Você está na página 1de 164

Lista de Figuras 1

República Federativa do Brasil Coordenação de Gestão Estratégica (CGE)


Dilma Vana Rousseff Bruno Pagnoccheschi
Presidenta
Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos (SPR)
Ministério do Meio Ambiente Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares
Izabella Mônica Vieira Teixeira
Ministra Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica (SGH)
Valdemar Santos Guimarães
Agência Nacional de Águas Diretoria Colegiada

Diretoria Colegiada Superintendência de Tecnologia da Informação (STI)


Vicente Andreu Guillo (Diretor-Presidente) Sérgio Augusto Barbosa
Paulo Lopes Varella Neto
João Gilberto Lotufo Conejo Superintendência de Apoio ao Sistema Nacional de
Gisela Damm Forattini Gerenciamento de Recursos Hídricos (SAS)
Luiz Corrêa Noronha
Secretaria-Geral (SGE)
Mayui Vieira Guimarães Scafura Superintendência de Implementação de
Programas e Projetos (SIP)
Procuradoria-Geral (PGE) Ricardo Medeiros de Andrade
Emiliano Ribeiro de Souza
Superintendência de Regulação (SRE)
Corregedoria (COR) Rodrigo Flecha Ferreira Alves
Elmar Luis Kichel
Superintendência de Operação e Eventos Críticos (SOE)
Auditoria Interna (AUD) Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho
Edmar da Costa Barros
Superintendência de Fiscalização (SFI)
Chefia de Gabinete (GAB) Flávia Gomes de Barros
Horácio da Silva Figueiredo Júnior
Superintendência de Administração,
Coordenação de Articulação e Comunicação (CAC) Finanças e Gestão de Pessoas (SAF)
Antônio Félix Domingues Luís André Muniz
Agência Nacional de Águas
Ministério do Meio Ambiente

Conjuntura dos Recursos Hídricos


no Brasil: regiões hidrográficas brasileiras

Edição Especial

Superintendência de Planejamento
de Recursos Hidricos - SPR

Brasília – DF
ANA
2015
© 2015, Agência Nacional de Águas – ANA. Elaboração dos originais Agência Nacional de Águas
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.
CEP: 70610-200, Brasília – DF. Revisão dos originais Alexandre Lima de Figueiredo Teixeira
PABX: (61) 2109-5400 | (61) 2109-5252 Luciana Aparecida Zago de Andrade
Endereço eletrônico: www.ana.gov.br Laura Tillmann Viana
Gaetan Serge Jean Dubois
Comitê de Editoração: João Gilberto Lotujo Conejo Marcela Ayub Brasil
Diretor Thamiris de Oliveira Lima
Reginaldo Pereira Miguel
Representante da Procuradoria Geral Produção Agência Nacional de Águas
Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares Projeto gráfico M&W Comunicação Integrada
Ricardo Medeiros de Andrade Capa Márcio de Souza Rodrigues
Joaquim Guedes Correa Gondim Filho Diagramação M&W Comunicação Integrada
Superintendentes Mapas temáticos Agência Nacional de Águas
Mayui Vieira Guimarães Scafura Revisão Eudoxiana Canto Melo
Secretária-Executiva Fotografias Banco de imagens da ANA

EQUIPE EDITORIAL As ilustrações, tabelas e gráficos sem indicação de fonte foram


elaborados pela ANA.
Supervisão editorial Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares
Alexandre Lima de Figueiredo Teixeira Todos os direitos reservados.
Laura Tillmann Viana É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nesta
publicação, desde que citada a fonte.

Catalogação fonte - CEDOC/Biblioteca

A265c Agência Nacional de Águas (Brasil).


Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: regiões hidrográficas brasileiras –
Edição Especial. -- Brasília: ANA, 2015.

163 p.: il.


ISBN: 978-85-8210-027-1

1. recursos hídricos, gestão 2. regiões hidrográficas, Brasil


3. água, qualidade I. Título

CDU 556.51 (81)(075.2)


Coordenação – Superintendência de Raquel Scalia Alves Ferreira
Planejamento de Recursos Hídricos Renata Bley da Silveira de Oliveira
Rita de Cássia Cerqueira Condé de Piscoya
Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares (Superintendente) Rosana Mendes Evangelista
Coordenação Geral Thamiris de Oliveira Lima
Thiago Henriques Fontenelle
Alexandre Lima de Figueiredo Teixeira (Gerente) Valdemar Santos Guimarães
Luciana Aparecida Zago de Andrade Viviane dos Santos Brandão
Laura Tillmann Viana Vivyanne Graça Mello de Oliveira
Gaetan Serge Jean Dubois Walszon Terllizzie Araújo Lopes
Marcela Ayub Brasil
Coordenação Executiva Equipe de apoio administrativo
Juliane Aparecida Côrrea Galletti;
Antônio Rogério Loiola Pinto;
Equipe técnica - colaboradores
Adílio Lemos da Silva.
Ana Catarina Nogueira da Costa Silva
André Raymundo Pante
Equipe de apoio – sistemas geográficos e tecnologia da informação
Andrea Pimenta Ambrozevicius
Ewerton Rabelo Manzotte; Gonzalo Álvaro Vazquez Fernandes e Paulo
Antonio Augusto Borges de Lima
Marcos Coutinho dos Santos
Carlos Motta Nunes
Célio Bartole Pereira
Estagiários
Ciro Garcia Pinto
Lucas Pereira de Sousa; Henrique José Melo da Cruz.
Cristiano Caria Guimarães Pereira
Diego Liz Pena
Parceiros institucionais federais
Eduardo Gondim Caló
Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano – SRHU
Fabricio Vieira Alves
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
Fernanda Abreu Oliveira de Souza
veis - Ibama
Flávia Gomes de Barros
Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet
Flávia Simões Ferreira Rodrigues
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs
Giordano Bruno Bomtempo de Carvalho
Secretaria de Biodiversidade e Florestas – SBF – do Ministério do Meio
Gláucia Maria Oliveira
Ambiente
Grace Benfica Matos
Secretaria Nacional de Irrigação – Senir – do Ministério da Integração
Iracema Aparecida Siqueira Freitas
Nacional
Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho
José Aguiar de Lima Junior
Órgãos estaduais de meio ambiente e recursos hídricos
Josimar Alves de Oliveira Sema/AC, Sema/AP, SDS/AM, Semarh/AL, IMA/AL, Inema/BA, SRH/CE,
Lígia Maria Nascimento de Araújo Cogerh/CE, Ibram/DF, Adasa/DF, Caesb/DF, Seama/ES, Iema/ES, Semarh/
Luciano Meneses Cardoso da Silva GO, Agma/GO, Sema/MA, Sema/MT, Semac/MS, Imasul/MS, Semad/
Luiz Henrique Pinheiro Silva MG, Igam/MG, Sema/PA, Sectma/PB, Aesa/PB, Sudema/PB, Sema/PR,
Marcelo Luiz de Souza IAP/PR, Aguas Parana/PR, SRHE/PE, CPRH/PE, Semar/PI, SEA/RJ, Inea/RJ,
Márcia Regina Silva Cerqueira Coimbra Semarh/ RN, Emparn/RN, Idema/RN, IGARN/RN, Sema/RS, Fepam/RS,
Márcio de Araújo Silva Sedam/RO, Femact/RR, SDS/SC, SMA/SP, Cetesb/SP, DAEE/SP, Semarh/
Marco Antônio Mota Amorim SE, Semades/TO, Naturatins/TO, Saneatins/TO
Nelson Neto Freitas
Osman Fernandes da Silva
Patrick Thadeu Thomas
Priscila Monteiro Gonçalves
Priscyla Conti de Mesquita
Rio Branco – Boa Vista – RR – Rui Faquini / Banco de Imagens da ANA
Lista de Figuras
Figura 1 Unidades hidrográficas da RH Amazônica e principais cidades 18
Figura 2 Hidrovias e aproveitamentos hidrelétricos na RH Amazônica 20
Figura 3 Cobertura de vegetação remanescente, de unidades de conservação e de terras indígenas na RH Amazônica 21
Figura 4 Demanda total de água na RH Amazônica (ano-base 2010) 21
Figura 5 Municípios com registros de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, entre 2003 e 2013 22
Figura 6 Municípios com registros de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013 23
Figura 7 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Amazônica 24
Figura 8 Unidades hidrográficas da RH Atlântico Leste e principais cidades 30
Figura 9 Vazão de retirada de água para irrigação, nos meses de maior consumo (ano-base 2012), na RH Atlântico Leste 31
Figura 10 Vazão de retirada de água para abastecimento urbano (ano-base 2010) na RH Atlântico Leste 32
Figura 11 Abrangência da região semiárida na RH Atlântico Leste 33
Figura 12 Rios intermitentes na RH Atlântico Leste 34
Figura 13 Balanço hídrico quali-quantitativo nas microbacias da RH Atlântico Leste 35
Figura 14 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) na RH Atlântico Leste 36
Figura 15 Infraestrutura para o abastecimento urbano de água na RH Atlântico Leste 37
Figura 16 Municípios com registro de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013 38
Figura 17 Municípios com registro de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, entre 2003 e 2013 39
Figura 18 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Leste 40
Figura 19 Unidades hidrográficas e principais cidades da RH Atlântico Nordeste Ocidental 44
Figura 20 Cobertura vegetal remanescente da RH Atlântico Nordeste Ocidental 45
Figura 21 Balanço hídrico na RH Atlântico Nordeste Ocidental 46
Figura 22 Municípios com registros de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos entre 2003 e 2013 48
Figura 23 Municípios com registros de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013 49
Figura 24 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Nordeste Ocidental 50
Figura 25 Unidades hidrográficas e principais cidades da RH Atlântico Nordeste Oriental 53
Figura 26 Balanço hídrico quali-quantitativo em trechos de rios da RH Atlântico Nordeste Oriental 55
Figura 27 Concentrações médias de fósforo e trechos críticos (Portaria ANA no 62/2013) na RH Atlântico Nordeste Oriental 56
Figura 28 Infraestrutura hídrica na RH Atlântico Nordeste Orienta 58
Figura 29 Municípios com registro de ocorrência de secas e estiagens, no período de 2003 a 2013 60
Figura 30 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Nordeste Oriental 61
Figura 31 Unidades Hidrográficas da RH Atlântico Sudeste e principais cidades 65
Figura 32A Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para abastecimento urbano de água 67
Figura 32 B Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para abastecimento industrial (ano-base 2010) 68
Figura 32 C Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para irrigação (ano-base 2012) 69
Figura 33 Índice de Qualidade das Águas, em 2012, com destaque para as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e Vitória 70
Figura 34 Índice de Qualidade das Águas nas cidades e no campo 71
Figura 35 DBO média, em 2012, e carga de DBO remanescente estimada para os municípios da RH Atlântico Sudeste 72
Figura 36 Balanço hídrico quali-quantitativo nas bacias hidrográficas da RH Atlântico Sudeste 73
Figura 37 Municípios com registro de ocorrência de secas e estiagens no período de 2003 a 2013 74
Figura 38 Municípios com registro de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, no período de 2003 a 2013 75
Figura 39 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Sudeste 76
Figura 40 Unidades hidrográficas da RH Atlântico Sul e principais cidades 80
Figura 41 Vazão de retirada máxima nos meses com irrigação (m3/s) na RH Atlântico Sul 81
Figura 42 Balanço quali-quantitativo na RH Atlântico Sul 82
Figura 43 Áreas especiais para gestão (bacias críticas) na RH Atlântico Sul 82
Figura 44 Carga orgânica de esgoto doméstico remanescente, em 2008, e ampliação do tratamento de esgotos (2000 a 2008)
na RH Atlântico Sul 83
Figura 45 Frequência de ocorrência de eventos críticos de secas nos municípios da RH Atlântico Sul, entre 2003 e 2013 84
Figura 46 Frequência de ocorrência de eventos críticos de cheias nos municípios da RH Atlântico Sul, entre 2003 e 2013 85
Figura 47 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Sul 87
Figura 48 Unidades hidrográficas e principais cidades e rios da RH Paraguai 90
Figura 49 Cobertura vegetal e uso do solo na Região Hidrográfica do Paraguai 91
Figura 50 Localização da Usinas, CGH e PCH na RH do Paraguai 93
Figura 51 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Paraguai 94
Figura 52 Unidades hidrográficas da RH Paraná e principais cidades 97
Figura 53 Áreas irrigadas na RH Paraná (ano-base 2012) 99
Figura 54 Demandas totais de água na RH Paraná (ano-base 2010) 100
Figura 55 Aproveitamentos hidrelétricos na RH Paraná 101
Figura 56 Navegação na RH Paraná 102
Figura 57 O Índice de Qualidade das Águas, em 2012, na RH Paraná, mostra concentração de pontos indicando qualidade da
água comprometida nas cabeceiras das principais bacias hidrográficas na RH Paraná 103
Figura 58 Demanda Bioquímica de Oxigênio indicando forte poluição por cargas orgânicas nas grandes metrópoles 104
Figura 59 Índice de Qualidade das Águas nas cidades e no campo (RH Paraná) 105
Figura 60 O fósforo total reflete os impactos da poluição hídrica nos trechos inferiores das principais bacias da RH Paraná 106
Figura 61 Balanço hídrico quali-quantitativo na Região Hidrográfica do Paraná 107
Figura 62 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Paraná 108
Figura 63 Unidades hidrográficas da RH Parnaíba e principais cidades 112

Figura 64 Criticidade quali-quantitativa nas microbacias da RH Parnaíba (em 2010) 113


Figura 65 Carga orgânica doméstica remanescente na RH Parnaíba (2008) 114
Figura 66 Demanda total de água na RH Parnaíba (ano-base 2010) 115
Figura 67 Demanda de água para irrigação na RH Parnaíba (ano-base 2012) 116
Figura 68 Área irrigada na RH Parnaíba (ano-base 2012) 117
Figura 69 Ocorrência de eventos de seca, no período de 2003 a 2013 118
Figura 70 Aquíferos da RH Parnaíba 119
Figura 71 Fontes hídricas e Infraestrutura de abastecimento urbano de água 120
Figura 72 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Parnaíba 121
Figura 73 Unidades hidrográficas da RH São Francisco e principais cidades 126
Figura 74 Área irrigada, perímetros públicos de irrigação e concentração de pivôs centrais na RH São Francisco 127
Figura 75 Aproveitamentos hidrelétricos e hidrovias na RH São Francisco 128
Figura 76 Municípios com registro de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013 130
Figura 77 Infraestrutura hídrica para abastecimento de água na RH São Francisco 132
Figura 78 Balanço hídrico quali-quantitativo nas microbacias da RH São Francisco 133
Figura 79 Rios intermitentes na RH São Francisco 134
Figura 80 Distribuição dos pontos de monitoramento na RH São Francisco 136
Figura 81 Valores médios de IQA em 2012 na RH São Francisco 137
Figura 82 Sólidos totais na RH São Francisco 138
Figura 83 Concentrações médias de fósforo total monitoradas na RH São Francisco 139
Figura 84 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH São Francisco 140
Figura 85 Unidades hidrográficas e principais cidades da RH Tocantins-Araguaia 143
Figura 86 Aproveitamentos hidrelétricos, navegação e irrigação na RH Tocantins-Araguaia 144
Figura 87 Evolução do desmatamento na RH Tocantins-Araguaia, no período de 2000 a 2005 145
Figura 88 Cobertura remanescente dos biomas na RH Tocantins-Araguaia, em 2012 145
Figura 89 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Tocantins-Araguaia 146
Figura 90 Unidades hidrográficas da RH Uruguai e principais cidades 150
Figura 91 Balanço quali-quantitativo na RH Uruguai 151
Figura 92 Áreas especiais para gestão (bacias críticas) na RH Uruguai 151
Figura 93 Vazão de retirada máxima nos meses com irrigação (m3/s) na RH Uruguai, (ano-base 2012) 152
Figura 94 Aproveitamentos hidroelétricos e vulnerabilidade a inundações na RH do Uruguai 153
Figura 95 Frequência de ocorrência de eventos críticos de cheias nos municípios da RH Uruguai, entre 2003 e 2013 154
Figura 96 Frequência de ocorrência de eventos críticos de secas nos municípios da RH Uruguai ,entre 2003 e 2013 155
Figura 97 Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Uruguai 156
Lista de Tabelas

Tabela 1 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Amazônica e principais cidades 17


Tabela 2 Usinas hidrelétricas em operação na RH Amazônica 19
Tabela 3 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Atlântico Leste e principais cidades 29
Tabela 4 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Atlântico Nordeste Ocidental e principais cidades 43
Tabela 5 Percentual de área de cobertura remanescente por Bioma na RH Atlântico Nordeste Ocidental 44
Tabela 6 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Atlântico Nordeste Oriental e principais cidades 54
Tabela 7 Caracterização das unidades hidrográficas da RH do Atlântico Sudeste e principais cidades 66
Tabela 8 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Atlântico Sul e principais cidades 79
Tabela 9 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Paraguai e principais cidades 89
Tabela 10 Usinas hidrelétricas em operação e planejadas na RH Paraguai 92
Tabela 11 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Paraná e principais cidades 98
Tabela 12 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Parnaíba e principais cidades 111
Tabela 13 Caracterização das unidades hidrográficas da RH São Francisco e principais cidades 125
Tabela 14 Monitoramento da qualidade das águas na RH São Francisco 135
Tabela 15 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Tocantins-Araguaia e principais cidades 143
Tabela 16 Caracterização das unidades hidrográficas da RH Uruguai e principais cidades 149
Lista de Siglas

AHE Aproveitamento Hidrelétrico


ANA Agência Nacional de Águas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Inmet Instituto Nacional de Meteorologia
PAM Pesquisa Agrícola Municipal
PCH Pequena Central Hidrelétrica
RH Região Hidrográfica
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
UH Unidade Hidrográfica
UF Unidade da Federação
UHE Usina Hidrelétrica
12 Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil: Regiões Hidrográficas Brasileiras

Rio São Francisco – Paulo Afonso – BA –Zig Kock/Banco de Imagens ANA


Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil: Regiões Hidrográficas Brasileiras 13

SUMÁRIO

1 REGIÃO HIDROGRÁFICA AMAZÔNIA 16

2 REGIÃO HIDROGRÁFICA ATLÂNTICO LESTE 28

3 REGIÃO HIDROGRÁFICA ATLÂNTICO NORDESTE OCIDENTAL 42

4 REGIÃO HIDROGRÁFICA ATLÂNTICO NORDESTE ORIENTAL 52

5 REGIÃO HIDROGRÁFICA ATLÂNTICO SUDESTE 64

6 REGIÃO HIDROGRÁFICA ATLÂNTICO SUL 78

7 REGIÃO HIDROGRÁFICA PARAGUAI 88

8 REGIÃO HIDROGRÁFICA PARANÁ 96

9 REGIÃO HIDROGRÁFICA PARNAÍBA 110

10 REGIÃO HIDROGRÁFICA SÃO FRANCISCO 124

11 REGIÃO HIDROGRÁFICA TOCANTINS-ARAGUAIA 142

12 REGIÃO HIDROGRÁFICA URUGUAI 148

13 CONSIDERAÇÕES FINAIS 159

14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 161


14 Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil: Regiões Hidrográficas Brasileiras

Rio Iapo – Canion do Guatela - PR – Rui Faquini/Banco de Imagens ANA


Apresentação

A Agência Nacional de Águas , por atribuição estabelecida na grupo de bacias ou subbacias hidrográficas contíguas com características
Resolução nº 58/2006, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a
(CNRH), elabora, anualmente, os Relatórios de Conjuntura dos Recur- orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos.
sos Hídricos no Brasil. O documento tem periodicidade anual e teve
sua primeira versão publicada em 2009. Considerando a importância das regiões hidrográficas brasileiras
para o planejamento e para a gestão dos recursos hídricos, a ANA apre-
O panorama dos recursos hídricos, em escala x nacional, e o acom- senta uma edição especial do Relatório de Conjuntura dos Recursos
panhamento desse quadro, a cada ano, é, uma maneira eficiente de mo- Hídricos no Brasil, com foco nas questões estratégicas relacionadas a
nitorar a situação dos recursos hídricos, do ponto de vista da quantidade recursos hídricos em cada unidade dessa divisão nacional. As subdivi-
e da qualidade da água, bem como de avaliar a evolução da gestão des- sões consideradas em cada Região Hidrográfica brasileira, as chama-
ses recursos. Tal conhecimento possui caráter estratégico, pois subsidia das Unidades Hidrográficas, consistem em agrupamentos de Unidades
a identificação de carências e a definição de ações futuras. de Planejamento Hídrico (estas, por sua vez, correspondem às unida-
des hídricas estaduais para a gestão de recursos hídricos, sempre que
Os relatórios se tornaram uma referência para o acompanha- houvesse tal definição).
mento sistemático e periódico da condição dos recursos hídricos no
Brasil e de sua gestão, bem como para a identificação dos resultados Os dados foram consolidados a partir da melhor informação dis-
da implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH. ponível até dezembro de 2013, trazendo destaques de relevância para
a situação dos recursos hídricos de cada região hidrográfica. Os da-
A Resolução nº 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídri- dos e a metodologia utilizada para os cálculos das demandas hídricas
cos instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional em 12 Regiões Hidrográ- consuntivas, do balanço hídrico e das disponibilidades hídricas tiveram
ficas. Essa divisão partiu da premissa de se considerar como região hi- como base o relatório pleno “Conjuntura dos Recursos Hídricos do Bra-
drográfica o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, sil – 2013”.

Rio Balsas – TO – Rui Faquini/Banco de Imagens ANA


16 Região Hidrográfica Amazônica

1
Região Hidrográfica
Amazônica

Rio Branco – Boa Vista – RR – Rui Faquini / Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica Amazônica 17
A bacia Amazônica abrange uma área de, aproximadamente, 6 milhões Tabela 1. Caracterização da RH Amazônica
de km² e se estende por sete países: Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Área Sedes Pop
Pop Rural Pop Total
Peru e Venezuela. Ocupa áreas desde os andes peruanos (onde se localizam as Bacias Hidrográficas aprox. municipais Urbana
(nº) (nº)
(ha) (nº) (nº)
cabeceiras do Rio Solimões) até a foz do rio Amazonas, no Oceano Atlântico.
Xingu 512.279 23 291.803 221.571 513.374
A Região Hidrográfica Amazônica está inserida na bacia Amazônica, mas
Tapajós 493.986 49 922.564 325.580 1.248.144
se limita ao território brasileiro. Possui uma área aproximada de 3.870 mil km²
Madeira 551.429 70 1.355.887 542.835 1.898.722
(45% do território nacional). Abrange sete Estados: Acre, Amazonas, Rondô-
Purus 355.395 18 467.666 158.840 626.506
nia, Roraima, Amapá, Pará e Mato Grosso. É caracterizada por extensa rede
Juruá 178.107 16 208.603 138.807 347.410
hidrográfica, com grande disponibilidade hídrica. Dentre os seus principais rios,
destaca-se: Purus, Juruá, Xingu, Solimões, Madeira, Negro e Guaporé. Jutaí 79.195 1 10.552 9.183 19.735

A RH divide-se em 29 unidades hidrográficas e abrange 313 munícipios Javari 82.288 6 0 11.038 11.038

(274 sedes municipais). Destes, somente 24 possuem mais de 50.000 habitantes, Araguari 37.738 5 25.964 15.661 41.625
segundo o último Censo Demográfico (IBGE, 2010). Dentre os mais populosos, Curuá 28.147 2 33.503 35.513 69.016
destacam-se: Manaus-AM (aprox. 1,8 milhões hab.), Porto Velho-RO (aprox. 430 Içá 19.277 3 63.565 31.950 95.515
mil hab.), Macapá-AP (aprox. 400 mil hab.), Rio Branco-AC (aprox. 340 mil hab.), Japurá 108.436 5 46.756 40.562 87.318
Boa Vista-RR (aprox. 280 mil hab.), Santarém-PA (aprox. 300 mil hab.), Parauape- Jari 58.094 2 48.206 10.469 58.675
bas-PA (aprox. 150 mil hab.) e Ji-Paraná -RO (aprox. 120 mil hab.). Jatapu 69.639 2 15.790 27.717 43.507
A população total da RH é de, aproximadamente, 9,7 milhões de habi- Litorânea AP 26.055 4 22.663 10.323 32.986
tantes , com 73% de seus habitantes vivendo em centros urbanos. A densi- Jauari 3.592 1 25.466 7.545 33.011
dade populacional média é muito baixa, de 2,51 hab./km2, cerca de 10 vezes Igarapé Rio Branco 12.006 1 8.959 11.839 20.798
menor do que a média nacional (22,4 hab./km2). A intensificação da ocupa- Negro 598.116 24 1.559.426 195.484 1.754.910
ção humana na região ocorreu somente a partir da década de 70, com a con- Nhamundá 31.520 3 23.473 33.869 57.342
solidação de atividades antrópicas, principalmente a exploração madeireira e Trombetas 126.900 1 40.147 37.046 77.193
o plantio de pastagens para criação de gado. Paru 58.503 2 44.530 30.483 75.013
Segundo dados do INMET, a precipitação média anual na RH Amazôni- Oiapoque 18.904 1 13.852 3.808 17.660
ca é de 2.205 mm, cerca de 25% a mais do que a média nacional (1.761 mm). Foz do Amazonas 101.194 18 691.142 267.415 958.557
A disponibilidade hídrica superficial é de 73.748 m3/s, o que corresponde a Interbacia Xingu-Tapajós 45.129 2 29.284 96.422 125.706
81% da disponibilidade superficial do país (91.071 m³/s). A vazão média é Interbacia 51.226 4 31.392 100.898 132.290
de 132.145 m³/s, correspondendo a 74% da vazão média nacional (179.516 Purus-Madeira
m³/s), e a vazão de retirada (demanda total) é 78,8 m³/s (3% da nacional). A Interbacia 18.696 5 817.190 39.113 856.303
Negro-Uatumã
RH possui uma vazão específica de 34,1 L/s/km2 e um volume máximo de
reservação per capita de 2.181 m3/hab., menor do que o volume máximo de Interbacia 95.596 6 141.990 133.169 275.159
Madeira-Tapajós
reservação per capita nacional (3.607m3/hab.).
Interbacia Jutaí-Juruá 1.390 - 0 376 376
Interbacia Juruá-Purus 84.379 - 114.402 42.639 157.041
Interbacia Javari-Jutaí 31991 - 31.991 27.807 59.798
RH Amazônica 3.879.207 274 7.086.766 2.607.962 9.694.728
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)

Rio Amazonas – PA – Rui Faquini/Banco de Imagens da ANA


18 Região Hidrográfica Amazônica

GUIANA
FRANCESA
SURINAME
oera

Pari
Uraric
Boa Vista
GUIANA

ma
!. OCEANO
VENEZUELA
COLÔMBIA RR ATLÂNTICO

Uanamu
AP Oceano Atlântico

u
am
Uaupés AP

An
Ua

Trombeta
up
és
Santana Macapá

Jat

Jar
Branco
!. !.

ap

i
u

s
Ne
gro
AM Breves
Japurá Oriximiná Alenquer
!. !.
!. !.
ã Santarém
tum Parintins !.
Iça í Ua !.
ta Manaus Altamira
es Ju Tefé Manacapuru!. Maués
Solimõ !. !.
!.
!.
!.
PERU Itacoatiara
Tabatinga Coari
!. Itaituba


!. !.

xi
r i

aca
va
ra

Can
Ja

jós
ei

Ab
ad

pa
M PA

Ta
Tapauá

Jam

Iriri
São Félix do Xingu

Suc
uá á
Jur Cuniu !.

an xi
u ndu
Cruzeiro do Sul

m
!.

ri
Roo
Porto Velho
!.

Aripuanã
AC Purus

seve
a
vir

vo
En

No
lt
Rio Branco Ariquemes

ri
!.

Iri
!.
Jaru
!.
Ji-Paraná

Juruena
Mamoré

RO !. MT
Cacoal
Rolim de Moura!. Sinop

Pires
!. !.

Xi
Sorriso

n
gu
Vilhena

Teles
!.

Ari
!.

nos

ne
Juína

l ue

Gu

Novo

Cu
a

M
po

an
BOLÍVIA

ue
Unidades Hidrográficas l

Unidade Hidrográfica
ARAGUARI INTERBAC MAD TAP JAVARI NEGRO XINGU
CURUA INTERBAC NEG UAT JURUA NHAMUNDA Estados_RH_Amazonica

Principais Rios
N
FOZ AMAZONAS INTERBAC PUR MAD JUTAI OIAPOQUE
Principais cidades
ICA INTERBAC XING TAP LITORANEA AP PARU

INTERBAC JAV JUT JAPURA MADEIRA PURUS

INTERBAC JUR PUR JARI TAPAJOS


MARG ESQ AMAZ A

INTERBAC JUT JUR JATAPU MARG ESQ AMAZ B TROMBETAS

Figura 1. Unidades Hidrográficas da RH Amazônica e principais cidades


Região Hidrográfica Amazônica 19
A região norte configura-se como uma provável fronteira para a explora- sageiros em regiões estratégicas, como é a RH Amazônica. Na RH, os rios
ção do potencial hidrelétrico brasileiro, do qual mais de 60% ainda podem ser priorizados no PHE para melhorias e expansão da navegação comercial foram
aproveitados. Esta é, atualmente, a região brasileira menos explorada, apresen- Solimões/Amazonas, Madeira, Tapajós e Teles-Pires. Ressalta-se que o trecho
tando apenas cerca de 5% do seu potencial hidroenergético instalado (usinas em do rio Tapajós que vai de Itaituba (PA) até a região de Cachoeira Rasteira,
operação). Prevê-se, entretanto, uma considerável expansão da oferta de ener- em Apiacás (MT), para ser viabilizado, depende da construção de eclusas em
gia elétrica na região, até 2019. Neste contexto, a RH Amazônica tem uma grande UHEs que forem implementadas na bacia do rio Tapajós. Essa hidrovia viabili-
importância no cenário hidroenergético brasileiro, em médio e longo prazos. zaria o escoamento das produções de produtos agrícolas das bacias dos Rios
Segundo o Plano Decenal de Energia Elétrica 2019 (MME, 2010), esti- Teles Pires, Arinos e das nascentes do Rio Xingu, no percurso de Colíder (MT)
ma-se que a capacidade de geração hidrelétrica instalada no Sistema Inter- até Santarém (PA), na foz do Rio Amazonas, permitindo o acesso ao Ocea-
ligado Nacional – SIN – para a região norte, chegue a 39.248 MW, em 2019 no Atlântico. Neste sentido, a bacia hidrográfica do Rio Tapajós se configura
(24% da participação regional). Isto representará um aumento em dez anos, no contexto do planejamento hidroenergético e da navegação fluvial, como
bem superior ao previsto para outras regiões do país. Apenas os aproveita- uma bacia hidrográfica estratégica para o desenvolvimento regional, devido
mentos de Belo Monte (rio Xingu) e Santo Antônio e Jirau (rio Madeira) serão às suas características físicas e geográficas.
responsáveis por um incremento de cerca de 10% na capacidade instalada do Nesse cenário de expansão do aproveitamento hidrelétrico e da na-
SIN. Incluindo-se os aproveitamentos planejados para os rios Tapajós, Teles vegabilidade dos rios na RH Amazônica, torna-se necessário garantir os usos
Pires e Jamanxim, acrescenta-se, aproximadamente, 15% de energia instala- múltiplos das águas por meio de um planejamento integrado pelos diferen-
da no sistema. Com base nos recentes estudos de inventários hidrelétricos tes setores usuários de recursos hídricos, especialmente entre os setores
nas bacias hidrográficas da RH Amazônica, foram identificados mais de 30 elétrico e o de transportes.
aproveitamentos hidrelétricos planejados nas bacias hidrográficas dos Rios
Tapajós, Teles Pires, Juruena e Jamanxim.
Tabela 2. Usinas Hidrelétricas em operação na RH Amazônica
Quanto à navegação, a RH Amazônica possui mais de 15.500 km de hi-
drovias. Segundo o Plano Hidroviário Estratégico - PHE (Ministério dos Trans- UHE Estágio Rio UF
Potência
Dominialidade
portes, 2013), os rios Amazonas, Solimões, Trombetas, Madeira e trechos Total (MW)

de jusante do Tapajós (considerados rios de planície) já possuem navegação Balbina em operação Uatumã AM 250 Estadual

comercial em diferentes níveis de intensidade. Com relação aos trechos de Coaracy Nunes em operação Araguari AP 68 Estadual

planalto, merecem destaque, os rios Tapajós e Teles Pires, que necessitam de Curuá-Una em operação Curuá-Una PA 30 Estadual
intervenções físicas, como a construção de eclusas em barramentos de apro- Dardanelos em operação Aripuanã MT 261 União
veitamentos hidrelétricos para que seja possível a regularização dos níveis Guaporé em operação Guaporé MT 120 Estadual
d’água para que viabilizem a navegação. Pitinga em operação Pitinga AM 25 Estadual
O PHE priorizou alguns rios para a realização de ações, visando à ade- Rondon II em operação Comemoração RO 74 Estadual
quação a expansão de hidrovias interiores, até 2031. O arranjo priorizado Samuel em operação Jamari RO 217 Estadual
foi selecionado por oferecer a alternativa mais eficiente para o escoamento Santo Antônio em operação Madeira RO 3.150 União
da produção de commodities no país. Com a possibilidade de aumento das Jirau em operação Madeira RO 3.326 União
cargas transportadas, prevê-se, também, a melhoria no transporte de pas- Fonte: Banco de Informações de Geração (Aneel, Dez/2013)
20 Região Hidrográfica Amazônica

Fonte: PHE (Ministério dos Transportes, 2013)


Figura 2. Hidrovias e aproveitamentos hidrelétricos na RH Amazônica
Região Hidrográfica Amazônica 21

USO DO SOLO E DESMATAMENTO DEMANDA TOTAL DE ÁGUA


OCEANO ATLâNTICO

Figura 3. Cobertura de vegetação remanescente, de unidades de conserva- Figura 4. Demanda total de água na RH Amazônica (ano-base 2010)
ção e de terras indígenas na RH Amazônica

Cerca de 85% da área da RH Amazônica ainda está coberta por vegeta- para irrigação e dessedentação animal e, portanto, na indicação de prioriza-
ção nativa, tanto pelo bioma Amazônico, que permanece em 87% de sua área ção da gestão dos recursos hídricos nessas áreas, em relação às demais.
original, quanto pelo Cerrado, com 60% da vegetação originalmente presente. Percebe-se que as características vegetacionais, climáticas, edáficas e
Dentre as Regiões Hidrográficas brasileiras, a RH Amazônica é a que a “barreira de áreas protegidas”, existente na porção mais central e oriental
possui o maior percentual de áreas protegidas (Unidades de Conservação da RH Amazônica, acabam por, naturalmente proteger sua biodiversidade
e Terras Indígenas), as quais cobrem 53% de sua área total, o que contribui original das frentes de expansão antrópica.
para a boa preservação das cabeceiras dos rios, 86% das quais permanecem Segundo COELHO et al. (2002), a elevada precipitação, em algumas
com cobertura vegetal nativa (ANA, 2013). sub-regiões, acima de 2.000 mm anuais, conjugada com solos com textura
Entretanto, observam-se frentes de desmatamento na RH, especial- argilosa e drenagem deficiente, como Latossolos Amarelos e Plintossolos, di-
mente na região de transição entre o Cerrado e a Amazônia (no chamado ficulta ou mesmo inviabiliza o uso agrícola sustentável na Amazônia.
arco do desmatamento), resultado da pressão de expansão da agropecuária, A área irrigada na RH aumentou 85%, entre 2006 e 2012, passando de
com a abertura de áreas nativas para a formação de pastagens e para o cul- cerca de 81 mil para 149 mil hectares. De maneira similar, a demanda de água
tivo de grãos. Em alguns municípios, já está consolidada uma agricultura me- para irrigação, que, em 2006, representava 17% da demanda total da região,
canizada e irrigada (principalmente nas porções altas das bacias hidrográficas passou a representar 20%, em 2010. Quanto à demanda de água para desse-
dos Rios Xingu, Madeira e Tapajós). Isso se reflete na maior retirada de água dentação animal, houve uma redução de 36% , em 2006, para 31,5%, em 2010.
22 Região Hidrográfica Amazônica

Oceano Atlântico

Boa Vista
!.

SantanaMacapá
!. !.

OriximináAlenquer Breves
!. !.
!. !.
Parintins!. Santarém
Manaus !
. Altamira
Tefé Manacapuru Maués PA
!. !. !. !.
!
.
Itacoatiara
!.
Tabatinga Coari Itaituba
!. .! !.

São Félix do Xingu


!.
Cruzeiro do Sul
!.
Porto Velho
!.
Rio Branco Ariquemes
!. !.Jaru
!. Ji-Paraná TO
!. Cacoal
Rolim de Moura !. Sinop
!. !.
Vilhena Sorriso
!. !.
RH Amazônica

Limite estadual GO

Unidades Hidrográficas MT

Ocorrência cheias 2003 a 2013


1
2
3 MS

4
N
5
acima de 5

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 5. Municípios com registros de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos entre 2003 e 2013
Região Hidrográfica Amazônica 23
Os municípios que mais desmataram na RH Amazôni-
cam em 2012, segundo o Projeto PRODES - Monitoramento
da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite, do INPE foram:
Confresa e Cotriguaçu, em Mato Grosso; Cujubim, em Ron-
dônia; Acrelândia e Epitaciolândia, no Acre; Boca do Acre, no Oceano Atlântico

Amazonas; Porto Grande, no Amapá; São Luiz, em Roraima, e


Boa Vista
Rondon do Pará, Novo Repartimento e Placas, no Pará. !.

Em cada um desses estados, entretanto, verifica-se


diferenças, quanto a dimensão de suas áreas desmatadas e
SantanaMacapá
quanto a intensidade das taxas de desmatamento de um ano !. !.

para outro. OriximináAlenquer Breves


!. !.
!. Santarém
!.
Parintins!.
!.
Eventos Críticos !.
Tefé Manacapuru
!. !
.
Manaus
!
.
!.
Maués
Itacoatiara
!.
Altamira PA

Tabatinga Coari Itaituba


!. .! !.
Os desastres naturais ocasionados por excesso ou falta
de chuvas que afetem os municípios brasileiros podem ense- São Félix do Xingu
!.
jar por parte do governo municipal e estadual, a solicitação ao Cruzeiro do Sul
!.
Poder Executivo Federal (Secretaria Nacional de Defesa Civil)
Porto Velho
do reconhecimento de situação de emergência (SE) ou estado !.
Ariquemes
de calamidade pública (ECP) no município impactado. A SE se !.
Rio Branco
!.Jaru
!. Ji-Paraná
refere ao reconhecimento legal pelo Poder Público da situa- !. Cacoal
TO
Rolim de Moura !. Sinop
ção anormal, provocada por um ou mais desastres naturais, !. !.
Sorriso
Vilhena
causando danos suportáveis ou superáveis pela comunidade !. !.

afetada. Já o ECP é o reconhecimento legal pelo Poder Públi- GO

co, em situação anormal, provocada por desastres, causando RH Amazônica


MT
sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade Limites estaduais

e à vida de seus integrantes. Unidades Hidrográficas


A “seca” se caracteriza por um período de tempo seco, Ocorrência secas 2003 a 2013
suficientemente prolongado, para que a ausência ou fraca 1 MS

distribuição da precipitação provoque grave desequilíbrio 2 N

hidrológico. Já a “estiagem” caracteriza-se pela maior perda


de umidade do solo, em relação à reposição. Quanto aos fe-
nômenos críticos de cheias, as inundações e enchentes são
Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
ocasionadas pela elevação do nível de água de rios, lagos e
açudes, acima de sua vazão normal, ocasionando transborda- Figura 6. Municípios com registros de ocorrência de secas ou estiagens entre 2003 e 2013
mento em áreas não habitualmente submersas. As enxurra-
das são caracterizadas por um volume de água que escoa na
superfície do terreno, com grande velocidade; são resultantes
de fortes chuvas, e os alagamentos são ocasionados pelo acú-
mulo de água no leito das ruas e no perímetro urbano, causa-
do por fortes precipitações pluviométricas. dos municípios da RH. Assim como ocorreu para os eventos relacionados a cheias, em
Segundo dados da Secretaria Nacional de Proteção e nenhum município foi registrado estado de calamidade pública devido à estiagem,
Defesa Civil (SEDEC), do Ministério d a Integração, a RH Ama- em 2013.
zônica apresentou maior número de municípios foi reconhe- As Figuras 5 e 6 classificam os municípios com registros de SE ou ECP devido a
cida situação de emergência (SE), devido a eventos de cheias, desastres naturais causados pela falta de chuvas (secas ou estiagens) ou pelo excesso
em 2013. Em 17% dos municípios, foram reconhecidos de- de chuvas (enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos) com base na frequên-
sastres naturais relacionados a enxurradas, inundações, en- cia de ocorrências de registros entre 2003 e 2013.
chentes e alagamentos. Este último evento foi registrado em
9 municípios. Eventos de estiagem foram reconhecidos em 2%
24 Região Hidrográfica Amazônica

PRINCIPAIS TEMAS NA RH AMAZÔNICA

Figura 7. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Amazônica

TEMA 1: DESMATAMENTO mento maior que 0,5% na área desmatada entre 2011 e 2012 (taxa similar a
A frente de expansão do desmatamento na RH Amazônica se consoli- alguns municípios localizados no “arco do desmatamento”): Confresa e Serra
dou, desde a década de 1970, no chamado “arco do desmatamento”, região Nova Dourada, no Mato Grosso, e Cujubim, Parecis, Machadinho d’Oeste,
que abrange as porções altas das bacias hidrográficas dos Rios Xingu, Tapajós Nova Mamoré, Cacoal, Buritis, Porto Velho, Pimenta Bueno e Alto Paraíso, em
e Madeira. Entretanto, alguns municípios que se localizam fora dessas áre- Rondônia. Esse desmatamento se deve a alterações no uso da terra (conver-
as também têm se destacado pelo incremento nas taxas de desmatamento, são de áreas nativas para a implantação de atividades agropecuárias).
como tem ocorrido em Placas, Novo Repartimento, Rurópolis, Rondon do
Pará, Anapu, Dom Eliseu e Itupiranga, no Pará, e com Acrelândia, Capixaba TEMA 2: IRRIGAÇÃO
e Epitaciolândia, no Acre. Os seguintes municípios apresentaram um incre- A maior demanda de água para irrigação (ano-base 2012), na RH
Região Hidrográfica Amazônica 25
Amazônica, se concentra nos municípios localizados no Alto Tapajós e Alto TEMA 3: HIDROELETRICIDADE E NAVEGAÇÃO
Xingu, tais como Campo Novo do Parecis/MT, Sapezal/MT, Tangará da Ser- A maioria dos aproveitamentos hidrelétricos planejados para a RH
ra/MT, Sorriso/MT, Sinop/MT, Nova Mutum/MT e Lucas do Rio Verde/MT. Amazônica estão previstos para serem implementados na bacia hidrográfica
Nestes municípios, as principais culturas são: soja, milho, algodão herbáceo do Rio Tapajós, totalizando mais de 17.500 MW de potencial hidrelétrico a
e cana-de-açúcar, e, em menores quantidades (menor área plantada), arroz serem aproveitados nos Rios Tapajós, Apiacás, Teles Pires, Jamanxim e Jurue-
(em casca) e feijão. Outras localidades, na RH, que também demandam na. O Plano Decenal de Energia Elétrica 2019 (MME, 2010) prevê o aproveita-
água para irrigação, são: a porção alta da bacia hidrográfica do Rio Madei- mento de mais de 26.500 MW na bacia do Rio Tapajós, onde estão previstas
ra (Cacoal/RO – principais culturas: feijão e milho; e Vilhena/RO: soja, mi- análises técnicas para a instalação de várias PCHs e mais de 30 UHEs. É im-
lho e arroz) e em municípios localizados ao longo do Rio Amazonas, como portante, entretanto, que o processo de planejamento do setor elétrico para
Santarém (PA), Parintins (AM), Careiro da Várzea (AM), Iranduba (AM) e a instalação dessas AHEs considere a garantia do uso múltiplo das águas, em
Manacapuru (AM), que cultivam, principalmente, mandioca, grãos e fibras. especial, a viabilização da navegação comercial na região, além dos aspectos
Em Macapá e Porto Grande, no estado do Amapá, localizados próximos à sociais e ambientais inerentes. A Hidrovia Tapajós-Teles Pires, presente nesta
foz do Amazonas, também se identificam altas demandas de água para ir- bacia hidrográfica, é estratégica para o país pela possibilidade de ser uma
rigação (principais cultivos são: milho, arroz e feijão). Ressalta-se que as importante via de escoamento da produção agrícola da região Centro-Oeste.
culturas citadas não são, necessariamente, as irrigadas, mas representam Esta viabilização, entretanto, depende da construção de eclusas em alguns
os principais cultivos agrícolas dos municípios, em termos de área plantada dos aproveitamentos hidrelétricos previstos na bacia do Rio Tapajós. Na ba-
(Pesquisa Agrícola Municipal; IBGE, 2012). cia do Rio Xingu, uma Resolução do Conselho Nacional de Política Energética
(Resolução CNPE nº 6 de 03 de julho de 2008) definiu que o potencial hidro-
energético a ser explorado será somente aquele situado no rio Xingu, entre a
sede urbana do Município de Altamira e a sua foz, ou seja, apenas referente
a UHE Belo Monte, já em operação.

Altamira – PA – Rui Faquini/Banco de Imagens da ANA


26 Região Hidrográfica Amazônica

TEMA 4: DESSEDENTAÇÃO ANIMAL menor eficiência de depuração natural da carga orgânica), prejudicando a
A criação extensiva de gado de corte, na RH Amazônica, é uma ativida- população residente nesses locais. O Plano Estratégico de Recursos Hídricos
de tradicional e foi a principal força motriz que impulsionou o desmatamento dos Afluentes da Margem Direita do Rio Amazonas (ANA, 2012) identificou
e a conversão de áreas nativas em pastagens para a ocupação territorial da os principais cursos d’água que apresentaram não conformidade em relação
região. Atualmente, as áreas em que se identificam as maiores demandas de à concentração de Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO (indicativo de
água para dessedentação animal e, consequentemente, o maior número de poluição hídrica, principalmente por esgotamento sanitário) - com base na
cabeças de gado são: no estado do Acre, os municípios de Xapuri, Capixaba, Resolução CONAMA nº 357/2005. Estes trechos de rios foram identificados
Senador Guiomard, Bujari, Porto Acre e Rio Branco; no estado de Rondônia, nos seguintes municípios: Rio Branco/AC, Feliz Natal/MT, Sinop/MT, Alta Flo-
Castanheiras, Presidente Médici, Rolim de Moura, Cacoal e Ministro Andreazza resta/MT, Capixaba/RO, Rolim de Moura/RO, Colniza/MT e Senador Guio-
no estado do Amazonas, municípios ao longo do rio Amazonas, como Parintins mard/AC. Na cidade de Rio Branco/AC, por exemplo, apenas 37% do esgoto
e Careiro da Várzea. Considerando o ano de 2010, a vazão de retirada de água doméstico é coletado, e, apesar de 100% deste percentual serem tratados,
para dessedentação animal, na RH Amazônica, é a segunda maior dentre as restam mais de 60%, que são lançados sem tratamento nos corpos d’água.
regiões hidrográficas brasileiras (24,9 m³/s), ficando atrás apenas da RH Paraná.
TEMA 6: EVENTOS CRÍTICOS
TEMA 5: SANEAMENTO AMBIENTAL No ano de 2013, em cinco municípios da RH Amazônica , localizados no
A região norte do país é a que apresenta as maiores deficiências no Acre (Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Rio Branco e Xapuri), foram decreta-
saneamento ambiental (baixas coberturas de coleta e tratamento de esgotos das “situação de emergência”, devido à estiagem, todas no mês de maio. A maio-
domésticos, no abastecimento de água e na destinação de resíduos sólidos). ria dos eventos críticos, entretanto, foi relacionada a cheias (em 64 municípios,
Na RH Amazônica, o abastecimento de água é de 76,4% e apenas 25% do foram decretadas situações de emergência, entre abril e junho, devido a inunda-
esgoto doméstico é coletado (segundo dados do SNIS, 2012, a média brasi- ções, alagamentos, enchentes ou enxurradas). Entre 2003 e 2013, em 82 municí-
leira é de 93,2% de atendimento da população por rede de abastecimento pios (aproximadamente, 30% dos municípios da RH), foram decretados eventos
de água, e 58,8% de todo esgoto produzido pelos municípios é coletado em de seca, sendo que, entre setembro e dezembro de 2010, foi registrada uma das
rede de saneamento própria). Essas grandes cargas de efluentes domésticos maiores secas na região, que afetou os seguintes rios: Javari, Juruá, Japurá, Acre,
lançados nos rios da RH são diluídos devido à grande disponibilidade hídrica Negro, Purus, Içá, Solimões e Madeira. Nesta mesma década, em cerca de 61%
presente, porém, alguns igarapés e cursos d’água com menor vazão, que pas- dos municípios da RH, foram decretados eventos de cheia, sendo que a maior
sam por áreas urbanas podem apresentar uma qualidade da água ruim (pela foi registrada entre maio e junho de 2009, nos Rios Amazonas, Tapajós e Negro.

Rio Amazonas – AM – Rui Faquini/Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica Amazônica 27

São Gabriel da Cachoeira – AM – Rui Faquini/Banco de Imagens da ANA


28 Região Hidrográfica Atlântico Leste

2
Região Hidrográfica
Atlântico Leste

Leito seco de rio intermitente – Toca da Velha – Raso da Catarina – BA – Zig Kock/Banco de Imagens ANA
Região Hidrográfica Atlântico Leste 29
A Região Hidrográfica Atlântico Leste possui, aproximadamente, demográfica é de 38,82 hab./km², aproximadamente, 2 vezes maior que a
388.160 km² de área (3,9% do país), abrangendo 491 municípios com média brasileira, que é de 22,4 hab./km².
sedes inseridas na RH, distribuídos em quatro Unidades da Federação: Estão apresentadas, na Figura 8, as principais cidades, com popula-
Bahia (69%); Minas Gerais (26%); Sergipe (4%), e Espírito Santo (1%). É ção urbana igual ou superior a 50.000 habitantes. Dentre estas, se destacam:
formada por um conjunto de bacias hidrográficas costeiras (que vertem Salvador (cerca de 2,6 milhões hab.); Aracaju (cerca de 570 mil hab.); Feira
para o litoral), com uma acentuada diversidade em termos de porte, que de Santana (aprox. 510 mil hab.); Vitória da Conquista (aprox. 275 mil hab.);
abrangem, ao norte, parte dos estados da BA e SE e se estendem até por- Camaçari (cerda de 230 mil hab.), e Itabuna (aprox. 200 mil hab.).
ções de MG e ES. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Atlântico Les-
Essa RH está dividida em oito unidades hidrográficas: Vaza Barris; Lito- te é de 1.018 mm, bem menor do que o valor da média nacional, de 1.761 mm.
rânea BA-SE; Itapicuru; Litorânea BA, Paraguaçu; Contas; Pardo Jequitinho- A vazão média é de 1.484 m³/s, correspondendo a 0,8% da vazão mé-
nha, e Litorânea ES-BA. Tem como principais rios: Vaza-Barris; Barba do Tu- dia nacional, e sua disponibilidade hídrica é de 305 m³/s, ou seja, 0,3% da
barão; Real; Itapicuru-açu; Itapicuru; Inhambupe; Jacuípe; Salgado; Pojuca; disponibilidade hídrica nacional (considerando a vazão regularizada pelos re-
Capivari; Paraguaçu; São João; Salto; Gavião; Conguji; Contas; Pardo; Itacam- servatórios da região).
biruçu; Araçaí; Jequitinhonha; Prado ou Jucurucu; Alcobaça ou Itanhaém; O volume máximo de reservação per capita é de 945 m3/hab., bem
Mucuri; Cibrão, e São Mateus. menor do que o valor da média brasileira, de 3.607 m3/hab. A vazão de re-
A população total da região é de, aproximadamente, 15,1 milhões de tirada (demanda total) é de 112,3 m³/s (cerca de 5% da demanda nacional).
habitantes (IBGE, 2010). Caracteriza-se por possuir população predominan- Grande parte da RH está situada na região do semiárido nordestino,
temente urbana, representada por 75% do total de seus habitantes, des- caracterizada por apresentar períodos críticos de prolongadas estiagens, re-
tacando-se as Regiões Metropolitanas de Salvador e Aracaju. A densidade sultado de baixa pluviosidade e alta evapotranspiração.

Tabela 3. Caracterização das Unidades Hidrográficas da RH Atlântico Leste

Pop
Área aprox. Sedes Pop Rural Pop Total
Unidades Hidrográficas Urbana
(km²) municipais (nº) (nº) (nº)
(nº)

Litorânea BA SE 31880 68 1.527.757 586.502 2.114.259

Itapicuru 36534 40 571.505 504.094 1.075.599

Litorânea BA 44832 105 5.357.030 815.205 6.172.235

Paraguaçu 53886 61 817.876 521.121 1.338.997

Contas 55476 61 724.532 486.091 1.210.623

Pardo Jequitinhonha 102606 92 1.098.948 515.539 1.614.487

Litorânea ES BA 62883 64 1.146.850 393.493 1.540.343

RH Atlântico Leste 388.160 491 11.244.498 3.822.045 15.066.543

Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)


30 Região Hidrográfica Atlântico Leste

40°0'0"W

0"S SE AL
Vaza
-Barri
s
Senhor do Bonfim
Itabaiana

Ba uba
Itapic

ixa rã
T
u ru-aç Nossa Senhora
u

do o
do Socorro
São Cristóvão
Jacobina Aracaju
Estância
a l
Re

Ita
pi
BA

cu
Jacuípe Inham

ru
bupe

Salga
Ja
cu
Du
Alagoinhas

íp
as

do
Feira de Santana

Ba

Ca
Coxó

rra
a
Pojuc

pi
va
s
Antôn
Santo

ri
Candeias Dias d'Ávila
Cox ó

çu Camaçari
io gua
Para Sto Antônio Simões Filho
de Jesus Lauro de Freitas
Salvador
Jequiriça
Valença
Oceano Atlântico
Contas
o
J oã
São Jequié
Contas
g uji
Salto on
C
Gav Itabuna
iã o Vitória da Conquista
0"S
Ilhéus
Itapetinga
Tingu

Pardo Pardo
i

MG

nha
Jequitinho

u Eunápolis
m biruç Unidades Hidrográficas
Itaca
Porto Seguro
Prado ou
J ucurucu Vaza Barris
Norte
a

Litorânea BA SE
nh
ho
tin

Alcobaça Itapicuru
ui

ou Itanhém
q
Je

Mu
cur
í

Litorânea BA
ça

i
a

Teixeira de Freitas
Ar

Teófilo Otoni
Paraguaçu
ão Contas
Cibr
São
MG Ma
te us Pardo Jequitinhonha
São Mateus
Litorânea ES BA

ES N Rios principais
Estado
!. Cidades principais

Figura 8. Unidades Hidrográficas da RH Atlântico Leste e principais cidades


Região Hidrográfica Atlântico Leste 31
DEMANDAS CONSUNTIVAS DE ÁGUA

SE
As principais demandas de recursos hídricos

Va
na RH Atlântico Leste são para irrigação (47%) e para

za
-B
a
o abastecimento urbano de água (31%). A vazão de

Ba

rr
is
ix
a
retirada para o uso industrial correspondeu a 10%;

do
Itapic
uru-a Nossa Senhora do Socorro

Tu
ç u
para a dessedentação animal, a 8%, e para o abaste-

ba
!.
!.


Aracaju

o
cimento da população rural, a 4%. A demanda total Ita
p icu
ru
de água na RH equivale a cerca de 5% da demanda BA Re
al

Ja
nacional (ANA, 2013).

Du

cu
Inham

as

ípe
b upe
Em 2012, as áreas irrigadas ocupavam 0,9%

Ba
r
ra
Alagoinhas

s
do território da RH e representavam 6,1% do total !.
Feira de Santana

Ca
!.

Santo
de área irrigada do país. De 2006 a 2012, houve um

p iv
ar
Coxó

i
aumento de, aproximadamente, 46% na área irri- Camaçari

Antô
Simões Filho !.
!.
gada, que ocupava 11,6% de toda a área plantada. çu Salvador Lauro de Freitas

nio
gua !.
Para !.
Apesar deste expressivo aumento, a RH ocupa a Jequiriçá
sexta posição, dentre as doze regiões hidrográficas
brasileiras, quanto ao volume de água demandado
Contas

me
Jequié
para irrigação (a vazão de retirada para este uso ão Brum !.

sem no
Jo
S ão ad o
foi de 85,2 m³/s, em 2012). Fatores como a baixa
n io uj
i

disponibilidade hídrica, que existe naturalmente na lt o An
Co
ng
Sa
região (a RH Atlântico Leste é a segunda com me- o
viã ItabunaIlhéus
Ga
nor disponibilidade hídrica, ficando à frente apenas ui !.
Vitória da Conquista !. !.

da RH Atlântico Nordeste Oriental), além do fato de


ng
Ti

muitos de seus rios serem intermitentes (Figura 12),


podem vir a ser limitantes para a expansão da ativi- MG Pardo

dade agrícola. A baixa disponibilidade hídrica pode, a


honh
Jequitin
ainda, gerar conflitos futuros relacionados ao uso da
água em algumas localidades. !.
Eunápolis Oceano Atlântico
!. Porto Seguro
Quanto ao abastecimento de água nas cida- ruçu
a mb i
Itac Prado ou
Jucurucu
des, verifica-se uma percentagem de 96% de cober-
tura dos municípios, por rede geral, acima da média
Norte

nacional, que é de 94% (SINS; MCid, 2012). Porém,


Unidades Hidrograficas
conforme projeções da publicação Atlas Brasil - Mucuri do
Norte !.
Teixeira de Freitas

Mu Estados
Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010) - boa
Ar

Teófilo Otoni cu r
i
!. Vazão de retirada máxima nos
parte da infraestrutura de abastecimento urbano de
ão meses com irrigação (m³/s)
água na RH precisa ser ampliada ou melhorada para Cibr
0 a 0,01
atendimento satisfatório, até o ano de 2025. Dos
São Mateus 0,01 a 0,1
municípios da RH Atlântico Leste, 10% requerem !.

0,1 a 0,25
uma ampliação do sistema de abastecimento atual- ES
N
0,25 a 0,5
mente existente e 63% requerem um novo manan-
cial para complementar o abastecimento de água. 0,5 a 1,0

Figura 9. Vazão de retirada de água para irrigação nos meses de maior consumo (ano-base 2012) na RH Atlântico Leste
32 Região Hidrográfica Atlântico Leste

PI

AL

Vaz
a-B
arr SE
is

Monte Santo
Campo Formoso!.
!. .! Senhor do Bonfim !. Euclides da Cunha
Itabaiana
Itapic !.
uru-a
çu
Tucano Lagarto !. ARACAJU
!. !.
São Cristóvão !.
!.
Jacobina Ita
!. pi Estância
Araci cu !.
!. ru Re
al
Jacuípe Conceição do Coité
!. Serrinha
BA

Du
!.
Inham

as
b upe

Ba
rar
Cap Ipirá Alagoinhas

s
iv ari !.
!. Feira de Santana
!. Catu

Santo
!.
Itaberaba Santo Amaro
!. !. Candeias

Antô
!.
Coxó !.
Dias d'Ávila !.
!. Camaçari
Cruz das Almas !.
çu SALVADOR

nio
gua !.
Para !. !. Lauro de Freitas
Santo Antônio de Jesus
Jequiriçá
Valença
!.
Jaguaquara
!.

Contas Jequié
me

o !.
Joã
sem no

Sã o
o
Brumado
ni !. uj
i

An ng
lto Co Oceano Atlântico
Sa
o ItabunaIlhéus
viã
Ga Vitória da Conquista !. !.
!.
ui
ng

Itapetinga
Ti

!.
MG
Pardo

ho nha
Jequitin

Eunápolis
!.
iru çu !. Porto Seguro
a mb
Itac Prado ou
Jucurucu

Itamaraju
Norte

!.

Teixeira de Freitas
í Mucuri do !.
ça Norte
ra Mu Unidades Hidrográficas
A Teófilo Otoni cu r
!. i
Estados
ão
Demanda hídrica para uso urbano (m³/s)
Cibr
< 0,001
0,002 - 0,01
São Mateus
MG !.
0,02 - 0,025
N
0,026 - 0,075
ES
0,076 - 2,00
2,01 - 8,00

Figura 10. Vazão de retirada de água para abastecimento urbano (ano-base 2010) na RH Atlântico Leste
Região Hidrográfica Atlântico Leste 33
Balanço HÍDRICO QUALI-QUANTITATIVO para usos futuros (consumo para os diversos fins ou diluição de efluentes). A
outra metade desses recursos, entretanto, apresenta situação de criticidade
O balanço entre a disponibilidade hídrica/demandas consuntivas e dis- quantitativa (32%), qualitativa (3%) ou quali-quantitativa (14%), demandan-
ponibilidade hídrica/diluição de efluentes nos apresenta a oferta de água em do ações de gestão para reverter esse quadro.
condições satisfatórias para os diversos usos, respectivamente, quantitativa A localização dos principais trechos de rios com criticidade quantitati-
e qualitativamente. va na RH (relação entre as demandas consuntivas totais e a disponibilidade
Considerando-se o balanço hídrico (ANA, 2013), verificou-se que a Re- hídrica) coincide espacialmente, em sua maioria, com as regiões abrangidas
gião Hidrográfica Atlântico Leste possui, aproximadamente, 51% da extensão pelo semiárido (Figura 11) e onde estão os rios intermitentes (Figura 12). A
de seus principais rios em situação satisfatória, quanto ao balanço hídrico escassez hídrica que ocorre naturalmente na região é fator agravante para
quali–quantitativo (Figura 13). Isso significa que metade dos recursos hídri- o atendimento das demandas atuais. Sendo a disponibilidade hídrica insu-
cos da RH estão em boas condições, em termos de quantidade e qualidade ficiente para a demanda atualmente existente, apresenta-se a necessidade

45°W 40°W 35°W

PE Região Hidrográfica
MA
Atlântico Leste
PI

AL
10°S

RH Atlantico Leste
SE Estado
TO
Semi Árido Nordestino

Unidades Hidrográficas
Vaza Barris
BA
Litorânea BA SE
Itapicuru
Litorânea BA
Paraguaçu

GO
Contas
Pardo Jequitinhonha

Oceano Atlântico Litorânea ES BA


15°S

MG

ES N
20°S

Figura 11. Abrangência da região semiárida na RH Atlântico Leste


34 Região Hidrográfica Atlântico Leste

de melhor gerenciamento dos recursos hídri-


cos, especialmente nessas áreas tão sensíveis
quanto à oferta hídrica.
A criticidade qualitativa é expressa
como a capacidade de assimilação pelos cor-
pos d’água de cargas orgânicas lançadas, como
Monte Santo
é o caso das cargas de esgoto doméstico gera- Campo Formoso !.
!. .! Senhor do Bonfim!. Euclides da Cunha
Itabaiana
das pelos municípios (Figura 13). A Demanda !.
Tucano Lagarto!. Aracaju
Bioquímica de Oxigênio (DBO) e o Índice de !. !. !. Cristóvão
São
Jacobina ! .
Qualidade da Água (IQA), obtidos a partir dos !. Araci
Estância
!.
!.
dados provenientes do monitoramento reali- Conceição do Coité
!. Serrinha
zado pelas entidades estaduais de gestão de !.

recursos hídricos, são bons indicadores des-


Ipirá Alagoinhas
se tipo de poluição hídrica (Figura 14) que se !. !.
Feira de Santana
Catu
!.
apresenta mais crítico em localidades especí- Itaberaba Santo Amaro
!.
!. !. Candeias
ficas, coincidentes com as capitais Aracaju e !. !. !.
!.
Cruz das AlmasSalvador
!.
Salvador, com outras cidades mais populosas e !. !. Lauro de Freitas
!.
Santo Antônio de Jesus
também com municípios litorâneos. Os dados Valença
aqui apresentados indicam que os rios Pojuca Jaguaquara !.
!.
e Vaza Barris demandam atenção especial, em Jequié
relação à qualidade da água. Nas cidades lito- !.

Brumado
râneas, o contingente populacional de turistas !.
deve colaborar com maior carga de efluentes
domésticos lançada nos rios, indicando critici- Vitória da Conquista
ItabunaIlhéus
!. !.
dade quali-quantitativa em alguns municípios, !.

como Ilhéus/BA e Porto Seguro/BA. !.


Itapetinga

Com base nos dados do SNIS (MCid,


2012), a cobertura da população urbana aten-
dida por rede coletora de esgotos na RH é de
46%, menor que a média brasileira, que é de
Eunápolis
58%. Do volume total de esgoto gerado na RH, !.
!. Porto Seguro
53% é tratado (SINS – MCid, 2012; adaptado).
Evidencia-se, portanto, que quase a metade Itamaraju
!.
dos efluentes domésticos gerados na RH são é
lançada in natura nos corpos d’água, o que tor- Teixeira de Freitas
!.
na o volume de matéria orgânica extremamen- Teófilo Otoni
te alto para que haja uma eficiente assimilação !. Unidades Hidrograficas
e ciclagem de nutrientes pelos microrganismos Rios Intermitentes
presentes na água, o que torna o processo de Rios Permanentes
São Mateus
depuração desses efluentes insuficiente, e !.
gera poluição hídrica. OBS: Não foram considerados
N no mapa os trechos de rios
perenizados devido à influência
de reservatórios.

Fonte: Base Cartográfica


Integrada Digital do Brasil ao
Milionésimo (IBGE, 2003).

Figura 12. Rios intermitentes na RH Atlântico Leste


Região Hidrográfica Atlântico Leste 35

AL
Vaz
a -Ba
rris SE

Monte Santo
Campo Formoso !.
!. Euclides da Cunha
!.
!. Senhor do Bonfim
Itabaiana
Itapic !.
uru-a
ç u
Itapic Lagarto !.
Aracaju
uru Tucano !. Cristóvão
!.
!. São
!.

Real
Jacobina
BA !. Estância
Araci !.
!.
Jacuípe Conceição do Coité
!. Serrinha
Du

!.
Inham
as

b upe
Ba
rar

Cap Alagoinhas
s

ivar Ipirá
i !. !.
Feira de Santana
!. Catu
Santo

!.
Itaberaba Santo Amaro
!. !.
Cruz das Almas Candeias
Antô

!.
!. Simões!. Filho
!. Camaçari
Coxó

!.
çu Santo Antônio de JesusSalvador
nio

gua !.
Para !. !.
á
uiriç
Jeq
Valença IQA Médio 2012
!.
Jaguaquara Péddima (0-19)
!.

Contas Ruim (19-36)


me

Jequié
o !.

sem no

S ão J Regular (36-51)
o Brumado
ni !. ji Boa (51-79)
tô gu
An n
lto Co
Sa Ótima (79-100)
o
viã ItabunaIlhéus
Ga Vitória da Conquista !. !. Oceano Atlântico
!.
ui
ng
Ti

Itapetinga
!.
Pardo

MG

ha
Jequitinhon

Eunápolis
!. Porto Seguro
ruçu !.
a mb i
Itac Prado ou
J ucurucu

Itamaraju
Norte

!.

Teixeira de Freitas
Mucuri do
No !. Unidades Hidrográficas
í

rte
ça
a

Muc
Ar

Teófilo Otoni u ri Estado


!.

Balanço hídrico quali-quantitativo


ão
Cibr
satisfatório

criticidade qualitativa
São Mateus
!. N
criticidade quantitativa

ES criticidade quali-quantitativa

Figura 13. Balanço hídrico quali-quantitativo nas microbacias da RH Atlântico Leste


36 Região Hidrográfica Atlântico Leste

Figura 14. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) na RH Atlântico Leste


Região Hidrográfica Atlântico Leste 37
Reservação ia u
í # #
PE ó PE
oP #
PE ot
Ri # ox
PI Ri
o
M
is

Rio
ta Rio
Me AL
A segurança hídrica está associada à garantia da oferta

Ipa
Sa

çá
as oF
ran

n
Rio Cura
íb

em
ra c is
co
de água para o abastecimento humano e para as atividades Ca

a
-

ido
N Cocorobó
Vd
a SI

r
.P Rio
produtivas, de forma que se possa enfrentar as secas e es-

i-á
im Vaz
en

em
te i a -b
ra arris

co

-S
tiagens ou qualquer desequilíbrio entre a oferta e a deman- Andorinha II #

cis

N
an

SI
Fr
Ri
Sohen
da hídrica. A infraestrutura para reservação de água é fator

tre
o

oV
Sa
Adustina

a li
er
Rômulo Campos (Jacurici)

oS
Ri

de
Pindobaçu # #SE
estratégico para garantir a segurança hídrica de uma região.

Ri
#
Ponto Novo # Aracaju
A RH Atlântico Leste é a que apresenta a segunda menor ca- o Grande #
# #
Ri Pedras Altas
Araci
pacidade per capita de armazenamento (são 945 m³/hab), Serrote
dentre as regiões hidrográficas brasileiras. Quanto ao arma- #
#
França São José do Jacuípe
# Rio It
SIN - Sis a picu
zenamento, ocupa a quinta posição, dentre as doze regiões al ru

hidrográficas. São 14.242 hm³ de água reservada (conside-

ba

Ri
abera

o
Ja
rando reservatórios dos aproveitamentos do setor elétrico,

c uí
e p
It
açudes da Região Nordeste, com capacidade superior a 10

SIN -
BA Pedra do Cavalo
SIN - M # Joanes II
hm³, e demais reservatórios que operam como mananciais ilagre
s Joanes I

R
uaç u

io
para abastecimento de regiões metropolitanas). Apertado Rio P
arag Salvador

Pa
je
# Rio Jeq

ú
ui rica

Infraestrutura de abastecimento urbano de água Luiz Vieira (Brumado)


#
Riacho do Paulo Rio de Contas
# Pedra
#
Grande parte da RH Atlântico Leste está situada na re-
gião do semiárido e a distribuição das disponibilidades hídri- SI
N Funil
-P #
cas se reflete na configuração da infraestrutura hídrica para Ri o #
Truvisco
Anagé

õe
Ve s Oceano Atlântico
#
abastecimento urbano de água. Os sistemas integrados, que rd eP
eq
ue
no
Tremendal
atendem a mais de uma cidade, são comumente empregados #
nas áreas mais secas do país. Dessa forma, na RH Atlântico
Rio Gorutuba

Leste, existe um maior número de cidades atendidas por sis- Rio Pardo

temas integrados na porção semiárida do que na outra por-


ção, onde há um predomínio de sistemas isolados.
ha
on
O aproveitamento dos mananciais por meio de siste- uit
inh N
Rio V

q
Je
mas integrados é também empregado na maioria das regiões Ri
o
erde G

metropolitanas do país. Muitas vezes, as fontes hídricas de


rande

tais sistemas abrangem transferências hídricas entre bacias


hidrográficas, resultando em maior complexidade para o pla- MG Capitais
nejamento, a execução e a operação. O abastecimento das Rio
Muc
Rio Itanhém Açudes > 10 hm3
uri
regiões metropolitanas da RH Atlântico Leste se dá por meio Rio
Limite Semiárido
Muc
de sistemas interligados. Na RM de Salvador, o principal ma- ur i

nancial de abastecimento é a barragem Pedra do Cavalo (hm), ande


Br a
ço
d
Sistemas Integrados na RH Atl Leste:
Rio Suaçuí Gr oN
orte Sistema Existente
no rio Paraguaçu. Além de cidades da RM Salvador, essa bar- de
S ão
M ate Sistema Planejado
ragem abastece outros municípios da Bahia, por meio de sis- c e
ES u s

Do Sistema em Obras
temas integrados, como as adutoras Amélia Rodrigues, Santo Ri
o

Estévão e Feira de Santana. O açude Pedra do Cavalo é ainda


utilizado para geração de energia e controle de enchentes. Figura 15. Infraestrutura para o abastecimento urbano de água na RH Atlântico Leste
O principal sistema produtor de água da RM Araca-
ju é o sistema São Francisco, que, a partir da transposição da porção semiárida da RH Atlântico Leste, a partir das adutoras Alto Sertão e Sertaneja, que
das águas do rio São Francisco para a bacia do rio Sergipe, atendem 18 cidades do estado de Sergipe, sendo dez situadas na RH Atlântico Leste.
atende, aproximadamente, a 60% da demanda atual. Além Tratando-se de mananciais superficiais, na RH Atlântico Leste, destacam-se os sistemas
do atendimento à RM Aracaju, o rio São Francisco também é adutores de Piauitinga, Agreste e Itabaianinha, em Sergipe, e os sistemas Sisal, Itaberaba, Mi-
responsável pelo abastecimento de outras sedes municipais lagres e Senhor do Bonfim, localizados na Bahia.
38 Região Hidrográfica Atlântico Leste

Eventos Críticos além de impactar a zona rural, atingiu também o abastecimento de muitas
sedes urbanas. Na RH Atlântico Leste, segundo dados da Operação Seca1, o
Em 2013, a RH Atlântico Leste apresentou maior número de municí- abastecimento de, aproximadamente, 21% das sedes municipais apresentou
pios nos quais foram reconhecidos situação de emergência (SE) ou estado de racionamento ou esteve em estado de alerta, no ano de 2013. Diversas ações
calamidade pública (ECP), devido a secas ou estiagens (58% dos municípios), emergenciais vêm sendo realizadas e planejadas nessas sedes afetadas. Den-
do que devido a chuvas intensas (4% dos municípios). tre elas destacam-se a distribuição de água por meio de carros-pipa e a per-
A Figura 16 mostra que a maioria dos municípios que sofreram com furação de novos poços.
a seca na RH está localizada na região semiárida (dos 283 municípios que As Figuras 16 e 17 indicam a frequência de ocorrência de desastres
decretaram SE ou ECP, 83% se localizam no semiárido nordestino). A seca naturais ocasionados por eventos climáticos críticos nos municípios da RH,
severa que vem enfrentando o Nordeste Brasileiro, desde o ano de 2012, Atlântico Leste no período de dez anos (entre 2003 e 2013).

AL

Senhor do Bonfim
!.
Itabaiana
!.
Nossa Senhora do SocorroARACAJU
!.
São Cristóvão !.
Jacobina
!.
!. Estância
BA !.

Alagoinhas
!.
Feira de Santana
!.

Candeias
!. !.
Dias d'Ávila !. Camaçari
!.
Santo Antônio de JesusSALVADOR!.
!. !. Lauro de Freitas

Valença
!.

Jequié
!.

ItabunaIlhéus
Vitória da Conquista !. !.
!.

Itapetinga
!.

MG

Oceano Atlântico

Eunápolis
!. Porto Seguro
!.

RH Atlântico Leste

Teixeira de Freitas
Unidades Hidrograficas
!.
Limite Semiarido na RH Atl Leste
Teófilo Otoni
!. Ocorrência de secas entre 2003 e 2013
1
2
São Mateus 3
!.
N 4
5
ES
entre 6 e 10
acima de 10

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 16. Municípios com registro de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013
____________________________________

1 Operação Seca: conjunto de ações emergenciais, idealizadas e executadas em 2013 de maneira integrada pelos governos federal e estaduais, para minimizar os impactos da seca no Nordeste
Região Hidrográfica Atlântico Leste 39
PI PE PE PE

AL

PI

Senhor do Bonfim
!.
SE !. Itabaiana
Nossa Senhora do SocorroARACAJU
!.
!. Cristóvão
São
!.
Jacobina
!. Estância
!.

Alagoinhas
!.
Feira de Santana
!.

BA Candeias
!.
!. !. Camaçari
Dias d'Ávila
!.
Santo Antônio de JesusSALVADOR
!.
!. !. Lauro de Freitas

Valença
!.

Jequié
!.

ItabunaIlhéus
Vitória da Conquista !. !.
!.

Itapetinga
!.

Oceano Atlântico

Eunápolis
!. Porto Seguro
!.

RH Atlântico Leste

Unidades Hidrograficas
MG
Limite Semiarido na RH Atl Leste
Teixeira de Freitas
!. Ocorrência de cheias de 2003 a 2013
Teófilo Otoni
!. 1

3
São Mateus 4
ES !. N
5

acima de 5

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 17. Municípios com registro de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, entre 2003 e 2013
40 Região Hidrográfica Atlântico Leste

Principais Temas da RH Atlântico Leste TEMA 1: IRRIGAÇÃO, TEMA 2: INDÚSTRIA E TEMA 3: ABASTE-
CIMENTO PÚBLICO
Na RH Atlântico Leste, os municípios com maiores vazões de
retirada de água para irrigação (ano-base 2012) localizam-se em al-
gumas bacias hidrográficas. Nessas, verificam-se os principais culti-
vos agrícolas presentes nos municípios que se destacam quanto à
demanda hídrica para irrigação. Ressalta-se, porém, que as culturas
citadas não são necessariamente as irrigadas, mas as principais cul-
turas desses municípios, em termos de área plantada (Pesquisa Agrí-
cola Municipal; IBGE, 2012). As regiões de destaque são:

- Na Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas e na do Rio São Ma-


teus (a): Nos municípios de São Mateus, Conceição da Barra, Monta-
nha, Pinheiros, Vila Pavão, Nova Venícia e Boa Esperança. os princi-
pais cultivos presentes nesses municípios são: café, cana-de-açúcar,
mamão e coco-da-bahia.

- Na Bacia Hidrográfica do Rio Araçuaí, no Vale do Jequi-


tinhonha (b): Nos municípios de Itamarandiba e Minas Novas, os
principais cultivos presentes nesses municípios são: milho, feijão, ca-
na-de-açúcar e café.

- Na Bacia Hidrográfica do Rio de Contas (c): Nos municí-


pios de Livramento de Nossa Senhora, Ibicoara, Dom Basílio, Rio de
Contas e Jussiape, os principais cultivos presentes são: feijão, milho,
cana-de-açúcar e batata inglesa, além de café, manga e maracujá.

- Na Bacia Hidrográfica do Rio Inhambupe, na porção norte


do recôncavo baiano (d): Nos municípios de Mata de São João, Ita-
nagra e São Sebastião do Passé, os principais cultivos presentes são:
coco-da-bahia, cana-de-açúcar e mandioca.

A demanda de água pelo setor industrial (ano-base 2010)


equivale a 10% da demanda total na RH Atlântico Leste (é a tercei-
ra maior demanda hídrica da RH). Os maiores volumes de vazão de
retirada de água para uso industrial estão localizados nas regiões
metropolitanas de Salvador/BA, Aracaju/SE e no município baiano
de Camaçari. A indústria de celulose, papel e produtos de papel é
a que possui maior vazão de captação para uso industrial (mais de
90% das outorgas emitidas para uso industrial são para essa tipolo-
gia de atividade).
Os locais de maior demanda de água para o abastecimento
urbano, na RH Atlântico Leste, coincidem com áreas que também
apresentam maiores demandas hídricas para a produção industrial
e para a irrigação. Evidencia-se, nessas localidades, a necessidade
de priorização da gestão dos recursos hídricos, especialmente, do
Figura 18. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Leste planejamento do uso atual e futuro dos recursos hídricos.
Região Hidrográfica Atlântico Leste 41

TEMA 4: QUALIDADE DA ÁGUA TEMA 5: DISPONIBILIDADE HÍDRICA


Os principais trechos de rios das cidades presentes no litoral da RH A RH Atlântico Leste possui a segunda menor disponibilidade hídri-
Atlântico Leste e das capitais Aracaju e Salvador apresentaram criticidade ca, dentre as doze regiões hidrográficas brasileiras (são 305 m³/s, ficando
qualitativa no balanço hídrico realizado. A localização da maioria desses tre- à frente apenas da RH Atlântico Nordeste Oriental). Isso se deve à menor
chos indica que essa pior qualidade da água pode estar relacionada ao lan- vazão de seus rios (1.484 m³/s de vazão média) e à grande quantidade de
çamento de efluentes industriais e domésticos, principalmente oriundos das rios intermitentes. Considerando-se o balanço hídrico, evidencia-se critici-
regiões metropolitanas, e do lançamento de volume de esgotos das cidades dade quantitativa em 46% da extensão dos principais rios, ou seja, a oferta
litorâneas, devido à população flutuante de turistas. Este fator se agrava pela natural de água não está sendo suficiente para o atendimento da deman-
menor vazão ou mesmo intermitência de vazão dos rios da região hidrográfi- da atual, o que pode ser um indicativo de potenciais conflitos pelo uso da
ca. Evidencia-se, portanto, a necessidade de aprimoramento na infraestrutura água. Um fator agravante é que metade dos municípios da RH estão na
de saneamento (rede de esgoto, drenagem pluvial, estações de tratamento de região semiárida e são impactados frequentemente por eventos críticos cli-
esgoto, procedimentos adequados de coleta e destinação dos resíduos sólidos) máticos, relacionados à seca.
para atender a expansão urbana advinda, principalmente, do turismo.

Leito seco de rio temporário – Toca da Velha - Raso da Catarina – BA - Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA Vegetação de Caatinga – Raso da Catarina – BA - Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
42 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

3
Região Hidrográfica
Atlântico Nordeste
Ocidental

Barcos no Lago Cajari – Viana - MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 43
A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental possui uma área 1,45% da vazão média nacional (179.516 m³/s). A vazão de retirada (demanda
aproximada de 274.300 km² (3% do território nacional), abrangendo o estado total) é de 23,7 m³/s (cerca de 1% da demanda nacional) e a vazão específica
do Maranhão e pequena parcela do Pará, contando com 235 munícipios (198 é de 9,5 L/s/km2 (equivale a 45% da vazão específica verificada para o país).
no Maranhão e 37 no Pará). Dentre estes, 195 possuem suas sedes inseridas A RH se caracteriza pelo uso urbano da água, preponderante em rela-
no território da região. ção aos demais usos (48%), no qual se destaca a RM de São Luís como uma
A RH está dividida em cinco unidades hidrográficas: Itapecuru, Gurupi; das principais responsáveis por essa demanda. Apesar de pequena (7%), a
Litoranea MA, Litoranea MA/PA e Mearim. Os principais rios da região são os demanda do setor industrial tem importância na RH. A concentração indus-
rios Gurupi, Mearim, Itapecuru e Munim. trial mais significativa é na Bacia do Rio Itapecuru, em função da existência do
A população total da região é de, aproximadamente, 6,2 milhões de Distrito Industrial de São Luís e dos projetos minero-metalúrgicos da Compa-
habitantes (IBGE 2010), com 61% dos seus habitantes vivendo em áreas ur- nhia Vale do Rio Doce - CVRD - e da Alumínio do Maranhão - Alumar.
banas, que se concentram, principalmente, na Unidade Hidrográfica Itapecu-
ru, onde se localiza a cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão. A
Tabela 4. Caracterização da RH Atlântico Nordeste Ocidental
densidade demográfica da região é de 22,8 hab./km², pouco acima da média
brasileira, que é de 22,4 hab./km². Dentre as cidades com população acima Área
Sedes
Pop Urbana Pop Rural Pop Total
Bacia Hidrográfica Municípios
de 18.000 habitantes (IBGE, 2010), destacam-se: São Luís/MA (aprox. 950 mil (km²) (milhões) (milhões) (milhões)
(nº)
hab.), Caxias/MA (aprox. 120 mil hab.), Codó/MA (aprox. 81 mil hab.), Paço
Gurupi 35.875 11 286.846 105.755 392.601
do Lumiar/MA (aprox. 79 mil hab.), Açailândia/MA (aprox. 78 mil hab.), Baca-
Itapecuru 54.979 40 1.694.695 596.032 2.290.727
bal/MA (aprox. 78 mil hab.) e Paragominas/PA (aprox. 76 mil hab.).
Litoranea MA/PA 52.224 23 713.102 641.361 1.354.463
Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH é de 1.700
Mearim 100.126 61 827.191 796.795 1.623.986
mm, pouco abaixo da média nacional, de 1.761 mm. A disponibilidade hídri-
Litoranea MA 31.146 60 269.610 313.032 582.642
ca da região é de 320,4 m³/s, equivale a menos de 0,5% da disponibilidade
RH A. NE Ocidental 274.350 195 3.791.444 2.452.975 6.244.419
hídrica nacional e a vazão média da RH é de 2.608 m³/s, correspondendo a
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)

Reservatório nas nascentes do Rio Balseiro – Paraibano – MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
44 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

!. Bragança
!. Capanema !. Viseu Oceano Atlântico


Pir
Rio

u
iaç
é

Tur
caçum
cum
ã São Luís

Rio
P er i
Rio

ra

de
Rio Ma
!. Pinheiro ! !. !. Paço do Lumiar

ran
uG
aim
PA Ur Tutóia

o
Rio

iça
gu
!. Paragominas

P re
sem nome

Rio
Ri
!. Zé Doca

o
Mu
!. Itapecuru Mirim

n im
pi

to
ru

!. Santa Inês

Rio Pre
Rio Gu

!. Chapadinha

u

na
é

ixu
ar

!. Santa Luzia
nd

Ip
!. Coroatá

Rio Perito
Pi

o
Ri
!. Bacabal
io

Ria
Rio Açailând

!. Dom Eliseu
R

!. Buriticupu

cho
Ri
!.

çu
o

do

Ita

A
MA pi Reservatórios

Bo
ma
cu CE
upu

r u PI/CE

i
ia

u
rim io Ipix Estado
ic

!. Caxias
urit

til

!. Açailandia
en

es
B

R
G

lor
ú

RH Atlântico Nordeste Ocidental


Rio

aja
ou

sF
PI
Gr
a

e
da
tu

m
Me

Rio C
o
Zi

Região Metropolitana
no
o
Ri

Ri
o

Ri
Rio

m
Ri

o
se
Co
igana

na !. Barra do Corda
Sa
n ta rre
nt
e
Unidade Hidrográfica
Rio
!. Grajaú pi
m GURUPI
Ca
ou ITAPECURU
lseiro

a
rd
Co s
rcata
a

o
TO Ri LITORANEA MA
Rio B

Alpe N
Rio
LITORANEA MA PA
MEARIM

Figura 19. Unidades hidrográficas e principais cidades da RH Atlântico Nordeste Ocidental

USO DO SOLO E DESMATAMENTO inadequado dos solos, principalmente em função de práticas agrícolas impactan-
tes, que colaboram para a poluição dos recursos hídricos e acarretam processos
A Região Hidrográfica compreende porções dos biomas Caatinga, Cer- erosivos, salinização e, em alguns casos, formação de áreas desertificadas.
rado e Amazônico. Unidades de Conservação e Terras Indígenas ocupam 28%
de seu território. Na RH, o bioma mais desmatado é o Amazônico, principal- Tabela 5. Percentual de área de cobertura remanescente por Bioma na RH
mente devido à atividade madeireira. Atlântico Nordeste Ocidental
A maior parte do espaço rural está ocupada com atividades pecuárias. Bacia Hidrográfica Amazônia Caatinga Cerrado Total
As atividades agrícolas se concentram ao sul e, atualmente, no leste do esta-
Área de cobertura de vegetação
do do Maranhão, com a instalação de grandes projetos agrícolas voltados ao remanescente do bioma em
27% 94% 74% 48%
plantio de soja e arroz. relação a sua área original na RH
Em grande parte das bacias costeiras da RH, observa-se o uso e, manejo
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 45

Figura 20. Cobertura vegetal remanescente da RH Atlântico Nordeste Ocidental

Lago Cajarí– Penalva - MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA


46 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

Rio Itapecurú – Colinas - MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA

BALANÇO HÍDRICO QUALI-QUANTITATIVO

Considerando-se o balanço hídrico quali-quantitativo (ANA, 2013), ve-


rificou-se que a Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental apresenta
problemas qualitativos localizados, principalmente, na Região Metropolitana
de São Luís e em núcleos ribeirinhos (devido ao lançamento de esgotos do-
mésticos e industriais, sem o devido tratamento). A qualidade da água da
maioria dos trechos de rios analisados na RH (84%) se encontram em boas
ou ótimas condições.
Em relação a demanda versus disponibilidade hídrica (balanço quanti-
tativo), verificou-se que 36% da extensão dos rios da RH se encontravam-se
em situação preocupante, crítica ou muito crítica, e os outros 64% de trechos
de rios analisados, em situação confortável ou excelente.
A RH apresenta uma situação confortável, quanto ao balanço hídrico
quali-quantitativo, com 84% da extensão de seus rios em situação satisfatória.
Em face do pequeno e médio porte das localidades urbanas (à exceção
da Região Metropolitana de São Luís) e da pouca expressividade do setor in-
dustrial, não se observaram grandes problemas, no que se refere à qualidade
das águas dos rios analisados.
Portanto, de maneira localizada, na região metropolitana de São Luís e
em alguns núcleos urbanos ribeirinhos, a contaminação das águas pelo lan-
çamento de esgotos sem tratamento causa prejuízos e restringe a utilização
para outros usos.
Figura 21. Balanço hídrico na RH Atlântico Nordeste Ocidental
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 47

Reservatório de água em Santo Antônio dos Lopes – MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA

EVENTOS CRÍTICOS ANA e no Ministério da Integração Nacional e que tem como objetivo a iden-
tificação das intervenções cruciais para a solução de problemas relacionados
De 2003 a 2013, 116 municípios da RH Atlântico Nordeste Ocidental à garantia de oferta de água, ao controle de cheias e ao estabelecimento de
(49,4% do total) decretaram situação de emergência ou de calamidade públi- um programa de ações em torno de suas concretizações
ca por eventos relacionados a cheias (enchentes, alagamentos, enxurradas e Já com relação aos eventos de secas e estiagens, no período de 2003 a
inundações), dos quais 31 apresentaram 2 ou 3 reconhecimentos no período. 2013, 85 municípios (36,2% do total da RH) decretaram situação de emergên-
No ano de 2013, em nenhum município houve decretos devido a cheias. cia ou de calamidade pública, dos quais 49, 15 e 1 municípios apresentaram
Em 2012, a ANA elaborou o Atlas de Vulnerabilidade às Cheias do Bra- 2, 4 e 5 eventos no período, respectivamente. Considerando apenas o ano de
sil, cujo objetivo foi fornecer um diagnóstico da ocorrência e dos impactos 2013, em 72 municípios houve reconhecimentos dessa situação decretada
(sociais e econômicos) das cheias graduais nos principais rios das bacias hi- (30,6% do total da RH).
drográficas brasileiras. Dentre outras áreas, as bacias dos rios Mearim e Itapi- A RH possui alguns rios intermitentes, principalmente no curso médio
curu foram identificadas, nesse estudo, como prioritárias para o controle de do rio Itapecuru, persistindo por longos períodos com vazões nulas. Além
inundações. Essas duas bacias serão analisadas no Plano Nacional de Segu- disso, há áreas sujeitas à desertificação, principalmente na porção leste, em
rança Hídrica - PNSH, cuja contratação encontra-se em fase de andamento na áreas dos biomas Cerrado e Caatinga.
48 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

!.
!. Capanema !. Viseu
Oceano Atlântico
BELÉM
!

São Luís
!. Pinheiro !! !. !. Paço do Lumiar
!. !. Tutóia

!. Paragominas

!. Zé Doca
!. Itapecuru Mirim

!. Santa Inês
!. Chapadinha

!. Santa Luzia
!. Coroatá
!. Dom Eliseu
!. Bacabal
!. Buriticupu
!. Codó

!. Caxias
!. Açailândia TERESINA
!

!. Barra do Corda

!. Grajaú

RH Atlântico Nordeste Ocidental


Principais cidades

N Frequência Cheias
1 A
N
2
O
3

Figura 22. Municípios com registros de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, entre 2003 e 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 49

!.
!. Capanema !. Viseu
BELÉM
!
Oceano Atlântico

ç u mé
ca
Mar a
ri á ã São Luís
m
cu
Pi

de
i
!. Pinheiro !. !. Paço do Lumiar

P er
!

ran
uG
aim !. !. Tutóia
Ur aç
u

ao
ri
Tu

uiç
!. Paragominas

eg
Pr
!. Zé Doca Pr

et
!. Itapecuru Mirim

o
ia

n da
tu
!. Santa Inês
Zi

çu !. Chapadinha
Pi

na A
u
il o

M un
u
up

ix
nt
i

Ip
Ge

!. Santa Luzia
São Joaquim
r

im
!. Coroatá
Gu

!. Bacabal

Pe rito
!. Dom Eliseu
!. Buriticupu

co

Bo
!. Codó
n til

Se

i
Ge
pu

ou
cu

!. Caxias
tua
ri t i

!. Açailândia
TERESINA
es
Zi
Bu

or

l !
Br

F
ejã

Fav
o

Co
eira

!. Barra do Corda rr
en
M e ar i m te
pim
a
an

RH Atlântico Nordeste Ocidental


Ca

!. Grajaú
nt
Sa

u
ur
ou

Limites Estaduais
iro

rd
a

Itapi c

s
Co ata
Balse

e rc Principais cidades
A lp
ja ú

Frequência Secas
N
G ra

1
2
4
5

Figura 23. Municípios com registros de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
50 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

PRINCIPAIS TEMAS DA RH ATLâNTICO NORDESTE OCIDENTAL

Figura 24. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Nordeste Ocidental
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 51
TEMA 1: CRITICIDADE HÍDRICA apresentam problemas com despejos de esgotos domésticos, industriais ou
agrícolas. A RH Atlântico Nordeste Ocidental apresenta um dos menores índi-
Áreas 1 e 2 onde se concentram rios com problemas quali-quantitati- ces de coleta de esgoto dentre todas as regiões hidrográficas. Na RH, apenas
vos na RH: cerca de 28% do esgoto são coletado, sendo que, de todo o esgoto gerado,
1 - Na Unidade Hidrográfica de Mearim, predomina grande demanda cerca de 8% são tratados antes de serem lançados nos corpos d’água. A par-
de água para dessedentação animal e abastecimento rural, principalmente tir de dados do SNIS, do percentual de esgoto coletado, 28% são tratados
nos municípios de Açailândia, Bacabal, Barra do Corda, Santa Luzia e Santa (MCid, 2012; adaptado). Portanto, torna-se necessário implementar, ampliar
Inês. Na UH Itapecuru, ao longo do seu rio principal, há maior demanda in- e melhorar os sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais da
dustrial com possibilidades de expansão (ano-base 2010). região de São Luís e em algumas cidades e núcleos ribeirinhos. Nessas áre-
as, a contaminação das águas tem causado perdas e restringido outros usos,
2 - Na maioria dos rios localizados na região dos Lençóis Maranhenses principalmente o abastecimento humano, a pesca e o turismo.
há uma criticidade quantitativa, devido à relação entre a demanda e a dis-
ponibilidade hídrica, que se encontra em situação muito crítica (Figura 3.3). TEMA 3: DESMATAMENTO E ASSOREAMENTO

TEMA 2: SANEAMENTO AMBIENTAL Ocorre o risco de desmatamento de grande área de floresta tropical na
Unidade Hidrográfica de Gurupi, na promissora fronteira agrícola da Unidade
Há lançamentos significativos de esgotos domésticos e efluentes in- Hidrográfica Litorânea/MA, em torno da cidade de Chapadinha, e desmata-
dustriais (mineração e siderurgia) em rios do Golfão Maranhense de São mento e assoreamento de nascentes de rios afluentes do Rio Alpercatas, lo-
Luís. Açailândia, Bacabal, Santa Caxias e Codó são municípios que também calizado na Unidade Hidrográfica Itapecuru.

Rio Mearim – Ararí – MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA


52 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

4
Região Hidrográfica
Atlântico Nordeste
Oriental

Região alagada – Parú – RN – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 53
A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental possui uma área de e Paraíba (João Pessoa, com aprox. 720 mil hab.), e as cidades de Jaboatão
cerca de 286.800 km² (3,4% do território nacional), abrangendo 874 muni- dos Guararapes/PE (aprox. 630 mil hab.), Olinda/PE (aprox. 370 mil hab.),
cípios (destes, 739 possuem suas sedes na RH) e 6 Unidades da Federação: Campina Grande/PB (aprox. 360 mil hab.), Paulista/PE (aprox. 300 mil hab.),
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Caucaia/CE (aprox. 290 mil hab.), Caruaru/PE (aprox. 280 mil hab.), Juazeiro
A RH está dividida em treze unidades hidrográficas: Aracaú; Apodi do Norte/CE (aprox. 240 mil hab.), Mossoró/RN (aprox. 237 mil hab.), Mara-
Mossoró; Curu; Jaguaribe; Litorânea PE/PB/RN; Litorânea AL/PE; Litorânea canaú/CE (aprox. 207 mil hab.) e Paramirim/RN (aprox. 202 mil hab.).
CE; Litorânea CE/PI; Litorânea CE/RN; Litorânea PB/RN; Litorânea PE; Litorâ- A RH Atlântico Nordeste Oriental tem quase a totalidade de sua área
nea RN e Piranhas. Os principais rios da região são o Jaguaribe, Piranhas, Ara- pertencente à Região do Semiárido nordestino, caracterizada por apresentar
caú, Banabuiú, Paraíba, Ipojuca, Una, Apodi e Capibaribe. Os rios Jaguaribe e períodos críticos de estiagens prolongadas, resultado de baixa pluviosidade
o Piranhas Açu abrigam os principais açudes da região. e alta evaporação.
A população total é de aproximadamente 24,1 milhões de habitantes Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH é de 1.052
(IBGE, 2010), predominantemente urbana (80% dos seus habitantes), que mm, abaixo da média nacional, de 1.761 mm. A disponibilidade hídrica su-
vivem principalmente nos centros urbanos localizados próximos ao litoral perficial, considerando a vazão regularizada pelos reservatórios da região,
(principalmente nas cinco regiões metropolitanas: Fortaleza, Natal, João Pes- é de 91,5 m3/s, o que corresponde a 0,1% da disponibilidade superficial
soa, Recife e Maceió). A densidade demográfica da região é de 84 hab./km², do país (91.071 m³/s). A vazão média da RH é de 774 m³/s, correspondendo
cerca de 4 vezes maior do que a média brasileira, que é de 22,4 hab./km². a 0,43% da vazão média nacional (179.516 m³/s) e a vazão de retirada (de-
A RH conta com 15 cidades com mais de 200.000 habitantes (IBGE, 2010), manda total) é 262 m³/s (11% da demanda nacional). A RH possui uma vazão
destacando-se as capitais do Ceará (Fortaleza, com aprox. 2,4 milhões hab.), específica de 2,7 L/s/km2 e um volume máximo de reservação per capita de
Pernambuco (Recife, com aprox. 1,5 milhões hab.), Alagoas (Maceió, com 1.080 m3/hab, cerca de 3 vezes menor do que o volume máximo de reserva-
aprox. 930 mil hab.), Rio Grande do Norte (Natal, com aprox. 800 mil hab.) ção per capita para o país (3.607m3/hab.).
u
Co


rea

ati

Itapipoca
ac
ú

!.
Ar

ru

Sobral
Cu

!. Caucaia
!. !. FORTALEZA

Maranguape
Jato

!. !. Maracanaú
Acaraú

Ar

Oc
ac

Canin
at

e an
i

i oA
at
nji

g tlâ
ra

an n tic
Pi

C
o
me

e
Tre

ib
Qu ar
ixe gu
ram Ja Mossoró
obim !.
Carmo

i
bu

od
na
teira

Ap
Ba

NATAL
rapa

ngi !.
Croas Pote Parnamirim
u

Car

!.
e
arib

ou

iri
Tra
as
u

Pilões
Jag

nh

Inharé
ra

Se
Pi

ri d ú
s ó a ta
õe rim
Espin
o

sti Cu
d

Ba
Salga

Peixe iro la
Pele Bo e
h

uap
Unidades Hidrográficas
ares

ang
Ma m

ele

Juazeiro !. Patos Campina Una ACARAU


qu

Crato do Norte ó Grande Santa !. !.


nc
in

!. !. a Desterr
o Ta
Rita JOÃO
Qu

Pi pe !. APODI MOSSORO
Po

ro
á PESSOA
rc o

Ja
r di CURU
íba
s

m s
o Santa
Inê Para
B aiã
JAGUARIBE
São Igarassu
aribe Lourenço
!.
Capib
iro

!. LITORAN PE PB RN
ze

da Mata !. !. !. Olinda
bu

!. RECIFE
!.
Um

!. LITORANEA AL PE
Ipojuca Caruaru Vitória Jaboatão dos Guararapes
!. de Santo !
.
Cabo de LITORANEA CE
Un a Antão
Santo
Agostinho LITORANEA CE PI
Canh
oto
Garanhuns LITORANEA CE RN

LITORANEA PB RN
N
Mu

Breião LITORANEA PE
n
da
ú

LITORANEA RN
MACEIÓ
!. PIRANHAS

Principais cidades

Figura 25. Unidades hidrográficas e principais cidades da RH Atlântico Nordeste Oriental


54 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

Tabela 6. Caracterização da RH Atlântico Nordeste Oriental


Área aprox. Pop Urbana Pop Rural Pop Total
Bacia Hidrográfica Sedes municipais (nº)
(ha) (nº) (nº) (nº)

Aracaú 14.604 25 485.598 181.758 667.356

Apodi Mossoro 14.268 48 487.643 154.147 641.790

Curu 8.609 12 193.728 131.886 325.614

Jaguaribe 74.303 80 1.494.955 871.875 2.366.830

Litorânea PE/PB/RN 10.197 67 1.623.727 346.921 1.970.648

Litorânea AL/PE 23.057 96 2.381.034 678.638 3.059.672

Litorânea CE 23.435 39 3.771.603 512.065 4.283.668

Litorânea CE/PI 12.325 16 212.699 195.091 407.790

Litorânea CE/RN 2.669 3 23.832 44.388 68.220

Litorânea PB/RN 21.543 71 670.738 304.993 975.731

Litorânea PE 18.934 79 5.318.688 668.712 5.987.400

Litorânea RN 19.069 72 1.530.298 385.707 1.916.005

Piranhas-Açu 43.748 131 973.218 433.386 1.406.604

RH Atlântico NE Oriental 286.761 739 19.167.761 4.909.567 24.077.328


Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)

Balanço Hídrico Quali-quantitativo dades, esses poços constituem a única fonte de abastecimento disponível.
A Região Atlântico Nordeste Oriental, por integrar a região do Semiá-
A região semiárida, além dos baixos índices pluviométricos, se caracte- rido, apresenta grande ocorrência de rios classificados com criticidade quali-
riza por apresentar temperaturas elevadas durante todo ano, baixas amplitu- quantitativa devido à baixa disponibilidade hídrica dos corpos d’água, com
des térmicas, forte insolação e altas taxas de evapotranspiração. Os elevados 90% dos trechos de domínio da União nessa região considerados críticos.
índices de evapotranspiração normalmente superam os totais pluviométri- Considerando o balanço quantitativo, 97,5% da extensão dos seus principais
cos irregulares, configurando taxas negativas no balanço hídrico da região, a rios são classificados com situação “muito crítica”, “crítica” ou “preocupan-
exemplo do que ocorreu no período de 2012 a 2013. te”. Destaca-se a bacia do rio Jaguaribe, que tem quase a totalidade dos rios
Trata-se, portanto, de um território vulnerável, em que a irregulari- em situação “crítica” ou “muito crítica”.
dade interanual das chuvas pode chegar a condições extremas, representa- Quanto ao balanço qualitativo, a RH apresenta a situação mais crítica
das por frequentes e longos períodos de estiagem. Esses períodos críticos para assimilação de esgotos domésticos. Os maiores valores de carga orgâni-
têm sido os maiores responsáveis pelo histórico êxodo de grande parte da ca doméstica são nas áreas das regiões metropolitanas de Recife, Fortaleza e
sua população. Maceió. A combinação de pouca disponibilidade hídrica e baixos índices de
No que se refere à disponibilidade de águas subterrâneas, o semiá- coleta e tratamento de esgotos contribui com a baixa qualidade das águas
rido nordestino brasileiro apresenta áreas com fraco potencial hidrogeoló- dos rios da região. A perenidade dos rios e a sazonalidade da estação chuvosa
gico, tendo em vista a grande presença do embasamento cristalino. Nesses e do período de seca, e ainda, a baixa capacidade de autodepuração dos rios
locais, a produtividade dos poços apresenta vazões muito baixas (inferiores são fatores que alteram consideravelmente a qualidade das águas na Região
a 3 m3/h) e a água possui elevada salinidade. Em muitas pequenas comuni- Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental.
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 55

Figura 26. Balanço hídrico quali-quantitativo em trechos de rios da RH Atlântico Nordeste Oriental
56 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

Figura 27 . Concentrações médias de fósforo e trechos críticos (Portaria ANA nº 62/2013) na RH Atlântico Nordeste Oriental
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 57
A zona litorânea é especialmente atingida pela degradação da quali-
dade das águas devido, principalmente, à expansão das metrópoles. A po-
luição hídrica se dá, sobretudo, pelo despejo de esgotos, aterros e retirada
da vegetação em manguezais e pela deposição de resíduos sólidos em rios e
mangues.
Na região do semiárido, a qualidade das águas, sobretudo dos açudes,
é comprometida pelo processo de eutrofização, que está relacionada com o
aporte de nutrientes nos corpos hídricos, principalmente o fósforo. A Figura
27 apresenta os altos valores médios de fósforo total observados em 2012
para os pontos de monitoramento estaduais da RH. A maioria destes pontos
situa-se em açudes, onde o limite de fósforo total para águas de Classe 2 é de,
no máximo, 0,03 mg/L (Resolução CONAMA nº 357/2005).
Outros fatores regionais, tais como os baixos níveis de tratamento de
esgoto, o alto tempo de residência da água, a temperatura elevada e a alta in-
cidência luminosa, contribuem para a intensificação do processo nos açudes.
Entre os problemas decorrentes da eutrofização dos açudes, há a floração
de algas tóxicas, o que pode comprometer seriamente o abastecimento das
populações que dependem destes mananciais.
No intuito de priorizar as ações de gestão nas áreas mais críticas, a ANA
realizou, em 2012, um estudo para identificação de corpos d’água críticos
(principalmente federais), considerando o comprometimento quali-quantita-
tivo em todas as RHs brasileiras, cujo resultado foi publicado na Portaria da
ANA n°62 , em 26 de março de 2013. A RH Atlântico Nordeste Oriental se
destaca nesse contexto, pois apresenta mais de 90% da extensão dos seus
rios federais na situação crítica (Figura 26).

Infraestrutura hídrica

Por ser um fenômeno natural recorrente, a população dessa região


vulnerável aprende a conviver com seca. A mentalidade de “combate à seca”
foi substituída pela “convivência com o semiárido”, que passou também a
ser o mote de atuação das instituições governamentais. A busca de soluções
para melhorar a convivência com o clima da região vem sendo facilitada por
estudos climáticos e por projetos e obras estruturantes capazes de mitigar os
efeitos da escassez de um bem tão necessário a todas as atividades, princi-
palmente, à sobrevivência humana.
Historicamente, o açude é a principal solução adotada para lidar com
o problema da seca na RH Atlântico Nordeste Oriental e a principal estratégia
para o transporte temporal da água; já a adutora viabiliza seu transporte no
espaço. Os reservatórios da RH Atlântico Nordeste Oriental desempenham
papel importante no atendimento das demandas da RH, através da regula-
rização das vazões. Importantes rios na região, como o rio Piranhas Açu, são
naturalmente intermitentes e são perenizados pela atividade dos reservató-
rios Coremas-Mãe D’Água e Armando Ribeiro Gonçalves. O Ceará é o estado
que possui o maior número de reservatórios de regularização. Nesse estado,
sobressai-se a bacia do rio Jaguaribe, com um elevado número de barramen-
tos com capacidade de acumulação superior a 10 hm3, com destaque para os
açudes Orós, Banabuiú e Castanhão. Nessa bacia, as demandas muitas vezes
superam a vazão de estiagem, e, com a regularização das vazões promovidas
pelos açudes, a disponibilidade hídrica é capaz de atender às demandas. Rio São Mateus – São Mateus - ES – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA
58 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

Figura 28. Infraestrutura hídrica na RH Atlântico Nordeste Oriental


Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 59
Os sistemas produtores de água podem ser diferenciados entre os sis- ,por exemplo, dos açudes Epitácio Pessoa (Boqueirão) e Taperoá II, que são
temas integrados, que atendem a mais de um município, a partir do mesmo utilizadas como mananciais de abastecimento. No caso do Eixo Norte do PISF,
manancial de sistemas isolados, que abastecem apenas um município. Na RH o projeto prevê duas entradas no estado da Paraíba, para a bacia hidrográ-
Atlântico Oriental, devido às restrições de mananciais para o atendimento da fica do rio Piranhas - Açu: uma entrada pelo rio Piranhas, a partir do Açude
população, é muito comum o emprego de sistemas integrados para o abas- Engenheiro Ávidos, e outra pelo Açude Lagoa do Arroz. A terceira entrada
tecimento. Destacam-se, em função da grande extensão de linhas adutoras corresponde a uma entrada ainda em estudo, pela bacia hidrográfica do rio
ou de complexa interligação, os sistemas abastecidos pelo Açude Armando Piancó, mais exatamente pelo açude Condado, na bacia do Piancó.
Ribeiro (Médio Oeste, Serra de Santana, Sertão Central Cabugi e Jerônimo No Rio Grande do Norte, o Eixo Norte do PISF beneficiará com reforço
Rosado) e a adutora Monsenhor Expedito, no Rio Grande do Norte; adutora hídrico os açudes Pau dos Ferros e Santa Cruz do Apodi, localizados na bacia
da Ibiapaba no Ceará e o conjunto de sistemas que abastecem o sertão e o do rio Apodi. Esses açudes são as fontes hídricas da adutora Alto Oeste, que
agreste pernambucano e paraibano, tais como o Bitury e Prata-Camevô, em está em construção e atenderá 24 municípios. Outra importante adutora em
Pernambuco, e Coremas-Sabugi, Congo e Cariri na Paraíba. construção é a Apodi-Mossoró, que tem sua captação também no açude
No abastecimento das regiões metropolitanas, destacam-se os Sis- Santa Cruz do Apodi e atenderá a 5 sedes municipais, inclusive Mossoró, com
temas Integrados Tapacurá, Botafogo, Gurjaú e Pirapama, que atendem expressiva população urbana.
a Região Metropolitana de Recife, e o Sistema Integrado Gavião na Região No Ceará, está em implantação o Cinturão das Águas - CAC -, que se
Metropolitana de Fortaleza, que recebe o reforço de dois canais, o Canal do constitui de um grande sistema gravitário de canais, que origina praticamen-
Trabalhador e o Eixo de Integração, que interligam a RM Fortaleza ao Baixo te na entrada no Ceará do Eixo Norte do PISF, à altura da cidade de Jati, e
Jaguaribe e ao Açude Castanhão, respectivamente. permitirá a adução das águas transpostas para a maioria do território cearen-
No abastecimento das regiões metropolitanas, destacam-se os Sis- se, inclusive para as regiões mais secas do estado, bem como para aquelas de
temas Integrados Tapacurá, Botafogo, Gurjaú e Pirapama, que atendem potencial turístico e econômico.
a Região Metropolitana de Recife, e o Sistema Integrado Gavião na Região
Metropolitana de Fortaleza, que recebe o reforço de dois canais, o Canal do Eventos críticos
Trabalhador e o Eixo de Integração, que interligam a RM Fortaleza ao Baixo
Jaguaribe e ao Açude Castanhão, respectivamente. Situações de escassez de água são frequentes na RH durante o pro-
A principal obra para superar a escassez de mananciais na RH Atlântico longado período seco, característico do semiárido brasileiro. Em 2013, 617
Nordeste Oriental é o PISF - Projeto de Integração do Rio São Francisco - com municípios (mais de 70%) decretaram situação de emergência por motivo de
as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, ora em construção . O PISF seca. Entre 2003 e 2013, em cerca de 47% dos municípios da RH foram reco-
tem dois canais com duas captações (Eixos Norte e Leste), localizadas no rio nhecidas SE ou ECP mais de 10 vezes devido à eventos de seca ou estiagens.
São Francisco, a jusante da barragem da UHE Sobradinho. A integração do Em 60 municípios, esses reconhecimentos foram mais recorrentes (mais de
rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semiárido será possível 20 vezes), sendo que em Campos Sales, Caridade, Irauçuba, Pedra Branca,
com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a 1,4% da vazão Penaforte e Tauá (todos no Ceará), foram reconhecidos mais de 25 eventos
garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s), no trecho do rio onde se de seca ou estiagem durante esse período.
dará a captação. Este montante hídrico será destinado ao consumo da popu- Em 2013, a ANA acompanhou a situação da seca no Nordeste, moni-
lação urbana de vários municípios do Agreste e do Sertão dos quatro estados torando e analisando, em especial, a evolução dos níveis dos reservatórios.
do Nordeste Setentrional (PE, RN, PB e CE). Todos os estados da região foram atingidos, devido à ocorrência de precipi-
No estado de Pernambuco, está em construção o Sistema Adutor do tação abaixo da média no período chuvoso. A RH Atlântico Nordeste Oriental
Agreste, que terá uma extensão total superior aos 1.000 km e abastecerá, abriga os municípios com maior recorrência de eventos de seca. Em toda a
aproximadamente, 70 municípios do agreste pernambucano. Esse sistema região, foram registrados riscos ao abastecimento público, com interrupção
adutor terá captação no reservatório Ipojuca, que contará com um reforço do fornecimento de água em algumas localidades. Durante todo o período de
hídrico do Ramal do Agreste (em licitação); este, por sua vez, será interligado seca, a Superintendência de Usos Múltiplos/ANA vem apoiando a atuação da
ao Eixo Leste do PISF. Também em Pernambuco, encontra-se em construção Defesa Civil, em especial, o CENAD, com informações quinzenais acerca da
o Sistema Adutor do Pajeú, com captações previstas no Eixo Leste do PISF e evolução e, perspectivas sobre os níveis dos reservatórios e da identificação
no próprio rio São Francisco, que atenderá a 18 sedes municipais, em Per- de alternativas em busca da manutenção do abastecimento da população
nambuco, e 8 sedes, na Paraíba. local. Na RH, segundo dados da Operação Seca, o abastecimento de, aproxi-
A transferência de águas do PISF para o estado da Paraíba, por inter- madamente, 40% das sedes municipais apresentou racionamento ou esteve
médio do Eixo Leste proporcionará reforço hídrico de rios e açudes, como em estado de alerta, no ano de 2013.
60 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

MA

Rio C


atia
Itapipoca

rac

ru
reaú
!.

Cu
A
CaucaiaFORTALEZA

Rio
!.

Rio
!. !.Maracanaú

raú
!. !. Maranguape
Rio Aca

é nd
ati Rio Piranji

ani
an
g OCEANO ATLÂNTICO

C
C

Rio
o
Ri

i
od
CE !. Mossoró

Ap
ú

o
i

Ri
bu
na
Ba

i NATAL
oteng !. Parnamirim
io

Rio P

e
R

RN

n om

u iri !.
Ri Tra
o u Rio

sem

e
Ja o

m
g s
ha Rio S

no
PI ua n erid

m
r ib ira ó

se
e P rima taú
Rio do Peixe Rio Rio Cu
Rio Salgado

e
uap
a mang
Patos M
!. Rio Santa RitaJOÃO PESSOA

e
e

m
sem nom

Crato PB nc
ó Campina Grande !. !.

no
Ri
ac !. !. Pia !.
ho
Ri o m
se
Ja íb a
rdi
m P ara
Rio Igarassu
e
pibarib !.
Rio Ca Olinda RECIFE
!.!. !.!.!.
juca .!Paulista
!.
Rio Ipo Vitória de Santo Antão
PE !R
. !. Cabo de Santo Agostinho
io U
na
Rio C
anho
to
!. Garanhuns
Ri
ac

RH Atlântico Nordeste Oriental


ho
Br

Unidades Hidrográficas
eiã

Ocorrência de secas entre 2003 e 2013 MACEIÓ


o

!.
1 AL
2 BA
3
4
5 SE
entre 6 e 10 N

acima de 10

Figura 29. Municípios com registro de ocorrência de secas e estiagens no período de 2003 a 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 61
ASPECTOS PRIORITÁRIOS E CONFLITOS NA RH Atlântico nor- núcleos de Irauçuba, no estado do Ceará e do Seridó, entre os estados do Rio
deste oriental Grande do Norte e Paraíba.

TEMA 4: TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO E INFRAESTRUTU-


TEMA 1: BAIXA OFERTA HÍDRICA (EM TODA A RH); TEMA 2: EVENTOS RA HÍDRICA
CRÍTICOS DE SECA E TEMA 3: DESERTIFICAÇÃO Nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, é
A RH Atlântico Nordeste Oriental está, em grande parte, no semiárido marcante a importância dos açudes para o abastecimento público. Devido às
brasileiro, que se caracteriza pela escassez hídrica, combinada com a pereni- restrições de mananciais, o emprego de sistemas integrados para o atendi-
dade dos rios e a sazonalidade da estação chuvosa e do período de seca, que mento da população é bastante comum, na RH Atlântico Nordeste Oriental.
intensifica os potenciais conflitos na região, a recorrência de eventos críticos Dessa forma, os sistemas adutores e açudes cumprem importante papel no
de seca e torna crítico o abastecimento urbano nessa região. A zona litorânea abastecimento urbano e na segurança hídrica. A principal obra para superar a
da RH Atlântico Nordeste Oriental também apresenta déficits hídricos, pois é escassez de mananciais na RH Atlântico Nordeste Oriental é o PISF - Projeto de
composta de bacias de pequeno porte, rios com baixa vazão média e grande Integração do Rio São Francisco -, com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Se-
contingente populacional. Dentro da região estudada, existem várias áreas tentrional, ora em construção. Nesse contexto, devem ser destacadas também
isoladas com problemas de desertificação. No entanto, duas áreas com níveis as obras complementares decorrentes da implantação dos Eixos Leste e Norte
de degradação difusos podem ser citadas como de nível intenso. São elas, os da Transposição, como, por exemplo, as adutoras do Pajeú e Agreste.

Figura 30. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Nordeste Oriental
62 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

TEMA 5: QUALIDADE DA ÁGUA irrigação e suas principais culturas, em termos de área plantada, segundo infor-
Os principais trechos de rios das cidades presentes no litoral da RH mações da Pesquisa Agrícola Municipal (IBGE, 2012) na RH Atlântico Nordeste
Atlântico Oriental apresentaram criticidade qualitativa no balanço hídrico re- Oriental são:
alizado (ANA, 2013). A localização da maioria desses trechos indica que essa • Na porção alta da Bacia do Rio Acaraú (a): Ipu, Ipueiras, Tianguá,
pior qualidade da água pode estar relacionada ao lançamento in natura dos es- Reruitaba e Pires Ferreira, todos no estado do Ceará, cujas principais
gotos domésticos e efluentes industriais, principalmente oriundos das regiões culturas agrícolas plantadas são milho e feijão;
metropolitanas. Na porção semiárida da região hidrográfica, o monitoramento • Na bacia do Rio Apodi (b): Limoeiro do Norte/CE, Quixeré/CE e Apo-
da qualidade das águas indica altas concentrações de fósforo, o que sugere alto di/RN, cujas principais culturas plantadas são milho, feijão e arroz;
risco de eutrofização nos açudes. A eutrofização pode implicar em sérias restri- • Na Unidade Hidrográfica Litorânea PE (c): Cabo de Santo Agostinho,
ções aos usos da água reservada nos açudes, que, muitas vezes, representam Escada, Amaraji, Primavera e Ribeirão, onde o cultivo de cana-de
as únicas fontes regionais de água para as populações do semiárido.   -açúcar é predominante;
Em relação à poluição industrial, destacam-se algumas áreas específicas Na Unidade Hidrográfica Litorânea AL PE (d): Coruripe, São Miguel dos
onde as indústrias de açúcar e álcool ainda lançam, nos cursos d’água, princi- Campos, Campo Alegre, Jiquiá da Praia e Boca da Mata, no estado de Alagoas,
palmente da Zona da Mata, grande quantidade de vinhoto, apesar da conside- onde o cultivo de cana-de-açúcar também predomina;
rável, melhoria após o advento da utilização para fertirrigação. No que se refere
às águas subterrâneas, é importante destacar a poluição por excesso de nitrato TEMA 7: DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: COMPLEXO LAGUNAR
do aquífero freático que abastece aproximadamente, 70% da população da RM A zona do denominado Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Man-
de Natal. Essa contaminação está relacionada, principalmente, à proteção ina- guaba (CELMM), em Alagoas, é foco de conflito, pelo uso da água, devido
dequada das captações subterrâneas e à carência dos sistemas de saneamento aos impactos da poluição e da degradação ambiental que ocorrem na área.
com o uso de fossas negras, já foi identificada também na área de ocorrência A região das lagoas vem sofrendo um processo acelerado de degradação am-
dos sistemas aquíferos Barreiras, na cidade de Fortaleza e do Missão Velha, na biental, afetando, direta e indiretamente, os cerca de 260 mil habitantes que
região do Cariri, no Ceará. vivem no seu entorno, dos quais, aproximadamente, cinco mil são pescadores.
O crescimento desordenado da área urbana de Maceió, o lançamento de esgo-
TEMA 6: DEMANDA DE IRRIGAÇÃO tos domésticos, a presença de um pólo cloroquímico e a intensa atividade su-
Em algumas regiões da RH Atlântico Nordeste Oriental, observam-se ba- cro-alcooleira, ao longo de suas Bacias Hidrográficas, são fatores que resultam
cias com criticidade quantitativa, devido alta demanda hídrica, principalmente numa situação crítica, quando colocados frente à vulnerabilidade ambiental e
para irrigação. Os municípios com maiores vazões de retirada de água para importância socioeconômico-cultural da região.

Homem levando água em tonéis – Antonina do Norte – CE – Zig Koch/ Banco de Imagens ANA
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 63

Entre Campo Sales e Antonina do Norte – CE – Zig Koch/ Banco de Imagens ANA
64 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

5
Região Hidrográfica
Atlântico Sudeste

Foz do Rio Itaúnas – Parque Estadual de Itaúnas – ES - Zig Koch/ Banco de Imagens ANA
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 65
50°0'0"W 45°0'0"W 40°0'0"W

GO
BA
Suaçuí Grande
Vermelho

e
n io

Do c
Antô Do
Santo ce
MG
Doce

ES

u
uaç
°0'0"S

nh
Serra
!.

Ma
e
Cariacica

Doc
!. .! Vila Velha
!.
Vitória

a ng
Pira

po
Muriaé

Xo
Pom
b a

Juiz de Fora Sul


ix e !. do !.
Pe r aíba
Pa Campos dos Goytacazes

SP
RJ

Belford Unidade Hidrográfica


Roxo
ul Nova Iguaçu Duque de Caxias
oS Doce
íb ad São João do Meriti !. !. Niterói
São Gonzalo
a
Par
São José dos Campos Rio de Litorânea RJ ES
!.
ga Janeiro
aitin
Par Litorânea SP RJ

Paraíba do Sul
São Vicente Santos Ribeira de Iguapé

Rios principais
PR a
eir e
Rib uap Estado
do Ig Oceano Atlântico N
a
eir e
!. Rio de Janeiro
Rib uap
°0'0"S I g
i do !. Vitória
gu
un
Aç !. Cidades principais

Figura 31. Unidades Hidrográficas da RH Atlântico Sudeste e principais cidades

A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste drena uma das mais expres- Essa RH possui 214.629 km² de área (2,5% do país), abrangendo 595
sivas regiões hidrográficas brasileiras. É a segunda RH mais populosa, com, municípios (506 sedes municipais) e cinco Unidades da Federação: Minas
aproximadamente, 28.236 mil habitantes (IBGE, 2010). Apresenta alta diver- Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Dentre as sedes
sidade de atividades econômicas e significativo parque industrial, constituin- municipais inseridas na região, destacam-se, com mais de 300.000 habitan-
do-se em uma das mais desenvolvidas regiões do país. tes (IBGE, 2010), as seguintes cidades: : Rio de Janeiro/RJ (aprox. 6,3 mi-
A RH é formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no lhões hab.), São Gonçalo/RJ (aprox. 998 mil hab.), Nova Iguaçu/RJ (aprox. 787
litoral sudeste brasileiro, do norte do Espírito Santo ao norte do Paraná, e mil hab.), São José dos Campos/SP (aprox. 617 mil hab.), Duque de Caxias/
está dividida em cinco unidades hidrográficas: Doce, Litorânea/RJ ES, Lito- RJ (aprox. 510 mil hab.), Juiz de Fora/MG (aprox. 510 mil hab.) , Niterói/RJ
rânea/SP, RJ, Paraíba do Sul e Ribeira de Iguape. É constituída por diversos (aprox. 487 mil hab.), Belford Roxo/RJ (aprox. 469 mil hab.), São João do Me-
e pouco extensos rios que formam as bacias integradas dos rios Itapemirim, riti/RJ (aprox. 458 mil hab.), Santos/SP (aprox. 419 mil hab.), Campos dos
Fluminense e Paulista, destacando-se os rios Paraíba do Sul, Doce, Ribeira do Goytacazes/RJ (aprox. 418 mil hab.), Vila Velha/ES (aprox. 412 mil hab.), Ser-
Iguape, Manhuaçu, Piranga, Pomba, Muriaé, Suaçuí Grande, Santo Antônio, ra/ES (aprox. 406 mil hab.), Cariacica/ES (aprox. 337 mil hab.), São Vicente/SP
Paraitinga e Peixe. (aprox. 332 mil hab.) e Vitória/ES (aprox. 327 mil hab.).
66 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

A população total da RH é predominantemente urbana (92% de seus vazão média é de 3.167 m³/s, correspondendo a 1,8% da vazão média do País,
habitantes). A densidade demográfica é alta, chegando a 131,6 hab./km², e sua disponibilidade hídrica é de 1.145 m³/s, ou seja, 1,2% da disponibilidade
seis vezes maior que a média brasileira (22,4 hab./km²). hídrica nacional.
Segundo dados do Inmet , a precipitação média anual, na RH Atlântico O volume máximo de reservação per capita é de 372 m3/hab., 10 vezes
Sudeste, é de 1.401 mm, abaixo da média nacional, que é de 1.761 mm. A menor do que o valor da média brasileira (3.607 m3/hab.). A vazão de reti-
rada (demanda total) é de 213,7 m³/s (cerca de 9 % da demanda nacional).
Tabela 7. Caracterização Geral da RH do Atlântico Sudeste

Área aprox. Pop Urbana Pop Rural Pop Total


Unidades Hidrográficas Sedes municípios (nº)
(ha) (milhões) (milhões) (milhões)

Doce 85.147 210 15.022.062 246.826 15.268.888

Litorânea RJ ES 22.685 51 378.659 199.409 578.068

Litorânea SP RJ 20.688 51 2.419.993 351.148 2.771.141

Paraíba do Sul 60.729 165 2.506.105 846.679 3.352.784

Ribeira de Iguape 24.916 29 5.669.870 595.685 6.265.555

RH Atlântico Sudeste 214.629 506 25.996.689 2.239.747 28.236.436

Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)

DEMANDAS HÍDRICAS

Considerando-se o ano de 2010 como referência, para todas as de- predominância da demanda hídrica nas Unidades Hidrográficas Rio Paraíba
mandas hídricas, os principais usos consuntivos de água na Região Hidro- do Sul e Litorânea SP/RJ, além da região metropolitana de Vitória.
gráfica Atlântico Sudeste foram: para o abastecimento urbano (104,2 m³/s, Em 2012, análise realizada para contabilizar a demanda máxima de
representando 49% da demanda hídrica total da RH), seguido pela irrigação água para irrigação na RH indicou um consumo de 70,9 m³/s, confirmando
(57,4 m³/s, 27% da demanda hídrica total), indústria (43,1 m³/s, 20% da de- o destaque desta categoria de uso. Na RH, houve um incremento de 18%
manda hídrica total), dessedentação animal (5,7m³/s, 3% da demanda hídri- de 2006 a 2012, nas áreas irrigadas. Em 2012, 11,6% das áreas plantadas
ca) e, por fim, abastecimento rural (3,2 m³/s, 1% da demanda total da RH). estavam irrigadas. As áreas plantadas com lavouras, entretanto, sofreram um
Verifica-se que para o abastecimento urbano e industrial de água, há uma decréscimo de 12%, de 2006 a 2012.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 67

GO
BA

Suaçuí Grande
ES

se
m Governador Valadares
no !.
me
nio
to Antô e
San oc
D
Manhuaçu Linhares
Ipatinga
!. Colatina !.
Itabira !. Coronel Fabriciano !.
!.

ção
Serra

cei
Cariacica!. Vitória

Con
MG !. !.

Pa r
!. Vila Velha

ga

do
n

Norte
Guarapari

Pira
!.
Cachoeiro de Itapemirim
!.

otó
Ubá Muriaé

p
Xo
!. !.
Po
mb
a Mur
iaé

Juiz de Fora Campos dos Goytacazes


ixe !. !.
Pe Su l
a do
aíb
Par
Nova Friburgo
!. Macaé
Resende Petrópolis
!. !. das Ostras
!. Rio
Volta Redonda !. !. !. !.
Magé
SP Barra Mansa Queimados !.
Guaratinguetá !
.
Itaguaí
!.!.!.!.!. !. !
.
!. Niterói
! Maricá Araruama
Taubaté
!.
!. Mesquita
Angra dos Reis !. . !. !. !. Cabo Frio
!. !.
São José dos Campos
!.Jacareí RH Atlântico Sudeste
!.
Caraguatatuba Unidade Hidrografica
!.
Vazão para abastecimento urbano (m³/s)
Cubatão
Santos
Praia Grande!. !. !. < 0,001
!. !. Guarujá
São Vicente
uiá 0,002 - 0,01
PR Juq
0,012 - 0,025
N
0,026 - 0,075
0,076 - 2,00
i
gu
un

2,01 - 8,00

Oceano Atlântico
Figura 32 A. Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para abastecimento urbano de água
68 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

BA
GO

Suaçuí Grande
ES

se
m Governador Valadares
no !.
me
io
ntôn ce
to A
San Do
Manhuaçu Linhares
Ipatinga
!. Colatina !.
Itabira !. Coronel Fabriciano !.
!.

ição
Serra

ce
Cariacica!. Vitória

Con
MG !. !.

Pa
!. Vila Velha

ga

rdo
an

Norte
Guarapari

Pir
!.
Cachoeiro de Itapemirim
!.

otó
Ubá Muriaé

p
Xo
!. !.
Po
mb
a Mur
iaé

Juiz de Fora Campos dos Goytacazes


ixe !. !.
Pe ul
d oS
a
aíb
Par
Nova Friburgo
!. Macaé
Resende Petrópolis
!. !. das Ostras
!. Rio
Volta Redonda !. !
. !
. !
.
Magé
SP Barra Mansa Queimados !.
Guaratinguetá !. !. !.
Itaguaí !.
!. !.!. !. !. Niterói Maricá ! Araruama
Taubaté
!.
!.
Angra dos Reis Mesquita!. !. !. . !. Cabo Frio
!
. !.
São José dos Campos
!.
Jacareí
!.
RH Atlântico Sudeste
Caraguatatuba
!. Unidade Hidrografica
Cubatão
Praia Grande!. !. !.
Santos Vazão para abastecimento industrial (m³/s)
!. !. Guarujá
São Vicente < 0,001
uiá
PR Juq 0,001 a 0,015
0,015 a 0,5
Oceano Atlântico N
0,5 a 1
i
gu

1a3
un

3 a 4,5

Figura 32 B. Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para abastecimento industrial (ano-base 2010)
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 69

BA
GO

Suaçuí Grande
ES

Governador Valadares
Sa !.
n to
An
tô ce
ni o Do
Ipatinga
Manhuaçu Linhares
!.
!. Colatina
Itabira !. Timóteo !.
!. .!
João Monlevade Caratinga Aracruz
!. !. !.

Serra
Ouro Preto
!.
Manhuaçu Cariacica
!.
!.
Vitória
!.
!.
Mariana
!.
Ponte Nova Viana !.
!. !. Vila Velha
!.

Norte
Guarapari
MG Viçosa !.
!. Cachoeiro de Itapemirim
!.


po
Ubá Muriaé
Po

Xo
m !. !. Itaperuna
ba !.
Cataguases Mur
!.
Leopoldina ia é
!.
Juiz de Fora Campos dos Goytacazes
ixe !.
Pe
!.

Três Rios
!.
Valença Nova Friburgo
!. !. Macaé
Resende Barra do Piraí Petrópolis
!. .!
!. Rio das Ostras
Cruzeiro !. !. !.
!. !. !. !.
!. Japeri Magé
Lorena Barra MansaSeropédica !. !. Estados
Rio de Janeiro!.
Guaratinguetá !. !. !
. !. !.
!.
Itaguaí !. !. !. !.
!. !. !.
SP !. Nilópolis !. !. Maricá !. Araruama
!.
Caçapava
!.
!
.
Taubaté
!.
Angra dos Reis Niterói
!
. !.
Principais rios
!.
!.
Santa IsabelJacareí
!. !.
Ubatuba
Unidades Hidrograficas
!.

!.
Caraguatatuba
São Sebastião
Vazão de retirada máxima nos
!.
Cubatão
São Vicente!. !. !. Santos
meses com irrigação (m³/s)
PR !. !. Guarujá
Itanhaém
uiá !. 0 a 0,01
Juq
Peruíbe
!.
e Oceano Atlântico
o Iguap
Registro
Ribeira
d !. 0,01 a 0,1

N 0,1 a 0,25
i
gu

0,25 a 0,5
un

0,5 a 1,0

Figura 32 C. Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para irrigação (ano-base 2012)
70 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

QUALIDADE DA ÁGUA Foram utilizados dados provenientes de 1.757 coletas realizadas em


2012, em 431 pontos de monitoramento para o cálculo do Índice de Quali-
A presente análise se baseia em dados das redes estaduais de moni- dade de Água (IQA) 1. O IQA compreende nove parâmetros físico-químicos e
toramento de qualidade de água mais completas do Brasil. As entidades res- biológicos, sendo considerado um bom indicador da qualidade da água para
ponsáveis pelo monitoramento da qualidade das águas na RH são a CETESB o abastecimento humano. A Figura 33 apresenta os valores médios de IQA,
(SP), IEMA (ES), IGAM (MG), INEA (ES) e Instituto das Águas do Paraná (PR). em 2012, para 321 pontos de monitoramento da RH Atlântico Sudeste.

Oceano Atlântico
N

Figura 33. Índice de Qualidade das Águas em 2012 com destaque para as regiões metropolita-
nas do Rio de Janeiro e Vitória.
______________________________
1 O IQA foi criado pela National Sanitation Foundation, em 1970. O cálculo utilizado nesta análise é similar ao utilizado pela CETESB. O IQA é calculado a partir do oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH,
demanda bioquímica de oxigênio, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e sólidos.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 71
A Figura 33 mostra uma forte concentração de pontos com qualidade Assim como o IQA, os valores médios da DBO, na RH, sugerem que o
de água inferior nas Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro e Vitória. Clas- nível de degradação da qualidade das águas está fortemente associado com
sificando os pontos de monitoramento de acordo com sua localização dentro os grandes contingentes populacionais concentrados nos maiores centros ur-
das regiões metropolitanas e/ou das manchas urbanas do IBGE, é possível banos. Este cenário indica que, apesar da intensa atividade industrial existen-
notar uma acentuada degradação das águas urbanas (Figura 34). te, sobretudo, na bacia do rio Paraíba do Sul, os esgotos domésticos exercem
um forte impacto na qualidade da água em virtude dos baixos índices de
saneamento nos municípios.
Na RH Atlântico Sudeste, a partir de dados do Sistema Nacional de In-
formações sobre Saneamento - SNIS (2012), tem-se que o índice de coleta de
esgotos é de 61,1% e o de tratamento de esgotos domésticos é de 58,2%. A
média nacional é de 58,8% e 70,8% para estes dois índices, respectivamente.
Percebe-se que o índice de coleta de esgotos nos municípios, apesar de ainda
distante de 100%, está acima da média nacional, mas o índice de tratamento
desse esgoto que é tratado encontra-se abaixo da média nacional nesta RH.
Ressalta-se que o índice de tratamento de esgoto equivale à percentagem
Figura 34. Índice de Qualidade das Águas nas cidades e no campo do esgoto coletado que é tratado e não à percentagem da produção total de
esgoto do município.
Comparando os valores médios de IQA dos pontos de monitoramento
localizados no meio urbano2 com os do meio rural, observa-se uma proporção BALANÇO HÍDRICO
maior de pontos com qualidade de água regular, ruim e péssima nas cidades.
No Rio de Janeiro, os afluentes do rio Guandu monitorados pelo Instituto Na- A criticidade quantitativa é expressa pela relação entre as demandas
cional do Meio Ambiente - INEA - apresentaram valores de IQA variando entre consuntivas totais e a disponibilidade hídrica dos trechos de rios analisados
as categorias regular a péssimo. Ao sul de Vitória (ES), os afluentes do rio Jacu e a criticidade qualitativa é expressa como a capacidade de assimilação pelos
apresentaram valores de IQA que indicam a degradação da qualidade da água. trechos de rios de cargas orgânicas lançadas aos corpos d’água, como as car-
Além das regiões metropolitanas, é possível observar pontos com IQA gas de esgoto doméstico geradas pelos municípios.
regular na porção mineira da bacia do rio Paraíba do Sul, nas bacias dos rios Com base no balanço hídrico realizado (ANA, 2013), verificou-se que
Paraibuna e Pomba. Ao logo do litoral norte de São Paulo, constatam-se di- a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste possui, aproximadamente, 85% da
versos pontos de monitoramento com IQA regular. extensão de seus principais rios em situação satisfatória, quanto ao balan-
A Figura 35 traz um mapa com os valores médios, em 2012, da De- ço hídrico quali–quantitativo - boas condições, em termos de quantidade e
manda Bioquímica de Oxigênio (DBO), juntamente com as cargas de DBO es- qualidade para usos futuros (consumo ou diluição de efluentes). Cerca de 6%
timadas por município com base no contingente populacional e nos índices desses trechos de rios apresentaram situação de criticidade quantitativa e
de saneamento. A DBO é um importante indicador de poluição por cargas outros 6% de criticidade qualitativa. Na Figura 5.6 pode-se visualizar a loca-
orgânicas e, portanto, da poluição por esgotos domésticos. lização predominante das bacias hidrográficas onde estão esses trechos de
rios, inclusive daquelas com criticidade qualitativa e quantitativa, que somam
Principais ameaças à qualidade da água na RH Atlântico Sudeste 3% do total dos trechos de rios analisados.
• Baixos índices de tratamento dos esgotos provenientes de áreas Na RH Atlântico Sudeste, cerca de 20% dos trechos de rios federais
densamente povoadas, o que inclui áreas de mananciais impor- analisados (4.470 km, no total) foram considerados críticos.
tantes para a RH;
• Poluição industrial gerada pelas numerosas indústrias, tanto as de
grande porte, quanto as de pequeno porte, distribuídas por toda RH;
• Perda de cobertura vegetal, sobretudo, nas bacias dos principais
mananciais da bacia, o que aumenta sua vulnerabilidade em rela-
ção à poluição difusa e à eutrofização;
• Riscos de acidentes ambientais, em virtude do intenso fluxo de in-
sumos com potencial poluidor nas principais rodovias da RH.

______________________________
2 Pontos de monitoramento inseridos nas regiões metropolitanas e/ou das manchas urbanas do IBGE (2005).
72 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

Oceano Atlântico

DBO Média 2012 Carga Estimada de DBO


0 - 3 mg/L 0 - 10 t DBO/dia
3 - 5 mg/L 10 - 20 t DBO/dia
5 - 10 mg/L 20 - 30 t DBO/dia
N
10 - 20 mg/L 40 - 60 t DBO/dia
Acima de 20 mg/L Acima de 60 t DBO/dia

Figura 35. DBO média, em 2012, e carga de DBO remanescente estimada para os municípios da RH Atlântico Sudeste
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 73

BA
GO

Suaçuí Grande
ES

se
m Governador Valadares
no !.
m
e io
ntôn
to A
San
Linhares
Ipatinga Doce
!. Colatina !.
Itabira !. Coronel Fabriciano !.
!.

çu a
Manhu
o
eiçã
Serra
Cariacica!. Vitória

c
Con
MG !. !.

Pa
!. Vila Velha

r do
ang

Norte
Guarapari

Pir
!.
Cachoeiro de Itapemirim
!.


po
Ubá Muriaé

Xo
!. !.
Pom Mur
ba iaé

Juiz de Fora Campos dos Goytacazes


ix e !.
ul
!.
Pe oS
ad
a ra íb
P
Nova Friburgo
!. Macaé
Resende Petrópolis
!. !. das Ostras
!. Rio
Volta Redonda !. !. !
. !.
Magé
SP Barra Mansa Queimados !.
Guaratinguetá !. !. !.
Itaguaí !.
!. !.!. !. !. Niterói
! Maricá Araruama
Taubaté
!.
!.
Angra dos Reis Mesquita!. . !. !. !. Cabo Frio
!
. !.
São José dos Campos
!Jacareí
.
!.
Caraguatatuba
!.
Cubatão
Santos
Praia Grande!. !. !.
!. !. Guarujá
São Vicente
u iá
PR Juq

RH Atlântico Sudeste
ui

Unidade Hidrografica
ngu

Balanço Hídrico Quali-Quantitativo


Oceano Atlântico
satisfatório
criticidade qualitativa
N
SC criticidade quantitativa
criticidade quali-quantitativa

Figura 36. Balanço hídrico quali-quantitativo nas bacias hidrográficas da RH Atlântico Sudeste
74 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

Eventos Críticos Esses fenômenos naturais descritos provocam, frequentemente, ala-


gamentos nas planícies de inundações dos rios da região, e, como há ocu-
Na RH Atlântico Leste, os eventos de cheia são comuns em algumas ba- pação de algumas cidades nessas áreas, os eventos de cheias vêm causando
cias hidrográficas, como na bacia do Rio Doce e na do Rio Paraíba do Sul. Na prejuízos humanos e materiais às populações ali residentes. Dentre as ações
bacia hidrográfica do Rio Doce, a ocorrência de inundações é um problema empreendidas na bacia do Rio Doce para prevenir e minimizar os desastres
recorrente. Isso se deve ao frequente fenômeno de deslocamento de massas naturais ocasionados pelas cheias, cita-se a operação do Sistema de Aler-
de ar frio do Sul do Brasil em direção ao norte, que, na altura da RH Atlântico ta contra Enchentes da bacia do Rio Doce, que beneficia 15 municípios às
Sudeste, perdem força e deslocam-se sob a bacia, ocasionando as precipita- margens dos rios Piranga, Piracicaba e Doce. Esse Sistema atua na coleta, no
ções chamadas “frontais”, caracterizadas por serem de longa duração, de in- armazenamento e na análise de dados hidrometeorológicos, na elaboração
tensidade moderada e de grande abrangência espacial. Além dessas, também de previsões meteorológicas e hidrológicas e na transmissão das informações
são comuns, durante o verão, as precipitações convectivas, caracterizadas por necessárias para a minimização dos impactos oriundos de cheias. Citam-se
serem localizadas, intensas e de curta duração, devido ao deslocamento da também as ações propostas no Programa de Convivência com as Cheias na
umidade vinda da Amazônia. Estas podem provocar inundações rápidas. Bacia do Rio Doce, no âmbito do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Ba-

BA

ES

Governador Valadares
!.

Linhares
Ipatinga !.
!. Colatina
Itabira !. Coronel Fabriciano !.
!.

Serra
!.
Cariacica
MG !. Vitória
!. !. Vila Velha

Guarapari
!.
Cachoeiro de Itapemirim
!.

Ubá Muriaé
!. !.

Juiz de Fora Campos dos Goytacazes


!. !.

Nova Friburgo
!. Macaé
Resende !. !.
Petrópolis Rio das Ostras
!. Barra Mansa !.
!. !. Magé !.
Volta RedondaQueimados
!.
Guaratinguetá !. Mesquita ! Itaboraí
Itaguaí!.!.!.!. !. !. .
SP .! !
. NiteróiMaricá Araruama
Pindamonhangaba !.
!.Taubaté Angra dos Reis Nilópolis !. !.
!. !. Cabo Frio
RH Atlântico Sudeste
!. !.
São José dos Campos

!.
!.
Jacareí Unidade Hidrográfica

Caraguatatuba
Ocorrência secas 2003 a 2013
!.

Cubatão 1
!.
Praia Grande Santos
!.!. !. !. Guarujá Oceano Atlântico
São Vicente 2

N 4

entre 5 e 10
PR acima de 10

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 37. Municípios com registro de ocorrência de secas e estiagens, no período de 2003 a 2013
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 75
cia do Rio Doce (PIRH-Doce), que objetivam, a partir de ações estruturantes e se realizando, atualmente, para a bacia, estudos de apoio à concepção de
não-estruturantes, aperfeiçoar o sistema de alerta contra inundações e para um sistema de previsão de eventos críticos e de um Sistema de Interven-
a redução de perdas humanas e econômicas, devido a cheias, além de ações ções Estruturais para Mitigação dos efeitos de cheias nas bacias dos Rios
de apoio à Defesa Civil na mitigação dos impactos das cheias. Muriaé e Pomba.
Outra bacia hidrográfica crítica quanto à ocorrência de cheias na Em 2013, a RH Atlântico Sudeste apresentou maior número de municí-
RH Atlântico Sudeste é a bacia do Rio Paraíba do Sul. Esta é relevante pios nos quais foi reconhecida situação de emergência (SE), devido a eventos
no cenário nacional devido ao seu grande desenvolvimento econômico de cheias – alagamentos, enchentes e inundações (11% dos municípios da
e alto contingente populacional. Impactos ambientais ocasionados pela RH), do que devido a estiagens (1% dos municípios da RH). Nos municípios
instalação de atividades antrópicas, associados a características naturais de Vila Velha (ES), Alto Rio Doce (MG) e Petrópolis (RJ), ocorreram alagamen-
da bacia, como condições geológico-geomorfológicas e vulnerabilidade à tos, em maio e, em Cubatão (SP), foi registrado alagamento, em fevereiro de
erosão, têm favorecido a ocorrência de eventos de cheias de alta criticida- 2013. Em nenhum município foi registrado estado de calamidade pública, em
de. Também no âmbito da implementação de ações do PIRH-Doce, estão 2013 devido a desastres naturais.

BA
GO

ES

Governador Valadares
!.

Linhares
Ipatinga
!. Colatina !.
Itabira !. Coronel Fabriciano !.
!.
MS
Serra
MG Cariacica!. Vitória
!. !.
!. Vila Velha

Guarapari
!.
Cachoeiro de Itapemirim
!.
Ubá Muriaé
!. !.

Juiz de Fora Campos dos Goytacazes


!. !.

SP Nova Friburgo
!. Macaé
Resende Petrópolis
!. !. das Ostras
!. Rio
Volta Redonda !. !. !
. !.
Magé
Barra Mansa Queimados !.
Guaratinguetá !. !. !.
Itaguaí !.
!. !
.!. !. !
. Niterói Maricá Araruama
Taubaté
!.
!.
Angra dos Reis Mesquita!. !. !. !. !. Cabo Frio
!. !.
São José dos Campos
!.
Jacareí
!.
RH Atlântico Sudeste
Caraguatatuba
!.
Unidade Hidrográfica
Cubatão
Santos Ocorrência cheias de 2003 a 2013
Praia Grande!. !. !.
!. !. Guarujá
São Vicente
1
Oceano Atlântico
PR
2

3
N
4

acima de 5

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 38. Municípios com registro de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, no período de 2003 a 2013
76 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

Principais Temas da RH Atlântico Sudeste

Figura 39. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Sudeste

TEMA 1: ABASTECIMENTO URBANO E INDUSTRIAL DE ÁGUA E TEMA para atender à demanda urbana até 2025. Neste caso, se incluem as Regiões
Metropolitanas de Vitória, Rio de Janeiro e da Baixada Santista. Quanto à ne-
Nas localidades destacadas se verifica criticidade quali-quantitativa de cessidade de ampliação do sistema de abastecimento de água atualmente
água. São municípios que se caracterizam por maior concentração populacio- existente para atendimento à demanda urbana até 2025, 236 municípios (47%
nal e pelas maiores demandas hídricas para o abastecimento urbano e indus- dos estudados) requerem investimentos para execução de obras com este ob-
trial. A combinação dessas altas demandas pode estar afetando a qualidade jetivo. Quanto à qualidade da água, além dos impactos dos lançamentos de
e a quantidade de água disponível em boas condições para uso. Segundo o efluentes industriais, a maior poluição possivelmente se deve à carga de es-
Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010), dos 506 municí- gotos domésticos que são lançados nos corpos d’água, uma vez que a coleta
pios estudados na RH, 12 municípios (2%) requerem novo manancial de água e tratamento de esgotos não é suficiente nesses municípios com alta concen-
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 77
tração populacional. Em municípios com menor população, a coleta é muitas
vezes inexistente ou ainda em situações mais precárias, porém a relação entre • Na porção baixa da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul: nos
a disponibilidade hídrica e o volume de carga de efluentes lançada, tende a municípios de Campos de Goytacazes, São João da Barra, São Fran-
ser maior, não indicando criticidade qualitativa dos recursos hídricos. A maior cisco de Itabapoana, São Fidélis e Itaocara (todos no Rio de Janeiro).
precaução quanto ao lançamento de esgotos domésticos deve recair, portanto, O principal cultivo presente nesses municípios é a cana-de-açúcar,
nas cidades mais populosas da RH, uma vez que a poluição hídrica devido ao além da banana e do coco-da-bahia, em Campos dos Goytacazes.
lançamento desses efluentes indisponibiliza água de qualidade para os outros • Na porção baixa da bacia hidrográfica do Rio Doce: Nos municí-
usos, agravando a situação da oferta hídrica na bacia. pios de Colatina, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha,
Marilândia, Governador Lindenberg, Vila Valério, Rio bananal, So-
TEMA 2: POLUIÇÃO HÍDRICA oretama, Jaguaré, Laranja da Terra e Itaguaçu (todos no Espírito
Santo), Os principais cultivos presentes são: milho, feijão e café.
Nas localidades destacadas, verifica-se criticidade quali-quantitativa Em Linhares/ES, há o predomínio de cana-de-açúcar, mandioca,
de água. São municípios que se caracterizam por maior concentração popu- cacau e café; em São Roque do Canaã/ES, de cana-de-açúcar e
lacional e pelas maiores demandas hídricas para o abastecimento urbano e café, e, em Laranja da Terra/ES, além do milho, feijão e do café, se
industrial. A combinação dessas altas demandas pode estar afetando a qua- destaca-se o plantio de tomate.
lidade e a quantidade de água disponível em boas condições para uso. Se-
gundo o Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010), dos 506 • Nos municípios de Urucânia/MG e Sumidouro/RJ, também se
municípios estudados na RH, 12 municípios (2%) requerem novo manancial verifica alta demanda hídrica para irrigação. As principais cultu-
de água para atender à demanda urbana, até 2025. Neste caso, incluem-se ras agrícolas plantadas são: cana-de-açúcar e café, no primeiro, e
as Regiões Metropolitanas de Vitória, Rio de Janeiro e da Baixada Santista. mandioca, tomate, banana e castanha de caju, no segundo.
Quanto à necessidade de ampliação do sistema de abastecimento de água
atualmente existente para atendimento à demanda, urbana até 2025, 236
municípios (47% dos estudados) requerem investimentos para execução de TEMA 4: EVENTOS CRÍTICOS
obras com este objetivo. Quanto à qualidade da água, além dos impactos Destacam-se no mapa as regiões com maior ocorrência de eventos
dos lançamentos de efluentes industriais, a maior poluição possivelmente críticos de cheias (alagamentos, enchentes e inundações), na RH Atlântico
se deve à carga de esgotos domésticos, que são lançados nos corpos d’água, Sudeste, nos últimos dez anos (de 2003 a 2013).
uma vez que a coleta e, tratamento de esgotos não é suficiente nesses mu-
nicípios com alta concentração populacional. Em municípios com menor po-
pulação, a coleta é, muitas vezes, inexistente ou ainda em situações mais
precárias; porém, a relação entre a disponibilidade hídrica e o volume de
carga de efluentes lançada, tende a ser maior, não indicando criticidade qua-
litativa dos recursos hídricos. A maior precaução, quanto ao lançamento de
esgotos domésticos, deve recair, portanto, nas cidades mais populosas da
RH, uma vez que a poluição hídrica, devido ao lançamento desses efluentes,
indisponibiliza água de qualidade para os outros usos, agravando a situação
da oferta hídrica na bacia.

TEMA 3: IRRIGAÇÃO

Na RH Atlântico Sudeste, a demanda hídrica para irrigação concentra-


se em alguns municípios, que também apresentam as maiores áreas irrigadas
(ano-base 2012). Encontram-se também os principais cultivos nesses municí-
pios. As culturas citadas não são, necessariamente, as irrigadas, mas represen-
tam os principais cultivos agrícolas dos municípios, em termos de área planta-
da (Pesquisa Agrícola Municipal, IBGE, 2012). As regiões de destaque são:

• Na porção média da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul: Nos


municípios de Guaratinguetá, Lorena, Tremembé e Roseira (todos
em São Paulo), o principal cultivo é o arroz (em casca).
78 Região Hidrográfica Atlântico Sul

6
Região Hidrográfica
Atlântico Sul

Pôr-do-sol no Lago Guaíba – Porto Alegre – RS – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica Atlântico Sul 79

PARNA Aparados da Serra - SC/RS - Zig Koch/Banco de Imagem da ANA

A Região Hidrográfica do Atlântico Sul tem grande importância no país Com uma área de 187.552 km² (2,2% do território nacional), abrange
por abrigar um expressivo contingente populacional, pelo desenvolvimento 464 municípios, em quatro Unidades da Federação: São Paulo, Paraná, Santa
econômico e por sua importância turística. Catarina e Rio Grande do Sul. Dentre as 429 sedes municipais inseridas na re-
A RH está dividida em três unidades hidrográficas: Guaíba, Litorânea/RS gião, destacam-se, com mais de 250.000 habitantes (IBGE, 2010), as seguin-
e Litorânea/SC - PR. Predominam rios de pequeno porte, que escoam direta- tes cidades: Porto Alegre/RS (aprox. 1,4 milhões hab.), Joinville/SC (aprox.
mente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, 497 mil hab.), Caxias do Sul/RS (aprox. 419 mil hab.), Florianópolis/SC (aprox.
em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água. Na região do Rio 405 mil hab.), Canoas/RS (aprox. 323 mil hab.), Pelotas/RS (aprox. 306 mil
Grande do Sul, ocorrem rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Va- hab.) e Blumenau/SC (aprox. 294 mil hab.).
cacaí e Camaquã, que estão ligados aos sistemas lagunares da Lagoa Mirim e A população total da RH é de, aproximadamente, 13 milhões de habi-
dos Patos. tantes (IBGE, 2010) e, predominantemente, urbana (88%), com uma densida-
de demográfica que alcança 70 hab./km², cerca de 3 vezes maior que a média
brasileira (22 hab./km²).
Tabela 8. Caracterização da RH Atlântico Sul Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Atlântico
Sul é de 1.644 mm, muito próxima da média nacional, que é de 1.761 mm. A
Área Sedes Pop.
Pop. Rural Pop. Total sua vazão média é de 4.055 m³/s, correspondendo a 3% da vazão média no
Unidades Hidrográficas aprox. municipais Urbana
(n°) (n°)
(km²) (nº) (n°) País, e sua disponibilidade hídrica é de 647,4 m³/s, equivalente a 0,7% da dis-
Guaíba 85.086 235 6.274.059 749.244 7.023.303 ponibilidade hídrica nacional. O volume máximo de reservação per capita é
Litorânea RS 57.152 53 1.091.804 254.970 1.346.774 de 11.304 m3/hab., mais do que três vezes o valor da média brasileira (3.596
Litorânea SC PR 44.435 141 4.051.206 555.271 4.606.477 m3/hab.). A vazão de retirada (demanda total) é 295,4 m³/s (cerca de 12 %
RH Atlântico Sul 186.673 429 11.417.069 1.559.485 12.976.554 da demanda nacional), a segunda maior dentre todas as regiões hidrográficas
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010) (ficando atrás apenas da RH Paraná).
80 Região Hidrográfica Atlântico Sul

PR SP

Joinville
!.
Argentina
Itapu
cu

Ita
p
Itajaí-açu Itajaí

ut
!. !.

ã
SC It
do Oajaí
Blumenau
este Tijucas

do S
Itaja l
Florianópolis
!. !.

í
u
São José

Passo Fundo
!. Hip
i m ól ito
Itu
Ca

Carr

Criciúma
pin

as !.
Ant
gu
eiro

o
Reserva Pinheirinh
i

Fo
Fão

rq

Par ho

u Caxias do Sul
c

et
Ja

ari
!.
iz in

a Caí
do

RS Ta
qu
cu
Ja

Santa Maria Novo Hamburgo


!. !.
!.
Jacuí Canoas São Leopoldo

!. !. Gravataí
ac

!
.
tos !. !. Viamão
Ra
c

rto
Jacuí
Va

Po gre
Ale
á
pu
Ira

Camaquã

Santa

ta

Unidade Hidrográfica
d io

Pelotas
n

Basílio !.
Ca

Rio Grande !. Guaíba


Ja Litorânea RS
gu
arã
o
Litorânea SC PR
Uruguai
Rios principais
ira
ue

Oceano Atlântico Estado


g
an
M
uy

!. Porto Alegre
Ch

N
!. Florianópolis

Cidades Principais

Figura 40. Unidades Hidrográficas da RH Atlântico Sul e principais cidades


Região Hidrográfica Atlântico Sul 81
Balanço quali-quantitativo e qualidade da água problemas qualitativos, devido à elevada
concentração populacional, e quantitati-
Apesar de apresentar algumas questões importantes de qualidade da água, o maior problema da Região vos, devido à alta demanda para irrigação
Hidrográfica Atlântico Sul é quantitativo, com 61% da demanda/disponibilidade hídrica por extensão de rios em (Figuras 41, 42 e 44).
situação preocupante, crítica ou muito crítica. A Região Metropolitana de Porto Alegre se destaca por apresentar O maior uso consuntivo é para a
irrigação (ano-base 2012), representan-
do 66% da demanda total dessa RH, se-
guida pelo uso industrial, que represen-
ta 19%. A área irrigada, em 2012, foi de
720.875 ha (12,4 % do Brasil), com des-
taque para a rizicultura, principalmente
nas regiões da Lagoa dos Patos, Lagoa
Guaraqueçaba
Paranaguá
Mirim e rio Guaíba (Figura 41), regiões
de situação crítica, quanto ao balanço
hídrico quantitativo e quali-quantitati-
vo (Figura 42).
Joinville
O lançamento de efluentes domés-
São João do Itaperiú ticos e industriais in natura, que se con-
Rio do Campo centra, principalmente, nas regiões dos
Ibirama
rios Itajaí e Guaíba (Joinville/SC, Região
Presidente Nereu
Major Gercino Metropolitana de Florianópolis/SC, Pe-
Petrolândia
lotas/RS, região metropolitana de Porto
! Florianópolis
Alegre e vales dos rios Gravataí, Sinos e
Santa Rosa de Lima
Caí), compromete significativamente a
Gentil Ibiraiaras Lauro MullerOrleans qualidade dos mananciais superficiais,
Colorado Vacaria
Camargo
Morro da Fumaça com grande quantidade de trechos com
Soledade criticidade qualitativa e quali-quantitativa
Coqueiro Baixo
(Figura 42). A Figura 44 mostra a eleva-
Praia Grande
Torres da carga orgânica de esgoto doméstico
Passo de Torres
Venâncio Aires Maratá remanescente, verificado em 2008. Além
Santa Maria MontenegroPortão Parobé
Taquara
Osório disso, os efluentes de suinocultura e avi-
Rio Pardo
Viamão Tramandaí Oceano Atlântico cultura são importantes fontes de conta-
!
São Gabriel Porto Alegre minação das águas superficiais e subter-
Cerro Grande do Sul râneas, no vale do Itajaí e nos rios Pardo
Camaquã
e Taquari.
Região Hidrográfica Atlântico Sul A RH apresenta duas áreas espe-
São Lourenço do Sul sedes municipais ciais para gestão: a bacia do rio Mirim/
Município com Perímetro Público de Irrigação São Gonçalo e a bacia do rio Mampituba
Pelotas Vazão de retirada máxima nos (Figura 43). Essas áreas são baseadas em
Rio Grande meses com irrigação (m³/s) trechos críticos de rios federais definidos
Arroio Grande
0 - 0,01 segundo o balanço hídrico quali-quan-
Jaguarão
0,01 - 0,1 titativo. A metodologia de identificação
0,1 - 0,25 de trechos críticos está descrita na Nota
0,25 - 0,5
N Técnica Conjunta ANA n° 002/2012/SPR/
0,5 - 1,0
SRE, e a lista completa de trechos críticos
1,0 - 4,0
identificados consta na Portaria ANA nº
4,0 - 6,7
62, de 26 de março de 2013.

Figura 41. Vazão de retirada máxima nos meses com irrigação (m3/s) na RH Atlântico Sul
82 Região Hidrográfica Atlântico Sul

João
ão

S
Itapocu
Ce
dr
os

ito
ja í- a ç u

Bon
ta
iri

m
I
- m ca s
ja í ju
Ti

It a

s
Anta
Capivari
r im
Mi
Mã e L
t es
im

en
Itu

a -d
An tas Ta e se

uzia
Colorado
R

e br
Turvo
Gr

Gu
Butiá an

i nha
Qu

r va
de

ap
In

Fo

o ré
ga
es
Iv a í i xõ

s
ão

rq
í

F
Ivaí Ca Ca í

n te
ue
ta

o la
So S inosR
T

tur
ua

Bo
Pa

aq
no
Vacac rd Gravataí

t uc

ari
aí- mirim o cu í

ri
Ja

Pa Capiv
ara

ca
c é tos

é
í
ep Ra

ar
i ro

u i ri
V

ng
a
be

Iruí
S
V Ri

Peq
o

Irapu

ha

el
Joinville e Sa l s co
as

Sutil
Florianópolis

Var g
o

Dur
ã Sapata
C ama qu

o
as

Bica
Torrinh

M
ici
Gran

od
Bo de

e st
Pe
Santa Fé

o
lota
Jaguarão

i ra

s
P
t in
Basílio i
Ja
gu Gra
n
B r de
Região Metropolitana
Telho
ar ã

o e ta n Região Hidrográfica Atlântico Sul


de Porto Alegre
ha

Ta Bacias críticas
ua r
c

í Mampituba
m

Pa
ir i

Mirim/São Gonçalo
i ra

ra R ei
M

ue

o Trechos críticos
ng

a tí
ei

ll
Ma
R

Balanço quali ou quali-quanti crítico + alta demanda para irrigação (classe 1)


Pelotas bo Pelotas
Ce Balanço quali ou quali-quantitativo crítico (classe 2)
ta N
Balanço quantitativo crítico + alta demanda para irrigação (classe 3)
Gran de
r

Sa u c e
ue

Balanço quantitativo crítico (classe 4)


Ind ia M

Conflito potencial + alta demanda para irrigação (classe 5)


Conflito potencial (classe 6)

Figura 42. Balanço quali-quantitativo na RH Atlântico Sul Figura 43. Áreas especiais para gestão (bacias críticas) na RH Atlântico Sul
Região Hidrográfica Atlântico Sul 83
Eventos Críticos

A RH Atlântico Sul teve uma redução drástica na


quantidade de municípios que emitiram decretos de
eventos de secas e estiagens, de 2012 (194 municípios)
para 2013, principalmente o estado de Santa Catarina.
Em 2013, apenas o município de Agronômica/SC decre-
tou situação de emergência - SE - ou estado de calami-
dade pública - ECP, devido seca na região. No tocante aos
eventos de cheia em 2013, 67 municípios decretaram SE
ou ECP, devido a enchentes, alagamentos, enxurradas e
inundações (16% dos municípios da região).
Em todas as bacias hidrográficas da região
ocorrem cheias frequentes, que afetam principal-
mente, populações carentes localizadas nas cidades.
Elas são, em geral, resultado da ocupação inadequada
das planícies de inundação, de lagoas e rios. No Rio
Grande do Sul, cabe destacar as regiões do rio Guaíba,
das Lagoas dos Patos e Mirim, em que ocorrem cheias
periódicas nas extensas planícies de inundação no en-
torno dos sistemas lagunares e dos principais cursos
de água, que afetam áreas urbanas (Pelotas, Porto
Alegre e São Leopoldo, entre outras) e rurais.
No estado de Santa Catarina, destaca-se a região
do rio Itajaí (Blumenau, Brusque, Gaspar, Itajaí e Na-
vegantes) e a Baixada Norte (Joinville e São Francisco
do Sul). Na região paranaense, ocorrem enchentes nos
municípios de Pontal do Sul, Guaratuba e Matinhos,
devido a problemas de macrodrenagem.
Com relação às estiagens, as manifestações são
eventuais e disseminadas ao longo da maior parte da
Região Hidrográfica Atlântico Sul, não sendo possível
destacar uma determinada área onde as estiagens
ocorram em caráter endêmico. A característica climá-
tica da região, com precipitações bem distribuídas ao
longo do ano, é justamente o que dificulta o estabe-
lecimento de uma previsão de longo prazo para tais
ocorrências.
Ampliação significativa do tratamento de esgotos Assim, o impacto das estiagens ocorre no abas-
tecimento humano, em áreas rurais com população
Região Hidrográfica Atlântico Sul
mais carente e infraestrutura deficiente, ou nas cida-
N des com sistemas de abastecimento deficientes, ob-
Carga (tonDBO/dia)
soletos ou mal planejados. Ainda, há efeitos das estia-
Alto : 398,6
gens sobre a produção agropecuária, em práticas que
Baixo : 0,0 dependem do regime de chuvas e, portanto, sem o
aporte de sistemas de irrigação ou de reserva hídrica.

Figura 44. Carga orgânica de esgoto doméstico remanescente em 2008 e ampliação do tratamento de esgotos (2000
a 2008) na RH Atlântico Sul
84 Região Hidrográfica Atlântico Sul

SP

PR

SC
! Florianópolis

RS ! Porto Alegre

Região Hidrográfica Atlântico Sul


Estado
Município
Ocorrência de secas entre 2003 e 2013
1
2
3
N 4
5
Entre 6 e 10
Acima de 10

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 45. Frequência de ocorrência de eventos críticos de secas nos municípios da RH Atlântico Sul entre 2003 e 2013
Região Hidrográfica Atlântico Sul 85

SP

PR

SC
! Florianópolis

RS ! Porto Alegre

Região Hidrográfica Atlântico Sul


Estado
Município
Ocorrências de cheias de 2003 a 2013
1
2

N 3
4
5
Acima de 5

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 46. Frequência de ocorrência de eventos críticos de cheias nos municípios da RH Atlântico Sul, entre 2003 e 2013
86 Região Hidrográfica Atlântico Sul

total gerado; Florianópolis coleta 39% e trata 100% do coletado, mas 39% do
PRINCIPAIS TEMAS NA RH ATLÂNTICO SUL volume total gerado; Pelotas coleta 47% e trata 40% do coletado, mas 19%
do volume total gerado; Porto Alegre coleta 64% e trata 25% do coletado, e
Tema 1: Contaminação por efluentes da suinocultura 16% do volume total gerado.
Na RH Atlântico Sul, os efluentes de suinocultura são importantes fontes Portanto, o lançamento de efluentes domésticos e industriais in natu-
de contaminação das águas superficiais e subterrâneas, no vale do Itajaí e nos ra, que se concentra principalmente nas regiões dos rios Itajaí e Guaíba (vales
rios Pardo e Taquari. Essa atividade produz cargas tão significativas que chegam dos rios Gravataí, Sinos e Caí), compromete significativamente a qualidade
a superar, em alguns casos, aquelas produzidas pelas populações humanas. dos mananciais superficiais.
A evolução da suinocultura na região deu-se a partir da década de 1970,
com a introdução de técnicas de confinamento e produção, mediante vínculo Tema 3: Alta frequência de cheias nos municípios de SC
contratual com as grandes industrias do setor, e conferiu um caráter quase en- Inúmeros locais na Região estão sujeitos a riscos de inundação. A RH
dêmico à poluição dos mananciais por dejetos oriundos das pocilgas. Atlântico Sul apresentou o maior número de municípios de todo o país com
frequência acima de 5 ocorrências de eventos de cheia, no período de 2003
Tema 2: Carga orgânica doméstica remanescente nas a 2013. Santa Catarina é um dos estados com maior recorrência de eventos
concentrações urbanas de cheia nesse período (conforme dados da Secretaria Nacional de Proteção
Os indicadores de tratamento de esgotos na Região são baixos, pro- e Defesa Civil/Ministério da Integração Nacional).
duzindo-se, então, uma condição de excessiva degradação aos mananciais,
principalmente aqueles que atravessam áreas urbanas em que ocorre lança- Tema 4: Alta demanda para irrigação na Lagoa dos Pa-
mento indiscriminado de esgotos domésticos in natura. tos, na Lagoa Mirim e no rio Guaíba
De acordo com os dados do SNIS (MCid, 2012), os valores de coleta A irrigação representa a maior demanda de água na RH (66%), com
de esgoto (em relação ao volume produzido) e de tratamento de esgoto (em destaque para a rizicultura, principalmente nas regiões da Lagoa dos Patos,
relação ao volume coletado e em relação ao volume total gerado) nesses Lagoa Mirim e rio Guaíba, regiões de situação crítica, principalmente quanto
municípios são: Joinville coleta 8% , trata 100% do coletado, e 8% do volume ao balanço hídrico quantitativo.

Ponte sobre o Lago Guaíba – Porto Alegre - RS – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA
Região Hidrográfica Atlântico Sul 87

Figura 47. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Sul
88 Região Hidrográfica do Paraguai

7
Região Hidrográfica
PARAGUAI

Piraputangas - Rio Olho d’Água – Bonito – MS – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
Região Hidrográfica do Paraguai 89
A Região Hidrográfica do Paraguai, também chamada de Bacia do Alto A população total da região é de aprox. 2,16 milhões de habitantes (IBGE,
Paraguai (BAP), possui uma área de 363.446 km² (4,3% do território nacio- 2010) e se caracteriza por ser predominantemente urbana (taxa média de ur-
nal), abrangendo parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. banização de 87%) e se concentrar, principalmente, na unidade hidrográfica do
A BAP está dividida em duas grandes bacias ou unidades hidrográficas: Planalto Paraguai. A densidade demográfica da região é de 6,0 hab./km², apro-
o Pantanal (cerca de 36% da bacia) e a Planalto Paraguai. Dentre seus prin- ximadamente, 3,5 vezes menor que a média brasileira, que é de 22,4 hab./km².
cipais cursos d’água, destacam-se o Paraguai, Taquari, São Lourenço, Cuiabá, Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Paraguai
Itiquira, Miranda, Aquidauana, Negro, Apa e Jauru. O rio Paraguai nasce na é de 1.359 mm, menor do que o valor da média nacional, de 1.761 mm. A
Serra dos Parecis, no estado de Mato Grosso. Ao longo do seu percurso de, sua disponibilidade hídrica é de 782 m³/s, ou seja, menos de 1% da disponi-
aproximadamente, 2.582 Km, desde a nascente até a foz (na Argentina), o rio bilidade hídrica nacional, e a vazão média é de 2.359 m³/s, correspondendo a
banha margens exclusivamente brasileiras, numa extensão de, aproximada- 1,3% da vazão média nacional. A vazão de retirada (demanda total) é 30 m³/s
mente, 1.300 Km, e compartilha suas margens entre Brasil e Bolívia (48 Km) (cerca de 1% da demanda nacional) e a vazão específica é de 6,5 L/s/km2 . O
e entre Brasil e Paraguai (332 Km). volume máximo de reservação per capita é de 3.449 m3/hab., pouco abaixo
A RH do Paraguai abrange 94 munícipios (59 no Mato Grosso e 35 no da média brasileira de 3.596 m3/hab.
Mato Grosso do Sul). Dentre as cidades com população acima de 15.000 ha- Tabela 9. Caracterização da RH Paraguai
bitantes (Censo Demográfico; IBGE, 2010), destacam-se: Cuiabá/MT (aprox.
540.800 hab.), Várzea Grande/MT (aprox. 248.700 hab.), Rondonópolis/MT Área Sedes Pop
Pop Rural Pop Total
(aprox. 188.000 hab.), Corumbá/MS (aprox. 93.450 hab.), Cáceres/MT (aprox. Unidades Hidrográficas aprox. municipais Urbana
(nº) (nº)
(km²) (nº) (nº)
76.500 hab.), Tangará da Serra/MT (aprox. 75.900 hab.) e Aquidauana/MS
(aprox. 35.900 hab.). A cidade de Campo Grande/MS, com aprox. 776.600 hab.,
Pantanal 132.283 7 248.140 51.148 299.288
apesar de não se encontrar dentro da BAP, exerce grande influência socioeco-
Planalto Paraguai 231.162 67 1.633.351 233.299 1.866.650
nômica, com reflexo importante na gestão ambiental e dos recursos hídricos.
RH Paraguai 363.445 74 1.881.491 284.447 2.165.938
Fonte: População- Censo Demográfico IBGE (2010)

Rio Paraguai e Serra do Amolar – MS – Zig Kock/ Banco de Imagens da ANA


90 Região Hidrográfica do Paraguai

60°0'0"W 55°0'0"W

MT
Tangará da Serra
!.
n so
Rio Ma
R
S io
C
ab

Rio C
a ça
l

Rio

asca
Rio Sepotuba

ar a
Jau

qu
Cuiabá
!. !. Várzea Grande

au
Rio

ru
Ag u

oJ
apei

Ri

me
Ri Cáceres
o !.

Go
de
Lo

to
s

en
Pa

oB
to Rondonópolis
s !.

á
Ri

b
uia

ia
ço

re
C
en

Rio A
Rio
ur
Lo
o

o
Ri
a Rio
uir
Ri
o Itiq Co
rre
S. Rio Va nte
Co za s
r az nt Rio
ón e
Ja Piq
gu uir
at i
iri
ca

i
Bolívia Taq
uar
Rio Corumbá Rio Jauru
ari !.
piv
Ca

Ri
Rio

oC
ox
im
nde
te Gra
Vazan
Rio N
egro
Rio Aq
Ri uidaua
i

oco
ua

o na
g

M
ra

Tab

ira
MS
Pa

nd
o

a
Rio
Ri

S
Aquidauana

Aquidauana Campo Grande


!. %
Rio Salobro

ã
dab
qu i Rio
Ri Rio A Taqu
Paraguai
Rio Paraguai

o aruç
Br u
an
Rio

co
N io
aq
ue

gu ijá
Rio Aman
guai

Unidade Hidrográfica
Rio Para

id o

a
rd

Ap Pantanal
Rio
Pe

Apa
o
Ri

Rio Estrela
Planalto Paraguai
N
Principais rios
Principais cidades

Figura 48. Unidades hidrográficas e principais cidades e rios da RH Paraguai


Região Hidrográfica do Paraguai 91
Pantanal - MATOGROSSENSE

A maior área úmida contínua do planeta, o Pantanal-matogrossense


(90% de sua extensão se encontra no Brasil) está situado na BAP, especifi-
camente na unidade hidrográfica Pantanal, que se caracteriza por ser uma
planície inundável. A UH Planalto Paraguai, como o próprio nome diz, possui
áreas de maior altitude, e que abriga a maioria dos afluentes e as cabecei-
ras dos rios do Pantanal. As precipitações regulares e mais abundantes no
planalto, associado às baixas declividades da planície, levam a inundações
no Pantanal. As cheias naturais do Pantanal têm periodicidade anual, porém
sua extensão e duração variam dependendo da localidade e do curso d’água
afetado. Essa dinâmica de inundações e vazantes são a base para a manu-
tenção dos processos ecológicos no Pantanal. O Pantanal funciona como um
grande reservatório que retém a maior parte da água oriunda do planalto e
regulariza a vazão do rio Paraguai em até cinco meses (MMA, 2006). No Pan-
tanal, entretanto, a taxa de evapotranspiração é uma das mais altas (85% da
precipitação), devido às suas extensas áreas alagadas e altas temperaturas.
As vazões específicas médias na região são menores que no planalto, o que,
apesar da abundância de água devido às inundações periódicas, não significa
maior disponibilidade hídrica para os usos múltiplos.

COBERTURA VEGETAL E uso da terra

A cobertura vegetal da BAP se encontra bastante antropizada em de-


corrência da abertura de áreas para exploração e produção agropecuária, de
carvão vegetal e lenha e, em menor escala, o uso localizado e intensivo para
mineração. Conforme o estudo “Monitoramento das Alterações da Cobertu-
ra Vegetal e Uso do Solo na Bacia do Alto Paraguai, porção brasileira: 2008
a 2010”, cerca de 59% da área do Planalto na BAP está ocupada por uso an- Uso do solo e cobertura vegetal
trópico, sendo este percentual de 14% no pantanal. Esta região se encontra Agricultura

mais conservada que o planalto devido ao tradicional manejo de pecuária Água


Pastagem
extensiva que ali se faz presente, e que utiliza as pastagens naturais como Formações Florestais

forrageiras para o gado, além de suas características naturais de inundações Degradação por mineração

periódicas e baixa fertilidade, que dificulta o avanço da agricultura mecani- Influência urbana
Silvicultura/Reflorestamento
zada, preservando a cobertura vegetal nativa na região. A BAP conta com 5% Savana Arborizada/Cerrado

de áreas de Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Savana Estépica/Chaco

A agropecuária é a principal atividade econômica da região. No pan- Savana Estépica/Chaco Úmido


Savana Florestada/Cerradão
tanal, a pecuária extensiva foi a base de sua ocupação e ainda é a principal Fonte: N Savana Gramínea/Campo
-Monitoramento das alterações da cobertura vegetal e uso do Solo na Ba-
atividade. Entretanto, o modelo da pecuária pantaneira tem passado por al- cia do Alto Paraguai - Porção Brasileira - Período de Análise: 2008 a 2010.
Vegetação com influência fluvial

terações, com a introdução de novos instrumentos e técnicas de manejo, a Iniciativa: CI - Conservação Internacional, ECOA - Ecologia e Ação, Fundación
AVINA, Instituto SOS Pantanal, WWF- Brasil. Brasília, 2009.
Alteração antrópica
Alteração natural/manejo
principal delas o plantio de pastagens exóticas (Rosseto e Girardi, 2012), se
tornado a atividade mais impactante ao bioma Pantanal (Girardi e Rosseto, Figura 49. Cobertura vegetal e uso do solo na Região Hidrográfica do Paraguai
2011). Ressalta-se, também, a gradual transformação no padrão das ativida-
des agropecuárias com o aumento da agricultura mecanizada de soja, milho,
cana-de-açúcar e algodão na região do planalto.
A Figura 49 apresenta a cobertura vegetal remanescente e o uso do
solo na RH Paraguai.
92 Região Hidrográfica do Paraguai

Geração Hidrelétrica mente no Pantanal, envolvem, dentre outros aspectos, alterações nos pulsos
de inundações que ocorrem naturalmente na região, o que pode levar, por
O potencial hidrelétrico aproveitado da RH Paraguai é de aprox. 1,4 exemplo, à redução das populações de peixes e da produção pesqueira. A im-
GW, correspondendo a 1,3% do total instalado no País. Estão em operação 7 plantação em sequência das hidrelétricas em um mesmo curso d’água tende
UHEs e 25 PCHs, e há vários aproveitamentos hidrelétricos planejados para a agravar ainda mais esta situação. No entanto, esta tem sido uma prática co-
instalação. A RH já possui mais da metade de seu potencial hidrelétrico apro- mum na RH, especialmente quanto às Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH.
veitado (usinas em operação), restando aprox. 925 MW de potencial inventa- Além daquelas em operação, a RH possui mais 106 PCHs em diferentes es-
riado para aproveitamentos futuros. tágios de planejamento. Destas, várias estão projetadas para localização em
O grande número de aproveitamentos hidrelétricos, em operação e um mesmo curso d’água, como no Rio Ariranha (7 PCHs), no Rio Cabaçal (3
planejados, na região do planalto da RH Paraguai, tem sido identificado como PCHs), no Rio Coxim (9 PCHs), no Rio Juba (5 PCHs) e no Rio Taquari (6 PCHs).
um problema ambiental que pode gerar conflitos relacionados ao uso múl- Diante desse quadro, torna-se necessário um aperfeiçoamento no
tiplo das águas. Os impactos negativos do represamento dos rios, principal- embasamento técnico que considere aspectos ambientais, sociais e de usos
múltiplos da água, para garantir um melhor planejamento para instalação

Tabela 10. Usinas Hidrelétricas em operação e planejadas na RH Paraguai


UHEs em operação UHEs planejadas
Pot. Pot.
Usina Rio Área inundada (km²) Usina Rio Área inundada (km²)
(MW) (MW)
PONTE DE PEDRA CORRENTES 176,1 17 SUCURÍ COXIM 38 5
ITIQUIRA ITIQUIRA 156 1 BARRA DO JAURU 10,3 32,2
CASCA III CASCA 12,4 0,4 PIRAPUTANGA

JAURU JAURU 121,5 121,5 SALTO DAS SEPOTUBA 20


NUVENS
MANSO MANSO 210 427
JUBA I JUBA 42 2,8
JUBA II JUBA 42 0,9

Rio Paraguai – Pantanal - MS – Zig Kock/ Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica do Paraguai 93
de usinas hidrelétricas, principalmente PCHs na
RH. Estas podem ser altamente impactantes, caso
suas instalações ocorram de maneira desordena-
da e desintegrada de outras políticas públicas.

NAVEGAçãO
Um dos maiores eixos de integração da
América do Sul é formado pela Hidrovia Paraná
-Paraguai, que passa por Brasil, Bolívia, Argenti-
na, Paraguai e Uruguai, na área de influência da
chamada bacia Platina ou bacia do rio da Prata.
A Hidrovia do rio Paraguai liga a cidade de Cáce-
res, no Mato Grosso, a Nueva Palmira, no Uru-
guai; possui uma extensão de 3.442 km e conec-
ta o Centro-Oeste do Brasil ao Oceano Atlântico.
Neste percurso, o rio Paraguai se interliga com a
hidrovia do rio Paraná (na Argentina), formando
o complexo Hidrovia Paraná-Paraguai, importan-
te via comercial navegável do país. O trecho em
território nacional da hidrovia do Rio Paraguai se
inicia na região de Cáceres (MT), percorrendo cer-
ca de 890 km. Inclui um trecho de fronteira entre
Brasil e Bolívia (por 48 km) e entre Brasil e Para-
guai (por 332 km), até a foz do Rio Apa, no Mato
Grosso do Sul (Antaq, 2011).
O rio Cuiabá também é um importante tre-
cho navegável presente na RH Paraguai, desde
sua foz, no rio Paraguai, até a cidade de Porto Jo-
fre (MT), a cerca de 435 Km a jusante de Cuiabá .

Figura 50. Localização da Usinas, CGH e PCH na RH do Paraguai


94 Região Hidrográfica do Paraguai

linhas de navegação da hidrovia são de minérios (minério de ferro, ferro gusa


PRINCIPAIS TEMAS NA RH DO PARAGUAI e manganês) a partir de Corumbá/Ladário em direção aos portos na Argenti-
na, de onde são exportados via navegação marítima.
TEMA 1: EROSÃO; TEMA 2: PRODUÇÃO DE SEDIMENTOS E ASSOREA- Os grandes potenciais de expansão do transporte hidroviário, na RH Pa-
MENTO DOS RIOS raguai, referem-se à própria mineração e ao escoamento das safras de grãos
O desmatamento para alterações no uso da terra (principalmente para (milho e soja). A exploração deste potencial demanda: (a) investimentos na
a implantação de atividades agropecuárias) e a susceptibilidade natural à ero- hidrovia e em terminais de carga em regiões já consolidadas; (b) intensifica-
diblidade dos solos, especialmente na região do planalto da RH Paraguai, tem ção da exploração da hidrovia a montante, entre Cáceres/MT e Corumbá/
ocasionado impactos relativos à degradação e, erosão do solo. Em especial, nas MS, no próprio rio Paraguai; e (c) integração hidroviária com os rios Cuiabá e/
pastagens degradadas presentes no planalto, a erosão do solo é um fator pre- ou São Lourenço ou investimento em outros modais (rodoviário, ferroviário)
ocupante. Pelo fato de vários rios da região, como o Taquari e o São Lourenço, para transporte terrestre até terminais em Cáceres.
apresentarem elevada capacidade de transporte de sedimentos, e de terem Apesar do potencial estratégico desta hidrovia para o país, a execução
suas nascentes localizadas na região de planalto (onde a produção de sedi- de obras para melhoramentos da Hidrovia do Paraguai, entretanto, tem ge-
mentos devido à erodibilidade dos solos, é alta), tem aumentado a deposição rado debates a respeito dos impactos socioambientais dessas intervenções
de sedimentos na planície pantaneira e o consequente assoreamento dos rios no Pantanal.
nessas áreas de menor altitude.

TEMA 3: NAVEGAÇÃO
O trecho da hidrovia do Rio Pa-
raguai compreendido entre Cáceres
(MT) e Corumbá (MS) possui restri-
ções de calado e necessidades de dra-
gagens anuais (normalmente, chegam
até Cáceres embarcações de 1 metro
de calado). De Corumbá à foz do Rio
Apa há condições adequadas de nave-
gação comercial durante cerca de 70%
do ano (possibilidade de embarcações
com calado de 3 metros ou mais, em
alguns trechos). Já o Rio Cuiabá é na-
vegável desde sua foz, no Rio Para-
guai, até a cidade de Porto Jofre (MT).
Deste ponto até Cuiabá, o rio perde
navegabilidade, devido a processos
de assoreamento, decorrentes de ur-
banização e garimpos irregulares, que
provocam a destruição das matas ci-
liares. Atualmente, embarcações de
maior calado (até 2 metros) chegam
a Cuiabá apenas na época das cheias.
De Cuiabá a Rosário do Oeste (MT),
onde se inicia o Rio Cuiabá, há o tráfe-
go apenas de pequenas embarcações
(Antaq, 2013).
As vias navegáveis presentes
na RH Paraguai respondem por cerca
de 20% das cargas transportadas em
vias interiores no Brasil. Atualmente,
os principais grupos de mercadoria e
Figura 51. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Paraguai
Região Hidrográfica do Paraguai 95
TEMA 4: HIDROELETRICIDADE da Embrapa Pantanal (Calheiros e Oliveira, 20061), realizado em 2004 para
identificar poluentes químicos em 16 tributários do Rio Paraguai, mostrou
Os aproveitamentos hidrelétricos na RH Paraguai se localizam, predomi- que a entrada de nutrientes, como nitrogênio (NT) e fósforo (PT) - usados nas
nantemente, na região do planalto. Os impactos ambientais do represamento lavouras como insumos (fertilizantes), mas que também podem ter origem
dos rios, mesmo que para a instalação de PCHs, são considerados altos, devido na contaminação por esgotos urbanos, nos rios Coxim, Miranda, Salobra e
a alterações nas características naturais do funcionamento ecossistêmico da Cuiabá apresentaram altas concentrações. O nitrogênio atingiu o triplo das
região, que envolve os chamados “pulsos de inundação” na planície pantanei- concentrações observadas no rio Paraguai, próximo à Cáceres (MT), e o fósfo-
ra (ciclos de cheias e secas anuais e plurianuais). Os pulsos de inundação são ro foi aproximadamente seis vezes maior nos rios São Lourenço e Vermelho.
considerados essenciais para o bom funcionamento dos processos ecológicos O maior problema de poluição hídrica na RH, entretanto, deve-se ao
no Pantanal, por, entre outros fatores, propiciarem a reciclagem de nutrientes lançamento de esgotos domésticos nos corpos d’água. Na cidade de Cuiabá,
e criarem possibilidades de migrações e da existência de mais habitats, espe- o lançamento de efluentes domésticos piora ainda mais a qualidade da água
cialmente para as espécies piscícolas do Pantanal. Além disso, as hidroelétricas dos rios da região. Para esta região metropolitana, apenas 39% do esgoto do-
podem prejudicar a migração dos peixes e alterar a composição e a abundância méstico é coletado e não há nenhum tratamento deste efluente. Consideran-
de espécies, prejudicando a produção pesqueira e, toda a cadeia alimentar que do toda a RH Paraguai, 28% do esgoto doméstico são coletados e 53% deste
tem como base os peixes (como a das aves e répteis). O fato de que muitas percentual coletado são tratados, menores que as médias do país, que são:
PCHs vem sendo planejadas para serem instaladas em um mesmo curso d’água 59% e 69%, respectivamente. Já se considerar o percentual do esgoto tratado
(“em cascata”) pode agravar os impactos ambientais e gerar potenciais confli- a partir do volume total de esgoto produzido na RH, o índice de 53% se reduz
tos pelo uso da água nessas bacias hidrográficas. para 15% (SNIS - MCid, 2012; adaptado). Faz-se necessário, portanto, priori-
zar o monitoramento de parâmetros da qualidade da água na RH Paraguai.
TEMA 5: POLUIÇÃO HÍDRICA
TEMA 6: EVENTOS CRÍTICOS
A poluição hídrica ocasionada pelo lançamento de agrotóxicos e ferti-
lizantes em algumas culturas agrícolas da RH e, principalmente, pelo lança- Conforme dados da SEDEC/MI, em dez anos (de 2003 a 2013), os muni-
mento de efluentes domésticos (esgotos sem tratamento) nos cursos d’água cípios da RH com maior frequência de ocorrência de cheias (pela decretação
vem impactando a qualidade das águas. de situação de emergência ou estado de calamidade pública) foram: Coxim/
Em 2011, foram utilizados, na BAP, entre 155 a 190 Kg/ha de fertilizan- MS (com 4 ocorrências de cheias), Rio Verde de Mato Grosso/MS, São Ga-
tes, e, em 2010, foram aplicados entre 4,64 a 5,86 kg de ingrediente ativo/ briel do Oeste/MS e Nova Olímpia/MT (com 3 ocorrências de cheias). Quan-
ha, principalmente na área de planalto. Esse potencial de poluição hídrica to aos eventos de secas e estiagens, destacaram-se os seguintes municípios:
atinge também a planície pantaneira devido ao fluxo natural dos tributários Sidrolândia/MS, Terenos/MS, Dois Irmãos do Buriti/MS, Maracaju/MS, Ponta
do rio Paraguai, que vêm do planalto. Outra fonte de poluição na RH inclui Porã/MS e Antônio João/MS (com 3 ocorrências).
o lançamento de mercúrio em alguns cursos d’água, devido à atividade de Em 2013, predominantemente no mês de abril, nos seguintes municí-
garimpo de ouro, com localização pontual principalmente na borda da planí- pios foi decretada situação de emergência, devido a inundações: Caracol/MT,
cie pantaneira, gerando impactos também no Pantanal. A contaminação por Anastácio/MS, Aquidauana/MS, Bela Vista/MS, Campo Grande/MS, Jardim/
metais pesados e compostos químicos pode comprometer a biodiversidade MS, Nioaque/MS e Porto Murtinho/MS (alagamento). Neste mesmo ano, não
aquática e a produção pesqueira, devido ao potencial de toxicidade. Estudo houve decretação de eventos críticos relacionados a seca e estiagem.

Rio Formoso – Bonito - MS - Zig Kock/Banco de Imagens ANA


96 Região Hidrográfica do Paraná

8
Região Hidrográfica
PARANÁ

Salto Apucaraninha –Londrina - PR - Zig Kock/Banco de Imagens ANA


Região Hidrográfica do Paraná 97
55°W 50°W 45°W
15°S

BA
Região Hidrográfica
Brasília do Paraná
!. DF
Legenda

Sam
Cor
MT um bá

amba
Anicuns
Unidade Hidrográfica
Goiânia
!.

ia
AGUAPEI PEIXE
GO

te
Verde ou Verdão GRANDE

on
ia P
IGUACU

São Marcos
Me
Cl
IVAI

ar
o
Paranaíba
Bacias de contribuição ao reservatório Ilha Solteira

Bois
Ve
r de
Uberlândia Bacias de contribuição ao reservatório Itaipu
Tiju MG
c o
!. São J
oão Margem direita do rio Paraná

Est PARANAÍBA
iva

A
20°S

PARANAPANEMA
Suc

Gr
an
de
u

Campo Grande
riú

Ve PIQUIRI
!. rd
e Tie
tê Tur Pa TIETE
vo

Sap
MS Igu rdo
ap Ribeirão Preto
eí o

uca
uF !. Rios principais
Pard

Br eio

í
il ha Anhanduí Mo
nt ji-G Principais cidades
o

e ua
Peix çu
e

ca
Estado
á
io

Aiuruo
ran
Fe
Ivinheim

Pa Limite internacional
SP Piracicaba
RJ
Campinas
a

Amam
baí
Paran
ap
!.
Londrina anem
a
!. Sorocaba Osasco
Iv

!. !. !. São Paulo

!.!.
São Bernardo do Campo Santo André
Ti
Paraná

b ag
Pi i

qu PR
iri
á Para
25°S

Paraguai
ran

Curitiba
os

u
aç Iguaçu !.
t
Pa

Pa

Igu
Ne OCEANO ATLÂNTICO N
gro

Argentina
SC

Figura 52. Unidades hidrográficas da RH Paraná e principais cidades

A Região Hidrográfica Paraná possui uma área de aprox. 879.873 km² km), Ivaí (639 km) e Tibagi (522 km).
(10% do território nacional), abrangendo sete Unidades Hidrográficas: São A RH Paraná possui 1.507 munícipios, sendo 1402 com sedes muni-
Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e cipais inseridas na região. Destas, 256 possuem mais de 50.000 habitantes
Distrito Federal. Apresenta grande importância no contexto nacional, pois re- (IBGE, 2010). Dentre estas cidades destacam-se, com mais de 400.000 hab.:
presenta a região de maior desenvolvimento econômico do país, bem como São Paulo/SP (aprox. 11,2 milhões hab.), Brasília/DF (aprox. 2,5 milhões
possui as maiores demandas por recursos hídricos do país, tendo como des- hab.), Curitiba/PR (aprox. 1,75 milhão hab.), Goiânia/GO (aprox. 1,3 milhão
taque o uso industrial. hab.), Guarulhos (aprox. 1,2 milhão hab.) Campinas/SP (aprox. 1,1 milhão
Essa RH está dividida em 11 bacias hidrográficas: Aguapeí Peixe, Grande, hab.), Campo Grande/MS (aprox. 776 mil hab.), São Bernardo (aprox. 752
Iguaçu, Ivaí, Paranaíba, Paranapanema, Piquiri, Tietê, Bacias de contribuição mil hab.), Santo André (aprox. 676 mil hab.), Osasco/SP (aprox. 667 mil
ao reservatório Ilha Solteira, Bacias de contribuição ao reservatório Itaipu e hab.), Ribeirão Preto/SP (aprox. 603 mil hab.), Uberlândia/MG (aprox. 587
Afluentes da Margem Direita do Rio Paraná. Os principais rios da região, com mil hab.), Sorocaba/SP ( aprox. 580 mil hab.), Londrina - PR (aprox. 493
comprimento maior que 500 km, são o Paraná (1.405 km), Grande (1.270 km), mil hab.) Aparecida de Goiânia/GO (aprox. 455 mil hab.) e Mauá/SP (aprox.
Iguaçu (1008 km), Paranaíba (994 km), Tietê (947 km), Paranapanema (819 km 417 mil hab.).
98 Região Hidrográfica do Paraná

A população total da região é de, aproximadamente, 61,3 milhões de ha- DEMANDAS HÍDRICAS
bitantes (IBGE, 2010). Caracteriza-se por possuir população predominantemente
urbana, representada por 93% do total de seus habitantes. A densidade popula- A demanda estimada total na região (ano-base 2010) é de 736 m³/s de
cional média na RH do Paraná é bastante alta, chegando a 69,7 hab./km2, pouco vazão de retirada (6,4% de sua vazão média), que corresponde a 31% da de-
mais do que três vezes maior que a média nacional (22,4 hab./km2). manda total do País. Os usos preponderantes são o de irrigação, industrial e
Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH é de 1.543 urbano, chegando a totalizar 94% de sua demanda total. A demanda estima-
mm, 87% da média nacional que é de 1.761 mm. A disponibilidade hídrica da de água para irrigação é de 311,4 m³/s, correspondendo a 42% do total de
superficial da RH é de 5.956 m3/s, o que corresponde a 6,5% da disponi- demandas da região. Logo em seguida, vem a demanda industrial, com 202
bilidade superficial do país (91.071 m³/s). A vazão média é de 11.831 m³/s, m³/s (28%) e a demanda urbana com 177,2 m³/s (24%). A demanda animal é
correspondendo a 6,6% da vazão média nacional (179.516 m³/s), e a vazão de 40 m³/s (5%) e a rural de 5,5 m³/s (1%).
de retirada (demanda total) é de 736 m³/s (31% da demanda nacional). A A análise da distribuição espacial das demandas revela que os maiores
RH possui uma vazão específica de 13,0 L/s/km2 e um volume máximo de valores de vazão de retirada estão localizados nas microbacias situadas em
reservação per capita de 4.047 m3/hab., maior que o volume máximo de áreas de regiões metropolitanas. Nota-se elevada demanda hídrica na bacia
reservação per capita para o país (3.607m3/hab.). do rio Paranaíba, devido à agricultura irrigada, e nas regiões metropolitanas
de São Paulo, Goiânia, Campinas, Curitiba e RIDE do Distrito Federal. Nessas
áreas, há o predomínio do uso urbano e industrial, devido à elevada concen-
Tabela 11. Caracterização Geral da RH Paraná
tração populacional e alto desenvolvimento das atividades industriais.
Sedes
Área Pop Urbana Pop Rural Pop Total
Bacia Hidrográfica
(km²)
municípios
(nº) (nº) (nº)
Irrigação
(nº) A área irrigada da RH do Paraná é de 2.106.232 hectares (ano-base
Aguapeí Peixe 23.993 59 818.279 101.742 920.021 2012). É a RH com maior área irrigada, correspondendo a 36,3% dos 5,8 mi-
lhões de hectares irrigados no Brasil, estimativa realizada para 2012 (ANA,
Grande 143.624 368 7.706.767 871.229 8.577.996 2013). A vazão de retirada para irrigação (ano-base 2012) concentra-se prin-
cipalmente em São Paulo, Goiás e Minas Gerais, mais precisamente na ba-
Iguaçu 65.893 116 4.159.558 657.724 4.817.282
cia do rio Mogi-Iguaçu (afluente do rio Grande) e no Rio Paranaíba e seus
afluentes (no estado de Goiás, próximo à região metropolitana de Goiânia e
Ivaí 36.690 80 1.200.748 251.807 1.452.555
no Distrito Federal).

Bacias de con- 6.870 21 134.277 28.145 162.422


tribuição ao reser-
Indústria
vatório Ilha Solteira A RH Paraná se destaca pelo maior número de outorgas emitidas pela
Bacias de contribuição 13.007 33 596.479 102.669 699.148 ANA e pelos órgãos gestores estaduais de recursos hídricos para o abaste-
ao reservatório Itaipu cimento industrial. Na bacia do Rio Tietê, este é o principal tipo de uso da
Afluentes da Margem 162.142 46 1.587.836 233.863 1.821.699 água, correspondendo a 45% (102,5 m³/s) da vazão de retirada da bacia. A
Direita do Rio Paraná maior vazão de retirada outorgada na bacia para o uso industrial (39,75 m³/s,
Paranaíba 223.564 171 8.293.935 469.571 8.763.506 cerca de 80% da demanda hídrica industrial) foi da indústria de fabricação de
celulose, papel e produtos de papel; em seguida destacou-se a de fabricação
Paranapanema 106.380 219 3.937.425 573.112 4.510.537 de produtos químicos (4,04 m³/s) e a de fabricação de produtos alimentícios
e bebidas (3,65 m³/s).Ressalta-se que os valores de demandas hídricas se re-
Piquiri 24.381 50 540.018 152.756 692.774 ferem ao ano de 2010.

Tietê 73.548 239 28.154.616 717.716 28.872.332 Saneamento


Na RH Paraná 48% dos municípios são abastecidos por mananciais su-
RH Paraná 879.873 1.402 57.129.938 4.160.334 61.290.272 perficiais/mistos, 46% utilizam exclusivamente água subterrânea e 6% são
atendidos por sistemas integrados (ANA, 2010). A região apresenta bons ín-
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)
dices de abastecimento de água (atendimento a 98,5% da população urbana)
e de coleta de esgoto (atendimento a 70,6% da população urbana, a maior do
país), segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
– SNIS (MCid, 2012).
Região Hidrográfica do Paraná 99

55°W 50°W 45°W

Brasília
Demanda industrial na
!.
Região Hidrográfica
do Paraná

Anicuns
Goiânia
!.

os
te
Verde ou Verdão

rc
n
Legenda

Ma
m
Po

ru

o
Co
ia


Me
RH Paraná
Cl
ar

Região Hidrográfica
o

Boi
Paranaíba

s
Ve Rios principais
rd Uberlândia
e Tiju !. São J ! Principais cidades
c o oão
Retirada total de água (m³/s)
Es
de tiv a < 0,005
an
Gr
Su
20°S

0,006 - 0,100
cu

Campo Grande
riú

!. 0,101 - 0,250
Ve Tu
rde Igu rv 0,251 - 0,500
Tie o
ap
eí tê Ribeirão Preto
Br ou 0,501 - 3,000
Par

Mo!.
ilh Anhanduí Fe ji- Pa
a io Gu
do

Sapucaí
nt rd 3,001 - 9,679
aç o

a
e Pei u

oc
xe

ru
á
io

an

Aiu
Ivinheim

Fe

r
Pa Paran Piracicaba
a panem
a
baí Campinas
Amam
a

!.
Ivaí Londrina
! Sorocaba Osasco
!. !. !.
.!!. São Paulo
Santo André
Ti
ba
gi
Pi

q ui
ri
Para
25°S

Curitiba
s

u
to

aç Iguaç !.
Igu u
Pa

Ne N
gro

OCEANO ATLÂNTICO

Figura 53. Demandas totais de água na RH Paraná (ano-base 2010)


100 Região Hidrográfica do Paraná

55°W 50°W 45°W


15°S

BA
Área irrigada na
DF
Região Hidrográfica
MT do Paraná

os
GO

nte
Verde ou Verdão

rc
Ma
m
Po

ru

o
Co
ia


Rios principais

Me
Cl
ar

RH Paraná

Boi
o

Paranaíba
Ar

s
Ve ag Limite estadual
rd u ar
e Tiju i MG Limite internacional
São J
c o oão

Es Área Irrigada na Microbacia (ha)


de tiv a
an
Gr
Su
20°S

0 - 100
cur

MS 101 - 500
Ve Tu
Pa

rd Ig rv Pa
o rd 501 - 1.000
r

e ua o
do

pe Tie
í tê
Br ou Mo 1.001 - 2.500
ilh Anhanduí Fe ji-
a io Gu

Sapucaí
nt aç 2.501 - 5.000

a
e u

oc
Pei

ru
á xe 5.001 - 15.223
an
Ivinheim

Aiu
r
Pa Parana SP Piracicaba
panem Jag RJ
baí a uar
Amam i
a

Iv

Claro

Turvo
Ti
ba
Pi gi

q ui
ri PR
Para
25°S

Iguaçu
to

Iguaç
u
Pa

gro N
Ne

SC

RS

Figura 54. Áreas irrigadas na RH Paraná (ano-base 2012)


Região Hidrográfica do Paraná 101

UHE Itaipu - Foz do Iguaçu – PR - Zig Kock/Banco de Imagens ANA

DEMANDAS HÍDRICAS NãO CONSUNTIVAS

GERAçãO HIDRELéTRICA
O potencial hidrelétrico aproveitado da
região é de 41.560 MW (Aneel, 2013), corres-
pondendo a 47,5% do total instalado do País. É
a região que apresenta o maior aproveitamen-
to do potencial hidráulico disponível (cerca de
68,4% do seu potencial hidrelétrico total já foi
aproveitado).
Dentre as usinas hidrelétricas em operação
na região, destacam-se: Itaipu, com 7.000 MW
(parte brasileira), Ilha Solteira, com 3.444 MW,
Itumbiara, com 2.082 MW, Porto Primavera (Eng.
Sérgio Motta), com 1.540 MW, Marimbondo, com
1.440 MW, Salto Santiago, com 1.420 MW, e Fur-
nas, com 1.216 MW.

NAVEGAçãO
A Hidrovia do Paraná é resultante da ca-
nalização dos rios Tietê e Paraná, compreen-
dendo ainda trechos dos seus rios formadores,
o Grande e o Paranaíba, e dos baixos cursos de
seus afluentes.
O projeto completo da hidrovia totaliza
cerca de 1.800 km de extensão, tendo como
principais trechos: no rio Paraná (740 km), no rio
Tietê (573 km); no rio Paranaíba (180 km); no rio
Grande (59 km); no rio Paranapanema (70 km);
e no rio Ivaí, (220 km). Figura 55. Aproveitamentos Hidrelétricos na RH Paraná
102 Região Hidrográfica do Paraná

55°W 50°W 45°W 40°W

BA
15°S

"

Cuiabá
!. MT Brasília
!. DF

GO Goiânia
!.

Turvo

s
te

co

on

ar
m

M
ia P

ru

o
Co


Me
Ve

Cl
a
aíb
rd

ar
ra n

Boi
o
Prata e Pa "

s
Co MG
rr e Uberlândia
nte São Simão
" Tiju !.
Pra co
ta
Est Belo Horizonte ES
de iva
an !.Contagem
Gr "
Suc

Sa
20°S

!.
pu
caí
u

Campo GrandeMS ""


riú

!.
Lo Três Lagoas Tu
Ve

Sap
Pa

nt rd " rv " "


ra e Igua o Mortes
rd

p Tie Ribeirão Preto


Va

eí tê

uca
Br ou Mo!.
ca

il ha Anhanduí Fe ji Pa Ve

í
io -G rde
ria

nt ua r do Juiz de Fora

oca
e Pei ç u !.
Dou xe

ru

io

rado Pederneiras
Ivinheim

ra

Aiu
Fe

s
Pa Parana SP " RJ
p anema " Anhembi Nova Iguaçu São Gonçalo
b aí Campinas
Amam "
Santa Maria da Serra !
. !
. !.
!. Rio de Janeiro
Pi r

!.São José dos CamposDuque de Caxias


a

"
Londrina
ap ó
Iguatemi

!.
Cin

Itararé

!. SorocabaOsasco
Iv

!. !. !. !.

za s

Turvo Guarulhos!.!.São Paulo


" " "" André
Santo
Ti
ba
Pi gi
á

qu
Paran

iri PR
25°S

Paraguai
os

Curitiba
Iguaçu
Pat

Iguaçu!. ""

gro
C ho Ne Joinville
pim !. "
" Porto

SC
" Terminal Hidroviário
Argentina
Hidrovia Paraná (navegação comercial em 2012)
N Hidrovias_RH_Paraná
"
RS "
" Rios principais

"

Figura 56. Navegação na RH Paraná


Região Hidrográfica do Paraná 103
Qualidade da Água

Quase 30% dos pontos de monitoramento de


qualidade de água das redes estaduais de todo o Brasil
se localizam na RH Paraná. Isto não se deve somente ao
tamanho da RH, mas também denota a importância da
qualidade da água para a região. Nesta análise, foram
considerados 1.003 pontos de monitoramento, sendo
349 pontos da rede de monitoramento da CETESB (SP),
311 das redes do Instituto das  Águas  do  Paraná e do
Instituto Ambiental do Paraná, 125 do IGAM (MG), 85
do IMASUL (MS)1, 73 da SEMARH (GO)1 e 60 pontos de
monitoramento das redes da ADASA e CAESB (DF).
Nestes 1.003 pontos de monitoramento, foram
realizadas 3.205 coletas em 2012. Os parâmetros aqui
analisados foram a Demanda Bioquímica de oxigênio
(DBO), o fósforo total e o Índice de Qualidade da Água
(IQA)3.
Os mapas das Figuras 57 e 58 apresentam, res-
pectivamente, os valores médios de IQA e DBO, nos
pontos de monitoramento da RH. Na RH Paraná, as
maiores regiões metropolitanas localizam-se nas cabe-
ceiras de importantes bacias hidrográficas. É o caso de
São Paulo, localizada no Alto Tietê; de Curitiba, no Alto
Iguaçu; de Goiânia, no alto da bacia do Rio dos Bois, e N

de Brasília, localizada nas cabeceiras dos rios São Mar-


cos e Corumbá. A distribuição dos valores médios do
IQA e, principalmente, da DBO mostra como isto reper-
cute negativamente na qualidade das águas dos trechos
superiores destas bacias.
Por outro lado, a distribuição destes valores in-
dica que, qualidade da água apontada pelo IQA e pela
DBO, nos mapas melhora a jusante destas bacias. À
medida que se afastam das grandes metrópoles, estes
indicadores de qualidade respondem positivamente à
redução das cargas poluidoras e ao aumento da capa-
cidade de diluição e de autodepuração dos poluentes
nos corpos hídricos, proporcionados, em grande parte,
pelos grandes reservatórios distribuídos ao longo des-
tes trechos.

___________________________ Figura 57. O Índice de Qualidade das Águas em 2012 na RH Paraná mostra concentra-
1, 2
Em 2012, as redes do IMASUL (MS) e da SEMARH (GO) deixaram de medir alguns parâmetros essenciais para o cálcu-
lo do IQA, tais como DBO e fósforo, em virtude de reformas em seus laboratórios. ção de pontos indicando qualidade da água comprometida nas cabeceiras das princi-
3
O IQA foi criado pela National Sanitation Foundation em 1970. O cálculo utilizado nesta análise é similar ao utilizado pais bacias hidrográficas na RH Paraná
pela CETESB. O IQA é calculado a partir do oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica
de oxigênio, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e sólidos.
104 Região Hidrográfica do Paraná

Figura 58. Demanda Bioquímica de oxigênio indicando forte poluição por cargas orgânicas nas grandes metrópoles
Região Hidrográfica do Paraná 105
Qualidade da Água

Os gráficos da Figura 59 mostram as proporções dos pontos de monito-


ramento, segundo as diferentes categorias do IQA em toda a RH, nas cidades4
e no campo. De acordo com os gráficos, é possível observar uma situação
muito mais crítica em termos de qualidade no meio urbano. Embora as ati-
vidades agrícolas sejam praticadas de modo intensivo em toda a RH Paraná,
os impactos provenientes das cidades parecem prevalecer na qualidade de
suas águas. É justamente nas cidades que estes impactos são mais percebi-
dos pela população da RH, sobretudo, quando seus reflexos incidem sobre
os mananciais utilizados para o abastecimento dos grandes centros urbanos.

Figura 59. Índice de Qualidade das Águas nas cidades e no campo

Os valores médios de fósforo total (Figura 60) também refletem este


padrão de degradação da qualidade da água associado aos grandes centros
urbanos; porém, de um modo menos intenso que o IQA e a DBO5. É possí-
vel observar, na Figura 60, uma grande quantidade de valores mais altos de
fósforo, nos trechos inferiores de várias bacias em toda a RH. As exceções
ficam por conta dos pontos de monitoramento situados nos reservatórios,
onde a diluição deste poluente se traduz em baixas concentrações. Contudo,
é importante apontar para o potencial de degradação da qualidade da água
representado pelas altas concentrações de fósforo em rios afluentes aos re-
servatórios da RH. O fósforo é considerado um dos principais fatores capazes
de deflagrar o processo de eutrofização nos reservatórios, cujos sintomas se
traduzem, muitas vezes, em dificuldades para o transporte hidroviário, a ge-
ração hidroelétrica, o abastecimento humano, a pesca e para a saúde dos
ecossistemas lacustres de modo geral.

______________________
4 Pontos de monitoramento inseridos nas regiões metropolitanas e/ou das manchas urbanas do IBGE (2005).
5 Res. CONAMA 357/2005 estabelece, para fins de enquadramento dos corpos hídricos, os seguintes limites para o fósforo
total: ≤ 0,02 (Classe 1), ≤ 0,03 (Classe 2) e ≤ 0,05 (Classe 3) para ambientes lênticos e ≤ 0,1 (Classes  1 e 2) e ≤ 0,15 (Classe Cachoeira da Cabeceira - Sengés – PR - Zig Kock/Banco de Imagens ANA
3) para ambientes lóticos.
106 Região Hidrográfica do Paraná

Figura 60. O fósforo total reflete os impactos da poluição hídrica nos trechos inferiores das principais bacias da RH Paraná
Região Hidrográfica do Paraná 107
Balanço Hídrico A RH apresenta, em geral, boa qualidade em seus principais rios, em
relação à carga orgânica lançada/assimilada (balanço hídrico qualitativo),
Considerando-se o balanço hídrico quali-quantitativo realizado (ANA, possuindo 75% de seus trechos analisados com qualidade “ótima” e 5% como
2013), quanto à relação demanda/disponibilidade hídrica (balanço hídrico “boa”. No entanto, 20% da extensão dos rios foram classificadas com qua-
quantitativo), se verificou que 64% da extensão dos rios da RH estão clas- lidade “razoável”, “ruim” ou “péssima”. Semelhante à situação do balanço
sificados em situação “excelente” ou “confortável”, enquanto 36% foram hídrico quantitativo, o balanço hídrico qualitativo também apresenta bons
classificados como situação preocupante, crítica ou muito crítica. Apesar de resultados na região, de um modo geral. Entretanto, devido à alta concen-
possuir uma situação confortável, quanto ao balanço hídrico quantitativo, a tração populacional em determinadas áreas (Regiões Metropolitanas de São
RH do Paraná se caracteriza por ter alta concentração populacional com altas Paulo, Curitiba e Goiânia), a RH do Paraná apresenta rios com grande com-
demandas de uso urbano e industrial e, consequentemente, por apresentar prometimento, tais como os rios Tietê, Meia Ponte, Piracicaba, Alto Iguaçu,
algumas bacias hidrográficas em situações críticas, especialmente as dos rios: dentre outros (Figura 61).
Meia Ponte, Sapucaí, Turvo, Pardo e Mogi-Guaçu, Piracicaba e Tietê.

55°W 50°W 45°W

Brasília
!.

Anicuns
MT GO
Goiânia
!.

Turvo

s
nt e

co
m

ar
Po

ru

M
Co

o
ia


Me
Ve

Cl

a
a íb
r

ar
de

B oi n
o

ra
Prata Pa
s
Co
rre
n te Pr Uberlândia
at Tiju !.
MS a co MG

Es
de t iv a
an
Gr
Su

Sa
20°S

pu
cu r

ca
Campo Grande í

!.
Lo Ve Tu

Sa p
Pa

nt rd Ig u r vo
e
Mortes
r

ra Tie
do

ap Ribeirão Preto

u ca
Br eí tê
ou Mo!.
il h Vac Anhanduí Fe ji - Pa Ve

í
an ar i io Gu rd r de
a a o

ca
te çu
Pei

r uo
D ou x e
á
io

rad an
Ivinheim

A iu
os r
Fe

Pa
RJ
P a r a na Piracicaba
panem
b aí a Pa r d o
Ama m Campinas
Pi r

!.
a

ap
Iguatemi

Londrina
C in

Itararé

!.
ó

Sorocaba Osasco
Iv

!.

z as

!. .!
Turvo !.!. São Paulo
Santo André São Bernardo do Campo
Ti
b ag
Pi i SP Limite_RH_Parana

qu
ir i Estado
Pa ra

PR
25°S

Unidade Hidrográfica
o s

Curitiba
Iguaçu
Pat

Iguaçu!. Balanço hídrico quali-quantitativo


satisfatório
gr o N
C ho Ne criticidade qualitativa
p im
SC criticidade quantitativa
criticidade quali-quantitativa

Figura 61. Balanço hídrico quali-quantitativo na Região Hidrográfica do Paraná


108 Região Hidrográfica do Paraná

Figura 62. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraná
Região Hidrográfica do Paraná 109
TEMA 6: - USO COMPETITIVO ENTRE IRRIGAÇÃO E ABASTECIMENTO
PRINCIPAIS TEMAS NA RH DO PARANÁ
Pipiripau: Estabelecimento de marco regulatório para regularização
TEMA 1: ABASTECIMENTO URBANO E QUALIDADE DA ÁGUA dos usos da água, formado por um conjunto de regras negociadas entre os
órgãos gestores com a participação de usuários (Resolução ANA nº 127/2006
Meia Ponte: problemas de qualidade da água devido ao lançamento e Resolução Adasa nº 293/2006). Dentre as regras da bacia do Pipiripau, está
de esgotos da RM de Goiânia. o valor das vazões de restrição que devem ser observadas em cinco pontos
de controle estabelecidos
Tietê: Os mananciais de abastecimento de água sofrem intenso pro-
cesso de ocupação, resultante da expansão da mancha urbana dos municí- TEMA 7: USO COMPETITIVO ENTRE INDÚSTRIA E ABASTECIMENTO URBANO
pios que fazem parte da Grande São Paulo.
Tietê: Transposição de 31m3/s da bacia do rio Piracicaba para atender
Alto Iguaçu: Degradação dos mananciais pela expansão urbana na RM a RMSP limita o crescimento industrial da Região Metropolitana de Campinas.
de Curitiba.
TEMA 8: USO COMPETITIVO ENTRE HIDROVIA E GERAÇÃO DE ENERGIA
TEMA 2: USO INTENSIVO DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO
Tietê: Manutenção dos volumes mínimos para o transporte fluvial e
Paranapanema: Observa-se que 90% da demanda hídrica do Alto Paranapa- regras operacionais das UHEs.
nema é para irrigação (43,8 m3/s), com grande concentração de pivôs centrais.
TEMA 9: EXPANSÃO DA CANA DE AÇÚCAR
Paranaíba: A bacia do rio Paranaíba apresenta 608.808,80 hectares de
área total agrícola irrigada, uma demanda de 236.177,50 L/s.ha para um pe- Paranapanema: Voltada para a produção de álcool e açúcar, a cana de
ríodo crítico de dois meses, agosto e setembro. As três áreas destacadas no açúcar expandiu-se fortemente na região, estando, atualmente, ligada a uma ca-
mapa apresentam as maiores demandas associadas à irrigação na bacia, com deia produtiva que envolve 57 usinas sucroalcooleiras (51 na bacia e outras 06
grande concentração dos pivôs de irrigação. Nestas regiões, são observados no entorno, até 15 km). Em 2013, a área plantada de cana foi de 1.087.824 ha.
trechos de rio onde o Balanço Hídrico é superior a 1,0, ou seja, as demandas
são superiores às disponibilidades. Paranaíba: A expansão da cana-de-açúcar vem substituindo as culturas
de grãos e também algumas áreas de pastagem. De acordo com a Secretaria
Grande: Elevadas demandas de irrigação, associadas com pivôs cen- da Indústria e Comércio de Goiás, até 2015 o estado contará com 84 usinas
trais, nas regiões de Guaíra/SP e Casa Branca/SP. de álcool e açúcar e os investimentos no setor ultrapassarão R$ 8 bilhões.  

TEMA 3: USO COMPETITIVO ENTRE IRRIGAÇÃO E GERAÇÃO DE ENERGIA Grande: Apesar de ser uma tradicional região produtora, entre 2005
e 2013 a área plantada cresceu 1,29 milhão de hectares. Atualmente, há 88
São Marcos: Redução de 5% da energia firme da UHE Batalha e limite usinas sucroalcooleiras em operação na bacia.
para crescimento da agricultura irrigada na região.
TEMA 10: VULNERABILIDADE A INUNDAÇÕES
TEMA 4: CONFLITO ENTRE GERAÇÃO DE ENERGIA E ECOSSISTEMAS
AQUÁTICOS Alto Tietê: problema de cheias e inundações em diversos municípios
da RM de São Paulo.
Tijuco: Na bacia do rio Tijuco (UGH Afluentes Mineiros do Baixo Pa-
ranaíba), existe uma disputa entre a instalação de 12 PCHs e o impacto na Grande: alta vulnerabilidade a inundações na região de cabeceiras dos
estrutura e na dinâmica dos ecossistemas aquáticos. rios Moji-Guaçu, Pardo , Sapucaí e Sapucaí-Mirim.

TEMA 5: TRANSPOSIÇÃO PCJ – SISTEMA CANTAREIRA Grande: alta vulnerabilidade a erosão na região de vertentes do rio Grande.

Alto Tietê e bacias PCJ: Transposição de 31 m3/s da bacia do rio Pira- TEMA 11: QUALIDADE DE ÁGUA – SUINOCULTURA
cicaba para a bacia do Alto Tietê.
Iguaçu: Problema de DBO nos mananciais devido a suinocultura.
110 Região Hidrográfica do Parnaíba

9
Região Hidrográfica
PARNAÍBA

Dunas no Delta do Parnaíba – PI - Zig Kock/Banco de Imagens ANA


Região Hidrográfica do Parnaíba 111
A Região Hidrográfica Parnaíba configura-se como uma das mais impor-
tantes da Região Nordeste do Brasil, sendo ocupada pelos estados do Ceará,
Piauí e Maranhão (Figura 9.1), ocupando uma área de 333.056 km² (3,9% do
território nacional) , abrangendo porções dos estados do Piauí (77% da RH),
Maranhão (19%) e Ceará (4%). A maior parte do estado do Piauí (99% ) está
inserida na bacia do Parnaíba, sendo que apenas o município de Luiz Correia
não se encontra dentro da Região Hidrográfica.
A RH está dividida em três grandes unidades hidrográficas: Parnaíba
Alto; Parnaíba Médio e Parnaíba Baixo. Os principais rios da região são os rios
Parnaíba, Canindé, das Balsas, Piauí, Poti, Longá, Itaueira e Uruçuí Preto. Suas
águas atravessam diferentes biomas, como: o Cerrado, no Alto Parnaíba, a Ca-
atinga, no Médio e Baixo Parnaíba; e o Costeiro, no Baixo Parnaíba, tornando
diferenciadas as características hidrológicas de cada uma destas regiões.
A RH Parnaíba possui 293 munícipios (222 no PI, 42 no MA, e 29 no CE),
sendo 263 com suas sedes inseridas no território da região. A população to-
tal da região é de aproximadamente, 4,15 milhões de habitantes (IBGE, 2010),
com 65% dos seus habitantes vivendo em área urbana, principalmente na uni-
dade hidrográfica do Paranaíba Médio, onde se localiza a cidade de Teresina,
capital do estado do Piauí. A densidade demográfica da região é de 12,5 hab./
km², menor do que a média brasileira que é de 22,4 hab./km².
Dentre as cidades inseridas na RH, destacam-se aquelas com população
acima de 40.000 habitantes (IBGE, 2010): Teresina/PI (aprox. 767.550 hab.),
Parnaíba/PI (aprox. 137.480 hab.), Timon/PI (aprox. 135 mil hab.), Balsas/MA
(aprox. 72.700 hab.), Picos/PI (aprox. 58.300 hab.), Cratéus/CE (aprox. 52.600
hab.), Floriano/PI (aprox. 49.970 hab.) e Piripiri/PI (aprox. 44.540 hab.). A re-
gião possui o diferencial, em relação ao Nordeste brasileiro, de possuir o único
centro regional fora da área litorânea, a cidade de Teresina.
A RH Parnaíba, em grande parte localizada no semiárido brasileiro, ca-
racteriza-se pela intermitência das chuvas, e, segundo dados do Inmet, a preci-
pitação média anual na região é de 1.064 mm, muito abaixo da média nacional,
de 1.761 mm.
A sua disponibilidade hídrica superficial (considerando a vazão regulari-
zada pelos reservatórios da região) é de 379 m³/s; equivale a menos de 0,5% da
disponibilidade hídrica nacional (91.071 m³/s), e a vazão média da RH é de 767
m³/s, correspondendo a 0,43% da vazão média nacional (179.516 m³/s).
A vazão de retirada (demanda total) é 50,9 m³/s (2% da demanda na-
cional) e a vazão específica é de 2,3 L/s/km² (corresponde a 11% da vazão es-
pecífica para o território nacional). O volume máximo de reservação per capita
da região é 1.795 m³/hab., cerca de 50% do volume máximo de reservação per
capita do país (3.607 m³/hab).

Tabela 12. Caracterização da RH Parnaíba


Sedes Pop
Área Pop Rural Pop Total
Bacia Hidrográfica municipais Urbana
(km²) (milhões) (milhões)
(nº) (milhões)
Parnaíba Alto 152.263 56 390.484 192.528 583.012
Parnaíba Baixo 43.080 57 685.662 547.618 1.233.280
Parnaíba Médio 137.884 150 1.616.110 720.463 2.336.573
RH Parnaíba 333.056 263 2.692.256 1.460.609 4.152.865 PARNA de Sete Cidades – PI - Zig Kock/Banco de Imagens ANA

Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)


112 Região Hidrográfica do Parnaíba

O
ce
!5 Principais cidades Teresina
an
o At
lân
tic
Estado o

RH Parnaíba Araioses
!5 5
! Parnaíba
gu
Reservatorios Ma

PA
Semi-Árido
!5 Brejo Jacaraí
Unidade Hidrográfica !5 Esperantina
!5 São Benedito
PARNAIBA ALTO !5 Miguel Alves
! Coelho Neto
5 !5 Barras !5 Piripiri
!5 Guaraciaba do Norte

PARNAIBA BAIXO
!5 Pedro II CE
!5 União
MA
!5 José de Freitas PI/CE
PARNAIBA MÉDIO !5 Campo Maior
!5 Altos

ti
!5 Cais

Po
Timon !5 Crateús
Matões RN
!5
!5 Parnarama
CE
Sambit Fundo
o ra
ape
T
Floriano
N e ve !5
s a Oeiras
b
aí !5 !5 Picos
rn PB

Itaueira
P a ata

ca


Pr
G Estiva La

!5 Balsas
ra

Pia
o
nd

x
Bai
Gurguéia

Ca
e

nin
to

Fid
Uruçuí Pre

PI

s
Ri Brejo
Balsas

Pilõe
PE

a
a
o

lg o
eir

z in
rga

ho
j az
te
Ca

Ba

Laranjeiras
TO
Vo

!5 São Raimundo Nonato


lt a
Ri
o

ac
ar
Cl

la
Pane
o

AL
Paraim
e
ent

uz
Cr
Qu

Curimatá

BA
ua

N
Ág

Palmeiras SE

Figura 63. Unidades Hidrográficas da RH Parnaíba e principais cidades

Balanço HÍDRICO quali-quantiTATIVO Gurguéia (Serra de Bom Jesus do Gurguéia), que drenam grandes áreas loca-
lizadas no semiárido.  Isso justifica a presença de microbacias com criticidade
Essa bacia apresenta grandes diferenças interregionais, tanto em ter- quantitativa e qualitativa, pois, além de a capacidade de assimilação de car-
mos de desenvolvimento econômico e social quanto no que se refere à dis- gas orgânicas pelos corpos d’água ser baixa, o esgoto geralmente é lançado
ponibilidade hídrica. A baixa oferta de água, aliás, tem sido historicamente sem tratamento nesses cursos de água.
apontada como um dos principais motivos associados ao baixo índice de de- O principal uso da água na região é a irrigação, responsável por 73%
senvolvimento econômico e social, sobretudo, nas áreas mais afastadas da da demanda hídrica, seguida do uso urbano, com 16% (Figura 66). A deman-
região litorânea, da Zona da Mata e do rio Parnaíba. Ocorre uma distribuição da para irrigação concentra-se na região de Tianguá, Ubajara e Coelho Neto
desigual dos recursos hídricos superficiais da bacia, pois a maioria dos afluen- (Figura 67), municípios que apresentam as maiores áreas irrigadas na região
tes da margem direita do Parnaíba, na região do Médio Parnaíba, tem caráter (Figura 68). Nas proximidades a esses municípios, assim como em grande
temporário, especialmente os rios Canindé e Piauí , Poti e cabeceiras do rio parte do Baixo Parnaíba, observam-se bacias com criticidade quantitativa,
Região Hidrográfica do Parnaíba 113
qualitativa e quali-quantitativa (Figura 64). Isso decorre da baixa oferta de Os maiores valores de carga orgânica doméstica remanescente são ob-
água superficial, associada a uma maior demanda, especialmente para irriga- servados em Teresina (28,7 t DBO/dia), Parnaíba (5,8 t DBO/dia) e Timon (5,5
ção, mas também para abastecimento urbano, nas proximidades de Teresina, t DBO/dia). Além de prejudicar os cursos de água, o lançamento de esgoto
Parnaíba e Esperantina, cidades mais populosas. A criticidade qualitativa na sem tratamento prejudica as águas armazenadas em reservatórios artificiais,
região de Teresina decorre da degradação da qualidade da água, em função característicos das regiões semiáridas. Somente 12 sedes municipais dessa
do lançamento de efluentes domésticos e práticas inadequadas de disposi- RH possuem algum tipo de tratamento de esgoto, a exemplo de Teresina,
ção de lixo urbano. Segundo dados do SNIS (MCid, 2012), o índice de coleta Picos, Guadalupe e Crateús. Apesar disso, essas 12 sedes municipais ainda
de esgoto na RH é de 18% (o menor dentre as doze regiões hidrográficas). O contribuem com 35% da carga total de DBO produzida na RH.
tratamento desse esgoto coletado é alto (98%); porém, não significa avanços,
uma vez que o tratamento se refere apenas ao esgoto coletado, cujo índice
é muito baixo.

satisfatório
criticidade qualitativa N
criticidade quantitativa
criticidade quali-quantitativa

Figura 64. Criticidade quali-quantitativa nas microbacias da RH Parnaíba (em 2010)


114 Região Hidrográfica do Parnaíba

Figura 65. Carga orgânica remanescente nos municípios da RH Parnaíba (em 2008)
Região Hidrográfica do Parnaíba 115
Parnaíba

M ag u

Longá
i
Burit
Gameleira
Jacaraí

Grande
Arabé
!. Principais cidades Piripiri

Inhuç
RH Parnaíba Matos

Maratoã

u
Retirada total de água na microbacia (m³/s)

ra

Piau
0,000000 - 0,005000

va

Jenipapo

pi
TERESINA Timon Jat
o

Ca
0,005001 - 0,100000 Crateús

s
do
Es
0,100001 - 0,250000 q

nu
Ca ui
is si

Ca
to

Juca
0,250001 - 0,500000 ti
Po

0,500001 - 3,000000 oN
i co
lau

Sam
3,000001 - 3,929895 Fundo
ão

bito
Berle
ch a
R ia er
p
Ta

ngas
Floriano
no

e
ga

nt
En

Croatá
r re
N ev e l
ça
Prata
s
Ma

Co
Ca
ch Ita Picos
oe im

Mosele
ira
atá

Mucaitá
Sang

im
Cur

Canind
Tranqueira
Balsas ca
ue

o Uí Simões
rm
Ca

é
do

Jo
a

la

r
ira
lt

fo

ge
ixo
Vo

Es

Ba
Balsinhas

e
t
ren

Itau
Estiv

Gurguéia

Pi
Co r

au
eto

Fi
a

da
Brejo
Uruçuí Pr
Balsas

lg
Larg

o
eira

ira

Pi l õ
e le
a

m
te

Ga
Cajaz

es
Ba
San
t'An

Laranjeiras
Poç
ho

o
a
zin

h Vo
on
o
o

ço

ed lta
Parnaíb

Ri

en

M
ur
Ri
o

ha

Lo
ac
ar
Cl

in

o
a
aib


o
rn

Panela
Pa

Uruçu

Cu
nt e

í-verm

rim uz
at Cr
ue

á
N
Q

elho
ua
Ág

raim
Pa

Figura 66. Demanda total de água na RH Parnaíba (ano-base 2010)


116 Região Hidrográfica do Parnaíba

40°W

Parnaíba
!.

Piripiri
!.

Timon
!. Crateús
!.

Floriano
!.
Picos
!.

Balsas
!.

RH Parnaíba
Principais cidades
10°S

10°S
Vazão de retirada máxima nos
meses com irrigação (m³/s)
0,000000 - 0,010000
0,010001 - 0,100000
N
0,100001 - 0,250000
0,250001 - 0,500000
0,500001 - 1,000000

40°W
Figura 67. Demanda de água para irrigação na RH Parnaíba (ano-base 2012)
Região Hidrográfica do Parnaíba 117
Eventos Críticos

Situações de escassez de água


são frequentes na região, durante o
prolongado período seco, caracterís-
tico do semiárido brasileiro. Em 2013,
239 municípios (16% do total nacional)
decretaram situação de emergência
por motivo de seca. Alguns municípios,
como, por exemplo, Quiterianópolis,
Tamboril, Caridade do Piauí, Lagoa do
Barro do Piauí e Ararendá, vem sen-
do repetidamente afetados pela seca,
apresentaram 12 eventos de seca en-
tre 2003 e 2013 (reconhecimento, pela
União, de situação de emergência ou
estado de calamidade pública, devido à
seca nesses municípios).
A seca severa que vem enfren-
tando o Nordeste Brasileiro, desde o
ano de 2012, além de impactar a zona
rural, atingiu também o abastecimento
de muitas sedes urbanas. Na RH Parna-
íba, segundo dados da Operação Seca,
o abastecimento de, aproximadamen-
te, 13% das sedes municipais apresen-
tou racionamento, no ano de 2013.
Essas sedes estão localizadas, principal-
mente, na porção leste da RH. Diversas
ações emergenciais vêm sendo realiza-
das e planejadas nas sedes afetadas.
Dentre elas, destacam-se a distribuição
de água, por meio de carros-pipa e a
perfuração de novos poços.

Figura 68. Área irrigada na RH Parnaíba (ano-base 2012)


118 Região Hidrográfica do Parnaíba

Principais cidades
Parnaíba
Unidade Hidrográfica
RH Parnaíba

Ocorrência de secas entre 2003 e 2013


1
2
3 Piripiri
!.
4
5
Entre 6 e 10
TERESINA Timon
Acima de 10 !. Crateús
!.

Floriano
!.
Picos
!.

Balsas
!.

CE

PE

Figura 69. Ocorrência de eventos de seca no período de 2003 a 2013


Região Hidrográfica do Parnaíba 119
Infraestrutura de abastecimento urbano
de água

Mais de 90% da bacia do rio Parnaíba é formada por ba-


cias sedimentares com grande potencial aquífero. Estes aquífe-
ros (Figura 70), em especial, o Serra Grande (24 m³/s de reserva
potencial explotável), Cabeças (15 m³/s) e Poti-Piauí (182 m³/s),
são do tipo poroso e se caracterizam pela boa e regular poro-
sidade e permeabilidade. Os aquíferos da região apresentam
o maior potencial de exploração da região Nordeste e podem,
se explorados de maneira sustentada, representar um diferen-
cial, no que se refere à possibilidade de promover o desenvol-
vimento econômico e social. Devido à farta disponibilidade
de águas subterrâneas e à grande presença de municípios de
pequeno porte, 73% das sedes urbanas são abastecidas pro
sistemas com captação, exclusivamente em poços (Figura 71),
predominando, portanto, os sistemas isolados, presentes em
quase todas as sedes urbanas. A capital Teresina utiliza poços
de forma complementar, pois tem como principal fonte hídrica
o rio Parnaíba.
Na RH Parnaíba, assim como em outras bacias nordes-
tinas, é observada uma boa quantidade de reservatórios de
regularização. Desses, treze açudes têm capacidade de arma-
zenamento maior que 100 hm3, e estão localizados principal-
mente na porção leste da RH. É também nessa porção da RH
Parnaíba que estão situados os sistemas integrados de maior
destaque: os sistemas adutores de Garrincho e Poço Marruá,
que beneficiam 14 sedes urbanas no Piauí, e o sistema de Ibia-
paba, que atendem oito cidades no estado do Ceará, sendo
cinco na RH Parnaíba.
Visando contornar os episódios de escassez hídrica na
porção leste da RH, estão em construção ou planejados im-
portantes sistemas integrados que consideram a exploração
de mananciais superficiais e que promoverão o abastecimen-
to hídrico para sedes urbanas localizadas, em sua maioria, na
região caracterizada pela presença predominante do aquífero
fraturado, de baixo potencial hidrogeológico (Figura 71).
A ANA definiu um Marco Regulatório, expresso por meio
de uma resolução conjunta entre a ANA e as secretarias dos
estados do Ceará e Piauí, em 5 de dezembro de 2006, que esta-
beleceu critérios para implantação de novos açudes nas bacias
dos rios Poti e Longá, além de definir a partição da disponi-
bilidade hídrica proporcionada pelos açudes entre os estados, Figura 70. Aquíferos da RH Parnaíba
notadamente nas regiões de fronteira entre eles. No Marco
Regulatório, foi prevista, em especial, a compatibilização dos
novos projetos com a infraestrutura atual, de modo a garantir
atendimento adequado aos usos de recursos hídricos atuais e
previstos para a bacia, garantindo também a sustentabilidade
hídrica dos reservatórios, de modo que estejam dimensiona-
dos de forma compatível às disponibilidades hídricas da bacia.
120 Região Hidrográfica do Parnaíba

Figura 71. Fontes hídricas e Infraestrutura de abastecimento urbano de água


Região Hidrográfica do Parnaíba 121

Figura 72. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Parnaíba

PRINCIPAIS TEMAS NA RH PARNAÍBA rizado pela forte intermitência das chuvas e dos rios e baixa precipitação mé-
dia anual (1.064 mm), em relação à média nacional (1.761 mm), são comuns
TEMA 1: BAIXA OFERTA HÍDRICA E ABASTECIMENTO URBANO E TEMA e recorrentes os eventos críticos de seca, levando à decretação de situação
3: EVENTOS CRÍTICOS DE SECA de emergência ou de calamidade pública em grande parte dos municípios da
Por estar em grande parte localizada no semiárido brasileiro, caracte- região, todos os anos (82 municípios tiverem pelo menos 5 eventos de seca,
122 Região Hidrográfica do Parnaíba

entre 2003 e 2012). Associada à criticidade climática, a baixa oferta hídrica cidade quantitativa, qualitativa e quali-quantitativa. Isso decorre da baixa
superficial (379 m³/s, cerca de 0,5% da disponibilidade hídrica nacional, de oferta de água superficial, associada a uma maior demanda, especialmente
91.071 m³/s) torna crítico o abastecimento urbano nessa parte da RH, onde para irrigação (municípios com grandes áreas irrigadas: Coelho Neto, Tian-
se localizam os municípios que requerem novos mananciais, segundo o Atlas guá e Ubajara, entre outros). Além da utilização de grande quantidade de
Brasil de Abastecimento Urbano (ANA, 2010). Os sistemas adutores, açudes água na busca da otimização e aumento da produção, decorre da atividade
e barragens cumprem importante papel na segurança hídrica da bacia e na de agropecuária, predominante na maioria da região, a poluição das águas
convivência com os efeitos da seca. armazenadas nos lagos e reservatórios da região por insumos agrícolas,
como fertilizantes e agrotóxicos. Fazem-se necessários o controle e a fisca-
TEMA 2: POTENCIAL HIDROGEOLÓGICO e ABASTECIMENTO URBANO lização de seu uso.
Mais de 90% da bacia do rio Parnaíba são formados por bacias sedi- A demanda para o abastecimento urbano é importante, nas proximi-
mentares com grande potencial aquífero, representados, principalmente, pe- dades de Teresina, Timon, Parnaíba, cidades mais populosas da bacia. A ele-
los aquíferos Serra Grande (24 m³/s de reserva potencial explotável), Cabeças vada carga orgânica remanescente (entre 6 e 28 ton DBO/dia), na região de
(15 m³/s) e Poti-Piauí (182 m³/s), caracterizados pela boa a regular porosidade Teresina e Timon, decorre do lançamento de efluentes domésticos e práticas
e permeabilidade. Disso decorre o predomínio, em especial, no Alto e Médio inadequadas de disposição de lixo urbano e contribui para criticidade quali-
Parnaíba, dos sistemas de abastecimento com captação em poços, observa- tativa observada na capital. Nos principais centros urbanos, como Teresina,
dos em cerca de 73% dos municípios da região. Estes mananciais subterrâ- Crateús, Parnaíba, Balsas, Bom Jesus, entre outros, é importante implemen-
neos contribuem para a segurança hídrica destes municípios, visto que, dos tar, ampliar e melhorar os sistemas de tratamento de esgotos domésticos e
municípios que necessitam de novo manancial, apenas 35% são abastecidos industriais e controlar os despejos, tanto sólidos, quanto líquidos, de forma a
por sistemas de captação em poços. Os aquíferos da região podem, se explo- evitar a degradação cada vez mais acentuada dos recursos hídricos.
rados de maneira sustentada, representar um diferencial no que se refere à
possibilidade de promover o desenvolvimento econômico e social. TEMA 7: USOS MÚLTIPLOS
Na região costeira, é fundamental a parceria entre os segmentos da
TEMA 4: BALANÇO HÍDRICO CRÍTICO, TEMA 5: IRRIGAÇÃO E TEMA 6: rizicultura, da cata de caranguejos, da carcinocultura e do turismo local para
CARGA ORGÂNICA REMANESCENTE ELEVADA implementar a política de recursos hídricos, de maneira que o desenvolvi-
Em grande parte do Baixo Parnaíba, observam-se bacias com criti- mento econômico regional se dê de maneira sustentável.
Região Hidrográfica do Parnaíba 123

Lagoas naturais – Osório - RS – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA


124 Região Hidrográfica do São Francisco

10DO SÃO FRANCISCO


Região Hidrográfica

Pão de Açúcar e Rio São Francisco – AL - Zig_Koch – Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica do São Francisco 125

Foz do Rio São Francisco – SE - Zig Kock/Banco de Imagens ANA

A Região Hidrográfica São Francisco possui aprox. 638.466 km2 de semiárida têm população superior a 100.000 habitantes: Petrolina/PE, Arapi-
área (7,5% do território nacional), abrangendo sete Unidades da Federação: raca/AL e Juazeiro/BA.
Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás, e Distrito Federal. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH São Fran-
O Rio São Francisco nasce em Minas Gerais, na Serra da Canastra e chega a cisco é de 1.003 mm, muito abaixo da média nacional, que é de 1.761 mm. A
sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de disponibilidade hídrica superficial da RH é de 1.886 m3/s, o que corresponde a
2.800 km de extensão. A região engloba parte da Região do Semiárido, que 2,07% da disponibilidade superficial do país (91.071 m³/s). A vazão média é de
corresponde, aproximadamente, a 58% do território da RH. 2.846 m³/s, correspondendo a 1,58% da vazão média nacional (179.516 m³/s),
Essa Região Hidrográfica está dividida em quatro unidades hidrográ- e a vazão de retirada (demanda total) é 278 m³/s (9,8% da demanda nacional).
ficas: Alto São Francisco, Médio São Francisco, Sub-médio São Francisco e A RH possui uma vazão específica de 4,5 L/s/km2 e um volume máximo
Baixo São Francisco. Os principais rios da região são o São Francisco (2.637 de reservação per capita de 5.183 m3/hab, maior do que o volume máximo
km), das Velhas (689 km), Grande (502 km), Verde Grande (458 km), Paracatu de reservação per capita para o país (3.596 m3/hab.).
(448 km), Urucuia (381 km), Paramirim (345 km), Pajeú (333 km), Preto (315 A RH São Francisco engloba uma parte da região do semiárido nordesti-
km) e o Jacaré (297 km). no (figura 10.1), caracterizada por apresentar períodos críticos de prolongadas
A RH São Francisco possui 503 munícipios, sendo 452 com suas sedes estiagens, resultado de baixa pluviosidade e alta evapotranspiração, fazendo
inseridas no território da região. A população total da região, segundo dados que o Rio São Francisco desempenhe um importante papel nesta região.
do IBGE de 2010, é de, aproximadamente, 14,3 milhões de habitantes (IBGE,
Tabela 13. Caracterização da RH São Francisco
2010), cerca de metade localizada na região do Alto São Francisco (Tabela
10.1), onde está a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Caracteriza-se Sedes Pop.
Área Pop. Rural Pop. Total
por possuir população predominantemente urbana, representada por 77% Bacia Hidrográfica municipais Urbana
(ha) (nº) (nº)
(nº) (nº)
do total de seus habitantes. A densidade populacional média na RH São Fran-
Alto São Francisco 100.085 151 6.706.784 368.803 7.075.587
cisco é de 22,4 hab./km2, igual à média brasileira.
Médio São Francisco 402.491 156 2.189.862 1.349.447 3.539.309
Dentre as cidades com população acima de 50.000 habitantes (IBGE,
Sub-médio 110.473 73 1.340.371 893.532 2.233.903
2010), destacam-se: Belo Horizonte/ MG (2.375.151 hab.), Petrolina/PE
São Francisco
(293.962 hab.), Juazeiro/PE (197.965 hab.), Barreiras/BA (137.427 hab.),
Baixo São Francisco 25.417 72 775.351 665.803 1.441.154
Paracatu/MG (84.718 hab.), Serra Talhada/PE (79.232 hab.), Pirapora/MG
RH São Francisco 638.466 452 11.012.368 3.277.585 14.289.953
(49.970 hab.) e Penedo/AL (52.385 hab.). Somente três Municípios da região Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)
126 Região Hidrográfica do São Francisco

50°W 45°W 40°W 35°W


RN
CE
PB
Região Hidrográfica
São Francisco
PA Serra Talhada
!.
PI
MA PE

jeú
Pa
Petrolina Juazeiro
!.
Pão de Açúcar
!. AL
Legenda
Ja
10°S

c aré
Penedo Semi Árido Nordestino
TO !.
Sa Xique-Xique SE
pão Estado
Preto !.

RH São Francisco

e
Morpará

nd
ra
!.
Principais cidades
BA G
Barreiras Ibotirama
a!.s !. Rios principais
Fême

Pa
ram
Unidade Hidrográfica

irim
Meio te Bom Jesus da Lapa
r en SAO FRANC ALTO
Cor .!
SAO FRANC BAIXO
co
ncis

SAO FRANC MEDIO


ari
Fra

gu
Ita
São

SAO FRANC SUB-MEDIO


15°S

Urucuia
Januária
GO !.
Verde Grande

DF
tu
a
rac
Pa

Paracatu
!. Pirapora
!.
ro
Cla

Três Marias
MG !.

ES
N
Belo Horizonte
!.
20°S

Sa

Ve
lha
m
bu

s

SP

RJ

Figura 73. Unidades Hidrográficas da RH São Francisco e principais cidades

DEMANDAS HÍDRICAS CONSUNTIVAS Irrigação


Estima-se uma área total irrigada de 626 mil hectares (ano base 2012),
A demanda total na região é de 278,8 m³/s de vazão de retirada, re- correspondendo a 10,9% dos 5,8 milhões de hectares irrigados no Brasil. A
presentando 9,8% da demanda nacional (ano-base 2010). A região do São Figura 74 apresenta os municípios com perímetros públicos em operação na
Francisco caracteriza-se por um predomínio claro das vazões de retirada para bacia, que totalizam 467 mil hectares, sendo 162 mil hectares de área im-
irrigação (213,7 m³/s) em relação aos demais usos, representando 77% do plantada (ano base 2011). Destacam-se as cidades de Juazeiro e Petrolina
total de demandas da Região. Em seguida, vem a demanda urbana, com 31,3 (perímetros irrigados para fruticultura), o Pólo de Barreiras, no Oeste Baiano
m³/s (11%), concentrada principalmente na Região Metropolitana de Belo (produção de soja) e a bacia do Rio Preto/Paracatu como principais áreas de
Horizonte e a demanda industrial com 19,8 m³/s (7%). A demanda animal da irrigação da região.
região é de 10,2 m³/s (4%) e a rural, de 3,7 m³/s (1%). Nessas duas últimas, observa-se uma alta concentração de pivôs instala-
dos, especialmente nos municípios de Paracatu, onde ocupam cerca de 38 mil
Região Hidrográfica do São Francisco 127
hectares, e em São Desidério e Barreiras, com cerca de 24 mil hectares (Figu- A Região tem um alto índice de atendimento urbano de água, com
ra 74). A expansão da irrigação na Região (aumento de 26% na área irrigada, 98,5% da população urbana tendo acesso à rede de água (MCid, 2012). Em
quando comparadas as estimativas de 2006 e 2012) levou a fortes impactos termos de coleta e tratamento de esgotos, que repercute diretamente na
sobre os recursos hídricos e disputas entre usuários nos afluentes do Paracatu, saúde da população e na qualidade da água, ainda segundo o SNIS (MCid,
na sub-bacia do Alto Preto, do rio Verde-Grande, do Rio Grande e Salitre. Cabe 2012), 62% do esgoto produzido são coletados e 63% do esgoto coletado
ressaltar que o referido aumento reflete não somente o incremento da área na RH são tratados. Entretanto, municípios como Barreiras e Paulo Afonso
irrigada como também a melhoria da informação para a região. coletam apenas 7% e 6% do esgoto gerado, respectivamente. Já o município
de Sete Lagoas coleta 95% do esgoto gerado; porém, só trata 15% do esgoto
Saneamento coletado.
Os grandes conglomerados urbanos têm conseguido melhores resul- Na região do semiárido, tanto a população urbana quanto a rural re-
tados no setor de saneamento. Os altos índices de atendimento na bacia querem atenção especial. No que se refere ao tratamento de esgotos sanitá-
estão concentrados no Alto São Francisco, fato este explicado pela presença rios, a presença de rios intermitentes dificulta a diluição dos efluentes, e, no
da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os menores índices estão con- que se refere ao abastecimento de água, a ausência de fontes hídricas, com
centrados em localidades menores que 30.000 habitantes. garantia de qualidade e quantidade, dificulta o atendimento à população e
causa insuficiência de água em períodos críticos.

Figura 74. Área irrigada, perímetros públicos de irrigação e concentração de pivôs centrais na RH São Francisco
128 Região Hidrográfica do São Francisco

GERAçãO HIDRELéTRICA PCHs previstas para a Região, que estão em fase de projeto básico ou de es-
tudo de viabilidade (Figura 75). No contexto de usos múltiplos da água, esses
A Região do São Francisco tem importante papel na geração de energia aproveitamentos, construídos para geração de energia, também são usados
elétrica, cujo potencial hidrelétrico instalado, em 2013, era de 10.708 MW para abastecimento, lazer e, principalmente, irrigação, além de contribuir
(12% do total instalado no País). A Região possui 40 aproveitamentos hi- para a garantia de vazão com maior regularidade à navegação.
drelétricos em operação: 28 PCHs, que contribuem com 140 MW e 12 UHEs, Em função da seca que vem acontecendo na bacia, nos últimos anos,
responsáveis pela geração de 10.568 MW (Figura 75). Destacam-se, em ter- a ANA publicou a Resolução nº 442, em 8 de abril de 2013, a pedido da
mos de potencial outorgado, as usinas de Xingó (3.162 MW), Paulo Afonso IV Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), estabelecendo a redução
(2.462 MW), Luiz Gonzaga (1.479 MW) e Sobradinho (1.050 MW). O aprovei- temporária da descarga mínima defluente nos reservatórios de Sobradinho e
tamento hidrelétrico do Rio São Francisco representa a base de suprimento Xingó, de 1.300 m³/s para 1.100 m³/s. Em 2 de maio de 2014, a ANA publicou,
de energia da região nordeste. Cabe ressaltar que existem ainda 9 UHEs e 76 no Diário Oficial da União, a Resolução ANA nº 680/2014, que prorroga para
até 31 de julho daquele ano a redução definida anteriormente.

Figura 75. Aproveitamentos Hidrelétricos e Hidrovias na RH São Francisco


Região Hidrográfica do São Francisco 129
Navegação O São Francisco permite navegabilidade durante todo o ano, embo-
ra com profundidade variável, em virtude do regime de chuvas. O rio São
Segundo o Relatório Técnico para a bacia do São Francisco, do Plano Francisco apresenta dois principais trechos navegáveis: o primeiro, de 1.312
Nacional de Integração Hidroviária, da ANTAQ (2013), a Hidrovia do São Fran- km, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), e o segundo, com 208 km, entre
cisco é composta por treze rios: Rio Pará, Rio Verde Grande, Rio das Velhas, Piranhas (AL) e a Foz. Neste trecho, as embarcações que mais navegam são
Rio Indaiá, Rio Jequitaí, Rio Paraopeba, Rio Urucuia, Rio Abaeté, Rio Cari- as pesqueiras, já que o transporte de cargas é pouco utilizado. A eclusa de
nhanha, Rio Paracatu, Rio São Francisco, Rio Grande e o Rio Corrente. Estes Sobradinho permite a ligação entre Pirapora (MG) aos portos fluviais da divi-
três últimos são considerados os rios principais, sendo que o transporte nos sa entre a Bahia e Pernambuco, localizados em Petrolina e Juazeiro. A jusante
Rios Grande e Corrente é feito apenas por embarcações de médio e peque- de Juazeiro, existem cerca de 150 km, até Santa Maria da Boa Vista (PE), com
no porte (Figura 75). Segundo a Administração da Hidrovia do São Francisco características não muito favoráveis à navegação. Aos trechos navegáveis do
(AHSFRA), as cargas com perfil hidroviário que transitam pela hidrovia são: São Francisco se podem acrescentar outros 680 km de seus afluentes (Rio
soja em grãos, milho, farelo de soja, gipsita e polpa de tomate. Paracatu – 104; Rio Corrente – 120; Rio Grande – 366; Rio das Velhas – 90).

UHE Xingó – AL - Zig Kock/Banco de Imagens ANA


130 Região Hidrográfica do São Francisco

RN

CE

PB
MA

PI Santa Cruz
!.
Afrânio PE
!. Belém de São Francisco
!.

PetrolinaJuazeiro Paulo Afonso


!. !. AL
Arapiraca
!.

SE

TO
Barreiras
!.

BA

GO Oceano Atlântico

Formosa
!.
DF

MG
Montes Claros
!.

RH São Francisco
Unidades Hidrográficas
Sete Lagoas
!. Perimetro do Semiárido Nordestino
Ribeirão das Neves Vespasiano ES
!.
Ibirité!.Betim !. !. Ocorrência de SE ou ECP devido à seca
Divinópolis !. !.!. !. Sabará
!. Contagem entre 2003 e 2013
Conselheiro Lafaiete
1
!. 2
SP
N 3
4
5
entre 6 e 10
RJ
acima de 10

Figura 76. Municípios com registro de ocorrência de secas ou estiagens entre 2003 e 2013
Região Hidrográfica do São Francisco 131
Eventos críticos em 2013 pelo restante do atendimento, utilizam captações a fio d’água ou mananciais
subterrâneos.
Situações de escassez de água são frequentes na região, durante o pro- Atualmente, a principal obra de abrangência regional em andamento
longado período seco, característico do semiárido brasileiro. Em 2013, 276 é o Projeto de Integração do Rio São Francisco com bacias hidrográficas do
municípios (61% dos municípios da RH) decretaram situação de emergên- Nordeste Setentrional – PISF – , que prevê captação de água em dois pontos
cia por motivo de seca. Na região, 206 municípios apresentaram mais de 10 do rio São Francisco: Cabrobó a jusante do lago de Sobradinho, dando início
eventos de seca, entre 2003 e 2013, e alguns municípios, como por exemplo, ao eixo Norte e a barragem de Itaparica, município de Floresta/PE, dando
Belém do São Francisco, Santa Cruz e Afrânio, vêm sendo repetidamente afe- origem ao eixo Leste. Nos estados beneficiados pelo PISF (PE, RN, PB e CE),
tados pela seca, apresentando mais de 20 eventos de situação de emergência estão em andamento obras complementares decorrentes da implantação da
ou estado de calamidade pública, devido á seca, entre 2003 e 2013 (Figura transposição, que permitirão interligações diretas de sistemas adutores aos
76). Eixos previstos e promoverão maior segurança hídrica aos rios e açudes uti-
A seca severa que vem enfrentando o Nordeste Brasileiro, desde o ano lizados como mananciais para abastecimento urbano de diversas cidades ou
de 2012, além de impactar a zona rural, atingiu também o abastecimento para usos múltiplos.
de muitas sedes urbanas. Na RH São Francisco, segundo dados da ANA (re- Visando contornar os episódios de escassez hídrica na porção leste do
ferente aos anos de 2012 e 2013), o abastecimento de, aproximadamente, estado do Piauí, estão em elaboração os estudos de viabilidade técnica, so-
21% das sedes municipais apresentou racionamento ou esteve em estado de cioeconômica e ambiental do Eixo Oeste da transposição do rio São Francis-
alerta no ano de 2013. Diversas ações emergenciais vêm sendo realizadas e co. O traçado proposto se iniciaria no reservatório de Sobradinho e se destina
planejadas nas sedes afetadas. Dentre elas, destacam-se, a distribuição de a alimentar os rios Piauí e Canindé, no sudeste do Piauí, a mais crítica em
água, por meio de carros-pipa, e a perfuração de novos poços. termos de escassez de água e desenvolvimento nesse estado.

Infraestrutura hídrica para abastecimento de água Infraestrutura hídrica para abastecimento de água

A região semiárida ocupa cerca de 57% da área da RH São Francisco, Está também em elaboração o estudo de viabilidade e anteprojeto do
abrange 218 municípios na região e, apesar de situar-se majoritariamente Canal do Sertão Baiano, que é a atual denominação do Eixo Sul da transpo-
na região Nordeste do país, alcança um trecho importante do norte de Mi- sição de águas do rio São Francisco para as bacias hidrográficas do Tatatuí,
nas Gerais. No semiárido nordestino, para se garantir a segurança hídrica e o Salitre, Itapicuru e Jacuípe, no estado da Bahia. A captação do Eixo Sul está
abastecimento de água de sedes municipais, é muito comum o emprego dos sendo estudada, existindo a princípio duas alternativas: uma seria no lago
sistemas integrados, que atendem a mais de uma cidade. Na RH São Francis- da barragem de Sobradinho e a outra da jusante da barragem, próximo à
co, esse tipo de sistema produtor é utilizado, principalmente, nas bacias do captação do Projeto de Irrigação do Salitre, e se desenvolve ao longo de 370
Sub-médio e Baixo São Francisco. Dentre os sistemas integrados da região, km, até atingir a barragem de São José do Jacuípe, na bacia do rio Paraguaçu.
destacam-se: as adutoras Guanambi e Feijão, na Bahia; Oeste e Pajeú, em Percebe-se que toda essa infraestrutura existente e planejada conso-
Pernambuco; Alto Sertão, Agreste e Bacia Leiteira, em Alagoas, e Alto Sertão lida a Região Hidrográfica do Rio São Francisco como centro geográfico, a
e Sertaneja, em Sergipe. Todos esses sistemas têm como principal manancial partir do qual se irradiam as intervenções que objetivam trazer segurança
o rio São Francisco, e alguns atendem a cidades externas à RH São Francisco. hídrica aos estados nordestinos.
Além de se constituir a principal fonte de abastecimento de água do sertão
de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, o rio São Francisco é também res-
ponsável pelo atendimento de várias sedes localizadas próximo às suas mar-
gens, em todos os estados que ele corta.
O aproveitamento dos mananciais, por meio de sistemas integrados,
é também empregado na maioria das regiões metropolitanas do país. Na
RH São Francisco, está localizada a Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), que possui 34 municípios e concentra cerca de 30% da população
do estado de Minas Gerais. Nessa RM, o atendimento é feito, predominante-
mente, por sistemas integrados que têm capacidade para atender a aproxi-
madamente, 80% da população. Pelo porte, na RMBH, destacam-se os siste-
mas integrados Paraopeba e o Rio das Velhas. O sistema Paraopeba resulta
da reunião de 3 sistemas produtores, com captações nas barragens dos rios
Vargem das Flores, Serra Azul e Manso. Os sistemas isolados, responsáveis
132 Região Hidrográfica do São Francisco ap

Rio Iting
h

an
icu

m
oC

onga
ru

de
PI/CE Ri

cu
e

ua
ú ti r ib

re s

uA
ja Po
ra buiú gua

Fl o
o CE ana

so
o
G Ri R io
B Ja
Ri o

nh a
Ri

R io
Rio So i

i
oteng

od

P ir a
Rio P

Ap
nte
arim
Rio Tocantins
roró

o
re

R io
Ri
or
e
ia RN

Rio M
Ri

oC
g ua Rio oS
ra er

Ri
C idó
oA an
in d
Ri é
Rio G s má
ua
a lsa PB
s

ú
B
as xia

aje
a

í
d
Ca

Rio Piau
um a
Rio SI N aíb

-P
Ri
o r ic Par

riá
Pe -O ú io greste

N
aje

a
R

Pi
es SIN - A
Rio Ac
o
Rio V

Ri

SI
ir o
naíb
te -P

io

á
F)

R
reste

g ue

tob
PI SI
N

Rc h
- Ag
Reio

IS

Par
çu SIN Ri

- Ja
a rá
ria (P

S al
rmelh

. do
im Tu e oU
st
Moju

Cap PE
Rio

i
na

uru ema
o

ia
rup
Ri Le

SIN
-
PA Ri o

SIN
Do
xo
o

Gu

raú

n
Ei

u rg

Ri o Ipa
r me
PI/CE

a
Rio

oG

Ac
Rio Curaç Longa
Rio

n te

oC
é

Ri
Ri

ar
Sa
PI/CE

Rio
Rio
oF

nd
ran
Ri

R
Pi
MA

io
Ri cis
oA

Rio
Mun
io
o co

C
R
Ita ró

or
TO Ri
ru
Rio das Bal

á
ho

ur
pic o AL
Rio Iting
an

re im

ip
ur Va C

Ri

e
o
de

PI/CE Ri

a lit
no u z

cu
o So a-

oV
e
ua

d ba
ti r ib

S

re s

uA
Rio
aj Po rri

er d
iú a

Rio
r Rio s abu agu
a

Fl o
o Itapicuru CE

so
G i Ban

e
R
sas

Rio Preto
Ri
o SE i o J

SI
R o

nh a
Ri

R io
Rio So

de

i
an

-F

od

P ir a
o
Gr Rio P

s
ei

Ap
nte
ntana io Mearim

Ri

o
Ri
Rio Tocantins

oJ
roró

o
o
za

re

R io
Ri
ac
or
RN
Tere

aia Ri

oC

uíp
gu oS
ra BA Rio

e
er

Ri
C
anta

Rio Palma
R

A an idó
o in d
Ri é
Rio S

s
lsa

çu
PB
R
a

ú
io

sB
SIN - S

Rio Paragua

aje
uará da
Pa

í
ca
Rio G Rio Jequiri

Rio Piau
Rio SI N íba

-P
je

ara
ú

-O ú o P
Ri

N
aje gre
a

es SIN - A
Rio V

SI
ir o
naíb

te -P

á
F)

g ue

tob
o PI SI
N res

Rc h
na

a IS - Ag
Par

nh
ermelh

SIN Ri

- Ja
ara (P

S al
Para

. do
M o ha Rio de Contas e oU
R io os PE st
Rio

an

ma
ia

Le

SIN
-
rm nh

ari

SIN
R io

Do
o

ne
xo
o

GO F C
Ei
u rg

o
Ri Rio

pa
r me
oG

oI
Rio Curaç
Rio

n te

Ri
Ri

Sa
Ri oF
oP ran

R
io
Rio Goru

ar rd o cis
do Rio Pa co

C
or
TO Ri
Rio das Ba

á
DF

ur
Rio o AL

re

ip
Va
Ri

Co

e
a lit
o z
ru m Son a-
tuba

oV

Rio bá Ri o do ba
Pira o Ri S rri
er d

Rio
ca n Pr u Rio Itapic s
et at
e

uru
lsas

jub
a o ac Rio haPreto SE
SI

r on
Pa
s

de
N

Rio h
co

io Jeq itin an
-F
ar
Rio Piracanjuba

u u
R itai q Gr Rio Ita
M

ei

Ri
co

Je nhém

o
Ri Rio M
ao

oJ
o
nci s

Ri
za

ucuri
oS

ac
Rio Capitais
Tere

Fr a

Mu

uíp
Ri

cu
BA
no

í ba ri

e
Açudes > 10 hm3
Sao
So
anta

r na Rio Palma
ntana

Pa MG
do

Rio Suaçuí Grande


Ri o
R io d

Ri
Ri o
Rio S

o Limite Semiárido
u
Ri

Do
R
a

Rio Paraguaç
io
SIN - S

u ra
as V

á
Guar
Pa

Rio do ca
s Rio Rio Jequiri
je
e

Tiju
c

Rio
el h a

co Sistemas Integrados na RH Atl Leste:


Do

da Rio Manhuaçú
Pr a
o
Ri
s

ta N
o
Sistema Existente
na
Ri

ran
ha ES
oP
Para

Ma o ha Sistema
Rio de Contas Planejado
os
ara

Ri R io an
oS rm nh
ari
op
R io

o
ap GO F C Sistema em Obras
e

o
Ri Rio
ba

uc Rio Grande
ai
R io
R

Pa rtes Rio I
io

rd das Mo t abap
Tu

Figura 77. Infraestruturao hídrica para abastecimento RioRFrancisco


Rio de água na RH São oa
r v
Região Hidrográfica do São Francisco 133
Balanço hídrico e quali-
dade da água
RN

O balanço entre disponibili- CE


dade hídrica/demandas (captações
para consumo) e disponibilidade PB
MA
hídrica/diluição de efluentes apre-
senta-nos a disponibilidade de água
quantitativa e qualitativa, respecti- PI
PE
vamente, em condições satisfatórias
para os diversos usos.
Considerando-se o balanço hí- PetrolinaJuazeiro
!. !.
Paulo Afonso
AL
drico realizado (ANA, 2013), verificou- Arapiraca
!.
se que a RH São Francisco apresenta
algum tipo de criticidade em 43% da SE

extensão de seus rios (Figura 79). A


criticidade quantitativa é bastante
observada na área da RH, incluída no
TO
semiárido brasileiro, nos afluentes Barreiras
!.
da margem direita do São Francisco,
BA
como os rios Verde Grande, Paramirim,
Guariba e Salitre. Nessa região, predo-
minam os rios intermitentes, de cará-
ter temporário (Figura 78), o que jus- GO Oceano Atlântico
tifica a presença de microbacias com
criticidade quantitativa e qualitativa,
pois, além de a capacidade de assimi-
Formosa
lação de cargas orgânicas pelos corpos !.
DF
d’água ser baixa, o esgoto geralmente
é lançado sem tratamento nesses cur- MG
Montes Claros
sos de água. !.
Problemas qualitativos tam-
bém são observados no Alto São
Francisco, na Região Metropolitana
de Belo Horizonte, devido ao gran-
de lançamento de cargas poluidoras.
Apesar de 85% do esgoto coletado
pelo município de Belo Horizonte ser Sete Lagoas
!.
Ribeirão das Neves Vespasiano ES
tratado (MCid, 2012), 15% do esgoto Ibirité!.Betim
!.
!. !.
Divinópolis !. !.!. !. Sabará
gerado não é coletado. !. Contagem
RH São Francisco
Conselheiro Lafaiete
!. N Unidades Hidrográficas
SP Perimetro do Semiárido Nordestino

Rios intermitentes
Rios permanentes
RJ

Figura 78. Rios intermitentes na RH São Francisco


134 Região Hidrográfica do São Francisco

RN

CE

PB
MA
je ú
Pa

Br í
gi d

xo

a
PI Sã Mo
o
Pe PE
dr

ma
o

ne
Ipa
Ponta
l

PetrolinaJuazeiro Paulo Afonso


!. !. AL
Arapiraca
!.
o Ja
çã ca

en

re
d
Re

alit
s

SE

S
af

io
ss

Sa

R

Sa

ou
o Preto

uab
Verde


e
nd
ra

Gua
G
ro
TO de Janei

riba
Barreiras
Borá de Ondas !.

Pa
ra
a
lh

mi
Ve BA

rim
a
Sa n
d
Ro
to O
o
Mei nte
Gu

rre
nof
Co
ar

o
á

d
re

oj a
Arr Tamboril

o

d ão s
Pratu
cisc

GO o Oceano Atlântico
nh ari a
se

i nh
n

ud gu ha
Fra

at Ita rin
no

Pr Ca
São

m
e
Verde Grande

Gorutuba

Formosa
!.
DF Uru
c uia
Preto
MG
Montes Claros
Par !.
a cat
u
o

Velha
Son

Je
qu
nio

ita
s
ro

í
ntô
Cla

oA

s
Tiro
t
San

ado
Ar e Paraop
eba
RH São Francisco
Sete Lagoas Unidades Hidrográficas
!.
Ribeirão das Neves Vespasiano ES Perimetro do Semiárido Nordestino
!.
Ibirité!.Betim !. !.
Divinópolis !. !.!. !. Sabará
Sa

!. Contagem Principais rios


m
bu

Pa

!.
Conselheiro Lafaiete Balanço hídrico quali-quantitativo
SP satisfatório
N
criticidade qualitativa

criticidade quantitativa
RJ criticidade quali-quantitativa

Figura 79. Balanço hídrico quali-quantitativo nas microbacias da RH São Francisco


Região Hidrográfica do São Francisco 135

Rio temporário – estrada para Serra Talhada – PE - Zig Kock/Banco de Imagens ANA

Qualidade da água Em virtude do regime de intermitência dos rios no semiárido, as cole-


tas de dados de qualidade de água, em boa parte dos rios da RH, só podem
A RH do São Francisco compreende várias redes estaduais que reali- ser realizadas nos períodos chuvosos. Nos pontos de monitoramento destes
zam o monitoramento sistemático da qualidade de suas águas, devido à sua corpos hídricos, a frequência de monitoramento em 2012 geralmente não
extensão e abrangência sobre o território nacional. O monitoramento na RH passou de uma coleta por ano (Figura 80). É recomendada uma maior fre-
em 2012 foi realizado pelo IGAM, em MG, pela ADASA, no DF, pela Saneatins quência de coletas, durante o período chuvoso e, quando possível, para o
(TO), pela COGERH (CE) e pelo INGÁ e INEMA, na Bahia. De acordo com as período seco, nestes pontos de monitoramento de modo a aumentar a repre-
informações provenientes destas entidades, a distribuição destes pontos de sentatividade dos dados coletados.
monitoramento na RH é apresentada na Tabela 14e Figura 80. Os dados de monitoramento, explorados nesta análise serão aqueles
cujas frequências amostrais permitem o cálculo de um valor médio anual
Tabela 14. Monitoramento da qualidade das águas na RH do São Francisco
para os parâmetros de físico-químicos e biológicos. A Figura 10.9 apresenta
Pontos de Coletas em Frequência Média os valores médios do Índice de Qualidade da Água (IQA)1 para o DF e para
UF porção mineira da RH em 2012.
Monitoramento 2012 em 2012
Os dados de IQA disponíveis para a RH do São Francisco indicam pro-
BA 97 67 0,7
blemas com a qualidade da água no Alto São Francisco, sobretudo, na Região
CE 1 3 3
Metropolitana de Belo Horizonte (Figura 81). Estes pontos com IQA redu-
DF 16 65 4,1 zido representam principalmente córregos urbanos, com baixa capacidade
MG 316 1253 4 de assimilação e altas cargas poluidoras. A maioria destes corpos hídricos
PB 1 0 0 é utilizada para a diluição de esgotos (tratados ou não), não se prestando
PE 61 0 0 ao abastecimento humano. Entretanto, a intensa contaminação das águas
destes pequenos rios urbanos compromete a qualidade de vida nas cidades
TO 1 2 2
e representa verdadeiros riscos para a saúde da população local. Além disso,
As informações da Tabela 14 e da Figura 80 mostram como o moni- as cargas poluidoras geradas na região metropolitana acabam por compro-
toramento da qualidade da água varia entre as diferentes redes. A rede do meter a qualidade da água de corpos d’água a jusante, incluindo importantes
IGAM, no estado de Minas Gerais é a mais abrangente em termos de pontos mananciais para o abastecimento .
de monitoramento e frequência de coletas.
136 Região Hidrográfica do São Francisco

Frequência das coletas


2012

1 coleta/ano
2 coleta/ano
3 coleta/ano
N
4 coleta/ano
5 coleta/ano
Coleta mensal

Figura 80. Distribuição dos pontos de monitoramento na RH São Francisco


Região Hidrográfica do São Francisco 137

IQA Média 2012


Péssima (0-19)
Ruim (19-36)
Regular (36-51)
Boa (51-79)
Ótima (79-100)

Figura 81. Valores médios de IQA em 2012 RH do São Francisco


138 Região Hidrográfica do São Francisco

A carga de sedimento é apon-


tada como um dos maiores proble-
mas em relação à qualidade das
águas na RH do São Francisco. No
Alto São Francisco e em toda a por-
ção mineira da RH, verificam-se al-
tas concentrações de sólidos totais,
indicador relacionado ao processo
assoreamento (Figura 82). O assore-
amento tem reduzido os trechos na-
vegáveis no rio São Francisco, sobre-
tudo, aqueles situados a montante
do reservatório de Sobradinho.
O aporte de nutrientes que
desencadeiam a eutrofização é geral-
mente associado ao assoreamento
dos rios. As cargas destes nutrientes
tendem a se acumular nos reserva-
tórios, aumentando o potencial de
eutrofização e gerando risco de res-
trição de usos da água.
A Figura 83 mostra os valores
médios de fósforo total nos pontos
de monitoramento com mais de uma
coleta em 2012. O fósforo é um bom
indicador da poluição por efluentes
domésticos e de cargas difusas pro-
venientes das atividades humanas
conduzidas no meio rural. Os dados
disponíveis mostram altas concen-
trações de fósforo no Alto São Fran-
cisco, principalmente na RM de Belo
Horizonte.
O fósforo representa uma N
ameaça, especialmente aos ecossis-
temas aquáticos dos reservatórios,
por ser um fator importante para
processo de eutrofização.
Os sintomas da eutrofização
Figura 82. Sólidos totais na RH São Francisco
incluem a proliferação desenfreada
da flora aquática, que pode implicar em mortandade de peixes, dificuldades demanda, os reservatórios construídos para suprir os diversos usos sofrem
à navegação e operação dos reservatórios, comprometimento da qualidade fortes pressões, que, muitas vezes, repercutem negativamente na qualidade
da água para o uso humano, entre outros prejuízos. Na Figura 83, é possível da água. O papel estratégico dos açudes e reservatórios exige cuidados es-
observar altas concentrações de fósforo nas águas dos tributários do reser- peciais em relação à qualidade da água, principalmente no que se refere aos
vatório de Três Marias. risco de eutrofização destes mananciais.
Apesar da insuficiência de dados sobre o fósforo e outros indicadores __________________
da qualidade da água para o médio e o baixo São Francisco, é importante res- 3 Res. CONAMA 357/2005 estabelece, para fins de enquadramento dos corpos hídricos, os seguintes limites para o fós-
saltar a importância da gestão da qualidade da água, sobretudo na região do foro total: ≤ 0,02 (Classe 1), ≤ 0,03 (Classe 2) e ≤ 0,05 (Classe 3) para ambientes lênticos e ≤ 0,1 (Classes 1 e 2) e ≤ 0,15
(Classe 3) para ambientes lóticos.
semiárido. Neste cenário, com poucas alternativas de oferta de água e alta
Região Hidrográfica do São Francisco 139

Fósfoto Total Médio 2012


0,00 - 0,02 mg/L
0,02 - 0,03 mg/L
0,03 - 0,05 mg/L
0,05 - 0,10 mg/L
0,10 - 0,15 mg/L
Acima de 0,15 mg/L

Figura 83. Concentrações médias de fósforo total monitoradas na RH São Francisco


140 Região Hidrográfica do São Francisco

Baixo São Francisco (por se loca-


lizarem, preponderantemente,
no semiárido brasileiro, que é
caracterizado pela forte inter-
mitência das chuvas e dos rios
e pela baixa precipitação média
anual - 1.003 mm, em relação
à média nacional - 1.761 mm),
que levam à decretação de si-
tuação de emergência ou de
calamidade pública em grande
parte dos municípios na região,
todos os anos (206 municípios
da RH apresentaram mais de 10
eventos de seca, entre 2003 e
2013). A baixa disponibilidade
hídrica contribui para a criticida-
de quantitativa observada nessa
área. O abastecimento de água
dos municípios destas unidades
hidrográficas vem sendo comu-
mente garantido por sistemas
produtores integrados que têm
como principal manancial o rio
São Francisco.

TEMA 2: CARGA ORGÂNICA


REMANESCENTE ELEVADA E QUALI-
DADE DE ÁGUA

No alto São Francisco (sub


-bacias das Velhas e Paraopeba),
há problemas de qualidade de
água devido principalmente à
alta concentração populacional
da RM de Belo Horizonte, que,
apesar dos investimentos em
tratamento de esgotos nos úl-
timos anos, contribui para uma
elevada carga orgânica remanescente. Além disso, obser-
Figura 84. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH São Francisco
vam-se altos valores de fósforo e altas concentrações de sólidos totais, o que
indica grande risco de eutrofização e de assoreamento. A mortandade de
PRINCIPAIS TEMAS NA RH SÃO FRANCISCO peixes, dificuldades à navegação e operação dos reservatórios e o compro-
metimento da qualidade da água para o uso humano são alguns dos prejuí-
zos decorrentes.
TEMA 1: BAIXA OFERTA HÍDRICA, EVENTOS CRÍTICOS DE SECA E
ABASTECIMENTO URBANO TEMA 3: ALTA DEMANDA PARA IRRIGAÇÃO

Eventos críticos de seca são comuns e recorrentes no Sub-médio e O aumento da demanda hídrica para irrigação, que se concentra em
Região Hidrográfica do São Francisco 141
alguns municípios da RH (que também apresentam as maiores áreas irri- TEMA 4: POTENCIAL HIDROENERGÉTICO E NAVEGAÇÃO
gadas), pode acarretar em conflitos com os demais usos múltiplos. De 2006
a 2012, houve um aumento de 39% na área irrigada da RH. Destacam-se o A operação da barragem de Três Marias é determinante para a manu-
plantio da soja, milho e feijão, no Médio São Francisco, e o de frutíferas, na tenção das condições de navegabilida­de no trecho entre Pirapora e São Fran-
região do Sub-médio São Francisco (merece destaque também o cultivo de cisco - a oscilação brusca das vazões provoca a insta­bilidade dos bancos de
cana-de-açúcar, no município de Penedo/AL, no Alto São Francisco). Res- areia e impede que as rotas delineadas pela sinalização sejam confiá­veis. Entre
salta-se que estas culturas não são necessariamente irrigadas, mas são as Pirapora e Ibotirama, a navegação sofria contínuos reveses em virtude do in-
principais, em termos de área plantada (IBGE, 2012), sobressaindo-se nas tenso e continuado processo de assoreamento que o rio vem apresentando.
seguintes Unidades Hidrográficas: Quanto à barragem de Sobradinho, os seguintes conflitos envolvendo a
navegação foram evidenciados: a) No trecho superior de Sobradinho: ocorrência
• Médio São Francisco: Paracatu/MG, Unaí/MG, Brasília/DF, Buri- de intenso processo de assorea­mento formando o efeito delta, o que tornava a
tis/MG, Cabeceira Grande/MG, Guarda-Mor/MG, Barreiras/Ba, rota imprecisa, desacreditando a sinalização indicativa do canal de navegação e
Formosa do Rio Preto/Ba, Luis Eduardo Magalhães/Ba. Destaca- promo­vendo frequentes encalhes; b) A irregularidade da liberação de descar-
se ainda a cana-de-açúcar nos municípios de João Pinheiro/MG e gas pela barragem de Sobradinho: provoca contratempos para a navegação no
Paracatu/MG, e algodão herbáceo em São Desiderio/BA. trecho entre a barragem e as cidades de Petrolina e Juazeiro, uma vez que os
• Sub-médio Rio São Francisco: Petrolina/PE (cana-de-açúcar, man- níveis de água atingem, muitas vezes, valores incompatíveis com os calados das
ga, coco e uva) e Juazeiro/Ba (Maracujá, uva, goiaba, banana, coco, em­barcações; c) Aproveitamentos para geração de energia de­sencadeados com
além de milho e feijão). a construção da barragem também modificaram as condições de escoa­mento
no Baixo São Francisco, onde a nave­gação comercial praticamente desapareceu.
142 Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia

11
Região Hidrográfica
Tocantins-Araguaia

Rio Araguaia – GO – Rui Faquini/ Banco de Imagens da ANA


Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia 143
55°0'0"W 50°0'0"W 45°0'0"W
A Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia apresenta impor- '0"

tância no contexto nacional, pois se caracteriza pela expansão da


PA
fronteira agrícola, principalmente com relação ao cultivo de grãos, AP
Santa Isabel do Pará
Ananindeua
potencial hidroenergético. Belém!.
Castanhal
Abaetetuba
A RH possui uma área de, aproximadamente, 920 mil km²

á
Al
Cametá

ju
(10,8% do território nacional) e abrange os estados de Goiás (21%),

am
Aca
to

Mo

irim

!.

Gu
An
Prac

á-m
ap
Tocantins (30%), Pará (30%), Maranhão (4 %), Mato Grosso (15%) e o Tailândia

pu
u

r
Aca
Capim PA

a
An
Distrito Federal (0,1%). Grande parte se situa na região Centro-Oeste,

Tocantins
ajá
Arataú
Tucuruí Surubiju
desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até a sua confluên-

Pac
Ar
a ra
cia, e daí, para jusante, adentra na Região Norte até a sua foz. Jacundándeu
a
O Rio Tocantins nasce no Planalto de Goiás, a cerca de 1.000 eir
as
0"S
ajaz Tocantin
m de altitude, sendo formado pelos rios das Almas e Maranhão. Seu C
Itacaiú !.
Marabá
nas
s
Imperatriz
principal tributário é o Rio Araguaia (2.600 km de extensão), onde se aiú
na
s

ba s
PA ta c Parauapebas

elho
I

Tocantins
encontra a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. A extensão

ua pe
MA

ia
Verm

ua
ag
total do Rio Tocantins é de 1.960 km, sendo sua foz na Baía de Marajó,

P ar a

Ar
Farin
ha
Araguaína
onde também deságuam os rios Pará e Guamá. Maria Sere
no
A Região Hidrográfica possui 409 municípios; destes, apenas 384
Redenção
estão com as sedes municipais inseridas no seu território. A popula-

Mateiro
Manue
l
Inajá Alves
ção total da região é de, aproximadamente, 8,6 milhões de habitantes

aia
Grande

ins
gu
La
jea

ra
(IBGE, 2010). A maior parte da população (76%) se concentra nos cen-

nt
do Per

Coco A
Crista
did

Toca
li no
a
tros urbanos localizados, principalmente, na unidade hidrográfica do So PI
Paraíso do no
Tocantins. A densidade demográfica é de 9,3 hab./km², aproximada- 0"S
Tocantins
TO Palmas
o
lhã
mente, 2,5 vezes menor que a média brasileira, que é de 22,4 hab./km². Ta
pir Porto Nacional Ga

Formo
Javaés
ap Balsas

Ve Jaburu Riozinho
é
Estão destacadas na Figura 85 as principais cidades, com popu-

so
lação urbana maior que 40.000 habitantes (IBGE, 2010). Dentre estas, Gamele
ira Gurupi

ras
Ma n u e
l

sa
Alves

mei
destacam-se: as cidades de Belém/PA, com aprox. 1,38 milhão hab.,

Tere
MT Pa

Pal
Escu
lm BA

Santa
Ananindeua/PA, com aprox. 471 mil hab., Imperatriz/MA, com aprox.

rde
Ba a
rr e ir

r
ão

o
235 mil hab., Palmas/TO, com aprox. 222 mil hab., Marabá/PA, com Pa

Maranhão
Cr ra
ix

no

o
ás

ns
aprox. 186 mil hab., Castanhal - PA, com aprox. 153 mil hab. e Aragua- -a

a li
çu

Ma
ist

Our
Cr

Cri
s
ína/TO, com aprox. 143 mil hab.

te
or

o


M

ia
s

Co
s-m

Para
Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH To-

da

ua
a
ag

rren
aíb

irim
Peix
Ar

as
cantins-Araguaia é de 1.774 mm, bem menor do que o valor da média

nd

t
das Mort

e
0"S
es Goianésia

Al
Pi

e
Primavera do Leste Planaltina
nacional, de 1.761 mm. A sua disponibilidade hídrica é de 5.447 m³/s, Per MG
Barra do Garças dida
s
ça

ou seja, 6% da disponibilidade hídrica nacional, e a vazão média é DF


ar

Piran
G

Pi
Ca
N


de 13.779 m³/s, correspondendo a 7,7% da vazão média nacional. A

es
Onça
iap
has
MT
ia

ó
ua

vazão de retirada (demanda total) é 135,6 m³/s (cerca de 1% da de-


Pe
ag
Ar

ixe

GO
manda nacional) e a vazão específica 15,1 L/s/km2 (a média brasileira
é de 20,9 L/s/km2 ).
O volume máximo de reservação per capita é de 13.508 m3/
hab., bem maior do que o valor da média brasileira de 3.607m3/hab. Figura 85. Unidades Hidrográficas e principais cidades da RH Tocantins-Araguaia

Tabela 15. Caracterização da RH Tocantins-Araguaia


Área Sedes Pop.
Pop. rural Pop. total
Unidades Hidrográficas aprox. municipais urbana
(nº) (nº)
(km²) (nº) (nº)
Araguaia 386.765 145 1.177.491 385.357 1.562.848
Tocantins 533.322 239 5.353.076 1.656.792 7.009.868
RH Tocantins-Araguaia 920.087 384 6.530.567 2.042.149 8.572.716
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)
144 Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia

GERAçãO DE ENERGIA E NAVEGAçãO


Segundo dados do Banco de Informações de Ge-
ração (Aneel, 2013), o potencial hidrelétrico aproveitado
na região é de 13,14 GW (15% da capacidade da hidro-
eletricidade total instalada no país). No momento, estão
instaladas e em operação na região 9 UHEs e 27 PCHs,
sendo 7 UHEs e 3 PCHs em rios de domínio federal e 2
UHEs e 24 PCH em rios de domínio estadual. Em 2013, a
UHE Estreito, no Rio Tocantins, incrementou 135,9 MW
ao seu potencial hidrelétrico aproveitado. As UHEs estão
destacadas na Figura 86.
De acordo com o Plano Estratégico de Recursos Hí-
dricos da Bacia dos Rios Tocantins e Araguaia (ANA, 2009),
os principais rios navegáveis da RH são o Tocantins, Ara-
guaia, das Mortes, Capim e Guamá. Apesar da grande
extensão de trechos de rios navegáveis (4.000 km de vias
interiores segundo o Plano Nacional de Viação), não há
navegação em escala comercial expressiva, sendo o trans-
porte de cargas realizado, principalmente por rodovias e
ferrovias.
No rio Tocantins, a presença de barramentos, prin-
cipalmente das UHEs para geração de energia, sem a con-
clusão das eclusas, impede a navegação, o que ocasiona
a busca de novas rotas estratégicas para o escoamento
da produção agrícola da região. As cachoeiras de Santo
Antonio e de Serra Quebrada são obstáculos naturais à
navegação comercial no rio Tocantins, entre Miracema e
Tucuruí. Nos rios Araguaia e das Mortes, há também o
problema da formação de bancos de areia, resultante do
regime de estiagem, que dificulta a sua navegação .

IRRIGAçãO
O principal uso consuntivo de água da RH Tocan-
tins-Araguaia é a irrigação, com cerca de 84 m3/s, repre-
sentando 62% da demanda total de água da região (ano
-base 2010). Houve um expressivo aumento de 116% da
área irrigada na RH, entre 2006 e 2012. A área plantada
também aumentou nesse período, cerca de 20%. Os mu-
nicípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e
Pium, no estado do Tocantins, na bacia do Rio Formoso
(UH Araguaia), apresentam as mais elevadas demandas
hídricas para irrigação. Nestes, os principais cultivos, em
termos de área plantada (IBGE, 2012), são, arroz e soja.
Outros municípios que se destacam nesse quesito são,
Primavera do Leste (MT) e Dom Aquino (MT), onde os
cultivos de soja, milho e algodão ocupam as maiores
Figura 86. Aproveitamentos hidrelétricos, navegação e irrigação na RH Tocantins-Araguaia
áreas plantadas e Jussara (GO), onde se destacam soja,
milho e feijão. Dentre os projetos públicos de irrigação
presentes na RH, destacam-se os de Flores de Goiás, For-
Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia 145
moso do Araguaia e Porto Nacional, sendo que cada um possui área cultivada to) dos biomas Amazônico e Cerrado na RH (Figura 87 ). Conforme a publicação
irrigada superior a dois mil hectares. “Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil 2013” (ANA, 2013), a RH Tocantins
-Araguaia apresentava ainda 39% e 60% de área de cobertura de vegetação re-
MINERAÇÃO manescente do bioma Amazônico e de Cerrado, respectivamente, em relação
A mineração representa importante setor na economia, já que, na re- a sua área original. No total, a RH continha, em 2013, 53% da sua área ainda
gião hidrográfica, se encontram cerca de 50% da produção de ouro do país e com cobertura vegetal nativa destes biomas. Em relação à situação nas áreas
grande parte das reservas nacionais de amianto (92%), cobre (88%), níquel de cabeceiras das bacias de contribuição com área igual ou maior que 10.000
(86%), bauxita (82%), ferro (64%), manganês (60%), prata (21%) e cassiteri- Km2, a RH apresentava apenas 47% dessas áreas com cobertura vegetal, sendo
ta (28%), merecendo destaque a atividade mineradora em Carajás, no Pará. 31% e 49% nos biomas Amazônia e Cerrado, respectivamente. Ressalta-se a
Destacam-se, também, a mineração de alumínio, hematita, amianto, silício e importância das unidades de conservação e terras indígenas, na preservação
a metalurgia em Niquelândia (níquel), em Marabá (ferro gusa). da cobertura vegetal da RH, uma vez que ocupa 14% do seu território.
Toda essa produção impõe a necessidade de controle ambiental da mi-
neração e dos lançamentos de efluentes industriais. PESCA e aquicultura
Segundo o Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia dos Rios
USO DO SOLO E DESMATAMENTO Tocantins e Araguaia (ANA, 2009), a pesca profissional está restrita nos rios
A expansão agrícola na região é uma das principais atividades antrópi- localizados nos estados do Pará e Maranhão, com a proibição desta nos esta-
cas que tem contribuído com a redução da cobertura original (desmatamen- dos de MT, GO e TO. Já a pesca de subsistência e amadora predomina no Alto e

Figura 87. Evolução do desmatamento na RH Tocantins-Araguaia no período de 2000 a 2005 Figura 88. Cobertura remanescente dos biomas na RH Tocantins-
Araguaia em 2012
146 Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia

parte superior do Médio Tocantins e no Alto e Médio Araguaia (acima da


Ilha do Bananal). Estima-se uma produção pesqueira de cerca de 11.000
ton/ano na RH, tendo maiores contribuições os estados do PA, MT e TO,
com, aproximadamente, 5.800 ton., 2.500 ton. e 1.600 ton., respectiva-
mente. As espécies de peixes mais importantes na pesca comercial são
as migradoras. Calcula-se que há cerca de 8.500 ribeirinhos que prati-
cam a pesca de subsistência, espalhados pelas margens dos rios e lago-
as da região, sendo o tucunaré, a pescada e o pirarucu os peixes mais
visados. A pesca amadora é praticada basicamente, pelos turistas, que
representam cerca de 80% do total de pescadores que competem com
os ribeirinhos e profissionais pelos mesmos estoques
A aquicultura na RH é responsável pela produção de cerca de
25.000 t/ano, aproximadamente 15% da produção nacional. Desta
produção, o Mato Grosso é responsável por cerca de 57%, seguido por
Goiás 24% e Tocantins 7%, o que reflete as portarias que proibiram a
pesca. Como alternativa, estes estados passaram a investir na aquicul-
tura. Os estados do Pará e Maranhão, juntos, respondem por cerca de
10% da produção na região, e o Distrito Federal pelos 2% restantes.
No PA, destacam-se os municípios de Cametá, Santana do Araguaia,
Conceição do Araguaia e Santa Maria das Barreiras. Em Goiás, havia,
em 2009, 52 munícipios cadastrados com produção aquícola, sobres-
saindo-se o de São Miguel do Araguaia com mais de 50 produtores
cadastrados. No estado de TO estima-se que a piscicultura semiexten-
siva seja praticada em 40 municípios, envolvendo cerca de 200 a 250
piscicultores.

TURISMO
Dentre o potencial turístico associado aos recursos hídricos na
RH destaca-se o polo Araguaia-Tocantins quanto à pesca esportiva (in-
clusive torneios de pesca), ao turismo ecológico e às praias fluviais,
sendo mais expressivo no rio Araguaia. Destacam-se, também, a maior
ilha fluvial do mundo, a do Bananal, o polo turístico de Belém, que
inclui ilhas, como a de Mosqueiro, e o rio Guamá, com seus canais e
igarapés, o Jalapão (TO), com suas cachoeiras, lagoas, dunas, serras e
chapadões do parque estadual, e a Chapada dos Veadeiros (GO), reco-
nhecida pelas suas cachoeiras. Quanto ao turismo de massa, em que
a qualidade da água pode ser afetada indiretamente, destacam-se as
cidades de Pirenópolis e Goiás. Aspecto positivo dessa atividade na RH
é o aumento da consciência ecológica e a geração de renda. De outro
lado, o turismo pode trazer impactos significativos, como a depreda-
ção da fauna e da flora, e ao saneamento, associado a uma população
flutuante nas cidades de grande movimento turístico.

PRINCIPAIS TEMAS NA RH TOCANTINS-aRAGUAIA


TEMA 1: SANEAMENTO AMBIENTAL
Os baixos níveis de atendimento dos serviços de saneamento
comprometem a qualidade de vida da população e dos corpos d´água
na RH Tocantins-Araguaia. Conforme dados do SNIS (MCid, 2012), o
Figura 89. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Tocantins-Araguaia
Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia 147
índice de atendimento urbano de água é o menor dentre as regiões hidro- dio e Médio Tocantins representam o principal polo turístico da RH, mas são
gráficas (68,5%) e o de coleta de esgoto gerado também é o segundo menor ameaçadas pelos baixos níveis de saneamento da região.
(24,9%). Desse esgoto coletado, pouco mais da metade é tratado (62,7%).
Quando se considera o percentual tratado do volume total de esgoto gerado TEMA 4: EVENTOS CRÍTICOS
na RH, tem-se cerca de 15% do esgoto tratado. Essa questão é crítica em toda A partir de informações da SEDEC/MIN, verificou-se que a região da
a RH e, em especial, na Região Metropolitana de Belém, o principal aglo- bacia do rio Paranã é a mais afetada pela ocorrência de secas, que atingiram
merado urbano, onde apenas 4,5% do esgoto gerado é coletado em redes com mais frequência os municípios de Arraias/TO, Aurora do Tocantins/TO,
de saneamento apropriadas. Deste pequeno percentual coletado, menos da Conceição do Tocantins/TO, Jaú de Tocantins/TO, Novo Jardim/TO, Paranã/
metade é tratado (38%) antes de ser lançado nos corpos d’água. Quase a TO, Ponte Alta do Bom Jardins/TO e São Valério da Natividade/TO (houve
metade da população de Belém (40%) não é atendida por rede de abasteci- de 3 a 4 decretos de reconhecimento de situação de emergência ou estado
mento urbano de água. de calamidade pública nesses municípios, devido a eventos de seca entre
2003 e 2013). Cabe destacar também a ocorrência de cheias na RH, entre
TEMA 2: ÁREAS SENSÍVEIS X INTERVENÇÕES ESTRUTURAIS 2003 e 2013, que atingiram muitos municípios à margem esquerda do rio
A bacia do rio do Sono e o trecho médio do rio Araguaia são áreas Araguaia, principalmente naqueles localizados no Médio, Submédio e Bai-
sensíveis, do ponto de vista hídrico e ambiental; por isso, devem ser adequa- xo Araguaia, destacando-se: Rondon do Pará/PA e Eldorado do Carajás/PA,
damente protegidas. Outra questão de vulnerabilidade na RH é a implanta- com 3 registros de cheias ; Marabá/PA e Guiratinga/MT (este localizado no
ção de novos barramentos, que poderá resultar na alteração de migração de Alto Araguaia), com 4 registros de cheias; Santana do Araguaia/PA, com 5
peixes e dos estoques pesqueiros da região. registros de cheias, e Água Azul do Norte/PA, com seis registros de cheias
nesse período.
TEMA 3: ENERGIA X NAVEGAÇÃO X TURISMO
A navegação no rio Tocantins é impossibilitada pela ausência de eclu- TEMA 5: USO DO SOLO, DESMATAMENTO E ASSOREAMENTO
sas nos barramentos existentes (UHEs de Tucuruí , Lajeado e Estreito). A Ocorrência de processos erosivos, devido ao desmatamento, que es-
operação dos reservatórios a partir da UHE de Peixe-Angical influencia na tão concentrados na Unidade Hidrográfica Alto Tocantins e, em especial, no
garantia do turismo nas praias do rio Tocantins. A ANA tem se articulado com Alto Araguaia. O estabelecimento de novos usuários nas UHs Alto Médio Ara-
o Operador Nacional do Sistema Elétrico, de modo a garantir uma adequada guaia, Médio Araguaia, Alto Tocantins e Itacaiúnas deverá pressionar ainda
operação, no período de julho a agosto (estação seca), de modo a não com- mais os corpos d´água da região. A expansão da irrigação no Médio Araguaia
prometer a atividade turística. é particularmente importante nesse aspecto.
As praias ao longo do Médio, Submédio e Baixo Araguaia e Alto Mé-
148 Região Hidrográfica do Uruguai

12
Região Hidrográfica
do Uruguai

Campos entre Santa Maria e São Pedro do Sul – BR 287 – RS – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 149

A Região Hidrográfica do Uruguai apresenta grande importância para


o país, em função das atividades agroindustriais desenvolvidas e do seu po-
tencial hidrelétrico. Juntamente com as regiões hidrográficas do Paraná e de
Paraguai, ela forma a grande região hidrográfica da bacia do Prata. A RH Uru-
guai (Figura 12.1) possui, em território brasileiro, aproximadamente, 274.300
km2 (3% do território nacional) e abrange porções dos estados do Rio Grande
do Sul (74%) e Santa Catarina (26%).
O rio Uruguai possui 2.200 km de extensão; origina-se da confluência
dos rios Pelotas e do Peixe e assume, nesse trecho, a direção leste-oeste,
dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Após a sua con-
fluência com o rio Peperi-Guaçu, apresenta direção sudoeste, servindo de
fronteira entre Brasil e Argentina. Após receber a afluência do rio Quaraí, que
limita o Brasil e o Uruguai, na região sudoeste do estado do Rio Grande do
Sul, toma a direção sul, passando a dividir a Argentina e o Uruguai, até sua
foz no rio da Prata.
A Região Hidrográfica possui 405 municípios; destes, 354 estão com
as suas sedes municipais inseridas no seu território. A população total é de,
aproximadamente, 6.2 milhões de habitantes (IBGE, 2010), desta 61% se con-
centra nos centros urbanos. A densidade demográfica da região é de 22,8
hab./km², similar média brasileira que é de 22,4 hab./km².
Dentre as principais cidades (população urbana maior que 20.000 ha-
bitantes) se destacam as cidades de Chapecó/SC, com aprox. 168 mil hab.,
Lages/SC, com aprox. 154 mil hab., Uruguaiana/RS, com aprox. 117 mil hab.,
Bagé/RS, com aprox. 116 mil hab., Erechim/SC, com aprox. 90 mil hab., San-
tana do Livramento/RS, com aprox. 75 mil hab., Santo Ângelo/RS, com aprox.
72 mil, Ijuí/RS, com aprox. 72 mil hab. e Alegrete/RS, com aprox. 70 mil hab.
O clima da região é temperado, com chuvas distribuídas ao longo de
todo o ano, mas com concentração média maior no inverno (maio a setem-
bro). Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual é de 1.623 mm,
pouco abaixo da média nacional, de 1.761 mm. A sua disponibilidade hídrica
é de 565 m³/s, ou seja 0,6% da disponibilidade hídrica nacional (91.071 m³/s),
e a vazão média é de 4.103 m³/s, correspondendo a 2,3% da vazão média
nacional (179.516m³/s). A vazão de retirada (demanda total) é 155,4 m³/s
(cerca de 7% da demanda nacional) e a vazão específica, de 23,5 L/s/km². O
volume máximo de reservação per capita é de 3.388 m³/hab., pouco abaixo
da média brasileira, de 3.607 m³/hab.

Tabela 16. Caracterização da RH Uruguai


Área Sedes Pop.
Pop. Rural Pop. Total
Unidades Hidrográficas aprox. municipais urbana
(nº) (nº)
(km²) (nº) (nº)
Uruguai Internacional 98.257 107 1.236.324 346.214 1.582.538

Uruguai Nacional 76.544 247 1.687.290 653.045 2.340.335

RH Uruguai 174.801 354 2.923.614 999.259 3.922.873


Rio Pelotas – São Joaquim - Sc – Zig Koch/Banco de Imagens ANA
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)
150 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

55°0'0"W 50°0'0"W

PR

Paraguai
Chapecó
São Miguel do Oeste
Caçador
Xanxerê
Xaxim s
Videira nte
rre
Fraiburgo
Chapecó e Co
Uruguai Peix

as
Concórdia Joaçaba Curitibanos

b
Frederico Westphalen

Marom
Campos Novos
SC

Várze
Can
Erechim o as Can

i
ua
oas

a
ug

Pa
Lages
Ur

ss
Santa Rosa Palmeira das Missões

oF


un

u

do
Argentina s

Pir
eira Lagoa Vermelha
Ijuí Palm
Ijuí Santo Ângelo

Pe
Panambi

lot
São Luiz Gonzaga Ijuí

as
ai Cruz Alta
u gu São Borja Icamaquã
Ur
Pi
ra
Agu

tin
i
a pe

RS
y

Itaqui Santiago

o pi
Tor
Ibicuí i
Ibir

uar
Jag
a

Uruguaiana
pui

Alegrete
Ibicuí

Santa
Maria

0"S
i
gua
Uru Q
Quaraí ua Rosário do Sul
ra
í
Quaraí
Ibicuí da
Armoda

Santa Maria

Es Santana do
Uruguai p in
ilh Livramento
Upamaroti

o Dom Pedrito
Oceano
Atlântico
Bagé
Cidades principais
ho
ac
br

o
gr Unidades Hidrográficas
ue

Ne
Q

Uruguai Interancional

N Uruguai Nacional
Rios principais
Estado

Figura 90. Unidades Hidrográficas da RH Uruguai e principais cidades


Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 151
DEMANDAS E BALANÇO HÍDRICO

Considerando-se o balanço hídrico realizado (ANA, 2013), verificou-se


que a RH Uruguai apresenta criticidade principalmente em termos quantita-
tivos (Figura 91), com 46% da demanda/disponibilidade hídrica por extensão
de rios em situação preocupante, crítica ou muito crítica.
O maior uso consuntivo é para a irrigação (ano-base 2012), repre-
sentando 82% da demanda total dessa RH, seguida pelo uso para abasteci-
mento público e pelo uso industrial, que representam 6% cada (ano-base
2010). A área irrigada, em 2012, foi de aprox. 455.600 ha (7,9 % do Brasil),
com destaque para a irrigação de arroz por inundação, a qual conflita com
abastecimento humano, principalmente nos rios Ibicuí, Santa Maria e Qua-
raí (Figura 93).
A RH apresenta duas áreas especiais para gestão: a bacia do rio Negro
e a bacia do rio Quaraí (Figura 92). Essas áreas são baseadas em trechos críti-
cos de rios federais, definidos segundo o balanço hídrico quali-quantitativo. A
metodologia de identificação de trechos críticos está descrita na Nota Técni-
ca Conjunta ANA n° 002/2012/SPR/SRE, e a lista completa de trechos críticos
identificados consta na Portaria ANA nº 62, de 26 de março de 2013.

Figura 91. Balanço Hídrico Quali-quantitativo na RH Uruguai


nga

F
Tracuti

el
nto
es

ic
Cha pecó
ia n
lor

r ge

Pes

o
Índio F

Chapecozinho
Sa


q

Mato

o
ueir

del
o
es
Ir a n i nt s

Pe
rre ra

Ro
o

dr
a Co P ed
utin g

o
G Ja c ixe
U r u g ua i

Pe
ua

Gr
rit

c uí
an C a no a s
a

d
Fo

Ib i
e
Er Pas s

irim
T ur v o

-M
Sa Apuaê
ex
r ta

Ca
im

In J oão
Vá r z e a
lez

Am vei
nt

and r as P aulo
Bu

a
a

ha

aú cá orá
R

ê
o

a Vacas Gordas
ri
c
os

Co as
çuc

Telha
Fu

ma
Ati-açu do in h
nd a í l ot a - t ud o
n

s Ivos
eira
Pira

Pe av
alm
C P

ro
Ij u í

L
Piraju el
Po ax ambu
or

P
ot
Uru tir
So
c as
cuta P ira Ij u i bu To
í tini i zi ur
Ic a m a q os

Inh

nh

Ig
ua Itac
o
a

Bu ria uru
ca

t uí çá bi
pe

i
ua
tum

ug o
Ur Itu nh
z
i
ri

ri pi
ua

uaçu
ri

ua
ua

Ib Ta
q g pi G
Ja g

cu Ja ro
To
í iri m
i

u
Ib

To ro Pa s uí-m RegiaoHidrografica do Uruguai


I bi c
i r o ca

Ibi r
Inhanduí
so

a pu i

C Estado

í

ac
i
Sa

eq
sso

Ca

Garupá u Trechos críticos


a n ta
ve

i
a


Pai P

Tábua

Balanço quali ou quali-quanti crítico + alta demanda para irrigação (classe 1)


Ma
ria

Sar
a nd i Jag
uar
Balanço quali ou quali-quantitativo crítico (classe 2)
Pass Cruz í
o da Taq Balanço quantitativo crítico + alta demanda para irrigação (classe 3)
Lago uar
a e mb
rd e

Balanço quantitativo crítico (classe 4)


ó
í
car a

Ve

í Conflito potencial + alta demanda para irrigação (classe 5)


ira
he
Up a
nc

ro Conflito potencial (classe 6)


Po

N eg

N
Bacias críticas
Negro
Quarai

Figura 92. Áreas especiais para gestão (bacias críticas) na RH Uruguai


152 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

PR PR

Dionísio Cerqueira
!.
!. São Lourenço do Oeste
Guaraciaba
!.
!. MaravilhaQuilombo
!. !.
!. Videira Santa Cecília
São CarlosChapecóSeara !. !.
!. !.
!.
Concórdia !. SC Capinzal
Curitibanos
!.
Três Passos !. !
. Campos Novos
!.
Horizontina Redentora Erechim SC !.
!. !. !.
Porto XavierSanta!. Rosa !. Três de
!
. Maio Cerro Grande Correia PintoLages
!.
!. !. Giruá !. Santo!. Augusto Urubici
Cerro Largo!
. !.
!. Panambi São Joaquim
São Luiz Gonzaga !. Ijuí !. !.
!. Santo Ângelo !.
!. Cruz Alta
Santo Antônio das Missões!.

Santiago Júlio de Castilhos


!. !.
São Francisco de Assis Jaguari
!.!.
Uruguaiana Alegrete
!.
RS !. Cacequi
!. Principais Cidades RH Uruguai
Rosário do Sul Estado
Quaraí !.
!. Região Hidrográfica do Uruguai
Vazão de retirada máxima nos
Santana do Livramento
!. Dom Pedrito meses com irrigação (m³/s)
!.
0 - 0,01
Bagé
!. 0,01 - 0,1
0,1 - 0,25
0,25 - 0,5
N 0,5 - 1,0
1,0 - 4,0
4,0 - 6,7

Figura 93. Vazão de retirada máxima nos meses com irrigação (m3/s) na RH Uruguai (ano-base 2012)

EVENTOS CRÍTICOS quantidade de reservatórios, de forma geral, eles operam com pequenos vo-
lumes de espera, quando comparados aos grandes volumes afluentes, resul-
Em 2013, 7 municípios decretaram situação de emergência - SE, tando em pequena capacidade de amortecimento de cheias (Figura 94). No
ou estado de calamidade pública - ECP - devido a eventos de secas e es- total, a potência instalada ao longo do Rio Uruguai e seus afluentes, na região
tiagens na região (menos de 1% dos municípios). No tocante aos even- hidrográfica, é de, aproximadamente, 6.000 MW.
tos de enchentes, alagamentos, enxurradas e inundações, em 2013, 67 Já nas áreas rurais, o impacto maior dos eventos de cheia ocorre
municípios decretaram SE ou ECP, devido a eventos de cheia (16% dos no trecho inferior da bacia, onde a topografia é mais suave e a planície
municípios). de inundação é mais extensa, principalmente na fronteira oeste gaúcha.
As enchentes são frequentes na região e atingem, principalmente, as Os eventos de extremas estiagens, quando ocorrem, têm tido seus
populações ribeirinhas, ao longo do curso principal do rio Uruguai e de alguns efeitos potencializados pela intensa utilização dos recursos hídricos, na
dos seus afluentes. Elas podem ocorrer em qualquer mês do ano, nos trechos RH do Uruguai. Os casos mais graves de estiagens foram registrados no
inferior, médio e superior do rio Uruguai. As áreas urbanas mais impactadas trecho baixo da bacia, onde ocorre a irrigação de arroz, e nas áreas de
são: Marcelino Ramos, Itaqui, Itá, São Borja, Iraí, e Uruguaiana, ao longo do plantio de soja não irrigada, onde já houve significativas perdas. As secas
rio Uruguai, e Alegrete, no rio Ibirapuitã. No rio Uruguai, apesar da grande trazem ainda problemas de abastecimento na região norte da bacia.
Região Hidrográfica do Uruguai 153
## #
# #
#
#
##
Uru u a # ###
g i
#
i
ua
r ug #
oU #
Ri

# #
# # # ##
# #
# ### ## #
# # #
### #
# # #
# #
#

AHEs
Operação
Vulnerabilidade a inundações
N Alta
Média
Baixa

Figura 94. Aproveitamentos Hidroelétricos e vulnerabilidade a inundações na RH do Uruguai


154 Região Hidrográfica do Uruguai

SC

RS

Região Hidrográfica do Uruguai

Estado
Município
Ocorrências de cheias de 2003 a 2013
1
2
N 3
4
5
Acima de 5

Figura 95. Frequência de ocorrência de eventos críticos de cheias nos municípios da RH Uruguai entre 2003 e 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
Região Hidrográfica do Uruguai 155

SC

RS

Região Hidrográfica do Uruguai


Estado
Município
Ocorrência de secas entre 2003 e 2013
1
2
3
N 4
5
Entre 6 e 10
Acima de 10

Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional


Figura 96. Frequência de ocorrência de eventos críticos de secas nos municípios da RH Uruguai entre 2003 e 2013
156 Região Hidrográfica do Uruguai

Tema 3: Alta demanda para abastecimento urbano no


PRINCIPAIS TEMAS NA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO trecho baixo do rio Uruguai
URUGUAI Nas Bacias dos rios Ibicuí (incluindo a de Santa Maria) e Quaraí, há uma
alta demanda para abastecimento urbano de água.
Tema 1: Alta concentração de aproveitamentos hidrelé-
tricos no trecho médio/alto rio Uruguai Tema 4: Baixos índices de saneamento
A região hidrográfica do Uruguai apresenta um grande potencial hi- A região apresenta baixo nível de tratamento de esgotos, especialmen-
drelétrico, com uma capacidade total, considerando os lados brasileiro e uru- te o trecho alto do rio Uruguai, onde concentram as maiores cidades. Nas
guaio, de produção de 40,5KW/km2, uma das maiores relações energia/km2 áreas próximas aos rios Peperi-Guaçu, das Antas, Chapecó, Irani, Jacutinga,
do mundo. Atualmente, estão instalados na RH, ao longo do Rio Uruguai e do Peixe e Canoas, o transporte, a diluição e a assimilação dos efluentes ur-
seus afluentes, aproximadamente, 6.000 MW. banos, rurais (suíno e avicultura intensivos) e industriais (produção de celulo-
Apesar da grande quantidade de reservatórios, de forma geral, eles ope- se) causam degradação da qualidade das águas, impactando o abastecimen-
ram com pequenos volumes de espera, quando comparados aos grandes volu- to das populações e outros aspectos sanitários.
mes afluentes, resultando em pequena capacidade de amortecimento de cheias. De acordo com os dados do SNIS (MCid, 2012, adaptado), os valores
Essa porção da bacia apresenta trechos com alta vulnerabilidade a inundações. de coleta de esgoto (em relação ao volume produzido) e de tratamento de
esgoto (em relação ao volume coletado) nos seguintes municípios localizados
Tema 2: Alta demanda para irrigação no trecho médio/ na região do alto Uruguai, são: Chapecó, coleta 35% e trata 100% desse per-
baixo rio Uruguai centual; Lajes, coleta 13% e trata 100% desse percentual; Concórdia, coleta
Enquanto o trecho alto do rio Uruguai é marcado pelo uso preponde- 5% e trata 100% desse percentual.
rante para geração de energia hidrelétrica, o baixo trecho médio é caracteri- Na RH Uruguai, o índice de atendimento urbano de água é de 97%, aci-
zado pelo intenso uso para irrigação de arroz. A irrigação representa 97% da ma da média brasileira, que é de 93%,contudo o índice de coleta de esgoto é
demanda total dessa RH. baixo (28,4%). Desse esgoto coletado, 83% mas, se considerarmos o volume
total de esgoto gerado na RH, o percentual de tratamento cai para 24%.

Figura 97. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Uruguai


Região Hidrográfica do Uruguai 157

Foto: Lago Serra da Mesa - GO - Rui Fraquini/Banco de Imagem ANA


158 Considerações finais

Rio Amazonas – Estreito de Breves - PA – Rui Faquini – Banco de Imagens ANA


159

13. Considerações Finais por outro, apresentam baixa demanda consuntiva.


Na RH do São Francisco, duas situações são observadas: o Alto São
A apresentação dos indicadores com ênfase nas regiões hidrográficas Francisco, apesar da grande “produção” de água (regime de chuvas maior
brasileira permite traçar um quadro mais focado da situação dos recursos em relação ao restante da RH), possui alta demanda por água e grande lança-
hídricos nessas áreas. O panorama nacional, mostrado anualmente e siste- mento de esgotos, principalmente na RM de Belo Horizonte. Nas demais uni-
maticamente pela ANA nos relatórios de Conjuntura, em parceria com seus dades hidrográficas do São Francisco, localizadas quase que em sua totalida-
parceiros institucionais, dificulta o detalhamento das questões centrais aos de no Semiárido brasileiro, há baixa disponibilidade, com predomínio de rios
recursos hídricos em um nível mais localizado. intermitentes, onde qualquer carga de esgoto lançada é suficiente para dei-
O quadro das Regiões Hidrográficas Brasileiras mostra a grande dife- xar o corpo d’água em situação crítica. Em ambas as situações, as condições
rença nos aspectos estratégicos e prioritários de cada unidade dessa divisão encontradas contribuem para um balanço quali-quantitativo problemático.
nacional. A RH Atlântico Leste, também localizada em sua grande parte no Semi-
Quanto à disponibilidade hídrica superficial, observa-se que as RHs árido brasileiro, é caracterizada por baixa disponibilidade hídrica, porém com
Amazônica e Tocantins-Araguaia encontram-se em uma situação confortável, baixa demanda consuntiva. O uso predominante na região é o urbano, com
uma vez que apresentam níveis altos de precipitação e disponibilidade hídri- destaque para a RM de Salvador. A RH apresenta alto percentual de esgoto
ca superficial, associados a poucos problemas com a qualidade das águas. tratado nos seus municípios em relação ao total produzido. A baixa disponi-
No entanto, as RHs Atlântico Leste e Nordeste Oriental apresentam padrão bilidade de água na região contribui para que o balanço hídrico seja bastante
oposto, em que há baixa precipitação e disponibilidade, associadas a proble- problemático, tanto quanto à relação entre demanda e oferta de água, quan-
mas com a qualidade. Em situação intermediária, encontram-se as RHs do to à capacidade de assimilação de carga orgânica pelos corpos d’água. Como
Uruguai, Atlântico Sul e Paraguai. exemplo de bacias que apresentam dificuldades no atendimento das deman-
Cabe destacar a situação da RH do São Francisco, na qual a precipita- das na RH têm-se as Bacias dos Rios Vaza-Barris, Itapicuru e Paraguaçu.
ção é alta no Alto São Francisco, e muito baixa no Baixo, Submédio e parte Também no Semiárido brasileiro, a RH Atlântico Nordeste Oriental
do Médio São Francisco, unidades localizadas no Semiárido brasileiro, onde destaca-se por ser a região mais problemática do País no que diz respeito
os rios são em grande parte intermitentes e a evapotranspiração é elevada. à disponibilidade hídrica. Devido à baixa disponibilidade hídrica na RH e à
Tal fato contribui para que a precipitação média da RH seja baixa em relação alta vazão de retirada, principalmente para uso da irrigação, a RH apresenta
às demais. Apesar disso, a RH apresenta disponibilidade hídrica superficial balanço hídrico problemático, tanto quanto à quantidade, tanto como à qua-
mediana, explicada pelo grande número de reservatórios do setor elétrico, lidade da água.
como o de Sobradinho e o de Três Marias, os quais regularizam a vazão e pos- A RH Atlântico Sul destaca-se quanto à alta vazão de retirada, resultan-
sibilitam que a disponibilidade fique mais alta para a região como um todo. te em especial da alta demanda de uso para irrigação (a RH tem a segunda
As RH do Paraná e Atlântico Sudeste concentram problemas relacio- maior área irrigada no País, totalizando 714.112 ha), em especial do cultivo
nados à quantidade e à qualidade de água, principalmente por conterem os do arroz inundado, uso este compartilhado com a RH do Uruguai. Isto explica
estados mais desenvolvidos, com grande densidade populacional em RMs o estresse hídrico quantitativo observado para a RH. Problemas com a dispo-
importantes, onde a demanda por água para abastecimento urbano e a nibilidade e com a qualidade da água também são observados nas áreas de
quantidade de esgoto produzida são altas. grande concentração urbana, como nas RMs de Porto Alegre e Florianópolis.
A RH do Paraná destaca-se pela alta demanda consuntiva, a qual repre- A busca de alternativas para atender às demandas por água, evitar
senta 31% da demanda total nacional e se deve em grande parte à existência conflitos pelo uso e prevenir ou minimizar os desastres naturais ocasiona-
de RMs importantes como as de São Paulo e de Curitiba. Concentra a região dos pelos eventos climáticos críticos passa, por fim, pela eficiente gestão dos
de maior desenvolvimento econômico do País e se destaca em relação às recursos hídricos por meio da atuação do Sistema de Gerenciamento de Re-
demais quanto à área irrigada (aprox. 1.811 mil ha) e ao potencial hidrelétri- cursos Hídricos – SINGREH. Por isso a importância desta edição especial, que
co aproveitado (aprox. 41.375 MW). Se, por um lado, as RHs do Parnaíba e poderá ser atualizada no futuro, com uma sistemática própria.
Atlântico Nordeste Ocidental se destacam pela baixa disponibilidade hídrica,
160 Referência Bibliográfica

Rio Pelotas – São Joaquim - Sc – Zig Koch/Banco de Imagens ANA


161

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Atlas Brasil: abastecimento urbano de água: panorama nacional. Brasília: ANA: Engecorps/Cobrape, 2010. 68 p.

_________. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: 2013. Brasília: ANA, 2013. 432 p.

_________. Plano estratégico de recursos hídricos da bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Araguaia: relatório síntese. Brasília: ANA; SPR, 2009. 256 p.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Banco de Informações de Geração (BIG). Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=15>.
Acesso em: jan. 2014.

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (Brasil). Plano Nacional de Integração Hidroviária. Brasília: ANTAq; Labtrans/UFSC, 2013.

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (Brasil). Transportes de cargas nas hidrovias brasileiras - 2010: hidrovia do Paraguai. Disponível em:
<http://www.antaq.gov.br/Portal/pdf/Relat%C3%B3rio%20T%C3%A9cnico%20- %20hidrovia%20do%20Paraguai.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2011.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Situação de emergência ou estado de calamidade pública: reconhe-
cimentos realizados. Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/web/guest/reconhecimentos-realizados>. Acesso em: jan. 2014.

BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: diagnóstico dos serviços
de água e esgotos – 2012. Brasília: SNSA/MCid, 2014. 164 p.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica: 2010-2019. Brasília: MME/EPE, 2010.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-
nacional-de-ucs>.

_________. Caderno da região hidrográfica do Paraguai. Brasília: MMA, 2006. 140 p.

BRASIL. Ministério dos Transportes. Plano Hidroviário Estratégico – PHE. Brasília: MT; Consórcio ARCADIS logos, 2013.

CALHEIROS, Débora Fernandes, OLIVEIRA, Márcia Divina, DOLORES, Eliana F. G. Poluição por pesticidas, nutrientes e material em suspensão nos rios formadores
do Pantanal Matogrossense. ADM – Artigo de Divulgação na Mídia, n. 096. Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/ADM096>.

COELHO, M. R. et al. O Recurso Natural do Solo. In: MANZATTO, C.V.; FREITAS JUNIOR, E.; PERES, J.R.R. (ed.). Uso agrícola dos solos brasileiros. Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, 2002.

CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL BRASIL et al. Monitoramento das alterações da cobertura vegetal e uso do solo na bacia do Alto Paraguai, porção brasileira:
2008 a 2010: sumário executivo.

GIRARDI, E.P, ROSSETO. O.C. Análise da Pecuária no Pantanal Mato-Grossense. Revista Geográfica de América Central, Número Especial. EGAL, 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010: resultados do universo. Disponível em: <www.sidra.gov.br>. Acesso em 20 jul. 2013.
162
_________. Pesquisa Agrícola Municipal 2012. Disponível em: <www.sidra.gov.br>. Acesso em: maio/2014.

_________. Mapa de biomas do Brasil. Primeira Aproximação. IBGE, 2004.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (Brasil). Clima. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/. Acesso em jan. 2014.

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (Brasil). Monitoramento da floresta amazônica brasileira por satélite: Projeto PRODES. 2011. Disponível em:
http://www.obt.inpe.br/prodes. Acesso em: dez. 2013.

ROSSETO, O.C; GIRARDI, E.P. Dinâmica agrária e sustentabilidade socioambiental no Pantanal brasileiro. Revista NERA, Presidente Prudente, ano 15, nº. 21. p.
135-161. jul. - dez., 2012.
Referência Bibliográfica 163

Caiman yacare (jacaré) – Pantanal - MS –Zig Kock/Banco de Imagens ANA


Ministério do
Meio Ambiente

Você também pode gostar