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GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA

FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS


DA REGIÃO METROPOLITANA (FIDEM) MINERAIS

PROGRAMA DE INFORMAÇÃO PARA GESTÃO


PREFEITURA DO JABOATÃO DOS GUARARAPES E ADMINISTRAÇÃO TERRITORIAL
SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO RAIMUNDO MENDES DE BRITO
URBANO MINISTRO DE ESTADO

MIGUEL ARRAES DE ALENCAR GEOVANNI TONIATTI


GOVERNADOR DO ESTADO SECRETÁRIO DE MINAS E METALURGIA

JOÃO JOAQUIM GUIMARÃES RECENA CARLOS OITÍ BERBERT


SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO DIRETOR PRESIDENTE

SÔNIA COUTINHO CALHEIROS IDELMAR DA CUNHA BARBOSA


PRESIDENTE DA FIDEM DIRETOR DE HIDROLOGIA
E GESTÃO TERRITORIAL
JOSÉ HUMBERTO LACERDA BARRADAS
ANTÔNIO JUAREZ MILMANN MARTINS
PREFEITO DO JABOATÃO DOS
DIRETOR DE GEOLOGIA
GUARARAPES
E RECURSOS MINERAIS
ROSINEIDE MONTEIRO GASINEU AUGUSTO WAGNER PADILHA MARTINS
SECRETÁRIA DE PLANEJAMENTO DIRETOR DE ADMINSTRAÇÃO
E FINANÇAS

GIL PEREIRA DE SOUZA AZEVEDO


DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
E DESENVOLVIMENTO

MARCELO SOARES BEZERRA


SUPERINTENDENTE REGIONAL
DE RECIFE

CÁSSIO ROBERTO DA SILVA


CHEFE DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO
TERRITORIAL

REGINA CÉLIA GIMENEZ ARMESTO


CHEFE DA DIVISÃO DE GESTÃO
TERRITORIAL
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO RECIFE

PROGRAMA INFORMAÇÕES BÁSICAS


PARA GESTÃO TERRITORIAL

PROJETO SINGRE

ATLAS DO MEIO FÍSICO


DO MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES
- ESTADO DE PERNAMBUCO -

EXECUÇÃO

PAULO ROBERTO S. DE ASSUNÇÃO Geologia, Áreas inundáveis e


Recomendações para Gestão
Territorial
JORGE L. F. DE MIRANDA Hidrogeologia
HORTÊNCIA M. B. DE ASSIS Geomorfologia
PEDRO A. DOS S. PFALTZGRAFF Indicadores Geotécnicos Político
FIDEM Cobertura Vegetal
ANADIR C. DA COSTA Uso Atual do Solo
PAULO ROBERTO S. DE ASSUNÇÃO
CLAUDIO SCHEID Organização do texto

RECIFE
1997
EQUIPE RESPONSÁVEL PELO TRABALHO

Enjôlras de A. M. Lima Paulo Roberto S. de Assunção - Geólogo


Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial Anadir C. da Costa - Geólogo
Cristiano de Andrade Amaral - Geólogo
Ivo Figueirôa Hortência M. B. de Assis - Geóloga
Supervisor do GATE Jorge L. F. de Miranda
Pedro A. dos S. Pfaltzgraff – Geólogo
Marina Nóbrega - Geógrafa
Dalvanise Bezerril - Bibliotecária

Francisco de A. B. de Moraes - Desenhista


Alan Dionísio de Barros - Desenhista

Cláudio Scheid
Flávio Renato A. de A. Escorel
Serviço de Edição Regional

Assunção, Paulo Roberto Siqueira de


Atlas do meio físico do Município do Jaboatão dos Guararapes. Estado
de Pernambuco. Paulo Roberto S. de Assunção, Anadir C. da Costa, Cristiano
de Amaral, Hortência M. B. de Assis, Jorge L. F. de Miranda, Pedro A. dos S.
Pfaltzgraff. Recife: CPRM/FIDEM, 1997. 26p. il.

“Sistema de Informações para Gestão Territorial da Região Metropolitana


do Recife - Projeto SINGRE”.

1. Planejamento Territorial Metropolitano. 2. Meio Físico. 3. Pernambuco.


I. Costa, Anadir C. da. II. Amaral, Cristiano de A.. III. Assis, Hortência M. B. de. IV.
Miranda, Jorge L. F. de. V. Pfaltzgraff, Pedro A. dos S.. VI. Título.

Capa: Lavra de argila abandonada nas proximidades da rodovia BR – 101, limite


entre os municípios do Jaboatão dos Guararapes e Recife (Foto: Pedro A. dos S.
Pfaltzgraff).
APRESENTAÇÃO

A preocupação com a questão ambiental tem crescido


significativamente em todas as regiões do Globo, provocando mudanças
relevantes nas relações entre o indivíduo e o meio em que vive. No cenário
atual, proteger o meio ambiente visa não apenas assegurar melhor qualidade
de vida aos que hoje vivem no Planeta e às futuras gerações, mas constitui
uma estratégia de suma importância para atrair empreendimentos, sobretudo
nas áreas de turismo e lazer.

O crescimento das cidades e o conseqüente aumento dos problemas


ambientais, tais como poluição de rios, lagoas e a ocupação de áreas de
risco, tornaram imprescindíveis os estudos multidisciplinares do meio físico
para subsidiar a ocupação do solo dentro daqueles padrões do paradigma
“Desenvolvimento Sustentado”, que, em tese, seria possível aos núcleos
urbanos de médio e grande porte.

Nesse contexto, este Atlas com seus mapas temáticos, constitui um


acervo indispensável às ações de planejamento governamental para o
Município do Jaboatão dos Guararapes, que, atualmente, conta com uma das
maiores áreas urbanas da Região Metropolitana do Recife, Estado de
Pernambuco, submetida a um processo de crescimento acelerado.

A análise deste documento por parte dos governantes permitirá uma


melhor gestão do meio físico do município, fornecendo informações básicas
para o melhor uso do solo e proteção ao meio ambiente. Este trabalho é fruto
de convênio entre a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais)
e a FIDEM (Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do
Recife), contando com o apoio da Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes.
Atende ao PROJETO SINGRE (Sistema de Informações para a Gestão
Territorial da Região Metropolitana do Recife), e não se esgota com sua
edição, devendo ser sistematicamente atualizado, aprimorado, e acrescido de
outras cartas temáticas, quando necessário.
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

2 - O MUNICÍPIO ............................................................................................................2

3 - GEOLOGIA ................................................................................................................4
3.1 – Aspectos Estratigráficos..................................................................................4
3.2 – Aspectos Estruturais........................................................................................6

4 - HIDROGEOLOGIA ...................................................................................................7
4.1 – Características Hidrogeológicas ..........................................................................7
4.1.1 – As Rochas Sedimentares .........................................................................7
4.1.2 – As Rochas Cristalinas..............................................................................8
4.2 – Relevo do Substrato da Bacia ..............................................................................9

5 – ÁREAS INUNDÁVEIS ...........................................................................................10

6 – COBERTURA VEGETAL........................................................................................11

7 – GEOMORFOLOGIA ................................................................................................12
7.1 – Unidades de Relevo.........................................................................................12
7.2 – Processos Geomórficos ..................................................................................13

8 – INDICADORES GEOTÉCNICOS ..........................................................................14

9 – USO ATUAL DO SOLO .........................................................................................16

10 – RECOMENDAÇÕES PARA GESTÃO TERRITORIAL ......................................18

11 – BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................22

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

ENCARTE 1................................................................................................. Mapa Político


ENCARTE 2.............................................................................................Mapa Geológico
ENCARTE 3.................................................................................... Mapa Hidrogeológico
ENCARTE 4......................................................Mapa Inferido do Topo do Embasamento
ENCARTE 5.............................................................................Mapa de Áreas Inundáveis
ENCARTE 6........................................................................... Mapa de Cobertura Vegetal
ANEXO 1 – Mapa Geomorfológico
ANEXO 2 – Mapa de Indicadores Geotécnicos
ANEXO 3 – Mapa de Uso Atual do Solo
ANEXO 4 – Mapa de Recomendações para Gestão Territorial
JABOATÃO DOS GUARARAPES

1 - INTRODUÇÃO - Mapa Geológico - Define os domínios litológi-


cos e pontos de interesse para recursos minerais;
Uma boa parcela dos problemas que afe-
tam uma comunidade urbana está ligada às carac-
terísticas fisiográficas e geológicas da região na - Mapa Hidrogeológico - Mostra as formações
qual está implantada. Deste modo, é imprescin- que constituem reservatórios subterrâneos de
dível que em matéria de “Planejamento Urbano” água;
as tomadas de decisões estejam calcadas em in-
formações básicas do meio físico, aqui apresen-
tadas na forma de mapas temáticos, mas que já - Mapa Inferido do Topo do Embasamento -
poderiam ter como veículo os sistemas de infor- Fornece a forma do substrato da bacia com base
mações geográficos. na interpretação de dados gravimétricos Bouguer;

Inicialmente, foi levantada e analisada a


documentação existente em órgãos estaduais co- - Mapa de Áreas Inundáveis - Mostra as áreas
mo FIDEM e CPRH (Companhia Pernambu- passíveis de inundação;
cana de Controle da Poluição e de Adminis-
tração dos Recursos Hídricos), nas Universida-
des Federais de Pernambuco e na CPRM. A par- - Mapa de Cobertura Vegetal - Apresenta a
tir daí, foram realizados estudos fotogeológicos, vegetação e as culturas predominantes;
checagem de campo, ensaios e análises laborato-
riais, finalizando com a interpretação dos resul-
tados, apresentados neste texto. A partir de uma - Mapa Geomorfológico - Retrata as formas de
análise comparativa e interativa foi possível re- relevo no âmbito do município, caracterizando as
gistrar os diferentes aspectos do meio físico desse áreas instáveis e estáveis;
município, determinar boa parte dos processos
modificadores, e elaborar uma proposta de uso
do solo de acordo com as aptidões físicas diag- - Mapa de Indicadores Geotécnicos - Informa
nosticadas. das características geotécnicas do subsolo e defi-
ne as áreas de riscos naturais e induzidos;
Para melhor atender ao planejamento ur-
bano, os mapas temáticos foram elaborados ori-
ginalmente na escala 1:25.000, disponíveis na - Mapa de Uso Atual do Solo - Mostra o uso e a
Superintendência Regional da CPRM, em Recife. ocupação atual do espaço físico do município;
Aqui são apresentados na escala 1:75.000. Os
mapas temáticos que acompanham este Atlas
são: - Mapa de Recomendação para Gestão Terri-
torial - Propõe diretrizes para a ocupação racio-
- Mapa Político - Carta política do município, nal do solo, a partir do melhor conhecimento do
incluindo a delimitação da sede, rede viária e meio físico do município.
drenagem;

CPRM/FIDEM 1
JABOATÃO DOS GUARARAPES

2 - O MUNICÍPIO Os setores da economia mais dinâmicos


são o industrial (usinas de açúcar, indústrias
O Município do Jaboatão dos Guararapes químicas, têxteis e tecelagem, metalúrgicas, celu-
está situado na porção centro-leste da Região lose e papel, entre outras), o de comércio em ge-
Metropolitana do Recife - RMR (Figura 1). Sua ral, o da agricultura (representada pela cultura
origem data de 1556, quando Duarte Coelho Pe- secular da cana-de-açúcar) e o mineral, represen-
reira fez doação de uma légua de terra na ribeira tado principalmente pela extração de material
do Jaboatão. A fundação do povoado se deu a para construção civil.
partir de 1593. A vila-sede de mesmo nome foi
elevada à categoria de cidade em 27 de junho de O município está situado numa região de
1884, alcançando autonomia em 1892, através de clima AMS’, segundo a classificação de Koeppen
Lei Orgânica. O municípo, com uma área de (1948). O período das chuvas desenvolve-se en-
247,10 km2, limita-se ao norte com São Louren- tre os meses de março a agosto, com precipitação
ço da Mata e Recife, ao sul com o Município do pluviométrica oscilando entre 140mm e 270mm
Cabo de Santo Agostinho, a leste com o Oceano mensais e sempre acima de 1.500mm anuais. A
Atlântico e a oeste com o Município de Moreno. temperatura média situa-se em torno de 26o C,
Sua sede municipal dista cerca de 20 km do Re- com uma mínima de 18o C e uma máxima de
cife, capital do Estado de Pernambuco. 32o C.

De acordo com o Censo Demográfico O Rio Jaboatão é o principal curso


realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de d’ água, desembocando no Oceano Atlântico, na
Geografia e Estatística) em 1991, o Município divisa com o município do Cabo. Seu principal
de Jaboatão dos Guararapes conta com uma po- afluente é o Rio Duas Unas, margem esquerda,
pulação de 486.774 habitantes, o que indica uma represado pela barragem de mesmo nome, única
densidade demográfica de 1969,90 hab./km², nos limites do município, e considerada de gran-
concentrada (86% do total) na área urbana, e o de importância para o abastecimento da RMR.
restante (14%) na zona rural. Segundo previsões
fornecidas pelo IBGE (Resolução 38/95), em O mapa político (Encarte 1) mostra a rede
1995 essa população atingira o número de viária, os loteamentos mais importantes, a man-
525.835 habitantes, a segunda maior do Estado, cha urbana e sedes dos três distritos (Jaboatão,
superada apenas pela do Recife que conta com Cavaleiro e Muribeca dos Guararapes), cujos
1.322.403 habitantes. limites estão em fase de revisão.

2 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

CPRM/FIDEM 3
JABOATÃO DOS GUARARAPES

3 - GEOLOGIA Rochas Plutônicas Proterozóicas


(PSγγ3D, PSγγ3G e PSγγ3I) -
3.1 - Aspectos Estratigráficos Ainda no domínio do Maciço Pernambuco-
Alagoas e relacionadas às deformações que afeta-
O Município de Jaboatão dos Guararapes ram a região, ocorrem os granitóides tardi a pós-
abrange três grandes conjuntos litológicos, for- deformação transcorrente reconhecidos por
mados em períodos distintos, no intervalo de Rocha (1990). No município, essas rochas plutô-
tempo de 2.500 milhões de anos atrás até o pre- nicas foram definidas como quartzodioritos
sente. A litologia, como pode ser observado no (PSγ3D), biotita-granitóides porfiríticos (PSγ3G),
Mapa Geológico (Encarte 2), compreende litóti- e leucosienitos e leucomonzonitos (PSγ3I), ocor-
pos do Maciço Pernambuco-Alagoas, Brito rendo na região oeste. Individualizados com base
Neves (1975), litótipos do Grupo Pernambuco, na predominância de afloramentos, apresentam
Amaral & Menor (1979) e sedimentos de cober- formas alongadas (PSγ3I), grosseiramente arre-
tura terciários e quaternários, distribuídos na fai- dondadas (PSγ3G), ou ainda se destacam pela
xa litorânea. expressiva área de ocorrência (PSγ3D).

INTERVALO: 2.500Ma - 500Ma


INTERVALO: 120Ma - 95Ma
MACIÇO PERNAMBUCO-ALAGOAS
GRUPO PERNAMBUCO
Nesse primeiro intervalo surgiram dois
grandes grupos de rochas, que juntos ocupam Ao segundo conjunto foi dada a denomi-
aproximadamente 75% da área do município, nação Grupo Pernambuco, criado por Amaral
distribuídos nas porções norte, oeste e sul. São as & Menor (op. cit.) para congregar os sedimentos
rochas do Complexo Gnaíssico-Migmatítico e as da bacia tipo rift, encontrados a sul de Recife, a
Rochas Plutônicas Proterozóicas (PSγ3D, PSγ3G partir do Lineamento Pernambuco. Esse grupo,
e PSγ3I). cujas rochas estão relacionadas à abertura do
Oceano Atlântico, está representado no municí-
Complexo Gnáissico - Migmatítico - pio por ocorrências da Formação Cabo (Kc), so-
Este grupo é definido como de idade arquena, brepostas às rochas ortognáissicas e granitos por-
compondo a infraestrutura regional. No municí- firíticos do embasamento. Os tipos litológicos
pio, está representado pela unidade denominada predominantes são siltitos, argilitos e arenitos
de Ortognaisses (Aogn), que compreende rochas feldspáticos, ocorrendo principalmente nos limi-
orto-derivadas de composição granítica e dioríti- tes e proximidades das falhas que condicionam a
ca, migmatizadas. Ao longo da faixa correspon- estrutura convencionalmente denominada Rift do
dente ao Lineamento Pernambuco, na porção Cabo.
norte do município, essas rochas encontram-se
foliadas, com textura cataclástica, observando-se INTERVALO 11.2 Ma - 100.000a
com frequência a orientação e estiramento dos
minerais. SEDIMENTOS TÉRCIO-QUATERNÁRIOS

Na região a sul de Muribeca dos Guarara- Formação Barreiras (TQb) -


pes, os ortognaisses ocorrem amplamente associ- No litoral norte do município afloram sedimentos
ados às intrusões de granitos porfiríticos, nem terciários historicamente atribuidos à Formação
sempre individualizados em mapa. Barreiras, ocupando de 3% a 5% da área munici-

4 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

pal. São sedimentos areno-síltico-argilosos inter- construção civil, assim como a instalação da
calados por lentes de argila e níveis lateríticos, maioria das plantas industriais do município, ao
formando morros, morrotes e pequenos tabulei- longo da rodovia BR-101.
ros com encostas de fortes declividades, comu-
mente superiores a 30%. Sedimentos Flúvio-Lagunares (Qfl) -
A unidade ocupa extensos espaços na faixa lito-
INTERVALO: 120.000a. A.P. rânea , envolvendo a Lagoa Olho D’ Água, a
(Antes do Presente)a maior do Estado de Pernambuco, com uma área
aproximada de 3,7 km2. Caracteriza-se por uma
SEDIMENTOS QUATERNÁRIOS composição de areias, siltes e argilas, de cor cin-
za, com matéria orgânica, formando extensas
Depósitos Quaternários - planícies, nas quais ainda se pode observar uma
Os depósitos sedimentares recentes foram subdi- vegetação arbustiva de ambiente híbrido. Para
vididos em nove unidades, cuja ordem temporal oeste, em direção ao interior, essas planícies gra-
proposta é aquela mostrada na legenda do mapa dam progressivamente para depósitos de ambien-
geológico: Terraços Marinhos Pleistocênicos tes mais recentes, de origem colúvio-aluvial
(Qtp); Sedimentos Flúvio-Lagunares (Qfl); Ter- (Qca).
raços Marinhos Holocênicos (Qth); Recifes de
Arenitos (Qr); Sedimentos de Mangues (Qm); Terraços Marinhos Holocênicos (Qth) -
Coberturas Residuais (Qe); Sedimentos Arenosos Essa unidade ocupa uma faixa alongada, de lar-
de Praia (Qp); Sedimentos Colúvio-Aluviais gura variável, na região litorânea, paralelamente
(Qca); e Areias Aluvionares (Qa). O conheci- à linha de costa. São constituídos por areias
mento detalhado das propriedades de cada uma quartzosas de cores claras e de granulometria
dessas unidades é importante pelo que represen- média a grossa, de forma arredondada a subarre-
tam para a ocupação do solo urbano e rural. dondada, além de fragmentos de conchas. Esses
terraços tem altitudes de 1m a 5m acima da pre-
Terraços Marinhos Pleistocênicos(Qtp) amar atual. Hoje, estão quase que inteiramente
ocupados por edificações de porte diferenciados,
São áreas planas, constituídas por areias esbran- submetidos a um intenso processo de especula-
quiçadas quartzosas, de granulometria média a ção imobiliária, tendo em vista a tendência natu-
grosseira, bem classificadas, de grãos arredonda- ral da expansão urbana que se processa a partir
dos e subarredondados, formando terraços de do município vizinho-norte, o Recife.
cotas até 10 metros. A espessura é variável como
demonstram, por exemplo, os dois poços execu- Recifes de Arenitos (Qr) -
tados pela CPRM na fábrica PLUS-VITA, situa- Tratam-se de bancos de arenitos encontrados ao
da à margem da rodovia BR-101 Sul. No primei- longo da costa, de forma linear e que afloram,
ro (4,60m), a base da unidade é constituída de notadamente, durante a baixamar. Esses bancos
pequenos seixos negros, carbonosos, friáveis, e são constituidos por arenitos com 20% a 80% de
no segundo (2,20m), a base é formada por um quartzo e fragmentos de conchas.
arenito fino, com níveis argilo-sílticos. Nas suas
porções mais profundas, em conseqüência de Sedimentos de Mangues (Qm) -
lixiviação e concentração em matéria orgânica, Depósitos argilo-sílticos, de coloração cinza es-
tornam-se mais escuros e mais compactos. Essas cura, com muita matéria orgânica e bioclastos,
características têm favorecido o assentamento drenados por água salobra. Esses ambientes estu-
urbano, a utilização como fonte de material de arinos, indispensáveis ao desenvolvimento de

CPRM/FIDEM 5
JABOATÃO DOS GUARARAPES

numerosas espécies marinhas, estão sendo grada- argilo-sílticas, além de matéria orgânica.
tivamente destruídos pela expansão urbana.
Ocorrem a oeste e a sul da localidade de Pontezi- 3.2 - ASPECTOS ESTRUTURAIS
nha, nas margens do baixo curso do Rio Jaboa-
tão, até às proximidades de sua foz. A área do município apresenta dois gran-
des marcos estruturais: o Lineamento Pernambu-
Coberturas Residuais (Qe) - co, na área do embasamento, e o Rift do Cabo,
São produtos da decomposição físico-química que compartimenta grande parte dos sedimentos
das rochas do embasamento cristalino (rochas cretáceos da região litorânea.
ortoderivadas e plutônicas), cujo resultado é um
material areno-argiloso, de cores vermelha e a- O Lineamento Pernambuco ocorre no
marela, com espessura variável (até 15m). Esse extremo norte do município, com direção predo-
processo dá origem a um relevo de colinas, mor- minante ENE. Está relacionada à uma cinemáti-
ros e morrotes, distribuídos como númerosas ca do tipo transcorrente, com sentido de movi-
ilhas na porção oeste do municípo, onde podem mento dextral.
ser ainda encontrados blocos da rocha mãe, de
tamanhos variados (matacões). O Rift do Cabo é parte do arcabouço es-
trutural no qual estão implantadas as bacias mar-
Sedimentos Arenosos de Praia (Qp) - ginais do litoral Nordeste do Brasil, representan-
Essa unidade inclui areias inconsolidadas e bem do o testemunho da tectônica Mesocenozóica no
selecionadas, de zona de praia, estendendo-se por município. Segundo Rocha (op. cit) as falhas que
toda a faixa litorânea do município. delimitam o rift são óbvias, porque justapõem
unidades de idades distintas, isto é, unidades pro-
Sedimentos Colúvio-Aluviais (Qca) - terozóicas às formações mesozóicas. Dentro do
Tratam-se de depósitos de materiais argilo- município, esse compartimento tectônico está
síltico-arenosos de coloração predominante encoberto pelos sedimentos inconsolidados do
cinza, relacionados não só aos mecanismos de Quaternário. Além dessas estruturas, ocorrem
transporte, sedimentação e gravidade, como tam- falhas e fraturas de menor porte, com uma distri-
bém aos processos de decomposição físico- buição regular, condicionando o padrão de dre-
química in situ das rochas do embasamento. nagem (NE/SE, NS e EW).

Areias Aluvionares (Qa) -


São depósitos inconsolidados, encontrados às
margens do rios e riachos, distribuindo-se como
faixas alongadas na porção oeste do município;
são formados por areias quartzosas, de granulo-
metria variada, com intercalações de camadas

6 CPRM/FIDEM
35º05'16"W 35º02'58" 34º59'50"

PROGRAMA INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA


GESTÃO TERRITORIAL - GATE
PIogn
PIogn

Qe
DA Qe Qe
MATA 34º57'06"
N g
PS3D
PIogn

ÇO
Qe

EN
60
Qe

UR
Qca
Qe Qe

LO
Qe Qe

O

Qe
Qe g

Es
PS3D
g MAPA GEOLÓGICO DO MUNICÍPIO DO JABOATÃO

tra
Qe PS3D

da
da
Barragem 55 Qca

Ca
55 Qe
DOS GUARARAPES - PE

na
du
ba
Duas Unas
Qe
g
PS3D Qca Qe 232
55 BR -
Qe Curado I COLUNA LITOESTRATIGRÁFICA
Qe g
PS3D
Qe Cavaleiro FANEROZÓICO
Qe
8º05'30" 8º05'30"S
QUATERNÁRIO
g Qe PS3Ig
PS3D 40 g
PS3D Qa
Qa
Areias aluvionares, com intercalações sílicos-argilosas(Qa);

Rio
sedimentos colúvio-aluviais, entre morros e colinas, além de numerosas

Estra
Dua
Qca

s
Una
s

da
testemunhas de rochas do embasamento (Qca); sedimentos de praia (Qp);

da Lu
PIogn Qp
e coberturas residuais areno-argilosas com freqüentes blocos da rocha mãe

z
PIogn
(matacões)(Qe)
Qe
PIogn

RFF
SA TERCIÁRIO
PE -
07 Qe Qm Sedimentos silte-argilosos de mangues
Qr Recifes de arenitos

RECIF
RFFSA
PIogn TQb Qth Terraços marinhos holocênicos
Qe Dois Carneiro Qtl Areias, siltes e argilas de ambientes flúvio-lacunares

E
ho
Qtp Terraços marinhos pleistocênicos

l
oe
C
oatão
Jab
Rio

lo
s TQb Sedimentos areno-argilosos, argilas variegadas, arenitos cauliníticos e
ar

TQb níveis lateríticas - Formação Barreira


.C

Qca
.D

Qca
CRETÁCEO
R

g
PS3D Kc Arenitos feldspáticos, siltitos, argilitos - Formação de Cabo

Eix
od
NO

e In
teg
RE

PROTEROZÓICO SUPERIOR

raç
MO

ão
Granitóides Tardi a Pós-DeformaçãoTranscorrente
PIogn Açude Mangaré TQb
Qca Leucosienitos e leucomonzonitos de grão média a grossa, textura tendendo a
g
PS3I
porfirítica, de cor clara, exibindo por vezes alteração acentuada de feldspato
8º08'14" 8º08'14"

Qe g
PS3G Biotita-granito porfirítico com variação para biotita-sienogranito
g
PS3D TQb RECIFE Quartzodiorito de grão fina a média, raramente grosseiro, de textura
Qca

a
PS3Ig mosqueada coloração cinza-escura e esverdeada, apresentando, localmente
TQb
g

ec
PIogngr Qa PS3D

rib
Man
g aré orientação preferencial dos máficos e variação para monzogranitos e biotita-

Mu
Rio
PS3Ig JABOATÃO DOS GUARARAPES granodioritos

lha
g
PS3D
PS3Ig

Fa
Qca Qe TQb PROTEROZÓICO INFERIOR
Qe
Açude Palmeiras gr
Qe
Qa
Qe
Qe
Ortognaisses dioríticos e granodioríticos, migmatizados, e ortognaisses de
Qca

BR -
ação
Qca Qe Eixo
de Integr
Plogn zona de cisalhamento (Plogn), alem de instrusões de granito pofirítico não

10
s

individualizados (gr).

1
eira

Açude Zumbi
Qe

ADE
Palm

Qtp
Qe Qe

01
Rio

-1

IED
Qa Qtp

BR
Qca Qe Qe CONVENÇÕES GEOLÓGICAS
Prazeres

EP
Qp
PS3Ig
Contato

IA D
Qca Qa
Qe
Contato Provável
Qe

O
PRA
Contato encoberto
MURIBECA DOS
GUARARAPES Limite inferido dos domínios plutônicos
Qca

C
Qe
g
PS3D Falha
Qe Qfl
Qca Falha inferida
Qe Qtp
Falha normal detectada por métodos geofísicos, encoberta

I
PIogngr Qfl
M

Qe g
PS3D Qe Kc
OR

Qe
EN

01 Piedade

T
Qe -1 Qth Foliação com valor de mergulho medido
O

BR
Qe Kc 40
8º10'53" Qe 8º10'53"

Zona de cisalhamento transcorrente, dextral (Lineamento Pernambuco)

N
Qca Qe
Kc Qfl
g
PS3D Qe Qca
CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

Â
Qe
Kc
Qe
Qr Estrada de ferro
Qfl Rodovia
g

L
PS3D
Qe PIogngr
Qe Qp
Qa Estrada pavimentada Rio, riacho

T
g
PS3G
ão

Limite municipal Lagoa, açude


at
bo
Ja

Lagoa
Rio

Qe Qe
Olho D`Água

A
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MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

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Qe COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS

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SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE RECIFE

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0 1.5 3.0 4.5 Km g
PS3D
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NT SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA GESTÃO TERRITORIAL DA
oa

Escala 1:75000

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ST REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE - PROJETO SINGRE
bo

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Estrada
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Base cartográfica elaborada a partir das folhas SC.25-V-A-II/2-NE


Fa

8º13'36" 8º13'36"

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Jaboatão, SC.25-V-A-II/2-SE Gurjaú, SC.25-V-A-III/1-NO Recife
Qa
e SC.25-V-A-III/1-SO Ponte dos Carvalhos, 1ª e 2ª edição, DSG/ Qm
C Técnico responsável: Paulo Roberto Assunção
Qfl Qm Qm
SUDENE, 1984/1985. Supervisor do GATE: Ivo Figueirôa
o
atã
bo

Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial: Enjôlras de Albuquerque M. Lima


Ja
Rio

Qm
Declinação magnética aproximada do centro do mapa: 22º29'W,
cresce 3,5' anualmente. ENCARTE 2 ANO: 1997

34º59'50" 34º57'06"
JABOATÃO DOS GUARARAPES

4 - HIDROGEOLOGIA um pouco além da rodovia BR-101, em direção à


rodovia da Integração.
As reservas de água subterrânea represen- Na elaboração do mapa hidrogeológico
tam um importante papel na solução de proble- foram considerados as características litológicas
mas de abastecimento. Nos últimos anos, a ex- das areias, siltes e argilas para a classificação
ploração de água subterrânea tem crescido signi- dos aqüíferos e para montagem da legenda, na
ficamente no município, em virtude do grande qual as rochas foram agrupadas, de acordo com
aumento populacional. Assim, diante de uma suas idades, das mais novas para as mais antigas.
demanda crescente, observa-se um número cada
vez maior de poços, perfurados na área sedimen- Nos terrenos de idade recente (quaterná-
tar, especialmente em Prazeres, Piedade e Can- ria) foi possível individualizar seis unidades hi-
deias, com o objetivo de complementar o forne- drogeológicos, tais como os sedimentos de praia
cimento de água obtido de mananciais de super- (Qp), sedimentos de mangue (Qm), sedimentos
fície, administrado pela Companhia Pernambu- arenosos do terraço holocênico (Qth), sedimentos
cana de Saneamento (COMPESA). arenosos do terraço pleistocênico (Qtp), sedimen-
tos aluviais (Qa) e sedimentos colúvio-aluvionais
A elaboração do Mapa Hidrogeológico (Qca). Em todas estas unidades, a captação se faz
básico (Encarte 3), na escala 1:25.000, com apre- a pouca profundidade (em média 2m de profun-
sentação final na escala 1:50.000, tem como ob- didade), com exceção dos sedimentos de man-
jetivo auxiliar o monitoramento do uso da água gue, nos quais é desaconselhável qualquer tipo de
subterrânea e a proteção desses recursos naturais captação de água subterrânea, devido a qualidade
quando do planejamento urbano.Para isso foram das águas (altos níveis de salinidade e alta vune-
ressaltadas as características hidrogeológicas das rabilidade à poluição). Essa profundidade é a
unidades geológicas, visando o melhor aprovei- mesma do nível freático das águas, formando um
tamento dos recursos hídricos subterrâneos. tipo de aqüífero conhecido como não confinado,
Os melhores fornecedores de água subter- livre ou freático.
rânea (aqüíferos) estão nas rochas sedimentares A captação da água nos terrenos recentes
da bacia do Cabo, que ocupam cerca de 30% da pode ser realizada por intermédio de poços rasos
sua área. A maior parte da área do município (cacimbas, ponteiras e poços tubulares de até
(70%) é ocupado por rochas cristalinas, nas quais 10m de profundidade), obtendo-se vazões de
a captação é feita nas fraturas ou no manto de 2m3/h a 5m3/h. Ressalta-se, porém, que a utiliza-
alteração dessas rochas - nestes casos, a pouca ção desses poços para consumo humano e ani-
profundidade. mal, e até mesmo o uso em determinadas cultu-
4.1 - Características Hidrogeológicas ras, como as de leguminosas, carrega uma mar-
gem de risco considerável, face a alta vulnerabi-
4.1.1 - As Rochas Sedimentares lidade das águas à poluição, principalmente
quando os poços estão próximos de núcleos ur-
As rochas de natureza sedimentar, de mo- banos carentes de saneamento básico.
do geral, assumem um importante papel no abas-
tecimento e estudo das águas subterrâneas, por A Formação Barreiras (TQb) foi também
apresentarem, sob condições particulares, aqüífe- estudada do ponto de vista hidrogeológico, com-
ros que se prestam ao uso humano. Essas rochas preendendo os morros situados no distrito de
ocorrem na porção leste do município, ao longo Prazeres, onde se destaca o Monte Guararapes. A
da linha de costa, e em direção ao interior, indo predominância de argilas, o que a torna semi-
permeável, numa composição argilo-silto-

CPRM/FIDEM 7
JABOATÃO DOS GUARARAPES

arenosa, permite a acumulação das águas de chu- sedimentar pode ter uma espessura de 2.800m,
vas nas camadas arenosas, em diversos níveis do abrindo uma pesperctiva promissora tanto para a
pacote sedimentar, formando aqüíferos livres descoberta de novos aqüíferos, como para petró-
heterogêneos. Alguns poços perfurados têm, em leo ou gás na bacia costeira de Pernambuco.
média, profundidades de 20m, com água de boa
qualidade e vazões na ordem de 2m3/h. Esses 4.1.2 - As Rochas Cristalinas
poços são utilizados apenas para o abastecimento
de pequenos núcleos habitacionais isolados, ten- O uso da água subterrânea em áreas de
do baixa vulnerabilidade à contaminação, em rochas cristalinas tem sido uma alternativa pouco
decorrência da relativa boa profundidade dos utilizada no município, tendo em vista não só as
aqüíferos. restrições que se encontram na obtenção de água
nesse meio, mas também pela existência de um
Os sedimentos da Formação Cabo (Kc) razoável potencial hídrico superficial, alimentado
compreendem duas unidades hidrogeológicas. por um significativo índice pluviométrico, mé-
Uma, em superfície, na localidade de Comportas, dias anuais de 1550mm, o que favorece a exis-
encontrando-se a outra em subsuperfície, reco- tência de uma bacia hidrográfica, de rios perenes
berta por unidades geológicas mais recentes a e que se prestam a formação de grandes reserva-
partir da BR-101 sul até as praias de Piedade e tórios tais como a Barragem Duas Unas.
Candeias. Em superfície, predominam siltitos e
argilitos amarelos e avermelhados e arenitos A água de subsuperfície está armazenada,
feldspáticos, correspondendo a subfácies leque principalmente, em um manto de alteração de
distal, cujas características hidrogeológicas, lo- constituição predominantemente argilosa e es-
calmente, são desfavoráveis para a captação de pessura com valores variando com maior fre-
água. Em subsuperfície, as areias grosseiras e qüência dentro do intervalo entre 3m a 15m, se-
conglomeráticas com descontinuidades para are- gundo a configuração do terreno. Estudos reali-
nitos médios e finos com níveis argilosos, que zados pela COMPESA (1982) indicam que esta
nos primeiros estudos hidrogeológicos realizados constituição é um forte empecilho para a penetra-
compreendiam a “Unidade A”, são agora reco- ção das águas da chuva nos terrenos, dificultando
nhecidas como um subfácies de leque mediano o armazenamento e a transmissão de líquido. Tal
da Formação Cabo.Um grande número de poços propriedade (a impermeabilidade) atuaria como
tubulares captam água nesses sedimentos com uma barreira para alimentação das fendas mais
profundidades que variam de 60m a 180m, ou profundas da rocha inalterada, que só é possível
mais, e vazões médias da ordem de 30m3/h. A através da infiltração indireta das chuvas; condi-
qualidade química das águas é, de modo geral, ções que praticamente inviabilizam a exploração
boa. A vulnerabilidade do aqüífero à contamina- de água nessas rochas.
ção, praticamente, é nula, exceto nos poços mal
construídos, que poderão se tornar veículos da Pesquisas realizadas por Albuquerque et
contaminação. al. (1984), na região cristalina do leste do Estado
de Pernambuco, incluindo aí parte do município,
Levantamento geofísico executado pela envolvendo 52 poços, registrou uma vazão espe-
CPRM em 1994, utilizando o método gravimétri- cífica média da ordem de 137 l/h/m significando,
co, contrariou as estimativas iniciais dos especia- portanto, uma vazão específica média por poço
listas da hidrogeologia, de que o embasamento de 2,7m3/h para 20m de rebaixamento, mas cha-
cristalino estaria a uma profundidade da ordem mando atenção para a confiabilidade das médias
de 300m. Segundo aquele levantamento, o pacote obtidas. Tendo em vista as conclusões a que
chegaram estes estudos e com base nas

8 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

observações de campo, pode-se afirmar que é que os gradientes mais fortes ocorrem na região
praticamente desaconselhável a utilização desses entre o Rio Jaboatão e a Praia de Candeias.
recursos para abastecimento de um sistema pú-
blico. No entanto, podem ser dirigidos ao abaste-
cimento de particulares, isolados, que demandem A interpretação e a correlação geológica
pequenas vazões. dos dados gravimétricos demonstram que a bacia
evoluiu pela ação de falhas normais, na direção
4.2 - Relevo do Substrato da Bacia SSW-NNE, conjugadas com falhas na direção SE
- NW. Essas estruturas são claramente refletidas
Ainda no que diz respeito à água subter- na superfície, pelas inflexões do curso do Rio
rânea, a CPRM realizou estudos gravimétricos na Jaboatão.
RMR, nas bacias sedimentares, buscando infor-
mações que auxiliem uma exploração racional. O O grande rejeito das falhas normais, infe-
método escolhido foi o gravimétrico por detectar rido pela modelagem dos dados gravimétricos,
variações laterais da atração da gravidade rela- indica que a sedimentação da bacia desenvolveu-
cionada com mudanças nas densidades das ro- se no pé de escarpas, produzindo rochas conglo-
chas. Por essa razão, é utilizado na determinação meráticas que gradam para arenitos, nas partes
da forma e profundidade de pacotes sedimenta- mais internas do graben. O processo de subsi-
res, depositados em bacias assoalhadas por ro- dência foi acompanhado por magmatismo de
chas de densidade mais alta. composição ácida e básica, representado por so-
leiras de espessuras variáveis.
A interpretação de anomalias gravimétri-
cas Bouguer, em associação com informações O Mapa Inferido do Topo do Embasa-
geológicas, permite localizar falhas e desníveis mento (Encarte 4), originalmente na escala 1:
estruturais relacionados com variações na espes- 100.000, foi construído com base no mapa gra-
sura das rochas que preenchem as bacias. Em vimétrico Bouguer, modelado em conjunto com
estudos hidrogeológicos, o conhecimento da for- os dados geológicos disponíveis. Foi considerado
ma do substrato da bacia é fundamental para o que a bacia é preenchida por arenitos (2,25g/cm3)
posicionamento preciso de poços e o dimensio- e conglomerados (2,60g/cm3); não foram inclui-
namento de aqüíferos. das rochas magmáticas, por desconhecimento da
sua distribuição em profundidade. A modelagem
As pesquisas mostraram que na região bidimensional foi efetuada pelo melhor ajuste
costeira do Município de Jaboatão dos Guarara- entre o perfil observado e o calculado. Os con-
pes ocorre uma expressiva anomalia Bouguer, tornos de profundidades convergem para valores
com amplitude de 27 mGal (Oliveira, 1994). Es- maiores em direção ao baixo estrutural de Can-
sa assinatura geofísica é parte de uma ampla a- deias, onde se localiza o depocentro da bacia com
nomalia que se estende na direção SSW-NNE e espessuras superiores a 2.800 metros. Um baixo
correlaciona-se com a Bacia do Cabo. subordinado ocorre nas adjacências da falha da
borda, causado por rotação de blocos do emba-
O levantamento dos dados foi efetuado samento, durante o processo tectônico. Estima-se
com um gravímetro LaCoste & Romberg, em que essa estrutura esteja preenchida, principal-
estações espaçadas de 1 km, posicionadas sobre mente, por rochas conglomeráticas, depositadas
pontos cotados de ortofotocartas na escala no início da evolução da bacia.
1:10.000. O contorno dos dados anômalos indica

CPRM/FIDEM 9
270.000m E 275 280

PROGRAMA INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA


GESTÃO TERRITORIAL - GATE

N 285

BARRAGEM
DUAS UNAS

9105 9105000m N

Ri
MAPA INFERIDO DO TOPO DO EMBASAMENTO

o
Du
as
Un
DO MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES - PE

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Rio
LEGENDA

Falha de Muribeca

Bacia sedimentar

Embasamento cristalino
9100 9100
DA
MATA

LOURENÇO
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0
10

30 0
20
Falha de transferência inferida por gravimetria

RECIFE

0
JABOATÃO DOS GUARARAPES

MORENO
RECIFE

0
40
MORENO
Falha normal inferida por gravimetria

500
0
60

0
Contato do embasamento com a cobertura sedimentar

80

E
0

DAD
10

PIE
Linha de contorno do topo do embasamento, inferida quando

00
400

DE
15
tracejada (profundidade em metros, em relação ao nível do mar)

IA
O
PRA
C
CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

I
Curso d'água permanente

T
00
9095 20 9095
Limite da lagoa Olho D'Água

N
Limite de município

 L
o

oa

T
b
Ja

LAGOA
OLHO D’ÁGUA

A
o
Ri

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA

IAS
0
Falha Cabo - Boa Viagem

250

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0

AND
s
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS
0
00

deia
15

0
10

EC
80

Can
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE RECIFE
0

IA D
0 1.5 3.0 4.5 Km
30

CA

O
BO
DE

PRA
SA
NT
de
OA

Escala 1:75000
GO
ST SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA GESTÃO TERRITORIAL DA

N
270 INH
O
o

REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE - PROJETO SINGRE


Baix

A
Base cartográfica elaborada a partir das folhas SC.25-V-A-II/2-NE
9090 9090

E
Jaboatão, SC.25-V-A-II/2-SE Gurjaú, SC.25-V-A-III/1-NO Recife
Técnico responsável: Roberto Gusmão de Oliveira
e SC.25-V-A-III/1-SO Ponte dos Carvalhos, 1ª e 2ª edição, DSG/ C

SUDENE, 1984/1985. Supervisor do GATE: Ivo Figueirôa


O
o
atã
Jabo

Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial: Enjôlras de Albuquerque M. Lima


Rio

Declinação magnética aproximada do centro do mapa: 22º29'W,


cresce 3,5' anualmente. ENCARTE 4 ANO: 1997

280 285
JABOATÃO DOS GUARARAPES

5 - ÁREAS INUNDÁVEIS A Unidade 4 engloba as áreas de inundação tem-


porária, e que o assoreamento, aterros e a ocupa
O Mapa de Áreas Inundáveis (Encarte 5) ção indiscriminada tendem transformá-las em
procura retratar o cenário no que diz respeito às permanentemente alagadas. A Unidade 5 com-
áreas sujeitas às inundações ou alagamentos no preende as zonas de mangues, naturalmente i-
município para que se possa atuar preventiva- nundáveis, segundo o ciclo das marés. A Unidade
mente, evitando os freqüentes transtornos sócio- 6 (áreas não inundáveis) compreende as áreas de
econômicos que tais eventos provocam. cotas mais elevadas tais como interflúvios, terra-
ços marinhos, morros, morrotes, colinas e terre-
O fenômeno da inundação está associado nos, cujos greides foram elevados por aterro.
à rede de drenagem, formada por três grandes
bacias: Rio Jaboatão, Rio Pirapama e Rio Tejipi- Outro fator importante na elaboração do
ó. A primeira bacia (composta também pelas sub- mapa foi a constatação de que, nas zonas urba-
bacias Rio Duas Unas, Rio Carnijó, Rio Manas- nas, as ações antrópicas têm sido decisivas para a
sú, Rio Mangaré e Rio Salgadinho), é responsá- ampliação das áreas de alagamentos, provocando
vel por quase toda a drenagem das águas superfi- inundações onde esse fenômeno não era conheci-
ciais. As outras duas bacias (Pirapama e Tejipió) do. A extração mineral, os aterros para ocupação
têm maior influência nos municípios vizinhos do não planejada e o assoreamento dos cursos
Cabo e Recife, respectivamente. d’água e canais (lixo doméstico, sobras da cons-
trução civil, rejeitos industriais) contribuem para
Os dados permitiram elaborar uma carta intensificar o problema, ampliando os alagamen-
com seis diferentes tipos de situação, ou seja, seis tos ou alterando o regime natural dos cursos
unidades, cujos atributos analisados variaram de d’água. Esse cenário, cada vez mais freqüente
unidade para unidade. Por exemplo, as áreas nas grandes cidades brasileiras decorre, princi-
mais críticas, aquelas cujos danos à população palmente, da ocupação desordenada que se esta-
são mais freqüentes e que podem ser alagadas belece ao longo dos cursos de rios e canais.
repentinamente por chuvas intensas e ocasionais
(precipitações do tipo convectivo), foram defini- Por outro lado, a canalização, a dragagem
das como pertencentes a Unidade 3. As unidades periódica dos leitos dos rios e canais existentes,
1, 2, 4 e 5 têm fundamento no regime dos rios, na além da implantação de galerias pluviais, são
localização, na extensão da inundação e fatores medidas adotadas pelas autoridades municipais,
meteorológicos. A Unidade 6 reporta-se às áreas para minimizar os problemas que normalmente
que, em tese, não estão sujeitas às inundações. aparecem com a urbanização de planícies costei-
ras, de planícies fluviais e áreas estuarinas. O
No mapa, estão representadas a Unida- número de canais construídos, a maioria atraves-
de 1, que indica as áreas sujeitas à inundações na sando áreas de expressiva densidade ocupacional
zona rural e na região periurbana da ex-sede mu- como o Canal Setúbal, Canal de Três Carneiros,
nicipal; a Unidade 2, que diz respeito aos alaga- Canal Jardim Guararapes, Canal de Sucupira,
mentos cujos regimes e extensão são modificados Canal do Curado, Canal de Jangadinha, Canal de
por fatores antrópicos, com intensa interferência Cajueiro Seco e Canal Pedro Simon, e a canali-
de centros urbanizados; a Unidade 3 se reporta, zação de vários afluentes do Rio Jaboatão, em
de modo geral, aos locais com obras de canaliza- particular daqueles que atravessam a ex-sede
ção, e de alto índice de assentamentos irregula- municipal, mostram a preocupação das adminis-
res. trações com os problemas decorrentes da inunda-
ção.

10 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

6 - COBERTURA VEGETAL

A cobertura vegetal do município é com- (CPD), capoeirinha rala (CPR), vegetação arbus
posta, em sua maior parte, por tipos cultivados, tiva (VA), vegetação higrófila (VH) e vegetação
destacando-se a cana-de-açúcar, em termos de de manguezal (MGE). As áreas de ocorrência de
ocupação territorial, conforme o Mapa de Cober- Mata Atlântica perfazem pouco mais de 3% do
tura Vegetal elaborado pela FIDEM (Encarte 6). município; tipos característicos dessa formação
As culturas de subsistência estão presentes em vegetal são o visgueiro (Parkia pendula), a ma-
áreas menores, freqüentemente isoladas em meio manjuba (Slonga obtusifolia), a manguba (Pseu-
aos canaviais (Ca), ou em algumas manchas mai- dobombax sp.) e a urucuba (Virola gardneri). A
ores, próximas a pequenos núcleos urbanos. A- denominação de capoeira é utilizada para definir
lém da cana-de-açúcar e das culturas de subsis- um tipo de vegetação de porte menor que a da
tência, encontram-se alguns coqueirais, mormen- Mata Atlântica. São tipos característicos dessa
te nas áreas litorâneas. unidade a mangabeira (Hancornia spenciosa) e a
lixeira (Curatella americana).
A diversidade de vegetação tropical foi
dando espaço, gradualmente, à cultura da cana- A vegetação de mangue está composta
de-açúcar, tendo em vista a vocação da classe de por tipos de médio e pequeno porte, ocorrendo
solo predominante no município. A partir de pu- em pequenas manchas isoladas dentro do muni-
blicações do CONDEPE, do Projeto RADAM e cípio, e representada pelo mangue vermelho
da SUDENE, foi possível estabelecer percentuais (Rhisophona mangle l.), pelo mangue canoé (A-
de ocupação que permitem que se tenha uma vicennia nitida jacq.), mangue de botão (Cano-
idéia, em termos de ordem de grandeza, das carpus erectus l.) e o mangue manso (Lagmicula-
principais classes de solo: ria racenosa gaerin f.). Quanto à vegetação higró-
fila, esta pode ser encontrada às margens da La-
Podzólico vermelho amarelo: 61,80% goa Olho D’Água e às margens de alguns córre-
Podzol hidromórfico: 13,60% gos e riachos como o Salgadinho, por exemplo.
Latossolo vermelho amarelo
distrófico: 8,80% Diferentes tipos de cultura e vegetação
Solos aluviais: 7,50% (CL), na forma de pequenas manchas, dissemi-
Areias quartzosas marinhas: 4,50% nadas entre os canaviais, ocorrem numa área ex-
Solos indiscriminados de mangues: 3,80% pressiva situada entre os canaviais e a mancha
urbana litorânea. Encontram-se, também, áreas
A cobertura vegetal nativa tem ocorrência nas quais a cobertura vegetal não mais existe
restrita a poucas áreas, representada por restos da (SV), principalmente, nos limites dos núcleos
antiga Mata Atlântica (Fl) e pelos tipos designa- urbanos, em função das atividades antrópicas,
dos como capoeira (CP), capoeirinha densa que criaram novos espaços para o assentamento
da população.

CPRM/FIDEM 11
JABOATÃO DOS GUARARAPES

7 - GEOMORFOLOGIA O domínio geomórfico de planície (Foto


4) engloba expressões predominantemente do
7.1 - Unidades de Relevo relevo atual, do qual fazem parte formas mari-
nhas (praia e recifes de arenito), formas fluviais
O município apresenta, basicamente, três (terraço e planície), e formas de transição (man-
domínios de relevo: morros/colinas, terraços e gue, banco de areia, planície flúvio-lagunar e os
planície, expressos por formas topográficas bem depósitos de assoreamento gerados nesse ambi-
definidas. As formas de relevo, dentro desses ente).
domínios, resultaram de uma série de aconteci-
mentos geológicos, relacionados às atividades A praia (1) compreende a estreita e exten-
tectônicas e ao comportamento diferencial das sa faixa de areia bem a moderadamente selecio-
rochas. nada pela ação das ondas e das marés. Os recifes
de arenito (2) são formas geralmente alongadas e
O domínio dos morros (Foto 1) e, em paralelas à linha de costa, e só afloram por inteiro
menor quantidade, de colinas, abrange toda a nos períodos de maré baixa. São constituídos por
porção oeste e nordeste do município, cobrindo grãos de quartzo, feldspato e fragmentos de con-
cerca de 70% da sua área. Essas duas formas de chas, cimentados por material carbonático.
relevo atingem desnível máximo de 257m, com
amplitudes médias variando de 50m a 75m, exi- Dentre as formas fluviais, a planície flu-
bindo encostas de fortes declividades, superiores, vial (6) é a mais expressiva, ocupando grandes
em geral, a 20%. áreas nas margens do Rio Jaboatão. Os terraços
(5) são menos numerosos e encontram-se desca-
O domínio dos terraços engloba os rele- racterizados pela explotação de areia (Foto 5).
vos de altitudes intermediárias, variando de 2m a
8m. O mapa geomorfológico (Anexo 1) mostra As formas de transição são resultantes da
dois níveis distintos de terraços marinhos, ambos ação conjunta de processos marinhos e continen-
formados por areias quartzosas esbranquiçadas, tais, destacando-se dentre estas os mangues (7),
de granulação dominantemente média, e modera- que caracterizam-se pela associação de flora e
damente selecionada. O terraço superior (4) tem fauna típicas de planícies de maré, cujas substra-
maiores altitudes (Foto 2), situadas entre 8m e tos são sedimentos argilo-siltosos. Ocorrem às
10m acima do nível médio atual do mar. Foi margens do baixo curso do Rio Jaboatão, na zona
gerado pela regressão que sucedeu a Penúltima estuarina comum a este rio e ao Rio Pirapama,
Transgressão Marinha, cujo máximo ocorreu há bem como ao longo do Canal Olho D’Água. Os
120.000 anos A. P. (Suguio, 1988), no Pleistoce- bancos de areia (8), formados pelo aporte de se-
no. O segundo nível tem menores altitudes, no dimentos fluviais e marinhos, estão restritos à
máximo cinco metros de cota, e é designado de desembocadura do Rio Jaboatão. A planície flú-
terraço inferior (3), compreendendo uma extensa vio-lagunar (9) é a forma de transição mais repre-
e estreita faixa contínua, ao longo do litoral. Exi- sentativa, ocupando as zonas entre os terraços
be pequenas falésias com altura máxima de dois marinhos inferior e superior, e entre este último e
metros, fortemente alteradas pela erosão marinha as formações pré-quaternárias. A composição dos
(Foto 3), cuja formação é atribuída à regressão sedimentos é argilo-arenosa, contendo matéria
que se seguiu à Última Transgressão, ocorrida no orgânica. Sua história paleogeográfica está rela-
Holoceno. cionada à Última Transgressão, no Holoceno,
período em que houve o afogamento dos rios da
região, gerando uma série de corpos lagunares.

12 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Os depósitos de assoreamento na Lagoa mentos e voçorocamentos, algumas delas contro-


Olho D’Água (10) são resultantes do processo ladas estruturalmente.
hidrodinâmico responsável pelo aporte de des-
carga sólida oriundo do canal de mesma denomi- Os depósitos de tálus concentram-se no
nação. O efeito do assoreamento está sendo sen- sopé das encostas de amplitudes altas e declives
tido na área do entorno da lagoa, pelo aumento de 30%. Resultam da ação conjunta da força de
do espelho d’água, o que ocorre quando somados gravidade e da força da água que desce aos vales,
os formando no sopé das encostas um depósito mal
períodos de maiores precipitações e as marés de selecionado, com blocos rochosos intemperiza-
maiores amplitudes. dos, associados a uma matriz de material mais
fino. Alguns tálus estão associados à desestabili-
7.2 - Processos Geomórficos zação das encostas provocada pela atividade de
explotação de “material de empréstimo” para
Em cada domínio de relevo estão bem construção civil.
caracterizadas tanto as formas agradacionais ou
deposicionais, como as degradacionais. As pri- De maneira geral, os vales em “ V ” pre-
meiras retratam as feições formadas pelo acúmu- dominam em relação aos vales de fundo chato.
lo de material carreado pela chuva, pelas corren- Os divisores de água são arredondados e, mais
tes marinhas costeiras, pelas regressões marinhas raramente, angulosos. A maioria das encostas são
- responsáveis pelo modelamento da costa - e convexas, registrando-se pequeno número de
pelo Rio Jaboatão e seus afluentes. Destacam-se encostas côncavas e retilíneas.
entre elas os bancos de areia da desembocadura
do rio, terraços fluviais, os recifes de arenito, os Os cones de dejeção resultam da acumu-
terraços fluviais e terraços marinhos. lação de material detrítico na foz dos cursos
d’água, em conseqüência da brusca perda de
As feições de origem degradacional con- competência das drenagens. São depósitos com
centram-se mais no domínio dos morros e colinas forma de leque e perfil convexo, sujeitos à reati-
e se desenvolvem a partir dos processos de in- vação em períodos chuvosos, devido a pouca
temperismo, de erosão e de movimento de massa. coerência de seu material.

Predominam os depósitos de tálus, os va-


les em “V” e de fundo chato, os divisores de água
angular e arrendondado, ravinamentos, desliza -

CPRM/FIDEM 13
JABOATÃO DOS GUARARAPES

8 - INDICADORES GEOTÉCNICOS picas, ativam tais processos, tanto nos morros


urbanos como naqueles situados na porção mais
O Município de Jaboatão dos Guararapes, a leste, limite com o Município do Recife.
quando observado do ponto de vista geológico-
geotécnico e da configuração geomorfológica, A erosão, de modo geral, no município é
revela uma série de áreas de riscos, naturais e um processo que se instala a partir do desmata-
induzidos, nas quais acidentes de grandes dimen- mento, da ocupação desordenada dos morros e da
sões podem vir a ocorrer, causando prejuízos de mineração predatória (Fotos 4, 5 e 6). Na área
ordem econômica-social e mesmo de saúde pú- rural, as diversas formas de erosão são responsá-
blica. veis pela perda de milhões de toneladas de solos
agricultáveis (erosão causada por desmatamento
Os fenômenos naturais com maior poten- e o emprego de técnicas agrícolas inadequadas), e
cial de ocorrência no município, são as inunda- pelo assoreamento dos cursos d’água, na medida
ções e os recalques diferenciais localizados. As em que o material erodido é transportado pelas
inundações (Foto 1) afetam, principalmente, as águas e depositado em algum ponto mais baixo
áreas situadas no entorno da Lagoa Olho D'Água do relevo.
e ao longo de canalizações e margens de rios. A
ocupação, o desmatamento e a exploração mine- A erosão marinha também tem se mani-
ral sem critérios técnicos adequados, nessas á- festado de forma intensa no município. Centenas
reas, são atividades que, conforme já discutido de metros de vias públicas, por exemplo, situadas
no item Áreas Inundáveis, modificam o regime próximas à foz do Rio Jaboatão, nos bairros de
dos rios e ampliam a extensão dos alagamentos. Candeias e Barra de Jangada (Fotos 7 e 8) foram
destruídas pela força das ondas, em curto espaço
Os recalques estão associados às camadas de tempo, num processo, iniciado provavelmente
de argila compressível, cuja área de ocorrência pela construção de diques e aterros na área da foz
está limitada à extensa planície sedimentar, a do Rio Jaboatão, que tende a se agravar.
leste do município. Tais camadas, com espessu-
ras que podem atingir mais de 10 metros, como A mineração urbana (extração de argila,
acontece no trecho limítrofe ao Município do brita, areia e pedra de talhe) embora não seja um
Cabo de Santo Agostinho, apresentam baixíssima risco geológico no seu stricto sensu, é um fator
capacidade de cargas (por vezes com valores de determinante na dinâmica dos processos erosivos
SPT- Standard Penetration Test - igual a zero), e de assoreamento dos rios.
podendo provocar prejuízos às obras de engenha-
ria, quando estas forem projetadas inadequada- As empresas de mineração, em número de
mente. 74, segundo o cadastramento da CPRM, em ati-
vidade ou paralisadas (temporária ou definitiva-
Os riscos geológicos induzidos compre- mente), legalizadas ou não, têm deixado de apli-
endem os desmoronamentos de encostas e a ero- car os mais simples métodos de proteção e de
são (Fotos 2 e 3). Os primeiros provocam prejuí- recomposição do meio ambiente, ao término dos
zos de maiores conseqüências para o município. trabalhos de explotação. Dessa forma, a atividade
A ocupação desordenada das encostas e a derru- minerária, ao operar mudanças na configuração
bada da vegetação natural nessas áreas são fato- dos terrenos, ativa os processos erosivos e favo-
res determinantes no processo de desmoronamen- rece o carreamento de material para os cursos
to. Durante os períodos de chuvas intensas, a d’água, bem como destrói a paisagem natural.
saturação dos solos, expostos pelas ações antró-

14 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

A representação de tais fenômenos no A primeira (IIId) constituída por litologias da


Mapa de Indicadores Geotécnico (Anexo 2), pô- Formação Barreiras e solos residuais argilo-
de ser feita através de quatro unidades principais, sílticos, por vezes arenosos, originados de rochas
sendo uma delas de preservação e as outras três do embasamento e com espessuras de até 30m,
segundo o tipo de risco , com subdivisões (a, b, apresentam-se com altas declividades e são ocu-
d, t, o e aa), que caracterizam o perfil geológico- padas por edificações de pequeno e médio porte,
geotécnico do terreno. A unidade de pre- utilizadas, na sua maioria, pelas populações de
servação definida com Unidade Io é constituída baixa renda.
por terrenos ocupados por manguezais que, em-
bora tratados por lei como Áreas de Proteção A unidade inclui também o trecho de linha de
Ambiental, encontram-se sob a ameaça constante costa, no qual a erosão marinha está presente, no
de ocupação. O substrato dessa unidade é com- extremo sul do município (Barra de Jangada). A
posto, basicamente, por argilas de origem lagu- subunidade IIIt se caracteriza pela predominân-
nar, onde são comuns espessos pacotes de argila cia no perfil dos depósitos de “pé de encosta”
orgânica, típicos de áreas alagadas ou sujeitas às (tálus) e dos sedimentos coluvionares.
inundações, com exuberante vida animal e vege-
tal. A Unidade IV caracteriza-se por áreas
planas não sujeitas às inundações (ou muito ra-
A Unidade IIo compreende os terrenos ramente), deslizamentos ou erosões. Constituem
sujeitos às inundações, situados, principalmente, os topos planos dos morros, planícies fluviais e
no entorno da Lagoa Olho D’Água e em áreas terraços marinhos. Pode apresentar-se com uma
isoladas. Tem substrato composto por argilas constituição predominantemente arenosa (IVa),
orgânicas, com baixa capacidade de suporte, in- nos terraços marinhos; ou como uma sequência
tercaladas às camadas de areias finas, formando de sedimentos flúvio-lagunares (IVb), com mais
um pacote sedimentar de origem flúvio-lagunar. de 20m de espessura. Em outras áreas exibe um
perfil típico de solos residuais (IV d) ou de solos
A Unidade III, com duas subdivisões aluvionares (IVaa), estes de espessura e compo-
(IIId e IIIt), corresponde às áreas sujeitas aos sição variadas.
deslizamentos e quedas de blocos, suscetíveis
também à erosão laminar e voçorocamentos.

CPRM/FIDEM 15
JABOATÃO DOS GUARARAPES

9 - USO ATUAL DO SOLO No sul do município, principalmente, ao


longo da BR-101 e Estrada da Curcurana, encon-
Apesar dos esforços das administrações, a tram-se as áreas mais expressivas de manguezais,
ocupação do meio físico do município nem sem- às margens do Rio Jaboatão, próximo à foz. Es-
pre ocorreu da forma planejada. A monocultura tima-se que o percentual da área ocupada pelos
da cana-de-açúcar, por exemplo, condicionou manguezais já tenha sido bem maior. Áreas atu-
grande parte da ocupação rural e, por abranger almente urbanizadas, especialmente na porção
atualmente a maior parte das terras do interior, sul, foram tomadas aos manguezais, tardiamente
cobrindo toda porção ocidental e grande parte da protegidos por lei estadual.
porção meridional, impõe restrições a um plane-
jamento adequado do uso do solo. O mesmo po- São também protegidos por leis seis lo-
de ser afirmado com relação a ocupação da faixa cais definidos como sítios históricos : conjunto
litorânea, cuja associação intrínseca à expansão urbano da sede do Município de Jaboatão, Parque
urbana do Recife é relevante. A representação Nacional dos Guararapes (local de importantes
aproximada das formas e tendências de ocupação batalhas para a libertação da Capitania de Per-
está no Mapa de Uso do Solo (Anexo 3). nambuco do domínio holandês no século XVII),
Igreja Nossa Senhora do Loreto, Igreja de Nossa
A ocupação urbana atual concentra-se, Senhora da Piedade, Povoado de Muribeca dos
principalmente, na extensa planície da zona lito- Guararapes e as oficinas, vilas operárias e a Esta-
rânea, expandindo-se por três corredores princi- ção da Rede Ferroviária, importante centro de
pais. O primeiro é a BR-101, gerando a ocupação manutenção de Pernambuco no início deste sécu-
da planície, em direção ao sul. O segundo, é a lo.
Rodovia da Integração, que liga o distrito de Pra-
zeres à cidade de Jaboatão (ex-sede municipal). Ainda no sentido de resguardar o meio
Embora ainda predomine a monocultura da ca- ambiente, foram criadas quatro áreas de preser-
na-de-açúcar nesse corredor, verifica-se que a vação da Mata Atlântica, duas, na sua porção sul,
expansão urbana cresce a partir do encontro des- designadas Mata do Sistema Gurjaú e Mata do
sa rodovia com a BR-101. O terceiro corredor de Engenho Salgadinho e outras duas, próximas ao
ocupação é formado pelas rodovias BR-232 e extremo norte, denominadas Mata do Manassu e
PE-07. Essas rodovias atravessam o município Mata Mussaiba/Jangadinha.
de Jaboatão no sentido leste-oeste.
Os resíduos sólidos (lixo doméstico e
A faixa litorânea de alta densidade popu- comercial) produzidos no município e também
lacional e de uso múltiplo (residencial, comercial no Recife são destinados ao lixão (aterro contro-
e empresarial de pequeno a médio porte) tem lado) denominado de Muribeca, atualmente sob
uma expansão rápida, horizontal e verticalmente, controle, e submetido à pesquisas pela Universi-
nos sentidos sul e oeste. O parcelamento do solo, dade Federal de Pernambuco (UFPE), das quais
definido no Zoneamento Básico do Município, deverão sair propostas de manejo para minimizar
nem sempre tem ocorrido como planejado, a e- a agressão ao meio ambiente. O segundo lixão
xemplo do que se verifica no entorno da Lagoa está situado às margens da BR-101, próximo à
Olho D’Água, no qual se observa ocupações que Indústria Sublime. Este recebe, principalmente,
não atendem, no todo ou em parte, as normas rejeitos industriais. Existe ainda um lixão no
definidas pelo zoneamento. Bairro de Prazeres, desativado em 1985, mas sem
ter sido submetido a um processo de recuperação.

16 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

As praias de Piedade e Barra de Jangada, porção sul encontram-se a explotação de brita e,


(centros de atração turística) estão, em parte, pre- em menor quantidade, de areia, na faixa litorâ-
judicadas em vários trechos pela presença de nea. Foram cadastradas 37 unidades produtoras,
agentes poluentes, especialmente nas imediações sendo 18 de pedra de talhe, 10 de brita, 6 de argi-
do Hotel Sheraton, em frente ao SESC, na foz do la e 3 de areia.
Rio Jaboatão, entre outros. No interior, os mana-
ciais, definidos por lei como de preservação com Analisado de forma global, observa-se
o objetivo preservar bacias de drenagem, áreas de que o descompasso entre as técnicas de planeja-
recarga e vegetação, estão ocupadas pela mono- mento, os recursos disponíveis e o ritmo da ocu-
cultura da cana ou ameaçada pela expansão urba- pação, permitiu que ocorressem agressões, em
na. graus variados, ao meio ambiente. As mais mar-
cantes são a redução da cobertura original de
A mineração, concentrada nas regiões Mata Atlântica para apenas 3,5% (1035 ha), os
norte e sul do município, está representada pela problemas ambientais decorrentes da industriali-
lavra de materiais de construção (areia, argila, zação da cana-de-açúcar, a poluição do Rio Jabo-
brita e pedra de talhe). Na parte norte, concen- atão e da Lagoa Olho D’Água, a destruição de
tram-se a explotação de areia e argila, além da manguezais, as invasões de sítios históricos e os
brita, apesar da produção menos expressiva. Na deslizamentos e desmoronamentos provocados
pelo assentamento irregular em áreas de riscos.

CPRM/FIDEM 17
JABOATÃO DOS GUARARAPES

10 - RECOMENDAÇÕES PARA GESTÃO nos seus diversos níveis, permitindo o crescimen-


TERRITORIAL to sustentado do município.

Os resultados de uma análise sistêmica Na Zona I (ÁREAS DE PRESERVA-


dos diversos mapas temáticos produzidas ao lon- ÇÃO e PARQUE NACIONAL (Ia);
go do Projeto e que, em parte, constam deste a- MANGUES (Ib); RESERVAS FLORESTAIS
tlas, estão representados no Mapa de Recomen- (Ic); PRAIAS e RECIFES (Id)) estão agrupadas
dações Para Gestão Territorial (Anexo 4), aten- áreas importantes para o equilíbrio do ambiente,
dendo a filosofia de trabalho de estabelecer dire- além do Parque Nacional dos Guararapes (valio-
trizes de ocupação do solo municipal, num mapa so registro histórico), protegidas por leis estadu-
único. ais ou federais. São as áreas de mangue (sistema
ecológico que se desenvolve em ambientes de
Vale ressalvar, porém, tratar-se este mapa planícies de maré, margeando lagunas e estuá-
de um documento orientativo que poderá ser uti- rios), matas, zonas de praias, recifes e estuário do
lizado para revisões no Zoneamento do Solo em Rio Jaboatão, representando cerca de 5% da área
vigor, ou quando da elaboração de planos direto- municipal. A preservação destas e das áreas de
res setoriais, mais específicos. Mas sem esquecer mananciais hídricos é um significativo passo no
que as diretrizes que nele constam têm o grau de sentido de assegurar o equilíbrio ambiental.
detalhe permitido à escala 1:25.000, e não pre-
tendem substituir aquelas observadas num Plano A Zona II (IIa - ÁREAS PARA OCU-
Diretor ou na Legislação Urbanística Básica do PAÇÃO E EXPANSÃO URBANA (Residen-
Município e sim fornecer maiores subsídios para cial, Comércio e Serviços Monitoradas); IIb -
o aperfeiçoamento destes documentos. ÁREAS DE USO RECREATIVO, DE
INTERESSE AMBIENTAL E OCUPAÇÃO
O zoneamento proposto procura a intera- RESIDENCIAL RESTRITA) corresponde a
ção entre o uso do solo e suas propriedades, tais uma ampla área de terrenos de ambiência flúvio-
como constituição geológica, declividade, morfo- lagunar inserida na região urbana e que inclui a
logia, cobertura vegetal e propriedades geológi- Lagoa Olho D'Água. É uma área plana, de decli-
co-geotécnicas, além de levar em consideração o vidades entre 0% a 2%, constituída principal-
uso atual, o que ocorreu quando ainda não havia mente de areia argilosa e argila arenosa com ma-
um Plano Diretor, nos moldes exigidos pela téria orgânica, cujo comportamento geotécnico
Constituição Federal de 1988, para municípios exige critérios de manejo especiais para uma
com mais de 20.000 habitantes, para efeitos or- harmoniosa estruturação.
çamentários. É, em suma, uma visão multisseto-
rial de planejamento, procurando a integração do A ocupação da Zona IIa, atualmente com
meio físico, aspectos sócio-econômico, políticos alta densidade habitacional, na porção norte, ape-
e legislativos. sar das restrições do meio físico, poderia ser a-
companhada de medidas mitigadoras e de uma
Em princípio, foram estabelecidas zonas legislação compatível com o fato de corresponder
geoambientais (ou de gestão territorial), de acor- ao entorno de uma área destinada, no futuro, ao
do com as características físicas e a adequabili- lazer e de interesse ambiental, conforme projeto
dade para receber os equipamentos, instalados ou em andamento. Estariam normatizados, nessa
em vias de serem instalados. Para a maioria das legislação, elementos tais como coeficiente de
zonas admite-se o uso múltiplo, desde que moni- construção, taxa de solo virgem, imprescindibili-
torado, para que não haja danos ao ecossistema dade de saneamento básico, obrigatoriedade da

18 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

implantação de eficiente sistema de galerias plu- não são implantados os serviços básicos de esgo-
viais e avaliação do porte dos equipamentos a tamento sanitário
construir. Tais parâmetros devem ser compatíveis
com a realidade da ocupação atual e os aspectos Para a ocupação da Zona IIIa - na verdade
sócio-econômicos envolvidos. do que ainda resta a ser ocupado - a Lei de Uso
do Solo necessita ir além de coeficientes especí-
Para a Zona IIb, na qual a CPRM desen- ficos de construção, cabendo um Plano de Ge-
volveu estudos detalhados através do Projeto renciamento Costeiro, tendo em vista o fato de
Diagnóstico do Meio Físico da Bacia Lagoa Olho compreender a extensa faixa de terreno ao longo
D'Água, em convênio com a Prefeitura de Jaboa- do litoral (bairros de Piedade, Candeias e Barra
tão dos Guararapes, devem ser privilegiados pro- de Jangada), e a necessidade de preservar as con-
jetos de lazer e de natureza científica, portanto de dições ambientais no entorno da Lagoa Olho
interesse ambiental. E que, para serem viabiliza- D'Água, destinada ao lazer e de interesse ambien-
dos, dependem de uma reordenação do uso atual, tal.
diferenciado da Zona IIa. Um projeto específico
para essa Zona é essencial, devendo incluir a A Zona IIIb é um exemplo de cenário
urbanização intensiva das áreas já ocupadas, a multiocupacional, objeto de uso diferenciado,
recuperação da vegetação ciliar e controle total mas para a qual a expansão urbana exige uma
dos efluentes lançados na lagoa. Sem tais medi- intervenção na tentativa de melhor ordenar o des-
das, o uso recreativo de um dos mais belos pon- tino dessas áreas, tendo em vista suas proprieda-
tos naturais do município, em área densamente des geológico-geotécnicas e a restrita distribuição
povoada, fica praticamente inviabilizado, sem no município. A extração de areia para a constru-
citar a perda de um importante registro de ambi- ção civil, por exemplo, já constitui um proble-
ente costeiro, do ponto de vista científico. ma, do ponto de vista ambiental, assim como a
implantação de indústrias nos pontos de cotas
As áreas definidas como pertencentes à mais elevadas, deslocando os assentamentos re-
Zona III reúnem as melhores condições, do pon- sidenciais para os terrenos de cotas mais baixas,
to de vista geológico-geotécnico, para ocupação e sujeitas à inundações. O monitoramento e restri-
expansão urbana. Estão, por isso, quase que intei- ções, para algumas das atividades, serão
ramente ocupadas. São de uso múltiplo (IIIa e necessárias, a curto prazo.
IIIb - ÁREAS ADEQUADAS À OCUPAÇÃO
URBANA ( Residencial, Comércio E Servi- A Zona IV possibilita o uso diferenciado
ços); IIIb - ATIVIDADE INDUSTRIAL E em função de características lito-morfo-
EXTRAÇÃO MINERAL RESTRITAS E geotécnicas (ÁREAS ADEQUADAS À
MONITORADAS), exibindo uma alta densida- AGRICULTURA, MINERAÇÃO E OCUPA-
de ocupacional. Do ponto de vista da geologia, a ÇÃO RURAL; USO TOLERADO PARA
unidade é constituída por terraços marinhos e os ATERROS SANITÁRIOS E NÚCLEOS
mais expressivos platôs da Formação Barreiras, URBANOS (Residencial, Comércio e Serviços,
particularmente aqueles que permitem, espacial- preferencialmente Verticalizados)). No entan-
mente, uma ocupação do tipo conjuntos habita- to, todas as opções de uso do solo propostas co-
cionais e atividades comerciais leves. Em contra mo adequadas, devem ser rigidamente monitora-
partida, a possibilidade de contaminação das á- das, seja a mineração, seja o aterro sanitário, ou a
guas subterrâneas por efluentes domésticos ou implantação de núcleos urbanos nos moldes de
industriais é uma realidade quando a ocupação conjuntos habitacionais como Marcos Freire e
dessas áreas se processa de forma não planejada e

CPRM/FIDEM 19
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Curado. O descontrole da forma de uso resultará, a verticalização e previamente planejados, não


fatalmente, em prejuízos para o meio ambiente. ultrapassando os limites de assentamentos de
médio porte.
Do ponto de vista físico, a Zona IV com- A disposição de resíduos sólidos (lixo),
preende rochas cristalinas (pré-cambrianas) e o no âmbito municipal, poderá encontrar novas
solo residual que a partir delas se desenvolve, opções, nessa zona. A escolha exigirá, por certo,
constituindo morros e colinas, de encostas de o detalhamento geológico-geotécnico das alterna-
médias a fortes declividades, e pequenas planí- tivas, atendendo também aspectos tais como a-
cies fluviais, inadequadas para núcleos urbanos cesso e distância dos centros produtores de resí-
de crescimento descontrolado, como o demonstra duos.
a ex-sede municipal.
Na Zona V (Va - ÁREAS PARA
No setor da agricultura, a secular ativida- ATIVIDADE INDUSTRIAL; Va, Vb - Á-
de canavieira poderia ceder mais espaço à diver- REAS PARA USO AGRÍCOLA; Va, Vb e Vc
sificação do plantio, especialmente nas estreitas - ÁREAS PARA NÚCLEOS URBANOS
faixas entre morros, que permitem a mecaniza- (Residencial e Comercial Leve)) localizam-se
ção, pela sua morfologia, e a irrigação, pela dis- boa parte das áreas de planície de inundação do
ponibilidade de águas superficiais. No Distrito de município, além dos topos planos e arrendonda-
Jaboatão, maior reduto da agroindústria da cana- dos mais expressivos. São áreas de baixas decli-
de-açúcar, por exemplo, a ampliação do cultivo vidades, de suporte de carga variável, adequadas
de hortaliças e frutas, sem o uso de defensivos às edificações de pequeno a médio porte,
agrícolas, é uma alternativa que poderia ser esti- constituídas de material colúvio-aluvial e, no
mulada, sendo compatível com a necessidade de caso dos topos, de material residual das rochas
proteção dos mananciais hídricos. cristalinas (areia, silte e argila).

A mineração, por representar uma impor- Quaisquer que sejam os projetos para uso
tante atividade econômica, especialmente no que e ocupação destas áreas, é fundamental levar em
concerne à extração de material para construção consideração fatores tais como o alagamento
civil, e por estar mais concentrada no Distrito de periódico, a baixa permeabilidade, a existência
Prazeres (de alta densidade ocupacional), neces- provável de lentes e bolsões de argila com maté-
sita ser reordenada e reavaliada. A distribuição ria orgânica em subsuperfície (Va,Vb), a necessi-
espacial, as sanções e embargos, a atividade dade de proteção às encostas e preservação das
clandestina e o impacto ambiental (assoreamento linhas de drenagem naturais (Vc).
e modificação de curso dos rios, a poeira, o tráfe-
go intenso de caminhões), por exemplo, são ele- Apesar das restrições, além do atual uso
mentos importantes na definição do tratamento para agricultura e ocupação rural, deve ser esti-
que a atividade terá no Plano Diretor. mulada implantação de indústrias de porte varia-
do na Zona Va, após serem criadas condições
Assentamentos urbanos adequados têm a mais favoráveis, em consonância com a Lei Or-
necessidade de considerar a predominância de gânica Municipal. Esse processo, se direcionado
um relevo de fortes declividades( morros e coli- ao trecho entre a “Rodovia da Integração” e a
nas separados por pequenas regiões de planícies rodovia BR-101, permitirá a centralização da
fluviais) e a média a elevada capacidade de su- atividade industrial, viabilizando a liberação de
porte dos terrenos. Tais propriedades favorecem lotes na Zona IIIb para a expansão residencial e
a instalação de núcleos residenciais voltados para comercial.

20 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

O parcelamento nas Zonas Vb e Vc deve- bota-foras, pode ser uma opção exequível. No
rá ser integrado, considerando a dinâmica topo - entanto, a realidade mostra que, além do uso re-
encosta - planície. Desse modo, os lotes poderi- sidencial, a extração de material para construção
am ter, preferencialmente, dimensões no padrão civil tem sido intensa, provocando modificações
rural, isto é, de grande extensão. Para a área Va, profundas na paisagem e na rede de drenagem
o parcelamento do solo deverá levar em conside- natural, além de colocar em risco a população
ração a necessidade de elevação do greide do instalada, na maioria das vezes, irregularmente,
terreno. A baixa drenabilidade dos terrenos e o nos topos dos morros. A forma desordenada de
longo trecho do Rio Jaboatão fluindo pela área, ocupação destas áreas traz, quando dos desmoro-
sujeitam-na a alagamentos periódicos, que pode- namentos com vítimas fatais e perdas materiais,
riam prejudicar as obras ali implantadas. grandes prejuízos financeiros e políticos ao poder
municipal, uma vez que a responsabilidade do
As áreas impróprias para ocupação, por parcelamento do solo é, em primeira instância,
fatores como declividades acentuadas, forte sus- do Poder Público.
cetibilidade à erosão, risco constante de escorre-
gamentos e desmoronamentos e, por vezes, a O remanejamento e a urbanização são
baixa capacidade de suporte, foram agrupadas na alternativas que podem ser empreendidas gradu-
Zona VI (ÁREAS IMPRÓPRIAS À OCUPA- almente, na tentativa de se obter, efetivamente, o
ÇÃO URBANA; EXTRAÇÃO MINERAL uso adequado da Zona VI, sem esquecer de mo-
RESTRITA). nitorar a retirada de material de empréstimo e
areia para construção civil, que, em alguns locais,
A Zona VI inclui talus, leques aluviais, tem servido como processo de terraplanagem
encostas das formações Barreiras e Cabo e encos- para futuro parcelamento e, em outros, exigirá a
tas mais acentuadas em áreas de rochas cristali- intervenção da administração municipal, na repa-
nas. Esse material pode ser encontrado ao longo ração dos danos ao meio físico.
da rodovia BR-101 e também ao longo do desvio
, em execução, dessa mesma estrada, na localida- O zoneamento ora proposto leva à conso-
de de Comportas. lidação da idéia de que o conhecimento das ca-
racterísticas do meio físico é um elemento impor-
A proposta para áreas ainda virgens da tante no cenário de um Plano Diretor Municipal.
Zona VI é o impedimento da ocupação, conside- Cabe, a partir daí, a entrada em cena de outros
rando-as temporariamente non aedificandi, tendo agentes, tais como população, Câmara de Verea-
em vista a disponibilidade de várias alternativas dores, Prefeitura Municipal, SEPLAN, aperfeiço-
cuja relação custo/benefício é menor. ando e compatibilizando as informações disponí-
veis com as tendências, as vocações e os
A preservação no seu estágio natural e o interesses dos habitantes do município.
aproveitamento das cavas para áreas de lazer ou

CPRM/FIDEM 21
JABOATÃO DOS GUARARAPES

11 - BIBLIOGRAFIA tamento e/ou disposição final de resíduos


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fe, 1979. 2v. il. (Brasil SUDENE Pedologia, FUNDAÇÃO DA REGIÃO METROPO-
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Paulo, 1975. 198p. Tese ( Doutorado) - Insti- FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA
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COMPANHIA PERNAMBUCANA DE (Série Desenvolvimento Urbano e Meio Am-
CONTROLE DA POLUIÇÃO E DE ADMI- biente).
NISTRAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
- CPRH. Áreas formais e informais de tra-

22 CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DE SAMPAIO, A. da S. Mapa geológico do quater-


PERNAMBUCO. Zoneamento pedoclimáti- nário costeiro sul de Recife-Pe (Boa Viagem
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gestão territorial da região metropolitana do SOBRE DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS
Recife - Projeto SINGRE: Levantamento DAS BAIXADAS LITORÂNEAS
gravimétrico da área sedimentar do Recife. BRASILEIRAS: Origem, características geo-
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mentos Geológicos Básicos do Brasil: carta WAKE, M.; VIANA, C. D. B.; SOUZA, C. G.
geológica; carta metalogenética/previsional - Pedologia; Levantamento exploratório de so-
Escala 1:100.000 (Folha SC.25-V-A-II Vitó- los. In: BRASIL, Projeto RADAM. Folhas
ria de Santo Antão) Estado de Pernambuco. SC. 24/25 Aracaju/Recife; geologia, geomor-
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los climas de la Tierra. Version de Pedro R.
Hendricles Pérez. Mexico: Fondo de Cultura
Economica, 1948.

CPRM/FIDEM 23
JABOATÃO DOS GUARARAPES

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Foto 1 – Domínio dos morros com encostas convexas recobertas


por vegetação de canavial

Foto 2 – Terraço de origem marinha, formado a partir de regressão do Pleistoceno.


Em primeiro plano, mostra-se dessecado, devido o uso de sua areia como
material de empréstimo na engenharia civil

CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Foto 3 – Terraço formado a partir da regressão do Holoceno,


sujeito constantemente à erosão marinha

Foto 4 – Aspecto do Domínio de Planície, onde alojam-se formas


de baixio de maré (mangues) e terraços fluviais

CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Foto 5 – Terraço fluvial dissecado pela atividade antrópica

Foto 6 – Área inundável nas proximidades da Lagoa Olho D’Água

CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Foto 7 – Erosão em Barra de Jangada, obras de contenção nas


proximidades da foz do Rio Jaboatão

Foto 8 – Erosão às margens da rodovia BR - 232

CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Foto 9 – Mineração – extração de brita

Foto 10 – Impacto provocado pela lavra de argila abandonada nas proximidades da


BR – 101. Limite entre os municípios do Jaboatão dos Guararapes e Recife

CPRM/FIDEM
JABOATÃO DOS GUARARAPES

Foto 11 – Erosão em Barra de Jangada

Foto 12 – Erosão destruindo via pública em Barra de Jangada

CPRM/FIDEM
275 280
270.000 mE

PROGRAMA INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA


GESTÃO TERRITORIAL - GATE

B
B
A 6 B
285

N
B
A B 6
A A
A
B 6 B
B B
B B A
B
C MAPA GEOMORFOLÓGICO DO
B 6
MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES - PE
6
C A B
Barragem
CONVENÇÕES GEOMORFOLÓGICAS
Duas Unas B B
232
BR -
DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS
B C
C C
B Morro/colina
6 9.105.000 mN
Morro / colina
9105 B Terraço

Geomórficos
Domínios
C 6 B B Planície
B B Terraço
B 6
B
B B Planície
B B

Ri
B

o
Du
B B

as
C

Un
as
6
B RELEVOS DE AGRADAÇÃO
B B B B
Praia 1
B B B
B
FFSA

Formas marinhas
B
R
6 Recife de arenito 2
B PE -
07 6
B B 6
B B A Terraço inferior 3
B 5
RFFSA B A Tipos
5 B
B A Terraço superior 4 de
6 Retilínea Convexa Côncava
B Processos encostas
B
B oatã
o Terraço fluvial 5 morfogenéticos
Jab
B Rio

C A Escoamento difuso
B Meandro arredondado

Formas fluviais
B B
Ravinamento
A Planície fluvial 6
B 6
B B B B
B B B Voçorocamento
B C Mangue 7
C B C
B B B Deslizamento
A B B Banco de areia 8
B A
B B B B
B B C 6
C B Desmoronamento
B B B A Planície flúvio-lagunar 9

Formas de transição
B

Eix
9100
B 5

od
9100
B B

processos
B

e In
B

Formas e
B Planície flúvio-lagunar

teg
B 9a

morfogenéticos
B B B

raç
Açude Mangará B alagada permanentemente

ão

poligenéticas
B A

Formas de

Formas de
C

Processos
antrópicas
ará B Planície flúvio-lagunar

marinhas

transição

encostas
ng B 9b

Período
Ma

Formas

Formas

Formas

Formas
alagada temporariamente

fluviais
Rio

B B
B B B B B
B JABOATÃO DOS GUARARAPES B C A Depósito de assoreamento 10
B B B
B C B B B
B B 6 A B
B B C
A
C B RELEVOS DE DEGRADAÇÃO
B B
B B B
B B B
B B B B Divisor de água angular

BR -
Açude Palmeiras
B B B C B
C

101
C C Açude Zumbi 4
ão
tegraç
B B B B Eixo
de In
4 Divisor de água arredondado
B 6 4 1

l
01

túba
B 4

-1
A
s

e
BR
B
a

al S
B
eir

B Cume arredondado
lm

Can
B Prazeres
Pa

B B
Rio

Formas poligenéticas
B B
C B 4
6 Superfície plana A
B B 4 9
B 6
B B B B 4
B B B

O
B Superfície arredondada
B C 9
B 4 9
B B C 5 C
B 4 Fundo de vale
B

C
B B
B C B 9
B
Degrau de vertente
B B B B C Muribeca dos Guararapes
4
B B

I
B B C B C Borda de terraço Limite definido
B 9b
B B B
B C A 9a Limite indefinido

T
B -1
01
4 2
C B BR 4 3
C C RELEVOS DE ENCOSTA
B B 9095
9095 CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

gravitacionais
B al

N
C C B C C 9a et
úb
Piedade Cone de dejeção
B B B B C al
S

Formas
n
Ca
B A Rodovia
B B B B B 9a
B C 10 9b Depósito de tálus
M

B B

Â
C 9b
OR

C C 9a Estrada pavimentada
EN

B C 9
B
O

B B C
B B 2
6

L
B C RELEVOS DE ORIGEM ANTRÓPICA Limite municipal
B
B B 10
B C B A 9a Atividade antrópica
A A A
C 9b indiscriminada Estrada de ferro
o

T
a tã
bo

B Lagoa
Ja

antrópicas
B B

Formas
B B Olho D'Água Pedreiras e mineração
o

Rio, riacho
Ri

9 10
B diversas
B 9a
C

A
B 4 10 2 Lagoa, açude
10 1
Talude artificial
B B
B 7
B
C B C
3
A 9b
B B 6 MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
9a
01
-1

B A
BR

7
B A COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS
da

B 9b
io

Can

A
sv

B C
de

al O

Candeias
9
lho

B SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE RECIFE


D`Á
gua

0 1.0 2.0 3.0 km

O
9b

B B 4 9a

N
ESCALA 1:50.000 9a 1 SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA GESTÃO TERRITORIAL DA
B 9b 9b
8
7 7 Estrada
3 REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE - PROJETO SINGRE
da Curcu

A
rana
Base cartográfica elaborada a partir das folhas SC.25-V-A-II/2-NE 7
Jaboatão, SC.25-V-A-II/2-SE Gurjaú, SC.25-V-A-III/1-NO Recife e A 9a
SC.25-V-A-III/1-SO Ponte dos Carvalhos, 1ª e 2ª edição, 9b 9090
9090

E
DSG/SUDENE, 1984/1985. 9a
6
4 7 Técnico responsável: Hortencia M. B. de Assis
Declinação magnética aproximada do centro do mapa: 22º29’W,

C
cresce 3,5’ anualmente. A 7 7 Supervisor do GATE: Ivo Figueirôa
9
o

Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial: Enjôlras de Albuquerque M. Lima


atã

O
bo
Ja
Rio

3
1

ANEXO 1 ANO: 1997

270 275 280 285


270.000 mE 275 280

IIa

PROGRAMA INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA


IIId

GESTÃO TERRITORIAL - GATE


IVd

LOUR
ENÇO IIId
IVd 285
N
DA MATA IVd

O

IVd
IVd

IIId
IVaa

IVaa IVd
IIId

IIId
IVaa
IIa
MAPA DE INDICADORES GEOTÉCNICOS DO
IIId

IIId
IVaa
IIId
IVd
MUNICíPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES - PE
Barragem

Duas Unas
BR -
232 LEGENDA
IVd IVd IVd
Unidade de Preservação
IIId
IIId

9105 9.105.000 mN

IIId IIId
Io
IIId Áreas de manguezais com subsolo formado por argilas orgânicas

Rio
Du
IIId

as
Un
as
IIId
IIId
TA

IVd Unidades de Riscos


MA

IIId ag
DA

IIId Áreas sujeitas às inundações periódicas ou permanentes, com subsolo formado predominantemente
IVd
O

ag II por material arenoso (IIa), com intercalação argilas orgânicas de origem lagunar (IIo)

IIId
E

ag
UR

SA
RFF
07
PE -
LO

IIId
IVaa
Áreas sujeitas a desmoronamentos, escorregamentos, quedas de blocos ou erosão intensa
O

IIId

REC
III (declividade > 20%) nas quais predominam os solos residuais argilosos (IIId), tálus e/ou sedimentos
RFFSA
IVaa coluvionares (IIIt).

IFE
IIId IIId IIId

IVaa

IIId
Rio
Jabo
atão
bt
Área de baixo risco com quatro tipos de subsolo: predominantemente arenoso (IVa); areias, argilas e
IVaa IVaa IVd cascalhos de origem aluvionar (IVaa); camadas intercaladas de areia e argila de origem flúvio lagunar
bt IV
IIId
IIId
IIId (IVb) e os solos residuais argilosos (IVd).
IVaa
IIId bt bt bt bt
IVd pt
bt
IVd
Área de interferência antrópica
bt
IIId
IVd bt bt IIId
IVd bt pt

IIId bt Zona com registro de deslizamento ou Áreas com profundas alterações


IIId IVd IVaa da topografia original (limite
IIId pt pt IIa
desmoronamento
IIId bt pt IVd aproximado)
bt
IIId
bt
IVd IIId
bt
ag
pt IIIt

Eix
IVaa
9100 IVd bt 9100

od
ag

eI
IVd Taludes artificiais Contato entre unidades / contatos

nte
IIId ag

gra
pt ag
RECIFE entre diferentes tipos de subsolo

çã
IIa

o
IIIt
IIId
bt
IVa dentro de uma mesma unidade
IVa
IVa
pt IIIt
IVaa
IIIt IIIt Áreas com registro isolado de
IVd
IIId
IVd a IVa ag desmoronamento escorregamentos ou
JABOATÇO DOS GUARARAPES Área atingida por erosão
IIId IIIt queda de blocos
IIId IVa
pt IIId IIa
IVd IVaa IVd pt
IIId ag ag
IVd IVd IIIt
IIId IVa
IIId ag
IIId IVd
IVd
pt
Extração Mineral
ag
IIIt

BR -
IVaa ag IIa
IVd pt

101
IVa
IVd
pt ção
IVd tegra IVa
de In

al
Eixo

etúb
pt IVa
ag Argila Vermelha ab Argila Branca

01
IVd

-1

al S
IVd pt IVa

BR
IIId pt a
a

Can
ab
IVd Prazeres
pt
a Areia para Construção bt Brita
pt IVd
pt pt a
a IVa
IIId IVd

O
IIId IIId IIId
IVd pt IIIt
IIId pt
IVd
ab
a IVb pt Pedra de Talhe
IIIt

IVd IVd
IIId

C
pt IVb IVa

IIId pt
pt
IVd
IIo Convenções Cartográficas
a
Muribeca dos Guararapes IVa IVa
IIId IVd a

I
IIId
IIId IVd
IVd IIId
IIId

T
IIId IVd IIId IVb Rodovia Canal
IVd 01 IVa
IVd -1
BR
9095 l
9095
ba

N
bt
IVaa ag
e tú
ag lS Piedade
na
Ca Estrada pavimentada Açudes, barragem
bt
IIIt
M

IVd IVd IVb

Â
OR

IIId
IIo
EN

IVb
O

IVaa IVaa
IIId ag
Estrada de ferro Rios

L
IIId
IIId IIId

IVd

T
IIIt
Limite municipal Lagos
o

Lagoa
atã
bo

IVd
Ja
Rio

IVa IVa
IIId
IVd

A
IVb Olho D'Água
IVd

IIId IIo

IVd
IVd
IVaa IIId
IVd
IIId
Io MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
01

IVaa
-1

IIId Can
BR

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS


da

l Olh
IVd bt
io

IIId
sv
de

oD

Escala 1:50000 IVb


`Ág

CA
bt
IIo SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO RECIFE
ua

BO

O
0 1.0 2.0 3.0 Km
IVd Io
IIId
DE Candeias
SA
NT IVd
O IIIt
SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA GESTÃO TERRITORIAL DA

N
AG
OS
TIN
HO REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE - PROJETO SINGRE
Io Estrada

A
da Curc
IVd urana
Base cartográfica elaborada a partir das folhas SC.25-V-A-II/2-NE IVa

Jaboatão, SC.25-V-A-II/2-SE Gurjaú, SC.25-V-A-III/1-NO Recife


IIo
9090 e SC.25-V-A-III/1-SO Ponte dos Carvalhos, 1ª e 2ª edição, DSG/ IIId Io 9090

E
SUDENE, 1984/1985.

IVb
Declinação magnética aproximada do centro do mapa: 22º29'W,

C
IVa
Io
cresce 3,5' anualmente. Io
a
Técnico responsável: Pedro Augusto dos S. Pfaltzgraff
Io
O
Supervisor do GATE: Ivo Figueirôa
o
atã
bo
Ja
Rio

IVa Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial: Enjôlras de Albuquerque M. Lima


Io IVb

ANEXO 2 ANO: 1997

270 275 280 285

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