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Geologia do estado de roraima, brasil

Article · January 2003

CITATIONS READS

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4 authors, including:

Nelson J. Reis Leda maria Fraga


Geological Survey of Brazil Geological Survey of Brazil -SGB/CPRM
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SEE PROFILE SEE PROFILE

Marcelo Esteves Almeida


Geological Survey of Brazil
72 PUBLICATIONS 752 CITATIONS

SEE PROFILE

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GEODIVERSIDADE DO
ESTADO DE RORAIMA
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

2014
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DE RORAIMA
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Ministro-Chefe Aloizio Mercadante

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA


SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

MINISTRO DE ESTADO
Edison Lobão
SECRETÁRIO EXECUTIVO
Márcio Pereira Zimmermann
SECRETÁRIO DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
Carlos Nogueira da Costa Júnior

CPRM – SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL


CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente
Carlos Nogueira da Costa Júnior
Vice-Presidente
Manoel Barretto da Rocha Neto
Conselheiros
Jarbas Raimundo de Aldano Matos
Ladice Pontes Peixoto
Luiz Gonzaga Baião
Waldir Duarte Costa Filho

DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-Presidente
Manoel Barretto da Rocha Neto
Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial
Thales de Queiroz Sampaio
Diretor de Geologia e Recursos Minerais
Roberto Ventura Santos
Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento
Antônio Carlos Bacelar Nunes
Diretor de Administração e Finanças
Eduardo Santa Helena da Silva

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE MANAUS


Superintendente
Marco Antônio Oliveira
Gerência de Hidrologia e Gestão Territorial
André Luís Martinelli dos Santos
Supervisão de Gestão Territorial
José Luiz Marmos
Chefia do Núcleo de Apoio de Roraima
Jean Flávio Cavalcante de Oliveira
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL

GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DE RORAIMA
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

ORGANIZAÇÃO

Janólfta Lêda Rocha Holanda


José Luiz Marmos
Maria Adelaide Mansini Maia

Manaus, Brasil

2014
CRÉDITOS TÉCNICOS Normalização e Revisão Bibliográfica (editoração)
Roberta Silva de Paula Marcelo Henrique Borges Leão
Teresa Rosenhayme Nelma Fabrícia da Paixão Ribeiro Botelho
LEVANTAMENTO Jean Charles Racene dos Santos Martins José Luiz Coelho
Jéssica Aguiar (Estagiária)
DA GEODIVERSIDADE Sylvia de Almeida (Estagiária) Superintendência Regional de Manaus
DO ESTADO DE RORAIMA (SUREG-MA)
Projeto Gráfico/Editoração/Multimídia
Gerência de Relações Institucionais
COORDENAÇÃO NACIONAL Departamento de Relações e Desenvolvimento (GERIDE)
Institucionais (DERID)
Departamento de Gestão Territorial (projeto de multimídia)
Cassio Roberto da Silva Divisão de Marketing Maria Tereza da Costa Dias
e Divulgação (DIMARK)
COORDENAÇÃO TEMÁTICA (montagem do projeto no ArcExibe)
(padrão capa/embalagem) Aldenir Justino de Oliveira
Geodiversidade Ernesto von Sperling
Antonio Theodorovicz José Marcio Henriques Soares (apoio na elaboração das ilustrações)
Washington J. F. Santos Aldenir Justino de Oliveira
Geomorfologia Chá Com Nozes Miguel Arcanjo de Holanda
Marcelo Eduardo Dantas Maria Tereza da Costa Dias
Departamento de Apoio Técnico (DEPAT)
Thamila Bastos de Menezes (Estagiária)
Solos
Divisão de Editoração Geral (DIEDIG)
Edgar Shinzato Agradecimentos
(projeto de editoração/diagramação) Câmara Municipal de Pacaraima
Cenários Prefeitura Municipal de Uiramutã
Valter de Alvarenga Barradas
Valter José Marques Coordenadoria de Defesa Civil do Pará
Andréia Amado Continentino
Agmar Alves Lopes Governo do Estado de Roraima
Coordenação de Geoprocessamento SEBRAE/RR
e da Base de Dados de Geodiversidade (supervisão de editoração) Departamento de Geologia da Universidade Federal
Maria Angélica Barreto Ramos Andréia Amado Continentino do Ceará (UFC)
Maria Adelaide Mansini Maia Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Superintendência Regional de Belém
(EMBRAPA RORAIMA)
Execução Técnica (SUREG-BE)
Fundação Nacional do Índio (FUNAI)
Janólfta Lêda Rocha Holanda Conselho Indigenista de Roraima
José Luiz Marmos Gerência de Relações Institucionais
Liliane Cristina de Albuquerque Moura Mafra e Desenvolvimento (GERIDE)
Luiz Felipe Brandão Ladeira
Maria Adelaide Mansini Maia
Nelson Joaquim Reis

Organização do Livro Geodiversidade FOTOS DA CAPA:


do Estado de Roraima
Janólfta Lêda Rocha Holanda 1. Atrativo geoturístico: Vista da Serra do Tepequém - trilha do avião caído,
José Luiz Marmos município de Amajari (RR).
Maria Adelaide Mansini Maia 2. Agronegócio: Horticultura em solos férteis provenientes da alteração de rochas
Sistema de Informação Geográfica vulcânicas, município de Boa Vista (RR).
e Leiaute do Mapa 3. Risco geológico: Fábrica de cerâmica em área de terraço inundado pelo rio Branco.
Janólfta Lêda Rocha Holanda Cheia de 2011, município de Boa Vista (RR).
Liliane Cristina de Albuquerque Moura Mafra 4. Recursos minerais: Frente de lavra para rocha ornamental da Pedreira Mucajaí,
município de Mucajaí (RR).
Apoio Banco de Dados e
Desenvolvimento da Base Geodiversidade
Divisão de Geoprocessamento (DIGEOP)
João Henrique Gonçalves
Reginaldo Leão Neto Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Leonardo Brandão Araújo CPRM – Serviço Geológico do Brasil
Elias Bernard da Silva do Espírito Santo DIDOTE – Processamento Técnico
Gabriela Figueiredo de Castro Simão

Colaboração Holanda, Janólfta Lêda Rocha


Adilson Luís Bamberg
Afonso Rodrigues de Almeida (UFC)
Aldenir Justino de Oliveira Geodiversidade do estado de Roraima / Organização [de] Janólfta Lêda
Antonio Theodorovicz Rocha Holanda, José Luiz Marmos [e] Maria Adelaide Mansini Maia. –
Carlos Augusto Posser Silveira Manaus: CPRM, 2014.
Carlos José Bezerra Aguiar
Francisco Joacir de Freitas Luz (EMBRAPA)
252 p. ; il., color.; 30 cm + 1 '9'
Jean Flávio Cavalcante de Oliveira
Programa Geologia do Brasil. Levantamento da Geodiversidade.
Magda Bergmann
Manuel dos Santos Araújo
ISBN 978-85-7499-162-7
Maria Dulcinea Bessa
Nailde Martins Andrade
René Luzardo 1. Geodiversidade – Brasil – Roraima. 2. Meio Ambiente – Brasil – Roraima.
Rosane Martinazzo 3. Planejamento Territorial – Brasil – Roraima. 4. Geologia Ambiental – Brasil – Roraima.
Valter José Marques
I. Marmos, José Luiz. (Org.). II. Maia, Maria Adelaide Mansini (Org.) III. Título.
Revisão Técnica
José Luiz Marmos CDD 551.098114
Revisão Ortográfica e Gramatical
Homero Coelho Benevides
Este produto pode ser encontrado em www.cprm.gov.br e seus@cprm.gov.br
Sustentabilidade é um conceito hodiernamente consagrado, intrinsecamente ligado
APRESENTAÇÃO
ao nosso desenvolvimento e sobrevivência.
Compreender a sua complexidade e a dinâmica do meio ambiente, rompendo
com o processo de desenvolvimento a qualquer custo e adotando o desenvolvimento
sustentável, é tarefa do cidadão, do Estado e do setor produtivo.
Para o alcance dessa meta, inevitavelmente, necessita-se dispor de estudos
sobre o papel dos recursos naturais e a forma economicamente racional de usá-los,
renováveis ou não.
Neste sentido, o Serviço Geológico do Brasil - CPRM, em estreita parceria
com a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de
Minas e Energia, vem conduzindo o levantamento sobre a geodiversidade dos estados
brasileiros, com informações sobre o meio físico, concebidas de forma integrada, para
as mais diversificadas aplicações no campo da mineração, da agricultura, do turismo,
dos recursos hídricos, da engenharia, do planejamento e da gestão territorial.
Representa uma contribuição do conhecimento geológico para além da sua conhecida
dimensão econômica, estendendo o seu campo de aplicação nas áreas social e ambiental.
É na continuidade desse esforço que se insere o presente trabalho que trata sobre o
Levantamento da Geodiversidade do Estado de Roraima, com uma clara demonstração de que
a CPRM exerce um papel relevante na construção de respostas capazes de criar um quadro de
ação que visa diminuir as pressões sobre o ambiente e os recursos naturais, sem penalizar o
desenvolvimento econômico.

THALES DE QUEIROZ SAMPAIO


Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial
CPRM/SGB - Serviço Geológico do Brasil
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 09
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff, Janólfta Lêda Rocha Holanda
2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO................................................................. 15
Nelson Joaquim Reis, Leda Maria Barreto Fraga, Marcelo Esteves Almeida
3. COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA ...................................... 31
Luiz Felipe Brandão Ladeira, Marcelo Eduardo Dantas
4. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS .................................................. 47
Daniel de Oliveira, André Luís Martinelli Real dos Santos,
José Luiz Marmos
5. SOLOS E AMBIENTES......................................................................... 65
José Frutuoso do Vale Júnior, Maria Ivonilde Leitão de Sousa,
Pedro Paulo Ramos Ribeiro Nascimento
6. ATRATIVOS GEOTURÍSTICOS ............................................................. 87
Liliane Cristina de Albuquerque Moura Mafra, José Luiz Marmos
7. METODOLOGIA E ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ..................................... 125
Maria Angélica Barreto Ramos, Marcelo Eduardo Dantas,
Antônio Theodorovicz, Valter José Marques, Vitório Orlandi Filho,
Maria Adelaide Mansini Maia, Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff
8. GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES
E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO ................................. 141
Janólfta Lêda Rocha Holanda, José Luiz Marmos, Maria Adelaide
Mansini Maia, Nelson Joaquim Reis, Liliane Cristina de Albuquerque
Moura Mafra, Luiz Felipe Brandão Ladeira
9. ROCHAGEM .................................................................................... 189
Magda Bergmann, Janólfta Lêda Rocha Holanda

APÊNDICES

I. UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

II. BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

NOTA SOBRE OS AUTORES


1
INTRODUÇÃO
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff (pedro.augusto@cprm.gov.br)
Janólfta Lêda Rocha Holanda (leda.holanda@cprm.gov.br)

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

SUMÁRIO

Geodiversidade ....................................................................................................11
Aplicações ............................................................................................................12
Referências ...........................................................................................................14
INTRODUÇÃO

GEODIVERSIDADE vivos. É, para muitos, a parte mais visível da natureza,


mas não é, seguramente, a mais importante. Outra parte,
O planeta Terra se comporta como um sistema vivo, com idêntica importância, é a geodiversidade, sendo esta
por meio de um conjunto de grandes engrenagens que entendida como o conjunto das rochas, dos minerais e das
pulsa, para, se modifica, acolhe e sustenta uma imensidade suas expressões no subsolo e nas paisagens. No meu tempo
de seres vivos em sua superfície. A sua “vida” se propaga de escola ainda se aprendia que a natureza abarcava três
externamente pelo movimento do planeta em torno do Sol reinos: o reino animal, o reino vegetal e o reino mineral.
e de seu eixo de rotação e internamente por meio das cor- A biodiversidade abrange os dois primeiros e a geodiver-
rentes de convecção que se desenvolvem abaixo da crosta sidade, o terceiro.
terrestre. Em decorrência, na superfície tem-se a deriva dos Geodiversidade, para Brilha et al. (2008), é a variedade
continentes, existência de vulcões e terremotos, além do de ambientes geológicos, fenômenos e processos activos
movimento dos ventos e diversos agentes climáticos que que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos
atuam na modelagem das paisagens. e outros depósitos superficiais que são o suporte para a
O substrato geológico é a base para o desenvolvimen- vida na Terra.
to da vida na superfície terrestre, mas tem recebido menos No Brasil, os conceitos de geodiversidade se desenvol-
atenção e estudos que os seres que se assentam sobre ele. veram praticamente de forma simultânea ao pensamento
Partindo dessa afirmação, são mais antigos e conhecidos internacional, entretanto, com foco direcionado para
o termo e o conceito de biodiversidade que os referentes o planejamento territorial, embora os estudos voltados
à geodiversidade. para geoconservação não sejam desconsiderados (SILVA
O termo “geodiversidade” foi empregado pela primei- et al., 2008a).
ra vez em 1993, na Conferência de Malvern (Reino Unido) Na opinião de Veiga (2002), a geodiversidade expressa
sobre “Conservação Geológica e Paisagística”. Inicialmente, as particularidades do meio físico, abrangendo rochas,
o vocábulo foi aplicado para gestão de áreas de proteção relevo, clima, solos e águas subterrâneas e superficiais.
ambiental, como contraponto à “biodiversidade”, já que A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/
havia necessidade de um termo que englobasse os elemen- Serviço Geológico do Brasil (CPRM-SGB) define geodiver-
tos não bióticos do meio natural (SERRANO; RUIZ FLAÑO, sidade como:
2007). Todavia, essa expressão havia sido empregada, na O estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída
década de 1940, pelo geógrafo argentino Federico Al- por uma variedade de ambientes, composição, fenômenos
berto Daus, para diferenciar áreas da superfície terrestre, e processos geológicos que dão origem às paisagens,
com uma conotação de Geografia Cultural (ROJAS, apud rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros
SERRANO; RUIZ FLAÑO, 2007, p. 81). depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento
Em 1997, Eberhard (apud SILVA et al., 2008a, p. 12) da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultu-
definiu geodiversidade como a diversidade natural entre ra, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o
aspectos geológicos, do relevo e dos solos. turístico (CPRM, 2006).
O primeiro livro dedicado exclusivamente à temática Já autores como Xavier da Silva e Carvalho Filho
da geodiversidade foi lançado em 2004. Trata-se da obra (apud SILVA et al., 2008a, p. 12) apresentam definições
de Murray Gray (professor do Departamento de Geografia diferentes da maioria dos autores nacionais e internacio-
da Universidade de Londres) intitulada “Geodiversity: Va- nais, definindo geodiversidade a partir da variabilidade
luying and Conserving Abiotic Nature”. Sua definição de das características ambientais de uma determinada área
geodiversidade é bastante similar à de Eberhard. geográfica.
Owen et al. (2005), em seu livro “Gloucestershire Embora os conceitos de geodiversidade sejam menos
Cotswolds: Geodiversity Audit e Local Geodiversity Action conhecidos do grande público que os de biodiversidade,
Plan”, consideram que: esta é dependente daquela, conforme afirmam Silva et al.
Geodiversidade é a variação natural (diversidade) da (2008a, p. 12):
geologia (rochas, minerais, fósseis e estruturas), geomor- A biodiversidade está assentada sobre a geodiversida-
fologia (formas e processos) e solos. Essa variedade de de e, por conseguinte, é dependente direta desta, pois as
ambientes geológicos, fenômenos e processos fazem com rochas, quando intemperizadas, juntamente com o relevo
que as rochas, minerais, fósseis e solos sejam o substrato e o clima, contribuem para a formação dos solos, disponi-
para a vida na Terra. Isso inclui suas relações, propriedades, bilizando, assim, nutrientes e micronutrientes, os quais são
interpretações e sistemas que se inter-relacionam com a absorvidos pelas plantas, sustentando e desenvolvendo a
paisagem, as pessoas e culturas. vida no planeta Terra. Em síntese, pode-se considerar que
Carvalho (2007), em seu artigo “Natureza: Biodiversi- o conceito de geodiversidade abrange a porção abiótica do
dade e Geodiversidade”, assume esta definição: geossistema (o qual é constituído pelo tripé que envolve a
Biodiversidade é uma forma de dizer, numa só pala- análise integrada de fatores abióticos, bióticos e antrópicos)
vra, diversidade biológica, ou seja, o conjunto dos seres (Figura 1.1).

11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

por tipos específicos de rochas, relevo, solos e clima. Dessa


forma, obtém-se um diagnóstico do meio físico incluindo,
entre outros aspectos, sua capacidade de suporte para
subsidiar atividades produtivas sustentáveis (Figura 1.2).
A importância do conhecimento da geodiversidade de
uma região está diretamente ligada à gestão do meio físico
de modo a maximizar o seu aproveitamento com relação
ao uso e ocupação.
O que seria possível fazer para promover o aprovei-
tamento econômico e desenvolvimento sustentável de
uma determinada região formada por rochas cristalinas,
com relevo ondulado, solos de baixa fertilidade e pouco
espessos, clima seco e com poucos cursos d’água perenes?
O entendimento da geodiversidade da região em
questão nos leva ao conhecimento das rochas que com-
põem seu substrato geológico. Nesse exemplo particular,
as rochas são sienogranitos que possuem aptidão para uso
como rocha ornamental e, como subproduto da explota-
Figura 1.1 - Relação de interdependência entre os meios físico, ção, geração de brita para construção civil em áreas próxi-
biótico e a sociedade. mas (Figura 1.3). O relevo ondulado e a pouca espessura do
solo seriam outros fatores para auxiliar no desenvolvimento
APLICAÇÕES dessas atividades. A escassez de água (clima seco, poucos
cursos d’água perenes e aquíferos fraturados) tornaria a
O conhecimento da geodiversidade nos induz a uma área pouco propícia, ou com restrições, à instalação de
identificação mais segura das aptidões e restrições de uso atividades agrícolas ou assentamentos urbanos.
do meio físico de uma região, bem como os impactos su- Em outro exemplo, tem-se uma área plana (planície
cedidos de seu uso inadequado. Além disso, ampliam-se de inundação do rio Branco) cujo terreno é constituído por
as possibilidades de um conhecimento mais acurado dos areias e argilas, com possível presença de argilas moles.
recursos minerais, dos riscos geológicos e das paisagens Nessa situação, os espessos pacotes de areia viabilizam a
naturais próprias de determinadas áreas que são compostas explotação desse material para construção civil; as argilas

Figura 1.2 - Principais aplicações da geodiversidade. Fonte: Silva et al. (2008b, p. 182).

12
INTRODUÇÃO

Figura 1.3 - Sienogranito da Pedreira Mucajaí Figura 1.5 - Inundação de parte da cidade de Boa Vista pela cheia
(município de Mucajaí). de 2011, quando o rio Branco alcançou no local a marca histórica
de 10,28 metros.
moles, além da suscetibilidade a inundações periódicas,
tornam a área inadequada para ocupação urbana ou
industrial; a presença de solos mais férteis (várzeas) torna
a área propícia à agricultura de ciclo curto. Nota-se, no
entanto, que as várzeas e planícies de inundação são ocu-
padas por parte da população do estado de Roraima, que
sofre periodicamente os danos provocados pelas cheias
dos grandes rios (Figuras 1.4 e 1.5).
O que se observa nas figuras 1.4 e 1.5 é um exemplo
de estrutura urbana em que não se considerou a suscetibili-
dade do meio físico a inundações periódicas, evidenciando
ausência de planejamento no uso e ocupação do solo.
Uma situação de risco bastante frequente no estado
de Roraima é o desenvolvimento de grandes voçorocas em
solos coluvionares remobilizados de áreas mais elevadas
topograficamente. No exemplo mostrado na Figura 1.6,
numa área com substrato já vulnerável naturalmente à Figura 1.6 - Processo erosivo (voçorocamento) acelerado pela
atividade de garimpagem de diamante na serra do Tepequém,
erosão (solos arenosos), o processo erosivo se acelerou
município de Amajari.
devido à exploração garimpeira desordenada. O que fazer
para minimizar esse alto potencial erosivo natural? No caso específico, obras de engenharia para conter
o avanço desse processo são muito caras. Uma solução
alternativa eficaz e barata seria o plantio de bambu,
que possui raízes fortes e profundas capazes de fixar
o solo e amenizar a ação destrutiva das águas pluviais
nessa área. No planejamento de obras futuras na região
deve-se obrigatoriamente realizar disciplinamento sério
das águas das chuvas, buscando quebrar a energia das
mesmas, pois sem obstáculos elas escoam com grande
velocidade, concentrando energia de alto poder destrutivo
e tornando-se forte agente erosivo em áreas desprovidas
de vegetação ou com vegetação rala, como no caso das
savanas de Roraima.
Grandes projetos nacionais na área de infraestrutura
já se utilizam do conhecimento sobre a geodiversidade da
área proposta para sua implantação. Como exemplo, citam-
se os levantamentos ao longo dos percursos planejados
Figura 1.4 - Inundação da cidade de Caracaraí pela cheia de 2011, para as ferrovias Transnordestina, Este-Oeste e Norte-Sul,
quando o rio Branco alcançou um nível recorde. onde o entendimento das características da geodiversida-

13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

de da região se faz importante para escolha não só dos OWEN, D.; PRICE, W.; REID, C. Gloucestershire
métodos construtivos do empreendimento, como também cotswolds: geodiversity audit & local geodiversity
para o aproveitamento econômico das regiões no entorno action plan. Gloucester: Gloucestershire Geoconservation
desses projetos. Trust, 2005. 95 p.
É importante destacar que o conhecimento da ge-
odiversidade implica o conhecimento do meio físico no SERRANO CAÑADAS, E.; RUIZ FLAÑO, P. Geodiversidad:
tocante às suas limitações e potencialidades, possibilitando concepto, evaluación y aplicación territorial: el caso de
a planejadores e administradores uma visão mais segura Tiermes-Caracena (Soria). Boletín de la Asociación de
do tipo de aproveitamento e do uso mais adequado para Geógrafos Españoles, La Rioja, n. 45, p. 79-98, 2007.
uma determinada área ou região.
SILVA, Cássio Roberto da et al. Começo de tudo. In: SILVA,
REFERÊNCIAS Cássio Roberto da (Ed.). Geodiversidade do Brasil:
conhecer o passado, para entender o presente e prever o
BRILHA, j.; Pereira D.; Pereira, P. Geodiversidade: valores futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008. p. 11-20.
e usos. Braga: Universidade do Minho, 2008. 15 p.
______ et. al. Aplicações múltiplas do conhecimento
CARVALHO, A. M. Galopim de. Natureza: da geodiversidade. In: SILVA, Cássio Roberto da (Ed.).
biodiversidade e geodiversidade. Disponível em: Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para
<http://terraquegira.blogspot.com.br/2007/05/ entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro:
natureza-biodiversidade-e.html>. Acesso em: 25 jan. CPRM, 2008. p. 181-202.
2010.
XAVIER DA SILVA, J.; CARVALHO FILHO, L. M. Índice
CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Mapa de geodiversidade da restinga da Marambaia (RJ): um
geodiversidade do Brasil: escala 1:2.500.000, exemplo do geoprocessamento aplicado à geografia física.
legenda expandida. Brasília: CPRM, 2006. 68 p. 1 CD- Revista de Geografia, Recife, v. 1, p. 57-64, 2001.
ROM.
VEIGA, Tadeu. A geodiversidade do cerrado.
GRAY, Murray. Geodiversity: valuying and conserving Disponível em: <http://www.pequi.org.br/geologia.
abiotic nature. Chichester: John Wiley & Sons, 2004. 434 p. html>. Acesso em: 25 jan. 2010.

14
2
ARCABOUÇO GEOLÓGICO
Nelson Joaquim Reis (nelson.reis@cprm.gov.br)
Leda Maria Barreto Fraga (leda.fraga@cprm.gov.br)
Marcelo Esteves Almeida (marcelo.esteves@cprm.gov.br)

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................17
Compartimentação Tectônica ...............................................................................17
Províncias Geocronológicas e Domínios Tectonoestratigráficos.........................17
Cinturão Cauarane-Coeroeni .............................................................................18
Domínio Cuchivero-Surumu-Iwokrama-Dalbana ...............................................19
Domínio Parima-Urariquera ...............................................................................21
Domínio Mucajaí-Lua-South Savannas (MU-LU-SS)........................................... 22
Domínio Anauá-Kuyuwini (AN-KU)) ...................................................................24
Referências............................................................................................................26
ARCABOUÇO GEOLÓGICO

INTRODUÇÃO é subdividida em termos de províncias geocronológicas


cujos limites mostram consideráveis diferenças (Figura 2.1).
Do ponto de vista geológico, o estado de Roraima está As unidades geológicas mais antigas do estado se situam
localizado ao norte do cráton Amazonas, na porção central no intervalo 2,03–1,95 Ga (bilhões de anos) e se referem
do escudo das Guianas, mantendo limites com a Venezuela a uma evolução pós-Transamazônica, portanto mais
e a Guiana, e estados do Amazonas e Pará (Figura 2.1). jovem do que a idade máxima admitida para a Província
Constitui uma área-chave ao entendimento da evolução do Maroni–Itacaiúnas por Tassinari e Macambira (1999; 2004)
escudo das Guianas, cujas exposições rochosas agrupam (Figura 2.1A), cuja evolução é creditada a uma sucessão
idades estabelecidas desde o Paleoproterozoico (período de arcos magmáticos e eventos colisionais ocorridos entre
Orosiriano) até tempos do Fanerozoico (Mesozoico e Ce- 2,2 e 1,95 Ga. Por outro lado, o intervalo 2,03–1,95 Ga
nozoico). A grande extensão de cobertura do tipo savana está contido no período estabelecido por Santos et al.
constitui um fator amazônico peculiar e preponderante para (2006a) (Figura 2.1B) para a Província Tapajós-Parima,
o estudo, compreensão e avanços do conhecimento geoló- a qual refletiria a evolução de orógenos acrescionários
gico, facilitando o acesso às exposições rochosas em calhas entre 2,03 e 1,88 Ga. No modelo de Santos et al. (2006a),
de rios e igarapés e em regiões montanhosas/serranas. a Província Tapajós-Parima recobre parte da Província
Roraima acolhe aspectos únicos da geodiversidade Amazônia Central, de Tassinari e Macambira (1999),
nessa área do escudo, capacitando e expandindo os reais representante de um suposto núcleo cratônico de idade
parâmetros delimitadores das unidades geológicas às re- arqueana, confirmado apenas pelas idades TDM Sm-Nd.
giões vizinhas ainda carentes desses informes. Reis e Fraga (2000) e Reis et al. (2003; 2006a) têm
se utilizado de domínios tectonoestratigráficos na com-
COMPARTIMENTAÇÃO TECTÔNICA partimentação tectônica do estado de Roraima, sendo
propostos quatro principais domínios: Parima, Guiana
Províncias Geocronológicas Central, Surumu e Uatumã-Anauá (Figura 2.2).
e Domínios Tectonoestratigráficos O Domínio Parima articula-se em lineamentos NW-SE
que, para leste, se conjugam a lineamentos E-W, registran-
Duas propostas baseadas num mesmo modelo de do idades orosirianas no intervalo 2,03-1,94 Ga. A ausência
evolução do cráton têm sido concebidas para a região, que de fontes transamazônicas na evolução do domínio (Santos

Figura 2.1 - Modelos de províncias geocronológicas de Tassinari & Macambira (1999) (A) e de Santos et al. (2006a)
(B) no escudo das Guianas.

17
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

de rochas supracrustais e que recebeu a de-


nominação de “Cinturão Cauarane-Coeroeni”
- CCC. Com base nessa proposta, são aqui re-
conhecidos cinco domínios tectonoestratigrá-
ficos: Cuchivero-Surumu-Iwokrama-Dalbana;
Parima-Urariquera; Mucajaí-Lua-South Savan-
nas; Anauá-Kuyuwini e Amazonas-Imeri, este
último não presente no estado de Roraima.
Tais domínios são representados por faixas
não lineares que se notabilizam por uma dis-
tinta evolução ao longo do tempo geológico,
mantendo nítida continuidade física no terreno
onde áreas da Venezuela, Guiana e Suriname
mantêm prolongamento aos estados de Rorai-
ma, Amazonas e Pará na porção brasileira do
escudo (Figura 2.3).
O Cinturão Cauarane-Coeroeni no escudo
das Guianas (Figura 2.3) representa uma faixa
descontínua e sinuosa formada por rochas
da fácies anfibolito a granulito pertencentes,
Figura 2.2 - Domínios tectonoestratigráficos propostos por Reis & Fraga (2000) de oeste para leste, ao Grupo Cauarane, em
e Reis et al. (2003; 2006a) para o estado de Roraima. Roraima (NW-SE a NE-SW), Complexo Kanuku,
na Guiana (NE-SW a NW-SE) e Grupo Coero-
et al., 2003a) contesta a ideia de um extenso bloco arquea- eni, no Suriname (NW-SE), sendo interpretado como um
no para a Província Amazônia Central (Tassinari e Macam- cinturão colisional que delimita áreas ao norte e sul com
bira, 2004). O Domínio Surumu expõe lineamentos E-W distinta evolução. O segmento central do cinturão com
que interagem a oeste com aqueles do Domínio Parima e direção NE-SW corresponde ao domínio Guiana Central,
que também engloba parte da Província Amazônia Central. de Reis et al. (2003) e foi interpretado por Santos et al.
Tem expressão através de contínuas áreas de vulcano-plu- (2006a) como parte da Província K´Mudku. Este cinturão
tonismo, sedimentação e magmatismo máfico no intervalo redefine prévias estruturações lineares tais como os cin-
1,98-1,78 Ga. O Domínio Guiana Central representa um turões granulíticos Guiana Central (Kroonenberg, 1976) e
grande lineamento ou faixa NE-SW à qual se relaciona um Parima (Lima et al., 1982).
grande contingente de rochas supracrustais de
alto grau metamórfico, além de ortognaisses
de variada natureza e charnockitos orosirianos.
Uma associação AMG (Anortosito-Mangerito-
-Granito Rapakivi) do Calimiano (1,56–1,53 Ga)
está exposta na porção central desse domínio,
que mostra uma reativação mesozoica através
da abertura e sedimentação do gráben Tacutu,
magmatismo alcalino e enxames de diques
máficos. O Domínio Uatumã-Anauá reúne em
seu arcabouço geológico lineamentos NE-SW e
ENE-WSW, localmente NW-SE, superimpostos
em rochas dominantemente granitoides, cujas
idades se distribuem em dois principais inter-
valos: 1,97-1,96 e 1,90–1,81 Ga.

Cinturão Cauarane-Coeroeni
Figura 2.3 - Esboço geológico do Cinturão Cauarane-Coeroeni – CCC
Em adição aos modelos de províncias (Adaptado de Fraga et al., 2008) e domínios a norte e sul do principal cinturão
e domínios ilustrados nas figuras 2.1 e 2.2, em azul-escuro (este estudo): Domínio Cuchivero-Surumu-Iwokrama-Dalbana
outro modelo embasado no reconhecimento (CU-SU-IW-DA); Domínio Parima-Urariquera (PA-UR); Domínio Mucajaí-Lua-
South Savannas (MU-LU-SS). Para o extremo oeste e sul, respectivamente, os
de um cinturão de alto grau metamórfico foi domínios Amazonas-Imeri (AM-IM) e Anauá-Kuyuwini (AN-KU). Os limites entre
concebido por Fraga et al. (2008; 2009a), os domínios tectonoestratigráficos são aproximados. Os limites entre países e
uma megaestrutura que conecta exposições estados se encontram pontilhados.

18
ARCABOUÇO GEOLÓGICO

As unidades supracrustais de alto grau metamórfico depósitos de tálus (fluxo de detritos). Em corte de drena-
que integram o CCC reúnem paragnaisses migmatíticos gem, essas exposições formam barrancos com metros de
quartzo-feldspáticos e subordinadas calcissilicáticas, an- espessura. Na região de savana, formam suaves elevações
fibolitos, metachertes, quartzitos, formações ferríferas (“tesos”) em relação à planície aluvial, onde uma sedimen-
bandadas, máficas e ultramáficas, além de calcários dolomí- tação holocênica, de espessura métrica, contém na base
ticos, esses restritos ao Grupo Coeroeni. Os ambientes tec- níveis de cascalho rico em fragmentos lateríticos. A frag-
tônicos sugeridos para essas supracrustais permanecem em mentação dessas coberturas na forma de blocos de canga
discussão e as idades estabelecidas para corpos granitoides laterítica revela feições de áreas de denudação, onde os
no seu interior e em zircões detríticos em metassedimentos tesos assinalam paleoníveis topográficos (Reis et al., 2002).
apontam para diferentes contextos e intervalos de tempo.
Na porção brasileira e região da vila Taiano, um fundido Domínio Cuchivero-Surumu-Iwokrama-Dalbana
encaixado em paragnaisses Cauarane forneceu uma idade (CU-SU-IW-DA)
U-Pb SHRIMP de 1969 ± 4 Ma (milhões de anos) (Bizzi et
al., 2003). Com uma idade U-Pb SHRIMP em 1970 ± 5 Ma As principais feições morfológicas deste domínio
(CPRM, 2012), o Granito Mixiguana contém xenólitos do incluem áreas montanhosas em região de floresta tropical
Grupo Cauarane e vem sendo interpretado como formado ou formando serranias no interior da savana estépica ou
em condições de um magmatismo tardi a pós-colisional parque (Figura 2.5).
(Reis et al., 2012). Uma idade U-Pb em monazita de 1995 ± O domínio ocorre ao norte do CCC e caracteriza-se por
4 Ma (Fraga et al., 2010) tem sido considerada para o Gra- um terreno vulcano-plutônico e sedimentar intracratônico,
nito Amajari, um corpo com características sin-colisionais tendo destaque o Bloco Pacaraima e o magmatismo máfico
no interior de paragnaisses do Grupo Cauarane. Avanavero associado. As idades U-Pb SHRIMP disponíveis
No terreno, o cinturão revela uma variada fisiografia na porção brasileira do domínio assinalam um intervalo
que inclui áreas montanhosas em região de floresta tropical 1,98–1,78 Ga para sua evolução. Este domínio prolonga-
e serranias, maciços e morros no interior da savana estépica se para a Venezuela (Cuchivero; Mendoza, 2000), Guiana
e/ou parque (Figura 2.4). (Iwokrama; Gibbs; Barron, 1983) e Suriname (Dalbana;
Coberturas detrito-lateríticas assentam sobre litologias Bosma et al., 1983).
do Grupo Cauarane e contêm blocos e fragmentos de O vulcanismo e o plutonismo estabelecem idades U-Pb
metacherte e quartzo leitoso no seu interior, sugestivos de SHRIMP próximas a 1,98 Ga, encontrando-se representados

Figura 2.4 - Fisiografia e geologia do Cinturão Caurane-Coeroeni. (a) Região de savana e maciço Kanuku representado
por rochas de alto grau metamórfico nas proximidades da fronteira Brasil e Guiana; (b) Região da vila Taiano com
domínio de paragnaisses, metachertes ferríferos e gonditos do Grupo Cauarane, parte integrante do cinturão em região
de savana parque; (c) Detalhe de um paragnaisse Cauarane rico em granadas (gr) da região da vila Taiano (antiga torre).

19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

pelo Grupo Surumu (1982 ± 3 Ma) e suítes Pedra Pintada des com características tardi a pós-colisionais têm sido rela-
(1985 ± 1 Ma) e Aricamã (1986 ± 4 Ma) (Fraga et al., 2010). cionados nas suítes Saracura (Fraga; Araújo, 1999) e Morro
O conjunto vulcano-plutônico assinala características pós- do Bezerro (Reis; Almeida, 1999). Santos et al. (2006b) têm
-colisionais (Reis et al., 1999) e inclui as rochas vulcânicas atribuído para a Suíte Saracura, em sua localidade-tipo,
da Formação Cachoeira da Ilha ( Fraga et al., 2010). uma evolução grenvilliana relacionada à Província K´Mudku,
Para leste, região dos rios Surumu e Cotingo, o quadro onde zircões magmáticos foram datados pelo método U/
geológico reúne vulcânicas e granitoides no arco magmá- Pb em 1317 ± 13 Ma. No entanto, o corpo Saracura ocorre
tico Orocaima (Reis et al., 2000), com idades U-Pb mais fora do domínio da Província K´Mudku.
jovens e estabelecidas respectivamente em 1966 ± 9 Ma Assentada sobre o substrato vulcânico Surumu, a
(Schobbenhaus et al., 1996) e 1956 ± 5 Ma (Bizzi et al., Formação Tepequém registra contemporaneidade com a
2003). Assinala a existência de um novo estágio acrescio- evolução da bacia Roraima através do Bloco Pacaraima (Reis
nário e sugere um ambiente colisional mais jovem do que e Yánez, 2001). O pacote sedimentar Tepequém formou-se
aquele relacionado ao arco Trairão-Anauá. Corpos granitoi- em condições de subsidência de uma caldeira vulcânica,
cujo vulcanismo que a antecede contém um grande volume
de material piroclástico depositado em 1966 ± 7 Ma (Reis
et al., 2011).
A bacia Roraima responde a processos de subsidência
mecânica e termal e evoluiu através de uma bacia disten-
sional/marginal do tipo pull-apart, a considerar o padrão
reliquiar romboédrico do Bloco Pacaraima e evolução de
seus sistemas deposicionais a partir de ambientes de planí-
cies aluvionares e instalação de possantes rios entrelaçados
com áreas-fonte a nordeste (Reis et al., 1990).
Dois eventos magmáticos máficos são reconhecidos
neste Domínio: Diabásio Avanavero (Groeneweg; Bosma
1970) e Suíte Uraricaá (Riker et al., 1999). O Diabásio Avana-
vero está representado por diques e soleiras, encontrando-
-se melhor exposto no interior do Bloco Pacaraima, onde
estabelece a idade mínima U-Pb SHRIMP de 1782 ± 3 Ma
para o Supergrupo Roraima (Santos et al., 2003b). A Suíte
Uraricaá compreende corpos de forma e dimensão variadas,
que na sua localidade-tipo forneceram uma idade U-Pb
SHRIMP de 1882 ± 4 Ma (CPRM, 2012).
Os lamprófiros “Serra do Cupim” (Fraga et al., 2010),
em forma de diques e derrames, representados por espes-
sartitos, microdioritos e subordinados andesitos, revelaram
idades Pb-Pb por evaporação em 1766 ± 6 e 1735 ± 7 Ma.
O domínio registra enxames de diques mesozoicos
(Triássico superior) da unidade Diabásio Taiano (Reis et
al., 2008), cuja direção preferencial é NE-SW, secionando
unidades vulcânicas, graníticas e sedimentares proterozoi-

Figura 2.5 - Fisiografia e geologia do Domínio Cuchivero-Surumu-Iwokrama-Dalbana. (a) Vale do rio Cotingo, onde predominam rochas
vulcânicas do Grupo Surumu; (b) Região das bacias dos rios Surumu e Cotingo, com destaque para o característico alinhamento de
serras com direção E-W; (c) Feições de relevo esculpidas nas rochas sedimentares do Supergrupo Roraima, na proximidade do substrato
vulcânico/vulcanoclástico do Grupo Surumu, arredores da cidade de Uiramutã.

20
ARCABOUÇO GEOLÓGICO

cas. Idades Ar-Ar (step heating) ao redor de 200 Ma foram raneidade com a Formação Boa Vista, que se apresenta
obtidas por Marzoli et al. (1999) para alguns diques do mais para leste, ainda no interior do domínio Cuchivero-
escudo das Guianas (incluindo Roraima), relacionando-os -Surumu-Iwokrama-Dalbana. Na proximidade da serra
às principais manifestações máficas que integram a Central Guariba, rio Viruaquim, Maia (1980) descreveu, a partir
Atlantic Magmatic Province (CAMP). O magmatismo Taiano de furos de sondagem, uma espessura de 14,0 metros
antecede em aproximadamente 50 Ma os derrames Apo- de arenitos e arenitos sílticos ferrificados recobrindo o
teri, associados à abertura do gráben do Tacutu, e registra embasamento.
uma fase pré-rifte. A oeste de Normandia e ao sul das malocas Raposa e
Ao sul do front das montanhas Marari–Memória, Guariba, a planície aluvial formada pela sedimentação da
região da maloca Contão (Terra Indígena Raposa–Serra Formação Boa Vista inclui no seu interior campos de areia
do Sol), Reis et al. (2002) descreveram uma seção se- (prováveis dunas eólicas) da Formação Areias Brancas. Essas
dimentar com 7,0 metros de espessura, composta por áreas arenosas constituem, via de regra, interflúvios para os
arenitos, arenitos conglomeráticos com seixos e calhaus igarapés Cuacuá, Xeruini, Xuminá, Viruaquim e Bismarck,
de quartzo e rochas vulcânicas e graníticas, arenitos fer- cujo interior e entorno desenvolvem uma drenagem nor-
ruginosos, arenitos sílticos e argilitos mosqueados. Essa malmente intermitente, devida ao assoreamento arenoso, e
sucessão sedimentar fornece características de depósitos diretamente relacionada à formação de lagos, muitas vezes
de leques aluviais com baixo gradiente de declive e de em regime de colmatação (Reis et al., 2002).
planície aluvial com incipiente desenvolvimento de canais
fluviais, algumas vezes intermitentes, encontrando-se Domínio Parima-Urariquera (PA-UR)
em uma bacia restrita à região entre a vila Surumu e a
maloca Contão, recebendo neste estudo a denominação As principais feições morfológicas deste domínio são
de Formação Contão. No seu interior ocorrem inselbergs verificadas em áreas montanhosas em região de floresta
de rochas vulcânicas do Grupo Surumu e de granitos da tropical, as quais estão inseridas, em grande parte, na Terra
Suíte Pedra Pintada. Essa formação mantém contempo- Indígena Ianomâmi (Figura 2.6).

Figura 2.6 - Fisiografia e geologia do Domínio Parima-Urariquera. (a) Região da vila Reislândia (área de assentamento Paredão), onde
predominam rochas metagraníticas pertencentes às suítes Trairão e Reislândia e ao Complexo Urariquera; (b) Região do alto rio Urariquera,
onde predominam rochas metagranitoides, ortognáissicas e vulcanossedimentares com idades situadas no intervalo 1,97–1,94 Ga. O domínio
em floresta tropical está na sua totalidade no interior da Terra Indígena Ianomâmi; (c) Região a SW da cidade de Alto Alegre, proximidades do
contato com rochas do Subdomínio Mucajaí; (d) Região do rio Trairão (baixo curso) com domínio de rochas da Suíte Trairão.

21
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

O Domínio constitui um prolongamento a oeste do Na região de Parima, oeste de Roraima, corpos graní-
CCC, onde predominam rochas ortognáissicas e metagrani- ticos com características anorogênicas têm sido descritos
toides que têm sido historicamente reunidas no Complexo na Suíte Surucucus (Pinheiro et al., 1981; Almeida et al.,
Urariquera, uma unidade ainda pouco estudada por estar 2003), cuja idade estabelecida em 1551 ± 5 Ma (Santos et
contida em terras indígenas de acesso restrito. Estende-se al., 1999) reforça correlações com a Suíte Mucajaí.
para a Venezuela, onde gnaisses e granitoides bem foliados
têm sido descritos ao sul da Província Cuchivero-Amazonas Domínio Mucajaí-Lua-South Savannas (MU-LU-SS)
(Cox et al., 1993; Mendoza, 2000).
No interior do complexo, na bacia do rio Urariquera (rio O domínio responde por uma variada fisiografia,
Aracaçá e região de Uaicás), encontram-se corpos lenticula- predominando, contudo, aquela montanhosa e de mor-
res de paragnaisses, contudo, limitados a poucos informes de ros residuais em região de floresta tropical densa. Nas
campo e delineados, em parte, por interpretação geofísica. proximidades do contato floresta e savana, ocorrem
Uma paragênese mineral de alto grau metamórfico tem áreas de assentamento agrícola (p. ex., Paredão, Apiaú,
possibilitado analogias ao Grupo Cauarane do CCC. Roxinho, Alto Alegre). Nas áreas de savana, o domínio
Uma idade U-Pb SHRIMP em 2026 ± 5 Ma obtida em tectonoestratigráfico registra maciços e inselbergs rocho-
um granodiorito da ilha de Maracá, rio Urariquera, permitiu sos em superfície contínua de coberturas sedimentares
postular a existência de um arco primitivo preservado e fanerozoicas, com destaque para a região do gráben
com fontes com limitada residência crustal, sendo corres- Tacutu (Figura 2.7).
pondido à Suíte Trairão (Fraga et al., 2010). Para oeste, em direção ao estado do Amazonas, o
Na zona fronteiriça entre Brasil e Venezuela, região limite entre os domínios Mucajaí-Lua-South Savannas e
do rio Parima, a bacia metavulcanossedimentar do Grupo Imeri-Amazonas é especulativo e revela incertezas quanto
Parima registra uma deposição pós-Transamazônica com à passagem de rochas ortognáissicas da Suíte Rio Urubu
idades U-Pb SHRIMP estabelecidas em 1968 ± 7 Ma para (1,94-1,93 Ga) para aquelas do Complexo Cauaburi (1,81-
um quartzito e 1946 ± 7 Ma para um metandesito (San- 1,79 Ga). Ambos os domínios integram a Província K´Mudku
tos et al., 2003a). A idade no metassedimento representa de Santos et al. (2006a).
aquela mais jovem proveniente de populações de zircões O domínio registra a evolução de terrenos paleo e
detríticos. Na referida região, a sucessão reúne paragnais- mesoproterozoicos cujas idades U-Pb SHRIMP e Pb-Pb por
ses, quartzitos, filitos e andesitos (por vezes komatiíticos) evaporação apontam para os intervalos 1,94-1,93 e 1,56-
metamorfizados na fácies xisto verde a anfibolito (Arantes; 1,52 Ga. Inliers de rochas ortognáissicas com idades em
Mandetta, 1970; Pinheiro et al., 1981; Reis et al., 1994; 2,03 Ga, de metassedimentos possivelmente associados a
Nunes et al., 1994). bacias back-arc e de granitoides com idades no intervalo
Corpos máficos (e ultramáficos) alinhados na direção 1,97-1,96 Ga, também ocorrem nas proximidades do Do-
NW-SE se encontram no interior do Complexo Urariquera mínio Mucajaí-Lua-South Savannas, sendo por este motivo,
e têm sido reunidos na Suíte Serra da Estrutura, cabendo aqui descritos. Para Almeida (2006) o estágio colisional
comparações aos corpos Tapuruquara do noroeste do retratado na evolução do orógeno Anauá pode ter sido
Amazonas por parte de Pinheiro et al. (1981). Santos et o responsável pelo alçamento tectônico de granulitos
al. (2006b) obtiveram para o corpo Tapuruquara uma a níveis crustais mais rasos, bem como pela geração de
idade U-Pb SHRIMP mesoproterozoica em 1.172 ± 8 Ma, parte de rochas formadas no intervalo 1,94-1,93 Ga (Suíte
realocando este magmatismo no Esteniano. Os autores Metamórfica Rio Urubu).
admitiram a possibilidade de que os corpos Tapuruquara No Paleoproterozoico reúnem-se ortognaisses, meta-
tenham participado da evolução da Província K´Mudku. granitoides e charnockitos, cujo conjunto rochoso estende-
Contudo, a idade de 1882 ± 4 Ma (CPRM, 2012), obtida -se para a região de South Savannas, sul das montanhas
para o principal corpo da Suíte Uraricaá no prolongamento Kanuku, na Guiana. No Mesoproterozoico encontram-se
leste do Domínio Parima-Urariquera, confirma diferentes corpos graníticos, charnockitoides e gabro-anortosíticos,
idades para corpos de similar natureza magmática. restritos à porção brasileira do domínio.
Na porção oeste de Roraima, Almeida et al. (2003) têm Em Roraima, este domínio contém rochas com idades
caracterizado quimicamente corpos graníticos intrusivos de orosirianas atribuídas a duas principais regiões. A primeira e
natureza sin e pós-colisional, reunidos respectivamente nas mais antiga, na proximidade do Domínio Anauá-Kuyuwini,
suítes Rio Couto de Magalhães e Auaris. Outras suítes com reúne metagranitoides do Complexo Anauá com idade
características tardi a pós-colisionais foram reconhecidas U-Pb SHRIMP em 2028 ± 9 Ma (Faria et al., 2003), cujo
pelos autores nas suítes Ericó e Tocobirén, cujo comporta- valor registra contemporaneidade àquele obtido para a
mento químico mereceu uma correspondência respectiva- Suíte Trairão no âmbito do Domínio Parima-Urariquera,
mente às suítes Pedra Pintada e Serra da Prata do Domínio podendo representar um inlier dessa maior unidade que
Mucajaí-Lua-South Savannas. Estudos recentes (CPRM, conjuntamente forma o arco magmático Anauá-Trairão.
2012) têm estabelecido para as suítes Ericó e Tocobirén No intervalo 1,97-1,96 Ga reúnem-se os granitoides da
idades U-Pb SHRIMP no intervalo 1,97-1,96 Ga. Suíte Martins Pereira e o Granito Serra Dourada (Terreno

22
ARCABOUÇO GEOLÓGICO

Figura 2.7 - Fisiografia e geologia do Domínio Mucajaí-Lua-South Savannas. (a) Região entre a cidade de Mucajaí e a vila Apiaú, onde
predominam rochas ortognáissicas da Suíte Rio Urubu, charnockíticas da Suíte Serra da Prata e o conjunto mesoproterozoico de uma
Associação AMG. Na foto, extensa zona de cisalhamento (milonitos a ultramilonitos) representada por alinhamento de serras; (b) Região
do rio Apiaú, onde predominam rochas granitoides da Suíte Mucajaí. Ao fundo, serra Mucajaí; (c) Região a SW da cidade de Alto Alegre,
bacia do rio Mucajaí, na proximidade do contato com rochas do Domínio Parima - Urariquera; (d) Região do gráben Tacutu em áreas de
savana, onde é comum a presença de inselbergs charnockíticos e ortognáissicos.

Martins Pereira – Anauá de Almeida et al., 2002), este em Curiosamente, os granitoides Martins Pereira e Serra
associação com metassedimentos (“Uai-Uai”, Bizzi et al., Dourada registram contemporaneidade à evolução dos cor-
2003) de baixo a médio grau que devem registrar correlação pos Mixiguana, Reislândia, Ericó e Tocobirém do Domínio
à bacia Kwitaro/Marudi do sul da Guiana. As idades Pb-Pb Parima-Urariquera, onde idades U-Pb SHRIMP estabelecem
em monozircão em 1960 ± 21 e 1938 ± 17 Ma obtidas por o mesmo intervalo de tempo em 1,97-1,96 Ga (CPRM,
Almeida et al. (1997) para a Suíte Igarapé Azul indicam uma 2012). Uma evolução relacionada aos estágios finais do arco
correspondência aos valores registrados para granitoides Anauá-Trairão tem sido postulada para os corpos Martins
dos tipos Serra Dourada e Rio Urubu, respectivamente. Pereira e Serra Dourada, respectivamente em ambientes
Na região da maloca Curuxuim, proximidades do rio tardi a sin-colisionais (Almeida, 2006).
Tacutu, muscovita leucogranitos, incluindo xenólitos me- A segunda região deste domínio, marginal ao CCC e
tassedimentares e de metabasitos e tipos enriquecidos em com maior área contínua de ortognaisses e metagranitoi-
muscovita (e granada), foram agrupados na unidade Granito des, encontra-se representada pela Suíte Metamórfica Rio
Curuxuim, cujas características químicas os têm relacionados Urubu, com idades U-Pb SHRIMP e Pb-Pb por evaporação
ao tipo S (Reis et al., 1999). Mantêm contato em arranjo estabelecidas no intervalo 1,94-1,93 Ga (Gaudette et al.,
tectônico com rochas ortognáissicas da Suíte Rio Urubu. 1996; Fraga et al., 2009b). O Terreno Urubu prolonga-
De acordo com Almeida (2006), a idade em 1889 se para leste, onde na Guiana recebe a denominação de
± 4 Ma para um milonito confere uma revisão do limite “Southern Guyana Granite Complex” (Gibbs; Barron,
anteriormente definido pelo lineamento Itã entre os do- 1993). No interior da Suíte Rio Urubu ocorrem corpos
mínios Guiana Central e Uatumã-Anauá, de acordo com o charnockíticos (a hiperstênio e com textura ígnea) previa-
estabelecido previamente por Reis et al. (2006). mente descritos como granulitos por Santos e Olszewski

23
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

(1988) e Gaudette et al. (1996), e reunidos por Fraga Pequenos corpos alcalinos na região do rio Reparti-
et al. (1997) e Fraga e Araújo (1999) na Suíte Serra da mento e enxames de diques de diabásio (Taiano) com dire-
Prata. Idades Pb-Pb para a suíte situaram-se no intervalo ção preferencial NE-SW refletem um período de tectônica
1,94-1,93 Ga, comum às litologias da Suíte Rio Urubu. A global no desmembramento dos continentes sul-americano
idade U-Pb SHRIMP em 1942 ± 7 Ma para o Granulito e africano ao redor de 200 Ma. Ao longo do Jurássico-
Barauana ressalta a ocorrência de rochas de alto grau de -Cretáceo, uma reativação extensional ao longo daquela
metamorfismo no interior da Suíte Rio Urubu (Almeida, principal estruturação e em domínio de rochas da Suíte Rio
2006). Na Guiana, essas litologias foram integradas no Urubu, veio efetivar a instalação do rifte Tacutu, iniciado
Complexo Kanuku por Berrangé (1973), tendo sido revistas com os derrames basálticos Apoteri, em aproximados 150
por Reis et al.(1999). Ma (Ar-Ar step heating) e subsequente sedimentação cre-
Na porção central do domínio, a Suíte Rio Urubu tácea (Reis et al., 2008).
serve de embasamento para unidades mesoproterozoi- Recobrindo as unidades precedentes, a Formação Boa
cas caracterizadas por Fraga et al. (2009c) como um Vista aflora a sudoeste e nordeste da capital Boa Vista,
complexo anortosito-mangerito-granito rapakivi (AMG). estando fortemente controlada pela estruturação do hemi-
Complexos AMCG são comuns nos escudos Báltico gráben Tacutu, cuja bacia tem seu limite sul balizado pelo
(Finlândia, Noruega) e Canadense (Hemisfério Norte), baixo curso do rio Mucajaí. Onde aflorante, a Formação
caracterizando-se por volumoso magmatismo intraplaca reúne arenitos arcoseanos, por vezes conglomeráticos, cuja
cujas suítes estão relacionadas ao mesmo processo de melhor exposição foi descrita na bacia do igarapé Bacadal
evolução crustal (Windley, 1993), não sendo, contudo, (afluente esquerdo do rio Mucajaí), a sudoeste da fazenda
comagmáticas (Emslie, 1991; Rämö; Haapala, 1995). Os Pau-Rainha (Reis et al., 2002). O prolongamento da For-
complexos AMCG situam-se preferencialmente ao longo mação Boa Vista em território guianense (North Savannas
de cinturões orogênicos paleoproterozoicos, cuja coloca- Formation) permite supor uma área total de sedimentação
ção se dá entre 100-600 Ma após o término dos processos de aproximadamente 21.700 km2.
de formação crustal. Campos de dunas eólicas de areia expõem-se ao
Na região compreendida entre os rios Apiaú, Mucajaí longo da região de savana e em várias áreas do domínio
e Branco, porção central de Roraima, reúnem-se corpos do de sedimentação da Formação Boa Vista. Formam acumu-
Anortosito Repartimento (A - noritos e gabronoritos subor- lações arenosas pelo retrabalhamento de litounidades da
dinados) em íntima associação temporal e espacial com Formação Boa Vista, por vezes gerando feições de atividade
(M) quartzo mangeritos (a sienitos) e (G) granitos rapakivi eólica, cujos depósitos foram relacionados ao início do Pleis-
da Suíte Mucajaí (Fraga et al., 2009c). Santos et al. (1999) toceno (Santos; Nelson, 1995; Latrubesse; Nelson, 2001)
obtiveram para o Anortosito Repartimento uma idade em e cujo conjunto sedimentar tem sido referido à Formação
1527 ± 7 Ma (U-Pb em baddeleyita). As idades disponíveis Areias Brancas (Reis et al., 2002).
para a Suíte Mucajaí correspondem ao intervalo 1,56-1,53
Ga (U-Pb SHRIMP, Gaudette et al., 1996; Pb-Pb em mo- Domínio Anauá-Kuyuwini (AN-KU)
nozircão, Fraga et al., 1997; Fraga, 2002) para granitos e
quartzo mangeritos. Rochas charnockíticas e graníticas O domínio apresenta uma fisiografia diversificada,
mais jovens, no intervalo 1,43-1,42 Ma, foram reunidas na predominando aquela formada por maciços rochosos
Suíte Serra Grande por Santos et al. (2011). montanhosos a morrarias em região de floresta tropical.
Episódios tectônicos do tipo “grenvilliano” no cráton Contrasta, entretanto, com a extensa planície sedimentar
foram merecedores de atenção por parte de Cordani et representada pelo Pantanal Setentrional (Figura 2.8).
al. (2010). Na região de ocorrência da associação AMG, o Geologicamente, agrupa um conjunto vulcano-
principal corpo granítico registra zonas de cisalhamento -plutônico cerca de 100 Ma mais jovem do que aquele
marginais com desenvolvimento de milonitos em con- reconhecido ao norte do CCC (Domínio Cuchivero-Surumu-
dição rúptil-dúctil. Fraga (2002) reforça a inexistência -Iwokrama-Dalbana), encontrando-se representado pelas
de metamorfismo em rochas da associação AMG, além suítes cálcio-alcalinas Água Branca e Igarapé Azul, cuja
de sua proximidade com encaixantes orosirianas. A res- evolução se processou no intervalo 1,90-1,88 Ga (Almeida
peito da Província K´Mudku de Santos et al. (2006a), a et al., 2002; Almeida, 2006).
autora atesta que a província não constitui uma feição A Suíte Igarapé Azul reúne corpos de pequenas dimen-
tectônica coerente, registrando estilos gerados durante sões, por vezes com enclaves de granitos Martins Pereira
diferentes períodos de evolução do escudo. De acordo (1,97 Ga) e metassedimentos Uai-Uai. Coube a Almeida et
com Almeida et al. (2008), o padrão estrutural a sul do al. (2002) desassociar as litologias da área-tipo do Granito
Domínio Mucajaí-Lua-South Savannas, na proximidade Igarapé Azul (Faria et al., 2000), mencionando, por sua vez,
com o Domínio Anauá-Kuyuwini, estabelece dois prin- uma correspondência litológica e temporal com o Granito
cipais eventos tectônicos deformacionais mais jovens, Serra Dourada.
nos intervalos 1,72–1,66 Ga (Evento Itã) e 1,35–0,98 Ga O principal corpo granítico da Suíte Água Branca
(Evento K´Mudku). está representado pelo Granito Caroebe, em uma extensa

24
ARCABOUÇO GEOLÓGICO

região compreendida entre as bacias dos rios Jauaperi e Assomam rochas vulcânicas do Grupo Iricoumé que
Anauá. Contudo, a área de abrangência da suíte extrapola têm fornecido idades Pb-Pb por evaporação em 1898 ± 3
os limites de Roraima, adentrando para os estados do Pará Ma, 1895 ± 3 Ma e 1890 ± 2 Ma (Valério, 2006), 1893 ±
(NW) e Amazonas (NE) e porção extremo sul da Guiana. 2 Ma (Macambira et al., 2002) e U-Pb SHRIMP em 1893 ± 2
Configura uma suíte químicamente expandida associando- Ma (Santos et al., 2002) e valores um pouco mais jovens em
lhe vulcânicas e charnockitos (Almeida, 2006). 1888 ± 3 Ma (Costi et al., 2000) e 1883 ± 4 Ma (Valério,

Figura 2.8 - Fisiografia e geologia do Domínio Anauá-Kuyuwini. (a) Região da serra Anauá (ao fundo), onde predominam rochas ortognáissicas
do Complexo Anauá e variadas suítes granitoides; (b) Região da Perimetral Norte (BR-210) com maciços rochosos onde predominam granitoides
das suítes Mapuera e Martins Pereira, além do Granito Moderna; (c) Região da Perimetral Norte com lajeiro do Granito Moderna; (d) Região de
São João da Baliza com afloramentos de granitoides da Suíte Mapuera; (e) Paraná Amajaú, no baixo rio Branco, com exposições sedimentares
pleistocênicas da região do Pantanal Setentrional; (f) Sedimentação holocênica e níveis de turfas em ilhas do rio Branco.

25
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RORAIMA

2006). Apesar da inexistência de idades para vulcanitos da (Faria et al., 2000). Prévios estudos, contudo, forneceram
bacia do rio Uatumã em sua área-tipo, o intervalo 1,89- indicações de que a sedimentação da região do baixo rio
1,88 Ga parece ser o mais coerente para as indesejáveis Branco pertenceria à Formação Solimões, citando-se Santos
correspondências e aplicação do termo “Uatumã” para et al. (1974) e Reis e Souza (1998), com destaque para a
todo o cráton Amazonas. ocorrência de arenitos ferruginosos na base e argilitos com
Para Almeida (2006), o conjunto Água Branca-Igarapé lentes de arenito no topo da sucessão. Em contrapartida,
Azul refere-se a um terceiro estágio orogênico iniciado na região do alto Solimões, essa cobertura é fossilífera,
com a instalação do arco Anauá em 2,03 Ga, seguido por tendo sido a ela atribuída por Latrubesse et al. (1994) uma
uma fase acrescionária (estágio colisional) representada idade miopliocênica.
pelos granitos Martins Pereira e Serra Dourada (1,97-1,96 No baixo curso do rio Branco, em área de influência
Ga). O citado conjunto foi gerado possivelmente por um do paraná Amajaú, Reis e Souza (1998) mencionaram
mecanismo de underplating que fundiu a crosta e efetivou a ocorrência de arenitos ferruginosos fluviais, ricos em
grandes volumes de magmas graníticos pós-colisionais dos estratificações cruzadas e com paleocorrentes medidas
tipos I e A entre 1,90 e 1,87 Ga. para o quadrante SW, cabendo a Reis et al. (2006) fazer
O domínio registra duas principais gerações mais a correspondência a outras exposições do baixo Solimões,
jovens de granitos com características pós-orogênicas a com destaque para os lagos Janauacá e Castanho. Os
anorogênicas, estabelecidas nos intervalos 1,88–1,87 e autores revelaram a presença de uma bacia mais jovem e
1,82–1,81 Ga (Reis et al., 2003; 2006). Ao primeiro intervalo de provável idade pleistocênica a leste do Arco de Purus,
(Episódio Alalaú-Mapuera) correspondem alguns pequenos cuja borda revela uma situação compartimental estrutu-
corpos (50 a 500 km2) encontrados no entorno de São Luís ral com direção daquela do arco em NW-SE, contudo,
do Anauá e São João da Baliza e na serra Itã, sendo cor- organizando-se ao norte com a direção N-S que controla
respondidos à Suíte Mapuera do nordeste do Amazonas. o baixo curso do rio Branco. A formação sedimentar nessa
Um desses corpos (Granito Murauaú) forneceu uma idade região registra contemporaneidade e ambiência contígua
de 1871 ± 5 Ma (Almeida, 2006). à Formação Içá do alto Solimões, revelando, contudo,
Ao segundo e mais jovem intervalo (Episódio Madeira- características próprias de uma área-fonte relacionada
Moderna) está associado o Granito Moderna, cuja idade ao substrato dos escudos das Guianas ao norte e Brasil-
Pb-Pb em filamento simples forneceu o valor de 1814 ± 27 Central ao sul.
Ma (Santos et al., 1997), possibilitando uma correspondên-
cia aos granitos da região do Pitinga, reunidos por Costi et REFERÊNCIAS
al. (2000) na Suíte Madeira.
Ambos os episódios, Alalaú-Mapuera e Madeira- ALMEIDA, Marcelo Esteves; MACAMBIRA, M. J. B.;
Moderna, incluem a formação de rochas charnockíticas, FARIA, M. S. G. De. A granitogênese paleoproterozóica
cujas idades são apontadas a dois principais intervalos: do sul de Roraima. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
1,89-1,87 e 1,81–1,80 Ma (Santos et al., 2011). No primeiro GEOLOGIA, 41., 2002, João Pessoa. Anais... João
intervalo são reconhecidos o enderbito Santa Maria, com Pessoa: SBG, 2002, p. 434.
uma idade Pb-Pb em 1890 ± 2 Ma (Almeida, 2006), e o
charnockito Jaburu, com idade U-Pb SHRIMP em 1873 ± 6 ______. Evolução geológica da porção centro-
Ma (Santos et al., 2001); ao intervalo mais jovem correspon- sul do escudo das Guianas com base no estudo
dem charnockitoides com idades U-Pb SHRIMP em 1812 ± geoquímico, geocronológico e isotópico dos
4 Ma (Jufari) e 1809 ± 3 Ma (Curiuaú) (Santos et al., 2011). granitoides paleoproterozóicos do sudeste de
Uma extensa área de acumulação quaternária acom- Roraima, Brasil. 2006. 227 f. Tese (Doutorado em
panha o médio/baixo curso do rio Branco, tendo sido Geoquímica e Petrologia) - Centro de Geociências,
descrita como “Pantanal Setentrional” por Santos e Nelson Universidade Federal do Pará, Belém, 2006.
(1995), como uma bacia continental recente, formada
possivelmente no Pleistoceno, com sedimentação pre- ______; FRAGA, L. M. B.; MACAMBIRA, M. J. B.
dominantemente fluvial, com intensa migração lateral e New geochronological data of calc-alkaline granitoids
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A maior área de sedimentação da porção sul de ______; FERREIRA, A. L.; PINHEIRO, S. da S. Associações
Roraima tem sido atribuída à Formação Içá (Pleistoceno), graníticas do oeste do estado de Roraima, domínio
que recobre aproximadamente 40.000 km2 e abrange Parima, escudo das Guianas, Brasil. Geology Of France
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