas-ultrabásicas Serra de Maicuru e Maraconaí,
foi elaborado um modelo esquemático, com obje- em cuja cobertura supergênica foram estimadas re-
tivo de chamar atenção para os controles regionais servas de P e/ou Ti.
155
Informe de Recursos Minerais
Figura 9.1 - Distribuição dos recursos minerais em relação às unidades de conservação ambiental e terras indígenas.
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Reserva Nacional do Cobre e Associados
Figura 9.2 - Distribuição dos recursos minerais em relação às unidades de conservação ambiental e terras indígenas, e
feições geológicas que apresentam maior destaque metalogenético.
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Informe de Recursos Minerais
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Reserva Nacional de Cobre e Associados
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ANEXOS
169
Anexos
170
Anexos
ANEXO A
171
Anexos
ANEXO A (continuação)
172
Anexos
ANEXO A (conclusão)
173
Anexos
ANEXO B
174
Anexos
ANEXO B (continuação)
OBS: Bt: biotita; Qtz: quartzo; Chl: clorita; Tlc: talco; Crd: cordierita; Ant: antofilita.
175
Anexos
ANEXO B (continuação)
OBS: Bt: biotita; Qtz: quartzo; Cl: clorita; Tlc: talco; Crd: cordierita; Ant: antofilita.
176
Anexos
ANEXO B (conclusão)
OBS: Bt: biotita; Qtz: quartzo; Cl: clorita; Tlc: talco; Crd: cordierita; Ant: antofilita.
177
Anexos
ANEXO C
RESULTADOS ANALÍTI-
Nº COS (ppm)
INTERVALO (m) DESCRIÇÃO SIMPLIFICADA (CARVALHO, 2008)
CAMPO
Au Ag
44,50 - 44,92 JC-135 0,02 N 0,20 Actinolita-tremolita xisto
44,92 - 45,30 JC-136 0,02 N 0,20 Actinolita-tremolita xisto
45,45 - 45,90 JC-137 0,02 N 0,20 Actinolita-tremolita xisto
45,90 - 46,30 JC-138 0,02 0,6 Actinolita-tremolita xisto
46,30 - 46,66 JC-139 0,01 0,8 Actinolita-tremolita xisto. Fraturas preenchidas por carbonato e clorita.
46,66 - 47,10 JC-140 0,03 0,8 Actinolita-tremolita xisto
47,31 - 47,70 JC-141 0,02 0,2 Actinolita-tremolita xisto
47,70 - 48,11 JC-142 0,025 0,6 Actinolita-tremolita xisto
48,11 - 48,50 JC-143 0,01 0,4 Actinolita-tremolita xisto
48,50 - 48,90 JC-144 0,025 0,2 Actinolita-tremolita xisto
48,90 - 49,29 JC-145 0,02 0,2 Actinolita-tremolita xisto
49,55 - 49,92 JC-146 0,025 0,6 Actinolita-tremolita xisto
49,92 - 50,28 JC-147 0,2 0,6 Actinolita-tremolita xisto
50,28 - 50,67 JC-148 0,02 0,6 Actinolita-tremolita xisto
50,67 - 51,11 JC-149 0,08 0,8 Actinolita-tremolita xisto. Rara pirrotita
51,11 - 51,50 JC-150 0,04 0,4 Actinolita-tremolita xisto
51,50 - 52,08 JC-151 0,08 0,4 Actinolita-tremolita xisto
52,08 - 52,50 JC-152 0,02 0,4 Actinolita-tremolita xisto
52,50 - 52,90 JC-153 0,015 0,2 Actinolita-tremolita xisto
52,90 - 53,25 JC-154 0,03 0,4 Actinolita-tremolita xisto
53,94 - 54,30 JC-155 0,03 0,4 Actinolita-tremolita xisto
54,30 - 54,70 JC-156 0,015 0,2 Actinolita-tremolita xisto
55,10 - 55,50 JC-157 0,01 0,4 Actinolita-tremolita xisto
55,72 - 56,10 JC-158 0,035 0,4 Actinolita-tremolita xisto
56,10 - 56,54 JC-159 0,015 0,4 Actinolita-tremolita xisto. Carbonato intersticial.
64,50 - 64,90 JC-160 0,045 0,2 Actinolita-tremolita xisto
64,90 - 65,33 JC-161 0,035 N 0,20 Actinolita-tremolita xisto
65,50 - 65,95 JC-162 0,035 0,2 Actinolita-tremolita xisto
70,50 - 70,90 JC-163 0,045 0,4 Actinolita-tremolita xisto
70,90 - 71,35 JC-164 0,035 0,2 Actinolita-tremolita xisto
71,52 - 71,88 JC-165 0,045 0,8 Actinolita-tremolita xisto
72,47 - 72,93 JC-166 0,05 1,0 Actinolita-tremolita xisto
205,70 - 206,08 JC-167 0,175 1,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
206,08 - 206,55 JC-168 0,11 1,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
206,55 - 206,90 JC-169 0,185 1,0 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
206,90 - 207,32 JC-170 0,12 1,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
207,32 - 207,70 JC-171 0,08 1,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
207,70 - 208,10 JC-172 0,12 1,4
Fraturas e zonas de cisalhamento preenchidas por sulfetos de ferro
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
208,10 - 208,48 JC-173 0,08 1,4
Fraturas e zonas de cisalhamento preenchidas por sulfetos de ferro
OBS: N = não detectado; Bt: biotita; Qtz: quartzo; Cl: clorita; Tlc: talco; Crd: cordierita; Ant: antofilita.
178
Anexos
ANEXO C (conclusão)
RESULTADOS ANALÍTICOS
Nº (ppm)
INTERVALO (m) DESCRIÇÃO SIMPLIFICADA (CARVALHO, 2008)
CAMPO
Au Ag
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
208,48 - 208,90 JC-174 0,46 5,0
Fraturas e zonas de cisalhamento preenchidas por sulfetos de ferro
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
208,90 - 209,30 JC-175 0,125 1,2
Fraturas e zonas de cisalhamento preenchidas por sulfetos de ferro
209,68 - 210,05 JC-176 0,045 1,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
210,05 - 210,50 JC-177 0,03 1,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
210,50 - 210,93 JC-178 0,045 1,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
210,93 - 211,26 JC-179 0,02 1,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
211,26 - 211,70 JC-180 0,03 1,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
212,30 - 212,72 JC-181 0,065 1,8 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
212,72 - 213,10 JC-182 0,02 0,8 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
213,10 - 213,50 JC-183 0,03 1,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
213,50 - 213,90 JC-184 0,03 1,0 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
213,90 - 214,25 JC-185 0,01 0,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
214,70 - 215,10 JC-186 0,02 0,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
215,10 - 215,52 JC-187 0,01 0,4 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
215,52 - 215,90 JC-188 0,04 0,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
215,90 - 216,30 JC-189 0,04 0,6 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
216,30 - 216,70 JC-190 0,01 0,4
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
217,10 - 217,50 JC-191 0,08 1,6
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
217,50 - 217,90 JC-192 0,02 0,4
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
217,90 - 218,28 JC-193 0,02 0,4
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
218,28 - 218,72 JC-194 0,035 0,6
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
227,50 - 227,90 JC-195 0,04 0,8
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto.
227,90 - 228,30 JC-196 0,045 0,6
Sulfetos de ferro em fraturas em veio (?) de Qtz cisalhado ou Cl
228,50 - 228,90 JC-197 0,065 1,0 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
228,90 - 229,32 JC-198 0,04 0,8 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
229,70 - 230,20 JC-199 0,05 1,0 Bt-Qtz-Cl-(Tlc)-Crd xisto ou Bt-Qtz-(Ant)-Cl xisto
OBS: Bt: biotita; Qtz: quartzo; Cl: clorita; Tlc: talco; Crd: cordierita; Ant: antofilita.
179
Anexos
ANEXO D
180
Anexos
ANEXO D (conclusão)
181
Anexos
ANEXO E
38,60-38,80 PM-1001 0,11 L10 L 0,005 0,002 N 0,002 N 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
40,56-40,73 PM-1011 0,05 L10 L 0,005 0,003 L 0,002 N 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
42,18-42,34 PM-1016 0,12 L10 0,005 0,003 N 0,002 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
46,22-46,36 PM-1038 0,13 L10 L 0,005 0,002 N 0,002 L 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
49,90-50,05 PM-1056 0,08 L10 L 0,005 0,002 L 0,002 N 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
54,17-54,37 PM-1075 0,31 L10 L 0,005 L 0,002 N 0,002 N 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
56,15-56,31 PM-1086 0,07 L10 N 0,005 0,005 N 0,002 N 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
56,87-57,07 PM-1090 0,17 L10 L 0,005 0,003 N 0,002 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
58,14-58,29 PM-1098 0,27 L10 L 0,005 0,002 N 0,002 L 0,2 N 0,05 Xisto cinza com sulfeto disseminado
182
SECRETARIA DE
GEOLOGIA, MINERAÇÃO MINISTÉRIO DE
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL MINAS E ENERGIA