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Orientador:
Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes
Comissão Examinadora
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O objetivo deste trabalho é a criação de modelos digitais de terreno (MDT) por meio da
integração de dados batimétricos, SRTM e imagens Landsat 8, afim de se realizar uma
descrição geomorfológica da plataforma continental leste do Estado do Rio Grande do Norte,
nordeste do Brasil, bem como a interpretação das estruturas fisiográficas observadas e a sua
relação com feições observadas no continente. A área de estudo compreende um domínio misto
entre marés e ondas, bem como sua assembleia sedimentológica, sendo um misto entre
sedimentos de fácies siliciclásticas e carbonnáticas. A plataforma continental é estreita e rasa
em comparação com outras porções da plataforma brasileira, com cerca de 25km e a quebra da
plataforma ocorre em torno dos 60 m de profundidade. Esta plataforma está compartimentada
em duas plataformas: interna até 20 m e externa até de 20 a 60 m, sendo observado na região
norte da área uma plataforma intermediária com relevo irregular e de maior gradiente. A
dinâmica plataformal atual e os processos precursores relacionados as variações do nível do
mar no Quaternário, produziram a formação e destruição de feições sedimentares na plataforma
continental, deixando registros morfológicos de paleofeições como terraços, vales afogados e
antigas linhas de costa, e reflexos da sedimentação atual, com extensos bancos de areia que
dominam na plataforma interna.
ABSTRACT
The objective of this work is to produce digital terrain models (TDM) through the
integration of bathymetric data, SRTM and satellite images, in order to perform a
geomorphological description of the continental shelf East of the Rio Grande do Norte State,
northeast of Brazil, and the interpretation of the marine physiography and their relation with
the continental features. The study area comprises a mixed domain between tides and waves,
as well as its sedimentological assembly, being a mixture between sediments of siliciclastic and
carbonaceous facies. The narrow and shallow continental shelf in comparison with other
portions of the Brazilian platform, with about 25km and the shelf break occurs around the 60m
depth. This shelf is compartmentalized in two parts, an inner shelf up to 20 m and outer shelf
between 20 to 60 m, moreover an meddle shelf is observed in the north part of the area with an
irregular relief and higher gradient. The modern shelf dynamics and precursor processes related
to sea level variations in the Quaternary have produced the formation and destruction of
sedimentary features in the continental shelf, leaving morphological records of paleofeatures
such as terraces, drowned valleys and old coastlines, and sedimentation that reflexes
oceanographic forces, with extensive sandbanks that dominate the inner shelf.
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 17 – Perfil AB localizado ao norte da área onde corta o vale e o recife, bem como a
quebra da plataforma adiante....................................................................................................21
Figura 17 – Perfil EF traçado ao centro-sul da área de estudo, cortando os bancos de areia que
dominam a morfologia da região na plataforma. .....................................................................21
Figura 18 – Perfil CD traçado ao centro da área de estudo, cortando os bancos de areia que
dominam a morfologia da região na plataforma interna.......................................................... 21
Figura 19 – Perfil EF traçado ao centro-sul da área de estudo, cortando os bancos de areia que
dominam a morfologia da região na plataforma. .....................................................................21
Figura 20 – Mapa da área de estudo, com aplicação de escala de cor para realce das mudanças
de cota...................................................................................................................................... 22
Figura 21 – Mapa da área de estudo, aplicando os valores das cotas para uma visualização
tridimensional. ..........................................................................................................................23
Figura 22 – Imagem de satélite da área de estudo, aplicando os valores das cotas para uma
visualização tridimensional.......................................................................................................23
Figura 23 - Representação do vale escavado, assim como da linha de recifes identificadas na
plataforma em mapa e por imagem de satélite......................................................................... 25
Figura 24 - Perfis traçados ao longo do canal seguido dos valores da altura máxima em cada
perfil..........................................................................................................................................25
Figura 25 - Visualização em mapa e por imagem de satélites os corpos arenosos presentes na
porção sul da área..................................................................................................................... 26
Figura 26 – Perfil dos corpos arenosos dispostos na plataforma interna................................. 26
Figura 27 - Mapa integrado entre os dados altimétricos SRTM e os dados batimétricos....... 27
Figura 28 - Possível ligação entre o vale inciso na plataforma e o Rio Potengi...................... 28
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LISTA DE TABELAS
1.INTRODUÇÃO
Plataformas continentais são a porção marinha mais utilizada pela sociedade, para
atividades como navegação, pesca, aquicultura, exploração mineral, e ainda como fonte de
energias renováveis, através da energia das ondas, marés e dos ventos.
Tal ambiente sofre a todo momento, e a um longo tempo, por agentes modificadores
da sua morfologia, causando a alteração das feições presentes na plataforma continental. O
estudo das estruturas encontradas na morfologia do terreno, bem como o período aos quais
elas foram registradas, permite a compreensão dos processos atuantes na modificação do
relevo, tanto os erosivos como os que preenchem os espaços criados ao longo do tempo.
modelo digital de terreno (MDT) onde se pudesse realizar uma melhor visualização, descrição
e interpretação de todas as feições e parâmetros existentes na área de estudo.
A área de estudo está localizada na porção oriental do litoral do estado do Rio Grande
do Norte, entre as cidades de Muriú e Parnamirim, onde a cidade de Natal, capital do estado
se localiza na altura central da área. Ocupa uma área de 1 500 km², somente na porção
submersa está inserida no polígono que está delimitado pelas coordenadas 5°29'10"S e
6°0'36"S de latitude, 34°56'57"W e 35°15'47"W de longitude (Fig. 1)
A plataforma de margem passiva, que ocorrem nas bordas dos continentes onde a
atividade tectônica é pouca expressiva, com desenvolvimento de prismas plataformais que
migram em direção ao mar, e o aporte sedimentar é proveniente das drenagens continentais.
Plataformas de margem ativa estão relacionadas a zonas de subducção, ou seja, alta atividade
tectônica envolvida, são relativamente estreitas, onde se desenvolvem primas acrescionários
relacionados a alta taxa de sedimentação. (Albuquerque, 2002)
Figura 3 – Exemplos dos tipos de margens continentais existentes. (Fonte: Para entender a Terra).
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2. CONTEXTO GEOLÓGICO
Figura 4 – Plataforma tropical brasileira norte (BT N) e plataforma tropical brasileira nordeste (BT
NE), bem como as regiões onde ocorrem os domínios por maré e por onda ao longo da plataforma.
(Extraído e modificado de Vital et al. 2010).
3. METODOLOGIA
3.1 Introdução
Os dados batimétricos foram adquiridos em duas campanhas nos anos 2012 a 2014, e
cedidos pelo Lab GGEMMA para a realização deste trabalho. O equipamento utilizado para a
aquisição foi ODON HYDROTRACK, os perfis batimétrios estão espaçados em 1km e são
compostos por pontos XYZ com distância entre pontos de 3m (Fig. 6). Os valores
batimétricos máximos e mínimos são -2,48m e -145m, respectivamente.
A malha total, que continha cerca de 4 milhões de pontos, passou por vários processos
de filtragem a fim de que fossem reduzidos ao máximo os erros oriundos da aquisição, dos
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Nos primeiros mapas que integram as duas campanhas foram identificados alguns
batentes, artefatos de interpolação alinhadas paralelamente aos perfis de aquisição,
perpendicular as linhas de costa, sendo claramente resultado de diferenças nos levantamentos,
o que exigiu uma correção manual das cotas de algumas linhas afim de corrigir este erro, que
tinha valores de 1,5 m acima do padrão regional nas linhas ajustadas. (Fig. 8). Essa limitação
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da precisão do dado batimétrico entre as campanhas guiou o trabalho para uma análise
qualitativa da representação do relevo plataformal.
Utilizou-se o processamento geoestatístico que tem como objetivo, minimizar os erros
resultantes dos processos de interpolação utilizados, melhorando o resultado final na
construção dos MDTs (e.g. Gomes, 2007). No modelo geoestatísitco empregado foi utilizado
o interpolador kriging, onde se observou as melhores respostas na relação entre os pontos. O
erro gerado referente ao uso de um interpolador decorre do distanciamento do valor atribuído
ao pixel e dos valores da vizinhança utilizada, onde configuram uma incongruência com o
padrão da superfície adjacente.
Foram admitidos erros na ordem de, no máximo, 1 metro, para mais ou para menos,
entre o valor predito e o mensurado, segundo a tabela Cross Validation Result, produto da
geostatística (Tab. 2)
Figure 8- Resultado da correção vertical manual com o objetivo de minimizar erros da aquisição.
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Após análise estatísticas dos dados foram constatados que alguns pontos, mesmo após
uma filtragem com diminuição da densidade dos pontos, apresentavam erros relevantes no
momento da interpolação. O erro é função da distância dos pontos e da continuidade espacial
prevista pelo interpolador, que pode derivar de: um conjunto de pontos incorretos, que
absolutamente não fazem parte da superfície; e/ou insuficiência do modelador geoestatístico
para o dado (Gomes et al., 2007). Na Fig. 9 estão representados os gráficos gerados após
aplicação da geoestatítica, onde são relacionados os valores entre os valores medidos e os
valores de erro e preditos gerados pelo interpolador, sendo a reta em azul representando erro
zero.
Visto que a plataforma em estudo é muito plana e erros acima dessa grandeza
poderiam camuflar os resultados finais. Foram constatados 7081 pontos com erros acima da
faixa do erro aceitável estabelecida, isso representa aproximadamente 3% do universo total de
pontos sob análise.
Figure 9 – Gráficos gerados após aplicação da geoestatítica, onde são relacionados os valores entre os
valores medidos e os valores de erro e preditos gerados pelo interpolador, sendo a reta em azul
representando erro zero
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Figura 11 - Landsat 8. Fonte: USGS 3.7 – Descrição dos alvos com melhor resposta espectral em relação ao sinal do
satélite.
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podemos fazer uma regressão linear nas outras bandas retirando o efeito de sun glint das
outras imagens. (Fig. 11)
Figura 12- Evolução do processo de tratamento das imagens Landsat 8, usando composição 321, na imagem à
esquerda (A) composição com a imagem bruta, ao centro (B) a imagem após correção atmosférica e a direita
(C) a imagem final após correção do efeito de Sun Glint.
4. RESULTADOS
4.1 Perfis
Foram traçados perfis ao longo da plataforma, dispostos na parte norte, centro e sul da área
(Fig. 15), para que todos os ambientes observados fossem representados. No perfil AB (Fig.
16) traçado ao norte da área, estão registradas as três porções da plataforma descritas
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anteriormente, assim como o vale escavado paralelo a linha de costa e o recife, que coincide
com uma localidade chamada Batente das Agulhas. Em CD e EF (Figs. 17 e 18) os perfis
cortam a plataforma na região centro - sul da área e reafirma a natureza plana da plataforma,
com a quebra do talude a uma distância de 18km e 22km nos pontos analisados, onde são
observados apenas dois ambientes plataformais distintos, a plataforma interna plana com um
gradiente muito baixo e a intermediária, onde se observa um aumento no gradiente de
declividade porém ainda baixo, até a quebra da plataforma no talude.
Figura 16 – Mapa de localização de onde foram traçados os perfis perpendiculares as principais estruturas da
plataforma.
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Figura 17 – Perfil AB localizado ao norte da área onde corta o vale e o recife, bem como a quebra
da plataforma adiante.
Figura 18 – Perfil CD traçado ao centro da área de estudo, cortando os bancos de areia que dominam a
morfologia da região na plataforma interna.
Figura 19 – Perfil EF traçado ao centro-sul da área de estudo, cortando os bancos de areia que
dominam a morfologia da região na plataforma.
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4.2 MDT
O Modelo Digital de Terreno (MDT) foi gerado para que se tivesse uma representação
gráfica tridimensional das feições geomorfológicas envolvidas na área de estudo da
plataforma continental, afim de que fossem melhor representadas visualmente e permitissem
mais detalhamento na sua interpretação ao expor uma maior quantidade de feições.
O modelo permitiu visualizar claramente as feições da plataforma continental oriental
do Rio Grande do Norte, primeiramente em um mapa com escala de cor definida
manualmente baseada nas cotas adquiridas (Fig. 18), seguida de mais duas representações em
3D, geradas pelo software ArcScene, utilizando uma paleta de cores semelhante a do mapa
(Fig. 19) e sem seguida utilizando a imagem Landsat 8 pós-tratamento de PDI, como
sobreposição ao modelo anteriormente mostrado (Fig. 20).
Figura 20 – Mapa da área de estudo, com aplicação de escala de cor para realce das mudanças de cota.
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Figura 21 – Mapa da área de estudo, aplicando os valores das cotas para uma visualização
tridimensional.
Figura 22 – Imagem de satélite da área de estudo, aplicando os valores das cotas para uma visualização
tridimensional.
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Figura 24 - Perfis traçados ao longo do canal seguido dos valores da altura máxima em cada
perfil.
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A plataforma oriental do Estado do Rio Grande do Norte, com base nos dados
apresentados e na bibliografia, é caracterizada como uma plataforma estreita, com cerca de
26km de extensão, com exceção da região do canyon de Natal, onde ela só possui 18km de
extensão. A divisão da plataforma é descrita em três partes, sendo a plataforma interna
chegando a isóbata de -20m, plataforma interna inserida entre a isóbata de -20 e -50m, e a
pequena faixa da plataforma externa, que aparece ao norte do canyon compreende a faixa
entre as isóbatas de -50 e -60m, onde ocorre a quebra da plataforma continental.
Por meio da integração dos dados apresentados foi possível correlacionar estruturas
presentes na plataforma com influência continental, um vale escavado na plataforma que
tende a se ligar com o atual canal do Rio Potengi, assim como as duas entradas na cabeceira
do canyon de Natal e os dois fluxos hídricos principais marcados no continente, o vale do rio
Potengi e o vale do rio Ceará-Mirim permitindo a interpretação de que as estruturas
identificadas tem relação entre si resultante da ação dos cursos hídricos dentro da plataforma
em um período de mar baixo. A linha de recifes, identificada como batente das agulhas, pode
ser interpretada como barreira ao paleocanal marcando uma antiga linha de costa no mesmo
período.
Com a ajuda da integração dos diversos tipos de dados empregados neste trabalho foi
possível representar com grande fieza, as características geomorfológicas presentes na área
descrita dentro da plataforma continental, bem como correlacionar feições da plataforma com
o ambiente continental atual.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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