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Edição Especial
Superintendência de Planejamento
de Recursos Hidricos - SPR
Brasília – DF
ANA
2015
© 2015, Agência Nacional de Águas – ANA. Elaboração dos originais Agência Nacional de Águas
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.
CEP: 70610-200, Brasília – DF. Revisão dos originais Alexandre Lima de Figueiredo Teixeira
PABX: (61) 2109-5400 | (61) 2109-5252 Luciana Aparecida Zago de Andrade
Endereço eletrônico: www.ana.gov.br Laura Tillmann Viana
Gaetan Serge Jean Dubois
Comitê de Editoração: João Gilberto Lotujo Conejo Marcela Ayub Brasil
Diretor Thamiris de Oliveira Lima
Reginaldo Pereira Miguel
Representante da Procuradoria Geral Produção Agência Nacional de Águas
Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares Projeto gráfico M&W Comunicação Integrada
Ricardo Medeiros de Andrade Capa Márcio de Souza Rodrigues
Joaquim Guedes Correa Gondim Filho Diagramação M&W Comunicação Integrada
Superintendentes Mapas temáticos Agência Nacional de Águas
Mayui Vieira Guimarães Scafura Revisão Eudoxiana Canto Melo
Secretária-Executiva Fotografias Banco de imagens da ANA
SUMÁRIO
A Agência Nacional de Águas , por atribuição estabelecida na grupo de bacias ou subbacias hidrográficas contíguas com características
Resolução nº 58/2006, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a
(CNRH), elabora, anualmente, os Relatórios de Conjuntura dos Recur- orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos.
sos Hídricos no Brasil. O documento tem periodicidade anual e teve
sua primeira versão publicada em 2009. Considerando a importância das regiões hidrográficas brasileiras
para o planejamento e para a gestão dos recursos hídricos, a ANA apre-
O panorama dos recursos hídricos, em escala x nacional, e o acom- senta uma edição especial do Relatório de Conjuntura dos Recursos
panhamento desse quadro, a cada ano, é, uma maneira eficiente de mo- Hídricos no Brasil, com foco nas questões estratégicas relacionadas a
nitorar a situação dos recursos hídricos, do ponto de vista da quantidade recursos hídricos em cada unidade dessa divisão nacional. As subdivi-
e da qualidade da água, bem como de avaliar a evolução da gestão des- sões consideradas em cada Região Hidrográfica brasileira, as chama-
ses recursos. Tal conhecimento possui caráter estratégico, pois subsidia das Unidades Hidrográficas, consistem em agrupamentos de Unidades
a identificação de carências e a definição de ações futuras. de Planejamento Hídrico (estas, por sua vez, correspondem às unida-
des hídricas estaduais para a gestão de recursos hídricos, sempre que
Os relatórios se tornaram uma referência para o acompanha- houvesse tal definição).
mento sistemático e periódico da condição dos recursos hídricos no
Brasil e de sua gestão, bem como para a identificação dos resultados Os dados foram consolidados a partir da melhor informação dis-
da implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH. ponível até dezembro de 2013, trazendo destaques de relevância para
a situação dos recursos hídricos de cada região hidrográfica. Os da-
A Resolução nº 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídri- dos e a metodologia utilizada para os cálculos das demandas hídricas
cos instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional em 12 Regiões Hidrográ- consuntivas, do balanço hídrico e das disponibilidades hídricas tiveram
ficas. Essa divisão partiu da premissa de se considerar como região hi- como base o relatório pleno “Conjuntura dos Recursos Hídricos do Bra-
drográfica o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, sil – 2013”.
1
Região Hidrográfica
Amazônica
A RH divide-se em 29 unidades hidrográficas e abrange 313 munícipios Javari 82.288 6 0 11.038 11.038
(274 sedes municipais). Destes, somente 24 possuem mais de 50.000 habitantes, Araguari 37.738 5 25.964 15.661 41.625
segundo o último Censo Demográfico (IBGE, 2010). Dentre os mais populosos, Curuá 28.147 2 33.503 35.513 69.016
destacam-se: Manaus-AM (aprox. 1,8 milhões hab.), Porto Velho-RO (aprox. 430 Içá 19.277 3 63.565 31.950 95.515
mil hab.), Macapá-AP (aprox. 400 mil hab.), Rio Branco-AC (aprox. 340 mil hab.), Japurá 108.436 5 46.756 40.562 87.318
Boa Vista-RR (aprox. 280 mil hab.), Santarém-PA (aprox. 300 mil hab.), Parauape- Jari 58.094 2 48.206 10.469 58.675
bas-PA (aprox. 150 mil hab.) e Ji-Paraná -RO (aprox. 120 mil hab.). Jatapu 69.639 2 15.790 27.717 43.507
A população total da RH é de, aproximadamente, 9,7 milhões de habi- Litorânea AP 26.055 4 22.663 10.323 32.986
tantes , com 73% de seus habitantes vivendo em centros urbanos. A densi- Jauari 3.592 1 25.466 7.545 33.011
dade populacional média é muito baixa, de 2,51 hab./km2, cerca de 10 vezes Igarapé Rio Branco 12.006 1 8.959 11.839 20.798
menor do que a média nacional (22,4 hab./km2). A intensificação da ocupa- Negro 598.116 24 1.559.426 195.484 1.754.910
ção humana na região ocorreu somente a partir da década de 70, com a con- Nhamundá 31.520 3 23.473 33.869 57.342
solidação de atividades antrópicas, principalmente a exploração madeireira e Trombetas 126.900 1 40.147 37.046 77.193
o plantio de pastagens para criação de gado. Paru 58.503 2 44.530 30.483 75.013
Segundo dados do INMET, a precipitação média anual na RH Amazôni- Oiapoque 18.904 1 13.852 3.808 17.660
ca é de 2.205 mm, cerca de 25% a mais do que a média nacional (1.761 mm). Foz do Amazonas 101.194 18 691.142 267.415 958.557
A disponibilidade hídrica superficial é de 73.748 m3/s, o que corresponde a Interbacia Xingu-Tapajós 45.129 2 29.284 96.422 125.706
81% da disponibilidade superficial do país (91.071 m³/s). A vazão média é Interbacia 51.226 4 31.392 100.898 132.290
de 132.145 m³/s, correspondendo a 74% da vazão média nacional (179.516 Purus-Madeira
m³/s), e a vazão de retirada (demanda total) é 78,8 m³/s (3% da nacional). A Interbacia 18.696 5 817.190 39.113 856.303
Negro-Uatumã
RH possui uma vazão específica de 34,1 L/s/km2 e um volume máximo de
reservação per capita de 2.181 m3/hab., menor do que o volume máximo de Interbacia 95.596 6 141.990 133.169 275.159
Madeira-Tapajós
reservação per capita nacional (3.607m3/hab.).
Interbacia Jutaí-Juruá 1.390 - 0 376 376
Interbacia Juruá-Purus 84.379 - 114.402 42.639 157.041
Interbacia Javari-Jutaí 31991 - 31.991 27.807 59.798
RH Amazônica 3.879.207 274 7.086.766 2.607.962 9.694.728
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)
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FRANCESA
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Boa Vista
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VENEZUELA
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es Ju Tefé Manacapuru!. Maués
Solimõ !. !.
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Tabatinga Coari
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Unidades Hidrográficas l
Unidade Hidrográfica
ARAGUARI INTERBAC MAD TAP JAVARI NEGRO XINGU
CURUA INTERBAC NEG UAT JURUA NHAMUNDA Estados_RH_Amazonica
Principais Rios
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FOZ AMAZONAS INTERBAC PUR MAD JUTAI OIAPOQUE
Principais cidades
ICA INTERBAC XING TAP LITORANEA AP PARU
de jusante do Tapajós (considerados rios de planície) já possuem navegação Balbina em operação Uatumã AM 250 Estadual
comercial em diferentes níveis de intensidade. Com relação aos trechos de Coaracy Nunes em operação Araguari AP 68 Estadual
planalto, merecem destaque, os rios Tapajós e Teles Pires, que necessitam de Curuá-Una em operação Curuá-Una PA 30 Estadual
intervenções físicas, como a construção de eclusas em barramentos de apro- Dardanelos em operação Aripuanã MT 261 União
veitamentos hidrelétricos para que seja possível a regularização dos níveis Guaporé em operação Guaporé MT 120 Estadual
d’água para que viabilizem a navegação. Pitinga em operação Pitinga AM 25 Estadual
O PHE priorizou alguns rios para a realização de ações, visando à ade- Rondon II em operação Comemoração RO 74 Estadual
quação a expansão de hidrovias interiores, até 2031. O arranjo priorizado Samuel em operação Jamari RO 217 Estadual
foi selecionado por oferecer a alternativa mais eficiente para o escoamento Santo Antônio em operação Madeira RO 3.150 União
da produção de commodities no país. Com a possibilidade de aumento das Jirau em operação Madeira RO 3.326 União
cargas transportadas, prevê-se, também, a melhoria no transporte de pas- Fonte: Banco de Informações de Geração (Aneel, Dez/2013)
20 Região Hidrográfica Amazônica
Figura 3. Cobertura de vegetação remanescente, de unidades de conserva- Figura 4. Demanda total de água na RH Amazônica (ano-base 2010)
ção e de terras indígenas na RH Amazônica
Cerca de 85% da área da RH Amazônica ainda está coberta por vegeta- para irrigação e dessedentação animal e, portanto, na indicação de prioriza-
ção nativa, tanto pelo bioma Amazônico, que permanece em 87% de sua área ção da gestão dos recursos hídricos nessas áreas, em relação às demais.
original, quanto pelo Cerrado, com 60% da vegetação originalmente presente. Percebe-se que as características vegetacionais, climáticas, edáficas e
Dentre as Regiões Hidrográficas brasileiras, a RH Amazônica é a que a “barreira de áreas protegidas”, existente na porção mais central e oriental
possui o maior percentual de áreas protegidas (Unidades de Conservação da RH Amazônica, acabam por, naturalmente proteger sua biodiversidade
e Terras Indígenas), as quais cobrem 53% de sua área total, o que contribui original das frentes de expansão antrópica.
para a boa preservação das cabeceiras dos rios, 86% das quais permanecem Segundo COELHO et al. (2002), a elevada precipitação, em algumas
com cobertura vegetal nativa (ANA, 2013). sub-regiões, acima de 2.000 mm anuais, conjugada com solos com textura
Entretanto, observam-se frentes de desmatamento na RH, especial- argilosa e drenagem deficiente, como Latossolos Amarelos e Plintossolos, di-
mente na região de transição entre o Cerrado e a Amazônia (no chamado ficulta ou mesmo inviabiliza o uso agrícola sustentável na Amazônia.
arco do desmatamento), resultado da pressão de expansão da agropecuária, A área irrigada na RH aumentou 85%, entre 2006 e 2012, passando de
com a abertura de áreas nativas para a formação de pastagens e para o cul- cerca de 81 mil para 149 mil hectares. De maneira similar, a demanda de água
tivo de grãos. Em alguns municípios, já está consolidada uma agricultura me- para irrigação, que, em 2006, representava 17% da demanda total da região,
canizada e irrigada (principalmente nas porções altas das bacias hidrográficas passou a representar 20%, em 2010. Quanto à demanda de água para desse-
dos Rios Xingu, Madeira e Tapajós). Isso se reflete na maior retirada de água dentação animal, houve uma redução de 36% , em 2006, para 31,5%, em 2010.
22 Região Hidrográfica Amazônica
Oceano Atlântico
Boa Vista
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OriximináAlenquer Breves
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Parintins!. Santarém
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Tefé Manacapuru Maués PA
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Itacoatiara
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Tabatinga Coari Itaituba
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Limite estadual GO
Unidades Hidrográficas MT
4
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5
acima de 5
TEMA 1: DESMATAMENTO mento maior que 0,5% na área desmatada entre 2011 e 2012 (taxa similar a
A frente de expansão do desmatamento na RH Amazônica se consoli- alguns municípios localizados no “arco do desmatamento”): Confresa e Serra
dou, desde a década de 1970, no chamado “arco do desmatamento”, região Nova Dourada, no Mato Grosso, e Cujubim, Parecis, Machadinho d’Oeste,
que abrange as porções altas das bacias hidrográficas dos Rios Xingu, Tapajós Nova Mamoré, Cacoal, Buritis, Porto Velho, Pimenta Bueno e Alto Paraíso, em
e Madeira. Entretanto, alguns municípios que se localizam fora dessas áre- Rondônia. Esse desmatamento se deve a alterações no uso da terra (conver-
as também têm se destacado pelo incremento nas taxas de desmatamento, são de áreas nativas para a implantação de atividades agropecuárias).
como tem ocorrido em Placas, Novo Repartimento, Rurópolis, Rondon do
Pará, Anapu, Dom Eliseu e Itupiranga, no Pará, e com Acrelândia, Capixaba TEMA 2: IRRIGAÇÃO
e Epitaciolândia, no Acre. Os seguintes municípios apresentaram um incre- A maior demanda de água para irrigação (ano-base 2012), na RH
Região Hidrográfica Amazônica 25
Amazônica, se concentra nos municípios localizados no Alto Tapajós e Alto TEMA 3: HIDROELETRICIDADE E NAVEGAÇÃO
Xingu, tais como Campo Novo do Parecis/MT, Sapezal/MT, Tangará da Ser- A maioria dos aproveitamentos hidrelétricos planejados para a RH
ra/MT, Sorriso/MT, Sinop/MT, Nova Mutum/MT e Lucas do Rio Verde/MT. Amazônica estão previstos para serem implementados na bacia hidrográfica
Nestes municípios, as principais culturas são: soja, milho, algodão herbáceo do Rio Tapajós, totalizando mais de 17.500 MW de potencial hidrelétrico a
e cana-de-açúcar, e, em menores quantidades (menor área plantada), arroz serem aproveitados nos Rios Tapajós, Apiacás, Teles Pires, Jamanxim e Jurue-
(em casca) e feijão. Outras localidades, na RH, que também demandam na. O Plano Decenal de Energia Elétrica 2019 (MME, 2010) prevê o aproveita-
água para irrigação, são: a porção alta da bacia hidrográfica do Rio Madei- mento de mais de 26.500 MW na bacia do Rio Tapajós, onde estão previstas
ra (Cacoal/RO – principais culturas: feijão e milho; e Vilhena/RO: soja, mi- análises técnicas para a instalação de várias PCHs e mais de 30 UHEs. É im-
lho e arroz) e em municípios localizados ao longo do Rio Amazonas, como portante, entretanto, que o processo de planejamento do setor elétrico para
Santarém (PA), Parintins (AM), Careiro da Várzea (AM), Iranduba (AM) e a instalação dessas AHEs considere a garantia do uso múltiplo das águas, em
Manacapuru (AM), que cultivam, principalmente, mandioca, grãos e fibras. especial, a viabilização da navegação comercial na região, além dos aspectos
Em Macapá e Porto Grande, no estado do Amapá, localizados próximos à sociais e ambientais inerentes. A Hidrovia Tapajós-Teles Pires, presente nesta
foz do Amazonas, também se identificam altas demandas de água para ir- bacia hidrográfica, é estratégica para o país pela possibilidade de ser uma
rigação (principais cultivos são: milho, arroz e feijão). Ressalta-se que as importante via de escoamento da produção agrícola da região Centro-Oeste.
culturas citadas não são, necessariamente, as irrigadas, mas representam Esta viabilização, entretanto, depende da construção de eclusas em alguns
os principais cultivos agrícolas dos municípios, em termos de área plantada dos aproveitamentos hidrelétricos previstos na bacia do Rio Tapajós. Na ba-
(Pesquisa Agrícola Municipal; IBGE, 2012). cia do Rio Xingu, uma Resolução do Conselho Nacional de Política Energética
(Resolução CNPE nº 6 de 03 de julho de 2008) definiu que o potencial hidro-
energético a ser explorado será somente aquele situado no rio Xingu, entre a
sede urbana do Município de Altamira e a sua foz, ou seja, apenas referente
a UHE Belo Monte, já em operação.
TEMA 4: DESSEDENTAÇÃO ANIMAL menor eficiência de depuração natural da carga orgânica), prejudicando a
A criação extensiva de gado de corte, na RH Amazônica, é uma ativida- população residente nesses locais. O Plano Estratégico de Recursos Hídricos
de tradicional e foi a principal força motriz que impulsionou o desmatamento dos Afluentes da Margem Direita do Rio Amazonas (ANA, 2012) identificou
e a conversão de áreas nativas em pastagens para a ocupação territorial da os principais cursos d’água que apresentaram não conformidade em relação
região. Atualmente, as áreas em que se identificam as maiores demandas de à concentração de Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO (indicativo de
água para dessedentação animal e, consequentemente, o maior número de poluição hídrica, principalmente por esgotamento sanitário) - com base na
cabeças de gado são: no estado do Acre, os municípios de Xapuri, Capixaba, Resolução CONAMA nº 357/2005. Estes trechos de rios foram identificados
Senador Guiomard, Bujari, Porto Acre e Rio Branco; no estado de Rondônia, nos seguintes municípios: Rio Branco/AC, Feliz Natal/MT, Sinop/MT, Alta Flo-
Castanheiras, Presidente Médici, Rolim de Moura, Cacoal e Ministro Andreazza resta/MT, Capixaba/RO, Rolim de Moura/RO, Colniza/MT e Senador Guio-
no estado do Amazonas, municípios ao longo do rio Amazonas, como Parintins mard/AC. Na cidade de Rio Branco/AC, por exemplo, apenas 37% do esgoto
e Careiro da Várzea. Considerando o ano de 2010, a vazão de retirada de água doméstico é coletado, e, apesar de 100% deste percentual serem tratados,
para dessedentação animal, na RH Amazônica, é a segunda maior dentre as restam mais de 60%, que são lançados sem tratamento nos corpos d’água.
regiões hidrográficas brasileiras (24,9 m³/s), ficando atrás apenas da RH Paraná.
TEMA 6: EVENTOS CRÍTICOS
TEMA 5: SANEAMENTO AMBIENTAL No ano de 2013, em cinco municípios da RH Amazônica , localizados no
A região norte do país é a que apresenta as maiores deficiências no Acre (Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Rio Branco e Xapuri), foram decreta-
saneamento ambiental (baixas coberturas de coleta e tratamento de esgotos das “situação de emergência”, devido à estiagem, todas no mês de maio. A maio-
domésticos, no abastecimento de água e na destinação de resíduos sólidos). ria dos eventos críticos, entretanto, foi relacionada a cheias (em 64 municípios,
Na RH Amazônica, o abastecimento de água é de 76,4% e apenas 25% do foram decretadas situações de emergência, entre abril e junho, devido a inunda-
esgoto doméstico é coletado (segundo dados do SNIS, 2012, a média brasi- ções, alagamentos, enchentes ou enxurradas). Entre 2003 e 2013, em 82 municí-
leira é de 93,2% de atendimento da população por rede de abastecimento pios (aproximadamente, 30% dos municípios da RH), foram decretados eventos
de água, e 58,8% de todo esgoto produzido pelos municípios é coletado em de seca, sendo que, entre setembro e dezembro de 2010, foi registrada uma das
rede de saneamento própria). Essas grandes cargas de efluentes domésticos maiores secas na região, que afetou os seguintes rios: Javari, Juruá, Japurá, Acre,
lançados nos rios da RH são diluídos devido à grande disponibilidade hídrica Negro, Purus, Içá, Solimões e Madeira. Nesta mesma década, em cerca de 61%
presente, porém, alguns igarapés e cursos d’água com menor vazão, que pas- dos municípios da RH, foram decretados eventos de cheia, sendo que a maior
sam por áreas urbanas podem apresentar uma qualidade da água ruim (pela foi registrada entre maio e junho de 2009, nos Rios Amazonas, Tapajós e Negro.
2
Região Hidrográfica
Atlântico Leste
Leito seco de rio intermitente – Toca da Velha – Raso da Catarina – BA – Zig Kock/Banco de Imagens ANA
Região Hidrográfica Atlântico Leste 29
A Região Hidrográfica Atlântico Leste possui, aproximadamente, demográfica é de 38,82 hab./km², aproximadamente, 2 vezes maior que a
388.160 km² de área (3,9% do país), abrangendo 491 municípios com média brasileira, que é de 22,4 hab./km².
sedes inseridas na RH, distribuídos em quatro Unidades da Federação: Estão apresentadas, na Figura 8, as principais cidades, com popula-
Bahia (69%); Minas Gerais (26%); Sergipe (4%), e Espírito Santo (1%). É ção urbana igual ou superior a 50.000 habitantes. Dentre estas, se destacam:
formada por um conjunto de bacias hidrográficas costeiras (que vertem Salvador (cerca de 2,6 milhões hab.); Aracaju (cerca de 570 mil hab.); Feira
para o litoral), com uma acentuada diversidade em termos de porte, que de Santana (aprox. 510 mil hab.); Vitória da Conquista (aprox. 275 mil hab.);
abrangem, ao norte, parte dos estados da BA e SE e se estendem até por- Camaçari (cerda de 230 mil hab.), e Itabuna (aprox. 200 mil hab.).
ções de MG e ES. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Atlântico Les-
Essa RH está dividida em oito unidades hidrográficas: Vaza Barris; Lito- te é de 1.018 mm, bem menor do que o valor da média nacional, de 1.761 mm.
rânea BA-SE; Itapicuru; Litorânea BA, Paraguaçu; Contas; Pardo Jequitinho- A vazão média é de 1.484 m³/s, correspondendo a 0,8% da vazão mé-
nha, e Litorânea ES-BA. Tem como principais rios: Vaza-Barris; Barba do Tu- dia nacional, e sua disponibilidade hídrica é de 305 m³/s, ou seja, 0,3% da
barão; Real; Itapicuru-açu; Itapicuru; Inhambupe; Jacuípe; Salgado; Pojuca; disponibilidade hídrica nacional (considerando a vazão regularizada pelos re-
Capivari; Paraguaçu; São João; Salto; Gavião; Conguji; Contas; Pardo; Itacam- servatórios da região).
biruçu; Araçaí; Jequitinhonha; Prado ou Jucurucu; Alcobaça ou Itanhaém; O volume máximo de reservação per capita é de 945 m3/hab., bem
Mucuri; Cibrão, e São Mateus. menor do que o valor da média brasileira, de 3.607 m3/hab. A vazão de re-
A população total da região é de, aproximadamente, 15,1 milhões de tirada (demanda total) é de 112,3 m³/s (cerca de 5% da demanda nacional).
habitantes (IBGE, 2010). Caracteriza-se por possuir população predominan- Grande parte da RH está situada na região do semiárido nordestino,
temente urbana, representada por 75% do total de seus habitantes, des- caracterizada por apresentar períodos críticos de prolongadas estiagens, re-
tacando-se as Regiões Metropolitanas de Salvador e Aracaju. A densidade sultado de baixa pluviosidade e alta evapotranspiração.
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As principais demandas de recursos hídricos
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na RH Atlântico Leste são para irrigação (47%) e para
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o abastecimento urbano de água (31%). A vazão de
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nacional (ANA, 2013).
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do território da RH e representavam 6,1% do total !.
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gada, que ocupava 11,6% de toda a área plantada. çu Salvador Lauro de Freitas
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Apesar deste expressivo aumento, a RH ocupa a Jequiriçá
sexta posição, dentre as doze regiões hidrográficas
brasileiras, quanto ao volume de água demandado
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municípios da RH Atlântico Leste, 10% requerem !.
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uma ampliação do sistema de abastecimento atual- ES
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mente existente e 63% requerem um novo manan-
cial para complementar o abastecimento de água. 0,5 a 1,0
Figura 9. Vazão de retirada de água para irrigação nos meses de maior consumo (ano-base 2012) na RH Atlântico Leste
32 Região Hidrográfica Atlântico Leste
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Figura 10. Vazão de retirada de água para abastecimento urbano (ano-base 2010) na RH Atlântico Leste
Região Hidrográfica Atlântico Leste 33
Balanço HÍDRICO QUALI-QUANTITATIVO para usos futuros (consumo para os diversos fins ou diluição de efluentes). A
outra metade desses recursos, entretanto, apresenta situação de criticidade
O balanço entre a disponibilidade hídrica/demandas consuntivas e dis- quantitativa (32%), qualitativa (3%) ou quali-quantitativa (14%), demandan-
ponibilidade hídrica/diluição de efluentes nos apresenta a oferta de água em do ações de gestão para reverter esse quadro.
condições satisfatórias para os diversos usos, respectivamente, quantitativa A localização dos principais trechos de rios com criticidade quantitati-
e qualitativamente. va na RH (relação entre as demandas consuntivas totais e a disponibilidade
Considerando-se o balanço hídrico (ANA, 2013), verificou-se que a Re- hídrica) coincide espacialmente, em sua maioria, com as regiões abrangidas
gião Hidrográfica Atlântico Leste possui, aproximadamente, 51% da extensão pelo semiárido (Figura 11) e onde estão os rios intermitentes (Figura 12). A
de seus principais rios em situação satisfatória, quanto ao balanço hídrico escassez hídrica que ocorre naturalmente na região é fator agravante para
quali–quantitativo (Figura 13). Isso significa que metade dos recursos hídri- o atendimento das demandas atuais. Sendo a disponibilidade hídrica insu-
cos da RH estão em boas condições, em termos de quantidade e qualidade ficiente para a demanda atualmente existente, apresenta-se a necessidade
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A segurança hídrica está associada à garantia da oferta
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dentre as regiões hidrográficas brasileiras. Quanto ao arma- #
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Eventos Críticos além de impactar a zona rural, atingiu também o abastecimento de muitas
sedes urbanas. Na RH Atlântico Leste, segundo dados da Operação Seca1, o
Em 2013, a RH Atlântico Leste apresentou maior número de municí- abastecimento de, aproximadamente, 21% das sedes municipais apresentou
pios nos quais foram reconhecidos situação de emergência (SE) ou estado de racionamento ou esteve em estado de alerta, no ano de 2013. Diversas ações
calamidade pública (ECP), devido a secas ou estiagens (58% dos municípios), emergenciais vêm sendo realizadas e planejadas nessas sedes afetadas. Den-
do que devido a chuvas intensas (4% dos municípios). tre elas destacam-se a distribuição de água por meio de carros-pipa e a per-
A Figura 16 mostra que a maioria dos municípios que sofreram com furação de novos poços.
a seca na RH está localizada na região semiárida (dos 283 municípios que As Figuras 16 e 17 indicam a frequência de ocorrência de desastres
decretaram SE ou ECP, 83% se localizam no semiárido nordestino). A seca naturais ocasionados por eventos climáticos críticos nos municípios da RH,
severa que vem enfrentando o Nordeste Brasileiro, desde o ano de 2012, Atlântico Leste no período de dez anos (entre 2003 e 2013).
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1 Operação Seca: conjunto de ações emergenciais, idealizadas e executadas em 2013 de maneira integrada pelos governos federal e estaduais, para minimizar os impactos da seca no Nordeste
Região Hidrográfica Atlântico Leste 39
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Teófilo Otoni
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5
acima de 5
Principais Temas da RH Atlântico Leste TEMA 1: IRRIGAÇÃO, TEMA 2: INDÚSTRIA E TEMA 3: ABASTE-
CIMENTO PÚBLICO
Na RH Atlântico Leste, os municípios com maiores vazões de
retirada de água para irrigação (ano-base 2012) localizam-se em al-
gumas bacias hidrográficas. Nessas, verificam-se os principais culti-
vos agrícolas presentes nos municípios que se destacam quanto à
demanda hídrica para irrigação. Ressalta-se, porém, que as culturas
citadas não são necessariamente as irrigadas, mas as principais cul-
turas desses municípios, em termos de área plantada (Pesquisa Agrí-
cola Municipal; IBGE, 2012). As regiões de destaque são:
Leito seco de rio temporário – Toca da Velha - Raso da Catarina – BA - Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA Vegetação de Caatinga – Raso da Catarina – BA - Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
42 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
3
Região Hidrográfica
Atlântico Nordeste
Ocidental
Reservatório nas nascentes do Rio Balseiro – Paraibano – MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
44 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
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USO DO SOLO E DESMATAMENTO inadequado dos solos, principalmente em função de práticas agrícolas impactan-
tes, que colaboram para a poluição dos recursos hídricos e acarretam processos
A Região Hidrográfica compreende porções dos biomas Caatinga, Cer- erosivos, salinização e, em alguns casos, formação de áreas desertificadas.
rado e Amazônico. Unidades de Conservação e Terras Indígenas ocupam 28%
de seu território. Na RH, o bioma mais desmatado é o Amazônico, principal- Tabela 5. Percentual de área de cobertura remanescente por Bioma na RH
mente devido à atividade madeireira. Atlântico Nordeste Ocidental
A maior parte do espaço rural está ocupada com atividades pecuárias. Bacia Hidrográfica Amazônia Caatinga Cerrado Total
As atividades agrícolas se concentram ao sul e, atualmente, no leste do esta-
Área de cobertura de vegetação
do do Maranhão, com a instalação de grandes projetos agrícolas voltados ao remanescente do bioma em
27% 94% 74% 48%
plantio de soja e arroz. relação a sua área original na RH
Em grande parte das bacias costeiras da RH, observa-se o uso e, manejo
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 45
Reservatório de água em Santo Antônio dos Lopes – MA – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
EVENTOS CRÍTICOS ANA e no Ministério da Integração Nacional e que tem como objetivo a iden-
tificação das intervenções cruciais para a solução de problemas relacionados
De 2003 a 2013, 116 municípios da RH Atlântico Nordeste Ocidental à garantia de oferta de água, ao controle de cheias e ao estabelecimento de
(49,4% do total) decretaram situação de emergência ou de calamidade públi- um programa de ações em torno de suas concretizações
ca por eventos relacionados a cheias (enchentes, alagamentos, enxurradas e Já com relação aos eventos de secas e estiagens, no período de 2003 a
inundações), dos quais 31 apresentaram 2 ou 3 reconhecimentos no período. 2013, 85 municípios (36,2% do total da RH) decretaram situação de emergên-
No ano de 2013, em nenhum município houve decretos devido a cheias. cia ou de calamidade pública, dos quais 49, 15 e 1 municípios apresentaram
Em 2012, a ANA elaborou o Atlas de Vulnerabilidade às Cheias do Bra- 2, 4 e 5 eventos no período, respectivamente. Considerando apenas o ano de
sil, cujo objetivo foi fornecer um diagnóstico da ocorrência e dos impactos 2013, em 72 municípios houve reconhecimentos dessa situação decretada
(sociais e econômicos) das cheias graduais nos principais rios das bacias hi- (30,6% do total da RH).
drográficas brasileiras. Dentre outras áreas, as bacias dos rios Mearim e Itapi- A RH possui alguns rios intermitentes, principalmente no curso médio
curu foram identificadas, nesse estudo, como prioritárias para o controle de do rio Itapecuru, persistindo por longos períodos com vazões nulas. Além
inundações. Essas duas bacias serão analisadas no Plano Nacional de Segu- disso, há áreas sujeitas à desertificação, principalmente na porção leste, em
rança Hídrica - PNSH, cuja contratação encontra-se em fase de andamento na áreas dos biomas Cerrado e Caatinga.
48 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
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Figura 22. Municípios com registros de ocorrência de enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos, entre 2003 e 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 49
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Figura 23. Municípios com registros de ocorrência de secas ou estiagens, entre 2003 e 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
50 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
Figura 24. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Nordeste Ocidental
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental 51
TEMA 1: CRITICIDADE HÍDRICA apresentam problemas com despejos de esgotos domésticos, industriais ou
agrícolas. A RH Atlântico Nordeste Ocidental apresenta um dos menores índi-
Áreas 1 e 2 onde se concentram rios com problemas quali-quantitati- ces de coleta de esgoto dentre todas as regiões hidrográficas. Na RH, apenas
vos na RH: cerca de 28% do esgoto são coletado, sendo que, de todo o esgoto gerado,
1 - Na Unidade Hidrográfica de Mearim, predomina grande demanda cerca de 8% são tratados antes de serem lançados nos corpos d’água. A par-
de água para dessedentação animal e abastecimento rural, principalmente tir de dados do SNIS, do percentual de esgoto coletado, 28% são tratados
nos municípios de Açailândia, Bacabal, Barra do Corda, Santa Luzia e Santa (MCid, 2012; adaptado). Portanto, torna-se necessário implementar, ampliar
Inês. Na UH Itapecuru, ao longo do seu rio principal, há maior demanda in- e melhorar os sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais da
dustrial com possibilidades de expansão (ano-base 2010). região de São Luís e em algumas cidades e núcleos ribeirinhos. Nessas áre-
as, a contaminação das águas tem causado perdas e restringido outros usos,
2 - Na maioria dos rios localizados na região dos Lençóis Maranhenses principalmente o abastecimento humano, a pesca e o turismo.
há uma criticidade quantitativa, devido à relação entre a demanda e a dis-
ponibilidade hídrica, que se encontra em situação muito crítica (Figura 3.3). TEMA 3: DESMATAMENTO E ASSOREAMENTO
TEMA 2: SANEAMENTO AMBIENTAL Ocorre o risco de desmatamento de grande área de floresta tropical na
Unidade Hidrográfica de Gurupi, na promissora fronteira agrícola da Unidade
Há lançamentos significativos de esgotos domésticos e efluentes in- Hidrográfica Litorânea/MA, em torno da cidade de Chapadinha, e desmata-
dustriais (mineração e siderurgia) em rios do Golfão Maranhense de São mento e assoreamento de nascentes de rios afluentes do Rio Alpercatas, lo-
Luís. Açailândia, Bacabal, Santa Caxias e Codó são municípios que também calizado na Unidade Hidrográfica Itapecuru.
4
Região Hidrográfica
Atlântico Nordeste
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Balanço Hídrico Quali-quantitativo dades, esses poços constituem a única fonte de abastecimento disponível.
A Região Atlântico Nordeste Oriental, por integrar a região do Semiá-
A região semiárida, além dos baixos índices pluviométricos, se caracte- rido, apresenta grande ocorrência de rios classificados com criticidade quali-
riza por apresentar temperaturas elevadas durante todo ano, baixas amplitu- quantitativa devido à baixa disponibilidade hídrica dos corpos d’água, com
des térmicas, forte insolação e altas taxas de evapotranspiração. Os elevados 90% dos trechos de domínio da União nessa região considerados críticos.
índices de evapotranspiração normalmente superam os totais pluviométri- Considerando o balanço quantitativo, 97,5% da extensão dos seus principais
cos irregulares, configurando taxas negativas no balanço hídrico da região, a rios são classificados com situação “muito crítica”, “crítica” ou “preocupan-
exemplo do que ocorreu no período de 2012 a 2013. te”. Destaca-se a bacia do rio Jaguaribe, que tem quase a totalidade dos rios
Trata-se, portanto, de um território vulnerável, em que a irregulari- em situação “crítica” ou “muito crítica”.
dade interanual das chuvas pode chegar a condições extremas, representa- Quanto ao balanço qualitativo, a RH apresenta a situação mais crítica
das por frequentes e longos períodos de estiagem. Esses períodos críticos para assimilação de esgotos domésticos. Os maiores valores de carga orgâni-
têm sido os maiores responsáveis pelo histórico êxodo de grande parte da ca doméstica são nas áreas das regiões metropolitanas de Recife, Fortaleza e
sua população. Maceió. A combinação de pouca disponibilidade hídrica e baixos índices de
No que se refere à disponibilidade de águas subterrâneas, o semiá- coleta e tratamento de esgotos contribui com a baixa qualidade das águas
rido nordestino brasileiro apresenta áreas com fraco potencial hidrogeoló- dos rios da região. A perenidade dos rios e a sazonalidade da estação chuvosa
gico, tendo em vista a grande presença do embasamento cristalino. Nesses e do período de seca, e ainda, a baixa capacidade de autodepuração dos rios
locais, a produtividade dos poços apresenta vazões muito baixas (inferiores são fatores que alteram consideravelmente a qualidade das águas na Região
a 3 m3/h) e a água possui elevada salinidade. Em muitas pequenas comuni- Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental.
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 55
Figura 26. Balanço hídrico quali-quantitativo em trechos de rios da RH Atlântico Nordeste Oriental
56 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental
Figura 27 . Concentrações médias de fósforo e trechos críticos (Portaria ANA nº 62/2013) na RH Atlântico Nordeste Oriental
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 57
A zona litorânea é especialmente atingida pela degradação da quali-
dade das águas devido, principalmente, à expansão das metrópoles. A po-
luição hídrica se dá, sobretudo, pelo despejo de esgotos, aterros e retirada
da vegetação em manguezais e pela deposição de resíduos sólidos em rios e
mangues.
Na região do semiárido, a qualidade das águas, sobretudo dos açudes,
é comprometida pelo processo de eutrofização, que está relacionada com o
aporte de nutrientes nos corpos hídricos, principalmente o fósforo. A Figura
27 apresenta os altos valores médios de fósforo total observados em 2012
para os pontos de monitoramento estaduais da RH. A maioria destes pontos
situa-se em açudes, onde o limite de fósforo total para águas de Classe 2 é de,
no máximo, 0,03 mg/L (Resolução CONAMA nº 357/2005).
Outros fatores regionais, tais como os baixos níveis de tratamento de
esgoto, o alto tempo de residência da água, a temperatura elevada e a alta in-
cidência luminosa, contribuem para a intensificação do processo nos açudes.
Entre os problemas decorrentes da eutrofização dos açudes, há a floração
de algas tóxicas, o que pode comprometer seriamente o abastecimento das
populações que dependem destes mananciais.
No intuito de priorizar as ações de gestão nas áreas mais críticas, a ANA
realizou, em 2012, um estudo para identificação de corpos d’água críticos
(principalmente federais), considerando o comprometimento quali-quantita-
tivo em todas as RHs brasileiras, cujo resultado foi publicado na Portaria da
ANA n°62 , em 26 de março de 2013. A RH Atlântico Nordeste Oriental se
destaca nesse contexto, pois apresenta mais de 90% da extensão dos seus
rios federais na situação crítica (Figura 26).
Infraestrutura hídrica
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Figura 29. Municípios com registro de ocorrência de secas e estiagens no período de 2003 a 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 61
ASPECTOS PRIORITÁRIOS E CONFLITOS NA RH Atlântico nor- núcleos de Irauçuba, no estado do Ceará e do Seridó, entre os estados do Rio
deste oriental Grande do Norte e Paraíba.
Figura 30. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Nordeste Oriental
62 Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental
TEMA 5: QUALIDADE DA ÁGUA irrigação e suas principais culturas, em termos de área plantada, segundo infor-
Os principais trechos de rios das cidades presentes no litoral da RH mações da Pesquisa Agrícola Municipal (IBGE, 2012) na RH Atlântico Nordeste
Atlântico Oriental apresentaram criticidade qualitativa no balanço hídrico re- Oriental são:
alizado (ANA, 2013). A localização da maioria desses trechos indica que essa • Na porção alta da Bacia do Rio Acaraú (a): Ipu, Ipueiras, Tianguá,
pior qualidade da água pode estar relacionada ao lançamento in natura dos es- Reruitaba e Pires Ferreira, todos no estado do Ceará, cujas principais
gotos domésticos e efluentes industriais, principalmente oriundos das regiões culturas agrícolas plantadas são milho e feijão;
metropolitanas. Na porção semiárida da região hidrográfica, o monitoramento • Na bacia do Rio Apodi (b): Limoeiro do Norte/CE, Quixeré/CE e Apo-
da qualidade das águas indica altas concentrações de fósforo, o que sugere alto di/RN, cujas principais culturas plantadas são milho, feijão e arroz;
risco de eutrofização nos açudes. A eutrofização pode implicar em sérias restri- • Na Unidade Hidrográfica Litorânea PE (c): Cabo de Santo Agostinho,
ções aos usos da água reservada nos açudes, que, muitas vezes, representam Escada, Amaraji, Primavera e Ribeirão, onde o cultivo de cana-de
as únicas fontes regionais de água para as populações do semiárido. -açúcar é predominante;
Em relação à poluição industrial, destacam-se algumas áreas específicas Na Unidade Hidrográfica Litorânea AL PE (d): Coruripe, São Miguel dos
onde as indústrias de açúcar e álcool ainda lançam, nos cursos d’água, princi- Campos, Campo Alegre, Jiquiá da Praia e Boca da Mata, no estado de Alagoas,
palmente da Zona da Mata, grande quantidade de vinhoto, apesar da conside- onde o cultivo de cana-de-açúcar também predomina;
rável, melhoria após o advento da utilização para fertirrigação. No que se refere
às águas subterrâneas, é importante destacar a poluição por excesso de nitrato TEMA 7: DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: COMPLEXO LAGUNAR
do aquífero freático que abastece aproximadamente, 70% da população da RM A zona do denominado Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Man-
de Natal. Essa contaminação está relacionada, principalmente, à proteção ina- guaba (CELMM), em Alagoas, é foco de conflito, pelo uso da água, devido
dequada das captações subterrâneas e à carência dos sistemas de saneamento aos impactos da poluição e da degradação ambiental que ocorrem na área.
com o uso de fossas negras, já foi identificada também na área de ocorrência A região das lagoas vem sofrendo um processo acelerado de degradação am-
dos sistemas aquíferos Barreiras, na cidade de Fortaleza e do Missão Velha, na biental, afetando, direta e indiretamente, os cerca de 260 mil habitantes que
região do Cariri, no Ceará. vivem no seu entorno, dos quais, aproximadamente, cinco mil são pescadores.
O crescimento desordenado da área urbana de Maceió, o lançamento de esgo-
TEMA 6: DEMANDA DE IRRIGAÇÃO tos domésticos, a presença de um pólo cloroquímico e a intensa atividade su-
Em algumas regiões da RH Atlântico Nordeste Oriental, observam-se ba- cro-alcooleira, ao longo de suas Bacias Hidrográficas, são fatores que resultam
cias com criticidade quantitativa, devido alta demanda hídrica, principalmente numa situação crítica, quando colocados frente à vulnerabilidade ambiental e
para irrigação. Os municípios com maiores vazões de retirada de água para importância socioeconômico-cultural da região.
Homem levando água em tonéis – Antonina do Norte – CE – Zig Koch/ Banco de Imagens ANA
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental 63
Entre Campo Sales e Antonina do Norte – CE – Zig Koch/ Banco de Imagens ANA
64 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
5
Região Hidrográfica
Atlântico Sudeste
Foz do Rio Itaúnas – Parque Estadual de Itaúnas – ES - Zig Koch/ Banco de Imagens ANA
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 65
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A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste drena uma das mais expres- Essa RH possui 214.629 km² de área (2,5% do país), abrangendo 595
sivas regiões hidrográficas brasileiras. É a segunda RH mais populosa, com, municípios (506 sedes municipais) e cinco Unidades da Federação: Minas
aproximadamente, 28.236 mil habitantes (IBGE, 2010). Apresenta alta diver- Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Dentre as sedes
sidade de atividades econômicas e significativo parque industrial, constituin- municipais inseridas na região, destacam-se, com mais de 300.000 habitan-
do-se em uma das mais desenvolvidas regiões do país. tes (IBGE, 2010), as seguintes cidades: : Rio de Janeiro/RJ (aprox. 6,3 mi-
A RH é formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no lhões hab.), São Gonçalo/RJ (aprox. 998 mil hab.), Nova Iguaçu/RJ (aprox. 787
litoral sudeste brasileiro, do norte do Espírito Santo ao norte do Paraná, e mil hab.), São José dos Campos/SP (aprox. 617 mil hab.), Duque de Caxias/
está dividida em cinco unidades hidrográficas: Doce, Litorânea/RJ ES, Lito- RJ (aprox. 510 mil hab.), Juiz de Fora/MG (aprox. 510 mil hab.) , Niterói/RJ
rânea/SP, RJ, Paraíba do Sul e Ribeira de Iguape. É constituída por diversos (aprox. 487 mil hab.), Belford Roxo/RJ (aprox. 469 mil hab.), São João do Me-
e pouco extensos rios que formam as bacias integradas dos rios Itapemirim, riti/RJ (aprox. 458 mil hab.), Santos/SP (aprox. 419 mil hab.), Campos dos
Fluminense e Paulista, destacando-se os rios Paraíba do Sul, Doce, Ribeira do Goytacazes/RJ (aprox. 418 mil hab.), Vila Velha/ES (aprox. 412 mil hab.), Ser-
Iguape, Manhuaçu, Piranga, Pomba, Muriaé, Suaçuí Grande, Santo Antônio, ra/ES (aprox. 406 mil hab.), Cariacica/ES (aprox. 337 mil hab.), São Vicente/SP
Paraitinga e Peixe. (aprox. 332 mil hab.) e Vitória/ES (aprox. 327 mil hab.).
66 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
A população total da RH é predominantemente urbana (92% de seus vazão média é de 3.167 m³/s, correspondendo a 1,8% da vazão média do País,
habitantes). A densidade demográfica é alta, chegando a 131,6 hab./km², e sua disponibilidade hídrica é de 1.145 m³/s, ou seja, 1,2% da disponibilidade
seis vezes maior que a média brasileira (22,4 hab./km²). hídrica nacional.
Segundo dados do Inmet , a precipitação média anual, na RH Atlântico O volume máximo de reservação per capita é de 372 m3/hab., 10 vezes
Sudeste, é de 1.401 mm, abaixo da média nacional, que é de 1.761 mm. A menor do que o valor da média brasileira (3.607 m3/hab.). A vazão de reti-
rada (demanda total) é de 213,7 m³/s (cerca de 9 % da demanda nacional).
Tabela 7. Caracterização Geral da RH do Atlântico Sudeste
DEMANDAS HÍDRICAS
Considerando-se o ano de 2010 como referência, para todas as de- predominância da demanda hídrica nas Unidades Hidrográficas Rio Paraíba
mandas hídricas, os principais usos consuntivos de água na Região Hidro- do Sul e Litorânea SP/RJ, além da região metropolitana de Vitória.
gráfica Atlântico Sudeste foram: para o abastecimento urbano (104,2 m³/s, Em 2012, análise realizada para contabilizar a demanda máxima de
representando 49% da demanda hídrica total da RH), seguido pela irrigação água para irrigação na RH indicou um consumo de 70,9 m³/s, confirmando
(57,4 m³/s, 27% da demanda hídrica total), indústria (43,1 m³/s, 20% da de- o destaque desta categoria de uso. Na RH, houve um incremento de 18%
manda hídrica total), dessedentação animal (5,7m³/s, 3% da demanda hídri- de 2006 a 2012, nas áreas irrigadas. Em 2012, 11,6% das áreas plantadas
ca) e, por fim, abastecimento rural (3,2 m³/s, 1% da demanda total da RH). estavam irrigadas. As áreas plantadas com lavouras, entretanto, sofreram um
Verifica-se que para o abastecimento urbano e industrial de água, há uma decréscimo de 12%, de 2006 a 2012.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 67
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68 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
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Figura 32 B. Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para abastecimento industrial (ano-base 2010)
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 69
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Figura 32 C. Demandas hídricas na RH Atlântico Sudeste: vazões de retirada para irrigação (ano-base 2012)
70 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
Oceano Atlântico
N
Figura 33. Índice de Qualidade das Águas em 2012 com destaque para as regiões metropolita-
nas do Rio de Janeiro e Vitória.
______________________________
1 O IQA foi criado pela National Sanitation Foundation, em 1970. O cálculo utilizado nesta análise é similar ao utilizado pela CETESB. O IQA é calculado a partir do oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH,
demanda bioquímica de oxigênio, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e sólidos.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 71
A Figura 33 mostra uma forte concentração de pontos com qualidade Assim como o IQA, os valores médios da DBO, na RH, sugerem que o
de água inferior nas Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro e Vitória. Clas- nível de degradação da qualidade das águas está fortemente associado com
sificando os pontos de monitoramento de acordo com sua localização dentro os grandes contingentes populacionais concentrados nos maiores centros ur-
das regiões metropolitanas e/ou das manchas urbanas do IBGE, é possível banos. Este cenário indica que, apesar da intensa atividade industrial existen-
notar uma acentuada degradação das águas urbanas (Figura 34). te, sobretudo, na bacia do rio Paraíba do Sul, os esgotos domésticos exercem
um forte impacto na qualidade da água em virtude dos baixos índices de
saneamento nos municípios.
Na RH Atlântico Sudeste, a partir de dados do Sistema Nacional de In-
formações sobre Saneamento - SNIS (2012), tem-se que o índice de coleta de
esgotos é de 61,1% e o de tratamento de esgotos domésticos é de 58,2%. A
média nacional é de 58,8% e 70,8% para estes dois índices, respectivamente.
Percebe-se que o índice de coleta de esgotos nos municípios, apesar de ainda
distante de 100%, está acima da média nacional, mas o índice de tratamento
desse esgoto que é tratado encontra-se abaixo da média nacional nesta RH.
Ressalta-se que o índice de tratamento de esgoto equivale à percentagem
Figura 34. Índice de Qualidade das Águas nas cidades e no campo do esgoto coletado que é tratado e não à percentagem da produção total de
esgoto do município.
Comparando os valores médios de IQA dos pontos de monitoramento
localizados no meio urbano2 com os do meio rural, observa-se uma proporção BALANÇO HÍDRICO
maior de pontos com qualidade de água regular, ruim e péssima nas cidades.
No Rio de Janeiro, os afluentes do rio Guandu monitorados pelo Instituto Na- A criticidade quantitativa é expressa pela relação entre as demandas
cional do Meio Ambiente - INEA - apresentaram valores de IQA variando entre consuntivas totais e a disponibilidade hídrica dos trechos de rios analisados
as categorias regular a péssimo. Ao sul de Vitória (ES), os afluentes do rio Jacu e a criticidade qualitativa é expressa como a capacidade de assimilação pelos
apresentaram valores de IQA que indicam a degradação da qualidade da água. trechos de rios de cargas orgânicas lançadas aos corpos d’água, como as car-
Além das regiões metropolitanas, é possível observar pontos com IQA gas de esgoto doméstico geradas pelos municípios.
regular na porção mineira da bacia do rio Paraíba do Sul, nas bacias dos rios Com base no balanço hídrico realizado (ANA, 2013), verificou-se que
Paraibuna e Pomba. Ao logo do litoral norte de São Paulo, constatam-se di- a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste possui, aproximadamente, 85% da
versos pontos de monitoramento com IQA regular. extensão de seus principais rios em situação satisfatória, quanto ao balan-
A Figura 35 traz um mapa com os valores médios, em 2012, da De- ço hídrico quali–quantitativo - boas condições, em termos de quantidade e
manda Bioquímica de Oxigênio (DBO), juntamente com as cargas de DBO es- qualidade para usos futuros (consumo ou diluição de efluentes). Cerca de 6%
timadas por município com base no contingente populacional e nos índices desses trechos de rios apresentaram situação de criticidade quantitativa e
de saneamento. A DBO é um importante indicador de poluição por cargas outros 6% de criticidade qualitativa. Na Figura 5.6 pode-se visualizar a loca-
orgânicas e, portanto, da poluição por esgotos domésticos. lização predominante das bacias hidrográficas onde estão esses trechos de
rios, inclusive daquelas com criticidade qualitativa e quantitativa, que somam
Principais ameaças à qualidade da água na RH Atlântico Sudeste 3% do total dos trechos de rios analisados.
• Baixos índices de tratamento dos esgotos provenientes de áreas Na RH Atlântico Sudeste, cerca de 20% dos trechos de rios federais
densamente povoadas, o que inclui áreas de mananciais impor- analisados (4.470 km, no total) foram considerados críticos.
tantes para a RH;
• Poluição industrial gerada pelas numerosas indústrias, tanto as de
grande porte, quanto as de pequeno porte, distribuídas por toda RH;
• Perda de cobertura vegetal, sobretudo, nas bacias dos principais
mananciais da bacia, o que aumenta sua vulnerabilidade em rela-
ção à poluição difusa e à eutrofização;
• Riscos de acidentes ambientais, em virtude do intenso fluxo de in-
sumos com potencial poluidor nas principais rodovias da RH.
______________________________
2 Pontos de monitoramento inseridos nas regiões metropolitanas e/ou das manchas urbanas do IBGE (2005).
72 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
Oceano Atlântico
Figura 35. DBO média, em 2012, e carga de DBO remanescente estimada para os municípios da RH Atlântico Sudeste
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 73
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Figura 36. Balanço hídrico quali-quantitativo nas bacias hidrográficas da RH Atlântico Sudeste
74 Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
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Figura 39. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Sudeste
TEMA 1: ABASTECIMENTO URBANO E INDUSTRIAL DE ÁGUA E TEMA para atender à demanda urbana até 2025. Neste caso, se incluem as Regiões
Metropolitanas de Vitória, Rio de Janeiro e da Baixada Santista. Quanto à ne-
Nas localidades destacadas se verifica criticidade quali-quantitativa de cessidade de ampliação do sistema de abastecimento de água atualmente
água. São municípios que se caracterizam por maior concentração populacio- existente para atendimento à demanda urbana até 2025, 236 municípios (47%
nal e pelas maiores demandas hídricas para o abastecimento urbano e indus- dos estudados) requerem investimentos para execução de obras com este ob-
trial. A combinação dessas altas demandas pode estar afetando a qualidade jetivo. Quanto à qualidade da água, além dos impactos dos lançamentos de
e a quantidade de água disponível em boas condições para uso. Segundo o efluentes industriais, a maior poluição possivelmente se deve à carga de es-
Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010), dos 506 municí- gotos domésticos que são lançados nos corpos d’água, uma vez que a coleta
pios estudados na RH, 12 municípios (2%) requerem novo manancial de água e tratamento de esgotos não é suficiente nesses municípios com alta concen-
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 77
tração populacional. Em municípios com menor população, a coleta é muitas
vezes inexistente ou ainda em situações mais precárias, porém a relação entre • Na porção baixa da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul: nos
a disponibilidade hídrica e o volume de carga de efluentes lançada, tende a municípios de Campos de Goytacazes, São João da Barra, São Fran-
ser maior, não indicando criticidade qualitativa dos recursos hídricos. A maior cisco de Itabapoana, São Fidélis e Itaocara (todos no Rio de Janeiro).
precaução quanto ao lançamento de esgotos domésticos deve recair, portanto, O principal cultivo presente nesses municípios é a cana-de-açúcar,
nas cidades mais populosas da RH, uma vez que a poluição hídrica devido ao além da banana e do coco-da-bahia, em Campos dos Goytacazes.
lançamento desses efluentes indisponibiliza água de qualidade para os outros • Na porção baixa da bacia hidrográfica do Rio Doce: Nos municí-
usos, agravando a situação da oferta hídrica na bacia. pios de Colatina, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha,
Marilândia, Governador Lindenberg, Vila Valério, Rio bananal, So-
TEMA 2: POLUIÇÃO HÍDRICA oretama, Jaguaré, Laranja da Terra e Itaguaçu (todos no Espírito
Santo), Os principais cultivos presentes são: milho, feijão e café.
Nas localidades destacadas, verifica-se criticidade quali-quantitativa Em Linhares/ES, há o predomínio de cana-de-açúcar, mandioca,
de água. São municípios que se caracterizam por maior concentração popu- cacau e café; em São Roque do Canaã/ES, de cana-de-açúcar e
lacional e pelas maiores demandas hídricas para o abastecimento urbano e café, e, em Laranja da Terra/ES, além do milho, feijão e do café, se
industrial. A combinação dessas altas demandas pode estar afetando a qua- destaca-se o plantio de tomate.
lidade e a quantidade de água disponível em boas condições para uso. Se-
gundo o Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010), dos 506 • Nos municípios de Urucânia/MG e Sumidouro/RJ, também se
municípios estudados na RH, 12 municípios (2%) requerem novo manancial verifica alta demanda hídrica para irrigação. As principais cultu-
de água para atender à demanda urbana, até 2025. Neste caso, incluem-se ras agrícolas plantadas são: cana-de-açúcar e café, no primeiro, e
as Regiões Metropolitanas de Vitória, Rio de Janeiro e da Baixada Santista. mandioca, tomate, banana e castanha de caju, no segundo.
Quanto à necessidade de ampliação do sistema de abastecimento de água
atualmente existente para atendimento à demanda, urbana até 2025, 236
municípios (47% dos estudados) requerem investimentos para execução de TEMA 4: EVENTOS CRÍTICOS
obras com este objetivo. Quanto à qualidade da água, além dos impactos Destacam-se no mapa as regiões com maior ocorrência de eventos
dos lançamentos de efluentes industriais, a maior poluição possivelmente críticos de cheias (alagamentos, enchentes e inundações), na RH Atlântico
se deve à carga de esgotos domésticos, que são lançados nos corpos d’água, Sudeste, nos últimos dez anos (de 2003 a 2013).
uma vez que a coleta e, tratamento de esgotos não é suficiente nesses mu-
nicípios com alta concentração populacional. Em municípios com menor po-
pulação, a coleta é, muitas vezes, inexistente ou ainda em situações mais
precárias; porém, a relação entre a disponibilidade hídrica e o volume de
carga de efluentes lançada, tende a ser maior, não indicando criticidade qua-
litativa dos recursos hídricos. A maior precaução, quanto ao lançamento de
esgotos domésticos, deve recair, portanto, nas cidades mais populosas da
RH, uma vez que a poluição hídrica, devido ao lançamento desses efluentes,
indisponibiliza água de qualidade para os outros usos, agravando a situação
da oferta hídrica na bacia.
TEMA 3: IRRIGAÇÃO
6
Região Hidrográfica
Atlântico Sul
A Região Hidrográfica do Atlântico Sul tem grande importância no país Com uma área de 187.552 km² (2,2% do território nacional), abrange
por abrigar um expressivo contingente populacional, pelo desenvolvimento 464 municípios, em quatro Unidades da Federação: São Paulo, Paraná, Santa
econômico e por sua importância turística. Catarina e Rio Grande do Sul. Dentre as 429 sedes municipais inseridas na re-
A RH está dividida em três unidades hidrográficas: Guaíba, Litorânea/RS gião, destacam-se, com mais de 250.000 habitantes (IBGE, 2010), as seguin-
e Litorânea/SC - PR. Predominam rios de pequeno porte, que escoam direta- tes cidades: Porto Alegre/RS (aprox. 1,4 milhões hab.), Joinville/SC (aprox.
mente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, 497 mil hab.), Caxias do Sul/RS (aprox. 419 mil hab.), Florianópolis/SC (aprox.
em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água. Na região do Rio 405 mil hab.), Canoas/RS (aprox. 323 mil hab.), Pelotas/RS (aprox. 306 mil
Grande do Sul, ocorrem rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Va- hab.) e Blumenau/SC (aprox. 294 mil hab.).
cacaí e Camaquã, que estão ligados aos sistemas lagunares da Lagoa Mirim e A população total da RH é de, aproximadamente, 13 milhões de habi-
dos Patos. tantes (IBGE, 2010) e, predominantemente, urbana (88%), com uma densida-
de demográfica que alcança 70 hab./km², cerca de 3 vezes maior que a média
brasileira (22 hab./km²).
Tabela 8. Caracterização da RH Atlântico Sul Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Atlântico
Sul é de 1.644 mm, muito próxima da média nacional, que é de 1.761 mm. A
Área Sedes Pop.
Pop. Rural Pop. Total sua vazão média é de 4.055 m³/s, correspondendo a 3% da vazão média no
Unidades Hidrográficas aprox. municipais Urbana
(n°) (n°)
(km²) (nº) (n°) País, e sua disponibilidade hídrica é de 647,4 m³/s, equivalente a 0,7% da dis-
Guaíba 85.086 235 6.274.059 749.244 7.023.303 ponibilidade hídrica nacional. O volume máximo de reservação per capita é
Litorânea RS 57.152 53 1.091.804 254.970 1.346.774 de 11.304 m3/hab., mais do que três vezes o valor da média brasileira (3.596
Litorânea SC PR 44.435 141 4.051.206 555.271 4.606.477 m3/hab.). A vazão de retirada (demanda total) é 295,4 m³/s (cerca de 12 %
RH Atlântico Sul 186.673 429 11.417.069 1.559.485 12.976.554 da demanda nacional), a segunda maior dentre todas as regiões hidrográficas
Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010) (ficando atrás apenas da RH Paraná).
80 Região Hidrográfica Atlântico Sul
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Figura 41. Vazão de retirada máxima nos meses com irrigação (m3/s) na RH Atlântico Sul
82 Região Hidrográfica Atlântico Sul
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Figura 42. Balanço quali-quantitativo na RH Atlântico Sul Figura 43. Áreas especiais para gestão (bacias críticas) na RH Atlântico Sul
Região Hidrográfica Atlântico Sul 83
Eventos Críticos
Figura 44. Carga orgânica de esgoto doméstico remanescente em 2008 e ampliação do tratamento de esgotos (2000
a 2008) na RH Atlântico Sul
84 Região Hidrográfica Atlântico Sul
SP
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SC
! Florianópolis
RS ! Porto Alegre
SP
PR
SC
! Florianópolis
RS ! Porto Alegre
N 3
4
5
Acima de 5
total gerado; Florianópolis coleta 39% e trata 100% do coletado, mas 39% do
PRINCIPAIS TEMAS NA RH ATLÂNTICO SUL volume total gerado; Pelotas coleta 47% e trata 40% do coletado, mas 19%
do volume total gerado; Porto Alegre coleta 64% e trata 25% do coletado, e
Tema 1: Contaminação por efluentes da suinocultura 16% do volume total gerado.
Na RH Atlântico Sul, os efluentes de suinocultura são importantes fontes Portanto, o lançamento de efluentes domésticos e industriais in natu-
de contaminação das águas superficiais e subterrâneas, no vale do Itajaí e nos ra, que se concentra principalmente nas regiões dos rios Itajaí e Guaíba (vales
rios Pardo e Taquari. Essa atividade produz cargas tão significativas que chegam dos rios Gravataí, Sinos e Caí), compromete significativamente a qualidade
a superar, em alguns casos, aquelas produzidas pelas populações humanas. dos mananciais superficiais.
A evolução da suinocultura na região deu-se a partir da década de 1970,
com a introdução de técnicas de confinamento e produção, mediante vínculo Tema 3: Alta frequência de cheias nos municípios de SC
contratual com as grandes industrias do setor, e conferiu um caráter quase en- Inúmeros locais na Região estão sujeitos a riscos de inundação. A RH
dêmico à poluição dos mananciais por dejetos oriundos das pocilgas. Atlântico Sul apresentou o maior número de municípios de todo o país com
frequência acima de 5 ocorrências de eventos de cheia, no período de 2003
Tema 2: Carga orgânica doméstica remanescente nas a 2013. Santa Catarina é um dos estados com maior recorrência de eventos
concentrações urbanas de cheia nesse período (conforme dados da Secretaria Nacional de Proteção
Os indicadores de tratamento de esgotos na Região são baixos, pro- e Defesa Civil/Ministério da Integração Nacional).
duzindo-se, então, uma condição de excessiva degradação aos mananciais,
principalmente aqueles que atravessam áreas urbanas em que ocorre lança- Tema 4: Alta demanda para irrigação na Lagoa dos Pa-
mento indiscriminado de esgotos domésticos in natura. tos, na Lagoa Mirim e no rio Guaíba
De acordo com os dados do SNIS (MCid, 2012), os valores de coleta A irrigação representa a maior demanda de água na RH (66%), com
de esgoto (em relação ao volume produzido) e de tratamento de esgoto (em destaque para a rizicultura, principalmente nas regiões da Lagoa dos Patos,
relação ao volume coletado e em relação ao volume total gerado) nesses Lagoa Mirim e rio Guaíba, regiões de situação crítica, principalmente quanto
municípios são: Joinville coleta 8% , trata 100% do coletado, e 8% do volume ao balanço hídrico quantitativo.
Ponte sobre o Lago Guaíba – Porto Alegre - RS – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA
Região Hidrográfica Atlântico Sul 87
Figura 47. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Atlântico Sul
88 Região Hidrográfica do Paraguai
7
Região Hidrográfica
PARAGUAI
Piraputangas - Rio Olho d’Água – Bonito – MS – Zig Koch/ Banco de Imagens da ANA
Região Hidrográfica do Paraguai 89
A Região Hidrográfica do Paraguai, também chamada de Bacia do Alto A população total da região é de aprox. 2,16 milhões de habitantes (IBGE,
Paraguai (BAP), possui uma área de 363.446 km² (4,3% do território nacio- 2010) e se caracteriza por ser predominantemente urbana (taxa média de ur-
nal), abrangendo parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. banização de 87%) e se concentrar, principalmente, na unidade hidrográfica do
A BAP está dividida em duas grandes bacias ou unidades hidrográficas: Planalto Paraguai. A densidade demográfica da região é de 6,0 hab./km², apro-
o Pantanal (cerca de 36% da bacia) e a Planalto Paraguai. Dentre seus prin- ximadamente, 3,5 vezes menor que a média brasileira, que é de 22,4 hab./km².
cipais cursos d’água, destacam-se o Paraguai, Taquari, São Lourenço, Cuiabá, Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH Paraguai
Itiquira, Miranda, Aquidauana, Negro, Apa e Jauru. O rio Paraguai nasce na é de 1.359 mm, menor do que o valor da média nacional, de 1.761 mm. A
Serra dos Parecis, no estado de Mato Grosso. Ao longo do seu percurso de, sua disponibilidade hídrica é de 782 m³/s, ou seja, menos de 1% da disponi-
aproximadamente, 2.582 Km, desde a nascente até a foz (na Argentina), o rio bilidade hídrica nacional, e a vazão média é de 2.359 m³/s, correspondendo a
banha margens exclusivamente brasileiras, numa extensão de, aproximada- 1,3% da vazão média nacional. A vazão de retirada (demanda total) é 30 m³/s
mente, 1.300 Km, e compartilha suas margens entre Brasil e Bolívia (48 Km) (cerca de 1% da demanda nacional) e a vazão específica é de 6,5 L/s/km2 . O
e entre Brasil e Paraguai (332 Km). volume máximo de reservação per capita é de 3.449 m3/hab., pouco abaixo
A RH do Paraguai abrange 94 munícipios (59 no Mato Grosso e 35 no da média brasileira de 3.596 m3/hab.
Mato Grosso do Sul). Dentre as cidades com população acima de 15.000 ha- Tabela 9. Caracterização da RH Paraguai
bitantes (Censo Demográfico; IBGE, 2010), destacam-se: Cuiabá/MT (aprox.
540.800 hab.), Várzea Grande/MT (aprox. 248.700 hab.), Rondonópolis/MT Área Sedes Pop
Pop Rural Pop Total
(aprox. 188.000 hab.), Corumbá/MS (aprox. 93.450 hab.), Cáceres/MT (aprox. Unidades Hidrográficas aprox. municipais Urbana
(nº) (nº)
(km²) (nº) (nº)
76.500 hab.), Tangará da Serra/MT (aprox. 75.900 hab.) e Aquidauana/MS
(aprox. 35.900 hab.). A cidade de Campo Grande/MS, com aprox. 776.600 hab.,
Pantanal 132.283 7 248.140 51.148 299.288
apesar de não se encontrar dentro da BAP, exerce grande influência socioeco-
Planalto Paraguai 231.162 67 1.633.351 233.299 1.866.650
nômica, com reflexo importante na gestão ambiental e dos recursos hídricos.
RH Paraguai 363.445 74 1.881.491 284.447 2.165.938
Fonte: População- Censo Demográfico IBGE (2010)
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Principais rios
Principais cidades
forrageiras para o gado, além de suas características naturais de inundações Degradação por mineração
periódicas e baixa fertilidade, que dificulta o avanço da agricultura mecani- Influência urbana
Silvicultura/Reflorestamento
zada, preservando a cobertura vegetal nativa na região. A BAP conta com 5% Savana Arborizada/Cerrado
terações, com a introdução de novos instrumentos e técnicas de manejo, a Iniciativa: CI - Conservação Internacional, ECOA - Ecologia e Ação, Fundación
AVINA, Instituto SOS Pantanal, WWF- Brasil. Brasília, 2009.
Alteração antrópica
Alteração natural/manejo
principal delas o plantio de pastagens exóticas (Rosseto e Girardi, 2012), se
tornado a atividade mais impactante ao bioma Pantanal (Girardi e Rosseto, Figura 49. Cobertura vegetal e uso do solo na Região Hidrográfica do Paraguai
2011). Ressalta-se, também, a gradual transformação no padrão das ativida-
des agropecuárias com o aumento da agricultura mecanizada de soja, milho,
cana-de-açúcar e algodão na região do planalto.
A Figura 49 apresenta a cobertura vegetal remanescente e o uso do
solo na RH Paraguai.
92 Região Hidrográfica do Paraguai
Geração Hidrelétrica mente no Pantanal, envolvem, dentre outros aspectos, alterações nos pulsos
de inundações que ocorrem naturalmente na região, o que pode levar, por
O potencial hidrelétrico aproveitado da RH Paraguai é de aprox. 1,4 exemplo, à redução das populações de peixes e da produção pesqueira. A im-
GW, correspondendo a 1,3% do total instalado no País. Estão em operação 7 plantação em sequência das hidrelétricas em um mesmo curso d’água tende
UHEs e 25 PCHs, e há vários aproveitamentos hidrelétricos planejados para a agravar ainda mais esta situação. No entanto, esta tem sido uma prática co-
instalação. A RH já possui mais da metade de seu potencial hidrelétrico apro- mum na RH, especialmente quanto às Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH.
veitado (usinas em operação), restando aprox. 925 MW de potencial inventa- Além daquelas em operação, a RH possui mais 106 PCHs em diferentes es-
riado para aproveitamentos futuros. tágios de planejamento. Destas, várias estão projetadas para localização em
O grande número de aproveitamentos hidrelétricos, em operação e um mesmo curso d’água, como no Rio Ariranha (7 PCHs), no Rio Cabaçal (3
planejados, na região do planalto da RH Paraguai, tem sido identificado como PCHs), no Rio Coxim (9 PCHs), no Rio Juba (5 PCHs) e no Rio Taquari (6 PCHs).
um problema ambiental que pode gerar conflitos relacionados ao uso múl- Diante desse quadro, torna-se necessário um aperfeiçoamento no
tiplo das águas. Os impactos negativos do represamento dos rios, principal- embasamento técnico que considere aspectos ambientais, sociais e de usos
múltiplos da água, para garantir um melhor planejamento para instalação
NAVEGAçãO
Um dos maiores eixos de integração da
América do Sul é formado pela Hidrovia Paraná
-Paraguai, que passa por Brasil, Bolívia, Argenti-
na, Paraguai e Uruguai, na área de influência da
chamada bacia Platina ou bacia do rio da Prata.
A Hidrovia do rio Paraguai liga a cidade de Cáce-
res, no Mato Grosso, a Nueva Palmira, no Uru-
guai; possui uma extensão de 3.442 km e conec-
ta o Centro-Oeste do Brasil ao Oceano Atlântico.
Neste percurso, o rio Paraguai se interliga com a
hidrovia do rio Paraná (na Argentina), formando
o complexo Hidrovia Paraná-Paraguai, importan-
te via comercial navegável do país. O trecho em
território nacional da hidrovia do Rio Paraguai se
inicia na região de Cáceres (MT), percorrendo cer-
ca de 890 km. Inclui um trecho de fronteira entre
Brasil e Bolívia (por 48 km) e entre Brasil e Para-
guai (por 332 km), até a foz do Rio Apa, no Mato
Grosso do Sul (Antaq, 2011).
O rio Cuiabá também é um importante tre-
cho navegável presente na RH Paraguai, desde
sua foz, no rio Paraguai, até a cidade de Porto Jo-
fre (MT), a cerca de 435 Km a jusante de Cuiabá .
TEMA 3: NAVEGAÇÃO
O trecho da hidrovia do Rio Pa-
raguai compreendido entre Cáceres
(MT) e Corumbá (MS) possui restri-
ções de calado e necessidades de dra-
gagens anuais (normalmente, chegam
até Cáceres embarcações de 1 metro
de calado). De Corumbá à foz do Rio
Apa há condições adequadas de nave-
gação comercial durante cerca de 70%
do ano (possibilidade de embarcações
com calado de 3 metros ou mais, em
alguns trechos). Já o Rio Cuiabá é na-
vegável desde sua foz, no Rio Para-
guai, até a cidade de Porto Jofre (MT).
Deste ponto até Cuiabá, o rio perde
navegabilidade, devido a processos
de assoreamento, decorrentes de ur-
banização e garimpos irregulares, que
provocam a destruição das matas ci-
liares. Atualmente, embarcações de
maior calado (até 2 metros) chegam
a Cuiabá apenas na época das cheias.
De Cuiabá a Rosário do Oeste (MT),
onde se inicia o Rio Cuiabá, há o tráfe-
go apenas de pequenas embarcações
(Antaq, 2013).
As vias navegáveis presentes
na RH Paraguai respondem por cerca
de 20% das cargas transportadas em
vias interiores no Brasil. Atualmente,
os principais grupos de mercadoria e
Figura 51. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na RH Paraguai
Região Hidrográfica do Paraguai 95
TEMA 4: HIDROELETRICIDADE da Embrapa Pantanal (Calheiros e Oliveira, 20061), realizado em 2004 para
identificar poluentes químicos em 16 tributários do Rio Paraguai, mostrou
Os aproveitamentos hidrelétricos na RH Paraguai se localizam, predomi- que a entrada de nutrientes, como nitrogênio (NT) e fósforo (PT) - usados nas
nantemente, na região do planalto. Os impactos ambientais do represamento lavouras como insumos (fertilizantes), mas que também podem ter origem
dos rios, mesmo que para a instalação de PCHs, são considerados altos, devido na contaminação por esgotos urbanos, nos rios Coxim, Miranda, Salobra e
a alterações nas características naturais do funcionamento ecossistêmico da Cuiabá apresentaram altas concentrações. O nitrogênio atingiu o triplo das
região, que envolve os chamados “pulsos de inundação” na planície pantanei- concentrações observadas no rio Paraguai, próximo à Cáceres (MT), e o fósfo-
ra (ciclos de cheias e secas anuais e plurianuais). Os pulsos de inundação são ro foi aproximadamente seis vezes maior nos rios São Lourenço e Vermelho.
considerados essenciais para o bom funcionamento dos processos ecológicos O maior problema de poluição hídrica na RH, entretanto, deve-se ao
no Pantanal, por, entre outros fatores, propiciarem a reciclagem de nutrientes lançamento de esgotos domésticos nos corpos d’água. Na cidade de Cuiabá,
e criarem possibilidades de migrações e da existência de mais habitats, espe- o lançamento de efluentes domésticos piora ainda mais a qualidade da água
cialmente para as espécies piscícolas do Pantanal. Além disso, as hidroelétricas dos rios da região. Para esta região metropolitana, apenas 39% do esgoto do-
podem prejudicar a migração dos peixes e alterar a composição e a abundância méstico é coletado e não há nenhum tratamento deste efluente. Consideran-
de espécies, prejudicando a produção pesqueira e, toda a cadeia alimentar que do toda a RH Paraguai, 28% do esgoto doméstico são coletados e 53% deste
tem como base os peixes (como a das aves e répteis). O fato de que muitas percentual coletado são tratados, menores que as médias do país, que são:
PCHs vem sendo planejadas para serem instaladas em um mesmo curso d’água 59% e 69%, respectivamente. Já se considerar o percentual do esgoto tratado
(“em cascata”) pode agravar os impactos ambientais e gerar potenciais confli- a partir do volume total de esgoto produzido na RH, o índice de 53% se reduz
tos pelo uso da água nessas bacias hidrográficas. para 15% (SNIS - MCid, 2012; adaptado). Faz-se necessário, portanto, priori-
zar o monitoramento de parâmetros da qualidade da água na RH Paraguai.
TEMA 5: POLUIÇÃO HÍDRICA
TEMA 6: EVENTOS CRÍTICOS
A poluição hídrica ocasionada pelo lançamento de agrotóxicos e ferti-
lizantes em algumas culturas agrícolas da RH e, principalmente, pelo lança- Conforme dados da SEDEC/MI, em dez anos (de 2003 a 2013), os muni-
mento de efluentes domésticos (esgotos sem tratamento) nos cursos d’água cípios da RH com maior frequência de ocorrência de cheias (pela decretação
vem impactando a qualidade das águas. de situação de emergência ou estado de calamidade pública) foram: Coxim/
Em 2011, foram utilizados, na BAP, entre 155 a 190 Kg/ha de fertilizan- MS (com 4 ocorrências de cheias), Rio Verde de Mato Grosso/MS, São Ga-
tes, e, em 2010, foram aplicados entre 4,64 a 5,86 kg de ingrediente ativo/ briel do Oeste/MS e Nova Olímpia/MT (com 3 ocorrências de cheias). Quan-
ha, principalmente na área de planalto. Esse potencial de poluição hídrica to aos eventos de secas e estiagens, destacaram-se os seguintes municípios:
atinge também a planície pantaneira devido ao fluxo natural dos tributários Sidrolândia/MS, Terenos/MS, Dois Irmãos do Buriti/MS, Maracaju/MS, Ponta
do rio Paraguai, que vêm do planalto. Outra fonte de poluição na RH inclui Porã/MS e Antônio João/MS (com 3 ocorrências).
o lançamento de mercúrio em alguns cursos d’água, devido à atividade de Em 2013, predominantemente no mês de abril, nos seguintes municí-
garimpo de ouro, com localização pontual principalmente na borda da planí- pios foi decretada situação de emergência, devido a inundações: Caracol/MT,
cie pantaneira, gerando impactos também no Pantanal. A contaminação por Anastácio/MS, Aquidauana/MS, Bela Vista/MS, Campo Grande/MS, Jardim/
metais pesados e compostos químicos pode comprometer a biodiversidade MS, Nioaque/MS e Porto Murtinho/MS (alagamento). Neste mesmo ano, não
aquática e a produção pesqueira, devido ao potencial de toxicidade. Estudo houve decretação de eventos críticos relacionados a seca e estiagem.
8
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A Região Hidrográfica Paraná possui uma área de aprox. 879.873 km² km), Ivaí (639 km) e Tibagi (522 km).
(10% do território nacional), abrangendo sete Unidades Hidrográficas: São A RH Paraná possui 1.507 munícipios, sendo 1402 com sedes muni-
Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e cipais inseridas na região. Destas, 256 possuem mais de 50.000 habitantes
Distrito Federal. Apresenta grande importância no contexto nacional, pois re- (IBGE, 2010). Dentre estas cidades destacam-se, com mais de 400.000 hab.:
presenta a região de maior desenvolvimento econômico do país, bem como São Paulo/SP (aprox. 11,2 milhões hab.), Brasília/DF (aprox. 2,5 milhões
possui as maiores demandas por recursos hídricos do país, tendo como des- hab.), Curitiba/PR (aprox. 1,75 milhão hab.), Goiânia/GO (aprox. 1,3 milhão
taque o uso industrial. hab.), Guarulhos (aprox. 1,2 milhão hab.) Campinas/SP (aprox. 1,1 milhão
Essa RH está dividida em 11 bacias hidrográficas: Aguapeí Peixe, Grande, hab.), Campo Grande/MS (aprox. 776 mil hab.), São Bernardo (aprox. 752
Iguaçu, Ivaí, Paranaíba, Paranapanema, Piquiri, Tietê, Bacias de contribuição mil hab.), Santo André (aprox. 676 mil hab.), Osasco/SP (aprox. 667 mil
ao reservatório Ilha Solteira, Bacias de contribuição ao reservatório Itaipu e hab.), Ribeirão Preto/SP (aprox. 603 mil hab.), Uberlândia/MG (aprox. 587
Afluentes da Margem Direita do Rio Paraná. Os principais rios da região, com mil hab.), Sorocaba/SP ( aprox. 580 mil hab.), Londrina - PR (aprox. 493
comprimento maior que 500 km, são o Paraná (1.405 km), Grande (1.270 km), mil hab.) Aparecida de Goiânia/GO (aprox. 455 mil hab.) e Mauá/SP (aprox.
Iguaçu (1008 km), Paranaíba (994 km), Tietê (947 km), Paranapanema (819 km 417 mil hab.).
98 Região Hidrográfica do Paraná
A população total da região é de, aproximadamente, 61,3 milhões de ha- DEMANDAS HÍDRICAS
bitantes (IBGE, 2010). Caracteriza-se por possuir população predominantemente
urbana, representada por 93% do total de seus habitantes. A densidade popula- A demanda estimada total na região (ano-base 2010) é de 736 m³/s de
cional média na RH do Paraná é bastante alta, chegando a 69,7 hab./km2, pouco vazão de retirada (6,4% de sua vazão média), que corresponde a 31% da de-
mais do que três vezes maior que a média nacional (22,4 hab./km2). manda total do País. Os usos preponderantes são o de irrigação, industrial e
Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH é de 1.543 urbano, chegando a totalizar 94% de sua demanda total. A demanda estima-
mm, 87% da média nacional que é de 1.761 mm. A disponibilidade hídrica da de água para irrigação é de 311,4 m³/s, correspondendo a 42% do total de
superficial da RH é de 5.956 m3/s, o que corresponde a 6,5% da disponi- demandas da região. Logo em seguida, vem a demanda industrial, com 202
bilidade superficial do país (91.071 m³/s). A vazão média é de 11.831 m³/s, m³/s (28%) e a demanda urbana com 177,2 m³/s (24%). A demanda animal é
correspondendo a 6,6% da vazão média nacional (179.516 m³/s), e a vazão de 40 m³/s (5%) e a rural de 5,5 m³/s (1%).
de retirada (demanda total) é de 736 m³/s (31% da demanda nacional). A A análise da distribuição espacial das demandas revela que os maiores
RH possui uma vazão específica de 13,0 L/s/km2 e um volume máximo de valores de vazão de retirada estão localizados nas microbacias situadas em
reservação per capita de 4.047 m3/hab., maior que o volume máximo de áreas de regiões metropolitanas. Nota-se elevada demanda hídrica na bacia
reservação per capita para o país (3.607m3/hab.). do rio Paranaíba, devido à agricultura irrigada, e nas regiões metropolitanas
de São Paulo, Goiânia, Campinas, Curitiba e RIDE do Distrito Federal. Nessas
áreas, há o predomínio do uso urbano e industrial, devido à elevada concen-
Tabela 11. Caracterização Geral da RH Paraná
tração populacional e alto desenvolvimento das atividades industriais.
Sedes
Área Pop Urbana Pop Rural Pop Total
Bacia Hidrográfica
(km²)
municípios
(nº) (nº) (nº)
Irrigação
(nº) A área irrigada da RH do Paraná é de 2.106.232 hectares (ano-base
Aguapeí Peixe 23.993 59 818.279 101.742 920.021 2012). É a RH com maior área irrigada, correspondendo a 36,3% dos 5,8 mi-
lhões de hectares irrigados no Brasil, estimativa realizada para 2012 (ANA,
Grande 143.624 368 7.706.767 871.229 8.577.996 2013). A vazão de retirada para irrigação (ano-base 2012) concentra-se prin-
cipalmente em São Paulo, Goiás e Minas Gerais, mais precisamente na ba-
Iguaçu 65.893 116 4.159.558 657.724 4.817.282
cia do rio Mogi-Iguaçu (afluente do rio Grande) e no Rio Paranaíba e seus
afluentes (no estado de Goiás, próximo à região metropolitana de Goiânia e
Ivaí 36.690 80 1.200.748 251.807 1.452.555
no Distrito Federal).
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GERAçãO HIDRELéTRICA
O potencial hidrelétrico aproveitado da
região é de 41.560 MW (Aneel, 2013), corres-
pondendo a 47,5% do total instalado do País. É
a região que apresenta o maior aproveitamen-
to do potencial hidráulico disponível (cerca de
68,4% do seu potencial hidrelétrico total já foi
aproveitado).
Dentre as usinas hidrelétricas em operação
na região, destacam-se: Itaipu, com 7.000 MW
(parte brasileira), Ilha Solteira, com 3.444 MW,
Itumbiara, com 2.082 MW, Porto Primavera (Eng.
Sérgio Motta), com 1.540 MW, Marimbondo, com
1.440 MW, Salto Santiago, com 1.420 MW, e Fur-
nas, com 1.216 MW.
NAVEGAçãO
A Hidrovia do Paraná é resultante da ca-
nalização dos rios Tietê e Paraná, compreen-
dendo ainda trechos dos seus rios formadores,
o Grande e o Paranaíba, e dos baixos cursos de
seus afluentes.
O projeto completo da hidrovia totaliza
cerca de 1.800 km de extensão, tendo como
principais trechos: no rio Paraná (740 km), no rio
Tietê (573 km); no rio Paranaíba (180 km); no rio
Grande (59 km); no rio Paranapanema (70 km);
e no rio Ivaí, (220 km). Figura 55. Aproveitamentos Hidrelétricos na RH Paraná
102 Região Hidrográfica do Paraná
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Hidrovia Paraná (navegação comercial em 2012)
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___________________________ Figura 57. O Índice de Qualidade das Águas em 2012 na RH Paraná mostra concentra-
1, 2
Em 2012, as redes do IMASUL (MS) e da SEMARH (GO) deixaram de medir alguns parâmetros essenciais para o cálcu-
lo do IQA, tais como DBO e fósforo, em virtude de reformas em seus laboratórios. ção de pontos indicando qualidade da água comprometida nas cabeceiras das princi-
3
O IQA foi criado pela National Sanitation Foundation em 1970. O cálculo utilizado nesta análise é similar ao utilizado pais bacias hidrográficas na RH Paraná
pela CETESB. O IQA é calculado a partir do oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica
de oxigênio, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e sólidos.
104 Região Hidrográfica do Paraná
Figura 58. Demanda Bioquímica de oxigênio indicando forte poluição por cargas orgânicas nas grandes metrópoles
Região Hidrográfica do Paraná 105
Qualidade da Água
______________________
4 Pontos de monitoramento inseridos nas regiões metropolitanas e/ou das manchas urbanas do IBGE (2005).
5 Res. CONAMA 357/2005 estabelece, para fins de enquadramento dos corpos hídricos, os seguintes limites para o fósforo
total: ≤ 0,02 (Classe 1), ≤ 0,03 (Classe 2) e ≤ 0,05 (Classe 3) para ambientes lênticos e ≤ 0,1 (Classes 1 e 2) e ≤ 0,15 (Classe Cachoeira da Cabeceira - Sengés – PR - Zig Kock/Banco de Imagens ANA
3) para ambientes lóticos.
106 Região Hidrográfica do Paraná
Figura 60. O fósforo total reflete os impactos da poluição hídrica nos trechos inferiores das principais bacias da RH Paraná
Região Hidrográfica do Paraná 107
Balanço Hídrico A RH apresenta, em geral, boa qualidade em seus principais rios, em
relação à carga orgânica lançada/assimilada (balanço hídrico qualitativo),
Considerando-se o balanço hídrico quali-quantitativo realizado (ANA, possuindo 75% de seus trechos analisados com qualidade “ótima” e 5% como
2013), quanto à relação demanda/disponibilidade hídrica (balanço hídrico “boa”. No entanto, 20% da extensão dos rios foram classificadas com qua-
quantitativo), se verificou que 64% da extensão dos rios da RH estão clas- lidade “razoável”, “ruim” ou “péssima”. Semelhante à situação do balanço
sificados em situação “excelente” ou “confortável”, enquanto 36% foram hídrico quantitativo, o balanço hídrico qualitativo também apresenta bons
classificados como situação preocupante, crítica ou muito crítica. Apesar de resultados na região, de um modo geral. Entretanto, devido à alta concen-
possuir uma situação confortável, quanto ao balanço hídrico quantitativo, a tração populacional em determinadas áreas (Regiões Metropolitanas de São
RH do Paraná se caracteriza por ter alta concentração populacional com altas Paulo, Curitiba e Goiânia), a RH do Paraná apresenta rios com grande com-
demandas de uso urbano e industrial e, consequentemente, por apresentar prometimento, tais como os rios Tietê, Meia Ponte, Piracicaba, Alto Iguaçu,
algumas bacias hidrográficas em situações críticas, especialmente as dos rios: dentre outros (Figura 61).
Meia Ponte, Sapucaí, Turvo, Pardo e Mogi-Guaçu, Piracicaba e Tietê.
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Figura 62. Principais temas relacionados à gestão de recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraná
Região Hidrográfica do Paraná 109
TEMA 6: - USO COMPETITIVO ENTRE IRRIGAÇÃO E ABASTECIMENTO
PRINCIPAIS TEMAS NA RH DO PARANÁ
Pipiripau: Estabelecimento de marco regulatório para regularização
TEMA 1: ABASTECIMENTO URBANO E QUALIDADE DA ÁGUA dos usos da água, formado por um conjunto de regras negociadas entre os
órgãos gestores com a participação de usuários (Resolução ANA nº 127/2006
Meia Ponte: problemas de qualidade da água devido ao lançamento e Resolução Adasa nº 293/2006). Dentre as regras da bacia do Pipiripau, está
de esgotos da RM de Goiânia. o valor das vazões de restrição que devem ser observadas em cinco pontos
de controle estabelecidos
Tietê: Os mananciais de abastecimento de água sofrem intenso pro-
cesso de ocupação, resultante da expansão da mancha urbana dos municí- TEMA 7: USO COMPETITIVO ENTRE INDÚSTRIA E ABASTECIMENTO URBANO
pios que fazem parte da Grande São Paulo.
Tietê: Transposição de 31m3/s da bacia do rio Piracicaba para atender
Alto Iguaçu: Degradação dos mananciais pela expansão urbana na RM a RMSP limita o crescimento industrial da Região Metropolitana de Campinas.
de Curitiba.
TEMA 8: USO COMPETITIVO ENTRE HIDROVIA E GERAÇÃO DE ENERGIA
TEMA 2: USO INTENSIVO DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO
Tietê: Manutenção dos volumes mínimos para o transporte fluvial e
Paranapanema: Observa-se que 90% da demanda hídrica do Alto Paranapa- regras operacionais das UHEs.
nema é para irrigação (43,8 m3/s), com grande concentração de pivôs centrais.
TEMA 9: EXPANSÃO DA CANA DE AÇÚCAR
Paranaíba: A bacia do rio Paranaíba apresenta 608.808,80 hectares de
área total agrícola irrigada, uma demanda de 236.177,50 L/s.ha para um pe- Paranapanema: Voltada para a produção de álcool e açúcar, a cana de
ríodo crítico de dois meses, agosto e setembro. As três áreas destacadas no açúcar expandiu-se fortemente na região, estando, atualmente, ligada a uma ca-
mapa apresentam as maiores demandas associadas à irrigação na bacia, com deia produtiva que envolve 57 usinas sucroalcooleiras (51 na bacia e outras 06
grande concentração dos pivôs de irrigação. Nestas regiões, são observados no entorno, até 15 km). Em 2013, a área plantada de cana foi de 1.087.824 ha.
trechos de rio onde o Balanço Hídrico é superior a 1,0, ou seja, as demandas
são superiores às disponibilidades. Paranaíba: A expansão da cana-de-açúcar vem substituindo as culturas
de grãos e também algumas áreas de pastagem. De acordo com a Secretaria
Grande: Elevadas demandas de irrigação, associadas com pivôs cen- da Indústria e Comércio de Goiás, até 2015 o estado contará com 84 usinas
trais, nas regiões de Guaíra/SP e Casa Branca/SP. de álcool e açúcar e os investimentos no setor ultrapassarão R$ 8 bilhões.
TEMA 3: USO COMPETITIVO ENTRE IRRIGAÇÃO E GERAÇÃO DE ENERGIA Grande: Apesar de ser uma tradicional região produtora, entre 2005
e 2013 a área plantada cresceu 1,29 milhão de hectares. Atualmente, há 88
São Marcos: Redução de 5% da energia firme da UHE Batalha e limite usinas sucroalcooleiras em operação na bacia.
para crescimento da agricultura irrigada na região.
TEMA 10: VULNERABILIDADE A INUNDAÇÕES
TEMA 4: CONFLITO ENTRE GERAÇÃO DE ENERGIA E ECOSSISTEMAS
AQUÁTICOS Alto Tietê: problema de cheias e inundações em diversos municípios
da RM de São Paulo.
Tijuco: Na bacia do rio Tijuco (UGH Afluentes Mineiros do Baixo Pa-
ranaíba), existe uma disputa entre a instalação de 12 PCHs e o impacto na Grande: alta vulnerabilidade a inundações na região de cabeceiras dos
estrutura e na dinâmica dos ecossistemas aquáticos. rios Moji-Guaçu, Pardo , Sapucaí e Sapucaí-Mirim.
TEMA 5: TRANSPOSIÇÃO PCJ – SISTEMA CANTAREIRA Grande: alta vulnerabilidade a erosão na região de vertentes do rio Grande.
Alto Tietê e bacias PCJ: Transposição de 31 m3/s da bacia do rio Pira- TEMA 11: QUALIDADE DE ÁGUA – SUINOCULTURA
cicaba para a bacia do Alto Tietê.
Iguaçu: Problema de DBO nos mananciais devido a suinocultura.
110 Região Hidrográfica do Parnaíba
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Balanço HÍDRICO quali-quantiTATIVO Gurguéia (Serra de Bom Jesus do Gurguéia), que drenam grandes áreas loca-
lizadas no semiárido. Isso justifica a presença de microbacias com criticidade
Essa bacia apresenta grandes diferenças interregionais, tanto em ter- quantitativa e qualitativa, pois, além de a capacidade de assimilação de car-
mos de desenvolvimento econômico e social quanto no que se refere à dis- gas orgânicas pelos corpos d’água ser baixa, o esgoto geralmente é lançado
ponibilidade hídrica. A baixa oferta de água, aliás, tem sido historicamente sem tratamento nesses cursos de água.
apontada como um dos principais motivos associados ao baixo índice de de- O principal uso da água na região é a irrigação, responsável por 73%
senvolvimento econômico e social, sobretudo, nas áreas mais afastadas da da demanda hídrica, seguida do uso urbano, com 16% (Figura 66). A deman-
região litorânea, da Zona da Mata e do rio Parnaíba. Ocorre uma distribuição da para irrigação concentra-se na região de Tianguá, Ubajara e Coelho Neto
desigual dos recursos hídricos superficiais da bacia, pois a maioria dos afluen- (Figura 67), municípios que apresentam as maiores áreas irrigadas na região
tes da margem direita do Parnaíba, na região do Médio Parnaíba, tem caráter (Figura 68). Nas proximidades a esses municípios, assim como em grande
temporário, especialmente os rios Canindé e Piauí , Poti e cabeceiras do rio parte do Baixo Parnaíba, observam-se bacias com criticidade quantitativa,
Região Hidrográfica do Parnaíba 113
qualitativa e quali-quantitativa (Figura 64). Isso decorre da baixa oferta de Os maiores valores de carga orgânica doméstica remanescente são ob-
água superficial, associada a uma maior demanda, especialmente para irriga- servados em Teresina (28,7 t DBO/dia), Parnaíba (5,8 t DBO/dia) e Timon (5,5
ção, mas também para abastecimento urbano, nas proximidades de Teresina, t DBO/dia). Além de prejudicar os cursos de água, o lançamento de esgoto
Parnaíba e Esperantina, cidades mais populosas. A criticidade qualitativa na sem tratamento prejudica as águas armazenadas em reservatórios artificiais,
região de Teresina decorre da degradação da qualidade da água, em função característicos das regiões semiáridas. Somente 12 sedes municipais dessa
do lançamento de efluentes domésticos e práticas inadequadas de disposi- RH possuem algum tipo de tratamento de esgoto, a exemplo de Teresina,
ção de lixo urbano. Segundo dados do SNIS (MCid, 2012), o índice de coleta Picos, Guadalupe e Crateús. Apesar disso, essas 12 sedes municipais ainda
de esgoto na RH é de 18% (o menor dentre as doze regiões hidrográficas). O contribuem com 35% da carga total de DBO produzida na RH.
tratamento desse esgoto coletado é alto (98%); porém, não significa avanços,
uma vez que o tratamento se refere apenas ao esgoto coletado, cujo índice
é muito baixo.
satisfatório
criticidade qualitativa N
criticidade quantitativa
criticidade quali-quantitativa
Figura 65. Carga orgânica remanescente nos municípios da RH Parnaíba (em 2008)
Região Hidrográfica do Parnaíba 115
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10°S
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40°W
Figura 67. Demanda de água para irrigação na RH Parnaíba (ano-base 2012)
Região Hidrográfica do Parnaíba 117
Eventos Críticos
Principais cidades
Parnaíba
Unidade Hidrográfica
RH Parnaíba
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PRINCIPAIS TEMAS NA RH PARNAÍBA rizado pela forte intermitência das chuvas e dos rios e baixa precipitação mé-
dia anual (1.064 mm), em relação à média nacional (1.761 mm), são comuns
TEMA 1: BAIXA OFERTA HÍDRICA E ABASTECIMENTO URBANO E TEMA e recorrentes os eventos críticos de seca, levando à decretação de situação
3: EVENTOS CRÍTICOS DE SECA de emergência ou de calamidade pública em grande parte dos municípios da
Por estar em grande parte localizada no semiárido brasileiro, caracte- região, todos os anos (82 municípios tiverem pelo menos 5 eventos de seca,
122 Região Hidrográfica do Parnaíba
entre 2003 e 2012). Associada à criticidade climática, a baixa oferta hídrica cidade quantitativa, qualitativa e quali-quantitativa. Isso decorre da baixa
superficial (379 m³/s, cerca de 0,5% da disponibilidade hídrica nacional, de oferta de água superficial, associada a uma maior demanda, especialmente
91.071 m³/s) torna crítico o abastecimento urbano nessa parte da RH, onde para irrigação (municípios com grandes áreas irrigadas: Coelho Neto, Tian-
se localizam os municípios que requerem novos mananciais, segundo o Atlas guá e Ubajara, entre outros). Além da utilização de grande quantidade de
Brasil de Abastecimento Urbano (ANA, 2010). Os sistemas adutores, açudes água na busca da otimização e aumento da produção, decorre da atividade
e barragens cumprem importante papel na segurança hídrica da bacia e na de agropecuária, predominante na maioria da região, a poluição das águas
convivência com os efeitos da seca. armazenadas nos lagos e reservatórios da região por insumos agrícolas,
como fertilizantes e agrotóxicos. Fazem-se necessários o controle e a fisca-
TEMA 2: POTENCIAL HIDROGEOLÓGICO e ABASTECIMENTO URBANO lização de seu uso.
Mais de 90% da bacia do rio Parnaíba são formados por bacias sedi- A demanda para o abastecimento urbano é importante, nas proximi-
mentares com grande potencial aquífero, representados, principalmente, pe- dades de Teresina, Timon, Parnaíba, cidades mais populosas da bacia. A ele-
los aquíferos Serra Grande (24 m³/s de reserva potencial explotável), Cabeças vada carga orgânica remanescente (entre 6 e 28 ton DBO/dia), na região de
(15 m³/s) e Poti-Piauí (182 m³/s), caracterizados pela boa a regular porosidade Teresina e Timon, decorre do lançamento de efluentes domésticos e práticas
e permeabilidade. Disso decorre o predomínio, em especial, no Alto e Médio inadequadas de disposição de lixo urbano e contribui para criticidade quali-
Parnaíba, dos sistemas de abastecimento com captação em poços, observa- tativa observada na capital. Nos principais centros urbanos, como Teresina,
dos em cerca de 73% dos municípios da região. Estes mananciais subterrâ- Crateús, Parnaíba, Balsas, Bom Jesus, entre outros, é importante implemen-
neos contribuem para a segurança hídrica destes municípios, visto que, dos tar, ampliar e melhorar os sistemas de tratamento de esgotos domésticos e
municípios que necessitam de novo manancial, apenas 35% são abastecidos industriais e controlar os despejos, tanto sólidos, quanto líquidos, de forma a
por sistemas de captação em poços. Os aquíferos da região podem, se explo- evitar a degradação cada vez mais acentuada dos recursos hídricos.
rados de maneira sustentada, representar um diferencial no que se refere à
possibilidade de promover o desenvolvimento econômico e social. TEMA 7: USOS MÚLTIPLOS
Na região costeira, é fundamental a parceria entre os segmentos da
TEMA 4: BALANÇO HÍDRICO CRÍTICO, TEMA 5: IRRIGAÇÃO E TEMA 6: rizicultura, da cata de caranguejos, da carcinocultura e do turismo local para
CARGA ORGÂNICA REMANESCENTE ELEVADA implementar a política de recursos hídricos, de maneira que o desenvolvi-
Em grande parte do Baixo Parnaíba, observam-se bacias com criti- mento econômico regional se dê de maneira sustentável.
Região Hidrográfica do Parnaíba 123
A Região Hidrográfica São Francisco possui aprox. 638.466 km2 de semiárida têm população superior a 100.000 habitantes: Petrolina/PE, Arapi-
área (7,5% do território nacional), abrangendo sete Unidades da Federação: raca/AL e Juazeiro/BA.
Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás, e Distrito Federal. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH São Fran-
O Rio São Francisco nasce em Minas Gerais, na Serra da Canastra e chega a cisco é de 1.003 mm, muito abaixo da média nacional, que é de 1.761 mm. A
sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de disponibilidade hídrica superficial da RH é de 1.886 m3/s, o que corresponde a
2.800 km de extensão. A região engloba parte da Região do Semiárido, que 2,07% da disponibilidade superficial do país (91.071 m³/s). A vazão média é de
corresponde, aproximadamente, a 58% do território da RH. 2.846 m³/s, correspondendo a 1,58% da vazão média nacional (179.516 m³/s),
Essa Região Hidrográfica está dividida em quatro unidades hidrográ- e a vazão de retirada (demanda total) é 278 m³/s (9,8% da demanda nacional).
ficas: Alto São Francisco, Médio São Francisco, Sub-médio São Francisco e A RH possui uma vazão específica de 4,5 L/s/km2 e um volume máximo
Baixo São Francisco. Os principais rios da região são o São Francisco (2.637 de reservação per capita de 5.183 m3/hab, maior do que o volume máximo
km), das Velhas (689 km), Grande (502 km), Verde Grande (458 km), Paracatu de reservação per capita para o país (3.596 m3/hab.).
(448 km), Urucuia (381 km), Paramirim (345 km), Pajeú (333 km), Preto (315 A RH São Francisco engloba uma parte da região do semiárido nordesti-
km) e o Jacaré (297 km). no (figura 10.1), caracterizada por apresentar períodos críticos de prolongadas
A RH São Francisco possui 503 munícipios, sendo 452 com suas sedes estiagens, resultado de baixa pluviosidade e alta evapotranspiração, fazendo
inseridas no território da região. A população total da região, segundo dados que o Rio São Francisco desempenhe um importante papel nesta região.
do IBGE de 2010, é de, aproximadamente, 14,3 milhões de habitantes (IBGE,
Tabela 13. Caracterização da RH São Francisco
2010), cerca de metade localizada na região do Alto São Francisco (Tabela
10.1), onde está a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Caracteriza-se Sedes Pop.
Área Pop. Rural Pop. Total
por possuir população predominantemente urbana, representada por 77% Bacia Hidrográfica municipais Urbana
(ha) (nº) (nº)
(nº) (nº)
do total de seus habitantes. A densidade populacional média na RH São Fran-
Alto São Francisco 100.085 151 6.706.784 368.803 7.075.587
cisco é de 22,4 hab./km2, igual à média brasileira.
Médio São Francisco 402.491 156 2.189.862 1.349.447 3.539.309
Dentre as cidades com população acima de 50.000 habitantes (IBGE,
Sub-médio 110.473 73 1.340.371 893.532 2.233.903
2010), destacam-se: Belo Horizonte/ MG (2.375.151 hab.), Petrolina/PE
São Francisco
(293.962 hab.), Juazeiro/PE (197.965 hab.), Barreiras/BA (137.427 hab.),
Baixo São Francisco 25.417 72 775.351 665.803 1.441.154
Paracatu/MG (84.718 hab.), Serra Talhada/PE (79.232 hab.), Pirapora/MG
RH São Francisco 638.466 452 11.012.368 3.277.585 14.289.953
(49.970 hab.) e Penedo/AL (52.385 hab.). Somente três Municípios da região Fonte: População - Censo Demográfico IBGE (2010)
126 Região Hidrográfica do São Francisco
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Figura 74. Área irrigada, perímetros públicos de irrigação e concentração de pivôs centrais na RH São Francisco
128 Região Hidrográfica do São Francisco
GERAçãO HIDRELéTRICA PCHs previstas para a Região, que estão em fase de projeto básico ou de es-
tudo de viabilidade (Figura 75). No contexto de usos múltiplos da água, esses
A Região do São Francisco tem importante papel na geração de energia aproveitamentos, construídos para geração de energia, também são usados
elétrica, cujo potencial hidrelétrico instalado, em 2013, era de 10.708 MW para abastecimento, lazer e, principalmente, irrigação, além de contribuir
(12% do total instalado no País). A Região possui 40 aproveitamentos hi- para a garantia de vazão com maior regularidade à navegação.
drelétricos em operação: 28 PCHs, que contribuem com 140 MW e 12 UHEs, Em função da seca que vem acontecendo na bacia, nos últimos anos,
responsáveis pela geração de 10.568 MW (Figura 75). Destacam-se, em ter- a ANA publicou a Resolução nº 442, em 8 de abril de 2013, a pedido da
mos de potencial outorgado, as usinas de Xingó (3.162 MW), Paulo Afonso IV Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), estabelecendo a redução
(2.462 MW), Luiz Gonzaga (1.479 MW) e Sobradinho (1.050 MW). O aprovei- temporária da descarga mínima defluente nos reservatórios de Sobradinho e
tamento hidrelétrico do Rio São Francisco representa a base de suprimento Xingó, de 1.300 m³/s para 1.100 m³/s. Em 2 de maio de 2014, a ANA publicou,
de energia da região nordeste. Cabe ressaltar que existem ainda 9 UHEs e 76 no Diário Oficial da União, a Resolução ANA nº 680/2014, que prorroga para
até 31 de julho daquele ano a redução definida anteriormente.
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Divinópolis !. !.!. !. Sabará
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Figura 76. Municípios com registro de ocorrência de secas ou estiagens entre 2003 e 2013
Região Hidrográfica do São Francisco 131
Eventos críticos em 2013 pelo restante do atendimento, utilizam captações a fio d’água ou mananciais
subterrâneos.
Situações de escassez de água são frequentes na região, durante o pro- Atualmente, a principal obra de abrangência regional em andamento
longado período seco, característico do semiárido brasileiro. Em 2013, 276 é o Projeto de Integração do Rio São Francisco com bacias hidrográficas do
municípios (61% dos municípios da RH) decretaram situação de emergên- Nordeste Setentrional – PISF – , que prevê captação de água em dois pontos
cia por motivo de seca. Na região, 206 municípios apresentaram mais de 10 do rio São Francisco: Cabrobó a jusante do lago de Sobradinho, dando início
eventos de seca, entre 2003 e 2013, e alguns municípios, como por exemplo, ao eixo Norte e a barragem de Itaparica, município de Floresta/PE, dando
Belém do São Francisco, Santa Cruz e Afrânio, vêm sendo repetidamente afe- origem ao eixo Leste. Nos estados beneficiados pelo PISF (PE, RN, PB e CE),
tados pela seca, apresentando mais de 20 eventos de situação de emergência estão em andamento obras complementares decorrentes da implantação da
ou estado de calamidade pública, devido á seca, entre 2003 e 2013 (Figura transposição, que permitirão interligações diretas de sistemas adutores aos
76). Eixos previstos e promoverão maior segurança hídrica aos rios e açudes uti-
A seca severa que vem enfrentando o Nordeste Brasileiro, desde o ano lizados como mananciais para abastecimento urbano de diversas cidades ou
de 2012, além de impactar a zona rural, atingiu também o abastecimento para usos múltiplos.
de muitas sedes urbanas. Na RH São Francisco, segundo dados da ANA (re- Visando contornar os episódios de escassez hídrica na porção leste do
ferente aos anos de 2012 e 2013), o abastecimento de, aproximadamente, estado do Piauí, estão em elaboração os estudos de viabilidade técnica, so-
21% das sedes municipais apresentou racionamento ou esteve em estado de cioeconômica e ambiental do Eixo Oeste da transposição do rio São Francis-
alerta no ano de 2013. Diversas ações emergenciais vêm sendo realizadas e co. O traçado proposto se iniciaria no reservatório de Sobradinho e se destina
planejadas nas sedes afetadas. Dentre elas, destacam-se, a distribuição de a alimentar os rios Piauí e Canindé, no sudeste do Piauí, a mais crítica em
água, por meio de carros-pipa, e a perfuração de novos poços. termos de escassez de água e desenvolvimento nesse estado.
Infraestrutura hídrica para abastecimento de água Infraestrutura hídrica para abastecimento de água
A região semiárida ocupa cerca de 57% da área da RH São Francisco, Está também em elaboração o estudo de viabilidade e anteprojeto do
abrange 218 municípios na região e, apesar de situar-se majoritariamente Canal do Sertão Baiano, que é a atual denominação do Eixo Sul da transpo-
na região Nordeste do país, alcança um trecho importante do norte de Mi- sição de águas do rio São Francisco para as bacias hidrográficas do Tatatuí,
nas Gerais. No semiárido nordestino, para se garantir a segurança hídrica e o Salitre, Itapicuru e Jacuípe, no estado da Bahia. A captação do Eixo Sul está
abastecimento de água de sedes municipais, é muito comum o emprego dos sendo estudada, existindo a princípio duas alternativas: uma seria no lago
sistemas integrados, que atendem a mais de uma cidade. Na RH São Francis- da barragem de Sobradinho e a outra da jusante da barragem, próximo à
co, esse tipo de sistema produtor é utilizado, principalmente, nas bacias do captação do Projeto de Irrigação do Salitre, e se desenvolve ao longo de 370
Sub-médio e Baixo São Francisco. Dentre os sistemas integrados da região, km, até atingir a barragem de São José do Jacuípe, na bacia do rio Paraguaçu.
destacam-se: as adutoras Guanambi e Feijão, na Bahia; Oeste e Pajeú, em Percebe-se que toda essa infraestrutura existente e planejada conso-
Pernambuco; Alto Sertão, Agreste e Bacia Leiteira, em Alagoas, e Alto Sertão lida a Região Hidrográfica do Rio São Francisco como centro geográfico, a
e Sertaneja, em Sergipe. Todos esses sistemas têm como principal manancial partir do qual se irradiam as intervenções que objetivam trazer segurança
o rio São Francisco, e alguns atendem a cidades externas à RH São Francisco. hídrica aos estados nordestinos.
Além de se constituir a principal fonte de abastecimento de água do sertão
de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, o rio São Francisco é também res-
ponsável pelo atendimento de várias sedes localizadas próximo às suas mar-
gens, em todos os estados que ele corta.
O aproveitamento dos mananciais, por meio de sistemas integrados,
é também empregado na maioria das regiões metropolitanas do país. Na
RH São Francisco, está localizada a Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), que possui 34 municípios e concentra cerca de 30% da população
do estado de Minas Gerais. Nessa RM, o atendimento é feito, predominante-
mente, por sistemas integrados que têm capacidade para atender a aproxi-
madamente, 80% da população. Pelo porte, na RMBH, destacam-se os siste-
mas integrados Paraopeba e o Rio das Velhas. O sistema Paraopeba resulta
da reunião de 3 sistemas produtores, com captações nas barragens dos rios
Vargem das Flores, Serra Azul e Manso. Os sistemas isolados, responsáveis
132 Região Hidrográfica do São Francisco ap
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Conselheiro Lafaiete Balanço hídrico quali-quantitativo
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criticidade qualitativa
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Rio temporário – estrada para Serra Talhada – PE - Zig Kock/Banco de Imagens ANA
1 coleta/ano
2 coleta/ano
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Coleta mensal
Eventos críticos de seca são comuns e recorrentes no Sub-médio e O aumento da demanda hídrica para irrigação, que se concentra em
Região Hidrográfica do São Francisco 141
alguns municípios da RH (que também apresentam as maiores áreas irri- TEMA 4: POTENCIAL HIDROENERGÉTICO E NAVEGAÇÃO
gadas), pode acarretar em conflitos com os demais usos múltiplos. De 2006
a 2012, houve um aumento de 39% na área irrigada da RH. Destacam-se o A operação da barragem de Três Marias é determinante para a manu-
plantio da soja, milho e feijão, no Médio São Francisco, e o de frutíferas, na tenção das condições de navegabilidade no trecho entre Pirapora e São Fran-
região do Sub-médio São Francisco (merece destaque também o cultivo de cisco - a oscilação brusca das vazões provoca a instabilidade dos bancos de
cana-de-açúcar, no município de Penedo/AL, no Alto São Francisco). Res- areia e impede que as rotas delineadas pela sinalização sejam confiáveis. Entre
salta-se que estas culturas não são necessariamente irrigadas, mas são as Pirapora e Ibotirama, a navegação sofria contínuos reveses em virtude do in-
principais, em termos de área plantada (IBGE, 2012), sobressaindo-se nas tenso e continuado processo de assoreamento que o rio vem apresentando.
seguintes Unidades Hidrográficas: Quanto à barragem de Sobradinho, os seguintes conflitos envolvendo a
navegação foram evidenciados: a) No trecho superior de Sobradinho: ocorrência
• Médio São Francisco: Paracatu/MG, Unaí/MG, Brasília/DF, Buri- de intenso processo de assoreamento formando o efeito delta, o que tornava a
tis/MG, Cabeceira Grande/MG, Guarda-Mor/MG, Barreiras/Ba, rota imprecisa, desacreditando a sinalização indicativa do canal de navegação e
Formosa do Rio Preto/Ba, Luis Eduardo Magalhães/Ba. Destaca- promovendo frequentes encalhes; b) A irregularidade da liberação de descar-
se ainda a cana-de-açúcar nos municípios de João Pinheiro/MG e gas pela barragem de Sobradinho: provoca contratempos para a navegação no
Paracatu/MG, e algodão herbáceo em São Desiderio/BA. trecho entre a barragem e as cidades de Petrolina e Juazeiro, uma vez que os
• Sub-médio Rio São Francisco: Petrolina/PE (cana-de-açúcar, man- níveis de água atingem, muitas vezes, valores incompatíveis com os calados das
ga, coco e uva) e Juazeiro/Ba (Maracujá, uva, goiaba, banana, coco, embarcações; c) Aproveitamentos para geração de energia desencadeados com
além de milho e feijão). a construção da barragem também modificaram as condições de escoamento
no Baixo São Francisco, onde a navegação comercial praticamente desapareceu.
142 Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia
11
Região Hidrográfica
Tocantins-Araguaia
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(10,8% do território nacional) e abrange os estados de Goiás (21%),
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Tocantins (30%), Pará (30%), Maranhão (4 %), Mato Grosso (15%) e o Tailândia
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Distrito Federal (0,1%). Grande parte se situa na região Centro-Oeste,
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desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até a sua confluên-
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O Rio Tocantins nasce no Planalto de Goiás, a cerca de 1.000 eir
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m de altitude, sendo formado pelos rios das Almas e Maranhão. Seu C
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principal tributário é o Rio Araguaia (2.600 km de extensão), onde se aiú
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Tocantins
encontra a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. A extensão
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total do Rio Tocantins é de 1.960 km, sendo sua foz na Baía de Marajó,
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onde também deságuam os rios Pará e Guamá. Maria Sere
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A Região Hidrográfica possui 409 municípios; destes, apenas 384
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estão com as sedes municipais inseridas no seu território. A popula-
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ção total da região é de, aproximadamente, 8,6 milhões de habitantes
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(IBGE, 2010). A maior parte da população (76%) se concentra nos cen-
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Tocantins. A densidade demográfica é de 9,3 hab./km², aproximada- 0"S
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mente, 2,5 vezes menor que a média brasileira, que é de 22,4 hab./km². Ta
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Estão destacadas na Figura 85 as principais cidades, com popu-
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lação urbana maior que 40.000 habitantes (IBGE, 2010). Dentre estas, Gamele
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destacam-se: as cidades de Belém/PA, com aprox. 1,38 milhão hab.,
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Ananindeua/PA, com aprox. 471 mil hab., Imperatriz/MA, com aprox.
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235 mil hab., Palmas/TO, com aprox. 222 mil hab., Marabá/PA, com Pa
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aprox. 186 mil hab., Castanhal - PA, com aprox. 153 mil hab. e Aragua- -a
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Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual na RH To-
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cantins-Araguaia é de 1.774 mm, bem menor do que o valor da média
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Primavera do Leste Planaltina
nacional, de 1.761 mm. A sua disponibilidade hídrica é de 5.447 m³/s, Per MG
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de 13.779 m³/s, correspondendo a 7,7% da vazão média nacional. A
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manda nacional) e a vazão específica 15,1 L/s/km2 (a média brasileira
é de 20,9 L/s/km2 ).
O volume máximo de reservação per capita é de 13.508 m3/
hab., bem maior do que o valor da média brasileira de 3.607m3/hab. Figura 85. Unidades Hidrográficas e principais cidades da RH Tocantins-Araguaia
IRRIGAçãO
O principal uso consuntivo de água da RH Tocan-
tins-Araguaia é a irrigação, com cerca de 84 m3/s, repre-
sentando 62% da demanda total de água da região (ano
-base 2010). Houve um expressivo aumento de 116% da
área irrigada na RH, entre 2006 e 2012. A área plantada
também aumentou nesse período, cerca de 20%. Os mu-
nicípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e
Pium, no estado do Tocantins, na bacia do Rio Formoso
(UH Araguaia), apresentam as mais elevadas demandas
hídricas para irrigação. Nestes, os principais cultivos, em
termos de área plantada (IBGE, 2012), são, arroz e soja.
Outros municípios que se destacam nesse quesito são,
Primavera do Leste (MT) e Dom Aquino (MT), onde os
cultivos de soja, milho e algodão ocupam as maiores
Figura 86. Aproveitamentos hidrelétricos, navegação e irrigação na RH Tocantins-Araguaia
áreas plantadas e Jussara (GO), onde se destacam soja,
milho e feijão. Dentre os projetos públicos de irrigação
presentes na RH, destacam-se os de Flores de Goiás, For-
Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia 145
moso do Araguaia e Porto Nacional, sendo que cada um possui área cultivada to) dos biomas Amazônico e Cerrado na RH (Figura 87 ). Conforme a publicação
irrigada superior a dois mil hectares. “Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil 2013” (ANA, 2013), a RH Tocantins
-Araguaia apresentava ainda 39% e 60% de área de cobertura de vegetação re-
MINERAÇÃO manescente do bioma Amazônico e de Cerrado, respectivamente, em relação
A mineração representa importante setor na economia, já que, na re- a sua área original. No total, a RH continha, em 2013, 53% da sua área ainda
gião hidrográfica, se encontram cerca de 50% da produção de ouro do país e com cobertura vegetal nativa destes biomas. Em relação à situação nas áreas
grande parte das reservas nacionais de amianto (92%), cobre (88%), níquel de cabeceiras das bacias de contribuição com área igual ou maior que 10.000
(86%), bauxita (82%), ferro (64%), manganês (60%), prata (21%) e cassiteri- Km2, a RH apresentava apenas 47% dessas áreas com cobertura vegetal, sendo
ta (28%), merecendo destaque a atividade mineradora em Carajás, no Pará. 31% e 49% nos biomas Amazônia e Cerrado, respectivamente. Ressalta-se a
Destacam-se, também, a mineração de alumínio, hematita, amianto, silício e importância das unidades de conservação e terras indígenas, na preservação
a metalurgia em Niquelândia (níquel), em Marabá (ferro gusa). da cobertura vegetal da RH, uma vez que ocupa 14% do seu território.
Toda essa produção impõe a necessidade de controle ambiental da mi-
neração e dos lançamentos de efluentes industriais. PESCA e aquicultura
Segundo o Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia dos Rios
USO DO SOLO E DESMATAMENTO Tocantins e Araguaia (ANA, 2009), a pesca profissional está restrita nos rios
A expansão agrícola na região é uma das principais atividades antrópi- localizados nos estados do Pará e Maranhão, com a proibição desta nos esta-
cas que tem contribuído com a redução da cobertura original (desmatamen- dos de MT, GO e TO. Já a pesca de subsistência e amadora predomina no Alto e
Figura 87. Evolução do desmatamento na RH Tocantins-Araguaia no período de 2000 a 2005 Figura 88. Cobertura remanescente dos biomas na RH Tocantins-
Araguaia em 2012
146 Região Hidrográfica Tocantins -Araguaia
TURISMO
Dentre o potencial turístico associado aos recursos hídricos na
RH destaca-se o polo Araguaia-Tocantins quanto à pesca esportiva (in-
clusive torneios de pesca), ao turismo ecológico e às praias fluviais,
sendo mais expressivo no rio Araguaia. Destacam-se, também, a maior
ilha fluvial do mundo, a do Bananal, o polo turístico de Belém, que
inclui ilhas, como a de Mosqueiro, e o rio Guamá, com seus canais e
igarapés, o Jalapão (TO), com suas cachoeiras, lagoas, dunas, serras e
chapadões do parque estadual, e a Chapada dos Veadeiros (GO), reco-
nhecida pelas suas cachoeiras. Quanto ao turismo de massa, em que
a qualidade da água pode ser afetada indiretamente, destacam-se as
cidades de Pirenópolis e Goiás. Aspecto positivo dessa atividade na RH
é o aumento da consciência ecológica e a geração de renda. De outro
lado, o turismo pode trazer impactos significativos, como a depreda-
ção da fauna e da flora, e ao saneamento, associado a uma população
flutuante nas cidades de grande movimento turístico.
12
Região Hidrográfica
do Uruguai
Campos entre Santa Maria e São Pedro do Sul – BR 287 – RS – Zig Koch/Banco de Imagens da ANA
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste 149
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Balanço quali ou quali-quantitativo crítico (classe 2)
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Figura 93. Vazão de retirada máxima nos meses com irrigação (m3/s) na RH Uruguai (ano-base 2012)
EVENTOS CRÍTICOS quantidade de reservatórios, de forma geral, eles operam com pequenos vo-
lumes de espera, quando comparados aos grandes volumes afluentes, resul-
Em 2013, 7 municípios decretaram situação de emergência - SE, tando em pequena capacidade de amortecimento de cheias (Figura 94). No
ou estado de calamidade pública - ECP - devido a eventos de secas e es- total, a potência instalada ao longo do Rio Uruguai e seus afluentes, na região
tiagens na região (menos de 1% dos municípios). No tocante aos even- hidrográfica, é de, aproximadamente, 6.000 MW.
tos de enchentes, alagamentos, enxurradas e inundações, em 2013, 67 Já nas áreas rurais, o impacto maior dos eventos de cheia ocorre
municípios decretaram SE ou ECP, devido a eventos de cheia (16% dos no trecho inferior da bacia, onde a topografia é mais suave e a planície
municípios). de inundação é mais extensa, principalmente na fronteira oeste gaúcha.
As enchentes são frequentes na região e atingem, principalmente, as Os eventos de extremas estiagens, quando ocorrem, têm tido seus
populações ribeirinhas, ao longo do curso principal do rio Uruguai e de alguns efeitos potencializados pela intensa utilização dos recursos hídricos, na
dos seus afluentes. Elas podem ocorrer em qualquer mês do ano, nos trechos RH do Uruguai. Os casos mais graves de estiagens foram registrados no
inferior, médio e superior do rio Uruguai. As áreas urbanas mais impactadas trecho baixo da bacia, onde ocorre a irrigação de arroz, e nas áreas de
são: Marcelino Ramos, Itaqui, Itá, São Borja, Iraí, e Uruguaiana, ao longo do plantio de soja não irrigada, onde já houve significativas perdas. As secas
rio Uruguai, e Alegrete, no rio Ibirapuitã. No rio Uruguai, apesar da grande trazem ainda problemas de abastecimento na região norte da bacia.
Região Hidrográfica do Uruguai 153
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Ocorrências de cheias de 2003 a 2013
1
2
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4
5
Acima de 5
Figura 95. Frequência de ocorrência de eventos críticos de cheias nos municípios da RH Uruguai entre 2003 e 2013 Fonte: SEDEC/Ministério da Integração Nacional
Região Hidrográfica do Uruguai 155
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RS
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