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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

MAPEAMENTO GEOLÓGICO – GEO493

___________________________________________________
MAPEAMENTO GEOLÓGICO EM ESCALA 1:25.000 DA
QUADRÍCULA CENTRO - NORTE – ITACAMBIRA (MG)

Ivan Batista Lisboa 16.2.1428


Luiza Clemente Rodrigues 16.2.1422
Victor Fagundes Carvalho Melo 15.2.1081

Ouro Preto, outubro de 2022


SUMÁRIO

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3


I.1 Considerações iniciais ........................................................................................... 3
I.2 Localização e vias de acesso ................................................................................. 3
I.3 Objetivos................................................................................................................. 4
I.4 Materiais e métodos de mapeamento geológico .................................................. 5
I.5 Geoética e Geoconservação................................................................................... 5
CAPÍTULO II - GEOLOGIA REGIONAL ................................................................... 6
II.1 Arcabouço geotectônico regional.......................................................................... 6
II.2 Estratigrafia ............................................................................................................ 8
II.3 Geologia Estrutural e Metamorfismo ................................................................. 13
CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL ....................................................................... 14
III.1 Estratigrafia ...................................................................................................... 15
III.2 Geologia estrutural ........................................................................................... 20
III.3 Geologia Econômica / Ocorrências Minerais ................................................. 23
CAPÍTULO IV – DISCUSSÕES .................................................................................... 24
IV.1 Contextualização das unidades litoestratigráficas/litodêmicas ..................... 24
IV.2 Evolução estrutural .......................................................................................... 25
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES .................................................................................... 26
CAPÍTULO VI - BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 27
ANEXOS ............................................................................................................................. 28
ANEXO I – MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE ITACAMBIRA NA ESCALA
1:25.000 ....................................................................................................................... 28
ANEXO II – MAPA DE PONTOS DA QUADRÍCULA CENTRO NORTE NA
ESCALA 1:25.000 – ITACAMBIRA/MG ............................................................... 29
ANEXO III – TABELA DE DESCRIÇÃO DE PONTOS ...................................... 30
ANEXO IV – PERFIL LESTE OESTE DA QUADRÍCULA CENTRO NORTE NA
ESCALA 1:25.000 – ITACAMBIRA/MG ............................................................... 31
ANEXO V – PERFIL ESTRUTURAL DA FALHA REVERSA NO CONTATO
ENTRE O EMBASAMENTO CRISTALINO E A FM. RESPLANDECENTE ... 32
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Área total do mapeamento, com destaque para a porção centro-norte............. 3


Figura 2: Área total do mapeamento, com destaque para a porção centro-norte............. 4
Figura 3: O cráton São Francisco e suas unidades. Os cinturões orogênicos estão
representados por A: Araçuaí, RB: Ribeira, B: Brasília, R: Rio Preto, RP: Riacho do
Pontal, S: Sergipana. (Alkmim et al. 2017) ......................................................................... 6
Figura 4: Correlação estratigráfica do aulacógeno Paramirim, faixa Araçuaí e cinturão
Congo Ocidental (Pedrosa-Soares & Alkmim, 2011)......................................................... 7
Figura 5: Representação do fechamento da Bacia Macaúbas e formação da faixa Araçuaí.
A) Convergência das margens da bacia com consumo de crosta oceânica. B) Após o final
da subducção, a porção meridional experimenta deformação transpressiva. (Alkmim et
al. 2006). ................................................................................................................................ 8
Figura 6: Mapa Geológico da Área Centro Norte na Região de Itacambira/MG em escala
1:25000. ............................................................................................................................... 14
Figura 7: Coluna Estratigráfica na Escala 1:25.000 da Quadrícula Centro Norte na
Região de Itacambira/MG................................................................................................... 15
Figura 8: (A) metagranitóides, de grau metamórfico baixo a médio, com foliação
penetrativa bem marcada pelos filossilicatos orientados com textura granolepdoblástica.
(B) Par de fraturas conjugadas, encontrada com alta frequência em campo, possivelmente
correlacionadas com os lineamentos .................................................................................. 16
Figura 9: (A) Rocha quartzítica com estruturas sedimentares bem preservadas,
representando a alternância de composição das camadas. (B) Rocha quartzítica com
estratificações plano paralelas e estratificações cruzada. Também apresenta pares de
fraturas conjugadas e foliação associada a zonas de cisalhamento. ................................. 17
Figura 10: (A) Rocha máfica com forte alteração devido a baixa resistência ao
intemperismo, sendo encontrada em zonas de vegetação mais densa. (B) Rocha máfica
(gabro) pouco alterada por intemperismo. ......................................................................... 18
Figura 11: Coluna Estratigráfica da Quadrícula Centro-Norte de Itacambira – MG..... 19
Figura 12: Estereograma referente aos acamamentos medidos. ..................................... 20
Figura 13: Estereograma referente às foliações medidas. ............................................... 21
Figura 14: Estereograma referente à direção de estiramento mineral nos quartzitos da
Form Resplandecente. ......................................................................................................... 21
Figura 15: Perfil B – B’ na escala 1:25.000 da Quadricula Centro Norte na Região de
Itacambira/MG .................................................................................................................... 22
Figura 16: Estereograma referente às direções de fratura medidas. ............................... 22
Figura 17: Discordância entre dois blocos representados pelo colúvio e os clastos bem
arredondados, implicando em possível ocorrência de Au aluvionar. .............................. 23
Figura 18: Perfil estrutural da falha reversa no contato entre o embasamento cristalino e
a Fm. Resplandecente ......................................................................................................... 25
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 01: Adaptado de Leite et al. (2013), idades geocronológicas associadas as


unidades do supergrupo espinhaço setentrional. ................................................................. 9
Tabela 02 - Estratigrafia do Grupo Macaúbas e suas principais litoglogias .................. 12
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

I.1 Considerações iniciais

O presente relatório é parte integrante das atividades realizadas no âmbito da disciplina


de Mapeamento Geológico (GEO493), ministrada pelo professor Maximiliano de Souza Martins,
como componente curricular obrigatório do curso de Engenharia Geológica da Universidade
Federal de Ouro Preto/MG. A prática de campo foi realizada entre os dias 13 e 21 de agosto, sob
orientação do professor e monitora Mariana Pimenta Vilela.
Este trabalho consiste no mapeamento geológico de uma quadrícula de aproximadamente
24km² na Porção Setentrional da Serra do Espinhaço, nas proximidades de Itacambira – MG, em
escala 1:25000.

I.2 Localização e vias de acesso

A área de estudo é situada nas proximidades do município de Itacambira/MG, a 235km a noroeste


de Diamantina e a 574km a norte de Ouro Preto/MG. Para a realização do trabalho, a área foi
dividida em quatro polígonos, sendo o presente relatório referente à área centro-norte indicada na
figura 1, de aproximadamente 10km². O acesso, com partida de Ouro Preto, pode ser feito pelas
rodovias BR-356, BR-040 E BR-135 no sentido norte até Bocaiuva, passando pelos municípios
de Belo Horizonte, Sete Lagoas e Curvelo. No município de Bocaiúva, segue-se para Diamantina
e em seguida, cerca de 85km na LMG-651 E MG-308 até Itacambira.

Figura 1: Área total do mapeamento, com destaque para a porção centro-norte.


3
Figura 2: Área total do mapeamento, com destaque para a porção centro-norte.

I.3 Objetivos

Este projeto possui objetivo de realizar um mapeamento geológico para a geração de um


mapa em escala 1:25000, seu respectivo relatório e fomentar as discussões pertinentes.

4
I.4 Materiais e métodos de mapeamento geológico

O trabalho se desenvolve em três etapas principais:


• Pré-campo: consiste em um estudo prévio a partir da consulta bibliográfica, com o intuito
de contextualizar a geologia regional e os aspectos estratigráficos, estruturais e
fisiográficos da região de Itacambira e adjacências. Foram distribuídas as bases
topográficas e imagens de satélites referentes a cada uma das áreas foco, com o objetivo
de desenvolver um mapa de domínios morfoestruturais para o auxílio durante a atividade
de campo. Esse mapa foi desenvolvido por meio de técnicas de fotointerpretação, tendo
por base a análise e comparação entre as feições identificadas através das diferentes
texturas, cores, declividades e vegetações presentes no relevo. Com isso, elaborou-se um
pré-relatório com as informações até então obtidas sobre a área.
• Etapa de campo: são utilizados materiais indispensáveis para o mapeamento, como
bússola, martelo de geólogo, GPS, lupa de aumento 20x, mapas topográficos da área,
visando possibilitar a descrição macroscópica das rochas aflorantes, bem como a medição
e registro dos lineamentos, acamamentos, foliações, entre outros. São determinadas rotas
que abrangem a maior parte da área possível e assim, com o auxílio de imagens aéreas e
mapas topográficos, as características das rochas aflorantes são registradas durante o
caminhamento, principalmente os contatos entre litologias diferentes.
• Etapa pós-campo: contextualização da geologia local e sua relação com os domínios e
feições regionais. É realizada a construção de colunas estratigráficas, seções em perfil,
do mapa geológicos e, por fim, sua integração com as outras áreas.

I.5 Geoética e Geoconservação

Além das exposições rochosas, é necessário considerar os aspectos socioculturais e


econômicos que se manifestam na região estudada. Na área em questão, aparecem grandes
maciços rochosos que aparentam estar bem preservados, sendo importante a atenção no uso e
manuseio de equipamentos nos afloramentos para que não haja risco de destruir exposições que
podem vir a ser essenciais para a compreensão da geologia local. As atividades econômicas
ligadas à área também devem ser consideradas, para que os trabalhadores locais não sejam
prejudicados.
Nesse contexto, ocorre a extração do quartzo-gema rutilado, contendo indícios de
garimpo. Dessa forma, torna-se essencial uma conscientização com ênfase nos preceitos geoéticos
tais como a sustentabilidade, a geodiversidade e o geopatrimônio, o consumo prudente dos
recursos minerais, as medidas adequadas para previsão e mitigação de riscos naturais e a
divulgação pública.

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CAPÍTULO II - GEOLOGIA REGIONAL

II.1 Arcabouço geotectônico regional

O cráton São Francisco ocupa parte das regiões sudeste e nordeste do Brasil, sendo
delimitado pela faixa Araçuaí, a leste, pela faixa Ribeira, a sul, pela faixa Brasília, a oeste, e pelas
faixas Rio Preto, Riacho do Pontal e Sergipana, a norte. A delimitação do cráton é resultante da
contribuição de uma série de estudos iniciados em 1951, quando D. Guimarães já concebia que o
escudo das Guianas era uma porção remanescente do continente africano e que permaneceu
acoplada à América do Sul após a abertura do Atlântico. No atual estado da arte, Alkmim et al.
(2017) o representam conforme a Figura 3.

Figura 3: O cráton São Francisco e suas unidades. Os cinturões orogênicos estão representados por A: Araçuaí, RB:
Ribeira, B: Brasília, R: Rio Preto, RP: Riacho do Pontal, S: Sergipana. (Alkmim et al. 2017)

De forma geral, os limites do cráton são constituídos por falhas de empurrão ou falhas
reversas com tectônica do tipo thin-skinned no interior do cráton e tectônica thick-skinned nas
margens dos cinturões Brasilianos. Almeida et al. (1977) propuseram conceitos semelhantes para

6
uma delimitação com base nos padrões de deformação das rochas do embasamento Arqueano e
Paleoproterozóico.
A acentuada ocorrência de falhas reversas indica que muitas das bordas do cráton São
Francisco são coincidentes com a fase extensiva pré-orogênica que deu origem à bacia de mesmo
nome. Desta forma, destaca-se a importância dos estágios de rifteamento (o que inclui também as
unidades sedimentares depositadas durante este período) e os cinturões orogênicos do final do
Neoproterozoico e início do Fanerozoico para a configuração atual do cráton (Alkmim et al. 1993,
In: Alkmim et al. 2017).
Quanto à evolução das bacias que precederam o orógeno Araçuaí, Pedrosa-Soares &
Alkmim (2011) caracterizam seis eventos extensionais (Figura 3). Estas extensões ocorreram
associadas a magmatismo anorogênico e pulsos de subsidência termal. As sequências pré-glaciais
e glaciogênicas do Grupo Macaúbas presentes na faixa Araçuaí são representativas dos eventos 5
e 6, respectivamente.

Figura 4: Correlação estratigráfica do aulacógeno Paramirim, faixa Araçuaí e cinturão Congo Ocidental (Pedrosa-
Soares & Alkmim, 2011).

A abertura da Bacia Macaúbas teve início durante o Toniano com a intrusão de diques
máficos e granitos anorogênicos (910 -850 Ma) concomitantes com o início da sedimentação das

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unidades rifte do Grupo Macaúbas inferior. Durante o Criogeniano, a bacia experimenta um novo
pulso de subsidência, marcado pela intrusão de novas rochas magmáticas e depósitos glaciais,
como diamictitos. Com o fim da glaciação, por volta de 660 Ma, o magmatismo basáltico marca
o início da abertura oceânica, no qual a bacia do tipo rifte passa a ser uma bacia do tipo margem
passiva.
O fechamento da bacia inicia-se por volta de 630 Ma, com o fim da subducção ocorrendo
em 590 Ma, concomitante com os primeiros granitos sin-colisionais originados a partir da fusão
parcial do embasamento e do material de preenchimento da bacia (Figura 5). Entre 575 Ma e 530
Ma, a frente orogênica avançou em direção ao cráton, de modo que deformações transpressivas
ocasionaram a inversão de estruturas no interior da bacia.

Figura 5: Representação do fechamento da Bacia Macaúbas e formação da faixa Araçuaí. A) Convergência das
margens da bacia com consumo de crosta oceânica. B) Após o final da subducção, a porção meridional experimenta
deformação transpressiva. (Alkmim et al. 2006).

II.2 Estratigrafia

A região do anticlinal de Itacambira marca o aparecimento das rochas do Supergrupo


Espinhaço, demarcando o início do Espinhaço Setentrional que se estende até o centro do estado
da Bahia. O primeiro trabalho de cunho estratigráfico da região deve-se a Karfunkel & Karfunkel
(1977) que mapearam a região entre Itacambira e Botumirim na escala 1:60.000. Os principais
trabalhos posteriores são de Noce (1997), Martins (2006), Martins et al. (2008) e Souza et al.
(2019).Martins et al. (2008) fizeram modificações na estratigrafia proposta por Karfunkel &
Karfunkel (1977), reduzindo o Supergrupo Espinhaço à Formação Resplandecente, caracterizada

8
como metarenitos homogêneos finos a médios, apresentando o pacote sedimentar mais espesso
da área, com espessuras de até 300m e ampla distribuição espacial. Estratificações cruzadas
tangenciais e tabulares com sets variando de 1m a 6m de espessura podendo também ocorrer
ripples. Estudos de paleocorrente indicam padrão unipolar com aporte de sedimentos NW para
SE. Essa unidade está associada à sedimentação eólica em ambiente desértico de clima árido.
Chaves et al. (2013) apresentam dados de U-Pb para as formações Resplandecente e
Grão Mogol na região de Grão Mogol, flanco leste do anticlinal de Itacambira. A Formação
Resplandecente teria idade mínima de sedimentação de 1595 ± 20Ma. Para a Formação Grão
Mogol, a idade mínima seria de 1052 ± 50Ma, passando a associar, com base nestes dados, a
Formação Grão Mogol com a Formação Matão de Martins et al. (2008) (Tabela 1).

nidade Unidade Litotipo datado Idades (Ma)/Trabalhos

Espinhaço Diques (relacionados a Suite Máficas 850 (Danderfer et al.


setentrional Pedro Lessa) 2009)

Grão Mogol Metaconglomerados 1.052 ± 50 (Chavez et


al. 2013)

Gr. Pajeú (Fm Bomba.) Vulcânicas 1569±14 (Danderfer et


al. 2009)

Gr.Pajeú (Fm Bomba.) Vulcânicas 1582±8 (Danderfer et al.


2009)

Resplandecente Metarenitos 1.595 ± 20 (Chavez et


al. 2013)

Fm.São Simão Vulcânicas 1735±6 (Danderfer et al.


2009)

Embasamento Complexo Porteirinha Granitoides foliados “Suite 2,2 – 2,0 Ga (Siga Jr


Cristalino Itacambiroçu” 1986)

Tabela 01: Adaptado de Leite et al. (2013), idades geocronológicas associadas as unidades do supergrupo espinhaço
setentrional.
9
A área coberta por este trabalho apresenta em sua área rochas do Complexo Porteirinha,
como embasamento, sobreposto pelo Supergrupo Espinhaço Setentrional, materializado pela
Formação Resplandecente. As demais unidades são pertencentes ao Supergrupo São Francisco,
Grupo Macaúbas, rochas máficas intrusivas cortando as unidades supracitadas na forma de diques
e soleiras.

Complexo Porteirinha

O embasamento pré-espinhaço é constituído por um complexo conjunto de terrenos


metamórficos de alto grau, arqueanos a paleoproterozóicos, com grande variedade composicional,
além de cinturões de rochas supracrustais paleoproterozoicos e associações do tipo granito
greenstone, formando um arranjo de terrenos metamórficos de alto grau (Teixeira et al. 2000)
comumente exposta em núcleos de anticlinórios erodidos. No segmento estudado, o embasamento
pode ser dividido em Complexo do Cedro e Suíte Itacambiruçu (Noce 1997) expostos no núcleo
da mega estrutura do Anticlinal de Itacambira (Karfunkel & Karfunkel 1976a). A Suíte Rio
Itacambiruçu é formada por corpos graníticos homogêneos com composição granítica a tonalítica,
granulação média a grossa e textura porfirítica. A deformação se manifesta, nos granitóides, pelo
desenvolvimento de foliação mais ou menos pronunciada, ou pela presença de zonas de
cisalhamento, com largura milimétrica a métrica, onde vários estágios de milonitização podem
ser observados. Embora suas relações de contato com os gnaisses sejam pouco evidentes, acredita-
se que se trate de uma suíte intrusiva na crosta antiga representada pelos gnaisses (Noce 1997).

Estratigrafia do Grupo Macaúbas na zona periclinal da anticlinal de Itacambira

Grupo Macaúbas

Durante a sua formação, o Grupo Macaúbas passou por ao menos três eventos
tafrogênicos, que influenciaram os processos de deposição, além de registrar um evento de
glaciação continental. Devido a tais processos de rifteamento, é possível dividir as unidade que
compõem o Grupo Macaúbas em três de sucessões principais: a primeira com a sucessão rifte de
idade Toniana, constituída pelas formações Matão-Duas Barras, Capelinha, Rio Peixe Bravo e
Planalto de Minas. A segunda sucessão rifte de idade criogeniana é marcada pelas formações
Serra do Catuni, Nova Aurora e Chapada Acauã Inferior. Por sua vez, a terceira fase
compreendida entre Criogeniano e Ediacarano, consiste em uma sucessão de margem passiva
marcada pelas rochas Chapada Acauã Superior e Ribeirão da Folha (Souza, 2019). Além destes
10
processos de rifteamento, a bacia Macaúbas ainda teria sido fortemente condicionada por sua
herança tectônica (Noce et al., 1997b, In: Souza, 2019).

Formação Matão-Duas Barras

Souza et al. (2019) redefiniram a base do Grupo Macaúbas, unindo as formações Matão
e Duas Barras devido à mudança lateral e vertical gradacional entre elas. Neste relatório, a
Formação Matão-Duas Barras é dividida em duas unidades, diferenciando os principais aspectos
observados em campo e provável variação no ambiente de formação: Matão-Duas Barras inferior
e Matão-Duas Barras superior.
A unidade Matão-Duas Barras inferior é caracterizada por apresentar conglomerados e
brechas monimíticas, com clastos de quartzo e quartzitos puros e homogêneos. As brechas
pertencentes à unidade Matão-Duas Barras inferior possuem uma variação vertical
transacionando para quartzito grosso no topo (Martins et al. 2008). Ainda segundo Martins et al.
(2008), estas rochas podem apresentar estratificações cruzadas tabulares com baixo ângulo em
sua base, migrando para estratificações plano-paralelas no topo, além de estruturas como
hummockys e marcas de onda.
Já a unidade superior, é composta por quartzitos com granulação média a grossa, além
de possuir níveis de conglomerados (Martins et al. 2008). A porção superior da unidade, ainda é
caracterizada por apresentar estratos cruzados de baixo ângulo, marcas de ondas assimétricas e
intercalações pontuais com um material ferruginoso. Leite (2013) descreveu esta unidade como
possivelmente proveniente de um depósito fluvial entrelaçado com fluxo de lençol.

Formação Planalto de Minas

A Formação Planalto de Minas é definida como uma sequência metavulcano-sedimentar


com intercalações de xistos verdes e quartzitos finos a muito finos e bastante friáveis (Souza,
2019).

Formação Serra do Catuni

Acima de uma discordância erosiva regional, que marca o fim do registro da Formação
Matão-Duas Barras, tem-se um pacote de unidades glaciogênicas denominada Formação Serra do
Catuni. Tal formação é caracterizada por diamictito maciço, pouco selecionado com clastos de
vários tamanhos em uma matriz argilosa/siltosa, além de pequenas lentes de arenito (Grossi-Sad
et al., 1997; Martins 2006, In: Souza 2019).

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Formação Chapada Acauã
A Formação Chapada Acauã (Pedrosa-Soares et al., 1992; Grossi-Sad et al., 1997; in
Souza 2019) é composta por diamictitos, arenitos e pelitos, com restritas lentes de carbonato no
topo da formação.
A Tabela 02 a seguir, contém as descrições das formações descritas, assim como seu
respectivo ambiente deposicional.

Formação Descrição

Formação Chapada Diamictitos, pelitos e arenitos Sucessão Margem Passiva


Acauã superior (Criogeniano – Ediacarano)

Formação Chapada Sucessão Rifte II (Criogeniano)


Acauã inferior

Formação Serra do Diamictitos com lentes de arenito


Catuni

Formação Planalto Xistos verdes e quartzitos Sucessão Rifte I


de Minas
(Toniano)

Formação Sequência Vulcano-sedimentar de quartzitos,


Capelinha anfibolitos, quartzo xistos e biotita-sericita-quartzo
xistos

Formação Matão-DuasFáceis Matão: conglomerados e brechas monomíticas


Barras e arenitos

Fáceis Duas Barras: Quartzitos de granulação média


a grossa e níveis de conglomerado

Tabela 02 - Estratigrafia do Grupo Macaúbas e suas principais litoglogias.

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II.3 Geologia Estrutural e Metamorfismo

O domínio externo do orógeno Araçuaí corresponde ao conjunto de dobras e falhas


originadas como resultado do evento Brasiliano e que afetam o embasamento cristalino e rochas
metassedimentares proterozóicas. Alkmim et al. (2017) interpretam este arcabouço estrutural
como resultante da colisão entre os crátons São Francisco e Congo durante a amalgamação do
supercontinente Gondwana ocidental que ocorreu durante o Ediacarano e o Cambriano.
A faixa Araçuaí é caracterizada por falhas de empurrão e dobras com vergência para
oeste, em direção à bacia do São Francisco. A deformação é majoritariamente do tipo thin-skinned
e afeta inclusive as rochas pré-cambrianas do interior da bacia.
O metamorfismo que afeta toda a região é de fácies xisto-verde nas porções mais externas
da faixa (oeste) e tende a aumentar de grau à medida em que se aproxima do núcleo do orógeno
(leste), onde o metamorfismo atinge a fácies anfibolito.

13
CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL

Figura 6: Mapa Geológico da Área Centro Norte na Região de Itacambira/MG em escala 1:25000.

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III.1 Estratigrafia

Figura 7: Coluna Estratigráfica na Escala 1:25.000 da Quadrícula Centro Norte na Região de Itacambira/MG.

Complexo Porteirinha

Suíte Rio Itacambiruçu

A Suíte Rio Itacambiruçu compreende cerca de 50% da área mapeada (Fig. 14) e
corresponde, majoritariamente, às porções topograficamente mais baixas, alcançando elevação
máxima em 975m no extremo leste da quadrícula. Este domínio é interpretado como parte do
embasamento cratônico e estabelece contato tectônico com a Formação Resplandecente por meio
de um sistema de falhas reversas. Na porção leste, afloram maciços rochosos com altitude de
950m e maior extensão em relação ao restante da área, onde as ocorrências de rocha preservada
são mais escassas devido aos agentes e processos intempéricos, fornecendo uma coloração
esbranquiçada e/ou alarajanda ao solo.
Essa unidade é composta por corpos de metagranitóides, de grau metamórfico baixo a
médio, com foliação penetrativa bem-marcada pelos filossilicatos orientados, classificando uma
textura granolepidoblástica, e em algumas porções aparecerem com texturas ígneas bem
preservadas, não sendo identificados planos de foliação a olho nu (Fig. 6).

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Figura 8: (A) metagranitóides, de grau metamórfico baixo a médio, com foliação penetrativa bem marcada pelos
filossilicatos orientados com textura granolepdoblástica. (B) Par de fraturas conjugadas, encontrada com alta
frequência em campo, possivelmente correlacionadas com os lineamentos

Os metagranitóides variam de leuco a mesocráticos, de granulação média a grossa,


compostos essencialmente por quartzo, plagioclásio, biotita e mica branca e subordinadamente,
porções sericíticas de coloração alaranjada. Foram identificados nos afloramentos pares de
fraturas conjugadas possivelmente correlacionadas aos lineamentos fotointerpretados (Fig. 6b),
além de veios orientados aproximadamente NS, como no Ponto 1, veios pegmatíticos e no ponto
Ponto 7, onde o granitoide é cortado por um leucogranito de granulação fina. Esses corpos
também são encaixantes de rochas máficas, que ocorrem “contornando” os granitóides, sendo
possivelmente intrudidas em zonas de alívio de tensão.

16
Supergrupo Espinhaço
Formação Resplandecente

Essa unidade ocorre restrita nas porções noroeste e sudoeste e ocupa cerca de 25% da
área mapeada, os maciços rochosos possuem elevação máxima de 1225m com aproximadamente
300m de espessura, correspondendo às porções topograficamente mais elevadas. É facilmente
identificada na imagem de satélite, destoando de seu entorno devido à alta rugosidade e coloração
acinzentada. As drenagens se apresentam subparalelas aos lineamentos traçados (Fig. 7) e são
marcadas por tons de verde escuro simbolizando uma vegetação mais densa. É balizada, a
noroeste, por um lineamento de direção NE/SW, onde estabelece contato tectônico com a Suíte
Rio Itacabiruçu. Na porção oeste-sudoeste, hospeda depósitos em tálus que a separa dos
metagranitóides do embasamento.
O litotipo predominante é uma rocha de coloração clara, de granulometria fina e alto grau
de maturidade mineralógica, classificada como quartzito. Em algumas porções, são encontradas
estruturas sedimentares bem preservadas, como estratificações plano paralelas e estratificações
cruzadas (Fig. 7). Além dos lineamentos traçados a partir da fotointerpretação, os afloramentos
também apresentam pares de fraturas conjugadas e foliação associada a zonas de cisalhamento.

Figura 9: (A) Rocha quartzítica com estruturas sedimentares bem preservadas, representando a alternância de
composição das camadas. (B) Rocha quartzítica com estratificações plano paralelas e estratificações cruzada.
Também apresenta pares de fraturas conjugadas e foliação associada a zonas de cisalhamento.

Intrusões máficas/metamáficas

Os termos máficos foram identificados sobretudo pela coloração fortemente alaranjada


do solo, devido à baixa resistência ao intemperismo, associados também a zonas de vegetação
muito densa. Ocupam cerca de 25% da área e ocorrem intrudindo os metagranitóides do
17
embasamento e os quartzitos da Fm. Resplandecente. Ao longo das calhas de drenagens, em
alguns pontos, foram identificados seixos de gabro bem preservados e diques de metagabros (Fig.
8) entretanto, as porções mapeadas correspondem aos solos e saprólitos produtos do intemperismo
(Ponto 22).

Figura 10: (A) Rocha máfica com forte alteração devido a baixa resistência ao intemperismo, sendo encontrada em
zonas de vegetação mais densa. (B) Rocha máfica (gabro) pouco alterada por intemperismo.

18
Figura 11: Coluna Estratigráfica da Quadrícula Centro-Norte de Itacambira – MG.

19
III.2 Geologia estrutural

Acamamentos

As estruturas primárias marcadas pela diferença de granulometria e/ou composição entre


as camadas foram observadas nos litotipos da Formação Resplandecente. Na região norte da área
mapeada, os quartzitos estabelecem contato com os metagranitóides por meio de uma falha
reversa, onde as camadas possuem mergulho para NW e NE, cujos planos estão representados na
porção norte do estereograma. Na região a oeste, o mergulho se apresenta com direção SE,
representados na porção sul do estereograma.

Figura 12: Estereograma referente aos acamamentos medidos.

20
Xistosidade

Foliações penetrativas foram observadas principalmente nos quartzitos da Formação


Resplandecente, enquanto nos metagranitóides do Complexo Porteirinha aparecem pouco
pronunciadas e/ou alteradas. A atitudes encontram-se representadas no estereograma abaixo (Fig.
11), as quais predominam com direções semelhantes àquelas observadas nos planos de falha.

Figura 13: Estereograma referente às foliações medidas.

Estiramento Mineral

Foram encontrados nos quartzitos da Formação Resplandecente, lineações marcadas por


grãos de quartzo estirados e cominuídos, as quais seguem o plano da foliação. A cinemática indica
movimento de SE para NW e as direções encontram-se plotadas na figura abaixo. (Fig.12)

Figura 14: Estereograma referente à direção de estiramento mineral nos quartzitos da Form Resplandecente.

21
Falhas reversas
Foi encontrado um sistema de falhas reversas na porção centro-norte da área e envolvem
os litotipos da Suíte Rio Itacambiruçu e os da Fm. Resplandecente. A disposição das falhas sugere
transporte tectônico de SE para NW, assim como indicado pelas lineações de estiramento e
foliação, as quais acompanham o plano da falha (Fig, 15).

Figura 15: Perfil B – B’ na escala 1:25.000 da Quadricula Centro Norte na Região de Itacambira/MG

Fraturas
As rochas pertencentes ao Complexo Porteirinha registram pares de fraturas que
aparecem de forma conjugada, sub-verticalizadas e persistentes com orientação próximas a N20W
e N60E. Essas fraturas podem estar relacionadas à estruturas distensivas mais antigas, as quais
coincidem com os planos de falha observados.

Figura 16: Estereograma referente às direções de fratura medidas.

22
III.3 Geologia Econômica / Ocorrências Minerais

A região de Itacambira, já foi conhecida por seus depósitos auríferos, ocorrendo


principalmente nos veios de quartzo e posteriormente diamantíferos, sendo estes considerados os
mais importantes recursos minerais na região. Porém, também ocorre: quartzo rutilado, quartzo
gema (cristal) e quartzo leitoso. A presença de quartzo contendo agulhas de rutilo inclusas
(conhecido localmente como quartzo com cabelo) tem despertado interesse do mercado
internacional, fato que tem intensificado a exploração deste bem mineral na região. Dessa forma,
são presentes os indícios e traços da atividade de garimpo mecanizado em diversas áreas da
região, fato este que merece atenção devido ao potencial destrutivo que pode ser causado por esse
tipo de exploração.
Foi encontrado em um dos pontos mapeados, discordância de dois blocos, formados um
conjunto pré-cambriano e um conjunto recente. O primeiro conjunto foi demarcado por seixos de
gabro e blocos rolados de anfibolito, que sugere gênese relacionada a evento metamórfico de grau
médio. O segundo conjunto, foi representado por um solo coluvionar cujo bloco foi possivelmente
rebaixado durante um evento neotectônico, propiciando a deposição de sedimentos do rio. Dessa
forma, o local chamou atenção devido a possibilidade de implicação econômica, neste caso,
relacionada a ocorrência de ouro aluvionar.

Figura 17: Discordância entre dois blocos representados pelo colúvio e os clastos bem arredondados, implicando em
possível ocorrência de Au aluvionar.

23
CAPÍTULO IV – DISCUSSÕES

IV.1 Contextualização das unidades litoestratigráficas/litodêmicas

A área contemplada por este trabalho situa-se na região de Itacambira/MG e apresenta


rochas da Suíte Rio Itacambiruçu, parte do embasamento cristalino pertencente ao Complexo
Porteirinha, sobreposto pelos metarenitos e quartzitos do Supergrupo Espinhaço Setentrional,
materializado pela Formação Resplandecente, e uma pequena porção representante do Grupo
Macaúbas, a Formação Matão Duas Barras. A presença de sericita nos litotipos indica um grau
metamórfico de baixo a médio, chegando à fácies xisto verde.
A Suíte Rio Itacambiruçu, na base da estratigrafia, é composta por metagranitóides de
granulação média a grossa, com foliação pouco pronunciada e vários estágios de milonitização.
Essa unidade é interpretada como parte do plúton granítico que intrudiu a crosta Arqueana durante
o Paleoproterozóico.
A Formação Resplandecente é constituída por metarenitos homogêneos, de granulometria
fina e alta maturidade textural e mineralógica. A unidade marca o início da deposição do
Supergrupo Espinhaço, condicionada por um sistema desértico que se estabeleceu sobre o
embasamento cristalino Paleoproterozóico. As estratificações cruzadas e paralelas de escala
métrica encontradas em campo corroboram para a tese de que a deposição dos sedimentos ocorreu
por meio de transporte eólico, em ambiente desértico do tipo dunas durante uma fase de
estabilidade tectônica da bacia Espinhaço. A Formação Matão Duas Barras ocorre restrita na
quadrícula sul e foi distinguida por seu conteúdo em óxidos de ferro, sendo relacionada a um
sistema de deposição de leque aluvial em um semi-gráben.
Encaixadas nas unidades da área mapeada, as rochas máficas se expressam em forma de
diques e soleiras, fortemente intemperizadas e classificadas como gabros aparecendo, às vezes,
metamorfisadas. É possível que essas porções sejam relacionadas à Suíte Metaígnea Córrego do
Taquari, descrita por Martins et. al (2011), a qual abrange corpos gabróicos sin-orogênicos que
intrudiram e preencheram estruturas pré-existentes, sendo classificados como diques sin-
orogênicos.

24
IV.2 Evolução estrutural

A região mapeada está inserida no domínio setentrional da Serra do Espinhaço, cuja bacia se
desenvolveu a partir de dois estágios de rifteamento (Souza, 2016). O primeiro estágio pode ser
relacionado à intrusão do plúton granítico em 1.7Ga (Estateriano) representado na região pela
Suíte Rio Itacambiruçu. O segundo estágio do rifteamento marca a evolução e expansão da bacia
Espinhaço para uma fase de subsidência térmica, a qual possibilitou a formação de um sistema
desértico do tipo dunas resultando na deposição da Formação Resplandecente (Leite,2013).

Figura 18: Perfil estrutural da falha reversa no contato entre o embasamento cristalino e a Fm. Resplandecente

Com o início da abertura da bacia Macaúbas, houve a geração de um sistema de falhas


normais as quais condicionaram a deposição da Formação Matão Duas Barras representando o
primeiro estágio do rifteamento Toniano, o qual também foi associado à geração de pares
conjugados de fraturas, orientados segundo NW/SE e NE/SW, assim como os lineamentos de
escala regional identificados por sensoriamento remoto.
Na região norte foi mapeado um sistema de falhas reversas, expressa por meio de
foliações miloníticas bem pronunciadas indicando sentido de movimento para NW, responsável
por sobrepor a Suíte Rio Itacambiruçu à Fm. Resplandecente. Esse sistema coincide com o
lineamento regional de direção NE/SW e foi interpretado como resultado da reativação de um
sistema de falhas normais de alto rejeito durante o Neoproterozóico.
A sul, foi identificado um sistema de falhas de descolamento de mesma geração que
corresponderia ao lineamento orientado segundo NW/SE. Essa estrutura é associada a esforços
compressivos que culminaram na reativação falhas normais com baixo rejeito. Além disso, a
deformação compressiva do Ciclo Brasiliano influenciou diretamente na intrusão e metamorfismo
de diques gabróicos, os quais se expressam em grande volume em toda a área e foram associados
à Suíte Metaígnea Córrego Taquari. Essas intrusões máficas se alojam entre os metagranitóides e
metarenitos, seguindo um padrão estrutural semelhante aos lineamentos conjugados que
coincidem com os planos das falhas.
25
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES

Os metagranitóides do Complexo Porteirinha são rochas mesocráticas com foliação pouco


pronunciada e, na maior parte, aparecem bastante alteradas. A presença de sericita nos litotipos
indica um grau metamórfico de baixo a médio, chegando à fácies xisto verde. As rochas
metassedimentares de granulometria fina foram classificadas como metarenitos da Fm.
Resplandecente, formados em ambiente desértico e transporte eólico, como evidenciado pelas
estratificações cruzadas que podem chegar até a escala métrica. Encaixadas nessas rochas,
aparecem intrusões máficas que se expressam em solos alaranjados. Foram identificados dois
lineamentos principais, subparalelos a NW/SE e NE/SW, relacionados a um sistema de falhas
normais que foram geradas durante a fase extensiva da bacia Macaúbas, (930 – 850Ma) e
posteriormente reativadas em falhas reversas e de descolamento durante o Ciclo Brasiliano.

26
CAPÍTULO VI - BIBLIOGRAFIA

Alkmim, F.F., Kuchenbecker, M., Reis, H.L.S., Pedrosa-Soares, A.C., 2017. The Araçuaí Belt.
SpringerInternational Publishing Switzerland. DOI 10.1007/978-3-319-01715-0_14

Leite M.M. 2013. Sistemas Deposicionais e Estudos de Proveniência Sedimentar do Supergrupo


Espinhaço e do Grupo Macaúbas na Porção Ocidental do Anticlinal de Itacambira, Norte de Minas
Gerais. Dissertaçãode Mestrado, IGC/UFMG, 102 p.

Souza, M.E., Martins, M., Queiroga, G.N., Leite, M., Oliveira, R.G., Dussin, I., Pedrosa-Soares,
A.C.,2019.Paleoenvironment, sediment provenance and tectonic setting of Tonian basal deposits
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102393.https://doi.org/10.1016/j.jsames.2019.102393.

Almeida, F. F. M. (1977). O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, 7, 285-


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A. C. Pedrosa-Soares, B. S. Soares Filho (Eds.), Projeto Espinhaço em CD-ROM. Belo Horizonte:
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Martins, M., Karfunkel, J., Noce, C. M., Babinski, M., Pedrosa- Soares, A. C., Sial, A. N., Liu,
D. (2008). A sequência pré-glacial do Grupo Macaúbas na área-tipo e o registro da abertura do
Rifte Araçuaí. Revista Brasileira de Geociências, 38(4), 761-772.

Martins M.S. 2006. Geologia dos diamantes e carbonados aluvionares da bacia do Rio Macaúbas
(MG). Tese de doutoramento, Universidade Federal de Minas Gerais, IGC, Colegiado Pós-
graduação, 248p.

Martins M. S., Babinski, M., Noce, C. M., Queiroga, G. N., Pedrosa-Soares, A. C., Trindade, R.,
Liu, D. (2011). A suíte Córrego Taquari no Anticlinal de Itacambira, Bacia do Rio Macaúbas
(MG): magmatismo básico tardi-ediacarano (ca. 560Ma) no domínio externo do Orógeno
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Karfunkel B. & Karfunkel J. 1977. Fazielle entwicklung der mittleren Espinhaço-zone mit
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27
ANEXOS

ANEXO I – MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO DE ITACAMBIRA NA ESCALA


1:25.000

28
ANEXO II – MAPA DE PONTOS DA QUADRÍCULA CENTRO NORTE NA ESCALA 1:25.000 – ITACAMBIRA/MG

29
ANEXO III – TABELA DE DESCRIÇÃO DE PONTOS

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ANEXO IV – PERFIL LESTE OESTE DA QUADRÍCULA CENTRO NORTE NA ESCALA 1:25.000 – ITACAMBIRA/MG

31
ANEXO V – PERFIL ESTRUTURAL DA FALHA REVERSA NO CONTATO ENTRE O EMBASAMENTO CRISTALINO E A FM.
RESPLANDECENTE

32

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