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ESTADO DO TOCANTINS
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTOS DA GEODIVERSIDADE
2019
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO TOCANTINS
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
MINISTRO DE ESTADO
Bento Costa Lima de Alburquerque
SECRETÁRIO DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
Alexandre Vidigal de Oliveira
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO TOCANTINS
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
ORGANIZAÇÃO
Goiânia, Brasil
2019
CRÉDITOS TÉCNICOS
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO TOCANTINS
SUMÁRIO
Pedro A. dos Santos Pfaltzfraff e Marcio Costa Abreu
2. CONTEXTO GEOLÓGICO DO ESTADO DO TOCANTINS..........................17
Maurício Gomes Rocha e Antônio Augusto Soares Frasca
3. AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS
NO ESTADO DO TOCANTINS....................................................................27
Marcio Costa Abreu e Davi Nascimento Souza
4. ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS........................49
Marcelo Eduardo Dantas, Edgar Shinzato, Amaury de Carvalho Filho, José
Francisco Lumbreras, Wenceslau Geraldes Teixeira, Maurício Gomes Rocha,
Marcely Ferreira Machado
5. METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA............. 87
Maria Angélica Barreto Ramos, Marcelo Eduardo Dantas, Antonio Theodorovicz,
Valter José Marques, Vitório Orlandi Filho, Maria Adelaide Mansini Maia e Pedro
Augusto dos Santos Pfaltzgraff
6. GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES
E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO................................... 101
Maurício Gomes Rocha
APÊNDICES
SUMÁRIO
Geodiversidade.......................................................................................................... 11
Aplicações................................................................................................................. 11
Referências................................................................................................................ 14
INTRODUÇÃO
11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
impactos advindos de seu uso inadequado. Ampliam-se, Nesse caso específico, as características reológicas das
também, as possibilidades de melhor conhecer os recursos rochas contribuem para a formação de um relevo bas-
minerais, os riscos geológicos e as paisagens naturais ine- tante acidentado, com a ocorrência de morros, que são
rentes à determinada região composta por tipos específicos cortados pelo rio Balsas, situado em um vale encaixado.
de rochas, relevo, solos e clima. Dessa forma, obtém-se um Essas características são favoráveis para o aproveitamento
diagnóstico do meio físico e de sua capacidade de suporte hidrelétrico do curso d’água (Figura 1.3). Além disso, essas
para subsidiar atividades produtivas sustentáveis (Figura 1.2). rochas podem fornecer materiais para uso na construção
Exemplos práticos da importância do conhecimento civil, com destaque para areia e argila. Em contrapartida,
da geodiversidade de uma região para subsidiar o aprovei- essas áreas são pouco propícias à ocupação urbana ou para
tamento e a gestão do meio físico são ilustrados a seguir. o desenvolvimento da agricultura, devido principalmente
Em uma determinada região, com ocorrência de ro- às dificuldades impostas pela topografia.
chas sedimentares e relevo acidentado, como seria possível Em outro exemplo, tem-se uma área plana (planície de
promover o seu aproveitamento econômico? inundação de um rio) cujo terreno é constituído por sedimen-
O conhecimento da geodiversidade dessa região tos recentes pouco a não consolidados, principalmente areias
implicaria saber a constituição de suas rochas e das carac- e argilas. Nessa situação, os espessos pacotes de areia viabi-
terísticas que influenciam na forma de uso e ocupação. lizam a explotação desse material para construção civil e de
argilas para uso nas cerâmicas; a suscetibilidade a inundações
periódicas torna a área inadequada para ocupação urbana
ou industrial; já a presença de solos mais férteis e a disponi-
bilidade de água a torna propícia à agricultura, assim como
os sedimentos inconsolidados favorecem a mecanização.
Além disso, os grandes rios também possuem alto
potencial turístico (Figura 1.4), sendo utilizados para lazer e
pesca esportiva, principalmente nos períodos de estiagem,
onde apresentam baixas vazões e formam extensas praias.
Outro fator que pode ser avaliado é a possibilidade de se
utilizar os grandes cursos d’água como meio de transporte,
principalmente para escoamentos da produção agrícola
produzida nesse local e locomoção de pessoas.
12
INTRODUÇÃO
13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
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14
2
CONTEXTO GEOLÓGICO
DO ESTADO DO TOCANTINS
Mauricio Gomes Rocha (mauricio.rocha@cprm.gov.br)
Antonio Augusto Soares Frasca (antonio.frasca@cprm.gov.br)
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................17
Província Tocantins................................................................................................17
Orógeno Araguaia..............................................................................................18
Orógeno Brasília.................................................................................................18
Plataforma do Cráton São Francisco - Grupo Bambuí............................................19
Coberturas Fanerozoicas........................................................................................19
Bacia do Parnaíba...............................................................................................19
Bacia São Franciscana - Grupo Urucuia...............................................................20
Graben de Água Bonita......................................................................................20
Bacia do Bananal................................................................................................20
Referências Bibliográficas......................................................................................21
CONTEXTO GEOLÓGICO DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 2.1 - Compartimentação geotectônica do estado do Tocantins, segundo Frasca (2015). Recorte do mapa do Tocantins
em escala 1:1.000.000, Projeto GIS Brasil de 2003, elaborado pela CPRM. Adaptado de Frasca, 2015.
1
Orógenos (do grego oros, “montanha”, e génos, “origem/gerado por”) são regiões onde foram formadas cadeias de montanhas
durante deformação compressiva.
2
Núcleos de rochas estáveis de idades pré-cambrianas, divididos em dois tipos: escudos (que afloram na superfície) e plataformas
(recobertas por sedimentos).
3
O graben é uma depressão de origem tectônica, surgida a partir de uma extensão crustal que desloca parte do terreno para baixo (graben)
com relação ao terreno circundante.
17
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
O orógeno Araguaia abrange grande parte do em- Na região de Ipueiras até norte de Lajeado ocorreu a
basamento geológico do estado do Tocantins, ocorrendo intrusão de diversos corpos graníticos divididos em duas
desde a região a oeste de Gurupi, até a região de Xambioá. suítes6 magmáticas, a suíte Ipueiras datada em 2,08 Ga
O orógeno Brasília abrange parte da área sul do estado (CHAVES et al., 2008) e, representando o magmatismo
desde Talismã a Silvanópolis (FRASCA, 2015). pós-orogênico, a suíte Lajeado com idades em torno de
550 Ma (GORAYEB et al., 2013).
Orógeno Araguaia
Orógeno Brasília
Cinturão orogênico com maior área de ocorrência no
estado do Tocantins, o orógeno Araguaia apresenta direção O orógeno Brasília (ALMEIDA, 1967; FUCK, 1994;
geral N-S, com cerca de 150 km de largura e 1.000 km de DARDENNE, 2000) é um cinturão de dobramentos neopro-
comprimento. Ocorre desde o extremo norte do estado na terozoico com aproximadamente 1.200 km de comprimento,
região de Xambioá, até a região de São Miguel do Araguaia, situado nos estados do Tocantins, Goiás, Minas Gerais e São
no noroeste do Goiás. Paulo. É constituído por sequências metassedimentares,
O embasamento na porção norte é representado sequências metavulcanossedimentares, diversas intrusões
pelo Complexo Colmeia (COSTA, 1980) constituído por um ígneas e arcos magmáticos (DARDENNE, 2000) que registram
conjunto de rochas ortognáissicas que afloram nos domos a evolução de mais de um ciclo orogênico. A porção meri-
Colmeia, Xambioá e Lontra, de idades 2,85 e 2,84 Ga dional da faixa é resultado da colisão entre os crátons do São
(MOURA; GAUDETTE, 1999). Na parte sul, o Complexo Rio Francisco e Paranapanema. Já a porção setentrional registra a
dos Mangues (COSTA et al., 1983) de idades 2,12 a 2,05 Ga interação entre os crátons do São Francisco e Amazônico (UH-
representa o embasamento do orógeno Araguaia e aflora LEIN, 2012). O evento colisional Brasiliano III (590-500 Ma)
como uma unidade geotectônica alóctone, composta por resultou na formação do continente W-Gondwana, há cerca
gnaisses, anfibolitos, micaxistos e quartzitos (HASUI et al., de 550 Ma (HASUI, 2010; FRASCA, 2015).
1984; GORAYEB, 2013). Também como parte do embasa- O orógeno Brasília pode ser dividido, segundo Fuck
mento se encontra o Complexo Porto Nacional (GORAYEB, (1994) e Valeriano et al. (2004), em duas regiões de orien-
1996) com idades e características litoquímicas similares às tação, metamorfismo e deformação contrastantes: a região
do Complexo Rio dos Mangues (FRASCA, 2015). Orógeno Brasília Setentrional, com orientação NE e inserida
Corpos ofiolíticos 4 representados pelo Complexo no estado do Tocantins e norte de Goiás, e a região Oróge-
Quatipuru (PAIXÃO, 2009) marcam zonas de sutura do no Brasília Meridional, com orientação NW. Distinguem-se
processo de obducção da litosfera oceânica durante a os seguintes domínios: Maciço de Goiás, a Zona Externa, a
amalgamação do Gondwana Ocidental. Zona Interna, com restritas exposições do seu embasamento
As rochas metassedimentares do orógeno Araguaia granito-gnáissico, e Arco Magmático de Goiás.
são pelítico-psamíticas5, localmente carbonáticas, per- Na região leste do Tocantins o bloco Cavalcante-Na-
tencentes ao Grupo Baixo Araguaia (ABREU, 1978), que tividade (DARDENNE, 2000; PIMENTEL et al., 2004; FUCK
é subdividido em uma zona interna (formações Morro do et al., 2014) compreende um embasamento siálico pale-
Campo e Xambioá) e outra externa (formações Pequizeiro oproterozoico composto por terrenos granito-gnáissicos
e Couto Magalhães). e sequências metavulcanossedimentares. Sequências de
A sul, entre o embasamento representado pelo Com- greenstone belts7 denominadas Grupo Riachão do Ouro
plexo Rio dos Mangues e a zona externa do orógeno ocorre (COSTA, 1985; CRUZ; KUYUMJIAM, 1998) ocorrem na
uma extensa faixa de rochas metamórficas de origem plu- região de Almas-Dianópolis. A sul, o bloco Cavalcante-Nati-
tônica, constituída por gnaisses granodioríticos e tonalíticos vidade é recoberto pelo Grupo Araí (BARBOSA et al., 1969;
de idade neoproterozoica denominados por Frasca e Lima DYER, 1970) que é composto por rochas metassedimentares
(2005) de Suíte Aliança, sucedida por diversas intrusões e metavulcânicas de muito baixo grau (anquimetamorfis-
e corpos máfico-ultramáficos acamadados cambrianos. mo) a baixo grau (xisto verde) metamórfico (DARDENNE et
Ao norte, corpos alóctones de rochas máfico-ultra- al.,1999), típicas de um rifte continental. O embasamento
máficas ocorrem subordinadamente, além de vários corpos do Grupo Araí é representado por xistos e paragnaisses da
graníticos intrusivos como os Santa Luzia (COSTA et al., Formação Ticunzal (FERNANDES et al., 1982) com idades de
1983) e Ramal do Lontra (MACAMBIRA, 1983); e plútons 2,5 a 2,8 Ga (BOTELHO et al., 2006) e os granitos peralumi-
alcalinos das suítes Monte Santo e Serra da Estrela. nosos da suíte Aurumina (BOTELHO et al., 1999) com idades
4
Ofiolitos são fragmentos de litosfera oceânica formada em margens de placas construtivas ou placas divergente-transformantes
(dorsais meso-oceânicas).
5
Psamíticos e pelíticos se referem aos materiais (rochas, solos, sedimentos) arenosos e siltoargilosos, respectivamente.
6
Unidade litoestratigráfica constituída pela associação de diversos tipos de uma classe de rocha intrusiva ou metamórfica de alto grau.
7
Sequências de rochas vulcânicas máfico-ultramáficas associadas a rochas sedimentares, ocorrem em meio a terrenos granito-gnáissicos nas
regiões cratônicas.
18
CONTEXTO GEOLÓGICO DO ESTADO DO TOCANTINS
8
Através das estruturas e composição química de uma rocha, determina-se o momento de sua formação em relação ao evento tectônico,
como: sin-tectônica (formada durante o evento tectônico), tardi-tectônica (formada no final do evento tectônico) e pós-tectônica
(formada após o evento tectônico).
19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
9
Ambiente de sedimentação litorâneo, em clima árido a semiárido, onde é comum a formação de depósitos evaporíticos.
20
CONTEXTO GEOLÓGICO DO ESTADO DO TOCANTINS
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3
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS
E SUBTERRÂNEAS NO
ESTADO DO TOCANTINS
Marcio Costa Abreu (marcio.abreu@cprm.gov.br)
Davi Nascimento Souza (davi.souza@cprm.gov.br)
SUMÁRIO
27
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.2 - Regiões hidrográficas do Brasil. Fonte: elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016.
28
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
29
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.5 - Sub-bacia 21 – Tocantins, Figura 3.6 - Sub-bacia 22 – Tocantins, Figura 3.7 - Sub-bacia 23 – Tocantins,
entre os rios Preto e Paranã. Fonte: entre os rios Paranã e do Sono. Fonte: entre os rios do Sono e Araguaia. Fonte:
elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016 elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016. elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016
Bacia do Rio Araguaia Cunhãs e Jenipapo, que têm seus cursos majoritariamente
no sentido sudeste-noroeste (Figura 3.9). A região abriga
O rio Araguaia possui mais de 2.000 km de extensão dezenove municípios de pequeno porte com destaque
e é o principal tributário do Tocantins. Nasce no município para Paraíso do Tocantins com 44.417 habitantes, que
de Mineiros, na serra do Caiapó, na divisa entre Goiás e representa mais de 1/3 da população da região.
Mato Grosso, a cerca de 850 metros de altitude. Por fim, a sub-bacia 28, trecho do Baixo Araguaia que
Essa bacia possui área de drenagem de 385.000 km2 no estado do Tocantins recebe os tributários: Muricizal,
e a vazão média de longo período é de 5.507 m3/s, com Lontra, Corda, Piranhas e Lajes (Figura 3.10).
descarga específica de 14,31 L/s.km2 conforme apresentado Essa bacia contribui para o aproveitamento hidroe-
pela ANA (2006). létrico da região com 2.070 KW de potência oriundos da
A sub-bacia 26 compreende o trecho do rio onde é PCH Lages no município de Wanderlândia. Nessa sub-bacia
formada a ilha do Bananal e é composta, em território to- encontra-se a segunda maior cidade do estado, Araguaína,
cantinense, pelas bacias dos rios Pium, Formoso, Javaés e Rio- com cento e cinquenta mil habitantes.
zinho que correm no sentido sudeste-noroeste (Figura 3.8). Os órgãos gestores estaduais, tais como a Secretaria
É nessa região que se encontra a maior ilha fluvial do de Planejamento (SEPLAN), o Instituto Natureza do Tocan-
mundo, a ilha do Bananal, localizada entre o rio Araguaia tins (NATURATINS) e a Secretaria de Recursos Hídricos e
e o rio Javaés, que na verdade é o braço menor do rio Meio Ambiente (SRHMA) adotaram para fins de gestão a
Araguaia. A região abriga ainda um importante balneário divisão hidrográfica proposta no Zoneamento Agroecoló-
local na região da Lagoa da Confusão. gico (ZAE) do estado do Tocantins (Figura 3.11).
Uma população de pouco menos de sessenta mil Nessa divisão, o Sistema Hidrográfico do Araguaia
habitantes está distribuída em sete cidades localizadas na congrega 16 sub-bacias no território tocantinense, refe-
sub-bacia, com destaque para Formoso do Araguaia, com rentes às terras drenadas pelos rios Araguaia, Riozinho,
pouco mais de dezoito mil habitantes e Lagoa da Confusão Javaés, Formoso, Pium, do Coco, Caiapó, Lajeado, Bananal,
com cerca de dez mil. É também nessa região, entre os Barreiras, das Cunhas, Jenipapo, Muricizal, Lontra e Pira-
municípios de Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia, nhas, e o ribeirão Corda.
que se encontram as maiores demandas de água no estado O Sistema Hidrográfico do Tocantins é formado por
para a agricultura. 14 sub-bacias hidrográficas, drenadas pelos rios Tocantins,
No trecho a jusante da ilha do Bananal, denominado Santa Tereza, Paranã, Palma, Manuel Alves da Natividade,
sub-bacia 27, estão compreendidas as bacias dos rios do São Valério, Santo Antônio, Crixás, das Balsas, Sono, Per-
Coco, do Caiapó, Lajeado, Bananal, Matos do Bananal dida, Manuel Alves Grande, Manuel e Alves Pequeno, e
(também chamado de Mato da Banana ou Barreira), das ribeirão dos Mangues.
30
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.8 - Sub-bacia 26 – Araguaia, Figura 3.9 - Sub-bacia 27 – Araguaia, Figura 3.10 - Sub-bacia 28 – Baixo
trecho da ilha do Bananal. Fonte: trecho a jusante da ilha do Bananal. Fonte: Araguaia. Fonte: elaborado
elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016. elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016. por Marcio Costa Abreu, 2016.
31
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
As águas subterrâneas no Estado do Tocantins fraturado e cárstico), sob condições livre, semiconfinado e
confinado. Os aquíferos porosos ocorrem na porção norte/
A infiltração, acumulação e circulação das águas sub- nordeste do estado, associados às rochas sedimentares da
terrâneas na natureza estão intimamente relacionadas às bacia do Parnaíba, a leste nas rochas inseridas na bacia do
características físicas do terreno, como o sistema geológico São Francisco, nos sedimentos inconsolidados na região
(controlado pela litologia, estratigrafia e estruturas das hidrográfica do Araguaia e em pequenas bacias isoladas.
formações geológicas), a topografia, condições climáticas O aquífero fissural ocupa toda a área central do estado,
e o uso e ocupação do solo. estendendo-se desde o sul até o norte, instalado nas rochas
Quando uma determinada rocha ou sedimento apre- cristalinas da Província Tocantins. O aquífero cárstico é o
senta características que permitam o armazenamento e que possui menor área de exposição, ocorrendo na porção
transmitam volumes significativos de água passíveis de serem sudeste, nas rochas carbonáticas da plataforma do cráton
utilizados pela sociedade esta é denominada como aquífero. São Francisco.
Uma primeira diferenciação entre os aquíferos pode A seguir são descritas, de forma sucinta, as princi-
ser feita de acordo com as propriedades físicas da rocha pais características dos aquíferos do estado do Tocan-
armazenadora, que influencia na forma como a água se tins, as quais também são sumarizadas na Tabela 3.1.
acumula e circula no meio (Figura 3.12): Nessa descrição não são abordadas as unidades consi-
a) Poroso ou granular: as principais ocorrências são em deradas aquitardes, que são aquelas que não possuem
rochas sedimentares (exceto as carbonáticas), sedimentos a capacidade de acumular e transmitir água em volumes
inconsolidados e mantos de alteração de rochas, onde a para aproveitamento pela sociedade. Nessa categoria se
água armazenada e o fluxo se dão nos espaços vazios entre encaixam as rochas das formações Longá, Mosquito e
os grãos (poros); Pimenteiras, localizadas na bacia do Parnaíba.
b) Fissural ou fraturado: ocorrem em rochas ígneas e
metamórficas, que normalmente apresentam baixa poro-
sidade primária (não há espaços vazios entre os minerais
que a constituem), condicionando o armazenamento e
circulação das águas à ocorrência de estruturas abertas
nessas rochas, principalmente fraturas, juntas e falhas;
c) Cárstico: constituído por rochas essencialmente car-
bonáticas, nesses aquíferos o armazenamento e o fluxo da
água podem estar associados tanto à porosidade primária
das rochas (porosidade) quanto às estruturas de dissolução,
sendo estas últimas, no geral, mais importantes.
Outra importante classificação dos aquíferos é em
relação à pressão exercida sob a superfície freática, que
corresponde ao nível da água subterrânea. Quando a
superfície freática está em contato com a atmosfera, o
aquífero é denominado livre e, nesse caso, o nível da água
tende a acompanhar as irregularidades da superfície do
terreno. Se o nível da água atinge a superfície do terre-
no, aflora, gerando as nascentes, os córregos e os rios.
Normalmente, esses aquíferos são de mais fácil acesso,
pois a superfície freática encontra-se próxima à superfície
do terreno, sendo comum valores da ordem de algumas
dezenas de metros.
Aquíferos que ocorrem subjacentes às unidades imper-
meáveis ou pouco permeáveis são chamados de confinados
e semiconfinados. Nesse caso, a pressão exercida sobre a
unidade aquífera é maior do que a atmosférica. Geralmente
são aquíferos que representam situações mais profundas,
a centenas ou milhares de metros de profundidade, onde
o acesso tende a ser mais complexo, necessitando de equi-
pamentos mais robustos para sua perfuração.
No estado do Tocantins as águas subterrâneas po- Figura 3.12 - Classificação dos aquíferos: (a) poroso ou granular;
dem ser encontradas nos três tipos de aquíferos (poroso, (b) fissural ou fraturado; (c) cárstico. Fonte: KARMANN, 2000.
32
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Tabela 3.1 - Síntese das características qualitativas e quantitativas das unidades aquíferas no estado do Tocantins.
33
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
• Aquífero Itapecuru
34
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.15 - Distribuição espacial das unidades aquíferas em sedimentos consolidados no estado do Tocantins.
Fonte: elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016.
35
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.16 - Exposição de arenito fino da Formação Figura 3.17 - Arenito fino a médio avermelhado da
Sambaíba. Fotografia: acervo do projeto, 2015. Formação Piauí. Fotografia: acervo do projeto, 2015.
36
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Piauí e Pedra de Fogo, essa unidade exibe um alto potencial Não há dados disponíveis de poços e na literatura
hidrogeológico, com vazões que podem ultrapassar os 100 deste aquífero, mas estima-se um baixo potencial quanti-
m3/h. As águas são no geral de boa qualidade química, tativo para essa unidade, com vazões inferiores a 10 m3/h,
adequada para os diversos usos. com base nas características geológicas e por sua área de
ocorrência muito restrita.
• Aquífero Serra Grande
Figura 3.18 - Arenito fino a grosso do Grupo Serra Grande. • Aquífero Paranoá (unidade terrígena)
Fotografia: acervo do projeto, 2015.
Ocorre no extremo sul do estado (Figura 3.20), sob
• Aquífero Rio das Barreiras a forma de um corpo estreito e alongado na direção
norte-sul. É um aquífero livre, de extensão regional limita-
Constituído por conglomerados, arenitos, argilitos e da, constituído predominantemente por psamitos, pelitos
siltitos, ocorre na porção norte do estado (Figura 3.15). e paraconglomerados e de forma associada quartzitos,
É um aquífero livre, de extensão regional, espessura média metassiltitos e ritmitos.
da ordem de 100 metros e de baixa produtividade, com Possui produtividade baixa a moderada com vazões
vazões inferiores a 10 m3/h. Suas águas são de boa quali-
entre 10 e 25 m3/h. Suas águas são de boa qualidade
dade, adequada para os mais diversos usos.
química natural.
• Aquífero Água Bonita
• Aquífero Embasamento Fraturado Indiferenciado
Composto por conglomerados e arenitos médios a
grossos (Figura 3.19), ocorre de forma restrita no sudoeste Unidade de maior extensão no estado (Figura 3.20),
do estado, em um corpo isolado, alongado na direção cobrindo uma área superior a 110.000 km2, é constituído
nordeste-sudoeste (Figura 3.15). por rochas ígneas e metamórficas (Figura 3.21).
37
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
38
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.21 - (a) e (b) Rochas metamórficas, fraturadas, que constituem o Sistema Aquífero Embasamento Fraturado Indiferenciado.
Fotografias: acervo do projeto, 2015.
39
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.23 - (a) Calcários dobrados do Grupo Bambuí; (b) Surgência associada à rocha carbonática no Grupo Bambuí.
Fotografias: acervo do projeto, 2015.
O Sistema de Informações
de Águas Subterrâneas – SIAGAS
40
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.25 - Acesso às séries históricas das estações pluviométricas e fluviométricas da rede hidrometeorológica.
Fonte: http://hidroweb.ana.gov.br. Acessado em 09 de julho de 2016.
41
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.28 - Descrição da estação fluviométrica selecionada e parâmetros disponíveis para download.
Fonte: http://hidroweb.ana.gov.br. Acessado em 09 de julho de 2016.
42
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.30 - Pesquisa por informações através da opção gráfica. Fonte: http://siagasweb.cprm.gov.br/layout/visualizar_mapa.php.
Acessado em 10 de julho de 2016.
43
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3.31 - Resultado de busca por informações sobre poços para o município de Palmas.
Fonte: http://siagasweb.cprm.gov.br/layout/pesquisa_complexa.php.
Acessado em 10 de julho de 2016.
44
AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS NO ESTADO DO TOCANTINS
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45
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
46
4
ORIGEM DAS PAISAGENS
DO ESTADO DO TOCANTINS
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)1
Edgar Shinzato (edgar.shinzato@cprm.gov.br)1
Amaury de Carvalho Filho (amaury.carvalho@embrapa.br)2
José Francisco Lumbreras (jose.f.lumbreras@embrapa.br)2
Wenceslau Geraldes Teixeira (wenceslau.teixeira@embrapa.br)2
Maurício Gomes Rocha (mauricio.rocha@cprm.gov.br)1
Marcely Ferreira Machado (marcely.machado@cprm.gov.br)1
1
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
2
Embrapa Solos
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................ 49
Compartimentos Geomorfológicos ...................................................................... 50
Planícies Fluviais .................................................................................................52
Depressão do Médio Vale do Rio Tocantins ...................................................... 53
Chapadas e Mesetas de Estreito-Carolina ......................................................... 57
Depressão do Baixo-Médio Vale do rio Araguaia .............................................. 58
Planície do Rio Araguaia/Ilha do Bananal ...........................................................61
Serras e Patamares do Interflúvio Tocantins-Araguaia ...................................... 62
Chapadas do Alto Rio Parnaíba ......................................................................... 65
Chapada das Mangabeiras ................................................................................ 67
Planalto Dissecado do Tocantins ....................................................................... 67
Patamares do Jalapão........................................................................................ 69
Baixos Platôs do Jalapão.....................................................................................70
Depressão do médio-alto vale do rio Tocantins..................................................73
Serras isoladas da depressão do médio-alto vale do rio Tocantins.....................75
Patamares do Chapadão Ocidental Baiano.........................................................76
Chapadão Ocidental Baiano ...............................................................................78
Serras do Planalto Central Goiano..................................................................... 80
Referências ........................................................................................................... 82
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
49
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
50
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Amplitude
Declividade
Tipo de Relevo Topográfica
(graus)
(metros)
Planícies fluviais
0a3 0a2
ou fluviolacustres (R1a)
Terraços fluviais (R1b1) 0a3 2 a 20
Vertentes recobertas por
5 a 45 variável
depósitos de encosta (R1c)
Campos de dunas (R1f) 3 a 30 2 a 40
51
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
52
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
53
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Este domínio estende-se por uma comprida faixa de Este conjunto de formas de relevo resulta do arrasa-
direção norte-sul que abrange o centro-norte e o nordeste mento generalizado do substrato geológico de uma sequ-
do estado do Tocantins, incluindo a região denominada ência vulcanossedimentar praticamente completa de idade
de Bico do Papagaio. A Depressão do médio vale do rio devoniano-cretácica da bacia sedimentar do Parnaíba, que
Tocantins delimita-se, a oeste, com as serras e patamares compreende desde os siltitos e folhelhos das formações
do interflúvio Tocantins-Araguaia; a sul, com o Planalto Pimenteiras, Cabeças e Longá, até os arenitos e argilitos das
dissecado do Tocantins e com os patamares do Jalapão; e, a formações Corda e Itapecuru;e os derrames basálticos da
sudeste, com as chapadas do alto rio Parnaíba (Figura 4.10). formação Mosquito. Por fim, sobre todo este conjunto de
Em seu interior, estão inseridas as chapadas e mesetas de litologias, desenvolveu-se um aplainamento generalizado
Estreito-Carolina. Por fim, a norte e a leste, este domínio do relevo e um evento de laterização durante o Neógeno,
estende-se, em larga escala, pelo estado do Maranhão. que gerou perfis lateríticos imaturos.
Seu relevo é constituído por extensas superfícies Em decorrência da grande variabilidade geológica
aplainadas (R3a2), com esporádica ocorrência de morros- e biogeográfica registrada na Depressão do médio vale
-testemunho (R3b), incipientemente dissecadas por uma do rio Tocantins, observa-se uma profusão de tipos de
rede de drenagem de baixa densidade, todavia sem perder solos desenvolvidos na região. De forma geral, podemos
seu caráter aplainado. De forma frequente, ocorrem baixos subdividir esta vasta superfície em dois domínios morfo-
platôs (R2b1) (Figura 4.11) e rebordos erosivos (R4e) ligei- pedológicos principais:
ramente ressaltados topograficamente. Em determinadas a) Região do Bico do Papagaio, a norte da cidade de
porções desse domínio geomorfológico, predominam Araguaína, onde predominam solos profundos e lixivia-
terrenos modelados em morros baixos ou colinas com grau dos, devido a forte atuação do intemperismo químico em
variável de dissecação (R4a1 e R4a2). A planície aluvial clima subequatorial úmido a subúmido, revestidos tanto
do rio Tocantins ocorre de forma descontínua ao longo de pela Floresta Amazônica, quanto por mata de cocais, com
seu fundo de vale. Num dos estrangulamentos rochosos, predomínio do babaçu (Attalea speciosa), ou por florestas
inclusive, foi construída a UHE de Estreito, sobre rochas estacionais (IBGE, 2007c) (Figura 4.12). Predominam nas
vulcânicas da formação Mosquito. Entretanto, essa planície áreas mais planas os Latossolos Vermelho-Amarelos e
torna-se bem mais larga em seu baixo curso, próximo à Amarelos, Distróficos, em alguns casos associados a Ne-
confluência do rio Araguaia, a jusante da cidade de Impe- ossolos Quartzarênicos Órticos, cuja ocorrência está em
ratriz (DANTAS et al., 2013). geral relacionada ao afloramento de arenitos eólicos de
Figura 4.10 - Perfil geológico-geomorfológico de direção W-E, atravessando o centro-norte do estado do Tocantins entre a
cidadelocalidade de Couto de Magalhães, no vale do rio Araguaia e as chapadas do alto Parnaíba.
Fonte: Marcelo Eduardo Dantas & Maurício Gomes Rocha, 2018.
54
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
idade triássica da Formação Sambaíba. Ocorrem também relevo nos limites dos topos com as partes superiores das
Argissolos Vermelho-Amarelos Distróficos, que em algu- encostas dos vales que dissecam a paisagem. A ocorrên-
mas áreas apresentam horizonte superficial mais espesso e cia generalizada desses Plintossolos sugere um ambiente
escuro (A proeminente) ou ocorrência de plintita (plintos- pretérito de restrição de drenagem e alternância de condi-
sólicos), além de Plintossolos Háplicos, situados em áreas ções redutoras e oxidantes que resultou na concentração
de níveis altimétricos mais baixos, marginais às planícies diferencial de óxidos de ferro e a formação de horizontes
fluviais dos rios Tocantins e Araguaia, e ainda Neossolos plínticos em grandes extensões, a exemplo do que ocorre
Litólicos, estes em terrenos mais declivosos na borda atualmente em algumas planícies e fundos de vale, de cujo
de relevos residuais e em alguns vales mais encaixados. endurecimento irreversível por dessecamento posterior,
Destaca-se ainda a ocorrência de Latossolos Vermelhos Dis- condicionado a um rebaixamento do nível de base em
tróficos e Nitossolos Vermelhos Distróficos ou Eutróficos, escala regional, teve origem o material concrecionário
ambos de textura argilosa, que estão associados ao intem- atual. Igualmente abundantes são os Neossolos Quart-
perismo dos basaltos de idade jurotriássica da Formação zarênicos Órticos, predominantes nas áreas mais amplas,
Mosquito. Por fim, ressaltam-se manchas de solos de boa de conformação suave e extensos interflúvios, como nos
fertilidade natural associado à presença de argilas ativas, topos dos baixos platôs (R2b1) que sobressaem levemente
que contribuem para a retenção de nutrientes, como os do nível de aplainamento geral. Com frequência ocorrem
Luvissolos Háplicos e Chernossolos Argilúvicos, em meio associados a Latossolos Amarelos de textura média, que
a um amplo domínio de solos de baixa fertilidade natural se distribuem por toda a área, em geral em topografia
(IBGE, 2007b, 2012, 2014a). plana a suave ondulada (< 8% de declive). A ocorrência de
b) A sul de Araguaína este domínio apresenta solos Latossolos Vermelho-Amarelos é bem menos expressiva;
pobres em nutrientes, em grande parte arenosos e forte- destaca-se, todavia a sul, à margem esquerda do rio do
mente laterizados, em clima estacional seco-úmido, típico Sono, próximo à confluência com o rio Tocantins, a do-
dos cerrados. Destaca-se, neste contexto, a expressiva minância de Latossolos Vermelhos, de textura argilosa ou
ocorrência de Plintossolos Pétricos Concrecionários, que muito argilosa, desenvolvidos sobre espessas coberturas
se caracterizam por apresentar grande quantidade, mais detríticas nos topos de baixos planaltos (R2b3), em relevo
de 50% em volume, de concreções ferruginosas (petro- plano de grande extensão, que apresentam condições
plintita) do tamanho de calhaus ou cascalhos (diâmetro favoráveis à agricultura intensiva. Ocorrem, subordina-
>2 mm) em sua constituição, material este que por sua damente, Argissolos Vermelho-Amarelos e Plintossolos
maior resistência à remoção pelos processos erosivos atua Háplicos, ambos quase sempre de caráter distrófico, assim
como fator a retardar o avanço da erosão geológica remon- como Neossolos Litólicos e Cambissolos Háplicos, estes em
tante. Por essa razão, esses solos tendem a sobressair na geral relacionados a áreas mais declivosas, nas encostas
paisagem, muitas vezes delineando pequenas quebras de de vales (IBGE, 2007b, 2012, 2014a, 2014b).
Figura 4.11 - Relevo de baixos platôs ligeiramente mais elevados Figura 4.12 - Superfície de aplainamento com ocorrência de
que as superfícies aplainadas circunjacentes, recobertos por baixos platôs residuais (sobressaindo ao fundo) sustentados
solos profundos e bem drenados, por vezes concrecionários. por crostas lateríticas. Paisagem revestida por mata de babaçus
Estes terrenos encontram-se sulcados por uma rede de em condição climática úmida, típica do norte do estado, em
drenagem de baixa densidade. Rodovia TO-432, entre transição entre os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica.
as cidades de Colinas do Tocantins e Tupiratins. Rodovia TO-201, nas imediações da cidade de Buriti do Tocantins.
Fotografia: Juliana Maceira Moraes, 2011. Fotografia: Juliana Maceira Moraes, 2011.
55
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Em campo, observou-se uma expressiva área embasada Ressalta-se ainda o registro de um notável geossítio
por siltitos e folhelhos das formações Poti e Piauí, ambas de descrito pelo SIGEP (DIAS-BRITO et al, 2009), associado
idade carbonífera, que exibem processos de erosão laminar aos famosos troncos fósseis espalhados nos sedimentos
acelerada, sulcos e ravinamentos de tal relevância que provo- da Formação Pedra de Fogo, na bacia sedimentar do
caram a remoção da vegetação original e a perda da camada Parnaíba, especialmente na região de Bielândia, distrito
superficial do solo (Figuras 4.13 e 4.14). O cenário resultante de Filadélfia. Vulgarmente eles são conhecidos como
de tal dinâmica geomorfológica é uma paisagem típica de psaronius, representados por pedaços de troncos e ga-
um estágio inicial de desertificação, com uma profusão lhos, por vezes quase que inteiros, completos, métricos,
de solos decapitados e pedregosos, selados pela ação da silicificados por quartzo, que surpreendem até os mais
chuva e submetidos a uma intensa ação erosiva impetrada calejados paleontólogos (MARTINS et al., 2010).
pelo escoamento superficial. Este fenômeno de degrada- Historicamente, o vale do rio Tocantins representou
ção ambiental decorre do desmatamento generalizado do um corredor de comunicação entre o Centro-Oeste e o
cerrado nativo sobre terrenos muito frágeis, referentes a Norte do Brasil, vocação esta impulsionada na década
Plintossolos Pétricos Concrecionários e Cambissolos Háplicos de 1960, com a construção da rodovia Belém-Brasília
Tb Distróficos embasados por rochas pelíticas. (BR-153). Com a consolidação deste corredor viário, foi
Ressalta-se, por fim, a ocorrência muito restrita de desencadeado nas últimas décadas um vertiginoso pro-
antigos depósitos eólicos de presumível idade pleistocênica. cesso de desmatamento da vegetação original associado
As dunas fixas (R1f) atestam a vigência de paleoclimas ao avanço da extração madeireira e da fronteira agrope-
pretéritos mais secos ao longo do Quaternário em toda a cuária na região. O desenvolvimento econômico calcado
região (Figura 4.15). nas atividades agropecuárias foi significativo, projetando
a cidade de Araguaína como um importante polo regio-
nal, sendo alçada à condição de segunda cidade mais
importante do estado.
Este domínio é atravessado, de norte a sul, pela
rodovia BR-153 (Belém-Brasília). As principais cidades si-
tuadas na Depressão do médio vale do rio Tocantins são:
Araguaína, Lajeado, Miracema do Tocantins, Miranorte,
Rio Sono, Pedro Afonso, Guaraí, Colinas do Tocantins,
Itapiratins, Nova Olinda, Goiatins, Filadélfia, Babaçulândia,
Aguiarnóplis, Tocantinópolis, Itaguatins, Wanderlândia,
Piraquê, Axixá do Tocantins, Augustinópolis, Sampaio e
São Salvador do Tocantins.
Figuras 4.13 e 4.14 - Processos de erosão laminar acelerada Figura 4.15 - Dunas fixas constituídas por areias quartzosas
e ravinamentos promovendo a remoção do cerrado nativo inconsolidadas e oxidadas (Neossolos Quartzarênicos
e evidenciando fenômeno de degradação ambiental sobre as Órticos), apresentando coloração amarelado-clara.
superfícies aplainadas em área de solos concrecionários. Este depósito encontra-se escavado pela rodovia TO-010,
Rodovia TO-030, entre as cidades de Novo Acordo e São Félix do entre as cidades de Lajeado e Miracema do Tocantins.
Tocantins. Fotografias: Edgar Shinzato, 2015. Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2015.
56
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
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Figura 4.18 - Perfil geológico-geomorfológico de direção WNW-ESE, atravessando a porção central do estado do Tocantins,
entre as cidades de Caseara, no vale do rio Araguaia, e Mateiros, situada nos baixos platôs do Jalapão.
Fonte: Marcelo Eduardo Dantas & Maurício Gomes Rocha, 2018.
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a ocorrência episódica de serpentinitos, xistos e gabros Estes terrenos aplainados ou de colinas ? suaves
do complexo máfico-ultramáfico das unidades Quatipuru apresentam cotas que variam entre 130 e 300 metros,
e Serra do Tapa, assim como um extenso gráben cretácico gradualmente decrescentes de sul para norte, seguindo,
de direção N-S preenchido por arenitos e conglomerados em linhas gerais, o curso do vale do rio Araguaia.
da Formação Rio das Barreiras (Figura 4.10). Este gráben, Valente & Latrubesse (2011) caracterizam o estágio
situado no noroeste do estado, se instala de forma irregu- avançado de desenvolvimento desta superfície aplainada
lar em meio à faixa móvel Paraguai-Araguaia, apresenta e ressaltam que a ilha do Bananal situa-se numa zona de
extensão de 170 quilômetros e largura máxima de 40 fraqueza crustal ao longo do megalineamento Transbrasilia-
quilômetros, afinando-se em direção sul (IBGE, 2007d). no que atravessa, transversalmente (numa direção SW-NE),
Coberturas detrito-lateríticas de idade neógena se espraiam boa parte do território brasileiro. Observa-se que este do-
por diversas áreas das superfícies pediplanadas. mínio geomorfológico posiciona-se em cotas ligeiramente
mais elevadas que as verificadas na bacia sedimentar da
Ilha do Bananal. Assim sendo, tal fato ajuda a explicar o
sutil reafeiçoamento moderno desta superfície, em ajuste
a um nível de base subsidente do rio Araguaia, na bacia
da Ilha do Bananal.
Ressalta-se ainda nesse domínio o desenvolvimento
de feições cársticas, tais como dolinas e morrotes residuais,
associados ao afloramento de rochas calcárias da Formação
Couto Magalhães (Figura 4.21). As maiores depressões
fechadas em meio a esta plataforma carbonática desen-
volvem extensas lagoas, cujos espelhos d’água estão
condicionados pela variação sazonal do nível freático (vide
lagoas da Confusão e da Trindade, dentre as principais)
(Figura 4.22). As depressões menores são colonizadas
por uma vegetação peculiar de porte florestal em meio
ao ambiente graminoso, sendo denominada de ipuca
(MARTINS et al., 2002; MARTINS et al., 2006). As ipucas
constituem, portanto, enclaves florestais que ocupam o
Figura 4.19 - Superfície aplainada levemente reafeiçoada,
interior de pequenas dolinas, e frequentemente apresentam
modelada em arenitos da bacia em rift Água Bonita, de idade um condicionamento estrutural, onde os eixos de dolinas
siluro-devoniana e associada a uma antiga zona de distensão do e uvalas seguem direções da rede de diáclases e fraturas
lineamento Transbrasiliano. Rodovia TO-373, entre as cidades de
(NASCIMENTO & MORAIS, 2012).
Araguaçu e Alvorada. Fotografia: Mauricio Gomes Rocha, 2015.
As ipucas são fragmentos florestais circulares, de ta-
manho variando, na sua maioria de alguns hectares, mas
ocorrendo em áreas de centenas de hectares (MARTINS et
al., 2002). Trata-se de uma floresta estacional semidecidual
aluvial, sendo frequente a ocorrência do Landi (Calophyllum
brasiliense) em algumas áreas ocorre o predomínio da
pimenteira (Licania parviflora) (MARTINS et al., 2002; MA-
RIMOM e LIMA, 2001). O acúmulo de matéria orgânica no
ecossistema de ipucas resulta em ambiente ácidos e pobres
em nutrientes, com predomínio de Gleissolos Melânicos
nas áreas centrais podendo ocorrer horizontes plínticos
em subsuperfície (MARTINS et al., 2006) As ipucas são
elementos importantes na ecologia e ciclo hidrológico da
região, uma vez que no período de cheias estabelecem a
ligação entre os vários rios, córregos e lagoas. Por serem
áreas endêmicas e frágeis, as ipucas devem ser consideradas
áreas de conservação e preservação.
A Depressão do baixo-médio vale do rio Araguaia, a
Figura 4.20 - Superfície aplainada desfeita em um relevo de jusante da ilha do Bananal, notadamente entre as cidades
colinas muito amplas e suaves, modeladas em xistos do Grupo
de Caseara e Conceição do Araguaia, no Pará, apresenta
Xambioá. Rodovia TO-374, entre as cidades de Gurupi e Duerê.
Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2012. vastas extensões de terrenos planos com solos profundos
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De forma localizada ocorrem também solos de melhor ferti- ilha do Bananal foi gerada por um processo de avulsão do
lidade natural, alguns com expressiva quantidade de argilas rio Araguaia.Nesse contexto, o “rio” Javaés não constitui
expansivas (Cambissolos Háplicos Ta Eutróficos), associados um paraná, mas um braço abandonado do rio Araguaia.
à decomposição das rochas carbonáticas da Formação Em concordância com esta teoria, o alto curso do rio Ja-
Couto Magalhães. vaés, a montante de sua confluência com o rio Formoso,
As principais cidades que se situam neste domínio fica praticamente seco durante o período de estiagem
geomorfológico são Araguaçu, Formoso do Araguaia, devido à vazante do rio Araguaia e ao rebaixamento do
Duerê, Lagoa da Confusão, Cristalândia, Pium, Divinópolis nível freático regional.
do Tocantins, Marianópolis do Tocantins, Goianorte, Case-
Assim como o Pantanal, a bacia sedimentar da Ilha
ara, Araguacema, Couto de Magalhães, Juarina, Bernardo
do Bananal representa um sub-bioma peculiar do cerrado
Sayão, Arapoema, Pau d’Arco, Araguanã e Xambioá.
brasileiro que reserva uma extraordinária biodiversidade,
específica das terras úmidas das savanas tropicais. A ilha do
Planície do Rio Araguaia / Ilha do Bananal
Bananal caracteriza-se por vastos terrenos sazonalmente
No médio vale do rio Araguaia destaca-se uma grande inundáveis no período úmido (verão), em associação com
bacia sedimentar quaternária – a bacia do Bananal –, que as cheias do rio Araguaia e a consequente elevação do nível
consiste na mais extensa área deposicional intracratônica freático regional (VALENTE et al., 2013).
moderna do Brasil Central, inserida numa faixa de transição
entre os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica (VA-
LENTE & LATRUBESSE, 2011). A Planície do Rio Araguaia/
Ilha do Bananal foi formalmente caracterizada pelo IBGE
(1993) e estende-se por uma comprida faixa de direção
SSW-NNE que abrange extensas zonas alagadas no sudo-
este do estado do Tocantins.
A denominada Ilha do Bananal situa-se no estado do
Tocantins, mas sua bacia sedimentar estende-se, a oeste e
a sul, para os estados de Mato Grosso e Goiás. Esta bacia
sedimentar é preenchida por sedimentos fluviais de idade
pleistocênica da Formação Araguaia (BARBOSA et al., 1966;
LATRUBESSE et al., 2009), muitos dos quais posicionados
como terraços fluviais (R1b1) e, posteriormente, por uma
disseminada sedimentação fluvial holocênica que originou
uma vasta planície de inundação (R1a) (Figuras 4.24 e 4.25)
e a maior ilha fluvial do mundo, com mais de 20.000 km2.
Este domínio delimita-se, a leste, com a Depressão
do baixo-médio vale do rio Araguaia; e, a sul e a oeste,
estende-se para os estados de Goiás e Mato Grosso,
respectivamente. A bacia sedimentar quaternária da Ilha
do Bananal consiste na principal zona deposicional ativa
no Tocantins. É por sua vez drenada por tributários do rio
Araguaia (rios do Coco, Riozinho, Urubu, Duerê, Formoso,
Xavante e Água Fria), em cujas margens ocorrem planícies
fluviais constituídas por sedimentos recentes que se am-
pliam na medida em que se aproximam da extensa bacia
sedimentar da Ilha do Bananal. Esta vasta zona deposicional
apresenta cotas baixas que variam entre 170 e 220 metros,
embutidas em altitudes ligeiramente mais baixas do que
as das superfícies circunjacentes (Figura 4.26), sendo que
a grande planície apresenta altitudes gradualmente de-
crescentes de sul para norte, seguindo, em linhas gerais,
o curso do vale do rio Araguaia. Figuras 4.24 e 4.25 - Vasta planície aluvial do rio Urubu,
Valente & Latrubesse (2011) caracterizam o padrão subafluente do rio Javaés, no limite leste da bacia sedimentar
sedimentar da ilha do Bananal como um sistema agrada- da Ilha do Bananal. Plantio de soja em pleno período de estiagem,
em terrenos planos com lençol freático subaflorante. Predomínio
cional avulsivo, associado a um padrão de canal anabran- de Gleissolos Háplicos Distróficos. Rodovia TO-374,
ching (LATRUBESSE, 2008). Valente & Latrubesse (op. cit.) entre as cidades de Dueré e Lagoa da Confusão.
e Valente et al. (2013) demonstram, inclusive, que a própria Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2015.
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Figura 4.26 - Perfil geológico-geomorfológico de direção W-E, atravessando o centro-sul do estado do Tocantins, entre a ilha do Bananal,
no vale do rio Araguaia, e o Chapadão Ocidental Baiano. Fonte: Marcelo Eduardo Dantas & Maurício Gomes Rocha, 2018.
Neste peculiar ambiente, dominam os solos hidromór- partir da demarcação do Parque Nacional do Araguaia, que
ficos ou imperfeitamente drenados e fortemente lateriza- abrange boa parte da sua porção ocidental, considerado
dos, invariavelmente de baixa fertilidade natural. Trata-se pela Unesco como Reserva da Biosfera.
do domínio dos Plintossolos Háplicos e dos Plintossolos
Argilúvicos, estes predominantes na porção oeste, em geral Serras e Patamares
associados com Planossolos Háplicos, cuja característica do Interflúvio Tocantins-Araguaia
de mudança textural abrupta, com o aumento brusco do
conteúdo de argila no horizonte B, característica também As Serras e Patamares do Interflúvio Tocantins-
bastante comum nos Plintossolos Argilúvicos abruptos -Araguaia, termo cunhado pelo IBGE (1993), compreende
desta região, reflete o processo pedogenético de destruição um conjunto de elevações dispostas em alinhamentos
e translocação da fração argila dos horizontes superiores serranos, morros alinhados, escarpas e planaltos residuais,
do solo seguido de acúmulo em subsuperfície, processo que abrangem as denominadas Serras do Estrondo, das
denominado argiluviação. Nestes Plintossolos ocorre de Cordilheiras, da Malhada Alta e do Roncador. Este conjunto
forma associada a alternância de condições de redução e de serras perfaz um extenso divisor entre as bacias dos
oxidação, essencial à formação de plintitas (plintitização). rios Tocantins e Araguaia, e estende-se por mais de 500
Subordinadamente, em áreas mais baixas ocorrem solos quilômetros numa comprida faixa de direção norte-sul ao
mal drenados, como Gleissolos, enquanto nas porções longo do centro-norte do estado do Tocantins (MAMEDE
um pouco mais altas, em muitos casos correspondentes et al., 1981a). Entretanto, este conjunto de elevações exibe
aos terraços da ilha do Bananal, sob vegetação de porte um intenso desgaste erosivo e denudacional e apresenta-se
florestal, ocorrem solos de drenagem moderada, tais como de forma descontínua, interpenetrado pelas superfícies de
Latossolos Amarelos Distróficos plínticos e Argissolos aplainamento circundantes (Figura 4.27). Desse modo, os
Amarelos Distróficos plínticos. E nas várzeas situadas ao divisores entre as bacias dos dois grandes rios estão, em
longo dos fundos de vales dos rios Araguaia e Javaés e de muitas áreas, destruídos e arrasados ao nível dos pediplanos
toda a densa rede de tributários, predominam os Gleisso- que dominam a paisagem regional. Este domínio encontra-
los Háplicos Distróficos e, subordinadamente, Neossolos -se cercado e atacado pelas frentes erosivas das superfícies
Flúvicos Distróficos. A condição especial que caracteriza de aplainamento por todas as direções: delimita-se, a leste,
o ambiente dessa extensa planície, relacionada sobretudo com a Depressão do médio vale do rio Tocantins; a oeste,
ao alagamento sazonal, inviabiliza a constituição de aglo- com a Depressão do baixo-médio vale do rio Araguaia; e,
merados urbanos, todos periféricos, ao mesmo tempo em a sul, está circundada pela Depressão do médio-alto vale
que sua importância ecológica é reconhecida desde 1959, a do rio Tocantins.
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ciais registra-se uma complexa sequência de rochas da bacia Distróficos e Argissolos Vermelho-Amarelos Distróficos,
sedimentar do Parnaíba, constituída por siltitos, folhelhos, além de afloramentos de rocha (IBGE, 2007b, 2012,
arenitos, calcários e silexitos das formações Piauí e Pedra de 2014a, 2014b).
Fogo, que remontam do Carbonífero ao Triássico. Restrito à Por fim, ressalta-se a existência de uma notável estru-
porção meridional deste domínio geomorfológico afloram tura geológica caracterizada por uma cratera de impacto,
arenitos eólicos ortoquartzíticos da Formação Sambaíba e ou astroblema, incrustada em rochas de idade paleozoica
derrames basálticos da Formação Mosquito. da bacia sedimentar do Parnaíba (Figura 4.32). A denomina-
Nos topos planos dos chapadões, ocorrem solos ção local do astroblema é a Serra da Cangalha, que consiste
bastante profundos, fortemente drenados e de baixa numa estrutura circular de 12 quilômetros de diâmetro e
fertilidade natural, predominando Latossolos Amarelos cristas anelares resultante de impacto de meteoro ocorri-
Distróficos, de textura média, e em menor proporção Ne- do há cerca de 220 milhões de anos, durante o Triássico
ossolos Quartzarênicos Órticos, estes relacionados às en- (ALMEIDA FILHO et al., 2003). A cratera de impacto está
costas suaves que margeiam as linhas de drenagem pouco localizada num patamar intermediário (R2b1), delimitado
encaixadas, que são acompanhadas por estreita faixa de por rebordos erosivos (R4e) entre o topo da chapada
solos hidromórficos: Gleissolos Háplicos, Neossolos Quart- (R2b3) e um relevo de colinas e morros baixos (R4a2) da
zarênicos Hidromórficos e mesmo Organossolos Háplicos. depressão subjacente.
Em acentuado contraste, nas vertentes escarpadas que Neste domínio, não existe qualquer aglomerado urba-
bordejam os chapadões e rebordos erosivos adjacentes, no. As cidades de Lizarda, no extremo sul, e Campos Lindos,
prevalecem solos jovens e rasos: os Neossolos Litólicos a norte, são as aglomerações mais próximas, situadas no
Distróficos e, subordinadamente, Cambissolos Háplicos sopé deste domínio planáltico.
Figura 4.32 - Notável feição de dois anéis circulares com padrão de drenagem radial, associado ao astroblema da Serra da
Cangalha, no leste do estado do Tocantins. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Cangalha, acessado em 26/06/2018.
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capões de cerradão. Boa parte da vegetação original está Os Patamares do Jalapão estão assentados sobre uma
conservada, a despeito da recente expansão de pastagens espessa sequência sedimentar da bacia do Parnaíba de
nas áreas mais planas (IBGE, 2007c). idade devoniano-triássica composta por folhelhos, siltitos,
As principais cidades situadas sobre os terrenos mais arenitos, calcários e silexitos das formações Pimenteiras,
elevados deste domínio geomorfológico são Aparecida do Cabeças, Longá, Poti, Piauí e Pedra de Fogo, e por arenitos
Rio Negro, Taquaruçu do Porto (distrito de Palmas), Santa ortoquartzíticos de origem eólica da Formação Sambaíba
Teresa do Tocantins e Pindorama do Tocantins. Lajeado e (Figuras 4.37 e 4.38). Sobrepostos a este pacote sedimentar,
Monte do Carmo, por sua vez, situam-se no piemonte de afloram arenitos de idade cretácica do Grupo Urucuia, da
sua vertente ocidental. bacia sedimentar Sanfranciscana. Estes terrenos estão inte-
gralmente revestidos por cerrados, sendo que a vegetação
Patamares do Jalapão original foi pouco alterada.
Sobre as superfícies aplainadas e as colinas amplas
Os Patamares do Jalapão, cuja individualização é desse domínio desenvolvem-se solos muito pobres,
proposta no presente trabalho, consistem num extenso frequentemente arenosos e fortemente drenados, com
pediplano composto por superfícies aplainadas degra- destaque para os Neossolos Quartzarênicos Órticos, e
dadas (R3a2), por vezes dissecadas em colinas amplas ocorrência bem menor de Latossolos Amarelos e Vermelho-
-Amarelos de textura média. Nos fundos de vales pouco
e suaves (R4a1) (Figura 4.18). Quando comparados ao
incisos e áreas abaciadas em meio a essas superfícies
posicionamento altimétrico das grandes superfícies de
aplainadas formam-se espraiadas planícies fluviais com
aplainamento regionais, correspondem a um patamar inter-
desenvolvimento de Gleissolos Háplicos e Melânicos
mediário resultante do desdobramento erosivo policíclico.
Distróficos e Neossolos Quartzarênicos Hidromórficos.
Assim sendo, os Patamares do Jalapão encontram-se em
cotas mais altas do que as da Depressão do médio vale do
rio Tocantins, situadas a norte e noroeste deste domínio.
O limite entre eles, porém, não é muito preciso. Apenas
em determinados trechos ressaltam-se rebordos erosivos
(R4e) que demarcam mais precisamente os diferentes níveis
escalonados do aplainamento policíclico. Por outro lado,
este domínio geomorfológico posiciona-se em cotas mais
baixas do que as registradas nos Baixos Platôs do Jalapão,
situados a leste. A delimitação entre essas duas superfícies
de aplainamento é nítida, delineada por degraus estruturais
(R4e). Por fim, confronta-se, a oeste, com o Planalto Dis-
secado do Tocantins, cujos limites são evidenciados pelos
relevos mais suaves, em nível um pouco mais alto.
Desse modo, no centro-leste do estado do Tocantins
podemos reconhecer uma complexa evolução geomorfoló-
gica calcada em diferentes ciclos de pediplanação, a partir
da elaboração de quatro distintos níveis morfológicos,
dispostos em degraus escalonados: a superfície aplainada
da Depressão do médio vale do rio Tocantins, embutida
em cotas entre 270 e 350 metros, onde se encontram as
cidades de Novo Acordo e Lagoa do Tocantins; os Patama-
res do Jalapão, posicionados entre 300 e 550 metros de
altitude, onde estão situadas as cidades de Lizarda e Ponte
Alta do Tocantins; os Baixos Platôs do Jalapão, elevados
em cotas que variam entre 400 e 600 metros, onde estão
situadas as cidades de São Félix do Tocantins e Mateiros;
e, como testemunhos da superfície cimeira mais antiga,
elaborada durante o Paleógeno, sobressaem-se os topos
planos do Planalto Dissecado do Tocantins e da Chapada
das Mangabeiras, alçados a 700 - 850 metros de altitude.
Por último, os rebordos erosivos, degraus litoestruturais e Figuras 4.37 e 4.38 - Afloramentos de arenito ortoquartzítico de
origem eólica da Formação Sambaíba, com estratificação cruzada
escarpas de borda de planalto na transição entre eles de-
cuneiforme de grande porte e esculturação de relevo ruiniforme.
marcam o ritmo do recuo lateral das vertentes, decorrentes Rodovia TO-030, entre as cidades de Novo Acordo e São Félix do
dos processos de aplainamento policíclico. Tocantins. Fotografias: Edgar Shinzato, 2012..
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Por fim, nas vertentes declivosas dos rebordos erosivos, mais antiga, caracterizada por um notável aplainamento
predominam solos mais rasos e de alta erodibilidade: Neos- de enorme extensão e à elaboração da Superfície Velhas,
solos Litólicos e Cambissolos Háplicos, e subordinadamente, de idade neógena. Entretanto esta superfície rebaixada do
nos trechos um pouco mais suaves ocorrem Argissolos Jalapão consiste num pediplano intermediário, desdobrado
Vermelho-Amarelos e Plintossolos Pétricos Concrecionários e alçado por uma sequência de degraus/patamares escalo-
ou Litoplínticos (IBGE, 2007b). nados estando, portanto, posicionado cerca de 150 a 300
Lizarda e Ponte Alta do Tocantins são as únicas ci- metros acima do nível de base regional, representado pelo
dades localizadas neste domínio, que é atravessado pelas piso da Depressão do médio vale do rio Tocantins.
rodovias TO-030 e TO-250 que interligam a capital Palmas Esta unidade geomorfológica encontra-se modelada,
à região do Jalapão. exclusivamente, em arenitos de idade cretácica do Grupo
Urucuia. Todavia, a despeito de uma pretensa monotonia
Baixos Platôs do Jalapão litológica sobre esse domínio geomorfológico, a ocorrência
dos degraus litoestruturais (R4e) demarcando o limite entre
Os Baixos Platôs do Jalapão, outrora denominado os baixos platôs e as superfícies em nível topográfico infe-
Patamares das Mangabeiras (IBGE, 2007a), constituem um rior pode ser explicada por resistência diferencial à erosão
extenso pediplano, drenado pela bacia do rio do Sono, promovida por camadas silicificadas em meio ao espesso
composto em quase toda a sua extensão por Planaltos pacote arenítico do Grupo Urucuia (Figuras 4.41 e 4.42).
(R2b3) posicionados em cotas mais elevadas do que as dos
Patamares do Jalapão e da Depressão do médio vale do
rio Tocantins, por vezes reafeiçoados em colinas amplas e
suaves. Ressaltam-se na paisagem regional mesas elevadas
(R2c) de excepcional beleza cênica, delimitadas por escar-
pas abruptas, com ocorrência de paredões rochosos (R4d) e
depósitos de tálus (R1c) (Figura 4.39). A superfície de topo
das mesas, por sua vez, encontra-se, invariavelmente, man-
tida por níveis areníticos endurecidos e silicificados, muito
resistentes à erosão (Figura 4.40). Este domínio delimita-
-se, a oeste e a noroeste, com os Patamares do Jalapão; a
leste e a nordeste, com a Chapada das Mangabeiras (Figura
4.18); e no extremo sul confronta-se com os Patamares do
Chapadão Ocidental Baiano.
Com base na análise apresentada por estudos ante-
riores (MAMEDE et al., 1981a; BARTORELLI et al., 2010;
VILLELA & NOGUEIRA, 2011), o relevo regional é carac- Figura 4.39 - Aspecto de uma mesa imponente que se destaca
na paisagem regional do Jalapão em meio às superfícies
terizado por dois níveis geomorfológicos distintos: uma pediplanadas revestidas por cerrado. Rodovia TO-110,
superfície cimeira residual representada por imponentes entre as cidades de São Félix do Tocantins e Mateiros.
mesas e chapadas de topos planos, concordantes e subni- Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
velados com o topo da Chapada das Mangabeiras; e por
uma vasta superfície suavemente ondulada disposta em
patamares escalonados que perfaz o conjunto dos baixos
platôs do Jalapão. Em meio à superfície pediplanada dos
baixos platôs ressalta-se a ocorrência esporádica dessas
mesas e chapadas, como morros-testemunho atestando
uma maior abrangência pretérita dos chapadões do oeste
baiano e do sul do Maranhão sobre o leste do Tocantins.
Conforme descrito por Villela & Nogueira (2011), o modelo
de evolução de relevo proposto por King (1956) coaduna-se
perfeitamente com esta paisagem geomorfológica.
Nesse sentido, e considerando a literatura geomorfo-
lógica clássica do Planalto Central, em especial, Almeida,
1953; Christofoletti, 1966; Ab’Saber, 1981, pode-se presu-
mir que o topo das chapadas cimeiras, alçadas entre 700 e
800 metros de altitude, estaria correlacionado à Superfície
Figura 4.40 - Aspecto de cornija formada por arenitos
Sul-Americana, de idade neocretáceo-paleógena. Os baixos silicificados da Formação Urucuia, sustentando o topo da mesa.
platôs, por sua vez, posicionados em cotas entre 400 e 700 Entrada da sede administrativa do Parque Estadual do Jalapão.
metros, estariam associados à destruição dessa superfície Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
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ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.41 e 4.42 - Degrau litoestrutural controlado por nível silicificado do arenito Urucuia apresentando desnivelamentos locais entre
50 e 90 metros e depósitos de tálus na base. Domínio de campo cerrado sobre Neossolos Quartzarênicos, formado predominantemente
por areias muito finas e permeáveis. Rodovia TO-255, entre as cidades de Mateiros e Ponte Alta do Tocantins.
Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
Sobre os Baixos Platôs do Jalapão desenvolvem-se geral cascalhentos e pedregosos, além de afloramentos de
solos muito pobres, arenosos e fortemente drenados, rocha (IBGE, 2007b, 2012, 2014b).
com destaque para os Neossolos Quartzarênicos Órticos, Neste domínio situam-se as cidades de Mateiros e
dominantes em quase toda a área, com ocorrência pouco São Félix do Tocantins, e pode ser acessado pelas rodo-
expressiva de Latossolos Amarelos Distróficos de textura viasTO-030 e TO-255 que conecta a região do Jalapão à
média que, no entanto ocupam a maior parte do relevo capital do estado, Palmas.
plano no topo das mesas. Os fundos de vales e áreas aba- Tal como documentado por Cristo et al. (2013), os
ciadas em meio às superfícies aplainadas desenvolvem em Baixos Platôs do Jalapão representam uma região de grande
certos trechos amplas planícies fluviais, com drenagem potencial geoturístico, a partir da associação de uma vasta
limitada. Predominam os Gleissolos Háplicos Distróficos e área de cerrado preservado com a ocorrência de rios, ca-
Neossolos Quartzarênicos Hidromórficos. Por fim, sobre choeiras, mesas e morros-testemunhos, cânions e dunas de
as vertentes abruptas e encostas íngremes dos degraus formidável beleza cênica (Figuras 4.43 e 4.44).Uma atração
litoestruturais e dos escarpamentos que bordejam o topo peculiar da região são os denominados “fervedouros”, que
das mesas, predominam solos rasos e de alta erodibilidade, consistem de pontos de surgência do aquífero Urucuia por
muito suscetíveis a movimentos de massa, tais como os artesianismo em porções mais rebaixadas da superfície pe-
Neossolos Litólicos Distróficos e Cambissolos Háplicos, em diplanada, gerando pequenos lagos com água ascendente.
Figuras 4.43 e 4.44 - Cachoeira da Formiga e fervedouro do Buriti, respectivamente. Acesso através de pequenas vicinais de terra, a
partir da Rodovia TO-110, entre as cidades de São Félix do Tocantins e Mateiros. Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
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GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
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ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.48 e 4.49 - Pediplano conservado com relevo praticamente plano, exibindo notável grau de aplainamento.
Rodovia TO-050, entre as cidades de Silvanópolis e Santa Rosa do Tocantins.
Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
Seu relevo é constituído por extensas superfícies de ocupando terrenos com elevada aptidão e potencial para
aplainamento conservadas (R3a1) ou levemente reafei- produção agrícola intensiva (LUMBRERAS et al., 2015).
çoadas pela incisão fluvial moderna (R3a2), com espo- As vastas superfícies pediplanadas deste domínio
rádica ocorrência de inselbergs e cristas alinhadas (R3b). geomorfológico resultam do arrasamento de um complexo
Destacam-se ainda as planícies aluviais dos rios Tocantins, e intrincado conjunto litológico da porção norte da faixa
Paranã, Palma, Manuel Alves, Santa Teresa, Santo Antô- móvel Brasília. Devido à grande variabilidade de litologias
nio, São Valério, Formiga e Água Suja (R1a). Um pouco a registrada na Depressão do médio-alto vale do rio Tocan-
jusante da confluência entre os rios Tocantins e Paranã foi tins, optou-se por subdividir estes terrenos em dois domí-
construída a UHE Peixe-Angical, num trecho mais encaixado nios geotectônicos distintos, delimitados por um marcante
desses fundos de vale. lineamento diagonal de direção SW-NE (IBGE, 2007d) que
Leite & Rosa (2012) descreveram uma superfície plana cruza o rio Tocantins cerca de 30 quilômetros a jusante da
a suave ondulada ou modelada em colinas rasas para uma cidade de Peixe, descritos a seguir.
pequena bacia hidrográfica de aproximadamente 1.800 a) Na porção noroeste deste domínio, as superfícies
km2, em meio à vasta depressão do rio Tocantins, mais aplainadas estão sustentadas por um embasamento de
especificamente, na bacia do rio Formiga, em cuja foz idade paleoproterozoica constituído por ortognaisses do
se localiza a cidade de Ipueiras. As amplitudes de relevo Complexo Rio dos Mangues, granulitos da unidade Porto
mensuradas são muito baixas (inferiores a 20 metros) o Nacional e metagranitos da suíte Serrotes; por granitoides
que atesta o caráter de superfície aplainada de idade neó- intrusivos de idade neoproterozoica, constituídos por
gena, correlacionada à Superfície Velhas, de King (1956), granitos e metagranitos das unidades Palmas e Matança,
levemente dissecada por uma denudação moderna. Lajeado e Santa Luzia; e por uma sequência vulcanossedi-
Leite et al. (2014) analisando a bacia do rio Areias, mentar constituída por arenitos, conglomerados e rochas
situada logo a norte da bacia do rio Formiga, a sudoeste da vulcânicas da Formação Monte do Carmo. Na porção
cidade de Porto Nacional, também descrevem o relevo su- norte, afloram metaconglomerados da Formação Morro
avemente ondulado das superfícies aplainadas, mas ressal- do Campo e xistos da formação Xambioá, da porção basal
tam a ocorrência de relevos acidentados que emergem dos da faixa móvel Paraguai-Araguaia; e folhelhos, siltitos e
pediplanos sob forma de serras isoladas, ou pelas vertentes arenitos de idade devoniana da Formação Pimenteiras, esta
íngremes do Planalto Dissecado do Tocantins, situadas na pertencente à bacia sedimentar do Parnaíba.
borda oriental da bacia do rio Areias. Destaca-se uma gran- Nestes terrenos predominam os Latossolos Verme-
de suscetibilidade à erosão laminar sobre os terrenos mais lho-Amarelos profundos e lixiviados, sob forte atuação
declivosos, especialmente se estiverem embasados por solos do intemperismo químico e laterítico em clima tropical
pedregosos ou lateríticos (Plintossolos Pétricos). Tais áreas, semiúmido, revestidos preferencialmente por vegetação
de baixa aptidão natural para atividades agropecuárias, de cerrado, contudo apresentando esparsas manchas de
concentram os fragmentos remanescentes de cerrado floresta estacional (IBGE, 2007c). Nos relevos aplainados
nativo. Por outro lado, os autores verificaram nas planuras de topografia suave e conformação ampla, predominam
das superfícies aplainadas embasadas por solos profundos os Latossolos Amarelos e Vermelhos, em geral distróficos
e bem drenados (Latossolos) ocorre o avanço recente da e de textura argilosa, por vezes apresentando cascalhos de
agricultura mecanizada em grande escala (sojicultura), concreções ferruginosas em subsuperfície (petroplínticos).
73
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Subordinadamente, ocorrem Plintossolos Pétricos Concre- alta atividade, e Argissolos Vermelho-Amarelos, todos
cionários, e em menor proporção Cambissolos Háplicos e eutróficos, associados ao afloramento de rochas máficas
Argissolos Vermelho-Amarelos, que tendem a ocorrer nas do embasamento e de rochas carbonáticas do Subgrupo
áreas um pouco mais recortadas de relevo suave ondulado Paraopeba. Já nas várzeas situadas nos fundos de vales dos
a ondulado. Embora com pequena expressão territorial, rios Palma e Paranã desenvolvem-se Neossolos Flúvicos
merece destaque também a presença de Latossolos Verme- Eutróficos (IBGE, 2007b, 2012, 2014b, 2014c).
lhos Distróférricos, anteriormente denominados Latossolos Por fim, a regularidade do relevo por todo este con-
Roxos, relacionados ao intemperismo de rochas básicas e ul- junto de litologias, ao lado das características e distribuição
trabásicas da suíte Carreira Comprida. Nas várzeas situadas dos solos, indica a ocorrência de um aplainamento gene-
ao longo dos fundos de vales dos rios Tocantins e de seus ralizado correlacionado à Superfície Velhas, seguido por
principais afluentes desenvolvem-se Gleissolos Háplicos e, um evento regional de laterização, que pelo dissecamento
subordinadamente, Neossolos Flúvicos, ambos distróficos subsequente, acompanhando o aprofundamento do nível
(IBGE, 2007b, 2012, 2013, 2014b, 2014c). de base, gerou perfis lateríticos por vastas extensões. Assim
b) Nas porções sul e sudeste deste domínio, as super- sendo, coberturas lateríticas ou detrito-lateríticas de idade
fícies aplainadas estão sustentadas por um embasamento neógena se disseminam por diversas áreas das superfí-
de idade paleoproterozoica constituído por um complexo cies pediplanadas, com desenvolvimento de solos muito
gnáissico-migmatítico ou granítico da Unidade Almas- profundos e lixiviados: os Latossolos Vermelho-Amarelos,
-Cavalcante e por ocorrências de rochas metamáficas de com frequência apresentando expressivas quantidades de
idade arqueana a paleoproterozoica dos grupos Gameleira concreções ferruginosas (Figuras 4.51 e 4.52); enquanto
e Riachão do Ouro. No sul do estado, junto à divisa com os Plintossolos Pétricos estão relacionados de forma pre-
Goiás, afloram rochas de baixo grau metamórfico dos ferencial às áreas um pouco mais dissecadas.
grupos Serra da Mesa e Traíras (xistos, filitos e rochas
carbonáticas), formadas no final do Paleoproterozoico.
Destacam-se também rochas de idade neoproterozoica,
tais como os ortognaisses do Oeste do Tocantins e os
granitos das unidades Lajeado e Santa Teresa. Na porção
sudeste, afloram rochas metassedimentares de muito baixo
grau metamórfico, compostas por calcarenitos, argilitos,
dolomitos e siltitos do Subgrupo Paraopeba (bacia Bambuí),
gerados na borda ocidental do cráton do São Francisco.
Já sobre esta diversificada gama de litologias desen-
volve-se uma miríade de tipos de solos, frequentemente
pobres e laterizados, associados a um clima mais seco no
contexto do domínio tropical semiúmido dos cerrados. Os
solos predominantes são os Argissolos Vermelho-Amarelos
Distróficos, seguidos dos Plintossolos Pétricos Concrecio-
nários (Figura 4.50). Os primeiros são bastante expressivos
nos terrenos mais recortados, e em posição topográfica
ligeiramente inferior, dos vales dos rios Tocantins e Palma,
onde com frequência encontram-se associados a Cambis-
solos Háplicos, em muitos casos de pequena profundidade
(lépticos), e também a Neossolos Litólicos, cuja ocorrên-
cia em relevo tão suave é digna de registro; são eles, no
entanto, dominantes sobre as cristas isoladas e inselbergs.
Subordinadamente, ocorrem também Latossolos Verme-
lho-Amarelos Distróficos, relacionados preferencialmente
a áreas de relevo mais conservado, em nível topográfico
relativo um pouco mais alto, e de forma mais restrita
Plintossolos Háplicos Distróficos, em áreas deprimidas
com drenagem algo restrita, com destaque para as proxi-
midades das cabeceiras do rio Palma. Registra-se ainda a
presença de solos de boa fertilidade natural, alguns com Figura 4.50 - Perfil de Plintossolo Pétrico, com destaque
horizonte superficial do tipo A chernozêmico, em geral para o horizonte concrecionário próximo à superfície,
composto majoritariamente por nódulos pisolíticos da porção
bastante argilosos, que ocorrem de forma restrita no superior de um perfil laterítico. Rodovia TO-387, entre as cidades
extremo sudeste desse domínio, referentes a Nitossolos de Paranã e São Salvador do Tocantins.
Vermelhos, Cambissolos Háplicos, alguns com argila de Fotografia: Edgar Shinzato, 2012.
74
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.51 e 4.52 - Superfície aplainada conservada por espesso perfil laterítico de idade neógena observando-se ao fundo uma crista
baixa isolada em meio à paisagem monótona regional. Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico petroplíntico, por vezes truncado pela
erosão laminar, exibindo pavimento detrítico composto por pisólitos do nível laterítico concrecionário. Rodovia TO-050, entre as cidades de
Porto Nacional e Silvanópolis. Fotografias: Edgar Shinzato, 2012.
Serras isoladas da depressão Figura 4.53 - Aspecto geral do relevo movimentado da serra de
do médio-alto vale do rio Tocantins João Damião que emerge em meio às superfícies aplainadas
do médio-alto vale do rio Tocantins. Rodovia TO-050,
As Serras isoladas da depressão do médio-alto vale entre as cidades de Porto Nacional e Silvanópolis.
Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas.
do rio Tocantins, denominação proposta pelo presente
trabalho, abrange dois conjuntos de alinhamentos serra-
Este alinhamento de serras encontra-se sustentado por
nos paralelos, de direção aproximada SW-NE, constituí-
litologias da porção norte da faixa móvel Brasília, referentes
dos por serras e cristas descontínuas situadas na porção
a rochas do embasamento de idade paleoproterozoica,
centro-norte da Depressão do médio-alto vale do rio
representadas por ortognaisses do Complexo Rio dos Man-
Tocantins (Figura 4.26).
gues, e por granitoides intrusivos de idade neoproterozoica
O alinhamento situado a noroeste compreende as ser-
das unidades Lajeado e Areias, além de uma sequência
ras do Mourão, de Santo Antônio e de João Damião (Figura
vulcanossedimentar constituída por arenitos, conglome-
4.53) e estende-se por aproximadamente 110 quilômetros, rados e rochas vulcânicas da Formação Monte do Carmo.
sendo constituído por serras de vertentes íngremes (R4c) e Sobre as vertentes íngremes das cristas serranas,
cristas isoladas (R4b). Este alinhamento serrano é cortado desenvolvem-se solos rasos, com alta suscetibilidade à
pelo rio Tocantins junto à cidade de Ipueiras e ressalta o erosão fluvial e movimentos de massa, com destaque para
caráter residual destas serras em meio ao vasto pediplano os Neossolos Litólicos Distróficos. Subordinadamente,
circunjacente. As linhas de cumeada e os picos que emer- ocorrem Cambissolos Háplicos Distróficos e afloramentos
gem das superfícies pediplanadas atingem cotas que variam de rocha (IBGE, 2007b). Sobre os pediplanos circundantes,
entre 400 a 650 metros, perfazendo desnivelamentos de desenvolvem-se Plintossolos Pétricos Concrecionários.
pelo menos 150 metros acima do piso da depressão, em- Todas estas classes de solo têm restrições para usos agrí-
butida em cotas baixas, entre 250 e 300 metros. colas mais intensivos.
75
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
O alinhamento situado mais a nordeste compreende um Sobre as vertentes íngremes das cristas serranas,
conjunto de cristas alinhadas e elevações denominadas de escarpas e morros dissecados em ambos os conjuntos de
Serra da Natividade pelo IBGE (2007a) e estende-se por apro- serras desse domínio predominam solos rasos, com alta
ximadamente 150 quilômetros, sendo constituído por serras suscetibilidade à erosão e a movimentos de massa, com
de vertentes íngremes (R4c) e morros dissecados (R4b). destaque para os Neossolos Litólicos e Cambissolos Hápli-
A cidade de Natividade localiza-se junto ao sopé de uma das cos em geral distróficos, com ocorrência bem menor de
mais expressivas serras deste domínio geomorfológico, com Argissolos Vermelho-Amarelos, eutróficos ou distróficos e
amplitudes de relevo superiores a 400 metros (Figura 4.26). Plintossolos Pétricos Concrecionários, além de afloramentos
Ao norte, este alinhamento da serra da Natividade se de rocha. Já nas superfícies aplainadas que encimam alguns
une com os terrenos acidentados do Planalto Dissecado do trechos das serras e planaltos residuais na região de Nativi-
Tocantins e com as superfícies aplainadas dos Patamares do dade, desenvolvem-se solos profundos e lixiviados, alguns
Jalapão, e apresenta topos elevados e aplainados, típicos de fortemente laterizados, com destaque para os Latossolos
um planalto residual (R2b3), bordejado por curtos escarpa- Vermelho-Amarelos Distróficos e os Plintossolos Pétricos
mentos (R4d).As linhas de cumeada e os picos que emergem Concrecionários, que ocorrem ainda em áreas estreitas
das superfícies pediplanadas atingem cotas que variam entre embutidas e marginais às serras, conectadas aos pediplanos
550 e 800 metros, cerca de 300 a 400 metros acima do piso circundantes (IBGE, 2007b, 2012, 2014b, 2014c).
dos pediplanos circundantes, embutidos em cotas baixas, As serras da Depressão do médio-alto vale do rio
entre 300 e 350 metros. A superfície planáltica situada ao Tocantins estão recobertas, integralmente, por vegetação
norte deste domínio serrano apresenta algumas das cotas do bioma Cerrado, com predomínio de cerrado típico e
mais elevadas do estado, atingindo 940 metros de altitude. ocorrência esporádica de campos cerrados (IBGE, 2007c),
sendo que a vegetação original encontra-se conservada,
Este conjunto de terras altas encontra-se sustentado
devido à dificuldade de ocupação desses terrenos íngremes.
por litologias da porção norte da faixa móvel Brasília repre-
Sendo assim, ressalta-se a vocação natural deste domínio
sentadas por um embasamento de idade paleoproterozoica
para preservação ambiental.
constituído por rochas metamáficas do Grupo Riachão do
A cidade de Natividade constitui um dos antigos ar-
Ouro e pelo complexo gnáissico-migmatítico ou granítico
raiais mais setentrionais estabelecidos durante o ciclo do
da unidade Almas-Cavalcante. A Serra de Natividade é
ouro no século XVIII. Esta cidade se caracteriza também
embasada por rochas metassedimentares em baixo grau
por uma herança cultural de ourivesaria portuguesa, com
(xistos, metacalcários, filitos, quartzitos e conglomerados)
a fabricação de joias artesanais em filigrana. Sua fundação
do Grupo Natividade. Por fim, no topo do planalto aflo-
remonta a 1734 e mantém um casario colonial preservado
ram folhelhos, siltitos e arenitos de idade devoniana das
(Figuras 4.55 e 4.56), o que confere a esta cidade um grande
formações Pimenteiras e Cabeças, pertencentes à bacia
potencial turístico de caráter histórico e geomineiro.
sedimentar do Parnaíba.
Destacam-se nos flancos dessas serras, importantes Patamares do Chapadão Ocidental Baiano
jazidas de metacalcários (Figura 4.54), que são utilizadas
como corretivo agrícola para suprir a demanda da agricul- Os Patamares do Chapadão Ocidental Baiano, denomi-
tura do Tocantins e de outros estados, especialmente do nação proposta pelo IBGE (2007a), consiste numa superfície
oeste da Bahia. aplainada elaborada sob forma de uma depressão marginal,
situada no piemonte oeste do Chapadão Ocidental Baiano,
também denominado de Espigão Mestre (Figura 4.26). Po-
dendo ser considerado um prolongamento meridional dos
Patamares do Jalapão, este domínio geomorfológico repre-
senta um extenso patamar intermediário entre a Depressão
do médio-alto vale do rio Tocantins, a oeste; e o sopé do
Chapadão Ocidental Baiano, a leste. Consiste de um do-
mínio de baixos platôs (R2b1), frequentemente dissecado
em relevo de colinas e morros baixos (R4a2). Destacam-se
na paisagem regional esparsos morros-testemunho que
emergem da superfície aplainada, com destaque para a
imponente mesa da Serra de Taguatinga, que inclusive
representa um resquício de uma outrora posição mais a
oeste do Espigão Mestre. O contato entre os Patamares do
Chapadão Ocidental Baiano e a subjacente Depressão do
médio-alto vale do rio Tocantins é demarcado por extensos
Figura 4.54 - Alinhamento serrano sustentado por metacalcários
rebordos erosivos (R4e). A leste, é delimitado bruscamente
intercalados com quartzitos em área de mineração para produção
de insumos agrícolas. Rodovia TO-280, nas imediações da cidade com os terrenos acidentados da escarpa de borda de pla-
de Natividade. Fotografia: Márcio Costa Abreu, 2015. nalto do vasto Chapadão Ocidental Baiano (Figura 4.26).
76
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.55 e 4.56 - Ruas, casas e igrejas de Natividade, que remetem ao passado arquitetônico colonial.
Fotografias: Davi Nascimento Souza, 2015.
77
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
78
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
(Figura 4.61). O topo do chapadão é, frequentemente, Uma abordagem concatenada dos diversos parâmetros
sustentado por cornijas de arenitos silicificados e cangas do meio físico que caracterizam o território do sudeste do
lateríticas. Espraiadas rampas de colúvio e tálus (R1c) se Tocantins (Figura 4.63) permite proceder a uma análise
derramam junto ao sopé das escarpas. Por fim, o processo espacial sofisticada, como descrito a seguir: o topo do planal-
mais acentuado de recuo erosivo a remontante da escar- to do Chapadão Ocidental Baiano apresenta boa aptidão
pa, promovido pelos rios Mosquito, Sobrado, Palmeiras para agricultura mecanizada e representa uma relevante
e ribeirão do Inferno, gera vales encaixados (R4f) com zona de recarga para o importante aquífero Urucuia, que
cânions abruptos. Este domínio delimita-se, a oeste, com abastece os tributários das bacias hidrográficas dos rios
os Patamares do Chapadão Ocidental Baiano; e, a leste, Tocantins e São Francisco. Por outro lado, o relevo escarpa-
estende-se para o estado da Bahia. do que marca o limite com as superfícies de aplainamento
Esta restrita porção do platô do Espigão Mestre, assim de nível inferior inseridas na bacia do Tocantins apresenta
como as escarpas erosivas que o delimitam, está sustentada uma notável fragilidade morfodinâmica, evidenciada tanto
por arenitos e conglomerados cretácicos do Grupo Urucuia, nas cicatrizes de erosão e deslizamentos em suas vertentes
pertencente ao fecho deposicional da bacia sedimentar íngremes, quanto na deposição de possantes acumulações
Sanfranciscana. de colúvio-tálus em seu sopé. Assim sendo, devido à alta
Sobre o topo do Chapadão Ocidental Baiano desen- suscetibilidade deste ambiente a processos erosivos e gravi-
volvem-se solos profundos, bem drenados e lixiviados, tacionais, os terrenos escarpados devem ser destinados à
tais como Latossolos Vermelho-Amarelos e Amarelos preservação e exploração de atividades geoturísticas, como
Distróficos, de bom potencial agrícola desde que se utilize também nas áreas de afloramento dos metassedimentos e
um elevado nível tecnológico (LUMBRERAS et al., 2015). carbonatos do Grupo Bambuí, sotoposto ao arenito Urucuia,
Subordinadamente ocorrem também Neossolos Quartza- onde a ocorrência de surgências cársticas conferem grande
rênicos Órticos, em geral associados às encostas suaves potencial para o desenvolvimento do ecoturismo (Figura
dos poucos vales que recortam o chapadão. Nas escarpas 4.60). Destaca-se, todavia, a vulnerabilidade do aquífero
de borda de chapada, por sua vez, predominam Neossolos Urucuia frente à contaminação. O uso inadequado de
Litólicos Distróficos e afloramentos de rocha. Por fim, sobre agrotóxicos no topo do planalto pode acarretar, em longo
as rampas de colúvio e tálus, no sopé do longo escarpa- prazo, uma irreversível contaminação dos aquíferos intergra-
mento da Serra Geral de Goiás (Figura 4.26), os Neossolos nular e cárstico conectados, com severos prejuízos para o
Quartzarênicos Órticos são amplamente dominantes ambiente e saúde pública. Em síntese, é possível tecer uma
(IBGE, 2007b, 2012, 2014b, 2014c). série de recomendações para os gestores públicos com base
Neste domínio, a vegetação de cerrado nativo, que na análise efetuada pela Geodiversidade, em que se ressalta
outrora recobria o topo do chapadão, praticamente não a necessidade de uma redução significativa do emprego de
existe mais, pois seus terrenos estão situados numa zona de agrotóxicos e fertilizantes no topo do planalto; a proteção de
franca consolidação de agricultura mecanizada em grandes nascentes e encostas do relevo de escarpas; e o adensamen-
propriedades e voltada para exportação (soja e algodão) to das atividades econômicas (em especial o agroturismo)
(Figura 4.62), subsistindo apenas nas encostas declivosas nos patamares adjacentes ao Chapadão Ocidental Baiano e
da borda do planalto. superfícies aplainadas que se estendem além deles.
79
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Serras do Planalto Central Goiano nos tornam-se progressivamente mais baixos e assumem o
modelado de cristas quartzíticas alinhadas e descontínuas
As Serras do Planalto Central Goiano, denominação (R4b), sendo que, frequentemente, refletem os dobra-
proposta pelo presente trabalho, abarcam três conjuntos de mentos regionais ao qual o substrato foi submetido. Neste
alinhamentos serranos situados na divisa entre os estados sentido, tais cristas representam os últimos remanescentes
do Tocantins e de Goiás, constituídos por serras e cristas a resistir ao aplainamento generalizado que elabora a
aguçadas de direção preferencial N-S que se destacam Depressão do médio-alto vale do rio Tocantins, dominan-
topograficamente em meio às planuras da Depressão do te na paisagem regional do sul do estado do Tocantins.
médio-alto vale do rio Tocantins. Entretanto, já no estado As linhas de cumeada e os picos que emergem das superfí-
de Goiás, tais terrenos elevados integram um domínio cies pediplanadas atingem cotas elevadas que variam entre
geomorfológico mais extenso que consiste no Planalto 700 e 950 metros. Desse modo, estas elevações perfazem
Central Goiano, cujo contraponto, em termos de superfícies desnivelamentos entre 250 e 400 metros acima do piso da
aplainadas rebaixadas, é representado, a leste pelo Vão do depressão, embutidas em cotas baixas, entre 300 e 350
metros. Todavia, nas cercanias da cidade de Palmeirópolis,
Paranã e, a oeste, pela Depressão do médio-alto vale do
junto à divisa com Goiás, as superfícies aplainadas já se
rio Araguaia (IBGE, 1993). Assim sendo, tais serras que se
encontram posicionadas a 500 metros de altitude, num
destacam no sul do estado do Tocantins constituem apenas
relevo de transição para as superfícies mais elevadas do
a extremidade setentrional de um vasto domínio geomor-
Planalto Central Goiano. Mais a norte, junto à localidade de
fológico que abrange extensas áreas do centro-norte do
Jaú do Tocantins, ressalta-se um conjunto de baixas cristas
estado de Goiás (MAMEDE et al., 1981b).
de quartzito alinhadas com vertentes declivosas e linhas de
Com base numa adaptação do mapeamento geomor-
cumeada bem marcadas, cerca de 100 a 200 metros acima
fológico do IBGE (2007a), os três conjuntos de alinhamentos
das superfícies aplainadas adjacentes.
serranos que compõem este domínio geomorfológico, Estes terrenos acidentados são sustentados por lito-
considerados como unidades distintas naquele trabalho, logias muito antigas, de idade paleoproterozoica, da faixa
englobam, de oeste para leste: as Serras de Palmeiró móvel Brasília, representadas por rochas metassedimen-
polis-Grande; o complexo montanhoso Veadeiros-Araí; e tares do Grupo Serra da Mesa. Em decorrência de processos
as Serras de Arraias-Santa Brígida. de erosão diferencial, os quartzitos sustentam as cristas e
Os alinhamentos situados mais a oeste compreendem serras elevadas, enquanto que os xistos e metacalcários,
as serras de Palmeirópolis-Grande e estendem-se por 115 menos resistentes ao intemperismo, afloram em áreas mais
quilômetros, num sentido N-S, até praticamente alcançar rebaixadas e desgastadas desse domínio serrano (Figura
a calha do rio Tocantins. Estas elevações são caracterizadas 4.64). Ocorrem também granitoides intrusivos de idade
por serras imponentes (R4c) junto à divisa com Goiás, mas mesoproterozoica da unidade Serra Dourada e sienitos da
à medida que avançam para norte, tais alinhamentos serra- suíte alcalina de Peixe.
80
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
81
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
82
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
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84
5
METODOLOGIA,
ESTRUTURAÇÃO DA BASE
DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Maria Angélica Barreto Ramos (angelica.barreto@cprm.gov.br)¹
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)¹
Antonio Theodorovicz (antonio.theodorovicz@cprm.gov.br)¹
Valter José Marques (valter.marques@cprm.gov.br)¹
Vitório Orlandi Filho (vitorioorlandi@gmail.com)²
Maria Adelaide Mansini Maia (adelaide.maia@cprm.gov.br)¹
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff (pedro.augusto@cprm.gov.br)¹
1
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
2
Consultor
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................ 87
Procedimentos Metodológicos............................................................................. 87
Definição dos Domínios e Unidades Geológico-Ambientais................................. 87
Atributos da Geologia .......................................................................................... 88
Deformação....................................................................................................... 88
Tectônica: dobramentos................................................................................. 88
Tectônica: fraturamento (juntas e falhas) / cisalhamento............................... 88
Tipo de deformação........................................................................................ 88
Aspecto............................................................................................................. 88
Comportamento Reológico............................................................................... 88
Resistência ao Intemperismo Físico.................................................................... 88
Resistência ao Intemperismo Químico............................................................... 89
Grau de Coerência............................................................................................. 89
Características do Manto de Alteração Potencial (Solo Residual)....................... 90
Porosidade Primária........................................................................................... 90
Característica da Unidade Lito-Hidrogeológica..................................................91
Atributos do Relevo...............................................................................................91
Modelo Digital de Terreno – Shutlle Radar Topography Mission (SRTM) ...............92
Mosaico Geocover 2000....................................................................................... 93
Análise da Drenagem............................................................................................ 93
Kit de Dados Digitais............................................................................................. 93
Trabalhando com o Kit de Dados Digitais.......................................................... 95
Estruturação da Base de Dados: GEOSGB............................................................. 95
Atributos dos Campos do Arquivo das Unidades Geológico-Ambientais:
Dicionário de Dados ............................................................................................. 97
Referências ........................................................................................................... 97
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO D BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
87
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
88
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO D BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Baixa a moderada na vertical: caso de coberturas mineral e grau de consolidação semelhantes a ligeiramente
pouco a moderadamente consolidadas. diferentes e mesma composição mineralógica.
Baixa a alta na vertical: unidades em que o subs- Baixa a alta na vertical: unidades em que o subs-
trato rochoso é formado por empilhamento de camadas trato rochoso é formado por empilhamento de camadas
horizontalizadas, não dobradas, de composição mineral e horizontalizadas, não dobradas, de composição mineral e
grau de consolidação muito diferentes, como as intercala- grau de consolidação muito diferentes, como as intercala-
ções irregulares de calcários, arenitos, siltitos, argilitos etc. ções irregulares de calcários, arenitos, siltitos, argilitos etc.
Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequências Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequências
sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e com- sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e com-
postas de várias litologias; rochas gnáissico-migmatíticas postas de várias litologias; rochas gnáissico-migmatíticas
e outras que se caracterizam por apresentarem grande e outras que se caracterizam por apresentarem grande
heterogeneidade composicional, textural e deformacional heterogeneidade composicional, textural e deformacional
lateral e vertical. lateral e vertical.
Figura 5.1 – Resistência à compressão uniaxial e classes de alteração para diferentes tipos de rochas. Fonte: Modificado de VAZ, 1996.
89
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Silte 40 50 25 10 20 2 E
Argilas não compactadas 45 60 40 85 30 2 10 0,0 E
Solos superiores 50 60 30 10 20 1 E
90
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO D BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Caso seja apenas um tipo de litologia a sustentar a uni- geomorfológicos atuantes.Tais avaliações e controvérsias,
dade geológico-ambiental, observar o campo “Descrição” de âmbito exclusivamente geomorfológico, seriam de pou-
da Tabela 5.1. Entretanto, se forem complexos plutônicos ca valia para atender aos propósitos deste estudo. Portanto,
de várias litologias,a porosidade é baixa. termos como depressão, crista, patamar, platô, cuesta,
-- Baixa: 0 a 15%. hog-back, pediplano, peneplano, etchplano, escarpa, serra
-- Moderada: de 15 a 30%. e maciço, dentre tantos outros, foram englobados em um
-- Alta: >30%. reduzido número de conjuntos morfológicos.
Para os casos em que várias litologias sustentam a Portanto, esta proposta difere substancialmente das
unidade geológico-ambiental, observar o campo “Tipo” metodologias de mapeamento geomorfológico presen-
da Tabela 5.1. tes na literatura, tais como: a análise integrada entre a
-- Variável (0 a >30%): a exemplo das unidades em compartimentação morfológica dos terrenos, a estrutura
que o substrato rochoso é formado por um empi- subsuperficial dos terrenos e a fisiologia da paisagem
lhamento irregular de camadas horizontalizadas proposta por Ab’Saber (1969); as abordagens descritivas
porosase não porosas. em base morfométrica, como as elaboradas por Barbosa,
Franco e Moreira (1977), para o Projeto RadamBrasil, e de
Característica da Unidade Ponçano et al. (1979) e Ross e Moroz (1996) para o Instituto
Lito-Hidrogeológica de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT); as
abordagens sistêmicas, com base na compartimentação
São utilizadas as seguintes classificações: topográfica em bacias de drenagem (MEIS; MIRANDA;
-- Granular: dunas, depósitos sedimentares inconso- FERNANDES, 1982) ou a reconstituição de superfícies
lidados, planícies aluviais, coberturas sedimentares regionais de aplainamento (LATRUBESSE; RODRIGUES;
etc. MAMEDE, 1998).
-- Fissural. O mapeamento de padrões de relevo é, essencial-
-- Granular/fissural. mente, uma análise morfológica do relevo com base em
-- Cárstico. fotointerpretação da textura e rugosidade dos terrenos a
-- Não se aplica. partir de diversos sensores remotos.
Nesse sentido, é de fundamental importância escla-
ATRIBUTOS DO RELEVO recer que não se pretendeu produzir um mapa geomor-
fológico, mas um mapeamento dos padrões de relevo em
Com o objetivo de conferir uma informação geomor- consonância com os objetivos e as necessidades de um
fológica clara e aplicada ao mapeamento da geodiversidade mapeamento da geodiversidade do território nacional em
do território brasileiro em escalas de análise reduzidas escala continental.
(1:500.000 a 1:1.000.000), procurou-se identificar os gran- Com esse enfoque, foram selecionados 28 padrões
des conjuntos morfológicos passíveis de ser delimitados em de relevo para os terrenos existentes no território
tal tipo de escala sem muita preocupação quanto à gênese brasileiro (Tabela 5.2), levando-se, essencialmente, em
e evolução morfodinâmica das unidades e aos processos consideração:
91
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
92
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO D BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Durante os trabalhos de levantamento da geodiversi- uma vez que são respostas/resultados de características
dade do território brasileiro, apesar de todos os pontos po- ligadas a aspectos geológico-estruturais e a processos ge-
sitivos apresentados, os dados SRTM, em algumas regiões, omorfológicos, os quais atuam como agentes modeladores
acusaram problemas, tais como: valores espúrios (positivos da paisagem e das formas de relevo.
e negativos) nas proximidades do mar e áreas onde não Dessa forma, a integração de atributos ligados às redes
são encontrados valores. Tais situações são descritas em de drenagem – tipos de canais de escoamento, hierarquia
diversos trabalhos do SRTM (BARROS et al., 2004), sendo da rede fluvial, configuração dos padrões de drenagem
que essas áreas recebem o valor -32768, indicando que etc. – a outros temas trouxe respostas a várias questões
não há dado disponível. relacionadas ao comportamento dos diferentes ambientes
A literatura do tema apresenta diversas possibilidades geológicos e climáticos locais, processos fluviais dominan-
de correção, desde substituição de tais áreas por dados tes e disposição de camadas geológicas, dentre outros.
oriundos de outros produtos – o GTOPO30 aparece como
proposta para substituição em diversos textos – ao uso KIT DE DADOS DIGITAIS
de programas que objetivam diminuir tais incorreções por
meio de edição de dados (BARROS et al., 2004). Neste Na fase de execução do mapa de geodiversidade do
estudo, foi utilizado o software ENVI 4.1 para solucionar estado do Tocantins, o kit de dados digitais constou, de
o citado problema. acordo com o disponível para cada estado, dos seguintes
temas:
MOSAICO GEOCOVER 2000 -- Geodiversidade: arquivo de domínios e unidades
geológico-ambientais.
A justificativa para utilização do Mosaico GeoCover -- Estruturas: arquivo das estruturas geológicas.
2000 é o fato de este se constituir em um mosaico ortorre- -- Planimetria: cidades, vilas, povoados, rodo-
tificado de imagens ETM+ do sensor LandSat 7, resultante vias etc.
do sharpening das bandas 7, 4, 2 e 8. Esse processamento -- Áreas restritivas: áreas de parques estaduais e
realiza a transformação RGB-IHS (canais de cores RGB-IHS federais, terras indígenas, estações ecológicas etc.
/ vermelho, verde e azul – Matiz, Saturação e Intensida- -- Hidrografia: drenagens bifilar e unifilar.
de), utilizando as bandas 7, 4 e 2 com resolução espacial -- Bacias hidrográficas: recorte de bacias e sub-bacias
de 30 m e, posteriormente, a transformação IHS-RGB de drenagem.
utilizando a banda 8 na Intensidade (I) para aproveitar -- Altimetria: curvas de nível espaçadas de 100 m.
a resolução espacial de 15 m. Tal procedimento alia as -- Pontos geoturísticos: sítios geológicos, paleonto-
características espaciais da imagem com resolução de 15 lógicos etc.
m às características espectrais das imagens com resolução -- Quilombolas: áreas de quilombolas.
de 30 m, resultando em uma imagem mais “aguçada”. -- Recursos minerais: dados de recursos minerais.
As imagens do Mosaico GeoCover LandSat 7 foram cole- -- Poços: dados de poços cadastrados pelo Sistema
tadas no período de 1999/2000 e apresentam resolução de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS)
espacial de 14,25 m. criado pela CPRM/SGB.
Além da exatidão cartográfica, o Mosaico GeoCover -- MDT_SRTM: arquivo grid pelo recorte do estado.
possui outras vantagens, como: facilidade de aquisição -- Declividade: arquivo grid pelo recorte do estado.
dos dados sem ônus, âncora de posicionamento, boa -- GeoCover: arquivo grid pelo recorte do estado.
acurácia e abrangência mundial, o que, juntamente com -- Simbologias ESRI: fontes e arquivos *style (arquivo
o MDT, torna-o imprescindível aos estudos de análise de cores e simbologias utilizadas pelo programa
ambiental (ALBUQUERQUE; SANTOS; MEDEIROS, 2005; ArcGis) para implementação das simbologias
CREPANI; MEDEIROS, 2005). para leiaute.
As figuras 5.2, 5.3 e 5.4 ilustram parte dos dados
ANÁLISE DA DRENAGEM do kit digital para o Mapa Geodiversidade do Estado
do Tocantins.
Segundo Guerra e Cunha (2001) o reconhecimento, a O s pro ce dime ntos de trat ame nto digi t al e
localização e a quantificação das drenagens de determinada processamento das imagens geotiff e MrSid (SRTM e
região são de fundamental importância para o entendi- GeoCover, respectivamente), dos grids (declividade e
mento dos processos geomorfológicos que governam as hipsométrico), bem como dos recortes e reclass dos
transformações do relevo sob as mais diversas condições arquivos vetoriais (litologia, planimetria, curvas de nível,
climáticas e geológicas. Nesse sentido, a utilização das recursos minerais etc.) contidos no kit digital, foram
informações espaciais extraídas do traçado e da forma das realizados em ambiente SIG, utilizando os softwares
drenagens é indispensável na análise geológico-ambiental, ArcGis10.1 e ENVI 5.0.
93
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 5.2 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Figura 5.3 - Exemplo de dados do kit digital para o estado
Tocantins: unidades geológico-ambientais versus planimetria. do Tocantins: unidades geológico-ambientais versus relevo
Fonte: elaborado pelos autores, 2016. sombreado (MDT_SRTM). Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
Figura 5.4 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Tocantins: modelo digital de elevação (SRTM) versus drenagem bifilar.
Fonte: elaborado pelos autores, 2011.
94
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO D BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Trabalhando com o kit de Dados Digitais Com essa premissa, a Coordenação de Geoproces-
samento da Geodiversidade, após uma série de reuniões
Na metodologia adotada, a unidade geológico-am- com as Coordenações Temáticas e com as equipes locais da
biental, fruto da reclassificação das unidades geológicas CPRM/SGB, estabeleceu normas e procedimentos básicos a
(reclass), é a unidade fundamental de análise, na qual foram serem utilizados nas diversas atividades dos levantamentos
agregadas todas as informações da geologia possíveis de estaduais, com destaque para:
ser obtidas a partir dos produtos gerados pela atualização Definição dos domínios e unidades geológico-am-
da cartografia geológica dos estados pelo SRTM, mosaico bientais com base em parâmetros geológicos de in-
GeoCover 2000 e drenagem.
teresse na análise ambiental, em escalas 1:2.500.000,
Com a utilização dos dados digitais contidos em
1:1.000.00 e mapas estaduais.
cada DVD-ROM, foi estruturado, para cada folha ou mapa
- A partir da escala 1:1.000.000, criação de atributos
estadual, um Projeto.mxd (conjunto de shapes e leiaute)
geológicos aplicáveis ao planejamento e informa-
organizado no software ArcGis9.
No diretório de trabalho havia um arquivo shapefile, ções dos compartimentos d relevo.
denominado geodiversidade_estado.shp, que correspondia - Acuidade cartográfica compatível com as escalas
ao arquivo da geologia onde deveria ser aplicada a reclas- adotadas.
sificação da geodiversidade. - Estruturação de um modelo conceitual de base para
Após a implantação dos domínios e unidades geoló- o planejamento, com dados padronizados por meio
gico-ambientais, procedia-se ao preenchimento dos parâ- de bibliotecas.
metros da geologia e, posteriormente, ao preenchimento - Elaboração da legenda para compor os leiautes dos
dos campos com os atributos do relevo. mapas de geodiversidade estaduais.
As informações do relevo serviram para melhor ca- - Criação de um aplicativo de entrada de dados local
racterizar a unidade geológico-ambiental e também para desenvolvido em Visual Basic 6.0 Aplicativo GEODIV.
subdividi-la. Porém, essa subdivisão, em sua maior parte, - Implementação do modelo de dados no GEOSGB
alcançou o nível de polígonos individuais. (Oracle) e migração dos dados do Aplicativo GEODIV
Quando houve necessidade de subdivisão do polígo-
para a o GEOSGB
no, ou seja, quando as variações fisiográficas eram muito
- Entrada de dados de acordo com a escala e fase
contrastantes, evidenciando comportamentos hidrológicos
(mapas estaduais).
e erosivos muito distintos, esse procedimento foi realizado.
- Montagem de SIGs.
Nessa etapa, considerou-se o relevo como um atributo
para subdividir a unidade, propiciando novas deduções - Disponibilização das unidades geológico-am-
na análise ambiental. bientais na Internet, por meio do módulo Web
Assim, a nova unidade geológico-ambiental resultou Gis do GEOSGB (http://geowebapp.cprm.gov.br/
da interação da unidade geológico-ambiental com o relevo. ViewerWEB/), onde o usuário tem acesso a informa-
Finalizado o trabalho de implementação dos parâ- ções relacionadas às unidades geológico-ambientais
metros da geologia e do relevo pela equipe responsável, e respectivas unidades litológicas.
o material foi enviado para a Coordenação de Geoproces- A necessidade de prover o SIG Geodiversidade com
samento, que procedeu à auditagem do arquivo digital tabelas de atributos referentes às unidades geológico-
da geodiversidade para retirada de polígonos espúrios, -ambientais, dotadas de informações para o planejamento,
superposição e vazios, gerados durante o processo de edi- implicou a modelagem de uma base conceitual de geodiver-
ção. Paralelamente, iniciou-se o preenchimento dos dados sidade, intrinsecamente relacionada à litoestratigrafia, uma
na Base Geodiversidade – APLICATIVO GEODIV (VISUAL vez que as unidades geológico-ambientais são produto de
BASIC), com posterior migração dos dados para o GEOSGB.
reclassificação das unidades litoestratigráficas.
Esse modelo de dados foi implantado em um aplicativo
ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS:
de entrada de dados local, desenvolvido em Visual Basic 6.0,
GEOSGB
denominado GEODIV. O modelo do aplicativo apresenta
A implantação dos projetos de levantamento da geodi- seis telas de entrada de dados armazenados em três tabelas
versidade do Brasil teve como objetivo principal oferecer aos de dados e 16 tabelas de bibliotecas.
diversos segmentos da sociedade brasileira uma tradução do A primeira tela recupera, por escala e fase, todas as
conhecimento geológico-científíco, com vistas a sua aplicação unidades geológico-ambientais cadastradas, filtrando, para
ao uso adequado para o ordenamento territorial e planeja- cada uma delas, as letras-símbolos das unidades litoestra-
mento dos setores mineral, transportes, agricultura, turismo e tigráficas (Base Litoestratigrafia) (Figura 5.5).
meio ambiente, tendo como base as informações geológicas Posteriormente, de acordo com a escala adotada, o
presentes no SIG da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo usuário cadastra todos os atributos da geologia de interesse
(SCHOBBENHAUS; GONÇALVES; SANTOS, 2004). para o planejamento (Figura 5.6).
95
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 5.6 – Tela de cadastro dos atributos da geologia Figura 5.7 – Tela de cadastro dos atributos do relevo
(aplicativo GEODIV). (aplicativo GEODIV).
Figura 5.8 – Módulo Web GIS de visualização dos arquivos vetoriais/base de dados (GEOSGB)
(http://geowebapp.cprm.gov.br/ViewerWEB).
96
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO D BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
97
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
PONÇANO, W.L.; CARNEIRO, C.D.R.; ALMEIDA, M.A.; TRAININI, D.R.; GIOVANNINI, C.A.; VIERO, A.C. Mapa
PIRES NETO, A.G.; ALMEIDA, F.F.M. de. O conceito de domínios geoambientais/zonas homólogas
de sistemas de relevo aplicado ao mapeamento da bacia hidrográfica do rio Gravataí.
geomorfológico do estado de São Paulo. In: SIMPÓSIO Porto Alegre: CPRM, 1998. 2 mapas.
REGIONAL DE GEOLOGIA, 2., 1979, Rio Claro. Atas... Escala 1:100.000. Programa PRÓ-GUAÍBA.
Rio Claro: SBG/NS, 1979. v. 2, p. 253-262.
TRAININI, D.R.; ORLANDI FILHO, V. Mapa
RAMOS, M.A.B.; JESUS, J.D.A. de; ESPÍRITO SANTO, E.B. geoambiental de Brasília e entorno: ZEE-RIDE.
do; CERQUEIRA, D.B. de. Proposta para determinação Porto Alegre: CPRM/EMBRAPA/Consórcio ZEE Brasil/
de atributos do meio físico relacionados às unidades Ministério da Integração, 2003.
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In: OFICINA INTERNACIONAL DE ORDENAMENTO TRAININI, D.R.; GIOVANNINI, C.A.; RAMGRAB,
TERRITORIAL MINEIRO, 2005, Rio de Janeiro. Anais... G.E.; VIERO, A.C. Carta geoambiental da região
Rio de Janeiro: CPRM, 2005. hidrográfica do Guaíba. Porto Alegre: CPRM/FEPAM/
PRÓ-GUAÍBA, 2001. Mapas escala 1:250.000.
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do estado de São Paulo. Revista do Departamento VAZ, L.F. Classificação genética dos solos e dos
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p. 41-59, 1996. Solos e Rochas, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 117-136, 1996.
98
6
GEODIVERSIDADE:
ADEQUABILIDADE/
POTENCIALIDADES
E LIMITAÇÕES FRENTE
AO USO E À OCUPAÇÃO
Maurício Gomes Rocha (mauricio.rocha@cprm.gov.br)
SUMÁRIO
Introdução...........................................................................................................101
Domínio dos sedimentos cenozoicos inconsolidados
ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso (DC)...............................102
Domínio das formações lateríticas (cenozoico até o paleoproterozoico)
(DCDL)..................................................................................................................104
Domínio dos sedimentos cenozoicos eólicos (DCE)..............................................106
Domínio dos sedimentos cenozoicos e/ou mesozoicos pouco a moderadamente
consolidados, associados a profundas e extensas bacias continentais (DCM).....107
Domínio dos sedimentos cenozoicos e/ou mesozoicos,
pouco a moderadamente consolidados, associados a pequenas bacias
continentais do tipo rift (DCMR).......................................................................... 110
Domínio das sequências sedimentares mesozoicas clastocarbonáticas
consolidadas em bacias de margens continentais (rift) (DSM)............................. 112
Domínio das coberturas sedimentares e vulcanossedimentares mesozoicas
e paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes
e profundas bacias sedimentares do tipo sinéclise (ambientes deposicionais:
continental, marinho, desértico, glacial e vulcânico) (DSVMP)............................. 114
Domínio do vulcanismo fissural do tipo platô (DVM).......................................... 118
Domínio das sequências sedimentares e vulcanossedimentares
do eopaleozoico, associadas a rifts, não ou pouco deformadas e metamorfizadas
(DSVE)..................................................................................................................121
Domínio das sequências sedimentares proterozoicas incluindo as coberturas
plataformais dobradas metamorfizadas em baixo a alto grau (DSP2).................121
Domínio das sequências vulcanossedimentares proterozoicas dobradas
metamorfizadas de baixo a alto grau (DSVP2).....................................................124
Domínio das sequências vulcanossedimentares tipo greenstone belt,
arqueano até o mesoproterozoico (DGB).............................................................126
Domínio dos corpos máfico-ultramáficos (suítes komatiíticas,
suítes toleíticas, complexos bandados) (DCMU)...................................................128
Domínio dos complexos granitoides não deformados (DCGR1)/
Domínio dos complexos granitoides deformados (DCGR2)..................................130
Domínio dos complexos granitoides intensamente deformados:
ortognaisses (DCGR3)..........................................................................................133
Domínio dos complexos gnáissico-migmatíticos e granulíticos (DCGMGL)..........135
Referências ..........................................................................................................137
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
101
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 6.2 - Representação das unidades de padrões de relevo no estado do Tocantins. Fonte: elaborado por Marcelo Dantas, 2015.
102
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Obras de engenharia
Agricultura
103
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Potencial mineral
Potencial geoturístico
Figura 6.4 - Horizonte (mosqueado) com duas cores: vermelha O domínio apresenta grande potencial turístico para
(formação de plintita) e cinza-clara. Ambas as cores indicam atividades de lazer e práticas esportivas relacionadas às
presença de ferro (oxidado e reduzido). Plintossolo Háplico. praias fluviais, associadas principalmente às bacias do rio
Processo ocorrendo em sedimentos aluviais das bacias dos rios
Araguaia e Urubu. Município de Lagoa da Confusão. Araguaia e do rio Tocantins, além de potencial para nave-
Fotografia: acervo do projeto, 2015. gação (Figura 6.6).
Figura 6.5 - Detalhe do horizonte mosqueado. Plintitas (nódulos Figura 6.6 - Margem do rio Araguaia. Embarcações (balsas)
de cor avermelhada) em ambiente oxidante se transformarão em utilizadas para transporte de pessoas e veículos entre os
petroplintitas. Município de Lagoa da Confusão. municípios de Caseara e Santana do Araguaia (PA).
Fotografia: acervo do projeto, 2015. Fotografia: acervo do projeto, 2015.
104
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Os perfis lateríticos que podem ser originados de Tabela 6.2 - Formas de relevo associadas ao domínio DCDL.
qualquer rocha são estruturados em horizontes típicos
(solo de cobertura, crosta, horizonte mosqueado/argilo- Unidade
Relevo
so, saprolito e rocha-mãe) resultantes da diferenciação Geológico-Ambiental
textural, estrutural, mineralógica, química (acumulação de
Baixos platôs
Al2O3 e Fe2O3, lixiviação de SiO2 e dos elementos Ca, Mg,
K e Na) e isotópica durante a formação do perfil ao longo
Domínio de colinas amplas
do tempo geológico (desde o Proterozoico), e nas atuais e suaves
zonas intertropicais (COSTA, 2007).
Os perfis lateríticos podem evoluir até a formação Domínio de colinas dissecadas
e de morros baixos
de crosta e serem truncados pela erosão, transportados,
deformados por tectônica, alterados por metamorfismo, Domínio de morros
diagênese e pedogênese, imprimindo-lhes mudanças mi- e de serras baixas
DCDLin – Indiviso
neralógicas, químicas e texturais (COSTA, 2007). Devido Proveniente de processo
Planaltos
a escala do trabalho, este domínio geológico-ambiental de laterização em rochas
não pode ser individualizado, ocorrendo de forma indivisa de composições diversas
Superfícies aplainadas
(DCDLin) (Figura 6.7). Esta unidade está sustentada por di- conservadas
versas formas de relevo (Tabela 6.2), sendo predominantes
Superfícies aplainadas
as superfícies aplainadas.
retocadas ou degradadas
Tabuleiros
Vertentes recobertas
por depósitos de encosta
Obras de engenharia
Agricultura
105
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Potencial mineral
Potencial geoturístico
106
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Obras de engenharia
107
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 6.10 - (a) Entrada para subir nas Dunas do Jalapão; (b) e (c) Dunas do Jalapão e ao fundo a Serra do Espírito Santo; (d) Serra do
Espírito Santo e vegetação local. Parque Estadual do Jalapão, município de Mateiros. Fotografias: acervo do projeto, 2015.
108
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Baixos platôs
Planaltos
Chapadas e platôs
Superfícies aplainadas
retocadasou degradadas
DCMa - Predomínio de
sedimentos arenosos de
Inselbergs e outros relevos
deposição continental,
residuais
lacustre, fluvial ou
eólica - arenitos
Domínio de colinas amplas
e suaves
Domínio de morros
e de serras baixas
Escarpas serranas
Degraus estruturais
e rebordos erosivos
Vales encaixados
Figura 6.12 - Afloramento quartzoarenoso do Grupo Urucuia. Figura 6.13 - Queda de blocos na Serra Geral de Goiás. Vista da
Localizado na BR-242, aproximadamente 3 km do limite entre os BR-242, entre o munícipio de Taguatinga do Tocantins e o limite
estados do Tocantins e Bahia. Fotografia: acervo do projeto, 2015. com o estado da Bahia. Fotografia: acervo do projeto, 2015.
109
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Potencial mineral
Potencial geoturístico
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
Figura 6.14 - Cachoeira da Formiga, forma belíssima piscina natural Figura 6.17 - Fervedouro do Ceiça, apresentando água azul
sem sedimentos em suspensão. Parque Estadual do Jalapão, transparente (sem sedimentos em suspensão), no Parque Estadual do
município de Mateiros. Fotografia: acervo do projeto, 2015. Jalapão, município de Mateiros. Fotografia: acervo do projeto, 2015.
110
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Obras de engenharia
Agricultura
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
Domínio de morros
DCMRa e de serras baixas
Predomínio de
sedimentos arenosos Domínio de colinas amplas
e suaves
Domínio de colinas dissecadas Figura 6.19. Afloramento de rocha muito mal selecionada,
e de morros baixos grânulos e seixos de quartzo dispersos em matriz pelítica
(paraconglomerado). Localizado na margem TO-335, entre os
municípios de Juarina e Couto Magalhães.
Fonte: elaborado pelo autor, 2016. Fotografia: acervo do projeto, 2015.
111
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Potencial mineral
Potencial geoturístico
112
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
possuem resistência variável ao intemperismo e moderada Tabela 6.6 - Formas de relevo associadas às unidades
ao corte e à penetração. Conglomerados de rochas duras geológico-ambientais do domínio DSM.
e abrasivas são difíceis de ser escavados e perfurados.
Unidade
Apesar das diversas formas de relevo, há predomínio de Relevo
Geológico-Ambiental
relevos com baixa declividade como as superfícies aplaina-
das e os baixos platôs que favorecem a realização de obras. Tabuleiros dissecados
Potencial mineral
Potencial geoturístico
113
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
114
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Planaltos
Escarpas serranas
Baixos platôs
Planaltos
Tabuleiros
Baixos platôs
Planaltos
Baixos platôs
Planaltos
Escarpas serranas
Vales encaixados
115
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Tabuleiros
Baixos platôs
Planaltos
Chapadas e platôs
Domínio montanhoso
Escarpas serranas
Degraus estruturais e rebordos erosivos
Baixos platôs
Planaltos
Escarpas serranas
116
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
A plintita é formada pela mistura de argila pobre Recursos hídricos e fontes poluidoras
em carbono orgânico e rico em ferro e/ou alumínio, com
quartzo e outros minerais (EMBRAPA, 2006). Solos origi- As unidades geológico-ambientais apresentam
nados das unidades onde há intercalação de camadas de algumas características particulares com relação ao po-
sedimentos silticoargilosos e arenosos, como as DSVMPasaf, tencial hidrogeológico, por isso optou-se pela descrição
DSVMPasac, DSVMPasaec e DSVMPsaa, expostos a perío- em tópicos.
dos secos e úmidos, sofrendo o processo cíclico de oxirre- - DSVMPacg: constituída por aquífero poroso, de
dução, podem segregar, mobilizar e concentrar óxido de permeabilidade e porosidade variáveis, devido
ferro, formando as plintitas e petroplintitas (Figura 6.25). a variação granulométrica. Potencial hídrico va-
Essas concreções ferruginosas dificultam a mecanização riando de baixo a muito alto, podendo alcançar
do solo, sua drenagem e diminuem sua qualidade química. vazões superiores a 100 m³/h, principalmente
No entanto, podem formar solos pouco erodíveis, com boa onde se encontra subjacente a outras unidades
capacidade de reter e fixar nutrientes, como os Latossolos, hidrogeológicas.
favoráveis para a agricultura. - DSVMPae: aquífero poroso, constituído por sedi-
mentos eólicos bem selecionados e homogêneos,
com alta porosidade e elevada permeabilidade,
solos bem drenados, favorecendo a infiltração
e recarga dos aquíferos. Muito alto potencial
hidrogeológico, poços com vazões superiores a
100 m³/h. No entanto, possui baixa capacidade
de retenção e depuração de contaminantes, sen-
do necessários cuidados especiais com as fontes
potencialmente poluidoras.
- DSVMPac: aquífero poroso, com sedimentos dis-
postos em espessas camadas, de porosidade e
permeabilidade variando de média até muito alta.
O potencial hidrogeológico varia de médio a alto,
com vazões chegando a atingir mais de 100 m³/h.
Ocorre também recoberto por outras unidades,
podendo estar confinado ou semiconfinado.
Figura 6.24 - Movimento de massa causando - DSVMPasaf: aquífero poroso, constituído por gran-
abatimento de parte da rodovia Rodovia TO-130, de variação vertical dos sedimentos, apresentando
município de Ponte Alta do Tocantins.
camadas com características hidráulicas distintas.
Fotografia: acervo do projeto, 2015.
De grande extensão areal, possui camadas de po-
rosidade e permeabilidade moderadas. Potencial
hídrico variando de baixo a alto (vazões de até
50 m³/h).
- DSVMPsaa: aquífero poroso, com variação de ca-
madas silticoargilosas e arenosas, resultando em
porosidade e permeabilidade variáveis. Potencial
hidrogeológico de baixo a muito alto, podendo
alcançar vazões superiores a 100 m³/h.
- DSVMPasaec: aquífero poroso com baixas porosi-
dade e permeabilidade, de grande extensão areal.
Possui vazão muito baixa, geralmente, inferior a
10 m³/h.
- DSVMPasac e DSVMPasaec: as melhores possibili-
dades aquíferas ocorrem associadas aos arenitos,
que apresentam grande variação das características
hidrodinâmicas, refletida também na vazão dos
Figura 6.25 - Solo arenoso rico em grânulos de ferro poços. As rochas calcárias se dissolvem e formam ca-
escuro (petroplintitas). Horizonte concrecionário do Plintossolo vidades que tornam o aquífero altamente vulnerável
Pétrico. Afloramento localizado após o lago de Palmas,
aos contaminantes, além disso, aquíferos cársticos
formado com a construção da Usina Hidrelétrica
Luis Eduardo Magalhães, município de Porto Nacional. são extremamente anisotrópicos e heterogêneos,
Fotografia: acervo do projeto, 2015. dificultando a construção de poços.
117
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Potencial geoturístico
118
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Baixos platôs
Planaltos
Vales encaixados
Obras de engenharia
119
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Devido ao baixo grau de fraturamento, o domínio apresenta Nas porções ricas em quartzo, os solos apresentam
baixo potencial hidrogeológico, comportando-se muitas baixa capacidade de retenção hídrica e de nutrientes, sendo
vezes como uma camada impermeável (aquiclude). de baixa fertilidade natural, pouco espessos e muito per-
meáveis. Portanto, solos de baixa aptidão para agricultura.
Potencial mineral As crostas lateríticas, quando presentes no perfil de alte-
ração, dificultam a mecanização do solo.
Ambiência geológica favorável para a existência de
ágata, ametista, cobre e elementos do grupo da platina. Na
região do município de Filadélfia, presença de depósitos de
gipsita e sais de potássio. Rocha sã pode ser usada como bri-
ta e, quando muito alterada, como material de empréstimo.
Potencial geoturístico
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
Características, Adequabilidade e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Obras de engenharia
120
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Potencial mineral
Potencial geoturístico
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
121
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Baixos platôs
Planaltos
Domínio montanhoso
Domínio montanhoso
Planaltos
Domínio montanhoso
122
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
123
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Características, Adequabilidade e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Obras de engenharia
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
124
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Planaltos
Chapadas e platôs
Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
Inselbergs
DSVP2in - Indiferenciado
e outros relevos residuais
Domínio de morros
e de serras baixas
Domínio montanhoso
Escarpas serranas
Figura 6.36 - Rio de águas cristalinas e com a menor extensão
do país, o rio Azuis é um excelente ponto geoturístico. Dispõe de Superfícies aplainadas
ótima infraestrutura, com restaurantes, pousadas, posto médico, DSVP2mva - Metassedimentos retocadas ou degradadas
campo de futebol e estacionamento. Localizado no municípo de silticoargilosos e vulcânicas ácidas Inselbergs
Aurora do Tocantins. Fotografia: acervo do projeto, 2015. e outros relevos residuais
Superfícies aplainadas
conservadas
Inselbergs
DSVP2mavab - Predomínio e outros relevos residuais
de metarenitos e/ou quartzitos,
intercalados com vulcânicas Domínio de morros
ácidas e básicas e de serras baixas
Domínio montanhoso
Escarpas serranas
Baixos platôs
Planaltos
Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
Inselbergs
e outros relevos residuais
DSVP2gratv - Metarenitos
Domínio de colinas amplas
feldspáticos, metarenitos,
e suaves
tufos e metavulcânicas
básicas a intermediárias Domínio de colinas
dissecadas
e de morros baixos
Domínio de morros
e de serras baixas
Domínio montanhoso
Escarpas serranas
Superfícies aplainadas
DSVP2bu - Predomínio de retocadas ou degradadas
rochas metabásicas e
metaultramáficas Inselbergs
e outros relevos residuais
DSVP2vfc - Metacherts, Superfícies aplainadas
metavulcânicas, formações retocadas ou degradadas
ferríferas e/ou formações
manganesíferas, metacalcários, Domínio de colinas
metassedimentos arenosos dissecadas e de
e silticoargilosos morros baixos
Figura 6.37 - Distribuição espacial do domínio DSVP2 no estado do
Tocantins. Fonte: elaborado por Marcio Costa Abreu, 2016. Fonte: elaborado pelo autor, 2016.
125
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 6.38 - Queda de blocos em afloramento bastante fraturado Figura 6.39 - Lavoura em Latossolo de cor vermelha escura, rico em
de quartzito micáceo, com ocorrência subordinada minerais ferromagnesianos, provavelmente desenvolveu-se sobre
de blocos de quartzito. Município de Arraias. rochas máfico-ultramáficas. Boa fertilidade natural. Localizado no
Fotografia: acervo do projeto, 2015. munícipio de Palmeirópolis. Fotografia: acervo do projeto, 2015.
126
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
Inselbergs e outros relevos
residuais
Planaltos
Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
Inselbergs e outros
relevos residuais
DGBss - Predomínio de sequência Domínio de morros e de
sedimentar serras baixas
Domínio montanhoso
Escarpas serranas
Degraus estruturais e
rebordos erosivos
127
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Potencial mineral
Potencial geoturístico
Figura 6.41 - Intercalações de quartzito e xisto. Grande potencial geoturístico na região da Serra
Rocha deformada e bastante fraturada.
Negra, em Almas , com cachoeiras, cânions (Figura 6.44),
Vários blocos e fragmentos soltos.
Localizado próximo a Nativa Mineração Ltda, córregos e relevos ruiniformes (Figura 6.45). Potencial geo-
na margem da TO-280. Município de Natividade. turístico na Lagoa do Japonês (Figura 6.46), lagoa cárstica
Fotografia: acervo do projeto, 2015.
de águas cristalinas localizada no município de Pindorama
do Tocantins, o local oferece área coberta, mesas, assentos
e avisos educativos e de segurança (Figura 6.47). Em Nativi-
dade o potencial é relacionado principalmente às cachoeiras
e piscinas naturais, a exemplo da cachoeira do Paraíso.
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
128
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 6.44 – Cânion Encantado, com mais de 70 metros de altura, Figura 6.47 – Área com coberta natural, mesas e assentos de
as quedas d’água formam um córrego no fundo do cânion. madeira e aviso educativo pedindo que o turista recolha o lixo
Localizado na região da serra Negra em Almas. Fonte: http:// produzido. Logoa do Japonês. Município de Pindorama do
turismo.to.gov.br/regioes-turisticas/serras-gerais/principais- Tocantins. Fotografia: acervo do Serviço Geológico do Brasil,
atrativos/almas/. Acessado em 15/05/2018. SUREG/GO, 2018.
129
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Representado, principalmente, por complexos máfico- Tabela 6.13 - Formas de relevo associadas às unidades
geológico-ambientais do domínio DCMU.
-ultramáficos como o Quatipuru, que compreende lito-
tipos como peridotitos serpentinizados, metabasaltos,
Unidade
metagabros, piroxenitos e xistos de idade neoproterozoica. Relevo
Geológico-Ambiental
Subdividido em duas unidades geológico-ambientais: Série Superfícies aplainadas
máfico-ultramáfica (dunito, peridotito etc.) (DCMU- retocadas ou degradadas
mu) e Série básica e ultrabásica (gabro, anortosito etc.) Inselbergs e outros
(DCMUbu), a primeira associada a várias formas de relevo relevos residuais
e a segunda apenas uma (Tabela 6.13). DCMUmu - Domínio de colinas
Série máfico-ultramáfica amplas e suaves
(dunito, peridotito etc.)
Características, Adequabilidade e Domínio de colinas dissecadas
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação e de morros baixos
Domínio de morros e de
Obras de engenharia serras baixas
DCMUbu - Série básica e
Superfícies aplainadas
ultrabásica (gabro,
As rochas apresentam baixa a moderada resistência anortosito etc.)
retocadas ou degradadas
ao intemperismo físico-químico. Porções mais resistentes
formam blocos e matacões, que dificultam perfurações e Fonte: elaborado pelo autor, 2016.
escavações, podem movimentar-se em taludes de corte e
desestabilizar fundações de obras. Necessita-se, muitas Potencial mineral
vezes, de explosivo para o desmonte.
Os solos bastante evoluídos (pedogênese avançada) Domínio favorável para ouro, mineralizações de sul-
são naturalmente pouco erodíveis, possuem alta capaci- fetos de metais base, como chumbo, cobre, zinco, cromo,
dade de suporte e boa estabilidade em taludes de corte. ferro e manganês. Além de barita, magnesita, talco e vermi-
No entanto, o uso frequente de maquinário pesado na culita. Pode, também, ser usada como brita na construção
mecanização do solo e o pisoteamento do gado podem civil (Figura 6.49).
causar compactação e impermeabilização, com redução
do potencial de infiltração do solo e, consequentemente, Potencial geoturístico
erosão laminar.
Relevos acidentados como morros e inselbergs for-
Agricultura mam cenários de beleza cênica. No geral, domínio com
baixo potencial geoturístico onde predominam as super-
Os solos costumam serem ricos em nutrientes, principal- fícies aplainadas.
mente potássio, sódio, cálcio, ferro e magnésio, o que lhes con-
fere uma boa fertilidade natural (predomínio dos Nitossolos). DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES
Possuem boa capacidade hídrica (retêm umidade por pe- NÃO DEFORMADOS (DCGR1)/DOMÍNIO
ríodos longos) e baixa erodibilidade natural (quando bem DOS COMPLEXOS GRANITOIDES
evoluídos e usados de maneira adequada). DEFORMADOS (DCGR2)
Possibilidade da existência de crostas lateríticas, que se
alteram para solos excessivamente aluminosos e pedrego- Área de Ocorrência e
sos (Plintossolos Pétricos), prejudicando o potencial agrícola Elementos de Definição
(baixa fertilidade natural e dificuldade na mecanização).
De maneira geral as rochas dos domínios apresen-
tam características geológico-ambientais semelhantes,
Recursos hídricos e fontes poluidoras
sendo, portanto, abordados juntos no presente trabalho.
Porém, quando deformadas (DCGR2) podem apresentar
Aquífero fissural, normalmente é recoberto por es-
planos com resistência ao intemperismo reduzida se
pessos mantos de solo, os quais exercem as funções de comparadas às rochas não deformadas (DCGR1). Com
retenção da água das chuvas, contribuindo para a recarga 4.621 km² de área total, localizam-se nas regiões centro
do aquífero e filtro de poluentes. e sul do estado do Tocantins (Figura 6.50). Caracterizados
Quando aflorante ou recoberto por camada pouco por rochas ígneas intrusivas de composições químicas e
espessa de solo, as fraturas podem favorecer a infiltração mineralógicas diversas, representados por unidades litoes-
de contaminantes, devido à rápida circulação da água e ao tratigráficas como as suítes Ipueiras e Lajeado, com idades
baixo potencial de retenção e depuração de contaminantes. paleoproterozoicas a neoproterozoicas, respectivamente.
130
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Características, Adequabilidade e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Obras de engenharia
Figura 6.49 - Blocos e matacões de rochas máficas e ultramáficas, As rochas, geralmente, apresentam-se muito fratu-
localizados na Mineradora Bandeirantes (produção de brita),
acesso pela rodovia TO-335, município de Bandeirantes do
radas com tendência a formar blocos e matacões in situ,
Tocantins. Fotografia: acervo do projeto, 2015. que podem soltar-se em taludes de corte e desestabilizar
edificações (Figura 6.51). Quando sãs, apresentam alta
resistência ao corte e à penetração, sendo adequadas
para uso em fundações e como agregados para concretos.
No entanto, necessitam de explosivos em caso de desmonte.
Em áreas de relevo mais acidentado (morros, serras
e escarpas) são mais suscetíveis a movimentos de massa
(em especial, queda de blocos) e à erosão. Solos evoluídos
apresentam baixa erodibilidade, boa capacidade de suporte
e estabilidade em taludes de corte.
Agricultura
131
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Domínio montanhoso
Domínio montanhoso
Escarpas serranas
Planaltos
Planaltos
DCGR2salc - Séries graníticas subalcalinas: calcialcalinas Domínio de colinas dissecadas e de morros baixos
(baixo, médio e alto-K) e toleíticas
Domínio de morros e de
serras baixas
Domínio montanhoso
Escarpas serranas.
Planaltos
Escarpas serranas
132
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Potencial geoturístico
Características, Adequabilidade e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Obras de engenharia
Potencial mineral
133
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Baixos platôs
Planaltos
Superfícies aplainadas
conservadas
Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
134
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Potencial geoturístico
Área de Ocorrência e
Elementos de Definição
Potencial mineral
135
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Domínio de colinas
DCGMGLgno - Predomínio de
amplas e suaves
gnaisses ortoderivados.
Podem conter porções
Domínio de morros
migmatíticas
e de serras baixas
Chapadas e platôs
Superfícies aplainadas
DCGMGLglo - Gnaisses granulíticos conservadas
ortoderivados. Podem conter porções
migmatíticas Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
Escarpas serranas
Superfícies aplainadas
conservadas
Inselbergs e outros
DCGMGLglp – Gnaisse-granulito relevos residuais
paraderivado. Pode conter porções
migmatíticas Domínio de morros e
de serras baixas
136
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADE/POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 6.59 - Perfil de rocha alterada (horizonte C). Vários sulcos Figura 6.60 - Matacão de rocha muito deformada e fraturada
marcam forte erodibiliadade. Corte da estrada TO-280, município (migmatito). Pode ser utilizada como material de empréstimo.
de Natividade. Fotografia: acervo do projeto, 2015. Município de Colméia.Fotografia: acervo do projeto, 2015.
137
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
FARACO, Maria Telma Lins et al. Carta Geológica do SILVA, Cássio Roberto da (Ed.). Geodiversidade do Brasil:
Brasil ao Milionésimo: Folha Araguaia SB.22. Escala conhecer o passado, para entender o presente e prever o
1:1.000.000. In: SCHOBBENHAUS, Carlos et al. Programa futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008. p.11-20.
Geologia do Brasil. Brasília: CPRM, 2004.
SOUZA, João Dalton de et al. Carta Geológica do Brasil
______. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo: ao Milionésimo: Folha Brasília SD.23. Escala 1:1.000.000.
Folha Tocantins SC.22. Escala 1:1.000.000. In: SCHOBBENHAUS, Carlos et al. Programa Geologia do
In: SCHOBBENHAUS, Carlos et al. Programa Geologia do Brasil. Brasília: CPRM, 2004.
Brasil. Brasília: CPRM, 2004.
SOUZA, João Olímpio; MORETON, Luiz Carlos. Programa
GASPAR, Márcia Tereza Pantoja; CAMPOS, José Eloi Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – PLGB. Folha
Guimarães. O Sistema Aquífero Urucuia. Revista Xambioá SB.22-Z-B. Escala 1:250.000. Estados do Pará e
Brasileira de Geociências, v.37, 2007, p.216-226. Tocantins. Brasília: CPRM, 2001.
GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antonio José VASCONCELOS, Maurílio Antonio et al. Carta Geológica
Teixeira. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio do Brasil ao Milionésimo: Folha Rio São Francisco SC.23.
de Janeiro. 6ª ed. Editora Bertrand Brasil, 2008. Escala 1:1.000.000. In: SCHOBBENHAUS, Carlos et al.
Programa Geologia do Brasil. Brasília: CPRM, 2004.
LACERDA FILHO, Joffre Valmório de et al. Carta
Geológica do Brasil ao Milionésimo: Folha Goiás SD.22. ______. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo: Folha
Escala 1:1.000.000. In: SCHOBBENHAUS, Carlos et al. Teresina SB.23. Escala 1:1.000.000. In: SCHOBBENHAUS,
Programa Geologia do Brasil. Brasília: CPRM, 2004. Carlos et al. Programa Geologia do Brasil. Brasília: CPRM,
2004.
SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Mapa hidrogeológico
do Brasil. Escala: 1:5.000.000. Recife: CPRM – Serviço
Geológico do Brasil, 2014.
SILVA, Cássio Roberto da et al. Começo de tudo. In:
138
APÊNDICE I
UNIDADES
GEOLÓGICO-AMBIENTAIS
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
3
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
4
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
5
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
6
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Indeterminado. DCAin
7
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Indiferenciado. DSVPin
8
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
9
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
10
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Metagrauvacas e metaconglomerados
DSP2mgccg
predominantes.
Indiferenciado. DSVP2in
Metassedimentos siltico-argilosos e
DSVP2mva
vulcânicas ácidas.
11
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
12
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR1ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos etc. DCGR1pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
13
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR1sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES
DCGR1
NÃO DEFORMADOS
Indeterminado. DCGR1in
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR2ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos
etc. DCGR2pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR2sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
Indeterminado. DCGR2in
14
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR3ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos etc. DCGR3pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
Série Shoshonítica.
Ex: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR3sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
Indeterminado. DCGR3in
15
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO TOCANTINS
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Metacarbonatos. DCGMGLcar
Anfibolitos. DCGMGLaf
16
APÊNDICE II
BIBLIOTECA DE RELEVO
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)
3
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
REFERÊNCIAS:
4
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4d
R4a1
R1b1
R1a
R1a – Planície fluvial do alto curso do rio São João (Rio de Janeiro).
Zona de Baixada Litorânea.
R4b R1b1
R1a
5
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
cheias sazonais. Essa unidade encontra-se restrita ao esta- As rampas de colúvio consistem de superfícies depo-
do do Rio Grande do Sul, mais especificamente na borda sicionais inclinadas, constituídas por depósitos de encosta
continental da Laguna dos Patos. arenoargilosos a argiloarenosos, malselecionados, em
interdigitação com depósitos praticamente planos das pla-
• Amplitude de relevo: 2 a 20 m. nícies aluviais. Ocorrem, de forma disseminada, nas baixas
• Inclinação das vertentes: 0º-3º encostas de ambientes colinosos ou de morros.
(localmente, ressaltam-se rebordos abruptos Amplitude de relevo: variável, dependendo da extensão
no contato com a planície lagunar). do depósito na encosta.
R1c1
R1c1 – Rampas de colúvio que se espraiam a partir da borda oeste do platô sinclinal (Moeda – Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais).
6
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Superfícies planas, de interface com os sistemas depo- R1d1 – Delta do rio Jequitinhonha (Bahia).
sicionais continentais e marinhos, constituídas de depósitos
argiloarenosos a argilosos. Terrenos muito maldrenados,
prolongadamente inundáveis, com padrão de canais bas-
tante meandrantes e divagantes, sob influência de refluxo
de marés; ou resultantes da colmatação de paleolagunas.
Baixa capacidade de suporte dos terrenos.
R1d1
R1d1 – Extenso manguezal da APA de Guapimirim,
no Recôncavo da Baía de Guanabara.
7
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
R1e
R1d2
8
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R1f1
R1e
R1e – Planície costeira com empilhamento de cordões arenosos e R1f1 – Campos de dunas junto à linha de costa, sobrepondo falésias
depósitos fluviolagunares (litoral norte do estado da Bahia). do grupo Barreiras (município de Baía Formosa, litoral sul
do estado do Rio Grande do Norte).
R1f1
R1f1
9
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
• Inclinação das vertentes: 0º-5o.
R1g – Recifes
10
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R2a1
R1h1
R1h1
R2a1
R2a1 – Tabuleiros
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano: 0º-3o
(localmente, ressaltam-se vertentes acentuadas: R2a1 – Tabuleiros pouco dissecados da bacia de Macacu
10º-25o). (Venda das Pedras, Itaboraí, Rio de Janeiro).
11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
R2a2
R2a1
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topos planos restritos: R2a2 – Tabuleiros dissecados, intensamente erodidos por processos
0º-3o (localmente, ressaltam-se vertentes acen- de voçorocamento junto à rodovia Linha Verde (litoral norte
tuadas: 10º-25o). do estado da Bahia).
R2a2 R2a2
12
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano
a suavemente ondulado: 2º-5o.
R2b1 – Baixos platôs não dissecados da bacia do Parnaíba
(estrada Floriano-Picos, próximo a Oeiras, Piauí).
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano a suave-
mente ondulado: 2º-5o, excetuando-se os eixos
R2b1 – Centro-sul do estado do Piauí. dos vales fluviais, onde se registram vertentes
com declividades mais acentuadas (10º-25o).
13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano a
suavemente ondulado: 2º-5o, excetuando-se os
eixos dos vales fluviais.
R2b2
R2b3
R2b2
R2b3
14
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R2c
R4d
R2b3
• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
R2c – “Tepuy” isolado da “serra” do Tepequém,
• Inclinação das vertentes: topo plano, uma forma em chapada sustentada
excetuando-se os eixos dos vales fluviais. por arenitos conglomeráticos do supergrupo Roraima.
R2c R2c
R2c – Borda Leste da Chapada dos Pacaás Novos (região central do estado de Rondônia).
15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
• Amplitude de relevo: 0 a 10 m.
• Inclinação das vertentes: 0º-5o.
R3a1
R3a1 – Extensa superfície aplainada, delimitada por esparsas cristas de quartzitos (Canudos, norte do estado da Bahia).
16
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Relevo de aplainamento.
R3a2
R3b
R3a2
17
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: 3º-10o.
R4a1
18
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4a3 - Morrotes
R4a2
R4a3 R4a3
R4a3 R4a3
R4a2
19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
R4a4
R4b1
R4a4
R4b1
R4a3 – Domo de Guamaré (estado do Rio Grande do Norte). R4b – Serra do Tumucumaque (norte do estado do Pará).
20
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4b1 – Relevo de morros elevados no planalto da região serrana do R4c – Domínio Montanhoso (alinhamentos
estado do Rio de Janeiro. serranos, maciços montanhosos, front
de cuestas e hogback)
21
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
R4d
R4c
R4d
R4c
22
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4d R4e
R4e
R2c
R4d
23
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SERGIPE
R4f
R4f
24
NOTA SOBRE OS AUTORES
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do TOCANTINS
ANTONIO AUGUSTO SOARES FRASCA - graduado pelo Instituto de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990), mestre
em Sensoriamento Remoto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996), doutor em Geologia Regional pelo Instituto de Geociências
da Universidade de Brasília - UnB (2015). Atualmente é geólogo sênior da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Coordenação, pesquisa,
gerenciamento e execução de projetos em geologia. Tem experiência na área de geociências, com ênfase em mapeamento geológico, atuando
principalmente nos seguintes temas: geologia regional, geotectônica, geologia estrutural, litoquímica, estratigrafia dos orógenos Brasília,
Araguaia e Paraguai, e do cráton Amazônico Meridional.
DAVI NASCIMENTO SOUZA – engenheiro sanitarista e ambiental formado (2008) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ingressou na
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB) – Superintendência Regional de Goiânia (SUREG/GO) em
2014. Desde 2017 atua na Superintendência Regional de Salvador (SUREG/SA). Atualmente participa do projeto da Rede Hidrometeorológica
Nacional em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA).
EDGAR SHINZATO – graduado (1990) em engenharia agronômica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e mestre (1998)
em agronomia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF. Área de concentração: pedologia, meio ambiente e geoprocessamento.
Na CPRM desenvolveu atividades profissionais em projetos do Programa GATE/CPRM, como estudos e mapeamentos de solos, capacidade de
uso das terras, aptidão agrícola e uso e cobertura vegetal. Foi coordenador de geoprocessamento dos estudos do TAV (Trem de Alta Velocidade)
e do Projeto Setorização de Riscos Remanescentes de Nova Friburgo-RJ. Coordenador técnico de solos para o Projeto Geodiversidade do Brasil
e Projeto de Cartas de Suscetibilidade a Movimentos de Massa e Inundações. É membro do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, núcleo
regional de estudo, Rio de Janeiro. É membro do Comitê Assessor Externo da Embrapa Solos. Atualmente lotado no Escritório Rio de Janeiro,
é chefe do Departamento de Informações Institucionais – DEINF.
MARCELO EDUARDO DANTAS – graduado em geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), tendo obtido os título de Licenciado
em Geografia e Geógrafo. Obteve o título de mestre em geomorfologia e geoecologia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG/
UFRJ) (1995). Neste período integrou a equipe de pesquisadores do Laboratório de Geo-Hidroecologia (GEOHECO/UFRJ), tendo atuado na
investigação de temas, tais como: controles lito-estruturais na evolução do relevo; estocagem de sedimentos fluviais em bacias de drenagem;
e o impacto das atividades humanas sobre as paisagens naturais no médio vale do rio Paraíba do Sul. Em 1997 ingressou na CPRM (Serviço
Geológico do Brasil), atuando como geomorfólogo até o presente. Desenvolveu atividades profissionais em projetos na área de geomorfologia,
diagnósticos geoambientais e mapeamentos da geodiversidade numa atuação integrada com a equipe de geólogos do Programa GATE/CPRM.
Dentre os trabalhos mais relevantes, destacam-se: o mapa geomorfológico e o diagnóstico geoambiental do estado do Rio de Janeiro; o mapa
geomorfológico do ZEE RIDE Brasília; o estudo geomorfológico aplicado à recomposição ambiental da bacia carbonífera de Criciúma; a análise
da morfodinâmica fluvial aplicada ao estudo de implantação das UHE’s de Santo Antônio e Jirau (rio Madeira - Rondônia). Lecionou, entre
2002 e 2010, como professor assistente do curso de Geografia/UNISUAM. Desde 2010, é coordenador nacional de geomorfologia do Projeto
Geodiversidade do Brasil (CPRM/SGB). Desde 2013, é coordenador nacional de geomorfologia do Projeto Suscetibilidade a Movimentos de Massa
e Inundações (CPRM/SGB). Atualmente, é coordenador executivo do Departamento de Gestão Territorial (DEGET) da CPRM – Serviço Geológico
do Brasil. Membro efetivo da UGB (União da Geomorfologia Brasileira) desde 2007.
MARIA ADELAIDE MANSINI MAIA – graduada (1996) em geologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com especialização em
geoprocessamento pela Universidade Federal do Amazonas e mestra (2013) em ciências (Geologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Ingressou na CPRM/SGB em 1997, onde exerce o cargo de Pesquisadora em Geociências na área de Gestão Territorial (DEGET). Atuou, de
1997 a 2009, na Superintendência Regional de Manaus (SUREG-MA), nos projetos de Gestão Territorial, destacando-se o Mapa da Geodiversidade
dos Estados do Amazonas e Roraima e dos Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEEs) do Vale do Rio Madeira, da porção central do estado
de Roraima e do Distrito Agropecuário da Zona Franca de Manaus. Participou do mapeamento geológico-geotécnico do traçado do Trem de
Alta Velocidade e do mapeamento de área de risco geológico no município de Teresópolis (RJ). Colaborou com a construção metodológica das
Cartas Municipais de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundação. Foi professora conteudista da disciplina “Cartografia e
Geoprocessamento” do Curso Tecnólogo em Gestão Ambiental da Universidade AVM Faculdade Integrada - Universidade Cândico Mendes (2016).
Atualmente lotada no Escritório Rio de Janeiro, desenvolve atividades ligadas à chefia da Divisão de Gestão Territorial (DIGATE), responsável pelo
Programa Levantamento da Geodiversidade, Proposta para Geoparques e Recuperação da Bacia Carbonífera de Santa Catarina. É coautora nos
livros Geodiversidade do Brasil, Geodiversidade do Amazonas e Geodiversidade de Roraima e autora de diversos trabalhos científicos.
MARIA ANGÉLICA BARRETO RAMOS – graduada (1989) em geologia pela Universidade de Brasília (UnB) e mestra (1993) em geociências
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ingressou na CPRM/SGB em 1994, onde atuou em mapeamento geológico no Projeto Aracaju ao
Milionésimo. Em 1999, no Departamento de Gestão Territorial (DEGET), participou dos projetos Acajutiba-Aporá-Rio Real e Porto Seguro-Santa
Cruz Cabrália. Em 2001, na Divisão de Avaliação de Recursos Minerais, integrou a equipe de coordenação do Projeto GIS do Brasil e do Banco de
Dados da CPRM/SGB. De 2008 a 2017 atuou como coordenadora executiva do Departamento de Gestão Territorial (DEGET) ligada às atividades
dos Projetos Geodiversidade do Brasil nas escalas 1:2.500.000 e Milionésimo, Mapas de Geodiversidade Estaduais, Geodiversidade do Polo de
Fruticultura de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio, Mapas de Suscetibilidade de Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações e
suporte ao Projeto Riscos Geológicos. Atualmente integrando a equipe da Divisão de Gestão Territorial (DIGATE) desenvolve atividades para as
diversas linhas de atuação da Divisão como: elaboração de termos de referência, procedimentos metodológicos, além de atuar em linhas de
pesquisa na área de remineralizações de solo e zoneamento agrogeológico em parceria CPRM/UnB/CCPq. Especialista em Modelagem Espacial de
Dados em Geociências ministra cursos e treinamentos em ferramentas de SIG aplicados a projetos da CPRM/SGB. É autora de diversos trabalhos
individuais e coautora nos livros “Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil”, “Geodiversidade do Brasil” e “Geodiversidade do Estado
da Bahia”. Foi presidenta da Associação Baiana de Geólogos no período de 2005-2007 e vice-presidenta de 2008 a 2009.
MARCIO COSTA ABREU – graduado (2005) em geologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre (2016) em Sustentabilidade
na Gestão Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Área de concentração: sustentabilidade, sociedade e ambiente. Entre
2005 e 2014 trabalhou em empresa privada de consultoria, participando da execução de estudos hidrogeológicos nas regiões Norte, Nordeste,
Centro-oeste e Sudeste. Ingressou na CPRM/SGB em 2014 no cargo de Pesquisador em Geociências na Superintendência de Goiânia (SUREG/
GO), onde atua na área de hidrogeologia.
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NOTA SOBRE OS AUTORES
MAURICIO GOMES ROCHA – graduado (2012) em geologia pela Universidade de Brasília (UnB). Ingressou na CPRM/SGB em 2013, no cargo de
Pesquisador em Geociências na Gerência de Hidrologia e Gestão Territorial – GEHITE, lotado na Superintendência Regional de Goiânia – SUREG/GO.
PEDRO AUGUSTO DOS SANTOS PFALTZGRAFF – graduado (1984) em geologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre
(1994) na área de geologia de engenharia e geologia ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor (2007) em geologia
ambiental pela Universidade Federal de Pernambuco. Trabalhou, entre 1984 e 1988, em obras de barragens e projetos de sondagem geotécnica
na empresa Enge Rio – Engenharia e Consultoria S.A. Entre os anos de 1985-1994 trabalhou como geólogo autônomo. Ingressou na CPRM/SGB
em 1994, no cargo de Pesquisador em Geociências, no Escritório do Rio de Janeiro (DEGET), tendo sido coordenador regional de Geodiversidade
do Nordeste no período 2006-2010. Atua em diversos projetos de geologia de engenharia, geologia ambiental e geotecnia, e levantamento e
mapeamento de riscos geológicos.
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O SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM E OS OBJETIVOS
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ODS
ESTADO DO TOCANTINS
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTOS DA GEODIVERSIDADE
Assessoria de Comunicação
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2019