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ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
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MAPEAMENTO GEOLÓGICO EM ESCALA 1:25.000 DA
QUADRÍCULA CENTRO - NORTE – ITACAMBIRA (MG)
I.3 Objetivos
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I.4 Materiais e métodos de mapeamento geológico
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CAPÍTULO II - GEOLOGIA REGIONAL
O cráton São Francisco ocupa parte das regiões sudeste e nordeste do Brasil, sendo
delimitado pela faixa Araçuaí, a leste, pela faixa Ribeira, a sul, pela faixa Brasília, a oeste, e pelas
faixas Rio Preto, Riacho do Pontal e Sergipana, a norte. A delimitação do cráton é resultante da
contribuição de uma série de estudos iniciados em 1951, quando D. Guimarães já concebia que o
escudo das Guianas era uma porção remanescente do continente africano e que permaneceu
acoplada à América do Sul após a abertura do Atlântico. No atual estado da arte, Alkmim et al.
(2017) o representam conforme a Figura 3.
Figura 3: O cráton São Francisco e suas unidades. Os cinturões orogênicos estão representados por A: Araçuaí, RB:
Ribeira, B: Brasília, R: Rio Preto, RP: Riacho do Pontal, S: Sergipana. (Alkmim et al. 2017)
De forma geral, os limites do cráton são constituídos por falhas de empurrão ou falhas
reversas com tectônica do tipo thin-skinned no interior do cráton e tectônica thick-skinned nas
margens dos cinturões Brasilianos. Almeida et al. (1977) propuseram conceitos semelhantes para
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uma delimitação com base nos padrões de deformação das rochas do embasamento Arqueano e
Paleoproterozóico.
A acentuada ocorrência de falhas reversas indica que muitas das bordas do cráton São
Francisco são coincidentes com a fase extensiva pré-orogênica que deu origem à bacia de mesmo
nome. Desta forma, destaca-se a importância dos estágios de rifteamento (o que inclui também as
unidades sedimentares depositadas durante este período) e os cinturões orogênicos do final do
Neoproterozoico e início do Fanerozoico para a configuração atual do cráton (Alkmim et al. 1993,
In: Alkmim et al. 2017).
Quanto à evolução das bacias que precederam o orógeno Araçuaí, Pedrosa-Soares &
Alkmim (2011) caracterizam seis eventos extensionais (Figura 3). Estas extensões ocorreram
associadas a magmatismo anorogênico e pulsos de subsidência termal. As sequências pré-glaciais
e glaciogênicas do Grupo Macaúbas presentes na faixa Araçuaí são representativas dos eventos 5
e 6, respectivamente.
Figura 4: Correlação estratigráfica do aulacógeno Paramirim, faixa Araçuaí e cinturão Congo Ocidental (Pedrosa-
Soares & Alkmim, 2011).
A abertura da Bacia Macaúbas teve início durante o Toniano com a intrusão de diques
máficos e granitos anorogênicos (910 -850 Ma) concomitantes com o início da sedimentação das
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unidades rifte do Grupo Macaúbas inferior. Durante o Criogeniano, a bacia experimenta um novo
pulso de subsidência, marcado pela intrusão de novas rochas magmáticas e depósitos glaciais,
como diamictitos. Com o fim da glaciação, por volta de 660 Ma, o magmatismo basáltico marca
o início da abertura oceânica, no qual a bacia do tipo rifte passa a ser uma bacia do tipo margem
passiva.
O fechamento da bacia inicia-se por volta de 630 Ma, com o fim da subducção ocorrendo
em 590 Ma, concomitante com os primeiros granitos sin-colisionais originados a partir da fusão
parcial do embasamento e do material de preenchimento da bacia (Figura 5). Entre 575 Ma e 530
Ma, a frente orogênica avançou em direção ao cráton, de modo que deformações transpressivas
ocasionaram a inversão de estruturas no interior da bacia.
Figura 5: Representação do fechamento da Bacia Macaúbas e formação da faixa Araçuaí. A) Convergência das
margens da bacia com consumo de crosta oceânica. B) Após o final da subducção, a porção meridional experimenta
deformação transpressiva. (Alkmim et al. 2006).
II.2 Estratigrafia
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como metarenitos homogêneos finos a médios, apresentando o pacote sedimentar mais espesso
da área, com espessuras de até 300m e ampla distribuição espacial. Estratificações cruzadas
tangenciais e tabulares com sets variando de 1m a 6m de espessura podendo também ocorrer
ripples. Estudos de paleocorrente indicam padrão unipolar com aporte de sedimentos NW para
SE. Essa unidade está associada à sedimentação eólica em ambiente desértico de clima árido.
Chaves et al. (2013) apresentam dados de U-Pb para as formações Resplandecente e
Grão Mogol na região de Grão Mogol, flanco leste do anticlinal de Itacambira. A Formação
Resplandecente teria idade mínima de sedimentação de 1595 ± 20Ma. Para a Formação Grão
Mogol, a idade mínima seria de 1052 ± 50Ma, passando a associar, com base nestes dados, a
Formação Grão Mogol com a Formação Matão de Martins et al. (2008) (Tabela 1).
Tabela 01: Adaptado de Leite et al. (2013), idades geocronológicas associadas as unidades do supergrupo espinhaço
setentrional.
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A área coberta por este trabalho apresenta em sua área rochas do Complexo Porteirinha,
como embasamento, sobreposto pelo Supergrupo Espinhaço Setentrional, materializado pela
Formação Resplandecente. As demais unidades são pertencentes ao Supergrupo São Francisco,
Grupo Macaúbas, rochas máficas intrusivas cortando as unidades supracitadas na forma de diques
e soleiras.
Complexo Porteirinha
Grupo Macaúbas
Durante a sua formação, o Grupo Macaúbas passou por ao menos três eventos
tafrogênicos, que influenciaram os processos de deposição, além de registrar um evento de
glaciação continental. Devido a tais processos de rifteamento, é possível dividir as unidade que
compõem o Grupo Macaúbas em três de sucessões principais: a primeira com a sucessão rifte de
idade Toniana, constituída pelas formações Matão-Duas Barras, Capelinha, Rio Peixe Bravo e
Planalto de Minas. A segunda sucessão rifte de idade criogeniana é marcada pelas formações
Serra do Catuni, Nova Aurora e Chapada Acauã Inferior. Por sua vez, a terceira fase
compreendida entre Criogeniano e Ediacarano, consiste em uma sucessão de margem passiva
marcada pelas rochas Chapada Acauã Superior e Ribeirão da Folha (Souza, 2019). Além destes
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processos de rifteamento, a bacia Macaúbas ainda teria sido fortemente condicionada por sua
herança tectônica (Noce et al., 1997b, In: Souza, 2019).
Souza et al. (2019) redefiniram a base do Grupo Macaúbas, unindo as formações Matão
e Duas Barras devido à mudança lateral e vertical gradacional entre elas. Neste relatório, a
Formação Matão-Duas Barras é dividida em duas unidades, diferenciando os principais aspectos
observados em campo e provável variação no ambiente de formação: Matão-Duas Barras inferior
e Matão-Duas Barras superior.
A unidade Matão-Duas Barras inferior é caracterizada por apresentar conglomerados e
brechas monimíticas, com clastos de quartzo e quartzitos puros e homogêneos. As brechas
pertencentes à unidade Matão-Duas Barras inferior possuem uma variação vertical
transacionando para quartzito grosso no topo (Martins et al. 2008). Ainda segundo Martins et al.
(2008), estas rochas podem apresentar estratificações cruzadas tabulares com baixo ângulo em
sua base, migrando para estratificações plano-paralelas no topo, além de estruturas como
hummockys e marcas de onda.
Já a unidade superior, é composta por quartzitos com granulação média a grossa, além
de possuir níveis de conglomerados (Martins et al. 2008). A porção superior da unidade, ainda é
caracterizada por apresentar estratos cruzados de baixo ângulo, marcas de ondas assimétricas e
intercalações pontuais com um material ferruginoso. Leite (2013) descreveu esta unidade como
possivelmente proveniente de um depósito fluvial entrelaçado com fluxo de lençol.
Acima de uma discordância erosiva regional, que marca o fim do registro da Formação
Matão-Duas Barras, tem-se um pacote de unidades glaciogênicas denominada Formação Serra do
Catuni. Tal formação é caracterizada por diamictito maciço, pouco selecionado com clastos de
vários tamanhos em uma matriz argilosa/siltosa, além de pequenas lentes de arenito (Grossi-Sad
et al., 1997; Martins 2006, In: Souza 2019).
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Formação Chapada Acauã
A Formação Chapada Acauã (Pedrosa-Soares et al., 1992; Grossi-Sad et al., 1997; in
Souza 2019) é composta por diamictitos, arenitos e pelitos, com restritas lentes de carbonato no
topo da formação.
A Tabela 02 a seguir, contém as descrições das formações descritas, assim como seu
respectivo ambiente deposicional.
Formação Descrição
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II.3 Geologia Estrutural e Metamorfismo
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CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL
Figura 6: Mapa Geológico da Área Centro Norte na Região de Itacambira/MG em escala 1:25000.
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III.1 Estratigrafia
Figura 7: Coluna Estratigráfica na Escala 1:25.000 da Quadrícula Centro Norte na Região de Itacambira/MG.
Complexo Porteirinha
A Suíte Rio Itacambiruçu compreende cerca de 50% da área mapeada (Fig. 14) e
corresponde, majoritariamente, às porções topograficamente mais baixas, alcançando elevação
máxima em 975m no extremo leste da quadrícula. Este domínio é interpretado como parte do
embasamento cratônico e estabelece contato tectônico com a Formação Resplandecente por meio
de um sistema de falhas reversas. Na porção leste, afloram maciços rochosos com altitude de
950m e maior extensão em relação ao restante da área, onde as ocorrências de rocha preservada
são mais escassas devido aos agentes e processos intempéricos, fornecendo uma coloração
esbranquiçada e/ou alarajanda ao solo.
Essa unidade é composta por corpos de metagranitóides, de grau metamórfico baixo a
médio, com foliação penetrativa bem-marcada pelos filossilicatos orientados, classificando uma
textura granolepidoblástica, e em algumas porções aparecerem com texturas ígneas bem
preservadas, não sendo identificados planos de foliação a olho nu (Fig. 6).
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Figura 8: (A) metagranitóides, de grau metamórfico baixo a médio, com foliação penetrativa bem marcada pelos
filossilicatos orientados com textura granolepdoblástica. (B) Par de fraturas conjugadas, encontrada com alta
frequência em campo, possivelmente correlacionadas com os lineamentos
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Supergrupo Espinhaço
Formação Resplandecente
Essa unidade ocorre restrita nas porções noroeste e sudoeste e ocupa cerca de 25% da
área mapeada, os maciços rochosos possuem elevação máxima de 1225m com aproximadamente
300m de espessura, correspondendo às porções topograficamente mais elevadas. É facilmente
identificada na imagem de satélite, destoando de seu entorno devido à alta rugosidade e coloração
acinzentada. As drenagens se apresentam subparalelas aos lineamentos traçados (Fig. 7) e são
marcadas por tons de verde escuro simbolizando uma vegetação mais densa. É balizada, a
noroeste, por um lineamento de direção NE/SW, onde estabelece contato tectônico com a Suíte
Rio Itacabiruçu. Na porção oeste-sudoeste, hospeda depósitos em tálus que a separa dos
metagranitóides do embasamento.
O litotipo predominante é uma rocha de coloração clara, de granulometria fina e alto grau
de maturidade mineralógica, classificada como quartzito. Em algumas porções, são encontradas
estruturas sedimentares bem preservadas, como estratificações plano paralelas e estratificações
cruzadas (Fig. 7). Além dos lineamentos traçados a partir da fotointerpretação, os afloramentos
também apresentam pares de fraturas conjugadas e foliação associada a zonas de cisalhamento.
Figura 9: (A) Rocha quartzítica com estruturas sedimentares bem preservadas, representando a alternância de
composição das camadas. (B) Rocha quartzítica com estratificações plano paralelas e estratificações cruzada.
Também apresenta pares de fraturas conjugadas e foliação associada a zonas de cisalhamento.
Intrusões máficas/metamáficas
Figura 10: (A) Rocha máfica com forte alteração devido a baixa resistência ao intemperismo, sendo encontrada em
zonas de vegetação mais densa. (B) Rocha máfica (gabro) pouco alterada por intemperismo.
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Figura 11: Coluna Estratigráfica da Quadrícula Centro-Norte de Itacambira – MG.
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III.2 Geologia estrutural
Acamamentos
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Xistosidade
Estiramento Mineral
Figura 14: Estereograma referente à direção de estiramento mineral nos quartzitos da Form Resplandecente.
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Falhas reversas
Foi encontrado um sistema de falhas reversas na porção centro-norte da área e envolvem
os litotipos da Suíte Rio Itacambiruçu e os da Fm. Resplandecente. A disposição das falhas sugere
transporte tectônico de SE para NW, assim como indicado pelas lineações de estiramento e
foliação, as quais acompanham o plano da falha (Fig, 15).
Figura 15: Perfil B – B’ na escala 1:25.000 da Quadricula Centro Norte na Região de Itacambira/MG
Fraturas
As rochas pertencentes ao Complexo Porteirinha registram pares de fraturas que
aparecem de forma conjugada, sub-verticalizadas e persistentes com orientação próximas a N20W
e N60E. Essas fraturas podem estar relacionadas à estruturas distensivas mais antigas, as quais
coincidem com os planos de falha observados.
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III.3 Geologia Econômica / Ocorrências Minerais
Figura 17: Discordância entre dois blocos representados pelo colúvio e os clastos bem arredondados, implicando em
possível ocorrência de Au aluvionar.
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CAPÍTULO IV – DISCUSSÕES
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IV.2 Evolução estrutural
A região mapeada está inserida no domínio setentrional da Serra do Espinhaço, cuja bacia se
desenvolveu a partir de dois estágios de rifteamento (Souza, 2016). O primeiro estágio pode ser
relacionado à intrusão do plúton granítico em 1.7Ga (Estateriano) representado na região pela
Suíte Rio Itacambiruçu. O segundo estágio do rifteamento marca a evolução e expansão da bacia
Espinhaço para uma fase de subsidência térmica, a qual possibilitou a formação de um sistema
desértico do tipo dunas resultando na deposição da Formação Resplandecente (Leite,2013).
Figura 18: Perfil estrutural da falha reversa no contato entre o embasamento cristalino e a Fm. Resplandecente
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CAPÍTULO VI - BIBLIOGRAFIA
Alkmim, F.F., Kuchenbecker, M., Reis, H.L.S., Pedrosa-Soares, A.C., 2017. The Araçuaí Belt.
SpringerInternational Publishing Switzerland. DOI 10.1007/978-3-319-01715-0_14
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102393.https://doi.org/10.1016/j.jsames.2019.102393.
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Martins M. S., Babinski, M., Noce, C. M., Queiroga, G. N., Pedrosa-Soares, A. C., Trindade, R.,
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ANEXOS
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ANEXO II – MAPA DE PONTOS DA QUADRÍCULA CENTRO NORTE NA ESCALA 1:25.000 – ITACAMBIRA/MG
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ANEXO III – TABELA DE DESCRIÇÃO DE PONTOS
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ANEXO IV – PERFIL LESTE OESTE DA QUADRÍCULA CENTRO NORTE NA ESCALA 1:25.000 – ITACAMBIRA/MG
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ANEXO V – PERFIL ESTRUTURAL DA FALHA REVERSA NO CONTATO ENTRE O EMBASAMENTO CRISTALINO E A FM.
RESPLANDECENTE
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